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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO
JANAINA LUIZA DOS SANTOS
Revisão documental da literatura científica sobre
educação para a morte a docentes e discentes de
Enfermagem
Ribeirão Preto
2009
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JANAINA LUIZA DOS SANTOS
Revisão documental da literatura científica sobre
educação para a morte a docentes e discentes de
Enfermagem
Dissertação apresentada à Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, para obtenção do
título Mestre em Ciências, Programa
Enfermagem Psiquiátrica.
Linha de Pesquisa: Educação em saúde e
formação de recursos humanos.
Orientador: Profª.Drª. Sonia Maria Villela
Bueno.
Ribeirão Preto
2009
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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a
fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
Santos, Janaina Luiza dos.
Revisão documental da literatura científica sobre educação para
a morte a docentes e discentes de enfermagem / Janaína Luíza dos
Santos ; orientador Sonia Maria Villela Bueno. - Ribeirão Preto, 2009.
63 f.; 33 cm.
Tese (Mestrado) apresentada à Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto/USP., 2009.
1. Enfermagem. 2. Morte. 3. Ensino. 4. Docente. 5. Discente.
I. Sonia Maria Villela Bueno, II. Título.
FOLHA DE APROVAÇÃO
SANTOS, Janaina Luiza dos.
Revisão documental da literatura científica sobre educação para a morte a docentes
e discentes de Enfermagem
Aprovado em ....../ ....../ .........
Banca Examinadora
Prof. Drª _______________________________________________________
Instituição:_______________________Assinatura_______________________
Prof. Drª.________________________________________________________
Instituição:_______________________Assinatura_______________________
Prof. Drª.________________________________________________________
Instituição:______________________Assinatura________________________
Dissertação apresentada à
Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo, para obtenção do
título Mestre em Ciências,
Programa Enfermagem
Psiquiátrica.
Dedico a minha pequena Maria Luiza e que
mesmo sem entender muito bem o motivo das
horas subtraídas do convívio com a mãe,
esteve presente com paciência e compreensão
de gente grande. Você será sempre o motivo
de minha força para caminhar
Aos meus pais, com muito amor, por
acreditarem sempre em mim, pelo carinho, por
ter que suportar a distância, e mesmo assim
estarem ao meu lado em todo momento da
minha vida. Não seria nada sem a ajuda de
vocês.
Ao meu marido, por agüentar todas minhas
crises emocionais e não desistir. Estar perto
tentando a todo o momento me ajudar.
AGRADECIMENTOS
Ao Deus maravilhoso, pois, sem ele nada seria ou faria. Minha vida esta vinculada
aos seus designos.
A Profª Drª Sonia Maria Villela Bueno, por acolher-me em um momento de grande
dificuldade, confiar no desenvolvimento deste trabalho e me orientar até o final.
A Profª Drª Magali Roseira Boemer por acreditar em mim e me ajudar montar o
projeto no qual fui aprovada para cursar esse mestrado.
A Profª Drª Adriana Kátia Correa por aceitar-me a princípio como orientanda, pois a
Profª Boemer estava se afastando.
A Profª Drª Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi por no momento em que estava
perdida e não sabia o que fazer guiou-me até uma solução para conseguir terminar
meu mestrado.
Aos meus grandes amigos Rodolfo e Glaucia Ferreira, por serem meus exemplos e
incentivadores, para chegar até aqui.
Aos grandes amigos que conquistei em Ribeirão Preto Gabriela Vasters, Lilian
Junqueira, Michele Miyauti, Janaina Junqueira, Renata Leite e Elaine Marcussi, pois,
me ajudaram fazer com que esse trabalho tomasse corpo além de me incentivarem
e não deixarem-me esmorecer
A todos os outros amigos que conquistei, e que apesar de não gostarem muito de
escutar eu falando desse tema, suportaram-me como incentivo.
A todo pessoal da Secretaria da Pós graduação que muito me ajudaram.
Principalmente a Kethleen Sampaio e Flávia Martins que tiveram muita paciência
sempre que precisei.
A todas as meninas da secretárias do Departamento de Psiquiatria, pois sempre
estiveram disponíveis para qualquer problema.
E finalizando a todas as pessoas que direta ou indiretamente me ajudaram para
conquistar essa batalha, que não foi fácil, mas, que começa findar-se nesse
momento.
VIDA...
Eu nasci, cresci, muitas alegrias trouxe, muitas
tristezas vivi...
Caminhei por longos caminhos, me formei, de
muitos cuidei...
Hoje sou Mulher, sou amante, me tornei Mãe, tenho
um Amor incondicional e constante...
Vou envelhecer e percorrer o declínio deste viver,
escrevendo as páginas do meu livro, então
compreendendo a complexidade do meu ser
findando nas últimas páginas do livro da vida com o
meu
MORRER.
Janaina Luiza dos Santos
RESUMO
SANTOS, J. L. Revisão documental da literatura científica sobre educação para
a morte a docentes e discentes de Enfermagem. 2009. 51f. Dissertação
(Mestrado) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo,
2009.
A Morte, ao menos na grande maioria das culturas do Ocidente, seja por questões
pessoais, sociais, e/ou religiosos não se apresenta como tema preferido dos
cidadãos, tampouco costuma ser tratada com naturalidade. Mas, se é assim, como
se apresentam aqueles que todos os dias, por força do seu ofício, precisam
conviver e enfrentar a questão da Morte? Qual o significado que ela assume para
esses profissionais? Seriam essas pessoas diferentes das demais? Elas não se
importariam com a Morte, do mesmo modo que a maioria das pessoas? Não seriam
seres humanos? Por tantas interrogações, objetivamos então, levantar dados da
literatura científica identificando como a temática morte vem sendo abordada na
formação acadêmica de Enfermagem. A metodologia utilizada foi à qualitativa, com
um estudo exploratório documental, caracterizando-se na pesquisa bibliográfica. As
bases de dados acessadas foram MEDLINE, LILACS, BIREME, SCIELO, BDENF e
a Biblioteca Central de Ribeirão Preto-USP, durante um período de cinco anos
(2005, 2006, 2007, 2008, 2009). Utilizamos como palavras chave: “Educação a
Morte e o morrer e Docente e discente de Enfermagem, Morte e o morrer” As
buscas se deram no período de julho a outubro de 2009. Foram encontrados 12
artigos em periódicos com qualis A
1
, A
2
e B
1
, B
2
. Ainda encontramos quatro capítulos
de dois livros diferentes, abordando a temática da morte na formação acadêmica
dos alunos de graduação em enfermagem. Emergiram então, três categorias para
revisão de literatura dos livros e três categorias para revisão de literatura dos artigos
respectivamente: 1 A morte e a tentativa de conceituá-la; 2 A tanatologia e a
Universidade; 3 A formação acadêmica dos Enfermeiros sobre a temática
morte-morrer; e; 1 Os discentes de enfermagem e o convívio com a morte; 2 O
docente em enfermagem convivendo com a morte e as habilidades para
ensinar; 3 A formação acadêmica dando suporte para visão crítico-reflexiva
sobre a temática morte-morrer. Consideramos, portanto, que apesar de estarem
havendo investimentos, esses ainda são ínfimos, em relação à necessidade da
formação dos acadêmicos de enfermagem e que esses investimentos sejam
publicados com maior frequência para toda comunidade, e que haja uma mudança
de conduta neste sentido, na formação do futuro enfermeiro, e que novos estudos
possam aprofundar o conhecimento na temática morte e morrer assim, trazendo
efetivas mudanças para a realidade atual.
Palavras-chave: enfermagem, Brasil, morte, ensino, docente, discente.
ABSTRACT
SANTOS, J. L. documentary review of scientific literature about death
education for teachers and students of nursing. 2009 51f. Thesis (master nursing
school in Ribeirão Preto, University of São Paulo, 2009
Death, at least in the vast majority of Western cultures, either on personal, social
issues, and/or religious is not the people‟s preferred theme, nor treated as a natural
subject. But, if so, how those who, by their own work reality, need to live and face the
death every single day? What it means for these professionals? Are those people
different from others? Don‟t they care about death, the same way the majority of
people does? Weren‟t they human beings? Due so many questioning, our objective
is to search the scientific literature identifying how the thematic of death has being
treated in the academic nursing training. The methodology used was the qualitative,
with a documental exploratory study, characterized on the bibliographic search. The
databases accessed were MEDLINE, LILACS, BIREME, SciELO, BDENF and
Central Library of Ribeirão Preto-USP, during a five years period (2005, 2006, 2007,
2008, 2009). We use as keywords: "education death and dying and teaching and
learning of nursing, death and dying". The searches were made from July to
October 2009. Were found 12 articles in periodical with qualis A1, A2 and B1, B2.
Were also found four chapters of two different books, dealing with the theme of death
in academic training of graduate students in nursing. Then, three categories
appeared for literature review of books and three categories for literature review of
articles respectively: 1 The death and the attempt to classify it; 2 The thanatology
and the University; 3 The academic training of nurses on the death-die
thematic; and; 1 the nursing students and the daily contact with death; 2 the
nursing faculty and the conviviality with death and the skills to teach; 3 the
academics graduation supporting the critical reflective vision about death-die
thematic. We therefore believe that, in spite of having investments, they are very
small yet, in relation to the necessity for the training of nursing academics, and also
that these investments be published more frequently for the whole community, and
that the behavior change in this way, in the training of future nurse, and that new
studies can enhance the knowledge in death and dying thematic, bringing effective
changes to the current reality.
Key words: nursery, Brazil, death, education, teachers, students
RESUMEN
SANTOS, J. L. Revisión documental de la literatura científica sobre educación
para la muerte destinada a los docentes y estudiantes de enfermería. 2009. 51f.
Disertación (Maestria) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidad de São
Paulo, 2009.
La Muerte, al menos en la grande mayoría de las culturas del Occidente, sea por
cuestiones personales, sociales, y/o religiosos no se presenta como tema preferido
de los ciudadanos, tampoco suele ser tratada con naturalidad. Pero, si es así ¿cómo
se presentan aquellos que todos los días, por fuerza de su oficio, necesitan convivir
y enfrentar la cuestión de la Muerte? ¿Cual el significado que ella asume para esos
profesionales? ¿Serían esas personas diferentes de las demás? ¿Ellas no se
importarían con La Muerte, como la mayoría de las personas? ¿No serían seres
humanos? Por tantas interrogaciones, objetivamos entonces, levantar datos de la
literatura científica identificando como la temática muerte viene siendo abordada en
la formación académica de Enfermería. La metodología utilizada fue a la cualitativa,
con un estudio exploratorio documental, caracterizándose en la investigación
bibliográfica. Las bases de datos visitadas. fueron MEDLINE, LILACS, BIREME,
SCIELO, BDENF y la Biblioteca Central de Ribeirão Preto-USP, durante un periodo
de cinco años (2005, 2006, 2007, 2008, 2009). Utilizamos como palabras clave:
“Educación la Muerte y el morir y docente y estudiante de Enfermería, Muerte
y el morir” Las búsquedas se dieron en el periodo de julio a octubre de 2009.
Fueron encontrados 12 artículos en periódicos con qualis A
1
, A
2
e B
1
, B
2
. Aún
encontramos cuatro capítulos de dos libros diferentes, abordando la temática de la
muerte en la formación académica de los estudiantes de graduación en enfermería.
Emergieron entonces, tres categorías para revisión de literatura de los libros y tres
categorías para revisión de literatura de los artículos respectivamente: 1. La muerte
y la tentativa de conceptuarla; 2. La tanatología y la Universidad; 3. La
formación académica de los Enfermeros sobre la temática muerte y el morir; y;
1. Los alumnos de enfermería y la convivencia con la muerte; 2. El docente en
enfermería conviviendo con la muerte y las habilidades para enseñanza; 3. La
formación académica dando soporte para visión crítico-reflexiva sobre la
temática muerte y el morir. Consideramos, por lo tanto, que a pesar de que estén
habiendo pesquisas sobre la muerte y el morir, esas aún son ínfimas, en relación a
la necesidad de la formación de los académicos de enfermería y que esas pesquisas
sean publicadas con mayor frecuencia para toda comunidad, y que haya un cambio
de conducta en este sentido, en la formación del futuro enfermero, y que nuevos
estudios puedan profundizar el conocimiento en la temática muerte y morir así,
trayendo efectivos cambios para la realidad actual.
Palabras-clave: enfermería, Brasil, muerte, educación, docentes, estudiantes
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: LIVROS E CAPÍTULOS DE LIVROS.....................................................44
QUADRO 2: ORDENAÇÃO CATEGORIAS COM LIVROS E CAPÍTULOS DOS
LIVROS......................................................................................................................45
QUADRO 3: ARTIGOS DE PERIÓDICOS.................................................................48
QUADRO 4: ORDENAÇÃO CATEGORIAS COM ARTIGOS DE
PERIÓDICOS.............................................................................................................51
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................13
2 OBJETIVO...............................................................................................................18
3 REVISÃO DA LITERATURA...................................................................................19
3.1 Revisão preliminar da literatura científica existente como ponto de partida
independente do período estudado............................................................................19
3.2 Revisão da literatura: livros encontrados sobre a temática.......................21
3.2.1 Analisando o conceito de morte...................................................21
3.2.2 Refletindo sobre a Tanatologia e a Universidade........................23
3.2.3 Enfermagem e Morte...................................................................24
3.3 Revisão da literatura: artigos de periódicos científicos..............................26
4. METODOLOGIA.....................................................................................................37
4.1 Procedimento.............................................................................................43
5 RESULTADO E DISCUSSÕES DA LITERATURA CIENTÍFICA
ENCONTRADA..........................................................................................................44
5.1 Livros e Capítulos de Livros......................................................................44
5.2 Periódicos..................................................................................................48
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................56
7 REFERÊNCIAS.......................................................................................................60
13
1 INTRODUÇÃO
A branda fala da Morte não nos aterroriza por nos falar da Morte. Ela nos
aterroriza por falar da Vida. Na verdade, a Morte nunca fala de si mesma.
Ela sempre nos fala sobre aquilo que estamos fazendo com a própria Vida,
as perdas, os sonhos que não sonhamos os riscos que não tomamos (por
medo), os suicídios lentos que perpetramos (RUBEM ALVES, 1991, p.13).
A Morte, especialmente na grande maioria das culturas do Ocidente, seja por
questões pessoais ou sociais, não se apresenta como tema preferido dos cidadãos,
tampouco costuma ser tratada com naturalidade. Ao contrário, em nosso meio, o
sentido construído para o desfecho do que convencionamos chamar de vida,
remete, quase sempre, para o medo, para a angústia, para a rejeição.
Assim, não é a toa que assistimos com freqüência a vinculação da Morte com
o sobrenatural, com o terror, com o castigo, com a dor, entre tantos outros
significados considerados “negativos” pela civilização ocidental.
Talvez, um bom exemplo do que a Morte representa nas sociedades
contemporâneas possa ser buscado no tratamento que atualmente, a mídia vem
dando a ela. Com o desenvolvimento acelerado das tecnologias que, segundo
Durand (2005) fizeram do século XX e estão fazendo deste século o século das
imagens, nos meios de comunicação, ela quase sempre se torna espetáculo, ou
exemplo de dor. Entretanto, ainda assim, a representação é sempre vinculada a algo
incomum, excepcional e/ou extraordinário.
Outro exemplo, bastante elucidativo, é a proibição da Morte. Entre nós,
ninguém pode desejá-la, nem para si, nem para o outro, sob pena de ser apontado
como anormal, portador de patologia, carente de tratamento psicológico e/ou
psiquiátrico. Aliás, talvez não seja exagero dizer que até mesmo o interesse pelo
tema como objeto de estudo nos centros de pesquisa, cause estranheza a alguns,
como estamos observando em nossa própria trajetória.
Mas, se é assim, como se apresentam aqueles que todos os dias, por força
do seu ofício, precisam conviver e enfrentar a questão da Morte? Qual o significado
que ela assume para esses profissionais? Seriam essas pessoas diferentes das
demais? Elas não se importariam com a Morte do mesmo modo que a maioria das
pessoas? Não, desta forma, seriam considerados seres humanos?
14
Nesta pesquisa, o nosso objeto de estudo é a Morte. E é dentro das
abordagens sobre a Morte na área de Enfermagem que vamos nos ocupar. Todos
sabem ou deveriam saber a respeito dela? Pois, em seu cotidiano, o enfermeiro
presencia a morte com muita freqüência e para exercê-lo é necessário conviver com
ela, o que, como mostram os estudos de autores como Kovács (2004) e Costa
(2005); a Morte tem despertado nesse profissional, sentimentos como os de
frustração, medo e insegurança.
Tudo isso, em um contexto que não deixa a este profissional da área de
saúde, muito espaço para elaborar e/ou compreender esses sentimentos que, ao
menos em tese, não poderiam acompanhar sua vida profissional.
Segundo o historiador, Áries (2003) havia, no início da Idade Média, uma
familiaridade com a morte, pois, o doente cumpria um ritual, a principio, pedia
perdão por suas culpas, legava seus bens e em seguida, esperava a morte chegar.
Não havia assim, um caráter dramático ou gestos de emoção excessivos. Contudo,
mudanças no decorrer desse século acabaram por transformar fundamentalmente
esse quadro. Atualmente a Morte é tratada como tabu, pois, foi deslocada da casa
para o hospital, deixando assim, de ser um fenômeno natural, para transformar-se
em uma morte fria e escondida, por ser indesejada.
Com efeito, a dificuldade de lidar com a Morte gera e/ou pode estar gerando,
uma gama de problemas que atinge o sistema de saúde público e privado do país.
Exposição corroborada pelos problemas que já o conhecidos e que tem aparecido
na literatura especializada.
Chama a atenção o abandono da profissão observado através do
adoecimento dos profissionais, tal qual afirmam Popim e Boemer (2006) que
defendem que a constatação destes profissionais de saúde de nossa possível
finitude a cada instante, tem gerado um desgaste emocional, capaz de favorecer o
desencadeamento da síndrome de Burnout, descrita como a reação final do
indivíduo face às experiências estressantes acumuladas ao longo do tempo de
determinada da atividade laboral.
Assim, de acordo com Palú (2004), estes profissionais de saúde que
convivem cotidianamente com a dor e a aflição de quem vai morrer tem resultado
15
numa modificação do cuidar, produzindo em última instância, enfermeiros
indiferentes.
Neste contexto profissional, a morte passa então, a ser considerada normal e
esses sentimentos e reações se dão como mecanismo de defesa dos enfermeiros a
fim de que não adoeçam mentalmente. Além disso, somada a falta de preparo para
lidar com a Morte, também as condições de trabalho do enfermeiro são
responsáveis pela sua reação de indiferença frente ao sofrimento, pois, muitos
destes profissionais enfrentam enfermarias superlotadas, sem equipamentos
adequados, sem material hospitalar necessário, dentre outras dificuldades,
agravando ainda mais um quadro que já não é dos melhores.
Se por um lado o das condições de trabalho muitos especialistas indicam
a necessidade de políticas blicas amplas e eficazes para a área de saúde,
particularmente, no campo da gestão, por outro lado, do nosso ponto de vista e no
que diz respeito à formação profissional do enfermeiro, o problema não deixa de
envolver as políticas públicas para a área de saúde em vigor. Envolvendo também, a
necessidade da produção de conhecimento, de modo a aprofundar e aperfeiçoar a
formação do enfermeiro, incluindo neste bojo, a busca de caminhos para a formação
de um profissional que tenha condições de se relacionar cotidianamente, com a
morte, sem rejeitá-la e, ao mesmo tempo, sem banalizá-la.
Durante os nossos dez anos de exercício da enfermagem em Hospitais
públicos e privados em cidades como a do Rio de Janeiro e no interior do Estado de
São Paulo, assistimos com freqüência, pacientes em sua maioria, com câncer,
muitos em fase terminal da doença, e essas diversas experiências vividas dentro
destas instituições, chamou-nos a atenção, a dificuldade enfrentada, por muitos de
nós, para nos relacionarmos, tolerarmos e desenvolvermos um cuidar/olhar mais
direcionado para a dimensão existencial do problema.
Naquele momento, parecia-nos difícil reconhecer que aqueles pacientes
vivenciavam sentimentos muito marcantes, em razão da sua expectativa de Morte e
que tolerar e se relacionar com esses sentimentos, fazia parte do exercício da nossa
atividade. Entretanto, como conviver com algo que nos remete ao medo e a
angústia e que nos causa tanta dor? Como vivenciar situações próximas às fases
que antecedem a morte, como a negação, o isolamento, a raiva, a barganha, a
depressão e a aceitação (KÜBLE-ROSS, 2005)? Por outro lado, como encontrar o
16
equilíbrio necessário para o cair na armadilha da rejeição radical ou da
banalização da morte? Seria realmente possível alcançar este equilíbrio? De que
modo?
Desta forma, nossa escolha pelo tema e nossa experiência profissional estão
totalmente vinculadas. Interesse por uma temática tão complexa, difícil e muitas
vezes negada pelo ser humano, que é a finitude, surgiu da experiência como
enfermeira e também como docente do Ensino Superior em Faculdades de
Enfermagem da Cidade do Rio de Janeiro. E foi no decorrer dessa trajetória, que
acrescentados a nossa experiência de vida com amigos e familiares, que prestarmos
mais atenção ao fato de que a Morte, necessariamente, não se antepõe à vida. A
Morte, pode e deve ser entendida como um processo que faz parte do percurso
existencial do ser humano.
Assim, se é possível chegarmos a um acordo sobre este entendimento
relativo ao assunto, a Morte; é possível também concordar que as questões
levantadas por nós até aqui, suscitam a necessidade de uma educação efetiva para
lidar com a mesma, pois, o é possível compactuar com a perda de profissionais
de enfermagem devido ao seu adoecimento, e contribuir ainda, dentre outros
aspectos, com o mau funcionamento do sistema de saúde do país, porque seus
profissionais não compreendem a Morte, que os surpreendem, angustiam e
apavoram.
Afinal, como os atuais profissionais estão sendo formados para lidar com essa
questão? O que sabem os enfermeiros sobre esse fenômeno e que condições eles
possuem para enfrentá-lo? Quais as dificuldades mais comuns relatadas pelos
profissionais? Nesse sentido, quais as contribuições que a literatura da área tem
oferecido? Existem entre nós pesquisas, em número e qualidade, capazes de
amparar a prática e/ou a formação dos atuais e futuros enfermeiros para lidar com o
assunto? Que paradigma pedagógico vem sendo utilizado na formação do
enfermeiro? de se pensar numa abordagem educativa progressista, para dar
conta da reflexão necessária para o cuidado nesse sentido (GUEDES; OHARA,
2008).
Na presente pesquisa, será sobre esta última questão que iremos nos
debruçar, e para respondê-la, realizamos uma pesquisa bibliográfica com o intuito de
17
elaborar um mapeamento das produções sobre o tema na área de enfermagem. A
hipótese é que em nossa área existe um número reduzido de estudos sobre o tema.
O que explicaria, em parte, as dificuldades encontradas, tanto na prática,
quanto nos cursos de Formação de Enfermeiros. Outra hipótese é que parte destes
estudos acaba se revelando incipiente em virtude dos mesmos não dialogarem com
outras áreas tais como: a Educação, Antropologia, Sociologia, Psicologia,
Psiquiatria, dentre outras, que já há muito tempo vem se ocupando do tema.
18
2 OBJETIVO
Levantar dados da literatura científica identificando como a temática Morte
tem sido abordada na formação acadêmica de Enfermagem.
19
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Revisão preliminar da literatura científica existente como ponto de partida
independente do período estudado
Ainda hoje, presenciamos a educação voltada única e exclusivamente para a
vida. As universidades formam profissionais de varias áreas, dentre elas, também os
da saúde. Particularmente, incluímos o Enfermeiro com formação geral a salvar vida
humana de forma incisiva.
Pires (1984) relata que é curioso notar que cuidamos da educação para a
vida; esquecendo-se assim, de que vivemos para morrer. A morte é, sobretudo, o
nosso fim inevitável, no entanto, chegamos a ela sem o menor preparo. Esse autor
defende ainda que, a educação para a morte não é nenhuma forma de preparação
religiosa para a conquista do céu, e sim, um processo educacional que tende a
ajustar os educandos à realidade da vida, vida esta que não se resumo somente ao
viver, mas, também no existir e no transcender. Nesse sentido, a educação para a
Morte representa a preparação do Homem, no decorrer de sua existência, para a
liberação do seu condicionamento humano. O autor salienta ainda que as religiões
negaram-se a si mesmas ao optar pelo terrorismo das maldições e ameaças para
educar os homens no difícil ofício de morrer. Desta forma, caberia hoje, à Educação,
a responsabilidade de elaborar os programas de orientação educacional de todos
nós, tanto para o ato de viver e quanto para o ato de morrer.
algumas décadas, tem-se abordado o tema da educação para a Morte,
contudo, em se tratando da produção de literatura científica, estes movimentos
podem ser considerados parcos, tal qual aos investimentos pedagógicos no sentido
de se criar uma instrumentalização adequada e efetiva à manutenção de uma
educação contínua, uma vez que, tem-se observado que, os autores interessados
pela temática acabam por se afastar da academia devido à aposentadoria ou outros
motivos.
Boemer et al. (1991) relatam que, apesar de algumas iniciativas de escolas de
saúde em disponibilizar algum preparo aos seus alunos com vistas, intervir em
situações que envolvam a morte e o morrer, esses esforços têm sido numericamente
20
insuficientes e as consequenências não tem tido resultado na sensibilização do
cotidiano das instituições de saúde.
O corpo de conhecimentos construído por Boemer (1989) sobre esse tema
levou a autora a propor uma ação educativa a alunos do curso de graduação em
enfermagem. A autora relata que desde o ano da graduação, o tema foi abordado
junto aos alunos matriculados na disciplina “Instrumentos Básicos de Enfermagem”
da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Abordagem esta que foi novamente retomada no ano na disciplina “Fundamentos
de Enfermagem”, momento em que, estes alunos começaram a vivenciar as rotinas
de prática hospitalar através da realização de estágios, onde muitos deles
experienciaram o relacionamento com pacientes terminais ou presenciaram
situações de morte no hospital.
Dessa forma, tal proposta possibilitou aos alunos uma nova visão sobre o papel
da enfermagem no que concerne às situações de morte. A autora, através da
análise da experiência pela qual passou seus alunos, enfatiza a necessidade de
introduzir a abordagem de educação para a morte desde o início do curso de
graduação, não nas escolas de enfermagem, mas, também nas escolas que
graduam seus alunos para profissões de saúde, criando ainda espaços à
compreensão do fenômeno Morte, que estará sempre muito presente no cotidiano
destes profissionais. Para Boemer (1989), essa abordagem precisa abranger o curso
como um todo, permeando o conteúdo das diversas disciplinas, criando espaços nos
estágios para discussão e reflexão. Esta iniciativa, infelizmente, não teve
continuidade.
Em outro momento, Boemer et al. (1992) experiência o estar educando para a
Morte em cursos de aperfeiçoamento, oferecidos pela Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, anos de 1988, 1989 e 1992, a
enfermeiros assistenciais e profissionais de outras áreas, objetivando assim, uma
proposta educacional sob a perspectiva de construção de um canal onde as
situações envolvendo a morte pudessem ser discutidas, enquanto objeto de
reflexões.
Atualmente, investimentos pedagógicos têm sido empreendidos através do
curso de Tanatologia ministrado pelo médico Franklin Santana, além de aulas
administradas na pós-graduação da Universidade de São Paulo pela psicóloga
21
Maria lia Kovácks, contudo, apesar dos esforços destas pessoas sensibilizadas
em trazer à reflexão o conhecimento teórico-filosófico para a temática Morte, a
revisão demonstra que muito ainda tem de ser feito, pois, faz-se mister a
abrangência voltada à formação do(a) enfermeiro(a), tendo em vista a graduação,
pós-graduação e a docência superior.
3.2 Revisão da literatura: livros encontrados sobre a temática
Em três capítulos do livro A arte de Morrer: visões plurais de Dora Incontri
& Franklin Santana Santos (Org.) (2007), e de um capítulo do livro Educação para a
Morte desafios na formação de profissionais de Saúde e Educação, de Maria
Julia Kovàcs (2008) abordam através de uma perspectiva linear: a conceituação
para a Morte, a educação para a Morte e a Morte na educação para acadêmicos de
enfermagem. Esperamos, através destas publicações, que o tema seja tratado com
maior clareza.
Tais publicações serão discutidas a posteriori.
O livro A arte de Morrer: visões plurais; Santos, aborda a temática da Morte
nos seguintes capítulos:
Analisando o conceito de morte
Até os dias atuais, a Morte ainda não conseguiu ser definida plenamente, em
virtude de se tratar de um fenômeno complexo e multifatorial. Santos (2007) cita
Kastembaum (1983, p. 4-5) que, ao conceituar a Morte, diz que isso requer algumas
premissas e dificuldades tais como: o conceito de morte ser relativo; ser
excessivamente complexo; estar em mudança; ser muitas vezes obscuro, ambíguo,
ou ainda em evolução; ser influenciado pelo contexto situacional, social, cultural; e
estar relacionado ao comportamento. Portanto, esses conceitos de Morte constituem
o panorama da dificuldade para conceituar adequadamente essa temática.
Por ser a Morte tão complexa o que é essencialmente, significativo para a
vida, que sua perda significa a Morte. Isto posto, define e testa para constatar que a
morte realmente ocorreu no organismo humano.
22
Para Santos (2007, p.88):
Quatro abordagens resumem essas questões: 1 Perda irreversível do fluxo
de fluidos vitais; 2 Perda irreversível da alma do corpo; 3 Perda irreversível
da capacidade da integração corporal; Perda irreversível da capacidade de
interação da consciência ou social.
Resgatando estas três abordagens, temos que:
1 - A morte do organismo humano tem sido definida historicamente, pela falta
de batimento cardíaco e de respiração. Com a cessação desses sinais e a morte das
células teciduais, então a evidência de sinais avançados da Morte. A
ambigüidade desta primeira conceituação em definir Morte, se dá por querer defini-la
basicamente, em critérios fisiológicos.
2 - A perda da alma do corpo define a segunda concepção de Morte. Não tem
sido definido cientificamente, o local da alma. Alguns dizem que alma está no
coração, outros na respiração. Descartes refere que essa se encontra na glândula
pineal. Desta forma, até hoje, ninguém a conseguiu definir. Contudo, essas questões
exercem pouca influência na prática médica visto não poder ser provada pelo
método experimental, desta forma, apesar de ser fascinante, esse assunto é pouco
abordado.
3 Abordagem sofisticada, não se baseia simplesmente nos sinais
fisiológicos, mas, numa maior capacidade geral do corpo em regular seu próprio
funcionamento. Assim, a determinação da Morte não seria feita meramente através
das funções fisiológicas da pessoa mantida por máquinas, mas, sim pela
incapacidade do organismo em manter ou preservar sua capacidade de integração
corpórea. Os clínicos, agora, definem morte pelo Sistema Nervoso Central, como
“MORTE CEREBRAL”.
4 - A premissa implícita desta abordagem é que a pessoa é um ser humano
somente se forem considerados, não apenas seus processos biológicos operantes,
mas, também a dimensão social de sua vida-consciência, ou seja, se sua
personalidade estiver presente.
Finalizando, há de se notar que, com o avanço da tecnologia criou uma
situação desconfortável na sociedade humana, pois, apesar de uma pessoa
apresentar batimento cardíaco e reflexos medulares, mobilizando-se, se estimulada,
poderá apresentar morte cerebral, ou seja, estará morta. Assim, observa-se que,
23
com a nova definição de „morte cerebral‟, haverá uma mudança dos parâmetros do
modelo cardiocêntrico para o encefalocêntrico.
Refletindo sobre a Tanatologia e a universidade
Nos primórdios da Humanidade, a Morte era tida como um fenômeno natural,
contudo, com o desenvolvimento civilizatório ocidental, esta passou ser interdita e,
portanto, escondida e/ou clandestina. Desta forma, a Morte coloca o ser humano
diante de reflexões essenciais, instigando-o a analisar questões profundas, que não
podem ser escamoteadas pela discussão apenas levando-se em conta seus
aspectos periféricos. E faz parte ainda do processo educativo, morrer com
dignidade, ser bem assistida, com um amparo multiprofissional, social e familiar.
A Morte, por sua vez, é muito vivida por profissionais da saúde. Observa-se
então, o despreparo desses em lidar com ela, seja a morte arrastada nos casos de
pacientes em cuidados paliativos, ou a morte repentina, como nos casos dos que
trabalham nas unidades de emergência, tais como a Unidade de Terapia Intensiva
(UTI), especialmente a cardiológica.
Apesar de a Morte ser uma vivência da área da saúde, o representa uma
propriedade privada das áreas biológicas, visto que essa área não consegue
responder a todos os questionamentos que a Morte evoca, apesar dela constituir a
realidade mais certa, pessoal e universal do ser humano, ela demanda abordagens
filosóficas, religiosas, estéticas e educacionais.
A partir da década de 50, surge uma proposta de educação para a Morte,
dentro de algumas universidades americanas, com a criação da Tanatologia, como
reação ao interdito feita pela cultura ocidental tentando escamotear a Morte e
silenciar sua discussão.
A Tanatologia assim, é definida como a ciência que estuda a Morte e o
processo do morrer em todos os seus aspectos. Nos Estados Unidos da América, os
pioneiros nesse estudo foram Herman Feifel e Elizabeth Kübler-Ross, no final da
década de 50. No Brasil, as propostas de Educação para a Morte tiveram seu inicio
com trabalhos da psicóloga Wilma da Costa Torres no Rio de Janeiro e do educador
e filosofo José Herculano Pires em São Paulo nos idos da década de 70.
A Profª Wilma após seu doutorado, orientado pelo Profº Drº Roosevelt
Cassorla da UNICAMP, dedicou-se a sistematizar a Tanatologia no Brasil, abrindo,
24
desta forma, os caminhos junto à comunidade universitária. Com ela, surgiram ainda
outros nomes não menos importantes e também outras universidades interessadas
nessa temática.
No livro A Arte de Morrer: visões plurais; Magali Roseira Boemer dá ênfase
especial às temáticas da Enfermagem e a morte.
Enfermagem e Morte
Para o cotidiano do trabalhador de saúde cuidar do paciente fora de
possibilidade terapêutica implica em um momento ímpar do existir, onde emergem
ambiguidade e fragilidades de ambos os lados, apresentando grandes possibilidades
de tornar-se difícil essa relação.
Falar da Morte traz desconforto devido à angústia gerada pela nossa própria
morte futura. assim, essa dificuldade na comunicação do enfermeiro/paciente.
Pois, os cursos de graduação, apesar de algumas iniciativas relativas a abordagem
da Morte, ainda incipientes, toda a ênfase da formação é focada na vida, na cura e
na terapêutica, criando a ilusão de que nada temos a ver com a Morte, que
representa a lembrança constante, para o profissional de saúde, da nossa
impotência diante dos doentes que caminham para sua finitude.
A retomada da fala da Morte se deu por vários motivos tais como: a AIDS,
vida vegetativa, eutanásia, distanásia, aborto, obstinação terapêutica, transplante de
células-tronco e a introdução e consolidação da bioética no Brasil. Tais discussões
tem resultado na mudança de algumas posturas do Homem, particularmente, na do
profissional de saúde.
grande necessidade de ver o Homem além do cuidar tecnicista,
percebendo sua singularidade na grande pluralidade do seu viver e conviver com o
outro. O cuidar deve estar voltado para o ser e a comunicação plena entre cuidado e
cuidador, observando a individualidade do mesmo, estimulando uma escuta efetiva,
não impondo o que acredita ser terapêutico por ter se preparado para a profissão,
pois, cada ser humano sabe nas pequenas coisas o que é melhor para si.
Construir outras referências para a formação profissional do enfermeiro urge
ver, o cliente de hoje ser mais informado, exigente e a necessidade crescente do
cuidar individualizado. Extirpar a concepção retrograda tecnicista e fragmentada que
predomina ainda nos espaços acadêmicos com modelos tradicionais de ensino,
25
fundamentados apenas na lógica da razão, é preciso ainda, desvincular o sentir do
agir, pois, pouco se viabiliza uma formação crítico-reflexiva, sensível, e humanizada.
No livro Educação para a Morte: desafios na formação de profissionais
de saúde e educação de Maria Julia Kovàcs no capítulo: Os Profissionais de Saúde
e Educação e a Morte, sob o subtítulo: A Formação dos Profissionais de saúde
Medicina e Enfermagem, vê-se que
[...] hoje a morte foi definida como inimiga a ser derrotada, e com isso nos
tornamos surdos ao que ela pode nos ensinar e com isso perdemos o que
poderia se tornar conselheira sábia, se torna uma inimiga que nos devora
por trás... pode-se recuperar a sabedoria se nos tornássemos discípulos e
não inimigos da Morte [...] (ALVES, 1991, p. 15).
Ainda neste livro, relata-se que, em detrimento da formação humanista, tem-
se enfatizado os procedimentos técnicos nos cursos da área de saúde,
principalmente dos médicos e enfermeiros. Referindo-se que nas primeiras
disciplinas a despersonalização dos conteúdos que são apresentados aos jovens
ingressantes nesses cursos. Em aulas de anatomia, por exemplo, verificam-se
manifestações contrafóbicas, tais quais, piadinhas ou a simples indiferença, pois,
tratar de um ser humano pode ser muito angustiante, desta forma, a fim de minimizar
este desconforto, a manipulação dos órgãos e tecidos e destituída de qualquer
identidade humana presente na figura do cadáver.
Sendo assim, para a formação dos médicos, percebe-se a dessensibilização
de elementos que possam dar a entender a possibilidade de morte. Os corpos são
então, transformados em órgãos, ossos, sangue e sua manipulação permite o
conhecimento e uma falsa idéia de que, ao se combater doenças e sintomas estar-
se-ia também, lutando contra a Morte.
Mesma ênfase é dada nos cursos de enfermagem, entretanto, no trabalho do
enfermeiro, existe um contato muito mais próximo com os pacientes, fazendo com
que este profissional tenha de enfrentar questionamentos sobre o curso da doença,
prognóstico e possibilidade de morte. Desta forma, tratar de pacientes gravemente
enfermos, deixá-los confortáveis e sem dor é uma das tarefas mais difíceis e que
requerem a escuta e contatos intensos. Somado a isso, a família busca informações
com a equipe de enfermagem, uma vez que, em muitas circunstâncias, os médicos
não se encontram presentes.
26
Apesar disso, o curso de enfermagem não oferece muito espaço para
trabalhar as emoções e os sentimentos produzidos pela relação com os doentes e
seus familiares provocadas pela relação enfermeiro/paciente que fazem parte do
dia-a-dia dos profissionais de enfermagem.
3.3 Revisão da literatura: artigos de periódicos científicos
Continuando o presente estudo, foram localizados na literatura científica,
outros autores cujo tema abordado também foi a Morte, contudo, estes estudos
foram publicados sob a forma de artigos em periódicos científicos.
Carvalho, Silva, Santos, Oliveira, Portela e Regebe (2006), em Percepções
de Morte e Morrer na ótica de acadêmicos de Enfermagem, a pesquisa
constituiu-se de um estudo qualitativo, muito original, cuja metodologia utilizada é
exploratória e do qual fizeram parte dez acadêmicos de enfermagem de vários
semestres, ambos os sexos, com idades de 21 e 27 anos. O objetivo da pesquisa
era compreender o significado da Morte e do morrer no cotidiano dos acadêmicos de
enfermagem. A análise dos dados se deu por categorização, emergindo três
categorias fundamentais: aproximando-se da morte no processo de cuidar; tendo
medo da morte; necessidade de preparo para lidar com a morte.
Cuidar da finitude enquanto profissional perpassa por dilemas e
enfrentamentos, muitas vezes dolorosos, quiçá para os acadêmicos de enfermagem
que estão iniciando sua prática. O enfrentamento do processo da Morte é
extremamente difícil, pois, a morte neste contexto remete ao estudante, à perda de
sentido, contudo, estes o formados para cuidar em saúde, promover a
manutenção da vida, recuperar e não cuidar para o processo de Morte-Morrer são
assim, pegos abruptamente, pois, não foram estimulados a pensar reflexivamente.
Finalizando a pesquisa, na visão de acadêmicos de enfermagem, esses
autores perceberam sentimentos de luto, tristeza, angústia e ansiedade, além de
frustração e culpa no que se refere à morte daqueles de quem os estudantes tinham
cuidado.
27
Os autores ressaltaram ainda, a necessidade do saber teórico-filosófico sobre
a temática, pois, os próprios alunos referiram essa ausência, afirmando a
necessidade de incluir nos currículos de graduação, não apenas uma disciplina de
tanatologia, mas, a discussão reflexiva entre os docentes e discentes, de um modo
transdisciplinar e interdisciplinar desde as disciplinas introdutórias, tais como:
anatomia e fisiologia, dentre outras, até as disciplinas práticas.
Carvalho e Do Valle (2006), no estudo intitulado Vivência da Morte com o
aluno na prática educativa, seguindo o referencial metodológico da fenomenologia,
as autoras ressaltam que no cotidiano da relação aluno-professor em ambiente
hospitalar, a Morte se apresenta em meio a outros fatos. Perceberam ainda que a
Morte, na aprendizagem da formação do enfermeiro é uma matriz geradora de
conflitos e estresse interferindo negativamente na relação educativa. E que é
possível fornecer um aprendizado mais humanizado ao profissional, contudo, a fim
de entender como esse processo ocorria; as autoras resolveram estudar os
docentes, ao final, o estudo revelou que esses profissionais precisavam apreender o
significado do ensinar.
Ainda de acordo com o estudo, os docentes quando vivenciam a Morte com
os alunos em campo de estágio, tentam manter-se equilibrados, apesar de, muitas
vezes, sentirem-se despreparados, pois, experienciam a angústia de sua própria
morte e o medo de não saberem como falar ou explicar o ocorrido. Desta forma,
referem que nem mesmo para eles, é fácil aceitar a Morte e percebem também, a
grande necessidade de reflexão acerca do assunto, mas, não conseguem
sistematizar e visualizar um caminho de ação.
Os docentes mencionaram ainda, a solidão sentida com seus alunos, frente à
morte e conceberam a necessidade de um apoio psicológico que eles mesmos
admitem não ter. Ainda sentem um verdadeiro constrangimento diante do educando
ao vivenciar a morte, por não possuírem habilidades efetivas para lidar com as
questões da finitude, sentindo-se, portanto, impotentes ao lidar com o montante de
sentimentos que surgem, inclusive de transferência, que perpassa diante desse
evento.
28
Bretas, Oliveira e Yamaguti (2006), o artigo Reflexões de estudantes de
Enfermagem sobre Morte e o Morrer, através de uma abordagem qualitativa,
exploratório-descritiva, investigou 71 estudantes do sexo feminino, matriculadas no
ano do curso de graduação em enfermagem, na disciplina curricular Psicologia
Aplicada à Saúde, com a realização de oficina com atividades coletivas. Ao final,
foram solicitados os relatos dos grupos e estes dados foram analisados, emergindo
deles quatro categorias: medo da morte; conceitos; atitudes diante da morte e o
morrer; crença enquanto elemento interveniente.
Através das categorias emergentes, os autores perceberam que os alunos
apresentam vivências e experiências adquiridas no seu meio social e familiar, fato
esse, que se por serem alunos do ano e não terem ainda experienciado os
estágios curriculares. Notaram também, que desde o começo da formação os
estudantes de enfermagem têm a idéia que o profissional de saúde irá lutar contra a
morte para preservar a vida, e com o decorrer da formação vão sentir-se mais
capacitados, fundamentando-se na cura como gratificação. Por conseguinte, uma
vez que se depararem com a morte no cotidiano laboral, sentir-se-ão despreparados
e se afastarão do processo de morte e morrer.
Os autores elucidam que a dificuldade de falar sobre o processo de morte-
morrer pode emergir por parte dos professores, visto que estes foram alunos e
enfrentaram as mesmas dificuldades, uma vez que também se sentem inseguros ao
tratar desse assunto. Desta forma, a impessoalidade protege a si mesmo da dor, do
sofrimento e da reflexão de sua própria finitude. Não abrindo espaço para os alunos
refletirem e exigindo as técnicas e comportamento voltado para o material.
Carvalho, Oliveira, Portela, Silva, Oliveira e Camargo (2006), no artigo A
Morte e o Morrer no cotidiano de estudantes de Enfermagem, os autores
realizaram um estudo através de uma pesquisa qualitativa, exploratória,
desenvolvida realizada com 10 acadêmicos de enfermagem, todos do sexo feminino,
com idade entre 21 e 25 anos e cursando oe o 9º semestre do curso. A coleta de
dados se deu através de entrevista semi-estruturada com o seguinte roteiro:
aspectos de cunho religioso, social, educativo e afetivo, sentimentos, percepções e
experiências diante da Morte.
Foram identificadas três categorias: aproximando-se da morte no processo de
cuidar; tenho medo da morte e necessitando de preparo para lidar com a morte.
29
Os autores verificaram sentimentos de luto como angústia, tristeza, ansiedade
emergindo no cotidiano da vida acadêmica e perceberam ainda que o aluno de
enfermagem precisa do saber teórico-filosófico e de apoio psicológico durante sua
formação, a fim de que seja capaz de lidar melhor com a Morte no futuro quando
iniciar sua prática profissional, pois, esta falta do preparo dificultará o cuidar no
processo de morte e morrer.
Desta forma, uma vez mais os estudos apontam para a inserção, de forma
crítico-reflexiva, desta temática nos cursos de graduação em enfermagem, a fim de
que ‘que a morte seja vista como parte do processo de trabalho em saúde que não
dispensa atitude de acolhimento e humanização do cuidado’ (CARVALHO; et al,
2006, p.556). E acima de tudo, a fim de que a Morte não represente o sinônimo de
fracasso ao profissional de saúde.
Bernieri e Hirdes (2007), no estudo O preparo dos acadêmicos de
enfermagem brasileiros para vivenciarem o processo morte-morrer, trabalha um
artigo original utilizando uma abordagem qualitativa, exploratório-descritiva,
entrevistando acadêmicos de enfermagem, tendo como objetivo, investigar o
preparo deles frente à representação do tema morte. Sugerem algumas áreas
temáticas após a análise dos dados, como: a percepção dos acadêmicos de
enfermagem frente ao processo morte-morrer e a família; a morte vista como estigma,
tabu e misticismo; o preparo para vivenciar o processo morte-morrer; o apoio
oferecido pelo professor supervisor em campo; os sentimentos experimentados pelos
acadêmicos que vivenciam a morte em campo de estágio; conhecimento/
desconhecimento das fases psicológicas vividas pelo paciente.
Finalizando, nesse estudo, os autores evidenciaram que os alunos têm
opiniões variadas sobre a temática morte-morrer. Contudo, os achados corroboram
com o pressuposto de que os alunos de graduação em Enfermagem que
vivenciaram a morte no campo de estágio mostram que, em sua grande maioria,
esse processo passa do despercebido ao rotineiro, pois, os supervisores não
reservam espaço social para discussão ou, simplesmente, falar a respeito. Com isso,
para os autores, os alunos sentem-se despreparados e vivenciam um turbilhão de
sentimentos não explicitados. Relatam ainda, que a temática é pouco exposta no
decorrer do curso e que o ocorrem discussões e reflexões sobre esse tema, além
disso, o apoio psicológico é completamente ausente.
30
Oliveira, Bretas e Yamaguti (2007), no artigo A Morte e o Morrer segundo
representações de estudantes de Enfermagem, estudo qualitativo, utilizou as
premissas das representações sociais, ou seja, o conjunto de conceitos que
compõem uma versão contemporânea do senso comum.
Os sujeitos desta pesquisa foram 40 estudantes do sexo feminino e masculino
escolhidos aleatoriamente. Foram entrevistados estudantes do 2º, 3º, 4º anos, por
apresentarem vivências de estágios curriculares. Dos quais: 15 estudantes (38%)
eram do ano, outros 15 estudantes (38%) do ano e 10 estudantes (24%) do
ano. Constituindo uma dia de idade de 23 anos, onde a idade mínima foi de 19
anos e a máxima, de 48 anos de idade. Para a coleta de dados os autores utilizaram
a entrevista individual em local reservado, que foram gravadas após a aquiescência
dos estudantes e posteriormente, transcritas pelo entrevistador. Foi feita a análise de
discurso, onde emergiram três principais ramos de representações como:
relacionamento aluno/paciente, conceitos e medo da morte que se subdividiu em
outros ramos.
De acordo com o estudo, os autores referem que os estudantes de
enfermagem apresentam dificuldade em lidar com o relacionamento aluno-paciente
e com todos os sentimentos que emergem após a morte. Referem ainda que
pouco preparo para lidar com as questões da Morte e o morrer, além disso, esse
despreparo já se faz sentir na própria bagagem de vida, percorrendo os caminhos da
educação, perpetuando-se no decorrer do curso de graduação em enfermagem.
Desta forma, verifica-se que, o estudante ainda é preparado, com maior
ênfase, na promoção da vida e no que tange os aspectos cnicos e práticos da
função profissional, havendo pouca ênfase para o emocional e o preparo para o
binômio morte/morrer, que a profissão o faz vivenciar cotidianamente.
Para os autores está claro que não basta única e exclusivamente, haver os
atributos e as habilidades a serem estimuladas e ensinadas para que os estudantes
cuidem adequadamente do paciente terminal e de seus familiares, esses entendem
ainda, que as dificuldades individuais e coletivas, os sentimentos, as situações
organizacionais e de aprendizagem mobilizadora de ansiedade não podem ser
ignoradas. Neste sentido, percebem que urge a necessidade de espaços mais
abrangentes e maiores para a reflexão, informação, discussão e principalmente,
31
para a compreensão do fenômeno morte e morrer. Portanto, entendem que o ensino
deve fornecer subsídio para a elaboração ideal do luto.
Bellato, Araujo, Ferreira e Rodrigues (2007), em: A abordagem do processo
do Morrer e da Morte feita por docentes em um curso de graduação em
Enfermagem, elaborado a partir de um estudo descritivo e exploratório através da
aplicação de um questionário a 34 docentes de um curso de graduação em
Enfermagem de uma universidade pública da região Centro-Oeste do país. A
primeira parte da pesquisa visava identificar o perfil de idade, tempo de experiência
profissional na assistência e na docência, religião, entre outras questões. A segunda
parte procurou descrever, mais diretamente, como os docentes vivenciavam o
processo de morte e morrer, enquanto assistencialistas e a abordagem empregada
com os alunos neste processo.
Apesar do perfil dos docentes demonstrar uma grande experiência no
trabalho técnico, esse estudo não demonstrou que estes profissionais estivessem
preparados para a abordagem da temática morte/morrer. Quando os autores
argüiram os docentes se os sentimentos vivenciados pelos mesmos em situações
de cuidado às pessoas no processo de morrer influenciavam no enfrentamento ou
na forma como abordavam essa mesma temática junto aos alunos de Graduação de
Enfermagem, os docentes sinalizaram com respostas positivas.
Os autores entendem que não outro evento na Humanidade que suscite
tantas reações e emoções, contudo, uma postura niilista não resolveria o problema.
Reflexões e discussões devem ser implementadas e, sobretudo, reconhecer que
sua própria fragilidade frente ao enfrentamento da morte, seria um primeiro passo.
Para os autores, o segundo passo seria dar voz aos nossos medos e angústias
relativos ao processo de morte e morrer, compartilhando sentimentos e discutindo o
que, a princípio, parece ter apenas um caráter individual.
Assim sendo, para os autores, discutir como temos nos omitido do tema da
Morte em nossa formação profissional é o processo natural da vida. E, embora,
ensinar sobre a morte não seja uma tarefa cil, compreender a temporalidade
humana se faz necessária a fim de reduzir a angústia existencial causada pela
perda e a separação do outro.
32
Silva e Silva (2007), realizaram a pesquisa: A preparação do graduando de
Enfermagem para abordar o tema Morte e doação de órgãos, que foi XXIX
Encontro nacional de Estudantes de Enfermagem. Esta traz uma abordagem
descritiva transversal e de campo. Os sujeitos da pesquisa foram 100 estudantes de
graduação em Enfermagem, distribuídos entre as 14 unidades federativas
participantes no evento, abordadas aleatoriamente durante o período do mesmo.
Estes estudantes responderam a um questionário com as seguintes questões: Você
tem aula em sua instituição sobre o tema da Morte e a doação de órgãos? Qual a
carga horária dedicada ao tema da Morte em sua instituição? Qual a carga horária
dedicada ao tema doação de órgãos em sua instituição? Qual o papel do Enfermeiro
no processo de doação de órgãos? O que é morte encefálica? O que é OPO?
Os resultados foram alarmantes. O estudo demonstrou que 92% dos
entrevistados não sabiam da existência da Organização de Procura de Órgãos
(OPO). O estudo indicou 30 minutos como tempo mínimo dedicado ao tema da
Morte trabalhado na instituição e 10 horas como tempo máximo durante a
graduação. Verificou-se que 63% dos entrevistados responderam não ter tido aula
sobre o tema doação de órgãos. Quando questionados sobre morte encefálica, 64%
definiram incorretamente o conceito sobre essa questão, 19% definiram de modo
incompleto e 17% definiram o conceito corretamente.
A análise dos dados obtidos apontou para a necessidade de outros estudos
mais profundos capazes de investigar sobre a real atenção que as instituições de
ensino de Enfermagem têm dado ao tema doação de órgãos. Em relação à atuação
do enfermeiro nesta área, os estudantes demonstraram estar pouco familiarizados a
respeito.
Concluindo, os autores referem que há muito tempo eles vêm refletindo sobre
a formação acadêmica do profissional de Enfermagem, entretanto, apesar das
mudanças, ainda se encontram profissionais despreparados e alunos que ao final
do curso, declaram-se incapazes e inseguros para o exercício da profissão. E
infelizmente, também os serviços de saúde têm apontado o despreparo dos
profissionais.
Essas reflexões, associadas às questões da Morte e do morrer precisam
deixar sua função de elocução e tornarem-se mais eficazes na formação
acadêmica, pois, negar a Morte, significa indiretamente, negar a possibilidade da
33
doação de órgãos, em casos de morte cerebral, doação que em muitos casos, é
sinônimo de vida e não de morte.
Pinho e Barbosa (2008), a pesquisa: A Morte e o Morrer no cotidiano de
docentes de Enfermagem, utilizou a abordagem qualitativa mediante um estudo
fenomenológico realizado em três instituições de ensino superior em que o curso
de graduação em enfermagem. Esta pesquisa identificou as disciplinas que, de
alguma forma, abordassem o tema Morte, concluída esta etapa, os docentes
responsáveis por estas disciplinas foram convidados a participar voluntariamente da
pesquisa. Foram realizadas 12 entrevistas que, previamente autorizadas, foram
gravadas. As questões norteadoras da entrevista foram: Descreva o que tem sido
para você vivenciar a Morte em sua prática docente? Você aborda o tema Morte em
sua disciplina? Em que momentos? De que forma o faz?
De acordo com os autores, esses depreendem que as docentes se vêm
impelidos a desenvolver cnicas, obedecer às normas e rotinas seguindo uma
atitude sem reflexão, mecanizada. Referem dificuldades em trabalhar com a
temática por não se sentirem preparados, não sabendo como abordar a Morte e o
morrer. Relatam ainda, que o tempo da disciplina é curto para um tema complexo
como esse, desta forma, o ensino é superficial, fragmentado e mecanicista.
Apontam também, que é preciso refletir a respeito do sentido da vida e do cuidar,
questionar o ensino/aprendizagem, reformular currículos e desfragmentar
conteúdos, mas, isso, o é tudo, pois, se faz necessário mudar o enfoque no
sentido de possibilitar aos docentes e discentes a reflexão acerca da existência
humana, através do diálogo, do compartilhamento de sentimentos e discussões
sobre o processo de Morte e o morrer.
Oliveira e Amorim (2008), no estudo A Morte e o morrer no processo de
formação do enfermeiro, retrata uma pesquisa qualitativa, proveniente de uma
monografia de final de curso de graduação em Enfermagem da Universidade
Estadual de Feira de Santana (UEFS) na Bahia. Esta pesquisa teve como sujeitos
sete alunos regularmente matriculados na disciplina Estágio Supervisionado II, no
ultimo semestre do curso. Os participantes apresentavam uma faixa etária entre 22
a 25 anos e eram de ambos os sexos. Foram realizadas entrevistas gravadas e os
dados foram trabalhados através da análise de conteúdo. Encontraram-se, após a
34
análise, três categorias: encarando a morte no cotidiano; reação diante da morte; o
processo de morte e o morrer na formação.
Segundo as autoras, perceberse que a Morte ainda constitui um
acontecimento que assusta e traz muito sofrimento, causando a sensação de
impotência além de suscitar emoções que os deixam paralisados, prejudicando o
cuidar do paciente e de seus familiares em um momento único de suas vidas. As
autoras ainda ressaltam que é importante salientar que as respostas foram obtidas
junto a formandos de Enfermagem, ou seja, profissionais que deveriam estar
prontos para o ingresso imediato no mercado de trabalho.
As autoras destacam também, que os alunos foram unânimes em afirmar a
insuficiência curricular no que se refere à temática do processo de Morte e morrer, e
salientam ainda, que os entrevistados compreendem que a Morte se trata de um
processo pertencente à vida e o que a antagoniza. Os estudantes afirmam
também que o currículo enfatiza o trabalho para lidar com a vida através das
técnicas e normas da profissão e não através de um processo crítico-reflexivo que
deveria ser abordado no ensino/aprendizado.
Finalizando, as autoras destacam que os sujeitos da pesquisa argumentaram
que reivindicações apresentadas pelo movimento estudantil de Enfermagem aos
órgãos competentes e responsáveis pelo curso de Enfermagem sejam capazes de
mudar este perfil insuficiente no que tange ao ensino do processo de Morte e
morrer.
Takahashi, Contrin, Beccaria, Goudinho e Pereira (2008), em estudo Morte:
percepção e sentimentos de acadêmicos de Enfermagem travou-se como
objetivo, a caracterização do perfil dos acadêmicos de enfermagem de ao ano
de uma instituição do noroeste paulista, através da identificação da percepção e dos
sentimentos desses estudantes, em relação à morte, por meio da aplicação de um
questionário. Os sujeitos da pesquisa foram os alunos, regularmente matriculados
no curso de graduação em Enfermagem, em julho de 2005, foram excluídos os
ausentes e os que se recusaram a participar da pesquisa. Do total de 240 alunos,
132 alunos participaram, onde: 21 alunos eram ano, 37 alunos do 2º ano, 46
alunos do 3º e 28 alunos do 4º ano. O questionário foi subdividido em A e B.
35
A parte A descrevia as características dos alunos e a B foi mais voltada para
os sentimentos. A análise dos dados se deu através da construção de um banco de
dados no programa Excel 2003, buscando a categorização convergente e
divergente.
O perfil dos alunos apresentou, em sua maioria, alunas pertencentes à faixa
etária entre 20 e 25 anos, do sexo feminino, solteiras, pertencentes a religião
católica.
Quanto ao significado da Morte, verificou-se que todos os alunos das distintas
séries entendem que a Morte faz parte do ciclo natural da vida. Segundo os autores,
atualmente, o Homem tem mudado sua visão de Morte e pode-se considerar essa
mudança com muita rapidez em relação aos sentimentos expressos sobre ela, não
tendo ainda, havido tempo para absorverem o real significado da temática em
questão. A reação manifestada no primeiro momento, em contato com a morte de
alguém foi de pânico/desespero e insegurança. E ao prestar cuidado ao paciente
terminal, o sentimento foi de ansiedade. Os graduandos esperam que os cursos de
Enfermagem ofereçam subsídios para o enfrentamento de situações com Morte,
uma vez que, o entendimento dos alunos sobre os pacientes terminais foi o de uma
profunda „sensação de fragilidade‟. As fontes de informação apontadas por estes
alunos sobre o tema foram: os filmes, a religião, os livros/apostilas, palestras e o
próprio curso de graduação em Enfermagem.
As autoras perceberam, desta forma, que os alunos não estão preparados
para cuidar do paciente terminal. Estes demonstraram: ansiedade, estresse,
insegurança, o que dificulta uma futura atuação, no que se refere ao apoio e
conforto necessário ao paciente. Estes alunos argumentaram que é importante
discutir e refletir sobre os dilemas do conceito da Morte, através da viabilização do
desenvolvimento de mecanismos que tornem esses futuros profissionais, mais
aptos para lidar com essa situação. Assim, é necessário oferecer suporte emocional
aos acadêmicos de Enfermagem, sendo relevante a implementação de uma
educação tanatológica na graduação, a fim de desenvolver a capacidade,
especialmente dos discentes, no enfrentamento da Morte.
Sadala e Silva (2009), no trabalho: Cuidando de pacientes em fase
terminal: a perspectiva de alunos de Enfermagem, artigo de cunho qualitativo,
com abordagem fenomenológica, objetiva compreender como os alunos de
36
graduação em Enfermagem percebem-se ao cuidar de pacientes em fase terminal e
como esses expõem os significados da experiência vivida. Foram entrevistados
para tanto, 14 alunos de graduação em enfermagem, com idades entre 21 e 25
anos. Nesse estudo, foram predominantes os alunos do sexo feminino, alunos
estes, cursando o 2º; ou anos de graduação em Enfermagem, onde todos
haviam vivenciado o cuidar de pacientes terminais.
As entrevistas foram gravadas e os entrevistados foram interrogados quanto
a: Como se mostra a você o cuidar do paciente na fase terminal da doença?
Surgiram então, três temas essenciais: defrontando-se com a situação de cuidar do
paciente em fase terminal; relação com o paciente e sua família; a reflexão sobre a
experiência.
Os alunos referem à preocupação da formação biologicista, voltada para o
ensino técnico-científico e a falta de capacitação profissional para os aspectos
psicossociais do cuidado paliativo e para o ensino fiscalizador, preocupado com a
avaliação comportamental vista pelos professores nos estágios. Outro aspecto que
denotou preocupação foi: como resolver os sentimentos de medo, ansiedade e
insegurança ao cuidar do paciente que es morrendo? Todos os participantes
relataram que apresentavam pouca experiência com esse tipo de paciente e
referiram a necessidade de um convívio e oportunidades mais efetivas quanto ao
cuidar destes pacientes terminais. Os alunos entendem que falta de apoio externo
para lidar com as dificuldades representa um fator importante para o aumento da
tensão quando o objetivo é o cuidado ao paciente terminal.
Apesar da disciplina de „Relacionamento Enfermeiro-Paciente‟ oferecer
subsídios para os alunos interagirem com pacientes terminais, esses sentem grande
ansiedade, o que atuaria como barreira na comunicação, bloqueando um cuidar
efetivo.
As autoras afirmam ainda que:
[...] Não cabem aos enfermeiros e nem aos docentes mudarem esse
modelo que obedecem as normas do sistema político e econômico vigente.
Porém é possível discutir e refletir sobre os efeitos do modelo na
assistência à saúde e elaborar propostas para introduzir, na formação
profissional, objetivos e conteúdos visando habilitar os enfermeiros para
assumir o cuidado integral do paciente. Preparar profissionais voltados
para o cuidado humanístico, talvez seja uma possibilidade para alterar essa
realidade, partindo de mudanças na prática do cuidar [...] (SADALA; SILVA,
2009, p. 294)
37
4 METODOLOGIA
Na pesquisa científica se mantém uma estratégia sistematizada, capaz de
responder aos objetivos propostos no final do trabalho. Essa se desenvolve
mediante a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos
científicos (GIL, 2002).
Segundo Andrade (2004), a finalidade da pesquisa científica pode ser
classificada em “ciência pura” quando o objetivo é adquirir conhecimentos, em
“ciências aplicadas” quando objetiva as aplicações práticas, ou seja, sua finalidade é
concorrer para o progresso das ciências através de novas descobertas.
Assim, a metodologia que acreditamos ser mais adequada a presente
investigação é a Qualitativa, uma vez que, apesar de quantificar o disposto
bibliográfico e retratar o valor numérico de quantas fontes foram encontradas acerca
do tema, se faz mister também, discorrer quanto a qualidade que estas citações nos
inferem mediante o que nos é informado, preenchendo assim, as nossas
necessidades de descobertas (BUENO, 2001).
Segundo Minayo (2001), a metodologia qualitativa se preocupa com um nível
de realidade que não pode ser quantificada, trabalhando dentro de um universo de
significados, crenças, aspirações, valores e atitudes.
O estudo proposto foi exploratório documental, pois, caracteriza-se como um
conjunto de etapas ou passos que devem ser seguidos para a produção da
pesquisa, uma vez que todo método depende do objeto da investigação Cervo e
Bervian (2002), esse método tem como objetivo principal o aprimoramento de idéias
ou a descoberta de intuições. Embora o planejamento desta pesquisa seja flexível,
este assume a forma de pesquisa bibliográfica (GIL, 2002).
A técnica utilizada foi a da documentação indireta, pois, esta está diretamente
relacionada à pesquisa bibliográfica, desta forma, a técnica, passa a apropriar-se de
um conjunto de normas de cada área da ciência onde é, especificamente, usada.
Assim, a coleta de dados relaciona-se, à técnica, ou seja, à parte prática da
pesquisa, sendo a instrumentação específica para cada coleta de dados
(ANDRADE, 2004).
38
Desta forma, a pesquisa se divide em várias tipologias e a que será enfocada
neste estudo, será a pesquisa quanto ao objeto, enquadrando-se perfeitamente na
pesquisa bibliográfica (ANDRADE, 2004).
Para Minayo (2001), a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a
partir de referências teóricas publicadas em documentos. Este tipo de pesquisa
busca conhecer e analisar as contribuições culturais e científicas do passado,
existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. Sua importância
relaciona-se ao fato de demandar conhecimentos de termos técnicos e sinônimos,
imprescindível a qualquer pesquisa científica. Assim, registrar e organizar os dados
bibliográficos obtidos e empregados na pesquisa científica, possibilita: descrever,
recolher e analisar as principais contribuições sobre um determinado fato, assunto
ou idéia.
Desta forma, em se tratando de uma pesquisa bibliográfica, a escolha do
tema, como em qualquer pesquisa, não é tão difícil, visto que, em se tratando de
pesquisa científica, existem vários temas passiveis de serem abordados, mas, é de
fundamental importância que a temática seja de domínio e interesse do pesquisador.
Como fundamenta Gil (2002),
[...] a tarefa de realizar uma monografia ou dissertação por si é bastante
árdua, mesmo para os que estão motivados pela busca do conhecimento.
Logo, pesquisar a respeito de um assunto pelo qual se tenha pouco, ou
nenhum interesse, pode tornar-se uma tarefa altamente, frustrante [...] (GIL,
2002, p.60).
Andrade (2004) elucida que é fundamental termos esta oportunidade, mas,
que se estar ligado a atualidade, visto que, não há interesse histórico ou
documental em buscar alguns temas que se encontram superados. Outro fator a
ser considerado é a não utilização de assunto que tenha sido objeto de muitos e
recentes estudos, pois, dificilmente, seria abordado de uma forma original ou
inovadora. Da mesma forma, um tema obscuro, de interesse de poucos iniciados,
atenderia aos critérios de relevância.
Cervo e Bervian (2006) nos relatam ainda, que o tema de uma pesquisa é
qualquer assunto que demande melhores definições, melhor precisão e clareza
acerca do que já foi produzido a respeito.
39
Seguindo a fundamentação dos teóricos em questão, o nosso tema se volta
para a temática Morte e o morrer, temas que têm sido timidamente abordados na
formação acadêmica de Enfermagem, ou seja, a fase final da vida tem sido pouco
falada e muito negada. E é com base nesse argumento, que se fundamenta a
relevância deste estudo.
Portanto, após a escolha do tema, é necessário realizar um levantamento
bibliográfico preliminar, a fim de delimitar o assunto, fundamentando-o para a
elaboração do problema, visto que, apenas o desenvolvimento da pesquisa
bibliográfica na produção atual sobre a temática sem qualquer aprofundamento
histórico pode dificultar a definição do tema (GIL, 2002).
A formulação do problema da pesquisa é algo extremamente significativo,
pois, qualquer tema pode ser estudado sob várias perspectivas, além disso, a
formulação do problema prescinde de ser original, e em muitos casos, um problema
de pesquisa inédito deve ser formulado. Tal processo pode levar tempo para ser
bem definido e, muitas vezes, a separação entre as etapas do levantamento
bibliográfico preliminar e da formulação do problema fica nítida. Contudo, esse
levantamento é de fundamental importância para a formulação do problema, uma
vez que, somente através deste processo é se torna possível „clarear‟ melhor o que
o pesquisador realmente necessita (GIL, 2002).
Não se inicia a investigação propriamente dita, enquanto o tema permanece
em nível de discurso, pois, esse deve ser questionado exaustivamente pela mente
do pesquisador, que através de seu esforço de reflexão e curiosidade será possível
compor um problema de pesquisa, assim, foi importante identificar as dificuldades
que ele sugere. A formulação de perguntas e o levantando de hipóteses significa
que o pesquisador pode adentrar ao conhecimento científico (CERVO; BERVIAN,
2006).
Através de tal disposto é que nosso problema foi formulado: Como a Morte e
o morrer, segundo a literatura científica, vêm sendo abordados e enfrentados por
docentes e discentes nos cursos de graduação em Enfermagem?
É importante ressaltar que, a presente investigação não demanda aprovação
do comitê de ética em pesquisa com seres humanos, que o mesmo representa a
40
busca de levantamento virtual e impresso, não havendo, portanto, envolvimento com
seres humanos.
Do ponto de vista metodológico, este trabalho foi realizado através de buscas
em teses e dissertações produzidas nos Programas de Pós-graduação da
Universidade de São Paulo e nos periódicos com conceito Qualis A
1
, A
2
e B
1
, B
2
,
visto serem os periódicos com melhor avaliação. Periódicos estes, publicados
somente após um rigoroso crivo científico para a aceitação e publicação de artigos,
além de livros elaborados a partir de pesquisas de cunho científico.
Desta forma, observados estes critérios, foram acessados os conteúdos das
bases de dados: MEDLINE, LILACS, BIREME, SCIELO, BDENF, relativas às
publicações restritas ao período de produção dos últimos cinco anos (2005, 2006,
2007, 2008, 2009). Inicialmente, acreditamos que três anos seriam suficientes,
contudo, em razão das nossas hipóteses, preferimos ampliar a amostra a fim de
buscar maior segurança na apresentação dos resultados, bem como, abranger as
publicações capazes de perfazer o período necessário à graduação de um aluno de
Enfermagem no Brasil que é em média de 5 anos.
Utilizamos para a busca nessas bases de dados, a combinação das seguintes
palavras-chave: Educação, Morte, morrer, docente e discente, Enfermagem.
As buscas se deram no período de julho a outubro de 2009. Não foi
encontrada nenhuma tese ou dissertação produzida por discentes da Universidade
de São Paulo, como foi pré-estabelecido nos critérios de inclusão e exclusão. Foi
localizada apenas uma dissertação produzida em 1984, data que o atende ao
recorte temporal estabelecido pelo presente estudo definida pelos últimos 5 anos
(2005, 2006, 2007, 2008, 2009).
Na busca empreendida nas bases de dados também neste período, foram
encontrados 12 artigos em periódicos com qualis A
1
, A
2
e B
1
, B
2
, realizando busca
individual em cada periódico, no período proposto. Foram encontrados ainda quatro
capítulos de dois livros diferentes abordando a temática da morte na formação
acadêmica dos alunos de graduação em Enfermagem.
O desenvolvimento da pesquisa aconteceu mediante a leitura exploratória,
seletiva, analítica, interpretativa e após elaboração de fichamento, a partir do
conceito de Gil (2002), como descrito abaixo:
41
Leitura exploratória É uma leitura do material bibliográfico em questão,
que tem por objetivo, verificar em que medida a obra consultada interessa à
pesquisa(GIL, 2002 p.129).
Nesta etapa da pesquisa serão lidas diversas obras que versam sobre o
tema, realizando-se, portanto, uma seleção inicial do material pesquisado.
Leitura seletiva “Após a leitura exploratória, procede-se a sua seleção, ou
seja, à determinação do material que de fato interessa à pesquisa(GIL, 2002
p.129).
Leitura analítica “A finalidade da leitura analítica é a de ordenar e sumariar
as informações contidas nas fontes, de forma que estas possibilitem a obtenção de
respostas ao problema da pesquisa.” (GIL, 2002 p.129).
A leitura analítica adequada perpassa pelos seguintes momentos: leitura
integral da obra ou do texto selecionado, para interagir com o todo. Identificação
das idéias-chaves, pois, muitas vezes, é através da leitura atenta que se
identificam palavras, frases e a parágrafos que sintetizam as idéias mais
importantes. Hierarquização das idéias: seguindo a ordem de importância
organizam-se as idéias, distinguindo as principais das secundárias, definindo-se
assim, tantas categorias de idéias sejam necessárias para a análise do texto.
Sintetização de idéias. Consiste em recompor o descomposto eliminando o que é
secundário, atentando-se para o mais importante à resolução do problema.
Leitura interpretativa “É a mais complexa, que tem por objetivo
relacionar o que o autor afirma com o problema para o qual se propõe uma solução”
(GIL, 2002 p.129).
Portanto, a elaboração de fichamentos foi amplamente utilizada neste estudo,
uma vez que a mesma possibilita a elaboração de resumos. Foram ainda
catalogadas as obras consultadas e as informações necessárias para a execução do
estudo foram devidamente armazenadas.
É importante ressaltar que a importância da confecção de fichamentos é
diretamente proporcional à magnitude do trabalho, pois, estes permitem uma melhor
uma síntese do material selecionado sobre determinado tema, bem como, um
melhor entendimento para sua posterior discussão.
42
O próximo passo não é a produção da redação do relatório; mas, sim, a
“construção lógica do trabalho, que consiste em organizar as idéias, tendo em vista
atender os objetivos para que ele possa ser entendido como uma unidade dotada de
sentido” (GIL, 2007, p. 87). Essa etapa se faz necessária, uma vez que, após a
organização das idéias, é neste momento que ocorre a construção do plano
definitivo.
Em seguida, é empreendida a análise dos dados encontrados nos periódicos,
e nos livros, que segundo Minayo (1994),
[...] a palavra categoria, em geral, se refere a um conceito que abrange
elementos ou aspectos com características comuns ou que se relacionam
entre si. Essa palavra está ligada à idéia de classe ou série. As categorias
são empregadas para se estabelecer classificações. Nesse sentido,
trabalhar com elas significa agrupar elementos, idéias ou expressões em
torno de um conceito capaz de abranger tudo isso. Esse tipo de
procedimento, de um modo geral, pode ser utilizado em qualquer tipo de
análise em pesquisa qualitativa [...] (MINAYO, 1994 p. 70).
Foram encontradas, respectivamente, três categorias para revisão de
literatura dos livros e três categorias para revisão de literatura dos artigos
respectivamente: 1-A morte e a tentativa de conceituá-la; 2-A Tanatologia e a
Universidade; 3-A formação acadêmica dos enfermeiros sobre a temática
Morte-morrer; e; 1-Os discentes de Enfermagem e o convívio com a Morte; 2-O
docente em Enfermagem convivendo com a Morte e as habilidades para
ensinar; 3-A formação acadêmica dando suporte para visão crítico-reflexiva
sobre a temática Morte-morrer.
Em definitivo, segue-se a redação relatório que como todo processo de
construção da pesquisa, tem que ser cuidadoso, seguindo normas. O relatório
redigido para outros pesquisadores diferem-se do redigido para o público em geral,
bem como, dos destinados as autoridades governamentais (GIL, 2007).
Um efetivo relatório prescinde de conter o problema da pesquisa redigido
claramente, inserindo-o no contexto amplo apontando as razões que determinaram
sua investigação. Por conseguinte, a metodologia tem que ser cuidadosamente
descrita e a obtenção dos resultados devem também ser criteriosamente descritos
para finalizar com as conclusões e sugestões (GIL, 2007).
43
4.1 Procedimento
1º Definição do tema a ser pesquisado;
2º Definição do tipo de pesquisa (Levantamento bibliográfico);
3º Definição das palavras chaves do estudo;
4º Definição do período do levantamento bibliográfico (5 anos);
Definição das fontes (on-line, e escrita / através de revistas eletrônicas, livro de
acervo pessoal);
Elaboração final do projeto (Introdução, Objetivos, revisão da literatura preliminar
e etc..);
Elaboração do quadro sinótico das buscas, incluindo referências completas,
categorias (livro, periódicos, teses e dissertações), por ano;
Divulgações preliminares dos resultados em eventos científicos e publicação em
periódicos e livros;
9º Defesa do EQ;
10º Resultados e discussões;
11º Considerações finais;
12º Divulgação e publicações dos resultados finais;
13º Defesa do Mestrado.
44
5 RESULTADO E DISCUSSÕES DA LITERATURA CIENTÍFICA ENCONTRADA
Os resultados serão apresentados concomitantemente, às discussões e
comentários. Primeiramente, serão apresentados os quadros dos dados da literatura
científica levantada, usando para tanto, as categorias dos livros e artigos de
periódicos nacionais, utilizando as fontes, as referências completas, palavras-chave
e o ano, atendendo com isso, o período de cinco anos, a partir de 2005 até 2009,
apropriados das bases de dados MEDLINE, LILACS, BIREME, SCIELO, BDENF e
da Biblioteca Central de Ribeirão Preto.
1ª Parte: Livros e Capítulos de Livros
Quadro 1: Livros e Capítulos de Livros encontrados sobre a Morte de 2005 a
2009
FONTE
REFERÊNCIA (Livros)
ANO
Livro 1
BCRP
INCONTRI, D. & SANTOS, F. S. A Arte de
MorrerVisões Plurais. Bragança Paulista, SP:
Comenios, 2007. p.302
2007
Livro 2
BCRP
KOVÁCS, M.J. Educação para a Morte: Desafio
na Formação de Profissionais de Saúde e
Educação. ed São Paulo: Casa do
psicólogo; 2008. p.175
2008
FONTE
REFERÊNCIA(Capítulos)
ANO
Livro1
Cap. 9.
BCRP
SANTOS, F.S. Conceitos de Morte In:
INCONTRI, D. & SANTOS, F. S. A Arte de
MorrerVisões Plurais. Bragança Paulista, SP:
Comenios, 2007. P. 88-95. cap. 9
2007
Livro1
Cap.28
BCRP
SANTOS, F.S A Tanatologia e a Universidade
In: INCONTRI, D. & SANTOS, F. S. A Arte de
MorrerVisões Plurais. Bragança Paulista, SP:
Comenios, 2007. P. 289-302 cap. 28
2007
Livro1
Cap.19
BCRP
BOEMER, M.R. Enfermagem e Morte In:
INCONTRI, D. & SANTOS, F. S. A Arte de
MorrerVisões Plurais. Bragança Paulista, SP:
Comenios, 2007. P. 189-195. cap. 19
2007
Livro 2
Cap.1
KOVÁCS, M.J Os Profissionais de Saúde e
Educação e a Morte, no subtítulo a Formação
dos Profissionais de saúde Medicina e
2008
45
BCRP
Enfermagem.In KOVÁCS, M.J. Educação para a
Morte: Desafio na Formação de Profissionais de
Saúde e Educação. ed São Paulo: Casa do
psicólogo; 2008 p.33-34 cap.1
Obs. Não foram encontrados livros nacionais através da busca com as palavras-chave Educação e a
Morte e o morrer e Docente e discente de Enfermagem, Morte e morrer, antes de 2007
(caracterizando a procura dentro dos últimos 5 anos: 2005-9)
Através das leituras exploratórias, seletivas, analíticas e integrais realizadas
nos livros e capítulos dos livros da revisão bibliográfica científica, pertinentes a
temática identificadas através das palavras-chave, foi empreendida a hierarquização
das idéias, procedendo-se, em seguida, com a ntese desses capítulos, concluindo
pela leitura interpretativa.
Dando prosseguimento à análise dos dados, emergiram três categorias: 1 - A
morte e a tentativa de conceituá-la; 2 - A Tanatologia e a Universidade; 3 - A
formação acadêmica dos enfermeiros sobre a temática Morte-morrer.
Quadro 2: Ordenação de categorias com Livros e Capítulos dos Livros (2005-9)
Categorias
Livros e
Capítulos.
A morte e a
tentativa de
conceituá-la
A Tanatologia e
a Universidade
A formação
acadêmica dos
enfermeiros sobre a
temática Morte-
morrer.
Livro1
Cap. 9
X
Livro1
Cap.28
X
Livro1
Cap.19
X
Livro 2
Cap.1
X
Na primeira categoria 1 - A morte e a tentativa de conceituá-la, podemos
destacar que no capítulo 9 do livro 1, Santos (2007) traz uma tentativa de clarear a
conceituação da Morte, pois, a história nos afirma que até um dado momento, a
Morte foi familiar. As pessoas percebiam os signos ou sinais da Morte e então se
preparavam, organizando e colocando-se sempre à frente de todo o ritual dedicado
46
a partida iminente. Os bens eram divididos, havia o pedido de perdão pelas suas
faltas cometidas em vida, sem que nada ficasse „pendente‟. Eram comuns ainda, os
rituais abertos aos amigos, vizinhos e às crianças, destituindo-os de apelos
emocionais. Sentia-se a partida, mas, entendia-se que esta fazia parte do processo
de viver, como o foi relatado por Ariès (2003); Santos (2007); Boemer (2007) e
Kovacs (2008).
Conceituar a Morte é deveras difícil. Dadas às mudanças pelas quais a
sociedade passou no decorrer dos culos. No saber e entender da população
percebe-se que o descrito corrobora com o parágrafo supracitado, pois, em tempos
passados, a Morte era vista como familiar, contudo, a partir do final do século XIX e
início do XX, esta se tornou um tabu, interdita e escondida; provida de
características como a dor, a perda, a ausência; não sendo mais vista como um não
processo natural.
Como conceituar, então, algo que o queremos ver? Buscou-se assim,
meios tecnicistas e fisiológicos para essa definição, ou seja, a Morte se definia como
o fim da respiração e/ou dos batimentos cardíacos, denotando assim, a Morte do ser
humano.
Contudo, a tecnologia avançou e através de todo um novo aparato a fim de
manter a vida através de aparelhos, fez com que o estudo científico tivesse de ser
aprofundado. Percebeu-se então que não apenas os batimentos ou a respiração
eram fatores preponderantes para essa Morte, e sim, o poder orgânico de manter-se
em equilíbrio, a homeostase. Descobriram ainda que se o cérebro fosse afetado em
uma determinada estrutura, toda a „vida‟ cessaria, podendo somente ser mantida
uma vez que o corpo estivesse acoplado a aparelhos. Desta forma, a morte cerebral
foi instituída trazendo um grande desconforto, pois, aceitar e entender que seu ente
está morto, apesar de saber que seu coração ainda bate. Se o coração bate
significa, realmente, que houve uma mudança na percepção dessa população de
que a Morte deixou de ser cardiocêntrica para ser encefalocêntrica?
Somente com a educação para a Morte, sepossível ensinar que este é um
processo, e que muitas vezes, ela chega, abruptamente, através de acidentes,
catástrofes, contudo, ela representa ainda, a única certeza que realmente temos
enquanto estamos vivos, porque o restante, não passa de possibilidades.
47
Na segunda categoria 2 - A Tanatologia e a universidade, abordada no
capítulo 28, também do livro 1, Santos (2007) discute a importância da Tanatologia e
de sua definição como o estudo científico sobre a Morte e todo o processo de morrer
sob seus mais diversos aspectos. Essa área começou ser difundida pouco tempo
pelos desafiadores e pioneiros Feifel e Kübler-Ross. No Brasil, este estudo é mais
novo ainda, pois, foi somente a partir da década de 70 que os primeiros vultos
começaram a surgir. Contudo, ainda são parcos os investimentos nessa temática,
apesar das tentativas de expansão e crescimento desse saber, em virtude de esta
temática ter sido banida dos centros acadêmicos por muito tempo, dificultando
assim, a sua difusão. Com isso, o saber científico sobre a Morte e o morrer esteve
amordaçado. Tal fato influenciou a formação acadêmica de algumas especialidades
dos cursos da área de saúde no sentido de um saber biologicista, preocupado com o
técnico-científico, baseado, principalmente, no Positivismo, assim, apesar do
convívio diário com a Morte, estes profissionais não receberam a preparação critico-
reflexiva necessária para conviver com ela.
Em relação à terceira categoria 3 - A formação acadêmica dos Enfermeiros
sobre a temática morte-morrer constantes no capítulo 19, do livro 1 de Boemer
(2007) e do capítulo 1 do livro 2 de Kovács (2008) depreende-se que, devido aos
avanços tecnológicos, a formação dos profissionais fundamenta-se na cura, na
medicalização, e na visão da Morte como sinônimo de fracasso, tal qual „perder a
guerra para o inimigo‟, o que tem acarretado angústia, medo e descontentamento
àqueles repensáveis pelo tratamento e/ou cuidado daqueles pacientes cujo único
prognóstico é estar caminhando para Morte. Desta forma, a percepção de assegurar
dignidade ao restante de vida que resta ao paciente; seja 1 ano, 1 mês ou 1 dia, é
recente, uma vez que, os cuidados paliativos surgiram somente em meados da
década de 90 e nem todos os profissionais da saúde estão preparados para lidar
com esse grupo de pacientes (FIGUEIREDO; FIGUEIREDO, 2007)
Verifica-se assim que, a formação acadêmica destes cursos urge por
mudanças, em virtude também do envelhecimento da população. A Ciência ainda
não conseguiu ser onipotente a ponto de curar todas as doenças. Portanto, preparar
esses novos profissionais da saúde, para um tratar / cuidar humanizado e crítico-
reflexivo passou a ser obrigação das universidades.
48
Conforme o exposto, percebemos que a literatura dos livros e dos capítulos
de livros encontrados nos inferem que estão ocorrendo mudanças para o
entendimento da Morte, apesar de, em passos lentos. Na Enfermagem, estas
questões deixaram de ser necessidade na formação, para constituir um processo
reivindicatório à compreensão desta temática, uma vez que, os profissionais que
convivem diretamente com a Morte, o acidente, a catástrofe, a doença sem cura, em
suma, um prognóstico reservado, ruim; também estão adoecendo emocionalmente,
por não terem sido preparados para esse turbilhão constante de sentimentos em seu
cotidiano profissional. Os autores afirmam que nos hospitais, a dor, a Morte e a
doença foram interditas em um pacto de costumes sob novos códigos e formas de
relação. Tudo isso, desencadeia uma sobrecarga mental, que acrescida da carga
física, gera de alterações afetivas, desencadeando fenômenos de ordem
psicológica, psicossociológica e ainda neurofisiológica, produzindo um grande
aumento da medicalização, agravos psíquicos e suicídio desses profissionais
(POPIM; BOEMER, 2006 apud PITTA, 1990).
2ª Parte: Periódicos
Quadro 3: Artigos de Periódicos encontrados sobre morte de 2005 a 2009
FONTE
REFERÊNCIA
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Enfermagem, Morte e
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Docente e discente de
Enfermagem, Morte e
morrer
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Docente e discente de
Enfermagem, Morte e
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2008
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BECCARIA, Lúcia M.; GOUDINHO, Mirana V.;
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Docente e discente de
Enfermagem, Morte e
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2008
12
BVS
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SADALA, Maria Lúcia Araújo; SILVA, Fernanda
Machado da. Cuidando de pacientes em fase
terminal: a perspectiva de alunos de enfermagem.
Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 43, n.
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on 06 Oct. 2009. doi: 10.1590/S0080-
62342009000200005.
Docente e discente de
Enfermagem, Morte e
morrer
2009
Obs.: Não encontramos artigos de periódicos nacionais, com busca diante das palavras-chave
Docente e discente de Enfermagem, Morte e morrer, antes de 2006 (caracterizando a procura dentro
dos últimos 5 anos: 2005-9)
Após as leituras referenciadas e realizadas nos artigos da revisão bibliográfica
científica, identificou-se e hierarquizou-se as idéias chaves. Então, procedeu-se a
síntese dos textos, terminando com a leitura interpretativa.
Por conseguinte, converteu-se a análise dos achados em classificados, que
permitiram construir três categorias: 1 - Os discentes de enfermagem e o convívio
com a morte; 2 - O docente em Enfermagem convivendo com a Morte e as
habilidades para o ensino; 3 - A formação acadêmica, dando suporte para a
visão crítico-reflexiva sobre a temática Morte-morrer.
51
Quadro 4: Ordenação categorias com Artigos de Periódicos
Categorias
Artigos
Os discentes de
Enfermagem e o
convívio com a Morte
O docente em
Enfermagem
convivendo com a
Morte e as habilidades
para o ensino
A formação
acadêmica, dando
suporte para a visão
crítico-reflexiva sobre
a temática Morte-
morrer.
Artigo 1
X
X
Artigo 2
X
X
Artigo 3
X
X
X
Artigo 4
X
X
Artigo 5
X
X
X
Artigo 6
X
X
Artigo 7
X
X
Artigo 8
X
X
Artigo 9
X
X
Artigo 10
X
X
Artigo 11
X
X
Artigo 12
X
X
Nesta primeira categoria: Os discentes de enfermagem e o convívio com a
morte podemos destacar os seguintes artigos 1, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 11, 12,
convergiram-se, e estão expostos nos quadros 3 e 4.
Iremos começar com uma breve discussão sobre o artigo de número 3,
realizado com alunos do ano do curso de graduação em Enfermagem, ou seja,
alunos que não haviam ainda feito estágio e/ou entrado em contato com pacientes,
mas, que possuíam „pré-conceitos‟ firmados pelo convívio sociocultural e familiar, em
relação à Morte. Além da veemente certeza do senso comum de que viam a Morte
como inimiga, tendo que lutar contra ela, para preservar a vida, observou-se também
que estes acreditavam que com o passar das disciplinas e a aquisição de conteúdos
científicos, seria possível ajudar a proporcionar a cura aos pacientes, estes se
sentiam também, gratificados pelo cuidar. Isto posto, percebe-se haver uma
associação da Morte ao fracasso, proporcionando um entendimento de dor, perda,
frustração, caso haja a morte do doente que irá ser cuidado.
52
Nos artigos de número 1, 4 e 6, os autores, praticamente, descrevem o
mesmo resultando a respeito da percepção dos discentes em relação aos seus
sentimentos. Estes alunos, quando deparados a situações de cuidar de pacientes no
processo de morte ou mortos, sentiam muita dificuldade na relação
aluno/paciente/familiares, além de angústia, medo, tristeza, ansiedade, frustração,
culpa e alguns tomavam para si também, o luto da família. Os autores defendem
ainda que não é somente através do estimulo às habilidades dos alunos para
cuidarem de pacientes terminais que o problema será solucionado, mas, sim,
através da abertura de espaços para reflexão, pois, um importante fator
sociocultural que influencia esses alunos, fator este, já pré-existente.
O artigo de número 5 faz um panorama geral do preparo acadêmico de
enfermeiros brasileiros, abrangendo desde a percepção dos alunos, quanto à morte
vista como estigma, tabu e misticismo, até o preparo dos mesmos para vivenciar a
Morte, o apoio oferecido pelos professores, e os sentimentos experimentados pelos
acadêmicos, ressalta também, a vivência da Morte em campo de estágio.
Os autores argumentam que os acadêmicos têm opiniões variadas sobre o
tema Morte-morrer, isso se pela vivência que cada um teve em seu percurso de
vida, entendem ainda, que os alunos não estão preparados para lidar com o
processo de Morte e morrer de seus futuros pacientes, devido a pouca oportunidade
de refletir e discutir tal tema. Estes alunos desejam prestar uma assistência
humanizada aos pacientes terminais, bem como, aos seus familiares. Porém, a
maioria dos entrevistados sente dificuldade em lidar com tal situação, não sabendo
como abordar os familiares e menos ainda como lidar com seus próprios
sentimentos.
O artigo de número 10 descreve uma pesquisa realizada com alunos do
último período de estágio do curso de graduação em Enfermagem e ressalta uma
importante visão, percebendo que a morte ainda é um acontecimento que choca e
traz muito sofrimento. Importante salientar que, são respostas dadas por futuros
profissionais de Enfermagem, ou seja, dentro de pouco tempo estes acadêmicos
estarão formados e ingressarão no mercado de trabalho, contudo, ainda não
conseguem ter uma visão crítico-reflexiva e conviver com o processo de morte e
morrer, de forma menos dolorosa.
53
O artigo de número 11 relata um estudo feito com alunos do ao ano do
curso de graduação em Enfermagem, no qual participaram 132 alunos. Desses,
independentemente do ano cursado, todos relataram dificuldades para cuidar do
paciente terminal, demonstrando ansiedade, estresse e insegurança, dificultando
assim, sua atuação no que se refere ao apoio e conforto necessário ao paciente. E
em muitas vezes, afastaram-se e deixam de prestar um cuidado essencial, numa
fase ímpar da vida.
O artigo de número 12 descreve um estudo realizado com alunos
matriculados na disciplina de Relacionamento Enfermeiro/paciente, e buscou
compreender como os alunos percebiam a si mesmos, cuidando de pacientes
terminais. Esses alunos referiram uma experiência dolorosa, que os colocou diante
de suas fragilidades e inseguranças. Referem que suas dificuldades podem ser
decorrentes de sua própria incapacidade de aceitar a Morte e do despreparo
emocional e inexperiência, ressaltando ainda que os profissionais com quem
compartilham os cuidados não os apoiam.
Finalizando a reflexão dessa categoria, destacamos o artigo número 8, que
relata uma especialidade da Enfermagem, pouquíssimo divulgada e muito
específica, que é a temática da morte no que se refere à doação de órgãos, esse
estudo foi realizado em um evento de estudantes de Enfermagem, através de
questionamentos abordando a questão da doação de órgãos e a Enfermagem.
Os resultados mostraram-se preocupantes, pois, apesar de vários estados
brasileiros estarem representados no evento, através da participação de estudantes
de diferentes universidades do país, 92% dos entrevistados nem faziam idéia que
existe a Organização de Procura de Órgãos a OPO.
Em nossa realidade, a Morte é negada, interdita e os alunos o são
preparados para vê-la. Quiçá, estão preparados para entender a importância da
morte encefálica, o preparo para a doação de órgãos e a abordagem dos familiares,
para que outras vidas sejam salvas.
A incongruência da mente humana nega a possibilidade do que os
profissionais de saúde mais buscam, ou seja, de se prepararem para enxergar essa
Morte, pois, sua profissão o preparou para salvar não apenas uma vida, mas,
inúmeras vidas.
54
Hoje, verifica-se que, os cursos de graduação em Enfermagem pouco
preparam seus alunos para o processo de morte, que dirá para as várias
possibilidades de morte e seria utopia acreditar que preparariam estes estudantes
para um tema tão específico quanto à doação de órgãos.
A segunda categoria: O docente em Enfermagem convivendo com a Morte
e as habilidades para ensinar foram descritos nos artigos 2, 3, 5, 7 e 9, expostos
nos quadros 3 e 4.
Como podemos perceber, alguns artigos estão presentes tanto na primeira
categoria, quanto na segunda, uma vez que esses artigos abordam, muito
claramente, também esta outra categoria. E todos os artigos são categóricos em
expressar que os docentes são impelidos a desenvolver uma abordagem
pedagógica técnico-científica, regida por normas, regras e rotinas numa atitude sem
reflexão, mecanizada. Estes profissionais se voltam para a cobrança da postura e se
mantém distantes dos discentes, não proporcionando a abertura necessária aos
questionamentos, principalmente, em relação aos sentimentos provindo do vivenciar
o paciente terminal.
Os docentes justificam-se afirmando que as disciplinas apresentam um curto
espaço de tempo para a abordagem do processo de Morte e morrer. Entendem a
Morte sob a ótica de uma temática complexa para ser aceita e trabalhada, uma vez
que esta temática, segundo eles, envolve diversas dimensões tais como: existencial,
cultural e religiosa. E que a percepção da mesma, diverge para cada ser humano,
denotando assim, que a grande dificuldade de se pensar de forma crítico-reflexiva, já
que dentro de uma postura mais tradicional, muitas vezes, acabe por ser
determinada pelo impedimento da operacionalização do diálogo, a respeito do tema
aqui em foco.
Os professores assim, tentam demonstrar equilíbrio ao vivenciar a Morte, em
campo de estágio, com seus alunos, contudo, muitas vezes, sentem-se
despreparados para esse momento e ficam angustiados, com medo de não saberem
como abordar a temática. Por conseguinte, não separam um espaço social para
refletir a respeito, permanecem assim, sozinhos mesmo que necessitando de ajuda,
pois, também vivenciam, tal qual seus alunos, um turbilhão de sentimentos
inexplicáveis, uma vez também não foram formados para aceitar, vivenciar ou
presenciar o que é tão comum no seu próprio dia-a-dia profissional, ou seja, a Morte.
55
Finalizando essa categoria trazemos o artigo de número 7, no qual foi
construído o perfil de 34 docentes enfermeiros, que em sua a maioria eram do sexo
feminino, pertencentes à faixa etária entre 40 e 50 anos e que ainda mantinham
vinculo assistencialista em outras instituições. Experientes, esperava-se que estes
docentes deveriam possuir grandes oportunidades de sensibilizar os discentes no
processo de Morte e morrer, possibilitando a reflexão, mas, para estranheza dos
autores, estes profissionais reproduziam como fora, para eles, mostrada a Morte,
demonstrando os mesmos sentimentos de todo e qualquer profissional de
Enfermagem tais como: o medo, a frustração, incapacidade para manter a vida,
diante do processo de morte e morrer. Tais quais os discentes inexperientes
descritos nos artigos analisados a o momento, também os docentes negam a
Morte e não são capazes de trabalhar este conhecimento. Eles não têm para si, o
suporte emocional necessário para lidar com essa temática, que demanda uma
profunda mobilização interna, reflexão do ser, disponibilidade para resgatar
sentimentos e acima de tudo, despir-se de pré-conceitos tão arraigados advindos da
sociedade.
Na terceira e última categoria: A formação acadêmica dando suporte para
visão crítico-reflexiva sobre a temática morte-morrer, percebe-se a unanimidade
dos artigos em referir que as universidades ainda não conseguiram introduzir a
Tanatologia de forma crítico-reflexiva e ampla na sua grade curricular, apesar de
existir em algumas universidades, disciplinas que abordam esta temática, contudo,
todos os estudos demonstraram que os alunos precisavam de mais reflexão e
discussão, para conseguirem desnudar-se dos pré-conceitos socioculturais
ocidentais vivenciados desde a infância. Em suma, estes sujeitos apenas
reproduzem as experiências vivenciadas na sociedade e em família, não querendo,
ver, ouvir ou falar a respeito da Morte.
Entendemos, portanto, que não é apenas através da estimulação das
habilidades dos discentes que iremos conseguir que estes apresentem um cuidar
humanizado, especialmente ao paciente terminal. Temos consciência de que a
necessidade da mobilização interna de cada um e é por isso que a disciplina de
Tanatologia deve ser bem elabora e abrangente.
56
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando-se que, nesse estudo o nosso pressuposto maior foi levantar
dados da literatura científica tendo em vista a temática Morte, o morrer e a
identificação dessa abordagem na formação acadêmica de Enfermagem, o tema foi
localizado em dois livros e em quatro capítulos referentes à temática em questão.
Foram localizados ainda, doze artigos, publicados nos últimos 5 anos, em diferentes
periódicos. Não houve nenhuma tese ou dissertação que atendesse ao recorte
temporal acima descrito. Por conseguinte, percebemos que os investimentos,
especificamente, para a temática Morte, no decorrer do período selecionado, têm
sido parcos. E que sua abordagem, na formação acadêmica de Enfermagem, pode
ser considerada ínfima.
Todo o material levantado fundamentou-se no enfoque da necessidade da
produção e publicação de mais estudos sobre a temática da Morte, sinalizando
também para a urgência na introdução de uma visão crítico-reflexiva para o
processo de morte e morrer na formação acadêmica, a fim de que haja uma
modificação no olhar/pensar de que a Morte quando chega é sinônimo de fracasso e
frustração para o profissional. Tema este que deve ser trabalhado de forma
essencialmente efetiva.
Reportando aos docentes, depreendemos que esses se sentem
desamparados, perdidos e temerosos sobre o que falar aos seus alunos no
momento da Morte de um cliente. Sentem-se inseguros a respeito de como irão
expressar a Morte, tanto para os alunos como para os familiares, pois, também eles
vivenciam um turbilhão de sentimentos, tal como, a percepção que são finitos, e
também sentem o medo da Morte. E não poderia ser de outra maneira, pois,
também eles, tiveram sua formação exatamente igual a aquela que estão
reproduzindo. Como então ensinar o processo de Morte ou morrer se também os
docentes não aprenderam a refletir sobre o tema? E nem ao menos compreendem
que a Morte não se antepõe à vida. Como ensinar então, aquilo que nunca foi
aprendido?
Os grupos que abordam a temática morte/morrer/luto, nos diversos espaços,
principalmente, nas universidades, devem promover encontros e providenciar meios
57
alternativos a fim de unir forças, devem divulgar seus trabalhos, produzindo assim,
cada vez mais conhecimentos, especialmente, buscando socializa-los tanto no meio
acadêmico quanto na sociedade em geral, criando assim, redes capazes de produzir
o crescimento das discussões e reflexões sobre o tema em questão, a Morte, uma
vez que sua importância relaciona-se não apenas aos profissionais da saúde, mas,
também a sociedade como um todo, proporcionando uma possível e desejada
mudança de opinião.
É importante destacar ainda, a necessidade de novas pesquisas junto aos
docentes das áreas da Saúde e Educação, a fim de que sejam definidas quais as
carências e quais os melhores métodos de capacitação para estes profissionais, no
sentido de proporcionar o aprendizado e os ensinos relacionados ao processo de
morte e morrer, buscando ainda, a incorporação da percepção pessoal de cada um
deles a fim de compor um „panorama‟, o mais completo possível, sobre a Morte e o
processo de morrer, temática unanimemente descrita, como complexa.
também a necessidade de se construir um programa de educação
específico para a temática Morte e Morrer, tendo em vista a ação-reflexão-ação,
dentro da abordagem crítico-social, para a efetiva transformação da realidade
vigente, este programa seria aplicado aos novos docentes e também aos mais
experientes, reciclando seus conhecimentos. Desta forma, esses docentes estariam
capacitados para a construção de planos educativos voltados não para o
processo de cura, mas também, para o processo de morte e morrer, com dignidade.
Depreendemos assim, que tanto docentes como discentes precisam da uma
educação científica para a morte e o morrer, mas, uma educação dialógica e crítico-
reflexiva, respeitando os limites culturais de todos, em virtude da complexidade do
tema, sua discussão terá de lidar com pré-conceitos enraizados ha muito tempo no
íntimo de cada um simplesmente, mudar conceitos e atitudes é um processo lento e
cuidadoso, e que requer muita disponibilidade para doar-se ao outro; abertura para
aceitar a crença do outro; paciência para entender que os seres humanos são
diferentes e que aprendem e apreendem em momentos e tempos diferentes.
A morte faz parte de um processo e que não se antepõe à vida, por isso, se
faz necessário o completo entendimento de que morremos a todo instante em que
estamos vivos e que isso pode ser um processo tranqüilo, se soubermos viver
58
intensamente o hoje, pois o amanhã, pode não existir. E este esforço e
comprometimento recebe o nome de Educar.
Apesar de esforços e investimentos conhecidos como da UFRJ através do
Núcleo de Estudos e Pesquisa em Tanatologia e Subjetividade NEPTS,
responsável pelo estudo do processo de morrer no Serviço Social, a criação do
Laboratório de Estudos sobre a Morte (LEM) na Faculdade de Psicologia da USP, o
oferecimento de uma disciplina na graduação e outra na pós-graduação, pela Profª
Drª Maria Júlia Kovács, trabalhos realizados e coordenados pelo Padre Léo Pessini
dando ênfase aos aspectos éticos relacionados à Morte e ao morrer na Faculdade
São Camilo-SP, citamos também um pioneiro do ensino, o médico o Prof. Dr. Tullio
de Assis Figueiredo da UNIFESP que trabalha com cuidados paliativos e alunos de
graduação do curso de Medicina e agora ministra, a disciplina optativa de
Tanatologia na escola de Enfermagem, nessa instituição, a UNIFESP na cidade de
São Paulo; a Profª Drª Maria Helena P. Franco da PUC-SP, com a criação do
Laboratório dos Estudos sobre Luto; o NIPPEL Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa
em Perdas e Luto coordenado pela Profª Drª Regina Szylit Buosso e o trabalho da
Profª Drª Maria Júlia Paes da Silva, pesquisando sobre comunicação não-verbal e os
aspectos do cuidar, ambas as professoras da EEUSP-SP, citamos ainda, o filósofo
Ayala Gurgel, coordenador do curso de formação em Tanatologia Hospitalar na
Universidade Federal do Maranhão e fundador da liga Acadêmica de Tanatologia.
Deixando agora os meandros universitários, temos a experiência da Rede
Nacional de Tanatologia coordenada pelo psicólogo Aroldo Escudeiro em Fortaleza -
CE e os trabalhos do médico Evaldo Assumpção em Minas Gerais (SANTOS, 2007).
Pode-se citar ainda, o curso de Tanatologia, organizado pelo Profº Drº
Franklin Santana, ministrado desde 2007. E a disciplina de Tanatologia da pós-
graduação da FM-USP ministrada em agosto deste ano (2009), pelo mesmo
professor.
Considerando todos estes aspectos, associados a outros, podemos, assim,
perceber que todas essas propostas têm suas particularidades e enfatizam diversos
olhares do processo de Morte e morrer, muitas vezes com diferentes públicos-alvo,
metodologia e carga horária, isso tudo traz uma consequência grave, pois, pode ser
a responsável pela divisão de forças, dificultando assim, a comunicação dos grupos
entre si.
59
Isso pode ser constatado no momento em que as hipóteses propostas neste
trabalho, foram comprovadas, ou seja, de que na Enfermagem existe um número
reduzido de estudos sobre o tema em foco, o que poderia explicar, em parte, as
dificuldades encontradas, tanto na prática, como nos cursos de Formação de
Enfermeiros.
Outro aspecto importante é a não observação à necessidade do
desenvolvimento de grupos interdisciplinares que poderiam contribuir enormemente
no que se refere aos avanços no diálogo e compreensão do processo de Morte e
morrer. É necessário assim que haja um maior dialogo entre outras áreas como: a
Educação, Antropologia, Sociologia, Psicologia, Psiquiatria, entre outras e a
Enfermagem, áreas estas que tem se ocupando do tema, há muito tempo.
60
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