RESUMO
QUALIDADE DE VIDA DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL
A Paralisia Cerebral – PC é uma disfunção predominantemente sensoriomotora, que envolve
distúrbios no tônus muscular, postura e movimentação voluntária, fatores que, quando
acometem as crianças, comprometem o desenvolvimento das atividades da vida diária, o que
pode acarretar em alterações significativas na Qualidade de Vida - QV delas e de seus
familiares e/ou cuidadores. Ante essa realidade, foram traçados os objetivos: avaliar a QV de
crianças com PC atendidas no Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce - NUTEP;
descrever o perfil socioeconômico das crianças com PC atendidas no NUTEP, identificar os
domínios do Pediatric Quality of Life Inventory - PedsQL mais acometidos da QV das
crianças com PC, investigar desejos da criança sob a óptica dos pais e conhecer a percepção
dos pais quanto à QV do filho com PC. Estudo de natureza descritiva, quantitativo, utilizou-
se de ferramentas qualitativas de avaliação, sendo empregada para isso a triangulação
metodológica. Realizado no NUTEP, envolveu 62 crianças com idade de 2 a 7 anos. Os
instrumentos de coleta de dados foram: (i) ficha socioeconômica; (ii) instrumento de
avaliação de qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) validado no Brasil para ser
utilizado com pais – PedsQL 4.0; (iii) Técnica Projetiva dos Três Desejos e (iiii) roteiro de
entrevista. A média de idade dos pais foi de 34,86 (±8,92), as mães tinham uma média de
idade de 31 anos (DP=±7,50). No que se refere à escolaridade dos pais, os dados revelam que
estes possuíam, predominantemente, em anos de estudo, de 6 a 10 anos (40,3%) e as mães
dedicaram-se mais tempo aos estudos, pois a maioria, 34 (54,8%), mais de 10 anos de estudo.
A maioria dos pais das crianças com PC, 43 (69,4%), vivia em união consensual. No que
concerne à profissão, a maioria dos pais encontravam-se empregados, correspondendo a
82,2% da amostra. As mães, na sua maioria, 43 (69,4%), eram do lar. As famílias viviam com
renda média de R$ 1.135,53, com desvio padrão de ±R$ 735,69. A maioria dessas famílias
tinham entre um e três filhos (88,7%), residindo nas casas uma média de 4 pessoas. No que se
refere às crianças, a predominância da faixa etária foi entre 2 e 4 anos (39; DP=62,9). Do total
de crianças, a maioria é do sexo masculino 35 (56,5%) e 46 (74,2%) tinham assistência em
outro local que não apenas o NUTEP. No que se refere às preferências dos ambientes, de
acordo com os pais, tinha-se destaque para a sala (64,5 %) e o quarto (16,1%), dentre os
motivos, o principal era por ser o ambiente que dispõe de televisão (36; 58,1%). As crianças
foram diagnosticadas em diferentes idades, variando entre o nascimento e três anos, com
predominância de diagnóstico na faixa etária entre 2 a 6 meses (38,7%). Do total da amostra,
53 (85,5%) não tinham outros casos de PC na família, apenas 9 (14,5%) tinham algum parente
com a patologia em questão. Depois de realizada a transformação dos escores em uma escala
de 0 a 100 no questionário pediátrico de qualidade de vida PedsQL, foi calculada a média para
os diferentes domínios, os quais evidenciaram que o domínio escolar era o mais
comprometido da população estudada. Quanto à técnica projetiva dos três desejos, tiveram
aspectos relacionados à situação de saúde com maior número de expressões (62,9%). Após
análise dos dados qualitativos, as falas foram agrupadas, emergindo as categorias: Rotina da
Criança com PC, Percepção de QV, QV do filho com PC. A criança portadora de deficiência
tem as mesmas necessidades de qualquer outra, pois necessita ser amada, valorizada e sentir-
se participante do grupo familiar, de forma que deve estar, também, em constante interação
com a sociedade.
Palavras - Chave: Criança. Paralisia Cerebral. Qualidade de Vida. Saúde Pública.