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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
GRUPO MEMÓRIA E CRIATIVIDADE:
UM ESTUDO ACERCA DA DINÂMICA ASSISTENCIAL DA
ENFERMAGEM COM PESSOAS IDOSAS
Paula Vanessa Peclat Flores
Rio de Janeiro
2006
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Paula Vanessa Peclat Flores
GRUPO MEMÓRIA E CRIATIVIDADE:
UM ESTUDO ACERCA DA DINÂMICA ASSISTENCIAL DA ENFERMAGEM COM
PESSOAS IDOSAS
Orientadora: Profª Drª. Marléa Chagas Moreira
Rio de Janeiro
2006
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem, da Escola de Enfermagem
Anna Nery, na Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre
em Enferma
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Flores, Paula Vanessa Peclat
Grupo memória e criatividade: um estudo acerca da dinâmica assistencial da
enfermagem com pessoas idosas. Paula Vanessa Peclat Flores. Rio de Janeiro, 2006.
Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Escola de Enfermagem Anna Nery, 2006.
Orientador: Marléa Chagas Moreira.
1. Grupo 2. Cuidado de Enfermagem 3. Idoso – Teses. I. Moreira, Marléa
Chagas (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pós Graduação em
Enfermagem. III. Grupo memória e criatividade: um estudo acerca da dinâmica
assistencial da enfermagem com pessoas idosas.
CDD: 610.73
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Paula Vanessa Peclat Flores
GRUPO MEMÓRIA E CRIATIVIDADE:
UM ESTUDO ACERCA DA DINÂMICA ASSISTENCIAL DA ENFERMAGEM COM
PESSOAS IDOSAS
Rio de Janeiro, 24 de outubro de 2006.
_______________________________________________________________
Marléa Chagas Moreira – Presidente
Professora Adjunta da Escola de Enfermagem Anna Nery, UFRJ.
_______________________________________________________________
Nébia Maria Almeida Figueiredo – 1ª Examinadora
Professora Titular da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, UNIRIO.
_______________________________________________________________
Ana Maria Domingos – 2ª Examinadora
Professora Adjunta da Escola de Enfermagem Anna Nery, UFRJ.
_______________________________________________________________
Marluci Andrade Conceição Stipp – Membro Suplente
Professora Adjunta da Escola de Enfermagem Anna Nery, UFRJ.
_______________________________________________________________
Ana Lúcia Abrahão – Membro Suplente
Professora Adjunta da Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa, UFF.
4
Dedicatória
Dedico este estudo às pessoas mais importantes da minha vida, minhas filhas Maria Carolina e
Maria Fernanda.
Ao meu esposo e amigo, André, que sempre esteve ao meu lado, me impulsionando e acreditando
no meu potencial.
Aos meus pais que tanto amo, Sérgio e Léia, que sempre se dedicaram a mim.
Ao meu irmão Cristiano, que é o meu mais antigo amigo.
5
Agradecimentos
A Deus por me dar o Dom da vida e o Dom de ser enfermeira.
A minha orientadora e amiga, que me conduz na caminhada da construção do conhecimento.
A minha amiga Maria Gefé que acreditou mais do que eu que este dia de chegaria.
Aos profissionais e Idosos do Projeto de Atenção Integral a Pessoa Idosa do Hospital Escola São
Francisco de Assis que foram essenciais para construção deste estudo e para meu crescimento
pessoa e profissional.
6
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo privilégio
de ser bolsista no período de 2005 a 2006, minha gratidão pela significativa contribuição
financeira que me permitiu desenvolver este estudo.
7
O grande rio tem seu trajeto, antes do mar imenso. Copiando-lhe a
expressão, a alma percorre igualmente caminhos variados e etapas
diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali,
avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de
encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria.
Francisco Candido Xavier (André Luiz)
8
RESUMO
FLORES, Paula Vanessa Peclat. Grupo memória e criatividade: um estudo acerca da
dinâmica assistencial da enfermagem com pessoas idosas. Rio de Janeiro, 2006. Dissertação
(Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
A realização de trabalhos com grupos de clientes, pelas enfermeiras, indica a relevância
de re-visitar estratégias utilizadas para melhor planejamento do processo de cuidar. Trata-se de
análise da dinâmica assistencial desenvolvida pela enfermeira na condução de um grupo de
idosos. Os objetivos foram: descrever a constituição do Grupo Memória e Criatividade; analisar a
dinâmica de desenvolvimento do grupo pela enfermeira e discutir as (im)possibilidades da
aplicação do modelo de Grupo Operativo na assistência de enfermagem. A fundamentação
teórica foi orientada na perspectiva teórico-metodológica de Pichon-Rivière. O estudo foi
realizado no Hospital Escola São Francisco de Assis/UFRJ. Utilizou-se o método estudo de caso
com análise qualitativa das crônicas elaboradas para retratar a dinâmica assistencial, a partir de
quarenta e cinco horas de observação não participante. As unidades de análise foram: “a dinâmica
de condução do Grupo Memória e Criatividade” e “o agir peculiar da enfermeira na condução do
grupo memória e criatividade”.As evidências alcançadas permitem concluir que a enfermeira
adota, de forma intuitiva, as etapas do modelo pichoniano de grupo operativo, contudo, a partir da
utilização do corpo como instrumento motivador e de técnicas lúdicas, confere criatividade e
dinamismo à atividade. O que indica algumas especificidades no agir da enfermeira no contexto
de uma prática de saber interdisciplinar que pode ser entendida como uma proposta de modelo
com possibilidades de aplicação na prática da enfermagem. Sugerem-se novas investigações que
9
contribuam para reconhecer condições que garantam as peculiaridades dos atos específicos da
enfermagem na condução de trabalhos com grupos.
Palavras-chave: Enfermagem, Gerência, Prática de grupo e Idoso.
10
ABSTRACT
FLORES, Paula Vanessa Peclat. Grupo memória e criatividade: um estudo acerca da
dinâmica assistencial da enfermagem com pessoas idosas. Rio de Janeiro, 2006. Dissertação
(Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
FLORES, Paula Vanessa Peclat. Memory and Criativity Group: a study about the care dynamic
with elderlies. Rio de Janeiro, 2006. Thesis (Máster of Nursing) – Escola de Enfermagem Anna
Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
The clients group work realization, by nurses, indicates the relevance of revisit strategies
used to better planning the care process. It deals about the care dynamic developed by nurse in
elderlies group leading. The objectives were: Describe the Mermory and Creativity Group
formation; analyze the group development dynamic by nurse and discuss the (im)possibilities of
application the Operative Group in nurse assistance. The theoreticaly reasons were oriented in
Pichon-Rivière theorical-methodologic perspective. The study was realized in Hospital Escola
São Francisco de Assis/UFRJ. The case study was the method utilized with qualitative analyzis of
chronics prepared to retrat the assistance dynamic, from non participant observe fourty five
hours. The analyzis units were: “the memory and creativity group conduction dynamic” and “the
nurse singular act in Memory and Creativity Group conduction”. The evidences achieves allow
conclude that nurse adopts, from intuitive way, the steps from pichonian model in operative
group, however, from body utilization like motivating instrument and playful technicals, gives
creativity and dynamism to ativity. It indicates some specificities in nurse act in interdisciplinary
known practice context that can be understood like a model purpose with possibilities in practice
11
nurse application. Suggest new investigations wich contruibute to recognize conditions to ensure
the nurse specific acts singularities in conduction of works with groups.
Key words: Nursing, Management, Group Practice and Aged.
12
RESUMEN
FLORES, Paula Vanessa Peclat. Grupo memoria y creatividad: un estudio a respecto de la
dinámica asistencial de la enfermería con personas mayores. Rio de Janeiro, 2006. Disertación
(Maestría en Enfermería) – Escuela de Enfermería Anna Nery, Universidad Federal de Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
La realización de trabajos con grupos de clientes, por las enfermeras, indica la relevancia
de revisitar estrategias utilizadas para un mejor planeamiento del proceso de cuidar. Se trata de
un análisis de la dinámica asistencial desarrollada por la enfermera al conducir un grupo de
personas mayores. Los objetivos fueron describir la constitución del grupo Memoria y
Creatividad; analizar la dinámica de desarrollo del grupo por la enfermera y debatir las
posibilidades e imposibilidades de la aplicación del modelo de Grupo Operativo en la asistencia
de enfermería. La base teórica se fundamentó en la perspectiva teórico-metodológica de Pichon-
Rivière. Se realizó el estudio en el Hospital Escuela São Francisco de Assis/UFRJ. Se utilizó el
método estudio de caso con análisis cualitativo de las crónicas elaboradas para retratar la
dinámica asistencial, a partir de cuarenta y cinco horas de observación no participante. La
dinámica de orientación del grupo Memoria y Creatividad y la peculiar actuación de la enfermera
al conducir dicho grupo sirvieron como unidades de análisis. Las evidencias alcanzadas permiten
concluir que la enfermera adopta, de forma intuitiva, las etapas del modelo pichoniano de grupo
operativo, sin embargo, a partir de la utilización del cuerpo como instrumento motivador y de
técnicas lúdicas, ella confiere creatividad y dinamismo a la actividad. Ello indica algunas
especificidades en el modo de actuar de la enfermera en el contexto de una práctica de saber
interdisciplinar que se puede entender como una propuesta de modelo con posibilidades de
13
aplicación en la práctica de enfermería. Se sugieren nuevas investigaciones que contribuyan para
reconocer condiciones que garanticen las peculiaridades de los actos específicos de la enfermería
en la conducción de trabajos con grupos.
Palabras clave: Enfermería, Gerencia, Práctica de Grupo, Anciano.
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A problemática 16
Delineando objeto e objetivos do estudo 21
Justificativa e contribuições do estudo 23
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1.1 Trabalho de Grupo: Uma breve retrospectiva 28
1.2 Trabalho de grupo na enfermagem 31
1.3 O envelhecimento e alguns indicativos para o desenvolvimento do trabalho de grupo 33
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2.1 Modelo de trabalho de grupo segundo Pichon-Rivière 40
2.2 Abordagem Metodológica 46
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3.1 Aspectos históricos 52
3.2 As bases para estruturação do grupo 54
3.3 Caracterização dos idosos 58
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4.1 A dinâmica de condução do Grupo Memória e Criatividade 61
4.2 O agir peculiar da enfermeira na condução do grupo memória e criatividade 77
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A problemática
A utilização dos trabalhos com grupos como estratégia assistencial em enfermagem é uma
questão de meu interesse desde que me aproximei desta atividade, ainda durante o curso de
Graduação na Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), quando fiz parte do grupo Universidade Solidária no ano de 2001 no município
de Serra Branca, na Paraíba. Atuamos na formação de agentes multiplicadores de saúde com
intuito de propagar as orientações realizadas, sendo o foco principal as situações crônicas de
saúde.
Participei do referido projeto, na realização de atividades de grupo com a equipe de
trabalho, num curso preparatório conduzido por pedagogos e psicólogos, objetivando capacitar a
equipe para discutir novas perspectivas conceituais acerca de saúde e doença, visando melhor
conduzir as atividades de promoção à saúde no município.
Como estudante estagiária percebi diversas vantagens na aplicabilidade das técnicas de
trabalho com grupos. Isso podia ser evidenciado na troca de experiências, o envolvimento de
cada um dos participantes, e nas expressões que indicavam a satisfação de estarem integrando das
atividades, compartilhando dúvidas, anseios e descobertas. E, sobretudo, percebi que o trabalho
de grupo criava um espaço coletivo e facilitador de expressão de sentimentos e reflexão acerca
dos assuntos que eram foco de discussão, além de valores relacionados à cidadania que poderiam
ser aplicados tanto em âmbito pessoal quanto no profissional. O que me instigava a pensar na
contribuição do trabalho de grupo não apenas para a área da formação, mas também para a
prática assistencial na enfermagem.
17
Enquanto estudante aprendi a compreender a enfermagem, no entendimento de Carvalho
(1997, p. 33), como “... a ciência e arte de ajudar as pessoas, grupos e coletividades, quando
não capacitados a autocuidar-se para alcançar um nível ótimo de saúde”; como um “[...] um
serviço organizado, orientado e dedicado ao bem estar humano e como tal, um empreendimento
social”.
Tal entendimento destaca a responsabilidade da enfermeira que, como responsável pela
coordenação da equipe de enfermagem e planejamento do processo de cuidar, deve garantir, nos
cenários institucionalizados, ou não, uma assistência comprometida “de um lado com o cliente
que tem suas necessidades e direitos e, de outro, a enfermagem no que tange aos deveres da
competência profissional e mesmo à obrigação moral das enfermeiras, em prol do alcance de
uma prática de qualidade” (Moreira, 2002, p.16).
Nessa perspectiva penso que os trabalhos com grupos se apresentam na enfermagem com
uma proposta de assistir a partir de cuidados que favoreçam a reflexão e estimulem os clientes a
compartilhar saberes e experiências, adotar atitude mais ativa na compreensão de situações
vivenciadas seja em relação ao processo saúde-doença, ou em relação às situações relativas ao
tratamento e estratégias de cuidado implementado.
Este enfoque destaca a preocupação com a valorização do aspecto psicossocial do
cuidado, o que vai ao encontro de recomendações de estudiosas da enfermagem que ha mais de
três décadas argumentam em favor de um modelo de prática voltado não para a doença, mas para
a saúde; orientado não para o atendimento exclusivo de indivíduos, mas para a assistência à
pessoa e sua família, a grupos da comunidade, ou à comunidade como um todo; e centrado não
nas perspectivas e metas institucionais, mas nos planos e programas de interesse da saúde da
população (Carvalho & Castro, 1979).
18
Assim, meu interesse pela utilização dos trabalhos de grupo como estratégia assistencial
na enfermagem, principalmente no contexto ambulatorial e hospitalar, se intensificava na medida
em que desenvolvia os estágios curriculares e extracurriculares no decorrer do curso de
graduação. Tal interesse me levou a buscar conhecimentos teóricos acerca de grupalidade, para
entender as possíveis aproximações com a prática da enfermagem. O que me apontou alguns
desafios, considerando que as bases que orientam os trabalhos de grupo estão fundamentadas em
conceitos e princípios da psicologia e psiquiatria. Então comecei a me questionar como as
enfermeiras poderiam utilizar o trabalho com grupos sem uma formação específica, e garantindo
um cuidado de qualidade para os clientes.
Pichon-Rivière, um dos maiores estudiosos sobre a Grupalidade entende grupo
(PICHON-RIVIÈRE 2000 p. 169):
“como todo conjunto de pessoas, ligadas entre si por constantes de tempo
e espaço e articuladas por sua mútua representação, que se propõe
explícita e implicitamente numa tarefa, que se constitui sua finalidade
ainda coloca que “estrutura, função, coesão e finalidade, junto com um
número determinado de integrantes, configuram uma situação grupal”.
Em estudo realizado acerca das dinâmicas de grupo utilizadas no cotidiano de trabalho de
enfermeiros que atuam em um hospital universitário (Flores, 2004)
1
foi observado que, no cenário
estudado, à época, somente uma enfermeira depoente realizava este tipo de atividade na sua
prática assistencial com acompanhantes de clientes internados na clinica médica. Dentre as
vantagens do trabalho de grupo apontados pela depoente, se encontram: a redução do nível de
ansiedade dos clientes e familiares; a diminuição de alguns questionamentos acerca da doença, do
tratamento e rotinas do hospital; e melhora na interação dos clientes e familiares com a equipe.
Quanto às bases teórico-metodológicas utilizadas, muito me inquietou o fato de que os
trabalhos com grupos eram desenvolvidos pela enfermeira participante do estudo, de forma
19
intuitiva, sem embasamento teórico, no entanto, no seu ponto de vista, alcançavam resultados
satisfatórios.
O estudo suscitou algumas reflexões acerca do fazer da enfermagem nessas situações,
visto que, no meu entendimento, não estava construído em princípios que pudessem garantir a
cientificidade daquele cuidado de enfermagem. Ou, não havia uma consciência de tais princípios
pela enfermeira que realizava o cuidado. Nesse sentido, cabe ressaltar que, para Figueiredo et al
(2005, p.32), para atender às necessidades dos clientes “as enfermeiras agem por imperativos de
condições, que se lhes apresentam, em dados momentos, de uma enfermagem que pode fazer de
tudo e para todos”. Contudo, para as autoras é preciso apreciar o “que-fazer” a partir de algumas
condições que garantam as peculiaridades dos atos específicos da enfermagem.
Assim, pensar na utilização dos trabalhos de grupo como estratégia assistencial na
enfermagem, requer reconhecer que os atos específicos da enfermagem estão associados a
conhecimentos e princípios não apenas das ciências médicas, mas também das ciências sociais
como a estética, comunicação, pedagogia, administração, além de psicologia, sociologia e
antropologia, constituindo um saber-fazer historicamente construído. Mas é preciso identificar
nossa identidade própria na realização das diversas possibilidades de estratégias de cuidado para
que possamos constituir uma prática autônoma.
1
FLORES, P. V. P, As Dinâmicas de grupo no Cotidiano dos Enfermeiros. Trabalho de conclusão de curso de
graduação em Enfermagem – EEAN/UFRJ. Orientação Profª Drª. Maria Soledade Simeão dos Santos.
20
Com essas reflexões iniciei atividades como professora substituta do Departamento de
Metodologia da Enfermagem da EEAN/UFRJ. Atuando no Programa Curricular
Interdepartamental VI: “Cuidados à família com problemas de saúde” nas atividades práticas de
trabalho de campo com clientes no ambulatório do Hospital Universitário, pude discutir com os
estudantes a relevância da utilização dos trabalhos com grupos como uma estratégia assistencial
que favoreça o autocuidado em diversas situações clínicas dos clientes, principalmente clientes
idosos com doenças crônicas não transmissíveis. Contudo, nas reuniões grupais com os clientes,
coordenadas por enfermeiras da instituição, não se identificava uma metodologia para condução
do trabalho, muitas vezes dificultando a avaliação do cuidado prestado e não configurando um
modelo sistematizado que pudesse ser ensinado aos estudantes.
No aprofundamento em leituras de estudos realizados por enfermeiras acerca de trabalho
de grupo pode-se verificar que grande parte das publicações técnico-científicas sobre a temática
remete a relatos de experiências relativos a esta atividade. Aqueles estudos que descrevem uma
base teórico-metodológica para fundamentar as ações referem, na grande maioria, a utilização da
Técnica do Grupo Operativo. Essa técnica foi introduzida por Pichon-Rivière, em 1947, na
Argentina. Para o autor, o esquema conceitual e operativo do Grupo Operativo está centrado no
entendimento de que o grupo é o agente da cura, e o terapeuta reflete e desenvolve as imagens da
estrutura do grupo, em contínuo movimento (2000, p. 114). O grupo operativo é uma linha
pragmática que tem como objetivo a atuação em um grupo de pessoas para disparar processos,
com finalidade de objetivar o cuidado através de vínculos, discussões, interações. A enfermagem
é uma profissão pragmática, tendo assim, grande proximidade com as atividades como os grupos
operativos.
Penso que o entendimento do autor permite fazer uma analogia com o cuidado de
enfermagem quando a enfermeira se propõe a ajudar as pessoas a alcançar a melhor condição
21
possível de saúde, conforto e bem estar. E assim, o grupo, ou seja, o espaço de interação se revela
como o ambiente onde o cuidado de enfermagem acontece. De outro modo, o caráter dinâmico do
grupo operativo sinaliza a possibilidade de um cuidado em movimento, um processo orientado
pelas necessidades de cuidado de cada participante e que se reflete no comportamento do grupo.
O que pode se constituir numa dinâmica assistencial.
Vale destacar nas publicações em enfermagem que as dificuldades mencionadas pelas
enfermeiras para realização dos grupos, estão relacionadas ao quantitativo de clientes nos grupos,
além do tempo reduzido para atenção à clientela devido às inúmeras atribuições do enfermeiro na
unidade hospitalar. Contudo, pode-se perceber um crescente investimento na utilização de tal
estratégia em diferentes contextos assistenciais e grupos de clientes. Dentre as quais têm destaque
os grupos com idosos.
Delineando objeto e objetivos do estudo
Assim, considerando que as enfermeiras tem desenvolvido atividades de grupo com
idosos nas diversas situações clinicas e regiões do país, com diferentes propósitos; que os estudos
apontam as dificuldades apresentadas na condução do grupo, ha necessidade de estudar a
dinâmica assistencial de um grupo específico em aproximação com um referencial para
compreender as peculiaridades do agir da enfermeira nesse tipo de estratégia assistencial.
Tendo como base o descrito anteriormente, apresentamos como objeto do estudo: a
análise da dinâmica assistencial utilizada pela enfermeira no Grupo Memória e Criatividade.
Dentre as diversas experiências com grupos desenvolvidas no município do Rio de
Janeiro, o Grupo de Memória e Criatividade é realizado exclusivamente por uma enfermeira e
visa o desenvolvimento de atividades criativas para reativar e manter a memória das pessoa
22
idosas, usando técnicas que estimulam a memória, visando melhoria da qualidade de vida. Além
disso, trabalha na criação de condições ambientais e emocionais para o desenvolvimento de
habilidades manuais e intelectuais que o aproximem a saúde do idoso ao descrito por Nightingale
(1989) onde saúde não é somente estar bem, mas ser capaz de usar bem toda força vital que
temos.
Pautado nas na minha experiência como docente, as contribuições observadas por este
grupo aos clientes idosos (como estímulo a memória e criatividade, socialização, dentre outros) e
no fato do mesmo ser coordenado por uma enfermeira, surgiu o interesse em conhecer como este
grupo funciona e relacioná-lo com o modelo de grupo operativo proposto por Pichon-Rivière
Questão Norteadora
Como se configura a dinâmica assistencial a pessoas idosa desenvolvida pela enfermeira
no Grupo Memória e Criatividade?
Objetivos do estudo
1. Descrever a constituição do Grupo Memória e Criatividade.
2. Analisar a dinâmica de desenvolvimento do Grupo Memória e Criatividade com clientes
idosos, na perspectiva de Pichon-Rivière;
3. Discutir as (im) possibilidades da aplicabilidade do modelo de Grupo Operativo na
assistência de enfermagem no Grupo Memória e Criatividade.
23
Justificativa e contribuições do estudo
A clientela da terceira idade é um público que pode ser bastante beneficiado pelos
trabalhos de grupos. Uma das iniciativas é realizado no Projeto de Assistência Integral à pessoa
Idosa (PAIPI), inserido no Hospital Escola São Francisco de Assis (HESFA), da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, no Município do Rio de Janeiro. Diversas oficinas são realizadas,
dentre elas algumas lançam mão das atividades de grupo.
O PAIPI é um projeto de extensão pioneiro, pautado nas demandas da população idosa
brasileira, que abrange a assistência, ensino, pesquisa e extensão. No que se refere à assistência, o
projeto apresenta a Unidade da Terceira Idade (UNTI) e o Grupo de convivência. Este espaço
propicia práticas educativas e de cuidados básicos à saúde, visando à promoção do autocuidado, a
prevenção de incapacidades e a manutenção da independência funcional das pessoas idosas.
Dentre o seguimento assistencial, são desenvolvidas diversas atividades que abrangem
desde oficinas, ciclo de debates e trabalhos de grupo. Estas atividades possuem um aporte
multiprofissional para sua condução, contando com a presença de Enfermeiros, Médicos,
Assistentes Sociais, Terapeutas Ocupacionais, Pedagogos e de voluntários.
Dentre os trabalhos realizados, o grupo Memória e Criatividade foi escolhido para ser
estudado, uma vez a atividade que é coordenada por uma enfermeira especialista em gerontologia
e se enquadra nas questões inerentes ao grupo operativo de Pichon-Rivière, que referencia este
estudo.
São trabalhados neste grupo, fatores como orientação, consciência corporal, percepção
(visual, auditiva, tátil, olfato e paladar), memória, expressão verbal oral e escrita, raciocínio,
funções executivas, performance motora, expressão não verbal, afeto, motivação e criatividade.
24
Conforme percebemos nos estudos de Martins (1995), Tomasi (1996), Trentini (2000),
Cavalcanti (2002), Brienza (2002) e Silva (2003), o trabalho com grupo referem o alto grau de
importância, porém as limitações existem já que relatam à falta de preparo especifico para
conduzir estas atividades. Wall in Westphalen (2001, p. 57), coloca que “para se direcionar o
trabalho de enfermagem com grupos, faz-se necessário à utilização de uma metodologia, pois ela
é como um caminho que estrutura a assistência”.
Este dado é reforçado por Zimeram (1997, xi) quando ressalta que ha um grande grupo de
pessoas que praticam os recursos grupalísticos de forma autodidata e movidas pelo bom senso e
bons resultados alcançados, e que embora bem-intencionadas, não imaginam os inconvenientes
decorrentes da falta de conhecimento neste campo.
Precisamos de mais literatura referentes à gerência do trabalho com grupos, na visão da
Enfermagem, para que se possa ter maior norteamento para realização desta prática. Grande parte
da literatura existente neste contexto é na Psicologia e Psiquiatria. É necessário que se pesquise
mais acerca da gestão do trabalho com grupos na enfermagem, no que refere desde a
implementação à avaliação. Simões (2004, p.26) reforça esta questão quando diz que a “falta de
conhecimento sobre planejamento, dinâmica e funcionamento de grupos, pode acarretar
dificuldades em obter bons resultados nesta atividade, ou até mesmo não atingir os objetivos
traçados”.
Nos últimos anos, a tendência da realização de trabalho com grupos vem se tornando algo
sólido e aplicável na prática assistencial da enfermagem e em diversas esferas da área da saúde.
Existe uma ampla possibilidade de aplicações e seus benefícios mostram a importância desta
temática. Além dos clientes idosos, diversos públicos são beneficiados com este trabalho, em
pesquisar em periódicos de enfermagem podemos encontrar relatos de experiência com diversos
grupos, sendo eles agrupados por patologias ou por fases da vida (gestantes, adolescentes, idosos,
25
dentre outros). Na enfermagem esta prática vem sendo bastante utilizada nos ambulatórios, nos
hospitais e na saúde pública. Existe uma tendência ainda mais atual inserindo este trabalho aos
clientes internados. (SIMÕES, 2004).
Trentini (2000), reforça a importância dos trabalhos com grupos quando coloca que o
cuidado individualizado é indispensável em muitas situações, porém o cuidado coletivo com o
grupo de usuários tem recebido grandes investidas nas últimas décadas, principalmente no que se
refere ao cuidado aos usuários não hospitalizados.
Uma vez, estando a enfermeira, junto ao cliente 24 horas por dia, vivenciamos diversos
tipos de reações dos clientes. Criar um ambiente facilitador para elaboração de perdas, para
atenuar ou resolver conflitos relacionados ou não a um estado depressivo anterior ou posterior a
doenças, diminuem a ansiedade e o medo das complicações advindas do seu estado de saúde.
Certas doenças podem levar a alterações não só fisiológicas, mas também na vida social, como
mudanças na vida sexual, auto-imagem prejudicada e auto-estima afetada.
Penso que o cliente deve ser colocado como foco central do seu próprio cuidado, sendo
valorizado como ser dinâmico no processo de saúde-doença, o que é reforçado por Erdmann
(2004, p. 467) quando afirma que “o cuidado deve ser compreendido como um processo
dinâmico em busca da promoção da vida”. Com esta quebra de paradigma do modelo biomédico
para o um paradigma mais humanístico devemos investir em buscar novas formas de organizar o
contexto assistencial de enfermagem.
É importante sair do rotineiro, ousar romper paradigmas, porém estar constantemente
avaliando a necessidade de uma sistematização, que diminua as possibilidades de problemas
advindos da aplicação incorreta das estratégias de cuidar.
Percebemos um aumento crescente de publicações nos últimos anos no que diz respeito ao
trabalho com grupos. Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro apresentam o maior contingente
26
das publicações acadêmicas, sendo a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a
Universidade de São Paulo (USP) as que mais estudam esta temática.
Muitos artigos científicos são publicados na enfermagem sobre trabalho com grupos como
relatos de experiências de aplicações de trabalho com grupos em diversas clientelas com
complicadores em sua saúde. Silva (2003), destaca a importância de desenvolver estudos que
possibilitem reflexões acerca do tema e correlação entre as experiências que os diversos autores
vem apresentando nesta área. Para a autora somente assim poderemos apresentar alternativas de
trabalho com grupos para diversos tipos de clientela.
Autores como Zimermam (1997) e Filho (2000) colocam em seus escritos, como trabalhar
com grupos fazendo uma diferenciação por tipo de clientela, como por exemplo: terceira idade,
hipertensos, diabéticos, mastectomizadas etc. Esta catégorização se torna importante uma vez que
traz homogeneidade grupal, em torno de uma tarefa e de objetivos comuns aos seus interesses.
(Zimermam, op. cit).
Neste levantamento bibliográfico, no que tange ao público-alvo, percebemos maior
número de iniciativas frente a clientes da terceira idade, ostomizados, psiquiátricos e portadores
de doenças crônicas não transmissíveis (TOMASI 1996; TRENTINI 2000; SILVA 2003;
MUNARI 1997). Estes clientes além de apresentar problemas relacionados aos aspectos
biológicos, são submetidos a diversos fatores estressantes.
A grande maioria dos grupos na enfermagem trabalham com o processo educativo a luz
do referencial teórico de Paulo Freire, objetivando a orientação da clientela com assuntos
referentes às condições de saúde de cada um. Outras finalidades de grupos bastante exploradas
são os grupos que almejam adaptação a novos estilos de vida, através da valorização do
indivíduo.
27
As iniciativas nesta área são inúmeras, porém surge o questionamento quanto ao preparo e
embasamento das atividades. Necessitamos de literaturas que auxiliem a enfermeira a prepara sua
atividade com foco na enfermagem, pois muitas vezes precisamos recorrer a literaturas da
psicologia e psiquiatria. Munari (op. cit., p. 39), descreve sua preocupação com o preparo do
enfermeiro que conduz esta pratica. Porém, em grandes núcleos de estudo nesta temática, como e
o caso da UFSC, encontramos a inserção de disciplinas que orientam os acadêmicos para esta
pratica. Na EEAN, foi inserido no ano de 2006 a matéria "Metodologia da assistência aplicada a
grupos" para alunos do 8
o
período e na avaliação informal dos acadêmicos percebemos grande
interesse e desconhecimentos a cerca da realização dos trabalhos com grupos.
Com isso torna-se fundamental o estudo dos trabalhos com grupos no que concerne sua
estrutura e realização, com finalidade de orientar o enfermeiro para execução desta pratica de
forma orientada e eficaz.
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1.1 Trabalho de Grupo: Uma breve retrospectiva
Nos dias atuais existem diversas práticas grupoterapêuticas e conseqüentemente diversos
autores que explanam sobre este assunto. Porém, para compreendermos o presente se faz
necessário apresentar um breve histórico, onde buscaremos as bases conceituais para atual
realidade dos trabalhos com grupos.
O homem depende da convivência em grupos naturais: a família, a escola, trabalho, clube,
são exemplos de grupos humanos no qual convivemos, o que se denominam os grupos não
terapêuticos ou grupos naturais. Nos grupos terapêuticos, busca-se o não afastamento de
características elementares aos grupos naturais, como a espontaneidade, fluência, confiança,
dentre outros; características tais que são inerentes dos grupos em que naturalmente ingressamos.
(FILHO, 2000).
Joseph Pratt é constantemente mencionado como pioneiro da Psicoterapia de Grupo. Este
médico americano trabalhava como clínico geral, no ambulatório do Massachussetts General
Hospital e desenvolveu, em 1905, empiricamente e intuitivamente, trabalho com grupos de
tuberculosos. Internados em uma mesma enfermaria, onde ministrava palestras sobre higiene,
alimentação e problemas advindos desta patologia. Além disso, orientava os pacientes a adotar
atitudes positivas em relação às suas condições, enfatizando a necessidade de manter a confiança
e esperança. O reconhecimento que não era o único a sofrer, aparentemente, contribuía para
certas sensações de melhora. (BECHELLI e SANTOS, 2004).
29
No desenvolvimento da atividade idealizada por Pratt, por meio dos métodos de classe
coletivas os pacientes perguntavam e desenvolviam uma livre discussão com o médico. Os mais
interessados e cooperativos “ganhavam” o direito de sentar-se na primeira fila na reunião
seguinte. Autores como Zimermam (1997) e Filho (2000) colocam que o referido método
apresentou ótimos resultados no que se refere à recuperação destes clientes.
Jacob Levi Moreno, médico romeno nascido em 1889 e falecido em 1974 é o criador do
Psicodrama, que semelhantemente a Pratt, iniciou sua atuação com clientes que necessitavam de
assistência de saúde. Para Federação Brasileira de Psicodrama (FEBRAP, 2004) o “Drama”
significa "ação" em grego; já o Psicodrama é definido como uma via de investigação da alma
humana mediante a ação. É um método de pesquisa e intervenção nas relações interpessoais, nos
grupos, entre grupos ou de uma pessoa consigo mesma. Mobiliza para vivenciar a realidade a
partir do reconhecimento das diferenças e dos conflitos e facilita a busca de alternativas para a
resolução do que é revelado, expandindo os recursos disponíveis e tem sido amplamente utilizado
na educação, nas empresas, nos hospitais, na clínica, nas comunidades.
Moreno desenvolveu o psicodrama pela primeira vez através de uma técnica de teatro de
marionetes e de drama em uma clínica de para crianças, em Viena no ano de 1911. Em 1921 ao
trabalhar com os pacientes do hospital psiquiátrico usando o "Teatro da Espontaneidade", criou o
Teatro Terapêutico, que depois foi chamado "Psicodrama Terapêutico". Em 1931 introduziu o
termo Psicoterapia de Grupo e este ficou sendo considerado o ano verdadeiro do início da
Psicoterapia de Grupo científica, embora as fundamentações e experiências tenham iniciado em
Viena. (FEBRAP, 2004).
Um dos maiores objetivos de Moreno era resgatar a espontaneidade infantil perdida no
adulto, tendo como elementos para sua teoria: espontaneidade, criatividade, teoria dos papéis e
psicoterapia grupal. Tal proposta demonstrou a importância da valorização da pessoa com suas
30
vontades, angústias e temores no enfrentamento de uma doença. O que contribuiu para difundir o
uso na área de saúde.
As experiências satisfatórias de atividades de grupos terapêuticos estimularam a sua
utilização pelas empresas para favorecer os trabalhadores. Marquis e Hutson (1999) ressaltam
que a insatisfação dos trabalhadores era uma constante na década de 20. Com a revolução
industrial um grande número de trabalhadores não possuía qualificação necessária para trabalhar
em grandes fábricas, em tarefas especializadas. Assim, alguns cientistas da administração
começaram a estudar o grau de satisfação dos trabalhadores. Como reflexo da valorização das
relações humanas na organização do trabalho, conduzidas pelas diretrizes de uma administração
humanística e participativa, no qual maior importância era dada ao homem. Dentre esses
cientistas, se destaca Kurt Lewin.
Lewin, psicólogo, criador da expressão dinâmica de grupo, inspira fortemente a vertente
sociológica do movimento grupalista. Quase todo seu trabalho se deu fora da psicanálise, atuando
em indústrias, aprendizado e treinamento dos funcionários. Como cientista social e
comportamental, também estudou as Teorias do Comportamento Humano. Sua grande
contribuição foi a identificação, junto a White Liptt, dos estilos comuns de liderança: autocrático,
democrático e laissez-faire (MARQUIS e HUTSON, 1999). Com este tipo de atuação esteve
diretamente relacionado ao trabalho com grupos.
Após Lewin, a difusão das práticas grupais em Psicoterapia foi progressivamente
ampliada, principalmente após a 2º guerra mundial. Os determinantes sociais e as condições
econômicas e políticas deste período, possibilitaram o surgimento e o desenvolvimento das
técnicas de grupo no campo da saúde mental. (SAIDON, 1983).
Siegmund Heinrich Foulkes é o idealizador da psicoterapia analítica grupal em 1948,
orientado por base psicanalítica, realizou também experiências de grupos com veteranos de
31
guerra, concluindo que a terapia grupal é a chave para um dos maiores problemas da sua época, a
tensão gerada pela reação indivíduo/comunidade. Pressuposto que ampliava a ação para além do
indivíduo (Simões, 2004).
As grupoterapias só se desenvolveram na América latina no final da década de 50. A
questão não só político-ideológica, mas também a econômico-social facilita a promoção da
psicanálise à população menos favorecida; sendo destacado esta abordagem um bom caminho
para países em desenvolvimento (CAMARA, 1987, p.33).
1.2 O Trabalho de grupo na enfermagem
O trabalho com grupos é uma atividade que iniciou no campo da psicologia e psiquiatria.
Na enfermagem tal atividade começou a ser desenvolvida pelas enfermeiras, enquanto visitadoras
de saúde, quando reuniam grupos de uma família, escola ou vizinhos para prestar orientações em
saúde.
Munari (1997, p. 38) ressalta que os trabalhos com grupos não se constituem
propriamente, uma novidade na enfermagem, já que o enfermeiro atua em grupo, naturalmente
desenvolvendo seu trabalho no grupo que é a própria equipe de enfermagem e demais
profissionais da saúde.
Tendo em vista que grande parte das atividades do indivíduo, são desenvolvidas em
grupo, considero que realizar trabalhos com grupos como estratégia assistencial na enfermagem é
uma ação pertinente. Simoes (2006, p. 01), coloca que "A ampla gama de aplicações das
atividades grupais e seus benefícios mostram a necessidade e importância deste tema. Na
Enfermagem, esta prática é muito utilizada na Saúde Pública e no âmbito hospitalar em
32
ambulatórios, sendo atualmente difundida também na assistência de enfermagem com clientela
internada nas diferentes especialidades".
Porém, esta atividade requer conhecimento técnico-científico e responsabilidade, pois é
um trabalho que leva a clientela, a pensar nos diversos assuntos abordados de forma mais
reflexiva contribuindo para a sua cidadania.
Os trabalhos com grupos se apresentam na enfermagem com uma proposta de diversificar
a maneira de orientações, favorecendo a sensibilização e reflexão das temáticas, estimulando que
o cliente seja ser ativo na compreensão, elaboração e implementação das estratégias de cuidado.
Penso que enfermagem não se trata meramente de execução de técnicas ou organização do
processo de trabalho e dos cenários de atuação, muito pelo contrário, vejo a enfermagem como
profissão que deve se dedica à clientela de forma a ajudá-la a manter ou recuperar sua capacidade
de desempenhar suas próprias funções. A enfermagem deve valorizar a participação do cliente e
sua família durante a elaboração do plano assistencial, para que ele alcance sua “independência”
de cuidados de enfermagem e se torne ativo na sua recuperação ou manutenção da saúde,
podendo ajustar as medidas e orientações de saúde a sua prática de vida diária.
Carvalho (1997, p. 26) entende a enfermagem como:
“...ciência e arte de ajudar as pessoas, grupos e coletividades, ficando não
capacitados a autocuidar-se para alcançar um nível ótimo de saúde... um
serviço organizado, orientado e dedicado ao bem estar humano e como
tal, um empreendimento social”.
Nessa perspectiva pode-se verificar que grande parte das publicações técnico-científicas
sobre a temática, remetem a relatos de experiências das enfermeiras frente a esta atividade.
Contudo, ha escassa produção referente a estudos que avaliem sistematicamente esta prática.
33
Conforme coloca Araújo (1996) o trabalho de grupo tem sido utilizado principalmente em
três áreas: na saúde (com finalidade profilática e terapêutica), na área da pedagogia e na área
humana (para tratar assuntos relativos ao social).
A partir da década de 80, encontramos vários artigos de enfermeiros relatando suas
experiências com trabalhos com grupos de clientes com problemas de locomoção, gestantes,
idosos, clientes com hanseníase, obesos, estudantes, clientes cirúrgicos dentre outros.
A enfermagem lança mão desta atividade com diversos enfoques, porém em levantamento
bibliográfico realizados em periódicos nacionais percebemos que a grande maioria das iniciativas
partem da intenção de realizar educação em saúde, pautada muitas vezes no referencial de Paulo
Freire.
1.3 O envelhecimento e alguns indicativos para o desenvolvimento do trabalho de grupo
Os desafios trazidos pelo envelhecimento da população têm diversas dimensões e
dificuldades, mas nada é mais justo do que garantir ao idoso a sua integração na comunidade. O
envelhecimento da população influencia o consumo, a transferência de capital e propriedades,
impostos, pensões, o mercado de trabalho, a saúde e assistência médica, a composição e
organização da família. Deve ser compreendido um processo natural, inevitável, irreversível e
não uma doença. Portanto, não deve ser tratado apenas com soluções médicas, mas também por
intervenções sociais, econômicas e ambientais. Portella in Andrade (2001, p. 102) coloca que
“jamais em todos os tempos, tantos indivíduos conseguiram atingir uma idade tão avançada
quanto hoje”.
Para Diogo (2000, p. 8) o envelhecimento, embora um processo natural, não ocorre de
forma homogênea, cada pessoa é um ser único sendo influenciado por diferentes fatores sociais,
34
ambientais, fisiológicos, patológicos, psicológicos e econômicos durante sua trajetória de vida.
Estes fatores externos afetam a vida de cada individuo diferentemente, acarretando em situações
diversas na velhice, dentre elas a ameaça à independência e autonomia.
Fatores que deixam o idoso mais vulnerável e dificultam seu acesso a condições de vida
mais digna partem das baixas aposentadorias, que acarretam em uma qualidade de vida mais
difícil em termos de alimentação, aquisição de remédios, acesso ao lazer, dentre outras. Com isso
muitos idosos se vêem tendo a necessidade de encarar o mercado de trabalho, muito embora a
exclusão social e a discriminação no mercado os impedem ou os encaminham para subempregos.
Outro fator que afeta diretamente os idosos é a diminuição da memória, causando
diversos transtornos em sua vida e afetando diretamente sua independência e autonomia.
Carvalho (2002) coloca que o processo de perda da memória provocado pelo avanço da idade,
não ocorre de modo aleatório, mas trata-se, pelo menos em parte, de uma adaptação do cérebro à
nova condição de vida iniciada na terceira idade.
A questão da memória é um dos aspectos inerentes ao envelhecimento. Para Guerreiro
(2001, p. 56) memória “é uma complexa função mental que possibilita ao organismo o registro e
a conservação de informações advindas das experiências vividas, assim como o seu resgate a
qualquer momento”. A memória se constitui de um apanhado de habilidades que funcionam de
forma independente mediada por diferentes módulos do sistema nervoso.
A memória interage diretamente com algumas funções superiores como o afeto,
motivação e criatividade, interage também com algumas funções básicas necessárias para o
equilíbrio orgânico; assim sendo, a memória compõem a inteligência, a personalidade, a
integridade de nossas células e nossa evolução. Assim, a defasagem da memória pode representar
um processo de quebra de identidade pessoal, da capacidade de interagir com eficácia, de gerir
35
sua própria vida e ser a expressão de um adoecimento físico, metal e emocional. (GUERREIO, et
al, p.58).
A memória, no que consiste o tempo, é dividida em estágios de acordo com seu estágio de
armazenamento. A memória primária ou de curta duração é aquela capaz de armazenar
informações por um breve período após terem sido absorvidas. A memória secundária ou de
longa duração é responsável pelo resgate de informações que já não estejam no consciente no
momento presente. A memória operacional é aquela que se responsabiliza pelo arquivamento
temporário de informações associadas a diferentes tarefas cognitivas. A memória implícita é
revelada quando a experiência anterior facilita no desenvolvimento de uma tarefa atual. Memória
prospectiva é aquela necessária para planejar e executar atividades futuras, sendo a lembrança
elemento fundamental para a ação.
Uma mente sã na velhice depende de hábitos saudáveis desde a juventude. Isso porque o
processo de envelhecimento começa bem antes da chamada terceira idade. Se você tem mais de
25 anos já está perdendo, a cada década de sua vida, 2% de suas células cerebrais. Para reduzir os
efeitos dos radicais livres no organismo, é importante uma alimentação antioxidante, rica em
vitaminas C e E e em licopeno (substância encontrada em alimentos como o tomate e a melancia)
e a melatonina, hormônio produzido durante o sono noturno, é outro poderoso inimigo desses
radicais. Por isso, uma boa noite de sono pode ser um santo remédio para se prolongar à
juventude biológica.
Mas o que geralmente acontece é que, ao se aposentar, o indivíduo não é mais requisitado
a utilizar sua memória recente, conhecida como memória de trabalho, e que se refere a fatos do
cotidiano. Sem se submeter à correria do dia-a-dia, que exige a realização de muitas tarefas, essa
função é praticamente descartada pelo cérebro. Ele, então, dá prioridade a outro tipo de memória,
a remota, que o remete a lembranças do passado distante. E não só a parte física pode abalar a
36
memória. Para manter a qualidade de vida, qualquer pessoa, e não só idosos, conta também com
mecanismos psicológicos de esquecimento. Entretanto, a memória do idoso não é útil somente
para ele. Sua capacidade de relembrar o passado em detalhes faz com que os velhos cumpram um
importante papel social.
Muitas funções são prejudicadas diante da memória prejudicada. O senso de orientação
temporal, sensorial e direcional, por exemplo, podem levar o idoso a esquecer de tomar seus
remédios, esquecer o que foi comprar no mercado, ou até mesmo o caminho de volta para casa. A
atenção influencia na rapidez de resposta, divisão da atenção ou armazenamento de informações
de curto prazo.
A percepção está relacionada com a visão, audição, toque, olfato e paladar. A memória
deficiente, no que diz respeito à percepção visual, é prejudicada ao reconhecer imagens; a
auditiva se refere ao reconhecimento do tom emocional da fala e assim por diante. Estas, dentre
outros, são fatores que são afetados quando a memória é prejudicada, fazendo com que a vida do
idoso tenha cada vez mais empecilhos.
Sabemos que envelhecer é algo inevitável, porém muitos agravos podem ser diminuídos
através de prevenção e tratamento. A memória é uma função que em muitos casos, quando bem
exercitada demora a apresentar falhas. Com isso, o trabalho de grupo para Memória e
Criatividade busca o exercício da mente, fazendo com que o idoso possa permanecer responsável
pela própria vida pelo maior tempo possível.
As relações sociais se tornam restritas na velhice, embora esta integração e contato social
sejam vitais nesta fase da vida. A intensidade e qualidade das relações são variáveis, ocorrem
desde a convivência por relação de dependência entre pais/filhos/cônjuges até aqueles idosos que
vivem completamente sozinhos. A desagregação da família acontece pelo enfraquecimento dos
37
vínculos, acreditando muitos filhos que somente são necessários nos momentos nos cuidados às
doenças ou necessidade financeira.(TORRES, 2000, p. 99).
Fatores estressantes como os citados acima, afetam a saúde física e mental do idoso. Com
isso devemos valorizar o cuidado humano aos idosos, que envolve desde ações promocionais e
preservadoras da saúde, preventivas de fatores de risco, das doenças, de condições crônicas
progressivas e degenerativas e reabilitação de capacidades funcionais.
Ter habilidades e interação para lidar com pessoas idosas é fundamental para permitir
captar e interpretar as crenças, valores e condições de vida, através da comunicação verbal e
gestual. O acesso à subjetividade dos idosos constrói relações de proximidade e vínculo que
permitem o cuidado colaborativo, a exposição de dúvidas e inquietações ligadas à preservação da
autonomia em confronto com a dependência física ou psicológica reconhecida e mesmo expor
pensamentos e intimidades ocultas por receios e medos. Revela-se aí a individualidade do idoso e
suas relações preservadas com entes da família, sua estrutura e características de intercâmbio com
a comunidade de referência.
É imprescindível investir em programas de suporte aos idosos e cuidadores, oferecimento
de serviços como centros-dia e hospitais-dia e de apoio em áreas de alimentação, transporte,
assistência médica, serviços de orientação e atividades culturais. Atividades preventivas e de
reabilitação realizadas nas unidades de saúde são imprescindíveis para manter ou para resgatar a
autonomia de idosos e poderão ter grande impacto na saúde dessa população (Chaimowicz,
1998). O estatuto do Idoso já defende a importância de
prevenir, promover, proteger e recuperar a
saúde do idoso, mediante programas e medidas profiláticas (Brasil, 2003).
Com uma das principais finalidades de atender este lado não patológico do envelhecer, a
enfermagem vem utilizando intensamente os trabalhos com grupos. Portella (2004, p. 20-21)
38
coloca que no Brasil a primeira experiência com grupos de convivência para idosos ocorreu em
São Paulo em 1963, onde o objetivo era formar grupos de aposentados e atender suas
necessidades. Ofereciam atividades organizadas com intuito de manter as pessoas ativas e
envolvidas com as necessidades de conviver.
Na atualidade, existem muitas iniciativas pelo país; no Rio de Janeiro existem dois
grandes exemplos, o UnATI (Universidade Aberta a Terceira Idade - UERJ) e o PAIPI (Projeto
de Assistência Integral a Pessoa Idosa – UFRJ/EEAN) que formam espaços para atender a
terceira Idade, onde diversas atividades e trabalhos com grupos são realizados.A sociabilidade
criada nos grupos remete, assim, à questão do apoio social e sua repercussão positiva na saúde
(Assis, 1998).
O indivíduo é um ser gregário passando por diferentes grupos no seu desenvolvimento,
sendo eles a família, amigos, escola e trabalho. Porém o idoso já transitou por todos esses grupos,
tendo a necessidade de se filiar a um grupo de pessoas iguais a ele. Na utilização do processo de
grupo, através das múltiplas relações que se dão entre seus componentes, visamos à integração do
indivíduo no grupo, possibilitando sua extensão individual como membro operante deste, de sua
família e de sua comunidade, pela formação de um vínculo com os elementos do grupo, os quais
dão segurança, apoio, compreensão e liberdade entre si, é que alcançaremos o almejado: dar
condições aos componentes para que se desenvolvam livres e sadios. (ZIMERMAM 2000).
O grupo só se constitui quando desenvolve determinado tipo de relacionamento, um
vínculo, uma força que dá a ele um sentido; uma força que regula a conduta dos membros e os
faz comportar-se de maneira peculiar, distinta da interação individual e da de outro grupo
qualquer. Através das experiências, das interações e das oportunidades de vivências que surgirão
mudanças no comportamento, tanto do indivíduo quanto dos elementos dos sistemas. É no grupo
39
que o indivíduo reconhece valores e normas, tanto seus como dos outros. Porém nos grupos dos
idosos à medida que os anos vão passando, as perdas de pessoas aumentam e os grupos exigem
uma reestruturação e por uma série de razões, os indivíduos acabam não refazendo seus contatos
e ficando sem seus grupos, sejam familiares, de trabalho, de lazer ou outros. Ha uma grande
necessidade de fazê-los participar de novos grupos e ajudá-los a se enquadrar naqueles que maior
satisfação vão lhes proporcionar. (JOÃO 2005).
Nos resultados de um estudo bibliográfico realizado por João (op. cit), “A repercussão
positiva das atividades em grupo no contexto de vida do idoso é resultado unânime nos artigos
revisados. A melhora no estado de saúde é consideravelmente notada, uma vez que o apoio social
ajuda na prevenção, manutenção e recuperação da saúde. A maior auto-estima e autopercepção
são fundamentais ao autocuidado e a todas as medidas que a pessoa possa tomar para melhorar
sua saúde e bem-estar no decorrer de suas atividades cotidianas”.
40
CAPITULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICO
2.1 Modelo de Trabalho de grupo segundo Pichon-Rivière
Enrique Pichon-Rivière foi um grande psiquiatra criador dos Grupos Operativos. Nasceu
em Genebra (Suíça) em 25 de junho de 1907 e faleceu em Buenos Aires em 16 de junho de 1977.
Mudou-se da Suíça para Argentina ainda com três anos de idade, onde seu pai iniciou o
cultivo de algodão. Pichon primeiro aprendeu a falar francês, depois o Guarani e por último o
espanhol.
Essa mudança de país o aproximou de grupos diferenciados aos quais ele teve contato
quando criança. O contexto de Pichon-Rivière era cercado por sua família de costumes Europeus
e pelos vizinhos, na maior parte nativos guaranis e negros africanos. Essa diversidade cultural é
refletida na vida acadêmica de Pichon-Rivière, que sempre buscava a articulação de diferentes
pontos de vista de um mesmo fenômeno.
Na faculdade de medicina articula a então concepção moderna à época: a psicossomática.
Na Psiquiatria inclui todos os desafios da Psiquiatria Dinâmica e da Psicanálise e como
Psicanalista incentiva seus colegas a trabalharem com a loucura, a psicose. Inicia seus trabalhos
como psiquiatra no Asilo de Torres, para oligofrênicos. Depois trabalha no Hospício das
Mercedes (hoje Neuropsiquiátrico José Tomás Borda), onde permanece por quinze anos.
Neste hospício seu primeiro trabalho foi o treinamento dos enfermeiros para o trato com
os pacientes. Lá desenvolveu o Grupo Operativo, onde discutia com os enfermeiros casos
psiquiátricos do hospício. Pichon-Rivière afirma a grande valia de conceitualizar aos enfermeiros
toda a prática que eles assimilaram ao longo daqueles anos no hospício.
41
Seu pioneirismo ao inserir a Psiquiatria Dinâmica na medicina é acompanhado de sua
iniciativa em fundar, juntamente com outros psicanalistas, Associação Psicanalítica Argentina.
Isto possibilitou na Argentina o estudo da psicossomática, da psicanálise de grupo, da Análise
Institucional e ainda do Trabalho Comunitário.
Progressivamente Pichon-Rivière vai deixando a concepção da Psicanálise Ortodoxa e
concentra-se nos grupos da sociedade, onde desenvolve um novo enfoque epistemológico que o
levou à Psicologia Social.
Na cidade de Goya, em Corrientes, teve seu primeiro contato com a obra de Freud, ainda
na escola secundária e foi durante toda sua trajetória bastante influenciado por essas obras. Sua
formação psicanalítica foi orientada pelos estudos de Freud, tomando como ponto de partida os
dados sobre a estrutura e características da conduta desviada.
Pichon-Rivière (2000) aborda que Sigmund Freud assinala claramente sua opinião sobre a
psicologia individual e psicologia social ou coletiva em seu trabalho “Psicologia das Massas e
análise do ego”. Freud coloca que a oposição entre a psicologia individual e psicologia social não
é tão profunda quanto parece.
A psicologia individual focaliza o homem isolado e investiga os caminhos através dos
quais ele tenta alcançar as satisfações de seus instintos, porém, poucas vezes lhe é dado prescindir
das relações do individuo com seus semelhantes. Na vida individual, sempre aparece o outro
como modelo, objeto auxiliar ou adversário, assim sendo, a psicologia individual e ao mesmo
tempo a psicologia social. Já a psicologia social “sempre apresenta como instrumento à
compreensão e intervenção em um contexto histórico situado no cotidiano” (MANZOLLI, 1996
p.06).
Freud aborda a relação entre os grupos naturais, que o indivíduo estabelece com a família,
amigos, vizinhos etc., que as vistas dos estudiosos são considerados fenômenos sociais. Ele
42
insiste na necessidade dede uma diferenciação dos grupos, mas também, afirma que a inter-
relação entre os indivíduos continuará existindo e que para sua compreensão não basta apelar
para existência de um instinto social primário, podendo o começo de sua formação ser encontrado
na família.
Enrique Pichon-Rivière começou a trabalhar com grupos à medida que observava a
influência do grupo familiar em seus pacientes. Sua primeira experiência com grupo foi a
Experiência Rosário (1958), onde dirigiu grupos heterogêneos através de uma didática
interdisciplinar. Seguindo os conceitos da psicologia social, afirmou que o homem desde seu
nascimento encontra-se inserido em grupos, o primeiro deles a família se ampliando a amigos,
escola e sociedade.
Portanto é muito difícil conceber uma interpretação do ser humano sem levar em conta
seu contexto, ou a influência do mesmo na constituição de diferentes papéis que se assume nos
diferentes grupos por que passa. Pichon-Rivière desenvolveu, então, a técnica dos grupos
operativos. Ele entende por grupo operativo aquele centrado em uma tarefa de forma explícita
(ex: aprendizado, cura, diagnóstico de dificuldade), e uma outra tarefa de forma implícita,
subjacente à primeira. O Grupo Operativo não está centrado nas pessoas individualmente nem no
grupo, mas no processo de interação do sujeito; o mecanismo fundamental do grupo é a interação.
Dentro desta concepção, desenvolveu conceitos e instrumentos que possibilitam a
compreensão do campo grupal como estrutura em movimento, o que deixa claro o caráter
dinâmico do grupo. O objetivo da técnica é abordar, através da tarefa, da aprendizagem, os
problemas pessoais relacionados com a tarefa, levando o indivíduo a pensar.
A execução da tarefa implica em enfrentar alguns obstáculos que se referem a uma
desconstrução de conceitos estabelecidos e de certezas adquiridas. Para o grupo implica em
43
trabalhar sobre o objeto-objetivo (tarefa explícita) e sobre si (tarefa implícita), buscando romper
com estereótipos e integrar pensamento e conhecimento.
Antes de entrar em tarefa o grupo passa por um período de "resistência", onde o
verdadeiro objetivo, da conclusão da tarefa, não é alcançado. Essa postura paralisa o
prosseguimento do grupo. Realizam-se tarefas apenas para passar o tempo, o que acaba por gerar
uma insatisfação entre os integrantes, período denominado pré-tarefa. São tarefas sem sentido
onde lhe falta a revelação de si mesmo. Somente passado este período, o grupo, com o auxílio do
coordenador, entra em tarefa, onde serão trabalhadas as ansiedades e questões do grupo. A partir
dessas, elabora-se o que Pichon-Rivière chamou de projeto, onde se aplicam estratégias e táticas
para produzir mudança.
Foram nas atividades e análise de grupos que Pichon-Rivière desenvolveu os conceitos de
verticalidade e horizontalidade. O primeiro se trata da história pessoal de cada integrante, história
essa que faz parte da determinação dos fenômenos no campo grupal, por horizontalidade entende-
se como a dimensão grupal atual, elementos que caracterizam o grupo.
Na constituição do grupo é necessária uma relação de vínculo, onde as pessoas que
compartilham um mesmo espaço em um mesmo tempo dividam objetivos iguais constituindo-se
uma unidade internacional. A relação vincular é direcionada pela determinação mútua. O que
ocorre é a existência de expectativas recíprocas, da presença e da resposta do outro; o
intercâmbio de mensagens implica em processos de comunicação e aprendizagem. Assim ocorre
um reconhecimento do outro, estimulando a modificação interna de cada um dos sujeitos. Este
reconhecimento é incorporado, causando um ajuste de comportamento de ambos à realidade do
convívio em grupo. (PICHON-RIVIÈRE, 2000).
Todo grupo necessita de uma tarefa, que representa o processo pelo qual busca-se o
objetivo; para ser este grupo ser operativo, conforme o modelo que propõe Pichon-Rivière, sua
44
estrutura e funcionamento dependem de três papéis: o coordenador, o observador e o integrante.
O coordenador facilita articulação entre os integrantes do grupo, direcionada para o objetivo
central do grupo, desocultando fatores implícitos que possam dificultar a continuidade do grupo,
intervindo de forma operativa no processo de aprendizagem grupal.
O observador não interfere na dinâmica do grupo, cabe a ele fazer anotações acerca do
desenvolvimento da atividade no que se refere ao discurso, código gestual, manifestações e fatos
ocultados. Ao final de cada atividade, o observador narra a história do grupo para o próprio
grupo, juntamente com o coordenador. A intersecção entre a verticalidade e a horizontalidade dá
origem aos diferentes papéis que os integrantes assumem no grupo. Os papéis se formam de
acordo com a representação que cada um tem de si mesmo que responde as expectativas que os
outros têm de nós. Constata-se a manifestação de vários papéis no campo grupal, destacando-se o
papel do porta-voz, bode expiatório, líder e sabotador.
Porta-voz é aquele que expressa as ansiedades do grupo, ele é o emergente que denuncia a
ansiedade predominante no grupo a qual está impedindo a tarefa; Bode expiatório é aquele que
expressa a ansiedade do grupo, mas diferente do porta-voz, sua opinião não é aceita pelo grupo,
de modo que este não se identifica com a questão levantada gerando uma segregação no grupo,
pode-se dizer dele como depositário de todas as dificuldades do grupo e culpado de cada um de
seus fracassos; para o líder a estrutura e função do grupo se configuram de acordo com os tipos
de liderança assumidos pelo coordenador, apesar de a concepção de líder ser muito singular e
flutuante. O grupo corre o risco de ficar dependente e agir somente de acordo com o líder e não
como grupo. Sabotador é aquele que conspira para a evolução e conclusão da tarefa podendo
levar a segregação do grupo.
No início do grupo, os papéis tendem a ser fixos, até que se configure a situação de
lideranças funcionais. Todo grupo denuncia, mesmo na mais simples tarefa, um emergente
45
grupal. Este é exatamente aquilo que numa situação ou outra se enche de sentido para aquele que
observa, para quem escuta. O observador observa o existente segundo a equação elaborada por
Pichon-Rivière que configura o Existente => Interpretação => Emergente => Existente.
O existente só ocorre à medida que faz sentido (para o observador) e a partir de uma
interpretação se torna o emergente do grupo, este novo emergente leva a um novo existente, o
qual por sua vez requer uma nova interpretação, que levará a outro emergente. O coordenador
toma um papel muito importante à medida que é dele que emana as interpretações, ele é quem dá
o sentido ao grupo, e é este sentido que mobilizará uma aprendizagem, uma transformação
grupal. Ele atua primariamente como um orientador que favorece a comunicação inter-grupal e
tenta evitar a discussão frontal.
O grupo operativo geralmente é constituído de 15 integrantes fixos num grupo fechado.
Primeiramente ocorre uma explanação teórica, que funciona como uma forma de lançador
temático ao grupo, ou seja, instala ou restaura o conhecimento da clientela a respeito do tema. O
ideal é que o grupo possua abertura, desenvolvimento e conclusão. A abertura é o momento no
qual o tema é explanado, o desenvolvimento é a fase onde ha intervenção dos clientes e o
encerramento é o momento onde ocorre organização e assimilação do tema debatido.
46
MODELO DE TRABALHO DE GRUPO
PARA PICHON RIVIERE
I
N
T
R
O
D
U
Ç
Ã
O
EXPLANAÇÃO TEÓRICA
Momento no qual ocorre explicação teórica da temática ou
tarefa que será abordada no trabalho de grupo, afim de que a
clientela possa obter alguns conhecimentos acerca do tema e
resgatar aqueles que já possui, possibilitando formulação de
questões.
D
E
S
E
N
V
O
L
V
I
M
E
N
T
O
MOMENTO DE TROCA COM OS PARTICIPANTES
1. Discurso:
2. Código Gestual:
3. Manifestações Verbais:
4. Fatos ocultos
C
O
N
C
L
U
S
Ã
O
ASSIMILAÇÃO DO TEMA
Momento onde os participantes colocam seus depoimentos
acerca da atividade realizada. Neste momento são avaliados
os resultados obtidos a partir do trabalho de grupo.
Quadro 01: Síntese do Modelo de Trabalho de Grupo proposto por
Pichon-Rivière
2.2 Abordagem Metodológica
Natureza do estudo
Trata-se de um estudo de caso de abordagem qualitativa. Tal método possibilita a
investigação de um fenômeno dentro do seu contexto de realidade, principalmente quando os
limites entre o fenômeno e o contexto, não estão claramente esclarecidos. Possibilita examinarem
47
acontecimentos contemporâneos em uma investigação que preserva as características holísticas e
significativas dos acontecimentos da vida real. Yin (2005).
O estudo se ajusta ao estudo de caso do tipo representativo. Para Yin (op. cit) esse tipo de
caso visa captar circunstâncias e condições de uma situação cotidiana e que pode representar um
serviço típico, dentre outros do mesmo contexto, fornecendo informações sobre as experiências
da instituição usual. Informações que podem ser generalizadas a outros cenários de características
semelhantes.
Afirma LoBiondo- Wood e Haber (2001, p.125) que este tipo de pesquisa é
particularmente bem adequado ao estudo da experiência humana sobre saúde, uma preocupação
fundamental da ciência da Enfermagem. Concentra-se na experiência humana e no sentido
atribuído pelos indivíduos que experienciam o contexto a ser estudado.
Participantes e cenário de estudo
O cenário deste estudo foi a Unidade do Projeto de Assistência Integral à pessoa Idosa
(PAIPI), localizado no Hospital Escola São Francisco de Assis (HESFA), da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, no Município do Rio de Janeiro. Este cenário foi escolhido por ser um
Hospital vinculado à Escola de Enfermagem Anna Nery e por desenvolver atividade
sistematizada de trabalho com grupos com os idosos, sob coordenação de uma enfermeira.
O Grupo Memória e Criatividade era formado por 31 idosos no período de coleta de
dados. No grupo, atividades visam manter ou resgatar a capacidade de memória para uma melhor
qualidade de vida no processo de envelhecimento.
Para realização do estudo os idosos participantes do Grupo e a enfermeira coordenadora
das atividades assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, autorizando a realização
da pesquisa. Neste termo constaram os objetivos deste estudo e a garantia do anonimato de sua
48
identidade e privacidade, segundo os termos éticos de realização de pesquisa cientifica, segundo
resolução CNS nº. 196/96.
Estratégia de produção e análise dos dados
A coleta de dados ocorreu em dois momentos. No primeiro, foi realizada entrevista semi-
estruturada (ANEXO V) com a enfermeira responsável pelo grupo Memória e Criatividade, com
o propósito de conhecer a composição do grupo, objetivos do trabalho do grupo e as bases
teórico-metodológicas utilizadas por ela.
A entrevista semi-estruturada é uma técnica de coleta de dados que favorece o sujeito pois
permite que de uma pergunta, ele possa abordar mais que um tema o qual deseje enfocar. E ainda
sobre a técnica da entrevista semi-estruturada, temos que :
“A entrevista tem a vantagem essencial de que são os atores sociais
mesmos que proporcionam os dados relativos a suas condutas, opiniões,
desejos e expectativas, coisas que, pela sua própria natureza, é
impossível perceber de fora. Ninguém melhor do que a própria pessoa
envolvida, para falar sobre aquilo que pensa e sente, do que tem
experimentado”. (LEOPARDI, 2002, p.176)
A entrevista foi gravada em MP3 para garantir a fidedignidade dos dados. Posteriormente
realizou-se a transcrição para validação das informações pela enfermeira coordenadora.
No segundo momento ocorreu a observação não participante de seis reuniões para
acompanhar o grupo com vistas a conhecer seu processo de trabalho e caracterizá-lo quanto à
dinâmica assistencial (ANEXO VI).
A observação não participante é um técnica de coleta de dados que permite que o
pesquisador observe os gestos e maneirismos do sujeito notando alguma angústia ou felicidade
49
quando discursa sobre um determinado tema. Assim, um observador habilidoso pode perceber
que o sujeito precisa explorar mais ou menos um assunto.
Para observação de campo, foi elaborado um roteiro (ANEXO VI). Este roteiro foi
organizado de forma que possibilitasse observar as três etapas pela qual deve transcorrer o grupo
segundo o modelo proposto por Pichon-Rivière. A primeira etapa, ou seja, a Introdução, é
constituída de uma explanação teórica; neste momento são registrados os assuntos abordados
como lançadores temáticos e observados o comportamento dos clientes de acordo com a temática
sugerida pelo coordenador do grupo.
Entrevista com a
enfermeira
Observação de reuniões do
Grupo Memória e
Criatividade
Dinâmica Assistencial
Objetivo e tarefa do
grupo Memória e
Criatividade, estrutura
do grupo.
OBJETIVO 1 OBJETIVO 2
ESQUEMATIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE DADOS
50
Na segundo etapa, que corresponde ao Desenvolvimento da atividade, ocorre o debate e
interação do grupo. Os fatores inerentes ao grupo descritos por Pichon-Rivière e que foram
observados foram: Composição do grupo, Organização da atividade, Explanação teórica,
Momentos de troca com os participantes (Manifestações verbais e não verbais) e Assimilação do
tema.
Na terceira e última etapa, quando ocorre o fechamento, foram registrados os fatos
discutidos para caracterizar o momento de assimilação dos assuntos. Além disso, a síntese da
atividade desenvolvida pela enfermeira coordenadora e avaliação dos conceitos apreendidos
pelos idosos.
Os dados provenientes da observação foram organizados através da construção de
crônicas de cada encontro, ou seja, a síntese da dinâmica e fenômenos ocorridos. A elaboração da
crônica e síntese após cada reunião do grupo se configura como um pré-tratamento sistematizado
dos dados, o que favorece a formulação das futuras categorias empíricas.
As crônicas transcritas foram analisadas por categorias pautadas nas estratégias utilizadas
pela coordenadora do grupo (ANEXO VI). Utilizou-se a técnica de análise dos depoimentos com
base nos aspectos da análise temática propostos por BARDIN, (2004).
Segundo a autora (op. cit. p.175), esta é uma estratégia de categorização na qual a
investigação dos temas é eficaz quando aplicada a discursos diretos e simples. Para tal, realiza-se
a análise transversal com recorte do conjunto dos depoimentos através de categorias projetadas
sobre o conteúdo dos discursos considerados segmentáveis e comparáveis.
A operacionalização da análise temática se desdobrou nos seguintes momentos: foi feita a
pré-análise, fase que consiste na seleção dos documentos a serem analisados, transcrevendo todos
os dados obtidos. Em seguida, foram feitas leituras flutuantes que consistiu em uma leitura
51
exaustiva do material para assimilação do todo e posterior agrupamento das falas identificando as
aproximações no texto. Esta fase originou as unidades de base.
No segundo momento da análise, após a organização desses temas, as falas foram
agrupadas em categorias temáticas. O terceiro momento correspondeu à agregação das unidades
temáticas à luz do referencial teórico para análise e discussão. O que gerou duas unidades de
análise:
A dinâmica de condução do Grupo Memória e Criatividade
O agir peculiar da enfermeira na condução do grupo memória e criatividade
52
C
C
A
A
P
P
I
I
T
T
U
U
L
L
O
O
3
3
O
O
G
G
R
R
U
U
P
P
O
O
M
M
E
E
M
M
Ó
Ó
R
R
I
I
A
A
E
E
C
C
R
R
I
I
A
A
T
T
I
I
V
V
I
I
D
D
A
A
D
D
E
E
3.1 Aspectos históricos
O Hospital Escola São Francisco de Assis/ HESFA foi criado no ano de 1876 quando, na
presença da Princesa Isabel foi colocada a pedra fundamental para a construção da hospedaria de
mendigos, objetivo para o qual foi criado. Em 1896, a hospedaria de mendigos foi renomeada
Asilo São Francisco de Assis. Em 1922, o Asilo recebeu o nome de Hospital Escola São
Francisco de Assis, através de um decreto que também criou a Escola de Enfermagem Anna
Nery/ EEAN, contando com o apoio da Fundação Rockfeller/ EUA. Em 1937 o Hospital Escola
São Francisco de Assis foi incorporado ao patrimônio da União e então transferido à
Universidade Federal do Rio de janeiro. Em 1983 foi tombado pelo Instituo do Patrimônio
Histórico Artístico Nacional, devido à relevância do seu conjunto arquitetônico de estilo
neoclássico.
Hoje, o Hospital Escola São Francisco de Assis desenvolve a maior parte de suas
atividades assistenciais no nível de atenção primária e secundária em saúde devendo, em curto
prazo, credenciar 80 leitos para cuidados continuados.Trabalha com equipe multidisciplinar e
integrada ao SUS no nível municipal.
A clientela assistida no HESFA foi atualizada obedecendo às regras da modernidade: de
órfãos, mendigos e loucos, passamos a recortes atuais de pacientes HIV positivos, os chamados
meninos de rua, os dependentes químicos, os portadores de traumatismos motores, os idosos,
ainda que saudáveis. O discurso normativo sobre a vida dessas pessoas mantém uma constante
histórica: a característica da instituição médica e de seu papel na ordem política com poder
decisório sobre a saúde, a vida ou a morte dos assistidos, bem como a capacidade de abater ou
53
levantar, investir e desinvestir nas instituições de acordo com seus interesses políticos em cada
conjuntura.
Sua missão da continuidade aos seus vestígios do passado, continuando com as marcas de
sua tradição no cuidado à população descuidada, aquela que está fora da tendência atual que
privilegia o tratamento tecnológico e farmacológico, altamente sofisticado, que hoje é
amplamente utilizado na rede de hospitais, inclusive os públicos.
O PAIPI (Projeto de Assistência Integral á Pessoa Idosa), foi criado em 1988, na
Universidade Federal do Rio de Janeiro, com parceria entre a Escola de Enfermagem Anna Nery
– EEAN/ UFRJ e o Hospital Escola São Francisco de Assis – HESFA/ UFRJ, tendo suporte
institucional da Sub-Reitoria de Extensão. Por se tratar de um Projeto desenvolvido no âmbito da
universidade, configurou-se como um modelo da atenção básica à saúde das pessoas idosas,
diferenciado, integrando à assistência, um programa acadêmico (ensino, pesquisa e extensão),
colaborando para a formação profissional, e para a produção de conhecimento.
Tem como objetivos promover a atenção integral à saúde da pessoa idosa, através do
desenvolvimento de um trabalho multiprofissional e interdisciplinar favorecendo a adaptação as
mudanças, re-assegurando as possibilidade de integração à família, a participação e a inclusão
social desses idosos, e a efetivação do seu exercício de cidadania.
Produzir estudos e pesquisas a partir da prática assistencial com os idosos.
Promover cursos de capacitação de profissionais das diferentes áreas do conhecimento
gerontológico.
Dentre as atividades realizadas destacamos o Grupo Memória e Criatividade, foco deste
estudo. O grupo foi formado no início de 1993 a pedido das próprias idosas com a proposta de
54
alfabetização porém como não haviam pedagogos a enfermeira se dispôs a realizar um grupo com
trabalhos manuais. Foi se configurando com o passar dos anos tomando o formato atual de Grupo
de Memória e Criatividade em 1996.
3.2 As bases para a estruturação do Grupo Memória e Criatividade
Para falar de um grupo, devemos conhecer quais são as bases para o seu desenvolvimento.
Pichon-Rivière (2000), dentro de suas concepção, desenvolveu conceitos e instrumentos que
possibilitam a compreensão do campo grupal como estrutura em movimento, o que deixa claro o
caráter dinâmico do grupo. Portanto, para compreender as bases estabelecidas para a dinâmica
assistencial do grupo foi realizada entrevista com a enfermeira que criou e conduz este grupo
desde 1996, até o momento da realização do estudo.
Sobre o planejamento e implementação do Grupo Memória e Criatividade no HESFA,
pode-se dizer que o grupo foi montado por ela a pedido das próprias idosas, que a princípio
queriam um grupo de alfabetização, porém como não haviam pedagogos, uma enfermeira se
dispôs a realizar um grupo com trabalhos manuais. Logo após fez um curso voltado para
Memória e criatividade, que direcionou sua iniciativa a concretização do Grupo com a
configuração atual.
A coordenadora esclarece que a atividade tem como tarefa datas comemorativas, como
Natal, carnaval, dia do idoso, festa junina etc. Conforme uma data comemorativa se aproxima ela
busca assuntos referentes àquela ocasião e elabora suas atividades. Estas datas são comemoradas
com teatro, cânticos e nos intervalos destas datas trabalhos de memória.
A idealizadora do grupo faz questão em ressaltar que a atividade que dirige tem
configuração diferente dos grupos mencionados no curso que fez, pois ela não quer que seja dado
55
um enfoque psicológico ao grupo, já que é uma enfermeira e sua atuação possui foco
diferenciado.
Para alcançar os objetivos propostos, as atividades são planejadas com enfoque na
criatividade através de atividades lúdicas, pois segundo a entrevistada os idosos não gostam de
palestras, mas sim de situações que privilegiam a interação.
Uma questão somente percebida com o desenvolvimento do grupo foi que trabalhar a
memória e a criatividade ajudava os idosos a não entrar em depressão, ou até mesmo sair dela.
Este também se tornou um dos objetivos do grupo, através da socialização e do desenvolvimento
de tarefas. “Eu tenho muitas pessoas que vieram para cá e é muito bom ver o outro lado. Como
chegaram e como melhoraram.. participando, cantando, batendo papo aqui na frente, fazendo
teatro. Pessoas que não se socializavam e hoje tem um ciclo de amizades que os ajudam a não
ficar em depressão” (Enf).
Quanto à estrutura, existe um grupo de idosos que participam sempre e embora o grupo
não possua um esquema organizacional pré-definido, os integrantes assumem papéis estratégicos
no seu funcionamento. Eles avisam quando faltarão e entram em contato com aqueles que
faltaram, avisam quando vão viajar, passam os conteúdos perdidos para os colegas que não
estiveram presentes e sempre organizam o ambiente após cada encontro. “Eles tem o
compromisso e não é obrigação(Enf). Insisto na questão se há algum moderador, observador ou
outra pessoa que realize algum papel durante o grupo e a mesma reforça que não. Trabalha
sozinha com uma média de 25 a 35 idosos por reunião.
Quanto à base teórica conceitual para subsidiar o trabalho, são utilizados livros
referentes à memória e gerontologia, conforme informações da coordenadora do grupo. Ela
esclarece que adapta o que lê para sua realidade, uma vez que cada informação que precisa se
encontra numa literatura diferente. "Eu tenho um compendium de Gerontologia, que fala de
56
memória e Alzheimer, tiro a parte cientifica dali. E tudo que aparece em jornal, revista sobre
memória eu procuro ver. Tem um livro que é de um japonês, dá uns exercícios sobre memória,
escrever com a mão esquerda etc. Eu pego e faço adaptação, pois ele não é para idoso, é geral!
Tudo que fala de memória eu guardo”(Enf).
Interessada em conhecer como as atividades são planejadas, questiono a enfermeira, a
mesma esclarece que as atividades que envolvam datas comemorativas demandam um mês de
antecedência para elaborar, porém as outras são elaboradas na semana anterior. Ela reafirma que
trabalha muito com a questão das datas comemorativas além de outros temas levantadas durante a
consulta de enfermagem (que ela mesma realiza com os idosos nos dias que não há grupos que
ela conduz). Um dos assuntos levantados na consulta é a solidão, o qual procura trabalhar este
através do estímulo à socialização. “Não sei se você viu que perguntei: - Quem vai passar o natal
com quem? Fulano falou que ia ficar com cicrana! Então essa coisa a gente trabalha sem falar
para eles o que é!”(Enf).
Sobre os fatores que facilitam ou dificultam o trabalho da enfermeira, identificamos
que o que mais facilita é a organização prévia das atividades. A mesma também tem a
preocupação de dizer que este roteiro prévio não pode ser rígida, pois muitas vezes a demanda
dos idosos à conduz para uma necessidade maior do que a atividade planejada para o dia. No que
se refere às dificuldades, a questão do espaço físico é bem ressaltada, pois o salão é muito aberto,
tendo acústica desfavorável e trânsito de pessoas pelo local onde se realiza a atividade,
favorecendo com que os idosos se dispersem com facilidade.
Nas suas palavras percebemos o seguinte desabafo: “Você tem que ter uma motivação
muito grande para manter aquele grupo ligado. É difícil! Ah! Material; Por exemplo. Hoje eu
queria fazer... iniciar outra canção mais não tinha folha para fazer xerox. Ai tem que escrever no
quadro, fazer elas escutarem.. tenho muita dificuldade com material. Muita coisa eu compro do
57
meu dinheiro. Eu também gostaria de ter uma outra pessoa me ajudando. Tem dias que tem
quarenta idosos. É muita gente para uma pessoa só! É muito difícil” (Enf).
O entendimento da enfermeira referente aos resultados obtidos para os idosos com esta
atividade se relaciona à maior facilidade que eles apresentam com o tempo para decorar músicas
e, conseqüentemente esta facilidade repercute em outras áreas da sua vida.
No que consiste às mudanças apresentadas pelos participantes no olhar da coordenadora
temos a fala a seguir: “Eu tenho pessoas no grupo que estavam sozinhas em casa, só com
cachorro ou com família problemática e depois do grupo fizeram novas amizades. Incentivamos
novas amizades. Eles saem fim de semana. Percebemos vínculos muito grande que tiram as
pessoas da solidão. Durante a semana ficam aqui o dia todo e fazem berço de amizades. Mais ou
menos uns 70% moram sozinhos mais tem família. As famílias compareciam nas datas
comemorativas mas deixaram de vir. Isso era muito importante. Eu acho que isso é uma falha
nossa! Vejo uma mudança no grupo, eles eram muito agressivos. Quando um tomava a palavra
outra falava: - Viu só? Hoje em dia, depois de muito trabalho eles entendem que a palavra de
todos é importante. Hoje sabem respeitar a fala e opinião do outro. Ouvir mais. Respeitar o
colega e esperar para falar. Eles são mais participativos. Isso era muito difícil. Uns falavam: -
Cala a boca! Quer aparecer?(Enf).
Os novatos no grupo sempre têm um pouco de dificuldade em relação a quem já esta no
grupo. Tem alguns integrantes que recebem bem porém, a maioria desenvolve uma relação de
poder com o espaço e apresentam muita resistência em aceitar os recém chegados.
A Enfermeira vence a cada dia uma batalha seja por falta de recursos ou no difícil lidar
com problemáticas da vida das pessoas idosas que são repletas de experiências fascinantes
positivas e negativas. Ela coloca que : “Ao final de tudo, o trabalho é muito gratificante , pois os
58
idosos chagam a sentir falta do grupo. Me sinto necessária e também sinto que o meu trabalho
contribui para uma vida melhor”.(Enf)
3.3 Caracterização dos idosos participantes do Grupo
O grupo observado é composto por de 31 idosos, sendo somente 9,6% do sexo masculino
e grande parte viúvas (41,8%). 80% relatam possuir o primeiro grau completo enquanto somente
20% possuem o segundo grau. Relatam ser não fumante 90,6% dos idosos e 12,8% não são
obesos. Todos os idosos vêem o grupo como fonte de lazer e 60,4% dizem ser católico.
Idosos participantes do grupo
Idosos Qtd %
Mulheres 28 90,4%
Homens 3 9,6%
Resultado 31 100,0%
90,4%
9,6%
Mulheres
Homens
59
Estado Civil
Grau de Instrução
Renda Familiar
Tabagismo
Idosos Qtd %
Casado 4 12,9%
Solteiro 3 9,7%
Divorciado 8 25,9%
Viúvo 13 41,8%
Outros 3 9,7%
Resultado 31 100,0%
12,9%
9,7%
25,9%
41,8%
9,7%
Casado
Solteiro
Divorciado
Viúvo
Outros
Grau de Instrução Qtd %
1º Grau 25 80,0%
2º Grau 6 20,0%
Resultado 31 100,0%
80,0%
20,0%
1º Grau
2º Grau
Renda Familiar Qtd %
De 1 a 5 salários mínimos 31 100,0%
100,0%
De 1 a 5
salários
nimos
60
Lazer Qtd %
Próprio grupo 31 100,0%
Encontros com a família 20 64,0%
Igreja 15 48,3%
Viagem 8 26,6%
Dança 8 25,6%
Tabagismo
Obesidade
Lazer
Religião
Obesidade Qtd %
Obeso 4 12,8%
Não Obeso 27 87,2%
Resultado 31 100,0%
12,8%
87,2%
Obeso
Não Obeso
Tabagismo Qtd %
Fumante 3 9,4%
o Fumante 28 90,6%
Resultado 31 100,0%
9,4%
90,6%
Fumante
Não Fumante
Religião Qtd %
Católico 20 64,0%
Evangélico 9 29,6%
Espírita 2 6,4%
Resultado 31 100,0%
64,0%
6,4%
29,6%
Católico Evangélico Espírita
61
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4.1 A dinâmica Assistencial da enfermeira na condução do Grupo Memória e Criatividade
Neste item descreve-se a dinâmica utilizada pela enfermeira na condução do Grupo
Memória e Criatividade. São apresentadas crônicas que sintetizam as atividades desenvolvidas no
Grupo durante o período de observação. As informações captadas foram as fontes para posterior
análise e discussão da dinâmica deste grupo.
Crônica 01: O primeiro contato com o grupo
Composição do Grupo:
O primeiro contato com o grupo se deu numa reunião onde os grupo já se conhecia e
apresentava uma seqüência de reuniões que completou uma década no ano de 2006. O grupo
estava constituído no período de coleta de dados por vinte e cinco mulheres e dois homens que,
na maioria das vezes, observam as atividades de fora.
Antes de iniciar as atividades coordenadas pela enfermeira, os participantes do grupo
estavam discutindo sobre o Plebiscito
1
. As idosas colocaram suas opiniões. Pode-se observar que
algumas idosas não se expressam e três a quatro pessoas monopolizam a conversa.
Organização da atividade:
Tarefa: Ensaio do Coral de Natal
Objetivos: Estimular memória
62
Programação: Cantar/decorar músicas de natal para o coral da festa de final de ano.
(Todos os itens acima foram identificados pela observadora).
Explanação teórica e momento de troca com os participantes:
Assim que a coordenadora chega, interrompe-se a conversa para iniciar a atividade
programada para dia. Não é esclarecido aos idosos qual será a programação do dia. A atividade se
inicia com um alongamento no qual todos participam. Não há comentários neste momento,
somente por parte da coordenadora do grupo que orienta os exercícios.
Uma idosa não participa da atividade. Permanece sentada afastada. A coordenadora
percebe a auto exclusão, mas como está sozinha, não vai até a idosa para chamá-la. O grupo está
em meia lua, acomodados em cadeiras porém, com filas secundárias. Realizam exercícios para
braços e pernas sentados. Chegou uma senhora atrasada e sentou-se afastada do grupo.
Neste momento a coordenadora fala a atividade do dia. Será realizado treinamento das
músicas do coral de natal. A coordenadora sugere iniciar com uma música de natal tradicional e
coloca o CD. Como o ambiente tem acústica ruim, não se compreende exatamente a letra. Todas
prestam atenção na escolha da música. Alguns balançam a cabeça no ritmo da música. O grupo
não escolhe música. A coordenadora já havia distribuído letra das músicas e estimula que o grupo
acompanhe o CD.
Ocorre segunda tentativa, iniciasse o CD novamente e a coordenadora escreve a estrofe no
quadro, porém fica de costas para o público. Há um grande número de idosas dispersas. O grupo
só acompanha a coordenadora, quando a mesma reinicia a música de frente para o público com
maior estímulo. A coordenadora segue a letra da música escrita no quadro junto com o grupo.
1
O Plebiscito é uma forma democrática de consulta a uma determinada população sobre um tema em pauta, que
muitas vezes é polêmico e decisório.
63
Num segundo momento a coordenadora distribui a letra de uma música que o grupo
conhece, com isso todas participam com empolgação e felicidade.
A coordenadora pausa a música e pergunta se eles lembram de algo dos natais anteriores.
Várias falam simultaneamente de sua infância, principalmente dos momentos de frustração. Neste
momento todos querem contar suas histórias. Uma das participantes conta sua história duas
vezes.
Saudosas, todas conversam paralelamente entre si. A coordenadora tem dificuldade para
dominar a euforia do grupo. A coordenadora pede atenção e pergunta a uma das idosas mais
quietas sobre seu natal, ela fala pouco.
Em contratempo muitas querem falar e uma delas monopoliza a conversa, falando do seu
passado sem interrupções para que outros participantes tomem a palavra. Grande maioria do
grupo se dispersa e retomam a conversa paralela.
A coordenadora agiu de maneira sagaz e sutil para retomar a atenção do grupo através de
outra música de Natal. Todos seguem a música com dificuldade mas, se esforçam para relembrá-
la, após pouco tempo fazem até coreografia que relembraram dos natais passados. A
coordenadora conversa com o grupo sobre a importância de lembrar do passado. Estimula
relembrar outros natais e inicia a conversa sobre o local onde cada um passará o natal, refletindo
como é importante não ficar sozinho nesta data. Incentiva que aqueles que não tenham família
ficar em companhia dos outros integrantes do grupo. Rapidamente eles se organizam e já falam
de algumas hipóteses de quem ficará com quem no natal.
Inicia outra música. São orientados sobre a respiração. Percebo que existe um casal no
grupo, porém o homem fica de fora assistindo e a mulher mantém postura dominadora sobre o
grupo.
64
Uma das idosas (a dominadora) sugere uma música e somente a metade do grupo a
acompanha. Uma das integrantes se recosta na cadeira e fecha os olhos.
Percebo que constantemente existem integrantes que não participam ativamente da
atividade. Como a coordenadora não possui uma pessoa para auxiliar se torna mais difícil ter
controle do grupo como um todo. O fato de alguns idosos se sentarem em fileiras secundárias
dificulta a visualização e acesso por parte da enfermeira.
Outras músicas são cantadas pelo grupo até o momento do encerramento. A coordenadora
encerra a tarde se despedindo do grupo. Todos se levantam e arrumam as cadeiras em seus
devidos lugares sem que haja solicitação prévia.
Assimilação do tema:
Não houve nenhuma avaliação do dia por parte da coordenadora.
Dificuldades observadas: a partir de recortes das crônicas
Número de coordenador reduzido para o número de integrantes do grupo:
"Vinte cinco mulheres e dois homens que observam de fora. Possui uma coordenadora”.
"A coordenadora percebe a auto exclusão, mas como está sozinha, não vai até a idosa para
chamá-la”.
Ambiente físico
"Ambiente com acústica ruim, não se compreende exatamente a letra”.
Filas secundárias
"O fato de alguns idosos se sentarem em fileiras secundárias dificulta a visualização e
acesso por parte da enfermeira”.
Baixa participação e conversa paralela
65
"Neste momento todos querem contar suas histórias"
"Saudosas, todas conversam paralelamente entre si. A coordenadora tem dificuldade para
dominar a euforia do grupo”.
"Muitas querem falar e uma delas monopoliza a conversa, falando do seu passado sem
interrupções para que outros participantes tomem a palavra. Grande maioria do grupo se dispersa
e retomam a conversa paralela”.
"Percebo que constantemente há integrantes que não participam ativamente da atividade”.
Dominação do grupo
"Uma das idosas (a dominadora) sugere uma música e somente a metade do grupo a acompanha.
Uma das integrantes se recosta na cadeira e fecha os olhos”.
Crônica 02: Planejando a festa de Natal
Composição do grupo:
O grupo está constituído por trinta mulheres, três homens e uma coordenadora. O grupo já
estava reunido participando de uma atividade de palestras antes do início do grupo memória e
criatividade.
Organização da atividade:
Tarefa: Ensaio do Coral de Natal;
Objetivos: Estimular a memória;
Programação: Alongamento e ensaio das músicas para o Coral de Natal.
(Todos os itens acima foram identificados pela observadora).
66
Explanação teórica e momento de troca com os participantes:
A coordenadora inicia a atividade explicando o que fará nesta reunião. Programa realizar
um alongamento seguido de ensaio musical para o coral de Natal. Enquanto a coordenadora
conduz o alongamento o ambiente físico não favorece a atividade. Um telefone não para de tocar.
A acústica dificulta o entendimento das palavras. O local é quente, embora possua dois
ventiladores, que fazem muito barulho, dificultando o relaxamento do grupo.
A coordenadora encerra o alongamento e coloca uma série de opções de músicas para o
coral de natal para que todos decidam juntos quais serão cantadas. A mesma propõem que todos
escutem o repertório que ela trouxe para relembrarem as músicas e decidirem as canções que
querem cantar. Esta etapa apresenta uma mudança de comportamento da coordenadora mediante
a reunião anterior onde às atividades foram impostas para os integrantes do grupo. Vale ressaltar
que nada foi dito a coordenadora a respeito da observação do grupo.
São distribuídas letras de músicas, porém são poucas as cópias disponíveis, fazendo-se
necessário mais uma vez escrever as letras no quadro para que todos tenham acesso à letra da
canção. Grande parte do dia foi ensaiando músicas com a finalidade de apresentá-las na festa de
final de ano. Podemos perceber que quando a música tem uma letra mais difícil ou desagrada
algum integrante do grupo, a participação diminui muito, criando conversa paralela.
A coordenadora tenta adequar as músicas ensaiadas com as preferências do grupo.
Quando uma música não e bem recebida à coordenadora tenta cantá-la com o grupo por mais
duas ou três vezes, não havendo aceitação ela troca a canção. Alguns idosos sentam-se ao redor
do semicírculo e observam sem participar ativamente. Não houve nenhuma manifestação da
coordenadora com estes idosos. Dos três homens participantes deste grupo somente um participa
ativamente da atividade. Um lê jornal quase todo tempo, porém também prestar atenção
67
constantemente na atividade, não parecendo estar envolvido com a leitura. Outro idoso fica
olhando de um canto do salão; ele é casado com uma das idosas que participa ativamente do
grupo, parecendo ofuscar a presença dele na atividade.
O grupo por si só relembra questões relativas à infância, como na reunião anterior, porém
sem a coordenadora estimular a reminiscência. Uma idosa fala da falta que sente da reunião e do
amor da família. Outra senhora relembra ceia de natal feita pela mãe. A conversa paralela domina
o ambiente, cada um falando das suas experiências durante a infância. A coordenadora convida o
grupo a retomar as canções de natal sutilmente, perguntando quem lembra mais músicas de natal.
Inicia-se rapidamente outra música fazendo com que os idosos acompanhem a letra.
Agora que a coordenadora conseguiu a atenção do grupo conversa com eles sobre a
dificuldade de se falar das recordações ruins, com isso estimula o grupo à sempre falar dos
momentos felizes. Sutilmente fala da dura realidade de que algumas pessoas não têm família para
passar o natal e que temos que nos reunir para convidar aqueles que precisam de atenção para
ficar conosco nesta data. Estimula que o grupo se organize para convidar aqueles que não tem
companhia para passar o natal e ficar com aqueles que tem uma festa bonita em sua casa. Pede
que eles conversem melhor sobre o assunto fora do grupo e que na próxima reunião lhes tragam
um feed-back. Encerra o dia se despedindo do grupo.
Assimilação do tema:
Não houve nenhuma avaliação do dia por parte da coordenação.
Dificuldades observadas:
Número de coordenador reduzido para o número de integrantes do grupo:
"O grupo está constituído por trinta mulheres, três homens e uma coordenadora".
68
Ambiente físico
"Enquanto a coordenadora conduz o alongamento o ambiente físico não favorece a atividade.
Um telefone não para de tocar. A acústica dificulta o entendimento das palavras. O local é
quente, embora possua dois ventiladores, que fazem muito barulho, dificultando o relaxamento
do grupo".
Baixa participação/conversa paralela
“Podemos perceber que quando a música tem uma letra mais difícil ou desagrada algum
integrante do grupo, a participação diminui muito, criando conversa paralela”.
“Não houve nenhuma manifestação da coordenadora com estes idosos. Dos três homens
participantes deste grupo somente um participa ativamente da atividade. Um lê jornal quase todo
tempo, porém também prestar atenção constantemente na atividade, não parecendo estar
envolvido com a leitura. Outro idoso fica olhando de um canto do salão; ele é casado com uma
das idosas que participa ativamente do grupo, parecendo ofuscar a presença dele na atividade”.
Cônica 03: Um dia feliz a espera do Natal
Composição do grupo:
O grupo está composto por vinte e cinco mulheres, um homem e uma coordenadora.
Organização da atividade:
Tarefa: Organização da Festa de Natal;
Objetivos: Alongamento e organização da festa de natal;
Programação: Alongamento e organizar a festa de natal.
(Todos os itens acima foram identificados pela observadora).
69
Explanação teórica e momento de troca com os participantes:
A atividade se iniciou com alongamento onde todos os participantes demonstram uma
alegria muito grande em estarem presentes na atividade. Grande maioria se dedica ao máximo nas
tarefas, respeitando seus limites. Tal limite é constantemente lembrado pela coordenadora através
de falas que tranqüiliza aqueles que não conseguem realizar determinado exercício e os encoraja
a fazer outros que se adéqüem mais as suas condições físicas.
Após o alongamento a coordenadora abre espaço para que o grupo decida como será a
festa de natal. Pergunta a eles o que querem fazer. Neste momento todos falam ao mesmo tempo
querendo coisas diversas, num clima de euforia e animação. Uns querem que façam o teatro,
outros o coral, alguns falam sobre a ceia e outras conversas paralelas não foram identificadas.
Uma das idosas é incisiva ao dizer que tem que haver alguma dança os ela tem que recitar poesias
no dia (esta idosa sempre tem postura dominadora sobre o grupo). Percebemos que uma das
idosas permanece sempre calada e afastada do grupo, sem nenhuma expressão diferente.
A coordenadora pede atenção do grupo e esclarece que o coral acontecerá até mesmo pelo
fato deles já estarem ensaiando. O coral é uma tradição que todos os anos esta presente. A mesma
pede para que eles também decidam quais músicas vão querer cantar. Outra vez o grupo fica
eufórico e retoma a conversa paralela. Após alguns minutos a coordenadora pede atenção de
todos e conduz o processo de decisão do grupo. Sugere que cante mais de uma música no coral e
que as músicas eles podem decidir posteriormente de acordo com o ensaio do coral. Surgem as
idéias para a ceia. Após uma breve e calorosa discussão decidem que cada um trará um prato,
respeitando as limitações de cardápio do grupo.
Após muitas idéias e conversas decidem realizar um encontro para confeccionar cartões
natalinos para cada um enviar para os parentes ou amigos. A coordenadora faz breve discurso
70
sobre a importância de lembrarmos das pessoas que amamos no ano inteiro e principalmente
nesta época. Ressalta que o cartão deve ser enviado a qualquer um que amamos, pode ser um
amigo do grupo, um filho ou qualquer outra pessoa. Todos concordam e aprovam a idéia.
Percebo que algumas pessoas não se manifestam positivamente frente esta atividade.
Todos combinam euforicamente quem trará cada material para confecção dos cartões. A
coordenadora libera o grupo para que se organize para a festa de natal e para próxima atividade
(confecção dos cartões). O clima de felicidade e euforia com a proximidade do natal atinge
grande maioria dos idosos.
Assimilação do tema:
Não houve nenhuma avaliação do dia por parte da coordenação.
Dificuldades observadas:
Número de coordenador reduzido para o número de integrantes do grupo:
O grupo está composto por vinte e cinco mulheres, um homem e uma coordenadora.
Resistência
“Percebo que algumas pessoas não se manifestam positivamente frente esta atividade”.
Baixa participação/conversa paralela
“Neste momento todos falam ao mesmo tempo querendo coisas diversas, num clima de euforia e
animação. Uns querem que façam o teatro, outros o coral, alguns falam sobre a ceia e outras
conversas paralelas não foram identificadas”.
Crônicas 04: Confeccionando cartões de Natal
71
Composição do grupo:
O grupo está composto por vinte e nove mulheres, dois homens e uma coordenadora.
Organização da atividade:
Tarefa: Organização da Festa de Natal;;
Objetivos: Alongamento e confecção dos cartões de natal;
Programação: Confecção de cartões de natal.
(Todos os itens acima foram identificados pela observadora).
Explanação teórica e momento de troca com os participantes:
Como é de se observar, todas as atividades se iniciam por um alongamento. Eles
apresentam feições positivas em relação a esta atividade, percebida desde o momento quando são
convidados a iniciar o exercício à realização de cada etapa coordenada pela enfermeira.
O grupo se acomoda numa mesa grande que esta localizada na lateral do salão, dividem
sobre a mesa revistas, cola, tesoura, lápis, caneta, papel e demais utensílios para confeccionar os
cartões. Todos se sentam ao longo da mesa e inicia-se a conversa paralela. A coordenadora pede
atenção e mostra algumas idéias para confecção de cartões. Alguns prestam atenção enquanto
outros já se adiantam procurando as melhores figuras.
A atividade se torna numa atividade de intensa descontração entre os idosos. Muitos
querem confeccionar cartões para as coordenadoras dos diversos grupos existentes no PAIPI. A
atividade se estende pela tarde sem um desfecho formal. Aos poucos os idosos terminam seus
cartões e se retiram para realizar outras atividades.
72
Assimilação do tema:
Não houve nenhuma avaliação do dia por parte da coordenação.
Dificuldades observadas:
Número de coordenador reduzido para o número de integrantes do grupo:
O grupo está composto por vinte e nove mulheres, dois homens e uma coordenadora.
Crônica 05: Lembrando do passado (reminiscência)
Composição do grupo:
O grupo está composto por vinte e seis mulheres, um homem e uma coordenadora.
Organização da atividade:
Tarefa: Reminiscência;
Objetivos: Estimular a memória com lembranças passadas;
Programação: Reminiscência e ensaio do coral.
(Todos os itens acima foram identificados pela observadora).
Explanação teórica e momento de troca com os participantes:
A atividade se inicia por um alongamento, onde todos participaram compenetrados. O
alongamento de hoje foi com exercícios mais leves, como se fosse um relaxamento. Uma das
senhoras não costuma participar do alongamento levanta no meio da atividade, de longe e
encabulada inicia sua participação. Um senhor que sempre fica de longe lendo jornal hoje está
realizando os exercícios embora de longe. A coordenadora percebe as participações, os elogia e
73
pede para o grupo aplaudi-los, a senhora sentou-se envergonhada. Quando todos voltaram ao
exercício ela aproximou sua cadeira dos demais.
A coordenadora encerra o aquecimento e dá início a reminiscência solicitando que todos
falem de suas boas recordações. A primeira voluntária é uma senhora que costuma sempre ser a
primeira a falar e assumir papel de líder no grupo, embora os outros integrantes não lhe coloquem
em tal papel, ela fala que entre 10 e 12 anos de idade era muito feliz, tinha 22 irmãos e brincava
muito, depois disso sua vida ficou ruim e diz que não quer mais falar. A coordenadora respeita e
o silêncio domina o ambiente.
Poucos segundos após a segunda voluntária fala que vivia numa fazenda com os pais e
brincava muito num cipó, ri ao se comprar com a Jane. Diz que comia muita fruta e que tinha 12
irmãos, porém lamenta ao dizer que hoje são somente 8 e pára sua história.
Percebo que alguns estão pensativos e distantes. Quem fala sorri, porém, quem houve se
mantêm sério. Outra voluntária conta que estudava num pequeno colégio em que ninguém
passava de ano, todo ano usavam o mesmo livro e faziam as mesmas lições, o grupo todo sorri da
situação. Uma senhora se remete aos seus 10 anos de idade e relembra que ia muito para praia e
para Minas, onde brincava com os primos; feliz conta que conheceu muitos lugares diferentes.
Lembra que naquela época existiam muitas parteiras. Inicia-se a conversa paralela.
Mesmo com a conversa paralela uma das idosas fala que até seus 9 anos adorava
brincadeiras de menino, porém seu pai faleceu e as brincadeiras perderam a graça. Alguns
tentam ouvir os depoimentos, enquanto outros contam suas experiências para o colega ao lado.
Uma senhora conta que andava sempre “arrumadinha” e que sua infância foi boa até os 9
anos, quando sua mãe faleceu. Foi criada pela tia e começou a namorar cedo. O grupo demonstra
apatia e cessa voluntariamente a conversa paralela.
74
A coordenadora pergunta a uma das senhoras que está em silêncio como foi sua infância,
a senhora diz estar rouca e não conseguir falar. A coordenadora pergunta novamente: - Sua
infância foi boa? Ela balança a cabeça com sinal de não. A coordenadora insiste: - Brincava de
roda? O sinal agora é de sim, mas olhando sempre para o chã diz que a mãe morreu quando ela
tinha 17 anos.
Percebo que não conseguem se prender aos momentos felizes, mas sim em relatar como
foram perdendo sua felicidade através da perda dos entes queridos. Quando a coordenadora
anuncia que terminará a reminiscência uma senhora fala espontaneamente cortando a
coordenadora: -
Aos 9 anos eu passava roupa e cuidava dos meus irmãos. Meus pais nos
prendiam em casa. Minha mãe lavava e eu passava para fora. Só quando fiz 18 anos comecei a
viver. Eu queria ver minha mãe parir meus irmãos mas quando consegui ver pela janela meu pai
me achou e me deu uma surra”(Participante do Grupo).
Todos ouviram atentamente a história,
percebo o interesse do grupo pelas histórias tristes.
O silêncio que dominou o ambiente é seguido por uma abrupta conversa paralela. A
coordenadora tenta chamar atenção do grupo através de pedidos incansáveis de silêncio. Distribui
cópia de música para todos e assim eles se voltam para a direção da coordenadora aguardando o
ensaio do coral. Ensaiam por pouco tempo, mas a participação é intensa. A coordenadora encerra
o grupo desejando boa tarde a todos.
Assimilação do tema:
Não houve nenhuma avaliação do dia por parte da coordenação.
75
Dificuldades observadas:
Número de coordenador reduzido para o número de integrantes do grupo:
“O grupo está composto por vinte e seis mulheres, um homem e uma coordenadora”.
Apatia e conversa paralela:
“O grupo demonstra apatia e cessa voluntariamente a conversa paralela”.
“Percebo que não conseguem se prender aos momentos felizes, mas sim como eles foram
perdendo sua felicidade através da perda dos entes queridos”.
Crônica 06: Reforçando o coral de natal
Composição do grupo:
O grupo está composto por vinte e sete mulheres, um homem e uma coordenadora.
Organização da atividade:
Tarefa: Ensaio do Coral de Natal;
Objetivos: Estimular a memória;
Programação: Alongamento e ensaio das músicas para o Coral de Natal.
Explanação teórica e momento de troca com os participantes:
O dia começa com o alongamento, todos participam sem exceção. Alguns integrantes do
grupo já têm em mãos uma pasta com as letras de algumas músicas dos anos anteriores. A
coordenadora pede que peguem à letra da música distribuída no encontro passado e distribui para
aqueles que não possuem a letra em mãos. Uma senhora recusa a letra.
Primeiramente a coordenadora canta a música para o grupo que presta atenção e
acompanha com a letra. Uma das senhoras canta em voz alta. Todos reclama do refrão pois esta
muito confuso. A senhora que cantou alto diz que é muito fácil. Quando é a vez deles cantarem,
76
balançam o corpo e tentam acertar o refrão. Em coreografia algumas senhoras levantam os braços
e riem de si próprias.
A coordenação muda à música e somente algumas sabem a letra. Ao invés dela trocar de
música, incentiva que aqueles que não sabem decorem a letra. As músicas são trocadas
constantemente, sem tempo para que eles se acostumem com a letra. Parece-me que o intuito é
estimular o raciocínio e memória, mas o grupo não é esclarecido sobre a constante mudança de
música.
Uma das senhoras dorme sentada enquanto o grupo canta. Outra senhora canta de olhos
fechados. Quando a coordenadora os estimula com veemência eles participam mais ativamente.
As atividades de ensaio de coral são muito semelhantes. A coordenadora elogia o grupo
pela participação. A coordenadora coloca uma música que cantaram ano passado onde já estão
ensaiados, todos adoram o momento. A atividade é encerrada após cantarem diversas músicas.
Assimilação do tema:
Não houve nenhuma avaliação do dia por parte da coordenação.
Dificuldades observadas:
Número de coordenador reduzido para o número de integrantes do grupo:
“O grupo está composto por vinte e sete mulheres, um homem e uma coordenadora”.
Resistência e conversa paralela
“Todos reclama do refrão pois esta muito confuso. A senhora que cantou alto diz que é muito
fácil”.
“Uma das senhoras dorme sentada enquanto o grupo canta”.
77
4.2 O agir peculiar da enfermeira na condução do Grupo Memória e Criatividade
Neste tópico são discutidas as atividades desenvolvidas pela enfermeira na dinâmica
assistencial e buscamos os nexos com a perspectiva metodológica de um grupo operativo.
A seguir encontra-se o quadro que descreve as estratégias utilizadas pela enfermeira
coordenadora do grupo a cada dia de observação.
ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PELA COORDENADORA DO GRUPO
Observação 1 Observação 2 Observação 3
Explanação
Teórica
Alongamento com
exercícios orientados
para idade.
Explicação da
atividade a ser
realizada.
Explicação da atividade a
ser realizada.
Alongamento com
exercícios orientados para
idade.
Explanação sobre
memória.
Alongamento com
exercícios orientados
para idade.
Explanação sobre
memória.
Troca com os
Participantes
Música (CD ou
cantada)
Quadro negro
Cópia da letra
Uso do corpo para
comunicação
(expressão corporal)
Música (CD ou cantada)
Quadro negro
Flexibilidade nas
atividades favorecendo a
participação do grupo.
Debate aberto com os
idosos.
Diversidade de
técnicas para manter
atenção do grupo.
Assimilação
do Tema
Não ocorre no final do
grupo.
Não ocorre no final do grupo. Não ocorre no final do
grupo.
Observação 4 Observação 5 Observação 6
Explanação
Teórica
Alongamento com
exercícios orientados
para idade.
Alongamento com
exercícios orientados para
idade.
Alongamento com
exercícios orientados
para idade.
78
Troca com os
Participantes
Trabalho Manual
Música (CD ou cantada)
Cópia da letra
Reminiscência
Flexibilidade nas
atividades favorecendo a
participação do grupo.
Cópia da letra
Música (CD ou
cantada).
Assimilação
do Tema
Não ocorre no final
do grupo.
Não ocorre no final do grupo. Não ocorre no final do
grupo.
Quadro 02: Quadro síntese das estratégias utilizadas pela coordenadora do grupo a partir das crônicas
¾ Exercícios orientados para idade
A atividade física orientada para os idosos e utilizada como abertura em todos os
encontros do grupo, configurando parte da etapa de “explanação teórica” proposta por Pichon-
Rivière. Ocorre não somente com finalidade "física" mas também como um momento de
aquecimento e integração entre os participantes para o início de mais um dia de atividades.
Baleeiro (1999, p. 93) coloca que "aprender interagir e descobrir o prazer de ser com, tornando-se
capaz de sentir amor e expressa-lo".
Neste momento percebemos total disponibilidade dos integrantes do grupo, aqueles que
não se julgam aptos a realizar os exercícios, acompanham atenciosos o restante do grupo. Portella
(2004, p. 43) coloca que através da atividade física ha maior beneficio de um modo geral para
suas vidas.
O grupo estudado direciona as atividades físicas para o alongamento, pois esta e a
atividade que pode ser realizada no ambiente físico disponível e agrega o maior número de
participantes, tendo em vista a baixa complexidade e exigência dos exercícios. Mesmo que
realizado em tempo reduzido, até mesmo por não ser foco central da atividade, torna-se
79
importante por estimular o grupo que se movimente, busque uma atividade física respeitando os
limites individuais. O que representa também um estímulo à questão da memória e criatividade.
Nessa linha de pensamento, alguns estudiosos corroboram tal opção com base em suas
práticas. Portella (
op cit) ressalta que muitos os idosos vêem a atividade física como uma
oportunidade de estar em grupo, socializar-se, tornando a atividade um motivo de engajamento.
Assim sendo, o alongamento como atividade inicial do grupo torna-se bastante adequado.
Barros (2005) destaca em seu estudo que as atividades físicas mais prevalentes na terceira
idade são a caminhada e o alongamento, além do que são práticas que proporcionam qualidade de
vida aos idosos. Contudo, alerta que ainda são escassas intervenções sistematizadas nas
instituições de saúde que promovam espaços e equipes especializadas para desenvolver tais
atividades fundamentadas no reconhecimento de que um estilo de vida ativo é fundamental para
preservação da saúde e manutenção da capacidade funcional e independência de pessoas idosas.
A atividade inicial do grupo pode ou não ser realizada pelo alongamento. Pode-se lançar
mão de outro tipo de recurso como às dinâmicas de grupo de integração ou de aquecimento, de
acordo com as características do grupo. O importante é que no momento inicial o grupo se
descontraia, e os participantes sintam-se próximos e abertos para as atividades que serão
desenvolvidas.
Analisando o grupo como forma de cuidar em enfermagem, observa-se que a enfermeira
adota uma metodologia no seu fazer, de forma dinâmica Para Paschoal (2005, p. 01), “
a
metodologia de enfermagem é um processo dinâmico, aberto e continuo, e que deve
proporcionar as evidências necessárias para embasar as ações, apontar e justificar a seleção de
determinados problemas e direcionar as atividades”.
80
Os recursos utilizados buscam tornar a atividade do grupo diversificada, evitando que os
encontros se tornem cansativos. Lançar mão desta estratégia é fundamental para garantir a
atenção do cliente em qualquer forma de cuidado realizado pela enfermeira. Uma das estratégias
adotadas no Grupo em estudo é a utilização da música.
Souza (2005), descreve em seu estudo sobre educação musical para idosos, que uma das
vertentes dos estudos com a música tem seu foco na Neurociência Cognitiva da Música, que
estuda os processos cognitivos relacionados à percepção e à apreensão de sons e melodias,
observando-se os circuitos neurais envolvidos na criação e/ou no processamento da música.
Dentre os benefícios da música, o autor coloca que as mais freqüentes se referem aos benefícios
que a expressão artística possibilita, seja em termos de gratificação/auto-estima; o relacionamento
entre alunos idosos e seus professores mais jovens ou pelo reconhecimento de que as atividades
musicais propiciam atitudes positivas.
Outros artifícios são utilizados no grupo, como fotocópia da letra das músicas, uso do
quadro negro e debates abertos com os idosos. Esta capacidade de criar novas formas de
desenvolver o trabalho do grupo, faz com que os integrantes permaneçam ativos no
desenvolvimento. Atividades repetidas torna-se cansativas e desgastante. É importante ouvir
sempre a voz do integrante do grupo no que concerne à avaliação, pois são eles que darão as
principais pistas por onde o enfermeiro deve modificar sua prática.
¾ O uso do corpo como instrumento do cuidado
Embora muitas vezes este aspecto não seja percebido pelos enfermeiros, seu corpo esta
diretamente relacionado ao cuidado. Falamos de uma enfermagem dinâmica, onde o movimento
age como veiculo para um cuidado diferenciado.
81
Nos grupos, uma das principais características e o movimento, favorecendo um cuidado
dinâmico. No grupo em questão, percebesse a enfermeira como ser mobilizador do grupo através
de sua expressão corporal.
O corpo serve como mobilizador do grupo durante toda atividade do grupo, seja para
resgatar atenção, para enfatizar momentos importantes ou para motivar o grupo. Figueiredo
(1999, p. 84) coloca que “nestes movimentos corporais, entram em ação os sentidos objetivos e
os mais subjetivos que equilibram a razão e a emoção”.
¾ Trabalho manual: Um estímulo à criatividade
Presenciamos em um dos encontros uma oficina de trabalho manual onde foi estimulado
que os idosos confeccionassem cartões de natal para parentes, amigos etc. Tal atividade possui
conexão direta com aspectos voltados à criatividade e estímulo a socialização, através do
estreitamento dos laços com as pessoas que os cercam.
Azambuja (2005) coloca que criar proporciona ao idoso novos interesses e perspectivas de
vida, favorecendo a melhora da saúde e qualidade de vida. Atividades artísticas, estimulam a
criatividade e expressão em obras ou na vida.
O desenvolvimento de trabalhos manuais para o idoso tem sua importância no estímulo a
criatividade, porém também favorece o exercício de suas potencialidades o motivando para uma
tarefa que não precisa acontecer somente nas oficinas mas também em suas casas. "Torna-se
necessário mobilizar os processos criativos, na tentativa de amenizar e mesmo anular possíveis
82
sentimentos de estagnação ou conformismo na terceira idade, trazendo a vida novas expectativas
e possibilidades" (AZAMBUJA, 2005, p. 45).
¾ Reminiscência
A reminiscência tem como objetivo estimular o resgate de informações por maior de
figuras, fotos, músicas, jogos e outros estímulos relacionados à juventude dos pacientes. Esta
técnica tem sido muito utilizada para resgatar emoções vividas previamente, gerando maior
socialização por parte da terapia. (BOTTINO, 2002).
Esta atividade favorece no grupo estímulo a memória, troca de experiências e
aproximação entre os integrantes. Percebemos a tendência que os idosos tem em relembrar os
momentos mais tristes e/ou difíceis de suas vidas em detrimento das boas lembranças.
E fundamental para o idoso a preservação da memória. Segundo Guerreiro (2001, p. 57)
a ineficácia das funções minésicas pode representar para o individuo a possibilidade de quebra
da sua identidade pessoal, da capacidade de interagir com eficácia no mundo, de gerir sua
própria vida e ser a expressão de um adoecimento no plano físico e/ou mental e/ou emocional”.
¾ Assimilação do Tema
Pichon-Rivière coloca em seu esquema sobre a dinâmica do trabalho do grupo operativo
(fig. 02) que o mesmo ocorra em três etapas, sendo que a terceira se constitui da avaliação acerca
da atividade desenvolvida. Na observação de campo, conforme mostra o quadro de analise
preliminar dos resultados, percebemos que não ocorre avaliação nos moldes de Pichon-Rivière.
83
Porém ao analisarmos cada encontro, identificamos que a avaliação ocorre durante a
atividade. Seguem alguns trechos:
"Ocorre segunda tentativa, iniciasse o CD novamente e a coordenadora escreve a estrofe
no quadro”.
"A coordenadora para a música e pergunta se eles lembram de algo dos natais anteriores”.
Nestes dois momentos a coordenadora seguia com o ensaio do coral, porém se deparou
com pequena participação dos idosos. A mesma percebeu o fato, primeiramente mudou a forma
de apresentar a música. Mesmo assim o grupo continuou disperso e a coordenadora mudou a
atividade para reminiscência. Esta atitude nos mostra que a avaliação ocorreu durante a
realização do grupo.
Esta estratégia e bastante coerente uma vez que as necessidades do grupo muitas vezes
precisam se sanadas naquele momento pois caso isso não ocorra os integrantes se dispersam e a
retomada da atenção do grupo torna-se dificultosa.
Embora esta avaliação durante a atividade seja importante, avaliar a atividade do grupo ao
final do encontro e fundamental uma vez que proporcionam uma visão geral da atividade é
possíveis reformulações para os encontros seguintes.
Ouvir os idosos é fundamental, pois assim, alem de conhecermos necessidades até então
implícitas, estimulamos o próprio senso de avaliação dos integrantes do grupo, favorecendo o
idoso quanto a sua posição ativa nas decisões e sentindo-se parte integrante da construção das
atividades futuras. Uchimura (2004, p. 90), acredita "
que a posição dos atores sociais que
avaliam ou emitem um julgamento influencia a definição de qualidade e a relevância de
determinados critérios ou componentes em detrimento de outros
".
84
O esquema a seguir (Fig. 3) representa a maneira em que cada etapa da dinâmica
assistencial se relaciona com o modelo proposto por Pichon-Rivière, com propósito de ilustrar as
referidas etapas de trabalho e sua posição frente ao proposto pelo autor supra citado.
Fig. 03: Esquema que relaciona cada etapa da dinâmica assistencial utilizada pela
enfermeira com o modelo proposto por Pichon-Rivière, Rio de Janeiro, 2006.
Explanação Teórica
Momento de troca com os
participantes
Assimilação do tema
Exercícios orientados
para idade
A pedagogia no
cuidado de
enfermagem
O uso do corpo como
instrumento do
cuidado
Trabalho manual:
Um estímulo à
criatividade
Assimilação do Tema
Reminiscência
Relação das etapas da dinâmica assistencial da enfermeira com
o modelo proposto por Pichon-Rivière
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A realização de trabalhos com grupos pela enfermeira se tornou uma estratégia
assistencial, uma vez que pode ser aplicado para muitas clientelas. Suas contribuições para os
clientes são inúmeras e variam com o objetivo do grupo. Mas alguns fatores são comuns, como o
estímulo à participação do cliente no seu processo de cura ou manutenção da saúde e o estímulo a
cidadania, através do incentivo do cliente nos questionamentos.
Este estudo se propôs a analisar o grupo Memória e Criatividade à luz do modelo de
Grupo Operativo descrito por Pichon-Rivière. Confesso que a princípio acreditei que o modelo
seria perfeitamente aplicável a realidade não só deste grupo, mas também aos demais grupos
realizados por enfermeiros. Porém com o aprofundamento na literatura percebi que os grupos
possuem particularidades de acordo com sua tarefa e público-alvo. Sendo assim, acredito que e
um grande começo traçar um caminho para aqueles que pretendem desenvolver grupos com
clientes idosos com foco na memória e Criatividade.
A pesquisa gerou conhecimentos e inter-relações, mostrando fatores novos sobre o
cuidado de enfermagem com grupo e acentuando aspectos que muitas vezes não valorizamos da
maneira merecida.
A música como estratégia assistencial é elucidada em diversos estudos, dentre eles
Fonseca (2006) coloca sobre a credibilidade e aceitação da musicoterapia por seus clientes e
percebeu que a maioria dos seus clientes percebem a credibilidade quanto à capacidade da
música em transmitir sensações agradáveis e ainda atuar de forma bastante eficaz no processo de
cura de algumas enfermidades.
86
Não menos importante, porém menos abordado, no que se compara a música, a expressão
corporal se apresenta para o enfermeiro como forma de aproximar o cliente dele mesmo, do
próprio conhecer seu corpo, suas fronteiras e suas limitações. A expressão corporal muitas vezes
diz aquilo que os lábios não podem dizer. Por vezes é através da sensibilidade do enfermeiro para
notar a expressão corporal do cliente que muitos diagnósticos de enfermagem são fechados e
muitos cuidados são prescritos. Observar o cliente deve ser intrínseco do enfermeiro
principalmente no que se refere aos trabalhos com grupos, pois muitas vezes é no gestual do
cliente que percebemos onde devemos atuar. Peto (2000) trabalhou terapia através da dança com
laringectomizados, no qual apresentou como resultado o bom envolvimento dos pacientes na
dinâmica através das linguagens verbal e não verbal e diminuição do estresse.
Acredito que os resultados alcançados possam contribuir para o fortalecimento da
construção do conhecimento para prática assistencial da enfermagem, oferecendo subsídios para
reconsiderações na prática da enfermagem, no que tange a prevenção e tratam de agravos à saúde.
Domingos (1998, p. 21) apresenta o fato que “o Brasil se apresenta defasado em relação à
adaptação de programas preventivos destinados aos agravos biopsicossociais que prevalecem,
tanto na faixa etária que ascende a terceira idade quanto naquela que já se encontra neste estagio
do ciclo vital”. As contribuições também podem partir do âmbito do planejamento e avaliação de
ações e estratégias resolutivas dos problemas de saúde da população investindo em iniciativas
que atendam não só a clientela idosa, mas também clientes em outros estágios do ciclo vital, e de
grande valor na pratica da enfermagem.
Percebemos a falta de preparo em nível de graduação acerca desta atividade, o que leva as
enfermeiras a realizar ainda mais trabalhos empíricos, pautados na intuição. Assim sendo, este
estudo também pretende atender uma real necessidade existente na pratica assistencial de
87
enfermagem quando se trata dos trabalhos com grupos operativos. O fato é não haver um modelo
adequado para prática do enfermeiro, uma vez que este trabalho é sistematizado pela psicologia.
O grupo estudado possui uma característica prioritariamente feminina, pautado na
demanda de atendimento. Porém, mesmo assim, a atividade desenvolvida possui capacidade para
acolher o público masculino, uma vez que mesmo em minoria, existe um publico de homens
cativo.
Traçamos a princípio uma relação das etapas de desenvolvimento de grupo propostas por
Pichon-Rivière com as etapas desenvolvidas intuitivamente no grupo memória e Criatividade
Percebemos com isso que muitas delas ocorrem em consonância, porém sem uma construção
organizada quanto à metodologia do encontro. Neste momento a enfermeira atua como elemento
constitutivo da dinâmica assistencial da enfermagem, através da capacidade de criar, produzindo
singularidade. Organizamos estas etapas de forma que podemos traçar um plano de ação no
desenvolvimento do trabalho de grupo com idosos.
Algumas questões são sutis, porém imprescindíveis como a flexibilidade na avaliação.
Embora Pichon-Rivière coloca a avaliação como etapa final do processo do grupo, percebemos a
necessidade de haver avaliações intermediárias de acordo com as reações dos integrantes do
grupo. Tal fato não suprime a necessidade de avaliação ao final da atividade e proporciona a
identificação dos erros e acertos.
Colocar para o grupo, quanto à explicação do tema desenvolvido e importante, pois
sensibiliza o integrante do grupo para a tarefa. A informação que é clara para uma pessoa, muitas
vezes não è para outra, logo todos devem ter acesso à explanação teórica que esclareça o grupo
quanto à tarefa que realizara no dia.
No momento de troca com os participantes percebemos dificuldades de a enfermeira
coordenar o grande número de integrantes do grupo. O grupo estudado dispõe somente de um
88
coordenador para uma media de trinta idosos, este fato acarreta no desgaste do coordenador e a
dificuldade de atender às necessidades expressas pelos idosos. A ausência do observador limita a
identificação dos fatos expressados de forma não verbal por parte do idoso, dificultado a
avaliação final da atividade realizada. Uma pessoa para auxiliar o coordenador na realização do
grupo, principalmente em um grupo com número grande de integrantes e fundamental para que
haja garantia da qualidade do cuidado prestado através do grupo.
Em relação ao espaço físico, o ideal seria que o ambiente tivesse acústica, temperatura,
acomodações adequadas, porém mais uma vez nos deparamos com dificuldades das instituições
publicas. O espaço utilizado pelo Grupo memória e Criatividade, embora com alguns problemas
quanto ao espaço físico, possui arrumação realizada pelos idosos que tona o ambiente mais
agradável.
Adequar questões como as citadas acima, que remetem a disponibilidade de mão de obra
e recursos financeiros para adequação de espaço físico e aquisição de material não deve ser
limitadores da realização dos grupos, pois se assim fosse muitas diversas grupos não
aconteceriam. Devemos tentar adequar o que dispomos ao melhor que pudermos a fim de
proporcionar o melhor resultado do trabalho.
Em busca de atender o propósito final do estudo, que visa discutir as (im) possibilidades
da aplicabilidade do modelo de Grupo Operativo na assistência de enfermagem no Grupo
Memória e Criatividade, defendo que o uso do modelo descrito por Pichon-Rivière, para ser
utilizado neste grupo deve sofrer pequenas alterações.
O quadro 01, pg. 43, realizou um esquema comparativo do Modelo de Trabalho de Grupo
segundo Pichon- Rivière com um possível esquema adequado para enfermagem. Este esquema
foi testado na prática, como modelo para coleta de dados conforme já vimos anteriormente e
89
neste momento o apresentamos com suas adequações e possibilidades para aplicação na pratica
de enfermagem.
MODELO DE TRABALHO DE GRUPO
PARA PICHON RIVIERE
POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO PARA
ENFERMAGEM
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EXPLANAÇÃO TEÓRICA
Momento no qual ocorre explicação teórica da
temática ou tarefa que será abordada no trabalho
de grupo, afim de que a clientela possa obter
alguns conhecimentos acerca do tema e resgatar
aqueles que já possui, possibilitando formulação
de questões.
EXPLANAÇÃO TEÓRICA
A enfermagem pode utilizar de diferentes
estratégias para apresentar o tema de discussão ou
tarefa a ser realizada.
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MOMENTO DE TROCA COM OS
PARTICIPANTES
1.
Discurso
2.
Código Gestual
3.
Manifestações Verbais
4.
Fatos ocultos
MOMENTO DE TROCA COM OS
PARTICIPANTES
1.
O corpo como instrumento do
cuidado
2.
Sensibilidade e criatividade
3.
Atenção às mensagens dos corpos
dos idosos
4.
Identificação de necessidades
5.
Improviso
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ASSIMILAÇÃO DO TEMA
Momento onde os participantes colocam
seus depoimentos acerca da atividade
realizada. Neste momento são avaliados
os resultados obtidos a partir do trabalho
de grupo.
ASSIMILAÇÃO DO TEMA
Pode ocorrer através de perguntas que
questionem a produtividade da atividade.
Como: O que vocês acharam da atividades
de hoje? O que vocês aprenderam de novo
durante esta atividade? Etc.
Quadro 03: Ajuste do quadro de Aproximação do Modelo de Trabalho de grupo Proposto por Pichon-Rivière para
aplicabilidade pela enfermagem
90
Na enfermagem, percebemos que embora seja didático, não é prático a separação das
etapas de realização do trabalho de grupo. Devemos possuir flexibilidade no que concerne as
etapas do trabalho. Com isso quebramos na “linha divisória” e no seu lugar colocamos linhas de
intercessão, que expressam que as etapas estão inter-relacionadas
Traçamos acima um modelo para auxiliar enfermeira na realização de trabalho com grupo
Memória e Criatividade para clientes Idosos. Nada impede que o mesmo seja testado com
diferentes grupos em diferentes faixas etárias. Não podemos esquecer nunca que a flexibilidade
deve permear a rigidez de qualquer sistematização.
Sugerimos que se inicie a atividade conforme descrito no capitulo de referencial teórico,
fazendo uma breve descrição sobre a atividade que será realizada. Se for se inserido algo novo
para o grupo devemos também realizar um breve explanação sobre o tema, que atuará como um
disparador teórico, iniciando o processo de reflexão por parte do grupo sobre o que irão debater
na atividade, evitando que os mesmo sejam surpreendidos com uma situação e não havendo um
pequeno tempo para resgatar o que já possuem de conhecimento sobre a temática, enriquecendo a
discussão do grupo.
Na segunda fase, inserimos o grupo na discussão, ou desenvolvimento da atividade. Nesta
etapa é fundamental que um observador realize os registros que o auxiliem, juntamente do
coordenador, identificar situações expressas de forma verbal e não-verbal acerca do tema, que
possam ter ficado implícitas a parte do grupo, a fim de ressaltá-las ao final da atividade, evitando
que alguns membros saiam da atividade com situações incompreendidas. Como já abordado o
observador pode ser um integrante do grupo, escolhido por rodízio, estimulando inclusive sua
observação sobre a dinâmica do grupo.
A estratégia utilizada pela enfermeira coordenadora deste grupo, que atua na maioria das
vezes com enfoque em temas que variam com datas comemorativas do ano é bastante
91
interessante, pois conforme observado em campo estimula o interesse por parte dos idosos. Ao
término do debate com o grupo é sugerido um pequeno intervalo para que o coordenador e
observador identifiquem fatos a serem colocados para o grupo, finalizando uma avaliação da
atividade. Este intervalo deve ser breve para que não haja dispersão do grupo.
O processo avaliativo deve permear a atividade, como nos provou a enfermeira na
observação de campo. Se tal estratégia for negligenciada, poderemos perder o fio condutor da
atividade, que esta pautado na participação interativa do grupo.
Espero que este estudo possa interessar todos aqueles que são motivados por esta pratica e
despertar interesse por aqueles que ainda não a exercem, facilitando a aplicação e valorizando
processo de avaliação das praticas realizadas.
92
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para o idoso, a necessidade de diversas modalidades assistenciais torna o grupo operativo
mais uma estratégia de cuidado para a melhoria da qualidade de vida. Através desta forma de
cuidar o mesmo tem acesso a orientação para saúde, socialização e estímulo a memória e
criatividade.
Pichon-Rivière adota o modelo de grupo operativo, que é perfeitamente aplicável para
muitas áreas de conhecimento, porém para enfermeira percebemos que o mesmo necessita de
algumas adaptações. É importante que os profissionais, ao adotarem modelos pré-existentes
avaliem sua aplicabilidade antes da adoção como prática cotidiana, a fim de realizar os ajuste
necessários e evitar possíveis equívocos no decorrer do desenvolvimento da atividade.
Para enfermeira frente a execução de um grupo operativo, a avaliação deve ser um
processo contínuo, onde a rigidez deve ser quebrada, permitindo idas e vindas durante a execução
atividade. Este processo favorece a reconstrução do cuidado pautado na percepção de novas
demandas e necessidades dos clientes ainda durante a realização da atividade, lançando mão da
criatividade e muitas vezes do improviso.
Fatores como exercícios orientados para idade e o trabalho manual, fazem com que o
profissional de enfermagem repense o cuidado prestado, que muitas vezes está além da prática
cotidiana, pautada em cuidados diretos como: curativos, medicações dentre outros. Simples
atividades não convencionais levam aos clientes (independente de sua faixa etária ou patologia) a
possibilidade da melhoria da qualidade de vida no processo de saúde-doença. No ambulatório ou
em uma enfermaria o senso criativo da enfermeira pode desenvolver estratégias voltadas para sua
93
clientela, pautadas no cuidado não convencional levando bem estar físico, mental e emocional
para o cliente.
O uso do corpo como instrumento do cuidado permeia nosso dia a dia como estratégia que
muitas vezes não percebemos utilizar. A postura corporal que assumimos, a colocação das mãos,
impostação da voz, gestual utilizado e acima de tudo o toque, que transmite ao cliente mais do
que muitas palavras.
A pedagogia no cuidado de enfermagem direcionada a grupos nos mostra a importância
de estar atento para questões simples porém essenciais em relação a material didático utilizado,
observação do cliente durante a execução de uma atividade.
Acredito que os resultados alcançados possam contribuir para o fortalecimento da
construção do conhecimento para prática assistencial da enfermagem, oferecendo subsídios para
reconsiderações na prática da enfermagem, no que tange a prevenção e tratam de agravos à saúde.
Espero que este estudo possa interessar todos aqueles que são motivados por esta pratica e
despertar interesse por aqueles que ainda não a exercem, facilitando a aplicação e valorizando
processo de avaliação das práticas realizadas.
94
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100
APENDICE
I
I
CARTA DE ENCAMINHAMENTO PARA O CEP
Eu, Paula Vanessa Peclat Flores, aluna regular do curso de mestrado pela EEAN/UFRJ, junto à
Profª Drª. Marléa Chagas Moreira encaminhamos para apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa
da EEAN/HESFA o projeto de dissertação de mestrado intitulado “A efetividade do Grupo
Memória e Criatividade na enfermagem com clientes Idosos
.
.
A coleta de dados será no
Hospital Escola São Francisco de Assis (HESFA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no
Município do Rio de Janeiro, com os idosos integrantes do Projeto de Assistência Integral à
pessoa Idosa (PAIPI). Cada cliente inserido no estudo, receberá um Termo de Consentimento
Livre esclarecido, autorizando ou não sua participação na pesquisa. Este projeto foi aprovado por
banca examinadora no dia 30/05/2005 na EEAN/UFRJ.
Rio de Janeiro, ___ de agosto de 2005.
Mestranda Paula Vanessa Peclat Flores Orientadora Drª Marléa Chagas Moreira
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APENDICE
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PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
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Rio de Janeiro, ____ de agosto de 2005.
Ilmo (a) Sr. Diretora da Divisão de Ensino e Pesquisa do HESFA (HESFA/EEAN/UFRJ)
Eu, Paula Vanessa Peclat Flores, me dirijo a esta Instituição na qualidade de Mestranda em
Enfermagem pela Escola de Enfermagem Ana Nery (UFRJ), para solicitar a autorização para do
desenvolvimento de um projeto de dissertação de mestrado junto aos clientes do Projeto de
Assistência Integral à pessoa Idosa (PAIPI). Vale ressaltar que o mesmo tem orientação da
Professora Doutora Marléa Chagas Moreira. A coleta de dados está prevista para ocorrer nos
meses de setembro a novembro de 2005. Este projeto foi aprovado por banca examinadora no dia
30/05/2005 na EEAN/UFRJ.
Eu, ________________________________________ Diretora da Divisão de Ensino e Pesquisa
do HESFA, autorizo a realização da coleta de dados supra citada.
Rio de Janeiro, _____ de _____________ de 2005.
Assinatura:______________________________________
Mestranda Paula Vanessa Peclat Flores Telefones: (21) 94329079 ou 36030990
102
APENDICE
I
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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
Mestranda:
Paula Vanessa Peclat Flores
Orientadora: Dr
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Marléa Chagas Moreira.
Gostaríamos de contar com sua colaboração para realização de uma pesquisa. Para isso é
importante que você conheça melhor o estudo que esta sendo feito. Seguem alguns
esclarecimentos importantes. Título:
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Identificar as necessidades dos
clientes idosos, a partir da expressividade destes clientes; 2. Descrever a avaliação dos clientes
acerca da atividade; 3. Analisar a efetividade do trabalho de grupo para clientes idosos.
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A sua participação é voluntária, podendo deixar de participar a qualquer momento, se assim o
desejar.
Em nenhuma hipótese haverá prejuízo em seu tratamento.
Seu nome não será revelado em nenhum momento na pesquisa.
Caso aceite participar da pesquisa estarei presente durante a realização do trabalho com
grupos no qual irá participar por __________ tempo.
As informações para esta pesquisa serão gravadas em fita cassete, e através de observações
registradas em diário de campo por mim, a pesquisadora.
103
Em caso de duvidas poderá entrar em contato
Paula Vanessa Peclat Flores: 9432-9079.
Eu, _______________________________________, esclarecido(a) sobre o estudo,
CONCORDO em participar de forma voluntária da pesquisa desenvolvida pela Enfermeira Paula
Vanessa Peclat Flores, no Projeto de Assistência Integral à pessoa Idosa (PAIPI), inserido no
Hospital Escola São Francisco de Assis (HESFA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no
Município do Rio de Janeiro. AUTORIZO minha identificação por pseudônimos.
_________________________________
Assinatura
Rio de Janeiro, ____ de Junho de 2005.
Telefone para contato: ______________________________________________
Assinatura da Pesquisadora: __________________________________________
104
APENDICE
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FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DOS CLIENTES
Identificação: __________________________________________________________
Idade: _______ Sexo: _ M _ F
Estado Civil: ( )Solteiro ( )Casado ( )Divorciado ( )Desquitado ( )Viúvo
Grau de Instrução: ( )Analfabeto ( )1º Grau ( )2º Grau ( )3º Grau incompleto
Renda Familiar (salários mínimo): ( )1 a 5 ( ) 5 a 10 ( ) 10 a 15
Sedentarismo: ( )SIM ( )NÃO
Tabagismo: ( )SIM ( )NÃO
Obesidade: ( )SIM ( )NÃO
Atividade de lazer:________________________________________________________
Religião:________________________________
105
APENDICE
V
V
ROTEIRO DE ENTREVISTA COM A ENFERMEIRA DO SETOR
1.
Como foi o planejamento e implementação do Grupo Memória e Criatividade no Hospital
São Francisco de Assis?
2.
Qual objetivo/propósito do Grupo Memória e Criatividade?
3.
Como é a estrutura do grupo?
4.
Utiliza alguma base teórica/conceitual para subsidiar o trabalho?
5.
Como planeja a atividade?
6.
Que fatores facilitam ou dificultam o seu trabalho?
7.
Qual o seu olhar acerca dos resultados obtidos para os idosos com esta atividade?
DIÁRIO DE CAMPO – Roteiro para elaboração das crônicas
ITENS A OBSERVAR Data: ___/____/_____ OBSERVAÇÕES
Composição do Grupo
Coordenador:
Sim Não
Observador:
Sim Não
Nº de Integrantes: ______
Organização da atividade:
Tarefa: ________________________________________________________
Objetivos:______________________________________________________
Programação: ___________________________________________________
EXPLANAÇÃO
TEÓRICA
Ocorre explanação teórica:
Sim Não
Descrição
ANEXO VI
1
MOMENTO DE TROCA
COM OS
PARTICIPANTES
1. Expressividade por
Manifestações
Verbais:
2. Expressividade por
Manifestações não
verbais:
ASSIMILAÇÃO DO
TEMA
Ocorre explanação teórica: Sim Não
Descrição
2
ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PELA COORDENADORA DO GRUPO
Observação 1 Observação 2 Observação 3 Observação 4 Observação 5 Observação 6
Explanação
Teórica
Troca com os
Participantes
Assimilação do
Tema
ANEXO VII
3
ANEXO VIII
3ºTrimestre 4º Trimestre 1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre 4º Trimestre 1º Trimestre 2º Trimestre
1. Delimitação do Tema e Aprofundamento Teórico X X X X X X X X
2. Elaboração do projeto de pesquisa X X X X X X X X
3. Defesa do Projeto/ Apresentação do Projeto ao Comitê de ética e
Pesquisa EEAN/HESFA
X
4. Testagem do instrumento de pesquisa de dados X X X
5. Produção de dados X X X
6. Análise e discussão dos dados XXXXXX
7. Elaboração do Relatório preliminar X X X X
8. Qualificação da Dissertação X
9. Elaboração do Relatório Final X X X
10. Defesa da Dissertação X
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
2004
2005 2006
Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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