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Universidade de São Paulo
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
Ampliação das escalas numéricas do Protocolo de avaliação Miofuncional
Orofacial (AMIOFE), validação e confiabilidade
GISLAINE APARECIDA FOLHA
Ribeirão Preto
2010
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Gislaine Aparecida Folha
Ampliação das escalas numéricas do Protocolo Avaliação Miofuncional
Orofacial (AMIOFE), validação e confiabilidade
Ribeirão Preto
2010
Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para
concorrer ao Título de Mestre, pelo curso de Pós-
Graduação em Ciências Médicas
Área de concentração: Morfofisiologia de Estruturas
Faciais
Orientadora: Profa. Dra. Cláudia Maria de Felício
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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
Folha, Gislaine Aparecida
Ampliação das escalas numéricas do Protocolo Avaliação Miofuncional
Orofacial (AMIOFE), validação e confiabilidade.
Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Morfofisiologia de Estruturas
Faciais.
Orientadora: Felício, Cláudia Maria de.
1. Sistema Estomatognático 2. Estudos de Validação 3. Respiração
4. Mastigação 5. Deglutição 6. Escalas 7. Métodos de Avaliação
FOLHA DE APROVAÇÃO
Gislaine Aparecida Folha
Ampliação das escalas numéricas do Protocolo Avaliação Miofuncional
Orofacial (AMIOFE), validação e confiabilidade
Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Ciências
Médicas.
Área de Concentração: Morfofisiologia das Estruturas Faciais
Aprovada em: ____/____/_____
Banca Examinadora
Prof. Dr._________________________________________________________
Instituição_____________________________
Assinatura:____________________________
Prof. Dr._________________________________________________________
Instituição_____________________________
Assinatura:____________________________
Prof. Dr._________________________________________________________
Instituição_____________________________
Assinatura:____________________________
DEDICATÓRIA
A Deus,
pelo dom da vida e por me dar base para tudo o que consegui, me amparando em
todas as horas, me abençoando com saúde, força e colocando pessoas especiais no
meu caminho.
À Profa. Dra. Cláudia Maria de Felício,
que sempre me acolheu, desde a graduação, mesmo nos momentos em que todos
poderiam desacreditar que eu pudesse finalizar meus trabalhos, sempre me
apoiando e apontando meios para a concretização destes. Pelo exemplo de mestre
e pelas suas qualidades: honestidade, humildade, bondade e dedicação. E por
acreditar em mim mais do que eu mesma. Agradeço a Deus por tê-la colocado em
meu caminho.
À minha família,
por serem a minha base, o meu referencial, pelo amor e carinho incondicionais, pelo
respeito e cuidado, por todos os momentos felizes, ou difícieis, que vivemos juntos,
e por sempre acreditarem em mim, me apoiando e incentivando em cada
acontecimento de minha vida, mesmo quando para isso eu precisei ficar distante.
Ao meu noivo Luciano Soares Busnardo,
meu companheiro de todas as horas, bravo, mas igualmente doce e gentil. Uma
pessoa de caráter e honestidade inquestionáveis! Obrigada por todo o amor,
paciência com meus desesperos e com minha ansiedade, e por toda a força nas
horas mais difíceis, deixando muitas vezes o seu trabalho para estar comigo, seja
nos momentos ruins como nos agradáveis. Devo muito do que sou a você. Agradeço
a Deus por ter colocado você e sua família no meu caminho.
AGRADECIMENTOS
Às Faculdades de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, por
incentivarem o desenvolvimento científico, fundamental para a realização deste
trabalho.
À Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Área de
Morfofisiologia de Estruturas Faciais da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto,
FMRP/USP, na pessoa da Profa. Dra. Wilma Terezinha Anselmo-Lima, pelo
empenho na qualidade do curso, por me acolher neste trabalho, me dando
oportunidade de continuá-lo mesmo na adversidade.
A minha amiga Cláudia Lúcia Pimenta Ferreira, pela grande amizade que
construímos, por sua dedicação como amiga e profissional, que ficou comigo em
todas as horas, mesmo em pensamento, sei que sempre orou por mim. Apoiou-me
em todas as horas, incentivando e orientando. E ajudou incessantemente para que
eu pudesse concluir este trabalho. Adoro você Mana!
À amiga Ana Paula Magalhães Medeiros que desde a graduação está caminhando
comigo, mostrando que a amizade vai muito além de estar junto somente nos
momentos felizes. Obrigada por suas visitas, orações e pela ajuda na coleta dos
dados deste trabalho. Deus te escolheu a dedo para ser minha amiga.
Às amigas/irmãs/companheiras de trabalho Barbara Cristina Zanandréa Machado,
Fernanda Vincia Sidequersky, Lúcia Dantas Giglio e Mariela Bisson e Melissa
Melchior, o apoio, a amizade e o companheirismo de vocês é uma graça na minha
vida! Difícil de se encontrar nos dias de hoje... Desejo que conquistem todos os seus
ideais, estão no meu coração!
À amiga Tânia Alves Canata Becker, por sua amizade e apoio.
A Profa. Dra. Wilma Terezinha Anselmo-Lima, por ter contribuído para minha
formação profissional, desde a graduação, e pela disposição e prontidão em
contribuir com as correções e aperfeiçoamento desta dissertação, mostrando
sempre a correlação entre as nossas profissões.
A Profa. Dra. Kátia Flores Genaro, por aceitar o convite para ser minha banca e
pela valiosa contribuição nas correções e aprimoramento desta dissertação,
correções essas, minuciosas e preciosas.
À Maria Cecília Onofre, pelas dúvidas sanadas, socorros prestados e
profissionalismo na execução de seu trabalho.
Ao Prof. Dr. Tarcísio de Lima Ferreira, pela colaboração com os pacientes desta
pesquisa, obrigada pelo apoio e pelo carinho com que trata a Fonoaudiologia.
Aos pacientes, que são a finalidade de nossas constantes buscas e nossas
melhores escolas.
A todos os familiares, professores, amigos e funcionários que de alguma forma
me ajudaram a chegar até aqui e a me tornar o que sou, muito obrigada!
À CAPES, pela concessão da bolsa de mestrado.
"Se colocardes Deus em tudo o que fizerdes, encontrá-Lo-eis em tudo o que vos
suceder"
Wladimir Ghika
RESUMO
FOLHA, G. A. Ampliação das escalas numéricas do Protocolo Avaliação
Miofuncional Orofacial (AMIOFE), validação e confiabilidade. 2010. 155 f.
Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de
São Paulo, Ribeirão Preto, 2010.
Na literatura, apenas um protocolo de avaliação miofuncional orofacial
validado, o Protocolo de avaliação miofuncional orofacial com escores (AMIOFE)
(Felício e Ferreira, 2008). Apesar da reconhecida importância da avaliação
perceptiva esta apresenta certas limitações devido à sua subjetividade, além disso, a
maior precisão nos resultados é obtida com escalas numéricas de avaliação mais
amplas. As escalas numéricas e o número de itens a serem avaliados pelo protocolo
AMIOFE foram ampliados, visando possibilitar a detecção e registro de pequenas
diferenças nas características físicas e nos comportamentos orofaciais entre-sujeitos
e variações intra-sujeito ao longo do tempo. Os objetivos deste estudo foram
descrever o Protocolo AMIOFE ampliado (AMIOFE-A), analisar a validade, a
confiabilidade e a concordância, bem como investigar os valores de sensibilidade, de
especificidade e preditivos do protocolo proposto. A amostra para o presente estudo
foi composta de imagens registradas em vídeo de 50 crianças, 25 meninos (média
de idade=8,4 anos, desvio padrão=1,8) e 25 meninas (media de idade=8,2 anos,
desvio padrão=1,7). Três fonoaudiólogas preparadas para avaliação miofuncional
orofacial foram escolhidas após a análise da habilidade delas para usar o protocolo
AMIOFE. Para a análise da validade de critério do protocolo AMIOFE-A as crianças
foram avaliadas individualmente pela análise das imagens gravadas em DVD pelos
protocolos AMIOFE e AMIOFE-A. Para a complementação da validade de critério foi
realizada a testagem da confiabilidade e da concordância de aplicação e/ou de
interpretação do AMIOFE-A. Foram empregados os testes estatísticos de correlação
de Spearman e o método de confiabiliadade Split-half, com nível de significância a
0,05, também foi calculado o coeficiente Kappa ponderado linear (Kw), os valores
de sensibilidade (S), a especificidade (E), os valores preditivos (VP+ e VP-) e a
prevalência (P). Houve correlação estatisticamente significante entre as avaliações
realizadas com os protocolos AMIOFE e AMIOFE-A, os valores, de acordo com os
examinadores, foram E1 (r=0,81, p<0,01), E2 (r=0,79, p<0,01) e E3 (r=0,94, p<0,01).
A concordância entre os protocolos foram para E1 de 0,89, de 0,88 para E2, e de
0,97 para E3. Os valores dos coeficientes de correlação e de confiabilidade entre o
testereteste com o AMIOFE-A foram: E1 (r=0,86, 0,93), E2 (r=0,75, 0,86) e E3
(r=0,80, 0,89). Os valores dos coeficientes de correlação e de confiabilidade entre
examinadoras com o AMIOFE-A foram: E1 x E2 (r=0,74, 0,84), E1 x E3 (r=0,70,
0,83), todos com p<0,01. A força de concordância do Kw’ para a aplicação do
protocolo AMIOFE-A, tanto para as análises teste-reteste quanto para as entre
examinadores, predominantes foram “moderada” e “boa. Para o protocolo AMIOFE-
A foram encontradas médias dos valores de S de 0,91, de E de 0,77, dos VP+ de
0,87 e VP- de 0,85. A prevalência média dos distúrbios miofuncionais orofaciais foi
de 0,58. Os resultados permitiram concluir que o Protocolo AMIOFE-A é válido e
confiável para avaliação miofuncional orofacial e possui boas sensibilidade e
especificidade, bem como bons valores preditivos positivo e negativo.
Palavras-chave: sistema estomatognático; estudos de validação; respiração;
mastigação; deglutição; escalas; métodos de avaliação
ABSTRACT
In the literature, there is only one instrument validated for the clinical evaluation
of the orofacial myofunctional condition of children, the Orofacial Myofunctional
Evaluation Protocol with Scores (OMES) (Felício and Ferreira, 2008). In spite of
recognized importance of the perceptible evaluation this present some limitations
because your subjectivity, and, the increase of precision in the results is provided
with numerical scales with more information. The numerical scales and the items
number evaluations for OMES protocol were extended, with aim for possibility the
detection and note of difference smalls in the characteristics physics and in the
orofacial behaviors entre-subjects and variation intra-subject in the time. This study
had with objective describe the OMES protocol extended (OMES-E), analyze the
validity, the reliability and the correlation, as well as investigate the values of
sensitivity, of specificity and predictive values of the OMES-E. The sample for the
study compounded of images and videos of 50 children, 25 boys (mean age=8.4
years, standard deviation=1.8) and 25 girls (mean age=8.2 years, standard
deviation=1.7). Three speech therapists (E1, E2 and E3) properly calibrated in
orofacial myofuncional evaluation were choosed after analysis of ability of the
examiners in to use the OMES protocol. To analysis of criterion validity of OMES-E
protocol the children were evaluated individually for the analysis of images recorded
on DVD for the protocols OMES and OMES-E. To complement the criterion validity
was carried out the test of the correlations and of the reability of the applications
and/or of the interpretation of the OMES-E. Statistical analysis was performed using
the Statistics software based on the split-half reliability method, the level of
significance was set at 0.05, Spearman correlation coefficient, the coefficient Kappa
weighted linear (Kw’), the sensitivity (S), specificity (E), predictive values (VP+ e VP-)
and the prevalence (P) were also calculated. Was statistically significant correlation
between the evaluations with the OMES and OMES-E protocols, the values, in
agreement with the examiners, were E1 (r=0.81, p<0.01), E2 (r=0.79, p<0.01) and E3
(r=0.94, p<0.01). The reliability between protocols were to E1 0.89, to E2 0.88, and to
E3 0.97. The correlations and reliability values between the testretest with the
OMES-E were: E1 (r=0,86, 0,93), E2 (r=0.75, 0.86) e E3 (r=0.80, 0.89). The
correlations and reliability values between examiners with the OMES-E were: E1 x
E2 (r=0.74, 0.84), E1 x E3 (r=0.70, 0.83), all with p<0.01. The Kw’ strength of
agreement to the OMES-E protocol apply, for the analyses test-retest and to
analyses between examiners, predominant were “moderate and “good. To the
OMES-E protocol were found mean values of 0.91 for the S, of 0.77 for the E, of 0.87
for the VP+ and of 0.85 for the VP-. The prevalence mean of myofuncional disorder
was 0.58. The OMES-E protocol proved to be a valid and reliable instrument for
orofacial myofuncional evaluation and have goods sensitivity and specificity, as well
as predictive values.
Key Words: stomatognathic system; validation studies; respiration; mastication;
deglutition; scales; assessment methods
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Sexo, média etária, idade máxima, idade mínima e desvio padrão da
amostra avaliada para análise da validade de critério do protocolo
AMIOFE-A.................................................................................................78
Tabela 2 - Classificação da Força de Concordância (Altman, 1991) para o
Coeficiente Kappa Ponderado (Kw).........................................................85
Tabela 3 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 1 (E1), pelo examinador 2
(E2) e pelo examinador 3 (E3) com o AMIOFE. Número de Itens, média,
soma, desvio padrão, variância e alpha....................................................88
Tabela 4 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 1 (E1) com o AMIOFE.
Médias, Desvios Padrão e Intervalos de Confiança (IC) ..........................89
Tabela 5 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 2 (E2) com o AMIOFE.
Médias, Desvios Padrão e Intervalos de Confiança .................................90
Tabela 6 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 3 (E3) com o AMIOFE.
Médias, Desvios Padrão e Intervalos de Confiança .................................91
Tabela 7 - Confiabilidade para o uso do AMIOFE entre os examinadores E1 e E2 e,
E1 e E3. Registros dos sujeitos, número de itens, média, soma, desvio
padrão, variância e alpha..........................................................................92
Tabela 8 - Concordância entre o Teste e o Reteste realizados pelo examinador 1
(E1) com o AMIOFE. Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão e
força de concordância...............................................................................93
Tabela 9 - Concordância entre o Teste e o Reteste realizados pelo examinador 2
(E2) com o AMIOFE. Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão e
força de concordância...............................................................................94
Tabela 10 - Concordância entre o Teste e o Reteste realizados pelo examinador 3
(E3) com o AMIOFE. Coeficiente Kappa Ponderado (Kw), erros padrão e
força de concordância...............................................................................95
Tabela 11 - Concordância entre os examinadores E1 e E2 com o AMIOFE.
Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão e força de
concordância.............................................................................................96
Tabela 12 - Concordância entre os examinadores E1 e E3 com o AMIOFE.
Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão e força de
concordância.............................................................................................97
Tabela 13 - Resultados da análise de confiabilidade entre os protocolos AMIOFE e
AMIOFE-A de acordo com as avaliações realizadas pelo examinador 1
(E1), Examinador 2 (E2) e Examinador 3 (E3) .........................................98
Tabela 14 - Correlações entre os dados de postura/aspecto e de mobilidade obtidos
pelo E1 realizados com os protocolos AMIOFE e AMIOFE-A...................98
Tabela 15 - Correlações entre os dados das funções orofaciais obtidos pelo
Examinador 1 (E1) com os protocolos AMIOFE e AMIOFE-A..................99
Tabela 16 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 1 (E1), Examinador 2 (E2) e
pelo Examinador 3 (E3) com o AMIOFE-A. Número de Itens, média,
soma, desvio padrão, variância e alpha..................................................100
Tabela 17 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 1 (E1) com o AMIOFE-A.
Médias, Desvios Padrão e Intervalos de Confiança ...............................100
Tabela 18 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 2 (E2) com o AMIOFE-A.
Médias, Desvios Padrão e Intervalos de Confiança ...............................101
Tabela 19 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 3 (E3) com o AMIOFE-A.
Médias, Desvios Padrão e Intervalos de Confiança ...............................102
Tabela 20 - Confiabilidade para o uso do AMIOFE-A entre os examinadores E1 e E2.
Número de Itens, média, soma, desvio padrão, variância e
alpha........................................................................................................103
Tabela 21 - Concordância entre o Teste e o Reteste realizados pelo examinador 1
(E1) com o AMIOFE-A. Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão
e força de concordância..........................................................................104
Tabela 22 - Concordância entre o Teste e o Reteste realizados pelo examinador 2
(E2) com o AMIOFE-A. Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão
e força de concordância..........................................................................105
Tabela 23 - Concordância entre o Teste e o Reteste realizados pelo examinador 3
(E3) com o AMIOFE-A. Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão
e força de concordância..........................................................................106
Tabela 24 - Concordância entre os examinadores E1 e E2 com o AMIOFE-A.
Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão e força de
concordância...........................................................................................107
Tabela 25 - Concordância entre os examinadores E1 e E3 com o AMIOFE-A.
Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão e força de
concordância...........................................................................................108
Tabela 26 - Análise comparativa por número de itens para as forças de
concordância, observadas pelos três examinadores, para o Coeficiente
Kappa Ponderado (Kw’) com o AMIOFE.................................................108
Tabela 27 - Análise comparativa por número de itens para as forças de
concordância, observadas pelos três examinadores, para o Coeficiente
Kappa Ponderado (Kw’) com AMIOFE-A................................................109
Tabela 28 - Valores de Sensibilidade (S), Especificidade (E), Valor Preditivo Positivo
(VP+) e Valor Preditivo Negativo (VP-) e Prevalência de DMO na
população de estudo do protocolo AMIOFE-A por categorias e média dos
valores.....................................................................................................109
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
17
OBJETIVOS
21
REVISÃO DE LITERATURA
23
METODOLOGIA
72
RESULTADOS
87
DISCUSSÃO
110
CONCLUSÃO
122
REFERÊNCIAS BIBLIOOGRÁFICAS
124
APÊNDICE
135
ANEXOS
145
17
________________________Introdução
18
INTRODUÇÃO
O diagnóstico adequado é pré-requisito para o prognóstico e o sucesso de
qualquer tratamento, podendo envolver vários profissionais e especialidades.
Andrade (1997) indicou a necessidade da avaliação, prevenção e tratamento dos
distúrbios da comunicação, visto que estes podem trazer grande impacto à
experiência profissional e à qualidade de vida do indivíduo.
O fonoaudiólogo tradicionalmente realiza a avaliação do sistema
estomatognático, tanto quando a queixa principal é a fala, como em casos
específicos de distúrbio miofuncional orofacial (Felício, Ferreira, 2008), isto é,
“qualquer alteração que envolva a musculatura oral e/ou facial que interfira no
crescimento, desenvolvimento e funções das estruturas craniofaciais” (Documento
Oficial do Comitê de Motricidade Oral da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia,
2/2003).
Vários autores destacam a importância da avaliação miofuncional orofacial e
definem estratégias para a sua realização, abordando a morfologia, as funções
estomatognáticas, ou ambas (Padovan, 1976; Greene, 1979; Robbins, Klee, 1987;
Gross et al, 1989; Altmann, 1994; Hanson, Barrett, 1995; Noronha, Duro,1995;
Gomes et al., 1996; Neiva, Wertzner, 1996; Marchesan, 1997; 1999; Guedes, 1998;
Junqueira, 1998; Felício, 1999; Bianchini, 2000; 2001; Ferraz, 2001, Felício et al.,
2003; Marchesan, 2003; 2004; Degan, 2004; Junqueira, 2005; Bakke et al., 2007;
Felício, Ferreira, 2008; Genaro et al., 2009), sendo que em determinadas
circunstâncias, a combinação de variáveis pode ser necessária, como por exemplo,
para definir o padrão de produção dos movimentos labiais e o processo de controle
subjacente para produção da fala (Hinton, Robey, 1995).
Todavia, constata-se que, com exceção de protocolos desenvolvidos para a
avaliação de neonatos e lactentes (Castro et al., 2007; Fujinara et al., 2007),
poucos instrumentos validados para a avaliação clínica das estruturas e funções do
sistema estomatognático (Bakke et al., 2007; Felício, Ferreira, 2008).
A avaliação miofuncional orofacial deve ser muito criteriosa, para assim se
estabelecer um correto diagnóstico fonoaudiológico e condutas terapêuticas
adequadas para cada caso. Nesse sentido, a quantificação dos dados de avaliação
tende a contribuir para maior credibilidade do diagnóstico e dos resultados obtidos
19
em terapia, mas ainda são necessários mais estudos nessa área para viabilizá-los e
difundi-los, tornando-os mais acessíveis a todos os fonoaudiólogos.
Vários autores (Guimarães, 1995; Aurélio et al., 2002; Hage, 2003; Valera et
al., 2006) têm buscado expressar numericamente os resultados da avaliação
miofuncional orofacial, contudo as propostas praticamente transformam a ausência e
a presença de distúrbios miofuncionais orofaciais em números 0 e 1. Isso é
observado inclusive no protocolo Nordic Orofacial Test - Screening (NOT-S) de
Bakke et al. (2007) que foi validado.
O protocolo MBGR de Genaro et al. (2009) contém escalas numéricas mais
amplas, permitindo identificar a normalidade, desvios e distúrbios, no entanto o
protocolo não foi validado até o momento.
Reconhecendo que a complexidade técnica de processos finos e o acesso
restrito a certos materiais especiais dificultam a realização de determinadas
avaliações (Tsuga et al., 2003), as quais muitas vezes não substituem o exame
clínico, uma proposta de protocolo essencialmente clínico é de grande valia. Assim,
Felício e Ferreira (2008) desenvolveram e validaram um protocolo com escalas
numéricas (Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores AMIOFE),
para ser utilizado por fonoaudiólogos de forma que a percepção do examinador a
respeito das características e comportamentos orofaciais observados possa ser
expressa por escalas numéricas, permitindo a mensuração da impressão do clínico,
sem a necessidade de utilização de materiais especiais.
Contudo, apesar de sua reconhecida importância, a avaliação perceptiva
apresenta certas limitações, devido à sua subjetividade (Trindade et al., 2005), e a
maior precisão nos resultados pode ser obtida com escalas numéricas de avaliação
maiores (Kahraman, Kamata, 2004).
Considerando esta afirmação é possível supor que, a precisão do AMIOFE
(Felício e Ferreira, 2008) poderia ser aumentada a partir da ampliação de suas
escalas numéricas de avaliação, assim como do número de itens a serem avaliados.
Como resultado seria possível refletir melhor pequenas diferenças nas
características físicas e nos comportamentos orofaciais entre-sujeitos e variações
intra-sujeito ao longo do tempo, decorrentes ou não de tratamentos. Isso
possibilitaria um avanço no campo da Fonoaudiologia no que se refere aos
procedimentos de diagnósticos para possíveis indicações terapêuticas e
acompanhamento da evolução do quadro clínico do paciente.
20
Além disso, uma das metas da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, no
Comitê de Motricidade Orofacial, é “desenvolver protocolos de avaliação na área de
Motricidade Orofacial, assim como validá-los” (Documento Oficial 02/2002 do Comitê
de Motricidade Orofacial, 2002).
21
_________________________Objetivos
22
OBJETIVOS
Ampliar as escalas numéricas e os itens do protocolo de avaliação
miofuncional orofacial com escores (AMIOFE).
Descrever o protocolo AMIOFE com escalas e itens ampliados (AMIOFE-A).
Analisar a validade de conteúdo e de critério do protocolo AMIOFE-A.
Investigar os valores de sensibilidade, de especificidade e preditivos do
protocolo AMIOFE-A.
23
_______________Revisão de Literatura
24
REVISÃO DE LITERATURA
Avaliação do sistema estomatognático
Em 1976, Padovan escreveu que embora o padrão esquelético seja o
principal fator na determinação da oclusão normal, outros fatores que se devem
considerar como intervenientes na forma das arcadas dentárias, como conformação
dos tecidos moles das bochechas, lábios e língua, a relação da base dentária apical
para o osso basal e o tamanho e forma dos dentes. Além destes, as funções de
deglutição, respiração, sucção, fala e mastigação devem ser avaliadas a fundo. Os
lábios devem ser avaliados quanto a sua postura habitual, simetria, mobilidade,
coordenação e rapidez de movimentos; do palato duro observa-se a forma, a altura
e a largura; do palato mole observa-se a sua mobilidade; da língua sua postura no
repouso, tamanho, mobilidade e controle de movimentos rápidos e coordenados; da
mandíbula deve se observar desvios durante os movimentos e durante a fala; a
musculatura facial e a mímica expressiva devem ser observadas quanto à presença
de sincinesias e “tiques”; tantos os frênulos labiais quanto o lingual devem ser
avaliados quanto sua extensão; os dentes e arcadas dentárias devem ser avaliados
por um profissional da área.
Greene (1979) estudou sobre a importância dos músculos da boca e as
técnicas disponíveis para corrigir seus desequilíbrios. Para a autora, o equilíbrio
muscular deve ser buscado em qualquer idade quando é diagnosticado que
possibilidade de uma correlação entre a desordem temporomandibular (DTM) e os
músculos. Os sinais a serem avaliados para o diagnóstico do desequilíbrio muscular
bucofacial são: a alteração da posição da língua durante a deglutição e repouso;
aspecto dos lábios como incompetentes, flácidos, secos ou com contorno mal
definido; hábitos de mordiscar e de sugar os lábios e mordiscar as comissuras
labiais; palato ogival, frênulo lingual curto; macroglossia; desvios da mandíbula;
alteração na fonação; hábitos posturais durante o sono, roer unhas ou objetos;
desequilíbrio da força muscular do músculo masseter; migração dentária,
desequilíbrio nutricional; além de outras alterações, como hábitos de ingerir
25
alimentos com líquidos; transtornos gástricos; flatulências ou arrotos após comer ou
beber; dificuldade para engolir comprimidos; dor de cabeça; espasmos faciais;
movimento continuo da língua; sintomas temporomandibulares; congestão nasal
constante e incapacidade de usar próteses. Para o exame dos músculos bucais, das
diversas forças e dos diferentes desequilíbrios, deve-se realizar o exame visual e
análise da história clínica; uso de um aparato para medir a pressão, com a finalidade
de se medir a força dos lábios e ngua; verificação da posição da língua no repouso
e deglutição (pode-se usar substâncias para marcar sua posição); e outros conforme
a necessidade de cada indivíduo. Existe, pois, uma grande interdependência das
estruturas e funções, assim, os profissionais que se ocupam de tratar as DTMs
devem examinar atentamente também as estruturas ósseas circundantes, como
crânio e a coluna dorsal, que devem estar em harmonia. É muito comum encontrar
sintomas de DTMs em crianças, sendo melhor tratar os fatores causais enquanto
esta é ainda pequena, antes que o organismo compense e passe a funcionar em
maior desequilíbrio muscular. Para tanto, o tratamento miofuncional é de suma
importância.
Robbins e Klee (1987) desenvolveram um protocolo clínico para avaliar as
habilidades motoras orofaríngeas em crianças e prover normas do desenvolvimento
inicial de uso na avaliação das estruturas e funções do sistema orofaríngeo. Foram
avaliadas 90 crianças com idade entre 2:6-6:11anos, quanto às estruturas e funções
vocais, durante a fase de desenvolvimento. O protocolo foi composto por várias
tarefas motoras orais e de fala em que cada função do trato vocal poderia ser
avaliada separadamente, com análise de dez componentes funcionais que, de modo
geral, poderiam ser reduzidas às sete maiores estruturas anatômicas, em
associação com a sua inervação cranial. Em adição, uma série de movimentos
coordenados de fala com e sem sentido (lexical) foram avaliados. Foram feitas 24
observações por criança a respeito das estruturas do trato vocal e suas inter-
relações (ex. simetria de lábios no repouso, oclusão mandibular, altura do arco
palatal, etc.), sendo cada estrutura julgada como normal ou anormal (escore 1 ou 0,
respectivamente). Outras 55 observações foram feitas a respeito da função do trato
vocal (ex. variação do pitch vocal, mobilidade de língua e lábios, etc.), sendo cada
tarefa julgada usando uma escala de 3 pontos: função madura (2), habilidade em
maturação (1) e ausência de habilidade (0). Por último, uma série de tarefas de
26
velocidade e duração foram avaliadas, como de velocidade de repetição de
monossílabos e dissílabos e tempo de fonação máximo. As tarefas de velocidade e
duração da fonação constituíram escores que foram avaliados individualmente, e
independentemente dos escores das estruturas e funções, porque eram variáveis
contínuas e não categóricas. O protocolo mostrou-se sensível para registrar o
aumento das habilidades motoras orais e da fala em crianças em fase de
desenvolvimento e a precisão com que cada criança progressivamente se
aproximou do padrão do trato vocal maduro. O protocolo e os dados normativos
preliminares demonstraram o seu papel de prover informações úteis na avaliação
clínica do comportamento de fala e linguagem em crianças.
Gross et al. (1989), com a proposta de investigar as relações entre as
anomalias dentofaciais e os comportamentos miofuncionais, avaliaram 133 crianças,
com faixa etária de 8,4 anos. A relação molar foi avaliada por um ortodontista
segundo os critérios de classificação de Angle. Foram medidos, ainda, os trespasses
vertical e horizontal, o tamanho do arco maxilar, além de realizadas as medidas
morfológicas esqueléticas. A avaliação do controle muscular oral (diadococinesia) foi
feita usando o método de Fletcher, no qual o sujeito deveria emitir rapidamente uma
série de sílabas. A postura da boca, se aberta ou fechada, foi avaliada enquanto a
criança assistia a um filme por 5 minutos, divididos em três intervalos de um
minuto e
meio cada. A boca aberta era classificada quando permanecesse por 2 ou 3
intervalos de tempo. Foram observados, ainda, a acústica e o ponto articulatório de
alguns sons da fala como l, t, d, n, s e z, os quais foram classificados como
liguoalveolar, linguodental superior, interdental ou linguodental inferior. Os
examinadores avaliaram, ainda, vários aspectos anatômicos e fisiológicos dos
mecanismos faciais e orais, incluindo a verificação do comprimento do lábio superior
e inferior, a forma e competência do lábio superior no repouso, além da mobilidade
dos lábios, fala e deglutição, observação da respiração nasal e oral, posição da
ponta da língua no repouso e na deglutição, restrição dos frênulos labiais e lingual e
hábitos orais negativos. Os autores realizaram a análise da medida da confiança das
avaliações, reavaliando 20% destas e chegando a um valor médio de confiança para
as avaliações miofuncionais e de postura de boca de 87%. As análises dos dados
revelaram que a postura de boca aberta foi associada com arco maxilar estreito e
com altura facial longa. Adicionalmente, o repouso de lábios e língua, assim como
27
padrões de deglutição inadequados foram relacionados com uma pobre
coordenação dos movimentos de lábios e língua.
Braga e Machado (1995) destacaram alguns pontos que consideraram
importantes quando se pretende fazer um diagnóstico para a constatação de
deglutição atípica. São eles: observar se pressionamento da língua contra os
dentes; verificar se ou não contração dos masseteres, pois na maioria dos casos
com deglutição atípica os dentes não entram em oclusão e, consequentemente não
contração dos masseteres; observar a participação da musculatura perioral, que
nesses casos é intensa, e a introdução do lábio inferior embaixo dos incisivos
superiores nos pacientes Classe II, divisão 1a; inspecionar desvios na fala,
principalmente nos fones /t/, /d/, /n/, /l/, /s/ e /z/.
Hanson e Barrett (1995) descreveram que o exame detalhado das
estruturas orofaciais deve preceder o das funções e a avaliação das estruturas
externas deve preceder a da cavidade oral. Inicia-se o exame pela avaliação da
face, considerando a relação entre as porções superior e inferior, e entre os tecidos
moles e os componentes do esqueleto padrão facial; do nariz quanto a forma,
tamanho e simetria; dos lábios quanto a postura de repouso, presença de rachadura,
ressecamento, cicatriz ou ferimento, a tensão, se reversão/protrusão do lábio
inferior e se prega horizontal abaixo do lábio inferior; do vestíbulo oral analisa-se
os frênulos labiais e as condições da gengiva; dos dentes observa-se o estado de
conservação, a presença de diastemas, falhas dentárias, dentes supranumerários,
assimetrias entre os dois lados dos arcos dentários, além de mensurar o trespasse
vertical e horizontal e realizar a classificação de Angle; do palato duro analisa-se a
largura, a altura e a conformação e se fissura; verifica-se o tamanho das tonsilas
palatinas; do palato mole verifica-se a mobilidade, o comprimento e a coloração para
identificar a presença de fissura submucosa; da úvula considera-se as variações da
forma e tamanho ou sua inexistência; e da língua avalia-se o tamanho, forma, a
presença de sulcos ou traços geográficos e a posição no repouso. Hanson e Barrett
(1995) destacaram, ainda, que o miologista orofacial trata quatro funções envolvidas
com estas estruturas e, para tanto, deve saber avaliá-las. Trata-se da postura de
repouso das estruturas anteriormente citadas; da respiração, se esta ocorre pelo
nariz ou boca e se ruídos; da mastigação; da deglutição, avaliada com lidos e
28
líquidos; e da fala espontânea ou contagem até 20, observando-se a presença de
sigmatismo ou dentalização dos sons liguo-alveolares. Os autores preconizaram
que, em relação à deglutição, o terapeuta deve definir o tipo encontrado, e, de
alguma forma, determinar a gravidade e o grau de constância do padrão anormal.
Sugeriram a utilização de uma escala, atribuindo-se para a deglutição normal o grau
0; quando houver contato linguodental significativo, mas com a superfície lingual dos
dentes anteriores e laterais, o grau 1, indicando deglutição atípica moderada; e se a
língua se projeta anteriormente além dos dentes, atribui-se o grau 2, ou seja, grave.
Gomes et al. (1996) escreveram que antes de elaborar um programa
terapêutico para adequação dos problemas na região dos órgãos fono-articulatórios
(OFAs), o fonoaudiólogo deve realizar uma avaliação do estado morfológico e
funcional desta área. Os procedimentos recomendados para esta avaliação
consistem em entrevista com os pais para a coleta de dados e exame do paciente.
Na entrevista com os pais, deve-se questionar se a criança tem problemas
relacionados à respiração, à presença de hábitos deletérios, quais os hábitos
alimentares e como é a sensibilidade da região orofacial, como por exemplo, a
aceitação de estímulos na face. Depois da entrevista, a avaliação envolve a
observação de movimentos espontâneos e dirigidos dos OFAs, sendo esta avaliação
composta por: exame da morfologia do palato mole e duro, dentes, tonsilas
palatinas, frênulos lingual e labiais; exame de tono e postura dos lábios, língua, bem
como postura da mandíbula; sensibilidade e reconhecimento da região orofacial,
quanto à recepção, localização, direção e discriminação de estímulos de tato e
propriocepção; exame da mobilidade e propriocepção dos lábios, mandíbula, ngua,
palato mole e bochechas; e exame das funções como sucção, mordida, mastigação,
deglutição, respiração e articulação da fala. Os dados obtidos na avaliação da
motricidade orofacial devem ser analisados em conjunto, para que, a partir das
conclusões a respeito das dificuldades, seja elaborada a programação terapêutica.
Neiva e Wertzner (1996) compararam as características que identificam os
sujeitos com desordens miofuncionais orais (DMO) e sem esse tipo de alteração.
Também, propuseram um protocolo que contêm os aspectos mais relevantes para o
diagnóstico de desordem miofuncional orofacial. Participaram do estudo 36 crianças,
sendo 22 do sexo masculino e 14 do feminino, com idade entre 8:1 a 9:0 anos. Estes
29
sujeitos foram divididos em dois grupos, o G1 com 29 sujeitos com alguma DMO e o
G2 (Grupo controle) com 7 sujeitos. Foi aplicado um questionário para obtenção de
dados de identificação, histórico de amamentação, alimentação, hábitos orais
deletérios, alergias, desordens no trato respiratório, posição usual dos lábios, idade
em que proferiu as primeiras palavras, dentre outros aspectos. A partir do protocolo
de avaliação aplicado, o avaliador identificou a posição habitual de repouso de lábios
e ngua, e assinalar: se o paciente realizava os movimentos de lábios de protrusão,
retração lateral à direita (D) e à esquerda (E), retração lateral simples, vibração e
contração; os movimentos da língua de lateralização interna e externa para D e E,
protrusão com ponta de língua, retração, elevação, abaixamento e vibração; se o
tônus labial estava diminuído, aumentado ou adequado; se os frênulos lingual e
labiais estavam adequados ou longos; a adequação ou não da largura e altura do
palato duro; da aparência e da mobilidade do palato mole. Em relação à dentição, se
havia higiene boa, regular ou ruim, presença de cáries; oclusão adequada ou não.
Na mastigação foi avaliado se havia rotação, abertura e fechamento corretos da
mandíbula, contração forte ou fraca dos masseteres e temporais e lado de
preferência mastigatória D ou E. Na deglutição de líquido (isolada e em sequência),
saliva e sólidos, se havia pressionamento da língua, participação da musculatura
facial e contração do masseter. Os resultados obtidos mostraram que várias destas
características puderam diferenciar sujeitos com e sem DMO. Com base nisso, as
autoras destacaram as características diagnosticas mais importantes em um
protocolo, com a intenção de fazer um diagnóstico rápido e simples, sem se perder a
eficácia. Foram elas: postura de lábios no repouso (abertos, fechados ou não
verificada); língua (no soalho bucal, em pressionamento anterior, lateral ou nos
incisivos, nas papilas ou não verificada); nus labial (adequado, diminuído,
aumentado ou não verificado); palato duro (adequado, alto, estreito ou não
verificado); oclusão (adequada, inadequada ou não verificada); deglutição de líquido,
saliva e sólidos (com interposição, com pressionamento da língua nos incisivos ou
nas papilas); e respiração (oral, nasal, mista ou não verificada).
Andrade (1997) pesquisou as taxas de prevalência das desordens
fonoaudiológicas de fala e linguagem de manifestação primária em 2.980 crianças
de 1 a 11 anos de idade, matriculadas para o atendimento geral à saúde do Centro
de Saúde Escola do bairro Butantã em São Paulo. As crianças, que segundo a
30
análise dos dados pediátricos e audiológicos não tinham comprometimentos nessas
áreas, foram avaliadas por meio de protocolos quanto à fala, linguagem, sistema
miofuncional orofacial e funções orais. Após o diagnóstico fonoaudiológico, os
sujeitos foram analisados e classificados, com base na American Speech-Language-
Hearing Association (ASHA), depois foram agrupados pela manifestação primária e
idade e calculada a prevalência. A autora encontrou um índice de prevalência de
desordens de 4,19%, sendo 21% de linguagem oral, 14,9% do sistema miofuncional
orofacial e funções orais. A prevalência geral mais elevada foi referente à faixa etária
de 3 a 8 anos, sendo a fase crítica de 4 aos 5 anos de idade. A autora concluiu que,
as desordens fonoaudiológicas constituem importante segmento nos agravos à
saúde infantil, sendo necessário que sejam urgentemente estruturados programas
fonoaudiológicos preventivos e curativos.
Nascimento (1997) realizou uma revisão de literatura a respeito das
relações entre funções estomatognáticas e oclusão, em diferentes faixas etárias.
Buscou favorecer uma reflexão dos profissionais no sentido de aprimorar a
abordagem terapêutica, priorizando o trabalho preventivo e diagnóstico precoce,
como minimizadores de futuras intervenções no crescimento e desenvolvimento
craniofacial. O método da pesquisa utilizado foi o bibliográficodedutivo e analisou os
18 anos anteriores à pesquisa, cruzando as palavras chaves sistema
estomatognático e oclusão, nos sistemas LILACS e MEDLINE. A autora pode
constatar que existe uma preocupação de diversos autores quanto aos possíveis
fatores que afetam o crescimento e desenvolvimento do sistema estomatognático,
bem como a manutenção da saúde deste. Além disso, reconhecer o papel de cada
variável que afeta o crescimento, o desenvolvimento e a manutenção da saúde do
sistema estomatognático é imprescindível para que se possa atuar preventiva e
mesmo terapeuticamente. A autora lembra que o sistema estomatognático é muito
dinâmico e que ele exige mais que uma visão linear; é preciso compreender como
interagem as diversas variáveis, como, por exemplo, o padrão de crescimento facial
herdado e o modo como são realizadas as funções, bem como considerar a
capacidade adaptativa, que pode variar entre os indivíduos. Ainda, que o papel das
funções estomatognáticas no crescimento e na manutenção do equilíbrio orofacial é
inegável, embora persistam algumas controvérsias a esse respeito, principalmente,
porque, em certas condições, é difícil definir se determinada alteração precede ou
31
sucede uma outra. Contudo, puderam concluir que a abordagem terapêutica que
mais se adequa às disfunções orofaciais é a multiprofissional.
Marchesan (1997) descreveu um roteiro didático para orientação da
realização da anamnese e exame do sistema estomatognático, relatando que
somente a partir da coleta destes dados pode se pensar no planejamento
terapêutico. A anamnese foi dividida em duas partes: a primeira continha questões
quanto a identificação e queixa, e a segunda questões dirigidas de acordo com a
queixa apresentada. A autora observou que as questões da anamnese o
direcionadas basicamente na busca de causas para o problema, principalmente
sobre o desenvolvimento global, sono, presença de ronco e/ou baba, ingestão de
líquido durante a noite, boca seca ao despertar e apnéia noturna, além de algumas
questões finais, a partir das quais os pais relatam se outro fator que acreditavam
ser importante para o caso. Terminada a anamnese, inicia-se a avaliação do sistema
estomatognático, englobando a avaliação da postura corporal, examinando o
paciente em (frente, costas e perfil) e sentado; das partes duras como maxila,
mandíbula, relações de tamanho e posicionamento entre a maxila e a mandíbula e
os dentes; partes moles como lábios e língua no repouso e nas funções; e funções
como respiração, mastigação, deglutição e fala. A autora sugeriu, ainda, fotografar e
filmar o paciente nas diversas posições e funções, para fazer comparações entre o
antes e o depois da terapia.
Guedes (1998) relatou que o diagnóstico e tratamento das malformações
como as fissuras labiopalatinas poderá ser eficiente se ocorrer de forma
interdisciplinar. Todos os profissionais, incluindo o fonoaudiólogo, precisam ter boa
comunicação entre si, com o paciente e seus familiares. O respeito e dedicação
poderão provocar a criação de programas específicos para cada paciente,
favorecendo seu desenvolvimento. É primordial que se tenha em mente que uma
avaliação criteriosa deva ser realizada antes de se dar início ao atendimento
fonoaudiológico dessas crianças. É necessário verificar as condições anatômicas e
funcionais das estruturas para que se planeje a terapia fonoaudiológica
adequadamente. A realização de exames como a videofluoroscopia e/ou a
nasofibroscopia, com certeza traz informações importantes para a continuidade do
tratamento. Palato, lábios, língua, bochechas, mandíbula e dentes devem ser
32
cuidadosamente observados. Os lábios e ngua devem ser avaliados quanto ao
tônus, mobilidade, postura e sensibilidade. As funções como respiração, mastigação
e deglutição também devem ser avaliadas, porque são funções que normalmente
encontram-se comprometidas nesses casos. As condições de alimentação devem
ser investigadas, assim como a linguagem e fala devem ser profundamente
analisadas. Para a verificação do escape de ar nasal durante a fala, a autora sugere
a utilização do espelho de Glatzel sob as narinas durante a emissão.
Wadsworth et al. (1998), devido à necessidade de estudos que explorem
múltiplas variáveis relacionadas com os distúrbios miofuncionais orofaciais (DMOs),
estudaram a prevalência de DMOs em crianças, identificadas com algum distúrbio
de linguagem e/ou fala, além de verificar a existência de correlação uns com os
outros e com a presença de distúrbios de fala e/ou linguagem. Participaram 200
crianças com algum problema de fala, fluência, voz ou linguagem, com idades entre
5 anos e um s a 12 anos e 5 meses. Cem avaliações foram realizadas por um
examinador e as outras 100 por um segundo examinador. As avaliações incluíam:
ponto articulatório e diferenças acústicas, aspecto labial e lingual incluindo postura
no repouso, aspecto dentário e estrutural, deglutição, boca aberta e fluxo aéreo
nasal e hábitos orais. Os avaliadores faziam seus julgamentos independentes, em
todas as variáveis predeterminadas no protocolo. Um sinal de menos (-) era
marcado quando a resposta era anormal ou se o fator ou comportamento estivesse
presente, e um sinal de mais (+) era marcado se diante da resposta normal ou se o
fator ou comportamento estivesse ausente. Esses termos foram escolhidos para
proporcionar escolhas binárias aos examinadores e o implicaria que a presença
de um fator poderia sempre presumir o risco de o sujeito ter um DMO. Foi realizada
a confiabilidade inter examinadores, pela reavaliação de 10 crianças selecionadas
aleatoriamente, a confiabilidade geral foi de 70%. Os autores, baseados nos
resultados dos estudos, concluíram que o fonoaudiólogo que trabalha com o público
escolar deve estar preparado para encontrar algum DMO em 50% dessa população.
A análise pelo teste chi-quadrado mostrou correlação estatisticamente significante
entre a interposição da língua na deglutição com a mordida aberta, com a postura de
repouso lingual e com a interposição da língua durante a produção dos fones /t/, /d/,
/s/ e /z/; entre a postura de repouso anormal da língua com a posição de boca
aberta, com a interposição da língua na produção dos fones /t/, /d/, /l/, /s/ e /z/ e com
33
as maloclusões Classe I e II; entre as maloclusões dentais com a postura de
repouso anormal da língua, com o trespasse vertical aumentado e também com o
trespasse horizontal aumentado. Os autores ressaltaram que ainda necessidade
de mais pesquisas na área. Sugeriram que o estudo seja repetido em outras partes
dos Estados Unidos da América e que novas investigações de natureza multivariada
sejam realizadas para aprofundar as relações reveladas neste estudo.
Marchesan (1999) relatou que o momento da entrevista com o pacientes é
de suma importância, pois ele pode criar certa “intimidade” entre o examinador e o
examinado. Nesta entrevista vale perguntar à criança e aos seus pais o que os
trouxe aa terapeuta e quem os encaminhou, seus hábitos alimentares (o “como” e
“de que” ele se alimenta), se problemas de vias respiratórias, sua vida escolar e
seu desenvolvimento de uma forma geral. A autora lembra ainda, que o exame e a
entrevista não devem ser separados e que os pais e a criança devem estar
presentes nos dois momentos. Desde a entrevista se pode observar a postura, a
maneira de falar, a anatomia e relação entre os pais e a criança. A autora refere que
para o exame se senta diante da pessoa a ser avaliada, devendo a luz da sala estar
incidindo sobre o corpo do examinado de maneira uniforme, para evitar impressões
de falsas assimetrias. O primeiro aspecto analisado é o morfológico, a presença de
assimetrias (em face e/ou corpo), a postura e observação do eixo facial, postura e
anatomia dos órgãos fonoarticulatórios, compostos de partes duras como ossos e
dentes e partes moles, isto é, os músculos. Segundo a autora, no exame dos lábios
não basta anotar se os mesmos estão entreabertos, mas sim identificar o porquê,
pois existem fatores anatômicos que podem impedir ou dificultar a oclusão; no
exame da língua, não basta anotar que esta ocupa ou não o espaço inferior da boca,
mas observar as possíveis causas dessa condição; no exame dos dentes deve-se
verificar o número, a conformação, a inclinação e a presença de cáries; nas
bochechas se verifica tanto o lado externo como o interno; no palato duro se observa
a altura; no palato mole se este é curto e se úvula bífida ou sulcada; no frênulo
lingual e labiais se são extensos ou curtos; nas tonsilas palatinas se há hipertrofia; e
na arcada dentária verificar a classificação de Angle. Quanto ao tono, verificar se
ocorre hiper ou hipotonia nos lábios, mento, língua e bochechas. A mobilidade deve
ser avaliada com movimentos sicos de lábios, língua, bochechas, palato mole e
mandíbula; a mastigação deve ser avaliada observando com quais dentes o sujeito
34
morde, qual o tipo mastigatório, se mastiga com a boca aberta e se rotação da
mandíbula; na deglutição se observa protrusão da língua, vedamento de lábios,
hiperfunção de estruturas, etc; na respiração deve se observar se o modo é nasal,
misto ou oral; na fala verifica-se possíveis distúrbios articulatórios, salivação
excessiva, movimentos mandibulares, hipernasalidade, etc. A autora lembra que
durante a avaliação não basta apenas descrever como estão as estruturas, mas
também as relações destas entre si. Ao final do exame deve-se fazer a devolutiva,
mostrando as características das alterações e o caminho a ser percorrido para as
possíveis correções, cabendo ainda mostrar os limites e necessidade de
encaminhamentos.
Chase e Rosenoer (1999) propuseram estabelecer uma fundamentação
integrada que facilitasse aos profissionais da saúde prover decisões clínicas, em
respeito ao prejuízo simples e complexo das funções envolvendo o “sistema
funcional odonto-estomatognático”, definido pelos autores como “os dentes, boca,
mandíbula e estruturas relacionadas que desenvolvem algum papel na mastigação,
deglutição, digestão, fala, expressão facial, atividade sexual, apancia e postura”.
Os autores descreveram que, independentemente da responsabilidade clínica
durante uma avaliação, o profissional da saúde deve identificar a anormalidade física
e fisiológica do indivíduo, como das funções simples e complexas, de sensação, das
estruturas, de cor, de temperatura, de som e de comportamento; identificar os
órgãos, tecidos e células e os sistemas envolvidos; classificar o problema de saúde
como um prejuízo/indisposição/doença/disfunção; fazer o diagnóstico, substanciar o
diagnóstico com testes médicos (biométricos/psicométricos); identificar os fatores
que estão contribuindo para a disfunção, dentre eles, os físicos, os
comportamentais, os sociais, os ambientais, os cognitivos e os emocionais; decidir o
nível de prejuízo, se temporário ou permanente e se parcial ou completo; decidir se
condições de tratamento, tratar e reavaliar; decidir se há necessidade de
encaminhamentos; e por fim colaborar responsavelmente para a
interdisciplinariedade médica, descrevendo o grau da inabilidade e o grau do
handicap. Os autores ainda descreveram dois tipos de prejuízos para o sistema
odonto-estomatognático: o de nível I que envolve funções mais simples, incluindo a
função mandibular anormal, anormalidades da articulação temporomandibular e
função anormal dos músculos mastigatórios e o de nível II que envolve funções mais
35
complexas, como disfunções posturais, respiração, alimentação
(mastigação/deglutição/digestão), diminuição da capacidade verbal ou expressiva,
problemas com a aparência visual ou a atividade sexual e o desequilíbrio postural.
Os autores ainda sugeriram uma mudança na terminologia atual, um acordo nas
organizações dos sistemas fisiológicos humanos, a aceitação da comunidade
médica da integração das estruturas e funções do sistema odonto-estomatognático,
a aceitação de cada nível (nível I e II descritos anteriormente) e concluiram que
somente quando cada um desses objetivos forem aceitos, é que os parâmetros de
desordem do sistema odonto-estomatognático poderão ser estabelecidos.
Para a avaliação miofuncional orofacial, Felício (1999) propôs que as
estruturas devem ser avaliadas de acordo com suas características morfológicas. O
papel que desempenham em diferentes situações e o relacionamento com os
diferentes componentes do sistema, tomando-se como parâmetro os padrões de
normalidade e considerando-se as suas variações. Devem ser avaliados os lábios
quanto a sua hipo ou hiperfuncionalidade e se estes se encontram interpostos aos
arcos dentários; a língua deve ser avaliada quanto aos aspectos volume, frênulo,
tensão e posição; as bochechas quanto a funcionalidade e aspecto; a mastigação
quanto os dentes utilizados, ao tipo e se esta é anteriorizada; e a respiração quanto
ao tipo. A dinâmica funcional da oclusão deve focalizar a abertura e fechamento
bucal, a linha média, a protrusão mandibular, a lateralidade direita e esquerda. Deve
ainda ser realizada a palpação da musculatura elevadora e abaixadora da
mandíbula, os sculos cervicais e a palpação das ATMs. A autora alertou que a
avaliação não deve ser realizada apenas para que se acumulem dados, mas, ao
finalizá-la, é preciso investigar as relações entre os mais diferentes aspectos para
que, a partir de algumas conclusões, seja possível estabelecer as metas
terapêuticas.
Santos et al. (2000) estudaram a frequência de ocorrência de alterações da
fala, do sistema sensório motor orofacial (SSMO) e de hábitos orais em 52 pré-
escolares da série do primeiro grau e verificaram as possíveis associações entre
as alterações fonoarticulatórias, as alterações do SSMO e a presença de hábitos
orais. Os dados a respeito do tipo respiratório, tipo de mordida e hábitos orais foram
retirados dos prontuários das crianças. O exame orofacial foi realizado seguindo as
36
etapas do protocolo “exame orofacial”, utilizado no serviço de atendimento
Fonoaudiológico da Universidade Federal de Santa Maria, em relação à morfologia,
tônus, postura e propriocepção dos órgãos fonoarticulatórios (OFAs). A avaliação
constou de: aspecto e postura de lábios, língua, bochechas e mandíbula por
inspeção visual; frênulos lingual e labiais por observação e manipulação; tônus de
lábios, língua e bochechas por observação da postura, palpação e mobilidade;
mobilidade de lábios, língua e mandíbula por execução de movimentos; arcada
dentária e mordida de acordo com os registros dos protocolos dos sujeitos; palato
duro por observação; mobilidade, aspecto e postura do palato mole por observação
e vocalização. Foram avaliadas a deglutição e a fonoarticulação, sendo esta última
realizada por meio de repetição de lista de palavras e nomeação de figuras. Houve
também a avaliação audiológica para excluir crianças com possíveis
comprometimentos auditivos. Os resultados da pesquisa evidenciaram que as
alterações fonoarticulatórias foram associadas à presença de alterações do SSMO.
Não houve associação entre a frequência de alterações fonoarticulatórias e a
ocorrência de hábitos orais. As autoras propuseram a implantação de um programa
preventivo, por meio de orientação a pais e professores, com a finalidade de
minimizar tais alterações nos pré-escolares e alunos de 1ª série do primeiro grau.
Bianchini (2000) destacou que numa avaliação fonoaudiológica completa
não basta constatar a presença de distúrbios miofuncionais. É necessário estar
atento a todas as possíveis relações desencadeantes do problema funcional
observado. Além disso, analisar os possíveis efeitos das atividades miofuncionais
em relação à patologia que o indivíduo apresenta e a possibilidade de ajuda do
fonoaudiólogo, no sentido de amenizar os fatores funcionais agravantes e auxiliar na
remissão do problema. A avaliação consiste de uma anamnese que é o primeiro
contato com o paciente, sendo nela investigados os dados da história clínica do
indivíduo e feita a verificação das funções estomatognáticas, como postura habitual,
respiração, deglutição de saliva, articulação da fala, voz e coordenação entre as
funções, assim como a presença de alguns hábitos parafuncionais. O exame clínico
envolve a análise funcional de situações espontâneas, como postura corporal,
análise facial quanto à simetria, tensão, repouso dos lábios e língua, respiração,
deglutição e fala, presença de hábitos como morder lábios, umedecer lábios,
apertamento dentário, entre outros. Também verifica-se as características
37
craniofaciais, como face, se curta, média ou longa, perfil se reto, convavo ou
convexo, além da intensidade do desvio das alterações neuromusculares
associadas. É verificado as estruturas e a musculatura dos lábios, bochechas, mento
mole, língua e assoalho bucal, assim como o palato duro e mole, as tonsilas
palatinas, a gengiva e a mucosa jugal, a mobilidade dos lábios e língua; e a
avaliação das funções de respiração, mastigação, deglutição e fala. Com os dados
da avaliação em mãos, a terapia fonoaudiológica poderá ser indicada, podendo ser
associada a outras terapêuticas como a ortodôntica e a otorrinolaringológica. Qual
terapia deverá vir primeiro dependerá se as características observadas são
alterações neuromusculares ou situações adaptativas secundárias à forma.
Bianchini (2001) analisou alguns pontos da avaliação fonoaudiológica,
buscando estabelecer as relações entre forma/função pertinentes a cada caso. O
primeiro passo foi a anamnese, podendo durante a realização desta, serem
observados aspectos como postura habitual, respiração, deglutição de saliva,
articulação da fala, voz e coordenação entre as funções, assim como a presença de
alguns hábitos parafuncionais. A avaliação em si constou da análise de dados de
áreas afins como da Odontologia e Otorrinolaringologia, sendo os mesmos
analisados com tais profissionais. Os dados de observação foram: postura corporal,
análise facial quanto à simetria, tensão, repouso de lábios e língua, respiração,
deglutição e fala, presença de hábitos como morder lábios, umedecer lábios,
apertamento dental, entre outros. As características craniofaciais avaliadas foram as
proporções verticais da face, o perfil facial e a intensidade do desvio, relativo à
severidade das desproporções maxilo mandibulares. Houve também verificação das
estruturas e musculatura, envolvendo avaliação de lábios, bochechas, mento mole,
língua, assoalho bucal, palato duro e mole, tonsilas palatinas, gengivas e mucosas
jugais que devem ser analisadas quanto à postura, forma, simetria, tônus, tensão,
sinais em mucosa, presença de nódulos e resistência; além desses, a palpação, a
presença de dor e a contração dos músculos temporais e masseteres foram
avaliadas. A avaliação de mobilidade dos lábios e língua foi realizada, assim como
das funções de respiração, mastigação, deglutição e fala. A autora conclui que a
avaliação detalhada e multidisciplinar de cada paciente se faz necessária para assim
definir-se o diagnóstico e interferências determinantes. Após isso, deve se
estabelecer a hierarquia dos trabalhos ou trabalhos em conjunto. A autora destacou
38
também a eficácia da terapia miofuncional, quando devidamente direcionada aos
distúrbios miofuncionais orofaciais, adequando às funções estomatognáticas,
restabelecendo o padrão muscular e, consequentemente, modificando a forma se
não houver impedimentos, podendo o trabalho fonoaudiológico ser realizado antes
ou após o tratamento do paciente por outros profissionais, dependendo do caso.
Para Ferraz (2001), para o diagnóstico fonoaudiológico é imprescindível o
cumprimento de três etapas: anamnese, avaliação e estudo do caso. Na anamnese
ou histórico do caso são investigadas informações pré-natal, natal e pós-natal. Na
avaliação investiga-se: tipo facial e suas características, musculatura e funções,
frênulo lingual, postura corporal, articulação temporomandibular, dentes, oclusão,
praxias e presença de outras alterações orofaciais, respiratórias ou fonéticas. A
autora ressaltou a importância do trabalho interdisciplinar, sendo o objetivo da
Fonoaudiologia avaliar, compreender e estimular o paciente na busca da cura.
Tendo em vista a importância da alimentação para a vida dos indivíduos e
da dificuldade que as crianças com paralisia cerebral podem apresentar para
deglutir, Aurélio et al. (2002) buscaram caracterizar o padrão de deglutição de
crianças com paralisia cerebral, comparativamente a um grupo de crianças normais,
relacionando o grau de disfunção motora orofacial, quadriplegia e a consistência do
alimento, com o tempo gasto na deglutição. Participaram crianças entre 1 a 5 anos
de idade, divididas em: grupo com paralisia cerebral (GI), composto por 57 crianças
e grupo formado por 19 crianças sem distúrbios neurológicos (GII). Para a realização
do exame foi elaborado um protocolo de avaliação dos padrões de deglutição, o qual
foi aplicado em todas as crianças sob as mesmas condições, tomando-se o cuidado
de observar o horário natural de lanche das crianças para aplicar o protocolo,
garantindo que elas estivessem com fome, de forma a evitar distorções nos
resultados. O material para a aplicação do protocolo foi padronizado como sendo
100ml de suco de laranja, 140 gramas de iogurte de morango e 12 gramas de
bolacha recheada de chocolate, os quais foram ingeridos na sua totalidade e na
ordem apresentada. Foi utilizado, ainda, cronômetro para mensurar os tempos de
deglutição de cada tipo de alimento. O protocolo de investigação constou da
identificação e do resultado da observação da presença de sete comportamentos
relacionados à função motora orofacial (FMO), sendo eles: reflexo de mordida,
39
controle labial, sialorréia, capacidade de tragar líquido do copo, capacidade de retirar
o alimento pastoso da colher, ocorrência de mastigação e condução do alimento, e
tempo gasto na deglutição de cada uma das três consistências de alimento
pesquisadas. Para analisar os resultados obtidos foi elaborada uma escala,
atribuindo-se valor 1 para comportamentos considerados mais maduros ou 0 para
comportamentos considerados mais imaturos, aplicada para cada um dos 7 itens da
FMO. Cada criança recebeu uma pontuação final que correspondeu à soma dos
valores dos sete itens da FMO, de forma que esta pontuação variou de 0 a 7 pontos,
demonstrando o desempenho de cada criança para a FMO, estando ela mais
próxima do normal quanto mais próximo de 7 estivesse o total. Foram registrados os
tempos gastos para deglutir cada um dos três tipos de alimentos, a partir da
introdução da primeira porção na boca, até seu esvaziamento na última deglutição.
Comparou-se os tempos medianos de deglutição de cada alimento entre os dois
grupos e a influência da quadriplegia. As crianças foram novamente reagrupadas
conforme o seu grau de disfunção motora orofacial: leve, moderada, severa e
profunda ou FMO normal. Os autores verificaram que, quanto maior a disfunção
motora orofacial, maior o tempo gasto para deglutir os alimentos nas três
consistências pesquisadas, sendo o tempo de deglutição no grupo com paralisia
cerebral até 14,2 vezes maior do que no GII, das 3 consistências pesquisadas. O
alimento líquido foi o que mais se afastou do grupo normal no que diz respeito aos
tempos de deglutição, o pastoso foi o de menor diferença entre o GI e GII e o sólido
o menos frequentemente deglutido pelo GI. O grupo com paralisia cerebral foi o de
pior desempenho em relação à FMO e aos tempos de deglutição dos alimentos,
sendo o que necessita de maior atenção no tocante às questões da deglutição.
Felício (2002) descreveu sobre as Desordens Temporomandibulares
(DTMs) e suas relações com as desordens miofuncionais orofaciais, e apresentou
um protocolo de anamnese e avaliação fonoaudiológica. Segundo a autora, as
desordens miofuncionais orofaciais presentes nos casos de DTM, como descrito por
vários autores, podem ocorrer tanto nas desordens musculares quanto nas
desordens articulares, como fatores precedentes ou consequentes das DTM, o que
ocorre por necessidade de adaptações ou compensações que envolvem a
musculatura e as funções estomatognáticas. Destacou que não se deve esperar
características miofuncionais orofaciais semelhantes para todos os sujeitos com
40
DTM. Além disso, alertou que o grau de desordem miofuncional pode não ser
proporcional à severidade da DTM. Em relação ao Protocolo de Avaliação
Fonoaudiológica de DTM (PROFO-DTM), a autora lembra que um este tem por
finalidade estabelecer alguns padrões e parâmetros que permitam, num segundo
momento, o estudo do caso para a definição das metas e condutas terapêuticas e,
posteriormente, a verificação dos resultados à medida que o processo terapêutico se
desenvolve. No PROFO-DTM são abordados itens como a queixa principal do
paciente, sintomas auditivos e profissionais consultados previamente. Na avaliação
das estruturas e funções, a segunda coluna do protocolo corresponde ao padrão de
normalidade, o que facilita a visualização dos aspectos normais e dos alterados, os
quais se encontram nas colunas seguintes. A primeira parte do PROFO-DTM
corresponde à postura e ao aspecto da face e componentes do sistema
estomatognático que serão avaliados por inspeção visual e que podem ser
complementados pela análise posterior de imagens e vídeos. Quanto à simetria da
face, deve-se registrar particularidades observadas de cada lado da face; com
relação às comissuras dos lábios, estas podem ser classificadas como deprimidas
ou normais; no item mobilidade marca-se cada movimento solicitado se a pessoa
conseguiu realizá-lo adequadamente ou não; na função de lábios e língua observa-
se o aspecto, o posicionamento e os movimentos; na deglutição, os padrões de
normalidade, atípia, adaptação ou compensação são verificados. Com relação à
mastigação, deve-se anotar informações da própria pessoa a respeito do modo que
ela considera que mastiga, e como mastigava anteriormente (quando ela souber),
além de se confirmar a informação obtida pela avaliação desta função pedindo ao
paciente que mastigue de modo habitual e indicando o alimento utilizado no
protocolo. Pode-se ainda considerar se o paciente morde o alimento e com quais
dentes, o número de golpes mastigatórios durante a trituração, o número de golpes
mastigatórios de cada lado, a porcentagem de trituração de cada lado, o tempo para
consumo de cada porção, o tempo total para o consumo do alimento e a
porcentagem de tempo de trituração para cada lado, devendo-se considerar, ainda,
os movimentos e o ritmo da mastigação. a fala deve ser observada durante toda
a sessão de avaliação e pela aplicação de uma lista de palavras foneticamente
balanciadas. A avaliação da oclusão e a palpação da musculatura também são
abordadas neste protocolo.
41
Felício e Moraes (2003), visando contribuir com a área de motricidade
orofacial, realizaram uma revisão de autores brasileiros, focalizando o que
escreveram a respeito da avaliação fonoaudiológica do sistema estomatognático,
quanto aos métodos, aos parâmetros de normalidade adotados e às alterações das
estruturas: lábios, bochechas, língua, palato duro, palato mole e mandíbula. A
bibliografia foi composta por artigos e livros escritos por autores brasileiros, sendo
pelo menos um fonoaudiólogo e publicados no período de 1976 a 2002. Felício e
Moraes (2003) puderam observar que a avaliação clínica, como método de obtenção
dos dados necessários para o diagnóstico relacionado ao sistema estomatognático,
foi utilizada pela maioria dos autores consultados, o que se deve também ao fato de
que foram selecionados textos específicos sobre esse tema. E que ainda outros
recursos e métodos têm sido empregados visando o diagnóstico, como indicaram os
autores consultados, dentre eles: cefalometria, radiografia, videofluroscopia,
nasofibroscopia e ressonância magnética. Outra consideração feita pelos autores foi
que o fonoaudiólogo utiliza-se, também, de conceitos da área odontológica, como
noções de crescimento e desenvolvimento craniofacial, e de métodos como a
avaliação estática e dinâmica da oclusão, relacionando-os às condições
miofuncionais orais. Observaram ainda na literatura consultada que a terminologia
empregada e a grafia de certos termos variam entre os autores, o que realmente
justifica a preocupação e o empenho dos membros do Comitê de Motricidade
Orofacial da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, e que mesmo variando a
nomenclatura, há muitos pontos de consenso.
Degan (2004) verificou a influência da terapia miofuncional associada à
remoção de hábitos de sucção de chupeta e mamadeira na redução da mordida
aberta anterior e nas alterações musculares e funcionais do sistema
estomatognático, em crianças na faixa etária de 4 anos a 4 anos e 8 meses, a partir
das avaliações clínica, eletromiográfica e cefalométrica. Para isto, a amostra foi
composta por dois grupos de dez crianças que apresentavam mordida aberta
anterior e hábitos de sucção de chupeta e mamadeira. O grupo denominado REM foi
submetido à remoção de bitos pelo Método de Esclarecimento modificado,
enquanto que o grupo denominado TMF teve os hábitos de sucção removidos pelo
mesmo método e recebeu terapia miofuncional. Os resultados foram analisados por
meio de exames clínicos das estruturas e funções do sistema estomatognático,
42
registros eletromiográficos, análise cefalométrica e documentação fotográfica da
face, oclusão e terço médio e inferior (frente e perfil). O exame das estruturas e
funções do sistema estomatognático foi realizado por uma fonoaudióloga
devidamente calibrada com a pesquisadora, que não tinha conhecimento sobre o
grupo ao qual a criança pertencia (Kappa 85%). Os lábios foram avaliados quanto
seu posicionamento de repouso habitual e classificados em: selados (escore 0),
entreabertos (escore 1) ou afastados (escore 2); a resistência dos lábios, língua e
bochechas foi avaliada utilizando-se um abaixador de língua descartável de madeira
e classificada em: resistente (escore 0), hiporresistente leve (escore 1), moderado
(escore 2) ou severo (escore 3). A resistência das bochechas e da língua foram
avaliadas e classificadas com os mesmos critérios dos lábios. A língua foi avaliada
quanto ao seu posicionamento habitual em repouso, verificado a partir da
observação e se necessário afastando os lábios para visualização, sendo
classificado como: em região de papila retroincisal (escore 0), em assoalho bucal
(escore 1) e entre os incisivos (escore 2). O mento foi classificado quanto ao
posicionamento em repouso habitual como relaxado (escore 0) ou tenso (escore 1).
A oclusão foi analisada quanto à relação dos incisivos decíduos nos sentidos
vertical, horizontal, relação anteroposterior de caninos decíduos e relação terminal
dos segundos molares decíduos. A deglutição de água e de alimentos foi
classificada quanto à presença (escore 0) ou ausência de interposição lingual
(escore 1), e a respiração foi avaliada utilizando-se espelho nasal milimetrado de
Altmann. Os registros eletromiográficos foram coletados sob a superfície dos
músculos orbicular superior da boca e mentual durante o repouso e suão de água,
iogurte e creme de chocolate. Para o exame cefalométrico utilizaram-se as
grandezas: 1.NA, ī.1, 1-NA e trespasse vertical. Todos os exames foram realizados
previamente e aos 60 e 180 dias após a remoção dos hábitos de sucção. Os
resultados mostraram-se melhores para o grupo TMF para as variáveis: postura
habitual dos lábios em repouso, resistência dos lábios, bochechas e posicionamento
habitual da língua, assim como para a deglutição e respiração; a atividade
eletromiográfica do músculo orbicular superior da boca do grupo TMF mostrou-se
maior durante o repouso e a sucção de água e creme de chocolate; o grupo TMF
apresentou diminuição da grandeza cefalométrica trespasse vertical. A conclusão
desse estudo foi que a terapia miofuncional é efetiva na redução da mordida aberta
43
anterior, nas alterações musculares e foi responsável pela adequação de estruturas
e funções do sistema estomatognático.
Moraes e Felício (2004) realizaram uma revisão das publicações científicas
brasileira, envolvendo artigos e livros, no período de 1976 a 2002, focalizando a
avaliação fonoaudiológica da respiração, mastigação e deglutição, em que pelo
menos um autor era fonoaudiólogo. Após a análise dessas publicações, que refletem
a experiência de vários profissionais, para as autoras o diagnóstico em motricidade
orofacial depende de uma adequada avaliação clínica, mesmo quando
complementada por outros exames e análises. Além disso, permitiu afirmar que o
fonoaudiólogo para atuar em motricidade orofacial precisa, além de uma sólida
formação teórica, vivenciar a situação clínica para desenvolver a percepção visual,
auditiva e tátil. Deve aprender também, não apenas a constatar, mas a refletir sobre
os dados obtidos na avaliação, tendo em mente o papel de cada componente do
sistema estomatognático e a dinâmica deste, que acima de tudo, faz parte de um
corpo humano, com todas as suas implicações.
Para Cattoni e Fernandes (2004) o exame da morfologia orofacial é muito
importante na avaliação miofuncional orofacial para o estabelecimento do
diagnóstico fonoaudiológico, pois as alterações das estruturas da face podem
determinar alterações funcionais do sistema estomatognático e vice-versa.
Observando a falta de referencial de normalidade para crianças quanto as medidas
e proporções faciais, bem como de padronização dos critérios de avaliação
empregados, realizaram uma pesquisa para descrever as medidas antropométricas
faciais e as proporções facias em crianças, segundo a idade e o sexo. Avaliaram
254 crianças com faixa etária de 7 a 11 anos e 11 meses de idade, quanto às
medidas antropométricas orofaciais: altura do lábio superior (do subnasal ao
estômio); altura do lábio inferior (do estômio ao gnático); altura do filtro (do subnasal
ao labial superior); altura do terço superior da face (do trichio à glabela); altura do
terço médio da face (da glabela ao subnasal); altura do terço inferior da face (do
subnasal ao gnatico); distância entre o canto externo do olho e o cheilion no lado
direito ou lado direito da face (ex-ch). Posteriormente à coleta dos dados, foram
estabelecidas as proporções faciais. Os resultados não evidenciaram diferença entre
as idades para a altura do lábio superior e do filtro, mas houve diferença para a
44
altura do lábio inferior, dos terços da face e dos lados da face; as meninas
apresentaram médias inferiores a dos meninos e, não foi constatada diferença para
as proporções faciais, em ambos os sexos. Assim, as autoras concluíram que é
importante considerar a idade e o sexo durante a avaliação das medidas faciais.
Marchesan (2004) buscou estabelecer um método quantitativo para
classificar o frênulo da língua, a partir do julgamento de dois fonoaudiólogos que
avaliaram 98 sujeitos e caracterizaram o frênulo como normal ou alterado. Utilizaram
o protocolo qualitativo proposto por Marchesan (2003), o qual estabelece que
frênulos curtos são de tamanho menores do que a maioria, embora inseridos em
local correto conforme descrição anatômica, ou seja, da metade da face inferior da
língua (face sublingual) ao assoalho da boca; frênulo com inserção anteriorizada, ou
seja, embora de tamanho normal, está inserido em qualquer ponto, à frente da
metade da face inferior da língua, podendo estar inserido inclusive próximo ao ápice;
frênulo curto com inserção anteriorizada, sendo este a combinação dos dois
anteriores. Também foi verificado a liberdade de movimentos da língua a partir da
realização das tarefas: língua para fora, tocar as comissuras labiais, para cima e
para baixo. O frênulo foi classificado como alterado se houvesse tanto dificuldade
nos movimentos quanto resultado alterado no protocolo qualitativo; caso contrário,
era classificado como normal. Outras quatro medidas foram tomadas por um único
fonoaudiólogo utilizando o paquímetro, sendo: abertura máxima da boca apoiando-
se o paquímetro nos dentes incisivos centrais superior e inferior do lado esquerdo e
essa medida foi tomada como valor de referência para as comparações; abertura
máxima da boca, porém com o ápice da língua apoiado na papila incisiva e
considerando-se os mesmos pontos de apoio para o paquímetro; abertura máxima
da boca, mas com a língua sugada ao palato, sendo o paquímetro apoiado nos
mesmos pontos; como última medida, uma espátula de madeira era encostada na
face vestibular dos incisivos centrais inferiores solicitando-se ao indivíduo que
colocasse a língua para fora o máximo possível sobre a espátula e, com um lápis
era demarcado esse local, medindo-se com o paquímetro da ponta da espátula até o
local demarcado. Posteriormente foi aplicada regra de três, relacionando-se o valor
de referência com as três medidas. Os resultados mostraram que a melhor forma
para análise era a relação entre o valor de referência e o valor com o ápice da língua
tocando na papila incisiva.
45
De acordo com Sousa et al. (2004), para a melhor compreensão dos
distúrbios que afetam a articulação temporomandibular (ATM) deve-se analisar
também as alterações fonoaudiológicas associadas a estes distúrbios. Devido à
complexa anatomia e fisiologia do sistema estomatognático, muitas são as
alterações que podem acometer tanto a musculatura mastigatória, quanto os órgãos
fonoarticulatórios, como língua, lábios, bochechas, palato duro, palato mole, dentes
e mandíbula. Realizaram um trabalho com o objetivo de descrever a prevalência das
principais alterações encontradas nas funções de respiração, mastigação e
deglutição, em indivíduos com disfunção temporomandibular (DTM) e distúrbios
fonoaudiológicos. Foram avaliados 32 prontuários de pacientes com DTM,
selecionados aleatoriamente, independente de idade, sexo e raça. A respiração foi
analisada quanto ao tipo e modo; a mastigação foi avaliada quanto à preensão do
alimento (anterior ou lateral), vedamento labial (presente ou ausente), modo
mastigatório (unilateral ou bilateral) e tipo de movimentos, além de informações
sobre a presença de dor durante a mastigação ou estalo e crepitação na ATM; a
deglutição foi analisada com sólidos e líquidos quanto ao vedamento labial, projeção
ou pressão da língua contra os dentes, tensão da musculatura perioral e
movimentos compensatórios de cabeça. Os autores encontraram predomínio do
sexo feminino, da faixa etária de 31 a 40 anos e a função com prevalência de
alteração foi à deglutição, sendo a tensão na musculatura perioral a alteração mais
encontrada. Entre os pacientes com distúrbios fonoaudiológicos relacionados à DTM
estudados, o tipo respiratório prevalente foi o superior e o modo nasal, com
prevalência de mastigação unilateral.
Junqueira (2004) relatou que ao longo dos anos houve grande mudança na
forma de se avaliar e diagnosticar os distúrbios miofuncionais e que inicialmente as
avaliações eram mais subjetivas. Atualmente, com auxílio de estudos, pesquisas,
técnicas e exames pré-estabelecidos, caminha-se para uma situação na qual, será
possível, por meio da avaliação, emitir diagnósticos com maior precisão e que
colaboram para o sucesso da terapia, bem como para a credibilidade do trabalho.
Além disso, que a avaliação pode ainda auxiliar no registro/documentação dos
dados colhidos com o paciente, ponto que também tem avançado nos últimos anos,
pois os fonoaudiólogos especialistas em motricidade orofacial têm preocupação
constante a respeito de uma avaliação mais quantitativa, em que os progressos
46
possam ser mensurados antes e depois do tratamento. Para a autora, a avaliação
miofuncional é dividida em entrevista e exame. Na entrevista questiona-se a queixa,
os aspectos respiratório e alimentar, os hábitos orais, e se o paciente faz ou fez
outros tratamentos. No exame do sistema estomatognático avalia-se os aspectos
morfológicos (lábios, língua, dentes e oclusão, palato duro e mole, tonsilas palatinas
e nariz), além da postura (lábios, língua e mandíbula), tonicidade, mobilidade (lábios,
língua, bochechas, palato mole e mandíbula) e funções (respiração, mastigação,
deglutição e fala).
Bezerril et al. (2005) ressaltam que para a avaliação da língua deve-se
conhecer sua morfologia para se detectar anomalias e por meio de exames
morfológicos e funcionais pode-se verificar anormalidades estruturais, obtendo-se
um correto diagnóstico e tratamento adequados.
Costa et al. (2005) analisaram e compararam a avaliação qualitativa do
palato duro inter observadores, com uma proposta de avaliação quantitativa
baseada na morfometria. Foram analisados16 modelos de gesso da arcada dentária
superior de 16 estudantes, do sexo feminino e duas fonoaudiólogas especialistas em
Motricidade Orofacial, em momentos diferentes mensuraram as distâncias
transversais, ânteroposterior e a profundidade do palato duro, utilizando um
paquímetro. Os autores encontraram 31% de discordância entre as fonoaudiólogas
e, nos casos de concordância, as medidas da profundidade do palato normal tiveram
média de 14,4mm e para palato em ogiva 17,3mm. Os autores destacaram a
necessidade de parâmetros quantitativos de normalidade para palato duro e a
padronização de terminologia para avaliação clínica desta estrutura.
Para Junqueira (2005), os dados colhidos da avaliação miofuncional devem
fornecer condições suficientes para o diagnóstico, prognóstico, plano terapêutico e
possíveis encaminhamentos. Assim, esta é composta de uma entrevista inicial, em
que se levantam dados a respeito da queixa, dos aspectos alimentares e
respiratório, hábitos orais, e pela avaliação propriamente dita, que aborda quatro
partes: aspectos morfológicos (lábios, língua, bochechas, amígdalas palatinas,
oclusão, palato duro, palato mole, nariz e olhos), além da postura, tonicidade e
mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios e funções estomatognáticas (respiração,
47
mastigação, deglutição e fala). Assim, a avaliação possibilita a visualização dos
limites do trabalho fonoaudiológico e a necessidade do tratamento multidisciplinar.
Permite, ainda, ao fonoaudiólogo traçar um plano terapêutico personificado e
objetivo, adequado às características de cada paciente.
Rahal e Krakauer (2003) descreveram que a avaliação correta do paciente
respirador oral é fundamental, pois esta pode diferenciar se o paciente deve ser
enviado a um fisioterapeuta ou pode ser trabalhado apenas pelo fonoaudiólogo,
devido aos possíveis problemas posturais, comuns nestes casos. Embora a análise
da postura corporal seja realizada apenas por fisioterapeuta, esta é importante para
que a avaliação fonoaudiológica se torne completa e, desta maneira, o diagnóstico
mais preciso, pois a preocupação fonoaudiológica não é com o trabalho específico
de postura, mas com a análise do paciente como um todo. Durante a avaliação, o
paciente deve ser observado em pé nos planos frontal, dorsal (observar a simetria
dos ombros, escápula, cotovelos, linha da cintura, linha do quadril, joelhos e pés) e
sagital (observar a postura de cabeça e anteriorização dos ombros), deve-se avaliar
ainda a história ortodôntica e saúde geral, o sono, a fala, a alimentação, os hábitos
orais, a morfologia da face, tonicidade e mobilidade de língua, lábios e bochechas,
postura de lábios e língua, mastigação, presença de salivação excessiva e, com
espelho de Glatzel, verificar se há maior saída de ar após assoar o nariz.
Com o objetivo de reunir evidências que colaborassem para o melhor
entendimento da etiologia e do desenvolvimento da mordida aberta anterior e sua
potencial associação a alterações miofuncionais, Maciel e Leite (2005) avaliaram
130 crianças do ensino fundamental, em duas etapas. Na primeira foi aplicado um
questionário aos pais com perguntas sobre o padrão de aleitamento (natural e/ou
artificial), aspectos respiratórios, tratamentos realizados e hábitos de sucção não-
nutritiva (uso de chupetas, tipo de bico da chupeta utilizada, sucção de polegar e
outros dedos), levando-se em conta a frequência, duração e intensidade dos
hábitos. A segunda etapa constou de: exame odontológico, no qual foi avaliada a
oclusão segundo a classificação de Moyers, as condições oclusais como estágio da
dentição, a classificação de Angle e padrões de oclusão (mordida
aberta/cruzada). Além disso, foi realizado o exame fonoaudiológico, composto pela
avaliação da tipologia facial, posição habitual da língua, função da respiração,
48
deglutição e fala. Para a respiração analisou-se a postura corporal, a postura dos
lábios e mandíbula, a forma de sentar-se, além da existência de algum ponto de
vedamento da cavidade oral e da manutenção dos lábios entreabertos em situação
de descontração. Também foi utilizado o Espelho de Glatzel, observando-se a
capacidade de respiração nasal e a simetria dessa função segundo as narinas. Na
avaliação da posição habitual da língua foram observadas a postura e a projeção da
mesma, quando esta não estava localizada na papila incisiva, verificando-se a
existência de algum fator anatômico que impossibilitasse a postura adequada, como
frênulo lingual curto e palato estreito. Para não se avaliar erroneamente, foi pedido
ao examinado que mostrasse o local que a língua ocupava dentro da cavidade oral.
O exame da deglutição foi feito com água e pão francês, observando-se, sem tocar
no examinado, uma possível projeção de língua e a participação da musculatura
perioral, como contração dos lábios e músculo mentual. Também foi verificado a
presença de deficiência articulatória na produção de fonemas, por meio da conversa
espontânea e da fala dirigida. Os resultados mostraram o histórico de uso de
chupeta (76,3%) e de aleitamento artificial (62%), como principal padrão de
oclusão a mordida aberta anterior com trespasse (33,6%), sendo identificada
associação entre o histórico de hábitos orais e a ocorrência de interposição lingual
na deglutição e a deficiência fonoarticulatória. Os autores descreveram sobre a
importância da associação entre ortodontista/ortopedista funcional e o
fonoaudiólogo, visto que a função dos aparelhos ortodônticos é limitada, ou seja,
apenas altera a disposição dos arcos dentários, enquanto a terapia fonoaudiológica
reabilita por meio da terapia miofuncional orofacial, enfatizando o posicionamento
habitual da língua no repouso,durante a deglutição e a fala. Além disso, que o
sucesso terapêutico depende também da atuação conjunta com
otorrinolaringologista e alergista, sendo fundamental a intervenção precoce nas vias
aéreas superiores, eliminando a obstrução respiratória e, consequentemente,
permitindo a reabilitação desta função.
Bertoldi et al. (2005) analisaram os efeitos da entrevista de esclarecimento
sobre a interrupção dos hábitos de sucção e de mamadeira e sua influência na
oclusão dentária e postura de lábios e língua. Participaram 40 crianças de 2 a 6
anos de idade, todas com algum hábito de sucção de chupeta e/ou mamadeira e
mordida aberta anterior com ou sem mordida cruzada posterior. Inicialmente foi
49
realizado a anamnese com os pais, verificando o tipo de alimentação, a presença de
disfunção respiratória e hábitos orais, como sucção de dedo, chupeta ou mamadeira,
e a frequência do hábito. As crianças foram avaliadas quanto aos aspectos
miofuncionais (postura de lábios e língua e presença de mordida aberta e/ou
cruzada posterior). A postura dos lábios e língua era observada desde a chegada da
criança na clínica, e quando a criança apresentava alteração da postura de lábios,
seus pais eram interrogados sobre: resfriados, obstruções nasais e outras causas da
respiração nasal. Na análise da postura dos lábios, era considerado alteração
quando a criança mantinha os lábios separados; na análise da posição da língua,
somente a interposição dentária foi considerado alteração. Para a avaliação da
mordida aberta anterior media-se a distância entre a extremidade do incisivo
superior e inferior. Ao final da avaliação, os pais e as crianças foram orientados
sobre a necessidade de interrupção dos hábitos, sendo realizadas reavaliações com
orientações após 3 meses e 6 meses. Das 40 crianças, 26 interromperam os hábitos
e destas, 25 tiveram redução da mordida aberta, não sendo observado mudança na
postura de lábios e língua, mostrando assim a necessidade da combinação do
tratamento ortodôntico e fonoaudiológico. Os autores relataram que a entrevista de
esclarecimento propiciou a interrupção do hábito e a correção da mordida aberta
anterior.
Trindade et al. (2005) propuseram um método para a classificação da
função velofaríngea com base em escores atribuídos à hipernasalidade, emissão de
ar nasal e distúrbios articulatórios compensatórios. A hipernasalidade foi classificada
numa escala de 6 pontos, em que 1 significa ausência de hipernasalidade e 6
presença de hipernasalidade grave, sendo considerado significativos os escores
iguais ou superiores a 2; a emissão de ar nasal foi classificada de acordo com a
quantidade de escape aéreo nasal detectada no teste do espelho, considerando-se
uma escala de 6 pontos, sendo que 1 corresponde a ausência de emissão nasal e 6
indica emissão nasal grave, considerando-se significativos escores iguais ou
superiores a 3; a articulação compensatória foi classificada em ausente (escore 1)
ou presente (escore 2). Dependendo da combinação de escores, a função
velofaríngea é classificada numa escala de 3 pontos, em que 1 indica função
velofaríngea adequada, 2 função velofaríngea marginal e 3 função velofaríngea
inadequada. As autoras concluíram que a classificação da função velofaríngea em
50
escores mostrou ser uma ferramenta útil no diagnóstico da disfunção velofaríngea e
na documentação dos achados, particularmente no acompanhamento de resultados
cirúrgicos e terapêuticos.
Verrastro et al. (2006) investigaram a relação entre as características
oclusais (mordida aberta anterior, trespasse horizontal, distância entre caninos
superiores e relação canina) e as características miofuncionais orofaciais (postura e
tônus de lábios e língua, tônus de bochechas, fala, postura da boca no repouso e
padrão de deglutição) em crianças com dentição primária completa e mordida aberta
anterior acompanhada de hábitos de sucção de chupeta. Participaram 69 crianças
com idades entre 3 a 5 anos, divididas em dois grupos, o grupo (GC) composto por
34 crianças com oclusão normal, que poderiam ou não ter apresentado hábito de
sucção de chupeta; e o grupo com mordida aberta anterior (AOBG) formado por 35
crianças que apresentassem ou que tiveram hábito de sucção de chupeta. Não
participaram sujeitos com sucção de dedo, mordida cruzada posterior e grandes
lesões por cáries. As avaliações das características oclusais foram realizadas por
um único avaliador experiente na área, utilizando um paquímetro. Na avaliação
miofuncional orofacial foi realizada palpação e observação para verificar a postura
no repouso e o tônus dos lábios e língua e o tônus de bochechas. Para examinar o
tônus dos lábios a fonoaudióloga palpou o músculo orbicular da boca com os dedos
polegar e indicador, e este foi classificado como adequado, aumentado ou
diminuído, assim como o tônus de bochechas, que além da palpação na região dos
bucinadores, foram observados os movimentos de inflar e lateralizar o ar. A posição
da língua no repouso era classificada como na papila, no assoalho da boca,
propensa à interposição, ou interposta, além do tônus classificado como adequado
ou diminuído. O padrão de deglutição foi avaliado por observação, palpação e
abertura forçada dos lábios enquanto a criança ingeria uma pequena quantidade de
água de um copo, avaliando se havia interposição anterior da língua,
pressionamento da língua contra os dentes anteriores, atividade da musculatura
peri-oral e dos músculos masseteres, e movimento da cabeça. A postura da boca no
repouso foi observada enquanto a criança encontrava-se distraída, sendo verificado
se esta permanecia com a boca continuadamente aberta ou se permanecia fechada.
Os achados foram complementados por um questionário levantado com os pais. A
fala foi avaliada por teste de articulação de palavras. A análise de regressão
51
logística simples mostrou que maior trespasse horizontal, menor distância entre
caninos superiores e relação Classe II de canino coexistem com a mordida aberta
anterior. No AOBG, o número de crianças com incompetência labial, tônus
inadequado de lábios e bochechas, falta de bom posicionamento lingual no repouso,
interposição de lingual anterior na deglutição e fala, foi mais alto que no GC. A
análise de regressão logística múltipla identificou que a interposição da língua
anterior na deglutição e fala, bem como a incompetência labial, são características
miofuncionais orofaciais mais comuns nas crianças com mordida aberta anterior do
que nas do CG.
Thomas-Stonell et al. (2007), sabendo da importância de verificar a
validade, a confiabilidade e a sensibilidade de um protocolo, avaliaram a
sensibilidade do ASHA Pre-Kindergarten National Outcomes Measure System (Pre-
KNOMS), um protocolo desenvolvido pela American Speech-Language-Hearing
Association (ASHA) National Outcome Measurement System. Este protocolo de
mensuração quantifica as mudanças funcionais nas habilidades de comunicação
(articulação/inteligibilidade, orientação cognitiva, pragmática, compreensão da
linguagem falada e deglutição) depois da intervenção fonoaudiológica. Participaram
do estudo 213 crianças entre 3 e 5 anos de idade, avaliadas no início e no final do
tratamento. Recebiam de seus terapeutas e pais escore 1 se as habilidades eram
funcionais e até 7 se as habilidades eram mais funcionais ou competentes,
comparadas com o esperado para sua idade. Os resultados mostraram que o
protocolo não foi sensível para verificar resultado de tratamento na população
estudada e para discriminar de modo suficiente um grupo que melhorou de um que
não melhorou, ou ainda, entre dois grupos de tratamento com quantidades
diferentes de mudança. Os autores explicaram em que caminhos o esclarecimento a
respeito dos escores poderia melhorar a sensibilidade do protocolo.
Bakke et al. (2007) desenvolveram um instrumento de triagem denominado
The Nordic Orofacial Test Screening (NOT-S), de cil execução, para qualquer
profissional da saúde e que não necessita de qualquer instrumento especial para
avaliar as disfunções orofaciais. Para elaboração deste, o primeiro passo foi
identificar com base na literatura, na epidemiologia e em estudos clínicos, os
aspectos das funções orofaciais que necessitavam ser avaliados. A partir disso,
52
doze diferentes domínios foram considerados, dos quais seis (função sensória,
respiração, hábitos, mastigação, deglutição, salivação e secura da boca) foram
identificados em entrevista, enquanto os outros seis (face no repouso e em tarefas,
respiração ruidosa, expressão facial, musculatura mastigatória e da mandíbula,
função motora orofacial e fala) foram analisados a partir de exame clínico. Cada
domínio continha entre um e cinco itens, classificados em “não” ou “sim”, este último
indicativo de disfunção no domínio. O mais alto escore que poderia ser obtido no
NOT-S era 12. As avaliações foram realizadas com análise de imagens em vídeo,
tendo sido dadas ordens para a realização das tarefas orofaciais miofuncionais, aos
sujeitos da amostra, por meio de figuras impressas. O NOT-S teve versões para a
Suíça, Dinamarca e Noruega, dentre outras, para controle e identificação do
conteúdo e qualidade linguística. Este protocolo foi aplicado por cinco examinadores
experientes na área, em 120 sujeitos, com idades entre 3 e 86 anos, sendo 60
saudáveis, para compor o grupo controle. Houve confiabilidade intra-examinadores e
entre-examinadores. Foram encontrados os seguintes resultados: escore 0 para
63% da amostra, escore 1 para 30% e escore 2 para 7%. Os autores ressaltam a
necessidade de treino e calibração dos profissionais antes de usarem o protocolo e
interpretarem seus achados. O NOT-S demonstrou ser útil e válido para utilização
entre diferentes profissionais na avaliação das funções orofaciais.
Com o objetivo de avaliar os efeitos da associação entre a remoção de
hábitos de sucção e a Terapia Miofuncional Orofacial na ampliação da aeração
nasal, Degan e Puppin-Rontani (2007) estudaram 20 crianças com idades entre
quatro e cinco anos incompletos, que apresentavam hábitos de sucção de chupeta e
mamadeira. A amostra foi dividida em dois grupos, aleatoriamente de acordo com o
tratamento empregado: GRUPO REM, formado por 10 crianças submetidas apenas
à remoção de hábitos de sucção de chupeta e mamadeira pelo Método de
Esclarecimento Modificado e GRUPO TMF, constituído por 10 crianças submetidas à
remoção de hábitos de sucção de chupeta e mamadeira pelo Método de
Esclarecimento Modificado, associado à Terapia Miofuncional Orofacial. Foi
realizada entrevista inicial, exame clínico fonoaudiológico, odontológico, exame
radiográfico e documentação fotográfica. A entrevista inicial foi realizada
individualmente com cada responsável, sendo coletados dados referentes aos
hábitos de sucção, como frequência, duração, intensidade, atitude da criança frente
53
aos hábitos em locais públicos, comportamento dos pais ou responsáveis em
relação aos hábitos, atitudes tomadas em relação à utilização dos hábitos e
tentativas anteriores para removê-los. Também foram coletados dados quanto ao
comportamento social: frequência de choro, relacionamento com outras crianças e
com os pais. Além disso, os pais foram questionados quanto à alimentação da
criança, substituição de alimentos por leite, histórico de oclusão familiar, saúde
geral, padrão respiratório, doenças apresentadas, desenvolvimento motor e
preferências da criança com relação aos jogos e situações agradáveis. No exame
clínico foram avaliados os lábios, mento, língua, bochechas, oclusão e funções como
deglutição, fala e respiração, sendo esta última avaliada por meio da utilização do
espelho nasal milimetrado de Altmann. Para cada voluntário foi traçado um plano de
tratamento personalizado, com base nas avaliações realizadas, que visava a
adequação das estruturas e funções citadas. A remoção dos hábitos foi efetuada
antes da realização da Terapia Miofuncional Orofacial e os resultados foram
analisados por meio de exames clínicos e fotográficos, realizados previamente e aos
60 e 180 dias após a remoção dos mesmos e/ou início da terapia fonoaudiológica.
As autoras verificaram aumento da aeração nasal, adequação do vedamento labial e
aumento da resistência dos lábios com consequente melhora da respiração nasal
utilizando a Terapia Miofuncional Orofacial após remoção do hábitos em crianças na
faixa etária de quatro anos a cinco anos incompletos.
Castro et al. (2007) verificaram a associação entre a idade gestacional (IG)
de lactentes nascidos pré-termo com o desenvolvimento motor global e com sinais
precoces de alteração do desenvolvimento do sistema sensório motor orofacial,
identificando uma possível associação entre eles. Realizaram um estudo
exploratório que avaliou o desenvolvimento de 55 lactentes com idade cronológica
corrigida entre quatro e cinco meses, nascidos pré-termo e acompanhados de março
a agosto de 2004. A avaliação do desenvolvimento do sistema sensório motor
orofacial foi realizada a partir de indicadores pré-selecionados composto por 15
itens, subdivididos em quarto grupos: reflexos orais primitivos, avaliado identificando
a presença de reflexo de procura, de sucção, de vômito e de mordida; estruturas
motoras orofaciais, avaliado por meio de observação enquanto o bebê explorava um
brinquedo de borracha flexível, analisando-se os lábios, língua, bochechas,
mandíbula e laringe, durante o repouso; emissões orais, avaliado a partir da
54
interação entre bebê e examinador e/ou com a e/cuidador, utilizando brinquedos;
atividade simétrica dos braços; desenvolvimento motor global, avaliado usando o
Alberta Infant Motor Scale (AIMS). O resultado da avaliação consistia de escolhas
dicotomizadas para cada item, assinalado como “observado” (escore 1) ou “não
observado” (escore 0) e, por fim, os itens de cada subescala eram somados. Os
lactentes com menor IG ao nascer (29 a 34 semanas) apresentaram mediana mais
elevada do índice de sinais de risco na avaliação do desenvolvimento sensório
motor orofacial comparados com os nascidos com maior IG (35 a 36 semanas). Em
relação ao desenvolvimento motor, os lactentes com menor IG apresentaram maior
percentual, 26%, de escore da AIMS abaixo do percentil 10, comparado com os
nascidos com maior IG (4% com p=0,009). A mediana do índice dos sinais de risco
para o desenvolvimento sensório motor orofacial foi maior entre os lactentes com
escore total da AIMS inferior ao percentil 25, comparada com os que apresentaram
escore igual ou maior que o percentil 25. Os autores concluíram que a idade
gestacional dos lactentes influenciou o desenvolvimento do sistema sensório motor
orofacial e motor global, em detrimento dos recém nascidos com menor IG. Esses
achados sugerem uma possível associação entre ambos os aspectos do
desenvolvimento infantil.
Cattoni et al. (2007) descreveram as características posturais e
morfológicas do sistema estomatognático da criança respiradora oral, de acordo com
a idade, em referência à posição de repouso lingual e labial, possibilidade de
oclusão labial, hiperfunção do músculo mentual durante a oclusão labial, morfologia
e postura do lábio inferior, arcadas dentárias, bochechas e palato duro. Foram
avaliadas 100 crianças respiradoras orais, com idade entre 7 anos e 11 anos e 11
meses. Numa primeira fase, foi realizada avaliação otorrinolaringológica por exames
físicos e radiológicos, na segunda fase o fonoaudiólogo realizou avaliação a fim de
verificar possíveis alterações na respiração, baseado nos aspectos e postura dos
componentes do sistema estomatognático. Com referência à posição de repouso
labial, esses foram classificados como: em oclusão quando os lábios estavam em
posição de repouso adequada em contato; entreabertos quando estivessem
separados sem contato entre o superior e o inferior; e boca aberta quando os lábios
estivessem separados e com a mandíbula abaixada. Durante a avaliação dos lábios,
outros aspectos também foram observados, como a possibilidade de oclusão labial,
55
quando a criança conseguia mantê-los ocluídos durante 30 segundos; eversão do
lábio inferior e hiperfunção do músculo mentual. Na avaliação do repouso lingual
dentro da cavidade oral, esta foi classificada como: na papila incisiva, quando o
terço anterior da língua estivesse em contato com essa região; no assoalho bucal;
anterior, quando interposta entre os incisivos; lateral, quando interposta entre os
dentes laterais e posteriores; outra posição; e outra posição não passível de
observação. Com referência às bochechas, estas foram classificadas como
simétricas, quanto ao volume, tamanho e altura de ambos os lados fossem iguais,
ou assimétricas, quando o volume e/ou tamanho e/ou altura destes diferissem entre
os lados. Com referência à arcada dentária, a mesma foi classificada como normal,
quando havia harmonia entre os arcos dentários em oclusão cêntrica, ou alterada,
quando encontrado alguma alteração oclusal. O palato duro foi avaliado como
normal, em relação à altura e profundidade; e alterado, quando ogival e/ou profundo.
Esse estudo mostrou que as características posturais e morfológicas do sistema
estomatognático da criança respiradora oral apresentam aumentam com a idade. Os
aspectos mais comuns na população estudada foram: lábios entreabertos no
repouso, língua em assoalho, hiperfunção do músculo mentual quando os lábios
estão ocluídos, lábio inferior com eversão, simetria das bochechas, possibilidade de
oclusão labial e alteração da oclusão e palato duro.
Fujinara et al. (2007), considerando que no bebê pré-termo, a transição da
alimentação via sonda para via oral é uma das maiores preocupações da equipe de
saúde que assiste a esta população, e que necessidade de critério objetivo que
auxilie essa fase, testaram a confiabilidade de um instrumento de avaliação da
prontidão do bebê prematuro em iniciar a transição da alimentação gástrica para via
oral. A concordância desse instrumento havia sido testada anteriormente pela por
uma das autoras e obtido níveis iguais ou superiores a 85%. O instrumento foi
constituído por idade corrigida; estado de consciência; postura e tônus global;
postura dos lábios e língua; reflexo de procura, sucção, mordida e vômito;
movimentação e canolamento de língua; movimentação de mandíbula; força de
sucção; sucções por pausa; manutenção do ritmo de sucção por pausa; manutenção
do estado alerta e sinais de estresse. O estudo foi realizado na Unidade de
Cuidados Intermediários do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo e a amostra foi constituída de 30 bebês
56
pré-termo que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: idade gestacional
corrigida menor ou igual a 36 semanas e 6 dias; clinicamente estáveis; ausência de
deformidades faciais, distúrbios respiratórios, cardiovasculares, gastrointestinais e
neurológicos ou síndromes que impedem ou dificultam a alimentação oral; e não
terem recebido alimentação láctea por via oral. A confiabilidade foi determinada pela
aplicação do teste Kappa para verificar a concordância entre os dois avaliadores. Os
itens cujos valores atingiram concordância excelente foram: estado comportamental,
postura e tônus global, postura de lábios e língua, reflexo de vômito e manutenção
do estado alerta; os itens que atingiram concordância satisfatória: reflexo de procura,
sucção e mordida, movimentação da mandíbula, força de sucção e sucção por
pausa; apenas os itens canolamento de língua, manutenção da sucção por pausa e
sinais de estresse atingiram concordância insatisfatória. De forma geral, os itens do
instrumento apresentam confiabilidade adequada entre os observadores.
Pastana et al. (2007) analisaram a função de mastigação relacionada à
mordida cruzada posterior unilateral, procurando obter dados que ratificassem esta
unilateralidade e, ainda, observar possíveis alterações que estivessem associadas
nesta relação. Dez indivíduos foram selecionados para a pesquisa, sendo quatro do
sexo feminino e seis do masculino. Todos em processo de avaliação fonoaudiológica
e/ou odontológica, sem intervenção ortodôntica. A avaliação da mastigação do pão
francês foi realizada por duas examinadoras devidamente calibradas, por meio de
protocolo adaptado do Setor de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Os itens considerados foram: corte do
alimento, lado da mastigação, ritmo, postura labial, escape de alimentos, movimento
de mandíbula, participação exagerada da musculatura perioral, acúmulo de alimento
no vestíbulo da boca, posicionamento e tamanho do bolo alimentar. Todos os
indivíduos foram filmados, fotografados e avaliados em consultório fonoaudiológico.
Os dados foram analisados por meio de distribuição de frequência absoluta e
relativa. De acordo com os resultado, oito dos dez indivíduos (80%) apresentaram
mastigação unilateral do mesmo lado da mordida cruzada posterior e dois
mastigação bilateral (20%). Dentre os oito indivíduos com mordida cruzada posterior
unilateral e mastigação unilateral observou-se: corte anterior do alimento,
movimentos rotatórios de mandíbula e nenhum escape do alimento para todos os
casos; ritmo mastigatório lento em quatro casos (50%) e rápido nos outros quatro
57
casos (50%); lábios fechados para seis casos (75%) e abertos em dois (25%);
participação exagerada da musculatura perioral em cinco indivíduos (62,5%);
acúmulo de alimentos em um indivíduo (12,5%); bolo centralizado na preparação
para a deglutição em seis indivíduos (75%) e não centralizado em dois (25%);
tamanho do bolo alimentar pequeno para cinco indivíduos (62,5%) e grande para
três (37,5%). Houve confirmação da relação de unilateralidade entre mastigação e a
mordida cruzada posterior. Dos itens observados na mastigação, não foram
evidenciadas quaisquer outras alterações que poderiam estar relacionadas à
mordida cruzada posterior unilateral e mastigação unilateral, já que o houve
significância quanto aos resultados e as alterações encontradas podem ser
decorrentes de vários fatores.
Goulart e Chiari (2007) pesquisaram artigos científicos indexados nas
bases de dados SciELO e Lilacs e apresentaram alguns pontos para reflexão acerca
das diversas questões envolvidas na avaliação clínica fonoaudiológica, para assim
contribuir com discussões sobre o tema e na busca individual por formas de atuação
diversas daquelas correntemente empregadas. As autoras relataram que seria
possível, didaticamente, dividir a avaliação clínica em estruturada e não estruturada.
Na avaliação estruturada se aplicam protocolos específicos e mais rígidos, a partir
dos quais perguntas e testes são aplicados no paciente e/ou no seu acompanhante,
a anamnese e a avaliação clínica são feitas a partir de questões e provas ou testes,
que contribuem para o diagnóstico clínico e, posteriormente, embasam o
planejamento terapêutico. a avaliação não estruturada parte das questões
trazidas pelo paciente e/ou família, os quais ficam responsáveis por trazer todas as
informações e demandas que julguem pertinentes, permanecendo o avaliador na
posição de expectador, porém na prática, essas formas de avaliação podem se
confundir ou até mesmo variar de acordo com as percepções e demandas do
avaliador e do paciente. Ainda podem-se observar dois tipos de abordagem: aquela
focada na normalidade e a focada no déficit/doença. O fonoaudiólogo deve, além de
ter conhecimento técnico de sua área de atuação, demandar conhecimentos ligados
a outras áreas de conhecimento, incluindo habilidades pessoais em lidar e conviver
com a diversidade social e cultural que permeia a sociedade. Além disso, necessita-
se, ainda durante a sua formação na graduação, que mesmo seus professores e
tutores considerem a importância das questões ligadas à relação entre o
58
profissional, o paciente, seus familiares e outros profissionais durante a avaliação
clínica inicial e avaliações sistemáticas para acompanhamento do progresso do
tratamento fonoaudiológico.
Stahl et al. (2007) tiveram como objetivo prover dados básicos
representativos da frequência de disfunções orais e de hábitos orais na dentição
primária e no início da dentição mista, bem como comparar os achados funcionais
com os achados ortodônticos, para descobrir possíveis associações entre as
relações oclusais e o status funcional e se isso pode prover ou poderia tornar se um
provedor na indicação de medidas preventivas. Fizeram um estudo transversal com
os achados das avaliações ortodôntica, dentária e funcional de 3.041 crianças do
jardim da infância e pré-escola. A postura da boca foi avaliada a partir da
observação e de alguns testes diagnósticos, como o teste com água em que a
criança permanecia com água na boca, sem degluti-la, por 30 a 60 segundos,
repetindo-se o mesmo caso restasse dúvidas, e as crianças que não conseguiam
realizar 2 repetições eram classificadas como respiradora oral. O teste com espátula
enquanto a boca permanecia fechada diagnosticava a atividade do músculo
mentual, se havia compensação de outros músculos. Frente a lábio superior curto,
prega supramentual evidente, resultado da palpação dos músculos suprahióideos
longa e rígida ou quando se suspeitava de impedimento para a respiração nasal, o
teste com água era descartado. Em relação à postura da língua, em repouso
considerou-se ideal quando esta encontrava-se em contato com o palato e alterada
quando encontrava-se interdental ou caudal; na deglutição de saliva e de água foi
classificada em fisiológica ou com interposição anterior, bilateral ou total; na fala,
para a produção dos sons /l/, /t/,/d/,/n/ foi classificada como fisiológicos ou
interdental e na produção do /s/ como fisiológica, interdental, adental e lateral.
Quanto aos hábitos verificou-se: mordiscar as unhas, sucção do polegar, sucção
passiva, sucção de objetos, sucção de lábios com marcas visíveis ou ferimentos,
pressionamento de lábios, sucção de bochechas e mordicar bochechas, morder
canetas e outros. Quando detectado alteração, para cada item avaliado era atribuido
o escore 1, e quando não detectado era dado o escore zero. A soma dos escores
fornecia a frequencia da disfunção, ou seja, escore zero indicando sem disfunção.
Os autores concluíram que as altas frequências de disfunção oral e de hábitos na
dentição primária e mista, a postura de boca aberta expressando hipotonia dos
59
músculos periorais, e o padrão de deglutição visceral começam a estabilizar durante
a dentição primária. Cada critério, associado com a avaliação da relação oclusal são
parâmetros apropriados para identificar cada “criança em risco no tratamento
ortodôntico”.
Com o objetivo de verificar o efeito da terapia miofuncional em pacientes
com paralisia facial de longa duração, associada à aplicação de toxina botulínica,
Toledo (2007) tratou vinte e cinco pacientes distribuidos em dois grupos: os que
receberam quatro sessões de terapia miofuncional antes da aplicação de toxina
botulínica (A) e aqueles que receberam terapia simultaneamente à aplicação (B). A
simetria estético/funcional da face foi avaliada de acordo com o protocolo do Serviço
de Cirurgia Plástica e Queimaduras do Hospital das Clínicas da FMUSP e duas
profissionais, médica e fonoaudióloga, avaliaram a mímica facial, sendo obtida uma
média das duas avaliações. Os grupos musculares de cada hemiface foram
avaliados em diferentes expressões faciais, voluntárias, e em expressões faciais
emocionais, recebendo pontuação zero (0) caso a movimentação estivesse ausente;
um (1) para movimento parcial ou moderado e dois (2) em caso de movimento
completo ou acentuado. As deformidades em repouso, nas lpebras e nos lábios,
sincinesia ou hipertonia quando presentes foram também pontuadas com valores
negativos, (0) se inexistentes, (-1) se deformidade parcial ou leve e (-2) se
deformidade total ou grave. Ao final, a soma dos valores parciais obtidos totalizava a
nota final, que poderia variar de -6 a 20 pontos para cada hemi face avaliada. Ainda
foram aplicados o Índice Funcional da Face (iFF) e o Índice de Bem-Estar Social
(IBES). Após a terapia miofuncional, os pacientes apresentaram aumento
significativo da mobilidade do lado paralisado da face, do IFF e do IBES. O grupo A
apresentou frequencia maior de dificuldade para falar, enquanto o grupo B
frequencia maior de dificuldade para mastigar. A autora concluiu que a terapia
miofuncional promoveu simetria facial, satisfação dos pacientes com a face,
funcionalidade oromiofacial, qualidade de vida, devendo ser realizada antes e após a
aplicação de toxina botulínica para reduzir os possíveis efeitos adversos.
Felício e Ferreira (2008) desenvolveram e validaram um protocolo para a
avaliação de crianças, o qual permite estabelecer relações entre as condições
miofuncionais orofaciais e as escalas numéricas. Participaram da pesquisa 80
60
crianças, com e sem distúrbio miofuncional orofacial, de 6 a 12 anos de idade.
Todas foram avaliadas quanto às condições miofuncionais orofaciais e destas, 30
foram selecionadas aleatoriamente para as análises. Duas fonoaudiólogas
calibradas em avaliação miofuncional orofacial atuaram como examinadoras. Devido
a não existência de protocolos previamente validados, foram construídos dois
protocolos, um baseado no modelo tradicional (AMIOT) e o outro com a adição de
escala (AMIOFE). As condições clínicas incluíram aparência, postura e mobilidade
dos lábios, língua, bochechas, mandíbula, respiração, deglutição e mastigação.
Houve correlação significante entre as avaliações realizadas com o AMIOT e o
AMIOFE. A confiabilidade entre os protocolos, bem como entre examinadores com o
AMIOFE foi superior a 0,90. As autoras concluíram que o protocolo AMIOFE é um
instrumento válido e confiável para a avaliação miofuncional orofacial, permitindo a
graduação dos aspectos avaliados.
Rodrigues et al. (2008) verificaram o grau da variabilidade das medidas
orofaciais entre fonoaudiólogos especialistas em Motricidade Orofacial. Realizaram
um estudo longitudinal prospectivo, envolvendo 30 fonoaudiólogos especialistas em
Motricidade Orofacial, que realizaram, em dois momentos distintos, com uso de
paquímetro digital, a mensuração de dez medidas orofaciais de um sujeito padrão.
As medidas foram: terço superior, médio e inferior da face; filtro labial; lábio superior
e inferior; distância comissura dos lábios ao canto do olho nos lados direito e
esquerdo; bem como abertura máxima da boca e abertura máxima da boca com
língua na papila. Foram comparados os dados inter e intraexaminador por meio das
medidas de tendência central, das medidas de dispersão e de testes de hipótese,.
Nove dos dez parâmetros investigados foram considerados como homogêneos na
avaliação inter e intra-observadores. A abertura máxima da boca com língua na
papila apresentou altos coeficientes de variação, indicando dados heterogêneos,
apesar dos valores de correlação inter observadores terem sido considerados
semelhantes. na avaliação intraexaminador, para este parâmetro foi evidenciado
diferença (p=0,0384). Na análise dos dados, observaram-se ainda diferenças
próximas ao ponto de corte estabelecido no estudo, na mensuração intraobservador
do terço médio da face (p=0,0711) e da abertura máxima da boca (p=0,0677).
Dentre as dez variáveis analisadas, não foi observada diminuição do coeficiente de
variação, da primeira para a segunda, na mensuração apenas nos parâmetros terço
61
médio da face e lábio superior. Os autores lembram que em decorrência do reduzido
tamanho da amostra e, considerando-se que de uma maneira geral, os
fonoaudiólogos avaliaram de forma semelhante o indivíduo padrão do estudo, novos
estudos devem ser conduzidos, buscando-se a confirmação dos dados, uma vez
que, contrariamente ao observado no presente trabalho, a literatura aponta para
erros maiores inter observadores do que intraobservadores nas avaliações
antropométricas. As autoras não observaram variabilidade nas mensurações
orofaciais realizadas, exceto para o parâmetro abertura máxima da boca com ngua
na papila, indicando que dados produzidos por diferentes profissionais podem ser
considerados parcialmente confiáveis.
Genaro et al. 2009 tiveram como objetivo apresentar um protocolo
específico e detalhado da área de Motricidade Orofacial com escores, intitulado
Protocolo MBGR, que permitisse ao fonoaudiólogo avaliar, diagnosticar e
estabelecer prognóstico em motricidade orofacial. Durante dois anos, quatro
fonoaudiólogas reuniram-se para rever os protocolos de avaliação já publicados e os
utilizados na prática clínica, e elaborar um novo protocolo de avaliação com escores,
na área de Motricidade Orofacial, contendo o histórico e o exame clínico do
paciente. O processo de elaboração do protocolo MBGR compreendeu cinco etapas:
estudo e proposta do protocolo inicial; análise dessa proposta por seis juízes
especialistas em Motricidade Orofacial, com no mínimo oito anos de experiência,
que sugeriram ajustes no mesmo; aplicação pelas mesmas juízas especialistas, em
15 sujeitos normais (7 adultos e 8 crianças e adolescentes), gerando novas
sugestões de modificação e ajustes; aplicação em 233 pacientes (crianças,
adolescentes e adultos) e realizadas novas adequações, e por fim, aplicação da
versão finalizada em outros 27 sujeitos, para certificação da inexistência de dúvidas
quanto a sua aplicação. O protocolo resultante englobou a avaliação da história
clínica, com dados como identificação, queixas, antecedentes familiares e
intercorrências médicas; desenvolvimento e dificuldades motoras; problemas de
saúde e respiratórios, sono e tratamentos realizados; aspectos ligados à
alimentação (amamentação, mastigação e deglutição), hábitos orais e aspectos
comunicativos (comunicação, fala, audição, voz e escolaridade); e o exame
miofuncional orofacial que envolveu a avaliação da postura de cabeça e de ombros;
medidas da face, movimento mandibular e oclusão; análise facial; exame intra-oral
62
das bochechas, língua, palato, tonsilas palatinas, dentes e oclusão; mobilidade,
tonicidade e dor à palpação; assim como das funções de respiração e mastigação. A
documentação dos dados foi proposta, envolvendo tanto foto como filmagem, para
análise posterior; e por último um resumo dos aspectos avaliados e os escores
esperados e alcançados. Quanto maior a soma dos escores obtidos em cada item
avaliado, pior a condição naquele item, sendo o melhor escore para todos os itens 0
e o pior escore varia de acordo com os aspectos observados. Segundo as autoras, o
uso de escores possibilita quantificar o grau da alteração nos diferentes aspectos
investigados, trazendo contribuição aos trabalhos científicos, como também para
acompanhamento da evolução do caso ao longo do tratamento miofuncional
orofacial. Até o momento, este protocolo não foi validado.
Whitaker et al. (2009) elaboraram um protocolo de avaliação clínica da
mastigação para auxiliar o fonoaudiólogo a identificar e interpretar os sinais clínicos
de alterações na dinâmica essa função, além de possibilitar comparações de
acompanhamento de tratamento e entre diferentes avaliadores. Os autores
elaboraram um questionário que foi respondido por 70 fonoaudiólogos de diferentes
regiões do Brasil. Esse constava de 5 questões descritivas sobre a história clínica,
aspectos morfológicos do sistema estomatognático e sobre a avaliação da função
mastigatória propriamente dita. O fonoaudiólogo deveria relatar os aspectos
observados, os materiais e procedimentos utilizados, os exames complementares
realizados, entre outros; bem como deveria citar se outras funções orais eram
investigadas, descrevendo-as, como as avaliava e a justificativa para a sua
avaliação. Após análise dos questionários e da literatura, um protocolo de avaliação
foi proposto. Os autores recomendam, para facilitar a análise, a observação feita
durante o processo de avaliação e a filmagem dos procedimentos colocando um
painel que trace o plano horizontal e vertical posicionado atrás do paciente. Os itens
que foram propostos e o modo de avaliação foram: alimentos: pão ou biscoito tipo
wafer e amêndoas; tamanho do alimento: porção de 2cm de biscoito tipo waffer ou
uma fatia da região central do mini pão francês, de 1cm de espessura e tomando-se
¼ desta fatia e, para a avaliação da eficiência mastigatória 5 amêndoas; preensão
do alimento; movimento mandibular, por palpação e observação visual perceber a
excursão da mandíbula; lado inicial da mastigação, por observação dos movimentos
mandibulares no primeiro ciclo mastigatório ou por palpação; tipo mastigatório,
63
identificando o número de ciclos realizados em cada lado; observação da atividade
da musculatura perioral durante os ciclos mastigatórios; observação da postura
labial, presença de tremor, escape anterior do alimento durante a mastigação;
contração dos masseteres por palpação digital; coordenação dos movimentos a
partir da visualização e análise da filmagem, observando sua precisão;
amassamento com a língua: pela visualização e análise da filmagem, verifica-se a
presença de esmagamento do bolo alimentar com a língua contra o palato duro,
notando se movimentação vertical ou postero-anterior da língua; movimento de
cabeça: pela avaliação direta e da análise da filmagem; local da trituração do
alimento: pela visualização e análise da filmagem, nota-se o local da cavidade oral
em que está ocorrendo a trituração do alimento; respiração durante a mastigação:
durante o exame direto ou na análise da filmagem, verifica-se o modo respiratório,
observando-se a coordenação entre essas duas funções; ruídos nas ATMs; tempo
mastigatório: mensurado em segundos utilizando-se um cronômetro, acionado no
início da fase incisal e interrompido ao iniciar a primeira deglutição; número de ciclos
mastigatórios: pela filmagem, observando a quantidade de movimentos
mastigatórios realizados durante a mastigação de um determinado alimento;
formação do bolo: orientar o paciente a não deglutir o alimento triturado, este deve
deixar o bolo alimentar pronto para ser deglutido, posicionado de maneira habitual e,
em seguida, mostrá-lo ao avaliador; presença de tosse, engasgo, dispnéia ou
modificação na coloração facial; dor durante a mastigação; e teste de eficiência
mastigatória: pela mastigação de amêndoas e posterior análise com tamises e
peneiras de orifícios variados. Este trabalho contemplou um roteiro de avaliação de
aspectos importantes da mastigação, proporcionando ao fonoaudiólogo uma melhor
definição de critérios a serem utilizados durante a avaliação desta função, até o
momento não foi realizada a testagem de sua validade.
Machado et al. (2009) buscaram definir as médias dos limites de
movimentos mandibulares em 240 crianças brasileiras entre 6 e 12 anos de idade,
verificar diferenças entre os sexos, em cada faixa etária, e entre as faixas etária de 6
a 8 anos, 8:1 a 10 anos e 10:1 a 12 anos de idade. As autoras utilizaram o protocolo
de avaliação miofuncional orofacial AMIOFE (Felício, Ferreira, 2008) com o auxílio
de um paquímetro digital para mensurar a máxima abertura mandibular, a protrusão,
a excursão lateral direita e esquerda e o desvio da linha média, quando presente. Os
64
resultados obtidos foram: máxima abertura mandibular 44,51mm, excursão lateral
para a direita 7,71mm e para a esquerda 7,92mm, protrusão 7,45mm. Não houve
diferença entre os sexos, mas houve aumento gradual nos limites dos movimentos
mandibulares com o aumento da idade, com diferenças principalmente entre as
faixas de 6 - 8 anos e 10:1-12 anos. Segundo os autores, a avaliação clínica deve
ser muito bem fundamentada, portanto dados normativos devem ser investigados
em diferentes populações. Além disso, as medidas dos limites de movimentos
mandibulares fornecem dados quantitativos e confiáveis, como constatado pela
confiabilidade intra e inter examinadores, além da concordância dos achados desse
estudo com outros publicados. Concluiram que durante a infância os limites de
movimentos mandibulares aumentam e que a idade deve ser considerada na análise
desses dados para maior precisão no diagnóstico.
Escalas psicofísicas
Dawson e Mirando (1976) realizaram dois experimentos utilizando o
método de emparelhamento de modalidade sensória, para verificar a consistência de
escalas de razão de opinião, estando o foco na relação entre escalas para atributos
inversos do mesmo grupo de itens escaláveis. Duas classes diferentes de itens
foram escaladas: trigramas, para facilidade (e dificuldade) de pronunciabilidade e
ocupação de desejabilidade (e não-desejabilidade). Em um dos experimentos, os
sujeitos emparelharam força dinamométrica para indicar sua facilidade e dificuldade
em pronunciar trigramas. Assim, os autores constataram que, para os dados de
grupos, as escalas de modalidade sensória para um atributo e seu inverso
(facilidade e dificuldade de pronunciar) tendem a ser relacionadas de maneira
apropriadamente inversa. Por outro lado, as escalas individuais de atributos inversos
diferiram da inversamente proporcional.
Felício (1996) pesquisou a capacidade dos sujeitos em perceber e mensurar
a dificuldade de pronunciar, principalmente em situações nas quais ocorrem
mudanças em componentes do sistema estomatognático. A autora também verificou
65
a capacidade destes sujeitos em expressar sua percepção por meio de escalas
psicofísicas de estimação de categoria, estimação de magnitude e emparelhamento
com comprimento de linha. Utilizou dois tipos de estímulos: frases e trigramas, para
identificar qual seria mais adequado para testar a pronunciabilidade. Os julgamentos
foram realizados pelos grupos de sujeitos, divididos em usuários de prótese total
removível (dois grupos), pacientes com desordem temporomandibular (DTM) e por
outros quatro grupos constituídos por fonoaudiólogos, cirurgiões dentistas e alunos
de odontologia (dois grupos). Para os grupos usuários de prótese, os julgamentos
foram realizados em três fases: sem as próteses, logo após a colocação das
mesmas e após um período de adaptação. Enquanto o grupo com DTM realizou os
julgamentos em quatro fases: no pré-tratamento, imediatamente após a colocação
de placa miorrelaxante, após quinze dias de uso contínuo da mesma e no mesmo
dia, mas sem a placa. os demais grupos (de não-pacientes), realizaram três
sessões de julgamento, com a condição de não terem sofrido nenhum tipo de
tratamento odontológico, ou que pudesse mudar a sensação oral durante o período
de coleta de dados. Os resultados indicaram que os pacientes foram capazes de
expressar as dificuldades percebidas em cada fase do tratamento por meio dos
julgamentos. Os grupos usuários de prótese mostraram que falar sem prótese é
mais difícil do que após um período de adaptação, com exceção de um subgrupo no
qual haviam sujeitos habituados a falar sem prótese e, também, houve problemas de
adaptação. Para o grupo com DTM, a pronunciabilidade foi considerada mais difícil
logo após a colocação da placa miorrelaxante. O grupo de fonoaudiólogos foi
fidedigno nos julgamentos de frases e trigramas, porém, os grupos de cirurgiões
dentistas e alunos foram mais consistentes no julgamento de trigramas. Este
estímulo evidenciou que a repetição das tarefas possibilitou a aprendizagem para
aqueles que não sofreram modificações na cavidade oral. Segundo a autora, os
resultados de julgamentos de trigramas mostraram que esse contínuo apresenta
características protéticas e, portanto, as escalas de razão são válidas para julgá-los.
A autora concluiu que os sujeitos são capazes de perceber e mensurar a dificuldade
de pronunciar e que as escalas psicofísicas são válidas para tais julgamentos.
Felício e Mantelatto (1998) realizaram uma revisão de literatura sobre a
metodologia psicofísica aplicada em pesquisas sobre a comunicação, ressaltando a
66
praticidade destes métodos e a validade de seus resultados. De acordo com as
autoras, a mensuração da percepção do ouvinte e da produção percebida pelo
falante possibilita o estabelecimento de parâmetros de comparação, a definição de
procedimentos eficazes e auxilia na compreensão dos processos subjacentes ao
problema. Assim, a importância da aplicação destes métodos de avaliação se
mostra relacionada tanto à área audiológica como à de produção de fala. Foram
abordadas as metodologias aplicadas à mensuração auditiva e de fala e como os
resultados desta avaliação se relacionam com outras medidas. As autoras se
referiram à percepção de fala sob dois aspectos: produção percebida pelo ouvinte e
produção percebida pelo falante. Os estudos apresentados permitiram chegar à
conclusão de que há possibilidade de mensurar a percepção do ouvinte e do falante.
Além disso, quanto à pronunciabilidade, evidenciou-se alta concordância entre
escalas e entre grupos de sujeitos, de forma que parecem úteis para estudos de
produção de fala que consideram a opinião do próprio falante. De acordo com as
autoras, a mensuração pode servir para a compreensão dos diferentes processos
envolvidos na comunicação, localização da função alterada, verificação do efeito de
procedimentos terapêuticos e de recursos para minimizar um problema, dentre
outros, de forma que se possa favorecer o processo terapêutico.
Para Felício e Da Silva (1998), os resultados de tratamento e/ou pesquisas
podem ser quantificados e os dados obtidos por meio de métodos psicofísicos. Isso
permite a realização de análise estatística, o que vem ao encontro de uma
necessidade crescente no campo da Fonoaudiologia. Os níveis de mensuração
dependem das condições estabelecidas, podendo ser: nominal, ordinal, intervalar e
de razão. Quando se trabalha com estímulos não métricos, como atributos sociais e
clínicos, para que se possa definir o tipo de contínuo em questão deve-se submeter
o conjunto de estímulos aos julgamentos ao nível de razão e ao nível intervalar. No
nível de intervalar os intervalos são mensuráveis e os números refletem as
diferenças ou distâncias entre itens, sendo o método mais utilizado para esse tipo de
mensuração aquele quando o sujeito é instruído a julgar diretamente as diferenças
psicológicas entre estímulos, atribuindo-lhe um número, por exemplo, numa escala
de 1 a 5. O nível de razão permite saber a diferença entre os estímulos de uma série
e, também, realizar qualquer tipo de operação matemático/estatística; a escala de
67
razão possui um zero absoluto e estabelece o quociente entre dois meros. Nos
julgamentos ao nível de razão pode-se usar dos métodos de fracionamento ou
estimação de magnitude e o experimentador pode apresentar um estímulo padrão,
ao qual é dado um valor. Com base neste módulo, os sujeitos julgam os outros
estímulos apresentados, atribuindo-lhe números proporcionais ao módulo, de acordo
com sua percepção. Este método também pode ser empregado com módulo livre,
isto é, o próprio sujeito estima o primeiro estímulo e, a partir dele, realiza
emparelhamentos proporcionais. Os números deverão refletir as razões entre as
intensidades percebidas. Ao invés de números os emparelhamentos, podem ser
feitos com comprimentos de linhas. Quando se trabalha com estímulos não métricos
(por exemplo, a fala), para se definir a classe do contínuo com o qual se está
lidando, deve-se submeter o conjunto de estímulos a julgamentos ao nível de razão
e intervalar. Após a realização das tarefas pelos sujeitos, as respostas obtidas a
partir da escala intervalar (categoria) deverá ser projetada em função das respostas
obtidas pela estimação de razão (magnitude), a fim de que se verifique a relação
entre dois tipos de escalas subjetivas. Os autores concluíram que o método
psicofísico de mensuração da impressão dos sujeitos por meio de escalas oferece
uma opção a ser utilizada na área fonoaudiológica. Isso permite obter dados a
respeito da percepção dos pacientes sobre suas reais dificuldades. Além disso, a
possibilidade de se analisar estatisticamente não terá influência direta sobre os
problemas clínicos, porém permite obter índices que facilitam a interpretação dos
dados e, consequentemente, uma possível ação. A escala mais adequada é
determinada em função do contínuo a ser julgado. Contudo, deve-se levar em
consideração, também, se os sujeitos são capazes de realizar julgamentos
proporcionais, para que as escalas de razão sejam empregadas. Para facilitar a
comparação entre sujeitos ou grupos, deve-se pensar na utilização de estímulo
padrão e módulo ou, ainda, em escalas com limites.
Mantelatto e Da Silva (2000) considerando as queixas de pessoas com
dificuldade de compreensão de fala em ambiente ruidoso, elaboraram um estudo
para investigar a inteligibilidade de fala por sujeitos com audição normal. A partir do
uso de sentenças do dia-a-dia na presença de dois tipos de ruídos competitivos,
representativos da situação de vida diária, utilizaram um instrumental psicofísico
68
para mensurá-la. Esse estudo teve como objetivo verificar a interferência de dois
diferentes ruídos para a inteligibilidade de sentenças, utilizando julgamentos
subjetivos a partir de três escalas psicofísicas, bem como analisar se estas escalas
seriam apropriadas para realizar tal avaliação. Participaram deste estudo 30 sujeitos
com audição normal, com segundo grau completo e idades entre 18 e 43 anos. Os
mesmos foram divididos em três grupos, sendo cada um deles orientado a realizar
uma tarefa psicofísica diferente. Uma tarefa foi a estimação de categoria (os sujeitos
deveriam atribuir escore a cada estimulo ouvido, de acordo com a sua
inteligibilidade, sendo o número 1 correspondente àquele de menor inteligibilidade
de fala, e o número 9 o de maior inteligibilidade); outra foi a estimação de magnitude
(os sujeitos eram instruídos a ouvir a primeira amostra de fala, a qual atribuía um
valor (50) e definido como estímulo padrão e ao ouvir as amostras subsequentes,
eram instruídos à estimar números proporcionais ao valor da primeira amostra); além
do emparelhamento intermodal com comprimento de linha (os sujeitos ajustaram a
sua opinião de inteligibilidade de fala a um comprimento de linha, receberam um
comprimento padrão (30cm), em relação ao primeiro estímulo ouvido que deveria
servir-lhe como referencial).
Foram realizados dois experimentos, sendo apresentada uma lista com 12
sentenças, numa relação sinal/ruído 0dB e nível de apresentação de 40dBNS acima
dos limiares tonais médios. No experimento I era apresentada, junto das sentenças,
um ruído branco ipsilateralmente e no experimento II um ruído cocktail
ipsilateralmente. Notou-se pouca variabilidade nos julgamentos das frases no
experimento I, e ao longo das três escalas, os coeficientes de correlação, produto-
momento de Pearson entre as tarefas foi elevado, no experimento II houve maior
variabilidade no julgamento das frases, comparado com o experimento I e os
escores encontrados foram mais baixos. Os autores destacam que as escalas
podem ser úteis para investigar a inteligibilidade de fala, se mostrando práticas e
fáceis para realizar tal procedimento. Os métodos psicofísicos tais como estimação
de magnitude e emparelhamento intermodal são muito mais ceis de serem
aplicados do que as tarefas psicoacústicas, frequentemente utilizadas em clínicas.
Os autores concluíram que o ruído cocktail tem um efeito mais perturbador para a
69
inteligibilidade de sentenças que o ruído branco, sendo as escalas psicofísicas
válidas e confiáveis para realizar tal avaliação.
Sousa e Da Silva (2001) determinaram o efeito da amplitude de categorias
disponíveis ao sujeito sobre a sua função, relacionando as estimativas de categorias
e as estimativas de magnitudes para o contínuo não métrico de prestígio
profissional. Para isso, este contínuo foi escalonado usando dois métodos
psicofísicos: o método de estimação de magnitudes e o método de estimação de
categorias expandidas. Eles ainda verificaram se as ordenações dos graus de
prestígios profissionais resultantes dos dois métodos psicofísicos são similares entre
si, e verificaram se a variabilidade das estimativas de categorias expandidas
aumenta linearmente em função do aumento das estimativas de categorias, tal como
ocorre com as estimativas de magnitudes. Participaram 45 estudantes universitários
dos diferentes cursos de graduação e pós-graduação do Campus da USP de
Ribeirão Preto, com idades variando entre 18 e 41 anos. Na tarefa de estimação de
magnitudes participaram 23 (18 femininos e 5 masculinos) e na de estimação de
categorias expandidas participaram 22 (16 femininos e 6 masculinos) sujeitos. Todos
não conheciam ainda os propósitos do experimento. Foram elaborados 2 blocos de
papel, contendo na primeira página instruções específicas para cada tipo de método
psicofísico, e nas páginas seguintes de 13 profissões (químico, sociólogo, dentista,
engenheiro, farmacêutico, biólogo, enfermeiro, médico, físico, assistente social,
fisioterapeuta, psicólogo e fonoaudiólogo). Os métodos escalares utilizados foram
estimação de magnitudes e estimação de categorias expandidas. No primeiro
método, a tarefa do sujeito consistiu em assinalar um número a cada profissão que
fosse proporcional à quantidade de prestígio social atribuída às mesmas. Módulo ou
estímulo padrão não foram previamente designadas, sendo que cada sujeito
estabeleceu apenas 13 estimativas, uma para cada profissão. No segundo método,
a tarefa dos sujeitos foi assinalar uma categoria que variava de 1 a 40. Assim, se o
sujeito julgasse que uma profissão tem o maior prestígio entre as demais, ele
deveria assinalar a ela a categoria máxima de 40, se o sujeito julgasse que uma
outra profissão tem o menor prestígio, ele deveria assinalar a ela a categoria de
mínima de 1. O sujeito deveria atribuir as outras categorias intermediárias, ou seja,
as categorias de 2 a 39 para indicar graus intermediários de prestígio que as outras
70
profissões possuem em nossa sociedade. Previamente não foram indicadas aos
sujeitos as profissões de prestígios máximo e mínimo. As treze profissões foram
apresentadas uma a uma, em páginas separadas, portanto cada sujeito estabeleceu
13 estimativas, sendo uma para cada profissão. A ordem de distribuição dessas 13
profissões em cada página foi totalmente aleatória e variou de sujeito para sujeito.
As instruções dadas para os sujeitos, independentes do método escalar utilizado,
requeriam que os julgamentos fossem realizados em termos do prestígio atribuído a
uma dada profissão pela maioria da população. Os sujeitos que participaram em
uma tarefa não foram os mesmos que participaram da outra tarefa. O experimento
foi realizado num laboratório e os sujeitos fizeram os julgamentos individualmente.
Os autores concluíram que a profissão de Enfermeiro e de Fonoaudiólogo ocupa a
sétima ou a oitava posição em termos do prestígio das 13 profissões, enquanto a de
médico ocupa a primeira posição nas escalas obtidas pelos métodos utilizados, as
ordenações resultantes dos métodos produzem posições de prestígio altamente
concordantes para as diferentes profissões e a relação entre as estimativas de
magnitudes e as estimativas de categorias expandidas é uma função de potência
com um expoente não significativamente diferente de 1,0.
Cintas et al. (2003) examinaram a confiabilidade inter e intra-examinadores
e a validade concorrente do protocolo de avaliação breve da função motora (Brief
Assessment of Motor Function-BAMF), que é uma serie de 10 pontos numa escala
ordinal, desenvolvido para uma rápida descrição do comportamento motor fino,
motor grosso e da performance motora orofacial. Para a validação o estudo incluiu
48 crianças e adolescentes (com idades de 5 meses a 17 anos) com ampla
variedade de capacidade motora. Para o estudo da validade participaram 10
crianças com diferentes diagnósticos e para o estudo da validade concorrente,
participaram 38 crianças com osteogênese imperfeita que foram avaliadas com o
BAMF, análises laboratoriais da marcha, testes manuais da musculatura e com o
Peabody Developmental Motor Scales. Cintas et al. (2003) consideram que a
medida da performance motora pode ser feita rapidamente, usando a capacidade de
observação do examinador, aplicada em diferentes ambientes e independente da
idade e da origem do paciente. Os resultados mostraram na validade valores de
correlação inter-examinador de 0,996 e de 1,00 entre - examinadores, houve
71
correlação significante entre o BAMF com todos os outros testes utilizados. Os
autores concluíram que o BAMF demonstrou boa confiabilidade para ser usados em
crianças com diferentes diagnósticos e teve validade concorrente aceitável com o
desenvolvimento motor grosso, resistência muscular e avaliação da marcha formal
em crianças com osteogênese imperfeita.
Felício et al. (2003) verificaram a possibilidade de quantificar a frequência e
a severidade de um conjunto de sinais/sintomas de desordem temporomandibular
(DTM) e o grau de dificuldade para mastigar usando um questionário e escala
numérica. Participaram 50 pacientes com diagnóstico de DTM, com média de idade
de 32 anos. Os pacientes responderam um questionário com questões sobre sinais
e sintomas de DTM, localização da dor, sensação de dificuldades para movimentar a
mandíbula e julgamento da severidade dos sinais e sintomas, isso em quatro
situações: ao acordar, ao mastigar, ao falar e no repouso, numa escala numérica de
11 pontos (de 0 a 10), sendo o 0 atribuído para ausência de sinais e sintomas e 10
para a maior severidade de sinais e sintomas. Eles também avaliaram a dificuldade
de mastigar, pensando em alguns alimentos, usando uma escala de 1 a 10 pontos
para cada alimento, sendo 1 atribuído para pequena dificuldade e 10 para grande
dificuldade. Depois de usar a placa oclusal modelo Michigan por 45 dias eram
repetidos esses procedimentos. Este estudo mostrou que os pacientes com DTM
antes do tratamento queixavam-se de uma alta e significante frequência de três ou
mais sinais e sintomas. Os pacientes foram capazes de fazer julgamentos sobre a
severidade de seus sinais e sintomas e das suas dificuldades de mastigação, com o
uso das escalas numéricas, e para indicar a presença ou ausência destes.
Baseados nas respostas dos pacientes, a frequência de sinais e sintomas de DTM
neste estudo foi altamente significante. Depois do tratamento, a frequência de sinais
e sintomas diminuiu de maneira estatisticamente significante, bem como a
severidade percebida destes e os graus de dificuldade de mastigar. A partir dos
resultados deste estudo e do levantamento da literatura, Felício et al. (2003),
consideraram que as escalas numéricas podem ser incluídas para avaliar a
percepção dos pacientes sobre uma série de sinais e sintomas da DTM, sua
severidade e dificuldade para mastigar, da dor, e para a avaliação das variações
antes e após o tratamento. Outra conclusão que eles tiraram, foi sobre os efeitos
72
satisfatórios da placa oclusal, todavia o fato de que nem todos os casos de DTM são
resolvidos, ou parcialmente resolvidos, de acordo com a percepção dos pacientes,
poderia ser indicado outros procedimentos terapêuticos.
_______________________Metodologia
73
METODOLOGIA
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FORP-USP,
Processo nº. 2008.1.311.58.7.
Ampliação das escalas do protocolo AMIOFE e análise da validade de
conteúdo
Para a ampliação das escalas e itens do protocolo AMIOFE (ANEXO I)
foram realizados os seguintes passos:
Delimitação do objeto de interesse, definido como “Estruturas e Funções
Orofaciais”;
Mapeamento dos diversos aspectos do objeto de interesse;
Análise da representatividade do conjunto de itens escolhidos, por meio
de consulta à literatura pesquisada a partir das bases de dados Scielo e
Pubmed, com consulta posterior dos artigos selecionados, bem como
consulta diretamente a periódicos de anos precedentes à existência ou
inclusão nas referidas bases de dados;
Análise exploratória de amostras registradas em vídeo, as quais não
foram selecionadas para a etapa de validação;
Construção do protocolo de avaliação miofuncional orofacial com escalas
e itens ampliados, denominado ampliado (AMIOFE-A) (APÊNDICE I).
74
Etapa pré-validação de critério
Antecedendo a etapa de validação de critério do Protocolo AMIOFE
ampliado (AMIOFE-A), foi investigada a concordância de aplicação e de
interpretação entre as examinadoras (confiabilidade entre examinadores) para o
protocolo AMIOFE original. Além disso, o grau de reprodutibilidade do instrumento
para um mesmo examinador (confiabilidade intra examinador) foi determinado para
verificar a calibração das três examinadoras para a avaliação miofuncional orofacial.
As imagens dos sujeitos estavam arquivadas num banco de dados com
imagens de avaliações de 200 crianças, sendo que as imagens usadas nesta etapa
de pré-validação não foram as mesmas utilizadas na etapa de validação do
protocolo AMIOFE-A. A primeira examinadora (E1) avaliou as imagens registradas
em vídeo das 50 crianças (registros de 1 a 50); as outras duas examinadores
avaliaram as mesmas imagens, porém estas foram divididas entre elas, sendo que a
examinadora 2 (E2) avaliou imagens dos primeiros 25 sujeitos (registros de número
1 ao 25) e a examinadora 3 (E3) os registros dos 25 sujeitos restantes (do número
26 ao 50) com o protocolo AMIOFE.
Todas as avaliações foram realizadas de forma que as examinadoras não
pudessem trocar informações entre si durante as avaliações, para isso, as
avaliações de cada examinadora foram realizadas em dias diferentes.
As imagens foram exibidas por aparelho leitor de DVD (DVD Player
Philips/DVP 4000). Os dados coletados foram transcritos para protocolos impressos
e digitados para análise. Cada avaliação durou em média 10 minutos, as avaliações
de cada examinadora foram realizadas num período de uma semana. Visando evitar
efeitos de memória nos resultados, as examinadoras reavaliaram as imagens após
um período de 15 dias. Posteriormente, foram testadas as confiabilidades entre
examinadores diferentes (entre E1 e E2 e entre E1 e E3) e intra examinadores (E1,
E2 e E3). Somente depois de confirmada a confiabilidade intra e entre examinadores
para o uso do protocolo AMIOFE é que as demais fases do projeto foram
executadas.
Para a análise do AMIOFE os seguintes critérios foram adotados (Felício,
2009):
75
- Aspecto e postura de lábios, mandíbula, bochechas, simetria facial, posição
da língua e aparência do palato duro: uma escala de 3 pontos foi usada, sendo o
escore 3 adotado para a normalidade, 2 para alteração leve e 1 para alteração
severa. Para os lábios considerou-se escore 2 quando estivessem no repouso
selados com tensão ou entreabertos, 1 se estivessem totalmente abertos; para a
mandíbula o escore 2 foi atribuído se os dentes estivessem em oclusão ou se a
mandíbula estivesse levemente abaixada, porém com um espaço entre os dentes
mandibulares e maxilares maior que o espaço funcional livre (maior que 4
milimetros), e o escore 1 se a mandíbula estivesse totalmente abaixada; para as
bochechas, o escore 2 foi atribuído se encontrada assimetria leve entre as
bochechas, ou o escore 1 se a assimetria fosse severa ou se estas se
apresentassem flácidas e/ou arqueadas; para a simetria facial o escore 2 foi
atribuído para assimetria leve e, o escore 1 para assimetria facial severa; a posição
da ngua alterada no repouso recebeu o escore 2 se estivesse interposta aos arcos
dentários por adaptação ou disfunção, ou o escore 1 se estivesse interposta em
excesso, ou seja, ultrapassando as faces incisais dos dentes incisivos e/ou as
cúspides vestibulares dos dentes posteriores; o palato duro alterado poderia
receber o escore 2 se apresentasse largura diminuída em grau leve, ou escore 1 se
a largura estivesse diminuída em grau severo.
- Mobilidade de lábios, língua, mandíbula e bochechas: atribuiu-se os
escores numa escala de 3 pontos: 3 = normalidade, 2 = habilidade insuficiente e 1 =
ausência de habilidade ou não realização da tarefa. Foram considerados normais:
movimentos isolados de cada componente, precisos e sem tremor. No caso dos
lábios foi atribuído o escore 2 quando houvesse habilidade insuficiente ou tremor, o
escore 1 foi atribuído se houvesse falta de habilidade ou quando o movimento não
fosse realizado; para a língua o escore 2 foi atribuído se houvesse habilidade
insuficiente ou tremor, o escore 1 foi atribuído se houvesse falta de habilidade ou
quando o movimento não fosse realizado; para a mandíbula, o escore 2 foi atribuído
se houvesse habilidade insuficiente ou desvios, o escore 1 foi atribuído se não
houvesse habilidade ou não houvesse a realização do movimento.
- Respiração: uma escala de 3 pontos foi administrada, sendo o escore 3
atribuído para respiração nasal, ou seja, se os lábios permaneciam em oclusão sem
esforço principalmente durante as situações de repouso mantendo o espaço
funcional livre e durante a mastigação. Ainda, se no repouso a mandíbula estivesse
76
abaixada, mas o sujeito mantivesse a língua interposta entre as arcadas dentárias
de modo que bloqueasse totalmente a passagem de ar pela boca; o escore 2 foi
atribuído se durante a respiração o sujeito apresentasse a inspiração do ar
simultaneamente pelas cavidades oral e nasal, mesmo se ele conseguisse fazer a
inspiração apenas nasal, sem demonstrar sinais de cansaço e falta de ar; o escore 1
se ao tentar a inspiração apenas nasal o sujeito, em poucos minutos, demonstrasse
a cansaço, falta de ar e abrisse a boca para respirar, observado tanto em repouso
como na prova de mastigação. A função de respiração pôde ser avaliada durante
toda a sessão de avaliação registrada emdeo, apenas a partir da postura e
aparência dos órgãos do sistema estomatognático, não sendo possível qualquer
outra análise.
Na prova de deglutição foi solicitado ao sujeito que levasse à boca o copo
d’água e depois de dar um gole, abaixasse o copo, para que a toda a face pudesse
ser visualizada, e engolisse de modo habitual. Foram realizadas pelo menos duas
repetições. Posteriormente, foi explicado ao sujeito que ele deveria proceder como
na prova anterior, mas que o examinador colocaria o dedo indicador sob seu queixo
e o polegar abaixo do seu lábio inferior (região do músculo mentual) e que seus
lábios seriam afastados imediatamente após a deglutição. Assim, o examinador
separaria os lábios para permitir a visualização dos dentes ou a dos dentes e da
língua em caso de interposição da língua.
- Deglutição: para os lábios uma escala de quatro pontos foi adotada,
atribuindo-se escore 4 quando os lábios vedassem a cavidade oral, mas
apresentassem contração além do normal; foi atribuído o escore 3 para contração
leve e o escore 2 para contração severa, o escore 1 foi atribuído quando os lábios
não vedassem a cavidade oral. Para a língua, foi considerado padrão normal e
atribuído o escore 4, quando o sujeito apresentasse a língua contida na cavidade
oral e o vedamento anterior da cavidade oral sem esforço, se ocorresse alguma
alteração da deglutição, adaptação ou atipia, foi registrado em quais músculos e/ou
ações; assim, o escore 2 foi atribuído se a houvesse interposição leve da língua
entre os arcos dentários por adaptação ou disfunção; e o escore 1 foi atribuído se a
língua apresentasse interposição aos arcos dentários em excesso, ou seja, se
estivesse ultrapassando a face incisal dos dentes incisivos e/ou as cúspides
vestibulares dos dentes posteriores. Para outros sinais de alteração como
movimentação da cabeça, tensão dos músculos faciais e escape do alimento,
77
quando presentes, foi atribuído, individualmente, o escore 1, ou se ausentes o
escore 2. Além disso, a eficiência da deglutição, considerada neste caso como a
capacidade de impelir o bolo da cavidade oral para a orofaringe, foi avaliada tanto
para a deglutição do bolo sólido quanto para o bolo líquido, sendo que para cada
uma dessas consistências foi atribuído o escore 3 caso não houvesse mais de uma
repetição da deglutição do mesmo bolo, o escore 2 caso houvesse mais de uma
deglutição ou o escore 1 para o caso de deglutições múltiplas.
- Mastigação: uma escala de três pontos foi atribuída à trituração: o escore 4
se esta fosse bilateral alternada; 3 se fosse bilateral simultânea; 2 se houvesse
preferência mastigatória unilateral, 66% de um mesmo lado; 1 se fosse unilateral
crônica, 95% do tempo de um mesmo lado da cavidade oral ou ainda, se fosse
anterior ou houvesse ausência da função. O tempo para o consumo de cada porção
foi mensurado da seguinte maneira: o cronômetro foi acionado após o alimento ser
mordido ou colocado na cavidade oral e assim que os lábios fossem ocluídos, ou
caso não houvesse oclusão labial, assim que a trituração fosse iniciada, sendo este
paralisado quando ocorreu a deglutição final daquela porção, o que evitou incluir o
tempo gasto para levar o alimento até a boca e outras variáveis. O tempo total para
o consumo do alimento foi calculado pela somatória dos tempos despendidos para a
ingestão de cada porção. Essa medida inclui o tempo de trituração e de deglutição.
O tempo que o bolo permaneceu do lado direito da cavidade oral, quando isto
ocorreu, foi mensurada acionando o cronômetro no início da trituração e paralisado
cada vez o alimento foi transferido para o lado esquerdo, sendo acionado quando
novamente o alimento encontrava-se do lado direito e assim sucessivamente. O
mesmo procedimento foi utilizado para mensurar o tempo de trituração do lado
esquerdo. Quando a trituração ocorreu de ambos os lados simultaneamente, o
cronômetro foi acionado e interrompido se o alimento fosse levado para um dos
lados e mais uma vez acionado, se o alimento voltasse a ser triturado no padrão
bilateral simultâneo. A análise para cada um dos lados, e a trituração bilateral foi
realizada separadamente, ou seja, primeiramente foi cronometrada a mastigação à
direita, depois à esquerda e, por fim, a bilateral simultânea. O cálculo das
porcentagens foi realizado com base na somatória dos tempos parciais em relação
ao tempo total. Além disso, a função da mastigação foi avaliada quanto à presença
de outros comportamentos e sinais de alteração como movimentação da cabeça ou
78
outras do corpo, postura alterada e escape de alimento, para a presença de cada
um desses itens foi atribuído o escore 1 ou na ausência o escore 2.
Análise da validade de critério do protocolo AMIOFE com escalas ampliadas
Seleção das amostras
Foram selecionados imagens de 50 crianças de um total de 200 de um
banco de amostra. A idade das crianças variou entre 6 a 12 anos (com dia de 7
anos e 9 meses e desvio padrão de 1 ano e 7 meses), as informações de gênero
assim como seus respectivos valores médios, mínimos, máximos e desvios padrão
encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1 Sexo, média etária, idade máxima, idade mínima e desvio padrão da
amostra avaliada para análise da validade de critério do protocolo AMIOFE-A
Idade em anos
Sexo
Média
Mínima
Máxima
Desvio Padrão
Masculino (n=25)
8,4
6
12
1,8
Feminino (n=25)
8,2
6
11
1,7
N = 50
Os registros foram previamente realizados, empregando uma filmadora
(Sony Handycam deo Hi8/ccd-TRV 138) e armazenadas em DVDs (Dvd-r gravável
4.7 gb 8x Sony). À época dos registros foram excluídos indivíduos com perda
auditiva (independente do tipo e grau), retardo mental, distúrbios motores, distúrbios
emocionais significativos, sintomatologia neurológica, considerando os dados do
prontuário médico e informações da família obtidas por meio de entrevista.
Na seleção para o presente estudo foram incluídos os vídeos de indivíduos
que apresentaram ou não distúrbio miofuncional orofacial, tendo em vista que para a
construção da escala eram necessários indivíduos com vários graus de alteração
79
miofuncional orofacial (DMO) e também aqueles apresentando padrões de
normalidade.
Todas as imagens registradas eram nítidas, permitindo a boa visualização
das amostras.
Empregando o número de registro, a amostra foi selecionada aleatoriamente
com o auxílio do GraphPad Software, Inc. (www.graphpad.com/quickcalcs) (StatSoft
Inc., Tulsa, Oklahoma, USA ).
Procedimento de registro das amostras
Durante a sessão de avaliação e registro, os indivíduos permaneceram
sentados em uma cadeira com encosto, com os pés apoiados no chão e foram
adotadas regras de padronização de distância entre o indivíduo e a lente da câmera
e altura do tripé.
Além do registro da imagem estática (10 segundos) para avaliação de
aparência e postura dos componentes do sistema estomatognático, as provas
realizadas foram de mobilidade de lábios, língua, mandíbula e bochechas, bem
como a ingestão de bolo líquido e sólido para avaliação da deglutição e somente o
bolo sólido para a mastigação. Os alimentos empregados foram água filtrada em
temperatura ambiente e biscoito Bono® sabor chocolate (Nestlé, São Paulo, SP,
Brasil). O tempo total, gasto para a avaliação de cada sujeito, foi de 15 minutos, em
média.
Na prova de mobilidade foram solicitados os seguintes movimentos:
- Lábios: protrusão, estiramento, lateroprotrusão à direita e à esquerda;
- Língua: protrusão, lateralização à direita, lateralização à esquerda,
elevação, abaixamento e habilidade para manter a língua estável em protrusão por 5
segundos;
- Mandíbula: protrusão, abaixamento, elevação, lateralização à direita e
à esquerda.
Durante o registro das imagens, realizadas previamente a este trabalho, na
prova de deglutição, foi solicitado ao sujeito que levasse à boca o copo d’água e
depois de dar um gole, abaixasse o copo, para que a toda a face pudesse ser
80
visualizada, e engolisse de modo habitual. Foram realizadas pelo menos duas
repetições. Posteriormente, foi explicado ao sujeito que ele deveria proceder como
na prova anterior, mas que o examinador colocaria o dedo indicador sob seu queixo
e o polegar abaixo do seu lábio inferior (região do músculo mentual) e que seus
lábios seriam afastados imediatamente após a deglutição. Assim, o examinador
separaria os lábios para permitir a visualização dos dentes ou a dos dentes e da
língua em caso de interposição da língua. Deste modo, foi possível neste estudo,
que utilizou somente as imagens dos sujeitos, a visualização dos lábios, língua,
região da mandíbula e mento durante a deglutição.
- Na mastigação, o sujeito foi orientado a mastigar o alimento de modo
habitual, sendo o tempo total para o consumo do alimento calculado utilizando um
cronômetro digital (Cronômetro Digital HS-60W-1DF/Casio) acionado sempre após
a colocação do alimento na cavidade oral e a oclusão labial, e paralisado quando
ocorria a deglutição final de cada porção.
Para testar o comportamento do protocolo proposto (AMIOFE-A) e se
realmente ele media aquilo para o qual foi proposto, foi realizada a validade
concorrente, ou seja, a comparação do AMIOFE-A com o protocolo já validado
AMIOFE.
Na avaliação com o protocolo AMIOFE-A os passos para a avaliação foram
os mesmos usados para o protocolo AMIOFE original, porém os critérios de
avaliação e a graduação dos escores foram:
- Para a avaliação da aparência e condição postural/posição atribuiu-se
escores numa escala de 4 pontos: 4= normal, 3= alteração leve, 2= alteração
moderada e 1= alteração severa. Os itens avaliados foram face (simetria entre os
lados direito e esquerdo, proporção entre os terços da face e sulco nasolabial),
bochechas (volume, tensão/configuração), relação mandíbula/maxila (presença do
espaço funcional livre (EFL), de desvio da linha média, de trespasse horizontal e
vertical), lábios (função labial no repouso normal, volume e configuração dos lábios,
comissuras labiais), sculo mentual (postura no repouso), língua (posição no
repouso e volume), palato duro (largura e altura). No presente estudo, o palato duro
não foi analisado devido à impossibilidade de fazê-lo por meio das imagens
registradas em vídeo.
81
- Para a avaliação da mobilidade das estruturas orofaciais atribuiu-se
escores numa escala de 6 pontos, sendo 6= habilidade normal, 5= habilidade
insuficiente, 4= habilidade insuficiente com movimentos associados, 3= habilidade
insuficiente com tremor/desvio, 2= habilidade insuficiente com movimentos
associados e tremor/desvio e 1= ausência de habilidade (não realiza). Foi avaliada
mobilidade de lábios, língua, mandíbula e bochechas.
- A função de respiração foi classificada quanto ao seu modo (em nasal ou
oronasal) durante o período da avaliação, observando se os lábios permaneciam em
oclusão sem esforço, principalmente durante as situações de repouso, e durante a
mastigação, se a mandíbula mantinha o espaço funcional livre e a língua estivesse
contida na cavidade oral, neste caso o escore 4 foi atribuído, considerando assim
um padrão de normalidade. Vale lembrar que, embora com postura inadequada das
estruturas, quando a criança permanecia com os lábios separados, a mandíbula
abaixada e língua interposta, sem que houvesse espaço para a passagem do ar pela
cavidade não foi considerado como respiração oronasal. Mas, se o abaixamento da
mandíbula permitisse a passagem do ar, apesar da língua interposta, a condição foi
considerada como respiração oronasal, caso fosse observada respiração oronasal
leve o escore 3 foi atribuído, se fosse observada respiração oronasal moderada o
escore 2 foi atribuído e ainda se fosse observada respiração oronasal severa o
escore 1 foi atribuído. Não foi possível qualquer outra análise a partir das imagens
de vídeo.
- Na função de deglutição, analisou-se o comportamento normal dos lábios,
da língua, eficiência da deglutição e presença de outros sinais de alteração. O
comportamento normal dos lábios, isto é ocluídos e sem tensão aparentes, recebeu
escore 6; quando os lábios quando os lábios apresentassem contração além do
normal ou interposição labial, poderia ser atribuído escore 4 se a contração fosse
leve, 3 se fosse moderada ou 2 se fosse severa, ou ainda 1, se os lábios não
vedassem a cavidade oral, ou seja, não cumprissem a função. O comportamento da
língua foi considerado normal quando esta estrutura estava contida na cavidade oral,
sendo atribuído o escore 4. Quando se encontrava interposta aos dentes no limite
das faces incisais (ou rebordos), com dimensão vertical de oclusão (DVO) reduzida,
nos casos de sobremordida, foi atribuído o escore 3; se com DVO normal e nos
limites das faces incisais, atribuído escore 2; se estivesse ultrapassando as faces
incisais e /ou cúspides vestibulares, atribuído escore 1. No caso de indivíduos que
82
apresentaram trespasse vertical negativo (mordida aberta) ou trespasse horizontal.
Assim, se posicionada no limite das faces incisais foi atribuído escore 3; se
ultrapassasse as faces incisais e /ou cúspides vestibulares, atribuído escore 2; ou se
ultrapassasse muito as faces incisais, atribuído escore 1. Quando outros
comportamentos e sinais de alteração, tais como movimentação da cabeça ou
outras partes do corpo, deslize da mandíbula, tensão da musculatura facial, escape
de alimento, engasgo e ruído, foram observados, cada um recebeu escore 1 se
presente; escore 2 foi atribuído à ausência. A eficiência da deglutição, considerada
neste caso como a capacidade de impelir o bolo da cavidade oral para a orofaringe,
foi avaliada tanto para a deglutição do bolo sólido quanto para o bolo líquido, sendo
que para cada uma dessas consistências foi atribuído o escore 3 caso não houvesse
mais de uma repetição da deglutição do mesmo bolo, o escore 2 caso houvesse
mais de uma deglutição ou o escore 1 para o caso de deglutições múltiplas.
- Na função de mastigação, a ingestão do alimento sólido foi analisada a
partir da mordida do alimento, da seguinte maneira: mordida com os dentes
incisivos, escore 4; mordida com os dentes caninos e pré molares, escore 3; mordida
com os dentes molares, escore 2; quando o sujeito não mordia o alimento, partindo-
o com as mãos antes de levar a boca, era dado o escore 1. A mastigação
(trituração) foi avaliada quanto ao tipo em: bilateral alternada e o escore atribuído foi
10, quando os golpes mastigatórios ocorreram 50% das vezes de cada lado, ou
ainda, 40% das vezes de um lado e 60% do outro lado; bilateral simultânea, quando
os golpes mastigatórios ocorriam 95% das vezes, ao mesmo tempo, de ambos os
lados da cavidade oral. O escore atribuído foi 8 preferência unilateral grau 1, quando
os golpes mastigatórios ocorreram de 61% a 77% das vezes de um mesmo lado. O
escore foi 6; preferencial unilateral grau 2, quando os golpes mastigatórios
ocorreram de 78% a 94% das vezes de um mesmo lado. O escore foi 4; crônica
unilateral, quando os golpes mastigatórios ocorreram de 95% a 100% de um mesmo
lado. O escore foi 2; anterior, quando os golpes mastigatórios ocorreram na região
de dentes incisivos e caninos ; quando o paciente não realizava a função o escore
atribuído foi 1. Além disso, na mastigação foi analisada a presença de outros
comportamentos e sinais de alteração como movimentação da cabeça ou outras
partes do corpo, postura alterada da cabeça ou outras partes do corpo, escape de
alimento e movimentos incoordenados de mandíbula; para a presença de cada um
desses itens foi atribuído o escore 1 e para a ausência o escore 2.
83
Para a análise, como no protocolo AMIOFE-A um número de itens
superior ao do protocolo AMIOFE, alguns itens precisaram ser agrupados,
estabelecendo-se assim categorias, que por sua vez puderam ser comparadas ao
seu item correspondente no protocolo AMIOFE. Este tipo de alternativa depende de
procedimentos estatísticos que estabilize os escores trazendo um melhor
aproveitamento das informações disponíveis nos dados do teste (Kahraman e
Kamata, 2004).
Cada um dos itens foi composto como explicado a seguir:
- Postura/aparência de face: foram somados os subitens simetria, proporção
entre os terços da face e sulco nasolabial.
- Postura/aparência de bochechas: foram somados os subitens volume e
tensão/configuração.
- Postura/aparência da relação entre maxila-mandíbula: foram somados os
subitens relação vertical, relação antero-posterior e relação com a linha média.
- Postura/aparência de lábios: foram somados os subitens função labial no
repouso, volume e configuração, comissuras labiais e contração do músculo
mentual.
- Posição/aparência de língua: foram somados os subitem posição -
aparência e volume.
- Função de mastigação: foram somados os subitens mordida, tipo da
mastigação e outros sinais de alteração.
As examinadoras não poderiam trocar informações entre si durante a
avaliação das imagens, para isso, cada examinadora procedeu suas avaliações em
dias diferentes umas das outras. Foram realizadas as avaliações de 50 sujeitos pelo
E1, de 25 sujeitos pela E2 (registros de 1 a 25) e dos 25 sujeitos restantes pela E3
(resgitros de 26 a 50), essa fase foi considerada fase Teste, todas as examinadoras
utilizando os protocolos AMIOFE e AMIOFE-A independentemente. Devido ao
número de sujeitos avaliados, as avaliações de cada examinadora duraram em
média uma semana. As imagens foram exibidas por aparelho leitor de DVD (DVD
Player Philips/DVP 4000), os dados colhidos foram transcritos para protocolos
impressos e posteriormente digitados para análise da amostra.
84
Complementação da Validade de Critério
Foi realizada a testagem da confiabilidade e da concordância de aplicação
e/ou de interpretação do AMIOFE-A, intra e entre examinadores, para isso, foram
considerados os dados utilizados para a validação do protocolo (Teste). O mesmo
examinador procedeu novas análises das imagens dos mesmos sujeitos (Reteste),
procurando estabelecer o grau com que o instrumento teve em reproduzir os
resultados obtidos anteriormente. Como previamente mencionado, a E1 realizou a
fase Teste e a Reteste com 50 sujeitos e cada uma das outras duas examinadoras
(E2 e E3) realizaram a avaliação de 25 sujeitos da amostra, sendo que a E2
reavaliou os sujeitos de 1 a 25, os mesmos avaliados por ela na fase Teste e, a E3
reavaliou os sujeitos de 26 a 50, os mesmos avaliados por ela anteriormente na fase
Reteste.
O prazo estabelecido para a segunda avaliação (Reteste) foi de no mínimo
15 dias após a primeira avaliação (Teste), visando evitar efeitos de memória nos
resultados. As examinadoras não tinham acesso aos dados colhidos previamente,
estas ainda, não poderiam trocar informações entre si durante a avaliação das
imagens exibidas por aparelho leitor de DVD (DVD Player Philips/DVP 4000). Na
fase Reteste o período de avaliações durou em média uma semana. Todos os dados
colhidos foram transcritos para protocolos impressos e posteriormente digitados para
análise da amostra.
Análise dos Dados
As análises de correlação entre os protocolos AMIOFE e AMIOFE-A, entre
examinadores e intra examinador foram realizadas pelo testes estatístico de
correlação de Spearman e de confiabilidade pelo teste estatístico Split-half reliability,
utilizando o Programa Statistics (StatSoft Inc., Tulsa, Oklahoma, USA), sendo
considerados significantes os valores de p<0,05.
Para analisar as concordâncias entre e intra examinadores para o uso de
cada protocolo utilizou-se o coeficiente Kappa ponderado linear (Weight Kappa
85
Kw’), a partir do programa MedCalc (MedCalc Software, Mariakerke, Belgium,
Version 11.0.1). Os valores de Kw’ foram interpretados de acordo com Altman
(1991), como descrito na Tabela 1 e explicado na sequência.
Tabela 2: Classificação da Força de Concordância (Altman, 1991) para o Coeficiente
Kappa Ponderado (Kw’)
Valores de Kw
Força de concordância
<0,20
Pobre
0,21-0,40
Razoável
0,41-0,60
Moderada
0,61-0,80
Boa
0,81-1,00
Muito Boa
A concordância dada pelo coeficiente (Kw’) obedece a seguinte regra:
- Kw = 1: existe perfeita concordância entre os sistemas de
classificação;
- Kw’ = 0: o existe concordância melhor do que o evento ocorrer ao
acaso;
- Kw = negativo: concordância é pior do que o evento ocorrer ao
acaso.
Ainda, para o Kappa ponderado (Kw’), dois erros padrão são dados: erro
padrão (Kw' = 0) é o erro padrão apropriado para testar a hipótese de que o valor
subjacente do Kappa Ponderado seja zero. Erro padrão (Kw' 0) é adequado para
testar a hipótese de que o valor subjacente do Kappa Ponderado seja igual a um
valor pré-especificado diferente de zero (Fleiss, 1981).
O coeficiente Kw’ não pôde ser calculado para os itens eficiência da
deglutição e comportamentos associados na mastigação, devido à pouca variação
dos escores atribuídos.
Foram calculados também a sensibilidade (S), a especificidade (E), os
valores preditivos (VP+ e VP-) e a prevalência de DMO na população de estudo (P).
Foram utilizados os dados obtidos pelo E1 (N=50) com o protocolo AMIOFE e
calculado o percentil de 75%. A partir disso, foram calculados para o AMIOFE-A os
valores S, E, VP+, VP- e P.
Considera-se que a validade de um teste, para o diagnóstico correto de um
evento clínico, também pode ser avaliada por meio do calculo da S, da E e, da sua
86
capacidade preditiva (VP) e, que a validade do instrumento depende também da
prevalência da doença (P) na população na qual o mesmo está sendo utilizado
(Goulart; Chiare, 2007). Para tanto, a amostra de estudo foi composta por sujeitos
com DMO, mas não necessariamente em todos os itens, assim como sujeitos livres
de DMO e, para fins de cálculo destes valores, foi estabelecido o percentil de 75%.
Ou seja, os 25% dos sujeitos que obtivessem escores menores que o restante da
população foram caracterizados no estudo como apresentando alteração no item
avaliado. Assim, com os dados obtidos pelas avaliações do E1 (N=50), digitados em
planilhas do software Microsoft Office Excel 2007, foram calculados os valores de S,
E, VP positivo e VP negativo, e a P de DMO na população estudada.
A sensibilidade foi calculada pelo número de verdadeiros positivos, ou seja,
o número de sujeitos em que foram diagnosticados com DMO por ambos os
protocolos, dividido pelo total de sujeitos diagnosticados com DMO pelo AMIOFE.
A especificidade foi calculada pelo número de verdadeiros negativos, ou
seja, pelo número de sujeitos que não apresentaram DMO com ambos os protocolos
dividido pelo número de sujeitos que não apresentaram DMO pelo AMIOFE.
A prevalência foi calculada considerando o total de sujeitos diagnosticados
com DMO pelo AMIOFE, dividido pelo número total de sujeitos da amostra.
O valor preditivo positivo foi calculado dividindo o número de verdadeiros
positivos pelo total de sujeitos que apresentaram DMO pelo AMIOFE-A.
Por fim, o valor preditivo negativo foi calculado dividindo o número de
verdadeiros negativos pelo número total de sujeitos que não apresentaram DMO
pelo AMIOFE-A.
Os lculos foram realizados por itens: postura/aparência, mobilidade,
respiração, deglutição, mastigação e pela média dos itens.
87
________________________Resultados
88
RESULTADOS
Confiabilidade dos examinadores para utilizar o AMIOFE
A confiabilidade Teste-Reteste do protocolo AMIOFE, a partir das avaliações
realizadas pelo E1, E2 e E3 foram respectivamente 0,91, 0,92 e 0,96 e, ambas as
avaliações foram significantemente correlacionadas, Examinador 1 (r=0,84, p<0,01),
Examinador 2 (r=0,85, p<0,01) e Examinador 3 (r=0,93, p<0,01). Os resultados
globais das análises de confiabilidade estão na Tabela 2. E as dias e desvios
padrão para cada item considerado nas análises dos examinadores encontram-se
na Tabela 4, Tabela 5 e Tabela 6.
Tabela 3 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 1 (E1), pelo examinador 2
(E2) e pelo examinador 3 (E3) com o AMIOFE. Número de Itens, média, soma,
desvio padrão, variância e alpha
E1 (N=50)
E2 (n=25)
E3 (n=25)
Teste
Reteste
Teste
Reteste
Teste
Reteste
mero de Itens
19
19
19
19
19
19
Média
192,62
194,15
185,46
186,13
199,29
197,44
Soma
9631,18
9707,65
4636,43
4653,19
4982,24
4935,98
Desvio Padrão
25,8
22,42
24,76
24,03
26,51
23,67
Variância
665,84
502,81
612,97
577,54
702,64
560,23
Alpha
-0,21
-0,05
0,22
0,12
-0,03
-0,24
Média = média dos escores atribuídos a todos os sujeitos pela examinadora; Soma = soma total dos
escores
89
Tabela 4 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 1 (E1) com o AMIOFE.
Médias, Desvios Padrão e Intervalos de Confiança (IC)
N= 50
Teste
Reteste
Média
Desvio
Padrão
IC
-95%
IC
+95%
Média
Desvio
Padrão
IC
-95%
IC
+95%
Postura/aspecto
Lábios
2,20
0,64
2,02
2,38
2,18
0,66
1,99
2,37
Mandíbula
2,56
0,64
2,38
2,74
2,74
0,56
2,58
2,90
Bochechas
2,34
0,48
2,20
2,48
2,42
0,67
2,23
2,61
Face
2,16
0,37
2,05
2,27
2,14
0,35
2,04
2,24
Língua
2,58
0,54
2,43
2,73
2,70
0,46
2,57
2,83
Mobilidade
Lábios
9,48
1,64
9,01
9,95
9,76
1,72
9,27
10,25
Língua
13,92
2,28
13,27
14,57
14,44
2,23
13,81
15,07
Mandíbula
13,04
1,97
12,48
13,60
13,32
2,02
12,74
13,90
Bochechas
11,20
1,46
10,79
11,61
11,46
0,86
11,21
11,71
Respiração
2,62
0,53
2,47
2,77
2,58
0,67
2,39
2,77
Deglutição
3,16
0,65
2,98
3,34
Lábios
3,18
0,60
3,01
3,35
2,26
0,56
2,10
2,42
Língua
2,10
0,61
1,93
2,27
5,50
0,54
5,35
5,65
Comportamentos
Associados
5,56
0,61
5,39
5,73
5,94
0,42
5,82
6,06
Eficiência
5,88
0,59
5,71
6,05
16,86
1,40
16,46
17,26
Total da deglutição
16,72
1,64
16,25
17,19
2,60
1,09
2,29
2,91
Mastigação
Mastigação Tipo
2,74
1,16
2,41
3,07
2,60
1,09
2,29
2,91
Comportamentos
Associados
5,90
0,30
5,81
5,99
5,94
0,24
5,87
6,01
Total da mastigação
8,64
1,17
8,31
8,97
8,54
1,11
8,22
8,86
Tempo
79,80
27,87
71,88
87,72
79,61
22,54
73,21
86,02
90
Tabela 5 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 2 (E2) com o AMIOFE.
Médias, Desvios Padrão e Intervalos de Confiança
n= 25
Teste
Reteste
Média
Desvio
Padrão
IC
-95%
IC
+95%
Média
Desvio
Padrão
IC
-95%
IC
+95%
Postura/aspecto
Lábios
2,16
0,55
1,93
2,39
2,16
0,69
1,88
2,44
Mandíbula
2,32
0,69
2,04
2,60
2,56
0,65
2,29
2,83
Bochechas
2,00
0,71
1,71
2,29
2,28
0,54
2,06
2,50
Face
2,24
0,60
1,99
2,49
2,28
0,46
2,09
2,47
Língua
2,60
0,58
2,36
2,84
2,80
0,50
2,59
3,01
Mobilidade
Lábios
8,60
2,52
7,56
9,64
8,92
2,31
7,97
9,87
Língua
11,44
3,88
9,84
13,04
12,00
4,51
10,14
13,86
Mandíbula
12,40
2,20
11,49
13,31
12,76
2,31
11,80
13,72
Bochechas
10,84
1,80
10,10
11,58
10,52
2,18
9,62
11,42
Respiração
Deglutição
2,40
0,71
2,11
2,69
2,40
0,76
2,08
2,72
Lábios
2,64
0,76
2,33
2,95
2,84
0,80
2,51
3,17
Língua
2,12
0,44
1,94
2,30
2,16
0,62
1,90
2,42
Comportamentos
Associados
5,24
0,72
4,94
5,54
5,24
0,97
4,84
5,64
Eficiência
5,28
1,02
4,86
5,70
5,68
0,63
5,42
5,94
Total da deglutição
15,28
2,17
14,38
16,18
15,92
1,73
15,21
16,63
Mastigação
Mastigação Tipo
2,64
0,99
2,23
3,05
2,64
0,95
2,25
3,03
Comportamentos
Associados
5,72
0,46
5,53
5,91
5,56
1,23
5,05
6,07
Total da mastigação
8,36
1,04
7,93
8,79
8,20
1,26
7,68
8,72
Tempo
81,18
21,01
72,51
89,85
79,21
21,52
70,32
88,09
91
Tabela 6 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 3 (E3) com o AMIOFE.
Médias, Desvios Padrão e Intervalos de Confiança
n= 25
Teste
Reteste
Média
Desvio
Padrão
IC
-95%
IC
+95%
Média
Desvio
Padrão
IC
-95%
IC
+95%
Postura/aspecto
Lábios
2,08
0,70
1,79
2,37
2,24
0,72
1,94
2,54
Mandíbula
2,60
0,71
2,31
2,89
2,48
0,65
2,21
2,75
Bochechas
2,48
0,77
2,16
2,80
2,36
0,81
2,03
2,69
Face
2,16
0,55
1,93
2,39
2,16
0,37
2,01
2,31
Língua
2,64
0,57
2,41
2,87
2,72
0,54
2,50
2,94
Mobilidade
Lábios
9,48
1,53
8,85
10,11
9,40
2,02
8,57
10,23
Língua
15,44
2,69
14,33
16,55
15,32
2,08
14,46
16,18
Mandíbula
14,52
5,07
12,43
16,61
13,48
2,22
12,56
14,40
Bochechas
10,84
1,37
10,27
11,41
11,52
0,92
11,14
11,90
Respiração
Deglutição
2,80
0,50
2,59
3,01
2,60
0,71
2,31
2,89
Lábios
3,12
0,53
2,90
3,34
3,24
0,52
3,02
3,46
Língua
2,48
0,59
2,24
2,72
2,68
0,56
2,45
2,91
Comportamentos
Associados
5,88
0,33
5,74
6,02
5,80
0,41
5,63
5,97
Eficiência
6,00
0,00
6,00
0,00
Total da deglutição
17,48
0,96
17,08
17,88
17,72
1,10
17,27
18,17
Mastigação
Mastigação Tipo
2,52
1,23
2,01
3,03
2,56
1,26
2,04
3,08
Comportamentos
Associados
5,88
0,33
5,74
6,02
5,80
0,65
5,53
6,07
Total da mastigação
8,40
1,38
7,83
8,97
8,36
1,47
7,75
8,97
Tempo
82,49
26,05
71,74
93,24
81,00
25,78
70,36
91,64
Confiabilidade entre os examinadores para o uso do AMIOFE
Para a utilização do protocolo AMIOFE, a confiabilidade entre os
examinadores E1 e E2, que avaliaram 25 sujeitos (de 1 a 25), foi 0,94 e entre os
examinadores E1 e E3, que avaliaram 25 sujeitos (de 26 a 50), foi 0,82. As
avaliações foram significantemente correlacionadas, sendo entre os examinadores
E1 e E2 (r=0,88, p<0,01) e entre E1 e E3 (r=0,70, p<0,01) respectivamente. O
resultado global da análise de confiabilidade está na Tabela 7.
92
Tabela 7 - Confiabilidade para o uso do AMIOFE entre os examinadores E1 e E2 e,
E1 e E3. Registros dos sujeitos, número de itens, média, soma, desvio padrão,
variância e alpha
N=50
E1 (n=25)
E2(n=25)
E1(n=25)
E3(n=25)
Registros dos sujeitos
1 a 25
1 a 25
26 a 50
26 a 50
Numero
19
19
19
19
Média
193,47
185,46
191,77
199,29
Soma
4836,86
4636,43
4794,32
4982,24
Desvio Padrão
32,36
24,76
17,62
26,51
Variância
1047,39
612,97
310,52
702,64
alpha
-0,03
0,22
-0,67
-0,03
Média = média dos escores atribuídos a todos os sujeitos pela examinadora; Soma = soma total dos
escores
Concordâncias intra e entre examinadores para o protocolo AMIOFE, medidas
pelo do Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’)
Para as análises Teste-Reteste com o mesmo examinador, a força de
concordância do Coeficiente Kw para a aplicação do protocolo AMIOFE, segundo a
classificação de Altman (1991) foi predominantemente “moderada”. As porcentagens
de itens com força de concordância “boa e moderada” foram 94,12% (E2), 70,58%
(E1) e 58,8% (E3).
A concordância entre examinadores não apresentou predominância quanto à
força. Consideradas em conjunto, as forças razoável, moderada, boa e muito boa
corresponderam à 70,58% dos itens entre E1 e E2 e 88,23% entre E1 e E3. Os
resultados encontram-se nas Tabelas 8 a 12 e Tabela 26.
93
Tabela 8 - Concordância entre o Teste e o Reteste realizados pelo examinador 1
(E1) com o AMIOFE. Coeficiente Kappa Ponderado (Kw), erros padrão e força de
concordância
N= 50
Kappa Ponderado
(Kw’)
Erro Padrão
(Kw'=0)
Erro Padrão
(Kw'#0)
Força de
Concordância
Postura/aspecto
Lábios
0,486
0,108
0,112
Moderada
Mandíbula
0,597
0,111
0,123
Moderada
Bochechas
0,142
0,110
0,107
Pobre
Face
0,608
0,141
0,159
Boa
Língua
0,583
0,132
0,119
Moderada
Mobilidade
Lábios
0,570
0,086
0,072
Moderada
Língua
0,466
0,095
0,084
Moderada
Mandíbula
0,611
0,094
0,079
Boa
Bochechas
0,341
0,081
0,106
Razoável
Respiração
0,717
0,116
0,091
Boa
Deglutição
Lábios
0,237
0,105
0,122
Razoável
Língua
0,525
0,105
0,109
Moderada
Comportamentos
Associados
0,337
0,122
0,107
Razoável
Total da deglutição
0,273
0,086
0,090
Razoável
Mastigação
Mastigação Tipo
0,681
0,114
0,090
Boa
Total da mastigação
0,657
0,111
0,088
Boa
Tempo da Mastigação
0,723
0,088
0,052
Boa
94
Tabela 9 - Concordância entre o Teste e o Reteste realizados pelo examinador 2
(E2) com o AMIOFE. Coeficiente Kappa Ponderado (Kw), erros padrão e força de
concordância
n= 25
Kappa
Ponderado
(Kw’)
Erro Padrão
(Kw'=0)
Erro Padrão
(Kw'#0)
Força de
Concordância
Postura/aspecto
Lábios
0,485
0,146
0,157
Moderada
Mandíbula
0,427
0,152
0,146
Moderada
Bochechas
0,341
0,132
0,142
Razoável
Face
0,281
0,167
0,179
Moderada
Língua
0,585
0,154
0,173
Moderada
Mobilidade
Lábios
0,544
0,133
0,104
Moderada
Língua
0,406
0,129
0,127
Moderada
Mandíbula
0,696
0,138
0,087
Boa
Bochechas
0,441
0,131
0,143
Moderada
Respiração
0,459
0,159
0,157
Moderada
Deglutição
Lábios
0,663
0,143
0,120
Boa
Língua
0,441
0,142
0,171
Moderada
Comportamentos Associados
0,453
0,147
0,164
Moderada
Total da deglutição
0,424
0,111
0,099
Moderada
Mastigação
Mastigação Tipo
0,752
0,170
0,108
Boa
Total da mastigação
0,556
0,134
0,147
Moderada
Tempo da mastigação
0,625
0,125
0,091
Boa
95
Tabela 10 - Concordância entre o Teste e o Reteste realizados pelo examinador 3
(E3) com o AMIOFE. Coeficiente Kappa Ponderado (Kw), erros padrão e força de
concordância
n= 25
Kappa
Ponderado
(Kw’)
Erro Padrão
(Kw'=0)
Erro Padrão
(Kw'#0)
Força de
Concordância
Postura/aspecto
Lábios
0,574
0,148
0,137
Moderada
Mandíbula
0,572
0,156
0,120
Moderada
Bochechas
0,333
0,163
0,158
Razoável
Face
0,405
0,155
0,181
Moderada
Língua
0,503
0,171
0,199
Moderada
Mobilidade
Lábios
0,495
0,119
0,113
Moderada
Língua
0,332
0,130
0,130
Razoável
Mandíbula
0,388
0,126
0,110
Razoável
Bochechas
0,320
0,112
0,127
Razoável
Respiração
0,601
0,154
0,196
Boa
Deglutição
Lábios
0,252
0,156
0,168
Razoável
Língua
0,507
0,162
0,169
Moderada
Comportamentos Associados
0,412
0,191
0,237
Moderada
Total da deglutição
0,366
0,120
0,142
Razoável
Mastigação
Mastigação Tipo
0,544
0,162
0,137
Moderada
Total da mastigação
0,399
0,144
0,127
Razoável
Tempo
0,663
0,125
0,092
Boa
96
Tabela 11 - Concordância entre os examinadores E1 e E2 com o AMIOFE.
Coeficiente Kappa Ponderado (Kw), erros padrão e força de concordância
n= 25
Kappa
Ponderado
(Kw’)
Erro Padrão
(Kw'=0)
Erro Padrão
(Kw'#0)
Força de
Concordância
Postura/aspecto
Lábios
0,277
0,155
0,80
Razoável
Mandíbula
0,480
0,155
0,168
Razoável
Bochechas
0,336
0,102
0,139
Razoável
Face
0,013
0,164
0,165
Pobre
Língua
0,159
0,182
0,178
Pobre
Mobilidade
Lábios
0,343
0,109
0,118
Razoável
Língua
0,171
0,085
0,099
Pobre
Mandíbula
0,394
0,128
0,132
Razoável
Bochechas
0,425
0,119
0,133
Razoável
Respiração
0,545
0,159
0,137
Moderada
Deglutição
Lábios
0,289
0,111
0,130
Razoável
Língua
0,125
0,104
0,153
Pobre
Comportamentos Associados
0,194
0,154
0,172
Pobre
Total da deglutição
0,250
0,098
0,113
Razoável
Mastigação
Mastigação Tipo
0,844
0,176
0,105
Muito Boa
Total da mastigação
0,644
0,141
0,110
Boa
Tempo da mastigação
0,730
0,124
0,053
Boa
97
Tabela 12 - Concordância entre os examinadores E1 e E3 com o AMIOFE.
Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão e força de concordância
n= 25
Kappa
Ponderado
(Kw’)
Erro Padrão
(Kw'=0)
Erro Padrão
(Kw'#0)
Força de
Concordância
Postura/aspecto
Lábios
0,330
0,149
0,168
Razoável
Mandíbula
0,734
0,164
0,126
Boa
Bochechas
0,378
0,148
0,134
Razoável
Face
-0,106
0,128
0,067
Menor que ao
acaso
Língua
0,772
0,175
0,180
Boa
Mobilidade
Lábios
0,678
0,126
0,085
Boa
Língua
0,471
0,127
0,108
Moderada
Mandíbula
0,704
0,132
0,108
Boa
Bochechas
0,402
0,112
0,155
Moderada
Respiração
0,648
0,159
0,170
Boa
Deglutição
Lábios
0,307
0,136
0,119
Razoável
Língua
0,675
0,167
0,151
Boa
Comportamentos Associados
0,148
0,169
0,194
Pobre
Total da deglutição
0,392
0,109
0,120
Razoável
Mastigação
Mastigação Tipo
0,524
0,160
0,136
Moderada
Total da mastigação
0,477
0,154
0,133
Moderada
Tempo da mastigação
0,488
0,121
0,102
Moderada
Avaliação do critério de validade do AMIOFE Ampliado (AMIOFE-A)
A confiabilidade entre as avaliações com os protocolos AMIOFE e AMIOFE-
A, a partir das avaliações realizadas pelo E1, E2 e E3 foram respectivamente 0,89;
0,88 e 0,97 e, ambas as avaliações foram significantemente correlacionadas,
Examinador 1 (r=0,81, p<0,01), Examinador 2 (r=0,79, p<0,01) e Examinador 3
(r=0,94, p<0,01). Os valores de confiabilidade entre os protocolos, de acordo com o
examinador, foram respectivamente. Estes resultados encontram-se na Tabela 13.
Foram encontradas correlações positivas e significantes entre os dados
obtidos com os protocolos AMIOFE e AMIOFE-A por itens a partir das avaliações
98
realizadas pelo E1. Os coeficientes de correlação e os valores de p encontram-se
nas Tabelas 14 e 15.
Tabela 13 - Resultados da análise de confiabilidade entre os protocolos AMIOFE e
AMIOFE-A de acordo com as avaliações realizadas pelo examinador 1 (E1),
examinador 2 (E2) e examinador 3 (E3)
E1
(N=50)
E2
(n= 25)
E3
(n=25)
AMIOFE
AMIOFE-A
AMIOFE
AMIOFE-A
AMIOFE
AMIOFE-A
Registros dos sujeitos
1 a 50
1 a 50
1 a 15
1 a 25
26 a 50
26 a 50
Número de Itens
19
19
19
19
19
19
Média
192,62
305,89
185,46
289,49
199,29
317,36
Soma
9631,18
15294,65
4636,43
7237,19
4982,24
7933,98
Desvio Padrão
25,80
23,38
24,76
31,94
26,51
26,92
Variância
665,84
546,47
612,97
1020,04
702,64
724,47
Média = média dos escores atribuídos a todos os sujeitos pela examinadora; Soma = soma total dos
escores
Tabela 14 - Correlações entre os dados de postura/aspecto e de mobilidade obtidos
pelo E1 realizados com os protocolos AMIOFE e AMIOFE-A
AMIOFE-A
N=50
Postura/Aspecto
Mobilidade
AMIOFE
Lábios
Mandibula
Bochechas
Face
Língua
Lábios
Língua
Mandíbula
Bochechas
Postura/
Aspecto
Lábios
0,684*
Mandíbula
0,654*
Bochechas
0,507*
Face
0,497*
Língua
0,683*
Mobilidade
Lábios
0,898*
Língua
0,753*
Mandíbula
0,891*
Bochechas
0,589*
* nível de significância no teste de correlação de Pearson a 0,001
99
Tabela 15 - Correlações entre os dados das funções orofaciais obtidos pelo
examinador 1 (E1) com os protocolos AMIOFE e AMIOFE-A
N=50
AMIOFE-A
RESPIRAÇÃO
Deglutição
MASTIGAÇÃO
AMIOFE
Modo
Lábios
Língua
Outros
Sinais
Deglutição
Tipo
Outros
Sinais
Mastigação
Tempo
Total
Total
Respiração
0,854*
Deglutição
Lábios
0,842*
Língua
0,645*
Outros Sinais
0,618*
Deglutição
Eficiência
Deglutição
Total
0,708*
Mastigação
Tipo
0,969*
Outros Sinais
0,578*
Total
0,932*
Tempo
0,886*
* nível de significância no teste de correlação de Pearson a 0,001
Confiabilidade do Protocolo AMIOFE-A
A confiabilidade Teste e Reteste do protocolo AMIOFE-A, a partir das
avaliações realizadas pelo E1, E2 e E3 foram respectivamente 0,93, 0,86 e 0,89 e,
ambas as avaliações foram significantemente correlacionadas, examinador 1
(r=0,86, p<0,01), examinador 2 (r=0,75, p<0,01) e examinador 3 (r=0,80, p<0,01). O
resultado global da análise de confiabilidade está na Tabela 16 e as médias e
desvios padrão para cada item considerado na análise dos examinadores
encontram-se na Tabela 17, Tabela 18 e Tabela 19.
100
Tabela 16 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 1 (E1), examinador 2 (E2) e
pelo examinador 3 (E3) com o AMIOFE-A. Número de Itens, média, soma, desvio
padrão, variância e alpha
E1 (N=50)
E2 (n=25)
E3 (n=25)
N= 50
Teste
Reteste
Teste
Reteste
Teste
Reteste
Número dos registros
1 a 50
1 a 50
1 a 25
1 a 25
26 a 50
26 a 50
Número de Itens
19
19
19
19
19
19
Média
305,89
306,70
289,49
296,94
317,36
318,65
Soma
15294,65
15335,18
7237,19
7423,43
7933,98
7966,24
Desvio Padrão
23,38
29,06
31,94
30,83
26,92
27,79
Variância
546,47
844,63
1020,04
950,27
724,47
772,45
alpha
-0,19
-0,08
0,37
0,32
-0,08
-0,03
Média = média dos escores atribuídos a todos os sujeitos pela examinadora; Soma = soma total dos
escores
Tabela 17 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 1 (E1) com o AMIOFE-A.
Médias, Desvios Padrão e Intervalos de Confiança
N= 50
Teste
Reteste
Média
Desvio
Padrão
IC
-95%
IC
+95%
Média
Desvio
Padrão
IC
-95%
IC
+95%
Postura/aspecto
Lábios
13,64
1,66
13,17
14,11
13,64
1,55
13,20
14,08
Mandíbula
10,80
1,39
10,41
11,19
10,78
1,31
10,41
11,15
Bochechas
6,94
0,84
6,70
7,18
7,02
0,82
6,79
7,25
Face
10,66
0,75
10,45
10,87
10,54
0,89
10,29
10,79
Língua
7,36
0,92
7,10
7,62
7,40
0,86
7,16
7,64
Mobilidade
Lábios
18,78
3,80
17,70
19,86
19,00
4,31
17,77
20,23
Língua
25,08
7,90
22,84
27,32
25,98
7,68
23,80
28,16
Mandíbula
25,04
4,96
23,63
26,45
25,42
4,89
24,03
26,81
Bochechas
22,52
2,25
21,88
23,16
22,62
2,19
22,00
23,24
Respiração
Deglutição
3,56
0,70
3,36
3,76
3,50
0,81
3,27
3,73
Lábios
4,30
1,11
3,98
4,62
4,20
1,09
3,89
4,51
Língua
2,50
0,95
2,23
2,77
2,52
0,97
2,24
2,80
Comportamentos
Associados
11,56
0,61
11,39
11,73
11,46
0,58
11,30
11,62
Eficiência
6,00
0,00
5,98
0,14
5,94
6,02
Total da deglutição
24,36
1,91
23,82
24,90
24,16
2,05
23,58
24,74
Mastigação
Mastigação Tipo
7,04
2,86
6,23
7,85
6,80
2,71
6,03
7,57
Comportamentos
Associados
7,72
0,54
7,57
7,87
7,74
0,49
7,60
7,88
Total da mastigação
18,42
3,05
17,55
19,29
18,14
2,83
17,34
18,94
Tempo
79,61
22,54
73,21
86,02
79,80
27,87
71,88
87,72
101
Tabela 18 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 2 (E2) com o AMIOFE-A.
Médias, Desvios Padrão e Intervalos de Confiança
n= 25
Teste
Reteste
Média
Desvio
Padrão
IC
-95%
IC
+95%
Média
Desvio
Padrão
IC
-95%
IC
+95%
Postura/aspecto
Lábios
12,88
1,99
12,06
13,70
12,80
1,85
12,04
13,56
Mandíbula
10,56
1,58
9,91
11,21
10,60
1,35
10,04
11,16
Bochechas
6,56
1,29
6,03
7,09
6,72
1,14
6,25
7,19
Face
10,44
1,56
9,80
11,08
10,96
0,93
10,57
11,35
ngua
6,64
1,32
6,10
7,18
6,60
1,61
5,94
7,26
Mobilidade
Lábios
17,76
4,96
15,71
19,81
16,56
5,52
14,28
18,84
Língua
19,88
9,84
15,82
23,94
21,80
10,56
17,44
26,16
Mandíbula
24,08
4,77
22,11
26,05
25,72
5,13
23,60
27,84
Bochechas
21,16
4,59
19,27
23,05
21,40
4,60
19,50
23,30
Respiração
Deglutição
3,36
0,70
3,07
3,65
3,48
0,77
3,16
3,80
Lábios
3,44
1,16
2,96
3,92
4,04
1,40
3,46
4,62
Língua
2,32
0,95
1,93
2,71
2,36
1,04
1,93
2,79
Comportamentos
Associados
10,96
0,98
10,56
11,36
10,96
1,02
10,54
11,38
Eficiência
5,36
0,95
4,97
5,75
5,64
0,64
5,38
5,90
Total da deglutição
22,08
3,00
20,84
23,32
23,00
2,58
21,93
24,07
Mastigação
Mastigação Tipo
6,88
2,45
5,87
7,89
7,12
2,17
6,23
8,01
Comportamentos
Associados
7,68
0,56
7,45
7,91
7,56
0,65
7,29
7,83
Total da mastigação
18,24
2,50
17,21
19,27
18,44
2,40
17,45
19,43
Tempo
79,21
21,52
70,32
88,09
81,18
21,01
72,51
89,85
102
Tabela 19 - Teste e Reteste realizados pelo examinador 3 (E3) com o AMIOFE-A.
Médias, Desvios Padrão e Intervalos de Confiança
n= 25
Teste
Reteste
Média
Desvio
Padrão
IC
-95%
IC
+95%
Média
Desvio
Padrão
IC
-95%
IC
+95%
Postura/aspecto
Lábios
13,80
1,47
13,19
14,41
13,88
1,62
13,21
14,55
Mandíbula
11,12
1,17
10,64
11,60
11,24
0,83
10,90
11,58
Bochechas
7,28
0,98
6,88
7,68
7,36
0,76
7,05
7,67
Face
11,16
0,47
10,96
11,36
10,84
0,69
10,56
11,12
Língua
7,28
0,94
6,89
7,67
7,44
1,08
6,99
7,89
Mobilidade
Lábios
18,88
3,15
17,58
20,18
18,92
4,17
17,20
20,64
Língua
29,92
6,50
27,24
32,60
29,84
5,68
27,50
32,18
Mandíbula
26,92
5,03
24,84
29,00
26,96
3,94
25,33
28,59
Bochechas
23,16
1,97
22,35
23,97
23,60
3,04
22,34
24,86
Respiração
Deglutição
3,72
0,74
3,42
4,02
3,60
0,82
3,26
3,94
Lábios
4,24
1,13
3,77
4,71
4,32
0,90
3,95
4,69
Língua
3,20
1,04
2,77
3,63
3,32
1,03
2,90
3,74
Comportamentos
Associados
11,92
0,28
11,81
12,03
11,76
0,52
11,54
11,98
Eficiência
6,00
0,00
6,00
0,00
Total da deglutição
25,36
1,73
24,65
26,07
25,40
1,73
24,69
26,11
Mastigação
Mastigação Tipo
6,56
3,34
5,18
7,94
6,48
3,28
5,13
7,83
Comportamentos
Associados
7,80
0,41
7,63
7,97
7,88
0,33
7,74
8,02
Total da mastigação
18,04
3,42
16,63
19,45
17,32
4,78
15,35
19,29
Tempo
81,00
25,78
70,36
91,64
82,49
26,05
71,74
93,24
Confiabilidade entre examinadores para o uso do AMIOFE - A
A confiabilidade entre os examinadores E1 e E2, que avaliaram 25 sujeitos
(números de registros de 1 a 25) com o protocolo AMIOFE-A foi 0,84 e entre os
examinadores E1 e E3, que avaliaram 25 sujeitos (números de registros de 26 a 50)
foi 0,83. As avaliações foram significantemente correlacionadas, sendo entre E1 e
103
E2 de (r=0,74, p<0,01) e entre E1 e E3 de (r=0,70, p<0,01). O resultado global da
análise de confiabilidade está na Tabela 20.
Tabela 20 - Confiabilidade para o uso do AMIOFE-A entre os examinadores E1 e E2.
Número de Itens, média, soma, desvio padrão, variância e alpha
N=50
E1(n=25)
E2(n=25)
E1(n=25)
E3(n=25)
Registros dos sujeitos
1 a 25
1 a 25
26 a 50
26 a 50
Número de Itens
19
19
19
19,00
Média dos escores
300,02
289,49
311,76
317,36
Soma dos escores
7500,61
7237,19
7794,04
7933,98
Desvio Padrão
26,36
31,94
18,68
26,92
Variância
694,83
1020,04
349,13
724,47
Alpha
0,18
0,37
-1,05
-0,08
Média = média dos escores atribuídos a todos os sujeitos pela examinadora; Soma = soma total dos
escores
Concordâncias intra e entre examinadores para a utilização do protocolo
AMIOFE-A, medidas pelo do Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’)
A força de concordância, segundo a classificação de Altman (1991), do
Coeficiente Kw’ para a aplicação do protocolo AMIOFE-A predominantes foram
moderada e boa, tanto para as análises Teste-Reteste com o mesmo examinador
quanto para as análises entre examinadores. As porcentagens de itens com força de
concordância “razoável, moderada, boa e muito boa”, consideradas em conjunto,
para as análises intra examinador foram 100% (E1), 100% (E2) e 94,12% (E3) e
entre examinadores, consideradas corresponderam à 93,75% dos itens entre E1 e
E2 e de 94,12% entre E1 e E3. Os resultados estão nas Tabelas 21 a 25 e Tabela
27.
104
Tabela 21 - Concordância entre o Teste e o Reteste realizados pelo examinador 1
(E1) com o AMIOFE-A. Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão e força
de concordância
N= 50
Kappa
Ponderado
(Kw’)
Erro
Padrão
(Kw'=0)
Erro Padrão
(Kw'#0)
Força de
Concordância
Postura/aspecto
Lábios
0,572
0,087
0,067
Moderada
Mandíbula
0,647
0,094
0,068
Boa
Bochechas
0,777
0,097
0,075
Boa
Face
0,625
0,094
0,090
Boa
Língua
0,700
0,110
0,088
Boa
Mobilidade
Lábios
0,823
0,085
0,054
Muito boa
Língua
0,752
0,089
0,063
Boa
Mandíbula
0,820
0,820
0,094
Muito boa
Bochechas
0,641
0,094
0,090
Boa
Respiração
0,797
0,088
0,052
Boa
Deglutição
Lábios
0,597
0,097
0,111
Moderada
Língua
0,741
0,105
0,071
Boa
Comportamentos Associados
0,563
0,119
0,099
Moderada
Total da deglutição
0,619
0,083
0,078
Boa
Mastigação
Mastigação Tipo
0,657
0,103
0,076
Boa
Total da mastigação
0,691
0,094
0,069
Boa
Tempo da mastigação
0,723
0,088
0,052
Boa
105
Tabela 22 - Concordância entre o Teste e o Reteste realizados pelo examinador 2
(E2) com o AMIOFE-A. Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão e força de
concordância
n= 25
Kappa
Ponderado
(Kw’)
Erro
Padrão
(Kw'=0)
Erro Padrão
(Kw'#0)
Força de
Concordância
Postura/aspecto
Lábios
0,398
0,122
0,117
Razoável
Mandíbula
0,434
0,132
0,124
Razoável
Bochechas
0,590
0,128
0,159
Moderada
Face
0,401
0,139
0,109
Razoável
Língua
0,244
0,113
0,131
Razoável
Mobilidade
bios
0,522
0,122
0,123
Moderada
Língua
0,354
0,133
0,135
Razoável
Mandíbula
0,497
0,125
0,122
Razoável
Bochechas
0,444
0,133
0,149
Razoável
Respiração
0,304
0,155
0,141
Razoável
Deglutição
Lábios
0,430
0,121
0,105
Razoável
Língua
0,361
0,135
0,130
Razoável
Comportamentos Associados
0,388
0,139
0,134
Razoável
Total da deglutição
0,288
0,102
0,0,94
Razoável
Mastigação
Mastigação Tipo
0,704
0,144
0,100
Boa
Total da mastigação
0,644
0,134
0,093
Boa
Tempo da mastigação
0,664
0,125
0,092
Boa
106
Tabela 23 - Concordância entre o Teste e o Reteste realizados pelo examinador 3
(E3) com o AMIOFE-A. Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão e força de
concordância
n= 25
Kappa
Ponderado
(Kw’)
Erro Padrão
(Kw'=0)
Erro Padrão
(Kw'#0)
Força de
Concordância
Postura/aspecto
Lábios
0,470
0,118
0,105
Moderada
Mandíbula
0,252
0,134
0,110
Razoável
Bochechas
0,458
0,153
0,146
Moderada
Face
0,162
0,109
0,138
Pobre
Língua
0,495
0,143
0,117
Moderada
Mobilidade
Lábios
0,537
0,111
0,127
Moderada
Língua
0,334
0,132
0,125
Razoável
Mandíbula
0,457
0,137
0,131
Moderada
Bochechas
0,342
0,139
0,144
Razoável
Respiração
0,793
0,155
0,153
Boa
Deglutição
Lábios
0,430
0,130
0,157
Moderada
Língua
0,717
0,181
0,138
Boa
Comportamentos Associados
0,444
0,151
0,176
Moderada
Total da deglutição
0,525
0,123
0,113
Moderada
Mastigação
Mastigação Tipo
0,617
0,156
0,120
Boa
Total da mastigação
0,464
0,133
0,129
Moderada
Tempo total da mastigação
0,835
0,125
0,039
Muito Boa
107
Tabela 24 - Concordância entre os examinadores E1 e E2 com o AMIOFE-A.
Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão e força de concordância
n= 25
Kappa
Ponderado
(Kw’)
Erro Padrão
(Kw'=0)
Erro Padrão
(Kw'#0)
Força de
Concordância
Postura/aspecto
Lábios
0,328
0,113
0,143
Razoável
Mandíbula
0,415
0,122
0,120
Razoável
Bochechas
0,309
0,129
0,125
Razoável
Face
0,038
0,107
0,099
Pobre
Língua
0,190
0,115
0,098
Pobre
Mobilidade
Lábios
0,372
0,114
0,112
Razoável
Língua
0,256
0,120
0,109
Razoável
Mandíbula
0,435
0,126
0,121
Razoável
Bochechas
0,598
0,126
0,112
Moderada
Respiração
0,533
0,158
0,144
Moderada
Deglutição
Lábios
0,423
0,113
0,137
Razoável
Língua
0,614
0,131
0,113
Boa
Comportamentos Associados
0,245
0,126
0,136
Razoável
Total da deglutição
0,377
0,081
0,099
Razoável
Mastigação
Mastigação Tipo
0,737
0,150
0,096
Boa
Total da mastigação
0,703
0,136
0,081
Boa
Tempo da mastigação
0,660
0,123
0,082
Boa
108
Tabela 25 - Concordância entre os examinadores E1 e E3 com o AMIOFE-A.
Coeficiente Kappa Ponderado (Kw’), erros padrão e força de concordância
n= 25
Kappa
Ponderado
(Kw’)
Erro Padrão
(Kw'=0)
Erro Padrão
(Kw'#0)
Força de
Concordância
Postura/aspecto
Lábios
0,463
0,118
0,105
Moderada
Mandíbula
0,523
0,133
0,104
Moderada
Bochechas
0,237
0,138
0,143
Razoável
Face
0,041
0,090
0,097
Pobre
Língua
0,446
0,160
0,163
Moderada
Mobilidade
Lábios
0,708
0,113
0,075
Boa
Língua
0,444
0,124
0,113
Moderada
Mandíbula
0,724
0,133
0,094
Boa
Bochechas
0,377
0,155
0,142
Razoável
Respiração
0,791
0,150
0,132
Boa
Deglutição
Lábios
0,453
0,134
0,133
Moderada
Língua
0,496
0,160
0,148
Moderada
Comportamentos Associados
0,194
0,175
0,229
Pobre
Total da deglutição
0,555
0,123
0,094
Moderada
Mastigação
Mastigação Tipo
0,655
0,151
0,102
Boa
Total da mastigação
0,640
0,135
0,096
Boa
Tempo da mastigação
0,601
0,124
0,082
Boa
Tabela 26 - Análise comparativa por número de itens para as forças de
concordância, observadas pelos três examinadores, para o Coeficiente Kappa
Ponderado (Kw’) com o AMIOFE
AMIOFE
N=50
Força de concordância
Menor que o
acaso
Pobre
Razoável
Moderada
Boa
Muito Boa
E1XE1
0
1
4
6
6
0
E2XE2
0
0
1
12
4
0
E3XE3
0
0
7
8
2
0
E1XE2
0
5
8
1
2
1
E1XE3
1
1
4
5
6
0
Soma
1
7
24
32
20
1
109
Tabela 27 - Análise comparativa por número de itens para as forças de
concordância, observadas pelos três examinadores, para o Coeficiente Kappa
Ponderado (Kw’) com AMIOFE-A
AMIOFE-A
N=50
Força de concordância
Menor que o
acaso
Pobre
Razoável
Moderada
Boa
Muito Boa
E1XE1
0
0
0
3
12
2
E2XE2
0
0
12
2
3
0
E3XE3
0
1
3
9
3
1
E1XE2
0
2
9
2
4
0
E1XE3
0
2
2
7
6
0
Soma
0
5
26
23
28
3
Análise dos valores da Sensibilidade, Especificidade, Valores Preditivos,
Prevalência e Acurácia do AMIOFE-A
Foram utilizados os dados obtidos pelo E1 (Teste) com o protocolo AMIOFE
e calculado o percentil de 75%. Sendo considerados como tendo DMO os sujeitos
que obtiveram valores inferiores ao percentil de 75% em relação à soma dos
escores da amostra. A partir disso, foram calculados para o AMIOFE-A os Valores
de Sensibilidade (S), Especificidade (E), Valor Preditivo Positivo (VP+) e Valor
Preditivo Negativo (VP-), assim como o valor de Prevalência de DMO na população
de estudo. Os cálculos foram realizados por categorias: postura/aparência,
mobilidade, respiração, deglutição, mastigação e pela média dos itens. Os
resultados são apresentados na Tabela 28.
Tabela 28 - Valores de Sensibilidade (S), Especificidade (E), Valor Preditivo Positivo
(VP+) e Valor Preditivo Negativo (VP-) e Prevalência de DMO na população de
estudo do protocolo AMIOFE-A por categorias e média dos valores
Percentil de 75%
N=50
S
E
VP (+)
VP (-)
Prevalência
Postura/Aparência
0,86
0,64
0,75
0,78
0,56
Mobilidade
0,89
0,77
0,95
0,71
0,74
Respiração
0,89
0,97
0,94
0,94
0,36
Deglutição
0,90
0,74
0,85
0,82
0,62
Mastigação
1,00
0,74
0,86
1,00
0,62
Média
0,91
0,77
0,87
0,85
0,58
110
________________________Discussão
111
DISCUSSÃO
Os objetivos principais da presente pesquisa foram ampliar as escalas
numéricas e os itens de avaliação do protocolo de avaliação miofuncional orofacial
AMIOFE (Felício, Ferreira, 2008) e analisar a validade de conteúdo e de critério do
protocolo AMIOFE com escalas ampliadas (AMIOFE-A).
Com isso, esta pesquisa foi pertinente aos objetivos apresentados pelo
Comitê de Motricidade Oral da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia em 2002,
isto é, “desenvolver protocolos de avaliação na área de Motricidade Oral, assim
como validá-los”.
Vários autores definiram anteriormente os aspectos que devem ser objeto de
avaliação numa investigação de distúrbios miofuncionais orofaciais e/ou praxis
bucofaciais (Padovan, 1976; Greene, 1979; Robbins, Klee, 1987; Gross et al., 1989;
Altmann, 1992; Marchesan, 1993; Duffy, 1995; Hanson, Barrett, 1995; Braga,
Machado, 1995; Gomes et al., 1996; Neiva, Wertzner, 1996; Altmann et al., 1997;
Guedes, 1998; Junqueira, 1998; 2004; 2005; Wadsworth et al., 1998; Felício, 1994;
1999; Bianchini, 2000; 2001; Ferraz, 2001; Felício, Moraes, 2003; Moraes, Felício,
2004; Costa et al. 2005; Rahal, Krakauer, 2005; Stahl et al. 2007, Whitaker et al.,
2009), sintetizaram propostas de outros autores (Felício, Moraes, 2003; Moraes,
Felício, 2004), definiram protocolos (Guimarães, 1995; Noronha, Duro, 1995b; Neiva,
Werztner, 1996; Felício, 2002; Marchesan, 1997; 1999; 2003; 2004; Val et al., 2005;
Pastana et al., 2007), bem como procuraram transformar as descrições semânticas
em dados numéricos (Robbins, Klee, 1987; Noronha, Duro, 1995; Degan, 2004;
Bakke et al. 2007; Felício, Ferreira, 2008; Genaro et al., 2009).
Robbins e Klee (1987) desenvolveram um protocolo clínico para avaliar
habilidades motoras orofaríngeas em crianças de 2:6-6:11 anos de idade, e
justificaram a necessidade de um instrumento padronizado e de dados normativos,
para o diagnóstico diferencial de crianças com distúrbio específico de linguagem.
Contudo, Dworkin e Culatta (1988) teceram críticas a respeito da metodologia,
dentre outras coisas, quanto às escalas utilizadas e à interpretação dos resultados.
Assim, com exceção dos protocolos AMIOFE (Felício, Ferreira, 2008) e
MBGR (Genaro et al., 2009), que possuem escalas numéricas predefinidas,
112
geralmente, os outros protocolos encontrados na literatura contêm apenas os
valores zero (0) e um (1), sendo que o zero indica a inabilidade para determinado
comportamento ou a presença de comportamentos que deveriam ter sido superados
na faixa etária investigada, ou ainda uma condição insatisfatória, e um (1) o
comportamento esperado como normal ou condição satisfatória. Portanto, o
resultado da avaliação é derivado da soma de pontos, como pode ser observado em
vários dos trabalhos acima citados e apresentados na revisão da literatura, inclusive
em Bakke et al. (2007) que foi validado.
Também, a confiabilidade intra e inter-examinadores não tem sido
amplamente explorada no caso da avaliação miofuncional orofacial e sem essa
análise, a utilidade de medidas clínicas pode ser questionada (McCullough et al.
2000; Felício, Ferreira, 2008).
Os protocolos ou instrumentos diagnósticos na Fonoaudiologia, mais
precisamente na área da Motricidade Orofacial, auxiliam na identificação ou
confirmação da presença de um DMO ou de uma situação relacionada a este; na
avaliação da gravidade do DMO; na estimação do prognóstico; e no monitoramento
de uma possível resposta a um procedimento terapêutico.
Felício (2002) e Marchesan (2003) apresentaram protocolos para a avaliação
miofuncional orofacial e justificaram a importância dos mesmos. Em termos clínicos,
o uso de um protocolo tem por finalidade estabelecer alguns padrões e parâmetros
que permitam o estudo do caso para a definição das metas e condutas terapêuticas
e, posteriormente, a verificação dos resultados à medida que o processo terapêutico
se desenvolve (Felício, 2002). Como explicou Marchesan (2003), devemos
considerar que todas as vezes que registramos dados em um protocolo podemos,
ao final do exame, encontrar uma configuração, ou determinadas regularidades que
nos levam a identificar certas categorias de problemas conhecidos. E ainda, em
um mesmo sujeito, podem ser usados protocolos diferentes com a finalidade de se
pesquisar possíveis correlação entre eles, como realizado por Folha e Felício (2009)
que analisaram a relação entre idade, porcentagem de consoantes corretas e
velocidade de fala.
Na atualidade, diversos instrumentos no Brasil para o rastreamento e/ou
diagnóstico de distúrbios da comunicação humana, mas é essencial que estes
estejam validados, a fim de avaliar com maior precisão as potencialidades do
instrumento. A validação deve ser realizada incluindo sujeitos sadios com as
113
mesmas características que os sujeitos acometidos por determinada desordem.
Além disso, quando da tomada de decisão pela utilização de um instrumento para
diagnóstico deve ser considerada sua relação custo-benefício, sua capacidade de
agregar informações que contribuam com o planejamento terapêutico e
complementem o diagnóstico (Goulart, Chiare, 2007).
Não foi possível localizar na revisão da literatura relato de algum protocolo de
avaliação miofuncional orofacial validado, que possa ser administrado pelo
fonoaudiólogo, sem equipamentos especiais e de forma breve, e que permita a
graduação de um distúrbio miofuncional orofacial específico, com exceção do
protocolo AMIOFE (Felício, Ferreira, 2008) que neste trabalho foi ampliado.
Para a ampliação dos itens do Protocolo de avaliação miofuncional orofacial
com escores (AMIOFE), objetivando mantê-lo como um instrumento para aplicação
relativamente rápida, foram selecionados itens e provas que apareceram,
geralmente, com maior freqüência na literatura pesquisada, contudo alguns itens
considerados essenciais, pela análise das imagens em vídeo, bem como pela
experiência clínica, independente do número de autores que os mencionaram, foram
incluídos.
A ampliação das escalas foi realizada de modo que as pequenas diferenças
na condição miofuncional orofacial pudessem ser expressas numericamente. Souza
e Silva (2001), em pesquisa sobre prestígio profissional, observaram em seu estudo
que quanto maior a estimativa de categoria, menor foi o erro padrão da média
aritmética ou, ainda, menor a variabilidade encontrada. Portanto, a variabilidade
indicada pelo erro padrão diminuiu com o aumento das estimativas de categorias.
Para tanto, além da literatura consultada e da utilização sistemática do AMIOFE por
cinco anos, foi realizada a observação das imagens registradas em deo dos 50
sujeitos, que não foram os mesmos daqueles selecionados para as avaliações
propriamente ditas da pesquisa, e com base em conhecimentos de psicofísica as
novas escalas foram elaboradas.
A psicofísica, um ramo da psicologia experimental que visa conhecer a
relação funcional entre os estímulos físicos e as respostas que eles provocam
(Anderson, 1975), tem sido amplamente empregada para o escalonamento de
atributos sociais e clínicos, dentre eles sensação subjetiva de dispnéia e percepção
de dificuldade para pronunciar (Dawson, Mirando, 1973; Felício, Bortolin, 2001;
Felício, Da Silva, 2001).
114
Para Da Silva e Ribeiro-Filho (2006), a mensuração é possível em diferentes
níveis, pois o importante é mostrar por meio de técnica, ao mesmo tempo
experimental e matemática, a correspondência entre os números e os atributos
correspondentes, permitindo assim a leitura subjetiva (comportamental, psicológica,
biológica, fisiológica) e numérica, num sistema formal de relações. Essa
correspondência pode ser efetuada em diferentes níveis de mensuração ou tipo de
escala, isto é, nominal, ordinal, intervalar e de razão.
As escalas para o AMIOFE-A foram elaboradas em nível intervalar de
mensuração, que não implica em comparação entre estímulos, ou no presente caso
das condições e comportamentos orofaciais, para que seja atribuído o escore. Caso
a opção fosse a escala de razão, seria necessário comparar sempre uma condição à
outra definida como âncora ou primeiro estímulo, para que se pudesse expressar
quantas vezes o aspecto em questão tinha de determinada característica,
proporcionalmente ao primeiro, como preconiza a metodologia de estimação de
magnitude (Felício, Da Silva, 1998).
Usando-se a escala intervalar, um número deve ser atribuído dentro de um
limite estabelecido. Assim, os números, ou escores do protocolo AMIOFE-A foram
atribuídos, respeitando a regra previamente determinada, de que as condições
miofuncionais orofaciais e os comportamentos orofaciais normais receberiam os
escores mais altos e os desvios da normalidade, as condições alteradas ou
inabilidades em comportamento receberiam escores gradualmente mais baixos, de
acordo com a percepção do examinador.
A validade de um instrumento pode ser estimada como a sua capacidade em
realmente medir aquilo que se propõe a medir (Kelsey et al., 1996), isto é, quão bem
ele atua como um indicador da veracidade do teste (Dworkin, LeResche, 1992;
Formigoni, Castel, 1998; Pehling et al., 2002).
Para condições clínicas tais como as relacionadas ao sistema
estomatognático, devem ser consideradas ainda as dificuldades em medir e se os
escores propostos podem adequadamente caracterizar a natureza complexa do
distúrbio (Felício et al. 2009).
A validade envolve um componente conceitual e um componente operacional.
O componente conceitual refere-se ao julgamento, por parte do pesquisador, sobre
se o instrumento mede o que deveria medir, esse julgamento é subjetivo, não sendo
possível avaliar esse aspecto com métodos estatísticos (Menezes, Nascimento,
115
2000). No presente estudo, esse componente foi realizado a partir do levantamento
bibliográfico sobre mensuração com escalas psicofísicas e de estudos pilotos com
imagens registradas em vídeo, resultando assim na elaboração do protocolo
AMIOFE-A.
O componente operacional, que permite a validação de critério, envolve uma
avaliação sistemática do instrumento que se deseja validar, comparando-o a outro
instrumento reconhecido como “padrão ouro” (Menezes, 1998), frequentemente
usando-se testes estatísticos (Menezes, Nascimento, 2000). Às vezes o padrão
ouro é o diagnóstico clínico ou algum tipo de critério previamente estabelecido como
padrão de referência (Menezes, 1998; Pehling et al., 2002).
Assim, estudos para validação de instrumentos de medida devem contar com
reavaliação com o instrumento para o mesmo fim, devidamente validado ou, no
caso de impossibilidade de uso de um instrumento com estas características, deve
contar com a avaliação clínica realizada por profissional experiente (Goulart, Chiare,
2007).
No presente estudo, o componente operacional foi avaliado pela comparação
do protocolo proposto, isto é, o AMIOFE-A com o protocolo validado AMIOFE
(Felício, Ferreira, 2008), realizando comparações entre os resultados de avaliações
dos mesmos sujeitos utilizando os dois protocolos.
Para garantir a experiência das examinadoras, estas foram previamente
treinadas e a confiabilidade e concordância das mesmas foi analisada em relação ao
AMIOFE, como descrito nos capítulos anteriores e discutido a seguir. Desta maneira,
todos os cuidados foram tomados para atender ao que preconizaram Menezes e
Nascimento (2000).
A confiabilidade das examinadoras para a utilização do protocolo AMIOFE,
analisada pelo Teste e Reteste, foram superiores a 0,90 e as correlações variaram
de 0,84 a 0,93 (P<0,01), indicando que estas eram aptas para a aplicação do
protocolo.
A confiabilidade entre examinadoras para a utilização do protocolo AMIOFE e
a correlação entre as avaliações também foram altas. Tomados em conjunto, esses
resultados, concordantes com a literatura (Felício, Ferreira, 2008), indicam que as
examinadoras possuem concordância de conceitos e métodos. Com isso
estabelecido, foi possível passar para a etapa seguinte, ou seja, a aplicação do
protocolo AMIOFE-A e sua validação.
116
Na comparação entre os protocolos AMIOFE e AMIOFE-A foram encontradas
correlações estatisticamente significantes, que variaram de 0,79 a 0,94 entre as
avaliações realizadas com ambos os protocolos. A confiabilidade entre os protocolos
variou de 0,89 a 0,97.
Com os índices de confiabilidade e de correlação verificados, é possível
afirmar que o protocolo AMIOFE-A é válido para a avaliação miofuncional orofacial,
isto é, permite avaliar aquilo para o qual foi proposto, portanto a sua validade de
critério foi estabelecida.
Contudo, para complementar o processo de validação, foi realizada a análise
da confiabilidade Teste e Reteste do protocolo AMIOFE-A, como tem sido feito na
área da saúde (Cintas et al., 2003; McCauley et al., 2001; Dworkin et al., 2002;
Felício, Ferreira, 2008), que sem essa análise, a utilidade de medidas clínicas
pode ser questionada (McCullough et al., 2000).
Foram encontradas respectivamente para as examinadoras E1, E2 e E3,
confiabilidades de 0,93, 0,86 e 0,89 e correlações positivas e significantes. A
confiabilidade entre examinadoras para a utilização do protocolo AMIOFE-A e a
correlação entre as avaliações foram boas, respectivamente 0,84 e r=0,74 (P<0,01)
entre E1 e E2, 0,83 e r=0,70 (P<0,01) entre E1 x E3, indicando mais uma vez que as
examinadoras possuem concordância de conceitos e, ainda, de métodos para a
aplicação do AMIOFE-A.
Todavia, foi observado que entre as examinadoras E1 e E2 a confiabilidade e
a correlação para o AMIOFE-A foi inferior àquelas observadas para o AMIOFE.
Provavelmente isso tenha ocorrido, porque a E1 trabalhou em todas as etapas de
elaboração do AMIOFE-A, enquanto a E3 participou de treinamentos em longo prazo
(> 3 anos) para a utilização do AMIOFE e, no caso do AMIOFE-A apenas participou
das reuniões preparatórias e como examinadora. Isso sugere que, a experiência no
uso de um determinado protocolo é um fator relevante para os resultados.
O coeficiente Kappa também foi calculado visto que este tem sido comumente
usado para a testagem da confiabilidade, na Psiquiatria (Menezes, Nascimento,
2000), na Fisioterapia (Sim, Wright, 2005) e na avaliação do sistema
estomatognático tanto para neonatos (Fujinara et al., 2007) quanto para crianças,
jovens, adultos e idosos (Bakke et al., 2007). Quando usado e interpretado
apropriadamente, o coeficiente Kappa pode prover informações valiosas a respeito
117
da confiabilidade do diagnóstico ou de outros procedimentos de avaliação (Sim,
Wright, 2005).
Por se tratar um teste diferenciado para a análise da confiabilidade, que
desconsidera as observações que são propriamente fruto do acaso, indicando
assim, quão legítimas as interpretações são, foi utilizado para complementação dos
outros métodos de análise utilizados, para trazer maiores informações quanto a
confiabilidade do uso dos protocolos.
No presente estudo, o coeficiente de Kappa utilizado foi o Ponderado (linear)
ou Kw’, uma vez que esse índice calcula a medida de confiabilidade em situações
nas quais existem categorias ordenadas. No lculo desse coeficiente, são
atribuídos pesos às discordâncias de forma a refletir sua importância (Menezes,
Nascimento, 2000), ou seja, se um examinador classifica um item com o escore 2 na
fase Teste e com o escore 3 na Reteste, é melhor do que se este examinador
tivesse classificado com o escore 2 na fase Teste e com o escore 4 na fase Reteste.
Os valores do coeficiente de Kappa variam entre 0 (zero) e 1 (um), sendo que
tanto mais próximo de 0 menor é a concordância além do puro acaso e, quanto mais
próximo de 1 o coeficiente, maior é a concordância além do puro acaso, ou seja
quanto mais perto de 1 mais próximo está o coeficiente da concordância perfeita.
Altman (1991) descreveu as forças de concordância com rótulos semânticos para a
análise do coeficiente Kappa em: “pobre” (< que 0,20), “razoável” (de 0,21 a 0,40),
“moderado” (de 0,41 a 0,60), “bom” (de 0,61 a 0,80) e “muito bom” (de 0,81 a 1,0).
De acordo com esta classificação, para o AMIOFE a concordância foi
predominantemente “moderada” para as análises Teste-Reteste com o mesmo
examinador. As porcentagens de itens com força de concordância “boa e moderada”
foram 94,12% (E1), 70,58% (E2) e 58,8% (E3).
A concordância entre examinadores não apresentou predominância quanto à
força. Consideradas em conjunto, as forças razoável, moderada, boa e muito boa
corresponderam à 70,58% dos itens entre E1 e E2 e 88,23% entre E1 e E3.
A força de concordância do Coeficiente Kappa Ponderado para a aplicação do
protocolo AMIOFE-A predominantes foram moderada e boa, tanto para as análises
Teste-Reteste com o mesmo examinador, quanto para as análises entre
examinadores, sendo que as porcentagens de itens com força de concordância
“razoável, moderada, boa e muito boa”, consideradas em conjunto, para as análises
intra examinador foram 100% (E1), 100% (E2) e 94,12% (E3) e entre examinadores,
118
corresponderam à 93,75% dos itens entre E1 e E2 e de 94,12% entre E1 e E3.
Assim, os valores encontrados com o AMIOFE-A foram, em média, melhores dos
que os encontrados com o AMIOFE original.
Bakke et al. (2007) encontrou para a análise entre examinadores com o
protocolo NOT-S, valores de Kappa no limite inferior da classificação de força de
concordância moderada (de 0,42 a 0,44). Fujinara et al. (2007), em seu estudo com
neonatos, encontrou, em geral, índices de confiabilidade de Kappa, maiores que
0,48. Bakke et al. (2007) e Fujinara et al. (2007), fizeram uso em seus estudos do
coeficiente Kappa, por se tratar de estudos com escalas nominais. Cabendo
considerar que neste foi utilizado o coeficiente de Kappa Ponderado.
Com base nesses resultados e no fato de que é consenso na literatura que a
validade de uma medida é limitada por sua confiabilidade (Menezes, Nascimento,
2000) é possível concluir que o protocolo AMIOFE-A é um instrumento válido e
confiável para a investigação de distúrbios miofuncionais orofaciais, dentro dos
limites dos itens selecionados.
É importante salientar, que como qualquer outro processo de investigação
clínica, os examinadores devem estar preparados para utilizar o instrumento e a
confiabilidade entre os examinadores parece depender de uma formação com
conceitos e métodos comuns. Vários autores destacaram que o diagnóstico em
motricidade orofacial, depende de uma adequada avaliação clínica (Junqueira, 2005,
Bakke et al., 2007; Felício, Ferreira, 2008; Genaro et al., 2009), mesmo quando
complementada por outros exames e análises. Para tanto, além de uma sólida
formação teórica, o fonoaudiólogo precisa vivenciar a situação clínica, para
desenvolver a percepção visual, auditiva e tátil (Moraes, Felício, 2004).
No presente estudo, as examinadoras tiveram reuniões previas para
uniformização dos conceitos e técnicas usadas para avaliação miofuncional orofacial
com o AMIOFE-A. Além disso, para a utilização do AMIOFE, receberam previamente
treinamento com a orientadora da presente pesquisa em atividades curriculares e de
pesquisa.
Os autores que escreveram sobre a avaliação miofuncional orofacial
destacaram, que não basta acumular dados e constatar a presença de distúrbios
miofuncionais, sendo necessário investigar as relações entre os diferentes aspectos
(Felício, 1999), incluindo as possíveis relações desencadeantes do problema
funcional observado (Bianchini, 2000). Contudo, durante a aplicação do protocolo
119
AMIOFE-A, o examinador deve registrar exatamente o que observa, seguindo os
parâmetros do protocolo e, deixar para interpretar os dados e estabelecer as
relações, posteriormente à avaliação. Caso contrário, poderá ocorrer distorção dos
escores, como, por exemplo, se os escores forem atribuídos em função da idade ou
algum outro fator.
Portanto, a confiabilidade e concordância entre outros examinadores com
experiências distintas das aqui relacionadas, assim como a avaliação de amostras
de sujeitos ao vivo e de outras faixas etárias devem ser avaliadas.
O cálculo dos valores de sensibilidade, especificidade, valores preditivos e
prevalência foi realizado separadamente para postura/aparência, mobilidade,
respiração, deglutição e mastigação. Essa forma de análise foi considerada uma vez
que cada um destes itens reflete comportamentos miofuncionais orofaciais distintos,
podendo variar de unidimensionais, como no item postura/aparência, aos
multidimensionais, como na função de deglutição. Para complementar, as médias
para cada um destes também foi calculada.
Uma questão a ser considerada diz respeito ao ponto de corte (ou limiar
diagnóstico do teste), ou seja, deve-se considerar qual será o grau (ou nível) de
alteração detectada que positivará o teste. Esta escolha envolve uma decisão entre
aumentar a sensibilidade à custa de redução da especificidade ou vice-versa.
Portanto, os pesquisadores devem avaliar cuidadosamente a importância relativa da
sensibilidade e especificidade do teste para estabelecer o ponto de transição
diagnóstica mais adequada. Para que os instrumentos de diagnóstico efetivamente
agreguem informações a outros dados e contribuam com o diagnóstico de um
agravo ou doença, é importante que sua especificidade seja alta, assim, raramente o
teste será positivo na ausência de doença. Portanto, um instrumento é considerado
mais sensível quanto maior for a probabilidade de detectar um evento (Goulart,
Chiare, 2007).
No presente estudo, houve a preocupação de evitar, tanto resultado falso-
positivo, como falso-negativo. Portanto, o ponto de corte deveria estabelecer
especificidade alta para que o resultado (falso-positivo) não levasse à indicação de
realização de um procedimento de maior complexidade para o paciente que não a
necessitasse. Da mesma maneira, o ponto de corte deveria estabelecer
sensibilidade alta, para que o resultado não fosse negativo (falso-negativo) para um
paciente que na realidade apresentasse o problema.
120
Como a amostra de estudo foi composta por sujeitos com DMO, mas não
necessariamente em todos os itens, assim como sujeitos livres de DMO, para fins de
cálculo de especificidade e sensibilidade foi estabelecido o percentil de 75%, ou
seja, os 25% dos sujeitos que obtivessem escores menores que o restante da
população foram caracterizados no estudo como apresentando alteração no item
avaliado.
Os valores obtidos mostram que a sensibilidade do AMIOFE-A, em média, foi
maior do que a especificidade, respectivamente 0,91 e 0,77. A alta sensibilidade de
um teste é importante para o clínico a fim de evitar um resultado falso-negativo.
Portanto, o AMIOFE-A é um teste útil para o diagnóstico de DMO.
Essa afirmação tem sustentação, quando considerado que a prevalência
média de DMO na população estudada foi, em média, 0,58; tais distúrbios são
relativamente comuns na população de crianças na faixa etária avaliada (Andrade,
1997; Santos et al., 1999; Stahl, 2007). Quanto mais comum a prevalência de
determinada alteração, maior deve ser a sensibilidade do teste (Goulart, Chiare,
2007). As alterações do sistema miofuncional orofacial e funções orofaciais
apareceram numa frequência de 14,7% na população estudada por Andrade (1997).
Nesse estudo, os sujeitos tinham de 1 a 11 anos de idade, porém a autora
considerou apenas as disfunções primárias predominantes, não tendo sido
considerados os casos nos quais os quadros miofuncionais orofaciais constituíam
quadro associado à outra alteração fonoaudiológica, o que elevaria a frequência
encontrada. A prevalência desses distúrbios tende a diminuir com a idade, como
explicado por Altmann (1994), sendo encontrada numa frequencia de 50% até os 6
anos, reduzindo-se para 35% dos 7 aos 11 anos e de aproximadamente 42% dos
12 aos 18 anos. Wadsworth et al. (1998) encontrou uma frequencia de interposição
de ngua na deglutição de aproximadamente 51,1%, considerando todos os sujeitos
da sua amostra, cuja idade variou de 5 anos e 1 mês a 12 anos e 5 meses, e de
59% de alteração na postura de repouso de língua entre os sujeitos de origem latina.
Durante um diagnóstico, o processo de decisão clínica baseia-se para o
fonoaudiólogo em hipóteses, estando este consciente ou não disso, pois a prática
clínica permite-lhe avaliar os resultados encontrados e os comparar com outros
encontrados anteriormente, porém isto pode conferir um caráter inconsistente à
decisão clínica.
121
Quando um teste diagnóstico é validado e possui boa sensibilidade,
especificidade e bons valores preditivos para aquela alteração, o diagnóstico torna-
se mais preciso e, consequentemente, poderá favorecer a tomada de decisão
quanto ao planejamento terapêutico e permitir o seguimento durante e após o
tratamento.
122
_______________________Conclusões
123
CONCLUSÕES
O Protocolo de avaliação miofuncional orofacial com escores (AMIOFE) teve
suas escalas numéricas ampliadas e houve a inclusão de novos itens de avaliação a
este, o protocolo resultante foi denominado protocolo de avaliação miofuncional
orofacial com escores ampliados (AMIOFE-A).
A descrição do protocolo realizada neste estudo permitirá a aplicação do
mesmo por outros profissionais.
O conteúdo mostrou-se válido em relação à literatura e em testes piloto. A
validade de critério do protocolo AMIOFE-A foi confirmada, considerando a boa
correlação com o protocolo AMIOFE, a qual variou de 0,79 a 0,94, de acordo com o
examinador. Também a houve boa confiabilidade e concordância.
O Protocolo AMIOFE-A mostrou-se um instrumento confiável para avaliação
miofuncional orofacial, constatado pela comparação de múltiplas aplicações do
instrumento e pelos bons valores de sensibilidade, de especificidade e, ainda, de
valores preditivos, comprovando a sua validade clínica.
Portanto, o Protocolo AMIOFE-A, mostrou-se um instrumento válido e
confiável para a avaliação miofuncional orofacial, que pode ser administrado sem
equipamentos especiais, e que permite a graduação do distúrbio miofuncional
orofacial específico.
124
___________Referências Bibliográficas
De acordo com:
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Sistema Integrado de Bibliotecas. Diretrizes para elaboração de
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135
________________________Apêndices
136
APÊNDICE 1 Avaliação Miofuncional Orofacial
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL COM ESCORES AMPLIADO (AMIOFE-A)
Data_______/__________/________
Nome:______________________________________________________________
DN__/__/___ Idade:___
Endereço:___________________________________________________________
Responsável:_________________________________________________________
APARÊNCIA E CONDIÇÃO POSTURAL/POSIÇÃO
Face
Escores
Simetria
Normal
(4)
Assimetria
Leve
(3)
Moderada
(2)
Severa
(1)
Lado aumentado
Direito
Esquerdo
Proporção entre os terços da face
Normal
(4)
Proporção alterada
Leve
(3)
Moderada
(2)
Severa
(1)
Terço da face aumentado
Inferior
Médio
Superior
Sulco Nasolabial
Normal para a idade
(4)
Sulco Nasolabial Acentuado
Leve
(3)
Moderado
(2)
Severo
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Pontuação máxima = 12
Aparência das Bochechas
Escores
Volume
Normal
(4)
Volume Aumentado
Leve
(3)
Moderado
(2)
Severo
(1)
Lado Aumentado
Direito
Esquerdo
Ambos
Tensão/Configuração
Normal
(4)
Flácida e/ou Arqueada
Leve
(3)
Moderada
(2)
Severa
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Pontuação máxima = 08
137
Relação mandíbula/maxila
Escores
Relação Vertical Mantém o Espaço Funcional
Livre (EFL)
Normal
(4)
Relação Vertical Alterada
Dentes em oclusão
Sem tensão aparente
Leve
(3)
Tensão aparente
Moderada
(2)
Tensão aparente
Severa
(1)
Mandíbula abaixada Ultrapassa o EFL
(mais que 4 mm)
Leve
(3)
Moderada
(2)
Severa
(1)
Relação antero-posterior
Normal
(4)
Relação antero-posterior alterada
Leve
(3)
Moderada
(2)
Severa
(1)
Trespasse Horizontal (overjet)
Positivo
Negativo
Relação com a linha média
Normal
(4)
Alterada (desvio lateral)
Leve
(3)
Moderado
(2)
Severo
(1)
Desvio para o lado
Direito
Esquerdo
Resultado
Pontuação máxima = 12
138
Lábios
Escores
Função labial no repouso
Ocluídos
Cumprem normalmente a função
(4)
Disfunção
Ocluídos com Tensão
cumprem a função, mas com contração aparente
dos lábios e Mm. Mentual
Leve
(3)
Moderada
(2)
Severa
(1)
Lábios desocluídos
Leve (entreabertos)
(3)
Moderada
(2)
Severa
(1)
Volume e configuração
Normal
(4)
Volume diminuído e estirados
Leve
(3)
Moderado
(2)
Severo
(1)
Volume aumentado
Leve
(3)
Moderado
(2)
Severo
(1)
Comissuras Labiais
(3)
No nível da rima bucal e simétricas
Normais
(4)
Abaixo da rima bucal (deprimida) e/ou
assimétricas
Leve
(3)
Moderada
(2)
Severa
(1)
Lado abaixo da rima
Direito
Esquerdo
Ambos
Resultado
Pontuação máxima = 12
Músculo Mentual
Escores
Contração não aparente (com os lábios
ocluídos)
Normal
(4)
Contração aparente
Leve
(3)
Moderada
(2)
Severa
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Pontuação máxima =
139
Língua
Escores
Posição/ Aparência
Contida na cavidade oral
Normal
(4)
Comprimida por oclusão tensa dos dentes
Apertamento
(3)
Comprimida e com marcas
Apertamento
(2)
Interposta aos dentes (ou rebordos)
DVO reduzida (limite das faces incisais)
(3)
DVO normal (limite das faces incisais)
(ou em soalho bucal)
(2)
Ultrapassa as faces incisais/ou cúpides
vestibulares
(1)
Interposta aos dentes, com trespasse vertical
negativo (“overbite”) ou trespasse horizontal
positivo (“overjet”)
Limite das faces incisais
(3)
Ultrapassa as faces incisais
(2)
Ultrapassa muito as faces incisais e/ou
vestibulares
(1)
Local Interposição
Direito
Esquerdo
Ambos
Anterior
Posterior
Total
Aparência - Volume
Volume compatível com a cavidade oral
Normal
(4)
Volume aumentado e/ou alargada
Leve
(3)
Moderado
(2)
Severo
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Pontuação máxima = 9
Aspecto do Palato Duro
Escores
Largura
Normal
(4)
Largura diminuída (estreito)
Leve
(3)
Moderado
(2)
Severo
(1)
Altura
Normal
(4)
Altura aumentada (profundo)
Leve
(3)
Moderado
(2)
Severo
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Pontuação máxima = 08
140
MOBILIDADE
SOMATÓRIA MÁXIMA = 24
Desempenho
MOVIMENTOS DA LÍNGUA
Protrusão
Retrair
Lateral D
Lateral E
Elevar
Abaixar
Escores
Normal
(6)
(6)
(6)
(6)
(6)
(6)
Habilidade
insuficiente
(5)
(5)
(5)
(5)
(5)
(5)
Habilidade
insuficiente com
movimentos
associados
(4)
(4)
(4)
(4)
(4)
(4)
Habilidade
insuficiente com
tremor
(3)
(3)
(3)
(3)
(3)
(3)
Habilidade
insuficiente com
movimentos
associados e tremor
(2)
(2)
(2)
(2)
(2)
(2)
Ausência de
habilidade (não
realiza)
(1)
(1)
(1)
(1)
(1)
(1)
Somatória
SOMATÓRIA MÁXIMA = 36
DESEMPENHO
MOVIMENTOS LABIAIS
Protrusão
Retração
Lateralidade D
Lateralidade E
Escores
Normal
(6)
(6)
(6)
(6)
Habilidade insuficiente
(5)
(5)
(5)
(5)
Habilidade insuficiente com
movimentos associados
(4)
(4)
(4)
(4)
Habilidade insuficiente com tremor
(3)
(3)
(3)
(3)
Habilidade insuficiente com
movimentos associados e tremor
(2)
(2)
(2)
(2)
Ausência de habilidade (não realiza)
(1)
(1)
(1)
(1)
Somatória
141
DESEMPENHO
MOVIMENTOS DA MANDÍBULA
Abaixar
Elevar
Lateral D
Lateral E
Protruir
Escores
Normal
(6)
(6)
(6)
(6)
(6)
Habilidade insuficiente
(5)
(5)
(5)
(5)
(5)
Habilidade insuficiente
com movimentos
associados
(4)
(4)
(4)
(4)
(4)
Habilidade insuficiente
com desvios
(3)
(3)
(3)
(3)
(3)
Habilidade insuficiente
com movimentos
associados e desvios
(2)
(2)
(2)
(2)
(2)
Ausência de
habilidade (não
realiza)
(1)
(1)
(1)
(1)
(1)
Somatória
SOMATÓRIA MÁXIMA = 30
DESEMPENHO
MOVIMENTOS DAS BOCHECHAS
Inflar
Suflar
Retrair
Lateralizar o
ar
Escores
Normal
(6)
(6)
(6)
(6)
Habilidade insuficiente
(5)
(5)
(5)
(5)
Habilidade insuficiente com
movimentos associados
(4)
(4)
(4)
(4)
Habilidade insuficiente com tremor
(3)
(3)
(3)
(3)
Habilidade insuficiente com
movimentos associados e tremor
(2)
(2)
(2)
(2)
Ausência de habilidade (não realiza)
(1)
(1)
(1)
(1)
Somatória
SOMATÓRIA MÁXIMA = 24
142
FUNÇÕES
Respiração
Escores
Modo
Respiração nasal
Normal
(4)
Respiração oronasal
Leve
(3)
Moderada
(2)
Severa
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Deglutição: Comportamento dos lábios
Escores
Vedam a Cavidade Oral
Sem aparentar esforço
(6)
Vedam a Cavidade Oral, mas apresentam
contração além do normal ou interposição
labial.
Leve
(4)
Moderada
(3)
Severa
(2)
Não vedam a Cavidade Oral
Não cumpre a função
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Deglutição
Escores
Comportamento da Língua
Contida na cavidade oral
Normal
(4)
Interposta aos dentes (ou rebordos)
DVO reduzida (limite das faces incisais)
(3)
DVO normal (limite das faces incisais)
(2)
Ultrapassa as faces incisais e /ou
cúspides vestibulares
(1)
Interposta aos dentes, com trespasse vertical
negativo (“overbite”) ou trespasse horizontal
positivo (“overjet”)
Limite das faces incisais
(3)
Ultrapassa as faces incisais e /ou
cúspides vestibulares
(2)
Ultrapassa muito as faces incisais
(1)
Local Interposição
Direito
Esquerdo
Ambos
Anterior
Posterior
Total
Resultado do sujeito avaliado
Pontuação máxima = 9
143
Outros comportamentos e sinais de alteração
Escores
Presente
Ausente
Movimentação da cabeça ou outras partes do corpo
(1)
(2)
Deslize da mandíbula
(1)
(2)
Tensão da musculatura facial
(1)
(2)
Escape de alimento
(1)
(2)
Engasgo
(1)
(2)
Ruído
(1)
(2)
Resultado do sujeito avaliado
Deglutição Eficiência
Escores
Bolo sólido
Não repete a deglutição do mesmo bolo
(3)
Uma repetição
(2)
Deglutições múltiplas (duas ou mais)
(1)
Bolo líquido
Não repete a deglutição do mesmo bolo
(3)
Uma repetição
(2)
Deglutições múltiplas (duas ou mais)
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Resultado Total da Deglutição
Mastigação - Mordida
Escores
Incisivos
Normal
(4)
Caninos-pré-molares
(3)
Molares
(2)
Não Morde
(1)
Resultado do sujeito avaliado
144
Mastigação
Escores
Bilateral
Alternada (50%/50% até 40%/60%)
(10)
simultânea (vertical)
(8)
Unilateral
Preferencial grau 1 (61% a 77%)
(6)
Preferencial grau 2 (78% a 94%)
(4)
Crônica (95% a 100%)
(2)
Lado da preferência
Direito
Esquerdo
Anterior (Frontal)
(2)
Não realiza a função
Não tritura
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Outros comportamentos e sinais de alteração
Escores
Presente
Ausente
Movimentação da cabeça ou outras partes do corpo
(1)
(2)
Postura alterada (cabeça ou outras partes do corpo)
(1)
(2)
Escape de alimento
(1)
(2)
Resultado do sujeito avaliado
Resultado Total da Mastigação
Tempo gasto para ingerir o alimento =
Alimento utilizado =
145
___________________________Anexos
146
ANEXO 1 Avaliação Miofuncional Orofacial
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO MIOFUNCIONAL OROFACIAL COM ESCORES (AMIOFE)
Data_______/__________/________
Nome:______________________________________________________________
DN__/__/___ Idade:___
Endereço:___________________________________________________________
Responsável:_________________________________________________________
APARÊNCIA E CONDIÇÃO POSTURAL/POSIÇÃO
Condição Postural dos Lábios
Escores
Selados
Cumprem normalmente a função
(3)
Selados com Tensão
Cumprem a função, mas com contração excessiva dos lábios e Mm.
Mentual
(2)
Entreabertos
Disfunção leve
(2)
Totalmente abertos
Disfunção severa
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Condição Postural da Mandíbula
Escores
Condição postural normal
Mantém EFL
(3)
Dentes em oclusão ou contato de rebordos
Apertamento
(2)
Levemente Abaixada (lábios separados)
Disfunção leve
(2)
Abaixada (boca aberta)
Disfunção severa
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Aspecto das Bochechas
Escores
Normais
Normal
(3)
Assimetria
Leve
(2)
Severa
(1)
Flácida/Arqueada
Leve
(2)
Severa
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Simetria Facial
Escores
Simetria entre os lados direito e esquerdo
Normal
(3)
Assimetria
Leve
(2)
Severa
(1)
Lado aumentado
Direito
Esquerdo
Resultado do sujeito avaliado
Posição da Língua
Escores
Contida na cavidade oral
Normal
(3)
Interposta aos arcos dentário
Adaptação ou disfunção
(2)
Protruída em excesso
(1)
Resultado do sujeito avaliado
147
Aspecto do Palato Duro
Escores
Normal
(3)
Largura diminuída (estreito)
Leve
(2)
Severo
(1)
Resultado do sujeito avaliado
MOBILIDADE
Desempenho
MOVIMENTOS LABIAIS
Protrusão
Retração
Lateralidade D
Lateralidade E
Escores
Normal
(3)
(3)
(3)
(3)
Habilidade insuficiente
tremor
(2)
(2)
(2)
(2)
Sem habilidade
(1)
(1)
(1)
(1)
Não realiza
(1)
(1)
(1)
(1)
Somatória
Desempenho
MOVIMENTOS DA LÍNGUA
Protruir
Retrair
Lateral D
Lateral E
Elevar
Abaixar
Escores
Normal
(3)
(3)
(3)
(3)
(3)
(3)
Habilidade insuficiente tremor
(2)
(2)
(2)
(2)
(2)
(2)
Sem habilidade
(1)
(1)
(1)
(1)
(1)
(1)
Não realiza
(1)
(1)
(1)
(1)
(1)
(1)
Somatória
Desempenho
MOVIMENTOS DA MANDÍBULA
Abaixar
Elevar
Lateral D
Lateral E
Protruir
Escores
Normal
(3)
(3)
(3)
(3)
(3)
Habilidade insuficiente / desvio
(2)
(2)
(2)
(2)
(2)
Sem habilidade
(1)
(1)
(1)
(1)
(1)
Não realiza
(1)
(1)
(1)
(1)
(1)
Somatória
Desempenho
MOVIMENTOS DAS BOCHECHAS
Inflar
Suflar
Retrair
Lateralizar o ar
Escores
Normal
(3)
(3)
(3)
(3)
Habilidade insuficiente / desvio
(2)
(2)
(2)
(2)
Sem habilidade
(1)
(1)
(1)
(1)
Não realiza
(1)
(1)
(1)
(1)
Somatória
148
FUNÇÕES
Respiração
Escores
Respiração nasal
Normal
(3)
Respiração oronasal
Leve
(2)
Severa
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Deglutição: Comportamento dos lábios
Escores
Vedam a Cavidade Oral
Sem aparentar esforço
(3)
Vedam a Cavidade Oral, mas apresentam
contração além do normal
Leve
(2)
Severa
(1)
Não vedam a Cavidade Oral
Não cumpre a função
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Deglutição: Comportamento da língua
Escores
Contida na cavidade oral
Normal
(3)
Interposta aos arcos dentários
Adaptação ou disfunção
(2)
Protruída em excesso
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Deglutição: Outros comportamentos e sinais de alteração
Escores
Movimentação da cabeça
Ausente
(1)
Presente
(0)
Tensão dos Músculos
Faciais
Ausente
(1)
Presente
(0)
Escape de alimento
Ausente
(1)
Presente
(0)
Resultado do sujeito avaliado
Deglutição Eficiência
Escores
Bolo sólido ou líquido
Não repete a deglutição do mesmo bolo
(3)
Uma repetição
(2)
Deglutições múltiplas
(1)
Bolo Líquido
Não repete a deglutição do mesmo bolo
(3)
Uma repetição
(2)
Deglutições múltiplas
(1)
Resultado
Resultado Total da Deglutição
149
Mastigação - Mordida
Escores
Incisivos
Normal
(3)
Caninos-pré-molares
(2)
Molares
(1)
Não Morde
(0)
Resultado do sujeito avaliado
Mastigação Trituração
Escores
Bilateral
Alternada
(4)
Simultânea (vertical)
(3)
Unilateral
Preferencial (66%)
(2)
Crônica (95%)
(1)
Anterior (Frontal)
(1)
Não realiza a função
Não tritura
(1)
Resultado do sujeito avaliado
Outros comportamentos e sinais de alteração
Escores
Movimentação da cabeça ou outras
Ausente
(1)
partes do corpo
Presente
(0)
Postura alterada
Ausente
(1)
Presente
(0)
Escape de alimento
Ausente
(1)
Presente
(0)
Resultado do sujeito avaliado
Resultado Total da Mastigação
Tempo gasto para ingerir o alimento =
Alimento utilizado =
150
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA OCLUSÃO
Linha média
Normal
Desviada para direita =
Desviada para esquerda =
Movimentos mandibulares funcionais
Movimentos
Medidas (mm)
Normal
Desvio
Dor
Trespasse
Vertical
Distância
Interincisal
Total
Abertura
D
E
D
E
Fechamento
D
E
D
E
Lateralidade
Interferência
Dor
Guias de desoclusão
Trabalho
Balanceio
Medida
Direita
D
E
Esquerda
D
E
Protrusão
Movimento
Medidas
Dor
Desvio
Interferência
Posterior
Trespasse
horizontal
Distância
Total
D
E
D
E
D
E
Ruído ATM
Abertura
Fechamento
Protrusão
Lateralidade
Direita
Lateralidade
Esquerda
Direita
Esquerda
151
ANEXO 3 Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE)
152
ANEXO 4 Carta de aprovação do Projeto de Pesquisa emitida pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo (CEP-FORP-
USP)
Livros Grátis
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