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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico
Faculdade de Odontologia
Fabio Gambôa Ritto
Estudo clínico randomizado duplo cego comparando duas técnicas de
plicatura nasal após osteotomias tipo Le Fort I.
Rio de Janeiro
2010
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Fabio Gambôa Ritto
Estudo clínico randomizado duplo cego comparando duas técnicas de plicatura nasal
após osteotomias tipo Le Fort I.
Dissertação apresentada, como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre, ao Programa
de Pós-Graduação em Odontologia, da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área
de concentração: Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial.
Orientadores: Prof. Dr. Danilo Passeado Branco Ribeiro
Prof. Dr. Paulo José D’Albuquerque Medeiros
Rio de Janeiro
2010
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CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/CBB
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial dest
a
dissertação.
_
_________________________________ ____________________________
Assinatura Data
R615 Ritto, Fabio Gambôa.
Estudo clínico randomizado duplo cego comparando 2 técnicas de
plicatura nasal após osteotomias tipo Le Fort I / Fabio Gambôa Ritto. –
2010.
49 f.
Orientadores: Danilo Passeado Branco Ribeiro, Paulo Jose
D`Albuquerque Medeiros.
Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Faculdade de Odontologia.
1. Boca – Cirurgia. 2. Nariz – Cirurgia. 3. Técnicas de sutura. 4.
Osteotomia de Le Fort. I. Ribeiro, Danilo Passeado Branco. II. Medeiros,
Paulo José D’Albuquerque. III. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Faculdade de Odontologia. IV. Título.
CDU
616.314
Fabio Gambôa Ritto
Estudo clínico randomizado duplo cego comparando 2 técnicas de plicatura nasal após
osteotomias tipo Le Fort I.
Dissertação apresentada, como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre, ao Programa
de Pós-Graduação em Odontologia, da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área
de concentração: Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial.
Aprovada em 28 de janeiro de 2010.
Orientadores:
_____________________________________________
Prof. Dr. Danilo Passeado Branco Ribeiro
Faculdade de Odontologia da UERJ
_____________________________________________
Prof. Dr. Paulo José D’Albuquerque Medeiros
Faculdade de Odontologia da UERJ
Banca Examinadora:
_____________________________________________
Prof. Dr. Márcio Sayão de Miranda
Faculdade de Odontologia da UERJ
_____________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Daniel Brito Faria
Faculdade de Odontologia da UERJ
_____________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Luiz Melo Gonçalves
Faculdade de Odontologia da UFF
Rio de Janeiro
2010
DEDICATÓRIA
À minha esposa Fernanda, amor da minha vida, e com quem desejo construir uma
família tão formidável quanto à citada abaixo.
À minha família, Antonio Carlos, Maria de Nazareth e Thiago, pela formação do
indivíduo que hoje sou.
AGRADECIMENTOS
À Deus e às Forças Supremas que permitiram a realização deste trabalho.
Aos meus pais que nunca pouparam esforços na minha formação, e abdicaram de tudo
para me proporcionar todo conforto.
Ao meu melhor amigo, e irmão, Thiago, por todos os momentos, conversas, conselhos
e cumplicidade.
Á minha linda esposa, Fernanda, por todo amor, paciência, cumplicidade, carinho,
conselhos, e por fazer minha vida muito melhor!
À minha tia Ana Márcia, que confiou em mim e me acolheu mesmo antes da minha
formação.
À minha “nova” família José Carlos, Rita, Rafael e Juliana, por todo carinho.
Ao meu orientador Danilo, pela amizade, confiança, total disponibilidade, pela
sugestão do tema, e pela ajuda com assuntos que ultrapassaram a orientação deste trabalho.
Ao grande mestre e preceptor Paulo José Medeiros por todas as oportunidades, pela
confiança, e por todos os ensinamentos que não se limitaram à cirurgia Maxilofacial, sendo na
verdade grandes lições de vida.
Ao amigo Eduardo Varela Parente sem o qual este trabalho não teria sido possível.
Graças à sua ajuda espontânea de preencher e arquivar as fichas dos pacientes operados, este
trabalho pôde ser duplo cego, conferindo maior relevância científica. Muito obrigado pela
amizade e por me ajudar a evoluir profissionalmente.
Ao departamento de Prótese Fixa da UERJ que viabilizou o início deste trabalho
emprestando a máquina fotográfica do departamento, em especial aos professores Olívia
Albertina Fraga, Arthur Bessone da Cruz Ferreira, Paulo Eduardo Campos e Angela Maria
Moreira Vidal, que já me aturam desde a graduação.
Ao amigo Ricardo Paraízo Garcia, o grande responsável pela minha evolução como
cirurgião-dentista, por todos os conselhos e orientações que vão muito além da esfera
profissional.
Ao amigo Renato Fraga pela ajuda na montagem da apresentação.
Ao amigo Marcelo Pinhão, pela impressionante curiosidade de pesquisador, que me
motiva a pesquisar mais.
Ao amigo Marcelo Daniel, que me orientou no meu primeiro trabalho científico ainda
na graduação, e continua me dando conselhos indispensáveis.
A todos os pacientes que participaram desta pesquisa.
Aos amigos Gustavo Boasquevisque, Juan José Torres, Alexandre Costa Rangel e
Rafael Cabral que apesar de não terem participado diretamente deste trabalho, estão
indiretamente presentes em tudo que eu faço.
À secretária Luciana pela ajuda no contato com os pacientes.
Aos professores que participaram da minha formação como cirurgião: Márcio Sayão,
Henrique Martins, Roberto Prado, Maurício Andrade, Ramiro Beato, e Rafael Seabra. E a
todos os residentes, igualmente importantes na minha formação, especialmente os que
puderam me ajudar na confecção deste trabalho: Alexandre Canonice, Alexandre Salvaterra,
Ana Luisa, Bruno, Eduardo, Guilherme, Izabella, Raphael, Roberto, Fabrizza e Marcele.
MUITO OBRIGADO!
A resposta é SIM!
Antonio Carlos de Azevedo Ritto
RESUMO
RITTO, Fabio Gambôa. Estudo clínico randomizado duplo cego comparando 2 técnicas de
plicatura nasal após osteotomias tipo Le Fort I. 2010. 49f. Dissertação (Mestrado em
Odontologia) - Faculdade de Odontologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2010.
A correção de deformidades esqueléticas da face por meio de um tratamento
ortodôntico-cirúrgico tornou-se uma opção segura e previsível. Os movimentos ósseos são
milimetricamente calculados e executados cirurgicamente, assim como a oclusão é
meticulosamente engrenada através dos movimentos ortodônticos. Os efeitos que os tecidos
moles sofrem com as cirurgias ortognáticas são, no entanto, menos previsíveis, e apesar do
principal objetivo da cirurgia ortognática ser uma melhora funcional, o componente estético é
sem dúvida de extrema importância. Em especial, a região de base alar apresenta resultados
muito variáveis, a despeito dos bons resultados esqueléticos atingidos. O objetivo deste estudo
foi comparar 2 diferentes tipos de sutura utilizados na região de base do nariz, e observar qual
tipo apresenta um resultado que melhor acompanhe os movimentos realizados pelo tecido
esquelético. Trinta e cinco pacientes foram aleatoriamente distribuídos em 2 grupos. O grupo 1
funcionou como controle e os pacientes receberam a plicatura nasal intra-oral, que é o tipo de
plicatura nasal mais descrito na literatura. Já os pacientes do grupo 2 receberam plicatura nasal
extra-oral. Para análise estatística foram calculadas as médias e desvios padrões dos grupos, e a
hipótese nula de que não havia diferença entre os 2 grupos foi testata com o teste T de Student.
Em ambos os grupos ocorreu um alargamento da base do nariz, porém a média de alargamento
do grupo 1 foi de 2,50 milímetros (mm), enquanto que a média de alargamento do grupo 2 foi
de 1,26 mm. Além disso, o desvio padrão foi menor para o grupo 2, e a hipótese nula foi
rejeitada (p<0,05), demonstrando que a diferença entre os grupos foi estatisticamente
significativa. Pôde-se concluir que quando objetiva-se um controle mais previsível e rigoroso
da base do nariz, a plicatura nasal extra-oral cumprirá melhor esta função.
Palavras-chave: Plicatura nasal. Osteotomia de Le Fort I. Cirurgia ortognática.
ABSTRACT
Correction of skeletic deformities through a surgical-orthodontic approach hás become
a safe and predictable option. Bone movements are meticulously calculated and surgically
executed, while the occlusion is tightly adjusted through orthodontic movements. Soft tissue
response to orthognathic surgery are, however, less predictable, and although the purpose of
the orthognathic surgery is to improve function, the cosmetic component is undoubtedly of
extreme importance. In special the alar base region presents variables results, regardless of the
good skeletic results achieved. The objective of this trial was to compare 2 different sutures
applied to the alar base region, and to analyze which one would present a better result. Thirty
Five patients were randomly distributed into 2 groups. Group 1 received the intraoral nasal
plicature, and worked as the control group, since this is the most conventional type of suture
applied to this region. Patients from group 2 received an extra oral nasal plicature. The
statistical analysis was performed comparing the mean and standard deviation of both groups.
Also, the null hypothesis that there was no difference between the groups was tested with T
Student’s test. Both groups presented wider nasal bases in the postoperative. However, group 1
mean was 2.50 millimeters (mm), while group 2 mean was 1.26. Besides, standard deviation
was lower in the experimental group, and the null hypothesis was rejected (p<.05), showing a
statistical difference between the groups. It can be concluded that when the purpose is to have
a more predictable and rigorous control of the alar base width, the extra oral plicature will
work better.
Keywords: Nasal plicature. Le Fort I osteotomy. Orthognathic surgery.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 –
Figura 2 –
Figura 3 –
Figura 4 –
Figura 5 –
Figura 6 –
Figura 7 –
Figura 8 –
Figura 9 –
Figura 10 –
Gráfico 1 –
Gráfico 2 –
Gráfico 3 –
Gráfico 4 –
Osteotomia tipo Le Fort I........................................................................
Depressão supra ponta..............................................................................
Altura da base alar...................................................................................
sculos da rego nasolabial..................................................................
Apreensão do tecido com pinça...................................................................
Sutura do tecido apreendido previamente...................................................
Agulha perfurando a pele na região de base alar........................................
Reinserção da agulha para a cavidade oral através da perfuração de
saída...............................................................................................................
Aperto da sutura após apreensão do tecido da região de base alar...............
Posicionamento do paciente para aquisição da imagem.........................
Dispersão do alargamento alar no grupo 1..................................................
Dispersão do alargamento alar no grupo 2.................................................
Dispersão do alargamento da base no grupo 1...........................................
Dispersão do alargamento da base no grupo 2...........................................
14
18
18
20
24
24
25
25
26
27
34
34
35
35
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 –
Tabela 2 –
Tabela 3 –
Tabela 4 –
Grau de avanço e impacção nos pacientes do grupo 1 (medidas em
mm)..................................................................................................................
Grau de avanço e impacção nos pacientes do grupo 2 (medidas em
mm).........................................................................................................................
Medidas pré- e pós-operatórias do grupo 1 (medidas em
mm).......................................................................................................................
Medidas pré- e pós-operatórias do grupo 2 (medidas em
mm)...................................................................................................................
30
31
32
33
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
mm –
ENA –
CTBMF –
ENP
HUPE
TCLE –
Milímetros
Espinha nasal anterior
Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial
Espinha nasal posterior
Hospital Universitário Pedro Ernesto
Termo de consentimento livre e esclarecido
SUMÁRIO
1
2
3
4
5
6
INTRODUÇÃO..............................................................................................
REVISÃO DE LITERATURA......................................................................
PROPOSIÇÃO...............................................................................................
PACIENTES E MÉTODOS..........................................................................
RESULTADOS...............................................................................................
DISCUSSÃO...................................................................................................
CONCLUSÕES...............................................................................................
REFERÊNCIAS..............................................................................................
ANEXO A Comitê de Ética em Pesquisa do HUPE.....................................
ANEXO B – Termo de consentimento livre e esclarecido..............................
14
16
22
23
29
36
42
43
48
49
14
INTRODUÇÃO
As deformidades dentofaciais vêm sendo tratadas através de uma abordagem orto-
cirúrgica. Os avanços nas técnicas cirúrgicas como a fixação interna rígida e a cirurgia de
modelo, aliados ao preciso engrenamento ortodôntico no preparo das oclusões, tornaram este
tratamento bastante previsível. Descrita pela primeira vez em 1927 por Wassmund, a
osteotomia do tipo Le Fort I é a técnica cirúrgica mais utilizada para corrigir as deformidades
maxilares. Ela envolve a secção do osso maxilar nos pilares caninos, zigomáticos e pterigóides,
separando desta forma o osso alveolar, processos palatinos e ossos palatinos do restante da
maxila (figura 1). Desta forma a maxila pode ser livremente movimentada nos 3 planos do
espaço, permitindo a correção de diferentes deformidades. O movimento exato que a maxila
irá realizar é definido no plano de tratamento com o auxílio de análises clínicas e radiográficas.
Para obter-se o movimento desejado na cirurgia, splints cirúrgicos, confeccionados durante a
cirurgia de modelos, são utilizados. Depois de se atingir a posição planejada, a maxila é fixada
através dos princípios de fixação interna rígida. Por todos esses motivos, a osteotomia de Le
Fort I tornou-se um procedimento previsível para a obtenção de estabilidade óssea e oclusal.
Figura 1 – Osteotomia tipo Le Fort I
Enquanto mudanças nos tecidos duros podem ser precisamente obtidas aplicando-se a
técnica descrita acima, as alterações nos tecidos moles de cobertura são menos previsíveis. Os
resultados podem ser comprometidos por dificuldade para encontrar-se uma relação fiel entre e
as estruturas dento-esqueletais e o tecido que as cobre, pela não correlação entre os
15
movimentos do tecido duro e do tecido de cobertura, ou por alterações indesejadas nos
músculos e tecidos moles secundárias à cirurgia dento-esquelética.
1
Alterações no tecido mole
ocorrem após qualquer mudança sofrida pelo esqueleto subjacente. A manipulação controlada
da cobertura tecidual é desejada após qualquer tipo de alteração na estrutura esquelética. A
plicatura da base alar é um procedimento que ajuda a controlar as alterações do tecido mole na
região de base alar, após a realização da osteotomia Le Fort I.
2
16
1 REVISÃO DE LITERATURA
Já está bem estabelecido que quando inserções e origens musculares são descoladas, os
músculos tendem a sofrer um encurtamento após a reinserção, o que ocorre em virtude de
contração.
1,3-4
Na técnica de Le Fort I padrão, a maioria das inserções da musculatura facial ao
redor da região nasal, abertura piriforme e aspecto anterolateral da maxila, é desinserida. Isto
significa que as inserções da porção transversa dos músculos nasais, o músculo elevador do
lábio superior e asa do nariz, o músculo elevador do lábio superior, os músculos zigomáticos,
fibras oblíquas do orbicular dos lábios, e o músculo elevador do canto da boca são
rotineiramente desinseridos. O músculo bucinador, no entanto, não é afetado pela cirurgia, e
exerce uma forte tração lateral quando em função. Quando o músculo contrai, ocorre um
movimento lateral do tecido mole na região oronasal. Isto reduz a espessura do lábio superior e
alarga a base do nariz, uma vez que o tecido dessa área é retraído lateralmente.
1,4-5
O controle
desses músculos faciais, de suas inserções, e suas orientações, é a chave para controlar a
espessura do lábio, a largura da base alar, e a morfologia do tecido mole sobrejacente. O
manejo desses músculos faciais está baseado no reposicionamento de suas inserções em uma
posição desejada.
Os músculos faciais possuem 3 funções básicas: animar a superfície e a profundidade
dos elementos móveis da face, suportar os tecidos moles e duros adjacentes unindo-os, e
influenciar no crescimento e na morfogênese do esqueleto facial.
1
Medidas podem ser realizadas de forma direta ou indireta. A antropometria é o método
mais básico de analisar alterações nas dimensões do tecido mole da face através de medidas
diretas, porém apresenta algumas limitações. A compressibilidade dos tecidos moles pode
levar a erros em virtude de diferenças na espessura e consistência dos tecidos. A quantidade de
pressão exercida por paquímetros durante as aferições complicam ainda mais este método.
6
A
fotogrametria por outro lado soluciona alguns desses problemas, mas também apresenta
limitações. De acordo com Farkas, Bryson e Klotz
7
o correto posicionamento da cabeça tanto
no plano vertical e horizontal, é essencial para uma medição correta. Os autores citam que a
marcação de pontos cefalométricos, antes das fotografias, reduz os erros de medida e permite a
identificação do plano de horizontal de Frankfort.
Os benefícios funcionais e melhoras na estética facial são fortes motivadores em
pacientes que decidem ser submetidos a uma cirurgia ortognática. O nariz é uma estrutura
17
fundamental na estética facial, e por isso tem importância crucial no planejamento e na
execução de uma cirurgia ortognática. Procedimentos cirúrgicos bucomaxilofaciais modificam
a relação do nariz com o resto da face, enquanto procedimentos cirúrgicos maxilares alteram a
morfologia básica do nariz. As mudanças nas estruturas nasais podem beneficiar ou prejudicar
o resultado estético, dependendo da anatomia nasal pré cirúrgica, o que deve ser determinado
no exame inicial.
4
É essencial que se tenha um profundo entendimento da anatomia óssea,
cartilaginosa e a muscular, para melhor entender as alterações que ocorrem nos tecidos moles
após uma osteotomia de Le Fort I, assim como conhecer os procedimentos que podem ser
usados para limitar, corrigir, ou exacerbar resultados desejados ou indesejados.
5
Um plano de
tratamento bem elaborado e a previsão do resultado pós operatório dependem da habilidade de
correlacionar a resposta dos tecidos moles do lábio superior e do nariz com o movimento do
osso subjacente.
8
Aplicar as técnicas cirúrgicas recomendadas para prevenir resultados
indesejáveis, ou para melhorar a estética nasal, sem um prévio conhecimento de princípios
anatômicos, levará a resultados variados e distantes do desejado.
9
O nariz é uma estrutura tri-dimensional que se posiciona na face como uma unidade.
Ele deve dessa forma ser avaliado como parte da face, apresentando proporção e equilíbrio. O
equilíbrio geral da face é mais importante do que a forma de partes específicas, o que inclui o
nariz.
9
A avaliação específica do nariz se inicia com a identificação de referências externas.
4
A
raiz do nariz é chamada de radix. O dorso nasal tem início no nível do sulco supratarsal, e
conecta a raiz ao lóbulo do nariz. Na junção do dorso e do lóbulo há uma pequena depressão, a
depressão supra ponta (figura 2). A asa representa a extensão lateral dos lóbulos, que se
estendem até as bochechas e cobrem as aberturas das cavidades nasais, as narinas. A columela
deve projetar-se abaixo de uma linha horizontal traçada da base à asa. De uma vista frontal, a
largura da base alar é igual à distância intercantal, e pode ser acessada desenhando-se uma
linha vertical inferiormente a partir dos cantos mediais dos olhos.
5
18
Figura 2 – Depressão supra ponta
O tamanho, formato e simetria das narinas são melhores inspecionados por uma vista
basal. A base nasal é composta pelo lóbulo da ponta do nariz, columela e asa. A altura da base
alar consiste na altura do lóbulo da ponta, que corresponde a um terço, somado à altura da
columela, ou basicamente a área das narinas, que corresponde a dois terços (figura 3). A
largura no ápice das narinas corresponde à aproximadamente três quartos da largura da base
nasal, na junção da asa com a face. O aspecto lateral da base alar deve demonstrar uma
configuração convexa em sua união com a bochecha, o chamado sulco alar-facial. Muitas
variações anatômicas podem ser vistas nesta área, sendo uma região que demonstra muitas
diferenças inter-raciais.
Altura da columela
Altura do lóbulo da ponta
Figura 3 – Altura da base alar
As cartilagens alares são responsáveis pela estrutura e suporte da ponta e lóbulo nasal.
Estas cartilagens em geral apresentam dois componentes: a cruz medial e a lateral, que se
encontram no ponto mais alto da tenda nasal. A cruz lateral é em geral paralela à rima nasal em
19
aproximadamente metade de seu comprimento, e depois se direciona póstero-superiormente. A
asa do nariz e o sulco formado com a face são desprovidos de cartilagem, consistindo
principalmente de tecido fibroareolar. Pequenas cartilagens remanescentes, chamadas de
cartilagens sesamóide, são encontradas entre as cartilagens nasais.
1,4,9
Os principais músculos da região nasolabial são os músculos nasais (com seus
componentes transversal e alar), dilatador do nariz, depressor do septo nasal, elevador do lábio
superior e asa do nariz, elevador do lábio superior, elevador do ângulo da boca, orbicular dos
lábios, e músculos zigomáticos maior e menor. Funcionalmente pode-se pensar nestes
músculos como 2 grupos – o grupo nasolabial, e o grupo labial (figura 4). O grupo nasolabial
consiste nos músculos mediais, que têm origem nas proximidades do nariz, cursam por sua
borda lateral, e então se inserem na asa, pele do lábio superior e soalho nasal. Os músculos
nasais originam-se na linha media do dorso nasal e expandem lateralmente sobre o aspecto
externo das cartilagens laterais, onde então se fundem com fibras do músculo elevador do lábio
superior. Este grupo corre inferiormente, e parte de suas fibras inserem-se nas fibras do
orbicular dos lábios, enquanto porções mais profundas curvam-se ao redor da cartilagem
lateral inferior, inserindo-se ao longo da abertura piriforme até atingirem a espinha nasal
anterior (ENA). O grupo nasal é importante na determinação da forma do aspecto lateral da asa
do nariz, e da largura transversa do nariz. Fibras do zigomático e de outros músculos não
mencionados agem principalmente retraindo lateral ou látero-superiormente as asas, e terão
importante efeito nos casos cirúrgicos, levando a alargamento da porção alar do nariz. O
músculo orbicular dos lábios possui uma porção oblíqua e uma transversa. A primeira
apresenta um aspecto oblíquo superiormente inserindo-se próximo do rebordo da abertura
piriforme e ENA, enquanto as fibras transversas têm um trajeto mais horizontal cruzando o
lábio. Um exame minucioso deve resultar em uma análise dos fatores positivos e negativos da
estética e função nasais para o paciente. Com isto tem-se base para realização de um plano de
tratamento adequado.
20
Figura 4 – Músculos da região nasolabial
A osteotomia maxilar tipo Le Fort I resulta em alterações significativas em lábios e
nariz. Tipicamente ocorre um alargamento da base alar associado a um achatamento e
afinamento do lábio superior.
2-5,10-15
De acordo com Collins e Epker,
16
alterações na
morfologia nasal externa estão relacionadas tanto à direção quanto à magnitude do movimento
maxilar, sendo que as mudanças mais expressivas ocorrem com reposicionamentos superiores
e/ou anteriores da maxila. Após impacções maxilares há uma tendência à elevação da ponta
nasal, o que pode se tronar excessivo em alguns casos. Alterações similares são vistas em
avanços maxilares, ocorrendo também um fechamento do ângulo nasolabial.
4-5,12
Retrações
cirúrgicas da maxila geralmente resultam em alargamento da base nasal com tendência de
rebaixamento da ponta nasal, e aumento do ângulo nasolabial.
4-5,12
Isto pode resultar em perda
da depressão supra ponta, similar à deformidade nasal em bico de papagaio.
Reposicionamentos inferiores de maxila podem ter repercussões semelhantes com retração
inferior da base alar seguida por uma aparência de columela retraída.
4-5,12
De acordo com Guymon, Crosby e Wolford
2
a base alar alarga após cirurgia maxilar
por diversos motivos como descolamento do periósteo, desinserção de músculos adjacentes ao
nariz, edema que expande a base do nariz, e alterações espaciais do suporte ósseo em uma
direção súpero-inferior. O’Ryan, Schendel e Carlotti
12
defendem que impacções e avanços
maxilares geram o maior grau de alargamento da base alar, possivelmente alterando a
21
conformação das narinas. O alargamento nasal pode ser esteticamente benéfico para alguns
pacientes.
1,17
Pacientes com a síndrome da face longa por exemplo, apresentam tipicamente
um nariz afilado com dorso nasal proeminente. Reposição superior da maxila nesses casos
tendem a alterar a aparência nasal de maneira favorável através do alargamento da base alar.
1
Em alguns casos, no entanto, a largura alar pré-operatória já é suficiente, e qualquer
alargamento prejudicará a estética facial. Alargamentos excessivos da base nasal e retração
superior irão resultar em efeito não estético dependendo do sulco formado entre a asa e o nariz,
conferindo ao paciente uma aparência de mais velho, podendo também resultar em assimetria
alar.
12-13
Ao executar cirurgias maxilares é imperativo que o cirurgião entenda as relações
estéticas faciais pré-operatórias, e antecipe os efeitos que a cirurgia pode produzir na região
nasolabial.
5
O não entendimento desta morfologia nasal pré-operatória, o manejo inapropriado
dos tecidos moles, e falha no reconhecimento da influência das direções dos movimentos
maxilares sobre o nariz são os aspectos que contribuem para um resultado pós-operatório
desfavorável para a estética nasal.
10
Para orientar a musculatura perinasal descolada e controlar a largura da base alar após
uma osteotomia de Le Fort I, diferentes tipos de plicatura da base alar já foram preconizadas.
1-
2,15-16,18-19
A maioria dos autores realiza a plicatura nasal pela apreensão do tecido
fibromuscular e periósteo através da incisão vestibular.
1,16,18
Recentemente alguns autores
15,19
descreveram técnicas para segurar os tecidos da base nasal através da pele.
Apesar de alterações na largura da base alar e estética nasal já terem sido referenciadas
na literatura, não há estudo clínico recente que documente a magnitude do alargamento da base
nasal após cirurgia maxilar, especialmente comparando 2 diferentes tipos de plicatura nasais
usados para o controle do alargamento nasal. Os dados coletados neste estudo provêm
informações novas e úteis na previsão das alterações no tecido mole quando técnicas de
plicatura nasal são utilizadas.
22
2 PROPOSIÇÃO
O objetivo deste estudo clínico foi o de comparar, através de antropometria indireta
com fotografias, a eficácia de 2 diferentes tipos de sutura para plicatura da base do nariz
quando aplicados no controle do alargamento da base nasal, após avanços e impacções
maxilares através de osteotomia do tipo Le Fort I.
23
3 PACIENTES E MÉTODOS
Pacientes encaminhados ao Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) no Rio de
Janeiro, com necessidade de cirurgia ortognática envolvendo o osso maxilar, foram candidatos
à inclusão neste estudo. Todos os pacientes receberam algum grau de preparo ortodôntico para
alinhar os dentes nas bases ósseas e coordenar os arcos dentários. As cirurgias foram
executadas por professores e alunos da pós-graduação do serviço de Cirurgia e Traumatologia
Buco-Maxilo-Facial (CTBMF) do HUPE. Os critérios para inclusão no estudo foram os
seguintes: (1) cirurgia maxilar tipo Le Fort I em 1 segmento; (2) avanço maxilar maior ou igual
a 3 milímetros (mm), ou impacção maxilar maior ou igual a 3 mm; (3) ausência de fendas; (4)
ausência de crescimento; (5) ausência de história de trauma com fraturas de ossos da face; (6)
ausência de história de procedimentos cirúrgicos na região nasal; (7) ausência de assimetrias
faciais; (8) ausência de complicações pós-operatórias.
Os procedimentos cirúrgicos foram realizados utilizando-se uma incisão em fundo de
vestíbulo de segundo pré-molar a segundo pré-molar. Todas as osteotomias foram realizadas
superiormente à ENA, com preservação desta estrutura. A maxila foi fixada ridigamente com
miniplacas e parafusos após atingir-se o plano de tratamento almejado. Antes do fechamento
da incisão intra-oral, a base alar foi suturada. Os pacientes foram aleatoriamente distribuídos
para receber 2 diferentes tipos de plicatura nasal.
O número de matrícula do paciente no HUPE foi utilizado para alocar aleatoriamente
os pacientes: pacientes com número de matrícula ímpar foram agrupados no grupo 1, enquanto
os pacientes com números pares de matrícula foram alocados no grupo 2. Este número de
matrícula não é específico para o departamento de CTBMF, é um número utilizado por todos
os departamentos do hospital, que possui uma média diária de 200 novos pacientes. O autor
responsável pelo preparo das imagens e medições não esteve presente durante as cirurgias, e
não tinha ciência do número de matrícula do paciente, que ficou guardado em um envelope
com as informações sobre a cirurgia do paciente. Os pacientes não foram informados sobre os
critérios de divisão dos grupos, e nem que tipo de sutura receberam.
Após finalizada a cirurgia maxilar e antes do fechamento da mucosa, os pacientes do
grupo 1 receberam a plicatura nasal da seguinte maneira: com o lábio superior retraído
superiormente pelo dedo polegar, o indicador foi usado para aplicar pressão extra-oral na
região de base alar, e o tecido foi apreendido por uma pinça denteada através da incisão intra-
24
oral. O lábio foi então relaxado e a pinça puxada para o lado oposto, avaliando-se o movimento
na região de base alar. Se o cirurgião julgasse satisfatório, um fio de sutura 0 não absorvível
monofilamentado era passado através do tecido previamente apreendido pela pinça. O mesmo
procedimento era aplicado ao lado oposto. Após passar em ambos os lados a sutura era
apertada com atenção na região de base alar. Se a resposta fosse julgada inadequada, a sutura
era solta e o procedimento reiniciado. Se a plicatura nasal estivesse adequada, a incisão
vestibular era então fechada de forma rotineira, sem a utilização de sutura tipo V-Y (figuras 5 e
6).
Figura 5 – Apreensão do tecido com pinça
Figura 6 – Sutura do tecido apreendido previamente
No grupo 2 a plicatura nasal foi executada de maneira diferente: um fio de sutura 0 não
absorvível e monofilamentado com uma agulha espessa foi utilizado para transseccionar os
tecidos da base alar, entrando pela incisão intra-oral e saindo, na pele da união da asa com a
face. A agulha era então reinserida na cavidade oral através do mesmo ponto de saída na pele
(por este motivo a técnica é mais bem executada com uma agulha espessa, de forma a facilitar
25
a reinserção através do mesmo orifício de saída na pele). Após atravessar a pele e antes de sair
na incisão intra-oral, a direção da agulha era alterada. Desta forma a sutura apreendia o tecido
da base alar e permanecia sob a pele. O lábio era então solto e a sutura puxada para o lado
oposto para checar o movimento da base alar. Se o cirurgião julgasse satisfatório. O mesmo
procedimento era aplicado ao lado oposto. Após passar em ambos os lados a sutura era
apertada com atenção na região de base alar. Se a resposta fosse julgada inadequada, a sutura
era solta e o procedimento reiniciado. Se a plicatura nasal fosse estivesse adequada, a incisão
vestibular era então fechada de forma rotineira, sem a utilização de sutura tipo V-Y (figuras 7,
8 e 9).
Figura 7 – Agulha perfurando a pele na região de base alar
Figura 8 – Reinserção da agulha para a cavidade oral através da perfuração de saída
26
Figura 9 – Aperto da sutura após apreensão do tecido da região de base alar
A fotografia inicial foi realizada nas duas semanas antecedentes a cirurgia, enquanto a
fotografia final, com pelo menos 3 meses de pós-operatório. Medições transoperatórias da
região nasal não foram realizadas em virtude da presença do tubo nasotraqueal. Fotografias
padronizadas em uma vista submentoniana obliqua, conforme descrito por Ettorre, Weber,
Schaaf, Lowry, Mommaerts e Howaldt,
20
foram feitas com uma câmera digital Canon Rebel
XSI (Canon Inc, Japão), uma lente 18-55mm (Canon Inc, Japão) e o flash da própria câmera,
na resolução máxima da máquina fotográfica (12 mega pixels 4272x2848). Solicitava-se ao
paciente que inclinasse a cabeça para posterior, até que uma linha imaginária ligando as
comissuras labiais atingisse o nível das hélices das orelhas. Uma corrente foi pendurada ao teto
para ter-se a referência do plano vertical verdadeiro, e a cabeça do paciente foi posicionada de
forma que o plano bipupilar permanecesse paralelo ao solo, não permitindo uma rotação do
eixo mento-occipital. Os pacientes eram então orientados a fixar o olhar em algum ponto do
teto, enquanto o ponto focal foi direcionado para a junção do lábio com a columela nasal. Uma
distância constante de 1,60 metros do paciente para a câmera foi obtida com marcas no chão, e
um tripé WT 3730 (Weifeng Corp, China) foi utilizado para suportar a câmera, permitindo que
o eixo óptico das lentes permanecesse paralelo ao ponto focal durante a obtenção da imagem.
21
Uma escala vertical milimetrada foi posicionada ao lado dos pacientes, no nível da base do
nariz.
Medidas antropométricas indiretas foram realizadas nas fotografias digitais processadas
no programa Photoshop 7.0 (Adobe System Inc, São José, Califórnia). Os seguintes pontos
cefalométricos da face e nariz foram selecionados:
27
Alar direito e esquerdo: ponto mais lateral na borda externa da asa;
Subalar direito esquerdo: ponto da inserção alar, porção mais caudal do
sulco nasolabial.
As fotografias foram orientadas alinhando-se a linha vertical verdadeira, dada pela
corrente, à linha vertical do monitor do computador, com o auxílio da ferramenta single colum
marquee roll. A ferramenta pencil com um diâmetro de 1 pixel foi utilizada para marcar os
pontos descritos acima, além de marcar a distância de 10mm na escala milimétrica. Uma régua
de pixel (ferramenta measure) foi então inserida sobre a imagem e 3 medidas foram feitas em
seqüência, e em seguida repetidas 2 vezes: 10mm na escala milimétrica; Alar esquerdo para
Alar direito, e Subalar esquerdo para Subalar direito (figura 10). Uma simples regra de 3 foi
então aplicada para converter pixels em mm. Todas as imagens foram adquiridas, preparadas e
medidas pelo mesmo pesquisador (F.G.R.). Para obtenção das alterações ocorridas na região
nasal, as medidas obtidas nas imagens pré-operatórias foram subtraídas das medidas obtidas no
pós-operatório. Sendo assim, valores positivos foram atribuídos aos alargamentos da região
nasal, enquanto valores negativos foram atribuídos ao estreitamento desta região.
Figura 10 – Posicionamento do paciente para aquisição da imagem
28
No presente estudo foi testada a hipótese nula que o método de plicatura nasal extra-
oral, após uma osteotomia tipo Le Fort I para correção de deformidades dentofaciais, mantém
de forma semelhante a largura da base alar prévia de um paciente, quando comparada ao
método de plicatura intra-oral.
29
4 RESULTADOS
Este estudo avaliou 38 pacientes (17 homens e 21 mulheres) operados no HUPE de
fevereiro a julho de 2009. Durante este período, 84 pacientes foram submetidos à cirurgia
ortognática no HUPE, porém, apenas 38 foram elegíveis para participar do estudo. Todos os
pacientes concordaram em participar e assinaram um termo de consentimento.
O grupo 1 comportou 15 pacientes (7 homens e 8 mulheres), enquanto o grupo 2, 20
pacientes (8 homens e 12 mulheres). Um paciente (17) foi eliminado em virtude de infecção
pós-operatória, e 2 pacientes (22 e 29) não retornaram para as fotografias finais. Os
movimentos cirúrgicos de cada paciente estão expostos nas tabelas 1 e 2. O tempo decorrente
entre a cirurgia e a foto final foi em média 5 meses (mínimo 3,5 e máximo 9 meses).
As tabelas 3 e 4 mostram as medidas pré- e pós-operatórias de cada paciente dos grupo
1 e 2 respectivamente, assim como as médias e os desvios padrões. Dois pacientes do grupo 2
(30 e 31) apresentaram resultados muito discrepantes, provavelmente devido a algum erro nos
processos de aquisição, edição, e medição das imagens. Por orientação do estatístico estes
pacientes foram desconsiderados no cálculo da média e do desvio padrão do grupo 2. Com os
dados coletados para a presente pesquisa foi aplicado o teste T de Welch (varião do teste T
Student usado quando o desvio padrão dos grupos pode ser diferentes) para comparação das
médias aritméticas das diferenças entre as medidas pré- e pós-operatória dos grupos 1 e 2.
Considerando significância estatística de 5% (alpha) e um teste bi-caudal, chegou-se a
evidência estatística de que a hipótese nula foi rejeitada dados os resultados obtidos das
amostras (p<0,05). Ou seja, podemos concluir que é improvável que as médias dos dois
grupos sejam iguais, o que significa que os dois procedimentos geram resultados
diferentes. Portanto houve diferença estastica entre as plicaturas analisadas, com a plicatura
extra-oral demonstrando melhores resultados no controle pós-operatório do tecido mole na
região de base e asa nasal. Vale salientar que 4 pacientes do grupo 2 apresentaram medidas
pós-operatórias menores do que as pré-operatórias.
Os gráficos 1 a 4 mostram a dispersão dentro de cada grupo para a resposta nas regiões
de asa e base alar. É possível ver pelo gráfico 4, que a despeito de 2 pacientes com resultados
distantes, os resultados concentram-se próximos, sugerindo que a plicatura extra-oral seja um
método mais previsível quanto ao controle da resposta do tecido mole.
30
Tabela 1 – Grau de avanço e impacção nos pacientes do grupo 1 (medidas em mm)
Paciente Avanço Impacção no incisivo
5 3 4
6 3
9 5
11 2 4
14 4,5
15 2 3
21 5
24 2 8
25 3 4
26 5
27 3 2
33 2 4
35 4
36 2 6
37 3 4
31
Tabela 2 – Grau de avanço e impacção nos pacientes do grupo 2 (medidas em mm)
Paciente Avanço Impacção no incisivo
1 1 3
2 3 5
3 5
4 2 3
7 3
8 5
10 3 4
12 4
13 5
16 2 4
18 5
19 5 1
20 4
23 4
28 4 3
30 5
31 4 5
32 2 3
34 4 5
38 5 3
32
Tabela 3 – Medidas pré- e pós-operatórias do grupo 1 (medidas em mm)
Paciente Asa pré Asa pós Diferença Base pré Base pós Diferença
5 40,00 42,26 2,26 31,27 34,67 3,40
6 38,10 40,00 1,90 37,56 39,11 1,55
9 37,40 40,65 3,25 31,96 34,84 2,88
11 35,53 37,58 2,05 32,20 33,41 1,21
14 35,00 36,15 1,15 31,95 33,59 1,64
15 37,33 39,61 2,28 32,41 36,28 3,87
21 37,00 38,97 1,97 32,58 34,61 2,03
24 39,99 42,63 2,64 33,59 36,09 2,50
25 43,51 45,76 2,25 35,32 39,51 4,19
26 32,78 37,27 4,49 31,39 32,00 ,61
27 29,62 32,64 3,02 28,33 31,07 2,74
33 35,19 35,75 ,56 30,88 31,75 ,87
35 39,58 41,82 2,24 35,72 38,97 3,25
36 34,56 36,65 2,09 30,92 33,15 2,23
37 31,42 33,98 2,56 25,45 30,02 4,57
MÉDIA
2,31 2,50
DESVIO
PADRÃO
0,89 1,21
33
Tabela 4 – Medidas pré- e pós-operatórias do grupo 2 (medidas em mm)
Paciente Asa pré Asa pós Resultado Base pré Base pós Resultado
1 32,39 35,14 2,75 28,07 32,00 3,93
2 29,16 31,22 2,06 28,90 29,82 ,92
3 43,13 42,59 -,54 36,88 36,75 -,13
4 36,47 37,65 1,18 34,37 35,11 ,74
7 41,46 44,52 3,06 37,12 38,57 1,45
8 31,53 31,32 -,21 27,09 27,94 ,85
10 39,26 40,65 1,39 35,56 35,13 -,43
12 42,12 43,59 1,47 37,20 39,74 2,54
13 40,75 41,27 ,52 36,13 38,24 2,11
16 31,16 33,06 1,90 29,15 31,47 2,32
18 32,19 34,62 2,43 28,44 30,15 1,71
19 35,00 34,74 -,26 28,44 29,61 1,77
20 35,91 37,21 1,30 34,86 35,46 ,60
23 40,89 42,98 2,09 38,48 40,00 1,52
28 32,95 36,18 3,23 29,75 31,59 1,84
30 33,46 37,71 4,25 27,01 32,83 5,82
31 41,29 38,72 -2,57 37,60 32,33 -5,27
32 33,41 34,87 1,46 29,75 30,63 ,88
34 37,18 38,32 1,14 33,40 34,43 1,03
38 35,90 36,17 ,27 32,43 33,61 1,18
MÉDIA
1,40 1,38
DESVIO
PADRÃO
1,12 1,01
34
Gráfico 1 – Dispersão do alargamento alar no grupo 1
Gráfico 2 – Dispersão do alargamento alar no grupo 2
35
Gráfico 3 – Dispersão do alargamento da base no grupo 1
Gráfico 4 – Dispersão do alargamento da base no grupo 2
36
5 DISCUSSÃO
O tempo de pós-operatório necessário para avaliação dos efeitos que uma cirurgia
ortognática terá nos tecidos moles da face não é um consenso, tendo sido sugeridos 4, 6, 10 e
12 meses.
8,22-23
Nossa opinião é que este tempo é variável dependendo da região que se quer
avaliar, sendo que a largura da base alar pode ser obtida com pelo menos 3 meses de pós
operatório. Outro importante fator na avaliação da resposta dos tecidos moles, é que as
medidas finais devem ser realizadas sob as mesmas condições das medidas iniciais, incluindo a
presença ou ausência de dispositivos ortodônticos.
Em um grupo de 10 pacientes submetidos a impacções maxilares, Schendel e
Williamson
3
aferiram fotografias pré- e pós-operatórias de 8 pacientes para avaliar a largura
externa (registrada entre as bordas externas das asas) e a largura interna (registrada entre as
junções das asas nasais com o soalho nasal) da base alar. Todos os pacientes receberam
plicatura nasal descrita por Schendel e Delaire,
1
com exceção de 2 pacientes, que
intencionalmente tiveram suas bases alares expandidas, e por este motivo não foram incluídos
nas análises. O tempo médio de acompanhamento pós-operatório foi de 4 meses, e a média de
alargamento da largura externa foi de 0,9mm, enquanto a média na largura interna foi de
0,6mm. Os autores não encontraram diferenças estatísticas significantes após aplicarem o teste
de Wilcoxon signed-rank. Vale ressaltar no entanto, que a amostra dos autores foi muito
pequena para aplicação de testes estatísticos. Neste caso estaria mais indicado a aplicação de
uma estatística puramente descritiva. Além disso, o teste de Wilcoxon signe-rank é um teste
que avalia variáveis não paramétricas, e a variável do estudo é numérica e contínua, ou seja,
paramétrica.
Exceto por pequenas diferenças como o uso de pinças ou ganchos de pele, as técnicas
descritas por Schendel e Delaire
1
e Collins e Epker
16
são bastante similares. Collins e
Epker,
16
no entanto, sugerem que o paciente seja extubado para que o aperto da plicatura nasal
seja realizado, além de aplicarem suturas transnasais para suportarem sondas que são deixadas
em posição por 10 dias. Esta sugestão parece um tanto perigosa e desconfortável para o
paciente. Loh
19
descreveu uma técnica para ser utilizada após o paciente ter sido extubado, e
que pode ser regulada de acordo com o gosto do paciente.
Phillips, Devereux, Tulloch e Tucker
22
analisaram 30 pacientes entre 15 e 55 anos
(média de 25,2 anos) submetidos a impacções maxilares não segmentadas com a incisão
37
padrão e fechamento em V-Y. A média de reposicionamento superior foi de 4,1mm na espinha
nasal posterior (ENP) e de 4,6mm na ENA. Fotografias frontais foram realizadas no pré-
operatório e em média 10 meses após a cirurgia (variação de 6 a 18 meses). A média de
alargamento no maior diâmetro da asa nasal foi de 3,4mm, enquanto que a largura do ponto
mais inferior da asa aumentou 2,7mm. Os autores concluíram que as alterações observadas nos
tecidos moles da região alar e labial superior, podem ser geradas pelo tipo de incisão realizado,
podendo não estar diretamente relacionado às alterações nos tecidos duros.
Hackney, Nishioka e Van Sickels
24
também encontraram um alargamento da base
alar, a despeito da realização da plicatura nasal e do fechamento em V-Y. O objetivo dos
autores, contudo, foi analisar a exposição do vermelhão labial superior, e a metodologia foi
insatisfatória para tirar-se alguma conclusão para a região de base alar.
Westermark, Bystedt, Von Konow e Sallstrom
17
avaliaram retrospectivamente 55
pacientes submetidos a osteotomia tipo Le Fort I, para avanços ou impacções maxilares.
Destes pacientes, 38 receberam plicatura nasal antes do fechamento da mucosa, e 17 não
receberam, porém em todos os casos as ENA foram removidas. As medidas foram realizadas
diretamente nos pacientes com um paquímetro deslizante e o tempo mínimo de
acompanhamento pós-operatório foi de 6 meses. Os 38 casos que receberam plicatura nasal
tiveram um alargamento médio da base nasal de 1,6mm, enquanto que os 17 casos que não
receberam a plicatura nasal apresentaram um alargamento de 2,3mm em média. A diferença
foi significante com p<.04. Assim como Rosen,
8
os autores encontraram correlação entre o
alargamento alar e o grau de impacção ou avanço maxilar, porém comparando os resultados de
Westermark, Bystedt, Von Konow e Sallstrom
17
com os de Guymon, Crosby e Wolford
2
nos pacientes que não receberam plicatura, houve um menor alargamento (2,3 x 3,4mm).
Guymon, Crosby e Wolford
2
encontraram um alargamento de 2,89% nos casos com plicatura,
e de 10,75% nos casos sem plicatura, enquanto que Westermark, Bystedt, Von Konow e
Sallstrom
17
obtiveram aumentos de 4,6% e 6,9% respectivamente.
Rosenberg, Muradin e van der Bilt
13
analisaram 51 casos de Le Fort I onde a plicatura
nasal não foi utilizada, e a ENA não foi removida, com fechamento da incisão intra-oral em V-
Y. Os pacientes foram divididos em 4 subgrupos: impacção, avanço, impacção com avanço, e
impacção dorsal. Após utilizarem análise regressiva, os autores não encontraram diferenças
estatísticas significantes com relação ao maior diâmetro alar.
Betts, K. W. Vig, P.Vig, Spalding e Fonseca
25
analisaram em estudo retrospectivo os
modelos de gesso de 32 narizes de pacientes submetidos a osteotomia Le Fort I, dos quais 7
38
receberam plicatura nasal, 27 receberam fechamento da incisão em V-Y, e 6 receberam
osteoplastia na ENA. Os modelos foram confeccionados no pré-operatório e no primeiro ano
de pós-operatório. Tanto a largura da base nasal quanto a distância entre os pontos mais
externos das asas foram avaliados. Os autores encontraram um alargamento médio na largura
da base alar de 9%, e no maior diâmetro das asas de 7%. Um achado interessante foi que a
base alar dos pacientes que receberam plicatura nasal alargou mais. Além disso, bases estreitas
no pré-operatório apresentaram alargamentos maiores, em média, do que as bases nasais que já
se apresentavam largas no pré-operatório. De acordo com os autores, a técnica de plicatura
nasal deve ser aplicada com cuidado, pois caso ela não atinja seu objetivo primordial, ela pode
ser prejudicial.
Um aumento de 2 a 4 mm na largura da asa do nariz é um achado consistente com a
realização osteotomia Le Fort I para intrusões maxilares não segmentadas com a utilização dos
fechamentos padrões de tecido mole associado ao V-Y.
22
No presente estudo foi obtido um
alargamento de 2,5 mmm para a plicatura intra-oral, compatível com outros estudos,
2,8,17,22
porém a média de alargamento quando a plicatura extra-oral foi utilizada ficou inferior a 2
mm, sendo de 1,26 mm.
Schendel e Delaire
1
colocam que foram capazes de eliminar a necessidade de um
segundo procedimento para corrigir o alargamento da base alar após cirurgias maxilares. De
acordo com os autores a chave para isso foi o restabelecimento do suporte das cartilagens
alares pela porção transversa do músculo nasal, através de uma sutura não-reabsorvível
cruzando a linha média. Além disso, um fechamento em V-Y concomitante com a sutura nasal
foi considerada crucial para atingir-se os resultados.
1,3
Guymon, Crosby e Wolford
2
avaliaram em estudo retrospectivo 28 pacientes
submetidos a osteotomias maxilares para reposicionamentos anteriores e/ou superiores. Treze
pacientes receberam plicatura nasal antes do fechamento das incisões, enquanto 15 pacientes
não receberam plicatura. As medidas da largura da base alar foram realizadas no pré-operatório
e no pós-operatório de 12 meses. Os resultados foram dados em porcentagem, atribuindo
valores positivos para alargamentos e valores negativos para afinamentos da base alar. Os
autores encontraram que o grupo que recebeu a plicatura nasal apresentou em média um
aumento de +2,89% com desvio padrão de 4,17%. O grupo que não recebeu a plicatura nasal
apresentou um aumento de +10,75% com desvio padrão de 7,30%. Após comprar os 2 grupos
com o teste de Wilcoxin signed-rank, eles obtiveram uma diferença estatisticamente
significante entre os grupos.
39
Honrado, Samson, Bloomquist e Larrabee
14
em estudo retrospectivo, analisaram 32
pacientes submetidos a cirurgia maxilar que receberam tanto a plicatura nasal como o
fechamento da mucosa em V-Y. Os movimentos maxilares foram divididos em avanços,
avanços com movimento inferior, e avanços com movimento superior. Apesar da maioria dos
pacientes apresentarem aumento da largura inter-alar, alguns poucos pacientes mostraram uma
redução nessa medida. O estudo, no entanto, compara grupos com poucos pacientes e os
resultados podem não representar a realidade.
De forma semelhante, Erbe, Lehotay, Gode, Wigand e Neukan
26
relataram um
alargamento da base alar de 10,3% em 20 pacientes submetidos a impacções e avanços
maxilares. Apresar dos autores terem encontrado diferença entre as larguras pré- e o pós-
operatório na região alar, o método utilizado pelos autores para medir a distância inter-alar não
foi bem explicado.
De acordo com Rosen
8
a técnica descrita por Schendel e Delaire
1
é pouco precisa,
imprevisível e associada a outras alterações no tecido mole, como aumento do comprimento
labial, que podem ser indesejáveis. Por estes motivos o autor sugere que um procedimento
secundário para estreitar a largura da base alar pode ser necessário, e é mais bem realizado 6
meses após a cirurgia. Isto pode envolver a utilização de enxertos na cartilagem da ponta nasal,
excisões de Weir, plicatura nasal ou a mesmo rinoplastia. Schendel e Carlotti,
4
contudo,
julgaram as técnicas descritas por Collins e Epker,
16
e Guymon, Crosby e Wolford
2
como
sendo inadequadas.
Mitchell, Oeltjen, Panthaki e Thaller
5
colocam que em pacientes que apresentam
excesso na largura de base alar no pré-operatório, a cirurgia ortognática maxilar, associada ou
não à plicatura nasal, não irá reduzir esta largura. Sendo assim, os autores recomendam que
estes pacientes devam ser submetidos a uma excisão de Weir de base alar secundária, após a
cirurgia maxilar.
Farkas, Hreczko, Deutsch
27
descreveram um índice de largura/protrusão
com o qual o cirurgião pode detectar no pré-operatório, um nariz com uma largura
desproporcional. Nestes casos, os autores recomendam advertir o paciente da possível
necessidade de uma rinoplastia após a cirurgia maxilar.
Wolford
23
também defende que seja mais fácil de corrigir ou controlar a largura da
base alar no momento da cirurgia, ao invés de submeter o paciente a outro procedimento
cirúrgico, que poderá corrigir imperfeições nasais, porém poderá comprometer os resultados
no lábio superior. De acordo com o autor, o alargamento da base alar ocorre por 3 motivos:
descolamento do periósteo e inserções musculares adjacentes ao nariz, edema, que leva a uma
40
expansão da base alar, e alterações na conformação do tecido ósseo que suporta a base alar em
direção superior ou anterior.
O’Ryan, Schendel e Carlotti
12
defendem que a avaliação estética e o tipo de cirurgia
maxilar determinam se o cirurgião deverá prevenir a ocorrência de alterações nasais
antiestéticas, corrigir deformidades nasais pré-existentes durante a cirurgia, ou identificar os
pacientes que se beneficiarão com uma rinoplastia secundária. Os autores utilizaram uma
técnica semelhante à descrita por Schendel e Delaire,
1
e julgam que o controle das dimensões
da base alar é determinada pelo grau de tensão aplicado na sutura do tecido
musculoaponeurótico. De acordo com os autores, é impossível sobrecorrigir as dimensões da
base alar, isto é, tornar a base alar mais estreita do que era no pré-operatório. De forma
semelhante, pacientes com excesso na largura da base no pré-operatório não obterão um
estreitamento, e precisarão de uma excisão de Weir, que é mais bem realizada em um
procedimento secundário.
12
Em contraste com a afirmação de O’Ryan, Schendel e Carlotti,
12
no presente estudo 3
pacientes do grupo experimental mostraram uma largura de base alar menor no pós-operatório.
Este achado foi também encontrado no estudo de Guymon, Crosby e Wolford,
2
que sugerem
a utilização de plicatura nasal mesmo nos pacientes em que um alargamento da base alar é
desejável. Nestes casos a sutura deve ser deixada mais frouxa, porém é importante para evitar o
alargamento excessivo. Guymon, Crosby e Wolford
2
também chamam atenção para o perigo
de um estreitamento excessivo da plicatura, em especial nos casos em que a sutura é realizada
nos tecidos mais profundos, não apreendendo o tecido da base alar. Segundo estes autores
2
isto
pode causar um espessamento exagerado do lábio superior.
Shams e Motamedi
15
colocam que uma pequena sobrecorreção com qualquer técnica
de plicatura nasal é apropriado, pois uma ligeira recidiva é esperada na região de base alar,
especialmente no pós-operatório imediato, quando a sutura pode afrouxar um pouco, ou o
tecido fibroalar pode esgarçar.
Rosen
8
analisou 41 pacientes submetidos a osteotomia Le Fort I para movimentos
anteriores e/ou superiores da maxila. Os procedimentos cirúrgicos foram realizados utilizando-
se uma incisão convencional e nenhum esforço foi feito para alterar a morfologia labial através
de fechamento em V-Y ou plicatura nasal. Fotografias frontais foram tiradas no pré-operatório
e 9,8 meses após a cirurgia (mínimo 6 meses). O autor encontrou uma média de alargamento
da base alar de 3.4 ± 1.1mm. Nenhum tipo de correlação entre o aumento da largura alar e a
magnitude do movimento maxilar pode ser realizado.
41
A análise de medidas indiretas, associada à padronização de medidas, viabiliza que
diferentes investigadores, em tempos diferentes possam reproduzir a mesma metodologia. Isto
auxilia a comparação de diferentes ensaios clínicos, e no acompanhamento do tratamento.
Apesar de alguns autores
25
citarem que fotografias são pouco precisa, uma vez que
representam um projeção bidimensional de uma estrutura tridimensional, as medidas realizadas
no presente estudo são bidimensionais em sua essência. Além disso, Farkas, Bryson e Klotz
7
colocou que a vista basal do nariz permite medidas acuradas da asa, comprimento da columela,
largura do nariz, comprimento da ponta nasal, e largura do soalho nasal.
42
7 CONCLUSÕES
Após a realização deste estudo pôde ser concluído que a cirurgia de Le Fort I leva a um
alargamento da base do nariz e da região alar. Para conter de forma mais rigorosa e previsível
este alargamento deve-se aplicar, ao final da cirurgia maxilar, a plicatura nasal extra-oral. A
plicatura nasal intra-oral, apesar de mais comumente utilizada, foi menos eficaz na manutenção
da largura alar pré-operatória.
43
REFERÊNCIAS
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morphology following Le Fort I osteotomy. J Oral Maxillofac Surg 1986 44: M11
(abstract)
48
ANEXO AComitê de Ética em Pesquisa do HUPE
49
ANEXO B – Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
O presente termo refere-se a um convite a participação do (a) Sr. (a)
________________________________________________, ____ anos, sexo _________ ou sob a
responsabilidade de seu presente legal Sr. (a)
_________________________________________________, a participar como sujeito de pesquisa
intitulado: “
Ensaio clínico duplo cego randomizado comparando 2 tipos de plicatura nasal após
osteotomia tipo Le Fort I”. A pesquisa tem como objetivo avaliar qual tipo de sutura oferece melhores
resultados para harmonia facial com ênfase na região de base nasal, e será realizada durante o ano
de 2008. Os participantes da pesquisa serão fotografados antes da cirurgia e serão aleatoriamente
distribuídos em 1 (um) dos 2 (dois) grupos de estudo. Após a cirurgia os pacientes serão fotografados
com 3 (três), 6 (seis) e 12 (doze) meses de pós-operatório A pesquisa será realizada pelo
pesquisador, Fabio Ritto e visa obter informações sobre qual tipo de sutura é mais eficaz . No estudo
sua identidade será mantida em sigilo. Os riscos da pesquisa são os mesmos de qualquer cirurgia
ortognática, independente do tipo de plicatura nasal realizado e somente no final do estudo se poderá
concluir a presença de benefícios como melhor harmonia facial. Não haverá nenhuma forma de
pagamento pela participação do estudo e caso seu filho (a) ou o Sr. (a) se recuse a participar sua
vontade será respeitada. Os resultados da pesquisa serão apresentados em 2009 e deverão ser
publicados e apresentados em eventos científicos. Caso interesse ao participante ele poderá ter
acesso as resultados a qualquer momento.
Assim se o (a) Sr. (a) aceitar o convite para participar da pesquisa (ou em caso do menor,
permitir a participação do menor), sabendo que a qualquer momento poderá deixar de participar do
estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu cuidado e tratamento na instituição, por favor,
preencha os espaços abaixo:
Eu,_________________________________________________, RG_________________,
fui devidamente esclarecida do projeto de Pesquisa acima citado e aceito o convite para participar.
______________,_______ de_____________ de 2009
________________________________
Assinatura do participante
________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
(tel. 9801-5967)
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