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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
MARIA HELENA DO NASCIMENTO SOUZA
A MULHER QUE AMAMENTA E SUAS RELAÇÕES SOCIAIS:
uma perspectiva compreensiva de promoção e apoio
Rio de Janeiro
2006
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MARIA HELENA DO NASCIMENTO SOUZA
A MULHER QUE AMAMENTA E SUAS RELAÇÕES SOCIAIS:
uma perspectiva compreensiva de promoção e apoio
Tese de Doutorado apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Enfermagem da Escola
de Enfermagem Anna Nery da Universidade
Federal do Rio de Janeiro como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de
Doutor em Enfermagem.
ORIENTADORA: Profª Drª Ivis Emília Oliveira Souza
CO-ORIENTADORA: Profª Drª Florence Romijn Tocantins
Rio de Janeiro
2006
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iii
A MULHER QUE AMAMENTA E SUAS RELAÇÕES SOCIAIS:
uma perspectiva compreensiva de promoção e apoio
por
MARIA HELENA DO NASCIMENTO SOUZA
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem da
Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Enfermagem.
Profª Drª Ivis Emília Oliveira Souza
Presidente EEAN/Universidade Federal do Rio de Janeiro
Profª Drª Ana Cristina Freitas de Vilhena Abrão
1ª Examinadora DE/Universidade Federal de São Paulo
Prof. Dr. João Aprígio Guerra de Almeida
2º Examinador IFF/Fundação Osvaldo Cruz
Profª Drª Rosângela da Silva Santos
3ª Examinadora EEAN/Universidade Federal do Rio de Janeiro
Profª Florence Romijn Tocantins
4ª Examinadora EEAP/Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Profª Drª Luciana Maria Borges da Matta Souza
Suplente Fundação Educacional Serra dos Orgãos
Profª Drª Rosane Harter Griep
Suplente EEAN/ Universidade Federal do Rio de Janeiro
16/março/2006
iv
FICHA CATALOGRÁFICA
S719v
Souza, Maria Helena do Nascimento.
A mulhe
r que amamenta e suas relações sociais: uma perspectiva
compreensiva de promoção e apoio./ Maria Helena do Nascimento Souza. Rio
de Janeiro: UFRJ/EEAN, 2006.
xvi, 156f ; 31 cm
Orientadora: Profª Drª Ivis Emília de Oliveira Souza
Co-orientadora: Profª Drª Florence Romijn Tocantins
Tese (Doutorado)
Escola de Enfermagem Anna Nery /Universidade
Federal do Rio de Janeiro/Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 2006.
Referências: f. 135-148.
1.
Aleitamento materno. 2. Saúde da mulher. 3. Rede social.
4.Enfermagem. I. Souza, Ivis Emília de Oliveira. II.
Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. III.Título.
CDD 610.73
v
DEDICATÓRIA
À minha mãe Terezinha Maria do Nascimento
e às minhas amigas: Paola S., Paola G.,
Marina, Mônica, Carolina, Silvia, Luciana L.,
Luciana A., Lourdes, Inês, Ângela, Fabiana e
Rosa; pela compreensão, estímulo e companhia
em cada fase deste trabalho.
vi
A verdade da vida e da pessoa é que ela pertence a um
Outro: é feita por um Outro, respira e vive de um Outro;
neste preciso instante provém de um Outro e é dirigida
pelas mãos de um Outro.
A pessoa, portanto, quando sabe que pertence é serena,
aberta ao que é bom e ao que é justo, é tenaz, paciente,
capaz de suportar e cheia de letícia, por todas as coisas que
valham a sua letícia.
(Luigi Giussani)
vii
Para o desejo do meu coração o mar é uma gota.
(Adélia Prado)
AGRADECIMENTOS
A Deus, Aquele que sempre leva ao cumprimento a obra iniciada por Suas mãos.
À Profª Drª Ivis Emília de Oliveira Souza, minha orientadora, mas sobretudo amiga,
pela atenção, seriedade e competência com que orientou esta pesquisa, transmitindo respeito,
compreensão e estímulo aos meus anseios.
À Profª Florence Romijn Tocantins, minha co-orientadora que pela sua competência
e tranqüilidade contribuiu na ampliação de meus horizontes.
Aos membros das Bancas Examinadoras, dos diferentes momentos do Curso de
Doutorado, pela atenção e contribuição dispensada em todo o processo de elaboração do
estudo.
Às docentes do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública da Escola de
Enfermagem Anna Nery /UFRJ: Prof
as
: Vilma, Rosane, Elisabete, Catarina, Rachel, Angela,
Ana Maria, Regina, Marilurde, Sheila, Liane e Rosa, pela grande amizade e colaboração em
todos os momentos. E pela valiosa consideração ao me liberarem das atividades de ensino na
graduação para a finalização antecipada da tese.
Aos docentes e colegas do Curso de Pós-Graduação de Doutorado em Enfermagem
da EEAN/UFRJ, que propiciaram o meu crescimento profissional.
Aos membros do Núcleo de Pesquisa de Enfermagem em Saúde da Mulher da
EEAN (NUPESM) e do Grupo de Estudos sobre Alfred Schutz da UNIRIO (GEAS), pela
contribuição na minha formação profissional.
À minha família que sempre me incentivou e acompanhou cada momento da minha
vida.
ix
À Profª Creusa Capalbo pela sua sabedoria, atenção e incentivo.
Aos amigos: Maria Luisa, Célia, Gisela, Marina e Miguel pela amizade e valiosas
contribuições desde o plano de tese.
Ao meu amigo José Martins pelo auxílio na formatação final da tese.
Ao Alexandre Ferraro, meu grande amigo, sempre disposto a me ouvir, incentivar e
a mostrar as razões pelas quais vale a pena continuar o caminho.
A Don Luigi Giussani, por ter sido um verdadeiro pai ao desvelar minha humanidade
e o caminho rumo a minha realização.
Aos amigos do Movimento Católico Comunhão e Libertação, pela amizade e
compreensão nos momentos de ausência para dedicação à pesquisa e ao Curso.
À equipe do Centro Educacional Cantinho da Natureza do Morro dos Cabritos,
pela colaboração durante a fase do trabalho de campo.
Às estudantes: Audréia e Robertta, do Curso de Graduação em Enfermagem da
EEAN, pela amizade e apoio na condução das atividades do Projeto de Extensão na
Comunidade.
Aos funcionários: Sonia Xavier e Jorge Anselmo da Secretaria da Coordenação de
Pós-Graduação e Pesquisa da EEAN, pela constante disposição em atender às solicitações.
Às mulheres protagonistas deste estudo, pela disponibilidade, envolvimento e
contribuição em ampliar o conhecimento sobre a temática estudada.
Enfim, a todos que fazem parte da minha rede social e que de forma direta ou indireta
foram significativos para esta conquista.
x
SOUZA, M.H.N.S. A mulher que amamenta e suas relações sociais: uma perspectiva
compreensiva de promoção e apoio. 2006. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Escola de
Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
RESUMO
A compreensão da prática da amamentação tem sido ampliada para além dos aspectos
biológicos, sendo então valorizadas as condições sociais e culturais. A abordagem dos
condicionantes sociais pode possibilitar a implementação de estratégias de promoção e de
apoio. Trata-se de um estudo do tipo qualitativo, que teve como objetivos: descrever a rede
social das mulheres que amamentam; compreender o significado da relação da mulher com a
sua rede social e analisar compreensivamente o significado da rede social para a prática da
amamentação. Os referenciais teórico-metodológicos utilizados foram a abordagem de rede
social e a da fenomenologia sociológica de Alfred Schutz. Utilizou-se como cenário uma
comunidade de baixa renda no município do Rio de Janeiro, sendo entrevistadas vinte
mulheres com filhos menores de seis meses e vivência na prática da amamentação. A análise
dos mapas de rede evidenciou a presença de um forte vínculo das mulheres com membros da
sua rede social primária, especialmente com sua mãe, amigas, vizinhas ou com o pai da
criança, revelando serem estas as pessoas mais envolvidas com elas durante o período da
amamentação. O típico da ação das mulheres ao se relacionarem com sua rede social primária
durante a amamentação caracteriza-se por expectativas relacionadas a apoio material e
relacionamento social familiar. Na relação com sua rede social secundária, as mulheres
vivenciando o fenômeno da amamentação esperam contar com a ajuda de profissionais de
saúde para alimentar a criança e para eliminar os sinais de anormalidade identificados na
mesma. Foi desvelado ainda, que há uma precariedade na relação com a rede secundária,
demonstrada por uma relação de anonimato e que a mulher que amamenta, em seu dia a dia,
recorre à rede primária, que lhe é familiar. Desta forma, ressalta-se a importância do
profissional de saúde ter uma atitude mais aberta à situação de vida desta mulher,
considerando sua bagagem de conhecimento e vivendo contemporaneamente os significados
atribuídos pela mesma ao processo de amamentar, buscando estabelecer uma relação de
familiaridade.
Palavras chaves: 1.Aleitamento materno, 2.Saúde da mulher, 3.Rede social, 4.Enfermagem.
xi
SOUZA, M.H.N.S. The breastfeeding woman and their social relations: a comprehensive
perspective of promotion and support. 2006. Thesis (PhD in Nursing) Federal University
of Rio de Janeiro, Anna Nery School of Nursing.
ABSTRACT
The comprehension of the breastfeeding practice has been improved beyond the biological
aspects, being than valorized as cultural and social conditions. The assessment of social
conditionings may make viable to implement strategies of promotion and support. This is a
qualitative study, with the following objectives: to describe the breastfeeding women’s social
network; to comprehend the meaning of the woman’s relation with her social network, and to
analyze comprehensively the meaning of the social network to the breastfeeding practice. The
theoretical-methodological framework utilized was the assessment of the social network and
sociological phenomenology of Alfred Schutz. The scenario was a low income community in
the City of Rio de Janeiro. We interviewed twenty women with kids youngest than six months
that have breastfeeding practice. Analyzing the data map showed the presence of a strong
relationship between the women and the members of their primary social network, specially
with their mother, friends, neighbors or with the child’s father, revealing these were the
persons more involved with them during the breastfeeding process. The typical of the
women’s action when relating with their primary social network during the breastfeeding is
characterized by expectations related to material support and family social relationship. In
relation of their secondary social network, the women experiencing the breastfeeding
phenomenon expect to count on health professional help to feed their infant and to eliminate
any abnormal signs identified in them. It was also revealed that the secondary social network
has deficiencies demonstrated by a relationship of anonymity and that the breastfeeding
woman, in her day-to-day, resorts to her primary social network, that is more familiar to her.
Thus, the importance of a more open attitude of the health professional toward the women’s
life situation is evidenced, considering his knowledge, background and contemporary living
of the significance of the breastfeeding process, seeking to establish a familiarity relationship.
Keywords: 1. Breastfeeding 2. Women’s health 3. Social network 4. Nursing
xii
SOUZA, M.H.N.S. La mujer que amamanta y sus relaciones sociales: una perspectiva
comprensiva de promoción y ayuda. 2006. Tesis (Doctorado en Enfermería) - Escuela de
Enfermería Anna Nery de la Universidad Federal del Rio de Janeiro.
RESUMEN
La comprensión de la práctica de amamantamiento se ha ampliado para más allá de los
aspectos biológicos, siendo entonces valoradas las condiciones sociales y culturales. El
abordaje de los condicionantes sociales puede hacer posible la puesta en práctica de
estrategias de promoción y de ayuda. Es un estudio del tipo cualitativo, que tenía como
objetivo: describir la red social de las mujeres que amamantan; para entender el significado de
la relación de la mujer con su red social y analizar comprensivamente el significado de la red
social para la práctica de amamantamiento. Los referenciais teóricos y metodologicos usados
habían sido el abordaje de la red social y de la fenomenologia sociologica de Alfred Schutz.
Una comunidad de baja renta se utilizó como escena en la ciudad de Rio de Janeiro, siendo
entrevistadas veinte mujeres con niños menores de seis meses y experiencias en la práctica de
amamantamiento. El análisis de los mapas de red evidenció la presencia de un enlace fuerte
de las mujeres con los miembros de su red social primaria, especialmente con su madre,
amigos, vecinos o con el padre del niño, revelando éstos como la gente más implicada con
ellas durante el período del amamantamiento. El típico de la acción de las mujeres al si
relacionarse con su red social primaria durante el amamantamiento es caracterizado por las
expectativas relacionadas a la ayuda material y la relación social familiar. En la relación con
su red social secundaria, las mujeres que viven profundamente el fenómeno del
amamantamiento esperan contar con la ayuda de los profesionales de salud para alimentar al
niño y para eliminar las señales de anormalidad identificadas en la misma. Aún fue desvelado,
que hay una precariedad en la relación con la red secundaria, demostrada por una relación del
anonimato y que la mujer que amamanta, en su cotidiano, recorre a la red primaria, que le es
familiar. De esta forma, es resaltada la importancia del profesional de salud tener una actitud
más abierta a la situación de la vida de esta mujer, en vista de su equipaje de conocimiento y
viviendo contemporaneamente los significados atribuidos por ella misma al proceso de
amamantar, buscando establecer una relación de familiaridad.
Palabras clave: Lactancia materna. Salud de la mujer. Red social. Enfermería.
Lista de Figuras
Figuras Pág.
Fig. 1 Representação geométrica de tipos de rede social 35
Fig. 2 Representação gráfica do tipo de vínculo na rede social 36
Fig. 3 Rede social de Bia 56
Fig. 4 Rede social de Ana Carolina 58
Fig. 5 Rede social de Isabel 60
Fig. 6 Rede social de Wal 62
Fig. 7 Rede social de Lena 63
Fig. 8 Rede social de Maria 65
Fig. 9 Rede social de Patrícia 66
Fig. 10 Rede social de Claudia 68
Fig. 11 Rede social de Cristina 69
Fig. 12 Rede social de Isa 71
Fig. 13 Rede social de Laura 72
Fig. 14 Rede social de Yasmin 74
Fig. 15 Rede social de Sofia 75
Fig. 16 Rede social de Núbia 77
Fig. 17 Rede social de Luciana 78
Fig. 18 Rede social de Carla 80
Fig. 19 Rede social de Priscila 81
Fig. 20 Rede social de Paula 83
Fig. 21 Rede social de Graça 84
Fig. 22 – Rede social de Beatriz 86
Fig. 23 Rede social da mulher que amamenta 134
xiv
Lista de Quadros
Quadros Pág.
1 – Características da situação biográfica das mulheres. 89
2 – Características referente à gestação e tempo de amamentação 91
3 - Dificuldades referidas pelas mulheres 92
4 - Tipo de membro da rede social e seu envolvimento com a amamentação 93
5 - Causa referida para o desmame 94
6 - Presença de membros da rede secundária durante a amamentação. 95
xv
SUMÁRIO
I. CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 1
1.1. Amamentação e redes sociais como temáticas de pesquisa
2
1.2. Trajetória Profissional na área Materno Infantil
5
1.3. Justificativa
7
1.4. Objeto
9
1.5. Objetivos
9
II. MARCOS REFERENCIAIS 10
2.1. Amamentação: da visão biológica e social para a perspectiva do vivido
11
2.2. Apoio social: histórico e conceituação
19
2.3. Rede social: histórico e conceituação
22
III . TRAJETÓRIA TEÓRICO-METODOLÓGICA
32
3.1. Rede social: aspectos metodológicos 33
3.2. Abordagem fenomenológica 37
3.3. A Fenomenologia Sociológica de Alfred Schutz 38
3.4. Contextualizando o cenário do estudo
42
3.5. As mulheres depoentes
45
3.6. A etapa de campo
45
xvi
IV. ANÁLISE COMPREENSIVA
54
4.1. As mulheres e suas redes sociais
55
4.2. Síntese da caracterização das depoentes
88
4.3. Constituição das categorias concretas
96
4.4. Descrição do típico da ação
114
4.5. Análise compreensiva do típico da ação das mulheres que amamentam na
relação com sua rede social.
115
V. CONSIDERAÇÕES FINAIS
125
REFERÊNCIAS
135
APÊNDICES
149
A Carta ao Presidente da Associação dos Moradores da Comunidade 150
B Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 151
C Formulário de Identificação 152
D Roteiro de Entrevista
153
ANEXOS
154
A Parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa 155
B Representação geométrica de tipos de rede e representação gráfica dos tipos de
vínculo na rede social
156
1
I. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2
1.1. Amamentação e redes sociais como temáticas de pesquisa
A amamentação
1
tem se constituído em um dos principais objetos de interesse de
pesquisadores e profissionais do setor saúde. No decorrer dos anos a importância desta prática
foi ressaltada principalmente mediante a evidência de que o leite materno reduz os índices de
morbi-mortalidade infantil (BRASIL, 2004, p 5).
No entanto, após a década de 90, a discussão sobre a amamentação vem sendo
ampliada para além dos aspectos biológicos, na perspectiva de compreender os diversos
significados que estão presentes no processo de amamentar. Tais significados, reflexo de
condicionantes sociais, econômicos, políticos e culturais, estão centrados atualmente na
valorização da mulher enquanto protagonista da amamentação (RAMOS e ALMEIDA, 2003,
ALMEIDA e NOVAK, 2004).
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) o aleitamento materno exclusivo
2
deve
ser preconizado até os seis meses de idade da criança. Contudo, nota-se que as experiências de
não sucesso na amamentação ou de desmame precoce
3
, ainda estão presentes em diversas
sociedades (WHO, 2001, OMS, 2001).
O desmame pode ser entendido como o período compreendido entre a introdução de
novos alimentos na dieta da criança e a supressão completa do aleitamento materno.Assim, de
acordo com a OMS a introdução de alimentos complementares ao leite materno nos primeiros
seis meses de vida pode ser denominada de desmame precoce (OMS, 2001, WHO, 2001,
FERNANDES et al, 2002). E esta duração do tempo de aleitamento materno aquém do
1
Neste estudo a amamentação é entendida como ação da mulher dar leite de peito à criança fazendo uso das
mamas. Está conjugada ao caráter fenomenal, descrito por Arantes (1991), pela singularidade que se mostra em
cada mulher que vivencia esta prática. Sendo diferente de aleitamento materno, entendido como ato de alimentar
a criança com leite materno (WHO, 2001). Entretanto, ressalta-se que para alguns autores referenciados neste
estudo os termos: amamentação e aleitamento materno são considerados sinônimos.
2
Aleitamento materno exclusivo: quando a criança recebe somente leite materno (diretamente do peito ou
ordenhado) e nenhum outro líquido ou sólido (com exceção de medicamentos, suplementos minerais ou
vitaminas). (BRASIL, 1991).
3
Desmame precoce: introdução de qualquer tipo de alimento complementar na dieta da criança que até então se
encontrava em regime de aleitamento materno exclusivo, antes dos seis meses de vida .(OMS, 2001).
3
preconizado constitui um fator preocupante, principalmente quando associada à situação de
pobreza, característica de grande parcela da população brasileira, pois aumenta a
vulnerabilidade de morbidade infantil (FERNANDES et al 2002, FERREIRA e MONTEIRO,
2002, PRIMO, AMORIM e LIMA, 2004).
No Brasil, a realidade da pobreza é cada vez mais complexa, tornando-se um desafio
em nível nacional. Dentre os problemas decorrentes da situação de pobreza encontra-se: “a
baixa escolaridade, desemprego, precárias condições de moradia, acesso inadequado aos
sistemas de saúde, rede social frágil, dificuldade de acesso a alimentos e medicamentos,
hábitos alimentares inadequados, doenças associadas, desmame precoce e outros”
(FERNANDES et al, 2002).
As estratégias de promoção, proteção e apoio da amamentação têm se transformado,
em linhas prioritárias de interesse para os formuladores de políticas públicas, sendo
enfatizadas no modelo assistencial do Sistema Único de Saúde e nos programas, tais como:
Programa Saúde da Família, Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher e da Criança,
entre outros.
A variedade de abordagens com a qual vem sendo tratada a questão da amamentação,
do ponto de vista técnico, assistencial ou político, constitui uma crítica ao paradigma que
reconhece o aleitamento materno como uma prática natural ou instintiva, desconsiderando os
aspectos sócio-culturais envolvidos no ato de amamentar (ALMEIDA, 1999, p.11). Segundo
este mesmo autor: “a amamentação é uma categoria híbrida construída por atributos definidos
tanto pela natureza como pela cultura, ou seja, tanto pelas questões biológicas como pelas
dimensões socioculturais”. Sendo que: “os condicionantes sócio-culturais tendem a se
sobrepor aos determinantes biológicos” (ALMEIDA, 1999, p.16, ALMEIDA e NOVAK,
2004, p. 119). Nesta mesma linha de entendimento, Silva (1990, p.21) sustentou o
4
pensamento de que “o aleitamento é uma questão fundamentalmente sócio-antropológica,
guarda relação essencial com o homem e sua cultura”.
Neste sentido, entende-se que para a compreensão dos fatores condicionantes do ato
de amamentar, é necessário considerar tanto aspectos biológicos quanto os sociais.
Com relação aos fenômenos biológicos que interferem na prática da amamentação,
há uma vasta literatura a este respeito, pois, durante anos foram predominantes os conceitos
do tipo: “amamentar é natural”, “toda mãe tem leite”, “o leite materno tem tudo que seu filho
precisa”, “protege contra infecções”, e outros. No entanto, mesmo após inúmeras campanhas
educativas de promoção ao aleitamento materno, permanece a questão: por que algumas mães
não apresentam sucesso na amamentação exclusiva, mesmo conhecendo todas as vantagens
do leite materno para a criança? (ALMEIDA 1999, p. 15).
Esta questão revela que na prática, a amamentação não é instintiva nem automática, é
uma ação que está fundamentada na subjetividade e na vivência das mulheres, sendo
condicionada pelo contexto social.
Segundo Sanicola (1995), o conhecimento da rede social na qual a pessoa e sua
família estão inseridas permite a compreensão da dinâmica relacional, constituindo um
subsídio para a reflexão e para estabelecimento de ações de intervenção junto a clientela
atendida.
Por rede social, entende-se um “conjunto de relações interpessoais que determinam
as características da pessoa, tais como: hábitos, costumes, crenças e valores”, sendo que desta
rede, a pessoa pode receber ajuda emocional, material, de serviços e informações (SOARES,
2002, p.31).
Na literatura da área da saúde poucos são os estudos que abordam a rede social dos
indivíduos. Sluzki (1997, p.67) refere que: “uma rede social estável protege a pessoa contra
doenças, atua como agente de ajuda e afeta a pertinência e a rapidez da utilização de serviços
5
de saúde”, enquanto que por outro lado: “a pobreza relativa de relações sociais constitui um
fator de risco para a saúde”.
Assim, no estudo dos condicionantes sócio-culturais, a abordagem metodológica de
intervenção da rede social e a busca dos significados atribuídos pelas mães a partir de sua
experiência vivida, podem se constituir em formas inovadoras mais abrangentes do
pesquisador e profissional de saúde pensar ou repensar a prática da amamentação.
1.2.Trajetória profissional na área Materno Infantil
Durante o Curso de Graduação em Enfermagem, uma das minhas experiências
significativas foi a realização de um trabalho voluntário em uma comunidade carente do
município de São Paulo, na qual atuava juntamente com enfermeiras e médicos na promoção
da saúde materno-infantil. Neste sentido, por dois anos, mediante visitas domiciliares
semanais, realizei atividades referentes à promoção da saúde de gestantes e crianças menores
de dois anos, moradoras daquela comunidade.
Após o término do curso de graduação comecei a trabalhar em dois locais: num
Hospital Maternidade da rede pública e em uma Instituição Federal de Ensino Superior.
Na Maternidade, atuando inicialmente como enfermeira da sala de parto e,
posteriormente, como supervisora do Hospital, deparei-me com várias situações onde era
evidente a dificuldade que algumas mulheres apresentavam no ato de amamentar e a
importância do apoio dos profissionais de saúde, da família e dos amigos, para a instalação e
o sucesso da amamentação.
Assim, embora muitas vezes me encontrasse como a única enfermeira do plantão,
sempre priorizava algum momento para conversar com as puérperas sobre a amamentação ou
auxiliá-las em suas primeiras experiências. Já nesta ocasião, percebia a diferença entre o
6
conhecimento teórico sobre aleitamento materno, adquirido recentemente na graduação e o
estabelecimento do processo de amamentação pela mulher enquanto puérpera e nutriz
4
.
No trabalho desenvolvido na Universidade Federal de São Paulo, durante dez anos,
tive a oportunidade de participar, juntamente com uma equipe interdisciplinar, de
intervenções de promoção à saúde das famílias, em vinte e duas comunidades de baixa renda.
No período de 1993 a 1995, a partir de um estudo prévio desenvolvido em quatro destas
favelas, onde se observou uma mediana de aleitamento materno exclusivo de 15 dias,
desenvolvi um estudo
5
sobre esta temática junto a mulheres residentes em quatro
comunidades de baixa renda do município de São Paulo. Desta forma, tive a oportunidade de
criar nestas comunidades carentes um programa de promoção à amamentação exclusiva,
mediante visitas domiciliares, do período gestacional até o sexto mês pós parto. Entre as 50
mulheres que foram acompanhadas até 6 meses após o parto, verificou-se que a mediana de
aleitamento materno exclusivo e de aleitamento materno total foi de 75 dias e de 180 dias,
respectivamente.
Durante este trabalho de intervenção, percebi que auxiliar as mães a amamentarem
seus filhos significa muito mais do que o fornecimento de orientações clássicas como:
importância e vantagens do leite materno, conduta diante das dificuldades e técnicas de
amamentação. A eficácia da intervenção aumentava quanto maior era a relação de confiança
entre a pesquisadora e a nutriz e na medida em que se buscava considerar a totalidade dos
fatores envolvidos no ato de amamentar, como a presença da mãe, avó, profissional de saúde,
amigos; condições de moradia; situação de saúde; relacionamento com o marido; problemas
com os filhos; situação escolar, de trabalho; acesso ao serviço de saúde e outros. De acordo
4
Nutriz: mulher que nutre, que produz leite, que amamenta (MOURA, 2005)
5
Dissertação de Mestrado intitulada: “Aleitamento materno estudo prospectivo de intervenção com mulheres
residentes em favelas do município de São Paulo”, defendida em 1996, no Curso de Pós-Graduação em Nutrição
da Universidade Federal de São Paulo.
7
com Oliveira (2001) a atuação da equipe de saúde voltada para o apoio à amamentação, deve
ser caracterizada pela parceria e solidariedade entre o profissional e a clientela.
Além da importância dos membros da família e amigos ao lado da nutriz, no estudo
citado, identifiquei ainda que enquanto algumas pessoas, próximas à nutriz, auxiliavam-nas
fornecendo-lhes apoio na prática do aleitamento materno, outras criavam dificuldades
mediante conselhos contraditórios.
Soares (2002) em seu estudo corrobora com este pensamento que valoriza o contexto
social e menciona que:
(...) enquanto algumas pessoas ajudam, outras criam dificuldades.
Há redes praticamente inteiras que dão apoio, enquanto outras redes
descuidam, castigam, marginalizam, comprometem, traem. Isso importa
para reconhecer que positividade e negatividade, capacidade de dar auxílio
ou dificultar coexistem na rede social, podem conviver, ser aceitas,
assumidas, ser objeto de uma intervenção social (SOARES, 2002, p.38).
Com o tempo compreendi que o fenômeno da amamentação no contexto de
comunidades significava procurar entender principalmente a dinâmica familiar e o contexto
relacional das mães que amamentam , ou seja, a rede social das mesmas.
Neste sentido, o tema deste estudo foi motivado pela minha experiência profissional
como enfermeira e do trabalho que continuo desenvolvendo em comunidades, atualmente
como docente e supervisora de alunos de graduação em enfermagem da Escola de
Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na ocasião do estágio
curricular de Saúde Pública.
1.3. Justificativa
A temática do aleitamento materno vem sendo objeto de estudo de vários autores que
no decorrer dos anos, mediante uma abordagem quantitativa apontam diversos aspectos,
8
especialmente do ponto de vista biológico, que estão envolvidos nesta prática. Em
complementação, os estudos qualitativos que abordam os condicionantes sociais, como a
influência de apoio social ou rede social na amamentação, bem como os estudos de
abordagem fenomenológica, vêm ampliar a compreensão do fenômeno da amamentação.
Na literatura são apresentados muitos estudos referentes à temática do apoio social,
na qual os autores corroboram com o pensamento de que o apoio recebido durante o período
da amamentação é fundamental para o sucesso desta prática (BRYANT, 1982; SOUZA, 1996;
CHEZEM e FRIEZEN, 1999; LUTTER, 2000; HODDINOTT et al, 2000). Nestes, e em
outros estudos, o apoio social é definido a partir da satisfação das demandas trazidas pela
pessoa, consistindo no processo pelo qual os recursos numa estrutura social (comunidade,
rede social e relações íntimas) permitem satisfazer necessidades (instrumentais e expressivas)
em situações cotidianas e de crise (LIN e ENSEL, 1989). Tocantins (1993, p.68) aponta para
importância do enfermeiro estar aberto para as situações vivenciadas pela população da área
de abrangência da sua unidade, a fim de desenvolver ações de saúde voltadas para as
necessidades assistenciais, sejam estas individuais ou coletivas, ou ainda curativas ou
preventivas.
Faria (2001, p16) estudando a influência das redes de ajuda às mães que amamentam,
verificou que tal abordagem permite um olhar para o fenômeno da amamentação que vai além
do aspecto biológico.
Segundo Soares (2002a, p.41), o mapeamento da rede social é de grande importância
para o trabalho da equipe de saúde, sendo este um instrumento seguro e dinâmico para
garantir a visualização e valorização dos vínculos sociais, bem como os recursos materiais e
relacionais da família.
Cabe ressaltar, que não foram encontrados estudos sobre a abordagem teórico-
metodológica de intervenção de rede social de mulheres brasileiras que amamentam no
9
contexto de comunidades de baixa renda, denominadas favelas. Desta forma, o presente
estudo propicia um relevante subsídio para a atuação interdisciplinar, pois, o enfermeiro,
assim como os demais profissionais, pode contribuir para o fortalecimento da rede social da
nutriz, considerando-a de forma global dentro do seu contexto relacional, podendo, assim,
planejar as ações a partir desta totalidade.
Acredita-se que o presente estudo tenha um caráter inovador e de relevância para a
realidade brasileira, por apresentar um referencial sobre a temática de redes sociais, tema
pouco estudado no Brasil e por tratar de intervenção em comunidades.
Diante do exposto, penso que a abordagem metodológica de rede social poderá
facilitar o processo de compreensão da realidade da mulher que vivencia a amamentação, do
ponto de vista dos vínculos interpessoais e sócio-institucionais, possibilitando subsídios para
uma intervenção de enfermagem mais realista.
1.4. Objeto
Este estudo tem como objeto: a rede social da mulher que amamenta.
1.5. Objetivos
Os objetivos propostos foram:
- descrever a rede social das mulheres que amamentam;
- compreender o significado da relação da mulher com a sua rede social
- analisar compreensivamente o significado da rede social para a prática da
amamentação.
10
II. MARCOS REFERENCIAIS
11
2.1. Amamentação: da visão biológica e social para a perspectiva do vivido
É inquestionável o valor do leite materno do ponto de vista nutricional, anti-
infeccioso, imunológico, econômico, anticoncepcional, emocional, entre outros; sendo de
consenso que este leite deve ser utilizado como fonte exclusiva de nutrientes para a criança
durante os primeiros 6 meses de vida.(MURAHOVSHI et al, 1986; JELLIFFE e JELLIFFE,
1986; MONTEIRO et al, 1990; TORRES et al, 1991; SAADEH e BENBOUZID, 1991;
BRASIL, 1991; DEWEY et al, 1992; WHO, 1992; GRAY, 1994; OPS/OMS, 1994;
ALMEIDA, 1999; WHO, 2001; FERREIRA e MONTEIRO, 2002; BRASIL, 2003; VIEIRA,
2003, REA, 2003, MOURA, 2005; GIUGLIANI, 2005).
Na literatura, há diversos estudos que apontam para os benefícios do leite materno na
prevenção da desnutrição e da morbi-mortalidade infantil (MARTINES, ASHWORTH e
KIRKWOOD, 1989; GRANZOTO et al, 1992; LOUREIRO, VENANCIO e PEREIRA, 2003;
PRIMO, AMORIM e LIMA, 2004). Contudo, sabe-se que em países em desenvolvimento,
onde prevalece a pobreza, nota-se um declínio das taxas de aleitamento materno, o que resulta
num efeito deletério sobre a saúde das crianças (GRANZOTO et al, 1992, CUNNINGHAM e
SEGREE, 1990; OMS, 1991). Tal fato é evidente quando se observa, entre outros, os índices
de internações hospitalares por doenças diarréicas ou respiratórias, a prevalência de
desnutrição ou as taxas de mortalidade infantil, desses países.
Victora, Barros e Vaugnan (1988), estudando as condições de saúde das crianças de
um município do sul do país, verificaram que o aleitamento artificial é um fator de risco
importante para mortes por diarréia e infecções respiratórias, sendo o risco relativo de 14,2 e
3,6 para mortalidade por doenças diarréicas e respiratórias, respectivamente.
O valor do leite humano é sempre indiscutível na alimentação da criança nos
primeiros meses de vida. No entanto, após o processo de industrialização, a partir dos anos 40,
12
com a participação da mulher no mercado de trabalho e com o fomento das indústrias
produtoras de alimentos lácteos, iniciou-se uma diminuição deste valor e conseqüentemente
um declínio desta prática. (MONTEIRO et al, 1990; BRASIL, 1991).
Com o advento da Revolução Industrial houve um grande crescimento das cidades, e
nesse processo de urbanização os trabalhadores que desenvolviam atividades relacionadas à
agricultura passaram a trabalhar nas indústrias. Com isto, evidenciaram-se mudanças sócio-
culturais e na estrutura dessas famílias.
Segundo Goldemberg (1988), a medida em que o trabalhador passa dos meios de
produção manufatureira para a produção mecanizada, há um aprimoramento qualitativo desta
força de trabalho, que se expressa na sua transformação em consumidor, e conseqüente
mudança de estilo de vida. Neste contexto, destaca-se também, o processo de medicalização,
visando a conservação e reprodução da força de trabalho, tornando-se relevante a manutenção
do bom estado de saúde, incluindo-se a preocupação com a alimentação, tanto dos adultos
como das crianças.
Com a urbanização e industrialização, as mulheres começaram a mudar o seu ritmo
de vida, pois também passaram a trabalhar nas fábricas, em longas jornadas diárias, com baixa
remuneração. O fato da mulher estar inserida no mercado de trabalho, permanecendo várias
horas fora do lar e, com as mudanças na estrutura familiar, houve perda de seus valores
culturais, que contribuíram, dentre outros fatores, para o declínio do tempo de aleitamento
materno (BRACCO NETO, 1993; CIACCIA, RAMOS e ISSLER, 2003).
Com o fomento do setor industrial, desencadeou-se o interesse das indústrias de
alimentos infantis na comercialização de seus produtos; notando-se a partir da década de 30
uma disseminação da proposta de utilização do leite em pó. Assim, o avanço tecnológico
criado para atender situações de excepcionalidade tende ao uso generalizado e indiscriminado.
Gera-se a necessidade do desenvolvimento de medidas de proteção às crianças e nestas
13
condições procura-se atingir a população através da prática de atenção à saúde. Sendo os
profissionais dessa área responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento da criança e em
nome da prescrição de uma alimentação apropriada para a idade, estabelece-se o suporte para
orientação da nova prática do aleitamento. Desta forma, delineiam-se a expansão da produção
e comercialização do leite em pó e a ampliação do marketing através da rede de saúde e dos
meios de comunicação (GOLDEMBERG,1988).
Segundo Almeida (1999, p.55), os avanços da ciência, as intervenções das indústrias
de leites infantis, as preocupações dos familiares, a política estatal, a forma de atuação dos
profissionais de saúde; encontram-se “interligados, partícipes de uma mesma trama, de uma
rede socio-biológica desenhada pelo leite humano”.
A Organização Mundial de Saúde (2001), corroborando com os estudos citados
acima, atribui de maneira significativa, o aumento da desnutrição e das infecções, bem como
os altos índices de mortalidade infantil ao declínio do aleitamento materno.
No Brasil, estudos indicam que não só o número de mulheres que amamentam é
baixo, como também o tempo de duração da amamentação exclusiva é extremamente curto
(REA, 2003, p.37).
A Organização Mundial de Saúde, manifestando sua preocupação com o declínio da
prática da amamentação, principalmente, relacionado às atividades de promoção comercial
dos alimentos infantis, denominados alimentos substitutos do leite materno, aprovou, em
1981, na trigésima quarta Assembléia Mundial de Saúde, o Código Internacional de
Comercialização de Substitutos do Leite Materno. A partir desse Código Internacional, em
1988, no Brasil foi adotada a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para
Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras, cujo objetivo é:
contribuir para o fornecimento de nutrição segura e adequada aos lactentes
por meio de proteção e incentivo à amamentação, regulando a promoção
comercial e procurando assegurar o uso apropriado dos alimentos
14
comercializados como substitutos do leite materno e alimentos
complementares, quando estes forem necessários, com base em
informações adequadas e por meio de comercialização e de distribuição
apropriadas (BRASIL, 1989, p.10).
Desta forma, frente ao declínio do aleitamento materno, notam-se, na atualidade,
grandes esforços de orgãos governamentais e não governamentais para a retomada dessa
prática. Segundo Cameron e Hofvander (1989), amamentar é uma experiência fisiológica e
psicológica fascinante entre a mãe e o filho. Contudo, alguns estudos evidenciam ainda, que o
ato de amamentar sofre a influência de outros fatores como: idade materna, estabilidade
familiar, nível sócio-econômico, ocupação e escolaridade e apoio social.
Com o aumento da freqüência de gestações na adolescência, as pesquisas vêm
revelando que a mãe adolescente tem menor probabilidade de iniciar e manter a
amamentação. Assim, além de ser gestante de risco, necessita de maior apoio para que possa,
no seu novo papel, vencer os problemas e dificuldades do período de amamentação
(SAKAMOTO, FREIRE e MORRIS, 1991; NOVOTONY et al, 1994; WAGNER et al,
2000).
Segundo Caetano (1992) e Wagner et al (2000), as mulheres casadas ou as que
vivem com companheiro têm maior chance de amamentar seus filhos, devido ao apoio que
recebem e ao fato de estarem dividindo os encargos e preocupações durante o período de
lactação. No entanto, cerca de 12% das famílias brasileiras são constituídas apenas por mães e
seus filhos, sendo a mulher quem garante a sobrevivência da família, mediante o seu trabalho
(IBGE, 1992).
Martins Filho e Sanged (1987) e a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1991),
mencionam que em locais onde o saneamento básico é deficiente, a maioria das crianças em
aleitamento artificial recebem, através de mamadeira, um alimento muito diluído e
15
contaminado que causa a desnutrição, a qual, associada a episódios freqüentes de diarréia
infecciosa, conduz ao aumento da mortalidade.
Torres et al (1991), estudando as condições ambientais e a prática do aleitamento
materno em uma favela do município de São Paulo, verificaram que a curta duração do
aleitamento natural e a conseqüente introdução precoce do leite de vaca aumentam a
predisposição das crianças de contrair infecções, surgindo daí, o binômio diarréia-desnutrição.
O trabalho materno, também, é citado como um dos fatores causais de desmame
precoce. A mãe que trabalha fora do lar, na maioria das vezes, permanece várias horas longe
do seu filho por falta de creche disponível perto do local de trabalho e, também, por, muitas
vezes, desconhecer as técnicas de ordenha e armazenamento do seu leite para ser oferecido,
na sua ausência, ao seu filho. Inserida nesse contexto, ela opta, precocemente, pelo
aleitamento artificial (RYAN e MARTINEZ, 1989; REA et al, 1997; WAGNER et al, 2000).
Há vasta literatura indicando a associação positiva entre o nível de instrução materno
e a prática da amamentação (NÓBREGA et al, 1991; NOVOTNY et al., 1994; UNICEF,
1994; WAGNER et al, 2000). No entanto, há vários estudos mostrando também que mães
com menor escolaridade apresentam maior tempo de aleitamento materno (SANTOS-
TORRES et al, 1990; ROMO et al, 1991; PICHAIPAT et al, 1992; ESCAMILLA, 1993).
Tais achados orientam para o condicionamento multicausal do desmame precoce, devendo-se
considerar as circunstâncias que envolvem a mãe e sua situação de vida quando se avalia a
prática da amamentação.
Souza (2003) realizando um levantamento acerca da construção do conhecimento em
amamentação na área da medicina, identificou que a produção científica da Pediatria
brasileira tem priorizado o entendimento desta temática como um fenômeno natural, na
perspectiva das leis transcendentes em detrimento das leis imanentes que condicionam o
comportamento humano e portanto os fatos sociais.
16
Com relação ao apoio à mulher lactante, na literatura diversos autores mencionam ser
este essencial para o sucesso do aleitamento, ressaltando-se a influência da intervenção desde
o período gestacional, com a finalidade de diminuir a possibilidade do desmame precoce
(GRANZOTO et al 1992; VEGA-LOPEZ e PÉREZ 1993; BRYANT, 1982; SOUZA, 1996;
LUTTER, 2000; CHEZEM e FRIESEN, 1999; PRIMO e CAETANO, 1999; HODDINOTT et
al, 2000, FERREIRA e MONTEIRO, 2002, BUENO e KEIKO, 2004, VANNUCHI et al,
2004). Neste sentido, o “Aconselhamento em amamentação” constitui em uma estratégia
preconizada pela Organização Mundial da Saúde, com a finalidade de aumentar as taxas de
duração do aleitamento materno mediante ações de proteção, promoção e apoio à
amamentação (BRASIL, 2003; BUENO e KEIKO, 2004).
Para Matich e Sims (1992), Giugliani et al (1994) e Dessen (2000), o apoio do
marido/companheiro à nutriz é de fundamental importância para o enfrentamento das
modificações no contexto familiar, decorrente do nascimento do filho.
Gonçalves (2001), verificou que os relacionamentos familiares são aqueles que mais
ajudam no processo de amamentação. No entanto, devido ao fato das mulheres muitas vezes
possuírem crenças oriundas de gerações passadas, é importante o auxílio de profissionais de
saúde mediante ações voltadas para a promoção do aleitamento materno.
O sistema de alojamento conjunto, facilitando a proximidade mãe-filho, é um
requisito fundamental e indispensável para a efetiva promoção do aleitamento materno. Além
de modificações das rotinas hospitalares, tal sistema exige a formação e atualização periódica
dos profissionais da saúde, com vistas à orientação em amamentação. (BRASIL, 1991;
CUNNIGHAN e SEGREE, 1990; KURNIJ e SHIONO, 1991; BRASIL, 1993, VILLALON e
ALVAREZ, 1993).
Desta forma, a Iniciativa Hospital Amigo da Criança, mediante a normatização de 10
passos a serem cumpridos pela Unidade Hospitalar representa um grande apoio às mães
17
durante a fase inicial da lactação. (NAYLOR, 2001; OMS, 2001, VANNUCHI et al , 2004).
O décimo passo especifica que o Hospital deve: “encorajar a formação de grupos de apoio à
amamentação para onde as mães devem ser encaminhadas, logo após a alta do hospital ou
ambulatório” (OMS, 2001, p.103).
Além do apoio durante o período em que mãe e filho encontram-se no ambiente da
instituição de saúde, é de grande relevância um programa de promoção ao aleitamento
materno, mediante visitas domiciliares nas primeiras semanas pós-parto (SOUZA, 1996;
JOHNSON et al, 1999). Segundo estes autores, esse período é um dos mais críticos durante a
fase da amamentação, onde podem surgir várias dificuldades, como fissuras, ingurgitamento,
dor à sucção, angústia, ansiedade e outras. Neste sentido, Abrão (1998) em seu estudo afirma
que após a alta hospitalar a mãe deveria ser encaminhada para um serviço de apoio à
amamentação, com consultas agendadas a partir do 10º dia pós-parto.
Com o intuito de verificar a eficácia das ações de promoção, proteção e apoio à
amamentação, desenvolvidas na rede básica de saúde, Oliveira e Camacho (2002) realizaram
uma revisão sistemática sobre a amamentação identificando uma diversidade de intervenções
voltadas para o aumento da duração do aleitamento materno. Com base nesta revisão, Oliveira
(2001), estabeleceu dez passos a serem cumpridos pelas unidades primárias de saúde para se
tornarem “Unidades Básicas Amigas da Amamentação” (UBAAM). E de forma semelhante
aos passos da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, o décimo passo da UBAAM estabelece
que a Unidade deve: “promover grupos de apoio à amamentação acessíveis a todas as
gestantes, mães e seus familiares”.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001), mais do que os serviços de
saúde formais, os grupos de apoio comunitários podem ser eficientes para fornecer uma ajuda
individual diária às mães que amamentam. No entanto, a combinação destes dois tipos de
18
intervenção (individual e em grupo) pode ser mais efetiva do que um determinado apoio
realizado isoladamente.
A partir da década de 90, na área da enfermagem, alguns estudos do tipo qualitativo
vêm buscando a abordagem compreensiva para descrever as experiências maternas no ato de
amamentar. Arantes (1991) estudou o significado da amamentação para a mulher que a
vivencia. Esta autora, buscando a compreensão do fenômeno da amamentação identificou o
conceito de singularidade” (a amamentação ocorre de maneira única, individualizada).
Araújo (1991) em seu trabalho acerca das representações das mulheres que amamentam
verificou uma contradição entre o querer e o poder amamentar. Souza (1993) refere que a
amamentação é uma possibilidade do campo existencial, de caráter fenomênico, que para ser
apreeendida necessita de um olhar atentivo” sobre a experiência vivida das mulheres. Em
seu estudo verificou o conceito de decisão”, sendo a amamentação entendida como um
gestar, nutrir, amar, dar origem, uma possibilidade. Silva (1994) realizando um estudo sobre o
aleitamento materno a partir do olhar da mulher, menciona que esta vivencia a amamentação
através de um processo avaliativo e valorativo cujo fenômeno central denomina-se pensando
riscos e benefícios. Nakano (1996) estudou o cotidiano das mulheres que amamentam pela
primeira vez, procurando desvelar as representações das mesmas sobre o aleitamento materno.
Martins (1998) buscou compreender o significado do aleitamento materno vivenciado até ou
além dos 6 meses, na perspectiva da nutriz. Apontou para a importância da valorização da
mulher nesta experiência e para a possibilidade de uma nova forma de ver, pensar e agir sobre
a questão da amamentação.
Souza (2000, p.76), em seu estudo verificou que os profissionais de saúde forneciam
orientações sobre técnicas de amamentação, porém estavam longe das reais necessidades das
mães. Era dito o que elas precisavam saber, na ótica do profissional de saúde, mas o sentido
da mulher/mãe/nutriz permanecia velado, portanto não dito.
19
De acordo com Souza (2000, p.78): “estudos sobre amamentação com enfoque na
mulher procuram vê-la, compreendê-la como um ser de possibilidades com sensibilidade e
respeito por sua história, seu momento de vida, entendendo que amamentar faz parte, é um
acontecer”. Esta autora menciona ainda que para a mãe vivenciar a amamentação é necessário
estar próxima de pessoas que lhe dão apoio e cuidado (SOUZA, 2000, p.74).
Em uma outra perspectiva, Alves (2003) investigando os valores referidos pelos
enfermeiros nos esclarecimentos acerca da amamentação, evidenciou o predomínio de uma
valoração que dava suporte ao biologicismo em detrimento dos valores que possibilitam
pensar e apreender o sentido axiológico do ato de amamentar.
2.2. Apoio social: histórico e conceituação
Historicamente a questão do apoio social evidenciou-se na literatura no início do
século XX a partir de estudos realizados no âmbito da Psicologia e da Sociologia. Os
sociólogos partindo do princípio de que as sociedades urbanas debilitam os laços sociais
dando origem a fenômenos de solidão, alienamento e desenraizamento, começaram a se
interessar pelas conseqüências da urbanização e industrialização (NUNES, 2005). Para
Bulmer
6
(1987 apud NUNES, 2005) nas zonas urbanas as relações de proximidade
características das zonas rurais são substituídas pelas relações impessoais e formais.
De acordo com Durkheim (2001) o individuo deve ser compreendido como “fato
social” e portanto não pode ser visto de maneira isolada. Assim, concebendo que o mesmo
encontra-se inserido em um contexto de uma realidade social, Durkheim foi um dos pioneiros
na análise dos fatores coercitivos que levam o indivíduo a se moldar de acordo com os
6
BULMER, M. The social basics of community care. Londres. 1987.
20
parâmetros impostos pelo grupo social no qual está inserido. Nesta perspectiva, ele verificou
ainda um aumento do risco de suicídio entre indivíduos que viviam isolados.
A partir da década de 70, Cassel (1976), Caplan
7
(1974 apud SANTOS, 1996) e
Cobb (1976) considerados os fundadores das pesquisas sobre apoio social, ressaltam a
importância de pessoas estarem vinculadas umas às outras podendo receber ou fornecer apoio
social, sendo este um fator de proteção, promoção da saúde e manutenção do bem estar dos
indivíduos (PAIXÃO e OLIVEIRA, 1996, NUNES, 2005, SANTOS, 1996).
Nunes (2005) afirma que na revisão de literatura sobre apoio social podem ser
encontrados diversos termos, como: suporte social, suporte instrumental e emocional,
feedback, aconselhamento, interação positiva, orientação, confiança, socialização, sentimento
de pertença, informação, assistência material e outros. Esta diversidade de terminologia
contribui para a dificuldade no estabelecimento de uma única definição de apoio social.
Contudo, diversos autores definem apoio social a partir da satisfação das
necessidades básicas de um indivíduo na interação com outros (KAPLAN, 1977 apud
SANTOS, MARCELINO, 1996; THOITS, 1982). Segundo Lin e Ensel
8
(1989 apud
SANTOS, 1996) apoio social é “o processo no qual os recursos numa estrutura social
(comunidade, rede social e relações íntimas) permitem satisfazer necessidades em situações
quotidianas e de crise”.
Sarason et al
9
(1990 apud NUNES, 2005) definem apoio social como “a existência
ou disponibilidade de pessoas em quem possamos confiar, pessoas que mostram que se
preocupam conosco, nos valorizam e gostam de nós”.
7
CAPLAN, G. Support systems and community mental health. Behavioral publications. New York, 1974.
8
LIN, A.D.; ENSEL,W. Social support, life events and depression. London, 1989.
9
SARASON, B.R. et al. Social support: an interactional vew. New York, 1990.
21
Troits (1985) afirma que “o apoio social consiste no grau em que as necessidades
sociais básicas de um indivíduo (de afiliação, afeto, pertença, identidade, segurança e
aprovação) são satisfeitas através da interação com os outros”. Para este autor estas
necessidades podem ser satisfeitas mediante uma ajuda sócio-emocional ou uma ajuda em
relação às questões familiares, econômicas ou de trabalho.
Para Barron
10
(1996 apud MARTINS, 2005) o apoio social é “um conceito interativo
que se refere às transações que se estabelecem entre os indivíduos”.
Vaz Serra
11
(1999 apud MARTINS, 2005) definiu apoio como “quantidade e coesão
das relações sociais que rodeiam de modo dinâmico um indivíduo”.
Para Martins (2005) o apoio social refere-se a:
(...) funções desempenhadas por grupos ou pessoas significativas
(familiares, amigos ou vizinhos) para o indivíduo em determinadas
situações da vida, sendo que a subjetividade e a individualidade do apoio
social depende da percepção pessoal de cada um. Nesta perspectiva as
percepções que as pessoas tem do apoio passam pela crença de que há
pessoas que se interessam por elas, que estão disponíveis quando
precisarem e que as deixam satisfeitas em suas necessidades.
De acordo com Minkler (1985) e Valla (1999), apoio social se define como sendo
“qualquer informação falada ou não, ou o auxílio material oferecidos por grupos e/ou pessoas
que se conhecem e que resultam em efeitos emocionais e/ou comportamentos positivos”. Os
efeitos positivos são gerados tanto nas pessoas que recebem como naquelas que oferecem o
apoio e possibilitam a compreensão de que as pessoas necessitam umas das outras.
Apesar de grande parte das investigações referentes ao apoio social apontarem os
aspectos positivos, quer seja do ponto de vista emocional, material e instrumental e de
10
BARRON, A.I. Apoyo social: aspectos teóricos y aplicaciones. Madrid:siglo XXI. Espana Editores. 1996.
11
VAZ SERRA, A. O stress na vida de todos os dias. Coimbra, 1999.
22
informação, alguns autores evidenciaram os aspectos negativos das relações sociais (MATOS;
FERREIRA, 2000; BARRON, 1996).
Com relação à função o apoio social pode ser classificado em: emocional, material e
instrumental e de informação (BARRON, 1996).
É importante destacar a relação existente entre apoio social e rede social. Embora
alguns estudos não estabeleçam diferenciação entre estes dois conceitos, partindo do
pressuposto de que ter relações sociais equivale a obter apoio das mesmas; outros pressupõem
uma independência entre estes termos. Assim, tais estudos apontam que nem toda rede social
constitui necessariamente em um sistema de apoio (JOSUÉ
12
, 1995 apud SANTOS, 1996;
WELLMAN
13
, 1981 apud HENLY, 1997), contradizendo a opinião de alguns pesquisadores
de que a presença dos membros da rede social, bem como a amplitude da mesma sempre traz
benefícios para os indivíduos na atenção de suas necessidades ou no enfrentamento de seus
problemas.
2.3. Rede Social: histórico e conceituação
A noção de redes sociais nasceu na Antropologia social e na Sociologia mediante
duas vertentes de pesquisa. A primeira surgiu na década de 40, na Escola Antropológica de
Manchester onde pesquisadores orientados por Max Glukman desenvolveram uma série de
pesquisas na África. Posteriormente, a partir da década de 50 destacam-se os trabalhos de
John Barnes que tratou das relações informais de parentesco, amizade e vizinhança em uma
comunidade norueguesa de pescadores e camponeses. Barnes introduziu a idéia de rede social
como um recurso de análise. Para ele as redes seriam o conjunto de vínculos interpessoais
entrecruzados conectados às ações das pessoas e às instituições da sociedade. Barnes adotou
12
JOSUÉ, A.S.SG. Estudo comparativo do suporte social em doentes de evolução prolongada. Lisboa, 1995.
13
WELLMAN, B. Applying network analysis to the study of support, 1981.
23
ainda a imagem de rede social como um conjunto de pontos conectados por linhas, onde os
pontos representam os indivíduos ou grupos e as linhas indicam a interação entre as pessoas
(FERNANDES, 1990; OLIVEIRA, 1999). E desta forma, ele foi um dos primeiros
pesquisadores a supor que a estrutura social podia ser reconhecida através das interconexões
de indivíduos na comunidade. Na análise do sistema social de classe da comunidade, utilizou
a idéia de campos de relação, sendo estes campos compreendidos mediante as relações entre
as pessoas daquele lugar, a partir do pertencimento destas com amigos, vizinhos e parentes.
Assim a rede social pode ser definida como:
uma corrente ou sistema inter-conecto de coisas imateriais (...), ela é uma
abstração de primeira ordem da realidade e contém a maior parte possível
das informações sobre a totalidade da vida social da comunidade à qual
corresponde. (...) Eu a chamo de rede total (BARNES
14
, 1972 apud
MARTELETO, 2001)
Este mesmo autor focaliza este conceito de rede total, em seus estudos, para analisar
os relacionamentos sociais existentes no campo da amizade, do parentesco e da classe social
(BOTH, 1976, p. 21)
A segunda vertente, originária em Harvard, na década de 70, a sob a direção de
Harrison White, desenvolveu pesquisas de rede social estudando sua estrutura a partir de
análises matemáticas, sendo o enfoque desses sociólogos mais concentrado na estrutura da
rede identificada mediante sofisticadas técnicas de análise matemáticas, do que no seu
conteúdo. Desta forma, tais sociólogos exprimem uma confiança do tipo positivista na
possibilidade de controlar e gerir a realidade social.
Da Escola Antropológica de Manchester, originaram-se também os estudos da Escola
de Montreal, que focalizavam a atenção na compreensão e intervenção da dinâmica das
14
BARNES, J.A. Social networks. Cambridge. Module 26, 1972.
24
relações sociais utilizando como método de trabalho a observação. Desta última Escola
destaca-se Brodeur (1994, p. 203), que iniciou um trabalho de intervenção em rede social no
Hospital Psiquiátrico de Laurentides, zona rural de Montreal. Partindo do pressuposto de que
em uma cidade como Montreal haveria diversos grupos de pessoas vinculadas entre si de
diversas maneiras nomeou estes agrupamentos, que constituíam o tecido da comunidade
urbana, de “rede social”. No seu estudo confirmou a hipótese de que as pessoas que
solicitavam ajuda não viviam seus problemas isoladamente, mas sempre no interior de uma
rede social (BRODEUR,1994).
Seguindo a mesma vertente de pesquisa da Escola de Manchester e Montreal,
Sanicola (1995) na descrição da caracterização e natureza de rede social afirma que cada
pessoa e cada família constituem o “nó” de um entrecruzamento de relações que constituem
uma rede. Para esta autora, a rede social, antes de ser um conceito, é um objeto porque existe
na realidade; há um trabalho de reflexão que reconhece esse objeto e lhe dá um nome,
conferindo-lhe, portanto, um conceito.
De acordo com Martins (2005) na literatura são utilizados diversos termos para a
denominação de rede social. São estes: rede social de apoio, rede de suporte formal ou
informal, rede natural de ajuda, serviços de suporte, entre outros. A rede social de apoio pode
ser definida como a presença de ligações humanas estruturadas em um sistema de apoio,
baseadas nos recursos partilhados entre os membros deste sistema. A rede de suporte visa
fornecer uma ajuda concreta as pessoas. A rede de apoio formal é caracterizada pela relação
com os serviços estatais e organizados pelo poder local. E a rede de apoio informal é
composta por famílias, amigos e vizinhos. Para este mesmo autor o termo rede social refere-
se “às relações e as suas características morfológicas e transacionais, sendo que a forma como
tais relações estruturam os comportamentos quotidianos e são mobilizadas em cada
circunstância específica, caracteriza a integração social da pessoa”.
25
Segundo Oliveira (1999) o conceito de rede pode ser entendido como a imagem de
pontos conectados por fios, de modo a formar a imagem de uma teia.
De acordo com Lewis
15
(1987 apud DESSEN, 2000) rede social é um sistema
composto por vários objetos sociais (pessoas), funções (atividades dessas pessoas) e situações
(contexto), que oferece apoio instrumental (ajuda financeira, na divisão de responsabilidade e
informação) e emocional (afeição, aprovação, simpatia, preocupação com o outro) , em suas
diferentes necessidades.
A rede social pode ser definida ainda como um grupo de pessoas com as quais o
indivíduo estabelece contato ou alguma forma de vínculo social (BOWLING, 1997).
Soares (2002b) define rede social como um conjunto de pessoas, organizações ou
instituições sociais que estão conectadas por algum tipo de relação. Este mesmo autor,
estudando os fluxos migratórios verificou que as redes sociais mais importantes fundam-se
em relações de parentesco, de amizade e de trabalho.
Zaccarin (2000) menciona que a expressão rede social difundiu-se recentemente em
várias disciplinas no campo das ciências humanas com a finalidade de indicar um conjunto de
situações entre as quais se evidenciam relações do tipo afetivo, de amizade, de trabalho,
econômica e social. Para este autor a rede social é definida como um conjunto de relações
entre as pessoas que se conhecem, que compartilham experiências, no qual cada membro
social é ligado a outros membros. A pessoa está portanto inserida em uma rede de
relacionamentos, na qual é vista como um sujeito social que interage com o mundo que o
circunda influenciando-o e se deixando influenciar. Tais relações podem ser importantes em
determinados períodos ou irrelevantes ou ausentes em outros. Desta forma, o estudo de redes
sociais pode possibilitar a compreensão de como estas condicionam as ações tomadas pelos
indivíduos diante de suas necessidades específicas.
15
LEWIS, M. Social development in infancy and early childhood, New York, 1987.
26
Para Marteleto (2001) rede social é um sistema de nós e elos, uma estrutura sem
fronteira, uma comunidade não geográfica, um sistema de apoio, representando um conjunto
de participantes que unem idéias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados.
Taucar (1997) define redes sociais como entidades relacionais complexas de caráter
coletivo, que têm como finalidade a satisfação das necessidades afetivas, materiais e de
informação dos membros que as integram.
De acordo com Gerhardt (2003) a formação de redes é o resultado das necessidades
sentidas pelos indivíduos em termos de problemas cotidianos. Nelas emergem as dinâmicas
das relações interpessoais, tais como: empatia, relações afetivas, de companheirismo ou
gestos gratuitos que dificilmente são quantificáveis.
Segundo Santos (1996) na rede “o indivíduo é um agente em interação com um
conjunto de parceiros, ou seja, na rede social o indivíduo está em comunicação com o meio e
ao mesmo tempo é influenciado por ele”. As redes podem ser: rede de apoio, redes destrutivas
ou redes inócuas, dependendo da sua natureza e composição.
Neste sentido, entendendo que as redes sociais não são necessariamente um sistema
de apoio social, é importante o estabelecimento de investigações mais aprofundadas sobre a
influência das mesmas no mundo da vida das pessoas que vivenciam situações específicas,
visando o fortalecimento dos vínculos entre os membros da rede, bem como a implementação
de estratégias de intervenção e conseqüentemente uma melhoria na qualidade de vida dos
indivíduos.
Marques (1999) entende rede social como um campo estruturado por vínculos entre
indivíduos, grupos e organizações, construídos ao longo do tempo, sendo que tais vínculos
têm diversas naturezas e podem ter sido construídos intencionalmente. Este autor menciona
ainda que a rede pode ser estudada por meio de uma representação gráfica, ou seja, mediante
a elaboração de um sociograma, de forma a permitir a visualização das posições e da
27
estrutura, ou por meio de uma reconstituição matemática do padrão de vínculos (matriz de
relações) de maneira a possibilitar a análise quantitativa das posições e da estrutura geral. O
enfoque central da análise de redes está pautado sobre as relações sociais que possibilitam o
resgate das preocupações presentes em clássicos da Sociologia como Max Weber. E deste
modo permite a construção de estudos precisos em termos descritivos de forma a considerar a
realidade dos sujeitos, não impondo uma estrutura a priori ao contexto relacional vivenciado
pelos mesmos.
Assim, a análise das redes sociais pode possibilitar a compreensão das relações entre
indivíduos, a descrição, explicação e a promoção de sistemas de apoio e se constitui em
subsídio para o estudo acerca da influência das características individuais e ambientais na
disponibilidade de apoio social (JOSUÉ, 1995; ANDRADE , VAITSMAN, 2002).
A compreensão dos condicionantes do ambiente psicossocial de uma pessoa é de
grande relevância, uma vez que a saúde individual ou coletiva resulta de complexas relações
entre fatores biológicos, psicológicos e sociais. Neste sentido, no campo da saúde nota-se uma
tendência à inclusão de questões referentes à rede e apoio social em instrumentos de
investigação sobre as condições de saúde populacional (CHOR et al, 2001).
Neste âmbito Pinheiro (2003) ressalta a importância do cuidado de enfermagem no
período puerperal como forma de multiplicar os contatos das mulheres com sua rede social,
favorecendo a prática da amamentação.
No presente estudo, foram adotadas as denominações dos tipos de redes sociais
descritas por Fernandes (1990); Sanicola (1995); Taucar (1997) e Soares (2001). De acordo
com estes autores, as redes sociais podem ser de diversas naturezas: primárias e secundárias.
Sendo que as redes secundárias podem ser: formais, informais, de terceiro setor, de mercado
ou mistas. As redes se diferenciam pelos tipos de intercâmbios que ocorrem entre os
indivíduos, sendo estes de reciprocidade, direito, dinheiro, ou uma combinação dos mesmos.
28
Com o propósito de ampliar o entendimento, registra-se que as redes primárias são
aquelas unidades de vida social que agrupam algumas pessoas conhecidas e unidas por
vínculos de parentesco, de vizinhança, de amizade e de trabalho, onde circulam a
reciprocidade e a confiança.
Sanicola (1995) refere que a família constitui uma rede de solidariedade, que pode
oferecer os cuidados necessários a seus membros, especialmente quando apresentam
incapacidade temporária ou permanente para prover autonomamente suas necessidades, como
nos casos de crianças, idosos, enfermidades físicas ou psíquicas e ainda de desemprego.
Soares (2001), corroborando com este pensamento, menciona que nos casos de doença ou de
alguma necessidade de cuidado físico, evidencia-se a importância dos vínculos de parentesco,
uma vez que normalmente são os familiares que assumem este tipo de atenção, pela
proximidade e intimidade relacional com a pessoa doente.
Outra característica da rede primária é o relacionamento com vizinhos que ocorre e é
valorizado devido à proximidade física. Segundo Soares (2001) a relação com a vizinhança
pode ser facilitada quando as pessoas residem no mesmo lugar por um longo período, em
áreas de alta densidade residencial e quando permanecem muito tempo em casa. Os amigos e
colegas podem ser considerados outro tipo de vizinhança. Porém no relacionamento com os
amigos pode-se fazer uma experiência de afeição a tal ponto que esta relação pode perdurar
independentemente do tempo e da proximidade física.
Por outro lado, as redes secundárias formais são constituídas por instituições sociais
com existência oficial e estruturação precisa, desenvolvem funções específicas ou fornecem
serviços particulares (BENSON, 1994, p. 253). Neste tipo de rede o intercâmbio é fundado no
direito e são realizadas intervenções de acordo com as demandas dos usuários, como os
serviços prestados pelas instituições públicas. Desta forma, os vínculos que se estabelecem
com os membros das redes secundárias formais existem em função dos serviços prestados.
29
As redes secundárias informais são aquelas que se constituem a partir das redes
primárias, quando frente a uma necessidade comum, um grupo de pessoas organiza um
auxílio ou um serviço. Nesta rede, o vínculo é fundado na solidariedade adotando a dimensão
da reciprocidade que se manifesta em termos de responsabilidade coletiva. De acordo com
Soares (2001) esta rede normalmente é constituída para responder a uma necessidade ou
algum tipo de problema vivenciado pelos membros que fazem parte da mesma rede. Um
exemplo deste tipo de rede pode ser dado por pessoas que se organizam para levar as crianças
à escola. A medida em que estas redes perduram no tempo, elas tendem a se formalizarem,
transformando-se em uma rede do terceiro setor.
As redes do terceiro setor constituem-se em associações, organizações, cooperativas
sociais, as fundações ou associações de voluntários, que se situam no âmbito da prestação de
serviços, sem fins lucrativos. Portanto, nesta rede as trocas estão fundadas tanto no direito
como na solidariedade .
As redes secundárias de mercado, caracterizam-se pelas atividades econômicas
rentáveis, como por exemplo, as empresas, estabelecimentos comerciais, negócios, atividades
prestadas por profissionais liberais, entre outros, que tem como finalidade a circulação do
dinheiro e o lucro.
As redes secundárias mistas são aquelas onde há a combinação dos meios de
intercâmbio, ou seja, ao mesmo tempo que prestam serviços garantindo o direito, o fazem
mediante pagamento respectivo, fazendo circular também dinheiro, como é o caso das escolas
privadas.
Para analisar a rede social faz-se necessário conhecer dentre outros fatores, como
esta se apresenta, ou seja a sua estrutura. Neste sentido, alguns indicadores permitem a
comprensão da forma como as ligações se estabelecem no contexto relacional das pessoas que
compõem a rede. São estes:
30
amplitude: diz respeito à quantidade de pessoas presentes e permite afirmar se
uma rede é pequena, média ou grande. Neste sentido, é possível classificar as redes em
função de sua amplitude da seguinte maneira: de três pessoas; de quatro a nove pessoas;
de dez a quinze pessoas; de dezesseis a trinta pessoas; mais de trinta pessoas. Sanicola
(1995) e Soares (2001) ainda classificam a rede quanto a sua amplitude em pequena (com
menos de 9 pessoas) , média (com 10 a 30 pessoas) e grande (rede com mais de 30
pessoas).
densidade: refere-se à quantidade de pessoas que se conhecem entre si. Este
indicador permite visualizar quantos laços existem entre os membros de uma rede e
identificar os nós, que são os pontos de maior densidade da rede.
intensidade: refere-se ao intercâmbio realizado, em uma escala que permite
verificar se está se trocando muito ou pouco e se as coisas intercambiadas são materiais,
afetivas ou informativas. A escala está assim constituída: poucas coisas; muitas coisas;
coisas materiais; muitas coisas menos questões íntimas; muitas coisas materiais inclusive
questões íntimas, e muitas questões íntimas. Observando a intensidade dos vínculos, o
operador social está em condições de fazer algumas perguntas, mas sobretudo, de fazer
circular informações. As informações recebidas são úteis na medida em que os membros
da rede as internalizam e se tornem mais conscientes de seus recursos, ativando-os.
proximidade/distância: este indicador é útil porque permite a reflexão sobre a
distância afetiva e revela os graus de intimidade. São eles: extrema proximidade;
familiaridade; reserva; frieza e ruptura (separação).
freqüência: este indicador apresenta com que sistematicidade o vínculo é
estabelecido. A freqüência é assim definida: todo dia; duas a três vezes na semana; uma
vez na semana; de três a seis meses; mais ou menos uma vez por ano.
duração: este indica o tempo de conhecimento entre as pessoas da rede.
31
proximidade física: este indicador dá a percepção de que uma rede pode viver
no mesmo perímetro ou deslocada a quilômetros de distância. Refere-se ao local, onde os
membros que compõem a rede habitam: na mesma casa; no mesmo prédio ou mesma rua;
na vizinhança; no mesmo bairro; em outra cidade; em outro estado e em outro país.
Considerando que a mulher enquanto ser-mãe que vivencia a amamentação pertence
a um contexto relacional, abordou-se as temáticas de apoio social e rede social, sendo esta
última objeto deste estudo.
32
III. TRAJETÓRIA TEÓRICO-METODOLÓGICA
33
No presente estudo, visando alcançar os objetivos propostos, foram utilizados dois
referenciais teóricos: a metodologia para a construção de rede social, descrita por Sanicola
(1995), que serviu como base para a elaboração da rede social das mulheres que amamentam
e a fenomenologia, de acordo com a abordagem proposta por Alfred Schutz (SCHUTZ,
1979), que permitiu a compreensão das relações vividas pelas mulheres que amamentam no
âmbito da sua rede social, bem como do significado da rede social para a prática da
amamentação.
3.1. Rede social: aspectos metodológicos
De acordo com Sanicola (1995), a metodologia para a identificação de rede social
-se da seguinte forma: - inicialmente o pesquisador deve identificar a relação de pessoas
que possivelmente podem prestar algum tipo de ajuda frente a uma situação apresentada pelo
sujeito a ser pesquisado. De acordo com o interesse do estudo da rede a lista pode ser gerada a
partir de um elenco de nomes com quem a pessoa está em contato regularmente; ou de uma
descrição do cotidiano da pessoa, ou ainda, a partir de uma questão precisa. Portanto, antes de
iniciar o elenco de nomes, é fundamental que se tenha clareza das razões pelas quais há
interesse na rede social a ser estudada.
Ainda segundo Sanicola (1995), o pesquisador que pretende desenvolver seu estudo
fundamentado no referencial teórico de rede social deve ter alguns comportamentos
fundamentais como a ausência de preconceitos e a disponibilidade em desenvolver uma
atitude de escuta e observação. A ausência de preconceitos permite partir da realidade dos
fatos ocorridos no interior da rede e não de uma idéia prévia.
34
Cabe ressaltar a importância do pesquisador estabelecer uma relação de confiança
com a pessoa a ser estudada, pois isso possibilita uma melhor identificação e exploração das
redes. (SOARES, 2001).
A partir da lista de nomes pode-se representar a rede graficamente mediante um
desenho. Esta representação gráfica, em forma de mapa, permite visualizar as relações
estabelecidas entre as redes primárias e secundárias, possibilitando o reconhecimento da
dimensão relacional em que a pessoa está inserida.
Estes mapas constituem suportes facilitadores da reflexão, são formas concretas de
representação da situação dos membros da rede primária. O estudo dos mapas pelos
profissionais da mesma ou de diferentes instituições suscita intercâmbios muito ricos e
expressivos, bem como idéias novas a respeito das intervenções (SANICOLA, 1995).
A elaboração do desenho dos mapas dá-se mediante a utilização de figuras
geométricas que representam os membros dos diversos tipos de rede social conforme a
figura 1.
35
Figuras Geométricas
Tipos de Rede
Redes primárias
(trocas de reciprocidade)
família
vizinhos
amigos
colegas/companheiros
Redes secundárias formais
(trocas de direitos)
instituições de serviços
sociais, sanitários, outros
Redes secundárias informais
(trocas de solidariedade)
Redes secundárias do Terceiro
Setor
(trocas de solidariedade e de
direito)
voluntariado organizado
cooperativas sociais
associações
fundações
Redes secundárias de mercado
(troca de dinheiro e de direito)
- empresas
fábricas
negócios
Redes secundárias com trocas
de direito e de dinheiro
casa de saúde
(recuperação)
Fig. 1 - Representação geométrica de tipos de Rede Social - Fonte: (Sanicola, 1995)
36
Desta forma, questiona-se quais são as pessoas que estão próximas ou distantes do
contexto familiar, a presença de vínculos trabalhistas e as instituições que as pessoas
freqüentam ou onde recebem algum benefício, identificando a posição que estes ocupam com
relação a pessoa a ser estudada. Após o registro de todas as pessoas referidas busca-se
descrever o tipo de vínculo que é estabelecido entre os membros da rede. Para tanto, utiliza-se
um quadro contendo a representação gráfica dos tipos de vínculos. (Fig. 2).
Representação Gráfica
Tipo de Vínculo
NORMAIS
FORTES
FRÁGEIS
CONFLITUOSAS
INTERROMPIDAS
RUPTURA, SEPARAÇÃO LEGAL,
DIVÓRCIO
DESCONTÍNUAS
AMBIVALENTES
Fig. 2 Representação gráfica do tipo de vínculo na Rede Social - Fonte: (Sanicola, 1995)
37
3.2. Abordagem fenomenológica
No presente estudo foi utilizado ainda, como referencial teórico-metodológico, a
abordagem fenomenológica.
A opção pela fenomenologia, teve como origem a busca de um caminho de
investigação que me conduzisse a um olhar, o mais aberto e abrangente possível, acerca da
temática a ser estudada, ou seja, dos significados que sustentam as relações das mulheres com
sua rede social, na vivência do aleitamento materno, no contexto das comunidades do
município do Rio de Janeiro.
Na literatura há diversos autores que aprofundaram seus estudos tendo como
referência as obras de Edmund Husserl (1859-1938), considerado fundador do Movimento
Fenomenológico (MOREIRA, 2002, p. 76).
Segundo Leeuw (1960) a fenomenologia ajuda a olhar para o desconhecido tal como
se apresenta, abrindo espaço para o novo. Este mesmo autor afirma que :
a fenomenologia busca o fenômeno; o que é o fenômeno? É aquilo que se
mostra. Isso contém uma tríplice afirmação: 1) existe algo; 2) esse algo se
mostra; 3) é um fenômeno pelo próprio fato de mostrar-se”. Apenas alguém
começa a falar daquilo que se mostra, existe a fenomenologia (LEEUW,
1960, p. 529)
Assim, a fenomenologia, descoberta em nossas vivências, pretende chegar à estrutura
universal presente em cada um de nós, tal como ela se dá na vivência do mundo da vida.
(CAPALBO, 1994).
Na abordagem fenomenológica o pesquisador busca atentivamente os significados do
fenômeno mediante a percepção da situação real e da existência do sujeito (PRIMO, 1999).
38
Após a década de 90 nota-se que, na área da enfermagem, houve uma tendência aos
estudos de abordagem qualitativa buscando a vertente fenomenológica (CAPALBO, 1998).
Desta forma, observa-se nas produções científicas sobre amamentação a utilização do método
fenomenológico como uma possibilidade de desvelar a experiência vivida de mulheres que
amamentam (Arantes, 1991; Souza, 1993; Souza, 2000).
Entre os fenomenólogos há certas diferenciações com relação ao método de análise,
conforme a natureza do fenômeno a ser desvelado. Na trajetória desta investigação optei pela
abordagem da Fenomenologia Sociológica de Alfred Schutz (1979a), por julgar ser esta
adequada para responder as inquietações acerca do significado das relações estabelecidas na
rede social a partir da vivência da mulher que amamenta, inserida no seu mundo da vida,
portanto numa realidade social.
3.3. A Fenomenologia Sociológica de Alfred Schutz
Alfred Schutz (1899-1959), interessando-se pela Sociologia de Max Weber e pela
Filosofia de Edmund Husserl, contribuiu para estabelecer os fundamentos de uma
Fenomenologia Sociológica. Para tanto, em seus estudos, Schutz realizou de forma
sistemática e abrangente, uma síntese de conceitos da Sociologia e da Fenomenologia.
A partir dos fundamentos da sociologia de Weber, Schutz ressalta que a conduta
humana é considerada ação significativa, a partir do momento em que a pessoa age e atribui à
ação um significado subjetivo (SCHUTZ, 1979a, p.9).
Após um aprofundamento das obras sobre a fenomenologia transcendental de
Husserl, Schutz concluiu que o filósofo não teria conseguido resolver o problema da
intersubjetividade e portanto não estava a par dos problemas concretos das ciências sociais,
fato que o prejudicava quando lidava com as relações sociais e os grupos sociais. No entanto,
39
buscou em Husserl, na vivência da consciência originária a compreensão do significado da
ação, considerando as ações intencionais, dando uma contribuição ao tratamento dos
fenômenos a partir da tipificação no âmbito da vida cotidiana (SCHUTZ, 1979a, p.7).
Segundo Tocantins (1997), para compreender o significado da ação de um indivíduo,
o pesquisador deve se ater aos elementos relevantes que a pessoa confere a sua ação, uma vez
que esta é responsável pela definição do significado da sua ação.
Nesse sentido, Schutz (1979a, p.80) partindo da compreensão das experiências
individuais, verificou que viver no mundo da vida significa viver em um envolvimento
interativo com muitas pessoas, em complexas redes de relacionamentos sociais. Corroborando
com este pensamento Capalbo (1998) afirma que o mundo da vida consiste em compreender
que “viver é conviver”. Portanto,
(...) não é apenas possuir células, organismo biológico, estruturas neuro-
fisiológicas e químicas em funcionamento, mas compreender que na
vivência humana há outros aspectos como: relacionamentos humanos,
compartilhamento de idéias, de emoções e sentimentos (CAPALBO, 1998,
p.418).
Schutz (1979a p.72) define ainda o mundo da vida cotidiana como a esfera das
experiências cotidianas, direções e ações através das quais os indivíduos lidam com seus
interesses, manipulando objetos, tratando com pessoas, concebendo e realizando planos. Ele
analisou este mundo da vida através de vários ângulos: analisou a atitude natural definida
como uma postura que reconhece os fatos objetivos, as condições para as ações de acordo
com os objetos a sua volta, a vontade e as intenções dos outros com quem se tem de cooperar
ou lidar, as imposições dos costumes e proibições da lei.
De acordo com Capalbo (1979 p. 59) Schutz considera que no mundo da vida
estabelecem-se as relações de familiaridade e de anonimato. A relação de familiaridade é
40
“vivida sob a forma do ‘nós’ e permite a apreensão do outro como único em sua
individualidade”. Por outro lado na relação de anonimato há um
afastamento da unicidade e individualidade dos semelhantes e
pouquíssimos aspectos são considerados como relevantes para o problema
que se deseja tratar ou resolver. O tipo de ação a que se chega, no grau
máximo de anonimato, é o que caracteriza o outro por um número, ou o que
caracteriza alguém como ocupando o lugar de “qualquer um” ou de não
importa quem seja, pois sempre terá que agir da mesma forma.
Desta forma, Schutz (1974, p.21) estudou os principais aspectos determinantes da
conduta dos indivíduos no mundo da vida, entendendo, ainda, que em qualquer momento o
homem encontra-se numa situação biográfica determinada. Esta refere-se ao
ambiente físico e sócio-cultural definido pelo homem, dentro do qual ele
tem a sua posição em termos de espaço físico, de papel dentro do sistema
social e de postura moral e ideológica. A situação biográfica diz respeito a
sedimentação de todas as experiências anteriores deste homem, organizadas
de acordo com as posses habituais de seu estoque de conhecimento à mão.
A situação biográfica aponta para o fato que duas pessoas jamais podem vivenciar a
mesma situação da mesma forma e faz com que o indivíduo aja em uma determinada direção.
Portanto, influencia na sua motivação para fazer ou não algo.
Schutz (1974 p.21) considerou ainda as experiências que o indivíduo armazenou e o
estoque de conhecimentos” que tem a mão, sem os quais a pessoa não pode interpretar suas
experiências e observações, definir a situação em que se encontra e fazer planos.
Esta Fenomenologia Social, trata portanto, de uma estrutura de significados na
vivência intersubjetiva da relação social do face a face, entendendo que as ações socias tem
um significado contextualizado, de configuração social e não puramente individual
(SCHUTZ, 1974, p. 21).
41
A fim de compreender ação subjetiva da pessoa, Schutz (1974 p.26) apoia-se ainda,
em “motivos para” ou “em vista de” e “motivos porque”, definindo-os como:
- motivos para: referente a algo que se quer realizar, objetivos que se procura
alcançar, tendo uma estrutura temporal voltada para o futuro, formando uma categoria
subjetiva da ação, isto é, estão estreitamente relacionados com ação e a consciência
do ator.; e
- motivos porque: evidentes nos acontecimentos já concluídos, que explicam certos
aspectos da realização do projeto, tendo portanto uma direção temporal voltada para o
passado. Formam uma categoria objetiva, acessível ao observador.
Na Fenomenologia Social, ao se investigar o fenômeno busca-se ainda, constituir a
característica típica da ação daquele grupo social, que está vivenciando uma determinada
situação. Assim, esta tipificação define o tipo de ação em processo e os tipos ideais de
pessoas (SCHUTZ, 1979a, p.135).
Em síntese, Capalbo (1979, p. 39), menciona que:
quando oriento minha ação em direção a alguém eu atribuo um conjunto de
motivos em vista dos quais vou agir. Para tal recorro a minha bagagem de
conhecimentos disponíveis, na qual tenho tipificações de meus
semelhantes, atribuindo-lhes conjuntos típicos de motivos variáveis em
razão dos quais e em vista dos quais eles agem. Em toda interação social do
tipo face a face atribuem-se motivos típicos aos indivíduos com os quais
estamos em relação. A tipicidade desempenha papel importante na
compreensão do outro e na interação social.
Segundo Rodrigues (1996, p.60) a abordagem fenomenológica da Sociologia
Compreensiva de Alfred Schutz permite “apreender o vivido concreto como ponto de partida
para a ação profissional que visa o homem contextualizado na sua realidade social”. Esta
mesma autora desenvolvendo seu estudo em uma comunidade carente, verificou que o
42
enfermeiro deve buscar compreender o contexto e o vivido das pessoas inseridas em seu
mundo da vida a fim de captar a interrelação existente entre elas e o seu mundo social.
Nesta mesma perspectiva, Rosas (2003, p.58) menciona ter identificado na
abordagem metodológica de Alfred Schutz uma aproximação com a prática da assistência em
Enfermagem, uma vez que a enfermeira tem por objetivo a busca da necessidade do cliente,
que só pode ser atendida quando é exteriorizada através da comunicação e dos motivos
intencionais para ser compreendida.
Diante dessas considerações, verifica-se a relevância da utilização deste tipo de
abordagem metodológica para a busca do significado da ação das mulheres, em relação com
os membros da sua rede social, na ocasião da experiência vivida com a amamentação.
Diante do exposto, no presente estudo, utilizou-se uma a abordagem qualitativa
tendo como base a metodologia de intervenção em redes sociais (SANICOLA, 1995) e o
referencial teórico da fenomenologia sociológica de Alfred Schutz (1979a).
3.4. Contextualizando o cenário do estudo
O cenário da pesquisa foi uma comunidade identificada como: Complexo do Morro
dos Cabritos, situada em Copacabana, bairro da zona sul do Município do Rio de Janeiro. Na
delimitação da Comunidade foram considerados: o Morro dos Cabritos, o Morro São João, a
comunidade da Ladeira dos Tabajaras e a da Mangueirinha.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população
residente nesta área corresponde a aproximadamente 4724 habitantes, distribuídos num total
de 1439 domicílios (SABREN, 2005). No entanto, segundo a Associação de Moradores tal
estimativa foi subestimada, pois acreditam que o número de domicílios seja cerca de 2800 e
conseqüentemente o número de moradores seja superior ao cadastrado pelo IBGE.
43
Trata-se de uma comunidade em que as condições sócio-econômicas, familiares, de
escolaridade, trabalho, saúde, habitação, bem como a presença de situações de violência, são
evidenciadas claramente, refletindo as condições de pobreza e as precárias condições de vida
da maioria dos moradores desta localidade.
Segundo o IBGE esta comunidade pode ser definida como favela ou “aglomerado
subnormal”, termo utilizado para designar grupos de mais de 50 unidades habitacionais
dispostas de modo ‘desordenado e denso’ sobre o solo que pertence a terceiros e ‘carente’ de
serviços públicos essenciais”. (INSTITUTO PEREIRA PASSOS, 2003).
Com relação à organização, esta comunidade possui uma associação de moradores
que conta com Núcleos comunitários, ou seja, uma representação de moradores de cada
entrada (beco) da favela. Tal organização possibilita a luta pelos direitos dos moradores, bem
como a efetivação dos processos de urbanização realizados pela Prefeitura ou Organizações
Não-Governamentais (ONGs) locais.
Quanto às condições sócio-econômicas verifica-se que a maioria dos domicílios são
casas próprias de alvenaria (97%), com média de 3,3 pessoas/ domicílio, conta com
abastecimento de água e rede de esgoto (PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE
JANEIRO,1999; INSTITUTO PEREIRA PASSOS, 2003). Apesar dos moradores serem
servidos por rede de abastecimento de água, com freqüência há o problema da falta de pressão
de água nos domicílios localizados nas áreas mais altas do Morro. Tal fato colabora para que
os moradores utilizem um sistema clandestino de poços e bicas que possivelmente podem
estar contaminados por esgotos que correm a céu aberto pelas vielas da comunidade. E é
neste ambiente que todos os dias nascem e crescem crianças que expostas ao desmame
precoce apresentam grande vulnerabilidade de adquirirem agravos a sua saúde.
Com relação à situação familiar os dados do Censo Demográfico do IBGE
mostraram que no ano 2000, 62% das famílias eram chefiadas por homens e 38% por
44
mulheres. Essa tendência ao crescimento de famílias chefiadas por mulheres conduz a uma
preocupação em se implementar creches na comunidade, tendo em vista a participação desta
mulher no mercado de trabalho e a conseqüente necessidade de poder contar com um local
onde possa deixar seu filho durante o período em que se encontra fora de casa. Verificou-se
ainda que 42% das pessoas responsáveis pelo domicílio possuíam rendimento mensal abaixo
de 2 salários-mínimo (IBGE, 2000).
Quanto à escolaridade o Censo mostrou que as mulheres residentes na comunidade
têm pouco acesso à educação, principalmente ensino médio e superior (16% e 4%), o que
dificulta o acesso a determinados empregos ou mesmo a ascensão em suas ocupações atuais
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2000).
Em pesquisa realizada pela Associação de Voluntários para o Serviço Internacional
(2003) no Centro Educacional Cantinho da Natureza, situado na comunidade Morro dos
Cabritos, que atende cerca 300 crianças e adolescentes, verificou-se que 14% das famílias são
sustentadas pelas mães, 31% por mães e outros familiares. A principal ocupação dos pais era
referente ao setor de construção civil e das mães era doméstica ou do lar.
Diante do exposto, observa-se que a análise das condições de vida desta comunidade
permite a compreensão da realidade vivenciada pelas mulheres que muitas vezes são
responsáveis pela família, possuem baixa escolaridade, precárias condições de moradia e tem
a necessidade de trabalhar dentro e fora do lar. E desta forma, residindo neste ambiente,
muitas vezes hostil e instável para a sobrevivência, elas necessitam de estabelecer estreitas
relações interpessoais para que diante da possibilidade de amamentar seus filhos, possam
contar com o apoio coletivo e se sentirem seguras no enfrentamento das adversidades ou
dificuldades encontradas.
O cenário de estudo vem constituindo um campo de estágio da Escola de
Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro onde desde o ano 2000,
45
venho me aproximado da realidade vivenciada por esta população, como supervisora do
estágio curricular de graduandos de enfermagem na área de Saúde Pública.
Para a realização da presente pesquisa o projeto foi submetido ao Comitê de Ética da
Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sendo
aprovado em dezembro de 2004 (Anexo A).
3.5. Identificando as mulheres depoentes
Como critério de inclusão na pesquisa, foram consideradas as mulheres que
possuíam filhos menores de seis meses com vivência na prática da amamentação, ou seja, que
estavam amamentando o filho atual.
3.6. Descrevendo a etapa de campo
A seguir serão descritos os passos utilizados para a obtenção dos depoimentos:
1) Inicialmente foi realizada uma fase de pré organização para a atividade de
campo, sendo que nesta etapa realizei a etapa da ambiência na comunidade, estabelecendo o
contato com a Associação de Moradores, bem como com as demais lideranças, a fim de
apresentar a proposta do estudo e informar sobre a minha presença na comunidade durante a
fase de coleta de dados. O presidente da Associação deu ciência mediante assinatura no
documento apresentado (Apêndice A) e na ocasião solicitei o auxílio para a identificação das
mulheres que possuíssem as características evidenciadas como critério de inclusão na
pesquisa.
2) Com a finalidade de se ter um maior delineamento dos passos metodológicos a
serem utilizados nesta pesquisa, nesta fase de aproximação ao campo estabeleci contato com
três mulheres que estavam vivenciando o processo de amamentação nos primeiros seis meses
pós parto. Estas foram identificadas com o auxílio de moradores da comunidade e após a
46
explicação dos objetivos da pesquisa, mediante a leitura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, obedecendo a Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde de 1996 (Apêndice
B), que dispõe sobre as questões éticas para pesquisas que envolvem seres humanos
(BRASIL, 2000), foram convidadas a participar de uma entrevista. Foi solicitada a
autorização para gravar o depoimento, fato que foi aceito por todas. Este momento de
aproximação ao campo foi importante para a testar a técnica de elaboração do mapa de rede
social. Portanto, nesta primeira fase o instrumento da pesquisa constitui-se de dados da
situação biográfica das mulheres (identificação, situação sócio-econômica e vivência em
amamentação) e das seguintes questões para auxiliar na descrição da rede social (Apêndice C
e D):
- Fale-me quais são as pessoas que estão presentes na sua vida (parentes,
vizinhos, amigos, colegas, pessoas de associações, instituições ou do trabalho).
- Observando estas figuras (Anexo B), vamos tentar fazer um desenho mostrando
a sua relação com estas pessoas. Em relação a você, como estas pessoas estão (próximas
ou distantes) e qual tipo de vínculo você tem com elas?
- Dentre essas pessoas quem está (estava) envolvida com você durante o período
em que você está (estava) oferecendo leite materno para o seu filho? Como é o
relacionamento com elas?
Neste primeiro momento de aproximação ao campo, outro aspecto relevante foi a
possibilidade de verificar que no domicílio não havia condição para o estabelecimento da
entrevista fenomenológica, entendendo esta como:
uma maneira acessível ao cliente de penetrar na sua verdade mesma de seu
existir. (...) Na intersubjetividade do diálogo e na forma de significar o
mundo por seu comportamento explicita por si mesmo tudo aquilo que seria
dito ou realizado, deixado de dizer e deixado de realizar, desvelando também
o que pode ser realizado e o que não será (CARVALHO, 1991, p.35)
47
No domicílio, devido a quantidade de pessoas presentes que geralmente
compartilhavam o mesmo espaço, era fácil que eu perdesse a condução da entrevista, pois por
um lado os membros presentes tais como: sogra, marido, filhos, vizinhos, demonstravam o
desejo de participar como entrevistados na pesquisa mediante perguntas ou depoimentos
pessoais e por outro lado percebia que a depoente não se sentia livre para falar da sua relação
com os membros de sua rede, no tocante ao recebimento de apoio ou de conselhos contrários
à amamentação.
Neste sentido, após a realização destas três entrevistas no domicílio, onde foi
possível elaborar o desenho do mapa da rede das mulheres, optei por realizar uma segunda
entrevista com as mesmas mulheres em uma sala da creche colocada à disposição pela direção
da creche, considerada adequada para atender os objetivos propostos, uma vez que esta creche
situava-se em um local central e de fácil acesso.
Neste segundo momento observei que estas mulheres sentiam-se mais livre tanto
para acrescentar ou retirar nomes do seu mapa de rede social, quanto para alterar o tipo de
vínculo que possuía com determinadas pessoas do seu contexto, revelando assim o significado
destes relacionamentos durante o período da amamentação.
No entanto, visando compreender a ação destas mulheres em seu mundo da vida,
captando a intencionalidade destas ao se relacionarem com os membros de sua rede, realizei
uma adequação do Roteiro de Entrevista, ajustando-o ao referencial da fenomenologia
sociológica de Alfred Schutz (Apêndice C e D). Assim, os depoimentos foram obtidos com
base nas seguintes questões:
- Em algum momento você precisou de ajuda, ou teve alguma dificuldade para
amamentar a criança ? Com quem você contou?
- Por que você procurou ou contou com essa pessoa?
- O que você tem em vista ou o que você espera quando se relaciona com ela?
48
A fim de verificar a adequação desta nova parte do instrumento da pesquisa ao grau
de compreensão das questões foram identificadas mais quatro mulheres e atendendo o critério
de inclusão e as questões éticas, foram convidadas para participar de uma entrevista na sala da
creche comunitária.
Neste momento verifiquei que ao identificar as mulheres era necessário um primeiro
contato informal, a fim de facilitar a relação e posteriormente penetrar no seu mundo da vida
ou seja, no contexto relacional vivenciado por estas no período da amamentação. Verifiquei
ainda que na ocasião da entrevista previamente agendada era possível utilizar o Roteiro da
Entrevista na íntegra. E um terceiro contato era necessário para verificar a “compatibilidade”
das informações obtidas no depoimento, garantindo adequação das falas à experiência da
mesma (SCHUTZ, 1979b), bem como para entregar uma cópia do desenho do mapa de rede à
depoente.
3) Ao iniciar a fase de coleta de dados em janeiro de 2005 foi realizado um novo
contato com o presidente da Associação de Moradores e com as diretoras das duas creches
locais a fim de solicitar a colaboração dos mesmos na identificação das mulheres.
O presidente da Associação de Moradores sugeriu que eu entrasse em contato com o
Centro Municipal de Assistência Social Integrado (CEMASI) localizado na própria
comunidade - pois lá havia um grupo de mulheres que talvez pudesse me ajudar na
identificação de nutrizes que estivessem vivenciando a amamentação nos seis primeiros meses
de vida da criança.
Após o contato com a direção do CEMASI, a profissional responsável pelo
desenvolvimento das atividades com o grupo de mulheres informou que estava planejando
realizar uma pesquisa sobre a saúde das mulheres da comunidade no ano de 2005 e que as
entrevistadoras poderiam me auxiliar.
49
As diretoras das creches forneceram uma relação contendo nomes de mães de
crianças menores de 6 meses que estavam freqüentando a creche ou se encontravam na lista
de espera para serem matriculadas no Berçário. E a direção de uma das creches colocou uma
sala (a enfermaria) à disposição para a realização das entrevistas.
Algumas mulheres foram ainda identificadas mediante o auxílio de moradores da
própria comunidade (outras mães ou pessoas idosas) que já tendo participado em trabalhos
anteriores desenvolvidos por acadêmicos de enfermagem, sob minha supervisão, colocaram-
se disponíveis para indicar possíveis mulheres.
Desta forma, tais moradores (tanto jovens quanto idosos de 70 a 80 anos) além de
informar o nome e endereço das mulheres a serem contatadas fizeram a questão de me
conduzir até o domicílio destas mães, mesmo que implicasse em subir ou descer longas
escadas.
Após a identificação das mulheres, só pude estabelecer contato com as mesmas a
partir do mês de fevereiro de 2005, pois a situação relacionada a violência na comunidade
estava instável e a liderança local informou que deveria interromper a pesquisa naquele
momento.
No início de fevereiro realizei visitas domiciliares com a finalidade de favorecer uma
aproximação e um relacionamento com tais mulheres. Nesta ocasião, em observância às
diretrizes do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2000), expliquei os objetivos do estudo,
informando-as acerca dos procedimentos a serem utilizados, da garantia do anonimato, da
escolha de um pseudônimo e da opção de participarem ou não da mesma. Após a aceitação na
participação da pesquisa agendei uma entrevista para ser realizada na sala reservada da creche
que permitia tranqüilidade e conforto. Durante a visita domiciliar estabeleceu-se um diálogo
agradável e em algumas ocasiões as mulheres referiam ter conhecimento da minha atuação,
bem como dos acadêmicos de enfermagem na comunidade e no Centro Municipal de Saúde
50
(CMS) próximo à localidade. Tal fato colaborou para que elas aproveitassem o momento da
visita para esclarecerem dúvidas com relação a saúde dos familiares (tratamento de
Tuberculose, hipertensão, bronquite, febre, conjuntivite, desnutrição entre outros) e
solicitassem auxílio na marcação de consultas (ginecologista, dentista, pediatra entre outros).
No que diz respeito à amamentação ou ao cuidado com a criança menor de 6 meses (foco do
estudo) procurei não interferir, mencionando que sobre esse assunto conversaria no dia da
entrevista agendada.
A data e o horário da entrevista foram confirmados por telefone. Em situação de
atraso ou falta da depoente utilizei o mesmo recurso para agendar nova data. De todas as
mulheres identificadas, apenas uma não compareceu no dia e local agendado para a entrevista.
Durante a entrevista, inicialmente solicitei que a depoente fizesse uma listagem de
pessoas que conhecia e que estavam presentes na sua vida durante a fase em que estava
convivendo com a criança menor de seis meses (podendo ser parente, amigo, vizinho, colega,
pessoas do trabalho ou membros de instituições). Neste relato solicitei que a depoente me
auxiliasse na elaboração de um desenho que representasse as pessoas por ela referidas. Para o
esclarecimento das possíveis dúvidas, foi apresentado um quadro com o modelo das figuras
geométricas que representavam os membros da rede (Anexo B). Neste momento as mães
mencionaram quais eram as pessoas que estavam próximas ou distantes do seu contexto
familiar, a presença de vínculos trabalhistas e as instituições que freqüentavam ou que
recebiam algum benefício. Após a certificação de que todas as pessoas foram referidas, as
mães foram questionadas com relação ao tipo de vínculo que estabeleciam com cada um dos
membros de sua rede. Nesta ocasião foi apresentado outro quadro contendo a representação
gráfica dos tipos de vínculos. Com este quadro na mão as mães facilmente indicavam o tipo
de vínculo e descreviam o significado do tipo de traçado escolhido. Em seguida, solicitei que
as mulheres falassem sobre sua ação frente às dificuldades e problemas com a amamentação e
51
da sua intencionalidade na sua relação com os membros de sua rede, com os quais estava
envolvida.
As entrevistas tiveram uma duração média de 75 minutos e foram gravadas em fita
magnética, mediante consentimento das mulheres que não demonstraram inibição diante do
gravador.
Após o término da entrevista as mulheres foram orientadas de acordo com as dúvidas
referidas. Além das orientações com relação à saúde da criança e problemas com
amamentação forneci encaminhamentos ao setor de Pediatria do CMS e às creches para a
obtenção de vaga para duas crianças, desta forma pude atender às demandas. As mulheres
demonstraram interesse em receber uma cópia do desenho da sua rede social e se colocaram à
disposição para eventuais contatos.
A coleta dos depoimentos cessou na 20
a
. entrevista quando emergiram repetições de
idéias nas falas, já podendo apreender o típico da ação das mulheres que possuíam filhos
menores de seis meses com vivência na prática da amamentação.
Os depoimentos foram transcritos, sendo designado outro nome às mulheres,
conforme escolha das mesmas, a fim de garantir-lhes o anonimato.
A análise dos mapas e das falas deu-se mediante a representação gráfica da rede
social de cada depoente, bem como da compreensão da relação desta com os membros de sua
rede, conforme os pressupostos metodológicos escolhidos para este estudo.
Conforme mencionado anteriormente, as figuras geométricas bem como as cores
utilizadas na discriminação dos tipos de membros presentes no mapa da rede social da
depoente seguem o modelo adaptado por Soares (2002a). (Anexo B).
Para a análise dos depoimentos utilizou-se a trajetória metodológica referida por
Tocantins (1993, p.35), Rodrigues (1996, p. 35), e Rosas (2003, p.62), adaptados a esta
pesquisa, com a finalidade de desvelar o significado da ação intencional das mesmas ao se
52
relacionarem com os membros de sua rede, à luz do referencial teórico de Alfred Schutz
(1979a). Neste sentido seguimos os seguintes passos:
a) Leitura atenta e detalhada dos depoimentos que foram transcritos na íntegra,
visando à apreensão da ação refletida (motivo porque) e da ação motivada (motivo para)
das mulheres sujeito do estudo;
b) Agrupamento dos trechos das falas que expressam idéias em comum
referentes à ação das mulheres na relação com os membros de sua rede primária,
secundária e de mercado;
- agrupamento das falas que expressam a razão porque procurou ou contou com a
ajuda do membro da rede social referido.
- agrupamento dos trechos das falas que expressam a intencionalidade em se
relacionar com o membro da rede.
Neste processo foi verificado que independente do tipo de membro da rede, tanto a
razão quanto a intenção da ação de mulheres se relacionarem com determinada pessoa de sua
rede social convergiam. Portanto, não foi necessário analisar em separado os trechos dos
depoimentos de acordo com a relação estabelecida entre os diversos membros da rede (mãe,
companheiro, tios, avós, amigos, profissionais, entre outros).
c) Releitura dos textos com vistas a identificar as categorias mediante:
- o agrupamento dos trechos das falas que apresentam convergência de conteúdo dos
motivos porque das mulheres ao se relacionarem com os membros de sua rede social e;
- o agrupamento dos trechos das falas que apresentam convergência de conteúdo dos
motivos para das mulheres ao se relacionarem com os membros de sua rede social.
53
d) Compreensão do típico da ação das mulheres por meio da análise
compreensiva;
e) Interpretação do conteúdo, à luz do referencial teórico-metodológico da
fenomenologia sociológica de Alfred Schutz.
54
IV. ANÁLISE COMPREENSIVA
55
4.1. As mulheres e suas redes sociais
O mapa da rede social foi elaborado conjuntamente com as mulheres que diante do
seu próprio desenho apontaram os tipos de vínculo e as distâncias entre os membros da rede.
De acordo com Soares (2002a) o desenho do mapa de rede possibilita uma visão
global do contexto relacional da pessoa e um melhor planejamento da intervenção, partindo
desta totalidade. As redes foram elaboradas com base nos quadros de representação
geométrica e gráfica de tipos de rede e vínculos (Anexo B), sendo os membros identificados
de acordo com a legenda proposta por Soares, 2002a:
Legenda
Rede primária: círculo
Branco: família da mulher que amamenta
Verde claro: parentes
Vermelho: amigos
Amarelo: vizinhos
Rosa escuro: colegas
Rede secundária: retângulo
Verde escuro: instituição de saúde
Laranja: instituição educacional
Rosa claro: instituição de assistência social
Cinza: órgão de segurança
Rede de terceiro setor: retângulo com elipse interna
Azul: Igrejas
Rede de mercado: triângulo
Marrom: estabelecimento de trabalho
Identificação:
A mulher foi identificada com a letra inicial do seu pseudônimo e os demais
membros do seu domicílio também foram identificados por letras e citados na descrição do
mapa. Os parentes foram identificados de acordo com o grau de parentesco. Os amigos,
vizinhos e colegas foram identificados com a letra inicial do nome.
As instituições foram representadas de acordo com o tipo.
Os membros da rede social, identificados com asterisco foram referidos pela mulher
como aqueles que estavam envolvidos com ela durante a amamentação.
56
Rede Social de Bia
Bia, 25 anos, é natural do Maranhão e reside na comunidade há 2 anos. Habita em
um domicílio de um cômodo, que se localiza no piso superior de uma outra casa e não possui
água encanada. Ela mora com seu companheiro, um sobrinho e sua filha de um mês. Bia
referiu ter mais três filhos que moram com sua mãe, no Maranhão.
Na ocasião da entrevista Bia estava de licença maternidade do trabalho onde exerce a
atividade de empregada doméstica. E o seu marido estava trabalhando como pintor. Bia
realizou o pré-natal desta última gestação e amamentou exclusivamente sua filha por 5 meses,
referindo a necessidade de retornar ao trabalho. Seus filhos anteriores haviam sido
amamentados exclusivamente por 6 meses.
Na entrevista juntamente com Bia foi desenhado o seguinte mapa da sua rede social:
B
M S G
A T J
C
S
Is
E
Mãe
Irmã,
Irmão
Sobrinho
Tia
Tio
Sobrinho
F
R
L
N
Maternidade
CMS
I
Se
Ro
*
Fig. 3 - Rede Social de Bia
57
O mapa da rede de Bia evidencia uma rede primária de tamanho médio com baixa
densidade, ou seja composta por 13 membros que estabelecem poucos relacionamentos entre
si. O mapa revela que Bia mantém vínculo forte com os membros de sua casa (companheiro,
sobrinho e filha), com sua mãe, irmãos, tios, com sua patroa I e com sua vizinha A. No
entanto, verifica-se que seus parentes (mãe, irmãos, tios) encontram-se distantes pelo fato de
residirem no Maranhão. E com sua patroa, Bia não possui contato freqüente neste período em
que está de licença maternidade. Ela identificou, ainda, mais 2 vizinhas, 5 amigos que moram
na comunidade e 4 amigas que moram em bairros mais distantes. Mas, a mesma se referia a
estes relacionamentos como circunstanciais (se relacionava com as amigas e vizinhas pois
precisava passar por elas para chegar na sua casa e o envolvimento com as demais amigas
dava-se pelo fato dela ter morado anteriormente em outra comunidade). Desta forma, Bia
revelou que tais relacionamentos não influenciaram na sua prática de amamentação. E o tipo
de vínculo que tem com estas pessoas é normal
16
.
Para sobreviver a família de Bia depende do seu trabalho e do trabalho do seu
companheiro, constituindo esta a sua rede de mercado.
Outro aspecto que merece consideração é que na rede secundária constituída pela
Maternidade e pelo Centro Municipal de Saúde (CMS) local não constam nomes de pessoas,
indicando um tipo de contato formal, sem vínculo com o profissional destas instituições que
realizou o atendimento.
Diante desta rede Bia referiu que durante esse período da sua vida, em que está
amamentando sua filha a pessoa com a qual ela possui um envolvimento e que ela pode contar
na realidade foi sua vizinha. A vizinha foi citada várias vezes como aquela que de fato
constitui o ponto de apoio para Bia.
16
Os tipos de vínculo com o membro da rede social relacionados ao referencial proposto por Sanicola (1995)
estarão em itálico.
58
Rede Social de Ana Carolina
Ana Carolina, 26 anos, é natural do Rio de Janeiro, e reside na comunidade há 14
anos. Habita em um domicílio de um cômodo, onde mora com seu companheiro, um filho de
5 anos e uma filha de 5 meses.
Na ocasião da entrevista Ana Carolina não estava trabalhando, sendo seu
companheiro aquele que trabalhava para sustentar a família. Ana Carolina realizou o Pré-natal
nesta última gestação e amamentou exclusivamente sua filha por três meses, referindo que
“seu leite não sustentava a criança”. Aos cinco meses, a mesma estava recebendo leite
artificial e leite materno. Seu filho anterior foi amamentado exclusivamente por 6 dias.
Na entrevista juntamente com Ana Carolina foi desenhado o seguinte mapa da sua
rede social:::
Fig 4 - Rede Social de Ana Carolina
O mapa da rede evidencia uma rede primária de tamanho médio com alta densidade,
ou seja composta por 14 membros que estabelecem muitos relacionamentos entre si. O mapa
revela que Ana Carolina mantém vínculo forte com os seus filhos, uma irmã e dois tios. No
entanto, verifica-se que sua irmã e seus tios estão distantes pelo fato de residirem em outra
localidade. Ela identificou, ainda, mais 4 vizinhas, 3 amigos que moram na comunidade e a
A
C N
Jo
Tios
Tia
Tia
Tia
Mc
A
Am
Ma
Mãe
Irmãs
Sobrinh
o
M
E
Bi
Irmã
Maternidade
CMS
Hospital MC
Pai
*
*
*
59
presença de mãe, pai, irmãs, sobrinha e outros tios. Entre os tipos de vínculos referidos, além
da normalidade, foi mencionado fragilidade (com relação ao companheiro, vizinha e tia),
conflito (com relação ao pai) e ambivalência (com relação a uma amiga).
Em sua rede secundária, constituída pela Maternidade e pelo CMS, faz referência a
pediatras e enfermeira indicando um tipo de relação familiar com os profissionais destas
instituições onde recebeu o atendimento.
Diante desta rede Ana Carolina referiu que durante esse período da sua vida, em que
amamentou sua filha as pessoas com as quais ela possui um envolvimento e que ela pode
contar na realidade foram: sua mãe, uma das irmãs e seu companheiro.
Rede Social da Isabel
Isabel, 24 anos, é natural do Rio de Janeiro e sempre residiu na comunidade. Habita
em um domicílio de um cômodo, com seu companheiro e sua filha de 5 meses.
Na ocasião da entrevista Isabel estava trabalhando em casa, vendendo salgados e seu
companheiro estava trabalhando como camelô.
Isabel realizou o pré-natal desta última gestação e amamentou exclusivamente sua
filha por 3 meses, referindo que “seu leite não sustentava a criança”. Aos 5 meses a criança
recebia leite materno e leite artificial.
Na entrevista foi desenhado o seguinte mapa da sua rede social:
60
O mapa da rede de Isabel evidência uma rede primária de tamanho médio com alta
densidade, ou seja composta por 15 membros que estabelecem muitos relacionamentos entre
si. O mapa revela que Isabel mantém vínculo forte com sua mãe, seu pai e com os irmãos que
moram com seus pais.
Ela identificou, ainda, mais 3 vizinhas, 2 amigas, 2 colegas e demais parentes. Mas,
a mesma se referia a estes relacionamentos como circunstanciais que não a influenciaram na
sua prática de amamentação. E o tipo de vínculo que tem com estas pessoas é normal, com
exceção de 2 vizinhas com as quais rompeu o relacionamento.
Sua rede secundária é constituída pela maternidade, pelo CMS, pelo Hospital RM e
pelo CEMASI (instituição de assistência social onde recebe o auxílio Bolsa Família). Nesta
rede não constam nomes de pessoas, indicando um tipo de contato formal, sem vínculo com o
profissional destas instituições que realizou o atendimento.
I
C N
Tio
A
Mãe, Pai,
Sobrinho,
Irmãos
Primos
Cunhado
L
Tia
Irmã
Tia
Irmã
A
C
C
B
A
CMS
Maternidade
Hospital RM
Instituição de
assistência social
*
Fig. 5 - Rede social da Isabel
61
Diante desta rede social Isabel referiu que durante esse período da sua vida, em que
esteve amamentando sua filha, as pessoas com as quais ela possuiu um envolvimento e que
ela pôde contar na realidade foram seus pais e irmãos.
Rede Social de Wal
Wal, 42 anos, é natural do Rio de Janeiro e sempre residiu na comunidade. Habita
em um domicílio alugado de dois cômodos, onde mora com suas duas filhas, uma de 4 anos e
outra filha de 5 meses.
Na ocasião da entrevista Wal tinha retornado ao trabalho de faxineira, uma vez que o
tempo da licença maternidade havia esgotado. Atualmente este trabalho tem sido a única forte
de sustento para a família.
Wal realizou o Pré-natal nesta última gestação e amamentou exclusivamente sua
segunda filha por cinco meses, sendo que a partir desta data passou a oferecer leite materno e
leite artificial para a mesma. Referiu que devido a sua necessidade de trabalhar pretendia
deixar a criança em uma creche. Sua filha anterior foi amamentada exclusivamente por três
dias.
Na entrevista juntamente com Wal foi desenhado o seguinte mapa da sua rede social:
62
Fi g. 6 - Rede Social de Wal
O mapa evidencia uma rede primária de tamanho médio com baixa densidade, ou
seja composta por 13 membros que estabelecem poucos relacionamentos entre si. Nesta rede
primária é evidente a presença de amigas com as quais Wal estabelece uma forte relação. No
relacionamento com sua mãe e irmãos referiu fragilidade, embora com uma das suas irmãs
Wal revelasse um forte vínculo.
Com os pais das duas filhas ela referiu ter rompido a relação.
A sua rede secundária é constituída pelas seguintes instituições: Maternidade, CMS,
Hospital G e Hospital PC. Esta procura pela rede hospitalar dá-se pelo fato da criança
apresentar uma hipótese diagnóstica de Síndrome de Down.
Diante desta rede Wal referiu que durante esse período da sua vida, em que está
amamentando sua filha as pessoas com as quais ela possui um envolvimento e que ela pode
contar na realidade foram três amigas.
Pri
F
Mãe
Iã Iã
L
A
madr
padr
E
madr
Li
Te
S
E
T
Pai de
1 das
filhas
Maternidade
Hospital G
CMS
Hospital PC
W
Wa Wi
*
*
*
Pai de
1 das
filhas
63
Rede Social de Lena
Lena, 27 anos, é natural do Ceará e reside na comunidade há 3 anos. Habita em um
domicílio de dois cômodos, onde mora com sua irmã e sua filha de 4 meses. Referiu ter
rompido o relacionamento com o pai da criança.
Na ocasião da entrevista Lena tinha retornado ao trabalho de balconista, após ter
gozado de 4 meses de licença a maternidade.
Desta última gestação Lena referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 1 mês e 15 dias. Neste período por ter
apresentado fissura, introduziu o leite artificial para a criança. Lena referiu que a mesma após
os dois meses de idade não aceitou mais o leite materno.
Na entrevista juntamente com Lena foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
Fig. 7 - Rede Social de Lena
Primo
Irmão
Irmão
Irmão
Irmã
Irmão
Irmão
Irmão
Irmão
Irmã
Primo
Mãe
Pai da
criança
*
L T
Maternidade
CMS
Hospital SZ
L
Ti Irmã
*
*
64
O mapa da rede evidencia uma rede primária de tamanho médio com baixa
densidade, onde a maioria dos seus parentes está distante (no Ceará ou França). Desta forma,
Lena pode contar com a presença de uma irmã, dois primos e duas amigas que lhe estão mais
próximas. Sendo que com uma destas últimas estabelece um forte vínculo. No relacionamento
com os parentes que estão longe do seu convívio, ela reconhece um forte vínculo com a sua
mãe e com uma das irmãs.
A sua rede secundária é constituída pelas seguintes instituições: Maternidade, CMS,
Hospital SZ. Nestes locais, ela revelou ter estabelecido um forte vínculo com os profissionais
que lhe prestaram o atendimento, embora não soubesse mencionar o nome do profissional que
lhe atendeu.
Na sua rede de mercado, caracterizada pelo vínculo com seu trabalho referiu
fragilidade.
Diante desta rede Lena referiu que durante esse período da sua vida, em que
amamentou sua filha as pessoas com as quais ela possuiu um envolvimento e que ela pode
contar na realidade foram: o pai da criança e duas irmãs.
Rede Social de Maria
Maria, 35 anos, é natural de Sergipe e reside na comunidade há 5 anos. Habita em
um domicílio de dois cômodos, onde mora com sua filha de 6 meses.
Na ocasião da entrevista Maria tinha retornado ao trabalho de babá aos finais de
semana.
Desta última gestação Maria referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 6 dias, alegando que apresentou fissura e que
devido a uma cirurgia mamária prévia, “não tinha leite”. Manteve a criança em aleitamento
misto até 30 dias, quando passou a oferecer apenas leite artificial para a mesma.
65
Na entrevista juntamente com Maria foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
Fig. 8 - Rede social da Maria
O mapa da rede evidencia uma rede primária de tamanho médio com alta densidade,
ou seja, composta por 16 membros que estabelecem muitos relacionamentos entre si. É
evidente ainda que nesta rede estão mais próximos de Maria os vizinhos e duas amigas, uma
vez que seus parentes moram mais distantes, em outro Estado. Com todos estes ela referiu um
tipo de vínculo dentro da normalidade.
A sua rede secundária é constituída pelas seguintes instituições: Consultório de
Ginecologia, Maternidade, CMS, Consultório de Pediatria . Diante desta rede Maria referiu
que durante esse período da sua vida, em que amamentou sua filha as pessoas com as quais
ela possuiu um envolvimento e que ela pode contar na realidade foram suas duas amigas.
M
M
Tio
C. Pediatr
CMS
Maternidade
C.Gineco
V
V
Irmão
Irmão
Irmão
Irmão
Irmão
Pai
Irmão
Sobrinho
Irmão
V
V
A
A
Irmão
*
*
66
Rede Social de Patricia
Patricia, 32 anos, é natural do Rio de janeiro e sempre residiu na comunidade. Habita
em um domicílio de cinco cômodos, onde mora com sua mãe, 4 irmãos, 2 irmãs, 2 sobrinhos,
1 cunhado e 5 filhos. Na ocasião da entrevista Patricia estava de licença maternidade. Antes
da licença ela desempenhava a atividade de entregadora de panfletos.
Desta última gestação Patricia referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança que possuía um mês de idade por 21 dias,
referindo que “seu leite não sustentava a criança”. Manteve a mesma em aleitamento misto
por mais três meses. Seu primeiro filho foi amamentado exclusivamente por 15 dias e os
outros três filhos anteriores por 3 meses.
Na entrevista juntamente com Patricia foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
Fig. 9 - Rede social de Patricia
pai da
criança
Da
J
R
Di
B
V
V V
T
Primo
Tio
E
CMS
Colégio
(bolsa fam.)
Igreja
Maternidade
Igreja
(Cheque cid)
P
C 4I 2I 5F
*
Mãe*
67
O mapa da rede de Patricia evidenciou uma rede primária de tamanho médio com
alta densidade, uma vez que os membros estabelecem muitos relacionamentos entre si.
Patricia revelou apresentar um vínculo forte com o pai da criança caracterizando os demais
relacionamentos como normais. Em sua rede primária é evidente a presença das amigas e
vizinhas, em detrimento de parentes. Com relação a estes últimos, Patricia referiu contar
apenas com a presença de duas tias e primos.
A sua rede secundária é constituída pelas seguintes instituições: Maternidade, CMS,
Escola (onde os filhos estudam e de onde recebe o auxílio Bolsa Família) e Igreja Batista
(onde recebe o auxílio Cheque Cidadão).
Diante deste mapa de rede Patricia referiu que as pessoas que estavam mais
envolvidas com ela durante a fase da amamentação foram: sua mãe e o pai da criança.
Rede Social de Claudia
Claudia, 26 anos, é natural do Rio de Janeiro e reside na comunidade há 10 anos.
Habita em um domicílio de três cômodos, onde mora com seu companheiro e três filhos.
Na ocasião da entrevista Claudia estava de licença maternidade. Antes da licença ela
desempenhava a função de manicure. E seu companheiro possuía dois trabalhos.
Desta última gestação Claudia referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 2 meses, alegando a necessidade de trabalhar.
A partir deste período a criança passou a receber água e chá, além do leite materno. Seus
filhos anteriores foram amamentados exclusivamente por 2 meses.
Na entrevista juntamente com Claudia foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
68
Fig. 10 - Rede social de Claudia
O mapa da rede de Claudia revelou que a mesma possui uma rede primária grande
com alta densidade, ou seja, composta por mais de trinta membros que estabelecem muitos
relacionamentos entre si.
De acordo com Claudia, com exceção da fragilidade na relação com o seu
companheiro e de um relacionamento rompido com um cunhado, ela estabelece um forte
vínculo com a maioria dos membros de sua rede primária. Outra característica observada é o
fato de Claudia identificar uma grande quantidade de amigas, dentro e fora da comunidade.
A sua rede secundária é constituída pelas seguintes instituições: Maternidade e CMS.
Diante deste mapa de rede Claudia referiu que as pessoas que estavam mais
envolvidas com ela durante a fase da amamentação foram: sua cunhada e duas amigas.
A
C
3F M
Mãe
Irmãos
Avós
2Tia
3primos
Tio
Avó
Tios
Tios
Primos
Cunha
do
Cunha
do
Sogra
Cunha
da
Cunha
da A
A
A
A
A
A
A A
A
A
A
A
A
A
M
E
Maternidade
CMS
*
*
*
A
C
Mãe
Ir
mãos
Avós
2Tia
3primos
Tio
Avó
Tios
Tios
Primos
Cunha
do
Cunha
do
Sogra
Cunha
da *
Cunha
da
A
*
A
A
A
*
A
A
A A
A
A
A
A
A
A
M
E
Maternidade
CMS
69
Rede Social de Cristina
Cristina, 34 anos, é natural do Ceará e reside na comunidade há 27 anos. Habita em
um domicílio de dois cômodos, onde mora com sua mãe, pai, uma irmã, um irmão, quatro
filhos e dois sobrinhos.
Na sua casa as pessoas que trabalham para sustentar a família são: seu pai e seu
irmão. Desta última gestação Cristina referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 2 meses, sendo que no momento da entrevista
a criança recebia leite materno e artificial. Ela manteve a criança em aleitamento misto até 3
meses, quando passou a oferecer apenas leite artificial para a mesma, referindo que o “seu
leite não sustentava a criança”. Seu filho anterior foi amamentado exclusivamente por 3
meses.
Na entrevista juntamente com Cristina foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
Fig. 11 - Rede social da Cristina
Pai Mãe
Irmão C
4F I
2Sobrinhos
P
C
Tia Z
pai da
criança
J
N
J
CMS
Maternidade
Penitenciária
Pai de 3Filhos
Instituição de
assistência social
B
Tia H
Tia C
Tia D
*
*
70
O mapa da rede de Cristina revelou que a mesma possui uma rede primária de
tamanho médio com alta densidade.
Cristina revelou estabelecer um forte vínculo com duas vizinhas, uma colega, uma
amiga e com a maioria dos seus parentes. Referiu ainda apresentar uma relação de conflito
com um irmão que mora na sua casa e ter rompido o relacionamento com o pai da criança
atual e com duas vizinhas. Ao passo em que com o pai dos três primeiros filhos estabelece um
forte vínculo, contando com auxílio financeiro para cuidar das crianças, apesar deste se
encontrar na Penitenciária.
A sua rede secundária é constituída pelas seguintes instituições: Maternidade, CMS e
CEMASI (instituição social onde recebe o benefício Bolsa Família).
Diante deste mapa de rede Cristina referiu que as pessoas que estavam mais
envolvidas com ela durante a fase da amamentação foram: seus pais, uma irmã e uma vizinha.
Rede Social de Isa
Isa, 22 anos, é natural do Rio de Janeiro e reside na comunidade há seis meses.
Habita em um domicílio de um cômodo, onde mora com o seu companheiro e sua filha. Isa
mencionou que possui mais quatro filhos no Ceará, que moram com a sua sogra.
Na ocasião da entrevista apenas o seu companheiro estava trabalhando, uma vez que
Isa não trabalha fora do lar.
Desta última gestação Isa referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 3 meses, mantendo a criança em aleitamento
misto. Referiu ter apresentado fissura nos mamilos. Seus filhos anteriores foram amamentados
exclusivamente por 6 meses.
Na entrevista juntamente com Isa foi desenhado o seguinte mapa da sua rede social:
71
Fig. 12 - Rede Social de Isa
O mapa da rede de Isa evidenciou uma pequena rede primária com baixa densidade,
ou seja, composta de seis membros que estabelecem poucos relacionamentos entre si.
Isa revelou apresentar um forte vínculo apenas com o seu companheiro atual, seus
filhos e com uma vizinha.
Referiu ainda fragilidade no relacionamento com uma vizinha e com uma colega.
Apresentou uma relação conflituosa com o seu ex-companheiro e sua sogra.
Outro aspecto que merece consideração é o fato de Isa não possuir relação com
nenhum parente, pois perdeu o contato com a sua mãe, irmãos e tios há oito anos. Ela
mencionou não saber onde estes estão morando e ao mesmo tempo sua família também não
sabe que ela retornou do Nordeste e está morando nesta comunidade.
A sua rede secundária é composta pelas instituições: Maternidade e CMS e não
consta de nomes dos profissionais que a atenderam indicando um tipo de contato formal com
os mesmos.
D C
G
L
Sogra
Ex-
marido
Madr
Maternidade
CMS
I
AB C
*
V
*
72
Diante deste mapa de rede Isa referiu que as pessoas que estavam mais envolvidas
com ela durante a fase da amamentação eram: sua vizinha e seu companheiro.
Rede Social de Laura
Laura, 26 anos, é natural do Maranhão e reside na comunidade há 5 meses. Habita
em um domicílio de três cômodos, onde mora com uma irmã, um sobrinho e seu filho de 4
meses.
Na ocasião da entrevista Laura estava de licença maternidade do trabalho onde
desenvolve a função de vendedora.
Desta última gestação Laura referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 4 meses. Após este período passou a oferecer
leite materno e leite artificial, devido ao choro intenso da criança.
Na entrevista juntamente com Laura foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
Fig. 13 - Rede social de Laura
Madrinha
Irmã
pai da
cça
namorado
*
C
C
L
I C F
*
Maternidade
CMS
Irmão
Irmão
Irmã
Sobrinho
Mãe, pai,
Irmãos
73
O mapa da rede de Laura evidenciou uma pequena rede primária com baixa
densidade, ou seja, cujos membros estabelecem poucos relacionamentos entre si.
Laura revelou apresentar um forte vínculo o seu namorado, que se encontra em
Salvador e com seus parentes (mãe, pai, irmãos e madrinha), embora estes estejam distantes
do seu convívio. Referiu ainda manter uma relação frágil com um de seus irmãos e ter
rompido o relacionamento com o pai da criança e duas colegas.
A sua rede secundária é composta pelas instituições: Maternidade e CMS.
Diante deste mapa de rede Laura referiu que as pessoas que estiveram mais
envolvidas com ela durante a fase da amamentação foram: sua irmã que mora no seu
domicílio e seu namorado.
Rede Social de Yasmin
Yasmin, 22 anos, é natural do Rio de Janeiro e sempre residiu na comunidade. Habita
em um domicílio de um cômodo, onde mora com seu pai, um irmão e seu filho de 5 meses.
Na sua casa Yasmin e seu pai trabalham para sustentar a família.
Desta última gestação Yasmin referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 3 meses. Após este período passou a oferecer
leite materno e leite artificial. As dificuldades referidas foram: ingurgitamento mamário,
fissura e necessidade de trabalhar.
Na entrevista juntamente com Yasmin foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
74
Fig. 14 - Rede social da Yasmin
O mapa da rede de Yasmin evidenciou uma rede primária de tamanho médio com
alta densidade, onde os membros estabelecem muitos relacionamentos entre si.
Yasmin revelou apresentar um forte vínculo com o seu irmão, irmã, um tio e primos.
Evidenciou ainda um relacionamento do tipo conflituoso com o pai da criança e com uma
vizinha.
Na sua rede secundária composta pelas instituições: Maternidade, CMS e Hospital
RM e Escola.
Diante deste mapa de rede Yasmin referiu que até os três meses pós-parto as pessoas
que estavam mais envolvidas com ela durante a fase da amamentação foram: seu pai, o pai da
criança e uma vizinha. Após este período referiu ter uma relação conflituosa com o pai da
criança e de fragilidade com seu pai, evidenciado no mapa da sua rede social na ocasião da
entrevista.
Y
I Pai R
Tio
Tia
Tio
Irmão
L
Pri
P
Tio
Irmã
F
pai da
criança
G
D
*
S
Maternidade
CMS
Hospital RM
Escola
C
D
M
*
*
75
Rede Social de Sofia
Sofia, 33 anos, é natural do Rio de Janeiro e sempre residiu na comunidade. Habita
em um domicílio de um cômodo, onde mora com seu companheiro e sua filha de 2 meses.
Sofia não trabalha fora de casa, sendo o seu companheiro aquele que trabalha para
sustentar a família.
Desta última gestação Sofia referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 2 meses, referindo a necessidade de trabalhar.
Na entrevista juntamente com Sofia foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
Fig. 15 - Rede Social de Sofia
O mapa da rede de Sofia evidenciou uma rede primária pequena com baixa
densidade, onde os membros estabelecem poucos relacionamentos entre si. Esta rede primária
é composta basicamente por colegas. E os vínculos nesta rede foram considerados normais,
N
B
V
R
Irmã
Cunhada
Tia
C
C
S
E C
Maternidade
(enfermeira)
PAM B
*
76
exceto com o companheiro e com sua filha com quem Sofia apresenta um forte vínculo. Com
a cunhada referiu manter um relacionamento de ambigüidade.
Na sua rede secundária composta pelas instituições: Maternidade e pelo PAM B,
Sofia destaca um forte relacionamento com uma enfermeira da Maternidade.
Diante deste mapa de rede Sofia referiu que a pessoa que estava mais envolvida com
ela durante a fase da amamentação foi o seu companheiro.
Rede Social de Núbia
Núbia, 25 anos, é natural do Rio de Janeiro e sempre residiu na comunidade. Habita
em um domicílio de um cômodo, onde mora com suas 4 filhas.
Núbia estava trabalhando fora de casa para sustentar a família.
Desta última gestação Núbia referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 1 mês e 25 dias. Após este período passou a
oferecer leite materno e leite artificial até 4 meses. Referiu a presença de fissura,
ingurgitamento mamário e a necessidade de trabalhar. Seus filhos anteriores foram
amamentados por um mês, 6 meses e 4 meses, respectivamente.
Na entrevista juntamente com Núbia foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
77
Fig. 16 - Rede social de Núbia
O mapa da rede de Núbia evidenciou uma rede primária média com alta densidade,
uma vez que diversos membros estabelecem relacionamentos entre si. Núbia mencionou ter
um relacionamento conflituoso com o pai das duas filhas mais velhas e um forte vínculo com
sua mãe e pai das suas filhas mais novas.
Na sua rede secundária composta pelas instituições: Maternidade, CMS, Hospital
RM e CEMASI (de onde recebe a Bolsa Família).
Diante deste mapa de rede Núbia referiu que as pessoas que estavam mais envolvidas
com ela durante a fase da amamentação foram: sua mãe e uma amiga e duas vizinhas.
N
La Lo Lu Li
Irmão
A
Mãe
Irmã
pai de 2
filhas
M e H
pai de 2
filhas
D
Maternidade
CMS
Hospital RM
Institiução de
assistência social
A
R
F
E
*
*
*
*
*
78
Rede Social de Luciana
Luciana, 21 anos, é natural do Rio de Janeiro e sempre residiu na comunidade.
Habita em um domicílio de seis cômodos, onde mora com sua mãe, seu pai, seu companheiro,
dois irmãos, uma sobrinha e seus 2 filhos. Desta última gestação Luciana referiu ter realizado
o Pré-natal e ter oferecido exclusivamente leite materno para a criança por 15 dias. Após este
período passou a oferecer leite materno e artificial para a criança, referindo que a mesma
chorava muito e que após um mês o seu leite havia “secado”. Sua filha anterior foi
amamentada exclusivamente por 6 meses.
Na entrevista juntamente com Luciana foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
Fig. 17 - Rede social da Luciana
O mapa da rede de Luciana evidenciou uma rede primária média com baixa
densidade, uma vez que diversos membros estabelecem poucos relacionamentos entre si. O
mapa revela que Luciana mantém forte vínculo com todos os seus parentes e com as duas
amigas.
L
*
P M 2F C 2I
Sobr
Avó
S
Tios
sogra
cunhada
*
A
A
D
Maternidade
CMS
Hospital RM
Escola
Ja
C
J
B
L
D
Creche
*
*
79
A sua rede secundária é composta pelas instituições: Maternidade, CMS, Hospital
RM, Escola, Creche.
Diante deste mapa de rede Luciana referiu que as pessoas que estavam mais
envolvidas com ela durante a fase da amamentação foram: seus pais, companheiro, seus tios,
sua avó e uma cunhada.
Rede Social de Carla
Carla, 18 anos, é natural do Maranhão e reside na comunidade há 6 meses. Habita em
um domicílio de três cômodos, onde mora com seu companheiro, duas amigas e sua filha.
Em sua casa, o companheiro e suas duas amigas trabalham.
Desta última gestação Carla referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 1 mês. Após este período passou a oferecer
leite materno e leite artificial, referindo a necessidade de trabalhar.
Na entrevista juntamente com Carla foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
80
Fig. 18 - Rede social da Carla
O mapa da rede de Carla evidenciou uma rede primária média com alta densidade,
uma vez que diversos membros estabelecem muitos relacionamentos entre si. O mapa revela
que Carla mantém forte vínculo com suas amigas e com uma vizinha e fragilidade no
relacionamento com as colegas. Seus parentes residem em São Paulo.
A sua rede secundária é composta pelas instituições: Maternidade, CMS e Hospital
RM.
Diante deste mapa de rede Carla referiu que as pessoas que estavam mais envolvidas
com ela durante a fase da amamentação foram uma amiga que habita no seu domicílio, uma
amiga da comunidade e uma vizinha.
C
*
A M F C
Mãe,
pad.,
I
Iã, so
C
Tia Pri
I, so
Tia
L
J
D
C
W
CMS
Maternidade
Hospital RM
C
E
D
Ad
S
D
Al
Pri
*
*
H
A
81
Rede Social de Priscila
Priscila, 38 anos, é natural do Rio de Janeiro e sempre residiu na comunidade. Habita
em um domicílio de três cômodos, que se localiza na parte mais alta do Morro. Ela mora com
seus 3 filhos.
Na ocasião da entrevista Priscila referiu estar cumprindo “aviso prévio” no trabalho,
onde desenvolvia a função de faxineira, pois havia sido demitida. Demonstrou preocupação
com relação a sua situação, uma vez que era ela quem sustentava a família.
Desta última gestação Priscila referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 4 meses. Após este período passou a oferecer
leite materno e leite artificial, devido a sua necessidade de trabalhar. Os filhos anteriores
foram amamentados exclusivamente por 8 meses e 4 meses, respectivamente.
Na entrevista juntamente com Priscila foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
Fig. 19 - Rede social da Priscila
P
4F
Mãe
Mãe
criação
Irmão
Tia
I
*
R
D
Lr
Maternidade
Hospital RM
Escola
N
I
Creche
L
CMS
Pai das
crianças
I
Lc
*
82
O mapa da rede de Priscila evidenciou uma rede primária média com baixa
densidade, onde os membros estabelecem poucos relacionamentos entre si. O mapa revela que
Priscila mantém forte vínculo com seus filhos, com a mãe de criação, um irmão, uma tia e
com a única amiga. A relação de conflito foi evidente no relacionamento com o pai das
crianças e com duas colegas.
A sua rede secundária é ampla composta pelas instituições: Maternidade, CMS,
Hospital RM, Escola e Creche.
Diante deste mapa de rede Priscila referiu que a pessoa que estava mais envolvida
com ela durante a fase da amamentação foi a sua mãe de “criação” e uma amiga.
Rede Social de Paula
Paula, 17 anos, é natural do Rio de Janeiro e sempre residiu na comunidade. Habita
em um domicílio de quatro cômodos, com sua mãe, padrasto, três irmãos e sua filha de 6
meses.
Paula mencionou a necessidade de conseguir um trabalho, a fim de ajudar no
orçamento familiar, uma vez que na sua casa sua mãe é a única que trabalha.
Desta última gestação Paula referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 2 meses e meio, devido a um quadro de
abscesso mamário. Após este período passou a oferecer leite materno e leite artificial.
Na entrevista juntamente com Paula foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
83
Fig. 20 - Rede Social de Paula
O mapa da rede de Paula evidenciou uma rede primária média com alta densidade,
onde os membros estabelecem muitos relacionamentos entre si. O mapa revela que Paula
mantém forte vínculo com uma prima, dois irmãos, uma tia, sua mãe, avó e com o pai da
criança e uma amiga. Nesta rede Paula referiu que mantém uma relação conflituosa com seu
pai, rompeu o relacionamento com sua sogra e com os demais membros a relação é normal.
A sua rede secundária é ampla composta pelas instituições: Maternidade, CMS,
Escola (onde freqüenta como aluna) e Igreja (de onde recebe o auxílio Cheque Cidadão).
Diante deste mapa de rede Paula referiu que as pessoas que estavam mais envolvidas
com ela durante a fase da amamentação foram: sua mãe, o pai da criança e sua avó e uma
prima.
P
P
Mãe K
I
Prima
*
A
A
Sogra
pai da
cça
Tia
A
Tia/
prima
Avó
*
Tia
Maternidade
CMS
A
Tia
Escola
Igreja
*
*
84
Rede Social de Graça
Graça, 23 anos, é natural do Rio de Janeiro e sempre residiu na comunidade. Habita
em um domicílio de cinco cômodos, com seu companheiro e seus dois filhos de 4 anos e de 6
meses.
Na ocasião da entrevista Graça estava cumprindo “aviso prévio”, pois havia sido
demitida do trabalho onde exercia a função de secretária em uma creche. Além dela, seu
companheiro também estava trabalhando.
Desta última gestação Graça referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 5 meses. Após este período passou a oferecer
leite materno e leite artificial. Seu filho anterior foi amamentado de forma exclusiva por 6
meses.
Na entrevista juntamente com Graça foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
Fig. 21 - Rede social da Graça
Tia R
Tia Z
Mãe
Irmã
L
E
A
F
S
B
Creche F
Maternidade
CMS
Escola F
Hospital RM
Va
V
G
F R T
*
85
O mapa da rede de Graça evidenciou uma rede primária média com alta densidade,
onde os membros estabelecem muitos relacionamentos entre si. O mapa revela que Graça
mantém forte vínculo com seus parentes (mãe,irmã e tios), seu companheiro e filhos.
A sua rede secundária é ampla composta pelas instituições: Maternidade, CMS,
Hospital RM, Escola (onde o filho estuda) e Creche (onde deixa a filha).Graça referiu um
forte vínculo com as funcionárias da creche e com a pediatra do CMS.
Diante deste mapa de rede Graça referiu que a pessoa que estava mais envolvida
com ela durante a fase da amamentação foi sua mãe.
86
Rede Social de Beatriz
Beatriz, 25 anos, é natural do Rio de janeiro e reside na comunidade há 2 anos.
Habita em um domicílio de um cômodo, com seu companheiro e sua filha de 6 meses.
Na sua casa apenas seu companheiro trabalha.
Desta última gestação Beatriz referiu ter realizado o Pré-natal e ter oferecido
exclusivamente leite materno para a criança por 4 meses. Após este período passou a oferecer
leite materno e leite artificial. Relatou ainda que possui mais dois filhos que moram com seus
pais no município de Cabo Frio. O tempo de amamentação exclusiva dos filhos anteriores foi
de 6 meses. A dificuldade referida foi fissura.
Na entrevista juntamente com Beatriz foi desenhado o seguinte mapa da sua rede
social:
Fig. 22 - Rede Social da Beatriz
B
C Br
*
sogra
S
R
pai, mãe,
I, filhas
G
prima
Maternidade
CMS
Ambulatório
Hospital
A
*
A
87
O mapa da rede de Beatriz evidenciou uma pequena rede primária média com baixa
densidade, onde os membros estabelecem poucos relacionamentos entre si. O mapa revela
ainda que em torno de Beatriz estão presentes os amigos e que seus parentes estão distantes
(morando fora da comunidade). Beatriz apresenta uma relação conflituosa com sua sogra e
seu pai e rompeu o relacionamento com uma de suas vizinhas. Apresentou uma relação forte
com uma amiga, com o companheiro e uma filha.
A sua rede secundária é ampla composta pelas instituições: Maternidade, CMS,
Hospital CF e Ambulatório.
Diante deste mapa de rede Beatriz referiu que as pessoas que estavam mais
envolvidas com ela durante a fase da amamentação foi seu companheiro e uma amiga.
Em síntese na descrição de sua rede social as mulheres referiram que após o
nascimento da criança estão presentes na sua vida: mães, companheiro, pai dos outros filhos,
irmãos, pais, primos, avós, cunhada, sogra, madrinha da criança, sobrinho, vizinhas, amigas,
colegas, patroa, profissionais de saúde da Maternidade, de Hospitais e do Centro de Saúde e,
responsáveis ou funcionários de creches, escolas, igreja e centro de assistência social.
Na análise dos mapas verificou-se que as mulheres referem a presença de vínculo
“forte” com membros de sua rede primária, especialmente com amigas, vizinhas, tios, avó,
sua mãe ou com o pai da criança; revelando serem estes as pessoas mais envolvidas com elas
durante a fase da amamentação. E entre aquelas que amamentaram por 4 meses ou mais,
observa-se que além de estabelecerem vínculos “fortes” possuem uma relação de proximidade
com tais membros.
Outro aspecto que merece consideração é o fato de à luz do referencial de Alfred
Schutz (SCHUTZ, 1979a) observar-se que com os membros da rede primária as mulheres
88
expressaram uma relação de familiaridade, enquanto que com os membros de sua rede
secundária na maioria das vezes a relação se mostra como anônima.
4.2. Síntese da caracterização das depoentes
Após a descrição dos mapas de rede social das depoentes do estudo optamos por
apresentar uma síntese da caracterização de tais mulheres, obtida a partir dos dados de
identificação e dos aspectos relacionados à amamentação, que envolvem a situação biográfica
de tais mulheres. Desta forma, o Quadro 1 refere-se às características da situação biográfica
das mulheres em seu mundo da vida:
89
Quadro 1 Características da situação biográfica das mulheres
Características N
Tipo de moradia
§ Alvenaria 19
§ Mista 01
Número de cômodos
1 a 2 12
3 a 4 05
> 5 03
Número de pessoas no domicílio
2 a 4 13
5 a 7 04
> 8 03
Tempo de moradia na comunidade (em anos)
< 1 03
1 |- 10 04
10 |- 20 03
> 20 10
Idade (em anos)
15 -| 20 02
20 -| 25 08
25 -| 30 04
> 30 06
Naturalidade
CE, MA 06
RJ 14
Reside com o companheiro
Sim 11
Não 09
Trabalha fora de casa
Sim 14
Não 06
Licença maternidade
Sim 10
Não 04
90
O quadro 1 mostra que a maioria das mulheres identificadas no presente estudo
reside em casas de alvenaria, com uma média de 1 a 2 cômodos, onde habitam de 2 a 4
pessoas. De uma forma geral as mulheres são jovens, naturais do Rio de Janeiro e residem na
comunidade há mais de 20 anos. Mais da metade delas mora com o companheiro e 14
referiram possuir trabalho fora do lar.
A situação de moradia destas mulheres é característica do contexto de comunidades,
onde a maioria da população habita em domicílios pequenos e com alta densidade
demográfica, refletindo a baixa condição sócio-econômica das famílias.
Com relação à situação conjugal, Wagner et al (2000) e Dessen (2000) afirmam que
a presença do marido ou companheiro favorece tranqüilidade e segurança para a mãe lidar
com as mudanças ocorridas após o nascimento da criança e assim amamentá-la.
Dentre as mulheres do estudo que referiram possuir um trabalho fora do lar, quatro
delas não contaram com o benefício da licença maternidade, enquanto que as demais
permaneceram em casa durante os quatro meses garantidos pela legislação (BRASIL, 1997).
Rea et al (1997) e Ciaccia et al (2003) afirmam que o retorno da mulher ao trabalho
pode contribuir para que a maioria destas desmamem seus filhos precocemente. Neste
sentido, estes autores mencionam ainda ser necessário que as empresas reconheçam o direito
de amamentar e implementem benefícios para essa ação.
O quadro 2 focaliza a gestação e a vivência das mulheres com amamentação.
91
Quadro 2 Características referentes à gestação e tempo de amamentação
Características N
Número de filhos
1 07
2 a 4 11
> 5 02
Tempo de amamentação exclusiva do filho anterior
< 1 mês 02
2 a 3 03
4 a 5 03
> 6 05
Pré-natal da gestação atual
Sim 19
Não 01
Idade da criança (em meses)*
1 a 2 08
3 a 4 03
5 a 6 09
Tempo de amamentação exclusiva do filho atual
< 1 mês 06
2 a 3 08
4 a 5 06
* Idade da criança no momento da entrevista
Com relação às características de gestação e amamentação verificou-se que a maioria
possuía de 2 a 4 filhos, havia realizado o Pré-Natal e das treze que possuíam mais de um filho,
oito referiram ter amamentado o filho anterior por 4 meses ou mais (Quadro 2). Tais
características também apontam para a situação biográfica das mulheres, evidenciadas pelas
experiências e vivências anteriores, que segundo alguns autores podem ser benéficas para o
sucesso da prática da amamentação (SILVA, 1994; MARTINS, 1998; FERREIRA e
MONTEIRO, 2002; PRIMO et al, 2004; RAFAEL, 2005).
92
Com relação ao tempo de amamentação do filho atual, apenas seis das vinte
mulheres estudadas amamentaram exclusivamente por 4 meses ou mais, sendo que no
primeiro mês seis delas já haviam desmamado (Quadro 2). O fato das mulheres terem
desmamado precocemente seu filhos pode ter sido decorrente da condição de trabalhadora
fora do lar, característica da maioria delas, que as impossibilitou de permanecerem em contato
permanente com a criança durante os seis primeiros meses pós-parto, como evidenciado no
quadro 1.
Embora diversos estudos abordem os benefícios da amamentação (OMS, 2001;
LOUREIRO et al , 2003; ALMEIDA e NOVAK, 2004; PRIMO et al, 2004) ou apontem para
o aumento desta prática nos últimos anos (REA, 2003), nota-se a relevância da
implementação de estratégias governamentais voltadas para a proteção, promoção e apoio do
aleitamento materno (BRASIL, 1995; BUENO e KEIKO, 2004; VANNUCHI et al, 2004).
Na caracterização das mulheres do estudo buscou-se ainda apreender o tipo de
dificuldade que elas vivenciaram no período da amamentação. Neste sentido, as dificuldades
referidas foram organizadas segundo o que as falas possuíam em comum (Quadro 3).
Quadro 3 – Dificuldades referidas pelas mulheres
Dificuldades N
“o leite materno não sustentava” 07
necessidade de trabalhar 10
fissura 06
“não tinha leite” 02
ingurgitamento mamário 02
abscesso mamário 01
“criança não sugava” 01
93
De uma forma geral verificou-se que as dificuldades estavam relacionadas à mulher e
à criança. Em relação à mulher verificou-se o aspecto psico-físico de alguma alteração na
mama (fissura, ingurgitamento, ou abscesso mamário) e o aspecto social apontado pela
necessidade de trabalhar. No que se refere à criança observou-se a percepção do leite materno
não ser suficiente para “saciar a criança” e a falta de sucção da criança.
Com base em tais dificuldades, ao serem abordadas com relação à necessidade de
ajuda durante a fase da amamentação, as mulheres mencionaram poder contar com os
membros da rede primária. Assim o Quadro 4 é referente ao tipo de membro da rede social
primária envolvido com a depoente, com quem ela pode contar no período da amamentação.
Quadro 4 Tipo de membro da rede social e seu envolvimento com a
amamentação.
Membro da rede social* N
Mãe 09
Amiga 06
Vizinha 05
Companheiro 04
pai da criança 04
Irmã 04
outros familiares 03
* Houve concomitância entre os tipos de membros referidos nas respostas
A maioria das mulheres do presente estudo referiu ter contado com a presença da
mãe, de uma amiga ou de uma vizinha durante a fase em que estavam amamentando,
evidenciando o predomínio de uma figura feminina ao lado das mesmas, que lhe é familiar.
Da mesma forma, Gonçalves (2001) verificou que a mulher após o parto e ao deparar-se com
o processo de amamentar está mais próxima da família. Machado (2001) também encontrou
em seu estudo que a mãe ocupa um papel importante na prática da amamentação realizada por
94
sua filha, uma vez que se mostra como aquela que “está junto” compartilhando seus
conhecimentos e experiências.
No estudo ressalta-se ainda a figura masculina, representada pelo companheiro ou
pai da criança, que também se mostrou envolvido com a mulher durante o período da
amamentação. Primo e Caetano (1999) mencionam que na maioria das vezes a colaboração do
marido ou companheiro restringe-se à manutenção econômica do lar, uma vez que este passa
a maior parte do tempo fora do lar, cumprindo o papel de provedor e geralmente não vêem a
criação dos filhos como “dever do casal”.
O Quadro 5 mostra os motivos identificados como causa para o desmame, a partir
dos depoimentos das mulheres.
Quadro 5 Causa referida para o desmame
Causa N
leite não sustenta 07
Intercorrência mamária 06
Trabalho 07
Os motivos alegados para a introdução de outro alimento para a criança, além do
leite materno estão focalizados na crença de que “o leite não sustenta” e na ocorrência de
problemas mamários em 65% dos casos. Tais motivos refletem a importância da atuação de
profissionais de saúde junto à mulher que vivencia a amamentação, preparando-a para o
enfrentamento das possíveis dificuldades ou intercorrências características desta fase de sua
vida (RAMOS, 2003; PINHEIRO, 2003, BUENO, e KEIKO, 2004).
O Quadro 6 diz respeito à presença de membros da rede secundária, especialmente
profissionais de saúde no processo de amamentação. Merece destaque que estes membros não
foram referidos como aqueles envolvidos com ela durante o processo de amamentar, mas
foram citados durante o depoimento.
95
Quadro 6 Presença de membros da rede secundária durante a amamentação
Membro da rede social N
médica da Maternidade 06
pediatra do CMS 04
Médico de Hospital 02
enfermeira da Maternidade 01
Na relação com os profissionais de saúde, verificou-se o pouco envolvimento das
mulheres com tais profissionais. No tocante à amamentação, destacaram-se os médicos da
Maternidade, que de alguma forma se mostraram presentes na fase inicial do processo de
amamentar. Desta forma, mediante análise dos depoimentos foi desvelado que a rede
secundária ainda não constitui um ponto de apoio para a mulher que amamenta, pois durante o
período da amamentação esta busca auxílio entre os membros da sua rede primária constituída
por familiares, amigos e vizinhos. Este dado vem de encontro às propostas preconizadas pelas
políticas públicas de promoção, proteção e apoio à amamentação, que visam implementar as
ações dos profissionais de saúde, a fim de que estes reconhecendo a mulher como sujeito
deste processo desenvolvam uma assistência satisfatória (OMS, 2001; BUENO e KEIKO,
2004; VANNUCHI et al, 2004).
A seguir, mediante a análise compreensiva dos depoimentos buscou-se desvelar a
intencionalidade destas mulheres ao se relacionarem com os membros de sua rede social. Para
tanto, procedemos à constituição das categorias concretas do vivido, contextualizadas a partir
das falas das mulheres.
96
4.3. Constituição das categorias concretas
De acordo com os questionamentos feitos às mulheres sobre as pessoas que estavam
envolvidas com elas durante o período da amamentação e com as seguintes questões
orientadoras da entrevista: “por que você procurou ou contou com essa pessoa?” e “o que
você tem em vista ou espera quando se relaciona com ela?”, emergiram as categorias
concretas. Tais categorias foram assim denominadas no estudo de Parga Nina
17
(1978 apud
Tocantins, 1993), sendo entendidas como “o tipo de categoria que (...) participantes da
situação empregam, trabalhadas de forma tão clara e lógica quanto possível”.
Após identificar estas categorias na análise dos depoimentos, buscou-se a
compreensão dos motivos expressos na vivência das mulheres com os membros da rede
social, à luz da abordagem metodológica de Alfred Shutz (1979a).
Na busca dos motivos porque expressos pelas mulheres como razão da procura ou do
fato de ter contato com os membros de sua rede primária (composta de parentes, amigos,
vizinhos e colegas) durante o período em que estão amamentando foram desveladas as
categorias:
§ Apoio material
§ Auxílio nas tarefas domésticas
§ Ajuda para “olhar” a criança
Tais categorias apontam para o fato de que no relacionamento com sua rede social a
razão da procura das mulheres está focalizada na “ajuda” que tais membros oferecem.
17
PARGA NINA, L (coord). Estudo das informações não estruturadas do ENDEF e de sua integração com os
dados quantificados. Rio de Janeiro: PUC-RJ, 1978. p.66. Mimeografado.
97
APOIO MATERIAL
As mulheres sujeito do estudo vivenciando a amamentação no relacionamento com
sua rede social primária contam com apoio material oferecido por tais membros. Como pode
ser observado nos trechos das falas abaixo:
(...) A “comissão” (alimentação) assim, ele (companheiro) compra (...)
Não deixa faltar nada. (...) ela (vizinha) ajuda assim na “comissão” para
gente, nem que seja com dinheiro ou não, ela ajuda a gente, ela vende. (...)
assim, comida de casa.(...) quando eu quero comprar uma coisa e não
tenho dinheiro ai eu compro fiado. Ela é boa, por causa disso. Preciso de
uma coisa pode pegar lá, pego lá sem dinheiro sem nada, quando arrumo
dinheiro ai vou lá e dou a ela. Esses dia mesmo eu precisei de comprar
umas coisa que eu tava sem dinheiro, ai fui comprar, ela me deu (Isa)
(...) ele (pai da criança) não pode me ajudar muito com as crianças (...)
Mas tipo assim, negócio de fralda, leite, essas coisas assim pra eles, ele
que ta comprando porque eu também não estou trabalhando (...) Minha
sorte é que eu moro lá com a minha mãe, ai tem vezes que as coisa acaba
entendeu?. O pai deles até pode comprar, mas às vezes também não tem
dinheiro, ai minha mãe ajuda por um tempo, mesmo que seja emprestado
procura me ajudar, assim (Patricia).
A minha avó de Ramos sempre me ajuda (...) Assim, por exemplo, quando
meu gás acaba, eu ligo pra ela e ela pede pro meu tio pra trazer o dinheiro
pra mim comprar. Ou então tá faltando alguma coisa..., fralda descartável,
peço para ela.(Claudia)
(...) Ela me ajuda muito, em várias coisas minha mãe me ajuda. Roupa pra
minhas filhas..., tudo. Bem dizer, é ela que sustenta minhas filhas. Menos
essa porque eu moro com o pai dela, mas as outras duas ela veste, calça,
tudo, alimenta, tudo. Às vezes, peço dinheiro. Ela compra as coisas pra
mim. Ela ajuda. Compra fralda, pro neném... Essas coisas. (...) Porque eu
to desempregada (...), mesmo a gente não pedindo ela ajuda. Ela chega
com fralda, dá isso, dá dinheiro, dá as roupas da patroa dela pra mim
lavar e me paga. Ajuda muito (Isabel)
98
(...) Tem a Edna, que mora aqui em baixo, ta sempre me ajudando, ta
sempre me ajudando. Essa semana me ajudou muito: dinheiro pra eu poder
ir no INPS, pra poder ir no hospital, dinheiro pra poder ir, porque tá
difícil. Sem trabalho, sem dinheiro... tão mais constante comigo do que
parente. Estão constante comigo, tão sempre me ajudando. Tão me
ajudando sempre mesmo, o que elas num pode, num pode. (...)Essa semana
foi ela que me deu o dinheiro pra pode ir lá pra Tijuca. Não tinha dinheiro
pra ir pra Tijuca e ela me arrumou cinco reais, sabe?(...) Ela (amiga)
chama eu pra ir lá, dá dinheiro pra ela, compra fralda, compra coisa pra
ela (Wal)
ela compra mamadeira, compra um montão de coisas pra minha filha (Paula)
Eu pedi ajuda pra ela (amiga) foi só para o leite. (...) O leite, porque o leite
dela de vez em quando acaba e eu estou sem dinheiro pra comprar, e ela me
ajuda. (...) Se eu precisar ela (irmã) me ajuda. (...) Me dá dinheiro. Ajuda
que eu falo é dinheiro (Beatriz)
(ajuda) Nas compras, né? Nas coisas das criança, material da escola ele
comprou. Fralda da Vitória ele trás. Quando peço roupa ele trás também.
(Priscila)
Ele (companheiro) levava dinheiro e falava: “dá pra sua mãe comprar
alguma coisa”.(Graça)
Ah, de vez em quando essa (irmã) também vai lá em casa, quando eu ... tipo
assim, se eu precisar de um vale transporte eu não peço não, mas ela sempre
pergunta. Aí se ela tiver ela dá, se ela tiver ela chega e fala, se eu precisar
por exemplo.(Laura)
O pai dele dá as coisas pra ele, não deixa faltar, quando ele ta precisando.
Ai eu ligo pra ele pra ele dá as coisas. Ele sempre ta mandando, não deixa
faltar nada pra ele.Ai,é nestas partes que ele me ajuda.(Yasmin)
(...) Ele ajuda assim, faz as compras das meninas, entendeu? Compra leite,
fralda, as coisa que ele precisa, ele ajuda assim, com o arroz e feijão, ajuda
pras outra meninas também, né? Roupa das menina, ele compra, a mãe dele
também ajuda, então, no momento eu não tenho o que reclamar. É vivo desse
99
bico, com a ajuda que o pai das meninas da Liriel e da Ludmila me dá e do
Bolsa-família. (Núbia)
(...) Ajuda. Compra as coisas pra mim, pra minha filha. Não deixa faltar
nada. (Carla)
A Edileuza, a Rita e a Ana, (irmãs) me ajudam. Falo que não tenho dinheiro
pra comprar leite e elas me ajudam (...) Ele vai lá em casa. Só que não
ajuda. (...) Ele paga a farmácia.(Lena)
(...) Quando ele recebe ele vai lá, me ajuda, (...).Ta ajudando (Cristina).
Os depoimentos acima evidenciam que a razão pela qual as mulheres se relacionam
com a sua rede social durante a fase em que se encontram em casa vivenciando a
amamentação está centralizada na necessidade de apoio material, expresso principalmente
pelo dinheiro e ou o que permite a aquisição de alimentos, fraldas, roupas entre outros.
AUXÍLIO NAS TAREFAS DOMÉSTICAS
Diante da condição de estarem em casa no período pós-parto ou durante os primeiros
meses de vida da criança, as mulheres diante da possibilidade de amamentar relacionam-se
com pessoas que as auxiliam na realização de atividades de casa, como expresso nas seguintes
falas:
(...) ele lavava as coisas quando eu não podia, aí ele lavavas as coisas,
varria a casa, só não lavava a roupa, que é muito também. (...) Mas ele
arrumava as coisas, varria a casa.(...) Eu contei com ajuda dessa aqui
(referindo-se a vizinha), no resguardo, as coisa que eu não fazia ela
fazia.(...) Arrumar casa, fazer comida, lavar roupa,...Só quando eu tava no
resguardo. Ai, também assim, depois que eu fiquei boa ela me ajuda também,
assim só para fazer as coisa mesmo de casa, arrumar casa e sair comigo,
com a neném, ela me ajuda muito.(Isa)
100
(...) ele arrumava a casa, ele lavava a louça pra mim, varria a casa, limpava
as coisas ... (...) que nem hoje, eu fui levar as crianças pra escola, vim aqui
pegar o cheque, mas como o moço não tinha chegado, eu subi, ele já tinha
pegado água, ele já tinha lavado a louça, dado mamadeira a ela, porque eu
tinha tirado leite do peito pra ela, porque ela acorda já fazendo barulho. Aí
quando eu subi já tava tudo pronto (Claudia)
(...) a Aline (vizinha) é que ia fazer o almoço pra mim. (...) Aí em cima a
gente não tem água encanada, então ele (sobrinho) bota água para mim...
Só não faz a serviço de casa, porque homem não sabe fazer nada, não é. Ai
eu faço. Mas ele bota água pra mim, lava a roupa dele, lava a louça. (Bia)
(...) Minha mãe, ai, minha mãe é tudo, (...) me ajudava, ela lavava roupa dele
que não deixava eu lavar roupa (...) hoje que ela(irmã) fez tudo que eu não
tava em casa, agora negocio de comida ela não faz, que ela disse que não
sabe, agora arrumar a casa de vez em quando a bichinha arruma, não vou
falar muito mal dela não que a bichinha arruma, quando ela quer. (Cristina)
Ah, às vezes eu não consigo fazer nada, né? porque eu gosto de dar de
mamar deitada, porque sentada é desconfortável. Aí às vezes não faço nada,
fico dando de mamar, dando de mamar... (...) Eu falava (ao marido); “ah
arruma aqui porque não tem como não. Faz uma comida aí, porque não tem
como fazer não. Porque a menina já ta no peito, pendurada”. (Ana Carolina)
Não tinha ninguém aqui pra cuidar de mim no resguardo. Fui operada e tem
que ser 3 meses de dieta mesmo. Liguei pra ela, deixou marido, filhos.... E tá
comigo até hoje (Lena)
Ela me ajuda, né. Quando vai lá em casa me ajuda bastante. (...) várias
coisas ela (prima) faz. (Paula)
Qualquer problema que eu tenha elas ajudam, tá sabendo, são amigas né...
realmente são amigas pra tudo. (...) Uma delas trabalha no final de semana.
E a outra se eu precisar, também ajuda. Ela é pau pra toda obra. (...) Uma
delas ficou um mês lá minha casa. (Maria)
Lavo roupa, passo. Só a da neném que faço isso. A minha, do meu marido só
quando vai sair ele passa. ( Carla)
101
(...) Ela me ajudou assim, nas coisas que eu precisava na época: arrumar
casa, comprar pão (Priscila).
(...) Ela vinha para o trabalho, na hora do almoço deixava a comida pronta,
era só esquentar e comer (Graça).
(...) Ela me ajuda a trocar a neném, a lavar roupa eu lavo roupa pra fora.
Às vezes me ajuda a arrumar a casa.(Isabel)
ela (mãe) me ajuda a fazer as coisas em casa (Patricia)
Esta categoria, mostra que a razão pela qual as mulheres que amamentam contam
com os membros da rede social está focalizada na ajuda que estes lhe oferecem em atividades
domésticas tais como: limpar e arrumar a casa, lavar roupa, fazer comida, entre outros.
AJUDA PARA “OLHAR” A CRIANÇA
As mulheres ao vivenciarem o processo de amamentação procuraram estabelecer
relação com os membros de sua rede social primária pelo fato de poder contar com o apoio
destes para “olhar” a criança, enquanto se ocupavam de outros afazeres. Como pode ser
observado nos trechos das falas a seguir:
(...) Ah, minha mãe me ajuda assim, quando ele tá chorando, quando preciso
ir ao mercado ou qualquer coisa assim. Se a Maiara estiver em casa ela
olha, entendeu?. E no momento minha mãe ta trabalhando, aí ela me ajuda,
como ontem eu tive que descer para buscar o Igor e a Milena lá na escola,
ela pediu pra ficar com ele. (...) Ah, eu procuro ela assim, tipo assim, eu
procuro minha mãe pra me ajudar assim a olhar as crianças, (...) o que ela
mais me ajuda mesmo é cuidar das crianças, quando eu to precisando de
alguma coisa eu peço ajuda pra ela (...) Se eu tiver que fazer alguma coisa,
sair, se eu pedir pra segurar uma das crianças, ele segura (Patricia)
102
(...) Quando eu tenho que ir na rua com uma, ela fica com a outra, assim,
quando eu tenho que fazer o bico, ela fica com as meninas pra mim. (...) eu
procuro nesses pontos, assim, quando eu preciso sair e não tem com quem
ficar ai eu procuro (Núbia)
Ela (prima) me ajuda, né. Quando vai lá em casa me ajuda bastante.(...) Ah,
várias coisas que ela faz. Ah, me ajuda a olhar o neném, quando estou
ocupada (...) No começo ela (irmã) me ajudava muito. Pra ir pra escola,
deixava a minha filha com ela (Paula)
(...) bom, eu pego, acordo 5h da manhã, com o Andrei né, como sempre.Aí
ela fica com ele. Seis horas eu acordo ela, ai eu desço 6:30h pra levar as
criança pra escola, enquanto ela fica com ele, porque eu não vou descer de
6h da manhã com ele. Então ela me ajuda, ela olha ele...(...) ela pegava ele
no colo, até hoje ela pega ele no colo, durante a minha gravidez e o meu
resguardo ela foi muito boa, sabe? (...) Vamos supor, você fala assim: “D.
Julinda dá pra senhora olhar as crianças pra mim enquanto eu vô ali?”, ela
olha entendeu? (Cristina).
(...) Ela me ajuda bastante. Fica com ele. Quando eu tenho que ir ao
mercado é ela que fica. (...). É ela que fica tomando conta dele a noite,
quando eu vou trabalhar. É ela que fica.(Yasmin)
Ela (vizinha) me ajuda muito. Ela me ajuda ficando com ela. Outro dia
precisei comprar o gás e ela ficou com ela, né. Então quer dizer que tudo é
ajuda, né. (Bia)
Ela (amiga) ajuda. (....) É assim no caso de, na hora de ir para o
supermercado, eu deixo e Najara com ela. Ela diz: “deixa a Najara aqui”. E
eu deixei umas 2 ou 3 vezes. Por isso que eu digo que ela ajuda. (Ana
Carolina)
103
Eu só conto mesmo com meu marido é o único. (...) ele me ajuda a cuidar
da nenem, a segurar ela, essas coisas assim...As coisas práticas de casa ele
não me ajuda não, ele me ajuda mais com ela. Ajuda a cuidar dela, a sair
com ela um pouco, essas coisas, só.(Sofia)
Quando vou fazer “bico” deixo com a Elisa (...) Ela cuida da minha filha
(Wal)
(...) trabalho final de semana. E minha amiga fica com ela. (Maria)
(...) Elas me ajudaram em muita coisa. (...) Ela fica com a neném e tudo
(Carla)
Olha é ...tipo assim, ela (irmã) me ajuda quando eu tenho que sair pra fazer
alguma coisa na rua e o neném tá dormindo, aí eu falo assim: “Ah Rosana
você fica com ele aí pra mim rapidinho enquanto eu vou la embaixo”
Quando eu tenho que ir no banco, resolver alguma coisa, ela fica pra mim.
(Laura)
No que ela (madrinha da criança) pode, porque só o marido trabalha e ela
não. Ela toma conta de criança. Agora ela ta sem criança, só com a
Vanessa.(Lena)
Ela (irmã) me ajuda bastante, em todos os sentidos. Ela fica com minhas
filhas lá. (Beatriz)
(os filhos fazem) As coisas normais, toma conta, dá banho...(Luciana)
Fui atrás da Isabel (amiga) pra me ajudar. (...) Se ela podia fica com as
crianças pra mim. (...) Me dava a mão quando tava precisando (...) E assim
ajuda, ajuda, né? (...) quando vinha trazer as crianças de manhã, quando a
Vitória não tava aqui ainda, ela ficava com a Vitória lá pra mim. (Priscila)
104
Uma outra razão para as mulheres que amamentam se relacionarem com os membros
de sua rede social tem origem na necessidade de contar com alguém que “fique” com a
criança enquanto se ocupam de afazeres do dia a dia, especialmente na ocasião em que
precisam sair de casa, seja para ir ao mercado, trabalhar, ir á escola ou sair com os outros
filhos.
Na busca dos motivos porque expressos pelas mulheres como razão da procura ou do
fato de ter contado com os membros de sua rede secundária (composta principalmente por
profissionais de saúde da maternidade, de hospitais ou da unidade básica de saúde) durante o
período em que estavam amamentando emergiram as seguintes categorias:
Circunstâncias do evento amamentação
Sinais de anormalidade na criança
Tais categorias indicam que a razão pela qual as mulheres contam com os
profissionais de saúde (principalmente médicos ou enfermeiros) está centrada na ocorrência
de circunstâncias do evento amamentação e na identificação de sinais de anormalidade na
criança, especialmente agravos relacionados ao trato respiratório, como expressos nas falas a
seguir:
CIRCUNSTÂNCIAS DO EVENTO AMAMENTAÇÃO
Ele mal mamava e chorava... Na Maternidade, ele mamava e
dormia. (...) Falei com a pediatra (...) Falaram, me ensinaram a amamentar
(Luciana)
Logo que eu ganhei ela, eu não tinha leite.(...). No Banco de Leite né, ai
fomos e ela me ensinou a massagem e eu fiz a massagem... A enfermeira lá,
do Banco de Leite. (...) Ai teve que estimular... E eu fui estimulando,
estimulando, estimulando, ai veio o leite. (...) É, porque tava duro, não tava
vindo nada e ela já tava com fome; ai eu fui procurar eles (...) Às vezes, ela
105
era muita chata, ficava mamando toda empolgada a madrugada toda mesmo!
Aí eu pedi uma mamadeirinha pra nutricionista lá, pra eu poder dar. (...)
Não dava pra ficar a madrugada toda sentada (...) Já não agüentava mais
ficar a madrugada inteira acordada dando a ela (Ana Carolina)
Ela mama mais nesse do que neste. (...) lá no Banco de leite tem orientadora
que orientou como amamentar ela (...) Eu tive certa dificuldade (...) porque
ia dar de mamá, mas ela não conseguia. (...) Eu não sabia, né? (...) Lá você
só pode pedir aos enfermeiros. (Wal).
ela não queria pegar o peito de jeito nenhum. Tinha que dá no copinho lá no
hospital. E depois como tempo ela veio pega o peito. (...) lá sempre me
ajudavam, pra pode ela pega o peito (Priscila)
...porque o peito rachou, essas coisas, muita dor. Mas isso, normal. (...), o
médico passou pra mim um medicamento pra essas coisas. (...) O pediatra
dela (Maria).
Eu fui lá no H. .(...) Fui ver o caroço. (...) a menina que me atendeu (...)
passou isso, compressa, água morna e deixar a neném mamar a vontade
(Nubia)
...porque ela é a minha primeira filha e eu não sabia, tipo assim, dá de
mamá, o peito rasga todo (Lena).
pra poder ensinar ela mamar (Claudia)
É que ele tava na incubadora então sempre tem que ir lá tirar leite pra dar
pra ele né, ai eu tive lá umas 3 vezes pra tirar leite ai na 3ª, na 4ª vez,
quando eu fui lá, ai ele já era pra vir pra mim. Ai a médica, pediatra,
mandou botar ele no peito pra ver como que ele ia ser né? Como ia ser a
reação dele, e ficou bom, ela disse então você já pode ficar com ele, ai ele
ficou comigo depois veio pra casa (Cristina)
106
Eu tava toda enrolada nos primeiros dias, falava que não ia ter leite, eu
achava que não ia ter. Ai eles falaram que eu tinha leite até demais, que eu
podia até deixar no banco de doar. Ai me ensinaram. Foi eles lá que me
acalmou, porque eu não sabia nem segurar a criança. Ai foi eles que me
ensinaram. Me ensinaram bastante coisa, lá (Yasmin).
(...) quando rachou, porque no início racha, o médico disse que eu tinha que
“botar” a casca da banana, né, o próprio médico. Então eu botava e com
pouco tempo já tava bom (Graça)
Os depoimentos revelam que as mulheres se relacionam com a rede social secundária
porque ocorreram circunstâncias do evento amamentação, relacionadas a ela ou à criança,
para as quais elas precisam de ajuda profissional.
SINAIS DE ANORMALIDADE NA CRIANÇA
(...) acho que só vou no Posto quando a neném está doente. (...) Ela tava com
uma alergia na pele, rosto e ainda ta. (...) Ela estava resfriada, estava
tossindo muito. (Isabel)
Porque achava que ele tava com muito catarro, a respiração dele tava muito
rápida. Ai eu passei ele lá. (Yasmin)
Fui porque uma vez ela estava gripada.(Beatriz)
Porque a neném estava resfriadíssima, com muito catarro, aí eu tinha que ir
ao médico, não é?. Aí eu fui. (Ana Carolina)
Ela teve um probleminha com um negócio de resfriado, tosse. (Priscila).
(...) aqui no Posto pra tomar vacina. E como é que se fala? Tomar vacina e
na Pediatra, ela passa na puericultura. Tanto no Hospital G como no
107
Hospital S, falaram que ela tem características de não sei o que. Eu trabalhei
com crianças assim, ela tem todas característica de quem tem ... síndrome,
mas só agora, dia 25, é que vai saber se ela tem síndrome de Down ou
não.(Wal).
(...) ela (pediatra) disse que a moleira dela tinha fechado e não era tempo de
fechar. Ai fui no Hospital Y, passei no neurologista. Ai pediu um raio “X”
(...). Quando cheguei lá tava tudo normal, era só o couro cabeludo que tava
por cima, a moleira dela tá aberta (Lena)
porque o umbiguinho dele tava estufadinho, né , e eu tava me preocupando, e
ela falou que não, que não era pra eu não botar nada aí em cima, pra deixar
porque com o tempo esse negócio do umbiguinho dele ia sumir.(Laura)
Eu levei ela porque ela tinha muita secreção no nariz e nos olhos (Graça)
Esta categoria evidencia que a razão da procura do serviço de saúde está centrada no
fato de que independente da amamentação, diante dos sinais de anormalidade apresentados, as
mulheres buscam uma atenção profissional para a resolução do problema de saúde da criança.
Na busca dos motivos que expressam a intenção das mulheres na ação de se
relacionarem com membros de sua rede primária (composta de parentes, amigos, vizinhos e
colegas) durante o período em que estão amamentando emergiram as seguintes categorias:
Poder contar com alguém que lhe ajude
Manter relacionamento com outras pessoas
PODER CONTAR COM ALGUÉM QUE LHE AJUDE
Que ela (mãe) me ajude mesmo, só ela pra me ajudar assim, pra ficar
comigo, assim, nesses pontos, só ela (Núbia)
Não, acho que eu tava lá, entendeu? Na condição de que alguém ia me
ajudar, então eu não podia exigir muito. (...) Não podia fazer esforço e isso
significava que eu tinha que ficar deitada o dia todo. Então, não sei, acho
que ela ajudou da forma que ela pode, entendeu? E eu não esperava nada
108
além daquilo. Pelo contrário acho que ela (mãe) foi mãe o tempo todo
(Graça)
Se eu precisar de alguma coisa, eles mandam pra mim. Ta entendendo? Se eu
precisar e mandar pedir ela (mãe) me ajuda. (Beatriz)
Ah, espero mais que ele (companheiro) me ajude...Ás vezes ficar lá direto
com a neném cansa. Essa é a única coisa mesmo. Além disso nada.(Sofia)
Que ele (companheiro) ajudasse, que ele fizesse. Eu falava; “ah arruma aqui
porque não tem como não. Faz uma comida aí, porque não tem como fazer
não. Porque a menina já ta no peito, pendurada”.(...) Espero que ela me
ajude e eu ajude ela. Porque ela também tem neném pequeno. (Ana
Carolina)
Qualquer problema que eu tenha elas ajudam, tá sabendo, são amigas né...
realmente são amigas.(Maria)
Dele? Dele (pai da criança) não espero nada, também, esperar eu espero
assim, uma ajuda, eu espero que ele ajuda eu, meus filho, eu não, os filhos
dele, ele não precisa me ajudar com o pequenininho que tem eu, eu posso
muito bem trabalhar e cuidar do pequeno, agora ele tem 3 filho para criar
(Cristina)
Espero nada dele não. Só espero algo pras crianças (Priscila)
Esperava que ele fosse um pai. Pai presente ele é, mas só que na hora da
precisão ele não ajuda. Eu falo pra ele: “ah, não tenho condições de pagar”.
(...) Espero que (as irmãs) sejam felizes nas vidas delas, já fizeram muito por
mim. (...) Me ajudaram muito na vida, principalmente depois que a T nasceu
e meu marido me abandonou. Se não fosse elas (Lena)
Eu espero que eles cuida bem deles né? Não deixe faltar nada para eles (Isa)
109
(...) que cuide da minha filha numa boa. (Wal)
Sei lá. Se tiver que comprar algum remédio ele que compra, ainda compra
para os outros três meus, também (Patrícia)
Tinha que ter uma pessoa pra ficar em casa,(...) pra poder me
ajudar(Claudia)
O que depender dele pro meu filho se eu ligar pra ele: “C. meu filho ou nós
tamos precisando de tanta coisa...”, ele imediatamente dá um jeito e...
entendeu? Então, eu nem sei te dizer o que que eu penso dele...Assim, nesse
sentido ele é tudo. (...) Ah, que ela seja uma boa madrinha pro meu filho, não
em termos de dar presente, que isso pra mim eu não ligo não, pra coisas
materiais, mas assim, caso de doença, se eu precisar ... , assim se eu chegar
a precisar dela pra alguma coisa eu posso contar com ela... (Laura)
As mulheres que amamentam na relação com sua rede primária tem em vista poder
contar com alguém que esteja disponível em lhes auxiliar em suas atividades e fornecer
recursos materiais para a criança.
MANTER RELACIONAMENTO COM OUTRAS PESSOAS
(pais) Que continue a mesma coisa.. (...) (pai) Gostaria que ele melhorasse,
mas não melhora não. Porque ele é muito cabeça dura. (...) (companheiro)
Gostaria que ele melhorasse, mas não melhora não. Porque ele é muito
cabeça dura. Eu também não sou grandes coisas. (Beatriz)
(companheiro) Que continue sempre assim. (...) (irmã) Espero que seja
sempre assim. A gente sempre se entende, se dá bem , eu sempre posso
contar com ela (Yasmin)
(...) Ficar junto com ele, né. É o pai da minha filha, eu tenho que
ficar.(Paula)
110
Ah, sei lá. Espero que continue, né, do jeito que tá, né. (...) um
relacionamento bom. Porque hoje em dia é difícil, né?. (...) Eu espero que ela
(amiga) continue do jeito que ela é comigo. Certa demais. Ela vai ser a
madrinha da minha filha,então espero que ela continue sendo ótima comigo.(
...) Ah, espero muita coisa. Coisas boas. Que ele (marido )continue do jeito
que ta, tendo uma vida boa. É o máximo que a mulher pede, né? (Bia)
Que ela nunca mude, que continue sendo a pessoa que ela é. (...) Que a nossa
amizade seja para sempre, nunca acabe ( Carla)
(relação com a cunhada) Se continuar assim já é suficiente (Claudia).
Só um relacionamento forte de amizade e companheirismo (Luciana)
Só amizade, mesmo. Não quero nada em troca. Só isso mesmo(Ana Carolina)
Amizade. Amizade é o mais importante. (...) Espero uma intimidade boa né,
não seja com falsidade, que tem muito amigo por ai que é falso, fala da
gente, essas ai não.(...) que ele me respeite muito, seja um bom marido pra
mim...(Isa)
(...) quero conversar com alguém, acho que a primeira pessoa é a mãe, né,
pra conversar.(Isabel)
(...) vou lá pra conversar pra desabafar. (...) Ela (vizinha) é muito boa, ela é
uma mãezona pra mim (Wal)
Nesta categoria as mulheres evidenciam que a intencionalidade na relação com a
rede social primária, durante o período em que estão amamentando, está centrada em manter
o relacionamento social, fortalecendo a relação de amizade, companheirismo, respeito e
confiança
111
Na busca dos motivos para expressos pelas mulheres na ação intencional de se
relacionarem com membros de sua rede secundária (composta de profissionais de saúde de
Hospitais ou Unidades Básicas de Saúde) durante o período em que estão amamentando
emergiram as seguintes categorias:
Apoio na alimentação da criança
Atendimento conforme rotina institucional
Ações profissionais para eliminar sinais de anormalidade
Atenção na assistência à criança
APOIO NA ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA
Que ela dissesse: “não, a gente vai arrumar uma melhor maneira de você
alimentar sua filha”. (Lena)
Ah, me ajudar porque ela chorava. Eu pensava que o leite era fraco (Wal)
Ah não sei, pretendia que eles desse alguma coisa pra neném tomar, um leite
pra ela..., alguma coisa assim.(Ana Carolina)
Ah! Pensava que ela ia falar outra coisa: “dá mamadeira então, vai de
pouquinho dando a mamadeira (Cristina)
Normal. Esperava que ela falasse pra continuar dando peito. (Luciana)
(...) que eles me ajudassem muito. (...) lá sempre me ajudavam, pra podê ela
pega o peito (Priscila)
112
ATENDIMENTO CONFORME ROTINA INSTITUCIONAL
Esperava o que ela fez: ela pegou, tirou a roupinha, examinou ela, fez a
massagem na barriguinha dela. (...) A pediatra fez massagem na
barriguinha, com as pernas... Ela fez o que eu esperava dela. Mas aqui tem
muitos pediatras que a gente espera esse tipo de coisa, mas não é o que eles
pensam.(Beatriz)
Ah! Normal, não esperava nada. Ela examina, tudo, pesa direitinho, não
espero nada. De médico a gente não espera nada (Isabel)
Nada (...) vou só pro exame, pra pesar, pra ver o peso do neném, pra
examinar ela. É de rotina, normal, não por doença nenhuma (Maria)
(...) tinha aquelas moças que pesam.(O que você esperava?) Eu esperava isso
mesmo. Me disseram para ir com ele no sol, ..... e mais algumas coisas. (...)
Não esperava muita coisa, não. Elas só falavam, ele ta bom (Patrícia).
É pra ver como é que ela tava, se ela tava bem, essas coisa toda (...) vou
acompanhar o tratamento dela, saber como é que ela tá (...) Eu espero o que
ela tá fazendo, né? Ela ta cuidando dela direitinho,olha ela direitinho,
examina ela ... (Sofia)
(...) acompanhar o peso, essas coisas (Laura)
AÇÕES PROFISSIONAIS PARA ELIMINAR SINAIS DE
ANORMALIDADE
Esperava que ela passasse um xarope, ou que ela mandasse fazer alguma
coisa, como ela me mandou fazer: uma massagem no corpo, nos pés. Diz que
ajuda soltar mais o catarro. Entendeu? Eu não sabia. (Ana Carolina).
Quando eu fui lá, eu achava que ele estava com muito catarro. Só que ela
disse que não, que a disposição dele era essa, que era normal, que ele tava
113
normal, que era só pra eu fazer nebulização nele. Ai eu pensei que ela fosse
passar algum remedinho pra ele.(Yasmin).
(...) eu esperava dela aquilo que eu via que ela fazia com meu primeiro filho,
né?Você falava tá arranhado aqui, ela sabia o que dizer, você chegava em
casa, fazia e dava certo (...) Eu levei ela porque ela tinha muita secreção no
nariz e nos olhos. Ela falou o nome disso, que quando ta resfriada sai nos
olhos, mas eu não lembro. (...) Ela deu um colírio, passou um antibiótico.(...).
Ela é assim, uma médica que te passa segurança, porque ela te fala, você
chega em casa, faz e dá certo. (Graça)
(...) desses dia pra cá ele ta tossindo muito. Eu falei com ela: “ó dra. X ele ta
tossindo muito, agora ele ta puxando, vomitando, ele tosse e puxa aquele
vômito, e só isso que eu queria que ela passasse remédio pro meu filho, mas
de resto... (A pediatra) só fala que é pra dar o peito, “dá só peito mãe, só
peito” (Cristina)
(...) a neném às vezes tem cólica. A doutora disse que é pra mim fazer
ginasticazinha nas perninhas dela, né?. E eu tô fazendo e parece que está
menos. (o que esperava?) Nada.(Bia)
ATENÇÃO NA ASSISTÊNCIA À CRIANÇA
Eu esperava que eles fossem mais atenciosos com a criança. Elas não são
atenciosas, não. São muito ignorantes. Não sei o que falei com a pediatra e
ela me falou que eu era ignorante, que ela estudou 5 ou 6 anos, não sei
quanto tempo e falou: “ah,eu estudei tantos anos e você quer saber melhor
do que eu?”.(Beatriz)
Ah, que olhasse a criança, desse mais atenção. (...) porque lá eu achava
estranho, geralmente quando os neném nasce, as médica vai examinar,
quando passam nas salas elas olham as crianças, (...) Lá eles não falavam
nada (Patricia).
114
Eu penso assim, eles tem mais é que dar atenção, na hora da receita
explicam tudo direitinho (Cristina)
Eu esperava que elas dessem atenção (Sofia)
Conselho, faz isso, faz aquilo (...) Quando eu falei: “não tenho condições”,
ai ela falou então: “você faz o que quiser”. Isso é maneira de uma pediatra
falar Esperava mais compreensão (Lena)
Esperava ser do jeito que ela (pediatra) me atendeu: bem (Priscila)
(...) eu tinha vergonha, elas chegaram...(O que esperava?) Tem hospital que
não faz nem isso, né?(...) Sempre gostei do Posto. (Carla)
Estas categorias, revelam que a intencionalidade das mulheres que amamentam ao se
relacionarem com a sua rede secundária está focalizada na preocupação com a criança, tendo
como expectativa a forma de alimentá-la, tratar ou resolver o seu problema de saúde e que o
profissional dê atenção à criança durante a assistência prestada.
4.4. Descrição do típico da ação
Para a apreensão da razão e do típico da ação de tais mulheres foi necessário colocar
em “suspensão” todos os meus pressupostos relacionados aos conhecimentos sobre o processo
da amamentação, que pudessem de alguma forma velar a realidade encontrada.
As categorias constituídas a partir do sentido da ação subjetiva das mulheres
estabelecerem relação com os membros de sua rede social na vivência da amamentação,
permitiram o desvelar da razão e da intencionalidade, bem como a apreensão do típico da
ação das mesmas.
115
A razão pela qual as mulheres procuram estabelecer relação com as pessoas da sua
rede social primária, durante o período em que estão amamentando, está centrada no fato de
que precisam de apoio material, auxílio nas tarefas domésticas e ajuda de outras pessoas para
“olhar” a criança, enquanto elas se ocupam de afazeres do dia a dia. E a razão pela qual elas
buscam os membros da sua rede social secundária, caracterizada especialmente pelos
profissionais de saúde, dá-se pela ocorrência de eventos da amamentação e sinais de
anormalidade na criança.
A análise dos depoimentos possibilitou ainda, captar a intencionalidade e apreender o
típico da ação das mulheres que amamentam, na relação com os membros de sua rede social.
Assim, foi possível desvelar que o típico da ação das mulheres ao vivenciarem a
amamentação nos seis primeiros meses de vida da criança, ao se relacionarem com sua rede
social primária se caracteriza pelas expectativas relacionadas a apoio material e
relacionamento social familiar. E na relação com sua rede social secundária, as mulheres
vivenciando o fenômeno da amamentação esperam contar com a ajuda de profissionais de
saúde para alimentar a criança e para eliminar os sinais de anormalidade identificados na
mesma. Elas também pretendem que tais profissionais demonstrem compreensão para com
elas e atenção para com a criança durante a assistência prestada.
4.5. Análise compreensiva do típico da ação das mulheres que amamentam na
relação com sua rede social
A apreensão do típico da ação das mulheres estabelecerem relação com sua rede
social durante a fase da amamentação possibilitou compreender que a ação destas mulheres
baseia-se em determinadas razões e intenções, como desveladas por meio da análise
116
compreensiva fundamentada nas concepções de Alfred Schutz (1979a) e em outros estudos da
literatura, mencionados a seguir.
Para Tocantins e Rodrigues (1996) o método de abordagem compreensiva de Alfred
Schutz contribui para ampliar os conhecimentos do enfermeiro a respeito do cliente que cuida
e, conseqüentemente de outras maneiras de atuar, que leve a uma maior satisfação,
aproximação com seu cliente e uma participação ativa do mesmo para melhoria da qualidade
de vida da população.
Nesta mesma perspectiva, Rosas (2003) identificou uma aproximação da prática
assistencial do enfermeiro com o pensamento de Alfred Schutz que valoriza o sujeito da ação,
uma vez que o enfermeiro ao buscar a necessidade do cliente verifica que essa só poderá ser
atendida se for exteriorizada através da comunicação e impulsionada por seus motivos para
ser compreendida.
Partindo da premissa de que para compreender uma ação devemos considerar a
pessoa que tem uma intenção, entendemos que a ação da mulher que amamenta é consciente e
está voltada para alguém ou para alguma coisa. E a significação com que ela designa a sua
ação pode ser interpretada a partir dos motivos: “para” ou “em vista de” e motivos “por causa
de”. Esta mulher em seu mundo da vida pertence a um contexto relacional. Sua ação sempre
estará voltada para alguém. Ela não vive só, vive relacionamentos com outras pessoas,
estabelecendo uma relação face a face, uma relação eu-tu, uma relação eu-nós.
No presente estudo a análise dos depoimentos revelou que a razão referente ao
contexto/ motivo porque das mulheres se relacionarem com os membros de sua rede social
primária está centrada na possibilidade de receber apoio material, tal como dinheiro para a
alimentação, para o transporte e para manter a criança; auxílio nas tarefas domésticas, como
lavar, cozinhar e arrumar a casa; e na disponibilidade de pessoas que fiquem com a criança
enquanto elas se ocupam de outros afazeres. Tais motivos evidenciam a importância destas
117
relações e dos recursos recebidos para que as mulheres inseridas no seu mundo social possam
amamentar a criança e permanecer em casa nos primeiros meses pós-parto.
Para Schutz (1979a, p.80): “o mundo social no qual o homem nasce e tem de achar
seu caminho é por ele vivenciado como uma rede fina de relacionamentos sociais”. E inserido
neste contexto social, “cada vez que o homem se volta para as coisas do mundo, ele o faz por
um certo interesse, com uma certa simpatia e/ou antipatia”, manifestando solidariedade e
colaboração (CAPALBO, 1979, p. 97).
Na análise da rede de relacionamentos das mulheres verificou-se a presença da mãe,
de amigas, vizinhas, tios, avó e do pai da criança; revelando serem estas as pessoas mais
envolvidas com elas durante a fase da amamentação.
Diversos autores afirmam que os relacionamentos familiares colaboram de forma
especial para o sucesso da amamentação, mediante o estabelecimento de uma relação de
proximidade e um sistema de apoio à mulher lactante (SOUZA, 1996; CHEZEM &
FRIESEN, 1999; PRIMO & CAETANO, 1999; LUTTER, 2000; DESSEN, 2000;
HODDINOTT et al, 2000, GONÇALVES, 2001; FERREIRA & MONTEIRO, 2002;
BUENO & KEIKO, 2004, VANNUCHI et al, 2004).
Dessen (2000) corrobora com o fenômeno desvelado no presente estudo quando
afirma que durante o período de transição decorrente do nascimento de filhos, várias pessoas
oferecem suporte à mãe, destacando-se entre elas maridos, companheiros e avós, que a
auxiliam fornecendo apoio material ou financeiro; executando tarefas domésticas; cuidando
dos filhos; orientando e oferecendo suporte emocional.
Machado (2001) estudando o lugar que a mãe ocupa na prática da amamentação de
sua filha, verificou que a mãe se mostrou como aquela que “está junto”, compartilhando seus
conhecimentos e suas experiências.
118
De acordo com Rafael (2005) podemos entender a amamentação como “um
procedimento interativo no qual a mulher mediante percepções e significados acumulados ao
longo da vida tenha sido como lactente, como filha, irmã ou vizinha ou como usuária dos
serviços de saúde - interpreta e orienta sua conduta”.
Desta forma, podemos compreender que a mulher age, em relação à amamentação,
segundo os significados apreendidos por ela no decorrer de sua existência.
De acordo com o Manual de Capacitação de Equipes de Unidades Básicas de Saúde
na Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação (IUBAAM):
a mulher que já amamentou pelo menos uma vez, independente da
modalidade de aleitamento materno ou de sua duração, expressa vivências.
Aquela que nunca amamentou possui um conhecimento sobre a amamentação
a partir da vivência de outras mulheres, que se constitui para ela em
experiência (BRASIL, 2003).
Estas vivências e experiências acumuladas ao longo da vida é o que Schutz (1979a)
denomina de bagagem ou estoque de conhecimentos, sendo que para ele:
(...) o estoque de conhecimentos à mão que o indivíduo dispõe a partir da
herança de seus antecessores e suas próprias vivências caracterizam a
situação biográfica, possibilitando desta forma sua interpretação do mundo
(SCHUTZ, 1979a, p. 17)
Cabe ressaltar que embora as mulheres tenham referido que sua rede social seja
composta de familiares, parentes, amigos, colegas, vizinhos, profissionais de saúde e outros,
durante o período da amamentação nem sempre tais membros mostraram-se como uma
presença na vida destas mulheres, com a qual elas pudessem contar com o apoio ou auxílio
necessários e estabelecer uma relação face a face e de confiança. Este aspecto foi evidenciado
também na descrição do mapa de rede social das mesmas. Assim, durante a fase da
amamentação algumas mulheres mencionaram que não contaram com o apoio da maioria dos
119
membros de sua rede social alegando o fato de estarem sozinhas, não terem familiaridade, já
saber o que o profissional iria dizer ou fazer ou possuírem experiência anterior em
aleitamento materno.
Pinheiro (2003) em seu estudo ressaltou a importância do cuidado de enfermagem no
período puerperal como forma de multiplicar os contatos das mulheres com a rede social de
apoio, diminuindo o isolamento social característico desta fase. Martins (2005) corrobora com
o exposto, mencionando que o reconhecimento da rede social possibilita à mulher-mãe um
sentimento de ser amada, valorizada, de pertencer a um grupo; o que a leva a escapar da
condição de isolamento e de anonimato
Nesta mesma perspectiva, Ramos (2000) estudando mulheres durante o período da
amamentação, verificou ser esta fase uma experiência complexa e solitária na vida das
mesmas, podendo levá-las ao desmame. E neste sentido, destaca a necessidade do apoio de
profissionais de saúde e outros setores da sociedade a esta prática.
Na relação com sua rede social secundária, composta principalmente de profissionais
de saúde, o motivo porque as mulheres procuraram tais membros esteve centrado na
ocorrência de circunstâncias do evento amamentação, tais como: dificuldade para amamentar,
choro da criança, diminuição do leite, fissura e ingurgitamento mamário e sinais de
anormalidade na criança, especialmente relacionados ao trato respiratório.
Estas circunstâncias evidenciam que a razão da procura do serviço de saúde segue o
modelo tradicional curativista, no qual a pessoa busca atendimento visando o tratamento ou
eliminação de problemas de saúde, em detrimento de ações preventivas e de promoção à
saúde.
Pinheiro (2003) verificou que o modelo institucional de cuidado à saúde da mulher
com vistas ao aleitamento materno ainda está centrado na queixa da clientela privilegiando
ações assistenciais voltadas para o diagnóstico e tratamento dos problemas referidos. E desta
120
forma, os sentimentos e as dificuldades das mulheres podem estar “ofuscadas pelo interesse
do profissional em promover o aleitamento materno a todo custo”.
Com esta conduta alguns profissionais de saúde percebem a amamentação como uma
obrigação da mulher que por sua vez não sendo levada em consideração no que diz respeito a
sua decisão e suas dificuldades pode optar pela introdução de outros alimentos diferente do
seu leite, para a criança.
Assim, nota-se que muitas vezes a mulher ao ser atendida no serviço de saúde não é
tratada na sua subjetividade e acaba estabelecendo uma relação anômima com o profissional
que lhe atende.
De acordo com Schutz (1979a, p.59):
(...) o mundo da vida é experimentado por nós segundo graus de
familiaridade e de anonimato. A relação de familiaridade é vivida sob a
forma do ‘nós’ e permite a apreensão do outro como único em sua
individualidade. (...) Quanto mais anônima for a relação, tanto mais afastada
estará a unicidade e a individualidade de meu semelhante e pouquíssimos
aspectos serão considerados como relevantes para o problema que desejo
tratar ou resolver.
Ao analisarmos os depoimentos podemos compreender que a mulher na sua ação
intencional de relacionar-se com sua rede primária tem com expectativa relacionada a um
projeto/ motivo para contar com alguém que lhe ajude e manter relacionamento com outras
pessoas, estabelecendo uma relação interpessoal de amizade que seja confiável. Esse tipo de
relação esperada pelas mulheres é que Schutz (1979a) denomina de “face a face”.
Na relação “face a face”:
(...) as pessoas estão ao alcance da experiência direta umas das outras (...)
Digo que outra pessoa está ao alcance da minha experiência direta quando ela
compartilha comigo um tempo comum e um espaço comum (SCHUTZ,
1979a, p.180).
121
Regis e Tocantins (2002) em seu estudo realizado em uma Unidade Básica de Saúde
verificaram a relevância das relações interpessoais entre a clientela e o enfermeiro,
ressaltando a importância da relação face a face e da troca de experiências que deve ser
estabelecida entre ambos. Desta forma, estas autoras afirmam que o enfermeiro ao interagir
com o cliente buscando compreender suas perspectivas de vida e sua bagagem de
conhecimentos, tem a possibilidade de melhor atender as expectativas e necessidades
assistenciais do mesmo.
Ramos (2003) verificou a importância da nutriz ter a possibilidade de contar com um
profissional de saúde capaz de escutar as suas angústias e diminuir as ansiedades geradas pelo
comportamento do bebê. Entretanto, na prática assistencial geralmente a mulher não tem
como expectativa encontrar no ambiente do serviço de saúde a possibilidade de ser ouvida em
suas necessidades singulares.
No presente estudo observou-se ainda, que as mulheres na relação com os
profissionais de saúde, tem em vista ou esperam que estes lhes ajudem a alimentar a criança,
forneçam atendimento visando eliminar os sinais de anormalidade na criança e que tenham
maior atenção para com a mesma.
Almeida e Gomes (1998) referem que o foco central do aleitamento materno não
deve ser apenas a criança, mas sim a mulher-mãe, que exerce um papel determinante no
processo da amamentação.
No entanto, não é isto que foi observado na presente investigação, pois as mulheres
na sua relação com o serviço de saúde têm como expectativa receber cuidados referentes à
saúde da criança e que o profissional demonstre atenção para com a mesma durante a
assistência prestada. Esta expectativa diante do atendimento prestado nos serviços de saúde
pode ser decorrente da própria conduta dos profissionais, que em seu plano assistencial,
muitas vezes tem como preocupação a resolução das queixas ou problemas de saúde trazidos
122
pela cliente. Neste sentido, faz-se cada vez mais necessário que haja uma mudança na forma
de atuação e de abordagem destes profissionais, a fim de que estes possam contribuir para que
as mulheres, ao procurarem o serviço de saúde, tenham “novas” vivências e
conseqüentemente intenções voltadas para ações preventivas e de promoção da saúde. Pois,
na prática assistencial a intencionalidade das mulheres caracterizada pelos seus motivos para
deveria coincidir com a razão ou seja, com o motivo porque do profissional prestar a
assistência. E se a intenção do profissional de saúde é desenvolver uma assistência de
qualidade, que responda de forma realista às necessidades da mulher que vivencia a
amamentação, esta deve coincidir ou levar em consideração a intencionalidade das mulheres
que procuram o serviço.
Segundo Bueno (2004) a estratégia denominada: “Aconselhamento em
Amamentação”, preconizada pela Organização Mundial da Saúde, implica que o profissional
de saúde escute, compreenda e ofereça ajuda às mães que estão amamentando, promovendo
sua auto-confiança, auto-estima e coragem para lidar com “pressões” e tomar decisões.
De acordo com Fracolli (2003) o enfermeiro na relação de acolhimento pode
favorecer a verbalização dos anseios, expectativas e dificuldades inerentes a uma vivência que
muitas vezes lhe é nova, possibilitando uma intervenção de acordo com a singularidade e
cotidiano de cada cliente.
Desta mesma forma o Ministério da Saúde (BRASIL, 2003) preconiza que os
profissionais de saúde ao realizarem ações de promoção, proteção e apoio à amamentação
devam levar em consideração a singularidade da mulher que amamenta, tratando-a com
atenção, respeito e consideração. Pois,
(...) ao dar-lhe voz, permitindo com tranqüilidade que expresse dúvidas,
receios e conhecimentos prévios acerca da amamentação emerge quem é esta
mulher/mãe/nutriz, o que pensa, que tipo de ajuda necessita e o que decide
fazer para amamentar (BRASIL, 2003, p.42).
123
No entanto, muitas vezes a mulher não se percebe como protagonista do processo da
amamentação e assim não concebe o espaço do serviço de saúde como sendo seu, ou seja, um
local onde ela possa dirigir-se livremente, ser ouvida e respondida em suas expectativas,
angústias, anseios ou dificuldades.
Podemos compreender ainda, que na maioria das vezes a intencionalidade (motivo
para) da mulher estabelecer relação com sua rede primária não é a mesma com a qual busca
estabelecer relação com os membros da rede secundária. Pois, os membros da rede primária
são aqueles mais procurados, com os quais a mulher que amamenta tem a intenção de manter
uma relação confiável de familiaridade, enquanto que com os membros da rede secundária a
intencionalidade está voltada para a resolutividade de problemas de saúde numa perspectiva
biomédica, mediante atendimento e atenção à criança.
No estudo o motivo da procura da rede secundária está focalizado na presença de
sinal de anormalidade na criança ou da mama, sendo tais sinais característicos de
determinantes biológicos. Enquanto que quando a mulher apresenta alguma dificuldade sócio-
econômica ou necessita de algum tipo de apoio no cotidiano do lar, ela procura a sua rede
primária, com a qual ela estabelece uma relação de familiaridade e conta, portanto, com
auxílio desta para o enfrentamento dos condicionantes sociais presentes durante o período em
que está amamentando.
Assim, no mundo da vida que é um mundo social, verifica-se que compreender as
relações que se estabelecem entre a mulher que amamenta e os membros de sua rede social,
implica abrir-se a uma realidade mais ampla que transcende aspectos biológicos envolvidos
no processo da amamentação e que não se restringe às orientações clássicas sobre vantagens e
técnicas de aleitamento materno. Tal compreensão permite ao profissional de saúde entender
a amamentação como uma categoria híbrida, com elementos definidos tanto pela natureza,
como pela cultura (ALMEIDA, 1999) e considerar a mulher como pessoa protagonista da
124
amamentação, que tem um determinado contexto e intencionalidade, ajudando-a a reconhecer
a presença de outras pessoas que no seu mundo da vida cotidiana possam auxiliá-la durante o
período em que está amamentando.
De acordo com Schutz (1979a):
(...) a existência de outras pessoas é algo dado (...) o mundo da minha vida
diária não é de forma alguma meu mundo privado, mas é desde o início, um
mundo intersubjetivo compartilhado com meus semelhantes, vivenciado e
interpretado por outros; em suma é um mundo comum a todos nós (SCHUTZ,
1979a, p.80, 32 e 159).
E neste mundo social, por um lado podemos distinguir o mundo da vida cotidiana da
mulher que vivencia a amamentação, compartilhando suas intenções, angústias, necessidades
e dificuldades com aqueles que estão a sua volta e com os quais estabelece um relacionamento
face a face. E por outro lado, o mundo em que está situado o profissional de saúde que
embora atue na resolução de problemas ocorridos na criança ou na mãe, mostra-se distante,
numa relação anônima e impessoal.
125
V. CONSIDERAÇÕES FINAIS
126
O estudo da vivência da mulher que amamenta, na perspectiva fenomenológica, a
partir da sua rede social mostrou-se factível ampliando a visão acerca dos condicionantes
sócio-culturais envolvidos na realidade da mulher durante o período da amamentação. Neste
sentido, observou-se a relevância de pesquisadores e profissionais de saúde considerarem a
mulher na sua dimensão social, buscando a compreensão das questões referentes à
amamentação não apenas no sentido biológico, mas considerando a totalidade das relações e
condicionamentos envolvidos.
Na elaboração do mapa de rede social, enquanto pesquisadora pude constatar que
esta fase foi provida de um sentido para as mulheres, que olhadas na sua singularidade,
sentiam-se livres para falarem da sua vida e de suas relações, deixando-se mostrar como
sujeito e protagonistas de sua história num contexto em que amamentar envolve mais fatores
que dar o seu próprio leite para a criança.
Durante o meu caminhar neste estudo utilizando a abordagem fenomenológica de
Alfred Schutz, uma nova faceta do evento amamentação foi se desvelando para mim.
Compreendi, mediante as experiências de vida das mulheres, que amamentar implica o
envolvimento de diversas razões e intencionalidades, não dependendo exclusivamente de
conhecimentos sobre vantagens e técnicas de aleitamento materno ou apenas de uma decisão
prévia.
Ao estudar mulheres residentes em uma comunidade caracterizada por baixo nível
sócio-econômico, domicílios pequenos, de difícil acesso, por precárias condições de
saneamento básico, entre outras; verifiquei que a maioria das crianças estava recebendo outro
alimento diferente do leite materno antes do sexto mês de vida. Diante de achados
semelhantes, pesquisadores, profissionais de saúde ou órgãos governamentais apontam para a
falta de conhecimento da população acerca das técnicas de amamentação, bem como das
vantagens do leite materno para a criança, como um dos fatores determinantes para o
127
desmame precoce, focalizando sua preocupação na redução nos índices de morbi-mortalidade
infantil. Neste sentido, as ações de promoção da amamentação geralmente são voltadas para o
manejo frente as intercorrências ou riscos associados ao uso de leites artificiais, bicos,
chupetas, entre outros.
No presente estudo a ação das mulheres revelou que elas têm entendimento sobre as
vantagens da amamentação, estão dispostas a amamentar seus filhos, mas durante os
primeiros meses após o parto, além do cuidado com a criança, estão envolvidas com diversos
aspectos referentes ao papel de mulher-mãe inserida em uma realidade social. Nesta realidade
a mulher encontra-se diante da presença ou não de: um companheiro, de outros filhos, de
pessoas que residem em seu domicílio, manutenção ou não de vínculo empregatício, da
necessidade de instrução, de atividades domésticas (como limpar e arrumar a casa, lavar
roupa, preparar a refeição), entre outros.
Assim, o estudo desvelou a relevância de se valorizar as questões sociais presentes
no mundo da vida da mulher que vivencia a amamentação, uma vez que esta prática não é um
processo meramente biológico, mas sim um fenômeno sócio-culturalmente condicionado.
Durante a fase da amamentação, problemas como trauma mamilar, dor, choro da
criança, ingurgitamento mamário, abscesso, se mostraram pouco freqüentes, enquanto que a
necessidade de trabalhar foi ressaltada como principal motivo para a interrupção da
amamentação exclusiva. O trabalho para a mulher de hoje muitas vezes é uma importante
fonte de renda para o sustento da família. Esta mulher além dos afazeres do lar está cada vez
mais dentro do mercado de trabalho que na maioria das vezes é competitivo e apresenta
proteção legal limitada à mulher que faz a opção pela amamentação. Mesmo entre as
mulheres que possuíam o benefício da licença maternidade, nem todas amamentaram
exclusivamente até os quatro meses de vida da criança, como o disposto pela legislação. Estas
mulheres alegaram como motivo para o desmame precoce a necessidade de trabalhar e
128
conseqüentemente o fato de “ter que ir acostumando” a criança a alimentar-se de outros
alimentos diferente do seu leite, para que a mesma possa estar habituada no período em que
elas retornarem ao trabalho. Tal fato revela a importância do esclarecimento acerca dos
direitos legais da mulher que amamenta e da possibilidade que esta possui para utilizar o
tempo mínimo de quatro meses para oferecer seu leite como única fonte nutritiva para criança.
Enquanto a maioria dos estudos ou dos modelos assistenciais trata a questão do
aleitamento materno como um fator importante para a criança, esta pesquisa permitiu um
olhar para a mulher como ser singular e social. Esta, durante a entrevista, sentindo-se
“olhada”, demonstrava interesse em falar da sua vida, de suas relações, parecendo quase
esquecer da criança que muitas vezes estava amamentando naquele momento. No final
sempre agradeciam, revelando que aquele depoimento não tinha sido apenas útil para a
presente pesquisa, mas tinha sido significativo para elas. Este aspecto desvelou, por um lado,
o fato de que a mulher que amamenta na relação com o outro espera falar, ser ouvida e
compreendida mais do que ouvir regras ou conceitos pré-estabelecidos (como: “toda mãe tem
leite”, “o leite materno tem tudo que seu bebê precisa”, “você tem que amamentar
exclusivamente até o sexto mês”, entre outros). E por outro lado, que o profissional de saúde
não apresenta uma atitude de escuta quando realiza suas ações voltadas para a promoção da
amamentação, partindo apenas do seu acúmulo de experiências e não da vivência trazida pela
mulher.
Portanto, faz-se cada vez mais necessário que o profissional tenha uma postura
realista levando em consideração a totalidade dos condicionamentos envolvidos com o ato de
amamentar, ou seja, que ele possa ir ao encontro da mulher sem se deixar determinar pelas
suas idéias ou pré-conceitos a respeito da amamentação, disposto a compreender qual é o
contexto que ela apresenta, que relações estabelece, o que ela tem em vista nos
relacionamentos, que dificuldades ou problemas enfrenta ou o que ela busca no atendimento
129
do serviço de saúde. Nesta postura de abertura e de observação a mulher dá-se a conhecer e o
profissional tem a possibilidade de apreender os fenômenos vivenciados pela mesma e de
intervir de acordo com a realidade que se mostra, a partir daquilo que ela traz e do que ela é e
não do que lhe falta aprender, fazer ou seguir.
A atitude do profissional voltada para ouvir e observar tem sido recomendada pela
estratégia do Aconselhamento em Amamentação, implementada nos serviços de promoção e
apoio à amamentação (BRASIL, 2003).
A mulher que amamenta se mostrou ainda como pessoa única, irrepetível, que na
vivência da amamentação tem exigências ontológicas como a exigência de significados, de
felicidade, de justiça, de amizade, de amor, de estar em relação com alguém, de estabelecer
uma relação eu-tu.
O fato de a pesquisa ter sido realizada no espaço social das mulheres possibilitou
ainda que as depoentes se mostrassem como sujeito das suas ações em atitude natural. Desta
forma, foi possível identificar e compreender o tipo de relação estabelecida com os membros
da rede social presentes na vida delas durante a fase de amamentação, sendo estes
caracterizados por: mães, companheiro, pai dos outros filhos, irmãos, pais, primos, avós, tios,
cunhada, sogra, madrinha da criança, sobrinho, vizinhas, amigas, colegas, patroa,
profissionais de saúde da Maternidade, de Hospitais e do Centro de Saúde e, responsáveis ou
funcionários de creches, escolas, igreja e centro de assistência social.
A análise das redes sociais evidenciou a presença de vínculo “forte” com membros
da rede primária, especialmente com amigas, vizinhas, sua mãe ou com o pai da criança;
revelando serem estas as pessoas mais envolvidas com elas durante o período da
amamentação. Esta variedade de pessoas presentes na vida destas mulheres aponta para o fato
de que não são apenas a mãe e o marido aquelas presenças mais significativas para as
mesmas.
130
Outro aspecto desvelado foi o fato de que muitas vezes, a mulher vivenciando a
amamentação, sente-se sozinha, embora existam várias pessoas ao seu redor. Neste sentido,
ela expressa a necessidade de ser compreendida não apenas do ponto de vista biológico, como
objeto do ato de amamentar, mas como ela é e está neste determinado momento da sua vida;
necessitando de um lugar no qual ela possa pertencer e ter relacionamentos de confiança e ser
ajudada.
Cabe ressaltar a diferença entre a rede social na qual a mulher está inserida e a rede
social de apoio durante o período em que ela está amamentando. Ou seja, embora as mulheres
tenham referido conhecer ou ter tido contato com vários membros de sua rede (parentes,
amigos, vizinhos, profissionais de saúde e outros) as mesmas revelaram que há poucas
pessoas com as quais estabelecem uma relação de familiaridade e que lhes auxiliam durante a
fase da amamentação.
Entre aquelas que amamentaram por 4 meses ou mais, verificou-se que além de
estabelecerem vínculos “fortes” com membros de sua rede social primária, possuem também
uma relação de proximidade com estes. Nesta rede primária a pessoa que se mostrou
significativa para que a mulher iniciasse e desse continuidade à prática da amamentação foi
aquela com quem a mesma estabelecia uma relação de familiaridade, não necessariamente um
membro da família. Tal relação foi relevante no que diz respeito ao apoio material recebido,
auxílio nas atividades domésticas e no cuidado com a criança na ocasião em que as mulheres
precisavam se ausentar do lar, além do apoio frente as intercorrências ocorridas durante o
período da amamentação. Estes tipos de apoio foram essenciais para que elas pudessem
amamentar a criança e permanecerem em casa durante os primeiros meses pós-parto.
A bagagem de conhecimento das mulheres, ou seja, o conhecimento prévio em
amamentação, o fato de algumas terem experiência como “babá” ou a vivência de ter
amamentado outros filhos, também se mostrou relevante no processo decisório de amamentar
131
ou não, bem como no enfrentamento das dificuldades presentes no período em que as mesmas
estavam oferecendo leite de peito para a criança.
O típico da ação das mulheres estabelecerem o contato com a rede social primária
circulou pela busca de recurso material e de uma companhia para dividir as preocupações do
seu mundo do dia a dia, tais como as tarefas domésticas e o cuidar da criança. No entanto,
quando elas se voltam para as pessoas de sua rede social, o mais relevante é o próprio
relacionamento, independente da razão que deu origem a esta relação. Pois, na sua
intencionalidade buscam contar com alguém que lhes ajudem e manter os relacionamentos
com as pessoas. Mesmo, quando mencionaram não terem pretensões ou não esperarem nada
das pessoas com as quais se relacionam, parece ser suficiente que estas estejam presentes, a
disposição na ocasião de alguma necessidade, que não se sintam obrigadas em ajudá-las, que
escutem o que elas estão dizendo e que lhes acompanhem no seu mundo da vida diária.
Quanto à relação com os profissionais de saúde, verificou-se que ainda há a
concepção de que a razão pela qual procuram o serviço de saúde é para a resolução de
problemas de saúde da criança ou de intercorrências com a amamentação e não para a busca
de ações preventivas, de promoção à saúde ou de apoio. Neste âmbito, a intencionalidade das
mulheres com relação à rede secundária está centrada na busca de atendimento de rotina,
ações que visem à eliminação dos problemas de saúde e de alimentação da criança e na busca
de atenção dos profissionais para com as mesmas, de modo que possam se sentir ouvidas e
compreendidas.
O estudo possibilitou compreender ainda que há uma precariedade na relação com a
rede secundária, demonstrada pela falta de vínculos “fortes” e por uma relação de anonimato e
que as mulheres em seu dia a dia recorrem à rede primária, que lhe é familiar.
Assim, a mulher que amamenta se relaciona com rede secundária basicamente por
motivos voltados para os determinantes biológicos envolvidos no ato de amamentar, enquanto
132
que no contato com a rede primária a razão da procura dos relacionamentos está focalizada
em condicionantes sociais que estão presentes durante a fase da amamentação. Destes
relacionamentos ela espera poder contar com pessoas com as quais ela possa estabelecer uma
relação confiável, uma relação face a face.
Frente ao típico da ação das mulheres que vivenciam o fenômeno da amamentação
no contexto da sua rede social foi evidente a compreensão de que a questão do apoio à
mulher, enquanto sujeito e protagonista do processo de amamentar, ainda constitui um desafio
para os profissionais de saúde e suas ações voltadas para a promoção, proteção e apoio à
amamentação. Sendo que para lidar com a complexidade deste processo é necessário que o
profissional de saúde não privilegie as suas opiniões, pré-conceitos ou seu olhar fragmentário,
mas esteja aberto para as situações vivenciadas pelas mulheres no seu mundo da vida.
Em uma outra abordagem a rede primária precisa existir para a rede secundária. Ou
seja, a mulher que amamenta precisa existir para o profissional de saúde como uma pessoa
que tem um nome, tem certas vivências, problemas, razões, intenções e que é um “ser”, um
“ser com os outros”. Muitas vezes não é o profissional de saúde que vai ajudá-la
concretamente, como no caso da mulher estar preocupada com a situação de trabalho, dos
outros filhos, da manutenção da casa, entre outras. Mas, numa relação onde o profissional a
acolha, compartilhe suas preocupações, ela pode ser ajudada a encontrar soluções ou apoio
para conciliar à prática da amamentação ao seu contexto.
Neste sentido, este estudo representa um subsídio para a formulação e
implementação de políticas públicas, bem como para o trabalho interdisciplinar de
profissionais de saúde, que a partir da visão global do contexto relacional da mulher, podem
no planejamento de suas ações, considerar e fortalecer os vínculos estabelecidos na rede
primária, convocando familiares e amigos para as consultas, pois estes se constituem em um
importante suporte para a mesma.
133
Desta forma, no espaço do serviço de saúde a mulher tem o direito de encontrar
pessoas disponíveis e atentas às suas necessidades ou ainda de ser referenciada para outros
serviços ou grupos de apoio à amamentação. Tais grupos de apoio também podem contribuir
no fortalecimento das redes sociais e auxiliar as mulheres durante todo o período da
amamentação. Vivendo entre outras pessoas que lhes são “próximas” e “semelhantes” elas
tem a possibilidade apreender conhecimentos e compreender condutas a partir de vivências
das outras mulheres.
Nesta mesma ótica, os profissionais de saúde atuando com base no conhecimento da
rede social da mulher que amamenta, desenvolvem a capacidade de escuta, desvelam
fenômenos que muitas vezes não são explícitos durante a consulta com uma perspectiva
biomédica, percebem as expectativas que ela traz e podem realizar uma assistência mais
realista ao promover, proteger e apoiar à amamentação.
A prática de visita domiciliar nas primeiras semanas após o parto também constitui
em uma oportunidade para o profissional conhecer a rede social, ajudar a mulher a identificar
um membro que possa auxiliá-la no enfrentamento das circunstâncias do dia a dia e fornecer
apoio à família que vivencia a amamentação.
Diante do exposto, o estudo desvelou que a mulher que vivencia a amamentação
(Fig. 23) pode ser mais bem compreendida quando o profissional de saúde tem uma atitude
mais aberta à situação de vida desta mulher, orientando-se pelos seus motivos e intenções,
considerando sua bagagem de conhecimento e vivendo contemporaneamente os significados
atribuídos pela mesma ao processo de amamentar, buscando estabelecer uma relação de
familiaridade.
134
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- Apoio na alimentação da criança
- Atendimento conforme rotina
institucional
- Ações profissionais para
eliminar
sinais de anormalidade
- Atenção na assistência à criança
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- Poder contar com alguém que
lhe ajude
-
Manter relacionamento com as
pessoas
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- Circunstâncias do evento
amamentação
-
Sinais de anormalidade na criança
Fig. 23 A rede social da mulher que amamenta
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- Compreender o
significado da
relação da mulher
com a sua rede
social
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mãe, amigas,
vizinhas, tios, avó
e pai da criança
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profissionais de
saúde
- Analisar
compreensivamente
o significado da rede
social para a prática
da amamentação
Rede primária
Vínculo forte
Proximidade
Bagagem de
conhecimento
Familiariedade
Amamentação por 4
meses ou mais
O
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- Descrever a rede
social das mulheres
que amamentam
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- Apoio material
-
Auxílio nas tarefas domésticas
- Ajuda para “olhar a criança
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149
APÊNDICES
150
APÊNDICE A
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - CURSO DE DOUTORADO
Rio de Janeiro, ___ de _____________ de 200_
Ao Presidente da Associação dos Moradores da Comunidade Morro dos Cabritos
Venho por meio deste, solicitar a vossa ciência para realização do estudo intitulado:
“A mulher que amamenta e suas relações sociais: uma perspectiva compreensiva de promoção
e apoio”, que tem como objetivos: - descrever a rede social das mulheres que amamentam; -
compreender o significado da relação da mulher com a sua rede social e - analisar
compreensivamente o significado da rede social para a prática da amamentação. Em outras
palavras, este estudo visa: verificar qual é a rede de relacionamentos que as mulheres podem
contar no período em que estão amamentando, qual é o significado destes relacionamentos e
compreender de que forma esses relacionamentos influenciam na prática da amamentação.
Esta pesquisa tem como orientadora a Profa. Dra. Ivís Emília de Oliveira
Souza. E será desenvolvida por mim, junto às mulheres residentes nesta comunidade, que
possuírem filhos com menos de seis meses de idade e estiverem amamentando.
Para a coleta das informações serão realizadas entrevistas com as mulheres em seus
domicílios e em uma sala do Centro Educacional Cantinho da Natureza. Sendo que
anteriomente, tais mães serão esclarecidas quanto os objetivos da pesquisa, livre participação
e sigilo pessoal e convidadas a assinar um termo de consentimento, no ato da entrevista.
Desde já agradeço.
_____________________________
Maria Helena do Nascimento Souza ciente:
____________________________
Presidente da Assoc. de Moradores
151
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você foi selecionada e está sendo convidada para participar da pesquisa
intitulada: “A mulher que amamenta e suas relações sociais: uma perspectiva compreensiva
de promoção e apoio”, que tem como objetivos: verificar qual é a rede de relacionamentos
que as mulheres podem contar no período em que estão amamentando, qual é o significado
destes relacionamentos e compreender de que forma esses relacionamentos influenciam na
prática da amamentação.
Gostaria de contar com sua colaboração, participando de entrevistas
previamente agendadas em uma sala do Centro Educacional Cantinho da Natureza.
A sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-
se responder qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua
recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com a pesquisadora.
Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em
nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. No final da
entrevista você poderá escolher outro nome, para a identificação do seu depoimento. Desta
forma, os resultados da pesquisa serão divulgados em meio científico, preservando o seu
anonimato.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do
pesquisador principal podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou
a qualquer momento.
_____________________________________
Maria Helena do Nascimento Souza
End: Rua Afonso Cavalcanti, 275 2º andar - Cidade Nova - Fone: 22938899 ou
81023619
Rio de Janeiro, ___ de _____________ de 200_
Declaro estar ciente do inteiro teor deste Termo de Consentimento e estou de acordo
em participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem
sofrer qualquer tipo de punição ou constrangimento.
___________________________________
Participante
152
APÊNDICE C
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome: _____________________ Pseudônimo: ________________________
Idade: _____________________ Mora com o companheiro ( ) sim ( )não
Endereço: ___________________ Telefone: ___________________________
Naturalidade: ________________ Tempo de Moradia na Comunidade: _____
Ocupação: ___________________ Licença Maternidade? ( ) sim ( )não
Tipo de Casa: _________________ Nº de cômodos: ____ Nº de pessoas: ___
Nº de filhos: ___
Idade Tempo de
aleitamento materno
exclusivo
Tempo de
aleitamento materno total
Filho 1
Filho 2
Filho 3
Filho 4
Filho 5
Nome da Criança atual: __________________ Idade da Criança: ________meses
Realizou Pré-Natal? ( ) sim ( )não
Tempo de aleitamento materno exclusivo: ____
Tempo de aleitamento materno total: ____
Em aleitamento materno exclusivo: ____
153
APÊNDICE D
ROTEIRO DE ENTREVISTA
1. Fale-me quais são as pessoas que estão presentes na sua vida (parentes,
vizinhos, amigos, colegas, pessoas de associações, instituições ou do trabalho).
2. Observando estes quadros (Anexo B), vamos tentar fazer um desenho
mostrando a sua relação com estas pessoas. Em relação a você, como estas pessoas
estão (próximas ou distantes) e qual tipo de vínculo você tem com elas?
3. Dentre essas pessoas quem está (estava) envolvida com você durante o período
em que você estava oferecendo leite materno para o seu filho?
4. Em algum momento você precisou de ajuda ou teve alguma dificuldade para
amamentar a criança? Com que você contou?
5. Por que você procurou ou contou com essa pessoa?
6. O que você tem em vista quando se relaciona com ela?
154
ANEXOS
155
ANEXO A
PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
156
ANEXO B
REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA DE TIPOS DE REDE E
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS TIPOS DE VÍNCULO NA REDE SOCIAL
Fonte: Soares (2002)
ANEXO B
134
M
M
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t
i
i
v
v
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o
s
s
p
p
a
a
r
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a
- Apoio na alimentação da criança
- Atendimento conforme rotina
institucional
- Ações profissionais para
eliminar
sinais de anormalidade
- Atenção na assistência à criança
M
M
o
o
t
t
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v
v
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p
p
a
a
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a
a
- Poder contar com alguém que
lhe ajude
-
Manter relacionamento com as
pessoas
M
M
o
o
t
t
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s
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o
o
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r
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e
e
- Circunstâncias do evento
amamentação
-
Sinais de anormalidade na criança
Fig. 23 A rede social da mulher que amamenta
A
A
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a
- Compreender o
significado da
relação da mulher
com a sua rede
social
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a
mãe, amigas,
vizinhas, tios, avó
e pai da criança
R
R
e
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d
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s
s
e
e
c
c
u
u
n
n
d
d
á
á
r
r
i
i
a
a
profissionais de
saúde
- Analisar
compreensivamente
o significado da rede
social para a prática
da amamentação
Rede primária
Vínculo forte
Proximidade
Bagagem de
conhecimento
Familiariedade
Amamentação por 4
meses ou mais
O
O
b
b
j
j
e
e
t
t
i
i
v
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o
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- Descrever a rede
social das mulheres
que amamentam
M
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p
o
o
r
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q
q
u
u
e
e
- Apoio material
-
Auxílio nas tarefas domésticas
- Ajuda para “olhar a criança
135
Livros Grátis
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