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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS
Análise das mudanças sócio-econômicas, tecnológicas e
ambientais no APL do Açafrão em Mara Rosa e região – Goiás
(1997 – 2009)
Murilo Sousa Borges
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Agronegócio, da
Universidade Federal de Goiás, como
requisito parcial para avaliação na
obtenção do Título de Mestre em
Agronegócio.
Goiânia, GO
2009
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Murilo Sousa Borges
Engenheiro Agrônomo
Análise das mudanças sócio-econômicas, tecnológicas e ambientais no APL
do Açafrão em Mara Rosa e região – Goiás (1997 – 2009)
Orientadora:
Profª. Dra. Francis Lee
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Agronegócio, da Universidade
Federal de Goiás, como requisito parcial para
avaliação na obtenção do Título de Mestre em
Agronegócio.
Goiânia, GO
2009
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Dedico e agradeço aos meus pais, pelo amor,
compreensão e auxílio durante a realização deste
trabalho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela oportunidade e fé para superar essa etapa da minha vida;
Agradeço aos meus pais, Donizete Carlos Borges e Maria Auxiliadora Sousa
Borges, e irmãos, Vinícios Sousa Borges e Fernanda Sousa Borges, pela
compreensão e incentivo para vencer;
Agradeço aos professores de mestrado pela atenção e dedicação ao ensino;
Agradeço em especial à minha orientadora professora Dra. Francis Lee, pela boa
orientação, empenho, paciência, apoio e pelos conhecimentos transmitidos;
Agradeço muitíssimo a professora Dra. Sônia Milagres Teixeira, pelo apoio,
receptividade e pelos conhecimentos transmitidos na conclusão deste trabalho;
Agradeço também aos professores Dr. Renato Pinto da Silva Junior, Dr. Reginaldo
Santana Figueiredo e Dr. Natan Fontoura da Silva pelos conhecimentos transmitidos
e receptividade;
Agradeço aos colegas de mestrado, pela amizade, cooperação e os bons momentos
vividos durante o aprendizado no curso;
Agradeço em especial ao amigo Lícius de Albuquerque Prado, pela amizade e
incentivo durante o curso;
Agradeço aos servidores do programa de pós-graduação em agronegócios da
Universidade Federal de Goiás pela boa colaboração;
Agradeço aos produtores de açafrão, pela receptividade e cooperação durante a
pesquisa;
Agradeço em especial ao Arlindo (presidente da cooperativa), ao Israel (gerente da
cooperativa), ao Zenino (produtor cooperado), ao Wanderley (produtor cooperado), à
Leide (produtora cooperada), à Maronita (produtora cooperada) e ao Alair (produtor
cooperado) pela receptividade e auxílio durante a pesquisa.
ÍNDICE
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ...................................................................................... VIII
RESUMO.................................................................................................................XIV
ABSTRACT ..............................................................................................................XV
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................17
1.1 Apresentação ......................................................................................................17
1.1.1 Aspectos físicos do município de Mara Rosa...................................................18
1.1.2 Aspectos sócio-econômicos do município de Mara Rosa ................................23
1.2 Problema e justificativa........................................................................................29
1.3 Objetivos .............................................................................................................30
1.3.1 Objetivo Geral ..................................................................................................30
1.3.2 Objetivos Específicos .......................................................................................30
2 METODOLOGIA.....................................................................................................31
2.1 Fonte de dados ...................................................................................................31
2.2 Obtenção da amostra..........................................................................................32
3. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................34
3.1 Açafrão................................................................................................................34
3.1.1 Cultivo do açafrão ............................................................................................38
3.1.1.1 Plantio ...........................................................................................................38
3.1.1.1.1 Espaçamento .............................................................................................39
3.1.1.1.2 Adubação ...................................................................................................39
3.1.1.2 Tratos culturais..............................................................................................40
3.1.1.3 Colheita .........................................................................................................41
3.1.2 Processamento ................................................................................................42
3.2 Intervenções institucionais em Mara Rosa..........................................................44
3.2.1 Projetos direcionados ao agronegócio do açafrão ...........................................47
3.2.1.1 Projetos desenvolvidos pela Universidade Federal de Goiás........................47
3.2.1.2 Projetos desenvolvidos pelo Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos
Produtivos Locais (GTP-APL) ...................................................................................50
3.2.1.2.1 Projeto de processamento e comercialização do açafrão ..........................52
3.2.1.2.2 Plano de desenvolvimento do APL do açafrão...........................................54
3.2.1.2.3 Indicação Geográfica do açafrão de Mara Rosa e região ..........................57
3.2.2 Projetos nacionais desenvolvidos ao agronegócio em geral que promoveram a
atividade do açafrão ..................................................................................................60
3.2.2.1 Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) ...60
3.2.2.2 Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS)........................63
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................66
4.1 Análise descritiva da amostra..............................................................................66
4.1.1 Perfil Social ......................................................................................................67
4.1.1.1 Composição da família..................................................................................67
4.1.1.2 Faixa etária....................................................................................................68
4.1.1.3 Grau de escolaridade ....................................................................................68
4.1.1.4 Ocupações dos produtores e família.............................................................69
4.1.1.5 Renda familiar ...............................................................................................70
4.1.1.6 Caracterização das propriedades..................................................................71
4.1.1.7 Atividades produtivas ....................................................................................72
4.1.2 Perfil Tecnológico.............................................................................................74
4.1.2.1 Veículos, máquinas e equipamentos agrícolas .............................................74
4.1.2.2 Plantio ...........................................................................................................76
4.1.2.3 Tratos culturais..............................................................................................79
4.1.2.4 Colheita .........................................................................................................80
4.1.2.5 Beneficiamento..............................................................................................80
4.1.3 Perfil Econômico ..............................................................................................82
4.1.3.1 Tradição no cultivo e formas de arrendamento .............................................82
4.1.3.2 Área, Produção, Produtividade e Uso de fatores no cultivo do açafrão ........84
4.1.3.3 Mão-de-obra utilizada na produção de açafrão.............................................86
4.1.3.4 Transporte do açafrão do campo para a indústria.........................................88
4.1.3.5 Comercialização............................................................................................89
4.1.3.6 Renda dos produtores de açafrão.................................................................92
4.1.3.7 Principais investimentos realizados pelos produtores de açafrão .................93
4.1.3.8 Parcerias e gerenciamento da produção de açafrão.....................................94
4.1.3.9 Créditos agrícolas .........................................................................................97
4.1.3.10 Assistência técnica e capacitação dos produtores de açafrão ....................99
4.1.3.11 Considerações dos produtores a respeito da COOPERAÇAFRÃO ..........100
4.1.4 Perfil Ambiental ..............................................................................................102
5. ANÁLISE DE CUSTOS E RECEITAS DA PRODUÇÃO DE AÇAFRÃO .............105
5.1 Custos na Produção Agrícola do Açafrão..........................................................105
5.1.1 Custo das Atividades no Cultivo.....................................................................105
5.1.2 Custo de Produção de Açafrão e Contratos de Arrendamento ......................106
5.1.3 Custo de Produção de Açafrão com base em Mão-de-Obra Familiar e
Contratada...............................................................................................................108
5.2 Custos de Beneficiamento.................................................................................110
5.2.1 Desidratado na Cooperativa...........................................................................110
5.2.2 Cozido Inteiro na Propriedade........................................................................111
5.2.3 Fatiado na Propriedade..................................................................................112
5.3 Receitas obtidas pelos Produtores de Açafrão, período de 1997 a 2008..........113
6 DESEMPENHO DAS ATIVIDADES NO PERÍODO ANALISADO........................115
6.1 Mudanças sociais..............................................................................................115
6.2 Mudanças Tecnológicas....................................................................................118
6.3 Mudanças Econômicas .....................................................................................120
6.4 Mudanças Ambientais .......................................................................................128
7. CONCLUSÃO......................................................................................................129
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................133
ANEXOS: ................................................................................................................138
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Indicadores de desenvolvimento humano em Mara Rosa, Goiás e Brasil,
ano 2000. ..................................................................................................................24
Tabela 02 - Índices de condição de vida do município de Mara Rosa, em Goiás. ....25
Tabela 03 - Número de propriedades rurais por estratos de tamanhos e área
ocupada por estrato no município de Mara Rosa-GO, 2005. ....................................25
Tabela 04 - Produções e áreas ocupadas dos principais produtos agrícolas
cultivados no município de Mara Rosa nos anos de 2003, 2004, 2007 e 2008. .......26
Tabela 05 - Produção de açafrão em toneladas (t) do produto in natura no município
de Mara Rosa e no estado de Goiás nos anos de 2003, 2004 e 2008......................27
Tabela 06 Importações de açafrão realizadas pelo Brasil nos anos entre 1999 e
2008. .........................................................................................................................38
Tabela 07 Frequência de entrevistados, proprietário de terra, arrendatário e
meeiro, Mara Rosa, GO, 2009. .................................................................................66
Tabela 08 Porcentagem de famílias dos produtores de açafrão entrevistados com
1 até 7 pessoas e com 0 a 5 filhos morando juntos, Mara Rosa, GO, 2009. ............67
Tabela 09 Faixa etária dos homens, mulheres e filhos produtores de açafrão, Mara
Rosa, GO, 2009. .......................................................................................................68
Tabela 10 Grau de escolaridade dos homens, mulheres e filhos de produtores de
açafrão, Mara Rosa, GO, 2009. ................................................................................69
Tabela 11 Ocupações dos homens, mulheres e filhos produtores de açafrão, Mara
Rosa, GO, 2009. .......................................................................................................70
Tabela 12 Participação da mão-de-obra familiar na produção de açafrão, Mara
Rosa, GO, 2009. .......................................................................................................70
Tabela 13 – Faixas de renda dos produtores de açafrão, Mara Rosa, GO, 2009. ....71
Tabela 14 Percentual de produtores da amostra que tinham residência e telefone,
Mara Rosa, GO, 2009. ..............................................................................................71
Tabela 15 Frequência de produtores de açafrão proprietários com benfeitorias e
estado de conservação, Mara Rosa, GO, 2009. .......................................................73
Tabela 16 Frequência de meios de transporte e seu estado de conservação entre
os produtores visitados, Mara Rosa, GO, 2009.........................................................74
Tabela 17 Frequência de meios de transporte da posse de arrendatários e
proprietários de terras, Mara Rosa, GO, 2009. .........................................................75
Tabela 18 Frequência de produtores com equipamentos e máquinas agrícolas,
Mara Rosa, GO, 2009. ..............................................................................................75
Tabela 19 Número e percentual de produtores arrendatários e proprietários de
terras que possuíam equipamentos e quinas rurais em suas propriedades, Mara
Rosa, GO, 2009. .......................................................................................................76
Tabela 20 Frequência de produtores que tinham equipamentos rurais motorizados
em suas propriedades, Mara Rosa, GO, 2009..........................................................77
Tabela 21 Frequência dos locais utilizados pelos produtores para plantarem as
lavouras de açafrão, Mara Rosa, GO, 2009..............................................................77
Tabela 22 Frequência dos grupos de espaçamentos praticados pelos produtores
de açafrão, Mara Rosa, GO, 2009. ...........................................................................78
Tabela 23 Frequência de produtores que possuíam equipamentos de beneficiar
açafrão, Mara Rosa, GO, 2009. ................................................................................80
Tabela 24 Frequência de produtores arrendatários e proprietários de terras que
possuíam equipamentos de beneficiar açafrão, Mara Rosa, GO, 2009....................81
Tabela 25 Áreas cultivadas com açafrão pelos produtores arrendatários e
proprietários de terras, Mara Rosa, GO, 2009. .........................................................85
Tabela 26 Produtividade, em t/ha, por tipo de açafrão colhido, Mara Rosa, Goiás,
2009. .........................................................................................................................86
Tabela 27 Quantidade de trabalhadores envolvidos durante um ciclo de produção
do açafrão pelos produtores entrevistados, Mara Rosa, GO, 2009...........................88
Tabela 28 Quantidade de diárias necessárias por hectare pelos produtores,
arrendatários e proprietários de terras, nas etapas de cultivo do açafrão, Mara Rosa,
GO, 2009...................................................................................................................88
Tabela 29 Tipo de transporte utilizado pelos produtores para transportar o açafrão
até a agroindústria, Mara Rosa, GO, 2009................................................................89
Tabela 30 Percentual do estado de conservação das estradas e percurso médio
realizados pelos produtores de açafrão, Mara Rosa, GO, 2009................................90
Tabela 31 Formas de comercialização do açafrão pelos produtores entrevistados,
Mara Rosa, GO, 2009. ..............................................................................................91
Tabela 32 Rendas Brutas Anuais obtidas pelos produtores nas atividades
agropecuárias e no açafrão, Mara Rosa, GO, 2009..................................................94
Tabela 33 Percentual de respostas dos agricultores produtores de açafrão se
continuariam ou não na atividade com baixa rentabilidade, Mara Rosa, GO, 2009..98
Tabela 34 Motivos para preservação do meio ambiente, respondidos pelos
produtores entrevistados, em %, Mara Rosa, GO, 2009.........................................103
Tabela 35 Custo (R$/ha) do açafrão para os arrendatários, Mara Rosa, GO, 2009.
................................................................................................................................106
Tabela 36 Custo (R$/ha) do açafrão para os proprietários, Mara Rosa, GO, 2009.
................................................................................................................................107
Tabela 37 Custo (R$/ha) do açafrão para os arrendatários e proprietários, Mara
Rosa, GO, 2009. .....................................................................................................108
Tabela 38 Custos (R$/ha) do açafrão para os tipos de contratos de arrendamento,
Mara Rosa, GO, 2009. ............................................................................................109
Tabela 39 Custo (R$/ha) do açafrão, considerando trabalho familiar e contratado,
para os arrendatários e proprietários, Mara Rosa, GO, 2009..................................110
Tabela 40 Custo, em R$/kg desidratado, do beneficiamento realizado na
COOPERAÇAFRÃO, Mara Rosa, GO, 2009...........................................................111
Tabela 41 Custo, em R$/kg desidratado, do beneficiamento do açafrão cozido
inteiro realizado pelos produtores nas propriedades, Mara Rosa, GO, 2009..........112
Tabela 42 Custo, em R$/kg desidratado, do beneficiamento do açafrão fatiado
realizado pelos produtores nas propriedades, Mara Rosa, GO, 2009.....................113
Tabela 43 Renda bruta e renda líquida obtida pelos produtores de açafrão
arrendatários e proprietários de terras, Mara Rosa, GO, 2009. ..............................114
Tabela 44 Margem bruta obtida na atividade do açafrão pelos produtores nos anos
de 1997, 2002 e 2008, Mara Rosa, GO, 2009.........................................................114
Tabela 45 – Frequência das faixas etárias por gênero dos produtores de açafrão nos
anos de 2002 e 2008, Mara Rosa, GO....................................................................115
Tabela 46 Usos da terra entre os produtores de açafrão nos anos de 2002 e 2008,
Mara Rosa, GO, 2009. ............................................................................................121
Tabela 47 Produtividade (kg/ha) do açafrão, in natura e desidratado, e rendimento
seco (%) nos anos de 1998, 2002 e 2008, Mara Rosa, GO, 2009..........................123
Tabela 48 Formas de comercialização entre os produtores de açafrão nos anos de
1997, 2002 e 2008, Mara Rosa, GO, 2009. ............................................................125
Tabela 49 Preços reais pago ao produtor pela venda às empresas compradoras e
internacionais, em R$/kg do produto desidratado, anos entre 1996 e 2009,
atualizados para 01.2009, Mara Rosa, GO, 2009. ..................................................127
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Localização do município de Mara Rosa no estado de Goiás................19
Figura 02 – Tipos de solos presentes no município de Mara Rosa...........................20
Figura 03 – Altitudes presentes no município de Mara Rosa. ...................................21
Figura 04 – Declividades existentes no município de Mara Rosa. ............................21
Figura 05 – Rede Hidrográfica localizada no município de Mara Rosa.....................22
Figura 06 – Usos e cobertura da terra no município de Mara Rosa..........................24
Figura 07 Municípios participantes da Indicação Geográfica do açafrão e
localização de propriedades produtoras de açafrão..................................................61
Figura 08 Áreas das propriedades dos produtores de açafrão visitados na
pesquisa, Mara Rosa, GO, 2009...............................................................................72
Figura 09 Percentuais de produtores amostrados, com outras atividades
associadas ao açafrão, Mara Rosa, GO, 2009..........................................................73
Figura 10 Frequência das densidades de plantio praticadas pelos produtores de
açafrão, Mara Rosa, GO, 2009. ................................................................................79
Figura 11 – Frequências dos locais onde é retirada á água para a lavação do açafrão
antes do beneficiamento, Mara Rosa, GO, 2009. .....................................................82
Figura 12 Frequência das negociações nos arrendamentos de terras feitos pelos
produtores de açafrão, Mara Rosa, GO, 2009. .........................................................84
Figura 13 Áreas médias cultivadas pelos produtores de açafrão nos anos de 2006
e 2007, e áreas médias de açafrão de soca, Mara Rosa, GO, 2009.........................85
Figura 14 Potencial produtivo do açafrão, em ton./ha, conforme opinião dos
produtores entrevistados, Mara Rosa, GO, 2009......................................................87
Figura 15 Percentual de propriedades visitadas, com outras atividades, associadas
à produção de açafrão, para auto-consumo e comercialização, Mara Rosa, GO,
2009. .........................................................................................................................93
Figura 16 Percentual dos produtores e investimentos realizados nos últimos três
anos (2006, 2007 e 2008), Mara Rosa, GO, 2009. ...................................................95
Figura 17 – Meios de informações de preço do produto consultados pelos produtores
de açafrão, em %, Mara Rosa, GO, 2009. ................................................................96
Figura 18 – Principais dificuldades apresentadas pelos produtores de açafrão, em %,
Mara Rosa, GO, 2009. ..............................................................................................96
Figura 19 Valores de financiamentos realizados pelos produtores de açafrão, em
%, Mara Rosa, GO, 2009. .........................................................................................98
Figura 20 Frequência dos tipos de assistência técnica utilizadas por produtores de
açafrão, Mara Rosa, GO, 2009. ................................................................................99
Figura 21 – Frequência das principais fontes de informações técnicas utilizadas
pelos produtores de açafrão, Mara Rosa, GO, 2009...............................................100
Figura 22 – Benefícios observados pelos produtores de açafrão, em %, após a
implantação da COOPERAÇAFRÃO, Mara Rosa, GO, 2009. ................................101
Figura 23 – Técnicas agrícolas adotadas pelos produtores de açafrão que preservam
o meio ambiente, em %, Mara Rosa, GO, 2009......................................................103
Figura 24 Principais fontes de informações sobre o meio ambiente entre os
produtores de açafrão, em %, Mara Rosa, GO, 2009. ............................................104
Figura 25 Frequências das categorias de produtores, proprietários, arrendatários e
meeiros, entre os anos de 1998, 2001, 2002 e 2008, Mara Rosa, GO. ..................122
Figura 26 Tamanhos das áreas (ha) de cultivo de açafrão, entre os produtores, em
1998 e 2008, Mara Rosa, GO. ................................................................................122
Figura 27 Diferenças nas produtividades, em kg/ha, do açafrão verde e seco em
comparações com anos anteriores, Mara Rosa, GO. .............................................124
Figura 28 Preços reais pago ao produtor, de venda às empresas compradoras e
internacionais, em R$/kg do açafrão desidratado, entre os anos de 1996 e 2009,
atualizados para 01.2009, Mara Rosa, GO, 2009. ..................................................127
LISTA DE SIGLAS
AGDR - Agência Goiana de Desenvolvimento Rural
AGDRF - Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário
AGENCIARURAL - Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário
APL - Arranjo Produtivo Local
ASPARGO - Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Região do Pastinho
BNDS - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CEASA - Centrais de Abastecimento S.A.
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
COOPERAÇAFRÃO - Cooperativa dos Produtores de Açafrão de Mara Rosa
DLIS - Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável
DO - Denominação de Origem
DRS - Desenvolvimento Regional Sustentável
FAO/WHO - Food and Agriculture Organization/World Health Organization
GTP-APL - Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDA - Índice de Ingestão Diária
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
IG - Indicação Geográfica
INPI - Instituto Nacional da Propriedade Intelectual
INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
IP - Indicação de Procedência
MDIC - Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
RAIS - Relação Anual de Informações Sociais
RG-APL - Rede Goiana de Apoio a Arranjos Produtivos Locais
SEAGRO - Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Goiás
SEBRAE-PRODER - Programa de Emprego e Renda
SEPIN - Superintendência de Pesquisa e Informação
UCG - Universidade Católica de Goiás
UFG - Universidade Federal de Goiás
RESUMO
O município de Mara Rosa está localizado no estado de Goiás e é conhecido como
a capital brasileira do açafrão por ser o maior produtor da cultura em Goiás e no
Brasil. A atividade do açafrão em Mara Rosa recebeu intervenções de instituições
públicas e privadas a partir de 1997, quando o poder executivo do município e a
Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Região do Pastinho buscaram a
Universidade Federal de Goiás a fim de promover o desenvolvimento da cadeia
produtiva do afrão em Goiás. Em 2004, após a criação do Grupo de Trabalho
Permanente para Arranjos Produtivos Locais, criado pelo Governo Federal, foi
implantado o Arranjo Produtivo Local (APL) de açafrão na região do município de
Mara Rosa, possibilitado pelo grande número de produtores de açafrão, em torno de
300, e pela tradição da cultura na região. O objetivo do trabalho é conhecer as
mudanças sociais, tecnológicas, econômicas e ambientais ocorridas no APL do
açafrão pós-intervenções institucionais. A base teórica foram trabalhos
anteriormente realizados dirigidos ao agronegócio do açafrão dos autores Milhomem
& Teixeira (1998), Marinozzi (2002) e Noronha (2003). A pesquisa baseou-se em
dados coletados diretamente junto aos participantes do agronegócio do açafrão na
região. A pesquisa constatou que a produtividade média por hectare apresentou
elevação acima de 50,0% e a margem bruta conseguida pelos produtores na
atividade do açafrão aumentou. O trabalho concluiu que as intervenções executadas
e em implantação na região têm promovido o desenvolvimento social, econômico e
tecnológico dos produtores de açafrão, havendo a necessidade de adotar novas
práticas com o intuito de preservar o meio ambiente.
Palavras-Chave: açafrão, agronegócio, social, tecnologia, economia, meio-
ambiente.
ABSTRACT
The municipality of Mara Rosa is located in the state of Goias and is known as the
Brazilian capital of turmeric as the largest producer of culture in Goias and Brazil.
The activity of turmeric in Mara Rosa received assistance from public and private
institutions since 1997, when the executive power of the municipality and the
Association of Small Farmers in the region of Pastinho sought the Federal University
of Goias to promote the development of the productive chain of turmeric in Goias. In
2004, after the creation of the Permanent Working Group for Local Production,
created by the Federal Government, was established the Local Productive
Arrangement (LPA) of turmeric in the municipality of Mara Rosa, made possible by
the large number of producers of turmeric, in around 300, and the tradition of growing
the crop in the region. The objective of this study is to understand the social,
technological, economic and environmental changes occurred in LPA turmeric post-
institutional interventions. The theoretical studies were carried out previously directed
to agribusiness turmeric authors Milhomem & Teixeira (1998), Marinozzi (2002) and
Noronha (2003). The research was based on data collected directly from participants
in the agribusiness of turmeric in the region. The survey found that the average yield
per hectare had increased up to 50.0% and gross margin achieved by producers in
the increased activity of turmeric. The study concludes that the interventions
implemented and under implementation in the region have promoted the social,
economic and technological producers of turmeric, with the need to adopt new
practices in order to preserve the environment.
Word-Key: turmeric, agribusiness, social, technology, economics, environment.
17
1. INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação
O município de Mara Rosa começou a ser povoado em 1742. Amaro Leite
descobriu uma grande quantidade de ouro nas proximidades de um rio, denominado
rio do ouro. A descoberta atraiu grande número de garimpeiros, dando início ao
povoado denominado Amaro Leite. Após mais de um século, o povoado foi elevado
a distrito ou vila, integrando o município de Pilar de Goiás, e, em 1933, passou a
compor o território de Uruaçu. (IBGE, 2000).
O distrito de Amaro Leite, devido à atividade de mineração, angariou
benfeitorias e equipamentos, como instalação de energia elétrica e máquinas para
construção de estradas e vias públicas, o que impulsionou o desenvolvimento da
região, sendo elevado à categoria de município em de janeiro de 1954. Em 1963,
a sede municipal foi transferida para as proximidades da BR-153 e passou a ser
denominado Mara Rosa para homenagear as filhas do responsável pela mudança,
chamadas “Maria Rosa” e “Rosa Maria”. (IBGE, 2000).
A introdução do açafrão no município ocorreu em razão do garimpo de ouro.
Os garimpeiros utilizavam a planta para marcar as áreas onde poderia haver ouro e
para temperar seus pratos. A planta encontrou na região condições de solo e clima
favoráveis e, devido ao seu valor como corante e tempero, o cultivo aumentou. Na
década de 1960 aconteceram os primeiros plantios comerciais da cultura
(MARINOZZI, 2002). Conforme relatos da revista Globo Rural (1994), se não fosse o
açafrão, Mara Rosa teria ficado esquecida como tantas outras pequenas cidades.
Desde então, a cidade ficou conhecida como a capital brasileira do açafrão.
A sede do município se localiza a 530,0m de altitude e com longitude de
49°10'40.80'' a oeste do Meridiano de Greenwich (W.Gr) e latitude de 101'01.20''
ao sul da linha do Equador (ATLAS, 2000). O município está localizado no norte do
estado de Goiás, na microrregião de Porangatu, e os municípios limítrofes são: Alto
Horizonte, Amaralina, Campinorte, Campos Verdes, Estrela do Norte, Formoso,
Mutunópolis, Nova Iguaçu de Goiás, Santa Terezinha de Goiás e Uirapuru. O
município de Mara Rosa apresentou ocorrências de calcário, chumbo, cianita, cobre,
cobre/ouro e prata, manganês, mica, muscovita, níquel, ouro e fosfato (SEPIN,
2008). Mara Rosa está localizada a 331,0km de Goiânia, apresenta unidade
18
territorial de área igual a 1.704,0km², população de 10.409 habitantes e densidade
populacional de 6,1 habitantes/km², sendo 74,1% da população residente em zona
urbana e 25,9% em zona rural. A Figura 01 apresenta a localização do município no
estado (IBGE, 2007a).
1.1.1 Aspectos físicos do município de Mara Rosa
O município de Mara Rosa apresenta solos dos tipos plintossolos, neossolos,
latossolos, gleissolos, cambissolos e argissolos, sendo predominantes os argissolos,
latossolos e cambissolos, onde se localizam cultivos do açafrão. Dentre os tipos de
solos observados no mapa, os neossolos são provavelmente os mais utilizados
pelos produtores de açafrão, pela média a alta fertilidade natural dos mesmos.
Segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos SiBCS, as principais
características dos solos do tipo neossolo são: solos jovens, em início de formação,
constituídos por material mineral ou material orgânico, pouco espessos (menos de
30,0cm de espessura). Boa parte dos neossolos que ocorrem em praticamente
todas as regiões do Brasil o constituem representatividade espacial expressiva,
pois ocorrem em ambientes específicos, como é o caso das planícies às margens de
rios e córregos (Neossolos Flúvicos) e nos relevos muito acidentados de morrarias e
serras (Neossolos Litólicos) (IBGE, 2007b).
Segundo o IBGE (2007 b), os cambissolos são representados por aqueles
solos em formação ou transformação, sendo muitas vezes pedregosos,
cascalhentos e mesmo rochosos. Os latossolos são solos caracterizados por terem
material altamente alterado, conotativo de elevado conteúdo de sesquióxidos (tipo
de argila de baixa atividade que resulta em baixa retenção de água). Em geral são
solos profundos e de boa drenagem. Os argissolos, solos com processo de
acumulação de argila, apresentam profundidade variável, mas em geral o pouco
profundos e profundos (Figura 02). Esses tipos de solos apresentam baixa fertilidade
natural e necessitam de correção para o cultivo do açafrão, sendo pouco utilizados
pelos produtores.
19
Figura 01 – Localização do município de Mara Rosa no estado de Goiás.
Fonte: IBGE (2007) (a) adaptado pelo autor.
20
¹ Lícius Albuquerque Prado, agrônomo pela Universidade Federal de Goiás (UFG), graduação em
Sensoriamento Remoto pelo Centro Federal de Educação tecnológica de Goiás (CEFET), extensão
universitária em Grandes Culturas e Lavoura Pecuária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) e Mestrado em Agronegócios pela UFG. Contato: liciusagro@yahoo.com.br.
Figura 02 – Tipos de solos presentes no município de Mara Rosa.
Fonte: SIEG (2008), RADAMBRASIL (1983), organizado pelo autor e elaborado por PRADO¹ (2009).
O município apresenta altitudes que variam entre 254,0 e 846,0m, altitudes
indicadas para o cultivo de grãos, hortaliças e fruticultura. É o açafrão, todavia, a
principal cultura da região. Segundo Milan (1992), o açafrão desenvolve-se bem em
altitudes que vão desde o nível do mar até 1500,0m. Além da altitude, tipos de solos,
declividade e rede hidrográfica, outros fatores, como sociais e econômicos,
contribuem para que a cultura seja predominante na região (Figura 03).
O relevo do município é suave, apresentando declividades mais frequentes
entre 0,0 e 10,0º. O IBGE conceitua a declividade como sendo a relação entre a
diferença entre as alturas de dois pontos e a distância horizontal entre esses pontos,
podendo ser representada em graus ou em porcentagem. Segundo a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA (2009), a mecanização pode ser
realizada sem restrições em terras com até 15,0% ou 8,4º de declividade. Quase
toda a área do município de Mara Rosa apresenta condições propícias à
mecanização (Figura 04).
21
Figura 03 – Altitudes presentes no município de Mara Rosa.
Fonte: SIEG (2008), Imagem SRTM, organizado pelo autor e elaborado por PRADO¹ (2009).
Figura 04 – Declividades existentes no município de Mara Rosa.
Fonte: SIEG (2008), Imagem SRTM, organizado pelo autor e elaborado por PRADO¹ (2009).
22
A Figura 05 demonstra que na área do município de Mara Rosa existem quatro
rios, trinta córregos e cinco ribeiros, onde em geral localizam-se os plantios de
açafrão. Os rios são chamados Rio dos Bois, Rio Formiga, Rio do Ouro e Rio Santa
Tereza. Os córregos, por sua vez, são: Córrego do Caju, Córrego Langa, Córrego da
Velha, Córrego Riachão, Córrego da Barca, Córrego das Noivas, Córrego
Magalhães, Córrego Feio, Córrego Santa Maria, Córrego da Lebre, Córrego Fundo,
Córrego da Baunilha, rrego Sapezinho, Córrego Sape, Córrego do Padre,
Córrego Ananás, Córrego Cabeçudo, Córrego da Casa, Córrego Mirdro, Córrego
Bom Jesus, Córrego Jatobá, Córrego Catangu, Córrego Gameleira, Córrego
Extrema, Córrego Aguiar, Córrego Tucum, Córrego Santo Antônio, Córrego Lambari,
Córrego Barreiro e Córrego Cruz. Os ribeiros são denominados Ribeiro do Engenho,
Ribeiro Santa Maria, Ribeiro Formiguinha, Ribeiro Ribeirãozinho e Ribeiro das
Antas.
Figura 05 – Rede Hidrográfica localizada no município de Mara Rosa.
Fonte: SIEG (2008), organizado pelo autor e elaborado por PRADO¹ (2009).
Na área limitada ao município de Mara Rosa estão identificadas a área urbana
da região, áreas com cultivo de culturas anuais, áreas com pastagem natural ou
23
plantadas e formações campestres do cerrado compostas por três tipos de
vegetação Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre. Conforme relatado por
Ribeiro & Walter (2007), a formação Campo Sujo caracteriza-se pela presença
evidente de arbustos e subarbustos entremeados com herbáceas, Campo Limpo
apresenta pouquíssimos arbustos e subarbustos e Campo Rupestre possui estrutura
semelhante ao Campo Sujo ou ao Campo Limpo, diferenciando-se tanto pelo solo,
composto por afloramentos de rocha, quanto pela composição florística, que inclui
muitos endemismos, que consistem na presença de espécies com ocorrência
exclusiva no ambiente (Figura 06).
As outras áreas identificadas na Figura 06 são áreas remanescentes não
usadas na agricultura, com a presença de Savanas Arborizadas de Cerrado Típico e
Cerrado Denso. Na legenda, s3 representa as áreas com vegetação de Savana
Arborizada com Floresta-de-Galeria, s31 a Savana Arborizada com Floresta-de-
Galeria e Savana Florestada, s34 a Savana Arborizada com Floresta-de-Galeria e
Savana Parque sem Floresta-de-Galeria (terrenos bem drenados), s35 a Savana
Arborizada com Floresta-de-Galeria e Savana Parque com Floresta-de-Galeria
(terrenos bem drenados), s124 a Savana Florestada, Savana Arborizada sem
Floresta-de-Galeria e Savana Parque sem Floresta-de-Galeria (terrenos mal
drenados), s214 a Savana Florestada, Savana Arborizada sem Floresta-de-Galeria e
Savana Parque sem Floresta-de-Galeria (terrenos bem drenados) e s241 a Savana
Arborizada sem Floresta-de-Galeria e Savana Parque sem Floresta-de-Galeria
(terrenos bem drenados).
1.1.2 Aspectos sócio-econômicos do município de Mara Rosa
O município apresenta Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Índice de
Condição de Vida (ICV) inferiores às médias estadual e nacional, conforme dados do
IBGE (2007), e tem 25,0% da sua população residindo em zona rural (Tabelas 01 e
02).
24
Figura 06 – Usos e cobertura da terra no município de Mara Rosa.
Fonte: SIEG (2008), PDIAP (2002), organizado pelo autor e elaborado por PRADO¹ (2009).
Tabela 01 – Indicadores de desenvolvimento humano em Mara Rosa, Goiás e Brasil,
ano 2000.
Indicadores Mara Rosa Goiás Brasil
IDH 0,713 0,776 0,766
IDH-Renda 0,614 0,717 0,723
IDH-Longevidade 0,711 0,745 0,727
IDH-Educação 0,815 0,866 0,849
Fonte: ATLAS (2000).
Nota: Classificação segundo IDH:
- Elevado (0,800 e superior);
- Médio (0,500 – 0,799);
- Baixo (abaixo de 0,500).
Segundo levantamento do INCRA (2005), no ano de 2005 o município
apresentou 1.333 propriedades rurais, sendo 1.030 pequenas propriedades, 255
médias propriedades e 48 grandes propriedades (Tabela 03). O INCRA divulgou a
existência, no ano de 2005, de dois assentamentos rurais no município, Santa Maria
e Santa Maria do Cacau, com capacidade para assentar 32 e 28 famílias,
25
respectivamente, com área total de 1930ha.
Tabela 02 - Índices de condição de vida do município de Mara Rosa, em Goiás.
Indicadores Mara Rosa Brasil
Taxa de alfabetização (% da população com 10 anos ou mais de
idade) (2000)
82,30 80,60
Taxa de mortalidade infantil (por 1.000 nascidos vivos) (2000) 27,56 49,50
Número de empregos formais (2007) 1051 -
Rendimento Médio (R$) (2007) 667,55 786,00*
PIB (R$1.000,00) (2006) 57.823,14 -
PIB per capita (R$1,00) (2006) 5.112,12 -
ICV (Índice de Condição de Vida) (2000) 0,57 0,72
ICV – infância (2000) 0,54 0,75
ICV – habitação (2000) 0,54 0,76
Fonte: SEBRAE-PRODER (2000), SEPIN (2000), RAIS (2007), IBGE (2005), * IBGE (2006).
Tabela 03 - Número de propriedades rurais por estratos de tamanhos e área
ocupada por estrato no município de Mara Rosa-GO, 2005.
Imóveis
Propriedades
Quantidade Área (ha) Área média (ha)
Pequena propriedade 1.030 8.855,09 8,60
Média propriedade 255 11.104,73 43,55
Grande propriedade 48 8.168,11 170,17
Fonte: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA (2005).
Nota: Pequena propriedade - até 4,0 módulos fiscais.
Média propriedade - mais de 4,1 à 15,0 módulos fiscais.
Grande propriedade - mais de 15,1 módulos fiscais.
1 módulo fiscal = até 4,0ha
A Tabela 04 revela as quantidades produzidas em toneladas e as áreas
cultivadas das principais culturas no município de Mara Rosa, segundo dados do
IBGE (2007) e MDIC (2007). Na produção agrícola da região, no ano de 2008, o
maior volume foi de açafrão, em comparação com as demais culturas. Em anos
anteriores cujos dados de produção do açafrão foram divulgados, o açafrão
permaneceu como uma das principais culturas produzidas na região, quantidades
menores apenas em relação à produção do milho. O município apresentou quanto à
produção pecuária, no ano de 2007, segundo dados do IBGE, 25.000 cabeças de
26
aves, 160.000 cabeças de bovinos, 20.000.000 de litros de leite, 78.000 dúzias de
ovos, 2.720 cabeças de suínos e 15.000 cabeças de vacas ordenhadas. A Tabela 05
revela que nos anos em que o IBGE disponibilizou as produções de açafrão do
estado, o município de Mara Rosa foi o maior produtor em Goiás, sendo que as
produções menores de outros municípios não foram contabilizadas pelo IBGE.
A produção do açafrão ocorre em quase todas as regiões do Brasil, sendo São
Paulo, Minas Gerais e Goiás os maiores produtores. Em 2007, Mara Rosa
representou o maior pólo de produção nacional (MDIC, 2007). A região foi
responsável por 74,0% da produção nacional do produto e o agronegócio do açafrão
movimentou no município em torno de R$2.000.000,00 (AGDR, 2007;
AGENCIARURAL, 2007).
Tabela 04 - Produções e áreas ocupadas dos principais produtos agrícolas
cultivados no município de Mara Rosa nos anos de 2003, 2004, 2007
e 2008.
Ano
2003 2004 2007 2008
Cultura
Produção
(t)
Área
Colhida
(ha)
Produção
(t)
Área
Colhida
(ha)
Produção
(t)
Área
Colhida
(ha)
Produção
(t)
Área
Colhida
(ha)
Açafrão 4.000,0 200,0 4.000,0 200,0 3.000,0 140,0 5.000,0 250,0
Arroz (total) 1.040,0 800,0 1.350,0 900,0 1.050,0 700,0 1.200,0 600,0
Arroz (sequeiro) 1.040,0 800,0 1.350,0 900,0 1.050,0 700,0 1.200,0 600,0
Banana 460,0 115,0 500,0 100,0 480,0 80,0 420,0 70,0
Cana-de-açúcar 1.400,0 40,0 1.080,0 30,0 748,0 22,0 612,0 18,0
Gergelim 180,0 150,0 204,0 170,0 18,0 20,0 126,0 140,0
Mandioca 960,0 60,0 850,0 50,0 630,0 35,0 720,0 40,0
Milho (1ª safra) 8.400,0 3.000,0
7.000,0 2.500,0
5.500,0 2.000,0
2.400,0 800,0
Soja 1.500,0 600,0 2.080,0 800,0 - - - -
Fonte: IBGE apud SEPLAN-GO (2008) / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica e MDIC
(2007).
Em Mara Rosa, a produção de açafrão é realizada principalmente por
pequenos produtores familiares que obtêm a totalidade ou quase totalidade da sua
renda proveniente deste cultivo. A Revista Globo Rural (1994) relatou que no ano de
1993 o açafrão era a principal atividade do município, sendo que mais de 300
famílias, quase todas de pequenos produtores, viviam do seu cultivo. Milhomem &
Teixeira (1998) observaram que em 1997 existiam 85 produtores distribuídos em
comunidades locais e municípios circunvizinhos repartidos da seguinte forma:
27
Lambari/Estiva/Capelinha (16), Pastinho (8), Caxias/Amaro Leite (16), Ficolândia (5),
Aguiar (9), Amarolândia (5), Bom Jesus (4), Arrasta Bandeira (5), Araras (2),
Amaralina (5) e Estrela do Norte (7).
Tabela 05 - Produção de açafrão em toneladas (t) do produto in natura no município
de Mara Rosa e no estado de Goiás nos anos de 2003, 2004 e 2008.
Mara Rosa Goiás
Ano
Área colhida (ha) Produção (t) Área colhida (ha) Produção (t)
2003 200,0 4.000,0 200,0 4.000,0
2004 200,0 4.000,0 200,0 4.000,0
2008 250,0 5.000,0 250,0 5.000,0
Fonte: IBGE apud SEPLAN-GO (2008) / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica.
Ainda quanto ao número de produtores, Marinozzi (2002) constatou haver, em
2001, mais de 300 produtores e algumas empresas processadoras do açafrão na
região, sendo naquele momento o povoado de Amaro Leite, principalmente as
comunidades de Pastinho e Amarolândia, os principais locais de produção. Di
Coimbra (2005) relatou que, em 2005, aproximadamente 180 produtores dependiam
quase que exclusivamente da atividade e outros pequenos e médios produtores
complementavam sua renda com o produto. A atividade gerava ainda emprego para
meeiros e diaristas ligados ao processo produtivo. Segundo dados da Agência
Goiana de Desenvolvimento Rural (2007), a estimativa da Cooperativa dos
Produtores de Açafrão de Mara Rosa GO (COOPERAÇAFRÃO), em 2007, foi de
que 200 agricultores dependiam da cultura para sustento próprio e da família.
Diversos fatores possibilitaram obter maior competitividade com a produção de
açafrão, na região, dentre eles Marinozzi (2002) cita: a existência de período
prolongado sem chuvas, que permite realizar a secagem do produto pelo sol
obtendo níveis adequados de umidade a baixos custos; a simplicidade do cultivo; o
desenvolvimento, por anos, de práticas e tecnologias de beneficiamento simples e
baratas; a disponibilidade de mudas no local para plantio. Silva (2001) relatou que
no Estado de Goiás o período prolongado sem chuvas, nos meses de abril até
setembro ou outubro, torna-se uma vantagem competitiva para produtores de
açafrão, por possibilitar a secagem ao sol, de custo inferior e com resultados
satisfatórios. Maia et al. (1995) apud Silva (2001) afirmam que, no Vale do Ribeira,
em São Paulo, as tentativas de implantação da cultura foram frustradas pela elevada
28
umidade relativa do ar, que provocava a deterioração do produto colhido.
Outros fatores, contudo, implicavam baixa competitividade para o produto da
região. Marinozzi (2002) relatou que a baixa competitividade do açafrão era
resultado da falta de organização do setor produtivo. O setor permitia que os
impostos ao produto nacional fossem mais elevados do que os tributos sobre o
produto estrangeiro. O imposto, em 2001, foi de 17,0% sobre o produto de Mara
Rosa, 12,0% sobre o produto paulista e 13,0% mais uma taxa de R$100,00 sobre o
produto importado. Outra falha estava nas dificuldades para obter contratos
coletivos, atrapalhando o cumprimento do abastecimento pelas indústrias com
produto nacional o ano todo.
Marinozzi (2002) observou também que a tecnologia empregada no cultivo e
beneficiamento do açafrão possuía baixa qualidade e eficiência, e os produtos
apresentavam altos níveis de contaminação por micro-organismos e de impurezas,
como palha, partículas de argila e outros corpos estranhos. O pesquisador sugeriu
as seguintes mudanças no cultivo: mecanizar a colheita; conduzir a secagem em
condição de maior higiene e limpeza; manter a umidade de no ximo 9,0% no
produto final; conduzir a colheita no melhor momento possível, a fim de obter maior
teor de curcumina; melhorar o perfil microbiológico, uma vez que grandes
agroindústrias só utilizavam pó de açafrão esterilizado.
Segundo relato da AGDR (2002) a produção de açafrão com qualidade
fitossanitária certificada pelos órgãos competentes seria um fator importante no
aumento da demanda do produto. Isso porque indústrias de corantes naturais,
indústrias de aditivos alimentícios, indústrias farmacêuticas, atacadistas,
hipermercados e varejistas em geral demandam um produto de qualidade e que
apresente menor custo médio que o produto similar importado. O açafrão é o
substituto natural do beta-caroteno, que é um corante sintético com cotação
estabelecida pelo dólar americano a preço mais alto.
Di Coimbra (2005) observou que a competitividade na região era prejudicada
devido à assimetria de informação. Segundo Pindyck e Rubinfeld (2000):
“... informação assimétrica é a situação em que o comprador e vendedor têm conhecimentos e dados
diferentes a respeito da transação em questão. Esse acontecimento afeta o poder de mercado dos
agentes, podendo abrir espaço para ações oportunistas, ou seja, quem detém a informação ou maior
quantidade dela poderá buscar se beneficiar desse poder, em detrimento de estar causando prejuízos
29
ou perda de resultados para o outro agente.
Esse fenômeno gerava o comprometimento da qualidade do produto na região
conforme trabalho de Di Coimbra (2005). Relatos locais revelaram que, no ano de
2004, atravessadores apresentavam papéis com preço do açafrão a US$0,70
dizendo que era o preço pago pelas indústrias ao produto importado, mas o
atravessador repassava o produto a R$2,50 ou em torno de US$0,88 para indústrias
de São Paulo. Indústrias revelaram que o produto importado era comprado, no ano
de 2004, por preços que variavam entre US$0,80 e US$1,00 por quilo do produto de
melhor qualidade. Assim os produtores ficavam desestimulados a produzirem
açafrão de melhor qualidade, pois os custos para obter um produto de melhor
qualidade eram mais elevados e o preço pago era baixo.
Di Coimbra (2005) concluiu que a mudança dessa realidade poderia vir a partir
da cooperativa, a qual assumiria a posição de intermediador e negociador em nome
dos produtores cooperados, fazendo com que informações estratégicas de mercado
chegassem ao conhecimento daqueles produtores. Os resultados satisfatórios
seriam conseguidos a partir da união entre a cooperativa, o poder público e
instituições parceiras visando à formação, organização e conscientização da
população mara-rosense no APL do açafrão.
Segundo Milhomem & Teixeira (1998), os produtores relataram que havia
problemas em relação à qualidade fitossanitária e pureza do produto final, à falta de
incentivo governamental direcionado à produção de açafrão e à ineficiência na
produção e comercialização do açafrão. Uniram-se então por conta própria e
criaram, no início da década de 90, a Associação dos Produtores de Açafrão. Anos
depois, contudo, somente 30,0% deles, na maioria os fundadores, compunham a
organização, impossibilitando o alcance das metas propostas.
1.2 Problema e justificativa
Diante da baixa competitividade provocada por baixos níveis de qualidade de
produto, um conjunto de ações foi programado, compondo o plano diretor do
município. Neste estudo relatam-se as iniciativas institucionais que visam a mitigar o
problema, gerando possibilidades de mercado, organização dos produtores e
melhoria da qualidade do produto. A constituição do APL do açafrão congregando
30
esforços de diversas instituições visando à sustentabilidade e ao desenvolvimento
econômico, social, tecnológico e ambiental dos produtores de açafrão,
predominantemente pequenos produtores familiares, redundará na reversão da
condição de desigualdade e pobreza apresentada na agricultura em âmbito
regional?
Domiciano (2007) demonstrou, em uma abordagem sociológica, as
transformações ocorridas por meio das intervenções institucionais, que promoveram
a melhoria sócio-econômica de produtores da região de Mara Rosa. Domiciano
apurou a contribuição da COOPERAÇAFRÃO para o aumento da inserção e
participação de pequenos produtores familiares, associados à empresa, no processo
social produtivo e para a formação de capital social.
A presente pesquisa busca descrever o conjunto de intervenções, com o intuito
de promover mudanças no contexto social da região, assim como mudanças nas
condições de mercado e condução do processo produtivo. Espera-se com este
trabalho despertar o interesse de agentes políticos, econômicos e sociais para o
problema e projetos de características semelhantes.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
Conhecer as mudanças sociais, tecnológicas, econômicas e ambientais
ocorridas no APL do açafrão pós-intervenções institucionais, no período de 1997 a
2009.
1.3.2 Objetivos Específicos
Descrever as intervenções institucionais direcionadas ao APL do açafrão;
Avaliar os resultados sócio-econômicos obtidos no APL do açafrão s-
intervenções;
Conhecer as mudanças tecnológicas ocorridas no APL do açafrão pós-
intervenções;
Analisar as mudanças em relação à preservação do meio ambiente no APL do
açafrão pós-intervenções.
31
2 METODOLOGIA
2.1 Fonte de dados
A metodologia utilizada consistiu na coleta de informações em bibliografias,
revistas e sites voltados ao assunto e a coleta de dados por meio de questionários
para posterior comparação. Os questionários foram testados com produtores
cooperados durante uma exposição realizada pela COOPERAÇAFRÃO na feira
agropecuária de Goiânia em maio de 2008 e formulados de acordo com as
expectativas do trabalho. Além disso, formulou-se um questionário direcionado ao
gerente da cooperativa e foram realizadas perguntas ao fiscal de arrecadação da
Secretaria da Fazenda do município. Posteriormente, os questionários definitivos
foram aplicados aos produtores de açafrão cooperados e ao gerente da cooperativa,
entre os meses de janeiro e fevereiro de 2009.
O questionário direcionado aos produtores apresentou 136 perguntas e
duração média para respondê-lo de 45 minutos, tendo sido aplicado com a presença
do entrevistador, que leu e auxiliou no entendimento das perguntas. Através do
questionário foram abordados aspectos referentes à família, à propriedade, às
práticas agrícolas, ao meio ambiente, ao processamento, à produção agrícola, à
estrutura para beneficiamento, ao transporte do produto, à tradição na atividade, à
utilização de mão-de-obra, ao uso de ferramentas gerenciais e à capacitação do
produtor. Ao gerente foi aplicado questionário abordando aspectos relacionados ao
beneficiamento realizado na agroindústria e comercialização, e, no que concerne ao
fiscal de arrecadação da Secretaria da Fazenda, buscou-se conhecer os impostos
praticados sobre a produção de açafrão.
Segundo a COOPERAÇAFRÃO, no ano de 2008, havia no município cerca de
300 produtores. O tamanho da amostra foi calculado por meio do número de
produtores cooperados, pois, seguindo observações locais, os produtores
cooperados eram aqueles que estavam inseridos com maior frequência nos projetos
desenvolvidos junto ao APL. Essa população de cooperados consistia de 75 famílias
de produtores de açafrão. A COOPERAÇAFRÃO apresentou, no ano de 2009, 75
membros efetivos em seu quadro de cooperados, sendo 40 produtores
arrendatários, 34 produtores proprietários de terras e um produtor meeiro. Partindo
do total de cooperados, estabeleceu-se a tipificação por posse de terra, resultando
32
em uma amostra com n
1
=38 arrendatários, n
2
=30 proprietários de terras e n
3
=1
meeiro, o qual passou a ser analisado no grupo de arrendatários, dado seu número
limitado.
2.2 Obtenção da amostra
Utilizou-se para calcular o tamanho da amostra a fórmula para o caso de
populações finitas, segundo Triola (2005):
, sendo:
p=proporção amostral;
q=(1-p);
n
i
=tamanho da amostra, em que
i
=1 refere-se aos arrendatários e
i
=2 aos
proprietários de terras;
z=desvio padrão normal;
N
i
=tamanho da população, em que
i
=1 refere-se aos arrendatários e
i
=2 aos
proprietários de terras;
e=erro amostral tolerável.
Foram adotados intervalo de confiança de 95,0%, e=0,05, z=1,96, p=0,5,
N
1
=41 e N
2
=34. Segundo Triola (2005), a proporção amostral p=0,5 é o valor para o
intervalo de confiança máximo, utilizado quando completa incerteza das
respostas dentro da população.
A análise fez uso da estatística descritiva, para sintetizar os dados em forma de
tabelas e gráficos, com uso de medidas descritivas. Buscou-se também com a
pesquisa revelar o valor recebido pelo produtor, após análise dos custos. Para
comparação dos custos entre os produtores utilizou-se o teste F para avaliar a
significância das diferenças entre variâncias das sub-amostras (classes de
produtores) e em seguida foi aplicado o teste t (Student), seguindo recomendações
de Snedecor e Cochran (1969) apud Noronha (2003), em que foi adotado 5,0% de
probabilidade como critério de significância estatística para rejeição de H
0
, quando
as médias eram iguais, e assim não havia diferença significativa ou real entre elas.
Foram utilizadas medidas de tendência central, como média e mediana. A
mediana mostra o valor central em um conjunto de dados, e a média aritmética é a
qpzeN
q
p
N
z
n
i
i
i
.².²)1(
.
².
.
+
=
33
soma dos valores de um conjunto dividido pelo número de elementos do conjunto. A
média possui a desvantagem de ser influenciada por valores extremos; a mediana
é menos sensível. Também foram utilizadas medidas de dispersão, como desvio
padrão, que mede o desvio médio da média do conjunto, ignorando o sinal do
desvio, podendo ser para mais ou para menos, e distribuição de frequência, que é
um método de agrupamento dos dados em classes, ou intervalos, de maneira que
se possa determinar o número (frequência absoluta) ou a percentagem (frequência
relativa) de cada classe.
Segundo Hoffmann et al. (1978) o termo custo significa a compensação que os
donos dos fatores de produção (sementes, adubos, diárias, dentre outros) utilizados
por uma firma para produzir determinado bem devem receber para que continuem
fornecendo esses fatores. Chama-se compensação e não pagamento, porque
muitas vezes não acontece o pagamento formal aos donos do negócio (agricultores),
por ser um negócio em que parte do capital investido é de sua propriedade, havendo
o não pagamento de si próprio pelo uso desse capital. A determinação do custo ao
agricultor tem a finalidade de servir como fator de auxílio à administração de sua
propriedade na escolha de culturas, criações e das práticas a serem utilizadas.
Como se trata de população de produtores principalmente familiares foram utilizados
conceitos simples e de mais fácil entendimento como custos variáveis, custo médio,
receita bruta, margem bruta e receita líquida.
Segundo Hoffmann et al. (1978), Custos Variáveis (CV) o aqueles que
variam de acordo com o nível de produção da empresa (adubos, diárias,
combustível, dentre outros), Custos Fixos (CF) são aqueles que não variam com a
quantidade produzida (juros sobre capital empatado, impostos fixos, seguros e
outros) e o Custo Médio (CM) é o resultado da divisão do Custo Total (Custo Fixo +
Custo Variável) pelo número de unidades produzidas. A Renda Bruta (RB)
compreende a soma dos valores recebidos pelos produtos após a venda. A Renda
Líquida (RL) compreende a diferença entre a Receita Bruta e os Custos e a Margem
Bruta (MB), e é definida como sendo a diferença entre Receita Bruta e Custos
Variáveis. Sendo, portanto: RB – CV = MB e MB – CF = RL.
34
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Açafrão
A espécie Curcuma longa L. da família das Zingiberáceas denominada
popularmente de açafrão poderá ser confundida com o açafrão verdadeiro de nome
científico Crocus Sativus L. da família botânica Iridaceae (SILVA, 2001). O produto
proveniente da espécie Crocus Sativus L. é obtido pela extração dos estigmas
encontrados nas flores, sendo necessárias 150.000 flores para cada quilo da
especiaria. O baixo rendimento torna esse produto bastante caro. Seu perfume e
sabor são requintados, podendo ser utilizado como remédio e pigmento (SOUSA,
2008; KATZER, 2001).
A Curcuma longa L. pode ser conhecida por cúrcuma, falso açafrão, açafrão da
Índia, açafrão da terra, batatinha amarela, açafrão, gengibre dourada, mangarataia.
Na Índia, o açafrão é conhecido como haldi, nas Filipinas como dilau, na Alemanha é
denominado Gelbwiizel e Gurgentei, na França como Safran des Indes e Souchet
des Indes, em Cuba como Jengibrillo e como Turmeric em países de língua inglesa
(MARTINS & RUSIG, 1992). Neste texto será empregada a denominação açafrão
por ser a mais conhecida popularmente no Estado de Goiás.
Acredita-se que a região de origem da planta seja o sudeste da Ásia, mais
especificamente nas encostas com florestas tropicais da Índia, China, Indonésia,
Siam, Arquipélago da Malásia e Austrália Setentrional, que são locais onde existem
diversas espécies da família das Zingiberaceae, da subordem Zingiberóide, as quais
são herbáceas e rizomatosas (GOVINDARAJAN, 1980 apud GOTO, 1993).
O açafrão é uma herbácea com caule do tipo rizoma, ramificado, formado pelo
rizoma principal ou central de formato ovóide e o secundário com forma alongada
conhecido popularmente por dedo. Os rizomas quando maduros apresentam
coloração interna amarelo-alaranjada ou vermelho-alaranjada e coloração externa
acinzentada a ligeiramente verde (BALTAZAR, 1994; SILVA, 2001). Em boas
condições de solo e clima a planta atinge altura entre 1,0 e 1,5m, apresenta folhas
grandes com bainhas que formam o pseudocaule. As flores possuem coloração
entre branco e amarelo e disposição em inflorescência do tipo espiga, que não
apresenta produção de sementes, pois os órgãos sexuais são atrofiados (SILVA,
2001).
35
A planta apresenta melhor desenvolvimento em condições de temperatura
entre 20,0º e 30,0ºC, em altitudes que vão desde o nível do mar a 1500,0m e
precipitação pluvial de 1500,0mm ou mais por ano ou sob irrigação (MILÁN, 1992). A
preferência da cultura será por solos tropicais e subtropicais onde haja chuvas
abundantes, solos arenosos, férteis e ricos em matéria orgânica (DONALISO, 1980).
Solos de textura intermediária, areno-argilosos ou argilosos com boa drenagem, o
compactados, com pH de 5,8 até 6,8 e com boa fertilidade natural ou boa fertilidade
após outros plantios apresentam melhores produtividades (SILVA, 2001).
O caule tipo rizoma é a parte da planta com maior importância econômica, pela
presença do corante denominado curcumina em concentrações de 2,8 a 8,0% e de
2,5 a 5,0% de óleos essenciais e 25,0 a 70,0% de amido (GOVINDARAN, 1980
apud GOTO, 1993). Seu corante apresenta variação de tonalidade dependendo do
sistema de cultivo. A coloração pode ser amarelo-brilhante, bastante valorizada
pelos Estados Unidos na composição de picles e mostarda, e laranja-escuro,
preferida de indianos e asiáticos na composição de pratos típicos (VISAN et al.,
1998 apud MILHOMEM & TEIXEIRA, 1998).
O açafrão é componente indispensável do “curry” indiano e destinado a
formulações de pastas e condimentos. Os produtos extraídos do rizoma são a
oleoresina destinada a colorir picles, maionese, mostarda, revestimento de produtos
cárneos, massas, sucos, queijos e manteiga, e o extrato de curcumina purificado,
corante puro sem sabor e aroma, empregado em alimentos como sorvetes e
margarinas, em que o sabor e o aroma são indesejáveis. Existem países
desenvolvidos onde a curcumina purificada substitui o corante artificial tartrazina na
composição de vários produtos alimentícios industrializados (SANTOS & OLIVEIRA,
1991; SOUZA, 1993; CARVALHO, 1992 e MAIA et al., 1995).
O corante solúvel em óleo destina-se a colorir petiscos, macarrão e
condimentos preparados; na forma hidrossolúvel emprega-se para colorir sorvetes
nos sabores de abacaxi, creme e maracujá (MARINOZZI, 2002). É também
destinado ao colorimento de tecidos e papéis e como medicamento, com
propriedade antiinflamatória, anti-rábica, cicatrizante, corretiva de disfunção biliar,
diurética, antidiarréica e outras (GOTO, 1993). O produto apresenta ainda ação
antibiótica, inibindo o crescimento de vários micro-organismos, quando aplicado em
concentrações elevadas (PRUTHI, 1980 e SUGAYA, 1992 apud ANDRADE, 2004).
Govindarajan (1980) apud Goto (1993) registra o uso em larga escala da
36
oleoresina para colorir revestimento de filé de peixe congelado, gelatinas e queijos.
Na Índia, é usado para tingir lã, seda e algodão, e com fins medicamentosos de
efeito litotréptico, cicatrizante, diurético, excitante, antidiarréico, antiescorbútico,
antiespasmódico e corretivo de disfunção da bile.
É explorado também devido ao odor pungente, como repelente de insetos na
Índia e Paquistão e pelo efeito medicinal na redução de níveis de colesterol,
afecções de pele e impurezas do sangue. Extratos do produto demonstram efeitos
inibidores de edemas, efeito esse similar ao da cortisona. Os óleos essenciais atuam
como bactericida e fungicida. O produto foi autenticado pela FAO/WHO como
corante de alimentos, estabelecendo Ingestão Diária Aceitável (IDA) da curcumina
de 0,0 a 0,1mg/kg de peso corpóreo. Para o açafrão em pó, contendo em média
3,0% de corante, a IDA é de 2,5mg/kg de peso corpóreo (PEREIRA &
STRINGUETA, 1998; MARTINS & RUSIG, 1992).
O comércio do açafrão nas maiores bolsas do mundo faz-se junto com cravo,
canela, pimenta-do-reino, alho, gengibre e outros, agrupados e classificados como
especiarias. As especiarias são comercializadas desde 950a.C. pela Ásia e Europa
por intermédio dos árabes. Maomé, criador da doutrina muçulmana, nascido
570d.C., casou-se com a viúva de um comerciante de especiarias muito rico. Em
razão do comércio de especiarias a grande difusão do Islamismo na Ásia foi
favorecida (MARINOZZI, 2002). Historicamente, o açafrão junto com o gengibre foi
levado por espanhóis colonizadores para o oeste da Índia e a América do Sul e,
posteriormente, difundidos entre países da África (GOVINDARAN, 1980 apud
GOTO, 1993).
Segundo Marinozzi (2002) a Índia realizou altos investimentos no intuito de
industrializar e agregar valor às especiarias e produtos derivados, produzindo óleos,
óleo-resina e corantes purificados do açafrão e outras especiarias. O Peru também
coordenou sua produção para exportação tornando-se o maior produtor da América
Latina.
Segundo UN Comtrade (2009), a Índia foi o maior exportador de turmeric,
denominação do açafrão nos países de língua inglesa, no ano de 2008, com
comercializações que atingiram o valor de US$56.507.006,00, o que representou
aproximadamente, 87,5% das exportações de açafrão no mundo. Os maiores
exportadores do açafrão no ano de 2008 foram, em ordem decrescente de valor
recebido na exportação, Índia, Emirados Árabes Unidos, Países Baixos, China e
37
Reino Unido e os maiores importadores foram, em ordem decrescente de valor
empregado na importação, os Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Malásia,
Reino Unido e Alemanha. Os Emirados Árabes Unidos importaram, em 2008, o valor
de US$8.996.721,00, sendo em torno de 68,6% do produto importado da Índia e o
restante de Mianmar, Etiópia, Vietnã e Singapura.
Segundo Marinozzi (2002), no Brasil os maiores consumidores do açafrão
desidratado foram as indústrias de alimentos. Estimativas do ano 2000 foram que
todo o país consumiu em torno de 1.200t do produto desidratado, sendo que:
- A indústria de massa consumiu cerca de 50,0% de todo o açafrão;
- A mostarda consumiu cerca de 25,0%;
- Outras utilizações foram em curry, sopas, extratos e condimentos em geral.
As recomendações quanto à matéria-prima para indústria de massas, maior
consumidor do açafrão no ano de 2000, foram:
- Teor de umidade (10,0 a 12,0%);
- Teor microbiológico: esterilizações;
- Teor de curcumina estável para evitar mudar as dosagens do corante para ajustar
a cor nessa empresa;
- Granulometria: abaixo de 200 micras. O melhor era em torno de 120-150 micras.
No ano 2000, segundo Marinozzi (2002), o Brasil não realizou exportações do
açafrão em forma de matéria-prima para produção de alimentos, corantes e
medicamentos. No país as exportações do açafrão foram realizadas principalmente
na composição de alimentos industrializados. Recentemente, o Brasil pratica
exportações semelhantes às realizadas no ano 2000, não aparecendo na estatística
mundial como exportador do açafrão, na forma de matéria-prima. O Brasil importou
no ano de 2008 cerca de 200,7t pelo valor de US$240.212,00, sendo
aproximadamente 185t do produto provenientes da Índia e as demais dos Países
Baixos e Vietnã (UN Comtrade, 2009).
No Brasil, nos anos de 2007 e 2008, os preços médios de compra do produto
importado foram de US$1,01 e US$1,20 por quilo, respectivamente, e o preço era do
tipo FOB do inglês “Free on board” (“Posto a bordo”), cujas despesas decorrentes do
transporte, frete e seguro, ficavam à custa do comprador, portanto, os compradores
responsabilizavam-se ainda, somadas ao preço do produto, pelas despesas com
transporte, desde a origem. Conforme demonstrado na Tabela 06, o Brasil vem
reduzindo as importações de açafrão desde o ano de 2005. Nos anos de 1999 a
38
2006 o preço era do tipo CIF, do inglês “Cost, Insurance and Freight” (“Custo,
Seguro e Frete”), cujas despesas com transporte, frete e seguro, ficavam à custa do
vendedor (UN comtrade, 2009).
Tabela 06 Importações de açafrão realizadas pelo Brasil nos anos entre 1999 e
2008.
Ano
Valor total (US$) Quantidade (kq) Valor (US$/kg)
1999
105.229,00 94.000,00 1,12 (CIF)
2000
142.727,00 144.050,00 0,99 (CIF)
2001
175.937,00 239.160,00 0,74 (CIF)
2002
162.119,00 184.525,00 0,88 (CIF)
2003
331.794,00 330.655,00 1,00 (CIF)
2004
995.792,00 933.011,00 1,07 (CIF)
2005
495.307,00 559.208,00 0,89 (CIF)
2006
615.640,00 526.783,00 1,17 (CIF)
2007
266.583,00 263.475,00 1,01 (FOB)
2008
240.212,00 200.750,00 1,20 (FOB)
Fonte: UN comtrade (2009) elaborado pelo autor.
3.1.1 Cultivo do açafrão
3.1.1.1 Plantio
O plantio do açafrão ocorre logo depois que se iniciam as chuvas, entre a
segunda quinzena de outubro até o início de novembro, podendo ocorrer plantios até
a segunda quinzena de novembro (BORGES, 2006).
No início da seca, que em
Goiás acontece entre os meses de maio e junho, a parte aérea entra em
senescência e o rizoma amadurece, podendo ser colhido, interrompendo a produção
até o início do próximo período chuvoso (SILVA, 2001).
O cultivo ocorre, segundo relatos de produtores em Mara Rosa, de acordo com
Pacheco (2001), em áreas comprovadamente rteis, por até dois anos, quando
então o solo começa a empobrecer. Nesse momento é indicado realizar rotação de
cultura. Noronha (2003) constatou que as áreas utilizadas para cultivo do açafrão
são ricas em matéria orgânica, com teor entre 1,5% e 3,0%, de fertilidade média a
alta, sendo geralmente terras recém-desmatadas. Alguns produtores realizavam o
plantio em solos próximos aos cursos de água em razão da alta fertilidade natural
39
dessas áreas.
Entretanto, para o plantio próximo de curso d’água o limite de distância entre as
margens e a plantação de açafrão deve ser respeitado conforme estabelecido na Lei
nº.4.771 de 15 de setembro de 1965, que institui o novo código florestal. A lei
determina que as florestas e vegetações naturais próximas a rios e a quaisquer
cursos de água, nas nascentes, topos de morros, serras, montanhas, ao redor de
lagos, lagoas, reservatórios de água naturais ou artificiais são áreas de preservação
permanente, podendo ser exploradas salvo condições excepcionais apresentadas
na lei. Nos casos de infração podem ser aplicadas as penas de reclusão e/ou multa.
(MMA, 2008)
Em áreas novas, em conformidade com a legislação e com a licença de órgãos
competentes, a vegetação natural é derrubada e disposta em leira e em nível,
seguindo-se a eliminação de tocos e raízes. Após a limpeza do terreno, faz-se a
aração e gradagem, com antecedência necessária para a decomposição de
vegetação enterrada e/ou reação do calcário quando aplicado. As formas de plantio
podem ser em sulcos ou covas, sendo mais comum os plantios em sulcos, com
cerca de 10,0cm de profundidade (SILVA, 2001). Os sulcos são realizados por dois
trabalhadores com o auxílio de um sulcador de tração animal, e o coveamento
realizado com enxadão (BORGES, 2006).
3.1.1.1.1 Espaçamento
O espaçamento recomendado para a cultura, de 0,6 a 0,8m entre linhas, facilita
a capina e apresenta ótimas produtividades, e entre plantas de 10,0cm ou 10
rizomas por metro linear de sulco, utilizando com o plantio, aproximadamente,
2,5t/ha de rizomas, com peso médio de 15,0g. A adoção de densidade de plantio
maior resulta em maior produtividade, mas são altos os custos com rizomas para o
plantio (SILVA et al., 2004).
3.1.1.1.2 Adubação
Antes da aração do terreno, deve-se proceder à retirada das amostras do solo
que indicarão a necessidade de calagem e adubação. Solos ácidos, com alumínio
trocável, devem ser convenientemente corrigidos. Experimentos demonstraram que
40
em solos previamente corrigidos e com fertilidade média a alta, a cultura de açafrão
responde pouco ou nada às adubações; assim, em solos com boa fertilidade natural
ou após outras culturas bem adubadas, pode-se dispensar a adubação (SILVA,
2001). Já a aplicação de adubação orgânica com esterco de gado, revelou um
aumento de 25,0% na produção de rizomas secos. Constatou-se que a utilização de
esterco representou um crescimento linear na produção, sendo que a aplicação de
60,0m³ por hectare elevou a produtividade de rizomas secos de 5.580,0t/ha, com
dose zero, para 7.020,0t/ha (SILVA, 2004).
3.1.1.2 Tratos culturais
Os tratos culturais compõem-se basicamente de capina, por meio do cultivador
de tração animal ou manual (SILVA, 2001). Normalmente os produtores realizam
duas capinas no primeiro ano, aos trinta e sessenta dias após o plantio e passam
uma vez o cultivador de tração animal que revolve o solo noventa dias após o
plantio. No segundo ano realizam em torno de duas capinas com cerca de trinta e
noventa dias após a emergência dos brotos. A segunda ou terceira capina, no
primeiro ano, é realizada utilizando cultivador com tração animal. Quando realizada
com o cultivador, o acúmulo de terra sobre a base das plantas dificulta o
crescimento das invasoras e demarca melhor as linhas de plantio. Muitos produtores
acreditam que as leiras mais altas produzem rizomas localizados mais próximos à
superfície do solo, facilitando a colheita no momento do arranque dos rizomas
(BORGES, 2006).
Alguns produtores utilizam herbicida na capina impedindo o desenvolvimento
da planta que apresenta coloração amarelada, mas em cinco a seis dias a planta
retoma a coloração esverdeada e volta a crescer. A capina química, quando
realizada antes da emergência dos brotos, aparentemente não causa danos. A
infestação por invasoras diminui com cerca de duas capinas com enxada por ano.
Produtores relatam que preferem não utilizar herbicida porque torna o solo duro e
prejudica o desenvolvimento da planta, afetando a produtividade (BORGES, 2006).
Havia na produção do açafrão a possibilidade de utilizar irrigação em períodos
de estiagem prolongados e no final do período chuvoso, podendo elevar
significativamente a produtividade em até 2,8 vezes de rizomas e 3,4 vezes de pó de
açafrão (SILVA et al., 2001). A irrigação permite que as folhas da planta
41
permaneçam esverdeadas por cerca de 20 a 30 dias, aumentando o tamanho dos
rizomas e a produtividade nesse período (SILVA, 2001).
3.1.1.3 Colheita
O período de colheita normalmente ocorre entre julho e setembro (BORGES,
2006). O processo de maturação manifesta-se com o amarelecimento das folhas até
a secagem total, encerrando essa fase após um a dois meses, momento em que o
produto apresenta qualidade superior em razão do maior teor de curcumina
(corante) (SILVA, 2001).
A colheita conduzida na primeira maturação, após 8 a 9 meses do plantio, é
conhecida por “açafrão de um ano”, que só é realizada quando o açafrão atinge
bons preços, caso contrário, o produto permanece no solo por mais um ciclo
formando o chamado “açafrão de dois anos”. Os rizomas mantidos no solo após a
chuva rebrotam, havendo uma produtividade maior no segundo ano, com maior
tamanho e maior rendimento de corante (SILVA, 2001). Milhomem & Teixeira (1998)
estabeleceram que o rendimento verde:seco é de 6:1 para o “açafrão de um ano”, ou
em torno de 17,0% de matéria seca, e 4,5:1 no “açafrão de dois anos”, ou próximo
de 22,0% do produto desidratado. A maior proporção de matéria seca representa
também maior teor de corante em sua composição; sendo mais valorizado, por esse
motivo, o “açafrão de dois anos” é a forma mais praticada por produtores de açafrão.
Segundo produtor da empresa Liotécnica, o “açafrão de um ano” possui teor de
curcumina em torno de 3,0 a 4,0%, e o “açafrão de dois anos” aproximadamente
6,0%. Após a colheita, partes dos rizomas permanecem no solo e muitos produtores
colhem essa produção de soqueira, denominada “açafrão de soca”. A soqueira
apresenta produtividade baixa e para melhor produtividade recomenda-se plantar
milho ou sorgo em rotação de cultura (GLOBO RURAL, 1994).
As produtividades variam dependendo do tipo de cultivo, se de “um ano” ou de
“dois anos”. Milhomem & Teixeira (1999) relataram existir produções de até 50,0t do
produto in natura por hectare. A produtividade média, no ano de 2000, em cultivos
no município de Mara Rosa foi de 10,0t/ha fresco na cultura de um ano e cerca de
20,0t/ha fresco na cultura de dois anos (SILVA, 2001).
Na colheita, anteriormente ao arranque com o auxílio do enxadão, produtores
de Mara Rosa praticam a queima da palha seca para obter maior limpeza da área no
42
momento da colheita e amolecer levemente o solo pela umidade trazida por
evaporação de partes mais profundas do solo devido ao calor do fogo. Os
produtores dividem a área em talhões com a quantidade a ser colhida em dois ou
três dias, logo depois colocam fogo para queimar os restos da parte rea. Os
agricultores comentam que o solo após a queima permanece com alguma umidade
por até três dias, após esse intervalo o solo torna-se duro, o que dificulta a colheita
(BORGES, 2006).
Após o arranque retira-se o excesso de terra, separando-se rizomas
secundários e primários. Estima-se que um homem colhe em dia 300,0kg de
rizoma por dia (NORONHA, 2003). Os rizomas primários são separados e utilizados
por alguns produtores como semente ou para o pagamento da mão-de-obra
contratada na colheita. O pagamento é feito no fim do dia, ou no fim da semana, e
corresponde a R$1,00 a R$1,10 por lata de 10,0-12,0kg colhida (BORGES, 2006).
3.1.2 Processamento
As técnicas empregadas no ano de 1993 eram bastante rudimentares. No
município de Mara Rosa o processamento era conhecido por “batido no pau”, picado
à mão ou com cortadeira e escaldamento, ou leve cozimento dos rizomas, em
solução de metassulfito numa caldeira a 150ºC. Muitos preferiam escaldar porque
com o cortado manualmente o rendimento era de 10 ou a20 latas de 12,0 quilos
por dia e com o escaldado, com dois homens, o rendimento era de 150 latas de 10,0
quilos por dia. A fervura por 5 minutos no processo de escaldamento tornava
inativas as gemas do açafrão colhido ganhando com isso uma cor uniforme,
representando maior qualidade do produto. Porém produtores utilizavam para a
secagem lugares pouco higiênicos, como na vizinhança de criação de animais ou
até nas calçadas das ruas (GLOBO RURAL, 1994).
Segundo professora da UFG os açafroeiros no ano de 2000 não lavavam o
produto e o fatiavam com máquinas rústicas de fabricação própria (rodas de ferro,
dotadas de lâminas). A produção apresentava baixa qualidade do produto final e não
havia padronização da mesma, comprometendo as características físico-químicas e
microbiológicas, e depreciando o valor comercial do produto desidratado (ROLIM,
2004).
O processamento do açafrão dá-se de duas formas, “açafrão fatiado e
43
desidratado” e “açafrão cozido inteiro e desidratado”. O “açafrão cozido inteiro e
desidratado” é obtido pelo cozimento do rizoma em panela aquecida no forno a
lenha e levado à secagem ao sol sobre lona plástica e em alguns casos diretamente
no chão (BORGES, 2006). O “açafrão fatiado e desidratado” é picado em fatiador
não elétrico e, em seguida, levado para secar ao sol. Os equipamentos empregados
nessa etapa eram construídos na propriedade, com simplicidade e a custos baixos
(NORONHA, 2003). O açafrão pode receber inicialmente o brunimento, que consiste
na retirada do resto de solos e raízes, e em alguns casos pratica-se também o
polimento para retirar por fricção os resíduos remanescentes (NORONHA, 2003). O
polimento consiste na separação de cascas e raízes após a secagem dos rizomas
(BORGES, 2006).
Os períodos de secagem ao sol são de aproximadamente 30 a 40 dias para o
“açafrão cozido inteiro” e 7 a 10 dias para o “açafrão fatiado” (BORGES, 2006). A
recomendação técnica é de que a secagem deve ser feita em solo coberto, em
bandejas ou em secadores. Antes do fatiamento, recomenda-se que os rizomas
sejam lavados, para reduzir os níveis de contaminação. Outra condição que pode
elevar os níveis de contaminação do produto é o local de armazenamento, que deve
ser limpo e arejado (SILVA, 2001).
Existe a possibilidade de produzir açafrão na forma de pó. Nesse caso, há a
necessidade de aquisição de equipamento de moagem, que apresenta custo mais
elevado quanto menor for a granulometria do produto. No processamento podem ser
usadas máquinas empregadas para moer trigo, porém são necessárias adaptações
no processo. No caso da máquina de moer trigo, o produto seco precisa passar
antecipadamente por quebra para redução do tamanho para possibilitar moagem
nessa granulometria, devendo preferir o “açafrão fatiado e desidratado”. A
Universidade Federal de Goiás desenvolveu o moedor de bolas para moer açafrão
com granulometria menor, o qual está em uso na COOPERAÇAFRÃO no município
de Mara Rosa. Esta é uma forma de processamento simples que apresenta
produção com granulometria de qualidade bastante satisfatória, porém o processo é
lento.
44
3.2 Intervenções institucionais em Mara Rosa
A Liotécnica, empresa produtora de alimentos e ingredientes industriais com
especialidade em produção de alimentos desidratados, está localizada em Embu,
São Paulo. A empresa foi implantada no ano de 1964 e atualmente possui quatro
unidades fabris, três em São Paulo e uma em Goiás (LIOTÉCNICA, 2008). Segundo
a Revista Globo Rural (1994), produtor de Mara Rosa relatou que a Liotécnica foi
responsável pelo empurrão inicial que alavancou o cultivo do açafrão em Mara Rosa.
De acordo com gerente local da empresa, o início da produção deu-se com a ajuda
do produtor Barsanulfo de Moraes Ferreira, que por volta de 1965 descobriu o
açafrão e viu nele uma boa oportunidade de renda. A partir de então muitos outros
produtores interessaram-se pelo cultivo e durante muitos anos quase toda produção
do município de Mara Rosa era adquirida in natura pela Liotécnica.
Em 1994, a empresa Liotécnica detinha a maior produção de açafrão na região
de Mara Rosa, e colheu em torno de 800,0t do produto in natura destinadas à
fabricação de 144,0t de açafrão em pó, sendo mais de 30,0% voltados ao mercado
externo, na composição de alimentos. Os produtores de açafrão do município
estavam limitados a apenas uma opção de venda, e sofriam com prazos de
pagamentos e preços recebidos. Havia momentos, como no ano agrícola 1990/1991,
em que o preço do produto não cobria o valor da colheita e muitos deles não
praticaram a colheita, deixando o solo na esperança de conseguir preço melhor no
ano seguinte (GLOBO RURAL, 1994).
Com a quebra na produção do açafrão, em 1991, devido ao preço baixo,
produtores incentivados por Jo Silva de Oliveira, o “Diquinho”, associaram-se,
criando a Associação dos Produtores de açafrão composta inicialmente por 60
açafroeiros. Eles realizaram uma feira anual do açafrão cuja divulgação do produto
elevou a demanda pelo produto regional. “Diquinho” também promoveu a realização
de um semiprocessamento antes da comercialização ao invés da venda in natura,
realizado pelos próprios produtores, a fim de agregar valor ao produto e possibilitar
seu armazenamento até que os preços melhorassem (GLOBO RURAL, 1994).
Segundo produtores locais, faltavam incentivos governamentais para a produção
nacional e por isso não viam perspectivas de crescimento. O mesmo ocorria com
produtores de açafrão em Minas Gerais e no interior de São Paulo (PACHECO,
2001).
45
A atividade do açafo no município de Mara Rosa recebeu intervenções a
partir de 1997, quando o poder executivo e a Associação dos Pequenos Produtores
Rurais da Região do Pastinho (ASPARGO) buscaram a Universidade Federal de
Goiás (UFG) a fim de promover o desenvolvimento da cadeia produtiva do açafrão
em Goiás (PACHECO, 2001). Inicialmente a UFG, com o apoio de outras instituições
públicas, realizou projetos intervencionistas que visavam a encontrar os problemas e
as melhores formas para contorná-los. Mais instituições públicas e privadas
participaram do desenvolvimento do agronegócio do açafrão com a criação do APL
de açafrão por meio da Rede Goiana de Apoio a Arranjos Produtivos Locais (RG-
APL), instituída em 2004 no Estado de Goiás.
Em de junho de 2003, produtores de açafrão de Mara Rosa, geridos por
representantes de instituições parceiras como a Universidade Federal de Goiás e a
AGENCIARURAL, criaram a COOPERAÇAFRÃO. A alternativa funcionou de
imediato como uma alavanca para o aumento dos preços pagos aos produtores
locais, conferindo um acréscimo próximo a 45,0%. Poder-se-iam auferir, segundo
pesquisas conduzidas pela UFG, acréscimos ainda mais significativos de
rentabilidade para o produtor por meio da cooperativa, com a obtenção de melhor
nível de pureza e granulometria do produto final (BARTHOLO et al., 2004).
A granulometria, ou o tamanho das partículas dos rizomas moídos, quando
menor, obtém melhor aceitação pelas indústrias de alimentos. Conforme relatou
Marinozzi (2002), as indústrias de massas demandavam granulometria do produto
em abaixo de 200 micras, sendo melhor em torno de 120-150 micras. O
desejável na produção de macarrão seria a mesma granulometria da farinha
especial, pois nessa granulometria não haveria problemas de partículas dos rizomas
manchando a massa.
Estudos revelaram algumas mudanças quanto ao aumento da competitividade
na produção do açafrão após melhorias na organização do setor produtivo. Di
Coimbra (2005) apontou, por exemplo, a importância da cooperativa como agente
difusor de informações, contrapondo-se à condição de assimetria de informações
instalada na região. Dessa forma, a cooperativa poderia constituir um importante
meio para melhorar a competitividade do Arranjo Produtivo Local, se obtivesse
sucesso na organização dos produtores e na coordenação das ações junto ao
mercado a fim de auferir maiores ganhos por meio da atividade do açafrão.
46
² Consideram-se Arranjos Produtivos Locais (APL) “Aglomerados de agentes econômicos, políticos e
sociais, localizados em um mesmo espaço territorial, que apresentem, real ou potencialmente,
vínculos consistentes de articulação, interação, cooperação e aprendizagem para a inovação
tecnológica.” (GOIÁS, 2004)
Domiciano (2007) concluiu que a COOPERAÇAFRÃO tornou-se um meio de
inserção mais efetivo dos cooperados no mercado e conferiu maior participação
destes no processo social produtivo, gerando melhores condições econômicas,
sociais, e também, significativa importância na reprodução de capital social. O
capital social, impulsionado por instituições parceiras que direcionavam o
desenvolvimento das atividades produtivas, de processamento e de
comercialização, permitiu aos cooperados a responsabilidade da decisão final sobre
a orientação da empresa. A cooperativa teve o papel de despertar relações de
confiança, cooperação e solidariedade no capital social local enfraquecido e
propiciou práticas associativas informais, por meio da implantação de uma lavoura
comunitária, viabilizada por mutirão, constituída por produtores associados, que
buscavam arrecadar fundos para futuros investimentos na cooperativa a fim de
alcançar melhorias econômicas.
O Arranjo Produtivo Local ² de açafrão na região do município de Mara Rosa foi
implantado no ano de 2004, após a criação do Grupo de Trabalho Permanente para
Arranjos Produtivos Locais (GTP-APL) pelo Governo Federal e pela Rede Goiana de
Apoio a Arranjos Produtivos Locais (RG-APL) do Governo Estadual. A implantação
do APL do açafrão foi possibilitada pelo grande número de produtores de açafrão e
pela tradição da cultura na região, iniciada na década de 60, com os primeiros
cultivos comerciais. Os produtos locais continuaram sendo cultivados e
comercializados por décadas para indústrias de corantes e alimentos de São Paulo,
Minas Gerais e Goiás (MARINOZZI, 2002). Participam do APL de açafrão os
municípios de Mara Rosa, Amaralina, Estrela do Norte e Alto Horizonte, todos
localizados no norte goiano (MDIC, 2007).
O APL pode favorecer o desenvolvimento da atividade no município e um
melhor aproveitamento das oportunidades apresentadas no pólo de produção.
Segundo Marinozzi (2002), as principais oportunidades são: a concentração espacial
da produção e beneficiamento do açafrão em Mara Rosa e os impactos na cadeia
em termos de volumes ofertados; a disponibilidade de mão-de-obra especializada no
cultivo e beneficiamento do açafrão; as relações de intensa proximidade entre os
produtores de uma mesma comunidade, favorecendo a difusão de tecnologias;
47
custos baixos de produção e beneficiamento e competitividade com o produto
importado; reputação da região de Mara Rosa no mercado nacional e o forte
crescimento da demanda de corantes naturais.
Segundo levantamento realizado pelo Grupo de Trabalho Permanente para
Arranjos Produtivos Locais (GTP-APL) (2008), os recursos disponibilizados ao APL
do açafrão foram de R$3.495.000,00 e prevêem a utilização de R$2.301.000,00
entre os anos de 2007 e 2010. Outros programas como o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) do Governo Federal e o
Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) pelo Banco do Brasil promoveram a
atividade do açafrão no município de Mara Rosa e região.
3.2.1 Projetos direcionados ao agronegócio do açafrão
3.2.1.1 Projetos desenvolvidos pela Universidade Federal de Goiás
Em 1997, a UFG iniciou os estudos com a participação de 17 professores que
elaboraram o projeto e encaminharam ao CNPq. Os projetos desenvolvidos pela
UFG foram: Desenvolvimento de Tecnologia para Cultivo, Industrialização e
Comercialização do Açafrão (Curcuma longa L.), iniciado em janeiro de 1998 e
término em janeiro de 2000, e Estabelecimento de Tecnologia para o Fortalecimento
do Agronegócio do Açafrão (Curcuma longa L.) em Mara Rosa GO, executado de
março de 2001 até abril de 2004, como continuação do primeiro projeto (ROLIM,
2000, 2004).
Ao final do primeiro projeto a UFG instalou, no ano de 2000, uma estufa em
Pastinho com capacidade para secar dois mil quilos de açafrão lavados e fatiados. A
estufa foi construída em caráter experimental com a finalidade de produzir açafrão
com qualidade e higiene (PACHECO, 2001). As atividades realizadas no primeiro
projeto objetivaram o estudo de aspectos básicos relacionados à cultura do açafrão
praticada no município. Foram realizados: diagnóstico sócio-econômico dos
produtores; pesquisas em técnicas de cultivo; caracterização genética do açafrão;
processamento; determinação de qualidade microbiológica; desenvolvimento de
equipamentos destinados ao processamento e outros.
Em seguida, no segundo projeto, pesquisadores da Universidade Federal de
48
Lavras e Universidade Federal de Uberlândia, simultaneamente à UFG, avaliaram
perspectivas do uso de açafrão no controle de micro-organismos patogênicos e
contaminantes de produtos de origem animal. Foram ainda desenvolvidos estudos
sobre aspectos relacionados à comercialização do açafrão, validação de tecnologia
e processos praticados naquele momento pela comunidade mara-rosense,
desenvolvimento de novas tecnologias e identificação de novas possibilidades de
uso do produto (ROLIM, 2004).
Os projetos desenvolvidos pela UFG promoveram a criação da
COOPERAÇAFRÃO no ano de 2003 e a construção da Agroindústria para
processamento do açafrão cedida à COOPERAÇAFRÃO no ano de 2007, que se
encontra atualmente em uso pelos cooperados produtores de açafrão. Segundo
dados da Agência Goiânia de Desenvolvimento Rural (AGDR) (2002), a
agroindústria beneficiou produtores de açafrão de Mara Rosa e municípios
consorciados – Amaralina, Estrela do Norte e Alto Horizonte.
Participaram juntamente com a UFG na realização dos projetos a Agência
Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário (AGENCIARURAL) e órgãos de
extensão ligados à Secretaria de Agricultura do Governo de Goiás, desenvolvendo
atividades de organização dos produtores. Financeiramente, a UFG recebeu auxílio
do CNPq, prefeitura de Mara Rosa e outras (ROLIM, 2004). Participaram na
construção da unidade de processamento do açafrão as seguintes instituições:
AGDR, Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário (AGDRF),
organização dos produtores, Prefeitura Municipal de Mara Rosa, PRONAF,
Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento-GO, Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE-GO) e UFG (AGDR, 2002).
A Universidade promoveu intervenções com o apoio financeiro do CNPq, que
forneceu, aproximadamente R$114.000,00, no ano de 1999, e R$331.082,00 entre
os anos de 2001 e 2004. A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(SEAGRO) interveio financeiramente com a quantia de R$6.000,00, no ano de 2004,
para a construção de um moinho (MDIC, 2007). Segundo dados da Agência Goiânia
de Desenvolvimento Rural (AGDR) (2002), o Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar (PRONAF) e a Prefeitura Municipal de Mara Rosa destinaram
recursos no valor de R$87.358,00, designados à compra de equipamentos, e
R$70.142,00 para a construção das edificações da unidade de processamento do
49
açafrão.
As cinco ações da UFG para mudar a realidade do agronegócio do açafrão
foram definidas da seguinte maneira (ROLIM, 2000, 2004).
A ação 1 buscou agregar valor ao produto do açafrão e conquistar novos
mercados, uma medida que produzirá resultados a longo prazo, que as
tecnologias necessárias são de custo elevado e precisavam ser conhecidas pelos
pesquisadores nacionais. A ação 1 teve o intuito de desenvolver tecnologia para a
extração e utilização do açafrão, sendo dividida em subações: desenvolver
tecnologia para caracterizar o amido obtido do açafrão; testar o amido obtido como
revestimento de embalagens bioativas para alimentos; caracterizar e purificar a
curcumina obtida do processo de extração; caracterizar a oleoresina e avaliar as
possibilidades de aplicações. Os projetos e ações de pesquisa da UFG estão
listados no Anexo 1-a.
As ações 2 e 3 buscaram descobrir o efeito de substâncias do açafrão no
tratamento de doenças, o que atingirá novos mercados e trará maior valor agregado
ao produto. As pesquisas poderão trazer resultados no longo prazo com o
conhecimento desenvolvido por pesquisadores. A ação 2 buscou o estudo clínico em
pacientes terminais com melanoma, tendo sido dividida em subações: desenvolver
tecnologia aplicada ao tratamento; desenvolver uma nova forma de comercialização
de cápsulas de curcumina purificada (500,0mg ou 1,0g) para tratamento do
melanoma; melhorar a expectativa de vida de pacientes portadores desse tipo de
câncer. A ação 3 buscou desenvolver revestimento de nanopartículas magnéticas
com curcumina, tendo sido dividida nas seguintes subações: desenvolvimento de
uma forma de administração de curcumina para tratamento do câncer;
desenvolvimento para aplicação em stents (próteses) coronarianos. Os projetos e
ações de pesquisa da UFG estão listados no Anexo 1-b.
A ação 4 buscou produzir variedades do açafrão melhoradas geneticamente,
que apresentassem maiores teores de curcumina e obtivessem maiores
produtividades e ação de longo prazo, o que recentemente não gerou resultados
reais aos produtores de açafrão de Mara Rosa e região. A ação 4 buscou o
melhoramento genético do açafrão (Curcuma longa L.) e foi dividida em subações:
multiplicar e disponibilizar clones mais produtivos para produtores de açafrão de
Mara Rosa; importação de clones indianos de açafrão; estabelecimento de um
50
banco de clones de açafrão; identificação de clones com teores de curcumina mais
elevados. Os projetos e ações de pesquisa da UFG estão listados no Anexo 1-c.
A ação 5 promoveu intervenções a médio e longo prazo, no desenvolvimento
de equipamentos para beneficiamento e técnicas de cultivo e processamento do
açafrão em Mara Rosa e regiões produtoras. Alguns equipamentos e técnicas
estavam em uso por produtores de açafrão. A ação 5 visou à criação e ao
desenvolvimento de equipamento para processamento do açafrão. Esta foi dividida
nas seguintes subações: elaborar e desenvolver equipamentos específicos visando
ao aumento da capacidade produtiva e da produtividade, possibilitando a melhoria
do processo produtivo e da qualidade do produto final. Os projetos e ações de
pesquisa da UFG estão listados no Anexo 1-d.
3.2.1.2 Projetos desenvolvidos pelo Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos
Produtivos Locais (GTP-APL)
Especialistas relataram que projetos para desenvolvimento de um APL devem
apresentar metodologia eficaz que possibilite alocar atores diversos como
empresários, governos e instituições de ensino numa mesma direção. Para auxiliar
nesse processo foi desenvolvido pelo Governo Federal, com a coordenação do
Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Grupo de
Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP-APL) que reúne 33
instituições governamentais e privadas atuantes nos APL’s (ministérios, autarquias,
bancos oficiais e privados, além de entidades de representação do empresariado).
Desde então o número de APL’s identificados no país tem aumentado e passou de
11 no ano de 2004 para mais de 142 pólos em 2007 (NEDER, 2007).
O decreto nº.5.990 de 12 de agosto de 2004 do Estado de Goiás dispôs no seu
artigo como deve ser a composição do grupo no estado. A Rede Goiana de Apoio
a Arranjos Produtivos Locais (RG-APL) foi constituída por representantes, titular e
suplente, de cada um dos seguintes órgãos e entidades: Secretaria de Ciência e
Tecnologia; Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Secretaria de
Indústria e Comércio; Secretaria de Infra-Estrutura; Secretaria do Planejamento e
Desenvolvimento; Agência Goiana de Desenvolvimento Regional; Agência Goiana
de Desenvolvimento Industrial; Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e
51
Fundiário; Agência de Fomento de Goiás S/A; Federação da Agricultura e Pecuária
de Goiás; Federação de Indústrias do Estado de Goiás; Serviço de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas em Goiás; Universidade Federal de Goiás; Universidade
Católica de Goiás e Universidade Estadual de Goiás.
O governo do estado de Goiás formalizou a criação da RG-APL, núcleo
estadual do GTP-APL, com a finalidade de promover diversas ações com o objetivo
de gerar transformações no agronegócio em âmbito local, estadual e federal, tais
como (GOIÁS, 2004): estabelecer, promover, organizar e consolidar a política
estadual de inovação tecnológica local, a partir da constituição e fortalecimento de
Arranjos Produtivos Locais; apoiar e incentivar o desenvolvimento científico,
tecnológico e de inovação, estimulando ações nas cadeias produtivas de destaque
no Estado; colaborar na captação de recursos financeiros para aplicação no
desenvolvimento de APL’s.
O RG-APL visa também à criação e manutenção de um banco para armazenar
dados, informações e identificações relativos aos APL’s existentes e a serem
implantados no Estado; selecionar os setores produtivos e as regiões a serem
apoiados por recursos do Estado na implementação de APL’s; incentivar e apoiar a
qualificação e a especialização de mão-de-obra para o setor produtivo das áreas de
apoio a APL’s; difundir e estimular a formação de APL’s, com demonstração de sua
importância para a economia local e regional.
O RG-APL objetiva, ainda, criar condições de avaliação do andamento de cada
Plataforma Tecnológica, visando a observar os resultados concretos e os benefícios
gerados para o Estado em função de sua implantação; estabelecer as condições
indispensáveis às ações cooperativas dos setores públicos e privados, com o intuito
de garantir a aplicação máxima de conhecimentos científicos e tecnológicos
atualizados, bem como auxiliar no desenvolvimento de tecnologias apropriadas às
necessidades de cada região; prestar assessoramento e informações a todas as
pessoas físicas ou jurídicas interessadas nos objetivos estabelecidos através do
Decreto nº.5.990 de 12 de agosto de 2004 do Estado de Goiás; realizar ações e
desenvolver atividades afins e complementares.
Dentre as avaliações e projetos realizados pelo RG-APL para o
desenvolvimento do APL do açafrão foram desenvolvidos o Projeto de
Processamento e Comercialização do Açafrão, o Plano de Desenvolvimento do APL
52
do Açafrão e a implantação da Indicação Geográfica do Açafrão de Mara Rosa e
região. Todos esses programas são detalhados a seguir.
3.2.1.2.1 Projeto de processamento e comercialização do açafrão
Conforme relatado pela Agência Goiana de Desenvolvimento Rural (2002),
entre as políticas públicas no Brasil está o Desenvolvimento Local Integrado e
Sustentável (DLIS), implantado com a participação do Governo Federal, Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros. O programa
buscou a organização de um ambiente propício ao desenvolvimento sustentável, a
fim de criar condições necessárias à captação de recursos disponibilizados pelas
fontes de financiamento. O programa tem o apoio do PRONAF à implantação de
consórcios municipais, como exemplo o APL de açafrão, em que Mara Rosa é
considerada a cidade pólo e os municípios de Amaralina, Alto Horizonte e Estrela do
Norte são os municípios consorciados.
O setor agropecuário está entre os setores com maior impacto na geração de
emprego e renda segundo o BNDES (2001). Outros aspectos importantes são a
manutenção dos trabalhadores rurais no campo, com qualidade de vida satisfatória,
por meio do emprego e a existência de um padrão cio-produtivo dinâmico,
evitando assim o êxodo rural. Por isso o interesse do governo em investir no setor
agropecuário e de agroindústrias, as quais agregam valor ao produto agropecuário e
têm alta correlação com o setor agropecuário, promovendo a geração de empregos
indiretos (AGDR, 2002).
O estudo da cadeia produtiva do açafrão buscou identificar os principais
gargalos no processo de produção e distribuição, tendo como alvo o processamento
do açafrão. Os principais problemas identificados foram: desconhecimento da
padronização básica e instabilidade da qualidade do produto; falta de processos
eficientes de beneficiamento adaptados à pequena produção de açafrão; falta de
organizações ativas de produtores na comercialização; falta de articulação entre o
setor privado e as instituições públicas para fortalecer o negócio brasileiro do
açafrão; ineficiências na difusão de informações de mercado entre os produtores de
Mara Rosa; falta de condições equivalentes (ou favoráveis) de imposição fiscal entre
os produtos nacionais e os importados; falta de contratos entre produtores e
53
indústrias de corantes e de alimentos e instabilidade das demandas de açafrão; e
agregação de valor – agroindustrialização.
O estudo contemplou também a identificação dos principais consumidores e
potenciais consumidores e das formas de comercialização (venda direta pela
cooperativa, representante comercial e parcerias com empresas varejistas e
atacadistas). Foram identificados no ano de 2001 seis comerciantes locais, que
intermediavam a comercialização de quantidades entre 50,0 e 500,0t secas da
produção local, com custo médio do frete de R$75,00/t do produto seco para o
mercado goiano e R$104,00/t do produto seco para o mercado paulista, os quais
pagavam entre R$1,00 e R$1,30 por quilo ao produtor local. Aqueles vendiam para
atacadistas e indústrias de São Paulo, Mina Gerais, Goiás e Distrito Federal por
preços entre R$2,00 e R$2,50 e tinham em média mark-up de 48,9%. O mark-up é
um termo usado na economia que representa a quantia efetivamente cobrada sobre
o produto (valor do custo de produção somada à distribuição) a fim de obter o preço
de venda.
Entre os atacadistas de temperos, o mark-up observado foi de 62,5%, entre os
importadores de 18,2%; entre as indústrias e micro indústrias de temperos e de
corantes naturais, de 85,4% e 49,5%, respectivamente; e entre as indústrias de
alimentos, os preços de venda ao atacado, ao varejo e à grande distribuição eram
variáveis entre R$3,50 e R$6,00 por quilo. Foram identificados no país, em 2001,
100 representantes de atacadistas de temperos, 10 representantes importadores,
100 representantes de micro indústrias de temperos, 20 representantes de indústrias
de corantes naturais e mais de 100 representantes de indústrias de alimentos.
Delineavam-se como exceção os importadores e indústrias de alimentos, que se
abasteciam comumente de produtos da Índia ou Peru e de indústrias de corantes,
respectivamente, enquanto os demais se abasteciam com o produto de Mara Rosa
e/ou importados. (AGDR, 2002)
O projeto também realizou a análise e o memorial técnico de uma unidade de
processamento do açafrão no ano de 2001, que apresentou capacidade produtiva de
1.000,0t por ano do açafrão in natura, sendo que a secagem era o fator limitante
para sua ampliação. A capacidade produtiva correspondeu de 20,0% a 40,0% da
produção anual na região de Mara Rosa, sendo 120 dias de processamento por ano
de operação, podendo ampliar para 180 dias dependendo das condições climáticas
54
e culturais favoráveis. A mesma estrutura com pequenas modificações poderia ser
utilizada para beneficiamento do urucum (Bixa Orellana L.) destinado a indústrias de
corantes ou gengibre (Zinziber Officinalis Roscoe) voltado para indústrias de
temperos ou bebidas.
O custo no processamento (mão-de-obra, energia, período de funcionamento,
volume de água necessário, tratamento e destino dos resíduos e outros), estimado
para processar 1,7t de açafrão in natura por dia, foi de R$35.038,68 por ano a
preços de 2001. A AGDR coordenada pelo MDIC realizou também a avaliação
financeira, em que a margem de contribuição da unidade para o produtor foi de
R$0,24 por quilo a preços de 2001, sendo vendido o produto a preço médio de
R$1,80 por quilo, fluxo de caixa por mês de R$272,44 e avaliação financeira por
período de cinco anos, sendo a rentabilidade de 0,17% e resultado operacional de
R$817,32 ao ano a preços de 2001. Concluíram no projeto que apesar da baixa
rentabilidade, a unidade de processamento do açafrão trará um sustento àquela
comunidade, que, diante do processo de exclusão social, não encontrou alternativas
de sobrevivência (AGDR, 2002).
3.2.1.2.2 Plano de desenvolvimento do APL do açafrão
O plano de desenvolvimento do APL do açafrão procurou desenvolver e
consolidar o APL local. Houve a participação de diversas instituições, órgãos e
autarquias na confecção do planejamento estratégico, apreciando ações que
envolveram a organização produtiva, controle de qualidade, industrialização e
comercialização. A fim de conhecer as características locais da atividade, o grupo
desenvolveu o planejamento estratégico e definiu a realização de projetos até o ano
de 2012, e apontou (MDIC, 2007):
A visão do futuro da COOPERAÇAFRÃO, que é “Ser reconhecido no mercado
mundial como auto-suficiente em produção, industrialização e comercialização do
açafrão até 2012.” Através do plano estratégico foram definidos também desafios
estratégicos entre os participantes, em que os pontos pactuados foram: ampliar a
carteira de cooperados da COOPERAÇAFRÃO; Consolidar parcerias na RG-APL e
GTP-APL; Viabilizar a rede de pesquisas e difundir informações junto aos
produtores; Priorizar o APL do açafrão no GTP-APL e buscar a aprovação do Plano
55
de Desenvolvimento Provisório (PDP); Elaborar plano de gestão para a
agroindústria, COOPERAÇAFRÃO e governança local; Colocar o açafrão de Mara
Rosa e região com a marca no mercado; Criar departamento de crédito dentro da
COOPERAÇAFRÃO; Conquistar novos clientes; Proporcionar qualidade ao produto,
sendo ele livre de contaminantes e agrotóxicos; Desenvolver técnicas de manejo e
maquinários que excluam práticas antiambientais; Cumprir a legislação ambiental e
trabalhista; Realizar consultorias para a implantação do Programa Setorial de
Qualidade (PSQ); Identificar, viabilizar e divulgar linhas de crédito especiais; Obter o
selo da indicação geográfica; Abaixar o custo de produção; Industrializar o produto
em maior escala; Atender à demanda.
Dentre os recursos disponibilizados, foram e serão realizadas as seguintes
atividades, segundo MDIC (2007): elaboração do PDP (Plano de Desenvolvimento
Provisório), a fim de consolidar as etapas do planejamento estratégico, e do Termo
de Referência, bem como ter o PDP aprovado; consolidação do funcionamento da
agroindústria (instalar, construir e adequar infra-estruturas, maquinários e
equipamentos); desenvolvimento de seminários para conscientização e integração
do APL; levantamento de informações entre os anos de 2001 a 2004; contratação de
consultores no ano de 2005; adequação de equipamentos e maquinários; e
divulgação do produto no mercado, por meio de ações de marketing.
Outras atividades planejadas foram: identificação de potenciais consumidores
do segmento e troca de experiências; elaboração de projetos para a obtenção de
linhas de crédito; desenvolvimento da logomarca; qualificação de o-de-obra e
melhoria do processo produtivo; prospecção de dados no período entre janeiro de
2008 e janeiro de 2009; contratação de consultoria entre janeiro de 2008 e janeiro de
2009; elaboração de material informativo para o produtor rural de açafrão; incentivo
a atividades florestais no período entre janeiro de 2008 e janeiro de 2012; e combate
ao trabalho infantil.
também as seguintes atividades: participação em feiras e eventos
relacionados ao segmento; identificação de potenciais consumidores do segmento;
capacitação de técnicos para elaboração de projetos; registro da marca, rótulo e
criação da embalagem; padronização do processo produtivo; capacitação da gestão
no período entre janeiro de 2008 e janeiro de 2012; contratação de consultoria para
implantação da Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC);
56
obtenção do selo de indicação geográfica; e disponibilização e regularização das
áreas para plantio.
Os recursos destinados ao projeto foram rateados entre subprojetos
direcionados à avaliação pelo governo federal. Dentre as ações e orçamentos foram
estabelecidos: desenvolvimento de tecnologia para a extração e utilização do
açafrão, projeto orçado em R$1.250.000,00; estudo clínico em pacientes terminais
com melanoma, orçado em R$50.000,00; revestimento de nanopartículas
magnéticas, orçado em R$250.000,00; melhoramento genético do açafrão, orçado
em R$250.000,00; e implantação de Unidade “Incubadora” de Empreendimentos de
Participação Comunitária, orçado em R$600.000,00 (MDIC, 2007).
Dentre os trabalhos realizados no APL do açafrão observou-se durante a
pesquisa na região a realização de cursos organizados por instituições participantes
do RG-APL e COOPERAÇAFRÃO, em que foram abordadas diversas áreas da
produção agropecuária voltadas ao produtor familiar como forma de complementar a
renda e promover a sustentabilidade do produtor. Entre elas podem ser citadas;
administração da propriedade, difusão do conhecimento de técnicas direcionadas ao
cultivo do açafrão, milho, arroz, pecuária, adestramento e cuidados com equinos,
criação de peixes, entre outras. Os cursos foram oferecidos gratuitamente aos
produtores locais, e a organização dos produtores e o cadastramento nos cursos
eram realizados pela COOPERAÇAFRÃO. Além destes foram também realizadas
palestras organizadas pela cooperativa com a participação de consultor do SEBRAE
contratado para o APL, com a intenção de promover a consolidação do
funcionamento da agroindústria, a qualificação de mão-de-obra e a melhoria do
processo produtivo.
A cooperativa participou ainda de feiras agropecuárias em exposições de
produtos, como em 2005, conforme relatado pela Agência SEBRAE de Notícias, na
3
a
Feira do Empreendedor que ocorreu no Centro de Convenções em Goiânia.
Participaram também em maio de 2008 da 64ª Exposição Agropecuária do Estado
de Goiás, onde havia oficina de culinária e exposição dos produtos do açafrão de
Mara Rosa.
também relatos da Agência SEBRAE de Notícias, em novembro de 2008,
de que foi realizado no prédio da FAEG em Goiânia o evento denominado “Açafrão:
Ciência, Gastronomia e Mercado Tempere seus negócios”, em que houve
57
palestras sobre o uso medicinal do açafrão, sua importância como parte da
identidade goiana e a busca pela indicação geográfica para o produto, além de
oficinas de culinária com degustações de produtos com açafrão e show “A Voz que
Canta Goiás”. Recentemente, em agosto de 2009, foi realizada a 1ª Feira do Açafrão
de Mara Rosa e Região, no município de Mara Rosa, onde foram destacados
aspectos científicos, gastronômicos, culturais e econômicos da especiaria produzida
em Goiás.
3.2.1.2.3 Indicação Geográfica do açafrão de Mara Rosa e região
Indicação geográfica (IG), segundo INPI (2008), pode ser resumidamente
definida como sendo a identificação de um produto ou serviço originário de um local,
região ou país, por determinada reputação, característica e/ou qualidade vinculadas
fundamentalmente a esta sua origem particular. Trata-se, portanto, de uma garantia
quanto à origem de um produto e/ou suas qualidades e características regionais.
As normas em vigor que regem os procedimentos para o registro da IG junto ao
INPI encontram-se na Lei .9.279, de 14 de maio de 1996, que regula direitos e
obrigações relativas à propriedade industrial, no Ato Normativo nº.134, de 15 de abril
de 1997, que dispõe sobre a instituição de formulários para apresentação de
requerimento de registro de indicações geográficas, e na Resolução INPI nº.75, de
28 de novembro de 2000, que estabelece as condições para o registro das
indicações geográficas. A Lei de Propriedade Industrial, Lei Federal nº.9.279,
estabelece duas espécies de indicações geográficas: a Indicação de Procedência
(IP) e a Denominação de Origem (DO), não havendo hierarquia legal, sendo
possibilidades equivalentes de acordo com a escolha dos produtores ou prestadores
de serviço que desejam buscar essa modalidade de proteção e que atendam aos
requisitos definidos na Lei.
A IP pode ser definida como a nomeação de dado produto, devido à produção,
extração ou fabricação, ou pela prestação de determinado serviço através do nome
geográfico onde se deu origem. Na IP a reputação protegerá dado produto ou
serviço, sendo que a reputação deverá ser comprovada ao INPI por meio de uma
entidade representativa e com apresentação de documentos hábeis. A DO, do
mesmo modo que a IP, terá o nome geográfico em dado produto ou serviço, o qual
58
deverá possuir qualidades ou características devidas exclusivamente ao meio
geográfico, considerando tanto fatores naturais como humanos, ou seja, a origem
geográfica deverá influenciar o resultado final do produto ou serviço de forma
identificável e mensurável, através de estudos técnicos e científicos, o que servirá de
objeto de prova no pedido de registro ao INPI. (INPI, 2008)
Segundo o INPI (2008), ambas as espécies de IG receberão o nome do
produto acrescido do nome geográfico. São exemplos de IG’s, no Brasil, cachaça de
Parati e carne dos Pampas Gaúchos, e, no exterior, tequila e café de Vera Cruz, no
México, charutos de Cuba, chá do Sri Lanka, óleo de oliva de Aragan, em Marrocos,
vinho da Região do Porto e queijo da Serra da Estrela, em Portugal. Existiam 4900
IG´s registradas na Comunidade Européia, sendo 4200 para vinhos e bebidas
espirituosas e 690 para outros produtos. No Brasil apenas quatro IG’s foram
reconhecidas: Vinhos Finos e Espumantes do Vale do Vinhedo, Café do Cerrado
Mineiro, Carne do Pampa Gaúcho da Campanha Meridional e Cachaça de Parati.
(KAKUTA et al, 2005)
Segundo o INPI (2008), o associativismo é condição essencial para exercer o
direito ao uso exclusivo do nome geográfico em atividade econômica, com exceção
do caso em que não haja outros produtores ou prestadores de serviço que possam
ter direito ao nome geográfico, assim poderá ser de exploração individual. A
legislação não estabelece prazo de vigência às IG’s, de forma que o período de uso
é o mesmo da existência do produto ou serviço reconhecido e o titular da IG poderá
tomar medidas contra aqueles que estejam fabricando, importanto, exportando,
vendendo, expondo, oferecendo à venda ou mantendo em estoque produtos de falsa
IG, configurando-se como crime, conforme estabelecem os artigos 192 e 193 da Lei
Federal de Propriedade Industrial.
Os processos de certificação são meios encontrados para se obter um
comércio mais justo, ético e solidário. Como relatado por Almeida (2005), o comércio
ético e solidário baseia-se em princípios como erradicação do trabalho infantil
exploratório e do trabalho escravo; eliminação das discriminações de raça, gênero e
religião; preservação da saúde das pessoas e do ambiente; eliminação dos níveis de
intermediação comercial especulativa; garantia do pagamento de preços justos aos
pequenos produtores; respeito aos direitos trabalhistas; respeito às identidades
históricas e culturais locais e regionais; valorização das dimensões o geográficas
59
do território; fortalecimento das capacidades de escolha e planejamento das
pessoas; estímulo ao surgimento de formas associativas e cooperativas; apoio ao
desenvolvimento e oferta de ferramenta de conhecimento e de tomada de decisão;
garantia dos fluxos multidirecionais de informações entre os atores envolvidos;
dentre outros.
Os maiores importadores europeus do comércio justo o Inglaterra,
Alemanha, Suíça, Holanda, Itália, Dinamarca e França (dados de 2000). ainda
outras organizações internacionais da América Latina, participantes do comércio
justo, como o México e o próprio Brasil. O principal objetivo do comércio ético e
solidário é criar condições de desenvolvimento aos pequenos produtores rurais e
demais áreas marginalizadas (como as zonas periurbanas, suburbanas e de
favelas). Trata-se de uma estratégia importante de promoção do desenvolvimento
local sustentável especialmente em países em desenvolvimento que apresentam
desigualdades sociais associadas ao mercado doméstico, como acontece no Brasil,
China, México, Índia e outros (ALMEIDA, 2005).
Segundo Salamoni (2008), a indicação geográfica é uma ferramenta de
proteção coletiva, e que pode promover comercialmente, pela garantia da qualidade
e rastreabilidade do produto ou serviço, e promover também a herança histórico-
cultural, que é intransferível; além disso, é uma ferramenta de preservação da
biodiversidade, do conhecimento e dos recursos naturais. A herança histórico-
cultural traz características como: a área de produção definida, a tipicidade e
autenticidade com que os produtos são produzidos e a disciplina com que os
produtores responsabilizam-se pela garantia da qualidade da produção. Essas
características garantirão ao produto nome e notoriedade que devem ser
resguardadas pelos produtores das áreas delimitadas, a quem serão garantidos o
uso do nome protegido.
Segundo a Agência Goiana de Desenvolvimento Rural (2002), a qualidade e
promoção do açafrão permitirão atender os mercados externo e interno, cada vez
mais exigentes. A certificação por meio do selo de indicação geográfica dos
processos e produtos torna-se essencial para a comercialização, pois indica a
padronização da qualidade segundo os pré-requisitos estabelecidos, princípio para a
comercialização eficiente. A presença da unidade de processamento de açafrão que
integra a COOPERAÇAFRÃO viabiliza a qualificação dos produtos e processos
60
praticados, bem como potencializará as vantagens competitivas mencionadas.
A criação do selo de IG dependerá, para que esses processos possam ocorrer
corretamente, de uma estrutura de certificação constituída por cadernos de normas
técnicas, regras de comercialização, dispositivos jurídicos e existência de
organização dos produtores com responsabilidade para que os processos sejam
bem sucedidos (PETITHUGUENIN, 2006). O açafrão de Mara Rosa e região
apresentava condições de obtenção do selo de IG, sendo provavelmente o selo do
tipo DO, já que as condições para a obtenção do selo do tipo IP, apesar de poderem
ser reais, não foram comprovadas por estudos cnicos e científicos para a
aprovação do INPI como estabelece a lei. Na região, o processo para criação da IG
está em fase de implantação, sendo que parte dos documentos para aprovação no
INPI está concluída, havendo também a mobilização dos produtores para atenderem
às normas para a obtenção do selo.
Os municípios incluídos na IG são Mara Rosa (cidade lo), Amaralina, Estrela
do Norte e Formoso. Mara Rosa apresenta maior número de propriedades com
cultivos da cultura, sendo ela a cidade pólo. Durante o desenvolvimento dos
documentos requeridos para a IG foi feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) uma amostra de identificação de propriedades produtoras de
açafrão, usando as coordenadas geográficas (
*
), com auxílio de aparelho de GPS
(do inglês Global Positioning System, ou Sistema de Posicionamento Global), em
regiões participantes da IG do APL de açafrão no estado de Goiás. (Figura 07)
3.2.2 Projetos nacionais desenvolvidos ao agronegócio em geral que promoveram a
atividade do açafrão
3.2.2.1 Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF)
O PRONAF é um programa do Governo Federal criado em 1995 destinado ao
apoio financeiro das atividades agropecuárias e não agropecuárias exploradas com
o emprego direto da força de trabalho da família produtora rural, podendo apresentar
trabalhadores contratados em casos específicos, conforme apresenta o Manual de
Crédito Rural (MCR). Este compreende como atividades não agropecuárias os
serviços relacionados com turismo rural, produção artesanal, agronegócio familiar e
61
outras prestações de serviços no meio rural (BCB, 2009).
O programa tem o objetivo de fortalecer as atividades desenvolvidas pelo
produtor familiar, por meio da modernização do sistema produtivo, valorização do
produtor rural e profissionalização dos produtores familiares, de forma a inseri-los de
maneira sustentável na cadeia de agronegócios, gerando aumento da renda e
agregando valor ao produto e à propriedade. Através do PRONAF o produtor familiar
obtém recursos de custeio, investimento e comercialização com encargos e
condições compatíveis com a realidade vivida pelo agricultor familiar, de forma ágil e
sem custos adicionais. Para o Brasil, o programa propicia maior oferta de alimentos,
principalmente dos que compõem a cesta básica como arroz, feijão, mandioca,
milho, trigo e leite, e estimula a permanência do agricultor no campo (FILHO, 2009).
Figura 07 Municípios participantes da Indicação Geográfica do açafrão e localização de
propriedades produtoras de açafrão.
Fonte: SIEG (2008), Imagem SRTM, organizado pelo autor e elaborado por PRADO¹ (2009).
Conforme estabelece o MCR, os produtores rurais, para participarem do
programa, devem atender às seguintes condições: devem ser produtores que
explorem a terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário, parceiro ou
62
concessionário do Programa Nacional de Reforma Agrária; devem residir na
propriedade ou em local próximo; possuírem no máximo 4,0 módulos fiscais e terem
como base de exploração do estabelecimento o trabalho familiar; possuírem renda
bruta anual, incluídas rendas obtidas no estabelecimento ou fora dele, por qualquer
componente da família e excluídos os benefícios sociais e proventos previdenciários
decorrentes de atividades rurais, entre R$6.000,00 e R$110.000,00. O mutuário
poderá adquirir mais de uma operação de crédito no mesmo ano agrícola desde que
observadas as condições para cada grupo e tipo de financiamento (BCB, 2009).
Por meio do PRONAF também outras linhas de crédito, como PRONAF
Agroindústria, PRONAF Agroecologia, PRONAF Eco, PRONAF Floresta, PRONAF
Semi-Árido, PRONAF Mulher, PRONAF Jovem, PRONAF Custeio e
Comercialização de Agroindústrias Familiares, PRONAF Cota-Parte, Microcrédito
Rural e PRONAF Mais Alimentos. A família precisa procurar o sindicato rural ou a
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) para obtenção da
Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP), que será emitida segundo a renda bruta
anual e as atividades exploradas, direcionando o agricultor para as linhas
específicas de crédito a que tem direito (MDA, 2009).
Por meio dos recursos do PRONAF a “fundo perdido” foi possível a construção
da agroindústria de processamento de açafrão no município de Mara Rosa, a qual
foi doada para a COOPERAÇAFRÃO no ano de 2007. Em observações durante a
pesquisa constatou-se que, por meio dos recursos do PRONAF, os produtores de
açafrão de Mara Rosa podiam realizar o pagamento dos trabalhadores contratados,
realizar a limpeza da área de plantio e o preparo do solo. Isso possiblitou que os
produtores o precisassem realizar vendas do produto na planta para
intermediários locais a preços menores, para custearem as diárias com
trabalhadores contratados. Os intermediários locais realizam o pagamento
antecipado aos produtores, porém cobram juros sobre o valor pago que diminuem
muito a renda recebida pelo produtor. Enquanto a COOPERAÇAFRÃO, em fase de
consolidação, não apresenta condições de fornecer o crédito aos produtores
antecipadamente, os créditos do PRONAF, com juros anuais compatíveis com a
realidade do produtor local, tornaram-se alternativa bem-vinda para os produtores de
açafrão de Mara Rosa. Na região, o acesso ao crédito de custeio para a cultura do
açafrão tem sido facilitado, a fim de promover a atividade.
63
3.2.2.2 Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS)
O Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) é uma estratégia
negocial criada pelo Banco do Brasil em 2003, motivado pela necessidade a nível
mundial de desenvolvimento de novos paradigmas por meio da criação de novas
fórmulas negociais que associem crescimento econômico a inclusão social e
respeito ao meio ambiente. O programa busca encaminhar o desenvolvimento
sustentável das regiões onde o Banco do Brasil está presente, por meio da
mobilização de agentes sociais, econômicos e políticos. A estratégia do DRS visa a:
promover a inclusão social, através da geração de emprego e renda; democratizar o
acesso ao crédito; impulsionar o associativismo e o cooperativismo; contribuir para a
melhoria dos indicadores de qualidade de vida e solidificar os negócios com micro e
pequenos empreendedores rurais e urbanos, formais ou informais (BB, 2009).
Com essa finalidade foram identificadas e estavam sendo trabalhadas mais de
100 atividades produtivas diferentes, como sistemas agro-florestais, turismo,
artesanato, cerâmica marajoara, aquicultura, fruticultura, calçados, cotonicultura,
confecções, ovinocaprinocultura, apicultura, horticultura, pecuária de corte e leiteira,
floricultura, mandiocultura, atividades extrativistas, avicultura e reciclagem de
resíduos sólidos. A metodologia de atuação baseia-se na elaboração do Plano de
Negócio DRS, no qual são definidos os objetivos, as metas e as ações de
implementação do mesmo. Busca-se a sensibilização, mobilização e capacitação de
funcionários e parceiros, e a elaboração de um diagnóstico, que auxilia na criação
do Plano de Negócio, em que é abordada toda a cadeia de valor das atividades
produtivas apoiadas, identificando pontos fortes, pontos fracos, oportunidades,
ameaças e potencialidades, dentre outros. A metodologia prevê ainda o
monitoramento das ações definidas nos Planos de Negócios e a avaliação de todo o
processo (BB, 2009).
Segundo o Banco do Brasil, o fator de sucesso desse programa é o fato de a
metodologia basear-se no processo de “concertação”, com o sentido de
orquestração, ou seja, é uma ação integrada, harmônica e compartilhada que
aglutina os diversos agentes econômicos, sociais e políticos envolvidos na cadeia de
valor, como sociedade civil, iniciativa privada, associações, cooperativas, governos,
universidades, entidades religiosas, ONG, entre outros, que se fazem parceiros no
64
processo de desenvolvimento regional sustentável (BB, 2009).
As atividades produtivas são apoiadas com a visão de cadeia de valor,
independentemente do nível de organização dos agentes da atividade: aglomerados,
arranjos produtivos locais ou cadeias produtivas. A visão de cadeia de valor significa
considerar todas as etapas dos processos de produção e de distribuição que
agregam valor a produtos e serviços até o consumidor final. A cadeia de valor
abrange a cadeia produtiva (matéria-prima até produto/serviço), a cadeia de
distribuição (produto/serviço até o consumidor final), bem como todos os elementos
de influência direta e indireta não descritos na forma de atividade (como governos,
cooperativas e instituições públicas e privadas, entre outras) (BB, 2009).
Segundo dados do Banco do Brasil de julho de 2009, há no Brasil 4.608 Planos
de Negócios DRS em fase de implantação e 817 diagnósticos e Planos de Negócios
DRS em elaboração. Foi prevista a utilização de mais de R$9,1 bilhões, sendo cerca
de R$6,3 bilhões de recursos do Banco do Brasil e R$2,8 bilhões de parceiros. Em
Goiás foram identificados 138 Planos de Negócios DRS, em que estão envolvidas
34.606 famílias e em que são programados investimentos de aproximadamente
R$455 milhões.
Em Mara Rosa apenas uma agência financeira, sendo esta do Banco do
Brasil. Havia outras agências como a CAIXA, representada pelas lotéricas, e o
Bradesco, que funcionava na agência de correios do município. Essas agências
disponibilizavam alguns serviços aos clientes. Segundo o Banco do Brasil, o
Programa DRS busca realizar o treinamento de funcionários do banco para atuarem
junto aos agentes envolvidos em aglomerados, cadeias produtivas e APL’s. O Plano
de Desenvolvimento desenvolvido em 2007, na gestão do Ministério de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), foram apontados pontos
fracos, pontos fortes, ameaças, potencialidades, dentre outros, por meio de pesquisa
em parceria com participantes do RG-APL, que possibilitou o conhecimento
detalhado do negócio do açafrão pelo Banco do Brasil.
Através da COOPERAÇAFRÃO os produtores, representados pela direção da
cooperativa, relacionam-se com o grupo gerenciador do DRS na região, e buscam a
integração de agentes políticos, econômicos e sociais, para estabelecimento e
desenvolvimento sustentável dos produtores de açafrão na região. Durante a
pesquisa observou-se que a gerência do Banco do Brasil e a COOPERAÇAFRÃO
65
buscam maneiras para se adequarem à realidade local, manterem os créditos do
PRONAF destinados aos produtores e ampliarem o número de agricultores
beneficiados pelo crédito. A cooperativa junto ao Banco do Brasil busca também
outros créditos de agentes econômicos e programas do governo, como créditos do
BNDES e do PRONAF para obter recursos para os pagamentos integrais aos
produtores, possibilitando atender aos prazos requeridos pelos compradores e
efetuar pagamentos dos financiamentos e dos trabalhadores na colheita, bem como
realizar investimentos como a construção de outra agroindústria de dimensões
maiores para atender à produção de açafrão em ascensão na região.
66
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Análise descritiva da amostra
A amostra foi composta por 68 cooperados e estabeleceu-se a tipificação por
posse de terra, resultando em uma subamostra com 38 arrendatários e outra com 30
proprietários de terras. Entre o total de produtores entrevistados 44,1% eram
proprietários de terras, 54,4% arrendatários e 1,5% meeiros, apenas um produtor
entrevistado era meeiro e em razão do seu número limitado ele foi incluído no tipo
arrendatário (Tabela 07). Entre os produtores, 7,4% daqueles que eram proprietários
de terras eram concomitantemente arrendatários para produção de açafrão em outra
propriedade.
Tabela 07 Frequência de entrevistados, proprietário de terra, arrendatário e
meeiro, Mara Rosa, GO, 2009.
Freqüência
Tipo de produção
Absoluta Relativa
Proprietário de terra 30 44,12
Arrendatário 37 54,41
Meeiro 1 1,47
Total 68 100,00
Fonte: Dados de pesquisa (2009).
Buscou-se neste pico apresentar as informações coletadas por meio dos
questionários aplicados aos produtores de açafrão, disponibilizados nos anexos 2 e
3, e em seguida discuti-los a partir da comparação com estudos realizados na região
anteriormente, em que foram apresentadas as mudanças sociais, econômicas,
tecnológicas e ambientais observadas. Foram abordadas no questionário destinado
aos produtores características das famílias, das propriedades, das práticas
agrícolas, do meio ambiente, do processamento do açafrão, do transporte do
produto, tradição na atividade, utilização de mão-de-obra, uso de ferramentas
gerenciais e capacitação do produtor. Ao gerente foi aplicado questionário
abordando aspectos relacionados ao beneficiamento e comercialização realizados
pela COOPERAÇAFRÃO e ao fiscal de arrecadação do município foram abordadas
67
questões sobre os impostos cobrados sobre o açafrão.
4.1.1 Perfil Social
4.1.1.1 Composição da família
O total de 68 famílias visitadas contabilizava 271 pessoas, ou uma média de 4
pessoas por família. Dessas famílias, 56,0% ou 38 produtores compõem-se de 3 a 4
pessoas. Em 28,0% ou 19 dessas famílias foi relatada a presença de pais, irmãos,
sobrinhos, cunhados, genros ou amigos. Mais da metade dos produtores, 51,5%,
possuíam 1 ou 2 filhos, 19,1% não tinham filhos e 10,3% tinham filhos que não
moravam com os pais (Tabela 08).
Tabela 08 Porcentagem de famílias dos produtores de açafrão entrevistados com
1 a7 pessoas e com 0 a 5 filhos morando juntos, Mara Rosa, GO,
2009.
Características das famílias Frequência
Número de pessoas Relativa Absoluta
1 pessoa 4,4 3
2 pessoas 7,4 5
3 pessoas 26,5 18
4 pessoas 29,4 20
5 pessoas 16,2 11
6 pessoas 11,8 8
7 pessoas 4,4 3
Total 100,0 68
Número de filhos
Nenhum 19,12 13
1 filho 20,59 14
2 filhos 30,88 21
3 filhos 10,29 7
4 filhos 5,88 4
5 filhos 2,94 2
Filhos não morando juntos 10,29 7
Total 100,00 68
Fonte: Dados de pesquisa.
68
Do total de produtores cooperados da COOPERAÇAFRÃO, 11,8% ou 8
produtores eram do sexo feminino. No total da amostra, 75,0% ou 51 deles eram
agricultores casados, dos quais 80,9% ou 55 produtores tinham filhos.
4.1.1.2 Faixa etária
Mais de 65,0% dos homens tinham idades entre 31 e 50 anos e com as
mulheres mais de 64,0% apresentaram idades entre 31 e 50 anos. A maioria dos
filhos dos produtores de açafrão, 59,0%, apresentou idades entre 11 e 20 anos
(Tabela 09).
Tabela 09 Faixa etária dos homens, mulheres e filhos produtores de açafrão, Mara
Rosa, GO, 2009.
Faixa etária Homens (%) Mulheres (%) Filhos (%)
Até 10 anos 0,00 0,00 20,95
De 11 a 20 anos 6,06 1,89 59,05
De 21 a 30 anos 7,58 16,98 13,33
De 31 a 40 anos 28,79 41,51 2,86
De 41 a 50 anos 36,36 22,64 3,81
De 51 a 60 anos 13,64 9,43 0,00
Maior que 60 anos 7,58 7,55 0,00
Total 100,00 100,00 100,00
Fonte: Dados de pesquisa.
4.1.1.3 Grau de escolaridade
Quanto ao grau de escolaridade, 77,3% concluíram no mínimo até a 4
a
série do
ensino fundamental e 3,0% não estudaram. Entre as mulheres, 75,5% concluíram no
mínimo até a 4
a
série do ensino fundamental e 3,8% não estudaram. Entre os
homens e mulheres, 56,0% tinham ensino fundamental completo e 96,5%
apresentavam no mínimo alfabetização completa (Tabela 10).
Quanto ao grau de escolaridade dos filhos, 26,7% tinham primário completo,
25,7% concluíram o ginásio, 20,0% tinham ensino médio completo e 1,9%
concluíram nível superior. Entre os filhos, 5,7% não tinham idade suficiente para
ingressarem na escola e 69,7% estavam em idade escolar normal, ou seja, aqueles
69
que realizavam os estudos sem repetir nenhum ano. Foi considerado que entre 6 e
15 anos de idade cursavam o ensino fundamental da a série; entre 15 e 18
anos de idade cursavam do ao ano do ensino médio; entre 18 e 23 anos de
idade cursavam ensino superior com 5 anos de duração e após 23 anos de idade
podiam iniciar pós-graduação.
Tabela 10 Grau de escolaridade dos homens, mulheres e filhos de produtores de
açafrão, Mara Rosa, GO, 2009.
Homens Mulheres Filhos
Grau de escolaridade
Relativa (%)
Absoluta
Relativa (%)
Absoluta
Relativa (%)
Absoluta
Nenhum 0,00 0 0,00 0 5,71 6
Primário incompleto 19,70 13 18,87 10 19,05 20
Primário completo/Ginásio incompleto
39,39 26 33,96 18 26,67 28
Ginásio completo/Médio incompleto 7,58 5 3,77 2 25,71 27
Médio completo/Superior incompleto 24,24 16 18,87 10 20,00 21
Superior completo ou mais 6,06 4 18,87 10 1,90 2
Não soube informar 0,00 0 1,89 1 0,95 1
Sem estudo (maiores de 6 anos) 3,03 2 3,77 2 0,00 0
Total 100,00 66 100,00 53 100,00 105
Fonte: Dados de pesquisa.
4.1.1.4 Ocupações dos produtores e família
A pesquisa revelou que 71,4% dos filhos dos produtores de açafrão
entrevistados estavam estudando, sendo que 41,9% ocupavam seu tempo
exclusivamente com os estudos, 15,2% trabalhavam em casa e/ou na fazenda
ajudando os pais e estudavam e 13,3% trabalhavam fora ajudando na renda familiar
e estudavam. Trabalhavam na fazenda 25,7% dos filhos, 86,4% dos homens
produtores de açafrão e 35,8% das mulheres (Tabela 11).
Entre os produtores, a participação da o-de-obra da família, homens,
mulheres e filhos na atividade do açafrão foi de 47,1%, com a participação de até
50,0% da família e 39,7% com 51,0 a 100,0% dos membros da família na atividade.
Houve também 13,2% dos produtores que não trabalhavam no cultivo do açafrão no
campo e não possuíam pessoas da família na atividade (Tabela 12).
70
Tabela 11 Ocupações dos homens, mulheres e filhos produtores de açafrão, Mara
Rosa, GO, 2009.
Descrição Homens (%)
Mulheres (%)
Filhos (%)
Trabalhavam apenas na fazenda 25,76 0,00 12,38
Trabalhavam apenas em casa 0,00 32,08 1,90
Trabalhavam apenas fora 4,55 9,43 5,71
Apenas estudavam 0,00 0,00 41,90
Trabalhavam na fazenda e em casa 1,52 26,42 1,90
Trabalhavam na fazenda e fora 46,97 0,00 0,95
Trabalhavam na fazenda e estudavam 0,00 0,00 8,57
Trabalhavam em casa e fora 0,00 16,98 0,00
Trabalhavam em casa e estudavam 0,00 1,89 6,67
Trabalhavam fora e estudavam 9,09 0,00 10,48
Trabalhavam na fazenda, em casa e fora 10,61 5,66 0,00
Trabalhavam na fazenda, fora e estudavam 0,00 1,89 1,90
Trabalhavam em casa, fora e estudavam 0,00 3,77 0,95
Trabalhavam na fazenda, casa, fora e estudavam
1,52 1,89 0,00
Outros* 0,00 0,00 5,71
Não souberam informar 0,00 0,00 0,95
Total 100,00 100,00 100,00
* Crianças novas ou bebês.
Fonte: Dados de pesquisa.
Tabela 12 Participação da mão-de-obra familiar na produção de açafrão, Mara
Rosa, GO, 2009.
Frequência
Mão-de-obra familiar (%)
Relativa (%) Absoluta
Não realiza trabalho familiar 13,24 9
Até 50,00% 47,06 32
De 51,00 a 100,00% 39,71 27
Total 100,00 68
Fonte: Dados de pesquisa.
4.1.1.5 Renda familiar
Quanto à renda mensal das famílias dos produtores, 54,9% tinham faixa de
renda entre R$400,00 e R$1.200,00 e 10,3% entre R$2.801,00 a R$3.200,00 ou
mais (Tabela 13).
71
Tabela 13 – Faixas de renda dos produtores de açafrão, Mara Rosa, GO, 2009.
Faixa de renda Porcentagem Absoluta
R$400,00 a R$800,00 39,71 27
R$801,00 a R$1200,00 16,18 11
R$1201,00 a R$1600,00 17,65 12
R$1601,00 a R$2000,00 10,29 7
R$2001,00 a R$2400,00 1,47 1
R$2401,00 a R$2800,00 2,94 2
R$2801,00 a R$3200,00 4,41 3
Acima de R$3200,00 5,88 4
Não responderam 1,47 1
Total 100,00 68
Renda média (R$) 1439,18 -
Desvio padrão (R$) 1270,28 -
Mediana (R$) 1000,00 -
Fonte: Dados de pesquisa.
4.1.1.6 Caracterização das propriedades
Do total de produtores visitados, 80,9% relataram residência própria, sendo
64,7% das residências na cidade, 41,2% em estado de conservação considerado
bom e 16,2% recentemente construídas ou adquiridas, de 2006 a 2008, o que pode
indicar melhoria de condição da renda e de vida no período. A maioria dos
produtores (89,7%) possuía telefone móvel e 13,2% tinham telefone fixo (Tabela 14).
Tabela 14 Percentual de produtores da amostra que tinham residência e telefone,
Mara Rosa, GO, 2009.
Estado de conservação (%)
Descrição
Frequência
Absoluta
Novo
Bom
Ruim
Total
Aquisição nos
últimos três anos*
Residência urbana 44 19,12
41,18
4,41 64,71
16,18
Telefone fixo 9 - - - 13,24
-
Telefone móvel 61 - - - 89,71
-
* Considerando os anos de 2006, 2007 e 2008.
Fonte: Dados de pesquisa.
Como mostra a Figura 08, 76,7% dos produtores de açafrão visitados na
pesquisa, proprietários de terras, apresentaram tamanhos de propriedade com a
72
20,0 alqueires goianos, ou cerca de 96,0 hectares.
6,7%
10,0%
3,3%
3,3%
76,7%
A20,0 alqueires De 20,1 a 40,0 alqueires
De 40,1 a 60,0 alqueires De 60,1 a 80,0 alqueires
Maior que 80,1 alqueires
Figura 08 Áreas das propriedades dos produtores de açafrão visitados na pesquisa, Mara Rosa,
GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
Como representado na Tabela 15, entre os produtores de açafrão proprietários
de terras, 70,0% alegaram ter residência na fazenda, em estado de conservação
considerado bom e novo, sendo que 30,0% dos produtores realizaram construções
ou aquisições das casas entre os anos de 2006 e 2008. Entre os produtores, 66,7%
possuíam rede elétrica em suas propriedades. Entre os proprietários de terras, as
benfeitorias de maior frequência eram curral (56,7%), seguido de fossa séptica
(46,7%), cisterna (40,0%), pocilga (33,3%) e poço artesiano (23,3%).
4.1.1.7 Atividades produtivas
Paralelamente à produção de açafrão, os produtores apresentaram outras
atividades agropecuárias, com maior frequência produção de milho (54,4%),
avicultura (38,2%), cultivo de banana (36,8%), produção de arroz (35,3%), produção
de leite (33,8%) e suinocultura (32,4%). Outros 30,9% dos produtores praticavam
outras atividades (gergelim, cana-de-açúcar, carneiro, mamão, laranja, abóbora,
hortaliças, feijão, peixes, manga e maracujá) e 25,0% não praticavam outras
atividades além do cultivo do açafrão (Figura 09).
73
Tabela 15 Frequência de produtores de açafrão proprietários com benfeitorias e
estado de conservação, Mara Rosa, GO, 2009.
Estado de conservação (%)
Benfeitorias
Frequência
absoluta
Novo Bom Ruim Total
Aquisição nos
últimos três
anos*
Residência rural 24
16,67 53,33 10,00 80,00
30,00
Rede elétrica 20
- - - 66,67
-
Fossa séptica 14
16,67 30,00 0,00 46,67
-
Cisterna 12
10,00 30,00 0,00 40,00
-
Poço artesiano 7
6,67 16,67 0,00 23,33
-
Galpão 6
0,00 13,33 6,67 20,00
3,33
Estábulo 2
0,00 3,33 3,33 6,67
0,00
Curral 17
10,00 30,00 16,67 56,67
6,67
Aviário 6
3,33 13,33 3,33 20,00
6,67
Pocilga 10
6,67 26,67 0,00 33,33
10,00
Silo 0
0,00 0,00 0,00 0,00
0,00
* Considerando os anos de 2006, 2007 e 2008.
Fonte: Dados de pesquisa.
23,5
38,2
2,9
35,3
54,4
36,8
30,9 30,9
100,0
25,0
33,8
32,4
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Pecuária
de Leite
Pecuária
de Corte
Aves Suínos Soja Arroz Milho Banana Mandioca Outras Açafrão Não
possui
%
Figura 09 Percentuais de produtores amostrados, com outras atividades associadas ao açafrão,
Mara Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
74
4.1.2 Perfil Tecnológico
4.1.2.1 Veículos, máquinas e equipamentos agrícolas
Dentre os produtores de açafrão visitados, 73,5% relataram propriedade de
veículo motorizado, dos quais 37,3% contam com frota recente de veículos (2006-
2008). Foi ainda relatada presença de bicicleta (66,2%), moto (51,5%), carro (29,4%)
e carroça (29,4%) (Tabela 16).
Tabela 16 Frequência de meios de transporte e seu estado de conservação entre
os produtores visitados, Mara Rosa, GO, 2009.
Estado de conservação (%)
Meios de
transporte
Freqüência
absoluta
Novo Bom Ruim Total
Aquisição nos
últimos três anos*
Caminhão 3
0,00 4,41 0,00 4,41
0,00
Caminhonete 7
0,00 7,35 2,94 10,29
1,47
Carro 20
14,71 13,24 1,47 29,41
8,82
Moto 35
27,94 19,12 4,41 51,47
25,00
Bicicleta 45
- - - 66,18
-
Carroça 21
1,47 23,53 4,41 29,41
4,41
* Considerando os anos de 2006, 2007 e 2008.
Fonte: Dados de pesquisa.
Em relação à frequência de veículos entre os produtores de açafrão
arrendatários e proprietários de terras, houve diferença pouco significativa para
quase todos os veículos, sendo a maior diferença no número de proprietários
(34,2%) que tinham carroça (Tabela 17). Predominam (50,5%) meios de transporte
utilizados para o trabalho. Outros utilizam para deslocamento de pessoas do
trabalho e da família, de equipamentos e/ou produtos agropecuários (29,0%), ou
somente para o deslocamento da família (20,4%).
Constatou-se a presença de sete tratores com arado de disco, no mesmo
número de propriedades visitadas. Predominam propriedades com sulcadores e/ou
cultivador e pulverizadores costais, em 50,0% dos produtores visitados. Destacam-
se ainda propriedades com motor elétrico e a combustível. Dois produtores
mencionaram conjunto de irrigação, sendo um produtor arrendatário com irrigação
por aspersão e um produtor proprietário de terras com irrigação por microaspersão
75
(Tabela 18). A irrigação era praticada por apenas um produtor em lavoura de milho e
para irrigar árvores frutíferas, com área total irrigada de 4,0 hectares, com uso de
água oriunda de poço artesiano. Nenhum dos produtores relatou irrigação da cultura
de açafrão.
Tabela 17 Frequência de meios de transporte da posse de arrendatários e
proprietários de terras, Mara Rosa, GO, 2009.
Arrendatários Proprietários de terras
Descrição dos meios de transporte
Absoluta Relativa (%)
Absoluta
Relativa (%)
Caminhão 2 5,26 1 3,33
Caminhonete 2 5,26 5 16,67
Carro 12 31,58 8 26,67
Motocicleta 19 50,00 16 53,33
Bicicleta 26 68,42 19 63,33
Carroça 6 15,79 15 50,00
Fonte: Dados de pesquisa.
Tabela 18 Frequência de produtores com equipamentos e máquinas agrícolas,
Mara Rosa, GO, 2009.
Estado de conservação (%)
Equipamentos e máquinas
rurais
Frequência
Absoluta
Novo
Bom Ruim
Total
Aquisição nos
últimos três
anos*
Trator 7
0,00 10,29
0,00 10,29
4,41
Arado de disco 7
0,00 7,35 2,94 10,29
-
Arado de disco (Tr. Animal) 5
0,00 5,88 1,47 7,35
-
Arado de aiveca 1
0,00 1,47 0,00 1,47
-
Grade aradora 3
0,00 4,41 0,00 4,41
-
Grade niveladora 4
0,00 4,41 1,47 5,88
-
Sulcador 34
4,41 39,71
5,88 50,00
5,88
Pulverizador costal 34
25,00
23,53
1,47 50,00
16,18
Pulverizador canhão 0
0,00 0,00 0,00 0,00
0,00
Conjunto de irrigação 2
0,00 2,94 0,00 2,94
-
Motor (elétrico) 16
16,18
7,35 0,00 23,53
10,29
Motor (a combustível) 9
4,41 7,35 1,47 13,24
1,47
Ensiladeira 3
1,47 2,94 0,00 4,41
1,47
Carreta 7
7,35 2,94 0,00 10,29
5,88
* Considerando os anos de 2006, 2007 e 2008.
Fonte: Dados de pesquisa.
76
Quando analisados os grupos de produtores arrendatários e proprietários,
verificam-se maior número de proprietários de terras com a posse de equipamentos
agrícolas. Apenas 1 trator, 15 cultivadores e 11 pulverizadores foram mencionados
na área dos arrendatários. Foram relatados ainda 3 arados de disco, conjunto de
irrigação, ensiladeira, 4 motores e 3 carretas servindo os arrendatários (Tabela 19).
Os motores elétricos e a combustível eram empregados no funcionamento de
triturador, moedor, brunidor, irrigação e para outras finalidades como puxar água da
cisterna à caixa d’água e acionar a máquina de beneficiar arroz (Tabela 20).
Tabela 19 Número e percentual de produtores arrendatários e proprietários de
terras que possuíam equipamentos e máquinas rurais em suas
propriedades, Mara Rosa, GO, 2009.
Arrendatários Proprietários de terras
Equipamentos e máquinas
rurais
Absoluta Relativa (%) Absoluta Relativa (%)
Trator 1 1,47 6 8,82
Arado de disco 3 4,41 4 5,88
Arado de disco (tr. animal) 2 2,94 3 4,41
Arado de aiveca 0 0,00 1 1,47
Grade aradora 0 0,00 3 4,41
Grade niveladora 0 0,00 4 5,88
Sulcador e/ou cultivador 15 22,06 19 27,94
Pulverizador costal 11 16,18 23 33,82
Pulverizador canhão 0 0,00 0 0,00
Conjunto de irrigação 1 1,47 1 1,47
Motor (elétrico) 4 5,88 12 17,65
Motor (a combustível) 4 5,88 5 7,35
Ensiladeira 1 1,47 2 2,94
Carreta 3 7,89 4 13,33
Fonte: Dados de pesquisa.
4.1.2.2 Plantio
Os produtores de açafrão visitados foram questionados quanto ao tipo de
solo/área para o cultivo e suas respostas são classificadas segundo a caracterização
que fizeram das terras cultivadas. Entre os produtores, 92,6% responderam que
escolhiam áreas conhecidas na região como “terra de cultura”, terras com média a
alta fertilidade natural e com coloração mais escura que apresentavam teores
77
elevados de matéria orgânica em sua composição. Outros 18,2% relataram que as
áreas deveriam ser virgens, ou seja, terras que nunca foram cultivadas e que seriam
desmatadas para o cultivo; 14,7% preferiam utilizar áreas próximas aos cursos de
água (Tabela 21). Conforme caracterização anterior dos solos do município, solos de
cultura, próximos a cursos d’água, propiciam melhores produtividades do açafrão.
Neste estudo foram encontrados 14,7% dos produtores cuja preferência se adequa a
essa classificação.
Tabela 20 Frequência de produtores que tinham equipamentos rurais motorizados
em suas propriedades, Mara Rosa, GO, 2009.
Frequência (%)
Equipamentos
Absoluta Relativa
Triturador 19
29,41
Moedor 2
2,94
Brunidor 1
1,47
Irrigação 2
2,94
Bomba d'água 4
5,88
Beneficiadora de arroz 1
1,47
Fonte: Dados de pesquisa.
Tabela 21 Frequência dos locais utilizados pelos produtores para plantarem as
lavouras de açafrão, Mara Rosa, GO, 2009.
Frequência
Tipo de solo
Relativa (%) Absoluta
Terra virgem 5,88 4
Terra com pouca pedra, terra "solta" e que não seja alagada 1,47 1
"Terra de cultura" e que não seja alagada 13,73 9
"Terra de cultura" e virgem 12,25 8
"Terra de cultura" e próxima a cursos de água 14,71 10
"Terra de cultura" e distante de nascentes 1,47 1
"Terra de cultura" e com terreno plano 14,46 10
"Terra de cultura" e com terra "solta" ou mais porosa 3,68 3
"Terra de cultura" 32,35 22
Total 100,00 68
Fonte: Dados de pesquisa.
78
³ A fórmula de adubo representa as porcentagens dos nutrientes N-P
2
O
5
-K
2
O (conhecido por N-P-K).
Apenas 5,9% responderam realizar análise de solo antes do plantio do açafrão,
e apenas 2,9% dos produtores utilizaram adubação química no plantio. Entre estes,
foi utilizado adubo 09-25-15³ e 13,2% dos produtores utilizaram adubação orgânica
no plantio. Havia entre os produtores 88,6% com lavoura com até 20 meses e 11,4%
apresentaram lavouras com mais de 20 meses após o plantio, que são lavouras com
“açafrão de 2 anos” que não foram colhidas em 2008. Os produtores de açafrão
mais frequentemente iniciam o plantio no mês de novembro (44,1%) e outra parte
faz o plantio no mês de dezembro (26,5%), os demais plantam em outras épocas.
Os rizomas sementes utilizados no plantio foram predominantemente (63,2%)
retirados de produção própria. Outros 25,0% revelaram ter adquirido/comprado de
produtores vizinhos. Os demais produtores informaram ambas as origens (própria e
de vizinhos, 8,8%), restando os que ganharam rizomas sementes de açafrão (2,9%).
As informações sobre espaçamentos entre plantas e linhas de açafrão foram
colhidas de um número menor de entrevistados. Foi encontrado com maior
frequência o espaçamento entre plantas de 6,0 a 10,0cm, em 45,0% dos casos.
Destes, 29,6% utilizaram espaçamento entre linhas de 10,0 a 40,0cm e 15,9% de
41,0 a 70,0cm entre linhas. O espaçamento mais frequente foi de 10,0cm entre
plantas por 40,0cm entre linhas, com densidade de 250 mil plantas por hectare, o
que foi praticado por 13,6%, dos produtores de açafrão (Tabela 22).
Tabela 22 Frequência dos grupos de espaçamentos praticados pelos produtores
de açafrão, Mara Rosa, GO, 2009.
Espaçamento entre linhas
10,0 a 40,0cm 41,0 a 70,0cm 71,0 a 100,0cm
Espaçamento
entre plantas
(cm)
Absoluto
Relativo
Absoluto
Relativo
Absoluto
Relativo
Total
%
Até 5,0 4 9,09 3 6,82 1 2,27 8 18,18
6,0 a 10,0 13 29,55 7 15,91 0 0,00 20 45,45
11,0 a 15,0 2 4,55 4 9,09 0 0,00 6 13,64
16,0 a 20,0 4 9,09 4 9,09 0 0,00 8 18,18
21,0 a 25,0 2 4,55 0 0,00 0 0,00 2 4,55
Total 25 56,82 18 40,91 1 2,27 44 100,00
Fonte: Dados de pesquisa.
Silva et al. (2004) recomendam densidade entre 125 mil e 167 mil plantas por
hectare. A adoção de densidade de plantio maior resulta em maior produtividade,
79
porém o lucro não compensa o custo com rizomas para o plantio. Cerca de 37,0%
dos produtores adotaram densidades de plantio maiores que 200 mil plantas por
hectare (Figura 10).
27,9%
27,9%
5,9%
2,9%
35,3%
Até 200 mil plantas por hectare
Entre 201 e 400 mil plantas por hectare
Entre 401 e 600 mil plantas por hectare
Maior que 600 mil plantas por hectare
Não responderam
Figura 10 Frequência das densidades de plantio praticadas pelos produtores de açafrão, Mara
Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
4.1.2.3 Tratos culturais
Entre os produtores, 4,4% utilizaram adubação química em cobertura e
utilizaram os adubos (N-P-K) 20-00-20 ou sulfato de amônio. Nenhum dos
produtores realizou cultivo do açafrão irrigado, apesar das possibilidades de
aumentar em até 2,8 vezes a produtividade de rizomas frescos, conforme relatado
por Silva et al. (2001). Entre os produtores, 30,9% utilizaram herbicidas nas capinas,
sendo que 81,0% destes fizeram uma aplicação por ano e 19,0% fizeram duas
aplicações por ano. A preferência por herbicida -se por combater o crescimento
de grande número de espécies de plantas invasoras. Produtores relataram que
aplicavam o herbicida em doses menores para não afetar o desenvolvimento do
açafrão, sendo a aplicação feita em pré-emergência, realizada nas entrelinhas e
direcionada para as plantas invasoras. As capinas são predominantemente (95,6%)
manuais, ou com auxílio de enxada, sendo que 64,7% dos entrevistados relataram a
realização de duas capinas por ano. Foram ainda encontrados 14,7% dos
agricultores que relataram três capinas por ano e 11,8% realizaram seis capinas por
ano na cultura.
80
4.1.2.4 Colheita
A colheita é manual, com enxadão, segundo 89,7% dos entrevistados. A
máquina desenvolvida para colher o açafrão não pôde ser utilizada porque
danificava os rizomas, que eram cortados e arrancados parcialmente, segundo
relatos dos produtores, tendo sido utilizada por 7,4% dos produtores. Além de ser
apropriada a terrenos muito planos, foi adaptada da colheita de batatas, cujos
tubérculos são mais superficiais que os do açafrão, o que justifica tal inadequação.
4.1.2.5 Beneficiamento
Entre os produtores, 45,6%, 4,4%, 41,2%, 4,4% e 54,4% possuíam panela para
cozimento do açafrão, fatiador elétrico, fatiador manual, polidor ou brunidor elétrico e
polidor ou brunidor manual, respectivamente (Tabela 23).
Tabela 23 Frequência de produtores que possuíam equipamentos de beneficiar
açafrão, Mara Rosa, GO, 2009.
Estado de conservação
Equipamentos de
beneficiar
Frequência
Absoluta
Novo
Bom Ruim
Total
Aquisição nos
últimos três anos*
Panela para cozimento 31
20,59 22,06 2,94 45,59
25,00
Fatiador elétrico 3
2,94 1,47 0,00 4,41
2,94
Fatiador manual 28
8,82 30,88 1,47 41,18
13,24
Brunidor ou polidor elétrico
3
1,47 2,94 0,00 4,41
2,94
Brunidor ou polidor manual
37
20,59 33,82 0,00 54,41
30,88
* Considerando os anos de 2006, 2007 e 2008.
Fonte: dados de pesquisa.
Como mostrado na Tabela 24, as diferenças entre as posses de equipamentos
para beneficiar foram pequenas entre os produtores arrendatários e proprietários de
terras, sendo maior a diferença em relação à frequência de produtores arrendatários
(11,8%) que tinham fatiador manual em comparação com os proprietários de terras.
A maioria dos produtores (57,4%) realizou lavagem do açafrão antes do
beneficiamento, visando à obtenção do produto final com menos impurezas e menos
contaminação. Segundo relatos do gerente da cooperativa, na agroindústria não
81
havia mistura de produtos desinfetantes na água destinada à lavagem. Outra parte
(7,4%) dos produtores não fez lavagem durante o pré-beneficiamento do produto na
propriedade e a parte da produção entregue à cooperativa foi lavada. Os demais
(52,4%) não realizaram lavagem do produto.
Tabela 24 Frequência de produtores arrendatários e proprietários de terras que
possuíam equipamentos de beneficiar açafrão, Mara Rosa, GO, 2009.
Arrendatários Proprietários de terras
Equipamentos de
beneficiar
Absoluta Relativa (%) Absoluta Relativa (%)
Panela para cozimento 16
23,53 15 22,06
Fatiador elétrico 1
1,47 2 2,94
Fatiador manual 18
26,47 10 14,71
Brunidor ou polidor elétrico
1
1,47 2 2,94
Brunidor ou polidor manual
19
27,94 18 26,47
Fonte: Dados de pesquisa.
A maior parte das lavagens (72,1%) é realizada com água extraída da represa
localizada na área da agroindústria de beneficiamento do açafrão em Mara Rosa. A
água residual, obtida após a lavagem, na agroindústria, passa por processo de
tratamento e limpeza antes de retornar à represa. Alguns produtores que utilizam
curso de água em suas propriedades realizam a pré-limpeza da água antes de seu
retorno ao curso, o que consiste em manter a água da lavagem represada até a total
decantação das partículas, sendo em seguida liberada para retornar ao curso de
água anterior (Figura 11).
A maioria dos produtores (97,1%) realizou a secagem de sua produção em
chão coberto com lona. Outros 5,9% realizam em chão batido e 1,5% sobre mesa de
secagem ou secador (1,5%). O baixo índice de utilização do secador, na
agroindústria, deve-se a ajustes em andamento para adequação do processo.
Depois de seco, o açafrão é separado das impurezas, por catação manual sobre
mesa, na propriedade ou na agroindústria, realizada predominantemente por
mulheres.
82
41,2%
10,3%
4,4%
1,5%
4,4%
30,9%
7,4%
Em represa na área de beneficiamento da cooperativa
Em curso d'água na propriedade
Em curso d'água em outra propriedade
Em poço artesiano na propriedade
Em curso d'água na propriedade e em represa na área de beneficiamento da cooperativa
Não utilizavam lavar o produto antes do beneficiamento
Não responderam
Figura 11 Frequências dos locais onde é retirada á água para a lavação do açafrão antes do
beneficiamento, Mara Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
4.1.3 Perfil Econômico
4.1.3.1 Tradição no cultivo e formas de arrendamento
Quanto à tradição na produção de açafrão, 57,4% dos produtores informaram
inserção recente (até 5 anos) na atividade e 14,7% trabalham há mais de 20 anos na
atividade, 19,1% entre 11 e 20 anos, e os demais (8,8%) revelaram estar há mais de
40 anos na atividade de produção do açafrão. Os produtores informaram, em 48,5%
dos casos, que tinham pais e/ou parentes que iniciaram a atividade do açafrão
antes. Pais e/ou parentes dos entrevistados que atuam ou atuaram na produção de
açafrão por menos de 20 anos somam 25,0%; 14,7% trabalharam entre 21 e 30
anos e 8,8% permaneceram entre 31 e 50 anos na atividade. Supondo que a
continuidade da tradição de cultivos depende de gerações futuras, os agricultores
foram questionados quanto ao interesse dos filhos pela atividade. Uma parcela de
32,4% revelou interesse dos filhos, outros 44,1% mostraram-se desinteressados e
83
os demais (23,5%) não possuem filhos ou tinham filhos com pouca idade. Esse perfil
revelou que são limitadas as possibilidades de sustentação da atividade pelas
gerações futuras.
Com relação às formas de arrendamento, ficou conhecido que as propriedades
com maior número de produtores arrendatários cooperados em Mara Rosa eram a
Fazenda Bom Jesus dos Olhos d’Água, que apresentou seis produtores
arrendatários cooperados, seguida pela Fazenda Jacaré ou Laje e pela Fazenda
Bezerra que eram compostas por quatro produtores arrendatários cooperados cada,
sendo todas as propriedades de posse de proprietários de terras não cooperados.
Dentre os produtores proprietários de terras cooperados, 20,0% ou 6 deles fizeram
acordos de arrendamento de suas terras com outros produtores cooperados.
Entre todos os produtores entrevistados, arrendatários e proprietários de terras,
16,2% ou 11 deles realizaram acordos de arrendamento de terras com outros
produtores na região para a produção de açafrão. Alguns produtores arrendatários
intermediavam o acordo de arrendamento do produtor com o dono da terra para a
produção de açafrão. Em média, houve cerca de 6 arrendatários para cada produtor
cooperado que realizava arrendamento de terras, sendo que a maioria dos
produtores negociava com 1 a 3 arrendatários e um produtor tinha acordos com 40
arrendatários ao mesmo tempo.
A Figura 12 mostra que a maior parte dos acordos de arrendamento (63,7%) é
feita com pagamento entre 21,0% e 40,0% da produção final. O arrendamento
consiste em um acordo informal entre o possuidor da terra e o produtor, em que os
donos de terras cobram porcentagem da produção de açafrão beneficiada dos
produtores para cederem suas terras para a produção de açafrão. Em alguns casos
o pagamento de 10,0% a 20,0% da produção final, com valor médio em torno de
15,0%, quando o dono da terra entrega a terra sem preparo e comumente sem
desmatar para o produtor, o qual fica encarregado de realizar todas as etapas de
produção: desmatamento, preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita e
beneficiamento.
Os donos das terras cobram também entre 20,0% e 30,0% da produção final
pelos arrendamentos, com valor médio em torno de 25,0%. Nesse tipo de acordo os
donos disponibilizam a terra preparada, ficando o produtor encarregado das demais
etapas de cultivo. O valor do arrendamento também pode ser entre 30,0% e 40,0%,
84
com valor médio de 35,0%, e entre 40,0% e 50,0%, com valor médio de 45,0%, da
produção final. Nesses casos os possuidores da terra entregam a terra preparada e
as sementes, e algumas vezes cobram 50,0% da produção final, sendo que os
donos de terras cediam a lavoura no ponto de colheita, ficando o agricultor
encarregado das etapas de colheita e beneficiamento.
18,2%
9,1%
27,3%
45,5%
Até 20% da produção
De 21 a 30% da produção
De 31 a 40% da produção
De 41 a 50% da produção
Figura 12 Frequência das negociações nos arrendamentos de terras feitos pelos produtores de
açafrão, Mara Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
4.1.3.2 Área, Produção, Produtividade e Uso de fatores no cultivo do açafrão
Em média, a área plantada com açafrão por produtor aumentou do ano de
2006 para o ano de 2007. Os produtores de açafrão arrendatários apresentaram
aumento médio de área de 0,6ha, e entre os proprietários de terras registrou-se um
aumento de 1,0ha. (Figura 13)
Entre os proprietários de terras a frequência de áreas cultivadas no ano de
2006, maiores que 4,1ha, foi de 13,4%, em 2007 a frequência de cultivos em
áreas maiores que 4,1ha aumentou para 34,8%. Entre os arrendatários também
houve o aumento da frequência de áreas cultivadas maiores que 4,1ha de 2006 para
2007, a qual passou de 4,6% para 14,7%, respectivamente (Tabela 25).
Na safra de 2008, grande parte (98,4%) dos produtores decidiu por não colher
“açafrão de um ano”, ou seja, plantado no ano anterior. Destes, 3,2% divulgaram a
falta de recursos e mão-de-obra para realizar a colheita. A maior parte dos
produtores (63,2%) relatou áreas com açafrão de dois anos e 93,0% deles revelaram
85
colheita de “açafrão de dois anos” proveniente de toda a área ou de parte dela,
representando 73,1% da área total. A falta de mão-de-obra (56,5%) e recursos
(21,7%) foram os principais motivos para o adiamento da colheita do “açafrão de
dois anos”. Produtores adiaram a colheita também por falta de tempo dos
administradores e de mão-de-obra (8,7%), ou devido ao baixo preço do produto
(13,0%). Outros produtores (32,4%) descreveram áreas com açafrão de soca, mas
grande parte (95,5%) o realizou colheita em 2008. Razões como baixa
produtividade, ausência de mão-de-obra e outras atividades dos administradores
foram citadas para o adiamento da colheita para anos posteriores, 2009 e 2010.
2,4
3,4
1,5
2,1
2,7
2,1
2,2
3,0
1,8
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Plantado em 2006 Plantado em 2007 Açafrão de soca
Área média (hectare)
Área própria
Área Arrendada
Área total
Figura 13 Áreas médias cultivadas pelos produtores de açafrão nos anos de 2006 e 2007, e áreas
médias de açafrão de soca, Mara Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
Tabela 25 Áreas cultivadas com açafrão pelos produtores arrendatários e
proprietários de terras, Mara Rosa, GO, 2009.
Própria (%) Arrendada (%)
Área de açafrão
(ha)
Plantio em
2006
Plantio em
2007 Soca
Plantio em
2006
Plantio em
2007 Soca
Até 1,0 33,33 30,43 44,44 31,82 17,65 60,00
De 1,1 a 2,0 46,67 13,04 44,44 27,27 44,12 20,00
De 2,1 a 3,0 0,00 13,04 11,11 18,18 14,71 10,00
De 3,1 a 4,0 6,67 8,70 0,00 18,18 8,82 0,00
De 4,1 a 5,0 6,67 17,39 0,00 4,55 8,82 0,00
Maior que 5,0 6,67 17,39 0,00 0,00 5,88 10,00
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: Dados de pesquisa.
86
A produtividade média por hectare do “açafrão de dois anos” entre os
produtores foi de 4,9t do produto seco, variando entre os limites de 2,2 e 8,3t, sendo
4,8t entre os arrendatários e 5,0t entre os proprietários de terras (Tabela 26). Não
houve diferenças reais nas produtividades médias dos produtores arrendatários e
proprietários de terras, conforme comprovado pelo teste t (Student) com 5,0% de
probabilidade de nível de significância do teste estatístico para rejeição de h
0
(hipótese de que as médias sejam iguais).
Tabela 26 Produtividade, em t/ha, por tipo de açafrão colhido, Mara Rosa, Goiás,
2009.
Área Plantada (ha) Área Colhida (ha) Produção (ton. seco)
Produtividade (ton./ha)
Idade do Açafrão
Nº de
produtores
Própria
Arrendada
Própria
Arrendada
Própria
Arrendada Própria Arrendada
"Açafrão de um ano" 62 79,1 96,0 0,0 2,0 0,0 4,0 0,0 2,0
"Açafrão de dois anos"
43 35,5 47,3 28,0 33,7 138,8 163,4 5,0 4,8
Açafrão de soca 22 13,5 20,3 0,0 1,0 0,0 3,0 0,0 3,0
Total - 128,1 163,5 28,0 36,7 138,8 170,4 - -
Fonte: Dados de pesquisa.
A Figura 14 revela a produtividade, em toneladas secas por hectare, alcançada
com a cultura do açafrão pelos produtores na última colheita realizada. Pôde-se
constatar maior frequência de produtividades entre 3,1 e 4,0t/ha do produto seco
(17,6%); 11,8% dos produtores obtiveram produtividades entre 4,1 e 5,0t/ha e outros
11,8% entre 5,1 e 6,0t/ha. Buscou-se conhecer também o potencial produtivo da
cultura do açafrão na região com os produtores entrevistados, os quais revelaram
maior freqüência de produtividades entre 4,1 e 6,0t/ha (25,0%) e entre 6,1 e 8,0t/ha
(20,6%). O potencial produtivo da cultura (5,4t seco/ha) revelou-se maior que a
produtividade média (4,9t seco/ha), caracterizando ineficiência na produção do
açafrão. Motivos como a utilização de materiais propagativos de plantas menos
produtivas, terras não apropriadas e/ou práticas inadequadas de cultivo devem
impedir o aumento da produtividade.
4.1.3.3 Mão-de-obra utilizada na produção de açafrão
Constatou-se a existência de pelo menos duas formas de contratação da mão-
87
de-obra, em função das atividades do cultivo. Para o plantio e capina são
contratados trabalhadores por dia de serviço temporário, e nas colheitas são pagos
por lata colhida de açafrão. Ao todo, estima-se que cerca de 1.000 pessoas foram
envolvidas nas etapas de plantio, uma capina, colheita, beneficiamento do açafrão
cozido inteiro e beneficiamento do açafrão fatiado em cada uma dessas atividades
participaram respectivamente 375, 231, 315, 40 e 60 pessoas. São 726
trabalhadores do município, 252 trabalhadores da família e 43 trabalhadores de fora
do município, perfazendo o total de 1.021 trabalhadores, os quais trabalharam em
uma área total de cerca de 160,0 hectares, onde foi cultivado açafrão (Tabela 27).
10,29
17,65
23,53
1,47
0,000,00
20,59
2,94
1,47
35,29
11,76
30,88
25,00
19,12
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
2,0 a 3,0 3,1 a 4,0 4,1 a 6,0 6,1 a 8,0 8,1 a 10,0 Maior que 10,0 Não havia
colhido ou não
responderam
%
Produtividade (ton.seco/ha)
Potencial produtivo (ton.seco/ha)
Figura 14 Potencial produtivo do açafrão, em ton./ha, conforme opinião dos produtores
entrevistados, Mara Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
As Diárias Homem (DH) utilizadas nas etapas de cultivo foram de 10DH/ha na
etapa de plantio e 8DH/ha em cada capina. A colheita, realizada em latas de 10,0kg,
foi contratada por em média de R$1,00 a R$1,50 por lata, dependendo do tamanho
dos rizomas, com valores menores para colheita de rizomas maiores. Foram ainda
utilizadas, em média, 25DH/ha no beneficiamento do açafrão fatiado e 15DH/ha no
beneficiamento do açafrão cozido inteiro. As atividades de plantio, uma capina e
beneficiamento, em dia, utilizaram em áreas de proprietários e arrendadas
55DH/ha (Tabela 28).
88
Tabela 27 Quantidade de trabalhadores envolvidos durante um ciclo de produção
do açafrão pelos produtores entrevistados, Mara Rosa, GO, 2009.
Quantidade de trabalhadores (pessoas)
Beneficiamento
Tipo de trabalhador
Plantio
Capina
Colheita
Fatiado
Cozido inteiro
Total
Contratado no município 299 152 222 17 36 726
Familiar 76 76 53 23 24 252
Contratado de fora do município 0 3 40 0 0 43
Contratado permanente 0 0 0 0 0 0
Total 375 231 315 40 60 1.021
Fonte: Dados de pesquisa.
Tabela 28 Quantidade de diárias necessárias por hectare pelos produtores,
arrendatários e proprietários de terras, nas etapas de cultivo do
açafrão, Mara Rosa, GO, 2009.
Beneficiamento
Etapas do cultivo Plantio Por capina
Fatiado Cozido inteiro
Tipo de produtor Nº.
DH/ha Nº.
DH/ha Nº.
DH/ha Nº.
DH/ha
Proprietário de terras 26
9 25
9 6 24 5 14
Arrendatário 36
10 34
7 4 27 10
16
Total 62
10 59
8 10
25 15
15
Fonte: Dados de pesquisa.
4.1.3.4 Transporte do açafrão do campo para a indústria
O transporte do produto para a indústria era predominantemente por frete
particular (77,9%), em “caminhão Truck” (66,2%), “caminhão toco” ou trator com
carreta. Outra forma de frete praticado por 10,3% dos produtores era em veículos
próprios como caminhonetes, trator com carreta e pick-ups. O frete tipo “caminhão
Truck” cedido pela Prefeitura (25,0%), segundo relatos dos produtores, foi adquirido
com recursos do PRONAF para atender aos pequenos produtores da região, os
quais pagavam apenas o óleo consumido durante o frete. Alguns produtores (4,4%)
relataram que pretendem realizar o frete após a primeira colheita com caminhão
cedido pelo PRONAF por meio da prefeitura (Tabela 29). Os produtores relataram
que o “Caminhão Truck” era um caminhão maior com capacidade para carregar até
89
14,0t do produto por viagem; o “Caminhão toco”, era um caminhão menor com
capacidade para carregar em torno de 7,0t. Eram utilizados ainda caminhonete e
carreta com capacidade para carregar em torno de 2,0t e veículos com carroceria
que carregavam até 1,0t por viagem, segundo relatos de produtores locais.
Tabela 29 Tipo de transporte utilizado pelos produtores para transportar o açafrão
até a agroindústria, Mara Rosa, GO, 2009.
Frequência
Descrição
Absoluta Relativa (%)
Frete próprio 5 7,35
Frete próprio e particular 2 2,94
Frete particular 41 60,29
Frete particular e através da Prefeitura 10 14,71
Frete através da Prefeitura 7 10,29
Outras 3 4,41
Total 68 100,00
Fonte: Dados de pesquisa.
Em média, os trajetos até as propriedades de produção de açafrão eram de
21,6km partindo da sede da COOPERAÇAFRÃO, sendo 12,9km de estrada de chão
e 8,7km de estrada asfaltada. Segundo os produtores, 56,4% das estradas de chão
estavam em estado de conservação considerado bom, permitindo o trânsito normal
dos veículos, 29,5% das estradas estavam em condições ruins e 14,1% das
estradas de chão estavam em péssimas condições. Em relação às estradas
asfaltadas, 94,1% foram consideradas novas ou em bom estado de conservação.
(Tabela 30)
4.1.3.5 Comercialização
Ficou constatado que 38,2% dos produtores entregaram toda a produção à
cooperativa, 20,6% venderam para outros intermediários locais ou feiras de Goiânia,
10,3% entregaram parte na cooperativa e parte para intermediários locais e 30,9%
dos produtores ainda não tinham produzido açafrão. Foram entregues à cooperativa
70,2t de “açafrão cozido inteiro” e 3,5t de “açafrão fatiado” produzidos nas
propriedades, e a cooperativa produziu 147,2t de “açafrão cozido inteiro”. No total, a
90
cooperativa comercializou 220,9t do produto desidratado. Para os intermediários
locais foram vendidas 37,1t de “açafrão cozido inteiro” e 31,9t de “açafrão fatiado”;
0,6t do produto em pó foram comercializadas diretamente pelo produtor em feiras de
Goiânia. Alguns produtores armazenaram parte de sua produção para vender em
outras épocas. A comercialização da produção de açafrão dos produtores
entrevistados deu-se predominantemente (87,6%) na forma de “açafrão cozido
inteiro”, seguida de “açafrão fatiado” (12,2%) e depois açafrão em (0,2%) (Tabela
31).
Tabela 30 Percentual do estado de conservação das estradas e percurso médio
realizados pelos produtores de açafrão, Mara Rosa, GO, 2009.
Estado de conservação (%)
Estrada
Nº. de
trajetos
Nova Boa Ruim Péssima
Percurso
médio
(km)
Desvio
padrão
(km)
Mediana
(km)
Asfaltada 34 2,94 91,18 5,88 0,00 8,66 10,03 6,00
De chão 78 0,00 56,41 29,49 14,10 12,94 8,16 12,00
Total 112 - - - - 21,60 18,19 18,00
Fonte: Dados de pesquisa.
Os preços médios pagos ao produtor pela cooperativa foram de R$2,42/kg do
“açafrão cozido inteiro” e R$2,25/kg do “açafrão fatiado”. Os preços médios pagos
pelos intermediários locais foram de R$2,07/kg do “açafrão cozido inteiro” e
R$2,05/kg do “açafrão fatiado” e em feiras livres de Goiânia o preço recebido pelo
produtor foi de R$3,50/kg de açafrão em pó. O produtor, ao entregar o produto para
a cooperativa, realizava o pagamento do frete do produto até a cooperativa, não
precisando realizar o beneficiamento na propriedade, o que reduzia o custo de
produção. Além disso, os preços observados por quilo do produto desidratado eram
maiores que os preços pagos aos produtores por intermediários locais. Mesmo
assim, produtores realizavam a venda para intermediários locais por receberem o
pagamento à vista, possibilitando amortizar o financiamento ao banco e aos
trabalhadores durante a colheita. A cooperativa, por não possuir recursos para
pagamentos à vista, buscava junto ao Banco do Brasil conseguir recursos do
PRONAF a fim de realizá-los.
O produto era comercializado pela cooperativa para empresas compradoras
91
por preços entre R$3,00 e R$3,80/kg do produto desidratado, sendo repassado ao
produtor por valores entre R$2,42 e R$2,60/kg. O produto desidratado na
propriedade era vendido separadamente do açafrão beneficiado na cooperativa. A
cooperativa estabeleceu, por meio de reunião com os produtores cooperados, que o
açafrão devesse ser entregue in natura para preservar a uniformidade do produto
final, o nível de pureza e a umidade, sendo pago ao produtor preço mínimo de
R$2,42/kg do produto desidratado. A cooperativa realizava o pagamento aos
produtores da Previdência Social ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS),
e esse valor era descontado do montante pago ao produtor.
Tabela 31 Formas de comercialização do açafrão pelos produtores entrevistados,
Mara Rosa, GO, 2009.
Formas de comercialização Porcentagem (%)
Cozido inteiro 87,62
Fatiado 12,19
0,19
Total 100,00
Fonte: Dados de pesquisa.
A margem de preço entre R$0,60 e R$1,20/kg do produto desidratado era
utilizada pela cooperativa no custeio do beneficiamento, despesas administrativas,
divulgação e marketing, pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Prestação de Serviços (ICMS), entre outros gastos, e no caso de haver sobras, os
produtores cooperados decidiam se seriam investidas, rateadas entre os cooperados
ou se seriam reservadas na conta da cooperativa. A cooperativa adquiriu no ano de
2009 um terreno com área de 1,0 alqueire na zona urbana do município de Mara
Rosa, onde irá construir uma agroindústria com capacidade de processamento maior
que a atual para atender maior parte da produção de açafrão na região.
Segundo informações do presidente e gerente da cooperativa o açafrão era
comercializado com teor de matéria seca do produto final entre 15,0% e 18,0%,
sendo, portanto, mais de 80,0% de umidade extraída do produto in natura. A
cooperativa realizava ainda análise do grau de umidade do produto seco na própria
cooperativa, sendo o produto comercializado com nível de umidade entre 10,0% e
92
12,0% do produto final. A cooperativa também realizava, antes da comercialização,
análise do teor de curcumina a partir de amostras retiradas de lotes do produto, em
laboratório no Estado de São Paulo, e análise microbiológica em laboratório da UFG
em Goiânia.
A forma de pagamento do produto comercializado pela cooperativa, segundo
relatos do gerente, era a prazo por meio de boleto bancário; por isso o pagamento
aos cooperados dava-se em parcelas mensais ou bimestrais. O imposto ICMS na
aquisição da nota fiscal para transporte do produto entre municípios para as
empresas de Goiás, segundo fiscal de arrecadação da Secretaria da Fazenda do
município de Mara Rosa, era de 17,0% sobre o preço de tabela do açafrão seco.
Para outros estados no país o imposto às empresas era de 12,0% sobre o preço de
tabela, menos 18,0% sobre o crédito presumido agrícola, sendo então R$102,00/t
para empresas de Goiás e R$59,00/t para empresas dos outros estados. Desse
valor arrecadado com o imposto, 25,0% são destinados ao município e 75% ao
estado.
Durante a entrevista observou-se que a maioria dos produtores desconhecia os
nomes das empresas compradoras e responderam apenas os estados onde ficavam
as mesmas. As empresas compradoras citadas pelo presidente e gerente da
cooperativa foram Corantec, Sun Foods, Tradal Brazil, Penina Alimentos, Capsum
Nigrum Ingredientes, Tebracc, Hervaquímica localizadas em São Paulo-SP –,
BSG especiarias localizada em Barueri-SP, Fuchs Brasil localizada em Itupeva-SP,
KRAKI (Kienast e Kratschmer Ltda) localizada em Santo André-SP, Urubio
localizada em Eusébio-CE, Indústria de Produtos Alimentícios ARJ Ltda e KIARJO
localizadas em Goiânia-GO.
4.1.3.6 Renda dos produtores de açafrão
Do total de produtores entrevistados, 47,1% reconhecem no açafrão sua maior
fonte de renda. Destes, a maior parte (60,0%) são arrendatários, podendo-se inferir
que arrendatários são mais dependentes dessa renda, ou, ainda, que se encontra
maior diversificação de atividades entre os proprietários de terras. Foram registradas
outras atividades nas propriedades visitadas, tendo-se encontrado em 33,8%
produção de leite, em 23,5% gado de corte, em 38,2% avicultura, em 32,4%
93
suinocultura, em 3,0% cultivo de soja, em 35,3% produção de arroz, em 54,4%
cultivo de milho, em 36,8% produção de banana, em 30,9% produção de mandioca e
em 30,9% produção de outros hortifrutigranjeiros. Constituem atividades para auto-
consumo e comercialização de excedentes (Figura 15).
A Renda Bruta Anual (RBA) média com atividades agropecuárias entre os
produtores foi de R$16.240,03, para os arrendatários foi de R$11.906,61 e para os
produtores proprietários, R$21.240,13. a RBA média na atividade do açafrão
entre os produtores foi de R$8.478,30, o que representou 52,2% da RBA média com
todas as atividades agropecuárias. Os arrendatários obtiveram a RBA média com
açafrão de R$8.231,61, representando 69,1% da RBA média total e, entre os
proprietários, a RBA média tida com açafrão foi de R$8.762,95, representando
41,3% da RBA média total (Tabela 32).
23,5
13,2
5,9
16,2
4,4
11,8
100,0
10,3
10,3
35,3
32,4
29,4
38,2
32,4
29,4
19,1
2,9 0,0
1,5
1,5
1,5
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Pecuária
de Leite
Pecuária
de Corte
Aves Suínos Soja Arroz Milho Banana Mandioca Outras Açafrão
%
Comercialização Auto-consumo
Figura 15 Percentual de propriedades visitadas, com outras atividades, associadas à produção de
açafrão, para auto-consumo e comercialização, Mara Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
4.1.3.7 Principais investimentos realizados pelos produtores de açafrão
Ficou constatado que 22,1% dos produtores não realizaram investimentos e
76,5% realizaram investimentos em aquisições e/ou reformas de casas, veículos,
máquinas, equipamentos, terrenos, animais e benfeitorias nas propriedades. Entre
os produtores, o valor dio empregado em investimentos nos últimos três anos foi
de R$24.665,67 e o valor mediano de R$15.000,00, sendo que entre os
94
arrendatários o valor médio foi de R$16.147,30 e o valor mediano de R$8.500,00.
Entre os proprietários de terras, o valor médio foi de R$35.171,67 e o valor mediano
de R$25.000,00. Os investimentos realizados pelos produtores nos últimos três anos
foram aquisições de terras, veículos, equipamentos e quinas agrícolas, terrenos
na cidade, construção ou reforma de casa, benfeitorias, e outros, como reforma de
veículos, compra de gado e equipamentos para comércio na cidade. (Figura 16)
Tabela 32 Rendas Brutas Anuais obtidas pelos produtores nas atividades
agropecuárias e no açafrão, Mara Rosa, GO, 2009.
Atividades Agropecuárias
Renda Bruta Anual*
Frequência
absoluta
Valor
médio
(R$/ano)
Desvio
Padrão
(R$/ano)
Mediana
(R$/ano)
Limite
mínimo
(R$/ano)
Limite
máximo
(R$/ano)
Produtores (Total) 56 16.240,03
18.566,46
10.833,33
500,00 112.000,00
Proprietários de terras
56 21.240,13
21.672,05
18.166,67
500,00 112.000,00
Arrendatários 56 11.906,61
14.388,60
8.300,00 800,00 73.333,33
Renda Bruta Anual* Atividade do Açafrão
Produtores (Total) 56 8.478,30 1.333,33 5.000,00 0,00 40.000,00
Proprietários de terras
56 8.762,95 9.460,62 9.000,00 0,00 40.000,00
Arrendatários 56 8.231,61 9.181,05 5.000,00 0,00 35.333,33
* Renda Bruta Anual (RBA) obtida pela média das RBA’s dos anos de 2006, 2007 e 2008.
Fonte: Dados de pesquisa.
4.1.3.8 Parcerias e gerenciamento da produção de açafrão
Na produção de açafrão, 63,2% dos produtores alegaram ser os únicos
proprietários, 30,9% tinham sociedade com familiares, 1,5% tinham sociedade com
terceiros e 4,4% recebiam açafrão pelo arrendamento de suas terras. Um produtor
vendeu a sua lavoura, e pretende deixar a atividade. O gerenciamento da atividade
era realizado em maior frequência pelo produtor junto com a família (97,1%), e
apenas 1,5% contrataram administrador para gerenciar sua produção. Ocorreu que
45,6% dos produtores realizaram algum tipo de controle de despesas e receitas,
sendo que 39,7% realizavam controle através de anotações em cadernetas, 5,9%
por meio de planilhas eletrônicas, e 1,5% realizava outra forma de controle. O
cálculo do custo de produção de toda a área era feito a partir do acompanhamento
95
do custo observado em parte da área.
16,2
11,8
8,8
30,9
13,2
47,1
32,4
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Aquisição de
terras
Aquisição de
vculos
Aquisição de
equipamentos
e máquinas
Aquisição de
terreno na
cidade
Construção ou
reforma de
casa
Construção ou
reforma de
benfeitorias
Outros
%
Figura 16 – Percentual dos produtores e investimentos realizados nos últimos três anos (2006, 2007 e
2008), Mara Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
Quando questionados sobre o custo estimado por hectare de açafrão
produzido, pequeno número de produtores (23,5%) que realizam sua contabilidade
relataram a média de R$8.347,50. Destes, 13,2% responderam que o custo estava
entre R$5.001,00 e R$10.000,00/ha, 4,4% responderam entre R$3.000,00 e
R$5.000,00/ha, igual porcentagem entre R$10.001,00 e R$15.000,00/ha e 1,5%
relataram que o custo estava entre R$15.001,00 e R$20.000,00/ha. Os itens
avaliados pelos produtores no cálculo do custo foram desmatamento, catação de
tocos e raízes, preparo do solo (horas máquina), sementes, diárias (familiar e
contratada), alimentação dos trabalhadores, lona, frete e sacarias. Muitos
produtores, no entanto, não levaram em conta todos os itens citados no cálculo do
custo de produção.
As principais fontes de informações de preços consultadas pelos produtores
eram: a cooperativa (77,9%), seguida dos intermediários locais (23,5%) e depois
produtores vizinhos (19,1%). (Figura 17)
Os principais problemas enfrentados pelos produtores na atividade do açafrão,
como demonstra a Figura 18, eram, para 73,5% dos produtores, a contratação de
mão-de-obra, principalmente na colheita; para 60,3% dos produtores, a falta de
recursos para investimentos, como aquisição de terras e máquinas; para 36,8% dos
produtores os problemas estavam no mercado, em razão do baixo preço pago ao
96
produtor; para 22,1% dos produtores o problema era a falta de tecnologia adequada
à atividade e para 5,9% dos produtores o problema era a falta de recursos de
produção, como herbicida que não atinja a cultura e falta de uma colhedora de
açafrão.
19,1
5,9
23,5
77,9
1,5
0,0
5,9
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Produtores
vizinhos
Comércio local Comprador Cooperativa Rádio e/ou
televisão e/ou
internet
Jornal e/ou
revista
Não
acompanha
%
Figura 17 Meios de informações de preço do produto consultados pelos produtores de açafrão, em
%, Mara Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
60,3
22,1
5,9
36,8
73,5
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Recursos de capital Tecnologia Recursos de
produção
Mercado Mão-de-obra
%
Figura 18 – Principais dificuldades apresentadas pelos produtores de açafrão, em %, Mara Rosa, GO,
2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
Quando questionados se tinham ou não lucro com a atividade, 88,2% dos
produtores responderam ter lucros, 8,8% responderam não ter lucro e 2,9% dos
97
produtores não responderam. Caso a rentabilidade com a atividade fosse pequena,
55,9% dos produtores relataram que continuariam a produzir a cultura mesmo sem
boa rentabilidade, e 44,1% responderam que não continuariam na atividade.
Os produtores responderam com maior frequência que continuariam na
atividade porque acreditavam que mesmo havendo baixa rentabilidade por um
momento esperavam melhora da rentabilidade com a atividade futuramente (38,2%);
por acreditarem na administração da cooperativa; ou continuariam porque poderiam
manter armazenado o produto seco até que houvesse melhor preço; ou poderiam
deixar no campo sem colher por algum período até a melhoria no preço; ou porque
acreditavam que futuramente o custo de produção reduziria com a obtenção, por
exemplo, de máquina para colher. Já os produtores que responderam que não
continuariam na atividade quando observassem baixa rentabilidade porque
apresentavam outras formas de rendimento e investiriam nelas deixando a atividade
do açafrão (25,0%), como apresentado na Tabela 33.
4.1.3.9 Créditos agrícolas
A maior parte (73,5%) dos produtores solicitou financiamento de custeio para a
produção de açafrão, e 2,9% utilizaram financiamentos de custeio e investimento
para produção de açafrão e atividade pecuária. Os financiamentos eram realizados
pelo Banco do Brasil por meio dos recursos do PRONAF e BNDES, sendo que o
valor médio do financiamento por produtor era de R$12.730,00, com juros entre
1,5% e 8,8% ao ano, sem parcelamento para o financiamento de custeio e prazo
para pagamento de 2 anos, e no financiamento de investimento juros entre 3,0% e
7,0% ao ano divididos em parcelas com prazos para pagamento de 6 meses a 1
ano. Observou-se que 76,5% dos produtores realizaram financiamento, entre os
quais 44,1% eram produtores arrendatários e 32,4% eram proprietários de terras.
Conforme demonstrado na Figura 19, com maior frequência os produtores
realizaram empréstimos de até R$10.000,00 (41,2%), em seguida entre
R$10.001,00 e R$20.000,00 (23,8%).
98
Tabela 33 Percentual de respostas dos agricultores produtores de açafrão se
continuariam ou não na atividade com baixa rentabilidade, Mara Rosa,
GO, 2009.
Frequência
Respostas dos produtores
Relativa (%)
Absoluta
Não continuaria por não depender principalmente do açafrão, por
isso procuraria outras atividades que a substituam.
14,71 10
Continuaria, pois acredita na melhora da rentabilidade na atividade
futuramente.
38,24 26
Não continuaria por depender principalmente da renda do açafrão,
assim procuraria outras atividades que a substituam.
25,00 17
Não continuaria devido ao alto custo de produção da cultura e à
dificuldade de administrar os trabalhadores.
4,41 3
Continuaria, pois ainda que apresentasse rentabilidade baixa outras
culturas não seriam mais rentáveis que o açafrão na região.
10,29 7
Continuaria, pois apesar dos baixos rendimentos a família depende
da renda com as diárias para sobreviver.
5,88 4
Continuaria por ser uma cultura de fácil condução, resistente a
pragas e doenças e intempéries.
1,47 1
Total
100,00 68
Fonte: Dados de pesquisa.
41,2%
25,0%
8,8%
1,5%
23,5%
Até R$10.000,00 De R$10.001,00 e R$20.000,00
De R$20.001,00 e R$30.000,00 Maior que R$30.000,00
Não realizaram financiamento
Figura 19 Valores de financiamentos realizados pelos produtores de açafrão, em %, Mara Rosa,
GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
99
4.1.3.10 Assistência técnica e capacitação dos produtores de açafrão
Entre os produtores, 23,5% recebiam assistência técnica e 76,5% não faziam
uso dela, sendo que 20,6% usavam assistência de profissionais autônomos, 4,4%
faziam uso de técnicas obtidas de profissionais da Universidade Federal de Goiás e
de conhecimentos próprios. Um produtor é agrônomo e outro é técnico agrícola.
Outros 2,9% obtinham assistência com a cooperativa (Figura 20).
0,0 0,0
76,5
2,9
20,6
4,4
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Órgãos
blicos
Cooperativa Profissionais
autonômos
Profissinais
empregados
Outros Nao utilizaram
assistência
técnica
%
Figura 20 Frequência dos tipos de assistência técnica utilizadas por produtores de açafrão, Mara
Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
As principais fontes de informações técnicas consultadas pelos produtores
eram produtores vizinhos (41,2%), internet, televisão e livros (33,8%), seguidos por
cursos e treinamentos (30,9%) (Figura 21). Participaram de cursos, treinamentos
e/ou palestras sobre a produção do açafrão por mais de uma vez por ano 48,5% dos
produtores entrevistados, 36,8% participaram uma vez por ano e 14,7% alegaram
nunca terem participado. Os cursos e treinamentos eram organizados, financiados e
realizados pela COOPERAÇAFRÃO e por instituições parceiras como SEBRAE,
UFG, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, dentre outros,
participantes do RG-APL.
100
4.1.3.11 Considerações dos produtores a respeito da COOPERAÇAFRÃO
Quanto aos benefícios observados pelos produtores com a criação da
COOPERAÇAFRÃO, como expõe a Figura 22, ficou constatado que 83,8%
observaram acesso mais facilitado a financiamentos, 82,4% avaliaram que detinham
um produto de melhor qualidade, 80,9% notaram melhor comercialização do
produto, 70,6% constataram que o produto apresentou valorização no preço, 70,6%
notaram que os produtores estavam mais unidos e 67,6% afirmaram ter recebido
capacitação técnica.
41,2
30,9
23,5
33,8
23,5
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
%
Produtores vizinhos Cursos e/ ou treinamentos Revistas agropecuárias
Outras Não consultavam
Figura 21 Frequência das principais fontes de informações técnicas utilizadas pelos produtores de
açafrão, Mara Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
Entre os produtores, 20,6% mencionaram ainda outros benefícios, como
obtenção de maior número de parceiros e recursos; transferência de conhecimento
sobre a atividade do açafrão aos produtores; geração de maior credibilidade junto às
empresas compradoras; representação dos produtores na concessão de
prorrogação de dividas no banco; geração de oportunidades para o produtor crescer
mais independentemente e de forma auto-sustentável; maior liberdade para
comercializar o produto, não ficando restrito aos atravessadores; estabilidade no
preço local do produto; benefício ao produtor na negociação de insumos e
equipamentos por preços menores; beneficiamento com período mais curto,
disponibilizando o produto mais rapidamente no mercado; e facilitação do acesso
101
dos produtores a novas tecnologias.
Ao questionar os produtores sobre qual era a opinião a respeito da cooperativa,
ficou constatado que 73,5% destes apresentaram opiniões positivas sobre a
cooperativa, 17,6% apresentaram críticas e insatisfações sobre a cooperativa e
8,8% dos produtores apresentaram opiniões que revelavam esperança de alcançar
bons resultados através da cooperativa. As opiniões positivas mais frequentes
foram: que houve o fortalecimento da atividade do açafrão na região (42,6%), uma
vez que com a cooperativa houve o aumento do preço pago ao produtor, melhora da
qualidade fitossanitária e da pureza, eficiência no processamento e credibilidade em
relação às empresas compradoras; que a cooperativa representa a classe de
produtores de açafrão na região (22,1%), negociando dívidas com as empresas
financiadoras e gerando maior poder de negociação com as empresas compradoras;
que a cooperativa tem gerado muito emprego na região (5,9%) e por meio desta as
negociações injustas com os atravessadores haviam acabado (2,9%).
70,6
82,4
70,6
80,9
67,6
39,7
83,8
20,6
2,9
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0
Valorização do produto
Qualidade do produto
União entre os produtores
Melhor comercialização
Capacitação técnica
Alternativas de empréstimos
Acesso aos financiamentos
Outros
Nenhum
%
Figura 22 – Benefícios observados pelos produtores de açafrão, em %, após a implantação da
COOPERAÇAFRÃO, Mara Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
Produtores também apresentaram opiniões negativas; a mais comum foi que a
cooperativa não tinha proporcionado resultados satisfatórios para o produtor de
açafrão (17,6%). Dentre as principais insatisfações alegadas pelos produtores
estava a forma de pagamento em parcelas e não o valor integral, como ocorria com
a venda para os atravessadores e outros devido à não valorização do produto com
102
qualidade superior, como teor de curcumina maior, fitossanidade e pureza, sendo
pago o mesmo valor independente da qualidade do produto.
4.1.4 Perfil Ambiental
Ao serem questionados se o meio ambiente precisava ser preservado, todos os
produtores responderam afirmativamente. Dentre os motivos alegados pelos
produtores pelos quais o meio ambiente precisa ser preservado, 27,6%
demonstraram preocupação com a qualidade de vida e sobrevivência do ser
humano no presente e futuramente; 15,3% preocuparam-se com a sustentabilidade
agrícola para que essa geração e as próximas possam praticar atividades
agropecuárias a fim de terem sua renda e produzirem alimentos; 10,0%
mencionaram a possibilidade de haver escassez de água para a produção de
alimentos, para o ser humano e para os animais; 13,6% consideraram a questão das
mudanças climáticas, com o aquecimento global e a ocorrência de chuvas fortes em
determinados locais e seca em outros; e 32,0% explanaram apreensão com a
possibilidade de extinção de espécies de plantas e animais, que não seriam
conhecidos pelas próximas gerações, e a destruição da natureza em geral. Entre os
produtores, 1,5% ou um produtor não soube enumerar motivos para preservar o
meio ambiente (Tabela 34).
A maioria dos produtores ou 64,7% relataram que praticavam a queima da
vegetação seca na colheita do açafrão. Entre os produtores de açafrão, 86,7%
responderam manter a área de reserva legal. Quando questionados sobre a
utilização de técnicas agrícolas durante o cultivo do açafrão para preservação do
meio ambiente, os produtores responderam, como representado na Figura 23, que
não utilizavam adubação mineral, que pode prejudicar o solo e a flora microbiana do
solo (91,2%); que preservavam a mata ciliar (89,7%); que adotavam plantio em
nível, plantio realizado em linhas perpendiculares à direção da enxurrada (69,1%);
que não aplicavam agroquímicos, como herbicidas e fungicidas (67,6%); que
realizavam reflorestamento (16,2%); que realizavam terraceamento, que são
barreiras para diminuir a velocidade da água da chuva, utilizado em terrenos com
maior declividade (4,4%); que praticavam também o plantio direto, que o plantios
realizados sobre a palha de plantios realizados anteriormente sem realizar preparo
103
convencional do solo, mantendo a estrutura natural do solo (4,4%); e outras técnicas
como rotação de cultura e contenção da água da chuva com empilhamento de
restos vegetais do desmatamento no sentido contrário à descida da água da chuva
(4,4%).
Tabela 34 Motivos para preservação do meio ambiente, respondidos pelos
produtores entrevistados, em %, Mara Rosa, GO, 2009.
Frequência
Respostas dos produtores
Relativa (%)
Absoluta
Para garantir a nossa própria sobrevivência e ter qualidade de vida 27,57 19
Para que haja sustentabilidade agrícola 15,32 10
Para que os animais, plantas e a natureza em geral não
desapareçam ou fiquem prejudicados
31,99 22
Para que não haja escassez de água 10,05 7
Para não ocorrerem alterações drásticas no clima 13,60 9
Não responderam 1,47 1
Total 100,00 68
Fonte: Dados de pesquisa.
4,4 4,4
16,2
67,6
4,4
89,7
69,1
91,2
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Preservação da
mata ciliar
Terraceamento Plantio direto Reflorestamento Plantio em nível Não utilização
de adubação
mineral
Não aplicação
de herbicidas
Outras técnicas
%
Figura 23 Técnicas agrícolas adotadas pelos produtores de afrão que preservam o meio
ambiente, em %, Mara Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
Os produtores responderam com maior frequência que as principais fontes de
informações consultadas para preservação do meio ambiente eram, rádio, televisão
104
e/ou internet (70,6%), cooperativa (51,5%), jornal e/ou revista (44,1%) e participação
em cursos e/ou treinamentos (33,8%) (Figura 24).
22,1
33,8
51,5
70,6
44,1
10,3
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Produtores vizinhos Cursos e/ou
treinamentos
Cooperativa Rádio, televisão
e/ou internet
Jornal e/ou revista Não consultam
%
Figura 24 Principais fontes de informações sobre o meio ambiente entre os produtores de açafrão,
em %, Mara Rosa, GO, 2009.
Fonte: Dados de pesquisa.
105
5. ANÁLISE DE CUSTOS E RECEITAS DA PRODUÇÃO DE AÇAFRÃO
5.1 Custos na Produção Agrícola do Açafrão
5.1.1 Custo das Atividades no Cultivo
A pesquisa revelou que no ano de 2008 o preço local pela hora máquina (HM)
de trator mais potente para o desmatamento era de R$100,00, e para o preparo do
solo R$80,00/HM. Considerou-se para os custos de uma plantação que todos os
produtores entrevistados contrataram tratorista, com máquinas e implementos, no
desmatamento e preparo do solo, pela baixa frequência de produtores com
máquinas e implementos. Não foram considerados nos custos variáveis os trabalhos
realizados pela família, que comumente os produtores não realizavam o
pagamento formal do trabalho familiar. O valor das diárias para os trabalhadores
contratados era de R$35,00, com diária de R$30,00 mais a alimentação.
Na colheita o valor pago pelo serviço variava de acordo com a quantidade de
latas colhidas. O frete particular custava por quilômetro (km) percorrido o mesmo
que um litro (L) de óleo diesel por km, cotado a preço de 2008 a R$1,90/L. No frete
próprio e do PRONAF foi considerado o preço do combustível consumido durante o
frete. O quilo do rizoma “semente” comprado custava R$0,57, preço local, e o rizoma
“semente” próprio foi cotado a R$0,31, com base no custo de produção médio
constatado na pesquisa. Os valores médios dos juros com financiamento após o
ciclo da cultura, com prazo de financiamento de dois anos, também fizeram parte
dos custos variáveis.
O custo fixo não compôs o custo de produção. Não foi calculada a depreciação
pelo baixo número de produtores que tinham máquinas e equipamentos, sendo
maior o número de produtores que possuíam equipamentos de beneficiar o açafrão,
porém, pelo baixo custo dos equipamentos e longo período de uso dos mesmos, o
cálculo da depreciação não foi realizado. Além disso, a remuneração do empresário
e o aluguel da terra não foram considerados na obtenção dos custos.
106
5.1.2 Custo de Produção de Açafrão e Contratos de Arrendamento
Produtores arrendatários e proprietários revelaram como valores dos itens de
custo por hectare de açafrão R$6.826,27 e R$7.018,73, respectivamente. Ao-de-
obra na colheita constitui a maior parcela dos custos (30,2%), seguido dos custos de
sementes (20,2%) e os custos do capital (14,4%), que juntos constituíam maior
parcela (64,8%) dos custos incorridos pelos arrendatários (Tabela 35). Para os
proprietários, 31,0% dos custos são referentes ao pagamento da mão-de-obra na
colheita, ao financiamento (18,3%) e às sementes (10,9%) (Tabela 36).
Tabela 35 – Custo (R$/ha) do açafrão para os arrendatários, Mara Rosa, GO, 2009.
Itens Tipo Unidade Quantidade (a)
Preço
Unitário
(R$) (b)
Valor (R$)
(a*b)
Participação
no Custo
(%)
PREPARO DO SOLO
Aração Contratado
HM 2,0 80,00 160,00 2,34
Gradagem Contratado
HM 2,0 80,00 160,00 2,34
PLANTIO
Mão-de-obra Contratado
DH 7 35,00 230,09 3,37
Rizomas "sementes" Comprado kg 2422,8 0,57 1.381,00 20,23
Rizomas "sementes" Próprio kg 1861,5 0,31 577,06 8,45
Capinas Contratado
DH 14 35,00 473,63 6,94
COLHEITA
Mão-de-obra Contratado
Lata (10 kg) 1934 1,07 2.063,19 30,22
Sacaria (pós-colheita) Unidade 587 0,46 270,08 3,96
BENEFICIAMENTO
"Açafrão Cozido Inteiro" Contratado
kg seco 636,0 0,53 338,34 4,96
"Açafrão Fatiado" Contratado
kg seco 66,0 0,67 44,19 0,65
Frete km 26,6 1,46 38,79 0,57
Sacaria (pós-beneficiamento)
Unidade 106 1,00 105,68 1,55
Financiamento (Juros) % a.a. 984,23 14,42
Total (R$/ha) 6826,27 100,00
Custo médio (R$/kg seco) 1,41 -
Fonte: Dados de pesquisa.
107
Tabela 36 – Custo (R$/ha) do açafrão para os proprietários, Mara Rosa, GO, 2009.
Itens Tipo Unidade Quantidade (a)
Preço
Unitário
(R$) (b)
Valor (R$)
(a*b)
Participação
no Custo
(%)
PREPARO DO SOLO
Aração Contratado
HM 2,0 80,00 160,00 2,28
Gradagem Contratado
HM 2,0 80,00 160,00 2,28
PLANTIO
Mão-de-obra Contratado
DH 6 35,00 216,13 3,08
Rizomas "sementes" Comprado kg 895,7 0,57 510,52 7,27
Rizomas "sementes" Próprio kg 2461,1 0,31 762,95 10,87
Capinas Contratado
DH 18 35,00 625,41 8,91
COLHEITA
Mão-de-obra Contratado
Lata (10 kg) 2089 1,05 2.187,36 31,16
Sacaria (pós-colheita) Unidade 613 0,46 282,11 4,02
BENEFICIAMENTO
"Açafrão Cozido Inteiro" Contratado
kg seco 599,7 0,53 318,99 4,54
"Açafrão Fatiado" Contratado
kg seco 523,1 0,67 350,43 4,99
Frete km 32,3 1,46 47,11 0,67
Sacaria (pós-beneficiamento)
Unidade 110 1,00 110,39 1,57
Financiamento (Juros) % a.a. 1.287,33 18,34
Total (R$/ha) 7018,73 100,00
Custo médio (R$/kg seco) 1,41 -
Fonte: Dados de pesquisa.
Não houve diferença real nos custos de produção, para arrendatários e
proprietários, conforme mostrou o teste estatístico t (Student), com nível de
significância de 5,0% de probabilidade (Tabela 37).
Os custos de produção dos arrendatários foram calculados conforme os
acordos informais de arrendamento observados durante a pesquisa. O valor do
arrendamento foi incluído nos custos variáveis, que varia com a produtividade, e,
para os arrendatários I (Tabela 38), que pagaram o arrendamento com 15,0% da
produção, entrou também o valor do desmatamento, que para os donos da terra é
um investimento e não aparece no custo de produção. No ano de 2008, para todas
as formas de arrendamento, seu valor teve a maior participação no custo de
produção, seguido do custo de colheita. Os custos de produção observados foram
de R$9.276,63, R$9.238,21, R$8.372,93 e R$9.465,71 aos arrendatários que
pagavam pelo uso da terra valores médios de 15,0%, 25,0%, 35,0% e 45,0% da
produção final, respectivamente. É, portanto, o Arrendatário IV, que pagou com
108
45,0% da produção, aquele com maior custo de produção.
Tabela 37 Custo (R$/ha) do açafrão para os arrendatários e proprietários, Mara
Rosa, GO, 2009.
Arrendatários Proprietários
Itens Tipo
R$ % R$ %
PREPARO DO SOLO
Aração Contratado 160,00a 2,34 160,00a 2,28
Gradagem Contratado 160,00a 2,34 160,00a 2,28
PLANTIO
Mão-de-obra Contratado 230,09a 3,37 216,13a 3,08
Rizomas "sementes" Comprado 1.381,00a 20,23 510,52a 7,27
Rizomas "sementes" Próprio 577,06a 8,45 762,95a 10,87
Capinas Contratado 473,63a 6,94 625,41a 8,91
COLHEITA
Mão-de-obra Contratado 2.063,19a 30,22 2.187,36a 31,16
Sacaria (pós-colheita) 270,08a 3,96 282,11a 4,02
BENEFICIAMENTO
"Açafrão Cozido Inteiro" Contratado 338,34a 4,96 318,99a 4,54
"Açafrão Fatiado" Contratado 44,19a 0,65 350,43a 4,99
Frete 38,79a 0,57 47,11a 0,67
Sacaria (pós-beneficiamento) 105,68a 1,55 110,39a 1,57
Financiamento (Juros) 984,23a 14,42 1.287,33a 18,34
Total (R$/ha) 6.826,27a 100,00 7.018,73a 100,00
Custo médio (R$/kg seco) 1,41a - 1,41a -
* Letras iguais significam que não houve diferença real entre as médias, calculado através do teste t
(Student) com nível de significância estatística de 5,0% de probabilidade para rejeição de h
0
.
Fonte: Dados de pesquisa.
5.1.3 Custo de Produção de Açafrão com base em Mão-de-Obra Familiar e
Contratada
Quando se analisam os custos de produção, referentes ao ano de 2008,
separando-se trabalho familiar e contratado, os arrendatários incorreram com custo
de R$9.133,66/ha e os proprietários com um total de R$9.169,50/ha. O pagamento
do trabalho familiar na atividade do açafrão resulta em renda líquida limitada (Tabela
39). A atividade do açafrão, por ser realizada por produtores tipicamente familiares,
sendo que a colheita, etapa mais trabalhosa, ocorre em período de entressafra das
109
demais culturas praticadas na região, bem como as mudanças em beneficio do
produtor rural com a entrada da cooperativa na região, parecem ser as razões
motivadoras pelas quais os produtores mantêm-se na atividade.
Tabela 38 Custos (R$/ha) do açafrão para os tipos de contratos de arrendamento,
Mara Rosa, GO, 2009.
Arrendatário I Arrendatário II Arrendatário III Arrendatário IV
Itens Tipo
R$ % R$ % R$ % R$ %
PREPARO DO SOLO
Desmatamento Contratado
700,00 7,55 - - - - - -
Catação de raízes e tocos Contratado
111,20 1,20 - - - - - -
Aração Contratado
160,00 1,72 - - - - - -
Gradagem Contratado
160,00 1,72 - - - - - -
PLANTIO
Mão-de-obra Contratado
230,09 2,48 230,09 2,49 230,09 2,75 230,09 2,43
Rizomas "sementes" Comprado
1.381,00
14,89 1.381,00
14,95 - - - -
Rizomas "sementes" Próprio 577,06 6,22 577,06 6,25 - - - -
Capinas Contratado
473,63 5,11 473,63 5,13 473,63 5,66 473,63 5,00
COLHEITA
Mão-de-obra Contratado
2.063,19
22,24 2.063,19
22,33 2.063,19
24,64 2.063,19
21,80
Sacaria (pós-colheita) 270,08 2,91 270,08 2,92 270,08 3,23 270,08 2,85
BENEFICIAMENTO
"Açafrão Cozido Inteiro" Contratado
338,34 3,65 338,34 3,66 338,34 4,04 338,34 3,57
"Açafrão Fatiado" Contratado
44,19 0,48 44,19 0,48 44,19 0,53 44,19 0,47
Frete 38,79 0,42 38,79 0,42 38,79 0,46 38,79 0,41
Sacaria (pós-beneficiamento)
105,68 1,14 105,68 1,14 105,68 1,26 105,68 1,12
Financiamento (Juros) 984,23 10,61 984,23 10,65 984,23 11,75 984,23 10,40
Arrendamento 1.639,16
17,67 2.731,94
29,57 3.824,71
45,68 4.917,49
51,95
Total (R$/ha) 9.276,63
100,00
9.238,21
100,00
8.372,93
100,00
9.465,71
100,00
Custo médio (R$/kg seco) 1,92 - 1,91 - 1,73 - 1,95 -
* Arrendatário I valor do arrendamento de 15,0% da produção final, Arrendatário II valor do
arrendamento de 25,0% da produção final, Arrendatário III valor do arrendamento de 35,0% da
produção final, e Arrendatário IV – valor do arrendamento de 45,0% da produção final.
Fonte: Dados de pesquisa.
110
Tabela 39 Custo (R$/ha) do açafrão, considerando trabalho familiar e contratado,
para os arrendatários e proprietários, Mara Rosa, GO, 2009.
Arrendatários Proprietários
Itens Tipo
R$ % R$ %
PREPARO DO SOLO
Aração Contratado 160,00a 1,75 160,00a 1,75
Gradagem Contratado 160,00a 1,75 160,00a 1,75
PLANTIO
Mão-de-obra Familiar 123,24a 1,35 112,63a 1,23
Mão-de-obra Contratado 230,09a 2,52 216,13a 2,36
Rizomas "sementes" Comprado 1.381,00a 15,12 510,52a 5,57
Rizomas "sementes" Próprio 577,06a 6,32 762,95a 8,33
Capinas Familiar 379,53a 4,16 465,54a 5,08
Capinas Contratado 473,63a 5,19 625,41a 6,83
COLHEITA
Mão-de-obra Familiar 747,95a 8,19 695,95a 7,60
Mão-de-obra Contratado 2.063,19a 22,59 2.187,36a 23,88
Sacaria (pós-colheita) 270,08a 2,96 282,11a 3,08
BENEFICIAMENTO
"Açafrão Cozido Inteiro" Familiar 668,89a 7,32 315,51a 3,44
"Açafrão Cozido Inteiro" Contratado 338,34a 3,70 318,99a 3,48
"Açafrão Fatiado" Familiar 387,78a 4,25 552,15a 6,03
"Açafrão Fatiado" Contratado 44,19a 0,48 350,43a 3,83
Frete 38,79a 0,42 47,11a 0,51
Sacaria (pós-beneficiamento) 105,68a 1,16 110,39a 1,21
Financiamento (Juros) 984,23a 10,78 1.287,33a 14,05
Total (R$/ha) 9.133,66a 100,00 9.160,50a 100,00
Custo médio (R$/kg seco) 1,89a - 1,84a -
* Letras iguais significam que não houve diferença real entre as médias, calculado através do teste t
(Student) com nível de significância estatística de 5,0% de probabilidade para rejeição de h
0
.
Fonte: Dados de pesquisa.
5.2 Custos de Beneficiamento
5.2.1 Desidratado na Cooperativa
Segundo informações do gerente da COOPERAÇAFRÃO, a agroindústria de
processamento do açafrão processava por dia em torno de 8.500,0kg de açafrão in
natura, sendo pagos R$25,00 e R$30,00 por diária com período de 6,0 e 8,0 horas,
respectivamente, e na limpeza o valor pago foi de R$0,04/kg do produto limpo,
111
sendo o rendimento médio por pessoa de 500,0kg/dia. Na secagem foi utilizada
lona, ao custo de R$230,00 o rolo, com dimensões de 8,0 x 50,0m, com período de
secagem ao sol por aproximadamente 10 dias. O produto final tinha de 10,0 a 12,0%
de umidade e rendimento de produto desidratado de 15,0 a 18,0% do produto in
natura. O custo para beneficiar o açafrão na agroindústria no ano de 2008 foi de
R$0,24/kg do produto desidratado (Tabela 40).
Tabela 40 Custo, em R$/kg desidratado, do beneficiamento realizado na
COOPERAÇAFRÃO, Mara Rosa, GO, 2009.
Descrição das etapas Unidade
Quantidade
(a)
Valor
Unitário (R$)
(b)
Produto
desidratado
(kg/dia)* (c)
Custo
(R$/kg)
(a*b/c)
LAVAÇÃO
Mão-de-obra
DH 2 30,00 1.530,00 0,04
Lavador
kwh 4,00 0,45 1.530,00 0,001
COZIMENTO
Mão-de-obra
DH 4 25,00 1.530,00 0,07
Lenha
2,00 45,00 1.530,00 0,06
Secagem
Unidade 0,05 230,00 1.530,00 0,01
POLIMENTO
Mão-de-obra
DH 1 25,00 880,00 0,03
Polidor
kwh 1,00 0,45 880,00 0,0005
Limpeza
Quilo 1,00 0,04 1,00 0,04
Total (R$/kg seco) 0,24
* Rendimento médio do processamento realizado na agroindústria de 8.500,0 kg/dia, considerando
18,0% de produto final, após o beneficiamento.
Fonte: Dados de pesquisa.
5.2.2 Cozido Inteiro na Propriedade
A pesquisa revelou que em 2008 o rendimento médio por dia observado no
beneficiamento do açafrão cozido realizado na propriedade foi de aproximadamente
183 latas do produto in natura, ou 1.825,3kg/dia, considerando-se que trabalhavam
duas pessoas no cozimento. Alguns produtores realizavam também o brunimento
antes de cozer os rizomas, mas por ser pouco comum essa prática, o brunimento
não participou na composição do cálculo do custo. Eram pagos em torno de
R$35,00, R$30,00 mais a alimentação, por diária de 8,0 horas. Os produtores, após
a secagem, realizavam o polimento do produto, a fim de retirar a casca do produto
112
desidratado, deixando-o amarelado e com a superfície lisa. O processo de polimento
apresentou rendimento médio de aproximadamente 750 quilos por pessoa ao dia.
Em seguida realizava-se a limpeza, com processo semelhante ao realizado na
cooperativa; essa etapa alguns produtores preferiam deixar para fazer na
agroindústria da COOPERAÇAFRÃO. O custo para realizar o beneficiamento do
açafrão cozido nas propriedades era de R$0,53/kg seco. A pesquisa mostrou que o
processamento do açafrão cozido e fatiado na propriedade foi praticamente o
mesmo do realizado no ano de 2002 pelos produtores no contexto apresentado por
Noronha (2003) (Tabela 41).
Tabela 41 Custo, em R$/kg desidratado, do beneficiamento do açafrão cozido
inteiro realizado pelos produtores nas propriedades, Mara Rosa, GO,
2009.
Descrição das etapas Unidade
Quantidade
(a)
Valor Unitário
(R$) (b)
Produto
desidratado
(kg/dia)* (c)
Custo
(R$/kg)
(a*b/c)
Mão-de-obra DH 2 35,00 328,56 0,21
Lenha 1,04 45,00 328,56 0,14
Secagem Unidade 0,13 230,00 328,56 0,09
Polimento DH 1 35,00 750,00 0,05
Limpeza Quilo 1,00 0,04 1,00 0,04
Total (R$/kg seco) 0,53
* Rendimento médio do beneficiamento do açafrão cozido” feito na propriedade de 1.825,3 kg/dia,
Considerando 18,0% de produto final, após o beneficiamento.
Fonte: Dados de pesquisa.
5.2.3 Fatiado na Propriedade
No cálculo do custo do beneficiamento do açafrão fatiado, conforme dados de
pesquisa, considerou-se que o rendimento médio entre os produtores no fatiamento
foi de aproximadamente 107 latas do produto in natura, ou cerca de 1.070,1kg/dia,
trabalhando duas pessoas no cozimento e uma pessoa no brunimento. O
Brunimento consiste em retirar a terra e as raízes unidas aos rizomas antes do
fatiamento, que comumente era realizado com equipamento chamado de brunidor
de construção artesanal e movido manualmente, sendo que alguns produtores
utilizavam brunidor elétrico. Em seguida, o produto era levado para a secagem ao
113
sol e depois era realizada a limpeza. O custo para realizar o beneficiamento do
açafrão fatiado nas propriedades era de R$0,67/kg seco (Tabela 42).
Tabela 42 Custo, em R$/kg desidratado, do beneficiamento do açafrão fatiado
realizado pelos produtores nas propriedades, Mara Rosa, GO, 2009.
Descrição das etapas Unidade
Quantidade
(a)
Valor Unitário
(R$) (b)
Produto
desidratado
(kg/dia)* (c)
Custo
(R$/kg)
(a*b/c)
Brunimento DH 1 35,00 192,62 0,18
Fatiamento DH 2 35,00 192,62 0,36
Secagem Unidade 0,07 230,00 192,62 0,08
Limpeza Quilo 1,00 0,04 1,00 0,04
Total (R$/kg seco) 0,67
* Rendimento médio do processamento do “açafrão fatiado” feito na propriedade de 1.070,1 kg/dia,
considerando 18,0% de produto final, após o beneficiamento.
Fonte: Dados de pesquisa.
5.3 Receitas obtidas pelos Produtores de Açafrão, período de 1997 a 2008
No ano de 2008, o preço pago ao produtor foi maior que o custo variável
médio, porém a sobra era pequena. Como relatado por Noronha (2003), o preço final
do produto foi maior que o custo variável médio; assim se dava a sobrevivência do
produtor em curto prazo, entretanto a sobra era pequena para pagar os demais
custos e investir na cultura. A pesquisa mostrou que no ano de 2008 os produtores
arrendatários tiveram renda bruta de R$10.729,70/ha, e os proprietários de terras,
R$11.334,90/ha. As Rendas Líquidas por ha foram de R$1.651,12, R$1.689,54,
R$2.554,82, R$1.462,05 aos arrendatários que pagaram 15,0% da produção, 25,0%,
35,0% e 45,0% da produção pelo arrendamento de terras, respectivamente, e
R$4.316,17/ha aos proprietários de terras. (Tabela 43) Os arrendatários IV
apresentam redução de mais de 60,0% da renda líquida devido principalmente ao
custo com arrendamento. Entre as categorias de produtores observadas na
pesquisa, os proprietários de terras e os arrendatários III, que tinham acordo
(contrato informal) com pagamento pelo arrendamento de terras de 35,0% da
produção, foram os que tiveram maior renda líquida.
114
Tabela 43 Renda bruta e renda líquida obtida pelos produtores de açafrão
arrendatários e proprietários de terras, Mara Rosa, GO, 2009.
Produtores
Preço
unitário
(R$/kg) (a)
Produtividade
(kg seco/ha)
(b)
Renda
bruta
(R$/ha)
(a*b)
Custo de
produção
(R$/ha)
(c)
Renda
Líquida
(R$/ha)
((a*b)-c)
Custo
médio
(R$/kg)
(c/b)
Arrendatário I 2,26 4.843,47 10.927,75
9.276,63 1.651,12
1,92
Arrendatário II 2,26 4.843,47 10.927,75
9.238,21 1.689,54
1,91
Arrendatário III 2,26 4.843,47 10.927,75
8.372,93 2.554,82
1,73
Arrendatário IV 2,26 4.843,47 10.927,75
9.465,71 1.462,05
1,95
Proprietário de terras
2,28 4.967,60 11.334,90
7.018,73 4.316,17
1,41
* Arrendatário I valor do arrendamento de 15,0% da produção final, Arrendatário II valor do
arrendamento de 25,0% da produção final, Arrendatário III valor do arrendamento de 35,0% da
produção final, e Arrendatário IV – valor do arrendamento de 45,0% da produção final.
Fonte: Dados de pesquisa.
As margens brutas aos valores reais, inflacionados para 01.01.09, no ano de
1997, eram R$2.314,49; no ano de 2002, R$2.029,98 e, no ano de 2008,
R$4.201,64. A margem bruta aumentou no ano de 2008, revelando benefícios para
os produtores após a criação da cooperativa (Tabela 44).
Tabela 44 Margem bruta obtida na atividade do açafrão pelos produtores nos anos
de 1997, 2002 e 2008, Mara Rosa, GO, 2009.
Custo variável (R$/ha)
Ano
Valor Nominal
Valor Real
Produtividade
média
(kg seco/ha)
Preço real
pago ao
produtor
(R$/kg)
Renda
Bruta
(R$/ha)
Margem
Bruta
(R$/ha)
1997 535,20 1.581,35 1.873,00 2,08 3.895,84 2.314,49
2002 3.005,67 5.663,52 2.300,00 3,35 7.693,50 2.029,98
2008 6.922,50 6.922,50 4.900,50 2,27 11.124,14
4.201,64
* Índice IGP-DI (FGV), base do nº índice 01.01.09
Fonte: MILHOMEM & TEIXEIRA (1999), NORONHA (2003), dados de pesquisa (2009) e FGV (2009)
115
6 DESEMPENHO DAS ATIVIDADES NO PERÍODO ANALISADO
O estudo de custos e receitas revelou melhora significativa no desempenho
econômico dos produtores. Nesta parte do trabalho relatam-se as demais mudanças
registradas como efeito das ações voltadas para o Arranjo Produtivo do Açafrão.
6.1 Mudanças sociais
Noronha (2003) relatou que, em 2002, 80,0% dos produtores apresentavam
idades de até 60 anos e cerca de 64,0% das mulheres idade abaixo de 45 anos. No
ano de 2008, a frequência de produtores homens com faixa etária de até 60 anos
aumentou mais de 12,0%, e com faixa etária menor que 45 anos entre as mulheres
aumentou 16,5%, quando comparada com as observações de 2002 citadas por
Noronha (2003). Os produtores de açafrão, homens e mulheres, estão mais jovens
(Tabela 45).
Tabela 45 – Frequência das faixas etárias por gênero dos produtores de açafrão nos
anos de 2002 e 2008, Mara Rosa, GO.
Ano Faixa etária
Homens
(%)
Frequência
acumulada
(%)
Mulheres
(%)
Frequência
acumulada
(%)
Até 30 anos 8,57 8,57 21,54 21,54
De 31 a 45 anos 38,57 47,14 43,08 64,62
De 46 a 60 anos 32,86 80,00 15,38 80,00
De 61 a 75 anos 14,29 94,29 13,85 93,85
Mais de 75 anos 1,43 95,72 1,54 95,39
Não responderam
4,28 100,00 4,61 100,00
2002
Total 100,00 - 100,00 -
Até 30 anos 13,64 13,64 18,87 18,87
De 31 a 45 anos 56,06 69,70 62,26 81,13
De 46 a 60 anos 22,73 92,42 11,32 92,45
De 61 a 75 anos 7,58 100,00 7,55 100,00
Mais de 75 anos 0,00 100,00 0,00 100,00
Não responderam
0,00 100,00 0,00 100,00
2008
Total 100,00 - 100,00 -
Fonte: Noronha (2003) e dados de pesquisa (2009).
A frequência de produtores homens com no mínimo alfabetização completa em
116
2002 sofreu aumento de 82,9% para 97,0% no ano de 2008; entre as mulheres, de
83,1% no ano de 2002 para 96,2% em 2008; e entre os filhos mudou de 88,0% no
ano de 2002 para 94,3%. Destes, 5,7% não apresentavam nível de escolaridade
porque não tinham idade para iniciarem os estudos no ano de 2008. Tanto os
produtores homens como as mulheres e os filhos apresentam escolaridades maiores
em comparação com o ano de 2002 (NORONHA, 2003).
Noronha (2003) avaliou que, na produção do açafrão, 100,0% dos produtores
trabalhavam na fazenda e 81,0% trabalhavam exclusivamente na fazenda. Já a
pesquisa mais recente mostrou que, em 2008, 86,4% trabalhavam na fazenda e
25,8% trabalhavam exclusivamente na fazenda. Em 2008, observou-se que
produtores não trabalhavam diretamente na fazenda e menor número dedicava-se
exclusivamente aos trabalhos rurais. Entre as mulheres, observou-se que, em 2002,
82,3% trabalhavam em casa e 41,9% trabalhavam na fazenda, sendo que 40,2%
das mulheres trabalhavam exclusivamente na casa sede da propriedade, onde
cuidavam da educação informal dos filhos e realizavam atividades domésticas,
segundo Noronha (2003). Na pesquisa, avaliou-se que, em 2008, 88,7%
trabalhavam em casa e 35,9% trabalhavam na fazenda, sendo que 32,1%
trabalhavam exclusivamente em casa. Assim, infere-se que maior número de
mulheres trabalhava em casa e não trabalhava na fazenda.
Segundo Noronha (2003), em 2002, praticamente 50,0% dos filhos estudavam
e trabalhavam apenas na propriedade, quase sempre na época da colheita. Já no
ano de 2008, a frequência foi dos que trabalhavam na fazenda e estudavam foi de
8,6%, e 41,9% dos filhos tinham como ocupação principalmente os estudos. Maior
número dos filhos de produtores em 2008 ocupava-se exclusivamente com os
estudos. Segundo Noronha (2003), a lavoura geralmente não se localizava próxima
à casa sede, e por isso, durante a colheita e beneficiamento, era construído um
barracão próximo à área cultivada, onde ficava, geralmente, toda a família, até
terminar o período de produção. Recentemente essa prática pôde ser observada nas
famílias de alguns produtores.
Entre os produtores entrevistados, Noronha (2003) observou que, em 2002,
88,6% declararam-se casados, 7,1% eram solteiros e 4,3% não responderam. A
pesquisa mostrou que no ano de 2008 a frequência de produtores casados reduziu
13,6% quando comparada com o ano de 2002, e houve um aumento de 17,9% na
117
frequência de produtores solteiros. A pesquisa revelou que, no ano de 2008, 19,1%
dos produtores não tinham filhos e 10,3% apresentavam filhos, mas não moravam
juntos. Noronha (2003) relatou que, em 2002, 28,6% dos produtores não possuíam
filhos. Portanto, houve uma redução de 9,5% de produtores que não possuíam filhos
em 2008 em relação a 2002. Praticamente não houve diferença na frequência de
produtores com até 3 filhos em comparação com Noronha (2003). Recentemente,
maior número de produtores tem filhos e o número de produtores com atrês filhos
permanece semelhante ao ano de 2002.
Segundo Noronha (2003), no ano de 2002, cerca de 66,0% das famílias dos
produtores utilizavam mais de 50,0% dos membros para trabalhar na cultura do
açafrão, e a maior parte das etapas de produção era feita por pessoas da família,
sendo maior o número de contratações na colheita. No ano de 2008, houve uma
redução de 26,0% na frequência dos produtores com participação de maior parte
(51,0% a 100,0%) da família no trabalho rural, quando comparada com o ano de
2002. Atualmente menos membros da família realizam trabalhos na fazenda e com a
atividade do açafrão.
Naquele contexto, no ano de 2002, Noronha (2003) relatou que 91,0% dos
produtores tinham residência própria, as benfeitorias galpão, cisterna, fossa séptica
e curral ocorriam em 72,8%, 60,0%, 42,9% e 41,4% dos estabelecimentos,
respectivamente e 52,9% usufruíam de energia elétrica e apenas 17,1% tinham
telefone fixo. A pesquisa revelou que, em 2008, houve aumentos nas frequências de
proprietários de terras com galinheiro (24,4%), curral (15,3%) e fossa séptica (3,8%),
e maiores reduções na frequência de proprietários de galpão (52,9%) e chiqueiro
(32,9%). A frequência de produtores de açafrão sem residência em 2008 aumentou
13,1%, em razão do aumento de produtores mais novos e que ainda moram com os
pais. A frequência de propriedades com rede elétrica aumentou 13,7%. No ano de
2008, a frequência de produtores de açafrão com telefone aumentou 72,7%, sendo
telefones fixos e celulares. A pesquisa mostrou que maior número de proprietários
possui galinheiro, curral, fossa séptica, rede elétrica e telefones.
Quanto à frequência absoluta de veículos entre produtores de açafrão, havia,
no ano de 2002, entre 70 produtores, 1 caminhão, 3 caminhonetes, 9 carros, 13
motocicletas, 36 carroças, 44 cavalos e 50 bicicletas (NORONHA, 2003). As
frequências de produtores que possuem veículos motorizados aumentaram, para
118
todos os veículos observados: caminhão (3,0%), caminhonete (6,0%), carro (16,5%)
e motocicleta (32,9%). nas frequências de produtores que possuem bicicleta e
carroça houve redução de 5,2% e 20,5%, respectivamente.
6.2 Mudanças Tecnológicas
A tecnologia empregada no cultivo do açafrão em 1997 era constituída
basicamente por tratores próprios ou alugados para o preparo do solo e sulcador de
tração animal para a abertura dos sulcos de plantio. As adubações minerais eram
pouco utilizadas, sendo que, em alguns casos, eram realizadas adubações com
sulfato de amônio em cobertura a lanço, e empregadas enxadas para auxiliar na
condução das capinas (MILHOMEM & TEIXEIRA, 1998). Em 2008, o cultivo do
açafrão permaneceu semelhante ao praticado há cerca de 11 anos, em 1997.
Noronha (2003) evidenciou que, em 2002, as quinas e implementos na
produção quase não existiam; poucos produtores tinham arado e grade e apenas
30,0% possuíam cultivador, carpideira e arado de tração animal. Em 2002, alguns
produtores emprestavam ou alugavam aquelas tecnologias, com exceção da
carpideira ou capinadeira. Atualmente, mais produtores com a posse de
máquinas e implementos agrícolas em relação ao ano de 2002, sendo trator (4,4%),
arado de trator (6,1%), grade niveladora (4,0%), sulcador e cultivador de tração
animal (23,5%) e carreta (4,4%). Menos produtores (4,4%) tinham arado de tração
animal (4,4%) e grade aradora de trator (3,0%), e em relação à posse de ensiladeira
a frequência praticamente permanece igual.
Noronha (2003) constatou que, em 2002, as áreas utilizadas para cultivo eram
ricas em matéria orgânica, com teor entre 1,5% e 3,0%, de fertilidade média a alta,
as quais geralmente eram terras recém-desmatadas. Em 2008, mais de 95,0% dos
produtores utilizaram terra fértil, entretanto não faziam análises de solos e escolhiam
áreas com terra escura, preta, o que representa uma característica de solos com alto
teor de matéria orgânica. Os produtores comumente escolhiam terras recém-
desmatadas ou “descansadas”, terras que não eram cultivadas durante alguns anos.
Atualmente, a seleção das terras entre os produtores é semelhante ao praticado
anteriormente e também não realizam análise de solo antes do plantio.
Os espaçamentos mais comuns utilizados entre os produtores de açafrão no
119
ano de 2002, segundo Noronha (2003), foram de até 5,0cm entre plantas e de 10,0 a
40,0cm entre linhas (36,8%), e de 6,0 a 10,0cm entre plantas e de 10,0 a 40,0cm
entre linhas (22,8%). Na pesquisa, as frequências mais comuns são de 6,0 a 10,0cm
entre plantas e de 10,0 a 40,0cm entre linhas (29,6%), e de 6,0 a 10,0cm entre
plantas e de 41,0 a 70,0cm entre linhas (15,9%). Segundo Silva et al. (2004), o
espaçamento mais adequado para a cultura do açafrão é de 10 rizomas por metro
de sulco, ou 10,0cm entre plantas e 60,0 a 80,0cm entre linhas; essa distribuição
facilita a capina e resulta em boas produtividades. Dessa maneira são gastos,
aproximadamente, 2,5t/ha de rizomas, considerando rizomas com peso médio de
15g. Portanto, atualmente os espaçamentos adotados pelos produtores seguindo as
recomendações técnicas destacadas por Silva et al. (2004) ocorrem em maior
frequência que no ano de 2002.
Praticamente não havia uso de adubação e tratamentos fitossanitários, em
2002, sendo a capina, o único trato cultural praticado, realizada em número dio
de três durante a safra (NORONHA, 2003). Recentemente, no ano de 2008, alguns
produtores realizaram adubação química no plantio (2,9%), adubação orgânica no
plantio (13,2%) e em cobertura (4,4%), sendo também a capina o principal trato
cultural. Eram realizadas com maior frequência (64,7%) duas a três capinas no
primeiro ano e uma a duas capinas no segundo ano, sendo, no total, duas capinas
por ano e três durante o ciclo da cultura. Os produtores realizam com maior
frequência adubação química e orgânica no plantio, adubação química em cobertura
e número semelhante de capinas durante o ciclo da cultura.
Entre os produtores, redução da posse de equipamentos para
beneficiamento em comparação com o ano de 2002, conforme relatado por Noronha
(2003), para fatiador elétrico e manual (14,4%) e brunidor ou polidor elétrico e
manual (13,3%). Já a frequência daqueles que têm panela de cozimento não mudou.
No ano de 2008, menor número de produtores possui fatiador, brunidor e polidor,
talvez em razão da criação da agroindústria na região e pelo fato de que muitos
produtores deixam de realizar o beneficiamento na propriedade para realizar na
cooperativa.
120
6.3 Mudanças Econômicas
Em comparação ao observado por Marinozzi (2002), que relatou em 2001 que
praticamente não havia acesso ao crédito entre os arrendatários e que os
proprietários realizavam financiamento ocasionalmente, o acesso ao crédito teve um
grande aumento no ano de 2008, sendo observado que 44,1% dos arrendatários e
32,4% dos proprietários receberam financiamento de custeio para a produção do
açafrão. Então, em 2008, maior número de produtores tem acesso aos créditos,
principalmente do PRONAF.
Segundo Milhomem & Teixeira (1999), em 1997, cerca de 29,0% dos
produtores obtinham sua renda apenas da comercialização do açafrão. Junto à
produção de açafrão, em 1997, os produtores tinham como outras opções de renda
a produção de leite, a criação de aves e de suínos. Noronha (2003) observou que,
no ano de 2002, as produções de milho, feijão, arroz, fruticultura e outras eram
destinadas ao abastecimento da propriedade e da família, fato que ocorria também
com a criação de aves, suínos e pecuária de leite. Os excedentes eram
comercializados e alguns produtores complementavam suas rendas com fontes
externas à propriedade, como aposentadoria e serviços temporários. As frequências
das formas de uso da terra além do açafrão entre os produtores, no ano de 2008 em
comparação com o ano de 2002, aumentaram em relação ao milho (21,5%), ao
arroz (8,2%), à fruticultura (26,8%) e à reserva florestal (15,3%); para os outros
usos, ocorreu redução de 13,4%, como revela a Tabela 46. Assim, os produtores em
2008 tiveram maior produção de milho, arroz e fruticultura e maior número de
propriedades com áreas de reserva legal.
Milhomem & Teixeira (1998), em 1997, registraram a existência de elevado
número de produtores ligados à atividade há mais de 10 anos, os quais eram
possuidores de terras, sendo aproximadamente 6,0% deles do tipo arrendatário.
Marinozzi (2002) constatou, no ano de 2001, havia quantidade aproximada de 50 a
200 meeiros, 50 a 100 arrendatários e 36 proprietários de terras.
A frequência de proprietários de terras passou de 94,0% no ano de 1997 para
15,3% em 2001, depois para 74,3% em 2002, e, recentemente, no ano de 2008,
para 44,1%. A frequência de arrendatários mudou de 6,0% em 1997 para 31,8% em
2001, depois para 17,1% em 2002, e para 54,4% em 2008. Não houve meeiros no
121
ano de 1997, segundo Milhomem & Teixeira (1999); em 2001 eram 53,0%,
passando para 8,6% em 2002, e, em 2008, 1,5% de meeiros. A queda acentuada do
número de produtores proprietários de terras em 2001 pode ter ocorrido para ceder
terras aos arrendatários e meeiros plantarem, pois houve elevação superior a 50,0%
de produtores meeiros e elevação próxima a 25,0% de produtores arrendatários no
mesmo período. Em 2002 pode ter ocorrido que, devido às baixas rendas obtidas
sob a forma de acordos realizados pelos produtores meeiros e arrendatários com os
donos de terras, houve diminuição do número de meeiros e arrendatários e elevação
do de proprietários de terras; já em 2008, os acordos mais justos entre arrendatários
e donos de terras podem ter sido o motivo da semelhança de proporções entre
arrendatários e proprietários de terras e redução significativa do número de meeiros,
que são aqueles que apresentam menor renda por ha (Figura 25).
Tabela 46 Usos da terra entre os produtores de açafrão nos anos de 2002 e 2008,
Mara Rosa, GO, 2009.
Frequência
Ano agrícola Descrição da cultura
Absoluta Relativa
Milho 23 32,86
Arroz 19 27,14
Fruticultura 7 10,00
Reserva florestal 50 71,43
Outras 31 44,29
2001/2002
Açafrão 70 100,00
Milho 37 54,41
Arroz 24 35,29
Fruticultura (Banana) 25 36,76
Reserva florestal 26 86,67
Outras 21 30,88
2007/2008
Açafrão 68 100,00
Fonte: NORONHA (2003) e dados de pesquisa (2009).
A frequência de produtores, em 2008, com área de cultivo do açafrão com até
5,0ha aumentou 12,3% em comparação com o ano de 1997, e houve uma redução
em 2008 de 5,4% da frequência de produtores com cultivos em áreas com 10,1 a
15,0ha e maiores que 15,0ha em relação ao ano de 1997. Em 2008, os produtores
realizaram plantios com maior frequência em áreas com até 5,0ha. (Figura 26)
122
94,0
15,3
74,3
44,1
6,0
31,8
17,1
54,4
0,0
53,0
8,6
1,5
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
1.998 2.001 2.002 2.008
Ano
%
Proprietário
Arrendatário
Meeiro
Figura 25 Frequências das categorias de produtores, proprietários, arrendatários e meeiros, entre
os anos de 1998, 2001, 2002 e 2008, Mara Rosa, GO.
Fonte: MILHOMEM & TEIXEIRA (1999), MARINOZZI (2002), NORONHA (2003) e dados de pesquisa
(2009).
Figura 26 Tamanhos das áreas (ha) de cultivo de afrão, entre os produtores, em 1998 e 2008,
Mara Rosa, GO.
Fonte: MILHOMEM & TEIXEIRA (1999) e dados de pesquisa (2009).
Em comparação com o ano de 2002, segundo Noronha (2003), em 2008,
houve reduções nas frequências de proprietários de terras com cultivos de açafrão
com a5,0ha de 17,4% para o açafrão de “um ano” e 1,3% para o açafrão de “dois
anos”, e aumento nas frequências de áreas maiores que 5,0ha de 17,4% para o
59,7
20,9
27,4
1,8
3,5
1,8
0,0
3,1
4,1
6,1
6,1
65,5
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
Até 2,5
De 2,6 a 5,0
De 5,1 a 7,5
De 7,6 a
10,0
De 10,1 a
15,0
Maior que
15,0
Área de cultivo com açafrão (ha)
%
1997
2008
123
açafrão de “um ano” e 1,3% para o açafrão de “dois anos”.Entre os arrendatários
houve redução na frequência de áreas com até 5,0ha cultivados de 5,9% para o
açafrão de “um ano” e aumento de 6,7% para o açafrão de “dois anos”; já a
frequência de áreas maiores que 5,0ha aumentou 5,9% para o açafrão de “um ano”
e reduziu 6,7% para o açafrão de “dois anos”. Considerando que, em 2008, os
produtores possuem com maior frequência áreas maiores que 5,0ha com açafrão de
“um ano”, em comparação com o ano de 2002, provavelmente, no ano de 2009, os
produtores colherão maiores quantidades do produto.
A produtividade média da cultura aumentou entre os produtores de açafrão,
passando de 9.898,0 quilos do produto verde ou 1.873,0 quilos do produto
desidratado, em 1997, para 11.400,0 quilos do produto verde ou 2.300,0 quilos do
produto desidratado em 2002, e, recentemente, em 2008, para 27.225,0 quilos do
produto verde ou 4.900,5 quilos do produto desidratado. Portanto, em 2008, a
produtividade média do açafrão por ha na região é maior que nos anos de 1997 e
2002 (Tabela 47).
Tabela 47 Produtividade (kg/ha) do açafrão, in natura e desidratado, e rendimento
seco (%) nos anos de 1998, 2002 e 2008, Mara Rosa, GO, 2009.
Ano Tipo
Produtividade
média (kg/ha)
Rendimento
seco (%)
Mínima (kg/ha) Máxima (kg/ha)
Verde
9.898,00 100,0 2.000,00 24.000,00
1997
Seco
1.873,00 19,0 640,00 5.000,00
Verde
11.400,00 100,0 2.480,00 59.500,00
2002
Seco
2.300,00 20,0 500,00 12.000,00
Verde*
27.225,00 100,0 12.222,22 46.111,11
2008
Seco
4.900,50 18,0 2.200,00 8.300,00
* O peso in natura foi calculado segundo dados da COOPERAÇAFRÂO de rendimento de matéria
desidratada de 15,0 a 18,0%, sendo utilizado rendimento de matéria seca de 18,0% à comparação.
Fonte: MILHOMEM & TEIXEIRA (1999), NORONHA (2003) e dados de pesquisa (2009).
A produtividade média por ha no ano de 2008 apresentou elevação de 53,1%
em relação à produtividade média no ano de 2002 (NORONHA, 2003), e de 61,8%
em comparação com a produtividade média no ano de 1997 (MILHOMEM &
TEIXEIRA, 1999) (Figura 27).
124
9898,0
11400,0
27225,0
1873,0
2300,0
4900,5
58,1
13,2
53,1
0,0
18,6
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
1997 2002 2008
Ano
kg/ha
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
%
Produtividade verde
Produtividade seco
Diferença na produtividade do produto verde (%)
Diferença na produtividade do produto seco (%)
Figura 27 Diferenças nas produtividades, em kg/ha, do afrão verde e seco em comparações com
anos anteriores, Mara Rosa, GO.
Fonte: MILHOMEM & TEIXEIRA (1999), NORONHA (2003) e dados de pesquisa (2009).
A produção total, no ano de 2008, entre os produtores entrevistados, foi de
290,4t do produto final. A forma de comercialização mais comum entre os
produtores, em 1997, foi açafrão fatiado e seco (41,9%), bem como em 2002
(50,0%); em 2008, a forma mais comum foi açafrão cozido inteiro e seco (87,6%).
Nos anos de 1997 e 2002 observou-se a predominância de produção do açafrão
fatiado, isso porque o produto era disponibilizado no mercado para venda mais
rapidamente, em razão do período de secagem mais curto, além de possuir preços
semelhantes aos preços pagos pelo produto cozido. No ano de 2008, a quantidade
de açafrão fatiado diminuiu porque a cooperativa realiza boa parte do
beneficiamento do produto dos cooperados, principalmente açafrão cozido. O
açafrão cozido apresenta maior aceitação por indústrias de alimentos e de corantes,
porque a curcumina é sensível à luz solar, sendo perdida em grandes quantidades
na produção do açafrão fatiado. Atualmente a cooperativa produz açafrão cozido
com período de secagem ao sol próximo ao praticado na produção de açafrão
fatiado nas propriedades (Tabela 48).
125
Tabela 48 Formas de comercialização entre os produtores de açafrão nos anos de
1997, 2002 e 2008, Mara Rosa, GO, 2009.
Ano Forma de comercialização Frequência (%)
Cozido inteiro 32,20
Fatiado seco 41,90
1997
Verde 25,90
Cozido inteiro 46,00
Fatiado seco 50,00
3,00
2002
Verde 1,00
Cozido inteiro 87,60
Fatiado seco 12,20
2008
0,20
Fonte: MILHOMEM & TEIXEIRA (1999), NORONHA (2003) e dados de pesquisa (2009).
A participação do açafrão na renda agrícola dos produtores no ano de 2002 foi
de 53,4%, 46,8% e 46,4% da renda anual para os proprietários de terras,
arrendatários e meeiros, respectivamente. Ainda em 2002, a renda familiar anual
oriunda da atividade pecuária era de 29,9%, 33,0% e 20,6%, da renda familiar anual
de proprietários, arrendatários e meeiros, respectivamente. A renda obtida fora da
propriedade no ano de 2002 participou em 14,2% e 18,3% da renda familiar anual
para os proprietários e arrendatários, respectivamente, e a aposentadoria
representou cerca de 30,0% da renda familiar anual dos produtores. A participação
do açafrão na renda anual dos produtores em 2002 era muito semelhante nas três
categorias, variando ao redor de 46,0% da renda total (NORONHA, 2003).
A pesquisa em 2008 demonstra que a participação da atividade do açafrão
entre os produtores é de 53,5% da Renda Bruta Anual (RBA) agropecuária, entre os
arrendatários de 69,1% da RBA agropecuária e entre os proprietários de terras
representou 43,2% da RBA agropecuária. Atualmente, a participação da renda
obtida com o açafrão é maior para os arrendatários, em 2002 as três categorias
apresentaram participações semelhantes da renda obtida com a atividade do
açafrão na renda anual familiar. Assim, a importância da atividade do açafrão para a
renda do produtor rural no ano de 2008 continua sendo bastante significativa,
havendo maior participação na renda dos produtores arrendatários.
Conforme demonstram a Figura 28 e a Tabela 49, as diferenças do valor real
recebido na venda do produto seco às empresas compradoras e o valor real pago ao
126
produtor foram de R$2,58, R$1,62, R$1,10, R$2,39 e R$1,13 nos anos de 1996,
1997, 1998, 2001 e 2009, respectivamente. Em todos os anos avaliados os valores
pagos aos produtores foram menores que os preços de venda às empresas, sendo
que somente no ano de 1998 o valor recebido pelo intermediário foi menor que o
valor recebido pela cooperativa no ano de 2009. Contudo, nos anos anteriores a
2003, ano que criou a cooperativa, a diferença ficava na mão dos atravessadores.
Com a cooperativa o valor recebido na venda do produto pode ser utilizado para
realizar investimentos ou rateado entre os cooperados. A cooperativa, no ano de
2008, adquiriu com as sobras um terreno com área de 1,0 alqueire e pretende
futuramente construir uma agroindústria com capacidade de processamento maior
para atender à produção regional.
Segundo Marinozzi (2002), os preços nacionais em 2001 eram cotados com
base no preço do produto importado. Em comparação com os preços reais
internacionais, os preços pagos aos produtores atingiram valores maiores nos anos
de 1996, 1999, 2000 e 2005, com diferenças médias de R$1,97, R$1,55, R$0,03 e
R$0,74, respectivamente. Os preços reais de venda do produto para as empresas
compradoras em comparação com os preços reais internacionais foram maiores nos
anos de 1996, 1997, 2001 e 2009, com diferenças médias de R$4,55, R$0,18,
R$1,66 e R$0,63, respectivamente; porém, no ano de 2009, o preço internacional
era FOB e acrescido do valor do transporte da mercadoria, por isso essa diferença
no preço pode não existir. Segundo Marinozzi (2002), o produto da região de Mara
Rosa era preferido pelas empresas brasileiras porque apresentava teor dio de
curcumina maior que o produto internacional. O preço de venda para as empresas
compradoras, praticado pela cooperativa no ano de 2009, não foi maior a valores
reais em comparação com os preços de 1996, 1997 e 2001, sendo o preço recebido
no ano de 1996 o maior praticado dentre os anos avaliados.
127
Tabela 49 Preços reais pago ao produtor pela venda às empresas compradoras e
internacionais, em R$/kg do produto desidratado, anos entre 1996 e
2009, atualizados para 01.2009, Mara Rosa, GO, 2009.
Preço real de compra (R$/kg)
Ano
Verde Seco
Preço real de
venda (R$/kg)
Preço real
internacional (R$/kg)
1996 0,56 3,87 6,45 1,90
1997 0,24 2,81 4,43 4,25
1998 0,22 2,08 3,18 3,29
1999 - 6,11 - 4,56
2000 - 4,08 - 4,05
2001 - 2,28 4,67 3,01
2002 - 3,35 - 3,94
2005 - 3,70 - 2,96
2009 0,44 2,27 3,40 2,77
* Índice IGP-DI (FGV) e cotação mensal de venda do lar comercial (PTAX). O preço internacional
para o ano de 2008 foi tipo FOB e os demais anos tipo CIF.
Fonte: MILHOMEM & TEIXEIRA (1999), MARINOZZI (2002), NORONHA (2003), BORGES (2006),
UN comtrade (2009) e dados de pesquisa (2009).
3,87
2,81
2,08
6,11
3,35
3,70
2,27
6,45
4,43
3,18
4,67
3,40
1,90
4,56
3,01
3,94
2,96
2,77
2,28
4,08
3,29
4,25
4,05
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2005 2009
Ano
R$/kg
Preço Real pago ao produtor (R$/kg)*
Preço Real do produto nacional (R$/kg)*
Preço Internacional real de venda (R$/kg)*
Figura 28 Preços reais pago ao produtor, de venda às empresas compradoras e internacionais, em
R$/kg do açafrão desidratado, entre os anos de 1996 e 2009, atualizados para 01.2009,
Mara Rosa, GO, 2009.
* Índice IGP-DI (FGV) e cotação mensal de venda do lar comercial (PTAX). O preço internacional
para o ano de 2008 foi tipo FOB e os demais anos tipo CIF.
Fonte: MARINOZZI (2002), NORONHA (2003), BORGES (2006), dados de pesquisa (2009), UN
comtrade (2009) e FGV (2009).
128
6.4 Mudanças Ambientais
No município, em 2002, aproximadamente 30,0% das propriedades da região
não apresentaram reserva florestal obrigatória e áreas com pastagem natural; em
2008, esse número caiu para 13,7% de propriedades que não tinham área de
reserva legal preservada. Segundo Noronha (2003), em 2002, na colheita,
anteriormente ao arranque com o auxílio do enxadão, os produtores conduziam a
queima para eliminar a palha seca e obter a limpeza do terreno. Conforme relatado
por Rosso (2004), o fogo das queimadas mata os micro-organismos do solo;
esgotam-se as reservas de crescimento das gramíneas; o capim começa a
desaparecer, deixando o solo descoberto e sem proteção; a ação dos ventos e das
chuvas leva os nutrientes da terra e o solo vai ficando compactado. As queimadas
também poluem o ar, colaboram com o aumento do efeito estufa no planeta e
promovem perdas desnecessárias de nutrientes ao solo, armazenados nas folhas
secas da planta. Em 2008, 33,8% dos produtores relataram que o praticam a
queima antes da colheita.
Outra condição constatada por Noronha (2003) no ano de 2002 foi que os
agricultores preferiam realizar o plantio em solos localizados próximos aos cursos de
água, em razão da alta fertilidade natural dessas áreas e devido à necessidade de
abastecimento de água pelas famílias, as quais mudavam para a área durante as
etapas finais da produção. Em 2008, 95,0% dos produtores utilizavam terras rteis
para o plantio de açafrão em áreas próximas a cursos de água, recém-desmatadas
ou terras descansadas mais distantes de cursos d’água. Essa prática, como relatado
por Noronha (2003) no ano de 2002, continuou no ano de 2008. Entretanto, a
pesquisa mostrou que 87,9% dos produtores preocupam-se com a preservação das
faixas de mata ciliar obrigatória, conforme estabelece a lei ambiental nº. 4.771 de 15
de setembro de 1965, que instituiu o novo código florestal. Os produtores relataram
que consultam fontes de informações para orientarem-se acerca de como preservar
o meio ambiente, sendo que 70,6% dos produtores consultam rádio, televisão e/ou
internet e 51,5% informam-se na cooperativa. Os produtores, por meio da
cooperativa, buscam sua adequação às condições de uma produção sustentável,
que preserve o meio ambiente, a fim também de receber o selo de indicação
geográfica, em fase de implantação na região.
129
7. CONCLUSÃO
O trabalho inicialmente buscou conhecer as características e o desempenho
dos arrendatários e proprietários de terras, bem como os níveis tecnológico e
econômico na produção do açafrão. O trabalho mostrou maior incidência de
máquinas e equipamentos agrícolas em uso por proprietários de terras quando
comparados aos arrendatários. Na região, uma pequena parcela de produtores de
açafrão tem trator e implementos menos de 10,0% dos proprietários de terras
possuem trator. Quanto à posse de equipamentos para beneficiamento e de
veículos, a diferença maior foi de arrendatários que possuem fatiador, frequência de
11,8% maior, e proprietários de terras que têm carroça, frequência de 34,2% maior.
Proprietários de terras, com maior frequência, investiram no plantio de açafrão em
áreas maiores no ano de 2007 em comparação com o ano anterior. Não
diferença real ou significativa na produtividade média e na eficiência na produção
para a redução do custo de produção de açafrão por hectare (ha) entre as
categorias de arrendatários e proprietários de terras.
Entre as categorias de produtores observadas na pesquisa, os proprietários de
terras e os arrendatários, que têm acordo (contrato informal) de pagamento pelo
arrendamento de terras de 35,0% da produção, são os que obtêm maior renda
líquida por hectare, com valor de R$2.554,82/ha e R$4.316,17/ha, respectivamente.
A renda obtida na atividade do açafrão é a principal fonte de renda para maior
número de arrendatários do que proprietários de terras. A Renda Bruta Anual com
atividades agropecuárias conseguida pelos produtores donos de terras em média é
quase o dobro da renda dos produtores arrendatários, entretanto a Renda Bruta
Anual com a atividade do açafrão entre as categorias de produtores é semelhante.
Os proprietários de terras investem em média acima do dobro do valor médio do que
os arrendatários investiram nos últimos três anos (2006, 2007, 2008). Infere-se que
os proprietários de terras têm condições melhores para investimento nas atividades
agropecuárias, inclusive na atividade do açafrão, do que os produtores
arrendatários, porém essa capacidade de investimento dos proprietários não
promove a produção de açafrão de forma mais eficiente, com custo de produção
menor e maior produtividade, quando comparado aos arrendatários. Além disso, o
custo com arrendamento de terras é o maior custo no cultivo do açafrão, e,
130
considerando as formas de acordos (contratos informais) realizadas entre os donos
de terras e produtores de açafrão, a renda líquida obtida na atividade pode reduzir
em até 60,0% para os arrendatários que pagam o arrendamento com 45,0% da
produção final.
O trabalho buscou comparar os dados de pesquisa com os dados de anos
anteriores a fim de quantificar as mudanças sociais, tecnológicas, econômicas e
ambientais no APL do açafrão. Comparando o perfil social dos produtores de
açafrão, observado por meio desta pesquisa, com os dados divulgados em
pesquisas anteriores, constatou-se que: os produtores de açafrão estão mais jovens;
maior percentual de produtores é solteiro; com maior frequência os produtores têm
filhos; e maior número de proprietários de terras possui galinheiro, curral, fossa
séptica e rede elétrica em suas propriedades. também maior número de
produtores novos que mora com os pais e não possui casa própria. A frequência de
produtores que tem veículos motorizados aumentou, e maior número de produtores
tem telefones. Os produtores de açafrão do sexo masculino, as mulheres e os filhos
apresentam escolaridades maiores. entre os produtores aqueles que não
trabalham diretamente na fazenda, sendo que maior número de mulheres trabalha
em casa e menor número trabalha nas atividades na fazenda, inclusive na produção
de açafrão. Maior número de filhos dos produtores ocupa-se exclusivamente dos
estudos. A pesquisa revela que menos membros da família realizam trabalhos na
fazenda e por isso praticam outras ocupações.
Comparando o perfil tecnológico dos produtores de açafrão, infere-se que
atualmente maior número de produtores que tem posse de máquinas e
implementos agrícolas, com exceção de ensiladeira, cuja frequência praticamente
permanece igual. Mais de 95,0% dos produtores escolhem terras férteis, e preferem
áreas recém-desmatadas ou terras “descansadas”. Maior frequência de produtores
adota espaçamentos mais próximos às recomendações técnicas experimentadas
por pesquisadores. A maioria dos produtores não realiza análise de solo antes do
plantio, e alguns produtores praticam adubação mineral ou orgânica no plantio e
adubação mineral em cobertura. Não mudanças no número de capinas realizado
durante o ciclo da cultura. Menor número de produtores tem posse de equipamentos
para beneficiamento, como fatiador, brunidor e polidor. Boa parte dos produtores
escolhe a área para o cultivo do açafrão e adota práticas de cultivo que o
131
tradicionais, de forma semelhante ao praticado há pelo menos cinco anos, apesar de
60,0% dos produtores de açafrão se encontram na atividade menos de cinco
anos e mais da metade não apresentam parentes produtores de açafrão mais
tempo, não havendo tradição no plantio da cultura.
Em relação ao perfil econômico dos produtores de açafrão observado nesta
pesquisa, comparado aos dados de pesquisas anteriores, observa-se que na região
praticamente não a categoria de meeiros, e maior frequência de produtores,
principalmente arrendatários, tem acesso aos créditos de custeio. A produtividade
média por ha no ano de 2008 apresentou elevação de 53,1% em relação à
produtividade média no ano de 2002, e de 61,8% em comparação com a
produtividade média no ano de 1997. Quanto ao beneficiamento, com a estrutura
física e os equipamentos da agroindústria de processamento do açafrão, a
cooperativa produz produtos de qualidade superior. A cooperativa realiza avaliações
periódicas do teor de curcumina do produto, do grau de contaminação e do teor de
umidade para controle e estabilidade na qualidade do produto. A cooperativa tem
laboratório para avaliação da umidade, e as demais análises o feitas em
laboratórios de Goiânia e São Paulo. Na agroindústria o custo para beneficiar o
açafrão do tipo cozido é cerca de R$0,29/kg seco, menor que o custo do
processamento convencional realizado nas propriedades.
A imposição fiscal (ICMS) continua sendo maior ao transporte da produção
dentro do estado de Goiás que nos outros estados do país. A comercialização por
meio da cooperativa permitiu negociações com maior número de empresas
compradoras, antes realizadas principalmente com atravessadores da região, e
foram estabelecidos com algumas empresas contratos de entrega do produto
durante todo o ano. A cooperativa realiza negociações com pelo menos 13
empresas nacionais, dos estados de São Paulo, Ceará e Goiás. A cooperativa
comercializou o produto, no ano de 2009, pelo maior preço a valores reais desde
1998, dentre os anos avaliados. Infere-se que a margem bruta em dia apresenta-
se maior que em anos anteriores.
Com relação ao meio ambiente, os trabalhos anteriores revelaram técnicas de
cultivo prejudicais ao mesmo. A presente pesquisa avaliou as mudanças ocorridas
entre os produtores de açafrão para preservar o meio ambiente e como os
produtores entendem a importância da preservação. Constatou-se que maior
132
contingente de propriedades de produção de açafrão apresenta área de reserva
legal protegida. A queima antes do período de colheita não acontece em mais de um
terço das propriedades. Os produtores permanecem com o plantio em áreas
próximas a cursos d’água e em áreas virgens. Estudos posteriores com o uso de
adubação verde em rotação com a cultura do açafrão, correção da fertilidade do solo
e eliminação da queima no momento da colheita do produto poderiam levar a
produtividades maiores e consequente utilização da área de plantio por período
ilimitado sem a necessidade de buscar áreas virgens.
133
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138
ANEXOS:
Anexo 1-a: Trabalhos desenvolvidos com enfoque na ação 1: (ROLIM, 2000, 2004)
Avaliação do efeito antimicrobiano do açafrão em carcaças de frangos de corte, iniciado
em 1998 no projeto da UFG e continuado até 2004 entrando nas ações desenvolvidas
no 2º projeto da UFG, o trabalho desenvolvido foi intitulado:
Avaliação do Efeito Antimicrobiano do Açafrão em Carcaças de Frangos
Contaminados Artificialmente com Escherichia coli;
Avaliação da toxicidade a insetos de substâncias presentes em rizomas de açafrão,
Curcuma longa L., iniciado em 1998 no 1º projeto da UFG e continuado até 2004 entrando
nas ações desenvolvidas no projeto da UFG, os trabalhos desenvolvidos foram
intitulados;
Efeito de extratos naturais no controle de insetos-praga e fitopatógenos;
Efeito do óleo de nim indiano, óleo de açafrão e extratos aquosos de folhas de
cinamomo e de nim indiano sobre o pulgão branco do algodoeiro;
Efeito do óleo essencial de açafrão sobre o desenvolvimento micelial de fungos;
Uso do Açafrão para o Controle de Insetos em Feijão Armazenado;
Extração de princípios ativos do açafrão com fluidos supercítricos e caracterização, ação
desenvolvida no 2º projeto da UFG, os trabalhos realizados foram;
Composição e variabilidade química da oleoresina de açafrão extraída por
hidrodestilação e fluídos supercítricos;
Estudo da Interação de Componentes do Açafrão com Embalagens Plásticas em
Desenvolvimento;
Otimização de Processos de Extração da Curcumina;
Composição e variabilidade química dos óleos essenciais de açafrão coletados
no Estado de Goiás;
Avaliação de propriedades do açafrão em derivados lácteos, ação desenvolvida no
projeto da UFG, os trabalhos realizados foram;
Uso de Açafrão na Redução de Escherichia coli e Enterobacter aerogenes em
Ricota;
Uso do Açafrão na Redução de Staphilococcus aureus em Ricota e Queijo Prato;
Avaliação da Ação Antioxidante e Antifúngica do Açafrão em Manteiga de Leite;
Anexo 1-b:Trabalhos desenvolvidos com enfoque nas ações 2 e 3 foram: (ROLIM, 2000,
2004).
Análise in vitro da atividade anti-proliferativa do açafrão (Curcuma longa L.) em células
de melanoma humano iniciado em 1998 no projeto da UFG e continuado até 2004
139
entrando nas ações desenvolvidas no projeto da UFG, alguns dos trabalhos
desenvolvidos foram intitulados;
Análise in vitro da atividade anti-proliferativa do açafrão (Curcuma longa L.) em
células de melanoma humano;
Ensaio da citotoxidade de curcumina;
Tratamento do Vitiligo com a Curcumina (substância extraída do açafrão).
Anexo 1-c: Trabalhos desenvolvidos com enfoque na ação 4 foram: (ROLIM, 2000, 2004).
Melhoramento vegetal do açafrão iniciado em 1998 no 1º projeto da UFG e continuado
até 2004 entrando na ação caracterização genética e agronômica do germoplasma do
açafrão desenvolvida no 2º projeto da UFG, os trabalhos realizados foram;
Melhoramento vegetal do açafrão;
Variabilidade genotípica entre acessos de açafrão;
Associação entre divergências genéticas obtidas de marcadores RAPD e
caracteres morfológicos em açafrão;
Divergência molecular entre acessos de açafrão;
Divergência genética molecular em acessos de açafrão utilizando marcadores
RAPD;
Anexo 1-d: Trabalhos desenvolvidos com enfoque na ação 5 foram: (ROLIM, 2000, 2004).
Diagnóstico Sócio-Econômico da Produção de Açafrão (Curcuma longa L.) no Município
de Mara Rosa iniciado em 1998 no projeto da UFG e continuado até 2004 entrando
na ação Estudo sócio-econômico do agronegócio do açafrão na região de Mara Rosa,
estado de Goiás desenvolvida no 2º projeto da UFG, os trabalhos realizados foram;
Diagnóstico Sócio-Econômico da Produção de Açafrão (Curcuma longa L.) no
Município de Mara Rosa;
Análise da rentabilidade econômica da atividade açafrão;
Estudo da cadeia produtiva do açafrão e sistema produtivo local da região de Mara
Rosa – GO.
Produção do açafrão em função da adubação mineral e orgânica ação desenvolvida no
2º projeto da UFG, os trabalhos realizados foram:
Crescimento e Produção do Açafrão em Função de Adubação Mineral e População
de Plantas;
Produção de açãfrão em função de calagem, adubação mineral e orgânica em quatro
tipos de solos;
Produção do Açafrão em Função da Irrigação e Adubação Mineral;
Micropropagação da Cúrcuma.
Beneficiamento e conservabilidade de açafrão ação desenvolvida no projeto da UFG,
140
os trabalhos realizados foram:
Desenvolvimento de Fatiador e Moinho para Refino do Açafrão;
Estudo da eficiência de protótipo para fatiar açafrão;
Levantamento das curvas de secagem do açafrão;
Secagem do açafrão em diferentes cortes geométricos;
Anexo 2
AÇÃO: AVALIAÇÃO DAS INTERVENÇÕES INSTITUCIONAIS NO APL DO AÇAFRÃO.
PERSPECTIVA: AVALIAR A EFETIVIDADE DAS INTERVENÇÕES INSTITUCIONAIS
PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL.
Nome do produtor:
Nome do entrevistador:
Número do questionário:
Data:
Início: Término:
Obs.: Todas as informações deste questionário serão utilizadas para compor minha
dissertação sendo elas confidencias. Sua identificação não é obrigatória.
QUESTIONÁRIO 1
CARACTERIZAÇÃO DA FALIA
1. Quantas pessoas compõem sua família*? (*Residem juntos)
2. Qual o parentesco*? (*Possui filhos que não moram juntos? )
3. Quais as idades?
4. Qual o grau de escolaridade* dos componentes da família?
5. Como ocupam seu tempo? 1 2 3 4 5 6 7 8
Trabalha na fazenda
Trabalha na casa da fazenda
141
Trabalha fora da fazenda
Estuda
6. Qual a renda mensal da família?
7. Possui residência na cidade?
Quantidade Ano da construção Estado atual**
8. Possui telefone?
Fixo Móvel
CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE
9. Forma de produção:
Arrendatário Meeiro Proprietário de terras
Outro (Qual? )
10. Nome da propriedade:
10.1. Nome do proprietário onde cultiva açafrão em arrendamento e/ou na meia:
10.1.1. O proprietário é cooperado da COOPERAÇAFRÃO?
Sim Não
11. Distância (km) da propriedade até a sede do município:
Estrada de chão: Distância Condição**
Asfalto: Distância Condição**
12. Área total da propriedade (alqueires): (proprietário de terras)
12.1. Tamanho da área de reserva legal (alqueires): (proprietário de terras)
13. Residência na fazenda: (proprietário de terras)
Quantidade Ano da construção Estado atual**
14. Rede elétrica: (proprietário de terras)
Sim Não
15. Fossa séptica: (proprietário de terras)
Quantidade Estado atual **
16. Cisterna: (proprietário de terras)
Quantidade Estado atual **
17. Poço artesiano: (proprietário de terras)
Quantidade Estado atual **
142
18. Galpão: (proprietário de terras)
Quantidade Ano da construção Estado atual **
19. Estábulo (com cobertura): (proprietário de terras)
Quantidade Ano da construção Estado atual **
20. Curral (sem cobertura): (proprietário de terras)
Quantidade Ano da construção Estado atual **
21. Aviário: (proprietário de terras)
Quantidade Ano da construção Estado atual **
22. Pocilga: (proprietário de terras)
Quantidade Ano da construção Estado atual **
23. Silo: (proprietário de terras)
Quantidade Ano da construção Estado atual **
24. Meios de transporte que possui a fim de transportar pessoas e/ou produtos:
Caminhão Caminhonete Carro Moto
Bicicleta Carroça Carreta
24.1. Características do meio de transporte 1: (Qual? )
Marca Ano Potência
Estado atual **
24.1.1. Uso desse meio de transporte?
24.2. Características do meio de transporte 2: (Qual? )
Marca Ano Potência
Estado atual **
24.2.1. Uso desse meio de transporte?
24.3. Características do meio de transporte 3: (Qual? )
Marca Ano Potência
Estado atual **
24.3.1. Uso desse meio de transporte?
CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
Aspectos das práticas agrícolas
25. Atualmente e arrendador de terras para produção de açafrão?
Sim Não
25.1. Possui quantos arrendatários?
25.2. Qual a porcentagem da produção cobrada pelo arrendamento?
26. Tamanho da área plantada (ha) com “açafrão de 1 ano” por tipo de produção:
143
Área própria Área arrendada Área à meia
Outra
26.1. Sobre a produção:
Quant. colhida (ton.) Área não colhida (ha)
26.1.1. Por quê não colheu?
26.2. Quantidade da produção (ton.) beneficiada na propriedade:
27. Tamanho da área plantada (ha) com “açafrão de 2 anos” por tipo de produção:
Área própria Área arrendada Área à meia
Outra
27.1. Sobre a produção:
Quant. colhida (ton.) Área não colhida (ha)
27.1.1. Por quê não colheu?
27.2. Quantidade da produção (ton.) beneficiada na propriedade:
28. Tamanho da área (ha) com “açafrão soca” por tipo de produção:
Área própria Área arrendada Área à meia
Outra
28.1. Sobre a produção:
Quant. colhida (ton.) Área não colhida (ha)
28.1.1. Por quê não colheu?
28.2. Quantidade da produção (ton.) beneficiada na propriedade:
29. Na propriedade qual o local que normalmente instala a lavoura de açafrão?
30. Faz análises de solo?
Sim Não
31. Idade da lavoura de açafrão, em meses:
32. Número de “sementes” (rizomas) distribuídas por metro de sulco:
33. Como obtém as “sementes” (rizomas)?
34. Utiliza adubo químico no plantio?
Sim Não
34.1. E em cobertura?
Sim Não
34.2. Caso sim, quais adubos são utilizados?
144
35. Utiliza adubação orgânica?
Sim Não
36. Utiliza herbicida no controle de plantas daninhas?
Sim Não
36.1. Caso sim, realiza quantas aplicações por ano?
37. Realiza capina com enxada?
Sim Não
37.1. Caso sim, quantas vezes por ano?
38. Como é o sistema de colheita do açafrão?
39. Qual a produtividade da cultura em toneladas por hectare?
Aspectos do meio ambiente
40. Em sua opinião o meio ambiente precisa ser preservado? Por quê?
40.1. Realiza queima de vegetação seca em sua propriedade?
Sim Não
40.2. Realiza alguma técnica agrícola para preservação do meio ambiente?
Preservação da mata ciliar
Terraceamento
Plantio direto
Reflorestamento
Plantio em nível
Não aplicação de adubos minerais
Não aplicação de herbicidas
Outras
40.3. Caso adote medidas de preservação do meio ambiente, quais suas fontes de
informações?
Produtores vizinhos
Cursos / Treinamentos
Associação / cooperativa
Rádio / televisão
Jornal / revista
Não acompanha
Aspectos das práticas de processamento
145
41. Qual tipo de beneficiamento pratica?
Cozido Fatiado
41.1. O açafrão é lavado antes do beneficiamento?
41.1.1. De onde é retirada a água para o beneficiamento?
42. Como pratica a secagem?
Em Chão batido
Em chão sobre lona
Sobre mesa de secagem
Secador
Aspectos da estrutura de produção agrícola
43. Possui trator?
Marca Ano Potência
Valor Estado atual**
44. Possui trator 2?
Marca Ano Potência
Valor Estado atual**
45. Possui arado?
Disco Aiveca Grade aradora
Estado atual**
46. Possui sulcador?
Quantidade Ano Estado atual**
47. Possui pulverizador costal?
Quantidade Ano de aquisição Estado atual**
48. Possui pulverizador canhão?
Quantidade Ano de aquisição Estado atual**
49. Possui conjunto de irrigação?
Quantidade Pot. (CV) da motobomba Estado atual **
49.1. Caso sim, qual o modo de irrigação?
Por gotejamento Por aspersão Por microaspersão
49.2. A irrigação é praticada em quais culturas?
49.2.1. Qual a área irrigada em cada cultura?
49.2.2. De onde é retirada água para irrigação?
50. Possui motor?
Quantidade Ano Potência (CV)
146
Combustível Elétrico Estado atual**
50.1. Como o motor é utilizado:
51. Possui ensiladeira?
Quantidade Marca Ano
Estado atual**
Aspectos da estrutura para beneficiamento
52. Possui tanque de cozimento?
Quantidade Ano de aquisição Estado atual**
53. Possui fatiador elétrico?
Quantidade Ano de aquisição Estado atual**
54. Possui fatiador manual?
Quantidade Ano de aquisição Estado atual**
55. Possui polidor ou brunidor elétrico?
Quantidade Ano de aquisição Estado atual**
56. Possui polidor ou brunidor manual?
Quantidade Ano de aquisição Estado atual**
57. Possui algum tipo de separador de impurezas? (Qual(is)? )
Quantidade Ano de aquisição Estado atual**
Transporte do campo para a indústria
58. Qual o sistema de transporte do açafrão do campo para a indústria?
CARACTERÍSTICAS EMPRESARIAIS
59. A produção de açafrão é sua principal fonte de renda?
Sim Não
60. Última produção: toneladas/ha
61. Atividades associadas à produção de açafrão
Pecuária de Leite Pecuária de Corte Aves
Suínos Soja Arroz
Milho B Banana Mandioca
Outras
62. Quanto à propriedade:
É o único proprietário
Tem sociedade com familiares
Tem sociedade com terceiros
Outros
147
63. Quanto à produção de açafrão:
É o único proprietário
Tem sociedade com familiares
Tem sociedade com terceiros
Outros
64. Qual é a renda agrícola média (bruta) dos últimos 3 anos (2006, 2007 e 2008)?
64.1. Qual a renda média (bruta) com o açafrão nos últimos 3 anos?
65. Nos últimos 3 anos, quais foram os investimentos e aquisições realizados?
Aquisição de terras (Valor? )
Aquisição de veículos (Valor? )
Aquisição de equipamentos e máquinas (Valor? )
Aquisição de terreno na cidade (Valor? )
Reforma de casa (Valor? )
Construção ou reforma de benfeitorias (Valor? )
Outros (Valor? )
Tradição na atividade
66. Há quanto tempo é produtor de açafrão?
Até 5 anos 10 a 20 anos + de 40 anos
5 a 10 anos 20 a 40 anos
67. Pais e/ou parentes foram produtores de açafrão antes de você?
Sim Não
67.1. Há quanto tempo eles atuam ou atuaram no ramo?
- de 20 anos 30 a 50 anos + de 100 anos
20 a 30 anos 50 a 100 anos
68. Seus filhos interessam pela atividade?
Sim o
Mão-de-obra utilizada
69. Número de diárias requeridas no cultivo do açafrão, considerando o ano da última
produção por hectare: Ano de plantio da última produção
69.1. Quantas pessoas foram utilizadas no plantio por hectare?
Mão de obra do município Mão de obra de fora do município
Mão de obra da família Mão de obra permanente
69.1.1. Qual a duração em dias do plantio?
69.2. Quantas pessoas foram utilizadas em cada capina por hectare?
148
Mão de obra do município Mão de obra de fora do município
Mão de obra da família Mão de obra permanente
69.2.1. Qual a duração em dias da capina?
69.3. Quantas pessoas foram utilizadas na colheita por hectare?
Mão de obra do município Mão de obra de fora do município
Mão de obra da família Mão de obra permanente
69.3.1. Qual a duração em dias da colheita?
69.4. Quantas pessoas foram utilizadas no beneficiamento do “açafrão fatiado” por hectare?
Mão de obra do município Mão de obra de fora do município
Mão de obra da família Mão de obra permanente
69.4.1. Qual a duração em dias do beneficiamento?
69.5. Quantas pessoas foram utilizadas no beneficiamento do “açafrão cozido inteiro” por
hectare?
Mão de obra do município Mão de obra de fora do município
Mão de obra da família Mão de obra permanente
69.5.1. Qual a duração em dias do beneficiamento?
Uso de ferramentas gerenciais
70. Qual(is) a(s) principal(is) fonte(s) de informações de preços?
Produtores vizinhos
Faz pesquisa no comércio local
Comprador
Associação / cooperativa
Rádio / televisão
Jornal / revista
Não acompanha
71. Quais os principais distribuidores do açafrão?
=> Distribuidor 1
Quantidade
Forma de comercialização
Preço
Destino (cidade)
Percentual comercializado %
=> Distribuidor 2
Quantidade
Forma de comercialização
Preço
149
Destino (cidade)
Percentual comercializado %
72. Qual a principal dificuldade para produzir açafrão?
Recurso de capital Mercado
Tecnologia Mão-de-obra
Recursos de produção (fertilizantes, defensivos, etc.)
73. Quem gerencia sua propriedade e/ou produção?
74. Possui algum tipo de controle de receitas e despesas?
Sim Não
74.1. Qual forma de controle?
Planilha eletrônica Cardeneta Outros (Qual? )
75. Qual o custo (R$) de produção por hectare?
75.1. Quais os itens avaliados para calcular o custo de produção?
76. Realiza financiamento de custeio, investimento e/ou comercialização? Qual(is)?
77. Quais as atividades agropecuárias são financiadas?
78. Onde realiza o empréstimo?
Banco Associação
Cooperativa Indústria
Comerciantes de insumos Outros (Qual? )
78.1. Qual o valor financiado, número de prestações e valor de cada prestação?
78.2. Quando se deu o início e o fim do contrato?
79. Tem lucro com a atividade?
Sim Não
79.1. Caso tenha baixa rentabilidade, vai continuar a produzir?
Sim Não
79.1.1. Por quê?
80. Quais os benefícios adquiridos com a COOPERAÇAFRÃO?
Valorização do produto Capacitação técnica
Qualidade do produto Alternativas de empréstimos
150
União dos produtores Acesso a financiamentos
Melhor comercialização Outros (Qual? )
80.1. Qual sua opinião sobre a COOPERAÇAFRÃO?
Capacitação do proprietário
81. Utiliza assistência técnica?
Sim Não
81.1. Caso sim, qual origem:
Órgãos públicos (Agência Rural, Minist. Agricultura, etc.)
Cooperativa/Associação
Profissionais autônomos
Profissionais empregados
Outros Qual?
82. Qual a principal fonte de informações técnicas?
Vizinhos Revistas agropecuárias
Cursos/treinamentos Outras fontes Não consulta
83. Com que freqüência participa de cursos, treinamentos e palestras sobre a produção de
açafrão?
Uma vez por ano
Mais de uma vez por ano
Nunca participou
___________________________________________________________________
* Nenhum, primário incompleto, primário completo/ginásio incompleto, ginásio completo/2°
grau incompleto, 2° grau completo/superior incompleto, superior completo ou mais;
** Estado atual – N – novo, B – bom, R – ruim, P – péssimo.
Anexo 3
QUESTIONÁRIO 2
Nome:
Cargo na cooperativa:
Data:
1. Brunimento:
1.1. Utilizando os equipamentos da agroindústria, quantos quilos do produto são brunidos
151
por dia?
1.2. São necessárias quantas pessoas para realizar o brunimento na agroindústria por dia?
1.3. Qual o valor da diária para realizar o brunimento e qual o período de trabalho por dia?
1.4. Quantos watts são consumidos no brunimento por dia?
2. Cozimento:
2.1. Utilizando os equipamentos da agroindústria, quantos quilos são lavados e cozidos por
dia?
2.2. São necessárias quantas pessoas para realizar a lavação e o cozimento na
agroindústria por dia?
2.3. Qual o valor da diária para realizar o cozimento e lavação e qual o período de trabalho
por dia?
2.4. Na lavação ou no cozimento utiliza-se algum produto na água? Caso utilize, quais
produtos são utilizados, quais as quantidades por dia e qual os valores dos produtos?
2.5. Quais equipamentos são utilizados nas etapas de lavação e cozimento do produto e
quais os consumos de energia e m³ de lenha?
3. Limpeza e polimento:
3.1. Quantos quilos são limpos por pessoa durante o dia de trabalho na agroindústria?
3.2. Qual o valor da diária para realizar a limpeza e qual o período de trabalho por dia?
3.3. Quantos watts são consumidos por dia durante o polimento do produto?
4. Comercialização:
4.1. A cooperativa realiza análises do teor de curcumina, umidade e contaminação por
microorganismos do produto seco antes da comercialização?
4.2. Qual o valor do quilo do produto seco praticado atualmente pela cooperativa?
4.3. Quais os nomes e localização das empresas que a cooperativa comercializou o
produto?
4.4. Quais as quantidades e períodos de entrega do produto seco para as empresas
compradoras e como e praticado o pagamento pelas empresas?
4.5. Qual o valor das sacarias e lonas compradas pela cooperativa?
4.6. Qual o valor recebido pelo produtor cooperado por quilo do produto seco?
4.7. O imposto para aquisição da nota fiscal cobrado sobre a produção desidratada é pago
pela empresa compradora ou pelo produtor?
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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