Download PDF
ads:
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
EURIPEDES MAGALHÃES DE OLIVEIRA
A GUERRA TRIBUTÁRIA INTERMUNICIPAL:
uma análise sobre os efeitos da política de harmonização tributária sobre o fenômeno da
arrecadação dos municípios da Região Metropolitana de São Paulo.
SÃO PAULO
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
EURIPEDES MAGALHÃES DE OLIVEIRA
A GUERRA TRIBUTÁRIA INTERMUNICIPAL:
uma análise sobre os efeitos da política de harmonização tributária sobre o fenômeno da
arrecadação dos municípios da Região Metropolitana de São Paulo.
Dissertação apresentada à Escola de
Administração de Empresas de São Paulo da
Fundação Getulio Vargas, como requisito
para obtenção do título de Mestre em
Administração.
Campo de Conhecimento:
Política e Economia do Setor Público
Orientador: Prof. Dr. Ciro Biderman
SÃO PAULO
2010
ads:
2
Oliveira, Euripedes Magalhães de.
A Guerra Tributária Intermunicipal: uma análise sobre os efeitos da política de
harmonização tributária sobre o fenômeno da guerra fiscal entre os Municípios das
Regiões Metropolitanas. / Euripedes Magalhães de Oliveira. - 2010.
83 f.
Orientador: Ciro Biderman
Dissertação (mestrado) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo.
1. Impostos municipais – São Paulo, Região Metropolitana (SP). 2. Relações
fiscais intergovernamentais – Brasil. 3. Política tributária -- Brasil. 4. Federalismo --
Brasil. I. Biderman, Ciro. II. Dissertação (mestrado) - Escola de Administração de
Empresas de São Paulo. III. Título.
CDU 336.2(81)
3
EURIPEDES MAGALHÃES DE OLIVEIRA
A GUERRA TRIBUTÁRIA INTERMUNICIPAL:
uma análise sobre os efeitos da política de harmonização tributária sobre o fenômeno da
arrecadação dos municípios da Região Metropolitana de São Paulo.
Dissertação apresentada à Escola de
Administração de Empresas de São Paulo da
Fundação Getulio Vargas, como requisito
para obtenção do título de Mestre em
Administração.
Campo de Conhecimento:
Política e Economia do Setor Público
Data de aprovação:
03 /03/ 2010
Banca Examinadora:
__________________________________
Prof. Dr. Ciro Biderman
FGV-EAESP
__________________________________
Prof. Dr. George Avelino Filho
FGV-EAESP
________________________________
Prof. Dr. Paulo Ayres Barreto
FDUSP
À Minha Família
AGRADECIMENTOS
Inicialmente, gostaria de agrader a CAPES, e a FGV EAESP pela concessão de minha
bolsa de estudos pelo período em que estive no programa de Mestrado e pela oportunidade de
voltar a estudar nesta casa pela qual tenho tanta admiração e devo muito pela minha formação
pessoal e profissional.
Agradeço aos professores convidados para a banca, o professor George Avelino Filho
e ao professor Paulo Ayres Barreto principalmente por sua dedicação em lecionar e contribuir
para meu desenvolvimento profissional, acadêmico, mas principalmente pessoal. Agradeço
especialmente ao meu orientador, Prof Ciro Biderman, por ser uma pessoa que sempre me
instigou a aprofundar meu trabalho, explorar minhas capacidades e me dar tantas
oportunidades. Finalmente, agradeço a todos os meus professores de mestrado e graduação,
na FGV EAESP e na USP, que tanto me apoiaram e acreditaram no meu potencial. Entre
meus professores. Especialmente agradeço aos professores Luís César Amad Costa e
Frederico Araujo Turolla por terem acreditado no meu projeto de Mestrado.
Agradeço ao Senhor Secretário de Cultura do Estado de São Paulo, o Senhor João
Sayad, ao professor Henrique Fingermann e a Marcos Takao Ozaki pelas entrevistas
concecidas ao longo desta dissertação e que me ajudaram a esclarecer muitos pontos
relacionados a dinâmica da guerra fiscal envolvendo os municípios da Região Metropolitana
de São Paulo e o surgimento da Emenda Constitucional objeto deste trabalho. Agradeço
também aos muitos servidores muncipais com os quais tive a oportunidade de conversar ao
longo desta dissertação e fornecendo-me subsídios para melhor compreender a dinâmica da
guerra fiscal na RMSP.
Gostaria de registrar aqui que, sem dúvidas, sou imensamente grato a todos aqueles
que estiveram ao meu lado durante a realização deste trabalho. Os amigos que conquistei ao
longo do Mestrado, do curso de direito na USP e pelos corredores e especialmente o primeiro
andar da FGV EAESP. Agradeço pela paciência e carinho por me ouvirem nos momentos de
preocupação e estresse com a realização deste trabalho e das tantas atividades realizadas em
paralelo. De coração, espero ter contribuído um pouco para as suas vidas e retribuído um
pouco do carinho recebido.
Deste período, gostaria de agradecer especialmente ao meu grande amigo Leonardo
Barone. Pessoa culpada por muito da minha formação pessoal e profissional, por ser um
amigo com o qual sempre pude contar desde muito tempo e que tanto me ajudou na realização
de muitos projetos e, especialmente, esta dissertação. Para este trabalho não poderia deixar de
agradecer também a Camila Gutierrez Martins por me auxiliar na revisão final deste texto.
Por fim, agradeço enormemente a minha família, meus pais, irmão e avós, por serem a
peça fundamental da minha vida e minha maior referência. Para estes reconheço que palavras
seriam incapazes de descrever minha gratidão.
Resumo
A proposta deste trabalho é avaliar a adoção da EC 37, de 12 de junho de 2002, regulada
pela LC 116, em 31 de julho de 2003, como instrumentos de contenção da guerra fiscal entre
os municípios. Desse modo, procura-se avaliar os impactos da adoção de uma alíquota de piso
para o ISSQN sobre a arrecadação dos municípios, tomando os municípios que compõem a
RMSP como principal objeto de análise. A importância do tema é identificada na relação
entre entes federativos, a discussão em torno da autonomia financeira e tributária na federação
brasileira e como estas questões impactam a oferta de bens públicos. Este trabalho se vale de
um modelo simples elaborado para compreender a arrecadação tributária via ISSQN e procura
inferir os resultados ocasionados pela adoção de uma medida externa de harmonização de
alíquotas tributárias, resultados positivos e significantes são encontrados para tais efeitos.
Espera-se que este trabalho contribua e aponte novas perspectivas de estudos na área de
federalismo fiscal, especialmente para estudos voltados para governos locais no Brasil. Ao
mesmo tempo, espera-se contribuir para o desenvolvimento de pesquisas em torno das
alíquotas, da arrecadação, do modelo tributário nacional e para as discussões sobre alocação
de competências entre os entes federativos.
Palavras-chave: Federalismo, Federalismo Fiscal, Guerra Fiscal, Accountability,
Harmonização Tributária
Abstract
The purpose of this study is to assess the adoption of EC n ° 37, from June 12, 2002, covered
by LC 116, on July 31, 2003, as a means to contain the tax war among municipalities. Thus, it
aims to assess the impacts of the adoption of a rate floor for ISSQN on the tax collection of
cities, taking the cities that comprise the MRSP as the main object of analysis. The
importance of this issue is identified in the relationship among federal entities, the discussion
of tax and financial autonomy in the Brazilian federation and how these issues impact the
provision of public goods. This work uses a simple model designed to understand the tax
collection via ISSQN and seeks to infer the results caused by the adoption of an external
measure of harmonization of tax rates. Positive and significant results were found in this
study. It is hoped that this work will contribute with new perspectives of studies in the area of
fiscal federalism, especially for studies about local governments in Brazil. At the same time, it
is hoped to contribute to the development of researches on the tax rates, tax revenues, the tax
model and national discussions on allocation of powers between the federal entities.
Keywords: Federalism, Fiscal Federalism, Tax War, Accountability, Tax Harmonization
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E GRÁFICOS
Ilustração 1: Distribuição da arrecadação do ISSQN no país (ISSQN-2005)..........................29
Ilustração 2 – Gráficos de correlação entre as variáveis utilizadas para este trabalho.............71
Ilustração 3: Municípios que compõem a RMSP e divisão em subregiões..............................77
Gráfico 1 – Participação do ISSQN na receita orçamentária dos municípios das RMBs (2008)
..................................................................................................................................................25
Gráfico 2 –Participação do ISSQN na receita tributária total dos municípios das RMBs (2008)
..................................................................................................................................................25
Gráfico 3 –Participação das transferências federais na receita orçamentária dos municípios das
RMBs (2008)............................................................................................................................26
Gráfico 4 –Participação das transferências estaduais na receita orçamentária dos municípios
das RMBs (2008)......................................................................................................................26
Gráfico 5 –Participação no PIB nacional (2004)......................................................................37
Gráfico 6 – Produto e renda – Participação dos serviços no total do valor adicionado (em %)
..................................................................................................................................................38
Gráfico 7 – Participação percentual de empregos na RMSP por setor produtivo....................38
Gráfico 8 – Participação percentual de estabelecimentos do setor de serviços no total de
estabelecimentos da RMSP ......................................................................................................39
Gráfico 9 – Histograma do log do ISSQN e seu ajuste a curvas log-normal ...........................69
Gráfico 10 – Histograma do log da população municipal (dados do Censo 2000) e seu ajuste a
curvas log-normal.....................................................................................................................69
Gráfico 11 – Histograma do log do total de remunerações pagas em dezembro e seu ajuste a
curvas log--normal....................................................................................................................70
Gráfico 12 – Distribuição dos resíduos perante aos valores previstos pelo modelo ................72
Gráfico 13 – Distribuição dos resíduos frente aos valores previstos pelo modelo apresentando
apenas os dados em outlier.......................................................................................................72
Gráfico 14 – Distribuição dos resíduos e seu ajuste a uma curva log-normal .........................73
Gráfico 15 – Distribuição dos valores previstos pelo modelo e seu ajuste a uma curva log-
normal.......................................................................................................................................73
INDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Número de Municípios Brasileiros.........................................................................22
Tabela 2 – Arrecadação de ISSQN no Brasil – 1995-2005......................................................35
Tabela 3 – Alíquotas médias observadas anualmente na RMSP..............................................48
Tabela 4 – Distribuição das alíquotas médias observadas anualmente na RMSP....................49
Tabela 5 – Descrição de variáveis............................................................................................49
Tabela 6 – Descrição das variáveis utilizadas no modelo........................................................51
Tabela 7 – Apresentação das equações identificadas para este modelo na forma log-linear e
tratamento para a heteroscedasticidade ....................................................................................55
Tabela 8 - Regressão do modelo na forma log-linear e teste AIC e BIC .................................70
Tabela 9 - Estatística descritiva dos dados utilizados para este trabalho (forma Logarítimica)
..................................................................................................................................................71
Tabela 10 –Demonstrativo de correlações entre os dados utilizados para este trabalho..........71
Tabela 11: Arrecadação de ISSQN por Região Metropolitana e Participação na Arrecadação
Total de ISSQN no Estado e no Brasil (continua)...................................................................74
Tabela 12 – Informações gerais sobre os municípios que compõem a RMSP.........................78
Tabela 13 – Informações sobre a existência de NF-e nos municípios que compõem a RMSP79
Tabela 14 – Identifcação das alíquotas médias dos municípios com legislação disponibilizada
(média simples) (continua).......................................................................................................80
Tabela 15 – Ranking dos Municípios por sua arrecadação per capta de ISSQN (continua)....82
SIGLAS E ABREVIAÇÕES
Abrasf – Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais
ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade
ADPF – Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental
Art. – artigo (legislação)
CCJ – Comissão de Constituição e Justiça
CEI – Cadastro Específico do INSS
CF – Constituição Federal
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
CTM – Código Tributário Municipal
CTN – Código Tributário Nacional (Lei 5.172/66)
Dec – Decreto
DecL – Decreto Lei
EC – Emenda Constitucional
IBGE – Instituto Brasilieiro de Geografia e Estatística
IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IBGE)
ISSQN – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza
IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano
ITBI – Imposto de Transmissão de Bens Inter-vivos
LC – Lei Complementar
LOG - Logaritmo
LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal
MTE – Ministério do Trabalho e do Emprego
PEC – Proposta de Emenda Constitucional
Pnad – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (IBGE)
RM – Região Metropolitana
RMB – Regiões Metropolitanas Brasileiras
RMSP – Região Metropolitana de São Paulo
STN – Sistema Tributário Nacional
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14
2. FEDERALISMO ...................................................................................................... 17
2.1. As origens do federalismo e o fenômeno da guerra fiscal.............................. 17
2.2. Características gerais sobre a configuração do federalismo no Brasil......... 20
2.2.1. O federalismo brasileiro atual e a condição dos municípios................... 21
2.3. Alocação de recursos na federação.................................................................. 23
2.4. O ISSQN – Da reforma tributária de 1965 à CF 1988................................... 27
2.5. As controvérsias em torno da instituição da Alíquota Mínima de 2%......... 30
3. PESQUISA, DESENHO DE PESQUISA E HIPÓTESES.................................... 33
3.1. Problema de pesquisa........................................................................................ 33
3.2. Desenho de pesquisa e seleção dos casos.......................................................... 34
3.3. A Região Metropolitana de São Paulo............................................................. 35
3.4. Hipóteses sobre alteração no perfil de arrecadação do ISSQN..................... 40
3.4.1. H1: A harmonização elevou a arrecadação tributária dos municípios. 40
3.5. Variáveis de controle......................................................................................... 44
3.6. Especificação do modelo de regressão............................................................. 50
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS.............................................................. 54
4.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 57
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 60
ANEXOS ....................................................................................................................... 69
14
1. INTRODUÇÃO
Nas linhas de estudo sobre federalismo, a discussão em torno da capacidade de tributar
de cada um dos entes é um importante objeto de pesquisa. Apesar de a discussão ter sido
proposta por Alexander Hamilton, na obra O federalista, o estudo da alocação de
competências tributárias e a racionalidade na adoção dos critérios tributários ganharam
importância muito tempo depois, com os trabalhos desenvolvidos na área de federalismo
fiscal. Segundo Abrucio e Costa (1998), diversas são as razões que levam à criação de
estruturas federativas e por isso tamanha a pluralidade de modelos federativos atualmente
constituídos.
Essa diversidade favorece o surgimento de trabalhos voltados a identificar os
mecanismos de cooperação ou competição entre esses entes. Na esfera tributária, as pesquisas
avaliam a melhor distribuição dos critérios de arrecadação de tributos entre os entes
federativos, como conciliar o fornecimento de bens públicos com a geração de externalidades
e, ainda, como avaliar as relações de forças na interação entre esses entes e os diversos atores
ligados a eles. Nesses modelos, a competição é vista ora como algo benéfico à sociedade e ao
Estado, ora como um elemento prejudicial, sempre considerando as condições da federação
em estudo.
Este trabalho avalia a adoção da EC 37, de 12 de junho de 2002, regulada pela LC
116, em 31 de julho de 2003, como instrumentos de contenção da guerra fiscal entre os
municípios por meio da aplicação de baixas alíquotas tributárias. A prática de guerra fiscal
pode ser exercida de diversas maneiras pelos entes federativos. Dada a complexidade de
formas de explorar o fenômeno da guerra fiscal e das ações que podem ser adotadas pelos
governantes para contornar as restrições apresentadas, este trabalho avaliará se a imposição de
uma alíquota de piso a ser praticada para a tributação via ISSQN indica um aumento da
arrecadação deste tributo por parte dos municípios e como esta política afeta o
comportamento dos mesmos.
Uma medida como a estudada aqui encontraria resistência no plano jurídico e
econômico. Na esfera jurídica, seria questionável a constitucionalidade de uma medida que
fere a autonomia dos entes subnacionais. Na esfera econômica, uma medida como essa afeta
diretamente as condições de concorrência entre os municípios e a possibilidade de se alcançar
uma condição de maior eficiência para a alocação de recursos.
15
Como aponta a literatura, compreender uma federação passa pela avaliação dos
elementos que a estruturaram e como está configurada os mecanismos de cooperação ou
competição entre seus entes. Diante disso, nesta dissertação, procuram-se apontar a
configuração do federalismo brasileiro, suas instituições e como foram alocadas as
competências tributárias aos governos locais, com especial destaque para o período pós-1988.
Desta forma, procura-se posicionar o leitor dentro da realidade brasileira e da forma como
surgiu a medida de restrição aos Municípios estudada nesta dissertação. Para este trabalho,
toma-se a RMSP como principal objeto de estudo, dada a concentração arrecadatória desse
tributo.
Seguindo o conselho encontrado na literatura, esta dissertação se destaca
principalmente por sua coleta de dados primários. Para compreender a medida de controle
adotada sobre os municípios e a dinâmica de arrecadação do ISSQN pelos governos
municipais, procurou-se entre os membros da RMSP suas alíquotas e respectivas legislações
tributárias para o ISSQN. A relevância deste trabalho encontra-se justamente na possibilidade
de estudar um fenômeno exógeno que afeta todos os municípios brasileiros e também por
favorecer a abertura para trabalhos futuros a respeito da federação brasileira, especialmente a
condição dos Municípios como entes federativos, seus mecanismos de interação, a
distribuição de competências tributárias e alocação de recursos.
Esta dissertação está organizada em três grandes capítulos. A revisão de literatura é
apresentada no primeiro capítulo, bem como a apresentação das principais características da
formação do federalimo brasileiro. Como principal objeto de estudo, procura-se identificar as
especificidades da condição do município como um ente federativo e a alocação da
competência tributária de um tributo como o ISSQN aos governos locais no Brasil.
Para compreender a medida aqui estudada, deve-se considerar a gradual migração de
uma economia industrial para uma economia de serviços. A este elemento adiciona-se um
tributo sobre serviços legislado pelos municípios e uma região com forte interação econômica,
o que favorece as condições para se observar a prática de guerra fiscal atraindo empresas e
visando o aumento de arrecadação. Diante destes elementos, o segundo capítulo identifica as
principais considerações adotadas para avaliar os efeitos da EC 37/02 e da LC 116/03 sobre a
arrecadação do ISSQN. Nesse capítulo, também é possível encontrar a descrição das variáveis
adotadas, suas respectivas bases de dados e o objeto de estudo para este trabalho, os
municípios da RMSP e como foi realizado o tratamento das informações coletadas sobre as
alíquotas.
16
Finalmente, o terceiro capítulo dedica-e à aplicação do modelo, dos testes realizados e
à apresentação dos resultados encontrados. Devido a ausência de maiores informações que
pudessem ser utilizadas como controle, este trabalho avalia por meio de regressões simples os
efeitos da política de harmonização tributária sobre a arrecadação, encontrando resultados
positivos e significantes a partir da adoção desta medida. Ao final desse capítulo, encontram-
se também as considerações finais perante as hipóteses levantadas por este trabalho e quais
caminhos podem ser trilhados no desenvolvimento de trabalhos futuros. No anexo estão todas
as referências e bases de dados desenvolvidas para esta dissertação.
17
2. FEDERALISMO
2.1. As origens do federalismo e o fenômeno da guerra fiscal
O federalismo surge como uma construção teórica, defendida e justificada para
assegurar a aprovação da Carta Constitucional dos Estados Unidos
1
. Dentre os diversos temas
levantados na obra O federalista, Hamilton aborda nos textos de número 30 a 36 a discussão
tributária para a formação do Estado federativo. Desde então, a capacidade de tributar e a
alocação de recursos seriam temas de grande importância para a Constituição e para a
configuração deste modelo de Estado, haja vista a preocupação com a autonomia dos entes
federativos perante a União. A instituição de sistemas federativos pode ser sintetizada na
forma a seguir:
Os sistemas federativos pressupõem a existência de um contrato federativo garantido
por sólido arcabouço institucional. Diante disso, institui-se uma convivência pautada
entre autonomia e interdependência como uma forma de lidar com as tensões
presentes no sistema federativo
(GARSON, 2009, p. 27).
Para Souza (2008), a literatura em torno do tema federalismo e as muitas federações
ajudam pouco a traçar um desenho comum para compreender as questões relacionadas à
formação, à organização, às diferenças entre os sistemas federativos e, principalmente, aos
mecanismos que garantem a estabilidade do sistema.
Como destaca Souza (2008), para os trabalhos desenvolvidos na área de federalimo fiscal,
a descentralização de competências e recursos entre os entes federativos é vista sob uma
perspectiva de economia de mercado. Nessa concepção, são intensos os debates em torno dos
efeitos gerados na arrecadação tributária, na qualidade dos bens públicos ofertados e no grau
de interferência do Estado sobre a economia. Como apontam os autores apresentados a seguir,
os efeitos encontrados quanto a adoção de um modelo federativo dependerão dos resultados
gerados pelo desenho de suas instituições.
Trabalhos como o de Oates (1972), Hayek (1939) e Brennan e Buchanan (1980)
apontavam que o modelo federativo permitiria a cada um dos entes uma alocação eficiente
1
Como aponta Dallari (2005), um primeiro exemplo de união de estados surge na Confederação Helvética, no
século XIII, porém apresentando características distintas do federalismo que então surgia com o modelo
americano.
18
dos recursos e também quanto a oferta de bens públicos. Ao mesmo tempo, era considerado
que tal modelo levaria a uma oferta de bens ajustada aos interesses de cada comunidade. Sob
essa perspectiva, a descentralização surge como elemento para a promoção do accountability
pela sociedade. Oates (2006) resume os principais elementos relacionados a esta competição
da forma apresentada a seguir:
Os governos locais têm melhores condições de responder adequadamente as
necessidades dos cidadãos, comparativamente a um governo central.
Os indivíduos podem buscar os entes da federação que se mostram mais adequados
aos seus interesses na relação pagamento de impostos e obtenção de bens públicos.
Esta situação leva os entes da federação a competirem entre si para oferecem bens
públicos de forma mais eficiente.
Esta situação leva os entes da federação a buscarem mecanismos mais inovadores na
adoção de políticas públicas que atendam aos cidadãos.
Diante disso, a distribuição de competências tributárias dentro da federação tem o intuito
de garantir aos entes federativos a arrecadação de recursos suficientes para o desempenho de
suas obrigações e torná-los mais eficientes na aplicação dos recursos. Outro efeito importante
apresentado a partir dessas considerações é que a maior descentralização e a busca por
governos mais eficientes seriam uma maneira de se obter bons resultados no combate à
corrupção e com impactos positivos diretos sobre o crescimento econômico.
Essas considerações, contudo, passaram a sofrer críticas em trabalhos recentes. Como
destaca Rodden (2006), a guerra fiscal pode apresentar efeitos nocivos para as finanças
públicas e afetar a oferta de bens públicos à sociedade
2
. Ao mesmo tempo, é possível notar na
literatura que para as diversas federações pelo mundo observou-se a formação de governos
maiores (Stein, 1999)
3
, corrupção (Treisman, 2000)
4
, instabilidades macroeconômicas
(Wibbels, 2000)
5
e até a ocorrência de menores índices de crescimento econômico (Davoodi e
2
Em um fenômeno descrito pelo autor como um modelo de estado Leviatã em que os entes passam a disputar
recursos, acabam por deteriorar a base de arrecadação dos mesmos e prejudicar a oferta de bens públicos a
sociedade.
3
STEIN, Ernesto. Fiscal decentralization and government size in Latin America. Journal of Applied
Economics, v. 2, n. 2, p. 357-391, Nov./1999.
4
TREISMAN, Daniel. Decentralization and the quality of government. Berkeley, v. 76, n. 3, p. 399-457,
Jun./2000.
5
WIBBELS, Erik. Federalism and politics of macroeconomic policy and performance. American Journal of
Political Science, v. 44, 4 ed., p. 687-702, Out./2000.
19
Zou, 1998)
6
. Como identificam Abrucio e Costa (1998) e Garson (2009), todas essas linhas de
debate apenas evidenciariam as dificuldades de responsabilização dos governos locais e que o
debate sobre desenhos federativos ainda permanece aberto e sem respostas definitivas.
A guerra fiscal deste estudo ocorre para um tributo de competência dos governos
municipais brasileiros, o ISSQN. Como aponta Barcellos (2004), tributos são um instrumento
importante para a decisão de investimentos e atuação dos agentes. A partir de uma brecha
normativa, as empresas passavam a estabelecer suas sedes em municípios com alíquotas
tributárias reduzidas e prestavam seus serviços, beneficiando-se de um custo tributário
menor. A distinção entre o local de sede e o local de prestação de serviço da empresa
favoreceria ao fenômeno conhecido na literatura sobre federalismo fiscal como race to the
bottom
7
.
Para Bruckner (2000) e Bucovetsky Marchand e Pestieau (1998), a tributação sobre
atividades que apresentam base de incidência móvel tende a provocar a mobilidade do capital
para as regiões que apresentam uma menor tributação e este movimento cessa apenas quando
os retornos líquidos oferecidos por cada região se equalizam
8
. Segundo esses autores, os entes
subnacionais já apresentam problemas ao praticarem a tributação sobre bens de base tributária
móvel, posto que sua percepção para as efetivas elasticidades dos bens tributáveis torna-se
bastante reduzida e distorce sua capacidade de aplicar alíquotas que potencializem a sua
arrecadação. Outro problema a ser considerado diz respeito a externalidade gerada pela
prática de guerra fiscal, especialmente considerando-se a realidade nas regiões metropolitanas
em que grande interação entre os municípios e o beneficiamento pela utilização dos bens
públicos por parte de um indivíduo em mais de uma localidade.
Como resultado da prática de guerra fiscal, é possível que os municípios elevem
marginalmente sua arrecadação com a instalação de empresas satélites ou capturando recursos
até então inexistentes em seus cofres com a instalação das empresas que atraiu
9
, porém pela
6
DAVOODI, Hamid; ZOU, Heng-fu. Fiscal decentralization and economic growth: a cross-country study.
Journal of Urban Economics, v. 43, p. 244-257, Maio/1998.
7
Expressão cunhada por Tiebout (1956) para estudar o fenômeno da guerra tributária entre governos. Segundo o
autor, os governos locais reduziriam suas alíquotas tributárias frente aos seus demais concorrentes como uma
forma de atrair os indivíduos para as suas regiões. Com esta redução, outros municípios são levados a reduzir
suas alíquotas para manterem sua atratividade. Como um efeito em cadeia, as alíquotas são reduzidas cada vez
mais, estimuladas pelas redução provocada pelos próprios municípios.
8
Como identificam Debacco e Jorge Neto (1998), as diferenças entre as alíquotas existentes entre as localidades
surge apenas como uma forma de compensação de suas respectivas deficiências e pelo custo de instalação de um
agente nessa localidade. Para esses autores, seria possível caracterizar o fenômeno da guerra fiscal apenas
quando as disparidades entre as alíquotas praticadas pelos entes federativos são maiores do que as necessárias
para a compensação das diferenças entre os entes.
9
Durante a pesquisa de campo para este trabalho, uma expressão recorrente para a importância da arrecadação
de ISSQN frente às receitas tributárias de um município, como evidenciado no Gráfico 2, é que o ISSQN é uma
20
ausência de maiores informações sobre tais práticas, pode-se favorecer a ocorrência dos
problemas apontados por Rodden (2006) e demais autores, com prejuizos à socidade como
um todo.
Para compreender como os municípios foram elevados a condição de entes federativos no
Brasil, a etapa a seguir apresenta as principais características do processo de construção
histórica do federalismo brasileiro. Para compreender o processo de guerra tributária entre os
municípios, especial atenção é dada ao processo de configuração dos governos locais e,
posteriormente, procura-se identificar como está organizado o ISSQN no sistema tributário
nacional.
2.2. Características gerais sobre a configuração do federalismo no Brasil
O federalismo brasileiro passou por diversos momentos de maior ou menor
centralização ao longo de toda a República. Como indicam Arretche (2001), Andrade (2007
apud Avelar e Cintra 2007)
10
e Montoro (1975), as características do federalismo atual podem
ser justificadas com uma análise da organização política e a configuração dos poderes locais
durante o Império
11
. Em linhas gerais, Abrucio e Costa (1998) e Arretche (2001)
identificam que o federalismo brasileiro se desenvolveu a partir de um modelo de
descentralização, conferindo às oligarquias locais poder de barganha junto ao governo central
e que muitas de suas atribuições e competências não se encontrariam bem delineadas.
Com a instauração do regime republicano no final do século XIX, as diversas
oligarquias locais reivindicaram a formação de um Estado Federativo e, por muito tempo,
conseguiram atuar sobre a União. Para Abrucio e Costa (1998), as condições do federalismo
receita própria da prefeitura e um tributo que “a população não sente”, (diferentemente do IPTU, que atinge a
todos, ou dos recursos oriundos de transferências). Com este tributo, o governante pode ter recursos em caixa
todos os meses, sendo o mesmo arrecadado a partir de alguns poucos contribuintes. Outra importante declaração
observada durante este levantamento é que as empresas, quando migram contabilmente para um município,
levariam recursos que até então a prefeitura não recebia e que não gera custos para a administração pública ou
consumo de bens públicos.
10
ANDRADE, Luis Aureliano Gama de. O município na política brasileira: revisitando coronelismo,
enxada e voto In: AVELAR, Lucia; CINTRA, Antônio Octávio. Sistema político brasileiro: uma introdução. 2
ed. Rio de Janeiro: Konrad-Adenauer-Sitftung; São Paulo: Editora Unesp, 2007, 243-260.
11
A discussão sobre a municipalidade no Estado brasileiro é antiga e pode encontrar suas origens na forma de
organização do Estado luso-brasileiro e que perdurou no período monárquico de governo. Essa organização do
poder com forte presença na municipalidade pode ser encontrada na relação de forças entre os diversos grupos
locais que sempre atuaram na política brasileira.
21
no Brasil funcionavam, na prática, como forma de potencializar as forças das oligarquias
estaduais e essa forma de organização do Estado atenderia aos interesses de tais grupos.
A estrutura federativa brasileira adaptava-se conforme as circunstâncias políticas
vividas pelo país. Em seu modelo de federação, o governo central no Brasil detém
competência normativa em diversas matérias e é bastante limitada a autonomia dos demais
entes. Ao mesmo tempo, deve-se notar que a federação brasileira congrega nas mãos do
governo federal grande força financeira e a autonomia dos entes subnacionais é bastante
mitigada. Como apontam Abrucio e Costa (1998), o federalismo brasileiro em muitos casos
representa uma atuação por delegação, ou seja, o governo federal delegaria aos entes
subnacionais a execução de determinada medida. A seguir, apontam-se algumas
considerações sobre o desenho federativo brasileiro atual.
2.2.1.
O federalismo brasileiro atual e a condição dos municípios
Um aspecto que merece ser observado na CF-88 é a organização do regime federativo
para o Brasil, organizado em uma estrutura tríplice e baseada na União, nos Estado e nos
municípios, estrutura esta não observada em outras federações
12
. Apesar da força dos grupos
locais e do papel dos municípios no Estado brasileiro, é importante observar que o modelo de
Estado federativo desenhado para o país foi durante muito tempo pautado pelo modelo de
federalismo dual norte-americano, permanecendo este sistema até a CF de 1988. Vale
observar ainda que, mesmo com a organização federativa de modelo dual, os municípios
brasileiros sempre foram dotados de significativa autonomia perante os governos estaduais
13
.
A partir da leitura dos documentos das subcomissões da Constituinte de 1988, Araujo
(2005) identifica que os trabalhos desenvolvidos na Subcomissão da União, Distrito Federal
e Territórios e na Subcomissão de Municípios e Regiões favoreceram a formação de um
discurso de elevar os municípios à condição de entes federativos como uma forma de
fortalecimento da democracia. Diversos foram os argumentos que pautaram a equiparação dos
municípios como entes federativos.
12
Uma coisa é o federalismo brasileiro que confere a todos os municípios o status de ente federativo. Outra coisa
completamente distinta, como no caso alemão, é conferir a uma cidade, por seu papel e importância econômica,
o status de ente federativo (ex. Berlim, Bremen e Hamburgo, na federação alemã).
13
Como aponta Montoro (1975), muitas dessas características remontam à forma de organização do Estado
português.
22
O aumento das categorias de entes na federação brasileira pode facilmente ser
compreendido sob o discurso de ampliar a descentralização e os instrumentos de controle de
forças do poder do Estado, proposta que vai ao encontro dos interesses do país em um período
pós-ditadura militar. Ao mesmo tempo, essa proposta estaria fortemente alinhada com a
perspectiva de um governo local como uma esfera do estado em melhor condição de prestar à
população bens e serviços públicos para atender suas necessidades, além de se apresentar
como esfera de poder com uma maior possibilidade de fiscalização e controle pela sociedade.
Como destacam Carrazza (2005) e Carvalho (2009), embora não sejam entes
federativos com representação política junto à União
14
, é importante observar que a CF lhes
confere poder político para se autogovernar e, portanto, os municípios se encontram em uma
posição especial de pessoa jurídica.
Com base na Carta de 1988, os municípios foram dotados de autonomia administrativa
e política assegurada pela Constituição Federal, legislam sobre o ISSQN, IPTU e ITBI e
recebem recursos do FPM federal e estadual
15
. Essas transferências de recursos, na visão de
Melo (1996), ajudam a entender a explosão no número de municípios no país ao longo de
toda a década de 80 e 90, como pode ser observado na Tabela 1, a seguir:
Tabela 1 – Número de Municípios Brasileiros
Ano 1980
1985
1991
1995
2000
2001
2005
Brasil 3.991
4.107
4.491
4.974
5.507
5.560
5.564
Fonte: IBGE.
Nota: Para os anos 1985 e 1995, dados oriundos de censos agropecuários e para os demais anos, dos censos
demográficos.
Como observa Oliveira (2007), muitos municípios no Brasil são considerados de
pequeno porte, com poucas condições de financiamento próprias e de arcar com as demandas
sociais a eles apresentadas. Segundo Oliveira (2007) e Garson (2009), a autonomia conferida
aos municípios, em um primeiro momento, age como um elemento que dificulta a elaboração
de planos coordenados de atuação entre esses entes e uma constante necessidade de recursos
para a oferta de bens e serviços públicos à população.
14
Não temos para os mais de 5.000 municípios brasileiros um órgão de representação como o Senado está para
os estados.
15
Como destacam Melo e Azevedo (1997), os municípios possuiam competência tributária sobre os tributos a
eles alocados pela Constituição de 1988. O que apresentou significativa mudança a partir da Nova Constituição
foi um maior volume de transferências do governo federal para os demais entes federativos, comparativamente
às Constituições anteriores.
23
Segundo Anastasia (2007)
16
, a CF-1988 deu maior autonomia para os estados e
também municípios, conferindo atribuições legais e maior parcela de recursos para esses
entes. Esse processo de autonomia foi acompanhado do aumento das atribuições sociais ao
Estado brasileiro e, consequentemente, a um considerável aumento dos gastos públicos,
favorecendo um quadro de instabilidade nas finanças públicas ao longo da década de 90. A
necessidade e o interesse de obter maior volume de recursos sob sua própria competência
favorecem a ocorrência do que Melo (1996) definiu como hobbesianismo municipal e fornece
um pano de fundo para melhor compreender os motivos que levam à prática de guerra fiscal
entre os entes federativos.
2.3. Alocação de recursos na federação
Como observado anteriormente, o estudo da alocação de competências tributárias e a
racionalidade na distribuição dos recursos ganha importância apenas com os trabalhos
desenvolvidos na área de federalismo fiscal. Desse modo, é importante retomar duas vertentes
básicas no estudo de federalismo, quais sejam a organização dos entes e a distribuição de
competências para que possa ser avaliada a distribuição de recursos e dos meios de tributar
dentro da federação.
Os elementos que compõem a distribuição de competências tributárias no país foram
construídos na década de 60 e apresenta inúmeras especificidades quando confrontada com
outras federações. O modelo federativo brasileiro, diferentemente do modelo americano, não
permite aos estados legislarem em matéria tributária conforme o seu interesse. Como destaca
Carvalho (2009), a Constituição brasileira é bastante rígida nos seus critérios de atribuição de
competências entre os entes federativos e definiu de modo bastante específico a quais entes
federativos competiriam a competência para legislar sobre cada tributo na federação. Como
pode ser visto adiante, o espaço para legislar por parte desses entes tem se reduzido
significativamente ao longo do tempo e os colocado mais na posição de coletores de
impostos.
O STN, atualmente, é organizado a partir da CF/1988 e da sua recepção ao CTN. Em
seguida, encontramos as diversas legislações expedidas pela União e entes federativos em
16
ANASTASIA, Fátima. Federações e relações intergovernamentais In AVELAR, Lucia; CINTRA, Antônio
Octávio. Sistema político brasileiro: uma introdução. 2 ed. Rio de Janeiro: Konrad-Adenauer-Sitftung; São
Paulo: Editora Unesp, 2007, parte 3, cap. 2, p. 225-242
24
suas respectivas áreas de competência. Desse modo, o STN procurou alocar a cada um dos
entes federativos impostos específicos para fazer frente às suas obrigações e, ao mesmo
tempo, instituiu entre esses mesmos entes mecanismos de repartição de receitas.
É importante notar que, embora os municípios e estados brasileiros tenham aumentado
consideravelmente sua parcela de arrecadação nos tributos
17
, como destacado por Andrade
(2007)
18
, grande parte dos municípios tem seus recursos oriundos das transferências
constitucionais e muito desses recursos são considerados de fim específico
19
. Para muitos
municípios, a parcela das suas arrecadações próprias é significativamente inferior às
transferências que recebem da União e dos Estados
20
.
Analisando a estrutura orçamentária dos municípios que integram as RMBs
21
, é
possível confirmar as informações dadas acima. Mesmo para os municípios que apresentam
estruturas administrativas e economias locais mais bem desenvolvidas, encontra-se pequena
arrecadação própria e grande dependência para os recursos oriundos dos outros entes
federativos. Apesar de o setor de serviços apresentar significativa participação no PIB
brasileiro, o ISSQN na competência dos municípios apresenta pequena arrecadação no país.
A dependência dos municípios brasileiros pode ser evidenciada a partir dos gráficos a
seguir. Apesar da pequena participação nas receitas orçamentárias totais, a participação do
ISSQN na arrecadação tributária dos municípios é elevada
22
. Contudo, é importante observar
a elevada participação das Transferências Federais e Estaduais nos Orçamentos Municipais,
chegando em alguns casos a ser superior a 70%
23
de sua receita orçamentária total.
17
A reforma tributária de 1964 permitiu aumentar a receita dos municípios, mas não representou uma condição
suficiente para que diminuíssem a sua dependência dos recursos oriundos dos demais entes federativos. Parte
dessa dependência também se justifica pelas condições da economia local pouco desenvolvida e da situação
financeira de sua população afetando diretamente a arrecadação de ISSQN e IPTU.
18
Op. cit. 10.
19
Constitucionalmente os entes federativos são obrigados a destinar percentuais fixos de seu orçamento para as
áreas de saúde e educação, sem contar com o montante que cada ente paga pela manutenção das atividades da
administração pública como um todo. Ao mesmo tempo, vale notar que para muitos municípios são destinados
inúmeros recursos além das transferências constitucionais, porém são recursos destinados para o desempenho de
programas específicos, portanto, recursos que o município não pode alterar a sua destinação.
20
Como aponta Palombo (2006), tal situação pode ser observada também para muitos estados da federação, o
que denota as grandes disparidades no federalismo brasileiro.
21
As RMBs estão indicadas naTabela 11 em anexo.
22
A Receita Tributária de um município inclui os impostos, taxas e contribuições arrecadados por ele.
23
Para os municípios de São Francisco do Conde (BA), Triunfo (RS), Jaguariuna (SP) e Paulínia (SP), foram
encontradas transferências estaduais superiores a 70% de participação no orçamento. Esses municípios
coerentemente apresentam baixas arrecadaçõe de ISSQN e no montante total de transferências federais.
25
9%
47%
25%
14%
3%
2%
até 1% entre 1% e 5% entre 5% e 10%
entre 10% e 20% acima de 20% omisso
Gráfico 1 – Participação do ISSQN na receita orçamentária dos municípios das RMBs (2008)
Fonte: Fimbra.
15%
22%
17%
14%
10%
7%
7%
1%
2%
2%
3%
até 10% entre 10% e 20% entre 20% e 30% entre 30% e 40%
entre 40% e 50% entre 50% e 60% entre 60% e 70% entre 70% e 80%
entre 80% e 90% acima de 90% omissos
Gráfico 2 –Participação do ISSQN na receita tributária total dos municípios das RMBs (2008)
Fonte: Fimbra
.
26
37%
35%
22%
4%
2%
até 30% entre 30% e 50% entre 50% e 70% acima de 70% omisso
Gráfico 3 –Participação das transferências federais na receita orçamentária dos municípios das RMBs (2008)
Fonte: Fimbra.
69%
23%
5%
1%
2%
até 30% entre 30% e 50% entre 50% e 70% acima de 70% omisso
Gráfico 4 –Participação das transferências estaduais na receita orçamentária dos municípios das RMBs (2008)
Fonte: Fimbra.
Uma intrigante relação é demonstrada pelo cruzamento entre as informações fornecidas
pela Tabela 14, apresentando as alíquotas médias praticadas pelos municípios da RMSP e pela
Tabela 15, na qual se encontra a posição de cada município em um ranking para a arrecadação
per capta de ISSQN ao longo dos anos. Ao que demonstram os dados, os municípios que
sistematicamente aplicavam uma política de baixas alíquotas tributárias figuram em boas
posições no ranking de arrecadação, como por exemplo Barueri, Poá e Embu e a redução de
alíquotas melhorou a posição de alguns municípios com a adoção de tal prática.
Por outro lado, estas tabelas também demonstram que os municípios que reduziram suas
alíquotas como uma forma de também atrair maior arrecadação não apresentaram o mesmo
27
sucesso na modificação de sua posição no ranking, como pode ser observado para os casos de
Itapevi e Ferraz de Vasconcelos frente a seus vizinhos pioneiros na prática de baixas
alíquotas. Para esta análise, contudo, não pode ser desconsiderada a importância de fatores
locacionais, o que apenas tornaria mais evidente a complexidade dos estudos envolvendo a
guerra fiscal
24
. O tópico a seguir trata das principais características do tributo em estudo.
2.4. O ISSQN – Da reforma tributária de 1965 à CF 1988
Como destaca Martins (2003), o ISSQN brasileiro tem sua criação fortemente
relacionada ao surgimento da TVA
25
francesa sobre o setor de serviços a partir de sua reforma
tributária de 1954
26
. No Brasil, o ISSQN foi instituído a partir da reforma de 1965 e foi
conferido aos municípios em substituição ao antigo imposto sobre diversões públicas
27
e ao
imposto de indústrias e profissões
28
, embora no âmbito estadual também existissem os
impostos sobre transações e que recaiam sobre algumas categorias de serviços
29
. Com a CF-
88, o ISSQN foi mantido como um tributo de competência municipal, exceto para os casos de
energia elétrica e de telecomunicações
30
.
O ISSQN surge como um tributo classificado entre o grupo de impostos sobre a
produção e a circulação
31
. Esse tributo tem, geralmente, como base de cálculo o preço
24
Apenas como alguns exemplos, vale atentar para o fato de Barueri e Santana de Parnaíba possuirem em seu
território a localização de parcelas do chamado Centro Empresarial de Alphaville, que apresentou significativa
expansão ao longo das últimas décadas, situação que não abarca o Município de Itapevi. Para o caso de São
Caetano do Sul, é importante atentar para adescrição feita por Celso Daniel (2001 apud Hofmeister e Carneiro
2001) Segundo o autor, ao apresentar a formação de um acordo entre os Municípios localizados na região do
ABCD, em que os municípios se comprometiam a não praticarem uma política de guerra fiscal entre eles, o
município de São Caetano decidiu que ficaria de fora deste acordo.
25
Taxe sur la valeur ajoutée (imposto sobre valor adicionado).
26
Diversos outros tributos podem ser remontados para essa revisão histórica, porém toda ela foi considerada
desnecessária para o intuito deste trabalho.
27
Que encontrava-se definido no art. 13, § 2° da Constituição de 1934.
28
Instituído a partir do art. 23, I, f da CF de1937.
29
Eram tributados nessa categoria serviços como hospedagem, locação de bens móveis, conserto, pintura,
construção civil etc.
30
A legislação brasileira sempre conferiu à lei complementar a distinção entre o que sejam serviços tributáveis
pelo ISSQN e pelos governos estaduais. Desse modo, é característico do ISSQN uma lista de serviços tributáveis
por esse imposto, embora o STF já tenha julgado pela não restrição da lista e pela admissão de uma interpretação
ampla das categorias de serviços tributáveis. As Legislações Federais que definem as categorias de Serviços
Tributáveis pelo ISSQN são o DecL 406 (31/12/1968), DecL 834 (08/09/1969), LC 56 (15/12/1987) e,
finalmente, a LC n° 116 (31/7/2003).
31
No sistema tributário brasileiro encontra-se um sistema de tributação sobre o valor agregado repartido entre os
três entes da federação. Com a União, encontra-se a cobrança do IPI, com os estados foi mantida a cobrança do
ICMS e com os municípios, o ISSQN.
28
cobrado pelo serviço
32
e tem o seu contribuinte definido, em regra, como sendo o prestador do
serviço e, salvo algumas exceções, sendo o município de sua sede o município competente
para efetuar a tributação
33
.
De sua base de origem até o regime tributário brasileiro, alguns pontos de distinção
não observados na instituição de tal imposto no Brasil. Comparativamente ao regime
tributário francês, um país unitário e no qual a competência de arrecadação no segmento de
serviços é baseada na capacidade do indivíduo de arrecadar ou não tal tributo, o país alocou
inicialmente a competência de arrecadar tal tributo ao município sede da empresa prestadora.
Dado o caráter intangível de tal fato gerador, a fiscalização torna-se bastante custosa aos
municípios – especialmente se for considerada a prestação de serviços em outras regiões.
Como aponta Ozaki (2003), essa prática leva a alíquotas mais baixas do que o
potencial do ISSQN e, consequentemente, levando a uma arrecadação para esse tributo aquém
do possível. Outro efeito observado na década de 90 foi o questionamento na Justiça sobre o
município com competência para a cobrança do ISSQN. Perante a essa questão, o STJ se
posicionou favorável à cobrança pelo município do local da prestação do serviço
34
e não pelo
município do local da sede da empresa. Apesar desse posicionamento por parte do STJ,
observa-se que o legislativo toma um posicionamento incerto na nova legislação e leva à
retomada de uma discussão sobre o município com competência tributária
35
. A consequência
de todas essas considerações é uma baixa arrecadação do ISSQN por parte dos municípios.
Pode ser observada no mapa a seguir:
32
A legislação tributária municipal possui um capítulo específico para tratar da definição das respectivas bases
de cálculos a serem observadas na definição do montante de tributo a ser recolhido. Em linhas gerais, o ISSQN é
calculado com base no valor do serviço prestado (vide art. da LC 116/03), porém para algumas categorias de
serviço pode ser deduzido o custo de matérias primas e outras especificidades.
33
Algumas poucas categorias de prestação de serviço são, expressamente, consideradas devidas no local da
efetiva prestação do respectivo serviço e não no local da sede da empresa tal como aponta a LC 116/03.
34
Como identifica Harada (2001, p.1), é possível encontrar a discussão em torno do município competente para
a arrecadação do ISSQN a partir da leitura dos seguintes acórdãos: Embargos de Divergência no Resp. nº
130.792-CE, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ 16-6-2000 p.66; Emabargos de Divergência no Resp. 168.023-CE,
Rel. Min. Paulo Gallotti, DJ 3-11-99, p.78; Resp. 115.338-ES, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ 8-9-98, p. 26; Resp.
115.279-RJ, Rel. Min. Francisco Peçanha, DJ, 1º-7-99, p. 163.
35
Essa discussão é retomada no texto do art. 3° da LC 116/03.
29
Ilustração 1: Distribuição da arrecadação do ISSQN no país (ISSQN-2005)
Fonte: Ipeadata
.
Observa-se que para uma grande parcela dos municípios brasileiros a arrecadação do
ISSQN é pequena, dada a grande dificuldade de fiscalização e gestão de um tributo de base
tão móvel e as condições pouco desenvolvidas das economias locais. Sua maior arrecadação é
observada nos municípios que compõem as RMBs, com especial destaque para a RMSP.
Como indica o trabalho desenvolvido por Biderman e Ozaki (2004), tal tributo tem um peso
significativo na arrecadação dos municípios dessa região e as mudanças no perfil econômico
dela aponta para perspectivas promissoras para uma arrecadação com base nesse tributo
36
. No
tópico a seguir, são apresentadas as principais considerações acerca da instituição do piso
tributário de 2% para as alíquotas de ISSQN.
36
Nesse trabalho, os autores apontam para as mudanças no perfil econômico da RMSP ao longo da década de
90, uma região que saiu de uma base produtiva marcada pela produção industrial para uma economia cada vez
mais centrada na área de serviços, justamente a base de tributação do ISSQN.
30
2.5. As controvérsias em torno da instituição da Alíquota Mínima de 2%
Perante a situação de guerra fiscal entre os municípios
37
, o Congresso Nacional aprova
a EC 37/02 instituindo um sistema de piso para as alíquotas desse tributo, como uma tentativa
de conter a guerra fiscal, sendo o ISSQN regulado, posteriormente, pela LC 116/03. A
referida Emenda Constitucional surge da PEC 407-2001, a partir da Mensagem 696/2001, de
autoria do Poder Executivo, e é enviada à Câmara dos Deputados ao final do mês de agosto de
2001
38
.
Aprovada pela CCJ da Câmara dos Deputados, em 18/10/2001, forma-se uma
Comissão Especial para apreciar e proferir um parecer à referida PEC e é designado como
relator o deputado federal Delfim Neto (SP). Em 20/10/2001, o deputado federal Jutahy
Junior (BA) propôs a Emenda de 3 à referida PEC. Segundo a emenda, foi incluído um
segundo artigo à PEC original e que alterava o art. 156, § da Constituição Federal. Nessa
emenda, o ISSQN passaria a ter constitucionalmente definido um piso e um teto para suas
alíquotas por meio de Legislação Complementar.
No parecer apresentado pelo relator, em 5/12/2001, é demonstrada a preocupação com
a prática de guerra fiscal entre municípios
39
e seus prejuízos para as finanças municipais com
a perda global de arrecadação tributária entre esses entes federativos. Diante disso, o relator
acolhe a proposta de nova redação para o art. 156 da CF e propõe também a redação do art. 88
da ADCT com a indicação de uma alíquota de piso de 2% para o ISSQN. No Diário da
Câmara de 1/3/2002, encontra-se a aprovação por unanimidade do texto do art. 88 da ADCT
por parte da CCJ. Dando continuidade ao processo legislativo, seguiu-se a aprovação do texto
da referida PEC por ambas as casas legislativas até que esta se tornou a EC 37 em 12/6/2002.
Logo em seguida, foi elaborada, aprovada e sancionada a LC 116/2003
40
que veio a ser a
37
Com especial destaque para as controvérsias envolvendo os municípios que compõem a RMSP.
38
Essa PEC, incialmente, tratava apenas da prorrogação do prazo da CPMF para o final do ano de 2004.
39
Essa prática levava à instituição dos chamados “paraísos fiscais” municípios com alíquotas de ISSQN muito
baixas que se tornavam a sede de muitas empresas, embora desempenhassem suas atividades principais em
outras localidades.
40
Segundo informações fornecida por João Sayad, então secretário de finanças do município de São Paulo no
período de aprovação dessas legislações e que também ocupava o cargo de presidente da Abrasf, havia interesse
dos municípios em aprovar tal medida e foi intensa a participação das principais cidades brasileiras afetadas pela
guerra fiscal em torno do ISSQN, especialmente as cidades de São Paulo (SP), Vitória (ES) e Salvador (BA) em
se aprovar tais medidas. De um lado, a EC 37 atenuava a guerra fiscal, de outro, a LC 116/03 aumentava o
número de categorias de serviços tributáveis pelo ISSQN.
31
referência de todas as alterações tributárias dos municípios
41
para o ano de 2003 e que
passaram a valer a partir de janeiro de 2004.
A instituição de uma alíquota de piso para o ISSQN a ser observada pelos municípios
encontra posicionamento contrário entre alguns juristas. Como primeiro elemento de destaque
para essa análise, é importante atentar para o processo de concentração da legislação tributária
no governo federal. Em linhas gerais, considera-se que a aprovação de tal norma subjugaria os
entes federativos municipais perante o governo federal, dado que este legislaria em uma
matéria alheia às suas atribuições e extrapolando sua condição de ente harmonizador da
federação.
No que diz respeito às alíquotas, segundo Batista (2005), não seria, à primeira vista,
inconstitucional que uma norma determine uma alíquota máxima para um tributo nesse
caso, seria mais uma delimitação do poder de tributar do ente federativo. Nessa questão,
Batista (2005) apenas procura atentar para o fato de a legislação não ter instituído um tributo
com capacidade inócua de arrecadação e, desse modo, ferido a autonomia financeira dos
municípios. Por outro lado, Batista (2005) considera inconstitucional um dispositivo que
determine uma alíquota de piso por ser uma afronta direta ao princípio da autonomia
tributária, posição esta que também é apontada por muitos outros juristas e, até o momento,
não encontrou um posicionamento por parte do STF
42
.
Este trabalho segue o posicionamento favorável à constitucionalidade dessa medida.
Para fundamentar essa posição, é preciso considerar as ponderações apresentadas pela leitura
de Abrucio e Costa (1998) e Prado (2006). A discussão em torno do que pode ser entendido
como autonomia de um ente federativo depende significativamente do processo histórico de
consolidação do modelo federativo do estado analisado e, por consequência, como esses
fatores balizam o entendimento do que seja a autonomia de seus entes. No modelo brasileiro,
é evidente a forte centralização nas mãos da União como um agente estruturador das políticas
econômicas do Estado e a grande rigidez do modelo tributário brasileiro.
Embora não seja possível avaliar ganhos ou prejuízos da guerra fiscal entre os
governos municipais como descrito incialmente, é plausível a aplicação do Princípio da
41
A redação do art. 88 da ADCT determina que a Lei Complementar irá regular a alíquota de piso para o
ISSQN, porém não é o que se observa para a LC 116/03. A LC não trata da referida alíquota de piso, legislando
apenas sobre o teto de 5% para o ISSQN. Desse modo, a Legislação Federal mantém o piso regulado por norma
que exige quórum maior para ser modificada
42
Importante observar que não se encontra no STF nenhuma ADI, ADPF ou Recurso Extraordinário que
questionem a constitucionalidade da referida EC 37 no que diz respeito à instituição de um piso para o ISSQN.
As ações encontradas no STF para a referida emenda dizem respeito, em muitos casos, ao pagamento de
precatório ou relacionados à extinta CPMF.
32
Subsidiariedade
43
para referenciar a atuação da União ao definir uma alíquota de piso para o
ISSQN. Nesse caso, a União age claramente como um coordenador das ações municipais
levando todos os agentes a buscarem uma situação tida por ela como melhor do que a situação
em vigor.
Tal medida não seria vista meramente como o governo federal (um ente federativo)
legislando em matéria de competência municipal, mas sim o poder constituinte derivado
agindo para coordenar a ação dos demais entes subnacionais. A medida adotada pelo poder
Constituinte derivado surge como uma busca de um melhor equilíbrio entre os governos
locais, em detrimento da solução encontrada por esses agentes a partir de uma prática de
guerra fiscal. Ao mesmo tempo, como podem ser observados a seguir, os efeitos na
arrecadação após a adoção dessa medida levaram a um aumento na receita desse tributo para
os municípios, o que apenas reforça o caráter positivo dessa medida para as finanças
municipais.
43
Como apresenta Marques Neto (2005), o Princípio da Subsidiariedade, tomado das Definições do Direito
Econômico, pode ser encontrado como uma necessidade de atuação do Estado como uma forma de dirimir os
conflitos sociais não resolvidos a partir da mera atuação entre os agentes.
33
3. PESQUISA, DESENHO DE PESQUISA E HIPÓTESES
Neste capítulo, apresentam-se o problema de pesquisa, o desenho de pesquisa, os
critérios de seleção dos casos, os critérios de construção das variáveis e as fontes utilizadas na
coleta de dados.
3.1. Problema de pesquisa
Considerando que a guerra fiscal pode ser praticada, em uma de suas formas, por meio de
uma redução nas alíquotas de ISSQN, os efeitos dessa medida sobre a arrecadação dependerá
da elasticidade desta em relação às alíquotas. Desse modo, a pergunta central que esse
trabalho procura responder pode ser definida como:
A política de harmonização tributária favoreceu o aumento da
arrecadação via ISSQN dos municípios?
Como a EC n° 37, de 12 de junho de 2002, e sua regulação pela LC 116, de 31 de julho de
2003, os municípios passaram a adotar o piso de 2% para as alíquotas do ISSQN. Sancionada
essa lei, os municípios reformularam suas legislações municipais para adequar não apenas as
suas alíquotas, mas também o rol de serviços tributáveis com base no ISSQN (este fenômeno
se observa para toda legislação tributária municipal a partir do ano de 2004). Com base nessas
informações, o objetivo principal deste trabalho é avaliar se é significativo o efeito de
introdução dessas medidas legislativas em conjunto para uma mudança na arrecadação do
ISSQN para os municípios brasileiros, medida esta que recebe o nome de Harmonização
Tributária e que foi considerada válida a partir do ano de 2004
44
.
44
Essa escolha se deve à condição apresentada pelo artigo 88 da ADCT, que torna aplicável a alíquota de piso
até a aprovação de uma LC que a instituição de uma condição de alíquota de piso. Isso ajuda a entender o motivo
de apenas 3 dos 12 municípios da RMSP com alíquota média abaixo de 2% terem elevado suas alíquotas para o
novo patamar. O uso do ano de 2004 como referência visa também respeitar aos princípios da anterioridade e
anualidade, como aponta Machado (2005).
34
Para que a pergunta proposta inicialmente para este trabalho seja devidamente respondida,
é necessária a avaliação dos efeitos fiscais ocorridos entre os municípios ao longo do tempo,
mais especificamente sobre a sua arrecadação do ISSQN.
3.2. Desenho de pesquisa e seleção dos casos
Por ser o ISSQN um imposto de competência municipal, a unidade de referência
federativa deste trabalho será o município. A escolha pelo estudo das regiões metropolitanas,
como pode ser observado na Tabela 11, se deve à grande concentração da arrecadação do
ISSQN no país e são municípios que reconhecidamente apresentam forte interação entre suas
economias.
Como aponta Garson (2009), com a CF 88, a instituição de regiões metropolitanas foi
transferida aos estados, porém estes não foram dotados de mecanismos institucionais para
estabelecer estruturas de governança para a gestão dessas regiões que, em muitos casos,
tornaram-se estruturas vazias.
Para Garson (2009), as RMBs padecem de fragilidade institucional para estruturar
mecanismos de governança adequados para lidar com a gravidade dos problemas dessas
áreas
45
. Como aponta a autora, a regulação estadual para estimular a ação coletiva não possui
espaço, dada a pouca legitimidade dos governos estaduais para ditar normas sobre os
governos locais, fenômeno este agravado se considerarmos o reconhecimento dos municípios
no Brasil como entes federativos
46
.
A escolha dessa RM como objeto de estudo se fundamenta pela maior disponibilidade
de dados sobre estabelecimentos, emprego, rendimento e alíquotas tributárias para o ISSQN
disponível para os municípios dessa região. Ao mesmo tempo, os dados que constam na
Tabela 2, a seguir, apontam o peso da arrecadação do ISSQN dessa região perante o país
como um todo:
45
Para a RMSP, foi instituida a Emplasa, o órgão estadual responsável pela assessoria técnica dos municípios
nas regiões metropolitanas do estado de São Paulo, mas para muitos estados não existe tal estrutura.
46
Essas considerações, contudo, não retiram o importante papel desempenhado por alguns consórcios municipais
e a existência de alguns fóruns instituídos entre alguns municípios para tratarem de alguns problemas em comum
e específicos.
35
Tabela 2 – Arrecadação de ISSQN no Brasil – 1995-2005
Ano
1995
1996
1997
1998
1999
2000
BRASIL
3.320,78R$ 4.121,97R$ 4.801,63R$ 4.917,29R$ 4.988,26R$ 6.206,11R$
Estado de SP
1.524,46R$ 1.940,75R$ 2.198,15R$ 2.288,64R$ 2.280,91R$ 2.671,55R$
Cidade São Paulo
938,16R$ 1.209,70R$ 1.366,38R$ 1.459,28R$ 1.433,66R$ 1.673,32R$
RMSP
1.158,51R$ 1.490,76R$ 1.673,19R$ 1.793,56R$ 1.780,62R$ 2.054,92R$
(%) SP/BRA
45,91% 47,08% 45,78% 46,54% 45,73% 43,05%
(%) RMSP/SP
76,00% 76,81% 76,12% 78,37% 78,07% 76,92%
(%) MSP/RMSP
80,98%
81,15%
81,66%
81,36%
80,51%
81,43%
Ano
2001
2002
2003
2004
2005
BRASIL
6.903,59R$ 7.358,18R$ 9.222,45R$ 10.467,24R$ 12.505,93R$
Estado de SP
2.893,18R$ 3.079,17R$ 3.857,81R$ 4.486,60R$ 5.430,00R$
Cidade São Paulo
1.847,91R$ 1.973,62R$ 2.147,03R$ 2.592,54R$ 3.143,90R$
RMSP
2.306,80R$ 2.460,52R$ 2.865,51R$ 3.315,58R$ 4.119,20R$
(%) SP/BRA
41,91% 41,85% 41,83% 42,86% 43,42%
(%) RMSP/SP
79,73% 79,91% 74,28% 73,90% 75,86%
(%) MSP/RMSP
80,11%
80,21%
74,93%
78,19%
76,32%
Fonte: IIBGE.
Nota: valores em milhões de reais (não deflacionados
).
Considerando os dados orçamentários disponíveis dos municípios da RMSP, este
trabalho procurou centrar-se no estudo do período entre os anos de 1995 e 2008, totalizando,
potencialmente, 546 observações
47
. A escolha por esse período se deve, principalmente, à
estabilização econômica alcançada com o plano real e com as mudanças nas regras tributárias,
como, por exemplo, a extinção do antigo IVV (imposto de vendas a varejo). Dessa forma, os
dados sofrem menos com os problemas ligados a mudança nas moedas e com a alta inflação
que afetou o país no início da chamada Nova República. Para o período escolhido, é
importante observar também que não temos a criação de qualquer novo município na
RMSP
48
. A seguir, são apresentadas as principais características encontradas para a RMSP.
3.3. A Região Metropolitana de São Paulo
Como identificado pela Tabela 2, a região tomada como o principal objeto de estudo
para esta dissertação congrega considerável parcela de arrecadação do ISSQN
49
. Antes da
especificação das hipóteses e modelos a serem utilizados, é importante apresentar a região
tomada como principal objeto de estudo para este trabalho. Apresentam-se, a seguir, as
47
A ponderação para um total potencial de observações se deve à ausência de informações econômico-
financeiras para alguns municípios na RMSP para alguns dos anos, o que obriga a retirada dessas observações do
total de elementos da amostra.
48
Apenas o município de São Lourenço da Serra fora criado na RMSP, no ano de 1991, como emancipação do
município de Itapecerica da Serra.
49
Outro motivo que levou este trabalho a restringir seu objeto de análise pode ser encontrado na nota
de rodapé n° 83
36
características da RMSP e o seu processo de constituição. Para tanto, apresentam-se
elementos de ordem social, política e econômica desta região ao longo do período de estudo.
Ao mesmo tempo, procura-se apresentar os principais aspectos de diferenciação e importância
da RMSP para a economia nacional e seu processo de formação, mas também apontar as
disparidades entre os municípios membros
50
.
A partir da leitura de Montoro (1984), vemos que a RMSP surge oficialmente a partir
da LC 14, de 8/6/1973, que institui a criação das primeiras regiões metropolitanas brasileiras
e, para o estado de São Paulo, temos a LC 760, de 1/8/1994
51
. Como pode ser observado do
art. 5° da legislação federal e art. 7° da legislação estadual, o intuito dessas normas é
promover uma melhor forma de organizar as grandes conurbações urbanas que começavam a
se formar pelo país e a busca de soluções conjuntas para os problemas enfrentados nos
grandes centros.
A RMSP congrega considerável parcela do PIB nacional, sendo a sede de importantes
grupos econômicos no país. Seus números também impressionam ao avaliarmos sua extensão
territorial
52
e sua relevância para a economia nacional
53
. Por outro lado, é importante
observar que a região apresenta significativas disparidades entre os seus municípios
membros
54
. O porte da região pode ser observado no Gráfico 5, a seguir, em que se atribui à
RMSP 11% do PIB observado para todo o país no ano de 2004.
50
Recomenda-se a visualização da Tabela 12, em anexo, contendo um breve resumo com as principais
informações sociais e econômicas dos municípios membros da RMSP.
51
É possível encontrar, contudo os decretos estaduais 47863/67, 48162 e 48163/67 dividindo o estado de São
Paulo em regiões administrativas.
52
Equivalente a 3% do território paulista, mas equiparável a países de pequeno porte como Líbano e Jamaica.
53
Segundo Warth (2007), a RMSP apresenta um PIB de R$ 416,5 bilhões a valores de 2005 o equivalente a
57,3% do PIB do estado de São Paulo. Segundo informações da Emplasa, o PIB da RMSP para o ano de 2004
correspondeu a quase 15,6% do PIB nacional.
54
Na parte de anexos deste trabalho, é possível encontrar a Ilustração 3 com todos os municípios que compõem a
RMSP e na Tabela 12 uma visão geral com algumas informações socioeconômicas dos municípios dessa região.
37
68%
21%
11%
RMSP Estado de São Paulo Brasil
Gráfico 5 –Participação no PIB nacional (2004)
Fonte: IBGE.
Juntamente às mudanças institucionais observadas no Brasil a partir do final da década
de 80, a RMSP também passou por mudanças em sua estrutura produtiva. Como destaca Acca
(2006), pode se notar que a região passou de uma estrutura de produção fortemente marcada
pela industrialização para uma estrutura voltada para a geração de serviços. Acca (2006)
considera o setor de serviços desenvolvido na Região Metropolitana como bastante
dependente do setor produtivo industrial e, segundo ele, a explosão no setor de serviços se
deveria principalmente a uma reordenação produtiva. Segundo Acca (2006), pode se
considerar que a maior abertura da economia brasileira, mudanças macroeconômicas e no
ambiente regulatório seriam os principais elementos para compreender o fenômeno de
migração de um centro de grandes polos industriais para um centro cada vez mais de grandes
empresas e grupos voltados para atividades do setor de serviços. Essas mudanças nos ajudam
a entender como se desenha o cenário para a guerra fiscal entre os municípios na RMSP.
O potencial do setor de serviços para a região pode ser observado nos gráficos a
seguir. Como aponta o Gráfico 8, o setor de serviços apresentou significativo crecimento no
número de estabelecimentos ao longo das últimas décadas para a região, confirmando as
considerações apontadas por Biderman e Ozaki (2004). O Gráfico 7 aponta a importância do
setor também para o emprego de mão de obra, o que significa a alocação de mais de 50% de
toda a mão de obra da região e chegando a mais de 60% se for considerado o setor de
38
construção civil, atividade também com tributação pelo ISSQN. Ao mesmo tempo, o Gráfico
6 representa o peso desse segmento para a economia local, com mais de 70% do valor
adicionado para a economia da região entre os anos de 2002 a 2006.
66
67
68
69
70
71
72
73
74
2002 2003 2004 2005 2006
Gráfico 6 – Produto e renda – Participação dos serviços no total do valor adicionado (em %)
Fonte: Fundação Seade.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
% Empregados nos Serviços
% Empregados na Construção Civil
% Empregados na Indústria
% Empregados no Comércio
% Empregados na Agropecuária
Gráfico 7 – Participação percentual de empregos na RMSP por setor produtivo
Fonte: Fundação Seade.
Nota: não foram apresentados dados relativos ao total de empregos na administração pública.
39
30
35
40
45
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Gráfico 8 – Participação percentual de estabelecimentos do setor de serviços no total de estabelecimentos da
RMSP
Fonte: Fundação Seade.
Para uma realidade com a apresentada pela RMSP, seria possível descrever a condição
de guerra fiscal na forma apresentada a seguir. Diferentemente de Mintz e Tulkens
55
(1986
apud Nascimento 2008) que tratam a guerra fiscal como um jogo de um único lance, seria
importante considerar que o fenômeno da guerra fiscal seja praticado, por simplificação, em
dois lances tendo a cidade de São Paulo como principal referência para a tomada de decisão.
O primeiro estágio deve levar em consideração o interesse de todos os municípios em
atrair para o seu território empresas que estão instaladas ou poderiam se instalar no principal
Município da Região Metropolitana tido normalmente como o maior mercado dentre todos
os municípios da RM. O segundo estágio deve levar em consideração que um município não
irá disputar a preferência da empresa apenas com a cidade principal da RM, mas com todos os
demais municípios dentro desta região. Justamente neste estágio que pode ser observada a
política de “race to the bottom”, característica do fenômeno de guerra fiscal
56
.
55
MINTZ; Jack. TULKENS; Henry. Commodity tax competition between member states of a federation:
equilibrium and efficiency. Journal of Public Economics, Chicago, v. 29, n. 2, p 133-172, 1986.
56
É importante notar, como demonsta a Tabela 14 que não foram todos os municípios na RMSP que atuaram em
guerra fiscal apresentando alíquotas médias em posições consideradas medianas ou mesmo elevadas frente a
outras cidades. Esta condição, em parte, mitigaria a visão clássica de “race to the bottom” e sucitando debates
40
Como demonstram os elementos abordados ao longo deste trabalho, a guerra fiscal é
bastante complexa e dotada de diversas condicionantes. Em virtude disto, este trabalho limita-
se a avaliar as medidas adotadas para conter tais práticas aproximando as alíquotas de ISSQN
praticadas. A seguir, apresentam-se as hipóteses a serem analisadas neste trabalho.
3.4. Hipóteses sobre alteração no perfil de arrecadação do ISSQN
Esta etapa procura identificar e justificar as hipóteses a serem avaliadas por este
trabalho diante do ocorrido com a arrecadação do tributo em estudo em frente à
implementação da medida de harmonização tributária. Como evidenciado neste trabalho, o
teste empírico do modelo aqui proposto consiste em verificar se houve alteração no perfil de
arrecadação tributária do ISSQN dos municípios da RMSP após a introdução das medidas
voltadas para a harmonização das alíquotas tributárias.
Em virtude das medidas adotada pela legislação federal, espera-se que a política de
harmonização tributária tenha prejudicado o poder de barganha das empresas e municípios e
se refletido na arrecadação tributária dos municípios. Diante disso, a principal hipótese a ser
avaliada neste trabalho é:
3.4.1. H1: A harmonização elevou a arrecadação tributária dos municípios.
A proposta dessa primeira hipótese é avaliar o efeito da medida de harmonização
tributária sobre a arrecadação tributária municipal. Como identificado no capítulo anterior, a
EC 37/02 e a LC 116/03 surgem exogenamente junto a todos os municípios brasileiros,
afetando as alíquotas por eles praticadas e as categorias de serviço tributáveis. A partir dessas
medidas, todos os municípios que praticavam uma alíquota inferior ao valor do piso
modificaram suas legislações tributárias para se adaptar à nova realidade e todos tiveram de
sobre os elementos que instigariam ou não um Município a se engajar em tais práticas. Apesar da apresentação
deste jogo de duas fases, vale observar os trabalhos de Wilson (1999), Biglaiser e Mezzetti (1997) e Burbidge et
al (1997) que apontam para a possibilidade de coalizões entre os entes subnacionais. Desse modo, um grupo de
entes federativos passa a promover políticas conjuntas de tributação, mas a promoverem disputas fiscais contra
outros entes da federação. Biglaiser e Mezzetti (1997) vão ainda mais longe ao apontar a possibilidade destas
coalizões serem influenciadas por elementos de ordem política, como por exemplo, a coordenação de políticas
em virtude de partidos políticos aliados ou comuns.
41
adequar suas legislações tributárias diante da nova lista de serviços implementada pela LC
116/03.
Diante dos fatos apontados, é reconhecido que este trabalho deve atentar para a
necessidade de controle dos efeitos de outras medidas normativas e judiciais ocorridas antes
da introdução da referida lei. A preocupação com estes elementos reside no longo período de
tempo tomado como referência para este estudo, podendo apresentar outros eventos que
também afetem a arrecadação tributária do ISSQN. O resultado desses fenômenos pode
significar uma interpretação equivocada dos efeitos de harmonização, objeto principal deste
trabalho. O teste para tais variáveis pode ser feito a partir da adoção de variáveis dummies
57
a
partir do período da entrada em vigor de uma determinada medida ou ocorrência de um
fenômeno que possa impactar no modelo. Dentre esses efeitos, podem ser exemplificados dois
casos a seguir e considerados de grande repercussão para as finanças públicas:
Os efeitos para a harmonização independem dos efeitos da LRF.
Essa consideração tem o intuito de avaliar se os efeitos de uma medida de maior rigor
sobre as finanças públicas incidente sobre os governos subnacionais não afetou os governos
locais a buscarem maior controle sobre seus tributos e, consequentemente, maior arrecadação
de ISSQN. A LRF entrou em vigor com a LC 101, de 4 de maio de 2000, e demandou
maior controle das adminitrações públicas quanto aos seus recursos e no estabelecimento de
parâmetros para as suas alocações, ou seja, para gastar mais o governo também deveria
apresentar mecanismos para arrecadar mais.
Os efeitos para a harmonização independem dos efeitos da NF-e.
Essa consideração será testada por meio da adoção de dummies de controle para avaliar
se a introdução desse novo mecanismo de controle contábil para as empresas não afetou a
arrecadação municipal para o ISSQN. Com o controle eletrônico das informações contábeis
dos contribuintes adotado por muitos municípios ao longo dos últimos anos e a disseminação
57
Uma variável dummy confere um valor igual a 0 se um determinado evento não ocorre e passa a adotar valores
iguais a 1 a partir do momento em que tal evento passa a ser observado. O intuito dessa medida é avaliar se o
coeficiente atrelado a essa variável apresenta ou não significância estatística, ou seja, se ele é um evento
relevante no modelo ou não.
42
de programas de incentivo a Cidadania Fiscal
58
, houve preocupação para com este trabalho
em diferenciar os efeitos dessas medidas perante a política de harmonização tributária.
A partir de pesquisa de campo com os municípios que compõem a RMSP, foi
identificado entre estes quais implementaram um sistema de NF-e em suas respectivas regiões
dentro do período compreendido entre os anos de 1995-2008. Esse levantamento encontra-se
na Tabela 13, em anexo, e será incluído neste trabalho como dummies para o ano em que a
medida passa a vigorar para o município e mantida a partir de então.
Como pode ser observado na Tabela 13, é possível observar que algumas cidades não
haviam implantado essa medida para o período, o que permite identificar um grupo de
tratamento e um grupo de controle para a adoção da NF-e.
Os efeitos para a harmonização independem dos efeitos de maior controle por
adotados pela cidade de São Paulo.
Essa consideração visa controlar os efeitos da medida de harmonização defronte a
política adotada pela cidade de São Paulo com o cadastramento de empresas prestadoras de
serviço oriundas de fora da cidade. Tal controle se faz necessário em virtude do porte desse
município de São Paulo e dos efeitos descritos por Garcia (2008) como um elemento
promotor do incremento das receitas tributárias do município e de combate à sonegação fiscal.
Essa medida foi adotada por meio da Lei Municipal 14.042, de 30 de agosto de 2005,
e regulada pelo Dec. 46.598, de 4 de novembro de 2005, passando a vigorar a partir de
janeiro de 2006. Com essa legislação, a cidade passou a manter um cadastro de todas as
empresas prestadoras de serviço que atuavam dentro do município, mas apresentavam sua
sede fora dele e abrindo a possibilidade do tomador do serviço localizado na cidade de São
Paulo se tornar o responsável pelo recolhimento do ISSQN devido.
O tópico a seguir apresenta a variável dependente e as variáveis de controle utilizadas
para este trabalho. Ao mesmo tempo, apresentam-se as hipóteses levantadas e o modelo
utilizado para esta análise.
58
Os programas denominados Cidadania Fiscal levam os próprios cidadãos a fiscalizarem e denunciarem as
empresas por práticas ilícitas no pagamento de seu tributos. Especificamente analisando o caso do município de
São Paulo, foi implementado no município a partir de 2006 um programa em que a prefeitura abria mão de parte
da arrecadação de ISSQN para conceder descontos aos munícipes no pagamento futuro de IPTU em virtude da
quantidade de ISSQN recolhido e registrado em seus arquivos para o seu número de CPF. Com esse incentivo, o
próprio contribuinte fiscalizava as empresa prestadoras de serviço para obtenção de seu benefício e a prefeitura,
em tese, se beneficiaria com a diminuição no montante de tributos sonegados.
43
3.5.Variável dependente – arrecadação de ISSQN
A variável dependente para esse modelo é o montante arrecadado de ISSQN pelos
municípios ao longo do período e divulgados na base de dados municipais Fimbra do Tesouro
Nacional
59
. Essa variável é utilizada com os valores deflacionados para um único período
60
.
Como aponta o art. da LC 116/03, a base de cálculo desse tributo é o preço do serviço.
Desse modo, uma representação para a arrecadação municipal em um determinado período,
mt
Arrec. , para esse tributo surge da seguinte igualdade com a alíquota, alq, para uma
determinada categoria de serviço e o preço praticado para os serviços prestados.
Em virtude da ausência de informações sobre o mercado em cada município, torna-se
necessário aproximar o modelo acima para variáveis que atuem como proxxies para estimar a
arrecadação desse tributo. Uma forma de estimar tais proxxies pode ser feita por meio de uma
relação envolvendo o faturamento para cada um dos mercados tributáveis
61
pelo ISSQN.
Desse modo, seria possível estimar o faturamento das empresas do setor de serviços como
uma função genericamente desenvolvida da forma a seguir:
(1)
),,,(
321 i
xxxxoFaturament = (2)
Segundo a especificação acima, a arrecadação de ISSQN passa a depender de um
elemento constante (no caso, a alíquota) e um conjunto de variáveis de controle com o papel
de auxiliar na estimação do faturamento dos setores tributáveis pelo ISSQN
62
. É importante
notar que, para esse modelo de arrecadação, as alíquotas atuam como o elemento constante da
equação e as demais incógnitas como as demais variáveis de controle adotadas para esse
59
Os dados do Fimbra apresentavam ausência de dados para alguns municípios em alguns anos deste trabalho.
Comparando as bases de dados fornecidas pelo Fimbra e a base de dados do Ipea (disponível apenas até o ano de
2005), por apresentarem valores muito próximos aos divulgados na base de dados do Fimbra e terem a mesma
ordem de grandeza, algumas das informações faltantes foram complementadas com as informações disponíveis
na base de dados do Ipea (os dados coletados na base do Ipea são Ferraz de Vasconcelos, Itapecerica da Serra e
Pirapora do Bom Jesus, para os anos de 1995 e 1996, e os dados sobre Embu-Guaçu e Juquitiba, para o ano de
2003).
60
Todos os valores serão deflacionados para o último ano dos dados financeiros disponíveis, ou seja, o ano de
2008. Foi escolhido como dado para deflacionar os valores financeiros utilizados neste trabalho o IPCA, por ser
o índice adotado pelo governo brasileiro para monitorar a inflação no país.
61
Entendido este como uma soma da relação direta entre preço do serviço prestado e quantidade de serviços
realizados pelos agentes em um determinado período.
62
Como poderá ser identificado a seguir, a escolha desse modelo está condizente com as variáveis selecionadas e
com os testes desenvolvidos para a identificação da especificação do modelo.
iimt
toxFaturamenalqArrec .
44
modelo. A descrição das variáveis de controle consideradas para esse modelo são
apresentadas a seguir.
3.5. Variáveis de controle
Uma das maiores dificuldades em lidar com governos subnacionais no Brasil é a
ausência de bases de dados com informações anuais que possam ser utilizadas como variáveis
de controle
63
. Por ser um trabalho que analisa a arrecadação municipal ao longo do tempo, o
uso de informações do Censo atuaria como um efeito fixo ao longo do período de estudo e a
Pnad não permite trabalhar com municípios justamente por ser uma pesquisa por
amostragem
64
. Vale destacar também que muitos estados não possuem órgãos de pesquisa e
estatística com dados anuais sobre seus municípios.
A definição das variáveis de controle para esta dissertação procurou considerar
elementos relevantes à arrecadação municipal de ISSQN e, como indicado na equação acima,
que estivessem relacionados com os mercados tributados pelo ISSQN. Devido à ausência de
variáveis anuais para municípios, este trabalho optou por utilizar dados sobre receitas
orçamentárias, empresas do setor de serviço e de atividades financeiras nos municípios
65
. A
construção de cada variável é apresentada a seguir.
Por serem os principais responsáveis tributários pelo recolhimento do ISSQN, este
trabalho utiliza como variável de controle o número de empresas no setor de serviços para
cada município ao longo dos anos. Estas informações foram coletadas a partir da base RAIS
66
do MTE. Embora as informações relativas à mão de obra pudessem ser utilizadas como
aproximações para dados populacionais, não se optou por trabalhar com tais dados por dois
63
Vale destacar também que muitos estados não possuem órgãos de pesquisa e estatística com dados anuais
sobre seus municípios. Mesmo para as RMBs não é possível encontrar muitas informações para os municípios
que as compõem ou ainda dados para todas as RMBs. Muitas das informações disponíveis se referem,
principalmente, a emprego e inflação para a RMB como uma única unidade.
64
Para um trabalho voltado aos estados, esta seria uma boa referência para variáveis de controle.
65
Em função da tributação via ISSQN também incidir sobre atividades do setor de construção civil, essa variável
chegou a ser considerada para este trabalho, dada a sua grande utilização de mão de obra e montante dos
recursos movimentados. Porém, a inclusão dessa variável não apresentou maior significância estatística para o
modelo como um todo e, por isso, não foi adicionada. Um dos grandes problemas para o uso desta variável é a
grande quantidade de valores nulos para alguns municípios da RMSP, o que ocasionaria perda de observações
para esse trabalho.
66
Acredita-se que essa variável esteja subidentificada em virtude da informalidade de muitas atividades
econômicas não serem registradas no país. Para essa variável são utilizadas as informações sobre o total de
estabelecimentos e também a massa de salários pagos em dezembro como uma aproximação para o faturamento
do setor.
45
motivos principais. O primeiro motivo diz respeito à informalidade da o de obra, o que
representaria uma subidentificação do modelo. Outro motivo é o grande fluxo de mão de obra
entre os municípios brasileiros, especialmente considerando a realidade das regiões
metropolitanas.
Para este trabalho, os dados relativos ao PIB foram substituídos pelos dados sobre o
total de remunerações pagas
67
em cada município ao longo do período estudado. Para essa
escolha pesam os critérios que compõem o cálculo de PIB municipal
68
e a quantidade de
dados disponíveis
69
. As informações sobre o total de remunerações pagas foram obtidas a
partir da base de dados da RAIS e apresenta essa variável como um montante de salários-
mínimos pagos em dezembro.
Outro dado utilizado neste trabalho será a população dos municípios. Os dados aqui
utilizados são fixos para todos os municípios a partir das informações divulgadas pelo IBGE
por meio do Censo do ano 2000. A escolha dessa variável se deve tanto às grandes
disparidades entre os municípios brasileiros quanto ao seu porte e montante de arrecadação.
Dessa maneira, lidar com dados ponderados pelo tamanho da população evita que o modelo
seja distorcido em virtude da arrecadação de grandes municípios. Essa é a única variável com
valores fixos adotada ao longo deste trabalho.
A partir do trabalho de Rocha (2003) e da importância atribuída às atividades
financeiras como fonte de arrecadação de ISSQN, este trabalho utiliza as informações
relativas ao número de estabelecimentos financeiros por município brasileiro como uma de
67
Outra variável que fora considerada para substituir o PIB neste trabalho, foi a utilização dos dados relativos à
receita orçamentária dos municípios. Essa variável foi construída a partir de dados do Fimbra e foi subtraído o
total de ISSQN arrecadado. Boa parte da receita orçamentária municipal é composta por transferências e pelas
disposições da LC 63/90 e, posteriormente, da LC 123/06. Elas determinam que as transferências estaduais
sejam feitas a partir de critérios que dão maior peso para os municípios que geram a arrecadação dos respectivos
tributos estaduais, por cálculos que considerem o Valor Adicionado gerado em cada município e, por esses
motivos, chegou a ser considerada. Contudo, essa variável não foi utilizada por apresentar correlação com os
dados para o PIB semelhantes à encontrada para os dados relativos a remuneração, mas, principalmente, pelos
testes de significância apresentarem a variável remuneração como mais relevante para o modelo do que essa
variável orçamentária. A inclusão de ambas ao modelo também não representa uma melhoria na significância do
modelo, pelo contrário, os resultados aumentam a perda de objetividade dele. Em virtude de tais resultados, o
uso dessa variável foi descartado.
68
O cálculo do PIB municipal apresenta sua metodologia desenvolvida pelo IBGE e considera principalmente o
Valor Adicionado por cada categoria de atividade desempenhada no município e teve seus critérios de cálculo
alterados a partir do ano de 2002.
69
Os dados relativos ao PIB municipal estão estimados a partir do ano de 1999 e até a realização deste trabalho,
encontravam-se disponíveis os dados até o ano de 2007. Uma correlação entre os dados de PIB municipal
disponíveis e a variável construída de ISSQN apresenta uma correlação próxima a 70%, corroborando a
utilização dessa variável aqui construída.
46
suas variáveis de controle
70
. Nas listas de serviços tributáveis pelo ISSQN constam diversas
atividades do setor bancário/financeiro. Ao mesmo tempo, esse dado é uma referência
importante para o grau do desenvolvimento das atividades econômicas de um município
71
.
Para a construção dessa variável foram utilizadas as informações da RAIS e a contagem de
estabelecimentos das atividades ligadas ao setor financeiro conforme os critérios
estabelecidos pelo IBGE para a definição do Cnae
72
.
Outro importante dado deste trabalho surge com uma pesquisa de campo para
identificar nos municípios da RMSP quais foram as alíquotas de ISSQN praticadas por eles ao
longo do tempo, como pode ser observado nos dados da Tabela 14. Para obter essas alíquotas,
foi levantada toda a legislação para esse tributo dos municípios da RMSP
73
. Como aponta a
nova redação do art. 156 e do art. 88 da ADCT, a legislação federal apenas determinou a
aplicação de uma alíquota de piso para o ISSQN. Na legislação desses municípios, foi
encontrado como uma prática comum a adoção de alíquotas fixas para o ISSQN,
especialmente para serviços prestados por autônomos. Essas alíquotas são definidas a partir da
necessidade de pagamento de montantes fixos anuais ou mensais pelos respectivos
prestadores e, normalmente, representam um montante de pagamento inferior ao que seria
recolhido caso fosse aplicada a arrecadação com base na incidência das alíquotas.
Contudo, é importante atentar para algumas considerações no uso dessa variável. O
primeiro problema encontrado na leitura das respectivas legislações municipais é que nem
todas as alíquotas praticadas por um município encontravam-se abaixo do piso de 2%
74
.
Conforme levantamento das legislações municipais, cada categoria de serviço apresenta uma
alíquota a ser praticada e, ao mesmo tempo, não é incomum encontrar para cada categoria a
aplicação de uma alíquota fixa a ser recolhida pelo contribuinte de forma mensal, semestral ou
70
Por utilizar informações específicas para o setor de serviços em cada município, esses serão dados que serão
deduzidos da base de cálculo da variável total de empresas do setor de serviços para evitar maiores distorções ao
modelo.
71
Muitas localidades não possuem estabelecimentos financeiros, mas sim pequenos pontos de atendimento para
a realização de atividades de caixa.
72
Foram selecionadas na classificação do Cnae 95 as divisões de n. 65 (Intermediação financeira), n. 66
(Seguros e previdência complementar) e n. 67 (Atividades auxiliares da intermediação financeira, seguros e
previdência complementar).
73
Essa busca foi feita tanto em sites das respectivas prefeituras e câmaras municipais e, quando as legislações
não se encontravam disponíveis, foi realizado requerimento à prefeitura sobre sua legislação e tabelas de
alíquotas vigentes para o período compreendido entre os anos de 1995 e 2008.
74
Como evidencia essa constatação, é bastante curioso notar que o fenômeno de “race to the bottom”, indicado
por Tiebout (1956), não se observa entre todos os municípios da RMSP, sendo possível identificar municípios
que adotariam uma posição de guerra fiscal (com grande parte de suas alíquotas), por exemplo, com sua alíquota
média abaixo do piso determinado em lei. Por outro lado, também se observa que para determinadas categorias é
recorrente a aplicação de alíquotas tributárias e alíquotas fixas em valores baixos e bastante próximos. Ou seja,
seria possível observar pequenas práticas de guerra fiscal entre mais ou menos municípios dependendo da
categoria de serviço em estudo.
47
anualmente. Essa prática tem o intuito de simplificar a administração tributária dos
municípios e o recolhimento do imposto por parte dos contribuintes, porém leva a uma
arrecadação menor do que a observada para uma arrecadação com base em suas alíquotas
75
.
Outros dois efeitos importantes observados por essa pesquisa de campo é que alguns
municípios, em sua legislação tributária, apresentam critérios distintos para a definição da
chamada base de cálculo do ISSQN. Apesar de a LC 116/03 determinar que a base de cálculo
desse tributo seja o preço do serviço prestado, observa-se que muitos municípios permitem
que o prestador do serviço possa ter abatimentos em sua base de cálculo, o que, em verdade,
reduz o valor efetivo da alíquota praticada. Deste modo, um município pode conseguir uma
alíquota de ISSQN real inferior ao piso de 2% estipulado na legislação federal
comparativamente a outros municípios. A ausência de dados sobre a arrecadação municipal
pelas respectivas categorias de serviço impede que esses efeitos sejam considerados no
modelo.
O acompanhamento das legislações tributárias apontou também que, com a
determinação da medida de harmonização, alguns municípios editaram legislações
determinando um prazo para a manutenção de suas práticas de incentivo fiscal. A justificativa
para a adoção dessa medida se baseava no conceito de direito adquirido por parte dos
contribuintes que, diante da situação vigente anteriormente, haviam tomado suas medidas de
investimento e mudança de localização e, agora, poderiam se ver seriamente prejudicados.
Infelizmente, esse também é um efeito que não é facilmente captado para sua ponderação
neste trabalho.
Por todas as dificuldades encontradas para lidar com as alíquotas de ISSQN
municipais, este trabalho optou por tratar a informação relativa às alíquotas municipais com
uma média simples de todas as alíquotas praticadas pelo município para cada um dos anos de
75
Especificamente para o município de Salesópolis, para o período de 1998 a 2003, a legislação municipal tende
a abordar apenas a alteração das alíquotas fixas de ISSQN. Segundo a lei municipal 1.274, de 8 de julho de
1998, que altera o critério de definição das alíquotas municipais do ISSQN determinadas no então art. 35 do seu
CTM (Lei 1.262, de 30 de dezembro de 1997), foi construída uma alíquota para o município. Segundo a redação
desse artigo, a alíquota incidente sobre uma empresa seria determinada em função de seu montante de
faturamento mensal e, para tanto, a legislação estabelecia quatro categorias de alíquotas conforme a faixa de
faturamento. A alíquota média para o município foi determinada a partir de uma ponderação dessas alíquotas
pelo faturamento estimado para as empresas identificadas no município como parte do setor de serviços. A
aproximação do faturamento das empresas foi feita a partir de uma base de dados da RAIS do ano de 2000
contendo informações sobre todas as empresas no país e a sua massa de salários-mínimos pagos no mês de
dezembro. Foram selecionadas todas as empresas enquadradas nas classes de Cnae 95 identificadas como sendo
classes relacionadas ao setor de serviços e estimou-se que o montante de salários pagos representaria 50% de seu
faturamento. A escolha por esse coeficiente se deve à falta de uma estimativa precisa do peso do fator salário no
faturamento das empresas desse setor econômico e também pela subestimação de estabelecimentos e montante
de mão de obra empregada.
48
observação, como realizado por Ozaki (2003)
76
. As informações a seguir apresentam as
disparidades encontradas para as alíquotas de ISSQN na RMSP.
Como pode ser observado pela Tabela 4, ocorre significativa concentração das
alíquotas médias praticadas pelos municípios da RMSP a partir da aplicação da política de
harmonização, com grande concentração dos municípios em torno da alíquota de piso e, em
tese, diminuindo o espaço para a prática de guerra fiscal por meio das alíquotas. Pelos dados
disponíveis para a Tabela 4 é possível também assegurar o período de escolha para o início da
política de harmonização tributária, dada a forte migração de alíquotas ocorrendo apenas com
a entrada em vigor do texto da LC 116/03 na legislação dos municípios.
A
Tabela 3 apresenta as médias das alíquotas municipais ao longo do período. Os dados
ponderados foram obtidos a partir da ponderação pelo tamanho populacional dos
municípios
77
. Como pode ser visto na Tabela 14, a própria cidade de São Paulo reduziu
consideravelmente sua alíquota média a partir de 2004, o que explica a sensível redução da
alíquota média ponderada da
Tabela 3 e a baixa redução quando comparada com as alíquotas calculadas sem
ponderação.
Tabela 3 – Alíquotas médias observadas anualmente na RMSP
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
Média anual
ponderada
4.72%
4.72%
4.63%
4.41%
4.40%
4.25%
4.25%
Média anual
(não ponderada)
3.47%
3.51%
3.26%
2.71%
2.67%
2.49%
2.46%
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Média anual
ponderada
4.22%
4.30%
3.72%
3.74%
3.71%
3.63%
3.62%
Média anual
(não ponderada)
2.40%
2.60%
2.91%
2.92%
2.88%
2.89%
2.88%
Média 1996-2000
(ponderada)
4.48%
Média 2004-2008
(ponderada)
3.68%
Média 1996-2000
(não ponderada)
2.93%
Média 2004-2008 (não
ponderada)
2.89%
Fonte: elaboração própria.
76
Inicialmente, este trabalho elaborou um modelo de alíquota ponderada a partir dos dados relativos à massa de
salários das atividades identificadas pelas classes de Cnae (tanto para o modelo 95 quanto para o modelo 2.0)
disponíveis na base da RAIS. Cada uma das referidas classes foi relacionada a um grupo de serviços tributáveis
pelo ISSQN e a massa de salários pagas em dezembro foi adotada como o critério de ponderação das alíquotas
médias. A massa de salários atuaria como uma proxxy do seu possível peso na economia local. A alíquota média
ponderada identificada por esses critérios apresentou uma média estatisticamente inferior à média das alíquotas
calculadas por média simples, porém o uso das alíquotas encontradas no modelo aqui desenvolvido não
apresentou significância estatística para os testes de robustez realizados. Em virtude da arbitrariedade envolvida
nos critérios de agrupamento das atividades tributáveis, da escolha das classes de Cnae utilizadas e pelos
resultados estatísticos apresentados, este trabalho optou por lidar apenas com o modelo desenvolvido por Ozaki
(2003).
77
Foi utilizado esse critério para ponderação em função da ausência de dados para alguns municípios quanto à
sua arrecadação de ISSQN para o período deste trabalho.
49
Tabela 4 – Distribuição das alíquotas médias observadas anualmente na RMSP
CATEGORIAS 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
0%-1% 0 0 1 4 5 5 6
1%-2% 4 3 5 7 7 7 7
2%-3% 13 13 11 12 11 18 17
3%-4% 7 7 9 8 8 3 3
4% ou mais 15 16 13 8 8 6 6
CATEGORIAS 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
0%-1% 6 5 0 0 0 0 0
1%-2% 7 5 0 0 0 0 0
2%-3% 18 19 25 24 23 23 23
3%-4% 3 4 11 13 14 14 14
4% ou mais 5 6 3 2 2 2 2
Fonte: elaboração própria.
A tabela a seguir identifica as variáveis selecionadas para este trabalho:
Tabela 5 – Descrição de variáveis
Variáveis Condição
Descrição Base
ARRECADAÇÃO
DO MUNICÍPIO
VD
Arrecadação do município
quanto ao ISSQN
STN
REMUNERAÇÕES
PAGAS
VC
Montante total de remunerações
pagas no município para o mês
de dezembro em salários--
mínimos.
RAIS
EMPRESAS DO
SETOR DE
SERVIÇOS
VC
Número de empresas cadastradas
no município como percentual do
total de estabelecimentos
cadastrados.
RAIS
INSTITUIÇÕES
FINANCEIRAS
VC
Número de estabelecimentos
financeiros no município.
RAIS
ALÍQUOTA ISSQN
VC
Alíquotas praticadas pelos
municípios por categoria de
serviços
MUNICÍPIOS
POPULAÇÃO
VC
Número de habitantes no
município (utilizado para o
cálculo os dados do Censo de
2000).
IBGE
Fonte: elaboração própria.
50
3.6. Especificação do modelo de regressão
Feitas as considerações sobre as variáveis a serem utilizadas para testar os efeitos da
política de harmonização, os procedimentos a seguir auxiliam na especificação de um modelo
que expresse uma proxxy para o faturamento. O primeiro desafio a ser enfrentado para a
especificação deste modelo diz respeito à sua melhor forma funcional. O primeiro problema a
ser enfrentado diz respeito à melhor forma de utilização dos dados. Desconsiderando
inicialmente o problema de heteroscedasticidade
78
, analisa-se a melhor forma de utilização
das variáveis no modelo. Especificamente, é dada especial atenção à forma de utilização dos
dados de ISSQN, Receita Orçamentária e População por serem dados não utilizados na forma
percentual.
O Gráfico 9 apresenta um histograma com a distribuição dos dados sobre o log da
arrecadação de ISSQN e seu ajuste a uma curva log-normal. Como pode ser observado, este é
um primeiro bom indício da forma de especificação do modelo a ser utilizado por este
trabalho. O Gráfico 10 apresenta a distribuição dos dados relativos à população tratados na
forma de log ajustado a uma distribuição log-normal, considerada aqui a forma mais adequada
de distribuição desses dados. Os dados sobre a distribuição do total de remunerações pagas é
apresentado no Gráfico 11.
Apesar das distribuições identificadas em anexo, realiza-se a seguir dois testes para
consolidação do modelo selecionado. Desconsiderando o efeito de heteroscedasticidade das
equações, uma regressão para os dados na forma linear, semi- log e log-linear, identifica por
meio de testes de medida de AIC de Akaike e pelo critério BIC de Schwarz que o modelo
especificado na forma log-linear é o mais indicado
79
. Como aponta Gujarati (2000, p. 258), a
realização de um teste MWD também confirma esse resultado apontando o modelo log-linear
como a forma mais indicada
80
.
78
Como indica Gujarati (2000), a presença de heteroscedasticidade afeta a eficiência na estimação dos
coeficientes, porém ainda seria possível considerar que o coeficiente previsto possa ser linear e não viesado.
Desse modo, é possível realizar os testes para identificar a melhor especificação do modelo não considerando o
problema de heteroscedasticidade, mas sim preocupando-se apenas com o melhor desenho do modelo.
79
Cameron e Triverdi (2009, p. 346) especificam os procedimentos para a realização desse teste e sua forma de
realização em software estatísticos e formas de interpretação. Segundo o teste, a comparação de modelos pode
ser feita por meio dele e a seleção pode ser feita para aquele que apresentar os menores valores de AIC e BIC. O
resultado desses testes pode ser encontrado em anexo na Tabela 8 para os vários modelos testados para este
trabalho.
80
A realização desse teste, descrita em Gujarati (2000, p. 258-259), envolve a manipulação dos valores previstos
pelos modelos especificados na forma linear e log-linear e por isso não foram aqui representados. Para esse teste
51
Como aponta Gujarati (2000) e Wooldridge (2006), a vantagem de trabalhar com
modelos na forma linear é que o resultado dos coeficientes estimados fornecem a elasticidade
da variação observada para a variável dependente quando ocorre uma variação percentual na
variável de controle adotada para o modelo, o que é particularmente interessante para este
trabalho devido às grandes disparidades entre os municípios
81
. Diante da identificação de uma
especificação para o modelo e dos critérios adotados para a realização de suas regressões, as
variáveis são identificadas da forma a seguir:
Tabela 6 – Descrição das variáveis utilizadas no modelo
VARIÁVEL DESCRIÇÃO
LISS
Ln do ISSQN divulgado por cada município
LTOTREM
Ln do total de remunerações pagas em cada município.
LPOP
Ln da população dos municípios divulgadas pelos dados do
Censo 2000.
LNESERV
Ln do total de estabelecimentos identificados no setor de
serviços para cada município, descontados o total de
estabelecimentos do setor financeiro.
LNEFIN
Ln do total de estabelecimentos identificados no setor financeiro
para cada município.
ALQS
Alíquota média de ISSQN ident
ificada para cada município para
cada um dos anos de estudo deste trabalho.
HARM
Dummy para identificar a entrada em vigor da política de
harmonização (0 [zero] para todo período inferior a 2004 e 1
[um] para todo período posterior a 2004).
Fonte: elaboração própria.
Nas ilustrações em anexo é apresenta a correlação e a estatística descritiva dos dados
utilizados neste trabalho em sua forma funcional. A Tabela 9 apresenta uma breve estatística
descritiva contendo as variáveis utilizadas para este trabalho em sua forma funcional. A
Ilustração 2 apresenta gráficos sobre a correlação entre essas variáveis.
O modelo para este trabalho pode então ser identificado a partir das seguintes
equações:
(4)
estimam-se os resultados previstos por cada modelo e as diferenças entre eles são calculadas e adicionadas
novamente nas equações. Segundo a descrição do teste, é possível rejeitar o modelo na forma linear com um
nível de significância de 99% perante o modelo na forma log-linear.
81
Como aponta Wooldridge (2006, p. 215), as variáveis dummies adotadas em um modelo especificado na forma
log-linear também tem seus coeficientes interpretados na forma percentual.
4321
ββββ
efineservpoptotrem
XXXXF =
52
Determinado um modelo para estimar o faturamento e identificada uma forma para o
modelo de arrecadação de ISSQN, podemos apresentá-la do seguinte modo:
(5)
(6)
itiiefineserv
udXX ++++
γββ
)](ln)(ln
43
Uma forma simplificada de apresentação dessa equação e definição de cada uma das
variáveis estudadas nesse modelo é:
(7)
=
mt
A Arrecadação do município “m” no instante “t;
=
0
α
Constante;
=
i
β
Coeficientes das variáveis de controle;
=
mt
x Variáveis de controle adotadas para o modelo (total de salários pagos, total de
estabelecimentos prestadores de serviço, total de instituições financeiras e população);
=
1
δ
Coeficiente da variável dummy de tempo e que passa a agir quando t for maior do que
2004;
=
t
d Dummy de tempo – assume valor igual a 1 para todo o período superior ao ano de 2004.
Ela identifica a variável de harmonização;
=
2
δ
Coeficiente da variável para alíquotas do município;
=
mt
a Alíquotas praticadas pelos municípios em um determinado ano;
=
i
δ
Esse coeficiente é entendido como uma forma genérica de representar outras
dummies
de
controle adotadas no modelo;
=
i
d
Dummies
de controle – assume valor igual a 1 para algum evento que haja interesse de
controle (exemplo, controle para os dados da cidade de São Paulo entre as demais
observações utilizadas no modelo);
=
ε
Termo de erro.
)(.
4321
β
β
ββ
efineservpoptotremimt
XXXXxalqArrec
+++++ )ln()ln()ln()ln(
210 poptotremiitmt
XXalqalqISSQN
ββδβ
udadxA
iimttmtimt
+++++=
δδδβα
210
53
Para a dissertação, um dos coeficientes mais importantes a ser observado diz respeito à
significância do teste para o
1
δ
, pois aponta os efeitos da entrada em vigor da política de
harmonização em estudo sobre a arrecadação de ISSQN dos municípios. Outros eventos
importantes a serem considerados dizem respeito à significância estatística de eventuais
interações entre a dummy de harmonização e as demais variáveis de controle adotadas para
esse modelo, o que corrobora a importância da entrada em vigor dessa política de
harmonização tributária aqui identificada como vigente a partir do ano de 2004
82
.
82
Observando o modelo proposto, se o coeficiente da variável dummy para identificar os efeitos da política de
harmonização for significante, este irá alterar o ponto do intercepto da equação original para a equação a partir
do ano de 2004. A significância estatística do coeficiente para a interação entre a dummy e as demais variáveis
afetam o coeficiente angular da equação original a partir do ano de 2004.
54
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Nesta etapa do trabalho apresenta-se a aplicação da metodologia desenvolvida ao final
do capítulo anterior e avaliam-se as hipóteses formuladas. Como especificado, a análise dos
resultados da política de harmonização é específica para a RMSP
83
.
Definida a forma log-linear para o modelo, torna-se necessário avaliá-lo quanto à sua
especificação e possível heteroscedasticidade
84
. Para tanto, a primeira análise será feita por
meio de testes dos erros da especificação da regressão
85
. Os testes quanto à
heteroscedasticidade do modelo realizados por meio de um teste de Breusch-Pagan
86
e um
teste de White
87
demonstram que o modelo apresenta heteroscedasticidade. A partir desses
resultados, as regressões utilizadas neste trabalho consideram esta condição
88
. A tabela a
seguir apresenta os 3 resultados encontrados para a regressão aplicada neste modelo. O
primeiro resultado apresenta os resultados encontrados para o modelo coniderando-se apenas
a forma log-linear de tratamento dos dados. Reconhecida para a primeira equação a
ocorrência de heteroscedasticidade no modelo, as duas equações apresentadas na sequência
procuram tratar a ocorrência deste fenômeno.
83
A aplicação desse mesmo modelo para as demais RMBs e até mesmo para os demais municípios brasileiros é
prejudicada pela identificação de um problema quanto à especificação do modelo (apresenta baixa significância
estatística). Esse efeito, possivelmente, se deve às muitas especificidades econômicas das RMBs e também pela
baixa arrecadação de ISSQN pelo país. Em virtude desses efeitos, o resultado da aplicação desse modelo para
todas as RMBs não foi aqui apresentado. Apesar dos maus resultados para testes de especificação do modelo, é
possível afirmar que os resultados para o coeficiente da variável de harmonização foram positivos e significantes
para tais regressões, mesmo com a exclusão dos dados referentes à RMSP.
84
Como define Gujarati (2000), a heteroscedasticidade é a não observância de igual variância na dispersão dos
erros, afetando a eficiência na estimação dos coeficientes do modelo.
85
O teste de especificação aqui utilizado também conhecido como teste Reset (sigla em inglês para Regression
Specification Error Test) é detalhado em Cameron e Triverdi (2009, p. 95-96) para o software Stata. A lógica por
trás do teste ovtest é a inclusão dos valores previstos da variável dependente como um regressor da equação
original para avaliar a significância desse termo.
86
Para maiores informações sobre esse teste, ver Wooldridge (2006, p. 253).
87
Para maiores informações sobre esse teste, ver Cameron e Triverdi (2009, p. 98).
88
Para lidar com essa condição, como apontam Cameron e Triverdi (2009, p. 82), os modelos serão abordados
sempre com as equações acompanhadas da especificação (cluster) tomando os dados sobre populações como a
variável de agrupamento. Essa consideração, como apontam Cameron e Triverdi (2009, p. 327), evita os
problemas de inconsistência do estimador gerado pela simples adição do comando robust. Agrupar os dados pela
função cluster permite não apenas formar um estimador para lidar com a heteroscedasticidade, mas reconhece
que não independência entre as observações para os mesmos municípios utilizados para esse trabalho ao
longo do tempo.
55
Tabela 7 Apresentação das equações identificadas para este modelo na forma log-linear e tratamento
para a heteroscedasticidade
LNISS (1) (2) (3)
LNTOTREM 0,68*** 0,68*** 0,69***
(0,045) (0,10) (0,10)
LNPOP - 0,35*** -0,35*** -0,34***
(0,03) (0,08) (0,092)
LNESERV 0,63*** 0,631*** 0,64***
(0,05) (0,104) (0,103)
LNEFIN 0,021 0,021 -0,005
(0,039) (0,079) (0,99)
ALQS 1,80 1,80 1,89
(1,92) (4,43) (4,49)
HARM 0,393*** 0,39*** 0,3604***
(0,045) (0,07) (0,06)
LRF 0,382***
(0,111)
NFE -0,087
(0,078)
LCSP 0,132
(0,09)
CONS 8,32*** 8,32*** 8,11
(0,37) (0,93) (1,06)
observações
536 536 536
F 1551,03 406,91 -
0,9462 0,9462 0,9466
R² ajust 0,9456
ESTAT IC
AIC 635,99 635,99 635,87
BIC 665,98 665,98 674,36
Prob. Ovtest
0,09 0,09 0,10
(1) Regressão do modelo na forma log-linear para toda a RMSP
89
(2) Resultado das regressões para a RMSP considerando o efeito de heteroscedasticidade dos erros e
o tratamento dos dados como cluster a partir das informações populacionais
90
(3) Resultado para as regressões incluindo as dummies para identificar a LRF, NF-e e a LCSP da
cidade de São Paulo e apresentação dos testes de significância da especificação
91
*significante a 10%; ** significante a 5%; *** significante a 1%.
Fonte: elaboração própria
89
As três observações perdidas para a amostra estão relacionadas à apresentação de resultado igual a 0 (zero)
para o número de estabelecimentos financeiros para os municípios de São Lourenço da Serra, nos anos de 1995 e
1996, e para o município de Juquitiba, no ano de 1996, nos dados da RAIS.
90
Os gráficos com a distribuição dos erros, o ajuste dos resíduos e dos valores de arrecadação previstos por esse
modelo encontram-se no Gráfico 12, ao tratar da dispersão dos resíduos, no Gráfico 14, para tratar do ajuste
desses resíduos a uma distribuição log-normal, e para o Gráfico 15 apresenta-se a distribuição dos valores
previtos pelo modelo quando comparados a uma distribuição log-normal na parte em anexo.
91
O próprio software Stata não reporta os dados de estatística F para esse modelo. Essa omissão se deve pelo
longo período em que as variáveis Harm e LRF estão ativas no modelo. Resultados com a inclusão individual
dessas três novas dummies no modelo demonstram que o resultado positivo e significante da variável Harm com
as demais é preservado e a adoção dessas medidas não interfere no resultado da variável de estudo deste trabalho
e, como para a regressão apresentada na Error! Reference source not found., não apresentam maior
significância, exceto para a dummy, envolvendo a entrada em vigor da LRF.
56
Os respectivos sinais dos coeficientes identificados para a regressão se encontram
dentro do esperado
92
e identificam para a variável Harm resultado positivo e significante para
o aumento na arrecadação de ISSQN
93
. Surpreende para os resultados o sinal negativo para
os dados populacionais e a significância estatística para seus resultados.
A explicação para esse sinal do coeficiente somente é possível ao analisar a
distribuição per capita de ISSQN entre os anos, como mostra a Tabela 15, em anexo, que
apresenta as três maiores arrecadações per capitas de ISSQN ao longo de todo o período de
estudo. Como mostra a tabela, é evidente a alta arrecadação de ISSQN por parte de São Paulo
frente aos demais municípios. Porém, ao analisar a sua arrecadação per capita é possível notar
que esse município deixou muito tempo de figurar entre as três maiores arrecadações per
capitas de ISSQN na região
94
.
Outro importante resultado é encontrado para o sinal do coeficiente da variável
alíquota, porém não sendo possível maiores afirmações em virtude da falta de maior
significância estatística para esses resultados. Como aponta o trabalho de Ozaki (2003), seria
possível afirmar que a determinação das alíquotas de ISSQN quanto ao seu valor de piso e
teto estariam no trecho ascendente dentro do conceito da curva de Laffer. Como aponta
Mankiw (2005), a curva de Laffer surge como uma consideração proposta pelo economista
Arthur Laffer, na década de 70, para analisar a relação entre alíquotas tributárias e a
arrecadação tributária do Estado. Segundo essa concepção, seria observada uma relação
quadrática entre alíquota e montante arrecadado
95
. Diante disso, observar-se-ia para a
92
Para este trabalho também foi utilizada como medida de regressão a alíquota predomintante (moda das
alíquotas) praticada pelos Municípios da RMSP para suas tabelas de serviços. Em virtude da ausência de maiores
informações sobre o peso de cada categoria de serviço na arrecadação de ISSQN, não se atribuiu qualquer
cálculo de peso ou média entre as categorias e subcategorias de serviços. A utilização dos dados sobre alíquotas
predominantes em detrimento do uso das médias apresenta os mesmos resultados encontrados para a regressão
acima. Vale destacar também que o resultado para a regressão com o uso da moda também não apresentou
robustez para os coeficientes de interação entre a variável Harm e as demais.
93
A regressão individualmente realizada envolvendo a interação entre a variável Harm e as demais variáveis
utilizadas para esse modelo não apresentam maior significância estatística, o que prejudica a realização de
maiores testes para a robustez do fenômeno aqui estudado. Individualmente, o resultado de cada coeficiente para
a interação entre as variáveis representam a elasticidade da arrecadação perante a variações nos respectivos
coeficientes considerando-se a entrada em vigor da política de harmonização. Essa medida, em
microeconometria, aproxima-se aos testes desenvolvidos pelas técnicas de Differences in Differences e Before
and After conforme os critérios adotados. Maiores informações sobre esses testes podem ser encontradas em Lee
(2005).
94
Como demonstram os dados da Tabela 15, a distância da cidade de São Paulo para os primeiros colocados
chega a ser, para os anos de 2003 e 2004, quase a metade da arrecadação do terceiro colocado, caindo nos anos a
seguir para algo próximo a 60%. Vale notar que o período a partir de 2004 em que São Paulo volta a figurar no
quarto lugar de arrecadação é o mesmo período em que o município passa a adotar alíquotas médias menores
para o seu ISSQN.
95
Esse trabalho não considerou como seu objeto central de análise a aplicação dos conceitos da curva de Laffer e
elasticidade de arrecadação perante a alíquota e, por isso, maiores especificações não foram realizadas para essa
variável nesta dissertação. Foram realizadas outras regressões aplicando os dados para alíquota na sua forma
57
arrecadação tributária um ponto de alíquota máxima em que novos aumentos na alíquota
representariam uma queda na arrecadação por parte do governo.
A curva de Laffer, apesar de apontar um conceito econômico relevante para a
formulação de políticas tributárias, não deixa de ser menos sujeita a críticas. A primeira delas
diz respeito à dificuldade de se identificar um ponto de ótimo para a alíquota tributária, de
modo a maximizar a arrecadação tributária do Estado. Outra crítica importante considera a
necessidade de se observar as elasticidades de oferta e demanda dos bens tributados como
uma forma de melhor avaliar os efeitos das mudanças nas alíquotas tributárias, o que nem
sempre é uma tarefa fácil, dada a dificuldade de coleta dos dados
96
.
A última equação apresentada procura avaliar se há independência para os resultados
encontrados para a inclusão da política de harmonização variável Harm sobre a arrecadação
de ISSQN dos municípios. Para avaliar as variáveis de controle fiscal apresentadas no
capítulo anterior, serão incluídas no modelo dessa regressão uma variável dummy para a
entrada em vigor LRF, da inclusão dos dados sobre nota fiscal eletrônica implementados
pelos municípios da RMSP, e também a entrada em vigor da Lei de Cadastros da cidade de
São Paulo. O resultado dessa regressão confirma a significância estatística e positiva
encontrada para a variável Harm em estudo neste trabalho e identifica a sua significância
independentemente das demais medidas encontradas dentro do período de estudo. Desse
resultado, vale a pena observar os resultados para a dummy adotada para a LRF
97
.
4.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta dissertação centra seu debate em torno da condição dos municípios como entes
federativos e procura explorar um pouco da sua dinâmica de interação. Para melhor
compreender a política de harmonização em estudo, este trabalho procurou expor as
quadrática juntamente com as demais variáveis deste trabalho, porém a significância estatística para esses
coeficientes permaneceram não significantes. Quanto a esses resultados, vale destacar que indicavam a formação
de uma curva quadrática com sua concavidade para baixo, como apontam as considerações da teoria de Laffer.
96
Como mencionado inicialmente, a ausência de informações por parte dos municípios para a sua arrecadação
pelas respectivas categorias de serviços tributáveis pelo ISSQN impede a realização de trabalhos mais
aprofundados em torno desse tema.
97
Como enuncia a LC 101/2000, essa medida passou a exigir maior rigor fiscal dos governos subnacionais
brasileiros e pode ter afetado a administração tributária dos governos municipais. Por apresentar inúmeras
especificidades quanto às exigências feitas aos governos municipais em virtude do tamanho da sua população,
maiores detalhes não serão abordados por este trabalho para a entrada em vigor dessa medida. Por outro lado, os
resultados inicialmente identificados aqui fornecem indícios para a realização de maiores estudos sobre a adoção
dessa medida.
58
especificidades do federalismo brasileiro e seu sistema tributário para, a partir de então,
compreender as medidas por trás da política de harmonização proposta e seus efeitos sobre as
finanças municipais.
Como exposto ao longo deste trabalho, grande dificuldade em realizar estudos mais
aprofundados para a compreensão das políticas aplicadas aos governos municipais. Com isso,
são reconhecidas as muitas limitações encontradas para este estudo e os problemas
identificados com a falta de maior robustez para as regressões realizadas. Apesar dessas
limitações, espera-se que este trabalho possa contribuir para o desenvolvimento de novos
estudos sobre a interação entre governos locais.
Este trabalho centra seus esforços na compreensão dos efeitos da política de
harmonização sobre a RMSP, região que concentra o maior montante de recursos arrecadados
por esse tributo. Pela exposição contida no Capítulo 2 deste trabalho, é importante ressaltar o
quanto essa região é distinta do resto do país e as considerações aqui realizadas devem ser
tomadas com bastante atenção. Embora os resultados iniciais apresentem a mesma tendência,
as condições encontradas pelo modelo para os demais municípios brasileiros não permite
categoricamente extrapolar os efeitos encontrados para essa região para a realidade das outras
localidades.
Espera-se com esta pesquisa contribuir para o desenvolvimento de estudos futuros
sobre o desenho de políticas tributárias no país e fornecer subsídios para estudos sobre a
dinâmica de interação entre governos locais. As distorções do sistema tributário nacional e as
condições fiscais no país pedem que esse debate se intensifique e favoreça a busca de novos
caminhos para ao discussão em torno do modelo tributário do país.
Como apontam os resultados encontrados neste trabalho, é possível afirmar que a
adoção dessa medida de harmonização apresentou resultados positivos e significantes para a
arrecadação de ISSQN nos municípios que compõem a RMSP. Porém, algumas observações
adicionais devem ser feitas.
É possível afirmar que as medidas estudadas por este trabalho favoreceram o aumento
da arrecadação tributária via ISSQN atacando a prática de redução de alíquotas praticadas por
alguns municípios. A política estudada por este trabalho surge como uma forma de
coordenação das atividades dos governos subnacionais a partir de ações adotadas por um
agente externo e apresentou resultados positivos sobre a arrecadação municipal.
Por outro lado, como ficou evidente, a partir da pesquisa de campo realizada, as
práticas de guerra fiscal de forma alguma se encerraram, apenas mudaram suas características
e, ao que parece indicar as alíquotas adotadas pelos municípios da região, abriu caminho para
59
uma nova dinâmica de interações. Diante dessas perspectivas, apenas se confirmariam as
evidências de uma infinidade de novos caminhos a serem trilhados pela academia para maior
compreensão do federalismo nacional.
Algumas das perspectivas abertas pela exposição desse trabalho podem ser
identificadas a seguir. A primeira e mais importante delas visaria melhor compreender os
mecanismos de interação entre os governos subnacionais, bem como entre as diversas esferas
do sistema federativo nacional. Outro importante elemento de continuidade a partir desta
dissertação, visaria aprofundar o debate sobre o papel dos partidos políticos na identificação
de ações coordenadas entre governos locais e entre estes e as demais esferas. Na esfera
jurídica, espera-se com este trabalho enriquecer seus mecanismos de estudo, estimulando,
principalmente, a adoção de estudos que explorem a análise dos efeitos ocasionados pela
introdução das normas no ordenamento e quais respostas o plano real oferece às normas a ele
apresentadas.
60
REFERÊNCIAS
ABRUCIO, Fernando Luiz; COSTA, Valeriano Mendes Ferreira. Reforma do Estado e o
contexto federativo brasileiro. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 1998.
ACCA, Rogério dos Santos. A dinâmica produtiva recente da metrópole paulista: das
perspectivas pós-industriais à consolidação do espaço industrial de serviços. Revista de
Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 49, n. 1, p. 119-157, 2006.
ARAUJO, Gilda Cardoso de. Município, federação e educação: história das instituições e
das ideias políticas no Brasil. 2005. 333 f. Tese (doutorado) Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2005.
ARBIX, Glauco. Guerra fiscal e competição intermunicipal por novos investimentos no
setor automotivo brasileiro. Dados, Rio de Janeiro, vol. 43, n. 1, 2000.
ARRETCHE, Marta. Federalismo e democracia no Brasil: a visão da ciência política
norte-americana. São Paulo Perspec., v. 15, n. 4, p. 23-31, 2001.
AVELAR, Lucia; CINTRA, Antônio Octávio. Sistema político brasileiro: uma introdução.
Rio de Janeiro: Konrad- Adenauer-Siftung, 2. ed., 2007.
BARCELLOS, S. H. Efeitos da tributação sobre a organização e localização de firmas no
setor de serviços. 2004. 68 p. Dissertação de Mestrado Pontificia Universidade Católica do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.
BATISTA, Marcelo Caron. ISS: do texto à norma. São Paulo: Quartier Latin, 2005.
BIDERMAN, Ciro; OZAKI, Marcos Takao. A importância do regime de estimativa de ISS
para a arrecadação tributária dos municípios brasileiros. RAC. Revista de Administração
Contemporânea, Curitiba, v. 8, n. 2, p. 99-114, dez. 2004.
BIGLAISER; Gary. MEZZETTI; Claudio. Politicians’ decision making with re-election
concerns. Journal of Public Economics, v. 66, p. 425–447, 1997.
BRASIL. Constituição (1934), de 16 de julho de 1934. Diário Oficial [dos] Estados Unidos
do Brasil, Rio de Janeiro, DF, 16 jul. 1934. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao34.htm>. Acesso em: 02 jan.
2010.
61
BRASIL. Constituição (1937), de 10 de novembro de 1937. Diário Oficial [dos] Estados
Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, DF, 10 nov. 1937. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao37.htm>. Acesso em: 02 jan.
2010.
BRASIL. Constituição (1988), de 5 de outubro de 1988. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 out. 1988. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 02
jan. 2010.
BRASIL. Decreto Lei 406, de 31 de dezembro de 1968. Estabelece normas gerais de
direito financeiro, aplicáveis aos impostos sôbre operações relativas à circulação de
mercadorias e sôbre serviços de qualquer natureza, e outras providências. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 dez. 1968. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del0406.htm>. Acesso em: 02 jan. 2010.
BRASIL. Decreto Lei 834, de 08 de setembro de 1969. Dispõe sôbre a entrega das
parcelas, pertencentes aos Municípios, do produto da arrecadação do impôsto sôbre circulação
de mercadoria, estabelece normas gerais sôbre conflito da competência tributária, sôbre o
impôsto de serviços e outras providências.. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 08 set. 1969. Disponível em: < http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/
110086/decreto-lei-834-69>. Acesso em: 02 jan. 2010.
BRASIL. Emenda Constitucional 37, de 12 de junho de 2002. Altera os arts. 100 e 156
da Constituição Federal e acrescenta os arts. 84, 85, 86, 87 e 88 ao Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
13 jun. 2002. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/
Emc/emc37.htm>. Acesso em: 02 jan. 2010.
BRASIL. Deputado Federal Jutahy Junior. Emenda Parlamentar Constitucional nº 3, de 31
de outubro de 2001. Inclua-se o seguinte novo art. à Proposta de Emenda à Constituição
407, de 2001, renumerando-se o atual. Brasília, DF, 31 out. 2001. Disponível em: <
http://www.camara.gov.br/sileg/integras/9830.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2010.
BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de oububro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário
Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e
Municípios. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27 de outubro
de 1966 e retificado no Diário Oficial de 31 out. 1966. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm>. Acesso em: 02 jan. 2010.
BRASIL. Lei Complementar 14, de 08 de junho de 1973. Estabelece as regiões
metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba, Belém
62
e Fortaleza. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, de 08 jun. 1973.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp14.htm>. Acesso em: 02
jan. 2010.
BRASIL. Lei Complementar 56, de 15 de dezembro de 1987. nova redação à Lista de
Serviços a que se refere o art. do Decreto-lei 406, de 31 de dezembro de 1968, e
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, de 15
dez. 1987. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil/Leis/LCP/Lcp56.htm>. Acesso
em: 02 jan. 2010.
BRASIL. Lei Complementar nº 63, de 11 de janeiro de 1990. Dispõe sobre critérios e prazos
de crédito das parcelas do produto da arrecadação de impostos de competência dos Estados e
de transferências por estes recebidos, pertencentes aos Municípios, e outras providências.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, de 12 jan. 1990. Disponível
em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp63.htm>. Acesso em: 02 jan. 2010.
BRASIL. Lei Complementar 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças
públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e outras providências. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, de 05 mai. 2000. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em: 02 jan. 2010.
BRASIL. Lei Complementar 116, de 31 de julho de 2003. Dispõe sobre o Imposto Sobre
Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, e
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, de 01
ago. 2003. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/LCP/Lcp116.htm>.
Acesso em: 02 jan. 2010.
BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto
Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis n
os
8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei n
o
5.452, de 1
o
de maio de 1943, da Lei n
o
10.189, de 14 de
fevereiro de 2001, da Lei Complementar n
o
63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis n
os
9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, de 14 jan. 2006 e republicado em 31 jan. 2009.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em:
02 jan. 2010.
BRASIL. Presidência da República. Mensagem 696 (Proposta de Emenda a Constituição
407). Acrescenta art. 84 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, de 23 de agosto
de 2001. Diário da Câmara dos Deputados [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
de 31 ago. 2001. Disponível em: < http://imagem.camara.gov.br/dc_20.asp?selCodColecao
Csv=D&Datain=31/8/2001&txpagina=40881&altura=700&largura=800>. Acesso em: 02 jan.
2010.
63
BRASIL. Deputado Federal Delfim Netto. Parecer do Relator à Proposta de Emenda a
Constituição 407. Parecer do Relator, Dep. Delfim Netto, pela aprovação desta, da Emenda
de Comissão 2 PEC40701, da Emenda de Comissão 3 PEC40701, da Emenda de Comissão 9
PEC40701, da Emenda de Comissão 12 PEC40701, e da Emenda de Comissão 17 PEC40701,
e pela rejeição da Emenda de Comissão 4 PEC40701, da Emenda de Comissão 5 PEC40701,
da Emenda de Comissão 6 PEC40701, da Emenda de Comissão 7 PEC40701, da Emenda de
Comissão 8 PEC40701, da Emenda de Comissão 10 PEC40701, da Emenda de Comissão 11
PEC40701, da Emenda de Comissão 13 PEC40701, da Emenda de Comissão 14 PEC40701,
da Emenda de Comissão 15 PEC40701, da Emenda de Comissão 16 PEC40701, da Emenda
de Comissão 18 PEC40701, da Emenda de Comissão 19 PEC40701, e da Emenda de
Comissão 1 PEC40701. Brasília, DF, de 11 dez. 2001. Disponível em: <
http://www.camara.gov.br/sileg/integras/14624.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2010.
BRENNNAN, Geoffrey; BUCHANAN, James M. The power to tax: analytical foundations
of a fiscal constitution. New York: Cambridge University, 1980.
BRUCKNER, Jan K. A tiebout/ tax-competition model. Journal of Public Economics, v. 77,
285-306, 2000.
BUCOVETSKY, Sam ; MARCHAND, Maurice ; PESTIEAU, Pierre. Tax competition and
revelation of preferences for public expenditure. Journal of Urban Economics, v. 44, 367-
390, 1998.
BURBIDGE; John B. DEPATER; James A. MYERS; Gordon M. SENGUPTA; Abhijit. A
Coalition-Formation Approach to Equilibrium Federations and Trading Blocs. The
American Economic Review, v. 87, n. 5, 940-956; 1997.
CAMERON, A. Colin; TRIVERDI, Pravin K. Microeconometrics using stata. College
Station, Stata Press, 2009.
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 24. ed. - São
Paulo: Malheiros, 2008
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 21. ed. São Paulo: Saraiva,
2009.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 25. ed. São Paulo:
Saraiva, 2005.
64
DEBACO, E. S.; JORGE NETO, P. M. Competição entre os estados por investimentos
privados. Fortaleza, UFC, Centro de Estudos de Economia Regional, 1998. 14 p. (Texto de
Discussão 180).
GARCIA, Mamerto Granja. Impacto das ações governamentais na arrecadação do
município de São Paulo. In: Seminário Nacional de Melhores Práticas e Propostas de
Gestão na Arrecadação Municipal, 2008, São Paulo. Anais. São Paulo: Senam, 2008.
GARSON, Sol. Regiões metropolitanas: por que não cooperam? Rio de Janeiro: Letra
Capital, 2009.
GUJARATI, Damodar N. Econometria básica. Traduzido por Ernesto Yoshida. 3 ed. São
Paulo: Makron Books. 2000.
HARADA, Kiyoshi. ISS e o local da prestação de serviços . Jus Navigandi, Teresina, ano 6,
n. 52, nov. 2001. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2428>.
Acesso em: 15 jul. 2008.
HAYEK, Friedrich. The economic conditions of interstate federalism. In: ______.
Individualism and the Economic Order, Univ. of Chicago Press, 1948, cap. 12, p. 255-272.
HOFMEISTER, W. CARNEIRO, J.M.B. (Orgs). Federalismo na Alemanha e no Brasil.
São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 2001.
JAY, John; HAMILTON, Alexander; MADISON, James. O federalista. Traduzido por
Heitor Almeida Herera. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1984.
LEE, Myoung-Jae. Microeconometrics for policy, program and treatment effects. New
York: Oxford University Press, 2005.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 26. ed. São Paulo: Malheiros,
2005
MANKIW, N. Gregory. Princípios de microeconomia. Traduzido por Allan Vidigal
Hastings. 3. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Limites à abrangência e a intensidade da
regulação estatal. Revista Eletrônica de Direito Administrativo Econômico, Salvador,
65
Instituto de Direito blico da Bahia, n. 4, nov/dez 2005, jan. 2006. Disponível em:
<www.direitodoestado.com.br>. Acesso em 10 dez. 2009.
MARTINS, Sergio Pinto. Manual do imposto sobre serviços. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MELO, Marcus André. Crise federativa, guerra fiscal e “hobbesianismo municipal”
efeitos perversos da descentralização? São Paulo em Perspectiva, v. 10, n. 3, jul-set 1996.
MELO, Marcus André; AZEVEDO, Sérgio de. Federalismo e mudança constitucional:
consocialismo e ação coletiva na reforma tributária brasileira. In: Congresso
Internacional da Latin American Studies Association, 1997, Guadalajara. Anais eletrônicos.
Guadalajara. Disponível em: <http://lasa.international.pitt.edu/LASA97/melo.pdf>. Acesso
em 10 abr. 2009.
MONTORO, Eugênio Franco. O município na constituição brasileira. São Paulo, São
Paulo: Educ: J. Vellenich, 1975.
MONTORO, Eugenio Augusto Franco. A implantação das regiões metropolitanas. São
Paulo: FGV-Eaesp, 1984.
NASCIMENTO, Sidnei Pereira. Guerra Fiscal: um avaliação com base no PIB, nas
recietas de ICMS e na geração de emprego, comparando Estados participantes e não
participantes. 2008.162 f. Tese (Doutorado em Economia) - Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2008.
OATES, Wallace E. Fiscal federalism. Journal of Public Economics, New York, v. 2, p.
188-191, abr./1972.
OATES, Wallace E. On the theory and practice of fiscal decentralization. MIT, Institute
for Federalism & Intergovernmental Relations, IFIR, 2006. 38 p. (Working Paper n. 2006-05).
OLIVEIRA, Vanessa Elias de. O municipalismo brasileiro e a provisão local de políticas
sociais. 2007. 237 f. Tese (Doutorado em Ciência Política) Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2007.
OZAKI, Marcos Takao. A otimização da tributação dos serviços abrangidos pelo ISS:
uma análise de sua eficiência econômica e administrativa, com aplicações para o
município de São Paulo. 2003, 150 f. Dissertação (Mestrado em Finanças Públicas) Escola
de Administração de Empresas de são Paulo da Fundação Getulio Vargas, São Paulo, 2003.
66
PALOMBO, Paulo Eduardo Moledo. Descentralização, construção de restrições
orçamentárias "hard" e a evolução do tamanho dos governos estaduais no Brasil. 2006.
78 p. Dissertação (Mestrado em Economia) Escola de Administração de Empresas de o
Paulo, São Paulo, 2006.
PRADO, Sérgio. Equalização e federalismo fiscal Uma análise comparada: Alemanha,
Índia, Canadá, Austrália. Konrad-Adenauer-Stiftung, Rio de Janeiro, 2006.
PRUD’HOMME, Rémy. On the dangers of decentralization. Policy Research Working
Paper, 1994. Disponível em < www.wds.worldbank.org/
servlet/WDSContentServer/WDSP/IB/1994/02/01/000009265_3961005225011/Rendered/PD
F/multi_page.pdf>. Acesso em 15 out. 2009.
ROCHA, Fabio Guimarães. Contribuição de modelos de séries temporais para a previsão
de arrecadação de ISS. 2003, 123 f. Dissertação (Mestrado em Economia) Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2003.
RODDEN, Jonathan. Federalismo e descentralização em perspectiva comparada: sobre
significados e medidas. Revista de Sociologia Política., Curitiba, 24, p. 9-27, jun. 2006.
SÃO PAULO (Estado). Decreto 47.963, de 29 de março de 1967. Dispõe sobre a criação do
conselho de desenvolvimento da grande são paulo, do grupo executivo da grande são paulo e
outras providências. Diretoria Geral da Secretaria de Estado dos Negócios do Governo
Estado de São Paulo, São Paulo, SP, de 29 mar. 1967. Disponível em: <
http://www.al.sp.gov.br/portal/site/Internet/IntegraDDILEI?vgnextoid=2ddd0b9198067110V
gnVCM100000590014acRCRD&tipoNorma=3>. Acesso em: 02 jan. 2010.
SÃO PAULO (Estado). Decreto 48.162, de 03 de julho de 1967. Dispõe sobre normas para a
regionalização das atividades da administração estadual. Diretoria Geral da Secretaria de
Estado dos Negócios do Governo Estado de São Paulo, São Paulo, SP, de 03 jul. 1967.
Disponível em: < http://www.al.sp.gov.br/portal/site/Internet/IntegraDDILEI?vgnextoid=
2ddd0b9198067110VgnVCM100000590014acRCRD&tipoNorma=3>. Acesso em: 02 jan.
2010.
SÃO PAULO (Estado). Decreto 48.163, de 03 de julho de 1967. Dispõe sobre as regiões que
deverão ser adotadas pelos órgãos da administração pública. Diretoria Geral da Secretaria de
Estado dos Negócios do Governo Estado de São Paulo, São Paulo, SP, de 03 jul. 1967.
Disponível em: <
http://www.al.sp.gov.br/portal/site/Internet/IntegraDDILEI?vgnextoid=2ddd0b9198067110V
gnVCM100000590014acRCRD&tipoNorma=3>. Acesso em: 02 jan. 2010.
67
SÃO PAULO (Estado). Lei Complementar nº 760, de de agoto de 1994. Estabelece
diretrizes para a Organização Regional do Estado. Diário Oficial [do] Estado de São Paulo,
São Paulo, SP, de 02 ago. 1994. Disponível em: <
http://www.al.sp.gov.br/portal/site/Internet/IntegraDDILEI?vgnextoid=2ddd0b9198067110V
gnVCM100000590014acRCRD&tipoNorma=2>. Acesso em: 02 jan. 2010.
SÃO PAULO (Município). Decreto 46.598, de 04 de novembro de 2005. Regulamenta o
disposto nos artigos 9º-A E 9º-B da lei nº 13.701, de 24 de dezembro de 2003, acrescidos pela
lei 14.042, de 30 de agosto de 2005. Publicado na Secretaria do Governo Municipal, São
Paulo, SP, de 4 nov. de 2005. Disponível em: < http://www.leismunicipais.com.br/cgi-
local/forpgs/showinglaw.pl>. Acesso em: 02 jan. 2010.
SÃO PAULO (Município). Lei Complementar 14042, de 30 de agoto de 2005. Introduz
modificações no art. e acrescenta o art. 9º-A à lei 13.701, de 24 de dezembro de 2003,
que altera a legislação do imposto sobre serviços de qualquer natureza - iss; confere nova
redação ao art. 20 da lei 10.182, de 30 de outubro de 1986. Diário Publicado na Secretaria
do Governo Municipal, São Paulo, SP, de 31 ago. de 2005. Disponível em: <
http://www.leismunicipais.com.br/cgi-local/forpgs/showinglaw.pl>. Acesso em: 02 jan. 2010.
SALESÓPOLIS. Lei nº 1262, de 30 de dezembro de 1997. Institui o Código Tributário
Municipal. Registrada na Secretaria de Administração e Pessoal da Prefeiruta Municpial de
Salesópolis e publicada no Quadro de Editais da Portaria Municipal na mesma data supra.
SALESÓPOLIS. Lei 1274, de 08 de julho de 1998. Altera o art. 35 da Lei 1262 de 30 de
dezembro de 1997 e outras providências. Registrada na Secretaria de Administração e
Pessoal da Prefeiruta Municpial de Salesópolis e publicada no Quadro de Editais da Portaria
Municipal na mesma data supra.
SOUZA, Celina. Intermediação de interesses regionais no Brasil: o impacto do
federalismo e da descentralização. Dados, Rio de Janeiro, v. 41, n. 3, 1998.
SOUZA, Celina. Federalismo: teorias e conceitos revistados. BIB, São Paulo, n. 65, p. 27-
48, set./2008.
TIEBOUT, Charles M. A pure theory of local expenditure. The Journal of Political
Economy, v. 64, n. 5, p. 416-424, out. 1956.
68
WARTH, Anne. Metade do PIB de SP está na região metropolitana. O Estado de São
Paulo. São Paulo, 19 dez. de 2007. Disponível em:
<www.estadao.com.br/economia/not_eco98629,0.htm>. Acesso em: 5 jul. 2009.
WILSON, John Douglas. Theories of tax competition. National Tax Journal, ed. 52, v. 2,
pp. 269-304, Jun 1999.
WOOLDRIDGE, Jeffrey M. Introdução à econometria: uma abordagem moderna.
Traduzido por Rogério Cézar de Souza e José Antônio Ferreira. Thomson Learning, São
Paulo, 2006.
69
ANEXOS
0 .1 .2 .3
Density
12 14 16 18 20 22
LNISS
Gráfico 9 – Histograma do log do ISSQN e seu ajuste a curvas log-normal
Fonte: elaboração própria.
Obs.: um teste ladder realizado no software Stata não apresenta qualquer especificação para os dados sobre o
ISSQN, porém o mesmo não ocorre para um teste na sua forma em log.
0 .1 .2 .3 .4 .5
Density
10 12 14 16
LNPOP
Gráfico 10 – Histograma do log da população municipal (dados do Censo 2000) e seu ajuste a curvas log-normal
Fonte: elaboração própria.
Obs.: um teste ladder realizado no software Stata identifica a possibilidade de utilizar os dados relativos à
população na forma de log ou na forma inversa de uma raiz quadrada.
70
0 .1 .2 .3
Density
8 10 12 14 16 18
LTOTREM
Gráfico 11 – Histograma do log do total de remunerações pagas em dezembro e seu ajuste a curvas log--normal
Fonte: elaboração própria.
Obs.: um teste ladder realizado no software Stata identifica a distribuição dos dados de remuneração na forma de
log, como a mais adequada.
Tabela 8 - Regressão do modelo na forma log-linear e teste AIC e BIC
ISS (1) (2) (3) (4)
TOTREM 23,82*** -2,76e-07* -2,00e+08*** 0,68***
(3,21) (1,37e-07) (4,61e+07) (0,045)
POP2000 -84,79*** 3,68e-06***
4,39e+07 - 0,35***
(11,18) (4,76e-07) (3,64e+07) (0,03)
ESERV 27871,04***
-0,0002*** 2,44e+08*** 0,63***
(1223,54) (0,00005) (5,27e+07) (0,05)
EFIN 429151,5***
0,0007 1,53e+08*** 0,021
(8975,73) (0,0003) (3,96e+07) (0,039)
ALQS1 -9,17e+07 -3,05 3,99e+09* 1,80
(1,43e+08) (6,07) (1,94e+09) (1,92)
HARM 721243,2 0,72 -1,31e+08***
0,393***
(3085069) (0,131) (4,59e+07) (0,045)
CONS 3908810 15,18 -2,27e+07 8,32***
(4117587) (0,175) (3,74e+08) (0,37)
observações 539 539 536 536
F 24875,63 66,73 58,37 1551,03
0,9964 0,4294 0,3983 0,9462
R² ajust 0,9964 0,4230 0,3915 0,9456
ESTAT IC
AIC 20216,68 1920,43 22858 635,99
BIC 20246,71 1950,46 22887,99 665,98
(1) Regressão do modelo na forma linear para toda a RMSP
(2) Regressão do modelo na forma semilog para a RMSP
(3) Regressão do modelo na forma semilog para a RMSP
98
(4) Regressão do modelo na forma log-linear
99
*significante a 10%; ** significante a 5%; *** significante a 1%.
Fonte: elaboração própria.
98
As três observações perdidas para a amostra estão relacionadas à apresentação de resultado igual a 0 (zero)
para o número de estabelecimentos financeiros para os municípios de São Lourenço da Serra, nos anos de 1995 e
1996, e para o município de Juquitiba, no ano de 1996, nos dados da RAIS.
99
Op cit. 98
71
Tabela 9 - Estatística descritiva dos dados utilizados para este trabalho (forma Logarítimica)
Variáveis observações Média Desv. Pad Mínimo Máximo
LNISS 539 15,96 1,87 11,43 22,34
LNTOTREM
546 11,41 1,74 7,83 17,10
LNPOP 546 11,70 1,33 9,4 16,16
LNESERV 546 5,96 1,59 2,3 11,58
LNEFIN 543 2,48 1,54 0 8,67
ALQS 546 0,02 0,01 0,003 0,056
Fonte: elaboração própria
Tabela 10 –Demonstrativo de correlações entre os dados utilizados para este trabalho
Variáveis LNISS LNTOTREM
LNPOP LNESERV
LNEFIN
ALQ
LNISS 1
LNTOTREM
0,9463 1
LNPOP 0,8075 0,8950 1
LNESERV 0,9567 0,9623 0,8771 1
LNEFIN 0,8933 0,9078 0,8832 0,9277 1
ALQS 0,25 0,3082 0,4142 0,2606 0,3714 1
Fonte: elaboração própria.
Obs.: Os dados sobre a população foram adicionados ao modelo como uma forma de controlar os valores para
arrecadação de ISSQN e contornar as disparidades entre os municípios.
Os resultados para as correlações encontram-se dentro do esperado, haja vista que o tributo em estudo está
diretamente relacionado ao volume de operações desenvolvidas em seu território e este está diretamente
relacionado com o seu porte (quantidade de estabelecimento e número de habitantes).
LNISS
LTOTREM
LNPOP
LNESERV
LNEFIN
ALQS
1
10
15
20
25
10 15 20 25
5
10
15
20
5 10 15 20
10
12
14
16
10 12 14 16
0
5
10
0 5 10
0
5
10
0 5 10
0
.02
.04
.06
0 .02 .04 .06
Ilustração 2 – Gráficos de correlação entre as variáveis utilizadas para este trabalho
Fonte: elaboração própria.
72
-2 -1 0 1 2
Residuals
12 14 16 18 20 22
Fitted values
Gráfico 12 – Distribuição dos resíduos perante aos valores previstos pelo modelo
Fonte: elaboração própria.
Obs.: os dados encontrados dispersos dos demais representam os dados para o município de São Paulo, como
pode ser visto no gráfico a seguir. A inclusão de uma dummy para o modelo exclusivamente para identificar os
dados da cidade de São Paulo fica prejudicada pela adoção de um critério de controle da heteroscedasticidade
ponderado pela população. Com a adoção desse mecanismo, não maiores alterações na distribuição dos dados
de dispersão do modelo e a significância do coeficiente é pequena, embora o seu sinal seja positivo.
SP/95
SP/96
SP/97
SP/98
SP/99
SP/00
SP/01
SP/02
SP/03
SP/04
SP/05
SP/06
SP/07
SP/08
-.1 0 .1 .2 .3 .4
Residuals
21.6 21.8 22 22.2
Fitted values
Gráfico 13 – Distribuição dos resíduos frente aos valores previstos pelo modelo apresentando apenas os dados
em outlier
Fonte: elaboração própria.
73
0 .2 .4 .6 .8 1
Density
-2 -1 0 1 2
Residuals
Kernel density estimate
Normal density
kernel = epanechnikov, bandwidth = .11
Kernel density estimate
Gráfico 14 – Distribuição dos resíduos e seu ajuste a uma curva log-normal
Fonte: elaboração própria.
0 .05 .1 .15 .2 .25
Density
12 14 16 18 20 22
Fitted values
Kernel density estimate
Normal density
kernel = epanechnikov, bandwidth = .43
Kernel density estimate
Gráfico 15 – Distribuição dos valores previstos pelo modelo e seu ajuste a uma curva log-normal
Fonte: elaboração própria.
74
Tabela 11: Arrecadação de ISSQN por Região Metropolitana e Participação na Arrecadação Total de ISSQN no Estado e no Brasil (continua)
ARRECADAÇÃO DE ISSQN POR ESTADO E REGIÕES METROPOLITANAS BRASILEIRAS (Milhões – valores nominais)
REGIÃO NORTE DO BRASIL
2002 % UF % BR 2003 % UF % BR 2004 % UF % BR 2005 % UF % BR
RM de Macapá
R$ 10,532 95,21%
0,14%
R$ 10,602 90,85%
0,11%
R$ 1,001 72,06%
0,01%
R$ 13,258 73,42%
0,11%
AP
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 11,063 0,15%
R$ 11,669 0,13%
R$ 1,389 0,01%
R$ 18,058 0,14%
RM de Manaus
R$ 114,023 93,32%
1,55%
R$ 121,176 90,49%
1,31%
R$ 155,904 91%
1,49%
R$ 197,095 96,44%
1,58%
AM
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 122,187 1,66%
R$ 133,915 1,45%
R$ 171,757 1,64%
R$ 204,379 1,63%
RM de Belém
R$ 67,332 67,71%
0,92%
R$ 70,838 48,55%
0,77%
R$ 92,027 64%
0,88%
R$ 110,398 53,43%
0,88%
PA
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 99,439 1,35%
R$ 145,908 1,58%
R$ 143,220 1,37%
R$ 206,615 1,65%
REGIÃO NORDESTE DO BRASIL
2002 % UF % BR 2003 % UF % BR 2004 % UF % BR 2005 % UF % BR
R M de Maceió
R$ 34,389 74,11%
0,47%
R$ 39,000 71,81%
0,42%
R$ 47,339 80%
0,45%
R$ 64,357 83,43%
0,51%
AL
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 46,403 0,63%
R$ 54,313 0,59%
R$ 59,170 0,57%
R$ 77,140 0,62%
RM de Salvador
R$ 72,392 46,62%
0,98%
R$ 280,795 72,63%
3,04%
R$ 335,327 84%
3,20%
R$ 339,336 76,24%
2,71%
BA
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 155,265 2,11%
R$ 386,585 4,19%
R$ 400,328 3,82%
R$ 445,101 3,56%
RM de Fortaleza
R$ 120,292 82,98%
1,63%
R$ 126,722 80,46%
1,37%
R$ 153,365 86%
1,47%
R$ 193,585 88,26%
1,55%
RM do Cariri
R$ 3,908 2,70%
0,05%
R$ 4,832 3,07%
0,05%
R$ 4,956 3%
0,05%
R$ 2,432 1,11%
0,02%
CE
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 144,960 1,97%
R$ 157,492 1,71%
R$ 177,929 1,70%
R$ 219,328 1,75%
RM de São Luís
R$ 63,970 84,54%
0,87%
R$ 70,550 81,51%
0,76%
R$ 86,730 89%
0,83%
R$ 113,861 87,02%
0,91%
RM Sudoeste Maranhense
R$ 4,491 5,94%
0,06%
R$ 4,953 5,72%
0,05%
R$ 5,206 5%
0,05%
R$ 0,062 0,05%
0,00%
MA
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 75,665 1,03%
R$ 86,549 0,94%
R$ 97,352 0,93%
R$ 130,849 1,05%
RM de João Pessoa
R$ 4,445 22,02%
0,06%
R$ 42,945 72,50%
0,47%
R$ 50,095 77%
0,48%
R$ 55,040 82,38%
0,44%
PR
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 20,187 0,27%
R$ 59,233 0,64%
R$ 64,988 0,62%
R$ 66,809 0,53%
RM do Recife
R$ 179,941 85,81%
2,45%
R$ 208,986 86,30%
2,27%
R$ 250,166 88%
2,39%
R$ 298,263 86,59%
2,38%
PE
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 209,699 2,85%
R$ 242,148 2,63%
R$ 282,674 2,70%
R$ 344,438 2,75%
75
Tabela 11- Arrecadação de ISSQN por Região Metropolitana e Participação na Arrecadação Total de ISSQN no Estado e no Brasil (continua)
RM de Natal
R$ 47,005 70,47%
0,64%
R$ 55,065 70,09%
0,60%
R$ 71,211 73%
0,68%
R$ 87,297 74,89%
0,70%
RN
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 66,700 0,91%
R$ 78,561 0,85%
R$ 97,479 0,93%
R$ 116,564 0,93%
RM de Aracaju
R$ 34,143 80,69%
0,46%
R$ 40,301 73,49%
0,44%
R$ 4,993 28%
0,05%
R$ 60,381 77,10%
0,48%
SE
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 42,312 0,58%
R$ 54,838 0,59%
R$ 17,772 0,17%
R$ 78,314 0,63%
REGIÃO CENTRO-OESTE DO BRASIL
2002 % UF % BR 2003 % UF % BR 2004 % UF % BR 2005 % UF % BR
RM de Goiânia
R$ 94,622 71,11%
1,29%
R$ 113,335 66,98%
1,23%
R$ 141,358 72%
1,35%
R$ 184,673 71,49%
1,48%
GO
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 133,060 1,81%
R$ 169,202 1,83%
R$ 196,643 1,88%
R$ 258,333 2,07%
RM do Vale do Rio Cuiabá
R$ 39,061 54,96%
0,53%
R$ 58,982 59,45%
0,64%
R$ 67,920 59%
0,65%
R$ 66,951 58,37%
0,54%
MT
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 71,067 0,97%
R$ 99,210 1,08%
R$ 115,937 1,11%
R$ 114,701 0,92%
REGIÃO SUDESTE DO BRASIL
2002 % UF % BR 2003 % UF % BR 2004 % UF % BR 2005 % UF % BR
RM de Vitória
R$ 139,372 82,76%
1,89%
R$ 157,495 80,74%
1,71%
R$ 187,903 78%
1,80%
R$ 203,120 80,24%
1,62%
ES
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 168,400 2,29%
R$ 195,055 2,12%
R$ 241,070 2,30%
R$ 253,132 2,02%
RM de Belo Horizonte
R$ 260,847 56,05%
3,54%
R$ 295,088 53,03%
3,20%
R$ 317,917 52%
3,04%
R$ 399,148 56,00%
3,19%
RM do Vale do Aço
R$ 13,598 2,92%
0,18%
R$ 17,050 3,06%
0,18%
R$ 22,078 4%
0,21%
R$ 10,217 1,43%
0,08%
MG
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 465,412 6,33%
R$ 556,428 6,03%
R$ 607,549 5,80%
R$ 712,707 5,70%
RM do Rio de Janeiro
R$ 1.233,380 90,85%
16,76%
R$ 1.347,473 87,29%
14,61%
R$ 1.525,270 87%
14,57%
R$ 1.686,929 86,50%
13,49%
RJ
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 1.357,651 18,45%
R$ 1.543,657 16,74%
R$ 1.750,165 16,72%
R$ 1.950,273 15,59%
RM da Baixada Santista
R$ 133,848 4,35%
1,82%
R$ 159,297 4,13%
1,73%
R$ 203,960 5%
1,95%
R$ 185,579 3,42%
1,48%
RM de Campinas
R$ 182,726 5,93%
2,48%
R$ 221,196 5,73%
2,40%
R$ 314,076 7%
3,00%
R$ 370,686 6,83%
2,96%
RM de São Paulo
R$ 2.262,149 73,47%
30,74%
R$ 2.862,463 74,20%
31,04%
R$ 3.271,934 73%
31,26%
R$ 3.991,905 73,52%
31,92%
SP
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 3.079,169 41,85%
R$ 3.857,810 41,83%
R$ 4.486,602 42,86%
R$ 5.430,002 43,42%
76
Tabela 11- Arrecadação de ISSQN por Região Metropolitana e Participação na Arrecadação Total de ISSQN no Estado e no Brasil (conclusão)
REGIÃO SUL DO BRASIL
2002 % UF % BR 2003 % UF % BR 2004 % UF % BR 2005 % UF % BR
RM de Curitiba
R$ 261,839 69,49%
3,56%
R$ 298,528 59,88%
3,24%
R$ 316,987 61%
3,03%
R$ 369,121 58,42%
2,95%
RM de Londrina
R$ 25,850 6,86%
0,35%
R$ 35,229 7,07%
0,38%
R$ 40,202 8%
0,38%
R$ 49,847 7,89%
0,40%
RM de Maringá
R$ 2,590 0,69%
0,04%
R$ 23,443 4,70%
0,25%
R$ 25,741 5%
0,25%
R$ 28,951 4,58%
0,23%
PR
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 376,819 5,12%
R$ 498,528 5,41%
R$ 521,048 4,98%
R$ 631,873 5,05%
RM de Porto Alegre
R$ 223,662 64,56%
3,04%
R$ 288,351 64,03%
3,13%
R$ 342,328 64%
3,27%
R$ 420,326 65,64%
3,36%
RS
ARREC. EST. DE ISSQN
R$ 346,424 4,71%
R$ 450,344 4,88%
R$ 535,396 5,11%
R$ 640,358 5,12%
RM AGRUPADAS
R$ 5.630,407 76,52%
R$ 6.954,696 75,41%
R$ 8.035,994 76,77%
R$ 9.502,818 75,99%
BRA
ARREC. NAC. DE ISSQN
R$ 7.358,184 100,00%
R$ 9.222,454 100,00%
R$ 10.467,240 100,00%
R$ 12.505,928 100,00%
Fonte: Ipeadata (valores nominais em R$ milhões).
77
Ilustração 3: Municípios que compõem a RMSP e divisão em subregiões.
Fonte: Ilustração disponível em <http://4.bp.blogspot.com/_glyLfBk9Cic/SlOvte4NlfI
/AAAAAAAAJr8/rMQGe9wCDeM/s400/mapa_rmsp.jpg.>. Acesso em: 11 fev. 2010.
.
78
PIB (2005)
Total
% pop.
Urbana
(R$ milhões)¹
Arujá 1959 97,4 59,50R$ 59185 95,7% 934,99R$ 337,55R$
0,788
Barueri 1949 64,2 614,29R$ 208281 100,0% 22.430,47R$ 494,29R$
0,826
Biritiba-Mirim 1873 316,8 19,00R$ 24653 84,3% 164,63R$ 240,11R$
0,75
Caieiras 1958 95,9 56,93R$ 71221 96,2% 1.040,73R$ 320,93R$
0,813
Cajamar 1963 128,4 104,56R$ 50761 94,7% 1.915,59R$ 297,67R$
0,786
Carapicuíba 1980 35 138,05R$ 344596 100,0% 1.915,28R$ 275,56R$
0,793
Cotia 1856 323,8 219,14R$ 148987 100,0% 3.472,18R$ 431,58R$
0,826
Diadema 1959 30,7 384,40R$ 357064 100,0% 7.344,57R$ 292,40R$
0,79
Embu 1959 70,1 133,39R$ 207663 100,0% 1.834,26R$ 244,20R$
0,772
Embu-Guaçu 1959 155,5 37,27R$ 56916 98,1% 366,84R$ 296,67R$
0,811
Ferraz de Vasconcelos 1953 28,4 70,72R$ 142377 99,2% 793,08R$ 221,24R$
0,772
Francisco Morato 1965 49,2 83,42R$ 133738 99,9% 512,82R$ 175,94R$
0,772
Franco da Rocha 1944 133,9 65,77R$ 108122 92,9% 1.186,78R$ 245,63R$
0,778
Guararema 1898 270,5 33,72R$ 21904 80,9% 364,16R$ 352,20R$
0,798
Guarulhos 1550 317,1 1.142,51R$ 1072717 97,9% 21.615,31R$ 343,91R$
0,798
Itapevi 1562 151,5 117,40R$ 129685 99,0% 1.925,15R$ 277,24R$
0,759
Itapecerica da Serra 1959 91,4 127,47R$ 162433 100,0% 1.809,33R$ 207,18R$
0,783
Itaquaquecetuba 1560 81,8 151,17R$ 272942 100,0% 1.733,66R$ 193,01R$
0,744
Jandira 1964 17,5 75,26R$ 91807 100,0% 1.091,26R$ 290,48R$
0,801
Juquitiba 1964 521,6 26,58R$ 26459 65,7% 101,22R$ 210,65R$
0,754
Mairiporã 1889 321,5 64,22R$ 60111 80,0% 606,43R$ 427,35R$
0,803
Mauá 1954 62,4 338,29R$ 363392 100,0% 4.861,25R$ 274,82R$
0,781
Mogi das Cruzes 1560 725,4 320,48R$ 330241 91,5% 4.425,51R$ 386,11R$
0,801
Osasco 1962 64,9 572,94R$ 652593 100,0% 18.310,45R$ 390,45R$
0,818
Pirapora do Bom Jesus 1730 110,9 20,59R$ 12395 99,9% 110,40R$ 237,80R$
0,767
Poá 1949 17,2 84,02R$ 95801 98,8% 1.459,16R$ 302,49R$
0,806
Ribeirão Pires 1953 99,2 83,59R$ 104508 100,0% 1.141,01R$ 362,72R$
0,807
Rio Grande da Serra 1965 36,7 19,25R$ 37091 100,0% 239,39R$ 196,26R$
0,764
Salesópolis 1857 425,8 14,26R$ 14357 60,9% 137,58R$ 255,11R$
0,748
Santa Isabel 1832 361,5 39,25R$ 43740 75,5% 359,22R$ 273,19R$
0,766
Santana de Parnaíba 1625 181,1 205,00R$ 74828 100,0% 2.245,99R$ 762,05R$
0,853
Santo André 1553 174,8 684,52R$ 649331 100,0% 11.426,97R$ 512,87R$
0,835
São Bernardo do Campo 1553 406,2 1.212,48R$ 703177 98,3% 19.448,02R$ 505,45R$
0,834
São Caetano do Sul 1887 15,3 454,84R$ 140159 100,0% 8.003,49R$ 834,00R$
0,919
São Lourenço da Serra 1991 186,7 19,42R$ 12199 88,4% 120,75R$ 239,13R$
0,771
São Paulo 1554 1525 15.070,86R$ 10434252 94,0% 263.177,15R$ 610,04R$
0,841
Suzano 1948 194,6 195,64R$ 228690 96,8% 4.289,55R$ 290,18R$
0,775
Taboão da Serra 1959 20,5 183,30R$ 197644 100,0% 3.089,79R$ 357,00R$
0,809
Vargem Grande Paulista 1981 33,5 38,88R$ 32683 100,0% 421,72R$ 297,01R$
0,802
Total
7.943,9
R$ 23.282,38
17.878.703
95,75%
R$ 416.426,19
340,06
R$
0,828
IDH
(2000)¹
Área territorial
(km² -2000)¹
Município
Ano de
Fundação
População (2000)¹
Renda Per Capta
(2000)¹
Rec. Orçamentária
(2005-R$ milhões)²
Tabela 12 – Informações gerais sobre os municípios que compõem a RMSP
Fonte: 1- IBGE.
2- Tesouro Nacional – base de dados Fimbra.
79
Tabela 13 – Informações sobre a existência de NF-e nos municípios que compõem a RMSP
MUNICÍPIO ENTRADA EM VIGOR
Arujá
2007
Barueri 2009
Biritiba-Mirim
NÃO POSSUI
Caieiras
2007
Cajamar 2009
Carapicuíba
NÃO POSSUI
Cotia
2008
Diadema
2004
Embu
2005
Embu-Guaçu
2008
Ferraz de Vasconcelos 2009
Francisco Morato 2009
Franco da Rocha
NÃO POSSUI
Guararema
2008
Guarulhos
2004
Itapecerica da Serra
2004
Itapevi
2007
Itaquaquecetuba
2007
Jandira
2006
Juquitiba
NÃO POSSUI
Mairiporã
2005
Mauá
2006
Mogi das Cruzes
2007
Osasco 2009
Pirapora do Bom Jesus
NÃO POSSUI
Poá
2006
Ribeirão Pires
2004
Rio Grande da Serra
NÃO POSSUI
Salesópolis
NÃO POSSUI
Santa Isabel 2009
Santana de Parnaíba
2006
Santo André
2007
São Bernardo do Campo
2008
São Caetano do Sul
2005
São Lourenço da Serra
2007
São Paulo
2006
Suzano
2006
Taboão da Serra
2006
Vargem Grande Paulista
NÃO POSSUI
Fonte: elaboração própria.
80
Tabela 14 – Identifcação das alíquotas médias dos municípios com legislação disponibilizada (média simples) (continua)
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
ARUJÁ
2.98%
4.90%
4.90%
4.90%
4.90%
4.90%
4.90%
4.90%
4.90%
3.78%
3.78%
3.78%
3.78%
3.78%
BARUERI
2.16%
2.16%
1.97%
0.50%
0.50%
0.50%
0.54%
0.54%
0.54%
2.63%
2.31%
2.03%
2.10%
2.03%
BIRITIBA-MIRIM
4.00%
4.00%
4.00%
4.00%
4.00%
4.00%
4.00%
2.00%
5.00%
5.00%
3.81%
3.36%
3.35%
3.35%
CAIEIRAS
2.20%
2.20%
2.20%
2.20%
2.20%
2.20%
2.30%
2.94%
2.94%
2.87%
2.85%
2.85%
2.87%
2.87%
CAJAMAR
3.50%
3.21%
3.24%
3.24%
3.24%
2.30%
2.19%
2.19%
2.19%
2.45%
2.45%
2.47%
2.45%
2.47%
CARAPICUÍBA
2.90%
2.90%
2.80%
2.80%
2.80%
2.80%
2.80%
1.50%
1.90%
3.00%
3.00%
3.00%
3.00%
3.00%
COTIA
3.50%
3.50%
3.50%
3.40%
3.40%
3.30%
3.30%
3.30%
3.30%
2.40%
2.35%
2.35%
2.35%
2.35%
DIADEMA
5.08%
5.05%
5.05%
4.45%
4.45%
4.45%
4.45%
4.45%
2.98%
3.23%
3.15%
3.15%
3.23%
3.20%
EMBU
2.00%
2.00%
2.00%
2.00%
2.10%
2.10%
2.10%
2.10%
2.10%
2.00%
2.40%
2.40%
2.40%
2.30%
EMBU-GUAÇU
2.10%
2.10%
2.10%
2.07%
2.07%
2.07%
2.60%
2.60%
2.60%
2.50%
2.70%
2.50%
2.70%
2.70%
FERRAZ DE VASCONCELOS
4.89%
4.89%
0.60%
0.60%
0.60%
0.60%
0.60%
0.60%
2.00%
2.60%
2.60%
2.60%
2.60%
2.60%
FRANCISCO MORATO
3.38%
3.18%
3.01%
3.01%
3.01%
2.98%
2.98%
2.97%
3.02%
3.37%
3.37%
3.37%
3.37%
3.37%
FRANCO DA ROCHA
2.40%
2.40%
2.40%
2.40%
2.40%
2.40%
2.40%
2.40%
2.60%
2.70%
2.70%
2.70%
2.70%
2.70%
GUARAREMA
2.93%
2.93%
2.93%
2.93%
2.93%
2.93%
2.93%
2.93%
2.93%
2.60%
2.60%
2.60%
2.60%
2.60%
GUARULHOS
5.00%
5.00%
5.00%
5.00%
5.00%
2.90%
2.90%
2.90%
2.90%
3.18%
3.18%
3.18%
3.18%
3.18%
ITAPECERICA DA SERRA
2.17%
2.17%
2.17%
1.90%
1.90%
1.90%
1.75%
1.75%
2.52%
2.44%
2.44%
2.44%
2.44%
2.55%
ITAPEVI
1.51%
1.51%
1.51%
2.36%
2.36%
2.36%
2.36%
2.22%
2.22%
2.99%
2.99%
3.14%
3.14%
3.14%
ITAQUAQUECETUBA
5.11%
5.11%
5.11%
4.60%
4.60%
4.70%
4.80%
4.60%
4.60%
4.44%
4.44%
4.44%
4.44%
4.44%
JANDIRA
2.12%
2.12%
2.12%
1.40%
1.77%
1.77%
1.77%
2.70%
2.70%
2.82%
2.82%
2.82%
2.82%
2.82%
JUQUITIBA
3.92%
3.92%
3.92%
0.82%
0.84%
0.84%
0.84%
0.84%
0.84%
2.93%
2.93%
2.93%
2.93%
2.93%
MAIRIPORÃ
3.45%
3.45%
3.45%
1.93%
1.93%
1.93%
1.01%
1.01%
1.01%
2.50%
2.50%
2.50%
2.50%
2.50%
MAUÁ
5.05%
5.02%
5.02%
3.13%
3.07%
2.82%
2.82%
2.82%
2.82%
3.13%
3.13%
3.13%
3.13%
3.12%
MOGI DAS CRUZES
5.60%
5.60%
3.20%
2.30%
2.30%
2.30%
2.30%
2.30%
2.40%
2.57%
2.57%
2.57%
2.57%
2.57%
OSASCO
5.07%
5.07%
5.07%
5.00%
4.88%
4.88%
4.88%
4.88%
4.88%
3.63%
3.63%
3.03%
3.03%
3.02%
PIRAPORA DO BOM JESUS
2.93%
2.12%
2.12%
2.12%
2.12%
2.12%
0.79%
0.79%
0.79%
2.00%
3.45%
3.45%
3.43%
3.43%
POÁ
1.80%
1.75%
1.75%
1.27%
0.97%
0.97%
0.97%
0.97%
0.97%
2.27%
2.27%
2.27%
2.27%
2.27%
RIBEIRÃO PIRES
4.27%
4.62%
4.62%
3.00%
3.00%
2.75%
2.73%
2.71%
2.96%
2.95%
2.95%
2.95%
2.95%
2.95%
RIO GRANDE DA SERRA
5.00%
5.00%
5.00%
5.00%
5.00%
2.74%
2.74%
2.74%
2.74%
3.27%
3.27%
3.27%
3.27%
3.27%
SALESÓPOLIS
4.14%
4.14%
4.14%
0.30%
0.30%
0.30%
0.30%
0.30%
0.30%
2.00%
2.00%
2.00%
2.00%
2.00%
SANTA ISABEL
2.83%
2.89%
2.89%
2.89%
1.45%
1.45%
1.45%
1.54%
1.54%
3.13%
3.13%
3.13%
3.13%
3.13%
SANTANA DE PARNAÍBA
2.80%
2.30%
2.30%
1.30%
1.20%
1.20%
1.21%
1.21%
2.10%
2.31%
2.31%
2.31%
2.31%
2.31%
SANTO ANDRÉ
4.70%
4.50%
4.50%
2.80%
2.80%
2.80%
2.80%
2.80%
3.00%
3.00%
3.00%
3.00%
3.00%
3.00%
81
Tabela 14 – Identifcação das alíquotas médias dos municípios com legislação disponibilizada (média simples) (conclusão)
SÃO BERNARDO DO CAMPO
3.10%
3.10%
3.10%
3.10%
3.10%
3.10%
3.10%
3.10%
2.50%
2.70%
2.70%
2.70%
2.70%
2.70%
SÃO CAETANO DO SUL
3.66%
3.66%
3.66%
3.66%
3.66%
3.66%
3.66%
3.66%
3.66%
3.66%
3.66%
3.66%
3.66%
3.66%
SÃO LOURENÇO DA SERRA
1.40%
2.72%
1.07%
1.07%
1.07%
1.07%
1.07%
1.07%
1.07%
2.40%
2.40%
2.40%
2.40%
2.40%
SÃO PAULO
5.20%
5.20%
5.20%
5.20%
5.20%
5.20%
5.20%
5.20%
5.30%
4.24%
4.27%
4.27%
4.12%
4.10%
SUZANO
4.85%
4.85%
4.85%
2.05%
2.05%
2.05%
2.05%
2.05%
4.35%
2.26%
2.26%
2.26%
2.26%
2.26%
TABOÃO DA SERRA
4.49%
4.49%
3.59%
3.59%
3.59%
2.46%
2.60%
2.60%
2.60%
2.74%
2.74%
2.74%
2.74%
2.74%
VARGEM GRANDE PAULISTA
1.23%
1.23%
1.23%
1.23%
1.23%
1.23%
1.60%
1.60%
1.60%
2.64%
2.64%
2.64%
2.64%
2.64%
Fonte: Elaboração própria
Obs.: ver os critérios definidos para a determinação da alíquota média para o município de Salesópolis no período de 1998-2003, como definido na nota de rodapé n°75.
82
Tabela 15 – Ranking dos Municípios por sua arrecadação per capta de ISSQN (continua)
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
ARUJÁ
19° 19° 18° 1 16° 13° 13° 1 20° 20° 21° 16° 16° 16°
BARUERI
1° 1° 39° 1°
BIRITIBA-MIRIM
32° 35° 31° 2 34° 34° 3 37° 39° 38° 37° 32° 35° 3
CAIEIRAS
20° 21° 23° 2 24° 24° 1 16° 18° 18° 20° 14° 13° 1
CAJAMAR
11° 14° 12° 9° 6° 5°
CARAPICUÍBA
39° 34° 34° 3 35° 38° 3 34° 35° 34° 35° 34° 36° 3
COTIA
10° 10° 7° 8°
DIADEMA
17° 18° 17° 2 23° 23° 2 21° 27° 19° 23° 20° 18° 1
EMBU
6° 12° 13° 14° 17° 3 19° 25° 3 28° 31° 31°
EMBU-GUAÇU
29° 31° 32° 3 31° 36° 3 35° 34° 35° 36° 33° 33° 3
FERRAZ DE VASCONCELOS
37° 38° 35° 3 39° 39° 3 38° 37° 36° 39° 36° 38° 3
FRANCISCO MORATO
35° 33° 39° 3 37° 37° 3 36° 38° 37° 38° 35° 37° 3
FRANCO DA ROCHA
33° 32° 33° 3 38° 32° 2 24° 28° 29° 32° 30° 32° 3
GUARAREMA
17° 16° 2 19° 18° 10° 11° 12°
GUARULHOS
12° 10° 11° 1 16° 18° 2 21° 22° 17° 17° 17°
ITAPECERICA DA SERRA
26° 28° 28° 2 25° 27° 2 22° 15° 13° 17° 25° 29° 2
ITAPEVI
27° 27° 29° 2 32° 25° 2 23° 22° 24° 26° 23° 24° 2
ITAQUAQUECETUBA
31° 36° 36° 3 28° 28° 3 28° 32° 33° 33° 29° 30° 3
JANDIRA
28° 29° 30° 3 33° 33° 3 25° 29° 28° 29° 22° 27° 2
JUQUITIBA
15° 13° 10° 4° 11° 11° 11° 13° 1 19°
MAIRIPORÃ
24° 23° 27° 3 30° 26° 2 26° 16° 16° 19° 18° 21° 2
MAUÁ
21° 20° 24° 2 26° 31° 2 30° 30° 27° 28° 27° 25° 2
MOGI DAS CRUZES
18° 16° 19° 1 18° 20° 2 19° 26° 23° 25° 21° 20° 2
OSASCO
8° 1 16° 14° 1 15° 14° 1 15° 16° 11° 1 11°
PIRAPORA DO BOM JESUS
30° 24° 20° 2 15° 17° 2 27° 21° 17° 13° 37° 39° 3
POÁ
14° 11° 7° 12° 6°
RIBEIRÃO PIRES
22° 26° 22° 2 27° 29° 3 29° 31° 30° 27° 24° 26° 2
RIO GRANDE DA SERRA
34° 39° 38° 3 36° 35° 3 33° 23° 31° 34° 31° 34° 3
SALESÓPOLIS
38° 37° 37° 3 22° 19° 2 32° 36° 26° 18° 19° 23° 2
83
Tabela 15– Ranking dos Municípios por sua arrecadação per capta de ISSQN (conclusão)
SANTA ISABEL
11° 13° 1 20° 21° 19° 17° 13° 11° 1 38° 22° 2
SANTANA DE PARNAÍBA
16° 12° 4° 1°
SANTO ANDRÉ
4° 10° 12° 1 14° 14° 1 12° 12° 12°
SÃO BERNARDO DO CAMPO
5° 11° 12° 11° 1 10° 10° 1 10°
SÃO CAETANO DO SUL
3° 2° 2°
SÃO LOURENÇO DA SERRA
36° 30° 26° 1 10° 1°
SÃO PAULO
2° 3° 4°
SUZANO
23° 25° 25° 2 29° 30° 3 31° 33° 32° 30° 26° 28° 2
TABOÃO DA SERRA
13° 15° 15° 1 21° 22° 2 20° 24° 22° 24° 15° 15° 1
VARGEM GRANDE PAULISTA
25° 22° 21° 1 17° 12° 1 15° 10° 10° 12° 39° 14° 1
Fonte: elaboração própria
Obs: Os dados destacados representam os municípios para os quais não foi localizada na base de dados do Fimbra ou do Ipea dados sobre a sua arrecadação de ISSQN para o
respectivo ano.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo