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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Campus de Rio Claro
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E A PERCEPÇÃO DOS
MUNÍCIPES DE RIO CLARO – SP.
ALINE PASCOALINO
Orientadora: Profª Drª Sandra Elisa Contri Pitton
Dissertação de Mestrado elaborada junto ao
Programa de Pós-Graduação em Geografia
Área de Organização do Espaço, para obtenção
do título de Mestre em Geografia.
Rio Claro (SP)
2009
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Pascoalino, Aline
Alterações climáticas e a percepção dos munícipes de Rio Claro - SP /
Aline Pascoalino. - Rio Claro : [s.n.], 2009
236 f. : il., figs., tabs., quadros
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Geociências e Ciências Exatas
Orientador: Sandra Elisa Contri Pitton
1. Climatologia. 2. Clima e percepção. 3. Percepção climática. 4.
Tipos de tempo. 5. Alterações climáticas. I. Título.
551.6
P281a
Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP
Campus de Rio Claro/SP
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Comissão Examinadora
Profª. Drª. Sandra Elisa Contri Pitton
(Orientadora)
Prof. Dr. Antonio Carlos Tavares
Prof. Dr. Ary Menardi Júnior
Aline Pascoalino
(Aluna)
Rio Claro, 23 de outubro de 2009.
Resultado: Aprovada
Aos meus pais,
Marlene e Reis, e ao meu namorado Juliano
Dedico.
Agradecimentos
Agradeço, à Professora Doutora Sandra Elisa Contri Pitton pela oportunidade
concedida desde o decorrer da minha graduação, pela confiança no meu trabalho e pelas
orientações no direcionamento e desenvolvimento deste estudo.
Ao Professor Doutor Antonio Carlos Tavares pelos ensinamentos de climatologia, pela
oportunidade de realização de estágio docência e pelas contribuições proferidas na defesa do
presente estudo.
Ao Professor Doutor Ary Menardi Júnior pelas enriquecedoras contribuições e
propostas ao aperfeiçoamento do trabalho proferidos durante o processo de defesa do mesmo.
À Professora Doutora Lucy Marion C. P. Machado e ao Professor Doutor Anderson
Luís Hebling Christofoletti pelas correções realizadas no exame de qualificação que
colaboraram para o desenvolvimento desta pesquisa.
À Universidade Estadual Paulista Campus de Rio Claro, ao Instituto de Geociências
e Ciências Exatas e ao Programa de Pós-Graduação em Geografia pela oportunidade de
realização do mestrado.
Ao CNPq pelo fomento concedido à realização da pesquisa.
Aos funcionários do CEAPLA, Carlos e Niuro pela concessão dos dados
meteorológicos diários utilizados neste estudo e pela atenção sempre solícita.
Aos professores e funcionários do Departamento de Geografia e da Pós-Graduação em
Geografia, pela assistência desempenhada, em especial à Maíca e à Vera.
Aos verdadeiros amigos e aos companheiros de estudos da Pós-Graduação.
Agradeço à minha mãe, Marlene Mendonça Pascoalino e à minha avó Sylvia Bardini,
pela crença e pelo apoio, e, ao meu pai, Reis Roberto Pascoalino, pelas renúncias, pelo
estímulo e pela presença constante em minha vida.
Ao meu namorado Juliano, agradeço pelo amor, carinho, dedicação e amizade sempre
presentes, como também pela compreensão, paciência, otimismo e incentivo à realização de
minhas buscas.
Em especial, agradeço a Deus por ter me guiado para este caminho...
RESUMO
O estudo objetivou verificar a percepção dos tipos de tempo, do ritmo climático e das
alterações climáticas, sistematizando-se através de duas abordagens uma climatológica e
outra da percepção. Primeiramente, avaliou-se os tipos de tempo sucedidos no município de
Rio Claro SP, em um mês de inverno e um de verão, utilizando-se da técnica de análise
rítmica. Posteriormente, no intuito de apreender a percepção climática dos munícipes aplicou-
se oitenta formulários distribuídos de forma equivalente nas áreas urbana e rural. A coleta de
dados ocorreu durante os meses de julho/agosto de 2008 e janeiro de 2009. Verificou-se a
percepção dos aspectos de sazonalidade e da sucessão dos tipos de tempo, bem como a
percepção das influências atmosféricas no cotidiano e tempo-sensitividade individuais,
identificando-se ainda a influência dos meios de comunicação no processo perceptivo. No que
se refere às alterações climáticas o imaginário social apresentou-se de forma uniformizada e
seguiu a convicção de que estas estão ocorrendo, que alcançam uma escala espacial global
e têm como repercussão o aumento de eventos extremos e catastróficos. Mesmo concebendo-
se que as causas antropogênicas são prevalecentes no processo parcela significativa isentou-se
de responsabilidade.
PALAVRAS-CHAVE: percepção climática, tipos de tempo, alterações climáticas.
ABSTRACT
The study aimed at evaluating the perception of weather types, of climatic rhythm and of the
climate changes by means of two approaches a climatological and other of the perception.
Firstly, were assessed the weather types successful in Rio Claro county – SP, in one month of
winter and one of summer, using the technique of rhythmic analysis. In order to verify the
climate perception of residents applied eighty questionnaires distributed in a manner
equivalent in the urban and rural areas. Data collection occurred during the months of july /
august, 2008 and january, 2009. There was the perception of seasonal aspects and about the
succession of weather types, the perception of the weather types influences in the life and
health conditions of the individuals, and the media influences in the perceptual process. With
regard to climate change, the social image presented in a standardized and followed the
conviction that they are already taking place, reaching a global spatial scale and have the
effect in the increase of extreme events and catastrophic. Even conceiving that anthropogenic
causes are prevalent in significant portion but was remained free of responsibility.
KEYWORDS: climate perception, weather types, climate change
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1: Distribuição dos diferentes gases do efeito estufa no total das emissões no ano de
2004..........................................................................................................................................29
Figura 2: Distribuição dos diferentes setores do total antropogênico das emissões de gases do
efeito estufa em 2004................................................................................................................30
Figura 3: Imagem de satélite do furacão Catarina em sua passagem pela Região Sul do
país............................................................................................................................................31
Figura 4: Evento de severa estiagem na Bacia Amazônica.....................................................32
Figura 5: Aumento da temperatura global no período de 1860 a 2000...................................36
Figura 6: Representação das relações indivíduo – meio nos processos de adaptação sucessiva
ao ambiente e de desenvolvimento mental ..............................................................................56
Figura 7: Centros de ação da dinâmica atmosférica da América do Sul ................................66
Figura 8: Grupos climáticos segundo o controle de massas de ar...........................................69
Figura 9: Principais feições climáticas do Estado de São Paulo, segundo a classificação de
Monteiro (1973)........................................................................................................................72
Figura 10: Localização do município de Rio Claro no Estado de São Paulo..........................75
Figura 11: Principais abordagens metodológicas....................................................................83
Figura 12: Diagrama de análise rítmica do mês de julho/agosto de 2008...............................90
Figura 13: Diagrama de análise rítmica do mês de janeiro de 2009........................................98
Figura 14: Percentual de participação dos sistemas atmosféricos atuantes nos meses de
julho/agosto de 2008 e janeiro de 2009..................................................................................106
Figura 15: Observação dos respondentes sobre a freqüência na ocorrência de eventos
extremos do clima julho/agosto de 2008.................................................................................130
Figura 16: Condições climáticas que estão se alterando conforme as menções dos
respondentes. Julho/agosto de 2008........................................................................................131
Figura 17: Observação dos respondentes sobre a freqüência na ocorrência de eventos
extremos do clima. Janeiro de 2009........................................................................................133
Figura 18: Condições climáticas que estão se alterando conforme as menções dos
respondentes. Janeiro de 2009................................................................................................134
Figura 19: Posicionamento dos respondentes sobre as influências exercidas pelo tempo/clima
no seu cotidiano. Julho/agosto de 2008..................................................................................137
Figura 20: Posicionamento dos respondentes sobre as influências exercidas pelo tempo/clima
no seu cotidiano. Janeiro de 2009...........................................................................................139
Figura 21: Ênfase dada pelos respondentes às alterações climáticas no contexto da
diversidade de problemas socioambientais ............................................................................147
Figura 22: Posicionamento dos respondentes diante do (des)conhecimento das alterações
climáticas................................................................................................................................151
Figura 23: Posicionamento dos respondentes diante dos riscos que as alterações climáticas
trarão às gerações futuras. ......................................................................................................152
Figura 24: Posicionamento dos respondentes diante do nível pessoal de informação referente
às alterações climáticas...........................................................................................................152
Figura 25: Posicionamento dos respondentes quanto ao sentimento de incerteza sobre as
alterações climáticas...............................................................................................................153
Figura 26: Posicionamento dos respondentes quanto ao sentimento de insegurança sobre as
alterações climáticas...............................................................................................................153
Figura 27: Visão social da dimensão espacial de repercussão dos possíveis fenômenos
decorrentes do processo de alteração climática
.
......................................................................156
Figura 28: Consciência da responsabilidade individual no processo das alterações
climáticas................................................................................................................................158
LISTA DE QUADROS
Página
Quadro 1: Modalidades de variação climática, conforme definições da Organização
Meteorológica Mundial (OMM) ..............................................................................................24
Quadro 2: Mudanças climáticas projetadas e a probabilidade de suas
conseqüências............................................................................................................................34
Quadro 3: Argumentos críticos sobre a hipótese do aquecimento global
antropogênico............................................................................................................................38
Quadro 4: Principais diferenças entre as estruturas da percepção e da inteligência na
concepção de Piaget..................................................................................................................55
Quadro 5: Tipos de tempo reproduzidos no município de Rio Claro ao longo do
ano.............................................................................................................................................74
Quadro 6: Identificação dos sistemas atmosféricos atuantes..................................................89
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1: Distribuição por gênero e área de residência dos respondentes. Julho/agosto de
2008.........................................................................................................................................107
Tabela 2: Distribuição por gênero e área de residência dos respondentes. Janeiro de
2009.........................................................................................................................................108
Tabela 3: Distribuição por faixa etária e área de residência. Julho/agosto de
2008.........................................................................................................................................108
Tabela 4: Distribuição por faixa etária e área de residência. Janeiro de
2009.........................................................................................................................................109
Tabela 5: Grau de escolaridade por área de residência dos respondentes. Julho/agosto de
2008.........................................................................................................................................109
Tabela 6: Grau de escolaridade por área de residência. Janeiro de 2009...............................110
Tabela 7: Distribuição por área e tempo de residência dos respondentes no município.
Julho/agosto de 2008...............................................................................................................110
Tabela 8: Distribuição por área e tempo de residência dos respondentes no município.
Janeiro de 2009.......................................................................................................................111
Tabela 9: Exposição dos respondentes às condições do ambiente atmosférico, conforme
atividade profissional exercida e área de residência. Julho/agosto de 2008...........................111
Tabela 10: Exposição dos respondentes às condições do ambiente atmosférico, conforme
atividade profissional exercida e área de residência. Janeiro de 2009....................................112
Tabela 11: Tipos de tempo de menor preferência dos respondentes por área de residência.
Julho/agosto de 2008. .............................................................................................................112
Tabela 12: Tipos de tempo de menor preferência dos respondentes por área de residência.
Janeiro de 2009.......................................................................................................................114
Tabela 13: Tipos de tempo de maior preferência dos respondentes por área de residência.
Julho/agosto de 2008...............................................................................................................115
Tabela 14: Tipos de tempo de maior preferência dos respondentes por área de residência.
Janeiro de 2009.......................................................................................................................116
Tabela 15: Percepção dos respondentes sobre a gênese das chuvas no município de Rio
Claro, conforme a área de residência. Julho/agosto de 2008..................................................117
Tabela 16: Percepção dos respondentes sobre a gênese das chuvas no município de Rio
Claro, conforme a área de residência. Janeiro de 2009...........................................................120
Tabela 17: Percepção dos respondentes sobre a previsão do tempo meteorológico através da
observação das condições ambientais. Julho/agosto de
2008.........................................................................................................................................122
Tabela 18: Percepção dos respondentes sobre a previsão do tempo meteorológico através da
observação das condições ambientais. Janeiro de
2009.........................................................................................................................................124
Tabela 19: Percepção dos respondentes sobre a freqüência temporal em intervalos diários
entre as precipitações pluviométricas sucedidas no município. Julho/agosto de
2008.........................................................................................................................................126
Tabela 20: Percepção dos respondentes sobre a freqüência temporal em intervalos diários
entre as precipitações pluviométricas sucedidas no município. Janeiro de
2009.........................................................................................................................................128
Tabela 21: Fatores desencadeantes dos eventos extremos conforme os respondentes.
Julho/agosto de 2008...............................................................................................................132
Tabela 22: Fatores desencadeantes dos eventos extremos conforme os respondentes.
Janeiro de 2009.......................................................................................................................135
Tabela 23: Influências do tempo e do clima na vida dos respondentes. Julho/agosto de
2008.........................................................................................................................................137
Tabela 24: Influências do tempo e do clima na vida dos respondentes. Janeiro de
2009.........................................................................................................................................139
Tabela 25: Situações de riscos enfrentados pelos respondentes com relação à sucessão dos
eventos climáticos. Julho/agosto de 2008...............................................................................141
Tabela 26: Situações de riscos enfrentados pelos respondentes com relação à sucessão dos
eventos climáticos. Janeiro de 2009........................................................................................142
Tabela 27: Principais fontes de informações, sobre a previsão meteorológica, utilizadas pelos
respondentes. Julho/agosto de 2008........................................................................................143
Tabela 28: Principais fontes de informações, sobre a previsão meteorológica, utilizadas pelos
respondentes. Janeiro de 2009................................................................................................143
Tabela 29: Principais períodos, da semana e do ano, os quais os respondentes buscam
informações sobre o tempo e o clima. Julho/agosto de 2008..................................................144
Tabela 30: Principais períodos, da semana e do ano, os quais os respondentes buscam
informações sobre o tempo e o clima. Janeiro de 2009..........................................................146
Tabela 31: Valoração atribuída pelos respondentes aos processos de alterações climáticas e
aquecimento global.................................................................................................................148
Tabela 32: Imagem atribuída pelos respondentes com relação às conseqüências do processo
de mudanças climáticas e aquecimento global.......................................................................149
Tabela 33: Valoração atribuída à imagem mencionada pelos respondentes sobre os
conseqüentes acontecimentos das mudanças climáticas.........................................................151
Tabela 34: Consciência dos respondentes no que se refere à dimensão temporal de
repercussão dos possíveis fenômenos decorrentes do processo de alteração
climática..................................................................................................................................154
Tabela 35: Posicionamento dos respondentes sobre o fator condicionante das possíveis
alterações do clima..................................................................................................................157
Tabela 36: Justificativas apresentadas pelos respondentes sobre sua responsabilidade no
processo de alterações climáticas............................................................................................159
Tabela 37: Principais ações adotadas pelos respondentes no intuito de reduzir os impactos do
homem no clima......................................................................................................................160
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA......................................................16
1.1. Objetivos............................................................................................................ 20
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................... 21
2.1. Ritmo, variabilidade e alterações climáticas...................................................... 21
2.2. Os aspectos físicos e as alterações climáticas ................................................... 27
2.3. Os aspectos políticos e as alterações climáticas. ...............................................39
2.4. O ritmo climático e o local................................................................................ 42
2.5. Fenomenologia e a percepção na Geografia ......................................................45
2.6. Cognição e a percepção do ambiente ....................................................... ........ 50
2.7. A percepção climática ....................................................... ............................... 57
3. ÁREA DE ESTUDO................................................................................................. 65
3.1. A circulação atmosférica na América do Sul e o enquadramento climático
regional..................................................................................................................... 65
3.2. Localização e aspectos geográficos da área de estudo ......................................75
4. FONTES DE INFORMAÇÃO E PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS........................................................ ........................................... 79
4.1. A abordagem climática...................................................................................... 79
4.2. A abordagem da percepção ..................................................... ......................... 81
4.3. A elaboração do instrumento de coleta de dados. ............................................. 84
4.4. Considerações sobre o pré-teste do instrumento de coleta de dados..................85
4.5. Definição da amostra e a coleta de dados ......................................................... 87
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS............................................................... 89
5.1. A abordagem climática e a análise rítmica dos tipos de tempo
sucedidos em Rio Claro............................................................................................ 89
5.1.1. A participação dos sistemas atmosféricos durante o período
de análise ........... ............................................................................................. 105
5.2. A percepção climática dos munícipes de Rio Claro. .......................................107
5.2.1. As características do universo de análise.................... ........................... 107
5.2.2. A percepção dos tipos de tempo............................................................. 112
5.2.3. A percepção da gênese e frequência das chuvas no município...............117
5.2.4. A percepção e os excepcionalismos climáticos...................................... 130
5.2.5. Interação Sociedade – Ambiente: a percepção das influências do
tempo e do clima no cotidiano urbano e rural.................................................. 136
5.3. Representação e percepção das alterações climáticas ..................................... 146
5.3.1. O imaginário social do fenômeno ambiental.......................................... 146
5.3.2. Representação social da dimensão temporo-espacial de alcance
das alterações climáticas................................................................................... 154
5.3.3. As alterações climáticas e a responsabilidade social sobre os impactos
antrópicos no clima........................................................................................... 156
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 161
REFERÊNCIAS........................................................ ................................................. 169
ANEXOS........................................................ ............................................................. 175
Anexo A – Instrumentos de coleta de dados desenvolvidos e utilizados no estudo –
Clima e percepção – realizado por Sartori (2000)........................................................ 175
Anexo B – Formulário de coleta de dados utilizado no estudo – A percepção climática
no município de Campinas – SP – realizado por Oliveira (2005).................................182
Anexo C – Formulário de coleta de dados utilizado no estudo – O clima de Santa Cruz
do Sul – RS e a percepção climática da população urbana – realizado por Ruoso
(2007).................................... ....................................................................................... 184
Anexo D – Questionário de coleta de dados utilizado em estudo realizado pelo
Tyndall Centre for Climate Change Research e apresentado por Lowe
(2006).................................. ...................................................................................... ...206
Anexo E – Formulário desenvolvido e utilizado no pré-teste.......................................206
Anexo F – Formulário utilizado na coleta de dados..................................................... 211
Anexo G – Imagens de satélite dos meses de julho/agosto de 2008 e janeiro de
2009.............................................................................................................................. 214
16
1. INTRODUÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA
O nível de desenvolvimento tecnológico existente na sociedade atual confere ao
homem a capacidade técnica de intervir de forma impactante no ambiente em conformidade
às necessidades criadas pelo modo de vida contemporâneo. As cidades constituem-se como as
máximas expressões concretas desta interferência. É neste processo de alterar e recriar
ambientes dotados de artificialidade que a sociedade vai se organizando e estruturando ao
longo do tempo gerando uma diversidade de desequilíbrios ambientais, onde a velocidade
regenerativa do natural não alcança a velocidade degenerativa do social impossibilitando,
portanto, o estabelecimento de uma dinâmica equilibrada no ambiente.
Neste sentido, conforme explicita Tuan (1980), é necessário falar de problemas
ambientais que são fundamentalmente humanos. Não como desvencilhar os processos de
degradação ambiental do fator humano. O natural sempre foi visto como fonte de insumos
apta a atender as demandas do imediatismo, entretanto, a mesma sociedade que consome gera
a inutilidade devolvendo ao natural o artificial que nem sempre pode ser processado pela
natureza ou quando possível, leva centenas de anos para se decompor. E é na reprodução de
ambientes degradados que as sociedades desenvolvem-se e as parcelas vulneráveis da
população pagam pelas atitudes da coletividade.
De acordo com Santos e Machado (2004) a crise ambiental apresentada pela sociedade
atual pode ser entendida como uma crise de percepção, o que demonstra que os problemas
que se apresentam são inerentes ao relacionamento da sociedade com o ambiente em seu
processo de atribuição de valores aos recursos naturais existentes, onde o indivíduo pode
colocar-se como parte deste ambiente ou apenas como observador de uma natureza passível
17
de ser submetida aos interesses do capitalismo e do bem-estar presente. Dessa forma, ressalta-
se que
a percepção se vincula diretamente com o ambiente, entendido como resultado da
interação da sociedade com a natureza, de forma indissociável, pois as condições
e/ou alterações do meio natural só tem importância para o homem quando passam a
ser por ele percebidas ou quando afetam o seu bem estar e o seu modo de vida
(RUOSO, 2007, p. 15).
A concepção de Christofoletti (1999) admite o ambiente como algo constituído pelos
sistemas ou organizações espaciais dos elementos físicos e biogeográficos da natureza que
interferem e condicionam as atividades econômicas e sociais. O ambiente possui como
propriedades a extensão espacial e a dinâmica, o que significa que suas variáveis são mutantes
no tempo e no espaço, podendo estas mudanças ser lentas ou rápidas, naturais ou induzidas
pelo homem através de modificações dos fluxos de energia e matéria no interior do sistema
ambiental. Em síntese, o ambiente é visto como resultado das interações sistêmicas entre os
elementos naturais e sociais.
A concepção ambiental através da abordagem sistêmica faz-se necessária para
compreender a importância da atmosfera como ambiente, ou sistema aberto, com a realização
de trocas de matéria e energia, cujas características alteram-se ou mantêm-se de acordo com
as interações físicas, biológicas e antrópicas que ocorrem em seu interior. Conforme
Christofoletti (1999), o elo de significância do sistema é representado pelas relações que
interligam as várias unidades visando a transformação em seu interior do input recebido, neste
sentido, quando trata-se do sistema climático ressaltam-se as relações existentes entre a
superfície terrestre – a atmosfera – e a superfície oceânica
Nas últimas décadas do século XX os movimentos ambientais mundiais passaram a
incorporar em suas agendas as questões referentes ao uso do ambiente atmosférico
1
. A
descoberta do processo de depleção da camada de ozônio foi o primeiro passo em direção à
tomada de consciência de que o Homem através de suas ações poderia estar alterando o
ambiente atmosférico, a partir de então passaram a ser levantadas inferências sobre o processo
de aquecimento da atmosfera em escala planetária como fato antropogênico.
O acréscimo térmico que as atividades antrópicas conferem ao ambiente atmosférico
são conhecidos e cientificamente comprovados em uma escala local de análise, através dos
1
De acordo com Sorre (1984) o meio considerado como conjunto das condições exteriores de vida do indivíduo
ou grupo, pode também ser referenciado como ambiente ou meio ambiente, admitindo-se que ambos os termos
possuem o mesmo valor. Dessa forma, considerando-se o clima como um dos componentes ambientais justifica-
se o uso da denominação ambiente atmosférico no presente estudo.
18
muitos estudos de clima urbano (MONTEIRO, 1976; TAVARES, 1974; LOMBARDO, 1985;
CASTRO, 1995; PITTON, 1997; DANNI-OLIVEIRA, 1999; entre outros) onde as
especificidades funcionais de cada cidade são capazes de introduzir um funcionamento
atmosférico particular o qual Monteiro (1976 a) denominou de Sistema Clima Urbano (SCU).
Entretanto, existem especulações sobre a extensão espacial e o alcance da interferência
antropogênica no clima, uma vez que pesquisas recentes apontam para um acréscimo na
média térmica global o que poderia resultar no estabelecimento de uma nova dinâmica
atmosférica ou em alterações de ordem climática.
Diante das (in)conclusões científicas sobre a naturalidade ou artificialidade do
processo de aquecimento global a sociedade depara-se diariamente com informações filtradas
pela mídia e apresentadas de forma sensacionalista conduzindo a visão do público leigo a
anseios muitas vezes catastróficos e extremistas onde a ficção sobrepõe-se a realidade,
podendo influenciar o imaginário dos indivíduos em sua forma de percepção das diferenças
temporais no processamento dos acontecimentos climáticos tendo de um lado o instantâneo
apresentado pela mídia – e do outro a temporalidade cíclica da natureza.
A percepção do ambiente se através da experiência individual no momento
presente, onde uma apreensão de partes da realidade. Neste contexto, salienta-se a
percepção climática como apreensão pessoal das condições atmosféricas sobre um dado lugar,
enquanto a percepção das alterações climáticas pode consistir em uma apreensão influenciada
pelos meios de comunicação. O Homem está imerso no ambiente atmosférico e, portanto, a
sua vivência neste ambiente ocorre ao longo das horas, dos dias e das estações do ano que
apresentam os parâmetros climáticos através de um processo dinâmico e sucessivo no qual
determinadas combinações ou estados, se repetem ao longo do ano, despertando preferências
pessoais, condicionando atividades econômicas e criando concepções e representações
valorativas individualizadas.
É com objetivo geral de verificar como o homem percebe o ambiente atmosférico que
este estudo se encaminhou, buscando constatar as diferentes percepções sobre tempo e ritmo
climático e as influências que os mesmos exercem no cotidiano da população, através da
análise simultânea entre os tipos de tempo reproduzidos no município de Rio Claro e a
percepção dos munícipes urbanos e rurais.
Esta proposta de estudo tem ainda como objetivo específico constatar em que medida
o factual e o sensacional afetam a concepção do que seria o tempo, o ritmo, a variabilidade e
as alterações climáticas, e como estes se concretizam no tempo e no espaço do imaginário
19
individual, partindo-se da concepção para a visualização da repercussão dos eventos
climáticos na vida cotidiana.
A interferência do homem no ambiente relaciona-se às formas de contato e aos valores
que são atribuídos à natureza. Através da identificação de diferentes universos imaginários
construídos pelo experienciado em conformidade ao modo e estilo de vida adotado pelo
homem urbano e rural levanta-se a possibilidade de identificar o estreitamento ou o
afastamento Homem ambiente. A compreensão das relações entre o Homem e o ambiente
contribui na tomada de decisões referentes ao planejamento urbano, rural e ambiental visando
atingir o bem-estar da coletividade, uma vez que as formas de interferência antrópica advêm
da maneira a qual o homem enxerga o seu entorno, no sentido de respeitá-lo ou agredi-lo
ainda que de forma inconsciente, ou seja, na ausência de conhecimentos técnicos ou de
procedimentos atitudinais cotidianos menos impactantes.
Diante de uma realidade na qual a sociedade tende a impactar os componentes
ambientais, seja de forma positiva e/ou negativa, os estudos de percepção ambiental
constituem-se canal para o conhecimento, interpretação e valoração dos fatores ambientais
partindo-se do olhar do sujeito, cuja conduta interveniente sobre o meio decorrerá de sua
avaliação pessoal sobre o mesmo. Dessa forma, compreender o posicionamento da Sociedade
perante o meio em que ela vive considerando-a como agente determinante de padrões de
organização do meio permite (re)conhecer caminhos pelos quais estratégias e diretrizes
poderão ser elaboradas no sentido de ampliar a qualidade ambiental e consequentemente de
vida.
Considerando-se o clima como importante componente ambiental e condicionante da
vida e das atividades sociais, a abordagem da percepção no estudo geográfico do clima, traz
inicialmente sua contribuição científica diante da existência de uma lacuna na climatologia
com relação aos estudos desta temática
2
. De acordo com Sartori (2000) a percepção do clima
e do tempo pode ser investigada através de dois vetores, referindo-se o primeiro à
sensibilidade de entender e/ou prever o tempo, e o segundo, referente às reações psico-
fisiológicas das pessoas perante determinadas condições atmosféricas, sendo os estudos deste
último ainda mais raros.
Investigações sobre a percepção climática permitem ainda observar em que medida os
meios de comunicação repercutem na transmissão dos estudos de cunho científico
influenciando o imaginário das pessoas com relação ao ambiente o qual habitam no sentido de
2
Ressalta-se que a investigação realizada por Sartori (2000), intitulada por “Clima e Percepção” constitui-se
obra pioneira nos estudos de percepção climática.
20
distorcer a realidade ou antecipar de forma catastrófica alguns acontecimentos que podem
estar se processando de forma natural, bem como levar o indivíduo à compreensão das
dimensões da problemática ambiental. Possibilita, portanto, a observação do posicionamento
individual diante de eventos naturais nos quais as conseqüências decorrentes podem atingir
grande magnitude espacial e social.
No presente momento, o qual as alterações do clima são assumidas por parcela
significativa da comunidade científica como fato em escala mundial, mesmo sendo a origem
de tais alterações e suas conseqüências processos ainda questionados, a lacuna dos estudos de
percepção climática torna-se ainda maior ao considerar a carência de investigações que
abordem o posicionamento social perante as especulações climáticas, dando margem à
necessidade de constatar a concepção social dos fenômenos ambientais, bem como os anseios
sobre a evolução temporo-espacial dos mesmos, sinalizando-se para as necessidades de
elaboração e execução de programas de educação ambiental e socialização do conhecimento
científico como ferramental esclarecedor.
1.1. Objetivos
O objetivo principal do presente estudo é verificar como o homem urbano e rural
percebem o ambiente atmosférico e suas variações, buscando constatar as diferentes
percepções sobre tempo e ritmo climático e as influências que os mesmos exercem no
cotidiano da população, através da análise simultânea entre os tipos de tempo reproduzidos no
município de Rio Claro durante os meses de julho/agosto de 2008 e janeiro de 2009 e a
percepção dos munícipes.
Seguem como objetivos específicos desta pesquisa:
Verificar a diversidade da percepção climática dos habitantes da área urbana e da área
rural reconhecendo as diferenciações nas formas de contato homem ambiente e o
acesso às informações e conhecimentos sobre a atmosfera.
Constatar se na visão da população está ocorrendo ou não alterações climáticas e como
eles concebem estas alterações no tempo (rupturas, eventos extremos, processos lentos
e contínuos, entre outros) e no espaço (dimensão escalar de alcance dos eventos
climáticos).
21
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Ritmo, variabilidade e alterações climáticas
Buscando-se uma visão entre a importância dos eventos atmosféricos percebidos a
partir do pontual – sentido, experienciado e vivido pelo indivíduo – até os reflexos das
interações sistêmicas em maior escala tais como as alterações climáticas, faz-se
imprescindível a compreensão geográfica do clima e das conceitualizações ligadas a este no
que se refere às temporalidades dos fenômenos atmosféricos.
A compreensão geográfica do clima presume a observação da atmosfera não apenas
em suas variáveis físico-químicas, pois esta é a tarefa do meteorologista, mas como resultado
dos padrões de comportamento atmosférico e suas interações com o ambiente representado
pelo espaço geográfico considerando-se este como dotado por especificidades físicas e pelas
organizações sociais.
Os movimentos socioambientais das décadas de 1960 e 1970 fizeram com que os
climatólogos voltassem suas preocupações para uma visão holística na qual o clima passa a
ser observado como “ambiente climático”, promovendo, portanto, o enfoque de uma
atmosfera dotada de dinâmicas e complexidades (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA,
2007). A concepção climática que fundamentará este contexto e norteará grande parte dos
estudos climatológicos brasileiros desenvolvidos a partir da segunda metade do século XX até
os dias atuais é a concepção expressa por Sorre (1984, p. 32) que define o clima como “o
ambiente atmosférico constituído pela série de estados da atmosfera acima de um lugar em
sua sucessão habitual”.
De acordo com Tavares (2001) a concepção sorreana enfatiza os estudos da atmosfera,
ou seja, as variedades de combinações que caracterizam o tempo meteorológico, sendo este a
22
essência do clima. O referido autor salienta que o tempo meteorológico pode ser entendido
como uma
Combinação momentânea de atributos da atmosfera, como temperatura, pressão,
umidade, nebulosidade, radiação e outros. Ele perdura enquanto a combinação
permanecer estável, excluídas as oscilações diárias produzidas pelo movimento de
rotação do planeta (TAVARES, 2001, p. 8).
Pédelaborde (1980, p. 3) explica a noção de tempo como “um conjunto de valores que
num dado momento e num lugar determinado caracterizam o estado atmosférico” sendo,
portanto, uma combinação breve, mas concreta e representativa da realidade climática
observada. A série dos estados atmosféricos pode ser entendida como os diversos tipos de
tempo, que ocorrem quando uma combinação dos estados atmosféricos se repete com
freqüência, não exatamente de igual forma, mas produzindo efeitos semelhantes. Tavares
(2001) discorre sobre situações que exemplificam a articulação combinada dos elementos
climáticos e também destaca a possibilidade de similaridade dos tipos de tempo sobre um
dado lugar.
Um tempo ensolarado, com temperaturas elevadas, baixa umidade relativa e nues
brisas, provocado por um sistema anticiclônico, pode vigorar por vários dias
consecutivos. O mesmo pode ocorrer com um tempo chuvoso, ventos constantes,
temperatura e pressão em baixa, fruto de uma frontogênese. Depois de dispersos,
tanto um como outro retornarão, com certeza, no futuro, tal qual já estiveram
presentes em incontáveis situações no pretérito, pois as condições que propiciaram
suas existências serão repetidas, caso não exatamente, ao menos de modo similar
(TAVARES, 2001, p. 8).
A série dos estados atmosféricos representa a possibilidade da repetição similar dos
tipos de tempo que irão se apresentar, ao longo do ano, com certa organização ou sucessão
habitual o que denota a noção de ritmo. De acordo com Mendonça e Danni-Oliveira (2007),
Pédelaborde demonstrou que o tipo de tempo constitui a noção central na abordagem da
climatologia dinâmica, entretanto, conforme afirma Monteiro (1976, p. 30), enquanto para
Pédelaborde o paradigma apresentado pela climatologia dinâmica seria “a totalidade dos tipos
de tempo”, para o referido autor seria “o ritmo, ou seja, o encadeamento sucessivo e contínuo
dos estados atmosféricos e suas articulações tendo em vista o retorno aos mesmos estados”.
Nas considerações de Monteiro (1969) a abordagem dinâmica do clima alcança o nível
geográfico quando os tipos de tempo são observados através de uma seqüência contínua,
independente do tempo (episódio ou ano padrão) ou escala de análise (local ao zonal).
23
Somente através desta disposição analítica dos fenômenos atmosféricos que são atingidos os
aspectos qualitativos, indo-se além do mensurado, chegando à noção de ritmo climático.
Acreditamos que a abordagem alcança o nível geográfico quando colocamos a
análise dos tipos de tempo em seqüência contínua. Apesar das diferentes escalas de
tempo ou espaço – desde a análise comparativa de vários anos tomados como
padrões representativos da circulação de um continente, nas variações sazonais,
dentro de um ou alguns anos numa região, até a análise episódica de um fenômeno
local será necessária a continuidade da seqüência. Por coerência com a noção de
sucessão que se reveste o caráter geográfico do clima. Porque o encadeamento
dos estados atmosféricos mostra os “tipos” esquematizados na análise
meteorológica precedente, em suas perspectivas reais, revestidos de suas infinitas
gradações e facetas. Também é pela sucessão que se percebem as diferentes
combinações dos elementos climáticos entre si e suas relações com os demais
elementos do quadro geográfico. É a seqüência que conduz ao ritmo, e o ritmo é a
essência da análise dinâmica (MONTEIRO, 1969, p. 13).
Machado (1988) apud Tavares (2001, p. 11) define ritmo climático como “uma
oscilação em que os sucessivos máximos e mínimos ocorrem, aproximadamente, em
intervalos de tempo iguais”, porém os valores registrados quantitativamente aproximam-se,
mas não se repetem, podendo ocorrer irregularidades, desvios e eventos climáticos extremos.
É neste contexto que os estudos do ritmo climático adquirem grande importância, pois a
análise do ritmo permite captar o habitual, mas também os extremos.
Em estudo mais recente Monteiro (2001 a, p. 140-141), comparativamente, trata do
tempo cronológico e do tempo meteorológico. Sobre a disposição do tempo cronológico
“admite a possibilidade de um fluir curvo onde ocorrem “aparentes” retornos, assemelhados
às condições pretéritas, mas aliadas a um nível superior”. o tempo meteorológico pode ser
considerado tempo medido, através da observação separativa dos elementos do clima, ou
tempo oportuno e vivido, através da dinâmica da sucessão habitual dos estados atmosféricos.
O estudo do clima, o habitual, realiza-se através da
seqüência-de-agoras calculáveis, ou seja, nas seqüências ou cadeias de tipos de
tempo. Possibilidade que não se enquadra tão somente no âmbito do presente, mas
necessita de uma incursão passada, para ampliar o espectro de análise e até
projetar-se no futuro tarefa do meteorologista na previsão do tempo
(MONTEIRO, 2001 a, p. 142).
A alusão à temporalidade cronológica nos fenômenos climáticos confere uma
classificação aos eventos em conformidade às oscilações e mutações da dinâmica atmosférica
na expressão de seus estados. Através do quadro 1, é possível analisar, nas definições
propostas pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), as principais modalidades de
variação climática que estão inseridas no cerne do debate das alterações do clima.
24
Quadro 1: Modalidades de variação climática, conforme definições da Organização Meteorológica Mundial
(OMM).
MODALIDADE DE VARIAÇÃO CARACTERÍSTICAS
Mudança climática
Toda e qualquer manifestação de inconstância
climática, independente de sua natureza estatística,
escala temporal ou causas físicas.
Tendência climática
Aumento ou diminuição lenta dos valores médios
ao longo de série de dados de, no mínimo, três
décadas, podendo ou não ocorrer de forma linear.
Descontinuidade climática
Mudança abrupta e permanente de um valor médio
durante o período de registro.
Variação climática
Flutuação sem padrão específico, observado em
escalas de décadas.
Variabilidade climática
Maneira pela qual os parâmetros climáticos variam
no interior de um determinado período de registro.
Fonte: Organização Meteorológica Mundial (OMM) citada por CONTI (2000)
Adaptado por: PASCOALINO (2009)
No que se refere à variabilidade climática Monteiro (1976, p. 25-26) destaca como
característica enfática a existência de rupturas na continuidade das situações, de modo que
“inclui sutilezas de graus diferentes, desde as variações horárias, diárias, mensais até as anuais
e aquelas de um ano para outro”. Conforme salienta Tavares (2001, p. 15) enquanto a
variabilidade climática vincula-se à concepção de intervalos de recorrência e resulta das
dinâmicas da “circulação atmosférica em estreita interação com os aspectos geográficos de
uma determinada área”, as feições do ritmo climático ligam-se diretamente às características
climáticas zonais.
A modalidade tendência climática, apresentada pela OMM, admite uma linearidade
no aumento ou diminuição dos valores médios dos atributos climáticos. Todavia, Tavares
(2001, p. 19) ressalta que “a tendência não pode ser uma mudança linear dos atributos ao
longo do tempo cronológico porque a circulação atmosférica permaneceria respondendo pela
continuidade da variabilidade climática”. A tendência, portanto, deve ocorrer como uma
alteração suave, e não linear, dos atributos e sua origem é explicada como reflexo dos
desequilíbrios sistêmicos decorrentes das mudanças nos fluxos de energia e matéria em
sistemas abertos. O estabelecimento de um novo estado de equilíbrio sistêmico pode resultar
25
em uma mudança climática, sendo esta, portanto, considerada como uma inconstância ou
ruptura na continuidade dos padrões climáticos precedentes.
Em um momento o qual o aquecimento térmico é considerado factual em escala global
e enquanto seus fatores desencadeantes são passíveis de questionamentos pela comunidade
científica, no presente estudo adotou-se o termo alterações climáticas, aludindo-se às
alterações ambientais de ordem climática, sendo estas descritas por Conti (2007, p. 26) como
registros de “alternâncias de períodos quentes, frios, secos ou úmidos, processos que nem
sempre ocorreram de forma homogênea ou se manifestaram dentro de ciclicidades
conhecidas”, não implicando necessariamente em uma ruptura ou inconstância das
características ambientais (tal como sugere o termo mudança climática) e nem delimitando a
causalidade ou temporalidade destas alterações.
A abordagem sistêmica assumida pela climatologia dinâmica, que trata da integração
do clima com o espaço geográfico, considera o ambiente atmosférico como um sistema aberto
que admite a existência de um contínuo fluxo de entrada e saída de energia e matéria, nunca
atingindo um estado de equilíbrio químico e termodinâmico, mas mantendo-se no chamado
estado estacionário (BERTALLANFY, 1973). Com base nas considerações de Christofoletti
(1997) o sistema é concebido como um conjunto de elementos interconectados que funcionam
compondo uma entidade integrada, de modo que a importância do conjunto não se verifica
pela soma das partes, mas sim pelos resultados e complexidades inerentes à integração das
mesmas.
Com base em Bertallanfy (1973), Sotchava (1977) introduz a noção de geossistemas
destacando-se estes como formações naturais ligadas aos fluxos de matéria e energia inerentes
aos sistemas abertos podendo estas formações interagir com os aspectos antrópicos. Bertrand
(2007, p. 51) acrescenta que “o geossistema serve para designar um sistema geográfico
natural homogêneo associado a um território” sendo, portanto, uma categoria concreta no
espaço, formada pela interação da ação antrópica, exploração biológica e o potencial
ecológico.
Conforme a exposição dos autores pode-se afirmar que a abordagem sistêmica da
atmosfera permite um embasamento teórico que sustenta mas não confirma, como
possibilidade dos desequilíbrios térmicos planetários a ação antrópica. Neste sentido, uma
alteração dos geossistemas com base nas organizações socioeconômicas, poderia estar
ocorrendo, entretanto, a alteração do geossistema também afetaria as esferas sociais e as
mudanças ocorreriam em um contínuo processo de retroalimentação.
26
Enquanto não existe um consenso científico e acadêmico sobre as causas,
temporalidade e magnitude necessários para aferir de modo preciso a configuração de
alterações do clima, a dia insiste em propagar uma visão de ruptura climática passível de
enquadrar-se na concepção de descontinuidade proposta pela OMM. A comunidade científica
corrobora com a noção de inconstância climática e concorda na consideração da mudança
climática como um fenômeno que implica no surgimento de um novo ambiente atmosférico
resultante dos ajustes ocorridos no sistema, porém divide-se, perante as inconclusões das
atuais condições climáticas planetárias.
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) denomina mudança
climática como “mudança no estado do clima” que pode ser identificada estatisticamente por
mudanças nas médias e/ou variabilidade de suas propriedades em um período equivalente ou
superior a décadas, sendo estas mudanças inerentes à variabilidade natural ou resultantes das
atividades humanas. Destaca-se, portanto, a variável antropogênica na concepção do IPCC,
como uma das causas da mudança climática. Já na concepção adotada pela Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCC) a alteração na atmosfera
global com provável mudança climática é atribuída, direta ou indiretamente, às causas
antropogênicas (IPCC, 2007).
No que tange ao comprometimento do clima em decorrência das atividades antrópicas
Monteiro (1978) destaca a reciprocidade existente nas interações homem ambiente,
salientando-se que na compreensão das relações entre clima e sociedade o fundamental deve
ser proveniente do reconhecimento que
a) o comportamento atmosférico, integrado às demais esferas e processos
naturais, “organiza” espaços climáticos a partir das escalas superiores em direção às
inferiores;
b) a ação antrópica em derivar ou “alternar” essa organização ocorre no sentido
inverso, ou seja, das escalas inferiores para as superiores (MONTEIRO, 1978, p.
46).
O pressuposto de que uma provável alteração do clima em virtude do acréscimo
térmico da atmosfera planetária se originou, ou acelerou, a partir das atividades humanas tem
sido considerado pelo fato de ser reconhecida a influência da capacidade técnica de
interferência antrópica no ambiente atmosférico, principalmente no que se refere ao sistema
climático das cidades. Contudo, Monteiro (1978) afirma que a ação direta do homem na
atmosfera pode ser projetada até os espaços sub-regionais, no entanto, o reconhecimento desta
27
projeção para instâncias superiores necessitaria da experiência histórica. Conforme o referido
autor
Em verdade o homem tem capacidade de “criar” microclimas e alterar
substancialmente os climas locais (como os urbanos”) projetando sua ação direta
até os espaços sub-regionais. Daí para as escalas superiores, as perspectivas de
compreensão repousam na experiência histórica, onde os efeitos são detectados,
mas desacompanhados do lastro de observação meteorológica, relativamente
recentes (MONTEIRO, 1978, p. 46-47).
De modo geral, acrescenta-se ainda, que a principal dificuldade em constatar em que
medida o homem influencia o clima é inerente à própria variabilidade natural do clima, o que
limita distinguir o quanto o aquecimento atmosférico resulta de processos naturais ou
humanos.
2.2. Os aspectos físicos e as alterações climáticas
A temporalidade geológica da Terra apresenta-se marcada por sucessivas
variabilidades e alterações climáticas. Nas três últimas décadas pesquisas recentes vêm
observando um incremento térmico na atmosfera, ou seja, um aumento na entrada ou
armazenamento energético o que estaria trazendo a especulação de ocorrência do
aquecimento rmico em escala planetária. Existe, ainda sem comprovações de estudos
conclusivos, uma variedade de hipóteses que pressupõem tanto a possibilidade de um
aquecimento por origens antropogênicas através da emanação de gases do efeito-estufa
decorrentes das atividades humanas; quanto por origens naturais através do incremento da
energia solar, erupções vulcânicas, movimentos das placas tectônicas, mudanças no eixo de
inclinação da Terra ou mesmo os ciclos históricos do clima.
A hipótese do aquecimento antropogênico parte do pressuposto de que nos últimos
anos constatou-se um aumento na concentração de gases atmosféricos denominados de gases
do efeito estufa (GEE) – sendo eles o dióxido de carbono (CO
2
), metano (CH
4
), óxido nitroso
(N
2
O), clorofluorcarbonos (CFCs) e ozônio (O
3
) o que estaria alterando o balanço térmico
global, ou seja, os fluxos de entrada e saída de energia. O efeito-estufa consiste em um
processo natural pelo qual uma parte do input da energia solar fica armazenada na atmosfera
mantendo o planeta Terra com temperatura média anual de cerca de 16,5°C, proporcionando
um ambiente adequado termicamente à manutenção da vida caso inexistisse esse
mecanismo regulador a temperatura da Terra estaria próxima aos 20°C negativos
(MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007).
28
A estabilidade climática da Terra depende do balanço entre o fluxo de radiação de
ondas longas que é emitido para o espaço e o fluxo de ondas curtas que é absorvido pela
Terra. No balanço térmico a energia solar, denominada de radiação de ondas curtas, ao chegar
ao topo da atmosfera prossegue, e ao interagir com a atmosfera (50% da energia), segue três
destinos sendo parte absorvida pelas nuvens e partículas gasosas, outra refletida pelas nuvens
em direção ao espaço e uma parte que atinge diretamente a superfície terrestre. Da energia
que chega à superfície terrestre ocorre a reflexão através do albedo das diversas superfícies, a
utilização nos processos de evaporação e evapotranspiração, e a absorção. A energia
absorvida pela superfície terrestre é emitida de volta ao espaço através da radiação de ondas
longas equivalentes à faixa do infravermelho e caracterizadas como calor sensível
podendo esta atingir o espaço sideral ou ser barrada por nuvens e gases atmosféricos que
agem no sentido de uma contra-radiação, ou seja, refletindo, ou reirradiando esta energia
novamente em direção à superfície terrestre, mantendo-a constantemente aquecida. O efeito
causador desta contra-radiação é o denominado efeito estufa, e tem nas nuvens por vapor
d’água e CO
2
, seus principais agentes. Tavares (2001) explica o processo afirmando que
a atmosfera e a superfície da Terra refletem para o espaço cerca de 30% da energia
oriunda do Sol e absorvem o restante. Perto de 50% da radiação solar é absorvida
pelos continentes e oceanos. Em contrapartida, de acordo com sua temperatura e na
mesma proporção da radiação solar armazenada, a Terra emite para o espaço
energia na banda infravermelha do espectro eletromagnético. Nos processos de
troca de energia a atmosfera retém perto de 90% da radiação proveniente da
superfície, pois possui em sua composição gases como vapor de água, dióxido de
carbono e metano, que são bons absorvedores da energia infravermelha. A energia
armazenada pela atmosfera é, posteriormente, reirradiada parcialmente para o
espaço e, em maior quantidade, retorna à superfície da Terra (TAVARES, 2001, p.
22-23).
Apesar de o efeito-estufa constituir-se processo natural acredita-se que as atividades
antrópicas têm emanado à atmosfera, de forma acelerada, gases do efeito estufa em
proporções quantitativas superiores às existentes em séculos anteriores, pressupondo
modificações na composição química e física da atmosfera que estariam alterando os fluxos
energéticos da Terra com conseqüente acréscimo térmico, ou o popularmente conhecido
aquecimento global. Argumenta-se que os gases estufa são emanados pelo Homem, através de
suas ações as mais diversas na sociedade, em uma velocidade maior do que a capacidade de
resiliência do planeta ficando aprisionados na troposfera em quantidades superiores às
naturais, retirando, dessa forma, o sistema climático de seu estado estacionário, levando-o em
direção ao desequilíbrio sistêmico. Conforme explicita Tavares (2001)
29
A temperatura do planeta crescerá se, por algum motivo, a energia estocada tornar-
se maior do que a irradiada para o espaço. Uma possibilidade de que isso aconteça
está associada ao aumento na atmosfera de gases do efeito estufa. Como eles atuam
na absorção da energia infravermelha oriunda da superfície da Terra, reemitindo-a,
preferencialmente à origem, menos energia deixaria o planeta, propiciando seu
aquecimento e gerando mecanismos de retroalimentação em inúmeros elementos do
sistema (TAVARES, 2001, p.22).
De acordo com o IPCC (2007), as emissões antropogênicas de gases do efeito estufa
têm aumentado desde os tempos pré-industriais, apresentando elevação de 70% no período
entre 1970 e 2004. Considerando-se o dióxido de carbono como o gás estufa mais importante
emanado das atividades antropogênicas, ressalta-se que no período anteriormente citado
ocorreu um incremento equivalente a 80%, passando de 21 a 38 Gt (Giga toneladas), o que
representou 77% do total das emissões antropogênicas no ano de 2004, tendo o padrão de
crescimento das emissões relativo ao período mais recente 1995 a 2004. Na década de 1970
a soma do total das emissões de CO
2
, CH
4
e N
2
O correspondeu a 28,7 Gt, enquanto no ano de
2004 o valor registrado foi de 49 Gt. Do valor total emitido em 2004, 56,6% corresponderam
à emissão do CO
2
através do uso de combustíveis fósseis (figura 1), destacando-se como
fontes emissoras (figura 2), principalmente, os setores de abastecimento energético (25,9%) e
industrial (19,4%).
Distribuão dos gases do efeito estufa no
total das emissões em 2004.
56,60%
17,30%
2,80%
14,30%
7,90%
1,10%
Dióxido de carbono - uso de combustíveis fósseis
Dióxido de carbono - decomposão de biomassa
Dióxido de carbono - outros
Metano
Óxido Nitroso
Outros
Fonte: IPCC (2007, p. 36)
Organização: PASCOALINO (2008)
Figura 1: Distribuição dos diferentes gases do efeito estufa no total das emissões no ano de 2004.
30
Distribuição dos diferentes setores do total
antropogênico das emises de gases do
efeito estufa.
19,40%
17,40%
25,90%
2,80%
7,90%
13,10%
13,50%
Silvicultura Agricultura
Indústria Resincia e Comércio
Transporte Abastecimento Energético
Lixo
Fonte: IPCC (2007, p. 36)
Organização: PASCOALINO (2008)
Figura 2: Distribuição dos diferentes setores do total antropogênico das emissões de gases do efeito estufa no ano
de 2004.
Na consideração do aquecimento atmosférico outro fator de relevância é a diminuição
da camada de ozônio estratosférico. A importância deste gás no balanço térmico reside na
interceptação da radiação ultravioleta e na retenção de parte da radiação infravermelha
emitida pela superfície terrestre. Com a redução da camada de ozônio, maior quantidade de
radiação ultravioleta chegaria à superfície terrestre aquecendo-a. Todavia, a menor absorção
da radiação ultravioleta levaria à redução da absorção de radiação de ondas longas (terrestre)
e curtas (solar) resultando no resfriamento da troposfera. Como conseqüências das alterações
térmicas, ocorreriam também mudanças nos fluxos atmosféricos e na composição de outros
gases do efeito estufa resultando em alterações sistêmicas (ANDRÉ, 2001; TAVARES,
2001).
Se por um lado a presença do ozônio na estratosfera age positivamente no sentido de
filtrar os raios solares e de reter os raios de ondas longas, por outro lado a presença deste gás
na troposfera pode ser nociva ao homem através da afetação direta de sua saúde, ou ainda,
através de sua ação no efeito estufa. De acordo com Tavares (2001) o monóxido de carbono
(CO) e o metano (CH
4
) podem ser considerados fontes antropogênicas de O
3
, uma vez que
este origina-se também na troposfera através da foto-oxidação destes gases diante da presença
de óxidos de nitrogênio (NO
x
).
As alterações termo-químicas da atmosfera com o aumento da temperatura média do
planeta podem resultar em consequências reais ainda não vistas, porém previstas através de
modelos climáticos globais. Projeções referentes às alterações do clima e suas conseqüências
ambientais e sociais foram realizadas pelo IPCC e destacaram o aumento na freqüência de
31
eventos climáticos extremos, tais como tempestades, furacões, tornados e ciclones. Dessa
forma, a ocorrência destes eventos nos últimos anos tem sido atribuída, principalmente pela
mídia, como sinais emanados pelo clima que demonstram mudanças climáticas, e não como
eventos que sempre existiram na história climática da Terra estando atrelados às
variabilidades climáticas, cabendo ressaltar, portanto, a necessidade de estudos que
aprofundem os conhecimentos sobre a gênese de tais eventos.
André (2006) destacou a observação de dois eventos extremos do clima ocorridos no
território brasileiro nos anos de 2004 e 2005. O primeiro refere-se a um fenômeno atmosférico
considerado inédito no Brasil, onde um furacão se desenvolveu no Oceano Atlântico (figura
3), de um vórtice ciclone extratropical para um tropical, atingindo a costa da Região Sul do
país, especificamente o sudeste do Estado de Santa Catarina e o nordeste do Rio Grande do
Sul, inexistindo registros anteriores de fenômenos similares a este na costa brasileira. De
acordo com Ferreira (2006, p. 162-163) o furacão Catarina não teve a formação clássica de
um furacão com origem tropical, constituindo-se em um gênero de perturbação incomum no
Atlântico Sul. O referido autor explica que o furacão Catarina
(...) não tem uma origem tropical clássica, isto é, a formação de cumulunimbus no
seio de uma onda de leste ou da zona de convergência intertropical, que se
desenvolve graças à energia fornecida pela evaporação das águas quentes que logo
se organizam em um movimento em forma de vórtice. Ele se originou em uma
típica zona extratropical de latitudes médias. Logo, passou de um estágio
extratropical a um estado híbrido, no que predominaram os intercâmbios entre o
oceano e a atmosfera e a convecção (FERREIRA, 2006, p. 162-163).
Fonte: CPTEC/INPE (2008)
Figura 3: Imagem de satélite do furacão Catarina em sua passagem pela Região Sul do país.
32
O segundo evento corresponde à severa estiagem na qual a Bacia Amazônica foi
submetida (figura 4) afetando, principalmente, os Estados do Amazonas e Pará. De acordo
com André (2006), alguns pesquisadores atribuíram o fato ao aumento do efeito estufa, já que
as águas do Oceano Atlântico tiveram uma elevação térmica entre 1°C a 2°C, próximo ao
norte da América do Sul, concentrando as chuvas no mar e fazendo com que o movimento
descendente do ar com pouca umidade resultasse na diminuição da nebulosidade e
consequentemente das chuvas. Outra hipótese atribuiu o fenômeno às queimadas.
Fonte: CPTEC/INPE (2008)
Figura 4: Evento de severa estiagem na Bacia Amazônica.
Foladori (2007) unindo os acontecimentos ambientais às suas conseqüências sociais
destaca, com relação às alterações climáticas, a necessidade de se considerar dois fatores o
primeiro é a impossibilidade de relatar com certeza que a ocorrência e intensidade de eventos
extremos como os furacões dependa das mudanças climáticas, uma vez que eles sempre
existiram e sempre existirão; o segundo fator é o grau de vulnerabilidade humana que
independe do clima e liga-se aos aspectos socioeconômicos e políticos.
A questão que se coloca, conforme salienta Foladori (2007), é que existe uma
incerteza que furacões como o Katrina, que atingiu New Orleans em 29 de agosto de 2005,
seja resultado do aquecimento global. Todavia, existe uma certeza com relação ao aumento da
ocorrência dos desastres provenientes dos extremos climáticos nas últimas décadas do século
XX. Conforme o autor, o aumento dos desastres foi considerável nos países mais pobres, o
que demonstra que não existe um aumento de desastres mais sérios, mas sim um aumento na
33
vulnerabilidade humana, da exposição aos eventos extremos. Não é o aquecimento global que
vem resultando em eventos catastróficos, mas sim o aumento da população e da pobreza que
levam grandes contingentes populacionais a viverem em áreas de risco, aliando-se estes
fatores à carência de mecanismos defensivos para contenção da magnitude destes eventos.
Dessa forma, a grande causa dos desastres se refere mais à vulnerabilidade humana do que
aos próprios eventos climáticos.
Com o crescimento populacional mundial, hoje existem pessoas onde anteriormente
inexistia, por isso, se ocorrerem alterações do clima nas proporções que o Painel
Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) estima para a afetação ambiental e
humana os efeitos serão profundamente sentidos, principalmente pela grande parcela da
população mundial que vive em condições de pobreza e miséria. Alguns dos efeitos
ambientais e socioeconômicos conseqüentes das mudanças climáticas foram estimados pelo
IPCC e podem ser observados no quadro 2.
A diminuição do gelo no Ártico, o desprendimento de geleiras na Antártida e o recuo
de geleiras existentes em áreas montanhosas levariam à expansão volumétrica dos oceanos e
ao avanço destes sobre os continentes. Considerando-se que aproximadamente 60% da
população mundial residem em planícies costeiras, estando, portanto, vulneráveis a tais
acontecimentos o saldo de eventos desta magnitude seria catastrófico. O aumento no volume
de água do mar comprometeria fontes de água doce através do refluxo. A salinidade poderia
aumentar modificando a densidade da água e interferindo na circulação das correntes
oceânicas. Áreas agricultáveis seriam inundadas resultando em perdas econômicas e no
aumento de problemas sociais como a fome. Chuvas intensas resultariam em enchentes e na
propagação de vetores de doenças de veiculação hídrica. Estiagens prolongadas prejudicariam
a produtividade agrícola e impediriam a recarga dos lençóis freáticos comprometendo a
manutenção dos recursos hídricos e afetando diretamente a saúde da população em escala
mundial (TAVARES, 2001).
34
Quadro 2: Mudanças climáticas projetadas e a probabilidade de suas conseqüências.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS PROJETADAS
CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS E
SOCIOECONÔMICAS
Elevação das temperaturas máximas, maior
número de dias quentes e incremento nas ondas de
calor em, praticamente, todas as áreas (>90% de
probabilidade).
Aumento da mortalidade e de grupos idosos da
população.
Aumento da fadiga por excesso de calor nas
criações e animais selvagens.
Mudança de destino das atividades turísticas.
Aumento dos danos nas atividades agrícolas e
decréscimo na produtividade.
Aumento do consumo de energia destinada ao
resfriamento de ambientes.
Elevação das temperaturas mínimas, menor
número de dias frios, com geadas ou nevadas, e
diminuição das ondas de frio em, praticamente,
todas as áreas (> 90% de probabilidade).
Diminuição da mortalidade e da morbidez
associada ao frio.
Decréscimo do risco de danos em algumas culturas
e aumento em outras.
Aumento da incidência e maior número de doenças
causadas por vetores.
Redução do consumo de energia destinada ao
aquecimento.
Redução das amplitudes térmicas diárias em,
praticamente, todas as áreas (> 90% de
probabilidade).
Aumento do desconforto térmico nas áreas de
baixa latitude.
Queda nos danos causados à agricultura pelos
resfriamentos noturnos.
Aumento da freqüência e intensidade das
tempestades nas latitudes médias (>66% e <90%
de probabilidade).
Maior risco de enchentes e deslizamentos.
Perdas de vidas humanas, bens materiais e queda
na produção agrícola.
Aumento da erosão do solo.
Intensificação das precipitações sobre muitas áreas
das médias e altas latitudes do hemisfério norte (>
90% de probabilidade).
Aumento dos danos causados por enchentes,
avalanches e deslizamentos.
Perdas de vidas humanas, colheitas, criações e
danos à infra-estrutura.
Aumento da erosão do solo.
Aumento da pressão sobre os governos para o
controle de desastres.
Intensificação dos ciclones tropicais e da
intensidade das precipitações sobre algumas áreas
(> 66% e < 90% de probabilidade).
Aumento dos riscos de perdas de vidas humanas e
de epidemias de doenças infecciosas.
Perda de colheitas e de criações.
Aumento da erosão nas áreas junto às costas e
danos às construções e infra-estruturas.
Aumento dos danos aos sistemas costeiros como o
mangue e corais.
Aumento das deficiências hídricas no verão e
riscos de secas em muitas áreas situadas no interior
dos continentes no hemisfério norte (> 66% e <
90% de probabilidade).
Decréscimo e perda de colheitas.
Decréscimo na qualidade e na quantidade dos
recursos hídricos.
Aumento de danos às fundações dos edifícios
causados pela retração dos solos.
Aumento dos riscos de incêndios florestais.
Intensificação das secas e enchentes associadas ao
evento El Nino em muitas regiões (>66% e < 90%
de probabilidade).
Decréscimo na geração de energia elétrica.
Decréscimo na atividade pesqueira no Pacífico
Oriental.
Diminuição da produtividade agrícola causada por
secas e enchentes.
Perdas de vidas humanas e danos à infra-estrutura
causada por enchentes.
Aumento da variabilidade das chuvas durante as
monções de verão na Ásia (> 66% e < 90% de
probabilidade).
Aumento na magnitude de secas e enchentes com
ocorrência de perdas e danos de diversas ordens na
Ásia Tropical.
Fonte: IPCC (2001)
Org: TAVARES (2001, p. 57)
35
Tais repercussões seriam atingidas através de uma mudança nos fluxos de energia e
matéria do sistema climático devido ao acréscimo térmico do ar que implicaria no aumento da
evaporação e na intensificação de movimentos convectivos aumentando a nebulosidade e a
intensidade de precipitações em determinados lugares. O ar aquecido terá maior ascensão na
zona de baixa pressão equatorial, com baixo nível de condensação e o conseqüente
desenvolvimento de nuvens profundas aumentando-se as chuvas e tempestades. Por outro
lado, o ar ascendente se deparará com o baixo nível de condensação e com um reduzido
gradiente adiabático úmido, divergirá próximo à tropopausa e afundará nas altas pressões
subtropicais, aumentando a subsidência em áreas anticiclonais responsáveis pelas zonas
desérticas do globo, o que resultará na diminuição das precipitações na periferia das atuais
áreas desérticas. O aquecimento do ar, poderá ainda levar ao enfraquecimento das altas
pressões polares fazendo com que haja o recuo das frentes frias para latitudes mais altas.
Neste contexto, as áreas tropicais teriam a reprodução mais marcante dos efeitos de sua
sazonalidade podendo ocorrer acréscimos e decréscimos nas precipitações e intensificação
dos períodos de estiagem (TAVARES, 2001).
Cabe ressaltar, que embora o acréscimo térmico na temperatura média mundial seja
reduzido, o mesmo pode alcançar grandes proporções nas características climáticas locais,
onde o clima é sentido, alterando significativamente o ritmo climático existente em cada local.
As mudanças ambientais promovidas pelo processo de aquecimento poderão repercutir em
maior ou menor nível de alteração climática, contudo predomina a certeza de que as nações
socialmente mais vulneráveis e economicamente mais instáveis possuem a probabilidade de
sofrer maiores danos do processo de aquecimento, uma vez que as condições
socioeconômicas interferem na capacidade adaptativa da população (TAVARES, 2001).
Ao assumir a postura que confere às atividades antropogênicas os condicionantes do
aquecimento global surge a premissa de quando exatamente o clima passou a ser alterado pelo
Homem. O aquecimento térmico das últimas décadas sem precedentes anteriormente
verificados sugere que a sociedade industrial possui grande parcela de culpa, porém,
Ruddiman (2005) afirma que existem indícios verificados através de bolhas de ar em colunas
de gelo extraídas na plataforma de Vostok, na Antártida, demonstrando que as concentrações
de gás carbônico e metano subiram e desceram em um padrão regular ao longo dos últimos
400 mil anos, exceto nos períodos mais recentes. Conforme o autor, as atividades humanas
seriam os elementos de um processo de alteração que teve início milhares de anos através
do desmatamento de florestas e da irrigação de campos de cultivo, supondo-se que através da
36
agricultura o Homem teria mantido a temperatura do planeta mais quente do que ela seria sem
a influência humana, evitando possivelmente, o início de uma nova glaciação.
Diante das considerações de que o homem poderia estar adiando uma nova glaciação é
pertinente mencionar que os padrões de normalidade das condições atmosféricas para a
humanidade são os períodos climáticos mais quentes os interglaciais. para o planeta
Terra, foram as temperaturas dos períodos glaciais que predominaram ao longo do
Quaternário. Dessa forma, considerando o comportamento climático da Terra, o Homem
estaria muito mais destinado ao surgimento de uma nova era glacial do que ao aquecimento
extremo da atmosfera. Molion (2008) afirma que de acordo com o passado climático recente
da Terra existe a probabilidade de ocorrência de um resfriamento, uma vez que o processo de
aquecimento teve seu início após 1850, com o fim da Pequena Era Glacial, que perdurou entre
1350 e 1850, quando as temperaturas chegaram até 2°C inferiores às de hoje.
Observando-se a figura 5 verifica-se que, desde 1850, ocorreu um aumento térmico
entre os anos de 1961 a 1990 aproximadamente de 0,7°C. Nota-se a existência de dois
períodos de ascensão das temperaturas correspondendo o primeiro aos anos de 1920 a 1946,
cuja elevação térmica foi da ordem de 0,4°C. Entre os anos de 1947 e 1976 as temperaturas
médias entram em declínio e a Terra sofre um resfriamento de 0,2°C. A partir de 1977 as
temperaturas voltam a subir, culminando no ano de 1998, quando atingiu-se um acréscimo na
média de 0,8°C. Vale ressaltar, que este foi o ano mais quente do século XX e coincidiu com
ano do fenômeno El Niño (MOLION, 2008; TAVARES, 2001).
Figura 5: Aumento da temperatura global no período de 1860 a 2000.
37
De acordo com o IPCC o primeiro período de aquecimento foi atribuído às causas
naturais, tais como o aumento de energia solar e o albedo planetário. Já o segundo período
pode ter sofrido as influências do efeito de urbanização através do crescimento de cidades no
entorno das estações meteorológicas, o que seria um processo de aquecimento local e não
global. O que reforça tal idéia é o fato do processo não ter sido observado em todas as
localidades do globo. Outro fator que corrobora na explicação do segundo período de
aquecimento refere-se às alterações na freqüência de eventos El Niño Oscilação Sul
(ENOS), uma vez que a freqüência destes eventos foi maior entre os anos de 1977 e 1998,
lembrando que estes eventos contribuem para aquecer a baixa troposfera (MOLION, 2008).
Conforme Molion (2008, p. 65) de se considerar na averiguação das mudanças
climáticas as variabilidades naturais do clima, tais como “as variações da circulação
atmosférica associadas às variações da temperatura de superfície do mar”, citando-se como
exemplo as anomalias de temperatura global ocasionadas por “alterações na freqüência de
ocorrência de eventos El Nino Oscilação Sul (ENOS)”. As variações no campo de pressão
atmosférica da célula de Walker sobre o oceano Pacífico e das temperaturas da superfície
oceânica respondem pela freqüência dos eventos El Niño. Entre um El Niño e um La Niña
podem ocorrer oscilações da temperatura média global superiores a 1°C
3
.
De acordo com Molion (2008), as variações da temperatura média da superfície do
mar podem resultar em alterações no transporte de calor influenciando a temperatura da
atmosfera. Um resfriamento do Oceano Pacífico, por exemplo, conforme sugerem as análises
da temperatura entre os anos de 1999 e 2007, implicaria no aumento de absorção do CO
2
o
que resultaria em menores quantidades na atmosfera do principal gás do efeito estufa,
contribuindo também para o processo de resfriamento, uma vez que os oceanos possuem o
papel de sumidouros de CO
2
sendo
o processo inversamente proporcional à temperatura.
A hipótese do aquecimento global antropogênico é em muito criticada pela
comunidade científica (quadro 3) que alega que as conseqüências estimadas são baseadas em
modelos climáticos incapazes de trabalhar com todas as interações que ocorrem na atmosfera,
principalmente, no interior das nuvens e no ciclo hidrológico, o que limita os modelos
preditivos tornando-os carentes de precisão. Outro aspecto refere-se aos dados meteorológicos
utilizados por estes modelos baseados em estações meteorológicas que atuam regularmente a
partir dos últimos cento e cinquenta anos impossibilitando verificar eventos climáticos de
3
O autor destaca ainda que é possível observar uma coincidência entre as fases de Oscilação Decadal do
Pacífico (ODP) e a temperatura média global, onde os eventos El Niño e La Niña coincidiram com as fases de
aquecimento e resfriamento do globo, respectivamente.
38
longos prazos, destacando-se ainda que a maior parte destas estações estão em áreas
urbanizadas o que comprometeria a qualidade dos dados (MOLION, 2008).
Quadro 3: Argumentos críticos sobre a hipótese do aquecimento global antropogênico.
FATOR CONSIDERADO ARGUMENTOS CRÍTICOS
Modelos climáticos
Modelos atuais são representações simples da complexa
interação entre os processos físicos diretos e o feedback.
desconsideração dos processos que ocorrem no interior das
nuvens.
Os dados utilizados ocorreram em um período mais frio do que
o atual, o que não garante que as temperaturas de hoje sejam
anormais.
Dificuldades de reproduzir as características do clima atual
necessitando de ajustes.
O ciclo hidrológico não é simulado.
O transporte de calor sensível pelas correntes oceânicas
também é parametrizado.
Estações climatométricas
Registram variações de seu microambiente (até 150 metros).
Estações de difícil acesso foram desativadas não contribuindo
para elaborar a média global.
Séries de 150 anos são curtas para capturar a variabilidade de
prazos mais longos do clima.
As estações climatométricas concentram-se sobretudo no
Hemisfério Norte.
Concentrações de CO
2
O aumento de aerossóis e da cobertura de nuvens baixas pode
cancelar o aumento do efeito estufa por CO
2
.
Mais de 97% das emissões de CO
2
são naturais, provenientes
dos oceanos, vegetação e solos.
Dados de coluna de gelo comprovam que a temperatura do ar
aumentou antes do aumento da concentração de CO
2
.
Não se pode confirmar que o aumento de CO
2
aumentou a
temperatura.
Técnica de análise dos cilindros de
gelo
A composição química e isotópica das bolhas de ar
aprisionadas nos cilindros de gelo não permanecem inalteradas
por milhares de anos, pois em profundidade são submetidas à
pressões superiores às da atmosfera, ocorrendo reações
químicas e difusão de ar entre as bolhas.
O ar da bolha é cerca de 1000 anos mais novo do que o gelo
que o aprisionou, tendo um intervalo de vários ciclos
climáticos (verões/invernos).
Temperatura do ar
As temperaturas dos pólos m diminuído exatamente nas
regiões onde os modelos previram aumento.
Variabilidade oceânica
A influência dos oceanos é conhecida apenas na variabilidade
de curto prazo (ENOS).
Análises da temperatura do mar sugerem que o Pacífico esteja
em nova fase fria.
Variabilidade natural
Desconsideração dos aspectos decorrentes de erupções
vulcânicas que lançam aerossóis na atmosfera podendo causar
resfriamentos por décadas.
Desconsideração das erupções submarinas que alteram
instantaneamente as temperaturas da superfície do mar e
consequentemente da atmosfera, alterando o clima.
Desconsideração dos eventos ENOS.
Fonte: MOLION (2008)
Organização: PASCOALINO (2008)
39
Demonstra-se através dos discursos anteriormente expostos que foi observado um
aquecimento da temperatura média do planeta até fins do século passado, porém as
estimativas podem estar comprometidas por uma diversidade de fatores e interações existentes
no sistema superfície terrestre atmosfera superfície oceânica, que ainda não são
profundamente conhecidos. Portanto, afirmar que vem ocorrendo um processo de
aquecimento em nível planetário de origem antropogênica é assumir inconsistentemente que
as ações antrópicas extravasam os níveis de alcance para além do regional. Desperta-se a
necessidade de estudos empíricos mais aprofundados a fim de se conhecer a complexidade
das interações do sistema climático partindo-se destes para verificações mais precisas através
de modelizações que abarquem a totalidade do sistema e não apenas o conhecimento de
algumas partes do todo.
2.3. Os aspectos políticos e as alterações climáticas
O tratamento ideológico das mudanças climáticas assume papel de busca da retomada
de uma consciência ambiental, pois o elemento mudança climática
4
torna-se denominador
comum de vários problemas ambientais, uma vez que do ponto de vista sistêmico o clima
afeta o ciclo de vida em várias instâncias. No que se refere aos aspectos políticos, as
alterações climáticas passam a unificar o ambiente em um nível mundial, pois ninguém será
imune à efetivação das alterações do clima, é neste sentido que a redução do aquecimento
global torna-se meta de políticas ambientais internacionais. O problema das alterações
climáticas reporta-se ao uso comum do ambiente, ao coletivo e à noção de bem-estar mundial,
assim, as medidas a serem tomadas implicam acordos mundiais (FOLADORI, 2007; VIOLA,
2007).
A alteração climática como fenômeno ambiental torna-se também fenômeno social ao
assumir o caráter antropogênico nas origens e intensificação do processo. Todavia, se
processo natural inerente aos ciclos climáticos de longo prazo constitui-se ainda,
fenômeno social em decorrência da afetação direta das várias camadas da sociedade.
Socialmente, o imune é inexistente.
A representação da atmosfera como suporte da vida terrestre e como bem global
público fez com que os problemas de seu uso comum fossem ligados, de forma consensual
4
Considerando-se a definição da OMM (anteriormente citada) sobre o termo mudança climática como situação
de ruptura ou inconstância de padrões climáticos pré-existentes, bem como a inexistência sobre a comprovação
de tal situação, no presente estudo optou-se pela terminologia alterações climáticas. Todavia, as menções ao
termo mudança climática, em alguns momentos, configura-se de acordo com o tratamento conceitual dado pelos
autores referenciados.
40
pelos Estados, através da construção de acordos internacionais reguladores das ações e dos
usos deste ambiente. Neste contexto, o tratamento do clima como fator interveniente nas
condições de manutenção da sustentabilidade vem se apresentando no debate global através
da realização de estudos para a comprovação da ocorrência de mudanças climáticas e na
proposta de políticas visando alcançar uma redução das emissões de gases do efeito estufa
para um nível que não provoque interferência no sistema climático planetário.
A consciência da magnitude dos problemas ambientais passa a repercutir no cenário
político a partir da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente em Estocolmo em
1972, quando na agenda internacional ocorre a introdução da dimensão ambiental como
condicionadora e limitadora do modelo tradicional de desenvolvimento, trazendo para
discussão o rompimento da idéia do desenvolvimento imediatista adquirido sobre a
exploração de recursos naturais anteriormente considerados ilimitados. Porém, as questões
ligadas ao ambiente atmosférico adquirem maior papel no debate a partir da descoberta da
depleção da camada de ozônio na Antártida, sendo esta discutida na Convenção de Viena para
a Proteção da Camada de Ozônio em 1985 e no Protocolo de Montreal em 1987.
Um primeiro debate sobre a possível ocorrência das denominadas mudanças climáticas
globais aconteceu em 1988, na organização da Toronto Conference in the Changing
Atmosphere, realizada no Canadá. Nesta conferência os países industrializados se
comprometeram, voluntariamente a reduzir a emissão do s carbônico. Destacou-se nesta
conferência a criação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que em
1990, apresentou na Suécia, o primeiro relatório de estudos do clima dando início às análises
e avaliações dos efeitos de possíveis mudanças climáticas em pesquisas que subsidiariam a
condução das negociações políticas sobre o clima ao final do século XX e início do século
XXI.
Também no ano de 1990 foi realizada, em Genebra, a segunda Conferência sobre
Mudanças Climáticas, e em Nova York a Assembléia Geral da ONU criou o Comitê para
Negociações Intergovernamentais, uma Convenção Estrutural sobre a Mudança do Clima
(INC).
No ano de 1992, realizou-se no Rio de Janeiro, a Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas que foi aberta para Assinatura na Cúpula da Terra. Em
1995, a Cúpula do Clima se reúne em Berlim e é acordado o Mandato de Berlim levantando a
necessidade de negociação de um protocolo com medidas mais efetivas para as limitações e
reduções específicas de emissões. Esta negociação culminou com a realização do Protocolo de
Kyoto, em 1997, constituindo-se este o maior acordo realizado pelos países no
41
estabelecimento de metas de redução dos gases do efeito estufa através de ações no sentido de
aumentar a eficiência energética.
O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional mediante um tratado que tem como
base a consideração dos princípios da Convenção do Clima, mas vai além ao introduzir
determinadas metas tendo, portanto, a finalidade de operacionalizar a redução mundial da
emissão de gases do efeito estufa. Para tal finalidade, o acordo estipulou uma redução nos
totais emanados de dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, hidroclorofluorcarbonos
(HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF
6
). A redução tende a ocorrer
de acordo com o desenvolvimento econômico dos países. Para países desenvolvidos e em
transição de economia de mercado (países do Anexo I) as reduções deveriam ser de pelo
menos 5% com relação ao total produzido no ano de 1990, devendo a meta ser alcançada
entre 2008 e 2012. Já países que não se enquadram nas categorias acima descritas deveriam
inventariar suas emissões de gás carbônico (TAVARES, 2007; VIOLA, 2007).
De acordo com Viola (2007) em uma das reuniões anuais da Convenção do Clima, a II
Conferência das Partes precedente à reunião de Kyoto, foi introduzida a idéia de mercado de
cotas na redução da emissão de gás carbônico, sendo os países divididos de acordo com sua
inserção no contexto da circulação atmosférica regional. O comércio de emissões foi
incorporado pelo Protocolo de Kyoto como mecanismo de flexibilização aliando-se ainda à
implementação conjunta e aos mecanismos de desenvolvimento limpo. Através destes
mecanismos
(...) as partes envolvidas podem reduzir as emissões em outros países, com custos
menores, possibilitando, com isso, a aquisição de créditos a serem utilizados no
cumprimento de suas metas. Os cortes em outros locais são, entretanto,
suplementares às reduções domésticas das emissões. Com essa perspectiva,
paralelamente à diminuição dos gastos, buscou-se a preservação do objetivo
principal caracterizado pela redução média de 5% na adição dos gases do efeito
estufa no ar (...) O comércio de emissões permitirá que os países comprem e
vendam créditos de emissões entre si. Aqueles que superarem as metas exigidas
usufruirão créditos que poderão ser vendidos para Estados que tenham dificuldades
para alcançar o marco que lhes foi estabelecido (TAVARES, 2001, p. 80-81).
Para a efetivação dos preceitos do Protocolo de Kyoto seria necessária a ratificação de
pelo menos 55 países, correspondendo a 55% das emissões dos países pertencentes ao Anexo
I
5
. Todavia, até o ano de 2004, somente 35 países tinham assinado o Protocolo estando grande
5
Países pertencentes ao Anexo I do Protocolo de Kyoto: Alemanha, Austrália, Áustria, Belarus, Bélgica,
Bulgária, Canadá, Comunidade Européia, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Federação Russa,
Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Japão, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Noruega, Nova
42
parte das negociações dependentes da postura de países como Austrália, Canadá, Japão,
Noruega e Nova Zelândia (Umbrella Group) que posicionaram-se contrários à assinatura do
Protocolo, assim como os Estados Unidos (grande contribuinte na emissão dos gases do efeito
estufa). O Protocolo de Kyoto entrou em vigor em 2005, através do posicionamento da Rússia
na ratificação do acordo (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007).
A grande validade das políticas de redução na emissão dos gases do efeito estufa
reside no fato do estímulo e busca por fontes energéticas mais limpas e de maior viabilidade,
como também liga-se às questões imediatas de saúde pública no que se refere à qualidade do
ambiente atmosférico. Independente da temporalidade dos eventos climáticos, mas
destacando-se a intensidade dos mesmos, salienta-se que os efeitos das políticas de redução
nas emissões de gases do efeito estufa poderão ser sentidos dentro de décadas ou séculos, o
que não significaria uma redução na ocorrência de eventos climáticos extremos. Dessa forma,
o interessante seria reduzir a exposição aos riscos e a vulnerabilidade das pessoas que são
afetadas até mesmo por eventos climáticos inerentes ao habitual, como por exemplo,
enchentes, movimentos de massa, estiagens prolongadas, entre outros. A complexidade das
possíveis alterações climáticas incorporam mecanismos globais, no entanto, a magnitude dos
efeitos será sentida no local, de modo que as populações menos assistidas terão maior
afetação.
2.4. O ritmo climático e o local
Conforme Monteiro (2001 a) na concepção geográfica da geração dos climas o ritmo
como essência da dinâmica constitui-se o processo orgânico, sobretudo porque vincula-se
diretamente e qualitativamente aos seres vivos destacando-se entre eles o Homem. De acordo
com o referido autor, a definição do ritmo perante o aspecto biológico corresponde a uma
propriedade geral de toda substância viva. Por via de regra uma relação íntima entre os
ritmos climáticos e biológicos, comandando os primeiros aos segundos” (MONTEIRO, 1976
a, p. 26).
É na dependência das condições climáticas que o Homem desenvolveu suas atividades
e organizou o uso de seu território desde as sociedades mais remotas. Todavia, ao longo do
aperfeiçoamento de suas técnicas passou a interferir no ambiente atmosférico de modo a
rearranjar condições adequadas à sua adaptação e conforto físico. O Homem é afetado pelo
clima, mas ele também altera o natural a partir de sua capacidade adaptativa gerando
Zelândia, Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, República Tcheco-
Eslovaca, Romênia, Suécia, Suíça, Turquia e Ucrânia.
43
ambientes artificializados, mas propícios ao seu conforto. As características dos ambientes
artificializados estendem-se para o seu entorno e passam a desencadear alterações em várias
instâncias espaciais.
As interações entre o ambiente atmosférico e o espaço geográfico organizado para
atender a diversas finalidades podem assumir conotações distintas no urbano e no rural.
Assim, uma chuva na cidade, por exemplo, pode ser mais intensa do que no campo devido ao
aumento da nebulosidade inerente à maior presença de núcleos higroscópicos gerados pelas
atividades funcionais da cidade. Ou ainda, a intensidade da chuva no campo e na cidade pode
ser a mesma, entretanto os efeitos serão mais intensos na cidade, devido o maior contingente
populacional e o vel de interferência humana no ambiente. A chuva no campo pode
representar a preparação do solo para o plantio através dos ganhos de umidade, por outro lado,
pode representar um incômodo na vida do homem urbano que possui o solo fortemente
impermeabilizado e poderá se deparar com problemas de enchentes devido deficiências no
processo de escoamento superficial.
De acordo com Monteiro (1976 a), através da abordagem sistêmica, o clima urbano
abrange um fato natural o clima local, e, um fato social a cidade, e pode ser considerado
como um dos componentes da qualidade ambiental e um dos elementos essenciais da
paisagem geográfica. Considerando-se a cidade como produto da interferência antrópica na
paisagem natural, a composição do urbano, a distribuição de sua estrutura e a complexidade
das relações sociais e econômicas, darão origem às particularidades que refletem a
desorganização e inadequação dos usos do solo resultando em problemas socioambientais.
Tais fatores criam condições locais que desencadeiam um clima decorrente das
especificidades da cidade, onde a composição e as características físicas da atmosfera o
alteradas e a cidade passa a gerar suas próprias condições ambientais.
Dentre as alterações produzidas na composição e circulação do ar nas cidades citam-se a
diminuição da radiação solar em virtude do aumento de nebulosidade decorrente da
concentração de núcleos de condensação, bem como a verticalização intensa, que faz com que
os edifícios exerçam sombreamento sobre as áreas do seu entorno. A diminuição da
velocidade dos ventos e a alteração no sentido de seus fluxos decorrem do atrito com as
rugosidades do espaço construído que constituem uma espécie de segundo relevo mediante a
altura e disposição das edificações. A composição do ar urbano caracteriza-se também pela
diminuição da umidade relativa, uma vez que a cidade propicia maior aquecimento térmico.
O aumento da temperatura das cidades é resultante da redução de áreas verdes, do uso de
materiais de alta absorção de energia representados na impermeabilização do solo urbano e
44
na concentração de edificações – e, da absorção de calor pelas partículas poluentes que
aumentam a nebulosidade e promovem a retenção da radiação de ondas longas, sendo este
último fator dependente do incremento da frota veicular e da intensificação das relações
funcionais da cidade. É característico também um aumento da precipitação devido ao
acréscimo térmico e à promoção de um sistema de circulação local, e, o aumento da névoa em
decorrência da elevação térmica e da emissão dos poluentes urbanos. Também são frequentes
fenômenos como as ilhas de calor e de frescor em virtude dos desequilíbrios térmicos
ocasionados pela densidade de edificações e pelos fluxos da cidade (LOMBARDO, 1985).
Conforme salienta Pitton (1997), as especificidades de cada cidade e a composição do seu
sítio originam contrastes internos, no que concerne às discrepâncias entre os atributos
climáticos que variam de uma cidade para outra e até mesmo no interior da própria cidade,
através dos microclimas. De acordo com a autora
as mudanças que o processo urbano causa na superfície implicam alterações no
Balanço de Energia urbano rural, resultando diferenças sensíveis, não em seus
componentes como nos parâmetros climáticos (PITTON, 1997, p. 9).
Enquanto os materiais que compõem o solo urbano possuem maior capacidade de
armazenamento calorífico, tais como o asfalto e o concreto, as superfícies vegetadas
existentes na área rural, bem como pequenos lagos e reservatórios, agem como reguladores
térmicos mantendo a umidade do ar, sendo esta em torno de 6% superior à da área urbana. A
morfologia urbana, conforme visto anteriormente, reduz a velocidade do vento agindo na
concentração de poluentes e aumentando a sensação térmica de calor, propiciando a geração
de ambientes térmicos desconfortáveis. O mesmo não ocorre no ambiente rural onde as
principais rugosidades verticais que alteram os ventos referem-se à composição arbórea e o
espaço geográfico apresenta-se com superfícies mais contínuas e uniformizadas.
A entrada da radiação de ondas curtas em uma área urbana é alterada quando a atmosfera
é poluída, o que é freqüente na cidade, uma vez que intensa liberação do calor
antropogenético inerente às atividades urbanas sendo estas condições atmosféricas agravadas
em situação de inversão térmica
6
. Na área rural, ainda que com o estabelecimento de
agroindústrias, a geração do calor pelo Homem acontece em menor intensidade – salvo
grandes queimadas para limpeza do solo como ocorrem/ocorriam em grandes áreas
6
Em situação de inversão térmica o ar aquecido na cidade é bloqueado por uma camada de ar mais frio em
altitude. Não conseguindo ascender mantém os poluentes em suspensão juntos à superfície o que pode resultar
em agravos à saúde humana.
45
agricultáveis de plantio de cana-de-açúcar. A precipitação e a temperatura na área urbana
também são superiores às da área rural.
A constituição física da área urbana faz com que a evapotranspiração e o albedo sejam
baixos o que resulta em grande absorção de energia e em aquecimento superior nestas áreas.
Em contrapartida, a área rural apresenta maior evapotranspiração e albedo, portanto, as
superfícies se aquecem em menor intensidade, já que grande parte da radiação de ondas curtas
é refletida ou utilizada no processo de evapotranspiração.
Os fenômenos climáticos podem ser observados em sua magnitude global, porém a
repercussão dos eventos climáticos é sentida e vivenciada no contexto das diversidades locais.
É no local que o homem percebe o ambiente o qual está inserido e responde a este ambiente
de acordo com seus valores e necessidades. A relação de dependência do homem do campo
para com o seu ambiente difere da dependência que o homem urbano possui com relação à
cidade. As necessidades mudam em conformidade aos diferentes modos de vida e
consequentemente a ação de ambos sobre o ambiente será diferenciada. Dessa forma, o
ambiente rural e o urbano sofrerão interferências em graus variados, ou seja, respostas
antrópicas particulares diante das condições naturais que lhes são impostas; da mesma forma
os objetos que compõem estes ambientes terão interações variadas com a atmosfera que os
envolve refletindo também no processo perceptivo do Homem.
2.5. Fenomenologia e a percepção na Geografia
Os antecedentes da Geografia Humanista têm sua origem no movimento renascentista
com Erasmo, que buscou a produção de uma obra que “libertasse o homem da ortodoxia
eclesiástica em vigor na Europa da reforma protestante e da contra-reforma católica”
(MAZETTO, 2007, p. 3). De acordo com o referido autor os alicerces da Geografia
Humanista baseiam-se nas concepções de Kant e Hegel, e posteriormente na fenomenologia
existencial postulada por Husserl.
Introduzida por Edmund Husserl (1859 – 1938) a fenomenologia exerceu grande
influência na filosofia contemporânea em correntes do pensamento, tal como o
existencialismo. Conforme salienta Triviños (1987), Husserl leva ao questionamento o
próprio conhecimento, mas não como negação do mesmo. Inicialmente, não admite-se o
conhecimento como conhecimento. É duvidando do mesmo que se atinge o conhecimento
absoluto, que é obtido através das vivências. O referido autor explica que
46
(...) questionar o conhecimento não é negá-lo, não é ter uma concepção cética com
respeito a ele. Por outro lado, o método fenomenológico parte da idéia da
necessidade de ter um conhecimento indubitável ou possível, ainda que, de “início
não nos é permitido admitir conhecimento algum como conhecimento”. Então
Husserl, recorrendo à meditação cartesiana sobre a dúvida, atinge um conhecimento
que é absoluto; as vivências “são os primeiros dados absolutos”. E por que este
conhecimento é inquestionável? Porque o conhecimento intuitivo da vivência é
imanente, entretanto, o conhecimento das ciências naturais e matemáticas é
transcendente (TRIVIÑOS, 1987, p. 43-44).
De acordo com Sartori (2000, p. 23) a fenomenologia constitui-se em uma forma de
orientação filosófica que busca reencontrar a verdade através de uma visão analítica das
informações provenientes da experiência, considerando-se que “não nada no entendimento
humano que antes não tenha passado pelos sentidos”. Dessa forma, a apreensão da realidade é
averiguada ao nível das idéias, sentimentos, representações e vivências. O importante nesta
abordagem é a apreensão da essência da consciência humana atingida através da percepção
individual, assim, as experiências de vida realizadas ao longo da vida de uma pessoa
adquirem grande valor nesta abordagem investigativa.
Buttimer (1985, p. 169 - 170) define a fenomenologia como “um modo filosófico de
reflexão a respeito da experiência consciente e uma tentativa para explicar isso em termos de
significado e significância”. De acordo com a autora, a atitude fenomenológica “demanda um
retorno à evidência, aos próprios fatos, como são produzidos, e uma investigação dos atos da
própria consciência”. Salienta-se, portanto, como preocupação central da “fenomenologia
pura” a análise e interpretação da consciência, onde “cada indivíduo é o foco de seu próprio
mundo”.
Conforme explicita Relph (1979) a fenomenologia tem a ver com as origens dos
significados e da experiência de modo que os fenômenos não são compreendidos pela
observação e medição de um espaço euclidiano, mas através do envolvimento do homem no
mundo das interações homem-ambiente. Dessa forma, o homem e o mundo passam a ser
compreendidos através dos fatos experienciados diretamente no cotidiano da imersão espacial
através das ações e percepções de cada indivíduo. É a compreensão de um espaço vivido não
como um conjunto de objetos dispostos entre si, mas como um sistema de relações.
A partir das décadas de 1950 e 1960 com a revolução Quantitativa na Geografia passa
a ocorrer um resgate da percepção na análise do comportamento humano. Contudo, é na
década de 1970 que a fenomenologia expande-se na Geografia (OLIVEIRA, 2005). A
fenomenologia é introduzida na Geografia como base epistemológica para o estudo dos
espaços vividos ou mundo-vivido, entendendo-se mundo-vivido como o que é visto como
subjetivo enquanto a realidade é considerada como sendo as qualidades objetivamente
47
demonstráveis dos objetos (HUSSERL, 1970 apud RELPH, 1979). Sartori (2000, p. 18)
ressalta que na Geografia os estudos da percepção adquirem conotação que excede a “simples
compreensão dos esquemas de comportamento”, buscando-se descobrir as ligações entre o
homem e a terra e “o que dá densidade particular à sua vivência”.
A difusão dos estudos fenomenológicos na ciência geográfica ocorreu através da
denominada Geografia Humanística, que de acordo com Tuan (1985, p. 143) objetiva “um
entendimento do mundo humano através do estudo das relações das pessoas com a natureza,
do seu comportamento geográfico bem como dos seus sentimentos e idéias a respeito do
espaço e do lugar”. A Geografia Humanística trouxe, portanto, um olhar social perante a
expansão dos estudos quantitativistas.
Relph (1979 p. 8), ao descrever a fundamentação dos estudos geográficos sob a
orientação fenomenológica, salienta que as bases fenomenológicas da realidade geográfica
consistem em três pilares espaço, paisagens e lugares. Os espaços vão além da
materialidade, porque além de sensorial e representacional são espaços vividos, e, portanto,
existem tantos espaços quantas forem as experiências espaciais considerando-se ainda que
“como nossa consciência de espaço se modifica, então os espaços onde estamos mudam para
nós suas qualidades e significações”. As paisagens são ambientes palpáveis que possuem
conteúdos e substâncias e constituem-se em superfícies limitantes do espaço e nos cenários
das experiências diárias e excepcionais. Os lugares são centros de significado no espaço a
partir dos quais é possível “olhar” através dos espaços e para as paisagens. Para o referido
autor
não limites precisos a serem traçados entre espaço, paisagem e lugar, como
fenômenos experienciados. Nem a relação entre eles é constante lugares têm
paisagens, e paisagens e espaços têm lugares. Culturalmente, lugar talvez seja o
mais fundamental dos três, porque focaliza espaço e paisagem em torno das
intenções e experiências humanas (RELPH, 1979, p.16).
Como precursores dos estudos de percepção na Geografia, Wright (1947) e Dardel
(1953), preocuparam-se em investigar a percepção como a ligação existente entre o homem e
a Terra. O primeiro autor destacou o papel do imaginário na Geografia; enquanto o segundo,
se preocupou com a realidade geográfica abordando-se as concepções de espaço, a
diversidade do espaço geográfico e suas características ambientais constitutivas, com o
conhecimento geográfico e o sentimento do Homem com relação à sua ligação com a Terra
como mundo experienciado.
48
No início da década de 1960 destacam-se os trabalhos de Lynch (1960), Lowenthal
(1961) e Buttimer (1969). Lynch, com o intuito de avaliar a importância da fisionomia da
cidade e as possibilidades de modificá-la, estudou os mecanismos de construção da imagem
mental da cidade e propôs que o homem é capaz de desenvolver uma imagem do ambiente
operando através de processos externos e internos de aprendizagem. Conforme o autor, o
homem orienta-se e guia-se no espaço através da estruturação interior do espaço vivido, onde
determinados elementos constitutivos do ambiente urbano são utilizados como referenciais na
estruturação de mapas mentais.
Lowental (1982) trouxe grande contribuição aos estudos de percepção com seu
trabalho sobre a epistemologia geográfica expondo ao debate a congruência entre a visão do
mundo individual – as geografias pessoais – e a visão do mundo compartilhada, destacando-se
a importância do espaço experienciado e dos sistemas de significação.
Buttimer (1969 e 1982) abordou inicialmente, o espaço social através de uma
perspectiva interdisciplinar, e em trabalho posterior, tratou dos objetivos da fenomenologia
através da consideração do espaço vivido e do representacional atribuído ao espaço
experienciado. A autora salienta que a descrição de um espaço meramente geométrico
apresenta-se como abordagem inadequada ao entendimento da experiência humana e destaca
a fenomenologia como forma de focalização, no homem e no meio ambiente, livre de
posições determinísticas.
No início da cada de 1970 o debate científico em torno das categorias e métodos
utilizados na Geografia levaram ao desenvolvimento de estudos geográficos sobre percepção
e meio ambiente. Neste contexto, destacaram-se os estudos sobre percepção da paisagem
realizados por Whyte (1974) e Wieber (1981). Whyte foi uma das precursoras destes estudos
e preocupou-se com os procedimentos metodológicos e as técnicas utilizadas nos estudos da
percepção, sugerindo-se as diretrizes para as investigações desenvolvidas em campo.
Wieber salientou em seu estudo a indeterminação existente no conceito de paisagem e
apresentou através de uma abordagem sistêmica três níveis de definições de paisagem: no
primeiro, a paisagem é o produto de um conjunto de forças em funcionamento e pode ser
estudada por medidas diretas e indiretas. Secundariamente, a paisagem é tida como produto da
percepção implicando os estudos da maneira pela qual a paisagem é percebida. No terceiro
nível, a paisagem é vista como um objeto em si – esse sistema funciona associando os objetos
para criar as imagens (MACHADO, 1986).
Collot (1990, p. 21-22) aborda a concepção da paisagem através da percepção e afirma
que “não se pode falar da paisagem a não ser a partir de sua percepção (...) a paisagem se
49
define incontinente como um espaço percebido: constitui ‘o aspecto visível, perceptível do
espaço’”. O referido autor explicita que a paisagem não constitui-se objeto autônomo, uma
vez que ela se revela através de experiências nas quais sujeito e objeto o inseparáveis “não
somente porque o objeto espacial é constituído pelo sujeito, mas também porque o sujeito, por
sua vez, aí se acha envolvido pelo espaço”.
Grandes contribuições aos estudos da percepção na Geografia também foram
apresentadas por Tuan (1979, 1980 e 1983) que desenvolveu investigações sobre as relações
do homem com o meio ambiente, tanto em suas matizes naturais quanto construídas. Neste
relacionamento homem meio aborda os aspectos sensoriais e perceptivos tratando-se das
formas de se conceber o espaço vivido em conformidade às diferenças de respostas sensoriais,
gênero, cultura, inserção social, valoração ambiental e postura atitudinal perante o ambiente.
O autor ainda introduz os conceitos de topofilia, que pode ser explicado como o elo afetivo
existente entre a pessoa e o lugar ou ambiente, e em contraste a topofobia.
No Brasil, o trabalho realizado por Oliveira (1977) apresenta-se como marco na
introdução aos estudos de percepção. Buscando a compreensão e influência dos processos
cognitivos na percepção ambiental e paisagística a autora afirma que os estudos em percepção
ambiental relacionam-se com os esforços para entender como os homens estruturam
mentalmente o mundo que os cerca.
Oliveira e Del Rio (1996) também contribuíram através da organização e publicação
do livro intitulado Percepção Ambiental: a Experiência Brasileira, que tem por intuito
abordar as questões do meio ambiente através de estudos aplicados da percepção, tendo como
enfoque projetos pautados na percepção ambiental, na interpretação das realidades através dos
estudos da percepção, bem como a importância dos estudos de percepção aplicados à
educação ambiental.
Machado (1989) aborda os processos perceptivos no estudo das paisagens e das
preferências ambientais destacando-se as ligações do homem com a paisagem através do
envolvimento de três grupos de variáveis – paisagem, pessoas e interação, onde a interação do
homem com a paisagem é dependente do humor, das circunstâncias e de características
temporais, bem como referentes ao posicionamento do observador no cenário paisagístico.
Atualmente os estudos com abordagem perceptiva na geografia estão se voltando para
a cognição geográfica e vêm aumentando significativamente. Diante de um momento
histórico o qual se fala em colapso planetário mediante a manutenção da valoração da
natureza nos preceitos propagados através do modo de vida capitalista e da exploração intensa
dos recursos naturais é ressaltada a necessidade de adotar posturas ambientalmente
50
sustentáveis. Dessa forma, os estudos na vertente da percepção ampliam seu papel na ciência
geográfica, uma vez que uma mudança de conduta individual no tratamento ambiental viria
apenas através de novas formas de representação e significação da natureza e do ambiente
habitado.
2.6. Cognição e a percepção do ambiente
O Homem está imerso no ambiente e ao longo de sua vida age sobre o meio de acordo
com suas necessidades e intencionalidades, mas por outro lado também sofre as ações do
meio passando por constantes adaptações, o que explica a criação dos ambientes socialmente
construídos. Os homens percebem individualmente o ambiente que os circunda, porém, as
percepções individuais diferenciam-se de acordo com a sensibilidade e o interesse individual
sobre os objetos que são apreendidos de forma seletiva. Neste contexto destaca-se que
A superfície da Terra é extremamente variada, mas são mais variadas ainda as
maneiras como as pessoas percebem e avaliam esta superfície. Um ser humano
percebe o mundo simultaneamente através de todos os seus sentidos e a informação
potencialmente disponível é imensa. Embora todos os seres humanos tenham
órgãos dos sentidos similares, o modo como as suas capacidades são usadas e
desenvolvidas são divergentes; como resultado, diferem tanto a capacidade real dos
sentidos como as atitudes para com o meio ambiente (MACHADO, 1986, p. 143).
A interação homem – ambiente é contínua e envolve o que é experienciado (ambiente)
e o que está experienciando (indivíduo) e é a partir das diversas maneiras de experimentação
dos fenômenos que o homem vai construindo sua realidade social, ou seja, o ambiente ao seu
redor e a significação deste ambiente no contexto individual e coletivo. Assim, existem
inúmeras percepções da realidade em conformidade ao acesso às realidades e às capacidades
sensitivas de quem as experiencia (MACHADO, 1989).
A percepção pode ser considerada como resultado individual e, portanto, exclusivo e
ela sempre estaligada a um campo sensorial e subordinada a presença de um objeto que
será o foco da percepção. A percepção deve ser avaliada como uma fase da ação realizada
pelo sujeito sobre o objeto, onde a experiência constitui-se fator essencial para o seu
desenvolvimento. É através da experiência que o sujeito irá interagir de forma direta ou
indireta com o objeto construindo seu espaço perceptivo (OLIVEIRA, 1977).
De acordo com Sartori (2000, p. 35) “a percepção ambiental deve ser entendida como
a resposta do homem, como um todo, aos estímulos do meio em que vive”. A experiência
perceptiva constitui-se processo original e irreversível porque representa a vida particular de
cada indivíduo, que lhe o seu real significado, ou seja, cada pessoa vive em um ambiente
51
diferente de modo que suas escolhas, sentimentos e reações ao meio serão diversificados
resultando em uma visão de mundo particular. Na visão de Tuan (1983), a experiência para o
processo perceptivo representa a maneira a qual uma pessoa conhece e constrói a realidade,
partindo-se da apreensão sensorial até a simbolização.
São os órgãos sensitivos do corpo que ligam o indivíduo ao espaço realizando o
primeiro contato homem ambiente. Este contato ocorre através dos sistemas sensoriais, que
podem ser externos – “sensíveis aos estímulos e energias ambientais” – e internos – “sensíveis
às mudanças das atividades internas do organismo” (SARTORI, p. 23). De acordo com Tuan
(1980) o mundo é percebido pelo ser humano de forma simultânea através da utilização de
todos os seus sentidos, que recebem uma carga imensa de informação. Todavia, o homem usa
apenas uma parcela do seu poder de experienciar podendo utilizar com maior intensidade
determinado órgão do sentido, de acordo com suas características individuais e culturais.
No que se refere aos órgãos sensitivos a visão é um dos sentidos mais utilizado pelo
homem. O campo visual é muito maior que o campo dos outros sentidos, entretanto, a
percepção com o uso simultâneo dos outros sentidos apresenta-se de forma mais marcante.
“Os olhos exploram o campo visual e dele abstraem alguns objetos, pontos de interesse,
perspectivas” (TUAN, 1980, p. 12). O autor menciona que em sociedades modernas onde o
espaço é limitado e estático o homem desenvolve cada vez mais o sentido da visão, ao passo
que em sociedades onde o espaço é amplo e em constante movimento todos os sentidos
desenvolvem-se para captar as transformações do ambiente
7
.
Além das diferenças sensoriais de indivíduo para indivíduo devem ser considerados
também as influências do gênero, da idade e da cultura no processo perceptivo. Como homens
e mulheres assumem papéis diferenciados em sua vida social, o posicionamento perante os
aspectos ambientais também será diferenciado no processo perceptivo e consequentemente na
atribuição de valores ao ambiente o qual estão circunscritos. As próprias diferenças
fisiológicas entre o homem e a mulher afetam a relação destes com o ambiente (TUAN,
1980).
Lowenthal (1982, p. 110) exemplifica a influência da idade no processo perceptivo ao
destacar a visão de mundo da criança e do idoso. O autor afirma que para ver o mundo através
7
Na presente pesquisa adota-se a interpretação de que os elementos constitutivos da cidade enquadram-se em
um contexto de sociedade moderna com espaço limitado e estático no sentido de que as estruturas existentes no
espaço construído podem manter-se fixas ao longo de décadas, mesmo obedecendo a diferentes funcionalidades
e contextos históricos, sendo este ambiente mais propício ao desenvolvimento do sentido da visão; enquanto o
termo sociedades amplas e em constante movimento pode ser empregado diante da maior presença das
características ambientais naturais nas quais uma dinâmica cíclica confere ao observador o desenvolvimento de
todos os seus sentidos, buscando-se a adaptação ao meio ambiente que está em constante transformação.
52
de uma visão compartilhada alguém deve acima de tudo crescer, porque os muito jovens “são
incapazes de distinguir o que é para eles e o que não é”. Já na velhice, com a perda da
capacidade de alguns dos órgãos dos sentidos a pessoa tende a se isolar parcialmente da
realidade, o que leva a outros universos perceptivos inerentes a uma capacidade sensorial
reduzida. Tuan (1980) também destaca a influência do ciclo da vida na percepção do
ambiente, afirmando que o mundo do idoso se encolhe com o declínio da visão e da audição
além da diminuição da mobilidade o que restringe o espaço horizontal a ser experimentado.
No relacionamento entre o homem e o ambiente pode-se considerar cada indivíduo
como único em suas características psicológicas e sensitivas, de modo que o resultado o
percepções diferenciadas sobre os objetos que se apresentam no ambiente e que são
experienciados de acordo com o interesse individual. Machado (1986) afirma que a
variabilidade humana implica uma variedade de experiências que demonstram a necessidade
de estudos que tenham como foco as relações entre o homem e o ambiente destacando-se a
interação entre eles. Neste relacionamento existe uma contínua readaptação e influência entre
o mundo externo e interno, que interage e se envolve ao mesmo tempo.
Sartori (2000, p. 14) salienta que “o processo interativo entre o homem e o ambiente
acontece através dos sentidos que levam às sensações e, em conseqüência, à percepção”, deste
modo a inexistência do processo perceptivo nos seres humanos faria com que estes estivessem
ligados ao ambiente apenas fisicamente. Sendo de fundamental importância ressaltar a
existência de uma distinção entre a sensação e a percepção, a autora afirma que a experiência
humana desenvolve-se a partir das sensações, e em ato contínuo, o resultado é a percepção
como interpretação do cérebro aos estímulos recebidos. Existem duas fases no impacto
produzido pelos estímulos do ambiente no organismo: na primeira, os estímulos atingem os
órgãos dos sentidos e são reenviados aos centros do cérebro promovendo a sensação;
enquanto na segunda, os estímulos são interpretados com base na experiência e ocorre a
emissão de uma resposta, constituindo a fase perceptiva.
Oliveira (2000, p. 21) define a percepção como “o significado que atribuímos às
informações recebidas pelos nossos sentidos, como sensações” pode-se dizer que os sistemas
perceptivos são sensoriais auditivo, visual, olfativo e tátil-cinestésico e não sensoriais
memória, imagem mental, cultura, personalidade, experiência, transmissão da informação,
orientação geográfica e leitura (OLIVEIRA e MACHADO, 2007).
De acordo com Oliveira (1977, p. 62) “a percepção é justamente uma interpretação
com o fim de nos restituir a realidade objetiva, através da atribuição de significado aos objetos
percebidos”. Assim, quando se busca a compreensão da percepção espacial é preciso não
53
confundir o ver com o perceber. O ver seria uma sensação reproduzida a partir da observação
do objeto enquanto o perceber seria o conhecer através dos sentidos e da organização interior
do que foi apreendido do mundo exterior. Tradicionalmente, as explicações sobre o fenômeno
da percepção têm como base duas correntes a empirista onde o espaço visual é aprendido
e a percepção é resultado da experiência; e, a inatista onde o espaço visual é intuitivo e a
percepção é inata.
As teorias explicativas sobre como se o processo perceptivo apresentam-se através
dos estudos da Gestalt, de Gibson e de Piaget. A teoria da Gestalt preocupa-se,
primordialmente, com o processamento da percepção da forma, concebendo esta como
resultado de uma organização sensorial espontânea. Esse processo de organização sensorial
ocorre no córtex cerebral resultando em uma ordenação onde os objetos percebidos mantêm
suas propriedades, estando os elementos percebidos apenas diferenciados no contexto de uma
totalidade maior (OLIVEIRA, 1977).
Na concepção teórica de Gibson a percepção resulta da apreensão visual do espaço
vivido. A compreensão do mundo se através da observação onde o meio ambiente fornece
informações através de suas propriedades físicas e o observador capta estas informações
através de um sistema receptor visual registrando o conhecimento do mundo físico. Salienta-
se que
O processo visual pode ser explicado por uma série de eventos. Uma ordenação de
superfícies físicas contendo objetos, se iluminadas, refletem a luz que irradia
livremente e incide na córnea, passando pela pupila para em seguida projetar uma
imagem na retina. Diminutas lulas retinianas registram continuadamente as
imagens que são transmitidas pelo nervo ótico até o córtex cerebral, onde se produz
a visão e se processa a percepção. Assim, o processo visual, que se inicia com os
objetos físicos, a luz e o olho, completa-se com a inteligência (OLIVEIRA, 2000, p.
13).
Na concepção teórica de Piaget a explicação dos processos perceptivos parte das
representações cognitivas individuais pressupondo que estas são diversas e únicas, uma vez
que podem ser observadas até mesmo entre indivíduos que habitam o mesmo ambiente. Em
seus estudos investigou a construção do espaço na criança partindo-se dos processos de
percepção e representação espaciais, e considerou que os aspectos perspectivos estão ligados
aos cognitivos para a construção do espaço. Piaget reconhece que
entre as estruturas perceptivas as mais elementares e as estruturas operatórias as
mais complexas da inteligência se intercala uma série ininterrupta de estruturas
intermediárias. As duas estruturas constituem formas de equilíbrio e consistem em
estruturas de conjunto. O problema da filiação é inseparável da questão do
significado epistemológico da percepção, entendido como as relações entre o
54
sujeito percebedor e o objeto percebido (PIAGET, 1967 apud OLIVEIRA, 1977, p.
63).
Ao tratar das estruturas da percepção e da inteligência Piaget apresenta uma
interpretação unitarista e outra interacionista, tendo na primeira uma continuidade linear entre
a percepção e a inteligência, enquanto a segunda distingue no desenvolvimento das funções
cognitivas um aspecto operativo referente às operações intelectuais e, um aspecto
figurativo sendo este referente à percepção. As duas estruturas trabalham de forma
interativa. A percepção e a inteligência são diferenciadas no que se refere às relações entre o
sujeito e o objeto (quadro 4) e na composição de suas estruturas, porém são complementares,
pois a percepção é reflexo e prefiguração da inteligência (OLIVEIRA, 1977; 2000).
A noção de atividade apresenta-se como elo para unir as estruturas e funções da
percepção e da inteligência, chegando-se, portanto à complementaridade. O aspecto operativo
do conhecimento se refere às operações a que o sujeito submete o objeto de sua experiência.
Com relação aos aspectos perceptivos pode-se dizer que
a percepção estática ou primária de um campo de centração é postulada como “caso
limítrofe” e se integra, então, a título de sedimento ou cristalização de atividades
superiores, que participam, por sua vez, de propriedades operativas (PIAGET, 1967
apud OLIVEIRA, 2000, p. 12).
Para Piaget o que acontece é uma interação funcional e recíproca entre as estruturas
perceptivas e as estruturas intelectuais. As informações fornecidas pela percepção e pela
imagem mental constituem-se material bruto para a operação mental. Por outro lado, as
atividades mentais “exercem influência direta ou indireta sobre a percepção, enriquecendo-a e
orientando o seu funcionamento à medida que se processa o desenvolvimento mental”
(OLIVEIRA, 2000 p. 10).
As trocas funcionais entre o indivíduo e o meio exterior são denominadas de conduta.
A conduta humana é um constante processo de adaptação e readaptação do homem ao meio
ambiente e envolve dois aspectos interdependentes – o cognitivo e o afetivo. O aspecto
cognitivo refere-se ao processo de estruturação da conduta, enquanto o afetivo refere-se aos
sentimentos que regulam os interesses individuais (energias internas) e os valores (trocas
externas). Para Piaget o cognitivo e o afetivo são distintos, mas inseparáveis, uma vez que a
interação homem-meio necessita de uma estruturação e uma valorização (PIAGET, 1967
apud OLIVEIRA, 2000).
55
Quadro 4: Principais diferenças entre as estruturas da percepção e da inteligência na concepção de Piaget.
Diferenças com relação à interação sujeito objeto
PERCEPÇÃO INTELIGÊNCIA
Liga-se a um campo sensorial e necessita da presença
do objeto.
Pode invocar o objeto em sua ausência de forma
simbólica.
É egocêntrica e liga-se à posição do percebedor em
relação ao objeto percebido, por isso é individual e
incomunicável.
Suas operações são conhecimentos comunicáveis
independente do EU individual.
Subordinada às condições limitativas da proximidade
espaço-temporal.
Pode aproximar ou dissociar um elemento do outro
independente das distâncias no tempo e espaço.
Os índices perceptivos não ultrapassam as fronteiras
da percepção, permanecendo os significantes e os
significados próprios das significações perceptivas.
Símbolos e sinais da inteligência representativa são
significantes diferenciados de seus significados e são
cada vez mais intermutáveis entre si.
Pode limitar-se a reter certas propriedades do objeto
fazendo abstração dos outros.
A inteligência seleciona os dados e escolhe o que é
necessário para resolver um determinado problema.
Diferenças com relação às estruturas
PERCEPÇÃO INTELIGÊNCIA
A estrutura perceptiva é rígida. A estrutura operatória possui mobilidade onde o
sujeito pode compor, decompor e recompor o objeto
em pensamento.
No plano perceptivo a forma do objeto é indissociável
do seu conteúdo.
No plano operatório é possível construir ou manipular
formas sem conteúdo.
As inferências não ultrapassam o nível de pré-
inferências.
As inferências comportam por parte do sujeito a
distinção dos dados e das conclusões.
É irreversível; depende sempre do fluxo irreversível
dos eventos exteriores.
A operação é reversível, já que a inteligência pode
remontar o curso do tempo.
Fonte: OLIVEIRA (2000, p. 10-11)
Organização: PASCOALINO (2008)
O desenvolvimento mental é um processo construtivo e resultante de sucessivas
adaptações entre o indivíduo e o meio, no qual a adaptação mental é o produto do equilíbrio
das ações indivíduo – meio e influencia-se por dois fatores: a assimilação e a acomodação.
A assimilação consiste na ação do indivíduo sobre os objetos do seu meio, no
sentido de procurar incorporá-los aos esquemas de sua conduta: o indivíduo impõe
sua organização, agindo ativamente sobre o meio. Na acomodação, é o meio que
age sobre o indivíduo, isto é, é o processo através do qual o sujeito se acomoda ao
objeto, modificando os seus esquemas de assimilação, o que lhe permite enfrentar o
meio exterior (PIAGET, 1967 apud OLIVEIRA, 2000, p. 7).
56
Na figura 6 é possível verificar de forma esquemática como se a interação
indivíduo-meio e seu constante processo de adaptação e readaptação que levam ao
desenvolvimento mental do indivíduo.
Fonte: OLIVEIRA (2000, p. 6-7)
Organização: PASCOALINO (2008)
Figura 6: Representação das relações indivíduo – meio nos processos de adaptação sucessiva ao ambiente e de
desenvolvimento mental.
A percepção implica, portanto, no acúmulo de temporalidades provenientes da
experiência passada que a mesma provêm da apreensão humana ao longo da vida, sendo
um acúmulo de experiências instantâneas associada às estruturas construídas internamente em
resposta às experiências anteriores. A experiência vivenciada e o valor afetivo atribuído ao
espaço vivido o qual o homem está inserido determinam as representações do ambiente, que
são individuais, singulares e determinantes da conduta do indivíduo sobre o meio. As
representações mentais do ambiente são essenciais no processo de interação entre o homem e
o meio.
O espaço vivido influencia a compreensão e visão de mundo e consequentemente a
atribuição de significados à realidade. É uma constante incorporação de realidades que são
filtradas pela subjetividade individual dos sujeitos que as percebem de forma particular e de
acordo com seus interesses, atribuem a elas significados e retribuem através de suas ações
sobre o meio. Portanto, um indivíduo que se sente bem em um determinado ambiente, que
possui um sentimento topofílico, irá utilizá-lo de maneira menos impactante.
MEIO
INDIVÍDUO
COGNIÇÃO
Estrutura
AFETIVO
Interesses/Valores
CONDUTA
Adaptação/Readaptação
ASSIMILAÇÃO
Ação Indivíduo Meio
ACOMODAÇÃO
Ação Meio Indivíduo
DESENVOLVIMENTO MENTAL
Equilíbrio das Ações Indivíduo - Meio
Alteração dos esquemas de assimilação
Adaptações sucessivas
Incorporação de
objetos à conduta
57
2.7. A percepção climática
O Homem está em permanente contato com a atmosfera e suas atividades sociais e
econômicas apresentam-se condicionadas às características climáticas predominantes. De
acordo com Sorre (1984) o clima constitui-se o substratum do meio, sua base, que age
condicionando as atividades dos complexos vivos entre eles o homem. Dessa forma, o
estudo do meio envolve além do domínio fisiológico também o social, uma vez que os
elementos que o meio comporta não são inertes, atuam no domínio fisiológico de acordo com
a interação entre o substratum inorgânico – o clima – e as características sociais.
Se por um lado o homem é influenciado pelo clima desde suas atividades vitais
orgânicas até o desenvolvimento de suas atividades sociais mais complexas, por outro lado o
homem pode também influenciar e modificar o funcionamento do próprio clima de maneira
inadvertida. Tal fato mostra-se em sua interferência extrema através das estruturas urbanas
capazes de gerar uma circulação específica e inerente ao funcionamento da cidade através do
que Monteiro (1976 a) denominou Sistema Clima Urbano (SCU).
O homem como indivíduo que está contido no ambiente apresenta-se circunscrito em
uma camada de gases, denominada atmosfera, e é diariamente influenciado pelas
características desta – destacando-se a importância da troposfera como a camada da atmosfera
que está em permanente interação com o espaço geográfico, onde são percebidos e
vivenciados os fenômenos climáticos. As variações dos elementos atmosféricos em sua
dinâmica diária ou sazonal interage com as características da superfície terrestre, sejam estas
naturais e/ou artificiais gerando alterações térmicas e hígricas que podem afetar de forma
direta a saúde do indivíduo ou gerar condições ambientais adversas à sustentação de
determinados tipos de atividades, constituindo-se obstáculo natural a ser transposto pelo
homem através de ações adaptativas. Conforme expõe Sartori (2000, p. 71)
o organismo humano, a atmosfera e os outros compartimentos ambientais são
sistemas abertos com fluxos contínuos de energia e de componentes. As múltiplas
interrelações que se operam entre o homem e o clima têm muitas repercussões na
saúde. O homem nunca é uma vítima passiva do clima, mas reage ativamente a ele.
Provido de grandes capacidades adaptativas, ele adequará fisiologicamente seu
corpo e modificará conscientemente o clima.
Sartori (2000, p. 13) salienta ainda, que “as relações clima-homem determinam
percepção específica, a percepção climática, que por sua vez deve ser encarada como uma
forma de percepção ambiental”. Tendo em mente que a percepção está ligada às sensações, ao
58
psicológico e ao sociológico, as particularidades individuais serão refletidas no processo
perceptivo, e em se tratando da percepção climática ressaltam-se, principalmente, as
preferências pessoais das condições do clima e do tempo em conformidade às capacidades
adaptativas de cada indivíduo.
O ritmo atmosférico em sua dinâmica habitual, bem como os eventos extremos em
suas demonstrações excepcionais serão vivenciados e experienciados nas formas e situações
mais diversas resultando em uma série de imaginários únicos e individuais influenciados
pelos conhecimentos sobre o ambiente atmosférico, pela cultura, etnia, profissão, religião e
pelas características ligadas às potencialidades sensitivas e ao organismo do indivíduo, tais
como: o sexo, a idade, a massa corpórea e o metabolismo; que refletirão nas trocas de calor
entre o organismo e o ambiente implicando em um processo de regulação térmica individual e
consequentemente em sensações de conforto e desconforto térmico. No que se refere às
características psíquicas e fisiológicas de cada indivíduo Sartori (2000, p. 60) acrescenta que
Através de ajustamentos fisiológicos e comportamentais, o homem é notavelmete
adaptável a seu ambiente. As mudanças climáticas cíclicas influenciam os ritmos
biológicos, os quais interferem em todas as atividades e funções humanas. Porém,
os seres humanos mostram variações individuais muito grandes em sua
adaptabilidade, o que interfere na sua maior ou menor sensibilidade ao tempo e ao
clima, e dessa forma, em seu conforto e saúde.
De acordo com Tuan (1980, p. 91) o meio ambiente e a visão de mundo apresentam-se
“estreitamente ligados: a visão de mundo se não é derivada de uma cultura estranha
8
necessariamente é construída dos elementos conspícuos do ambiente social e físico de um
povo”. Para exemplificar tais afirmações o referido autor tece considerações a respeito de
visões de mundos decorrentes de dois habitats diferenciados sendo o primeiro um ambiente
de florestas equatoriais no Congo, habitado por pigmeus BaMbuti e, o segundo, o habitat
dos índios Pueblos que têm como ambiente natural um platô semi-árido no sudoeste
americano.
Nas florestas equatoriais do Congo, vivenciadas pelos pigmeus, as copas das árvores
se mantêm frondosas ao ano inteiro, o que demonstra uma visão sazonária mínima, uma vez
que o cenário ambiental apresenta certa constância, e o ambiente traz à disposição dos
pigmeus alimentos e materiais necessários à sobrevivência não tendo que ser explorados
novos espaços. Neste ambiente onde entre o céu e o indivíduo existem várias camadas de
folhas das árvores “(...) o próprio sol não é um disco brilhante com uma trajetória no céu, mas
8
Referindo-se à cultura estrangeira, seja por influência ou imposição.
59
antes, manchas de luz tremulantes no chão da floresta”, o que demonstra uma visão temporal
restrita em virtude da uniformidade das características ambientais. O espaço e o meio
ambiente visual homogêneo confere certa monotonia temporal na qual o ano não está
demarcado por mudanças sazonárias (TUAN, 1980 p. 91).
Já na sociedade dos índios Pueblos o sol desempenha papel importante tanto na
orientação espacial quanto na mitologia e nas celebrações sociais “o sol é muito poderoso e
comumente chamado como ‘pai’”. Nesta sociedade que tem à disposição um espaço visual
mais diversificado o relacionamento com o ambiente atmosférico é mais enriquecido. Os
conhecimentos dos aspectos sazonais são refletidos na noção de ritmos agrícolas, que são
acompanhados por rituais trazendo um calendário anual repleto de celebrações que marcam os
ciclos das estações do ano. Conforme Tuan (1980, p. 95)
a trajetória do sol marca o calendário agrícola e cerimonial (...), as datas do plantio
são estabelecidas pelo avanço do sol em direção ao solstício de verão; o próprio
avanço é regulado pelas sucessivas posições do sol nascente em relação aos marcos
visuais no horizonte.
No que se refere às características ambientais relacionadas ao modo de vida urbano e
rural faz-se necessário destacar as diferentes representações dos eventos climáticos que o
homem assume perante o ambiente que lhe é apresentado diariamente. O modo de vida
urbano reproduz uma inter-relação onde o homem depende de forma indireta do ambiente que
o circunda vivenciando em seu cotidiano o espaço produto marcado por artificialismo. o
homem do campo, conforme salienta Tuan (1980), apresenta um sentimento de fusão com a
natureza, onde os músculos e as cicatrizes são marcas da intimidade física do contato entre o
agricultor e a terra.
O homem urbano, alienado da condição natural, vivencia a atmosfera inserida entre
ambientes construídos, cujas composições materiais tornam-se responsáveis pela diversidade
de microclimas que o mosaico urbano constitui. O trabalho desempenhado e as atividades
cotidianas, geralmente, são desenvolvidos em ambientes fechados e frequentemente
controlados de forma artificial na busca da manutenção do conforto térmico. A observação
visual da atmosfera também se faz de forma limitada, uma vez que a locomoção em veículos
automotivos impede a visualização direta do céu, e mesmo quando caminhando, o indivíduo
depara-se com a dinâmica frenética da cidade que não o permite observar o céu e quando o
tenta fazê-lo encontra uma série de estruturas construídas que além de alterar as características
térmicas de seu entorno produzem efeitos de sombreamento, interferem na dinâmica local de
60
circulação dos ventos e agem como paredões entre o indivíduo e a visualização do seu
horizonte.
Todavia, o homem urbano pode perceber os efeitos da atmosfera através da influência
desta em sua saúde, agravando determinadas enfermidades com os elevados níveis de
poluição atmosférica em situações de calmaria ou mesmo nos dilemas urbanos relacionados
aos processos de escoamento superficial que resultam em enchentes quando as precipitações
não conseguem infiltrar adequadamente em virtude da grande impermeabilização do solo
urbano. Neste contexto, o homem passa a observar o ambiente de forma hostil, e não como o
contribuinte/causador de determinadas situações.
O homem rural tem no ambiente atmosférico um aliado à sua sobrevivência, uma vez
que o alimento o qual ele irá consumir ou produzir para a venda necessita das condições
atmosféricas adequadas para o seu desenvolvimento. Dessa forma, as características de
sazonalidade ou mesmo os tipos de tempo podem ser melhor observados e inferências
preditivas podem ser realizadas a fim de preparar o solo para o plantio e para a colheita. O
desempenho das atividades do homem rural é mais dependente das condições atmosféricas
predominantes, o que resulta em uma percepção climática mais apurada porque a atmosfera
torna-se passível de observações diárias, e em uma relação na qual o homem sente-se
pertencente ao ambiente.
Entretanto, determinados eventos climáticos podem trazer perdas de produtividade e
de ganhos econômicos, refletindo-se em maior afetação no cotidiano individual, como por
exemplo, nos dias de chuva forte quando muitas das atividades do campo são comprometidas
em virtude das condições do tempo que podem agir mais intensamente sobre o organismo do
homem que trabalha ao ar livre.
Outro fator a influenciar a percepção humana refere-se à tempo-sensitividade dos
indivíduos. Sartori (2000, p. 80) define a tempo-sensitividade como “reações psico-
fisiológicas induzidas pelo tipo de tempo que ocorre em um certo dia ou em dois ou três dias
anteriores”. Existem pessoas que apresentam extrema sensibilidade a determinados tipos de
tempo o que leva às alterações fisiológicas em acordo com as variações atmosféricas do meio
tais como: grandes amplitudes térmicas diárias, mudanças na umidade relativa, na pressão
atmosférica, entre outros. Para a referida autora a tempo-sensitividade pode ser caracterizada
como
um estímulo subliminar, ou seja, é um estímulo que às vezes, não é suficientemente
intenso para que o indivíduo tome consciência dele, mas que quando repetido, atua
no sentido de alcançar um efeito desejado. É uma resposta humana, uma adaptação
61
ao estresse, estímulo ou excitação de uma atmosfera constantemente mutante. Os
homens são provocados por mudanças na umidade, na temperatura, na insolação,
no tempo de forma geral (SARTORI, 2000, p. 80-81).
Considerando o ambiente atmosférico como meio extremamente dinâmico sua
diversidade de estados irá impor ao organismo características ambientais sob as quais o
organismo estimulado pelo meio tenderá a buscar sua adaptação. Neste processo, as reações
ao meio dependerão da suscetibilidade individual do organismo e de sua capacidade de auto-
regulação adaptativa às características ambientais que lhe são impostas. A tempo-
sensitividade será um reflexo do tempo de adaptação individual às condições ambientais. A
variabilidade térmica, seja horária ou sazonal, exerce grande influência sobre os organismos.
Porém é a combinação entre os parâmetros climáticos que caracterizam um dado tipo de
tempo que refletirá conjuntamente na tempo-sensitividade. Conforme destaca Sartori (2000, p.
88) a temperatura e a umidade juntas mostram que têm um efeito muito mais forte no
conforto e na química do corpo do que só a temperatura”.
A combinação dos elementos atmosféricos poderá agir de forma direta (no
desencadeamento de determinados agravos à saúde) ou indireta (na origem de condições
ambientais propícias à propagação de doenças transmissíveis, por exemplo) no organismo
humano, que responderá ao meio de forma positiva ou negativa. Assim, sensações de
(in)disposição, mau humor, bem-estar, insônia, dificuldades de concentração, tontura, dores
corporais, bem como o agravamento de enfermidades dos sistemas circulatório e respiratório,
entre outras reações, são verificadas como sintomas da tempo-sensitividade.
Diante das capacidades sensitivas individuais e das formas de experienciar o ambiente
atmosférico é que Vide (1990) fala da existência de uma percepção climatológica e uma
percepção meteorológica, estando a primeira relacionada ao perceber e sentir o clima e a
segunda o tempo. Para o autor o clima percebido pode diferenciar grandemente do clima real,
analisado com base no registro dos dados meteorológicos, porém apesar de intrinsecamente
psicológico e sociológico, os estudos do clima percebido são de grande importância na análise
de situações de conforto e desconforto térmico. Climatologicamente a memória perceptiva
adquire um valor relativo, que cada indivíduo possui sua sensibilidade particular, apesar de
seus sistemas sensoriais similares. Vide destaca que as mudanças no modo de vida, de lugar
de residência e de situação social experimentados pela sociedade fazem com que padrões de
referências sejam variados o que leva à alteração das memórias meteorológicas.
Com relação à percepção das mudanças climáticas, as várias formas de mídia
respondem pela interiorização de determinados conceitos, que são na maioria das vezes
62
transmitidos de forma errônea, e pela geração de uma falsa percepção. Sartori (2000) destaca
a importância do papel midiático na percepção climática individual salientando que a
divulgação de mudança do clima pela mídia, nem sempre com fundamento científico, leva o
grande público a assumir e “perceber” em grande proporção a presumida mudança.
Conforme discorre Vide (1990) o que ocorre é uma contaminação da percepção por
influências externas desinformativas.
É neste sentido que propostas de estudos da percepção climática como os realizados
por Sartori (2000), Oliveira (2005), Ruoso (2007), bem como da percepção de mudanças
climáticas Lowe (2006) fazem-se pertinentes, visando distinguir o clima real, a percepção
climática do ambiente atmosférico vivenciado e o imaginário construído artificialmente, ou
seja, a realidade ambiental distorcida, filtrada pela mídia e percebida de forma indireta pelos
sujeitos.
O estudo realizado por Sartori (2000) teve por objetivo verificar as reações psico-
fisiológicas ou das sensações, tendo como principal enfoque as reações desencadeadas pela
condição de tempo com predomínio do Vento Norte (sendo este de caráter local e
condicionado por situações pré-frontais). A investigação que também buscou avaliar a
percepção do clima e do tempo desenvolveu-se nas áreas urbana e rural da região de Santa
Maria (RS). O estudo procedeu através de duas abordagens: uma do clima e outra da
percepção. Na abordagem climática foram analisados os períodos de março a novembro de
1997 e 1998, onde as situações de tempo ideais para a coleta de dados foram aguardadas em
tempo real. Para a abordagem da percepção a pesquisadora utilizou a metodologia qualitativa
através de técnicas de observação, entrevista e formulários, envolvendo seis estratégias que
foram aplicadas entre crianças, adolescentes e adultos. Constatou-se que grande parte da
população regional é tempo-sensitiva com relação ao Vento Norte e que a percepção climática
dos moradores refletiu o efeito dos fatores regionais sobre os elementos climáticos. A
percepção da sucessão habitual dos tipos de tempo foi mais apurada no meio rural, porém, os
citadinos mostraram-se mais tempo-sensitivos. A sensitividade ao Vento Norte mostrou-se
comprometida com a duração e velocidade do vento, destacando-se que quando o vento é
persistente sua influência nos aspectos psico-fisiológicos é maior, enquanto condições as
quais o vento não é tão duradouro propiciam uma diminuição das reações negativas e um
aumento das reações positivas.
Oliveira (2005) avaliou a percepção do tempo atmosférico e do clima pelos residentes
urbanos e rurais de Campinas SP, buscando-se verificar como ocorre a interação homem
ambiente e como o ambiente influencia a percepção climática. Para tal intuito, utilizou-se de
63
procedimentos metodológicos qualitativos no levantamento de dados tendo como instrumento
de coleta a adoção do formulário. Através de análise comparativa, entre as áreas de estudo,
sendo esta realizada por discussão das temáticas levantadas em campo (mudanças climáticas,
previsão de mudança no tempo, eventos extremos, fontes de informação, diferenças
conceituais entre tempo e clima, entre outros). Constatou-se que dentre todos os aspectos do
tempo e clima abordados na investigação a percepção dos habitantes da área rural revelou-se
mais acurada do que a dos habitantes da área urbana.
Ruoso (2007) investigou as características climáticas de Santa Cruz do Sul RS e
avaliou a percepção climática dos residentes urbanos seguindo-se uma abordagem
climatológica e outra da percepção. Na abordagem climatológica trabalhou-se com normais
climatológicas e normais decendiais tendo por finalidade caracterizar o clima do município e
sua inserção no contexto regional. Efetuou ainda, a análise rítmica (MONTEIRO, 1971) do
mês correspondente ao período o qual os dados qualitativos da percepção foram coletados,
com o intuito de avaliar as condições atmosféricas e sua relação com a percepção dos
citadinos. Na abordagem da percepção climática, enfocou a percepção do tempo, levantando-
se dados qualitativos através de pesquisas de campo adotando-se o formulário como
instrumento de coleta. Constatou-se que existe uma concepção do conceito de tempo, porém
sua diferenciação da noção de clima aparece de maneira equivocada. Verificou-se que os tipos
de tempo mais agradáveis aos respondentes corresponderam aos dias nos quais a variação
térmica situou-se entre a faixa de conforto térmico (18°C a 24°C), sendo as situações de calor
intenso consideradas as mais desagradáveis. Observou-se ainda, que existe uma percepção dos
sinais da natureza (animais, plantas, o tempo e o corpo) como indicadores da variação das
condições atmosféricas.
Lowe (2006) avaliou os reflexos da experiência indireta sobre a percepção dos riscos
inerentes às alterações climáticas e os conseqüentes comportamentos reproduzidos pelos
indivíduos. O estudo desenvolveu-se através de um experimento controlado que expôs dois
grupos a experiências diferentes, sendo que o primeiro assistiu a um filme sobre mudanças
climáticas; e o segundo, teve acesso à literatura científica referente à mudança climática e à
mudança climática abrupta. Verificou-se que a maioria dos respondentes visualiza as
alterações do clima como algo violento e catastrófico, não tendo diferenças significativas
entre as respostas dos dois grupos, sugerindo-se que quando a ameaça percebida é maior do
que a capacidade e o poder de mitigação da mesma surgem respostas de medo e rejeição
como num processo defensivo. Conforme o pesquisador, o estudo destacou a importância da
experiência na afetação da imagem, percepção do risco e tomada de decisão individual,
64
constatando-se que a exploração de uma imagem global das alterações climáticas leva a um
distanciamento entre o indivíduo e o problema, resultando em um comprometimento da
tomada de consciência e procedimentos atitudinais perante a postura ambiental desenvolvida
pelo indivíduo.
65
3. ÁREA DE ESTUDO
3.1. A circulação atmosférica na América do Sul e o enquadramento climático regional
Sendo os fatores estáticos latitude, relevo e altitude insuficientes para a
compreensão do clima faz-se necessário o estudo da gênese da dinâmica atmosférica partindo-
se das características zonais para as regionais, ou seja, das escalas superiores para as
inferiores não desconsiderando a articulação entre a circulação atmosférica e os aspectos
geomorfológicos – a interação entre o clima e o espaço concreto, a superfície terrestre, que é o
arcabouço da circulação atmosférica (MONTEIRO, 1976 b).
A circulação atmosférica da América do Sul é controlada por sete centros de ação
(figura 7) sendo os anticiclones permanentes semifixos do Atlântico e do Pacífico, o
anticiclone dos Açores, o anticiclone migratório Polar, a Depressão do Mar de Weddel, a
Depressão do Chaco e a Zona de Baixas Pressões Equatoriais (Doldruns).
Na consideração dos aspectos geomorfológicos perante a circulação atmosférica faz-se
relevantes em primeira instância dois fatores o primeiro refere-se à disposição das terras
emersas da América do Sul, que se apresentam reduzidas na porção sul, a partir do Trópico de
Capricórnio, o que possibilita que apenas a porção norte com extensa área continental, de
planície, funcione como centro produtor de massa de ar. O segundo fator refere-se às elevadas
altitudes da Cordilheira dos Andes que configura um pronunciamento do relevo na porção
ocidental da América do Sul, na qual a disposição da topografia barra a penetração da massa
do ar tropical marítimo na vertente do Pacífico, enquanto na vertente atlântica maior
pronunciamento sobre a superfície continental.
66
Fonte: MONTEIRO (2000)
Figura 7: Centros de ação da dinâmica atmosférica da América do Sul.
Nas baixas latitudes da América do Sul o predomínio de tipos de tempo
desencadeados pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) originada pelo encontro dos
ventos alíseos de Sudeste com os ventos alíseos de Nordeste. As chuvas são abundantes o ano
inteiro, no entanto, em decorrência da variação sazonal da radiação nos hemisférios Norte e
Sul, no mês de julho as células convectivas que respondem pela origem das chuvas
apresentam-se deslocadas em direção ao Hemisfério Norte, enquanto em janeiro ocorre o
deslocamento em direção ao Hemisfério Sul. Dessa forma, a influência do anticiclone dos
Açores é sentida principalmente no solstício de verão do hemisfério Sul, comandando os tipos
de tempo nas porções norte e nordeste da América do Sul.
Na porção norte a Planície Amazônica funciona como área produtora e exportadora de
massa de ar. O anticiclone da Amazônia se instala dinamicamente e dá origem à massa de ar
Equatorial Continental, caracterizando-se esta como quente e úmida. Conforme Nimer (1989)
a massa se forma sobre o continente aquecido destacando-se o período de verão quando o
continente é um centro quente para o qual afluem de norte e leste os ventos oceânicos
responsáveis pelo acréscimo de umidade. A produção e exportação dessa massa de ar ocorre,
67
sobretudo no verão, porque neste período o centro de ação atinge latitudes mais altas. Suas
incursões pelo interior do país ocorrem de noroeste para sudeste quando a massa é atraída
pelo sistema depressionário do interior do continente – a Baixa do Chaco.
A Baixa do Chaco constitui-se em um centro depressionário que instala-se
sazonalmente no interior da América do Sul, durante o verão, em decorrência do forte
aquecimento da superfície continental. A manutenção desse centro formador de massa ocorre
através do calor que vem do leste e do nordeste. No inverno ela torna-se inexistente. Este
centro de baixas pressões tem por região de origem a zona baixa e árida situada a leste da
Cordilheira dos Andes e ao Sul do Trópico. Ela produz a massa Tropical Continental que tem
por características elevada temperatura e baixa umidade relativa, sendo responsável por tempo
quente e seco (NIMER, 1989).
Os anticiclones tropicais originam massas de ar marítimas que estendem-se ao norte
até as zonas dos alíseos de sudeste e ao sul até os limites das massas polares. As incursões
destas massas de ar obedecem diretamente à disposição do relevo, dessa forma, os terrenos
montanhosos da cordilheira Andina impedem a penetração da massa Tropical Pacífica
restringindo a atuação desta à costa pacífica durante o ano inteiro. Já na vertente atlântica as
altitudes mais baixas permitem que as massas marítimas tenham maior pronunciamento sobre
a superfície continental. Estes centros de ação produzem ar quente e úmido e têm como
característica de mobilidade o deslocamento sazonal no sentido leste oeste, inerente ao
deslocamento sazonal do centro de altas pressões que ora se posiciona mais próximo da costa
oeste dos continentes no verão, ora mais afastado no inverno (MENDONÇA e DANNI-
OLIVEIRA, 2007).
O anticiclone migratório polar origem à massa polar que de acordo com Nimer
(1989) se apresenta através de duas células de alta pressão que invadem o continente sul-
americano entre dois centros de ação o do Pacífico e o do Atlântico, cuja bifurcação é
inerente à disposição do relevo. A oeste da Cordilheira dos Andes configura-se a passagem da
Frente Polar Pacífica (FPP), enquanto à leste o ar polar encontra-se com o ar quente do
sistema tropical e origem à Frente Polar Atlântica (FPA), cuja trajetória pode ocorrer
seguindo pelo continente ou pelo oceano em virtude das características de sazonalidade.
A trajetória continental da Frente Polar Atlântica ocorre comumente durante o inverno
quando as incursões vigorosas do ar polar, pelas altitudes modestas do interior do continente,
podem chegar até latitudes mais baixas. Já no verão, por causa da zona depressionária do
Chaco, o ar polar fica impossibilitado de adentrar ao continente pela trajetória interior
seguindo, portanto, pelo litoral através do qual as incursões frontais chegam a atingir a região
68
nordeste e entram em frontólise dissipando-se, posteriormente, no oceano Atlântico. A massa
polar atua na América do Sul o ano inteiro e atinge grande parte do território brasileiro. O
relevo do interior do país canaliza as incursões destes sistemas orientando a disposição do
eixo da FPA sentido WNW ESSE. De acordo com a intensidade e o tempo de percurso
dessa massa atmosférica ela vai tropicalizando-se, perde umidade e eleva as temperaturas do
ar.
A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) também atua sobre o território
brasileiro e associam-se aos processos convectivos das áreas sobre as quais se forma.
Conforme Mendonça e Danni-Oliveira (2007, p. 92) “a ZCAS resulta da intensificação do
calor e da umidade provenientes do encontro de massas de ar quente e úmidas da Amazônia e
do Atlântico Sul na porção central do Brasil”. A ZCAS responde pela atuação de simultâneos
centros de baixa pressão, dispostos sentido NW SE, configurando-se no território brasileiro
áreas de instabilidade desde “o sul da região Amazônica até a porção central do Atlântico
Sul”.
Na Região Sudeste, onde está inserida a área de estudo, a posição latitudinal confere à
região a reprodução de tipos de tempo e climas originados das massas de ar Polar Atlântica,
Tropical Atlântica, Equatorial Continental e Tropical Continental, destacando-se o regime
pluviométrico controlado pelas freqüentes incursões da Frente Polar Atlântica.
De acordo com Monteiro (1969) a configuração geográfica do Estado de São Paulo
garante a este posição transicional entre duas faixas climáticas zonais e localização na
encruzilhada de três climas regionais (figura 8). Constitui-se um território de conflito no que
se refere à circulação atmosférica, uma vez que as correntes extratropicais do sul, os
mecanismos frontais e as penetrações anticiclonais polares, alternam-se com as correntes
tropicais marítimas estabilizadoras do tempo, e com a atuação intercalante das correntes de
oeste e noroeste.
69
Fonte: MONTEIRO (2000)
Desenho: Marcos N. Boin e Eduardo P. Dibieso
Figura 8: Grupos climáticos segundo o controle de massas de ar.
O ar Tropical Atlântico traz condições de estabilidade à região, atuando em grande
parte do ano. As condições de estabilidade são quebradas durante o verão em virtude da
origem de células convectivas decorrentes do aquecimento basal, resultando em precipitações
no interior e chuvas orográficas no litoral. Já o ar Tropical Continental atua no aquecimento
da região, enquanto o ar Equatorial Continental além do aquecimento responde pela elevação
da umidade e das precipitações, sendo ambos sistemas ativos durante o verão (PITTON,
1997).
A massa Polar Atlântica responde pelos avanços frontais e pela distribuição das
chuvas ao longo do ano, mantendo a frequência destas durante o verão. No período de inverno
os rápidos avanços da FPA e a estabilidade trazida pelo domínio anticiclonal polar fazem com
70
que as precipitações e as temperaturas sejam reduzidas, perdurando estas condições até que
haja nova incursão de ar polar.
De acordo com a circulação secundária da Região Sudeste são reproduzidas, no
território paulista, áreas com características do Brasil Meridional, apresentando amplitudes
térmicas acentuadas e pluviosidades bem distribuídas durante o ano todo, controlados por
massas tropicais e polares tendo participação restrita da Equatorial Continental. E áreas com
características do centro-oeste e sudeste, com a existência de dois períodos nítidos, um
chuvoso no verão e outro seco no inverno, desencadeados por massas intertropicais
continentais e marítimas e pelas incursões da Frente Polar Atlântica (MONTEIRO, 1973;
1976 b; PITTON, 1997).
Considerando-se os aspectos sazonais e suas repercussões no Estado de São Paulo,
após o equinócio de setembro as frentes ainda apresentam-se enfraquecidas, no entanto,
durante a primavera dá-se início a um processo de aquecimento acentuado à medida que
intensifica-se a radiação. Há constantes incursões da FPA, porém nem sempre ela ultrapassa o
Estado de São Paulo. Aos poucos as chuvas voltam a ser intensas e freqüentes predominando
a ação frontal, no entanto, a gênese das chuvas adquire maior diversificação, uma vez que as
ondas de noroeste passam a responder também pela pluviosidade – cabe ressaltar, que a
mobilidade e o dinamismo da FPA é que irão regular a participação dos sistemas
intertropicais no Estado. A massa Tropical Atlântica quando instável através do seu
aquecimento basal ganha pluviosidade em decorrência das calhas induzidas da FPA e resulta
em precipitações de maior intensidade (MONTEIRO, 1973).
No verão os sistemas inter e extratropicais tendem a provocar constantes perturbações
inerentes à superfície de descontinuidade frontal. As precipitações originadas da massa
Tropical Atlântica resultam da instabilização pré-frontal. O domínio consecutivo desta massa
de ar traz grande estabilidade das condições atmosféricas, todavia, esta estabilidade é
frequentemente rompida pelas sucessivas incursões da Frente Polar Atlântica (MONTEIRO,
1973).
A massa Tropical Continental, neste período do ano, é comprometida pelo dinamismo
da FPA, e como esta massa possui baixo teor de umidade não apresenta resultados pluviais
significativos, respondendo apenas pelo aumento da temperatura no aquecimento pré-frontal
podendo resultar no aumento das chuvas frontais durante o verão. Esta massa de ar interpõe-
se entre a Polar Atlântica e a Tropical Atlântica produzindo efeitos na descontinuidade frontal
trazendo ora a instabilidade basal da massa fria ora implicações superiores na superfície
frontal (MONTEIRO, 1973).
71
No que se refere às incursões da massa de ar Equatorial Continental, Monteiro (1973)
afirma que, não se observa participação direta desta massa no território paulista, uma vez que
o desenvolvimento das ondas de noroeste implica anteriormente na atuação da massa Tropical
Continental. A Baixa do Chaco atrai o ar equatorial que em sua incursão em direção ao estado
de Mato Grosso impele o ar Tropical Continental sentido leste em direção à massa tropical
Atlântica. Nestas condições atmosféricas ocorre elevação da temperatura e diminuição da
umidade diante de consideráveis amplitudes térmicas diárias.
O mecanismo de circulação atmosférica durante o período outonal é marcado pela
freqüente atividade da massa Polar Atlântica caracterizada, neste período de transição para o
inverno, com propriedades menos acentuadas do que após o solstício de junho. Neste período
do ano são freqüentes as passagens de massas polares, entretanto, existe uma fraqueza nas
perturbações frontais. O reduzido contraste térmico entre o ar tropical e o polar faz com que a
intensidade dos fenômenos frontológicos seja reduzida, assim como as chuvas frontais, o que
confere como peculiaridade da estação um caráter frontal oscilatório (MONTEIRO, 1973).
A redução das chuvas nos meses de outono culmina na secura existente habitualmente
no período de inverno, no qual as chuvas tornam-se quase que exclusivamente ligadas à ação
frontal diminuindo-se a pluviosidade do sul para o norte do Estado. As gêneses das
precipitações decorrem, portanto, das ondas de sul, inerentes às perturbações frontais e à
instabilização da massa polar atlântica, sendo raras e excepcionais as atuações das ondas de
noroeste (MONTEIRO, 1973). Propagam-se neste período ondas de frio que vão de
moderadamente desenvolvidas a vigorosas, entretanto, conforme a latitude da área de estudo
as invasões vigorosas da massa polar atingindo latitudes menores fazem com que o efeito da
radiação, mesmo nesta época do ano, atue no processo de tropicalização do ar polar ocorrendo
uma ascensão térmica de forma gradual. Após a tropicalização da massa polar podem ocorrer
penetrações da massa Tropical Atlântica, respondendo por condições de estabilidade e bom
tempo inerentes ao resfriamento basal da massa de ar (MONTEIRO, 1973; BRINO, 1973).
O município de Rio Claro insere-se na Depressão Periférica Paulista, que apresenta-se
deprimida entre os planaltos Atlântico e Ocidental constituindo-se, portanto, um corredor que
condiciona e possibilita a entrada e atuação dos sistemas atmosféricos inter e extratropicais
em conformidade às características de sazonalidade predominantes. Considerando-se a
estrutura climática do Estado de São Paulo (figura 9) a Depressão Periférica Paulista
configura-se como área de clima tropical alternadamente seco e úmido (PENTEADO, 1966;
MONTEIRO, 1976 b; PITTON, 1997).
72
FEIÇÕES CLIMÁTICAS INDIVIDUALIZADAS NOS CLIMAS
REGIONAIS, SEGUNDO AS UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS
L
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o
r
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P
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A
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O
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d
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n
t
a
l
Bacia
superior
do
Paraiba
Vale
do
Paraiba
Serra
(borda do
Planalto)
Norte
Setor
Norte
Serra de
São Carlos
“Percée”
do Tietê
Serra de
Botucatu
Oeste
Sudoeste
Bacia
Paulistana
Bacia do
Paranapa-
nema
Climas
Zonais
Controlados por massas
equatoriais e tropicais
Controlados por massas
tropicais e polares
Climas
regionais
Climas úmidos das
costas expostas às
massas T
m
Climas úmidos da face
oriental e sub-tropical dos
continentes dominado
por massa T
m
Climas tropicais
altenadamente
secos e úmidos
Norte
Centro
Sul
C
o
n
t
r
a
f
o
r
t
e
s
Fonte: MONTEIRO (2000)
Figura 9: Principais feições climáticas do Estado de São Paulo, segundo a classificação de Monteiro (1973).
De acordo com Penteado (1966), climaticamente, a Média Depressão Periférica
Paulista, onde está inserido o município de Rio Claro, apresenta-se como área de transição
entre climas mesotérmicos sem período seco, e climas megatérmicos com dois períodos
definidos, seco (outono-inverno) e chuvoso (primavera-verão). Constitui-se zona de
intersecção entre três grandes correntes da circulação regional representadas pelas ondas de
noroeste ligadas às massas Equatorial Continental e Tropical Continental, pelas correntes de
73
leste e nordeste relacionadas à massa Tropical Atlântica e pelas correntes de sul representadas
pela Frente Polar Atlântica e massa Polar Atlântica (PENTEADO, 1966).
Com base em estudo realizado por Brino (1973), caracterizando o clima da Bacia do
Rio Corumbataí, salienta-se que o comportamento sazonal do município de Rio Claro
apresenta-se marcado por um período chuvoso correspondente à primavera-verão,
compreendendo os meses de outubro a março, e um período seco correspondente ao outono
inverno, compreendendo os meses de abril a setembro.
Brino e Tavares (1982) constataram que os meses de dezembro, janeiro e fevereiro são
os de maior pluviosidade, destacando-se dezembro e janeiro com as sequências mais
prolongadas de dias chuvosos. Já os meses mais secos do ano são representados por maio,
junho, julho e agosto. Conforme Silva (2001) considerando-se o período chuvoso as
precipitações durante a primavera oscilam entre 500 mm e 600 mm e no verão situam-se entre
600 mm e 700 mm. No que se refere ao período seco, a pluviosidade durante o outono oscila
entre 200 mm e 300 mm, enquanto no inverno os totais apresentam-se inferiores a 200 mm. A
média anual de pluviosidade do município é de 1500 mm com médias térmicas variantes entre
21,5°C e 18,5°C.
O dinamismo climático da região é dado pela Frente Polar Atlântica que comanda o
mecanismo de circulação atmosférica ao longo do ano. Os tipos de tempo reproduzidos no
município (quadro 5) podem ser classificados, conforme sua gênese, em anticiclônicos, cuja
estabilidade desencadeia tipos de tempo seco e dependentes de fatores climáticos sub-
regionais, e tipos de tempo perturbados associados às descontinuidades frontais o que
geralmente resulta em precipitações. Dessa forma, o período chuvoso vincula-se às passagens
frontais, enquanto o período seco liga-se aos sistemas anticiclonais polares e intertropicais que
resultam em tipos de tempo dotados de estabilidade com céu limpo, baixa umidade relativa
e amplitudes térmicas diárias que podem exceder a 20°C (BRINO, 1973; PITTON, 1997).
De acordo com o anteriormente exposto Rio Claro possui um clima tropical
alternadamente seco e úmido comandado por sistemas inter e extratropicais. O período
chuvoso liga-se geneticamente ao forte aquecimento basal e instabilização da massa Tropical
Atlântica e às descontinuidades frontais inerentes ao encontro das massas tropicais e da massa
polar; enquanto o período seco tem como principal gênese a estabilidade anticiclonal trazida
pelos vigorosos avanços do ar polar que atinge latitudes mais baixas, bem como pela massa
Tropical Atlântica através de seu resfriamento basal.
74
Quadro 5: Tipos de tempo reproduzidos no município de Rio Claro ao longo do ano.
TIPOS DE TEMPO CHUVOSOS
Gênese Características do Tipo de Tempo
Penetração da Frente Polar Atlântica
Tipos de tempo com umidade relativa próxima do
nível de saturação, variações térmicas diárias
inferiores a 10°C e intensa nebulosidade, mas nem
sempre precipitações.
Passagem rápida do eixo principal da FPA
Tipos de tempo úmidos e nublados com ausência
de precipitação.
Passagem lenta da FPA
Tipos de tempo chuvosos e encobertos, com
precipitações de até 30 mm diários.
Instalação de Frente Estacionária
Tipos de tempo extremamente chuvosos
dominando estas condições por alguns dias.
Domínio do eixo Reflexo da FPA
Tipos de tempo com elevados totais
pluviométricos em decorrência da permanência
deste sistema sobre a área.
Frontólise no eixo principal da FPA
Tipos de tempo instáveis, céu parcialmente
nublado, umidade relativa elevada e chuvas fracas
(se houver precipitação).
Linhas de calhas associadas à FPA
Tipos de tempo extremamente chuvosos e céu
totalmente encoberto.
Frentes quentes Tipos de tempo com intensa pluviosidade.
TIPOS DE TEMPO SECOS
Gênese Características do Tipo de Tempo
Domínio da massa Polar Atlântica
Tipos de tempo seco podendo atingir umidade
superior a 70%, com insolação superior a 8 horas
de brilho solar e grande variação térmica diária.
Domínio da massa Polar Velha ou Tropicalizada
Tipos de tempo secos, com umidade relativa
inferior a 50% e intensa insolação.
Domínio da massa Tropical Atlântica
Tipos de tempo muito secos, com umidade relativa
em torno de 45%, céu limpo e brilho solar superior
a 8 horas.
Atuação da massa Tropical Continental
Tipos de tempo secos, com umidade relativa em
torno de 50% e intensa insolação que chega a
atingir 10 horas de brilho solar.
Fonte: BRINO (1973); PITTON (1997)
Organização: PASCOALINO (2008)
75
3.2. Localização e aspectos geográficos da área de estudo
O município de Rio Claro situa-se na porção Centro-Leste do Estado de São Paulo (figura
10) e ocupa uma área equivalente a 498 km². O município integra a Região Administrativa de
Campinas e faz limites com os municípios de Leme, Araras, Santa Gertrudes, Piracicaba,
Ipeúna, Itirapina e Corumbataí. Distando 173 km da capital paulista, possui acessos a esta
através de importantes entroncamentos de rodovias estaduais, tais como as rodovias
Bandeirantes, Anhanguera e Washington Luiz.
Figura 10: Localização do município de Rio Claro no Estado de São Paulo.
De acordo com a compartimentação geomorfológica do Estado de São Paulo, o município
de Rio Claro localiza-se na Depressão Periférica Paulista e pertence à sub-região do Médio
Tietê, deprimida entre as escarpas das Cuestas Basálticas e o Planalto Atlântico. Esta área
constitui-se por sedimentos paleozóicos e forma um corredor de topografia colinosa no
sentido norte-sul do Estado. Situa-se entre o Planalto Atlântico a leste que possui altitudes
entre 850 a 1200 metros e o Planalto Ocidental Paulista, à oeste, com altitudes entre 800 a
1000 metros (PITTON, 1997).
Área Urbana
Área Rural
Itirapina
Corumbat
Ipna
Piracicaba
Sta. Gertrudes
Leme
Araras
Rio Claro
Desenhado por BRAGA (2004)
Adaptado por PASCOALINO (2008)
Km 208,8139,2
69,6
0
Escala
PASCOALINO (2008)
76
O município apresenta topografia pouco acidentada, com colinas tabuliformes levemente
convexas de altitudes que variam entre 540 e 660 metros. As principais feições encontradas
no município são: colinas amplas, que abrangem grande parte da porção leste do município,
sobre o qual expande-se o sítio urbano de Rio Claro; colinas médias, que ocupam uma faixa
na porção oeste do município; morretes alongados e espigões, que acompanham grande parte
do curso do Rio Corumbataí.
O sítio urbano assenta-se sobre relevo dominantemente plano, sendo a cidade cortada por
pequenos córregos e disposta na forma de um traçado em tabuleiro de xadrez. A área urbana
de Rio Claro situa-se no interflúvio tabuliforme acompanhado pelo Rio Corumbataí e pelo
Ribeirão Claro, entre altitudes de 600 e 625 metros. A porção leste fica localizada na encosta
do Ribeirão Claro e assume topografias entre 575 e 650 metros. As porções sul, oeste e
noroeste dispõem-se sobre o interflúvio entre 600 e 625 metros. Ao norte as altitudes variam
entre 610 e 625 metros, e, na porção nordeste, entre o interflúvio e as encostas do Ribeirão
Claro e do Córrego Cachoeirinha as altitudes variam de 550 a 610 metros (CASTRO, 1995).
Conforme Koffler e Moretti (1991) no município de Rio Claro ocorrem as seguintes
unidades geológicas: a Formação Rio Claro apresentada em duas faixas centrais e composta
por sedimentos areníticos com lâminas de argila; a Formação Pirambóia encontrada nas
porções noroeste e extremo nordeste, composta por uma sucessão de camadas arenosas
vermelhas; a Formação Corumbataí predominante ao longo dos vales do Rio Corumbataí e
composta de siltitos, argilitos e folhelhos cinzentos a roxos acinzentados; a Formação Irati
ocorrente na porção sul e constituída por folhelhos, dolomitos, calcários, siltitos e arenitos
finos; a Formação Tatuí – encontrada ao sul com predomínio de siltitos em sua composição; a
Formação Itararé encontrada na porção sul e composta por arenitos de granulação
heterogênea; as rochas intrusivas básicas presentes em áreas esparsas situadas nas porções
norte, nordeste, centro-sudeste e centro-oeste aparecendo nas formas de diques e sills; e, a
Formação Botucatu restrita a uma pequena área no extremo noroeste composta por arenitos
de granulação fina a média.
No que se refere aos tipos de solo encontrados no município destacam-se solos
podzólicos, latossolos, terras roxas estruturadas, areias quartzosas, solos litólicos e
hidromórficos. Entretanto, predomínio dos solos podzólicos em aproximadamente 60% do
território pertencente a Rio Claro. Os latossolos, encontrados nas porções centro-norte, leste e
sudoeste, também são expressivos (32%) na litologia do município. Nas porções norte
nordeste, oeste e sul identificam-se solos litólicos apresentados na forma de manchas esparsas
(KOFFLER e MORETTI, 1991).
77
As características climáticas e pedológicas do município condicionaram a existência de
uma vegetação natural de Floresta Latifoliada Tropical e o predomínio da mata galeria. Ao
norte do município, encontram-se manchas de cerrado e campos cerrados, inerentes aos solos
menos enriquecidos.
Conforme as características edáficas na década de 1980 predominava no uso agrícola do
solo as áreas de pastagens e cana-de-açúcar, ambas correspondendo a 73% das atividades
agrícolas, sendo menos significativas as áreas voltadas para as culturas alimentares de ciclo
curto (arroz, feijão e milho), citricultura, reflorestamento e café, estando este último em
processo de quase extinção de cultivo na área de estudo.
O processo de ocupação do município iniciou-se por volta de 1821, com seu núcleo de
povoamento partindo das margens do Córrego da Servidão, tendo surgido como pouso de
tropas, quando o povoado era local de passagem para tropeiros que rumavam às minas de
Mato Grosso. O desenvolvimento inicial decorreu da cana-de-açúcar, primeira riqueza
econômica, uma vez que Rio Claro integrava a zona canavieira paulista pertencente à
Freguesia de Piracicaba (ROSSETTI, 2007).
A partir da segunda metade do século XIX Rio Claro substitui o cultivo da cana-de-açúcar
pelo café que passa a exercer forte influência no desenvolvimento urbano do município. Em
1876 é inaugurado o ramal férreo de Campinas a Rio Claro levando o município a ser um
importante entroncamento ferroviário o que resultou em significativo desenvolvimento
urbano, uma vez que a cidade foi impulsionada pelo seu papel de centro ferroviário. O
crescimento iniciado neste período é contínuo até a crise da economia cafeeira (ROSSETTI,
2007).
Nas três primeiras décadas do século XX o café vai gradativamente perdendo sua
importância no cenário econômico, mas o capital por ele gerado em períodos precedentes
estimulou a indústria nascente, uma vez que a burguesia cafeeira passa a investir nas pequenas
unidades manufatureiras. Em 1940 uma retomada do seu crescimento econômico,
culminando este em 1960, em virtude da ampliação das atividades industriais e de serviços
acompanhadas pelo êxodo rural. As décadas de 1970 e 1980 foram marcadas pelas políticas
de atração de indústrias multinacionais acompanhando então o processo de desconcentração
industrial da metrópole paulista (SILVA, 2001).
O processo de industrialização de Rio Claro apresentou-se, conforme Selingardi-Sampaio
(1987) em três fases: a fase pioneira, a fase tradicional e a fase dinâmica. A fase pioneira
iniciou-se em fins do século XIX e caracterizou-se pela instalação de pequenas e médias
indústrias de alcance local e produtoras de bens de consumo. Em 1930 iniciou-se a fase
78
tradicional, marcada pelo surgimento de estabelecimentos de pequeno e médio porte, voltados
para a produção de bebidas, têxteis e minerais não-metálicos. Com a chegada de capitais
multinacionais e nacionais provenientes do processo de desconcentração industrial da
metrópole paulista, a partir da década de 1970, inicia-se a fase dinâmica com a introdução dos
ramos motrizes – química, material de transporte e mecânica – através da instalação de
estabelecimentos de médio e grande porte.
Atualmente o município de Rio Claro possui uma população de cerca de 190.373
habitantes e sua densidade demográfica é de aproximadamente 382 hab/km². Do total
populacional residente no município aproximadamente 98% moram na área urbana,
concentrando-se, portanto, nas porções central e sudeste do município (IBGE, 2006). A base
econômica de Rio Claro encontra-se no setor secundário - que em 2005 empregava cerca 29%
de sua população na indústria, 28% na construção civil, seguido pelos serviços – com cerca de
27% da parcela da população ocupada, e pelo comércio que empregava 14% da população
total do município. Apenas 2% da parcela da população ocupada trabalha no setor primário
(SEADE, 2005).
79
4. FONTES DE INFORMAÇÃO E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Fundamentando-se nos estudos da percepção climática faz-se pertinente distinguir que
dentre seus enfoques percepção do tempo e percepção psico-fisiológica o presente estudo
desenvolveu-se através do enfoque da percepção do tempo, considerando-se a sucessão dos
tipos de tempo que se definem nas escalas regional e local, abrangendo as especificidades do
urbano e do rural, e da percepção dos eventos climáticos em escala zonal através da
concepção social das alterações climáticas.
O estudo trabalha de forma relacional os aspectos referentes ao clima e à percepção
dos munícipes e desenvolve-se em dois momentos através da abordagem climatológica no
sentido de investigar a sucessão dos tipos de tempo e através da abordagem da percepção
climática.
4.1. A abordagem climática
De acordo com os preceitos de Monteiro (1969) a verdadeira unidade geográfica em
termos climáticos é atingida na escala regional e sua expressão é dada pela análise qualitativa
dos elementos. A análise qualitativa é obtida pela correlação dos parâmetros climáticos e das
suas variações dentro de um período homogêneo de tempo através da consideração do ritmo,
sendo este revelado pela análise seqüencial dos tipos de tempo. Considerando-se que a
observação dos tipos de tempo é demonstrada a partir do encadeamento dos estados
atmosféricos, tem-se como instrumento para a investigação da gênese e sucessão dos mesmos
a técnica de análise rítmica (MONTEIRO, 1971).
Neste contexto, visando a compreensão do ritmo climático adotou-se como técnica a
análise rítmica que considera que
80
O ritmo climático poderá ser compreendido através da representação
concomitante dos elementos fundamentais do clima, em unidades de tempo
cronológico pelo menos diárias, compatíveis com a representação da circulação
atmosférica regional, geradora dos estados atmosféricos que se sucedem e
constituem o fundamento do ritmo. (...) a análise rítmica detalhada ao nível de
“tempo”, revelando a gênese dos fenômenos climáticos pela interação dos
elementos e fatores, dentro de uma realidade regional, é capaz de oferecer
parâmetros válidos à consideração dos diferentes e variados problemas geográficos
desta região. (...) Na análise rítmica as expressões quantitativas dos elementos
climáticos estão indissoluvelmente ligadas à gênese ou qualidade dos mesmos e os
parâmetros resultantes dessa análise devem ser considerados, levando em conta a
posição no espaço geográfico em que se define (MONTEIRO, 1971, p. 9-13).
Inicialmente efetuou-se a caracterização climática do município no contexto regional,
tendo por base estudos precedentes, verificando-se a gênese e as características dos tipos de
tempo sucedidos no município ao longo do ano. Uma vez que não foi possível realizar a
caracterização climática através da análise de normais climatológicas, pela indisponibilidade
de séries temporais completas, buscou-se como fundamentos estudos precedentes realizados
por MONTEIRO (1973, 1976 b), BRINO (1973), CASTRO (1995) e PITTON (1997).
Destacando-se a configuração climática do município clima tropical alternadamente
seco e úmido a presente pesquisa averiguou os principais tipos de tempo que são
reproduzidos em meses representativos do período seco e do período chuvoso. Para tal, foram
analisados os tipos de tempo sucedidos em um mês de inverno, e os tipos de tempo sucedidos
em um mês de verão, optando-se, respectivamente, pela análise dos meses de julho e janeiro.
Sendo o objetivo principal do estudo verificar a percepção climática dos munícipes na mesma
temporalidade de sucessão dos tipos de tempo, ou seja, a simultaneidade da experiência
pessoal com o tempo presente, não foram adotados anos padrão para a análise.
Considerando-se a data e o horário da realização das pesquisas de campo, efetuou-se o
levantamento dos dados climáticos em período correspondente, sendo estes referentes aos dias
de julho a de agosto de 2008; e a 31 de janeiro de 2009, no horário das 15 horas.
Através da técnica de análise rítmica foram relacionados os seguintes elementos climáticos:
temperaturas média, máxima e mínima, precipitação, umidade relativa, direção dos ventos,
pressão atmosférica e nebulosidade.
Os dados foram organizados em cartogramas e a análise destas informações permitiu
verificar os tipos de tempo predominantes e a combinação dos elementos climáticos em sua
variação diária e sucessão habitual. Os cartogramas de análise rítmica foram aliados às cartas
sinóticas de superfície e às imagens de satélite geradas pelo satélite GOES-10, sendo estas na
banda do infra-vermelho, correspondentes ao horário das 15h GMT e na escala da América
81
do Sul (Anexo G). Tais instrumentos permitiram vincular as condições atmosféricas
predominantes aos sistemas atuantes.
Os dados e materiais utilizados na abordagem climática foram provenientes de duas
instituições. Dados referentes aos elementos climáticos foram obtidos junto à Estação
Meteorológica do Centro de Estudos Ambientais e Planejamento (CEAPLA), localizada no
interior do Campus da Universidade Estadual Paulista, unidade de Rio Claro. As cartas
sinóticas e as imagens de satélite foram obtidas, respectivamente, junto à Marinha Brasileira e
ao Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), pertencente ao Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Considerou-se como denominação dos sistemas atmosféricos atuantes: Frente Fria
(FF) ou Frente Polar Atlântica (FPA), Frente Polar Reflexa (FPR), Massa de ar Tropical
Atlântica (mTa), Massa de ar Polar (mPa), Massa de ar Polar Velha (mPv), Zona de
Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e Linhas de instabilidade (---).
4.2. A abordagem da percepção
De acordo com Triviños (1987) a idéia fundamental da fenomenologia de Husserl é a
intencionalidade que está sempre dirigida a um objeto resultando no princípio de que não
existe objeto sem sujeito, uma vez que a intencionalidade parte deste último. A
fenomenologia busca então compreender as afirmações da atitude natural, considerando-se a
priori que o mundo existe tal como é, antes mesmo da reflexão, e todo o esforço reside em
reencontrar o contato ingênuo com o mundo para que este receba um status filosófico.
Conforme Merleau-Ponty apud Triviños (1987, p. 43) a fenomenologia não trata de analisar e
sim retornar às “coisas mesmas” – descrever, uma vez que
(...) tudo o que sei do mundo, mesmo devido à ciência, o sei a partir de minha visão
pessoal ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos da ciência nada
significariam. Todo o universo da ciência é construído sobre o mundo vivido e, se
quisermos pensar na própria ciência com rigor, apreciar exatamente seu sentido e
seu alcance, convém despertarmos primeiramente esta experiência do mundo da
qual ela é expressão segunda.
Dessa forma, a fenomenologia estuda o mundo vivido que é condição anterior à
própria Ciência, e resultado da experiência do sujeito sobre o mundo existente, portanto, as
vivências seriam os primeiros dados do conhecimento.
Conforme sugerem Lakatos e Marconi (2004, p. 269), as pesquisas de caráter
fenomenológico adotam metodologia qualitativa cuja finalidade não consiste na quantificação
82
dos dados, mas sim na interpretação destes. De acordo com as autoras, a metodologia
qualitativa “preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a
complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre as
investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento, etc”. Salientando-se ainda, que
através deste método o pesquisador entra em contato direto com os indivíduos e com o
ambiente de análise.
Triviños (1987, p. 128-130), discutindo Bogdan (1982), afirma que existem cinco
características principais da metodologia qualitativa, destacando-se que
1) A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta dos dados e o
pesquisador como instrumento-chave.
2) A pesquisa qualitativa é descritiva.
3) Os pesquisadores qualitativos estão preocupados com o processo e não
simplesmente com os resultados e o produto.
4) Os pesquisadores qualitativos tendem a analisar seus dados indutivamente.
5) O significado é a percepção essencial na abordagem qualitativa.
As pesquisas de natureza qualitativa buscam portanto, os significados de situações e
comportamentos do sujeito investigando-se valores e atitudes, por isso resulta em dados
descritivos que são obtidos através de uma ou rias técnicas de pesquisa de acordo com os
objetivos propostos pela investigação, tendo o pesquisador certa flexibilidade na escolha dos
instrumentos mais adequados. De modo geral, o teor do enfoque qualitativo é dado pelo
referencial teórico e pela interpretação e descrição dos dados levantados em pesquisa de
campo.
Em se tratando das técnicas de pesquisa de campo em percepção ambiental, Whyte
(1978) afirma que estas fundamentam-se na combinação de três abordagens básicas, que são:
observando, ouvindo e perguntando, representadas através do triângulo metodológico
proposto pela autora (figura11).
83
Figura 11: Principais abordagens metodológicas
Nota-se que o perguntando é o vértice que concentra o maior número de técnicas de
campo, salientando-se nesta abordagem, as técnicas de entrevistas padronizadas e não-
padronizadas, bem como os questionários e formulários. No vértice do observando,
concentram-se as técnicas de observação direta estruturada ou sistemática e a não
estruturada ou assistemática; e a observação participante. Já no ouvindo, a oralidade dos
sujeitos abordados é que adquire maior importância.
Dentre os três vértices do triângulo metodológico admite-se que “não um método
único, ideal ou superior aos outros. Em primeiro lugar, o melhor método é função dos
objetivos da pesquisa, da situação de campo e do próprio pesquisador” (WHYTE, 1978, p.
21). Todavia, a autora recomenda, quando possível, a seleção de técnicas que sejam
complementares.
Voltando-se aos objetivos do presente estudo, e conforme o anteriormente exposto,
nesta investigação a técnica adotada considerou o vértice do perguntando, uma vez que a
pesquisadora utilizou como instrumento de levantamento de dados o formulário, com
questões previamente estruturadas. A escolha desta técnica justifica-se pela eficiência na
operacionalização do processo de levantamento de dados e pela suficiência do instrumento em
atenção aos objetivos da investigação. Ressalta-se ainda, a importância de se obter o contato
face a face na pesquisa qualitativa ao longo do processo de coleta de dados, fator primordial
na apreensão e registro das informações expressadas pela oralidade dos respondentes.
84
4.3. A elaboração do instrumento de coleta de dados
A respeito da técnica de interrogação utilizada adotou-se como instrumento de coleta
de dados o formulário em conformidade aos objetivos da pesquisa, à distribuição da amostra,
ao tempo disponível à coleta de dados e à forma na qual o mesmo seria aplicado. Nestas
circunstâncias, faz-se pertinente diferenciar os instrumentos questionário e formulário,
esclarecendo-se que
(...) por questionário entende-se um conjunto de questões que são respondidas por
escrito pelo pesquisado (...) enquanto formulário pode ser definido como a técnica
de coleta de dados em que o pesquisador formula questões previamente elaboradas
e anota as respostas (GIL, 2008, p. 114-115).
O formulário utilizado na coleta de dados constou de duas partes distintas, sendo a
primeira com questões referentes à percepção climática e a segunda referente à percepção das
alterações climáticas. Os objetivos distintos resultaram em questões estruturadas de maneira
diferenciada. A primeira parte do instrumento compreendeu a proposição de questões
relativas à percepção climática, objetivando verificar a percepção da sucessão dos tipos de
tempo, das condições climáticas e atmosféricas em eventos normais e excepcionais, da
influência do tempo e clima nos aspectos socioambientais, bem como as fontes de informação
empírica e/ou dos meios de comunicação utilizados na previsão do tempo/clima. Partindo-se
da consideração de que a finalidade dos estudos qualitativos é interpretativa, as questões
utilizadas foram abertas discursivas, permitindo ao respondente maior expressão da sua
oralidade.
A segunda parte do formulário objetivou levantar dados referentes à percepção das
alterações climáticas. Considerando-se que perceber é conhecer através dos sentidos que
experimentam o mundo exterior, pode-se pressupor que a percepção das alterações climáticas
seria indireta, ou seja, não experienciada. Dessa forma, buscou-se verificar a concepção e o
imaginário social atribuído ao conceito de alterações climáticas, no que se refere às suas
conseqüências, temporalidade, magnitude, origem e consciência do fenômeno. Assim, na
segunda parte do instrumento as questões apresentaram-se em maior número como objetivas –
alternativas, salvo as questões referentes ao imaginário pessoal e á consciência individual, que
apontam os anseios, preocupações e a conduta assumida pelo indivíduo perante o meio.
A elaboração do formulário utilizado como instrumento fonte de dados, constou da
junção parcial e integrada de outros instrumentos de coleta utilizados por Sartori (2000),
Oliveira (2005), Lowe (2006) e Ruoso (2007) estes instrumentos seguem em anexo nesta
85
pesquisa e correspondem respectivamente aos anexos A, B, D e C. Ressalta-se que os
instrumentos utilizados por Sartori (2000), Oliveira (2005) e Ruoso (2007) voltam-se ao
tratamento da percepção climática, enquanto o instrumento aplicado por Lowe (2006) trata da
percepção das mudanças climáticas.
Os instrumentos desenvolvidos por Sartori (2000) para a abordagem da percepção
climática foram aplicados no município de Santa Maria RS e utilizados como referência
para os estudos de Oliveira (2005) e Ruoso (2007). Fundamentando-se no triângulo
metodológico de Whyte, Sartori desenvolveu seis instrumentos de coleta de dados
estratégias utilizando em sua pesquisa a associação de múltiplas técnicas da metodologia
qualitativa.
No que se refere à percepção das alterações climáticas, o questionário desenvolvido
pelo Tyndall Centre for Climate Change Research e apresentado por Lowe (2006), contribuiu
na elaboração do formulário utilizado pelo presente estudo. A pesquisa realizada por Lowe
(2006) objetivou verificar a influência das fontes de informação na cognição e percepção com
relação aos riscos inerentes às mudanças climáticas e o efeito das estratégias de comunicação
sobre o comportamento e percepção pública. Para tanto, recrutou-se estudantes de graduação
e dividiu-os em dois grupos tendo o primeiro, acesso a um filme e o segundo, a textos
científicos, sendo posteriormente ambos submetidos ao questionamento.
Como os objetivos do presente estudo e a forma de coleta de dados diferiam do acima
exposto o instrumento utilizado pelo Tyndall Centre foi adotado parcialmente, apenas no que
se refere à incorporação de parcela das questões elaboradas pela instituição, ressaltando-se
ainda, que algumas das questões utilizadas foram adaptadas ao contexto brasileiro.
Previamente à aplicação efetiva do formulário resultante da adaptação dos
instrumentos anteriormente descritos, foi realizado um pré-teste visando a identificação de
imperfeições a serem remediadas. Para o pré-teste seriam aplicados dez formulários, sendo
estes distribuídos nas áreas urbana e rural. Todavia, apenas a aplicação na área urbana revelou
as insuficiências existentes, o que limitou o pré-teste a esta localidade.
4.4. Considerações sobre o pré-teste do instrumento de coleta de dados
De acordo com Gil (2008) as pesquisas que se originam de metodologias qualitativas e
que têm a necessidade de elaboração de um instrumento de coleta de dados coerente com os
objetivos da pesquisa necessitam da realização de um pré-teste do instrumento, sendo que
somente a partir deste é que ocorre a validação do mesmo para a realização do levantamento
de dados. Conforme o referido autor
86
o pré-teste não visa captar qualquer dos aspectos que constituem os objetivos do
levantamento. Não pode trazer nenhum resultado referente a esses objetivos. Ele
está centrado na avaliação dos instrumentos enquanto tais, visando garantir que
meçam exatamente o que pretendem medir (GIL, 2008, p. 119).
Conforme sugere Gil (2008), a aplicação do pré-teste pode ocorrer em número
bastante restrito independentemente da composição da amostra. Todavia, cabe ao pesquisador
aplicar o instrumento e interrogar os respondentes após a aplicação, com a finalidade de
verificar as principais dificuldades apresentadas. Deve-se ainda considerar como aspectos
mais importantes: clareza e precisão dos termos; quantidade de perguntas; forma das
perguntas; ordem das perguntas e a introdução.
Diante do acima exposto, foi realizado no dia 20 de junho de 2008, um pré-teste do
instrumento de coleta de dados, na Praça Central da cidade de Rio Claro, sendo os
respondentes abordados de forma aleatória. O pré-teste possuiu a finalidade de verificar a
funcionalidade e operacionalização do formulário de questionamento, visando posteriores
aperfeiçoamentos no instrumento com conseqüente melhora na obtenção dos resultados
(Anexo E). O formulário testado constituiu-se de vinte e três questões, sendo onze
discursivas, e as demais fechadas e/ou objetivas.
Do total das questões, dez eram referentes às preferências climáticas dos respondentes,
à percepção dos tipos de tempo e da sucessão dos mesmos, à variabilidade climática e eventos
extremos do clima, à influência do clima no cotidiano do respondente e às fontes de
informação preditiva. As demais questões referiam-se às alterações climáticas e salientavam a
importância que o respondente aos fenômenos climáticos, à atribuição de valor às
mudanças climáticas
9
e às imagens de sua repercussão no imaginário individual, à afetação
social no contexto climático, à temporalidade da manifestação dos fenômenos, às
conseqüências para o Brasil, à concepção do sistema climático, aos condicionantes de
possíveis mudanças e à responsabilidade política, social e individual perante a afetação do
clima em escala global.
As questões referentes à percepção dos tipos de tempo (questões 1 a 10), todas abertas,
apresentaram-se suficientes e eficientes na condução das entrevistas, sendo claras, precisas, e
bem ordenadas de modo que os questionamentos fluíam como se fosse uma conversação, não
registrando dificuldades ou dúvidas por parte dos respondentes. Todavia, as demais questões,
9
No formulário de coleta de dados foi utilizado o termo mudanças climáticas em lugar de alterações climática,
pelo fato de o primeiro ser comumente mencionado no cotidiano, estando, portanto, mais próximo da concepção
do respondente.
87
referentes à percepção das alterações climáticas apresentaram maior complexidade aos
respondentes situando-se de maneira insatisfatória na condução dos questionamentos.
As questões referentes às alterações climáticas apresentaram maior nível de
complexidade, uma vez que para cada item questionado os respondentes possuíam no mínimo
três categorias para responder (citam-se as questões de números 11, 15 e 17), ou até seis
medidas valorativas (citam-se as questões de números 12 e 14); esta multiplicidade de
possibilidades de respostas resultou em recorrentes dúvidas. Questões com um grande número
de itens (citam-se as questões de números 20, 21 e 22) e/ou enunciados extensos (questão de
número 18) foram consideradas exaustivas pelos respondentes, verificando-se que os mesmos
respondiam de forma automática, sem refletir sobre o problema apresentado. De modo geral,
este modelo de formulário foi insatisfatório, uma vez que a similaridade entre as questões
dava margem a respostas contraditórias.
Como alternativa para aperfeiçoamento e reformulação do instrumento de
levantamento de dados, questões foram sintetizadas em suas possibilidades de respostas e os
itens a serem levantados foram reduzidos (citam-se as questões 11, 15 e 20) buscando a
manutenção dos objetivos diante da agilidade no decorrer do questionamento. Algumas
questões (tais como 17, 18 e 21) foram retiradas visando adquirir maior fluência no processo
de coleta de dados, enquanto outras (12, 14 e 22) foram alteradas e/ou transformadas em
questões discursivas. O formulário reformulado e utilizado como instrumento da coleta de
dados do presente estudo apresenta-se no Anexo F.
4.5. Definição da amostra e a coleta de dados
Tendo em vista que a quantificação da amostragem não se constitui preocupação da
pesquisa qualitativa fenomenológica a fixação da amostra pode utilizar-se de recursos
aleatórios ou situar-se de acordo com a intencionalidade do pesquisador que delimita a
amostra conforme os sujeitos mais representativos, tempo dos indivíduos para a realização de
entrevistas, entre outros (TRIVIÑOS, 1987).
Seguindo o objetivo principal do presente estudo, avaliar a percepção climática dos
munícipes de Rio Claro, fixou-se amostragem equivalente nas áreas urbana e rural, com a
finalidade de efetuar uma comparação entre a percepção do homem urbano e do homem rural.
Para tal, foram aplicados 80 formulários, distribuídos de forma equivalente em cada
localidade – 40 na área urbana e 40 na área rural.
A aplicação dos formulários ocorreu através da realização de oito pesquisas de campo
intencionalmente desenvolvidas nos dias 16, 18, 31 de julho e 1° de agosto de 2008; e dias 15,
88
16, 30 e 31 de janeiro de 2009, a fim de registrar as condições atmosféricas sucedidas ao
longo de um mês de verão e um de inverno. Os formulários foram aplicados nas praças
centrais e paradas de ônibus da cidade de Rio Claro, bem como nos distritos de Ajapi, Batovi,
Ferraz, Assistência, e em pequenas propriedades rurais do município, sempre entre os horários
das 14h às 18 horas.
As informações obtidas no levantamento de dados foram categorizadas de acordo com
a recorrência das menções, criando-se categorias comuns que incorporaram mais de um
respondente, ou categorias individualizadas em situações onde a menção do respondente foi
divergente da totalidade amostrada, ou seja, as respostas foram agrupadas em categorias de
acordo com suas semelhanças ou diferenças.
A análise dos dados organizou-se em dois momentos, um voltado para a percepção
climática e outro voltado para a percepção das alterações climáticas. No primeiro caso, que
tinha por finalidade constatar a percepção dos tipos de tempo de inverno e de verão, efetuou-
se a análise conforme o mês da coleta de dados, avaliando-se distintamente os resultados dos
40 formulários aplicados em julho e dos 40 formulários aplicados em janeiro. No contexto da
análise, foram inseridos alguns dos relatos obtidos em campo, comprovando-se a
categorização dos dados e buscando interpretar o relacionamento entre as vivências dos
munícipes e a dinâmica atmosférica existente no município. No que se refere à percepção
indireta das alterações climáticas, os dados foram tabulados a partir da totalidade do universo
amostrado, ou seja, dos 80 formulários.
89
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Neste tópico são apresentados a análise e discussão dos dados tendo, inicialmente, a
abordagem climática, com a organização dos dados em diagramas de análise rítmica. Em
seguida, tem-se a caracterização do universo amostrado, ou seja, dos respondentes abordados
no presente estudo. Posteriormente, expõe-se a abordagem da percepção climática e das
alterações do clima.
5.1. A abordagem climática e a análise rítmica dos tipos de tempo sucedidos em Rio
Claro
As relações entre a circulação atmosférica regional e a repercussão desta na escala
local concretizou-se, conforme descrito na metodologia, através da análise rítmica dos tipos
de tempo sucedidos no município de Rio Claro. Os elementos climáticos considerados nesta
análise foram: a pressão barométrica, temperatura, umidade relativa, precipitação,
nebulosidade, direção dos ventos e sistemas atmosféricos atuantes. A representação de tais
elementos organiza-se nas figuras 12 e 13. No quadro 6, segue a identificação dos sistemas
atmosféricos atuantes, representados nos cartogramas de análise rítmica.
Quadro 6: Identificação dos sistemas atmosféricos atuantes.
mPa - Massa Polar Atlântica
mPv - Massa Polar Velha
mTa - Massa Tropical Atlântica
FF - Frente Fria
FPR - Frente Polar reflexa
ZCAS - Zona de Convergência do Atlântico Sul
---
Linhas de Instabilidade
Org. PASCOALINO (2009)
955
950
945
940
1 2 3
4
5 6 7 8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29 30
31
01
20
15
10
5
1 2 3
4
5 6 7 8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29 30
31
01
25
30
35
40
40
30
20
10
1 2 3
4
5 6 7 8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29 30
31
01
50
60
70
80
90
100
80
60
40
20
1 2 3
4
5 6 7 8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29 30
31
01
100
C CCC CCCCCC
C
C CCC C C
C
CC
C
C C C C
Sistema Atmosférico Atuante
PressãoBarométrica(mb)
Temperatura(°C)
UmidadeRelativa(%)
Precipitação(mm)
Figura12:Diagramadeanáliserítmicadomêsdejulho/agostode2008.
Org.PASCOALINO(2009)
90
91
Conforme interpretação da figura 12 observa-se as características dos tipos de tempo
sucedidos no município de Rio Claro, durante o mês de julho/agosto de 2008. Verifica-se que:
No dia de julho de 2008, grande parte do território brasileiro apresentou condições
de estabilidade inerentes ao domínio anticiclonal da mTa. Sob este domínio, o município de
Rio Claro registrou pressão atmosférica de 950 mb, céu parcialmente nublado com ausência
de ventos e grande amplitude térmica diária, com temperaturas oscilantes entre,
aproximadamente, 10°C e 27°C, e umidade relativa na ordem de 33%, sendo ausentes as
precipitações.
Em 2 de julho, com o eixo da Frente Polar Atlântica sobre o oceano Atlântico, na
altura da porção sul do território brasileiro, manteve-se sobre o município as condições de
tempo bom trazidas pela atuação da mTa. A pressão atmosférica registrada foi de 950 mb, os
ventos foram ausentes, assim como as precipitações, e as temperaturas experimentadas no
município oscilaram entre 13°C e 27°C, estando a máxima equivalente ao registro do dia
anterior e a mínima 3°C superior. A umidade relativa manteve-se em baixa de 35%.
No dia 3 de julho com o eixo da FPA na altura da porção sul do país, posicionando-se
entre a massa continental e a oceânica, a aproximação do sistema de baixa pressão trouxe
linhas de instabilidade entre as porções sul e sudeste do país. O município de Rio Claro
apresentou-se parcialmente nublado, mas ainda sob o domínio da mTa. Com a aproximação
do sistema frontal a pressão atmosférica registrada no município foi de 948 mb, inferior ao
registro do dia anterior (que foi de 950 mb); os ventos e as precipitações foram ausentes e a
umidade relativa manteve-se baixa com valor em torno de 35% para o horário das 15h. As
temperaturas foram variantes entre 28°C e 15°C, sendo ambas, máxima e mínima, superiores
aos registros do dia anterior (27°C e 13°C, respectivamente).
Dia 4 de julho com o eixo frontal entrando em frontólise sobre o oceano resultando
sua passagem em linhas de instabilidade sobre o Estado de Minas Gerais, São Paulo manteve-
se sob atuação da mPa. Diante de tal configuração regional, o município de Rio Claro
apresentou ausência de nebulosidade com ventos de SW e pressão atmosférica de
aproximadamente 948 mb. Com temperaturas variantes entre máxima de 24°C e mínima de
11°C, houve redução de 4°C, tanto da máxima quanto da mínima, comparando-se aos
registros obtidos no dia anterior (28°C e 15°C, respectivamente). Ocorreu um ligeiro aumento
da umidade relativa que de 35% (dia 3 de julho) passou a 44% e as precipitações foram
ausentes.
92
No dia 5 de julho, a porção oriental da região nordeste apresentava-se com áreas de
instabilidade inerentes à atuação reflexa do eixo frontal que rumava em direção ao oceano
Atlântico. Com uma nova incursão da FPA, posicionada sobre o extremo sul da América do
Sul, o território paulista apresentou-se sob domínio da mPv. Foi reproduzido no município de
Rio Claro, condições de tempo estável com ausência de nebulosidade e de ventos. A pressão
atmosférica registrada foi de 949 mb e as temperaturas oscilaram entre 25°C e 7°C, tendo a
temperatura mínima apresentado redução de 4°C comparando-se ao dia anterior (que registrou
mínima de 11°C), contribuindo para uma amplitude térmica diária de 18°C. A umidade
relativa registrada às 15h, foi de 37% e em condições de estabilidade não houve precipitações.
Diante da atuação atmosférica dos sistemas anteriormente mencionados, e ainda sob
domínio da mPv, no dia 6 de julho o município de Rio Claro apresentou condições de
estabilidade. A pressão atmosférica registrada manteve-se em 949 mb, sendo ausentes os
ventos e a nebulosidade. A temperatura máxima apresentou um acréscimo de 2°C, com
relação ao dia anterior, estando em torno de 27°C, enquanto a nima registrada apresentou
um decréscimo de 1°C, registrando-se, aproximadamente, 6°C, tendo considerável amplitude
térmica diária na ordem de 21°C. A umidade relativa continuou baixa (33%) e as
precipitações foram ausentes.
Em 7 de julho ocorreu no Estado de São Paulo o domínio da mTa. Sob atuação deste
sistema, o município de Rio Claro apresentou ausência de nebulosidade e de ventos, bem
como ligeiro aumento da pressão atmosférica que passou de 949 mb (dia 6 de julho) para 951
mb. Com temperaturas oscilantes entre 7°C e 26°C, a mínima foi acrescida em 1°C, com
relação ao registro do dia anterior e a máxima decrescida em 1°C. A umidade relativa
manteve-se baixa, na ordem de 35% e as precipitações continuaram ausentes.
Posicionando-se com o eixo da FPA sobre a porção sul do país, no dia 8 de julho o
Estado de São Paulo manteve-se sob domínio da mTa. O município de Rio Claro apresentou
ausência de ventos e diminuição de sua pressão atmosférica que passou de 951 mb (dia 7 de
julho) a 948 mb. A umidade relativa continuou baixa, em torno de 30%, e as temperaturas
variaram entre 6°C e 27°C (sendo a mínima 1°C superior ao registro do dia anterior e a
máxima 1°C superior). Com as condições de estabilidade do domínio anticiclonal as
precipitações foram ausentes.
O eixo da FPA estabelecido no dia anterior na porção sul do país, ruma em 9 de julho
em direção ao oceano Atlântico, situando-se na altura da região Sul do país até o extremo sul
do território paulista, que permaneceu com ausência de nebulosidade em virtude da incursão
do ar polar. Ainda sob atuação da mTa, o município de Rio Claro registrou pressão
93
atmosférica de aproximadamente 950 mb, situação de calmaria e temperaturas oscilantes entre
25°C e 6°C, tendo redução de 2°C da temperatura máxima, comparando-se ao dia anterior, e
equivalência da temperatura mínima. A umidade relativa às 15h foi de 31% e inexistiram
precipitações.
Em 10 de julho com o eixo frontal em dissipação sobre o oceano Atlântico e o
domínio anticiclonal da mPa, o município de Rio Claro apresentou tempo com pequena
elevação da pressão atmosférica, que registrou 952 mb, ausência de ventos, céu com baixa
nebulosidade, umidade relativa de 32% e temperaturas oscilantes entre 24°C e 7°C, sendo a
máxima e a mínima 1°C superior aos registros do dia anterior, reduzindo-se, portanto, a
amplitude térmica diária. Nestas condições atmosféricas as precipitações continuaram
ausentes.
No dia 11 de julho com sistemas frontais atuantes no extremo sul da América do Sul e
o eixo da Frente Polar Reflexa sobre o oceano, na altura da região Sudeste do país,
configurou-se sobre o Estado de São Paulo o domínio anticiclonal da mPv, que repercutiu em
condições de estabilidade. Rio Claro apresentou ausência de nebulosidade, pressão
atmosférica de 953 mb, predominância de ventos de SE e temperaturas oscilantes entre
aproximadamente 7°C e 25°C. A umidade relativa registrada neste dia foi de 34% e as
precipitações foram ausentes.
Em 12 de julho, a FPA que apresentava-se sobre o continente no dia anterior segue em
direção ao oceano Atlântico e o território paulista continua sob domínio da mPv. Nestas
condições Rio Claro apresentou acréscimo de 1°C na temperatura máxima registrada, sendo
esta de 26°C, enquanto a temperatura mínima manteve-se equivalente ao registro do dia
anterior (7°C). Houve uma redução da pressão atmosférica que de 953 mb (dia 11 de julho)
passou a 950 mb. Os ventos, a nebulosidade e as precipitações foram ausentes, enquanto a
umidade relativa continuou baixa, em torno de 36%.
Com novas incursões frontais atuantes no extremo sul da América do Sul, no dia 13 de
julho, predominou no Estado de São Paulo, a atuação da mTa. No município de Rio Claro a
pressão atmosférica registrada foi equivalente ao registro do dia anterior 950 mb, sendo
ausentes a nebulosidade, os ventos e as precipitações. As temperaturas oscilaram entre 25°C e
8°C, com diferença de 1°C entre a máxima e a mínima registradas no dia anterior (26°C e
7°C, respectivamente). A umidade relativa manteve-se baixa, em torno de 37%.
No dia 14 de julho, o eixo principal da FPA apresentou-se em oclusão sobre o oceano
Atlântico, na altura do extremo sul da América do Sul. Sob domínio da mTa,
o município de
Rio Claro registrou pressão atmosférica de 951 mb, com situação de calmaria e ausência de
94
nebulosidade. Comparando-se com o registro térmico do dia anterior, a temperatura máxima
apresentou redução de 1°C e a mínima reduziu em 2°C, variando entre 24°C e 6°C. a umidade
relativa apresentou ligeira queda, chegando a 27%.
Nos dias 15 e 16 de julho (sendo este último, dia o qual foi realizado o primeiro
momento da pesquisa de campo na área urbana), o município de Rio Claro continuou sob
domínio da mTa, que trouxe para grande parte do território brasileiro condições de
estabilidade e ausência de nebulosidade. O tempo experienciado no município foi de céu
limpo, com situação de calmaria, pressão atmosférica variante entre 951 mb e 952 mb,
temperaturas máximas de 26°C (dia 15) e 25°C (dia 16) e mínimas de 6°C (dia 15) e 5°C (dia
16). A umidade relativa continuou baixa, situando-se em 28% e 24% e as precipitações foram
ausentes.
Em 17 de julho, a mTa manteve-se atuante. Verificou-se em Rio Claro uma redução da
pressão atmosférica, sendo esta de 946 mb (no dia anterior registrou-se 951 mb). As
temperaturas máxima e mínima elevaram-se em 2°C, registrando 27°C e 7°C,
respectivamente, a umidade relativa ficou pouco acima dos 30% e as chuvas foram ausentes.
No dia 18 de julho, foi realizada a primeira pesquisa de campo na área rural. Com o
eixo da FPA posicionado sobre o oceano na altura do extremo sul do Brasil a atuação da mTa
ainda se fez presente sobre o Estado de São Paulo. As condições atmosféricas experimentadas
pelos residentes do município de Rio Claro, caracterizaram-se por presença de céu limpo com
total ausência de nebulosidade, ventos predominantes de SW e pressão atmosférica
equivalente à registrada no dia anterior (946 mb). As temperaturas oscilaram entre 27°C e 8°C
e a umidade relativa apresentou-se baixa, estando inferior a 30%. As precipitações foram
ausentes neste dia.
A incursão frontal identificada no dia anterior apresentou no dia 19 de julho seu eixo
na altura da região Sudeste, posicionando-se sobre o oceano Atlântico. O território paulista
manteve condições de estabilidade sob o domínio anticiclonal da mTa. Rio Claro apresentou
ausência de nebulosidade, situação de calmaria, pressão atmosférica de 948 mb e ausência de
precipitação. As temperaturas variaram entre 27°C e 9°C e a umidade relativa foi de 31%. No
dia 20 de julho, o município manteve características similares às registradas no dia anterior,
tendo apenas um acréscimo de 1°C na temperatura máxima (que registrou 28°C) e
decréscimo, também de 1°C na temperatura mínima, que registrou 8°C. A umidade relativa
continuou baixa, sendo esta de 29%.
No dia 21 de julho, com áreas de instabilidade inerentes ao sistema frontal posicionado
sobre a porção sul da América do Sul, a região Sudeste continuou sob a atuação da mTa. Rio
95
Claro apresentou ausência de nebulosidade, de ventos e de precipitação, com baixa umidade
relativa, chegando esta a 25%. As temperaturas oscilaram entre 8°C e 29°C, tendo a máxima
um acréscimo de 1°C com relação ao dia anterior.
Com o eixo frontal orientando-se sentido NW SE, no dia 22 de julho, posicionado
próximo ao Estado de São Paulo, as temperaturas registradas elevaram-se atingindo a máxima
de 30°C e a mínima situada próxima a 10°C. Todavia, o referido Estado manteve-se sob
domínio da mTa, que trouxe a Rio Claro condições de estabilidade, com céu limpo e ausência
de ventos e precipitações. A pressão atmosférica manteve-se em aproximadamente 947 mb e a
umidade relativa continuou baixa, registrando-se 24%.
Em 23 de julho o eixo frontal posicionado sobre o oceano Atlântico trouxe áreas de
instabilidade para o extremo sul do território paulista, que recebeu neste dia incursão do ar
polar. No município de Rio Claro, com a atuação da mPa, a pressão atmosférica registrada foi
de aproximadamente 947 mb, com baixa nebulosidade, ausência de ventos e de precipitações
e umidade relativa baixa, na ordem de 25%. A temperatura absoluta registrada no horário das
15h chegou a 31°C, correspondendo à temperatura mais elevada para todo o mês de análise,
enquanto a mínima chegou a 12°C.
No dia 24 de julho com o estabelecimento de um centro de baixa pressão situado entre
os Estados do Paraná e São Paulo e originado por nova incursão da FPA, verificou-se áreas de
instabilidade dispostas sentido NW – SE sobre o Estado de São Paulo, porém no município de
Rio Claro as chuvas foram ausentes, uma vez que neste predominou a atuação da mPv.
Observou-se leve aumento da nebulosidade, ventos de SW, pressão atmosférica de 949 mb e
umidade relativa inferior a 50% (registrando-se 42%). As temperaturas foram variantes entre
24°C e 9°C, ocorrendo um decréscimo da ordem de 6°C para a máxima (no dia anterior foi
equivalente a aproximadamente 31°C), e de 3°C para a mínima (que no dia anterior registrava
12°C).
Em 25 de julho, o eixo frontal posicionado no dia anterior sobre o Estado de São Paulo
entra em oclusão na altura da região Sudeste, sobre o oceano, mas verificam-se algumas áreas
de instabilidade inerentes à sua passagem. Com o centro de baixa pressão estabelecido
próximo à costa do Estado de São Paulo, e sob domínio da mPa, Rio Claro apresentou uma
redução da pressão atmosférica que de 949 mb (registro do dia 24) passou para 947 mb;
situação de calmaria e baixa nebulosidade, com umidade relativa chegando a 51% e
precipitações ausentes. As temperaturas experimentadas no município oscilaram entre 10°C e
25°C.
96
No dia 26 de julho, o eixo frontal anteriormente citado entra em frontólise na altura da
região Sudeste trazendo condições de instabilidade para os Estados de Minas Gerais, Rio de
Janeiro e Espírito Santo. São Paulo, sob o domínio da mPv apresentou condições de
estabilidade para quase todo o seu território. No município de Rio Claro verificou-se pressão
atmosférica de 949 mb, ventos de SE e ausência de nebulosidade e precipitações. As
temperaturas oscilaram entre aproximadamente 24°C e 11°C. A umidade relativa foi de 31%,
apresentando ligeira queda com relação ao dia anterior (que registrou 51%).
Dias 27 e 28 de julho, enquanto a porção Sul do país apresentava linhas de
instabilidade (em SC e RS), sobre o Estado de São Paulo manteve-se o domínio da mPv. Com
a atuação deste sistema, o município de Rio Claro apresentou pressão atmosférica de 948 mb
(dia 27) e 949 mb (dia 28), com um aumento de nebulosidade, mas predominância de situação
de calmaria e ausência de chuvas. No dia 27 as temperaturas oscilaram entre
aproximadamente 30°C e 7°C, tendo amplitude térmica significativa, na ordem de 23°C. Já no
dia 28, com um aumento da nebulosidade as temperaturas variaram entre 29°C e 15°C. A
umidade relativa ficou em torno de 33% e 29% (dias 27 e 28, respectivamente).
O eixo frontal anteriormente observado entra em dissipação no dia 29 de julho, porém
nova incursão do ar polar traz condições de instabilidade, inerentes à linha frontal, no extremo
sul do país. Com domínio da mTa no Estado de São Paulo, o município de Rio Claro
apresentou pressão atmosférica na ordem de 947 mb, situação de calmaria e baixa
nebulosidade. As temperaturas oscilaram entre aproximadamente 29°C e 11°C. A umidade
relativa permaneceu baixa (sendo esta de 29%) e as precipitações continuaram ausentes.
Em 30 de julho observa-se a FPA, disposta sentido NW SE, em frontogênese sobre
os Estados de Paraná, Santa Catarina e porção norte do Rio Grande do Sul, estando, portanto,
o eixo frontal próximo ao extremo sul do Estado de São Paulo. Nestas circunstâncias, ainda
sob domínio da mTa, a pressão atmosférica em Rio Claro apresentou leve redução – passando
de 947 mb (dia 29) para 945 mb, com ausência de ventos e céu parcialmente nublado. A
umidade relativa continuou baixa, com registro de 26% às 15 horas. As temperaturas
mantiveram-se com valores próximos aos registros efetuados no dia anterior, sendo a máxima
de 29°C e a mínima de 12°C (apenas 1°C superior ao registro do dia 29).
A realização da segunda pesquisa de campo na área urbana, ocorreu no dia 31 de
julho, sob condições atmosféricas com características de aquecimento pré-frontal, uma vez
que o eixo da FPA, anteriormente observado, atingira o Estado de São Paulo trazendo
condições de instabilidade para parte do território paulista. Porém, a porção centro-norte do
território paulista manteve-se sob domínio da mTa. As características do tempo repercutido no
97
município de Rio Claro foram de nebulosidade alta, com ventos de origem NW e pressão
atmosférica de 945 mb. As temperaturas oscilaram entre, aproximadamente, 29°C e 12°C
(equivalentes às características térmicas do dia anterior). A umidade relativa continuou baixa,
chegando a 24%, e as precipitações foram ausentes.
A segunda pesquisa de campo realizada na área rural ocorreu no dia de agosto. O
tipo de tempo reproduzido neste dia também apresentou, de modo geral, características de
aquecimento pré-frontal. Com a aproximação do centro de baixa pressão inerente ao eixo
frontal, e ainda sob o domínio da mTa, o município de Rio Claro apresentou redução na
pressão atmosférica, que de 945 mb passou a 943 mb, condições de alta nebulosidade e
presença de ventos de NW. A umidade relativa registrada foi de 27% e não ocorreram
precipitações. As temperaturas máxima e mínima apresentaram um acréscimo térmico de 1°C
com relação aos registros do dia anterior, sendo a máxima de aproximadamente 30°C e a
mínima de aproximadamente 13°C.
Sistema Atmosférico Atuante
Figura13:Diagramadeanáliserítmicadomêsdejaneirode2009.
Org.PASCOALINO(2009)
955
950
945
940
1 2 3
4
5 6 7 8
9
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11
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17
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19
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25
26
27
28
29 30
31
20
15
10
5
1 2 3
4
5 6 7 8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29 30
31
25
30
35
40
40
30
20
10
1 2 3
4
5 6 7 8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29 30
31
50
60
70
80
90
100
80
60
40
20
1 2 3
4
5 6 7 8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29 30
31
100
CC
CCCC
C
C
C
CC C
C
C
C C
20
15
10
5
1 2 3
4
5 6 7 8
9
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17
18
19
20
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22
23
24
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26
27
28
29 30
31
25
30
35
40
--- ---
---
---
---
--- ---
PressãoBarométrica(mb)
Temperatura(°C)
UmidadeRelativa(%)
Precipitação(mm)
98
99
De acordo com o diagrama de análise rítmica do mês de janeiro de 2009 (figura 13),
no dia 1°, o Estado de São Paulo apresentou condições de instabilidade proporcionadas pela
atuação da ZCAS. Sob atuação deste sistema verificou-se, no município de Rio Claro, pressão
atmosférica de 943 mb, ausência de ventos, céu parcialmente nebuloso e precipitações na
ordem de 3,80 mm. A umidade relativa registrada às 15h ficou em torno de 61% e as
temperaturas oscilaram entre 19°C e 28°C.
Em 2 de janeiro a atuação de uma FF trouxe instabilidade para as porções sul e sudeste
do território brasileiro. Rio Claro apresentou uma redução na pressão atmosférica,
registrando-se 939 mb (sendo de 943 mb o registro do dia anterior). Com ausência de ventos,
nebulosidade alta e umidade relativa elevada (na ordem de 79%), cerca de 7,2 mm de chuva
foram precipitados. As temperaturas oscilaram entre 21°C e 25°C, ocorrendo, portanto, um
acréscimo de 2°C na temperatura mínima comparando-se ao registro do dia anterior, e uma
redução de 3°C na temperatura máxima verificada, tendo amplitude térmica diária de apenas
4°C.
No dia 3 de janeiro a ZCAS atuou sobre grande parte do território brasileiro, com
direcionamento do seu eixo sentido NW SE. As ações deste sistema de baixa pressão
fizeram-se mais efetivas sobre o município de Rio Claro, com relação aos dias precedentes.
Neste dia, o município apresentou nebulosidade alta, ausência de ventos, uma redução na
pressão atmosférica que de 939 mb (dia 2), passou a 936 mb; com umidade relativa de 79% e
precipitações na ordem de 16,20 mm. As temperaturas variaram entre 20°C e 26°C, sendo a
mínima 1°C inferior à do dia anterior e a máxima 1°C superior.
No dia 4 de janeiro observou-se condições de instabilidade praticamente em quase
todo o território brasileiro, verificando-se apenas no extremo sul do território do Rio Grande
do Sul condições de estabilidade inerentes à atuação da massa Polar Atlântica. O Estado de
São Paulo continuou submetido ao domínio da ZCAS e o município de Rio Claro registrou o
seu maior total pluviométrico diário precipitado, considerando-se o mês de análise, sendo este
de 59,50 mm. Além de chuvoso, o tipo de tempo vivenciado caracterizou-se por nebulosidade
elevada, ausência de ventos, pressão atmosférica de aproximadamente 940 mb e umidade
relativa elevada na ordem de 92%. A temperatura máxima registrada no referido dia foi de
aproximadamente 22°C, enquanto a mínima atingiu 17°C, tendo ambas decréscimo na ordem
de 4°C e 3°C, respectivamente, comparando-se aos registros do dia anterior.
Com o deslocamento do eixo de baixa pressão sentido ao oceano e à região Nordeste
do país, no dia 05 de janeiro verificou-se no território paulista condições de instabilidade
inerentes à passagem de uma FF. Rio Claro apresentou pequena elevação da pressão
100
atmosférica que de 940 mb (dia 4) passou a 941 mb (dia 5), ausência de ventos, céu
parcialmente nublado, umidade relativa de 67% e ausência de precipitações. A temperatura
máxima foi de 26°C, cerca de 4°C superior ao dia anterior, e a mínima foi de 15°C, 2°C
inferior ao registro do dia anterior, constituindo-se esta a menor mínima apresentada no
referido mês de análise.
Em 06 de janeiro, as áreas de instabilidade inerentes à atuação frontal apresentaram-se
dispostas nas porções norte e nordeste do território brasileiro, tendo eixo frontal semi-
estacionário situado sobre o oceano Atlântico na altura das regiões Sul e Sudeste do Brasil. O
Estado de São Paulo apresentou-se sob domínio da mPa. Sob atuação deste sistema Rio Claro
registrou pressão atmosférica de 941 mb, com ventos de SW, céu parcialmente encoberto,
umidade relativa inferior a 50% e temperaturas oscilantes entre 15°C e 28°C, sendo a mínima
equivalente ao registro do dia anterior e a máxima acrescida de 2°C. As precipitações foram
ausentes.
No dia 07 de janeiro com áreas de instabilidade nas porções norte e nordeste do país e
dois eixos frontais sobre o oceano Atlântico na altura das regiões Sul e Sudeste, estando um
em oclusão e outro semi-estacionário, próximo à costa brasileira, o território paulista
apresentou-se sob domínio da mPv. Sob atuação deste domínio Rio Claro registrou pressão
atmosférica de 943 mb, ausência de ventos, nebulosidade alta, umidade relativa de 66% e
precipitações inferiores a 0,5 mm. Com acréscimo térmico de 1°C nas temperaturas máxima e
mínima – comparando-se aos registros do dia anterior – as condições térmicas oscilaram entre
16°C e 29°C.
Em 8 de janeiro com áreas de instabilidade inerentes à linha de descontinuidade
formada pela ZCAS e pelo eixo frontal posicionados sobre os Estados de Goiás, Minas
Gerais, Espírito Santo e extremo norte do Rio de Janeiro, bem como áreas de instabilidade
inerentes ao eixo da FPA estabelecido no extremo sul do território brasileiro, o Estado de São
Paulo apresentou-se sob atuação da mPv. O tipo de tempo predominante em Rio Claro
caracterizou-se por céu parcialmente nublado, ventos do quadrante oeste, pressão atmosférica
equivalente à registrada no dia anterior, ou seja, 943 mb; umidade relativa de 69%,
temperatura máxima de aproximadamente 33°C (cerca de 4°C superior a máxima do dia
anterior, que foi de 29°C), e mínima de 16°C.
No dia 9 de janeiro com os eixos da frente polar reflexa e da frente semi-estacionária,
ambos situados sobre o oceano, na altura das porções sul e sudeste do território brasileiro,
respectivamente, Rio Claro manteve-se sob domínio da mPv e apresentou pressão atmosférica
de 944 mb, ausência de ventos, céu parcialmente nublado e pouco mais do que 1,00 mm
101
precipitados. A umidade relativa às 15h foi inferior a 50% e as temperaturas variaram entre
32°C e 17°C.
Em 10 de janeiro com o eixo frontal semi-estacionário sobre o oceano e linhas de
instabilidade na porção sul do país decorrentes do eixo da FPA, o território paulista
apresentou nebulosidade em suas porções norte, nordeste e leste. A pressão atmosférica
registrada em Rio Claro, sob atuação de FF foi de 947 mb, com ventos de NE e alta
nebulosidade, com conseqüentes precipitações na ordem de 2,10 mm. A temperatura máxima
foi de aproximadamente 30°C (ocorrendo decréscimo de 2°C com relação ao dia anterior) e a
mínima foi de aproximadamente 19°C (tendo acréscimo de 2°C com relação ao dia anterior),
o que configurou em redução da amplitude térmica diária. A umidade relativa registrada foi
de 56%.
No dia 11 de janeiro com nova incursão da FPA a FPR segue em direção ao oceano,
na altura das regiões Sul e Sudeste do território brasileiro trazendo para o Estado de São Paulo
linhas de instabilidade. A pressão atmosférica registrada no município de Rio Claro foi de 946
mb, com ventos ausentes e céu parcialmente encoberto, porém, o município apresentou
umidade relativa inferior a 50% e as precipitações foram ausentes. As temperaturas oscilaram
entre aproximadamente 31°C e 20°C, sofrendo um acréscimo de 1°C, tanto na máxima quanto
na mínima, comparando-se ao dia anterior.
Dia 12 de janeiro com o eixo da FPA, observado anteriormente, sobre o oceano
Atlântico, as condições atmosféricas predominantes no território paulista caracterizaram-se
por situação de estabilidade. Sob atuação da mTa o município de Rio Claro apresentou
ausência de ventos, céu parcialmente nublado, pressão atmosférica de 945 mb e umidade
relativa inferior a 50% (equivalente a 40%), sendo ausentes as precipitações. Houve um
acréscimo térmico de 2°C na temperatura máxima que atingiu 33°C e uma redução de 2°C na
mínima registrada, sendo esta de 18°C.
Em 13 de janeiro um eixo frontal com características de semi-estacionário
apresentava-se sobre a região Sul do território brasileiro. Com a atuação do centro de baixa
pressão repercutiram no Estado de São Paulo áreas de instabilidade, principalmente no
extremo sul de seu território. Sob domínio da FF Rio Claro apresentou leve redução da
pressão atmosférica que de 945 mb passou a 943,5 mb. A nebulosidade foi alta, com situação
de calmaria e umidade relativa baixa, chegando a 39%. Nestas condições as precipitações
foram ausentes e a temperatura máxima atingiu aproximadamente 35°C, sendo a maior
máxima do referido mês de análise, enquanto a mínima foi de 19°C.
102
No dia 14 de janeiro o eixo frontal que apresentava condições de frontogênese sobre as
regiões Sul e Sudeste, continua a atuar sobre o território paulista como FF Diante de tais
condições o tipo de tempo vivenciado em Rio Claro apresentou umidade relativa elevada, na
ordem de 85%; alta nebulosidade, redução na pressão atmosférica que de 943,5 mb passou a
942 mb, com ocorrência de precipitações, sendo estas na ordem de 22,10 mm. A variação
térmica oscilou entre 32°C e 20°C, tendo acréscimo de 3°C na máxima e de 1°C na mínima,
comparando-se ao dia anterior (35°C e 19°C, respectivamente).
A terceira pesquisa de campo na área urbana foi realizada no dia 15 de janeiro. Neste
dia, houve nova incursão do ar polar cujo eixo frontal apresentou-se entre as regiões Sul e
Sudeste do território brasileiro, submetendo o território paulista à atuação da FPA, enquanto o
eixo frontal, anteriormente observado, configurou-se em oclusão sobre o oceano. A pressão
atmosférica registrada em Rio Claro, sob domínio da F. F. apresentou uma redução passando
de 942 (dia 14), para 940 mb. Com presença de alta nebulosidade e predomínio de ventos de
SW, ocorreram precipitações na ordem de 3,00 mm. As temperaturas oscilaram entre 29°C e
19°C, apresentando a máxima um decréscimo na ordem de 3°C e a mínima decréscimo de
1°C, comparando-se aos registros do dia anterior (que foram de 32°C e 20°C,
respectivamente). A umidade relativa para as 15h foi de 51%.
A terceira pesquisa de campo realizada na área rural ocorreu em 16 de janeiro, com a
atuação da FF que manteve a nebulosidade e condições de instabilidade nas porções Sul e
Sudeste do país. Sob atuação desse sistema, verificou-se em Rio Claro alta nebulosidade,
pressão atmosférica de 942 mb, ventos do quadrante norte e precipitações de 0,5 mm, sendo a
umidade relativa pouco superior à 50% (56%). As temperaturas foram variantes entre,
aproximadamente, 29°C e 20°C, sendo a mínima 1°C superior ao registro do dia anterior.
No dia 17 de janeiro, sobre o território paulista verificam-se linhas de instabilidade
com nebulosidade maior em sua porção centro-sul. Nestas condições, registrou-se no
município de Rio Claro pressão atmosférica de 941 mb, ventos de NW, nebulosidade alta e
umidade relativa de aproximadamente 70%, resultando na ocorrência de 14,00 mm
precipitados. A temperatura máxima registrada foi de aproximadamente 28°C e a mínima de
19°C.
Com vários centros de baixa pressão atuantes no território brasileiro, no dia 18 de
janeiro na região Sudeste predominaram linhas de instabilidade. O município de Rio Claro
registrou pressão atmosférica de 943 mb, situação de calmaria, nebulosidade e umidade
relativa elevada (estando próxima a 90%) com presença de chuvas, sendo precipitados cerca
103
de 5,00 mm. As temperaturas oscilaram entre 19°C e 29°C, estando a máxima 1°C superior ao
registro do dia anterior.
Em 19 de janeiro, observou-se em grande parte da América do Sul condições de
instabilidade. Com um centro de baixa pressão sobre o Estado de São Paulo, verifica-se a
presença de linhas de instabilidade sobre parte do território paulista. O município de Rio
Claro apresentou redução da pressão atmosférica que de 943 mb (dia 18) passou a 942 mb,
ausência de ventos e nebulosidade alta. Com umidade relativa inferior a 60%, registraram-se
precipitações inferiores a 0,5 mm. A temperatura máxima observada atingiu,
aproximadamente, 30°C e a mínima 18°C, sendo a máxima superior 1°C e a mínima inferior
1°C com relação aos registros térmicos do dia anterior.
No dia 20 de janeiro, com o eixo da FPA. disposto sentido NW SE sobre o oceano e
um centro de baixa pressão – inerente à linha de instabilidade ou calhas induzidas pela
incursão frontal observado sobre o Estado de São Paulo, Rio Claro apresentou uma redução
da pressão atmosférica que de 942 mb (dia 19) passou a 940 mb (dia 20). Com condições de
nebulosidade alta e ventos do quadrante oeste, ocorreram precipitações na ordem de 13,20
mm. As temperaturas foram variantes entre aproximadamente 31°C e 20°C, sendo a máxima
1°C superior ao registro do dia 19 (que apresentou máxima de 30°C) e a mínima superior 2°C
(ou seja, dia 19 registrou-se 18°C). A umidade relativa das 15h manteve-se inferior a 60%.
Com áreas de instabilidade associadas à incursão da FPA, no dia 21 de janeiro
verificou-se no território paulista alta nebulosidade. No município de Rio Claro com a
passagem da FF as condições atmosféricas caracterizaram-se por céu totalmente encoberto,
ventos de SW, pressão barométrica de 943 mb (superior ao registro do dia 20, que foi de 940
mb), umidade relativa de 64% e presença de precipitações pouco superiores a 1,00 mm. A
temperatura máxima foi de 28°C, tendo redução de 3°C com relação ao dia anterior, enquanto
a temperatura mínima manteve-se em aproximadamente 20°C.
Em 22 de janeiro, o município de Rio Claro apresentava-se sob domínio da mPv. A
pressão atmosférica registrada foi de 945 mb, com ventos do quadrante sul, umidade relativa
de 62% e precipitações ausentes. As temperaturas máxima e mínima reduziram-se, com
relação ao dia anterior, tendo a máxima apresentado decréscimo na ordem de 2°C, passando
de 28°C (dia 21) a 26°C, enquanto a mínima sofreu decréscimo de 4°C, passando de 20°C
(dia 21) a 16°C (dia 22).
Dia 23 de janeiro, o Estado de São Paulo apresentou condições de instabilidade
decorrentes da atuação do eixo da FPR.
Observou-se no município de Rio Claro tempo com
alta nebulosidade e a manutenção da pressão atmosférica em 945 mb, assim como dos ventos
104
do quadrante sul. A umidade relativa registrou ligeira redução, ficando em torno de 52% (no
dia anterior foi de 62%) e as chuvas também foram ausentes. A variação térmica diária
ocorreu entre 28°C e 16°C, com acréscimo de C na temperatura máxima (ou seja, 26°C no
dia 22).
Dia 24 de janeiro, com o enfraquecimento do eixo frontal, posicionado sobre o oceano
Atlântico na altura da região Sudeste, com características de semi-estacionário e em situação
de oclusão, verificou-se entre os Estados de Minas Gerais e São Paulo linhas de instabilidade
associadas a este sistema de baixa pressão. O município de Rio Claro apresentou céu com alta
nebulosidade, presença de ventos de NE, ligeira queda na pressão atmosférica que de 945 mb
(dia 23) passou a 943 mb (dia 24), e umidade relativa na ordem de 75%. Em tais condições,
cerca de 4,80 mm de chuva foram precipitados e as temperaturas variaram entre 27°C e 18°C,
tendo a máxima reduzido 1°C com relação ao dia anterior e a mínima acrescido 2°C.
Em 25 de janeiro, parte do território brasileiro apresentava condições de instabilidade
associadas aos centros de baixa pressão da FF. Sob atuação desse sistema o território paulista
apresentou áreas de maior nebulosidade, principalmente na porção centro norte do Estado.
O tipo de tempo observado no município de Rio Claro caracterizou-se por alta nebulosidade,
com céu totalmente encoberto, pressão atmosférica de 944 mb, ventos predominantes de NE,
umidade relativa alta, na ordem de aproximadamente 95% e ocorrência de precipitações (com
um total de 14,60 mm). A temperatura máxima registrada manteve-se em 27°C, enquanto a
temperatura mínima foi de 20°C, tendo um acréscimo de 2°C com relação ao dia anterior.
Dia 26 de janeiro, apenas o extremo nordeste do território brasileiro apresentou áreas
com ausência de nebulosidade. Sob atuação da FF o Estado de São Paulo apresentou
condições de instabilidade. O município de Rio Claro manteve sua pressão atmosférica em
944 mb e céu com alta nebulosidade, porém os ventos foram ausentes. Com umidade relativa
elevada, na ordem de 84%, ocorreram precipitações superiores a 30,00 mm (chegando-se a
34,90 mm precipitados). A temperatura máxima apresentou uma redução de 2°C passando
de 27°C (dia 25) a 25°C, enquanto a temperatura mínima registrada foi de aproximadamente
19°C, estando 1°C inferior ao registro do dia anterior.
No dia 27 de janeiro, com um centro de baixa pressão próximo ao Estado de São Paulo
associado à atuação da FPA, a pressão atmosférica registrada no município foi de 944 mb. O
céu apresentou-se totalmente encoberto, houve a predominância de ventos de NE e a umidade
relativa registrada foi superior a 80%. Em tais condições ocorreram precipitações inferiores a
5,00 mm e temperaturas que resultaram em pequena amplitude térmica diária, uma vez que a
105
máxima registrada foi de 25°C e a mínima de 20°C, variando apenas a mínima em 1°C, com
relação ao dia anterior.
Em 28 de janeiro, com novas incursões frontais o território paulista apresentou
condições de instabilidade inerentes à existência de linhas de instabilidade associadas à
passagem da FPA. Com um centro de baixa pressão sobre o Estado, o município de Rio Claro
registrou ligeira queda da pressão atmosférica, que passou de 944 mb (dia 27) a 941 mb; céu
parcialmente nublado, ventos predominantes de NE e umidade relativa inferior a 70%. Diante
de tais condições ocorreram precipitações significativas, na ordem de 31,30 mm. As
temperaturas foram variantes entre 20°C e 27°C, sendo a mínima equivalente ao registro do
dia anterior, enquanto a máxima apresentou um acréscimo na ordem de 2°C.
A atuação da ZCAS, no dia 29 de janeiro, resultou em condições de instabilidade para
grande parte do território brasileiro. Verificou-se em Rio Claro, nebulosidade alta, ausência de
ventos, pressão atmosférica de 942 mb e umidade relativa de 80%, com ocorrência de chuvas
na ordem de 18,00 mm. As temperaturas oscilaram entre 27°C e 19°C.
Com o eixo frontal entrando em oclusão sobre o oceano e nova incursão da FPA no
extremo sul da América do Sul, no dia 30 de janeiro, observou-se áreas de instabilidade, na
região Sudeste, associadas à ZCAS. Verificou-se no município de Rio Claro pressão
atmosférica de 941 mb, ausência de ventos e céu totalmente encoberto. Com umidade relativa
inferior a 60% as precipitações ocorrentes foram de 7,20 mm. Houve um acréscimo na
temperatura máxima, que de 27°C (dia 29) passou a 29°C, assim como na temperatura
mínima, que de 19°C (dia 29) passou a 20°C. Estas foram as características do tempo
predominantes no momento o qual foi realizada a quarta pesquisa de campo na área urbana.
Dia 31 de janeiro, quando foi realizada a quarta pesquisa de campo na área rural, a
ZCAS manteve-se atuante em grande parte do território brasileiro. O território paulista
continuava com áreas de instabilidade em sua porção centro norte. Sob atuação da mPv o
tempo em Rio Claro caracterizou-se por céu com média nebulosidade, predomínio de ventos
de NW e pressão atmosférica de 940 mb. Com umidade relativa inferior a 50% as
precipitações foram baixas, próximas a 1,00 mm. As temperaturas oscilaram entre 32°C e
19°C, sendo a máxima 3°C superior ao registro do dia anterior.
5.1.1. A participação dos sistemas atmosféricos durante o período de análise
A análise rítmica do mês de julho demonstrou o predomínio de sistemas atmosféricos
anticiclônicos, registrando-se a atuação da mTa em vinte dias o que corresponde a um
percentual de participação mensal na ordem de 62,5% (figura 14). A atuação da massa Polar
106
Atlântica ocorreu em quatro dias (12,5%) do referido mês de análise, enquanto a massa Polar
Velha atuou em oito dias, o equivalente a 25% de participação. No encadeamento dos tipos de
tempo identificou-se, de modo geral, a atuação principal da mTa, sendo esta intercalada pelas
incursões polares (dias 4, 10, 23 e 25) e seu posterior processo de tropicalização, perdurando
o domínio da mPv entre 1 a 3 dias (dias 5, 6, 11, 12, 24, 26, 27 e 28), cessando esta quando
novamente a mTa expande-se. A prevalência destes sistemas atmosféricos resultou em tipos
de tempo muito secos, com umidade relativa no horário das quinze horas sempre próxima ou
inferior a 30%.
Figura 14: Percentual de participação dos sistemas atmosféricos atuantes nos meses de julho/agosto de 2008 e
janeiro de 2009.
No mês de janeiro a atuação dos sistemas anticiclonais foi reduzida verificando-se o
domínio da mPa e da mTa em apenas um dia (dias 6 e 12, respectivamente), tendo ambas um
percentual participativo de 3,23%, enquanto a mPv atuou em cinco dias (dias 7, 8, 9, 22 e 31)
tendo um percentual participativo de 16,12% e precipitações de 1,60 mm, sendo estas de
caráter local ou inerentes às instabilidades provocadas pela proximidade de centros de baixa
pressão. Dos sistemas ciclonais sucedidos no município as incursões da FPA, com atuação da
FF, compreendeu um total de onze dias do mês de análise, o que resultou em um percentual
participativo correspondente a 35,49% e em precipitações pluviométricas na ordem de 90,40
mm do total mensal acumulado. O domínio da ZCAS resultou em 106,00 mm precipitados e
distribuídos em cinco dias (dias 1, 3, 4, 29 e 30), sendo o percentual participativo deste
mPa mPv mTa ZCAS FF
Linhas de
Instabilidade
FPR
Percentual de participação dos sistemas
atmosricos atuantes no mês de
julho/agosto de 2008.
12,50%
25,00%
62,50%
Percentual de participação dos sistemas
atmosricos atuantes no mês de janeiro
de 2009.
3,23%
16,12%
3,23%
35,49%
19,35%
6,45%
16,12%
107
sistema equivalente a 16,12%. Condições atmosféricas associadas à atuação de linhas de
instabilidade sucederam-se em seis dias do referido mês de análise e resultaram em
precipitações na ordem de 68,50 mm.
5.2. A percepção climática dos munícipes de Rio Claro
Observa-se neste momento da pesquisa a análise das relações Sociedade Ambiente,
identificando-se as características do universo amostrado e a percepção climática dos
respondentes no que se refere aos tipos de tempo reproduzidos no município, às origens dos
eventos pluviométricos e à ocorrência dos excepcionalismos climáticos, bem como à
percepção das influências do tempo e do clima no cotidiano urbano e rural e à busca de
informações preditivas do tempo.
5.2.1. As características do universo de análise
A composição do universo amostrado constituiu-se da aplicação de oitenta
questionários que foram distribuídos de forma equivalente nas áreas urbana e rural.
Dessa
forma, a exposição das características do universo de análise representa-se de acordo com a
área de aplicação dos questionários e o momento de realização das pesquisas de campo.
Conforme a tabela 1 verifica-se que, da totalidade dos respondentes abordados nos
meses de julho/agosto de 2008, o gênero feminino foi de maior representatividade,
compreendendo cerca de 55% dos respondentes. A amostragem na área urbana compôs-se de
65% dos respondentes do sexo feminino, enquanto na área rural, predominaram os
respondentes do sexo masculino (55%).
Tabela 1: Distribuição por gênero e área de residência dos respondentes. Julho/Agosto de 2008.
Área Urbana Área Rural Total
Gênero do respondente
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Feminino 13 65 9 45 22 55
Masculino 7 35 11 55 18 45
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Através da tabela 2 é possível observar o gênero dos respondentes abordados no mês
de janeiro de 2009. Nota-se que cerca de 57,5% da totalidade também concentrou-se no
gênero feminino, sendo este resultado prevalecente tanto na área urbana como na área rural,
com percentuais de 60% e 55%, respectivamente.
108
Tabela 2: Distribuição por gênero e área de residência dos respondentes. Janeiro de 2009.
Área Urbana Área Rural Total
Gênero do respondente
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Feminino 12 60 11 55 23 57,5
Masculino 8 40 9 45 17 42,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
No que se refere à distribuição por faixa etária, na coleta realizada no mês de
julho/agosto (tabela 3) predominou na área urbana os respondentes com idades entre 60 e 66
anos (25%), 46 e 52 anos (20%), 53 e 60 anos (20%), concentrando-se nestas três faixas
etárias 65% da amostra obtida. na área rural, verifica-se a predominância de respondentes
entre 46 e 52 anos (25%), e 39 e 45 anos (20%), concentrando-se nestas faixas etárias 45% da
amostra obtida. Tomando-se por base a totalidade dos respondentes abordados no mês de
julho/agosto verifica-se que a faixa etária de 46 a 52 anos (22,5%) teve maior
representatividade.
Tabela 3: Distribuição por faixa etária e área de residência. Julho/agosto de 2008.
Área Urbana Área Rural Total
Faixa
etária
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
25 ]— 32 2 10 2 10 4 10
32]— 39 ----- ----- 2 10 2 5
39]— 46 3 15 4 20 7 17,5
46]—53 4 20 5 25 9 22,5
53]—60 4 20 2 10 6 15
60]—67 5 25 1 5 6 15
67]—74 1 5 3 15 4 10
74]—81 1 5 1 5 2 5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
No que se refere à coleta realizada no mês de janeiro (tabela 4) predominou na área
urbana respondentes entre as faixas etárias de 65 a 71 anos (25%); 51 e 57 anos (15%) e 23 a
29 anos (15%), compreendendo estas cerca de 55% dos respondentes. Na área rural os
respondentes concentraram-se nas faixas etárias de 51 a 57 anos (30%) e 44 a 50 anos (25%)
correspondendo, portanto, a 55% dos questionados. Dentre a totalidade dos respondentes
abordados no mês de janeiro verifica-se que os mesmos situaram em sua maioria na faixa
etária de 51 a 57 anos (22,5%).
109
Tabela 4: Distribuição por faixa etária e área de residência dos respondentes. Janeiro de 2009.
Área Urbana Área Rural Total
Faixa
etária
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
23 ]— 30 3 15 2 10 5 12,5
30]— 37 2 10 1 5 3 7,5
37]— 44 ----- ----- 2 10 2 5
44]—51 2 10 5 25 7 17,5
51]—58 3 15 6 30 9 22,5
58]—65 2 10 1 5 3 7,5
65]—72 5 25 1 5 6 15
72]—79 1 5 1 5 2 5
79]—86 1 5 1 5 2 5
86]—93 1 5 ----- ----- 1 2,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Considerando-se o grau de escolaridade da população abordada no mês de
julho/agosto de 2008 (tabela 5), observa-se que 77,5% não concluíram seus estudos,
concentrando-se na modalidade do Ensino Fundamental incompleto. Cerca de 12,5% dos
respondentes concluíram a modalidade do Ensino Médio, enquanto apenas dois dos
respondentes (5% da amostra), sendo estes residentes na área urbana, concluíram a
modalidade do Ensino Superior. Observa-se ainda, que na área rural não houve acesso ao
Ensino Superior.
Tabela 5: Grau de escolaridade por área de residência dos respondentes. Julho/agosto de 2008.
Área Urbana Área Rural Total Modalidade de ensino
N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%)
Nunca estudou 1 5 ----- ----- 1 2,5
Ensino Fundamental Incompleto 14 70 17 85 31 77,5
Ensino Fundamental Completo ----- ----- ----- ----- ----- -----
Ensino Médio Incompleto ----- ----- ----- ----- ----- -----
Ensino Médio Completo 2 10 3 15 5 12,5
Ensino Superior Incompleto 1 5 ----- ----- 1 2,5
Ensino Superior Completo 2 10 ----- ----- 2 5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
No mês de janeiro (tabela 6), 57,5% da amostra também concentrou-se na modalidade
do Ensino Fundamental incompleto, enquanto 10% da totalidade concluíram ao menos o
Ensino Fundamental; e 20% concluíram o Ensino Médio, compondo-se a amostragem
levantada na segunda etapa das pesquisas de campo por respondentes com nível de instrução
um pouco mais elevado em ambas as áreas de estudo.
110
Tabela 6: Grau de escolaridade por área de residência dos respondentes. Janeiro de 2009.
Área Urbana Área Rural Total Modalidade de ensino
N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%)
Nunca estudou 1 5 2 10 3 7,5
Ensino Fundamental Incompleto 11 55 12 60 23 57,5
Ensino Fundamental Completo 2 10 2 10 4 10
Ensino Médio Incompleto ----- ----- ----- ----- ----- -----
Ensino Médio Completo 5 25 3 15 8 20
Ensino Superior Incompleto ----- ----- ----- ----- ----- -----
Ensino Superior Completo 1 5 1 5 2 5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
No que se refere ao tempo de residência no município de Rio Claro
1
, identifica-se,
dentre a totalidade dos respondentes abordados no mês de julho/agosto de 2008 (tabela 7), que
62,5 % residiam no município por um período superior a trinta anos. Cerca de 85% dos
respondentes da área urbana moravam no município trinta anos ou mais, enquanto na área
rural apenas 40% residiam no município em período equivalente.
Tabela 7: Distribuição por área e tempo de residência dos respondentes no município. Julho/agosto de 2008.
Área Urbana Área Rural Total
Tempo de residência no
município
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Menos de 30 anos 3 15 12 60 15 37,5
Mais de 30 anos 17 85 8 40 25 62,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
com relação aos respondentes abordados no mês de janeiro de 2009 (tabela 8)
identifica-se, dentre o universo amostrado, um percentual de 45% que residiam no município
mais de trinta anos (sendo este percentual inferior ao constatado na amostra do mês de
julho, que foi de 62,5%). Dentre os respondentes da área urbana, 40% moravam em Rio Claro
por um período igual ou superior a trinta anos, enquanto na área rural, o percentual registrado
foi de 50%.
1
Em se tratando do tempo de residência do respondente no município, cabe ressaltar que o período temporal é
um dos fatores a refletir na maior ou menor experiência do respondente perante as condições do meio o qual ele
vive, repercutindo, consequentemente em sua percepção climática e do tempo.
111
Tabela 8: Distribuição por área e tempo de residência dos respondentes no município. Janeiro de 2009.
Área Urbana Área Rural Total
Tempo de residência no
município
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Menos de 30 anos 12 60 10 50 22 55
Mais de 30 anos 8 40 10 50 18 45
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Constituindo-se a profissão do respondente como fator para ampliação do período de
exposição pessoal às condições atmosféricas, o que possibilitaria um aumento das ocasiões
propícias à observação ambiental, classificou-se as profissões constatadas quanto à realização
de trabalho ao ar livre ou em ambientes fechados.
De acordo com o perfil profissional dos respondentes do mês de julho/agosto de 2008
(tabela 9), observa-se que na área urbana apenas três (15%) dos vinte questionados possuíam
trabalho ao ar livre, enquanto na área rural dez dos respondentes (50%) trabalhavam em
funções expostas diretamente às condições do ambiente atmosférico.
Tabela 9: Exposição dos respondentes às condições do ambiente atmosférico, conforme atividade profissional
exercida e área de residência. Julho/agosto de 2008.
Área Urbana Área Rural Total
Exposição às condições
atmosféricas
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Atividade profissional exercida
ao ar livre
3 15 10 50 13 32,5
Atividade profissional não
exercida ao ar livre
17 85 10 50 27 67,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Dos respondentes abordados em janeiro de 2009 (tabela 10) a área urbana manteve um
percentual correspondente ao registrado no período de julho/agosto, ou seja, apenas três
(15%) dos vinte questionados possuíam trabalho ao ar livre, enquanto na área rural o
percentual dos respondentes que trabalhavam em funções expostas diretamente às condições
do ambiente atmosférico correspondeu a 35%, sendo, portanto, um percentual inferior ao
constatado no mês de julho/agosto (50%).
112
Tabela 10: Exposição dos respondentes às condições do ambiente atmosférico, conforme atividade profissional
exercida e área de residência. Janeiro de 2009.
Área Urbana Área Rural Total
Exposição às condições
atmosféricas
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Atividade profissional exercida
ao ar livre
3 15 13 65 16 40
Atividade profissional não
exercida ao ar livre
17 85 7 35 24 60
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
5.2.2. A percepção dos tipos de tempo
Com a finalidade de verificar a relação existente entre a percepção dos respondentes e
os reais tipos de tempo repercutidos no município, apresentou-se o questionamento sobre qual
tipo de tempo você não gosta no clima de Rio Claro?
Considerando-se os respondentes abordados no mês de julho/agosto (tabela 11), cerca
de 40% da totalidade da amostra mencionaram os tipos de tempo frio como de menor
preferência pessoal, enquanto em contrapartida, 7,5% têm menor preferência por tipos de
tempo quente. Cerca de 10% dos respondentes da área urbana e 5% dos respondentes da área
rural possuem menor preferência por tipos de tempo quente; enquanto 35% e 45% dos
respondentes da área urbana e rural, respectivamente, não gostam de tipos de tempo frio.
Tabela 11: Tipos de tempo de menor preferência dos respondentes por área de residência. Julho/agosto de 2008.
(Questão apresentada: Que tipo de tempo você não gosta no clima de Rio Claro?)
Área Urbana Área Rural Total
Tipo de tempo de menor
preferência do respondente
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Tempo quente 2 10 1 5 3 7,5
Tempo muito quente 3 15 3 15 6 15
Tempo frio 7 35 9 45 16 40
Tempo muito frio 1 5 1 5 2 5
Tempo com pluviosidade intensa 2 10 2 10 4 10
Tempo seco 2 10 1 5 3 7,5
Tempo frio e seco 1 5 ----- ----- 1 2,5
Tempo quente e seco 1 5 ----- ----- 1 2,5
Tempo nublado 1 5 1 5 2 5
Tempo muito quente e muito frio
no mesmo dia
----- ----- 2 10 2 5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Os extremos térmicos como tempo muito quente e tempo muito frio também foram
citados como os menos preferidos. Cerca de 15% dos questionados de ambas as áreas
113
afirmaram não gostar de tipos de tempo muito quente, enquanto 5% dos respondentes, tanto
da área urbana quanto da área rural, não gostam de tempo muito frio.
Uma parcela correspondente a 10% dos respondentes da área rural, afirmaram ainda,
que não gostam de tipo de tempo muito quente e muito frio em um mesmo dia. Conforme a
análise rítmica anteriormente apresentada, cabe ressaltar que comumente as grandes
amplitudes térmicas diárias fazem com que temperaturas muito baixas ou muito altas sejam
experimentadas pelo indivíduo em um mesmo dia, constituindo-se tal fato experiência
recorrente no cotidiano dos respondentes durante o mês de questionamento.
Sendo uma das características do período de inverno habitual do município a redução
ou ausência de pluviosidade o que acarreta desconforto físico, ampliação de enfermidades
associadas aos sistemas respiratório e circulatório, queda da produtividade agrícola, entre
outros os tipos de tempo seco foram destacados como de menor preferência de 10% dos
respondentes da área urbana e 5% da área rural, enquanto tipos de tempo frio e seco, e quente
e seco foram ambos citados por 5% dos respondentes da área urbana. Por outro lado, os
eventos de pluviosidade intensa, não ocorreram durante o referido mês de análise, mas foram
citados como menor preferência de 10% dos questionados de ambas as áreas.
De acordo com as menções obtidas em campo verifica-se que fatores da rotina diária
do respondente que o expõe à variação das condições atmosféricas ou referentes às
suscetibilidades individuais manifestas na condição saúde doença, constituem-se motivos
para a menor preferência de determinados tipos de tempo. Conforme salientam os
respondentes:
Não gosto do frio porque levanto muito cedo.
(respondente n°38 – área rural)
Não gosto do calor porque tenho pressão alta.
(respondente n°06 – área urbana)
Considerando-se a totalidade dos respondentes abordados em janeiro (tabela 12), nota-
se que os tipos de tempo frio ou com pluviosidade intensa foram citados como os menos
preferidos de 25% do universo amostrado no referido mês. Já os extremos térmicos
acentuados tempo com temperatura muito baixa ou muito elevada foram citados por
parcela correspondente a 15%.
114
Tabela 12: Tipos de tempo de menor preferência dos respondentes por área de residência. Janeiro de 2009.
(Questão apresentada: Que tipo de tempo você não gosta no clima de Rio Claro?).
Área Urbana Área Rural Total
Tipo de tempo de menor
preferência do respondente
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Tempo quente 1 5 2 10 3 7,5
Tempo muito quente 4 20 1 5 5 12,5
Tempo frio 5 25 5 25 10 25
Tempo com pluviosidade intensa 4 20 6 30 10 25
Tempo com temperatura muito
baixa ou muito elevada
3 15 3 15 6 15
Tempo quente e seco 1 5 ----- ----- 1 2,5
Tempo frio com precipitação 1 5 1 5 2 5
Não tem preferência 1 5 2 10 3 7,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Na área urbana, os tipos de tempo frio (25%), tempo muito quente (20%) e com
pluviosidade intensa (20%), foram mencionados como de menor preferência individual,
correspondendo ao posicionamento de 65% dos questionados. Já na área rural, os tipos de
tempo com pluviosidade intensa (30%) e tempo frio (25%) foram os mais destacados. Tipos
de tempo não muito freqüentes no mês de janeiro também foram referenciados, dentre os
quais, tipos de tempo quente e seco (5% dos respondentes da área urbana) e tempo frio com
precipitação (5% dos respondentes de ambas as áreas).
Os respondentes abordados em janeiro mencionaram os efeitos diretos dos tipos de
tempo sobre a saúde como motivo para a menor preferência de determinadas condições
atmosféricas (assim como o constatado no mês de julho/agosto). Dentre os relatos obtidos,
exemplifica-se o acima exposto através da declaração de um dos respondentes abordados na
área rural que afirmou não gostar de tipos de tempo de maior pluviosidade:
Não gosto de vento e chuva fria porque tenho artrite.
(respondente n°75 – área rural).
Em contraposição ao anteriormente exposto, e com o mesmo intuito de verificar a
relação entre os universos perceptivos e as reais condições atmosféricas reproduzidas no
município, apresentou-se indagações sobre os tipos de tempo de maior preferência individual.
De acordo com a tabela 13, verifica-se que metade da parcela amostrada no mês de
julho/agosto, destacou os tipos de tempo com temperaturas elevadas tempo quente como
de maior preferência, sendo tal posicionamento assumido tanto na área urbana (cerca de
50%), quanto na área rural (cerca de 50%). Secundariamente, os tipos de tempo sem frio nem
115
calor intensos foram mencionados por 27,5% da totalidade amostrada como os mais
agradáveis, assumindo tal preferência cerca de 25% dos questionados na área urbana e 30%
dos questionados na área rural.
Tabela 13: Tipos de tempo de maior preferência dos respondentes por área de residência. Julho/agosto de 2008.
(Questão apresentada: Que tipo de tempo você mais gosta no clima de Rio Claro?).
Área Urbana Área Rural Total
Tipo de tempo de maior
preferência do respondente
N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%)
Tempo quente 10 50 10 50 20 50
Tempo frio 2 10 2 10 4 10
Tempo sem frio nem calor
intensos
5 25 6 30 11 27,5
Tempo nublado e/ou chuvoso 3 15 1 5 4 10
Tempo com amplitude térmica
reduzida e presença de chuva
----- ----- 1 5 1 2,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
As menções à preferência de tempo nublado e/ou chuvoso demonstram os anseios
pessoais por um aumento da umidade (que se manteve baixa ao longo do referido mês de
análise). Tal posicionamento foi apresentado por cerca de 15% e 5% dos respondentes da área
urbana e rural, respectivamente.
Faz-se pertinente ainda, destacar que alguns tipos de tempo, os quais os respondentes
julgam serem os mais confortáveis, receberam em algumas ocasiões (na área rural)
nomenclaturas populares, citando-se como exemplo, a categoria tempo sem frio nem calor
intensos, cujo tipo de tempo foi descrito como tempo mais ou menos, meia estação ou tempo
fresco. Já o tipo de tempo com amplitude térmica reduzida e presença de chuva foi
denominado também como tempo ameno. Tais fatos exemplificam-se nas seguintes menções:
Gosto de tempo mais ou menos, fresquinho.
(respondente n°09 – área rural)
Gosto de tempo mais ou menos, meia estação.
(respondente n°34 – área rural)
Gosto de tempo ameno com chuva.
(respondente n°36 – área rural)
116
Dentre a totalidade dos respondentes abordados em janeiro de 2009 (tabela 14), uma
parcela correspondente a 52,5% apresentou como preferência condições atmosféricas de
tempo quente, enquanto em oposição, 22,5% apresentaram preferência pela ocorrência de
tempo frio.
Tabela 14: Tipos de tempo de maior preferência dos respondentes por área de residência. Janeiro de 2009.
(Questão apresentada: Que tipo de tempo você mais gosta no clima de Rio Claro?).
Área Urbana Área Rural Total
Tipo de tempo de maior
preferência do respondente
N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%)
Tempo quente 10 50 11 55 21 52,5
Tempo frio 4 20 5 25 9 22,5
Tempo sem frio nem calor
intensos
4 20 2 10 6 15
Tempo nublado e/ou chuvoso 1 5 1 5 2 5
Tempo com amplitude térmica
reduzida e presença de chuva
1 5 ----- ----- 1 2,5
Não tem preferência ----- ----- 1 5 1 2,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Dos respondentes abordados na área urbana, 50% demonstraram maior preferência por
tipos de tempo quente, enquanto na área rural 60% dos respondentes assumiram tal
posicionamento. Em contrapartida, 20% dos respondentes da área urbana e 25% da área rural
declararam maior preferência por tipos de tempo frio.
Observa-se ainda, notoriamente na área urbana, a preferência por tipos de tempo com
temperaturas menos acentuadas e menores amplitudes, sendo estes representados pelos tipos
de tempo sem frio nem calor intensos denominado pelos respondentes de tempo fresco,
consistindo na preferência de 20% dos respondentes da área urbana e 10% dos respondentes
da área rural. Tipos de tempo nublado e/ou chuvoso e tipos de tempo com amplitude térmica
reduzida e presença de precipitação foram apontados como os mais agradáveis por 10% dos
respondentes da área urbana e 5% da área rural, ressaltando-se através deste último, menção à
preferência de tipos de tempo com presença de garoa a qual o respondente denominou chuva
mansa. Conforme registros de campo:
Gosto do ar fresco, nem calor nem frio.
(respondente n°46 – área urbana)
Gosto de chuva mansa.
(respondente n°53 – área rural)
117
5.2.3. A percepção da gênese e freqüência das chuvas no município
Em se tratando da gênese das chuvas no município os respondentes foram indagados
sobre as origens das mesmas a fim de obter o que seria a percepção dos fatores
desencadeantes das precipitações no município em conformidade às vivências particulares de
tais fenômenos. Dessa forma, foi perguntado ao respondente se ele sabia a origem (causa) da
chuva no município de Rio Claro.
Na tabela 15, verifica-se que 55% dos questionados no mês de julho/agosto, tanto da
área urbana, quanto da área rural afirmaram não conhecer as origens das precipitações que
ocorrem no município. Dentre os respondentes que afirmaram conhecer as origens das
precipitações sucedidas no município (45% de ambas as áreas), questionou-se então a causa
de tais precipitações. De modo geral, ocorreu a atribuição genética das chuvas a fatores como
vegetação, orografia e clima considerando-se neste último a intensidade dos elementos
climáticos e a atuação dos sistemas atmosféricos, aludindo-se, portanto, a fatores locais e
regionais.
Tabela 15: Percepção dos respondentes sobre a gênese das chuvas no município de Rio Claro, conforme a área
de residência. Julho/agosto de 2008. (Questão apresentada: Você sabe a origem (causa) da chuva? Por que chove
em Rio Claro?).
Área Urbana Área Rural Total
Fator de gênese
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Excesso de poluição atmosférica 1 5 ----- ----- 1 2,5
Presença de vegetação 2 10 3 15 5 12,5
Presença de orografia ----- ----- 1 5 1 2,5
Umidade elevada 4 20 1 5 5 12,5
Temperatura elevada 1 5 1 5 2 5
Passagens de frentes frias 1 5 ----- ----- 1 2,5
Não sabe explicar o porquê, mas
reconhece as direções de origem.
----- ----- 3 15 3 7,5
Não sabe explicar. 11 55 11 55 22 55
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
No que se refere à presença de vegetação como condicionante de chuvas, esta foi
mencionada por 10% dos respondentes da área urbana e 15% dos respondentes da área rural.
Observou-se ainda, através das menções que deram origens a esta categoria, a diferenciação
da constituição das áreas vegetadas nos meios urbano e rural, ou seja, apresentou-se no
primeiro caso a vegetação restrita e delimitada por ação antrópica chove por causa da
presença da vegetação do Horto, atual Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade
118
(FEENA), enquanto no segundo caso, estas áreas integram-se a outros componentes da
paisagem – chove por causa da vegetação das matas e dos rios.
A constituição geomorfológica da região como condicionante de chuvas convectivas
locais foi mencionada por apenas 5% dos respondentes da área rural, através da afirmação de
que as chuvas têm como origem as serras que estão próximas ao município.
No que se refere à associação das chuvas com os aspectos climáticos predominantes,
destacou-se o elemento temperatura e o teor de umidade. Em se tratando da variação térmica,
cerca de 5% dos respondentes de ambas as áreas afirmaram que quando está muito quente
chove, fator considerado, principalmente, nas chuvas de alcance local. Já com relação à
umidade, cerca de 20% dos respondentes da área urbana e 5% da área rural assumiram tal
posicionamento, mencionando-se que as chuvas são inerentes ao funcionamento do ciclo
hidrológico, uma vez que chove em decorrência da evaporação das águas superficiais de rios
e lagos; das próprias características climáticas, alegando-se que a umidade é maior na região
de localização do município, ou simplesmente chove porque sempre choveu, fazendo-se
destacar as precipitações como decorrentes do ritmo climático predominante no município.
A atribuição da gênese das chuvas como resultante do conflito dos sistemas
atmosféricos regionais foi destacada apenas por 5% dos respondentes da área urbana.
Conforme o respondente, as chuvas originam-se da ação frontal, citando-se as frentes frias
provenientes do Sul do país, o que salienta os eventos de pluviosidade decorrentes das
passagens da Frente Polar Atlântica sobre o município.
A interferência antropogênica na geração das chuvas também foi citada por 5% dos
respondentes da área urbana, através da menção de que o excesso de poluição atmosférica
emanada constitui-se fator condicionante de chuvas, remetendo-se à noção de introdução de
núcleos higroscópicos na atmosfera.
Ainda de acordo com a tabela 15, cerca de 15% dos respondentes da área rural não
souberam dizer qual o fator desencadeante das chuvas, porém descreveram as direções
espaciais das quais elas provêm. As direções apontadas referem-se às porções sul, leste e
oeste. Conforme os relatos obtidos em pesquisa de campo e abaixo destacados, a chuva
proveniente da porção leste é chuva boa e quando provém da porção sul é temporal, ou
conforme sugere outro respondente – quando provém da porção oeste é garoa, chuva mansa e
quando provém das porções sul e leste é temporal. Destaca-se, portanto, nos relatos dos
agricultores uma concordância que as chuvas provenientes da porção sul apresentam-se
através de eventos de maior pluviosidade.
119
Quando vem de sul é temporal e de leste é chuva boa.
(respondente n°13 – área rural)
Quando vem de oeste é mansa. De leste e sul é temporal.
(respondente n°16 – área rural)
Neste contexto, ressaltam-se as reais condições da circulação regional existentes no
Estado de São Paulo, uma vez que a porção sul, mencionada pelos respondentes, corresponde
a uma das trajetórias realizadas pelas incursões da FPA, responsável pelas precipitações de
maiores intensidades no município. A chuva boa que vem de leste demonstra a direção
principal das incursões da FPA durante os meses de verão, enquanto a chuva mansa de oeste
faz-se notar as chuvas de menores intensidades.
Na percepção dos munícipes abordados em janeiro de 2009 (tabela 16) cerca de 35%
da totalidade dos respondentes não souberam explicar a gênese das chuvas que ocorrem no
município, enquanto os 65% restantes, mencionaram fatores similares aos anteriormente
expostos.
A associação entre a origem das chuvas sucedidas no município e a presença de
vegetação foi mencionada por 20% dos respondentes da área urbana, que assim como no mês
de julho, citaram a presença da vegetação da Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade
(FEENA) como fator desencadeante das chuvas. A influência orográfica como fator genético
foi mencionada por 5% dos respondentes da área urbana e 10% dos respondentes da área
rural, comentando-se que chove por causa da proximidade das serras; tal como apresenta-se
uma das menções obtidas na área rural:
Chove devido às serras que puxam água.
(respondente n°54 – área rural)
No que se refere aos elementos climáticos, a umidade e a temperatura elevada também
foram salientadas. Cerca de 10% dos respondentes da área urbana acreditam que a umidade
elevada inerente ao processo de evaporação e evapotranspiração resultam em precipitações.
Tal fato fora constatado através das citações de que chove por causa da evaporação das
águas dos rios e lagos, como também por causa da vegetação, do calor e da
evapotranspiração, destacando-se a percepção da importância do calor como fator motriz do
processo de evaporação. Tratando-se apenas da influência direta das altas temperaturas no
desencadeamento de chuvas, cerca de 5% dos respondentes da área urbana e 10% dos
120
respondentes da área rural afirmaram que as precipitações resultam das temperaturas
elevadas.
Tabela 16: Percepção dos respondentes sobre a gênese das chuvas no município de Rio Claro, conforme a área
de residência. Janeiro de 2009. (Questão apresentada: Vosabe a origem (causa) da chuva? Por que chove em
Rio Claro?).
Área Urbana Área Rural Total
Fator de gênese
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Presença de vegetação 4 20 ----- ----- 4 10
Presença de orografia 1 5 2 10 3 7,5
Umidade elevada 2 10 ----- ----- 2 5
Temperatura elevada 1 5 2 10 3 7,5
Passagens de frentes frias 1 5 1 5 2 5
Existência de um período
chuvoso no clima de Rio Claro
2 10 ----- ----- 2 5
Deus e a Natureza 1 5 ----- ----- 1 2,5
Não sabe explicar o porquê, mas
reconhece as direções de origem.
1 5 8 40 9 22,5
Não sabe explicar. 7 35 7 35 14 35
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
A menção da gênese das chuvas como decorrentes da atuação dos sistemas
atmosféricos regionais foi citada por 5% dos respondentes de ambas as áreas, urbana e rural,
salientando-se que chove por causa do encontro das massas de ar, como também por causa
das nuvens que vêm do Sul do país atentando-se novamente para a nebulosidade frontal
decorrente das incursões da FPA.
As precipitações também foram associadas às próprias características do regime
climático existente no município, destacando-se pelos respondentes o reconhecimento da
existência de um período chuvoso. Tal posicionamento foi mencionado por 10% dos
respondentes da área urbana, relatando-se que chove porque no período de dezembro a março
tem o período chuvoso de Rio Claro e de parte do território paulista. Conforme os
respondentes:
Em Rio Claro chove de dezembro a março. Está ótimo de chuva agora.
(respondente n°61 – área urbana)
Nessa época em São Paulo chove mais, no Nordeste é mais seco.
(respondente n°48 – área urbana)
121
Das menções obtidas nota-se ainda, na tabela 16, a influência dos fatores religiosos
sobre a constituição de valores que influenciam diretamente a concepção do respondente, que
atribui as chuvas à própria Natureza do lugar, sendo esta, criação divina declaração de 5%
dos respondentes da área urbana citando-se que chove porque Deus criou a Natureza dessa
forma.
Cerca de 5% dos respondentes da área urbana e 40% dos respondentes da área rural
não souberam explicar a gênese das chuvas, porém posicionaram-se no espaço indicando os
principais pontos/direções dos quais elas provêm. Conforme os relatos obtidos as chuvas vêm
das direções de Corumbataí, Ipeúna e Piracicaba, localizando-se estes municípios a noroeste,
sudoeste e sul do município de Rio Claro, respectivamente. De acordo com as características
da circulação regional a porção sul corresponde a um dos caminhos das incursões frontais da
FPA, pelo interior da massa continental, e a porção noroeste compreende a direção das ondas
de NW, que resultam em eventos de intensa pluviosidade, principalmente quando aliadas ao
eixo principal da Frente Polar Atlântica. De acordo com os respondentes:
Quando escurece para o lado de Piracicaba chove.
(respondente n°50 - área urbana)
A chuva vem da direção de Corumbataí em direção de Rio Claro. O tempo é feio.
(respondente n°53 – área rural)
Sempre forma tempo para o lado de Ipeúna.
(respondente n°75 – área rural)
Considerando-se o conhecimento referente às condições de tempo e clima observadas
a partir da experiência pessoal ao longo dos anos, foi perguntado aos respondentes se os
mesmos conseguiam prever de algum modo uma mudança no tempo, citando-se ao
questionado fenômenos como chuva, vendaval, diminuição ou aumento da temperatura e
chegada de uma frente fria.
Verifica-se na tabela 17, que dentre os respondentes abordados no mês de julho/agosto
de 2008, cerca de 30% dos questionados da área urbana e 40% da área rural afirmaram que
não conseguem realizar previsões do tempo, sendo que dois dos respondentes acreditam que
tal fato não é possível porque hoje em dia o clima não tem comportamento regular, que o
homem modificou a natureza, mencionando-se a alteração do clima por ação antrópica.
122
Todavia, de acordo com as menções afirmativas obtidas (70% e 60% dos respondentes da
área urbana e rural, respectivamente), destacaram-se como indicadores de tais eventos a
nebulosidade, a temperatura, a umidade, velocidade e direção dos ventos, os ciclos da lua e as
alterações corporais dos respondentes.
Tabela 17: Percepção dos respondentes sobre a previsão do tempo meteorológico através da observação das
condições ambientais. Julho/agosto de 2008. (Questão apresentada: Você consegue prever de algum modo uma
mudança no tempo? (chuva, vendaval, diminuição ou aumento da temperatura, chegada de uma frente fria).
Área Urbana Área Rural Total
Condições ambientais
observadas
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Nebulosidade e ventos 7 35 4 20 11 27,5
Tipos de nuvens e ciclos lunares ----- ----- 4 20 4 10
Presença de umidade 2 10 2 10 4 10
Elevação da temperatura 2 10 ----- ----- 2 5
Velocidade e direção dos ventos 1 5 1 5 2 5
Alterações corporais 2 10 1 5 3 7,5
Não consegue prever 6 30 8 40 14 35
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Dentre as citações mencionadas, a previsão das chuvas através da nebulosidade
existente e presença de ventos foi a de maior freqüência em ambas as áreas de estudo, onde
35% dos respondentes da área urbana e 20% dos respondentes da área rural assumiram tal
posicionamento. Conforme os questionados, são observadas as formas e coloração das
nuvens, a quantidade destas no céu e a direção de origem dos ventos. Segundo os
respondentes, é possível prever que irá chover pelas nuvens que escurecem no céu, sendo este
sinal de precipitações intensas (respondente n°12) ou através das nuvens primárias que não
trazem chuvas (respondente n°09), fazendo-se menções às nuvens tipo cúmulus nimbus e
cirros, respectivamente.
Prevejo pelas nuvens. Nuvens primárias não têm chuva.
(respondente n°09 – área rural)
(...) nuvens escuras é sinal de temporal.
(respondente n°12 – área rural)
Em se tratando ainda da previsão das chuvas, cerca de 20% dos respondentes da área
rural afirmaram prever sua ocorrência através da observação não das nuvens, como
123
também, dos ciclos da lua, sendo possível prever a chegada das chuvas pelas passagens da
lua, pois em cada mudança de ciclo sugere-se a ocorrência de precipitações. Outro fator
observado é a luminosidade existente ao redor da lua, afirmando-se que quando forma um
círculo em volta da lua chove, ou ainda, podem ocorrer precipitações em um intervalo
temporal de três dias antes ou depois do início do ciclo da lua nova.
Observando-se ainda a tabela 17, verifica-se que cerca de 10% dos respondentes de
ambas as áreas de estudo utilizam a sensação da presença de umidade no ar como indicador
da possibilidade de ocorrência de precipitações, citando-se como sinais do tempo a sensação
do ar que fica pesado e as nuvens que ficam carregadas, verificando-se a percepção da
sensação do aumento de umidade através do (des)conforto térmico do indivíduo e a noção da
concentração desta nas nuvens no processo de coalescência precedente às precipitações
A previsão das chuvas também foi relacionada à elevação das temperaturas, sendo esta
categoria mencionada por 10% dos respondentes da área urbana. De acordo com os
questionados percebe-se que vai chover quando o tempo fica muito quente, úmido e com
muitas nuvens, associando-se ao elemento temperatura o aumento de umidade e de
nebulosidade. Um dos relatos obtidos na área urbana descreve uma sucessão de tipos de
tempo observados através da variação térmica, verificando-se situação de prenúncio e avanço
da FPA, citando-se aquecimento pré-frontal com posterior redução das temperaturas à medida
que se dá a incursão frontal. Conforme a descrição do respondente:
Prevejo quando vai chover porque esquenta de repente e depois esfria.
(respondente n°21 – área urbana)
A velocidade e a direção dos ventos também são utilizadas como indicadores da
possibilidade de ocorrência de precipitações. Tais fatores foram citados por 5% dos
respondentes de ambas as áreas de estudo. De acordo com um dos respondentes da área
urbana, no período seco as chuvas são precedidas por ventanias o que salienta as vigorosas
incursões do ar polar no período de inverno. um dos respondentes da área rural
(respondente n°34) afirma que prevê as chuvas ou a ausência delas através do ar, das nuvens
e dos ventos, destacando-se a percepção da interação dos elementos climáticos na
configuração de determinados tipos de tempo. Conforme relato obtido:
Hoje está para chuva. O ar e as nuvens modificam. Quando o vento é de leste vem o frio e vento de sul
a chuva.
(respondente n°34 – área rural)
124
A possibilidade de previsão de alterações da temperatura, enfatizando-se a diminuição
térmica, foi apontada por 10% dos respondentes da área urbana e 5% da área rural, que
afirmaram prevê-las através da percepção de alterações fisiológicas do próprio organismo,
demonstrando-se sinais de tempo-sensitividade. De acordo com os respondentes, alteração da
pressão corporal, inflamação da garganta, dores em ossos acidentalmente trincados ou em
cicatrizes, são sinais utilizados na previsão de tipos de tempo frio.
Os respondentes abordados no mês de janeiro de 2009, que conseguem prever
empiricamente o tempo, apontaram assim como no período anterior de análise os tipos de
tempo com presença de precipitações e/ou com diminuição térmica como os mais previsíveis
(tabela 18). Considerando-se a totalidade dos respondentes, cerca de 32,5% afirmaram que
não conseguem prever uma mudança no tempo, sendo este o posicionamento de 35% dos
questionados da área urbana e de 30% da área rural.
Tabela 18: Percepção dos respondentes sobre a previsão do tempo meteorológico através da observação das
condições ambientais. Janeiro de 2009. (Questão apresentada: Você consegue prever de algum modo uma
mudança no tempo? (chuva, vendaval, diminuição ou aumento da temperatura, chegada de uma frente fria).
Área Urbana Área Rural Total
Condições ambientais
observadas
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Nebulosidade e ventos 8 40 3 15 11 27,5
Ciclos da lua ----- ----- 1 5 1 2,5
Presença de umidade 1 5 1 5 2 10
Elevação da temperatura 2 10 6 30 8 20
Alterações corporais 2 10 3 15 5 12,5
Não consegue prever 7 35 6 30 13 32,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
No que concerne à previsão das chuvas cerca de 40% dos respondentes da área urbana
e 15% da área rural afirmaram prever as chuvas observando-se a nebulosidade e os ventos.
Segundo os respondentes, prevê-se a chuva observando-se as nuvens (tipo, formato e
coloração) e sua associação aos ventos ou à umidade relativa do ar. De acordo com um dos
relatos obtidos na área rural observa-se a interação entre a nebulosidade e os ventos em uma
descrição condizente com a realidade da circulação atmosférica predominante no município.
O respondente afirma que:
125
Percebo que quando venta frio do sul e vem ar quente do norte dois, três dias chove. Quando as nuvens
estão pequenas, vem chuva fina e chove até três dias. Quando é maior leva mais dias, mas a chuva é mais
pesada.
(respondente n°73 – área rural)
Verifica-se que tal relato remete-se à descontinuidade térmica existente entre duas
massas de ar e à consideração do encontro do ar quente proveniente do quadrante norte,
originário das massas tropicais, e os ventos do sul, extratropicais como impulsores do ar
polar. De acordo com o respondente, o resultado destas condições são chuvas que podem
perdurar por até três dias, situação comumente registrada no mês de janeiro. Nota-se ainda a
associação entre a intensidade das precipitações e os tipos de nuvens, tomando-se como
indicador o desenvolvimento vertical das mesmas.
A influência dos ciclos da lua como indicativo de chuvas foi apontada por apenas 5%
dos respondentes da área rural, afirmando-se, como observado no mês anterior de análise, que
é possível prever as chuvas através da mudança da lua, acreditando-se que quando forma um
círculo ao redor da lua é prenúncio de chuvas. A sensação do teor de umidade do ar como
indicativo de que irá chover foi mencionada por 5% dos respondentes de ambas as áreas,
urbana e rural. Um dos respondentes da área rural descreve as sensações experimentadas
conforme a variação da umidade e da temperatura em situação de aquecimento pré-frontal
(indicativo de precipitação) e pós-frontal (indicativo do frio), já sob o domínio anticiclonal da
massa de ar polar:
Hoje pode chover. A terra fica úmida e o sol ardido. Quando vem frente o ar fica gelado e o tempo
seco.
(respondente n°74 – área rural)
As temperaturas elevadas também foram citadas como indicativo de chuvas, sendo
este o fator mais salientado pelos respondentes da área rural – cerca de 30%, enquanto apenas
10% dos questionados da área urbana citaram tal fator. Identificou-se, dentre os respondentes,
a percepção da variação térmica diária horária e sazonal, e suas influências nas chuvas de
verão, destacando-se o período vespertino como mais freqüente à ocorrência das mesmas. Um
dos relatos obtidos na área urbana associa as precipitações às temperaturas elevadas, como
também descreve uma seqüência de tipos de tempo com situação de aquecimento pré-frontal,
seguido por atuação frontal e pela incursão da massa Polar Atlântica, conforme verifica-se
abaixo:
126
Quando está muito quente chove. Pára e daí o tempo fecha, daí sei que vai fazer frio. Agora está
nublado e quente, não fará frio.
(respondente n°49 – área urbana)
Cerca de 15% dos respondentes da área rural e 10% dos respondentes da área urbana
conseguem prever a ocorrência de precipitações e a diminuição da temperatura partindo-se
dos sinais fisiológicos do próprio organismo, ao sentir dores corporais, dores nos ossos,
indisposição, e mal-estar; destacando-se no referido mês de análise maior tempo-sensitividade
dos questionados da área rural.
Tendo exposto considerações sobre a previsão das chuvas e o conhecimento de sua
gênese, buscou-se avaliar a percepção da freqüência das precipitações que ocorrem sobre o
município. Para tal finalidade, foi perguntado ao respondente se ele percebia qual era o
intervalo médio, em dias, entre a ocorrência de uma chuva e outra. Verifica-se na tabela 19,
que dentre respondentes abordados no mês de julho/agosto de 2008, cerca de 25% da área
urbana e 45% da área rural não souberam responder ao questionamento. Dos questionados
que citaram o intervalo temporal entre uma chuva e outra (75% dos respondentes da área
urbana e 55% da área rural) se observa, dentre a totalidade das categorias, a percepção da
existência de dois períodos com características climáticas distintas, delimitando-se, de modo
geral, a existência de um período seco e de um período chuvoso.
Tabela 19: Percepção dos respondentes sobre a freqüência temporal em intervalos diários entre as precipitações
pluviométricas sucedidas no município. Julho/agosto de 2008. (Questão apresentada: Votem idéia de quanto
tempo (dias) se passa em média entre uma chuva e outra?).
Área Urbana Área Rural Total
Freqüência das chuvas
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
No período chuvoso o intervalo é de 7 a 15
dias e no período seco é superior a 30 dias.
----- ----- 4 20 4 10
No período seco o intervalo é de 30 a 45 dias. 1 5 1 5 2 5
No período seco o intervalo é de 20 a 60 dias. 1 5 1 5 2 5
No período seco o intervalo é de até 90 dias. 4 20 ----- ----- 4 10
No período chuvoso o intervalo é de 1 a 2 dias,
chove quase diariamente.
5 25 2 10 7 17,5
No período chuvoso o intervalo é de 2 a 4 dias. 2 10 3 15 5 12,5
Chove a cada 8 dias com a passagem de um
período lunar para outro.
1 5 ----- ----- 1 2,5
Nunca prestou atenção à freqüência das
chuvas.
1 5 ----- ----- 1 2,5
Não soube responder. 5 25 9 45 14 35
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
127
O período de inverno no município é marcado por estiagens prolongadas cuja ausência
de chuvas frequentemente excede a um mês. Tal característica foi evidenciada em todas as
menções dos respondentes sobre o período seco. Cerca de 20% dos respondentes da área rural
afirmaram que no período seco o intervalo entre uma chuva e outra é superior a 30 dias,
enquanto na área urbana 20% mencionaram como intervalo de freqüência entre as chuvas um
período de até 90 dias. Conforme menções obtidas na área urbana – no período mais frio pode
chegar a três meses sem chuva. È difícil chover.
Cerca de 10 % da totalidade dos respondentes mencionaram que a freqüência entre
uma chuva e outra no período seco é de 30 a 45 dias (5%) ou de 20 a 60 dias (5%). Conforme
os questionados da área urbana: do período de inverno até a primavera leva cerca de 45 dias
para chover. Nas outras estações as chuvas são regulares; ou em ano chuvoso, o inverno fica
uns 20 dias sem chuva e no ano seco fica até 2 meses destacando-se a percepção do
respondente com relação à variabilidade interanual da distribuição pluviométrica, remetendo-
se à percepção dos denominados anos padrões.
Com relação à existência do período chuvoso, verificou-se que 17,5% da totalidade
dos respondentes mencionaram que neste período as chuvas ocorrem entre 1 a 2 dias, quase
diariamente. Cerca de 25% dos questionados da área urbana e 10% da área rural assumiram
tal posicionamento. A ocorrência de chuvas em um intervalo temporal de 2 a 4 dias foi citada
por 10% dos respondentes da área urbana e 15% da área rural. Comparando-se o período seco
com o chuvoso, 20% dos respondentes da área rural destacaram que no período chuvoso o
intervalo das chuvas oscila entre 7 e 15 dias.
Considerando-se os meses de maiores índices pluviométricos, o intervalo entre
dezembro e março foi mencionado como o mais chuvoso, tanto pelos respondentes da área
urbana quanto da área rural. Conforme descrição dos respondentes da área urbana de
dezembro a março chove quase todos os dias ou nos meses de janeiro e fevereiro chove mais.
No frio a chuva é menos freqüente. Um dos respondentes da área rural destacou que no verão
chove muito e no inverno chove pouco, sendo os meses de janeiro e dezembro os mais
chuvosos.
Registrou-se ainda, através de um dos relatos obtidos na área rural, a caracterização
pluviométrica apreendida pelo respondente, correspondendo esta às reais condições climáticas
do município (respondente n°38). Conforme o relato registrado, na primavera o intervalo
entre as precipitações passa a reduzir-se, estas se intensificam no verão, principalmente no
mês de janeiro, rarefazem-se com a chegada do outono e no inverno podem ausentar-se por
até um mês.
128
Em setembro, outubro e novembro chove perto. Janeiro é direto. Março e abril a chuva vai cortando.
Agora em julho, trinta e poucos dias sem chuva.
(respondente n° 38 – área rural)
Dentre os respondentes abordados no mês de janeiro de 2009 (tabela 20), observam-se
também, de modo geral, menções ao comportamento climático do município salientando-se
dois períodos bem marcados – o chuvoso e o seco, bem como a freqüência diária e mensal das
chuvas. Cerca 25% dos respondentes da área urbana e 20% dos respondentes da área rural não
souberam responder a este questionamento.
Tabela 20: Percepção dos respondentes sobre a freqüência temporal em intervalos diários entre as precipitações
pluviométricas sucedidas no município. Janeiro de 2009. (Questão apresentada: Você tem idéia de quanto tempo
(dias) se passa em média entre uma chuva e outra?).
Área Urbana Área Rural Total
Freqüência das chuvas
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
No período seco o intervalo é de 30 a 40 dias. 1 5 1 5 2 5
No período seco o intervalo é de até 60 dias. 1 5 1 5 2 5
Chove com maior freqüência entre setembro e
abril.
2 10 ----- ----- 2 5
Durante o verão o intervalo é de 1 a 2 dias,
chove quase todos os dias.
4 20 6 30 10 25
No período chuvoso o intervalo é de 15 a 30
dias.
2 10 1 5 3 7,5
No período chuvoso o intervalo é de 3 a 5 dias
e no período seco é de semanas.
1 5 3 15 4 10
No período chuvoso o intervalo é de até 7 dias
e no período seco é superior a 30 dias.
3 15 1 5 4 10
No verão chove quase diariamente, enquanto
no inverno o intervalo é de 30 a 40 dias, ou de
60 a 90 dias.
----- ----- 4 20 2 5
Chove em um intervalo próximo a 30 dias ou
conforme a passagem da lua nova ou cheia.
1 5 1 5 2 5
Não soube responder. 5 25 4 20 9 22,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Em se tratando do período chuvoso e considerando-se os respondentes que declararam
suas percepções (75% da área urbana e 80% da área rural), cerca de 20% dos questionados da
área urbana e 30% dos questionados da área rural afirmaram que durante o verão o intervalo
entre as chuvas é de 1 a 2 dias, podendo estender entre 3 e 5 dias, sendo este último intervalo
sugerido por 5% dos respondentes da área urbana e 15% dos respondentes da área rural.
Intervalos temporais maiores (considerando-se a característica da distribuição pluvial do
referido mês de análise), de 7 dias ou de 15 a 30 dias foram citados por 10% e 7,5% da
129
totalidade dos respondentes, respectivamente, não coincidindo estes intervalos com a
freqüência pluvial observada no mês o qual os questionários foram aplicados.
Todavia, a percepção recente da freqüência entre as chuvas no referido mês de análise
pôde ser constatada através das menções às chuvas de verão presentes em quase todos os dias
do mês. Percebe-se ainda, características da variação horária de tipos de tempo chuvosos,
sugerindo-se que as chuvas também são mais freqüentes no período da tarde. Avaliando-se a
precipitação pluviométrica de janeiro de 2009 em seu total mensal e freqüência do evento,
registrou-se um total de 266,10 mm precipitados em 23 dias, sendo os intervalos temporais
entre uma chuva e outra, variantes entre 1 a 3 dias, constatando-se, portanto, percepções das
condições atmosféricas equivalentes à ocorrência do fenômeno em suas reais características,
sendo a apreensão do homem rural mais aproximada à realidade ambiental existente.
De acordo com as menções referentes à existência do período seco cerca de 5% dos
respondentes de ambas as áreas de estudo citaram 30 a 40 dias como intervalo de freqüência
das chuvas, enquanto uma parcela de 5% dos respondentes de ambas as áreas declararam um
intervalo de até 60 dias. A ausência de chuvas em um intervalo superior a 30 dias, registrada
no período seco do ano anterior (2008), foi mencionada por um dos respondentes da área
urbana, comentando-se que:
Ficou um período de dois meses sem chuvas. Agora no final do ano choveu constantemente.
(respondente n°46 – área urbana)
Comparando-se os períodos chuvoso e seco, cerca de 15% dos respondentes da área
urbana e 5% da área rural destacaram que no período chuvoso o intervalo entre as chuvas é de
7 dias, enquanto no período seco é superior a 30 dias. De acordo com 20% dos questionados
da área rural, as chuvas no verão são praticamente diárias, enquanto no inverno comumente
ocorrem entre 30 e 40 dias, porém, este intervalo pode estender-se para até 90 dias. Nota-se
ainda, conforme registro de campo obtido na área rural, a sugestão de uma variação das
precipitações de ano para ano (respondente n°55), o que denota a percepção da existência de
anos secos e chuvosos:
Às vezes chove dois, três dias seguidos e depois fica uma semana sem chuvas – no verão. No inverno
fica trinta, quarenta, sessenta dias sem chuva.
(respondente n°47 – área urbana)
Chegou a ficar noventa dias sem chuva, mas cada ano muda.
(respondente n°55 – área rural)
130
5.2.4. A percepção dos excepcionalismos climáticos
Considerando-se os eventos extremos do clima veiculados como indicadores de
alterações climáticas, os respondentes foram indagados se eventos de muita chuva ou períodos
longos de estiagem têm ocorrido com maior freqüência nos últimos anos e quais aspectos
poderiam ser citados como desencadeantes de tais eventos climáticos
2
.
De acordo com o posicionamento dos questionados no mês de julho/agosto de 2008
(figura 15), cerca de 85% dos respondentes da área urbana afirmaram que os eventos
extremos têm sido mais freqüentes na atualidade, enquanto na área rural este posicionamento
foi mantido por uma parcela de 90% dos inquiridos. Apenas 5% dos respondentes da área
urbana e 10% da área rural, não acreditam no aumento da ocorrência de eventos climáticos
extremos.
Área urbana
85%
5%
10%
Sim Não Não respondeu
Área rural
90%
10%
Sim Não
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 15: Observação dos respondentes sobre a freqüência na ocorrência de eventos extremos do clima.
Julho/agosto de 2008. (Questão apresentada: O (a) senhor (a) acha que os eventos extremos, como muita chuva
ou períodos longos de estiagem estão acontecendo com mais freqüência?).
Ao afirmar que os eventos extremos têm tido maior freqüência na atualidade do que
em tempos pretéritos, muitos dos questionados não citaram eventos isolados, mas condições
climáticas as quais acreditam que vêm se alterando, tais como: redução das chuvas ou
ocorrência excessiva destas, elevação das temperaturas e períodos prolongados de estiagens.
De acordo com a figura 16, cerca de 41% dos respondentes da área urbana acreditam que os
períodos de estiagem têm se prolongado nos últimos anos, enquanto 29% afirmaram que as
chuvas, em seus totais acumulados, vêm se reduzindo. Na área rural a redução dos totais
2
Destaca-se que tal questionamento foi apresentado previamente às indagações do pesquisador sobre o processo
de alterações climáticas.
131
pluviométricos precipitados foi citada por uma parcela correspondente a 44% da amostra,
enquanto parcela de 28% acreditam que o período de estiagem esteja aumentando.
Área urbana
29%
6%
41%
24%
Chuvas reduzidas
Chuvas excessivas
Estiagens prolongadas
Não se posicionou
t
Área rural
5%
44%
6%
28%
17%
Temperaturas elevadas Chuvas reduzidas
Chuvas excessivas Estiagens prolongadas
Não se posicionou
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 16: Condições climáticas que estão se alterando conforme as menções dos respondentes. Julho/agosto de
2008.
Dentre os principais fatores mencionados pelos questionados no mês de julho/agosto
para justificar a crença de que os eventos extremos têm sido mais freqüentes (tabela 21)
destacam-se: o desmatamento, a poluição atmosférica, as ações de queimadas, o aquecimento
global, as mudanças do clima e o aumento do buraco na camada de ozônio, enfatizando-se,
portanto, as ações do homem sobre a funcionalidade do ambiente atmosférico. Nota-se que
30% dos respondentes de ambas as áreas, urbana e rural, mesmo acreditando no aumento dos
eventos extremos nos últimos anos, não souberam citar fatores desencadeantes do processo.
132
Tabela 21: Fatores desencadeantes dos eventos extremos conforme os respondentes. Julho/agosto de 2008.
(Questão apresentada: O (a) senhor (a) acha que os eventos extremos, como muita chuva ou períodos longos de
estiagem estão acontecendo com mais freqüência? O (a) senhor (a) tem alguma explicação para esses fatos?).
Área Urbana Área Rural Total
Fatores desencadeantes dos eventos
extremos
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Desmatamento e poluição atmosférica inerente
às queimadas e à atividade industrial.
9 45 8 40 17 42,5
Aquecimento global, mudança do clima e
aumento do buraco na camada de ozônio.
1 5 3 15 4 10
Alterações climáticas por processos naturais. ----- ----- 1 5 1 2,5
Alterações climáticas por processos
antrópicos.
1 5 ----- ----- 1 2,5
Os eventos extremos têm sido mais freqüentes,
mas não sei explicar quais são os fatores
desencadeantes.
6 30 6 30 12 30
O clima está em seus padrões de normalidade e
equilíbrio.
1 5 2 10 3 7,5
Não respondeu. 2 10 ----- ----- 2 5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Cerca de 45% dos respondentes da área urbana e 40% da área rural acreditam que o
desmatamento e a poluição atmosférica se constituem principais fatores das desordens
climáticas. De acordo com os registros obtidos em campo na área rural, as chuvas diminuíram
(respondentes 40 e n°38). Todavia, um dos respondentes (respondente 34) destacou a
normalidade na existência dos períodos de estiagens e de suas conseqüências, tais como o
apresentado no referido mês de análise, afirmando-se que:
Aqui tem diminuído as chuvas. Dá pra ver pelos rios que ficam escassos.
(respondente n°40 – área rural)
Antigamente chovia mais por causa da mata que conservava o molhado.
(respondente n°38 – área rural)
Hoje é raro chover muito. Antes chovia mais. Há quarenta anos os córregos já secavam e isso não
aconteceu mais. Antes já existia a seca.
(respondente n°34 – área rural)
Apenas 5% dos respondentes da área urbana e 15% dos respondentes da área rural
atribuíram os excepcionalismos climáticos à mudança do clima e ao aquecimento global.
Cerca de 5% dos questionados da área urbana acreditam que estes eventos possuem origem
antrópica, enquanto em contrapartida, 5% dos respondentes da área rural acreditam que os
133
mesmos decorrem de processos naturais. Parcela de 7,5% da totalidade amostrada mencionou
que as condições climáticas mantêm-se em seus padrões de normalidade. De acordo com os
relatos obtidos:
O tempo está bem estranho, desregulado. Não era pra estar tão calor hoje. Isso acontece por causa da
poluição, do aquecimento global e do buraco na camada de ozônio.
(respondente n°36 – área rural)
A seca tem sido mais freqüente. Andam mexendo com o tempo. Por causa do Homem a chuva vem de
época errada.
(respondente n°29 – área urbana)
Esse ano choveu bem. A própria Terra que está mudando.
(respondente n°14 – área rural)
Analisando-se a percepção dos respondentes abordados em janeiro de 2009, observa-
se, de modo geral, a crença de que os eventos extremos têm sido mais freqüentes na
atualidade do que em anos anteriores, fazendo-se menções à intensidade, freqüência e
regularidade da distribuição pluviométrica, aos eventos de estiagem e à associação de eventos
extremos como indicadores de alterações climáticas. Observando-se a figura 17, verifica-se
que a totalidade dos indivíduos abordados da área urbana acreditam que os excepcionalismos
climáticos têm sido mais freqüentes na atualidade, enquanto tal posicionamento foi
apresentado por parcela de 90% dos respondentes da área rural.
Área urbana
100%
0%
Sim Não
Área rural
90%
10%
Sim Não
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 17: Observação dos respondentes sobre a freqüência na ocorrência de eventos extremos do clima. Janeiro
de 2009 (Questão apresentada: O (a) senhor (a) acha que os eventos extremos, como muita chuva ou períodos
longos de estiagem estão acontecendo com mais freqüência?).
134
Dentre os respondentes que se posicionaram de forma afirmativa, citaram-se como
condições climáticas em processo de alteração a elevação das temperaturas, a redução das
chuvas, a ocorrência de chuvas excessivas ou uma irregularidade na distribuição sazonal
destas, bem como a existência de estiagens que estão se prolongando a cada ano. Tal
posicionamento pode ser observado na figura 18.
Área urbana
5%
25%
10%
25%
20%
15%
Temperaturas elevadas Chuvas reduzidas
Chuvas excessivas Chuvas irregulares
Estiagens prolongadas Não se posicionou
Área rural
11%
44%
6%
17%
22%
0%
Temperaturas elevadas Chuvas reduzidas
Chuvas excessivas Chuvas irregulares
Estiagens prolongadas Não se posicionou
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 18: Condições climáticas que estão se alterando conforme as menções dos respondentes. Janeiro de 2009.
No que se refere à quantidade e intensidade das chuvas cerca de 25% dos questionados
da área urbana e 44% da área rural, acreditam que os totais pluviométricos precipitados têm
apresentado diminuição com relação aos anos anteriores, enquanto 20% dos respondentes da
área urbana e 22% da área rural apresentaram a percepção de que o período de estiagem tem
sido mais rigoroso nos últimos anos. Parcela de 10% dos respondentes da área urbana e 6% da
área rural afirmaram que as chuvas excessivas têm sido mais freqüentes. Mesmo constituindo-
se o referido mês de análise em representativo do período chuvoso do ano, demonstrou-se de
forma significativa o posicionamento de que as chuvas estão diminuindo, enquanto os
períodos de estiagem tornaram-se mais extensos.
Em se tratando da distribuição sazonal das precipitações em conformidade às
características climáticas locais, cerca de 25% dos respondentes da área urbana e 17% dos
respondentes da área rural afirmaram que na atualidade a distribuição sazonal das
precipitações pluviométricas não tem apresentado a mesma regularidade que apresentava em
tempos pretéritos sugerindo-se que as chuvas estão irregulares (figura 18). Dentre as
135
principais explicações para a alteração do ritmo e quantidade das chuvas citam-se assim
como no período anterior de análise as ações antrópicas sobre o ambiente, a poluição
atmosférica, o desmatamento, o buraco na camada de ozônio, as alterações do clima e o
aquecimento global, sendo em sua maioria conseqüências de origem antropogênica (tabela
22).
Tabela 22: Fatores desencadeantes dos eventos extremos conforme os respondentes. Janeiro de 2009. (Questão
apresentada: O (a) senhor (a) acha que os eventos extremos, como muita chuva ou períodos longos de estiagem
estão acontecendo com mais freqüência? O (a) senhor (a) tem alguma explicação para esses fatos?).
Área Urbana Área Rural Total
Fatores desencadeantes dos eventos
extremos
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Desmatamento e poluição atmosférica inerente
às queimadas e à atividade industrial.
6 30 9 45 15 37,5
Aquecimento global, mudança do clima e
aumento do buraco na camada de ozônio.
4 20 1 5 5 12,5
Alterações climáticas por processos
antrópicos.
3 15 1 5 4 10
Os eventos extremos têm sido mais freqüentes,
mas não sei explicar quais são os fatores
desencadeantes.
7 35 7 35 14 35
O clima está em seus padrões de normalidade e
equilíbrio.
----- ----- 1 5 1 2,5
Não respondeu. ----- ----- 1 5 1 2,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Verifica-se, na tabela 22, que 35% dos respondentes de ambas as áreas, urbana e rural,
acreditam que os eventos extremos têm sido mais freqüentes na atualidade, porém não
apresentaram justificativas para tais fatos. Cerca de 30% dos respondentes da área urbana e
45% da área rural acreditam que o desmatamento e a poluição atmosférica são os principais
fatores desencadeantes dos excepcionalismos climáticos. Evidenciam-se tais menções através
dos seguintes relatos:
Antes a sazonalidade era mais marcada. Isso acontece por causa da poluição das indústrias, produtos químicos
e gases na atmosfera.
(respondente n°68 – área urbana).
O tempo mudou de cinqüenta anos pra cá. De dez, quinze anos pra cá diminuiu a chuva (...) por causa do
desmatamento e do asfalto.
(respondente n°58 – área rural)
136
O aquecimento global, a mudança do clima e o aumento do buraco na camada de
ozônio também foram citados como fatores desencadeantes de eventos extremos. Conforme
sugerem 20% dos respondentes da área urbana e 5% da área rural, os eventos extremos podem
ser vinculados como indicadores de alterações climáticas. De acordo com os respondentes os
eventos extremos são mais freqüentes na atualidade do que em períodos anteriores e
caracterizam-se por calor intenso e chuvas irregulares inerentes ao processo de aquecimento
global. Um dos questionados da área rural sugere o desequilíbrio ambiental, aliado ao
desmatamento e ao buraco na camada de ozônio como desencadeantes de anomalias
(temperaturas muito elevadas e estiagens prolongadas). Conforme relato obtido:
Agosto tem muito vento e no verão temporais. Hoje em dia o calor é mais calor e a estiagem é bem maior. A
quase novembro o capim fica seco. Isso acontece por causa do desequilíbrio, do desmatamento e do buraco na
camada de ozônio.
(respondente n°71 – área rural).
Sugeriu-se ainda, que os eventos extremos resultam das alterações climáticas por ação
antrópica menção atribuída a 15% dos respondentes da área urbana e 5% da área rural
onde de acordo com os questionados, de ambas as áreas, existe um desequilíbrio na
freqüência e intensidade das chuvas que se apresentam reduzidas ou em demasia com a
ocorrência de tempestades e isso tem acontecido porque o Homem mudou o clima.
5.2.5. Interação Sociedade Ambiente: a percepção das influências do tempo e do clima
no cotidiano urbano e rural
As influências exercidas pelo tempo atmosférico e pelas condições climáticas no
cotidiano do homem urbano e rural apresentam-se investigadas neste tópico, através de
indagações que buscaram identificar a percepção da ação exercida pelo ambiente atmosférico
em sua vida, bem como situações de riscos inerentes aos fenômenos climáticos
experimentados. Inicialmente, apresentou-se aos respondentes o seguinte questionamento: O
(a) senhor (a) acha que o tempo/clima influencia sua vida? De que maneira?
Considerando-se os respondentes abordados no mês de julho/agosto de 2008 (figura
19), verifica-se que cerca de 85% dos questionados da área urbana e 80% dos questionados na
área rural acreditam sofrer influências diretas do ambiente atmosférico em seu cotidiano.
137
Área urbana
85%
15%
Sim Não
Área rural
80%
20%
Sim Não
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 19: Posicionamento dos respondentes sobre as influências exercidas pelo tempo/clima no seu cotidiano.
Julho/agosto de 2008 (Questão apresentada: Você acha que o tempo/clima influencia sua vida?).
Conforme a tabela 23, cerca de 50% dos respondentes da área urbana e 70% dos
respondentes da área rural demonstraram-se tempo-sensitivos, uma vez que afirmaram que o
tempo/clima influenciam diretamente sua saúde, sendo os agravos do sistema respiratório os
mais citados diante da sucessão de tipos de tempo com baixas temperatura e umidade relativa.
Segundo respondentes de ambas as áreas, urbana e rural, no período mais seco do ano ocorre
o ressecamento da pele, olhos, cabelos e garganta, além dos agravos do sistema respiratório,
destacando-se a ocorrência de: gripe, sinusite, pneumonia, bronquite e rinite. Apenas um dos
respondentes da área rural salientou a influência do tempo/clima na saúde dos hipertensos,
afirmando-se alterações da pressão corporal conforme a oscilação térmica.
Tabela 23: Influências do tempo e do clima na vida dos respondentes. Julho/agosto de 2008 (Questão
apresentada: Você acha que o tempo/clima influencia sua vida? De que maneira?).
Área Urbana Área Rural Total
Influências exercidas pelo tempo/clima
N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%)
Influencia diretamente a saúde 10 50 14 70 24 60
Influencia o humor e a disposição 5 25 2 10 7 17,5
Ocasiona alagamento de vias públicas 1 5 ----- ----- 1 2,5
Influencia na escolha das vestimentas e na
alimentação.
1 5 ----- ----- 1 2,5
Não exerce nenhuma influência 3 15 4 20 7 17,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Os extremos térmicos diários também foram salientados como desencadeantes de
enfermidades, referindo-se à variação térmica do tempo ao longo das horas do dia, fato
138
significativo no referido mês de análise o qual a predominância de domínios anticiclonais
comumente resulta em grandes amplitudes térmicas diárias, onde em um único dia o
organismo pode experimentar temperaturas muito elevadas e/ou muito reduzidas. Conforme
sugere um dos respondentes da área rural:
Influencia principalmente quando muda o tempo bruscamente. Afeta a saúde. Hoje o tempo não é mais
como antigamente.
(respondente n°14 – área rural)
Cerca de 25% dos respondentes da área urbana e 10% da área rural mencionaram a
influência do tempo/clima na alteração do humor e na disposição física, afirmando-se que o
tempo com temperaturas elevadas leva a um desgaste físico maior, com conseqüente
indisposição. De acordo com os respondentes, a sensação de desânimo foi associada aos tipos
de tempo com nebulosidade, enquanto sensações de cansaço e indisposição foram associadas
à alta temperatura. Sensações de disposição e bom humor foram relacionadas ao tipo de
tempo denominado pelos respondentes de tempo fresco ou ameno.
Apenas 5% dos respondentes da área urbana, apresentou a percepção dos episódios de
precipitação que podem resultar no alagamento de vias públicas, sugerindo atribulações no
cotidiano urbano e ampliação dos riscos existentes na cidade. A influência do tempo/clima na
adoção de hábitos pessoais tais como a alimentação e a vestimenta escolhas individuais que
interferem na regulação térmica do organismo e nas condições de conforto ou desconforto
térmico – também foram lembrados por 5% dos questionados da área urbana.
No que se refere aos resultados obtidos nas pesquisas de campo realizadas em janeiro
de 2009, cerca de 90% dos respondentes da área urbana e 80% da área rural acreditam que as
condições atmosféricas e climáticas exercem influências em sua vida (figura 20).
139
Área urbana
90%
10%
Sim Não
Área rural
80%
20%
Sim Não
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 20: Posicionamento dos respondentes sobre as influências exercidas pelo tempo/clima no seu cotidiano.
Janeiro de 2009. (Questão apresentada: Você acha que o tempo/clima influencia sua vida?)
Conforme os relatos obtidos em campo, citaram-se aspectos tanto pessoais quanto
socioambientais (tabela 24) aos quais os indivíduos são submetidos à variação diária (tempo)
e sazonal (clima) da atmosfera. Cerca de 25% dos respondentes da área urbana e 40% da área
rural acreditam que a mudança do tempo e das estações do ano influenciam diretamente sua
saúde no desencadeamento de enfermidades dos sistemas respiratório e circulatório, sendo os
tipos de tempo frio ou frio e seco como os mais propícios à ocorrência destes agravos.
Tabela 24: Influências do tempo e do clima na vida dos respondentes. Janeiro de 2009. (Questão apresentada:
Você acha que o tempo/clima influencia sua vida? De que maneira?).
Área Urbana Área Rural Total
Influências exercidas pelo clima
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Influencia diretamente a saúde 5 25 8 40 13 32,5
Influencia na disposição, conforto físico, bem-
estar, humor, duração do sono, hábitos
alimentares e comportamento pessoal.
7 35 5 25 12 30
Influencia o ciclo vital dos insetos 1 5 ----- ----- 1 2,5
Influencia a produtividade agrícola ----- ----- 2 10 2 5
Influencia na escolha da moradia, no período
para a realização de viagens e no preço dos
alimentos.
1 5 ----- ----- 1 2,5
Influencia na mobilidade e locomoção 2 10 ----- ----- 1 2,5
Interfere no abastecimento de água ----- ----- 1 5 1 2,5
Não exerce nenhuma influência 2 10 4 20 6 15
Não soube explicar 2 10 ----- ----- 2 5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
140
Segundo respondentes de ambas as áreas, urbana e rural o tempo influencia
diretamente a saúde, principalmente as doenças do aparelho respiratório. Quando o tempo está
frio ou seco, o ar poluído causa mais agravos respiratórios, ou afeta a saúde de quem
apresenta problemas no aparelho circulatório, principalmente no mês de julho com as baixas
temperaturas.
Cerca de 35% dos respondentes da área urbana e 25% da área rural mencionaram a
influência do tempo/clima na disposição, conforto físico, bem-estar, humor, duração do sono,
hábitos alimentares e comportamento pessoal. Sensações de irritação, desconforto físico,
cansaço, indisposição e mal-estar foram em geral associadas aos tipos de tempo com
temperaturas mais elevadas, enquanto sensações de bem-estar ou de dores corporais foram
atribuídas aos tipos de tempo com pluviosidade e/ou menores temperaturas.
No que se refere à diversidade dos aspectos socioambientais influenciados pelo
tempo/clima, cerca de 10% da área rural afirmaram que estes exercem influências na
produtividade agrícola salientando-se que a carência de chuvas reduz a produtividade
agrícola e o rendimento do trabalho, o que demonstra a dependência dos residentes rurais
com relação aos aspectos ambientais. Um dos relatos obtidos salienta ainda, a interferência do
ambiente atmosférico na oferta e qualidade dos recursos hídricos, sugerindo-se que as
estiagens mais rigorosas dos últimos quatro anos vêm comprometendo o abastecimento.
Conforme o respondente:
A mina seca na estiagem e a água vem suja. Há quatro anos ela seca.
(respondente n°73 – área rural)
na área urbana, 10% dos respondentes afirmaram que dias de chuvas excessivas
dificultam a locomoção na cidade. Influências climáticas sobre a reprodução e o ciclo vital
dos insetos vetores de doenças (citadas por 5% dos questionados); a escolha do tipo e
localização da moradia, de datas para realização de viagens e o preço dos alimentos, também
foram fatores citados (5% dos respondentes).
Considerando-se ainda, as influências do ambiente atmosférico no cotidiano dos
respondentes os mesmos foram indagados se a sucessão dos tipos de tempo já trouxe riscos ou
vivências de situações de perigo e desconforto. De acordo com a tabela 25, verifica-se que
dentre os respondentes abordados no mês de julho/agosto de 2008, uma parcela de 75% da
área urbana e 80% da área rural afirmaram que nunca vivenciaram situações de risco
relacionadas ao tempo atmosférico.
141
Tabela 25: Situações de riscos enfrentados pelos respondentes com relação à sucessão dos eventos climáticos.
Julho/agosto de 2008. (Questão apresentada: Já vivenciou uma situação de perigo/desconforto relacionado a
algum evento de tempo?).
Área Urbana Área Rural Total
Situação vivenciada
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Danos na própria moradia devido às
precipitações e ventos intensos.
1 5 ----- ----- 1 2,5
Situações de alagamentos de vias públicas/
enchentes no leito de inundação de um rio.
2 10 2 10 4 10
Perigos na rodovia em dias de tempestades. 1 5 ----- ----- 1 2,5
Queda em sarjeta devido ao fluxo de
escoamento superficial de águas pluviais.
1 5 ----- ----- 1 2,5
Situação de risco na queda de árvore durante
tempestade.
----- ----- 1 5 1 2,5
Situação de risco na montaria de animais em
dias de precipitações intensas.
----- ----- 1 5 1 2,5
Nunca vivenciei nenhuma situação de risco. 15 75 16 80 31 77,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Dentre os respondentes que afirmaram ter vivenciado situação de perigo/desconforto
devido aos eventos climáticos (25% da área urbana e 20% da área rural), nota-se que todas as
situações mencionadas voltam-se à vivência de episódios de precipitação pluviométrica
excessiva e de sua interferência nas atividades desempenhadas de acordo com o modo de vida
do campo e da cidade. Conforme os respondentes da área urbana os episódios citados
referem-se a danos residenciais (5%), alagamento de vias públicas (10%), riscos em trajetos
realizados em rodovias (5%) e queda em vias públicas (5%). Já na área rural, 10% dos
respondentes mencionaram riscos em situações de enchentes no leito de cursos fluviais em
dias de pescaria, situações de risco na montaria de animais (5%) ou queda de árvores (5%).
De acordo com os questionados no mês de janeiro de 2009 (tabela 26), cerca de 60%
dos respondentes da área urbana e 90% dos respondentes da área rural nunca vivenciaram
situações de riscos inerentes aos eventos climáticos, demonstrando-se a maior suscetibilidade
da população residente na área urbana.
Observando-se as menções dos citadinos verifica-se que cerca de 20% vivenciaram
situação de risco atrelada à ocorrência de chuvas intensas, citando-se como conseqüências
queda de ponte (5%), alagamento de vias públicas (10%) e queda de raios em dias de
tempestades (5%), enquanto apenas 10% dos respondentes da área rural mencionaram riscos
em situação de enchente no leito de inundação de um curso fluvial (5%) e em estrutura de
pedágio mobilizada por ventos fortes, constituindo-se este o local de trabalho do respondente.
142
Tabela 26: Situações de riscos enfrentados pelos respondentes com relação à sucessão dos eventos climáticos.
Janeiro de 2009. (Questão apresentada: vivenciou uma situação de perigo/desconforto relacionado a algum
evento de tempo?).
Área Urbana Área Rural Total
Situação vivenciada
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Situação de risco na estrada com a queda de
uma ponte devido às precipitações intensas.
1 5 ----- ----- 1 2,5
Situações de alagamentos de vias públicas/
enchentes no leito de inundação de um rio.
2 10 1 5 3 7,5
Situação de risco com a queda de raios em dias
de tempestades.
1 5 ----- ----- 1 2,5
Situação de risco na estrutura de um pedágio
mobilizada por ventos fortes.
----- ----- 1 5 1 2,5
Comprometimento da saúde inerente aos dias
chuvosos, à variação térmica e à baixa
umidade do ar.
4 20 ----- ----- 4 10
Nunca vivenciei nenhuma situação de risco. 12 60 18 90 30 75
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Situações de riscos propiciados não pelas chuvas como também pela oscilação
térmica e baixa umidade relativa do ar foram citadas por 20% questionados da área urbana,
que relacionaram tais elementos climáticos ao cansaço físico, à alteração da pressão corporal
e ao desencadeamento de enfermidades do aparelho respiratório. Segundo os respondentes, a
sucessão dos eventos climáticos pode resultar em desconforto em dias de temperatura elevada
que trazem o cansaço físico; desconforto com chuvas e freqüentes resfriados inerentes à
baixa umidade do ar, ou ainda, situação de mal-estar e desconforto resultantes da alteração
da pressão corporal devido à variação térmica, ressaltando-se a tempo-sensitividade dos
respondentes e a percepção da suscetibilidade individual às condicionantes climáticas.
Considerando-se os objetivos do presente estudo quanto à percepção individual da
sucessão dos tipos de tempo e os reflexos das condições climáticas na vida do homem, bem
como a representação social do conceito de alterações climáticas, destacou-se a necessidade
de verificar as origens das informações meteorológicas e climáticas obtidas pelos
questionados, com a finalidade de constatar as interfaces entre o ambiente vivido e o ambiente
reproduzido pelos meios de comunicação. Neste contexto, os respondentes foram indagados
sobre as principais fontes nas quais buscam informações preditivas do tempo e do clima.
Verifica-se que da totalidade dos respondentes abordados no mês de julho/agosto de
2008 (tabela 27), cerca de 72,5% informam-se através de apenas um veículo de comunicação,
sendo mencionados os telejornais (60%), programas de rádio (7,5%), o jornal (2,5%) e a
internet (2,5%); destacando-se, tanto na área urbana (65% dos respondentes) quanto na área
143
rural (55% dos respondentes), a prevalência das informações veiculadas pela mídia televisiva.
Na área urbana, 20% dos respondentes afirmaram utilizar mais de um veículo de
comunicação, para obter informações do tempo e do clima, enquanto na área rural esta
proporção cai para 10% dos respondentes. Por outro lado, quando se trata da busca do
conhecimento das condições atmosféricas e climáticas observando-se diretamente o tempo
através do céu, ou seja, partindo-se da verificação empírica, 20% dos respondentes da área
rural afirmaram ser esta prática algo comum, enquanto na área urbana um percentual de
apenas 5% mantêm esta atitude.
Tabela 27: Principais fontes de informações, sobre a previsão meteorológica, utilizadas pelos respondentes.
Julho/agosto de 2008. (Questão apresentada: Qual é a sua fonte de informação com relação às condições de
tempo e clima?).
Área Urbana Área Rural Total
Fontes de informação utilizadas
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Utiliza apenas os telejornais 13 65 11 55 24 60
Utiliza apenas o rádio 1 5 2 10 3 7,5
Utiliza apenas o jornal 1 5 ----- ----- 1 2,5
Utiliza apenas a internet ----- ----- 1 5 1 2,5
Utiliza duas ou mais fontes de informação 4 20 2 10 6 15
Realiza a observação direta do tempo 1 5 4 20 5 12,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
No que se refere às fontes de informações utilizadas pelos respondentes abordados no
mês de janeiro de 2009 (tabela 28), nota-se que dentre a totalidade dos respondentes uma
parcela de 55% recorrem à apenas um veículo de comunicação, citando-se os telejornais
(52,5%) e o rádio (2,5%), sendo que 50% dos respondentes da área urbana e 55% dos
respondentes da área rural informam-se apenas pelos telejornais.
Tabela 28: Principais fontes de informações, sobre a previsão meteorológica, utilizadas pelos respondentes.
Janeiro de 2009. (Questão apresentada: Qual é a sua fonte de informação com relação às condições de tempo e
clima?).
Área Urbana Área Rural Total
Fontes de informação utilizadas
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Utiliza apenas os telejornais 10 50 11 55 21 52,5
Utiliza apenas o rádio ----- ----- 1 5 1 2,5
Utiliza duas ou mais fontes de informação 6 30 3 15 9 22,5
Realiza a observação direta do tempo 4 20 5 25 9 22,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
144
A utilização de mais de um veículo de comunicação foi mencionada por 30% dos
respondentes da área urbana caindo pela metade este percentual na área rural, ou seja, 15%.
Dentre os veículos de comunicação utilizados citaram-se: telejornais, jornais, rádio e internet.
Cerca de 25% dos respondentes da área rural afirmaram buscar conhecimentos e informações
preditivas do tempo através da observação direta do céu, posicionamento mencionado por
20% dos questionados da área urbana, não apresentando diferenças significativas entre ambas
as áreas – urbana e rural.
No intuito de verificar a freqüência e circunstâncias nas quais o homem rural e urbano
recorrem às informações preditivas do tempo, apresentou-se o questionamento sobre a
existência de algum período específico de maior atenção dos respondentes às questões
referentes ao tempo e ao clima.
Observa-se, dentre a totalidade dos respondentes abordados em julho/agosto de 2008
(tabela 29), que 37,5% mencionaram não existir um período específico para a busca de
informações preditivas. Todavia, 35% dos respondentes da área urbana e 25% da área rural
afirmaram que se interessam diariamente pelas informações do tempo, uma vez que estas são
apresentadas todos os dias junto às notícias dos telejornais, o que demonstra a inexistência de
um interesse específico pelas informações do tempo/clima.
Tabela 29: Principais períodos, da semana e do ano, os quais os respondentes buscam informações sobre o tempo
e o clima. Julho/agosto de 2008. (Questão apresentada: algum período em especial em que você fica mais
atento a essas questões? (tempo/clima).
Área Urbana Área Rural Total
Período de maior atenção do respondente
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Não há período específico 8 40 7 35 15 37,5
Diariamente 7 35 5 25 12 30
Principalmente no meio da semana ----- ----- 1 5 1 2,5
Nos finais de semana e/ou final do ano devido
à realização de eventos sociais e viagens
3 15 2 10 5 12,5
Durante o período seco 1 5 1 5 2 5
Durante o período chuvoso 1 5 3 15 4 10
Quando há predomínio da lua cheia ----- ----- 1 5 1 2,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
As atividades sociais e a realização de viagens, aos finais de semana ou de ano, foram
mencionadas por 15% dos respondentes da área urbana e 10% dos respondentes da área rural
como motivo de atração pelas informações do tempo atmosférico.
145
Em conformidade às características climáticas predominantes no município, citaram-
se a busca de informações preditivas de acordo com os períodos seco e chuvoso.
Considerando-se o período seco, cerca de 5% dos respondentes de ambas as áreas, urbana e
rural, alegaram buscar informações nos meses de outono e inverno devido à má qualidade do
ar decorrente dos tipos de tempo mais secos de origem anticiclonal. Com relação ao período
chuvoso, cerca de 5% dos respondentes da área urbana e 15% da área rural manifestaram
maior interesse pelas informações do tempo/clima durante este período. De modo geral,
verificou-se que, na área urbana a atenção às informações preditivas voltou-se à preocupação
com os tipos de tempo secos, que acarretam enfermidades ou pluviosos, que interferem no
funcionamento da cidade; enquanto na área rural o período chuvoso é de maior atenção em
virtude do plantio e das culturas agrícolas. Conforme exemplificam os relatos, os
respondentes buscam informações do tempo/clima:
Na época do frio, por causa da qualidade do ar. Vem doenças com a umidade baixa.
(respondente n°30 - área urbana)
De setembro em diante porque é época de plantação.
(respondente n°13 – área rural)
Procuro saber sempre por causa das plantações. A chuva não traz miséria, a seca sim.
(respondente n°34 – área rural)
Conforme amostragem obtida em janeiro de 2009 (tabela 30), cerca de 15% dos
respondentes da área urbana e 40% da área rural não apresentaram período específico na
busca de informações referentes à previsão dos eventos meteorológicos. Uma parcela de 50%
dos questionados na área urbana, buscam estas informações diariamente, enquanto na área
rural 40% assumiram tal posicionamento. Os respondentes também apontaram a busca por
informações preditivas em conformidade à realização de eventos sociais e viagens realizadas
nos finais de semana ou no final do ano, sendo este motivo mencionado por 25% dos
respondentes da área urbana e 10% da área rural.
146
Tabela 30: Principais períodos, da semana e do ano, os quais os respondentes buscam informações sobre o tempo
e o clima. Janeiro de 2009. (Questão apresentada: Há algum período em especial em que você fica mais atento a
essas questões? (tempo/clima).
Área Urbana Área Rural Total
Período de maior atenção do respondente
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Não há período específico 3 15 8 40 11 27,5
Diariamente 10 50 8 40 18 45
Principalmente no início da semana 1 5 ----- ----- 1 2,5
Principalmente no meio da semana 1 5 ----- ----- 1 2,5
Nos finais de semana e/ou final do ano devido
à realização de eventos sociais e viagens
5 25 2 10 7 17,5
Durante o período chuvoso ----- ----- 2 10 2 5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
A busca de informações preditivas do tempo e do clima no período chuvoso foi
mencionada por 10% dos questionados na área rural, onde a atenção às informações
meteorológicas começa no mês de agosto, por causa do período chuvoso que se iniciará em
setembro, ou especificamente, no período de verão por causa do trabalho que depende das
chuvas.
5.3. Representação e percepção das alterações climáticas
Este tópico trata da percepção e do conhecimento dos respondentes no que se refere às
alterações climáticas. Para tal intuito, segue a contextualização e valoração do processo de
alterações do clima perante demais problemas ambientais globais; a identificação do
imaginário social perante as consequências deste processo e suas dimensões temporo-
espaciais de alcance, bem como a identificação da existência de uma consciência sobre a
responsabilidade social diante dos impactos antrópicos no clima.
5.3.1. O imaginário social do fenômeno ambiental
A importância e ênfase dada pelos respondentes às alterações climáticas partiu da
problematização do fenômeno perante outras questões socioambientais comuns ao público,
salientando-se problemas como o desmatamento, as alterações climáticas, a destinação final
do lixo e a pobreza.
Na figura 21, verifica-se que a maior preocupação dos respondentes da área urbana
volta-se, primeiramente, à destinação final dos resíduos sólidos posicionamento da
totalidade dos questionados; e secundariamente, às questões referentes ao desmatamento
(cerca de 93% dos respondentes). As alterações climáticas e a pobreza foram consideradas,
147
por 90% dos respondentes, como fatores preocupantes. Na área rural, problemas como a
pobreza e o desmatamento receberam maior ênfase por uma parcela de 95% e 93% dos
respondentes, respectivamente. Cerca de 90% dos questionados da área rural preocupam-se
com o lixo, enquanto 88% afirmaram que as alterações do clima são preocupantes. Observa-
se, portanto, que dentre as questões socioambientais apresentadas as alterações climáticas
figuram como problemas preocupantes, tanto para o homem urbano quanto para o rural.
93%
90%
100%
90%
93%
88%
90%
95%
82% 84% 86% 88% 90% 92% 94% 96% 98% 100% 102%
Desmatamento
Alterações climáticas
Lixo
Pobreza
Área urbana Área rural
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 21: Ênfase dada pelos respondentes às alterações climáticas no contexto da diversidade de problemas
socioambientais (Questão apresentada: Você se preocupa com os problemas mencionados abaixo?
desmatamento, mudanças climáticas, lixo e pobreza).
Após a inserção das alterações climáticas no contexto dos demais problemas
socioambientais apresentados, os respondentes foram indagados a atribuir valoração positiva
ou negativa aos processos de aquecimento global e mudanças climáticas
3
. Neste intuito, foram
questionados se acreditavam que a mudança climática e o aquecimento global seriam coisas
boas ou ruins.
Através da tabela 31, verifica-se que os residentes da área urbana e da área rural
apresentaram similaridade em seu posicionamento, predominando a visão de que o processo
de alterações climáticas tem conseqüências socioambientais negativas sendo esta assumida
por 90% da totalidade dos questionados, fazendo-se referência às categorias ruim e muito
ruim.
3
Os respondentes foram indagados sobre a valoração positiva ou negativa do processo de alterações climáticas
previamente e posteriormente à visualização pessoal do fenômeno.
148
Tabela 31: Valoração atribuída pelos respondentes aos processos de alterações climáticas e aquecimento global
(Questão apresentada: Você acha que a mudança climática e o aquecimento global são coisas boas ou ruins?).
Área Urbana Área Rural Total
Valoração atribuída
N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%)
Não sabe explicar 1 2,5 1 5 2 2,5
Ruim 31 77,5 35 87,5 66 82,5
Muito ruim 5 12,5 1 2,5 6 7,5
Depende do lugar 2 5 2 5 4 5
São coisas boas 1 2,5 1 2,5 2 2,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Na área urbana, 77,5% dos respondentes disseram que a alteração do clima seria um
processo ruim, enquanto parcela de 87,5% da área rural tiveram o mesmo posicionamento.
Cerca de 12,5% dos questionados na área urbana assumiram posicionamento ainda mais
pessimista ao afirmar que as alterações do clima constituem-se em um processo muito ruim
posicionamento apontado por somente 2,5% da amostra da área rural. Em ambas as áreas,
urbana e rural, 10% dos respondentes acreditam que as conseqüências dependerão de fatores
locacionais, sugerindo-se na categoria depende do lugar a noção de uma repercussão
espacial diferenciada e não generalizada. Apenas 2,5% dos questionados de ambas as áreas
disseram que a alteração do clima e o processo de aquecimento global seriam coisas boas.
Buscando-se verificar o imaginário social com relação às alterações climáticas, os
respondentes foram indagados sobre a primeira imagem que vinha em sua mente quando ele
pensava em mudanças climáticas e aquecimento global. Os resultados obtidos podem ser
observados na tabela 32.
149
Tabela 32: Imagem atribuída pelos respondentes com relação às conseqüências do processo de mudanças
climáticas e aquecimento global (Questão apresentada: Quando o (a) senhor (a) pensa em mudança
climática/aquecimento global, qual é a primeira imagem que vem em sua mente?).
Área Urbana Área Rural Total
Imaginário do respondente
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Não tem imagem definida 8 20 7 17,5 15 18,75
Grandes catástrofes naturais 3 7,5 ----- ----- 3 3,75
Derretimento das geleiras 2 5 ----- ----- 2 2,5
Destruição, devastação, miséria e mortes 9 22,5 9 22,5 18 22,5
Aumento dos eventos climáticos extremos 10 25 10 25 20 25
Aumento da temperatura do planeta 3 7,5 4 10 7 8,75
Propagação de doenças 2 5 3 7,5 5 6,25
O mundo e a humanidade serão extintos 3 7,5 4 10 7 8,75
A Terra será um grande deserto ----- ----- 1 2,5 1 1,25
Ocorrerão mudanças no meio ambiente e na
sociedade
----- ----- 1 2,5 1 1,25
Seria algo bom ----- ----- 1 2,5 1 1,25
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Considerando-se o universo amostrado, a primeira imagem mencionada pelo maior
número de respondentes 25% do total dos respondentes de ambas as áreas, urbana e rural
foi a de que ocorrerá um aumento eventos extremos como secas, enchentes, vendavais,
tempestades e tornados. De acordo com os respondentes, as alterações climáticas trarão
situações de secas prolongadas, devido à escassez das chuvas que ocorrerão de forma
irregular em alguns lugares e/ou concentrada com tempestades e ventos em outros, ou então,
ocorrerá um aumento na concentração do gás carbônico na atmosfera, do buraco na camada
de ozônio e dos temporais e furacões, além de uma redução das chuvas e aumento na
ocorrência de grandes secas. Tais considerações podem ser observadas em um dos relatos
obtidos em campo, cujo respondente imagina que ocorrerão situações de:
Descontrole da natureza, a Terra esquentando, aumento do gás carbônico e do desmatamento,
temporal, furacão, fome, miséria, menos chuva e mais seca.
(respondente n°70 – área urbana)
A segunda imagem comum foi a de que as possíveis alterações climáticas trariam
como conseqüências situações destrutivas e trágicas, com devastação, miséria e mortes. Cerca
de 22,5% dos respondentes de ambas as áreas reproduziram este posicionamento,
mencionado-se o temor às situações de fome e sede, pois secarão as fontes de água, bem
150
como a ocorrência de guerras. Segundo respondentes da área urbana, a primeira imagem que
vem em mente é a de:
Tragédia, o que a mídia mostra.
(respondente n°01 – área urbana)
Será horrível. Haverá fome e sede.
(respondente n°23 – área urbana)
Nota-se que 10% dos respondentes da área rural e 7,5% da área urbana citaram
imagens relacionadas ao aumento da temperatura em escala planetária. Segundo respondentes
de ambas as áreas, urbana e rural, o grande aumento da temperatura afetará a agricultura e a
produção de alimentos, tendo a população graves problemas de saúde, ou em uma visão
ainda mais trágica imagina-se as temperaturas do planeta cada vez mais altas com as
florestas sendo devastadas pelo fogo.
Os receios de extinção da humanidade, também foram mencionados por 10% dos
respondentes da área rural e 7,5% dos respondentes da área urbana. Conforme a descrição
destes com as alterações do clima haverá destruição e existirá a possibilidade do final do
mundo com a extinção da humanidade, porque o Homem depende das condições do ambiente
para sobreviver. Segundo um dos relatos obtidos em campo:
Imagino o fim do mundo porque o ser humano é limitado à temperatura.
(respondente n°33 – área rural)
De modo geral, e conforme a totalidade dos respondentes, situações tais como a
propagação de doenças (6,25%), a ocorrência de grandes catástrofes naturais (3,75%), o
derretimento das geleiras (2,5%), mudanças no meio ambiente e na sociedade (1,25%) e a
visão da Terra como um grande deserto (1,25%) também foram citadas. Cerca de 18,75% da
totalidade da amostra não apresentou imagem definida.
De acordo com os respondentes que mencionaram sua imagem pessoal das alterações
climáticas, questionou-se os mesmos sobre a valoração atribuída a esta imagem (tabela 33).
Verificou-se que 80% dos questionados, das áreas urbana e rural, atribuíram um valor
negativo à sua imagem individual, julgando-as como algo ruim (77,5% dos respondentes) ou
muito ruim (2,5% dos respondentes).
151
Tabela 33: Valoração atribuída à imagem mencionada pelos respondentes sobre os conseqüentes acontecimentos
das mudanças climáticas (Questão apresentada: Você considera esta imagem uma coisa boa ou ruim?).
Área Urbana Área Rural Total
Valoração atribuída
N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%) N° de
pessoas
(%)
Não tem imagem definida 8 20 8 20 16 20
Ruim 31 77,5 31 77,5 62 77,5
Muito ruim 1 2,5 1 2,5 2 2,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Considerando-se o anteriormente exposto, pediu-se para os respondentes para que eles
se posicionassem concordando ou discordando de afirmações sobre: os conhecimentos das
alterações climáticas, os riscos futuros deste processo, o nível de informação pessoal, bem
como a preocupação e sentimento individual diante do fenômeno. Os resultados são
demonstrados nas figuras 22 a 26.
Conforme a figura 22, cerca de 70% dos questionados na área urbana e 68% dos
questionados na área rural, acreditam que as alterações do clima ainda têm conseqüências
desconhecidas, enquanto 30% dos respondentes de ambas as áreas, urbana e rural, acreditam
que a sociedade atual conhece as conseqüências do processo de alteração do clima.
Todavia, a totalidade dos respondentes da área urbana e parcela de 93% da área rural
afirmaram que as alterações climáticas trarão riscos às gerações futuras (figura 23).
Área Urbana
0%
70%
30%
Não sabe explicar Sim Não
Área Rural
2%
68%
30%
Não sabe explicar Sim Não
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 22: Posicionamento dos respondentes diante do (des)conhecimento das alterações climáticas
(Questionamento apresentado: As mudanças climáticas têm conseqüências desconhecidas?)
152
Área Urbana
0%
100%
0%
Não sabe explicar Sim Não
Área Rural
2%
93%
5%
Não sabe explicar Sim Não
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 23: Posicionamento dos respondentes diante dos riscos que as alterações climáticas trarão às gerações
futuras (Questionamento apresentado: As mudanças climáticas trarão riscos para as gerações futuras?).
No que se refere ao nível de informação individual sobre o problema apresentado
(figura 24), 55% dos respondentes da área urbana e 28% da área rural acreditam que estão
bem informados. Cerca de 45% dos respondentes da área urbana e 60% dos respondentes da
área rural assumiram não possuir informações suficientes, enquanto 12% dos questionados da
área rural não souberam explicar.
Área Urbana
0%
55%
45%
Não sabe explicar Sim Não
Área Rural
12%
28%
60%
Não sabe explicar Sim Não
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 24: Posicionamento dos respondentes diante do nível pessoal de informação referente às alterações
climáticas. (Questionamento apresentado: Você está bem informado sobre as mudanças climáticas?).
Quando questionados sobre a preocupação pessoal com as conseqüências incertas das
alterações climáticas (figura 25), a totalidade dos respondentes da área urbana e parcela de
153
93% da área rural demonstraram preocupações, sendo que apenas 5% dos respondentes da
área rural posicionaram-se de forma negativa. Os respondentes foram ainda, indagados sobre
o sentimento de insegurança com relação às alterações climáticas, sendo questionados se a
idéia de que o clima pode estar mudando traz um sentimento de medo (figura 26). Verifica-se
que 80% dos respondentes da área urbana e 68% da área rural responderam afirmativamente
ao questionamento, o que salienta a necessidade de maiores esclarecimentos ao público sobre
o processo.
Área Urbana
0%
100%
0%
Não sabe explicar Sim Não
Área Rural
2%
93%
5%
Não sabe explicar Sim Não
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 25: Posicionamento dos respondentes quanto ao sentimento de incerteza sobre as alterações climáticas.
(Questionamento apresentado: Você está preocupado com as mudanças climáticas?).
Área Urbana
0%
80%
20%
Não sabe explicar Sim Não
Área Rural
2%
68%
30%
Não sabe explicar Sim Não
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 26: Posicionamento dos respondentes quanto ao sentimento de insegurança sobre as alterações climáticas.
(Questionamento apresentado: A idéia de mudanças climáticas te deixa com medo?).
154
5.3.2. Representação social da dimensão temporo-espacial de alcance das alterações
climáticas
Com a finalidade de verificar a consciência individual dos respondentes quanto à sua
inclusão no contexto dos fenômenos socioambientais, apresentou-se indagações sobre as
dimensões temporo-espaciais de alcance dos processos inerentes às alterações climáticas.
Em se tratando dos aspectos temporais de processamento, repercussão e conseqüências
dos fenômenos ambientais, o universo de análise foi questionado sobre quando a população
ao redor do mundo sofreria com os impactos provenientes de uma mudança do clima. Através
da tabela 34, observam-se os resultados obtidos.
Tabela 34: Consciência dos respondentes no que se refere à dimensão temporal de repercussão dos possíveis
fenômenos decorrentes do processo de alteração climática (Questão apresentada: Quando você acha que as
mudanças climáticas começarão a ter perigosos impactos sobre as pessoas ao redor do mundo?).
Área Urbana Área Rural Total
Dimensão temporal das alterações do clima
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Já é perigoso agora 21 52,5 21 52,5 42 52,5
Os perigos aparecerão em dez anos 6 15 10 25 16 20
Os perigos aparecerão em vinte e cinco anos 3 7,5 4 10 7 8,75
Os perigos aparecerão em cinqüenta anos 2 5 1 2,5 3 3,75
Os perigos aparecerão em cem anos ----- ----- ----- ----- ----- -----
Nunca será perigoso 1 2,5 ----- ----- 1 1,25
Já é perigoso agora, mas a tendência é agravar 7 17,5 4 10 11 13,75
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Nota-se que as menções do universo de análise foram inversamente proporcionais à
escala temporal em anos, ou seja, quanto maior o intervalo temporal, menor o número de
menções em anos, o que denota a crença de uma visão mais imediata na ocorrência das
conseqüências do processo de alterações climáticas, confirmando-se tal fato através do
registro de que cerca de 52,5% da totalidade dos questionados julgam as alterações climáticas
como fatores de riscos presentes na sociedade atual.
Dos respondentes residentes na área urbana, 17,5% acreditam que os perigos já
existem, mas se agravarão em um futuro próximo. Apenas 27,5% acreditam que sofrerão
impactos entre dez (15%), vinte e cinco (7,5%) e cinqüenta anos (5%). Somente 2,5% dos
questionados não acreditam que as alterações do clima trariam riscos à sociedade e ao
ambiente.
Dos respondentes que residem na área rural, 52,5% declararam que os perigos
existem e 10% admitiram que os riscos existem mas irão aumentar com o passar do tempo.
155
Cerca de 25% dos respondentes acreditam que sofrerão impactos em dez anos; 10% citaram o
período de vinte e cinco anos e apenas 2,5% mencionaram um período máximo de cinqüenta
anos para os impactos das alterações climáticas serem sentidos.
Cabe ressaltar, que dentre os itens de análise apresentados pelo instrumento de coleta
de dados a freqüente menção dos respondentes na afirmativa de que as conseqüências do
processo de alterações climáticas são perigosas agora, mas tendem a se agravar fez com
que tal afirmativa fosse incorporada à presente análise, o que demonstra além da visão
imediatista do fenômeno anseios de repercussões negativas do mesmo com relação aos
próximos anos.
No intuito de verificar a visão social da dimensão espacial de alcance das alterações
climáticas e com o fim de compreender a noção dos respondentes sobre a integração entre os
processos climáticos globais e suas repercussões locais, questionou-se a inclusão pessoal do
respondente, de sua família, de sua nação, das outras nações e da própria natureza, no
processo.
Na figura 27, verifica-se que quando indagados sobre o comprometimento de sua
própria vida e de sua família, apenas 10% dos respondentes da área urbana e 15% da área
rural afirmaram que não seriam atingidos, enquanto 78% dos respondentes da área rural e
90% da área urbana incluíram-se entre a parcela da população que seria afetada. Apenas 7%
dos respondentes da área rural não souberam responder a este questionamento.
Partindo-se para a escala territorial nacional, cerca de 95% dos respondentes da área
urbana e 90% da área rural acreditam que o processo atingiria toda a população brasileira. No
que se refere à população de outros países, 93% dos questionados da área urbana e 85% da
área rural acreditam que esta seria atingida, sendo que na área rural conforme o
distanciamento espacial da realidade do respondente, ocorreu um aumento no percentual das
pessoas que não souberam responder ao questionamento (sendo este correspondente a 10%),
comparando-se aos resultados das demais instâncias apresentadas (cujos registros foram entre
5% e 7%).
Considerando-se o comprometimento do ambiente natural, cerca de 88% dos
respondentes de ambas as áreas, urbana e rural, acreditam que este seria atingido pelas
conseqüências das alterações climáticas. Apenas 2% dos respondentes da área urbana e 5% da
área rural afirmaram que a natureza não seria comprometida.
156
Área urbana
90%
95%
93%
88%
10%
2%
2%
5%
5%
10%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Afetaria o respondente e sua família
Afetaria a população brasileira
Afetaria a populão de outros países
Afetaria a natureza não humana
Sim Não Não sabe
Área rural
78%
90%
85%
88%
15%
5%
5%
5%
7%
5%
10%
7%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Afetaria o respondente e sua família
Afetaria a população brasileira
Afetaria a população de outros pses
Afetaria a naturezao humana
Sim Não Não sabe
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 27: Visão social da dimensão espacial de repercussão dos possíveis fenômenos decorrentes do processo
de alteração climática. (Questão apresentada: O (a) senhor (a) acha que as mudanças climáticas e o aquecimento
global afetariam: o (a) senhor (a) e sua família, o povo brasileiro, as pessoas de outros países e a natureza não
humana?)
5.3.3. As alterações climáticas e a responsabilidade social sobre os impactos antrópicos
no clima
Tratando-se do(s) fator(es) condicionante(s) das possíveis alterações do clima
investigou-se junto aos respondentes a gênese de tais processos, considerando-os como
decorrentes das ações naturais, antrópicas e/ou uma combinação entre as duas. Na tabela 35,
observa-se que 68,75% da totalidade do universo amostrado concebem as alterações do clima
como decorrentes das ações antrópicas, enquanto 11,25% acreditam ser um processo natural e
17,5% afirmaram ser o fenômeno resultante da combinação entre os agentes naturais e sociais.
157
Tabela 35: Posicionamento dos respondentes sobre o fator condicionante das possíveis alterações do clima
(Questão apresentada: O (a) senhor (a) acha que as mudanças climáticas e o aquecimento global são resultados
de um processo: natural; feito pelo homem; de uma combinação homem/natureza, outro fator?).
Área Urbana Área Rural Total
Fator condicionante das alterações
climáticas
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
As alterações climáticas resultam de um
processo natural.
7 17,5 2 5 9 11,25
As alterações climáticas decorrem das ações
antrópicas.
24 60 31 77,5 55 68,75
As alterações climáticas resultam de uma
combinação entre as ações do homem e da
natureza.
9 22,5 5 12,5 14 17,5
As alterações climáticas resultam de outros
fatores.
----- ----- ----- ----- ----- -----
Não tem um posicionamento definido. ----- ----- 2 5 2 2,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Na área urbana 17,5% dos respondentes acreditam que as alterações do clima
constituem-se processo natural, enquanto na área rural apenas 5% apresentou tal
posicionamento. Cerca de 60% dos questionados da área urbana e 77,5% da área rural
admitiram a interferência antrópica nas alterações do clima, enquanto 22,5% e 12,5% dos
respondentes da área urbana e rural, respectivamente, acreditam que as alterações climáticas
decorrem das ações conjuntas entre sociedade e ambiente.
Prevalecendo no posicionamento dos respondentes, tanto da área urbana quanto da
área rural, que o fator condicionante das alterações climáticas seria o próprio homem, os
mesmos foram questionados sobre os seus sentimentos de responsabilidade no processo de
alterações do clima. Analisando-se o universo amostrado constata-se que 45% dos
respondentes da área urbana e 40% da área rural isentaram-se de responsabilidade ou
declararam-se parcialmente responsáveis (15% e 8% dos respondentes da área urbana e rural,
respectivamente). Cerca de 38% dos respondentes da área urbana e 50% dos respondentes da
área rural assumiram sua responsabilidade no processo de alterações climáticas (figura 28).
158
Área urbana
38%
15%
45%
2%
Sente-se responsável Parcialmente responsável
Não se sente responsável Não respondeu
Área rural
50%
8%
40%
2%
Sente-se responsável Parcialmente responsável
Não se sente responsável Não respondeu
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Figura 28: Consciência da responsabilidade individual no processo das alterações climáticas (Questão
apresentada: Você se sente responsável pelas mudanças climáticas? Por quê?).
Dentre as justificativas apresentadas pelos respondentes quanto à sua responsabilidade
individual no processo (tabela 36), observa-se que, 17,5% da totalidade dos questionados
sentem-se responsáveis, mas não sabem explicar o porquê; enquanto 35% dos respondentes
que não se sentem responsáveis também não apresentaram justificativas.
A parcela dos respondentes que não assumiram responsabilidade no comprometimento
do ambiente atmosférico atribuiu responsabilidades aos governantes e empresários (7,5% e
2,5% dos respondentes da área urbana e rural, respectivamente) e à sociedade (5% dos
respondentes da área rural). Dentre a parcela dos respondentes que se sentem responsáveis, a
menção à ausência de educação ambiental da coletividade foi a principal justificativa
apresentada em ambas as áreas, com percentuais de 17,5% e 20% dos questionados da área
urbana e rural, respectivamente.
Fatores como a utilização dos recursos naturais e o desmatamento, foram
mencionados pelos respondentes da área rural (com 5% e 7,5%, respectivamente), sendo este
último atrelado à profissão desempenhada pelos mesmos. Já a queima de combustíveis fósseis
foi lembrada apenas por um dos respondentes da área urbana. A justificativa de que possui
hábitos prejudiciais ao meio ambiente, sem especificar quais hábitos, foi citada por 15% dos
respondentes da área rural e 5% dos respondentes da área urbana. Segundo questionados de
ambas as áreas a responsabilidade de modo geral, é da sociedade porque o Homem polui,
desmata, promove queimadas, realiza o despejo indiscriminado de resíduos e não cobra ação
das autoridades.
159
Tabela 36: Justificativas apresentadas pelos respondentes sobre sua responsabilidade no processo de alterações
climáticas (Questão apresentada: Você se sente responsável pelas mudanças climáticas? Por quê?).
Área Urbana Área Rural Total
Justificativas apresentadas
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Sente-se responsável, mas
não sabe explicar o porquê.
10 25 4 10 14 17,5
Sente-se responsável porque
pertence à sociedade que não
foi educada para o
reaproveitamento.
7 17,5 8 20 15 18,75
Pratica mau uso dos recursos
naturais.
----- ----- 2 5 2 2,5
Atua em processos de
desmatamento para a criação
de campos agrícolas.
----- ----- 3 7,5 3 3,75
Realiza diariamente a
queima de combustíveis
fósseis.
1 2,5 ----- ----- 1 1,25
Sente-se
responsável
ou
parcialmente
responsável
Possui hábitos prejudiciais
ao meio ambiente.
2 5 6 15 8 10
Não sente-se responsável,
mas não sabe explicar o
porquê.
15 37,5 13 32,5 28 35
A responsabilidade é dos
governantes e empresários.
3 7,5 1 2,5 4 5
Não se sente responsável
porque separa o lixo para a
reciclagem.
1 2,5 ----- ----- 1 1,25
A sociedade em geral é que
polui o meio ambiente.
----- ----- 2 5 2 2,5
Não se sente
responsável
Não respondeu ao
questionamento.
1 2,5 1 2,5 2 2,5
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Uma vez que parcela dos respondentes relacionaram o comprometimento do ambiente
atmosférico com seu modo de vida, foi perguntado se ele adotava alguma medida no sentido
de reduzir estes impactos (tabela 37). Da parcela referente aos respondentes da área urbana,
40% afirmaram não adotar atitudes amenizadoras e 7,5% não souberam responder, enquanto
na área rural, 45% admitiram que não adotam hábitos menos impactantes e 5% não souberam
responder.
160
Tabela 37: Principais ações adotadas pelos respondentes no intuito de reduzir os impactos do homem no clima
(Questão apresentada: Você tem agido no sentido de reduzir seus impactos no clima? Como?).
Área Urbana Área Rural Total
Ações adotadas
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
N° de
pessoas
(%)
Apenas separa o lixo para a reciclagem 7 17,5 7 17,5 14 17,5
Além de separar o lixo para a
reciclagem não realiza queimadas,
desmatamento e atitudes que poluam o
ar.
8 20 7 17,5 15 18,75
Além de separar o lixo para a
reciclagem, trabalha a educação
ambiental de crianças.
1 2,5 1 2,5 2 2,5
Economiza água e energia. ----- ----- 1 2,5 1 1,25
Não utiliza sprays que emanam CFCs 1 2,5 ----- ----- 1 1,25
Realiza o plantio de árvores 3 7,5 3 7,5 6 7,5
Desenvolve cuidados com o ambiente. ----- ----- 1 2,5 1 1,25
Utiliza transporte alternativo 1 2,5 ----- ----- 1 1,25
Não adota nenhuma ação 16 40 18 45 34 42,5
Não soube responder 3 7,5 2 5 5 6,25
Fonte: Trabalho de campo
Org. PASCOALINO (2009)
Dentre as principais ações, medidas conscientes no sentido de reduzir os impactos do
indivíduo no ambiente atmosférico, a separação do lixo e a reciclagem de resíduos sólidos,
foram citados por 17,5% dos respondentes de ambas as áreas, urbana e rural. A separação do
lixo doméstico associada à não realização de queimadas, desmatamento e diminuição da
poluição atmosférica foram medidas salientadas por 20% dos respondentes da área urbana e
17,5% dos respondentes da área rural. O plantio de espécies arbóreas foi mencionado por
7,5% dos respondentes de ambas as áreas. De modo geral, entre outras medidas declaradas
pelos respondentes destacam-se: a não utilização de produtos que emanam CFCs, a tentativa
do uso racional da água e energia, a educação ambiental de crianças e o uso de transporte
alternativo. Cabe ressaltar que, durante as pesquisas de campo, parcela significativa dos
respondentes que assumiram não adotar nenhuma medida no sentido de reduzir seus impactos
no clima afirmaram que não o fazem por ausência de conhecimentos de quais hábitos
cotidianos poderiam ser menos intervenientes nas condições climáticas. Conforme justifica o
respondente da área urbana:
Faço o que posso. Se pudesse mais faria mais. Mas se o Homem tivesse sabedoria o problema não teria
acontecido.
(respondente n°24 – área urbana)
161
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os procedimentos metodológicos adotados e estruturados através da abordagem
climatológica e da percepção mostraram-se eficientes e atenderam aos objetivos propostos
nesta investigação. O estudo dos tipos de tempo utilizando-se a técnica de análise rítmica
possibilitou a compreensão do encadeamento das condições atmosféricas sucedidas nos dois
seguimentos distintos um mês de inverno e um mês de verão permitindo verificar a
variação das combinações dos parâmetros climáticos em conformidade às características
sazonais do município, subsidiando a observação das condições ambientais e a repercussão
destas no processo perceptivo.
A adoção de dois segmentos temporais com a finalidade de verificar a influência
imediata de determinados tipos de tempo na percepção climática de quem os vivencia,
possibilitou constatar situações em ambas as áreas, urbana e rural, da percepção dos tipos de
tempo, da tempo-sensitividade à variação de determinados elementos climáticos
(principalmente temperatura e umidade relativa) e do ritmo climático e suas influências no
cotidiano dos munícipes.
No que se refere à abordagem da percepção, faz-se pertinente considerar os
procedimentos adotados na elaboração e utilização do instrumento de coleta de dados e na
realização das pesquisas de campo. Para que a pesquisa fosse operacionalizada de modo a
atender aos seus objetivos dentro da disponibilidade temporal existente, optou-se pelo uso do
formulário previamente estruturado, como técnica de levantamento de dados qualitativos,
fundamentando-se este em estudos precedentes. A estruturação do instrumento de coleta de
dados a fim de atingir objetivos distintos (percepção climática e percepção das alterações
climáticas) lhe conferiu uma estrutura sistematizada em duas partes o que refletiu nos
processos de coleta, organização e análise dos dados.
162
No decorrer da coleta de dados os questionamentos referentes à percepção climática,
em razão de apresentarem-se de forma discursiva demandaram maior tempo no registro das
informações, porém, a seqüência das questões apresentadas conferiu ao processo uma
condução fluente como se fosse uma conversa sobre a temática discutida. com relação ao
questionamento das alterações climáticas a estrutura mais gida apresentou um processo de
levantamento de dados mais eficiente, porém, com menor nível de detalhamento, uma vez que
as questões objetivas ou optativas delimitam o enfoque do estudo. Todavia, a estrutura
conferiu aos respondentes maior segurança no trato de uma temática ainda recente e pouco
esclarecida.
A organização e análise dos dados, coletados com objetivos e estruturas distintas,
também exigiu tratamento diferenciado dos mesmos, sendo os dados da percepção climática
tratados conforme o período de coleta (julho/agosto de 2008 e janeiro de 2009), enquanto os
dados da percepção das alterações climáticas foram avaliados de acordo com a totalidade do
universo amostrado, independente do período de coleta, observando-se no primeiro caso a
simultaneidade entre a sucessão dos tipos de tempo e seus reflexos no processo perceptivo e
no segundo a concepção social das alterações do clima.
As variações do ambiente atmosférico e as percepções observadas em conformidade
aos tipos de tempo experienciados pelos munícipes de Rio Claro foram verificadas de acordo
com as preferências individuais apresentadas nos dois momentos de coleta dos dados.
Considerando-se a variação das condições atmosféricas constatou-se, dentre os questionados,
que situações geradoras de conforto e/ou desconforto físico constituíram-se o primeiro fator
de interferência na percepção do tempo, em decorrência das sensações termo-higrométricas
experimentadas ao longo do dia.
As condições atmosféricas reproduzidas no mês de julho de 2008 tiveram por
característica o predomínio de tipos de tempo resultantes de domínios anticiclonais. Dessa
forma, nas pesquisas de campo realizadas nos dias 16 e 18, com temperaturas máximas entre
25 e 27°C e mínimas situadas entre 5 e 8°C (dias 16 e 18, respectivamente), amplitudes
térmicas diárias de até 20°C, situação de calmaria e umidade relativa sempre inferior a 30%
no horário de coleta dos dados, os respondentes experimentaram tipos de tempo muito secos
com extremos térmicos acentuados, o que corrobora para a ocorrência de sensações de
desconforto térmico. Já nos dias 31 de julho e 01 de agosto de 2008, também quando
realizadas as pesquisas de campo, foram vivenciadas situações de aquecimento pré-frontal,
que resultaram em tipos de tempo muito quentes e secos, com temperaturas máximas de 29 e
163
30°C e mínimas entre 12 e 13°C, com umidade relativa, no horário da coleta de dados, sempre
inferior a 27%.
Os respondentes abordados neste período demonstraram menor preferência por tipos
de tempo frio (40% da totalidade) e tempo muito quente (15%). Na área urbana a menor
preferência por tipos de tempo secos associados às baixas e altas temperaturas também foi
salientada, enquanto os respondentes da área rural ressaltaram a ocorrência dos tipos de tempo
muito quente e muito frio no mesmo dia. Observou-se, portanto, uma influência direta das
condições do ambiente atmosférico no processo perceptivo o que leva a confirmar a
percepção pessoal do tempo conforme vivências em temporalidade recente, salvo as menções
de menor preferência por tipos de tempo de pluviosidade intensa – situações estas adversas às
experimentadas no referido mês de análise.
Apesar do maior dinamismo dos sistemas atmosféricos atuantes no mês de janeiro, os
respondentes mencionaram um número menor de tipos de tempo, comparando-se ao mês de
julho. Durante a realização das pesquisas de campo no mês de janeiro de 2009, as situações
atmosféricas apresentadas nos dias 15 e 16 decorreram da atuação de sistemas ciclonais
frontais inerentes à passagem da Frente Polar Atlântica, trazendo ao município precipitações
na ordem de 3,00 mm (dia 15) e 0,50 mm (dia 16); enquanto nos dias 30 e 31 ocorreu a
atuação do domínio da Zona de Convergência do Atlântico Sul, tendo precipitações na ordem
de 7,20 mm e 0,90 mm, respectivamente. Diante de tais condições atmosféricas a menor
preferência por tempo frio também foi salientada neste mês (25% dos respondentes), mas
parcela equivalente dos respondentes (25%) declarou tempo com pluviosidade intensa como
um dos mais desagradáveis, lembrando-se que este, habitualmente, é de grande recorrência no
referido mês de análise, quando a circulação atmosférica caracteriza-se pelas freqüentes
incursões frontais que trazem eventos de grande pluviosidade ao município.
No que se refere aos tipos de tempo de maior preferência dos respondentes, no mês de
julho destacaram-se as menções a tempo quente e tempo sem frio nem calor intensos sendo
este último condição atmosférica adversa às sucedidas no mês analisado quando os domínios
anticiclonais acentuaram as amplitudes térmicas diárias. No mês de janeiro, tipos de tempo
quente, tempo frio e tempo sem frio nem calor intensos também foram destacados. Nos dois
meses de análise tipos de tempo quente e com variação térmica reduzida – sem frio nem calor
intensos – associados à presença de ventos, foram citados como os mais agradáveis. De modo
geral, nota-se que condições térmicas (frio ou calor intensos) e hígricas extremas (tempo seco
e/ou com umidade relativa igual ou superior a 70%) que interferem diretamente no conforto
164
térmico, no bem-estar e nas atividades cotidianas individuais, foram mencionadas como
desagradáveis.
A atribuição genética das chuvas considerou a observação dos componentes da
paisagem vegetação, orografia e clima (variação dos parâmetros climáticos e atuação dos
sistemas atmosféricos), salientando-se, portanto, fatores locais e regionais. Dentre os
respondentes da área urbana, as precipitações foram atribuídas em geral à presença de
vegetação (ressaltando-se a manutenção da regulação térmica do ambiente), aos processos
inerentes ao ciclo hidrológico e à variação da temperatura, registrando-se nas menções do
homem urbano a atribuição da gênese das chuvas aos fatores ambientais e parâmetros
climáticos, sendo estes muitas vezes considerados de forma isolada. Identificou-se menor
percepção e/ou conhecimento do tempo e maior conhecimento do clima, referindo-se às
características de sazonalidade e da circulação atmosférica regional. Na área rural, verificou-
se a percepção do tempo através da dinâmica local e da intensidade dos eventos
pluviométricos. Parcela significativa dos respondentes não souberam dizer qual era a gênese
das chuvas, mas posicionaram-se espacialmente apontando as direções das quais as
precipitações provêm e a intensidade das mesmas identificando-se a percepção da dinâmica
atmosférica no espaço vivido e a combinação de parâmetros climáticos em descrições
condizentes com a circulação atmosférica sucedida no município.
Dentre os fatores genéticos de importância para a origem das chuvas, que foram
mencionados em ambas as áreas de estudo, verifica-se que fatores como a poluição
atmosférica, a presença de vegetação, a presença de orografia e as passagens de frentes frias,
constituem-se elementos cuja importância é aprendida pelos respondentes e não apreendida
através de processo perceptivo o que sugere a influência dos meios de comunicação na
geração de uma falsa percepção, uma vez que o indivíduo demonstra “saber” e não “perceber”
a importância de dados elementos constitutivos da paisagem na gênese pluviométrica.
Considerando-se a previsão da variação do tempo partindo-se da percepção pessoal
dos mesmos, tipos de tempo pluviosos ou de baixas temperaturas foram mencionados como
os mais previsíveis. No que se refere à previsão das chuvas verificou-se a presença de sinais
que são percebidos visualmente pelos respondentes ou através das sensações termo-
higrométricas experimentadas. Em ambas as áreas, urbana e rural, os ciclos da lua, a
nebulosidade, os ventos, o aumento de temperatura e umidade e as alterações fisiológicas
sentidas (em decorrência da variação das condições atmosféricas), foram considerados como
indicadores ambientais preditivos do tempo. Geralmente, a previsão de mudança para tempo
frio vem associada às alterações fisiológicas e à observação da cor do céu (céu avermelhado
165
vem o frio). A previsão do tempo através da interação entre dois ou mais parâmetros
climáticos apresentou-se mais marcante entre os respondentes da área rural.
Em se tratando do ritmo climático, tendo por observação a variação do parâmetro
precipitação, a percepção da freqüência das chuvas apresentou-se através da noção das
características de sazonalidade, fazendo-se distinguir os períodos seco e chuvoso referidos
também como período da seca e período úmido. A ênfase dada pelos respondentes às
características sazonais apresentou-se de acordo com o momento de obtenção dos dados.
Constatou-se em ambas as áreas, urbana e rural, a percepção de que a partir do mês de
setembro inicia-se o período chuvoso, tendo as chuvas um intervalo de freqüência que ocorre
entre um a quatro dias, enquanto no período seco o intervalo varia de semana a meses,
mencionando-se um nimo de vinte dias e um máximo de três meses. A percepção de
parcela significativa dos respondentes de ambas as áreas, urbana e rural, com relação à
distribuição temporal das precipitações, apresentou-se compatível às características climáticas
do município.
A influência do ambiente atmosférico no cotidiano do homem urbano e rural é
percebida através da tempo-sensitividade dos respondentes, revelando-se a percepção das
interferências diretas que a variação atmosférica exerce na saúde, humor e disposição pessoal,
sendo as características socioambientais observadas em segunda instância. Os agravos dos
sistemas respiratório e circulatório foram os mais citados, relacionando-se os primeiros aos
tipos de tempo com baixas temperaturas e umidade relativa e aos extremos térmicos diários; e
o segundo, à temperatura baixa, sendo este posicionamento mais marcante no mês de julho e
destacadamente na área rural. A interferência dos tipos de tempo quente foi associada às
sensações de desconforto, indisposição e mal-estar, sendo estas mais recorrentes no mês de
janeiro. Quanto aos riscos decorrentes dos eventos atmosféricos, eventos de pluviosidade
intensa foram associados às situações de risco e os respondentes da área urbana mostraram-se
mais suscetíveis a estes.
No que se refere à ocorrência de eventos climáticos extremos, constatou-se em ambas
as áreas, urbana e rural, a concepção de que estes eventos são mais freqüentes na atualidade,
sugerindo-se uma visão de que está ocorrendo uma variabilidade do ritmo climático existente,
com precipitações irregulares, cujos totais anuais apresentam-se em processo de redução nos
últimos anos, tendo em contrapartida, a repercussão de períodos de estiagem mais rigorosos e
prolongados. Como fatores desencadeantes destes eventos ocorreu um predomínio das
menções às ações antrópicas, citando-se problemas locais (desmatamento, poluição
atmosférica, entre outros) e globais (aquecimento global, mudança climática e aumento do
166
buraco na camada de ozônio). Através dos fatores mencionados como desencadeantes dos
eventos extremos verificou-se, novamente, uma subordinação das informações aos meios de
comunicação não constituindo-se percepção. Todavia, a concepção de uma variabilidade do
ritmo climático com conseqüente irregularidade do padrão pluviométrico e redução das
precipitações apresentou-se como percepção dos respondentes abordados nos dois períodos
seco e chuvoso o que sugere a necessidade de estudos que comprovem ou refutem tais
observações.
Considerando-se as fontes de informações preditivas, o momento de busca destas
informações, como também as influências do tempo e clima de acordo com o contato
Sociedade Ambiente, verificou-se que na atualidade as informações preditivas são obtidas
predominantemente através da mídia televisiva, sendo a prática empírica de observação direta
dos elementos da paisagem menos recorrente, porém mais freqüente pelos residentes da área
rural. Distinguindo-se os períodos semanais ou anuais nos quais as informações
meteorológicas são buscadas, destacou-se de forma significativa uma freqüência diária, seja
por interesse pessoal ou simplesmente porque a previsão é mostrada durante o
acompanhamento dos telejornais. Dentre períodos específicos, na área urbana citaram-se os
finais de semana e de ano, devido aos eventos sociais e viagens. na área rural, o período
chuvoso foi destacado sob a justificativa de que é neste que se inicia o plantio, o que
influenciará a produtividade e sustento do trabalhador rural.
Em se tratando das alterações climáticas verificou-se entre os respondentes uma
preocupação maior com problemas ambientais mais comuns do cotidiano tais como a
destinação final dos resíduos sólidos produzidos. No entanto, considerando-se as
conseqüências dos processos de alterações do clima e de aquecimento global, atribuiu-se
valoração negativa aos mesmos, sendo os respondentes da área urbana mais pessimistas.
Dentre as imagens pessoais sobre a problemática apresentada, eventos climáticos extremos,
cenários de destruição, devastação, miséria e mortes, foram as imagens mais recorrentes, bem
como o aumento da temperatura em escala planetária e a extinção da humanidade, o que
reproduz o catastrofismo disseminado pelos meios de comunicação e atenta para a
representação social dos fenômenos inerentes às alterações de ordem climática.
Através de uma visão geral do problema os respondentes de ambas as áreas, urbana e
rural, possuem a crença de que as alterações climáticas têm conseqüências ainda não
experimentadas e que trarão riscos às gerações futuras. Quanto ao nível pessoal de informação
sobre o problema discutido, os respondentes da área rural assumiram-se menos informados,
enquanto os respondentes da área urbana demonstraram-se mais inseguros e receosos quando
167
questionados sobre os sentimentos de incertezas e insegurança com relação às alterações
climáticas.
Destaca-se diante do acima exposto a necessidade de maiores esclarecimentos à
sociedade com a finalidade de tornar o conhecimento existente sobre a temática discutida
acessível ao público, para que o mesmo possa julgar as informações que são veiculadas nos
meios de comunicação e não incorporá-las de forma alienada. Tais esclarecimentos
procederiam através de ações educativas advindas das instituições de ensino aliadas à
implementação de programas de educação ambiental promovidos pelas secretarias do meio
ambiente nas diversas instâncias governamentais, ressaltando-se principalmente a atuação do
poder público na escala municipal – local.
Em se tratando das dimensões temporo-espaciais do processo de alterações climáticas,
identificou-se a concepção de que estas ocorrerão como um processo contínuo,
desencadeado, mas com tendências à uma evolução negativa, tendo a ocorrência dos eventos
climáticos extremos como sinais de que o processo se faz presente na sociedade atual. A
população urbana também apresentou posicionamento de maior pessimismo no que se refere à
evolução temporal do fenômeno. Das dimensões espaciais, constatou-se que os respondentes
incluem-se no processo e acreditam que as conseqüências deste virão em escala global.
Considerando-se os fatores desencadeantes prevaleceu a opinião de que as alterações
climáticas decorrem das ações antrópicas, sendo esta concepção mais ressaltada pelos
respondentes da área rural. Mesmo predominando o posicionamento de que as alterações
climáticas constituem processo de origem antropogênica, quase metade dos respondentes de
ambas as áreas, urbana e rural, isentaram-se de responsabilidade no processo, enquanto a
parcela que admitiu ser responsável salientou que por desconhecimento de medidas menos
intervenientes no ambiente atmosférico acabam não adotando hábitos diferenciados.
Avaliando-se o processo perceptivo do tempo/clima e as constatações obtidas no
presente estudo, verificaram-se aspectos nos quais manifestos por grande parcela dos
respondentes de ambas as áreas de estudo, urbana e rural conhecimentos e informações
mostraram-se adquiridas através dos meios de comunicação e não propriamente através de
processo perceptivo, tal como anteriormente comentado sobre os fatores geradores de eventos
pluviométricos e de eventos extremos do clima.
A percepção do tempo e do clima apontou, em alguns casos, para a existência de uma
apreensão condizente com a realidade da sucessão dos tipos de tempo reproduzidos no
município, sendo que os respondentes da área rural fizeram descrições detalhadas de suas
percepções no lugar de suas vivências. Contudo, o posicionamento entre os respondentes de
168
ambas as áreas, urbana e rural, foi convergente diante de muitas situações apresentadas, fato
que pode ser justificado pela proximidade das áreas rurais investigadas com relação às
estruturas urbanas de um município com elevada taxa de urbanização, pela constante busca
por serviços e provimentos encontrados na área urbana e pelas atividades econômicas
exercidas na funcionalidade dos distritos, fazendo com que o modo de vida do homem rural e
urbano apresente-se com certa similaridade; ou ainda pela ampliação do acesso aos meios de
comunicação, fazendo com que as informações preditivas do tempo estejam diariamente ao
alcance do homem urbano e do rural, o que pode interferir no processo de experienciar e
perceber. Dessa forma, ressalta-se que investigações em áreas rurais menos influenciadas pelo
meio urbano e localizadas em municípios menos urbanizados poderão apresentar resultados
distintos dos apreendidos por esta pesquisa.
No que se refere à percepção das alterações climáticas, constatou-se similaridade entre
a opinião e o imaginário social dos respondentes de ambas as áreas, urbana e rural,
praticamente na totalidade das indagações apresentadas, sinalizando massificação das
informações veiculadas pelos meios de comunicação e não processo perceptivo resultante das
experiências individuais dos eventos climáticos. Considerando-se que perceber é conhecer
através dos sentidos e que a percepção é resultado das vivências pessoais, pode-se dizer que a
percepção é reflexo do acúmulo de tempo e espaço vivido (experiências), que influenciam a
compreensão e visão de mundo individual. Questiona-se, portanto, a existência de uma
percepção das alterações climáticas e atenta-se para a existência de uma percepção indireta
do processo, uma vez que o conhecimento e valoração do mesmo decorrem da internalização
de conceitos reproduzidos de forma pouco esclarecedora pelos meios de comunicação.
É neste contexto, que emerge a necessidade de realização de pesquisas em percepção
climática que tenham por finalidade averiguar a diferenciação dos mecanismos de percepção
do tempo e clima, bem como das variabilidades e alterações climáticas. Diante das
inconclusões sobre o processo de alterações do clima e a concepção de que os eventos
extremos constituem-se sinais do mesmo, sugere-se ainda, estudos sobre a percepção dos
riscos ambientais inerentes aos eventos atmosféricos presentes e futuros, no intuito de
esclarecer à sociedade a realidade da problemática ambiental apresentada.
169
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175
ANEXOS
Anexo A Instrumentos de coleta de dados desenvolvidos e utilizados no estudo – Clima
e percepção – realizado por Sartori (2000).
176
Instrumento 1 – Percepção do clima em Santa Maria – ESTRATÉGIA A.
1. Idade: ___________________________________________________________________
2. Sexo: ____________________________________________________________________
3. Grau de escolaridade: _______________________________________________________
4. Atividade principal: ________________________________________________________
5. Você nasceu na região de Santa Maria? _________________________________________
6. Onde você nasceu? _________________________________________________________
7. Quanto tempo reside na região de Santa Maria? ___________________________________
8. O clima da sua região de nascimento é muito diferente da região de Santa
Maria?_____________________________________________________________________
9. Qual diferença que julga mais importante? ______________________________________
10. O que você não gosta do clima da região? ______________________________________
11. O que você mais gosta do clima da região? _____________________________________
12. Você sabe quando sopra o Vento Norte? _______________________________________
13. Você gosta quando sopra o Vento Norte?_______________________________________
14. De forma geral, você julga sentir bem-estar ou mal-estar com o Vento Norte?__________
15. Qual(is) destas reações você julga ter quando sobra o Vento Norte?
[] mau humor [] irritação [] agitação [] nervosismo
[] desinteresse [] ansiedade/inquietação [] tristeza
[] dificuldade de concentração [] indiferença ao trabalho
[] insônia [] pesadelo [] palpitação [] dor-de-cabeça
[] bom humor [] maior disposição [] alegria/euforia [] maior atividade
[] dificuldade de respiração
[] outra(s) reação(ões) Qual(is)__________________________________________________
16. Você sabe o que acontece com o tempo depois do Vento Norte? ____________________
17. Se a resposta anterior referir à chuva. Depois que cessa a chuva o que acontece com o
tempo? _____________________________________________________________________
18. Você acha que o tempo varia mais hoje do que no passado? ________________________
19. Os invernos de hoje são menos ou mais frios do que eram no passado, no meio rural?
___________________________________________________________________________
20. Você conhece algum ditado popular sobre a condições de tempo que estão por acontecer?
___________________________________________________________________________
21. Poderia citar alguns?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
177
Instrumento 2 – Percepção do clima de Santa Maria – ESTRATÉGIA B
Idade: ____________
Sexo: ____________
Atividade rural principal: ______________________________________________________
Lugar de residência:__________________________________________________________
Tempo de residência: _________________________________________________________
Questão desencadeadora:
Quais os sinais que a natureza lhe dá para indicar o comportamento do tempo nos
próximos dias?
Ou, explicando melhor:
Como o(a) senhor(a) sabe quando vai ou não chover, quando vai continuar a seca ou a
enchente, quando vai fazer mais frio ou mais calor, se o inverno ou o verão vai ser mais seco
ou mais chuvoso, por exemplo?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
178
INSTRUMENTO 3- PERCEPÇÃO DO CLIMA DE SANTA MARIA – Estratégia C
1) Idade: Criança Jovem Adulto Velho
2) Sexo: Feminino Masculino
3) Grau de escolaridade: Analfabeto Ens. Fund. I. Ens. Fund. C.
Ens. Méd. I. Ens. Méd. C. Ens. Sup. I. Ens. Sup. C. Pós-Graduação
4) Profissão: _______________________________________________________________
5) Você mora em Santa Maria? Sim Não
6) Você nasceu em Santa Maria? Sim Não
7) Se não, onde nasceu? Rio Grande do Sul Outro Estado Outro País
Em que local: ______________________________________________________________
8) Quanto tempo você reside em Santa Maria? Menos de um ano
De 1 a 5 anos De 5 a 10 anos De 10 a 20 anos Mais de 20 anos
9)Você acha o clima de sua cidade muito diferente do clima de santa Maria?
Sim Não Não sabe Não lembra
10) Qual a diferença que você julga mais importante?_______________________________
11) O que você não gosta no clima de Santa Maria?_________________________________
12) O que você mais gosta do clima de Santa Maria?________________________________
13) Você sabe quando sopra o Vento Norte? ______________________________________
14) Você gosta quando tem o Vento Norte? _______________________________________
15) de forma geral, você julga sentir bem-estar ou mal-estar com o Vento Norte?__________
16) Qual(is) destas reações você julga ter quando sopra o Vento Norte?
Mau-humor Irritação Agitação Nervosismo
Apatia/desinteresse Ansiedade/inquietação Indiferença ao trabalho
Dificuldade de concentração Tristeza Insônia Pesadelo
Palpitação Dificuldade de respiração Dor-de-cabeça
Bom-humor Alegria/euforia Maior atividade Maior disposição
Outra(s) reação(ões) Qual(is)?__________________________________
17) Você sabe o que acontece com o tempo depois do Vento Norte?_____________________
18) Se a resposta anterior referir-se à chuva. Depois que cessa a chuva o que acontece com o
tempo?_____________________________________________________________________
179
Instrumento 4: Percepção do Clima de Santa Maria – Escolas de Ensino Fundamental e de EnsinoMédio – Estratégia “D”
Dia:___________Série:___________Idade:_________Turno:_________
CRIANÇAS
REAÇÕES OBSERVADAS
SEXO
MAU
HUMOR
IRRITAÇÃO AGITAÇÃO NERVOSISMO APATIA TRISTEZA
DIFICULDADE
DE
CONCENTRAÇÃO
ANSIEDADE
MAL
ESTAR
MAIOR
DISPOSIÇÃO
ALEGRIA
BEM
ESTAR
MAIOR
ATIVIDADE
OUTRA(S) REAÇÃO(ÕES) OBSERVADA(S):____________________________________________________________________________
Nome da Professora: ___________________________________________________________________________________________________
180
INSTRUMENTO 5 – Percepção do clima de Santa Maria – ESTRATÉGIA E.
Clínica médica – o caso do Vento Norte
1. Dados pessoais:
Idade: ____________ Sexo: _____________
2. Sintomas clínicos:
Pressão arterial (mm/Hg): [] aumentou [] diminuiu [] sem alteração
Freqüência cardíaca (Fc/min) [] aumentou [] diminuiu [] sem alteração
Palpitação [] sim [] não [] às vezes
Dificuldade de respiração [] sim [] não [] às vezes
Edema nas articulações [] sim [] não [] às vezes
Dores articulares [] sim [] não [] às vezes
Sede [] aumenta [] diminui [] sem alteração
Suor [] quente [] frio [] aumenta [] diminui [] sem alteração
3. Sintomas físicos:
Sensação geral [] bem estar [] mal estar
Apetite [] aumenta [] diminui [] sem alteração
Sono [] profundo [] insônia [] pesadelo [] interrompido
Outros sintomas [] enxaqueca [] dor de cabeça [] dor no corpo
[] corpo pesado [] inchação
4. Sintomas psicológicos:
[] menor disposição [] depressão [] nervosismo [] agitação [] irritabilidade
[] apatia [] tristeza [] ansiedade/inquietação
[] mau humor [] sensibilidade ás pessoas, à luz, ao som.
[] maior disposição [] alegria/euforia [] bom humor
5. Sintomas intelectuais:
[] dificuldade de concentração
[] indiferença ao trabalho
[] maior atividade [] menor atividade
[] maior disposição [] menor disposição.
Nome do médico: Dr. Vítor Hugo Leite Souza Assinatura:____________________
Data:__________________________________________________________________
181
INSTRUMENTO 6 – Percepção do clima de Santa Maria – ESTRATÉGIA F.
Moradores antigos
Idade: _______________
Sexo: _______________
Atividade Profissional: ___________________________________________________
Tempo de residência na cidade de Santa Maria: ________________________________
Bairro e rua em que mora: _________________________________________________
Tempo de residência no bairro: _____________________________________________
Questão desencadeadora:
Ao longo de sua vivência na cidade de Santa Maria, o(a) senhor(a) observou ou percebeu
alguma modificação no seu clima? Fale a respeito.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Data da entrevista: _______________________________________________________
182
Anexo B – Formulário de coleta de dados utilizado no estudo – A percepção climática no
município de Campinas – SP – realizado por Oliveira (2005).
183
Formulário
Clima e Percepção
Sexo: __________ Idade:__________ Escolaridade:__________
Endereço: _______________________________________________
Tempo de residência no local: __________
O Sr(a) sabe a diferença entre tempo e clima?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
O Sr(a) acha que o tempo/ o clima influencia sua vida? De que maneira?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Na opinião do Sr(a) o clima está mudando? Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
O Sr(a) consegue prever de algum modo uma mudança no tempo? (chuva, vendaval,
diminuição ou aumento da temperatura, chegada de uma frente fria).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
O Sr(a) acha que os eventos extremos, como muita chuva ou períodos longos de estiagem
estão acontecendo com mais freqüência? O Sr(a) tem alguma explicação para esses fatos?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Qual é sua fonte de informação com relação a condições de tempo e clima?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
algum período em especial em que o Sr(a) fica mais atento a essas questões?
(tempo/clima)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Já vivenciou uma situação de perigo/desconforto relacionado a algum evento de tempo?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
184
Anexo C Formulário de coleta de dados utilizado no estudo O clima de Santa Cruz
do Sul – RS e a percepção climática da populão urbana – realizado por Ruoso (2007).
185
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA – Percepção do clima urbano de Santa Cruz do
Sul/RS
DATA: __________ Etnia: _____________________________________
1. Idade: Jovem____ Adulto____ Idoso____
2. Sexo: Feminino Masculino
3. Grau de Escolaridade:
Analfabeto Ens. Fund. I. Ens. Fund. C. Ens. Méd. I. Ens. Méd. C.
Ens. Sup. I. Ens. Sup. C. Pós-Graduação
4. Profissão: _________________________________________________________________
5. Você nasceu em Santa Cruz do Sul? Sim Não
6. Onde você nasceu (cidade/estado)? ____________________________________________
7. Quanto tempo reside na cidade de Santa Cruz do
Sul?________________________________________________________________________
8. Qual bairro você reside? _____________________________________________________
9. O que é clima para você?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
10. O que é tempo meteorológico para você?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11. O clima de sua região de nascimento é muito diferente do clima da região de Santa Cruz
do Sul? Sim Não Não sabe Não lembra
12. Qual a diferença de sua cidade de origem e Santa Cruz do Sul que você julga mais
importante? _________________________________________________________________
13. Que tipo de tempo você não gosta no clima de Santa Cruz do Sul?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
14. Que tipo de tempo você mais gosta no clima de Santa Cruz do Sul?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
186
15. Você acha que o tipo de tempo e o clima variam mais hoje do que no passado?
Sim. Por quê? ________________________________________________________
Não. Por quê? ________________________________________________________
16. Você sabe qual a origem (causa) da chuva? Por que chove no Rio Grande do Sul e Santa
Cruz do Sul? ________________________________________________________________
17. Como você sabe quando está para chover? Ou seja, como está o tempo antes de
chover?_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
18. Como fica o tempo depois que a chuva acaba/passa?
___________________________________________________________________________
19. Você tem idéia de quanto tempo (dias) se passa em média entre uma chuva e outra?
___________________________________________________________________________
20. Que sinais a natureza apresenta para indicar o comportamento do tempo nos próximos
dias? Ou seja, como o(a) senhor(a) sabe quando vai ou não chover, quando vai continuar a
seca ou a enchente, quando vai fazer mais frio ou mais calor, se o inverno ou verão vai ser
mais seco ou mais chuvoso, por exemplo?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
21. Você confia mais no que vomesmo observa na natureza ou na previsão oficial do
tempo?
___________________________________________________________________________
22. Você acredita na previsão do tempo apresentada na TV, rádios e jornais? Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
OBS: A questão 22 deverá ser respondida por moradores da cidade de Santa Cruz do Sul
que residem a mais de 20 anos.
23. Ao longo de sua vivência na cidade de Santa Cruz do Sul, o(a) senhor(a) observou ou
percebeu alguma modificação no seu clima? Fale a respeito.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
187
Anexo D Questionário de coleta de dados utilizado em estudo realizado pelo Tyndall
Centre for Climate Change Research - Lowe (2006).
188
Appendix 2) Flyer used to advertise the study [4.0 Experiment
Design:
Theory and methodology]
189
Appendix 3) Information Emailed to UEA Undergraduate students
prior to study. Information also used on web page with a signing-up
facility
[4.0 Experiment Design: Theory and methodology]
EARN £5 to £10
IN A (SIMPLE) UEA STUDY
1 ARE YOU AN UNDERGRADUATE STUDENT AT UEA?
2 HAVE YOU NOT YET SEEN THE FILM ‘THE DAY AFTER TOMORROW’?
3 WOULD YOU LIKE TO EARN SOME EASY MONEY?
IF YOU HAVE ANSWERED YES TO ALL OF THE ABOVE QUESTIONS THEN READ ON……….
WE REQUIRE 300 UEA UNDERGRADUATES TO TAKE PART IN A SIMPLE QUESTIONNAIRE BASED
STUDY LASTING BETWEEN 30 MINUTES AND 2.5 HOURS.
THE STUDY WILL INVOLVE EITHER A SHORT PIECE OF READING (15-20 MINUTES) OR
WATCHING A FILM (2HRS) FOLLOWED BY A SHORT QUESTIONNAIRE. RESPONDENTS WILL BE
PAID EITHER £5 or £10 FOR THEIR TIME.
THIS STUDY IS OPEN TO ALL UNDERGRADUATES FROM ANY SCHOOL EXCEPT 1) THE SCHOOL
OF ENVIRONMENTAL SCIENCES (ENV); AND 2) THE SCHOOL OFOR DEVELOPMENT STUDIES
(DEV).
IF YOU HAVE ALREADY SEEN THE FILM THE DAY AFTER TOMORROW I’M AFRAID YOU
CANNOT APPLY.
IF YOU ARE INTERESTED IN TAKING PART IN ONE OF THESE EXPERIMENTS PLEASE SELECT
ONE OF THE DATES BELOW:
WE REALLY WANT YOU TO COME ALONG……IT’S EASY AND YOU GET PAID!!
Date 1: Monday, March 7
th
, 1.10 pm (hyperlink)
Date 2: Tuesday, March 8
th
, 1.10 pm (hyperlink)
Date 3: Wednesday, March 9
th
, 2.10 pm or 6.10pm (hyperlink)
Date 4: Friday, March 11
th
, 10.10 am (hyperlink)
If you would like to take part but none of these times suit you, please contact t.[email protected].uk
190
Appendix 4) Questionnaire Part 1
Please answer each of the following questions.
Q.1 How much do you worry about the following problems?
(For each problem, please tick the box corresponding to your level of worry.)
A Great Deal A Fair Amount Only a Little Not at All
a)
AIDS
b)
Biodiversity loss
c)
Terrorism
d)
Climate change /
Global warming
e)
Radioactive waste
disposal
f)
Poverty
g)
Genetically modified
food (GMO)
Q. 2 In political matters, people talk of "the left" and "the right." How would you place
your views on this scale, generally speaking? (Please circle one number)
Left Right
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Q.3 If there were a general election tomorrow, which party would you be most likely to
support? (Please tick one box)
a) Conservative b) Labour
c) Liberal Democrats d) Scottish/ Welsh Nationalist
e) Green Party f) UK Independence party
g) Other h) Would not vote
i) Undecided j) Unfamiliar with UK Political Parties
PTO.
191
Demographic Information
Q.4 What are you studying? _____________________________
Q.5 What year are you in? ______________________________
Q.6 What is your nationality?____________________________
Q.7 Gender (Please circle): Male / Female
Q.8 Age, please circle.
a) 12 – 19, b) 20 – 29, c) 30 – 39, d) 40 – 49, e) 50 – 59, f) 60 or more
Q.9 What is your religion? (Please tick one)
a) Baptist—any denomination
b) Protestant (e.g., Methodist, Lutheran, Presbyterian, Episcopal)
c) Catholic
d) Mormon
e) Jewish
f) Muslim
g) Hindu
h) Buddhist
i) Pentecostal
j) Eastern Orthodox
k) Other Christian
l) Other-non-Christian– Please specify
m) None
Q. 10 How often do you attend religious services? (Please tick one)
a) More than once a week
b) Once a week
c) Once or twice a month
d) A few times a year
e) Once a year or less
f) Never
______________________________________________________________________
Please check that you have answered all of the questions
**Thank You**
192
Appendix 5) Questionnaire part 2 – Control
Please answer each of the following questions
Q.1 Do you think that climate change / global warming is a good thing or a bad thing?
(Please circle the number that best reflects the strength of your feelings)
Very Bad Very Good
-3 -2 -1 +1 +2 +3
Q.2 a) When you think of climate change / global warming, what is the first thought or
image that comes to your mind?
______________________________________________________________________
b) Do you consider this thought/image a good thing or a bad thing? (Please circle
the number that best reflects the strength of your feelings)
Very Bad Very Good
-3 -2 -1 +1 +2 +3
Q.3 a) Still thinking of climate change / global warming, what is the second thought or
image that comes to your mind?
______________________________________________________________________
b) Again, do you consider this thought/image a good or bad thing?
Very Bad Very Good
-3 -2 -1 +1 +2 +3
Q.4 a) Still thinking of climate change / global warming, what is the third thought or
image that comes to your mind?
______________________________________________________________________
b) Do you consider this thought/image a good or bad thing?
Very Bad Very Good
-3 -2 -1 +1 +2 +3
193
Q.5 How serious of a threat do you think climate change / global warming is to: (Please
tick the box that applies on each row)
Very Serious
Somewhat
Serious
Not Very
Serious
Not at All
Serious
a) You and your family?
b) Your local community?
c)
People in the United
Kingdom?
d)
People in other
countries?
e) Non -human nature?
Q.6 When do you think climate change / global warming will start to have dangerous
impacts on people around the world? (Please tick one box)
1) It is dangerous now
2) In 10 years
3) In 25 years
4) In 50 years
5) In 100 years
6) Never
Q.7 Worldwide, how likely do you think it is that each of the following will occur, during
the next 50 years due to climate change / global warming? (Please tick the box that
applies on each row)
Very
Likely
Somewhat
Likely
Somewhat
Unlikely
Very
Unlikely
a) standards of living will decrease
b) increased rates of disease
c) food shortages
d) flooding of major cities
e)
more intense storms, hurricanes,
tornadoes
f)
a shutdown of the north Atlantic
current /
thermohaline circulation
g) a new ice age
194
Q.8 In the United Kingdom, how likely do you think it is that each of the following will
occur, during the next 50 years due to climate change / global warming? (Please tick the
box that applies on each row)
Very
Likely
Somewhat
Likely
Somewhat
Unlikely
Very
Unlikely
a) standards of living will decrease
b) increased rates of disease
c) food shortages
d) flooding of major cities
e)
more intense storms, hurricanes,
tornadoes
f) a new ice age
Q.9 Worldwide, how many people do you think… (Please tick the box that applies on
each row)
None Hundreds Thousands Millions
Don’t
Know
a) Currently die each year due to
climate change /global warming?
b) Are currently injured or
become ill each year due to
climate change / global warming?
c) Will die each year 50 years
from now due to climate change /
global warming?
d) Will be injured or become ill
each year 50 years from now due
to climate change / global
warming?
195
Q.10 The five pictures below illustrate five different perspectives. Each picture depicts
the climate system as a ball balanced on a line, yet each one has a different ability to
withstand human-caused climate change / global warming. (Please circle the picture
which you feel best represents your understanding of how the climate system works.)
a) Climate is slow to change. Climate change/global warming will gradually lead to dangerous impacts.
b) Climate shows a delicate balance. Small amounts of climate change / global warming will have abrupt and
catastrophic impacts.
a) Climate is very stable. Climate change / global warming will have little to no impact.
d) Climate is stable within certain limits. If climate change / global warming is small, climate will return to
equilibrium. If it is large, there will be dangerous impacts.
e) Climate is random and unpredictable. We do not know what will happen.
196
Q.11 Do you strongly agree, somewhat agree, somewhat disagree or strongly disagree
with the following statements? (Please tick the box that applies on each row)
Strongly
Agree
Somewhat
Agree
Somewhat
Disagree
Strongly
Disagree
a)
It doesn't make much difference
if people elect one or another
political candidate, for nothing will
change.
b)
I support government efforts to
get rid of poverty.
c)
Our government tries to do too
many things for too many people.
We should just let people take care
of themselves.
d)
The sooner we get rid of the
traditional family structure, where
the father is the head of the family
and the children are taught to obey
authority automatically, the better.
The old-fashioned way has a lot
wrong with it.
e)
It is important to me that people
admire the things I own.
f)
I really don't have much control
over my future, I'm just trying to
keep up with all of the demands on
me.
g)
Companies and institutions
should be organized so everybody
can influence important decisions.
h)
If the government spent less time
trying to fix everyone’s problems,
we’d all be a lot better off.
i)
Students must be taught to
challenge their parents’ views,
confront the authorities, and criticize
the traditions of our society.
j)
I care a lot about how I look.
197
Q.12 Again, do you agree or disagree with the following statements? (Please tick the box
that applies on each row)
Strongly
Agree
Somewhat
Agree
Somewhat
Disagree
Strongly
Disagree
a)
It's no use worrying about public
affairs; I can't do anything about them
anyway.
b)
The world would be a more peaceful
place if its wealth were divided more
equally among nations.
c)
Society works best when it lets
individuals take responsibility for their
own lives without telling them what to
do.
d)
It is always better to trust the
judgment of the proper authorities in
government and religion, than to listen
to the noisy rabble-rousers in our
society who are trying to create doubt
in people’s minds.
e)
I feel that I have little value as an
individual in society.
f)
We have gone too far in pushing
equal rights.
g)
People are poor because they are
lazy or lack will power.
h)
People should show more respect to
people in positions of authority.
i)
Shopping and buying things gives
me great pleasure.
j)
The future is too uncertain for a
person to make serious plans.
k)
Discrimination against minorities is
still a very serious problem in our
society.
l)
The (UK) government interferes too
much in our everyday lives.
m)
Society should be organized more
like the military, with a strict chain of
command.
198
Q.13 People sometimes talk about what the aims of this country should be for the next
ten years. Which of the following goals do you find the most important? And what
would be the next most important? (Please write the letter of your first and second choices
in the spaces below.)
a) A high rate of economic growth
b) Progress toward a society in which ideas count more than money
c) Making sure this country has strong defense forces
d) Progress toward a less impersonal and more humane society
Most important goal ______ Second-most important goal ______
Q.14 Here is another list. In your opinion, which one of these goals is the most
important? And what would be the next most important? (Please write the letter of your
first and second choices in the spaces below.)
a) Maintaining order in this country
b) Giving people more say in important government decisions
c) Fighting rising prices
d) Protecting freedom of speech
Most important goal ______ Second-most important goal ______
Q.15 Here are three basic kinds of attitudes about the society we live in. Which of them
comes closest to your own point of view? (Please tick one box)
1) The entire way our society is organized must be radically changed.
2) Our society must be gradually improved by reforms.
3) Our present society must be defended against all subversive forces.
4) Don’t know
Q.16 Here are two statements people sometimes make when discussing the environment
and economic growth. Which of them comes closest to your own point of view? (Please
tick one box)
1) Protecting the environment should be given priority, even if it causes slower economic
growth and some loss of jobs.
2) Economic growth and creating jobs should be the top priority, even if the environment
suffers to some extent.
3) Don’t know
199
Q.17 Here are two statements that people sometimes make when discussing good and
evil. Which one comes closest to your own point of view? (Please tick one box)
1) There are absolutely clear guidelines about what is good and evil. These always apply to
everyone, whatever the circumstances.
2) There can never be absolutely clear guidelines about what is good and evil. What is good
and evil depends entirely upon the circumstances at the time.
3) Don’t know
Q.18 How much do you worry about the following problems? (For each problem, please
tick the box corresponding to your level of worry.)
A Great
Deal
A Fair
Amount
Only a
Little
Not at
All
a) Poverty
b) Biodiversity loss
c) AIDS
d) Climate change/ Global warming
e) Radioactive waste disposal
f) Terrorism
g) Genetically modified food (GMO)
Q.19 Do you think climate change / global warming is: (Please tick one box)
1) Natural
2) Human-made
3) A combination of both
4) Other, please
specify__________________________________________________________
200
Q.20 To what extent do you agree or disagree with the following statements? (Please tick
the box that applies on each row)
Strongly
Agree
Somewhat
Agree
Somewhat
Disagree
Strongly
Disagree
a)
Climate change / global warming
has unknown consequences
b)
Climate change / global warming
poses risks to future generations
c)
I have mixed feelings about
climate change / global warming
d)
I have moral concerns about
climate change / global warming
e)
I am well informed about climate
change/ global warming
f)
I feel able to control any risks to
myself associated with climate
change / global warming
g)
Too much fuss is made about
climate change / global warming
nowadays
h) I am not that bothered about
climate
change / global warming
i)
The risks from climate change /
global warming are unfair because
they fall unevenly on particular
groups in society
j)
The idea of climate change /
global warming fills me with dread
Q.21 Please indicate whether or not you think the following directly contribute to
climate change / global warming (Please answer Yes or No for each choice)
Yes No
a) Energy produced by nuclear power stations
b) Damage to the ozone layer
c) Burning fossil fuels (coal, gas, oil)
d) Deforestation
e) Greenhouse gas emissions
f) Natural variability
g) Toxic waste (nuclear, chemical)
h) Use of aerosol cans
201
Q.22 How strongly do you trust or distrust the following groups to tell you the truth
about climate change / global warming? (Please tick the box that applies on each row)
Strongly
Trust
Somewhat
Trust
Somewhat
Distrust
Strongly
Distrust
a)
Religious leaders
b)
The media
c)
Friends and family
d)
Environmental organisations
e)
Government scientists
f)
University scientists
g)
Industry scientists
h)
People from your local community
i)
Local authorities
j)
The national government
k)
Corporations
202
Q.23 Who do you think is primarily responsible for doing something about climate
change / global warming? (Please tick the box that applies on each row)
Strongly
Agree
Somewhat
Agree
Somewhat
Disagree
Strongly
Disagree
a)
The United Kingdom (GB)
b)
Developed countries
c)
Less developed countries
d)
The national government
e)
Corporations
f)
Car companies
g)
Oil companies
h)
Environmental organisations
i)
Government Scientists
j)
Industry scientists
k)
University scientists
l)
Local authorities
m)
Your local community
n)
Yourself
o)
Friends and family
Q.24 In February this year, an international agreement called the Kyoto Protocol went
into effect in which developed countries collectively agreed to reduce their emissions of
the greenhouse gases (carbon dioxide, methane, etc.) that are said to cause global
warming. How much do you favour or oppose this agreement? (Please tick one box)
a) Strongly favour
b) Somewhat favour
c) Somewhat oppose
d) Strongly oppose
203
Q. 25 How much do you favour or oppose the following proposals?
To address climate change/global warming, the government should:
A) Raise taxes on fuels each year for the next ten years to get people to use less
energy (Please tick one box)
1) Strongly favour
2) Somewhat favour
3) Somewhat oppose
4) Strongly oppose
B) Restrict or ration the amount of energy each household is allowed to use (Please
tick one box)
1) Strongly favour
2) Somewhat favour
3) Somewhat oppose
4) Strongly oppose
C) Spend money on campaigns to persuade people to cut back on driving (Please tick
one box)
1) Strongly favour
2) Somewhat favour
3) Somewhat oppose
4) Strongly oppose
Q.26 Please state whether you agree or disagree with the following statements:
A) I would agree to an increase in taxes if the money were used to combat climate
change / global warming. (Please tick one box)
1) Agree
2) Disagree
B) I would buy things at 20 % higher than usual prices if it would help combat
climate change/ global warming. (Please tick one box)
1) Agree
2) Disagree
204
Q.27 Have you already acted in any way to reduce your impact on the climate? (Please
tick one box)
1) Yes
2) No
Q.28 Do you undertake any voluntary work in your community? (Please tick one box)
1) Yes
2) No
Q.29 How likely are you to do the following in the near future? (Please tick the box that
applies on each row)
Very
Likely
Somewhat
Likely
Somewhat
Unlikely
Very
Unlikely
a)
Purchase a more fuel-efficient car
b)
Join, donate money to or volunteer with
an organization working on issues related
to climate change/ global warming
c)
Make your views on climate change/
global warming clear to politicians (by
writing letters, telephoning, sending e-
mails, signing petitions, joining protest
marches etc.)
d)
Talk to friends or family about how to
reduce or prevent climate change/ global
warming.
e)
Make more effort to reduce personal
impact e.g. recycle, use less electricity/gas
f)
Fly less often
g)
Bicycle or use public transport more
h)
Do nothing different
205
Q.30 Please indicate how much you agree or disagree with the following statements:
A) It is just too difficult for me as an individual to do much about climate
change/global warming (Please tick the one that applies)
1) Strongly agree
2) Somewhat agree
3) Somewhat disagree
4) Strongly disagree
B) Trying to save energy does not do much to help combat climate change/global
warming (Please tick the one that applies)
1) Strongly agree
2) Somewhat agree
3) Somewhat disagree
4) Strongly disagree
C) Using public transport instead of a car does not really do much to combat climate
change/global warming (Please tick the one that applies)
1) Strongly agree
2) Somewhat agree
3) Somewhat disagree
4) Strongly disagree
Is there anything else you wish to add?
PLEASE CHECK TO MAKE SURE YOU HAVE ANSWERED
ALL OF THE QUESTIONS
THANK YOU!
206
Anexo E – Formulário de coleta de dados desenvolvido e utilizado no pré-teste.
207
FORMULÁRIO N°___
Data: __/__/___ Sexo:_____ Idade:______ Grau de Escolaridade:________________________
Bairro: _____________________________Tempo de Residência no Local:___________________
Profissão:___________________________
1. Que tipo de tempo você não gosta no clima de Rio Claro?
________________________________________________________________________________________
2. Que tipo de tempo você mais gosta em Rio Claro?
________________________________________________________________________________________
3. Você sabe qual a origem (causa) da chuva? Por que chove em Rio Claro?
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
4. Você consegue prever de algum modo uma mudança no tempo? (chuva, vendaval, diminuição ou aumento da
temperatura, chegada de uma frente fria)
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
5. Você tem idéia de quanto tempo (dias) se passa em média entre uma chuva e outra?
_____________________________________________________________________________________
6. Você acha que os eventos extremos, como muita chuva ou períodos longos de estiagem estão acontecendo
com mais freqüência? O (a) senhor (a) tem alguma explicação para esses fatos?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
7. Você acha que o tempo/clima influencia sua vida? De que maneira?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
8. Já vivenciou uma situação de perigo/desconforto relacionado a algum evento de tempo?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
9. Qual é a sua fonte de informação com relação a condições de tempo e clima?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
10. Há algum período em especial em que você fica mais atento a essas questões? (tempo/clima)
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
208
11.Quanto você se preocupa com os problemas mencionados abaixo?
Muito Só um pouco Não me
preocupo
AIDS
Perda de biodiversidade
Mudanças climáticas
Disposição de lixo
Pobreza
Alimentos transgênicos
12. Você acha que a mudança climática e o aquecimento global são coisas boas ou ruins? (Circule o
número que mais reflete a força dos seus sentidos)
Muito ruim Muito Bom
-3 -2 -1 +1 +2 +3
13. Quando você pensa em mudança climática/aquecimento global qual é a primeira imagem que vem em
sua mente?_____________________________________________________________________
14. Você considera esta imagem uma coisa boa ou ruim?
Muito ruim Muito Bom
-3 -2 -1 +1 +2 +3
15. Você acha que as mudanças climáticas e o aquecimento global são mudanças mais sérias para:
Muito sério Algo sério Nada sério
Você e sua família?
Sua comunidade local?
O povo brasileiro?
Pessoas de outros países?
Natureza não humana
16. Quando você acha que as mudanças climáticas começarão a ter perigosos impactos sobre as pessoas ao
redor do mundo?
( ) já é perigoso agora ( ) em 50 anos
( ) em 10 anos ( ) em 100 anos
( ) em 25 anos ( ) nunca
17. No Brasil, o que você acha que seria mais fácil de ocorrer nos próximos 50 anos com as possíveis
mudanças climáticas e o aquecimento global?
Muito provável Pouco provável Improvável
Padrões de vida decrescerão
Aumento de doenças
Escassez de comida
Inundação de grandes cidades
Aumento de tempestades, furacões e tornados
18. As cinco figuras abaixo ilustram cinco diferentes perspectivas. Cada figura representa o sistema clima
como uma bola balançando na linha, cada uma tem uma habilidade diferente para resistir às causas das
mudanças climáticas. Qual figura você sente que melhor representa sua compreensão de como o sistema
climático trabalha?
a) ( ) O clima é lento para mudar. Mudanças climáticas e aquecimento global irão evoluir gradualmente
para impactos perigosos.
209
b) ( ) O clima mostra um balanço delicado. Grandes variações das mudanças climáticas terão impactos
abruptos e catastróficos.
c) ( ) O clima é muito estável e as mudanças climáticas terão pouco impacto.
d) ( ) O clima é estável dentro de certos limites. Se a mudança climática for pequena, o clima retornará ao
equilíbrio. Se for grande, existirão impactos perigosos.
e) ( ) O clima é casual e imprevisível. Nós não podemos saber o que acontecerá.
19. Você acha que as mudanças climáticas e o aquecimento global são resultados de um processo:
( ) natural ( ) feito pelo homem ( ) uma combinação homem/natureza ( ) Outro fator
Se a resposta for outro fator por favor, especifique: _____________________________________
20. Posicione-se concordando ou discordando das seguintes afirmações sobre as mudanças climáticas e o
aquecimento global:
Concordo Discordo
As mudanças climáticas têm conseqüências desconhecidas
As mudanças climáticas trarão riscos para as gerações futuras
Meus sentimentos sobre as mudanças climáticas ainda são indefinidos
Eu estou bem informado sobre as mudanças climáticas
Eu me sinto capaz de controlar alguns riscos em minha vida com relação as
mudanças climáticas
Há muito sensacionalismo feito sobre as mudanças climáticas
Eu estou preocupado com as mudanças climáticas
Os riscos das mudanças climáticas recaem apenas sobre alguns grupos da
sociedade
A idéia de mudanças climáticas me deixa com medo
210
21. Indique o que você acha que contribui diretamente para o processo de mudanças climáticas e
aquecimento global:
Contribui Não contribui
Produção de energia por usinas nucleares
Redução da camada de ozônio
Queima de combustíveis fósseis (álcool, gás, óleo)
Desmatamento
Emissão de gases do efeito estufa
Variabilidade natural
O Lixo
Uso de aerossóis
22. Responda dizendo se concorda ou descorda da responsabilidade de alguns seguimentos da sociedade no
processo de mudanças climáticas e aquecimento global:
Concordo Discordo
O Brasil
Os países desenvolvidos
Os países pouco desenvolvidos
Os governos nacionais
As grandes corporações
As indústrias automotivas
As companhias petrolíferas
As organizações ambientais
Os cientistas do governo
Os cientistas das indústrias
Os cientistas das universidades
As autoridades locais
Sua comunidade local
Sua vida
Seus amigos e sua família
23. Você tem agido no sentido de reduzir seus impactos no clima? Como?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
211
Anexo F – Formulário utilizado na coleta de dados.
212
FORMULÁRIO N°___
Data: __/__/___ Sexo:_____ Idade:______ Grau de Escolaridade:__________________________
Bairro: _____________________________Tempo de Residência no Local:_____________________
Profissão:___________________________
1. Que tipo de tempo você não gosta no clima de Rio Claro?
__________________________________________________________________________________________
2. Que tipo de tempo você mais gosta em Rio Claro?
__________________________________________________________________________________________
3. Você sabe qual a origem (causa) da chuva? Por que chove em Rio Claro?
__________________________________________________________________________________________
_ _________________________________________________________________________________________
4. Você consegue prever de algum modo uma mudança no tempo? (chuva, vendaval, diminuição ou aumento da
temperatura, chegada de uma frente fria)
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
5. Você tem idéia de quanto tempo (dias) se passa em média entre uma chuva e outra?
__________________________________________________________________________________________
6. Você acha que os eventos extremos, como muita chuva ou períodos longos de estiagem estão acontecendo
com mais freqüência? O (a) senhor (a) tem alguma explicação para esses fatos?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
7. Você acha que o tempo/clima influencia sua vida? De que maneira?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
8. Já vivenciou uma situação de perigo/desconforto relacionado a algum evento de tempo?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
9. Qual é a sua fonte de informação com relação a condições de tempo e clima?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
10. Há algum período em especial em que você fica mais atento a essas questões? (tempo/clima)
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
213
11. Você se preocupa com os problemas mencionados abaixo?
SIM O
Desmatamento
Mudanças climáticas
Lixo
Pobreza
12. Você acha que a mudança climática e o aquecimento global são coisas boas ou ruins?
_________________________________________________________________________________
13. Quando você pensa em mudança climática/aquecimento global qual é a primeira imagem que vem em
sua mente? _________________________________________________________________
14. Você considera esta imagem uma coisa boa ou ruim?
_________________________________________________________________________________
15. Você acha que as mudanças climáticas e o aquecimento global afetariam:
SIM NÃO
Você e sua família?
O povo brasileiro?
Pessoas de outros países?
Natureza não humana
16. Quando você acha que as mudanças climáticas começarão a ter perigosos impactos sobre as pessoas ao
redor do mundo?
( ) já é perigoso agora ( ) em 50 anos
( ) em 10 anos ( ) em 100 anos
( ) em 25 anos ( ) nunca
17. Você acha que as mudanças climáticas e o aquecimento global são resultados de um processo:
( ) natural ( ) feito pelo homem ( ) uma combinação homem/natureza ( ) Outro fator
Se a resposta for outro fator por favor, especifique: _____________________________________
18. Posicione-se concordando ou discordando das seguintes afirmações sobre as mudanças climáticas e o
aquecimento global:
SIM NÃO
As mudanças climáticas têm conseqüências desconhecidas
As mudanças climáticas trarão riscos para as gerações futuras
Você está bem informado sobre as mudanças climáticas
Você está preocupado com as mudanças climáticas
A idéia de mudanças climáticas te deixa com medo
19. Você se sente responsável pelas mudanças climáticas? Por quê?
_______________________________________________________________________________________
20. Você tem agido no sentido de reduzir seus impactos no clima? Como?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
214
Anexo G Imagens de satélite referentes aos meses de julho/agosto de 2008 e janeiro de
2009.
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