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ANÁLISE DE PROPRIEDADES TÉRMICAS E MECÂNICAS DE
COMPÓSITOS DE ARGAMASSA E RESÍDUO DE BORRACHA
ENG. CIVIL CARLOS RENÊ GOMES FERREIRA
Orientador: Dr. George Santos Marinho
Natal
Agosto 2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRAND
E DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E
ENGENHARIA DOS MATERIAIS
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CARLOS RENÊ GOMES FERREIRA
ANÁLISE DE PROPRIEDADES TÉRMICAS E MECÂNICAS DE
COMPÓSITOS DE ARGAMASSA E RESÍDUO DE BORRACHA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências e
Engenharia dos Materiais da Universidade
Federal do Rio Grande Norte como
requisito parcial para obtenção do título
de mestre em ciências e engenharia dos
materiais.
Orientador: Dr. George Santos Marinho
Natal
Agosto 2009
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Dedico este trabalho a Deus e a minha querida família.
RESUMO
Apesar de existirem alternativas técnica e economicamente viáveis
para destinação de pneumáticos usados, dados quantitativos sobre
propriedades de elementos construtivos que utilizam o resíduo de borracha
como agregado ainda são restritos. No presente trabalho, considerou-se o
resíduo proveniente de indústria de recauchutagem como material para
fabricação de compósito destinado à produção de elementos construtivos.
Foram analisadas propriedades mecânicas e térmicas de argamassa de
cimento Portland com adição de resíduo sem tratamento, nas proporções de
10%, 20% e 30% em massa em relação à massa do cimento, substituindo o
agregado no traço em massa 1:5 de argamassa cimento e areia. A
granulometria do resíduo utilizado variou entre 0,30mm e 4,8mm (passando na
peneira 4,8mm e ficando retido na de 0,30mm), sendo ele nos formatos fibroso
e granular. Consideraram-se as influências da granulometria e do percentual de
resíduo adicionado à argamassa (em substituição ao agregado) nas
propriedades térmicas e mecânicas. Realizaram-se ensaios de corpos-de-
prova nos estados fresco (índice de consistência) e endurecido (absorção de
água por capilaridade, resistência a compressão e tração). O trabalho está
focado no problema da relação desempenho térmico /resistência mecânica de
sistemas construtivos utilizados em regiões de baixas latitudes (Estado do
Piauí), caracterizadas por elevados índices de radiação solar.
Palavras-chave: Propriedades. Compósito. Argamassa. Borracha. Reciclagem.
ABSTRACT
Although already to exist alternative technique and economically viable
for destination of used tires, quantitative data on properties of constructive
elements that use the rubber waste as aggregate still are restricted. In the
present work, the waste proceeding from industry of retreading as material for
manufacture of composite destined to the production of constructive elements
was considered. Mechanical and thermal properties of mortar had been
analyzed Portland cement with addition of waste without treatment, in the ratios
of 10%, 20% and 30% in mass in relation to the mass of the cement,
substituting the aggregate in the trace in mortar 1:5 mass cement and sand.
The size of the used residue varied between 0,30mm and 4,8mm (passing in
the bolter 4,8mm and being restrained in the one of 0,30mm), being it in the
formats fibers and granular. The influences of the size and the percentage of
residue added to the mortar (in substitution to the aggregate) in the thermal and
mechanical properties had been considered. Assays of body-of-test in the
states had been become fullfilled cool (consistency index) and hardened
(absorption of water for capillarity, strength the compression, traction and
strength flexural). The work is centralized in the problem of the relation thermal
performance /strength mechanics of used constructive systems in regions of
low latitudes (Been of the Piauí), characterized for raised indices of solar
radiation.
Keywords: Properties. Composite. Mortar. Rubber. Recycling.
i
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Ensaio de resistência à compressão. Fonte: ELDIN; SENOUCCI (1993) 15
Figura 2 – Melhora da resistência a fratura, em ensaio de flexão. ............................ 20
Figura 3 – Resistência à compressão axial, traço de 1:5. Fonte:Meneguini (2003) . 22
Figura 4 Diagrama tensão-deformação de corpos-de-prova de concreto com
borracha. Fonte: Dos Santos (2005) .................................................... 24
Figura 5 – Resultado ensaio de resistência à compressão. ..................................... 25
Figura 6 – Resultado ensaio de resistência à flexão. Fonte: Benazzouk (2007) ....... 25
Figura 7 – Variação da tensão-deformação. Fonte: Benazzouk et al. (2007) ........... 26
Figura 8 Variação da condutividade térmica do compósito de borracha. Fonte:
Benazzouk et al. (2008) ....................................................................... 28
Figura 9 – Variação do peso específico em função do volume de partículas de
borracha. Fonte: Benazzouk et al. (2008) ............................................ 29
Figura 10 – Sequência de procedimentos no desenvolvimento do trabalho. ............ 30
Figura 11 – Material retido na peneira (A) 0,30mm e (B) 0,60 mm. .......................... 32
Figura 12 – Material retido na peneira (C) 1,20mm e (D) 1,68mm. ........................... 32
Figura 13 – Material retido na peneira (E) 2,38mm e (F) 4,8mm............................... 33
Figura 14 – Argamassadeira usada para mistura dos materiais. .............................. 35
Figura 15 – Tronco de cone de argamassa na mesa de consistência. ..................... 36
Figura 16 – Corpos-de-prova moldados. ................................................................... 37
Figura 17 – Capeamento dos corpos-de-prova realizado com enxofre. .................... 37
Figura 18 Corpos-de-prova devidamente capeados e preparados para realização
do ensaio. ............................................................................................. 38
Figura 19 Detalhe do capeamento com enxofre, superfície bem nivelada evitando
resultados mascarados. ....................................................................... 38
Figura 20 – Detalhe dos ajustes finais na prensa antes do ensaio de compressão. 39
Figura 21 – Ensaio de compressão axial em andamento. ......................................... 39
Figura 22 – Esquema do ensaio de resistência à compressão axial. ........................ 40
ii
Figura 23 – Detalhe do ensaio de resistência à tração por compressão diametral. .. 41
Figura 24 – Esquema do ensaio de resistência à tração por compressão diametral. 41
Figura 25 – Equipamento utilizado para ensaio de flexão. ........................................ 42
Figura 26 – Esquema do ensaio de resistência à tração na flexão. .......................... 43
Figura 27 – Ensaio de absorção por ascensão capilar. ............................................. 44
Figura 28 Detalhe do aparato com uso de perfis de alumínio - ensaio de absorção
por ascensão capilar. ........................................................................... 44
Figura 29 – Esquema do aparato usado para absorção por ascensão capilar. ........ 45
Figura 30– Aparelho medidor de temperatura e umidade - MTH 1360. .................... 45
Figura 31 – Corpo-de-prova utilizado para analisar as propriedades térmicas. ........ 46
Figura 32 – Aparelho QuickLine 30. .......................................................................... 47
Figura 33 – Sonda utilizada nas medições de todos os corpos-de-prova. ................ 47
Figura 34 Detalhe do equipamento realizando as medições num corpo-de-prova
preparado com pasta térmica. .............................................................. 48
Figura 35 – Curva granulométrica da areia ............................................................... 51
Figura 36 – Curva granulométrica da borracha ......................................................... 52
Figura 37 – Resistência à compressão dos corpos-de-prova.................................... 53
Figura 38 – Detalhe da ruptura – ensaio de resistência à compressão dos corpos-de-
prova 10% de partículas de borracha. .................................................... 54
Figura 39 – Detalhe da ruptura – ensaio de resistência à compressão dos corpos-de-
prova com (A)20% e (B)30% de partículas de borracha. ....................... 55
Figura 40 – Detalhe da ruptura – resistência à tração por compressão diametral. ... 57
Figura 41 – Detalhe da distribuição da borracha A = 10% e B = 30%. ...................... 58
Figura 42 Detalhe da ruptura das fibras trabalhando e disposição das mesmas
em amostra com 20% de borracha. ....................................................... 58
Figura 43 Detalhe da ruptura – ensaio de resistência à flexão dos corpos-de-prova
com 10% de partículas de borracha. ...................................................... 59
Figura 44 Detalhe da ruptura maior resistência ao colapso total de um corpo-de-
prova contendo 30% de borracha. ......................................................... 60
iii
Figura 45 – Detalhe da ruptura – as fibras da borracha trabalhando evitando o rápido
colapso em amostra com 20% de borracha ........................................... 60
Figura 46 – Medições apresentadas pelo aparelho MTH 1360. ................................ 61
Figura 47 Primeiras 6 horas do ensaio de absorção por capilaridade da água nos
corpos-de-prova aos 28 dias. ................................................................. 62
Figura 48 – Absorção por capilaridade da água nos corpos-de-prova aos 28 dias. .. 63
Figura 49 – Variação da Condutividade Térmica do compósito com resíduo de
borracha aos 28 dias. ............................................................................. 64
iv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Absorção de água, densidade e resistência à flexão em corpos-de-prova,
com relação água/cimento de 0,36. Fonte:Segre (1999) ....................... 19
Tabela 2 – Dosagens dos corpos-de-prova cilíndricos .............................................. 34
Tabela 3 –Dosagens dos corpos-de-prova prismáticos ............................................ 34
Tabela 4 – Análise Granulométrica da Areia ............................................................. 49
Tabela 5 – Caracterização da areia utilizada na argamassa ..................................... 49
Tabela 6 – Análise Granulométrica do resíduo de borracha de pneu. ...................... 50
Tabela 7 – Caracterização da borracha usada na argamassa .................................. 50
Tabela 8 – Resultados de resistência à tração aos 28 dias de idade. ....................... 56
Tabela 9 – Resultados da resistência à flexão aos 28 dias de idade. ....................... 59
Tabela 10 – Resultados das propriedades térmicas dos corpos-de-prova obtidas
através de medição aos 28 dias. ........................................................ 65
v
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 14
3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 30
3.1 CARACTERIZAÇÃO
DOS
MATERIAIS ............................................................ 31
3.2 DOSAGEM
DOS
CORPOS-DE-PROVA ........................................................... 33
3.3 PREPARO
DA
ARGAMASSA ........................................................................... 34
3.4 CONSISTÊNCIA
DA
ARGAMASSA .................................................................. 35
3.5 MOLDAGEM
E
CURA
DOS
CORPOS-DE-PROVA .......................................... 36
3.6 RESISTÊNCIA
À
COMPRESSÃO .................................................................... 39
3.7 RESISTÊNCIA
À
TRAÇÃO ............................................................................... 40
3.8 RESISTÊNCIA
À
FLEXÃO ................................................................................ 42
3.9 ABSORÇÃO
DE
ÁGUA
POR
CAPILARIDADE ................................................. 43
3.10 PROPRIEDADES
TÉRMICAS .......................................................................... 46
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 49
4.1 GRANULOMETRIA ........................................................................................... 49
4.2 ÍNDICE
DE
CONSISTÊNCIA ............................................................................ 52
4.3 RESISTÊNCIA
À
COMPRESSÃO .................................................................... 53
4.4 RESISTÊNCIA
À
TRAÇÃO ............................................................................... 55
4.5 RESISTÊNCIA
À
FLEXÃO ................................................................................ 59
4.6 ABSORÇÃO
DE
ÁGUA
POR
CAPILARIDADE ................................................. 61
4.7 PROPRIEDADES
TÉRMICAS .......................................................................... 63
5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 66
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 69
10
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, devido à preocupação com a preservação ambiental, a
deposição de pneus inservíveis em todo mundo tem sido fato preocupante. São
produzidos mundialmente em dia algo em torno de pouco mais de 2 milhões de
pneus. Ao final de um ano somente no Brasil uma quantidade próxima dos 46
milhões de pneus, paralelamente 900 milhões de pneus deixam de serem usados
mundialmente. No Brasil o passivo corresponde a algo próximo de 100 milhões de
pneus descartados e anualmente pelo menos 25 milhões. Sobretudo houve também
a entrada no país de pneus usados e reformados na ultima década em torno de 43
milhões (ANIP, 2005). O pneu passa a ser inservível quando não mais atende as
condições de rolamento e reforma, conforme código 4012.20 da Tarifa Externa
Comum - TEC (CONAMA, 2007). Então o pneu depois de usado torna-se um grande
problema para o meio, sendo disposto em aterros sanitários e lixões. Sabe-se que a
borracha apresenta fibras que demoram pouco mais de 200 anos para se
degradarem, e adicionalmente, o pneu possui um formato que lhe confere maior
resistência, servindo de recipiente para acúmulo diversificado em seu interior. Então,
devido esta sua resistência é inadequada sua disposição em aterros sanitários e
lixões, onde também servirá para acumulo de sujeiras e água na parte interna,
facilitando a proliferação de mosquitos, tipo Aëdes Aegypti (AMBIENTE BRASIL,
2007). Além do que o pneu é um material que consome muita energia para ser
produzido, possuindo um imenso potencial que é desperdiçado quando abandonado.
Também é fato que não se pode reutilizar o resíduo da borracha do pneu como
matéria prima na confecção de novos pneus, seria um processo caro demais,
tornando-se algo quase impossível por causa da vulcanização, que altera as
propriedades do elastômero tornando-o não fundível e insolúvel. Vários trabalhos
comprovam que a utilização dos resíduos é vantajosa, além representar uma boa
forma de redução do acúmulo de resíduos. Somando-se a este abandono de
material e geração de resíduo desenfreada, existe uma utilizão irracional dos
recursos naturais, tornando-se necessárias ações a principio para reduzir o impacto
ambiental e posteriormente conter por completo os danos causados ao meio
ambiente.
11
O Instituto Via Viva, uma organização sem fins lucrativos, OSCIP
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público em conjunto com empresas
públicas e privadas desenvolvem tecnologias e projetos impedindo o acúmulo de
pneus ou evitando a queima, contribuindo para diminuir o impacto ambiental. O
desenvolvimento de planos envolve desde a Brita DI® até o Concreto Ecológico®. O
principio sico é substituir algum material não renovável na natureza por material a
reciclar, tipo borracha de pneu ou vulcanizada. A Brita DI® nada mais é que a
borracha triturada que seaplicada ao concreto, ou como isolante. Em relação ao
Concreto Ecológico®, resulta da substituição de boa parte do agregado graúdo, por
resíduo de borracha, obtendo-se assim um material deformável, com condições para
absorver as energias de impacto, este concreto emborrachado pode ser aplicado em
pisos, pavimentações diversas e praças. Por fim boas características funcionais são
incorporadas a esses produtos com adição de borracha, além de minimizar danos ao
ambiente causados pela destinação incorreta dos pneus inservíveis (TRAMA, 2007).
A produção de pneus traz como conseqüência a geração de diversos
resíduos, degradando as áreas urbanas e comprometendo a qualidade de vida nas
cidades, e mais, sem respeitar a capacidade de suporte do meio ambiente
provocando problemas ambientais de proporções absurdas, e o gerenciamento
apropriado é um dos grandes desafios obrigando urgentemente a diminuição e
controle preventivo destes pneus deteriorados. De acordo com Varela (2007), o
número de resíduos dispensados pelas indústrias é bem considerável, e os custos
com esses, são repassados a sociedade, decorrentes de disposição inadequada, ou
do próprio custo de remoção e tratamento. Assim, o desperdício com algo que vem a
ser matéria-prima reutilizável, de diversas origens industriais é bem acentuado e o
aproveitamento mínimo, sem o conhecimento da potencialidade de reutilização
destes como matéria-prima.
A reciclagem transforma o inservível em matéria-prima de um novo material a
ser aproveitado no mercado. Se efetuada de maneira regular e constante, contribui
para redução do impacto ambiental. Porém, há necessidade de pesquisas para
comprovarem características do material, qualidade e melhor aplicação para o novo
compósito a ser inserido no mercado.
Diversos tipos de resíduos são aproveitados na construção civil com
resultados satisfatórios, fato que tem beneficiado economicamente o setor. No caso
do resíduo de sílica ativa, por exemplo, a adição é essencial ao concreto de alto
12
desempenho. Escória de alto-forno, bagaço de cana, resíduo de mármore, granito, e
de diversas pedras ornamentais, cinza da borracha, cinza de casca de arroz, e
cinzas volantes (originadas da queima do carvão industrial) também são
aproveitados com o objetivo de aumentar a resistência do concreto, obtendo
concretos de alto desempenho ou outras características agregadas pertinentes a
cada resíduo.
Com a reciclagem pode-se ter a redução dos custos e viabilizar a entrada de
um novo material no mercado. No desenvolvimento de novos produtos,
principalmente se analisar o setor de empreendimento habitacional, com aplicações
diversas principalmente em habitações de baixa renda, pois é um material reciclado
de comportamento analisado e confirmado, de grande interesse para construção
civil, pois o resíduo da borracha apresenta grande durabilidade e não é nocivo a
saúde, podendo ser manuseado facilmente. Contudo esta aplicação proporciona
benefícios sociais e econômicos.
Uma das formas de reciclagem de pneus mais eficiente é a recauchutagem,
que permite ampliar a utilização do pneu em aproximadamente três vezes. Contudo,
o processo origina resíduo do processo da raspagem, composto de fibras e pó. A
borracha usada no trabalho é oriunda da raspagem, que é a retirada da borracha
restante da banda de rodagem, ou seja, a parte do pneu que fica em contato com o
solo. A raspagem determina a forma final da carcaça do pneu, em relação ao
diâmetro, contorno e textura (NETRESÍDUOS, 2007). Em média um pneu é
composto de 10% de látex e 30% de borracha sintética (derivada de petróleo), e o
restante é composto de aço e lonas, que intensificam a resistência da estrutura do
pneu.
Um pneu queimado produz aproximadamente dez litros de óleo, que tem
capacidade para penetrar no solo e, quando isso acontece pode contaminar a água
do subsolo. Além disso, a queima libera poluentes na atmosfera, como carbono e
dióxido de enxofre, responsáveis pela chuva ácida. Portanto a reciclagem é uma
alternativa que permite ampliar consideravelmente o tempo de vida dos pneus,
evitando que uma excelente matéria-prima seja jogada em aterros sanitários,
contribui para a redução da emissão de poluentes atmosféricos e para redução do
consumo de energia e extração de insumos naturais.
Resíduos podem ser aproveitados no desenvolvimento de novos compósitos
assim como no melhoramento de compósitos existentes, como por exemplo o
13
cimento. Resultados de pesquisas indicam que a borracha pode ser utilizada sem
prejuízos às propriedades da composição aproveitando resíduos e reduzindo o
consumo de recursos naturais, assim diminuindo o impacto ambiental. De acordo
com a Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, o resíduo de borracha é
classificado na classe II B, porque não contem metais pesados, não é solúvel e
nem sofre lixiviação, conforme consta na NBR 10.004 (ABNT, 2007).
No presente trabalho foram analisadas propriedades mecânicas de
argamassa de cimento Portland com adição de resíduo de borracha sem tratamento,
nas proporções de 10%, 20% e 30% em massa em relação à massa do cimento.
Quanto às propriedades térmicas optou-se por analisar mais duas outras
porcentagens (40% e 67,5%), substituindo o agregado no traço em massa 1:5 de
argamassa cimento e areia. A granulometria do resíduo passou na peneira 4,8mm,
ficando retido na peneira com malha de 0,30mm, apresentando formatos fibroso e
granular. Consideraram-se as influências da granulometria e do percentual de
resíduo adicionado à argamassa (em substituição ao agregado) nas propriedades
térmicas e mecânicas. A finalidade principal da pesquisa foi obter uma argamassa
com boa resistência mecânica e rmica, com baixo custo financeiro, que tivesse
destino adequado para o resíduo de pneu.
14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Em 02 de dezembro de 1999, uma publicação no Diário Oficial autorizada em
agosto do mesmo ano pelo CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente,
determinava que os pneus inservíveis deveriam ter uma destinação final adequada e
um prazo de coleta. Também de acordo com a resolução 258/99 do CONAMA,
obrigava as empresas fabricantes e importadoras de pneus deveriam destinar
adequadamente os pneus usados, além de aumentar o valor do pneu novo,
diminuindo o valor do pneu recauchutado, induzindo a uma provável maior venda do
reciclado. Outras providências vieram depois, como a que determinava que a partir
de de janeiro de 2005, para cada quatro pneus novos fabricados no Brasil ou
novos importados, as empresas fabricantes e as importadoras deveriam dar
destinação final a cinco pneus inservíveis e em cada três reformados importados as
empresas importadoras deveriam dar destinação final a quatro inservíveis
(CONAMA, 2007).
A cada dia são desenvolvidas novas pesquisas sobre tecnologias de
reaproveitamento dos resíduos na fabricação de novos produtos com boas
características funcionais e custos inferiores. A utilização de resíduos pode reduzir
custos, aumentando o lucro do empresário e favorecendo o consumidor, além de
beneficiar o ambiente. A cobrança de gerenciamento dos resíduos vem sendo
verificada pelo CONAMA, que em Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002,
estabeleceu os procedimentos para a Gestão dos Resíduos da Construção Civil.
Com esta resolução determinavam-se as responsabilidades dos municípios com
relação aos resíduos que produzem, obrigando-os a atingir metas instituídas pela
resolução e a reservar área para deposição dos resíduos de construção e
demolição, ficando proibido o despejo em aterros sanitários (CONAMA, 2007).
Atualmente pesquisas utilizam o resíduo do pneu de caráter a aproveitar as
características da borracha. O resíduo da raspagem de pneu não constitui um
material homogêneo, sendo formado de fibras e pó, onde os tamanhos são variados,
tanto em comprimento e diâmetro como espessura e peso das partículas. Na
bibliografia pesquisada obteve-se a informação de que tamanho e forma do resíduo
de borracha são fatores que influenciam nas propriedades do compósito. Portanto
15
pesquisas recentes tiveram uma atenção maior ao definir as dimensões a serem
utilizadas.
Em um trabalho com aproveitamento do material da recauchutagem de
pneus, com recortes de pneus e dimensões bastante variadas, foi utilizado na
execução de uma base de pista de rolamento, misturando-se esta borracha com
material próprio de pavimentação na porcentagem de 20 a 30% em volume. Ao final,
ficou definido problemas com compressibilidade, porém concluíram também que o
resíduo de borracha poderia sim ser usado em obras de pavimentação (ELDIN;
SENOUCI,1992).
Figura 1 – Ensaio de resistência à compressão. Fonte: ELDIN; SENOUCCI (1993)
Noutro estudo sobre o concreto com adição de resíduo de borracha,
substituindo o agregado miúdo ou graúdo por borracha em teores de 25%, 50%,
75% e 100%, no concreto obteve-se diferença de 85% de perda de resistência a
compressão, de acordo com fig. (1) acima, e a resistência a tração apresentou
redução de 50% da resistência. Concluindo também que o resultado final sofre
influência do tamanho e forma do resíduo de borracha, e que substituir o resíduo
somente pelos agregados miúdos, provoca menores reduções na resistência a
compressão, comprovando ser melhor que a substituição por agregados maiores
(ELDIN; SENOUCI,1993).
16
Resultados demonstrando que o concreto com adição de pneu apresentava
peso relativo 25% menor que o concreto referencia na pesquisa. Comprovaram
melhora da trabalhabilidade com a adição do resíduo de borracha devido ao menor
peso especifico e maior quantidade de vazios gerados no compósito (ELDIN;
SENOUCI,1993).
Em análise de pasta de cimento com adição de pó de borracha, granulometria
10 mesh, em dosagens de 2%, 4% e 6%, teve como resultado redução da
resistência a compressão quanto maior era o teor de borracha na pasta e que
reduzia a uma razão de 16% a cada porcentagem (LEE et al, 1993 apud
MENEGUINI, 2003). Assim também ficou verificado com a resistência a tração, onde
ocorreu redução, porém as porcentagens era de 5% e 15%. Mesmo depois de vários
ensaios onde o resíduo era tratado com soluções de ácido nítrico diluído, as
reduções existiram, porém de formas amenas. Levando a conclusão dos
pesquisadores que um tratamento superficial adequado para o resíduo pode
acarretar resultados mais aceitáveis.
Estudo comprovando que ao adicionar resíduo de borracha com
granulometria pequena e fina, com dosagem em volume de 15%, 30% e 45%, a
resistência mecânica do concreto apresenta uma relativa queda em torno de 50%, e
ao usar resíduo um pouco mais graúdo ela minimiza em até 60% sua resistência a
compressão. Em relação a resistência a tração apresentou uma melhor disposição a
absorção de energia, característica advinda da borracha, mas mesmo assim
apresentou grande redução da resistência. Para uma granulometria fina, redução
variando de 32% a 64%, e para uma granulometria grossa variações entre 53% a
74% (TOPÇU, 1995).
Pesquisa com resíduos de borracha adicionadas ao concreto, a uma
proporção de 2% em volume, tratada superficialmente com gás de plasma,
apresenta que o compósito teve boa tenacidade resistindo bem ao rompimento,
como também apresentou desempenho satisfatório em relação à contenção das
fissuras, e apresentou 15% menos fissuras que a amostra sem tratamento (CHUNG
WU et al, 1996, apud MENEGUINI, 2003).
Posteriormente em novo estudo usando a mesma borracha de granulometria
fina ele conclui que a diminuição de agregados responsáveis por combater os efeitos
de carga e suas tensões seria um dos fatores provocadores da minimização da
resistência a compressão (TOPÇU; AVCULAR, 1997). As reduções nas resistências
17
foram grandes devido a porcentagem alta de resíduo de borracha. Eles também
analisaram a capacidade de absorver energia e ficou comprovada em ensaios em
que corpos-de-prova eram submetidos a colisões até a ruptura, onde o impacto era
provocado por um martelo de 65 kg largado a 65 cm de altura, por fim a composição
com adição de 15% em volume apresentou melhor desempenho, até quando
comparada com o corpo-de-prova de referencia, onde com a adição do resíduo de
borracha, a capacidade elástica do resíduo torna o concreto dúctil, confirmando um
comportamento elástico, conseqüentemente melhor absorção de impactos.
Noutro estudo com alto teor de borracha dosado em volume com 25%, 50%,
75% e 100%, com adição do resíduo em formato de tiras, a redução a compressão
do concreto também foi grande variando de 37,5% a 77%. Apresentando uma
resistência de 19,6 MPa para corpo-de-prova com 25% de borracha, e 13,8 MPa
para 50% e 9,9 MPa e 7,5MPa para 75% e 100%. Já a perda de resistência a tração
não tão grande variando de 7,9% a 37%. A perda da resistência na flexão ficou entre
9% a 27% (TOUTANJI, 1996).
Posteriormente pesquisas de Fattuhi e Clark (1996) testando a diferença entre
concretos com adição de pedaços de borracha com uma granulometria grossa, com
outra de granulometria fina de borracha, com dimensões entre 0,8mm e 4,8 mm,
confirmaram a diminuição da resistência a compressão, e que a redução sofrida era
maior para a granulometria mais grossa, concluindo que esta minimização de
esforços era devido a baixa capacidade da borracha em relação os outros elementos
do compósito em suportar as tensões do esforço. Comprovaram boa redução da
inflamabilidade em peças de concreto com adição de borracha, ocorrida devido a
quantidade de material não inflamáveis como a pasta de cimento e agregados
(FATTUHI; CLARK, 1996).
A fim de verificar também a influencia de tratamento superficial e o emprego
da borracha no concreto, Li et al (1998) usando o resíduo em substituição ao
agregado miúdo na porcentagem de 33% e utilizando dois processos de tratamento,
um com pasta de cimento e outro com um polímero derivado da celulose,
observaram ao término dos seus experimentos um declínio dos esforços a
compressão e flexão. Apontando incorporação de algumas características da
borracha, como redução da densidade, melhor absorção de energia e razoável
flexibilidade, tornando-o dúctil. Ao final indicaram que o benefício com aplicação do
18
tratamento superficial com pasta de cimento era mais apropriado que com polímero
de celulose.
Quando adicionada a borracha no composto asfaltico, sua viscosidade é
aumentada, formando uma liga mais rígida e elástica, isto gera uma maior coesão
entre o agregado e o asfalto a elevadas temperaturas, proporcionando maior
resistência ao desenvolvimento de sulcos e rachaduras, aumentando assim sua vida
útil. Relataram pesquisadores como Hansen e Anderton (1993), Roberts (1993) e
Hannon (1994) apud SALINI, 1998, que além de apresentarem que compósitos com
borracha proporcionam melhora em características de deformação, eles
comprovaram um prolongamento da resistência ao colapso total.
Salini (1998) analisou a possibilidade da utilização de resíduos de borracha
em pavimento asfáltico, levando em conta a cil obtenção e manuseio, por ser um
material inerte. Concluiu analisando as propriedades físicas, que o
emborrachamento do pavimento e a impermeabilização, proporcionava melhora da
proteção da base e sub-base, conseqüentemente uma maior durabilidade, assim
como maior aderência e resistência química.
Para uma borracha tratada com solução alcalina, pH entre 10 e 12, por
período de quatro meses, e posteriormente aplicadas ao concreto, não ocorreu
modificação na microestrutura ao ser analisada por micrografia eletrônica, nem a
solução química de alta alcalinidade alterou as sua propriedades, apenas uma
diminuição da resistência a tração. Posteriormente, em análise de resistência a
flexão em corpos-de-prova fabricados de argamassas com borracha, utilizando
como agregado, resíduos no formato granular em uma amostra e noutra fibrilar,
perceberam uma melhoria da trabalhabilidade, porém uma diminuição da
resistência. Por fim evidenciaram que as amostras com fibras de borracha quando
submetidas a flexão apresentam melhor performance do que o formato granular
(RAGHAVAN;HUYNH; FERRARIS, 1998).
A trabalhabilidade foi verificada também por Khatib e Bayomi (1999) no
concreto com adição do resíduo de pneu utilizando amostras com o pó, com as
fibras e com os dois juntos. Eles relataram que a quantidade de resíduo é fator
influente, quanto maior a proporção do volume de borracha, maior o número de
vazios.
As partículas de borracha utilizada por Segre (1999) foram tratadas com
soluções aquosas de H
2
SO
4
ou NaOH, que tiveram melhor desempenho, com intuito
19
de melhorar a hidrofilicidade da superfície da borracha para aderir bem na pasta de
cimento. A borracha atuou com grande coesão, como também diminui a porosidade
do material final, aperfeiçoou as propriedades mecânicas da pasta, suportando
melhor os esforços de flexão, absorção de água e energia de fratura. Concluiu
admitindo que para a mais perfeita atuação do compósito a utilização do resíduo
deve se dar de forma a substituir em parte o agregado e não totalmente. A tabela
abaixo mostra a absorção de água, densidade e resistência à flexão em corpos-de-
prova de água e cimento, uns confeccionados com 10% de borracha sem tratamento
e outros com amostras para comparação submetidas a dois tratamentos
diferenciados de hidróxido de sódio, e outro com adição de silicato de sódio.
Tabela 1 – Absorção de água, densidade e resistência à flexão em corpos-de-prova,
com relação água/cimento de 0,36. Fonte: Segre (1999)
Ensaios com de borracha de pneus usados tratados superficialmente com
hidróxido de sódio na pasta de cimento foram utilizados e obteve-se resultados
aceitáveis em relação à absorção de água por capilaridade, onde foram comparadas
com corpos-de-prova fabricados com pasta de cimento e água, outros com 10% de
borracha de pneu sem tratamento, e demais amostras submetidas a tratamento
superficial com hidróxido de sódio saturada, com silicato, e somente com silicato de
sódio (SEGRE,1999).
A resistência mecânica nas pesquisas de Segre (1999) determinou que
partículas de borracha com dimensões maiores que 16 mm afetariam negativamente
as propriedades mecânicas da argamassa, e no concreto a substituição do agregado
graúdo agravaria mais a resistência ao esforço mecânico. E ainda, ficou claro por
De
20
meio de análises químicas que a adição de borracha de pneu triturado na pasta de
cimento seria bem satisfatório, principalmente em relação à propriedade mecânica
da flexão apresentando significativa melhora, como também da resistência à
abrasão.
Na figura (2) abaixo demonstram-se os diversos desempenhos entre as várias
amostras em relação a energia máxima de fratura, as amostras de adição de
borracha a 10% sem tratamento e também a sem tratamento adicionado silicato
foram as amostras que apresentaram a melhor resistência, demonstrando as
maiores energias total de fratura .
Figura 2 – Melhora da resistência a fratura, em ensaio de flexão. Fonte: Segre (1999)
AKASAKI et al (2001)em seus estudos verificou redução de aproximadamente
33% da trabalhabilidade com o acréscimo proporcional de resíduo até os 25% em
volume, verificou também que mesmo alterando o fator água/cimento de 0,69 para
0,81 havia uma significativa redução da trabalhabilidade.
Teores de borracha sem tratamento superficial adicionados em argamassas
em substituição de parte do agregado foram ensaiados a 15%, 30% e 40% em
relação ao peso do cimento, e em concreto, teores de 15% e 30%. A borracha de
pneu fora triturada até obter as dimensões dos agregados graúdo e miúdo que viria
21
a substituir, na realização de ensaios. Porém não obteve o mesmo comportamento
que o concreto convencional em relação a resistência a compressão, do mesmo
modo a argamassa utilizando aparas de pneus apresentou uma redução neste
esforço, finalizando que o uso de argamassas até 30% são adequadas para uso em
painéis em argamassa para alvenaria. Também realizou ensaios de massa
específica, modelo de deformação, tração por compressão diametral, tração na
flexão, porosidade, absorção de água por capilaridade e permeabilidade sob
pressão (BAUER et al, 2001).
Nos ensaios com argamassa utilizando os traços de 1:3 e 1:4, ficou
comprovada uma pequena diminuição da resistência mecânica e significada redução
da massa específica. Assim ocorreu com o concreto uma perda da resistência de
certa forma importante com adição de borracha, não sendo adequado seu uso em
componentes estruturais, entretanto havendo redução da massa específica a carga
permanente será reduzida favorecendo sua aplicação. Em relação à quantidade de
água absorvida Bauer et al (2001) concluiu que a medida que a quantidade de
borracha aumenta ocorre minimização da absorção. Porém em meio saturado não
obteve bom rendimento e quanto maior a dosagem de resíduo maior era a diferença
em relação à amostra de referência. Nesta pesquisa a amostra contendo 15% de
borracha teve melhor trabalhabilidade que a amostra de referência, o mesmo não
aconteceu com a outra porcentagem. Para Albuquerque et al (2002) ao realizar o
ensaio do tronco de cone, percebe-se que com o aumento da borracha no concreto
a trabalhabilidade diminui.
Fioriti et al (2002) analisaram blocos de concreto fabricados com resíduo de
borracha e verificaram bons resultados em relação a resistência à compressão e
absorção de água. A porcentagem de 13% em volume de resíduo foi verificada
como ideal para fabricação de blocos mais resistentes.
Segundo Hernández-Olivares et al (2002) em pesquisa sobre a adição do
resíduo da borracha do pneu inservível no concreto, relatou que a adição do resíduo
diminui o módulo de elasticidade do concreto, todavia aumenta a tenacidade.
Portanto relatou quando se atinge uma tensão xima, as fibras atuam absorvendo
a energia destas tensões de modo a impedir o fissuramento.
Fioriti, Akasaki e Nirschl (2002) verificaram que quanto maior fosse a
quantidade de resíduo de borracha utilizado, gradativamente alguns blocos
apresentavam elevadas taxas de absorção. Meneguini (2003) relata que o
22
tratamento com hidróxido de sódio provoca uma união mais satisfatória entre
argamassa e de borracha, diminuindo sua porosidade, relata que o tratamento
não compromete a absorção de água. Verificou-se que com a adição de borracha
uma melhora desta absorção por capilaridade, principalmente no traço 1:7.
Argamassas no estado fresco propriedades como retenção de água e fator
água/cimento. Aparentemente não são muito afetadas pela variação da composição
de borracha, apenas uma melhora na trabalhabilidade, devido a quantidade de
borracha e variação na relação água/cimento e redução da densidade, devido a
reduzida massa espefica (MENEGUINI, 2003).
Meneguini (2003) afirma ter melhorado a trabalhabilidade em argamassas
após a adição de borracha, grãos pequenos semelhantes a . Comprova ainda
diminuição no peso das argamassas com adição do pó de borracha.
Meneguini (2003) afirma que a adição do de borracha seguido do
tratamento com hidróxido de sódio reduz a resistência mecânica e esta aumenta
para maior quantidade de borracha usada, como demonstra o gráfico de resistência
a compressão axial para o traço de 1:5, na fig. (3), porém apresentando melhora
significativa na resistência a abrasão.
Figura 3 – Resistência à compressão axial, traço de 1:5. Fonte: Meneguini (2003)
23
Em estudo com concreto de alto desempenho empregando resíduo de
borracha, apresentando dosagem de 3%, 5% e 8% em volume de resíduo, relata
redução da resistência a compressão, porém foram testados e apresentaram
desempenho satisfatório em altas temperaturas, principalmente os corpos-de-prova
com dosagem de 3%, que tiveram melhor comportamento que o concreto de
referência. Houve pouca perda da resistência à compressão, chegando-se a
conclusão que o emprego do resíduo de borracha minimizou o modo de ruptura
frágil e o lascamento, e nos ensaios termogravimétricos concluíram também que
quanto mais borracha adicionada mais diminuía a temperatura da superfície exposta
(HERNÁNDEZ-OLIVARES; BARLUENGA, 2004).
A adição de resíduo de borracha em misturas de cimento Portland, tanto
argamassas como concretos, para emprego na construção civil proporciona uma
diminuição de resistência nas propriedades mecânicas (Marques 2005). Porém a
adição da borracha gera concretos mais leves e atenua positivamente propriedades
como a de resistência a impactos, isto sim uma melhora oriunda de característica da
borracha, que agora incorporadas ao novo compósito.
Num trabalho com fibra curta de borracha, desenvolvido com Concreto com
Adição de Borracha (CAB), Dos Santos (2005) determinou que a dosagem ideal
corresponde a 2% em relação ao peso de cimento, valor necessário para não se
perder muito das propriedades do concreto original. Na pesquisa aplicada a placas
pré-moldadas de concreto foram adicionadas fibras curtas de borracha em teores
variando de 1 a 3% concluindo a ocorrência da diminuição da resistência a
compressão e pequeno acréscimo em relação a tenacidade; quando foram inseridas
fibras maiores, constatou-se uma melhora na tenacidade. (Ver fig. 4), onde
relacionam-se tensão aplicada ao corpo de prova e o deslocamento sofrido pelo
mesmo. A amostra com adição de borracha apresenta uma curva bem suave, logo
após a carga máxima, conseqüentemente não rompendo bruscamente, enquanto a
amostra sem borracha apresenta uma ruptura brusca, verificando fragilidade da
amostra (DOS SANTOS, 2005).
24
Figura 4 – Diagrama tensão-deformação de corpos-de-prova de concreto com
borracha. Fonte: Dos Santos (2005)
O emprego da borracha no asfalto aplicado nas camadas de revestimento das
pavimentações confere ao novo pavimento um pouco da capacidade elástica da
borracha deixando-o bem flexível melhorando assim seu desempenho, tornando-o
apropriado a aceitar boa deformação elástica na movimentação dos veículos,
proporcionando uma maior resistência as deformações (afundamentos) e ao
trincamento, e assim dificultando a entrada de água para a base, aumentado o
tempo de vida da via. Este modelo de revestimento foi aplicado no pavimento
asfáltico das vias internas do campus da USP na zona leste da cidade de São Paulo,
um pavimento asfáltico executado com adição de agregados de borracha. Admiti-se
que sua durabilidade seja algo em torno de pelo menos 50 % maior que o concreto
asfáltico comum, de acordo com ensaios realizados (TÉCHNE, 2007).
Demonstrando que a presença do negro-de-fumo, evita o desgaste químico
originado pela grande incidência de raios solares, assim conservando o asfalto.
Com a adição da borracha a resistência mecânica reduziu, Benazzouk et al.
(2007) em nova pesquisa relatou que com o aumento da quantidade de borracha na
mistura reduz a resistência do compósito. Em ensaio de resistência à compressão
variando de acordo com percentual de borracha visto na fig. (5) que apresenta a
redução acentuada da resistência para porcentagens maiores que 20% de adição de
partículas de borracha. Ainda segundo o pesquisador quando a energia chega a
fronteira da partícula de borracha, esta absorve através das microfissuras,
retardando o retorno e a passagem desta energia para a matriz de cimento.
25
Figura 5 – Resultado ensaio de resistência à compressão.
Fonte: Benazzouk et al.
(2007)
No ensaio de resistência a flexão ficou comprovado que a adição de
pequenas porcentagens de borracha entre 10% e 40% melhoraram relativamente a
resistência do compósito em relação ao corpo-de-prova de referência, diminuindo
para a porcentagem maior, fig. (6).
Figura 6 – Resultado ensaio de resistência à flexão. Fonte: Benazzouk et al. (2007)
Resistência à compressão (MPa)
Resistência à flexão (MPa)
Volume de partículas de borracha(%)
Volume de partículas de borracha (%)
26
A figura (7) exemplifica as diversas curvas da modificação da deformação de
acordo com a tensão sofrida nos vários compósitos contendo as diversas
porcentagens de partículas de borracha. Benazzouk et al. (2007), comprovaram que
a adição de borracha implementou o novo material aumentando a capacidade de
tensão dos compósitos, pois quando se aumentava a quantidade de borracha
mesmo diminuindo a resistência, o tempo de resistência até a ruptura por completo
do material aumentava gradativamente. Constataram também evolução na
contenção do desenvolvimento de fissuras, evitando o alastramento destas,
melhorando assim o desempenho do novo compósito, evitando o colapso imediato.
Figura 7 – Variação da tensão-deformação. Fonte: Benazzouk et al. (2007)
Em estudo sobre absorção de água, o acréscimo de partículas de borracha
aumenta a coesão entre os componentes da argamassa, unindo-os melhor a matriz
de cimento, e reduz gradativamente a capacidade do compósito de absorver água,
assim como a velocidade de absorção de água (BENAZZOUK et al, 2007). Os
pesquisadores conferem também que redução de absorção de água está atrelada a
minimização da porosidade próximo da área interfacial da partícula e matriz,
dificultando a capilaridade.
A variação da absorção de água nos compósitos fica bastante explícita
quanto maior a proporção de borracha adicionada ao compósito, menor será a
quantidade de água absorvida, de acordo com os pesquisadores provavelmente
Tensão (MPa)
Deslocamento (mm/m)
Concreto
normal
Argamassa
27
devido à capacidade da borracha em repelir água e sua presença aumentar a
circulação de ar.
Para um fluxo de calor de 295,7 W/m² e condutividadermica de 0,71 W/m.K
O estudo da condutividade térmica em argamassa com resíduo da borracha de pneu
foi analisado com base em norma C 208/95 ASTM, e realizado com duas placas,
onde o corpo-de-prova quadricular com dimensão aproximada de 30,5 cm e
espessura de 3 cm, ficou estabilizado entre as placas, a superior quente e a inferior
fria, apresentando 31,8° C na face quente e 18,5° na face fria, com uma média de
25,2°C, por fim estes resultados obtidos foram bem abaixo do máximo aceitado pela
norma citada anteriormente, evidenciando o uso aceitável do resíduo de borracha no
compósito, principalmente quando se almeja o isolamento (LIMA; ROCHA;
FERREIRA, 2000 ).
Atualmente pesquisadores tentam utilizar o resíduo do pneu para
desenvolvimento de novos materiais aproveitando as características específicas da
borracha. Vários resultados foram obtidos, entre eles destaca-se o uso como
agregado miúdo na fabricação de blocos de cimento. Soares (2004), com resultados
satisfatórios, entre esses, o acréscimo da eficiência em relação à resistência térmica.
A utilização da borracha nos blocos de concreto e os métodos aplicados
determinaram um bom desempenho térmico reduzindo a transferência de calor do
meio externo, onde incide a radiação solar, para o meio interno, através de
comparação com bloco de referencia. Dados obtidos da analise de um concreto
traço 1:2:4 usado como referencia, onde se substitui em 100% o agregado graúdo
por resíduo de borracha ( SOARES,2004).
E ainda mais, a literatura afirma que o aumento da quantidade de borracha
resulta numa maior quantidade de ar nos compósitos, reduzindo o peso. Assim
também comprova Benazzouk et al. (2005), em experimentos onde afirma que a
condutividade térmica diminui com a redução do peso. A maior quantidade de
borracha (que possui baixo peso específico) também proporciona mais ar (isolante e
não tem peso) integrado a matriz que torna o corpo-de-prova mais leve, e com baixa
condutividade térmica.
A dificuldade de transmitir o calor através do compósito com adição da
borracha segundo estudos de Benazzouk et al. (2005) é devido a natureza não polar
das partículas de borracha e também da tendência da borracha de atrair ar para sua
superfície. Portanto quando borracha é acrescentada a uma mistura, pode atrair ar,
28
e então o ar pode aderir às partículas de borracha dificultando assim a transmissão
térmica.
A propriedade da condução térmica definida como fenômeno no qual o calor é
transmitido das regiões de temperaturas maiores para regiões com temperaturas
inferiores em uma substância. Capacidade calorífica como a propriedade que indica
a capacidade de um material em absorver calor da sua vizinhança externa, ou seja,
a quantidade de energia necessária para produzir um aumento unitário na
temperatura. E a propriedade da difusividade térmica definida como a velocidade de
propagação do calor no material (CALLISTER, 2006).
Benazzouk et al. (2008) em seus trabalhos utilizaram partículas de pneu com
dimensões menores que 1 mm e 20% de fibras sintéticas, a densidade absoluta das
partículas de resíduos de borracha era de 430 kg/m³, onde foram usadas
porcentagens de substituições em até 50% em volume. O fator água/cimento variou
bastante, pois a água seria adicionada sempre que possível, para obter a mesma
trabalhabilidade para todas as composições. Foi observado que a adição de
partículas na matriz de cimento reduziu a condutividade térmica do compósito.
Valores de condutividade diminuíram em 60%. Isto devido a característica isolante
da borracha, evidenciando que elementos com menor condutividade térmica produz
compósitos com menor condutividade térmica. Na figura (8), abaixo, percebe-se bem
claro a redução da condutividade térmica ao analisar a curva no gráfico da relação
entre condutividade térmica e proporção de partículas de borracha.
Figura 8 – Variação da condutividade térmica do compósito de borracha. Fonte:
Benazzouk et al. (2008)
Volume de partículas de borracha (%)
Condutividade térmica (W/m.K)
29
Benazzouk et al. (2008) também identificaram que a condutividade térmica
diminui com a redução do peso, pois com o aumento da quantidade de borracha,
este com baixo peso, substituindo um elemento de massa maior, proporciona menor
peso ao compósito. Por fim, tem-se um compósito com menor peso específico. Em
sua pesquisa também correlaciona a redução da condutividade térmica a quantidade
de ar contido no compósito, proporcionando redução de peso também. Explica o
pesquisador em seus estudos que com o aumento da quantidade de ar, juntamente
com a de partículas de borracha, ambos não apresentam uma boa condução de
calor, este fato reduz as ligações, ou seja, as pontes térmicas no compósito. Fato
este que colaboram com o isolamento. A figura (09) exemplifica a redução do peso
com o aumento da quantidade de partículas de borracha.
Figura 99 – Variação do peso específico
em função do volume de partículas de
borracha.
Fonte: Benazzouk et al. (2008)
Peso específico (Kg/m³)
Volume de partículas de borracha (%)
30
3 MATERIAIS E MÉTODOS
A figura (10) apresenta a sequência do desenvolvimento experimental do
trabalho.
Figura 100 – Sequência de procedimentos no desenvolvimento do trabalho.
ENSAIO DE FLEXÃO
AREIA
BORRACHA
CARACTERIZAÇÃO
CIMENTO
DOSAGEM
TRAÇO 1:5
ENSAIO DE TRAÇÃO
ENSAIO DE ABSORÇÃO
CORPOS
-
DE
-
PROVA
CILINDRICOS
PRISMATICO
ENSAIOS TÉRMICOS
10%, 20%, 30%,40% e
67,5% de borracha
Água (a/c=0,55)
ENSAIOS MECÂNICOS
10%, 20% e 30% de
borracha
Água (a/c=0,55)
ENSAIOS MECÂNICOS
10%, 20% e 30% de
borracha
Água (a/c=0,55)
CURA SUBMERSA POR 28 DIAS
MEDIÇÃO DAS
PROPRIEDADES
ENSAIO DE COMPRESSÃO
CURA SUBMERSA POR
7 DIAS
CURA SUBMERSA POR 14 DIAS
CURA SUBMERSA POR 21 DIAS
CURA SUBMERSA POR 28 DIAS
31
3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS
Nos traços das argamassas foram utilizados cimento Portland CP II-Z-32 RS,
areia média, água potável e resíduos de borracha de pneus oriundos do processo de
recauchutagem. Para caracterização da areia e conseqüentemente da borracha
foram realizados ensaios de acordo com as normas NBR 7217 (análise
granulométrica), NBR 7251 (massa unitária), com um recipiente de volume
previamente medido. O material foi colocado no recipiente e posteriormente foi
determinada sua massa, portanto de posse do peso e do volume pôde-se ter a
massa unitária especificada. De acordo com a NBR 9776(massa específica,
utilizando frasco de Chapman), foi colocado o material em estufa (105º C 110º C)
até constância de massa, em seguida foi colocada água no frasco até a marca dos
200 cm³, depois acrescentou-se 500g de material seco e agitou-se o frasco para
retirada das bolhas de ar. Por fim fez-se a leitura do deslocamento do nível de água.
A seguir através da relação massa seca e volume, obteve-se a massa específica.
A granulometria da areia utilizada variou entre 0,15mm e 4,8mm (passando
na peneira 4,8mm e ficando retido na de 0,15mm). O resíduo utilizado foi de
borracha de pneu procedente do processo de recauchutagem. Este resíduo foi
gerado pela raspagem da banda de rodagem de pneus inservíveis, através de um
procedimento mecânico. Devido o material ser muito irregular, apresentando
partículas de diversos tamanhos a seleção obedeceu a um procedimento
granulométrico do resíduo utilizado para confecção da argamassa com dimensões
variando entre 0,30mm e 4,8mm, sendo ele nos formatos fibroso e granular. Para
caracterização da borracha foram realizados ensaios de granulometria, massa
específica aparente e massa unitária.
32
Figura 111 – Material retido na peneira (A) 0,30mm e (B) 0,60 mm.
A figura 11 mostra a dimensão do material retido na peneira 0,30mm o que
parece ser granular, porém se visualizado adequadamente ele tem o formato fibrilar,
o mesmo acontecendo com o material retido na peneira 0,60mm na mesma figura, à
direita. Posteriormente, o mesmo formato irregular e fibrilar é notado nos materiais
retidos nas peneiras com 1,20mm e 1,68mm na fig. (12) abaixo.
Figura 122 – Material retido na peneira (C) 1,20mm e (D) 1,68mm.
B
A
D
C
33
Figura 133 – Material retido na peneira (E) 2,38mm e (F) 4,8mm
Na figura 13 apresentam-se as dimensões do material retido na peneira
2,38mm e 4,80mm o que no formato fibrilar bem definido visualmente para as duas
amostras e com superfície marcante bastante irregular. De acordo com a literatura
estudada fibras com estas dimensões reduzem a resistência mecânica. Porém o
contorno e comprimento delas podem conferir características desejáveis ao novo
material.
3.2 DOSAGEM DOS CORPOS-DE-PROVA
Foi usado o traço de cimento e areia na proporção em massa de 1:5, com
fator água/cimento equivalente de 0,55. A água utilizada foi da rede pública da
cidade do Natal - RN. Preferiu-se utilizar a porcentagem de adição de borracha em
relação a quantidade de cimento e não alterar o fator água/cimento, além de fazer a
substituição em massa em relação a quantidade de areia para não alterar muito a
composição da argamassa.
Para realização dos ensaios das propriedades mecânicas, as dosagens foram
feitas inserindo as proporções de 10%, 20% e 30% em massa de resíduo de
borracha em relação à massa do cimento, substituindo o agregado no traço em
massa 1:5 de argamassa, de acordo com Tab. (1). Para os ensaios rmicos foram
utilizados mais duas porcentagens além destas, 40% e 67,5%, conforme
especificado na Tab. (2), pois, de acordo com a literatura, a previsão era de que
quanto menor o peso devido à maior quantidade de borracha no material melhor
E
F
34
seria sua condutividade. Foram utilizados corpos-de-prova cilíndricos de (5x10) cm
para realização dos ensaios mecânicos e corpos-de-prova prismáticos com
dimensões de comprimento de aproximadamente 16,0 cm, largura 11,0 cm e
espessura 4,0 cm, para realização dos ensaios térmicos.
Tabela 2 – Dosagens dos corpos-de-prova cilíndricos
MATERIAL TRAÇO 1:5 COM ADIÇÃO DE BORRACHA (Kg)
Porcentagem de borracha(%)
0 10 20 30
Borracha 0 0,122 0,244 0,366
Areia 6,100 5,978 5,856 5,734
Cimento 1,220 1,220 1,220 1,220
Água 0,671 0,671 0,671 0,671
Tabela 3 –Dosagens dos corpos-de-prova prismáticos
MATERIAL TRAÇO 1:5 COM ADIÇÃO DE BORRACHA (Kg)
Porcentagem de borracha (%)
0 10 20 30 40 67,5
Borracha 0 0,46 0,92 0,138 0,183 0,307
Areia 2,288 2,242 2,196 2,150 2,105 1,981
Cimento 0,458 0,458 0,458 0,458 0,458 0,458
Água 0,257 0,257 0,257 0,257 0,257 0,257
Foram moldados 3 (três) corpos-de-prova para cada traço, e no preparo do
traço teve-se cuidado para que não formasse s devido o acúmulo de borracha, o
que poderia diminuir a resistência e mascarar os resultados.
3.3 PREPARO DA ARGAMASSA
Os componentes da mistura foram pesados, inicialmente 5 (cinco) partes de
areia para 1 (uma) parte de cimento, esta proporção em massa. A seguir a mistura
foi realizada num misturador mecânico de acordo com a fig. (14), abaixo,
inicialmente a uma velocidade baixa foi colocado a metade da quantidade de água,
depois toda a porção de cimento gradualmente para que ocorresse toda a formação
35
da pasta sem nódulos, conseqüentemente a areia foi adicionada e por fim o restante
da água. A uma velocidade maior o processo ocorreu durante aproximadamente 4
(quatro) minutos, parando somente para retirada do excesso de material que subia
pela cuba ou permanecia estacionado na . Quando do traço com resíduo de
borracha, ela foi misturada previamente com as devidas proporções de areia, sendo
o restante do processo similar ao supracitado.
Figura 144 – Argamassadeira usada para mistura dos materiais.
3.4 CONSISTÊNCIA DA ARGAMASSA
A trabalhabilidade foi analisada pelo curso do estado fresco da argamassa.
Pela média das medidas obtidas após o espalhamento da argamassa no “flow table”,
utilizando a norma NBR 7215 ABNT. O índice de consistência logo após o término
de preparo da mistura da argamassa foi através do método do “Flow table”. O
procedimento do ensaio consta de umedecer a mesa e a parte interna do molde de
tronco de cone, onde prepara-se o tronco de cone no centro da mesa. Este será
executado em 3 camadas. As camadas são executada respectivamente com 15, 10
36
e 5 golpes, após isto rasar a superfície. Desmoldar cuidadosamente após 1(um)
minuto do adensamento da última camada. Tem-se então um tronco de cone de
acordo com a fig. (15). Por fim aplica-se 25(vinte e cinco) ou 30 (trinta) golpes de
queda da mesa em 25(vinte e cinco) ou 30 (trinta) segundos. Ao final deste
procedimento medir o espalhamento pela média dos dois diâmetros ortogonais.
Figura 155 – Tronco de cone de argamassa na mesa de consistência.
3.5 MOLDAGEM E CURA DOS CORPOS-DE-PROVA
Na moldagem dos corpos-de-prova foram utilizadas formas limpas, e no ato
do fechamento e aperto destas foi utilizada uma pequena quantidade de óleo
automotivo aplicado com pincel, para permitir melhor fechamento e estanqueidade
ao apertar o cilindro e a fôrma (ver figura 16). O mesmo óleo foi pincelado na área
interna da rma para permitir desmolde dos corpos-de-prova. Os elementos foram
moldados com 4 (quatro) camadas e com pouco mais 24 horas retirados de suas
respectivas fôrmas. A desforma dos corpos-de-prova prismáticos ocorreu somente
com 48 horas. Após a desforma, os corpos-de-prova foram colocados em cura
submersa até a data do ensaio. Foram de 7, 14, 21 e 28 dias para o ensaio de
resistência a compressão, para os demais ensaios de tração, absorção de água por
capilaridade e ensaios térmicos foram realizados somente 28 dias depois.
37
Figura 166 – Corpos-de-prova moldados.
Na data do ensaio de rompimento e poucas horas antes, o corpo-de-prova era
retirado da cura submersa e submetido a capeamento com enxofre líquido, onde
num molde com superfície limpa e plana, foi aplicado um pouco de óleo para
permanecer lisa para fácil retirada do elemento capeado. Após o resfriamento do
enxofre de uma face o corpo-de-prova é retirado e o mesmo procedimento de
capeamento é feito para a outra face, como mostra a fig. (17) e fig. (18).
Figura 177 – Capeamento dos corpos-de-prova realizado com enxofre.
38
Figura 188 – Corpos-de-prova devidamente capeados e preparados para realização
do ensaio.
No capeamento é importante que o elemento permaneça com seu eixo
perpendicular a base do molde, e que conseqüentemente sua superfície capeada
apresente-se plana e nivelada, para não mascarar os resultados esperados para o
ensaio, de acordo com a fig. (19).
Figura 1919 – Detalhe do capeamento com enxofre, superfície nivelada evitando
resultados mascarados.
39
3.6 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
No ensaio de resistência à compressão foram utilizados 3 (três) corpos-de-
prova para realização do ensaio e a média aritmética dos resultados foi considerada
como valor final. A prensa utilizada foi do Laboratório de Concreto da UFRN. A fig.
(20) mostra os ajustes finais na prensa usada para o respectivo ensaio.
Figura 200 – Detalhe dos ajustes finais na prensa antes do ensaio de compressão.
Figura 211 – Ensaio de compressão axial em andamento.
Na figura (21) acima demonstra o ensaio de resistência à compressão em
andamento de acordo com a norma NBR 5739 da ABNT. O esquema do ensaio de
resistência à compressão está demonstrado na fig. (2), onde mostra a máquina de
compressão (prensa) aplicando força axial sobre o corpo-de-prova, que tem seu eixo
posicionado de acordo com o eixo de carregamento. Este centralizado e com suas
duas superfícies de contato devidamente capeadas com enxofre. A velocidade de
carregamento aplicada foi 0,3 MPa/s a 0,8 MPa/s. O valor da carga máxima é
40
observado e anotado, posteriormente continua-se a aplicação do carregamento até a
ruptura total. A tensão de ruptura foi calculada através de rmula que exprime a
relação entre a carga de ruptura obtida na prensa dividida pela área da base do
corpo-de-prova.
Figura 222 – Esquema do ensaio de resistência à compressão axial.
3.7 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO
Para o ensaio de resistência a tração também foram utilizados 3 (três) corpos
de prova e considerada a média aritmética como resultado final. Foi utilizada uma
prensa hidráulica informatizada, do laboratório de cimento da UFRN Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Os resultados foram obtidos automaticamente pelo
software da maquina que equipa a prensa. De acordo com a norma NBR 7222/94.
Na figura (23) apresenta detalhe do posicionamento do corpo-de-prova na prensa.
41
Figura 233 – Detalhe do ensaio de resistência à tração por compressão diametral.
Na figura (24) abaixo mostra o esquema de aplicação de carga e
posicionamento do corpo-de-prova, que deve estar limpo e livre de qualquer
superfície ou detrito sólido, deve ser centralizado e alinhado no prato da prensa de
compressão diametral de modo que permaneça parado. O método idealizado pelo
brasileiro Lobo Carneiro determina a resistência à tração do concreto pelo princípio
de carregamento diametral de cilindro, onde rompe por tração, pois a tensão à
tração é menor que à de compressão. O resultado da tensão de ruptura na tração foi
obtido diretamente na prensa informatizada.
Figura 244 – Esquema do ensaio de resistência à tração por compressão diametral.
42
3.8 RESISTÊNCIA À FLEXÃO
Para realização do ensaio de flexão foi utilizada a mesma máquina do
laboratório de concreto. A prensa (ver figura 25) foi adequada ao tamanho dos
corpos-de-prova, adequando os dois apoios e somente um ponto de aplicação. A
norma utilizada foi NBR 12142/91, que trata da determinação da resistência à tração
na flexão em corpos-de-prova prismáticos, um ensaio importante para dosagem e
controle de concreto aplicável em pavimentação. Foram utilizados 3 (três) corpos-de-
prova prismáticos e calculado a média destes valores, as dimensões de
comprimento de aproximadamente 23,0 cm, largura 9,0 cm e espessura 4,0 cm. A
velocidade de carregamento na prensa foi constante e entre 0,9 a 1,1 MPa/min até a
ruptura e obtenção da energia total de fratura.
Figura 255 – Equipamento utilizado para ensaio de flexão.
De acordo com a NBR 12142/91 ao se flexionar uma peça de material
elástico, a parte superior desta é comprimida enquanto a inferior é tracionada.
Portanto o corpo-de-prova prismático de concreto por apresentar resistência à tração
inferior à de compressão, rompe por tração. Na figura abaixo o esquema do ensaio é
demonstrado, mostrando o ponto de aplicação de carga e a distância regular que
43
deve ser igual ou maior que 25mm, neste caso a peça permanece com vão de
180mm sobre dois apoios e um ponto de aplicação no meio do vão, para isso foram
traçadas linhas de referências nas faces corpo-de-prova, para facilitar a
centralização do elemento na prensa. Depois apoiou-se o corpo-de-prova do
dispositivo de carregamento de acordo com fig. (26) e a força foi aplicada até a
ruptura. Cuidados especiais foram tomados para que não houvesse irregularidades
sobre as superfícies dos elementos, além de proporcionar alinhamento e
centralização adequados.
Figura 266 – Esquema do ensaio de resistência à tração na flexão.
3.9 ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE
Na figura (27) mostra-se o aparato para o ensaio de absorção de água por
ascensão capilar. Os corpos-de-prova foram retirados da cura submersa, após o
período determinado, 3 (três) amostras de cada porcentagem e colocados em estufa
para secagem, retirando a umidade. Depois de retirada a umidade das amostras e
pesadas, eles seriam impermeabilizados lateralmente, com pintura
impermeabilizante vedapren acrílica fabricada de emulsão asfáltica da marca “Rolf
Baumgart” e colocados sobre perfis de alumínio (ver figura 28), situados em um
recipiente, imersos em lâmina d’água que era mantida constante a uma altura de 5
mm da base do corpo-de-prova, o valor obtido determinado pelo peso a cada fração
44
de tempo delimitada e verificada o aumento da massa, durante um período de 96
horas.
Figura 277 – Ensaio de absorção por ascensão capilar.
Por fim a absorção de água por capilaridade foi determinada pela diferença entre
a massa do corpo-de-prova mantido por um período de tempo absorvendo água pela
massa inicial do mesmo, conseqüentemente dividindo este valor pela área da base
do elemento ensaiado, de acordo com norma NBR 9779 ABNT.
Figura 288 – Detalhe do aparato com uso de perfis de alumínio - ensaio de absorção
por ascensão capilar.
45
Na figura (29) o desenho exemplifica como foi realizado o ensaio de absorção por
ascensão capilar, mostrando a área impermeabilizada, e o nível e sentido que
percorre a água no elemento ensaiado.
Figura 29 – Esquema do aparato usado para absorção por ascensão capilar.
Na figura (30) mostra-se o aparelho medidor de temperatura e umidade, o MTH
1360 do Laboratório de Transferência de Calor da UFRN, que foi usado durante o
ensaio para verificar o teor de umidade relativa do ar, pois a umidade poderia
influenciar no resultado esperado.
Figura 300– Aparelho medidor de temperatura e umidade - MTH 1360.
46
3.10 PROPRIEDADES TÉRMICAS
Para as propriedades térmicas foram fabricados 03 corpos-de-prova
prismáticos (ver figura 31) para cada porcentagem de adição de resíduo e as
medições das propriedades aos 28 dias, onde eles foram retirados após a cura
submersa e colocados na estufa para completa secagem e retirada de toda a
umidade. Os corpos-de-prova foram devidamente preparados e aplicado sobre eles
uma pasta térmica.
Figura 311 – Corpo-de-prova utilizado para analisar as propriedades térmicas.
As informações das propriedades térmicas foram obtidas através de medições
realizadas pelo aparelho medidor de propriedades térmicas, modelo QuickLine 30,
Fig. (32) que mostra o parelho no exato momento da progressão da medição a uma
temperatura ambiente de 28,53° C, realizadas no Laboratório de Física Experimental
da UFRN. Foi utilizado no aparelho uma sonda cilíndrica apropriada para superfícies
planas e adequada para medições entre 0,3 W/m.K a 2,0 W/m.K, ver Fig. (33). Os
resultados foram tabelados e analisados, sempre com 03 medições para cada
corpo-de-prova. Vale ressaltar que além das 04 porcentagens utilizadas para os
ensaios mecânicos utilizaram-se ainda mais duas porcentagens correspondendo a
40% e 67,5% de adição de borracha.
47
Figura 322 – Aparelho QuickLine 30.
Figura 333 – Sonda utilizada nas medições de todos os corpos-de-prova.
Na figura (34) o detalhe do equipamento executando o ensaio. Para as medições
foram fabricados 3 (três) corpos-de-prova de cada proporção de adição de resíduo a
analisar. E para cada corpo-de-prova o equipamento realizou 3 (três) medições das
propriedades térmicas. Antes da colocação da sonda sobre o corpo-de-prova foi
verificada a superfície do elemento, verificando se estava plana e sem maiores
complicações e posteriormente foi aplicada uma fina película de pasta rmica para
fixação da sonda cilíndrica do medidor de propriedades térmicas. Antes da
realização do ensaio o aparelho era programado para realização das três leituras,
48
com intervalo de 20 segundos entre cada leitura, tempo em que os resultados
ficavam expostos na tela do aparelho. Os resultados eram obtidos através da
aplicação de calor no elemento que era transmitido pelo corpo-de-prova e em
aproximadamente 30 minutos o aparelho apresentava os resultados para
condutividade rmica, capacidade calorífica e difusividade térmica. Portanto ao final
das medições fez-se a média aritmética simples entre os três valores obtidos e tinha-
se o valor final.
Figura 344 – Detalhe do equipamento realizando as medições num corpo-de-prova
preparado com pasta térmica.
49
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 GRANULOMETRIA
A análise granulométrica do agregado e porcentagem de material retido
acumulado em cada peneira é demonstrada na Tab. (4). A caracterização da areia
que se encontra na faixa das areais médias, é demonstrada na tabela (5) , e
apresenta os resultados da análise de granulometria da areia e da determinação da
massa específica e massa unitária deste material.
Tabela 4 – Análise Granulométrica da Areia
Análise Granulométrica da Areia
Peneiras normais e auxiliares Material
Denominação Abertura (mm)
% Retida
Acumulada
Nº 4 4,76 0,13
Nº 8 2,38 0,84
Nº 12 1,68 1,15
Nº 16 1,19 2,26
Nº 30 0,595 48,37
Nº 50 0,297 82,28
Nº 100 0,149 97,24
Fundo 0,075 100
Tabela 5 – Caracterização da areia utilizada na argamassa
Ensaio Caracterização
Módulo de Finura 2,32
Massa Específica 2,63 g/cm³
Massa Unitária 1,46 g/cm³
Diâmetro Máximo 1,20 mm
50
A análise granulométrica do resíduo de borracha de pneu e porcentagem de
material retido acumulado em cada peneira é demonstrada na Tab. (6). A borracha
apresentou forma irregular e se mostrou bastante heterogênea, principalmente em
relação ao comprimento. A tabela (7) apresenta os resultados do ensaio de
granulometria da borracha e da determinação da massa específica e massa unitária
deste material.
Tabela 6 – Análise Granulométrica do resíduo de borracha de pneu.
Análise Granulométrica do Resíduo de Borracha de
Pneu
Peneiras normais e auxiliares Material
Denominação Abertura (mm)
% Retida
Acumulada
Nº 4 4,76 1,94
Nº 8 2,38 12,42
Nº 12 1,68 26,1
Nº 16 1,19 56,88
Nº 30 0,595 83,86
Nº 50 0,297 95,84
Nº 100 0,149 99,32
Fundo 0,075 100
Tabela 7 – Caracterização da borracha usada na argamassa
Ensaio Caracterização
Módulo de Finura 3,76
Massa Específica 1,21 g/cm³
Massa Unitária 0,38 g/cm³
Diâmetro Máximo 4,80 mm
A curva granulométrica dos agregados areia e borracha foi traçada antes do
peneiramento para separar as dimensões desejadas. A curva granulométrica da
51
areia é demonstrada na Fig. (35) e a curva granulométrica da borracha demonstrada
na Fig. (36). As curvas são originadas dos resultados obtidos da peneiração dos
elementos e colocados os percentuais em peso retidos em cada faixa especificada
de tamanho de partículas que representa por fim a massa total ensaiada. Todos
estes resultados colocados em uma escala logarítmica e analisados as faixas de
maior acúmulo. Na areia analisada a maior quantidade de grãos está na faixa
compreendida entre 0,3mm e 1,2mm. A borracha apresenta grãos em sua maioria
na faixa entre 0,6mm e 1,68mm, por isso apresenta uma curva menos acentuada
que a areia.
0,01 0,1 1 10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
CURVA GRANULOTRICA DA AREIA
% retida acumulada
abertura (mm)
Figura 355 – Curva granulométrica da areia
52
0,01 0,1 1 10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
CURVA GRANULOMÉTRICA DA BORRACHA
% retida acumulada
abertura (mm)
Figura 366 – Curva granulométrica da borracha
4.2 ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA
Quando se analisa o índice de consistência, percebe-se pequena diferença,
algumas vezes aumentada pela quantidade de borracha inserida gradualmente, o
abatimento do tronco de cone era razoavelmente menor, para porcentagens maiores
do resíduo, para as porcentagens de 0%, 10%, 20% e 30% obtivemos
respectivamente índices de consistência 42%, 43,5%, 44% e 44,8%. Assim
apresentam melhor trabalhabilidade provavelmente pela incorporação de ar, devido
a presença da borracha. Meneguini (2003) afirma que ao inserir o resíduo da
borracha conforma melhor trabalhabilidade à argamassa. Procurou-se manter o fator
água/cimento constante em torno de 0,55 e assim notou-se pequena diferença.
Benazzouk et al. (2003) em seus experimentos adicionou água à medida que era
preciso a fim de obter trabalhabilidade semelhante para todas as composições.
53
4.3 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Na Figura (37) mostram-se os valores de resistência à compressão com 7, 14,
21 e 28 dias. Como previsto pela bibliografia a adição dos resíduos de borracha
provocou diminuição da resistência à compressão. O aumento da quantidade de
borracha diminui progressivamente a resistência à compressão, para todas as datas
ensaiadas, e as amostras com adição de borracha apresentaram uma resistência
menor, quando comparadas à amostra controle (sem borracha). No entanto aos 7
dias a redução da amostra com 10% de borracha foi bem pequena, apresentando
resistência bem próxima da amostra de controle. Na verdade a resistência à
compressão da argamassa com adição de borracha apresentou uma pequena
diminuição dos valores em relação à amostra controle, fato comprovado na literatura
devido à característica da borracha em sofrer deformações, e assim agir como se o
material estivesse cheio de vazios. Assim também apresentou Benazzoukk et al
(2003) em estudos sobre pastas de cimento que apresentam melhora da capacidade
de deformação.
0 7 14 21 28
0
2
4
6
8
10
12
14
Resistência à compressão
Tensão (MPa)
idade (dias)
0 %
10 %
20 %
30 %
Figura 377 – Resistência à compressão dos corpos-de-prova.
54
Com a adição de borracha na argamassa houve redução da trabalhabilidade
e redução da resistência mecânica em suas diversas propriedades, seja ela de
compressão, tração ou flexão, algo semelhante quando comparado com as
experiências de Marques et al. (2005). Relatando que a minimização da resistência
à compressão de fato é provocada pela ausência de aderência entre a matriz da
pasta de cimento com as fibras da borracha. Portanto é uma argamassa que pode
ser utilizada em locais e elementos onde não seja essencial uma resistência
mecânica elevada. Segre et al. (1999) demonstrou que os resultados são aceitáveis,
apresentando redução nas propriedades mecânicas, e a redução da resistência à
compressão foi de 34%.
Figura 388 – Detalhe da ruptura – ensaio de resistência à compressão dos corpos-
de-prova 10% de partículas de borracha.
Na Figura (38) mostra-se como se deu o processo de fratura em corpos-de-
prova contendo 10% de borracha, apresentando resistência bem próxima da
amostra controle. Ao conseguir aumentar a capacidade de deformação do material
devido o reforço pelas fibras observa-se incremento da tenacidade. Na figura (39)
veem-se fraturas nos corpos-de-prova contendo 20% e 30% de partículas de
borracha. Essas fraturas são semelhantes às ocorridas com as amostras com 10%
de borracha e referência. Porém apesar do tipo de fratura no modelo tronco de cone
e cisalhantes em todos elementos ensaiados, as amostras contendo borracha
apresentaram pequenas fissuras no sentido da aplicação da carga, ou seja, fissuras
verticais.
55
Figura 3939 – Detalhe da ruptura – ensaio de resistência à compressão dos corpos-
de-prova com (A)20% e (B)30% de partículas de borracha.
4.4 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO
Na Tabela (8) apresentam-se os resultados obtidos das tensões e forças para
o ensaio de compressão diametral dos corpos-de-prova de acordo com as
porcentagens de borracha presente em cada um. Neste ensaio percebe-se que não
uma redução acentuada das tensões como houve para o ensaio de compressão
axial. Apesar dos corpos-de-prova com adição de resíduo de borracha terem
rompidos com cargas bem menores, eles suportaram ainda uma força adicional, até
atingir a força máxima bem próxima do corpo tomado como referência. A mesma
tabela mostra também que esta tensão de ruptura se prolongou até resultados de
máxima bem próximos do corpo sem adição de borracha. A energia máxima para
ruptura foi de 2,54 J para o corpo-de-prova de referência (0% de borracha),
reduzindo para 1,80J, 1,93J e 1,24J respectivamente para as porcentagens de 10%,
20% e 30%. Estes números comprovam o que Benazzouk et al. (2005) afirmaram
sobre o comportamento do compósito com adição de borracha, onde parte da
energia que chega a contorno das partículas de borracha através das microfissuras,
é absorvida por ela retardando assim seu retorno para a matriz de cimento
impedindo que sua ruptura seja breve. Esse resultado também foi confirmado por
Segre et al. (1999).
A
B
56
Na tabela (8) os resultados com corpos-de-prova com adição de partículas de
borracha demonstram valores de máxima tensão que são praticamente o dobro da
tensão de ruptura, o que indica que apresentaram melhora na tenacidade, ou seja, a
deformação após ruptura se estende por um período relativamente maior que o
período de corpos-de-prova ensaiados que não apresentaram borracha na sua
constituição. Assim suportaram por mais tempo a carga aplicada, efeitos
semelhantes foram comprovados por Segre (1999) que afirma que as fibras de
borracha atuam como um agente tenacificante do compósito. A adição da borracha
na mistura eleva a energia necessária para a fratura total.
Tabela 8 – Resultados de resistência à tração aos 28 dias de idade.
Porcentagem de
borracha (%)
Força
Máxima (KN)
Força
Ruptura (KN)
Tensão
Ruptura (MPa)
Máxima
Tensão (MPa)
0 12,29 11,01 5,59 6,26
10 9,78 5,03 2,56 4,98
20 10,22 4,99 2,53 5,19
30 8,15 5,03 2,55 4,14
Na figura (40) apresentam-se imagens dos corpos-de-prova demonstrando a
forma como se propagou a fissura ao longo do elemento ensaiado. Para a amostra
controle (0% de borracha) a fissura se propagou praticamente numa reta, enquanto
para os corpos-de-prova com borracha a fissura mudou constantemente de direção
provocando um caminho percorrido por esta fissura maior que o comprimento da
fissura da amostra determinada como controle. Estes desvios ocorreram devido à
força ser absorvida pelas partículas de borracha e após passar por estes elementos
retardantes ela modificava levemente sua trajetória até o rompimento total do
elemento.
57
Figura 400 – Detalhe da ruptura – resistência à tração por compressão diametral.
Na figura (41) apresentam-se duas imagens de diferentes corpos-de-prova
abertos, demonstrando a boa distribuição das partículas de borracha no seu interior,
a esquerda um corpo-de-prova com adição de 10% de borracha e a direita um com
30% em adição de borracha.
0%
1
0%
2
0%
3
0%
58
Figura 411 – Detalhe da distribuição da borracha A = 10% e B = 30%.
Antes da abertura total dos corpos-de-prova, como demonstra a fig.(42),
numa amostra com 20% de adição de borracha. Nesta amostra percebem-se os
vários prolongamentos do resíduo de borracha que estão trabalhando dificultando a
abertura do elemento, e os rompidos durante o processo, ou extraídos. Concluindo
que estes prolongamentos dificultam a ruptura brusca, prolongando o tempo e a
deformação sofrida pela amostra com adição de borracha.
Figura 422 – Detalhe da ruptura – das fibras trabalhando e disposição das mesmas
em amostra com 20% de borracha.
A
B
59
4.5 RESISTÊNCIA À FLEXÃO
Na tabela (9) verifica-se que a adição de partículas de borracha proporciona
uma melhor absorção dos esforços na resistência à flexão. Resistindo o compósito
por mais tempo até romper por completo. Verifica-se que a adição de 10% do
resíduo de borracha proporcionou um acréscimo de 56% e com a adição de 20% de
borracha um aumento de 23%, comprovando uma melhora na resistência a fratura
total, aperfeiçoando assim o compósito.
Tabela 9 – Resultados da resistência à flexão aos 28 dias de idade.
Porcentagem de borracha (%)
Força Ruptura (KN)
Tensão Ruptura (MPa)
0 1,30 1,625
10 2,03 2,542
20 1,60 2,000
30 1,27 1,583
Na figura (43) apresenta-se detalhe da ruptura em um corpo-de-prova
contendo 10% de borracha, em dois estágios de carregamento. Observa-se uma
resistência maior ao colapso total suportando por um período de tempo superior ao
corpo-de-prova de referência com 0% de borracha, este que rompeu bruscamente.
Figura 433 – Detalhe da ruptura – ensaio de resistência à flexão dos corpos-de-prova
com 10% de partículas de borracha, em dois estágios de carregamento.
60
Figura 444 – Detalhe da ruptura – maior resistência ao colapso total de um corpo-de-
prova contendo 30% de borracha.
Figura 455 – Detalhe da ruptura – as fibras da borracha trabalhando evitando o
rápido colapso em amostra com 20% de borracha
61
Para os corpos-de-prova da amostra controle percebe-se uma ruptura brusca,
que demonstra fragilidade em comparação com os elementos moldados com
borracha. Os corpos-de-prova com borracha apresentaram um trabalho de
resistência maior a ruptura devido às fibras de borracha trabalharem evitando o
rompimento total, mesmo após alcançar a carga máxima o elemento não rompe
bruscamente, ver fig. (44) e (45).
4.6 ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE
O ensaio de absorção por capilaridade se manteve com o teor de umidade
relativa do ar variando entre 44,1 a 46,0. As medições do teor de umidade relativa
do ar foram determinadas pelo aparelho MTH 1360 (fig. 46).
Figura 466 – Medições apresentadas pelo aparelho MTH 1360.
As Figuras (47) e (48) mostram os gráficos com os resultados das
quantidades de absorção dos corpos-de-prova aos 28 dias, conforme o percentual
de borracha inserido em cada um. A Figura (47) demonstra o comportamento nas
primeiras 6 horas, enquanto a Fig. (48) exibe a conduta deles até o tempo total de
96 horas de imersão. Foi observado que com o emprego da borracha houve o
aumento da quantidade de água absorvida em comparação com a amostra controle .
De acordo com a bibliografia o aumento da quantidade de borracha resulta numa
maior quantidade de ar nos compósitos, reduzindo o peso. Porém em percentuais de
quantidade absorvida em relação ao peso, os compósitos contendo borracha
apresentam redução de absorção, e de acordo com o gráficos também percebe-se
62
que quanto maior a quantidade de borracha, a capacidade do material de absorver
água sofre diminuição. Benazzouk et al. (2005), em seus estudos apresenta que a
redução da absorção de água por capilaridade e também a velocidade de absorção
de água se dá com o aumento de borracha no compósito. Também ratifica que a
borracha tem a tendência para repelir água, e o aumento da porosidade melhorou a
circulação de ar. A borracha tem característica de não absorver água e a água teria
seu fluxo apenas pela matriz de cimento. Segre et al. (1999) apresentou resultados
aceitáveis em relação à absorção de água por capilaridade evidenciando a redução,
estaticamente a absorção foi menor para os corpos-de-prova tratados com NaOH e
com adição de 10% de borracha
0 1 2 3 4 5 6
0
2
4
6
8
Absorção de água por capilaridade
Absorção (Kg/m²)
Tempo (h)
0%
10%
20%
30%
Figura 477 – Primeiras 6 horas do ensaio de absorção por capilaridade da água nos
corpos-de-prova aos 28 dias.
63
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72 80 88 96
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Absorção de água por capilaridade
Absorção (Kg/m²)
Tempo (h)
0%
10%
20%
30%
Figura 488 – Absorção por capilaridade da água nos corpos-de-prova aos 28 dias.
4.7 PROPRIEDADES TÉRMICAS
Definindo a condução como um processo de transferência de calor por meio
das partículas que os separa, a energia térmica (energia cinética dos átomos e
moléculas) passaria da parte mais quente (maior energia cinética), onde apresentam
maior vibração para as regiões vizinhas (menor energia cinética), através da
transmissão destas vibrações (colisões entre átomos e moléculas vizinhas) e o
aumento sucessivo destas transportando a energia entre as partículas. E definindo
condutividade como capacidade dos materiais para conduzir calor, sabe-se que
sólidos conduzem calor melhor que líquidos e gases sucessivamente, e que o ar é
péssimo condutor de calor. A condutividade térmica é uma das propriedades físicas
bastante importante de um material, sua unidade é W/m.K. Portanto a borracha
como não sendo um bom condutor de calor, é um material com um baixo índice de
condutividade térmica, tornando-se um excelente isolante térmico e elétrico.
Sabendo-se que a borracha tem baixa condutividade rmica optou-se por
analisar mais duas porcentagens com teores bem maiores de borracha. E também é
bem evidente que os resultados mostraram que agregados com menor
condutividade térmica produzem compósitos com menor condutividade rmica. A
64
variação da condutividade térmica é percebida na fig. (49) onde a minimização da
condutividade térmica dos corpos-de-prova com adição de 10%, 20%, 30%, 40% e
67,5% em resíduo de borracha foram de 0,66%, 4,26%, 9,77%, 24,52% e 45%,
respectivamente em relação ao corpo-de-prova sem resíduo. Portanto quanto maior
a quantidade de borracha menor a condutividade térmica. A redução da
condutividade rmica do compósito está intimamente relacionada ao efeito isolante
das partículas de borracha.
0 10 20 30 40 50 60 70
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
Variação da Condutividade Térmica
Condutividade rmica (W/m.K)
Proporção em massa de Borracha(%)
Figura 49 – Variação da Condutividade Térmica do compósito com resíduo de
borracha aos 28 dias.
Com a substituição de um agregado, a areia, por outro mais leve, a borracha,
ao final os novos compósitos apresentaram massa unitária menor à medida que o
percentual de borracha aumentava. O aumento da quantidade de borracha
proporciona maior quantidade de ar dentro do compósito, reduzindo assim o peso.
Uma grande quantidade de ar proporciona um peso menor além de mais eficiência
no isolamento térmico, dificultando assim a condução térmica.
Na Tabela (10) apresentam-se resultados da difusividade térmica e da
capacidade de volume calorífica medidos para os compósitos com suas diferentes
porcentagens de borracha. A difusividade térmica diminui bastante com o acréscimo
de borracha, a partir dos 30% de adição de resíduo, apresentando redução de 11%
65
da difusividade, e para os teores de resíduos a 40% e 67,5% apresentaram queda
de 23,7% e 42,5%.
Tabela 10 – Resultados das propriedades térmicas dos corpos-de-prova obtidas
através de medição aos 28 dias.
Porcentagem de borracha
(%)
Capacidade calorífica
(J/m³K .10
6
)
Difusividade Térmica
(m²/s.10
-6
)
0 1,974 0,772
10 1,992 0,759
20 1,937 0,758
30 1,998 0,685
40 1,949 0,589
67,5 1,882 0,444
66
5 CONCLUSÕES
O objetivo do trabalho foi verificar a influencia da substituição de parte do
agregado pelo resíduo de borracha sem tratamento. Foram analisadas algumas
propriedades mecânicas e térmicas da argamassa de cimento Portland no traço em
massa 1:5 de argamassa cimento e areia. Para análise das propriedades mecânicas
foi adicionado resíduo de borracha, nas proporções de 10%, 20% e 30% em massa
em relação à massa do cimento. Quanto às propriedades térmicas optou-se por
analisar mais duas outras porcentagens (40% e 67,5%), substituindo o agregado.
Por fim, seria foi obter uma argamassa com boa resistência mecânica e térmica, com
baixo custo financeiro, reduzindo o uso do agregado natural e que tivesse destino
adequado para o resíduo de pneu.
Algumas conclusões no desenvolvimento deste trabalho seriam:
(1) Considerando-se que realmente influência na adição do resíduo e
percentual, notou-se diminuição do abatimento do tronco de cone para o
acréscimo da borracha. Também ocorreu redução relativa no peso dos
corpos-de-prova que apresentaram 4,66%, 5,12%, 5,63% de redução.
Respectivamente para amostras com percentuais de 10%, 20% e 30% de
resíduo de borracha.
(2) No ensaio de resistência à compressão determinou-se que houve uma
redução da resistência quanto mais borracha é inserida na mistura. A
composição com a quantidade de resíduos de 10% em massa de cimento
apresentou redução de 21,10% em relação à amostra controle sem adição de
borracha, enquanto que as proporções de 20% e 30% contendo resíduo
apresentaram quedas de 26,01% e 41,55%, respectivamente para 28 dias.
(3) A resistência ao esforço de tração também teve redução após adição da
borracha, porém de forma mais suave, e que quanto mais borracha é
adicionada mais a resistência tende a diminuir. O importante é que ao incluir o
resíduo serviu para acrescer a capacidade de tensão dos compósitos,
aumentando o tempo de resistência até a ruptura por completo do material.
67
Enquanto a amostra controle (sem borracha) suporta até 11% da tensão total,
a capacidade de tensão suportada pelas amostras com percentuais de 10%,
20% e 30% de resíduo de borracha são respectivamente de 94,5%, 105% e
62%. Comprovando os resultados observados na bibliografia.
(4) No ensaio de resistência à flexão houve uma melhora relativa, pois resistiu
bem à fratura total e teve tensões maiores que a amostra controle. A amostra
com adição de 10% de partículas de borracha apresentou um acréscimo na
resistência à flexão correspondente a 56,02%, enquanto a amostra com 20%
de resíduo teve aumento de 23,08%. a amostra com 30% apresentou
redução de 2,31% na resistência final quando comparadas com a amostra
controle.
(5) O peso médio das amostras com teores de borracha contendo 10%, 20% e
30% reduziu respectivamente em 1,83%, 4,96% e 5,11% em relação à
amostra controle. A absorção de água por capilaridade aumentou em relação
à amostra de controle, mas a quantidade de água absorvida diminui a medida
que se aumenta o percentual de resíduo de borracha na amostra. As curvas
dos gráficos que identificam a absorção de água mantêm uma certa
proporção que permaneceu constante até o final do ensaio. Com o aumento
da porosidade e conseqüentemente maior circulação de ar, dificultou a
ascensão capilar da água.
(6) O aumento da quantidade de borracha resulta numa maior quantidade de
ar nos compósitos, e sabe-se que o ar é péssimo condutor de calor,
proporcionando a redução de peso que consequentemente reduz a
condutividade térmica. Sabe-se também que a borracha possui baixa
condutividade rmica, então de posse dessas informações esperava-se a
redução da condutividade. A redução da massa específica foi comprovada,
então o aumento do volume de vazios dentro das amostras seria ocupado por
ar, o que dificulta a condução, com o aumento da quantidade de poros, pois
uma redução do contato entre as moléculas que compõem o compósito. A
minimização da condutividade térmica é expressa em percentuais de 0,66%,
4,26%, 9,77%, 24,52% e 45% respectivamente para as adições de resíduo de
68
borracha a 10%, 20%, 30%, 40% e 67,5%. A difusividade rmica diminui
bastante apresentando redução de 11%, 23,7% e 42,5%, respectivamente
para 30%, 40% e 67,5% de adição de adição de resíduo. Isto demonstra que
a utilização e o consequentemente aumento da quantidade de resíduo diminui
a velocidade de propagação de calor. Porém a capacidade calorífica
apresenta-se praticamente a mesma independente da quantidade de resíduo.
Comprovando que seu uso provavelmente proporciona conforto ambiental e
também pode conter os movimentos da dilatação térmica e
consequentemente o surgimento de fissuras.
Materiais compósitos representam o desenvolvimento de novos materiais, um
avanço no melhoramento de certos materiais existentes, certo de que atrela as
potenciais características de cada componente ajustando de modo que o produto
final seja adequado ao uso buscado, com melhor desempenho e prováveis novas
aplicações. Por fim, o uso do resíduo de borracha na argamassa pode baratear o
custo final do novo produto, beneficiando o novo material com suas boas
propriedades. Ressaltando que entre as grandes vantagens que esse
reaproveitamento proporciona, como redução do consumo de energia e de custos,
está o benefício de que esta atitude permite diminuir o impacto gerado pelo
manuseio e deposição inadequados do pneu no meio ambiente, como minimização
da poluição (geração de resíduos para entulhos, e queima que contribui para
liberação de gases tóxicos), além de conservar matérias primas não renováveis e
melhoria da saúde, com a minimização de locais para produção de insetos e outros
vetores.
Argamassas com adição de borracha em substituição ao agregado podem
desempenhar razoável resistência mecânica, e quando se deseja algo com baixa
condutividade térmica, é bem satisfatório, apresentando bom isolamento.
69
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