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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE ARARAQUARA
Araraquara
2010
Orientadora: Profª. Drª. Lourdes dos Santos-Pinto
Co-Orientador: Prof. José Silvio Govone
Dissertação apresentada ao programa de s-
Graduação em Ciências Odontológicas - Área de
Odontopediatria, da Faculdade de Odontologia de
Araraquara, da Universidade Estadual Paulista,
para o título de Mestre em Ciências
Odontológicas.
FABIANO JEREMIAS
HIPOMINERALIZAÇÃO MO
LAR
-
SIVO
:
PREVALÊNCIA, SEVERIDADE E ETIOLOGIA EM
ESCOLARES DE ARARAQUARA
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Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marley C. Chiusoli Montagnoli, CRB-8/5646.
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de Araraquara/UNESP.
Jeremias, Fabiano
Hipomineralização Molar-Incisivo: prevalência, severidade e
etiologia em escolares de Araraquara / Fabiano Jeremias. – Araraquara:
[s.n.], 2010.
96f.; 30 cm.
Dissertação (Mestrado) Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Odontologia
Orientadora: Profa. Dra. Lourdes dos Santos Pinto
1. Epidemiologia 2. Fatores de risco 3. Esmalte dentário-
defeitos 4. Cárie dentária
I. Título
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FABIANO JEREMIAS
COMISSÃO JULGADORA
DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
Presidente e Orientador: Profª. Drª. Lourdes dos Santos-Pinto
Examinador: Prof. Dr. Robson Frederico Cunha
Examinador: Prof. Dr. Hélio Ferraz Porciúncula
Araraquara, 18 de março de 2010.
HIPOMINERALIZAÇÃO MOLAR-INCISIVO:
PREVALÊNCIA, SEVERIDADE E ETIOLOGIA EM ESCOLARES
DE ARARAQUARA
FABIANO JEREMIAS
DADOS CURRICULARES
Nascimento: 27/01/1982 – São Sebastião do Paraíso / MG
Filiação: João Batista Jeremias e Irene Cândida Honório Jeremias
FORMAÇÃO ACADÊMICA
2001-2007: Curso de Graduação
Faculdade de Odontologia de Araraquara
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
2008-2010: Curso de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas, Área
de Concentração em Odontopediatria, nível Mestrado,
Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP
ASSOCIAÇÕES
Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas - APCD
Sociedade Brasileira de Pesquisa em Odontologia - SBPqO
International Association for Dental Research - IADR
DEDICATÓRIAS
“Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa
é única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa
vida passa sozinho, mas quando parte, nunca vai só nem nos deixa a
sós. Leva um pouco de nós, deixa um pouco de si mesmo”.
[ Kalil Gibran ]
Dedico este trabalho ...
Primeiramente a Deus, pela vida, pelos meus familiares e amigos.
Pela Luz que se faz presente em meu caminho e por toda Sabedoria que
me permitiu tomar decisões acertadas. Agradeço pela presença
incondicional em minha vida, que tanto me sustentou nos momentos de
incertezas. Agradeço, sobretudo, pela oportunidade de estar nesse
mundo aprendendo e ajudando ao próximo.
Aos meus queridos pais João Batista
e
Irene Cândida,
Dedico esta Dissertação de Mestrado a vocês, que são tudo em minha
vida. Agradeço pelo exemplo de caráter, dignidade, honestidade e
humildade. Minha felicidade não se realizaria sem a participação de
vocês. Obrigado por acreditarem em mim, sempre me apoiando para que
eu pudesse atingir meus objetivos.
Aos meus irmãos Tatiane e Alexandre,
Agradeço pelo amor fraterno, pela amizade e união mesmo que à
distância.
Ao sobrinho-afilhado Fábio,
Pelo olhar terno, pelos gestos carinhosos, pela sinceridade peculiar e pelo
orgulho que sempre demonstrou em ter um “tio dentista”.
Aos meus queridos avós Vita e Amadeu,
Por todos ensinamentos, pelo amor incondicional, pelos abraços fortes,
pelas palavras doces que tanto me alimentaram, me dando forças para
alcançar a minha realização.
A todos os meus familiares (Tios, Tias, Primos e Primas) que sempre
estiveram ao meu lado, vibrando com todas as minhas conquistas e me
aconselhando nos momentos difíceis.
A minha namorada Flavia Volpato,
Pelo incentivo constante para seguir a carreira acadêmica. Por todo
suporte que me possibilitou superar diversas dificuldades, sendo sempre
minha eterna incentivadora. Agradeço pelo amor, dedicação e por se
fazer sempre presente.
Aos queridos amigos, em especial Adriene, Allan, Ana Carolina, Carlos,
Daniela, Débora, Diego, Eduardo, Felipe, Giovanni, Juliana, Luciana,
Naiana, Régis, Sandra Patricia, Sergei e Simone, obrigado pelo apoio
fraterno, compreensão nos momentos difíceis e pelos ensinamentos
oferecidos.
Aos amigos da família, em especial Célio, Iolanda, Leila, Magda,
Marilisa e Vilma, meus sinceros agradecimentos pelo apoio durante toda
minha vida.
Ao Grupo de Estudos em Hipomineralização Molar-Incisivo
(Profª. Drª. Lourdes dos Santos-Pinto, Profª. Drª. Rita de Cássia
Loiola Cordeiro, Profª. Drª. Angela Cristina Cilense Zuanon, Cristiane
Maria da Costa Silva, Juliana Feltrin de Souza). Agradeço pelo
incentivo mútuo, pela partilha de experiências pessoais e profissionais, em
busca de um objetivo comum.
A vocês e Cris, muito obrigado pelo companheirismo e trabalho em
equipe. Agradeço imensamente pela amizade.
A Profª. Drª. Fernanda Lopez Rosell,
Pelo incentivo para seguir a carreira acadêmica. Agradeço pela amizade,
pelos aconselhamentos, por acreditar em meu potencial, pelo exemplo de
simplicidade e valorização da vida.
Ao Prof. Dr. Aylton Valsecki Junior,
Pelos aconselhamentos, pelas horas de escuta, pelas experiências
compartilhadas, por acreditar na minha capacidade e me incentivar a
seguir adiante.
Ao Prof. Dr. Hélio Ferraz Porciúncula (meu primeiro orientador),
exemplo de Ser Humano, agradeço pelas palavras sábias, pela paciência,
pelos ensinamentos e pelo exemplo de dedicação à arte de ensinar. Tais
elementos foram essenciais para que eu me apaixonasse pela carreira
acadêmica.
Muito obrigado pelo apoio, respeito e incentivo.
Ao meu co-orientador, Prof. Dr. José Silvio Govone,
pelos ensinamentos, pela motivação, amizade, humildade e por toda
atenção a mim dispensados.
A minha orientadora
Prof
ª. Drª. Lourdes dos Santos-Pinto,
exemplo de dignidade, humanismo e generosidade. Agradeço pela
amizade, pelo convívio sincero e harmônico, por incentivar o meu
aprimoramento, pela paciência e humildade, pela partilha de experiências
pessoais e profissionais. Agradeço pela atenção, pela valiosa orientação
e confiança em meu trabalho.
A você Profª Tuka, meu profundo respeito e admiração.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
“A gratidão tem três formas: um sentimento no coração, uma
expressão em palavras e uma dádiva em retorno”.
[ George Herbert ]
A Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
UNESP, na pessoa de seu Magnífico Reitor Prof. Dr. Herman Jacobus
Cornelis Voorwald e Vice-Reitor, Prof. Dr. Julio Cezar Durigan.
A Faculdade de Odontologia de Araraquara FOAr, da
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP, na
pessoa de seu Diretor Prof. Dr. José Claudio Martins Segalla e seu vice-
Diretor, Profª. Drª. Andreia Affonso Barreto Montandon.
Ao Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de
Odontologia de Araraquara FOAr, representado pelo chefe Prof. Dr. Luiz
Gonzaga Gandini Junior e pelo Vice-Chefe Profª. Drª. Angela Cristina
Cilense Zuanon.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências
Odontológicas coordenado pela Profª. Drª. Josimeri Hebling Costa
(coordenadora) e Profª. Drª. Lourdes dos Santos-Pinto (vice-
coordenadora).
Aos professores da Disciplina de Odontopediatria, Profª. Drª.
Lourdes dos Santos-Pinto, Profª. Drª. Rita de Cássia Loiola Cordeiro,
Profª. Drª. Angela Cristina Cilense Zuanon, Prof. Dr. Cyneu Aguiar
Pansani, Profª. Drª. Josimeri Hebling Costa, Profª. Drª. Elisa Maria
Aparecida Giro, Prof. Dr. Fábio César Braga de Abreu e Lima, pelos
ensinamentos, atenção e companheirismo.
Aos professores da Disciplina de Ortodontia, Prof. Dr. Ary dos
Santos-Pinto, Prof. Dr. Dirceu Barnabé Ravelli, Prof. Dr. João Roberto
Gonçalves, Profª. Drª. Lídia Parsekian Martins, Prof. Dr. Luiz Gonzaga
Gandini Junior e Prof. Dr. Maurício Tatsuei Sakima.
Aos meus ex-orientadores e sempre amigos Prof. Dr. Hélio
Ferraz Porciúncula, Prof. Dr. Marcelo Gonçalves, Profª. Drª. Elaine
Maria Sgavioli Massucato, Profª. Drª. Mirian Aparecida Onofre, Prof.
Dr. Aylton Valsecki Junior, Profª. Drª. Fernanda Lopez Rosell, Prof.
Dr. Silvio Rocha Corrêa da Silva, Prof. Dr. Valfrido Antonio Pereira
Filho, que fizeram de uma simples orientação acadêmica, uma grande e
importante amizade.
Aos demais professores da FOAr-UNESP, em especial, Profª.
Drª. Ana Maria Minarelli Gaspar, Profª. Drª. Lizeti Toledo de Oliveira
Ramalho, Profª. Drª. Raquel Mantuaneli Scarel Caminaga, Profª. Drª.
Débora
Simões de Almeida Colombari, Profª. Drª. Andréia Affonso
Barretto Montandon, Profª. Drª. Edivani Aparecida Vicente Dotta,
Profª. Drª. Camila Pinelli, Profª. Drª. Patrícia Petromilli Nordi Sasso
Garcia, Profª. Drª. Andréa Gonçalves, Profª. Drª. Rosemary Adriana
Chiérici Marcantonio, Prof. Dr. Carlos Alberto dos Santos Cruz, por
acreditarem em meu potencial, suporte fundamental para o meu
crescimento pessoal e profissional.
Aos funcionários do Departamento de Clínica Infantil, Antonio
Parciaseppe Cabrini, Dulce Helena de Oliveira, Sônia Maria Tircailo,
Odete Amaral, Marcia Elena Carvalho Held, Cristina Ferreira Affonso,
Pedro César Alves e Tânia Ap. Moreira dos Santos, por oferecerem
suporte para a adequada realização das atividades clínicas e científicas.
Aos funcionários da Biblioteca, Maria Helena Matsumoto
Komasti Leves (aposentada), Ceres Maria Carvalho Galvão de Freitas,
Marley Cristina Chiusoli Montagnoli, Eliane Cristina Marques de
Mendonça Spera, Maria Aparecida Capela Carvalho, Silvia Helena
Acquarone Lavras, Maria Inês Carlos, Adriano Ferreira Luiz, Odete
Aparecida Camilo e Eliane Maria Sanches Scarso pelo respeito,
atenção, disponibilidade e amizade.
Aos funcionários da Seção de Pós-graduação Mara,
Alexandre, Rosângela e Flavia, por toda prestatividade, atenção,
paciência e amizade.
Aos demais funcionários da FOAr-UNESP, em especial,
Arlete, Nilce, Eleine, Vera, Fernanda, Ivanise, Nilva, Silvia, Isabel,
Regina, Keila, Marinho, Edneide, Marcos, Maria José, Maria do
Rosário, Antonio, Sueli, Telma, Regina Lúcia, Cristina, Elizete,
Gláucia, Célia, Marcelo, Ronaldo, Pedro, Luís, Nice, Guiomar, Noêmia,
Nunes, Rodrigo, Marcos, Aurelúcia, Ângela, Fátima, Olga, pela
atenção e carinho a mim dedicados desde o período da graduação.
Aos queridos amigos do curso de Mestrado, Cristiane, Débora,
Juliana, Marcela e Márcia, pela amizade, pelo convívio sincero e
agradável ao longo de todo esse período.
Aos colegas do curso de doutorado, Ana Luísa, Camila,
Hérica, Elcilaine, Cármen, Juliana, Michele, Nancy e Simone pelo
companheirismo e amizade. Aos antigos doutorandos, Andreza, Emi,
Érika, Fábio, Hermes, Jonas, Junia, Luciana e Murilo pelas
experiências compartilhadas e pelo incentivo. Aos novos mestrandos
Amanda, Ana Paula, Beatriz, Camila, Luciana, Margareth, Nathalia,
Thalita, pela motivação contagiante de um novo começo.
Aos demais colegas e também amigos dos cursos de Pós-
Graduação, em especial Ana Carolina, Gissele, Helder, Naiana, Sandra
Patricia, Patrícia, Sergei e Simone, pela amizade sincera, torcida,
companheirismo e humildade.
Aos antigos e atuais estagiários do atendimento de urgência e
pacientes especiais, Keli, Keren, Larissa, gia, Mariana, Ioneide,
Fabiana, Elaine, Marco Aurélio, Ana Bárbara e Juliana, pelo convívio e
aprendizado durante este período. Às estagiárias do exterior, Fabiana e
Laura, pela torcida, pelo alegre convívio, pela troca de experiências
culturais, pessoais e profissionais, mesmo que em curto período de
tempo.
Aos queridos avós araraquarenses, D. Lica e Sr. Anízio, que
me acolheram em sua casa quando cheguei à Araraquara para cursar a
Odontologia. Transmitiram-me carinho e segurança, num momento de
transição que vivia, num misto de incertezas e inseguranças de uma vida
nova.
A família Volpato que sempre vibrou com minhas conquistas,
incentivando sempre o meu crescimento profissional.
A minha professora de inglês Rosa, pela alegria contagiante,
pela amizade e motivação constante.
A Secretaria de Educação Municipal e Estadual, aos
dirigentes, professores e demais funcionários das escolas públicas e
particulares de Araraquara que fizeram parte deste estudo, por todo
suporte, pelo apoio constante, entendendo a importância da pesquisa e da
ligação Universidade/Sociedade. Às crianças examinadas, assim como
seus responsáveis que permitiram a realização da pesquisa, meus
sinceros agradecimentos por possibilitarem a concretização deste estudo.
A FAPESP, CNPq e FUNDUNESP, pelo apoio financeiro
fundamental para a realização e divulgação de todo o estudo.
Aos alunos de graduação, em especial Andrea, Chaiene, Julia
e Mayara, pelo incentivo constante, pela troca de experiências e amizade.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização
deste trabalho.
SUMÁRIO
SUMÁRIO
Resumo ....................................................................................................19
Abstract ....................................................................................................21
1- INTRODUÇÃO ...............................................................................23
2- PROPOSIÇÃO ...............................................................................29
3- ESTUDO 1 .....................................................................................31
4- ESTUDO 2 .....................................................................................65
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................87
6- REFERÊNCIAS .............................................................................89
7- ANEXOS ........................................................................................95
RESUMO
Jeremias F. Hipomineralização Molar-Incisivo: prevalência, severidade e
etiologia em escolares de Araraquara [Dissertação de Mestrado].
Araraquara: Faculdade de Odontologia da UNESP; 2010.
Resumo
Os objetivos deste estudo foram avaliar a prevalência e severidade da
Hipomineralização Molar-Incisivo (HMI) entre crianças da cidade de
Araraquara/SP, Brasil e investigar os seus possíveis fatores etiológicos.
Exame clínico bucal foi realizado em 1157 escolares (6 a 12 anos) para o
registro da HMI, CPO-D, ceo-d e DDE. Um questionário semi-estruturado
foi respondido pelas mães a fim de identificar a renda familiar, a
escolaridade dos responsáveis, a fonte de água consumida e obter
história médica durante a gestação e da criança nos três primeiros anos
de vida. Análise descritiva dos dados, Odds Ratio com intervalo de
confiança de 95% (IC), teste Qui-quadrado e Mann Whitney foram usados
para avaliar a diferença entre os grupos. A prevalência da HMI em
Araraquara foi de 12,3%. Houve 142 crianças com dentes afetados (38%
sexo masculino e 62% sexo feminino). O arco superior foi mais
acometido, com maior envolvimento no segundo quadrante. Os dentes
mais afetados foram os primeiros molares permanentes superiores,
seguidos pelos homólogos inferiores e incisivos centrais superiores. A
severidade leve foi o diagnóstico mais freqüente. O CPO-D das crianças
com HMI foi de 0,89 e o ceo-d de 1,24, maiores que os valores do grupo
não afetado e da amostra total. Nenhuma associação foi observada com
relação aos DDEs, fatores socioeconômicos e história médica. A
prevalência da HMI é preocupante, especialmente pela sua correlação
com a cárie dentária na dentição permanente. Entretanto, estudos
etiológicos prospectivos são necessários para definição efetiva da
etiologia.
Palavras chave: epidemiologia, fatores de risco, hipomineralização dentária.
ABSTRACT
Jeremias F. Hipomineralização Molar-Incisivo: prevalência, severidade e
etiologia em escolares de Araraquara [Dissertação de Mestrado].
Araraquara: Faculdade de Odontologia da UNESP; 2010.
Abstract
The aim of this study was to assess prevalence and severity of Molar-
Incisor Hypomineralisation (MIH) in children living in the city of Araraquara,
Brazil, and investigate its possible aetiological factors. Clinical oral
examination was performed in 1157 schoolchildren (6-12 years old) for
evaluation of MIH, DMFT, dmft, and DDE. A semi-structured
questionnaire was answered by the own mothers in order to identify family
income and education level as well as to obtain their medical history about
gestation and child during the first three years of life. Descriptive data
analysis, odds ratio at 95% confidence interval (CI), chi-square test, and
Mann-Whitney test were used for assessing the difference between
groups. MIH prevalence was 12.3%. A total of 142 children exhibited
affected teeth (38% boys and 62% girls). Upper dental arch was more
affected than the lower arch, mostly involving the second quadrant. The
most affected teeth were upper permanent first molars, followed by their
lower homologues and upper central incisors. Mild severity was the most
frequent diagnosis in this sample. Children with MIH had DMFT of 0.89
and ceo-d of 1.24, higher than the values regarding non-affected group
and total sample. It was observed no association with DDE index,
socioeconomic factors, or medical history of mother and child. Prevalence
of MIH is cause for concern, particularly because of its correlation with
dental caries in permanent dentition. However, aetiological prospective
studies are needed to define such an aetiology definitely.
Key words: epidemiology, risk factors, tooth hypomineralisation.
1. INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
As hipomineralizações ou opacidades são definidas como
defeitos qualitativos dos tecidos dentários, identificados visualmente como
uma anormalidade na sua translucidez que se caracteriza por áreas de
coloração branca, creme, amarela ou castanha, de superfície lisa e
espessura normal de esmalte
7,22
. O termo “hipomineralização molar-
incisivo” (HMI) foi sugerido para descrever o aspecto clínico da
hipomineralização de esmalte de origem sistêmica que afeta um ou mais
primeiros molares permanentes, podendo estar associado a incisivos
permanentes
32
.
Na HMI, o esmalte poroso, com opacidades de bordas claras
e distintas do esmalte normal, pode romper-se com facilidade,
principalmente sob influência de forças mastigatórias, deixando a dentina
desprotegida e favorecendo o desenvolvimento de lesão cariosa
10,28,30
.
Durante a irrupção e mesmo durante a escovação, os dentes podem ser
muitos sensíveis às variações de temperatura
32
.
Em um mesmo paciente portador da HMI é possível
observar uma opacidade intacta em um molar, enquanto que em outros
molares, partes do esmalte podem se fraturar logo após a irrupção do
dente, aparentando que este tecido não tenha sido formado
27
. Quando um
defeito severo existe em um elemento dentário, é comum que o
contralateral também esteja afetado
1
. O risco de defeitos nos incisivos
parece ser proporcional ao número de molares afetados
10,16,31
, sendo que
| 24
o esmalte destes dentes raramente apresentam perda de estrutura
28
. A
ocorrência assimétrica do defeito de esmalte sugere que os ameloblastos
são afetados por uma desordem sistêmica numa fase muito específica do
seu desenvolvimento
1
.
A prevalência da HMI varia entre 3,6 a 25%, sendo estes
dados, na grande maioria, provenientes de estudos do norte da Europa,
continente que considera esta condição como um grande problema
clínico
29
. Outros continentes também realizaram estudos para
diagnosticar a magnitude desta condição em suas populações, sendo que
na América foi observado 40,2%
21
, na Ásia, 2,8%
4
e na África,
percentuais de 2,9
8
e 13,7
15
.
Clinicamente, a HMI difere da hipoplasia de esmalte por ser
um defeito qualitativo, caracterizado por opacidades demarcadas de
esmalte
26,29
. Além disso, quando ocorre perda de estrutura, as margens
do tecido fraturado são ásperas e irregulares, diferenciando dos defeitos
quantitativos das hipoplasias, que apresentam margens lisas e
arredondadas
7,19
. A HMI também pode ser distinguida da fluorose
dentária, que esta é associada à exposição prolongada ao flúor e as
opacidades de esmalte são mais difusas e simétricas
26
. O diagnóstico
diferencial com a amelogênese imperfeita é baseado no fato de que na
HMI raramente os molares são igualmente comprometidos enquanto na
amelogênese, quase toda dentição é afetada e há sempre um padrão
hereditário correlacionado
20,28
.
| 25
Os molares afetados pela HMI freqüentemente requerem
tratamento extensivo. Durante o tratamento, a dificuldade em anestesiar
adequadamente os dentes afetados poderá induzir ao medo e à
ansiedade, acarretando problemas no manejo do comportamento da
criança
9,24,25
. Segundo Jalevik, Klingberg
9
(2002), as crianças com HMI
são tratadas adez vezes mais que as crianças sem esta alteração, a
os nove anos de idade. A prioridade de tratamento deve ser a redução da
dor, seguido por considerações sobre a viabilidade desses dentes em
longo prazo. Se um molar em irrupção mostra sinais de opacidade, a
criança precisa ser monitorada até o momento em que todos os primeiros
molares permanentes tenham irrompido completamente. Para minimizar a
perda de esmalte e o risco de desenvolvimento da lesão de cárie,
tratamento preventivo e interceptativo devem ser considerados, sendo
analisado até a possibilidade de extração dos quatro primeiros molares,
associada à terapia ortodôntica para fechamento de espaço, em casos
muito severos
9,28
.
Não existem dados conclusivos quanto à etiologia destas
alterações
5
. Contudo, fatores de natureza sistêmica, como as doenças
respiratórias e as complicações pré-natais no último trimestre gestacional
são consideradas como possíveis causas. Além disso, também são
apontados o baixo peso ao nascimento associado à falta de oxigênio
(hipóxia para os ameloblastos), desordens metabólicas de cálcio e fosfato
e freqüentes doenças da infância com história de febre alta
3,11,13,14
. Alguns
| 26
autores sugerem que o risco de HMI pode aumentar na presença de
doença celíaca
6
, consumo de antibióticos
12,18
e exposição à dioxina,
poluente ambiental que pode estar presente no leite materno, durante a
amamentação prolongada
30
. Neste contexto, estudo recente
17
contrapôs
a hipótese da dioxina ser um fator etiológico da HMI, visto que observou
prevalência similar da condição entre crianças expostas e não expostas à
dioxina.
As crianças com problemas de saúde durante os três
primeiros anos de vida, período crítico para formação da coroa dos
primeiros molares e incisivos permanentes, têm mais risco de serem
acometidas pela hipomineralização molar-incisivo
11
. Segundo Whatling,
Fearne
33
(2008), estudos genéticos são necessários, pois a HMI pode ter
etiologia multifatorial com a possibilidade de susceptibilidade genética.
Diante do exposto, a HMI vem ganhando atenção especial
no cenário clínico devido ao maior risco à lesão de cárie, maior
sensibilidade, dificuldades no manejo do paciente e às grandes e
repetidas necessidades de tratamento. Os dados de reconhecimento
desta condição no Brasil, bem como de sua prevalência na população são
ainda escassos
2,21,23
. A literatura demonstra a necessidade de estudos
bem delineados com lculo de amostragem baseada na população,
sendo que o conhecimento epidemiológico da doença é um importante
indicador para definição de ações de promoção de saúde bucal. A
elaboração de um programa de cuidados especiais com ênfase às
| 27
medidas preventivas e restauradoras é de extrema importância na
tentativa de manter os dentes afetados na cavidade bucal. Portanto,
reconhecer clinicamente essa condição, identificar as suas causas e
estabelecer o seu diagnóstico diferencial é fundamental para a condução
clínica do paciente afetado pela hipomineralização molar-incisivo.
2. PROPOSIÇÃO
| 29
PROPOSIÇÃO
1. Objetivo Geral
O objetivo do presente estudo foi identificar a presença do defeito
de esmalte conhecido como HMI, entre escolares de 6 a 12 anos da rede
pública e privada de Araraquara/SP (Brasil), para estabelecer sua
prevalência e severidade, além de investigar os fatores etiológicos desta
condição na referida população.
2. Objetivos Específicos
Estudo 1:
Identificar a presença do defeito de esmalte conhecido como HMI,
entre escolares de 6 a 12 anos de Araraquara/SP, para estabelecer sua
prevalência e severidade, além de verificar possível associação com a
cárie dentária.
Estudo 2:
Identificar os possíveis fatores etiológicos envolvidos na
manifestação da HMI em escolares de 6 a 12 anos de Araraquara.
3. Hipóteses a serem testadas:
1. Não existe diferença na prevalência de HMI entre crianças de
escolas públicas e particulares;
2. Não existe correlação entre HMI e índice de cárie dentária;
3. Não existe correlação entre a HMI e os defeitos de esmaltes
(DDEs) na dentição decídua;
4. A HMI não está associada a fatores relacionados à gestação e a
saúde da criança.
3. ESTUDO 1
HIPOMINERALIZAÇÃO MOLAR-INCISIVO EM
ESCOLARES: PREVALÊNCIA, SEVERIDADE E SUA
RELAÇÃO COM A CÁRIE DENTÁRIA
HIPOMINERALIZAÇÃO MOLAR-INCISIVO EM ESCOLARES: PREVALÊNCIA,
SEVERIDADE E SUA RELAÇÃO COM A CÁRIE DENTÁRIA
*Fabiano Jeremias
*Juliana Feltrin de Souza
*Cristiane Maria da Costa Silva
**Rita de Cássia Loiola Cordeiro
**Ângela Cristina Cilense Zuanon
**Lourdes Santos-Pinto
* Pós-Graduando em Odontopediatria, Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de
Odontologia de Araraquara, UNESP – Univ Estadual Paulista, São Paulo, Brasil
** Professor Adjunto, Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia de
Araraquara, UNESP – Univ Estadual Paulista, São Paulo, Brasil
Correspondência:
Lourdes Santos-Pinto
Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP
Rua Humaitá, 1680
Araraquara, SP Brasil 14801-903
Tel.: (+55 16) 33016330
O artigo foi formatado segundo as normas do periódico Community Dentistry and Oral
Epidemiology (fevereiro de 2010)
Artigo 1 | 32
RESUMO
Objetivos: Determinar a prevalência, a severidade da HMI e sua relação
com a cárie dentária em escolares de Araraquara/SP, Brasil. Métodos:
Foram examinados 1157 escolares do ensino fundamental, com idade
entre 6 a 12 anos, para o registro da HMI. Durante o levantamento
epidemiológico também foram avaliados os índices CPO-D, ceo-d e DDE.
Um questionário semi-estruturado foi enviado às mães dos escolares, a
fim de identificar a renda familiar e a escolaridade dos pais. Os dados
foram tabulados e analisados por meio de estatística descritiva, pelo teste
Qui-quadrado , Kruskall Wallis e Mann Whitney, ao nível de significância
de 0,05, sendo as associações verificadas pelo Odds Ratio. Resultados:
A prevalência da HMI em Araraquara foi de 12,3%; mais comum nas
meninas (1:1,5). O arco superior foi mais acometido, com maior número
de dentes envolvidos no quadrante superior esquerdo. Os dentes mais
afetados foram os primeiros molares permanentes superiores, seguidos
pelos homólogos inferiores e incisivos centrais superiores. A severidade
leve foi o diagnóstico mais freqüente. O CPO-D das crianças com HMI foi
de 0,89 e o ceo-d de 1,24, maiores que os valores do grupo não afetado
(0,43 e 1,03) e da amostra total (0,48 e 1,06), respectivamente.
Conclusões: A prevalência da HMI em Araraquara é preocupante,
especialmente pela sua correlação com a cárie dentária na dentição
permanente.
Palavras chave: epidemiologia, criança, hipomineralização dentária.
Artigo 1 | 33
INTRODUÇÃO
Um dos defeitos de esmalte que vem desafiando os
odontopediatras é a Hipomineralização Molar-Incisivo (HMI), uma
alteração de origem sistêmica, na qual ocorre o comprometimento do
esmalte dentário de um ou mais primeiros molares permanentes, podendo
envolver também os incisivos permanentes (1). O termo HMI foi
introduzido como uma entidade clínica por Weerheijm et al., em 2001 (1).
Contudo, o primeiro relato desta alteração se deu na Suécia, no final dos
anos 70 (2).
A prevalência da HMI foi reportada variando entre 2,4 a 25% na
Europa (3,4), de 2,8% na Ásia (5), 2,9% (6), 13,5% (7)
na África e 40,2%
na América (8). Clinicamente, os defeitos de esmalte desta condição
podem variar desde opacidades leves com coloração branca, amarela ou
marrom a comprometimento severo do esmalte com perda estrutural
súbita quando da irrupção dentária (1,9). A severidade do defeito é muito
variável, sendo o grau de porosidade do esmalte dentário um dos fatores
determinantes do nível de desintegração tecidual (1).
O esmalte poroso da HMI pode romper-se com facilidade,
principalmente sob influência de forças mastigatórias, deixando a dentina
desprotegida e favorecendo o desenvolvimento de lesão cariosa (10,11),
evidenciando a associação entre a presença destes defeitos com a cárie
dentária, reportada por vários autores (5,12-15).
Artigo 1 | 34
Apesar de ser um defeito assimétrico, quando uma lesão severa
existe em um elemento dentário, é comum que o contralateral também
esteja afetado (3,9). O risco de os incisivos estarem alterados parece ser
proporcional ao número de molares acometidos, sendo que raramente
apresentam perda de estrutura (2,10,16).
As crianças com HMI podem apresentar uma sensibilidade dentária
intensa mediante a variação de temperatura (1), decorrente da inflamação
crônica da polpa, diretamente relacionada à maior inervação da região
subodontoblástica sob a área hipomineralizada (17), fatores estes que
dificultam a ação anestésica e subseqüentemente, o manejo da criança.
Além disso, estas crianças apresentam uma probabilidade 10,5 vezes
maior de retornar ao consultório para atendimento odontológico
comparado às sem a alteração (18).
A etiologia não está totalmente elucidada (19), sendo evidente a
dificuldade de identificação dos diferentes fatores que sensibilizam os
ameloblastos desde o período pré-natal até os três primeiros anos de vida
da criança, período em que ocorre mineralização dos primeiros molares
(1,3,15,20-23).
Reconhecer clinicamente essa condição, identificar as suas causas
e estabelecer o seu diagnóstico diferencial é fundamental para a
condução clínica do paciente afetado. O conhecimento epidemiológico da
doença é um importante indicador para definição de ações de promoção
de saúde bucal, motivando a realização do presente estudo que teve
Artigo 1 | 35
como objetivo identificar a presença do defeito de esmalte conhecido
como HMI, entre escolares de 6 a 12 anos de Araraquara/SP (Brasil),
para estabelecer sua prevalência e severidade, além de verificar possível
associação com a cárie dentária.
MATERIAL E MÉTODO
Este estudo foi desenvolvido após aprovação do Comitê de Ética
em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP
(Protocolo # 11/08) e obtenção do consentimento livre e esclarecido dos
responsáveis pelas crianças. O tamanho da amostra foi calculado
utilizando precisão de 5% (d), mero da população de referência para
cada faixa etária (N), valor–limite da área de rejeição (z) de 1,96 e a
prevalência esperada para o fenômeno a ser investigado (P), no caso
HMI. Como não se conhecia a prevalência da HMI na população brasileira
até o momento, tomou-se 50% como referência (24). Ao resultado foi
acrescido 20%, para compensar eventuais perdas (25), chegando-se ao
tamanho final da amostra de 1157 escolares. Por se tratar de um
levantamento epidemiológico em uma população ampla e considerando a
grande variabilidade da condição estudada, foi utilizada a técnica de
amostragem estratificada para distribuição da amostra, o que aumenta a
precisão da estimativa global. A população amostral probabilística (1157)
foi dividida aleatoriamente em 2 grupos ou estratos, sendo constituídos de
amostras proporcionais aos seus tamanhos (amostragem
Artigo 1 | 36
eqüiprobabilística). O grupo 1 foi constituído de escolares da rede
particular (n=264) e o grupo 2 de escolares da rede pública (n=893).
O critério de inclusão foi representado por crianças com idade entre
6 a 12 anos; com naturalidade araraquarense e com todos os primeiros
molares permanentes (4) e incisivos permanentes (8) totalmente
irrompidos na cavidade bucal. Os dentes foram considerados irrompidos
quando toda a coroa estivesse evidente no arco e livre de tecido gengival
(26). Os critérios de exclusão foram: síndromes ligadas à má-formação de
esmalte dentário; fluorose dentária ou amelogênese imperfeita; e
presença de aparelhos ortodônticos fixos no momento do exame.
As crianças foram classificadas como portadoras ou não de HMI
segundo os critérios propostos pela Academia Européia de
Odontopediatria (11), sendo consideradas as opacidades demarcadas
maiores que 2.0 mm de diâmetro (FDI, 1992) (27). O diagnóstico
diferencial entre opacidades e mancha branca de cárie fundamentou-se
nos critérios de Seow (1997) (28). Para avaliação das condições dentárias
(índices: CPOD e ceod) e da necessidade de tratamento (NT), utilizou-se
os critérios da OMS (1997) (29). Defeitos de esmalte não-fluoróticos
(DDEs) na dentição decídua (FDI, 1992) (27) também foram investigados.
O exame epidemiológico foi realizado em ambiente escolar, sob luz
natural, com examinador e paciente sentados, utilizando espátula de
madeira, espelho plano número 5 e sonda “ball point” para remoção de
possíveis restos alimentares. Os dentes foram examinados sem secagem
Artigo 1 | 37
prévia por dois cirurgiões dentistas calibrados. Os valores Kappa intra-
examinadores para HMI, cárie e DDE foram 0.91, 0.93 e 0.89,
respectivamente. Os valores do Kappa inter-examinadores para HMI,
cárie e DDE foram todos acima de 0.91.
De forma a detalhar melhor a severidade das lesões de HMI, as
opacidades foram subdivididas em brancas, amarelas e marrons (2). As
fraturas pós-irruptivas foram subdivididas em leves (menores que ¼ da
coroa afetada), moderadas a ½ da coroa afetada) e severas (mais da
½ coroa afetada) (30) e as restaurações atípicas foram subdivididas em
satisfatórias e insatisfatórias. Para classificação da severidade de HMI,
tomando-se como referência a criança, foi considerada com HMI leve
aquela cujos dentes apresentassem somente opacidades demarcadas
sem associação com necessidades de tratamento restaurador. Criança
com HMI severa foi aquela cujos dentes apresentassem lesões de HMI
com necessidades de tratamento atuais ou passadas, como perdas
estruturais e restaurações atípicas (13).
Paralelamente, os pais receberam um questionário semi-
estruturado, para verificação da renda familiar e grau de instrução dos
pais/responsáveis, baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD, 2003) (31).
Os dados foram analisados no programa Statistical Package for
Social Sciences 16.0 for Windows (SPSS Inc., Chicago, Illinois, USA). A
estatística descritiva foi utilizada para apresentação dos resultados e para
Artigo 1 | 38
a verificação da associação entre as variáveis categóricas foram
utilizados os testes o paramétricos Qui-quadrado, Kruskal Wallis e
Mann Whitney ao nível de significância de 5%.
RESULTADOS
Foram convidadas 3367 crianças para o estudo. Do total de 1885
escolares examinados na faixa etária de 6 a 12 anos de idade, 1157
foram incluídos na amostra. As crianças excluídas não preenchiam os
critérios de inclusão, demonstraram medo ou faltaram ao exame
A prevalência da HMI em Araraquara foi de 12,3% (n=142). Não se
observou diferença estatística entre os escolares afetados da rede de
ensino público (11,98%; n=107) e da rede particular (13,25%; n=35)
(p=0,579;). As análises foram, portanto, realizadas como sendo um único
grupo.
A média de idade das crianças com HMI foi de 8,75 anos 1,24).
Houve diferença significante entre os gêneros (38% sexo masculino e
62% sexo feminino; OR 1,47; IC 1,02-2,11; p=0,041), sendo que a chance
de as meninas terem HMI foi 1,5x maior que a dos meninos. Contudo, a
média de dentes afetados no gênero masculino (3,35 ± 2,39) foi
semelhante a do gênero feminino (3,31 ± 2,00) (p=0,95). De um modo
geral, a dia de dentes afetados entre as crianças com HMI foi 3,32
±2,15 (Tabela 1), sendo que 2,2 dentes, em média, eram molares.
Artigo 1 | 39
Do número total de crianças examinadas com HMI, 51,4%
apresentaram alterações em primeiros molares e incisivos permanentes,
enquanto que 23,9% apresentaram a hipomineralização apenas em um
molar permanente (Tabela 2).
Do número total de dentes afetados pela HMI (n=472), 261 (53,3%)
eram da maxila e 211 (44,7%) da mandíbula (p=0.0001). Os dentes mais
comumente afetados foram os primeiros molares permanentes superiores,
seguidos pelos primeiros molares permanentes inferiores e incisivos
centrais superiores (Tabela 3). A diferença foi estatisticamente significante
(p=0.0001). Dentre os molares, o dente 26 foi o mais afetado pela HMI e
dentre os incisivos, o dente 11 foi o mais acometido.
Com relação ao hemiarco, houve 252 (53,4%) dentes afetados no
esquerdo e 220 (46,6%) no direito, com diferença estatística (p=0.0001).
O quadrante mais afetado foi o superior esquerdo, porém houve diferença
significativa entre todos os outros (p=0.0001) (Tabela 3). Um total de
72,3% (1232/1704) dos dentes índices estavam sadios.
Na maioria dos dentes afetados a severidade do defeito no esmalte
foi leve apresentando apenas opacidades demarcadas (90,7%), cuja
coloração variou entre branca a amarronzada, sendo a mais freqüente a
amarela. No entanto, 5,3% apresentaram fraturas pós-irruptivas e 4,0%,
restaurações atípicas (Tabela 4). Contudo, quando se analisa a
severidade com relação às crianças, observa-se o seguinte panorama:
98,9% apresentaram opacidades demarcadas; 14,8% apresentaram
Artigo 1 | 40
fraturas s-irruptivas; 9,1%, restaurações atípicas; 18,4% associação
entre as lesões anteriores e nenhum caso de exodontia por HMI.
Ao se analisar as faces dentárias observou-se que a face vestibular
foi a mais afetada (84,3%), seguida pela oclusal (29,7%), palatina (7,4%),
mesial (5,9%), distal (4,4%), lingual (4,4%) e incisal (0%), devendo
considerar que alguns dentes (27,1%) apresentaram mais de uma face
afetada. Além disso, foi possível observar que a proporção de crianças
com opacidades demarcadas nos incisivos aumentou com o número de
molares afetados (Tabela 5).
Entre as crianças com HMI, 44,4% eram livres de cárie. Todos os
incisivos permanentes afetados pela hipomineralização (156) estavam
hígidos e nenhum dente permanente foi extraído por cárie. Cerca de
63,5% dos dentes permanentes cariados/obturados eram primeiros
molares inferiores e 36,5% eram primeiros molares superiores. Observou-
se que os molares afetados pela HMI (316) apresentam estreita relação
com a cárie dentária, seja pela sua história pregressa (dentes
restaurados) ou pela história atual (restaurados com cárie e cariados)
(Tabela 6).
O valor do CPO-D dos escolares afetados pela HMI foi de 0,89
1.18) e o do ceo-d foi de 1,24 (±1.82), que são mais altos do que os
valores da amostra total; (CPO-D: 0,48; ±1.04), (ceo-d: 1,06; ±1.81). Foi
possível observar que a presença do defeito esteve estatisticamente
relacionada à maior experiência de cárie na dentição permanente
Artigo 1 | 41
(p=0.0001). O mesmo não pôde ser firmado com relação à dentição
decídua (p=0,1007). Com relação aos defeitos de esmalte na dentição
decídua, nenhuma associação foi verificada (p=0,11) (Tabela 7), pois
apenas 6 das 142 crianças afetadas pela HMI e 18 do grupo controle
apresentavam esta alteração.
As crianças não afetadas pela HMI apresentaram uma necessidade
maior de tratamento restaurador do que as afetadas (p=0,0009, OR: 0,54;
IC: 0,37-0,77). No grupo com HMI, os dentes com acometimento mais
severo foram os que requeriam cuidados mais complexos (p=0,0001;),
sendo que 8,5% necessitavam de tratamento restaurador, havendo 4
casos que também exigiam tratamento endodôntico e 91,5%
necessitavam apenas de tratamento remineralizador.
Nenhuma das variáveis socioeconômicas (renda familiar e
escolaridade) apresentou relação direta com a prevalência de HMI
(p>0.05 para todos os casos). Em relação às variáveis demográficas,
foram observadas relações entre a presença de HMI com gênero
(feminino, p=0,04) e idade das crianças (9 anos, p=0,002 e 10 anos,
p=0,004).
DISCUSSÃO
A prevalência da HMI observada em Araraquara foi de 12,3%,
muito inferior ao valor da prevalência (40,2%) observada na cidade do Rio
Artigo 1 | 42
de Janeiro/Brasil (8), mas é comparável à média do que foi observado nos
países europeus (10,12-16,21,23,32-36) e África (13,7%) (7), mas difere
do estudo realizado na Ásia (2,8%) (5)
e outra cidade da África (2,9%) (6).
As diferenças étnicas, culturais, os grupos etários estudados, os critérios
de diagnóstico e de seleção amostral podem ser algumas das razões
dessa variação. Além disso, ao se analisar um estudo epidemiológico,
deve-se considerar se o seu delineamento permite concluir que o
resultado encontrado refere-se à prevalência e não simplesmente, à
freqüência da condição na população.
O estágio de irrupção desses dentes é fator significante no estudo
da prevalência da HMI, sendo recomendado que o dente tenha pelo
menos mais da metade da coroa visível (32). No entanto, quando se
estabeleceram os critérios diagnósticos da HMI, esta observação o foi
incluída (11), fator que pode ter influenciado nos dados registrados por
diferentes pesquisadores.
Segundo recomendado pela FDI (1992) (27), qualquer defeito
menor que 1 mm de diâmetro não deve ser registrado, pois opacidades
pequenas são muito comuns. No presente estudo foram incluídas apenas
lesões com diâmetro igual ou superior a 2 mm, assim como em estudos
anteriormente reportados (3,10,13,37,38). Contudo, em alguns estudos,
opacidades demarcadas com diâmetro menor que 2 mm foram
consideradas (8,36,39)
e muitos outros não mencionam esse dado
(12,16,33).
Artigo 1 | 43
A atividade de cárie nas crianças araraquarenses é baixa (40), o
que pode também ter facilitado o diagnóstico da hipomineralização, pois
em populações com alta atividade de cárie as lesões podem ser
mascaradas (13).
A média de dentes afetados foi de 3,3. Número superior à média
observada em Hong Kong (2,6) (5)
e alguns países europeus (2,3)
(10,32,34,35). Contudo, foi inferior aos reportados por Jälevik et al (2001)
(10); Dietrich et al. (2003) (33) e Muratbegovic et al (2007) (14) que
relataram 5,6; 5,59 e 4,8, respectivamente. A média de molares afetados
foi de 2,2 dentes acometidos por criança, semelhante à observada na
Suécia (2,4) (10), mas diferente dos dados reportados para a Bósnia e
Herzegovina (3,16) (14).
Mais de 50% das crianças com HMI tinham alterações em molares
associadas aos incisivos, enquanto que apenas 23% das crianças alemãs
(33) e 90% de crianças da Bósnia (14)
apresentaram esta associação. As
alterações apenas nos molares estavam presentes em 48,6% das
crianças, enquanto que na Alemanha, esta porcentagem foi de 57,8% (33)
e na Bósnia, de 7,59% (14). Apenas 12% de nossas crianças tiveram
entre 3 e 4 molares afetados, sendo que foi encontrado 50% na snia
(14); 3,9% na Finlândia (13) e apenas um caso na Lybia (6).
Em alguns estudos (5,9,10,16,18,32) a distribuição dos molares
afetados foi a mesma tanto na maxila quanto mandíbula. No entanto,
Artigo 1 | 44
observou-se que os molares superiores foram os mais afetados pela HMI,
corroborando os achados de outros estudos (13,14) e diferente do
observado no estudo de levik et al (2001) (10), no qual os molares
inferiores foram os mais acometidos, embora nenhuma diferença
estatística tenha sido observada.
Das crianças examinadas, 23,9% tinham pelo menos um molar
permanente afetado, semelhante (26,9%) ao encontrado por Calderara et
al. (2005) (32), mas diferindo dos achados de Jälevik et al (2001) (10),
que encontraram valor de 33,3%, sendo que ambos trabalhos utilizaram
critérios semelhantes aos deste estudo, porém estudaram apenas a faixa
etária de 7,3-8,3 anos. O defeito mais freqüentemente observado foi
opacidades demarcadas (90,7% dos dentes), enquanto Jälevik et al.,
(2001) (10) observaram 25% e Calderara et al. (2005) (32), 19,4% desse
mesmo defeito.
O risco de envolvimento dos incisivos permanentes parece
aumentar com a proporção de molares afetados (Tabela 5). Ocorrência
semelhante foi observada em diversos estudos (2,4,10,15,16,21).
Contudo, o mesmo não foi observado por Kotsanos et al (2005) (18). O
dente 26 foi o mais afetado pela HMI, e dentre os incisivos, o dente 11 foi
o mais acometido, diferindo do estudo de Kuscu et al. (2009) (21), em que
o dente mais afetado foi o 16.
Maior prevalência de HMI entre crianças do sexo masculino foi
reportada por levik et al. (2001) (10). No entanto, esta predisposição
Artigo 1 | 45
para HMI não foi confirmada em nosso estudo, pois 62% das crianças
eram do sexo feminino, corroborando com os estudos na Bósnia (14) e na
Líbia (6). A igualdade na manifestação da alteração entre os dois gêneros
também foi observada (5,10,13,15,18,32).
A prevalência de lesões severas foi de 9,3%, sendo que 5,3%
apresentaram fraturas pós-irruptivas e 4,0% restaurações atípicas,
semelhante (8,4%) ao que foi encontrado por Leppäniemi et al. (2001)
(13) e superior aos 2,0% observados em crianças finlandesas (Alaluusua
et al., 1996) (3), 6,4% em crianças suecas (Jälevik et al., 2001) (10) e
0,4% em crianças italianas (Calderara et al., 2005) (32). Koch et al (1987)
(2) avaliando crianças na faixa etária entre 8 a 13 anos de idade
observaram que a prevalência de superfícies de esmalte desintegradas,
incluindo restaurações atípicas, varia entre 1,5% a 8%, dependendo da
idade. Acredita-se que a alta prevalência de lesões severas nas crianças
mais velhas esteja relacionado com perda estrutural e desenvolvimento
de lesões de cárie no esmalte hipomineralizado (32), mas como a
amostra deste estudo foi variada, ou seja, continha grupos heterogêneos
de crianças, não há dados para concordância.
A mineralização dos primeiros molares permanentes se inicia por
volta da 32ª semana de VIU e a coroa se completa por volta dos 4 anos
(41), sendo que a irrupção ocorre por volta dos 6 anos. O
desenvolvimento dos incisivos ocorre um pouco mais tarde. Como a HMI
é provavelmente uma doença sistêmica e devido à proximidade no
Artigo 1 | 46
período de desenvolvimento desses dentes, parece lógico que tais
defeitos ocorram concomitantemente nos incisivos e primeiros molares,
pois a mineralização destes dentes ocorre na mesma época. Entretanto, o
presente estudo corrobora os achados (2,10,32,36), em que os primeiros
molares foram os mais freqüentemente afetados pela HMI, seguidos pelos
incisivos centrais superiores enquanto que os incisivos laterais inferiores e
superiores foram os menos afetados.
Diferenças na odontogênese podem explicar parcialmente as
variações na prevalência. Alguns achados sugerem que a prevalência de
defeitos de desenvolvimento de esmalte é maior em áreas onde o esmalte
é espesso (10,42), sugerindo que essas áreas demandam maior atividade
metabólica dos ameloblastos produzindo esmalte rápido e ao mesmo
tempo, se tornam vulneráveis a qualquer insulto. Segundo Needleman
(1991) (42), um distúrbio metabólico severo pode afetar todos os dentes e
superfícies, enquanto que se moderado pode afetar a atividade dos
ameloblastos mais ativos ou acelerar a maturação do esmalte. Foi
observada uma alta prevalência de opacidades demarcadas nos molares
(sup. e inf.) e nos incisivos superiores, maior que nos incisivos inferiores,
sugerindo concordância com esta hipótese e com os achados de
Calderara et al. (2005) (32).
O esmalte dos molares afetados é intacto até o momento da
irrupção, mas é macio e poroso e freqüentemente se fratura
imediatamente após esse processo desprotegendo a dentina e
Artigo 1 | 47
favorecendo o rápido desenvolvimento de rie (9). As opacidades
demarcadas nos incisivos se localizam na superfície vestibular e devido a
ausência de forças mastigatórias não se fraturam, mas acarretam sérios
problemas estéticos. A aparência clínica e a fraca resistência dos dentes
afetados pela HMI contribuíram para o aumento dos tratamentos
necessários para os primeiros molares, que incluem o tratamento pulpar e
extrações (14). Contudo, o mesmo impacto de necessidade de tratamento
foi encontrado nas populações com baixa atividade de cárie (13). Neste
contexto, tem-se que considerar a questão da presença do flúor e a
influência das variáveis socioeconômicas.
Desde que este tipo de hipomineralização de esmalte foi
descoberto, a relação com ingestão de fluoretos têm sido descartada
(2,12). Contudo, o relato (38) de baixa prevalência de HMI (5,6%) e alta
prevalência de fluorose em crianças finlandesas residentes em áreas
onde o abastecimento residencial de água continha alta concentração de
fluoretos pode ser devido ao fato de a presença de fluorose ter
mascarado as opacidades (32). A fim de se evitar qualquer dúvida, os
casos com fluorose foram excluídos deste estudo e não se observou
nenhuma associação de outros defeitos de esmalte na dentição decídua
com a HMI. Apesar de ter sido baixo esse índice de dentes afetados,
pode-se sugerir que crianças com DDE na dentição decídua não
necessariamente apresentarão HMI.
Artigo 1 | 48
Apesar de não ter sido verificada associação das variáveis sócio-
econômicas e prevalência de HMI entre escolares da rede pública e
privada, a média do CPOD foi significantemente maior no primeiro grupo
(p=0.0002), fato este que pode estar correlacionado com a renda familiar
e também quanto ao nível cultural. Os níveis mais altos da doença, assim
como o menor acesso ao tratamento odontológico, tem sido associados a
condições socioeconômicas precárias. A avaliação de indicadores
econômicos apresenta grande importância em estudos de saúde infantil,
pois permite descrever a situação dessa população. A renda familiar é
considerada uma variável com alto poder discriminatório, isto é, crianças
pertencentes a famílias com diferentes níveis de renda podem apresentar
diferenças importantes nos indicadores de saúde (43). Estudos avaliam a
interferência dos contextos socioeconômicos na saúde bucal geral das
populações e não somente na prevalência de rie (44,45) e demonstram
que a incidência de defeitos de esmalte também sofre influência de
condições socioeconômicas, como provável resultado de deficiências
nutricionais (46,47). O instrumento utilizado como coleta do nível
socioeconômico foi renda familiar e escolaridade dos pais. Desta forma,
tais conclusões não podem ser confirmadas neste estudo, pois seria
necessário utilizar um formulário padrão com diversas questões para
deduzir o padrão socioeconômico da família, como preconizado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Salientamos, também, que
nem todas as crianças que estudam no sistema público têm nível cio-
Artigo 1 | 49
econômico inferior com relação a quem estuda na rede privada, e vice-
versa.
Concluindo, a prevalência de HMI nas crianças de Araraquara é de
12,3%. O grau de comprometimento leve foi o diagnóstico mais
prevalente e nas crianças com HMI a experiência de rie na dentição
permanente foi maior quando comparado com a população geral da
mesma idade.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi apoiado pela FAPESP Bolsa Mestrado (Proc.:
2008/03247-9) e CNPq – Edital Universal (Proc.: Proc.473126/2008 7).
Artigo 1 | 50
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Artigo 1 | 57
Tabela 1. Média de dentes afetados pela HMI, segundo o gênero.
Araraquara. São Paulo, Brasil. 2009.
HMI
Masc.
Fem.
Total
Nº dentes afetados
181
291
472
Nº crianças afetadas
54
88
142
Média
(dentes)
DP
3,35
2,39
3,31
2,00
3,32
2,15
Teste Mann Whitney, p=0,95
Artigo 1 | 58
Tabela 2. Distribuição da HMI nas crianças afetadas, segundo os
diferentes grupos de dentes. Araraquara. São Paulo, Brasil. 2009.
Dentes afetados pela HMI
TOTAL
n
%
Um molar
34 23,9
Um molar e incisivos
10 7,0
Apenas dois molares
18 12,7
Entre 3
-
4 molares
17 12,0
Molares e incisivos
63 44,4
TOTAL 142 100,0
Artigo 1 | 59
Tabela 3. Distribuição dos dentes afetados pela HMI, segundo o arco e
hemiarco acometido. Araraquara. São Paulo. Brasil, 2009.
Dente afetado
pela HMI
Arco superior Arco inferior
Hemiarco
direito
Hemiarco
esquerdo
TOTAL
Hemiarco
direito
Hemiarco
esquerdo
TOTAL
Incisivo central 39 30
69
12 22
34
Incisivo lateral 11 12
23
15 15
30
Primeiro molar 75 94
169
68 79
147
TOTAL 125 136
261
95 116
211
Teste Kruskal Wallis, p=0.0001
Artigo 1 | 60
Tabela 4. Freqüência de dentes afetados pela HMI, segundo o
diagnóstico das lesões. Araraquara, São Paulo, Brasil, 2009.
Tipos de alterações de HMI observadas
Opacidade Demarcada Fratura Pós-Irruptiva Restauração Apica Total
Branca
Amarela
Marrom
Leve
Mod.
Severa
Satisf.
Insatisf.
Dentes
n % n % n
% n % n
% n % n % n
% n %
171 36,2 203 43 54
11,5 11 2,3 6
1,3 8 1,7 11 2,3 8
1,7 472 100
Artigo 1 | 61
Tabela 5. Freqüência de crianças com incisivos afetados pela HMI,
segundo o grau de envolvimento dos molares. Araraquara, São Paulo,
Brasil, 2009.
Primeiros
molares
Nº de casos
com molares
afetados
Nº de casos com
molares e incisivos
afetados (%)
1
44 10 (22,7)
2
46 28 (60,8)
3
27 17 (63,0)
4
25 18 (72,0)
TOTAL
142 73 (51,4)
Artigo 1 | 62
Tabela 6. Condições clínicas dos primeiros molares permanentes
afetados pela HMI. Araraquara, São Paulo, Brasil, 2009.
Condição Dentária
16
26
36
46
TOTAL
Hígido
59 (78,6%)
79 (84%)
48 (60,8%)
45 (66,2%)
231
Cariados
5 (6,7%)
7 (7,5%)
12 (15,2%)
9 (13,2%)
33
Rest. e cariados
0 0 2 (2,5%)
0 2
Rest. s
em cárie
11 (14,7%)
8 (8,5%)
17 (21,5%)
14 (20,6%)
50
TOTAL
75 94 79 68 316
Artigo 1 | 63
Tabela 7. Análise bivariada da relação entre HMI com cárie nas dentições
decídua/permanente, e com defeito de esmalte não-fluorótico na dentição
decídua. Araraquara, São Paulo, Brasil, 2009.
Variável
HMI
Valor de p
OR [IC 95%]
HMI > 0
HMI = 0
N % N %
Cárie na dentiç
ão permanente
CPOD = 0 77
54,2
805
79,3
CPOD > 0 65
45,8
210
20,7
0,0001* 3,23 [2,25-4,65]
Cárie na dentição decídua
Ceod = 0 80
56,3
648
63,8
Ceod > 0 62
43,7
367
36,2
0,1007 1,36 [0,95-1,95]
Defeito esmalte na dentição
decídua
DDE = 0 136
95,8
997
98,2
DDE > 0 6
4,2 18
1,8
0,11 0,41 [0,16-1,05]
* Teste Qui-quadrado, α = 5%.
4. ESTUDO 2
HIPOMINERALIZAÇÃO MOLAR-INCISIVO EM
ESCOLARES: ESTUDO RETROSPECTIVO DOS
FATORES ETIOLÓGICOS
HIPOMINERALIZAÇÃO MOLAR-INCISIVO EM ESCOLARES:
ESTUDO RETROSPECTIVO DOS FATORES ETIOLÓGICOS
*Fabiano Jeremias
*Juliana Feltrin de Souza
*Cristiane Maria da Costa Silva
**Rita de Cássia Loiola Cordeiro
**Ângela Cristina Cilense Zuanon
**Lourdes Santos-Pinto
* Pós-Graduando em Odontopediatria, Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de
Odontologia de Araraquara, UNESP – Univ Estadual Paulista, São Paulo, Brasil
** Professor Adjunto, Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia de
Araraquara, UNESP – Univ Estadual Paulista, São Paulo, Brasil
Correspondência:
Lourdes Santos-Pinto
Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP
Rua Humaitá, 1680
Araraquara, SP Brasil 14801-903
Tel.: (+55 16) 33016330
O artigo foi formatado segundo as normas do periódico Community Dentistry and Oral
Epidemiology (fevereiro de 2010)
A r t i g o 2 | 66
RESUMO
Objetivos: O objetivo deste estudo retrospectivo foi coletar informações
sobre os possíveis fatores relacionados com a HMI no período perinatal e
nos três primeiros anos de vida da criança. Métodos: O grupo de estudo
consistiu de 1151 crianças com idade média de 8,86 ± 1,28 anos
residentes e nascidas em Araraquara, SP, Brasil. Antes da avaliação
dentária, um questionário semi-estruturado foi enviado às mães com
questões relacionadas à sua saúde gestacional e da criança, após estudo
piloto. As crianças participantes foram avaliadas por dois examinadores
calibrados e a HMI foi registrada segundo recomendado pela Academia
Européia de Odontopediatria (2003). Análise descritiva dos dados, Odds
Ratio com intervalo de confiança de 95% (IC), teste qui-quadrado e teste t
de Student foram utilizados para avaliar a diferença entre os grupos. A
prevalência da HMI foi 12,3% (142 crianças com dentes afetados; idade
média: 8,75 anos ±1,24). Resultados: Nenhuma associação foi
encontrada com HMI e a história médica da gestação e dos primeiros três
anos de vida da criança, incluindo: riscos gestacionais, nascimento,
doenças sistêmicas, hábitos, amamentação, uso de medicamentos e uso
de flúor. Conclusão: Diante da ausência de esclarecimentos, estudos
prospectivos são necessários, abrangendo a área clínica, laboratorial e
até mesmo a área genética para definição efetiva da etiologia.
Palavras chave: diagnóstico, fatores de risco, hipomineralização dentária.
A r t i g o 2 | 67
INTRODUÇÃO
O esmalte dentário é o tecido mais mineralizado do corpo humano
caracterizado por um processo de formação altamente complexo (1).
Estudos têm demonstrado que o desenvolvimento do esmalte é
particularmente sensível a distúrbio de fatores externos, resultando em
diferentes tipos de defeitos (2,3).
Os ameloblastos são células extremamente sensíveis. Se um
distúrbio ocorrer durante a fase secretória da amelogênese pode haver
uma redução na espessura do esmalte, caracterizando uma hipoplasia.
Contudo, se estas células forem afetadas na fase tardia da mineralização
ou maturação do esmalte, um defeito na translucidez do esmalte pode ser
desenvolvido (4,5). Um exemplo desta alteração é a Hipomineralização
Molar-Incisivo (HMI), defeito qualitativo, que tem despertado interesse de
clínicos e pesquisadores de todo o mundo (6).
O primeiro relato desta condição foi na Suécia no final dos anos 70
(7). Em 2001 foi referenciada como HMI, com a definição de “uma
hipomineralização de origem sistêmica que afeta um ou mais primeiros
molares permanentes com ou sem envolvimento dos incisivos
permanentes” (8). A HMI pode ser diferenciada da fluorose dental, que é
caracterizada por opacidades difusas que afetam os dentes
simetricamente (9). O diagnóstico diferencial com a amelogênese
imperfeita é baseado na distribuição das opacidades; enquanto na HMI
A r t i g o 2 | 68
raramente os molares são afetados na mesma intensidade; na
amelogênese, toda a dentição é afetada e há envolvimento genético (10).
Os fatores associados com a HMI incluem condições sistêmicas e
insultos ambientais (11,12). Crianças com problemas respiratórios,
complicações pré-natais, baixo peso ao nascimento, desordens
metabólicas de lcio e fosfato e doenças de infância acompanhadas de
febre alta (13-16) nos três primeiros anos de vida, período crítico na
mineralização dos primeiros molares e incisivos permanentes, têm risco
aumentado de apresentar a condição (14). Certos poluentes ambientais,
como a dioxina, presente no leite materno (9,17-20) e o furano (21),
também podem aumentar o risco de se desenvolver a HMI.
A ingestão de antibióticos foi também apontada como possível fator
etiológico, entretanto, fica difícil definir se a alteração foi causada pela
doença ou pelo tratamento, havendo diversas controversas na literatura
(11,22-26).
Apesar de a literatura especular uma série de fatores etiológicos
envolvidos com a HMI, o que se observa é uma expressiva ausência de
evidência científica, tanto com relação a falta de padronização na
classificação da condição, quanto ao delineamento dos estudos (22).
Assim sendo, o objetivo deste estudo foi avaliar os possíveis fatores
etiológicos envolvidos na manifestação da Hipomineralização Molar-
Incisivo em escolares de Araraquara.
A r t i g o 2 | 69
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de
Odontologia de Araraquara UNESP (protocolo #11/08). Após a
autorização da Secretaria de Educação, escolas fundamentais foram
visitadas e os dirigentes foram informados sobre a proposta do estudo.
Previamente, por meio da aplicação de questionário médico-
odontológico relativo à saúde gestacional e da criança até os 3 anos de
vida da criança, foi realizado pré-teste com vinte e cinco es que
acompanhavam seus filhos na Clínica de Pós-Graduação da FOAr-
UNESP. Todas as dúvidas foram atendidas durante esta fase,
possibilitando a validação do questionário final.
Um total de 1151 crianças e suas mães participaram deste estudo,
sendo que 142 representavam o grupo HMI e 1009, o grupo controle. O
critério de inclusão foi representado por crianças com idade entre 6 a 12
anos; com naturalidade araraquarense; não portadoras de síndromes
ligadas à má-formação de esmalte dentário; não diagnosticadas com
fluorose dentária ou amelogênese imperfeita; que não fizessem uso de
aparelhos ortodônticos fixos no momento do exame e aquelas que
tivessem com os todos os primeiros molares permanentes (4) e dos
incisivos permanentes (8), totalmente irrompidos na cavidade bucal. Os
dentes foram considerados irrompidos quando a coroa estivesse
irrompida e livre de tecido gengival (27). Crianças sob a tutela de outros
A r t i g o 2 | 70
familiares, pais adotivos ou outros responsáveis legais foram excluídas do
estudo para assegurar que as respostas fossem verossímeis.
A história médica foi obtida das mães das crianças do grupo
controle e do grupo HMI. Os questionários semi-estruturados, remetidos
aos responsáveis por meio dos escolares, continham 24 questões
abrangendo desde o período gestacional até os três primeiros anos de
vida da criança. Estas questões abrangiam os seguintes tópicos: hábitos
e riscos durante a gestação, detalhes do parto, peso ao nascimento e
prematuridade, amamentação, imunização, doenças sistêmicas, alergias,
uso de antibióticos, história familiar de defeitos de esmalte e uso de flúor.
Os dados dos questionários foram analisados no programa
Statistical Package for Social Sciences 16.0 for Windows (SPSS Inc.,
Chicago, Illinois, USA). Análise descitiva dos dados, Odds Ratio com
intervalo de confiança de 95% (IC), teste qui-quadrado e teste t de
Student foram usados para avaliar a diferença entre os grupos, com nível
de significância de 5%.
RESULTADOS
A prevalência da HMI foi 12,3% nas crianças examinadas. Houve
142 crianças com dentes afetados com média de idade de 8,75 anos
1,24). Diferença estatisticamente significante foi observada entre os
gêneros (38% sexo masculino e 62% sexo feminino) (OR 1,47; IC 1,02-
2,11; p = 0,041 - Qui-quadrado) (Tabela 1).
A r t i g o 2 | 71
Nenhuma associação foi encontrada entre HMI e tipo de parto,
tabagismo, doenças, uso de medicamentos ou o hábito de tingir o cabelo
durante a gestação. Contudo, apesar da não significância, ressalta-se que
a freqüência de crianças, cujas mães apresentaram risco de aborto foi
maior no grupo HMI (25%) comparado ao grupo controle (15,4%).
Também foi mais freqüente no grupo afetado, a ocorrência de anemia
(23%) e de uso de alguns medicamentos durante a gestação, como: anti-
convulsivantes (5,9%), anti-herméticos (3%) e medicamentos para
hipotireoidismo (5,9%) (Tabela 2).
Os fatores relacionados às crianças, tais como: aleitamento
materno, doenças de infância, infecções, alergias, uso de antibióticos,
aparência ao nascimento, incubação, hábitos e uso de flúor não
apresentaram nenhuma associação estatística (Tabela 3).
DISCUSSÃO
Considerando a hipótese de que fatores ambientais estejam
envolvidos na etiologia de defeitos de esmalte, os autores asseguram que
todas as crianças com HMI nasceram e viveram em Araraquara até os
três anos de idade, período crítico da formação dentária (14). Além disso,
todas as mães passaram todo o período gestacional na mesma
localidade. Desta forma, todos estiveram expostos aos mesmos fatores
ambientais: poluição, clima e acesso a água tratada.
A r t i g o 2 | 72
Especula-se que as condições de vida e estado nutricional
também possam ser fatores relacionados aos defeitos de esmalte (28,29).
Entretanto, essas variáveis não foram avaliadas neste trabalho, em
virtude da limitação intrínseca a um estudo retrospectivo, pois seria
necessário avaliar toda a condição sócio-econômica da família e
investigar o recordatório alimentar, dados estes, pouco seguros, pois
retratariam um período muito distante.
O espaço de tempo entre o desenvolvimento dentário e diagnóstico
de defeitos de esmalte constitui uma informação retrospectiva que deve
ser considerada quando se trata de fatores etiológicos. As informações
retrospectivas podem ser influenciadas pelo conhecimento do diagnóstico
da doença a ser investigada (23). No entanto, neste estudo, esse viés é
considerado improvável já que as mães não tinham conhecimento do
diagnóstico e possíveis fatores etiológicos relacionados à HMI quando
completaram o questionário.
A determinação de fatores etiológicos da HMI é complicada porque
envolve eventos que podem ter ocorrido durante a gestação ou nos três
primeiros anos de vida da criança. Apesar de que nenhum evento
ocorrido durante a fase gestacional (doenças sistêmicas, hábitos nocivos,
indução de parto, complicações ao nascimento, tipo de parto) apresentou
associação com o defeito de esmalte da criança, fato também reportado
por outros autores (13, 23), é interessante ressaltar que a freqüência de
crianças, cujas es apresentaram risco de aborto foi maior no grupo
A r t i g o 2 | 73
HMI (25%) comparado ao grupo controle (15,3%). Também foi mais
freqüente no grupo afetado, a ocorrência de anemia (23%) e de uso de
alguns medicamentos durante a gestação, como: anti-convulsivantes
(5,9%), anti-herméticos (3%) e medicamentos para hipotireoidismo
(5,9%).
De um modo geral, crianças com saúde e condições sistêmicas
debilitadas têm maior probabilidade de apresentar defeitos de
desenvolvimento de esmalte (30,31). Neste estudo, 76,9% das crianças
com HMI apresentaram doenças nos três primeiros anos de vida e 74,4%
no grupo sem HMI. Contudo, nenhuma associação foi encontrada com
respeito a doenças sistêmicas na infância, assim como nos estudos de
Kuscu et al. (21,32).
A prematuridade tem sido associada com maior prevalência de
defeitos de esmaltes, incluindo hipomineralização e hipoplasia na
dentição permanente (33-36). Um estudo australiano, com 40 crianças
prematuras com baixo peso ao nascimento (<1,500kg), mostrou
percentual altamente significante de defeitos nos primeiros molares
permanentes (17%) em comparação com crianças que nasceram com
peso normal (8%) (35). Crianças com HMI (48%) apresentaram problemas
médicos relacionados ao nascimento, seja prematuridade, duração
prolongada do parto ou cianose (12). No entanto, nossos resultados e os
de Kuscu et al. (2009) (21) não corroboram estes achados.
A r t i g o 2 | 74
Assim como em estudos anteriores (12,13,34,37), nenhuma
associação foi observada quanto à presença de HMI e infecções
respiratórias, asma e febre alta. Da mesma forma, nenhuma associação
foi encontrada entre o fato de ter tido ou não catapora, o que corrobora
com os achados de Kuscu et al. (2008) (21) e Whatling e Fearne (2008)
(23).
Todas as crianças consumiram muitos antibióticos (freqüência de
70,7%) durante os três primeiros anos de vida e o amoxicilina foi o mais
utilizado. Contudo, tanto o uso simples quanto em associação com outros
antibióticos não demonstrou nenhuma relação com a manifestação das
lesões. Tal informação confirma os achados de outras pesquisas (23,24).
Neste contexto, uma grande questão, pois as crianças que utilizam
antibióticos estão geralmente doentes e não é possível determinar se é o
medicamento ou a doença o agente causador do defeito de esmalte. O
que se sabe é que apenas a tetraciclina pode causar defeito de
desenvolvimento de esmalte (38).
A história na família de defeito de esmalte foi semelhante entre os
grupos, o sugerindo associação estatisticamente significante,
corroborando os achados de Jälevik et al.(2001) (11) e Whatling e Fearne
(2008) (23).
Doenças comuns da infância não alteram a prevalência de defeitos
de esmalte, mas estes estão aumentados nas crianças com história de
doenças mais graves (39). Em todos os estudos ficam evidentes as
A r t i g o 2 | 75
dificuldades em estabelecer a etiologia da maioria dos defeitos de
esmalte, razão para isso é que os ameloblastos podem responder de
forma semelhante a qualquer tipo de insulto (23).
A complexidade da relação entre o grau de injúria e o efeito nos
ameloblastos tem sido demonstrada apenas em experimentos animais
revelando que desordens sistêmicas agudas e crônicas produzem
diferentes respostas na função do ameloblastos (40). No caso das
desordens agudas, os ameloblastos são mais susceptíveis a injúrias no
estágio de formação da matriz, que caracteriza clinicamente uma
hipoplasia . Entretanto, existem várias condições crônicas subclínicas que
podem ter intensidade suficiente para causar opacidades de esmalte, sem
produzir nenhum sintoma clínico na criança (41).
Apesar de todos os critérios adotados, nenhum dos fatores
estudados parecem estar relacionados à HMI. Resultado semelhante
também foi verificado em estudos anteriores (21,42). Provavelmente, as
condições sistêmicas atuam em sinergismo para produzir os defeitos de
esmalte. Fatores isolados com baixo limiar podem não ter efeito, mas se
ocorrer simultaneamente a dois ou mais insultos podem resultar em
defeitos (14,23,43). Assim, a identificação de possíveis agentes
etiológicos envolve relação entre o tempo estimado de formação do
defeito de esmalte com a época da ocorrência do insulto. Isto é mais
facilmente observado em defeitos hipoplásicos do que para as
opacidades. Neste último caso, o período relativo à ocorrência do evento
A r t i g o 2 | 76
não é conclusivo devido à limitação dos dados referentes ao
desenvolvimento e mineralização do esmalte humano, que são antigos e
derivados de estudos em que as amostras são relativamente pequenas e
podem não ser representativas da população (44).
Não foi observado nenhum fator etiológico envolvido na
manifestação da HMI. Diante da complexidade e dificuldade em se
estabelecer esses agentes, estudos prospectivos são necessários,
inclusive na área genética, laboratorial e clínica.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi apoiado pela FAPESP Bolsa Mestrado (Proc.:
2008/03247-9) e CNPq – Edital Universal (Proc.: Proc.473126/2008 7).
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Tabela 1. Dados demográficos do grupo com HMI comparado com o
grupo controle. Gênero e Idade. Araraquara. São Paulo. Brasil, 2009.
Grupo HMI
Grupo Controle
Variável
n
%
n
%
OR
IC 95%
p
Masculino
Feminino
Total
54
88
142
38
62
100
473
536
1009
47
53
100
0,69
1,37
0,48-0,99
0,95-1,96
0,06
0,10
Variável
Idade
Média
8,75
DP
1,24
Média
8,87
DP
1,29
Σm
édia
8,86
Σ
D
P
1,28
p
0,21
Teste Qui-quadrado; α = 5%
A r t i g o 2 | 84
Tabela 2. Distribuição das variáveis relacionadas à gestação entre
crianças com a HMI e do grupo controle. Araraquara. São Paulo. Brasil,
2009.
Grupo HMI
Grupo Controle
Variável
Total
Sim
%
Total
Sim
%
OR
95% CI
p
Parto norm
al
138
38
27,5
995
332
33,4
Cesária
138
100
72,5
995
663
66,6
1,32
0,88-1,96
0,20
Riscos
142
12
8,4
1001
130
13
0,81
0,43-1,52
0,62
Aborto
3
25
20
15,4
1,21
0,30-4,92
0,92
Hipertensão
3
25
30
23,1
0,70
0,17-2,77
0,86
Outros
6
50
80
61,5
1,09
0,33-3,61
0,86
Doenças sistêmicas
141
13
9,2
1001
97
9,7
0,94
0,51-1,74
0,98
Anemia
3
23
12
12,4
2.07
0,50-8,63
0,55
Doenças renais
2
15,3
18
18,5
0,78
0,16-3,82
0,94
Hipertensão
2
15,3
26
26,8
0,48
0,10-2,32
0,56
Outros
6
46
41
42,3
2,16
0,66-7,01
0,33
Tabagismo
141
16
11,3
1004
102
10,1
1,07
0,64-1,81
0,88
Até 20 cigarros/dia
15
78,9
85
83,3
1,27
0,71-2,27
0,51
> 20 cigarros/dia
1
5,3
17
16,7
0,41
0,05-3,11
0,59
Medicamentos
140
34
24,3
994
304
30,6
0,73
0,48-1,09
0,15
Vitaminas
16
47
151
49,7
0,85
0,41-1,78
0,81
Antibióticos
2
5,9
19
6,2
0,92
0,20-4,12
0,79
Anti-inflam./analg.
2
5,9
22
7,2
0,78
0,17-2,49
0,98
Anti hipertensivo
1
3
33
10,8
0,23
0,03-1,79
0,20
Anti convulsivo
2
5,9
6
2
3,04
0,59-15,76
0,42
Anti abortive
3
8,8
20
6,5
1,34
0,37-4,80
0,92
Anti hermético
1
3
4
1,3
2,22
0,24-20,54
0,98
Medic. para hipotireóide
2
5,9
5
1,6
3,66
0,68-19,72
0,32
Outros
5
14,7
44
14,5
1,34
0,87-4,80
0,92
Cabelo tingido
129
12
9,3
939
64
6,8
1,40
0,73-2,67
0,40
*inflam.: inflamatório; analg.: analgésico
Teste t de Student; α = 5%
A r t i g o 2 | 85
Tabela 3. Distribuição das variáveis relacionadas ao estado de saúde entre crianças com
a HMI e do grupo controle, do nascimento aos primeiros três anos de vida. Araraquara.
São Paulo. Brasil, 2009.
Grupo HMI
Grupo Controle
Variável
Total
Sim
%
Total
Sim
%
OR
95% IC
p
Aleitamento
materno
142
121
85,2
1004
854
85
,0
0,96
0,59
-
1,57
0,99
A
té 6 meses
119
61
51,3
831
428
51,5
0,99
0,67
-
1,45
0,96
de 6 a 12 meses
34
28,6
202
24,3
1,24
0,81
-
1,91
0,37
de
12 até 36 meses
24
20,2
201
24,2
0,79
0,49
-
1,27
0,39
Doenças
sistêmicas
142
29
20,4
998
219
21,9
0,90
0,58
-
1,40
0,73
Amigdalites
1
3,4
13
5,9
0,56
0,07
-
4,62
0,90
Pneumonia
14
48,3
106
48,4
0,98
0,44
-
2,16
0,88
Varicela
zoster
2
6,8
29
13,2
0,48
0,11
-
2,13
0,49
Associações
1
3,4
11
5
,0
0,67
0,08
-
5,39
0,93
Outros
11
37,9
60
27,
4
1,69
0,73
-
3,89
0,31
Doenças respiratórias
138
78
56,5
983
516
52,5
1,17
0,82
-
1,68
0,42
Infecção bucal
141
18
12,8
1005
135
13,4
0,93
0,55
-
1,58
0,91
Alergia
141
62
44
,0
943
413
43
,0
1,01
0,70
-
1,44
0,96
Antibiótico
140
99
70
,7
1000
707
70,7
1,00
0,68
-
1,47
0,92
Febre alta
142
29
20,4
1003
183
18,2
1,14
0,73
-
1,76
0,64
P.N.: < 2.500 Kg
137
11
8,0
956
103
10,8
0,72
0,38
-
1,38
0,40
P.N.: 2.500 a 2.999 Kg
50
36,5
370
38,7
0,91
0,63
-
1,32
0,69
P.N.: 3.0
00 a 3.999 kg
76
55,5
483
50,5
1,22
0,85
-
1,75
0,32
Aparência ao nasc.
142
17
12
,0
1002
140
13,9
0,69
0,40
-
1,20
0,23
Amarela
15
87,5
122
87,1
1,10
0,23
-
5,24
0,80
Azulada
2
12,5
18
12,8
0,90
1,19
-
4,28
0,80
Premat
.
(até
8 mes
es)
141
11
7,8
1005
98
9,7
0,77
0,40
-
1,49
0,54
Incubação
142
11
7,7
1007
86
8,5
0,89
0,46
-
1,71
0,85
Percepção dos pais
93
33
35,5
605
223
36,8
0,94
0,60
-
1,49
0,89
Uso de dentifrício
140
42
3
0,
0
1000
310
31
,0
0,95
0,65
-
1,40
0,89
Aplicação de flúor
132
87
65,9
867
513
59,2
1,33
0,91
-
1,96
0,17
P.N.: peso ao nascimento; Nasc.: nascimento; Premat.: prematuridade
Teste t de Student, α = 5%
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
Com base na metodologia empregada, este estudo mostrou que:
1. A prevalência de HMI nas crianças de Araraquara é de 12,3%, sendo
que o grau de comprometimento leve foi o diagnóstico mais prevalente.
Não foi observado diferença entre os escolares da rede pública e
privada;
2. A experiência de cárie na dentição permanente foi maior nas crianças
com HMI;
3. o foi observado correlação entre a HMI e os defeitos de esmalte
(DDEs) na dentição decídua;
4. o foi observado fator etiológico associado ao desenvolvimento da
HMI.
6. REFERÊNCIAS
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22. Suckling GW. Developmental defects of enamel-historical and
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23. Takahashi K, Correia Ade S, Cunha RF. Molar incisor
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European Academy of Paediatric Dentistry (EAPD). Int J Paediatr
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30. Weerheijm KL, Duggal M, Mejàre I, Papagiannoulis L, Koch G,
Martens HC, et al. Judgement criteria for molar incisor
hypomineralisation (MIH) in epidemiologic studies: a summary of the
European meeting on MIH held in Athens, 2003. Eur J Paediatr Dent
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31. Weerheijm KL, Groen HJ, Beentjes VEVM, Poorterman JHG.
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32. Weerheijm KL, Jälevik B, Alaluusua S. Molar-incisor
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33. Whatling R, Fearne JM. Molar incisor hypomineralization: a study of
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7. ANEXOS
ANEXO A
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA– FOAr/UNESP
Autorizo a reprodução deste trabalho
(Direitos de publicação reservados ao autor)
Araraquara, 18 de março de 2010.
FABIANO JEREMIAS
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