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I. Introdução
1. O Petróleo e a Água de Produção
A palavra petróleo tem origem no latim petroleum (“óleo de pedra”). O petróleo
começou a ser utilizado mais de 3000 anos por povos antigos como os egípcios, por
exemplo, que o utilizavam em processos de embalsamento para preparar as múmias
(DICKEY, 1959; PEES & STEWART, 1995).
O petróleo formou-se na crosta terrestre como resultado inicial da decomposição
anaeróbica parcial de matéria orgânica (animal, vegetal e planctônica) que se depositou
no fundo de mares e lagos (SEBASTIÁN, 1999). O produto gerado dessa decomposição
anaeróbia parcial é ainda transformado sob alta pressão e a temperaturas de até 150°C
para formação final do petróleo. Além disso, essas reações de transformação são
realizadas na presença de água, ácido sulfúrico, enxofre e outros compostos inorgânicos
(SPEERS & WHITHEHEAD, 1969).
O petróleo caracteriza-se como uma substância oleosa, inflamável, menos densa que
a água com cheiro característico e de cor variando entre o negro e o castanho escuro
(www.petrobras.com.br, janeiro de 2010). Este composto não permanece na rocha em
que é gerado, a rocha matriz, mas desloca-se a as bacias sedimentares ou rochas
reservatórios onde se acumula ocupando os poros. As rochas reservatórios são formadas
por camadas porosas de areia, arenitos ou calcários e é a permeabilidade dessas rochas
que irá permitir a produção do petróleo. Por possuir uma densidade inferior a das rochas
que constituem o subsolo, o petróleo tende a migrar para a superfície. O confinamento
do petróleo na rocha reservatório ocorre quando uma estrutura impermeável impede a
migração do óleo para regiões de menor pressão. Dessa forma, ocorrerá a formação
lenta (alguns milhares de anos) de um reservatório de petróleo (ENGLAND et al.,
1987). Na rocha reservatório são encontrados o gás natural, na parte mais alta, e
petróleo e água nas mais baixas (www.petrobras.com.br, janeiro de 2010).
O petróleo flui da jazida através da perfuração de poços petrolíferos. A produção do
petróleo é denominada primária quando a sua liberação da rocha-reservatório ocorre
devido à pressão natural do reservatório, mas essa técnica permite apenas a liberação de
8 a 30% do petróleo ali existente (LEONARD, 1986; DAVIDOVA et al., 2001;
PLANCKAERT, 2005). Por esse motivo, existem técnicas de recuperação
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convencionais, como a injeção de gás ou água, para aumentar a produtividade de um
poço produtor, permitindo uma maior eficiência na extração do petróleo ainda
remanescente. Dessas técnicas, a injeção de água pressurizada na rocha-reservatório,
também conhecida como recuperação secundária do petróleo (Figura 1), é a mais usual
e mundialmente empregada e tem como objetivo manter a pressão no reservatório, e
desalojar e empurrar o óleo residual retido na rocha-reservatório até o poço produtor.
Esta técnica consiste essencialmente na injeção de água para o interior do reservatório,
permitindo assim o deslocamento do petróleo. Neste processo de recuperação do
petróleo podem ser utilizadas águas de superfície coletadas em mares, rios e lagos.
(POSTGATE, 1984; SHENNAN & VANCE, 1987; PLANCKAERT, 2005). No Brasil,
a água de injeção mais utilizada é a água do mar.
Figura 1: Desenho esquemático da injeção de água em reservatórios petrolíferos.
Adaptado do site do KANSAS GEOLOGICAL SURVEY
(http://www.kgs.ku.edu/index.html).
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A água do mar utilizada na recuperação secundária do petróleo é retirada de locais
próximos à plataforma, desaerada (para prevenir a corrosão pelo oxigênio), tratada,
filtrada e injetada para manter a pressão do reservatório, a qual se denomina água de
injeção. À água de injeção, no reservatório de petróleo, soma-se a água residual
existente no próprio poço, a água de formação (HAMILTON, 1983). Esta última é
geralmente salina e tem sido considerada como remanescente de águas salinas ou
marinhas, que acabaram incrustando-se nos poros da rocha-reservatório. Por outro lado,
existem reservatórios de petróleo que contêm água de formação que não tem sua origem
nem composição química relacionada com a água do mar (DAVIS, 1967). Ao resultado
dessa junção dá-se o nome de água produzida, a qual é caracterizada por emulsões
água/óleo, rica em sulfato e nutrientes. Esta água produzida pode ser re-injetada no poço
de petróleo, na recuperação secundária do petróleo, ou pode ser descartada após
tratamento adequado (VANCE & THRASHER, 2005).
Diferente da água do mar, a água produzida sempre contém concentrações
significativas de doadores de elétrons e de fontes de carbono na forma de acetato,
propionato e nitrogênio (como amônia) e, comparada com a água de injeção, a água
produzida contém diferentes produtos químicos como inibidores de encrustamento,
inibidores de corrosão, desemulsificantes, inibidores de parafina e hidrocarbonetos com
uma variada gama de concentrações e natureza. Estes hidrocarbonetos podem contribuir
para o grande aumento de nutrientes disponíveis paras as bactérias redutoras de sulfato
(BRS) (PLANCKAERT, 2005; VANCE & THRASHER, 2005). Além disso, a água de
produção (ou água produzida) pode apresentar uma salinidade significativa de mais de
300 g/l (na forma de cloretos, sulfatos ou bicarbonatos) e uma alta temperatura (40 a
90°C), (PLANCKAERT, 2005).
A água produzida tende a conter uma boa porção da água de injeção que atravessou
o reservatório; se a água de injeção é marinha, ela contém uma alta concentração de
sulfato. Além disso, a água produzida contém sempre uma densidade populacional de
BRS viáveis muito maior do que a água marinha. As BRS presentes na água produzida
podem gerar H
2
S em concentrações extremamente altas (SUNDE & TORSVIK, 2005;
VANCE & THRASHER, 2005). De fato, segundo DAVIDOVA e colaboradores
(2001), os reservatórios de petróleo não são os únicos, e nem mesmo os mais afetados
pelos problemas provocados pela a produção de sulfeto em operações em campos
petrolíferos. A produção de sulfeto e a atividade de BRS também causam danos
4
evidentes em equipamentos de superfície, como tanques de armazenagem de óleo entre
outros.
2. Bactérias Redutoras de Sulfato (BRS)
O enxofre é um dos elementos químicos mais importantes da terra estando presente
em nosso planeta principalmente nas formas de pirita (FeS
2
) ou gesso natural (CaSO
4
)
em rochas e sedimentos e como sulfato na água do mar. O ciclo do enxofre é complexo
devido a uma ampla variação do nível de oxidação (Nox) desse elemento que vai desde
-2 (estado completamente reduzido) até +6 (estado completamente oxidado) podendo o
enxofre ser transformado química e biologicamente. Além disso, o ciclo do enxofre está
diretamente ligado a ciclos de outros elementos químicos como o do carbono e do
nitrogênio. Os microrganismos têm um importante papel nas transformações químicas
do enxofre. O sulfato pode ser utilizado como nutriente pelos microrganismos e
reduzido a sulfeto (redução assimilatória do sulfato) que, posteriormente, é incorporado
a aminoácidos e enzimas que têm o enxofre em sua composição. As reações de
oxidação e redução para geração de energia também são importantes como a oxidação
por bactérias quimiolitotróficas e a redução dissimilatória do sulfato pelas BRS
(MUYZER & STAMS, 2008).
As BRS são microrganismos anaeróbios amplamente distribuídos em habitats
anóxicos onde estes utilizam o sulfato como aceptor final de elétrons para a degradação
de compostos orgânicos, resultando na produção de sulfeto. Posteriormente, o sulfeto
pode ser oxidado em condições aeróbias por bactérias quimiolitotróficas ou em
condições anaeróbias por bactérias fototróficas. A redução do sulfato pode ser
responsável por mais de 50% da mineralização do carbono orgânico em sedimentos
marinhos. Essa estimativa demonstra a importância das BRS em ambos os ciclos do
enxofre e do carbono e, por conseguinte, o porquê deste grupo (BRS) ser
extensivamente estudado (MUYZER & STAMS, 2008).
As BRS podem ser agrupadas em sete linhagens filogenéticas sendo cinco
pertencentes ao domínio Bacteria e duas ao domínio Archaea (Figura 2) (MUYZER &
STAMS, 2008).
5
Figura 2: Árvore filogenética baseada na similaridade das sequências completas do
RNA ribossomal 16S de espécies de bactérias redutoras de sulfato (MUYZER &
STAMS, 2008).
Existem aproximadamente 40 gêneros de BRS descritos, estando divididos nos
quatro maiores grupos bacterianos: (I) Proteobacteria, (II) bactéria Gram-positiva, (III)
o gênero termofílico Gram-negativo Thermodesulfobacterium, e (IV) os gêneros
termofílicos Gram-negativos Thermodesulfovibrio e Thermodesulfobium
(BIRKELAND, 2005).
De acordo com os seus modelos de oxidação de substratos orgânicos, as BRS foram
divididas em dois grupos metabólicos (CROLET, 2005). Um grupo de BRS realiza a
oxidação incompleta dos substratos a acetato e CO
2
, e raramente oxidam ácidos
graxos;
6
o outro grupo de BRS oxida completamente os substratos a CO
2
, e freqüentemente
oxidam uma larga variedade de substratos, incluindo ácidos graxos e compostos
aromáticos (BIRKELAND, 2005). A Tabela 1 (abaixo) lista 18 gêneros de BRS,
exemplificando a grande diversidade morfofisiológica presente nesses gêneros
(MADIGAN & MARTINKO, 2006).
Tabela 1: Características das bactérias redutoras de sulfato (MADIGAN &
MARTINKO, 2006).
Gênero Características DNA(%GC)
Redutoras de sulfato grupo I: não oxidantes de acetato
Desulfovibrio
Bacilos curvos com flagelação polar, sem
esporos; Gram-negativos; contêm desulfoviridina;
46-61
Desulfomicrobium
Bacilos móveis, sem esporos; Gram-negativos;
desulfoviridina ausente;
52-57
Desulfobotulus
Vibriões; Gram-negativos; desulfoviridina
ausente;
53
Desulfotomaculum
Bacilos retos ou curvos; móveis por flagelação
peritríquia ou polar; Gram-positivos;
desulfoviridina ausente; forma endósporos;
37-46
Desulfomonile
Bacilos; realiza a descloração redutora de 3-
clorobenzoato a benzoato;
49
Desulfobacula
Células ovais a cocóides, marinhos; capazes de
oxidar vários compostos aromáticos, incluindo o
hidrocarboneto aromático tolueno a CO
2
;
42
Archaeoglobus
Archaea; hipotermófila, temperatura ótima,
83ºC; contem algumas coenzimas únicas de
bactérias metanogênicas, produzem pequenas
quantidades de metano durante o crescimento; H
2
,
formato, glicose, lactato e piruvato são doadores de
elétrons, SO
4
2-
, S
2
O
3
2-
ou SO
3
2-
são aceptores de
elétrons;
41-46
Desulfobulbus
Células ovóides ou em forma de limão; sem
esporos; Gram-negativos; desulfoviridina ausente;
quando móveis possuem flagelo polar único;
utilizam propionato como doador de elétrons, com
59-60
7
acetato e CO
2
como produtos;
Thermodesulfobacterium
Pequenos bacilos Gram-negativos;
desulfoviridina presente; termofílicos, crescimento
ótimo a 70ºC; contem lipídeos com ligações éter;
34
Redutoras de sulfato grupo II: oxidantes de acetato
Desulfobacter
Bacilos; sem esporos, Gram-negativos;
desulfoviridina ausente; quando móveis possuem
flagelo polar único; utilizam apenas acetato como
doador de elétrons, oxidando-o a CO
2
, pelo ciclo do
ácido cítrico;
45-46
Desulfobacterium
Bacilos, alguns com vesículas de gás,
marinhos; capazes de crescimento autotrófico pela
via da acetil-CoA;
41-59
Desulfococcus
Células esféricas; imóveis; Gram-negativas;
desulfoviridina presente, sem esporos; utilizam
ácidos graxos C
1
a C
14
como doadores de elétrons,
oxidando-os totalmente a CO
2
; crescimento
autotrófico pela via da acetil-CoA;
57
Desulfonema
Grandes bactérias filamentosas; Gram-
positivas, sem esporos; desulfoviridina presente ou
ausente; utilizam ácidos graxos C
2
a C
12
como
doadores de elétrons, oxidando-os totalmente a
CO
2
; crescimento autotrófico pela via da acetil-
CoA (H
2
como doador de elétron);
35-42
Desulfosarcina
Células em cubos (arranjo em sarcina); Gram-
negativos; sem esporos; desulfoviridina ausente;
utilizam ácidos graxos C
2
a C
14
como doadores de
elétrons, oxidando-os totalmente a CO
2
;
crescimento autotrófico pela via da acetil-CoA (H
2
como doador de elétron);
51
Desulfoarculus
Vibriões; Gram-negativos; móveis;
desulfoviridina ausente; utilizam apenas ácidos
graxos como doadores de elétrons;
66
Desulfacinum
Células cocóides a ovais; Gram-negativas;
utiliza ácidos graxos C
1
a C
18
, grande diversidade
nutricional, capazes de crescimento autotrófico;
64
Tabela 1:
Continuação
8
termofílicos;
Desulforhabdus
Bacilos; sem esporos Gram-negativos; imóveis;
utilizam ácidos graxos com total oxidação a CO
2
;
52
Thermodesulforhabdus
Bacilos móveis, Gram-negativos; termofílicos;
utilizam ácidos graxos até C
18
;
51
Os gêneros Desulfovibrio e Desulfotomaculum foram os primeiros gêneros de BRS
a serem estabelecidos (POSTGATE, 1984), sendo Desulfovibrio o gênero mais
estudado (MADIGAN & MARTINKO, 2006). É pertencente a ele a primeira espécie de
BRS a ser isolada e descrita, por Beijerinck em 1895 na Delft School of Microbiology
na Holanda, e chamada por ele de Spirillum desulfuricans. Posteriormente, essa espécie
foi reclassificada em Desulfovibrio desulfuricans (POSTGATE, 1984). As espécies
pertencentes a este gênero foram utilizadas como modelo para investigação do
mecanismo da redução dissimilatória de sulfato pelo fato de serem relativamente mais
fáceis de isolar (BIRKELAND, 2005; RABUS, HANSEN & WIDDEL, 2005;
WIDDEL & BAK, 2005).
As bactérias redutoras de sulfato podem se estabelecer em diversas condições e
diferentes ambientes. Esses microrganismos são amplamente distribuídos, podendo ser
encontrados em ambientes naturais e artificiais onde a presença do sulfato. As BRS
foram isoladas de sedimentos marinhos, fontes hidrotermais, lama de vulcões e estão
presentes abundantemente em agregados microbianos encontrados em condições
hipersalinas, mesmo na presença do oxigênio. Essas bactérias foram encontradas em
habitats com valores de pH extremos, como locais de drenagem de minas (pHs menores
que 2) e lagos alcalinos (pHs maiores que 10). Além disso, elas também foram
isoladas de campos petrolíferos, sedimentos de água doce, rizosfera de plantas,
aqüíferos e sistemas artificiais anaeróbios para o tratamento da água destinada à
irrigação de plantas (MUYZER & STAMS, 2008).
As BRS, no processo de respiração anaeróbia, reduzem sulfato à água mais sulfeto
(POSTGATE, 1984), em uma reação que envolve a transferência de oito elétrons. Esta
reação ocorre via muitos intermediários e requer uma variedade de enzimas
(BIRKELAND, 2005; RABUS, HANSEN & WIDDEL, 2005). Todo o processo da
redução de sulfato a sulfeto acontece no citoplasma celular (RABUS, HANSEN &
WIDDEL, 2005). Após passar pela membrana citoplasmática, na maioria das BRS
através de gradiente iônico, o primeiro passo na redução dissimilatória do sulfato é a
Tabela 1:
Continuação
9
ativação do íon sulfato. Antes de ser reduzido, o sulfato é ativado a adenosina-5’-
fosfosulfato (APS) através da reação com ATP sulfurilase. A APS é então reduzida, em
um processo catalisado pela enzima APS redutase (aprBA), a sulfito + AMP (adenosina
monofosfato), numa transferência de dois elétrons (Eo -0,06V), como exemplificado na
seguinte equação química:
APS + 2 e
-
SO
3
2-
+ AMP
A redução do sulfito a sulfeto é catalisada pela enzima sulfito redutase (dsrAB)
numa transferência de seis elétrons (Eo -0.116V) (POSTGATE, 1984; HAMILTON,
1998; BIRKELAND, 2005; RABUS, HANSEN & WIDDEL, 2005; MADIGAN &
MARTINKO, 2006), conforme a seguinte equação:
SO
3
2-
+ 6 e
-
+ 8 H
+
H
2
S + 6 H
2
O
Durante todo o processo de redução de sulfato apenas uma pequena quantidade de
enxofre reduzido é assimilada pelo organismo, mas praticamente tudo é liberado para o
ambiente como íon sulfeto, em geral, hidrolisado a H
2
S livre. Um dos principais pré-
requisitos para o desenvolvimento e metabolismo das BRS é o potencial redox (Eh) do
ambiente. Este deve estar por volta de -0,1V, sendo um potencial redox maior que -0,1V
inibitório ao metabolismo das BRS (POSTGATE, 1984).
Embora as BRS tenham sido assim denominadas devido a sua capacidade de utilizar
o sulfato como aceptor final de elétrons, algumas redutoras de sulfato podem utilizar
muitos outros aceptores de elétrons para seu crescimento como, por exemplo, o nitrato.
Na ausência de aceptores de elétrons inorgânicos, as BRS podem ainda obter energia
pela oxidação de compostos orgânicos como o piruvato, por exemplo. Dessa forma, a
ocorrência de uma alta incidência de BRS em um ambiente não necessariamente reflete
a ocorrência da redução do sulfato nesse local. As redutoras de sulfato podem reduzir
outros compostos contendo enxofre (tiosulfato, sulfito, entre outros) a sulfeto ou pode
ainda reduzir nitrato ou nitrito a amônia (DALSGAARD & BAK, 1994; MOURA et al.,
1997). Outros compostos que são aceptores de elétrons para algumas BRS incluem ferro
(III), urânio (VI), tecnécio (VII), selênio (VI), cromo (VI) e arsênio (VI) (LOVLEY &
PHILLIPS, 1992; LOVLEY et al., 1993; LOVLEY & PHILLIPS, 1994; TUCKER,
BARTON & THOMPSON, 1998; LLOYDE et al., 1999; MACY et al., 2000; PARK,
LIN & VOORDOUW, 2007). Compostos orgânicos também podem ser utilizados como
aceptores finais de elétrons para o crescimento das BRS como o fumarato, sulfonatos,
clorobenzoatos, entre outros. Em ambientes de água doce com baixa concentração de
10
sulfato, as BRS têm um importante papel na fermentação e na oxidação anaeróbica de
compostos orgânicos (MUYZER & STAMS, 2008).
A maioria das BRS é de vida livre, entretanto, algumas podem ser encontradas
formando consórcios com outros microrganismos, tais como Archaeas metanotróficas
(BOETIUS, 2000). A anaerobiose geralmente obrigatória das BRS e sua nutrição
relativamente restrita permitem que este grupo seja, freqüentemente, encontrado na
forma de biofilmes, em interfaces ou sobre substratos sólidos, e permitindo a formação
de microambientes (habitats) anaeróbios dentro de um ambiente aeróbio (HAMILTON,
1998).
A visão de que todas as bactérias redutoras de sulfato são estritamente anaeróbias
começou a mudar em 1978 quando Jørgensen (apud MUYZER & STAMS, 2008)
observou a ocorrência de algumas dessas bactérias em ambientes aeróbios. Essas BRS
toleram a aeração até mesmo quando a redução do sulfato é reprimida pela presença do
oxigênio (KJELDSEN, JOULIAN & INGVORSEN, 2004; MOGENSEN, KJELDSEN
& INGVORSEN, 2005). Existem evidências que a exposição ao oxigênio leva a uma
modificação da hidrogenase solúvel e da pirofosfatase in vivo nessas BRS. Essas
modificações podem ter funções regulatórias, prevenindo o metabolismo em condições
inapropriadas (aeróbias) (POSTGATE, 1984). Além disso, desde 1990, já se conhecem
algumas BRS que respiram utilizando o oxigênio e têm seu crescimento dependente
desse elemento (DILLING & CYPIONKA, 1990; SIGALEVISH et al., 2000).
Diferentes cnicas têm sido utilizadas para detectar e estudar as bactérias redutoras
de sulfato, assim como sua atividade e diversidade. Métodos tradicionais ou
dependentes de cultivo foram extensivamente utilizados com esse intuito e, embora
eficientes, suas limitações podem acarretar em equívocos graves, que menos de 1%
dos microrganismos existentes podem ser cultivados. Assim, o conhecimento sobre a
diversidade das BRS, tanto em ambientes naturais quanto em artificiais, foi obtido a
partir de métodos independentes de cultivo através de genes evolutivamente
conservados como o RNA ribossomal 16S (MUYZER & STAMS, 2008).
Diversos pares de iniciadores têm sido descritos na literatura (DALY, SHARP &
MC CARTHY, 2000) para a amplificação específica de fragmentos do gene que
codifica o RNAr 16S de diferentes grupos de BRS, tais como os gêneros
Desulfotomaculum, Desulfobulbus, Desulfovibrio, entre outros. Uma estratégia mais
eficiente para a detecção de BRS pode estar no uso de genes funcionais que codificam
11
enzimas que apresentam papel importante na via de redução do sulfato. Três enzimas
são envolvidas na redução metabólica dissimilatória de sulfato: ATP sulfurilase, a
flavoproteina Fe-S adenosina-5-fosfosulfato (APS) redutase e a sirohaem sulfito
redutase. O gene dsrAB e o gene aprBA codificam, respectivamente, a sulfito redutase
(WAGNER et al., 1998) e a adenosina-5’-fosfosulfato (APS) redutase (MEYER &
KUEVER, 2007). Essas proteínas são altamente conservadas em relação as suas
propriedades físico-químicas e parecem ser enzimas ideais para análises filogenéticas de
BRS (MUYZER & STAMS, 2008). Segundo FRITZ e colaboradores (2000), a APS
redutase bacteriana é composta por uma subunidade
α com uma FAD (flavina adenina
dinucleotídeo) e uma subunidade β com dois centros ativos [4Fe–4S] próximos. O gene
da APS redutase, aprBA, codifica as subunidades que parecem formar um heterodímero
1:1 αβ. Ambas as subunidades da APS redutase são altamente conservadas (HIPP et al.,
1997; FRITZ et al., 2000).
As técnicas de clonagem e eletroforese em gel de gradiente desnaturante (DGGE) de
fragmentos amplificados através da reação em cadeia da polimerase (PCR) do gene que
codifica o RNA ribossomal 16S (DAR, KUENEN & MUYZER, 2005; DAR et al.,
2007), dsrAB (MINZ, 1999; GEETS, 2006) ou aprBA (MEYER & KUEVER, 2007)
têm sido utilizadas para verificar a diversidade das BRS em diversos habitats.
3. Impactos Microbiológicos das BRS na Indústria
Biofilmes Bacterianos
Em ambientes aquáticos, podem ser encontradas bactérias nas formas planctônicas
(livres) e sésseis (aderidas a superfícies) (COSTERTON, 1995). O estado séssil é a
forma predominante dos microrganismos tanto em ecossistemas naturais quanto em
artificiais. A maioria das bactérias tem a capacidade de se aderir eficientemente a
superfícies quando se encontram viáveis e metabolicamente ativas (JAYARAMAN et
al., 1997). Assim, as células fixadas às superfícies constituem verdadeiros reservatórios
para as células planctônicas de um ambiente (GILBERT, EVENS & BROWN, 1993;
ZOTTOLA, 1994).
12
Biofilmes bacterianos são definidos classicamente como comunidades de bactérias
aderidas a superfícies sólidas ou semi-sólidas, envoltas por uma matriz de polímeros
extracelulares (EPS) (SCHNEIDER, 2008). A hipótese de que bactérias crescem
preferencialmente aderidas a superfícies levou aproximadamente 150 anos para se
consolidar. Em 1847, Antonie van Leeuwenhoek (apud COSTERTON, 1999)
identificou agregados que ele chamou de “animalcules” enquanto observava com seu
microscópio primitivo um material raspado da superfície de dentes humanos. Quase um
século depois, em
1934, Claude Zobell (apud COSTERTON, 1999) observando
populações marinhas naturais por microscopia direta concluiu que essas bactérias eram
atraídas para as superfícies e muitas vezes se aderiam a essas formando populações
sésseis. Entre 1935 e 1978, Ron Gibbons e van Houte (apud COSTERTON, 1999)
examinaram biofilmes microbianos que constituíam a placa dentária formando
agregados macroscópicos nessas superfícies. Ainda nesse período, em 1964, Ralph
Mitchell e Kevin Marshall (apud COSTERTON, 1999) verificaram a transição da
adsorção reversível a superfícies para a adsorção irreversível em uma cultura pura
bacteriana.
A formação de um biofilme envolve a adesão de um pequeno número de células a
uma superfície sendo, geralmente, um processo que ocorre por meio de colisões
aleatórias e involuntárias das células com as superfícies. Esta adesão das células é
facilitada pela deposição de matéria orgânica, formando a camada condicionante
(SASAHARA & ZOTTOLA, 1993). Entretanto, o processo de adesão também pode
ocorrer por orientação celular através da liberação de prótons e moléculas sinalizadoras
e, através da concentração dessas moléculas, uma célula pode se orientar em relação à
proximidade de uma superfície (COSTERTON, 1999).
A adesão é um processo bacteriano específico podendo envolver a excreção de uma
grossa camada de exopolissacarídeos (EPS) o que permite a ligação de uma célula à
outra formando pontes celulares e, também, a fixação de células individuais a
superfícies. O EPS consiste de uma mistura complexa de polissacarídeos, proteínas,
lipídeos e ácidos nucléicos e está geralmente associado a adesões firmes (irreversíveis) e
não específicas a superfícies inertes. Esse polímero complexo é capaz de armazenar
água e nutrientes que poderão ser posteriormente mineralizados em caso de escassez de
fontes de carbono (BEECH & GAYLARDE, 1999). Dessa forma, a formação do
biofilme ocorre em quatro etapas (Figura 3): (I). Colonização primária do substrato
13
sobre camada condicionante; (II). Crescimento celular e produção de EPS, que ancoram
as células às superfícies de uma forma, geralmente, irreversível; (III). Co-agregação de
células no biofilme com aumento da espessura e mudanças nas condições de sua base;
(IV) Formação de um biofilme maduro (RICKARD et al., 2003). A transição de uma
adesão celular reversível para uma adesão irreversível a uma superfície inclui a
regulação positiva de genes específicos para adesão, com indução de fator sigma para
mudanças no envoltório celular e enzimas envolvidas na síntese de EPS
(COSTERTON, 1999).
Figura 3: Diagrama ilustrativo da coagregação de bactérias e formação do biofilme
(extraído e adaptado de Rickard et al., 2003). Colonização primária do substrato sobre
camada condicionante (A); Crescimento celular e produção de SPE, que ancoram as
células à superfície de uma forma geralmente irreversível (B); Co-agregação de células
no biofilme com aumento de espessura e mudanças nas condições em sua base;
formação de um biofilme maduro (D).
Os biofilmes têm em sua composição 10 a 25% de células e 75 a 90% de matriz de
exopolissacarídeos (EPS), que é determinada pela comunidade bacteriana aderida.
Geralmente, sua estrutura tem um formato de cogumelo, com uma maior concentração
de células na coroa, sendo irrigado por um sistema de canais de água altamente
14
permeáveis formados em regiões menos densas em EPS por onde nutrientes e
antagonistas (biocidas, antimicrobianos, entre outros) penetram nessas comunidades
(REN, SIMS & WOOD, 2002). A arquitetura dos biofilmes está ilustrada na Figura 4.
As microcolônias fazem parte da estrutura básica dos biofilmes e são constituídas por
comunidades de células bacterianas de uma ou várias espécies. Quando um biofilme é
composto por diferentes espécies, os subprodutos metabólicos de um organismo podem
servir de suporte para o crescimento de outro, enquanto que a adesão de uma espécie
confere ligantes para que outras sejam anexadas. Porém a competição por nutrientes e o
acúmulo de subprodutos tóxicos podem limitar a diversidade no biofilme (DUNNE Jr,
2002). Desta forma, a arquitetura do biofilme é influenciada tanto pela comunidade
bacteriana quanto pelas condições ambientais (DAVEY & O’TOOLE, 2000).
Figura 4: Arquitetura básica dos biofilmes. Estruturas em formato de cogumelo
constituídas por microcolônias com grande concentração de células na coroa e irrigada
por um sistema de canais de água (adaptado do site www.erc.montana.edu, janeiro de
2010).
Os primeiros colonizadores dos biofilmes são as bactérias aeróbias. São elas as
responsáveis pela criação de zonas de microaeração, devido à produção de EPS,
favorecendo a chegada das bactérias anaeróbias (BRS entre outras) (Figura 5). Assim, a
constituição final de um biofilme é representada por uma primeira camada anaeróbia
(junto à superfície colonizada) e a segunda camada aeróbia por cima dessa primeira.
Essa constituição é responsável pela formação de células de aeração diferencial o que
por conseqüência gera um dos maiores problemas para as indústrias petrolíferas, a
corrosão induzida por microrganismos (CIM) (COSTERTON, 1999).
15
Figura 5: Constituição final de um biofilme. Primeira camada anaeróbia (junto à
superfície colonizada); Segunda camada aeróbia com entrada de nutrientes e oxigênio
pelo sistema de canais advindos da coluna de água (adaptado do site
www.googleimages.com, janeiro de 2010).
Corrosão Induzida por Microrganismos (CIM)
Em ambientes naturais e artificiais a corrosão ocorre quando materiais feitos de
metal puro e/ou uma mistura destes metais sofrem uma mudança química de seu estado
estável para um estado ionizado. A corrosão é um processo eletroquímico envolvendo
uma reação anódica com a ionização ou oxidação do metal e uma reação catódica
baseada na redução de um espécime químico. Estas reações podem ser influenciadas em
especial por atividades microbianas quando esses microrganismos estão em contato
direto com a superfície metálica formando biofilmes. Conhecidamente, os biofilmes são
responsáveis pela maior parte das interferências causadas por microrganismos em
processos tecnológicos. O acúmulo desses biofilmes microbianos deletérios em
superfícies pode levar à formação de camadas microbianas indesejáveis. Esse processo é
designado como bioencrustamento ou “biofouling” (SCHNEIDER, 2008).
Os microrganismos e/ou os produtos de suas atividades metabólicas como enzimas,
exopolímeros, ácidos orgânicos e inorgânicos assim como compostos voláteis tais como
a amônia ou o sulfeto de hidrogênio podem interferir nas reações anódicas e/ou
catódicas junto à superfície do metal. Dessa forma, esses metabólitos alteram processos
eletroquímicos na interface biofilme/metal levando a uma deterioração desse material.
16
Essa conseqüente deterioração do metal é conhecida como biocorrosão ou corrosão
influenciada por microrganismos (CIM) (BEECH & GAYLARD, 1999). A biocorrosão
é mais freqüentemente promovida por bactérias, embora fungos e algas possam também
estar envolvidos nesse processo. Assim, quando ocasionada por bactérias esta pode,
também, ser chamada de corrosão bacteriana (GENTIL, 2005).
Os principais grupos de bactérias freqüentemente associados com a corrosão são as
bactérias redutoras de sulfato, bactérias oxidantes de enxofre, bactérias
oxidantes/redutoras de ferro, bactérias oxidantes de manganês e bactérias que secretam
ácidos orgânicos e exopolímeros. Dentro desses grupos, as BRS se destacam desde
1930 quando teve início a investigação sobre corrosão em ferro fundido, demonstrando
o papel dessas bactérias na corrosão por pite (pontual ou localizada) em vários metais e
suas ligas. Além disso, a corrosão pelas BRS foi confirmada em ambientes terrestres e
aquáticos, sob condições aeróbias e anaeróbias. Muitos modelos têm sido propostos
para elucidar os mecanismos pelos quais as BRS podem influenciar a corrosão, estando
claro que a atividade de redução do sulfato está de alguma forma correlacionada a esse
processo (BEECH & GAYLARD, 1999).
A formação de biofilmes sobre superfícies metálicas confere um gradiente de
concentração de oxigênio e formação de zonas de aeração diferencial, o que pode
contribuir no processo de CIM. Quando a CIM se dá sobre condições de anaerobiose em
pH neutro é geralmente atribuída à ação das BRS (CAVALCANTI, 2001). Segundo
revisão sobre o tema, AGUIAR (1991) sugeriu que a participação das BRS nos
mecanismos de corrosão se por três vias. A primeira via é direta e ocorre por uma
necessidade metabólica de algumas bactérias, visto que suas hidrogenases de superfície
consomem o filme de H
2
que se forma na região catódica como conseqüência da reação
de elétrons derivados do metal com íons H
+
resultantes da dissociação iônica da água. O
hidrogênio formado na área catódica pode ficar adsorvido ao material metálico,
polarizando-o e assim reduzindo a velocidade do processo corrosivo. Entretanto, em
presença de bactérias redutoras de sulfato, estas fazem uma despolarização catódica,
acelerando, portanto, o processo corrosivo. Dessa forma, esse consumo de hidrogênio
(H
2
)
desloca a reação de dissociação iônica da água, atraindo mais elétrons que
regeneram a formação de novas moléculas de H
2
, liberando mais Fe
2+
na região anódica
(perda de massa) (Figura 6).
17
Figura 6: Esquema de corrosão por despolarização catódica pelas BRS.
A segunda via de corrosão por BRS, também direta, ocorre pelos produtos
metabólicos das BRS, que colocam em solução o H
2
S (sulfeto de hidrogênio) que, por
sua vez, reage com Fe
2+
formando sulfeto de ferro, e que gera mais íons H
+
, estimulando
o consumo de elétrons na região catódica. Em casos de biofilmes contínuos, a reposição
dos íons hidrogênio na superfície metálica pode ser vista como uma repolarização
catódica dessa superfície protegendo essa estrutura. A terceira, indireta, gera zonas de
aeração diferencial sobre o metal, com a deposição de elementos de matriz extracelular
e a formação irregular do biofilme (AGUIAR, 1991). Algumas revisões sugerem que
nenhum dos mecanismos citados acima pode ser considerado predominante para a
corrosão influenciada pelas BRS devido ao grande número de fatores que estão
envolvidos nesse processo (LEE et al., 1995; HAMILTON, 1998).
As seguintes reações eletroquímicas para o processo de CIM induzida pelas BRS
foram sugeridas em 1934 por van Wolzogen Kuhr e van der Vlugt (apud LEE et al.,
1995) e a reação global foi descrita para o processo de despolarização catódica
(GENTIL, 2005).
4Fe 4Fe
2+
+ 8e- (anodo)
8H
2
O 8H
+
+ 8OH
-
(catodo)
8H
+
+ 8e- 8H (adsorvido)(reação catódica)
SO
4
2-
+ 8H S
2-
+ 4H
2
O (via ação bacteriana)
Fe
2+
+ S
2-
FeS (produtos de corrosão)
4Fe + SO
4
-2
+ 4 H
2
O 3 Fe(OH)
2
+ FeS + 2OH (reação global)
18
O padrão de corrosão característico da ação das BRS sobre o aço é a corrosão
localizada denominada “pitting”, com os pites (buracos) sendo formados e preenchidos
por produtos de corrosão de cor negra na forma de sulfetos de ferro (HAMILTON,
1985) (Figura 7). A taxa e a natureza dos processos de CIM são influenciadas pela
natureza química e física dos produtos de corrosão precipitados (sulfetos de ferro), e
pelo acesso de oxigênio ao sistema (HAMILTON, 1998). Essas taxas de corrosão
podem não estar diretamente relacionadas com a biomassa total aderida a uma
superfície e sim com o estado metabólico dessas células (BEECH et al., 1994). Como
descrito por Pedersen (1988) (apud CAVALCANTI, 2001), também são parâmetros
importantes para a CIM as espécies microbianas envolvidas nesse processo, as fontes de
carbono e o metal utilizado. Além disso, o EPS excretado pelas células dos biofilmes
também tem seu papel na corrosão, pois facilita a adesão irreversível de células às
superfícies e de precipitados inorgânicos derivados da fase aquosa e/ou produtos de
corrosão de substratos metálicos (BEECH & GAYLARD, 1999).
Figura 7: Padrão de corrosão característico da ação das BRS sobre o aço, denominada
“pitting”. Colonização não uniforme do biofilme resulta em células de aeração
diferencial onde concentrações variáveis de oxigênio geram uma diferença de potencial
e, conseqüentemente, corrente elétrica, levando à corrosão (adaptado de CHARACKLIS
& MARSHAL, 1990).
19
Apesar das BRS estarem associadas a processos corrosivos em campos de petróleo
pela formação de biofilmes e geração de produtos metabólicos corrosivos (como o H
2
S),
outros grupos de bactérias também devem ser considerados, por contribuir direta ou
indiretamente para a corrosão dos materiais, como por exemplo, o grupo das bactérias
produtoras de ácidos (CAVALCANTI, 2001). Além disso, é importante ressaltar que,
na natureza, os vários mecanismos de corrosão que refletem a variedade das atividades
fisiológicas dos diferentes tipos de microrganismos envolvidos não ocorrem como
processos isolados, mas, em conjunto com forças químicas e eletroquímicas do
ambiente em particular (BEECH & GAYLARD, 1999).
Os impactos econômicos causados por biofilmes são estimados em 1% do PIB em
países industrializados, podendo ser classificados nas categorias de
superdimencionamento do processo ou da estrutura, gastos de controle de biofilmes,
gastos com interrupção da produção e risco para a saúde da população (SCHNEIDER,
2008).
Acidulação em Reservas Petrolíferas
O crescimento microbiano em campos petrolíferos é limitado pela concentração de
aceptores de elétrons disponíveis (O
2
, nitrato, Fe
2+
ou sulfato) (HUBERT et al., 2004).
A presença simultânea de ácidos orgânicos de cadeia curta e sulfato cria um ambiente
favorável para atividade das bactérias redutoras de sulfato levando a produção de H
2
S
(acidulação).
A acidulação é um problema freqüente dos reservatórios “offshore” (plataformas em
alto mar) onde a água do mar rica em sulfato (aproximadamente 30mM) é utilizada para
injeção nos poços reservatório. O sulfeto de hidrogênio contamina o óleo, o gás e a água
produzida, diminuindo a qualidade do óleo e representando um risco para a segurança
dos funcionários. Sua presença também causa corrosão em oleodutos e equipamentos
(HUBERT et al., 2005).
Como dito, a injeção de água marinha ou outras águas contendo sulfato, com
populações indígenas viáveis de BRS, é uma prática comum utilizada para aumentar a
recuperação do petróleo após a produção primária, mantendo a reserva pressurizada e
carregando o óleo em direção do poço produtor (ECKFORD & FEDORAK, 2002a;
VANCE & THRASHER, 2005). A água utilizada na recuperação secundária é
20
desaerada com o intuito de prevenir a corrosão dos dutos pela presença de oxigênio.
Posteriormente, essa água é tratada com produtos químicos como antiespumante,
inibidores de encrustamento e substâncias químicas que reagem com o oxigênio
dissolvido, como os íons sulfeto (SO
3
-2
) e bisulfeto (HSO
3
-
) que combinam com o
oxigênio para formar sulfato (SO
4
-2
) (HAMILTON, 1983; POSTGATE, 1984; VANCE
& THRASHER, 2005).
O sulfeto de hidrogênio (H
2
S) produzido pelas BRS é um gás tóxico e corrosivo e é
responsável por uma variedade de problemas econômicos nas indústrias petrolíferas
(OLLIVIER & CAYOL, 2005). A diretriz de padrão internacional, NACE (“National
Association of Corrosion Engineers NACE International”), define sob a
MR0175/ISO-15156 que serviços de proteção contra a corrosão pelo sulfeto devem ser
usados em instalações petrolíferas aonde a pressão parcial de H
2
S exceda os níveis de
resistência dessas instalações (VANCE & THRASHER, 2005). Khatib & Salanitro
(1997) (apud VANCE & THRASHER, 2005) estimam que estes serviços podem
resultar em milhões de dólares de custos adicionais para cada poço, e por conseguinte,
para o projeto inteiro de perfuração, extração e recuperação de petróleo.
A acidulação em instalações petrolíferas também implica em custos adicionais para
o controle da exposição dos operadores ao H
2
S tóxico; administração de sulfetos
ferrosos sólidos que interferem na limpeza da água produzida para re-injeção;
administração do acúmulo de bases de sulfetos ferrosos sólidos que se depositam e
promovem corrosão e danos a equipamentos. Além dos custos de todos os mecanismos
de controle e prevenção de acidulação (ex: tratamentos químicos para remoção do H
2
S
produzido; necessidade de transporte e estocagem do material para tratamento da
acidulação; uso de biocidas; etc). Todos estes fatores geram grandes implicações
logísticas para as indústrias petrolíferas (VANCE & THRASHER, 2005).
4. Controle da Acidulação
A acidulação consiste em um dos principais problemas da indústria do petróleo
devido à toxidade e ao potencial corrosivo do sulfeto produzido pelas bactérias
redutoras de sulfato (BRS). Esse processo diminui o valor econômico do óleo produzido
devido ao aumento da concentração de enxofre e confere riscos a segurança e a saúde de
funcionários. Além disso, acidulação de reservatórios pode levar a uma recuperação
21
secundária ineficiente do óleo pela redução na permeabilidade dos poros rochosos
devido ao crescimento bacteriano ou até mesmo ao seu entupimento por meio de
sulfetos de ferro insolúveis (NEMATI, JENNEMAN & VOORDOUW, 2001;
JURELEVICIUS et al., 2008). Todos esses fatores motivaram um crescente interesse
em estratégias para prevenir e/ou diminuir a geração de sulfeto (LOMAS et al., 2007).
O tratamento da acidulação por fechamento do poço petrolífero mais afetado e por
“sweetening” (processo de remoção de H
2
S e CO
2
da fonte gasosa) tem sido a resposta
industrial mais comum para esse problema em um estágio mais avançado (VANCE &
THRASHER, 2005). Outras opções envolvem a prevenção de condições contaminantes
pela inibição da atividade biológica (“inhibition of biological activity” IBA) ou pela
prevenção específica da atividade anaeróbia (“specific prevention of anaerobic activity”
– PAA) (LOMAS et al., 2006).
Considerando a IBA, o tratamento com a injeção de água adicionada de biocidas é
uma das ferramentas mais comumente utilizadas na tentativa de prevenir o início da
acidulação de ambientes fechados como tanques de armazenamento. Outros inibidores
como nitrito e molibdato (dois inibidores do metabolismo das BRS) também
apresentaram inibição da produção biogênica de sulfeto (NEMATI et al., 2001;
GARDNER & STEWART, 2002; HAVEMAN, GREENE & VOORDOUW, 2005).
Os biocidas podem ser divididos em dois grupos, os oxidantes (clorinas e
cloraminas) e os não oxidantes (compostos tipo amina, antraquinonas e aldeídos). Os
mais utilizados são as antraquinonas, glutaraldeídos e o THPS (sulfato de tetrakis-
hidrometilfosfonio). Entretanto, o custo dessa alternativa, os impactos ambientais em
sistemas abertos e o risco à saúde humana são aspectos que sempre devem ser levados
em conta antes da utilização desses compostos (NEMATI, JENNEMAN &
VOORDOUW, 2001; KORENBLUM et al., 2005; JURELEVICIUS et al., 2008). Além
disso, a eficácia dos biocidas é questionada, pois existem casos de resistência
microbiana citados na literatura (TELANG et al., 1998; GARDNER & STEWART,
2002).
A natureza da formação e da estrutura dos biofilmes dificulta a remoção dessas
estruturas quando aderidas a uma superfície. Métodos convencionais de controle e
remoção dessas estruturas são geralmente inadequados contra biofilmes bacterianos em
sistemas industriais. A matriz de EPS secretada pelas células reduz a eficácia dos
biocidas, pois inviabiliza a penetração uniforme desses compostos na estrutura do
22
biofilme o que leva ao aparecimento de zonas de acesso reduzido ou inacessíveis a esses
antagonistas. Estratégias para contornar este problema empregam o uso de biocidas em
altas concentrações. Entretanto esta alternativa pode levar indiretamente a grandes
impactos ambientais (JAYARAMAN, ERTHMAN & WOOD, 1999; KORENBLUM et
al., 2008).
a PAA pode envolver a eliminação de sulfato da fonte de água através de nano-
filtração (BAKKE, RIVEDAL & MEHAN, 1992), a qual é um método muito caro para
uma aplicação em larga escala, ou incentivando a competição microbiana pela adição de
compostos termodinamicamente favoráveis como o oxigênio (POSTGATE, 1984),
nitrato (TELANG et al., 1997; NEMATI, JENNEMAN & VOORDOUW, 2001;
SUNDE & TORSVIK, 2005) e nitrito (NEMATI et al., 2001; GARDNER &
STEWART, 2002; MYHR et al., 2002).
Muitos estudos vêm sendo realizados mostrando a possível utilização do nitrato ao
invés dos biocidas (THORSTENSON et al., 2002; SUNDE et al., 2004). O efeito
inibitório do nitrato na produção de sulfeto vem sendo estudado há muitos anos. Desde
1929, quando foi reconhecido que o uso do nitrato abatia o odor causado pelo
metabolismo das BRS em tratamentos de águas residuais, muitos estudos usando o
nitrato foram realizados no controle da produção de sulfeto (JENNEMAN,
MCINERNEY & KNAPP, 1986). Entretanto, o mecanismo envolvido nessa inibição
continua controverso (LOMAS et al., 2006), embora seja sempre baseado na interação
entre o ciclo do nitrogênio e do enxofre (DAVIDOVA et al., 2001).
Alguns mecanismos podem contribuir para a mitigação da produção de sulfeto pelo
uso do nitrato, como: (I) aumento do potencial redox como resultado da presença do
nitrato e da ação das BRN heterotróficas (JENNEMAN, McINERNEY & KNAPP,
1986; ECKFORD & FEDORAK, 2002c), resultando na inibição do metabolismo das
BRS, já que a redução de sulfato, por estas bactérias, ocorre somente quando o potencial
redox esta abaixo de -0,1V (POSTGATE, 1984); (II) sendo nitrato e o sulfato aceptores
terminais de elétrons, para BRN e BRS respevtivamente, uma competição baseada na
termodinâmica e na cinética bacteriana é estabelecida quando os dois ânions estão
presentes, podendo levar a uma exclusão competitiva das BRS, que a redução de
nitrato fornece aproximadamente três vezes mais energia para a bactéria do que a
redução de sulfato (DAVIDOVA et al., 2001; ECKFORD & FEDORAK, 2002a,b,c;
HUBERT et al., 2004; LARSEN, ROD & ZWOLLE, 2004); (III) a troca do
23
metabolismo energético das BRS para reduzir nitrato ao invés de sulfato
(DALSGAARD & BAK, 1994; DUNSMORE et al., 2004; GONZÁLEZ et al., 2006);
(IV) uso do nitrato ou nitrito como aceptor de elétrons para a reoxidação do sulfeto para
sulfato ou enxofre elementar pelas BRN-OS (bactérias redutoras de nitrato, oxidantes de
sulfeto) (TELANG et al., 1997; ECKFORD & FEDORAK, 2002b; HUBERT et al.,
2005; SUNDE & TORSVIK, 2005), resultando numa redução da concentração de
sulfeto, mas não na inibição das BRS, que as atividades das BRS e das BRN-OS são
complementares, e que as BRN-OS não competem com as BRS por fonte de carbono
(HUBERT et al., 2004); e (V) inibição da produção de sulfeto pela ação tóxica do
nitrito e do oxido nítrico gerado a partir da redução de nitrato (NEMATI, JENNEMAN
& VOORDOUW, 2001; MYHR et al., 2002; SUNDE & TORSVIK, 2005). O nitrito,
especificamente, inibe as BRS agindo diretamente no último passo da redução de
sulfato (HAVEMAN et al., 2004) embora algumas BRS possuam a capacidade de
resistir a esta inibição (GREENE et al., 2003; HUBERT et al., 2004).
Dependendo das circunstâncias, os vários mecanismos listados acima podem
ocorrer ao mesmo tempo, o que faz do uso do nitrato um mecanismo muito versátil
(LARSEN, ROD & ZWOLLE, 2004). A Figura 8 exibe as atividades microbianas
determinantes do processo de acidulação e o comportamento das BRS, BRN
heterotróficas e BRN-OS na presença de nitrato.
24
Figura 8: Atividades microbianas determinantes do mecanismo de acidulação. (a) BRS
oxidam óleos orgânicos degradáveis a CO
2
, enquanto reduz sulfato a sulfeto. A redução
de sulfato pode ser inibida pelo nitrito (\\). (b) Muitas BRS reduzem nitrito à amônia
para prevenir esta inibição. (c e d) BRN-OS usam nitrato ou nitrito para re-oxidar o
sulfeto produzido pelas BRS através da redução do sulfato. As BRN-OS utilizam
somente o CO
2
como fonte de carbono para formação de biomassa. (e e f) BRN
heterotróficas oxidam óleos orgânicos degradáveis a CO
2
, enquanto reduzem nitrato ou
nitrito a nitrogênio ou amônia. (g e h) A soma das reações catalisadas pelas BRS e
BRN-OS é a mesma da catalisada pela BRNh: oxidação de óleos orgânicos com nitrato
(ou nitrito) (adaptado de HUBERT et al., 2004).
25
5. Métodos para o Estudo de Biofilmes
Métodos Microscópicos para o Estudo de Biofilmes
Um aspecto fundamental do estudo da adesão bacteriana a superfícies é a
necessidade de métodos confiáveis para quantificação de células aderidas. Muitos
métodos de contagem bacteriana incluem metodologias de contagem direta por
microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura (MEV) (AN & FRIEDMAN,
1997).
A microscopia óptica convencional pode fornecer informações sobre a distribuição e
a atividade fisiológica dos microrganismos, bem como a extensão da superfície
colonizada. Entretanto, seu uso é limitado quando se estuda biofilmes maduros, onde a
natureza tridimensional da comunidade mascara a observação dos microrganismos
constituintes destes biofilmes. A microscopia eletrônica trouxe um avanço considerável
para a microbiologia e é uma técnica muito utilizada para o estudo dos biofilmes.
Devido ao seu alto poder de resolução, é possível obter informações detalhadas sobre a
distribuição e a ultra-estrutura das células (CAVALCANTI, 2001).
A microscopia eletrônica de varredura (MEV) oferece uma contribuição valiosa para
a investigação biológica. Entretanto, o ambiente de vácuo e a própria irradiação de
elétrons durante a observação representam condições adversas para a amostra. Por isso,
os métodos de preparo para MEV visam justamente contornar ou minimizar essas
limitações tornando o material biológico resistente e condutor. Assim, se pode dizer que
o sucesso de uma boa preparação é fundamental para garantir a melhor imagem de uma
amostra biológica. Para tal, a amostra biológica deve preencher alguns requisitos
básicos como: (I). ter dimensões reduzidas (até 1 cm
3
); (II). estar limpa e seca, ou seja,
desidratada; (III). estar bem preservada nas três dimensões, que serão “vistas” pelo feixe
de elétrons; (IV). ser condutora de cargas elétricas e; por fim (V). estar devidamente
fixada a um suporte através de um adesivo também condutor (SILVEIRA, 2007).
As aplicações da microscopia eletrônica de varredura em biologia incluem desde o
estudo de objetos macroscópicos (organismos inteiros, partes de vegetais, órgãos
isolados, células em cultura) até o estudo de macromoléculas orgânicas, bactérias,
frações celulares, entre outros. Dessa forma, a maneira de preparar estas amostras é
altamente diversificada e por vezes laboriosa. Somente objetos gidos, como sementes,
madeira, conchas, podem ser estudados no MEV com um tratamento nimo. Para
26
outros materiais, as alternativas disponíveis para processar amostras originalmente
hidratadas são a liofilização (manutenção da forma por meio puramente físico através de
um congelamento ultra-rápido) e o método do ponto crítico (fixação, desidratação
seguida de secagem em câmara pressurizada usando o gás carbônico como fluido de
transição) (SILVEIRA, 2007). O método do ponto crítico é o mais popular e se baseia
no princípio de que para cada fluido existe uma única condição de temperatura e pressão
característica onde as fases líquidas e gasosas desse não podem co-existir, esta
combinação corresponde ao ponto crítico do fluido. Os métodos criogênicos (“freeze-
drying”) também são considerados alternativas viáveis, porém, mais lentas e limitadas
sendo mais utilizados para estudos de histoquímica de enzimas e micro-análises por
raios-X (SILVEIRA, 2007).
Estudos de biofilmes também podem ser realizados através da análise por
microscopia de epifluorescência e utilização de uma grande variedade de sondas
fluorescentes. Como exemplo de fluoróforos comumente utilizados, temos: DAPI
(dihidrocloreto 4’, 6 diamino-2-fenilindol), IP ( iodeto de propídeo) e laranja de acridina
(LA). O DAPI é um composto que se liga ao DNA e fluoresce em azul quando excitado
por luz UV sendo útil para visualizar bactérias totais em uma amostra. O iodeto de
propídeo é freqüentemente utilizado para corar células não-viáveis. Este composto se
intercala entre as bases de DNA e quando excitado por lâmpadas de mercúrio e xenônio,
fluoresce em vermelho. O corante laranja de acrididina fluoresce em verde quando
ligado a dupla fita de DNA e, em laranja quando ligado a ácidos nucléicos de fita
simples, como o RNAm. O LA foi muito utilizado como um corante vital, que a
atividade celular é indicada com o aumento da quantidade de RNAm devido ao
metabolismo celular ativo. Assim, identificando geralmente a viabilidade com a
fluorescência laranja e a inviabilidade com fluorescência verde. Entretanto, o
mecanismo exato da diferença na fluorescência não é conhecido (SURMAN et al.,
1996; RAPPOSH, ZANGERI & GINZINGER, 2000; CAVALCANTI, 2001).
A importância da microscopia para o estudo dos biofilmes se encontra na
possibilidade de se estudar biofilmes intactos, o que permite melhorar a compreensão
sobre a sua organização espacial e ampliar os conhecimentos sobre a interação in situ
desses organismos em ambientes naturais. A microscopia representa uma ferramenta
indispensável para o estudo dessas estruturas e vem sendo freqüentemente utilizada em
muitos trabalhos científicos (JAYARAMAN et al., 1997; LINDSAY & VON HOLY,
1997; NEMATI, JENNEMAN & VOORDOUW, 2001; KORENBLUM et al., 2008).
27
Técnicas Moleculares para o Estudo da Diversidade e Ecologia Microbiana.
Os métodos para analisar a diversidade microbiana e a função da comunidade
podem ser divididos em métodos dependentes de cultivo e independentes de cultivo,
sendo que ambos devem incluir técnicas de caracterização taxonômica (VAN HAMME,
SINGH & WARD, 2003).
Os métodos tradicionais, dependentes de cultivo, são os mais comuns e estão
baseados nas diferenças morfológicas, metabólicas e fisiológicas dos microrganismos.
Isto inclui o isolamento e cultivo em meio sólido, ensaios em meio líquido como o
NMP (Número Mais Provável) e a utilização de substrato em placas Biolog (VAN
HAMME, SINGH & WARD, 2003). Entretanto, utilizando estes métodos, a
enumeração e o monitoramento de populações microbianas podem levar um tempo
longo e, na maioria das vezes, subestima a quantidade real dos microrganismos
presentes como conseqüência da dificuldade existente em cultivar a maioria dos
microrganismos (LLOYD-JONES et al., 1999).
Atualmente, técnicas moleculares vêm sendo utilizadas para caracterizar os ácidos
nucléicos dos microrganismos contidos na comunidade microbiana das amostras
ambientais. O principal benefício dessas análises moleculares é a possibilidade de
estudar comunidades microbianas sem cultivar bactérias e fungos. Enquanto as análises
usando incubação no laboratório (microbiologia clássica) são indiretas, e produzem
mudanças artificiais na estrutura e na atividade metabólica da comunidade microbiana,
os métodos moleculares diretos preservam o estado metabólico in situ e a composição
da comunidade microbiana, porque as amostras são congeladas imediatamente após a
amostragem. Além disso, a extração direta dos ácidos nucléicos de amostras ambientais
proporciona a detecção de microrganismos não-cultiváveis em laboratório, que podem
ser responsáveis por atividades metabólicas de interesse (BROCKMAN, 1995).
Dentre os métodos para avaliar a estrutura de comunidades podemos citar a
eletroforese em gel de gradiente desnaturante ou DGGE (Denaturing Gradient Gel
Electrophoresis), a eletroforese em gel de gradiente de temperatura ou TGGE
(Temperature Gradient Gel Electrophoresis), o polimorfismo da conformação da fita
simples ou SSCP (Single Strand Conformation Polymorphism), a técnica de DNA
polimórfico amplificado randomicamente ou RAPD (Random Amplified polymorphic
28
DNA) e a análise de restrição do DNA ribossomal amplificado ou ARDRA (Amplified
Ribossomal DNA Restriction Analysis) (KENT & TRIPLETT, 2002).
A separação de seqüências específicas de DNA, ou a detecção de pequenas
diferenças existentes entre elas, pode fornecer informações importantes sobre a estrutura
da comunidade e a diversidade dos microrganismos contendo o gene procurado.
Geralmente essas técnicas são acopladas com a reação de PCR para amplificar
seqüências que não são abundantes. Os produtos de PCR amplificados podem ser
examinados utilizando técnicas como o DGGE e o TGGE (SCHNEEGURT-MARK &
KULPA-CHALER, 1998).
O DGGE e o TGGE são métodos pelos quais fragmentos de DNA do mesmo
tamanho, mas que apresentam seqüências diferentes, podem ser separados por
eletroforese (MUYZER, 1999). Quando o DNA é submetido à eletroforese em
condições crescentes de desnaturação, seja essa química ou térmica, os fragmentos
permanecem em dupla fita até que eles atinjam as condições necessárias para a
desnaturação dos domínios ricos em AT, chamados domínios de desnaturação. Quando
um domínio desses se desnatura, processa-se uma transição na conformação da
molécula, que passa de helicoidal para parcialmente desnaturada e, nessa situação, a
migração da molécula no gel é praticamente interrompida. Variações nas seqüências de
nucleotídeos desses domínios levam a uma diferença nessas condições desnaturantes e
as moléculas com diferentes seqüências vão interromper sua migração em diferentes
posições no gel (ROSADO & DUARTE, 2002).
A DGGE vem sendo empregada recentemente em centenas de trabalhos de análise
de diversidade de comunidade bacteriana total baseados no gene que codifica o RNAr
16S, permitindo a detecção e monitoramento de membros predominantes da
comunidade, os quais muitas vezes são organismos não cultiváveis em laboratório
(ROSADO et al., 1998; SALLES, SOUZA & VAN ELSAS, 2002). O número, a
posição e a intensidade das bandas no gel de DGGE fornecem uma estimativa da
diversidade e da abundância relativa das populações numericamente predominantes em
uma amostra e permitem a comparação de diversas comunidades microbianas (BOON
et al., 2002). Também através do DGGE, grupos bacterianos específicos podem ser
estudados dentro de uma comunidade através de iniciadores específicos baseados no
gene que codifica o RNA ribossomal 16S (SALLES, SOUZA & VAN ELSAS, 2002)
29
ou em outros genes de interesse (ROSADO et al., 1998; PICENO, NOBLE &
LOVELL, 1999).
II. Justificativa do Trabalho
A indústria do petróleo é uma grande consumidora e produtora de água. Ao final do
tempo de vida (útil) de um campo petrolífero, os poços podem produzir mais de 95% de
água. No Brasil, por exemplo, em 1998, um volume estimado de 9,3 x 10
6
m
3
de água
de produção foi liberado no mar por sete plataformas fixadas na Bacia de Campos
(JEREZ VEGUERIA, GODOY & MIEKELEY, 2002). Inúmeros grupos de bactérias
têm sido isolados ou detectados em amostras de água de produção de campos de
petróleo, através de técnicas moleculares. As bactérias redutoras de sulfato (BRS) são
um dos principais grupos encontrados nesse ambiente e, muitas vezes, envolvidas na
biocorrosão. Este tipo de corrosão está, invariavelmente, associado à formação pelas
BRS de biofilme em superfícies metálicas e a geração de produtos metabólitos
corrosivos como o sulfeto de hidrogênio (H
2
S). A produção biogênica de H
2
S é o maior
problema das indústrias petrolíferas, pois esse reduz a qualidade do óleo, promove a
corrosão de materiais de aço, pode causar entupimento de dutos devido à formação de
sulfetos ferrosos insolúveis e conseqüente redução do rendimento da recuperação do
óleo. Todos estes fatores podem levar a um abandono prematuro do reservatório pelo
aumento do custo de tratamento e redução da produção. Além disso, a produção desse
composto representa risco para a saúde humana devido a sua alta toxidade.
Um variado número de abordagens pode ser utilizado para conter ou minimizar
os efeitos dos microrganismos em reservas petrolíferas e em suas instalações.
Entretanto, métodos convencionais de controle e remoção de biofilmes, como a
introdução de biocidas, nem sempre são eficientes e podem levar a impactos ambientais
graves. Por isso, esse trabalho teve como proposta avaliar uma tecnologia alternativa no
controle de biofilmes formados por BRS através da utilização do nitrato no tratamento
da água de produção proveniente da Estação Coletora de Entre Rios do campo
petrolífero de Sergipe. Muitos estudos vêm sendo realizados mostrando a possível
utilização do nitrato em substituição aos biocidas, tendo esse primeiro um efeito
inibitório na produção de sulfeto. Vários mecanismos podem estar envolvidos nessa
30
inibição e, dependendo das circunstâncias, os vários mecanismos de inibição podem
ocorrer ao mesmo tempo, o que faz do uso do nitrato um mecanismo muito versátil.
Em nosso estudo, um sistema dinâmico foi empregado para mimetizar as condições
da formação de biofilme em uma indústria petrolífera. Dessa forma, foi verificado não
somente o efeito do nitrato na formação do biofilme e na corrosão, mas também, seu
efeito na estrutura da comunidade da amostra de água de produção através de técnicas
moleculares. Além disso, estudos da estrutura da comunidade de biofilmes bacterianos
de água produzida podem levar a um maior conhecimento microbiológico desses
ambientes podendo assim favorecer um aprimoramento de estratégias utilizadas no
combate aos “vilões” da indústria do petróleo. Acreditamos que nosso trabalho
contribui com resultados interessantes para o estudo e controle de biofilmes nas
indústrias petrolíferas que são as maiores prejudicadas pela corrosão microbiana (CIM)
e pela produção de sulfeto de hidrogênio pelas BRS.
III. Objetivos
1. Objetivo Geral e Objetivos Específicos
Este trabalho teve como enfoque principal estudar a diversidade bacteriana presente
na água produzida proveniente da Estação Coletora de Entre Rios do campo petrolífero
de Sergipe. Utilizando biorreatores, os objetivos deste estudo foram: (I) estudar a
comunidade bacteriana séssil total presente na água de produção de Entre Rios através
de PCR-DGGE; (II) detectar e quantificar comunidades de BRS predominantemente
envolvida nos processos de corrosão microbiológica através de PCR e contagem direta
de células (NMP); (III) estudar o efeito do nitrato na comunidade bacteriana total, na
população de bactérias redutoras de sulfato (BRS) e na biocorrosão dos cupons.
31
2. Etapas do Projeto
2.1 Montagem dos Reatores (com e sem o Tratamento com o Nitrato).
Montagem de dois reatores contendo água de produção, solução nutritiva
e cupons de aço-carbono; sendo o nitrato adicionado em somente um dos
sistemas. Os sistemas dinâmicos têm como objetivo principal mimetizar
as condições para a formação de biofilme em superfícies metálicas
(ambiente anaeróbio) encontradas nas indústrias petrolíferas.
Amostragem dos cupons de aço-carbono em duplicata e utilização desses
para a realização de testes analíticos.
2.2 Contagem do Número de Células nos Reatores.
Realização de análises quantitativas das células totais presentes nos
biofilmes aderidos aos cupons de aço-carbono através de fluoróforos
(Laranja de Acridina) utilizando um microscópio de epifluorescência.
Realização de contagem das células viáveis aderidas aos cupons de aço-
carbono por meio da técnica de tubos múltiplos ou do número mais
provável (NMP) para bactérias redutoras de sulfato (BRS).
2.3 Avaliação da Biocorrosão e Acidulação dos Reatores.
Observação da formação de biofilme aderido aos cupons de aço-carbono
e da corrosão microbiana (CIM) da superfície metálica desse material
através de microscopia eletrônica de varredura (MEV).
Determinação da corrosão dos cupons de aço-carbono através de perda
de massa desse corpo de prova durante o experimento com os reatores.
32
2.4 Análise Molecular da Comunidade Bacteriana Séssil dos Reatores.
Realização da extração do DNA total das células aderidas aos cupons de
aço-carbono de ambos os reatores.
Amplificação via PCR com iniciadores universais para o gene que
codifica o RNAr 16S das células aderidas aos cupons de aço-carbono.
Detecção através de amplificação via PCR com iniciadores específicos
para o gene aprBA (que codifica a enzima adenosina-5-fosfosulfato
redutase) da presença de bactérias redutoras de sulfato (BRS) aderidas
aos cupons de aço-carbono. Averiguação das conseqüências da
introdução do nitrato para esse grupo bacteriano.
Análise, através da técnica de DGGE, da estrutura da comunidade total
dos biofilmes aderidos aos cupons de aço-carbono.
Ainda através da técnica de DGGE, averiguação do efeito da introdução
do nitrato na estrutura da comunidade total aderida aos cupons de aço
carbono durante o experimento com os reatores.
Extração do gel, reamplificação por PCR, clonagem e seqüenciamento de
bandas de interesse observadas através da técnica de DGGE.
33
IV. Materiais e Métodos
1. Meios de Cultura
Meio Postgate E modificado para bactérias redutoras de sulfato mesófilas
(m-BRS). (POSTGATE, 1984)
KH
2
PO
4
0,5g
NH
4
Cl 1g
Na
2
SO
4
1g
CaCl
2
.6H
2
O 1g
MgCl
2
.6H
2
O 1,83g
Lactato de sódio (50% p/v) 7ml
Acetato de sódio 2g
Extrato de levedura 1g
Àcido Ascórbico 0,1g
FeSO
4
.7H
2
O 0,5g
Agar 1,9g
Resazurina (0,025%p/v) 4ml
Água Mar sintética 1L
pH 7,6
O meio de cultura citado acima foi preparado sob purga de nitrogênio (N
2
),
distribuído em frascos de vidro de 10ml que, em seguida, foram lacrados com septo de
borracha e tampa de metal.
Luria-Bertani Broth (LB) (SCHLEIF & WENSINK, 1981)
Triptona 10g
Extrato de levedura 5g
NaCl 5g
Água destilada q.s.p 1L
pH7,2
34
Os meios de cultura citados acima foram autoclavados a 121°C por 20min e
estocados a temperatura ambiente.
2. Soluções
Solução tioglicolato de sódio
Tioglicolato de sódio 1,24g
Água destilada 100ml
Solução redutora para meio Postgate E modificado
Tioglicolato de sódio 0,124g
Ácido ascórbico 0,1g
Resazurina (0,025% p/v) 4ml
Água do mar sintética 1L
pH 7,6
Solução nutritiva para a formação de biofilme
Lactato de sódio (70%)
4ml
Extrato de levedura
1g
Glicose
0,25g
Água destilada q.s.p
1L
Solução de Nitrato
Nitrato de sódio 1,5g
Água destilada q.s.p
1L
As soluções descritas acima foram preparadas sob purga de nitrogênio (N
2
) sendo
lacradas com septo de borracha e tampa de metal em seguida autoclavadas a 121°C por
15min e estocadas a temperatura ambiente.
35
Solução Adsorvedora
3 CdSO4. 8H2O 4,2g
Hidróxido de sódio 1,8g
Água destilada q.s.p
1L
A solução foi preparada em frasco âmbar e foi estocada a 4°C.
Água do mar sintética
NaF 0,03g
SrCl
2
.6H
2
O
0,2g
H
3
BO
3
0,3g
KBr 1g
KCl 7g
CaCl
2
11,13g
Na
2
SO
4
40g
MgCl
2
.6H
2
O
107,8g
NaCl 235g
NaSiO
3
.9H
2
O
0,2g
Na
2
EDTA
0,1g
NaHCO
3
2g
Água Milli-Q q.s.p. 10L
A solução foi submetida a agitação por cerca de 20 horas (durante a noite), e em
seguida foi filtrada em membrana Millipore 0,45µm com o auxílio de uma bomba de
vácuo.
Soluções de acrilamida / bis-acrilamida 40%
Acrilamida 38,93g
Bis-acrilamida 1,07g
Água Milli-Q q.s.p. 100ml
36
A acrilamida foi dissolvida em 30ml de água Milli-Q e a bis-acrilamida foi
acrescentada aos poucos, sendo o volume completado para 100ml com água Milli-Q.
Após a filtragem da solução em membrana Millipore de 0,45µm. A solução foi estocada
a 4°C em frasco âmbar.
Solução corante de corrida para eletroforese de DNA em gel de agarose
Glicerol 50ml
EDTA (pH 7,5) 20mM
Azul de bromofenol 0,05g
Xileno cianol 0,05g
Água destilada q.s.p. 100ml
Solução corante de corrida para DGGE
Glicerol 70% (v/v)
Azul de bromofenol 0,05% (p/v)
Xileno cianol 0,05% (p/v)
Água Milli-Q q.s.p.
100ml
Solução corante de gradiente para DGGE
Azul de bromofenol 0,05% (p/v)
Xileno cianol 0,05% (p/v)
Tampão TAE 50x 2ml
Água Milli-Q q.s.p. 100ml
Solução 0% desnaturante – gel de acrilamida 8%
Solução de acrilamida/Bis-acrilamida 40% 20ml
Tampão TAE 50x 2ml
Água Milli-Q q.s.p. 78ml
Após a filtragem da solução em membrana Millipore de 0,45µm, a solução foi
estocada a 4°C em frasco âmbar
37
Solução 100% desnaturante – gel de acrilamida 8%
Solução de acrilamida/Bis-acrilamida 40% 20ml
Tampão TAE 50x 2ml
Formamida deionizada 32ml
Uréia 33,6g
Água Milli-Q q.s.p. 78ml
Após a filtragem da solução em membrana Millipore de 0,45µm, a solução foi
estocada a 4°C em frasco âmbar.
Solução de persulfato de amônio (10%)
Persulfato de amônio 0,1g
Água destilada q.s.p. 1ml
A solução foi estocada a -20°C.
Solução de formamida deionizada
Resina AG501-X8 da (Bio-Rad) 5g
Formamida 100ml
A resina foi adicionada à formamida e colocada sob agitação em placa por
aproximadamente 1 h. Em seguida, a solução foi filtrada em papel de filtro Whatman
n°4 e estocada em frasco âmbar a temperatura ambiente.
Solução fixadora para MEV
Tampão cacodilato 0,1M
Glutaraldeído 2,5%
A solução foi estocada a 4°C.
38
Solução de ampicilina
A solução de ampicilina foi preparada em água destilada estéril e mantida em
solução estoque a -20°C contendo 100µg/ml da droga.
3. Tampões
Tampão TAE 50x
Tris 2M
Ácido acético glacial 1M
EDTA 0,5M pH 8 50mM
Água Milli-Q q.s.p 1L
pH 7,8
Tampão TEB
Tris 89mM
EDTA 2,5mM
H
3
BO
3
89mM
Água destilada q.s.p. 1L
pH 7,8
Após o preparo, os tampões foram autoclavados a 121°C por 20min e estocados a
temperatura ambiente.
Tampão Fosfato
KH
2
PO
4
1,4mM
KCl 2,7mM
Na
2
HPO
4
.7H
2
O 4,3mM
pH 7,2
PBS
NaCl 137mM
Tampão fosfato (pH 7,2) 20mM
39
4. Procedência das Amostras de Água de Produção
As amostras de água de produção utilizadas nesse trabalho são provenientes da
Estação Coletora de Entre Rios do campo petrolífero de Sergipe e foram fornecidas pelo
Centro de Pesquisas da Petrobras (CENPES). A composição físico-química da água
produzida de Entre Rios está relacionada na tabela abaixo (Tabela 2).
Tabela 2: Análise físico-química da água produzida da Estação Coletora de Entre Rios
do Campo de Sergipe.
Característica Resultado Limite Inferior Limite Superior
Salinidade 90.118,7mg/l - 350.000
Densidade a 20/4°C 1,03 0,997 1,3
pH 6,5 1 14
Bário 24,1mg/l - 100
Cloretos 54.617,4mg/l - 200.000
Ferro Total 46,2mg/l - 100
Cálcio 1.931,7mg/l - 6.000
Magnésio 634,6mg/l - 2.000
Estrôncio 49,7mg/l - 100
Sódio 20.266,6mg/l - 100.000
Potássio 365,2mg/l - 50.000
Hidróxidos - - 100
Carbonatos - - 150
Bicarbonatos 558,3mg/l - 2.000
Sulfatos 42,3mg/l - 2.500
Alumínio Total 3,8mg/l - 1,5
Cromo Total 0,2mg/l - 1,1
Manganês total 1,4mg/l - 1
Cádmio < 0,01mg/l - 0,2
Chumbo 0,07mg/l - 0,5
Cobre Total 0,2mg/l - 1
Níquel 0,02mg/l - 2
Prata < 0,01mg/l - 0,1
Zinco 0,04mg/l - 5
40
5. Montagem do Biorreator
Foram preparados dois reatores de vidro de 1L (Figura 9). Cada reator contem
500ml de mosto (água de produção da estação de Entre Rios), 50ml de solução nutritiva
e nove cupons de aço-carbono ou corpos de prova (quatro cupons do Tipo 1 [com as
dimensões 10x10x2mm
3
] e os restantes do Tipo 2 [com as dimensões 10x20x2mm
3
])
presos à tampa do reator (Figura 9) . Cada biorreator tem quatro orifícios, sendo três na
parte superior (tampa) e um último localizado na altura de 500ml do frasco do reator. Os
três orifícios da parte superior foram destinados a: (1). entrada de caldo nutritivo e
nitrato (em somente um dos sistemas); (2). entrada de gás nitrogênio; e (3). saída de ar
(filtro). O quarto orifício (localizado no nível de 500ml dos reatores [4]) foi destinado
ao descarte de líquido e estava conectado a um Erlenmeyer de 6L.
A injeção de nutrientes nos biorreatores ocorreu a cada 24 horas. Ambos os sistemas
foram incubados sob purga contínua de nitrogênio, com agitação (60rpm) e temperatura
(30°C) constantes (Figura 10). A injeção contínua de uma solução de nitrato de sódio
(60ml/dia) foi realizada gota a gota através de um gotejador somente em um dos
reatores. O tratamento da superfície dos cupons foi realizado utilizando-se da técnica de
jateamento de areia.
41
Figura 9: Foto do reator de vidro de 1L (a) e esquema com ilustração dos nove cupons
de aço-carbono (quatro cupons do Tipo 1 [com as dimensões 10x10x2mm
3
] e os
restantes do Tipo 2 [com as dimensões 10x20x2mm
3
]) presos à tampa do reator (b). Os
orifícios presentes na tampa do reator (a e b) foram destinadas a entrada de caldo
nutritivo e nitrato (1), entrada de gás nitrogênio (2) e saída de ar (3). O quarto orifício
(4) foi destinado ao descarte de líquido (b).
Figura 10: Preparação e montagem do experimento com os reatores. Ambos os reatores
foram posicionados em cima de placas agitadoras e aquecedoras e conectados a
Erlenmeyers descartes de 6L.
1 2 3
4
a
b
42
6. Descrição dos Experimentos com os Reatores
Foram realizados três experimentos com o reator controle (reator C) e com o reator
que recebeu a injeção do nitrato (reator N). Todos os experimentos foram realizados nas
mesmas condições experimentais diferindo apenas no tempo de duração (Tabela 3).
Dessa forma, o primeiro experimento (E1) teve 5 dias de duração e os reatores
permaneceram por 48 horas em batelada para o estabelecimento do biofilme. Após esse
período, teve início a injeção contínua do nitrato (60 ml de solução de nitrato de sódio
por dia) no reator N até o final do experimento. O segundo experimento (E2) teve 45
dias de duração, sendo que, nos primeiros 12 dias os reatores permaneceram em
batelada, como no experimento anterior, e após esse período teve início a injeção
contínua do nitrato no reator N até o final do experimento. O terceiro e último
experimento (E3) teve a duração de 80 dias e, como nos experimentos anteriores, os
reatores permaneceram os primeiros 40 dias em batelada e, nos 40 dias restantes para o
término do experimento, somente o reator N recebeu a injeção contínua de nitrato até o
final do experimento.
Durante os três experimentos, a amostragem dos cupons foi realizada antes e após o
início da injeção do nitrato, constituindo dois tempos de amostragem para cada
experimento. Dessa forma, a cada tempo de amostragem quatro cupons (dois cupons do
Tipo 1 e os restantes do Tipo 2) foram retirados dos reatores durante os experimentos
E1, E2 e E3 com, respectivamente, 2 e 5 dias, 12 e 45 dias e 40 e 80 dias de
experimento. Ao final de cada experimento, foi amostrado ainda um cupom do Tipo 1
sobressalente de cada reator. Desses quatro cupons, os corpos de prova do Tipo 2 foram
raspados com o auxílio de uma espátula de madeira estéril e esse raspado foi
ressuspenso em 9 ml de solução redutora. A partir dessa suspensão do raspado, foram
retiradas alíquotas para contagem direta de células [fluoróforo (Laranja de Acridina -
LA)], contagem de BRS viáveis [número mais provável (NMP)] e para análise
molecular (extração do DNA total, amplificação por PCR e DGGE). Após o
procedimento de raspagem, esses cupons foram utilizados para avaliação da biocorrosão
através da perda de massa. Os cupons restantes (Tipo 1) foram destinados à microscopia
eletrônica de varredura para a análise da biocorrosão de suas superfícies e da formação
de biofilme. Durante todos os experimentos, as diferenças na turbidez e na coloração da
água de produção (originalmente transparente) foram acompanhadas diariamente
através de observação visual dos reatores.
43
Tabela 3: Esquema com descrição de duração dos experimentos, tempos de
amostragem e período da injeção do nitrato nos experimentos E1, E2 e E3 realizados
com os reatores N e C
Experimento
Duração do
experimento
amostragem
de cupom (t1)
amostragem
de cupom (t2)
Período de
injeção do nitrato
no reator N
E1 5 dias 2º dia 5º dia 3 dias
E2 45 dias 12º dia 45º dia 33 dias
E3 80 dias 40º dia 80º dia 40 dias
7. Contagem do Número de Células
A realização da contagem do número de células aderidas aos cupons de aço-carbono
de cada um dos sistemas utilizados (reator N e C) foi feita com o auxílio de duas
técnicas distintas: através do fluoróforo laranja de acridina (LA) e da técnica de número
mais provável (NMP).
Análises quantitativas das células presentes nos biofilmes aderidos aos cupons
foram realizadas através do fluoróforo laranja de acridina (LA) utilizando-se um
microscópio de epifluorescência (microscópio Zeiss Axioplan 2; filtro para LA (laranja
de acridina - 487nm a 520nm). Os cupons foram raspados (utilizando uma espátula de
madeira estéril) para a remoção das células dos biofilmes aderidos. O raspado foi
mergulhado em 9ml de solução redutora de onde foi retirada uma alíquota de 3 ml. As
amostras foram sonicadas por 7 minutos e foram em seguida, como descrito por PAIVA
(2004), incubadas com LA (30mg/ml em solução de PBS 1:1000) por 30 minutos no
escuro à temperatura ambiente. Após o término da marcação com o fluoróforo LA, as
amostras foram filtradas e as membranas de filtro obtidas foram posicionadas em
lâminas de vidro. Uma gota de l de solução de DABCO (diazabiciclo [2.2.2] octano)
1% em glicerol (para retardar a perda da fluorescência) foi colocada sobre as amostras
nos filtros.
A contagem de bactérias redutoras de sulfato (BRS) foi realizada por meio da
técnica de número mais provável (NMP) como descrito por COUTINHO,
MAGALHÃES & ARAÚJO-JORGE (1993), crescendo essas bactérias em suspensão
(POSTGATE, 1984). Os cupons foram raspados (utilizando uma espátula de madeira
estéril) para a remoção das células dos biofilmes aderidos e, em seguida, o raspado foi
mergulhado em 9ml solução redutora. A partir de alíquotas de 1ml dessa solução, foram
44
realizadas diluições seriadas decimais em 9ml de solução de água do mar sintética
desaerada e estéril com o auxílio de seringas estéreis. Em seguida, de cada diluição foi
retirada novamente uma alíquota de 1ml que foi transferida com o auxílio de seringas
estéreis para o meio Postgate E que, em seguida, foram incubados a temperatura de
32°C. A contagem direta do número de células nos frascos foi realizada com o auxílio
da Tabela Referência de NMP (TAYLOR, 1962).
8. Avaliação da Biocorrosão
Os cupons foram observados através de microscopia eletrônica de varredura (MEV)
em colaboração com o laboratório de Ultraestrutura de Procariotos (IMPPG, UFRJ)
para verificar a formação de biofilme e a corrosão induzida por esses microrganismos
sobre essa superfície metálica.
Para verificar a formação de biofilme, os cupons amostrados de ambos os sistemas
(reatores N e C) foram fixados utilizando tampão de fixação para MEV (tampão
cacodilato 0,1M e glutaraldeído 2,5%) e mantidos por uma semana a C. Após esse
perído, os cupons foram lavados três vezes em tampão cacodilato 0,1M por 10 minutos.
Em seguida, as células dos biofilmes foram desidratadas utilizando concentrações
crescentes de etanol (30%, 50%, 70%, 90% e 100%). Completada a desidratação, as
amostras obtidas foram submetidas a uma etapa de secagem utilizando dois protocolos
diferentes. O primeiro utilizando um aparelho de ponto crítico de CO
2
(CPD-030 da
Balzers). No segundo protocolo, a etapa de secagem foi realizada com o solvente
hexametildisilazano (HMDS) que foi utilizado na remoção de líquidos do espécime
microbiológico, ao invés do CPD. Para tal, após a desidratação das amostras, essas
foram mantidas em uma solução de HMDS e etanol absoluto (1:1) durante 30 minutos.
Em seguida, os cupons foram mantidos em uma solução de HMDS por 1hora a 4°C. Por
fim, os cupons de aço-carbono tiveram suas superfícies recobertas por uma camada de
ouro com 15nm de espessura no aparelho metalizador (SCD-040 da Balzers) e foram
observadas em um microscópio eletrônico de varredura (microscópio ZEISS LEO EVO
40).
Os cupons selecionados para a avaliação da biocorrosão da superfície do metal
foram raspados para a retirada do biofilme. Em seguida, os cupons foram submetidos a
uma decapagem ácida para a limpeza total da superfície (NEMATI, JENNEMAM &
VOORDOUW, 2001), onde esses foram banhados em solução de ácido clorídrico 18%
45
por 5 segundos, neutralizados em uma solução saturada de bicarbonato de sódio durante
5 segundos e lavados com água destilada. Ao final desse processo, os cupons foram
imersos em acetona por mais 5 segundos e, em seguida, mantidos sob uma corrente de
ar para garantir a retirada de toda umidade. Por fim, os cupons de aço-carbono tiveram
suas superfícies observadas em um microscópio eletrônico de varredura (microscópio
JEOL 5310). O programa de captura de imagens utilizado foi o Sem Afore JEOL 3.0
Pro e as imagens foram adquiridas com uma resolução de 1024x768 pixels. Como
parâmetro de comparação, também foram observados cupons de aço carbono “branco”
que não fizeram parte dos experimentos com os reatores. Os cupons “branco” também
foram submetidos à decapagem ácida antes da observação no MEV.
A corrosão dos cupons de aço-carbono foi observada através de perda de massa
como descrito por NEMATI, JENNEMAM & VOORDOUW (2001). Os cupons foram
pesados ao décimo de miligrama no início, durante a primeira amostragem e ao final
dos experimentos E1, E2, E3 utilizando os reatores (N e C). Durante os experimentos,
os cupons retirados dos reatores foram raspados para a retirada do biofilme formado e
após submetidos a uma decapagem ácida, esses foram novamente pesados a fim de se
determinar a perda de peso por corrosão. Na decapagem ácida, os cupons foram
banhados em solução de ácido clorídrico 18% por 5 segundos, neutralizados em uma
solução saturada de bicarbonato de sódio durante 5 segundos e lavados com água
destilada. Ao final desse processo, os cupons foram imersos em acetona por mais 5
segundos e, em seguida, mantidos sob uma corrente de ar para garantir a retirada de
toda umidade. Os valores obtidos referentes à perda de peso total foram representados
em porcentagem e utilizados para a realização de análises estatísticas (teste t).
9. Extração de DNA dos Biofilmes Bacterianos
Foi realizada a extração do DNA total dos biofilmes bacterianos aderidos aos
cupons de aço-carbono amostrados em duplicata de ambos os sistemas testados (reator
N e C), como descrito por SELDIN & DUBNAU (1985) utilizando fenol-clorofórmio.
O DNA total extraído de cada uma das amostras foi aplicado a um gel de agarose
0,8% (p/v) em tampão TEB para a realização de uma eletroforese horizontal. Durante
aproximadamente 2 horas, foi utilizada uma corrente elétrica de 80V em tampão TEB
com o intuito de analisar a pureza e a qualidade das amostras de DNA extraídas. Na
proporção de 1:3, as amostras foram misturadas a uma solução corante para eletroforese
46
de DNA em gel de agarose antes da aplicação no gel. O marcador de peso molecular
utilizado foi o “1Kb Plus DNA Ladder” (Promega ).
O gel foi mantido à temperatura ambiente ao final da corrida eletroforética por,
aproximadamente, 20 minutos em uma solução de brometo de etídio (2µg/ml) para ser
corado. Em seguida, o gel foi observado e fotografado sob luz UV no sistema de análise
de imagens IMAGO (B & L, Holanda).
10. Amplificação por PCR
O DNA total extraído a partir dos biofilmes bacterianos aderidos aos cupons de aço-
carbono amostrados em duplicata de ambos os sistemas testados (reatores N e C) foi
amplificado por PCR utilizando-se iniciadores universais para o gene que codifica o
RNA ribossomal 16S e iniciadores específicos para o gene aprBA que codifica a
enzima adenosina-5-fosfosulfato redutase presente em bactérias redutoras de sulfato.
O par de iniciadores universais que foi utilizado é baseado no gene de E. coli, sendo
o U968f-GC1 (grampo GC + 5’ ACC GCG AAG AAC CTT AC 3’) homólogo à região
968-984 do gene para RNAr 16S e o L1401r (5’ GCG TGT GTA CAA GAC CC 3’)
homólogo à região 1384-1401 do mesmo gene (NUBEL et al., 1996). A seqüência
conhecida como “grampo GC” possui 40 pares de bases que agem estabilizando as
formas de transição da molécula de DNA aplicada ao DGGE (ROSADO & DUARTE,
2002). As reações de amplificação foram realizadas em tubos, com o volume final de 50
µl, contendo uma mistura de tampão da enzima GOTaq®Flex 5x, 5 mM de MgCl
2
, 200
µM de cada desoxinucleotídeo trifosfato (dNTP), 1 µl de cada iniciador (20ρmol), 2,5 U
da enzima GOTaq®Flex, 1 µl (50 a 100 ng) de DNA e água Milli-Q estéril. Além disso,
em cada reação de amplificação por PCR foram utilizada 0,5 µl de soro albumina
bovina (BSA) para melhorar a eficiência da amplificação do DNA (KREADER, 1996;
CHAKRABARTI & SCHUTT, 2001). O ciclo aplicado foi: um ciclo de desnaturação
de 3 min a 94°C, seguido de 35 ciclos de 1 min a 94°C, 1 min e 30 s a 55°C e 1 min a
72°C e da extensão a 72°C por 10 min (NUBEL et al., 1996).
O outro par de iniciadores que foi utilizado nesse trabalho se baseia em uma região
conservada do gene da subunidade A da enzima APS redutase (aprBA gene -
adenosine-5-phosphosulfate reductase) (F2 = 5’ CCA GGG CCT GTC CGC CAT CAA
TAC 3’ e R2 5’ CCG GGC CGT AAC CGT CCT TGAA 3’) como descrito por
47
ZINKEVICH & BEECH (2000). O iniciador F2 é homólogo à região 969-992 do gene
aprBA de Desulfovibrio vulgaris, enquanto que o iniciador R2 é homólogo à região
1603-1624 deste mesmo gene. As reações de PCR para o gene aprBA foram realizadas
em tubos contendo 50 µl do mix composto de 10 mM Tris-HCl (pH 9), 50 mM KCl,
3,25mM MgCl
2
, 200 µM de cada dNTP, 0,5 µM de cada iniciador, 100 ng de DNA e
2,5 U da enzima Taq polimerase. O ciclo aplicado foi: 1x (2 min 95°C); 35x (1min
95°C; 1 min 62°C; 1 min 72°C); 10 min 72°C; 4°C. Foi utilizado como controle
positivo da reação uma amostra de DNA da estirpe A11 de Desulfovibrio alaskensis.
Os fragmentos obtidos em ambas as reações foram submetidos à eletroforese
horizontal em gel de agarose a 0,8% (p/v) a 80V em tampão TEB por aproximadamente
2h a temperatura ambiente a fim de confirmar se o DNA foi amplificado em cada reação
de PCR. Na proporção de 1:3, as amostras foram misturadas a uma solução corante para
eletroforese de DNA em gel de agarose antes da aplicação no gel. O marcador de peso
molecular utilizado foi o “1Kb Plus DNA Ladder” (Promega ). O gel foi mantido à
temperatura ambiente ao final da corrida eletroforética por, aproximadamente, 20
minutos em uma solução de brometo de etídio (2µg/ml) para ser corado. Em seguida, o
gel foi observado e fotografado sob luz UV no sistema de análise de imagens IMAGO
(B &L, Holanda).
11. Eletroforese em Gel de Gradiente Desnaturante (DGGE)
Para verificar a estrutura das comunidades presentes nos biofilmes aderidos aos
cupons amostrados em duplicata dos reatores (N e C) e avaliar o efeito da introdução do
nitrato nas mesmas, foi realizada uma eletroforese em gel de gradiente desnaturante
(DGGE) dos produtos que foram obtidos na reação de PCR para amplificação do gene
que codifica o RNAr 16S.
Alíquotas de 15 a 20µl dos produtos de PCR foram adicionadas de 10µl de corante
de corrida para DGGE e separadas em um gel vertical de poliacrilamida 8% (p/v)
preparado em tampão TAE 1x em uma corrida eletroforética a 60 V nesse mesmo
tampão por aproximadamente 16h a 60°C. O gradiente linear desse gel foi de 35-65%
dos agentes desnaturantes uréia e formamida (100% de desnaturantes correspondem a
7M de uréia e 40% de formamida deionizada).
48
A corrida eletroforética foi realizada no sistema “Dcode Universal Mutation
Detection System” da Bio-Rad (Richmond, USA). Ao final da corrida, o gel foi corado
por aproximadamente 40 minutos com SYBR Green I (Molecular Probes) na ausência
de luz e digitalizado no sistema STORM (Pharmacia).
12. Análise dos perfis de DGGE
Os perfis de bandas obtidos nos géis de DGGE foram analisados com o auxílio do
programa “Image Quant” (acoplado ao sistema de imagens STORM). A comparação
entre as bandas presentes nos diferentes genótipos foi realizada com o auxílio do
software GelCompar II 4.06 (Applied Maths, Sint Martens-Latem, Belgium). A partir
destas análises, foram construídos dendrogramas através do programa BioNumerics
utilizando-se o coeficiente de similaridade de Pearson e o método UPGMA.
Algumas bandas foram selecionadas para excisão do gel de DGGE e reamplificação
por PCR. Bandas individualizadas obtidas nos géis de DGGE foram extraídas dos géis
com o auxilio de um bisturi estéril e o DNA contido em cada fragmento foi eluído em
20µl de água estéril a 4°C, durante uma noite. Uma alíquota de l do DNA eluído foi
reamplificada através da PCR nas mesmas condições descritas anteriormente. O sucesso
desse procedimento foi testado através da realização de um novo DGGE com l do
DNA eluído nas mesmas condições anteriores. Produtos de PCR representando bandas
individuais no gel de DGGE que migraram na mesma posição das bandas originalmente
extraídas do primeiro gel, foram então purificados com a utilização do kit de purificação
comercial “WizardTM Rapid PCR Purification System” (Promega). Dessa forma,
alíquotas de 2µl dos produtos purificados foram utilizadas na ligação ao vetor pJET 1.2,
à temperatura ambiente durante 30 minutos, segundo as recomendações do fabricante do
kit “CloneJET
TM
PCR Cloning Kit” 9fermentas). Em seguida, células competentes de
Escherichia coli JM109 foram transformadas através de eletroporação de acordo com as
instruções do mesmo fabricante. Após a transformação as células foram mantidas em
meio LB por 2 horas a 37ºC sob agitação. Uma quantidade de 100µl de cada cultura foi
semeada em placas contendo meio LB com ampicilina 100µg/ml, Em seguida, as placas
foram incubadas a 37ºC por 24 horas. Para a confirmação da presença do inserto nos
clones, foi realizada uma reação de PCR diretamente da colônia, utilizando os
iniciadores pJET 1.2 forward (5
CGA CTC ACT ATA GGG AGA GCG GC 3) e pJET
1.2 reverse (5’AAG AAC ATC GAT TTT CCA TGG CAG 3’). Após a confirmação, os
49
produtos da reação foram então seqüenciados em seqüenciador automático ABI Prism
3100 (Applied Biosystems, USA).
Foi realizada uma análise de todas as seqüências obtidas (forward e reverse)
utilizando o programa BioEdit 7.0 (HALL, 1999), e as seqüências que continham bases
ambíguas não foram consideradas para as análises seguintes. Em seguida, as bases
correspondentes à seqüência do vetor de clonagem foram detectadas utilizando a
ferramenta VecScreen, encontrada no site NCBI
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/VecScreen/VecScreen.html) e retiradas manualmente
usando-se o programa BioEdit. As seqüências selecionadas para este estudo foram então
comparadas com as presentes no banco de dados GenBank utilizando-se a ferramenta
blastn (Basic Local Alignment Search Tool) - http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi
(ALTSHUL et al., 1990) para identificação das seqüências do gene que codifica o
RNAr 16S mais próximas.
50
V. Resultados
1. Experimentos com os Biorreatores
Foram realizados três experimentos com os reatores (reator C e reator N) nas
mesmas condições experimentais, porém com tempos de duração diferentes (Tabela 3).
Dessa forma, o experimento E1 teve 5 dias de duração, o experimento E2 teve 45 dias
de duração e o experimento E3 teve a duração de 80 dias. Em todos os experimentos, os
reatores permaneceram inicialmente em batelada, ou seja, estáticos para o
estabelecimento do biofilme. Após esse período, teve início a injeção contínua do
nitrato (60ml de solução de nitrato de sódio por dia) no reator N até o final dos
experimentos. Além disso, ambos os sistemas foram incubados sob purga de nitrogênio,
com agitação (60rpm) e temperatura (30°C) constantes em todos os experimentos.
No decorrer dos três experimentos, os reatores foram observados visualmente e
apresentaram diferenças na turbidez da água de produção que originalmente era
transparente. Durante o experimento E1, a água de produção não apresentou grandes
variações em sua turbidez (dados não mostrados). Mesmo após a introdução do nitrato
no reator N, não foi possível verificar diferenças na turbidez da água de produção desse
sistema em relação ao reator C. no experimento E2 (Figura 11), foi possível observar
um aumento na turbidez do mosto de ambos os reatores (N e C) em relação ao
experimento E1. Além disso, foi verificado um aumento no amarelamento da água de
produção após a introdução do nitrato no reator N, quando comparado ao reator C
(Figura 11). No experimento E3 (Figura 12), os reatores também apresentaram um
aumento na turbidez da água de produção em relação aos experimentos anteriores. No
período em que ambos os reatores (N e C) permaneceram em batelada (40 dias), houve
a formação de um precipitado negro indicando a existência de sulfeto de ferro e,
consequentemente, indicando a presença de bactérias redutoras de sulfato (BRS). Após
o início da injeção do nitrato, o reator N apresentou uma alteração em sua coloração,
passando do negro ao amarelo, enquanto o reator C manteve a coloração negra do mosto
até o final do experimento (Figura 12b). Ainda durante o experimento E3 foi possível
verificar o odor provocado pelo sulfeto de hidrogênio, indicando uma provável
acidulação dos reatores. Nesse mesmo experimento, houve também uma variação no pH
do reator N após a injeção do nitrato passando de 7,6 para 8,7. O pH do reator C se
manteve próximo a neutralidade até o final do experimento.
51
Figura 11: Fotos do sistema completo dos reatores (N e C) ao final do experimento E2
(a) indicando o aumento na turbidez do mosto no reator N após a injeção do nitrato (c)
em relação ao reator C (b). Os cupons de aço carbono estão indicados por setas pretas
em ambos os reatores C (b) e N (c).
Figura 12: Fotos do sistema completo dos reatores (N e C) ao final do experimento E3
(a) indicando uma mudança na coloração de negro para amarelo do mosto no reator N
após a injeção do nitrato (c). O reator C (b) manteve a coloração negra do mosto até o
final do experimento E3. Um cupom de aço carbono está indicado pela seta preta no
reator N (c).
a
b
c
a
b
c
52
2. Contagem do Número de Células Aderidas sobre os Cupons
A realização da contagem do número de células aderidas aos cupons de aço-carbono
de cada um dos sistemas utilizados (reator N e C) foi feita com o auxílio de duas
técnicas distintas: através do fluoróforo laranja de acridina (LA) e da técnica de número
mais provável (NMP).
Contagem Direta de Células Sésseis Totais
As análises quantitativas das células presentes nos biofilmes aderidos aos cupons
foram realizadas através do fluoróforo laranja de acridina (LA). Essa técnica foi
utilizada para a quantificação das células sésseis totais aderidas aos cupons durante os
três experimentos realizados (E1, E2 e E3). Entretanto, nas amostras do experimento
E1, não foi possível realizar a contagem de células devido ao estado do material raspado
dos cupons. Este apresentava muitos aglomerados de EPS intacto encobrindo as células
e impedindo sua visualização. Assim, as contagens de células totais foram realizadas
somente nos experimentos E2 e E3 (Figura 13). Como pode ser observado no gráfico da
Figura 13(a), as contagens de células referentes ao experimento E2 mostram que ambos
os reatores apresentavam uma contagem de células/mm² da superfície do cupom
semelhante no início do experimento. A partir de 12 dias de experimento, os reatores
apresentaram um aumento na contagem de células/mm² da superfície do cupom. Em
relação ao experimento E3, podemos observar na Figura 13(b) que as contagem de
células/mm² da superfície do cupom, assim como no experimento E2, foram
semelhantes entre os reatores no início do experimento (40 dias) mantendo as condições
de um biofilme maduro e estável. Após 40 dias de experimento e com o início da
injeção contínua do nitrato, o reator N apresentou um aumento na contagem de
células/mm² da superfície do cupom em relação ao reator C. Além disso, as contagens
provenientes do reator C mostraram-se praticamente constantes desde o início até o final
do experimento E3. Dessa forma, esses resultados sugerem que o nitrato está
estimulando a população séssil total do reator N em ambos os experimentos (E2 e E3).
53
Figura 13: Contagem do número de células presentes nos biofilmes aderidos aos
cupons realizadas através do fluoróforo laranja de acridina (LA) utilizando-se um
microscópio de epifluorescência. Os gráficos acima apresentam um aumento no número
de células dos biofilmes em ambos os reatores (N e C) ao final do experimento E2 (a) e
um aumento no número de células do biofilme no reator N após a injeção do nitrato no
experimento E3 (b). As contagens provenientes do reator C estão representadas em azul
e as contagens do reator N em vermelho.
a
b
54
Contagem do NMP de BRS
A técnica do NMP foi utilizada para quantificação das bactérias redutoras de sulfato
(BRS) nos três experimentos realizados com os reatores (E1, E2 e E3). Entretanto,
somente no experimento E3, foi possível observar o crescimento de BRS em suspensão
através de redução do meio de cultura e formação de um precipitado negro (sulfeto de
ferro). Como podem ser observadas no gráfico da Figura 14, as contagens iniciais de
BRS com 40 dias de experimento, ou seja, antes da introdução do nitrato no reator N,
foram semelhantes em ambos os reatores. A partir do início da injeção contínua do
nitrato, o número de BRS presentes varia entre os reatores N e C. No reator C, foi
possível observar com 80 dias de experimento um aumento na contagem de células de
BRS em relação aos 40 dias iniciais do experimento. Já no reator N, a contagem de BRS
diminuiu com 80 dias de experimento em relação às contagens iniciais representadas no
gráfico abaixo (Figura 14). Esses resultados sugerem que a injeção contínua do nitrato
levou a uma redução na população de BRS viáveis no reator N mesmo com o aumento
da população séssil total aderida aos cupons (Figura 13b).
Figura 14: Contagem de bactérias redutoras de sulfato (BRS) presentes nos biofilmes
dos cupons dos reatores (N e C) do experimento E3 por meio da técnica de número mais
provável (NMP). O gráfico apresenta um aumento no número de BRS no reator C
(representado em azul) e um declínio do número de BRS no reator N (representado em
vermelho) ao final do experimento E3.
55
3. Avaliação da Biocorrosão
Análise da Formação de Biofilme por MEV
A superfície dos cupons foi observada através de microscopia eletrônica de
varredura (MEV) para verificar a formação de biofilme pelos microrganismos presentes
na água de produção de Entre Rios nessa superfície metálica. Para essa análise, foram
utilizados os cupons dos experimentos E2 e E3. Os cupons obtidos com 12 (t1) e 45 dias
(t2) do experimento E2 foram processados utilizando, respectivamente, o CPD
(aparelho do Ponto Crítico) e o solvente HMDS (hexametildisilazano). Os cupons
oriundos do segundo tempo de amostragem (80 dias) do experimento E3 também foram
processados utilizando o solvente HMDS. Ambas as estratégias apresentadas acima
foram utilizadas na etapa de secagem das amostras do biofilme. Na Figura 15, com o
auxílio do CPD, foi possível observar que com 12 dias do experimento E2 haviam
células fortemente aderidas à superfície dos cupons de ambos os reatores (N e C)
indicando uma adesão celular irreversível à superfície metálica. Entretanto, nesse
estudo, esse método não foi capaz de manter intacta a estrutura do biofilme. Dessa
forma, não foi possível observar a estrutura tridimensional da amostra e com isso
determinar se com 12 dias já havia um biofilme maduro aderido aos cupons dos
reatores. Já nos cupons retirados com 45 dias dos reatores, processados com HMDS, foi
possível observar em ambos os reatores: i. adesão celular irreversível à superfície dos
cupons (Figura 16a e b) e; ii. a estrutura tridimensional da amostra de biofilme (Figura
16c e d). Assim, os resultados obtidos mostram a presença de um biofilme maduro em
ambos os reatores (N e C) com 45 dias do experimento E2. Nas amostras do
experimento E3, foi possível observar nos cupons de ambos os reatores (C e N) uma
estrutura tridimensional de biofilme semelhante à observada na superfície dos cupons
do experimento E2 (Figura 16c e d). Dessa forma, baseado em nossos resultados, o
solvente HMDS demonstrou ser eficiente na conservação da estrutura tridimensional
dos biofilmes maduros dos experimentos E2 e E3.
56
a
b
c
d
57
Figura 15: Micrografias eletrônicas de varredura mostrando células aderidas à
superfície dos cupons do reator C (a e c) e do reator N (b e d) processados com CPD
oriundos do primeiro tempo de amostragem (12 dias) do experimento E2. As barras de
escala são equivalentes a m e estão representadas no canto inferior direito das
imagens.
58
a
b
c
d
c
59
Figura 16: Micrografias eletrônicas de varredura mostrando células aderidas à
superfície dos cupons dos reatores C (a) e N (b) e as estruturas tridimensionais dos
biofilmes maduros aderidos aos cupons de ambos os reatores C (c) e N (d). Os cupons
foram processados com HMDS e são oriundos do segundo tempo de amostragem (45
dias) do experimento E2. As barras de escala são equivalentes a m e estão
representadas no canto inferior direito das imagens. As setas pretas indicam a presença
de células nas micrografias.
60
Análise da Biocorrosão da Superfície dos Cupons por MEV
Para avaliar a biocorrosão da superfície metálica dos cupons, esses foram
raspados e em seguida suas superfícies foram observadas através de microscopia
eletrônica de varredura (MEV). Somente os cupons retirados dos reatores ao final dos
experimentos E2 (45 dias) e E3 (80 dias) foram observados por MEV. Cupons
“branco”, ou seja, que não fizeram parte dos experimentos com os reatores, foram
utilizados como parâmetro de comparação. Os cupons obtidos ao final experimento E2
estão representados na Figura 17. Como pode ser observado nessa figura (b e e), os
cupons oriundos do reator C com 45 dias apresentam pequenos pites (buracos) em sua
superfície quando comparada à superfície dos cupons “branco” (Figura 17a e d).
Entretanto, quando a superfície dos cupons do reator N (Figura 17c e f) foi comparada
com a superfície dos cupons “branco” e dos cupons oriundos do reator C, foi possível
observar que a superfície desse primeiro apresenta uma maior corrosão por pites em
relação às demais superfícies analisadas. O mesmo pode ser observado na Figura 18
quando a superfície dos cupons “branco” (Figura 18a e d), dos cupons do reator C
(Figura 18b e e) e dos cupons do reator N (Figura 18c e f) foram comparadas ao final do
experimento E3. A diferença na superfície dos cupons oriundos do reator N em relação
às demais superfícies dos outros cupons foi visível e estes cupons apresentaram ainda
uma maior corrosão (quantidade maior de pites) quando comparados com os cupons do
reator N no experimento E2 (Figura 17c e f). Dessa forma, os resultados sugerem que a
corrosão em forma de pites foi mais severa nos cupons oriundos do reator N, tanto no
experimento E2 quanto no experimento E3.
61
+
62
Figura 17: Micrografias eletrônicas de varredura mostrando uma maior quantidade de
buracos (pites) na superfície dos cupons raspados do reator N (c e f) em relação a
superfície dos cupons do reator C (b e e) e dos cupons “branco” (a e d). Os cupons
analisados por MEV são oriundos do segundo tempo de amostragem (45 dias) do
experimento E2. As barras de escala estão posicionadas na parte inferior das
micrografias e são equivalentes a 10µm (Figuras a, b e c) e m (Figuras d, e e f). As
setas pretas indicam a presença dos pites na superfície dos cupons.
63
64
Figura 18: Micrografias eletrônicas de varredura mostrando uma maior quantidade de
buracos (pites) na superfície dos cupons raspados do reator N (c e f) em relação a
superfície dos cupons do reator C (b e e) e dos cupons “branco” (a e d). Os cupons
analisados por MEV são oriundos do segundo tempo de amostragem (80 dias) do
experimento E3. As barras de escala estão posicionadas na parte inferior das
micrografias e são equivalentes a 10µm (Figuras a, b e c) e m (Figuras d, e e f). As
setas pretas indicam a presença dos pites na superfície dos cupons.
65
Avaliação da Perda de Massa dos Cupons
A avaliação da corrosão dos cupons de aço-carbono foi realizada através do cálculo
da porcentagem de perda de massa desses corpos de prova, pesando-os no início (t0), no
primeiro (2, 12 e 40 dias) e no último tempo de amostragem (5, 45 e 80 dias) de cada
experimento realizado (respectivamente E1, E2 e E3). Durante os três experimentos, foi
verificada uma perda de massa em todos os corpos de prova testados em ambos os
reatores (C e N) (Figura 19). Já no primeiro tempo de amostragem (t1), foi possível
verificar uma perda de massa dos cupons de ambos os reatores em todos os
experimentos realizados (quando comparados ao tempo 0). Como pode ser observada na
Figura 19(a), a porcentagem de perda de massa foi semelhante entre os reatores no
primeiro experimento até o início da injeção contínua do nitrato no reator N. Após a
introdução do nitrato, houve uma aceleração da perda de massa dos cupons do reator N
em relação aos cupons do reator C. Ao final de E1, os corpos de prova do reator N
apresentavam uma perda significativa de 0,47% (p < 0,05) da massa total dos cupons.
Resultados semelhantes puderam ser observados nos experimentos E2 e E3 após a
introdução do nitrato (Figura 19b e c) onde os cupons do reator N perderam,
respectivamente, 0,56% e 2,15% (p < 0,05) de massa total ao final desses experimentos.
66
Figura 19: Gráficos representando um aumento na perda de massa dos cupons do reator
N após a injeção do nitrato em relação aos cupons do reator C nos experimentos E1 (a),
E2 (b) e E3 (c). A avaliação da corrosão dos corpos de prova foi realizada através da
porcentagem de perda de massa dos cupons/tempo (dias) de experimento realizado. As
retas representando a porcentagem de perda de massa dos cupons do reator C estão na
cor azul em E1, verde em E2 e lilás em E3. As retas representando a porcentagem de
perda de massa dos cupons do reator N estão na cor vermelha em E1, verde limão em
E2 e laranja em E3.
a
b
c
67
4. Extração do DNA Total dos Biofilmes e Amplificação por PCR do Gene que
Codifica a Enzima APS Redutase
A técnica descrita por SELDIN & DUBNAU (1985) utilizando Fenol-Clorofórmio
se mostrou eficiente na extração do DNA total a partir dos biofilmes bacterianos
aderidos aos cupons de aço-carbono nos experimentos realizados com os reatores. O
DNA total extraído de ambos os sistemas testados (reatores N e C) foi então submetido
a uma reação de PCR utilizando-se iniciadores específicos para o gene aprBA que
codifica a enzima adenosina-5-fosfosulfato redutase presente em bactérias redutoras de
sulfato. Nos resultados observados, não foi possível obter o produto do tamanho
esperado nos experimentos E1 e E2 (respectivamente 5 e 45 dias de duração). Somente
no terceiro experimento (E3), o fragmento com o tamanho esperado foi obtido em
ambos os tempos de amostragem (40 e 80 dias) nos dois sistemas testados (reatores N e
C). Esses resultados sugerem a presença de BRS em ambos os sistemas mesmo após a
injeção de nitrato no reator N.
5. Análise da Estrutura da Comunidade Bacteriana dos Biofilmes Presentes
nos Reatores
O DNA total extraído de ambos os sistemas testados (reatores N e C) foi então
submetido a uma reação de PCR utilizando-se iniciadores específicos para o gene que
codifica o RNAr 16S. Nos resultados observados, foi possível obter produtos do
tamanho esperado nos três experimentos E1, E2 e E3. Dessa forma, foi possível analisar
a estrutura da comunidade séssil dos reatores através de eletroforese em gel de gradiente
desnaturante (DGGE) em todos os experimentos realizados (Figuras 20, 21 e 22).
A partir dos perfis de DGGE gerados a partir do experimento E1(Figura 20a), foi
observada a presença de poucas bandas no gel em todas as amostras analisadas. Esses
resultados sugerem que o tempo de 5 dias de experimento talvez não tenha sido
suficiente para a formação de um biofilme maduro, apresentando ainda poucas células
aderidas aos cupons. O dendrograma gerado a partir do gel de E1(Figura 20a) mostra
que, com a exceção de duas amostras que se separaram em 54% de similaridade das
demais, as amostras dos reatores C e N formaram dois grupos em 82% de similaridade.
Além disso, as amostras do reator C com 2 dias de experimento (t1) e com 5 dias (t2)
ainda se dividiram em dois subgrupos em 90% de similaridade. O mesmo ocorreu com
68
os perfis do reator N antes (t1) e após o início da injeção contínua do nitrato (t2) que se
dividiram em dois subgrupos em 91% de similaridade. Assim, observando-se os perfis
gerados no gel, é possível sugerir que não houve grandes alterações na estrutura da
comunidade bacteriana dos biofilmes com o passar do tempo e com a introdução do
nitrato em E1.
Nos perfis de DGGE gerados a partir do experimento E2 (Figura 20b), foi
observada a presença de várias bandas no gel em todas as amostras analisadas. Esses
resultados sugerem que com 12 dias de experimento (t1) provavelmente havia sido
formado um biofilme maduro. Observando-se os perfis gerados no DGGE de E2, é
possível verificar que existem alterações na intensidade das bandas dos perfis gerados a
partir da comunidade do reator N antes (t1) e após a introdução do nitrato (t2). Assim,
foi possível observar que uma banda presente nos perfis do reator N (t1) diminuiu de
intensidade após o início da injeção contínua do nitrato (Figura 20b) Essa banda
(denominada de B1) foi extraída do gel, clonada e os clones foram seqüenciados com
sucesso. As seqüências obtidas apresentaram 98% de similaridade com Marinobacter
sp.. Já nos perfis gerados a partir do reator C, não foi possível verificar grandes
alterações na estrutura da comunidade com o passar do tempo. No dendrograma gerado
a partir do gel de E2 (Figura 20b), foi possível observar que as amostras dos reatores N
(t1 e t2) e do reator C (t1 e t2) formaram dois grupos distintos em 80% de similaridade.
As amostras do reator N antes (t1) e após a injeção do nitrato (t2) ainda se dividiram em
dois subgrupos em 88% de similaridade. Assim, esses resultados sugerem que a
estrutura da comunidade do biofilme maduro sofreu alterações após a injeção contínua
do nitrato no reator N.
69
Figura 20: Análise da estrutura da comunidade séssil dos reatores (N e C) utilizando
iniciadores para o gene que codifica o RNAr 16S através de eletroforese em gel de
gradiente desnaturante (DGGE) e seus respectivos dendrogramas (construídos pelo
método UPGMA e utilizando o coeficiente de Pearson). Os perfis foram gerados a partir
do experimento E1(a) e E2 (b). Foram utilizadas amostras em duplicata (A e B) de cada
tempo de amostragem dos experimentos, sendo eles: 2 dias (t1) e 5 dias (t2) para o
experimento E1 (a); e 12 dias (t1) e 45 dias (t2) para o experimento E2 (b). As setas
pretas indicam a presença da banda B1 (98% de similaridade com Marinobacter sp.)
nos perfis do reator N antes da injeção do nitrato nesse sistema. Os reatores controle e
com o tratamento do nitrato estão representados no gel, respectivamente, pelas letras C
e N.
Quando os dendrogramas gerados a partir dos experimentos E1 e E2 foram
comparados entre si (Figura 21), pode ser observada a formação de dois grupos em 57%
de similaridade. Esses resultados indicam que o tempo de experimento foi um fator
importante para o desenvolvimento da comunidade bacteriana dos biofilmes. Também
foi possível observar que uma banda era comum a todos os perfis dos experimentos E1
e E2. Essa banda (denominada de B2) foi extraída do gel, clonada e os clones foram
seqüenciados com sucesso. As seqüências obtidas apresentaram 99% de similaridade
com Achromobacter xylosoxidans.
a
b
70
Figura 21: Análise da estrutura da comunidade séssil dos reatores (N e C) utilizando
iniciadores para o gene que codifica o RNAr 16S através de eletroforese em gel de
gradiente desnaturante (DGGE) e seu respectivo dendrograma (construído pelo método
UPGMA e utilizando o coeficiente de Pearson). Os perfis foram gerados a partir dos
experimentos E1 e E2. Foram utilizadas amostras em duplicata (A e B) de cada tempo
de amostragem dos experimentos, sendo eles: 2 dias (t1) e 5 dias (t2) para o
experimento E1; e 12 dias (t1) e 45 dias (t2) para o experimento E2. A seta preta indica
a presença da banda B2 (99% de similaridade com Achromobacter xylosoxidans) em
todos os perfis analisados dos experimentos E1 e E2. Os reatores controle e com o
tratamento do nitrato estão representados no gel, respectivamente, pelas letras C e N.
No DGGE do experimento E3 (Figura 22), foi possível observar a presença de
várias bandas no gel em todas as amostras analisadas. Além disso, foram verificadas
alterações na intensidade das bandas dos perfis gerados a partir da comunidade do reator
N antes (t1) e após a introdução do nitrato (t2). nos perfis oriundos do reator C, não
foi possível verificar grandes alterações na estrutura da comunidade com o passar do
tempo. No dendrograma construído a partir do gel de E3 (Figura 22), foi possível
observar que as amostras do reator N após o início da injeção contínua do nitrato (t2) se
separaram das demais amostras formando dois grupos em 64% de similaridade . As
demais amostras, com exceção de uma amostra do reator C (t2) que se separou do grupo
71
em 72% de similaridade, se dividiram novamente em dois grupos com 82% de
similaridade. Assim, os resultados sugerem que a estrutura da comunidade do biofilme
maduro sofreu alterações com a injeção contínua do nitrato no reator N.
Figura 22: Análise da estrutura da comunidade séssil dos reatores (N e C) utilizando
iniciadores para o gene que codifica o RNAr 16S através de eletroforese em gel de
gradiente desnaturante (DGGE) e seu respectivo dendrograma (construído pelo método
UPGMA e utilizando o coeficiente de Pearson). Os perfis foram gerados a partir do
experimento E3. Foram utilizadas amostras em duplicata (A e B) de cada tempo de
amostragem, sendo eles: 40 dias (t1) e 80 dias (t2) do experimento E3. Os reatores
controle e com o tratamento do nitrato estão representados no gel, respectivamente,
pelas letras C e N.
72
VI. Discussão
Os microrganismos têm um importante papel na transformação do enxofre. As
bactérias redutoras de sulfato (BRS), que estão diretamente envolvidas no ciclo do
enxofre, são microrganismos geralmente anaeróbios amplamente distribuídos em
habitats anóxicos onde esses utilizam o sulfato como aceptor final de elétrons para a
degradação de compostos orgânicos, resultando na geração do sulfeto. As BRS são
comumente encontradas nos reservatórios de óleo formando biofilmes, envolvidas pelo
polímero de EPS e protegidas da ação de inibidores. O fluxo de água dentro de um
reservatório, que é determinante para a formação de um biofilme, se caracteriza como
um processo semi-contínuo, onde as características hidrodinâmicas e o transporte de
partículas diferem de sistemas em batelada. Dessa forma, uma simulação mais próxima
da realidade do ambiente de um reservatório requer uma comunidade microbiana
representativa crescendo em biofilmes dentro de um sistema contínuo em biorreatores
(HUBERT et al., 2003).
Em nosso estudo, foram realizados três experimentos com os reatores (N e C)
sendo eles: E1 (com 5 dias de duração), E2 (com 45 dias de duração) e E3 (com 80 dias
de duração). O experimento E3 foi o único que apresentou a formação do precipitado
negro de sulfeto de ferro (FeS) antes da introdução do nitrato (40 dias de experimento)
em ambos os reatores (Figura 12). O FeS é um indicador da presença de BRS e de
sulfeto de hidrogênio em um ambiente com ferro. Esse composto é gerado a partir da
reação do sulfeto de hidrogênio (H
2
S - gerado a partir da reação de redução do sulfato)
com o íon ferro liberado da superfície do metal. Além disso, durante a fase inicial do
experimento (nos 40 dias iniciais), mais dois indícios da presença de BRS foram
notados: o cheiro de H
2
S e o pH do mosto em torno de 7,6 em ambos os reatores. foi
descrito na literatura que as BRS preferem o pH neutro entre 6 e 8 para se
desenvolverem (HAO et al., 1996; WIDDEL, 1988). O reator controle (C) apresentou
as mesmas características até o fim do experimento E3 (80 dias) mantendo o pH neutro,
o cheiro característico de H
2
S e a presença do precipitado negro (FeS). Entretanto,
alterações interessantes puderam ser notadas no reator N após a introdução do nitrato
como: o desaparecimento do precipitado negro (FeS) e uma alcalinização do mosto (pH
8.7). Esses resultados sugerem uma provável atenuação da produção do H
2
S nesse
sistema, com a introdução do nitrato. Entretanto, com apenas esse resultado não
podemos afirmar que houve uma eliminação das bactérias redutoras de sulfato (BRS)
73
devido ao fato de que alguns mecanismos do nitrato para minimização da acidulação
não levam necessariamente ao desaparecimento das BRS (Figura 8). DALSGAARD &
BAK (1994) descreveram uma BRS da espécie Desulfovibrio desulfuricans que é capaz
de reduzir o nitrato a amônia na ausência de sulfeto e em baixas concentrações de
sulfato. LARSEN, ROD & ZWOLLE (2004) descreveram em seus experimentos uma
redução na acidulação de um reservatório após a injeção do nitrato e isolaram uma BRS
que foi capaz de reduzir nitrato em um ambiente com altas concentrações de sulfato.
No experimento E1, não foi possível observar alterações no mosto e acreditamos
que o tempo de 5 dias de experimento não tenha sido suficiente para o estabelecimento
de uma comunidade bacteriana séssil, ou seja, de um biofilme maduro na superfície dos
cupons. HUBERT e colaboradores (2003) observaram em biorreatores contendo água
de produção de Coleville (Canadá) que a biogênese do sulfeto começou depois de 7 a 10
dias da fase lag do crescimento bacteriano. Além disso, nesse mesmo trabalho, a
redução completa do sulfato foi observada após 2 a 3 semanas de experimento. Um
outro estudo feito por HUBERT e colaboradores (2005) também em reatores com água
de produção mostrou novamente que a produção do sulfeto ocorreu somente depois de
23 dias de experimento. Já no experimento E2 (Figura 11), foi possível observar
alterações na turbidez do mosto, entretanto não foi verificada a formação do precipitado
negro (FeS) durante os 45 dias de experimento.
As contagens de células totais dos biofilmes aderidas aos cupons foram
realizadas somente com as amostras do experimento E2 e E3. Não foi possível realizar
as contagens das amostras do experimento E1. Nas contagens do experimento E2
(Figura 13a), podemos observar que houve um crescimento da população de ambos os
reatores (N e C) ao final do experimento. Os dados gerados no experimento E3 (Figura
13b) mostram que, após a injeção do nitrato, houve um aumento nas contagens do
reator N enquanto que a população do reator C parece ter permanecido estável. O
aumento da população do reator N após a injeção do nitrato em relação ao reator C já
era esperado, pois a redução do nitrato fornece aproximadamente três vezes mais
energia para a bactéria do que a redução do sulfato (HUBERT et al., 2004). Entretanto,
as contagens do reator C indicam que essa população pode estar provavelmente
entrando na fase estacionária do crescimento celular. Essa inibição do crescimento no
reator C pode ser explicada pelo fato do sulfeto livre ser tóxico para todas as bactérias e
exercer um efeito negativo nas células ao precipitar com metais traço formando sulfetos
de metal como o FeS (KOSCHORRECK, 2008). A presença do FeS no reator controle
74
foi detectada até o final dos 80 dias do experimento E3. Dessa forma, os resultados
sugerem que pode estar havendo uma diminuição do número de células em resposta a
toxidade do FeS.
Utilizando a técnica do número mais provável para a quantificação de BRS, não
foi possível observar o crescimento dessas bactérias na suspensão do meio de cultura
nos experimentos E1 e E2. Esses resultados eram esperados, pois como foi visto
anteriormente, não houve indicações fortes da presença dessas bactérias nos reatores
durante os experimentos E1 e E2. Dessa forma, somente durante o experimento E3, o
crescimento das BRS pode ser observado através da redução do meio de cultura e da
formação do FeS. Esses resultados também eram esperados devido à presença do
precipitado negro (FeS), pH neutro e ao mal cheiro provocado pelo H
2
S durante o
experimento E3. Antes da injeção do nitrato, as contagens do NMP de BRS mostraram-
se semelhantes entre os reatores, o que era também esperado já que os reatores
encontravam-se sob as mesmas condições experimentais até aquele momento. Após a
injeção do nitrato, houve uma redução do NMP de células viáveis de BRS no reator N.
SUNDE e colaboradores (2004) observaram que após o tratamento de uma água de
injeção com nitrato houve uma redução no número e na atividade das BRS. HUBERT e
colaboradores (2004) também observaram inibição de BRS em água de produção após a
injeção do nitrato.
Quando os resultados do NMP de BRS viáveis do reator N são comparados com
os resultados das contagens de células totais desse mesmo reator no experimento E3, é
possível observar que a injeção do nitrato levou a um aumento da população séssil total
e a uma redução da população de BRS nesse reator. Esses resultados sugerem que a
introdução do nitrato no reator N esteja favorecendo o crescimento da população total e
beneficiando alguns grupos bacterianos em detrimento das BRS. Já no reator C, houve
um crescimento da população viável de BRS enquanto a população séssil total
permaneceu estável. Este fato indica que as condições do reator C estejam beneficiando
especificamente o grupo das BRS.
As análises da superfície dos cupons dos reatores para observação da formação
de biofilme foram realizadas por MEV. Os cupons referentes ao primeiro tempo do
experimento E2 (12 dias) foram processados através do aparelho CPD (aparelho do
Ponto Crítico). Os resultados (Figura 15) mostram a adesão irreversível de células nos
cupons de ambos os reatores (N e C). Entretanto, através desse método, não foi possível
observar a estrutura tridimensional do biofilme nessas amostras. Já nas amostras dos
75
experimentos E2 (45 dias) e E3 (80 dias), processadas através do solvente HMDS para
MEV, foi possível a observação da estrutura tridimensional intacta do biofilme (Figura
16b e d). Alguns autores haviam descrito melhores resultados com a utilização de
solventes químicos para remoção de líquidos de tecidos de animais e plantas ao invés do
CPD (BRAY, BAGU & KOEGLER, 1993; KENNEDY, WILLIAMS & GRAY, 1989;
NATION, 1983). ARAÚJO e colaboradores (2003) concluíram que o solvente HMDS
seria o mais adequado para tratar células procarióticas de um biofilme anaeróbio
proveniente de biorreatores para serem observadas por MEV. Outro estudo em células
endoteliais hepáticas também obteve bons resultados ao tratar as células com HMDS e
em seguida observa-las utilizando o MEV (BRAET, DE ZANGER & WISSE, 1997).
Dessa forma, os resultados de nosso estudo sugerem que o solvente HMDS foi mais
eficiente na conservação das amostras de biofilme dos reatores do que o aparelho CPD,
permitindo a visualização do biofilme maduro com 45 dias (E2) e com 80 dias (E3) em
ambos os reatores.
Para avaliar a corrosão da superfície metálica, os cupons com as superfícies
raspadas foram observados por MEV ao final do experimento E2 (45 dias) e do
experimento E3 (80 dias). Cupons “branco”, que não fizeram parte dos experimentos
com os reatores, foram utilizados como parâmetro de comparação. Como pode ser
observado na Figura 17, os cupons provenientes do reator C do experimento E2
apresentaram em sua superfície pequenos pites que não foram observados na superfície
dos cupons “branco”. Nesse mesmo experimento, a superfície dos cupons oriundos do
reator N apresentou uma maior corrosão por pites em relação aos cupons do reator C. O
mesmo ocorreu no experimento E3 (Figura 18), onde os cupons do reator N
apresentaram uma corrosão mais severa com muitos pites em sua superfície em relação
aos cupons do reator C com 80 dias. Nossos resultados sugerem, portanto, que a injeção
do nitrato aumentou a corrosão da superfície dos cupons presentes no reator N em
ambos os experimentos.
Alguns trabalhos descritos na literatura apresentaram resultados semelhantes aos
resultados gerados em nosso estudo. NEMATI, JENNEMAM & VOORDOUW (2001)
observaram um aumento expressivo na corrosão dos cupons de aço-carbono, conforme
as concentrações de nitrato eram aumentadas em seus reatores contendo um consórcio
enriquecido de água de produção. HUBERT e colaboradores (2005) observaram que a
injeção do nitrato levou a uma corrosão por pites (buracos) nos cupons de seus reatores.
Em um outro trabalho, HUBERT e colaboradores (2004) mostraram em seu estudo com
76
reatores contendo um consórcio enriquecido de água de produção que a injeção do
nitrato pode levar a um aumento na corrosão ou, ao contrário, não apresentar efeito
algum sobre essa. Entretanto, existem alguns estudos em que o nitrato foi eficiente no
controle da corrosão (LARSEN, ROD & ZWOLLE, 2004; SUNDE et al., 2004)
Os resultados obtidos através da avaliação da perda de massa dos cupons
confirmam as análises realizadas na superfície dos cupons por MEV. Em todos os
experimentos (E1, E2 e E3), a perda de massa se mostrou significativamente mais
acentuada nos cupons oriundos do reator N (Figura 17). Nessas análises, o início da
injeção do nitrato parece ter levado a uma aceleração na perda de massa dos cupons. Os
cupons provenientes do reator N do experimento E3 foram os que apresentaram a maior
perda de massa (mais de 2% de perda de massa) e a corrosão mais severa em sua
superfície. Esses resultados indicam que a corrosão dos cupons é proporcional ao tempo
de injeção do nitrato. A introdução do nitrato em um ambiente anaeróbio pode levar ao
aparecimento de grupos bacterianos como bactérias redutoras de nitrato (BRN) e
bactérias redutoras de nitrato e oxidantes de sulfeto (BRN-OS). As BRN-OS reduzem o
nitrato a N
2
e amônia enquanto oxidam o sulfeto a sulfato (Figura 8). Durante essas
reações químicas, pode ocorrer a formação de espécies agressivas de enxofre como o
polissulfeto, o S
0
(aq)
e o tiossulfato. O tiossulfato e o polissulfeto estão entre as espécies
de enxofre mais corrosivas e catalisam a formação de pites (buracos) em superfícies
metálicas (WEBSTER & NEWMAN, 1994). Assim, nossos resultados sugerem que o
nitrato pode estar promovendo uma possível seleção de bactérias que, em seu
metabolismo, geram metabólitos secundários extremamente corrosivos.
A formação de biofilmes em superfícies metálicas pode inibir ou acelerar o
processo de corrosão. O biofilme pode levar ao aparecimento de zonas de aeração
diferencial na superfície do metal formando áreas anódicas e catódicas nessa superfície,
corrente de elétrons e biocorrosão (Figura 7). Entretanto, a matriz do biofilme também
pode servir como uma proteção, formando uma barreira, que pode prevenir a penetração
de agentes corrosivos como o oxigênio e diminuir o contato desses agentes com a
superfície do metal e, dessa forma, reduzir a corrosão (ZUO, 2007). GAYLARD &
VIDELA (1987) observaram que as BRS, quando em pH apropriado, podem proteger o
metal através da formação de camadas passivadoras de sulfeto sob a superfície.
WERNER e colaboradores (1998) observaram que as BRS tiveram um menor efeito na
formação de pites do que o esperado de acordo com os altos níveis de sulfeto
produzidos por essas bactérias em seu estudo. Em nosso estudo, o reator C apresentou
77
ao final do experimento E3 um aumento do NMP de BRS viáveis, formação de biofilme
maduro e uma corrosão menor do que as do reator N.
Utilizando-se iniciadores específicos para o gene que codifica a enzima APS
redutase nas BRS, foi possível obter o produto de tamanho esperado em ambos os
reatores (C e N) em todas as amostras do experimento E3. Dessa forma, foi possível
detectar a presença das BRS por meio de PCR antes e após o início da injeção contínua
do nitrato no reator N. Alguns mecanismos do nitrato para o controle da acidulação não
levam necessariamente a uma total inibição das BRS (Figura 8). Algumas dessas
bactérias podem passar a reduzir o nitrato ao invés do sulfeto ou ainda se beneficiar do
aparecimento das BRN-OS (bactérias redutoras de nitrato e oxidantes de sulfeto) que
tem seu metabolismo integrado aos das BRS. LOMAS e colaboradores (2007)
detectaram BRS em seus reatores de águas residuais de esgoto até 60 dias após o início
do tratamento com nitrato através de PCR. JURELEVICIUS e colaboradores (2008),
utilizando o mesmo par de iniciadores que nesse estudo, também detectaram BRS em
água produzida após dois meses de injeções repetitivas de nitrato. Dessa forma, através
de PCR, um método qualitativo muito sensível, foi possível detectar a presença de BRS
mesmo após 40 dias de injeção de nitrato no reator N. Assim como na técnica de
número mais provável (NMP), não foi detectada a presença de BRS através de PCR nos
experimentos E1 e E2.
Os perfis gerados através das técnicas de PCR e DGGE obtidos através de
iniciadores baseados no gene que codifica o RNAr 16S freqüentemente geram padrões
complexos que refletem a composição das populações dominantes incluindo os
microrganismos não cultiváveis (LAPARA et al., 2000). Entretanto, os resultados
gerados pela utilização dessas duas técnicas em conjunto devem ser interpretados com
muita cautela, que erros podem ocorrer em todas as etapas moleculares envolvidas
(extração de DNA do solo, amplificação por PCR e DGGE) (HEUER & SMALLA,
1997; MUYZER & SMALLA, 1998). A técnica de DGGE tem sido utilizada para o
estudo de diversidade microbiana ambiental e para verificar alterações na abundância
relativa de populações (MUYZER, 1999) em sistemas complexos como biorreatores
anaeróbios (CONNAUGHTON, COLLINS & O’FLAHERTY, 2006; LIU, CHAN &
FANG, 2002; MIURA et al., 2007; ROEST et al., 2005). Todavia, são poucos os
trabalhos encontrados na literatura que fazem uma análise polifásica de reatores
utilizando técnicas dependentes de cultivo e DGGE, como em nosso trabalho.
78
Os perfis de DGGE gerados nesse estudo durante os três experimentos (E1, E2 e
E3) não mostraram grandes alterações na estrutura da comunidade dos biofilmes. A
comunidade bacteriana dos reatores se estabeleceu com 12 dias (Figura 20b) e a partir
desse momento não houve grandes alterações nessa estrutura. Entretanto, nos perfis do
DGGE onde o nitrato foi introduzido ocorreram mudanças na intensidade de bandas
(Figura 20b e 22). Essas mudanças puderam ser observadas principalmente nos
experimentos E2 e E3 tanto no DGGE quanto no dendrograma gerado a partir do gel
(Figura 22). JURELEVICIUS e colaboradores (2008) observaram que os perfis de
DGGE se mantiveram estáveis durante 2 meses de injeções repetitivas de nitrato em um
tanque contendo água de produção. Nesse trabalho também foi observada uma mudança
na intensidade e/ou desaparecimento de algumas bandas em momentos específicos do
experimento. Nossos resultados sugerem que a introdução do nitrato pode estar
favorecendo certos grupos bacterianos presentes no biofilme formado a partir da água
de produção. Além disso, o fator tempo parece ter sido prioritário para essas alterações
causadas na comunidade bacteriana do biofilme, que no experimento E1 não foi
possível observar nenhuma alteração na estrutura da comunidade.
As bandas B1 e B2 extraídas do gel do experimento E2 tiveram, respectivamente,
98% de similaridade com Marinobacter sp. e 99% de similaridade com Achromobacter
xylosoxidans. Membros do gênero Marinobacter já foram isolados de ambientes
marinhos, solos salinos e de fontes termais, sendo considerados microrganismos
halofílicos e redutores de nitrato (YOON et al., 2004). A espécie Achromobacter
xylosoxidans também é encontrada em ambientes aquáticos, são halofílicas e redutoras
de nitrato (COENYE et al., 2003). Ambas espécies foram detectadas em amostras de
água de injeção (KORENBLUM et al., 2010), de óleo cru (SETTE et al., 2007) e em
nosso trabalho essas bactérias estão presentes em água de produção. Esses resultados
sugerem que essas bactérias estão provavelmente presentes em todas as etapas da
recuperação secundária do óleo, sendo introduzidas em um reservatório com a água de
injeção e recuperadas com o óleo e a água de produção.
Nos perfis de DGGE do experimento E2 (Figura 20b), a banda B1 aparece nas
amostras do reator N antes da introdução do nitrato e praticamente desaparece nas
amostras do reator N após a injeção do nitrato (t2). a banda B2 (Figura 21) estava
presente em todos os perfis analisados (experimento E1 e E2) de ambos os reatores,
independente da introdução do nitrato ou não. Esses resultados sugerem que a
introdução do nitrato no ambiente do biorreator pode ter levado a uma maior
79
competição entre as espécies que são capazes de reduzi-lo. Dessa forma, a espécie mais
adaptada se estabeleceu nos reatores, ocorrendo uma possível seleção dentro do grupo
das BRN (bactérias redutoras de nitrato). Alguns trabalhos na literatura também
descrevem a seleção de BRN. LOMAS e colaboradores (2007) observaram em seus
reatores de águas residuais, através de DGGE, que a injeção do nitrato levou à seleção
de populações de BRN-OS (bactérias redutoras de nitrato e oxidantes de sulfeto).
NEMATI, JENNEMAM & VOORDOUW (2001) e NEMATI e colaboradores (2005)
obtiveram resultados semelhantes, após a injeção de nitrato em reatores com consórcios
enriquecidos de água de produção, através de RSGP (Reverse Sample Genome Probe).
Os resultados apresentados em nosso estudo sugerem que o nitrato inibiu a
formação do FeS e reduziu o número de BRS viáveis, alterando a estrutura da
comunidade com a possível seleção de bactérias capazes de reduzir o nitrato. Entretanto,
a introdução do nitrato levou a um aumento da biocorrosão dos cupons. Assim,
acreditamos que nosso trabalho contribuiu com resultados interessantes para o estudo e
controle de biofilmes nas indústrias petrolíferas que são as maiores prejudicadas pela
corrosão microbiana (CIM) e pela produção de sulfeto de hidrogênio pelas BRS.
80
VII. Conclusões
Avaliando os resultados obtidos através dos três experimentos com os reatores
(E1, E2 e E3) foi possível concluir que:
A injeção contínua do nitrato no experimento E3 levou ao desaparecimento do
FeS e alcalinização do pH sugerindo uma diminuição na produção do H
2
S pelas
BRS no reator N. Essas alterações não foram observadas no reator C desse
mesmo experimento;.
A injeção do nitrato levou a um aumento da população séssil total e a uma
redução da população de BRS viáveis no reator N do experimento E3, indicando
um possível incremento da população total e de alguns grupos bacterianos em
detrimento das BRS.
A biocorrosão dos cupons foi acelerada em todos os experimentos a partir da
introdução do nitrato, com o aumento da corrosão por pites e da perda de massa
do metal proporcionais ao tempo de injeção desse composto;
O nitrato provocou uma mudança na intensidade de bandas nos géis de DGGE
provenientes dos experimentos E2 e E3, resultando em uma alteração na
estrutura da comunidade e uma provável seleção de alguns grupos bacterianos
com o passar do tempo;
O seqüenciamento das bandas B1 e B2 indicaram a presença de BRN nos
reatores antes e/ou após a injeção do nitrato no experimento E2.
81
VIII. Bibliografia
AGUIAR, L.E.V. Estudos eletroquímicos para desenvolvimento de um método de identificação e
semiquantificação de bactérias redutoras de sulfato envolvidas em processo de corrosão. Tese de
Mestrado, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, Rio de Janeiro. 1991.
ALTSCHUL, S.F.; GISH, W.; MILLER, W.; MYERS, E.W. & LIPMAN, D.J. Basic local alignment
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