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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
UEA
FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS
FMTAM
MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS
ALTERAÇÕES OCULARES EM PACIENTES HIV/AIDS ADULTOS
ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO E HOSPITAL DA FUNDAÇÃO DE
MED
ICINA TROPICAL DO AMAZONAS
JOSÉ CAVALCANTI CAMPOS JÚNIOR
MANAUS
2004
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2
JOSÉ CAVALCANTI CAMPOS JÚNIOR
ALTERAÇÕES OCULARES EM PACIENTES HIV/AIDS ADULTOS
ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO E HOSPITAL DA FUNDAÇÃO DE
MEDICINA TROPICAL DO
AMAZONAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação da Universidade do Estado do
Amazonas
, para a obtenção do grau de
Mestre
em Doenças Tropicais e Infecciosas
.
Orientador:
P
rof. Dr. Ricardo Augusto Chaves de Carvalho
MANAUS
2004
ads:
3
JOSÉ CAVALCANTI CAMPOS JÚNIOR
ALTERAÇÕES
OCULARES
EM
PACIENTES
HIV/AIDS
ADULTOS
ATENDIDOS
NO
AMBULATÓRIO
E
HOSPITAL
DA
FUNDAÇÃO
DE
MEDICINA
TROPICAL
DO
AMAZONAS
Disserta
ção apresentada ao Programa de Pós-graduação da Universidade do
Estado do Amazonas, para a obtenção de grau de Mestre em Doenças Tropicais e
Infecciosas
.
AP
ROVADA em: ____________________________
Comissão Examinadora:
Orientador:
Ricardo Augusto Chav
es de Carvalho,
Ph. D.
____________________
Universidade do Estado do Amazonas
Avaliador 1
:
Jacob Moysés Cohen,
Ph. D
____________________
Universidade Federal do Amazonas
Avaliador 2
:
Luiz Carlos de Lima Ferreira,
Ph. D
____________
________
Universidade Federal do Amazonas
4
A
Deus
, a quem devo a
minha existência, e
reverencio como
Ser
Supremo
Dedico.
5
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
A meu amigo e pai José Cavalcanti, principal incentivador de
minha vida, a quem devo toda a minha formação oftalmológica e
científica.
À minha mãe, Arlene Guimarães, sempre muito amorosa e
cuidadosa comigo.
À minha noiva, Ledayana Oliveira, incansável ao meu lado,
incentivadora e amorosa.
Ao
meu orientador e amigo, Ricardo Carvalho, pela prestimosa
ajuda, pela paciência e carinho que sempre me acolheu.
6
AGRADECIMENTOS
À Érica Cristina da Silva Chagas, bióloga, colega de mestrado e
amiga, pessoa fundamental nos estudos durante o curso e na
elaboração da parte gráfica da dissertação.
Ao Prof. Silas Guedes de Oliveira, Secretário Executivo Estadual
de Saúde do Amazonas (SUSAM), mentor intelectual do mestrado, amigo
e incentivador de meu aprimoramento científico.
Aos Profs Drs. Jacob Moysés Cohen e Cláudio do Carmo Chaves,
docentes do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal do
Amazonas (UFAM), meus mestres no estudo da oftalmologia.
As oftalmologistas Maria de Nazareth Pêgas Chaves e Ridla das
Graças de Souza Falcão, mais que colegas de profissão, amigas que me
deram oportunidade de exercer com dignidade o que mais amo: ser
oftalmologista.
À Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e a Fundação de
Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM), que me acolheram e
po
ssibilitaram transformar esse sonho em realidade.
Aos amigos Carlos Edwar de Carvalho Freitas, Lucirene Aguiar de
Souza, Wornei Silva Miranda e Márcia da Costa Castilho pelo suporte na
análise estatística dos dados.
A todos aqueles que padecem de HIV/AIDS, meu respeito e eterna
gratidão.
7
Não te mandei eu? forte e
corajoso; não temas, nem te
espantes, porque o SENHOR teu
Deus, é contigo por onde quer que
andares .
Josué 1:9.
8
RESUMO
Os pacientes com HIV/AIDS podem sofrer redução acentuada da acuidade visual e
até mesmo cegueira.
Realizou
-se um estudo prospectivo de 235 pacientes adultos com HIV/AIDS
atendidos no período de julho a dezembro de 2003 na Fundação de Medicina Tropical do
Amazonas. Este estudo objetivou determinar a freqüência e o tipo das alterações oculares
nesses pacientes.
No que se refere à acuidade visual, 195 casos (82,97%) apresentaram visão entre
0,3 e 1,0, enquanto 17,03% (40 casos) apresentavam uma importante baixa de visão (0,3 e
> 0,05), sendo 16 casos (6,8%) com cegueira (A.V< 0,05), onde o CMV e a Toxoplasmose
em atividade e a neurite por Meningite Criptocóccica, foram as principais causas.
Entre as alterações oculares ocorridas em 81 pacientes (35,5%), as mais comuns
foram: 25 (30,8%) pacientes apresentaram alterações microvasculares da conjuntiva, 11
(13,6%) apresentaram microangiopatia do segmento posterior, 10 (12,3%) apresentaram
CMV ativo, 7 (8,6%) apresentavam neurite, 5 (6,2%) apresentavam toxoplasmose em
atividade, 4 (4,9%) apresentavam CMV cicatrizado, dois (2,5%) com ARN, dois (2,5%) com
toxoplasmose cicatrizada, dois com neurite e coroidite simultaneamente (2,5%), dois casos
ceratites (2,5%) e dois casos de PORN (2,5%).
Observamos que houve a associação positiva (p=0,000) dos pacientes HIV/AIDS
com alterações oculares e nível de carga viral elevada (>100.000 cópias/mm
3
)
.Também
houve associação estatisticamente significativa (p=0,000) entre o nível de linfócitos T CD4+
(< 200/mm
3
) e a presença de lesão ocular.
O acompanhamento oftalmológico se faz necessário a fim de prevenir a cegueira,
evitando assim, a deterioração da qualidade de vida do paciente com HIV/AIDS e, muitas
vezes, auxiliando no diagnóstico das manifestações sistêmicas da AIDS.
Unitermos:
AIDS; Manifesta
ções oculares; Cegueira; Citomegalovírus.
9
ABSTRACT
The patients with HIV/AIDS can be suffering a high reduction of the visual acuity and
until blindness.
Realized a prospective study of two hundred and thirty-five HIV/AIDS adults patients
attended
in July to December to 2003 at the ambulatory and internation at the Amazon s
Tropical Medicine Foundation. Have to determine the frequency and kind of ocular
manifestations on these patients.
In the visual acuity, 195 cases (82,97%) presented vision bet
ween 0,3 e 1,0, however
17,03% (40 cases) presented a important low of vision (0,3 and < 0,05), where 16 cases
(6,8%) with blindness (A.V< 0,05), where the CMV
a
nd Toxoplasmosis
in
a
ctivity and
neurit
is
by,
Criptoc
o
cc
oses
Meningit
is
,
were the majority of c
ases.
Between the ocular manifestations occurred in 81 patients (35,5%), the most founded
were: 25 (31%) patients presented conjunctiva vasculopaty, 11 (13,6%) presented posterior
microangiopaty, 10 (12,3%) presented active CMV, 7 (8,6%) presented neuritis, 5 (6,2%)
presented cicatrized CMV, 4 (4,9%) with cicatrized CMV, two (2,5%) with ARN, two (2,5%)
with cicatrized toxoplasmosis, two neuritis and coroiditis both (2,5%), two (2,5%) cases with
ceratitis and two (2,5%) cases with PORN.
We observed that was the association with the ocular lesions in HIV/AIDS patients
and the level of the high viral support (> 100.000 cópias/mm
3
, p=0,0000) and the level
of
CD4+
(<200/mm
3
, p=0,000), signficative statistical difference.
The ophthalmologic following to be necessary to prevent the visual loss, preventing
the poor HIV/AIDS life and, many times, to server like diagnosis method of the systemic
manifestations.
Key
-
words:
AIDS; Ocular manifestations; Blindness; Citomegalovirus.
10
LISTA DE ABREVIATURAS
AIDS
Acq
uired Immune Disease Syndrome
(Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida)
ARN
Acute Retinal Necrosis
(Necrose Aguda de Retina)
A.V
.
Acuidade Visual
CD4
Sub
-
população de linfócitos T com antígenos de superfície CD4+
CD8
Sub
-
população de linfócitos T com an
tígenos de superfície CD8+
CDC
Centers for Disease Control
(Centro de Controle de Doenças)
Céls
Células
Céls/mm
3
Células por milímetro cúbico
CMV
Citomegalovírus
C.V.
Carga Viral
ELISA
Enzyme
-
linked Immunosorbent Assay
EUA
Estados Unidos da América
Gp
Glicoproteína
HAART
Highly Active Antiretroviral Therapy
(Terapia antiretroviral altamente efetiva)
HIV
Human Immune Virus
(Vírus da Imunodeficiência Humana)
IC
Intervalo de Confiança
IRU
Immune Recovery Uveitis
(Uveíte de R
ecuperação Imunológica)
NASBA
Nucleic Acid Sequence Based Amplification
(Amplificação Baseada em
seqüência de ácidos nucleicos)
OMS
Organização Mundial de Saúde
PORN
Progressive Outer Retinal Necrosis
(Necrose Progressiva da Retina Externa)
UDI
Usuários de Drogas Injetáveis
UNAIDS
United Nations Joint Programme on Aids (Programa das Nações Unidas ligado
à AIDS)
11
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
Casos de AIDS no Brasil, segundo a categoria de exposição no período de
1980 a 2002 ..............................................
.....................................................
08
TABELA
2
Casos de AIDS no período de 1980 a 2002 por loca
l de residência .............
12
TABELA 3
Casos de AIDS no Brasil segundo sexo e faixa etária no período de 1980 a
2002 ...................
...............................................................
.............................
12
TABELA 4
Principais doenças causadoras de internação na FMTAM no primeiro
trimestre de 2003 ..............................................................
......
.......................
14
TABELA 5
Principais causas de óbitos na FMTAM no primeiro trimestre de 2003 .......
..15
TABELA 6
Distribuição dos pacientes, segundo tempo estimado de infecção pelo HIV, no
Amazonas 2003 ..........................................
...........................................
........
25
TABELA 7
Distribuição dos pacientes HIV/AIDS, segundo doença sistêmica prévia,
Amazonas, 2003 ...............................................................
.............................
34
TABELA 8
Distribuição dos pacientes HIV/AIDS, segundo doença oportunista sistêmica,
Amazonas, 2003 ...............................................................
.............................
34
TABELA 9
Distribuição das principais causas de cegueira entre os pacientes HIV/AIDS, no
Amazonas, 2003 .................................................................................................
36
TABELA 10
Distribuição dos pacientes HIV/AIDS, segundo tipo de tratamento e alteração
ocular, no Amazonas, 2003 ...........
...........................................
.....................
37
TABELA 11
Distribuição dos pacientes com HIV/AIDS e alteração ocular, segundo o local
de atendimento no Amazonas, 2003 ................................
.............................
37
TABELA 12
Distribuição dos pacientes HIV/AIDS, segundo nível de carga viral e alteração
ocular, no Amazonas, 2003.............................................
................................
38
TABELA 13
Distribuição dos pacientes HIV/AIDS, segundo nível de li
nfócitos
T CD4+ e alteração ocular, no Amazonas, 2003............................................
.38
12
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
Categoria clínica de pacientes com infecção pelo HIV, segundo nível de
CD4 +.....................
..........................................................................................
05
FIGURA 2
Distribuição mundial de casos de óbitos por H
IV/AIDS (UNAIDS, 2004) .....
.
08
FIGURA 3
Distribuição mundial de novos casos de HIV (UNAIDS
,
2004) .........
............ 09
FIGURA 4
Distribuição mundial dos casos de HIV/AIDS (UNAIDS
, 2004) ....................
.
09
FIGURA 5
Distribuição
dos pacientes com HIV/AIDS segundo a faixa etária no
Amazonas, 2003 ..........................................................
..................................
24
FIGURA 6
Distribuição
de pacientes com HIV/AIDS segundo origem de atendimento no
Amazonas, 2003 ...............................................................
.............................
25
FIGURA 7
Distribuição das alterações oculares nos pacientes HIV/AIDS no Amazonas,
2003 ..................................................................................
.............................
28
FIGURA
8 Manchas algodonosas difusas em pacientes com microvasculopatia
re
tiniana ............................................................................
.............................
29
FIGURA
9 Manchas algodonosas localizadas em pacientes com microvasculopatia
retiniana .....................................................
......................
..............................
29
FIGURA 1
0
Retinite por CMV Ativo .....................................................
.............................
29
FIGURA 1
1
Retinite por CMV comprometendo nervo óptico ...............
............
................. 29
FIGURA 1
2
Retinite por CMV comprometendo a região macular ........
.............................
30
FIGURA 1
3
Retinite por CMV comprometendo difusamente o pólo
posterior ..................
30
FIGURA 1
4
Retinite por CMV comprometendo dif
usamente o pólo
posterior ..................
30
FIGURA 1
5
Retinite por CMV cicatrizada após tratamento específico
.............................
30
FIGURA 1
6
Retinite por CMV cicatrizada após tratamento específico
...........................
.. 30
FIGURA
17
Retinite por CMV ativa e Toxoplasmose cicatrizada .....................................
31
FIGURA
18
Coroidite Criptocó
c
cica .....................................................
............................. 31
FIGURA
19
Papiledema agudo por
Criptococos .................................
.............................. 32
FIGURA 2
0
Papiledema agudo por
Criptococos .................................
.............................. 32
FIGURA 2
1
Atrofia óptica parcial e total por Meningite Criptocóccica
.............
.................. 32
FIGURA 2
2
Atrofia óptica parcial e total por Meningite Criptocóccica
...............................
32
FIGURA 2
3
Retinite periférica, vitreite moderada por ARN .................
............................. 33
FIGURA 2
4
Retinite perif
érica, vitreite moderada por ARN .................
............................. 33
FIGURA 2
5 Reação em mucosa labial e conjuntival em paciente com Síndrome de
Stevens Johnson .................................................................................
.......... 33
FIGURA 2
6 Reação em mucosa labial e conjuntival em paciente com Síndrome de
Stevens Johnson ..........................................................
........................
.
.......
.
33
FIGURA 27
Distribuição
dos pacientes HIV/AIDS segundo o tipo de tratamento no
Amazonas, 2003 .............................................................................................
35
FIGURA 28
Distribuição
de pacientes HIV/AIDS segundo a acuidade visual no Amazonas,
2003 .................................
...............................................................................
35
FIGURA 29
Distribuição
dos pacientes segundo o nível de linfócitos T CD4+ no
Amazonas,
2003.........
.
..............
...........................................................
...........
36
13
SUMÁRIO
1.
I
NTRODUÇÃO
.................................................
................................
................................
........
1
1.1
H
ISTÓRIA
N
ATURAL
................................
................................
................................
..........
1
1.2
M
ANIFESTAÇÕES
C
LÍNICAS DO
HIV/AIDS
................................
................................
.........
3
1.3
T
RANSMISSÃO
................................
................................
................................
.................
6
1.4
E
PIDEMIOLOGIA
................................
................................
................................
...............
8
1.4.1
Á
FRICA
S
UBSAARIANA
................................
................................
............................
10
1.4.2
Á
SIA E
P
ACÍFICO
................................
................................
................................
....10
1.4.3
E
UROPA
O
RIENTAL E
Á
SIA
C
ENTRAL
................................
................................
.......11
1.4.4
E
STADOS
U
NIDOS E
O
ESTE
D
A
E
UROPA
................................
................................
.
11
1.4.5
A
MÉRICA
L
ATINA E
C
ARIBE
................................................................
....................11
1.4.6
A
MAZONAS
................................
................................
................................
.............13
1.5
TRATAMENTO
................................
................................
................................
.................15
1.6
A
LTERAÇÕES
O
CULARES
................................
................................
................................
16
2.
O
BJETIVOS
...................................................
................................
................................
.......22
2.1
G
ERAL
................................
................................
................................
...........................
22
2.2
E
SPECÍFICOS
................................
................................
................................
.................22
3.
M
ATERIAL E
M
ÉTODO
....................................................................
................................
.......23
3.1
T
IPO DE
E
STUDO
................................
................................
................................
............23
3.2
D
ESCRIÇÃO DA
Á
REA
................................
................................
................................
....23
3.3
C
RITÉRIOS DE
I
NCLUSÃO E
E
XCLUSÃO
................................
................................
............23
3.4
C
ONSENTIMENTO
I
NFORMADO E
C
OMITÊ DE
É
TICA
................................
..........................23
3.5
CASUÍSTICA
................................
................................
................................
...................24
3.6
M
ÉTODO
................................
................................................................
........................26
4.
R
ESULTADOS..............................................
...................................
................................
......27
5.
D
ISCUSS
ÕES
..................................................
................................
................................
......40
6.
C
ONCLUSÕES
.............................................
..................................
................................
.......43
7.
R
EFERÊNCIAS
B
IBLIOGRÁFICAS
.........................................................................................
44
8.
A
NEXOS
......................................................................................
........................................
47
1. INTRODUÇÃO
1.1
H
ISTÓRIA
N
ATURAL
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é a manifestação clínica tardia da
infecção causada pelo vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Esta infecção induz à
intens
a imunossupressão, progressiva, principalmente da resposta imune do tipo celular,
resultando em desregulação imunológica. Esse desequilíbrio orgânico resulta em infecções
oportunistas, neoplasias e outras manifestações, como demência, caquexia, entre outra
s
(WEISS, 1993).
O HIV foi isolado em 1983, de pacientes com AIDS, pelos pesquisadores Robert
Gallo e Luc Montaigner, respectivamente nos Estados Unidos e França, sendo denominados
HTLV
-III (Vírus Linfotrópico Humano tipo III) e LAV (Vírus Associado a Linf
adenopatia)
(BARRE
-SINOUSSI et al., 1983; GALLO et al., 1984). O Comitê Internacional de Taxonomia
recomendou o termo HIV para denominar esses vírus, reconhecendo como capazes de
infectar seres humanos (CDC, 1986).
O vírus HIV possui genoma RNA (Ácido Ribonucléico), pertencendo à família
Retroviridae
e subfamília
Lentiviridae.
É um retrovírus não-citopático e não-oncogênico que
necessita para a sua multiplicação de uma enzima denominada de transcriptase reversa,
responsável pela transcrição do RNA viral para uma cópia de DNA (Ácido
Desoxirribonucléico), podendo então se integrar ao genoma do hospedeiro. É um vírus
envelopado, de formato icosaédrico com oito genes codificadores de proteínas reguladoras
e estruturais (LEWI
; ACCETURI; GRANATO,
1997).
Os genes estruturais são os seguintes: gene
env
, que codifica a síntese protéica
glicoproteína (gp) 160, dividindo-se posteriormente em gp 120 e gp 41; gene
gag
ou gene
do antígeno de grupo codifica a síntese das proteínas da região central do vírus - p55, que
2
se
divide em p24 e p17; gene
pol
, codificador de enzimas atuantes na replicação viral, ou
seja, p66, p51 e p31 (CDC, 1986).
Os genes reguladores são os seguintes: gene
tat
, responsável pela transativação
viral, isto é, pela transmissão de sinais recebidos pela célula infectada e passados ao
genoma viral; gene
ver
, controla a produção de proteínas reguladoras em relação as
estruturais; gene
nef,
regula com retroalimentação negativa a síntese protéica; gene
vif
,
conhecido como fator de virulência por se acreditar que esteja associado à maior
transmissão de infecção; segmento
ltr
(Long Terminal Repeat), onde se situam seqüências
gêmeas ligadas à codificação de proteínas reguladoras do ciclo biológico viral. As proteínas
reguladoras são sintetizadas em concentrações menores e os todos habituais de
sorologia não detectam os anticorpos contra essas proteínas (CDC, 1986).
Existem dois tipos de HIV, denominados HIV
-
1 e HIV
-
2. O HIV
-
1 foi isolado em 1983,
a partir de células de linfonodo de paciente com AIDS ou com sintomas precoces
relacionados à síndrome. O HIV-2 foi isolado em 1985. A homologia genética entre os dois
tipos virais (40 a 45%), explica a codificação e síntese de diversos produtos antigênicos
semelhantes, portanto uma certa taxa de sororreatividade cruzada, observada nos testes
diagnósticos (GREENE, 1991; PANTALEO
; GRAZIOZI; FAUCI
, 1993).
Descrevem
-se na literatura, variantes genômicas (subtipos) de ambos os tipos virais
em pacientes procedentes de diferentes regiões geográficas. Classificam-se assim, os
subtipos de HIV-1 em dois grupos M (major) e O (outlier), com variabilidade genética de até
30% no segmento
env
. No grupo M identificam-se nove subtipos - A ao I - e no grupo O
apenas um. Em relação ao HIV-2 são descritos cinco subtipos - A ao E (PANTALEO;
GRAZIOZI; FAUCI
, 1993).
Para que as partículas virais infectantes penetrem nas células susceptíveis do
hospedeiro, necessidade de interação molecular entre glicoproteínas do envelope viral
externo e receptores, expressos na membrana das células alvo. Participam desta interação
inicialmente a gp 120 e a molécula CD4+, expressa na superfície da membrana celular.
Deste modo, poderão infectar células que exibam esse marcador de superfície nas
3
membranas. Destaca-se entre elas, os linfócitos T auxiliadores (CD3+, CD4+, CD8+), por
exibirem grandes concentrações da molécula CD4+. Outras células infectadas são as
monocítico
-macrofágicas, incluindo a microglia do sistema nervoso central, dendríticas,
foliculares dos linfonodos e as de Langerhans da pele (FAHEY; FL
EMMIG, 1997).
A partir da entrada do HIV na célula, via molécula CD4+, este perde seu envelope
glicoprotéico, expõe sua fita de RNA e permite a ação da enzima transcriptase reversa viral,
formando dupla fita de DNA. Neste momento, o material genético viral vai penetrar no
núcleo da célula hospedeira e integrar-se ao seu genoma por ação da integrase formando o
pró
-vírus. Este pode permanecer latente por tempo variável, de meses a anos. Por um
mecanismo não esclarecido, ocorrea ativação do pró-vírus no decurso da infecção, com
conseqüente replicação viral e liberação de partículas virais na circulação, aptas a infectar
novas células. Uma vez completada a replicação viral, a célula hospedeira é destruída,
talvez, por um mecanismo de apoptose (WEISS, 1993).
1.2
M
ANIFESTAÇÕES
C
LÍNICAS DO
HIV/AIDS
As manifestações clínicas de infecção primária de HIV podem ser classificadas em:
(1) gerais: febre, artralgia, mialgia, astenia, anorexia; (2) dermatológicas: exantema
maculopapular eritematoso, urticária difusa, alopecia, ulceração mucocutânea; (3)
neurológicas: cefaléia, dor retrorbitária, meningoencefalite, neuropatia periférica, mielopatia,
radiculopatia; (4) linfocitopáticas: adenomegalia geralmente de linfonodos axilares, occipitais
e cervicais; (5) gastrintestinais: náuseas, vômitos, diarréia, candidíase oral e esofágica
(CDC, 1992).
A infecção aguda pelo HIV, ou síndrome retroviral aguda, evolui com quadro
semelhante ao da mononucleose infecciosa e reflete o tropismo neurológico e linfocitopático
do vírus (BART
LETT, 1999).
Os sintomas da infecção aguda regridem geralmente em uma a quatro semanas, o
que ocorre paralelamente à diminuição da carga viral sangüínea, graças ao surgimento da
4
resposta imune celular (resposta das células T citotóxicas) e humoral (anticor
pos anti
-
HIV
-
1)
do hospedeiro (FAUCI, 1999).
Geralmente após seis a doze semanas da infecção do vírus, o exame sorológico
para o HIV torna-se positivo, mas, em alguns pacientes, este período pode ser muito maior.
Segue
-se um período assintomático e sem alterações no exame físico, exceto por uma
eventual linfadenopatia generalizada persistente, chamada de infecção assintomática.
Apesar da ausência de sintomas, o vírus está presente no organismo mantendo sua
replicação em certas partes dos tecidos linfóides, que funcionam como reservatório do HIV
(FAHEY; FLEMMIG, 1997).
Com o passar do tempo, a resposta imunológica não é capaz de conter a replicação
viral, surgindo a infecção sintomática inicial e, posteriormente, infecções e neoplasias que
caracterizam a progressão para AIDS. A evolução completa da soroconversão até a
progressão para AIDS, na ausência de tratamento antiretroviral, é em média de 10 anos
(FAUCI, 1999).
Os testes para a detecção da infecção pelo HIV podem ser divididos basicamente em
quatro grupos: testes de detecção de anticorpos, testes de detecção de antígenos, técnicas
de cultura viral e testes de amplificação do genoma do vírus. As técnicas rotineiramente
utilizadas são baseadas na detecção de anticorpos contra vírus, e não na detecção do vír
us
(CDC, 1986).
A definição clínica inicial de AIDS, pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) de
Atlanta, descreveu
-
a como doença que afeta indivíduos infectados pelo HIV e que apresenta
quadro de imunodeficiência celular, expresso clinicamente por infecções oportunistas e
tumores malignos. Tal síndrome tornou-se um dos mais importantes problemas de saúde
pública, devido ao aumento dramático de sua incidência desde 1981, quando da notificação
dos primeiros casos (CDC, 1986).
Acredita
-se que todas as pessoas infectadas pelo HIV, com ou sem AIDS, podem
transmitir o vírus e, com o tempo, poderão ir ao óbito pelas complicações da doença. Outro
5
conceito importante é de que o vírus, por si, não leva ao óbito. A morte seria causada pelas
complicações, principalmen
te infecciosas e tumorais (CDC, 1986).
Em 1992, o CDC revisou seu sistema de classificação da infecção pelo HIV, com
ênfase na importância da contagem de células CD4+, para categorizar as condições clínicas
relacionadas ao HIV. O sistema fundamentou-se na presença de sorologia positiva
específica para o HIV e em três categorias clínicas e três valores de CD4+, sendo
representado por uma matriz de nove categorias exclusivas demonstradas na Figura 1
(CDC, 1992).
Figura 1: Categoria clínica de pacientes com i
nfecção pelo HIV,
segundo nível de CD4 (CDC, 1992).
Categorias Clínicas
Células CD4+/mm
3
A B C
(1) >= 500
A1
B1
C1
(2) 200
-
499
A2
B2
C2
(3) < 200
A3
B3
C3
Nota: As áreas em azul indicam presença de AIDS.
Categoria Clínica A
: qualquer das três condiç
ões seguintes (além da inexistência da
situação B ou C): (1) infecção assintomática pelo HIV; (2) linfadenopatia persistente
generalizada (nódulos em 2 ou mais sítios extra-inguinais, medindo no mínimo 1 cm,
presente no mínimo por três meses); (3) infecção
aguda pelo HIV (CDC, 1992).
Categoria Clínica B: condições sintomáticas em infectados pelo HIV, que não
estejam incluídos na categoria C e que apresentem pelo menos um dos seguintes critérios:
(1) infecção pelo HIV ou indicação de disfunção da imunidade celular; (2) necessidade de
controle de complicações secundárias a infecção pelo HIV. São exemplos de tais condições:
angiomatose bacilar; candidíase vulvovaginal persistente, freqüente ou refratária ao
tratamento específico; candidíase orofaringeal; displasia cervical moderada ou severa ou
carcinoma
in situ; febre superior a 38,8 ºC ou diarréia prolongada por mais de um s;
6
leucoplasia pelúcida oral; herpes-zoster recidivante ou acometendo mais de um dermátomo;
púrpura trombocitopênica idiopática; listeriose; doença inflamatória pélvica, principalmente
quando complicada por abscesso tubo
-
ovariano e neuropatia periférica (CDC, 1992).
Categoria Clínica C: sorologia positiva para HIV, tendo ou não apresentada às
condições A e B e a presença de qualquer das doenças indicativas de AIDS, pela definição
do CDC: candidíase (esofágica, traqueal ou brônquica); coccidioidomicose extrapulmonar;
criptococose extrapulmonar; retinite por citomegalovírus ou doença causada pelo CMV em
órgão que não o fígado, baço ou linfonodos; encefalopatia pelo HIV (complexo de demência
relacionado à AIDS); herpes simples com úlcera mucocutânea de mais de um s de
duração ou causando bronquite, pneumonia ou esofagite; histoplasmose disseminada;
isosporíase com diarréia por mais de um mês; sarcoma de Kaposi; linfoma não-
Hodking;
infecção extrapulmonar causada por Mycobacterium aviae
ou
Mycobacterium kansasii
;
infecção pulmonar ou extrapulmonar por Mycobacterium tuberculosis; pneumonia por
Pneumocystis carinii; leucoencefalopatia multifocal progressiva; bacteremia recorrente por
Samonella
;
toxoplasmose cerebral e síndrome consumptiva pelo HIV (CDC, 1992).
Qualquer pessoa com teste sorológico positivo para o HIV e com menos de 200
células de CD4+ por microlitro de sangue recebe o diagnóstico de AIDS, independente da
categoria clínica. Qualquer pessoa na categoria C é diagnosticada como tendo AIDS,
independente do valor do CD4+ (CDC, 1992).
1.3
T
RANSMISSÃO
A transmissão do HIV pode ocorrer através do contato sexual, contaminação através
de sangue ou seus produtos, uso de drogas injetáveis e transmissão vertical. Em todas as
situações ocorre carreamento do vírus a a corrente sangüínea. O vírus foi isolado no
sêmen, sangue, secreção vaginal, leite materno, lágrima, urina, fezes, líquor e saliva
;
7
entretanto, somente os quatros primeiros fluidos são significativos, do ponto de vista de
contágio (CDC, 1986).
A contaminação sangüínea ocorre através de transfusão de sangue ou de
hemoderivados, em acidentes profissionais com instrumentos pérfuro-
corta
ntes, na vigência
de sangue contaminado pelo HIV, e também, vinculada ao uso de drogas devido ao
compartilhamento de agulhas e seringas (CDC, 1986).
A transmissão vertical (perinatal), ocorre da e soropositiva para o seu concepto,
via transplacentária, canal de parto ou aleitamento. Os estudos realizados demonstram que
a transmissão vertical ocorre em média de 14 a 30% das gestações de mulheres infectadas.
O risco de contaminação do feto pode ser maior se, no decorrer da gestação, a mulher
apresentar mani
festações clínicas de AIDS (CDC, 1986).
A transmissão sexual pode ocorrer nas relações anais, vaginais e provavelmente nas
orais. Os parceiros receptivos têm um risco maior de adquirir a infecção pelo HIV, porém, o
risco para os parceiros insertivos, em ambas as formas de relação sexual, é também muito
importante. Na presença de lesões de órgãos genitais e de doenças sexualmente
transmissíveis, os riscos de transmissão e infecção estão aumentados (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 200
0
).
As relações homossexuais femininas são consideradas de baixo risco de
contaminação. A presença de sangue no período menstrual ou por traumatismos, nas
relações sexuais, potencializa o risco. A transmissão heterossexual compreende o maior
número de casos notificados, como demonstrado na tabela 1 (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2003).
8
Tabela 1
Casos de AIDS no Brasil, segundo a categoria de exposição
no período de 1980 a 2002.
Total 1980
-
2002
Categoria de Exposição
%
Sexual
163733
63,5
Homossexual
39089
15,2
Bissexual
20555
8
Heterossexual
104089
40,4
Sanguínea
54730
21,2
UDI
50738
19,7
Hemofílico
1325
0,5
Transfusão
2667
1,1
Perinatal
7514
2,9
Acidente de Trabalho
1
0,0
Ignorada
31802
12,3
Total
257780
100,0
Fonte: Ministério da Saúde, 2003
.
1.4
E
PIDEMIOLOGIA
Em 2003 aproximadamente três milhões de pessoas morreram devido HIV/AIDS (Figura
2) e cerca de cinco milhões contraíram o vírus HIV (Figura 3), elevando a 40 milhões (Figura 4) o
número de pessoas que vivem no mundo com o vírus (UNAIDS
, 2004).
Figura 2: Distribuição mundial de casos de óbitos por HIV/AIDS (UNAIDS, 2004).
9
Figura 3: Distribuição mundial de novos casos de HIV (UNAIDS, 2004).
Figura 4: Distribuição mun
dial dos casos de HIV/AIDS (UNAIDS, 2004).
10
1.4.1
Á
FRICA
S
UBSAARIANA
Faucci (1999) relata que vinte anos após a primeira evidência clínica de AIDS,
estima
-se que mais de 60 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV, sendo que o
HIV/AIDS é conhecido, atualmente, como a quarta maior causa de morte no mundo e a
principal causa de morte nas regiões da África Subsaariana.
A África é a região do mundo mais intensamente afetada pelo HIV/AIDS,
apresentando no final de 2003, 26,6 milhões de casos, com cerca de 3,2 milhões de novas
infecções, e estima-se que tenha dizimado cerca de 2,3 milhões de pessoas. São
portadores do vírus HIV aproximadamente 10 milhões de jovens entre 15 e 24 anos e quase
3 milhões de crianças menores de 15 anos. Em quatro países dessa região, a prevalência
do HIV nos adultos tem atingido níveis elevados como Botswana (38,8%), Lesotho (31%),
Swazilândia (33,4%) e Zimbabwe (33,7%) (UNAIDS, 2004).
1.4.2
Á
SIA E
P
ACÍFICO
Mais de um milhão de pessoas contraíram o vírus HIV ao longo de 2003, o q
ue eleva
para 7,4 milhões o número estimado de pessoas que vivem atualmente com o HIV. Calcula-
se que 500.000 pessoas faleceram devido a AIDS em 2003 (UNAIDS, 2004).
Na Índia, se estima que ao final de 2003, havia 4 milhões de indivíduos com o
HIV/AIDS, sendo cerca de 300.000 novos casos, destacando-se como segundo país do
mundo em número de casos. Na China, a epidemia não mostra sinais de retrocesso. As
estimativas oficiais situam em um milhão de pessoas que vivem com o HIV em meados de
2002. Entre os países e territórios do Pacifico, Papua Nova Guiné é o que detém a maior
taxa de infecção por HIV (UNAIDS, 2004).
11
1.4.3
E
UROPA
O
RIENTAL E
Á
SIA
C
ENTRAL
O crescimento mais intenso da epidemia de AIDS em todo o mundo mantém-se no
leste da Europa e nas regiões centrais da Ásia. Calcula-se que foram produzidas novas
infecções por HIV em 230.000 pessoas, elevando para 1,5 milhões os indivíduos com
HIV/AIDS, e ceifando a vida de cerca de 30.000 pessoas. A epidemia acomete
principalmente os jovens usuários de drogas. Na Rússia, cerca de 90% das infecções
registradas são atribuídas ao uso de drogas injetáveis, elevando de cerca de 11.000 casos
em 1998 para um número de 200.000 casos em apenas quatro anos (UNAIDS, 2004).
1.4.4
E
STADOS
U
NIDOS E
O
ESTE DA
E
UROPA
A epidemia de HIV/AIDS nos EUA e em países do oeste europeu atingiu um
patamar, em que o número de novas infecções por ano não segue uma trajetória acelerada,
mas se mantém constante, atingindo cerca de 1,6 milhões de pessoas, sendo ao redor de
80.000 novos casos
de infectados e cerca de 18.000 obituários ao longo de 2003. Estima
-
se
que nos EUA, este patamar atingiu cerca de 40 mil novas infecções por ano (UNAIDS,
2004).
Com o advento dos novos antivirais específicos e da HAART (Highly Active
Antiretroviral Therap
y)
, a morbidade e a mortalidade declinaram expressivamente,
estabilizando
-
se nos EUA e oeste da Europa (UNAIDS, 2004).
1.4.5
A
MÉRICA
L
ATINA E
C
ARIBE
Estima
-se que nessas regiões mais de 2 milhões de pessoas que vivem com
HIV/AIDS, as quais 200 mil novos casos surgiram em 2003. O Haiti continua sendo o país
mais afetado, seguido por Bahamas (UNAIDS, 2004).
A AIDS no
Brasil
, foi identificada pela primeira vez em 1980, e até a primeira metade
da década de 80, a epidemia manteve-se, aparentemente restrita às maiores regiões
metropolitanas do país, ou seja, São Paulo e Rio de Janeiro, observando-se também
grandes concentrações de casos na região Sul. A distribuição de casos nas regiões do país
12
(tabela 2), demonstra a maior prevalência nas metrópoles dessas regiões. E ainda, verifica-
se o maior acometimento de casos da doença em indivíduos de ambos os sexos entre 25 a
34 anos, conforme tabela 3 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003).
Tabela 2
Casos de AIDS no período de 1980 a 2002 por local de residência.
Local de Resid
ência
Total 1980 a 2002
Brasil
257771
Norte
5184
Amazonas
1532
Nordeste
23208
Centro
-
Oeste
12437
Sudeste
172858
Sul
44084
Total
257771
Fonte:
Ministério da Saúde
, 2003.
Tabela 3
Casos de AIDS no Brasil segundo sexo e
faixa etária no período de 1980 a 2002.
Masculino
Feminino
Idade
. %
. %
< 5
a
3479
1,9
3453
5,7
5 a 12
1051
0,6
738
1
13 a 19
3455
1,9
2142
2,9
20 a 24
16777
9,1
9285
12,8
25 a 29
35977
19,4
14948
20,6
30 a 34
42521
23,0
14589
20,1
35 a 39
33
147
17,9
10734
14,8
40 a 49
34069
18,4
11324
15,6
50 a 59
10573
5,7
4017
5,5
60 e mais
3764
2,0
1429
2
Ignorado
268
0,1
60
0,1
Total
185061
100,0
72719
100,0
Fonte: Ministério da Saúde, 2003.
13
1.4.6
A
MAZONAS
O vírus HIV provavelmente foi introduzido no Amazonas na segunda metade da
década de 70, sendo o primeiro caso de AIDS oficialmente notificado no Estado em abril de
1986, em sua capital, Manaus. Dos 62 municípios que o Estado possui, 37 notificaram
pelo menos um caso de AIDS, totalizando 1532 casos desde abril de 1986 a dezembro de
2003 (FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS, 2003).
De abril de 1986 ao final de 1990, a epidemia estava circunscrita ao município de
Manaus. Mas a partir de 1991, a epidemia começou a se difundir pelo Estado, sendo o
município de Manaquiri o primeiro a notificar um caso de AIDS no interior, seguido de
Parintins, Tefé, Manacapuru, Lábrea e Beruri (1992); Coari, Manicoré, Benjamin Constant e
São Gabriel da Cachoeira (1993); Tabatinga e Itacoatiara (1994); Presidente Figueiredo,
Eirunepé e Autazes (1995); Carauari, Apuí e Tonantins (1996); o Sebastião de Uatumã e
Santo Antônio do Içá (1997); Iranduba, São Paulo de Olivença e Barreirinha (1998); Jutaí,
Novo Airão, Maués e Atalaia do Norte (1999); Humaitá (2000); Boca do Acre e Castanho
(2001) (FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS, 2003).
A maior concentração de casos do Estado do Amazonas está na cidade de Manaus,
com 1.404 pessoas contaminadas, a maior parte delas do sexo masculino, na faixa etária
dos 30 aos 34 anos, seguidos pelos pacientes entre 25 e 29 anos. A maior incidência da
doença está no sexo masculino com 1.059 (75,4%) casos, o sexo feminino apresenta-
se
com 345 (24,6%) casos, o que significa cerca de três homens para cada mulher com AIDS
no A
mazonas (FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS, 2003).
N
a cidade de Manaus, o HIV distribuiu
-
se da seguinte forma:
Teve como ponto de partida a Zona Sul, que abrange o Centro da cidade e os
bairros de Educandos, Aparecida, Morro da Liberdade, Cachoeirinha, Praça 14,
Japiim e Distrito Industrial. A média de casos registrados na Zona Sul corresponde a
38,32% do total de pacientes;
14
A
Zona Leste vem logo em seguida com 207 casos da doença espalhados pelos
bairros do São José, Coroado, Armando Mendes, Zumbi, Jorge Teixeira,
Puraquequara e Colônia Antônio Aleixo;
Outra zona habitacional com elevado percentual de casos é a
Centro
-
Sul
, que
abrange os bairros do Parque Dez, Adrianópolis, Nossa Senhora das Graças, Aleixo,
Chapada e São Geraldo, onde a FMTAM diagnosticou 174 casos confirmados;
A
Zona Oeste de Manaus, embora menos populosa, teve 140 pessoas infectadas
pelo vírus HIV. Os casos foram detectados nos bairros Nova Esperança, Compensa,
Vila da Prata, Tarumã, São Raimundo, Glória, São Jorge, Santo Antônio, Lírio do
Vale e Ponta Negra;
Na
Zona Norte, que nos últimos anos teve grande expansão demográfica por conta
dos bairros Cidade Nova, Monte das Oliveiras, Santa Etelvina e Novo Israel, a FMT
registrou a ocorrência de 128 casos. A zona de menor incidência é a Centro-
Oeste,
que abrange bairros de classe média como Redenção, Planalto, Dom Pedro e
Alvorada, onde foram identificadas 125 pessoas infectadas (FUNDAÇÃO DE
MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS, 2003).
Segundo o boletim epidemiológico do primeiro trimestre de 2003 da FMTAM, a AIDS
mantém
-se como uma das principais causas de internação e de óbitos na instituição,
conforme tabelas 4 e 5 (FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS, 2003).
Tabela 4
Principais doenças causadoras de internação na
FMTAM no primeiro tr
imestre de 2003.
Doença
Casos no
trimestre
Acumulados
no ano
Malária vivax
232
232
AIDS
139
139
Acidente ofídico
70
70
Estafilococcia
59
59
Outras Meningites
48
48
Pneumonia
37
37
Malária falciparum
35
35
Doença meningocócica
24
24
Tuberculose
24
24
Fonte: Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, 2003
.
15
Tabela 5
Principais causas de óbitos na FMTAM no primeiro trimestre de 2003.
Doença
Casos no
trimestre
Acumulados
no ano.
AIDS
11
11
Sepse
4 4
Outras Meningites
3 3
Pneumonia
3 3
Cirrose hepática
1 1
Doença Meningocócica
1 1
Hepatite Crônica
1 1
Malária vivax
1 1
Estafilococcia
1 1
Fonte:
Fundação de Medicina Tropical do Amazonas
, 2003.
1.5
T
RATAMENTO
A primeira droga anti-retroviral específica surgiu em 1987, a zidovudina ou AZT, um
análogo nucleosídeo inibidor da transcriptase reversa viral. Os efeitos colaterais
gastrintestinais (náuseas e vômitos), cefaléia e, sobretudo a mielotoxicidade, observados em
até 30% dos pacientes, constituem obstáculos importantes, levando muitas vezes à
diminuição ou suspensão da droga. Existem outros anti-retrovirais inibidores da
transcriptase reversa viral análogos nucleosídeos, com mecanismos de ação semelhante ao
AZT, entre eles a didanosina (DDI), a zalcitabina (DDC), stavudina (D4T) e a lamivudina
(3TC). Tais substâncias apresentam-se como alternativa a zidovudina, sem o potencial
mielotóxico, embora podendo ocasionar outros efeitos colaterais, como pancreatite ou
neuropatia periférica (CDC, 2002).
Uma nova classe de antivirais, os inibidores de protease, é que impede a clivagem
da poliproteína viral. Estes produtos como o saquinavir, ritonavir e indinavir disponíveis no
Brasil e outros países em desenvolvimento apresentam grande potência na redução da
carga viral
e ausência de efeitos colaterais significativos (CDC, 2002).
A associação de dois inibidores de transcriptase reversa e um inibidor de protease é
a base atual da terapia altamente efetiva anti-HIV (HAART), proporcionando a certos
pacientes a negativação da carga viral e a reconstituição, pelo menos parcial, de seu
sistema imunológico (CDC, 2002).
16
1.6
A
LTERAÇÕES
O
CULARES
As alterações oculares são comuns na AIDS, desde os primeiros casos descritos nos
EUA, no Brasil e em todos os outros países. No período p
-HAART, cerca de 60% dos
pacientes desenvolviam alguma manifestação clínica ocular ao longo do curso da doença
(MUCCIOLI et al., 1994).
O envolvimento ocular na AIDS é polimorfo e compreende alterações dos anexos
(pálpebras, cílios) e segmentos: 1) anterior (conjuntiva, esclera, córnea, íris e cristalino) e 2)
posterior (corpo vítreo, retina, coróide e nervo óptico) do globo ocular, que podem ser
classificadas em cinco grandes grupos: a) alterações da microcirculação, incluindo as
alterações microvascular
es da conjuntiva e manchas algodonosos, talvez resultado direto da
infecção pelo HIV; b) as infecções oportunistas secundárias como a retinite por
citomegalovírus (CMV), a retinocoroidite toxoplasmática e as retinites herpéticas; c) as
neoplasias do segmento anterior, posterior ou de anexos oculares, como carcinoma
espinocelular e o Sarcoma de Kaposi; d) alterações neuro-oftalmológicas como os
estrabismos secundários; e) alterações iatrogênicas decorrentes da terapia anti-HIV e das
doenças secundárias, como no caso da retinopatia devido ao uso de DDI, a uveíte causada
pelo uso do rifabutin e do cidovir e a Síndrome de Stevens Johnson, relacionada às terapias
para as infecções como tuberculose e toxoplasmose (MUCCIOLI et al., 1994; MUCCIOLI;
BELFORT, 1998).
Com a pandemia de AIDS, algumas doenças oculares, anteriormente raras,
tornaram
-se comuns e passaram a ser utilizada como marcadores da doença, como é o
caso da retinite por CMV e do Sarcoma de Kaposi. Outras doenças estão quase que
exclusivamente relaciona
das a AIDS, como é o caso da ceratoconjuntivite por microsporídeo
e da necrose progressiva da retina externa (PORN), uma variante da necrose aguda de
retina (ARN) descrita em indivíduos com AIDS e imunodeficiência severa (MUCCIOLI et al.,
1994).
17
As alterações de segmento anterior ocular não costumam apresentar incidência
aumentada em pacientes com AIDS, porém, quando presentes nesses doentes, exigem
maior cuidado e oferecem maiores riscos de recidivas e de associação de lesões, além de
dificuldades de trata
mento (MUCCIOLI et al., 1994).
No segmento posterior ocular, desenvolve-se a principal manifestação ocular
relacionada à AIDS, sendo um dos critérios de diagnóstico de doença - a retinite por CMV,
que, no passado, foi importante causa de cegueira nesses pacientes (MUCCIOLI et al.,
1994; MUCCIOLI; BELFORT, 1998).
No período pré-HAART, Adolfo et al. (1990), publicaram que nos 60 pacientes
examinados, as alterações oculares foram freqüentes em 71,6% dos casos, sendo o
principal achado ocular, o ingurgitamento venoso retínico presente em 65%, seguido de
retinite por CMV em 16,7%, enquanto que no segmento anterior, o ingurgitamento vascular
conjuntival surgiu em 35%, acompanhados de 6 casos de conjuntivite supostamente
bacteriana e resistente a antibioticoterapia tópica e sistêmica, além de 3 casos de Sarcoma
de Kaposi.
Muccioli et al. (1994), publicaram que a retinite por CMV foi à alteração ocular mais
freqüentemente identificada, acometendo 25% dos 445 pacientes examinados. A
toxoplasmose ocular foi identificada em 8,5% dos pacientes, retinite por herpes em 3,6%,
papiledema em 2,2%, atrofia óptica em 1,6%, phthisis bulbi em 1,5%, coroidite multifocal em
1,2%, hemorragia retiniana em 0,9%, uveíte por sífilis em 0,6% e oclusão da veia central da
retina em 0,2%.
Foram examinados por Dualiby (1996), 178 pacientes HIV positivos, encontrando em
67,42% patologias oculares, sendo a retinite por citomegalovírus (16,57%), a infecção
oportunista mais freqüentemente encontrada em pólo posterior, seguidos de toxoplasmose
(6,
17%) e retinite herpética (1,96%).
Freitas et al. (1997), publicaram que a prevalência das desordens oftalmológicas foi
de 66,6% dos 45 pacientes examinados com AIDS, sendo as principais alterações
18
encontradas respectivamente, retinite por CMV (20%), olho seco (13%) e ceratoconjuntivite
(13%).
Após o advento da HAART, várias mudanças nas manifestações oculares
relacionadas à AIDS foram descritas. Uma nova síndrome ocular denominada de uveíte
secundária a recuperação imunológica (IRU-Immune Recovery Uveitis) foi observada em
pacientes que se beneficiaram com HAART. Várias outras alterações, como edema macular
cistóide, membranas epi-retinianas, também foram descritas, isoladamente ou em conjunto,
como eventos adversos (ROBINSON et al., 2000).
Foi verificado p
or Matos et al. (1999), a presença de retinite por CMV em 22,36% dos
1100 pacientes ambulatoriais HIV positivos atendidos durante três anos, sendo a
manifestação mais freqüentemente encontrada, seguida por manchas algodonosas em 10%,
toxoplasmose ocular em 4%, catarata secundária em 4%, retinite herpética em 3%, ceratite
intersticial em 1,5% e
phthisis bulbi
em 1%.
Sampaio et al. (2000), encontraram nos 77 pacientes examinados HIV positivos, as
seguintes manifestações oculares externas: microvasculopatia conjuntival em 27 casos
(35%), seguidos de meibomite (31%), blefarites (30%) e no segmento posterior, o achado
mais encontrado foi à mancha algodonosa em 13%, acompanhada de alterações do epitélio
pigmentado da retina (6,5%) e de retinite por CMV (4%).
Nas
alterações microvasculares da conjuntiva, observa-se segmentos vasculares
dilatados, microaneurismas, estreitamento da coluna arteriolar sangüínea e represamento
do fluxo sangüíneo local. Em geral, poucos sintomas, secundários a fenômeno vascular
oclusi
vo e, na maioria das vezes achados de exames, acompanhados ou não de fenômenos
semelhantes observados na retina. A ceratoconjuntivite por microsporídeo, causada pelo
Enterocytozoon cuniculi
ou
E. hellen, é extremamente rara e acomete principalmente
indivíd
uos infectados pelo HIV com imunodeficiência severa (AIDS). O herpes zoster
oftálmico caracteriza-se por lesões vesículo-bolhosas que se distribuem ao longo do ramo
oftálmico do nervo trigêmio, e pode estar associada a ceratite, conjuntivite, blefarite e u
veíte.
19
Este quadro clínico pode anteceder por meses e anos os quadros de retinite necrosante por
herpes zoster
-
ARN ou PORN (MUCCIOLI, 1999).
O
Moluscum contagiosum provoca uma infecção humana comum, bem definida,
causada pelo poxvírus. É uma lesão freqüente em pacientes com AIDS. O Sarcoma de
Kaposi é descrito como a principal manifestação do segmento anterior ocular na AIDS,
podendo ocorrer em qualquer estágio, mas geralmente com CD4+ < 500 céls/microlitro. As
pálpebras são os locais mais freqüentemente acometidos, seguidos da conjuntiva tarsal ou
bulbares; e, menos freqüente ainda, a órbita, carúncula e vias lacrimais (MUCCIOLI, 1999).
As coroidites nos pacientes HIV positivos podem ter apresentações atípicas e, na
maioria dos casos, os achados oculares são manifestações de doenças sistêmicas. As
coroidites podem ser o sinal inicial de várias doenças e, dentre as diversas etiologias, as
mais comuns são as de origem bacteriana, tais como sífilis e tuberculose; as de origem
fúngica, como candidíase, histop
lasmose e criptococose (MUCCIOLI, 1999).
A toxoplasmose ocular acomete cerca de 8,5% dos pacientes infectados pelo HIV no
Brasil, cursando clinicamente com uveíte posterior ou difusa. As complicações orbitárias
mais freqüentes em AIDS são o linfoma, infiltração linfoplasmocitária e celulite orbitária
(MUCCIOLI; BELFORT, 1998).
As alterações neuro-oftalmológicas em pacientes com AIDS apresentam uma
prevalência de aproximadamente 8%, e as alterações neurológicas estão em torno de 40%.
As manifestações principais e mais freqüentes neuro-oftalmológicas são: alterações de
nervos oculomotores periféricos, neuropatia óptica, alterações supranucleares do olhar e
defeitos de campo visual causados por lesões das vias ópticas. Estas manifestações podem
representar os primeiros sinais das doenças, bem como sugerir o local das alterações no
sistema nervoso central do paciente com AIDS (MUCCIOLI; BELFORT, 1998).
Cerca de 40 milhões de pessoas vivem atualmente com HIV/AIDS, e as
complicações oculares são freqüentes, pois afetam em torno de 50 a 75% desses pacientes
em algum momento da evolução de sua doença. A retinite por CMV é uma manifestação
tardia da AIDS, por se desenvolver em pacientes com imunodeficiência severa e, sendo um
20
indicador de doença que preenche os critérios do CDC para o diagnóstico de AIDS. É a
infecção ocular mais comum e a causa mais freqüente de perda visual entre esses doentes.
Ainda que a prevalência da retinite por CMV esteja reduzindo nos países industrializados
como conseqüência da ampla disponibilidade de anti-retrovirais de alta potência, calcula-
se
que entre 10 a 20% dos pacientes infectados por HIV em todo mundo perdem a visão em
um ou ambos olhos resultante de uma infecção ocular por citomegalovírus (PHILIPPE;
EMMETT, 2001).
outras causas importantes, todavia menos freqüentes de perda visual bilateral
nos pacientes com HIV/AIDS, tais como as retinites causadas pelo vírus varicela zoster e
herpes simples, a microvasculopatia isquêmica associada ao HIV, a sífilis ocular, além da
tuberculose, a
meningite criptocóccica e as reações oculares de origem tóxica ou por alergia
a medicamentos (PHILIPPE; EMMETT, 2001).
Atualmente, a maioria dos pacientes com HIV/AIDS dos países em desenvolvimento
que perdem a visão tem uma expectativa de vida limitada.
Não obstante, sabe
-
se que com a
oferta gratuita da HAART nesses países, contribui tanto para a expectativa de vida como a
redução da cegueira associada ao HIV/AIDS. O Brasil, através de uma lei federal, desde
1996, permite acesso gratuito de todos os medicamentos anti-retrovirais (HAART), o que
contribuiu para a redução de aproximadamente 50% na taxa de mortalidade por AIDS, e da
diminuição das doenças oportunistas, tais como redução de 60% dos casos de tuberculose,
54% dos ocasionados pelo citomegalovírus e 38% dos relacionados ao Sarcoma de Kaposi
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).
No Amazonas, foram examinados 128 olhos de 74 pacientes HIV positivos em 2000,
encontrando
-
se alterações oculares em 18,9%, sendo a retinite causada por CMV a principal
manifestação r
elacionada ao vírus em 6,8% dos casos (CARVALHO et al., 2000).
A taxa de cegueira nos pacientes com AIDS no Estado do Amazonas foi de 6,16%
no ano de 2001, sendo a neurotoxoplasmose (1,3%) e a meningite criptocóccica (0,64%), as
principais causas de amaurose bilateral, e as lesões oculares por citomegalovírus (2,27%),
21
toxoplasmose (0,97%), as mais importantes causas de cegueira unilateral (CARVALHO;
MELO, 2001).
Diante disto, justifica-se a necessidade de realizar um estudo científico nessa área
para conhecermos a realidade regional, e assim possamos promover a saúde ocular desses
pacientes, mediante o diagnóstico e tratamento precoce, prevenindo a perda visual, e
oferecendo uma melhor qualidade de vida.
22
2. OBJETIVOS
2.1
G
ERAL
Determinar a freqüência e o tipo das alterações oculares nos pacientes adultos com
HIV/AIDS atendidos no ambulatório e hospital da Fundação de Medicina Tropical do
Amazonas.
2.2
E
SPECÍFICOS
Verificar a associação entre os achados oculares com as doenças oportunistas, o
número de lin
fócitos T CD4+ e a carga viral.
Comparar a freqüência das alterações oculares dos pacientes examinados com
outros estudos congêneres.
Determinar a freqüência e as principais causas de cegueira entre os pacientes
examinados.
23
3. MATERIAL E MÉTODO
3.1
T
IP
O DE ESTUDO
Foi realizado um estudo descritivo e prospectivo.
3.2
D
ESCRIÇÃO DA ÁREA
O trabalho foi realizado no Ambulatório HIV/AIDS e no Hospital da Fundação de
Medicina Tropical do Amazonas, centro de referência estadual em doenças tropicais e
infeccio
sas, situado à Avenida Pedro Teixeira 25, D.Pedro I, no município de Manaus,
estado do Amazonas.
3.3
C
RITÉRIOS DE INCLUSÃO
E EXCLUSÃO
Foram incluídos neste estudo, todos os pacientes com idade igual ou superior a 18
anos, com confirmação laboratorial de HIV por meio de ELISA (Enzyme-
Linked
Immunosorbent Assay), independente de sexo, cor e condição socioeconômica.
Pacientes com idade inferior a 18 anos de idade foram excluídos do estudo, assim
como pacientes grávidas.
3.4
C
ONSENTIMENTO
I
NFORMADO E
C
OMITÊ
DE
É
TICA
O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FMTAM,
que permitiu, sem restrições, à execução do estudo.
Inicialmente foi obtido de cada participante, ou de seu representante legal, o
consentimento informado (Anexo A), no qual constaram dados relevantes sobre a pesquisa
de forma clara e objetiva. Além das info
r
mações escritas, ainda se fez detalhada explan
a
ção
sobre o conteúdo do documento, ficando a critério de cada sujeito sua inclusão ou não no
24
estudo, da mesma forma que lhe foi permitido sua retirada a qualquer momento, sem
nenhum ônus ou perdas.
3.5
C
ASUÍSTICA
A amostra compreendeu 235 participantes. O mero de pacientes a serem
examinados foi calculado através do software Epi Info (Word processing database and
stati
stics program for epidemiology on microcomputers), versão 6.0. Considerou-
se:
população=1266 (soropositivos notificados na cidade de Manaus em 2002), precisão=5%,
prevalência=25%, efeito des
e
nho=1, nível de confiança=95% e
=5%.
Do total de pacientes examinados, 139 (59,15%) eram do sexo masculino e 96
(40,85%) do sexo feminino.
No que se refere à faixa etária, como mostra a figura 5, a faixa etária mais freqüente
foi a localizada entre 30 e 39 anos. A média de idade dos pacientes examinados foi de 34,6
ano
s.
Figura 5: Distribuição dos pacientes com HIV/AIDS, segundo a faixa etária, no Amazonas,
2003
Quanto ao tempo estimado de infecção pelo HIV, 85 casos (36,17%) tinham entre 1-
5 anos, 76 casos (32,34%) entre 5 a 10 anos (tabel
a 6).
>60
1%
18-29
32%
30-39
37%
40-59
30%
25
T
abela 6
Distribuição dos pacientes, segundo tempo estimado
de infecção pelo HIV, no Amazonas, 2003
Em relação à origem do atendimento oftalmológico, 183 (77,87%) pacientes eram
oriundos do ambulatório, enquanto que 52 (22,13%) estavam internados na Unidade de
Internação Hospitalar da FMTAM (Figura 6).
Figura 6: Distribuição dos pacientes com HIV/AIDS, segundo origem de atendimento, no
Amazonas, 2003
Tempo de HIV (anos)
Freqüência
%
<1
49
20,85
1-5
85
36,17
5-
10
76
32,34
>10
25
10,64
ambulatorial
78%
internação
22%
26
3.6
M
ÉTODO
3.6.1
E
XAME DE
S
ANGUE
Os exames de sangue foram utilizados para a confirmação laboratorial da
soropositividade ao HIV, bem como a titulação de níveis de CD4+ e carga viral, além de
pesquisa sorológica de eventuais suspeitas de doenças oportunistas. Estes exames foram
realizados no Laboratório de Análises Clínicas da FMTAM, através da técnica ELISA (HIV),
NASBA (carga viral) e citômetro de fluxo (CD4+).
3.6.2
E
XAME OFTALMOLÓGICO
Todos os pacientes foram examinados pelo mesmo examinador no período de julho
a dezembro de 2003. Foram coletados dados mediante protocolo de pesquisa (Anexo B)
através de entrevista ativa referente a nome, sexo, faixa etária, presença de doença
oportunista, níveis d
e CD4+ e carga viral.
Para a identificação das alterações oculares foram utilizados os seguintes
instrumentos oftalmológicos auxiliares: 1) Biomicroscópio ou Lâmpada de fenda marca D.F
Vasconcelos para a observação e registro das alterações oculares do segmento anterior; 2)
Oftalmoscópio Indireto marca Heine com lente de 20 dioptrias e dilatação pupilar
medicamentosa, com colírio de tropicamida 1% para a observação e registro das alterações
oculares do segmento posterior; 3) Projetor de Optotipos marca Bausch & Lomb, para a
verificação da acuidade visual dos pacientes; 4) Retinógrafo marca Topcon, para a
documentação fotográfica de doenças corioretinianas e do nervo óptico.
3.6.3
A
NÁLISE
E
STATÍSTICA
Os dados obtidos foram consolidados em planilha eletrônica e expressos em tabelas
e gráficos. Para estatística descritiva foi utilizada a freqüência relativa e para
estabelecimento de correlação entre os dados, teste de qui-quadrado com nível de
significância de 5,00% (p<0.05) e o risco relativo nas
tabelas 2 x 2
.
27
4. RESULTADOS
As alterações oculares (Figura 7) ocorridas em 81 pacientes (35,5%) foram: 25
(3
0,8
%) pacientes apresentaram alterações microvasculares da conjuntiva,
11
(1
3,6%)
apresentaram microangiopatia posterior (Figuras 8 e 9), 10 (12
,3
%) apresentaram CMV
ativo
(Figuras 10 a 14), 4 (
4,9
%) apresentavam CMV cicatrizado (Figuras 15 e 16),
dois
(2
,5
%) com toxoplasmose cicatrizada (Figura 17), 7 (
8,6
%) apresentavam neurite
criptocó
c
cica
(Figuras
18
a 22), 5 (6
,2
%) apresentavam toxoplasmose em atividade, dois
(2
,5
%) com ARN (Figuras 23 e 24), dois casos de alterações neuro-oftalmológicas (2,5%),
dois com neurite e coroidite simultaneamente (2
,5
%),
dois casos de ceratites (2,5%),
dois
casos de PORN (2,5%) e com um caso isolado (1
,2
%) das seguintes manifestações:
molusco contagioso, coroidite, carcinoma espinocelular, conjuntivite bacteriana, corioretinite
tóxica por DDI, Síndrome de Stevens-
Johnson
(Figuras 25 e 26
),
e
um caso simultâneo
(1
,2
%) de toxoplasmose ativa e CMV cicatrizada.
A época da primeira avaliação oftalmológica, 154 (65,5%) pacientes não
apresentavam qualquer tipo de alteração ocular.
28
0 5
10 15 20
25 30 35
Freqüência Relativa (%)
CITOMEGALOVIROSE EM ATIVIDADE
ALTERAÇÕES MICROVASCULARES NA CONJUNTIVA
CITOMEGALOVIROSE CICRATIZADO
TOXOPLASMOSE EM ATIVIDADE
NEURITE CRIPTOCÓCCICA
CARCINOMA ESPINOCELULAR
MICROANGIOPATIA POSTERIOR
UVEITE TÓXICA POR USO DE DDI
NECROSE AGUDA DE RETINA
NECROSE PROGRESSIVA DA RETINA EXTERNA
COROIDITE
NDROME DE STEVENS JOHNSON
MOLUSCO CONTAGIOSO
CITOMEGALOVIROSE CICATRIZADA E TOXOPLASMOSE EM ATIVIDADE
CERATITES
COROIDITE E NEURITE
TOXOPLASMOSE CICATRIZADA
ALTERAÇÕES NEURO-OFTALMOGICAS
CONJUNTIVITE BACTERIANA
Alteração Ocular
Figura 7:
Distribuição das alterações oculares nos pacientes com HIV/AIDS no Amazonas, 2003.
29
Fig
s
.8
e 9:
Manchas algodonosas em pacientes com microvasculopatia retiniana
Fig
s
.
1
0 e
11:
Retinite por CMV Ativo
e
comprometendo o nervo óptico
30
Fig. 1
2:
Retinite por CMV comprometendo mácula
Fig
s.
1
3 e 1
4
:
Retinite por CMV comprometendo difusamente o pólo posterior
Fig
s
.
1
5 e
16
:
Retinite por CMV cicatrizada após tratamento especifico
31
Fig.
17
: Retinite por CMV e Toxoplasmose cicatrizada
Fig.
18:
Coroidite Criptocóccica
32
Fig
s
. 19 e
20:
Papiledema agudo por
Criptococ
os
Fig
s
.
2
1 e
22:
Atrofia óptica parcial e total
por
M
eningite
Criptoc
óc
cica
33
Figs. 23
e
24:
Retinite periférica, vitreite moderada por ARN
Fig
s
.
25
e
26
:
Reação em mucosa labial e conjuntival em paciente com Síndrome de
Stevens Johnson
34
Na anamnese, quando indagados à doença prévia sistêmica, 202 (85,96%) pacientes
afirmaram não apresentar qualquer moléstia pregressa, todavia 33 (14,04%) referiram ter
antecedentes patológicos sistêmicos, distribuídos em 17 casos de tuberculose (7,23%), 11
(4,68%) pacientes tiveram malária, 3 casos (1,28%) de dengue e 2 pacientes (0,85%)
referiram hanseníase (tabela 7).
Tabela 7
Distribuição dos pacientes HIV/AIDS, segundo doença sistêmica prévia, no Amazonas, 2003
Em relação à presença de doença oportunista sistêmica, 173 (73,62%) pacientes não
apresentavam qualquer moléstia oportunista, entretanto 62 (26,38%) estavam acometidos
de neurotoxoplasmose (13,19%) com 31 casos, neurocriptococose (5,96%) com 14 casos,
citomegalovirose (3,41%) em 8 pacientes, e 9 (3,83%) pacientes possuíam
neurotoxoplasmose e neurocriptococose simultaneamente (tabela 8).
Tabela 8
Distribuição dos pacientes HIV/AIDS, segundo doença
oportunista si
stêmica, no Amazonas, 2003
Doença prévia
Freqüência
%
Ausência
202
85,96
Tuberculose
17
7,23
Malária
11
4,68
Dengue
3
1,28
Hanseníase
2
0,85
Doenças oportunistas
Freqüência
%
Ausência
173
73,61
Neurotoxoplasmose
31
13,19
Neurocriptococose
14
5,96
Citomegalovirose
8
3,41
Neurotoxoplasmose e
Neurocriptococose
9
3,83
35
Quanto ao tipo de tratamento anti-retroviral, os pacientes foram classificados em 3
grupos (Figura
27
), onde 184 (78,3%) casos estavam com AIDS, destes 150 (63,83%)
pacientes utilizando o HAART (grupo 1), enquanto que 34 (14,47%) pacientes eram tratados
com terapia não HAART (grup
o 2) e 51 casos (21,7%) eram somente soropositivos, portanto
sem tratamento anti
-
retroviral específico.
Figura
27: Distribuição dos pacientes HIV/AIDS, segundo o tipo de tratamento, no
Amazonas, 2003
.
Quanto à acuidade visual, 195 casos (82,97%) apresentaram visão entre 0,3 e 1,0,
enquanto que 24 casos (10,21%) apresentavam visão entre 0,05 e 0,3, 16 casos (6,8%)
enquadraram
-
se com visão abaixo de 0,05 no melhor olho com correção óptica (Figura
28
).
Figura
28
: Distribuição dos pacientes HIV/AIDS, segundo a acuidade visual, no
Amazonas, 2003.
0
10
20
30
40
50
60
70
Freqüência Relativa
(%)
HAART
não HAART
sem tto
Tipo de Tratamento
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Freqëncia Relativa (%)
<0,05 0,05-0,3 0,3-1
Acuidade Visual
36
Entre os 81 pacientes que apresentaram alteração ocular, 16 casos apresentaram
quadro clínico compatível com cegueira (Tabela 9).
Tabela 9
Distribuição das principai
s causas de cegueira
entre os pacientes HIV/AIDS, no Amazonas, 2003.
Causas de cegueira
Freqüência
%
Citomegalovirose em atividade
4
25,00
Toxoplasmose em atividade
3
18,75
Neurite por Meningite Criptocóc
c
ica
3
18,75
Citomegalovirose cicatrizada
1
6,25
Toxoplasmose cicatrizada
1
6,25
Necrose aguda de retina
1
6,25
Necrose progressiva da retina externa
1
6,25
Alteração neuro
-
oftalmológica
1
6,25
Uveíte tóxica por DDI
1
6,25
Em relação à contagem de células CD4+, a maioria dos pacientes (109) apre
sentava
entre 200 e 500 células (46,38%), acompanhadas de 54 casos (22,97%) entre 100 e 200
células, 37 casos (15,74%) acima de 500 lulas e 35 casos (14,89%) até de 100 células
(Figura 29
).
Figura
29
: Distribuição dos pacientes HIV/AIDS, segundo o nível de linfócitos CD4+, no
Amazonas, 2003.
0
10 20
30
40
50
Freqüência Relativa (%)
0-100
100-200
200-500
>500
Linfócitos T CD4+
37
Em relação à associação das alterações oculares e tipo de tratamento (Tabela 10)
ao paciente HIV/AIDS (HAART, NÃO HAART e HIV), observamos que o percentual de
lesões oculares foi mais elevado entre os pacientes com AIDS utilizando HAART (41,3%),
enquanto que os que não utilizavam HAART (29,4%) e os somente HIV positivos com
17,6%, diferença estatisticamente significativa (p= 0, 007, portanto p< 0, 05, com Q
ui
-
quadrado).
Tabela 10
Distribuição
dos pacientes HIV/AIDS, segundo tipo de
tratamento e alteração ocular, no Amazonas, 2003
AIDS com HAART
AIDS sem HAART
HIV
Sim
62 (41,3%)
10 (29,4%)
9 (17,6%)
Alteração ocular
Não
88 (58,7%)
24 (70,6%)
42 (82,4%)
p=0,007
A razão de prevalência de alteração ocular foi de 2,2 vezes maior entre os pacientes
que fizeram uso de tratamento (HAART ou Não HAART) dos que não fizeram uso de
antiretroviral especifico (HIV), diferença estatisticamente significativa (IC= 95%,
1,19<RR<4,12, onde p=0,007).
No que se refere à prevalência das alterações oculares no local de atendimento
prestado, ambulatorial ou internação (Tabela 11), observamos que o risco relativo dos
pacientes internados foi de 0,54 maior que os ambulatoriais (0,38<RR<0.75), diferença
estatisticam
ente significativa (p= 0, 001
5
).
Tabela 11
Distribuição dos pacientes com HIV/AIDS e alteração ocular,
segundo o local de atendimento no Amazonas, 2003
Ambulatório
Internação
Sim
53 (29%)
130 (71%)
Alteração ocular
Não
28 (53,8%)
24 (46,2%)
p=0,0
015
38
Ao analisarmos o nível de carga viral dos pacientes (Tabela 12), observamos que no
grupo de pacientes que apresentaram carga viral superior a 100.000 cópias/mm
3
, foram
observados em 17,3% dos pacientes com alterações oculares, enquanto nos pacientes se
m
lesões oculares, observamos em 1,3%, diferença estatisticamente significativa (p= 0, 000,
teste de Qui
-
quadrado).
Tabela 1
2
Distribuição dos pacientes HIV/AIDS, segundo nível de
carga viral e alteração ocular, no Amazonas, 2003
C.V > 100.000
C.V < 10
0.000
Total
Sim
14 (17,3%)
67 (82,7%)
81 (100%)
Alteração ocular
Não
2 (1,3%)
152 (98,7%)
154 (100%)
p=0,000
A razão de prevalência de alteração ocular foi de 13,3 vezes maior entre os
pacientes que apresentaram carga viral superior a 100.000 c
ópias/mm
3
do que os pacientes
sem alterações, diferença estatisticamente significativa (IC= 95%, 3,10<RR<57,13 onde
p=0,000).
Ao analisarmos o nível de linfócitos T CD4+ dos pacientes (Tabela 13), observamos
que no grupo dos pacientes com linfócitos T CD4+ até 200 cópias/mm
3
, foram verificados
em 65,4% dos pacientes com alterações oculares
, enquanto que no grupo de pacientes sem
alterações oculares observamos em 26,6%, diferença estatisticamente significativa (p= 0,00,
teste de Qui
-
quadrado).
Tabela 1
3
Dis
tribuição dos pacientes HIV/AIDS, segundo nível de linfócitos
T CD4+ e alteração ocular, no Amazonas, 2003
LINF. T CD4+ < 200
LINF. T CD4+ > 200
Total
Sim
53 (65,4%)
28 (34,6%)
81 (100%)
Alteração ocular
Não
41 (26,6%)
113 (73,4%)
154 (100%)
p=0,000
39
A razão de prevalência de alteração ocular foi de 2,45 vezes maior entre os
pacientes que apresentaram linfócitos T CD4+ inferior a 200 cópias/mm
3
com alterações
oculares do que os sem lesões oculares, diferença estatisticamente significativa (IC=
95%,
1,80<RR<3,33 onde p=0,000).
40
5. DISCUSS
ÕES
Desde a primeira descrição em 1981, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
tornou
-se de grande interesse médico, inclusive para os oftalmologistas que, na maioria dos
casos, são solicitados para ajudar no tratamento das manifestações oculares das diferentes
infecções oportunistas.
A retinite por CMV, por si só, na ausência de outros fatores de risco, é suficiente para
fazer o diagnóstico de AIDS. Com a perda da efetividade do sistema imunológico, as lesõe
s
se manifestam de maneira diversa quando comparadas com a população imunocompetente.
Foram examinados 235 pacientes portadores de HIV/AIDS, sendo sua maioria do
sexo masculino, e compreendidos entre a terceira e quinta décadas de vida. Observou-
se
uma freqüência alta de pacientes (35,5%) com manifestações oftalmológicas na primeira
consulta, o que provavelmente se justifica pelo fato de estarmos examinando uma
população de pacientes com diagnóstico tardio de AIDS. Estes resultados são semelhantes
a outros
trabalhos (RIBEIRO; CORDEIRO, 2001; GERENTE et al., 2003).
Sabe
-se que o achado ocular mais comum encontrado nos pacientes com HIV/AIDS
são as manchas algodonosas, acompanhadas ou não de hemorragia retiniana. Nesse
estudo, esteve presente em
11
(1
3,6
%) pac
ientes. Em outros estudos (PEPOSE et al., 1985;
SAMPAIO et al., 2000), foram encontrados em freqüência mais elevada (20 a 40%), pois as
manchas algodonosas são efêmeras e os dados de outros estudos são em função de uma
avaliação longitudinal.
O exsudato de etiologia citomegálica é a infecção oportunista mais freqüente na
retina, sendo a causa mais comum de baixa visão nos pacientes com AIDS. Estima-
se,
atualmente, que 25% a 30% dos pacientes com AIDS desenvolverão a retinite por CMV
durante o curso de sua doença. Nesse estudo esteve presente em 14 (17
,3
%) pacientes,
sendo 10 casos de CMV ativo, e 4 casos de CMV cicatrizado. Estes dados estão com
freqüência inferior a alguns trabalhos (GARLAND et al., 1993; HOLLAND et al., 1983;
41
MUCCIOLI et al., 1994), provavelmente devido à ausência da terapia anti-
retroviral
altamente efetiva (HAART).
Outra causa importante de turvação visual no corrente estudo foi a retinocoroidite
toxoplasmática em 7 (8
,6
%) pacientes, sendo 5 casos de lesão ocular em atividade, e 2
casos de lesão ocular cicatrizada. Estes resultados são similares a outros relatos prévios
(SAMPAIO et al., 2000; LIMA; COSTA, 2001).
No que se refere ao exame externo, o achado mais freqüente foi o engurgitamento
dos vasos conjuntivais, presente em 2
5
pacientes
(3
0,8
%). Essa alteração é similar a alguns
trabalhos (ENGSTROM
et al.
, 1994; SAMPAIO et al., 2000).
Houve um único caso de: conjuntivite bacteriana, carcinoma espinocelular e molusco
contagioso. Estes achados provavelmente estejam associados a disponibilização de
tratamento com HAART.
O envolvimento ocular pelo Cryptococcus neoformans geralmente ocorre em
associação com a meningite criptocócica e representa uma disseminação hematogênica ou
o acometimento direto pelo fungo. Nesse estudo, 7 pacientes (
8,6
%)
apresentaram baixa de
visão secundária a alteração de nervo óptico (segunda causa de cegueira), sugeridas pela
confirmação da punção liquórica, sendo
quatro
casos de papiledema agudo (sendo 2
bilaterais), dois casos de atrofia óptica e um caso de coroidite multifocal. Estes resultados
são similares a outros trabalhos (REGINA et al., 1994; MUCCIOLI et al., 1996; TOLEDO
;
NASSARALLA
, 1999) e discordantes de Muralha et al., (1998).
A ARN caracteriza-se em pólo posterior por necrose retiniana periférica,
acomp
anhada de vasculite oclusiva, vitreíte moderada a intensa e neurite óptica, ao passo
que a PORN, apresenta extensas áreas de necrose nas camadas mais profundas da retina,
com progressão rápida. Dos 81 pacientes que apresentaram alteração ocular, em 4 casos
(5%) observou-se retinite herpética, sendo o quadro clínico ocular de ARN em 2 casos
(2
,5
%) e 2 casos de PORN (2,5%), dados discordantes da literatura (ENGSTROM et al.,
1994; HAIDAR et al., 1998; PENELLA et al., 2002). Em todos esses casos, a acuidade
42
vis
ual era inferior a 0,1 e o nível de células CD4+ era inferior a 100 mm
3
, concordantes com
os mesmos tr
abalhos referidos anteriormente
.
Observou
-se um caso de Síndrome de Stevens-Johnson em um paciente que estava
sob tratamento para retinite por toxoplasmos
e, e um ca
so de retinopatia tóxica ao DDI
.
43
6. CONCLUSÕES
Cerca de 35,5 % dos pacientes com HIVAIDS desenvolveram alterações
oftalmológicas.
Entre as alterações oculares ocorridas em 81 pacientes (35,5%), as mais comuns
foram: 25 (3
0,8
%) pacientes apresentaram alterações microvasculares da conjuntiva,
11
(1
3,6
%) apresentaram microangiopatia posterior, 10 (12
,3
%) apresentaram CMV ativo, 7
(
8,6
%) apresentavam neurite, 5 (6
,2
%) apresentavam toxoplasmose em atividade, 4 (
4,9
%)
apresentavam CMV cicatrizado.
A razão de prevalência de alteração ocular foi de 2,2 vezes maior entre os pacientes
que fizeram uso de tratamento (HAART ou Não HAART) dos que não fizeram uso de anti-
retroviral especifico (HIV), enquanto que à prevalência das alterações oculares no tipo de
atendimento prestado (ambulatorial ou internação), observamos que o risco relativo dos
pacientes internados foi de 0,54 maior que os ambulatoriais. Quando analisamos o nível de
carga viral e dos linfócitos T
CD4+
dos pacientes, observamos que o nível da carga viral (>
100.000
cópias/mm
3
) encontrada dos pacientes com alterações oculares foi superior a
encontrada nos pacientes sem alteração ocular,
e
nível de linfócitos T
CD4+
(< 200/mm
3
)
foi
inferior a encontrada nos pacientes sem alteração ocular,
dife
renças estatisticamente
significativa
(p= 0,000)
.
No que se refere à acuidade visual, 16 casos (6,8%) enquadraram-se com visão
abaixo de 0,05 no melhor olho com correção óptica, portanto considerados cegos
legalmente.
44
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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-
79.
47
ANEXOS
48
A
NEXO A
-
Termo de Consentimento Informado
ALTERAÇÕES OCULARES EM PACIENTES ADULTOS HIV/AIDS ATENDIDOS NO
AMBULATÓRIO E HOSPITAL DA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO
AMAZONAS.
INTRODUÇÃO
Você está sendo convidado para participar de um estudo de investigação das
alterações que podem acontece
r nos olhos dos pacientes que estão com AIDS e HIV.
Esse estudo está sendo conduzido na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas
- Subgerência de DST/AIDS, Avenida Pedro Teixeira n. 25, Manaus
AM, Telefone 238-
1711, tendo como investigadores o Dr. José Cavalcanti Campos Junior telefone 91143133 e
CRM
-AM 3200 e o Dr. Ricardo Augusto Chaves de Carvalho telefone 2347234 e CRM-
AM
2389.
As autoridades de saúde exigem que você tome conhecimento dos objetivos, testes
e possíveis riscos dos exames que você
fará nesse estudo.
Pedimos que você leia este formulário de consentimento completamente e faça
todas as perguntas que você possa ter antes de concordar em participar desse estudo.
OBJETIVOS DO ESTUDO
O motivo de realizar esse estudo é descobrir as alterações que ocorrem nos olhos dos
pacientes adultos com HIV/AIDS atendidos no ambulatório e na internação do hospital
permitindo o conhecimento aos médicos das doenças e assim poder tratá
-
las para ajudar na
manutenção da visão desses pacientes.
DESCRIÇÃO
DOS TESTES DO ESTUDO
Se você for um voluntário para esse estudo, serão feitas perguntas sobre seu passado
médico e será feito um exame dos seus olhos. Dependendo de sua situação de doença,
será pedido a você que retorne a consulta numa data adequada ao seu caso.
O exame de seus olhos constará de: Primeiro fará a verificação de quanto de visão
você possui através de respostas a letras ou desenhos de uma tabela, e/ou da contagem de
dedos ou presença de vultos e luz que será mostrado pelo médico. Em seguida
pediremos a
você que mova os seus olhos na direção dos dedos do médico sem mover sua cabeça.
Depois disso, colocaremos o seu queixo sobre um aparelho para avaliarmos a porção
anterior dos seus olhos, em seguida pingaremos um colírio de cor clara
(tropicami
da/mydriacyl) que aumentará em 30 minutos a menina
dos seus olhos permitindo
que se examine toda à parte de dentro de seus olhos, através de um aparelho que está
preso na cabeça do médico e tem uma luz.
RISCOS E DESCONFORTOS
Nesse teste com o colírio pode ter alguns incômodos: o colírio de cor clara arde ao
pingar, e será pingado pelo menos três vezes com o espaço de 10 minutos, por isso fique de
olhos fechados logo após a pingada durante alguns segundos, isso diminuirá a ardência. É
IMPORTANTE QUE AS MULHERES GRÁVIDAS E QUE ESTÃO AMAMENTANDO avisem
sempre os médicos para evitar qualquer problema com o bebê. Esse colírio de cor clara,
depois de
30
minutos embaça a visão
e deixa os
olhos com dificuldade para enxergar para
longe e principalmente para perto e em lugares com muita claridade, porém, A VISÃO
VOLTA AO NORMAL SEMPRE APÓS ALGUMAS HORAS. Alguns pacientes podem sentir
49
tontura, enjôos, vontade de vomitar e sentir o coração bater mais rápido, porém esses
sintomas são passageiros.
BENEFÍCIOS
Caso encontremos algum problema grave nos seus olhos, trataremos de forma
adequada, evitando maiores danos a sua visão. Se você não tiver nada, ótimo, outra pessoa
poderá ter alguma coisa e irá receber tratamento adequado.
ALTERNATIVA PARA A PARTICIPAÇÃO
Esses colírios são utilizados para estes exames em qualquer lugar do mundo. Se você
é alérgico a alguma substância, e sentiu
-se mal em outro exame feito com esses colírios, ou
também está grávida e/ou está amamentando, usaremos um aparelho (oftalmoscópio direto)
qu
e nos permite estudar um pouco seus olhos por dentro. Esse aparelho tem uma luz e será
seguro pelo médico e não encostará nos seus olhos.
CONFIDENCIALIDADE
Você tem o direito à privacidade. Todas as informações obtidas neste estudo que
possa ser identificada com o seu nome ficarão de forma secreta tanto quanto possível. Seu
nome não será revelado em nenhum relatório ou publicação resultante deste estudo sem
sua autorização.
PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA
Sua decisão em participar desse estudo é voluntária. Você pode decidir por não
participar deste estudo. Uma vez que você decida participar, você pode retirar sua
autorização e finalizar a sua participação a qualquer momento, não sendo punido e nem
perderá qualquer benefício que você tenha direito. Isto não vai atrapalhar qualquer cuidado
médico que depois você precise.
DESCONTINUAÇÃO DA SUA PARTICIPAÇÃO
Seus médicos, ou seu representante poderá finalizar a sua participação a qualquer
momento sem sua autorização. A Fundação de Medicina Tropical do Amazonas po
derá
terminar o estudo a qualquer momento.
COMPENSAÇÃO POR DANOS
Caso você venha sofrer qualquer dano físico, observadas as recomendações dos
procedimentos envolvidos, você receberá todos os cuidados médicos disponíveis na
Fundação de Medicina Tropical do Amazonas. A reparação de eventuais danos está
disponível a você sem quaisquer compensações financeiras (perda de dias de trabalho,
desconfortos, etc). Você não abrirá mão de seus direitos legais ao assinar o termo de
consentimento informado.
DÚVIDAS
Qu
aisquer dúvidas a respeito do estudo ou dos seus diretos como paciente de
pesquisa, você pode contatar o Dr. José Cavalcanti Campos Júnior nos telefone 91143133 e
6354019 das 7 às 17h, e 2381711 ramal Você também pode falar com o presidente do
CRI/COMITÊ DE ÉTICA DA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL, Dr. Luís Carlos Lima
Ferreira no telefone 2381711 ramal 241.
50
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO
Eu li este formulário de consentimento. Tive a oportunidade de fazer todas as
perguntas referentes a este estudo e minhas dúvidas foram respondidas. Os riscos e
benefícios deste estudo foram explicados um a um. Concordo livremente em participar deste
estudo. Eu receberei uma cópia deste acordo.
Paciente:................................................................Responsáve
l legal (quando for o
caso):
Sexo do paciente: ( )Masculino ( ) Feminino Idade do paciente: anos
R.G ( do paciente ou do representante legal):..........................................
..................
C.P.F( do paciente ou do representante legal):...........................................................
Endereço:....................................................................
................................................
Cidade:....................................... Estado:..........................................................
CEP: .......................................... Telefone:........................................................
........................................................
............ .........................................
Assinatura do paciente Assinatura do representante
(quando for o caso)
Investigador responsável: José Cavalcanti Campos Júni
or
CRM
-
AM: 3200 CPF: 444278242
-
34
Endereço do serviço: Av. Pedro Teixeira, 25 Cidade: Manaus; Estado: Amazonas.
CEP: 69040
-
000 Telefone: 2381711
Assinatura e carimbo do médico / / /
51
ANEXO B
Protocolo de Pesquisa
Nome: .......................................................................................... Data: ....../....../......
Sexo: Masculino ( ) Feminino ( ) Tipo de atendimento: ( ) ambulatorial
Idade: ............anos. Cartão no.:........................................... ( ) internação
Tempo de HIV: .....................
Doença oportunista: Sim ( ) ......................................... Não ( )
Doença prévia nã
o relacionada: ( ) Hansen ( ) Tuberculose ( ) Malária ( ) Dengue
Outros: .........................................................................................................................
Carga Viral (.../.../03): ..........................CD4
+ (.../.../03): .......................................
TTO: HAART SIM ( ) NÃO ( )
EXAME OFTALMOLÓGICO
Acuidade visual
: OD (olho direito):.............................................
... OE (olho esquerdo):..........................................
Alterações dos Anexos:
Sim ( )..................................................................Não ( )
Segmento anterior
: Alts.microvasculares ( ) Ceratoconjuntivite Sicca ( ) Ceratite ( ):
.................................
.................................................................................................................
( ) Molusco Contagioso: ( ) Sarcoma de Kaposi
outras(..)....................................................................................................................................
Segmento posterior
: Alts.microvasculares da retina ( ) Retinite: CMV ( )
Herpes ( ): ARN ( ) PORN( )
Toxoplasmose ( ) Coroidites ( ): .....................................................URI: ( )
Outras:
OBS:
Alterações neuroftalmológicas
: ( ) Não
( ) Sim:
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