O texto constitui, na escola, o lugar instituído do saber e, por isso
mesmo, funciona pedagogicamente como objeto onde se inscreve
objetivamente a verdade, que parece atemporal e definitiva, verdade
essa a ser decifrada (des-coberta) e assimilada pelo aluno, e nisto
consiste a aprendizagem que será avaliada em função do maior ou
menor grau de assimilação (CORACINI, 1995, p.18).
Na escola, as relações entre os sujeitos se estabelecem sempre em função
de uma distribuição hierárquica, que vai servir para disciplinar os comportamentos e
promover estabilidade, além disto há a presença de um ordenamento estatal que a
ela se impõe na forma de procedimentos a serem adotados, modelos adequados do
que ensinar e como fazê-lo, trazidos na forma de documentos como Lei de Diretrizes
e Bases, Parâmetros Curriculares Nacionais, Guias curriculares, entre outros. O
livro, como instrumento de ensino, colabora para com essa realidade, pois,
configura-se como mecanismo disciplinador dos discursos, de professores e de
aprendizes, prática essa herdada de uma antiguidade longíqua, quando ainda
sequer era livro didático como hoje o entendemos, na qual atuava como ´bagagem
do sábio`, um documento que funcionava como depositário de sentenças morais
com as quais devia haver uma identificação.
A tradição literária aparece como o grande patrimônio a ser
assimilado e com que se identificar e os autores como o modelo
perpétuo a ser reproduzido. (MANACORDA, 2002, p. 30).
Como apontam pesquisas, dentre as quais as de Sousa (2000) e Coracini
(1999), há uma dificuldade em se estabelecer na sala de aula uma prática discursiva
que possibilite uma pluralidade de leituras e isso se dá também com relação ao uso
do livro didático. Cria-se, na verdade, um ambiente de estabilização no qual os
significados estão presos às palavras e aos textos e não se alteram. Daí, surge a
nossa preocupação com o que traz e como é usado o livro didático. Entendemos