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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
VICE-REITORIA ACADÊMICA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
A influência da imagem corporal na escolha da habilitação profissional em
Educação Física.
André Gonçalves Dias
Rio de Janeiro
Dezembro/2009
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ANDRÉ GONÇALVES DIAS
Aluno do programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Ciência da Motricidade Humana
A influência da imagem corporal na escolha da habilitação profissional em
Educação Física.
Dissertação apresentada à
Universidade Castelo Branco como
requisito parcial à obtenção do título
de Mestre em Ciência da Motricidade
Humana
Rio de Janeiro
Dezembro/2009
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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSO EM CIÊNCIA DA
MOTRICIDADE HUMANA
A Dissertação: A influência da imagem corporal na escolha da habilitação
profissional em Educação Física.
Elaborada por: André Gonçalves Dias
e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora, foi aceita pela
Universidade Castelo Branco e homologada pelo conselho de Ensino, Pesquisa e
Extensão, como requisito parcial à obtenção do título de
MESTRE EM CIÊNCIA DA MOTRICIDADE HUMANA
Data:
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Prof. Dr. Ângelo Luis de Souza Vargas
___________________________________________
Prof. Dra. Geovana Coiceiro
___________________________________________
Prof. Dr. José Antonio Vianna
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DEDICATÓRIA
Dedico este presente trabalho aos meus pais Angelo Ribeiro Dias e Nilda
Gonçalves Dias, que com seu carinho e dedicação incomensuráveis souberam me
guiar em linha reta pelos caminhos tortuosos da vida.
Ao meu irmão Angelo Gonçalves Dias, que sempre foi e sempre será para mim
um paradigma de como ser homem, no sentido mais amplo da palavra.
À minha esposa Andréa Aragão Dias, pelo amor e carinho na presença e pela
compreensão na ausência.
Ao meu filho Angelo Aragão Dias, que com sua inocência me ensina a ser uma
pessoa melhor e à minha filha Alice Aragão Dias, que chegará ao mundo com o
papai mestre.
À minha cunhada Rosa Maria Monteiro Martins Dias e aos meus sobrinhos
Igor, Rafael e Gabriel, que completam em mim o sentimento mais sagrado: o amor
em família.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela vida que me foi dada.
À minha amiga-irmã Júlia de Fátima Ribeiro Gama, pelo simples fato dela
existir e fazer parte deste momento tão importante de minha vida.
Aos meus queridos amigos Carlos Augusto Sanguedo Boynard, Guilherme
Gomes Côrtes, Ana Lúcia Tavares e Anderson Pontes Morales, pela força e
incentivo para continuar na luta.
Ao Instituto Federal Fluminense, por investir na minha capacitação
profissional.
Ao meu orientador Professor Doutor Ângelo Vargas pela atenção a mim
dispensada e por acreditar em meu potencial de trabalho.
Aos Professores Doutores Geovana Coiceiro e José Antonio Vianna, pela
atenção e disponibilidade para colaborarem na apreciação deste trabalho.
À Universidade Estácio de por permitir a aplicação da pesquisa em alunos
dos campi Barra/Akxe, Macaé e Campos dos Goytacazes.
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Resumo
A influência da imagem corporal na escolha da habilitação profissional em
Educação Física.
Por
André Gonçalves Dias
Universidade Castelo Branco
Dezembro/2009
Orientador: Prof. Dr. Ângelo Luis de Souza Vargas Número de palavras: 101
Baseado no fato de que as concepções de estética e a insatisfação com a
imagem corporal são elementos que interferem no desenvolvimento do ser humano
e na sua relação com a sociedade, este estudo teve como objetivo levantar
indicadores que possibilitem identificar os níveis de satisfação da imagem corporal
de alunos do primeiro ano dos Cursos de Graduação em Educação Física de uma
universidade particular do Estado do Rio de Janeiro e relacioná-los com a escolha
da habilitação profissional (bacharelado e licenciatura). Pode-se verificar por este
estudo que a escolha da habilitação profissional não sofreu interferência da imagem
corporal dos sujeitos.
Palavras-chaves: Imagem corporal; Habilitação profissional; Educação Física.
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vii
ABSTRACT
Based in the fact that the conceptions of esthetic and the dissatisfaction with
the corporal image are elements that interfere in the development of the human
being and with its relation with the society, this research had as objective to raise
pointers that make possible to identify the levels of satisfaction with the corporal
image of pupils in the first year of the graduation‟s courses in Physical Education
from a private university of Rio de Janeiro state and to relate them with the
professional qualification choice. This research verified that didn't have body image
influence on the qualification professional choice.
Word-keys: Corporal image; Professional qualification; Physical Education.
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PENSAMENTO
“O homem não pode abdicar de si mesmo nem do lugar que lhe compete no
mundo visível. O homem não pode tornar-se escravo das coisas, das riquezas
materiais, do consumismo, dos sistemas econômicos ou daquilo que ele mesmo
produz. O homem não pode ser escravo de ninguém nem de nada.”
Papa João Paulo II, 1980.
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ix
SUMÁRIO
RESUMO vi
ABSTRACT vii
SUMÁRIO ix
CAPITULO I 1
1.0. O problema 1
1.1. Introdução 1
1.2. Objetivos do estudo 2
1.2.1. Objetivo geral 2
1.2.2. Objetivos específicos 2
1.3. Identificação das variáveis 3
1.3.1. Variáveis independentes 3
1.3.2. Variáveis dependentes 3
1.3.3. Variáveis intervenientes 3
1.4. Hipóteses 4
1.4.1. Hipótese substantiva 4
1.4.2. Hipóteses estatísticas 4
1.5. Justificativa 4
1.6. Relevância do estudo 6
1.7. Delimitação do estudo 6
1.8. Definição de termos 7
CAPÍTULO II 8
2.0. Referencial teórico 8
2.1. O corpo 8
2.2. O espaço da pós-modernidade 12
2.3. Socialização e imagem corporal 16
2.4. Padrão estético e saúde 19
2.5. Profissionalização da Educação Física no Brasil 23
x
x
2.5.1. A semântica entre Educação Física e saúde 23
2.5.2. A semântica entre Educação Física e modelo de beleza 25
CAPÍTULO III 27
3.0. Metodologia 27
3.1. Modelo de estudo 27
3.1.1. Tipologia e delineamento da pesquisa 27
3.2. População e amostra 28
3.2.1. Descrição da amostra 28
3.2.2. Seleção da amostra 28
3.2.3. Critério de inclusão 29
3.2.4. Critério de exclusão 29
3.2.5. Ética da pesquisa 29
3.3. Procedimento de coleta de dados 30
3.3.1. Procedimentos preliminares 30
3.3.2. Avaliação diagnóstica 30
3.3.3. Avaliação da variável insatisfação com a imagem corporal 31
3.4. Protocolos utilizados 31
3.5. Instrumentos 31
3.5.1. Procedimentos preliminares 31
3.5.2. Avaliação diagnóstica 32
3.5.3. Avaliação da variável insatisfação com a imagem corporal 32
3.6. Limitação do método 33
3.7. Procedimentos de análise de dados 33
3.7.1. Estatística descritiva 33
CAPÍTULO IV 34
4.0. Apresentação dos resultados 34
4.1. Análise dos dados referentes aos níveis de insatisfação com a imagem
corporal 34
4.2. Discussão 37
xi
xi
CAPÍTULO V 39
5. Considerações finais e recomendações 39
5.1. Considerações finais 39
5.2. Recomendações 40
REFERÊNCIAS 42
ANEXOS 47
ANEXO I Aprovação do Comitê de Ética 48
ANEXO II Termo de Consentimento 49
ANEXO III Termo de Informação à Instituição 51
ANEXO IV Questionário sobre Imagem Corporal 53
ANEXO V Ficha Cadastral 56
1
CAPÍTULO I
1.0. O problema
1.1. Introdução
A sociedade espera do profissional de Educação Física uma prática regular
de atividade física e uma aparência sempre saudável, tomando-o como um atleta.
Esta relação imaginária (professor-atleta) tem origem na sociedade brasileira a partir
da aplicação do currículo tradicional-esportivo nos cursos de graduação em
Educação Física (BETTI; BETTI, 1996), que enfatiza as chamadas disciplinas
“práticas”, cujo conceito está baseado na execução e demonstração, por parte do
graduando, de habilidades técnicas e capacidades físicas. Este modelo iniciou-se ao
final da cada de 60 e consolidou-se na década de 70 do século passado,
acompanhando a expansão dos cursos superiores em Educação Física no Brasil e a
“esportivização” da Educação Física (BETTI; BETTI, 1996). Nesse contexto, o teste
de habilidade específica, componente obrigatório dos processos seletivos para
ingresso nos cursos de graduação em Educação Física, configurava-se em um
reforço desta imagem, na medida em que eliminava aqueles que o tinham bom
desempenho psicomotor.
A imagem corporal é a figura de nosso próprio corpo que formamos em nossa
mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós mesmos ou como o
vivenciamos (BOSI et al, 2006). Diversos fatores influenciam na formação da
imagem corporal, tais como: sexo, idade, meios de comunicação, relação do corpo
com processos cognitivos como crenças, valores e atitudes (BANFIELD; McCABE,
2002; DAMASCENO et al, 2005; RICCIARDELLI; McCABE; BANFIELD, 2000).
As pessoas aprendem a avaliar seus corpos através da interação com o
ambiente, assim sua auto-imagem é desenvolvida e reavaliada continuamente
durante a vida inteira, mas as necessidades de ordem social ofuscam as
necessidades individuais. Somos pressionados em numerosas circunstâncias a
concretizar, em nosso corpo, o corpo ideal de nossa cultura (RUSSO, 2005)
2
Com base nestes conceitos de imagem corporal e auto-conceito, mesmo com
a implantação de novos modelos curriculares, percebe-se que esta idéia do
professor-atleta ainda perdura no imaginário da sociedade brasileira. Este estudo
tem como objetivo identificar os níveis de insatisfação com a imagem corporal dos
alunos ingressantes nos cursos de graduação em Educação Física da Universidade
Estácio de Sá, dos campi Barra Akxe (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ) e Macaé
(RJ), relacionando-os com a escolha da habilitação profissional (Licenciatura e
Bacharelado).
1.2. Objetivos do Estudo
1.2.1. Objetivo geral
Identificar indicadores que possibilitem relacionar imagem corporal e escolha
da habilitação profissional em Educação Física (Licenciatura e Bacharelado) em
alunos ingressantes nos cursos de graduação em Educação Física da Universidade
Estácio de Sá, dos campi Barra Akxe (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ) e Macaé
(RJ).
1.2.2. Objetivos específicos
- Analisar os níveis de insatisfação com a imagem corporal dos alunos.
- Relacionar imagem corporal e escolha da habilitação profissional.
1.3. Identificação de variáveis
3
O presente estudo se caracteriza como uma pesquisa de natureza qualitativa
e quantitativa, com dados referenciais obtidos através de instrumentos específicos e
adequados em termos de natureza e validade científica por instrumento.
1.3.1. Variáveis independentes
As variáveis independentes do estudo são as concepções de imagem
corporal percebidas pelos participantes do estudo.
1.3.2. Variáveis dependentes
A variável dependente é a escolha das habilitações profissionais dos
indivíduos.
1.3.3. Variáveis intervenientes (limitações)
Serão consideradas variáveis intervenientes aquelas que poderão interferir
nos resultados e não puderem ser satisfatoriamente controladas. São as seguintes:
1. Motivação e sinceridade dos participantes ao responder o questionário.
2. Considerando-se a imagem corporal uma construção multidimensional e subjetiva,
deve-se reiterar a influência das relações familiares, da mídia e dos aspectos
culturais, assim como a incidência de doenças como anorexia e bulimia.
1.4. Hipóteses
No presente estudo serão apresentadas a hipótese substantiva e as
estatísticas.
4
1.4.1. Hipótese substantiva
HS: Acredita-se que haverá relação entre a imagem corporal e o auto-
conceito com a escolha da habilitação profissional, em função da relação da imagem
do professor de Educação Física e a imagem do atleta.
1.4.2. Hipóteses estatísticas
As hipóteses estatísticas são apresentadas nas suas formas alternativas e
nulas.
H1: Haverá relação entre o auto-conceito e a escolha da habilitação
profissional.
H0: Não haverá quaisquer relações entre o auto-conceito e a escolha da
habilitação profissional.
1.5. Justificativa
Antes da Resolução CFE 03/87 existia o curso de licenciatura, que tinha
por objetivo formar o educador para atuar em escolas de primeiro e segundo graus”,
atual ensino fundamental e médio. Porém, esses licenciados atuavam também em
outros espaços, como academias, clubes, empresas, condomínios, etc. Mas os
cursos de licenciatura não preparavam bem esses indivíduos para atuarem fora do
setor escolar, fato que contribuiu para a criação de cursos de bacharelado em
Educação Física a partir de Resolução CFE 03/87, que tem como campo de atuação
instituições não escolares que prestam serviços à sociedade no campo da Educação
Física.
5
Os níveis de insatisfação com a imagem corporal, certamente estão
relacionados aos modelos de beleza expostos pela mídia; a busca do corpo “sarado”
transforma-se em compulsão, na busca de uma anatomia ideal (LABRE, 2002). O
termo imagem corporal refere-se a uma ilustração, que se tem na mente, de
tamanho, imagem e forma do corpo, expressando também sentimentos relacionados
a essas características, bem como as partes que o constituem. (BOSI et al, 2006).
No contexto da relação imaginária professor-atleta, professores de Educação
Física acima do peso ou obesos passam por muitas dificuldades, até mesmo de
colocação no mercado de trabalho.
Essa imagem invariavelmente acompanha os alunos que ingressam nos
cursos de graduação em Educação Física. Muitos carregam a impressão de que
Educação Física resume-se a esporte, e que a prática desportiva é a tônica do
curso.
Nas décadas de 70 e 80 do século XX usava-se um teste chamado de
“habilidade específica” que pré-selecionava os candidatos ao curso de Educação
Física. Eram testes que determinavam quem poderia ou não se candidatar a cursar
Educação Física levando em consideração apenas a aptidão física dos candidatos.
Esse processo levou a um reforço dessa imagem do “professor-atleta” no imaginário
da sociedade.
Desde a década de 90 do século passado o teste de habilidade específica
não existe mais, mas a imagem do professor-atleta perdura. O condicionamento
físico não é mais determinante para ingressar na graduação em Educação Física.
Hoje existem dois cursos de Educação Física: a Licenciatura e o Bacharelado.
Basicamente o primeiro prepara profissionais para laborar nas áreas formais
(estabelecimentos de ensino) e o segundo para trabalhar nas áreas não-formais
(clubes e academias, entre outros). Este estudo procura identificar indicativos de que
a imagem corporal influencia na escolha da habilitação profissional na área de
Educação Física, provocando no aluno ingressante no curso, ainda que
inconscientemente, uma adequação de sua imagem corporal à imagem que ele tem
do professor de Educação Física que trabalha na área de atuação do bacharel.
1.6. Relevância do estudo
6
A proposta que norteia este estudo consiste em identificar os níveis de
insatisfação corporal dos estudantes de Educação Física e relacioná-los com a
escolha da habilitação profissional (Licenciatura e Bacharelado). Procurar-se-á ainda
verificar possíveis relações entre as variáveis como fatores excludentes do curso de
Bacharelado.
Espera-se que este estudo colabore para a discussão sobre um novo
paradigma da imagem do profissional de Educação Física, sobretudo para aqueles
que militam nas áreas não formais, para que estes não sejam avaliados ou julgados
por suas formas ou aparências, mas sim pelo seu conteúdo, conhecimento e
comprometimento profissional.
1.7. Delimitação do estudo
A pesquisa se delimitará aos Campi da Universidade Estácio de
localizados nos municípios de Campos dos Goytacazes, Macaé e Rio de Janeiro
(Barra Akxe) que oferecem os cursos de graduação em Educação Física
(Licenciatura e Bacharelado) na aplicação dos instrumentos de avaliação.
A população será constituída por alunos do primeiro e do segundo períodos
dos cursos acima referidos.
1.8. Definição de Termos
Imagem corporal: Refere-se a uma ilustração, que se tem na mente, de tamanho,
imagem e forma do corpo, expressando também sentimentos relacionados a essas
características, bem como as partes que o constituem (BOSI et al, 2006).
7
Licenciatura: a formação de professores que atuarão nas diferentes etapas e
modalidades da educação básica, portanto, para atuação específica e especializada
com a componente curricular Educação Física (STEINHILBER, 2006).
Bacharelado: Oficialmente designado de graduação, qualifica profissionais para
analisar criticamente a realidade social, para nela intervir por meio das diferentes
manifestações da atividade física e esportiva, tendo por finalidade aumentar as
possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável, estando
impedido de atuar na educação básica.
CAPÍTULO II
2.0. Referencial Teórico
Este estudo, com base nas concepções estéticas dos sujeitos, objetiva
relacionar a insatisfação com a imagem corporal e a escolha da habilitação
profissional em Educação Física.
Será apresentado no presente capítulo o referencial teórico que
norteará este estudo, dividido em cinco sub-itens, relativos às concepções de
8
estética, a imagem corporal, a s-modernidade e a influência histórica e sócio-
cultural dessas relações, além da profissionalização da Educação Física no Brasil.
2.1. O Corpo
O ser humano, como espécie, tem no corpo a representação de sua
identidade, mas para o homem essa corporeidade não se encontra apenas no
arcabouço físico, ou mesmo nos traços antropológicos tradutores da genética; está
na subjetividade, ou seja, na perspectiva ontológica de sua construção sócio-
histórica. (GIL, 1997). Nesse sentido, “o corpo” é cartão de visitas na
contemporaneidade, espaço-tempo no qual a valorização estética faz da aparência
uma forma de aceitação social.
As raízes históricas sobre as concepções do corpo nos levam a compreender
de forma mais consistente padronizações existentes na forma de pensamento a
respeito do corpo belo e resistente às ações do tempo e assim traçamos nossos
caminhos com o que foi inscrito nessa mesma história (MEDINA, 1991).
A idade média tem início com a divisão do império romano e nesses tempos a
instituição que resistiu à invasão bárbara fortifica-se e surge o homem que é
encorajado a conquistas da vida celestial desfazendo totalmente dos valores e
coisas materiais. A educação monopólio da igreja é conceituada como sinônimo de
disciplina, onde os castigos corporais são um reflexo do autoritarismo e um
empecilho para a ação pedagógica. Somente no culo XIV com o Renascimento
que pode se denominar como um movimento intelectual, estético e social que se
sobrepôs à estrutura feudal do início do século, redescobriu-se a individualidade, o
espírito crítico e o desejo pela liberdade, retornando assim ao humanismo, a
valorização do belo e resgatando a importância do corpo (OLIVEIRA, 1983).
As inscrições e determinações sociais a respeito dos padrões estéticos, nos
séculos XVII e XVIII, se mostram nas exigências de um corpo ereto, contido e
imóvel, através da utilização de espartilhos e aparelhos de sustentação, que na
época seriam demonstração de nobreza e civilidade (ALBUQUERQUE, 2001).
no século XIX os historiadores indicam a ênfase na identidade corporal
sobre a influência da popularização da fotografia e da utilização do espelho,
9
aumentando a valorização das dimensões corporais. O interesse pelas pinturas de
corpo inteiro e pelos retratos colabora também para a identificação do sujeito com o
seu corpo (SILVA, 1999).
Outros estereótipos são caracterizados na segunda metade do século XIX
com o intuito de delinear grupos humanos. Paul Broca, através de medições,
principalmente do crânio, determina a inferioridade intelectual e social da raça negra,
que indica como incapaz de ascender à civilização, enquanto os brancos, com
cabelos lisos e rosto reto fazem parte de uma escala humana mais elevada (SILVA,
1999).
Neste mesmo momento coexiste a idéia de impor gestos e posturas
adequadas às exigências sociais, a imagem e o uso do corpo são dependentes das
relações de domínio e estreitamente subordinadas às necessidades sócio-
econômicas (CORBIN, 1991).
Com o advento da sociedade industrial, seguindo esses mesmos interesses, o
corpo do operário deveria ser moldado para atender a nova ordem. Ordem
disciplinar que é denominada por Perrot (1988) de três formas, que construiriam uma
nova corporeidade: A era do olhar, marcada por todas as formas de fiscalização; a
disciplina fabril como resultado de uma organização administrativa; e a ciência do
trabalho, que tem no corpo um objeto de estudo e maximização do rendimento.
Os limites sociais e psicológicos são então estruturados pela escola, que
através da ginástica, onde os códigos gestuais e boas maneiras o cobrados,
enfatizam a necessidade do corpo reto e rígido (VIGARELLO, 1978).
Segundo VILLAÇA (2002) pensar o corpo é pensar suas performances, seus
limites, numa visão que o contemple como um dos elementos constitutivos do amplo
universo semiótico, no qual se produzem as subjetividades (p.67). Esse corpo, na
dimensão paradoxal de sua dinâmica bio-psicológica carrega todas as vivências e
influências do vivido, que o torna um corpo cultural resultado de experiências que ao
longo da vida de cada ser humano, vão deixando traços, registros, marcas.
Para Grando (1996) alguns estudos do corpo apontam para o fato, da
multiplicidade de olhares sobre o tema, explorando atualmente por variadas áreas
do conhecimento. Entre os estudos, que até bem pouco tempo imperavam,
encontram-se aqueles cujo objetivo é a eugenização da raça e a produção de um
homem “forte” e saudável. É ainda Grando (1996) que ao comentar a existência de
estudos mais sofisticados baseados na fisiologia, na biomecânica e nos princípios
10
do treinamento que buscam a eficiência exacerbada do corpo tornando-o máquina,
paradigma básico do esporte de rendimento e da sociedade capitalista (p. 97).
Historicamente, são muitas as concepções que influenciaram a visão do corpo
para a área de Educação Física. Para Rodrigues (1980) a história da Educação
Física no Ocidente e no Brasil aponta para a influência de duas correntes o
idealismo e o materialismo, como referências nos estudos da corporeidade no
âmbito físico. Para o autor, no idealismo encontram-se as influências vindas de
Platão, para quem o corpo é o elemento material onde a alma repousa. No Brasil, a
concepção positivista fundada em COMTE teve forte repercussão no período
republicano, influenciando a visão de corpo para a Educação Física. As palavras de
Ruy Barbosa revelam esta visão idealista que o positivismo incorporou: “alça vôo,
qual uma águia em defesa de uma Educação sica que fornecesse homens
saudáveis, disciplinadores e produtivos”. (OLIVEIRA, 1985, p. 73)
Em oposição à concepção idealista do corpo, Grando (1996) comenta que a
concepção materialista enfatiza o corpo como possibilidade de unificar e transformar
o homem à luz de uma visão histórico-crítica. Esta visão está ligada a uma análise
do corpo como resultado das relações de produção, cujas classes se opõem: de um
lado a burguesia, dona dos meios de produção e exploradora da classe operária; de
outro, o proletariado, que vende sua força de trabalho, exercendo a condição de
classe exploradora.
Segundo Villaça (2002) a modernidade deixou de lado a visão clínica do
corpo em prol de uma visão esquizofrênica, que passa a privilegiar a mente, o
sujeito “res cogitans” em detrimento de sua encarnação. Por isso, a passagem de
um processo de expressão corporal para a “representação” corporal, enquanto
verdade conceitual que faz a ponte entre o sujeito que se lança ao objeto. Segundo
a autora, esse processo atinge seu ápice no período das Luzes, quando a
sensibilidade corpo/ imagem/ sentido mais do que em qualquer outro tempo, fica
subjugada ao conhecimento.
O positivismo, nada mais faz do que acentuar esse caminho, destituindo de
valor os campos ligados à Educação Física, tais como o jogo, o divertimento, o
movimento como sinônimo de lúdico, reduzindo tudo à razão, à ciência.
Em conformidade com a fala de Santos (1992) é no período de
industrialização, quando a modernidade coloca em prática seu ideário, o instante em
que o corpo passa a ser manipulado como instrumento de produção, lugar de
11
disciplina e controle. É o que Grando (1996) chama da “sacralização do corpo” do
trabalhador, elemento indispensável com seu vigor físico laboral para que o
capitalismo se sustente como modo de produção hegemônico. Já nos anos 80,
ocorre o que os analistas das áreas humanas, denominam de crise do sujeito,
quando se a ruptura com os modelos fixos e a saída, nos anos 90, para o que
alguns autores contemporâneos chamam de pós-modernidade (VILLAÇA, 2002).
É, contudo, no período pós-industrial, caracterizado pela difusão do saber e
da informação, por uma tecnologia que ultrapassa a ciência e a máquina para tornar-
se social e organizacional que o corpo ganha novos contornos na visão
antropológica. (SANTOS, 1992). Surge uma nova realidade, espectro global de
fluxos, redes, imagens, destinada ao controle do cidadão consumidor, através de
uma rede midiática e flexível que produz serviços e desejos.
Nesta perspectiva contemporânea e atualizada, o corpo é visto como uma
construção narcísico-hedonista, disciplinado por regras de estetização geral,
atingindo inclusive a Educação Física, que se insere na cultura pós-moderna,
cultuando o corpo e fragmentando-o da concepção de saúde como bem-estar social
dos sujeitos sociais.
2.2. O espaço da pós-modernidade
O mundo contemporâneo, ao se render aos apelos da mídia e à cultura
de consumo, que mexem com o desejo dos indivíduos, cria novos sentidos e estilos
de vida e delineiam a personalidade dos seres humanos, apontando para a
dimensão material na construção da subjetividade, afeta o corpo e a imagem
corporal dos sujeitos.
O mercado, como um ser abstrato que ganha vida própria na mídia através
das ferramentas de comunicação, cada vez mais sofisticadas pelas novas
tecnologias, irradia um padrão estético, cuja ideologia é a perfeição. O mundo da
publicidade “prega” a todo instante os ideais de beleza, sucesso, juventude e riqueza
material. Desse modo, se uma busca de forma desenfreada do corpo ideal, do status
ideal, do ser da perfeição, que o consumismo apresenta como um ser possível cria
uma imagem ilusória que alimenta os desejos do sujeito social.
12
Esse contexto cultural, forjado na ideologia do consumo em um espaço-tempo
fragmentado, que cultiva o individualismo e faz apologia ao privado em detrimento
do coletivo, tem levado os homens a um sentimento vazio e à solidão, efeitos de
uma realidade que se torna a cada dia mais visível nas relações humanas do
cotidiano.
O “eu” ideal como contraponto do “ideal do eu”, busca refletir sobre a
construção da subjetividade pelos seres humanos, que inclui a visão do corpo pela
auto-imagem, na contemporaneidade. Esse tempo histórico, marcado pelos valores
em crise, resulta no fim da modernidade como fase dominante e no surgimento de
um novo tempo, que alguns autores chamam de pós-modernidade. (HALL, 2003)
O mundo vive, atualmente, uma espécie de febre consumista, que sustenta a
riqueza global circulante, muitas vezes à custa da anulação do “ser” pelo “ter”. A
ânsia pelo corpo ideal, pela posição ideal na sociedade, pela perfeição que a mídia
cria através de seus padrões de beleza e de comportamento, pode levar a
consequências negativas para o sujeito, podendo afetar inclusive sua saúde física e
mental. Essa sociedade do excesso, do controle, do espetáculo, é também a
sociedade do “vazio”.
Para falar desse tema de múltiplas possibilidades de abordagens, o assunto
foi dividido em partes. Na primeira analisou-se o cenário contemporâneo e as
transformações impostas pela passagem da modernidade para a pós-modernidade.
Na segunda, discutiram-se os descompassos entre o “eu ideal” e o “ideal do eu”,
apontando para o ilusório como construção da sociedade de consumo. Finalmente,
na terceira e última parte, as reflexões se voltam para a busca da perfeição na
sociedade do espetáculo, a partir das publicidades que convida ao consumo pelo
viés do ilusório, que alimenta o imaginário e a fantasia do homem comum. (HALL,
2003)
A intenção de tais considerações é mostrar, de forma crítica e reflexiva, que a
busca do “eu ideal” é uma ilusão que impede que a realidade se apresente com um
espaço de realização e de felicidade genuína para o ser humano.
Além das colocações enunciadas, o espaço-tempo da pós-modernidade com
as incertezas que o caracterizam levam os sujeitos a se confrontarem com
realidades, que afetam o seu auto-equilíbrio, causando problemas psíquicos que
podem levar à desestruturação do “eu”. Discutir tais questões é abrir espaços para a
busca do eu real, a partir de um novo projeto de vida.
13
A pós-modernidade ao recriar o mundo através de uma cultura midiática,
eletrônica, globalizada, descentralizou o homem moderno e, na incerteza das
múltiplas escolhas, sequer oportunizou-se que ele buscasse nas reflexões reais e
conscientes com o outro, uma chance de ser feliz e dizer não à manipulação das
mídias.
Segundo Lipovetsky (2004), a pós-modernidade, ao priorizar a liberdade de
ação em detrimento da tradição, possibilita que os indivíduos busquem saciar seus
desejos, sem conflito e sem dominação. Na realidade isso é possível pelo fato
das formas de controle terem se tornado menos reguladoras e mais adaptáveis aos
novos tempos, mas nem por isso menos eficientes, como é o caso da força dos
meios de comunicação, que elaboram as mídias. É Lipovetsky (2004, p. 23) quem
define os tempos pós-modernos quando afirma:
A pós-modernidade representa o momento histórico preciso em que todos
os freios institucionais que se opunham à emancipação individual se
esbarroam e desaparecem, dando lugar à manifestação dos desejos
subjetivos, da realização individual, do amor próprio. As grandes estruturas
socializantes perdem a autoridade, as grandes ideologias já não estão mais
em expansão, os projetos históricos o mobilizam mais, o âmbito social
não é mais que o prolongamento do privado instala-se a era do vazio,
mas sem tragédia e sem apocalipse.
Percebe-se que uma das marcas dos tempos contemporâneos é a crise de
valores, uma vez que os valores tradicionais, ao se fragmentarem, vão ceder lugar
às reinvenções, muitas delas desmedidas em função do excesso de liberdade, de
autonomia, da ausência da disciplina e de modelos a serem seguidos, como em
tempos anteriores.
É Hall (2003) quem analisa esse espaço-tempo contemporâneo ao situar as
incertezas como características desse momento. Segundo o autor, vive-se hoje um
mundo descartável, pois tudo é efêmero; a mercadoria, os sentimentos, as
preferências e até os desejos, visto que o ser humano é constantemente instigado a
trocar o objeto de desejo, por conta do feitiço da mídia e dos apelos que o consumo
traz através dos meios de comunicação.
14
Ao fazer referência ao ideário pós-moderno, Bauman (1998) diz que os meios
eficazes de comunicação cultural aliados à indústria da imagem levam ao
consumidor uma mensagem de indeterminação e maleabilidade do mundo. Trata-se
de um mundo onde tudo pode acontecer e tudo pode ser feito, mas sem ater-se a
uma seqüência temporal, tal a descontinuidade, a imprevisibilidade, a relatividade
que reveste todas as ações humanas. Neste mundo, comenta Bauman (1998, p. 36):
Os laços são dissimulados em encontros sucessivos, as identidades em
máscaras sucessivamente usadas, a história de vida em episódios, cuja
única seqüência duradoura é a sua igualmente efêmera memória.
no contexto pós-moderno, ou na “modernidade tardia” como o denomina
Giddens (2002), uma incerteza permanente que acaba sendo naturalizada. O
homem comum vive de sustos constantes, que acabam por matar “o espanto”, como
caminho para a reflexão. É como se o homem dos tempos contemporâneos
estivesse sempre às vésperas de uma catástrofe, com as emoções em xeque e o
equilíbrio “corpo e mente” ameaçado pelos determinantes de seu tempo histórico.
Harvey (1992) considera que um dos traços da pós-modernidade é a estética
do absurdo, ou seja, um descompromisso total com a tradição, com o equilíbrio, o
que de certa forma leva ao niilismo do inusitado. É uma forma estética de
transgressão à concepção clássica de arte, como afirma o autor. Vivenciar este
momento é compreender que neste turbilhão de novos olhares, o corpo deixa de ser
o lugar que abriga o espírito e a subjetividade, para tornar-se o “outdoor” do
momento vivido pelo sujeito.
Quando comenta em um de seus livros clássicos, “O mal-estar da civilização”,
sobre o estranhamento do ser humano diante da instrumentalidade dos novos meios
de comunicação e dos valores de uma época que surgia, no início do século XX,
como um tempo de mudanças radicais na ordem do mundo, Freud, de uma forma
bastante direta, dizia dos reflexos que o novo contexto histórico teria na vida dos
homens. É como se tais mudanças trouxessem à tona o que os sujeitos têm de pior,
uma pulsão de morte, que alimentaria o narcisismo e o fetichismo em graus
patológicos.
Mas mesmo diante de sua genialidade, Freud não previu um fenômeno do
vulto de um Michael Jackson, o talento de um jovem negro, transformado em figura
15
andrógena, caricatural, um misto de “triste figura” desses tempos em que a imagem
é tratada como mercadoria. O corpo do artista, cujo talento revelava a inteligência
cinestésica, como algo intrínseco à sua genética, por força de cirurgias e
tratamentos é transformado em uma máscara, que no momento de sua morte estava
próxima de um filme de terror, como tantos que ironicamente ele fez para mostrar
sua arte.
O exemplo revela a mutilação do corpo como conseqüência da fragmentação
da alma, como diz Merleau Ponty (1999), ao retratar com sua fenomenologia o
subjugo do espírito ao racionalismo cruel dos tempos modernos. Assim, o corpo que
deveria ser o abrigo, guardando em seus traços e movimentos a história de cada
um, torna-se o corpo fragmentado, o corpo artificial, o corpo das múltiplas
identidades como afirma Hall (2003), o corpo que registra a incerteza de um tempo
marcado pelos estereótipos, pela descontinuidade, pelas lutas de poder, pela
imagem narcísica que como no conto macabro de Oscar Wilde “O retrato de Dorian
Gray”, guarda a imagem velha e carcomida de quem não se aceita e faz um pacto
de juventude eterna com o diabo.
A pós-modernidade transformou o corpo, mas traz em sua nova versão uma
lição para os que vêem um lado positivo nas mensagens da mídia, nos valores
destes tempos complexos, nas imagens que se refletem na construção da auto-
imagem. A lição é a de que o corpo é sócio-histórico, que precisa ser alimentado,
cuidado, protegido, para que a alma viva em paz. Afinal, como afirma Castoriadis
(2000), é sempre tempo de resgatar os símbolos de humanidade.
2.3. Socialização e Imagem Corporal
A concepção do corpo como reflexo da identidade dos indivíduos encontra-se
intimamente ligada à questão cultural, porque cada tempo, com suas crenças, seus
valores, suas visões de mundo reflete uma visão de homem e de corpo. Tanto que
segundo Filho (1988, p. 39) a Educação Física desde o século XIX é vista “como
elemento de extrema importância para forjar um corpo forte, ”saudável”,
indispensável à implementação do processo de desenvolvimento do país”.
16
A idéia de uma Educação Física como atividade ligada à saúde do corpo, à
vitalidade é fruto da influência das instituições militares, que ao final do século XIX
estavam contaminadas dos princípios positivistas originários dos países europeus.
Segundo Grando (1996) esta época coincide com o surgimento de novos padrões
para a família brasileira, pois o fim da escravidão e o advento da República fazem
surgir a falsa idéia de um país novo. Contudo, a burguesia em seus novos arranjos
para manter-se no poder e destacar-se no contexto da nova sociedade brasileira,
marcada pela diversidade cultural, opta por investir na Educação Física, apoiada
pelos pareceres médicos de que corpo saudável é corpo que se movimenta e realiza
atividades físicas.
De acordo com Costa e Venâncio (2004) essa Educação Física que surge sob
o olhar das elites acabou contribuindo para a formação de um corpo ideal, para
representar uma classe e uma raça, que se considerava superior, o que permitiu que
essa concepção acabasse por incentivar o racismo e os preconceitos comuns
nestes tempos em que as mudanças históricas traçavam os rumos do futuro.
Assim, a medicalização do corpo, como sinônimo de saúde, associada à tese
burguesa do corpo viril, cria um ideal de “corpo”, que serve por sua vez de mediação
para o que os autores chamam de socialização da imagem corporal, a partir de uma
visão de “corpo ideal”. Para Gandro (1996, p. 107):
Esse corpo moldado de acordo com os interesses e valores da
ideologia dominante, ao mesmo tempo em que é orientado pelo instinto de
liberdade é bloqueado pelos mecanismos manipuladores do processo de
produção capitalista.
Neste sentido a Educação Física é utilizada como meio de manutenção do
poder das classes dominantes, sempre representando o ideal de saúde, para
camuflar formas de opressão.
O processo de socialização do corpo, iniciado no século XIX e associado à
visão de saúde é apenas início de outro processo que com o tempo ganharia novas
dimensões, com o foco do corpo saindo da saúde para alojar-se no padrão estético,
na segunda metade do século XX. Os novos olhares sobre a questão da
17
corporeidade, não ocorrem imediatamente, ao contrário, surgem gradativamente na
processualidade das mudanças histórico-culturais.
De acordo com Silva (1999) a concepção contemporânea do corpo em seus
múltiplos olhares e faces decorre exatamente das mudanças culturais acontecidas a
partir dos anos 50, quando as novas tecnologias ganham impulso e as
transformações vão acontecendo de maneira acelerada, sequer dando tempo para
que as pessoas atentem para o fato. A socialização do corpo banaliza a estética,
tornando os corpos padronizados aos modelos idealizados pela mídia. Por outro
aspecto, a subjetividade deixa de ter importância “como se corpo e alma estivessem
dissociados em nome da estética forjada pela pós-modernidade”. (p.26)
Conforme sinaliza Canclini (1995) a socialização do corpo na sociedade
midiática, faz com que a corporeidade, como lugar da materialidade da espécie, se
sobreponha a uma concepção de caráter ontológico, na qual a construção do ser
envolve a auto-imagem que o sujeito carrega ao longo de sua história.
Hoje o corpo socializado pela mídia apresenta uma imagem forjada no
modelo do sucesso, da saúde aparente, da imagem que é criada pelos ícones do
momento, e o mais contraditório é que esta imagem socializada pelos meios de
comunicação interfere na subjetividade dos sujeitos sociais em processo de
construção.
A mídia, a família e os amigos condicionam os indivíduos a se exercitarem, a
cuidarem de seus corpos, direcionando-os a desejos, hábitos, cuidados e
descontentamentos com a aparência visual do corpo. A imagem corporal é uma
construção multidimensional que descreve amplamente as representações internas
da estrutura corporal e da aparência física, em relação a nós mesmos e aos outros.
O processo de formação da imagem corporal pode ser influenciado pelo sexo, idade,
meios de comunicação, bem como pela relação do corpo com os processos
cognitivos como crença, valores e atitudes inseridos em uma cultura (DAMASCENO
et al, 2005).
Alguns autores consideram existir forte tendência cultural em considerar a
magreza como uma situação ideal de aceitação social para mulheres. Encontram-se,
também, fortes correlações entre a pressão social de ser magro e a insatisfação
corporal em mulheres adultas jovens (DAMASCENO et al, 2005). Acompanhando a
tendência do ideal de magreza feminina, Voracek e Fisher (2002) apresentaram as
modificações dos padrões antropométricos das mulheres que foram fotografadas na
18
revista Playboy durante as últimas décadas. Através de um estudo descritivo,
evidenciou-se uma tendência de redução nos valores do índice de massa corporal
(IMC) e aumento da relação cintura/quadril (ICQ), demonstrando uma tendência de
linearidade corporal. Por outro lado, para os homens, ocorre a tendência de se
acatar, como ideal, um corpo mais forte ou mais volumoso. Reforçando esta
afirmativa, Cohane e Pope Jr. (2001) citam o estudo de McCreary e Sasse (2000),
realizado com 96 jovens, média de idade de 18 anos, que queriam ser mais pesados
e musculosos em relação ao seu corpo atual. Segundo os autores, em ambos os
casos, homens e mulheres direcionam suas atitudes em relação a seus corpos no
sentido de atender às pressões culturais da sociedade na qual estão inseridos
(DAMASCENO et al, 2005; McCREARY e SASSE, 2000).
A busca incessante por uma melhor aparência física dos praticantes de
atividade física é um fenômeno sociocultural muitas vezes mais significativo do que
a própria satisfação econômica, afetiva ou profissional (DAMASCENO et al, 2005). A
insatisfação com o próprio corpo, ou melhor, com a imagem que se tem dele, talvez
seja um dos motivos principais que levem as pessoas a iniciarem um programa de
atividade física. É possível que o grau de insatisfação com a imagem corporal
influencie o modo como adultos jovens se percebem em termos da relação massa
corporal, percentual de gordura (G%) e estatura. A insatisfação corporal está
diretamente relacionada com a exposição de corpos bonitos pela mídia e tem
determinado, nas últimas décadas, uma compulsão a buscar a anatomia ideal
(DAMASCENO et al, 2005). Apesar de existirem valores de IMC e G% adequados
para a manutenção da saúde, o tipo físico idealizado pelos indivíduos é determinado
culturalmente, parecendo existir um tipo físico ideal que as pessoas que praticam
atividade física buscam alcançar.
2.4. Padrão estético e saúde
Nos últimos anos, o “culto ao corpo” se tornou uma preocupação geral que
atinge as mais diferentes classes sociais, faixas etárias e setores da sociedade em
geral. Revistas e jornais dedicam cada vez mais espaço para as novidades no setor
de cosmético, alimentação e cirurgia plástica. Na televisão, modelos perfeitos
19
surgem durante toda a programação e nos intervalos comerciais, “vendendo”
rmulas de sucesso. O que se observa é jovens, adultos, homens e mulheres cujos
corpos seguem um mesmo padrão: corpos esguios, músculos à mostra e abdômens
moldados nas clínicas de cirurgias plásticas e academias de ginásticas espalhadas
por todo o país. (MELO, 2008)
Apesar das conseqüências que a busca pelo corpo escultural pode causar,
cada vez mais pessoas procuram esse modelo. Contudo, isso pode ser considerado
uma afronta a sua forma natural. Dessa maneira, a indústria frenética da estética
procria suas armas e lança a cada dia novos silicones, cremes, cirurgias,
anabolizantes e o conflito individual passa a ser o maior gerador de mercado para a
exploração capitalista na disputa feroz da beleza. (HÉRCULES e SILVA, 2005)
Nas academias de ginástica, calçadões e clubes são explícitas a exposição e
a busca de um corpo padrão presente na mídia: saudável e belo. Essa realidade é
reflexo de programas de televisão, internet, revistas masculinas e femininas que
criam a cada dia um estereótipo do “corpo em forma”. Corpo que propaga “saúde” e
beleza padrão e vende um ideal “atingível” por meio de atividade física, dieta,
lipoaspiração, implante de silicone etc. Daí, o crescimento quantitativo de academias
de ginástica, produtos dietéticos e cirurgias plásticas.
A saúde, revestida no discurso da beleza, ludibria as pessoas tornando-as
compulsivas, muitas vezes. Elas “correm” para a atividade física, pois está a
salvação, como foi no século XIX. O pior é que o efeito pode ser contrário! O
encontro com profissionais de Educação Física costuma reforçar o mesmo discurso
de controle do corpo na relação: atividade física e saúde/beleza. (COSTA E
VENÂNCIO, 2004)
A proliferação de imagens é, sem sombra de dúvida, uma das principais
características dos tempos contemporâneos. O interesse pelo visual tem despertado
o fascínio dos jovens, principalmente, de pessoas de todas as idades, e é parte de
uma cultura que desafia o olhar.
A valorização do visível de forma intensa e intencional delineia um padrão
estético que envolve a condição primordial dos sujeitos, o corpo em sua existência,
lugar onde a consciência da própria imagem se impõe. A preocupação com a
aparência e a imagem, segundo Santaella (2000) encontra-se presente na vida
cotidiana, na forma de vestir, no tratamento e conservação do próprio corpo, na
modelação através de exercícios físicos e dietas, na realização de cirurgias
20
plásticas, enfim, tudo feito em nome do corpo saudável, metáfora da saúde, que em
muitas situações permanece na aparente estética do corpo sarado.
Dantas (1997, p. 39) no momento em que aborda a questão corporal como
formadora de auto-imagem comenta:
O corpo é a mais irrecusável objetivação do gosto de classe, que se
manifesta de variadas maneiras. Em primeiro lugar, no que tem de natural
em aparência, isto é, nas dimensões volume, estatura, peso e nas
formas redondas ou quadradas, rígidas e flexíveis, retas ou curvas, etc...
de sua conformação visível, mas que se expressa de diferentes formas
toda uma relação com o corpo, isto é, toda uma maneira de tratá-lo, cuidá-
lo, de nutri-lo, de mantê-lo, que é reveladora das disposições mais
profundas dos “habitus”.
Este comentário é revelador do corpo, como representação que se desvela
em variadas formas, na medida em que reflete visões de classe, espaço/tempo,
cultura, genética, enfim, visões históricas e conceitos sobre saúde, aparência,
estética, que se apresentam de mil formas (GIDDENS, 2002). Na
contemporaneidade, a constante exposição dos corpos na publicidade, nas mídias,
nas interações cotidianas, associada à instauração de uma nova moralidade, que
libera o corpo das amarras históricas, uma conformação de um novo padrão
estético, muitas vezes dissociado do conceito de saúde como bem-estar e qualidade
de vida.
Na verdade, o culto ao corpo no presente momento histórico ora se apresenta
como o discurso estético, ora como o discurso à saúde. Em ambos os casos,
evidências da manipulação dos meios de comunicação de massas e dos interesses
mercadológicos que sustentam essas representações.
Quando o tema é a preocupação dos indivíduos com a imagem corporal,
Goldemberg e Ramos (2002) comentam que nesse processo de responsabilização
do indivíduo pelo corpo, a partir do princípio da autoconstrução, a mídia e, sobretudo
a publicidade tem papel fundamental. O corpo transformou-se por força da
propaganda “o mais belo objeto de consumo”, uma vez que representa estilos de
vida, que vendem qualquer tipo de produto que melhorem a estética dos sujeitos que
21
vivem estes tempos de valorização da imagem. O consumidor, como sujeito
desejante é induzido aos padrões estéticos que lhes são dados como paradigma.
Mas o que não pode ser negado é o fato de que na esteira da formação do
profissional de Educação Física, o processo de qualificação sofreu várias mudanças
que contribuíram para transformar o perfil deste profissional. Os fatores econômicos,
que fizeram crescer o setor de serviços, com os mesmos voltados para o corpo em
lugar de destaque, possibilitaram novos caminhos na prática deste especialista
(CASTILHO E GALVÃO, 2002).
Assim, do “personal trainner”, que vai à casa do consumidor, com hora
marcada e preço pago por hora, até os aparelhos que atualmente se compra pela
internet, tudo é feito em nome do rejuvenescimento amplamente cultivado pela
mídia, que estimula a construção da auto-imagem forjada pelos padrões de
consumo. O sujeito em si, com suas carências, frustrações, medos, pouca
importância tem, visto que a prioridade é o poder da aparência, a medida para o
sucesso que atende as demandas desses tempos complexos (GIDDENS, 2002).
nesta corrida pelo rejuvenescimento e por uma imagem esteticamente
perfeita, um aspecto rbido, como comenta Vilaça (2002), pois, paradoxalmente,
os padrões estéticos da pós-modernidade nunca se encontram afinados com os
padrões de saúde. Um dos exemplos típicos dessa situação está no número de
pessoas que mesmo freqüentando as academias, apresentam problemas graves,
que vão desde a síndrome metabólica até lesões musculares e no esqueleto.
Essas considerações demonstram que a relação entre saúde e estética, vai
muito além das questões ligadas às atividades físicas, uma vez que estas são uma
dimensão da totalidade do sujeito. O ideal “mente em corpo são” necessita ser
resgatado na contemporaneidade, pois quando a preocupação com a auto-imagem
torna-se algo obsessivo, a doença se instala, sendo comuns nesse tempo de
estereótipos, as doenças da alma como depressão, síndrome do pânico e outras.
Os cuidados com a saúde envolvem a questão estética, na medida em que
um corpo saudável deve ter proporções harmônicas consideradas ideais na relação
peso/altura, mas todas essas dimensões do ser humano tem sentido se a
natureza, assim como a estrutura físico/emocional do sujeito for respeitada.
Como permanecer jovem, atlético ou retardar o envelhecimento numa
sociedade de culto ao corpo? A indagação gera uma necessidade de encontrar
meios como resposta e que, ao mesmo tempo, rompam com as limitações do corpo.
22
Esse sentimento acontece juntamente com a valorização atribuída aos produtos e às
técnicas para “ser ou ter” um corpo belo. Além disso, corpos “sarados, turbinados”
(termos vigentes na mídia como sinônimos de saúde e beleza) promovidos com os
discursos da atividade física e saúde interessam à economia, ao padrão moral e ao
discurso científico de cada época. Interessa também, eticamente, aos profissionais
de Educação Física, estejam eles nas academias de ginástica, clubes ou escolas.
(COSTA E VENÂNCIO, 2004)
2.5. Profissionalização da Educação Física no Brasil.
2.5.1. A semântica entre Educação Física e saúde.
A Educação Física no Brasil, desde o século XIX, foi entendida como
elemento de extrema importância para “forjar” um corpo forte e saudável,
indispensável à implementação do processo de desenvolvimento do país que,
saindo de sua condição de colônia portuguesa, buscava construir seu próprio modo
de vida (GRANDO, 1996).
Os princípios positivistas vindos da Europa encontraram no Brasil terreno
fértil, pois veio atender às necessidades de um país jovem, ansioso por crescer e
que necessitava de um componente teórico-filosófico como paradigma. Neste
contexto, duas áreas incorporaram o positivismo e reforçaram na sociedade
brasileira a associação da Educação Física à “educação do físico” e à “saúde
corporal”: as áreas médica e militar. A primeira confere à Educação Física um “papel
de substancial importância”, que é o de criar “o corpo saudável, robusto e
harmonioso organicamente”. Calcada nos princípios da medicina social de tendência
higienista, a classe médica brasileira imbuiu-se da responsabilidade de ditar à
sociedade, através da instituição familiar, os fundamentos do processo de
reorganização dos “padrões de conduta física, moral e intelectual da nova família
brasileira”, daí a inclusão da ginástica nos currículos escolares com o objetivo de
caráter médico, que funcionava como instrumento de transmissão dos valores
higiênicos da burguesia ascendente. Neste sentido, segundo Rui Barbosa, a
23
ginástica seria “tão moralizadora quanto higiênica, tão intelectual quanto física, tão
imprescindível à educação do sentimento e do espírito quanto à estabilidade da
saúde e ao vigor dos órgãos” (GRANDO, 1996).
Passados os tempos em que a Educação Física estava ligada ao vigor físico
e a saúde, entra em cena a indústria do corpo e na virada do século XIX para o
século XX, o mundo se prepara para uma mudança radical, que as duas grandes
guerras mundiais servirão para acentuar os movimentos dessas transformações, ao
apontar para os homens, que a vida é efêmera e que viver é fundamental.
O século XX, com o avanço científico e tecnológico vai ampliar os mercados e
criar uma geração consumista. As novas engrenagens e o capitalismo mais
sofisticados em suas ferramentas passam a investir no corpo como mercadoria.
Ocorre a partir dos anos 50 um aumento significativo da indústria de cosméticos e
em conseqüência do movimento feminista e das mudanças de valores familiares, as
mulheres entram no mercado de trabalho, tornando-se cada vez mais
independentes. O corpo ganha uma nova dimensão, a estética, com o mercado
passando a investir na imagem.
O imaginário, que se trata de um conceito ligado à construção da auto-
imagem dos sujeitos sócio-históricos, que se constroem nas teias de seu tempo, é
apresentado de múltiplas formas, tendo todas elas em comum, o componente na
criação mental como forma de representação imaginária e simbólica.
No instante em que define imagens como “construções baseadas nas
informações obtidas pelas experiências visuais anteriores”, Laplantine e Trindade
(2003, p. 10) apontam o papel das percepções do real na construção do imaginário,
logo os contextos socioculturais, assim como as experiências históricas colaboram
nas projeções mentais que os seres humanos elaboram no nível da imaginação.
Segundo Durand (1989) o imaginário como mobilizador e evocador de
imagens utiliza o simbólico para exprimir-se e existir, logo o simbólico pressupõe a
capacidade dos seres humanos em representar a realidade.
2.5.2. A semântica entre Educação Física e modelo de beleza.
As análises que o realizadas, atualmente, em relação à Educação Física
24
como área que se encontra ligada aos padrões de beleza contemporâneos, segundo
Castilho e Galvão (2002) refletem a relação corpo/mundo, na medida em que o
“corpo ideal” passa a ser a metáfora da beleza, do sucesso, do que é esteticamente
correto. Do personal trainner”, na maior parte das vezes, o bacharel em Educação
Física, que vai à casa do consumidor, com hora marcada e preço combinado aos
pacotes das academias, que dizem operar milagres com seus sofisticados
aparelhos, o rejuvenescimento tornou-se um dos padrões do modelo de beleza,
nesses tempos complexos.
Assim, segundo Goldenberg e Ramos (2002), o “culto à beleza e à boa forma
física, responde ao temor à velhice e o horror à gordura” (p. 111), representações da
proliferação de imagens dos corpos jovens e magros cada vez mais “musculosos” e
“desnudos”, que se apresentam como fenômeno de homens e mulheres,
insatisfeitos com suas aparências.
O estudo organizado por Goldemberg e Ramos (2002) a partir do olhar de dez
antropólogos sobre o corpo carioca, e que recebeu o nome de “Nu e vestido” em
referência à obra de Lévi-Strauss “O cru e o cozido”, traça a trajetória dos corpos
que se cobrem, se descobrem e encobrem, dentre outros aspectos, traços
identitários pessoais e grupais, construídos socialmente.
Goldemberg e Ramos (2002) assinalam nos seus comentários que “dentro da
moral da boa forma”, o corpo sem marcas indesejáveis, a exemplo das rugas, e sem
excessos como a gordura, mesmo nu, pode ser considerado decentemente vestido
(p. 2). Os autores em questão ainda comentam que “observando que o corpo pode
se tornar um valor que tanto identifica um indivíduo como parte de um grupo quanto
o diferencia de outros” (p. 3).
Na mesma coletânea de “Nu e vestido” Castro (2002) aponta uma implicação
da relação do sujeito com seu corpo, que é a do redesenhamento do corpo em
busca de definição de identidades e do desenvolvimento dos projetos do “self”. Nas
discussões, a autora remonta a Giddens (2002, p. 35) quando este diz que:
Em meio às esferas da reprodução biológica, da engenharia genética e da
intervenção médica, o corpo pode ser visto como uma questão de escolhas
e opções. Assim, a aparência, a postura corporal, a sensualidade e os
25
regimes a que o corpo se submete podem ser categorias analíticas para se
interpretar a inserção dos corpos nas interações da vida cotidiana.
Nesta perspectiva, a dimensão simbólica do corpo aponta para narrativas
múltiplas e seja nu ou vestido, o corpo é sempre o lugar da subjetividade, abrigo da
matéria que se configura na articulação corpo/alma.
A importância que a dimensão estética e a questão da imagem ocupam
atualmente nas sociedades do mundo globalizado traduz a preocupação dos
indivíduos com relação à forma física e ao volume dos próprios corpos. Muitas
vezes, o ideal de beleza afasta-se da saúde, criando uma relação mórbida entre o
sujeito em busca do corpo idealizado e a realidade, que leva em alguns casos
trágicos, jovens à anorexia. (VILLAÇA, 2002)
Na verdade, ao ocupar o lugar dos valores morais e éticos, a busca da
perfeição corporal como padrão de beleza que é imposto culturalmente, leva
homens e mulheres a grandes frustrações, além de fugir dos reais objetivos da
Educação Física, como campo do saber e como disciplina acadêmica que possui
todo um conjunto de princípios ético-profissionais.
por outro lado, nesse processo de culto ao corpo, uma desvirtuação do
papel do professor de Educação Física ou mesmo do bacharel, que deve ser antes
de tudo, conforme sinaliza Steinhilber (1996) um técnico, que deve buscar a
conquista da legitimidade social nas diversas instâncias da atividade. Logo, não se
rendendo aos modismos, que sob o ponto de vista crítico, devem ser sempre
questionados.
CAPITULO III
3.0. Metodologia
26
Este capítulo tem como objetivo definir qual foi o procedimento empregado na
coleta de dados e o seu tratamento no estudo, a instrumentação e os protocolos
utilizados. Segundo Thomas & Nelson (2002), uma metodologia de pesquisa correta
consiste na organização e na implementação de um plano detalhado de como
conduzir o estudo. A regra padrão é de que a descrição deve ser suficientemente
completa para que um pesquisador competente possa reproduzir o estudo. Assim
sendo, as etapas abaixo discriminadas contemplam todos os itens necessários ao
desenvolvimento desta seção metodológica.
3.1. Modelo de Estudo
O modelo de estudo será apresentado sob a forma de tipologia e
delineamento de pesquisa.
3.1.1. Tipologia e delineamento da pesquisa
A investigação caracterizou-se como uma pesquisa descritiva, tipo
questionário (survey) e com delineamento ex post facto. Segundo Thomas e Nelson
(2002) esse delineamento também é freqüentemente chamado de delineamento de
comparação causal, podendo ser usado para comparar atletas e não atletas,
indivíduos em forma e sedentários, onde o experimentador não tem controle do
tratamento.
3.2. População e Amostra
População é a totalidade de elementos sob estudo de uma classe ou grupo,
que apresentam uma ou mais características em comum. A amostra é uma parte
27
representativa da população. Assim, as próximas seções descrevem como e por que
os sujeitos foram selecionados.
3.2.1. Descrição da Amostra
Foi utilizada nesta pesquisa uma amostra de 180 discentes do primeiro e
segundo períodos do curso de Graduação em Educação Física da Universidade
Estácio de Sá, dos campi Barra/Akxe, Macaé e Campos dos Goytacazes, todos no
Estado do Rio de Janeiro.
3.2.2. Seleção da Amostra
Para este estudo, os alunos foram selecionados observando os critérios de
inclusão e exclusão. Eles foram divididos em dois grupos: Noventa alunos do curso
de Bacharelado e noventa alunos do curso de Licenciatura da Universidade Estácio
de Sá, dos campi Barra/Akxe, Macaé e Campos dos Goytacazes.
3.2.3. Critério de inclusão
Os indivíduos que participaram da investigação eram de ambos os sexos e
estavam matriculados no primeiro e segundo períodos do curso de Graduação em
Educação Física da Universidade Estácio de Sá, dos campi Barra/Akxe, Macaé e
Campos dos Goytacazes.
3.2.4. Critério de exclusão
28
Foram excluídos os sujeitos que não concordaram com os termos do
compromisso assumido com o pesquisador e os que estavam fazendo uso de
remédios controlados ou sofriam de anorexia ou bulimia.
Tanto os critérios de inclusão como os de exclusão foram identificados através
de anamnese inicial contida na ficha cadastral.
3.2.5. Ética da pesquisa
O presente estudo atendeu as normas para a realização de pesquisa em
seres humanos, resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996.
Todos os participantes de estudo concordam em assinar o Termo de
Participação Consentida contendo: objetivo do estudo, os procedimentos de
avaliação, caráter de voluntariedade da participação do sujeito e a isenção da
responsabilidade por parte do avaliador da UCB.
O estudo teve seu projeto de pesquisa submetido ao Comitê de Ética em
Pesquisa envolvendo seres humanos da Universidade Castelo Branco e, após
passar pela préqualificação, foi aprovado por este referido comitê para ser
executado.
3.3. Procedimento da coleta de dados
Neste item, foram descritos os procedimentos adotados na presente pesquisa
quanto à coleta de dados e à avaliação dos escores do questionário de insatisfação
com a imagem corporal.
3.3.1. Procedimentos preliminares
29
Num primeiro momento, foi levantada a quantidade de alunos do primeiro e
segundo períodos do curso de Graduação em Educação Física da Universidade
Estácio de Sá, dos campi Barra/Akxe, Macaé e Campos dos Goytacazes.
3.3.2. Avaliação diagnóstica
Os interessados em participar da pesquisa foram formalmente convidados e
submetidos ao preenchimento de uma ficha cadastral.
3.3.3. Avaliação de variável insatisfação com a imagem corporal
A avaliação da insatisfação com a imagem corporal pelo questionário BSQ
“Body Shape Questionare” foi feita numa sala confortável, silenciosa, sem
interferências externas e sem identificação do indivíduo, preservando sua
privacidade.
3.4. Protocolos utilizados
Neste momento, serão descritos abaixo os protocolos utilizados em cada
medida da avaliação, quanto os critérios de autenticidade científica.
30
3.5. Instrumentos
Para a comprovação das hipóteses do presente estudo, foram utilizados os
seguintes instrumentos, agrupados por finalidade.
3.5.1. Procedimentos preliminares
Para esta etapa do estudo foi utilizado o seguinte instrumento:
● Termo de Participação Consentida elaborado de acordo com a Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996.
3.5.2. Avaliação diagnóstica
● Uma ficha cadastral individual para anamnese e anotações das variáveis e
escores do questionário BSQ.
3.5.3. Avaliação da variável insatisfação com a imagem corporal
Para avaliar a insatisfação com a imagem corporal utilizou-se o Body Shape
Questionnaire - BSQ (validado por Cooper et al., 1987), que mede o grau de
preocupação com a forma do corpo, a autodepreciação devida à aparência física e à
sensação de estar gordo. Segundo Cordás e Neves (1999), o questionário distingue
dois aspectos específicos da imagem corporal: a exatidão da estimativa do tamanho
corporal e os sentimentos em relação ao corpo (insatisfação ou desvalorização da
31
forma física). O instrumento consta de 34 itens, com seis opções de respostas: 1)
nunca, 2) raramente, 3) às vezes, 4) freqüentemente, 5) muito freqüente, 6) sempre.
De acordo com a resposta marcada, o valor do número correspondente à opção feita
é computado como ponto para a questão (por exemplo: nunca vale um ponto). O
total de pontos obtidos no instrumento é somado e o valor é computado para cada
avaliado. A classificação dos resultados é feita pelo total de pontos obtidos e reflete
os níveis de preocupação com a imagem corporal. Obtendo resultado menor ou
igual a 80 pontos, é constatado um padrão de normalidade e tido como ausência de
distorção da imagem corporal. Resultado entre 81 e 110 pontos é classificado como
leve distorção da imagem corporal; entre 111 e 140 é classificado como moderada
distorção da imagem corporal; e acima de 140 pontos a classificação é de presença
de grave distorção da imagem corporal.
3.6. Limitações do método
Todos os mecanismos perceptivo-cognitivos, como a imagem e a insatisfação
corporal, possuem componentes subjetivos e dinâmicos, ou seja, podem ser
altamente influenciados por inúmeros fatores, tais como: pais, amigos, parentes,
questões psicológicas, humor, mídia.
3.7. Procedimento de análise de dados
Os procedimentos estatísticos que foram propostos para a adequada análise
dos dados visam a caracterizar a amostra e testar as hipóteses formuladas.
3.7.1. Estatística descritiva
32
O tipo de pesquisa desse estudo é descritivo normativo, na qual reunirá dados
de uma amostra da população para apresentar os resultados na forma de
comparação, caracterizado como um estudo de “status” e é amplamente utilizado
nas ciências comportamentais. “Baseia-se na premissa de que os problemas podem
ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio da observação, análise e descrição
objetiva”. (THOMAS e NELSON, 2002, P. 280)
Quanto ao tratamento estatístico, utilizar-se-á os métodos da estatística
descritiva no sentido de caracterizar o universo da amostra, sob seus aspectos de
distribuição de freqüência, quando se tratar de dados discretos e médias, desvios-
padrão, variâncias e demais estatísticas pertinentes, quando se tratar de dados
contínuos. As questões do estudo serão respondidas quantitativamente e
qualitativamente.
CAPÍTULO IV
4.0. Apresentação dos Resultados
Os resultados obtidos da aplicação da metodologia descrita neste estudo
serão apresentados em linhas que se seguem em forma de picos, divididos pelas
variáveis observadas neste experimento, de forma descritiva. Antes da apresentação
dos resultados obtidos em cada variável considera-se importante mencionar que o
teste de normalidade de Shapiro-Wilk, mostrou que os dados referentes a todas as
variáveis desta pesquisa se encontram dentro da curva de normalidade, todos com
índices p> 0,05, credenciando assim o uso da ferramenta paramétrica Teste-z: duas
amostras para médias, utilizado para amostras com mais de 30 participantes. Os
resultados obtidos desta ferramentapara a sua respectiva variável foi; Teste BSQ
Z=1.3224, p(unicaudal)= 0.0930 p>0,05, p(bicaudal)= 0.1860 p>0,05. Ou seja, não
existiu uma diferença estatisticamente intergrupos.
4.1. Análise dos Dados Referentes aos Níveis de Insatisfação com a Imagem
Corporal.
33
Os dados correspondentes à estatística descritiva na Tabela 1 mostram os
escores dos alunos do curso de bacharelado (BSQ bac) e do curso de licenciatura
(BSQ lic). Tendo como valores descritivos média, erro padrão, mediana, desvio
padrão, variância da amostra, curtose, assimetria, intervalo, mínimo e máximo.
Tabela 1- Estatística descritiva dos escores do teste BSQ.
BSQ bac
BSQ lic
Média
62,20
67,64
Erro padrão
2,79
3,02
Mediana
56,5
58
Desvio padrão
26,47
28,71
Variância da amostra
700,75
824,68
Curtose
3,35
0,69
Assimetria
1,67
1,12
Intervalo
129
122
Mínimo
34
34
Máximo
163
156
Contagem
90
90
(BSQ bac) curso bacharelado (BSQ lic) curso de licenciatura
A Tabela 2 mostra os resultados inferenciais com seus índices de
significância estatística obtidas na aferição dos escores (BSQ) dos dois cursos (BSQ
bac) e (BSQ lic), bem como os seus valores da média, variância, desvio padrão,
índice z e os índices p(unicaudal) e (bicaudal) respectivamente.
Para o Teste (BSQ), os resultados mostram que não foi estatisticamente
significativo a comparação intergrupos (p>0,05); (BSQ bac) versus (BSQ lic)
p(unicaudal)= 0.0930; p(bicaudal)= 0.1860. Desta forma, houve uma similaridade
dos escores representada pelas médias dos escores do BSQ linc versus BSQ bac.
De acordo com estes escores, estes níveis de insatisfação com a imagem corporal
34
de estudantes de Bacharelado e Licenciatura, não representam uma preocupação
acentuada dos sujeitos com suas imagens corporais.
Tabela 2- Teste-z: duas amostras para médias
BSQ bac
BSQ lic
n
90
90
Média
62
67
Variância
700
824
Dp
26.47
28.71
teste: z
1.3224
p unicaudal
0.0930
p bicaudal
0.1860
(BSQ bac) curso bacharelado; (BSQ lic) curso de licenciatura
Não houve diferença significativa (p> 0,05)
Na figura 1, pode-se observar claramente a similaridade das dias dos
escores do teste (BSQ) nos dois cursos (BSQ bac) e (BSQ lic).
Figura 1- Ilustração dos escores (BSQ) entre os cursos Bacharelado e
Licenciatura
35
TESTE BSQ
0
20
40
60
80
100
120
BSQ bac BSQ linc
CURSOS
Escores
4.2. Discussão
Após a apresentação dos resultados cabe, a partir deste ponto, discorrer
sobre os resultados obtidos. A pesquisa apontou para uma similaridade entre os
níveis de insatisfação com a imagem corporal de estudantes de Bacharelado e
Licenciatura em Educação Física, e estes níveis não são significativos, ou seja, não
representam uma preocupação acentuada dos sujeitos com suas imagens corporais.
Porém, é preciso levar em consideração alguns aspectos relacionados à aplicação
do instrumento de pesquisa.
Para avaliar a insatisfação com a imagem corporal utilizou-se o Body Shape
Questionnaire - BSQ (validado por Cooper et al., 1987), que mede o grau de
preocupação com a forma do corpo, a autodepreciação devida à aparência física e à
sensação de estar gordo. Segundo Cordás e Neves (1999), o questionário distingue
dois aspectos específicos da imagem corporal: a exatidão da estimativa do tamanho
corporal e os sentimentos em relação ao corpo (insatisfação ou desvalorização da
forma física). O instrumento consta de 34 itens, com seis opções de respostas: 1)
nunca, 2) raramente, 3) às vezes, 4) freqüentemente, 5) muito freqüente, 6) sempre.
De acordo com a resposta marcada, o valor do número correspondente à opção feita
é computado como ponto para a questão (por exemplo: nunca vale um ponto). O
total de pontos obtidos no instrumento é somado e o valor é computado para cada
avaliado. A classificação dos resultados é feita pelo total de pontos obtidos e reflete
36
os níveis de preocupação com a imagem corporal. Obtendo resultado menor ou
igual a 80 pontos, é constatado um padrão de normalidade e tido como ausência de
distorção da imagem corporal. Resultado entre 81 e 110 pontos é classificado como
leve distorção da imagem corporal; entre 111 e 140 é classificado como moderada
distorção da imagem corporal; e acima de 140 pontos a classificação é de presença
de grave distorção da imagem corporal.
Conclui-se então, a partir dos resultados obtidos, que os alunos ingressantes
nos cursos de Licenciatura e Bacharelado da Universidade Estácio de Sá, dos campi
Barra/Akxe, Macaé e Campos dos Goytacazes estão dentro do padrão de
normalidade e apresentam ausência de distorção da imagem corporal.
Porém, cabe salientar que alguns aspectos devem ser analisados. O Body
Shape Questionnaire é um teste que apresenta perguntas mais relacionadas ao
universo feminino, o que causou certa estranheza e a alguma dificuldade para
responder em alguns homens que participaram do estudo.
Outra dificuldade observada está relacionada ao momento da aplicação da
pesquisa. Esta foi aplicada em 2008, ano de transição dos cursos de Licenciatura
Plena para o desmembramento em Licenciatura e Bacharelado. A maioria dos
alunos desconhecia tal fato e ainda tinham a idéia de que estavam começando a
cursar a Licenciatura Plena em Educação Física, além de não saberem diferenciar a
Licenciatura do Bacharelado, o que dificultou a caracterização dos grupos de estudo.
O modelo adotado pela Universidade Estácio de Sá oferecia primeiramente a
Licenciatura para todos e posteriormente a complementação para o Bacharelado.
Portanto, a princípio não havia alunos de Bacharelado, todos eram alunos de
Licenciatura. Para amenizar o problema e para caracterizar os grupos, antes de
responderem o questionário os alunos ouviam uma pequena explanação sobre as
características de cada curso e ao final eles eram perguntados sobre que área de
atuação profissional eles teriam mais interesse em labutar. Daí então pode-se
caracterizar os grupos.
Dado o caráter subjetivo da formação da imagem corporal e das variáveis
desse processo, a observação sobre alunos em catorze anos como professor de
ensino superior leva a acreditar que influência da imagem corporal na escolha da
habilitação profissional sim, apesar da pesquisa mostrar que não. Durante todo este
tempo percebi o quanto os alunos se modificam nos anos em que eles estão no
37
curso, desde seus corpos até as roupas que usam, numa clara tentativa de se
ajustar ao meio social em que estão inseridos. Afinal, a construção da imagem
corporal envolve a possibilidade de interferência sobre a própria auto-imagem de
cada um, uma vez que ela não é fixa. Olivier (1995, p. 48) cita que "o corpo e sua
utilização passam por um processo de aprendizagem construtor de hábitos". Aqui,
encerra-se o ponto crucial da modificação constante de nossa auto-imagem. Ela,
então, é definida a partir das interferências sociais que sofremos e dos hábitos que
criamos, moldando nosso aspecto de existir como seres corporais (BARROS, 2005).
CAPÍTULO V
5.0. Considerações finais e recomendações
5.1. Considerações finais
Falar do corpo como imagem, nesses tempos complexos de pós-
modernidade, desde o início deste estudo, apresentou-se como um desafio à
condição primeira, do lugar de onde esta pesquisa surge, a profissão de professor
de Educação Física.
Foram muitas leituras, a maior parte delas distante da revisão de literatura
específica da Educação sica, mas todas de conteúdos específicos afins, na
medida em que o corpo é atualmente objeto de diferentes ciências, que estudam as
dimensões do humano, sejam elas sociais, antropológicas, filosóficas, artísticas e
tantas outras.
Revelar que a auto-imagem dos professores de Educação Física encontra-se
ligada à escolha da profissão e suas especializações e ao tempo histórico, onde
estas se deram, significa dizer que a concepção de auto-imagem encontra-se
intimamente relacionada aos valores culturais do espaço/tempo dos acadêmicos de
Educação Física, objeto dessa investigação.
38
Os resultados obtidos nesta investigação apontam para a ausência de
preocupação com o corpo por parte dos acadêmicos avaliados. Porém, se a
Educação Física se propõe a promover mudança de comportamento através do
movimento corporal e de suas implicações na vida das pessoas, como será possível
não nos preocuparmos com s mesmos? Como intervir e interferir na construção
da imagem alheia sem que este processo não influencie a nossa própria construção
da auto-imagem? O aporte teórico nos farta argumentação que aponta para a
construção da auto-imagem como um processo subjetivo, altamente flexível e que
se estende por toda a vida. Como afirma Barros (2005):
O corpo, portanto, transforma-se em um palco de imagens corporais
construídas. E as descobertas que temos de nós mesmos vão se revelando
a partir do instante em que nos reconhecemos como um „ser‟ que reage às
diversas inter-relações estabelecidas pelos mesmos corpos que tentam
realizar a busca pela compreensão da existência de imagens a busca por
sua própria existência.
Ao reagirmos às diversas inter-relações estabelecidas, alteramos nossa auto-
imagem corporal e, em função da necessidade de posicionamento no grupo social
em que se está inserido, fazemos os ajustes necessários para essa inclusão. O que
dizer então do acadêmico de Educação Física, inserido no mundo do “fitness and
wellness”, onde a imagem do professor sarado e “saudável” vale mais que mil
palavras ditas e um milhão de palavras lidas? Parece inegável que este aluno sofra
a influência de um meio em que a imagem é cobrada por todos a sua volta, pois o
professor neste contexto é muito mais que o condutor de um processo ensino-
aprendizado, ele é (ou deve ser) o modelo a ser alcançado.
O corpo fala por cada um, em seus silêncios, movimentos, rigidez, registros e
índices. O corpo somos nós com tudo que carregamos: História, dores, sonhos e
saberes.
5.2. Recomendações
39
Recomenda-se que esta investigação seja realizada novamente em uma
instituição de ensino superior em que os cursos de Licenciatura e Bacharelado
estejam bem definidos desde o primeiro dia do aluno no curso que ele escolheu,
entendendo que este tenha maior conhecimento do perfil profissional e da área de
atuação de cada tipo de graduação.
Uma pesquisa dividida por gênero também pode ser valiosa, pois pode-se
perceber que mulheres e homens têm preocupações diferentes em relação à
imagem corporal.
Outro aspecto relevante diz respeito às cidades onde estão localizados os
campi da Universidade Estácio de onde esta investigação foi realizada. É
provável que os habitantes das cidades do Rio de Janeiro e Macaé tenham maior
preocupação com a imagem corporal do que os habitantes de Campos dos
Goytacazes, pois as primeiras são cidades litorâneas, onde a exposição dos corpos
nas praias é habitual, diferentemente da última, que é uma cidade interiorana.
40
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44
ANEXOS
45
46
47
ANEXO II
Prezado Senhor (a):
O mestrando André Gonçalves Dias, registro profissional CREF1 000137-G/RJ do Programa
de Pós-Graduação em Ciência da Motricidade Humana PROCIMH, da Universidade
Castelo Branco (UCB-RJ), pretende realizar um estudo com as seguintes características:
Título do Projeto de Pesquisa: A influência da imagem corporal na escolha da habilitação
profissional em Educação Física.
Objetivo do Estudo: A pesquisa pretende estudar a influência da imagem corporal na escolha
do aluno de primeiro ano de graduação em Educação Física entre Licenciatura e Bacharelado.
Descrição dos Procedimentos Metodológicos: No presente estudo, serão aplicados: uma
ficha cadastral com anamnese inicial e dois questionários. Os interessados irão preencher uma
ficha cadastral que terá algumas informações pessoais (anamnese). O questionário BSQ
adaptado e validado por Di Pietro et al (2001) será utilizado de forma direta como objetivo da
pesquisa quanto à satisfação com a imagem corporal, assim como o questionário de Escala de
Desenhos de Silhuetas.
Descrição de Riscos e Desconfortos: Durante a realização do teste há possibilidade de
ocorrer desconforto por parte dos participantes por estarem respondendo questões referentes à
sua intimidade. No entanto, todos os esforços serão feitos para minimizar estas ocorrências,
através da garantia de que suas respostas não serão divulgadas sem prévia autorização dos
participantes.
Benefícios para os Participantes: Não haverá benefício direto para os participantes.
Forma de Obtenção da Amostra: Através de questionários validados.
Uso de Placebo: Não haverá uso de placebo.
Garantia de Acesso: Em qualquer fase do estudo você terá pleno acesso aos profissionais
responsáveis pelo mesmo nos locais e telefones indicados. Em caso de dúvidas ou perguntas,
queira manifestar-se em qualquer momento, para explicações adicionais, dirigindo-se a
qualquer um dos pesquisadores.
Garantia de Liberdade: Sua participação neste estudo é absolutamente voluntária. Dentro
desta premissa, todos os participantes são absolutamente livres para, a qualquer momento,
negar o seu consentimento ou abandonar o programa se assim o desejar, sem que isto
provoque qualquer tipo de penalização.
acima de
tudo, siga as instruções determinadas pelo pesquisador responsável, quanto à segurança
durante a realização das avaliações e/ ou procedimentos de intervenção.
Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido para
Participação em Pesquisa
Título
A influência da imagem corporal na escolha da habilitação profissional
em Educação Física.
Coordenador
Prof. Dr. Estélio H. M. Dantas (esté[email protected].br)
Pesquisador
Responsável
André Gonçalves Dias ([email protected])
(22)27256137/(22)99839723.
48
Direito de Confidencialidade: Os dados colhidos na presente investigação serão utilizados
para subsidiar a confecção de artigos científicos, mas os responsáveis garantem a total
privacidade e estrito anonimato dos participantes, quer no tocante aos dados, quer no caso de
utilização de imagens, ou outras formas de aquisição de informações. Garantindo, desde a
confidencialidade, a privacidade e a proteção da imagem e a não estigmatização, escusando-se
de utilizar as informações geradas pelo estudo em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades,
inclusive em termos de auto-estima, de prestigio ou de quaisquer outras formas de
discriminação.
Direito de Acessibilidade: Os dados específicos colhidos de cada ente participante, no
transcurso da presente pesquisa, ficarão total e absolutamente disponíveis para consulta, bem
como asseguramos a necessária interpretação e informações cabíveis sobre os mesmos. Os
resultados a que se chegar no término do estudo, lhe serão fornecidos, como uma forma
humana de agradecimento por sua participação voluntária.
Despesas e Compensações: As despesas porventura acarretadas pela pesquisa serão de
responsabilidade da equipe de pesquisas. Não havendo por outro lado qualquer previsão de
compensação financeira.
Após a leitura do presente Termo, e estando de posse de minha plenitude mental e legal,
declaro expressamente que entendi o propósito do referido estudo e, estando em perfeitas
condições de participação, dou meu consentimento para participar livremente do mesmo.
Rio de Janeiro, ______ de ________________de 2008.
Assinatura do Participante
ou Representante Legal
Nome Completo (legível)
Identidade nº.
CPF nº.
Em atendimento à Resolução 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de
Saúde, o presente Termo é confeccionado e assinado em duas vias, uma de posse do
avaliado e outra que será encaminhada ao Comitê de Ética da Pesquisa (CEP) da
Universidade Castelo Branco (UCB-RJ)
49
50
51
ANEXO IV
Questionário sobre a imagem corporal
Gostaríamos de saber como você vem se sentindo em relação à sua aparência nas últimas
quatro semanas. Por favor, leia cada questão e faça um círculo apropriado. Use a legenda
abaixo:
1. Nunca
4. Freqüentemente
2. Raramente
5. Muito freqüentemente
3. Às vezes
6. Sempre
1. Sentir-se entediada (o) faz você se preocupar com sua forma
física?
1
2
3
4
5
6
2. Você tem estado tão preocupada(o) com sua forma física a
ponto de sentir que deveria fazer dieta?
1
2
3
4
5
6
3. Você acha que suas coxas, quadril ou nádegas são grande
demais para o restante de seu corpo?
1
2
3
4
5
6
4. Você tem sentido medo de ficar gorda(o) (ou mais gorda(o))?
1
2
3
4
5
6
5. Você se preocupa com o fato de seu corpo não ser
suficientemente firme?
1
2
3
4
5
6
6. Sentir-se satisfeita(o) (por exemplo, após ingerir uma grande
refeição) faz você sentir-se gorda(o)?
1
2
3
4
5
6
7. Você já se sentiu tão mal a respeito do seu corpo que chegou a
chorar?
1
2
3
4
5
6
8. Você já evitou correr pelo fato de que seu corpo poderia
balançar?
1
2
3
4
5
6
9. Estar com mulheres(homens) magras(os) faz você se sentir
preocupada(o) em relação ao seu físico?
1
2
3
4
5
6
10. Você já se preocupou com o fato de suas coxas poderem
espalhar-se quando se senta?
1
2
3
4
5
6
11. Você já se sentiu gorda(o), mesmo comendo uma quantidade
menor de comida?
1
2
3
4
5
6
12. Você tem reparado no físico de outras pessoas de seu mesmo
sexo e, ao se comparar, sente-se em desvantagem?
1
2
3
4
5
6
13. Pensar no seu físico interfere em sua capacidade de se
concentrar em outras atividades (como por exemplo, enquanto
assiste à televisão, lê ou participa e uma conversa)?
1
2
3
4
5
6
52
14. Estar nua (nu), por exemplo, durante o banho, faz você se
sentir gorda(o)?
1
2
3
4
5
6
15. Você tem evitado usar roupas que a fazem notar as formas do
seu corpo?
1
2
3
4
5
6
16. Você se imagina cortando fora porções de seu corpo?
1
2
3
4
5
6
17. Comer doce, bolos ou outros alimentos ricos em calorias faz
você se sentir gorda(o)?
1
2
3
4
5
6
18. Você deixou de participar de eventos sociais (como, por
exemplo, festas) por sentir-se mal em relação ao seu físico?
1
2
3
4
5
6
19. Você se sente excessivamente grande e arredondada (0)?
1
2
3
4
5
6
20. Você já teve vergonha do seu corpo?
1
2
3
4
5
6
21. A preocupação diante do seu físico leva-lhe a fazer dieta?
1
2
3
4
5
6
22. Você se sente mais contente em relação ao seu físico quando
de estômago vazio (por exemplo, pela manhã)?
1
2
3
4
5
6
23. Você acha que seu físico atual decorre de uma falta de
autocontrole?
1
2
3
4
5
6
24. Você se preocupa que outras pessoas possam estar vendo
dobras na sua cintura ou estômago?
1
2
3
4
5
6
25. Você acha injusto que as outras pessoas do seu mesmo sexo
sejam mais magras que você?
1
2
3
4
5
6
26. Você já vomitou para se sentir mais magra(o)?
1
2
3
4
5
6
27. Quando acompanhada(o), você fica preocupada(o) em estar
ocupando muito espaço (por exemplo, sentado num sofá ou no
banco de um ônibus)?
1
2
3
4
5
6
28. Você se preocupa com o fato de estarem surgindo dobrinhas
em seu corpo?
1
2
3
4
5
6
29. Ver seu reflexo (por exemplo, num espelho ou na vitrine de
uma loja) faz você sentir-se
mal em relação ao seu físico?
1
2
3
4
5
6
30. Você belisca áreas de seu corpo para ver o quanto há de
gordura?
1
2
3
4
5
6
31. Você evita situações nas quais as pessoas possam ver seu
corpo (por exemplo, vestiários ou banhos de piscina)?
1
2
3
4
5
6
32. Você toma laxantes para se sentir magra(o)?
1
2
3
4
5
6
33. Você fica particularmente consciente do seu físico quando em
companhia de outras pessoas?
1
2
3
4
5
6
53
34. A preocupação com seu físico fazem-lhe sentir que deveria
fazer exercícios?
1
2
3
4
5
6
Resultado:
Menos de 110 pontos: Você tem quase nenhuma preocupação com a sua aparência.
Entre 111 e 138: a sua preocupação com a aparência é leve.
Entre 139 e167: Você tem uma preocupação moderada com sua aparência.
De 168 para cima: Vose preocupa além da conta com a sua aparência e talvez sofra de
algum distúrbio relacionado a este assunto. É recomendável que você procure a ajuda de
especialista
ANEXO V
FICHA CADASTRAL
54
Nome completo: ________________________________________________________
Data de nascimento: _____/_____/________
Endereço: _____________________________________________________________
CEP: _________________________________________________________________
E-mail: _______________________________________________________________
Universidade: __________________________________________________________
Campus: ______________________________________________________________
Curso: ( ) Bacharelado ( ) Licenciatura
Fumante: ______________________________________________________________
Possui alguma doença? Qual? ______________________________________________
Faz uso de algum medicamento? ____________________________________________
Pratica atividade física regular? _____________________________________________
RESULTADO DO BSQ
ESCORE........................
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