22
motor, proprioceptivo, auditivo, visual, sinalizando que não há uma fisiologia
própria da linguagem, sendo seus centros especializações de centros práxicos
e gnósicos já existentes na biologia humana.
Historicamente considera-se que os estudos da localização da
linguagem foram impulsionados a partir da afirmação de Broca de que a
pequena área localizada na porção inferior do córtex pré-frontal esquerdo (área
de Broca) seria o centro de produção da fala. Segundo Broca, lesões restritas a
essa área deveriam causar prejuízos à produção da fala, sem, contudo,
produzir déficits na compreensão da linguagem.
A relação cérebro-linguagem, ainda nos dias atuais, tenta agregar ideias
advindas da neuropsicologia, da neuroimagem e da psicolinguística para o
desenvolvimento de modelos sobre a anatomia funcional da linguagem. Um
avanço significativo veio em função de estudos investigativos sobre a
organização cortical do sentido da visão, que propõem uma associação destes
aos estágios iniciais de percepção da fala (HICKOK & POEPPEL, 2004).
As pesquisas de Paul Broca que datam de 1861 também foram de
grande relevância, pois a partir de seus estudos, em cérebros necropsiados de
pacientes que haviam perdido a capacidade de falar, apresentaram à
comunidade científica a descoberta da localização cerebral da fala e sua
natureza assimétrica. Assim, fica estabelecido que um dos hemisférios
cerebrais, geralmente o esquerdo, assume a especialidade funcional da
linguagem (THIEL, et al., 2006; DÉMONET, et al., 2005).
Price (2000) nota que a pesquisa de Paul Broca realizada em cérebros
necropsiados, priorizava indivíduos que haviam tido déficits articulatórios,
sendo observados danos na terceira circunvolução frontal do hemisfério
esquerdo, denominado, posteriormente área de Broca, a qual faz referência ao
planejamento motor da palavra, quando da articulação dos fonemas. Lesões
nesta área tendem a produzir a afasia de Broca.
Similarmente o neurologista Carl Wernicke (1848-1905) também realizou
estudos post mortem em indivíduos que tiveram perda da compreensão da fala.
Os danos encontrados no estudo referem-se às alterações no córtex temporal
superior posterior esquerdo, área, que mais tarde, recebeu o nome de área de
Wernicke (PRICE, 2000). Considera-se, então, que esta região esteja