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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO:
QUÍMICA DA VIDA E SAÚDE
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO A PARTIR DAS CONCEPÇÕES
ESPONTÂNEAS APRESENTADO POR ALUNOS
DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE O TEMA DIGESTÃO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Ana Maria Cera Forgiarini
Santa Maria,RS,Brasil.
2010
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CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO A PARTIR DAS CONCEPÇÕES
ESPONTÂNEAS APRESENTADO POR ALUNOS
DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE O TEMA DIGESTÃO
por
Ana Maria Cera Forgiarini
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação
em Ciências química da Vida e Saúde, da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial a obtenção do título de
Mestre em Educação em Ciências.
Orientadora: Profª. Drª. Maria Rosa Chitolina Schetinger
Santa Maria,RS,Brasil.
2010
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2010
Todos os direitos autorais reservados a Ana Maria Cera Forgiarini. A reprodução de
partes ou do todo deste trabalho poderá ser feita sem a autorização por escrito da
autora, desde que citada a fonte.
Endereço: Rua Travessa Jardins nº. 90, Bairro Camobi, Santa Maria-RS, 97095-240.
Fone (0xx)5532266215; End.eletr. [email protected]
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO:
QUÍMICA DA VIDA E SAÚDE
A Comissão Examinadora, abaixo assinda,
aprova a Dissertação de Mestrado
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO A PARTIR DAS CONCEPÇÕES
ESPONTÂNEAS APRESENTADO POR ALUNOS
DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE O TEMA DIGESTÃO
Elaborada por
Ana Maria Cera Forgiarini
Como requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Educação
COMISSÃO EXMINADORA
Profª. Drª. Maria Rosa Chitolina Schetinger
Presidente/Orientadora
Profª. Drª. Martha Bohrer Adaime
Profª. Drª. Marlise Ladvocat Batholomei
Santa Maria, 27 de janeiro de 2010
.
AGRADECIMENTOS
Ao finalizar essa etapa de meus estudos, gostaria de agradecer a todos
aqueles que “colocaram a mão na massa” ou contribuíram com algumas
“pitadinhas”, ambas as atitudes essenciais para a realização desta pesquisa.
Em primeiro lugar, agradeço a DEUS, por ter me ajudado a passar por mais
esta fase tão importante para mim;
Ao meu filho Luis Alberto, pela ajuda na hora mais difícil e pela compreensão
e apoio, principalmente nos momentos de maior tensão e cansaço;
Agradeço à minha orientadora, Profª.Drª.Maria Rosa Chitolina Schetinger, por
sua atitude sempre presente e pela disponibilidade, pela atenção;
Agradeço ao Prof.Dr.João Batista da Rocha, por todo apoio e por acreditar na
importância da realizar esse tipo de trabalho, que ultrapassou as fronteiras entre
diferentes campos do saber e entrelaça a educação de ciências e saúde, entre
outros campos;
Também sou grata à direção, aos professores e aos alunos da escola
pesquisada, pela participação ativa nas investigações e ações pedagógicas, pelos
cafezinhos partilhados e pelo carinho com o qual elas e eles me acolheram;
Às colegas do setor pedagógico, pela colaboração de todos os instrumentos
de coletas de dados e outras ações pedagógicas;
A todos os alunos que participaram desse estudo, o meu respeito,
consideração e esperança de que meu trabalho possa contribuir para que eles
tenham uma melhor qualidade de vida;
Às minhas amigas Márcia e Sandra, que colaboram nas horas difíceis e nos
momentos de desespero, demonstrando muitos saberes na escrita e muito
empenho no preenchimento de algumas fichas. A vocês duas, o meu muito
obrigada;
Aos colegas do Grupo de Estudos do Corpo na Prática Cultural, da Faculdade
de Educação (UFSM), do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e
igualmente aos professores e colegas das disciplinas que cursei durante a
realização de meu Mestrado, pelas discussões aprofundadas, sugestões e pela
partilha de conhecimentos;
A esta instituição, a Universidade Federal de Santa Maria, pelo ensino público
de qualidade e pela oportunidade de realizar meu Mestrado em Educação em
Ciências;
A todos da minha família, nora, sogro, cunhados, cunhadas, irmãos, irmãs e
sobrinhos, que, próximos ou distantes, incentivaram-me e apoiaram.
Obrigada a todos vocês.
“Mulheres e homens, somos os
únicos que, social e historicamente, nos
tornamos capazes de aprender. Por isso,
somos os únicos para aprender é uma
aventura criadora. Algo, por isso mesmo,
muito mais rico do que meramente repetir
a lição dada. Aprender para nós é
construir, reconstruir, constatar para
mudar, o que não se faz sem abertura ao
rico é a aventura do espírito”
Paulo Freire
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências Química da Vida e Saúde,
Universidade Federal de Santa Maria
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO A PARTIR DAS CONCEPÇÕES
ESPONTÂNEAS APRESENTADO POR ALUNOS
DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE O TEMA DIGESTÃO
ALUNA: ANA MARIA CERA FORGIARINI
ORIENTADORA: PROFª. DRª. MARIA ROSA CHITOLINA SCHETINGER
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 27 de janeiro de 2010.
Na escola de hoje, o professor, além de ensinar, precisa ter criatividade, necessitando
também utilizar de recursos didáticos de apoio pedagógico, principalmente no sentido de
motivar os alunos na construção de conhecimento. O uso desses recursos deve ser
apropriado com finalidade de que o aluno aprenda. O relato das experiências visa a ajudar
os professores das escolas por meio de métodos alternativos para o ensino, aproximando os
alunos da Ciência. O objetivo desse estudo foi verificar o aprendizado dos alunos baseado
nas suas concepções espontâneas e ajudá-los a construir o conhecimento científico sobre o
tema proposto ao longo da escolaridade. A pesquisa foi realizada por meio de
questionamentos e atividades experimentais. O tema escolhido foi digestão. Foram
realizadas oito atividades práticas com a finalidade de diagnosticar os conhecimentos pré-
existentes dos alunos que então foram complementados com o conhecimento científico
transmitido pelo professor objetivando estimular o aluno a desenvolver o gosto pela Ciência.
Este trabalho foi realizado no ao ano de Ensino Fundamental de uma Escola Pública
Municipal de Santa Maria, RS. Os experimentos realizados na escola foram os processos
bioquímicos da digestão. Quanto aos conhecimentos das turmas, todas tiveram bom
aproveitamento nas práticas, em que verificamos que realmente ocorreu aprendizagem
significativa de acordo com o tema abordado. Em função dos resultados desse trabalho, é
possível afirmar que houve enriquecimento dos alunos em relação às concepções,
conseguindo compreender bem o processo da digestão. Embora os alunos tenham
demonstrado sua compreensão de acordo com o tema estudado, é importante salientar que
eles mantêm algumas dificuldades de construir o conhecimento, para novas situações de
aprendizagem.
Palavras-chave: concepções espontâneas, conhecimento científico e digestão.
ABSTRACT
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências química da Vida e Saúde,
Universidade Federal de Santa Maria
…………………
ALUNA:ANA MARIA CERA FORGIARINI
ORIENTADORA: PROFª.DRª. MARIA ROSA CHITOLINA SCHETINGER
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 27 de janeiro de 2010.
At school today, teachers need not only to teach but also to be creative using
educational resources to support teaching and especially to motivate students in the
knowledge construction. The use of these resources must be appropriate with the
purpose to help students learn. The report of experiences helps school teachers
through alternative methods of education to bring together students from Science.
This study aimed to check the student learning based on their spontaneous
conceptions and help them to build the scientific knowledge about the theme
proposed throughout the learning process. The study was carried out using questions
and experimental activities. The topic chosen was digestion. Eight practical activities
were done in order to diagnose the pre-existing knowledge of the students, which
was then complemented with the scientific knowledge taught by the teacher aiming to
motivate students to develop a taste for Science. This work was carried out with
students from 6
th
to 9
th
grade of a public municipal school in Santa Maria, RS. The
experiments performed at school were about the biochemical processes of digestion.
All classes presented good performance in the practical classes, where a significant
learning actually occurred according to the topic proposed. Our findings show that
there was student enrichment in relation to the concepts taught, achieving a good
understanding of the theme, i.e., the process of digestion. Although the students
have demonstrated their understanding of the subject proposed, it is important to
point out that they presented some difficulties to build the knowledge to new learning
situations.
Keywords: spontaneous concepts, scientific knowledge and digestion.
LISTA DE ABREVIATURAS
AC:
Aplicação do Conhecimento;
OC:
Organização do Conhecimento;
PCNs:
Parâmetros Curriculares Nacionais;
PI
: Problematização Inicial;
RS
: Rio Grande do Sul;
LISTA DE ANEXOS
Anexo 01: Questionário utilizado na pesquisa. .................................................... 69
Anexo 02: Questionário no Experimento Sobre Digestão. ................................. 70
Anexo 03: Atividades práticas..................................................................................
Lista de tabelas..........................................................................................................
Lista de gráficos.........................................................................................................
Lista de quadros........................................................................................................
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 12
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13
2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 14
2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 14
2.2 Objetivos específicos........................................................................................ 14
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 15
3.1 Resolução de problema ................................................................................... 26
3.2 Mudanças conceituais ..................................................................................... 30
4 ARTIGOS CIENTÍFICOS ...................................................................................... 32
4.1 Artigo 1 .............................................................................................................. 33
4.2 Artigo 2 .............................................................................................................. 49
5 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 58
6 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 64
ANEXOS .................................................................................................................. 68
APRESENTAÇÃO
Os resultados que fazem parte desta dissertação o apresentados sob a
forma de manuscritos, os quais se encontram no item artigos científicos. As seções
Materiais e Métodos, Resultados e Referências Bibliográficas encontram-se nos
próprios artigos.
Os itens DISCUSSÃO e CONCLUSÃO, dispostos após os manuscritos,
contêm interpretações e comentários gerais referentes aos manuscritos contidos
neste estudo.
A BIBLIOGRAFIA refere-se às citações que aparecem nos itens
INTRODUÇÃO, REVISÃO BIBLIOGRÁFICA e DISCUSSÃO desta dissertação.
1 INTRODUÇÃO
O estudo realizado, no decorrer da pesquisa de Mestrado, foi feito por meio
da escrita dessa dissertação. Ele partiu da investigação das concepções
espontâneas dos alunos sobre a digestão, visando a uma melhoria de seu próprio
conhecimento sobre esse assunto ao longo da sua escolaridade.
As pesquisas em educação focam sua preocupação nas concepções
espontâneas dos alunos, uma vez que a aprendizagem escolar e falta de
assimilação de um dado conhecimento por parte dos alunos podem ser animados
pelo o que eles já sabem ou conhecem sobre determinado tema.
Estudos têm revelado que os alunos que chegam à escola construíram
alguns conhecimentos. Muitas vezes, esses conhecimentos revelam-se bastante
diferentes do saber científico ensinado nas escolas. Assim, o aluno necessita
entender os conceitos científicos e apresentar domínio nas concepções
(FERRACIOLI, 1994, 1995, 1997). A articulação dessas concepções constituiria o
que é denominado de conhecimento baseado no senso comum (FERRACIOLI,
1994).
É importante que o professor planeje suas atividades práticas de acordo com
o conhecimento dos alunos, uma vez que a ideia dos discentes sobre digestão,
muitas vezes, não acontece com o contexto cientificamente aceito (BASTOS, 1991).
Com esse trabalho teve aplicação de duas questões abertas, onde os alunos
descrevem seus conceitos sobre digestão, com o intuito de identificar os fatores que
possam contribuir na teoria de novas estratégias pedagógicas para ensino de
ciência com as atividades experimentais.
Segundo Hudson (2000), Silva (2000) e Zanon (2000), muitos professores
demonstram motivação para as atividades práticas no ensino de ciências. Nessa
perspectiva, cabe ao professor propiciar um processo de ensino e de aprendizagem
que se torne significativo e prazeroso. Dessa forma, esse prazer precisa estar
presente no cotidiano escolar.
Neste sentido, as aulas experimentais foram organizadas de forma que os
alunos se colocaram diante de uma situação - problema, tendo como foco a sua
resolução. Isso contribuiu para que o aluno, com essas aulas práticas, pudesse
13
apresentar seus dados e suas conclusões. Assim conseguimos analisar, interpretar
e discutir sobre o tema, observando se os mesmos alcançaram os objetivos
propostos nas atividades. Por meio das atividades práticas, tentou-se diagnosticar
as concepções espontâneas dos alunos sobre digestão.
2.OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Identificar as concepções espontâneas dos alunos sobre o assunto
digestão.
2.2 Objetivos específicos
Avaliar possíveis mudanças das concepções espontâneas e no
conhecimento científico sobre a digestão ao longo da escolaridade
fundamental;
Formular possíveis propostas, que possam melhorar a motivação
dos alunos pelo assunto, permitindo, assim, uma provável melhora
no aprendizado desses.
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os conceitos cienficos são centrais no ensino de Ciências Naturais. Com
eles, são expressas explicações, descritas propriedades e feitas previsões para os
fenômenos. Essas estão reconhecidas nos Parâmetros Curriculares
Nacionais,quando estabelecem, como uma das metas de ensino nessa área, saber
utilizar conceitos científicos (BRASIL, 2000). Defendemos que os conceitos
científicos são subsídios para elaborar atividades que promovam o aprendizado dos
alunos.
As diferentes abordagens sobre como podem ser desenvolvidas as atividades
de ensino para o aprendizado nos conceitos cienficos vêm sendo divulgadas,
influenciando diretamente no trabalho pedagógico do professor. Isso reflete até
mesmo quando os alunos têm consciência do modo como entendem os conceitos e
as concepções a respeito do tema, nas atividades desenvolvidas. Os presentes
artigos discutem o que são conceitos científicos e o que são concepções
espontâneas nas perspectivas teóricas e a sua relação no processo de ensino e de
aprendizagem (BRASIL, 2000).
No ensino de Ciências, a experimentação não deve ser confundida com um
conjunto de objetivos e métodos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais alertam os
professores para o simples fato de terem de realizar as atividades práticas que
sejam significativas para o aluno. Desse modo, ele poderá construir o seu próprio
conhecimento. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 1997), as
propostas para renovação do ensino de Ciências Naturais orientavam-se para um
movimento chamado Escola Nova, em que as tendências deslocavam-se da questão
pedagógica, dos aspectos simplesmente lógicos para aspectos psicológicos,
valorizando a participação ativa dos discentes no processo de ensino e de
aprendizagem. As atividades práticas passaram a representar importância para a
compreensão ativa dos conceitos, mesmo que sua implementação prática tenha sido
muito difícil para compreensão dos alunos. Esse método científico foi valorizado
desde os anos 60, pois leva os alunos a fazer as observações, levantar hipóteses e
certificar o conhecimento.
16
Os PCNs ressaltam que os professores precisam ser capazes de conhecer
seus alunos, de ajustar o processo de ensino aprendizagem, de elaborar atividades
que possibilitem o uso das novas tecnologias da comunicação e informação. Enfim,
é preciso buscar um ensino de qualidade, que seja capaz de formar cidadãos
críticos. É importante que o professor promova atividades que possam estimular e
contribuir para uma maior compreensão em relação aos conceitos como, por
exemplo: questionamentos, debates, investigação, trabalhos em grupos e uso das
tecnologias. Dessa maneira, o aluno poderá entender a ciência como construção
histórica e como saber prático, sem levar em consideração um ensino fundamentado
de memorização nas definições em classificações que não fazem sentido para ele
(BRASIL, 1998).
O processo de construção por um conhecimento de ciências interligado à
realidade dos alunos tem direcionado as diversas propostas nas mudanças no
ensino na área. O ensino de ciências está sendo definido por diversas informações
(BRASIL, 1999). É importante que esse ensino corresponda às questões do mundo
atual, ultrapassando os limites de um conhecimento meramente desenvolvido para
um conhecimento aplicado e contextualizado. Além disso, o aluno deve destacar os
caminhos nos processos da ciência, contemplando não apenas seus resultados,
mas o que se refere ao seu meio. Diversos estudos na área de ensino de ciências
(FERREIRA, 2006; BORGES, 2002; BARAB, 2000; CLEMENT, 2000) têm
apresentado o potencial do uso das atividades investigativas para o
desenvolvimento do conhecimento sobre o processo digestivo na investigação
científica.
O fenômeno estudado na investigação da ciência, merece atenção na
abordagem de ensino, por tratar para construção da própria ciência. Os estudos
dirigidos sobre o ensino de ciência, no processo de investigação científica, apontam
a necessidade de os alunos, nas atividades práticas, promoverem o
desenvolvimento desse conhecimento de maneira ativa, isto é, atividades em que o
aluno conduza ativamente a investigação sobre o tema. Isso pode permitir não o
desenvolvimento do conhecimento sobre a ciência, mas construir também o
desenvolvimento das habilidades durante o processo. Identificar os princípios da
ciência no processo da investigação nas práticas científicas é um requisito
fundamental para a aprendizagem sobre a ciência.
17
Assim, é preciso atenção, tanto no processo de ensino quanto no de
aprendizagem, visto que poderão (re) significar as propostas metodológicas no
sentido de qualificar o aluno a reconstruir seu conhecimento. Nesta perspectiva, é
importante que o aprendizado se pela interação do professor, dos alunos e do
conhecimento. O diálogo estabelecido entre as ideias prévias dos alunos e a visão
científica, com a mediação do professor, propicia que o aluno reelabore suas novas
concepções ao entrar em contato com a visão do conhecimento científico (BASTO,
1991).
Neste sentido, com avanço tecnológico e a valorização do conhecimento
científico, o ensino de ciências visa a colaborar para a compreensão de mundo e
suas transformações, bem como para o reconhecimento do homem como parte
integrante do universo. A compreensão desses conhecimentos científicos e
procedimentos experimentais podem favorecer o desenvolvimento intelectual e
social do aluno, permitindo que ele se situe criticamente diante da realidade do
mundo em que vive e compreenda suas transformações (BRASIL, 2000).
A proposta é interligar as áreas de conhecimentos por meio de um conjunto
de assuntos chamados temas transversais. Esses temas formam um conjunto
articulado de conteúdos que possuem objetivos e propostas pedagógicas. Os temas
transversais e os PCNs conectam e interligam as disciplinas (biologia, ciências,
química, física, entre outras). Para a escolha desses temas transversais, foram
estabelecidos alguns critérios, objetivando sempre questões inicias, as quais
poderiam ser trabalhadas de forma diferenciada (BRASIL, 1998).
Hoje, o aprendizado da ciência, no Ensino Fundamental, é bloqueado devido
à falta de integração entre as várias disciplinas existentes no currículo escolar, além
da falta de interação do próprio conteúdo fornecido. Essa relação depende de vários
fatores, tais como: a própria disciplina, as características dos alunos, a formação do
professor, em que ocorra o processo ensino e de aprendizagem (SANTANA, 2007).
Para pensar sobre o ensino de Ciências, o conhecimento científico é
fundamental, mas não suficiente. É essencial considerar o desenvolvimento
cognitivo dos estudantes, relacionado à suas experiências, sua cultura e à
sociedade em que estão inseridos, bem como os diferentes significados e valores
que as Ciências podem ter para os alunos.
O ensino de Ciências,quando contextualizado, pode ser desenvolvido de
maneira que potencialize a aprendizagem significativa. Os temas transversais
18
devem ser flexíveis e suficientes para instigar a curiosidade e as dúvidas dos
discentes, proporcionando a sistematização dos diferentes conteúdos e seu
desenvolvimento histórico, conforme as características e necessidades dos alunos,
nos diferentes anos. Os interesses dos discentes pela ciência, pela tecnologia, pelos
meios de comunicação, poderão favorecer a integração para o sucesso das
atividades significativas.
Trata-se, portanto, de organizar atividades interessantes, que permitam a
exploração do conhecimento no nível dos alunos, em diferentes momentos do
desenvolvimento. Desse modo, é possível destacar as relações no domínio da vida,
no ambiente e nos equipamentos tecnológicos que poderão melhorar situações para
os alunos no mundo que os cerca.
Piaget (1977) aprofunda a questão sobre o que é desenvolvimento, como se
a construção do conhecimento pelo sujeito ao longo da escolaridade dos alunos,
ao formarem o processo de ensino e de aprendizagem. Os resultados dessa
investigação podem contribuir para a ampliação dos objetivos no processo de ensino
e de aprendizagem, bem como sobre sua fundamentação teórica, para auxiliar o
estabelecimento de diretrizes educacionais.
Segundo Oliveira (1992), a experimentação tem sido encarada como uma
forma metodológica para enfrentar o problema da baixa aprendizagem em ciências.
Nesta linha, os métodos são os centros da problemática pedagógica, pois, se um
conteúdo não é compreendido, é porque os meios pelos quais foi veiculado são
falhos. Na concepção desse teórico, o professor deve pensar sempre sobre o saber
ensinado, evitando que, no espírito aprendiz, consolide-se a imagem do fazer
ciência como processo de descoberta ou redescoberta de verdades estabelecidas,
que não é invocando o estatuto da ciência empírica, ultrapassada historicamente,
que haveremos de provar ou garantir qualquer coisa ao aluno. Assim, para Oliveira,
é preciso
“discutir que a atividade científica pressupõe pluralidade de métodos de
investigação, sendo cada abordagem a retificação de antigos erros e a construção
de novas verdades, pois o saber humano é uma empresa nunca acabada”.
Considerar o aluno como ser sujeito de sua aprendizagem significa afirmar
que é dele o movimento de ressignificar o mundo, isto é, de construir explicações,
mediadas pela interação com o professor e outros alunos e pelos instrumentos
culturais próprios do conhecimento cienfico. Mas esse movimento não é
espontâneo; é construído com a intervenção e mediação do professor.
19
É significativa a atuação do professor no processo de aprendizagem. Esse
deve informar apontar relações, questionar os alunos com problemas desafiadores,
dando exemplos, organizando o trabalho com diversificados materiais.
Nos momentos de interação, os alunos expressam seu conhecimento prévio
de origem escolar e espontânea. Nesses instantes, estão reelaborando seus
entendimentos. Muitas vezes, as primeiras explicações são construídas no debate
entre os alunos e o professor. Assim, estabelece-se o diálogo, associando-se aquilo
que os alunos já conhecem com os desafios e os novos conceitos propostos.
É importante que o professor tenha claro que o ensino de Ciências não se
resume à apresentação de definições científicas, como em muitos livros didáticos,
em geral fora do alcance da compreensão dos alunos. Definições são o ponto de
chegada do processo de ensino, aquilo que se pretende que o aluno compreenda ao
longo de suas investigações.
Ao planejar as aulas de Ciências, o professor necessita elencar os temas de
acordo com as realidades desses alunos, com as demais áreas de conhecimento,
que vão ganhando complexidade e profundidade.
Por meio das atividades práticas, os discentes conhecem fenômenos dos
processos da digestão, explicações e nomes, debatendo diversos problemas e
organizando várias relações. É uma aprendizagem, geralmente, marcada pela
interação direta com os fenômenos. Poderão também construir noções científicas
com uma menor complexidade e compreensão, ampliando suas primeiras
explicações, conforme seu desenvolvimento permitir. Os alunos poderão trabalhar e
sistematizar ideias científicas mais estruturadas. Nos Parâmetros Curriculares
Nacionais, de Ciências Naturais, os alcances de aprendizagem envolvem diversos
conceitos.
Na ciência, os procedimentos correspondem a buscar, a organizar e a
comunicar conhecimentos. São bastante variados: a observação e a
experimentação, o estabelecimento de relações entre fatos e ideias, a leitura e a
escrita, a elaboração de roteiros de pesquisa, na busca de informações, para
elaboração das questões, por meio dos desenhos, e o confronto dos dados obtidos
na investigação e na elaboração de perguntas-problema, além da proposição para a
solução de problemas.
Com o passar dos tempos, os conceitos das escolas e do procedimento de
ensino e de aprendizagem m sido consecutivamente repensados em várias
20
reformas no sistema a ser colocado em prática. Anterior às discussões atuais sobre
educação, defendia-se que os professores deviam transmitir e depositar o
conhecimento, e os alunos apreender e memorizar tudo quanto lhes era transmitido.
O educador educava e os educados eram educados; o educador era sábio e
educando não sabia; o educador era sujeito do processo e o educando mero objeto
(FREIRE, 1975); hoje em dia, defende-se um ensino centrado no aluno, acredita-se
que esse desempenhe um papel importante em relação ao processo de
aprendizagem.
A proposta metodológica tradicional, usada nas escolas, em que a
comunicação do professor para o aluno constitui o processo de ensinar e de
aprender, faz emergir inquietações, as quais permeiam no dia-a-dia da escola.
Assim, na busca de alternativas para as reflexões dos professores, propõe-se uma
nova forma de ensinar. O papel de receptor destinado ao aluno no método
tradicional, fortalece a criação dos saberes, que são transmitidos na escola, e que
devem ser devolvidos nas avaliações e construídos fora desta interação do sujeito
com o meio onde vive. Neste sentido, questiona-se: - para que servem, então, vários
anos freqüentados na escola, ouvindo o professor falar sobre teorias com as quais
os alunos não conseguem estabelecer relações reais para refletirem sobre o mundo
que os cerca?- não deveria ser a escola um ambiente onde o sujeito tenha a
oportunidade de construir com conhecimentos e desenvolver-se intelectualmente?
“A capacidade de pensar se desenvolve naturalmente quando se vive em
um meio social adequado”,...o que ocorre é que a capacidade de pensar,
sobretudo pensar abstratamente, pode ser desenvolvida, estimulada,
aperfeiçoada, o que requer certo treinamento, e entra a escola e toda a
educação formal”( DELVAL, 1997, p.14).
Nesta perspectiva, possibilitar ao aluno agir e pensar sobre o tema, buscando
as razões de suas escolhas, poderá fazer da aula um ambiente de construção, em
que os saberes dos alunos são considerados e questionados para que possam ser
confrontados e assim reconstruídos. É preciso, portanto, buscar formas de estimular
o aluno para que esses participem das aulas por meio de questionamentos de
acordo com o assunto e, então, possam notar as próprias representações a respeito.
Dessa maneira, podemos afirmar que o conhecimento geral e o conhecimento
científico,em particular, estruturam-se através de disciplinas bem definidas,que
apresentam conhecimentos estáveis. A física, a química e a biologia são formas de
21
conhecimento disciplinar sistematizado por grupos de especialistas que partilham
linguagem, enfoque, objetos e métodos de pesquisa comuns. A organização do
saber científico escolar, em disciplina, constitui-se em forma canônica de se produzir
conhecimento e, por conseguinte, induziria a um currículo escolar estruturado
disciplinarmente.
...a tecnologia conferia à área de Ciências Naturais uma perspectiva
interdisciplinar, pois abrange conhecimentos biológicos, físicos, químicos,
sociais, culturais e tecnológicos. A opção do professor em organizar os seus
planos de ensino segundo temas de trabalho e problemas para investigação
facilita o tratamento interdisciplinar das ciências naturais
(DELIZOICOV,1994).
Logo, nos planejamentos escolares, principalmente nos objetivos de cada
disciplina ou área de estudo, são usuais as expressões relacionadas à ideia de
tornar os alunos mais ativos ou criativos. No entanto, pais e professores, formadores
de opinião pública, vêm produzindo a passividade e ana alienação das crianças e
adolescentes. Dificilmente são promovidas discussões que consideram a criatividade
e a quem essa contribuição vai beneficiar, ou no que essa criatividade vai
desencadear.
É fundamental que o professor planeje situações, anteriores à resolução de
problemas, que permitam aos alunos apresentarem suas ideias e representações a
respeito dos conceitos que serão abordadas posteriormente. Isso poderá
proporcionar ao professor indicativo para a construção de verdadeiros problemas, e,
aos alunos, um momento para pensarem sobre as causas de seu esclarecimento. É
importante destacar que se considera problema aquela condição que o aluno precisa
resolver algo, mas sem caminho direto e seguro como acontece no caso do
treinamento por cópia.
“Não esqueçamos que a representação não é necessariamente a
manifestação de uma coisa presente mentalmente, pronta-a-pensar-com,
mas se constrói também na situação e graças à situação. “Favorecer a
expressão das representações contribui para transformá-las”. (ASTOLFI,
PETERFALVI, VÉRIN, 1998, p.91).
Neste sentido, é buscado aplicar um procedimento pedagógico que utilize a
resolução de problemas como uma das estratégias didáticas importantes, e que aos
poucos substitua a transmissão de informação pela influência e construção de
conhecimento, no sentido de proporcionar aos alunos aulas interessantes e
aprendizagens significativas.
22
Os cursos de ciências têm como meta a formação de cientistas que se
ramificam em física, química e biologia. Os que objetivam a formação cidadã falam
de ambiente, de poluição, de tecnologia, de medicina, de conquista espacial, da
história do universo e dos seres vivos, são duas orientações diferentes.
Efetivamente, esse tipo de curso pode privilegiar tanto a capacidade para utilizar os
saberes das disciplinas, a fim de enfrentar situações da existência quanto a proeza
científica de resolver questões difíceis e de realizar descobertas .
Por ser um conhecimento muito articulado, acaba prevalecendo um
entendimento do ensino de Ciências Naturais que enfatiza o raciocínio
lógico e explanações corretas sobre conhecimento anteriormente
confirmados como definitivos e verdadeiros; enfatizando a observação e
aplicação do método científico em sala de aula; desconsiderando o
conhecimento prévio do aluno (HARRES,2003).
Embora a prática pedagógica do professor esteja vinculada ao projeto
político-pedagógico da escola de que faz parte, o docente tem uma autonomia na
sua metodologia. Portanto, é importante que esse professor tenha em mente que
aprendizagem se faz por meio de uma proposta metodológica que promova o
interesse a estimular a curiosidade do aluno pelo estudo da disciplina de ciências.
Igualmente, essa metodologia deve possibilitar aos alunos entenderem melhor os
conceitos. Os autores Delizoicov (2002) e Angotti (2002), apresentam metodologia
que investiga as concepções espontâneas dos discentes, numa abordagem temática
na conceituação cientifica. Opções didático-pedagógicas que subsidiam práticas
docentes problematizadoras, aproximando dinamicamente conteúdos das Ciências
da situações significativas vividas pelos alunos são muito favoráveis. Nesse sentido,
esses autores acreditam em três momentos pedagógicos: (DELIZOICOV,1994;
ANGOTTI, 1994, p. 29).
1º: Problematização Inicial (Pl) - São apresentadas questões ou situações
para discussão com os alunos. Sua função, mais do que simples motivação para se
introduzir um conteúdo especifico, é fazer a ligação desse conteúdo com situações
reais, que alunos conhecem e presenciam, para as quais provavelmente eles não
dispõem de conhecimentos científicos suficientes para interpretar total ou
corretamente;
23
2º: Organização do Conhecimento (OC) - Neste momento, o conhecimento
em Ciências Naturais necessário para a compreensão do tema e da
problematização inicial será sistematicamente estudado sob orientação do professor.
Serão desenvolvidas definições, conceitos e relações. O conteúdo é programado e
preparado em termos instrucionais para que o aluno o aprenda, de um lado,a
perceber a existência de outras visões e explicações para situações e fenômenos
problematízados, e, de outro,para que possa comparar esse conhecimento com o
seu, e usá-lo para melhor interpretar aqueles fenômenos e situações.
3º: Aplicação do Conhecimento (AC) - Destina-se, sobretudo, a abordar
sistematicamente o conhecimento que vem sendo incorporado pelo aluno para
analisar e interpretar, tanto as situações iniciais que determinaram o seu estudo,
como outras situações que não estejam diretamente ligadas ao motivo inicial, mas
que são explicadas pelo mesmo conhecimento.
Esses autores afirmam, com essa metodologia, que o aluno tem a maior
participação no desenvolvimento do aprendizado, e o professor se aproxima mais no
aluno.
Além disso, encontramos, no ensino de ciências, as investigações de Pujol,
2003 e Sanmartí, 2002, que destacam a importância de estimular as atividades que
explorem o papel do professor na aprendizagem. Para Pujol, 2003, a estruturação e
organização do pensamento envolvidas na aprendizagem de Ciências passam pela
modelização, no desenvolvimento de modelos explicativos. Isso acontece por
intervenção de experiências e por influências diferenciadas, que intercedem a
linguagem (PUJOL, 2003).Sanmartí, 2002, também destaca a importância de se
desenvolver atividades práticas em sala de aula, para os alunos discutirem suas
ideias e escreverem suas conclusões explicativas. Assim a reflexão, a curiosidade
dos alunos estimula para o pensar, o fazer e o falar acerca dos fatos e dos
fenômenos do mundo.
Tais ações favorecem a elaboração de perguntas que estimulam e ampliam o
pensamento e a comunicação dos alunos, permitindo uma mistura de experiências
passadas e futuras, individuais e coletivas (PUJOL, 2003), as quais possibilitam o
resgate de conhecimentos anteriores.
A escola de Ensino Fundamental é o ambiente no qual a criança tem seus
primeiros contatos com a Ciência de forma ordenada, e a sua inserção na cultura
24
científica tem sido valorizada como um importante objetivo do ensino de Ciências.
De fato, o processo de ensino e de aprendizagem, na construção do conhecimento
escolar, quando escrito, dá-se no uso do relato de experiências. De forma coerente,
com a indicação da pesquisa em ensino, nosso trabalho na escola enfatiza ainda a
necessidade de relação entre os temas estudados e o cotidiano do aluno, de modo
que exponha suas ideias para construir saberes. O conhecimento cienfico
construído no banco escolar não obriga os alunos a substituir sua cultura do dia-a-
dia e suas concepções espontâneas.
Mortimer (1998) considera que circulam, na sala de aula, diferentes
linguagens: a linguagem do cotidiano e a linguagem cienfica. Essas linguagens
correspondem a formas diferenciadas de se ver, de se pensar e de se expressar
acerca do mundo, envolvendo compromissos diferentes no plano epistemológico. O
reconhecimento de que a linguagem é utilizada como o recurso para a construção
de significados nos leva a considerar as relações entre a linguagem do cotidiano e a
linguagem da ciência em situações reais de sala de aula, nas quais professor e
alunos discutem fenômenos e constroem novas formas de ver o mundo.
Desse modo, nas experiências em Ensino de Ciências, o professor é o
responsável por criar um ambiente de aprendizagem envolvente e intelectualmente
ativo, fornecendo experiências, proporcionando a reflexão, estimulando as
interações entre os grupos. Enfim, ele consegue oferecer os recursos disponíveis
para que os alunos se insiram na cultura que a escola oferece. Essas ações são
viáveis por intermédio de ferramentas culturais que se constituem de elementos que
aproximam um indivíduo de uma determinada cultura, no caso em questão, a cultura
escolar. Essa cultura recebe influência de várias áreas do conhecimento. Por isso,
as ferramentas oferecidas, dentre diversos elementos, precisam contribuir para a
aprendizagem da cultura cienfica, o que inclui a aprendizagem e o conhecimento
científico.
Os autores Driver (1999) e Mortimer (2000) concordam que aprender Ciências
significa que o aluno deva conhecer e entender os significados das linguagens
pertinentes à Ciência. Para Mortimer, (2000), a aprendizagem da ciência é
inseparável da aprendizagem da linguagem científica.
Neste sentido, vários cuidados devem ser observados quanto a esse
engajamento do aluno iniciante nesse processo do conhecimento. Dentre esses
cuidados, devem-se incluir práticas e objetivos. Um deles é o cuidado com as ideias
25
informais prevalentes nos grupos, pois essas apresentam uma lógica complexa e
significativa do cotidiano. É importante a adequação do processo de ensino às ideias
prévias dos alunos para que elas não dificultem a organização e a interpretação da
realidade do ponto de vista científico. Segundo Driver (1999), para o aluno aprender
Ciências, não é necessário que ele mude sua forma de pensar sobre um
determinado assunto ou abandone o raciocínio, pois o discente continuará
participando efetivamente de outros grupos sociais. Além disso, é possível introduzir
a criança elementos do discurso científico, de forma que ela compreenda que
possibilidade de interação entre as ideias, visto que existem outras maneiras de
elaborar e explicar os fenômenos que são válidos no contexto da Ciência (LEMKE,
1997).
Considerando que o aluno constrói o conhecimento, as atividades de ensino
realizadas em sala de aula são valorizadas na Ciência, pois o desenvolvimento de
habilidades e práticas é importante na incorporação do conhecimento científico
(BRASIL, 2000).
Nesta perspectiva, os registros realizados nas aulas práticas podem constituir
indicadores da apropriação de novas práticas e de novo conhecimento, os quais
caracterizem os alunos na cultura científica escolar. Usando a escrita como
organizadora do pensamento, o aluno terá a oportunidade de conhecer a Ciência, de
várias maneiras na interação no mundo em que vive.
O educando aprecia o fato de perceber que os conhecimentos que possui são
valorizados. Esse se sente também apreciado e valorizado como pessoa, e isso o
motiva. A instituição de ensino necessita promover a construção do conhecimento.
assim poderá proporcionar a possibilidade de o educando emergir como sujeito
no processo ensino e de aprendizagem (SOARES, 2005).
Não há, em nossa concepção, na diferença e na distância entre a
ingenuidade e a criticidade, entre o saber de pura experiência feito e o que resulta
dos procedimentos metodicamente rigorosos, uma abertura, mas uma superação. A
superação e não a ruptura se na medida em que a curiosidade ingênua, sem
deixar de ser curiosidade, pelo contrário, continuando a ser curiosidade, criticiza-se.
Ao criticizar-se, tornando-se, então, curiosidade epistemológica, metodicamente
rigorizando-se na sua aproximação ao objeto, conota seus achados de maior
exatidão (FREIRE, 2006).
26
3.1 Resolução de problema
O experimento didático e/ou atividades práticas, no ensino de Ciências,
despertam o interesse dos alunos nos diversos níveis de escolarização. Quanto ao
depoimento dos alunos, costuma-se atribuir a experiência de caráter motivador e
lúdico. Também, não é incomum o relato do professor quando afirma que a
experimentação aumenta a capacidade de aprendizado, pois funciona como meio de
envolver o aluno nos temas a serem desenvolvidos, (GIORDAN, 1999). Além dessas
observações do experimento, não podemos deixar desvinculado o contexto
socioeconômico no qual o aluno está inserido, embora a demonstração do conceito
científico necessite principalmente de explicações que sirvam para situações no dia-
a-dia do aluno. As atividades propostas pelo professor poderão apresentar uma
maior abertura e flexibilidade para discussão, permitindo um aprofundamento nos
conceitos científicos, relacionados com a probabilidade de construir conhecimentos.
(ARAÚJO, 2003 e ABIB, 2003).
Dessa forma, a utilização de atividades experimentais, durante as aulas,
permitiu ao aluno desenvolver a curiosidade necessária para o aprendizado em
Ciências, superando seu próprio paradigma. Logo, possibilita-se ao aluno uma
melhora na assimilação e na construção do conhecimento, tornando-o um ser capaz
de formular novas hipóteses (HOFSTEIN, 2003; LUNETTA, 2003).
O trabalho de pesquisa foi realizado um período de um ano, em três turmas
do 6ºano, duas turmas do 7ºano, uma turma do 8ºano e uma turma do 9ºano, num
total de 180 alunos, em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental de Santa
Maria.
Foram desenvolvidas atividades utilizando material empírico para a
investigação e, assim, pode-se chegar ao conhecimento de como ocorre o processo
bioquímico da digestão. Nesse sentido, foram realizadas atividades que propiciaram
ao aluno a percepção de como acontece o processo da digestão, bem como a ação
da saliva, que são importantes na mastigação, a gustação dos sabores, o
movimento da digestão, a acidez do suco gástrico, o detergente da digestão, a
quebra das proteínas e a absorção de água pelo corpo sobre a digestão. Esses
momentos foram incluídos nos registros nas observações ao longo das aulas.
27
Neste trabalho, apresentamos a análise das ideias construídas na sala de
aula com as explicações dos alunos sobre a digestão e as observações para
construir suas conclues. A elaboração dessa análise foi precedida por uma
retrospectiva, feita pela professora, de todas as observações. Essa relembrou o
vocabulário e os conceitos aprendidos nas aulas anteriores. As discussões e
observações realizadas pela pesquisadora destacaram o processo bioquímico da
digestão e o modo como ocorrem as mudanças no sistema digestivo.
O aluno, ao realizar a atividade prática, entende ou tenta entender o
conhecimento proporcionado, buscando explicar os fenômenos que o cercam. O
conteúdo teórico tem uma força que o torna permanente, em contraposição à
memorização. A dependência do aluno com o professor não somente se perpetua,
mas confirma a tese de que o docente é sempre quem sabe, e o aluno é um mero
receptor dos conhecimentos, pois, dessa forma, são recebidos e aglomerados,
porém não são descobertos. É preciso que o aluno investigue os conhecimentos.
Nessa perspectiva, pode-se contribuir para que o aprendizado do aluno sirva
diretamente na sua formação como cidadão. Desse modo, o aluno se agrupa na
sociedade.
De maneira a modificar esse quadro, é necessário que o processo educativo
deixe de ser apenas uma prática autoritária e se transforme num exercício dialógico
e popular (FREIRE 1996). Dessa forma, o diálogo, por meio da experimentação e da
interatividade, pode ser o primeiro passo a ser dado para obter o conhecimento do
aluno no processo educativo, da mesma forma que a ação pode acrescentar esta
participação para uma verdadeira e significativa educação.
Esse trabalho teve como meta disponibilizar a professora os instrumentos na
aplicação prática na sala de aula. Esses envolveram os conceitos de Química e
Biologia. A abordagem dos alunos do 6º ano ao ano do Ensino Fundamental, em
relação ao tema, tinha como propósito que esses considerassem as discussões
sobre a digestão e seus conhecimentos científicos, assim dando suporte ao
professor para mediar, junto aos alunos, os conteúdos específicos e metodológicos.
As atividades propostas pelo professor foram realizadas utilizando materiais
disponíveis na escola.
O primeiro encontro iniciou com a pergunta: “Como ocorre a digestão?”.
Todos os discentes responderam a ela individualmente, tem no máximo 15 minutos.
Tais respostas foram recolhidas pela pesquisadora. Com a análise delas, a
28
pesquisadora pode dar seguimento ao trabalho por meio das atividades práticas,
para que os alunos compreendessem o processo da digestão. O objetivo dessa
pesquisa foi incentivar os alunos a refletirem sobre o tema digestão na
experimentação dos conceitos científicos na prática pedagógica.
A partir dessas discussões, foram recolhidas e analisadas as respostas pela
pesquisadora, para essa notar como proceder, no decorrer do trabalho, para que os
alunos compreendessem o processo da digestão. O objetivo era fazer com que os
alunos transmitissem transformações sobre as concepções espontâneas e
conseguissem construir seus conhecimentos científicos. Partimos para as atividades
práticas, que foram realizadas no próximo encontro com os alunos, em que foram
promovidas oito atividades, durante as quais se demonstrou todo o caminho da
digestão. Os alunos foram divididos novamente em quatro grupos, seguiram os
roteiros de todas as atividades com sua demonstração, trabalharam em equipe,
executando as tarefas e organizando os dados de forma escrita. Indicaram
dificuldades durante o desenvolvimento da atividade prática e, para superá-las,
analisaram e observaram os resultados com os colegas. A partir daí, propuseram
explicações em que apresentaram suas conclusões.
Esse trabalho teve também como objetivo chamar a atenção dos alunos para
o reconhecimento dos caminhos que constituem a digestão: a boca, os dentes, a
saliva, os alimentos, o ato de engolir, o esôfago, o estômago, o intestino delgado, o
intestino grosso e o ânus.
Nessa atividade, os alunos realizam o que se chama de leitura-de-mundo
(FREIRE, 2005). Eles, quando observam e tentam explicar fenômenos, estão
fazendo uma leitura desses, o que pode ser interpretado como leitura-de-mundo. No
caso dos experimentos com fins educativos, esses devem ser deliberadamente
organizados com o intuito de proporcionar o conhecimento dos alunos.
Na etapa final, foi retomada a primeira questão para que, a partir dessa, fosse
elaborada outra pergunta: “Como ocorre à digestão e onde ocorre a digestão”? Para
diagnosticar se realmente os alunos tiveram transformações nas suas concepções
em relação ao conhecimento científico. De acordo com os resultados, percebemos
que houve crescimento por parte dos alunos nas concepções e conhecimentos
construídos. Isso revela um aspecto fundamental: as trocas entre alunos e professor
contribuem na elaboração dos conteúdos específicos, por isso é importante que o
professor planeje suas aulas visando a uma melhora na qualidade de ensino. Se o
29
aluno é o construtor do seu próprio conhecimento, o professor, como mediador,
também é responsável por essa construção (CARVALHO, 2003).
Assim, para o professor desenvolver suas atividades, deve aumentar os seus
conhecimentos científicos. Para compreender melhor o que é digestão, buscaram-se
subsídios a fim de embasar seus conhecimentos de maneira sólida.
É preciso levar para a sala de aula outras situações, que possibilitem ao aluno
a exposição do que ele pensa e, assim, a criação de uma categoria para que ele
aprenda outros assuntos de forma a avaliar o fenômeno, conhecer quais são mais
decisivos e apropriados em alguns contextos que ele indica anteriormente, em
outras situações. É importante ressaltar que, durante o planejamento das atividades
práticas, o objetivo almejado foi a interação de todos os alunos com a professora.
Com essa metodologia, o aluno se torna mais participativo, mais crítico e mais
próximo do professor e, com essa aproximação, o trabalho do professor se torna
mais eficiente, pois trabalha direto nas dificuldades dos discentes.
Ao se trabalhar o processo digestório com os alunos no ensino de ciências,
depara-se com ideias espontâneas, gerando dúvidas de conceito, que a base
teórica se restringe aos livros didáticos, os quais podem apresentar alguns erros
(CANALLE, 1997; TREVISAN, 1997).
Para melhoria da qualidade de ensino, é necessário fornecer ferramentas
necessárias para a construção dos significados por parte dos alunos. Para que isso
ocorra, o professor precisa ter clareza da relação entre as metodologias que utiliza
em sala de aula e os conteúdos. No intuito de uma qualidade das aulas, é preciso
que o professor reflita sobre a ação depois da ação de ensinar. É importante integrar
os conceitos espontâneos aos conceitos científicos, para transformá-los em
conhecimento prático. Um professor reflexivo e atento ao cotidiano na sala de aula,
ao trabalhar as concepções espontâneas dos alunos, consegue transformá-las em
aprendizagem significativas. Faz-se necessário que o professor proporcione uma
mudança conceitual por parte do aluno.
Como Freire afirma ao se produzir conhecimento novo, supera-se outro que
antes foi novo e se fez velho e se dispõe a ser superado por outro amanhã. Daí ser
fundamental conhecer os saberes existentes quanto saber que estamos abertos à
produção do conhecimento ainda não existente (FREIRE, 2003).
30
3.2 Mudanças Conceituais
Acontecer mudança nos conceitos dos alunos não implica fundamentalmente
um abandono das teorias implícitas e ligadas aos numerosos contextos cotidianos,
na interação pessoal e na interação social, (POZO, 2002). A mudança conceitual
pode ser obtida somente com a superação dos obstáculos que sustentam o sistema
de explicações do aluno; a o superação dos obstáculos faz com que não mude
sua representação, mesmo quando submetido à pressão do ensino, visando a
mudar alguns aspectos da sua concepção. (TRIVELATO, 1998)
Segundo Villani (1989), não se deve ignorar a bagagem do aluno, incluindo as
concepções espontâneas que ele já traz quando chega à escola.
Nessa perspectiva, é imprescindível que o trabalho dos professores considere
as concepções espontâneas dos alunos, para não correrem o risco de apenas
acabar transmitindo as suas experiências, suas dúvidas e seus pensamentos sobre
o tema. Então, algumas ideias espontâneas não nascem dos alunos, e sim o
professor poderá instigá-los a pensarem sobre a temática.
O professor apresenta ideia espontânea, gerando dúvidas nos conceitos,
que sua base teórica se restringe ao livro didático, o qual pode apresenta alguns
erros (TREVISAN, 1997).
Para Vygostsky (1998), os conceitos espontâneos criam várias estruturas
necessárias para a evolução dos aspectos elementares e mais primitivos de um
conceito, dando corpo e vitalidade. Os conceitos científicos fornecem estruturas para
o desenvolvimento dos conceitos espontâneos dos alunos em direção ao seu uso
consciente e deliberado. O desenvolvimento dos conceitos espontâneos de um
aluno acontece de maneira ascendente, enquanto seus conceitos científicos de
maneira descendente. Os conceitos espontâneos vão do concreto para o abstrato,
enquanto o científico percorre o caminho inverso. Assim, o uso de um conceito por
um conhecedor ou por um iniciante do estudo não necessita possuir o mesmo
significado, visto que está relacionado com associação dos conhecimentos do
indivíduo que o utiliza.
Conforme Trivelato (1998), as concepções espontâneas estão ligadas à ideia
de algo que funciona como uma limitação à aprendizagem; no ensino de
ciências, as
concepções são uma forma de conhecimento, que funciona como uma explicação
31
dos fenômenos científicos, diferindo de esclarecimento aceito pela ciência. Ao
pensar sobre as concepções espontâneas que os professores apresentam na sala
de aula, devemos ressaltar a necessidade de um processo de autorreflexão, para
que o indivíduo possa ser capaz de se distanciar de seus próprios pontos de vista, a
um grau satisfatório.
Nessa perspectiva, o professor é fundamental para os esclarecimentos
quanto a melhorar metodologia a ser usada em sala de aula. Cursos de capacitação
de formação continuada geram no professor uma maior segurança, e a oportunidade
de formular concepções espontâneas que interferem no ensino e de aprendizagem.
A formação permanente deve constituir-se de uma rede de comunicações, que não
se deve reduzir ao âmbito dos conteúdos acadêmicos, incluindo também os
problemas metodológicos, pessoais e sociais que continuamente se entrelaçam com
as situações de ensino (ESTEVES, 1995).
As concepções espontâneas devem ser eliminadas somente quando
causarem obstáculos para o domínio científico, por vezes podem gerar um
aperfeiçoamento natural das estruturas e dos saberes. Na concepção de Dinis
(1998), para que ocorra uma mudança conceitual, existem quatro condições básicas:
- a insatisfação com os conceitos existentes; - a nova concepção deve ser inteligível,
plausível e frutífera. A mudança ocorrerá de maneira gradual, através de um
ajustamento progressivo dos conceitos, conduzindo a novos conceitos básicos e
centrais.
4 ARTIGO CIENTÍFICO
Os resultados desta dissertação estão apresentados sob a forma de artigo, o
qual se encontra aqui organizado. A apresentação do artigo está baseada na versão
para submissão. Os roteiros para os autores estão anexados.
33
4.1 Artigo 1
As concepções do termo digestão para estudantes do Ensino Fundamental
Digestion is conceptions of students in elementary school
Ana Maria Cera Forgiarini
1
, Marcia Medianeira Toniasso Righi
1
, Taiana Micaela de
Quadros Saldanha Correa
1
, Lílian Fenalti Salla
1
, João Batista Teixeira da Rocha
1
Maria Rosa Chitolina Schetinger
1.
CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO:
QUÍMICA DA VIDA E SAÚDE
RESUMO
O presente estudo aborda as concepções acerca da digestão apresentadas por
alunos do Ensino Fundamental de uma escola pública municipal de Santa Maria-RS.
O objetivo principal foi verificar as concepções espontâneas dos estudantes com o
conhecimento cienfico trabalhado no espaço da disciplina de ciências. As
concepções foram obtidas por meio de um questionário semiestruturado, com a
seguinte questão: Como ocorre a digestão? Foram analisados os conteúdos para a
classificação das categorias significativas. Cento e oitenta estudantes de baixa
renda do Ensino Fundamental de Santa Maria-RS (idade entre 10 e 15 anos)
compuseram o estudo. Uma das estratégias metodológicas utilizadas foi a resolução
do problema, buscando a ação e a reflexão dos sujeitos envolvidos na construção do
seu próprio conhecimento. Os resultados indicaram uma visão superficial desses
conceitos isolados e fragmentados sobre a digestão, uma falta de articulação entre
as concepções espontâneas e o conhecimento científico dos alunos. As concepções
dos alunos sobre digestão estão muito distantes do conceito formal, reforçando a
importância da avaliação das concepções prévias dos estudantes. Esses dados
indicam que o ensino de ciências deveria tentar se aproximar mais da realidade dos
estudantes, tornando-se mais concreto e menos acadêmico, uma vez que a pobreza
das respostas aponta para um “saber sincrético” completamente dissociado do
“saber sábio”. Na medida em que o professor desenvolve o tema do interesse do
aluno, esses conceitos são fundamentais para reconstruir e possibilitar a
compreensão dos fenômenos abordados de uma forma que a aprendizagem se
torne significativa.
Palavras-chave: Concepções espontâneas e digestão.
34
ABSTRACT
This research shows the conceptions about digestion submitted by students of a
public school of Santa Maria-RS. The main objective was to assess spontaneous
conceptions of students with scientific knowledge working within the discipline of
science. The question asked was: How the digestion works in our body? We
analyzed the content for the classification of meaningful categories. One hundred
and eighty students from low-income elementary school in Santa Maria-RS (aged 10
to 15 years) made up the study. One of the methodological strategies was to address
the problem, seeking action and reflection of the subjects involved in the construction
of their own knowledge. The results indicated a superficial view of these concepts
isolated and fragmented on the digestion, a lack of coordination between
spontaneous concepts and scientific knowledge of students. The students
'conceptions on digestion is too far from the formal concept, reinforcing the
importance of assessment of students' preconceptions. These data indicates that
science education should try to get closer of the student’s reality, making it more
practical and less academic, since the poverty of responses points to a "knowledge
syncretic" completely separated from the know-wise. To the extent that the teacher
develops the topic of student interest, these concepts are fundamental to rebuild and
enable understanding of the phenomena addressed in a way that learning become
meaningful.
Keywords: Alternative conceptions and digestion.
1.INTRODUÇÃO
Os conceitos cienficos são centrais no ensino de Ciências Naturais. Com
eles são expressas explicações, descritas propriedades e feitas previsões para os
fenômenos da natureza. Tal centralidade está reconhecida nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), quando estabelecem, como uma das metas de
ensino nessa área, o saber utilizar conceitos científicos (BRASIL, 1997).
Defendemos que, se temos uma teorização sólida do que são os conceitos
científicos, teremos mais subsídios para elaborar atividades que promovam o seu
aprendizado. Na escola de hoje, o professor, além de ensinar e ter criatividade, deve
também possuir recursos didáticos de apoio, principalmente para motivar o aluno
aprender e auxiliar na aprendizagem. O uso desses recursos deve ser ponderado,
direcionando seu objetivo para a aprendizagem e deve acompanhar a proposta
pedagógica da disciplina de Ciências.
O ensino de Ciências deve partir do conhecimento cotidiano. Vivenciando
esse cotidiano, o aluno se sente motivado a aprender o conteúdo científico, porque
35
faz parte de sua cultura, do desenvolvimento tecnológico e do modo de pensar de
todos (DELIZOICOV & ANGOTTI, 1994; KRASILCHIK, 1997; BRASIL, 1997;
PEREIRA, 1998).
A Ciência é uma área do conhecimento em que as concepções prévias
fazem-se relevantes, pois essas delimitam a construção da estrutura cognitiva e
podem orientar a abordagem didático-pedagógica. Nesse sentido, faz-se importante
um olhar sobre concepções espontâneas dos alunos em ciência para o
planejamento das atividades em sala de aula, uma vez que as ideias dos
estudantes, sobre vários conceitos fundamentais, como a digestão, muitas vezes,
não coincidem com os conceitos validados cientificamente (SIMPSON1982,
ARNOLD, 1982).
As concepções acerca do mundo são construídas pelos alunos, a partir do
seu nascimento e os acompanham também em sala de aula, onde os conceitos
científicos são inseridos sistematicamente no processo de ensino e aprendizagem.
Essas concepções são caracterizadas por levar uma grande conotação simplista
como forma de explicar os fenômenos e científicos. Na visão de (POZO, 1994;
PÉREZ, 1994), tais concepções são caracterizadas como construções pessoais dos
alunos, que foram elaboradas de forma espontânea, com a interação desses alunos
com o meio ambiente em que vivem e com as outras pessoas. Para os autores, a
utilização das concepções alternativas em sala de aula visa a organizar e dar
sentido às diversas situações de ensino e conteúdos a serem ministrados. A
valorização das concepções espontâneas dos estudantes, sobre assuntos que lhes
são concretos, poderia influenciar de modo positivo o ensino de ciências.
“De fato, os estudantes normalmente possuem concepções sobre diversos
assuntos que são abordados na sala de aula, incluindo os alimentos e a digestão,
mas raramente os relacionam com o ensino de ciência que são abordados no
ambiente escolar” (BASTOS, 1991). Mesmo que seja importante se ter noções sobre
as concepções dos estudantes, na prática, isso raramente ocorre. Assim,
considerando o péssimo desempenho dos estudantes de baixa renda no que toca ao
aproveitamento das disciplinas escolares que são dominadas pela inflexibilidade de
um ensino conteudista embasado no saber universitário e desvinculado do mundo
real, torna-se necessário fazer uma avaliação elementar e desvinculada de saberes
epistemológicos acadêmicos sobre a realidade de seus saberes sincréticos.
Enfatizamos que a análise crua e não comprometida com uma expectativa viciada
36
pela visão superior da academia poderá fornecer elementos essenciais para
proposição de módulos pedagógicos que auxiliem os educadores, os gestores e os
estudantes na aprendizagem da biologia por meio de assuntos reais em suas vidas,
isto é, a digestão.
Assim, a análise das respostas do questionário dos alunos teve como meta
identificar as concepções espontâneas sobre digestão com o intuito de verificar
quais poderiam ser consideradas como concepções ou conhecimento científico dos
alunos de ensino fundamental sobre digestão.
Uma investigação dos conceitos empíricos dos estudantes de uma escola de
baixa renda de Santa Maria-RS sobre a digestão poderá contribuir para a proposição
de estratégias simples, que venham a valorizar os saberes dos estudantes que
vivem numa realidade completamente distinta de seus professores e gestores.
Ressaltamos que o grande problema é que o construtivismo, independente da
corrente, nunca vivenciou a realidade crua de uma porção de excluídos que vivem
em condições praticamente miseráveis e se alimentam de modo não apropriado por
falta de informação e, principalmente, por problemas econômicos. A base do
problema seria: “Como quem sobrevive entre a dignidade e a miséria vai aprender
os conteúdos abstratos que são abordados em ciências?”
Foram identificados os fatores que podem vir a contribuir na proposição de
novas estratégias pedagógicas para o Ensino em Ciências. Particularmente,
objetivamos identificar os saberes sincréticos dos estudantes com a intenção de
utilizá-los como ponto de partida para a elaboração de ferramentas e estratégicas
didáticas que possam auxiliar os professores de Ciências (e de outras disciplinas) na
promoção de um aprendizado mais significativo para os estudantes. De fato, é
preciso buscar formas de estimular os alunos para que esses participem das aulas
por meio de ações concretas e, então, possam notar as próprias representações a
respeito das noções em estudo, para reconstruí-las no âmbito do conhecimento
cientifico (OLIVEIRA, 1997).
2.METODOLOGIA
No presente estudo, optamos por trabalhar com a metodologia qualitativa,
uma vez que essa é indicada quando se quer apreender concepções e
representações (BARDIN, 1977). O trabalho de campo foi realizado em uma Escola
37
de Ensino Fundamental da rede pública de Santa Maria, Rio Grande do Sul. O
número total de questionários distribuídos foi de cento e oitenta. Os alunos
apresentavam entre 10 e 15 anos de idade. Após a aprovação do projeto pelo
Comitê de Ética em Pesquisas com Humanos, demos o início ao trabalho de
pesquisa. O instrumento usado para a coleta de dados foi uma questão aberta, de
caráter voluntário, constatado com a seguinte questão aberta: “como ocorre a
digestão”? Para a interpretação dos dados, foi utilizada a Análise de Conteúdo, a
qual é uma das técnicas utilizadas quando se querem inferir Representações Sociais
de um determinado grupo que representa o coletivo. Após uma explanação sobre a
pesquisa e esclarecido o caráter de voluntariedade dessa, os alunos que quiseram
participar tiveram em torno de 10 minutos para preencher o questionário.
2.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A tabela abaixo (TABELA 1) apresenta os resultados das concepções dos
alunos sobre digestão descrita na tabela 2.
Tabela 1 - resultados das concepções dos alunos sobre digestão
Escolaridade Exemplos de frases dos alunos
6º ano
”Quando nós estamos comendo e vai para o estômago”.
7º ano
“É o momento que colocamos os alimentos na boca”.
8º ano
“A digestão ocorre na boca, passa pela garganta a o estômago
depois para o intestino”.
9º ano
“Comer bem devagar e quando vamos ao banheiro”.
Tabela 2 - Porcentagem das respostas dos alunos referente à questão “como
ocorre à digestão”?
38
No gráfico abaixo apresentamos os primeiros resultados obtidos na questão:
como ocorre a digestão.
Gráfico1: Explicações dos alunos sobre o que entendem por digestão.
Em torno de 38% a 70% dos alunos do ensino fundamental não sabem o que
é digestão. Esse alunos avaliados têm uma noção de que a digestão inicia na boca.
Além disso, 21% a 35% dos alunos responderam que a digestão ocorre no
estômago e no intestino, respectivamente. Avaliando os dados acima obtidos,
Como
ocorre a
digestão?
Quando
comemos
No
estômago
e intestino
Na
barriga
Não
respondeu
Comer
bem
devagar
Vamos
ao
banheiro
6ºano 37 21 4 38 0 0
7ºano 0
35 0
30
32
0
8ºano
0
30 0
70
0
0
9ºano
18
0 0
60
0
22
0
10
20
30
40
50
60
70
6ºano 7ºano 8ºano 9ºano
Como ocorre a digestão?
quando
no
estômago e
intestino
na barriga
não
respondeu
comer bem
devagar
vamos ao
banheiro
39
observamos que os alunos de ensino fundamental não conseguem entender o que é
digestão.
Discussão sobre a questão 1
Explicações dos alunos sobre o que entendem de como ocorre a digestão e o
que entendem por digestão.
Na categoria de resposta denominada “definição e incompleta”, foram
consideradas todas as respostas. É de difícil compreensão e acaba sendo
entendida, pela maioria dos alunos, da maneira apresentada nos exemplos acima:
Em muitas respostas, ficou evidente que os estudantes interpretam o conceito
da digestão como se esse fosse palavras: quando comemos e barriga cheia. Isso é
de particular importância no que diz respeito ao ensino de ciências no ensino
fundamental, pois aparentemente os alunos não relacionam essas palavras escritas
com a forma sobre a digestão, o que claramente mostra que o conceito foi apenas
decorado, não assimilado e, muito provável, menos ainda incorporado na estrutura
cognitiva dos sujeitos.
2.2 DESCRIÇÕES DAS ATIVIDADES PRÁTICAS
Todas as aulas propostas foram planejadas para ocupar um tempo
determinado. Foi dada uma explicação prévia para os alunos sobre aulas práticas.
As atividades propostas foram encerradas com uma conclusão, em que o aluno
poderia escrever o que foi observado. Procuramos estimular esse aluno a ter o
hábito de registrar suas experiências, o que auxilia no seu próprio desenvolvimento.
As aulas práticas foram realizadas em sete turmas: três doano, duas do 7º
ano, uma do 8º ano e uma do ano, as quais pertencem a uma Escola Municipal
de Ensino Fundamental localizada na cidade de Santa Maria-RS. As atividades
práticas estudadas e avaliadas foram abordadas no que diz respeito aos processos
bioquímicos da digestão, subdividida em oito etapas:
O começo da digestão e a ação da saliva: Material utilizado: dois tubos
de ensaio; vidro conta-gotas; dois copos de café; tintura de iodo; saliva; água e
amido. Metodologia: foi colocada água em um dos copos com o amido
40
homogeneizados e, em seguida, transferida para os tubos de ensaio 1 e 2. Num
outro copo, foi recolhida saliva de um aluno voluntário e colocada no tubo de ensaio,
a qual foi deixada descansar por 30 minutos. Após este tempo, foi adicionada uma
gota de tintura de iodo.
A importância de mastigar bem: Material utilizado: dois copos de água e
dois comprimidos efervescentes. Metodologia: triturou-se um dos comprimidos,
enquanto o outro permaneceu intacto. Dois copos transparentes, contendo o mesmo
volume de água, foram dispostos lado a lado. Simultaneamente, adicionou-se o
comprimido triturado e o inteiro a cada um dos copos.
3ª A percepção dos sabores: Material utilizado: quatro conta-gotas com
suco
de limão, água com açúcar, água com sal e chá de carqueja,
respectivamente. Metodologia: foi explicado o porquê de nosso paladar sentir vários
sabores e foi explicado que a língua tem sensores capazes de diferenciar os mais
diversos tipos de sabor.
O movimento da digestão: Material utilizado: uma meia de lycra fina, bola
de isopor e biscoito. Metodologia: explicamos que, após a ingestão dos alimentos, o
bolo alimentar é encaminhado para o esôfago e, por meio de movimentos
involuntários, chamados de movimentos peristálticos, o bolo alimentar é conduzido
até o estômago.
5ª A acidez do suco gástrico: Material utilizado: um copo plástico de café,
leite, vinagre ou suco de limão. Metodologia: foi adicionado o leite ao copo e
em seguida o vinagre.
O detergente da digestão: Material utilizado: dois copos com água, óleo
de fritura, detergente. Metodologia: colocou-se o óleo nos dois copos com água e,
em um deles, acrescentou-se o detergente. Após, esse copo foi agitado.
A quebra das proteínas: Material utilizado: clara de ovo cozida, quatro
tubos de ensaio, água, suco de limão, suco de mamão, suco de abacaxi e algodão.
41
Metodologia: aos tubos de ensaio numerados foi adicionado, respectivamente, água,
suco de mamão, suco de limão e o suco de abacaxi. Um pedaço da clara de ovo
cozida foi adicionado a cada um dos tubos, deixou-se em repouso, tampados com
algodão, por 72 horas.
A absorção de água pelo corpo: Material utilizado: um copo com água e
uma esponja ou pedaço de algodão. Metodologia: colocou-se a esponja no copo
com água, e ela absorveu a água.
3. PROCEDIMENTOS DO TRABALHO
Os experimentos foram realizados em pequenos grupos de quatro alunos.
Foram realizadas atividades para todos, com uma conclusão de todos os
experimentos. A atividade durou cerca de duas horas e trinta minutos. Após cada
experimento, os alunos chegaram a determinadas conclusões. Essas eram descritas
e recolhidas durantes as atividades expositivas e o professor questionava o tema
que tinha sido trabalhado e complementando o que os alunos não sabiam, no
decorrer do experimento.
Os alunos participavam ativamente das aulas, mostrarando muito interesse.
Por fim, foi avaliado o nível de compreensão dos alunos. O resultado dessa
avaliação foi utilizado pelo professor da turma como notas referentes a uma
avaliação dos alunos na disciplina de ciências. Corrigidas todas as conclusões
relativas a cada aula separadamente, o presente trabalho contou com uma amostra
de 180 alunos, com idades entre 10 e15 anos.
Os resultados dos experimentos realizados estão expressos nas conclusões
Experimentos
Conclusões
ESCOLARIDADE: 6º ano
O começo da digestão e a
“A saliva não se misturou com amido, com iodo ficou preto, o
42
ação da saliva.
amido e o tubo com amido ficou preto mais rápido”.
A importância de
mastigar
bem.
“O que foi triturado se dissolve mais rápido porque os pedaços
eram menores e o comprido inteiro foi mais lento”.
A percepção dos sabores.
“Os gostos foram bem diferentes como: salgado, amargo, doce
e o outro não conseguem sentir o sabor.
O movimento da digestão.
“O alimento, quando engolido, passa pela garganta até chegar
ao estômago”.
A acidez do suco gástrico.
“O leite com limão borbulhou e azedou e atalhou”.
O detergente da dige
stão.
“A água com óleo não se misturou, detergente mais água e óleo
foi absorvido pela espuma.
A quebra das proteínas.
“Os tubos nº1, 2,3 não sofreram nada com o ovo, mas o tubo
nº4 o ovo diminui de tamanho”.
A a
bsorção de água pelo
corpo.
“A esponja absorveu e sugou a água”.
ESCOLARIDADE: 7º ano
O começo da digestão e a
ação da saliva.
A saliva não se misturou com água e a tintura de iodo se
misturou; o tubo nº1 acrescentou amido mais saliva e mais iodo
ficou roxo e tubo nº2 acrescentou amido e iodo ficou preto”.
A importância d
e mastigar
bem.
O comprimido amassado se dissolveu mais rápido e o não
triturado demorou mais tempo e não ficou amarelo”.
A percepção dos sabores.
O gosto do sal e açúcar e suco de limão dá o sabor do
comprimido efervescente e o chá de cidreira da o gosto de leite
e um gosto ruim que tinha sabor de clara de ovo misturado com
açúcar gostam de chantili”.
O movimento da digestão.
O alimento passa pelo esôfago bem lentamente pelo
movimento peristáltico pela garganta e devemos mastigar bem
o alimento que passa no esôfago”.
A acidez do suco gástrico.
O leite ficou pastoso, desnatado, talhado, embolotado e junto
com o limão”.
O detergente da digestão.
“No copo com água mais óleo ficou na superfície e copo com
água mais detergente se misturou com o óleo logo após de ser
agitado e formou bolas”.
A quebra das proteínas.
“O tubo nº1º ovo ficou igual, nº2 não aconteceu nada, nº3
permaneceu igual e tubo4 o ovo se desmanchou.
A a
bsorção de água pelo
corpo.
“A esponja ficou molhada, encharcada, absorveu a água”.
43
ESCOLARIDADE: 8º ano
O começo da digestão e a
ação da saliva.
“Tubo nº1 com amido ficou totalmente preto quando foi
colocado o iodo e o tubo nº2 com saliva teve uma reação com
a presença do iodo, apresentou uma cor lilás e roxa”.
A importância de mastigar
bem.
“O comprimido que foi amassado se dissolve mais rápida e
teve uma reação deferente. O outro inteiro devolveu devagar”.
A percepção dos sabores.
Todos esses sabores tiveram uns sabores diferentes”.
O movimento
da digestão.
“Como se um tubo que, quando nós engolimos, os alimentos
com ajuda da língua, que passa na garganta e vai para o
estômago”.
A acidez do suco gástrico.
“O leite ficou azedo, talhou quando foi acrescentado o limão”.
O detergente da digestão.
“O copo com água mais óleo não se misturou e o copo com
água mais óleo e detergente não ficou gorduroso”
A quebra das proteínas.
“Os tubos n º 1, 2, 3 não aconteceram nada com o ovo, mas o
tubo nº4 o ovo diminui de tamanho”.
A absorção de água pelo
corpo.
“A esponja ficou molhada e absorveu água que nem o nosso
organismo”.
ESCOLARIDADE: 9º ano
O começo da digestão e a
ação da saliva.
“Tubo nº1 com amido ficou totalmente preto quando foi
colocado o iodo e o tubo nº2 com saliva teve uma reação com a
presença do iodo, apresentou uma cor roxa”.
A importância de mastigar
bem.
“O comprimido triturado se dissolveu mais rápido do que o
inteiro. Porque os alimentos bem mastigados se dissolvem mais
rápido”.
A percepção dos sabores.
“Os sentidos da língua que define os sabores”.
O movimento da digestão.
“Os alimentos são empurrados pela língua que desce pela
garganta, pelo músculo do esôfago que forma a nossa
digestão”.
A acidez do suco gástrico.
“O leite coalhou por ter acrescentado o vinagre que o ácido
acético, isto quer dizer que o nosso estômago produz ácido
gástrico”.
O detergente da digestão.
“No copo nº1 havia água e óleo não se misturou e no copo nº2
o detergente se misturou com água onde o óleo desapareceu”.
A quebra das proteínas.
“Os tubos nº1, 2,3 permaneceram iguais, o tubo nº4 ficou
uma substância estranha”.
Absorção de água pelo
A esponja sugou, inchou e absorveu a água”.
44
corpo.
Como afirma (LEACH, 1998), o conhecimento sobre a natureza da ciência
influencia a aprendizagem dos alunos na atividade prática. Com isso, podemos
supor que, nas práticas em ambas as séries de ensino, os alunos não apresentaram
conhecimento sobre este tópico, mesmo que tivesse sido lecionado pelo professor
em aula teórica anterior, ou seja, não houve um aprendizado por parte dos
discentes. Então, depois de realizada aula experimental, foi observada que a aula
prática é fundamental quando utilizada como recurso instrucional no aprendizado e
importante quando é antecipada aula teórica sobre a natureza científica do assunto
a ser abordado.
Por meio dos dados, podemos concluir que a aula prática é importante para a
contribuição de uma melhora no processo ensino e de aprendizagem, a qual serve
como recurso instrucional que desperta bastante a curiosidade dos discentes,
promovendo um aprendizado de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais.
CONSIDERAÇÕES
A análise deste estudo investigativo sobre as concepções acerca da digestão
apresentadas por alunos de ensino fundamental permite algumas considerações.
Com os resultados obtidos, descobrimos que o aluno apresentava um conhecimento
superficial sobre a temática digestão, o que é comum quando se é estudado um
saber científico.
A partir das respostas dos alunos, percebemos um distanciamento do
conhecimento cientifico em relação às concepções espontâneas. Assim, notamos,
pelo decurso do aluno, uma falta de integração interna na abordagem do ensino de
Ciências, a qual resulta nas dificuldades para o entendimento do conteúdo
programático como um todo. Na maioria das vezes, ao destacar os conceitos, os
professores apresentam situações fundamentadas na experiência sobre digestão.
Desse modo, devido à maneira como o assunto é abordado, o aluno deixa de
ser o agente da construção do conhecimento e passa a ser apenas o depositário da
transmissão do professor, vinculado um padrão pedagógico que não leva em
consideração as concepções prévias. Esse modelo pedagógico é deixa da corrente
45
positivista, cuja visão absolutista da verdade preocupava-se apenas em conduzir
conhecimentos para as “mentes vazias” dos alunos (DUARTE, 1987). Sabemos que
a aprendizagem menica, arquitetada apenas na transmissão de conteúdos, não
gera interações estáveis com a estrutura cognitiva; ao passo que a aprendizagem
que relaciona o novo saber com a matriz cognitiva pré-existente gera uma
aprendizagem significativa (MARTINAND, 1986). Caso contrário, a Ciência se
apresenta como uma disciplina de difícil identificação e voltada para um aprendizado
descontextualizado da própria vida. Por intermédio de uma abordagem experimental,
com a ferramenta pedagógica, os alunos passaram a compreender com detalhes
impossíveis de ser percebidos apenas nos livros didáticos o processo digestivo. Eles
detectaram também que os diversos nutrientes dos alimentos sofrem mudanças.
Compreenderam que os alimentos possuem diversos nutrientes que determinam sua
digestão. Ficou mais clara a importância da absorção dos alimentos, pois passaram
a notar, pela atividade prática, que os alimentos são compostos por nutrientes que
são absorvidos no intestino delgado. Esses conhecimentos são relevantes para o
cotidiano dos alunos que, para ter uma vida saudável, é preciso ter uma boa
alimentação, uma boa mastigação e realizar uma atividade física. Isso tudo foi
percebido no relato dos alunos: “Eu adoro utilizar o conhecimento que adquiro na
escola, para esclarecer para os meus pais e para os irmãos tema tão importantes”.
Gosto de repassar o que aprendo, pois tem sentido na minha vida e me serve de
direção para uma melhor função do meu corpo’.
A socialização do conhecimento para as turmas foi de suma importância,
porque os alunos puderam debater e compreender as funções dos diversos órgãos
do sistema digestório. Concluímos, portanto, que as atividades desenvolvidas
colaboraram para o processo aprendizagem, para o desenvolvimento de ações
conjuntas para um crescimento em que o cidadão é valorizado constantemente, por
meio de suas ações.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bardin, l. Análise do conteúdo. Lisboa: dições 70, 1977.
Bastos, F. O conceito de lula viva entre os estudantes de segundo grau. São
Paulo. Dissertação (Mestrado em Educação) Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, 1991.
46
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Curriculares Nacionais: Ciências Naturais/ Ministério da Educação – Brasília:
Ministério da Educação/ Secretaria de Educação Fundamental, 1997.
Delizicov, D.; Angotti, J.A. Metodologia do Ensino de Ciências. São Paulo: Cortez,
1994.
Duarte, M. C. Idéias Alternativas e Aprendizagens de Conceitos Um estudo
sobre propriedades do ar em alunos do Ensino Preparatório. Tese de Mestrado (não
publicada). Braga: Universidade do Minho, 1987.
Martinand, J.L. Connaitrê et transformer la matière, P. Lang, Berne, 1986.
Krasilchik, M. O Professor e o Currículo das Ciências. São Paulo: Epu. Editora da
Universidade de São Paulo, 1997.
Leach, J. Em Pratical work in school science: Which way now, Wellington, J.
ed.;Routledge: London, 1998.
Oliveira, D. L. Ciências nas salas de aula. Porto Alegre: Mediação, 1997.
Pereira, M.L. Métodos e Técnicas para o Ensino de Ciências. João Pessoa:
Editora Universitária, 1998.
Pozo, M. Pérez, E.; La Solución de Problemas. Madrid: Santillana, 1994.
Simpson, M.; Arnold, B. The inappropriate use of subsumer in biology learning.
European Journal of Science Education, 1982.
47
INTRODUÇÃO
No ensino de Ciências, a experimentação não deve ser confundida com um
conjunto de objetivos e métodos. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, é alertado
aos professores que o simples fato de realizar a atividade experimental não significa
que o aluno construirá o conhecimento (1998:19).
Na sociedade atual, os conhecimentos relacionados às Ciências da Natureza
se tornam cada dia mais importante. O ensino, nessa área do conhecimento,
fundamentado em atividades experimentais, tem um importante papel, tanto para
uma maior aproximação do aluno a ocasiões similares à investigação científica
quanto para possibilitar melhor compreensão dos fenômenos naturais,
proporcionando a aquisição de habilidades e atitudes que lhe permitam uma atuação
refletida e crítica sobre o meio que o cerca.
O desempenho do aluno, no método tradicional, fortalece a criação de dois
grupos de saberes, os que são transferidos na escola e que devem ser devolvidos
nas avaliações e construídos a partir das interações do sujeito com o meio onde vive
(DELVAL, 1997). Para que servem, então, vários anos indo à escola e ouvindo o
professor falar sobre teorias com as quais os alunos não conseguem estabelecer
relações reais para refletir sobre o mundo que os cerca? o deveria ser a escola o
ambiente onde o sujeito tem a oportunidade de construir conhecimentos e se
desenvolver intelectualmente?
“A capacidade de pensar se desenvolve naturalmente quando se vive em
um meio social adequado,...o que ocorre é que a capacidade de pensar,
sobretudo pensar abstratamente, pode ser desenvolvida, estimulada,
aperfeiçoada, o que requer certo treinamento, e entra a escola e toda a
educação formal” (Delval, 1997, p.14).
Permitir que o aluno aja e pense sobre suas concepções, buscando as razões
de suas escolhas, pode fazer da aula um momento de construção do conhecimento,
em que os saberes dos alunos são considerados e questionados para que possam
ser reconstruídos. É preciso, portanto, buscar formas de estimular o aluno para que
esse participe das aulas por meio de ações concretas e então possa notar as
próprias representações a respeito das noções do estudo, para reconstruí-las no
âmbito do conhecimento científico, que é papel da escola, (DELVAL, 1997, p.14).
48
Segundo Piaget (1978, p.14), a criança, como o adulto, destaca alguma
ação exterior ou mesmo inteiramente quando estimulada por um motivo e esse se
traduz sempre sob a forma de uma necessidade “(uma necessidade elementar, um
interesse, uma pergunta).” Ao planejar aulas com a participação ativa dos alunos, é
preciso pensar em uma metodologia diferente da tradicional, que consiga envolver
os sujeitos de um grande grupo, pois é esse o ambiente encontrado na sala de aula.
Uma das possíveis estratégias metodológicas é a resolução de problemas,
vinculada a um projeto pedagógico mais amplo, ou seja, um currículo aberto, o qual
atenda aos interesses dos alunos e que permita ao professor a liberdade de planejar
suas aulas de acordo com a realidade em que trabalha e com os conceitos
fundamentais que pretende abordar. De acordo com (POZO, 1994; PETERFALVI,
1994; VERN, 1994; PUY, 1994), “a função dos problemas escolares, como de outros
tipos de aprendizagens, deve ser promover a reflexão e a tomada de consciência
sobre os próprios conhecimentos”.
De fato, os estudantes normalmente possuem concepções sobre diversos
assuntos que são abordados em sala de aula, incluindo a digestão, mas raramente
os relacionam com o ensino de ciências que é abordado no ambiente escolar
(BASTOS, 1991).
Os professores costumam dizer que o ensino experimental é importante para
completar o processo de ensino-aprendizagem, no entanto sempre salientam a falta
de materiais, o alto número de alunos por turma e a carga horária muito elevada, em
relação ao conteúdo amplo exigido pela escola, (SILVA, 2000; ZANON, 2000). Os
autores ainda afirmam que utilizar aulas experimentais, no ensino de ciências, não
garante aprendizagens significativas nem estabelece relações entre teoria e prática.
Existem muitos professores que ainda hoje consideram que a função do
experimento é comprovar a teoria no laboratório quando os experimentos não forem
apenas um meio de verificação, isto é, demonstração prática de conteúdos vistos na
teoria.
Embora seja importante se ter noções sobre as concepções dos estudantes,
na prática, isso raramente ocorre. Assim, considerando o péssimo desempenho dos
estudantes de baixa renda no que toca ao aproveitamento das disciplinas escolares
que são dominadas pela inflexibilidade de um ensino conteudista embasado no
saber universitário e desvinculado do mundo real, torna-se necessário fazer uma
avaliação elementar e desvinculada de saberes epistemológicos acadêmicos sobre
49
a realidade de seus saberes sincréticos. Enfatizamos aqui que a análise crua e não
comprometida com uma expectativa viciada pela visão superior à academia poderá
fornecer elementos essenciais para proposição de módulos pedagógicos que
auxiliem os educadores, gestores e os estudantes na aprendizagem da biologia por
meio de assuntos reais em suas vidas, como, por exemplo, a digestão.
Assim, é fundamental que o professor planeje uma situação, anterior à
resolução de problemas, que permita aos alunos exporem suas idéias e
representações a respeito dos conceitos que serão abordadas posteriormente,
proporcionando, ao professor, indicativos para a construção de verdadeiros
problemas, e aos alunos, um momento para pensarem sobre as razões de suas
explicações. É importante destacar que se considera problema aquela situação em
que o aluno precisa resolver algo, mas sem dispor de um caminho direto e seguro,
como acontece no caso dos exercícios por repetição (ASTOLFI, 1998).
“Não esqueçamos que a representação não é necessariamente a
manifestação de uma coisa presente mentalmente, pronta-a-pensar-com,
mas se constrói também na situação e graças à situação”. Favorecer a
expressão das representações contribui para transformá-las” (ASTOLFI,
PETERFALVI, VÉRIN, 1998, p.91).
Na experiência de ultrapassar alguma dessa indigência, elaboramos Módulos
Didáticos próximos ao professor envolvido na pesquisa. Para elaboração desses,
optamos pela metodologia de ensino baseada em três momentos pedagógicos:
Problematizarão Inicial (PI), Organização do Conhecimento (OC) e Aplicação do
Conhecimento (AC), (DELIZOICOV, 2001; ANGOTTI, 2001). Enfocaram-se ainda as
necessidades demonstradas pelo professores com o objetivo de que esses levem os
alunos a afrontar os problemas, a ajustar uma construção ligada ao conhecimento
por parte do estudante.
Buscando planejar e aplicar um procedimento pedagógico que utilizasse a
resolução de problemas como uma das estratégias didáticas e que, aos poucos,
substituísse a transmissão de informação pela interação e construção de
conhecimento, proporcionando aos alunos aulas interessantes e aprendizagens
significativas, foi desenvolvida uma proposta metodológica de trabalho para as aulas
práticas de ciências do ensino fundamental. Apresentam-se, neste artigo, algumas
atividades que fizeram parte de uma proposta maior, desenvolvida durante um ano
50
letivo. Tais atividades foram organizadas com o intuito de estudar o processo de
digestão.
Assim, uma investigação dos conceitos empíricos do estudantes de uma
escola de baixa renda de Santa Maria sobre a digestão poderá contribuir para a
proposição de estratégias simples, que ajudem a valorizar os saberes dos
estudantes que vivem numa realidade completamente distinta da seus professores e
gestores.
Portanto, o estudo avaliou o grau de conhecimento que alunos de ensino
fundamental tinham sobre digestão e os possíveis fatores que contribuem para essa
situação, na busca de elementos para descrever uma proposta eficaz, capaz de
envolver os alunos e de propiciar a eles os conhecimentos que impliquem posturas
difíceis sobre esse conteúdo (tema).
METODOLOGIA
A pesquisa apresenta as características de uma abordagem qualitativa
(BOGDAN, 1982; BIKLEN, 1982; LÜDKE, 1986; ANDRÉ, 1986), uma vez que foram
investigadas as respostas dos alunos durante as atividades experimentais, quando
foram analisadas as conclusões dos alunos e feita a transcrição de suas falas. Esse
trabalho foi desenvolvido em uma Escola da rede Municipal, de Santa Maria–RS,
com os anos finais de Ensino Fundamental do turno da manhã, durante o ano letivo
de 2009. Fizeram parte deste trabalho 180 alunos, com idades entre 10 e 15 anos.
Foi planejado de acordo com o tema da digestão. Portanto, iniciou-se o ano letivo
abordando o tema, com o objetivo de que os alunos conseguissem compreender o
sistema digestório. As atividades desenvolvidas foram sendo gradativamente
implementadas. O processo foi construído passo a passo, de acordo com os
resultados indicados pelos alunos através das aulas práticas. Cada uma dela foi
desenvolvida com o tempo pré-determinado. É importante ressaltar que, durante o
planejamento das aulas práticas, os alunos participaram ativamente com a
pesquisadora. Com essas experiências, percebemos que os alunos conseguiram
adquirir seu próprio conhecimento e o seu próprio aprendizado. A proposta
metodológica tradicional, utilizada nas escolas, em que as informações dos
professores para o aluno constituem o processo de ensinar e aprender gera uma
série de aflições, as quais permeiam o dia-a-dia dentro da escola. Dessa forma, a
51
busca de alternativas que estruturem as reflexões dos professores, possibilitando a
modificação de suas práticas metodológicas na sala de aula, é necessária.
METODOLOGIA DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada com três turmas do 6ºano, duas turmas do 7ºano,
uma turma do 8ºano e uma do 9ºano de Ensino Fundamental, em uma escola
localizada na cidade de Santa Maria-RS. Essa escola localiza-se na periferia da
cidade e atende, na sua maioria, alunos de baixa renda.
Logo após as atividades práticas, foram apresentadas para os alunos duas
questões abertas: como ocorre a digestão e onde ocorre a digestão. Foi utilizada a
metodologia como se fosse feito o levantamento das concepções espontâneas e os
conhecimentos científicos sobre o tema estudado. Isso foi realizado para verificar se
os alunos atingiam os objetivos propostos, por meio das atividades práticas como os
recursos didáticos, promovendo debates entre alunos e a pesquisadora.
Algumas falam dos alunos na discussão:
“A digestão começa na boca, os alimentos são triturados pelos dentes mais
ação da saliva que forma uma passa, passando no esôfago; no estômago sofre uma
ação com o suco gástrico e por fim no intestino delgado onde ocorre a digestão”.
“Inicia na boca, passando pelo tubo do esôfago, entra no estômago e depois
no intestino delgado onde acontece a digestão”.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os gráficos abaixo apresentam os resultados obtidos na pesquisa com alunos
sobre a digestão.
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
6º ano
7º ano
8º ano
9º ano
Como ocorre a digestão?
na boca a o intestino
esmago
não respondeu
52
Gráfico 1: Explicações dos alunos sobre como ocorre a digestão.
De acordo com gráfico acima, foi observada a porcentagem dos alunos do
9ºano (com 98%), do 6ºano (com 83%), do 7ºano (com 66%) e do ano (com 60%)
que responderam que a digestão começa na boca, passa pelo esôfago, estômago
(onde acontece o processo da digestão) e acaba nos intestinos.
Assim, por intermédio de uma abordagem experimental e com auxilio das
ferramentas pedagógicas, os alunos passam a compreender melhor o processo
digestivo. Eles compreenderam o processo da digestão, que inicia na boca, passa
para esôfago pelo estômago (onde o bolo alimentar é misturado com o suco
gástrico) e acaba no intestino delgado. Pelas respostas obtidas, observamos que os
alunos tiveram um bom aproveitamento das aulas práticas.
Abaixo exemplificaremos algumas respostas produzidas pelos discentes
participantes da pesquisa:
“Depois que engolimos o alimento, caminha pelo esôfago e chega ao
estômago onde será triturado até chegar ao intestino delgado”.
“A digestão ocorre na boca, passa pelo esôfago, no estômago até o intestino
delgado”.
0%
20%
40%
60%
80%
ano ano ano ano
Onde ocorre a digestão?
Estômago
Intestino delgado
intestino Grosso
não respondeu
53
Gráfico 2: Explicações dos alunos de acordo com gráfico acima sobre onde ocorre a digestão.
Os alunos do 6ºano (com 77 %), do 9ºano (com 75%), do 7ºano (com 59%) e
do 8ºano (com 56%) responderam que a digestão ocorre no intestino delgado.
Com as atividades práticas em sala de aula, foi utilizada uma metodologia
motivadora para os alunos, para que pudessem estabelecer seus próprios conceitos
por meio do conhecimento adquirido. Acreditamos que as dificuldades dos alunos
tinham, no início do ano letivo, foram superadas com as atividades práticas. Os
resultados revelam, com as diversas atividades experimentais, colaborar para que
os alunos compreendessem a importância da absorção dos nutrientes no processo
digestivo. Mais ainda, promoveram a interação entre os alunos, o que é de alta
importância para o processo de ensino e de aprendizagem.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta investigação, pretendemos mostrar as concepções espontâneas dos
alunos sobre os diferentes fatores no processo da digestão, envolvendo a
transformação dos alimentos. Ainda que os alunos mostrassem suas concepções
nos fenômenos estudados na sala de aula, é importante ressaltar que eles tinham
algumas dificuldades ao construir novas situações de aprendizagem. A participação
da pesquisadora, como mediadora nas discussões dos alunos, foi fundamental com
um elemento da constituição desse conhecimento. Esse papel da pesquisadora, na
construção dos conceitos dos alunos, representa um elemento essencial para a
aprendizagem neste contexto específico. É importante salientar a valorização do
tempo que o professor dispõe para o planejamento das suas atividades em sala de
aula. Assim, o uso de estratégias metodológicas que consideram os alunos sujeitos
ativos no método da aprendizagem, admitindo suas concepções dos fenômenos
estudados, é de extrema validade. Os resultados obtidos nessa pesquisa
comprovaram que a maioria dos alunos passou a compreender com detalhes o
processo da digestão, após o uso de atividades experimentais.
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Universidade de São Paulo, 1991.
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5 DISCUSSÃO
A pesquisa realizada possui características de uma abordagem investigativa,
uma vez que os alunos puderam responder a uma pergunta (“como ocorre a
digestão”). De acordo com a análise dos dados obtidos, a pesquisadora avaliou as
respostas dos alunos e chegou à conclusão de que é importante realizar atividades
experimentais com o objetivo de investigação (CARVALHO, 1999; NASCIMENTO,
1999;SANTOS, 1999; AZEVEDO, 1999; DATE 1999; FUJJI, 1999). Com a
participação ativa dos alunos, em todas as atividades, percebemos que podemos
contribuir para um maior conhecimento dos alunos.
A tabela 1 e o gráfico 1 fornecem os primeiros dados da pesquisa e os
resultados com os alunos, quanto ao seu aproveitamento na conclusão. As
perguntas do questionário inicial foram feitas de forma geral (“como ocorre a
digestão”) em relação ao questionamento sobre as concepções espontâneas dos
alunos. De acordo com as respostas, o aluno foi observando um distanciamento do
conhecimento científico com as concepções espontâneas, que a pesquisadora ou
professora se preocupou com resultado dos alunos e ativou outros meios para
diagnosticar as concepções dos alunos.
Por intermédio das atividades práticas, detectamos que os alunos
conseguiram entender como ocorre a digestão e onde ocorre a digestão. A produção
do conhecimento científico foi estabelecida nas observações rigorosas e reflexões
críticas sobre estas. Daí a importância desse instrumento para auxiliar os alunos,
tornando suas observações mais consistentes e mais ricas em detalhes, ao mesmo
tempo em que é aprimorada a comunicação escrita.
A análise das conclusões e da observação mostrou que os aspectos
empíricos mais importantes do fenômeno foram relatados por todos, indicando
inicialmente um discurso compartilhado que promulgará, mais a frente, uma
discussão rica dos resultados devido às observações efetuadas. Isso valida os
resultados experimentais como construção pessoal e social dos alunos, pois esses
fazem suas próprias anotações, compartilhando-as com outros sujeitos.
O registro de informações reforça a capacidade crítica de observação, a
curiosidade e as condições nas quais os alunos vão se tornando os sujeitos da
56
aprendizagem. O professor tem o papel de problematizar essa atividade de forma
que os alunos percebam a importância dessa etapa na atividade científica.
A questão inicial (como ocorre à digestão), e outra questão (onde ocorre a
digestão). Chegamos à conclusão que, nesse sentido, a educação problematizadora
deve propiciar a aproximação e a interação com o conhecimento biológico.
Todas as questões respondidas, em todas as turmas, indicaram um resultado
melhor no questionário final (gráfico 2) quando comparado ao questionário inicial
(gráfico1). Essa melhoria pode corresponder ao início de um novo conhecimento,
mais de caráter prático, do aluno em frente aos desafios da disciplina. No projeto, a
professora regular das turmas participou do desenvolvimento das aulas. Com isso,
era esperado, que os resultados obtidos servissem de exemplo para que houvesse a
continuidade das atividades, modificando os sentimentos dos alunos e solidificando
a motivação inicial. Os alunos tiveram mudanças nas concepções para o
conhecimento científico de acordo com a pesquisadora.
A ciência por si mesma apresenta especialmente sua própria articulação entre
a investigação experimental e a explicativa racional, essa última sendo das mais
acentuadas. Esse modelo explicativo sobre digestão pertence a uma realidade cujos
objetos podem ser percebidos pelo corpo humano. Dessa forma, é observado muitas
vezes como ocorre a digestão por meio do processo digestivo, como objeto que
possa ser observado no nosso corpo humano. Enquanto a pesquisa da ciência tem
demonstrado a necessidade de trabalhar os conteúdos de acordo com o
desenvolvimento cognitivo dos alunos, o ensino de ciências tradicional não atende a
esses fatos. As considerações que dizem respeito aos conhecimentos dos alunos e
a como eles aprendem parecem não estar presentes nas propostas de estruturação
curricular vigentes, e muito menos serem do conhecimento dos professores, o que é
mais um problema identificado na realidade escolar.
Este trabalho de dissertação propôs uma análise e elaboração dos conceitos,
bem como as noções referentes à digestão. Foram abordados oito experimentos: o
começo da digestão e a ação da saliva são importantes para mastigar bem, a
percepção dos sabores, o movimento da digestão, a acidez do suco gástrico, o
detergente da digestão, a quebra das proteínas e a absorção de água pelo corpo.
Todas as atividades apresentaram conclusões, em que os alunos puderam escrever
o que foi observado.
57
Essas atividades, embora diferenciadas, tiveram o mesmo objetivo:
problematizar e estimular os alunos a construir o próprio conhecimento. Foi
verificado como essa noção pode ser utilizada na explicação dos fenômenos
observados durante a realização dos experimentos.
Assim, nessa investigação, pretendemos mostrar a evolução da compreensão
dos alunos sobre os diferentes fatores na ocorrência dos fenômenos envolvendo
transformações dos alimentos.
As atividades desenvolvidas também buscaram a compreensão dos alunos
sobre os diferentes fenômenos em estudo, analisando suas manifestações com
base em suas falas e escrita nas conclusões.
De acordo com as questões finais, “como ocorre à digestão e onde ocorre a
digestão” em relação à atividade desenvolvida, chegamos à conclusão: os alunos
tiveram mudanças nas concepções espontâneas e nos conhecimentos científicos.
Como o resultado do questionário final foi melhor do que o inicial é possível pensar
que o aproveitamento dos alunos melhorou ao longo da pesquisa.
Podemos afirmar que houve desenvolvimento dos alunos em relação à
captação dos fundamentos na organização das atividades práticas. Logo, houve
uma melhora na proposição mais complexa para a explicação dos fenômenos
estudados em sala de aula. Eles conseguiram compreender o processo bioquímico
da digestão, que determina as características identificadas nos próprios alimentos.
Ainda que os alunos tenham mostrado sua compreensão dos fenômenos
estudados em sala de aula, é importante salientar que eles demonstraram algumas
dificuldades de mobilizar o conhecimento construído para novas condições de
aprendizagem.
Pelas respostas dos alunos, principalmente sobre tema digestão, foi
demonstrado que as discussões de problemas contribuem para a formação geral do
aluno. Essas devem, também, estar presente no planejamento da professora de
ciência no Ensino Fundamental. A metodologia usada pelo professor, nesse caso, é
o grande diferencial: as atitudes motivacionais e as atitudes que estimulam o debate
de ideias mostram a concepção de ensino que o professor adota. Esse estilo
motivador foi empregado e mostrado aos professores da escola na aplicação do
projeto.
A participação do professor, como mediador das discussões dos alunos, é
essencial na construção dos conhecimentos dos alunos, seja através da conversa
58
com os alunos, seja por meio da elaboração do material instrucional disponível para
os alunos.
O papel do professor, na construção de conceitos para os alunos, constitui-se
elemento primordial para a aprendizagem dos discentes, num assunto específico na
escola, onde se produz conhecimento individual e coletivo, por ações prepositivas do
professor.
É mister ressaltar a valorização do tempo que o professor dispensa para seu
planejamento das atividades de sala de aula, ressaltando-a gradualmente no
desenvolvimento dos conteúdos pela utilização de metodologias apropriadas, que
considerem os alunos sujeitos ligados no processo de sua aprendizagem, permitindo
sua compreensão dos fenômenos estudados.
6 CONCLUSÕES
Os resultados dessa investigação podem contribuir para a ampliação dos
objetivos no processo de ensino e de aprendizagem, bem como sobre sua
fundamentação teórica, para auxiliar o estabelecimento de diretrizes educacionais.
Esses aspectos são de interesse de professores envolvidos na prática
pedagógica diária, além de professores que estejam também envolvidos na
sistematização dos resultados dessa prática por intermédio da pesquisa
educacional, em particular da pesquisa em ensino de ciências relacionada à
investigação sobre evolução conceitual em ciências
entendida como processo de
reconstrução do conhecimento no conjunto escolar.
Por meio dos dados expostos nos resultados, podemos concluir que a aula
expositiva é importante para a contribuição de uma melhora no processo ensino e de
aprendizagem, essa serve como recurso instrucional que desperta a curiosidade dos
alunos, promovendo um aprendizado de acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais. No entanto, nas conclusões, foi possível diagnosticar que houve avanço
no conhecimento dos alunos diante as aulas práticas. Notamos que essas aulas
foram fundamentadas para uma aprendizagem significativa para os discentes.
Cada uma das atividades tinha o objetivo de explorar o conhecimento dos
alunos e provocar o entendimento dos aspectos citados, os dados necessários para
a compreensão dos fenômenos e estudos, sempre num sentido da retomada dos
conceitos construídos como forma de consolidar, para que sirvam para novas
construções dos conceitos. Em todas as atividades uma nova provocação, e novas
construções.
Os resultados da pesquisa demonstram uma boa aceitação, por parte dos
alunos, das aulas práticas de ciências tomadas como um elemento importante no
aumento da motivação deles. Apesar dos problemas existentes em relação ao seu
uso e em relação aos objetivos que se espera alcançar, é visível o efeito motivador
que esse tipo de aula que exerce sobre os alunos, aumentando, principalmente, seu
interesse e sua autoestima. Esse efeito se manifesta mesmo que a aula seja
desenvolvida fora de laboratórios específicos e com materiais simples.
60
Reconhecemos que prática pedagógica é um instrumento importante para as
mudanças conceituais dos alunos ao longo da escolaridade, e a conquista dessas
atividades pode ajudar a construir coletivamente o conhecimento.
Além disso, podemos destacar que conseguimos atingir os objetivos
propostos nos princípios educacionais, e importantes à integração no
desenvolvimento da capacidade de pensar e agir de forma crítica e consciente, e
também motivar os alunos, por meio dos conhecimentos adquiridos, a buscarem
uma melhor qualidade de vida.
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ANEXOS
66
Anexo 01: Questionário Utilizado na Pesquisa de Concepções.
Como ocorre a digestão?
67
Anexo 02: Questionário Utilizado para o Experimento Sobre Digestão
Como ocorre a digestão?
Onde ocorre a digestão?
68
Anexos 3:
1ª O começo da digestão e a ação da saliva:
Material
Dois tubos de ensaio;
Vidro conta-gotas;
Dois copos de café;
Tintura de iodo;
Saliva;
Água e amido.
Procedimento:
Foi colocada água em um dos copos com o amido homogeneizados e, em
seguida, transferida para os tubos de ensaio 1 e 2. Num outro copo, foi recolhida
saliva de um aluno voluntário e colocada no tubo de ensaio, a qual foi deixada
descansar por 30 minutos. Após este tempo, foi adicionada uma gota de tintura de
iodo.
Conclusão:
2ª A importância de mastigar bem:
Material:
Dois copos de água;
Dois comprimidos efervescentes.
Procedimento:
Triturou-se um dos comprimidos, enquanto o outro permaneceu intacto. Dois
copos transparentes, contendo o mesmo volume de água, foram dispostos lado a
lado. Simultaneamente, adicionou-se o comprimido triturado e o inteiro a cada um
dos copos.
Conclusão:
69
3ª A percepção dos sabores:
Material:
Quatro conta-gotas;
Suco de limão;
Água com açúcar;
Água com sal;
Chá de carqueja.
Procedimento:
Foi explicado o porquê de nosso paladar sentir vários sabores e foi explicado
que a língua tem sensores capazes de diferenciar os mais diversos tipos de sabor.
Conclusão:
4ª O movimento da digestão:
Material:
Uma meia de lycra fina;
Bola de isopor;
Biscoito.
Procedimento:
Explicamos que, após a ingestão dos alimentos, o bolo alimentar é
encaminhado para o esôfago e, por meio de movimentos involuntários, chamados de
movimentos peristálticos, o bolo alimentar é conduzido até o estômago.
Conclusão:
5ª A acidez do suco gástrico:
Material:
Um copo plástico de café;
Leite;
Vinagre ou suco de lio.
Procedimento:
Foi adicionado o leite ao copo e em seguida o vinagre.
Conclusão:
70
6ª O detergente da digestão:
Material:
Dois copos com água;
Óleo de fritura;
Detergente.
Procedimento:
Colocou-se o óleo nos dois copos com água e, em um deles, acrescentou-se
o detergente. Após, esse copo foi agitado.
Conclusão:
7ª A quebra das proteínas:
Material:
Clara de ovo cozida;
Quatro tubos de ensaio;
Água;
Suco de limão;
Suco de mamão;
Suco de abacaxi
Algodão.
Procedimento:
Aos tubos de ensaio numerados foi adicionado, respectivamente, água, suco
de mamão, suco de limão e o suco de abacaxi. Um pedaço da clara de ovo cozida
foi adicionado a cada um dos tubos, deixou-se em repouso, tampados com algodão,
por 72 horas.
Conclusão:
8ª A absorção de água pelo corpo:
Material:
Um copo com água;
Uma esponja ou pedaço de algodão.
Procedimento:
Colocou-se a esponja no copo com água, e ela absorveu a água.
Conclusão:
71
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