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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Faculdade de Odontologia
INFLUÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DO ELÁSTICO
SAGITAL DE CLASSE II NAS DISCREPÂNCIAS
ENTRE AS POSIÇÕES DE RELAÇÃO CENTRAL
E OCLUSÃO CENTRAL, EM PACIENTES
PÓS-TRATAMENTO ORTODÔNTICO
ÉRICO MARCEL GOMES DE CARVALHO
Belo Horizonte
2009
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Érico Marcel Gomes de Carvalho
INFLUÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DO ELÁSTICO
SAGITAL DE CLASSE II NAS DISCREPÂNCIAS
ENTRE AS POSIÇÕES DE RELAÇÃO CENTRAL
E OCLUSÃO CENTRAL, EM PACIENTES
PÓS-TRATAMENTO ORTODÔNTICO
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Odontologia da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do tulo de Mestre
em Odontologia, área de concentração Clínicas
Odontológicas - Ênfase em Prótese Dentária.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Isaias Seraidarian
Belo Horizonte
2009
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FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Carvalho, Érico Marcel Gomes de
C331a Influência da utilização do elástico sagital de classe II nas discrepâncias entre
as posições de relação central e oclusão central, em pacientes pós-tratamento
ortodôntico / Érico Marcel Gomes de Carvalho. Belo Horizonte, 2009.
73f. : il.
Orientador: Paulo Isaias Seraidarian
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais,
Programa de Pós-Graduação em Odontologia.
1. Oclusão dentária central. 2. Ortodontia corretiva. 3. Relação central. 4.
Côndilo mandibular. 5. Elastômeros I. Seraidarian, Paulo Isaias. II. Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em
Odontologia. III. Título.
CDU: 616.314-089.23
FOLHA DE APROVAÇÃO
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho àqueles que realmente fizeram a diferença.
À Roberta, minha adorável esposa, excelente médica e mãe irrepreensível; ao
meu querido Pedro, criança dócil, meiga e carinhosa; à bela Camila, menina
fascinante e graciosa, e ao Nando, nosso querido cão Schnauzer.
Dedico-o ao meu irmão gêmeo, também ortodontista, Sérgio Bayard, amigo e
sócio, que respeito e admiro. O nosso saudável convívio permitiu que eu pudesse
concluir mais uma importante etapa profissional.
Dedico-o também aos meus pais, exemplos de correção, ética e justiça,
características estas que influenciaram e influenciam positivamente as tomadas de
decisão em minha vida.
AGRADECIMENTOS
À minha querida esposa, Roberta Nogueira de Sá, pelo apoio incondicional em todos
os aspectos, durante todo este período de minha ausência do convívio familiar,
permitindo desta maneira que eu pudesse realizar esta difícil tarefa. Muito obrigado
por tudo!
Aos meus filhos Pedro Nogueira de Carvalho e Camila Nogueira de Carvalho, pela
compreensão de minha prolongada ausência da sua doce convivência. Agora sou de
vocês...
Ao meu irmão Sérgio Bayard Gomes de Carvalho, que, pela segunda vez em nossa
trajetória profissional, assumiu por inúmeras vezes sozinho as tarefas de nossa
clínica; sem a sua ajuda, seria impossível a concretização deste curso. Muito
obrigado!
À Elzi Anselmo, nossa amiga e colaboradora nos fins de semana, que muito ajudou
minha esposa a cuidar de nossos filhos.
Às minhas secretárias Liliane e Viviane, que muitas vezes contribuíram na coleta de
dados de prontuários de pacientes, bem como no agendamento dos mesmos para
esta pesquisa.
À minha amiga Lidiane, pela execução da parte gráfica e formatação deste trabalho.
Ao meu orientador e professor Paulo Isaias Seraidarian, pela minha aceitação no
curso de Mestrado, pelos conhecimentos passados e pelo convívio.
Aos demais professores de prótese, Dr. Wellington Corrêa Jansen e Dr. Marcos Dias
Lanza, pelo aprendizado e pela aceitação na participação de minha banca.
À Dra. Maria Rita Esteves, colega e amiga, que muito contribuiu na parte clínica
deste trabalho, deslocando-se de sua cidade somente para este fim. Sua
participação foi fundamental para a viabilização da parte prática desta pesquisa.
À Dra. Maria Claudia Cardoso de Brito, amiga e colega do Mestrado, pela gentileza
em ceder por inúmeras ocasiões o seu consultório, para que eu pudesse realizar ali
parte de minha pesquisa.
Ao Dr. Martinho Campolina Rebello Horta, amigo e professor do Mestrado, pela
presteza e eficiência na resolução dos problemas estatísticos desta pesquisa.
Ao Dr. Luiz Fernando Eto, amigo e professor de Itaúna, pelas valiosas
considerações referentes ao projeto de pesquisa. Suas observações evitaram que
alguns problemas ocorressem ao longo da pesquisa.
Ao Dr. Paulo Alencar, amigo e professor do Mestrado, pela sua ajuda valorosa na
solução de dúvidas inerentes ao projeto de pesquisa.
Aos meus amigos professores da ABO de Montes Claros, Teago Aquino, José
Mansano Bauman, e especialmente à professora Claudia Nakandakari, pelo
incentivo e pela busca do grau de Mestre.
Aos professores de Itaúna, pelo incentivo ao constante crescimento profissional.
Ao meu amigo e colega Dr. Alexandre Fortes Drummond, pela aceitação imediata do
convite feito para a banca da defesa da dissertação e pelas suas contribuições.
Aos demais colegas do Mestrado, Hellen Ker Bretas Werner
e Luis Gustavo Lima
Lara, pela amizade, pelo carinho e pelo convívio.
Aos meus pais, pelo exemplo de pessoas, e pela oportunidade que sempre me
deram de estudar e crescer profissionalmente.
A Deus, pela saúde e pela família que tenho. Sem estas duas coisas, eu não teria
nada.
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi verificar a influência no resultado do tratamento
ortodôntico, com e sem a utilização de elásticos de Classe II, em relação às
discrepâncias oclusais, de RC para OC. Foram selecionados 30 pacientes que
estavam na fase de contenção há pelo menos três meses. Destes, 15 foram
submetidos somente à mecânica ortodôntica intramaxilar, sendo que os outros 15
utilizaram elástico sagital de Classe II. A finalização do tratamento se baseou em
critérios estabelecidos para uma satisfatória oclusão morfológica ou estática, bem
como nos aspectos funcionais de uma oclusão mutuamente protegida. O teste de
Mann–Whitey foi utilizado para comparar as medidas dos dois grupos, entre os quais
não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes. Tanto no sentido
horizontal como no vertical, em 96,66% dos pacientes essas discrepâncias foram
menores ou iguais a 1mm. No plano transversal, não houve discrepância em 63,33%
dos pacientes, e em 33,33% destes essas discrepâncias foram iguais a 0,5mm.
Palavras-chave: Oclusão dentária central. Ortodontia corretiva. Relação central.
Côndilo mandibular. Elastômeros.
ABSTRACT
The aim of this study was to assess the effect on the outcome of orthodontic
treatment, with and without the use of class II elastic, in the CR-CO occlusal
discrepancies. Thirty patients were selected, who were already at the stage of
contention for at least three months. Of these patients, 15 underwent only orthodontic
mechanics intra-jaw, and the other 15 used class II elastic. The completion of the
treatment was based on established criteria for a satisfactory morphological or static
occlusion, and the functional aspects of a mutually protected occlusion. The Mann-
Whitey test was used to compare the measurements of both groups, among which
there were no statistically significant differences. On both horizontal or vertical
dimension, in 96,66% of patients, these discrepancies were less than or equal to
1mm. In the transverse dimension, there was no discrepancy in 63,33% of these
patients, while in 33,33% of them the discrepancies were equal to 0,5mm.
Key-words: Centric Dental Occlusion. Corrective Orthodontics. Centric Relation.
Mandibular Condyle. Elastomers.
LISTA DE FIGURAS DA REVISÃO DE LITERATURA
FIGURA 1 Elástico Sagital de Classe II. As setas representam a
decomposição dos vetores de força ................................................
42
LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO
FIGURA 1 Fotografias faciais e intrabucais: avaliação estática ...................... 56
FIGURA 2 Fotografias intrabucais: avaliação dinâmica, caracterizando a
oclusão mutuamente protegida. A Protrusiva. B, C e D
Lateralidade direita. E, F e G – Lateralidade Esquerda ..................
57
FIGURA 3
Jig de Lucia .....................................................................................
58
FIGURA 4 Carbono utilizado na pesquisa ........................................................ 59
FIGURA 5 Marcação do primeiro ponto de contato no Jig e no dente,
simultaneamente, durante o fechamento em RC ............................
59
FIGURA 6 Obtenção das discrepâncias nos sentidos horizontal, transversal e
vertical, respectivamente .................................................................
60
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1
Descrição dos elásticos ortodônticos ............................................ 39
LISTA DE TABELAS DA REVISÃO DE LITERATURA
TABELA 1 Referência de Elásticos Ortodônticos ............................................. 39
TABELA 2 Forças liberadas na maxila pelo elástico sagital de Classe II ......... 43
TABELA 3 Forças liberadas na mandíbula pelo elástico sagital de Classe II ...
43
LISTA DE TABELAS DO ARTIGO
TABELA 1 Medidas das discrepâncias RC-OC, por grupo e por dimeno
espacial ...........................................................................................
61
TABELA 2
Comparação das discrepâncias horizontais, entre os dois grupos,
tendo P > 0,05, o que demonstra não haver diferença entre
ambos ..............................................................................................
61
TABELA 3
Comparação das discrepâncias verticais, entre os dois grupos,
tendo P > 0,05, o que demonstra não haver diferença entre
ambos ..............................................................................................
62
TABELA 4
Comparação das discrepâncias transversais, entre os dois
grupos, tendo P > 0,05, o que demonstra não haver diferença
entre ambos ....................................................................................
61
LISTA DE ABREVIATURAS
FIG. Figura
QUAD. Quadro
TAB. Tabela
LISTA DE SIGLAS
ATM Articulação temporomandibular
DTM Desordem temporomandibular
IPC Indicador de posição condilar
IPM Indicador de posição mandibular
MIH Máxima intercuspidação habitual
MS Músculo-esqueletal
OC Oclusão central ou oclusão cêntrica
PCR Posição de contato retruído
RC Relação central
SE Sistema estomatognático
SM Sistema mastigatório
0
SUMÁRIO
1 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................... 16
1.1 Oclusão ................................................................................................. 16
1.2 Ortodontia Funcional ............................................................................ 30
1.3 Elásticos na Ortodontia ........................................................................ 37
1.3.1 Histórico .............................................................................................. 37
1.3.2 Aplicação Clínica ................................................................................ 38
1.3.3 Constituição ........................................................................................ 39
1.3.4 Propriedades ......................................................................................
39
1.3.5 Classificação .......................................................................................
40
1.3.6 Apresentação e disposição ............................................................... 40
1.3.7 Vantagens em relação a outros dispositivos .................................. 42
1.3.8 Desvantagens em relação a outros dispositivos ............................ 42
1.3.9 Elástico sagital de Classe II ...............................................................
42
1.3.9.1 Definição e disposição .................................................................... 42
1.3.9.2 Biomecânica e efeitos ..................................................................... 43
1.3.9.3 Indicações ........................................................................................ 45
1.3.9.4 Contraindicações ........................................................................... 46
1.3.9.5 Efeitos indesejáveis ........................................................................ 46
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 48
APÊNDICES ..................................................................................................
51
ANEXOS ........................................................................................................
55
16
1 REVISÃO DA LITERATURA
1.1 Oclusão
O fato de os padrões de oclusão, nas dentições humanas, variarem
enormemente é de conhecimento geral. Contudo, pode-se formular a seguinte
pergunta: existem características comuns à maioria, senão a todas as relações
oclusais, que melhoram a função e a saúde do sistema mastigatório (SM)? Esta
questão é particularmente relevante na terapia, quando os cirurgiões-dentistas são
solicitados a modificar ou a criar relações oclusais.
Por muitos anos, os cirurgiões-dentistas tentaram identificar e definir
conceitos de oclusão que pudessem ser aplicados à dentição, tanto em situações
diagnósticas como em terapêuticas. De fato, a evolução dos conceitos e ideias
relativos à oclusão tiveram início com a necessidade de substituição dos dentes
naturais, em uma época em que a perda destes era quase que esperada. Tais
conceitos deveriam ser aplicados com o objetivo de ampliar a eficiência mastigatória
e otimizar a estabilidade da prótese, sua retenção, conforto e estética. Estes
deveriam abordar também a preocupação com a posição vertical da mandíbula,
suas relações ântero-posteriores e laterais com o maxilar, a forma, a posição oclusal
e as relações oclusais durante o fechamento “cêntrico”, bem como durante os
movimentos excêntricos. Obviamente, surgiram questões semelhantes sobre a
dentição natural, quando esta requeria intervenções, tais como restauração, ajuste
oclusal, tratamento ortodôntico ou outros tipos de terapia oclusal (MOLH et al., 1991,
p. 183).
Muitos foram os estudiosos que contribuíram para o desenvolvimento de
teorias no campo da oclusão. De efeito significativo na odontologia e
especificamente na ortodontia foi a classificação de má-oclusão descrita por Angle,
que, apesar de constituir um método importante para diagnosticar as s-oclusões
anatômicas em oclusão cêntrica, não trata diretamente dos itens da oclusão
balanceada, da oclusão mutuamente protegida ou da organização oclusal associada
às posições excêntricas da mandíbula (MOLH et al., 1991, p. 186).
17
De impacto profundo foi também o surgimento da Gnatologia, em 1926, por
um grupo de colegas da Califórnia, liderados por McCollum. O termo Gnatologia, por
eles criado, significava o “estudo dos movimentos da articulação temporomandibular
(ATM), sua medição seletiva, reprodução e uso como determinantes no diagnóstico
e tratamento da oclusão”. Consideraram a natureza ideal e imutável da relação entre
o côndilo e a fossa, que por sua vez era responsável por guiar a mandíbula em sua
relação correta com o maxilar. As dentições naturais que não aderiam a seus
critérios pré-determinados eram consideradas patológicas. Como afirmou McCollum
(1938), “existe uma patologia sutil de função em todas as bocas, devido inteiramente
à relação entre os próprios dentes opostos e entre a interdigitação dos dentes e
movimentos mandibulares”, o que foi denominado de “má-articulação”. A oclusão
correta, por isso, deveria ser abordada apenas a partir da compreensão da relação
entre o côndilo e sua articulação com o osso temporal (MOLH et al., 1991, p. 189).
Estes conceitos eram tidos como certos, apesar do fato de serem geralmente
baseados em uma mistura de convicções pessoais e razoáveis, mas sem evidência
de pesquisas adequadas para comprovar as afirmações feitas. A Gnatologia, como
teoria, foi dirigida por autoridades com opiniões radicais sobre o SM em geral, e
sobre oclusão particularmente, e estabelecia rígidos padrões oclusais, baseados
predominantemente em critérios morfológicos e ponto de vista mecânico. Portanto
se desenvolveu sobre pobres bases científicas (TÜRP, GREENE e STRUB, 2008).
Desde a formação da Sociedade Gnatológica, o estudo dos movimentos
mandibulares relacionados à oclusão foi o foco central da odontologia reconstrutiva.
Até os anos 70, o houve, contudo, a introdução desses conceitos na ortodontia.
Foi quando Ronald Roth os aplicou, para fins diagnósticos e terapêuticos,
modificando-os por consideração aos dentes naturais. Isso significou formalmente o
casamento da função mandibular com os dentes, em um esquema oclusal
mutuamente protegido. Antes deste período, os objetivos ortodônticos buscavam
principalmente o alcance de uma aceitável oclusão estática, descrita mais tarde por
Andrews, em 1972, em seu artigo “As seis chaves para a oclusão normal”
(KULBERSH, KACZYNSKI e FREELAND, 2003).
A posição condilar é importante se se entende que os côndilos são
encaixados quando os dentes entram em oclusão. Sem um conceito de posição
condilar, o diagnóstico das relações maxilares e interdentais torna-se impossível. Os
ortodontistas têm feito a suposição de que na máxima intercuspidação habitual (MIH)
18
os côndilos se encontram em posição aproximadamente correta. Tal suposição é um
fato ou há situações nas quais os côndilos estão fora da posição “normal” ou “ideal”?
Estudos mal interpretados em relação à oclusão e a desordens
temporomandibulares (DTM) não detectaram relação entre a localização do côndilo
e os sintomas de DTM. Isso não prova que não exista relação entre a oclusão e as
DTM. A ideia equivocada de que mudanças na oclusão não causam alterações na
posição condilar foi concebida a partir de exames inadequados, e não através do
articulador e do indicador de posição mandibular (IPM). A posição errada do côndilo
pode causar desgaste oclusal, DTM, agravamento da doença periodontal, pulpite,
movimento ortodôntico e recidiva. A abordagem de tratamento sem objetivo em
relação à posição condilar é no mínimo um risco proposital. É evidente a importância
de os côndilos estarem assentados durante a mastigação. Se os dentes não
permitem que isso aconteça, a função mastigatória estará prejudicada. Além disso,
as interferências tendem a criar hábitos parafuncionais. O fato de a maioria da
população apresentar interferências oclusais não significa que a permanência destas
seja um objetivo (ROTH, 1995).
Neste aspecto, o ortodontista tem a oportunidade e a responsabilidade de
proporcionar uma melhora mais significativa na função oral. O procedimento rotineiro
de correção da má-oclusão, na maioria dos pacientes, provocará melhora na
estética dentofacial, em adição à melhora na saúde oral e na estabilidade dentária.
Não se pode mais aceitar a premissa de que dentes alinhados proporcionam
imediatamente melhora na função. Deve-se trabalhar dentro da própria
especialidade da ortodontia, com a habilidade diagnóstica baseada em conceitos de
crescimento craniofacial, desenvolvimento e função. Deve-se promover, portanto, o
alinhamento dos dentes de uma maneira que este proveja o ximo de saúde,
durante a função, de todas as cúspides, fossas, bordas incisais e cristas marginais
com os elementos da ATM e do sistema neuromuscular. O procedimento de
equilíbrio dos dentes em relação central (RC) e em movimentos excêntricos será
sempre uma medida valiosa para melhora da função e prevenção de sintomas de
DTM, além da melhora na saúde dos tecidos de suporte dos dentes (PERRY, 1975).
Dentro dos critérios funcionais de finalização ortodôntica, a avaliação da ATM
se faz necessária. Na verdade, ela deveria ser realizada previamente ao tratamento
ortodôntico, sendo de grande importância no planejamento de cada caso,
principalmente em pacientes adultos e/ou naqueles que tenham sinais e sintomas de
19
DTM. O exame clínico inicial pode indicar a necessidade de tomadas radiográficas
da ATM, para que sejam analisados os espaços articulares e o posicionamento do
disco articular. Em alguns casos, a utilização de placa interoclusal antes do início da
terapia ortodôntica é indicada para se obter uma desprogramação da musculatura
da face, remissão dos sinais e sintomas de DTM e reposicionamento do côndilo para
uma posição ortopedicamente estável, a ser mantida pelos tratamentos ortodônticos,
cirúrgico e/ou protético. O papel do ortodontista é trabalhar para que a correção da
má-oclusão contribua para a manutenção da estabilidade articular, presente antes
do início do tratamento. A observação de possíveis contatos posteriores
interferentes que possam defletir a mandíbula tanto anterior, quanto lateralmente,
quando de seu fechamento, ou a análise do torque adequado dos dentes anteriores
são bons exemplos de medidas a serem tomadas para se garantir a estabilidade
articular. Então, ao final do tratamento, o ortodontista deveria certificar-se de que
coincidência entre a RC e a oclusão central (OC), ausência de interferências
dentárias durante movimentos excursivos da mandíbula, oclusão mutuamente
protegida e contatos dentários promovendo carga axial das forças oclusais
(OLIVEIRA et al., 2007).
O estabelecimento de uma oclusão dentária funcionalmente ideal é dever do
ortodontista ao final do tratamento, para que se obtenha saúde no sistema
estomatognático (SE) e estabilidade dos resultados do tratamento ortodôntico. Os
conceitos estáticos e anatômicos que por um bom tempo definiram a oclusão normal
têm dado lugar a uma interpretação mais ampla e dinâmica, que leva em
consideração a ATM, o sistema neuromuscular e a função. Uma oclusão normal
significa algo mais que uma relação anatômica estática, haja vista que uma oclusão
com aparência superficial de normalidade pode ser, de fato, anormal quando
submetida a uma avaliação funcional. As oclusões estática e funcional não somente
são compatíveis, mas completam-se mutuamente. O insucesso na identificação da
RC pode levar à instabilidade e à recidiva do resultado do tratamento ortodôntico.
Quando um ou dois dentes são posicionados para suportar um esforço de vários,
estes estão sujeitos a forças que são capazes de movimentá-los; parece lógico
admitir que uma força de magnitude suficiente para promover a deflexão da
mandíbula, na sua tentativa de alcançar a RC, pode muito bem ser de magnitude
suficiente para movimentar um dente e, deste modo, modificar a oclusão alcançada
pelo tratamento ortodôntico. A oclusão normal não consiste apenas de contatos
20
estáticos; envolve todos os contatos, inclusive durante a mastigação e a deglutição,
o que obriga o ortodontista a adotar a oclusão funcional como um critério para
diagnóstico e tratamento. Caso a oclusão não tenha sido finalizada numa relação
funcional estável, todo o esforço e a esperança de ter alcançado um objetivo serão
perdidos. Deve-se, portanto, não apenas por razões gnatológicas, mas para
aumentar a estabilidade, eliminar o quanto possível os deslizes de RC para OC
(MONNERAT e MUCHA, 2000).
Embora com alguns paradigmas em aberto, protocolos podem ser definidos
para que se obtenha uma linguagem comum a todas as especialidades, e para que
parâmetros similares de qualidade sejam alcançados. Alguns autores,
especialmente os gnatologistas, atribuem a responsabilidade pela recidiva
exclusivamente a tratamentos ortodônticos sem distribuição de contatos oclusais
adequados ou ausência de estabilização mandibular. Embora esta lógica seja
verdadeira em muitos casos, uma constatação contrapõe esta rigidez conceitual.
Algumas vezes, recidivas acontecem em oclusões com contatos bem estabelecidos
e sem desvios de posição mandibular importantes, quando as posições de RC e OC
estão praticamente coincidentes. É importante considerar que a estabilidade
dentária é constituída por um tripé, em que, além do equilíbrio oclusal, é necessária
a presença de dois outros fatores. Deve haver também uma base óssea hígida que
possa contrapor pequenos gradientes de pressão muscular. A terceira parte que
sustenta a estabilização dentária é a musculatura, pois alterações de pressão por
função muscular atípica geram forças em intensidade e duração que vão além
daquelas suportadas pela oclusão dentária excelente e pela higidez óssea. Portanto,
deve-se entender o equilíbrio oclusal como somente um dos fatores para
determinação da estabilidade dentária. Em se tratando de dinâmica da oclusão, a
melhor posição para o tratamento ortodôntico é aquela que pode ser reproduzida a
cada consulta ao paciente, e a única posição reproduzível é a RC. Pode-se, desta
maneira, evitar o constrangimento de tratamentos intermináveis, pelo simples fato de
que a cada vinda do paciente uma nova posição mandibular seja encontrada, onde
são geradas ativações para movimentações dentárias em direções opostas às
realizadas na consulta anterior. Sem ser incoerente, considera-se completamente
aceitável que haja, ao final do tratamento ortodôntico, uma pequena diferença de RC
para OC de até 3mm, com desvio anterior da mandíbula, desde que não gere forças
horizontais excessivas sobre os dentes anteriores (BRANDÃO e BRANDÃO, 2008).
21
Embora haja controvérsia sobre a localização da RC, há pouca polêmica
sobre o fato de o paciente estar fora da cêntrica e ter um deslize lateral ou anterior.
Os dentes não deveriam ditar a posição dos côndilos, e sim os côndilos deveriam
indicar ao ortodontista onde colocar os dentes; como resultado, haveria harmonia
entre a articulação e os dentes. A manipulação mandibular a cada visita permite ao
ortodontista desprogramar a mandíbula a fim de decidir qual tratamento realizar a
partir da RC. Se a mandíbula é manipulada e fechada até o primeiro contato dentário,
o paciente deveria estar em RC. Então, se todas as decisões são tomadas a partir
deste contato, é razoável esperar que o tratamento resulte em articulações e dentes
em harmonia. A oclusão habitual torna-se então OC. Esta simples técnica a
oportunidade de melhorar os resultados dos tratamentos. Se o objetivo é eliminar as
discrepâncias entre RC e OC, estar-se-á fazendo diferença significativa no bem-
estar dos pacientes (AUBREY, 1994).
diferença tridimensional na relação interarco, quando os dentes estão em
OC e quando os côndilos estão em RC. também diferença tridimensional na
posição condilar, quando os dentes estão em OC e quando os côndilos estão em RC.
Na RC, o trespasse horizontal é aumentado, o trespasse vertical é diminuído, e a
classificação de Angle pode ser alterada. Essas alterações de posição podem afetar
o diagnóstico e o plano de tratamento ortodôntico. Portanto, a manipulação dos
modelos ortodônticos articulados manualmente não mostram os contatos
prematuros posteriores, presentes na maioria da população. Tais contatos podem
pivotar a mandíbula e deslocar o côndilo. A montagem em articulador dos modelos é
precisa, reproduzível, capaz de apontar as discrepâncias oclusais, quando os
côndilos estão em RC e quando a oclusão é ditada pela intercuspidação. A
desprogramação e montagem constituem auxiliares importantes para o registro
preciso da posição condilar assentada, e não apenas mostraram uma significante
discrepância condilar, mas também em nível oclusal, interferências, trespasse
horizontal aumentado, trespasse vertical diminuído, linha média alterada e
diferenças na classificação de Angle. Os clínicos não podem supor que os côndilos
estejam em RC meramente porque estão assintomáticos (CORDRAY, 2006).
Na ortodontia, portanto, o deslocamento condilar deveria ser medido antes do
início do tratamento, a fim de se diagnosticar mais precisamente a oclusão e a
relação intermaxilar. A montagem dos modelos em RC é importante para mostrar
discrepâncias e revelar, de forma mais clara, a má-oclusão, se comparada com os
22
dentes em OC. A mandíbula e os dentes podem se mover distalmente, causando um
aumento no trespasse horizontal, uma diminuição no trespasse vertical e uma
mudança na classificação de Angle (HIDAKA, ADACHI e TAKADA, 2002).
Face ao exposto, percebe-se que atualmente, bem como em anos passados,
a importância da finalização ortodôntica em relação a determinada posição condilar
e a parâmetros oclusais adequados tem sido amplamente debatida. Profissionais da
corrente gnatológica sustentam que a coincidência entre a RC e a OC é a essência
do sucesso, ao passo que os ortodontistas que não seguem essa corrente
argumentam que esta necessidade não é claramente estabelecida ou medida.
Embora ambos os grupos utilizem, em maior ou menor grau, os objetivos estáticos e
o esquema funcional de proteção mútua, as técnicas por meio das quais cada grupo
avalia seus resultados diferem marcantemente. Ortodontistas gnatologistas,
norteados pelo trabalho de Roth, recomendam que o clínico deveria utilizar modelos
articulados em RC. Esta posição deveria ser estável, confortável e fisiológica para
cada indivíduo, e os movimentos para a RC ou para fora dela deveriam ocorrer sem
interferências dentárias, proporcionando uma correta função da ATM, bem como
saudável aspecto neuromuscular. A avaliação da posição condilar durante o
tratamento ortodôntico não requer apenas que os modelos estejam montados em
articulador e que se tenha cefalogramas convertidos de OC para RC; requer também
a localização do eixo terminal de rotação e posicionador gnatológico para finalização.
os clínicos não orientados pela gnatologia utilizam os modelos articulados
manualmente. Não lançam mão de técnicas que os orientem em relação à posição
condilar. O objetivo do tratamento inclui a obtenção do melhor esquema oclusal,
dentro de uma aceitável estética e estabilidade de resultados. O The American
Board of Orthodontics (ABO) Objective Grading System for Dental Casts and
Panoramic Radiographs”, apresentado em 2000, recentemente incluiu nos objetivos
do tratamento medidas precisas interarco e intra-arco em relação aos três planos do
espaço. Embora essa entidade tenha exigido, para certificação, uma melhora nos
aspectos funcionais dos casos tratados, as características e mensurações destes
não passavam, quando muito, de uma inspeção visual durante os movimentos
mandibulares excursivos. Apesar de ainda haver controvérsia em relação à
variedade de temas que abordam os aspectos funcionais de posição de RC e sua
exata relação com as DTM ou problemas de recidiva, muitos consideram sua
utilização necessária e útil em técnicas que envolvem o restabelecimento de uma
23
oclusão funcional, seja na reabilitação protética ou na ortodontia (KULBERSH et al.,
2003).
Segundo Ramfjord e Ash (1983, p. 95), se a mandíbula for mantida para trás
e para cima, tanto pelo paciente como pelo operador, pode ser traçado um
movimento de bisagra. Esse movimento terminal da mandíbula mantém o eixo de
rotação estacionário, através das duas ATM, mais precisamente localizado nos
côndilos. Esse movimento é chamado também de RC, posição de bisagra terminal
ou posição de contato retruído (PCR). Como esta posição ou trajeto é determinado
pelos ligamentos e estruturas da ATM, é chamada também de posição ligamentosa.
Ela denota o intervalo funcional posterior da mandíbula e tem sido definida como a
posição mais posterior da mesma, a partir da qual podem ser realizados
confortavelmente os movimentos de abertura e de lateralidade. Existe um
movimento de trajeto curto, que pode ser registrado entre RC e OC, que ocorre
quando o paciente desliza a mandíbula para esta última posição, a partir da RC.
É essencial, para o conforto funcional, que a harmonia neuromuscular
prevaleça no sistema mastigador. A satisfação de alguns requisitos relativos à
relação entre a guia da ATM e a guia oclusal asseguram tal harmonia. Dentre os
requisitos ideais no estabelecimento desta harmonia, é necessário que a OC esteja
ligeiramente à frente da RC, e no mesmo plano sagital que o trajeto realizado pela
mandíbula em um movimento protrusivo direto, entre a RC e a OC. A distância entre
as duas posições é de cerca de 0,1 a 0,2mm nas ATM e cerca de 0,2 a 0,5mm ao
nível dentário (RAMFJORD E ASH, 1983, p. 122).
A RC da mandíbula é uma posição utilizada com frequência na terapia. Essa
posição requer que ambos os côndilos e os discos estejam localizados
superiormente nas fossas enquanto ainda mantém contato com as vertentes
posteriores das eminências articulares. A RC pode, então, ser definida como a
posição mais superior dos côndilos mandibulares, com a zona central do disco
articular em contato com a superfície articular do côndilo e a eminência articular. As
fibras horizontais dos ligamentos temporomandibulares podem ou não estar tensas
nesta posição. Se estiverem, a RC será uma posição limite retruída ligamentosa. Se
não, um pouco mais de retração atrás da RC é possível, quando a mandíbula é
forçada posteriormente. Assim, a RC pode ou não ser a mesma que a posição
ligamentosa (MOLH et al., 1991, p. 98).
24
Em uma oclusão teoricamente ideal, as características não representam a
norma no sentido estatístico, ou seja, ocorrem ocasionalmente em um determinado
indivíduo. Este conceito é utilizado como uma série de parâmetros idealizados, com
os quais as variações podem ser comparadas, e vai bem além de uma consideração
de falta de sequelas patológicas. De acordo com esse conceito, o SM deve possuir
inúmeras características; dentre elas ressalta-se a relação entre a RC e a OC. Ou a
OC deve estar em harmonia com a RC, isto é, há coincidência destas posições, ou a
OC deve estar a uma pequena distância, dentro de 1mm anteriormente em relação à
RC no plano médio-sagital (MOLH et al., 1991, p. 204).
Para Dawson (2008, p. 8), a desvantagem mais comum na análise ou no
tratamento da relação oclusal é a falha em desconsiderar todas as partes do SM,
pois o profissional é impelido a muitos enganos se seu entendimento de oclusão é
limitado somente aos contatos oclusais. Os dentes são apenas uma parte do
sistema, e não existe uma maneira segura de avaliar as relações oclusais até a
constatação de que a ATM está em harmonia. o existe oclusão perfeita com uma
ATM deslocada. Isso significa que a posição e a condição das ATM devem ser
consideradas em relação à máxima intercuspidação dos dentes, e a função pafica
da musculatura mastigatória depende de uma relação harmoniosa entre estas partes.
Portanto, esta relação deve constituir uma preocupação primária no diagnóstico e no
tratamento. Não é possível avaliar adequadamente as influências de causa e efeito
na dentição e nas ATM sem o conhecimento das interdependências funcionais. Se
não se sabe a causa de uma relação, provavelmente se irá falhar e se correrá o
risco de submeter os pacientes a tratamento desnecessário ou a falta de conduta
adequada, quando se focam apenas os sinais e sintomas, sem conhecer as suas
causas.
A análise científica também requer uma explicação melhorada, que defina
com mais clareza uma “mordida errada em termos mais descritivos. O uso da
classificação de Angle para as más-oclusões, que descreve as relações entre as
arcadas ou para definir má-oclusão, é talvez a deficiência mais consistente e séria
na literatura, que desacredita a ideia de uma relação entre a oclusão e a DTM. A
causa desta confusão é autoevidente, porque essa classificação não relaciona o
contato oclusal máximo ao posicionamento tampouco à condição das ATM
(DAWSON, 2008, p. 13). Portanto, o primeiro passo para uma oclusão aprimorada é
ter contatos simultâneos, uniformes e de mesma intensidade em todos os dentes,
25
quando o conjunto côndilo-disco estiver completamente assentado na cavidade
glenoide (DAWSON, 2008, p. 32). A RC não é uma posição terminal ligamentosa,
mas sim uma posição terminal fisiológica obtida pela função muscular durante o
fechamento mandibular; é o relacionamento maxilomandibular quando o conjunto
côndilo-disco adequadamente alinhado está na posição mais superior contra a
eminência articular. Os côndilos devem ser forçados alguns milímetros distalmente a
partir da RC, em direção à inclinação posterior da fossa, para atingirem uma posição
final ligamentosa (DAWSON, 2008, p. 41). As interferências deflectivas ao
assentamento completo das ATM podem ser uma característica normal em muitos
pacientes, mas também podem ser muito problemáticas. Certamente elas não são
consistentes com resultados previsíveis para a estabilidade e conforto. Alguns dos
fatores mais críticos nas desordens oclusomusculares, como desgaste dentário
excessivo, hipermobilidade, dentes doloridos ou sensíveis, e outros sinais de
anormalidade vão passar despercebidos se a RC não for determinada de forma
precisa e se todas as interferências oclusais deflectivas não forem consideradas
como problemas potenciais (DAWSON, 2008, p. 106). Prioriza-se, portanto, como
um dos requisitos para o equilíbrio do SM e para a estabilidade oclusal, contatos de
mesma intensidade em todos os dentes posteriores, quando os côndilos estão em
relação RC. Além disso, as ATM devem estar estáveis e confortáveis (DAWSON,
2008, p. 347).
A controvérsia em torno da posição condilar mais fisiológica irá continuar, até
que se conclua, por evidência, que existe uma posição mais adequada que as
demais. Entretanto, os dentistas devem continuar a promover tratamentos aos seus
pacientes, e a utilização de uma posição condilar ortopedicamente estável é
essencial ao mesmo. E para que se estabeleça um critério de posição articular
ortopedicamente estável, faz-se necessária uma avaliação das estruturas
anatômicas. Na posição postural, sem influência da condição oclusal, os côndilos
são estabilizados pelo nus da musculatura. Os músculos temporais posicionam os
mesmos superiormente na fossa articular, enquanto os masséteres e os pterigoideos
mediais os posicionam ântero-superiormente. os pterigoideos laterais tendem a
trazê-los para frente. Em resumo, a posição articular mais ortopedicamente estável,
ditada pelo tônus da musculatura, dá-se quando os côndilos estão localizados mais
ântero-superiormente na fossa articular, assentados e em repouso contra a
inclinação posterior da eminência articular. Esta condição articular ótima requer
26
também o correto posicionamento do disco articular, que é interposto entre o côndilo
e a fossa articular. É, portanto, considerada a mais estável posição músculo-
esqueletal (MS) da mandíbula, que também é sinônimo de RC, definição esta
amplamente aceita atualmente. E esta posição MS das articulações poderá ser
mantida se estiver em harmonia com uma estável condição oclusal. Caso contrário,
ou seja, se o fechamento na posição MS encontra uma condição oclusal instável, o
sistema neuromuscular agirá rapidamente para que se encontre uma posição
mandibular que resulte em uma condição oclusal mais estável. Portanto, uma
condição oclusal ideal permitirá, além de uma função efetiva, uma minimização dos
danos a qualquer componente do SM. Conclui-se, então, que o contato simultâneo
do maior número possível de dentes, ao mesmo tempo que os côndilos estão em
sua posição mais anterior e superior na fossa articular, e em repouso contra a
inclinação posterior da eminência articular, preenche um dos critérios de uma ótima
oclusão funcional (OKESSON, 2008, p. 97-98).
Essencialmente, de acordo com Mc Neill (2000, p. 311), a RC pode ser
conceituada utilizando-se definições anatômica, ortopédica e operacional:
1) Definição anatômica: A relação maxilomandibular na qual os côndilos se
articulam na posição articular mais delgada de seus respectivos discos, em posição
ântero-superior contra a vertente posterior da eminência articular.
2) Definição ortopédica: Está baseada no conceito físico-médico de uma
relação próxima do côndilo, disco articular e fossa, como determinado pelos
músculos elevadores mandibulares durante a função, isto é, cargas de compressão
ou funcionais das estruturas articulares durante a mastigação e deglutição. Essa
relação é considerada correta tanto fisiológica como biomecanicamente.
3) Definição operacional: Está baseada no conceito de que, para se realizar
tratamento oclusal complexo e preciso, é tecnicamente vantajoso utilizar uma
posição limítrofe da mandíbula. A RC é independente do contato dentário e
determinada pela manipulação da mandíbula em um movimento puramente de
rotação ao redor do eixo horizontal transversal. É constante para a mandíbula e
move-se com a translação condilar. A mandíbula é manipulada em direção retruída,
à medida que é apoiada em direção superior nos ângulos mandibulares, para
permitir que os côndilos situem-se em direção mais ântero-superior contra as
vertentes posteriores da eminência articular. Esta PCR não deve ser confundida com
a posição mais retruída do côndilo, que não é considerada uma posição fisiológica.
27
A vantagem operacional de RC é que ela permite ao clínico idealizar o tratamento a
partir de um ponto inicial conhecido e avaliar o progresso e o resultado do mesmo,
baseando-se nesse ponto inicial. Foi demonstrado que a técnica pode ser facilmente
padronizada com a prática. Uma das técnicas de manipulação mais reproduzíveis é
a técnica bimanual de Dawson. Outra técnica eficaz é a manipulação mandibular
com a utilização do dispositivo Lucia ou o compasso de folha. Após a definição da
classificação de tratamento e posição de referência, definem-se os objetivos clínicos
específicos para o alcance da oclusão ideal. Os objetivos ideais específicos, a partir
de um ponto de vista estrutural e funcional, incluem, dentre outros, a distribuição
simétrica máxima dos contatos cêntricos na posição de intercuspidação. Os contatos
de suporte cêntrico são desejáveis para estabelecer estabilidade máxima e
distribuição ideal das forças de fechamento. O número natural de pontos de contato
em MIH é, em média, cerca de 7 contatos bilaterais, com o molar recebendo mais
carga que os pré-molares, que recebem mais carga que os caninos. O contato
dentário ocorre primariamente em MIH durante a mastigação e deglutição, e
algumas vezes em PCR durante a deglutição. A distribuição máxima dos contatos
homogêneos em MIH distribui as forças mastigatórias entre os dentes e as
articulações. Caso a carga oclusal ocorra apenas na região molar mais distal,
especificamente na região de segundos e terceiros molares, pode atuar como
contato deflectivo. Isso faz com que o côndilo ipsilateral fique livre de cargas, ou
receba cargas de tração, e o côndilo do lado oposto desenvolva carga aumentada.
Este fenômeno clínico foi descrito como “fulcro molar”, responsável, segundo Roth,
por avulsão do côndilo ipsilateral. Os contatos deflectivos, portanto, podem causar
instabilidade oclusal e posicionamento anterior da mandíbula, difíceis, às vezes, de
serem diagnosticados por clínico inexperiente.
Embora ortodontistas gnatologistas contemporâneos acreditem na obtenção
da posição condilar ântero-superior, ao mesmo tempo que os dentes estejam em OC,
pouca evidência científica para fundamentar esta visão. De fato, a evidência
fundamenta o contrário. A localização do côndilo na fossa glenoide, independente de
onde quer que seja, não tem sido demonstrada como consequência da presença ou
ausência de sintomas de DTM. A preponderância de evidência disponível sugere
que não há posição ideal do côndilo na fossa glenoide, mas sim uma série de
posições normais. Ortodontistas não orientados pela gnatologia acreditam que
uma tolerância de 2 a 4mm na discrepância RC-OC no plano horizontal, e não dão
28
atenção à relevância das dimensões verticais e transversais. Portanto, a posição
tridimensional do côndilo não é predictiva de DTM. Há, portanto, uma falha dos
ortodontistas gnatologistas em apresentar evidências, preferencialmente através de
imagens por ressonância magnética, em relação à posição dos côndilos em RC
ântero-superior. Contrariamente ao pensamento de Roth, evidência, através de
imagens de ressonância magnética, de que os registros em RC, por inúmeros
dispositivos, não colocam os côndilos na posição por ele defendida. O que deve ser
questionado é se pequenas discrepâncias RC-OC encontradas pelos gnatologistas
são clinicamente significantes e se há relação entre estas e saúde do SE dos
pacientes.
Recentemente, o estudo sobre o movimento condilar, através de sonic
digitizing system”, demonstrou o movimento simultâneo e instantâneo de rotação e
translação do côndilo mandibular, o que havia sido relatado por Lucce e Bennett.
Esta teoria defende que os côndilos rotam e transladam ao mesmo tempo, durante a
fase inicial de abertura da mandíbula. Não há, portanto, centro de rotação na cabeça
do côndilo. Tais achados corroboram a teoria do movimento constante, que por sua
vez cria um centro de rotação mandibular instantâneo que é diferente para cada
indivíduo. Devido ao fato de os articuladores não incorporarem nenhum movimento
de translação inicial durante a abertura da mandíbula, e portanto, não simularem
precisamente os movimentos mandibulares, não se pode esperar a identificação de
interferências, por meio de sua utilização. Os ortodontistas orientados pela
Gnatologia deveriam fornecer provas de que o uso dos modelos montados em
articulador afeta de maneira apreciável a forma como os pacientes são
diagnosticados e tratados, e que tudo isso tem relação com a saúde do SE. Deve
haver prova suficiente da filosofia gnatológica, como o verificável eixo de rotação e a
RC. E qual é o consenso de RC?
Outra questão são os registros de mordida. Estes são válidos? relação
entre estes, função mandibular e saúde da ATM? Os registros posicionam o côndilo
em RC? Além disso, o articulador deve replicar e registrar as posições e movimentos
mandibulares. a sugestão de que a montagem rotineira dos modelos permite
uma análise detalhada da oclusão. Entretanto, a posição condilar e a oclusão m
menos importância na prática que na teoria. Tem-se demonstrado também que há
uma pobre especificidade e sensitividade dos fatores oclusais em relação à DTM,
sendo a oclusão uma pequena peça no quebra-cabeça das DTM. Não procede,
29
portanto, uma análise detalhada da oclusão e da posição mandibular. Os
gnatologistas dos anos 70 alegavam que, se os ortodontistas ignorassem a oclusão
funcional e tratassem apenas a oclusão estática ou morfológica, os pacientes
desenvolveriam desarmonias oclusais e côndilos deslocados, fato que, por sua vez,
predisporia à DTM. Paralelamente, esses mesmos ortodontistas defendiam a
retruída RC. Se os gnatologistas estivessem corretos, os indivíduos tratados
convencionalmente teriam mais DTM que grupos similares não tratados. As provas
demonstram o contrário. Não diferença em relação à incidência de DTM, oclusão
funcional, posição condilar entre pacientes tratados ortodonticamente e pacientes
não tratados (RINCHUSE e KANDASAMY, 2006).
Em uma pesquisa realizada, concluiu-se também que a montagem rotineira
em articulador é desnecessária, uma vez não ter sido encontrada diferença no plano
de tratamento, quando se comparou a avaliação ortodôntica, tanto dos casos
montados em articulador como dos modelos não articulados. A articulação dos
modelos não influenciou significativamente as decisões de tratamento (ELLIS e
BENSON, 2003).
Apesar de autores defenderem a coincidência de posições entre RC e OC,
estudos epidemiológicos falham em demonstrá-la na dentição natural. Por que ela é
considerada por tais autores como objetivo a ser alcançado, então? Segundo os
mesmos, a existência de tais discrepâncias pode ocasionar DTM, o que não possui
evidência científica. Estudos transversais também não demonstraram relação entre
discrepâncias e DTM. A interpretação da atual evidência disponível é que os
contatos oclusais na MIH não coincidentes com a PCR são normais. Não provas,
por outro lado, de que a coincidência destas posições seja uma desvantagem;
portanto, como não pesquisas prospectivas controladas que estabeleçam
conclusivamente as consequências de uma oclusão não ideal, é impossível de se
avaliar se o tratamento ortodôntico ativo deve ser estendido até que se alcance tais
objetivos. A avaliação final deve ser feita após a fase de contenção, quando terá
ocorrido o estabelecimento da oclusão (CLARK e EVANS, 2001).
30
1.2 Ortodontia Funcional
Hwang e Behrents (1996) realizaram um estudo cujo objetivo foi investigar a
relação entre tratamento ortodôntico e discrepância RC-OC, determinada pelo
movimento condilar. Utilizaram para tal 36 pacientes ortodônticos, sendo
previamente tratados com aparelho fixo Edgewise e mecânica de deslize. Destes, 20
foram submetidos a extrações de pré-molares. O tratamento foi finalizado 3 meses
antes de serem convidados para o estudo. Todos os pacientes foram tratados sem
nenhum conceito de oclusão funcional. Como grupo controle, foram selecionados 30
pacientes Classe I de Angle sem história de ortodontia, cirurgia, restaurações ou
ajuste oclusal. O indicador de posição mandibular (IPM) foi utilizado para
mensuração das mudanças de posição condilar entre RC e OC, no sentido ântero-
posterior, lateral e vertical. Para efeito de comparação, os contatos prematuros em
RC, tanto no grupo experimental como no de controle, foram marcados graficamente
na superfície oclusal dos dentes. Não houve diferença significante entre o grupo
experimental e o grupo controle, em termos de magnitude e direção do deslize
cêntrico. As prematuridades foram bastante associadas com os segundos molares,
sendo 55,7% na maxila e 63,6% na mandíbula, não ocorrendo diferença significante
em relação aos dentes avaliados, em ambos os grupos. Em relação à parte
anatômica dos dentes envolvidos, as prematuridades tenderam a ocorrer na
inclinação bucal das cúspides palatinas na maxila e na inclinação lingual das
cúspides bucais na mandíbula, em ambos os grupos, sendo que estas foram mais
detectadas no grupo tratado ortodonticamente (44%), se comparada ao grupo
controle (23%), diferença estatisticamente significante. Segundo este estudo,
portanto, o tratamento ortodôntico geralmente não produz um deslize de um modo
diferente daquele visto na população.
Clark e Evans (1998) se propuseram a examinar parâmetros da oclusão
funcional de 37 de pacientes que haviam terminado o tratamento ortodôntico, sendo
considerados satisfatórios do ponto de vista estático. Os pacientes haviam removido
o aparelho havia uma semana, sem que tivessem utilizado qualquer contenção
neste período. Os pacientes com hipodontia ou restaurações não participaram da
pesquisa, nem aqueles que não cooperaram ou abandonaram o tratamento. A
técnica de Lucia foi utilizada para facilitar a manipulação da mandíbula para a
31
posição axial retruída. Com os modelos montados, foram avaliados os contatos na
PCR e em duas posições laterais específicas a partir da MIH. O deslize entre a PCR
e a posição intercuspídea foi medido nas direções ântero-posterior, vertical e lateral,
ao nível incisal, com proximidade de 0,5mm. Em 24 pacientes (65%), os contatos
detectados na posição de eixo terminal foram unilaterais. Com relação ao deslize
entre a PCR e a posição intercuspídea, tanto no sentido ântero-posterior, vertical e
lateral, obteve-se o seguinte:
A) Direção ântero-posterior: em 21 pacientes (57%) estas discrepâncias foram
menores que 1mm; em 10 pacientes (27%) estas se situaram entre 1 e 2mm; e em
apenas 6 pacientes (16%) as discrepâncias foram maiores que 2mm.
B) Direção vertical: em 25 pacientes (68%) as discrepâncias foram menores
que 1mm; em 10 pacientes (27%), estas se situaram entre 1 e 2mm; e em apenas 2
pacientes (5%) as discrepâncias foram maiores que 2mm.
C) Direção Lateral: em 10 pacientes (27%) não ocorreram discrepâncias; em
19 pacientes (51%) estas foram menores que 0,5mm; e em 8 pacientes (22%) os
desvios foram maiores que 0,5 mm.
Milosevic e Samuels (1998) avaliaram, por meio de índices estabelecidos na
literatura, a oclusão funcional de 188 casos tratados ortodonticamente em três
departamentos de ortodontia de Liverpool, UK. Dos 188 pacientes, 124 ou 66% eram
mulheres, com idade média de 17,2 anos, e 64 ou 34% eram homens, com idade
média de 16,6 anos. Os ortodontistas que conduziram os tratamentos foram
separados em duas categorias: estudantes de pós-graduação e membros do corpo
docente A maioria dos tratamentos foi executada com o aparelho pré-ajustado,
prescrição Roth. Em todos os tratamentos foi alcançada relação de Classe I de
incisivos e boa intercuspidação. Todos os pacientes estavam na fase de contenção.
Para determinar as possíveis interferências ou desvios entre RC e a posição
intercuspídea, os pacientes foram instruídos a morder uma espátula de madeira por
5 minutos, após o qual se procedeu à manipulação mandibular bilateral. Logo depois,
estes foram orientados a morder na posição mais confortável e natural. A contagem
foi feita da seguinte maneira: Se a PCR e a MIH fossem coincidentes ou o deslize
fosse reto e estivesse entre 0 e 1mm, o valor dado era 0, ou seja, sem interferências.
Se fosse reto, entre 1 e 2mm, e/ou menor que 0,5mm lateral, o valor dado era 1, ou
seja, com interferências suaves. E se o deslize fosse maior que 2mm para anterior, e
mais de 0,5mm para lateral, o valor dado era 2, considerando interferências severas.
32
A média de tempo entre a remoção e a data de análise foi de 6,9 meses. De acordo
com a contagem deste estudo, as discrepâncias entre a PCR e a MIH foram
ausentes em 155, ou 82% dos pacientes, e presentes em 33, ou 18% destes. A
frequência de contatos oclusais funcionais não ideais foi significativamente maior
nos pacientes tratados por estudantes, se comparada com os pacientes tratados por
professores. A prevalência de interferências oclusais funcionais após o tratamento
ortodôntico em 188 pacientes ingleses foi similar a outros trabalhos norte-
americanos. Não se sabe se estes contatos estavam presentes no pré-tratamento.
Hidaka, Adachi e Takada (2002) reportaram a frequência, magnitude e
diferença entre os lados esquerdo e direito, em relação à posição condilar, da
posição de RC para OC, antes do tratamento ortodôntico. Investigaram também
como tais diferenças variam em grupos distintos, de acordo com idade, sexo, ângulo
do plano mandibular ou classificação de Angle. Foram selecionados 150 pacientes
que aceitaram o tratamento ortodôntico, sendo 45 do gênero masculino e 105 do
gênero feminino. A idade média foi de 15,6 anos. Foi executada a manipulação
guiada durante a tomada do registro em RC, sendo que pressão foi aplicada no
pogônio e direcionada aos côndilos. O registro em OC foi obtido com uma simples
lâmina de cera. Com a cera entre as arcadas, os pacientes foram instruídos a
morder firmemente e depois bater de leve os dentes. Os registros com o indicador
de posição condilar (IPC) entre RC e OC foram obtidos em papel quadriculado. As
medidas foram obtidas com precisão de 0,1mm. Foi definido como significante
deslocamento condilar 2,0mm ou mais em direção horizontal e/ou vertical, e 0,5mm
ou mais em direção horizontal. Não houve diferença significante entre os grupos
estudados. O deslocamento condilar de RC para OC foi primariamente em direção
inferior, sendo em média 1,0 +- 0,7mm para lado esquerdo e 0,9 +- 0,7mm para o
lado direito. O componente ântero-posterior foi menor, de - 0,1 +- 0,8 mm em média
para o lado esquerdo, com variação de - 1,7 a 5,0 mm e 0,2 +- 0,8mm em média
para o lado direito, com variação de - 1,8 a 3,2mm. O deslocamento lateral foi em
média 0 mm +- 0,5mm, embora 31% dos pacientes apresentassem significativo
deslocamento lateral. Houve aumento do trespasse horizontal e diminuição do
trespasse vertical. Considerável assimetria condilar foi verificada neste estudo, o que
não foi obtido em estudos anteriores. O movimento para baixo pode ter como causa
a rotação em torno de um fulcro molar. O deslocamento lateral foi o mais prevalente
e o mais crítico tipo de deslocamento condilar. Não se pode predizer com este
33
estudo a frequência, magnitude, ou direção das mudanças entre as posições de RC
e OC, em nível condilar, pela idade, gênero, classificação de Angle, ângulo ANB ou
ângulo do plano mandibular.
Olsson e Lindqvist (2002) determinaram a variação na prevalência de
interferências oclusais, em relação à idade e gênero, em pacientes ortodônticos, e
em pacientes com pequena indicação de tratamento ortodôntico. Analisaram
também o efeito do ótimo tratamento ortodôntico, incluindo desgaste seletivo, se
necessário, na prevalência das interferências oclusais. Duzentos e dez (210)
pacientes ortodônticos foram então selecionados e examinados, cada um com seu
controle, com pequena indicação para tratamento ortodôntico, de acordo com o
Index of the Swedish Medical Health Board. A idade média dos pacientes e do grupo
controle antes do tratamento ortodôntico era de 12 anos e 8 meses, com variação de
7,1 a 20,5 anos. Os indivíduos da pesquisa foram divididos em grupos, de acordo
com gênero e idade, sendo um grupo com faixa etária abaixo de 13 anos e outro
grupo com faixa etária maior ou igual a 13 anos. Os indivíduos menores que 13 anos
permaneceram no mesmo grupo ao final dos registros. Primeiramente, obteve-se a
discrepância anterior entre a RC e a OC. Se um desvio lateral estivesse presente
neste trajeto, era chamado de interferência. As médias de discrepâncias anteriores e
laterais, entre RC e OC, foram separadas em intervalos: 0,1 0,4mm, 0,5 0,8mm,
0,9 1,2mm, e maior ou igual a 1,3mm. O objetivo do tratamento foi a obtenção das
6 chaves de Andrews, com discrepância RC-OC dentro do intervalo de 0,1 a 0,8mm,
sem desvios laterais e sem contatos de balanceio. Em alguns casos, foi feito o
ajuste oclusal por desgaste seletivo. A cada 6 meses, esses pacientes eram
reexaminados, e novo ajuste era feito, até que estivessem livres de interferências,
ao final de 18 meses. Após o tratamento ativo, 52,4% dos pacientes apresentaram
algum tipo de interferência, que não era passível de ser removida pelo tratamento
ortodôntico. Após o ajuste oclusal por desgaste seletivo, 13,8% destes ainda
possuíam alguma discrepância entre RC e OC, contatos em balanceio, ou ambos,
devido à morfologia dentária. Em relação aos pacientes com pequena necessidade
de tratamento, 79,5% possuíam um deslize anterior de 0,1 a 0,8mm, e apenas 0,5%
não possuía deslize. Nos pacientes pré-tratamento ortodôntico, 82,3% possuíam um
deslize entre 0,1 a 0,8mm, e em apenas 9,5% destes não foi observado deslize
entre RC e OC. Em relação aos pacientes pós-tratamento ortodôntico, 43,8%
possuíam um deslize anterior de RC para OC entre 0,1 e 0,8mm, enquanto que em
34
35,7% destes não havia discrepância anterior. Não houve diferença entre as
discrepâncias de RC para OC no sentido anterior, entre meninos e meninas e em
relação à idade, em ambos os grupos. O deslize lateral entre RC e OC foi de 46,6%
nos pacientes pré-tratamento e 8,6% nos pacientes pós-tratamento. No grupo
controle foi de 23,8%. Pequenas diferenças foram encontradas no pós-tratamento
em relação ao gênero e idade. Pequena prevalência de desvio lateral para a direita
no pré-tratamento foi observada, e não houve diferença no pós-tratamento e no
grupo controle. A prevalência de interferências em geral no pós-tratamento foi menor
que nos controles. O resultado do presente estudo indica que um ótimo tratamento
ortodôntico em adolescentes deveria incluir ajuste oclusal seletivo, quando
necessário. O ajuste resulta em estabilidade, se os dentes estiverem em ótimas
posições.
Klar e outros (2003) examinaram os registros do ICP de 200 pacientes que
haviam sido tratados ortodonticamente, de acordo com a orientação gnatológica de
Roth, para se determinar a natureza das discrepâncias entre RC e OC, no pe no
pós-tratamento, em nível condilar. Destes, 127 eram do gênero feminino e 73 do
masculino. Esses pacientes foram obtidos consecutivamente de uma lista de
pacientes que haviam completado o tratamento ortodôntico. A idade média foi de 14
anos e 2 meses, e a variação foi de 9 a 55 anos. As medidas do eixo condilar foram
obtidas de todos os pacientes, no pré e no pós-tratamento, bem como as alterações
nos três planos do espaço. As medidas foram feitas com aferição de 0,1mm. Além
dessas medidas, foram registradas também a idade, gênero, características
cefalométricas e classificação de Angle. Uma redução estatisticamente significante
foi observada em relação às discrepâncias entre RC e OC, quando foram
comparadas as medidas do pré e do pós-tratamento. Basicamente, não foi
encontrada nenhuma diferença entre os grupos estudados, em relação à
classificação de Angle, tipo facial, gênero e idade. A média de discrepância RC-OC
no plano horizontal foi de 0,81mm no pré-tratamento, e de 0,53mm no pós-
tratamento; a média de discrepância RC-OC, no plano vertical, foi de 0,99mm no
pré-tratamento, e de 0,60mm no s-tratamento; e a média de discrepância RC-OC,
no plano transversal, foi de 0,44mm no pré-tratamento, e de 0,24mm no pós-
tratamento. Os achados do presente estudo demonstram que a maioria dos
pacientes tiveram um deslocamento condilar em direção stero-inferior, causada
muito frequentemente por prematuridade em segundos molares, o que gera um
35
fulcro nesta região. A segunda mais importante trajetória de deslocamento condilar
foi ântero-inferior. Portanto, a abordagem ortodôntica orientada pela gnatologia
permitiu uma significante redução das discrepâncias RC-OC, entre o pré e o pós-
tratamento.
Kulbersh e outros (2003) compararam as discrepâncias entre RC e OC, em 3
grupos de pacientes que haviam sido submetidos a tratamento ortodôntico com boa
finalização. Os 3 grupos consistiram de casos Classe I e II de Angle, sendo que
alguns destes requereram extrações dentárias. O grupo 1 consistiu de 11 pacientes
de uma clínica privada, sendo 2 meninos e 9 meninas, com idade média de 12,8
anos, com variação de 10,5 a 15,4 anos. O diagnóstico, plano de tratamento e a
terapia seguiram a filosofia gnatológica de Roth, com modelos montados em
articulador, posicionador gnatológico e conversão cefalométrica de OC para RC.
Estes tiveram suas discrepâncias avaliadas após a utilização, por 3 semanas, de um
posicionador gnatológico. O grupo 2 consistiu de 14 pacientes de uma clínica de
graduação, sendo 9 do gênero feminino e 5 do gênero masculino. A idade média foi
de 13,5 anos, com variação de 9,5 a 24,5 anos. Não foi utilizada nenhuma
instrumentação gnatológica no diagnóstico, no plano de tratamento nem na terapia.
Este grupo teve primeiramente sua avaliação e registro em OC. Somente após a
utilização por 3 semanas de um posicionador gnatológico, foi feito então o registro
em RC. O grupo 3 consistiu de 23 pacientes de uma clínica privada, sendo 16 do
gênero feminino e 7 do gênero masculino. A idade média foi de 13 anos, com
variação de 10,5 a 15,4 anos. Estes pacientes foram tratados da mesma maneira
que o grupo 1, ou seja, de acordo com a filosofia gnatológica. Todos tiveram suas
discrepâncias avaliadas antes da utilização do posicionador gnatológico. Nenhuma
diferença foi encontrada em relação aos três grupos, no que se refere a ângulo ANB,
FMA, proporção de altura facial, tempo de tratamento e idade. As comparações das
discrepâncias RC-OC, detectadas pelo IPC, mostraram diferença estatisticamente
significante apenas em relação às medidas verticais do lado esquerdo e direito, e
somente entre os grupos 1 e 2, e entre os grupos 2 e 3. Todas as outras
mensurações, tanto horizontais como transversais, não foram diferentes em relação
aos 3 grupos estudados.
Cordray (2006) desenvolveu um estudo cujo objetivo foi avaliar
estatisticamente o deslocamento natural tridimensional da relação interarco e da
posição condilar, entre as posições de RC e OC, em uma grande população,
36
desprogramada e assintomática. Foram utilizados registros de 596 pacientes, sendo
325 do gênero feminino e 271 do masculino. Todos eram provenientes de clínica
particular e estavam sob tratamento ortodôntico rotineiro. Foram considerados
assintomáticos para DTM, devido à ausência de sinais e sintomas. Foram obtidos
também registros para cada indivíduo de histórico médico e odontológico, exame
clínico, modelos de estudo, registro de mordida em OC e em RC, além de estimado
eixo de rotação para montagem dos modelos no articulador. Em todos os pacientes
foi feita a desprogramação de 5 a 10 minutos. O registro em RC foi feito sem a
manipulação manual, pelo método modificado de Roth. Em seguida à
desprogramação muscular, obteve-se o registro em cera da RC. A partir do PCR,
foram feitos registros utilizando-se um instrumento aferidor, nas três direções. Foram
medidas as distâncias ou deslocamentos tridimensionais interdentais e condilares,
entre a RC e OC, e as mesmas foram avaliadas por frequência, direção e magnitude.
Foram feitas correlações entre as diferenças na classificação de Angle, magnitude
do deslocamento condilar, gênero e idade. Em 560 pacientes (94%), houve contato
no dente mais posterior. Em 592 pacientes (99,3%), o trespasse horizontal era maior
com os mesmos em RC. Somente em 4 pacientes, o trespasse horizontal foi menor
em RC. A média de trespasse horizontal em RC foi de 5,19mm e em OC foi de
2,78mm. Em relação à classificação de Angle, 40,9% dos pacientes sofreram
alteração. Em 593 pacientes (99,5%), o trespasse vertical foi menor em RC, quando
comparada à OC. A dia de trespasse vertical em RC foi de 2,06mm e em OC foi
de 4,04mm. Em 571 pacientes (95,8%), os côndilos sofreram deslocamento inferior.
De 1.192 côndilos, 1.156 (97,9%) exibiram um deslocamento inferior vertical de RC
para OC. Dos deslocamentos condilares, 796 (66,7%) ocorreram em uma direção
póstero-inferior, 303 (25,4%) em uma direção ântero-inferior e 68 (5,7%) em uma
direção inferior apenas. Em relação ao movimento condilar, 555 pacientes (93,1%)
tiveram deslocamento vertical maior que o horizontal, no ndilo direito; e o mesmo
ocorreu com 550 pacientes (92,2%) em relação ao côndilo do lado esquerdo.
Somente 69 pacientes (11,5%) tiveram deslocamento horizontal sem componente
vertical. Em média, o deslocamento vertical foi duas vezes maior que o horizontal.
Enfim, todos os côndilos tiveram deslocamentos entre RC e OC, em todas as
direções. Nenhum paciente teve posição condilar coincidente em RC e OC. Não foi
encontrada relação entre idade e sexo dos pacientes e magnitude do deslocamento
condilar. Não são parâmetros, portanto, para predição do deslocamento condilar. Os
37
resultados deste estudo em modelos desprogramados evidenciaram: contato oclusal
prematuro, coincidência de linha média, aumento no número de casos portadores de
má-oclusão de Classe II, aumento do trespasse horizontal, diminuição do trespasse
vertical e mudança na classificação de Angle. Concluiu-se, portanto, que a
desprogramação deve afetar o tratamento ortodôntico no diagnóstico, plano de
tratamento, ancoragem, mecânica, coordenação das arcadas, avaliação do efeito do
tratamento e avaliação da recidiva.
1.3 Elásticos na Ortodontia
O objetivo do tratamento ortodôntico é devolver as características de
normalidade à oclusão. É importante, na definição da estratégia do tratamento, a
escolha adequada dos dispositivos mecânicos e acessórios que deverão ser
empregados para que se obtenha o sucesso almejado. Muitas vezes, o tratamento
ortodôntico requer alterações na posição das bases ósseas, o que nem sempre se
alcança. Portanto, torna-se necessário mascarar essa discrepância por meio da
compensação dentoalveolar, a qual requer movimentações dentárias nem sempre
favoráveis, tanto para a função, para a estabilidade, quanto para o perfil do paciente.
A ortodontia contemporânea inclui, portanto, a compensação dentoalveolar nos seus
objetivos e faz uso da ancoragem intrabucal intermaxilar, recíproca, obtida com a
utilização dos elásticos (CABRERA et al., 2003).
1.3.1 Histórico
Segundo Langlade (2000), inúmeros foram os autores que de alguma maneira
contribuíram para a utilização dos elásticos:
Fauchard, em 1728, propôs o fechamento de diastemas anteriores com
ligaduras.
Bourdet, em 1756, também utilizou ligaduras para movimentar os dentes.
Cellier, em 1803, introduziu a mentoneira com ligaduras elásticas.
38
Schange, em 1841, utilizou fios de elástico para movimentar os dentes.
Case, em 1892, foi o primeiro a utilizar força elástica intermaxilar para corrigir
má-oclusão.
Baker, em 1904, publicou um artigo sobre o tratamento de arcadas por meio
de elásticos intermaxilares.
Angle, em 1907, propôs em seu livro Treatment of malocclusions of teetha
classificação das más-oclusões e a utilização de forças elásticas
correspondentes a cada uma delas.
Tweed, em 1948, iniciou a utilização do elástico intermaxilar para reforço de
ancoragem.
Jarabak e Fizzel, em 1963, descreveram pela primeira vez a biomecânica do
elástico de Classe II.
Begg, em 1965, em seu livro “Begg orthodontic theory and technique,” indicou
a utilização de elásticos de Classe II, os quais deveriam ser trocados a cada
cinco dias.
Ricketts, de 1964 a 1970, criou a Técnica Segmentada Bioprogressiva e
advertiu sobre a utilização de elásticos nos casos de mordida aberta.
Roth, em 1972, recomendou a utilização de elásticos intermaxilares para
auxiliar na correção da curva de spee.
Langlade, entre 1973 e 1996, desenvolveu aplicações clínicas das forças
elásticas em diferentes situações.
1.3.2 Aplicação clínica
O uso dos elásticos na ortodontia tem sido incrementado com a melhora de
suas propriedades. São muito utilizados como substitutos às ligaduras metálicas, na
movimentação dentária para retração de dentes e fechamento de espaços, na
correção de relações interarcos e também como auxiliares na utilização de
aparelhos extrabucais (LORIATO, MACHADO e PACHECO, 2006).
39
1.3.3 Constituição
De acordo com o material de fabricação, existem dois tipos de elásticos
ortodônticos: os de borracha e os sintéticos. Os elásticos de borracha ou látex são
obtidos a partir da extração vegetal, seguida por um processo de fabricação até a
obtenção do produto final. Atualmente, são muito utilizados como auxiliares em
aparelhos extrabucais, máscaras faciais, além da aplicação como elásticos
intermaxilares para correção da relação ântero-posterior, da linha dia e da
intercuspidação. Os elásticos sintéticos ou elastoméricos, também chamados de
plásticos, são obtidos por meio de transformações químicas do carvão, petróleo e
alguns álcoois vegetais. Entretanto, sua composição química exata é uma
informação não divulgada de cada fabricante. Sua extensa aplicação ocorre em
substituição às ligaduras metálicas para fixação dos arcos aos braquetes, bem como
na retração e fechamento de espaços por meio dos elásticos sintéticos do tipo
corrente (LORIATO, MACHADO e PACHECO, 2006).
1.3.4 Propriedades
A elasticidade, propriedade apresentada por certos corpos de retornar à sua
forma original ao cessar a ação, justifica seu uso na prática ortodôntica. São
ordinariamente circulares, e podem ser esticados com a finalidade de agregar
objetos que se deseja manter unidos. Constituem, portanto, elementos ativos da
mecanoterapia. Ao serem esticados, liberam forças que oscilam entre 50 e 500
gramas, na dependência do tamanho e espessura do elástico, bem como da
distância entre os pontos de inserção. A magnitude de força deve ser conferida por
intermédio de um dinamômetro de precisão ou tensiômetro (CABRERA et al., 2003).
40
1.3.5 Classificação
Os elásticos podem ser utilizados intra ou extrabucalmente, sendo os
elásticos intrabucais classificados de acordo com o maxilar envolvido: a) elástico
intermaxilar, quando localizado em arcos antagônicos, ou seja, a ação e reação se
encontram em arcos diferentes; b) elástico intramaxilar, quando localizado no
mesmo arco dentário, ou seja, a ação e reação estão também no mesmo arco
(CABRERA et al., 2003).
1.3.6 Apresentação e disposição
Os elásticos são encontrados no mercado em vários tamanhos e apresentam
variações na sua espessura, que lhes conferem a designação de leve (L), médio (M)
e pesado (P), de acordo com a magnitude de força liberada. Estes vêm
acondicionados das indústrias em embalagens plásticas identificadas geralmente
pelo seu diâmetro em polegadas e em milímetros, além da magnitude de força.
Algumas marcas nacionais identificam apenas o tamanho em polegadas, enquanto
outras identificam o diâmetro em polegadas e seu correspondente em milímetros,
não identificando a magnitude de força. Nos Estados Unidos da América, a unidade
métrica usada para a identificação das dimensões de um elástico é a polegada (“).
Uma polegada corresponde a 2,54cm ou 25,4mm do sistema métrico decimal.
Portanto, para se transformar o diâmetro de polegadas para centímetros, deve-se
utilizar o valor da polegada (2,54cm ou 25,4mm), multiplicar pelo numerador e dividir
pelo denominador, como exemplo: elástico 3/16” = 2,54 x 3 : 16 = 0,48cm (4,8mm).
A TAB. 1 especifica o diâmetro em polegadas e milímetros e a magnitude dos
respectivos elásticos utilizados em ortodontia (CABRERA et al., 2003).
41
TABELA 1
Referência de Elásticos Ortodônticos
Magnitude de Força
Diâmetro
Leve Médio Pesado
1/8” (3,2mm)
3/16” (4,8mm)
1/4" (6,4mm)
5/16” (7,94mm)
3/8” (9,5mm)
1/2" (12,7mm)
Fonte: CABRERA et al., 2003.
Os elásticos podem ser dispostos conforme disposto no QUAD. 1:
A – ELÁSTICOS INTERMAXILARES
1) Tendência sagital:
a) elásticos de classe II e
b) elásticos de classe III
2) Elástico para correção de linha média;
3) Elástico transversal;
4) Tendência vertical:
a) elásticos de intercuspidação;
b) elásticos verticais de extrusão.
B – ELÁSTICOS INTRAMAXILARES
1) Retração anterior:
a) Fixa;
b) Removível;
2) Liberação de apinhamento:
a) Braço de força no aparelho extrabucal;
b) Elástico removível;
c) Módulo corrente.
3) Binário de força;
4) Tracionamento.
C – ELÁSTICOS EXTRABUCAIS
1) Ancoragem extrabucal;
2) Tração reversa da maxila.
QUADRO 1: Descrição dos elásticos ortodônticos.
Fonte: CABRERA et al., 2003.
42
1.3.7 Vantagens em relação a outros dispositivos
Podem ser inseridos e removidos pelo próprio paciente;
Não precisam ser higienizados, uma vez que serão descartados após o uso;
Não precisam ser reativados pelo profissional;
Podem ser removidos antes da alimentação, o que permite sua utilização em
locais que normalmente iriam interferir nesta situação (JARABAK e FIZZEL,
1963).
1.3.8 Desvantagens em relação a outros dispositivos
Desmotivação do paciente: a falta de utilização do dispositivo, o que pode
comprometer o alcance dos objetivos do tratamento (JARABAK e FIZZEL,
1963);
Deterioração e perda de elasticidade;
Absorção de umidade, o que o torna inchado ou intumescido;
Variação da força liberada, quando sua prescrição não é corretamente
explicada ou compreendida (LANGLADE, 2000).
1.3.9 Elástico sagital de Classe II
1.3.9.1 Definição e disposição
Tais elásticos recebem esta denominação pelo efeito predominantemente no
sentido sagital e pela disposição nos arcos dentários. O elástico sagital de Classe II
é disposto obliquamente da região posterior inferior aa região anterior e superior.
Esta disposição favorece a correção da relação interarcos de Classe II (CABRERA
43
et al., 2003; LANGLADE, 2000; LORIATO, MACHADO e PACHECO, 2006;
JARABAK e FIZZEL, 1963). Caracterizam-se por conectarem a região do canino
superior à região do molar inferior, podendo ser o primeiro ou o segundo. Podem ser
posicionados em ganchos afixados ou soldados no fio, ou diretamente nos dentes,
por meio de ganchos presentes em acessórios como braquetes e tubos, ou ainda
em fios amarrados no braquete, que servirão de local para fixação dos elásticos.
1.3.9.2 Biomecânica e efeitos
Os elásticos sagitais de Classe II promovem efeito ortodôntico ou
compensação dentária para mascarar a discrepância basal sagital de Classe II. A
mecânica é recíproca, portanto o efeito ocorre nos dois arcos dentários. Ao serem
estendidos, promovem ações iguais e contrárias em suas extremidades, daí suas
resultantes poderem ser ocupadas como elementos de ancoragem ou de tração.
Com referência à magnitude de força, é indicada a utilização de 200 - 250 gramas
na mecânica com elástico de Classe II. É possível, contudo, utilizar-se somente
resultantes de um dos lados, desde que se anulem os componentes de força do lado
oposto, com dispositivos apropriados, de ação igual e contrária. Neste tipo de
elástico sagital, a decomposição da força do elástico revela a presença de dois
vetores de força, sendo um deles vertical e o outro horizontal. O vertical é
geralmente bem menor que o horizontal e pode inclinar o plano oclusal (CABRERA
et al., 2003). Estes componentes verticais e horizontais dependerão da localização e
da distância entre os pontos de fixação dos elásticos. Quanto maior for essa
distância ântero-posterior, a componente vertical de força pode ser menor e a
componente horizontal será maior. Dessa forma, a extensão do canino superior até
o segundo molar inferior pode minimizar os efeitos extrusivos e potencializar a
componente horizontal da mecânica aplicada (LORIATO, MACHADO e PACHECO,
2006).
Os elásticos são utilizados em aparelhos fixos e tem os seguintes efeitos:
A) Arco maxilar: propiciam a inclinação dos incisivos superiores para lingual,
extrusão dos incisivos superiores e movimento para baixo do plano oclusal
anterior e distalização de todos os dentes.
44
B) Arco mandibular: propiciam a inclinação dos incisivos inferiores para
vestibular, trazem todo o arco mandibular para frente, causam força
extrusiva nos molares inferiores.
C) Na face: A mandíbula é trazida para frente, com rotação posterior. O
queixo é trazido para frente, e a altura facial ântero-inferior é aumentada,
de acordo com a magnitude da força e o tempo de uso (CABRERA et al.,
2003; LANGLADE, 2000).
No arco dentário inferior, o elástico pode ser instalado a partir dos molares
(primeiros ou segundos) ou dos segundos pré-molares. No arco dentário superior,
geralmente é instalado em ganchos soldados ou cursores na região mesial dos
caninos (FIG. 1).
Figura 1 Elástico Sagital de Classe II. As setas representam a decomposição
dos vetores de força.
Fonte: CABRERA et al., 2003.
Ressalte-se que uma variação considerável na magnitude dos
componentes verticais e horizontais, na medida em que o paciente abre e fecha a
boca, durante situações de fala, mastigação ou bocejo. Nas TAB. 2 e 3 estão os
valores aproximados dos componentes de força verticais e horizontais, tanto na
maxila como na mandíbula, respectivamente. Estes componentes de força foram
analisados mediante a utilização de elástico ¼leve e pesado, e de acordo com as
posições de OC, 10mm e 25mm de abertura interincisivos (JARABAK e FIZZEL,
1963).
45
TABELA 2
Forças liberadas na maxila pelo elástico sagital de Classe II.
Elástico Abertura
Força Distal
(Gr.)
Força Oclusal
(Gr.)
Oclusão Central 78 28,4
10mm 110,2 61,1
1/4" leve
25mm 124,4 99,0
Oclusão Central 94 34,2
10mm 140 77,6 1/4" pesado
25mm 148,7 118,3
Fonte: JARABAK e FIZZEL, 1963.
TABELA 3
Forças liberadas na mandíbula pelo elástico sagital de Classe II.
Elástico Abertura
Força Mesial
(Gr.)
Força Extrusiva
(Gr.)
Oclusão Central 78 28,4
10mm 103,2 72,3
1/4" leve
25mm 96,8 126,1
Oclusão Central 94 34,2
10mm 131 91,8
1/4" pesado
25mm 115,7 150,7
Fonte: JARABAK e FIZZEL, 1963.
1.3.9.3 Indicações
O elástico sagital de Classe II está mais indicado em casos de pacientes
portadores de Classe II moderada e dimensão vertical normal (LORIATO,
MACHADO e PACHECO, 2006).
Segundo Langlade (2000), as indicações do elástico sagital de Classe II são as
seguintes:
Classe II dentária ou esqueletal;
Reforço de ancoragem;
Movimento para trás dos incisivos superiores;
46
Avanço do arco mandibular;
Mordida aberta;
Inclinação bucal de incisivos inferiores retruídos;
Correção de linha média desviada;
Correção de mordida dupla.
1.3.9.4 Contraindicações
Este elástico está contraindicado em pacientes portadores de má-oclusão de
Classe II, divisão 1, com face curta (padrão hipodivergente), e em Classe II, divisão
2, com mordida profunda, devido ao efeito indesejado no plano oclusal, no giro da
mandíbula e na extrusão dos dentes anteriores superiores. Da mesma forma, está
contraindicado em pacientes portadores de má-oclusão de Classe II, face longa
(padrão hiperdivergente), pois a extrusão dos molares inferiores causaria um giro
horário da mandíbula, prejudicando o aspecto facial convexo e aumentando a altura
facial ântero-inferior (LORIATO, MACHADO e PACHECO, 2006).
1.3.9.5 Efeitos indesejáveis
Um efeito colateral dos elásticos de Classe II, comumente encontrado na
clínica ortodôntica, é o giro mesial dos molares inferiores. Como a linha de ação da
força dispensada pelo elástico passa distante do centro de resistência dos molares,
momentos de força serão criados, gerando uma tendência de rotação para mesial e
de inclinação para lingual. Ressalte-se que esse tipo de efeito colateral não ocorre
apenas nos molares, mas em todos os dentes que sirvam de apoio aos elásticos,
pois a linha de ação da força sempre vai passar distante do centro de resistência
dos dentes. Para minimizar esses efeitos indesejados, podem ser utilizados arcos
pesados como os retangulares, arcos com stops justos aos acessórios dos molares,
arcos com dobras de pré-ativação, arcos linguais ou palatinos ou outro recurso
47
biomecânico que irá contrapor esses efeitos (LORIATO, MACHADO e PACHECO,
2006).
Deve-se tomar o cuidado com a mordida dupla, pois este tipo de elástico pode
simular a correção da má-oclusão de Classe II e provocar desapontamentos. Antes
de suspender o uso dos elásticos, deve-se, portanto, checar a posição de RC
(LANGLADE, 2000).
Outros problemas clínicos com este tipo de elástico podem ocorrer, dentre eles:
Problemas periodontais (recessões, rotações anormais);
Complicações biomecânicas (abertura de espaços, fechamento de
espaços, perda de ancoragem, inclinações anormais, rotações e extrusões
exageradas) (LANGLADE, 2000).
48
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June 2008.
51
APÊNDICE A
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Pró-Reitoria de Pesquisa e de Pós-Graduão
Comitê de Ética em Pesquisa
Belo Horizonte, 21 de maio de 2009.
De: Profa. Maria Beatriz Rios Ricci
Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa
Para: Erico Marcel Gomes de Carvalho
Programa de Mestrado em Odontologia – Faculdade de Odontologia
Prezado(a) pesquisador(a),
O Projeto de Pesquisa CAAE - 0012.0.213.000-09 Avaliação de discrepâncias oclusais, entre as posições de relação
central e oclusão central, em indivíduos tratados ortodonticamente” foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
PUC Minas.
Atenciosamente,
Profa. Maria Beatriz Rios Ricci
Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa – PUC Minas
Av. Dom José Gaspar, 500 - Prédio 43 sala 107 - Fone: 3319-4517- Fax: 3319-4517
CEP 30.535-610 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
52
APÊNDICE B
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Pró-Reitoria de Pesquisa e de Pós-Graduão
Comitê de Ética em Pesquisa
ORIENTAÇÕES AO PESQUISADOR
(retornar uma cópia preenchida para o CEP – pode ser enviado por email)
1. O sujeito da pesquisa tem a liberdade de recusar-se a participar ou de retirar seu consentimento em qualquer fase
da pesquisa, sem penalidade alguma e sem prejuízo ao seu cuidado (Res. CNS 196/96 – Item IV.1.f);
2. O sujeito da pesquisa deve receber uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, na íntegra,
por ele assinado (Res. CNS 196/96 - Item IV.2.d). No Termo de Consentimento Livre e Esclarecido deve
constar logomarca da PUC, cabeçalho do CEP PUC Minas e número sob o qual o projeto foi aprovado e
registrado no CEP (ex.: N.º de Registro CEP: CAAE 0001.0.213.000-05)
3. O pesquisador deve desenvolver a pesquisa conforme delineada no protocolo aprovado e se descontinuar o
estudo somente o fará após análise das razões da descontinuidade pelo CEP que o aprovou (Res. CNS 196/96
Item III.3.z), aguardando seu parecer, exceto quando perceber risco ou dano não previsto ao sujeito participante
ou quando constatar a superioridade de regime oferecido a um dos grupos da pesquisa (Item V.3) que requeriam
ação imediata.
4. O CEP deve ser informado de todos os efeitos adversos ou fatos relevantes que alterem o curso normal do
estudo (Res. CNS 196/96 - Item V.4), por meio de relatórios parciais (utilizar modelo relatório anexo). É papel
do pesquisador assegurar medidas imediatas adequadas frente a evento adverso grave ocorrido (mesmo que
tenha sido em outro centro) e enviar notificação ao CEP e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) junto com seu posicionamento.
5. Eventuais modificações ou emendas ao protocolo devem ser apresentadas ao CEP de forma clara e sucinta,
identificando a parte do protocolo a ser modificada e suas justificativas.
6. Os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido, assinados pelos sujeitos da pesquisa, deverão,
obrigatoriamente, ser arquivados pelo pesquisador responsável, durante um período mínimo de 5 (cinco)
anos após o encerramento do estudo (Res. CNS 196/96 Item IX.2.e). Eles devem estar disponíveis para
eventual consulta pelo CEP-PUC Minas, pela CONEP e pelos órgãos de vigilância sanitária.
7. Ao término do estudo, deverá ser encaminhado relatório final ao CEP PUC Minas (modelo de relatório anexo).
O pesquisador que não encaminhar o relatório final ao CEP PUC Minas fica inadimplente comprometendo a
análise de novos projetos.
Li e estou ciente de todos os itens.
Nome do Pesquisdor Responsável:
Curso/Unidade:
Número do Projeto no CEP: CAAE -
Belo Horizonte, / / .
Av. Dom José Gaspar, 500 - Prédio 43 sala 107 - Fone: 3319-4517- Fax: 3319-4517
CEP 30.535-610 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
53
APÊNDICE C
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Pró-Reitoria de Pesquisa e de Pós-Graduão
Comitê de Ética em Pesquisa
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
N.º Registro CEP:
Título do Projeto: Avaliação das discrepâncias oclusais, entre as posições de relação central e oclusão
central, em indivíduos tratados ortodonticamente.
Este termo de consentimento pode conter palavras que você não entenda. Peça ao pesquisador que
explique as palavras ou informações não compreendidas completamente. Você está sendo convidado(a) a
participar desta pesquisa. Se decidir participar dela, é importante que leia estas informações sobre o estudo e
o seu papel nesta pesquisa.
TERMO DE ESCLARECIMENTO
Com base nas características do seu tratamento ortodôntico, ou seja, de acordo com o tipo de
aparelho ou dispositivo utilizado durante o mesmo, você possui os requisitos necessários para a participação
nesta pesquisa. Estamos pesquisando o resultado do tratamento ortodôntico, em indivíduos que terminaram
a fase ativa, ou seja, tiveram seu aparelho fixo removido há pelo menos seis meses.
Mais precisamente, estamos interessados em estudar o efeito de alguns tipos de aparelhos
ortodônticos, e sua contribuição para o resultado final do tratamento. Não estará sendo avaliado a qualidade
do tratamento, nem a sua satisfação com o mesmo e sim medidas em relação a movimentação dentária e
mandibular. Esta pesquisa nos ajudará a entender melhor como estes dispositivos funcionam e quais são os
efeitos colaterais. Sua participação é muito importante para que no futuro tenhamos mais conhecimento, e
possamos tratar cada vez melhor os nossos pacientes.
Para esse estudo, precisamos confeccionar um pequeno dispositivo de acrílico, denominado jig,
cuja tradução é gabarito ou guia. Este dispositivo será encaixado em seus incisivos superiores, e tem a
função de evitar temporariamente que os dentes da arcada superior toquem os dentes da arcada inferior,
além de orientar ou guiar a mandíbula para uma posição reproduzível. Quando a mandíbula estiver nesta
posição, serão feitos pequenos desgastes neste dispositivo, para que seja(m) permitido(s) o(s) primeiro(s)
contato(s) entre as arcadas superior e inferior. Quando houver o primeiro contato dentário, serão feitas nesta
posição algumas medições entre a arcada superior e inferior. Após, será removido o jig, e solicitado que
você morda com bastante intensidade, até que os dentes da arcada inferior sejam engrenados contra os
dentes da arcada superior. Novamente serão feitas as mesmas medidas, e a diferença entre elas registrada.
Este procedimento geralmente não provoca dor ou desconforto.
A participação na pesquisa é voluntária e não acarretará gasto para você, sendo totalmente
gratuita. Você também não receberá pagamento por isto. Votem o direito de não querer participar ou de
sair deste estudo a qualquer momento, sem penalidades ou perda de cuidados a que tenha direito nesta
instituição.
Em caso de você decidir retirar-se do estudo, favor notificar o profissional e/ou pesquisador que
esteja atendendo-o.
Sua identidade será mantida em sigilo. Os resultados obtidos nesse trabalho de pesquisa serão
analisados em grupo e utilizados para publicações científicas, respeitando sempre seu direito de não ser
identificado(a).
Efeitos indesejáveis são possíveis de ocorrer em qualquer estudo de pesquisa, apesar de todos os
cuidados possíveis, e podem acontecer sem que a culpa seja sua ou dos pesquisadores. Se você sofrer
efeitos indesejáveis como dor ou desconforto, resultados diretos da sua participação neste estudo, a
necessária assistência profissional será providenciada.
Página 1
Av. Dom José Gaspar, 500 - Prédio 43 sala 107 - Fone: 3319-4517- Fax: 3319-4517
CEP 30.535-610 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
54
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Pró-Reitoria de Pesquisa e de Pós-Graduão
Comitê de Ética em Pesquisa
TERMO DE LIVRE CONSENTIMENTO
Li ou alguém leu para mim e entendi as informações fornecidas. Tive a oportunidade de fazer
perguntas e todas as minhas dúvidas foram respondidas a contento. Confirmo também que recebi uma cópia
deste formulário de consentimento. Autorizo que sejam feitos os procedimentos acima explicados. Permito
também a utilização dos dados para divulgação e ensino, respeitando sempre meu direito de não ser
identificado.
Este formulário está sendo assinado voluntariamente por mim. Em qualquer momento da
pesquisa, posso retirar este consentimento, havendo a continuação normal do tratamento.
LOCAL: ___________________________________ DATA: ____ / ____ / __________ .
___________________________________ ___________________________________
NOME DO PACIENTE NOME DO RESPONSÁVEL
___________________________________ ___________________________________
ASSINATURA DO PACIENTE ASSINATURA DO RESPONSÁVEL
DOCUMENTO APRESENTADO: ______________________ No. _________________
Atesto que expliquei cuidadosamente a natureza e o objetivo deste estudo, os possíveis riscos e benefícios
da participação no mesmo, junto ao participante e/ou seu representante autorizado. Acredito que o
participante e/ou seu representante recebeu todas as informações necessárias, que foram fornecidas em uma
linguagem adequada e compreensível e que ele/ela compreendeu essa explicação.
ASSINATURA DO PESQUISADOR Data
Pesquisador: Érico Marcel Gomes de Carvalho. Faculdade de Odontologia da PUC-Minas.
Telefone: (31)25553589, (31)25558421 e (31)84740891
Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-Minas: telefone: (31) 3319-4229
Página 2
Av. Dom José Gaspar, 500 - Prédio 43 sala 107 - Fone: 3319-4517- Fax: 3319-4517
CEP 30.535-610 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
55
ANEXO A - Artigo
Influência da utilização do elástico sagital de classe II nas discrepâncias entre
as posições de relação central e oclusão central, em pacientes pós-tratamento
ortodôntico
Érico Marcel Gomes de Carvalho**, Paulo Isaias Seraidarian***, Maria Rita
Esteves****, Martinho Campolina Rebello Horta*****.
Resumo
O objetivo do presente estudo foi verificar a influência no resultado do tratamento
ortodôntico, com e sem a utilização de elásticos de Classe II, em relação às
discrepâncias oclusais, de RC para OC. Foram selecionados 30 pacientes que
estavam na fase de contenção há pelo menos três meses. Destes, 15 foram
submetidos somente à mecânica ortodôntica intramaxilar, sendo que os outros 15
utilizaram elástico sagital de Classe II. A finalização do tratamento se baseou em
critérios estabelecidos para uma satisfatória oclusão morfológica ou estática, bem
como nos aspectos funcionais de uma oclusão mutuamente protegida. O teste de
Mann–Whitey foi utilizado para comparar as medidas dos dois grupos, entre os quais
não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes. Tanto no sentido
horizontal como no vertical, em 96,66% dos pacientes essas discrepâncias foram
menores ou iguais a 1mm. No plano transversal, não houve discrepância em 63,33%
dos pacientes, e em 33,33% destes essas discrepâncias foram iguais a 0,5mm.
Palavras-chave: Oclusão dentária central. Ortodontia corretiva. Relação central.
Côndilo mandibular. Elastômeros.
* Dissertação de Mestrado apresentada ao programa de pós-graduação em
Odontologia, área de concentração Prótese Dentária, da Faculdade de Odontologia
da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
** Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Faculdade de Odontologia de
Itaúna FOUI e mestrando em Clínicas Odontológicas, com ênfase em Prótese,
pela Faculdade de Odontologia PUC Minas, Belo Horizonte/MG.
56
*** Mestre e Doutor em Prótese Buco-Maxilo-Facial e professor adjunto III em
Oclusão da PUC Minas, Belo Horizonte/MG.
**** Especialista em Prótese Dentária pela ABO Uberlândia/MG.
***** Mestre e Doutor em Patologia pela UFMG e professor adjunto III da PUC Minas,
Belo Horizonte/MG.
INTRODUÇÃO
Debates e controvérsias sobre assuntos relacionados à oclusão dental têm
sido frequentes por mais de um século. Tais controvérsias têm afetado a prática
dental em vários níveis, ensejando situações em que muitos clínicos ficam incertos
sobre qual abordagem deve ser empregada. Ideias, hipóteses, teorias e conceitos
práticos sobre oclusão têm-se propagado na literatura, geralmente baseadas em
convicções, muitas delas não comprovadas cientificamente. Há, portanto, o que se
define por “confusão em oclusão”. Além da variedade de conceitos, há mudanças na
definição de termos e insuficiente educação sobre princípios oclusais
30
.
Na ortodontia, a importância de se finalizar um tratamento, com relação a
determinada posição condilar e a padrões oclusais, também tem sido bastante
discutida
14
. Percebeu-se, por meio da literatura consultada, uma divergência entre
os especialistas desta área. De um lado há um grupo de ortodontistas que defendem
uma interpretação mais ampla e dinâmica da oclusão, em que devem ser
considerados a articulação temporomandibular (ATM), o sistema neuromuscular e a
função. Posto assim, um conceito prático de oclusão ideal, que reconhece a relação
existente entre estes componentes e os dentes, deveria servir de base para o
tratamento de todos os problemas ortodônticos
20
. Dentre as condições desejáveis
para uma oclusão ideal, a coincidência entre a relação central (RC) e a oclusão
central (OC) é defendida por inúmeros autores
6,7,17,19,21-24,28
. De outro lado há o
grupo de ortodontistas que por sua vez não utilizam técnicas que os norteiem em
relação à posição condilar. O diagnóstico da má-oclusão baseia-se
fundamentalmente na inspeção de modelos engrenados e suportados pelas os
14
.
Estes clínicos, portanto, dão considerável ênfase à relação estática das arcadas,
relação esta tida como ideal para se avaliarem os resultados do tratamento
ortodôntico, com menos preocupação com a dinâmica da oclusão
4,5
. Alguns destes
também não defendem a coincidência entre a RC e a OC, por esta não estar
57
claramente estabelecida. Para estes, há pouca evidência científica para fundamentar
este ponto de vista. Alegam que existe uma série de posições aceitáveis do côndilo
na cavidade glenoide e, por conseguinte, acreditam existir uma tolerância de 2 a
4mm na discrepância entre a RC e a OC no plano horizontal
26,27
.
Entretanto, ainda que as características oclusais ideais não sejam
universalmente unânimes
18
, acredita-se que certos tipos de contatos dentários sejam
prejudiciais ao sistema estomatognático, tanto para os músculos mastigatórios como
para a ATM, como: contatos no lado de balanço, contatos unilaterais na posição
retraída, grandes discrepâncias entre a RC e a OC, além de assimetrias neste
deslize
4,5,9,23
. Acredita-se que uma discrepância entre a RC e a OC possa ter como
causa a presença de interferência, a qual pode resultar em movimento da mandíbula
para esta última posição
2,7,10,12,20,22
.
Uma vez que os elásticos sagitais de Classe II, acessórios ortodônticos
intermaxilares, são capazes de posicionar o arco mandibular, bem como a
mandíbula anteriormente
3,15
, infere-se que os mesmos sejam capazes também de
deslocar os côndilos de suas fossas, que estes fazem parte da mandíbula. Os
elásticos sagitais de Classe II poderiam, então, aumentar as discrepâncias entre as
posições de RC e OC, não permitindo, portanto, que a posição condilar
ortopedicamente estável, tão defendida por vários autores, fosse preservada?
O objetivo do presente estudo é verificar a influência no resultado do
tratamento ortodôntico, com e sem a utilização de elásticos de Classe II, em relação
às discrepâncias oclusais, de RC para OC.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para viabilizar este trabalho, um projeto de pesquisa foi submetido e
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUC MINAS em fevereiro de 2009.
Foram convidados a participar deste estudo indivíduos que haviam sido
submetidos a tratamento ortodôntico em clínica particular, por dois especialistas na
área, com experiência mínima de 8 anos. A finalização dos tratamentos se baseou
em critérios estabelecidos para uma satisfaria oclusão morfológica ou estática (FIG.
1), de acordo com as 6 chaves de Andrews, bem como na inspeção visual dos
aspectos funcionais de uma oclusão mutuamente protegida (FIG. 2), não tendo sido
orientada, portanto, segundo a filosofia preconizada por Roth.
58
FIGURA 1: Fotografias faciais e intrabucais: avaliação estática.
59
FIGURA 2: Fotografias intrabucais: avaliação dinâmica, caracterizando a oclusão
mutuamente protegida. A Protrusiva. B, C e D Lateralidade direita. E, F e G
Lateralidade Esquerda.
Desta forma, foram selecionados 30 pacientes de clínica privada, sendo 11 do
gênero masculino e 19 do gênero feminino que, previamente à participação, leram e
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A idade média desses
pacientes foi de 19 anos e 9 meses, com uma variação de 12 anos 9 meses a 41
anos e 3 meses. Ressalte-se que a idade média desses pacientes à época do início
do tratamento ortodôntico corretivo era de 15 anos e 2 meses.
Os critérios de inclusão foram: pacientes que haviam sido submetidos a
tratamento ortodôntico, independentemente do gênero, pela técnica Straight-wire,
braquetes metálicos, marca Abzil 3M, prescrição Roth, linha Kirium, de São José do
Rio Preto, São Paulo; terem concluído seus tratamentos, recebendo alta por parte
dos profissionais que os realizaram; terem removido o aparelho fixo pelo menos
três meses; serem totalmente dentados, com exceção daqueles que foram
submetidos à extração dentária, planejada no tratamento ortodôntico.
Os critérios de exclusão foram: pacientes que haviam sido submetidos a
cirurgia ortognática; pacientes que perderam elementos dentários após o tratamento
A
B
C
D
E
F
G
60
ortodôntico, independentemente de terem sido ou não reabilitados proteticamente;
pacientes portadores de anomalia de forma e/ou tamanho dentário.
Dentre os 30 pacientes selecionados, 15 haviam sido submetidos somente à
mecânica ortodôntica intramaxilar, por serem portadores de -oclusão de classe I
de Angle, sendo que os outros 15, portadores inicialmente de -oclusão de classe
II de Angle, receberam mecânica intermaxilar, especificamente elásticos sagitais de
Classe II, por um período mínimo 6 meses. Os elásticos utilizados foram da marca
Morelli, intraoral natural, médio, 1/4", 3/8” e 5/16”.
Estabelecidos estes critérios, todos foram submetidos a exame clínico para
avaliação das eventuais discrepâncias entre RC e OC. Todas as mensurações foram
feitas novamente por dois profissionais: um ortodontista, responsável pelos
tratamentos ortodônticos realizados; e uma protesista, especialista há pelo menos
oito anos. Com o intuito de padronizar o registro da posição de RC, foi utilizado o jig
de Lucia (FIG. 3).
FIGURA 3: Jig de Lucia.
Com os pacientes reclinados na cadeira odontológica, construiu-se o jig. em resina
acrílica ativada quimicamente. Saliente-se que a protesista foi responsável pela
confecção dos mesmos. Cumprida esta etapa, pela manipulação bilateral da
mandíbula, foi registrado o contato dentário no jig, por meio do carbono Arti-Fol®
61
Articulating Film 12µ Black/red Bausch Imp. Ltda, Dr. Jean Bausch KG, da Alemanha
(FIG. 4).
FIGURA 4: Carbono utilizado na pesquisa.
A utilização do carbono permitiu também a detecção e marcação do primeiro
contato dentário, denominado posição de contato retruído (PCR), que foi
considerado como posição de RC (FIG. 5).
FIGURA 5: Marcação do primeiro ponto de contato no Jig e no dente,
simultaneamente, durante o fechamento em RC.
Cumprida esta etapa, removeu-se o jig e checou-se novamente a relação
maxilomandibular em RC. Nesta dada relação maxilomandibular, por meio de régua
milimetrada, com proximidade de aferição de 0,5mm, foi mensurada a distância do
trespasse horizontal, trespasse vertical e a distância ou coincidência da linha média
dentária inferior em relação à superior (FIG. 6). O trespasse horizontal foi medido da
superfície vestibular do incisivo central inferior esquerdo à superfície vestibular do
incisivo central superior esquerdo, com a régua milimetrada justaposta à superfície
do incisivo inferior e paralela ao plano oclusal.
O trespasse vertical foi medido da borda incisal do incisivo central superior
esquerdo à borda incisal do incisivo central inferior esquerdo, mediante marcação na
superfície vestibular do incisivo inferior, com lapiseira de grafite 0,5mm, da projeção
62
da borda do incisivo superior. Feito isto, solicitou-se aos indivíduos que apertassem
seus dentes, na maior intensidade possível, para que se determinasse a posição de
OC. Da mesma forma, foram obtidas as mesmas medidas anteriormente citadas,
para que se determinasse a diferenças entre elas, tanto no sentido ântero-posterior,
vertical como no lateral.
FIGURA 6: Obtenção das discrepâncias nos sentidos horizontal, transversal e
vertical, respectivamente.
Após a obtenção das mensurações supramencionadas e descritas, foi
possível tabular os dados obtidos e assim comparar os dois grupos. O teste de
Mann-Whitney foi utilizado para se comparar as discrepâncias de RC para OC, por
se tratar de comparação entre dois grupos não pareados, com variável cardinal sem
distribuição normal (de acordo com o teste D’Agostino). E o teste de Wilcoxon foi
utilizado para se averiguar a calibração interexaminador, por também se tratar de
variável cardinal sem distribuição normal, de grupos pareados.
RESULTADOS
Após a obtenção das medidas relativas às discrepâncias oclusais entre as
posições de RC e OC, dos dois grupos estudados, as mesmas foram avaliadas. Não
foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os ambos, ou seja,
o grupo de pacientes que foi submetido somente à mecânica ortodôntica intramaxilar
(grupo 1), e o grupo de pacientes que utilizou elástico sagital de Classe II (grupo 2).
As medidas obtidas pelos dois examinadores foram analisadas pelo teste estatístico
de Wilcoxon, o qual evidenciou calibração interexaminador. Na TAB. 1 estão
dispostas as discrepâncias relativas aos três planos do espaço, obtidas por apenas
um dos examinadores.
63
TABELA 1
Medidas das discrepâncias RC-OC, por grupo e por dimensão espacial
HOR-G2 HOR-G1 VERT-G2 VERT-G1 TRAN-G2 TRAN-G1
0,5 0,5 1 1 0 0
0,5 0,5 0,5 0,5 0 0,5
1,5 0,5 1 0,5 0,5 0,5
0,5 0,5 0,5 1 0 1,5
1 0,5 1 0,5 0,5 0
0 0 0,5 1 0 0,5
0,5 0 0,5 0 0 0
0 0,5 0 0,5 0 0
0,5 1 0,5 1,5 0 0
0,5 0,5 1 1 0,5 0,5
1 0,5 1 0,5 0 0
1 0,5 1 0,5 0 0
1 0,5 0,5 0,5 0 0
0,5 0 0,5 0,5 0,5 0,5
1 0,5 1 0,5 0,5 0
As medidas obtidas foram separadas por grupo e por dimensão espacial. As
medidas da coluna da esquerda pertencem ao grupo 2 (G2), e as da coluna à direita
pertencem ao grupo 1 (G1), estando dispostas nesta ordem: discrepância no sentido
horizontal (HOR), vertical (VERT) e transversal (TRAN).
O teste de Mann-Whitey foi utilizado para comparar as medidas entre os dois
grupos, no sentido horizontal, vertical, e transversal, sendo que os resultados se
encontram nas TAB. 2, 3 e 4, respectivamente.
TABELA 2
Comparação das discrepâncias horizontais, entre os dois grupos,
tendo P > 0,05, o que demonstra não haver diferença entre ambos
Resultado Amostra 1 Amostra 2
Tamanho da amostra 15 15
Soma dos pontos (Ri) 270.0 195.0
Mediana = 0.50 0.50
U = 75
Z (U) 1.5554
p - valor (unilateral) 0.0599
p - valor (bilateral) 0.1198
64
TABELA 3
Comparação das discrepâncias verticais, entre os dois grupos,
tendo P > 0,05, o que demonstra não haver diferença entre ambos
Resultado Amostra 1 Amostra 2
Tamanho da amostra 15 15
Soma dos pontos (Ri) 243.0 222.0
Mediana = 0.50 0.50
U = 102.00
Z (U) 0.4355
p - valor (unilateral) 0.3316
p - valor (bilateral) 0.6632
TABELA 4
Comparação das discrepâncias transversais, entre os dois grupos,
tendo P > 0,05, o que demonstra não haver diferença entre ambos.
Resultado Amostra 1 Amostra 2
Tamanho da amostra 15 15
Soma dos pontos (Ri) 222.5 242.5
Mediana = 0.00 0.00
U = 102.50
Z (U) 0.4148
p - valor (unilateral) 0.3392
p - valor (bilateral) 0.6783
DISCUSSÃO
A discrepância entre a RC e a OC tem sido tema de discussões entre
inúmeros autores, das mais diversas especialidades dentro da Odontologia.
quem apregoe que essa discrepância deveria ser nula, inexistente. Outros defendem
ser possível a existência dessa discrepância chegando a propor o valor que a
mesma poderia ter, que seria de até 3mm. No entanto não se encontrou na literatura
quem pregasse a desconsideração da discrepância entre essas posições. Sendo
assim, mesmo não existindo ainda consenso entre esses valores, a busca pelos
melhores tipos de oclusão estática e dinâmica continuam preocupando os cirurgiões-
dentistas, que buscam a excelência nos seus trabalhos, por mais de um século
26
.
É fato que controvérsias em relação às variedades de temas que discutem
os aspectos funcionais da posição de RC, bem como a existência ou não da relação
dos valores das discrepâncias com as DTM ou problemas de recidiva em
tratamentos ortodônticos
14
. Assim, vários autores
1,2,6,7,9,12,17,19,20-25,28
consideram o
65
controle dos valores da discrepância entre RC e OC necessária e útil em técnicas
que envolvem o restabelecimento de uma oclusão funcional, seja na reabilitação
protética ou na ortodontia. Há, portanto, importância na finalização ortodôntica em
relação à determinada posição condilar e a parâmetros oclusais adequados.
Se por um lado profissionais orientados pela gnatologia sustentam que a
coincidência entre a RC e a OC é fundamental para o sucesso do tratamento,
ortodontistas que não seguem a filosofia gnatológica
4,5,8,10,18,26
argumentam que tal
necessidade não é claramente estabelecida ou mensurada. Para estes, o objetivo do
tratamento ortodôntico inclui a obtenção do melhor esquema oclusal, dentro de uma
aceitável estética e estabilidade de resultados
4,14
. Afirmam que, como não
estudos prospectivos controlados, que conclusivamente estabeleçam as
consequências de uma oclusão não ideal, é impossível saber se o tratamento deve
ser prolongado aque os objetivos de uma oclusão ideal sejam alcançados. Ainda
segundo os mesmos, geralmente se aceita que uma oclusão estática ideal seja
compatível com uma oclusão funcional ideal.
Em relação a estas afirmações, o autor deste trabalho questiona dois
aspectos: primeiramente a inconsistência de que “se aceita que uma oclusão
estática ideal seja compatível com oclusão funcional ideal”. Quem aceita essa
relação está embasado em quê? Em segundo lugar, questiona-se que a
consideração de oclusão não ideal, feita em trabalhos que buscam a saúde dos
indivíduos, admite não haver necessidade de que um tratamento tenha término
adequado, simplesmente por não haver estudos prospectivos longitudinais que
comprovam a eficácia do mesmo. Uma vez constatada a má-oclusão, acompanhar
tais indivíduos, nesta condição, para saber se os mesmos desenvolverão alterações
no seu sistema mastigatório seria antiético e inadequado.
O lapso mais visível é talvez a declaração, na maioria dos trabalhos, de que
não há associação entre fatores oclusais e DTM, ou seja, não relação de causa e
efeito. A reiteração desta falha na argumentação dos artigos relacionados à DTM
serve para orientar mal os esforços de pesquisa. Portanto, “a falta de evidência não
é a evidência de falta
13
”.
O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da utilização do elástico
sagital de Classe II, em relação às discrepâncias oclusais, entre RC e OC, ao final
do tratamento ortodôntico, e compará-las com as mesmas discrepâncias, de casos
tratados sem a utilização destes dispositivos. A hipótese de que a utilização do
66
elástico sagital de Classe II seria, em tese, capaz de aumentar as discrepâncias
entre RC e OC, não foi comprovada nesta pesquisa. Se por um lado a componente
de força anterior, característica do elástico sagital de Classe II
11,16
é capaz de
protrair a mandíbula anteriormente
3,15
, ela também é capaz de trazer todo o arco
mandibular para frente, por meio de efeito ortodôntico ou compensação dentária,
além de promover também a inclinação dos incisivos inferiores para vestibular
3
.
Outro ponto a ser abordado é o fato de haver também o componente de força
vertical na mandíbula, que provoca uma força extrusiva nos molares inferiores, força
esta que aumenta consideravelmente, à medida que o paciente executa movimentos
de abertura de boca
11
. O questionamento possível de ser feito é se este componente
de força também não teria uma tendência de tracionar a mandíbula superiormente e
naturalmente o côndilo para sua posição mais superior e anterior na cavidade
glenoide. A observação de que o paciente não fica o tempo todo de boca fechada
pressupõe que uma variação constante na magnitude destes vetores, e não
somente a existência de um componente de força dirigido anteriormente.
Alguns autores alegam que a observação de discrepâncias ao nível oclusal
não retrata de forma precisa a real modificação que ocorre em relação ao eixo
condilar
6,9
. Se o objetivo do tratamento inclui a posição ideal do côndilo na fossa
articular, é essencial que se avalie a mesma pelo indicador de posição condilar
12
.
Esta instrumentação é precisa, reproduzível e confiável
6
. No presente trabalho,
optou-se por fazer as mensurações diretamente nos pacientes, de acordo com a
metodologia empregada por outros autores
18,23
. Ainda que se admita que os
registros gnatológicos e o articulador pareçam ser confiáveis e consistentes, pelo
menos em condições laboratoriais não foi estabelecida e avaliada a fonte exata de
erro, quer seja material ou humano. Os erros envolvidos na obtenção dos registros
de mordida e procedimentos de montagem reduzem a significância dos achados
gnatológicos. E, devido ao fato de haver somente pequenas diferenças entre RC e
OC, entre registros gnatológicos e não gnatológicos, até mesmo pequenos erros
calculados em qualquer estudo iriam reduzir a significância desta informação. Além
disso, para o objetivo do presente trabalho, a maneira pela qual se obtiveram os
dados foi suficiente para compará-los
26
.
Outro ponto a ser questionado em relação aos resultados deste estudo é o
fato de não terem sido disponibilizadas as discrepâncias presentes antes do início
do tratamento. De fato estas não foram obtidas previamente, por se tratar de um
67
estudo transversal. O pensamento de que não seria possível se chegar a uma
conclusão, uma vez que o estudo o disponibiliza tais informações, é
absolutamente lógico. De acordo com Hwang e Behrents
10
, um estudo longitudinal
seria o desenho de pesquisa mais indicado, para se comparar as discrepâncias pré
e s-tratamento em cada paciente. Neste tipo de estudo, entretanto, a intenção da
investigação poderia influenciar o tratamento e os resultados. Como então deduzir
que o acessório em questão seria ou não capaz de alterar tal relação? Este
questionamento requer uma elucidação. O que encorajou à execução desta
pesquisa foi o fato de vários autores
9,12,29
afirmarem que o se pode predizer a
frequência, magnitude ou direção das discrepâncias entre RC e OC, seja pela
classificação de Angle, tipo facial, ângulo ANB, ângulo do plano mandibular, idade
ou gênero. Portanto, pressupõe-se que essas discrepâncias sejam similares em
pacientes pré-tratamento ortodôntico.
Em relação à magnitude das discrepâncias encontradas neste estudo (TAB.
1), dos 30 pacientes examinados, obteve-se o seguinte:
A) Sentido horizontal;
Ausência de discrepância em 5 pacientes (16,66%);
Discrepância de 0,5mm presente em 18 pacientes (60%);
Discrepância de 1,0mm presente em 6 pacientes (20%);
Discrepância de 1,5mm presente em 1 paciente (3,33%).
B) Sentido vertical;
Ausência de discrepância em 2 pacientes (6,66%);
Discrepância de 0,5mm presente em 16 pacientes (53,33%);
Discrepância de 1,0mm presente em 11 pacientes (36,66%);
Discrepância de 1,5mm presente em 1 paciente (3,33%).
C) Sentido transversal;
Ausência de discrepância em 19 pacientes (63,33%);
Discrepância de 0,5mm presente em 10 pacientes (33,33%);
Discrepância de 1,0mm presente em 0 pacientes;
Discrepância de 1,5mm presente em 1 paciente (3,33%).
O presente estudo apresentou um percentual de magnitude de discrepância
menor em relação ao trabalho de Clark e Evans
5
, que analisou 37 pacientes uma
68
semana após terem removido o aparelho ortodôntico. No sentido horizontal, este
autor encontrou discrepâncias menores que 1mm em 57% dos pacientes, enquanto
no presente trabalho este valor foi de 96,66% para discrepâncias menores ou iguais
a 1mm; foram detectadas por este autor discrepâncias entre 1 e 2mm em 27%,
enquanto no presente trabalho este valor foi de 3,33%; em relação às discrepâncias
maiores que 2mm, estas foram encontradas em 16% dos pacientes, enquanto no
presente trabalho não foram encontradas discrepâncias acima de 1,5mm. No sentido
vertical, este autor encontrou discrepâncias menores que 1 mm em 68% dos
pacientes, enquanto no presente trabalho este valor foi de 96,66% para
discrepâncias menores ou iguais a 1 mm; foram detectadas por este autor
discrepâncias entre 1 e 2 mm em 27% dos pacientes, enquanto no presente trabalho
este valor foi de 3,33%; e para as discrepâncias maiores que 2 mm, estas foram
encontradas em 5% dos pacientes, enquanto no presente trabalho não foram
encontradas discrepâncias acima de 1,5 mm. No sentido transversal, este autor não
encontrou discrepâncias em 27% dos pacientes, enquanto no presente trabalho este
valor foi de 63,33%; este autor encontrou discrepâncias menores que 0,5 mm em
51% dos pacientes, enquanto no presente trabalho este valor foi de 33,33%, para
discrepâncias iguais a 0,5mm; foram detectadas por este autor discrepâncias
maiores que 0,5mm em 22% dos pacientes, enquanto no presente trabalho este
valor foi de 3,33%. A diferença em magnitude das discrepâncias entre os dois
trabalhos pode ser devida ao fato de os pacientes daquela pesquisa terem removido
o aparelho havia apenas uma semana, tempo insuficiente para que houvesse
ocorrido uma intercuspidação adequada, que ocorre normalmente após o tratamento
ortodôntico. Na presente pesquisa, os pacientes já deveriam estar em fase de
contenção pelo menos 3 meses, para serem convidados a participar da mesma.
Outra questão pode ser a experiência dos profissionais que realizaram o tratamento.
O autor não relata, mas pode ser inferido que os pacientes foram tratados por
estudantes de pós-graduação, o que de fato contribui para uma maior incidência de
interferências
18
.
Quando comparado com a pesquisa realizada por Milosevic e Samuels
18
, o
presente estudo teve um percentual de magnitude de discrepância entre RC e OC
mais elevado. Estes autores caracterizaram por discrepância 0 (zero) apenas os
pacientes que tivessem a RC e a OC coincidentes ou tivessem uma discrepância
horizontal entre 0 e 1mm, sem desvios laterais. No referido estudo, o escore 0 foi
69
dado para 82% dos pacientes, enquanto no presente estudo este valor foi de
63,33%. Apenas 19 dos 30 pacientes apresentaram a RC e a OC coincidentes ou
tiveram discrepância entre 0 e 1mm no sentido horizontal, sem desvio lateral. Não foi
possível comparar as discrepâncias verticais, uma vez que estas não foram
disponibilizadas por estes autores.
Quando comparado ao trabalho de Olsson e Lindqvist
23
, que avaliou 210
pacientes pós-tratamento ortodôntico, o presente trabalho também apresentou um
percentual de discrepância mais elevado. Ressalta-se que no referido trabalho os
pacientes foram submetidos, a cada 6 meses, a ajuste oclusal por desgaste seletivo,
até o 18
0
mês pós-tratamento ortodôntico. No presente estudo, os pacientes não
foram submetidos a este procedimento. Segundo estes autores, não foram
encontradas discrepâncias no sentido horizontal, entre RC e OC, em 35,7% dos
pacientes s-tratamento ortodôntico, enquanto no presente estudo este valor foi de
16,66%, ou seja, menos da metade. Foram encontradas em 43,8% dos pacientes
discrepâncias entre 0,1 e 0,8mm, enquanto no presente trabalho este valor foi de
60%. E para as discrepâncias acima de 0,9mm, este valor foi 20,5%, enquanto no
presente estudo foi de 23%. Em relação à incidência do deslize lateral, este autor
não encontrou deslize entre RC e OC em 91,4% dos pacientes, enquanto no
presente estudo este foi de 63,33%. Para discrepância entre 0,1 e 0,8mm, este valor
foi de 8,1%, enquanto no presente trabalho foi de 33,33%. E em relação às
discrepâncias acima de 0,8mm, este autor encontrou 0,5%, enquanto no presente
trabalho foi de 3,33%.
Não foi possível comparar os dados encontradas neste estudo com os de
outros trabalhos publicados
6,9,12,14
por profissionais orientados pela gnatologia, por
estes disponibilizarem apenas as discrepâncias em nível condilar. Não se pode
predizer, portanto, que as discrepâncias oclusais encontradas no presente estudo
sejam diferentes daquelas encontradas em tratamentos orientados pela filosofia
gnatológica.
Vale reiterar que este estudo avaliou pacientes com idade média de 19 anos e
9 meses, os quais tinham, em média, à época do início do tratamento, 15 anos e 2
meses.
70
CONCLUSÃO
Neste trabalho não foi possível detectar no pós-tratamento ortodôntico, por
meio de avaliação clínica, diferença estatisticamente significante em relação às
discrepâncias entre RC e OC, ao nível oclusal, entre pacientes que utilizaram o
elástico sagital de Classe II, e pacientes que não utilizaram este dispositivo. A
hipótese de que a utilização do elástico sagital de Classe II seria em tese capaz de
aumentar as discrepâncias entre RC e OC, portanto, não foi comprovada.
Influence of the use of elastic class II in the discrepancies between the
positions of centric relation and centric occlusion in patients after orthodontic
treatment
Abstract
The aim of this study was to assess the effect on the outcome of orthodontic
treatment, with and without the use of class II elastic, in the CR-CO occlusal
discrepancies. Thirty patients were selected, who were already at the stage of
contention for at least three months. Of these patients, 15 underwent only orthodontic
mechanics intra-jaw, and the other 15 used class II elastic. The completion of the
treatment was based on established criteria for a satisfactory morphological or static
occlusion, and the functional aspects of a mutually protected occlusion. The Mann-
Whitey test was used to compare the measurements of both groups, among which
there were no statistically significant differences. On both horizontal or vertical
dimension, in 96,66% of patients, these discrepancies were less than or equal to
1mm. In the transverse dimension, there was no discrepancy in 63,33% of these
patients, while in 33,33% of them the discrepancies were equal to 0,5mm.
Key-words: Centric Dental Occlusion. Corrective Orthodontics. Centric Relation.
Mandibular Condyle. Elastomers.
71
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