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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS
CIÊNCIAS ECONÔMICAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
ELOY ANTONIO FENKER
RISCO AMBIENTAL E GESTÃO DOS CUSTOS AMBIENTAIS: Um Estudo de sua
Relação em Empresas Atuantes no Brasil
São Leopoldo
2009
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1
ELOY ANTONIO FENKER
RISCO AMBIENTAL E GESTÃO DOS CUSTOS AMBIENTAIS: Um Estudo de sua
Relação em Empresas Atuantes no Brasil
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Contábeis da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
UNISINOS, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Contabilidade
Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Diehl
São Leopoldo
2009
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2
ELOY ANTÔNIO FENKER
RISCO AMBIENTAL E GESTÃO DOS CUSTOS AMBIENTAIS: Um Estudo
de sua Relação em Empresas Atuantes no Brasil
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Contábeis da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
UNISINOS, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Contabilidade
Aprovado em 25 de junho de 2009.
BANCA EXAMINADORA
Prof.
a
Dra. Lucila Maria de Souza Campos — Universidade do Vale do Itajaí — UNIVALI
Prof. Dr. Marcos Antonio de Souza — Universidade do Vale do Rio dos Sinos — UNISINOS
Prof. Dr. Tiago Wickstrom Alves — Universidade do Vale do Rio dos Sinos — UNISINOS
Prof. Dr. Carlos Alberto Diehl (Orientador)
Visto e permitido a impressão
São Leopoldo,
Prof. Dr. Ernâni Ott
Coordenador PPG em Ciências Contábeis
3
DEDICATÓRIA
A todas as pessoas com quem convivi e que colaboraram para ser quem hoje eu sou.
A meus pais, João e Frida (in memoriam), pela Vida e primeiras lições.
A meus irmãos Nelson, Lori, Darcy, Erico, Suely, Luiz e Geanete pelos exemplos de
caráter e de união familiar, e por me proporcionarem os primeiros estudos, oportunidade que
eles não tiveram.
À Arlete, primeira esposa, por realizar comigo a continuidade da próxima geração,
com Helen, Leonard e Aline.
À Helen, companheira e auxiliar incansável.
Ao Leonard, companheiro e amigão.
À Aline, pela alegria de vida, com seus amigos Lucas, Oscar, Gabi, Piti, Mi, Bru.
À Maristela, que me renovou e inspirou a retomada dos estudos.
Aos sobrinhos, sobrinhas e seus filhos, como estímulo para seguirem seus estudos.
Aos amigos e amigas que me acompanharam nas horas difíceis e sempre me
compreenderam e incentivaram. Destaque para as amigas Bete (filô), Flavia (psi), Bia(art),
Eliana (edu) e amigos (jur) Paulo, Eduardo, Afonso, Bebeto, Fabiano,Flavio.
Ao meu conterrâneo, compadre Mario Franceschetto, pelas lições de vida.
À ML que me acompanhou todo este tempo. Ao Paulo Aguinsky, amigão antigo.
Ao Alcides Tozzo (85 anos) empresário que “vive da/e ama a/ floresta” pelo exemplo
de filantropia socioambiental, ao legar para a humanidade “a maior e mais preservada
floresta de araucária do mundo”, com valiosa biodiversidade e paisagismo (MMA).
Ao mar e praias de Torres e SC que me proporcionaram ondas “gordinhas” e junto
com os “brothers” permitiram a descontração necessária para renovação das energias
utilizadas neste trabalho. Ao meu cantinho, Kanto Kente, por serão tão acolhedor.
4
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Carlos Diehl, Orientador,... sem palavras! Da entrevista inicial até este
momento foi quem me entendeu, orientou, incentivou, criticou permitiu incursões e vôos
“filosóficos”. Dedicou o melhor de si e do seu tempo.
Ao Dr. Marcos, por me colocar nos “eixos” acadêmicos.
Ao Dr. Clovis, pela consolidação do conhecimento contábil.
Ao Dr. Ernani, pelo reforço da teoria, pela jovialidade, companheirismo e exemplo.
Ao Dr. Astor, pela visão porteriana que proporcionou e pelas conversas no parcão.
Ao Dr. Gonçalo, pelos “vôos” sobre conhecimento e intangíveis.
Ao Dr. Auster, pela visão das crenças e valores que suportam as ações humanas.
Ao Dr. Vanti, pela técnica fuzzy, de entendimento do socioambiental.
Ao Dr. Tiago, pela ampliação de meus limites keynesianos.
Ao Dr. Ivan, companheiro próximo na distribuição normal.
À UNISINOS, por ser a melhor universidade, por me acolher e proporcionar um “ba”.
Aos colegas da turma 2007, pela convivência, tornando suaves os momentos mais
difíceis: Si, Ro, Fê (caçulinha), Ji, Clari, Adri, Franci, Marcão, Marçal “bro”, Atz, Diego,
Fernandão, Felipe, Alex, JP, Cha, Fabiano, Wolnei.
Aos colegas das turmas 2008 e 2009 por me acolherem.
Ao René e Paulo Schneider, pelo incentivo.
À Helen, que foi paciente auxiliar na pesquisa.
À Anete, incansável mesmo sob pressão.
À Ana e equipe da Secretaria, por me suportarem com alegria.
Aos Mestres do PPGA/UFRGS, pela iniciação.
À Dra. Anelise Steigleder e Dr. Antonio Benjamin pelas lições de Direito Ambiental.
À Banca: Dra. Lucila Campos; Dr.Marcos Souza; Dr. Tiago Wickstrom, pelo esforço
e contribuições.
5
EPÍGRAFE
Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos
Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por
aqueles índios. Fazmais de cento e cinquenta anos. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. "Como podeis
comprar ou vender o céu, a tepidez do chão? A idéia não tem sentido para nós. Se não possuímos o frescor do ar ou o brilho
da água, como podeis querer comprá-los? Qualquer parte desta terra é sagrada para meu povo. Qualquer folha de pinheiro,
qualquer praia, a neblina dos bosques sombrios, o brilhante e zumbidor inseto, tudo é sagrado na memória e na experiência de
meu povo.
Somos parte da terra e ela é parte de nós
. As flores perfumadas são nossas irmãs, os gamos, os cavalos a
majestosa águia, todos nossos irmãos. Os picos rochosos, a fragrância dos bosques, a energia vital do pônei e do homem,
tudo pertence a uma família. Assim, quando o grande chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossas
terras, ele está pedindo muito de nós. O grande Chefe manda dizer que nos reservará um sítio onde possamos viver
confortavelmente por nós mesmos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Se é assim, vamos considerar a sua
proposta sobre a compra de nossa terra. Mas tal compra não será fácil, que esta terra é sagrada para nós. Os rios são
nossos irmãos, eles nos saciam a sede. Levam as nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se vendermos nossa terra a
vós, deveis vos lembrar e ensinar a nossas crianças que os rios são nossos irmãos, vossos irmãos também, e deveis a partir
de então dispensar aos rios a mesma espécie de afeição que dispensais a um irmão. Nós mesmos sabemos que o homem
branco não entende nosso modo de ser. Para ele um pedaço de terra não se distingue de outro qualquer, pois é um estranho
que vem de noite e rouba da terra tudo de que precisa. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, depois que a submete a si,
que a conquista, ele vai embora, à procura de outro lugar. Deixa atrás de si a sepultura de seus pais e não se importa. A cova
de seus pais é a herança de seus filhos, ele os esquece. Trata a sua mãe, a terra, e seus irmãos, o céu como coisas a serrem
comprados ou roubados, como se fossem peles de carneiro ou brilhantes contas sem valor. Seu apetite vai exaurir a terra,
deixando atrás de si desertos. Isso eu não compreendo. O ar é precioso para o homem vermelho, pois dele todos se
alimentam. Os animais, as árvores, o homem, todos respiram o mesmo ar. O homem branco parece não se importar com o ar
que respira. O ar que vossos avós inspiraram ao primeiro vagido foi o mesmo que lhes recebeu o último suspiro. Assim
consideraremos vossa proposta de comprar nossa terra. Se nos decidirmos a aceitá-la, farei uma condição: O homem branco
terá que tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo de outro modo.
Tenho visto milhares de búfalos a apodrecerem nas pradarias, deixados pelo homem branco que neles atira de um trem em
movimento. Sou um selvagem e não compreendo como o fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante que o búfalo,
que nós caçamos apenas para nos mantermos vivos. Que será dos homens sem os animais? Se todos os animais
desaparecem, o homem morreria de solidão espiritual. Porque tudo isso pode cada vez mais afetar os homens. Tudo está
encaminhado. Deveis ensinar a vossos filhos que o chão onde pisam simboliza a as cinzas de nossos ancestrais. Para que
eles respeitem a terra, ensinai a eles que ela é rica pela vida dos seres de todas as espécies. Ensinai a eles o que ensinamos
aos nossos: Que a terra é a nossa mãe. Quando o homem cospe sobre a terra, está cuspindo sobre si mesmo. De uma coisa
nós temos certeza: A terra não pertence ao homem branco; O homem branco é que pertence à terra. Disso nós temos certeza.
Todas as coisas estão relacionadas como o sangue que une uma família. Tudo está associado. O que fere a terra fere também
aos filhos da terra.
O homem não tece a teia da vida: É antes um dos seus fios
. O que quer que faça a essa teia,
faz a si próprio. Mesmo o homem branco, a quem Deus acompanha e com quem conversa como um amigo, não pode fugir a
esse destino comum. Talvez, apesar de tudo, sejamos todos irmãos. Nós o veremos. De uma coisa sabemos, é que talvez o
homem branco venha a descobrir um dia: Nosso Deus é o mesmo deus. Podeis pensar hoje que somente vós o possuis, como
desejais possuir a terra, mas não podeis. Ele é o Deus do homem e sua compaixão é igual tanto para o homem branco, quanto
para o homem vermelho. Esta terra é querida dele, e ofender a terra é insultar o seu criador. Os brancos também passarão
talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminai a vossa cama, e vos sufocareis numa noite no meio de vossos
próprios excrementos. Mas no nosso parecer, brilhareis alto, iluminado pela força do Deus que vos trouxe a esta terra e por
algum favor especial vos outorgou domínio sobre ela e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para nós, pois
não compreendemos como será no dia em que o último búfalo for dizimado, os cavalos selvagens domesticados, os secretos
recantos das florestas invadidos pelo odor do suor de muitos homens e a visão das brilhantes colinas bloqueada por fios
falantes. Onde está o matagal? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. O fim do viver e o início do sobreviver."
6
RESUMO
A questão ambiental vem ganhando importância nos últimos anos e isso afeta de alguma
forma as estratégias das empresas, conforme o grau de importância do risco ambiental para a
atividade. Assim, é de esperar-se que as empresas adotem processos de gestão de custos
ambientais compatíveis com o risco ambiental, no contexto de estratégias funcionais
alinhadas às estratégias gerais que visam a manter uma vantagem competitiva sustentável.
Esta pesquisa, de natureza aplicada, visou a identificar a relação entre Riscos Ambientais e a
Gestão dos Custos Ambientais em empresas atuantes no Brasil no que se refere à sua adesão
ao recomendado pela literatura. A partir da sondagem sobre gestão ambiental realizada em
quatro empresas, e da revisão teórica sobre risco ambiental, gestão ambiental e gestão de
custos ambientais, desenvolveu-se um questionário usando escala tipo Likert sobre esses três
temas. Para identificar o Risco Ambiental foi proposto um bloco de indicadores que visam a
identificar a percepção dos gestores quanto ao risco ambiental, e um bloco que visa a
identificar o processo de gestão do risco ambiental. De forma análoga, foi proposto um bloco
para identificar a Gestão dos Custos Ambientais. Na sequência, o questionário foi submetido
à dupla avaliação: (1) análise de validade de conteúdo e (2) pré-teste em que se analisou a
consistência pelo Alfa de Cronbach. Ambos resultaram satisfatórios. As análises das respostas
ao questionário permitiram encontrar evidências de que há relação entre o Risco Ambiental e
a Gestão dos Custos Ambientais. Essa relação pode ser sintetizada por uma forte correlação,
positiva entre os níveis de Risco Ambiental e de Gestão dos Custos Ambientais. Constatou-se
que os executivos percebem uma elevação de custos ambientais nos últimos anos e
manifestam crença de que continuarão em ascendência. Também se observou que muitas
empresas não adotam instrumentos de Gestão dos Custos ambientais recomendados pela
literatura. No entanto, elas manifestam intenção de aperfeiçoar os controles de custos
ambientais no futuro. Foi constatado também que algumas empresas adotam posturas
ambientais estratégicas, indo além do simples cumprimento da lei.
Palavras-Chave: Riscos ambientais. Gestão Ambiental. Custos ambientais. Gestão de custos.
Estratégia funcional.
7
ABSTRACT
Relations between environmental risks and environmental costs management in operating
companies in Brazil was studied on this survey. The environmental question is gaining
importance in recent years and this affects the companies strategies, according the degree of
the environmental risk for the activity. Thus, it is expected that companies adopt
environmental costs management compatible with the environmental risk, in the context of
functional strategies lined up to the general strategies that they aim to keep a sustainable
competitive advantage. After sounding environmental management in four companies, a
theoretical revision on environmental risk, environmental management and environmental
costs management, a questionnaire was developed, using a Likert scale type approaching
these three subjects. The Environmental Risk construct so called Risk2, is a composition for a
block of pointers for risk perception from managers, a block to identify the risk management
process, assuming that the risk management process can be used as proxy of the risk that it
intends to prevent or to mitigate. Another construct is environmental costs management. The
questionnaire was submitted to the double evaluation: (1) for three judges and (2) reverse
speed-test. The evaluation of the judges was measured by Validity Contents Coeficient (VCC)
involving three dimensions: Practical relevancy, Clarity, and Theoretical Dimension. The
reverse speed-test evaluation was made by the application of the questionnaire to 22
individuals, having calculated the Cronbach’s Alpha, considered good. The survey’s analyses
to the questionnaire answers had allowed finding evidences of that a well definite relation
between the Environmental Risk and the Environmental Management Costs exists. This
relation can be synthesized by one strong positive correlation between the levels of
Environmental Risk and the Environmental Costs Management. One evidenced that the
environmental costs come growing in recent years and tend to grow, and many companies do
not adopt some of Environmental Costs Management instruments recommended by literature.
Companies, however, reveal intention to perfect environmental costs controls in the future. It
was also evidenced that some companies adopt strategically environmental positions, going
beyond the simple fulfillment of the law.
Key-Word: Environmental risks. Environmental management. Environmental costs. Cost’s
management. Functional strategy.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Ciclo de Vida do Produto sob a Óptica Ambiental..................................................39
Figura 2 - Benefício Econômico e Socioambiental..................................................................47
Figura 3 - Custos da Qualidade ambiental Campos .................................................................53
Figura 4 - Custos da Qualidade Ambiental IFAC ....................................................................63
Figura 5 - Modelo de Mensuração e Análise de Relação.........................................................70
Figura 6 - Roteiro da Elaboração e Avaliação do Instrumento de Pesquisa.............................73
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Etapas do Trabalho.................................................................................................24
Quadro 2 - Classificação das Abordagens Gerenciais Ambientais ..........................................43
Quadro 3 - Mecanismos Auxiliares para a Gestão da Qualidade Ambiental...........................46
Quadro 4 - Comparativo de posturas e abordagens para a questão ambiental .........................59
Quadro 5 - Custos do Ciclo de Vida.........................................................................................64
Q
uadro 6 – Destaques de referencial teórico............................................................................65
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Box-plot Identificando possível outlier .................................................................80
Gráfico 2 – Distribuição da amostra por setor de atuação........................................................87
Gráfico 3 - Ordenação das questões a partir da maior média...................................................91
Gráfico 4 - Distribuição de frequência do bloco Risco............................................................91
Gráfico 5 - Geração de resíduos não utilizáveis.......................................................................92
Gráfico 6 - Erro no gerenciamento ambiental..........................................................................93
Gráfico 7 - Adoção de rígidos procedimentos operacionais.....................................................94
Gráfico 8 - Seguro contra riscos ambientais.............................................................................94
Gráfico 9 - Redução de risco e custo........................................................................................95
Gráfico 10 - Treinamento e educação ambiental de funcionários............................................96
Gráfico 11 - Busca de excelência e inovação ambiental..........................................................97
Gráfico 12 - Mapa de riscos ambientais...................................................................................98
Gráfico 13 - Estudo de impacto ambiental e licença................................................................99
Gráfico 14 - Proximidade de concentrações populacionais......................................................99
Gráfico 15 - Autoavaliação do risco ambiental......................................................................100
Gráfico 16 - Pressões externas para redução do risco ambiental ...........................................101
Gráfico 17 - Estratégia ambiental formalizada e divulgada...................................................102
Gráfico 18 - Comparativo Risco Ambiental e Estratégia Ambiental.....................................103
Gráfico 19 - Tratamento de resíduos......................................................................................104
Gráfico 20 - Comparativo tratamento de resíduos e resíduos não reutilizáveis.....................104
Gráfico 21 - Uso de água de forma intensiva.........................................................................105
Gráfico 22 - Uso de energia de forma intensiva.....................................................................106
Gráfico 23 - Extração de matéria-prima diretamente da natureza..........................................107
Gráfico 24 - Periodicidade de ocorrência do risco ambiental ................................................107
11
Gráfico 25 - Distribuição de frequência das respostas do bloco Gestão ................................110
Gráfico 26 - SGA existência de área responsável pelo SGA .................................................111
Gráfico 27 - Certificação ambiental .......................................................................................112
Gráfico 28 - Ferramentas auxiliares de Gestão Ambiental.....................................................112
Gráfico 29 - Comando da gestão ambiental pela Alta Administração...................................113
Gráfico 30 - Estímulo financeiro aos funcionários.................................................................114
Gráfico 31 - Relação de prática de estimulo financeiro com Risco2. ....................................115
Gráfico 32 - Relatórios de desempenho ambiental frequência de emissão............................116
Gráfico 33 - Medidas financeiras em relatórios ambientais...................................................118
Gráfico 34 - Detalhamento de relatórios ambientais..............................................................118
Gráfico 35 - Indicadores estratégicos ambientais...................................................................120
Gráfico 36 - Uso de indicadores estratégicos ambientais x Risco Ambiental........................120
Grafico36A Objetivos dos gastos ambientais.........................................................................121
Gráfico 37 - Preocupação com a cadeia de valor ambiental...................................................122
Gráfico 38 - Ampliação do SGA nos últimos anos................................................................123
Gráfico 39 - Projetos de melhoria futura no SGA e controles................................................123
Gráfico 40 - Auditoria e inspeções ambientais.......................................................................124
Gráfico 41 - Distribuição de frequência de respostas do bloco Custos..................................128
Gráfico 42 - Relevância dos custos ambientais......................................................................129
Gráfico 43 - Segregação dos custos ambientais .....................................................................129
Gráfico 44 - Importância dos custos ambientais x sua segregação contábil ..........................130
Gráfico 45 - Custos ambientais no âmbito da qualidade........................................................131
Gráfico 46 - Detalhamento dos custos ambientais .................................................................132
Gráfico 47 - Mensuração dos custos ambientais indiretos.....................................................132
Gráfico 48 - Segregação de investimentos ambientais...........................................................133
Gráfico 49 - Mensuração do retorno de investimentos ambientais........................................134
Gráfico 50 - Relatórios de investimentos e custos ambientais...............................................135
Gráfico 51 - Orçamento para custos da Gestão Ambiental....................................................135
Gráfico 52 - Comparação custos orçados e reais....................................................................136
12
Gráfico 53 - Cobrança do orçamento ambiental.....................................................................137
Gráfico 54 - Indicadores ambientais.......................................................................................138
Gráfico 55 - Custos ambientais intangíveis............................................................................139
Gráfico 56 - Custos ambientais de novos projetos.................................................................140
Gráfico 57 - Custos das externalidades..................................................................................140
Gráfico 58 - Custos ambientais de cadeia de valor ................................................................141
Gráfico 59 - Receitas ambientais............................................................................................142
Gráfico 60 - Comparativo Receitas Ambientais e tratamento de resíduos.............................143
Gráfico 61 - Custo dos resíduos .............................................................................................144
Gráfico 62 - Aumento do custo ambiental nos próximos anos ..............................................144
Gráfico 63 - Impacto do custo ambiental nos produtos e serviços.........................................145
Gráfico 64 - Contingências ambientais – existência ..............................................................146
Gráfico 65 - Contingências ambientais – contabilização .......................................................146
Gráfico 66 - Gastos com educação e divulgação de ações ambientais...................................147
Gráfico 67 - Ciclo de vida – avaliação dos impactos.............................................................148
Gráfico 68 - Melhoria de controles dos custos ambientais.....................................................149
Gráfico 69 - Estimativa de gastos ambientais ........................................................................150
Gráfico 70 - Divulgação de práticas ambientais.....................................................................150
Gráfico 71 - Custos com proteção de áreas e redução de poluição........................................151
Gráfico 72 - Aumento de gastos ambientais nos últimos anos...............................................152
Gráfico 73 - Aumento do custo ambiental x planos de melhoria dos controles.....................153
Gráfico 74 - Risco percebido, Gestão Ambiental e a construção do Risco2..........................155
Gráfico 75 - Risco2: Risco percebido e Gestão ambiental num único construto...................157
Gráfico 76 - Risco2 – Distribuição de frequência dos respondentes......................................158
Gráfico 77 - Dispersão de respostas Maior e Menor Risco percebido..................................162
Gráfico 78 - Gestão dos Custos Ambientais...........................................................................163
Gráfico 79 - Distribuição de Frequência e curva normal de Custo........................................164
Gráfico 80 - Risco Ambiental e Gestão dos Custos Ambientais............................................165
Gráfico 81 - Distribuição e estimação linear da relação Risco e Custo .................................167
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Matriz de Risco .......................................................................................................33
Tabela 2 - Resultado do recebimento dos questionários pelas empresas.................................67
Tabela 3 - Resumo estatístico das avaliações por juízes..........................................................76
Tabela 4 - Alfa de Cronbach geral e por bloco do pré-teste.....................................................78
Tabela 5 - Médias dos construtos, intervalos, desvio e erro padrão.........................................81
Tabela 6 - Teste t e F para diferenças de média e variância.....................................................82
Tabela 7 – Distribuição da amostra pelo Ranking da publicação.............................................86
Tabela 8 – Distribuição da amostra por Estado........................................................................87
Tabela 9 - Alfa de Cronbach Geral e por bloco........................................................................88
Tabela 10 - Ranking das respostas do bloco Risco...................................................................89
Tabela 11 - Ranking das respostas do bloco Gestão Ambiental.............................................109
Tabela 12 - Frequência de relatórios e Graus de Gestão........................................................117
Tabela 13 - Detalhamento de relatórios e Graus de Gestão ...................................................119
Tabela 14 - Ranking das respostas do bloco Gestão de Custos Ambientais ..........................125
Tabela 15 - Relação Risco Percebido e Gestão Ambiental....................................................157
Tabela 16 - Graduação do Risco.............................................................................................159
Tabela 17 - Análise de Grau de Risco percebido pelo respondente e Grau de Risco2 ..........160
Tabela 18 - Resumo estatístico de respondentes com menor e maior risco percebidos.........162
Tabela 19 - Correlação (entre construtos e subconstrutos).....................................................166
Tabela 20 – Correlação não-paramétrica ( construtos e subconstrutos)................................167
14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................18
1.1
O
BJETIVO
G
ERAL
.................................................................................................................22
1.2
OBJETIVOS
E
SPECÍFICOS
.......................................................................................................22
1.3
J
USTIFICATIVA
.....................................................................................................................22
1.4
E
TAPAS DO
T
RABALHO
........................................................................................................24
1.5
D
ELIMITAÇÃO
,
LINHA E GRUPO DE PESQUISA
.......................................................................25
2 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................26
2.1
A
QUESTÃO
AMBIENTAL..............................................................................................26
2.2
O
R
ISCO
A
MBIENTA
L..........................................................................................................31
2.2.1 Conceito e Avaliação do Risco Ambiental ......................................................................31
2.2.2 Risco ambiental sistêmico. ..............................................................................................35
2.2.3 O Gerenciamento do Risco Ambiental ............................................................................40
2.3
GESTÃO
DOS
CUSTOS
AMBIENTAIS..........................................................................48
2.3.1 Custos ..............................................................................................................................51
2.3.2 Custos da Qualidade Ambiental......................................................................................52
2.3.2.1 Motivações para gastar com meio ambiente.................................................................56
2.3.2.2 Classificação dos custos ambientais.............................................................................60
3 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS.......................................................................66
3.1
D
ELINEAMENTO
...................................................................................................................66
3.2
P
OPULAÇÃO
,
A
MOSTRA E COLETA DE DADOS
......................................................................67
3.3
Q
UESTÕES DE ESTUDO
,
HIPÓTESE
,
VARIÁVEIS INTERVENIENTES
..........................................68
3.4
A
OPÇÃO E CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO
.......................................................................71
3.5
A
VALIAÇÃO DA VALIDADE DO CONTEÚDO DO QUESTIONÁRIO
:
A
VALIAÇÃO POR
J
UÍZES
......74
3.6
A
VALIAÇÃO DA CONFIABILIDADE DO QUESTIONÁRIO
:
P
-
TESTE
.......................................77
3.7
COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
............................................................................................79
3.8
P
REPARAÇÃO DOS DADOS
....................................................................................................79
3.8.1 Do tratamento de aparentes outliers...............................................................................80
15
3.8.2 Tamanho da amostra, nível de confiança e erro amostral..............................................80
3.8.3 Teste de variância e média de duas amostras.................................................................81
3.8.4 Normalidade e linearidade dos dados.............................................................................82
3.8.5 Da validade e confiabilidade dos dados e dos construtos ..............................................83
3.9
L
IMITES E DIFICULDADES
.....................................................................................................84
4 RESULTADOS DA PESQUISA........................................................................................86
4.1
C
ARACTERIZAÇÃO DA
A
MOSTRA
.........................................................................................86
4.2
A
NÁLISE
D
ESCRITIVA
..........................................................................................................88
4.2.1 Risco percebido pelos gestores........................................................................................89
4.2.1.1 Geração de resíduos não utilizáveis..............................................................................92
4.2.1.2 Erro no gerenciamento ambiental.................................................................................93
4.2.1.3 Adoção de procedimentos operacionais.......................................................................93
4.2.1.4 Seguro contra riscos ambientais...................................................................................94
4.2.1.5 Redução de risco e custo ..............................................................................................95
4.2.1.6 Treinamento e educação ambiental de funcionários.....................................................96
4.2.1.7 Busca de excelência e inovação ambiental...................................................................97
4.2.1.8 Mapa de riscos ambientais............................................................................................97
4.2.1.9 Gastos ambientais, investimentos e custos...................................................................98
4.2.1.10 Estudo de impacto ambiental e licença ......................................................................98
4.2.1.11 Proximidade de concentrações populacionais............................................................99
4.2.1.12 Autoavaliação do risco ambiental ............................................................................100
4.2.1.13 Pressões externas para redução do risco ambiental..................................................101
4.2.1.14 Estratégia ambiental formalizada e divulgada..........................................................102
4.2.1.15 Tratamento de resíduos.............................................................................................103
4.2.1.16 Uso de água de forma intensiva................................................................................105
4.2.1.17 Uso de energia de forma intensiva ...........................................................................106
4.2.1.18 Extração de matéria-prima diretamente da natureza ................................................106
4.2.1.19 Periodicidade de ocorrência do risco ambiental.......................................................107
4.2.2 Resumo do bloco Risco Percebido pelos Gestores........................................................108
4.2.3 Bloco gestão ambiental .................................................................................................108
4.2.3.1 Existência de área responsável pelo SGA ..................................................................110
4.2.3.2 Certificação ambiental................................................................................................111
16
4.2.3.3 Ferramentas auxiliares de Gestão Ambiental.............................................................112
4.2.3.4 Comando da gestão ambiental pela alta administração..............................................113
4.2.3.5 Estímulo financeiro aos funcionários.........................................................................114
4.2.3.6 Relatórios de desempenho ambiental frequência de emissão.....................................116
4.2.3.7 Medidas financeiras em relatórios ambientais............................................................117
4.2.3.8 Detalhamento de relatórios ambientais.......................................................................118
4.2.3.9 Indicadores estratégicos ambientais ...........................................................................119
4.2.3.10 Objetivos dos gastos ambientais...............................................................................121
4.2.3.11 Preocupação com a cadeia de valor ambiental.........................................................122
4.2.3.12 Ampliação do SGA nos últimos anos.......................................................................122
4.2.3.13 Projetos de melhoria futura no SGA e controles......................................................123
4.2.3.14 Auditoria e inspeções ambientais.............................................................................124
4.2.4 Resumo do bloco Gestão dos Custos Ambientais..........................................................125
4.2.5 Gestão dos custos ambientais........................................................................................125
4.2.5.1 Relevância dos custos ambientais ..............................................................................128
4.2.5.2 Segregação dos custos ambientais..............................................................................129
4.2.5.3 Custos Ambientais no âmbito da qualidade ...............................................................131
4.2.5.4 Detalhamento dos custos ambientais..........................................................................131
4.2.5.5 Mensuração dos custos ambientais indiretos..............................................................132
4.2.5.6 Segregação de investimentos ambientais ...................................................................133
4.2.5.7 Mensuração do retorno de investimento ambientais ..................................................134
4.2.5.8 Relatórios de investimentos e custos ambientais........................................................134
4.2.5.9 Orçamento para custos da Gestão Ambiental.............................................................135
4.2.5.10 Comparação custos orçados e reais..........................................................................136
4.2.5.11 Cobrança do orçamento ambiental...........................................................................137
4.2.5.12 Indicadores ambientais.............................................................................................138
4.2.5.13 Custos ambientais intangíveis ..................................................................................138
4.2.5.14 Custos ambientais de novos projetos........................................................................139
4.2.5.15 Custos das externalidades.........................................................................................140
4.2.5.16 Custos ambientais de cadeia de valor.......................................................................141
4.2.5.17 Receitas ambientais ..................................................................................................142
4.2.5.18 Custo dos resíduos....................................................................................................143
4.2.5.19 Aumento do custo ambiental nos próximos anos.....................................................144
17
4.2.5.20 Impacto do custo ambiental nos produtos e serviços ...............................................145
4.2.5.21 Contingências ambientais – existência.....................................................................145
4.2.5.22 Contingências ambientais – contabilização..............................................................146
4.2.5.23 Gastos com educação e divulgação de ações ambientais.........................................147
4.2.5.24 Ciclo de vida – avaliação dos impactos....................................................................148
4.2.5.25 Melhoria de controles dos custos ambientais...........................................................148
4.2.5.26 Estimativa de gastos ambientais...............................................................................149
4.2.5.27 Divulgação de práticas ambientais...........................................................................150
4.2.5.28 Custos com proteção de áreas e redução de poluição...............................................151
4.2.5.29 Aumento dos gastos ambientais nos últimos anos ...................................................152
4.2.6 Resumo do bloco............................................................................................................153
4.3
ANÁLISE
INFERENCIAL..............................................................................................154
4.3.1 A graduação do Risco2..................................................................................................159
4.3.2 Os extremos de percepção dos riscos............................................................................161
4.3.3 Sobre a Gestão dos Custos Ambientais.........................................................................163
4.4
S
OBRE A RELAÇÃO ENTRE
R
ISCO
A
MBIENTAL E A
G
ESTÃO DOS
C
USTOS
A
MBIENTAIS
......164
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................169
5.1
S
UGESTÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
..............................................172
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................174
APÊNDICE A : MATRIZ DE CORRELAÇÕES DOS CONSTRUTOS .......................183
APENDICE B: RESPOSTAS BLOCO RISCO.................................................................185
APÊNDICE C:RESPOSTAS BLOCO GESTÃO..............................................................187
APÊNDICE D: RESPOSTAS BLOCO CUSTO – PARTE 1...........................................189
APÊNDICE E: RESPOSTAS BLOCO CUSTO – PARTE 2...........................................191
APÊNDICE F: QUESTIONÁRIO ORIGINAL ................................................................193
APENDICE G: PRODUÇÃO EXTRACLASSE RELACIONADA AO TEMA............195
18
1 INTRODUÇÃO
A organização social e econômica está passando por um momento de
questionamento maior a partir dos movimentos estudantis e culturais das décadas de 1960 e
1970. Isso demanda um novo paradigma de convivência e responsabilidade sistêmica,
especialmente no que se refere à relação do homem com a natureza.
A evolução da preocupação humana com o impacto ambiental na fase mais recente
pode ser dividida, conforme Benjamin (2009) em fases distintas:
Preocupação com a Poluição – décadas de 1970 e 1980:
Preocupação com a Biodiversidade – década 1990:
Preocupação com as Mudanças Climáticas e Aquecimento Global fase atual:
caracterizada por preocupação com ação antropogênica (ação humana) e
variabilidade natural do clima e gerou a assinatura da Convenção sobre
Mudanças do Clima, em 1992, e o Protocolo de Kyoto, em 1997.
A conscientização das partes interessadas (stakeholders) na sustentabilidade cria
novas exigências e pressões sobre as organizações para adoção de programas
Responsabilidade Ambiental, que visem reduzir o consumo de bens naturais e a poluição de
modo geral, preservando a qualidade de vida. Com isso, a questão ambiental passa a ser
importante para a gestão, na medida em que o atendimento dessas exigências também
contribui para a sustentabilidade econômica no longo prazo (CORAL; ROSSETTO; SELIG,
2003).
O envolvimento do nome e imagem da empresa como causadora de impactos
ambientais negativos representam riscos que podem causar, entre outros, perdas financeiras,
perda de reputação, reação dos consumidores e da sociedade em geral e ões judiciais e
perda de sustentabilidade. Isso se constitui um risco a ser evitado, que, por sua vez, traduz-se
em custos tangíveis e intangíveis, que precisam ser gerenciados. Opostamente, atitudes
positivas em relação ao meio ambiente causam receitas e ganhos, tangíveis e intangíveis para
19
as empresas. Os riscos ambientais, por sua vez, são diferenciados entre as empresas, conforme
a atividade e por isso a gestão deste risco e custos também deveriam ser diferenciadas.
Uma vez que a eliminação total dos riscos ambientais é impossível, resta tão somente
minimizá-los, o que é obtido no âmbito de um programa de gestão e controle integrados a uma
estratégia ambiental. Donaire (2007) sugere que, com o crescimento da consciência ecológica, as
empresas passam o preocupar-se com os stakeholders e com isto incorporam a varvel ecológica
em seu planejamento estratégico e estrutura organizacional.
A estratégia é implementada, tornada ão, através do processo de Gestão (JOHNSON;
SCHOLLES; WHITTINGTON, 2007). Pode-se, com isso, inferir que o processo de gestão
ambiental reflete ou traduz a natureza e imporncia estratégica do risco ambiental percebido
pelos gestores (VASTAG; KEREKES; RONDINELLI, 1996). Colocado de outra forma, o risco
ambiental pode ser inferido ou mensurado tanto em termos de percepção dos gestores como em
termos do processo de gestão.
Este trabalho visa também contribuir para o entendimento do assunto, trazendo para
a área contábil referenciais de outras áreas. Robles Jr. (2003, p. 127), ao discorrer sobre os
custos ambientais, sintetiza a questão afirmando que “a maioria das empresas não conhece
seus custos ambientais”, estando mascarados por outros custos, carecendo de aplicação de
metodologia para sua identificação visando a fornecer subsídios para o planejamento
estratégico. Para Robles Jr. (2003), ao melhorarem suas práticas de gestão ambiental, as
empresas melhoram a identificação e análise dos custos ambientais e sua posição junto ao
mercado consumidor auferindo, entre outros, os benefícios de:
reforço da marca e preferência por seus produtos e serviços;
obtenção de melhores taxas de juros pela redução de riscos ambientais;
obtenção de melhores indicadores de sustentabilidade e de desempenho
ambiental;
redução dos custos e aumento do valor percebido dos produtos e serviços;
evitação de perdas tangíveis e intangíveis decorrentes de práticas inadequadas
de gestão ambiental.
Em síntese, o risco ambiental demanda um processo de gestão ambiental de igual
importância e grandeza visando evitar, mitigar, compensar ou indenizar por suas
consequências, passando a integrar um conceito de Risco amplo. Quando adotam
procedimentos de gestão do risco ambiental, as empresas incorrem em custos, que precisam
20
ser gerenciados no contexto da Gestão de Custos. Supõe-se então que deve existir uma relação
entre o Risco ambiental e a Gestão dos custos ambientais. Assim surge a questão-problema:
Qual a relação entre Risco ambiental e a Gestão dos Custos ambientais em empresas atuantes
no Brasil ?
Para entender a relação entre Risco ambiental e Gestão dos custos ambientais foram
criados dois construtos, denominados Risco2 e Gestão de Custos, partindo do que é sugerido
na literatura como indicativos de risco e de boas práticas de gestão de custos ambientais. O
risco ambiental, por sua vez, pode ser examinado em termos de como os gestores o percebem,
segundo suas crenças, valores, e visão do mundo. Neste sentido, afirmações do tipo “eu penso
que...” poderiam indicar essa percepção subjetiva de risco. Por outro lado, é de se esperar que
o processo de gestão ambiental adotado seja compatível com essa sua visão de mundo dos
gestores. Então, afirmações do tipo “nosso processo de gestão contempla...” indicam o
processo objetivo de gestão do risco. Com isso, o risco poderia ser examinado em termos de
percepção dos gestores como também em termos do processo de gestão. A dimensão do
processo de gestão do risco ambiental indicará a dimensão necessária de custos e sua gestão.
Em relação ao tema, não se tem referências de um estudo visando a identificar
especificamente a relação entre risco e gestão de custos ambientais, no entanto pesquisas
estão sendo feitas envolvendo os temas, entre elas:
Vastag Kerekes e Rondinelli (1996) pesquisaram a relação entre risco
ambiental e as abordagens gerenciais ambientais, concluindo haver uma bem
definida relação entre ambos;
Daroit (2001) pesquisou as práticas ambientais em empresas do Rio Grande do
Sul, identificando a preocupação de todas as empresas com o conhecimento e
mensuração dos custos e retorno das medidas ambientais;
Motta e Rossi (2003) analisaram a influência do fator ecológico nas decisões
de compra de produtos, concluindo que a variável ambiental não é fator
motivador de compra;
Techio da Silva (2003) estudou a utilização do custeio ABC na apuração dos
custos ambientais, concluindo pela sua viabilidade e utilidade;
21
Rohrich e Cunha (2004) propuseram uma Taxonomia para Análise da Gestão
Ambiental no Brasil, destacando que as empresas brasileiras apresentam
comportamentos diferenciados quanto às práticas de gestão ambiental;
Souza e Collaziol (2006) pesquisaram as práticas de planejamento e controle
dos custos da qualidade, concluindo que os custos da qualidade ainda não são
adequadamente classificados e mensurados;
FIEP (2007) divulga pesquisa qualitativa sobre o reconhecimento das questões
ambientais no Estado do Paraná;
Maia (2007) estudou o risco ambiental sob a óptica das exigências das
instituições financeiras brasileiras para concederem financiamentos,
concluindo que a tendência principal reside no simples cumprimento da lei;
The Economist (2008) divulga pesquisa sobre o risco ambiental, concluindo
haver uma tendência a uma maior e mais rigorosa avaliação.
A presente Dissertação está estruturada em cinco capítulos.
No primeiro, apresenta-se uma introdução ao contexto do risco ambiental e suas
relações com a gestão dos custos ambientais, além de objetivos e justificativas.
O segundo capítulo compreende a revisão teórica sobre Risco Ambiental e Gestão dos
Custos Ambientais, em que são trazidos conceitos e referenciais para sua identificação.
No terceiro capítulo, apresenta-se o método adotado para a condução de uma survey,
incluindo a construção e avaliação do questionário, os construtos para identificação do Risco
e Gestão dos Custos Ambientais, bem como a amostra, coleta e o plano de análise dos dados.
No quarto capítulo, expõem-se as análises das respostas ao questionário e sua relação
com referencial teórico e os resultados de outras pesquisas.
No quinto capítulo, são apresentadas as conclusões a partir das análises, e, finalmente,
recomendações para trabalhos futuros.
22
1.1 OBJETIVO GERAL
Identificar a relação entre Risco Ambiental e Gestão dos Custos Ambientais em
empresas atuantes no Brasil.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar a percepção de Risco Ambiental em empresas atuantes no Brasil.
Identificar as práticas de Gestão dos Custos Ambientais em empresas atuantes no
Brasil.
Avaliar a relação entre o Risco Ambiental e Gestão dos Custos Ambientais em
empresas atuantes no Brasil.
1.3 JUSTIFICATIVA
O objetivo econômico das empresas que atuam em mercado competitivo é obtenção
de lucro e criação de valor para os acionistas. O lucro e a criação de valor decorrem do
confronto entre receitas e custos. Então, os custos têm importância por estarem relacionados
com o objetivo estratégico das organizações.
No item 7.2 de sua Tese Recomendações para Trabalhos Futuros, Diehl (2004, p.
268, grifo nosso) sugere que sejam pesquisadas, entre outros, os seguintes aspectos
relacionados com o Controle Estratégico de Custos (CEC), o que inclui os Custos Ambientais:
l) Realização de pesquisa quantitativa (survey ou levantamento) acerca da utilização
de CEC.
23
Poderia ser realizado trabalho no sentido de buscar estruturar, a partir desta tese, um
questionário com questões fechadas, a fim de realizar um levantamento sobre o uso
de controles de custos no suporte à estratégia.
O aumento das demandas e preocupações ambientais permite supor que os riscos e,
portanto, os custos ambientais passam a ser cada vez mais importantes para as empresas. Na
medida em que esses custos vão assumindo importância estratégica, demandam um processo
de gestão e controle compatíveis. Assim, esse trabalho atende também a sugestão apresentada
por Diehl (2004), no que se refere ao uso e controle de custos no suporte às estratégias para
evitar riscos ambientais.
A questão ambiental está presente na rotina dos gestores, que necessitam adotar
algum modelo de gestão ambiental o qual, por sua vez, pode determinar alteração da estrutura
dos custos ambientais, exigindo maior controle. Esta pesquisa também se justifica na medida
em que contribui para o estudo do tema neste momento.
A Confederação Nacional das Indústrias (CNI), em pesquisa entre as empresas,
concluiu sobre a premência em se buscar eficácia em indicadores ambientais na indústria.
(CNI, 1999), o que está de certa forma esta pesquisa pretende contribuir.
Souza e Collaziol (2006, p. 1) investigaram o controle dos custos da qualidade,
concluindo haver “baixa aplicação de procedimentos direcionados à classificação e
mensuração dos custos da qualidade”. Essa situação, por analogia, também se espera
encontrar ao tratar dos custos ambientais, uma vez que os custos ambientais são tratados no
âmbito da qualidade, tornando oportuna essa investigação.
24
1.4 ETAPAS DO TRABALHO
O trabalho foi desenvolvido utilizando-se das seguintes etapas:
Quadro 1 - Etapas do Trabalho
Fonte: O Autor.
A revisão teórica consistiu na busca contínua de referencial para subsidiar a pesquisa e
as análises. A partir do referencial inicial, foi feita uma sondagem junto a quatro organizações
e, com isso, foi preparado um questionário, que foi submetido à avaliação de conteúdo por
juízes, calculando-se o Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC). Após os ajustes do
questionário, foi realizado um pré-teste com uma amostra de 22 empresas e confirmada sua
consistência por meio do cálculo do Alfa de Cronbach. O questionário foi aplicado pela
Internet numa amostra de conveniência, a partir da publicação VALOR1000, que inclui as mil
maiores empresas atuantes no Brasil. As análises incluíram estatística descritiva e inferencial,
cálculos e simulações, a partir dos quais foi preparado o relatório.
25
1.5 DELIMITAÇÃO, LINHA E GRUPO DE PESQUISA
O estudo não objetiva definir modelos de Gestão de Risco ou de Custos Ambientais,
mas somente verificar a existência do Risco e sua relação com a Gestão dos Custos
Ambientais.
Este trabalho foi desenvolvido no Grupo de Pesquisa do orientador desse trabalho
denominado Implementação e Controle Estratégicos, na linha de Pesquisa Finanças
Corporativas e Controle de Gestão, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS/RS.
26
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Na busca de um entendimento sobre a questão ambiental para responder à questão-
problema desta pesquisa, apresentam-se neste capítulo os fundamentos teóricos. A revisão
teórica pode ser considerada excessivamente extensa para o propósito inicial da pesquisa, com
risco de perda de foco e em alguns momentos repetitiva. No entanto, justifica-se de um lado
para suporte teórico às questões, em elevado número, e também pela intenção de trazer para a
literatura contábil de forma ampla, as rias visões e facetas do tema ambiental e, com isto,
subsidiar futuros estudos, compartilhando o esforço desenvolvido nesta revisão.
Inicia-se com uma breve colocação da questão ambiental, seguindo-se o Risco
Ambiental, em que se aborda a identificação do risco e seu gerenciamento e finaliza-se com a
Gestão dos Custos Ambientais.
2.1 A QUESTÃO AMBIENTAL
A sustentabilidade ambiental implica o uso dos bens naturais e de seus serviços de
forma equilibrada. Os bens e serviços naturais são utilizados pelo homem de três formas, na
visão de Oliveira (1999):
Consumo direto ar para respirar; água; paisagem; recreação; frutos para
alimentação; regulagem das chuvas e do clima; utilização do solo para plantio
e outros serviços ambientais da natureza etc.
Insumos – extração de matéria-prima para a produção de alimentos; vestuário;
habitação; medicamentos; máquinas e equipamentos; energia etc.
Depósito de resíduos da produção e do consumo, sob forma sólida, líquida ou
gasosa. (Aqui seria adequado adicionar: energias).
Na busca de bens ou serviços, o homem atua sobre a natureza. A atuação humana
sobre a natureza ou meio ambiente (ação antropogênica) é também denominada impacto
27
ambiental, que pode ser positivo ou negativo (benéfico ou adverso). Barbieri (2007, p. 289)
destaca que “não se deve esquecer dos impactos positivos, que em ultima instância são os que
conferem sustentabilidade econômica, social e ambiental ao empreendimento ou atividade”.
Impacto ambiental é assim definido pela Resolução 1/86, do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA, 1986).
Artigo 1.º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada
por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e
econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.
Quando o impacto ambiental implica dano, de natureza negativa, em situação prevista
em Lei, ele deve ser reparado dentro de um conceito de proporcionalidade e equilíbrio, dando-
se preferência, na ordem (STEIGLEDER, 2004), a:
recompor a situação ambiental original (reparação in situ), por exemplo,
aterrar a área escavada e replantar as árvores retiradas.
compensar ecologicamente, quando a recomposição não é possível, o dano
com um impacto ambiental positivo de igual grandeza, por exemplo, recuperar
outra área degradada.
indenizar, quando a recomposição ambiental não é possível, pelo justo valor e
esse valor é destinado à promoção de ações ambientais positivas. Essa
indenização leva também em conta os valores éticos e jurídicos da comunidade
para determinar o valor do dano provocado.
Para evitar os potenciais riscos dos impactos ambientais e de suas consequências e, ao
mesmo tempo, aproveitar as oportunidades, as empresas precisam adotar estratégias
ambientais condizentes.
Para Porter (2004, p. 390) “os gerentes devem começar a perceber as melhorias
ambientais como uma oportunidade econômica e competitiva e não como um custo
embaraçoso ou uma ameaça inevitável”, indicando a importância estratégica e também a
necessidade de adotar melhores métodos de informação e avaliação para conhecimento do
risco ambiental e de seus custos. Para Porter e Van de Linde (1999), as empresas, sem
28
adequada informação, perdem oportunidades, a partir do momento que inviabilizam muitos
investimentos, porque precisam presumir riscos elevados, adotando taxas de corte também
elevadas para sua seleção.
Donaire (2007) afirma que a questão ambiental se torna matéria obrigatória na agenda
dos executivos quando da prospecção de cenários e tomada de decisão. A inclusão da variável
ambiental, para o autor, traz aumento de despesas e custo do processo produtivo, mas também
oportunidades como reciclagem de materiais, reaproveitamento de resíduos, utilização de
tecnologias mais limpas, produtos para atendimento a segmento de consumidores
preocupados com a questão ecológica. Destaca ainda oportunidades de trabalho em funções
de gestão ambiental, auditoria ambiental e outras. Para Donaire (2007), um dos fatores de
sucesso das políticas ambientais nas empresas é a conscientização e comprometimento da
Alta Administração.
Para Laszlo (2008, p. 117), a sustentabilidade das empresas ocorre quando elas criam
valor para os acionistas e os outros stakeholders. Os líderes corporativos conhecem o valor
econômico, mas “são menos versados no tocante à mensuração e gestão do valor ao
stakeholder”; isso gera riscos e oportunidades ocultos ou intangíveis. Laszlo (2008, p. 138)
sugere que os gestores precisam “levar em consideração os impactos ambientais, econômicos
e sociais de suas atividades nos principais stakeholders ao longo da cadeia de valor”. Laszlo
(2008, p. 144) refere à dificuldade para pessoas da área econômica trabalharem e
desenvolverem medidas apropriadas e relevantes para mensuração dessas questões
emergentes, pois “O valor ao stakeholder é mais complexo de medir do que o valor ao
acionista. Ele requer a habilidade de avaliar percepções e de lidar com conteúdo de alta carga
emocional”.
IFAC (2009) recomenda integrar a questão ambiental na estratégia de
sustentabilidade, com as seguintes perspectivas: (a) estratégia de negócios – adotar uma
abordagem estratégica; (b) gerenciamento interno fazer acontecer; (c) investidores
informar; (d) outros stakeholders – transparência ampla.
Tisott, Ott e Kroetz (2006) sugerem a inclusão da dimensão de sustentabilidade no
BSC, visando à qualificação do processo de responsabilidade social corporativa. Em pesquisa
realizada, os autores concluíram que, apesar de as empresas manifestarem intenção, ainda não
evoluíram efetivamente para a dimensão de sustentabilidade, ou Triple Bottom Line.
29
Na consideração de aspectos ambientais, o resultado buscado é redução de impacto
ambiental, diminuição dos custos, melhoria da qualidade dos produtos, ampliação da
competitividade (PORTER; VAN DER LINDE, 1999).
Porter e Van der Linde (1999) ainda indicam como novidades na gestão ambiental:
inovação em tecnologia;
ataque às causas básicas de poluição, melhorando a produtividade.
Como exemplos, indicam melhorias ambientais capazes de beneficiar a
produtividade dos recursos: economia de materiais; aumento no rendimento do processo;
conversão de desperdícios em valor; reciclagem de insumos.
Savitz e Weber (2007, p. 41), ao estudarem a sustentabilidade da empresa, sugerem
aos gestores reduzir custos, melhorar produtividade, eliminar custos desnecessários. Uma das
formas indicadas é buscar a ecoeficiência, assim por eles conceituada:
A ecoeficiência é o componente básico da sustentabilidade, que se aplica à gestão da
empresa. Significa redução da quantidade de recursos utilizados para a produção de
bens e serviços, aumentando os lucros da empresa e, ao mesmo tempo, reduzindo
seu impacto ambiental. A temática básica é simples: poluição é desperdício
Tachizawa (2006) afirma que os impactos ambientais são diferenciados conforme o
tipo de empresa e em função da forma com que elas se adaptam ao meio ambiente para
manter a continuidade e sobrevivência e que, portanto, as estratégias corporativas ambientais
devem ser definidas em função dessas variáveis. Epstein (1996) alerta que os custos
ambientais vêm crescendo muito e de forma rápida e que isso gera necessidade de integrar
análise dos riscos ambientais em todas as decisões gerenciais. Para isso, conforme o autor
torna-se importante criar e implementar uma estratégia ambiental, vinculando ainda a
remuneração das pessoas ao cumprimento das metas ambientais como instrumento motivador.
Porter e Kramer (2009) escrevem que se torna importante para a empresa preservar e
auxiliar no desenvolvimento sob os aspectos econômico, social e ambiental, complementando
ou, em alguns casos, substituindo a ação do Estado. A função social da empresa vai além do
simples pagamento de salários e dos impostos, pois ela tem uma necessidade estratégica de
criar valor para si e sociedade. Ao criar valor para a sociedade, a empresa está criando seu
próprio mercado e, ao reduzir consumos e desperdícios decorrentes de poluição, está
30
ganhando em eficiência e, portanto, aumentando seus lucros e, ao mesmo tempo, preservando
o meio ambiente. Para Porter e Kramer (2009), hoje, as empresas precisam adotar posturas
estratégicas socioambientais, ingressando na área de filantropia social, criando valor para seu
negócio. A filantropia socioambiental deve estar alinhada aos objetivos econômicos e
estratégias de longo prazo. As estratégias filantrópicas devem ser feitas para melhorar o
contexto competitivo (qualidade do ambiente de negócios nas localidades em que opera),
visando à criação de valor sustentável e de longo prazo.
Para estabelecer uma estratégia, a empresa deve analisar o ambiente externo em que
opera, identificando os riscos e oportunidades, estabelecendo planos de ação para
implementá-las (PORTER, 1999). Para suportar as estratégias genéricas (custo, diferenciação,
enfoque), as empresas adotam estratégias funcionais ou de suporte (MINTZBERG et al.,
2006) ou estratégias operacionais (JOHNSON; SCHOLLES; WHITTINGTON, 2007) em
áreas importantes. Uma estratégia funcional, para Wright, Kroll e Parnell (2007), é utilizada
pelas unidades funcionais para desempenhar funções, criar e oferecer valor ao cliente, sendo
necessária para o uso adequado das estratégias genéricas. Haverá várias estratégias funcionais,
mas, em geral, pelo menos três estão presentes: comercial, operacional e financeira. Nesse
contexto, sendo a questão ambiental importante, estratégias ambientais funcionais são
necessárias para explorar as oportunidades e minimizar o risco ambiental, naquelas empresas
em que isso é relevante.
Na criação de estratégias, deve ser levado em conta o poder dos acionistas e dos
stakeholders, como proposto por Laszlo (2008), mapeando-se riscos e oportunidades nessas
duas dimensões.
O processo de gestão ambiental reflete ou traduz a natureza e imporncia estratégica do
risco ambiental percebido pelos gestores (VASTAK: KEREKES: RONDINELLI, 1996). O Custo
Ambiental, como decorrência da Gestão, reflete a grandeza monetária do esforço para reduzir os
Riscos Ambientais, objetos da próxima seção.
31
2.2 O RISCO AMBIENTAL
O risco ambiental precisa ser entendido em dois contextos principais: o risco absoluto,
ou o risco do impacto ambiental isolado, e o risco de seus efeitos sistêmicos no ambiente,
economia, na sociedade.
Para Barbieri (2007, p. 289), a identificação do Risco Ambiental é feita mediante um
Estudo de Impacto Ambiental EIA e suas conclusões estão contidas num Relatório de
Impacto Ambiental – RIMA e visa a
identificar e avaliar os impactos sobre o meio ambiente físico, biológico e social;
estudar alternativas para os diferentes componentes do empreendimento ou
atividade;
desenvolver medidas para monitorar as operações, caso o projeto seja implantado, e;
desenvolver planos para compensar e mitigar os impactos ambientais adversos.
Para o autor, o estudo de impacto ambiental deve ser prévio, na fase de pré-
investimento, contemplando também a fase de investimento e fase operacional, estando
fortemente assentado no Ciclo de Vida dos Produtos, que contempla desde o projeto inicial
até o descarte final do produto. Neste estudo, são identificados os impactos, as medidas a
serem tomadas e, consequentemente, os custos e benefícios envolvidos.
A seguir são trazidos referenciais sobre o risco ambiental e seu gerenciamento, e
também uma abordagem mais detalhada sobre risco e custo no ciclo de vida do produto ou
serviço.
2.2.1 Conceito e Avaliação do Risco Ambiental
Segundo Amaral e Silva (2006), a palavra risco, na língua persa rozik, também
significa destino, associado a perigo ou penhasco, enquanto, no italiano antigo, risicare
significa ousar, sendo que as noções de risco e incerteza estão intimamente ligadas. As
estimativas de risco modificam-se na medida em que o risco é conhecido e, portanto, a
informação é um importante fator que interfere na sua percepção. O risco está ligado à idéia
32
de ameaça, com determinada probabilidade. O perigo é a ameaça em si, ainda não totalmente
evidente.
Sogabe (2006) entende que avaliar o risco consiste em coletar e avaliar informações
sobre o impacto ambiental e, então, obter uma estimativa da magnitude e dos potenciais
desdobramentos.
Kirchhoff (2004) escreve que a avaliação de risco probabilística é utilizada para
identificar riscos associados a atividades e sugere a seguinte sequência para sua avaliação:
avaliação dos perigos;
estimativa da probabilidade/frequência;
análise das consequências;
caracterização do risco.
Escreve Amaral e Silva (2006, p. 794) que o risco denota possibilidade de ocorrência
de um determinado estado indesejável que seja consequência de eventos naturais ou
atividades humanas e que, uma vez identificados os riscos e causas, “os efeitos indesejáveis
poderão ser evitados ou mitigados, se os eventos ou ações causais puderem ser evitados ou
modificados”. Para a classificação dos perigos ambientais, conforme a gravidade ou
severidade, o autor sugere uma graduação:
Desprezível: quando não existem danos mensuráveis;
Marginal: danos irrelevantes;
Crítica: possíveis danos;
Catastrófica: causa efeitos graves.
No que se refere à frequência, Moura (2008) propõe a seguinte gradação para
frequência de ocorrência dos impactos ambientais: (a) frequente; (b) provável; (c); ocasional;
(d) remota; (e) improvável.
A partir das considerações de gravidade e probabilidade de frequência, pode-se
montar uma Matriz de Risco, adotando-se terminologia adaptada (Tabela 1), pontuando-se
numa escala de 1 a 5:
33
Tabela 1 - Matriz de Risco
Probabilidade
Gravidade
Improvável
1
Remota
2
Possível
3
Provável
4
Muito provável
5
Baixíssimo 1 1 2 3 4 5
Baixo 2 2 4 6 8 10
Médio 3 3 6 9 12 15
Alto 4 4 8 12 16 20
Altíssimo 5 5 10 15 20 25
Fonte: Adaptada de Moura (2008).
A Tabela 1 representa uma Matriz de Risco a partir do grau de gravidade e da
probabilidade de ocorrência, em que o risco aumenta a partir da ponderação dos fatores
gravidade e probabilidade de ocorrência. Essa ponderação é que determinará a importância da
questão ambiental para a empresa e as escolhas para seu gerenciamento. Assim, um evento
com baixíssima gravidade e improvável de ocorrer representa o menor risco, enquanto um
evento de altíssima gravidade e muito provável de ocorrer representa o maior risco. Ela é
aplicável (a) para cada fator causador envolvendo (b) benefício, (c) risco ou custo e ainda em
cada uma das dimensões (d) Econômica (e) Social e (f) Ambiental, obtendo, ao final, um
resultado que aqui se pode denominar Resultado Sistêmico do Impacto, adiante detalhado.
A noção de risco e perigo ambiental, assim, como a de impacto ambiental, envolve a
percepção dos indivíduos, de caráter subjetivo e é nesse contexto que é aqui considerado.
Donaire (2007) afirma existir uma correlação direta entre a conscientização da sociedade e os
padrões estabelecidos para a consideração do risco ambiental. A conscientização social gera
um maior rigor nas exigências e constitui um agravamento da percepção do risco, mas
também uma oportunidade para as empresas inovarem.
Bahia (2006, p. 78) também conclui no sentido de existência de fatores que
contribuem para a percepção do risco, afirmando que:
[..] nos países com alta densidade demográfica, os veis de acidentes em indústrias
químicas também ocorrem com muita frequência envolvendo grande numero de
acidentados, haja vista que o custo da terra é menor, a mão-de-obra é mais barata,
legislação trabalhista deficitária e fraca fiscalização governamental no cumprimento
das leis e regulamentos ambientais [..].
34
Maia (2007, p. 150) estudou a gestão do risco ambiental sob a óptica das exigências
das instituições financeiras brasileiras para concederem financiamentos. O autor conclui que
“o tratamento dado ao risco socioambiental é pontual e somente responde às demandas legais
objetivamente demarcadas no limite do tratamento documental necessário”, indicando que os
bancos ainda não incorporaram em suas exigências as demais demandas sociais e filantrópicas
e mesmo de ecoeficiência.
A significância do impacto ambiental, conforme Campos (2001) tem relação com: (a)
imagem da empresa junto a partes interessadas; (b) existência de requisitos legais em relação
ao aspecto; (c) escala, que é a magnitude ou grandeza do impacto; e (d) severidade, que é a
periculosidade do aspecto ambiental.
A percepção do risco, assim como as suas consequências, muitas vezes está associada
com a localização da empresa próximo a concentrações populacionais. As pessoas percebem
maior perigo ao residirem próximas a empresas com risco ambiental, e, com isso, pressionam
para a sua redução (VASTAG; KEREKES, RONDINELLI, 1996).
Existem também os riscos econômicos que decorrem de marketing ou de guerra entre
grupos, utilizando-se de argumentos ambientais. Savitz (2007) relata a existência de ativistas
ambientais profissionais, whistleblowers ou denunciantes, que vivem de investigar e
denunciar situações de impacto ambiental. Carasco (2003) cita o caso de ONGs criadas para
defender interesses de grupos econômicos e cuja atividade principal consistiria em prejudicar
a imagem de empresas e produtos concorrentes, interferindo até nas políticas ambientais das
nações. Nos últimos anos, tem sido observada guerra de informação sobre efeitos no ambiente
e aquecimento global de usinas nucleares; construção de barragens para energia hidrelétrica;
produtos transgênicos, especialmente alimentos; derrubada de florestas nativas; plantio de
florestas de árvores exóticas, como pinus e eucalipto; biocombustíveis; utilização de
defensivos agrícolas. A questão ambiental envolve nações com risco de futuras guerras pelo
controle de florestas, minérios, áreas de plantio agrícola e água, pelos conflitos entre
interesses econômicos, ambientais e sociais e até geopolíticos.
35
2.2.2 Risco ambiental sistêmico.
O risco ambiental deve ser evitado não por si só, mas também pelos efeitos sistêmicos
que provoca na sociedade e economia, que compõem o denominado triple bottom line, ou
sustentabilidade econômica, social e ambiental integradas.
Numa primeira dimensão, isoladamente, um impacto ambiental poderia ser
analisado (a) sob o ponto de vista de sua magnitude e (b) pelo ponto de vista de sua
justificação ética ou imprescindibilidade ou tolerabilidade (STEIGLEDER, 2004). Com isso,
impactos de pequena magnitude e necessários para a vida humana são autorizados. Mas
mesmo que de magnitude e importância relevante, ainda assim o impacto ambiental negativo
por si não pode ser considerado um dano sistêmico, sem levar em conta os seus
componentes positivos.
Numa segunda dimensão, tem-se de considerar o impacto ambiental positivo, os
benefícios ambientais do impacto. Neste caso, a Resultante seria a soma algébrica das
magnitudes dos impactos ambientais positivos e negativos.
Uma terceira dimensão consiste em considerar os impactos (custos e benefícios)
socioeconômicos desse impacto, cumulativamente, obtendo, ao final, um resultado que aqui
se denomina Resultado Sistêmico do Impacto e que se propõe seja assim calculado e
representado (FENKER, 2007):
Resultado Sistêmico do Impacto = (IAP+ISP+IEP) – (IAN+ISN+IEN), onde:
IAP = Impacto Ambiental Positivo IAN = Impacto Ambiental Negativo
ISP = Impacto Social Positivo ISN = Impacto Social Negativo
IEP = Impacto Econômico Positivo IEN = Impacto Econômico Negativo
Em princípio será necessária e eticamente justificável a atuação humana que gera um
resultado sistêmico positivo. A noção de risco, então, está também associada à consideração
sistêmica do impacto. Cada área de Ciência tem seu viés, atribuindo ponderações para a
consideração do risco. Na economia, são considerados custos e benefícios econômicos, com
menor ponderação para valores de outras áreas, e isso está mudando, como propõe Laszlo
(2008), a ponto de não se justificar lucro econômico em detrimento do social e ambiental em
determinadas circunstância, pois a maximização do benefício econômico poder decorrer da
36
minimização dos benefícios sociais e ambientais. Encontrar uma forma de mensuração
sistêmica dos impactos que gere um equilíbrio sustentável é um objetivo a ser buscado,
reduzindo a incerteza e, portanto, o risco. Estas considerações são importantes para o
entendimento dos custos ambientais visando ao atendimento dos stakeholders, e os com
implicações socioambiental ou filantrópica, abordados na seção 2.3.2.1.
O Direito ambiental brasileiro, de orientação positivista, norteia-se por valores éticos e
morais, crenças e valores da sociedade, e incorpora as considerações psicossociais decorrentes
do novo paradigma socioambiental. Conforme leciona Steigleder (2004), são duas as
obrigações básicas das pessoas, físicas ou jurídicas:
A primeira, de prevenir os riscos (princípio jurídico da prevenção) e de internalizar
os riscos em seu processo produtivo (princípio jurídico do poluidor-pagador). A segunda, a de
reparação dos danos ambientais intrínsecos, dos danos sociais e do dano moral ambiental
coletivo vinculados ao dano ambiental.
Entre os diversos efeitos sistêmicos do impacto ambiental podem ser mencionados,
entre outros:
a) Impacto social:
incômodo às pessoas por poluição, medo, necessidade de deslocamento de
famílias para construção de obras, redução de área de uso, como ocorre no
caso de construção barragens;
acidentes e danos à saúde;
conflitos com populações tradicionais, como indígenas, para realização de
obras, mineração ou passagem;
problemas com vizinhança;
doenças de funcionários e familiares em decorrência de exposição a riscos;
perda de renda de populações; necessidade de readaptação para outras
atividades de pessoas deslocadas de áreas.
b) Impacto cultural:
alteração da paisagem, como na retirada de mata, inundação de áreas com
quedas d’água, escavações, crateras; destruição de patrimônios históricos.
c) Impactos econômicos:
37
perda de reputação, imagem e relacionamento no mercado em função de
associação do nome ou marca com a prática de danos ambientais;
aumento dos custos com Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA);
aumento de prêmios de seguro em função de aumento do risco;
aumento dos custos de controle (monitoramento e prevenção) e de correção de
falhas (internas e externas);
multas ambientais;
processos administrativos;
processos judiciais contra a empresa e/ou administradores, com penalidades
criminais a ambos;
perda de clientes;
fechamento temporário ou permanente da empresa por descumprimento de
legislação;
indenizações que devem ser pagas por danos ambientais;
perda de valor de cotação das ações no mercado em função de notícias de
prática de danos ambientais;
perda de produtividade e/ou motivação de funcionários;
crise de abastecimento por fornecedores com problemas ambientais.
Os Riscos dos impactos, conforme Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996), refletem-se
na atuação das empresas, pois, em decorrência de uma postura ou gestão ambiental
inadequada, podem advir consequências, como:
perda de oportunidades de mercado para competidores mais sensíveis e ágeis;
elevação de custos;
aumento de incertezas;
desafios legais;
aumento do risco de responsabilidade criminal dos administradores;
reação negativa dos consumidores à má administração corporativa ambiental;
abandono, por parte de acionistas, das empresas em crises ambientais;
38
inclusão dos riscos ambientais pelas instituições financeiras em suas
avaliações para concessão de empréstimos;
uma gestão ambiental, resultando em sérios danos ambientais podem
destruir uma companhia, da mesma forma que má gestão financeira.
existência também de sérios riscos financeiros de desenvolver uma sofisticada
e superdimensionada estratégia ambiental mesmo que proteja os
administradores que a demandam quando ela realmente não é necessária ou
justificável.
O risco ambiental pode ser visto no Ciclo de Vida do Produto, que contempla as
atividades que iniciam no contato com a natureza, como extração ou outra forma de impacto,
e vão até a disposição final na natureza, como por exemplo, o depósito de resíduos sólidos
(CHEHEBE, 1997). A Norma ISO 14040, que sugere análise do ciclo de vida do produto,
visando a identificar os impactos ambientais em cada fase de seu ciclo de vida e, em
decorrência, uma vez identificados os impactos, pode-se tomar ações para sua mitigação e,
consequentemente, calcular os custos destas atividades.
O ponto de partida para a formulação de uma estratégia ambiental é a identificação do
ambiente externo e interno e dos impactos ambientais em toda a cadeia de valor e do ciclo de
vida do produto (EPSTEIN, 1996, PORTER; VAN DER LINDE, 1999).
Uma das ferramentas atualmente indicadas para entender o efeito financeiro e
ambiental sobre produtos e serviços é a Avaliação do Ciclo de Vida (ACD) (Life Cycle
Assesment- LCA) (EPSTEIN, 1996); ISO 14040 (CHEHEBE, 1997).
O ciclo de vida de um produto é entendido como o período de vida, desde a pesquisa
de mercado e concepção até o abandono final, e inclui as atividades e custos de pesquisa,
desenvolvimento, extração, produção, distribuição, uso, pós-venda e ultimamente vem
ganhando importância em função de aspectos ambientais, o pós-uso, em função da
necessidade de reduzir, reciclar, reusar ou depositar (HANSEN; MOWEN, 2003).
Da Silva e Kulay (2006, p. 323) definem avalião do ciclo de vida do produto ambiental
como:
Identificação das entradas de matéria e energia do meio ambiente para o sistema que
constitui o ciclo de vida do objeto do estudo e das saídas de matéria-prima e de
energia desse sistema para o meio ambiente, e avaliação dos impactos ambientais
associados a essas entradas e saídas.
39
Dentro desse enfoque, o ciclo ambiental compreende o processo “da natureza à
natureza”, ou seja, extração, produção, uso, disposição, incluindo o transporte em todas essas
fases, conforme Figura 1, que segue.
Figura 1 - Ciclo de Vida do Produto sob a Óptica Ambiental
Fonte: Adaptado de Da Silva e Kulay (2006, p. 316).
A Figura 1 apresenta o estoque dos recursos naturais, que são extraídos da natureza,
passam por processo de transformação, uso e finalmente têm como destino final a natureza,
passando em alguns casos por eventual reuso ou reciclagem, e por transporte ou depósito
intermediários, gerando impactos e custos ambientais em todas essas fases.
Para Porter (1999), as empresas criam valor configurando melhor sua cadeia de valor.
Para o autor, a competição não é mais entre empresas, mas entre cadeias de valor. A
eficiência na execução da atividade sob o aspecto ambiental implica entre outros, atender os
objetivos de evitar, em toda a cadeia de valor, a degradação ambiental; reduzir a poluição;
reduzir o consumo de matéria-prima; ser eficaz ao oferecer produtos com qualidade ambiental
a preços competitivos, reduzindo, assim, a exposição da empresa aos riscos decorrentes. Com
isso, a preocupação com a questão ambiental vai além dos portões das empresas, até as fontes
de suprimento e até o destino final dos produtos e embalagens, incluindo toda a cadeia de
valor.
O risco ambiental a que as empresas estão sujeitas aqui considerado, é o risco do
impacto ambiental e de suas consequências econômicas e sociais, que implica custos tangíveis
ou intangíveis, mas também cria oportunidades que geram receitas tangíveis e intangíveis.
Nesse contexto, as empresas adotam estratégias de minimização dos Riscos que são tornadas
ação pelo processo de Gestão Ambiental.
40
2.2.3 O Gerenciamento do Risco Ambiental
As empresas adotam processo de Gestão Ambiental conforme a necessidade de evitar
ou mitigar os riscos de ocorrência e os efeitos dos impactos ambientais e assim manterem
alinhamento das estratégias ambientais com as gerais, visando à vantagem competitiva
(EPSTEIN, 1996).
Para Ribeiro (2005, p. 146), o Gerenciamento Ambiental é contextual, ou seja,
depende da política ambiental, natureza das atividades, potencial de poluição e outros fatores,
sendo definido como “um conjunto de rotinas e procedimentos que permite a uma
organização administrar adequadamente as relações entre suas atividades e o meio ambiente
em que se desenvolvem” contemplando, entre outros “aspectos e efeitos ambientais da
atividade […] bem como os interesses e expectativas das partes interessadas”, em todo o ciclo
de vida do produto.
Barbieri (2007) também escreve que nem todas as empresas têm necessidade de
considerar a questão ambiental como estratégica, mas, sim, conforme o grau de riscos e
oportunidades que ela oferece. Com isto, segundo o autor, em alguns casos, o simples
controle e prevenção de poluição é suficiente. Essa posição também é preconizada por
Maimon (1994, p. 120), ao afirmar que “os impactos ambientais são desiguais entre os
diferentes ramos de atividades, uma vez que a poluição é condicionada pela matéria-prima e
pela energia […] e ainda pela intensidade de incorporação de tecnologias limpas”.
Hunt e Auster (1990) entendem que a gestão ambiental deve estar alinhada às
necessidades das empresas, que resume em cinco estágios: principiantes: que não se
preocupam com a questão; apagadoras de incêndio: que possuem pequena equipe para
resolver problemas; envolvidas: que se ocupam da prevenção de acidentes e não possuem
autoridade na hierarquia funcional; pragmáticas: elas possuem uma gestão ambiental ativa,
estrutura e autoridade, mas a questão ambiental não é prioridade da organização;
proativas:quando a questão ambiental é estratégica, existe alta motivação e comprometimento
em todas as esferas e níveis hierárquicos da organização, com metas claras e são as únicas que
pensam em sua proteção no futuro, em longo prazo.
41
Rorich e Cunha (2004) propõem um modelo de seis fatores para análise da gestão
ambiental nas empresas, envolvendo: controle, prevenção (formalização, crescimento,
prevenção e cadeia de prevenção) e proatividade.
Orsato (2002) sugere um modelo de estratégia ambiental corporativa, visando a obter
liderança em custo e diferenciação ambiental, indo além da conformidade legal e
incorporando produtividade dos recursos.
As empresas desenvolvem suas ações conforme a percepção que têm do risco. Vastag,
Kerekes e Rondinelli (1996) classificam as abordagens gerenciais em quatro grupos,
conforme os graus de risco:
GRUPO A – ABORDAGEM GERENCIAL AMBIENTAL REATIVA (baixo risco)
É adotada por empresas que apresentam baixo nível de emissão de poluentes e no qual
os poluentes não são ambientalmente perigosos e o número de pessoas afetadas é pequeno.
Essas empresas podem utilizar recursos renováveis como matéria-prima. A produção não
demanda energia intensiva e suas atividades não envolvem transporte de grandes volumes de
produtos perigosos. São exemplos as empresas de alta tecnologia, com produtos como
instrumentos de precisão ou algumas produtoras de alimentos. Essas empresas preocupam-se
com o cumprimento da legislação local sem necessidade de tomar precauções extraordinárias
para prevenir danos ambientais. As questões ambientais não afetam as operações e são
conduzidas por gestores de nível médio.
GRUPO B – ABORDAGEM GERENCIAL AMBIENTAL PROATIVA (risco interno)
Consiste em indústrias que envolvem altos níveis de poluição ou emissões de
poluentes que são ambientalmente perigosos. No entanto, em função de localização,
condições climáticas ou infraestrutura ambiental, as consequências ambientais e para a saúde
são pequenas por situarem-se em pequenas localidades onde a população é menos sensível a
questões ambientais e onde geralmente a maior parte da população vive em função desse
mercado. São exemplos as destilarias de açúcar. Essas empresas precisam preocupar-se com
antecipar-se às mudanças futuras da legislação ambiental, tecnologia e opinião pública.
42
GRUPO C - ABORDAGEM GERENCIAL AMBIENTAL ESTRATÉGICA (risco
interno e externo)
Consiste de indústrias que são altamente poluidoras e que operam num contexto físico
e social em que os riscos são muito aumentados pelas condições externas ou pelas atitudes
públicas em relação a perigos ambientais. São exemplos as grandes companhias químicas
situadas dentro de cidades. Essas empresas seguidamente se deparam com questões de
cumprimento da legislação ambiental e tomam medidas severas para evitar ou reduzir os
danos ambientais. Nelas, a gestão ambiental é parte importante da estratégia global da
empresa e deve ser conduzida pela alta administração. Sua estratégia ambiental é bem
definida, altamente visível nas publicações da companhia, e monitorada cuidadosamente para
proteger os gestores contra ações legais.
GRUPO D ABORDAGEM GERENCIAL AMBIENTAL CRISE-PREVENTIVA
(risco externo)
Empresas que não são altamente poluidoras, porque não usam altos volumes de saídas
ou porque a poluição ocorre indiretamente, por exemplo, no turismo ou nas cadeias de fast
food, nas hidrelétricas ou nos frigoríficos localizados em cidades. São empresas muito visíveis
e afetam muitas pessoas e grande território. A gestão ambiental deve estar voltada para
campanhas públicas de educação ambiental e procedimentos para evitar que a poluição
aumente e para melhoria da percepção do público para o baixo nível de risco e poluição.
A partir dessas abordagens, Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996) propõem uma
estrutura de análise, apresentada no Quadro 2 que segue, para avaliar as abordagens gerenciais
ambientais corporativas a partir dos riscos internos e externos.
43
BAIXOS ALTOS
Proativa
Estratégica
ALTOS
Reativa
Crise Preventiva
BAIXOS
RISCOS INTERNOS
RISCOS EXTERNOS
Quadro 2 - Classificação das Abordagens Gerenciais Ambientais
Fonte: Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996, p. 197).
Os riscos podem ser internos e externos e, quando eles são associados, a questão passa
a ser mais importante, pois os riscos são acumulados e, portanto, maiores.
Para Vastak, Kerekes e Rondinelli (1996), existe uma crescente pressão internacional para
as empresas desenvolverem uma gestão ambiental que reduza os riscos internos e externos que
afetam suas operações, e as empresas podem cometer dois erros ao adotar uma estratégia de
gestão ambiental:
a) elas podem subestimar ou superestimar as oportunidades de negócios
proporcionadas pelo crescimento mundial das questões ambientais. Se a
empresa não reconhecer as oportunidades de negócio, pode perder mercado
para competidores mais sensíveis e ágeis; se ela superestimar o mercado,
poderá realizar investimentos que não sejam lucrativos;
b) elas podem subestimar ou superestimar os riscos criados pelas demandas
ambientais legais e de mercado. Se a empresa superestimar os riscos, pode
resultar em custos exagerados, mas, se ela não gastar no cumprimento legal,
pode ser incapaz de adaptar-se às novas exigências no futuro, que podem
resultar em custos catastróficos, penalidades e outras obrigações que podem
ameaçar sua competitividade, lucratividade ou sobrevivência. Com isso, pode-
se observar uma relação necessária entre risco ambiental e custos ambientais.
Conforme The Economist (2008), entre os fatos que mais dificultam o gerenciamento
do risco ambiental, essa mesma pesquisa apontou:
44
incertezas sobre o impacto das obrigações ambientais e o escopo futuro da
legislação;
incertezas sobre a harmonização regulatória entre as regiões e constantes
mudanças na legislação;
custo do gerenciamento do risco ambiental;
dificuldade de estabelecer benchmarking de indicadores-chave de
desempenho;
gerenciamento de risco integrado na cadeia de valor é uma área-chave
vulnerável;
melhor reputação junto a clientes e investidores é visto como o maior benefício
da gestão do risco ambiental;
mudança climática é vista como risco e como oportunidade.
Segundo a pesquisa de The Economist (2008), as maiores pressões para adoção de um
sistema de gestão de riscos ambientais são feitas pelos executivos, visando a evitar
responsabilidade legal. Uma vez que a pressão vem dos executivos, pode-se levantar a
hipótese de que eles tendem a proteger-se, dado que as decisões decorrem da percepção que
eles têm do risco em que estão envolvidos pessoalmente. Isso acarreta um
superdimensionamento dos custos de gestão ambiental, conforme também exposto por
Kerekes, Vastag e Rondinelli (1996).
Uma das formas de as empresas reduzirem sua própria exposição ao risco é a
realização de seguro contra risco ambiental, pois as seguradoras são especializadas em
assumir riscos de terceiros, cobrando um prêmio para esse serviço. Enquanto algumas
empresas são avessas ao risco, outras preferem correr riscos.
Ainda, segundo Hansen e Mowen (2003, p. 567), “no modelo de qualidade ambiental
total, o estado ideal é de dano zero para o meio ambiente”, da mesma forma que se procura,
idealmente, defeito zero num programa genérico de qualidade total. Os autores citam cinco
objetivos estratégicos para a obtenção da qualidade ambiental:
Minimizar o consumo de matérias-primas virgens;
Minimizar o uso de materiais perigosos;
Minimizar os requisitos de energia para produção e uso do produto;
Minimizar a liberação de resíduos sólidos, líquidos e gasosos;
45
Maximizar as oportunidades de reciclagem.
A qualidade ambiental é obtida no âmbito de um programa integrado de gestão de
qualidade e de gestão de qualidade ambiental (ROBLES JR, 2003). Os gestores dispõem de
vários mecanismos auxiliares para a gestão da qualidade ambiental (Quadro 3) e,
consequentemente, da gestão dos custos da qualidade, entre eles são citados:
Mecanismo Uso ou utilidade Autor
Seis Sigma
Metodologia que auxilia a gestão da qualidade de forma
sistêmica
Rodrigues
(2006)
Norma ISO 14000 ou
equivalente
Visa à melhoria contínua, e atendimento a todos os
stakeholders ambientais
ISO
MDL Mecanismos de
Desenvolvimento Limpo
Adoção de processos e tecnologias ecoeficientes de
preservação e que reduzem consumo, desperdícios e
poluição
Barbieri (2007)
Responsabilidade
Corporativa
Socioambiental
Diretrizes e práticas corporativas éticas voltadas à
preservação do meio ambiente.
Tachizawa
(2006)
Sistemas de Gestão
Ambiental – SGA
Um sistema de gestão voltado a obter um
desenvolvimento sustentável, orientado para evitar
problemas para o meio ambiente
Dias (2006)
Campos (2001)
Educação Ambiental
Adoção e divulgação interna e externa de– práticas de
educação interna e na cadeia de valores visando melhoria
e conservação do meio ambiente
Simons (2006)
Estudos de Impacto
Ambiental
Avaliação e identificação de pontos de impacto ambiental Barbieri (2007)
Auditoria Ambiental
Inspeções sistemáticas de seguimento de procedimentos,
com emissão de relatórios detalhados auxiliam na
avaliação e manutenção de adequados padrões de
desempenho, permitindo identificar e corrigir eventuais
inconformidades
Barbieri (2007)
Avaliação do Ciclo de
Vida
Identificação dos impactos ambientais dos produtos desde
a concepção até o descarte final
Chehebe (1997)
Ecodesign
Incorporar requisitos de ecoeficiência (obter mais com
menos) ao produto e processo futuros
Avaliação e
Gerenciamento de
Riscos Ambientais
Estimativa do risco, a probabilidade do evento ocorrer e
dos potenciais desdobramentos e seu gerenciamento
Sogabe (2006)
Indicadores de
Desempenho Ambiental
Mecanismo de avaliação comparativa (benchmarking) de
desempenho da empresa e da indústria
Gonçalves,
Weffort e
Gonçalves
(2007)
Marketing ambiental
A percepção desse valor pelos stakeholders é que gera o
valor intangível das empresas como marca, imagem e
reputação, em alguns casos muito superiores aos valores
meramente contábeis
Porter (1991)
Continua...
46
Continuação.
Certificação ambiental
Certificações de procedência, de cadeia de custódia, os
chamados “selos verdes”
Wells (2006)
Rotulagem ambiental
Rótulos para produtos recicláveis ou de alimentos
orgânicos são sinais de que a empresa tem preocupação e
adota mecanismos de atuação ambiental responsável
Wells (2006)
Incentivos internos
vinculados ao
desempenho ambiental
ROI retorno do investimento e a remuneração dos
gestores seja aferido considerando-se todos os
componentes de sustentabilidade do Triple Bottom Line
Savitz e Weber
(2006)
Mensuração Sistêmica
Mensuração dos efeitos ambientais, econômicos e sociais,
positivos e negativos.
Savitz e
Weber(2006)
Fenker(2007)
Laszlo(2008)
Sistemas de custo e de
custeio e de Gestão dos
Custos
Permitem conhecer os custos ambientais e com isso,
gerenciá-los.
Campos (1996)
Sakurai (1997)
Hansen e
Mowen(2003)
Quadro 3 - Mecanismos Auxiliares para a Gestão da Qualidade Ambiental.
Fonte: O Autor.
Atualmente o valor econômico está bastante fundamentado em fatores intangíveis e
gera custos e benefícios intangíveis, por isso, o entendimento de fontes de criação e destruição
de valor intangível é importante. A sustentabilidade também está fundamentada em
considerações socioambientais, por conseguinte sua compreensão passa pela percepção dos
fatores práticos de sustentabilidade,muitas vezes subjetivos e intangíveis. Para sobreviver, a
empresa precisa estar adaptada ao meio e, com ele, relacionar-se de forma equilibrada. Então,
o resultado, o valor ou o benefício deve ser mensurado sistemicamente, envolvendo aspectos
econômico, social e ambiental, de forma integrada e não somente o retorno econômico para a
empresa. Porter e Kramer (2009) escrevem que se torna importante para a empresa preservar e
auxiliar no desenvolvimento sob os aspectos econômico, social e ambiental, complementando
ou, em alguns casos, substituindo a ação do Estado.
Porter e Kramer (2009) sugerem a adoção de nova abordagem visando melhorar o
potencial competitivo de longo prazo, maximizando o valor social e econômico criado pela
filantropia e propõem a representação da criação de valor econômico e filantrópico conforme
a Figura 2.
47
Figura 2 - Benefício Economico e Socioambiental
Fonte: Adaptado de Porter e Kramer 2009, p. 464).
Observando-se a Figura 2, podem-se verificar as diversas possibilidades de níveis de
atendimento do negócio puro e da filantropia propostas pelo autor. O cerne da
sustentabilidade consiste no atendimento otimizado de todos stakeholders econômicos e
socioambientais de forma a manter o equilíbrio sistêmico de longo prazo. Considera-se que o
benefício econômico e socioambiental conjunto constituem-se das demandas atendidas. Logo,
as demandas não atendidas correspondem, em parte ou no todo, à diferença entre a demanda
total e a atendida.
Por isso, torna-se conveniente para as empresas incorporarem em suas estratégias as
considerações socioambientais para, com isso, obter vantagem competitiva sustentável e, ao
mesmo tempo, cumprir sua função social e de preservação do meio ambiente equilibrado
(BARBIERI, 2007).
Partindo-se do pressuposto que a questão ambiental é importante para algumas
empresas, sugere-se que as decisões estratégicas de natureza ambiental também vão
determinar a estrutura dos custos ambientais estruturais. Como exemplo, a localização de
empresa altamente poluidora – afastada ou próximo a concentração populacional – gera
percepção de um maior ou menor risco ambiental e, assim, pode determinar os níveis dos
custos ambientais.
48
Segundo Diehl (2004), também uma ligação entre custos e estratégia, formando o
Controle Estratégico de Custos. Seguindo essa proposta, pode-se supor também haver ligação
entre Custos Ambientais e a Estratégia Ambiental. Eno é de se esperar que a Gestão dos
Custos Ambientais tenha relação com o Risco Ambiental da atividade, e portanto, com a
estratégia ambiental, pois o custo representa o valor dos recursos despendidos com a Gestão
Ambiental visando a minimizar o risco.
Em resumo, os Riscos ambientais demandam uma Gestão, com medidas para evitá-
los ou minimizá-los e também como forma manter alinhamento estratégico, adequando seus
produtos e serviços às necessidades do mercado, tornando-os rentáveis e sustentáveis. Essas
medidas geram Custos que precisam ser gerenciados. Na próxima seção, abordar-se-á a
temática da Gestão dos Custos Ambientais
2.3 GESTÃO DOS CUSTOS AMBIENTAIS
Epstein (2008) alerta uma que pode ser considerada uma limitação atual dos modelos
de mensuração e gestão dos custos ambientais: para o autor, maior parte dos custos e
benefícios econômicos decorrentes de adoção de práticas de sustentabilidade ambiental são
intangíveis e de difícil mensuração, algumas vezes imprecisas e irrelevantes. Por isso, torna-se
importante o uso de indicadores financeiros e, especialmente não-financeiros, englobando as
dimensões econômica, social e ambiental. Como exemplo, ao pressionar seus fornecedores da
cadeia de valor a reduzirem custos, que são mensurados, pode-se estar incorrendo em custos
intangíveis, que não são mensurados, tendo-se a impressão de que houve benefício, quando na
realidade a perda intangível pode ser maior do que ele.
O tema ambiental insere-se num contexto social, envolvendo considerações
psicossociais, que remetem ao questionamento espiritual ou místico da vida neste planeta, em
dimensões nunca antes consideradas pela economia com seu arquétipo de homo
aeconomicus”, ou racionalidade econômica. Dentre as dimensões de custos, a economia
ocupa-se com o cumprimento da lei ou, no máximo, com a ecoeficiência, ou com o custo dos
recursos utilizados na produção física de produtos ou serviços. O modelo econômico atual não
49
está suficientemente preparado para considerar os custos ou investimentos com a
sustentabilidade socioambiental, e muito menos com a filantropia social, que são as principais
demandas e tendências do novo paradigma da sociedade do conhecimento. Por isso a
dificuldade de os modelos contábeis trabalharem adequadamente os gastos em fatores
intangíveis, considerados como despesas no modelo clássico, mas que podem ser
investimentos dentro de um novo conceito, e são de difícil mensuração. Nesse contexto, a
Gestão dos Custos ambientais torna-se dependente da compreensão do que é novo e, ainda,
intangível.
Porter (1999) escreve que os custos são fatores importantes de sucesso das empresas.
Então é viável supor que os custos ambientais também são importantes, demandando uma
gestão dos custos compatível, alinhada com as demais estratégias competitivas.
A gestão estratégica de custos, para Shank e Govindarajan (1997) corresponde ao uso
gerencial da informação de custos para desenvolver estratégias superiores, a para obter-se
uma vantagem competitiva sustentável. Uma vez que os custos ambientais fazem parte do
contexto de muitas empresas, é de vislumbrarem-se benefícios com a adoção de boas práticas
de gestão dos custos ambientais para apoio da estratégia ambiental e estratégias gerais, em
todos seus estágios: formulação; divulgação para a organização; implementação;
monitoramento. A vantagem competitiva, para os autores, está fortemente assentada na
reconfiguração da cadeia de valor e no controle dos direcionadores de custos (custos
estruturais e de execução), o que parece ser aplicável na área ambiental.
Hansen e Mowen (2003, p. 423) escrevem que “a gestão estratégica de custos é o uso
de dados de custos para desenvolver e identificar estratégias superiores que produzirão uma
vantagem competitiva sustentável”. Os autores destacam a alta prioridade e interesse da
gestão de custos ambientais por empresas com abordagem proativa, pois a gestão de custos
pode auxiliar no atendimento às demandas ambientais com eficiência e de forma menos
onerosa.
A gestão de custos tem evoluído muito nos últimos anos após o alerta de Johnson e
Kaplan (1987) em seu consagrado artigo Relevance Lost, em que propõem necessidade de
novas abordagens de gestão de custos para suporte à tomada de decisão.
Mc Nair (2007) destaca a mudança do enfoque de custeio do produto para uma
abordagem de suporte às decisões operacionais e estratégicas, adotando alguma forma de
análise de atividades, tal como a Activity-based Management ABM, que visa a melhorar o
50
desempenho da atividade para reduzir custos e atender as demandas dos clientes, que se vale
da mensuração dos custos da atividade. Entre as teorias recentes, o autor destaca a mudança
de enfoque interno para o enfoque externo, como a Strategic Cost Management – SCM que dá
ênfase à melhoria de retorno e dos custos da cadeia de valor e a Value Creation Model
VCM, que procura entender as relações entre o que as empresas gastam e o valor criado para
seus clientes e parceiros ou stakeholders e os desperdícios. Em ultima instância, para o autor,
os desperdícios são fatores de redução de competitividade.
Para Mc Nair (2007), a tendência da gestão de custos se fundamenta no entendimento
das relações dinâmicas entre os recursos e o valor que pode ser criado para os stakeholders,
indicando alguns pontos importantes, como: mensuração dos recursos consumidos; o custo
relativo do capital intelectual e o valor por ele criado; mensuração e análise de desperdícios;
funções não-lineares de custos; modelagem e predição dinâmica de custos, tangíveis e
intangíveis.
Os enfoques recentes, então, estão voltados para o ambiente externo, incluindo a
cadeia de valor e o ciclo de vida dos produtos, adotando as ferramentas tradicionais e
incorporando as novas ferramentas para isso desenvolvidas. As abordagens SCM e VCM
parecem bastante aplicáveis à questão ambiental, por envolverem criação de valores
intangíveis, sistêmicos que vão além das considerações meramente de custeio de produto.
Para Robles Jr. (2003), ao melhorarem suas práticas de gestão ambiental, as empresas
melhoram a identificação e análise dos custos ambientais e sua posição junto ao mercado
consumidor auferindo, entre outros, os benefícios de:
reforço da marca e preferência por seus produtos e serviços;
obtenção de melhores taxas de juros pela redução de riscos ambientais;
obtenção de melhores indicadores de sustentabilidade e de desempenho
ambiental;
redução dos custos e aumento do valor percebido dos produtos e serviços;
evitação de perdas tangíveis e intangíveis decorrentes de práticas inadequadas de
gestão ambiental.
51
2.3.1 Custos
Custo, na visão de Hansen e Mowen (2003, p. 60) “é o valor em dinheiro, ou o
equivalente em dinheiro, sacrificado para produtos e serviços que se espera tragam um
benefício atual ou futuro para a organização”. Custos são custos de recursos, definidos como
“elementos econômicos que possibilitam a execução de atividades”, como matéria-prima,
água, mão-de-obra, energia, equipamentos, capital, ativos ou fatores intangíveis. Quando os
recursos (também denominados fatores ou bens e serviços) são consumidos sem que gerem
receita, são denominados perdas.
Os custos, como componentes do resultado e objeto de estratégias das empresas, são
definidos muito antes do início da produção, basicamente por ocasião das escolhas estratégias,
que definirão o futuro. São os denominados custos estratégicos (PORTER, 1989) ou custos
estruturais (HANSEN; MOWEN, 2003) e, conforme Besanko et. al. (2006, p. 408) “explicam
por que os custos variam de empresa para empresa”. Os mesmos drivers podem determinar
custos baixos e benefícios altos.
Dentre os determinantes de custos estruturais destacam-se: escala, curva de
experiência, tecnologia, complexidade, grau de integração vertical, elos na cadeia de valores,
localização, fatores institucionais, escopo, estrutura de capital e modelo de gestão (PORTER,
1989; ROCHA, 1999; SHANK; GOVINDARAJAN, 1997).
As empresas aplicam recursos, realizam gastos investimentos e custos visando a
um retorno econômico, que é medido, entre outros, pela Taxa de Retorno do Investimento, ou
ROI. Antes de decidir por um investimento na área ambiental, são feitos estudos visando às
melhores alternativas, incluindo nisso orçamentos e fluxo de caixa. Feito o investimento e
implementado o projeto, os valores orçados são objeto de comparações periódicas com os
realizados, adotando-se medidas corretivas necessárias. Os custos, diretos e indiretos,
precisam ser medidos para essas comparações, demandando sistema de custo e custeio
adequados, calculando-se o custo ambiental de cada atividade, de cada produto, do ciclo de
vida do produto, da cadeia de valor. Tanto as considerações físicas quanto as financeiras do
52
impacto ambiental devem ser levadas em conta, bem como o custo e benefício das decisões
(ROBLES JR., 2003).
Para Hansen e Mowen (2003, p. 62), o objeto de custo são os produtos ou serviços. Os
custos são realizados por meio de atividades. Um sistema de cálculo de custos ambientais
diretos muitas vezes pode ser adequado. No entanto, quando a questão ambiental é importante
e os custos indiretos são significativos, torna-se útil a busca por identificação dos custos
indiretos e comuns a rias atividades, mediante adoção de um sistema de rastreamento de
custos das atividades.
Existem vários métodos de custeio e cada um apresenta vantagens e desvantagens.
Porter (1989) alertava que a classificação contábil por recurso (mão de obra, depreciação,
materiais etc.) separa custos que fazem parte da mesma atividade, e não permite conhecer o
custo por atividade, que é onde os custos realmente ocorrem e onde o valor é criado e, por
esse motivo, sugere que o custeio ABC é o mais indicado para entendimento dos custos das
atividades.
Uma vez que o custeio ABC leva em conta a quantidade de atividade consumida pelos
objetos de custo, um adequado inventário das atividades e análise do impacto ambiental
causado em cada uma delas em todo o ciclo de vida do produto será fator importante para
mensuração dos custos ambientais. Para isso é necessário analisar os custos ambientais no
contexto onde eles ocorrem.
Uma análise das atividades ambientais é necessária, conforme Hansen e Mowen
(2003), para identificar e avaliar seus custos, identificando aquelas que não geram valor.
Custos ambientais, nesse contexto, são os custos para manter a qualidade e evitar falhas que
não geram valor, e, portanto, eles não existiriam, se a qualidade existisse per si. O custo para
evitar ou para correção das falhas, nesse caso, evita outras perdas, tangíveis e intangíveis.
2.3.2 Custos da Qualidade Ambiental
Para Besanko et al. (2006) o cliente, ao perceber maior valor, entre eles a qualidade,
aumenta sua disposição de pagar pelo produto ou serviço. Um programa de qualidade visa à
53
melhoria contínua e eliminação dos desperdícios, com redução de custos, pois os clientes
exigem produtos com qualidade cada vez maior a um menor preço. A qualidade também é
definida como a condição que satisfaz ou excede a expectativa do cliente e que, portanto,
proporciona-lhe perceber maior valor do produto ou serviço.
Custos da qualidade, conforme Coral (1996) são os custos associados com a obtenção
e manutenção da qualidade em uma organização, tanto em manufatura quanto em serviços e a
ênfase deve ser dada aos custos da não-qualidade, que são desperdícios ou perdas.
Hansen e Mowen (2003, p. 567) escrevem que “os custos ambientais podem ser
chamados de custos da qualidade ambiental”. A qualidade, conforme estes autores é obtida
nas atividades, em que existe ou pode existir qualidade e, portanto são necessários
recursos que implicam custos. Custos de qualidade, para esse autor são os custos para evitar a
má qualidade. Assim, podem-se subdividir esses custos em:
Custos de controle: custos das atividades desenvolvidas para evitar a má
qualidade, prevenindo ou detectando. São denominadas também de custos de
prevenção e custos de avaliação, ou custos PARA a qualidade;
Custos de falhas: custos de atividades desenvolvidas pela empresa (falhas
internas) ou clientes (falhas externas) para corrigir as falhas. São também
denominadas custos de falhas internas e custos de falhas externas, ou custos da
FALTA de qualidade.
Campos (1996) faz uma subdivisão dos custos ambientais de correção das falhas entre
os produtos que resultaram adequados e os que o resultaram adequados, mantendo ainda as
externalidades (Figura 3) que se aproxima mais do conceito adotado por IFAC (2005), ao
denominar produtos e não produtos.
Figura 3 - Custos da Qualidade ambiental Campos
Fonte: Adaptado de Campos (1996).
54
A Figura 3 demonstra o esforço para evitar a má qualidade. Num primeiro momento, a
empresa adota atividades de prevenção e monitoramento para evitar ocorrência de falhas.
Ocorrendo falhas, elas são objeto de correção interna. Algumas falhas nos produtos ou
serviços, no entanto, são detectadas externamente e são corrigidas, denominando-se esse
processo de “internalização” de falhas externas. Algumas falhas, por outro lado, não são
corrigidas, permanecendo a falta de adequação. As falhas externas não corrigidas são
denominadas “externalidades”, e são consideradas custos sociais, ou custos da sociedade,
porque não foram assumidas pela empresa.
Para Robles Jr (2003, p. 133), “A qualidade ambiental é parte inseparável da
qualidade total adotada pelas empresas que pretendem se manterem competitivas e assegurar
sua posição em um mercado cada vez mais globalizado e exigente”, adotando conceitos e
ferramentas comuns, além das específicas da área ambiental, de forma integrada.
A qualidade ambiental é também tratada pela Norma ISO14000, fato que vem
consolidar o entendimento de que a questão ambiental é, em termos amplos, uma questão de
qualidade, envolvendo saúde, segurança, convívio social sustentável e outros fatores
relacionados com a qualidade de vida e sustentabilidade do planeta. Para Robles Jr. e Bonelli
(2006, p. 30), a Norma ISO 14000 é importante para empresas com produtos de elevado
potencial poluidor; especialmente para empresas cujo funcionamento ofereça risco, tratando
de “diretrizes para o desenvolvimento e implementação de princípios e sistemas de gestão
ambiental” e coordenação com outros sistemas. Ainda, segundo os autores, a norma auxilia
nos processos internos, “além da melhoria da imagem da empresa e de seus produtos e
serviços junto à sociedade, clientes e consumidores”.
Por entenderem que os custos ambientais são os custos visando à qualidade ambiental,
Robles Jr e Bonelli (2006) sugerem o tratamento dos custos ambientais no contexto de custos
da qualidade.
ONU (2001), adotando o conceito de Pareto, indica que uma regra de gerenciamento
ambiental é que vinte por cento da atividade de produção é responsável por oitenta por cento
dos custos ambientais. Quando os custos ambientais são alocados genericamente entre todos
os produtos, aqueles com baixo custo ambiental subsidiam aqueles com altos custos. Por isso,
uma adequada análise é necessária para subsidiar a gestão.
Para a ONU (2001), custos ambientais são aqueles relacionados com proteção de
danos ao meio ambiente, internos e externos.
55
Os estadunidenses são mais genéricos: custos ambientais estão entre os vários tipos de
custos do negócio para prover bens e serviços aos seus clientes (EPA, 2000).
EPA (2000) apresenta o que denomina hierarquia dos custos ambientais:
Convencionais menos difíceis de quantificar, comumente alocados ao
produto ou processo;
Potencialmente Ocultos – embutidos no processo e não rastreados;
Contingentes – passivos que dependem da ocorrência de eventos futuros;
Imagem e Relacionamento – conforme a percepção dos stakeholders;
Externos mais difíceis de quantificar, que impactam o ambiente e a
sociedade indiretamente.
Daroit (2001, p. 103) pesquisou as práticas de integração da qualidade ambiental nos
programas de qualidade das empresas, concluindo que “todas empresas responsáveis pelas
melhores práticas apontam como sendo importante o conhecimento dos custos e dos retornos
das medidas ambientais”.
Porter (1999) escreve que os custos são fatores importantes de sucesso das empresas.
Então é viável supor que os custos ambientais também são importantes, demandando uma
gestão dos custos compatível, alinhada com as demais estratégias competitivas
Souza e Collazziol (2006, p. 51) realizaram estudo sobre as práticas de Planejamento e
Controle dos Custos da Qualidade. Em suas conclusões, recomendam no item (b) “investigar
se as empresas têm conhecimento real das perdas financeiras provocadas pela falta de
qualidade”, sugerindo com isso que a falta de planejamento e controle da qualidade pode
provocar aumento de custos ou perdas financeiras, o que também se pode esperar ao tratar da
qualidade ambiental.
Porter e Van de Linde (1999) afirmam que as empresas, ao invés de focalizarem no
valor estático dos custos ambientais, deveriam dar importância aos benefícios que as
demandas ambientais trazem para a melhoria da produtividade dos recursos e inovação em
tecnologia. Eles citam o fato de que a mudança de enfoque de prevenção da poluição, ao invés
de seu controle, já se constitui um passo adiante neste sentido. Como exemplos, indicam
cinco situações em que as empresas podem melhorar: (1) melhorias ambientais capazes de
beneficiar a produtividade dos recursos; (2) economia de materiais; (3) aumento no
rendimento do processo; (4) conversão de desperdícios em valor; (5) reciclagem de insumos.
56
Ao inovar e adotar melhorias ambientais, as empresas estão oferecendo ao cliente um
produto diferenciado e ecologicamente correto, ao mesmo tempo em que têm oportunidade de
economizar materiais e demais recursos, reduzindo o seu custo. Por exemplo, ao reduzir os
consumos de materiais, ou convertendo desperdícios em valor, a empresa está preservando a
natureza, ao mesmo tempo em que economiza com isso. Ao adotar e divulgar boas práticas
ambientais está melhorando sua imagem junto ao mercado e, com isso, reduzindo seu risco à
exposição das questões ambientais e também cativando clientes que preferem esse tipo de
produto.
2.3.2.1 Motivações para gastar com meio ambiente
Em termos gicos, os benefícios econômicos identificáveis com gastos e adoção de
um programa de Gestão de Custos Ambientais poderiam ser:
Redução de custos
Tangíveis: redução de custos de materiais, trabalho e capital;
Intangíveis: redução da perda de valor de imagem da empresa junto ao
mercado;
Contingenciais: redução dos riscos e dos custos de evitá-los, incluindo-se
nesse item os Passivos Contingentes.
Aumento de Receitas
Tangíveis: aumento de vendas para segmento de consumidores verdes;
aumento do valor agregado ao produto e preço em função de atributos
ambientalmente desejáveis;
Intangíveis: aumento do valor de imagem da empresa junto ao mercado;
sustentabilidade econômica e social da empresa no longo prazo.
No que se refere às motivações, IFAC (2005) considera as seguintes motivações para
realização de gastos ambientais:
Compulsórios: aqueles feitos para cumprimento de leis e regulamentos;
57
Ecoeficientes: aqueles que visam à eficiência econômica e ambiental, para se
obter mais qualidade com menos custos;
Estratégicos: os que visam à competitividade no longo prazo.
A consideração dos custos ambientais de longo prazo pode ser interpretada como
decorrente da necessidade de um equilíbrio sistêmico da organização com os stakeholders e
que se constitui em capital intangível decorrente das exigências ambientais e sociais e são
compatíveis com uma política de Responsabilidade Social Corporativa.
Uma dimensão a ser considerada no processo decisório consiste em custos para a
atuação ética e sustentável, de forma socialmente responsável. Borger (2006) destaca que a
missão da empresa vai além da maximização do lucro, devendo atuar de forma ética na
relação com as partes interessadas, tomando-se decisões que sejam justas para todos,
implicando isso que alguns custos os denominados custos de agência em sentido amplo
devem ser realizados, visando a reduzir o conflito de interesses com todos os stakeholders.
Esse conflito é constante e, na visão de Malieni Jr. (2006, p. 41) “torna-se previsível o não
atendimento de todas as reivindicações dos diversos stakeholders em função do conflito de
interesses que possam existir”. Uma vez que conflitos não resolvidos podem gerar custos
intangíveis, é de se supor que custos de agência de ordem ambiental possam ocorrer.
Parece ser função dos administradores incorporarem no modelo de gestão das
organizações os valores éticos, as crenças e os valores da sociedade, inclusive os relacionados
ao meio ambiente, como forma de se manterem competitivas de forma sustentável. Dessa
forma, os custos ambientais de atendimento a essas necessidades correspondem também a
investimentos ou receitas intangíveis em sustentabilidade.
A incorporação pelas empresas de considerações socioambientais implica a busca de
um sistema de crenças e valores ampliado, holístico, muito além da racionalidade econômica.
Nesse que se pode denominar novo paradigma, o Resultado Sistêmico econômico, social e
ambiental – é buscado. Andersen (2007, p. 30) entende que “fazer do mundo um melhor lugar
para se viver é um dos resultados finais das praticas éticas nos negócios que não deve ser
subestimado”. Uma das formas de atuar eticamente seria a empresa reparar os danos que ela
provoca no meio ambiente, e até na exploração de povos e nações menos favorecidos, e ir
além da simples reparação do dano causado.
Para Andersen (2007), a ética nos negócios tem gradualmente ganho mais e mais
atenção e pode-se graduá-la em:
58
Obediente à legislação: respeito geral quanto à conformidade de todas as leis e
regulamentos relevantes;
Aderente às normas: conformidade consistente a todas as normas e regras
documentadas e implícitas;
Reparadora dotada de perfil: A organização tem todos os seus processos e
funcionários sob controle, fato usado na construção de imagem de mercado;
Passivamente filantrópica: A organização suporta vários programas
filantrópicos, mas somente aqueles geridos por outras instituições.
Ativamente filantrópica: A organização gere suas próprias boas causas, além
de algumas instituições de caridade.
Johnson, Scholes e Whittington (2007) propõem quatro tipos de posturas éticas, que
definem como “o grau em que uma organização excede suas obrigações normais para com os
stakeholders e a sociedade como um todo”, quais sejam: (a) tipo 1 quando as empresas
visam somente a interesses de curto prazo dos acionistas; (b) tipo 2 de interesse próprio
destacado, quando visam a benefício financeiro de longo prazo para o acionista e uma boa
relação com os stakeholders; (c); tipo 3 quando incorpora os interesses e expectativas dos
stakeholders aos propósitos e estratégias da organização, mensurando os resultados além das
considerações meramente financeiras, aceitando redução da lucratividade em prol do bem
social; (d) tipo 4 quando o objetivo financeiro é secundário, substituído pelo propósito de
moldar a sociedade, tornando-se uma espécie de complemento ou substituto do Estado. Na
área ambiental, companhia e governo estão preocupados com a sustentabilidade global de
suas estratégias em termos de impacto ambiental e com exaustão de recursos finitos.
Andrade e Rosseti (2007, p. 119) também se posicionam nessa linha, no sentido de
integrar a responsabilidade ambiental num contexto econômico e social, como uma forma de
evitar os riscos e perdas decorrentes de uma postura desalinhada com as novas exigências dos
stakeholders:
Em contraposição ao objetivo de máximo retorno total dos proprietários, tem sido
desenvolvidas proposições mais abrangentes aos objetivos corporativos, apoiados no
conceito de triple bottom line. Estas proposições não recusam nem questionam a
legitimidade do retorno dos investidores, mas ponderam que as companhias também
acumulam ganhos de que são exemplos a imagem e a reputação corporativa se
atuarem com olhos voltados para questões econômico-financeiras, ambientais e
sociais. E podem incorrer em perdas e riscos se desconsiderarem estas questões.
59
Admitido que os valores éticos, crenças e valores da sociedade tornam-se exigências
dos stakeholders ambientais e são permanentes e necessários para a sustentabilidade das
empresas, essas demandas precisam ser atendidas e incorporadas nas suas estratégias como
forma de integração sistêmica e sustentável, porque elas evitam riscos. Uma atuação com
natureza ética e altruísta que vai além dos simples motivos econômicos, atendendo
necessidades sociais e ambientais, incorpora ações de natureza reparadora ou filantrópica e
implica realização de gastos que se distanciam dos atuais conceitos pragmáticos de custos ou
investimentos econômicos e contábeis. Esses gastos precisam ser considerados nos custos dos
produtos ou considerados como investimentos intangíveis, pois são eles que darão
sustentabilidade à empresa, indo além das considerações meramente econômicas tradicionais.
A partir das considerações sistêmicas sobre o Risco Ambiental e sua gestão, pode-se
elaborar um quadro-resumo de posturas e abordagens (Quadro 4) que terão alguma forma de
influência na estratégia, gestão do risco e gestão dos custos ambientais.
IFAC SAVITZ VASTAG ANDERSEN JOHNSON; SHOLLES;
WHITTINGTON
Custos Retorno Abordagens
gerenciais
Ética Posturas éticas
Compulsórios
Ecoeficientes
Estratégicos
ROI
econômico
ROI social
ROI
ambiental
Reativa
Pró-ativa
Crise-preventiva
Estratégica
Obediente à lei
Aderente às normas
Reparadora
Passivamente
filantrópica
Ativamente
filantrópica
Interesse CP dos acionistas
Interesse de LP dos acionistas
Atendimento dos stakeholders
Formador da sociedade
CP= Curto Prazo
LP= Longo Prazo
Quadro 4 - Comparativo de posturas gerenciais e custos ambientais
Vislumbra-se assim, a emergência de uma demanda por investimentos ou custos de
natureza nova, em atendimento ao novo paradigma socioambiental. Esses gastos precisam ser
mais bem estudados e entendidos pela Contabilidade, carecendo de considerações e métodos
de mensuração e registro, inclusive da formação de fatores intangíveis ou ativos intangíveis,
tais como os propostos por Diehl (1997). Como exemplo das possibilidades que se abre, sob o
aspecto da legislação ambiental, a empresa é obrigada a desenvolver atividades visando a
evitar, mitigar, recompor, compensar, indenizar os danos ambientais e essa poderia ser uma
hipótese de classificação dos custos de atividades. Da mesma forma, a realização de custos
ambientais sistêmicos, com propósitos estratégicos e de sustentabilidade no longo prazo, com
60
conotação social, ambiental ou filantrópica, no âmbito da Responsabilidade Social, exige que
os contadores pensem na hipótese de uma nova conceituação contábil de gastos antes
inimagináveis, sendo viável que alguns possam ser ativados e outros considerados como uma
espécie de tributo social indireto. O tema ambiental, em função de sua relativa novidade,
carece de mais estudo por parte da academia, no que se refere à sua vinculação com as
dimensões econômica e social. Uma contradição merece destaque nesse sentido: tem sido
escrito, inclusive neste trabalho, que uma das formas de melhorar o desempenho econômico
da empresa reside na redução ou minimização dos custos. No entanto, a questão ambiental
apresenta uma característica nova, ímpar, para as empresas, por estar relacionada com a saúde
e qualidade de vida das pessoas e das futuras gerações. De certa forma, as empresas tornam-se
responsáveis pela qualidade de vida e saúde da população, devendo evitar ações que
produzem efeitos negativos. Nesse contexto, reduzir custos nem sempre é adequado, pois
implica risco de reduzir o valor do bem ou serviço, em detrimento da saúde. Porter e Teisberg
(2006, p. 98), nesse sentido, trazem luz e uma diretriz para as considerações futuras, que
merece uma reflexão mais profunda:
Foco no valor e não nos custos: O objetivo certo para a assistência à saúde é
aumentar o valor para os pacientes, ou seja, a qualidade dos resultados para o
paciente em relação aos dólares dispendidos. Minimizar custos é simplesmente o
objetivo errado e levará a resultados contraproducentes. Eliminar o desperdício e os
serviços desnecessários é benéfico, porem, a economia de custos deve advir de reais
eficiências, e não de transferência de custos e restrições nos tratamentos
(racionamento) ou de redução da qualidade. Cada política e prática na assistência
tem que ser testada contra o objetivo de valor ao paciente. O atual sistema
continuamente fracassa nesse teste.
Esse tema precisa ser mais explorado pelos pesquisadores, visando a construir uma
ponte que permita incorporar a questão nas estratégias e decisões das organizações e nas
considerações contábeis, sendo importante inclusive para a classificação dos custos
ambientais, tratados na próxima seção.
2.3.2.2 Classificação dos custos ambientais
A classificação dos custos ambientais tem sido objeto de estudos mais detalhados.
61
Campos (1996), associando custos ambientais com os custos da qualidade, propõe a seguinte
classificação, que apresenta a característica de segregar as internalidades das externalidades e
adotar o conceito de Adequação, que inclui os custos de controle, prevenção e de correção.
Custos de Adequação:
Através da prevenção;
Através da correção;
Através do controle.
Custos das falhas de adequação;
Custos tratados como externalidades.
Hansen e Mowen (2003, p. 568) de maneira semelhante, classificam os custos
ambientais em:
Prevenção;
Detecção;
Custos de falhas ambientais internas;
Custos realizados de falhas ambientais externas;
Custos não realizados de falhas externas custos sociais ou (externalidades) e
“são as mais devastadoras”, conforme os autores.
A reparação das falhas externas, quando consideradas dano ambiental pela legislação
(BRASIL, 2000), é obrigatória, sob as formas de recomposição, compensação ou indenização,
sendo classificáveis como custos de correção de falhas externas, em cada subtipo de custo.
Quanto ao tipo de custos ambientais, EPA (2000) considera os custos dos desperdícios
de material, de trabalho e de capital, além dos custos ambientais diretos típicos de controle e
correção, que denomina genericamente de Custos de Proteção Ambiental:
Custos de proteção ambiental (tratamento de resíduos e prevenção de
poluição);
Custo de desperdício de material;
Custo de desperdício de capital e trabalho.
O IFAC (2005) amplia o conceito da EPA, incluindo custos de todos os recursos e das
atividades, como os custos de matérias-primas, embalagens e energia, pesquisa e
desenvolvimento, intangíveis e contingenciais, além dos custos ambientais de controle e
62
correção adotados pelos seguidores da escola da qualidade total. O custeio do IFAC inclui,
então, uma versão próxima do custo total, ao inovar e incorporar todas as categorias de custos
dos produtos ou serviços utilizados e também desperdiçados. Eles são apresentados a seguir.
Custo dos Materiais agregados ao produto final e subprodutos: matéria-prima e
auxiliares; embalagens; energia.
Custo dos Materiais agregados aos não-produtos finais;
Custos de controle de desperdícios e emissão de resíduos sólidos, líquidos,
contaminantes, emissões aéreas: manuseio, tratamento e deposição de
resíduos; recuperação de degradação; cumprimento (compliance) legal;
compensações; indenizações;
Custos de prevenção e outros custos (institucionais, avaliação monitoramento
etc.);
Custos de pesquisa e desenvolvimento;
Custos intangíveis: imagem e relacionamento; perda de produtividade;
Custos contingenciais: custos de regulação futura retroativa; custos com
reclamações futuras.
Uma visão conforme a do IFAC (2005) – Figura 4 – permite que, no final do processo,
todos os recursos sejam tratados como custos de:
Produto – que proporcionam benefício para a empresa;
Desperdício ou não-produto – que se constituem perdas.
63
Figura 4 - Custos da Qualidade Ambiental IFAC
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em IFAC (2005).
A Figura 4 apresenta o custo da qualidade ambiental subdividido em duas partes,
conforme o resultado obtido:
O custo que resultou em BOA qualidade e que foi incorporado no produto
final, junto com os insumos usuais do produto e é recuperado na venda.
O custo resultou em MÁ qualidade e não foi incorporado aos produtos e que se
constitui em perda.
Os custos dos produtos são compostos pelo valor dos materiais, mão de obra, capital e
pelos custos para obter-se a qualidade desses produtos. Os custos dos não-produtos são
compostos pelo custo do produto desperdiçado, e ainda por todos os custos de correção das
falhas, que também são desperdícios, ou perdas.
Uma dificuldade da evidenciação dos custos ambientais reside na atribuição de
relação de causa e efeito da falta de qualidade: a falta de qualidade deve ser atribuída à
questão ambiental ou a outros fatores da qualidade? A necessidade de atribuição da
responsabilidade da falha de qualidade para a questão ambiental é importante para se
identificar se o custo das falhas é um custo de qualidade em geral ou um custo ambiental.
Os custos do ciclo de vida, conforme Sakurai (1997) são todos os custos que o usuário
incorre para obter, usar e dispor o produto. Incluem os custos do fabricante e do usuário. Em
64
cada uma destas fases, podem-se relacionar, destacadamente, os custos ambientais, assim
representados (Quadro 5).
Custos do fabricante Custos Ambientais Associados
Pesquisa Pesquisa de preferências ambientais
Desenvolvimento Testes ambientais; eco-design
Produção Custos de controle e custos de falhas ambientais
Marketing
Custos e receitas intangíveis de divulgação de marca e de inexistência de riscos
ambientais
Logística
Segurança ambiental, transporte e depósito especial; embalagens; logística
reversa; rotulagem ambiental.
Serviços Disposição de peças usadas; segurança ambiental nos reparos e substituições.
Descontinuidade Custos de disposição final; recuperação de áreas degradadas.
Custos do comprador
Custos de aquisição Benefícios fiscais para produtos ecológicos
Custos de operação
Custos de controle e custos de falhas
Custos de manutenção
Custos de controle e custos de falhas
Custos de descarte pós-
uso
Custos de disposição, logística reversa
Quadro 5 - Custos do Ciclo de Vida
Fonte: Adaptado de Sakurai (1997).
O Quadro 5 apresenta atividades em que os custos ocorrem, destacando-se custos
ambientais que podem acontecer em cada uma delas.
A seguir apresentam-se também, em resumo, destaques do referencial teórico.
65
TEMA AUTOR
•Estratégias Gerais •Porter (1999)
•Estratégias funcionais
• Mintzberg et al., 2006; Johnson; Scholles;
Whittington, 2007 ;
Kroll e Parnell (2007)
•Estratégias Ambientais •Epstein, 1996; Porter e Van de Linde (1999)
• Riscos e oportunidades
•Identificação dos Riscos Ambientais
•Kirchhoff (2004); Sogabe (2006); Moura
(2008)
•Iso 14040; (Chehebe, 1997)
• Avaliação dos perigos;
• Estimativa da probabilidade/frequência;
• Análise das consequências;
• Caracterização do risco.
• Matriz de Riscos Ambientais
• Mapa de Riscos Ambientais
Gestão Ambiental
Barbieri (2007); Maimon(1994);
Campos(2001)
•Recursos necessários e Custos •Hansen e Mowen, 2003
• Listagem de Atividades
• Direcionadores de recursos
• Direcionadores de atividades
• Cálculo dos Custos Ambientais
• Objetos de custo: produtos, serviços, intangível
•Custos do Ciclo de Vida •Sakurai (1997); Soutes(2000)
•Classificação dos Custos Ambientais Campos (1996); IFAC (2005)
Quadro 6 – Destaques de referencial teórico
Fonte: O Autor.
O próximo capítulo trata da Metodologia adotada para a realização da pesquisa.
66
3 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
Este capítulo trata da metodologia de pesquisa, visando a identificar a relação entre
Risco Ambiental e Gestão dos Custos Ambientais em empresas brasileiras.
3.1 DELINEAMENTO
Esta pesquisa é de natureza aplicada, porque visa a resolver uma questão prática, no
caso, identificar a relação entre Riscos e a Gestão dos Custos Ambientais. Conforme Collis e
Hussey (2005, p. 26), pode-se adotar um método qualitativo ou quantitativo. O método
qualitativo “envolve examinar e refletir as percepções para obter um entendimento de
atividades sociais e humanas”; o método quantitativo é “focado na mensuração de
fenômenos”. Ambos estão presentes neste trabalho, dado que as percepções e graduação dos
respondentes do questionário são transformadas em valor e examinadas estatisticamente. As
análises estatísticas permitem inferir sobre parâmetros e relações causais com grande número
de variáveis e respondentes. É uma pesquisa transversal, porque analisa uma situação em
determinado momento, ou seja, a situação no início do ano de 2009. A identificação empírica
do Risco Ambiental e da Gestão dos Custos Ambientais de uma amostra da população para
posterior teste com os referenciais conceituais e teóricos é típico de uma lógica de pesquisa
dedutiva (COLLIS; HUSSEY, 2005). No caso presente, tendo-se em vista o pouco
conhecimento sobre o tema, vislumbra-se uma nue linha que separa esta pesquisa da lógica
indutiva, em que se pode eventualmente identificar padrões que não foram ainda abordados
pela teoria. O método utilizado, no seu todo, é um levantamento ou survey, pois se utiliza de
uma amostra para conhecer uma população, no caso, das empresas atuantes no Brasil
constante da publicação VALOR1000.
67
3.2 POPULAÇÃO, AMOSTRA E COLETA DE DADOS
A população acessível é composta pelas mil empresas atuantes no Brasil, constantes
da publicação VALOR1000 da revista Valor Econômico (VALOR1000, 2008). Dessas, foi
possível obter dados de contato para 587 empresas, constituindo-se esse grupo na população
efetiva. A amostragem é não-probabilística, por acessibilidade (GIL, 1999), porque feita a
partir dos e-mails obtidos junto às Federações de Indústria e sites da Internet.
Os questionários foram enviados as 587 empresas, via Internet, por meio de e-mail
com instruções para link a um site que hospedava o questionário. Dessas, cerca de 150 foram
contatadas também por telefone, adotando-se o critério de disponibilidade do número do
telefone no cadastro ou site da Internet. Os questionários foram enviados por duas vezes (duas
ondas), em janeiro e em fevereiro de 2009, com os seguintes resultados:
Tabela 2 - Resultado do recebimento dos questionários das empresas.
População % população Amostra % amostra
População acessível 1000 100%
População efetiva 587 58,70% 587 100,00%
Respostas 1.ª onda 23 2,30% 23 3,92%
Respostas 2.ª onda 16 1,60% 16 2,73%
Não respondidos 548 54,80% 548 93,35%
Amostra 39 3,90% 39% 6,65
Fonte: O Autor.
A taxa de resposta aos questionários pode não ter sido maior por algumas razões.
Primeiro, o período em que se realizou a coleta, uma vez que muitas empresas nesse período
estão preparando relatórios ambientais e de sustentabilidade para fins de divulgação externa.
Segundo, a novidade do tema, questão ambiental, e, terceiro, o tamanho do questionário, que
constava de 61 questões, podem ter gerado algum tipo de restrição à resposta. Quarto, as
políticas de divulgação de algumas empresas podem ter influenciado, pois 33 indivíduos
apresentaram negativa formal de não responder.
68
3.3 QUESTÕES DE ESTUDO, HIPÓTESE, VARIÁVEIS INTERVENIENTES
Para identificar a relação entre Risco Ambiental e a Gestão dos Custos Ambientais
foram propostos dois construtos ou variáveis latentes denominados Risco2 (independente) e
Gestão dos Custos Ambientais (dependente), supondo-se que os Custos sejam dependentes do
Risco. Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996) afirmam que há uma bem definida relação entre a
abordagem gerencial estratégica e a percepção do Risco. Diehl (2001) afirma que existe
relação entre estratégia e custos. Assim, o Risco percebido influi na abordagem gerencial
estratégica e esta influi nos custos e, portanto, na Gestão dos Custos. Catelli (2006) também
afirma que as crenças, valores e percepções dos gestores influenciam o processo de gestão,
consequentemente eles devem apresentar relação.
Supondo que a Gestão de Risco é indicativa de sua existência, ela poderia ser utilizada
com proveito como uma proxy do Risco. Para captar de forma segregada e então testar
componentes de percepção de risco (supostamente mais subjetivos, porque baseados em
percepção) e de gestão ambiental ou gestão do risco (supostamente mais objetivos, pois se
referem a mecanismos concretos) o Construto Risco2 foi também analisado sob esses dois
aspectos.
Para a criação dos construtos, foram feitas anotações de indicadores de risco
ambiental e de boas práticas de gestão de custos ambientais abordadas no referencial teórico,
dando-se ênfase a itens já pesquisados, cujos resultados poderiam ser comparados com os
resultados desta pesquisa. Assim, por exemplo, vários indicadores sobre a gestão dos custos
ambientais foram adaptados de um questionário de Souza e Collaziol (2006), que
investigaram custos da qualidade; alguns indicadores foram adaptados de Vastag, Keres e
Rondinelli (1996), que investigaram a relação entre risco ambiental e abordagens gerenciais,
compondo as duas linhas mestras dos construtos.
Os indicadores julgados importantes no referencial foram transformados em
afirmações sucintas, para aplicação em questionário. Durante todo o desenvolvimento foram
objeto de discussão no grupo de pesquisa e aperfeiçoados, seja no tocante ao conteúdo, seja na
redação. Os indicadores que compõem o Construto Risco2 foram subdivididos em dois
subconstrutos, nas dimensões teóricas de percepção do risco e de gestão do risco. A percepção
do risco está associada ao que os gestores pensam sobre o risco, como existência, magnitude,
frequência, e poderia ser expressa por “eu penso que…”. Já a gestão ambiental visou captar as
69
práticas efetivamente adotadas pelas empresas frente ao recomendado na literatura e poderia
ser expressa por “nossa organização adota a pratica de…”. A denominação Risco2 deveu-se a
essa circunstância. Essa subdivisão foi efetuada tão somente visando a testar a proposição de
Vastak, Kerekes e Rondinelli (1996) de que existe uma relação bem definida entre eles, e
também de que os gestores podem super ou subavaliar o risco, fatos que foram comprovados
também nesta pesquisa. No entanto, para fins de identificar a relação com a gestão dos custos
ambientais, objeto da questão de pesquisa, os indicadores de risco foram mantidos num único
construto.
No que se refere à gestão dos custos ambientais, os indicadores contemplam tanto
percepções como práticas, indistintamente. Como exemplo, a afirmativa “nossos custos
ambientais vão aumentar nos próximos anos” tanto pode decorrer de percepção subjetiva dos
gestores, como de informações objetivas constantes do sistema de informações gerenciais.
Para cada indicador, o respondente tinha opção de atribuir um grau de 1 a 5 ou
informar não ser aplicável/desconhecer a resposta. Com isto, obtém-se o valor total de pontos
atribuídos por um único respondente a todas as questões. Para calcular o índice, dispunha-se
de três alternativas: (a) o valor total de pontos; (b) a média dos pontos; (c) o percentual dos
pontos frente ao máximo obtenível. Optou-se pela média, visando a uniformizar todos os
dados em termos de valores originais da escala adotada, tipo Likert.
Os índices dos construtos são calculados por empresa, considerando a média dos
valores obtidos nas respostas válidas ao questionário, e são apresentados na Figura 5.
Justifica-se essa consideração, porque, com isso, somente são ponderados fatores de risco que
a empresa considera, eliminando-se as variáveis não aplicáveis. O Risco assim calculado é
denominado de Risco2 neste trabalho, e embora tenha se mostrado útil, deve ser visto com
cautela por carecer de mais comprovações.
70
Figura 5 - Modelo de Mensuração e Análise de Relação
Fonte: o Autor.
A Figura 5 demonstra o caminho para analisarem-se as relações entre Risco
Ambiental (amplo) e Gestão dos Custos Ambientais.
Uma análise da relação entre Risco Ambiental e Gestão de Custos Ambientais
demanda a construção de uma escala de medição de cada um destes conceitos. Gil (1999, p.
93) escreve que “boa parte das variáveis na pesquisa social pode ser mensurada
adequadamente a partir da identificação de certo número de indicadores”. Para cada uma
dessas dimensões são utilizados indicadores e uma escala. As escalas então são integradas,
uniformizadas, obtendo-se um total, denominado índice, que passa a representar o conceito.
No caso, calculou-se um índice ou escala de medição das variáveis Risco Ambiental e Gestão
dos Custos Ambientais para cada empresa. O índice corresponde à média dos pontos
atribuídos pela empresa para todas as questões. Como exemplo, se um respondente atribuísse
ponto cinco a todas as questões, seu índice seria de cinco; se ele atribuísse um ponto para a
metade das questões e cinco pontos para a outra metade, seu índice seria três. Não foram
computadas as questões inválidas ou respondidas como Não Aplicável (N/A). Com isso, o
índice passa a representar o respondente.
Como variáveis intervenientes, identificou-se a possibilidade de testar:
71
a) a sugestão de Tachizawa (2006), de que o Risco varia conforme o ramo ou
setor da empresa e, com isso, espera-se que o risco seja influenciado pelo ramo
ou setor.
b) A possível relação do risco com a localização geográfica da empresa próximo
ou distante de concentrações populacionais.
3.4 A OPÇÃO E CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO
A proposição de novos conceitos e modelos teóricos exige conhecimento do meio
circundante. Para Martins e Teóphilo (2007), o conhecimento científico resulta de processos
investigativos metódicos e sistemáticos sobre a realidade. Ampliando essa discussão Collis e
Hussey (2005) argumentam que a pesquisa descritiva é usada para relatar o comportamento de
fenômenos, e é indicada para obterem-se informações sobre uma determinada questão, ou
seja, sobre a realidade. Para Malhotra (2001), uma das formas de colher dados para uma
pesquisa descritiva é a partir de surveys, frequentemente realizadas mediante questionários.
Para Martins e Teóphilo (2007) é necessária a realização de pré-testes como forma de
aumentar a confiabilidade e validade desse tipo de instrumento. Segundo os mesmos autores,
escassez de instrumentos de coleta de dados testados e validados na área de humanidades
no Brasil.
Isso reforça a percepção de que a incorporação de considerações socioambientais em
uma pesquisa no âmbito da Contabilidade, aliada à escassez de literatura e trabalhos
anteriores nesse sentido, exige cuidados e atenções especiais. Isso ocorre particularmente
quando da preparação de um instrumento válido e confiável para captar o risco ambiental e
para analisar sua relação com a gestão de custos ambientais. Por isso a importância de se
adotarem procedimentos metodológicos para elevar a confiabilidade e validade dos
instrumentos de coleta de dados e análises.
Um pesquisador, quando busca conhecer aspectos de uma determinada população de
indivíduos ou de processos sociais, pode optar por diversos métodos de pesquisa para obter as
informações que deseja. Entre essas, o levantamento ou survey é adequado para quando o
pesquisador quer conhecer acerca da distribuição de uma variável ou sobre relações entre
características de grupos ou pessoas (MARTINS; TEÓPHILO, 2007).
72
Para Collis e Hussey (2005, p. 70), “uma survey é uma metodologia positivista na qual
uma amostra de sujeitos é retirada de uma população e estudada para se fazerem inferências
sobre essa população”. A survey pode ser descritiva, utilizada para identificar e contar a
frequência de uma população, ou analítica, utilizada para “determinar se relação entre
diferentes variáveis”. No presente estudo, adota-se tanto a estatística descritiva, para
descrever frequências quanto também a estatística inferencial para identificar relações entre
riscos, gestão de custos e variáveis. Os autores indicam como alternativa para obtenção de
resposta para uma survey a utilização de entrevistas ou questionários. A primeira permite
maior flexibilidade e, portanto, maior riqueza, enquanto o segundo oferece maior abrangência.
Quando se pretende investigar uma grande quantidade de sujeitos, em geral, opta-se pelo
questionário.
O questionário é um instrumento de pesquisa que contém uma série ordenada de
perguntas a ser respondida pelos sujeitos, em geral, sem a presença do pesquisador. A
elaboração do questionário tem como base o problema de pesquisa e, portanto, a base teórica,
e as variáveis que se quer determinar. Para assegurar a qualidade do instrumento, a realização
de um ou mais pré-testes é fundamental (APPOLINARIO, 2006).
Hair et al. (2005, p. 27) orientam sobre a importância das escalas de medida, porque
não é possível repartir ou identificar variáveis que não possam ser medidas. Para eles, “há
dois tipos básicos de dados: não-métricos (qualitativos) e métricos (quantitativos)”, sendo que
os dados não-métricos são atributos, características ou propriedades categóricas, que não
admitem graduação de quantidade relativa ou grau”, como os métricos, que “são apropriadas
para casos que envolvem quantia ou magnitude, como nível de satisfação ou compromisso
com um emprego”. Collis e Hussey (2005) afirmam que Escala do tipo Likert permite traduzir
uma opinião ou percepção em um valor numérico, sendo simples para o respondente e para o
pesquisador, pois é fácil de codificar e analisar. A escala de Likert foi desenvolvida na década
de 1930, e consiste de um conjunto de afirmações sobre as quais o respondente manifesta sua
reação, escolhendo entre os cinco ou sete pontos de uma escala (MARTINS; TEÓPHILO,
2007).
Ainda Hair et al. (2005, p. 29) escrevem que “respostas múltiplas refletem a resposta
‘verdadeira’ com maior precisão do que uma única resposta” e sugerem a combinação de
diversas variáveis, para representar um conceito que, nem sempre, pode ser inferido numa
única variável. Esse recurso foi adotado neste trabalho, ao se escolher blocos de questões para
representar o Risco 2 e a Gestão dos Custos Ambientais. Desse modo, cada variável é
73
considerada um indicador do conceito, e a medida resultante assim composta passa a ser mais
confiável, mais ampla, por traduzir as várias facetas do conceito.
A mensuração do Risco Ambiental de uma grande população não se presta a uma
avaliação direta em função de custo e tempo que seriam despendidos, pois as empresas estão
dispersas por todo o país, e isso demandaria custos exagerados com deslocamento e a
contratação de profissionais especializados, além do tempo superior ao disponível. Então,
pode-se inferir o risco pelo uso de proxies, a partir da percepção dos gestores e dos
mecanismos de gestão adotados. A percepção dos gestores sobre o risco ambiental e os
mecanismos de gestão são traduzidos em números e então interpretados e correlacionados
com os valores obtidos na evidenciação das práticas de gestão de custos, mediante uso de
métodos estatísticos próprios.
A elaboração do instrumento de pesquisa teve cinco etapas principais: a revisão
bibliográfica para apropriação da base teórica; uma sondagem junto a gestores de empresas
potencialmente participantes do levantamento; a elaboração propriamente dita das questões e
sua discussão pelo grupo de pesquisa; a avaliação por juízes e a posterior revisão; e a
avaliação por meio de pré-teste com uma amostra preliminar. O roteiro de trabalho pode ser
visto na Figura 6.
Revisão bibliográfica
Sondagem Inicial
Elaboração das Questões
Avaliação por Juízes
Pré-teste com amostra preliminar
Discussão em grupo
Revisão pelo grupo
Redação Final
Figura 6 - Roteiro da Elaboração e Avaliação do Instrumento de Pesquisa
Fonte: O Autor.
Como etapa exploratória para a elaboração do questionário utilizado na survey, foi
feita uma sondagem inicial junto a quatro empresas e uma revisão teórica. Na sondagem,
foram escolhidas empresas em que se supunham existirem riscos e gestão diferenciados,
74
usando entrevistas semi-estruturadas. A partir da sondagem e do referencial teórico, foi
construído um questionário (Apêndice F) composto por 19 questões, envolvendo a percepção
dos Riscos Ambientais, 14 questões sobre a Gestão Ambiental e 28 questões sobre a Gestão
dos Custos Ambientais, este último adaptado de Souza e Collaziol (2006). Essa etapa ocorreu
principalmente por meio de discussões pelo grupo de pesquisa, formado por dois doutores e
um aluno de mestrado. As questões foram estruturadas sob a forma de afirmações, permitindo
que o respondente marcasse seu grau de concordância, segundo uma escala do tipo Likert com
cinco níveis de discordância/concordância e uma opção de não aplicabilidade ou
desconhecimento da resposta.
O questionário foi submetido à dupla avaliação: (a) validade de conteúdo ou
expressão, baseada nas recomendações de Hernadez-Nieto (2002), e (b) pré-teste do
questionário, por meio de uma amostra de conveniência com 22 respondentes, seguindo em
linhas gerais o que preconiza Hair et al. (2005), calculando-se o Alfa de Cronbach.
3.5 AVALIAÇÃO DA VALIDADE DO CONTEÚDO DO QUESTIONÁRIO:
AVALIAÇÃO POR JUÍZES
A validade do conteúdo de um instrumento de coleta de dados pode ser vista, segundo
Collis e Hussey (2005), sob dois enfoques: a validade de face indica se os dados coletados
traduzem o que realmente se quer estudar, enquanto a validade de construto demanda
conhecimento das relações entre os construtos hipotéticos, para identificar fenômenos que não
são observáveis diretamente e se presume existirem, com os fatores que explicam os
fenômenos observáveis. Para Hair et al. (2005, p. 111), a validade de conteúdo ou validade de
expressão “avalia subjetivamente a correspondência entre os itens individuais e o conceito por
meio de julgamento de especialistas, pré-teste com múltiplas sub-populações ou outros
meios”, visando a assegurar que sejam consideradas, além de questões empíricas, questões
práticas e teóricas. Umas das formas é avaliação por juízes com cálculo do Coeficiente de
Validade de Conteúdo (CVC). O CVC de um item, conforme Hernandez-Nieto (2002),
consiste na relação entre a média de pontos obtida para cada item e o valor máximo do item,
sendo considerados adequados os que apresentarem coeficiente igual ou superior a 0,8. É
75
calculado pela fórmula CVC = (MPO/PM), onde MPO = Média dos Pontos Obtidos (Total de
pontos / número de Juízes) e PM = Pontos Máximos atribuíveis por um único juiz.
A vantagem do uso dessa técnica corresponde à de avaliação por pares, ou seja, uma
avaliação independente, feita por especialistas na matéria que emitem um juízo de valor
quanto aos aspectos Clareza de Linguagem, Pertinência Prática e Dimensão Teórica,
atribuindo pontos para os dois primeiros numa escala e identificando o terceiro entre os
grupos de variáveis propostos. O número de juízes sugerido é entre três a cinco. Tratando-se
de avaliação subjetiva, pode-se esperar alguma variabilidade na opinião dos juízes.
O instrumento foi enviado para três especialistas, com experiência na área. O primeiro
é doutor em Administração e professor de curso de pós-graduação em uma instituição de
ensino superior (IES) na região sudeste, com trinta anos de atuação; o segundo, doutor em
Engenharia da Produção e professor de curso de pós-graduação em uma IES do sul do país,
com 15 anos de atuação; e o terceiro, mestre em Gestão da Produção e da Tecnologia, com
ênfase em gestão ambiental, com atuação profissional nessa área por dez anos. A eles foi
solicitado avaliar a Clareza de Linguagem, a Pertinência Prática e a Dimensão Teórica. Foi-
lhes enviada uma planilha Excel® contendo as questões elaboradas, e solicitado atribuir nota
de 1 a 5 quanto à Clareza de Linguagem e quanto à Pertinência Prática. Também foi pedido
que eles indicassem a qual Dimensão Teórica eles associavam à questão: Risco Ambiental,
Gestão Ambiental e Gestão de Custos Ambientais, cujos resultados consolidados são
apresentados na Tabela 3, que segue.
76
Tabela 3 - Resumo estatístico das avaliações por juízes.
Q
CL PP Q CL PP Q CL PP Q CL PP Q CL PP
1
0,
800
0,
933
13
0,
933
1,
000
25
0,
867
0,933
37
0,
867
0,
867
49
0,
933
0,
867
2
0,
467
0,
933
14
0,
933
1,
000
26
0,
800
0,
867
38
0,
733
0,
867
50
1,000
0,
933
3
1,
000
1,
000
15
0,
933
1,
000
27
0,
733
0,
533
39
0,
800
1,
000
51
0,800
0,
867
4
0,
933
1,
000
16
0,
667
0,
867
28
0,
600
0,
933
40
0,
867
0,
933
52
0,
867
0,
733
5
0,
867
0,
800
17
0,
667
0,
867
29
0,
867
0,
933
41
0,
933
0,
867
53
0,
933
0,
867
6
0,
867
1,
000
18
0,
733
0,
933
30
0,
867
1,
000
42
1,
000
1,
000
54
0,
733
0,
800
7
0,
867
0,
933
19
0,
933
1,
000
31
0,86
7
0,
800
43
1,
000
1,
000
55
0,
800
0,
867
8
0,
800
0,
933
20
0,
933
1,
000
32
0,
933
1,
000
44
0,
867
0,
867
56
0,
933
0,
867
9
0,
733
0,
800
21
0,
933
1,
000
33
1,
000
1,
000
45
0,
867
0,
933
57
0,
933
0,
900
10
0,
733
0,
933
22
0,
867
1,
000
34
0,
867
0,
867
46
1,
000
0,
933
58
0,
867
0,
733
11
1,
000
1,
000
23
0,
800
0,
733
35
0,
933
0,
933
47
1,
000
0,
933
59
0,
800
0,
900
12
0,
867
0,
933
24
0,
867
1,
000
36
0,
800
0,
733
48
0,
800
0,
867
60
0,
933
0,
867
Legenda: Q = Questão; CL = Clareza de Linguagem (CL); PP = Pertincia Ptica.
Fonte: O Autor.
Para a Pertinência Prática, cinco questões não atingiram o coeficiente de 0,8. Dessas,
quatro possuem CVC acima de 0,7 e, em vista de que pequenas variações na nota dos juízes,
para um grupo de três avaliadores, têm impacto significativo no indicador, elas foram
mantidas. Dancey e Reidy (2006) também alertam para necessidade de uma maior
flexibilidade na consideração dos números na área da psicologia, como no presente caso,
quando envolve percepções de caráter subjetivo. A outra (questão Q27/G08) foi mantida e
analisada cuidadosamente quando do pré-teste, pois se trata de questão indicada como
importante pela literatura. No pré-teste, por meio da análise de consistência via Alfa de
Cronbach, foi indicada sua utilidade e ela foi conservada no questionário. Na análise final, a
classificação mantida mostrou-se útil, apresentando significativa correlação positivacom o
construto (r=0,645 no nível 0,01). Quanto à Dimensão Teórica, em 13 questões houve total
discordância dos juízes quanto à classificação proposta. Dessa, 11 referem-se à distinção entre
77
Risco e Gestão. No entanto, o construto Risco2, mais adiante discutido em detalhe, engloba os
construtos (blocos) Risco e Gestão, razão pela qual essa diferença pode não ser importante.
Duas questões referem-se à classificação entre Gestão e Custos e mereceram cuidado especial
por ocasião da análise final. Foi adotada a sugestão de reclassificação de uma questão
(questão Q09/R09) do bloco Risco para o bloco de Custos por refletir, além de uma percepção
de tendência, um planejamento de custos futuros e apresentar melhor correlação com esse
bloco e índice. A outra (questão Q29/G10) foi mantida sob a justificativa de que se procurou
privilegiar o conhecimento da motivação para a realização dos gastos ambientais ao invés do
processo de gestão de custos. Na análise final, a classificação mantida mostrou-se útil,
apresentando significativa correlação positiva com o construto (r=0,504 no nível 0,01).
A consistência interna de cada bloco e a consistência geral, avaliadas pelo Alfa de
Cronbach, adiante discutidas, mostraram-se elevadas, reforçando a decisão de estruturar-se o
questionário e análises segundo esses parâmetros.
A avaliação pelos juízes contribuiu principalmente na melhoria da redação para a
aplicação do pré-teste e no alerta para algumas questões de pertinência prática. Também, por
sugestão dos juízes, uma questão adicional foi acrescentada para a aplicação do pré-teste,
tratando do percentual de custos de cada organização. A partir da avaliação dos juízes, as
questões foram revisadas pelo grupo de pesquisa e foi preparada a versão final utilizada no
pré-teste e nesta pesquisa.
3.6 AVALIAÇÃO DA CONFIABILIDADE DO QUESTIONÁRIO: PRÉ-TESTE
Uma descoberta é confiável, se forem obtidos os mesmos resultados ao repetir-se a
pesquisa. A confiabilidade de um questionário pode ser medida estatisticamente pelo método
de consistência interna, que se traduz pela correlação média entre os itens, compondo o vel
de confiabilidade, calculado pelo Alfa de Cronbach (COLLIS; HUSSEY, 2005).
Para Hair Jr. et al. (2005, p. 90), o Alfa de Cronbach é uma “medida de confiabilidade
que varia de 0 a 1, sendo os valores de 0,60 a 0,70 considerados o limite inferior de
aceitabilidade”. O Alfa de Cronbach é calculado pela seguinte fórmula, segundo Corrar, Paulo
e Dias Filho (2007, p. 65):
78
Alfa = k* (cov/var) / 1+ (k-1)*(cov/var),
onde
k = número de variáveis consideradas;
cov = média das covariâncias
var = média das variâncias.
Para testar a confiabilidade do questionário, foi realizado um pré-teste que consistiu
no envio do questionário via Internet, com as correções de redação sugeridas pelos juízes,
para 143 indivíduos, tendo sido obtidas 22 respostas. A população de teste são alunos de
cursos de mestrado e doutorado da área de ciências econômicas da Universidade do Vale do
Rio dos Sinos. Os dados foram coletados durante os meses de outubro a dezembro de 2008.
O teste de Alfa de Cronbach fornece um índice que varia de 0 a 1, e objetiva testar a
eficiência de um grupo de variáveis escalares. Quanto mais próximo de 1, mais eficazes as
variáveis que estão sendo testadas. Observa-se que um coeficiente abaixo de 0,8, caracteriza
um conjunto de variáveis relativamente fracas, isto é, um questionário inconsistente. O
número de itens do questionário, assim como o tamanho da amostra pode influenciar o Alfa.
Devido a dados faltantes na amostra, buscou-se imputá-los através da média dos
valores da variável, como sugerido por Hair et al. (2005). Com isso, valores perdidos em uma
variável não comprometeram o conjunto de respostas de um indivíduo. Considerando esse
procedimento, o cálculo foi realizado sobre 22 observações em 61 itens, apresentando um alfa
global de 0,97. Foi também calculado o alfa por bloco. Os resultados são apresentados na
Tabela 4.
Tabela 4 - Alfa de Cronbach geral e por bloco do pré-teste
Bloco Geral Risco
Gestão Risco2 Custos
Alfa de Cronbach 0, 970 0, 848 0,928 0, 933 0, 953
Número de questões 61 19 14 33 28
Fonte: O Autor.
Observam-se valores acima de 0,8 para todos os alfas calculados, o que representa
uma alta consistência interna do questionário. Quando simulada a exclusão de qualquer dos
itens do questionário, os valores do Alfa de Cronbach não sofreram alterações significativas
que justificassem a exclusão definitiva de alguma das variáveis, para obter uma maior
79
consistência interna. Por esse motivo, também todas as questões foram inicialmente mantidas
no questionário. Observa-se uma variabilidade maior na percepção dos riscos pelos gestores.
Quando associadas com os mecanismos de gestão, compondo o Risco2, ela fica reduzida.
3.7 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
Os questionários foram enviados pela Internet, e seu preenchimento foi feito pelos
respondentes diretamente em um Banco de Dados em um site especialmente construído para a
pesquisa. Foi oferecida a opção de responderem diretamente em planilha Excel, e 11 empresas
optaram por essa forma, tendo sido redigitados, sob controle, no Banco de Dados.
Os dados, em todas as fases da pesquisa, foram submetidos a tratamento estatístico
utilizando-se os softwares SPSS 17, Eviews5, R e Excel 2003. Utilizou-se de técnicas de
Análise Descritiva e Análise Inferencial. Para tanto, seguiu-se principalmente as
recomendações de Hair Jr et al. (2005), Gil (1999), Corar, Paulo e Dias Filho (2007), Dancey
e Reidy (2006), Stevenson (2001).
3.8 PREPARAÇÃO DOS DADOS
As respostas aos questionários da pesquisa foram inicialmente objeto de estudo
preliminar visando à sua preparação para análises. As análises indicaram a utilidade de
excluir-se uma variável (questão Q11/R11) por não apresentar poder estatístico discriminante
de risco, mas que pode ser analisada como uma variável interveniente ou moderadora. As
respostas aos questionários permitiram identificar que tanto as empresas com baixo risco
quanto as empresas com médio ou alto risco localizam-se igualmente próximas a
concentrações populacionais e, com isso, a questão não é adequada para discriminar o risco
em função da localização, podendo, no entanto, ser um fator agravante e que merece estudo
mais aprofundado em outra ocasião.
Foi analisada a possibilidade de existência de outliers e calculados os intervalos de
confiança e validade da amostra.
80
3.8.1 Do tratamento de aparentes outliers
Dado que a média de respostas para Risco2 variável independente – foi de 3,78 com
desvio padrão de 0,116 e que um respondente (Gráfico 1) apresentou valor de 1,50
correspondendo a mais de quatro desvios-padrão e o próximo valor foi de 2,419 questionou-se
considerar inicialmente como outlier.
Gráfico 1 - Box-plot Identificando possível outlier
Fonte: O Autor.
No entanto, aprofundou-se a investigação no sentido de procurar entender o fenômeno
que determinava essa variação. Inicialmente, observou-se que esse respondente pertence ao
setor de escritórios, sem atividade comercial e industrial como era o perfil da maioria. Logo,
seria esperado que apresentasse de fato baixo impacto ambiental. A empresa foi contatada e o
tema discutido com o seu Diretor, encarregado da gestão ambiental, que confirmou a
percepção de baixíssimo risco e, por isso, manteve-se o questionário dessa empresa.
3.8.2 Tamanho da amostra, nível de confiança e erro amostral
Hair et al. (2005), ao se referirem às exigências no tamanho da amostra geral e por
grupo, sugerem que a análise multivariada necessita de vinte observações. Foram obtidas 39
respostas e, portando, considera-se atendido esse requisito.
81
O estudo do tema ambiental em contabilidade é relativamente novo com
características exploratórias e não existe uma metodologia consagrada. O intervalo escalar
adotado é de uma unidade e um máximo de cinco unidades, e muitas respostas dependem de
critérios subjetivos de percepção pelos gestores. De fato, uma pequena diferença na percepção
do gestor pode levá-lo a optar por um grau superior ou inferior, alterando o valor traduzido
para números em 20%, uma vez que não existem valores intermediários dentro da escala. É
tênue a linha divisória de percepção subjetiva entre uma graduação de concordância parcial e
discordância parcial, por exemplo. Sugere-se com isso que os valores das respostas sejam
interpretados com certa flexibilidade.
Os valores das médias dos construtos da amostra de 39 observações, neste contexto,
apresentam as seguintes características, para um nível de confiabilidade de 95%.
Tabela 5 - Médias dos construtos, intervalos, desvio e erro padrão
Construto Média Válida de Valida até DP Erro padrão
Risco2 3,78 3,55 4,01 0,723 0,116
Custos 3,29 3,06 3,53 0,728 0,117
Fonte: O Autor.
3.8.3 Teste de variância e média de duas amostras.
No sentido de obter maior confiabilidade sobre os dados, os respondentes foram
subdivididos em dois grupos: (a) o grupo de respondentes à primeira onda de questionário, em
número de 23 (período de 14/01/2009 à 26/02/2009), e (b) os respondentes à segunda onda,
em número de 16, que passam a representar o grupo dos não respondentes e, assim, testar se
existem diferenças nas médias e variâncias, conforme sugerem Hair Jr. et. al. (2005) e Dancey
e Reidy (2006). Foram feitos os cálculos do t de student (para verificar se existem diferenças
nas médias) e F de Lavene (para verificar se existem variâncias diferentes). Esses testes foram
feitos para os construtos Risco2 e Custo e para cada uma das variáveis com maior
variabilidade no bloco e são apresentados na Tabela 6, que segue.
82
Tabela 6 - Teste t e F para diferenças de média e variância
Risco2 Custo Q18/R18 Q24/G05 Q37/C04
Media onda 1 3,61 3,17 2,28 2,29 1,80
DP onda 1 0,758 0,841 1,447 1,586 1,196
Média onda 2 4,03 3,47 2,69 3,27 1,73
DP onda 2 0,606 0,499 1,537 1,534 0,884
Diferença médias 0,425 0,305 0,410 0,981 0,067
T de student -1,865 -1,299 -0,800 -1,855 0,182
Significância de t -0,070 -0,202 -0,429 -0,072 0,857
F de Lavene 1,380 3,683 0,024 0,252 0,850
Significância de F 0,248 0,063 0,879 0,619 0,363
Graus de liberdade
37 37 32 34 33
Fonte: O Autor.
Observam-se na Tabela 6 níveis de significância estatística para t e F superiores a
0,05, tanto para as variáveis testadas quanto para os construtos que permitem aceitar a
Hipótese nula, ou H
0
de inexistência de diferenças na média e variância. Dancey e Reidy
(2006, p. 234), ao falar do teste F de Lavene, escrevem que “se o valor p é maior que 0,05,
admitimos que as variâncias são aproximadamente iguais”; logo, as duas amostras
apresentam, no conjunto, variância semelhantes e pertencem à mesma população. Com isso,
os dados, nesse aspecto, podem ser aceitos como adequados para as análises e as conclusões
projetadas para a população analisada. O mesmo raciocínio é feito para o teste t, aplicável à
diferença de médias.
3.8.4 Normalidade e linearidade dos dados
Testes paramétricos são feitos pressupondo-se normalidade e linearidade dos dados.
No entanto, é sempre recomendado que sejam feitos testes para confirmar a normalidade e a
linearidade dos dados. Inicialmente, foi observado o gráfico de distribuição de frequência com
83
projeção de curva normal, e verificou-se a aparência de normalidade para os construtos
Risco2 e Custos. Foi feito o teste de normalidade de Shapiro-Wilk para os construtos Risco2
(t= 0,916) e Custos (t = 0,943), e foi comprovada a normalidade no nível estatístico 0,05. Foi
feito o teste de linearidade (Anova) para os construtos Risco2 e Custos e foi comprovada a
linearidade no nível estatístico 0,01 para Linearidade (F = 591,293), Desvio de linearidade (F
= 9,399) e Combinada (F = 27,583). Com isso, aceitam-se a normalidade e a linearidade dos
dados para fins de análise.
3.8.5 Da validade e confiabilidade dos dados e dos construtos
Malhotra (2005, p. 215) denomina Escalas Multi-itens às escalas em que um item é
uma única pergunta e composta de vários itens baseados em teoria, análises de dados
secundários (foi realizado pré-teste do questionário com 22 respondentes), sondagens
(adotada nesta pesquisa) e em outras pesquisas qualitativas (alguns resultados foram
comparados com os resultados de outras pesquisas, com sucesso). Assim, “cada item mede
algum aspecto do construto medido pela escala toda.”.
A confiabilidade de escalas multi-itens é validada, entre outros, por:
testes de consistência, como o Alfa de Cronbach, adotado nesta pesquisa, que
apresentou bons valores.
confiabilidade pela metade, que consiste na divisão dos componentes em partes,
verificando a correlação entre elas. No caso, esse requisito foi parcialmente
atendido, pois o construto Risco2 foi subdividido em Risco e Gestão,
apresentando alta correlação.
Foi também utilizado teste t de student e F de Lavene de diferença das médias e
variâncias, respectivamente, para duas amostras representadas pelas duas ondas
de questionário, com resultados satisfatórios.
A validade da escala, conforme Malhotra (2005), deve incluir:
A validade do conteúdo, que neste caso foi avaliada por três (3) juízes;
validade do critério, para identificar se a variável tem desempenho esperado em
vista de outras variáveis consideradas. Essa avaliação foi realizada no pré-teste e
84
demonstrou haver coerência entre as variáveis, por exemplo, a correlação
esperada entre variáveis e coerência entre os valores dos índices de Risco e
Custo de cada empresa.
Validade do construto: indica o que realmente a escala está medindo,
utilizando-se a “teoria para explicar porque a escala funciona e quais deduções
podem ser tiradas dela”.
Dentre as técnicas para validar construto, Malhotra sugere:
validade convergente, que indica até que ponto a escala relaciona-se
positivamente com outras medidas do construto. Neste ponto, foi analisada a
correlação de todas as variáveis com o construto, eliminando-se uma que não
apresentava boa correlação.
validade discriminante: quando uma medida não apresenta poder discriminante.
Neste caso foram feitos testes e, em função deles, uma variável (localização
geográfica próxima a concentrações populacionais) foi eliminada por não
apresentar poder discriminante.
validade nomológica: espera-se que uma escala se correlacione da forma
teoricamente prevista com as medidas de outros construtos. No caso presente, foi
verificado que as escalas Risco, Gestão, Risco2 (composta por Risco e Gestão) e
Custos apresentam forte correlação entre si, como sugerido na literatura.
Apesar de todos os cuidados metodológicos para assegurar validade e confiabilidade
dos construtos, não se pretende estejam demonstrados inquestionavelmente esses requisitos.
Dessa forma, adota-se acessoriamente a suposição de validade dos construtos e, também,
invoca-se o caráter exploratório.
3.9 LIMITES E DIFICULDADES
A falta de uma metodologia consagrada para avaliar o risco ambiental, a gestão dos
custos ambientais e sua relação exigiram a criação de um Modelo de Análise e Construtos que
podem não traduzir todos os aspectos relevantes. Houve uma dificuldade de separar as
variáveis nos construtos e isso também ficou evidenciado na avaliação dos juízes, nos pontos
em que não houve consenso sobre a classificação na dimensão teórica de várias questões.
85
Assim, embora todos os cuidados metodológicos antes descritos tenham sido tomados, os
resultados têm de ser considerados com certa prudência. Por outro lado, a novidade do tema
sugere que maior flexibilidade na obtenção e interpretação de resultados seja aceita em
estudos iniciais, como esse o é.
Construtos são compostos por variáveis. Ao se atribuir o valor para cada variável foi
atribuído um peso idêntico às demais. É possível que algumas variáveis apresentem maior
impacto do que outras, no entanto essa condição não foi considerada neste trabalho.
Ao se examinar a relação de uma variável com o construto, deve-se considerar que o
valor da variável está compondo o construto.
Apesar do esforço desenvolvido, não se tem como demonstrado de forma cabal a
validade dos construtos. Não foi possível, por exemplo, identificar estatisticamente Fatores
Principais ou realizar análise fatorial, nem o agrupamento das empresas por clusters. Assim,
os construtos devem ser considerados experimentais, supondo-se que representem os
conceitos de Risco2 e Gestão de Custos. No entanto, em favor de sua aplicabilidade, pode-se
citar:
alta aderência das variáveis ao referencial teórico, consubstanciada nas notas de
pertinência prática atribuídas pelos juízes do questionário, com Coeficiente de
Validade.
forte relação entre as conclusões desta pesquisa com a percepção dos gestores no
que se refere às deficiências de práticas de Gestão dos Custos Ambientais e
necessidade de melhorias.
similaridade de alguns resultados com resultados de outras pesquisas.
No próximo capítulo são relatados os resultados das análises.
86
4 RESULTADOS DA PESQUISA
No presente capítulo, são apresentados os resultados da pesquisa de campo, contendo a
caracterização da amostra, análise descritiva e análise inferencial.
A caracterização da amostra compreende a distribuição das empresas.
A análise descritiva das questões é subdividida em três blocos: Risco percebido ou
simplesmente Risco, Gestão Ambiental ou simplesmente Gestão, e Gestão de Custos
Ambientais ou simplesmente Custo. Um resumo no início de cada bloco é apresentado em
ordem decrescente de importância em função dos valores médios das respostas. Justifica-se
essa classificação na introdução por permitir uma melhor visão geral. As questões são
posteriormente apresentadas e analisadas na ordem em que aparecem no questionário, para
facilitar sua localização.
A análise inferencial compreende o estudo das relações das variáveis, resposta às
questões acessórias ou secundárias e, finalmente, à questão de pesquisa.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A distribuição das empresas respondentes em ordem de classificação no Ranking (em
intervalos de 100) da publicação VALOR100 é apresentada na tabela 7, a seguir.
Tabela 7 – Distribuição da amostra pelo Ranking da publicação
Ordem de 1 101 201 301 401 501 601 701 801 901
até 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
frequencia 7 4 4 5 5 2 6 2 1 3
Fat.médio
*
8061 1542 1169 721 536 522 353 351 245 219
* faturamento em R$ milhões.
Fonte: O Autor.
87
A distribuição das empresas respondentes por setor de atuação, considerada a
classificação adotada na publicação, é apresentada no Gráfico 2.
2
1 1
6
1 1
6
2
1
4
2
4
2
1 1
4
0
1
2
3
4
5
6
7
Alimentos
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Atacadista e E
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C
ou
r
o e
Ves
t
uár
i
o
Transportes e Logística
Veíc
u
los
e Peças
Setor
Frequencia
Gráfico 2 – Distribuição da amostra por setor de atuação
Fonte: O Autor.
As empresas somam, no conjunto, faturamento da ordem de 78 bilhões representando,
estimativamente, 3% do PIB nacional.
Por estado brasileiro, a amostra é assim apresentada (Tabela 8):
Tabela 8 – Distribuição da amostra por Estado
AM BA MA MG MS PR RJ RO RS SC CE SP TOT
1 2 1 1 1 4 4 1 14 2 1 7 39
Fonte: O Autor.
A consistência dos dados foi testada pelo Coeficiente de Cronbach, apresentando os
seguintes valores (Tabela 9) por bloco e geral, considerados satisfatórios. A questão de
pesquisa será testada utilizando-se Risco2 e Custos.
88
Tabela 9 - Alfa de Cronbach Geral e por bloco
Fonte: O Autor.
Na próxima seção, apresenta-se a análise descritiva dos dados.
4.2 ANÁLISE DESCRITIVA
A seguir são apresentadas as distribuições de frequência das respostas ao questionário,
os principais valores estatísticos e uma breve interpretação. A amostra é composta por 39
indivíduos e o gráfico da distribuição não inclui as respostas inválidas. As questões são
introduzidas pela numeração Qxx/Xyy, onde Qxx indica o número sequencial da questão no
questionário, composto por 61 questões, e Ryy Gyy e Cyy correspondem à ordem das
questões nos blocos Risco, Gestão do Risco e Gestão dos Custos Ambientais,
respectivamente. Média é a média do grau atribuído a cada resposta, na escala 1 a 5. DP
corresponde ao desvio padrão da média.
Considerando-se que a escala adotou valores de 1 a 5, não incluindo 0 (zero), a
interpretação dos dados e resultados deve levar em conta esta circunstância, de tal forma que
uma discordância total corresponde ao valor 1. As respostas válidas estavam assim
apresentadas
1 – Discordo integralmente;
2 – Discordo parcialmente;
3 – Não concordo nem discordo;
4 – Concordo parcialmente;
5 – Concordo totalmente.
Bloco Geral Risco Gestão
Risco2
Custos
Alfa de Cronbach 0, 924
0, 724
0,883 0, 889 0, 842
Número de questões
60 17 14 31 29
89
As questões foram preparadas levando em consideração as condições supostamente
ideais e as recomendações da teoria, de tal forma que a concordância em grau 5
corresponderia à aderência em grau máximo para o parâmetro que se está a medir.
A significância estatística é representada por r = coeficiente de correlação (Pearson),
p= nível de significância, que também será anotado como no nível 0,01 e 0,05 para
confiabilidade de 99% e 95%, respectivamente. Na omissão, deve ser entendida que a
correlação é positiva. As questões com respostas invertidas foram recodificadas.
4.2.1 Risco percebido pelos gestores
Este bloco apresenta as questões utilizadas para captar a visão dos gestores sobre o que
eles pensam sobre os riscos e sobre o processo. As questões são inicialmente apresentadas
(Tabela 10) na ordem de grau de concordância em função dos valores médios das respostas
(grau ou índice) e após são analisadas individualmente na ordem sequencial do questionário.
Tabela 10 - Ranking das respostas do bloco Risco
Geral
Bloco
Enunciado Média
DP
Q10 R10
As operações da empresa dependem de Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e licença das autoridades (LP, LI, LO). 4,66
0,48
Q03 R03
Adotamos rígidos procedimentos operacionais visando evitar
multas por infração ambiental e processos judiciais
4,49
,77
Q07 R07
Buscamos a excelência no desempenho ambiental e temos
necessidade de inovação contínua na área:
4,42
,83
Q15 R15
Possuímos estrutura para tratamento de resíduos (sólidos líquidos
ou gasosos):
4,40
1,01
Q06 R06
Nossos funcionários recebem treinamento e educação para reduzir
riscos ambientais:
4,38
1,06
Q05 R05
Reduzir o risco ambiental é mais importante do que o custo
correspondente:
4,26
,83
Q14 R14
Temos uma estratégia ambiental formalizada e divulgada interna e
externamente:
4,14
1,13
Q08 R08 Possuímos Mapa de Riscos Ambientais:
4,11
1,43
Q12 R12 Nossa atividade apresenta risco ambiental: 4,08
1,24
Continua...
90
Continuação.
Geral
Bloco
Enunciado Média
DP
Q17 R17
Nossa empresa usa energia de forma intensiva (grandes volumes e
com alta frequência):
3,89
1,15
Q02 R02
Um erro no gerenciamento ambiental pode causar sério problema,
exigindo imediata intervenção, não podendo ser adiada (em função
da gravidade dos riscos imediatos).
3,82
1,27
Q16 R16
Nossa empresa usa água de forma intensiva (grandes volumes e
com alta frequência):
3,78
1,38
Q19 R19
Os riscos ambientais em nossa atividade ocorrem de forma
permanente:
3,68
1,31
Q13 R13
Enfrentamos pressões externas para redução do risco ambiental em
nossas atividades:
3,49
1,33
Q01 R01 Nossa atividade gera resíduos que não são reutilizáveis
2,95
1,51
Q04 R04 Possuímos seguro contra Riscos Ambientais: 2,52
1,83
Q18 R18
Nossa empresa extrai diretamente da natureza grandes volumes de
matéria-prima não-renovável ou adquire de outras empresas que
extraem diretamente:
2,47
1,48
MÉDIA DO BLOCO
3,83 0,56
Fonte: O Autor.
Na tabela 10, podem-se observar os principais componentes do risco médio das
empresas em ordem de grau de concordância das respostas. A necessidade de licença
ambiental, adoção de rígidos procedimentos operacionais e busca de excelência o
percebidos pelos gestores como principais indicativos de risco. As variáveis com atribuição de
maior valor médio apresentam menor variabilidade, indicativos que são assim percebidas pela
maioria das empresas, independentemente do grau de risco final. as variáveis com
atribuição de menor valor médio apresentam variabilidade maior, indicativo de que são
diferentes entre as empresas e se constituem em fatores discriminantes de risco.
A tendência de aumento do DP e, consequentemente, da diferença entre o grau médio
de risco nas 17 questões ordenadas em ordem decrescente a partir da maior média, pode ser
demonstrada graficamente (Gráfico 3).
91
,00
,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17
observação
grau
Média
DP
DP/M
Gráfico 3 - Ordenação das questões a partir da maior média
Fonte: O Autor.
A diferença absoluta entre a Média (M) e o Desvio Padrão (DP) reduz-se, na medida
em que existe maior variabilidade de respostas. DP/M representa o coeficiente de variação,
obtido pela divisão do DP pela Média. Isso pode indicar que, em futuras pesquisas em que se
pretenda entender fatores discriminantes de risco, devem-se procurar questões semelhantes às
de menor média e maior desvio padrão, por apresentarem maior poder discriminante.
As respostas válidas (47 omitidas num total de 741 respostas) são apresentadas
graficamente (Gráfico 4) , visando a adotar a mesma forma utilizada nas questões individuais.
69
57
74
177
317
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3 4 5
grau atribuído
Gráfico 4 - Distribuição de frequência do bloco Risco
Fonte: O Autor.
92
Os gestores no conjunto percebem o conjunto dos fatores de risco ambiental em grau
diferenciado, como se observa do Gráfico 5. A pontuação se refere a todas as respostas a
todas as questões e se pode inferior que preponderância de elevados valores. Observa-se a
prevalência de respostas de adesão em grau máximo aos fatores de risco sugeridos pela teoria.
Nos extremos, 317 ocorrências de percepções no grau máximo, contra 69 no grau mínimo,
numa proporção de 4,59:1.
O risco percebido depende de um conjunto de fatores e aqui eles são analisados
individualmente pela forma como se distribuem entre a amostra. Apresenta-se a frequência
das respostas para cada grau atribuído. As questões são analisadas na ordem em que foram
apresentadas originalmente no questionário e dentro do bloco. A numeração Qxx refere-se à
ordem geral no questionário. Rxx refere-se à ordem no bloco Risco. A descrição mantém a
redação da questão no questionário. À direita está apresentada a média das respostas à
questão.
4.2.1.1 Geração de resíduos não utilizáveis
Q01 R01 Nossa atividade gera resíduos que não são reutilizáveis
2,95
11
4
5
12
6
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 5 - Geração de resíduos não utilizáveis
Fonte: O Autor.
A existência de resíduos não aproveitáveis é um indicador de risco ambiental, porque
implica necessidade de nova extração na natureza para reposição de matéria-prima; risco de
poluição ou contaminação do resíduo expedido; necessidade de depósito de resíduos sólidos.
93
Cerca de 1/3 das empresas informam não possuir resíduos não utilizáveis enquanto 2/3
possuem. A distribuição das respostas indica que todas as situações ocorrem e apresentam um
bom grau normalidade na distribuição entre as empresas que geram resíduos não reutilizáveis
4.2.1.2 Erro no gerenciamento ambiental
Q02 R02
Um erro no gerenciamento ambiental pode causar sério problema, exigindo
imediata intervenção, não podendo ser adiada (em função da gravidade dos
riscos imediatos).
3,82
1
8
4
9
16
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 6 - Erro no gerenciamento ambiental
Fonte: O Autor.
Somente uma empresa não considera a possibilidade de ocorrência de problemas no
caso de falha no gerenciamento ambiental. Os gestores percebem problemas decorrentes de
falhas no gerenciamento em graus variados, e um maior numero de empresas o percebe em
grau máximo na escala.
4.2.1.3 Adoção de procedimentos operacionais
Q03
R
03
Adotamos rígidos procedimentos operacionais visando evitar multas por
infração ambiental e processos judiciais
4,49
94
0
1
3
10
23
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 7 - Adoção de rígidos procedimentos operacionais
Fonte: O Autor.
As empresas, em grau variado, adotam procedimentos operacionais rígidos visando a
evitar problemas ambientais de cumprimento de leis e regulamentos. Vastag, Kerekes e
Rondinelli (1996) identificaram essa tendência, no sentido de evitar processos judiciais
contra administradores. Os administradores são pessoalmente responsáveis pelos crimes
ambientais em decorrência das atividades das empresas comandadas. Esse procedimento
apresenta uma relação direta com a percepção dos problemas que podem ocorrer em caso de
falhas, objeto da questão Q02/R02. A média de 4,49 com mediana 5 indica que este ponto é
importante.
4.2.1.4 Seguro contra riscos ambientais
Q04
R04
Possuímos seguro contra Riscos Ambientais:
2,52
15
1
0
4
7
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 8 - Seguro contra riscos ambientais
Fonte: O Autor.
95
Observa-se um grande número de não respondentes (12 ou 31%) para essa questão.
Somente sete empresas informam adotarem seguro contra riscos ambientais e apresentam
risco 5 na escala. Ao mesmo tempo, nas respostas à questão Q12/R12 adiante apresentada,
maior parte das empresas informa a existência de riscos e na questão Q2/R2 informa
ocorrência de problemas em caso de erro no gerenciamento. Isso indica que existem riscos,
podem ocorrer problemas, mas, sem seguro, o risco ambiental é assumido pela própria
empresa. Pesquisa da FIEP (2007) constatou que somente 34% das indústrias do Estado do
Paraná possuíam conhecimento da existência de seguro ambiental.
4.2.1.5 Redução de risco e custo
Q05
R05
Reduzir o risco ambiental é mais importante do que o custo correspondente:
4,26
0
1
6
13
18
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 9 - Redução de risco e custo
Fonte: O Autor.
As empresas informam, de forma quase unânime (média 4,26) que a redução do risco
ambiental é mais importante do que o custo, demonstrando preocupação com as
consequências de uma falha. Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996) constataram que, na
Hungria, as respostas para essa questão, na mesma escala, era da ordem de 2,5.
Essa constatação é compatível com a afirmativa de que o custo de prevenção é menor
do que o custo de correção das falhas (HANSEN; MOWEN, 2003). As respostas apresentam
boa correlação com a Gestão de Custos (r = 0,507 no nível 0,01) e menor com o Risco2 (r=
0,362 no nível 0,05). Isso é indicativo de que os gestores não julgam importante reduzir o
96
risco, mas também levam em conta a gestão de custo. Esse achado é compatível com as
respostas à Q04/R04, quando se observou que muitas empresas assumem riscos ambientais
por conta própria, não fazendo seguros e, com isso, evitam custos imediatos.
4.2.1.6 Treinamento e educação ambiental de funcionários.
Q06
R06
Nossos funcionários recebem treinamento e educação para reduzir riscos
ambientais:
4,41
1
3
1
8
24
0
5
10
15
20
25
30
1 2 3 4 5
Gráfico 10 - Treinamento e educação ambiental de funcionários
Fonte: O Autor.
O treinamento e educação para evitar riscos ambientais são adotados em alto grau por
quase todas as empresas com média 4,41 e desvio padrão 1,11. Somente uma empresa
informa não adotar estes procedimentos. Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996) concluíram que
a familiaridade dos empregados com os objetivos de proteção ambiental das empresas, tem
importância relativa de 100%, seguido do parâmetro atitude ambiental geral, com 94,2%.
Nesse ponto, as empresas pesquisadas assemelham-se às da Hungria de 1996.
97
4.2.1.7 Busca de excelência e inovação ambiental.
Q07
R07
Buscamos a excelência no desempenho ambiental e temos necessidade de
inovação contínua na área:
4,45
0
2 2
12
22
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 11 - Busca de excelência e inovação ambiental
Fonte: O Autor.
A maior parte das empresas preocupa-se com seu desempenho ambiental. Quando
correlacionadas as respostas desta questão com o Risco2 (r= 0,546 nível 0,01) e Gestão de
Custos Ambientais (0,408 no nível 0,05), observa-se boa relação.A busca de excelência pelas
empresas com maior risco é um pouco menos intensa que as de menor risco, podendo-se
supor que já atingiram esse nível.
4.2.1.8 Mapa de riscos ambientais
Q08 R08 Possuímos Mapa de Riscos Ambientais: 4,50
98
5
1 1
7
22
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 12 - Mapa de riscos ambientais
Fonte: O Autor.
Cerca de 61% das empresas informam possuírem Mapa de Riscos Ambientais.
uma boa correlação (r = 0,753 no nível 0,01) entre a existência de mapa de riscos ambientais e
o Risco2 das empresas, que pode ser interpretada como sendo um instrumento indicador do
grau de risco. Essa relação é mais fraca (r= 0,461 no nível 0,01) com Custos.
4.2.1.9 Gastos ambientais, investimentos e custos
Q09
R09
Os gastos ambientais, investimentos e custos, m aumentado nos últimos
anos.
N/A
Essa questão será examinada no bloco Custos, sob número Q62/R09, uma vez que, na
composição dos índices, após o pré-teste, foi reclassificada para aquele bloco, atendendo
sugestão dos juízes.
4.2.1.10 Estudo de impacto ambiental e licença
Q10
R10
As operações da empresa dependem de Estudo de Impacto Ambiental
(EIA) e licença das autoridades (LP, LI, LO).
4,53
99
1
0
2
10
25
0
5
10
15
20
25
30
1 2 3 4 5
Gráfico 13 - Estudo de impacto ambiental e licença
Fonte: O Autor.
A maior parte das empresas necessita de licença ambiental das autoridades para suas
operações, em grau de complexidade variado. A licença ambiental, de modo geral, obriga as
empresas ao monitoramento ambiental e à emissão de relatórios periódicos, com dados de
natureza não-financeiros.
4.2.1.11 Proximidade de concentrações populacionais
Q11
R11
Nossas atividades são desenvolvidas próximas a concentrações populacionais:
3,79
3
6
3
11
15
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 14 - Proximidade de concentrações populacionais
Fonte: O Autor.
Tanto empresas com baixo risco quanto empresas com alto risco desenvolvem
atividades próximo a concentrações populacionais. No entanto, as 12 empresas que se
100
localizam mais distantes (grau até 3) apresentam risco médio da ordem de 3,90; enquanto as
26 empresas que responderam estar próximas, com valores 4 e 5 nas respostas, apresentam
risco médio da ordem de 3,50. Pode-se levantar a hipótese de utilizar essa variável como um
fator de ponderação agravante do risco, porque a proximidade de concentrações populacionais
torna mais perceptível pela população os níveis de poluição e contaminação e, com isso,
aumenta a pressão para sua redução. Também a proximidade aumenta o risco de danos à
saúde.
Essa questão foi excluída dos índices, por não ser considerada uma variável
determinante do risco, mas uma variável interveniente e que pode ou não interferir na
percepção do risco, conforme a atividade e o risco absoluto.
4.2.1.12 Autoavaliação do risco ambiental
Q12 R12 Nossa atividade apresenta risco ambiental: 4,08
2
4 4
8
21
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 15 - Autoavaliação do risco ambiental
Fonte: O Autor.
A percepção dos respondentes sobre o risco ambiental de suas empresas permite
inferir a existência de grau variado de percepção de risco. Somente duas empresas informam
risco mínimo na escala. Os valores dessa questão serão objeto de comparação por empresa, no
Capítulo 4, com o Risco2 calculado pelo modelo proposto.
101
4.2.1.13 Pressões externas para redução do risco ambiental
Q13 R13
Enfrentamos pressões externas para redução do risco ambiental em
nossas atividades:
3,49
5
3
7
13
9
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 16 - Pressões externas para redução do risco ambiental
Fonte: O Autor.
Exceto cinco empresas, as demais percebem pressões externas para redução do risco
ambiental das atividades. A maior parte das empresas percebe essas pressões de forma intensa
(4 ou 5, na escala). A percepção de pressões externas impacta na gestão ambiental,
demandando adoção de mecanismos para atendimento aos stakeholders, pois eles podem
influenciar nas estratégias (LASZLO, 2008; PORTER;KRAMER, 2009; PORTER, 1991;
EPA, 2000; MALIENI JR, 2006; JOHNSON, SCHOLLES, WHITTINGTON, 2007;
ANDRADE, ROSSETI,2007). A graduação dessas percepções não apresenta correlação
estatística significativa com Risco2 e Custo. The Economist (2008) divulga pesquisa
concluindo que as maiores pressões são exercidas, na ordem, pelos executivos (23%),
agências reguladoras (15%), governo (13%), clientes (11%), empregados (9%), ONGs (8%), e
investidores (8%), comunidades local (7%). Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996) também
concluíram que as maiores pressões são internas, feitas pelos executivos, visando a evitar
responsabilidade pessoal, seguindo-se as agências reguladoras, governo e clientes. Os
investidores e comunidade local exercem menos pressão.
102
4.2.1.14 Estratégia ambiental formalizada e divulgada
Q14
R14
Temos uma estratégia ambiental formalizada e divulgada interna e
externamente:
4,14
2 2
3
12
18
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 17 - Estratégia ambiental formalizada e divulgada
Fonte: O Autor.
A maior parte das empresas possui uma estratégia ambiental em graus variados. O
grau atribuído nas respostas pode ser um indicativo da importância estratégica da questão
ambiental. Na questão Q12/R12, 21 empresas indicaram alto risco e 18 informam nesta
questão Q14/R14, possuir estratégia em grau máximo da escala. fortes evidências
estatísticas (r = 0,820) e (p = 0,000) de que as Estratégias Ambientais apresentam correlação
linear e positiva com o Risco2 Ambiental das empresas, confirmando as conclusões de
Vastak, Kerekes e Rondinelli (1996) em pesquisa na Hungria, de que uma bem definida
relação entre o risco ambiental e abordagem gerencial ambiental.
Essa relação ainda é boa, embora em menor grau, (r=0,478, nível 0,1) com a Gestão
dos Custos Ambientais, podendo ser interpretado como uma necessidade de aperfeiçoamento
do processo de Gestão dos Custos Ambientais para adequá-lo à importância estratégica e do
Processo de Gestão. As empresas declaram a intenção estratégica, mas a implementação
efetiva ainda não está no mesmo vel. No Paraná, FIEP (2007) informa existir um grau de
3,9 (escala até 5) de conhecimento de Normas de Gestão Ambiental pelas indústrias do
Paraná,bastante próxima dos 4,14 encontrados nesta pesquisa sobre a existência de estratégia.
No entanto não se pode inferir sobre essa relação, dado que as variáveis adotadas e as
amostras são diferentes.
103
Comparando-se os graus atribuídos a essa questão com o Risco2 calculado pelo
Modelo (Gráfico 18) tem-se a seguinte apresentação:
0
1
2
3
4
5
6
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37
empresa
grau
Risco2
R14
Gráfico 18 - Comparativo Risco Ambiental e Estratégia Ambiental
Fonte: O Autor.
Observa-se no Gráfico 18, a existência de uma boa relação entre o Risco2 calculado e
o grau de respostas sobre a existência de estratégia ambiental. No entanto, como se observa na
questão relacionada com a avaliação do risco (Q12/R12), alguns gestores superavaliam e
outros subavaliam o risco frente ao Risco2.
4.2.1.15 Tratamento de resíduos
Q15
R15
Possuímos estrutura para tratamento de resíduos (sólidos líquidos ou
gasosos):
4,40
104
1 1
4
6
23
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 19 - Tratamento de resíduos
Fonte: O Autor.
Exceto uma empresa, todas as demais informam possuir tratamento de resíduos, em
maior ou menor grau. E existência de tratamento tem uma boa correlação (r = 0,584 no nível
0,01) com o Risco2. Essa observação permite inferir que os resíduos são importantes fontes
de risco ambiental. A existência de tratamento de resíduos para maior parte das empresas
poderia explicar o fato de que um significativo número de empresas informa não gerar
resíduos que não são reutilizáveis, objeto da Q01. O uso de água de forma intensiva, objeto da
Q16, também poderia estar relacionado com a existência de tratamento de resíduos. No
entanto, estatisticamente, não se percebe correlação importante. Pode-se comparar a geração
de resíduos não utilizáveis com a existência de tratamento de resíduos, objeto da questão
Q1/R1 como no gráfico 20.
0
1
2
3
4
5
6
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
empresa
grau
TRAT
RNA
Legenda: TRAT = existência de tratamento de resíduos
RNA = geração de resíduos não utilizáveis
Gráfico 20 - Comparativo tratamento de resíduos e resíduos não reutilizáveis
Fonte: O Autor.
105
Observa-se, no Gráfico 20, que a inexistência de resíduos para algumas empresas pode
estar associada à existência de seu tratamento. No entanto, algumas empresas, mesmo com
tratamento, não eliminam completamente os resíduos. Pode-se inferir que, para algumas
atividades, o tratamento é eficaz, enquanto noutras, ele não consegue eliminar totalmente os
resíduos, ou desperdícios.
4.2.1.16 Uso de água de forma intensiva
Q16
R16
Nossa empresa usa água de forma intensiva (grandes volumes e com alta
frequência):
3,78
4
3
6
8
16
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 21 - Uso de água de forma intensiva
Fonte: O Autor.
A maior parte das empresas utiliza água de forma intensiva. O uso de água de forma
intensiva constitui-se um risco apontado pelos organismos internacionais (CMMAD, 1988;
IPCC, 2007). Nesse aspecto, o uso de água guarda uma significativa correlação (r =0,35 no
nível 0,05) com o Risco2, permitindo supor que o consumo de água é um fator de risco.
106
4.2.1.17 Uso de energia de forma intensiva
Q17 R17
Nossa empresa usa energia de forma intensiva (grandes volumes e com
alta frequência):
3,89
1
4
8
9
15
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 22 - Uso de energia de forma intensiva
Fonte: O Autor.
A maior parte das empresas é dependente de energia em graus variáveis, desde nível
baixo até o nível máximo. O uso de energia de forma intensiva constitui-se um risco apontado
pelos organismos internacionais (CMMAD, 1988; IPCC, 2007). Nesse aspecto, o uso de
energia guarda uma boa correlação (r = 0,448 nível 0,01) com o Risco2, permitindo supor que
o uso de energia é mais associado com o risco ambiental do que o uso de água (r=0,35, nível
0,05).
4.2.1.18 Extração de matéria-prima diretamente da natureza
Q18 R18
Nossa empresa extrai diretamente da natureza grandes volumes de
matéria-prima não-renovável ou adquire de outras empresas que
extraem diretamente:
2,47
107
13
6 6
4
5
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 23 - Extração de matéria-prima diretamente da natureza
Fonte: O Autor.
As respostas à questão permitem inferir que são poucas as empresas que extraem
matéria-prima diretamente da natureza. No entanto, todas participam de certa forma com
maior ou menor intensidade na cadeia de consumo. Existe uma correlação significativa no
nível 0,05 (r = 0,433) com o Risco2, indicando tendência de que, que quanto mais próximas
do processo de extração (matéria-prima bruta), maior é o risco ambiental. A escassez de
matéria-prima não renovável é apontada pelos organismos ambientais como um risco
ambiental para a humanidade (CMMAD, 1988; IPCC, 2007).
4.2.1.19 Periodicidade de ocorrência do risco ambiental
Q19 R19 Os riscos ambientais em nossa atividade ocorrem de forma permanente:
3,68
1
4
8
9
15
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 24 - Periodicidade de ocorrência do risco ambiental
Fonte: O Autor.
108
O risco ambiental não ocorre com a mesma frequência entre as empresas. Para
algumas ele é permanente, mas, para outras, acontece com menor frequência. A frequência de
ocorrência é um fator importante na preparação de uma Matriz de Risco Ambiental (Campos,
2001;Moura, 2008).
4.2.2 Resumo do bloco Risco Percebido pelos Gestores
Todas as empresas da amostra reconhecem a existência de Risco Ambiental em suas
atividades, e ele é percebido em grau variado. Os gestores, ao reconhecerem o risco, adotam
procedimentos para evitar, mitigar ou corrigir também em grau variado. A maior preocupação
objetiva dos gestores é de evitar multas por infração fiscal e processos judiciais, conforme as
respostas dadas à questão Q01/R01. Isso é compreensível, pois são responsabilizados
pessoalmente por crimes ambientais, e essa preocupação é compatível com o referencial
teórico (BRASIL, 2000; STEIGLEDER, 2004; VASTAG, KEREKES E RONDINELLI,
1996). As pressões externas (exceto dos regulamentos e leis ambientais) são percebidas como
menos importantes do que as pressões internas sobre os gestores, no que se refere ao
desempenho ambiental. Os gestores ambientais parecem constrangidos entre a sua percepção
pessoal de risco e as condições objetivas (PORTER; KRAMER, 2009), que são demonstradas
nos blocos seguintes, que se referem à Gestão Ambiental e à Gestão dos Custos Ambientais.
4.2.3 Bloco gestão ambiental
Este bloco visa a captar o processo e mecanismos de gestão objetivos, assim como
alguns aspectos do planejamento para o futuro. O referencial teórico sugere que a estratégia
ambiental funcional suporta as estratégias gerais. A gestão ambiental visa basicamente a
reduzir o risco ambiental, mantendo a competitividade e a sustentabilidade. Espera-se que as
empresas adotem um processo de gestão ambiental alinhado com as estratégicas gerais e
também segundo sua percepção do risco.
109
As questões são inicialmente apresentadas (Tabela 11) na ordem de importância em
função dos valores médios das respostas (grau ou índice) e após são analisadas
individualmente na ordem sequencial do questionário.
Tabela 11 - Ranking das respostas do bloco Gestão Ambiental
Geral Bloco Enunciado Média
DP
Q32 G13
Estão planejadas melhorias futuras no sistema de gestão
ambiental e nos instrumentos de controle:
4,66 ,745
Q20 G01
Nossa empresa possui área específica responsável pelo
Sistema de Gestão Ambiental:
4,56 1,081
Q31 G12
Nosso sistema de gestão ambiental foi ampliado nos
últimos anos:
4,37 1,051
Q28 G09
Adotamos indicadores estratégicos para avaliar a Gestão
Ambiental:
4,08 1,498
Q33 G14
Nossa empresa realiza auditoria ou inspeções ambientais
de forma periódica:
4,05 1,413
Q23 G04 A gestão ambiental é comandada pela Alta Administração:
3,95 1,373
Q30 G11
Exigimos de nossos fornecedores e parceiros o
cumprimento da legislação ambiental e de nossos padrões
de desempenho ambiental:
3,94 ,984
Q25 G06
Emitimos relatório de desempenho ambiental de forma
sistemática e frequente:
3,65 1,585
Q27 G08 Alguns relatórios ambientais são bastante detalhados:
3,65 1,585
Q22 G03
Adotamos ferramentas para auxiliar a Gestão Ambiental (6
sigma, PDCA, etc.):
3,63 1,550
Q21 G02
Possuímos certificação Ambiental (ISO 14001 ou
equivalente):
3,53 1,934
Q29 G10
Nossos gastos ambientais visam unicamente o
cumprimento das normas legais:
3,38 1,381
Q26 G07
As informações em nossos relatórios ambientais
contemplam somente medidas físicas (não-financeiras):
3,03 1,524
Q24 G05
Adotamos um sistema de estímulo financeiro aos
funcionários (premiação, gratificação etc.) pelo alcance de
metas de desempenho ambiental:
2,69 1,618
MÉDIA
3,72 1,00
Fonte: O Autor.
110
A distribuição de frequência das respostas (Gráfico 25) para o bloco indica um
razoável grau de conformidade com as práticas recomendadas. Foram constatadas 31
respostas não válidas em todo o bloco (total = 546 respostas)
76
46
37
100
256
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3 4 5
grau atribuído
Gráfico 25 - Distribuição de frequência das respostas do bloco Gestão
Fonte: O Autor.
Observa-se a prevalência de respostas de adesão às práticas recomendadas pela teoria.
Nos extremos, 256 ocorrências de adoção de práticas de gestão, contra 76 de não adoção,
numa proporção de 3,36:1.Essa relação é importante, especialmente quando comparada com
as relações dos blocos de Risco e Gestão de Custos Ambientais, permitindo inferir diferentes
graus de aderência às práticas recomendadas ou às percepções e, portanto, possíveis
demandas dos gestores.
As respostas de cada questão do bloco Gestão ambiental são analisadas
individualmente conforme se distribuem entre a amostra.
4.2.3.1 Existência de área responsável pelo SGA
Q20
G01
Nossa empresa possui área específica responsável pelo Sistema de Gestão
Ambiental: 4,56
111
2
1 1
3
29
0
5
10
15
20
25
30
35
1 2 3 4 5
Gráfico 26 - SGA existência de área responsável pelo SGA
Fonte: O Autor.
A grande maioria (80,5%) das empresas possui responsável pelo SGA. A existência de
SGA tem relação significativa com o Risco2 (r= 0,568 nível 0,01). Souza e Collaziol (2006)
constataram que todas as empresas pesquisadas (num total de 32) possuem área específica
para Gestão do Sistema da Qualidade. Dado que a questão ambiental é tratada no âmbito da
qualidade (ROBLES JR, 2003; CAMPOS, 2001), pode-se supor que uma comparação entre as
constatações de Souza e Collaziol (2006) e desta pesquisa é válida e as conclusões são
semelhantes, reforçando-se mutuamente. A comparabilidade é mais consistente a partir do
fato de que muitas questões desta pesquisa foram adaptadas do questionário utilizado por
esses autores.
Pesquisa divulgada por FIEP (2007) aponta que as empresas do Estado do Paraná
possuíam conhecimento de SGA num grau 3,0; no entanto, não se pode inferir sobre esta
relação, dado que as variáveis adotadas são diferentes, assim como as amostras.
4.2.3.2 Certificação ambiental
Q21
G02
Possuímos certificação Ambiental (ISO 14001 ou equivalente):
3,84
112
13
0 0
1
22
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 27 - Certificação ambiental
Fonte: O Autor.
Das respondentes, 13 empresas não possuem Certificação Ambiental enquanto 22 a
possuem. A existência de Certificação apresenta uma forte correlação (r = 0, 745, nível 0,01)
com o Risco2 das empresas. Pesquisa da FIEP (2007) aponta que as indústrias do Paraná
possuem um grau de 3,3, na escala até 5, de conhecimento sobre Certificação ambiental, valor
bastante próximo do encontrado nesta pesquisa. No entanto, a comparação deve ser feita com
as cautelas mencionadas na questão anterior.
4.2.3.3 Ferramentas auxiliares de Gestão Ambiental
Q22
G03
Adotamos ferramentas para auxiliar a Gestão Ambiental (6 sigma,
PDCA, etc.): 3,81
7
3 3
9
16
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 28 - Ferramentas auxiliares de Gestão Ambiental
Fonte: O Autor.
113
As empresas vêm utilizando ferramentas para auxiliar a gestão ambiental, mesmo
algumas que não possuem um SGA estruturado. O uso das ferramentas também apresenta um
grau variável, indicativo de que o tratamento de risco demanda práticas diferenciadas
conforme as circunstâncias, e apresenta uma forte relação (r = 0,803 nível 0,01) com o Risco2
e relação de (r= 0,767 nível 0,01) com a existência de área responsável pelo SGA, objeto da
questão Q21/G02. Souza e Collaziol (2006) constataram que, na Gestão da Qualidade, 96%
das empresas adotam a ferramenta PDCA, 37,7% adotam Seis Sigma e 43,4% adotam outras
ferramentas. Com isto, confirma-se o uso de ferramentas auxiliares de Gestão Ambiental pela
maioria das empresas.
4.2.3.4 Comando da gestão ambiental pela alta administração
Q23 G04
A gestão ambiental é comandada pela Alta Administração:
3,97
3
4
5 5
20
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 29 - Comando da gestão ambiental pela Alta Administração
Fonte: O Autor.
É forte a correlação estatística entre o Risco2 e a atribuição, para a alta administração,
de responsabilidade de gerir a questão ambiental (r = 0,791 no nível 0,01), o que indica que a
questão ambiental tende a ser tratada pelos níveis gerenciais conforme o grau de risco
existente, ou percebido.
114
A partir do grau de risco 4,0 na escala adotada, há maior incidência de atribuição do
comando da Gestão Ambiental para a alta administração. Em empresas com grau de Risco2
inferior a 4 a gestão ambiental de modo geral não é comandada pela alta administração.
As conclusões desta pesquisa, no que se refere a empresas de maior Risco2, são
compatíveis, embora não necessariamente comparáveis, com os achados de Souza e Collaziol
(2006), que constataram a predominância de níveis de diretor e gerente acima de 79% para a
área de controle de qualidade, em empresas de grande porte. Vastak, Kerekes e Rondinelli
(1996) também constatam que 70,2% dos gestores ambientais da Hungria eram compostos
por Presidente (27,6%) ou Diretor (42,6%). The Economist (2008), em sua pesquisa, registrou
que 74% das empresas pesquisadas é comandada pela alta administração, sendo que em 24%
é comandada pelo Presidente.
4.2.3.5 Estímulo financeiro aos funcionários
Q24 G05
Adotamos um sistema de estímulo financeiro aos
funcionários (premiação, gratificação etc.) pelo alcance de
metas de desempenho ambiental:
2,72
15
2
4
9
6
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 30 - Estímulo financeiro aos funcionários
Fonte: O Autor.
Cerca de 17 % das empresas afirmam no grau 5 que concedem estímulo financeiro aos
funcionários pelo alcance de metas de desempenho ambiental e cerca de 42% o fazem
parcialmente, guardando uma relação significativa (r = 0, 647 nível 0,01) com o Risco2 e
115
(r=0,443 nível 0,01) com Custos. No entanto, 41 % das empresas não fornecem aos seus
funcionários estímulo financeiro vinculado ao desempenho ambiental.
No Gráfico 31 se apresenta um comparativo as respostas à questão com o grau de
Risco2 correspondente a cada empresa.
0
1
2
3
4
5
6
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
empresa
grau
Estímulo
Risco2
Gráfico 31 - Relação de prática de estimulo financeiro com Risco2.
Observa-se que as empresas que mais concedem benefícios financeiros pelo alcance
de metas ambientais geralmente são as de maior Risco2.
A literatura indica que a ausência de estímulo pode causar falta de comprometimento
da equipe, agravando o risco ambiental da organização. Souza e Collaziol (2006), ao
pesquisarem a área de qualidade, relatam que 52,8% das empresas adotam premiação
financeira a funcionários pelo atingimento de metas (não se dispõe informação se incluem os
diversos graus, ou somente no grau 5), contra 59% constatados nesta pesquisa (incluindo os
diversos graus), permitindo inferir que empresas de amostras diferentes adotam algumas
práticas semelhantes.
116
4.2.3.6 Relatórios de desempenho ambiental frequência de emissão
Q25 G06
Emitimos relatório de desempenho ambiental de forma
sistemática e frequente: 3,66 1,60
7
3 3
7
17
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 32 - Relatórios de desempenho ambiental frequência de emissão
Fonte: O Autor.
Um achado importante desta pesquisa é de que existe uma forte e significativa
correlação estatística entre a as respostas sobre a frequência dos relatórios ambientais com o
índice de Risco2 (p = 0,847 no nível 0,01) e com o índice de Custos(r= 0,711 nível 0,01).
Quando a atividade apresenta pouco risco ambiental, está somente obrigada à emissão de
relatórios legalmente exigidos, geralmente com periodicidade anual, e algumas empresas
estão até dispensadas dessa formalidade. Empresas com altos e frequentes riscos ambientais
utilizam-se de estudos e de inspeções sistemáticas, com produção de relatórios internos, para
fins gerenciais. Supôs-se que empresas que emitem relatórios sistemáticos e frequentes, que
atribuíram grau 5 na resposta, aparentam ter melhor grau de Gestão Ambiental e Gestão de
Custos. Testou-se esta hipótese e ela foi confirmada:
117
Tabela 12 - Frequência de relatórios e Graus de Gestão
Grau atribuído Número de
respondentes
Média Gestão Média Custos Relação no grupo
custo/gestão
Grau 5 17 4,344 3,764 0,86
Menos de 5 22 3,323 2,926 0,88
Relação entre grupos
custo/gestão
1,30 1,28
Fonte: O Autor.
Observa-se que existe um maior Grau de Gestão Ambiental (grau 4,344 contra 3,323)
e Gestão dos Custos Ambientais (grau 3,764 contra 2,926) nas empresas que emitem
relatórios sistemáticos e frequentes, quando comparadas com as demais. Existe também uma
relação entre a média do Grau de Custos com a Média do Grau de Gestão entre os dois
grupos, indicando que existe uma relação direta. Observa-se que, nos dois grupos, o Grau de
Gestão de Custos é menor do que o Grau de Gestão Ambiental, fato que permite, admitida a
validade dos construtos, inferir que as empresas têm uma oportunidade de melhorar seu
gerenciamento dos custos ambientais. Essa constatação é compatível com outros achados da
pesquisa que apontam essa deficiência, como seu reconhecimento pelas organizações, bem
como existência de planos de melhoria.
4.2.3.7 Medidas financeiras em relatórios ambientais.
Q26 G07
As informações em nossos relatórios ambientais
contemplam somente medidas físicas (não-financeiras): 3,13
118
8
7
4
8 8
0
5
10
1 2 3 4 5
Gráfico 33 - Medidas financeiras em relatórios ambientais
Fonte: O Autor.
As respostas a esta questão estão muito dispersas (desvio padrão de 1,56 para média
3,13) e não apresentam relação estatística significativa com o Risco2 e com a Gestão de
Custos. Pode-se então supor que, para muitas organizações, a Gestão ambiental não é tratada
de forma integrada com a Gestão financeira dos Custos Ambientais. Esse achado é importante
no sentido de identificar a necessidade de as organizações integrarem as decisões econômicas
com as decisões da gestão ambiental, conforme sugerido por Souza e Collaziol (2006), Porter
e Kramer (2009), Robles Jr. (2003).
4.2.3.8 Detalhamento de relatórios ambientais
Q27 G08 Alguns relatórios ambientais são bastante detalhados: 3,66
6
5
3
5
18
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 34 - Detalhamento de relatórios ambientais
Fonte: O Autor.
119
Da mesma forma que a frequência, e pelos mesmos motivos da questão Q25/G06, o
detalhamento dos relatórios ambientais tem uma boa relação com o Risco ambiental (r =
0,645 no nível 0,01) e Custos (r=,0544 nível 0,01). O detalhamento dos relatórios ambientais
está associado à importância e complexidade do Risco. Quanto maior o risco, mais frequentes
e detalhados são os relatórios ambientais.
Adotando-se mesmos critérios usados na questão Q25/G06, apresenta-se a relação
entre detalhamento de relatórios e os graus de Gestão Ambiental e de Custos.
Tabela 13 - Detalhamento de relatórios e Graus de Gestão
G
RAU ATRIBUÍDO
N
UMERO
RESPONDENTES
M
ÉDIA
G
ESTÃO
M
ÉDIA
C
USTOS
R
ELAÇÃO NO
GRUPO
CUSTO
/
GESTÃO
Grau 5
18 4,301 3,627 0,84
Menos de 5
21 3,213 3,003 0,93
Relação entre grupos
custo/gestão
1,33 1,207
Fonte: O Autor.
Observa-se que as empresas que emitem relatórios ambientais detalhados apresentam
maior Grau de Gestão Ambiental e Gestão dos Custos Ambientais.
4.2.3.9 Indicadores estratégicos ambientais
Q28 G09
Adotamos indicadores estratégicos para avaliar a Gestão
Ambiental: 4,06
120
5
3
0
5
24
0
5
10
15
20
25
30
1 2 3 4 5
Gráfico 35 - Indicadores estratégicos ambientais
Fonte: O Autor.
O uso de indicadores estratégicos apresenta uma relação significativa com o Risco2
(r= 0,741 no nível 0,01) e com a Gestão dos Custos Ambientais (r = 0,590 no nível 0,01).
Essas respostas indicam que, para algumas empresas, a questão ambiental é estratégica e, para
outras, não tem essa importância. FIEP (2007) aponta um grau de 2,2 na escala até 5 de
conhecimento de indicadores de desempenho ambiental por parte das indústrias do Paraná,
bastante inferior ao encontrado nesta. No entanto, as amostras são diferentes.
A relação é apresentada no Gráfico 36.
0
1
2
3
4
5
6
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37
empresa
Grau
Risco2
G09
Gráfico 36 - Uso de indicadores estratégicos ambientais x Risco Ambiental
Fonte: O Autor.
121
Observa-se que, a partir do Grau 3,645 de Risco2, uma maior consistência e
aderência às recomendações da literatura quanto à adoção de indicadores estratégicos
ambientais. Essa constatação gráfica é comprovada estatisticamente pela correlação (Pearson)
entre Risco2 e G09 (r= 0,185, p= 0,57) para empresas de grau de Risco2 inferior a 3,645 e
(r=0,499, p=0,011) para empresas de grau de Risco2 superior a 3,645.
4.2.3.10 Objetivos dos gastos ambientais
Q29 G10
Nossos gastos ambientais visam unicamente o cumprimento
das normas legais:
3,53
3
11
2
11
10
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 36A Objetivo dos gastos ambientais
Fonte: O Autor.
uma grande variabilidade (desvio padrão 1,42 para média 3,31) sobre a motivação
alegada para os gastos ambientais, e não existe relação significativa entre as respostas a esta
questão com o Risco2 e com a Gestão de Custos Ambientais. Para cerca de 27% das
empresas, a motivação principal é o cumprimento da Lei. Com isso, conclui-se que, para
outras 73%, existem outros motivos alegados, além do cumprimento da lei, para a realização
de gastos ambientais. A literatura sugere gastos para ecoeficiência, gastos estratégicos e até os
de cunho social ou filantrópico (ANDERSEN, 2007; PORTER; KAMER, 2009). A pesquisa
The Economist (2008) constatou que os principais benefícios alegados para a realização de
gastos ambientais são a melhora da reputação junto a clientes (59% dos respondentes), junto a
122
investidores (30%), novas oportunidades de negócios (28%), eficiência operacional (27%),
aumento da posição competitiva (27%), e aumento do valor dos acionistas (20%).
4.2.3.11 Preocupação com a cadeia de valor ambiental
Q30 G11
Exigimos de nossos fornecedores e parceiros o cumprimento da
legislação ambiental e de nossos padrões de desempenho
ambiental: 4,00
2
1
3
21
9
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 37 - Preocupação com a cadeia de valor ambiental
Fonte: O Autor.
Cerca de 90% das empresas informam que se preocupam em grau 4 ou 5 na escala
com o impacto ambiental na cadeia de valor. As respostas a essa questão não apresentam
significância estatística de relação com Risco2 e com Gestão de Custos. A preocupação com o
impacto dos custos, no entanto, não é tão importante, como se verá nas respostas à questão
Q49/C16, que apresenta um Grau médio de 2,06 e DP 1,30.
4.2.3.12 Ampliação do SGA nos últimos anos
Q31 G12
Nosso sistema de gestão ambiental foi ampliado nos últimos
anos:
4,44
123
1 1
7
3
26
0
5
10
15
20
25
30
1 2 3 4 5
Gráfico 38 - Ampliação do SGA nos últimos anos
Fonte: O Autor.
Maior parte das empresas ampliou seu Sistema de Gestão Ambiental nos últimos ano.
Isso indica que a questão ambiental vem ganhando importância crescente. A ampliação do
SGA tem uma relação direta com a existência de auditorias ambientais, objeto da Q33 / G14,
apresentando correlação (r = 0,673 no nível 0,01).
4.2.3.13 Projetos de melhoria futura no SGA e controles
Q32 G13
Estão planejadas melhorias futuras no sistema de gestão
ambiental e nos instrumentos de controle:
4,59
0
2
0
7
29
0
5
10
15
20
25
30
35
1 2 3 4 5
Gráfico 39 - Projetos de melhoria futura no SGA e controles
Fonte: O Autor.
Maior parte das empresas pretende implementar melhorias em seu SGA e nos sistemas
de controles nos próximos anos, continuando a tendência observada na resposta à questão
124
anterior, indicativo de que as empresas são sensíveis às demandas dos stakeholders
ambientais.
4.2.3.14 Auditoria e inspeções ambientais
Q33 G14
Nossa empresa realiza auditoria ou inspeções ambientais de forma
periódica: 4,25
4
3
2
6
22
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 40 - Auditoria e inspeções ambientais
Fonte: O Autor.
Existe uma boa correlação entre a prática de auditorias ou inspeções ambientais
sistemáticas com o Risco2 (r = 0,671 no nível 0,01). Essa circunstância demonstra que as
auditorias ou inspeções periódicas, associadas à emissão de relatórios frequentes e detalhados
constituem-se em instrumentos de controle e aprimoramento da Gestão Ambiental. Existe
uma correlação significativa (r= 0,410 no nível 0,05) com a afirmativa de adoção de rígidos
procedimentos operacionais para evitar multas por infração e processos judiciais. Pesquisa
divulgada por FIEP (2007) indica que 70% das indústrias do Paraná possuem conhecimento
de Auditoria ambiental.
125
4.2.4 Resumo do bloco Gestão dos Custos Ambientais
Observa-se pelas respostas uma preocupação de todas as empresas em relação ao
aprimoramento da Gestão Ambiental, em continuidade à tendência dos anos anteriores. São
pontos fortes a existência de auditorias e inspeções periódicas e a adoção de indicadores
estratégicos por muitas empresas para avaliar a Gestão Ambiental. As considerações
financeiras e de custos são as menos importantes na visão das empresas, consubstanciadas na
falta de estímulo financeiro aos funcionários pelo cumprimento de metas ambientais e falta de
uma integração dos relatórios ambientais com dados financeiros. Um trade-off entre Risco e
Custo pode ser vislumbrado na resposta a questão Q29/G10, em que boa parte das empresas
informam a prevalência de cumprimento das normas legais como o principal objetivo da
Gestão Ambiental.
Na continuidade, examina-se as respostas ao bloco Gestão dos Custos Ambientais.
4.2.5 Gestão dos custos ambientais
O bloco é composto por 29 questões que visam a identificar políticas e práticas de
Gestão dos Custos Ambientais, com o seguinte resumo das respostas, classificadas pela
Média, também aqui denominada Índice ou Grau:
Tabela 14 - Ranking das respostas do bloco Gestão de Custos Ambientais
Geral
Bloco
Enunciado Média
DP
Q58 C25
Para o futuro pretendemos melhorar os controles dos custos
ambientais:
4,70 0,52
Q62 C29 Os gastos ambientais, investimentos e custos, têm aumentado nos
últimos anos:
4,25 1,02
Q42 C09 Temos previsão orçamentária para custos da Gestão Ambiental: 4,22 1,33
Q56 C23
Realizamos gastos com promoção de educação ambiental e
divulgação de ações ambientais:
4,19 1,00
Q43 C10
Os custos ambientais realizados são comparados com os custos
orçados:
4,08 1,36
Continua...
126
Continuação.
Geral
Bloco
Enunciado Média
DP
Q45 C12
Os indicadores e relatórios de desempenho ambiental são somente
aqueles exigidos pelos órgãos ambientais de controle:
4,05 1,41
Q44 C11
Há cobrança efetiva sobre o desempenho dos responsáveis pelo
orçamento da Gestão Ambiental:
4,00 1,33
Q51 C18 Monitoramos o custo dos resíduos de nossa atividade: 3,92 1,40
Q61 C28
Temos custos com proteção ou recuperação ambiental de áreas ou
com controle ou redução de poluição decorrentes de nossas
atividades:
3,92 1,48
Q52 C19
O custo ambiental de nossa empresa tende a aumentar nos
próximos anos:
3,92 1,11
Q34 C01
Os custos ambientais são significativos (relevantes) para nossa
empresa ou atividade:
3,84 1,08
Q47 C14
Os custos ambientais são considerados em novos projetos de forma
explícita e objetiva:
3,69 1,37
Q39 C06
O valor dos investimentos em Gestão Ambiental (estação de
tratamento, veículos, treinamento, monitoramento, legalização em
órgãos públicos, etc.) é controlado separadamente dos demais
investimentos:
3,61 1,50
Q35 C02
Nossa empresa controla os Custos Ambientais de forma segregada
(destacada, separada) dos demais custos:
3,60 1,48
Q50 C17
São geradas Receitas Ambientais (Vendas de resíduos, Créditos de
Carbono, etc.):
3,27 1,84
Q53 C20
O custo ambiental impacta fortemente em nossos produtos ou
serviços diretos:
3,19 1,24
Q41 C08
São emitidos relatórios periódicos de investimentos e custos
ambientais:
3,14 1,48
Q54 C21
Nossa empresa apresenta riscos de contingências ambientais (danos
ambientais que poderão ser definidos, conhecidos ou revelados no
futuro):
3,11 1,41
Q60 C27
A divulgação das práticas ambientais de nossa empresa aumenta a
venda de nossos produtos ou serviços:
3,00 1,26
Q59 C26
Nossos gastos visando fins ambientais são da ordem de (responder
conforme a graduação abaixo): 1)zero % 2)até 1% 3)de 1,1 a 5%
4)de 5,1 a 10% 5)mais de 10%:
2,93 1,39
Q40 C07 É mensurado o retorno sobre os investimentos na área ambiental: 2,84 1,42
Q57 C24
Realizamos avaliação dos impactos no Ciclo de Vida de nossos
Produtos ou serviços:
2,76 1,79
Continua...
127
Continuação.
Geral
Bloco
Enunciado Média
DP
Q55 C22
As contingências ambientais conhecidas são registradas
contabilmente:
2,72 1,44
Q48 C15
Há estimativa dos custos ambientais como externalidades, isto é,
seu custo para a sociedade, em relação impactos ambientais
autorizados e que não são de nossa responsabilidade legal:
2,56 1,64
Q36 C03
Os Custos Ambientais são contabilizados juntamente com os
valores referentes aos Custos da Qualidade, Saúde ou Segurança:
2,54 1,60
Q38 C05
Mensuramos os custos ambientais indiretos (comuns com outras
atividades):
2,54 1,40
Q49 C16
Consideramos também os custos ambientais de outros agentes da
cadeia de valor (clientes, fornecedores, parceiros):
2,06 1,30
Q46 C13
São feitas estimativas de custos ambientais intangíveis (perda de
imagem, efeitos da baixa produtividade, perdas potenciais de
clientes, etc.):
1,88 1,29
Q37 C04
Os custos ambientais são contabilizados de forma detalhada
(Prevenção, Avaliação, Falhas Internas e Falhas Externas):
1,77 1,06
MÉDIA 3,29 0,73
Fonte: O Autor.
Pode-se constatar que a principal preocupação dos gestores é a melhoria de controles
dos custos ambientais para o futuro, dado que os custos têm aumentado nos últimos anos,
objeto da segunda resposta com maior valor. Essa preocupação fica confirmada, quando se
observam que as respostas com menor valor indicam deficiência no tratamento contábil dos
custos ambientais.
As respostas de todos os respondentes às questões deste bloco apresentam a seguinte
distribuição de frequência, observando-se 105 respostas não válidas a maior incidência nos
três blocos – que representam 9,6% do total de 1092 respostas esperadas:
128
219
94
160
188
326
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3 4 5
grau atribuído
Gráfico 41 - Distribuição de frequência de respostas do bloco Custos
Fonte: O Autor.
A Gestão dos Custos Ambientais de todas as empresas respondentes apresenta grau
variável, apresentado no Gráfico 41. Nos extremos, 326 ocorrências de adoção de práticas de
custo, contra 219 de não adoção, numa proporção de 1,48:1, divergindo fortemente das
proporções de adesão dos blocos de Risco (4,59:1) e Gestão (3,36:1), indicativo de que a
Gestão de Custos Ambientais em empresas atuantes no Brasil de modo geral está dissociado
da Gestão do Risco Ambiental e não é objeto de adoção de práticas em Graus compatíveis
com os sugeridos pela literatura.
Na sequência, são analisadas as respostas a cada uma das questões do bloco de Gestão
de Custos, na ordem em que aparecem no Questionário.
4.2.5.1 Relevância dos custos ambientais
Q34
C01
Os custos ambientais são significativos (relevantes) para nossa empresa ou
atividade:
3,84
129
1
3
10
11
13
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 42 - Relevância dos custos ambientais
Fonte: O Autor.
Para praticamente todas as empresas, o custo ambiental é relevante, em graus variados,
prevalecendo grau de médio a alto. Para uma empresa ele não é importante e para três
empresas é pouco importante. As respostas a essa questão guardam relação estatística
significativa com risco2 (r= 0,597) e com Custo (r= 0,685) no nível 0,01.
4.2.5.2 Segregação dos custos ambientais
Q35 C02
Nossa empresa controla os Custos Ambientais de forma segregada
(destacada, separada) dos demais custos:
3,60
7
0
5
11
12
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 43 - Segregação dos custos ambientais
Fonte: O Autor.
A maior parte das empresas segrega os custos ambientais dos demais custos, de uma
ou outra forma. Somente 12 afirmam segregar no grau máximo. O número de empresas que
130
controla de forma segregada em grau 5 (12 empresas) é muito próximo ao numero de
empresas que consideram relevantes em grau 5 os custos ambientais (13 empresas). Ainda
três empresas consideram relevantes em grau 4 e todas elas segregam em grau 4. Em sete
empresas (20%) não é feita qualquer segregação, e 16 empresas fazem alguma forma de
separação. As demais não informaram. Com isso, infere-se que algumas empresas podem
aperfeiçoar o controle. Essa constatação é compatível com as respostas das empresas,
indicando sua intenção de melhorar os controles no futuro (Questão Q58/C25), que
representou a maior média (4,70) e uniformidade (DP 0,52) do bloco Custos. Essas práticas
apresentam boa correlação com o risco2 (r = 0,609) e com custo (r=0,602) nível 0,01,
indicativos de proporcionalidade entre a importância (grau 3,84) e segregação (grau 3,60).
No entanto, a variabilidade é relativamente elevada para a segregação, apresentando DP de
1,48
A relação entre grau de importância (Q34/C01) e de segregação (Q34/C02) é
apresentada Grafico 44 ordenada por grau de importância, entre as respondentes válidas para
as duas questões, onde se pode observar variadas situações.
0
1
2
3
4
5
6
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
empresa
Grau
Importancia Segregão
Gráfico 44 - Importância dos custos ambientais x sua segregação contábil
Fonte: O Autor.
131
4.2.5.3 Custos Ambientais no âmbito da qualidade
Q36 C03
Os Custos Ambientais são contabilizados juntamente com os valores
referentes aos Custos da Qualidade, Saúde ou Segurança:
2,54
15
3
7
3
7
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 45 - Custos ambientais no âmbito da qualidade
Fonte: O Autor.
Do total de respondentes, sete empresas (menos de 20%) consideram os custos
ambientais no âmbito da qualidade, 15 empresas não consideram os custos ambientais no
contexto de qualidade, saúde e segurança, enquanto 13 empresas os consideram parcialmente.
4.2.5.4 Detalhamento dos custos ambientais
Q37
C04
Os custos ambientais são contabilizados de forma detalhada (Prevenção,
Avaliação, Falhas Internas e Falhas Externas):
1,77
132
20
6
7
1 1
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 46 - Detalhamento dos custos ambientais
Fonte: O Autor.
Somente uma empresa informa que contabiliza os custos ambientais detalhadamente,
utilizando as classificações para custos da qualidade propostas pela literatura de Campos
(2001), Ifac (2005), enquanto 20 informam não adotar essa classificação, e 14 adotam-na
parcialmente. Souza e Collaziol (2006) constataram que 34% das empresas adotavam essa
classificação no que se refere à qualidade.
4.2.5.5 Mensuração dos custos ambientais indiretos
Q38 C05
Mensuramos os custos ambientais indiretos (comuns com outras
atividades):
2,54
12
6 6
8
3
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 47 - Mensuração dos custos ambientais indiretos
Fonte: O Autor.
133
Os custos ambientais indiretos de modo geral não são mensurados ou o são de maneira
parcial. Dessa forma, pode-se supor que esses custos são atribuídos a outras atividades,
onerando seus custos e, como consequência, o custo ambiental é subestimado. Com isso,
produtos ou serviços com baixo impacto ambiental podem estar sendo onerados com o custo
ambiental indireto de outros produtos ou serviços que apresentam maior impacto ambiental.
4.2.5.6 Segregação de investimentos ambientais
Q39 C06
O valor dos investimentos em Gestão Ambiental (estação de
tratamento, veículos, treinamento, monitoramento, legalização em
órgãos públicos, etc.) é controlado separadamente dos demais
investimentos:
3,61
7
0
7
8
14
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 48 - Segregação de investimentos ambientais
Fonte: O Autor.
Aproximadamente 80% das empresas controlam separadamente os investimentos
ambientais dos demais, observando diversos graus de segregação. Somente 14 empresas
(39%) informam que os segregam completamente. Essa constatação é compatível com a falta
de controle de retorno do investimento ambiental, informado na questão seguinte, em que
somente cinco empresas dizem controlar o retorno. O controle dos investimentos guarda uma
correlação (r= 0,427 no nível 0,01) com a Gestão dos Custos Ambientais. Souza e Collaziol
(2006) relatam que, à época de sua pesquisa, 47,2% controlavam os investimentos no sistema
de gestão de qualidade.
134
4.2.5.7 Mensuração do retorno de investimento ambientais
Q40 C07 É mensurado o retorno sobre os investimentos na área ambiental: 2,84
11
3
10
9
5
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 49 - Mensuração do retorno de investimentos ambientais
Fonte: O Autor.
Não é provável que as empresas, de modo geral, mensurem o retorno sobre os
investimentos na área ambiental, havendo grande variabilidade (desvio padrão de 1,48 para
média de 2,72) nas práticas adotadas. Essa constatação é compatível com o achado de falta de
enfoque econômico para a Gestão Ambiental e integração com a área financeira, ao analisar-
se a questão Q26/G7 do bloco de Gestão. Somente cinco empresas concordam integralmente
com essa questão, representando cerca de 13%. Todas as demais apresentam uma
oportunidade para questionar a conveniência de adotar a análise do retorno dos investimentos
ambientais.
Souza e Collaziol (2006) também constataram em pesquisa que 84,9% das empresas
não mensuram o retorno dos investimentos realizados na área de qualidade, o que vem
reforçar a constatação dessa pesquisa.
4.2.5.8 Relatórios de investimentos e custos ambientais
Q41
C08
São emitidos relatórios periódicos de investimentos e custos ambientais:
3,14
135
8
4
9
7
9
0
5
10
1 2 3 4 5
Gráfico 50 - Relatórios de investimentos e custos ambientais
Fonte: O Autor.
Menos de 25% das empresas adotam sistematicamente a prática de emitir relatórios de
investimentos e custos ambientais, 8 não emitem e as demais o fazem parcialmente. Sem a
emissão de relatórios, não análise nem subsídios para a tomada de decisão. Infere-se,
então, que, para muitas empresas, as decisões sobre gastos na área ambiental são tomadas sem
levar em conta os relatórios financeiros de investimentos e custos ambientais.
4.2.5.9 Orçamento para custos da Gestão Ambiental
Q42 C09 Temos previsão orçamentária para custos da Gestão Ambiental: 4,22
3 3
1
5
24
0
5
10
15
20
25
30
1 2 3 4 5
Gráfico 51 - Orçamento para custos da Gestão Ambiental
Fonte: O Autor.
136
A maior parte das empresas (66,6%) trabalha com previsão orçamentária para os
custos da Gestão Ambiental. Souza e Collaziol (2006) apontam que 69,2% das empresas,
adotavam alguma forma de orçamento para custos da qualidade.
4.2.5.10 Comparação custos orçados e reais
Q43 C10
Os custos ambientais realizados são comparados com os custos
orçados:
4,08
4
1
4
6
21
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 52 - Comparação custos orçados e reais
Fonte: O Autor.
Maior parte das empresas (cerca de 58%) compara os custos realizados com os
orçados, apresentando boa correlação com Risco2 (r= 0,615) e com Custo(r= 0,675), ambas
no nível 0,01. Essas respostas, quando analisadas em conjunto com as respostas a questão
Q41/C08 e Q42/C09, indicam que existe comparação dos custos ou gastos com o orçamento,
no entanto, não existe integração entre os setores Ambiental e Contábil ou Financeiro, uma
vez que o setor ambiental, de modo geral, não prepara relatórios ambientais integrados aos
relatórios financeiros. Essa integração constitui-se um ponto de melhorias potenciais nas
organizações. Souza e Collaziol (2006) indicam que 32,1% das empresas pesquisadas não
faziam análise de real x orçado, na área de qualidade.
137
4.2.5.11 Cobrança do orçamento ambiental
Q44 C11
cobrança efetiva sobre o desempenho dos responsáveis pelo
orçamento da Gestão Ambiental:
4,00
3
4
2
9
19
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 53 - Cobrança do orçamento ambiental
Fonte: O Autor.
Os gestores ambientais sentem-se cobrados pelo orçamento da gestão ambiental. Isso
demonstra uma preocupação do Setor financeiro para que os gastos ambientais sejam
realizados conforme o orçado. No entanto, os relatórios ambientais são basicamente de
natureza não financeira, aparentando que o Setor Ambiental presta contas, usando indicadores
físicos para fins legais e presta contas à área financeira sobre o orçamento de forma não
integrada. As respostas a essa questão apresentam boa correlação com o Risco2 (r= 0,670) e
também com a Gestão de Custos Ambientais (r = 0,642), ambos no nível 0,01. Essa situação
leva a supor-se a existência de um trade-off entre eliminar o risco e gastar. Essa constatação
também é compatível com as respostas à questão Q04/R04, em que as empresas preferem
assumir o risco financeiro decorrente do desempenho ambiental amplo a gastar com seguro
para eliminar esse risco. Uma pesquisa da FIEP (2007) aponta o grau de 2,7, na escala até 5,
para a avaliação do desempenho ambiental em indústrias do Estado do Paraná, sensivelmente
inferiores ao achados nesta pesquisa.
138
4.2.5.12 Indicadores ambientais
Q45 C12
Os indicadores e relatórios de desempenho ambiental são somente
aqueles exigidos pelos órgãos ambientais de controle:
4,05
4
2
5
3
23
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 54 - Indicadores ambientais
Fonte: O Autor.
As respostas indicam que, preponderantemente, os relatórios de desempenho
ambiental emitidos limitam-se aos exigidos pela legislação, que contemplam dados físicos, e
não incluem dados de natureza financeira. Pode-se então supor que a alta administração não
está vendo de forma integrada a questão ambiental e a questão financeira, adotando relatórios
diferentes para fins ambientais e para fins financeiros. Por exemplo, num sistema integrado,
ao analisar-se um indicador físico, poder-se-ia associar o custo de sua manutenção dentro dos
padrões. Os relatórios poderiam evidenciar os custos ambientais associados a cada indicador
físico. Questões como “quanto custa para manter determinado padrão de emissões?” poderiam
ser respondidas. Souza e Collaziol (2006) também destacaram a falta de integração das
questões financeiras com a gestão da qualidade, e a necessidade de as empresas incorporarem
medidas financeiras na mensuração do desempenho da área.
4.2.5.13 Custos ambientais intangíveis
Q46 C13
São feitas estimativas de custos ambientais intanveis (perda de imagem,
efeitos da baixa produtividade, perdas potenciais de clientes, etc.):
1,88
139
19
5
3 3
2
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 55 - Custos ambientais intangíveis
Fonte: O Autor.
As respostas para essa questão indicam que as empresas não estimam os custos
intangíveis das decisões. Se considerado que o intangível é importante (DIEHL, 1997;
PORTER; KRAMER, 2009) e se as empresas, em sua maioria, não estimam esses custos,
pode-se concluir que as decisões são tomadas sem estimativas dos custos ou benefícios
intangíveis. Isso remete à necessidade de aprofundar estudos e conhecimento dos ativos
intangíveis, no que se refere à sua formação, manutenção e sua destruição, inclusive e
especialmente na área ambiental.
Essa postura é inferida estatisticamente pela correlação com o Risco2 (r= 0,293, p=
0,104). Interpreta-se a insignificância de relação com o Risco2 pelo fato de as empresas não
tratarem os custos intangíveis (média 1,88) conforme o grau de Risco2 percebido (próximo de
4).
Também se observa uma forte correlação (r= 0,822 no nível 0,01) dessa postura
gerencial com a questão Q49/C16, que trata da cadeia de valor. As repostas à questão
Q49/C16 indicam que as organizações também não se preocupam com o custo da cadeia de
valor.
4.2.5.14 Custos ambientais de novos projetos
Q47 C14
Os custos ambientais são considerados em novos projetos de forma
explícita e objetiva:
3,69
140
3
6
3
10
13
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 56 - Custos ambientais de novos projetos
Fonte: O Autor.
Cerca de 30% das empresas leva em conta os gastos ambientais para novos projetos,
demonstrando a preocupação prévia com o retorno do investimento. As demais os consideram
parcialmente ou não os consideram.
4.2.5.15 Custos das externalidades
Q48 C15
estimativa dos custos ambientais como externalidades, isto é, seu
custo para a sociedade, em relação impactos ambientais autorizados e
que não são de nossa responsabilidade legal:
2,56
14
6
2
5
7
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 57 - Custos das externalidades
Fonte: O Autor.
141
Maior parte das empresas não se preocupa com os danos ambientais que causam
dentro dos limites legais. Nessas respostas, sete empresas demonstram preocupação com as
externalidades e apresentam grau de risco médio de 4,385 na escala, ou seja, de maior risco.
Também, 14 empresas não demonstram preocupação e apresentam risco médio de 3,741 na
escala. As demais demonstram em graus variados e apresentam risco de 3,604. A resposta das
organizações a essa questão apresenta correlação de (R = 0,362, nível 0,05) com o Risco2 e
de (r=0,510, nível 0,01) com Custos, ou seja, segue mais as considerações de custos do que as
considerações de risco. As respostas a essa questão parecem muito importantes para entender
a essência do atual conflito econômico-socioambiental, porque indica que as empresas de
modo geral não estão preocupadas com os problemas ambientais que causam fora de sua área
de atuação, ou seja, externalidades, enquanto as pressões externas se baseiam fortemente
nelas.
4.2.5.16 Custos ambientais de cadeia de valor
Q49 C16
Consideramos também os custos ambientais de outros agentes da
cadeia de valor (clientes, fornecedores, parceiros):
2,06
18
3
8
3
2
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 58 - Custos ambientais de cadeia de valor
Fonte: O Autor.
A preocupação com os custos ambientais dos parceiros e demais agentes da Cadeia de
Valor não é muito importante para a maior parte das empresas, contrariando a proposta de
Porter (1999) de que a competição é entre cadeias de valor, e não entre empresas. Também se
142
pode questionar se existe preocupação com o custo final para o cliente, que é quem suporta o
custo final de toda a cadeia de valor. A falta de preocupação com os custos (externos) da
cadeia de valor pode gerar perdas intangíveis, decorrentes de aumento de custos, que
poderiam ser gerenciados. Ao não se preocuparem com a cadeia de valor, as empresas estão
potencialmente criando um risco intangível de perda de competitividade da cadeia.
As respostas dadas a essa questão apresentam uma significativa correlação com
Risco2 (r= 0,407, nível 0,05) e maior com a Gestão dos Custos (r= 0,496, nível 0,01). As
respostas das empresas indicam que as preocupações principais residem no tangível e
próximo (custos internos, tangíveis), e menos com o que não é visível e mais distante ou
externo, como intangível e cadeia de valor. A postura em relação à cadeia de valor apresenta
uma forte correlação com a postura frente aos custos intangíveis objeto da questão C13 (r=
0,822 no nível 0,01).
4.2.5.17 Receitas ambientais
Q50 C17
São geradas Receitas Ambientais (Vendas de resíduos, Créditos de
Carbono etc.):
3,27 1,84
13
1
3 3
17
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 59 - Receitas ambientais
Fonte: O Autor.
Cerca de 50% das empresas geram receitas ambientais. No entanto, a relação não é
significativa frente a Risco2 e Gestão de Custos. As respostas apresentam alta variabilidade
(média 3,27 para DP 1,84), pois tanto empresas com baixo risco apresentam receita, como
143
empresas com alto risco. Pesquisa divulgada por FIEP (2007), indica que as indústrias do
Paraná têm um grau de conhecimento de bolsa de resíduos em grau 3,6, bastante semelhante
ao resultado desta pesquisa, embora com formulação diferente e numa amostra também
diferente.
Existe uma relação (r=0,305, p=0,075) entre Geração de Receitas ambientais e
tratamento de resíduos (questão Q15/R15), que pode ser expressa como no Gráfico 60,
ordenado pelo grau de tratamento.
0
1
2
3
4
5
6
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
empresa
Grau
Receita
Tratamento
Gráfico 60 - Comparativo Receitas Ambientais e tratamento de resíduos
Fonte: O Autor.
O gráfico mostra que, para nove empresas, o grau de tratamento e o de receitas
ambientais coincidem no grau máximo. Para outras cinco empresas com tratamento em grau
máximo, há geração de receitas nos graus 3 e 4.
4.2.5.18 Custo dos resíduos
Q51 C18 Monitoramos o custo dos resíduos de nossa atividade: 3,92
144
4
3
4
7
19
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 61 - Custo dos resíduos
Fonte: O Autor.
Empresas com baixo e médio risco monitoram igualmente os resíduos, não se
encontrando relação estatística significativa com o Risco2 e Gestão de Custos.
4.2.5.19 Aumento do custo ambiental nos próximos anos
Q52 C19
O custo ambiental de nossa empresa tende a aumentar nos próximos
anos:
3,92
1
3
8
10
14
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 62 - Aumento do custo ambiental nos próximos anos
Fonte: O Autor.
A maior parte das empresas percebe uma tendência de aumento dos custos dos
próximos anos, seguindo o que ocorreu no passado. Essa percepção tem relação com a
percepção do Risco (r= 0,516, nível 0,01) e também com a Gestão de Custos (r= 0,521 nível
0,01), indicando que as empresas esperam que aumente seu custo ambiental e supõe-se em
145
decorrência da gestão ambiental ou do risco. As respostas a essa questão têm boa relação com
os planos de melhoria dos controles de custos, tratados na questão Q58/C25.
4.2.5.20 Impacto do custo ambiental nos produtos e serviços
Q53 C20
O custo ambiental impacta fortemente em nossos produtos ou serviços
diretos:
3,19
4
7
10 10
6
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 63 - Impacto do custo ambiental nos produtos e serviços
Fonte: O Autor.
O impacto dos custos ambientais nos produtos e serviços apresenta uma distribuição
praticamente normal entre as empresas pesquisadas, ou seja, impacta as empresas em grau
variável e com distribuição normal, sendo a média próxima da mediana. A relação estatística
é baixa (r= 0,271 p=0,104) com Risco2 e estatisticamente significativa (r= 0,413 no nível
0,01) com Custos.
4.2.5.21 Contingências ambientais – existência
Q54 C21
Nossa empresa apresenta riscos de contingências ambientais (danos
ambientais que poderão ser definidos, conhecidos ou revelados no
futuro):
3,11 1,41
146
8
3
8
11
6
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 64 - Contingências ambientais – existência
Fonte: O Autor.
Existe uma relação significativa sobre a percepção de existência de riscos
contingenciais, ou Passivos Contingentes (0,381, nível 0,05 com Risco2) e também com os
Custos (0,494 no nível 0,01). Não foi observada diferença entre as empresas com maior ou
menor Risco2, indicando que tanto empresas menor risco quanto empresas com risco alto
percebem potencial de contingências.
4.2.5.22 Contingências ambientais – contabilização
Q55 C22 As contingências ambientais conhecidas são registradas contabilmente:
2,72
10
4
7 7
4
0
2
4
6
8
10
12
1 2 3 4 5
Gráfico 65 - Contingências ambientais – contabilização
Fonte: O Autor.
147
Somente quatro empresas, ou 12,5% responderam que contabilizam suas
contingências ambientais de forma integral e dez empresas (25%) não contabilizam. As
demais o fazem parcialmente. As respostas apresentam boa correlação (r=0,569 no nível 0,01)
com as práticas de Custo, mas não apresentam relação estatística significante com o Risco2.
4.2.5.23 Gastos com educação e divulgação de ações ambientais
Q56 C23
Realizamos gastos com promoção de educação ambiental e divulgação
de ações ambientais:
4,19 1,00
0
2
9
6
20
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 66 - Gastos com educação e divulgação de ações ambientais
Fonte: O Autor.
Todas as empresas informam divulgar suas ações ambientais e promover educação
ambiental. Delas, vinte o fazem em grau máximo, e as demais em graus variáveis. Essas
práticas guardam boa correlação com o Risco2 (r=0,748 no nível 0,01), e também com as
práticas de Gestão de Custos (0,694 no vel 0,01). FIEP (2007) aponta um grau de 2,7 de
comunicação ambiental pelas indústrias do Paraná, inferior ao encontrado nesta pesquisa, que
envolve empresas de grande porte, das quais se espera maior divulgação.
148
4.2.5.24 Ciclo de vida – avaliação dos impactos
Q57 C24
Realizamos avaliação dos impactos no Ciclo de Vida de nossos
Produtos ou serviços:
2,76
14
4
1
4
10
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 67 - Ciclo de vida – avaliação dos impactos
Fonte: O Autor.
Somente dez empresas, representando cerca de 30% das respostas, avaliam os
impactos ambientais no ciclo de vida de seus produtos. Elas apresentam grau de Risco2 médio
de 4,087 e Custo de 3,619. Dentre essas dez empresas que avaliam os impactos, nove
possuem SGA estruturado e também possuem credenciamento ISO14000 ou equivalente, que
recomenda esse procedimento. Conclui-se, a partir dessa constatação, que empresas com
credenciamento ambiental e SGA aderem mais a essa que é considerada uma boa prática pela
literatura (EPSTEIN, 1998); CHEHEBE,1997). Também pesquisa divulgada por FIEP (2007)
indica que as indústrias do Paraná têm conhecimento da matéria no nível de 2,3 na escala até
5, e de 3,1 para consideração de aspectos ambientais em projeto de produtos.
4.2.5.25 Melhoria de controles dos custos ambientais
Q58 C25 Para o futuro pretendemos melhorar os controles dos custos ambientais: 4,70
149
0 0
1
9
27
0
5
10
15
20
25
30
1 2 3 4 5
Gráfico 68 - Melhoria de controles dos custos ambientais
Fonte: O Autor.
Todas as empresas pesquisadas informam ter planos para melhoria dos controles e
custos ambientais no futuro. Esta pesquisa apontou que, de modo geral, as empresas tratam
com deficiência a questão dos custos ambientais, faltando também uma maior integração entre
a Gestão Ambiental e a Gestão dos Custos Ambientais. Situações semelhantes haviam sido
constatadas em pesquisas, como as referenciadas por Souza e Collaziol (2006), Robles Jr.
(2003), Techio da Silva (2003), entre outros. A percepção dessa deficiência pelos gestores é
um importante indicador de tendência de mudança de práticas, para aprimorar estes controles.
As principais deficiências constatadas referem-se à falta de consideração dos custos
intangíveis; falta de análises financeiras integradas aos relatórios ambientais; falta de
consideração dos custos da cadeia de valor e ciclo de vida num contexto de falta de integração
sistêmica.
4.2.5.26 Estimativa de gastos ambientais
Q59 C26
Nossos gastos visando fins ambientais são da ordem de (responder
conforme a graduação abaixo): 1)zero % 2)até 1% 3)de 1,1 a 5% 4)de
5,1 a 10% 5)mais de 10%:
2,93
150
5
7
8
3
6
0
5
10
1 2 3 4 5
Gráfico 69 - Estimativa de gastos ambientais
Fonte: O Autor.
Os custos ambientais das empresas situam-se na ordem média de 4% ou mais, sendo
que para seis empresas (cerca de 15% do total) eles situam-se acima de 10%, não
apresentando correlação estatisticamente significativa com Risco2 e com Custo. Os custos
ambientais calculados de modo geral não contemplam custos indiretos, contingenciais,
externalidades e intangíveis e, por isso, são subestimados. Na Hungria, conforme pesquisa de
Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996), o valor médio dos custos de prevenção eram da ordem
aproximada de 3,52 na mesma escala adotada nesta pesquisa.
4.2.5.27 Divulgação de práticas ambientais
Q60 C27
A divulgação das práticas ambientais de nossa empresa aumenta a
venda de nossos produtos ou serviços:
3,00
6
3
8
11
2
0
5
10
15
1 2 3 4 5
Gráfico 70 - Divulgação de práticas ambientais
Fonte: O Autor.
151
As empresas percebem de forma diferente os resultados de sua divulgação ambiental.
Somente duas empresas (6,6 %) informam que a divulgação aumenta suas vendas. Maior
parte delas acredita que aumentam as vendas de seus produtos e serviços, em graus variados;
no entanto, isso não pôde ser comprovado nesta pesquisa. As 13 empresas que responderam
com grau 4 e 5 apresentaram aumento médio de 14,76% das vendas no ano de 2007, enquanto
o mercado como um todo apresentou média de 13,98%. As análises permitem inferir que não
existe relação estatística significativa entre as práticas de marketing com o Risco2 (r= -0,07
p= 0,69) e Gestão de Custos (r= 0,12, p= 0,51). No Estado do Paraná, a FIEP (2007) informa
um conhecimento sobre “comunicação” ambiental de 2,7 na escala de 5. Essas constatações
são compatíveis com a pesquisa de Motta e Rossi (2003), em que concluíram, em estudo
exploratório na cidade de São Paulo, que a variável ambiental não agrega valor ao produto
para fins de venda quando se trata de bens de conveniência.
4.2.5.28 Custos com proteção de áreas e redução de poluição
Q61 C28
Temos custos com proteção ou recuperação ambiental de áreas ou com
controle ou redução de poluição decorrentes de nossas atividades:
3,92
5
2
4
5
20
0
5
10
15
20
25
1 2 3 4 5
Gráfico 71 - Custos com proteção de áreas e redução de poluição
Fonte: O Autor.
As empresas, de modo geral, apresentam custos com controle e redução de poluição
ou com recuperação ambiental e esses custos não apresentam relação estatisticamente
152
significativa com o Grau de Risco2, enquanto têm relação significativa com Custos (r= 0,
444, nível 0,01).
4.2.5.29 Aumento dos gastos ambientais nos últimos anos
Q62
R09
Os gastos ambientais, investimentos e custos, m aumentado nos
últimos anos.
4,25 1,02
2
0
3
13
18
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5
Gráfico 72 - Aumento de gastos ambientais nos últimos anos
Fonte: O Autor.
Os custos ambientais têm aumentado nos últimos anos para a quase unanimidade das
empresas e tendem a continuar aumentando, conforme as respostas à questão Q52/C19. Na
composição dos índices, essa questão foi reclassificada do bloco Risco, sob número Q09/R09,
atendendo sugestão dos juízes, e após o pré-teste.
Essa visão de passado e tendência futura é acompanhada de planos para melhoria de
suas práticas de Gestão de Custos, examinadas na questão Q58/C25, e isso tende a traduzir-se
em planos e ações na Gestão de Custos, constituindo-se um bom achado para finalizar este
bloco. Apresenta-se no gráfico 73 a visão que os gestores têm para a tendência de aumento de
custos comparativamente com seus planos futuros de melhorias de controles.
153
0
1
2
3
4
5
6
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33
Futuro
Planos
Gráfico 73 - Aumento do custo ambiental x planos de melhoria dos controles
Fonte: O Autor.
Pode-se observar no Gráfico 73 que, exceto uma, todas empresas têm planos de
melhorar a Gestão dos Custos em grau 4 e 5. No entanto, o aumento dos custos é percebido
em grau variável. Mais de 50% das empresas tem uma percepção em mesmo grau da
tendência de aumento de custos e de melhoria nos controles, destacando-se as de maior risco.
4.2.6 Resumo do bloco
Os custos ambientais são, em geral acima de 4%, e, para algumas empresas, acima de
10%. As empresas percebem crescimento contínuo destes custos nos últimos anos e igual
tendência para o futuro. A maior parte das empresas ainda não adota muitos dos mecanismos
de Gestão de Custos recomendados pela literatura. De modo geral os custos ambientais são
subestimados por não contemplarem custos indiretos, intangíveis, contingenciais e
externalidades. No entanto, todas as empresas pretendem melhorar seu processo de controle
dos Custos Ambientais para o futuro.
A Gestão de Custos não é de modo geral integrada à Gestão Ambiental. Essa
integração permitiria conhecer melhor os custos ambientais, avaliar os resultados de suas
decisões de curto e longo prazo, como por exemplo: cálculo do custo ambiental total, retorno
dos investimentos ambientais, custos ambientais da cadeia de valor, custos do ciclo de vida
154
dos produtos e especialmente, custos intangíveis. Na ausência de dados, supõe-se que adotem
ações norteadas pela racionalidade econômica e não pela visão sistêmica de sustentabilidade.
Foi detectada a possível existência de um trade-off entre custos e riscos, preferindo algumas
empresas bancar o risco ambiental a gastar o valor adicional para evitá-lo.
De modo geral as empresas demonstram preocupação para atendimento dos aspectos
legais ambientais. As demandas externas e da cadeia de valor ambiental de modo geral não
são considerada pelas empresas, como se observa pela relativamente baixa preocupação.
Na seção que segue, será apresentada a análise inferencial dos dados e das respostas às
questões acessórias ou secundárias e à questão de pesquisa sobre a relação de Risco
Ambiental e Gestão de Custos Ambientais.
4.3 ANÁLISE INFERENCIAL
Nesta seção são apresentadas as análises de relações entre os construtos Risco
Ambiental e Gestão de Custos Ambientais.
a) Quanto ao Risco percebido, a Gestão Ambiental e o Risco2
Foram criados construtos visando a identificar o risco ambiental percebido pelos
respondentes e o processo de gestão ambiental. Supõe-se que o processo de gestão pode ser
utilizado como proxy do risco, dado que a Gestão Ambiental visa a reduzir os efeitos do Risco
Ambiental. O construto representa o conceito. A grandeza do conceito ou construto é
representada por um índice numérico, obtido pela média dos valores de seus indicadores e
com isso pode ser objeto de representação e análises numéricas e estatísticas. Em
Contabilidade, Liquidez representa um conceito de capacidade de pagamento, enquanto o
Índice de Liquidez representa sua grandeza. Neste trabalho, ao índice também se denominará
Grau. Quando analisados separadamente apresentam a configuração de Risco percebido e
Gestão mostrados no Gráfico 74.
155
1
2
3
4
5
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Empresa
Grau
Risco Perc Gestão
Gráfico 74 - Risco percebido, Gestão Ambiental e a construção do Risco2
Fonte: O Autor.
O Gráfico 74 mostra que existem diferentes graus de percepção do Risco Ambiental e
dos processos de Gestão Ambiental. O Gráfico representa o risco percebido pelos gestores,
obtido pela média das respostas válidas. O risco médio de todas as empresas, mensurado na
escala adotada, é de 3,83 com DP 0,56. Eles variam entre as empresas e pode-se supor que
isso esteja associado, entre outros, ao grau de risco da atividade, como proposto por
Tachizawa (2006).
Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996) escrevem que a percepção dos gestores influirá
na abordagem gerencial estratégica e que os gestores tendem a superestimar o risco visando a
proteger-se de ações judiciais. Esses autores adotaram a medida de atitude ambiental geral”,
encontrando na pesquisa um grau da ordem de 3,88 na escala tipo Likert, de 1 até 5, e que se
sugere apresentar bom grau de comparabilidade com o modelo aqui proposto.
A postura gerencial das empresas varia conforme a percepção de risco e sua
importância estratégica. Essas posturas, conforme Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996) podem
ser Reativa, Pró-ativa, Estratégica ou Crise-preventiva. A maturidade é atingida a partir do
momento em que as empresas adotam uma postura estratégica ou crise-preventiva, indo além
do simples cumprimento das leis, e levam em conta as demandas dos demais stakeholders.
Além disso, conforme Andersen (2007), adotam posturas éticas reparadoras dotadas de perfil
156
ou filantrópicas. Algumas posições podem ser resumidas na adoção de uma postura ativa de
sustentabilidade sistêmica, incluindo os aspectos econômicos, sociais e ambientais.
Observando-se o gráfico 74, existe uma faixa contínua em que o grau de risco é
superior ao grau de gestão, que se até próximo da mediana, no grau de risco 4. A partir do
grau de risco 4, ele passa a ser inferior ao grau de gestão, inferindo um esforço estratégico de
algumas empresas, as de maior risco, para estabelecer um modelo de gestão mais robusto do
que o risco.
É de supor-se que exista um dilema dos Gestores Ambientais de empresas que
apresentam processo de Gestão em grau inferior ao risco que percebem (PORTER; KAMER,
2009). Os gestores ou não percebem o risco, tendo condições objetivas de mitigá-lo, ou
percebem o risco e não têm motivação ou condições objetivas de adotar um processo de
gestão compatível. Os fatores constrangedores poderiam estar associados às políticas, como
por exemplo, o contingenciamento dos gastos ambientais, a preferência ou aversão ao risco e
até a inexistência de tecnologia de eliminação total dos riscos. Essa condição foi evidenciada
em alguns momentos desta pesquisa, quando alguns gestores demonstram a preocupação com
o risco, mas que, por algum motivo, não possuem um processo eficiente, tais como na
afirmativa de um Gestor, num questionário desta pesquisa, que se transcreve:
[...] “operação das (omitido) exigem medidas preventivas que muitas vezes não
surtem eficiência e acidentes acontecem causando danos ambientais que oneram o
orçamento ambiental da empresa [...]”.
Uma primeira investigação no sentido de entender a relação entre Risco e Gestão foi
feita segregando os respondentes em dois grupos: acima e abaixo da média de Risco
percebido, denominados aqui como Baixo Risco e Alto Risco. Foram obtidos os seguintes
resultados:
157
Tabela 15 - Relação Risco Percebido e Gestão Ambiental
GRUPO RISCO PERCEBIDO GESTÃO RISCO2 RELAÇÃO GESTÃO/RISCO
Baixo Risco 3,270 2,918 3,103 89,23 %
Alto Risco 4,19 4,22 4,20 100,68%
Fonte: O Autor.
Examinando-se a Tabela 15, observa-se que as empresas de mais alto risco apresentam
maior grau percentual de gestão em relação ao risco percebido.
Os resultados do pré-teste, confirmados nos testes finais, também indicaram que o
processo de Gestão é uma boa proxy indicativa de Risco, pois as empresas adotariam
mecanismos de gestão na razão direta de sua percepção da existência de risco. Então, a
possibilidade de validade da tese do Risco2, que é composto pela combinação dos blocos
Risco Percebido e Gestão ambiental. Nesse caso, tem-se a configuração de Risco2 mostrada
no Gráfico 75.
Risco2: Risco Percebido e Gestão combinados
1,000
2,000
3,000
4,000
5,000
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Empresa
Grau
Risco Perc Gestão Risco2
Gráfico 75 - Risco2: Risco percebido e Gestão ambiental num único construto
Fonte: O Autor.
Observa-se, no Gráfico 75, ordenado pelo Risco2, que a linha do Risco2, ao incorporar
a gestão como Proxy, passa a ter aspecto mais uniforme, pois a Gestão Ambiental está de certa
forma, moderando o risco que ela pretende eliminar ou mitigar. Essa combinação tem o efeito
158
de incorporar o risco percebido pelos gestores e não contemplado ainda no processo de
gestão. Da mesma forma, mecanismos de gestão superiores ao grau de risco percebido fazem
com o que este risco fique reduzido, ocorrendo o efeito contrário no caso de grau de gestão
inferior, que passa a ser aumentado pelo valor do risco percebido sem o correspondente grau
de gestão.
A hipótese de o questionário captar a existência de um Risco2 poderia ser confirmada
pela diferença do Alfa de Cronbach, quando calculado por bloco e no conjunto, uma vez que,
no conjunto, o Coeficiente foi maior do que no do bloco isolado. A validade dessa constatação
pode ser inferida, além do maior número de variáveis, quando avaliadas as somas totais de
cada bloco das respostas. As questões diretas sobre a percepção do risco apresentam uma
correlação de 0,709 com a Gestão de Custos, e o processo de Gestão apresenta uma correlação
de 0,795, ambas no nível 0,01. Quando somadas as respostas sobre a percepção dos gestores
com o processo de Gestão – aqui denominado Risco2 – a correlação é de 0,816, no nível 0,01.
Supõe-se que o processo de gestão seja indicador mais confiável do que a percepção dos
gestores, pois o gestor tende a super ou subvalorizar o risco, ou então, proteger-se, fornecendo
respostas de conveniência, ou de marketing, enquanto o processo de gestão é mais objetivo e
concreto. Além disso, as questões sobre risco ambiental são diretamente identificáveis a esse
tópico, podendo caracterizar pontos sensíveis ou delicados que ensejariam respostas
convenientes ao invés de mais realistas. Essas constatações sugerem que se deve adotar essa
agregação dos dados para fins de análise.
A distribuição de frequência do Risco2 dos respondentes, com plotagem da curva de
normalidade pode ser observada no Gráfico 76.
Grau
Gráfico 76 - Risco2 – Distribuição de frequência dos respondentes
Fonte: O Autor.
159
O gráfico apresenta uma distribuição que tende para a normalidade e é bicaudal,
indicativo que existe uma distribuição de risco que tende para a normalidade, contendo
extremos de baixo e alto risco, com mediana e moda próximas da média.
4.3.1 A graduação do Risco2
Foi procedida uma classificação do risco (Tabela 16) em função dos valores do Risco2
calculado para cada empresa. A seleção da escala de classificação foi subjetiva e
experimental. Esses valores foram classificados em baixo: mais de 1 desvio padrão abaixo da
média; médio: até 1 desvio padrão acima ou abaixo da média; alto: mais de um DP acima da
média. Com isto, obtém-se a seguinte distribuição das empresas, por Risco2:
Tabela 16 - Graduação do Risco
RESP.
RISCO
GESTÃO
RISCO2
RESP.
RISCO
GESTÃO
RISCO2
RESP. RISCO
GESTÃO
RISCO2
RISCO2 BAIXO 13 3,733 3,538 3,643 27 4,133 4,286 4,207
1 2,333 0,667 1,500 14 3,647 3,643 3,645 28 3,938 4,571 4,233
2 2,706 2,071 2,419 15 3,938 3,571 3,767 29 4,063 4,500 4,267
3 3,176 1,714 2,516 16 4,188 3,333 3,821 30 4,176 4,500 4,323
4 2,529 2,857 2,677 17 4,118 3,538 3,867 31 4,176 4,500 4,323
5 3,500 2,071 2,833 18 4,118 3,538 3,867 32 3,941 4,857 4,355
6 3,313 2,643 3,000 19 3,529 4,500 3,968 33 4,059 4,857 4,419
7 3,333 2,636 3,000 20 4,000 3,929 3,968 34 4,471 4,429 4,452
RISCO2 MÉDIO 21 4,125 3,750 4,000 35 4,235 4,786 4,484
8 3,529 2,500 3,065 22 4,235 3,857 4,065 RISCO2 ALTO
9 2,688 3,857 3,233 23 3,941 4,286 4,097 36 4,471 4,643 4,548
10 3,625 2,857 3,267 24 4,235 3,929 4,097 37 4,588 4,500 4,548
11 4,000 3,000 3,548 25 3,938 4,357 4,133 38 4,625 4,643 4,633
12 3,647 3,571 3,613 26 3,765 4,643 4,161 39 4,765 5,000 4,871
RESP = RESPONDENTE TOTAL
149,530
144,930 147.432
Fonte: O Autor.
160
A Tabela 16 indica o valor do Risco2 em função das respostas às questões.
Dentro desse critério, sete empresas teriam risco baixo; 28 empresas, risco médio e
quatro empresas risco alto. A empresa com menor Risco2 apresenta valor de 1,500 enquanto a
de maior, 4,871. Somente em termos comparativos, 1,500 significaria percentualmente,
aproximadamente 30,00% e 4,871 representaria 97,42% do máximo da escala. A amostra,
como um todo, apresenta uma graduação de Risco2 e Gestão dos Custos com números
próximos, com valores 3,78 para Risco2 e 3,29 para custos. No entanto, examinando-se
isoladamente cada empresa, puderam-se constatar diferenças, que podem ser atribuídas às
posturas gerenciais estratégicas, em que algumas empresas adotam postura reativa, limitando-
se ao cumprimento da lei. Outras vão além, atendendo regulamentos internos, estratégias,
ecoeficiência e até posturas de Responsabilidade Social, com características de filantropia
referenciadas na literatura por Andersen (2006), IFAC (2005), Savitz (2007), Vastag, Kerekes
e Rondinelli (1996), Johnson; Sholles; Whittington (2007), Porter e Kramer (2009), Andrade e
Rossetti (2007).
Procedeu-se a um estudo para verificar se o questionário consegue oferecer resposta à
hipótese sugerida por Vastag Kerekes e Rondinelli (1996) de que as empresas super ou
subestimam o Risco Ambiental. A Tabela 17 apresenta os resultados da pesquisa, comparando
percentualmente o quanto o grau de Risco atribuído pelo Gestor à questão Q12/R12
representa em relação ao Grau de Risco2 calculado a partir do questionário. O critério de
análise foi considerar 20% de afastamento do Risco2, dado que o intervalo escalar é de 20%.
Tabela 17 - Análise de Grau de Risco percebido pelo respondente e Grau de Risco2
Subestimam o Risco Variação menor do que 20% Superestimam o Risco
Resp RA Pesq
R2
Em % Resp RA Pesq
R2
Em % Resp RA Pesq
R2
Em %
1. 1 3,968 25% 11. 4 4,233 94% 24. 5 4,133 121%
2. 2 4,097 49% 12. 4 4,207 95% 25. 5 4,097 122%
3. 2 3,767 53% 13. 4 4,161 96% 26. 5 4,000 125%
4. 2 3,233 62% 14. 5 4,871 103% 27. 5 3,968 126%
5. 1 1,500 67% 15. 5 4,633 108% 28. 5 3,867 129%
6. 3 4,484 67% 16. 4 3,645 110% 29. 5 3,867 129%
7. 3 4,419 68% 17. 5 4,548 110% 30. 4 3,065 131%
Continua...
161
Continuação
Subestimam o Risco Variação menor do que 20% Superestimam o Risco
Resp RA Pesq
R2
Em % Resp RA Pesq
R2
Em % Resp RA Pesq
R2
Em %
8. 3 4,355 69% 18. 5 4,548 110% 31. 5 3,821 131%
9. 3 4,065 74% 19. 4 3,613 111% 32. 4 3,000 133%
10. 2 2,677 75% 20. 5 4,452 112% 33. 5 3,643 137%
21. 5 4,323 116% 34. 5 3,548 141%
22. 5 4,323 116% 35. 4 2,833 141%
23. 5 4,267 117% 36. 5 3,267 153%
37. 5 3,000 167%
38. 5 2,516 199%
39. 5 2,419 207%
Legendas: Resp = Respondente; RA = Risco percebido pelo Gestor; PesqR2 = Risco2 calculado
Fonte: O Autor.
Observa-se, na Tabela 17, que 26 respondentes superestimam o risco em mais de 20%;
13 estão próximos; dez subestimam. Observa-se que 2/3 dos respondentes tem percepção
distante do que as práticas de gestão identificadas e outras percepções apresentam como
efetivo risco ambiental.
4.3.2 Os extremos de percepção dos riscos
Escalas do tipo Likert devem ser capazes de classificar os atributos que estão sendo
avaliados (MALHOTRA, 2001). Um modelo que se utiliza dessa escala deve ser robusto o
suficiente para discriminar com propriedade os extremos nessa mesma escala. Para
acessoriamente verificar isso, foram então examinadas as respostas da empresa com menor
risco e de maior risco. O grau de dispersão das respostas das duas empresas às 17 questões
que compõem o índice Risco percebido pelos gestores pode ser observado no Gráfico 77.
162
0
1
2
3
4
5
6
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
questões
Grau atribuido
Menor
Maior
Gráfico 77 - Dispersão de respostas Maior e Menor Risco percebido
Fonte: O Autor.
De forma geral, coerência nas respostas às diferentes questões. Observa-se que a
empresa de maior risco atribui somente pontos elevados, 4 e 5, enquanto a empresa de menor
risco somente considera três questões relevantes para a avaliação de seu risco, atribuindo para
as demais a resposta Não Aplicável. No entanto, a empresa com menor risco atribuiu ponto
máximo de risco a questão 1 e grau 1 para as outras duas. Porém, a diferença extrema de
risco, quando dos cálculos do Alfa de Cronbach, não os alteram significativamente, indicando
situações isoladas, visto que estão sendo avaliados somente dois respondentes.
Reforçando essa análise, são apresentados os valores captados pelo Construto Risco
Percebido (Tabela 18), em que se destacam Mediana e Modo com valor 1 para o Menor Risco
e com valor 5 para Maior Risco, com médias 2,333 e 4,764.
Tabela 18 - Resumo estatístico de respondentes com menor e maior risco percebidos
RESPONDENTE
MÉDIA
ERRO
PADRÃO
MEDIANA
MODO
DESVIO
PADRÃO
VARIÂNCIA
DA AMOSTRA
MÍN.
MAX.
SOMA
MENOR
RISCO
2,333
1,333
1
1
2,309
5,333
1
5
7
MAIOR
RISCO
4,764
0,106
5
5
0,437
0,191
4
5
81
Fonte: O Autor.
A empresa de menor risco representa um escritório do setor de Comércio Exterior e
não desenvolve atividades comerciais ou industriais e, portanto, esperava-se que apresentasse
baixo risco. A empresa de maior risco percebido é do setor de Energia Elétrica, e esperava-se
que tivesse maior risco do que o de escritórios. Essa constatação é compatível com os
163
ensinamentos de Tachizawa (2006), de que empresas de serviço ou escritórios apresentam
menor risco do que setores mais concentrados.
Quando comparados os valores de Risco2 das duas empresas, elas apresentam valores
de 1,50 (para a de menor Risco2) e 4,87 (para a de maior Risco2).
4.3.3 Sobre a Gestão dos Custos Ambientais
A adesão das empresas aos indicadores contidos no construto Gestão dos Custos
Ambientais é variável (Gráfico 78) com um Grau mínimo de 0,833 e máximo de 4,556, na
escala até 5, com média 3,291 e desvio padrão de 0,728, mediana 3,344 e moda 3,517.
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
3,500
4,000
4,500
5,000
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Empresa
Grau
Custos
Gráfico 78 - Gestão dos Custos Ambientais
Fonte: O Autor.
Pela observação do Gráfico 78, pode-se inferir que as percepções e práticas de Gestão
dos Custos Ambientais apresentam grau diferenciado entre as empresas.
A distribuição de frequência do grau de Gestão dos Custos Ambientais dos
respondentes, com plotagem da curva de normalidade pode ser observada no Gráfico 79.
164
Grau
Gráfico 79 - Distribuição de Frequência e curva normal de Custo
Fonte: O Autor.
Pode-se visualizar no Gráfico 79 a existência de extremos e uma concentração no
nível médio. É importante levar em conta que a amostra é composta pelas maiores empresas
do país e, principalmente, por indústrias. Esse um dos possíveis motivos de observar-se um
intervalo vazio à esquerda, nos níveis mais baixos.
4.4 SOBRE A RELAÇÃO ENTRE RISCO AMBIENTAL E A GESTÃO DOS CUSTOS
AMBIENTAIS
O objetivo principal desta survey é de responder à questão de pesquisa, ou seja,
identificar a relação entre Risco Ambiental e Gestão de Custos Ambientais. Essa questão
decorre principalmente das propostas de Porter e Van Der Linde (1999) de que a questão
ambiental é estratégica, demandando estratégias funcionais para incorporar considerações
ambientais; de Tachizawa (2006) de que as empresas apresentam risco ambiental diferenciado
conforme o grau de concentração; de Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996) de que a percepção
dos gestores sobre o grau de risco ambiental influencia nas posturas e estratégias gerenciais;
de Diehl(2001) de que a Gestão de Custos está relacionada às estratégias das empresas; de
Robles Jr. e Bonelli (2006) de que a Gestão de custos ambientais demanda tratamento contábil
dentro do contexto da qualidade; de Campos(1996) sobre o tratamento contábil dos Custos
Ambientais.
165
A questão de pesquisa agora pode ser respondida. Para isso, demonstram-se as
relações entre os dois construtos, Risco Ambiental (denominado Risco2) e Gestão dos Custos
Ambientais (denominado Custo) em empresas atuantes no Brasil e constantes da amostra.
A Relação entre Risco Ambiental (construto Risco2) e a Gestão dos Custos Ambientais
em empresas atuantes no Brasil constantes da amostra é assim expressa graficamente (Gráfico
80), ordenada pelo Risco, ordem crescente:
1,000
2,000
3,000
4,000
5,000
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39
Empresa
Grau
Risco Ambiental Gestão dos Custos Ambientais
Gráfico 80 - Risco Ambiental e Gestão dos Custos Ambientais
Fonte: O Autor.
Observando-se o Gráfico 80, pode ser constada a existência de correlação positiva
entre os valores dos índices ou graus nos dois construtos analisados. A Gestão de Custos
Ambientais, de modo geral, apresenta valores inferiores ao Risco Ambiental. Essa situação
encontra suporte também nas manifestações dos gestores, que, de um lado, geralmente,
reconhecem a deficiência de tratamento dos custos ambientais e, de outro lado, manifestam
166
intenção de seu aperfeiçoamento. Nesse sentido, pode-se dizer que o Modelo captou as
maiores preocupações dos gestores em relação ao tema.
O r de Pearson é um coeficiente de correlação paramétrico; r é o efeito natural e p, a
probabilidade de inexistência de relação. Pode ser elevado ao quadrado para ter-se uma
medida de variância explicada, expressa como porcentagem. A correlação entre os valores de
Risco Ambiental e Gestão dos Custos Ambientais é assim expressa estatisticamente, calculada
pelo coeficiente de Pearson:
R= 0,816; p = 0,000
Os construtos e subconstrutos apresentam entre si (Tabela 19) as seguintes
correlações estatísticas, calculados pelo coeficiente de Pearson, todas com significância no
nível 0,01:
Tabela 19 - Correlação (entre construtos e subconstrutos)
Risco Gestão Risco2 Custos
Risco
1 0,739 0,903 0,709
Gestão
0,739 1 0,957 0,795
Risco2
0,903 0,957 1
0,816
Custos
0,709 0,795
0,816
1
Fonte: O Autor.
Correlações acima de 0,70 são fortes, segundo Dancey e Reidy (2006), ou altas,
segundo Hair et al. (2005). No caso, r= 0,816 significa,em princípio, que o Risco Ambiental
explica 66,58% da variação da Gestão dos Custos Ambientais, que corresponde à variância.
Mesmo um cálculo não paramétrico, de correlação bivariada, pelo método de
Spearman, apresenta boa relação entre os valores dos construtos, como apresentadas na
Tabela 20, todas no nível 0,01.
167
Tabela 20 – Correlação não-paramétrica ( construtos e subconstrutos)
Risco Gestão Risco2 Custos
Risco 1 0,650 0,848 0,678
Gestão 0,650 1 0,935 0,714
Risco2 0,848 0,935 1
0,756
Custos 0,678 0,714
0,756
1
Fonte: O Autor.
Observa-se, na Tabela 20, que o teste não paramétrico continua a apresentar bom nível
de correlação entre Risco2 e Custos.
Na amostra, Risco Ambiental e Gestão dos Custos Ambientais apresentam a
distribuição e curva de estimação linear do Gráfico 81.
Legenda: o = observações: ____ linear: Custv= Gestão dos Custos Ambientais:
R2_V=Risco Ambiental
Gráfico 81 - Distribuição e estimação linear da relação Risco e Custo
Fonte: O Autor.
168
Pode-se observar, no Gráfico 81, certa linearidade e correlação positiva no
comportamento das variáveis, compatíveis com detalhamentos e fundamentos teóricos
apresentados no decorrer desta dissertação.
Conclui-se, em resposta à questão de pesquisa, que existe uma correlação positiva,
entre o Risco Ambiental e a Gestão dos Custos Ambientais nas empresas atuantes no Brasil
constantes da amostra, de tal forma que os níveis da Gestão dos Custos, em princípio, são
explicados em cerca de 67% pelos níveis de Risco Ambiental, no modelo adotado para
análise. O Risco Ambiental, por sua vez, pode ser explicado tanto pela percepção de risco dos
gestores quanto pelo processo de Gestão, dado que eles são correlacionados em alto grau, no
entanto é mais bem explicado pelo construto Risco2.
No capítulo seguinte são tecidas as considerações finais.
169
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente trabalho, faz-se um esforço no sentido de trazer para o âmbito da
contabilidade considerações socioambientais, visando primeiramente a um entendimento
contextual de um novo paradigma que pode alterar conceitos e formas atualmente dominantes
na contabilidade. Ao entender o contexto, os estudiosos e profissionais da área contábil
podem estruturar os sistemas que permitem melhor captar os dados, analisar as relações de
causa e efeito e fornecer informações para a tomada de decisão.
Nos anos recentes, o aumento das demandas socioambientais implica que a economia,
norteada pelo princípio da racionalidade econômica, incorpore considerações sociais e
ambientais visando à sustentabilidade sistêmica traduzida pelo triple bottom line, ou pelo
conceito de responsabilidade socioambiental.
Para a contabilidade, a busca de uma visão sistêmica torna-se importante neste
momento, para se poder captar nos modelos e processos contábeis as relações de causa e
efeito decorrentes do novo paradigma socioambiental e, com isso, contribuir para o processo
decisório. Para isso, são necessários conceitos, modelos e instrumentos de mensuração e
análise, que esta pesquisa buscou contribuir, dentro dos limites propostos.
A carência de instrumentos para mensuração de Risco ambiental no âmbito das
empresas e a análise de sua relação com a Gestão dos Custos Ambientais demandou criação
de modelos experimentais ou exploratórios. Isso exigiu uma metodologia rigorosa para torná-
los robustos. Inicialmente, um esforço de referencial teórico sistêmico foi importante,
buscando-se nas ciências correlatas o entendimento das mudanças de natureza psicossocial
que vêm ocorrendo. Cuidados especiais foram necessários na preparação do questionário, com
o uso de mais de uma técnica visando à sua confiabilidade e à sua validade. A avaliação do
questionário utilizado mostrou-se muito útil, permitindo corrigir algumas questões. A
avaliação da validade de conteúdo por juízes permitiu melhorar o questionário antes de seu
teste. O pré-teste também permitiu sua melhoria, mediante exclusão de questões que
apresentaram baixo poder explicativo ou de compreensão pelo respondente. O pré-teste do
questionário permitiu, subsidiariamente, verificar se ele foi bem entendido e se seriam obtidas
170
as respostas que se esperava e na forma pretendida para as análises. Com isso, evitaram-se
alterações no projeto durante sua execução, o que poderia comprometer a pesquisa. Esses
cuidados metodológicos forneceram maior segurança na efetivação da survey.
A subdivisão das respostas ao questionário e as análises por blocos permitiram
identificar a percepção de Risco Ambiental, a Gestão Ambiental assim como as práticas de
Gestão dos Custos Ambientais em empresas atuantes no Brasil, constantes da amostra, e que
foram relatadas no Capítulo 4.
As análises às respostas ao questionário permitiram encontrar evidências de que existe
relação entre o Risco Ambiental e a Gestão dos Custos Ambientais. Essa relação pode ser
sintetizada por uma forte correlação, positiva, entre os níveis (também expressos por graus ou
índices) de Risco Ambiental e de Gestão dos Custos Ambientais.
Constatou-se, a exemplo de outras pesquisas, que os custos ambientais vêm crescendo
nos últimos anos e tendem a crescer, e muitas empresas não adotam alguns dos instrumentos
de Gestão dos Custos Ambientais recomendados pela literatura. Elas, no entanto, manifestam
intenção de aperfeiçoar os controles no futuro. Foi constatado também que algumas empresas
adotam posturas ambientais estratégicas, indo além do simples cumprimento da lei, o que leva
a admitir a possibilidade de que, no futuro, não seja incomum observar-se na contabilidade
denominações de custos econômicos, custos sociais, custos ambientais e resultados reportados
nessas três dimensões. Termos como custos intangíveis, custos de externalidades, custos de
internalização de externalidades, poderão ser cada vez mais comuns. É uma oportunidade e
necessidade dos contadores participarem desse processo, o que demanda capacidade de
entendimento e inovação para adaptação ao novo paradigma.
Quanto a outros estudos ficou evidenciado que, no geral, as percepções de risco e
práticas de gestão adotadas por empresas brasileiras constantes da amostra desta pesquisa
assemelham-se com as empresas por eles pesquisadas:
Souza e Collaziol (2006) pesquisaram as práticas de planejamento e controle dos
custos da qualidade, concluindo haver baixa adesão à implantação de um sistema formal de
planejamento e controle dos custos da qualidade, também constatado nesta pesquisa. Souza e
Collaziol (2006) estabeleceram que todas as empresas pesquisadas (num total de 32) possuem
área específica para Gestão do Sistema da Qualidade, contra 80,5% desta pesquisa.
171
Na Hungria, conforme pesquisa de Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996), o valor
médio dos custos de prevenção era da ordem aproximada de 3,52 %, contra cerca de 4%
encontrado nesta pesquisa.
Vastag, Kerekes e Rondinelli (1996) adotaram a medida de “atitude ambiental geral”,
encontrando na pesquisa um grau da ordem de 3,88 na escala tipo Likert, de 1 até 5, e que se
sugere apresentar bom grau de comparabilidade com o modelo aqui proposto, com 3,83.
Os mesmos autores (1996) afirmam que as empresas super ou subestimam o Risco
Ambiental, o que também foi verificado nesta pesquisa.
Vastag Kerekes e Rondinelli (1996) pesquisaram a relação entre risco ambiental e as
abordagens gerenciais ambientais, concluindo haver uma bem definida relação entre ambos, o
que também foi aqui encontrado.
Motta e Rossi (2003) analisaram a influência do fator ecológico nas decisões de
compra de produtos, concluindo que a variável ambiental não é fator motivador de compra.
Isso também se verificou nesta pesquisa, em que as 13 empresas que responderam com grau 4
e 5 apresentaram aumento médio de 14,76% das vendas no ano de 2007, enquanto o mercado
como um todo apresentou média de 13,98%.
Rohrich e Cunha (2004) destacam que as empresas brasileiras apresentam
comportamentos diferenciados quanto às práticas de gestão ambiental, o que também foi
observado neste trabalho.
Maia (2007) estudou o risco ambiental sob a óptica das exigências das instituições
financeiras brasileiras para concederem financiamentos, concluindo que a tendência principal
reside no simples cumprimento da lei, o que também se constitui a maior motivação para
maior parte das empresas aqui pesquisadas.
Souza e Collaziol (2006), que constataram a predominância de níveis de diretor e
gerente acima de 79% para a área de controle de qualidade, em empresas de grande porte.
Vastak, Kerekes e Rondinelli (1996) também verificaram que 70,2% dos gestores ambientais
da Hungria eram compostos por Presidente (27,6%) ou Diretor (42,6%). The Economist
(2008), em sua pesquisa, registrou que 74% das empresas pesquisadas é comandada pela alta
administração, sendo que 24% é comandada pelo Presidente. Esta investigação constatou que,
em grau 4 e 5 , 64% da gestão ambiental é comandada pela Alta Administração.
172
Souza e Collaziol (2006), ao pesquisarem a área de qualidade, relatam que 52,8% das
empresas adotam premiação financeira a funcionários pelo atingimento de metas, contra 59%
constatados nesta pesquisa (incluindo os diversos graus), permitindo inferir que empresas de
amostras diferentes adotam algumas práticas semelhantes.
Constatou-se que Gestão Ambiental, de modo geral, não é tratada de forma integrada
com a Gestão dos Custos Ambientais conforme também concluído por Souza e Collaziol
(2006) e sugerido por Porter e Kramer (2009) e Robles Jr. (2003).
Para a Academia, espera-se que a divulgação deste estudo aumente a familiaridade
com o processo de coleta e análise dos dados, e auxilie na futura condução de surveys na área
contábil. Também as análises proporcionam uma visualização do uso da técnica e da forma
como as empresas avaliam o risco e estruturam seu processo de gestão de custos ambientais e,
ainda, indicação das tendências futuras. Este trabalho poderá ser útil para a preparação de
questionários envolvendo a captação de percepção de gestores e sua tradução em números.
Para as empresas e profissionais, espera-se que este trabalho contribua para melhorar o
entendimento dos fatores determinantes de risco econômico, incorporando considerações
socioambientais, sistêmicas. Espera-se também que, ao aumentar a compreensão da realidade
sobre este tema, auxilie na integração da Gestão Ambiental com a Gestão Econômico-
Financeira das empresas, de modo especial no que se relaciona com a Gestão dos Custos
Ambientais.
5.1 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
No decorrer desta pesquisa, deparou-se com questões que merecem consideração e
estudos mais aprofundados, tais como:
a) a confiabilidade e a validade dos construtos propostos podem ser demonstradas
estatisticamente?
b) quais os motivos pelos quais algumas empresas não adotam mecanismos ou
instrumentos de gestão de custos recomendados pela literatura?
c) existe um trade-off entre custos e qualidade ambiental?
173
d) o que escrevem os autores da área socioambiental que pode ser incorporado nas
considerações contábeis?
Aos pesquisadores da área contábil e econômica, em geral, para que, em pesquisas
envolvendo o tema sustentabilidade sistêmica, no conceito do triple bottom line,
busquem também nas outras ciências sociais referenciais teóricos para o
entendimento sistêmico da natureza das demandas e influências socioambientais.
e) como calcular e considerar os custos das externalidades?
f) como identificar e registrar os custos ambientais intangíveis, no que se refere à
sua formação, manutenção e sua destruição?
g) Identificar níveis e possibilidades de integração entre a Gestão Ambiental e a
Gestão dos Custos Ambientais.
Por fim, espera-se a continuidade desta pesquisa para esta ou outras populações,
adotando-se o questionário e modelo de análise propostos, sugerindo-se
melhorias.
174
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182
APÊNDICES
183
APÊNDICE A : MATRIZ DE CORRELAÇÕES DOS CONSTRUTOS
MATRIZ DE CORRELAÇÕES DOS ÍNDICES OU GRAUS DOS CONSTRUTOS
QUEST
Bloco
Risco Gestão
Risco2
Custo
QUEST
Bloco
Risco
Gestão Risco2 Custo
RISCOV
1
,739
**
,903
**
,709
**
30
G11 ,233
,338
*
,322
,225
GESTV ,739
**
1
,957
**
,795
**
31
G12 ,357
*
,627
**
,565
**
,396
*
R2_V ,903
**
,957
**
1
,816
**
32
G13 ,465
**
,544
**
,558
**
,356
*
CUSTV ,709
**
,795
**
,816
**
1
33
G14 ,436
**
,742
**
,671
**
,391
*
1
R01 ,167
,110
,138
-,107
34
C01 ,592
**
,534
**
,597
**
,685
**
2
R02 ,308
-,068
,099
,248
35
C02 ,451
**
,502
**
,534
**
,687
**
3
R03 ,223
,429
**
,370
*
,253
36
C03 -,153
,064
-,026
-,034
4
R04 ,407
*
,403
*
,437
*
,518
**
37
C04 ,158
,384
*
,317
,476
**
5
R05 ,354
*
,314
,362
*
,507
**
38
C05 ,372
*
,496
**
,488
**
,610
**
6
R06 ,548
**
,563
**
,604
**
,289
39
C06 ,381
*
,439
**
,463
**
,427
**
7
R07 ,426
**
,554
**
,546
**
,408
*
40
C07 ,360
*
,510
**
,490
**
,530
**
8
R08 ,734
**
,648
**
,753
**
,461
**
41
C08 ,518
**
,616
**
,626
**
,687
**
9
R09 reclassificado para Q62/C29
42
C09 ,388
*
,436
**
,457
**
,561
**
10
R10 ,306
,401
*
,395
*
,401
*
43
C10 ,527
**
,582
**
,615
**
,675
**
11
R11 excluída dos blocos e índices
44
C11 ,629
**
,600
**
,670
**
,642
**
12
R12 ,480
**
,100
,278
,356
*
45
C12 ,448
**
,306
,400
*
,479
**
13
R13 ,396
*
-,012
,171
,185
46
C13 ,101
,378
*
,293
,437
*
14
R14 ,694
**
,792
**
,820
**
,478
**
47
C14 ,255
,320
,325
,506
**
15
R15 ,442
**
,606
**
,584
**
,420
*
48
C15 ,224
,402
*
,362
*
,510
**
16
R16 ,608
**
,119
,350
*
,112
49
C16 ,198
,502
**
,407
*
,496
**
17
R17 ,488
**
,357
*
,448
**
,297
50
C17 ,110
,114
,122
,326
*
18
R18 ,537
**
,291
,433
*
,213
51
C18 -,018
-,119
-,083
,175
19
R19 ,511
**
,039
,266
,266
52
C19 ,572
**
,413
*
,516
**
,521
**
Continua...
184
Continuação.
QUEST
Bloco
Risco Gestão
Risco2
Custo
QUEST
Bloco
Risco
Gestão Risco2 Custo
20
G01 ,386
*
,609
**
,568
**
,418
*
53
C20 ,438
**
,122
,271
,413
*
21
G02 ,516
**
,825
**
,745
**
,572
**
54
C21 ,475
**
,273
,381
*
,494
**
22
G03 ,643
**
,829
**
,803
**
,732
**
55
C22 ,220
,331
,316
,569
**
23
G04 ,646
**
,776
**
,791
**
,553
**
56
C23 ,627
**
,729
**
,748
**
,694
**
24
G05 ,484
**
,676
**
,647
**
,443
**
57
C24 ,199
,554
**
,448
**
,507
**
25
G06 ,704
**
,824
**
,847
**
,711
**
58
C25 ,145
,006
,071
,189
26
G07 -,134
,006
-,059
,083
59
C26 ,286
,169
,237
,252
27
G08 ,480
**
,665
**
,645
**
,554
**
60
C27 ,062
-,062
-,012
,221
28
G09 ,529
**
,786
**
,741
**
,590
**
61
C28 ,203
,224
,234
,444
**
29
G10 ,295
,585
**
,504
**
,289
62
C29 ,103
,109
,113
,242
**. Correlação significante no nível 0.01.
**. Correlação significante no nível 0.05.
185
APENDICE B: RESPOSTAS BLOCO RISCO
Q R1
R02
R03
R04
R05
R06
R07
R08
R10
R12
R13
R14
R15
R16
R17
R18
R19
1 4 5 5 1 5 5 5 5 4 3 5 5 5 1 3 3 5
2 2 2 5 5 4 5 5 5 5 4 4 5 5 1 2 1 4
3 4 4 4 1 4 4 5 5 4 5 5 4 3 4 4 3 5
4 3 4 4 4 3 4 4 4 4 4 2 4 4 4 4 3 3
5 1 5 5 5 5 4 5 5 4 5 4 5 5 5 5 4 4
6 1 5 4 N 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 4 5
7 5 N N 5 3 5 5 N 5 N N N N N N 5
8 1 5 5 N 4 5 5 3 5 4 4 5 5 3 3 N 5
9 2 4 5 5 5 4 5 4 5 3 2 5 5 2 4 5 2
10 5 N N N N N N N 1 1 N N N N N N N
11 4 5 5 1 5 5 5 5 4 5 4 4 5 5 1 1 4
12 4 5 5 1 5 5 5 5 4 5 4 4 5 5 5 1 4
13 1 4 5 1 3 5 4 5 3 5 5 5 5 4 5 N 5
14 2 2 5 1 4 5 4 5 4 4 4 4 5 5 5 1 2
15 4 3 5 N 5 5 5 N 3 5 4 5 3 3 3 1 2
16 3 5 4 N 3 5 5 4 5 2 3 5 5 4 4 4 2
17 4 3 3 N 2 N 3 N 5 4 4 3 N 3 3 N 3
18 4 2 4 N 4 2 2 1 5 5 4 2 5 5 5 1 2
19 1 2 5 1 4 5 4 1 5 2 1 4 2 1 2 1 2
20 3 3 3 N 3 2 4 2 5 2 1 3 5 2 3 1 1
21 1 4 5 N 5 5 5 1 4 5 2 2 5 4 4 2 4
22 1 5 4 1 4 1 4 1 4 5 1 1 4 1 4 1 4
23 1 2 4 2 3 4 4 4 5 4 4 3 4 4 4 4 4
24 5 5 3 5 5 5 5 5 5 3 3 4 5 5 5 1 3
Continua...
186
Continuação.
Q R1
R02
R03
R04
R05
R06
R07
R08
R10
R12
R13
R14
R15
R16
R17
R18
R19
26 5 5 5 1 4 5 5 5 5 5 1 5 5 5 5 5 5
27 1 4 5 5 3 5 5 5 5 2 4 5 5 3 4 3 3
28 1 4 5 N 5 5 5 4 5 5 3 5 5 2 5 1 3
29 2 5 5 1 4 5 5 1 5 4 4 4 4 4 2 1 N
30 3 5 4 4 4 4 4 5 5 5 5 4 3 5 3 2 5
31 3 5 4 4 4 4 4 5 5 5 5 4 3 5 3 2 5
32 5 5 2 1 4 4 3 4 4 5 5 5 N 5 5 5 5
33 4 4 5 4 5 5 5 5 5 3 3 5 4 5 5 2 3
34 1 5 4 1 5 2 2 4 5 5 5 1 1 3 2 3 5
35 4 2 5 1 5 5 4 5 5 5 3 5 5 5 5 2 5
36 4 2 5 1 5 5 4 5 5 5 3 5 5 5 5 2 5
37 4 2 5 5 5 5 4 5 5 5 3 5 5 5 5 5 5
38 5 1 5 1 5 5 5 5 5 1 4 4 4 4 4 1 1
39 4 4 5 5 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 4
187
APÊNDICE C:RESPOSTAS BLOCO GESTÃO
Q G01
G02
G03
G04
G05
G06
G07
G08
G09
G10
G11
G12
G13
G14
1 5 5 5 5 4 5 5 5 5 5 4 5 5 5
2 5 5 5 5 1 5 5 5 5 5 4 5 5 5
3 5 1 4 4 2 2 3 1 2 2 2 5 5 4
4 5 5 4 3 3 3 2 2 4 4 4 4 4 4
5 5 5 5 5 4 5 1 5 5 2 5 5 5 5
6 5 5 4 5 5 5 3 5 5 3 5 5 5 5
7 N N N N N N N N 5 N 5 5 N
8 5 5 5 5 1 5 1 5 5 4 4 5 5 5
9 5 5 5 5 4 5 5 5 5 4 5 5 5 5
10 N 1 1 N N N N N N N N N N
11 5 5 4 3 1 5 4 4 5 2 4 5 4 4
12 5 5 4 3 1 5 4 4 5 2 4 5 4 4
13 5 5 5 5 5 2 1 5 5 5 5 5 5 5
14 2 1 1 4 1 5 5 5 5 5 1 5 5 5
15 3 N 3 3 5 3 4 1 1 4 4 5 5 5
16 5 5 2 4 1 4 2 2 4 4 4 4 4 5
17 N N 3 1 3 1 1 3 5 3 N 3 5 1
18 4 1 1 2 1 1 5 1 1 1 4 5 5 5
19 4 1 2 2 1 1 5 1 4 4 4 4 4 3
20 5 5 3 5 2 3 3 4 4 2 3 5 5 5
21 5 1 4 4 1 2 4 2 2 5 1 3 5 1
22 5 1 1 1 1 1 1 5 1 2 4 3 2 1
23 4 1 1 3 1 1 4 1 1 2 4 5 5 2
24 5 4 4 5 3 4 3 3 4 4 4 3 5 3
25 5 5 5 5 5 5 1 5 5 5 5 3 5 5
Continua...
188
Continuação.
Q G01
G02
G03
G04
G05
G06
G07
G08
G09
G10
G11
G12
G13
G14
26 5 5 5 5 4 5 2 5 5 5 4 5 5 5
27 5 5 5 4 3 5 1 3 5 5 4 5 5 5
28 5 5 5 2 4 5 4 2 5 4 5 5 5 5
29 1 1 1 2 1 1 5 1 1 2 4 1 4 4
30 5 1 4 5 1 5 N 5 5 2 3 3 5 2
31 5 1 4 5 1 5 N 5 5 2 3 3 5 2
32 5 1 1 5 N 4 1 4 N 1 4 5 5 4
33 5 5 5 5 4 5 4 5 5 5 5 5 4 5
34 1 1 2 1 1 1 2 2 2 1 5 2 2 1
35 5 5 5 5 4 4 2 5 5 4 4 5 5 5
36 5 5 5 5 4 4 2 5 5 4 4 5 5 5
37 5 5 5 5 4 4 2 5 5 4 4 5 5 5
38 5 5 5 5 5 4 4 4 5 2 4 5 5 5
39 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
189
APÊNDICE D: RESPOSTAS BLOCO CUSTO – PARTE 1
Q C01
C02
C03
C04
C05
C06
C07
C08
C09
C10
C11
C12
C13
C14
1 4 5 5 5 4 5 5 5 5 5 5 5 3 5
2 4 5 1 2 2 5 2 5 5 5 5 4 2 2
3 4 4 2 2 2 4 2 2 4 4 4 4 2 2
4 4 3 4 1 1 3 3 3 4 4 4 3 2 4
5 5 4 5 4 4 4 4 4 5 4 4 5 N 5
6 3 4 1 1 3 3 3 3 5 5 5 5 5 5
7 N N 5 N N N 5 N N N N N N
8 4 5 3 1 3 3 3 5 5 5 5 5 N 4
9 5 5 4 3 4 5 4 5 5 5 5 5 3 4
10 1 N N N N N N N N N N N N
11 5 5 1 1 2 5 5 5 5 5 5 5 1 3
12 5 5 1 1 2 5 5 5 5 5 5 5 1 2
13 3 4 3 2 3 5 2 2 5 5 5 5 2 5
14 5 1 5 1 1 1 1 5 5 5 5 5 1 2
15 5 1 3 N N 1 3 2 2 2 2 4 3 2
16 3 1 5 1 1 1 3 3 1 1 2 2 1 1
17 3 1 3 1 N 1 1 3 5 3 1 3 N 5
18 2 5 N 1 1 1 1 1 N N 1 5 1 5
19 2 1 4 1 1 3 1 1 4 1 1 3 2 4
20 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 4 4
21 5 4 1 1 2 5 4 4 5 5 4 5 1 4
22 3 N N 1 1 N 4 1 2 4 2 3 1 N
23 2 1 3 3 3 3 1 2 2 1 2 1 1 1
24 4 4 3 3 3 3 4 4 5 4 4 3 4 4
25 3 4 1 1 1 5 3 3 5 5 5 5 1 3
26 5 5 1 1 1 5 3 3 5 5 5 5 1 4
27 3 4 5 2 1 4 1 1 4 4 5 5 5 2
28 5 N N N 5 1 4 4 5 5 5 5 N N
29 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5 1 1 1
30 3 4 2 2 1 5 1 3 5 5 5 5 1 5
Continua...
190
Continuação.
Q C01
C02
C03
C04
C05
C06
C07
C08
C09
C10
C11
C12
C13
C14
31 3 4 2 2 1 5 1 3 5 5 5 5 1 5
32 4 5 1 1 5 5 1 1 5 5 5 5 1 4
33 4 5 5 3 4 4 5 5 1 3 4 1 4 5
34 4 4 1 1 2 4 1 1 4 3 3 5 1 4
35 5 3 1 1 4 4 4 4 5 5 4 5 1 5
36 5 3 1 1 4 4 4 4 5 5 4 5 1 5
37 5 3 1 1 4 4 4 4 5 5 4 5 1 5
38 4 5 1 3 5 5 3 1 5 5 5 1 1 3
39 5 5 1 3 4 5 3 5 5 5 5 5 N 5
191
APÊNDICE E: RESPOSTAS BLOCO CUSTO – PARTE 2
Q C15
C16
C17
C18
C19
C20
C21
C22
C23
C24
C25
C26
C27
C28
C29
1 5 3 1 3 4 3 5 4 5 5 5 1 1 5 5
2 1 4 5 5 5 4 2 5 5 4 5 3 4 5 4
3 1 1 5 5 5 4 4 2 3 1 5 2 4 2 5
4 2 2 4 4 3 3 3 3 3 2 4 N 4 4 4
5 4 5 5 5 5 5 4 4 5 4 5 N 5 5 5
6 5 3 3 5 3 4 5 5 5 5 5 N 4 5 5
7 N N N N N N N N N N N N N N N
8 1 1 5 5 5 3 4 N 5 N 5 5 4 4 N
9 4 3 5 4 4 3 2 3 5 4 4 N 4 4 4
10 N N N N 1 1 1 N N N N 1 N N N
11 1 1 5 5 5 2 4 1 5 1 5 3 2 5 5
12 1 1 5 5 5 4 4 1 5 1 5 2 3 5 5
13 2 2 1 4 5 3 3 2 5 1 4 2 2 1 5
14 1 1 1 5 5 4 1 1 5 1 5 5 N 5 5
15 2 3 2 4 3 2 2 1 4 N 4 4 4 5 4
16 1 1 3 3 3 2 3 1 3 1 5 3 3 3 3
17 2 1 1 4 4 3 3 1 3 1 5 3 N 3 5
18 N N 4 4 N 2 1 N 3 N 5 2 3 N 4
19 2 1 1 2 2 2 1 N 3 5 3 3 4 3 4
20 4 4 4 5 3 3 4 3 3 5 5 2 N 5 4
21 2 1 5 5 4 N N N 4 1 5 N 4 5 5
22 1 1 5 5 3 3 1 4 2 1 5 2 1 1 3
23 1 2 1 2 5 2 3 1 2 2 5 3 1 2 5
24 4 4 5 5 3 3 3 3 4 4 4 4 3 4 5
25 1 1 3 5 3 1 3 2 5 1 5 3 2 5 4
Continua...
192
Continuação.
Q C15
C16
C17
C18
C19
C20
C21
C22
C23
C24
C25
C26
C27
C28
C29
26 1 1 5 5 N 3 1 1 5 N 5 5 N 1 4
27 1 3 1 5 2 2 3 5 4 5 5 2 3 5 3
28 N N 5 5 5 1 N N 5 5 5 N N 5 5
29 1 1 5 5 4 4 4 1 4 1 4 N 4 4 5
30 3 1 1 3 5 5 5 3 3 2 5 5 3 5 1
31 3 1 1 3 5 5 5 3 3 2 5 5 3 5 1
32 1 1 5 5 5 5 1 2 5 1 5 3 5 1 5
33 5 5 5 1 4 4 4 3 5 5 5 4 3 3 5
34 4 1 1 4 2 5 5 4 4 1 5 N N 5 4
35 5 3 1 1 4 4 4 4 5 5 4 1 1 5 4
36 5 3 1 1 4 4 4 4 5 5 4 1 1 5 4
37 5 3 1 1 4 4 4 4 5 5 4 1 1 5 4
38 5 N 5 2 4 1 1 1 5 1 5 N N 1 5
39 N 1 5 5 5 5 5 5 5 3 5 5 4 5 5
193
APÊNDICE F: QUESTIONÁRIO ORIGINAL
1. Nossa atividade gera resíduos que não são reutilizáveis
2. Um erro no gerenciamento ambiental pode causar sério problema, exigindo imediata intervenção, não
podendo ser adiada (em função da gravidade dos riscos imediatos)
3. Adotamos rígidos procedimentos operacionais visando evitar multas por infração ambiental e processos
judiciais
4. Possuímos seguro contra Riscos Ambientais
5. Reduzir o risco ambiental é mais importante do que o custo correspondente
6. Nossos funcionários recebem treinamento e educação para reduzir riscos ambientais
7. Buscamos a excelência no desempenho ambiental e temos necessidade de inovação contínua na área
8. Possuímos Mapa de Riscos Ambientais
9. Os gastos ambientais, investimentos e custos, têm aumentado nos últimos anos
10. As operações da empresa dependem de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e licença das autoridades
(LP,LI,LO)
11. Nossas atividades são desenvolvidas próximas a concentrações populacionais
12. Nossa atividade apresenta risco ambiental
13. Enfrentamos pressões externas para redução do risco ambiental em nossas atividades
14. Temos uma estratégia ambiental formalizada e divulgada interna e externamente
15. Possuímos estrutura para tratamento de resíduos (sólidos líquidos ou gasosos)
16. Nossa empresa usa água de forma intensiva (grandes volumes e com alta frequência)
17. Nossa empresa usa energia de forma intensiva (grandes volumes e com alta frequência)
18. Nossa empresa extrai diretamente da natureza grandes volumes de matéria-prima não-renovável ou adquire
de outras empresas que extraem diretamente
19. Os riscos ambientais em nossa atividade ocorrem de forma permanente
20. Nossa empresa possui área específica responsável pelo Sistema de Gestão Ambiental
21. Possuímos certificação Ambiental (ISO 14001 ou equivalente)
22. Adotamos ferramentas para auxiliar a Gestão Ambiental (6 sigma, PDCA, etc.)
23. A gestão ambiental é comandada pela Alta Administração
24. Adotamos um sistema de estímulo financeiro aos funcionários (premiação, gratificação etc.) pelo alcance
de metas de desempenho ambiental
25. Emitimos relatório de desempenho ambiental de forma sistemática e frequente
26. As informações em nossos relatórios ambientais contemplam somente medidas físicas (não-financeiras)
27. Alguns relatórios ambientais são bastante detalhados
28. Adotamos indicadores estratégicos para avaliar a Gestão Ambiental
29. Nossos gastos ambientais visam unicamente o cumprimento das normas legais
30. Exigimos de nossos fornecedores e parceiros o cumprimento da legislação ambiental e de nossos padrões
de desempenho ambiental
31. Nosso sistema de gestão ambiental foi ampliado nos últimos anos
Continua…
194
Continuação.
32. Estão planejadas melhorias futuras no sistema de gestão ambiental e nos instrumentos de controle
33. Nossa empresa realiza auditoria ou inspeções ambientais de forma periódica
34. Os custos ambientais são significativos (relevantes) para nossa empresa ou atividade
35. Nossa empresa controla os Custos Ambientais de forma segregada (destacada, separada) dos demais custos
36. Os Custos Ambientais são contabilizados juntamente com os valores referentes aos Custos da Qualidade,
Saúde ou Segurança
37. Os custos ambientais são contabilizados de forma detalhada (Prevenção, Avaliação, Falhas Internas e
Falhas Externas)
38. Mensuramos os custos ambientais indiretos (comuns com outras atividades
39. O valor dos investimentos em Gestão Ambiental (estação de tratamento, veículos, treinamento,
monitoramento, legalização em órgãos públicos, etc.) é controlado separadamente dos demais investimentos
40. É mensurado o retorno sobre os investimentos na área ambiental
41. São emitidos relatórios periódicos de investimentos e custos ambientais
42. Temos previsão orçamentária para custos da Gestão Ambiental
43. Os custos ambientais realizados são comparados com os custos orçados
44. Há cobrança efetiva sobre o desempenho dos responsáveis pelo orçamento da Gestão Ambiental
45. Os indicadores e relatórios de desempenho ambiental são somente aqueles exigidos pelos órgãos
ambientais de controle)
46. São feitas estimativas de custos ambientais intangíveis (perda de imagem, efeitos da baixa produtividade,
perdas potenciais de clientes, etc.)
47. Os custos ambientais são considerados em novos projetos de forma explícita e objetiva
48. Há estimativa dos custos ambientais como externalidades, isto é, seu custo para a sociedade, em relação
impactos ambientais autorizados e que não são de nossa responsabilidade legal
49. Consideramos também os custos ambientais de outros agentes da cadeia de valor (clientes, fornecedores,
parceiros)
50. São geradas Receitas Ambientais (Vendas de resíduos, Créditos de Carbono, etc.)
51. Monitoramos o custo dos resíduos de nossa atividade
52. O custo ambiental de nossa empresa tende a aumentar nos próximos anos
53. O custo ambiental impacta fortemente em nossos produtos ou serviços diretos
54. Nossa empresa apresenta riscos de contingências ambientais (danos ambientais que poderão ser definidos,
conhecidos ou revelados no futuro)
55. As contingências ambientais conhecidas são registradas contabilmente
56. Realizamos gastos com promoção de educação ambiental e divulgação de ações ambientais
57. Realizamos avaliação dos impactos no Ciclo de Vida de nossos Produtos ou serviços
58. Para o futuro pretendemos melhorar os controles dos custos ambientais
59. Nossos gastos visando fins ambientais são da ordem de (responder conforme a graduação abaixo) 1)zero %
2)até 1% 3)de 1,1 a 5% 4)de 5,1 a 10% 5)mais de 10%
60. A divulgação das práticas ambientais de nossa empresa aumenta a venda de nossos produtos ou serviços
61. Temos custos com proteção ou recuperação ambiental de áreas ou com controle ou redução de poluição
decorrentes de nossas atividades
195
APENDICE G: PRODUÇÃO EXTRACLASSE RELACIONADA AO TEMA
A EMPRESA E O MEIO AMBIENTE FRENTE A TEORIA CONTINGENCIAL.
Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=3065
9>.
A NATUREZA: FONTE DE MATÉRIA-PRIMA PARA O HOMEM? . Disponível em:
<http://www.ces.fgvsp.br/index.cfm/arquivos/index.cfm?fuseaction=noticia&IDnoticia=8337
1&IDidioma=1>.
ANÁLISE CUSTO-BENEFÍCIO APLICÁVEL AO MEIO AMBIENTE. Disponível em:
<http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=24988>.
ESTUDO DE IMPACTO REGULATÓRIO NA CRIAÇÃO DE UCS. Disponível em: <http://
www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=26574>.
FENKER, Eloy A. Impacto Ambiental e Dano Ambiental. Anais. 2.
o
Seminário sobre
sustentabilidade. 26 a 28 set. Curitiba, PR: UNIFAE Centro Universitário São Francisco,
2007.
FENKER, Eloy A. O custo-benefício aplicável à questão ambiental. Terraviva. a. 1. n.5, p.
74, nov. 2008.
FENKER, Eloy A. O Valor econômico da RL e da APP. Terraviva. a. 1, n.8, p. 25, mar.
2009.
GESTAO AMBIENTAL ESTRATÉGICA. Disponível em: <http://www.jornaldomeio
ambiente.com.br/JMA-index_noticias.asp?id=12966> e em: <http://www.mobilizadores.org.
br/COEP/documentos/MT0706260005971y4NgGMfoU7xnK1wfbWNb.rtf>.
GESTÃO CORPORATIVA SOCIOAMBIENTAL :Uma Visão Sistêmica. Disponível em:
<http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=37621>.
IMPACTO AMBIENTAL E DANO AMBIENTAL. Disponível em: <http://www.ambiente
brasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=35501>.
MATA ATLÂNTICA localização e tentativa de ampliação. Disponível em: <http://www.am
bientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=21851>.
196
PIFI PLANO INTEGRADO FLORESTA-INDÚSTRIA. Disponível em: <http://www.ces.
fgvsp.br/index.cfm?fuseaction=noticia&IDnoticia=63307&IDidioma=1>.
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO
PRODUTO. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action
=ler&id=33450>.
SUSTENTABILIDADE: Considerações socioeconômicas do Impacto Ambiental. Disponível
em: <http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=35949>.
VALOR ECONÔMICO DA BIODIVERSIDADE. Disponível em: <http://www.ambiente
brasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=28939>.
VALOR ECONÔMICO DA RESERVA LEGAL E APP INDENIZAÇÃO NA
DESAPROPRIAÇÃO. Disponível em: <http://www.mobilizadores.org.br/COEP/documen
tos/MT07022707197372L761PraLAum81htI5.doc>.
197
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
NÍVEL MESTRADO
AUTORIZAÇÃO
Eu, ELOY ANTONIO FENKER, CPF 074.142.000-78 autorizo o Programa de Mestrado em Ciências
Contábeis da UNISINOS, a disponibilizar a Dissertação de minha autoria sob o título
RISCO
AMBIENTAL E GESTÃO DOS CUSTOS AMBIENTAIS: Um Estudo de sua Relação
em Empresas Atuantes no Brasil
Orientada pelo professor doutor Carlos Alberto Diehl ,para:
Consulta ( X ) Sim ( ) Não
Empréstimo ( X ) Sim ( ) Não
Reprodução:
Parcial ( X ) Sim ( ) Não
Total ( X ) Sim ( ) Não
Divulgar e disponibilizar na Internet gratuitamente, sem ressarcimento dos direitos autorais, o
texto integral da minha Dissertação citada acima, no site do Programa, para fins de leitura e/ou
impressão pela Internet
Parcial ( X ) Sim ( ) Não
Total ( X ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo, especifique:
Sumário: ( X ) Sim ( ) Não
Resumo: ( X ) Sim ( ) Não
Capítulos:( X ) Sim ( ) Não
Quais___TODOS
Bibliografia: ( X ) Sim ( ) Não
Anexos: ( X ) Sim ( ) Não
São Leopoldo, _____/________/__________
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