uma rádio. Nessa época, os joinvilenses ouviam as rádios nacionais Record, Excelsior
e Atlântida de Santos, e internacionais como a Escuela Universal, da Argentina. Brosig
era técnico de rádio no Serviço de Alto-Falantes e revendia aparelhos receptores e
equipamentos de som. As primeiras experimentações com transmissões começaram no
porão da casa de seus pais Hermann e Jeny, situada na rua Pedro Lobo, número 219,
onde hoje funciona o shopping Mueller. Matéria de capa do jornal A Notícia, intitulada
‘O pai do rádio em Joinville’, de Sheila Deretti, diz que as primeiras palavras dele
ouvidas pelo aparelho transmissor formado por “fios, condensadores, válvulas,
resistências, ferros de soldar, chaves e parafusos”
98
que havia construído foram “Alô,
alô Joinville”.
As transmissões experimentais, a partir do porão da casa onde morava, no ano de
1940 até a inauguração oficial da rádio, em 1
o
de fevereiro de 1941, aconteciam em
dois horários: das 12 às 14 horas e das 18 às 22 horas. A programação reunia músicas
clássicas e populares, como samba e tango. Eventualmente, Brosig, que cuidava das
transmissões sozinho, irradiava, à noite, um programa ao vivo de moda de viola.
Depois, começou a dar espaço às transmissões de solenidades cívicas, desfiles e
discursos. Era ele quem colocava “os discos, fazia locução e a operação de áudio”
99
,
geralmente “era tudo no improviso”, declarou Brosig ao jornal A Notícia
100
. Como era
época da campanha da nacionalização, “a rádio transmitia toda programação em
português, o que contribuiu para que o idioma se disseminasse entre a população de
Joinville, onde o alemão ainda era a primeira língua”
101
. Foi também em 1940 que
Brosig montou um estúdio de rádio, na Rua das Palmeiras, e deu início à formação de
uma sociedade anônima com sócios, empresários respeitados de Joinville.
Segundo o general Hugo Bethlem
102
, um dos agentes da campanha no Vale do
Itajaí, Joinville era o município onde havia maior resistência à nacionalização, ou seja, a
proibição da língua alemã não era bem aceita entre os teuto-brasileiros. O principal
objetivo da Campanha de Nacionalização era tornar a nação mais forte e coesa. O
98
Jornal A Notícia, edição de 11 de fevereiro de 1996 (domingo). Capa.
99
Idem. Ibidem.
100
Idem.Ibidem. Edição de 5 de julho de 2001.
101
Jornal A Notícia, edição de 14 de junho de1998, p. I-3
102
COELHO, Ilanil. É proibido ser alemão: é tempo de abrasileirar-se. IN: Histórias de (I) migrantes: o
cotidiano de uma cidade. Joinville: Univille, 2005. pp. 184-185