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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Relações entre termoterapia, germinação, vigor e sanidade de sementes de
tomate
Márcia Provinzano Braga
Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em
Agronomia. Área de concentração: Fitotecnia
Piracicaba
2009
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Márcia Provinzano Braga
Engenheiro Agrônomo
Relações entre termoterapia, germinação, vigor e sanidade de sementes de tomate
Orientador:
Prof. Dr. JÚLIO MARCOS FILHO
Dissertação apresentada, para obtenção do título de
Mestre em Agronomia. Área de concentração:
Fitotecnia
Piracicaba
2009
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Braga, Márcia Provinzano
Relações entre termoterapia, germinação, vigor e sanidade de sementes de tomate /
Márcia Provinzano Braga. - - Piracicaba, 2009.
91 p. : il.
Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2009.
Bibliografia.
1. Armazenamento agrícola 2. Germinação de sementes - Vigor 3. Sementes - Patologia -
Tratamento térmico 4. Tomate - Fisiologia I. Título
CDD 635.642
B813r
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3
À minha mãe Alzira Provinzano Braga
A quem devo tudo que sou e conquistei, pela minha vida, pelo exemplo de amor e
dedicação incondicional e pelas constantes orações.
À minha irmã Marceli Provinzano Braga
Minha Grande Amiga, por ter feito de minha vida um grande livro de memórias
inesquecíveis, pelo apoio, carinho, incentivo e pela cumplicidade desde a nossa
concepção e em todos os momentos de nossas vidas.
Aos meus irmãos Marcelus Provinzano Braga e Marcius Provinzano Braga
Pela torcida e carinho e por estarem sempre presentes, cuidando da família por nosso
querido pai, permitindo que eu seguisse meu caminho longe de casa.
Ao meu amor Jorge Konrado Xavier
Pelo amor e carinho, pelo apoio e incentivo constante, pela paciência e compreensão e
por existir em minha vida e transformar os momentos difíceis dessa jornada, de forma
doce e confortante, em enriquecedoras experiências.
DEDICO
Aos meus antepassados
Pela minha existência
OFEREÇO
5
AGRADECIMENTOS
A Deus e ao Mestre Mokiti Okada pela permissão e confiança depositada e pela Luz e
Orientações a mim concedidas.
À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” e à coordenação do PPG-Fitotecnia
pela oportunidade de realizar o curso de mestrado.
Ao meu orientador Prof. Dr. Júlio Marcos Filho pela orientação nesse trabalho e,
principalmente, pelo exemplo de profissional e dedicação à arte de ensinar.
À Fundação Mokiti Okada pela concessão de bolsa de estudos e pelo apoio irrestrito,
estrutural e de pessoal.
Ao Dr. Fernando Augusto de Sousa, Coordenador Geral do Centro de Pesquisa Mokiti
Okada, exemplo de conduta em defesa da Agricultura Natural, por ter contribuído de maneira
valorosa e expressiva para o meu crescimento profissional e missionário.
Ao Eng. Agr., MSc Sérgio Kenji Homma, Coordenador Técnico do Centro de Pesquisa
Mokiti Okada, que admiro pela dedicação incanssável ao aprimoramento das pesquisas voltadas à
Agricultura Natural, pela estrutura e apoio que permitiram a concretização deste mestrado.
Ao Prof. Dr. Hasime Tokeshi, que além de profissional irrefutável, é exemplo de vida,
pelo apoio e ensinamentos que formaram a base para essa nova conquista.
Ao Prof. Dr. Paulo Roberto Ribeiro Chagas pela amizade e pelas importantes orientações,
incentivo e apoio a esse mestrado.
Aos Professores Sílvio Moure Cícero, Ana Dionísia da Luz Coelho Novembre, José
Otávio M. Menten, Sônia Maria de S. Piedade e Helaine Carrer pelas orientações e convivência.
À Professora Dra. Maria Heloísa Duarte de Moraes pelo apoio e auxílio nas análises de
sanidade e pelas orientações concedidas.
À Engenheira Agrônoma Helena M. C. Pescarin Chamma pelo auxílio nas análises de
laboratório, pelo convívio e amizade sincera e desprendida e pelo apoio incondicional: Obrigada!
À secretária Luciane Lopes e ao secretário Rafael pela paciência, presteza e dedicação.
Aos funcionários do laboratório de Análises de Sementes e Patologia de Sementes, João
Elias, Adilson e Fernanda e estagiários pelo auxílio e apoio durante o curso.
Aos amigos, Tais, Simone, Cristina, Bruna, Cris, Víctor, Fábio Socolowski, Nilce, Fabio
Mielezrski, Tatiana, Renata, Thais, Pastora, Annelise e Vanessa pela convivência e contribuição.
6
Ao Prof. Dr. Carlos Tadeu dos Santos Dias e ao doutorando em estatística Ricardo Olinda
pelas orientações e empenho nas análises estatísticas.
À empresa Sakata Seed Sudamerica Ltda, pela estrutura e colaboração e às empresas Isla
Sementes Ltda e Agristar do Brasil pelas sementes fornecidas.
Ao Professor Dr. José Rogério de Oliveira, coordenador do Laboratório de Bacteriologia
de Plantas da UFV e equipe pela identificação da bactéria e orientações.
Aos funcionários da biblioteca Central da ESALQ/USP e, em especial, as bibliotecárias
Sílvia Maria Zinsly, pelo apoio e incentivo, e Eliana Maria Garcia pela presteza na correção das
referências bibliográficas.
Ao Gerente Geral da Korin Preservação e Recuperação do Meio – KMA, Hiroshi Ota, e à
Bióloga Sakae Kinjo pela amizade e por terem me apoiado e incentivado no início dessa jornada
e pela contribuição na tradução.
Aos colegas do Centro de Pesquisa Mokiti Okada e Korin Agropecuária Ltda, Giuliana,
Bento, Isabel, Rodrigo, Mariana, Thiago, Juliana, Mateus, Edmar, Rosi, Cecília, Camila, Márcio,
Edmilson, Josbel, Domiedson e estagiários Brena, Mariana, Amanda, Jiordano e Marina pelo
apoio, convivência e auxílio à condução dos experimentos e demais colegas da Coordenação,
Administração, Limpeza, Tesouraria, Contabilidade, Financeiro, Pesquisa, Consultoria Técnica,
Melhoramento e Campo, que de alguma forma contribuíram para a concretização desse projeto.
À amiga Keiko Takahashi pelo carinho e empenho irrestrito à realização desse trabalho.
Aos amigos Carlos Daniel de S. Rodrigues, Rosa Cristina S. Rodrigues, Danielle e
Giovanna pelo apoio, incentivo e carinho.
Aos amigos Luiz Augusto Mendes, Cecília Ifuki Mendes e Camila Yuri pelo carinho,
convívio e apoio.
Aos amigos e afilhados Rogério M. Manoel, Cristiane Zandron e meu “pinguinho”
Henrique pelo apoio direto nas várias etapas dessa jornada e pelo carinho, conforto e alegria.
Aos amigos Taiene, Dona Socorro, Dona Graça, “Dindinha” Alba, Ingrid, Marta, tia Ziza,
Márcio e Márcia, Roseli, Marquinhos e Cláudia, Fabiano, Vânia e sobrinhos e afilhados Matheus,
Marcela e Ohanna, que mesmo distante contribuíram para a concretização dessa etapa, pela
torcida e orações.
Enfim, a todos que contribuíram de alguma forma para essa conquista.
7
“Quando apanho uma folha seca caída no chão, sinto nela a indiscutível Lei
do Ciclo da Vida”
“Aprender por aprender é estudo morto, enquanto aprender algo para ser
utilizado na sociedade é estudo vivo”
“Deixar tudo nas mãos de Deus não significa deixar as coisas correr sem
desempenharmos a nossa parte na suposição de que Deus fará tudo por nós”
“Quem se vangloria de ter conquistado a Grande Natureza um dia será por
ela dominado”
“Impor soluções e precipitar providência provoca desequilíbrio mental e
impede boas inspirações”
“Quem vive agradecendo torna-se feliz, quem vive lamuriando caminha
para a infelicidade”
Mokiti Okada
“...Esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...”
Geraldo Vandré
“Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe,
Eu só levo a certeza de que muito pouco sei,
Ou nada sei...
... Cada um de nós compõe a sua própria história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz...”
Renato Teixeira
9
SUMÁRIO
RESUMO ...................................................................................................................................... 11
ABSTRACT .................................................................................................................................. 13
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 15
2 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................. 17
2.1 Revisão bibliográfica ............................................................................................................... 17
2.1.1 Tratamento de sementes ....................................................................................................... 18
2.1.2 Termoterapia ......................................................................................................................... 20
2.1.3 Métodos de avaliação do potencial fisiológico e sanidade de sementes de tomate .............. 26
2.2 Material e métodos .................................................................................................................. 30
2.2.1 Análises preliminares do grau de umidade, potencial fisiológico e sanidade dos lotes ....... 30
2.2.2 Experimento I ....................................................................................................................... 32
2.2.2.1 Tratamento das sementes de tomate .................................................................................. 32
2.2.2.2 Avaliação do efeito da termoterapia no potencial fisiológico e sanidade das sementes de
tomate ............................................................................................................................................ 33
2.2.3 Experimento II ...................................................................................................................... 34
2.2.3.1 Tratamento das sementes de tomate .................................................................................. 34
2.2.4 Análise estatística ................................................................................................................. 35
2.3 Resultados e discussão ............................................................................................................ 36
2.3.1 Análises preliminares do grau de umidade, potencial fisiológico e sanidade dos lotes ....... 36
2.3.2 Experimento I ....................................................................................................................... 40
2.3.2.1 Avaliação do efeito da termoterapia no potencial fisiológico e sanidade das sementes de
tomate ............................................................................................................................................ 40
2.3.2.1.1 Cultivar UC-82 ............................................................................................................... 40
2.3.2.1.2 Cultivar Rio Grande ....................................................................................................... 47
2.3.2.2 Avaliação do efeito da termoterapia no potencial fisiológico e sanidade das sementes de
tomate após armazenamento .......................................................................................................... 58
2.3.2.2.1 Cultivar UC-82 ............................................................................................................... 58
2.3.2.2.2 Cultivar Rio Grande ....................................................................................................... 63
2.3.2.3 Considerações Gerais ........................................................................................................ 69
2.3.3 Experimento II ...................................................................................................................... 71
10
2.3.3.1 Avaliação do efeito da termoterapia na sanidade e potencial fisiológico das sementes de
tomate ............................................................................................................................................. 71
2.3.3.1.1 Cultivar UC-82 ................................................................................................................ 71
2.3.3.1.2 Cultivar Rio Grande ........................................................................................................ 73
2.3.3.2 Considerações gerais .......................................................................................................... 77
2.3.4 Considerações finais.............................................................................................................78
3 CONCLUSÕES .......................................................................................................................... 81
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 83
11
RESUMO
Relações entre termoterapia, germinação, vigor e sanidade de sementes de tomate
O presente trabalho objetivou estudar a relação da termoterapia com o potencial
fisiológico e sanidade de sementes de tomate, imediatamente após o tratamento e durante o
armazenamento, identificando combinações eficientes de temperatura e período de exposição
através do teste de sanidade e testes de vigor. O trabalho, dividido em dois experimentos
diferenciados pelos tratamentos e métodos de secagem, foi realizado nos laboratórios de Análise
de Sementes do Departamento de Produção Vegetal e Patologia de Sementes do Departamento de
Fitopatologia da USP-ESALQ e no Centro de Pesquisa Mokiti Okada – M.O.A. No experimento
I, sementes de dois lotes dos cultivares de tomate UC-82 e Rio Grande foram submetidas à
termoterapia úmida com diferentes combinações de tempo e temperatura (52, 53, 54, 55 e
60°C/30 e 60 min), além das testemunhas (sementes tratadas com fungicida e não tratadas) e
secadas ao ar livre por 72 horas. Após o tratamento as sementes tiveram seus desempenhos e
sanidades avaliados em duas épocas, após a secagem e após 90 dias de armazenamento, através
dos testes de porcentagem e primeira contagem de germinação, velocidade e porcentagem de
emergência de plântulas, lixiviação de potássio, envelhecimento acelerado e sanidade. No
experimento II, as sementes dos mesmos lotes foram submetidas à termoterapia nas combinações
de tempo e temperatura de 55°C/30 min e 60°C/60 min, além das testemunhas, sementes tratadas
com fungicida e não tratadas. Após o tratamento, as sementes foram cobertas com papel toalha e
secadas por 12 horas e, em seguida, avaliadas através dos testes de sanidade, porcentagem e
primeira contagem de germinação e envelhecimento acelerado. Os resultados permitiram concluir
que a termoterapia (água quente a 55°C/30 min) é uma opção consistente para o controle de
fungos associados às sementes de tomate, sem prejudicar o potencial fisiológico das sementes,
dependendo da qualidade inicial do lote; os tratamentos 52 a 54°C por 30 ou 60 min não causam
prejuízo ao potencial fisiológico de sementes de tomate, enquanto o efeito do tratamento a
55°C/60 min está associado à qualidade inicial do lote; o tratamento com água quente a 60°C por
30 ou 60 min não constitui opção para o tratamento de sementes de tomate, pois é eficiente para o
controle de fungos, mas é letal às sementes; os tratamentos com água quente variando de 52 a
55°C por 30 ou 60 min não são eficientes em eliminar a bactéria Clavibacter michiganensis
subsp. michiganensis e acarretam queda da resistência de sementes de tomate, tornando-as
vulneráveis à manifestação dos sintomas de cancro bacteriano na plântula; o período de 90 dias
de armazenamento em condições controladas (20°C e umidade relativa do ar de 50%) pode
reduzir o potencial fisiológico de sementes de tomate tratadas com água quente, mas há
necessidade de estudos adicionais com períodos maiores de armazenamento para obtenção de
resultados mais consistentes; a termoterapia com água quente deixa as sementes de tomate
vulneráveis à contaminação por fungos saprófitos, havendo necessidade de estudos adicionais
para determinação de opções de tratamentos complementares que ofereçam efeito residual para
evitar futuras contaminações, no armazenamento ou no substrato.
Palavras-chave: Termoterapia; Sementes; Tomate; Potencial fisiológico; Sanidade;
Armazenamento
13
ABSTRACT
Relationship between thermotherapy, germination, vigor and health of tomato seeds
The research had as objective to investigate the relationship between thermotherapy and
physiological potential and health of tomato seeds immediately after the treatment and during the
storage period, then to identify efficient combinations between temperature and exposure time,
through seed health test and seed vigor tests. The research was carried out at the Seed Analysis
Laboratory of the Department of Vegetal Production and Seed Pathology Laboratory of
Phytopathology Department of USP-ESALQ and at Mokichi Okada Research Center – M.O.A..
and was divided in two experiments with different treatment and drying methods. In experiment
I, seeds from two lots of UC-82 and Rio Grande tomato cultivars were submitted to humid
thermotherapy with different combinations of time and temperature (52,53,54,55 and 60ºC/30
and 60 min.), besides the control treatment (seeds with fungicide treatment and without
treatment) and dried at air during 72 hours. After the treatment, seeds were evaluated on their
performances and seed health in two different periods (after drying and after 90 days storage),
through percentage and first count of germination tests, speed and percentage of seedling
emergence, potassium leachate, accelerated aging and seed health test. In experiment II, seeds
from the same lots were submitted to thermotherapy under two combination of time and
temperature (55ºC/30min and 60ºC/60min), besides the control treatment (seeds with fungicide
treatment and without treatment). After treatment, seeds were covered with paper towel and dried
during 12 hours, and then evaluated through seed health test, percentage and first count of
germination tests and accelerated aging. The results lead to the conclusion that thermotherapy
(hot water at 55ºC/30min) is a consistent option to control tomato seedborne fungi, without
damaging the physiological potential of the seeds, depending on the initial quality of the seeds
lots. Treatments with hot water at 52 to 54ºC during 30 to 60 min do not cause damage to tomato
seeds physiological potential, while 55ºC/60 min treatment results are associated with the initial
quality of the lots. The treatment with hot water at 60ºC during 30 or 60 min cannot be
considered as an option because is very effective to control fungi, otherwise is lethal to the seeds.
The treatments with hot water temperature between 52 and 55ºC during 30 or 60 minutes were
not effective to eradicate Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis and caused the fall of
the tomato seed resistance to diseases, turning the seeds vulnerable to bacterial canker symptoms
show up in the seedling. Ninety days storage period under controlled conditions (20ºC and
relative humidity of 50%) may reduce physiological potential of the hot water treated seeds, but
further investigation is needed with longer periods of storage to obtain more consistent results.
Thermotherapy with hot water make the tomato seeds more vulnerable to saprophytic fungi
contamination, needing additional studies to define the options of complementary treatments that
offer residual effect to avoid future contaminations, during storage and in the substrate.
Keywords: Thermotherapy; Seeds; Tomato; Physiological potential; Health test; Storage
15
1 INTRODUÇÃO
As mudanças na tecnologia agrícola têm ocorrido com grande rapidez. Apesar disso, a
posição das sementes permanece inalterável como “peças-chave” para um programa de produção
agrícola bem sucedido. Essas mudanças na agricultura têm provocado o constante aprimoramento
da qualidade das sementes. Esta compreende um conjunto de características que determinam seu
valor para a semeadura, de modo que o potencial de desempenho das sementes somente pode ser
identificado, de maneira consistente, quando é considerada a interação dos atributos de natureza
genética, física, fisiológica e a sanidade (MARCOS FILHO, 2005).
Nesse sentido, a importância do controle de doenças transmitidas por sementes consiste,
principalmente, na necessidade de se conter a transmissão a longa distância e, também, preservar
a sanidade do material utilizado para multiplicação na mesma região, assim como garantir a
formação de um stand uniforme. Baseado em Mendes et al.(2001), o emprego de agroquímicos
tem sido a forma mais comum utilizada no controle de doenças; porém, verificam-se algumas
desvantagens, principalmente seus possíveis efeitos sobre o meio ambiente e a resistência
desenvolvida pelos microrganismos a determinados compostos.
Além dos métodos químicos, o tratamento de sementes pode ser praticado utilizando-se,
também, os físicos, biológicos ou a combinação entre métodos. Dentre estes, a termoterapia é um
dos mais eficientes, pois possui ação erradicante de infecções profundas e não polui o meio
ambiente; porém, não confere proteção residual após o tratamento, além do risco de provocar
danos à semente (MACHADO, 2000; COUTINHO et al., 2007). No entanto, esses percalços não
justificam o escasso interesse da pesquisa, pois combinações de métodos não poluentes podem
ser uma ferramenta eficaz no tratamento de sementes, destacando-se a associação da termoterapia
a outros produtos alternativos (PROHENS; SOLER; NUEZ, 1999; TOITE; HERNANDEZ-
PEREZ, 2005). Paralelamente, a falta de produtos seguros e eficientes registrados pelo Ministério
da Agricultura para o tratamento de sementes de hortaliças infectadas por bactérias, cuja
reivindicação pelas empresas de sementes é comum, faz da termoterapia uma alternativa em
potencial.
O tratamento térmico é um procedimento físico baseado na utilização do calor seco ou
úmido para exterminar patógenos. Dentre essas duas formas, a imersão em água quente é
considerada a mais eficaz, podendo, entretanto, causar danos às sementes (MACHADO, 2000).
16
Vale ressaltar que esses danos sobrevêm da combinação entre temperatura e período de exposição
necessária à eliminação do patógeno que, por vezes, também é letal à semente.
Desse modo, para o sucesso desse sistema, faz-se necessário, antes de tudo, o
conhecimento da combinação adequada desses parâmetros de termoterapia, que podem variar
com a espécie, cultivar, lote e outros fatores também importantes. Paralelamente, para a avaliação
precisa dos efeitos dessas combinações, os testes de vigor, em complemento ao teste de
germinação, são necessários, pois lotes de sementes apresentando germinação semelhante podem
apresentar vigor diferente.
A pesquisa com sementes já percorreu um caminho relativamente longo e o acúmulo de
conhecimento tem ocorrido de forma dinâmica e intensa à medida que surgem novos desafios.
Verifica-se que os problemas referentes a sementes de grandes culturas têm sido contemplados
com maior atenção que as olerícolas, floríferas, forrageiras e essências florestais (MARCOS
FILHO, 2005). No entanto, apesar das vendas unitárias de sementes de hortaliças serem pequenas
comparadas às de grandes culturas, a taxa de utilização, pelos agricultores, de sementes
selecionadas é consideravelmente maior. Já em grandes culturas, grande parte das sementes
utilizadas provém da reserva de grãos colhidos do ano anterior.
A importância da cultura do tomateiro e o valor comercial de suas sementes justificam
os esforços para ampliar as opções de tratamentos que contribuam com a qualidade de suas
sementes. Embora o controle alternativo com termoterapia venha se mostrando eficiente, são
poucos os estudos sobre essa tecnologia aplicada ao controle de patógenos e, principalmente, o
seu efeito sobre o potencial de desempenho das sementes, sobretudo de hortaliças.
Se for possível oferecer ao produtor sementes adaptadas ao sistema de agricultura
alternativa, com alto potencial fisiológico, sadia e livre de agroquímicos, toda a cadeia produtiva
dos alimentos agroecológicos será beneficiada, com redução da poluição ambiental e um possível
aumento na produtividade e qualidade do produto final, tornando-o mais competitivo.
Dessa maneira, o presente trabalho objetivou estudar a relação da termoterapia com o
potencial fisiológico e sanidade de sementes de tomate, imediatamente após o tratamento e
durante o armazenamento, identificando combinações eficientes de temperatura e período de
exposição através do teste de sanidade e testes de vigor.
17
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Revisão bibliográfica
No mercado de hortaliças, segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira do
Comércio de Sementes e Mudas - ABCSEM com as empresas de sementes de hortaliças mais
atuantes no país, durante os anos de 2003 e 2004, as sementes de tomate alcançaram a maior
arrecadação dentre as 39 principais espécies olerícolas (ABCSEM, 2007). Esse resultado
expressivo pode ser considerado um reflexo da importância da cultura na cadeia produtiva, pois,
de acordo com Nascimento (2009), o tomate assume posição de destaque no mundo, dentre as
hortaliças que se multiplicam por sementes.
O tomate é uma dicotiledônea proveniente das Américas, sendo a região andina, que vai
do norte do Chile, passando pelo Peru até o Equador, o centro de origem das espécies silvestres
(GIORDANO et al., 1999). Sua domesticação e cultivo são méritos de tribos indígenas primitivas
que habitavam o México (FILGUEIRA, 2003) e deram origem as cultivares modernas. Ao longo
desses anos de pesquisas e de vultosos investimentos no seu melhoramento, as sementes de
tomate carregam hoje valorosos avanços genéticos.
As sementes de tomate podem preservar a capacidade germinativa normal, se
armazenadas em boas condições, por três anos (OLTRA, 2003) ou mais e a taxa de germinação
normalmente é elevada, muitas vezes superando 95% (FILGUEIRA, 2003), ainda que o padrão
de germinação de sementes de tomate, estabelecido pela portaria nº 457 (BRASIL, 1986), seja de
apenas 75%. Rees (1970) assegurou que as sementes de tomate não necessitam de técnicas
especiais de armazenamento, podendo ser conservadas por mais de 10 anos em sacos de papel a
temperatura ambiente, com pouca perda de viabilidade. Ao passo que Barton e Garman (1946),
em um estudo sobre os efeitos da idade e das condições de armazenamento de sementes de
diversas espécies de hortaliças, verificaram que após 13 anos de armazenamento em temperatura
ambiente, apenas as sementes de tomate apresentaram uma perda significativa da viabilidade. No
entanto, independentemente da espécie, esses índices podem variar com diversos fatores, dentre
eles, o teor de água das sementes (ABDALLA; ROBERTS, 1969) e a associação das sementes
com patógenos.
18
As sementes de tomate podem transmitir diversos patógenos entre fungos, bactérias e
vírus, conforme lista organizada por Richardson (1990), destacando-se: Fusarium spp. (MUNIZ,
2001); Alternaria alternata (MUNIZ, 2001; TOGNI et al., 2005); Phoma sp. (NASCIMENTO;
MIRANDA; MORAES, 1990); Pseudomonas tomato (NASCIMENTO; MIRANDA; MORAES,
1990); Xanthomonas vesicatoria (McMILLAN Jr., 1987; NASCIMENTO; MIRANDA;
MORAES, 1990; SILVA et al. 2002; CARMO et al., 2004); Clavibacter michiganense subsp
michiganense (Smith) (SHOEMAKER; ECHANDI, 1976; IKUTA, 1990; NASCIMENTO;
MIRANDA; MORAES, 1990) e TMV (REES, 1970), como agentes causadores de doenças do
tomateiro, de acordo com Kurosawa e Pavan (1997). Somando-se a esses, a Didymella
lycopersici (KASSELAKI et al., 2008) pode estar associada às sementes, mas não é agente
causador de doenças no tomateiro.
Outros patógenos, também causadores de doenças, são citados em diversas pesquisas,
como Cladosporium spp. (NASCIMENTO; MIRANDA; MORAES, 1990; DINIZ et al., 2006);
Cladosporium fulvum (MUNIZ, 2001) e Erwinia spp. (SILVA et al. 2002; CARMO et al., 2004;
LOPES; ROSSETTO, 2004). Por outro lado, muitos, também citados na literatura, não são
agentes causadores de doenças para o tomateiro, mas podem reduzir o vigor das sementes, como:
Aspergillus spp. (NASCIMENTO; MIRANDA; MORAES, 1990; TORRES; PEIXOTO;
CARVALHO, 1999; CARMO et al., 2004; LOPES; ROSSETTO, 2004; DINIZ et al., 2006);
Penicillium spp. (CARMO et al., 2004; DINIZ et al., 2006); Rhizopus sp. (CARMO et al., 2004;
LOPES; ROSSETTO, 2004); Curvularia sp. e Monilia sp. (CARMO et al., 2004). Desse modo, o
tratamento para o controle desses patógenos assume vital importância como uma das medidas de
preservação da qualidade das sementes.
2.1.1 Tratamento de sementes
Tratamento de sementes, no sentido amplo, envolve a aplicação de diversos processos e
substâncias às sementes, objetivando preservar ou aperfeiçoar seu desempenho com possíveis
reflexos no desenvolvimento e na produtividade das plantas. No sentido restrito e mais
tradicional, tratamento de sementes visa o controle de agentes causais de doenças que interferem
na produtividade das plantas cultivadas e é uma das técnicas mais utilizadas na agricultura
(MENTEN, 1991). A sua eficiência depende, basicamente, do tipo e localização do patógeno
19
alvo, do vigor da semente e da existência de substâncias ou processos eficazes (MENTEN, 1991;
MACHADO, 2000). Nesse sentido, tanto para grandes culturas como para hortaliças, Menten
(2005) concluiu que o uso de sementes sadias ou adequadamente tratadas é a medida de controle
de doenças mais recomendada, utilizada e eficiente, superando outras muito valorizadas como
cultivares resistentes, fungicidas e/ou defensivos, rotação de culturas, local e época de cultivo,
adubação equilibrada, etc.
Existem diversos tipos de tratamento de sementes: químico, físico (radiações
eletromagnéticas ou ionizantes e termoterapia), biológico ou a combinação de métodos
(MENTEN, 1991; BABADOOST; DERIE; GABRIELSON, 1996; PROHENS; SOLER; NUEZ,
1999; MACHADO, 2000). É possível encontrar referências sobre o tratamento de sementes desde
a era cristã, com o uso de sais e diversos tipos de produtos químicos (McGEE, 1995;
MACHADO, 2000). No tratamento de bactérias associadas às sementes, o controle químico tem
tido um sucesso limitado, seja devido à falta do controle interno do inóculo ou pela fitotoxidade
(HONERVOGT; LEHMANN-DANZINGER, 1992; McGEE, 1995), além da inexistência de
produtos registrados pelo Ministério da Agricultura recomendados para o tratamento de sementes
de hortaliças. Dentre os fungicidas, Captan e Thiram são os mais utilizados na proteção de
sementes contra patógenos causadores de tombamento pré e pós-emergência (CUNHA;
REIFSCHNEIDER; DELLA VECCHIA, 1987; McGEE, 1995; MACHADO, 2000), com
controle eficaz em muitos casos ou, por vezes, sem resultados positivos, como os alcançados por
Nascimento; Miranda e Moraes (1990) e Muniz (2001) em sementes de tomate. Em alguns
exemplos o resultado com o tratamento químico foi menos eficaz que o tratamento com a
termoterapia (GRONDEAU; SAMSON, 1994). Cunha; Reifschneider e Della Vecchia (1987)
complementaram que, na verdade, não pode ser considerado que seja feito controle de patógenos
em sementes de hortaliças, e sim um tratamento de sementes com fungicidas, como o Captan,
cujo objetivo básico é a proteção contra alguns patógenos de solo, não patógenos da semente.
No sistema de produção de sementes com selo orgânico não é permitido o uso dos
fungicidas, tanto na fase de campo quanto no tratamento das sementes, fazendo do controle
sanitário uma preocupação a mais para as empresas produtoras de sementes certificadas pelo
sistema orgânico. Segundo TREWEVAS (2001) não existem alternativas eficazes de tratamento
de sementes, permitidas pelas normas da agricultura biológica, o que torna imprescindível o
investimento em pesquisa de formas alternativas de tratamento (térmico, biológico, etc.).
20
O tratamento térmico de sementes, mais precisamente com água quente, foi descrito
pela primeira vez em 1888, por Jensen, na Dinamarca (MENTEN, 1991; GRONDEAU;
SAMSON, 1994) e, desde então, as pesquisas que envolvem o tema vêm progredindo lentamente,
evidenciando, por um lado, muitos resultados positivos, e por outro, diversas controvérsias
devido ao número de fatores que podem interferir nos resultados (REES, 1970; NEEGAARD,
1979; CUNHA; REIFSCHNEIDER; DELLA VECCHIA, 1987; McMILLAN, 1987;
KUROSAWA; PAVAN, 1997; TRIGO et al., 1998; SILVA et al., 2002; CARMO et al, 2004;
LOPES; ROSSETTO, 2004; TOITE; HERNANDEZ-PEREZ, 2005). Desse modo, fica evidente
que o método constitui opção promissora no tratamento de sementes de hortaliças, mas necessita
de estudos mais extensos e profundos.
2.1.2 Termoterapia
A termoterapia consiste na exposição do material a ser tratado à ação do calor em
combinação com o período de tratamento, visando à erradicação ou redução do inóculo infectivo
de um agente causador de doenças. Trata-se de uma medida que requer controle rigoroso do
binômio temperatura/tempo de exposição e o princípio do tratamento baseia-se no diferencial dos
pontos térmicos letais no caso de sementes e patógenos, ou seja, a temperatura letal para a
semente deve ser consideravelmente superior à letal para o patógeno (BAKER, 1962;
NEEGAARD, 1979; SOAVE; MORAES, 1987; MACHADO, 2000; COUTINHO et al., 2007) e,
em muitos casos, esse diferencial é mínimo, devendo, portanto, haver maior precisão de
procedimentos (IKUTA, 1990; LOPES; QUEZADO-SOARES, 1997).
A termoterapia, que pode ser realizada a seco ou úmido, é um método não poluente de
controle de patógenos e possui ação erradicante de infecções profundas (MACHADO, 2000);
entretanto, Grondeau e Samson (1994); Machado (2000) e Lopes e Rossetto (2004) consideraram
que o método não apresenta efeito ou proteção residual e as sementes tratadas têm o vigor
afetado, deteriorando mais rapidamente no período de armazenamento em comparação às não
tratadas. Avaliando os diferentes métodos de tratamento de sementes para erradicação de
Xanthomonas vesicatoria em sementes de tomate e os seus efeitos sobre as características
fisiológicas e sanitárias das sementes, Carmo et al (2004) concluíram que os métodos físicos de
tratamento de sementes, água aquecida ou calor seco, podem afetar a flora microbiana das
21
sementes sem ação residual, o que sugere a necessidade do uso complementar de fungicidas
protetores ou de alguma técnica para proteção contra reinfestação por patógenos de
armazenamento, bem como proteção contra patógenos habituais do solo.
Muitos caminhos ainda devem ser percorridos para os devidos ajustes de procedimentos
que garantam a eficácia do método no controle dos patógenos, sem prejuízo ao potencial
fisiológico das sementes, concomitantemente ao desenvolvimento de técnicas ou produtos a
serem aplicados em associação à termoterapia (HERMANSEN; BRODAL; BALVOLL, 1999).
Alguns fatores podem interferir nos resultados da termoterapia, como o tipo e
procedência das sementes, ou seja, efeitos variáveis do tratamento térmico podem ser observados
em relação a diferentes cultivares de uma mesma espécie ou diferentes lotes de um mesmo
cultivar (GRONDEAU et al., 1992; LOPES; ROSSETTO, 2004; GROOT et al., 2006), além das
condições climáticas da região onde as sementes foram produzidas. Outro fator a ser considerado
é a condição fisiológica das sementes, isto é, sementes mais vigorosas, assim como sementes
dormentes, são mais tolerantes a temperaturas elevadas do que sementes com vigor
comprometido e não dormentes (DREW; BROCKLEHURST, 1985; TRIGO et al., 1998;
MACHADO, 2000; TOITE; HERNANDEZ-PEREZ, 2005).
Vale ressaltar a importância de se conhecer a condição fisiológica das sementes antes de
se tomar a decisão de submetê-las ao tratamento térmico. Não obstante, há de se esclarecer que
nem sempre uma semente com idade cronológica mais avançada é menos vigorosa que outra de
colheita mais recente. Por exemplo, sementes expostas a temperaturas muito elevadas durante
minutos podem apresentar idade fisiológica ou grau de deterioração mais avançado que outras
armazenadas sob baixa temperatura e umidade relativa do ar durante vários anos (MARCOS
FILHO, 2005). Desse modo, pode-se inferir que a sensibilidade dos lotes de sementes a
termoterapia deve ser averiguada mediante resultados de testes de vigor.
Na modalidade de termoterapia a seco, o tratamento pode ser realizado utilizando-se
uma estufa com controle de temperatura ou através de circulação forçada de ar quente através da
massa de sementes durante um determinado período de tempo pré-estabelecido (SOAVE;
MORAES, 1987), metodologia que vem sendo testada por alguns pesquisadores com efeito
positivo no controle de patógenos de sementes de tomate (BROADBENT, 1965; REES, 1970;
IKUTA, 1990; MUNIZ, 2001; SILVA et al., 2002; CARMO et al, 2004); arroz (PERLEBERG;
SPERANDIO, 1998); cenoura (VIANNA; SILVA SANTOS; MENTEN, 1991; TRIGO et al.,
22
1998) e alfafa (MENDES et al, 2001) ou, em outros casos, sem muito sucesso, como no
tratamento de sementes de tomate (LOPES; ROSSETTO, 2004); pepino (PROHENS; SOLER;
NUEZ, 1999) e sorgo (MORE; STENNING; MAGAN, 1992).
Na modalidade de tratamento com calor úmido, pode ser usado o vapor arejado, cujo
fluxo é direcionado a massa de sementes mantidas em camadas, ou a imersão das sementes na
água quente em tanques com controle de temperatura e circulação de água. As referências
encontradas na literatura relatam resultados satisfatórios no controle de patógenos de sementes de
cenoura (CUNHA; REIFSCHNEIDER; DELLA VECCHIA, 1987; VIANNA; SILVA SANTOS;
MENTEN, 1991; PRYOR; DAVIS; GILBERTSON, 1994); tomate (SHOEMAKER; ECHANDI,
1976; McMILLAN Jr, 1987; IKUTA, 1990; LEWIS IVEY; MILLER, 2005); pimentão
(MORAES; MENTEN, 1987); melão e abóbora (SHAHDA; AL-RAHMA; RAGEH, 1995);
milho (ERDEY; MYCOCK; BERJAK, 1997; COUTINHO et al., 2007; RAHMAN et al., 2008);
sorgo (MASUM; ISLAM; FAKIR, 2009); espinafre (TOITE; HERNANDEZ-PEREZ, 2005);
Leucena (PRABHU, 1982) e Alfafa (MENDES et al, 2001). Todavia, Carmo et al. (2004) não
obtiveram o mesmo resultado no controle dos patógenos detectados nas sementes de tomate,
assim como Verzignassi; Vida e Homechin (1997) em sementes de estévia e Muniz e Porto
(1999) em sementes de cenoura.
O sucesso do tratamento térmico depende do tipo de calor, seco ou úmido, da
temperatura empregada, do período de exposição e da uniformidade da aplicação do calor
(MENDES et al, 2001), devendo ser cuidadosamente ajustados à espécie, cultivar e lote.
Contudo, seja qual for a modalidade empregada, a termoterapia requer o uso de equipamentos
com controle preciso de temperatura, apresentando, consequentemente, inconvenientes quando
aplicada a grandes quantidades de sementes (BAKER, 1962; MACHADO, 2000; ESTAFANI;
MIRANDA FILHO; UESUGI, 2007).
A termoterapia com imersão das sementes em água quente é considerada mais eficiente
quando comparada ao tratamento com uso do calor seco (GRONDEAU et al., 1992), pois a água
em seu estado líquido proporciona maior condutividade de calor em relação aos demais veículos,
(GRONDEAU; SAMSON, 1994; MACHADO, 2000) e é recomendada para várias espécies de
hortaliças como aipo, alface, cenoura, crucíferas, espinafre, pepino, pimenta e tomate
(DHINGRA et al., 1980; NEEGAARD, 1979). Entretanto, tal tratamento pode causar
desnaturação dos tecidos externos das sementes, e, após um determinado período de tempo, os
23
tecidos de reserva que possibilitam a germinação das sementes (MACHADO, 2000).
Acrescentando, Menten (1991) considera que a água quente causa danos às sementes em função
do rompimento do tegumento e/ou extravasamento de substâncias da semente.
Desse modo, para maior eficácia dessa técnica, alguns procedimentos podem ser
adotados, como a pré embebição das sementes em água não aquecida (BAKER, 1962;
VERZIGNASSI; VIDA; HOMECHIN, 1997; COUTINHO et al., 2007; RAHMAN et al., 2008;
MASUM; ISLAM; FAKIR, 2009), visando a eliminação de bolsões de ar entre os tecidos mortos
superficiais, além de facilitar a condução do calor nos tecidos da semente e estimular o
crescimento de certos patógenos tornando-os mais sensíveis ao tratamento. Outro tratamento
prévio recomendado para algumas espécies é o pré-aquecimento por 1 minuto a uma temperatura
inferior em 5 a 10°C à recomendada para o tratamento (DHINGRA et al., 1980, MACHADO,
2000) ou a 40°C por 10 minutos, antes da imersão em água à temperatura especificada
(MORAES; MENTEN, 1987). Essa medida visa reduzir o resfriamento da água no equipamento
de termoterapia pela introdução de sementes “frias”, diminuindo, portanto, a necessidade de
elevação da temperatura (DHINGRA et al., 1980). Todavia, qualquer um desses procedimentos
deve ser testado antes de sua adoção; no tratamento de sementes de alfafa a 60°C,
independentemente do tempo de exposição, Mendes et al (2001) observaram que o pré-
aquecimento a 40°C proporcionou resultados negativos à germinação; quando as sementes foram
submetidas a 60°C, sem pré-aquecimento, em qualquer tempo de exposição, os patógenos foram
controlados, sem prejuízo a germinação das sementes, corroborando os resultados encontrados
por Erdey; Mycock e Berjak (1997) em estudos com sementes de milho.
Após o tratamento é recomendável o resfriamento rápido pela imersão das sementes em
água à temperatura ambiente (BAKER, 1962; DHINGRA et al., 1980; DREW;
BROCKLEHURST, 1985; MORE; STENNING; MAGAN, 1992; GRONDEAU; SAMSON,
1994; MENDES et al, 2001; TOITE; HERNANDEZ-PEREZ, 2005) e secagem, cujo processo
deve ser realizado no menor tempo possível (DREW; BROCKLEHURST, 1985) para evitar
contaminações por microrganismos saprófitos. Como o processo normalmente é feito a
temperatura ambiente, não é possível fazer uma recomendação mais precisa do tempo de
secagem.
24
Em uma revisão sobre termoterapia, Grondeau e Samson (1994) advertiram que nos
tratamentos de sementes com água quente, independentemente da espécie, a temperatura deve se
restringir a uma faixa de 45 a 60°C por um período máximo de exposição de 60 minutos.
O tratamento com calor via úmido por 15 minutos foi eficiente quando Vianna; Silva
Santos e Menten (1991) submeteram as sementes de cenoura a 50°C, com redução na incidência
dos patógenos de 80%. A porcentagem e velocidade de emergência de plântulas foram,
respectivamente, 3,3 e 4 vezes maiores que a testemunha. A 55°C, a eliminação de Alternaria
dauci e A. radicina foi total e a porcentagem e velocidade de emergência de plântulas foram,
respectivamente, 2,9 e 2,2 vezes maiores que a testemunha. Desse modo, os autores concluíram
que a temperatura ótima para o tratamento de sementes de cenoura visando o controle destes
patógenos deve estar entre 50 e 55°C.
Em sementes de alfafa inoculadas com Fusarium oxysporum, o tratamento com água
quente a 50°C, com ou sem pré-aquecimento a 40°C, o período de tratamento foi de 10 e 20
minutos e também houve controle efetivo do patógeno, sem afetar significativamente a
germinação das sementes. No entanto, quando o tempo de exposição das sementes a água quente
foi aumentado para 30 minutos, os tratamentos foram eficientes na erradicação do fungo, mas
afetaram significativamente a germinação das sementes (MENDES et al, 2001). Do mesmo
modo, porém com sementes de cenoura, Pryor; Davis e Gilbertson (1994) também obtiveram
erradicação do patógeno a 50°C por 30 minutos com redução significativamente da germinação.
Todavia, em melão e abóbora, Shahda; Al-Rahma e Rageh (1995) também controlaram os fungos
das sementes a 50°C por 30 minutos, assim como 55°C por 20 minutos, mas não foi verificado
prejuízo à germinação das sementes.
Para o tratamento térmico de sementes de estévia, Verzignassi; Vida e Homechin (1997)
concluíram que o tratamento mais eficiente na erradicação de Altenaria steviae e A. alternata,
sem ocasionar redução significativa na germinação, foi de 52ºC por 15 minutos e 54ºC por 5
minutos. Nos tratamentos 54ºC por 10 e 15 minutos de exposição houve redução significativa na
germinação das sementes em relação à testemunha não tratada.
Em sementes de tomate, a literatura consultada também apresenta controvérsias quanto
a indicação dos parâmetros de tratamento com água quente. Dhingra et al., (1980) recomendaram
a temperatura de 50°C por 25 minutos para o tratamento de sementes de tomate,
independentemente do patógeno alvo. Do mesmo modo, Machado (2000) também sugeriu a
25
imersão das sementes de tomate em água quente a 50°C por 25 minutos, indicando para o
controle de Colletotrichum gloeosporioides, Xanthomonas campestris pv. vesicatoria e
Alternaria solani. Todavia, Carmo et al (2004) verificaram que o mesmo tratamento não afetou o
vigor das sementes, avaliado pelo teste de primeira contagem de germinação e emergência de
plântulas; no entanto, não foi alcançada eficiência na erradicação de X.vesicatoria, assim como
Muniz (2001), que também não conseguiu controlar Cladosporium fulvum, Fusarium spp. e
Alternaria alternata em sementes de tomate tratadas a 50°C por 30 minutos, afetando, ainda, a
viabilidade das sementes. Porém, com 56°C por 30 minutos, McMillan (1987) obteve 100% de
controle de Xanthomonas campestris pv. vesicatoria sem prejuízo a germinação das sementes de
tomate.
Kurosawa e Pavan (1997) recomendaram o tratamento das sementes com a água a 55°C
durante 6 horas, para o controle de Cladosporium fulvum. Para o controle de Clavibacter
michiganensis subsp. michiganensis em sementes de tomate, Machado (2000) recomendou o
tratamento com água quente a 53°C por 60 minutos e Kurosawa e Pavan (1997) o tratamento a
56°C por 30 minutos. Apesar de Ikuta (1990) ter constatado que a combinação da
temperatura/tempo letal para Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis foi de 62°C por 30
minutos, afetando significativamente a porcentagem e velocidade de emergência dos lotes
tratados.
Nos trabalhos que contemplam os tratamentos com água quente, são várias as
recomendações de combinações temperatura/tempo de exposição, além de pré-tratamentos que
visam melhorar a eficiência do método, na erradicação do patógeno, sem afetar o desempenho
das sementes. Destaca-se, contudo, a observação em alguns trabalhos (VERZIGNASSI; VIDA;
HOMECHIN, 1997; MENDES et al, 2001) de um efeito mais expressivo do tempo do que da
temperatura de exposição das sementes em alguns tratamentos, tanto no controle dos patógenos
quanto na viabilidade das sementes.
Os métodos de tratamento variam conforme a espécie, a cultivar e as condições iniciais
do lote das sementes. Para o tratamento de sementes de tomate com água quente, os poucos
trabalhos publicados apresentam uma grande variação na recomendação de combinações de
temperatura e tempo de exposição e os resultados são diversificados, com pouca informação
sobre os seus efeitos no vigor das sementes.
26
2.1.3 Métodos de avaliação do potencial fisiológico e sanidade de sementes de tomate
O potencial de desempenho deve considerar a capacidade das sementes originarem
plântulas normais, a velocidade de emergência e de crescimento das plântulas em campo, o
potencial de armazenamento e a conservação do potencial fisiológico durante o transporte
(MARCOS FILHO, 2005). O potencial fisiológico das sementes abrange a viabilidade, ou seja, a
sua capacidade germinativa, e o seu vigor, que, segundo AOSA (1983), compreende as
propriedades (características) da semente que determinam o potencial para uma emergência e
desenvolvimento rápidos e uniformes de plântulas normais, sob ampla diversidade de condições
ambientais.
O vigor de sementes não é uma característica facilmente mensurável como o índice de
germinação, mas proveniente de um conceito complexo de características associado a um ou mais
aspectos do desempenho do lote de sementes. Como conseqüência, os testes de vigor fornecem
informações adicionais para auxiliar na diferenciação dos lotes de sementes com padrão de
germinação aceitável e que as diferenças detectadas estejam relacionadas ao comportamento das
sementes durante o armazenamento e após a semeadura (MARCOS FILHO, 2005; TeKRONY,
2003).
De acordo com McDonald (1975), os testes de vigor são distribuídos em testes físicos,
fisiológicos, bioquímicos e de resistência a estresses. No entanto, em artigo mais recente,
TeKrony (2003) destacou que os testes de vigor podem ser agrupados em três grandes categorias:
testes baseados no desempenho ou características de plântulas, testes de resistência a estresses e
testes bioquímicos.
Entretanto, um único teste, quer seja fisiológico, bioquímico ou de resistência a estresse,
não tem se mostrado suficiente para avaliar o potencial de desempenho das sementes sob
diferentes condições ambientais (HAMPTON; COOLBEAR, 1990) e a escolha dos testes será
direcionada se acordo com a finalidade da avaliação do vigor dos lotes de sementes. Em sementes
tratadas por termoterapia, por exemplo, o calor a que são submetidas pode causar desnaturação
dos tecidos externos e rompimento do tegumento com extravasamento de substâncias da semente
(MENTEN, 1991; MACHADO, 2000), sugerindo o emprego de testes que avaliam a integridade
das membranas, como uma opção para avaliação do seu vigor.
27
Assim, a combinação de testes de natureza diversificada pode aumentar a precisão dos
resultados e determinar a metodologia mais adequada para o emprego da termoterapia. No
entanto, grande parte das pesquisas que avaliam o efeito dos tratamentos de sementes se preocupa
em comparar apenas a viabilidade das sementes através do teste padrão de germinação. As
poucas exceções encontradas nesta revisão dedicaram-se a aplicação dos testes de primeira
contagem de germinação e/ou condutividade elétrica em sementes de tomate (SILVA et al., 2002;
CARMO et al, 2004; LOPES; ROSSETTO, 2004) e milho (COUTINHO et al., 2007) e avaliação
da velocidade de germinação (IKUTA, 1990; PROHENS; SOLER; NUEZ, 1999). Com raras
exceções, foram aplicados os testes de frio e/ou envelhecimento acelerado e avaliação da
qualidade das mudas, como em sementes de arroz (PERLEBERG; SPERANDIO, 1998), cenoura
(TRIGO et al., 1998) e sorgo (MORE; STENNING; MAGAN, 1992).
O teste de envelhecimento acelerado pode ser considerado como um dos mais sensíveis
para avaliação do vigor de sementes (MARCOS FILHO, 1999) e mais especificamente para as
sementes de hortaliças. Estudando a metodologia do teste de envelhecimento acelerado,
Panobianco e Marcos Filho (2001a) concluíram que os parâmetros (41°C/72 horas), com ou sem
solução saturada de NaCl, foram eficientes para detectar diferenças de vigor entre os lotes de
sementes de tomate. Com o objetivo de identificar a eficácia de diferentes testes de vigor,
baseados na integridade das membranas e na tolerância ao estresse, Panobianco e Marcos Filho
(2001b) concluíram que os testes de envelhecimento acelerado com solução saturada de NaCl
(41°C/72 horas) e lixiviação de potássio foram eficientes, possibilitando a identificação de lotes
com diferentes níveis de potencial fisiológico. Em contraposição, a combinação 41°C/72 horas
empregada no teste de envelhecimento acelerado por Barros et al. (2002) não foi eficiente para
separar os lotes de sementes de tomate em níveis de vigor. Nascimento; Barros e Pessoa (1993)
avaliaram a temperatura de 42°C pelos períodos de 24, 48, 72 e 96 horas, sendo o período de 72
horas considerado o mais indicado para o teste de envelhecimento acelerado de sementes de
tomate à temperatura testada, mas não deu uma boa estimativa do desempenho das sementes em
condições de campo.
Segundo Panobianco e Marcos Filho (2001b), para os dois híbridos de tomate
estudados, o teste de envelhecimento acelerado com solução saturada de NaCl (41°C/72 horas)
propiciou separação de lotes mais próxima à obtida na emergência em casa de vegetação e pode
ser considerado uma alternativa promissora para utilização em programas de controle de
28
qualidade, visto que requer metodologia e equipamento semelhantes ao procedimento tradicional,
sem o uso de solução salina.
Dentre muitos parâmetros de avaliação do vigor das sementes, a integridade das
membranas é um dos mais importantes, pois segundo Marcos Filho (2005) as membranas
provavelmente representam os principais alvos das transformações prejudiciais às sementes,
devido à instabilidade físico-química dos lipídios, com redução ou perda da permeabilidade
seletiva.
O princípio dos testes baseados na integridade das membranas estabelece que sementes
menos vigorosas (ou mais deterioradas) apresentam menor velocidade de restabelecimento da
integridade das membranas celulares durante a embebição e, em conseqüência, liberam maiores
quantidades de solutos para o meio exterior. As substâncias perdidas durante a lixiviação, no teste
de condutividade elétrica, são os açúcares, aminoácidos, ácidos orgânicos e proteínas, além de
enzimas e íons inorgânicos (K
+
, Ca
+2
, MG
+2
, Na
+
, Mn
+2
) (MATHEWS; POWELL, 1981; AOSA,
1983, MARCOS FILHO et al., 1987; BORGES et al., 1990; HAMPTON; TEKRONY, 1995;
VIEIRA, 1999; PANOBIANCO; MARCOS FILHO, 2001b; MARTINELLI-SENEME, 2004;
ABDO, 2005; MARCOS FILHO, 2005) e desses, o potássio é o íon inorgânico acumulado em
maiores quantidades pelas sementes (LOTT et al., 1991). Essa característica e a possibilidade de
determinar a liberação de um íon específico durante a embebição, em período mais curto que o
recomendado para o teste de condutividade elétrica, determinaram o desenvolvimento do teste de
lixiviação de potássio como opção promissora para avaliação do vigor de sementes (MARCOS
FILHO, 2005). Ao comparar o período de lixiviação de sementes de diversos tamanhos, Simon e
Mathavan (1986) concluíram que as sementes pequenas embebem água e lixiviam potássio mais
rapidamente que sementes maiores, pois o padrão de lixiviação de potássio está diretamente
relacionado ao padrão de embebição da semente, que está diretamente relacionado ao tamanho.
As sementes de alface testadas pelos autores, por exemplo, lixiviaram em 24 horas cerca de 30%
do potássio por elas contido e, desse montante, 90% lixiviaram em 8 minutos.
Segundo Panobianco e Marcos Filho (2001b), o teste de lixiviação de potássio (100
sementes/25ml/30°C/3 horas) constituiu opção promissora para avaliação do potencial fisiológico
de sementes de tomate, identificando principalmente os lotes de menor desempenho, em período
de tempo consideravelmente reduzido.
29
Embora as pesquisas considerem todos os aspectos da qualidade das sementes, a
literatura demonstra que os componentes fisiológicos têm recebido mais atenção, com ênfase nos
estudos que envolvem a relação entre o vigor das sementes e a emergência das mudas e o
desenvolvimento de métodos confiáveis de avaliação do vigor das sementes (MARCOS FILHO,
2002). No entanto, não se pode desconsiderar que a associação de patógenos às sementes pode
causar prejuízo ao seu desempenho e reduzir o stand da lavoura, além de debilitar as plantas e dar
início a epidemias. Por outro lado, os tratamentos de sementes, muitas vezes, podem controlar os
patógenos, mas podem, também, prejudicar o vigor das sementes, reforçando a necessidade de se
ampliar as opções de tratamentos de sementes e do aprimoramento das metodologias dos testes
de vigor, assim como de métodos de detecção de patógenos. Desse modo, Tanaka, Menten e
Nasser (2001) propuseram que os testes de sanidade deveriam fazer parte dos programas de
controle de qualidade de sementes, do mesmo modo que os testes de germinação e pureza física.
O teste de sanidade tem, dentre outras, a finalidade de avaliar a eficiência do tratamento
de sementes e apresenta diversos métodos que variam com a sensibilidade e objetivo, com ou
sem incubação das sementes. A temperatura de incubação recomendada varia de 22 a 25°C por
um período de 7 a 8 dias, sob regime luminoso de 12 h de luz/12 h no escuro. Adicionalmente,
pode ser utilizada a técnica do congelamento rápido ou o uso de herbicida, visando evitar a
germinação das sementes para facilitar a avaliação (LUCCA FILHO, 1987). O método de papel
de filtro é usado quando se deseja desenvolver os patógenos das sementes e/ou examinar as
plântulas. A recomendação para a maioria das hortaliças é a incubação por 7 dias a 20
º
C ± 2
º
C,
em regime intermitente de 12 h de luz/12 h no escuro, com ou sem congelamento (BRASIL,
1992; NASCIMENTO; MIRANDA; MORAES, 1990). Silva et al. (2002) utilizaram o método do
papel de filtro a 27°C e 12 h de fotoperíodo para avaliação da sanidade de sementes de tomate e
Muniz (2001) avaliou a sanidade das sementes de tomate em placas de petri com meio BDA a
24°C sob o tempo de incubação de 7 dias em regime intermitente de 12 h de luz/12 h no escuro,
ambos com resultados satisfatórios.
São várias as referências encontradas na literatura sobre métodos de avaliação do
potencial fisiológico e sanidade de sementes. Por outro lado, dos trabalhos que visam à eficiência
do tratamento térmico na erradicação de patógenos, são escassos os que estudam o seu efeito no
potencial de desempenho das sementes, sobretudo após o armazenamento. Faz-se necessário,
30
portanto, um maior número de pesquisas dedicadas ao assunto, especialmente com sementes de
tomate, dada sua importância econômica.
2.2 Material e métodos
O trabalho, dividido em dois experimentos, I e II, foi realizado nos laboratórios de
Análise de Sementes do Departamento de Produção Vegetal e Patologia de sementes do
Departamento de Fitopatologia da USP-ESALQ, Piracicaba/SP e no Centro de Pesquisa Mokiti
Okada – M.O.A., Ipeúna – SP. No experimento I, sementes de dois lotes dos cultivares de tomate
(Lycopersicon esculentum Mill.) UC-82 e Rio Grande foram homogeneizadas e submetidas a
avaliações do potencial fisiológico, grau de umidade e sanidade inicial. Em seguida, a
termoterapia úmida com diferentes combinações de tempo e temperatura. Após 72 horas de
secagem ao ar livre, as sementes tratadas tiveram seus desempenhos avaliados em duas épocas,
imediatamente após a secagem e após 90 dias de armazenamento. No experimento II, as sementes
dos mesmos lotes iniciais foram submetidas ao tratamento de termoterapia e secadas por 12 horas
e, em seguida, avaliadas quanto ao potencial fisiológico.
As sementes do cultivar UC-82 (2 lotes) foram produzidas no Chile, ano agrícola de
2006/2007, e importadas pela empresa ISLA Sementes Ltda; e do cultivar Rio Grande (2 lotes)
produzidas pela empresa AGRISTAR do Brasil Ltda no ano agrícola de 2007/2008.
2.2.1 Análises preliminares do grau de umidade, potencial fisiológico e sanidade dos lotes
2.2.1.1 Grau de umidade (base úmida): foi determinado segundo as Regras para Análise de
Sementes - RAS, pelo método da estufa a 105° ± 3°C durante 24horas (Brasil, 1992), utilizando-
se 2 repetições de 2 g de sementes cada. Os resultados foram expressos em porcentagem média
por lote.
2.2.1.2 Teste de germinação: foi conduzido de acordo com Brasil (1992) utilizando-se 6
repetições de 50 sementes para cada lote. As sementes foram colocadas em caixas de plástico
(11,0 x 11,0 x 3,5 cm) sobre papel mata-borrão umedecido com quantidade de água destilada
equivalente a 2,5 vezes o peso do papel seco e mantidas a 20-30°C. As avaliações foram
31
efetuadas aos 5 e 14 dias após a semeadura, contabilizando o número de plântulas normais. Os
resultados foram expressos em porcentagem média de germinação para cada lote.
2.2.1.3 Teste de lixiviação de potássio: consistiu em colocar para embebição 6 repetições de 25
sementes em copos de plástico com 100 ml de água destilada para cada lote. As sementes,
previamente pesadas com precisão de 0,0001 g, foram mantidas a 30°C, em BOD, durante 3
horas e, em seguida, realizadas as leituras no fotômetro de chama CELM FC-180. Previamente,
uma curva de calibração do fotômetro de chama foi realizada para uma solução padrão de 50 ppm
de potássio, ajustado para leitura 80. A curva foi estabelecida pelo método de regressão linear e
avaliada com 6 observações, uma de água destilada e deionizada (0 ppm de potássio) e as outras
de soluções padrões de potássio de concentração conhecida e inferior a 50 ppm. Com a curva (y)
foram calculados os valores de (K
+
/ml), depois usados para determinar ppm de K
+
/g de sementes
(PANOBIANCO; MARCOS FILHO, 2001b).
2.2.1.4 Teste de envelhecimento acelerado com solução saturada de NaCl: inicialmente, as
sementes foram pesadas (aproximadamente 2,0 g) e distribuídas uniformemente em camada
simples sobre tela suspensa no interior de uma caixa de plástico (11,0 x 11,0 x 3,5 cm) contendo
40 mL de solução saturada de NaCl. As caixas foram tampadas e mantidas em câmara do tipo
“jaquetada de água” (modelo 3015 VWR Scientific), a 41ºC por 72 h (PANOBIANCO;
MARCOS FILHO, 2001a). Decorrido este período, 6 repetições de 50 sementes foram
submetidas ao teste de germinação, conforme item 2.2.1.2. Os resultados foram expressos em
porcentagem média de plântulas normais obtidas aos 7 dias após a semeadura para cada lote.
Também foi realizada a determinação do grau de umidade das sementes, antes e após o teste de
envelhecimento acelerado, para avaliação da uniformidade do teste.
2.2.1.5 Teste de sanidade (método do papel de filtro com congelamento): o método consistiu na
distribuição de 8 repetições de 25 sementes sobre papel de filtro umedecido com água destilada
(MARTINS; RODRIGUES; ALMEIDA (2001) em placas de plástico e incubação a 20
º
C ± 2
º
C,
sob regime intermitente de 12 h de luz/12 h no escuro. Após 24 horas de incubação, as sementes
foram congeladas por 24 horas e novamente incubadas sob o mesmo regime até completar 7 dias
(LUCCA FILHO, 1987). Após o período de incubação, todas as sementes foram avaliadas com o
32
auxílio de microscópio estereoscópico e, quando necessário, microscópio ótico, para detecção e
identificação de fungos. Os resultados foram expressos em porcentagem de incidência de fungos
associados às sementes para cada lote.
2.2.2 Experimento I
2.2.2.1 Tratamento das sementes de tomate
Os tratamentos consistiram de variações na combinação de temperatura e tempo de
exposição: 52, 53, 54, 55 e 60°C durante 30 e 60 minutos, além das testemunhas: sementes
tratadas com produto químico e sementes não tratadas.
Para o tratamento térmico, 18 g de sementes/tratamento, em sacos de tecido poroso de
nylon (filó), foram imersas em água quente no aparelho de banho-maria com circulação (modelo
MA179) a temperatura constante, conforme o tratamento. Antes da imersão das sementes, a
temperatura requerida para cada tratamento foi previamente estabilizada e monitorada
periodicamente com termômetro de precisão (DHINGRA et al., 1980). Paralelamente, em outro
aparelho de banho Maria, as sementes foram submetidas ao pré-aquecimento a 40°C por 10 min,
antes dos tratamentos. Após o tempo indicado, as sementes foram resfriadas por imersão em água
a temperatura ambiente e secadas em camadas finas dentro de bandejas de plástico forradas com
papel de filtro, em condições de laboratório, sem controle de temperatura e umidade relativa do ar
(CUNHA; REIFSCHNEIDER; DELLA VECCHIA, 1987; COUTINHO et al., 2007), até que as
sementes atingissem grau de umidade próximo de 10%, totalizando 72 horas.
O tratamento químico das sementes foi realizado com a aplicação do fungicida
Orthocide 500® (1 kg do produto contém 500 g do ingrediente ativo Captan) a seco na dose de
1,2 g do Captan por kg de semente, conforme recomendação do fabricante. O fungicida foi
misturado a 18 g de sementes em um saco plástico e agitados por 2 minutos para
homogeneização da mistura. Em seguida, tanto as sementes tratadas com fungicida quanto as
sementes não tratadas foram umedecidas pelo processo de atmosfera controlada com a finalidade
de ajustar o teor de água ao nível das sementes tratadas em água quente.
Após serem submetidas aos tratamentos e secadas, as sementes foram avaliadas, antes e
após armazenamento. As sementes destinadas às avaliações na segunda época foram colocadas
33
em sacos de papel e armazenadas em câmara seca (20°C e 50% de umidade relativa do ar) por 90
dias.
No quadro 1 encontram-se as temperaturas máximas e mínimas e a média da umidade
relativa do ar diárias do Laboratório de Análise de Sementes registradas durante o período de
secagem das sementes.
Dia
Umidade relativa do ar (%)
(Média)
Temperatura Máxima
(°C)
Temperatura Mínima
(°C)
Período de secagem das sementes do cultivar UC-82
1 90 25 24
2 84 25 24
3 80 26 24
Período de secagem das sementes do cultivar Rio Grande
1 83 29 24
2 79 28 24
3 71 26 23
Quadro 1 – Temperaturas máximas e mínimas e médias da umidade relativa do ar diárias incididas durante o
período de secagem das sementes do cultivar Rio Grande e UC-82 após a termoterapia
2.2.2.2 Avaliação do efeito da termoterapia no desempenho e sanidade das sementes de
tomate
2.2.2.2.1 Grau de umidade (base úmida): foi realizado conforme descrição no item 2.2.1.1.
2.2.2.2.2 Teste de germinação: foi realizado conforme descrição no item 2.2.1.2.
2.2.2.2.3 Emergência de plântulas em casa de vegetação: foram utilizadas bandejas de
poliestireno expandido de 128 células, mantidas em casa de vegetação, contendo substrato
comercial Plant Bokashi®. A quantidade adequada de água foi mantida através da irrigação diária
por microaspersão. A avaliação e contagem das plântulas emergidas foram realizadas diariamente
até a estabilização. O índice de velocidade de emergência foi calculado utilizando-se fórmula
34
proposta por Maguire (1962). O número de plântulas normais foi computado aos 14 dias e o
resultado expresso em porcentagem média de plântulas emergidas por tratamento.
2.2.2.2.4 Teste de lixiviação de potássio: foi realizado conforme descrição no item 2.2.1.3.
2.2.2.2.5 Teste de envelhecimento acelerado com solução saturada de NaCl: foi realizado
conforme descrição no item 2.2.1.4, sendo que o teste de germinação após o envelhecimento foi
realizado com 3 repetições de 50 sementes por tratamento.
2.2.2.2.6 Teste de sanidade (método do papel de filtro com congelamento): foi realizado
conforme descrição no item 2.2.2.1.
2.2.3 Experimento II
2.2.3.1 Tratamento das sementes de tomate
Os tratamentos consistiram da exposição das sementes dos dois lotes dos dois cultivares
utilizados no experimento I, a temperatura de 55°C por 30 minutos e 60°C por 60 minutos, além
das testemunhas: sementes tratadas com produto químico e sementes não tratadas.
Para a termoterapia, 3g de sementes/tratamento, em sacos de tecido poroso de nylon
(filó), foram imersas em água quente, conforme descrito no experimento I. Após o tempo
indicado, as sementes foram resfriadas por imersão em água à temperatura ambiente e secadas em
camadas finas sobre papel toalha dentro de caixas de plásticos, cobertas com papel toalha, sem
controle de ambiente, por 12 horas (PRYOR; DAVIS; GILBERTSON, 1994). O tratamento
químico e o ajuste do teor de água das sementes foram realizados conforme descrito no
experimento I.
Após serem submetidas aos tratamentos e secadas, as sementes foram submetidas aos
testes de sanidade, porcentagem e primeira contagem de germinação e envelhecimento acelerado,
conforme metodologias descritas anteriormente.
35
2.2.4 Análise estatística
Para os testes preliminares de avaliação da germinação e vigor dos lotes, a análise
estatística foi realizada utilizando-se o delineamento inteiramente casualizado para cada cultivar,
separadamente, com 2 lotes e 6 repetições. O esquema da análise de variância é apresentado a
seguir:
Causas da variação Grau de liberdade
Tratamento (lote) 1
Resíduo 10
Total 11
Para o teste de sanidade, foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado com 2
lotes e 8 repetições:
Causas da variação Grau de liberdade
Tratamento (lote) 1
Resíduo 14
Total 15
Após os tratamentos das sementes no experimento I, a análise estatística dos testes de
germinação e de vigor foi realizada utilizando-se o delineamento inteiramente casualizado em
esquema fatorial 2 lotes x 12 tratamentos. Para os testes de emergência de plântulas, o
delineamento foi em blocos ao acaso. Os esquemas das análises de variância dos testes de
laboratório e de emergência para cada cultivar são, respectivamente, apresentados a seguir:
Causas da variação (laboratório) Grau de liberdade
Lote 1
Tratamento 11
Lote x tratamento 11
Resíduo 48
Total 71
36
Causas da variação (emergência) Grau de liberdade
Bloco 2
Lote 1
Tratamento 11
Lote x tratamento 11
Resíduo 46
Total 71
Após os tratamentos das sementes no experimento II, a análise estatística dos testes de
germinação e de vigor foi realizada utilizando-se o delineamento inteiramente casualizado em
esquema fatorial com 2 lotes x 4 tratamentos. O esquema da análise de variância para cada
cultivar é apresentado a seguir:
Causas da variação Grau de liberdade
Lote 1
Tratamento 3
Lote x tratamento 3
Resíduo 16
Total 23
Para todos os testes foi realizada análise de variância e as médias comparadas pelo teste
de Tukey (p0,05), separadamente, para cada cultivar e época de armazenamento, conforme o
experimento.
2.3 Resultados e discussão
2.3.1 Análises preliminares do grau de umidade, potencial fisiológico e sanidade dos lotes
Os resultados das avaliações preliminares para caracterização dos lotes 1 e 2 do cultivar
UC-82 e lotes 3 e 4 do cultivar Rio Grande encontram-se nas tabelas 1 a 3.
Na tabela 1, são apresentados os valores médios do grau de umidade das sementes dos
dois cultivares obtidos antes da instalação dos testes e após o teste de envelhecimento acelerado.
37
Tabela 1 - Grau de umidade inicial e umidade após o teste de envelhecimento acelerado (EA) das sementes
dos lotes dos cultivares de tomate UC-82 e Rio Grande
Em revisão sobre a precisão durante a condução dos testes de vigor, TeKrony (2003)
enfatizou a importância da padronização do grau de umidade das sementes na instalação de testes
de vigor como o de envelhecimento acelerado, condutividade elétrica e deterioração controlada.
Marcos Filho (2005) acrescentou que a verificação da consistência dos resultados do teste de
envelhecimento acelerado é efetuada mediante a determinação do grau de umidade das sementes
antes e após a condução do teste. A tolerância de 2% na variação entre amostras no início do
período de envelhecimento é sugerida em virtude das sementes mais úmidas serem mais sensíveis
às condições do teste e, portanto, sujeitas a deterioração mais intensa. Ao final do
envelhecimento, essa mesma variação é tolerada, indicando uniformidade do teste.
Assim, a diferença no grau de umidade entre os lotes de cada cultivar não superou 1
ponto percentual, demonstrando uniformidade das amostras e consistência dos resultados
apurados no teste de envelhecimento acelerado.
Os resultados dos testes de porcentagem e primeira contagem do teste de germinação,
lixiviação de potássio e envelhecimento acelerado dos quatro lotes dos cultivares UC-82 e Rio
Grande encontram-se na tabela 2.
A análise da variância dos dados obtidos na primeira contagem do teste de germinação e
porcentagem de germinação demonstrou diferença significativa entre os lotes 1 e 2 do cultivar
UC-82, identificando o maior potencial fisiológico do lote 1. No teste de envelhecimento
acelerado não foi confirmada a separação dos lotes em vigor, apesar da diferença na viabilidade
dos lotes.
Cultivar Lote
Grau de umidade (%)
antes dos testes
Grau de umidade (%) após
o EA
UC-82
L1 7,3 9,1
L2 8,3 9,7
Rio Grande
L3 7,8 9,5
L4 8,0 9,3
38
O teste de lixiviação de potássio não apresentou resultados satisfatórios, uma vez que a
separação dos lotes em diferentes níveis de vigor identificou o lote 2 como superior, quando no
teste de germinação, as sementes desse mesmo lote apresentaram porcentagem média de
plântulas normais na primeira contagem e na avaliação final significativamente menor que as do
lote 1. Do mesmo modo, Lima (2008) também obteve resultados contraditórios na separação dos
lotes no teste de lixiviação de potássio em um dos cultivares de pepino, quando comparado ao
teste de germinação e a outros testes de vigor. Resultado similar foi encontrado por Torres e
Marcos Filho (2005) para os testes de lixiviação de potássio e condutividade elétrica em sementes
de melão.
Na avaliação dos lotes 3 e 4 do cultivar Rio Grande, a análise da variância dos dados
obtidos nos testes de germinação, primeira contagem e envelhecimento acelerado revelou que não
houve separação dos lotes.
Tabela 2 - Dados médios da porcentagem e primeira contagem do teste de germinação, lixiviação de potássio
(ppm de potássio por grama de sementes) e envelhecimento acelerado (EA) inicial dos lotes dos
cultivares de tomate UC-82 e Rio Grande
Cultivar Lote Germinação (%)
1ª contagem de
germinação (%)
ppm K/g
sementes
EA (%)
UC-82
L1 87 a 83 a 62,6 b 81 a
L2 81 b 75 b 55,9 a 75 a
C.V. (%) 5,3 6,0 6,3 1,9
Rio Grande
L3 98 a 96 a 66,5 b 81 a
L4 99 a 94 a 61,7 a 88 a
C.V. (%) 1,6 3,8 1,8 4,1
Médias seguidas pela mesma nas linhas não diferem significativamente entre si (Tukey, 5%).
No teste de sanidade, foi identificada a associação de diversos fungos, porém com
incidência inexpressiva, com exceção para Cladosporium sp., associado às sementes dos quatro
lotes de tomate (tabela 3).
A interpretação mais consistente dos resultados obtidos no teste inicial de sanidade
esbarra na falta de referências, que segundo Menten (2005), irão variar de acordo com a
importância epidemiológica do patógeno presente na semente. O ideal é que as sementes sejam
livres destes patógenos, mas nem sempre isso é possível, sendo necessário tolerar alguma
39
incidência, desde que não haja risco de perdas pela ocorrência de redução acentuada no
rendimento da lavoura. Porém, ainda não existem padrões oficiais de sanidade de sementes no
Brasil (MENTEN, 2005), não sendo possível, desse modo, determinar a importância da taxa de
incidência do fungo encontrada nos lotes avaliados. Por outro lado, embora a diferença numérica
tenha sido relativamente alta, a análise da variância não constatou diferença significativa na
incidência do fungo entre os lotes de cada cultivar.
Em levantamento sobre a qualidade de sementes de 56 lotes de diversos cultivares de
tomate, Nascimento, Miranda e Moraes (1990) detectaram no teste de sanidade dados de
incidência de Cladosporium sp. variando de 0,01 a 4,0% por lote. Muniz (2001) verificou, dentre
outros fungos, uma incidência de 4,3% de Cladosporium fulvum em sementes de tomate, não
afetando, no entanto, o potencial fisiológico das sementes. Espécies de Cladosporium ocorrem
sobre inúmeras espécies vegetais, especialmente como componente da micoflora de sementes
(PATOLOGIA DE SEMENTES, 2009). Em tomate, o Cladosporium fulvum é relatado por
diversos autores como uma espécie fitopatogênica causadora da Mancha-de-cladosporium
(LOPES; SANTOS, 1994; KUROSAWA; PAVAN, 1997), que é uma doença basicamente
dependente de condições climáticas, ocorrendo, principalmente, sob longos períodos de alta
umidade relativa do ar (acima de 85%). Os esporos são facilmente carregados pelo vento e a
longas distâncias, a semente contaminada é a principal fonte de disseminação da doença (LOPES;
SANTOS, 1994).
Tabela 3 - Dados médios do teste inicial de sanidade dos lotes dos cultivares de tomate UC-82 e Rio
Grande em incidência de fungos (%) associados às sementes
Cultivar Lote Cladosporium sp. Incidência total*
UC-82
L1 3,0 a 4,0 a
L2 7,0 a 8,0 a
C.V. (%) 47,4 38,6
Rio Grande
L3 2,0 a 4,0 a
L4 6,0 a 7,0 a
C.V. (%) 57,1 62,4
Médias seguidas pela mesma nas linhas não diferem significativamente entre si (Tukey, 5%).
*A incidência total foi composta pela soma dos fungos Cladosporium sp. a outros fungos que não foram
analisados em especial em função da baixa incidência, em poucas parcelas: Aspergillus sp.; Rhizopus sp.;
Penicillium sp. e Alternaria sp.
40
A diferença no potencial fisiológico das sementes dos lotes do cultivar UC-82 é
desejável, uma vez que diversos autores ressaltaram que sementes mais vigorosas são mais
tolerantes a temperaturas elevadas do que sementes com vigor comprometido (TRIGO et al.,
1998; MACHADO, 2000; TOITE; HERNANDEZ-PEREZ, 2005), permitindo, assim, oferecer
dados mais consistentes quanto ao efeito das diversas combinações de temperatura/tempo
empregadas neste trabalho sobre as sementes do cultivar UC-82. A elevada taxa de germinação
dos lotes 3 e 4 também indicou um aspecto interessante, uma vez que a porcentagem de
germinação das sementes de tomate comercializadas atualmente, normalmente é superior a 95%,
como mencionado por Filgueira (2003).
2.3.2 Experimento I
2.3.2.1 Avaliação do efeito da termoterapia no potencial fisiológico e sanidade das sementes
de tomate
O efeito das diversas combinações de tratamento sobre as sementes foi avaliado e os
dados estão apresentados a seguir, separadamente para cada cultivar.
2.3.2.1.1 Cultivar UC-82
Os valores médios obtidos na avaliação das sementes dos lotes 1 e 2 do cultivar UC-82,
após os tratamentos, encontram-se nas tabelas 4 a 8.
Conforme os dados apresentados na tabela 4, a variação no grau de umidade se manteve
inferior ao limite recomendado de 2%, constatando, desse modo, a uniformidade das amostras e
consistência dos resultados dos testes de vigor.
41
Tabela 4 - Grau de umidade (%) das sementes dos lotes 1 e 2 (cultivar de tomate UC-82) tratadas, antes e após o
envelhecimento acelerado (EA)
Tratamento de termoterapia
Grau de umidade (%) antes
dos testes
Grau de umidade (%) após
EA
Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2
T1-52°C/30’ 9,5 9,6 9,8 9,7
T2-52°C/60’ 9,7 8,8 9,7 9,0
T3-53°C/30’ 9,0 8,6 9,9 8,9
T4-53°C/60’ 9,0 9,2 9,7 10,0
T5-54°C/30’ 9,0 8,9 9,5 10,0
T6-54°C/60’ 9,1 9,1 9,2 9,5
T7-55°C/30’ 9,9 10,1 10,1 10,8
T8-55°C/60’ 8, 5 9,0 9,1 9,2
T9-60°C/30’ 9,1 8,8 9,6 9,5
T10-60°C/60’ 8,7 8,9 8,9 9,0
T11-Fungicida captan 9,3 9,2 9,7 9,7
T12-Sem tratamento 9,0 9,1 9,3 9,4
Na avaliação do potencial fisiológico das sementes dos lotes 1 e 2, a análise dos dados
identificou diferença entre os tratamentos (tabela 5).
Tabela 5 - Dados médios da porcentagem de germinação (%), primeira contagem do teste de germinação (%) e
envelhecimento acelerado (%) dos lotes 1 e 2 (cultivar de tomate UC-82) após termoterapia
Tratamento de
termoterapia
Germinação Primeira contagem Envelhecimento acelerado
Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2
T1-52°C/30’ 90 Aa 89 Aa 87 Aa 87 Aa 80 Aa 82 Aa
T2-52°C/60’ 83 Aa 84 Aa 79 Aa 80 Aa 75 Aa 81 Aa
T3-53°C/30’ 89 Aa 87 Aa 88 Aa 86 Aa 71 Aa 83 Aa
T4-53°C/60’ 79 Aa 86 Aa 75 Aa 82 Aa 77 Aa 81 Aa
T5-54°C/30’ 82 Aa 82 Aa 76 Aa 74 Aa 78 Aa 79 Aa
T6-54°C/60’ 84 Aa 82 Aa 78 Aa 78 Aa 85 Aa 81 Aa
T7-55°C/30’ 83 Aa 83 Aa 79 Aa 80 Aa 73 Aa 76 Aa
T8-55°C/60’ 79 Aa 84 Aa 72 Aa 79 Aa 71 Aa 65 ABa
T9-60°C/30’ 19 Ba 18 Ba 7 Ba 7 Ba 2 Ba 1 Ca
T10-60°C/60’ 0 Ca 0 Ca 0 Ca 0 Ca 0 Ba 0 Ca
T11-Fungicida captan 89 Aa 91 Aa 71 Aa 78 Aa 69 Aa 50 Ba
T12-Sem tratamento 82 Aa 90 Aa 79 Aa 87 Aa 83 Aa 77 Aa
C.V. (%) 3,9 4,7 5,5
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
42
O teste de germinação, primeira contagem de germinação e envelhecimento acelerado
evidenciaram, tanto para o lote 1 quanto para o lote 2, que os tratamentos a 52, 53, 54 e 55°C por
30 ou 60 min não afetaram a viabilidade das sementes, quando comparados às testemunhas, com
tratamento químico e sem tratamento (tabela 5). Resultados similares foram obtidos por Bryan
(1930) e McMillan (1987) em sementes de tomate, Strandberg e White (1989) e Hermansen,
Brodal e Balvoll (1999) em sementes de cenoura, Shahda; Al-Rahma e Rageh (1995) em
sementes de melão e abóbora, e Rahman et al. (2008) em sementes de milho. Esses resultados,
no entanto, diferem dos obtidos por Grondeau et al. (1992), com sementes de ervilha, que ao
serem imersas em água a 55°C, o tempo de exposição de 30 min reduziu significativamente a
germinação.
Os tratamentos com temperatura de 60°C afetaram significativamente a viabilidade das
sementes dos lotes 1 e 2, quando comparados às testemunhas e aos demais tratamentos térmicos.
Assim, o tempo de 30 min reduziu significativamente a germinação das sementes e, ampliando o
período de exposição ao calor para 60 min, a germinação foi inviabilizada. Grondeau et al.
(1992) obtiveram redução de 20 pontos percentuais na germinação de sementes de ervilha
tratadas por imersão em água quente a 60°C por 15 min.
Grondeau e Samson (1994) recomendaram que nos tratamentos de sementes com água
quente, independentemente da espécie, a temperatura se restringisse a uma faixa de 45 a 60°C
por um período máximo de exposição de 60 minutos. Ainda que a temperatura esteja dentro da
faixa recomendada, o período de exposição deve ser testado para cada espécie. No tratamento de
sementes de milho com água quente, Coutinho et al. (2007) também relataram a redução
significativa da germinação na primeira contagem e na contagem final de sementes tratadas a
60°C por 10 min e perda total da capacidade germinativa quando o período de tratamento foi
aumentado para 20 min, corroborando os resultados encontrados por Toite; Hernandez-Perez
(2005) em sementes de espinafre. Por outro lado, o tratamento de sementes de alfafa a 60°C por
10, 20 ou 30 min não acarretou prejuízo à germinação das sementes (MENDES et al., 2001); em
contrapartida, quando Muniz (2001) tratou sementes de tomate a 50°C por 30 min, a germinação
foi significativamente afetada e a emergência completamente anulada.
A análise dos dados obtidos nos testes de emergência e velocidade de emergência de
plântulas identificou diferença no potencial fisiológico das sementes dos lotes 1 e 2 submetidas a
termoterapia (tabela 6).
43
Tabela 6 - Dados médios da velocidade de emergência (índice) e emergência total (%) dos lotes 1 e 2
(cultivar de tomate UC-82) após termoterapia
Tratamento de termoterapia
Velocidade de emergência Emergência total
Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2
T1-52°C/30’ 11,4 ABa 9,6 ABb 93 Aa 88 Aa
T2-52°C/60’ 10,6 ABCa 9,3 ABb 86 Aa 83 Aa
T3-53°C/30’ 11,5 Aa 10,7 ABa 92 Aa 90 Aa
T4-53°C/60’ 9,8 ABCa 9,5 ABa 87 Aa 84 Aa
T5-54°C/30’ 10,9 ABCa 11,0 Aa 89 Aa 89 Aa
T6-54°C/60’ 9,5 BCa 8,9 Ba 83 Aa 79 Aa
T7-55°C/30’ 10,3 ABCa 9,5 ABa 85 Aa 82 Aa
T8-55°C/60’ 9,4 Ca 9,6 ABa 86 Aa 82 Aa
T9-60°C/30’ 1,1 Da 1,5 Ca 18 Bb 24 Ba
T10-60°C/60’ 0,0 Ea 0,0 Da 0 Ca 0 Ca
T11-Fungicida captan 10,8 ABCa 10,9 Aa 92 Aa 91 Aa
T12-Sem tratamento 10,0 ABCa 10,0 ABa 88 Aa 83 Aa
C.V.(%) 3,7 3,2
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
O desempenho das sementes dos lotes 1 e 2, avaliado na porcentagem e velocidade de
emergência de plântulas (tabela 6), confirmou os resultados dos testes de germinação e vigor
(tabela 5), identificando os tratamentos a 60°C como os piores no tratamento das sementes
desses lotes. Os efeitos dos períodos de 30 e 60 min de exposição a 60°C variaram de redução
drástica na emergência à perda total da capacidade germinativa das sementes, respectivamente.
Os resultados encontrados contradizem, em parte, os obtidos por Ikuta (1990) no tratamento de
sementes de tomate expostas a diferentes temperaturas durante períodos variados. A velocidade e
a porcentagem de emergência de plântulas não foram reduzidas pela exposição das sementes a
60°C por 30 min; só houve efeito sobre o desempenho das sementes quando o período de
exposição foi aumentado para 60 min, resultando em inibição total da emergência. A divergência
nesses resultados pode ser relacionada a diversos fatores, principalmente o genético, já que
foram utilizados cultivares diferentes nos dois trabalhos.
Em especial, no lote 1, embora as sementes tratadas a 55°C por 60 min não tenham
diferido das testemunhas, originaram menor velocidade de emergência de plântulas que as
sementes tratadas a 52 e 53°C por 30 min, mas não diferiram das sementes tratadas às mesmas
44
temperaturas pelo período de 60 min (tabela 6). Castro e Pereira (1987), citados por Muniz
(2001) relataram que uma variação na temperatura da água em 2-3°C é suficiente para reduzir a
germinação de sementes de tomate. No entanto, diante do exposto, pode-se inferir que o efeito
dessa variação na temperatura sobre a emergência de pântulas de tomate neste trabalho só
ocorreu quando o período de exposição foi aumentado em 30 min (de 30 para 60 min), indicando
a importância do período de exposição na combinação dos parâmetros de tratamento sobre o
potencial fisiológico de sementes de tomate. Vale ressaltar que diferenças mais sutis no vigor das
sementes do cultivar UC-82 podem ser reveladas na faixa de temperatura de 56 a 59°C não
avaliada neste trabalho.
Quanto ao teste de lixiviação de potássio (tabela 7), à semelhança do observado na
avaliação inicial dos lotes, os dados obtidos não apresentaram resultados satisfatórios.
Tabela 7 - Dados médios da lixiviação de potássio dos lotes 1 e 2 (cultivar de tomate UC-82)
após termoterapia
Tratamento de termoterapia
ppm de K/g sementes
Lote 1 Lote 2
T1-52°C/30’ 54,6 Aa 42,8 ABa
T2-52°C/60’ 60,8 Aa 38,8 Ab
T3-53°C/30’ 71,5 Aa 61,4 ABCa
T4-53°C/60’ 65,9 Aa 67,4 BCa
T5-54°C/30’ 60, 5 Aa 72,8 Ca
T6-54°C/60’ 72,0 Aa 71,0 BCa
T7-55°C/30’ 70,9 Aa 59,9 ABCa
T8-55°C/60’ 69,9 Aa 78,9 Ca
T9-60°C/30’ 73,6 Aa 51,5 ABCb
T10-60°C/60’ 76,0 Aa 56,9 ABCb
T11-Fungicida captan 147,7 Bb 181,0 Da
T12-Sem tratamento 172,4 Ba 173,6 Da
C.V.(%) 7,9
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
As sementes tratadas a 60°C (T9 e T10) não diferiram das testemunhas e demais
tratamentos, apesar de terem perdido a viabilidade, conforme observado em todas as avaliações
anteriores. Esperava-se maior lixiviação de potássio por essas sementes devido ao efeito drástico
45
da água quente que, segundo Menten (1991), causa rompimento do tegumento e/ou
extravasamento de substâncias e íons da semente. Do mesmo modo que os tratamentos T9 e T10,
os resultados obtidos pelas sementes não tratadas e tratadas com fungicida não condizem com o
esperado, apresentando valores médios de lixiviado de potássio significativamente superior aos
das sementes tratadas com água quente, fazendo-se necessários estudos mais específicos para
identificação das causas das contradições dos resultados.
Confirmando os resultados encontrados em sementes de feijão (DIAS; VIEIRA;
BHÉRING, 1998; BARROS; OHSE; MARCOS FILHO, 1999); quiabo (DIAS; VIEIRA;
BHÉRING, 1998) e soja (CUSTÓDIO; MARCOS FILHO, 1997; DIAS; MARCOS FILHO;
CARMELLO, 1997), o teste de lixiviação de potássio foi identificado por Panobianco e Marcos
Filho (2001b) como uma nova alternativa para programas de controle de qualidade bem
sucedidos de sementes de tomate e ao longo desses últimos anos, resultados positivos têm
confirmado o potencial desse teste na identificação rápida de diferenças no vigor de lotes de
sementes de diversas culturas, como cebola (RODO; MARCOS FILHO, 2001), pimentão
(MIRANDA et al., 2003), couve-flor (KIKUTI; MARCOS FILHO, 2008) e amendoim (KIKUTI
et al., 2008). Por outro lado, também foram relatados resultados contraditórios em sementes de
pepino (LIMA, 2008), melão (TORRES; MARCOS FILHO, 2005) e rabanete (CARPI, 2005).
Desse modo, o teste de lixiviação de potássio pode constituir opção promissora para a
identificação do efeito de tratamentos como a termoterapia, por identificar possíveis perdas da
integridade das membranas, com resultados rápidos. Mas há necessidade de estudos adicionais
para o aprimoramento da metodologia e identificação de procedimentos mais adequados para a
avaliação de sementes de tomate através do teste de lixiviação de potássio, levando-se em
consideração o genótipo e as condições específicas de estresse impostas pelo tratamento com
água quente. Dentre as diversas hipóteses que podem nortear esses estudos, vale destacar a
possível influência de uma membrana semipermeável presente em algumas sementes. Diversos
autores asseguram que alguns fracassos de testes de lixiviação ou condutividade elétrica para
avaliação do vigor de sementes de algumas espécies, como couve-flor (McCORMAC; KEEFE,
1990), alho-porro, cebola, pimenta e tomate podem ser atribuídos à presença da membrana
semipermeável de tecido nucelar, que permite a entrada de água, mas restringe a lixiviação de
aminoácidos, ácidos orgânicos e íons (BERESNIEWICZ et al., 1995).
46
Os resultados do teste de sanidade das sementes dos lotes 1 e 2 do cultivar UC-82, após
os tratamentos, são apresentados na tabela 8. A análise dos dados revelou efeito dos tratamentos
no controle dos fungos associados às sementes.
Tabela 8 - Dados médios do teste de sanidade dos lotes 1 e 2 (cultivar de tomate UC-82) em incidência de
fungos (%) associados às sementes após termoterapia
Tratamento de termoterapia
Cladosporium sp. Incidência total*
Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2
(%)
T1-52°C/30’
17 BCa 13 BCa
17 CDb 13 BCa
T2-52°C/60’
15 BCa 28 Ca
15 BCDa 28 Db
T3-53°C/30’
28 Ca 22 BCa
28 Db 22 CDa
T4-53°C/60’
15 BCa 13 BCa
16 CDa 13 BCa
T5-54°C/30’
21 BCa 23 Ca
21 CDa 23 CDa
T6-54°C/60’
11 BCa 12 ABCa
11 BCa 14 BCDb
T7-55°C/30’
18 BCa 16 BCa
18 CDa 17 BCDa
T8-55°C/60’
11 BCa 12 ABCa
12 BCa 14 BCDa
T9-60°C/30’
13 BCa 15 BCa
13 BCa 15 BCDa
T10-60°C/60’
13 BCa 14 BCa
13 BCa 14 BCDa
T11-Fungicida captan
0 Aa 0 Aa
0 Aa 0 Aa
T12-Sem tratamento
6 ABa 6 ABa
5 Ba 8 Bb
C.V.(%)
26,7
23,2
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
*A incidência total é composta pela soma do fungo Cladosporium sp. a outros fungos que não foram
analisados em especial em função da baixa incidência, em poucas parcelas: Epicoccum sp. e Alternaria sp.
As sementes tratadas com água quente apresentaram incidência elevada de
Cladosporium sp., inclusive, com valores médios superiores aos apresentados pelas sementes
não tratadas. A provável razão para essa alta incidência do fungo pode ser atribuída à
contaminação das sementes durante o período de secagem. As sementes permaneceram sobre a
bancada do laboratório, às condições do ambiente, conforme recomendação da literatura
(CUNHA; REIFSCHNEIDER; DELLA VECCHIA, 1987; COUTINHO et al., 2007), até
atingirem grau de umidade próximo de 10% para melhor adequação das sementes à realização
dos testes de vigor e ao período de armazenamento. Como a umidade relativa do ar manteve-se
alta (quadro 1), o período de secagem se prolongou por 72 horas. Segundo recomendação de
Drew e Brocklehurst (1985) e Grondeau e Samson (1994), a secagem das sementes deve ser
47
realizada em no máximo 1 a 2 dias para evitar a contaminação das sementes com
microrganismos saprófitos. Assim, diante do exposto, pode-se inferir que a eliminação de
microrganismos benéficos, que muitas vezes têm alto poder de antagonismo, criando um vazio
biológico imposto pela termoterapia (MACHADO, 2000) e a exposição das sementes ao
ambiente, aliado ao período prolongado de secagem, podem justificar a alta incidência de
Cladosporium sp. nas sementes termotratadas.
O tratamento com fungicida erradicou os fungos encontrados nas sementes, quando
comparado aos resultados apresentados pelas sementes não tratadas, embora a análise dos dados
não tenha identificado diferença significativa (tabela 8).
Em suma, o potencial fisiológico das sementes dos dois lotes do cultivar UC-82 não foi
afetado pelos tratamentos com água quente a temperaturas que variaram de 52 a 55°C, tanto para
o período de 30 quanto para o de 60 min, quando comparado ao observado nas testemunhas.
Quando a temperatura da água foi elevada a 60°C, independentemente do período empregado, a
viabilidade das sementes foi invariavelmente prejudicada. Quanto ao comportamento dos lotes
em cada tratamento, as sementes do lote 2 tratadas a 52°C apresentaram menor velocidade de
emergência de plântulas que as sementes do lote 1, ainda que a diferença no potencial fisiológico
observado na caracterização dos lotes (tabela 2) não tenha sido confirmada pelos resultados
obtidos em sementes não tratadas (tabelas 5 e 6). Na avaliação da sanidade, não foi possível
identificar relação da termoterapia com o controle de fungos em função da alta incidência de
Cladosporium sp., provavelmente ocasionada pela contaminação das sementes durante a
secagem, assim como não foi verificada interferência do fungo sobre o vigor das sementes, não
comprometendo a identificação dos efeitos da termoterapia sobre o potencial fisiológico das
sementes de tomate do cultivar UC-82.
2.3.2.1.2 Cultivar Rio Grande
Os resultados revelados na avaliação do grau de umidade e nos testes de germinação,
vigor e sanidade das sementes dos lotes 3 e 4 do cultivar Rio Grande após a termoterapia
encontram-se nas tabelas 9 a 13.
A variação no grau de umidade dos lotes e tratamentos se manteve inferior ao limite
tolerável indicado na literatura (tabela 9).
48
Tabela 9 - Grau de umidade (%) das sementes dos lotes 3 e 4 (cultivar de tomate Rio Grande) tratadas, antes e
após o envelhecimento acelerado (EA)
Tratamento de termoterapia
Grau de umidade (%)
antes dos testes
Grau de umidade (%)
após o EA
Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4
T1-52°C/30’ 9,1 8,8 10,2 9,6
T2-52°C/60’ 9,7 8,7 10,5 9,1
T3-53°C/30’ 9,0 8,8 9,8 10,5
T4-53°C/60’ 9,0 9,1 10,3 9,4
T5-54°C/30’ 9,0 9,3 11,0 9,2
T6-54°C/60’ 9,3 9,1 10,1 9,9
T7-55°C/30’ 9,3 9,8 10,2 10,0
T8-55°C/60’ 9,0 9,7 10,0 9,7
T9-60°C/30’ 8,7 9,3 10,2 9, 6
T10-60°C/60’ 8,6 8,7 10,4 9,5
T11-Fungicida captan 10,2 9,8 10,6 10,0
T12-Sem tratamento 9,9 10,1 10,8 9,3
Os tratamentos com água aquecida a 60°C reduziram significativamente a viabilidade
das sementes dos dois lotes do cultivar Rio Grande, quando comparadas às testemunhas e aos
demais tratamentos com água quente (tabelas 10 a 13), confirmando os resultados encontrados
pelo cultivar UC-82.
As sementes do lote 3 tratadas com temperaturas de 52 a 55°C por 30 ou 60 min não
diferiram das sementes não tratadas no teste de germinação (tabela 10). Corroborando os
resultados obtidos por Bryan (1930) e McMillan (1987) em sementes de tomate. Entretanto as
sementes tratadas a 55°C por 60 min (T8) apresentaram germinação significativamente inferior à
das sementes tratadas com fungicida. Paralelamente, na avaliação do vigor por meio dos testes
de primeira contagem de germinação e de envelhecimento acelerado (tabela 10), assim como no
desempenho obtido na velocidade e porcentagem de emergência de plântulas (tabela 11), foi
possível observar diferença significativa do tratamento T8 em relação às testemunhas, com
exceção para as sementes tratadas com fungicida, cuja velocidade de emergência de plântulas
não diferiu de T8.
Diante do exposto, verifica-se que os testes de vigor, primeira contagem e
envelhecimento acelerado, demonstraram eficiência na avaliação do potencial de desempenho das
sementes tratadas com água quente, revelando o efeito prejudicial do tratamento a 55°C por 60
min sobre as sementes do lote 3, não detectado no teste de germinação. Trigo et al. (1998)
49
também puderam verificar separação expressiva dos lotes de sementes de cenoura termotratadas
por meio do teste de envelhecimento acelerado.
Tabela 10 - Dados médios da porcentagem de germinação (%), primeira contagem do teste de germinação (%) e
envelhecimento acelerado (%) dos lotes 3 e 4 (cultivar de tomate Rio Grande) após termoterapia
Tratamento de
termoterapia
Germinação Primeira contagem Envelhecimento acelerado
Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4
T1-52°C/30’ 90 Aa 65 BCb 79 Aa 63 ABCa 79 Aa 81 Aa
T2-52°C/60’ 83 ABa 80 ABa 75 Aa 73 ABa 87 Aa 75 ABb
T3-53°C/30’ 93 Aa 63 BCb 89 Aa 57 BCb 89 Aa 75 ABb
T4-53°C/60’ 92 Aa 91 Aa 71 Aa 88 Aa 91 Aa 85 Aa
T5-54°C/30’ 91 Aa 67 BCb 68 Aa 61 ABCa 92 Aa 77 ABb
T6-54°C/60’ 85 Aa 69 ABCb 65 Aa 60 ABCa 79 Aa 84 Aa
T7-55°C/30’ 89 Aa 59 BCb 71 Aa 45 Cb 85 Aa 85 Aa
T8-55°C/60’ 61 Ba 54 Ca 31 Ba 42 Ca 55 Ba 59 Ba
T9-60°C/30’ 6 Ca 4 Da 1 Ca 1 Da 1 Ca 1 Ca
T10-60°C/60’ 0 Ca 0 Da 0 Ca 0 Da 0 Ca 0 Ca
T11-Fungicida captan 96 Aa 93 Aa 81 Aa 65 ABCa 81 Aa 79 Aa
T12-Sem tratamento 81 ABa 92 Aa 72 Aa 82 ABa 81 Aa 93 Aa
C.V. (%) 12,74 8,73 5,46
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem significativamente
entre si (Tukey, 5%).
No lote 4, as sementes tratadas a 52, 53 e 54°C por 30 min e 55°C por 30 e 60 min,
apresentaram porcentagem média de germinação significativamente inferior às das testemunhas
(tabela 10). Os resultados obtidos pelo lote 4 diferem dos encontrados por Bryan (1930) e
McMillan (1987) em sementes de tomate; Shahda; Al-Rahma e Rageh (1995) em sementes de
melão e abóbora e Rahman et al. (2008) em sementes de milho e corroboram os encontrados por
Grondeau et al. (1992) em sementes de ervilha tratadas a 55°C por 30 min. Na primeira
contagem do teste de germinação, apenas as sementes tratadas a 55°C por 30 e 60 min diferiram
das sementes não tratadas. No teste de envelhecimento acelerado foi confirmada a redução no
vigor das sementes tratadas a 55°C por 60 min, quando comparadas às testemunhas (tabela 10).
Contrariando os resultados obtidos para o cultivar UC-82 e pelo lote 3 do cultivar Rio
Grande, quando as sementes do lote 4 foram expostas às temperaturas mais baixas, 52 a 54°C,
o período de 30 min promoveu uma redução significativa na germinação. No entanto, o fato está
50
diretamente relacionado ao alto índice de plântulas anormais causadas pela presença da bactéria
Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis (Smith) Davis et al. associada às sementes,
detectada após a instalação dos testes.
O número de plântulas normais obtidas no teste de germinação pelas sementes tratadas a
52, 53 e 54°C por 30 min pôde ser verificado, quase que na sua totalidade, já na primeira
contagem do teste, não sofrendo alteração relevante por ocasião da contagem final, em virtude da
grande quantidade de plântulas anormais. Nas testemunhas, quimiotratadas e sem tratamento,
observou-se um aumento de 28 e 10 pontos percentuais, respectivamente, na contagem final de
germinação (tabela 10), justificando o fato de ter sido constatada diferença significativa entre os
referidos tratamentos e as testemunhas apenas na porcentagem total de germinação.
Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis (Smith) Davis et al. é o agente causal
do cancro bacteriano, uma das doenças mais importantes do tomateiro. A sua colonização pode
ocorrer de forma localizada ou sistêmica, sendo esta última a mais importante, podendo resultar
em murcha e/ou necrose parcial ou total das plantas; sua penetração pode suceder por aberturas
naturais ou ferimentos, desde a germinação da semente até a planta adulta, tendo a água como
um dos principais veículos de contaminação (GALLI; TOKESHI, 1979; KUROSAWA;
PAVAN, 1997; LOPES; QUEZADO-SOARES, 1997). As condições favoráveis ao
desenvolvimento são temperaturas variando entre 24 e 28°C e alta umidade do substrato
(GALLI; TOKESHI, 1979; KUROSAWA; PAVAN, 1997). Segundo Nedumaran e
Vidhyasekaran (1982), a presença da bactéria na semente pode causar perda de germinação e
vigor, corroborando os resultados encontrados por Shoemaker e Echandi (1976) e Ikuta (1990)
em sementes de tomate contaminadas.
A provável causa da contaminação das sementes foi o uso do aparelho de banho-maria
pelas sementes dos dois lotes do cultivar Rio Grande concomitante com sementes de outro
cultivar contaminadas por Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis (Smith) Davis et al.,
sem o conhecimento prévio da presença da bactéria. Durante a condução do teste de germinação,
foram observados sintomas severos de queima e murcha total das plântulas (figura 1). Assim,
tomou-se a decisão de eliminar o cultivar infectado e encaminhar as sementes para o Laboratório
de Bacteriologia de Plantas da Universidade Federal de Viçosa para identificação da bactéria.
Por precaução, as sementes termotratadas dos dois lotes do cultivar Rio Grande também foram
eliminadas e os dados descartados.
51
Um novo experimento foi instalado com as sementes restantes dos lotes 3 e 4 do
cultivar Rio Grande e as sementes dos lotes 1 e 2 do cultivar UC-82 adquiridas posteriormente,
cujos resultados são apresentados neste trabalho. Algumas providências foram tomadas com o
intuito de evitar novas contaminações, como a higienização e desinfecção do aparelho de banho-
maria através do tratamento com água aquecida a 96°C por aproximadamente 2 horas, antes da
sua reutilização por cada cultivar.
Porém, as precauções tomadas no sentido de se evitar novas contaminações foram
inúteis para o cultivar Rio Grande, pois as sementes dos dois lotes já estavam contaminadas. Por
outro lado, foram eficientes para as sementes do cultivar UC-82.
Durante as avaliações no teste de germinação dos lotes 3 e 4, foram verificadas
plântulas com o mesmo sintoma de queima e murcha total das plântulas, tendo sido, desse modo,
computadas como anormais com sintoma, para posterior identificação do agente causal, que até
então não era conhecido. Segundo Strider (1970); Thyr (1971); Van Steekelenburg (1985) e
Chang; Ries e Pataky (1992), o período de incubação para a apresentação de sintomas pode
variar de 7 a 84 dias, dependendo da interação entre hospedeiro, patógeno e ambiente. Desse
modo, deve-se enfatizar que as condições do teste de germinação preconizadas para o tomate,
aliadas a pré-disposição das sementes, possivelmente debilitadas pelo tratamento, podem
Figura 2 – Foto de plântulas normais do lote 3 (cultivar
Rio Grande) durante o teste de germinação
Figura 1 – Foto de plântulas anormais do lote 4 (cultivar
Rio Grande) com sintomas de cancro
bacteriano durante o teste de germinação
52
favorecer o desenvolvimento de Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis (Smith) Davis
et al., bem como a apresentação dos sintomas da doença.
Paralelamente à condução dos testes de germinação e vigor pós-tratamento dos
cultivares UC-82 e Rio Grande, o processo de identificação da bactéria foi conduzido pelo
Professor Dr. José Rogério de Oliveira, coordenador do Laboratório de Bacteriologia de Plantas
da Universidade Federal de Viçosa, e finalizado com a detecção e identificação de Clavibacter
michiganensis subsp. michiganensis, realizada por meio de extração da bactéria das sementes,
isolamento, realização de testes de patogenicidade e de algumas provas bioquímicas.
Para o controle de Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis em sementes de
tomate, Machado (2000) indicou o tratamento com água quente a 53°C por 60 minutos.
Shoemaker e Echandi (1976); Fatmi; Schaad; Bolkan (1991) e Kurosawa e Pavan (1997) a 56°C
por 30 minutos, sem prejuízo a germinação das sementes. Em contraposição, Ikuta (1990)
constatou que a combinação da temperatura/tempo letal para Clavibacter michiganensis subsp.
michiganensis foi de 62°C por 30 minutos, afetando significativamente a porcentagem e
velocidade de emergência dos lotes tratados, corroborando as informações de Strider (1969), que
ressaltou que na termoterapia, a temperatura letal para o patógeno pode matar a semente também.
A fermentação da polpa para extração das sementes por períodos prolongados também constitui
opção de tratamento das sementes de tomate no controle da bactéria (STRIDER, 1969; SOAVE;
MORAES, 1987).
Nos quadros 2 e 3 são apresentadas as médias da porcentagem de plântulas anormais
com sintoma de cancro bacteriano (PA-cs), plântulas anormais sem sintoma (PA-ss) e sementes
mortas, tanto do teste de germinação (quadro 2), quanto do teste de envelhecimento acelerado
(quadro 3).
Observando-se os dados apresentados nos quadros 2 e 3, verificou-se maior
porcentagem de plântulas com sintoma de cancro bacteriano no lote 4 em relação ao lote 3. No
lote 3 não foi observada relação dos resultados apresentados nos testes de porcentagem e
primeira contagem de germinação e envelhecimento acelerado com os sintomas de cancro
bacteriano. Quanto ao lote 4, foi verificada uma relação direta do menor vigor apresentado pelas
sementes tratadas a 52, 53 e 54°C por 30 min e 55°C por 30 e 60 min (tabela 10) com um alto
índice de plântulas anormais (PA-cs) (quadro 2) verificado no teste de germinação. Nos
resultados apresentados no teste de envelhecimento acelerado, observou-se alta porcentagem de
53
plântulas anormais (PA-cs) (quadro 3), mas não foi verificada relação com os resultados
apresentados pelos tratamentos que propiciaram baixo vigor das sementes, pois não diferiram das
testemunhas, possivelmente pelo fato da avaliação do teste de envelhecimento acelerado ser
realizada em um período mais curto (7 dias) que o teste de germinação, não oferecendo tempo
hábil para manifestação do sintoma do cancro bacteriano, com exceção para o tratamento a 55°C
por 60 min (tabela 10).
Lote Tratamento
PA - ss PA - cs Sementes mortas
(%)
L3
T1-52°C/30’ 4 5 1
T2-52°C/60’ 0 12 5
T3-53°C/30’ 1 4 2
T4-53°C/60’ 1 3 4
T5-54°C/30’ 5 1 4
T6-54°C/60’ 1 5 9
T7-55°C/30’ 5 3 3
T8-55°C/60’ 16 2 21
T9-60°C/30’ 1 0 93
T10-60°C/60’ 0 0 100
T11-Fungicida 2 0 2
T12-Não tratadas 9 4 6
L4
T1-52°C/30’ 0 33 1
T2-52°C/60’ 2 16 2
T3-53°C/30’ 0 37 0
T4-53°C/60’ 0 3 6
T5-54°C/30’ 0 29 4
T6-54°C/60’ 0 27 3
T7-55°C/30’ 0 39 2
T8-55°C/60’ 2 37 7
T9-60°C/30’ 1 5 90
T10-60°C/60’ 0 0 100
T11-Fungicida 4 3 1
T12-Não tratadas 1 2 5
Quadro 2 – Médias da porcentagem de plântulas anormais com sintoma de cancro bacteriano (PA – cs),
plântulas anormais sem sintoma (PA – SS) e sementes mortas obtidas no teste de germinação
após o tratamento do cultivar Rio Grande.
54
Lote Tratamento
PA - ss PA - cs Sementes mortas
(%)
L3
T1-52°C/30’ 20 0 1
T2-52°C/60’ 9 3 1
T3-53°C/30’ 8 2 1
T4-53°C/60’ 6 0 3
T5-54°C/30’ 5 1 2
T6-54°C/60’ 9 0 12
T7-55°C/30’ 7 3 5
T8-55°C/60’ 16 1 28
T9-60°C/30’ 3 0 97
T10-60°C/60’ 0 0 100
T11-Fungicida 16 0 3
T12-Não tratadas 16 1 2
L4
T1-52°C/30’ 4 13 2
T2-52°C/60’ 3 18 4
T3-53°C/30’ 2 20 3
T4-53°C/60’ 2 1 12
T5-54°C/30’ 1 20 2
T6-54°C/60’ 3 11 2
T7-55°C/30’ 1 9 5
T8-55°C/60’ 1 30 9
T9-60°C/30’ 4 0 95
T10-60°C/60’ 0 0 100
T11-Fungicida 17 0 4
T12-Não tratadas 1 1 5
Quadro 3 – Médias da porcentagem de plântulas anormais com sintoma de cancro bacteriano (PA – cs),
plântulas anormais sem sintoma (PA – SS) e sementes mortas obtidas no teste de envelhecimento
acelerado (EA) após o tratamento do cultivar Rio Grande
Diante do exposto, verificou-se que as combinações temperatura/período de exposição
utilizadas no presente trabalho não foram eficazes na erradicação de Clavibacter michiganensis
subsp. michiganensis. Como a presença de plântulas com sintoma de cancro bacteriano nas
amostras não tratadas e nas tratadas com fungicida foi baixa ou, em alguns casos, nula, pode-se
inferir, inclusive, que a termoterapia tenha contribuído para a manifestação dos sintomas da
doença, já que o tratamento térmico pode debilitar a semente além de, segundo Machado (2000),
não distinguir os patógenos dos microrganismos antagônicos, fazendo com que o possível
controle biológico não ocorra de forma natural. Paralelamente, conclui-se que o efeito da
55
termoterapia sobre o vigor das sementes do lote 4, neste trabalho, está condicionado a presença
da bactéria e manifestação do sintoma de cancro bacteriano.
Na avaliação da emergência de plântulas (tabela 11), não foi detectado o sintoma do
cancro bacteriano, mesmo não sendo possível afirmar que tenha havido controle, já que a
presença do patógeno foi confirmada em todos os testes de laboratório. De acordo com Strider
(1969), geralmente em campo, os sintomas de murcha em plantas infectadas sistemicamente
aparecem 30-40 dias após o transplantio. O autor ressalta ainda que as sementes infectadas e
semeadas em canteiros, primeiramente contaminam o solo, resultando posteriormente na
infecção de plantas vizinhas, ou seja, provavelmente, algumas sementes infectadas e muitas
apenas contaminadas germinam, produzindo plantas doentes. Muitas vezes as plantas infectadas
e os seus frutos se apresentam assintomáticos gerando sementes infectadas e disseminando a
doença nos campos de produção de sementes, demonstrando a importância da doença e
justificando a preocupação das empresas de sementes e pesquisadores.
Tabela 11 - Dados médios da velocidade de emergência (índice) e emergência total (%) dos lotes 3 e 4
(cultivar de tomate Rio Grande) após termoterapia
Tratamento de termoterapia
Velocidade de emergência Emergência total
Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4
T1-52°C/30’ 10,4 Aa 10,9 Aa 95 Aa 95ABa
T2-52°C/60’ 10,7 Aa 10,3 Aa 96 Aa 99Aa
T3-53°C/30’ 10,4 Aa 10,8 Aa 94 Aa 98ABa
T4-53°C/60’ 9,9 Aa 10,0 Aa 91 Aa 94ABa
T5-54°C/30’ 10,6 Aa 10,8 Aa 96 Aa 97ABa
T6-54°C/60’ 8,4 ABa 9,3 ABa 84 Ab 92 ABa
T7-55°C/30’ 10,2 Aa 8,9 ABa 95 Aa 94 ABa
T8-55°C/60’ 5,4 Ba 6,7 Ba 65 Bb 86 Ba
T9-60°C/30’ 0,2 Ca 0,6 Ca 5 Ca 8 Ca
T10-60°C/60’ 0 Ca 0,2 Ca 0 Ca 2 Ca
T11-Fungicida captan 7,9 ABa 9,1 ABa 97 Aa 95 ABa
T12-Sem tratamento 9,2 Aa 10,0 Aa 93 Aa 94 ABa
C.V.(%) 7,2 6,0
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
56
Na porcentagem total de emergência de plântulas no lote 4 não foi verificada diferença
entre as diversas combinações de termoterapia e as testemunhas. Todavia, na avaliação da
velocidade de emergência, foi possível confirmar a redução no vigor das sementes tratadas a
55°C por 60 min através do baixo desempenho em relação às sementes não tratadas, embora não
tenha diferido das sementes tratadas com fungicida.
Quanto ao teste de lixiviação de potássio (tabela 12), à semelhança do observado na
avaliação das sementes dos lotes 1 e 2 do cultivar UC-82, não foram verificados resultados
satisfatórios nos dados obtidos.
Tabela 12 - Dados médios da lixiviação de potássio dos lotes 3 e 4 (cultivar de tomate Rio Grande)
após termoterapia
Tratamento de termoterapia
ppm de K/g sementes
Lote 3 Lote 4
T1-52°C/30’ 46,2 ABa 23,7 Ab
T2-52°C/60’ 25,5 Aa 36,1 ABa
T3-53°C/30’ 34,0 Aa 35,8 ABa
T4-53°C/60’ 38,4 ABa 37,2 ABa
T5-54°C/30’ 37, 8 ABa 36,8 ABa
T6-54°C/60’ 25,8 Aa 35,8 ABa
T7-55°C/30’ 26,3 Aa 37,7 ABa
T8-55°C/60’ 58,9 BCa 37,2 ABb
T9-60°C/30’ 32,8 Ab 54,4 Ba
T10-60°C/60’ 47,2 ABa 50,3 Ba
T11-Fungicida captan 81,3 Ca 80,2 Ca
T12-Sem tratamento 77,9 Ca 80,8 Ca
C.V.(%) 19,1
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
Quanto ao teste de sanidade do lote 4, as sementes tratadas apresentaram incidência de
Fusarium sp.; Epicoccum sp.; Penicillium sp. e Aspergillus sp. e Cladosporium sp., no entanto,
em função da inexpressividade, na tabela 13 foram apresentados apenas os dados médios da
incidência de Cladosporium sp. associados às sementes dos lotes 3 e 4 do cultivar Rio Grande e
a associação dos demais fungos foi registrada em incidência total. A análise dos dados revelou
efeito dos tratamentos no controle dos fungos associados às sementes.
57
A incidência de Cladosporium sp. e incidência total apresentadas pelas sementes não
tratadas foi relativamente baixa, tanto no lote 3 quanto no lote 4 e as sementes tratadas com
fungicida não diferiram das sementes não tratadas. Paralelamente, no lote 3, as sementes tratadas
com água quente apresentaram incidência do fungo significativamente superior à apresentada
pelas sementes não tratadas. À semelhança do UC-82, a provável razão desse resultado, pode ser
atribuída a uma contaminação das sementes durante o período de secagem (GRONDEAU;
SAMSON, 1994; DREW; BROCKLEHURST, 1985).
Tabela 13 - Dados médios do teste de sanidade dos lotes 3 e 4 (cultivar de tomate Rio Grande) em
incidência de fungos (%) associados às sementes após termoterapia
Tratamento de
termoterapia
Cladosporium sp. Incidência total*
Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4
(%)
T1-52°C/30’ 19 Ca 6 Ab 19 Cb 10 Ba
T2-52°C/60’ 11 BCa 6 Aa 11 BCb 6 ABa
T3-53°C/30’ 11 BCa 2 Ab 12 BCb 6 ABa
T4-53°C/60’ 0 Aa 1 Aa 1 Aa 1 Aa
T5-54°C/30’ 8 ABCa 1 Ab 8 Bb 1 Aa
T6-54°C/60’ 12 BCa 6 Aa 12 BCb 6 ABa
T7-55°C/30’ 9 ABCa 6 Aa 11 BCb 6 ABa
T8-55°C/60’ 13 Ca 2 Ab 13 BCb 5 ABa
T9-60°C/30’ 12 Ca 10 Aa 12 BCa 10 Ba
T10-60°C/60’ 13 Ca 10 Aa 13 BCa 12 Ba
T11-Fungicida captan 0 Aa 1 Aa 0 Aa 1 Aa
T12-Sem tratamento 1 ABa 4 Aa 1 Aa 4 ABb
C.V.(%)
42,5 31,3
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
*A incidência total foi composta pela soma do fungo Cladosporium sp. a outros fungos que não foram
analisados em especial em função da baixa incidência, em poucas parcelas: Fusarium sp.; Epicoccum
sp.; Penicillium sp. e Aspergillus sp.
Assim, na avaliação do efeito da termoterapia sobre o cultivar Rio Grande, pode-se
sumarizar que no lote 3, os tratamentos com água quente com temperaturas de 52 a 54° por 30
min e 55°C por 30 min não reduziram o potencial fisiológico das sementes. Por outro lado, as
sementes que foram tratadas a 55°C por 60 min foram adversamente afetadas quanto ao
desempenho, quando comparadas às sementes não tratadas.
58
Quanto ao lote 4, embora a incidência de Clavibacter michiganensis subsp.
michiganensis, que não foi controlada pelos tratamentos, e a manifestação do sintoma de cancro
bacteriano tenha interferido nos resultados, pode-se entender que o tratamento 55°C por 60 min
afetou significativamente o desempenho das sementes.
Os tratamentos com água quente a 60°C por 30 ou 60 min afetaram significativamente
a viabilidade das sementes, independentemente do lote.
2.3.2.2 Avaliação do efeito da termoterapia no desempenho e sanidade das sementes de
tomate após armazenamento
Grondeau e Samson (1994) e Machado (2000) consideraram que sementes tratadas por
termoterapia têm o vigor afetado e deterioram mais rapidamente no período de armazenamento
em comparação às não tratadas. Desse modo, o objetivo dessa segunda etapa foi o de verificar se
a diferenciação dos tratamentos em cada lote dos cultivares UC-82 e Rio Grande foi alterada após
90 dias de armazenamento.
2.3.2.2.1 Cultivar UC-82
Os valores médios obtidos na avaliação das sementes dos lotes 1 e 2 do cultivar UC-82,
após o armazenamento, encontram-se nas tabelas 14 a 18.
O grau de umidade apresentado pelas sementes de ambos os lotes do cultivar UC-82
manteve variação inferior ao limite recomendado (tabela 14).
A diferença dos tratamentos realizados a 60°C em relação às testemunhas e demais
tratamentos, para os dois lotes, não foi alterada durante o período de armazenamento, conforme
observado nos testes de porcentagem e primeira contagem de germinação, envelhecimento
acelerado (tabela 15), velocidade e porcentagem de emergência de plântulas (tabela 16).
59
Tabela 14 - Grau de umidade (%) das sementes tratadas dos lotes 1 e 2 (cultivar de tomate UC-82)
após o armazenamento, antes e após o envelhecimento acelerado (EA)
Tratamento de
termoterapia
Grau de umidade (%)
antes dos testes
Grau de umidade (%)
após o EA
Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2
T1-52°C/30’ 8,0 7, 6 9,2 9,9
T2-52°C/60’ 8,1 8,7 10,5 10, 6
T3-53°C/30’ 8,4 8,1 9,5 10,0
T4-53°C/60’ 8,1 7,7 9,7 10,6
T5-54°C/30’ 7,2 7, 5 9,7 9,5
T6-54°C/60’ 8,4 8,1 9,8 9,7
T7-55°C/30’ 8,2 7,9 9,9 9,4
T8-55°C/60’ 8,3 8,1 9,6 9,9
T9-60°C/30’ 7,8 7,9 9,8 9,5
T10-60°C/60’ 7,6 7,6 9,3 9,1
T11-Fungicida captan 8,2 7,9 10,1 10,2
T12-Sem tratamento 8,1 6,9 9,8 10,1
As sementes dos lotes 1 e 2, no teste de germinação, porcentagem e velocidade de
emergência, e do lote 1, no teste de primeira contagem de germinação, tratadas pela combinação
de 52 a 55°C por períodos de 30 e 60 min não diferiram das testemunhas (tabela 15).
No teste de primeira contagem de germinação, as sementes do lote 2 tratadas a 54°C
por 30 min e as sementes tratadas com fungicida apresentaram redução no vigor, quando
comparadas às sementes não tratadas, mas não diferiram entre si (tabela 15). Igualmente, o teste
de envelhecimento acelerado também evidenciou efeito do armazenamento nos resultados dos
tratamentos (tabela 15). No lote 1, as sementes tratadas a 54 e 55°C por 60 min apresentaram
vigor significativamente inferior em relação às sementes não tratadas, porém não diferiram das
sementes tratadas com fungicida. Assim, pode ser observada alteração no efeito dos referidos
tratamentos durante o armazenamento.
60
Tabela 15 - Dados médios da porcentagem de germinação (%), primeira contagem do teste de germinação (%) e
envelhecimento acelerado (%) dos lotes 1 e 2 (cultivar de tomate UC-82) após armazenamento
Tratamento de
termoterapia
Germinação Primeira contagem
Envelhecimento
acelerado
Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2
T1-52°C/30’ 92 Aa 89 Aa 60 Aa 41 ABb 66 Aa 71 Aa
T2-52°C/60’ 90 Aa 90 Aa 50 Aa 41 ABa 63 ABa 71 Aa
T3-53°C/30’ 85 Aa 87 Aa 44 Aa 36 ABCa 69 Aa 63 ABa
T4-53°C/60’ 85 Aa 85 Aa 45 Aa 41 ABa 49 ABCa 53 ABa
T5-54°C/30’ 89 Aa 83 Aa 50 Aa 20 BCb 69 Aa 69 Aa
T6-54°C/60’ 84 Aa 84 Aa 48 Aa 49 Aa 42 Cb 67 ABa
T7-55°C/30’ 85 Aa 89 Aa 51 Aa 43 ABa 63 ABa 58 ABa
T8-55°C/60’ 75 Aa 85 Aa 35 Aa 42 ABa 45 BCa 49 Ba
T9-60°C/30’ 29 Ba 19 Ba 0 Ba 0 Da 3 Da 1 Ca
T10-60°C/60’ 0 Ca 0 Ca 0 Ba 0 Da 0 Da 0 Ca
T11-Fungicida captan 81 Aa 89 Aa 33 Aa 15 Cb 53 ABCa 51 ABa
T12-Sem tratamento 85 Aa 88 Aa 52 Aa 47 Aa 65 Aa 65 ABa
C.V. (%) 4,4 14,7 7,0
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem significativamente
entre si (Tukey, 5%).
Os resultados apresentados nas avaliações da velocidade e porcentagem de emergência
(tabela 16) não confirmaram a diferenciação dos tratamentos observada nos testes de primeira
contagem de germinação e envelhecimento acelerado (tabela 15). A avaliação da velocidade de
emergência também apresentou alteração no efeito dos tratamentos sobre os lotes 1 e 2 durante o
armazenamento. Os tratamentos com temperaturas de 52 a 55°C por 30 e 60 min não diferiram
das testemunhas, portanto, possivelmente os tratamentos a 54 e 55°C por 60 min, que causaram
redução no desempenho das sementes pós-tratamento em relação às outras combinações de
termoterapia (tabela 6), tiveram seus efeitos anulados após o armazenamento. Resultados
similares foram relatados por Strandberg; White (1989) em sementes de cenoura tratadas em
água quente.
Quanto ao teste de lixiviação de potássio (tabela 17), os dados obtidos durante o
armazenamento não diferiram dos apresentados pelos lotes 1 e 2, cultivar UC-82, no teste
realizado ants do armazenamento (tabela 7).
61
Tabela 16 - Dados médios da velocidade de emergência (índice) e emergência total (%) dos lotes 1 e 2
(cultivar de tomate UC-82) após armazenamento
Tratamento de termoterapia
Velocidade de emergência Emergência total
Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2
T1-52°C/30’ 9,8 Aa 10,9 Aa 81 Aa 86 Aa
T2-52°C/60’ 10,4 Aa 9,8 Aa 84 Aa 79 Aa
T3-53°C/30’ 10,6 Aa 10,5 Aa 87 Aa 83 Aa
T4-53°C/60’ 10,9 Aa 10,3 Aa 88 Aa 82 Aa
T5-54°C/30’ 11,2 Aa 10,5 Aa 89 Aa 85 Aa
T6-54°C/60’ 10,0 Aa 10,3 Aa 86 Aa 82 Aa
T7-55°C/30’ 10,9 Aa 10,5 Aa 87 Aa 85 Aa
T8-55°C/60’ 10,0 Aa 10,0 Aa 81 Aa 81 Aa
T9-60°C/30’ 1,4 Ba 1,2 Ba 21 Ba 18 Ba
T10-60°C/60’ 0,0 Ca 0,0 Ca 0 Ca 0 Ca
T11-Fungicida captan 11,4 Aa 10,8 Aa 90 Aa 87 Aa
T12-Sem tratamento 10,9 Aa 10,6 Aa 88 Aa 85 Aa
C.V.(%) 3,8 4,2
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
Tabela 17 - Dados médios da lixiviação de potássio dos lotes 1 e 2 (cultivar de tomate UC-82)
após armazenamento
Tratamento de termoterapia
ppm de K/g sementes
Lote 1 Lote 2
T1-52°C/30’ 20,4 ABa 20,1 Aa
T2-52°C/60’ 20,3 Aa 21,3 Aa
T3-53°C/30’ 27,6 ABa 27,5 Aa
T4-53°C/60’ 20,9 ABa 20,5 Aa
T5-54°C/30’ 20,3 Aa 26,3 Aa
T6-54°C/60’ 41,6 Ba 33,6 Aa
T7-55°C/30’ 21,2 ABa 26,4 Aa
T8-55°C/60’ 20,7 ABb 67,0 Ba
T9-60°C/30’ 27,2 ABa 26,5 Aa
T10-60°C/60’ 34,0 ABa 33,2 Aa
T11-Fungicida captan 139,0 Ca 148,1 Ca
T12-Sem tratamento 140,8 Ca 149,1 Ca
C.V.(%) 10,7
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
62
Os resultados do teste de sanidade realizado após o período de armazenamento
encontram-se na tabela 18 com os dados médios de incidência de fungos associados às sementes
dos lotes 1 e 2 do cultivar UC-82.
Tabela 18 - Dados médios do teste de sanidade dos lotes 1 e 2 (cultivar de tomate UC-82) em incidência de fungos
(%) associados às sementes após armazenamento
Tratamento de
termoterapia
Aspergillus sp. Cladosporium sp. Incidência total*
Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2
(%)
T1-52°C/30’ 1 Aa 2 Aa 5 ABa 9 ABCa 9 BCa 12CDb
T2-52°C/60’ 1 Aa 0 Aa 9 ABa 5 ABCa 12 CDb 6 BCa
T3-53°C/30’ 1 Aa 2 Aa 16 Ba 14 BCa 21 Db 18 DEa
T4-53°C/60’ 0 Aa 0 Aa 15 Ba 8 ABCa 15 CDb 12 CDa
T5-54°C/30’ 0 Aa 2 Aa 15 Ba 8 ABCa 17 CDb 10 CDa
T6-54°C/60’ 1 Aa 0 Aa 8 ABa 3 ABa 9 BCa 7 BCa
T7-55°C/30’ 3 Aa 1 Aa 16 Ba 9 ABCa 23 Db 12 CDa
T8-55°C/60’ 1 Aa 0 Aa 0 Aa 2 ABa 2 Aa 2 ABa
T9-60°C/30’ 0 Aa 0 Aa 1 Aa 1 Aa 3 ABa 2 ABa
T10-60°C/60’ 0 Aa 0 Aa 0 Aa 2 ABa 0 Aa 3 ABb
T11-Fungicida captan 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa
T12-Sem tratamento 0 Aa 6 Ab 18 Ba 16 Ca 22 Da 26 Eb
C.V.(%) 44,1 35,2 25,9
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas (entre lotes) não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
*A incidência total foi composta pela soma dos fungos Aspergillus sp. e Cladosporium sp. a outros fungos que não
foram analisados em especial em função da baixa incidência, em poucas parcelas: Rhizopus sp.; Phoma sp.;
Fusarium sp.; Drechslera sp.; Curvularia sp.; Stemphylium sp.; Epicoccum sp. e Alternaria sp.
A associação de Aspergillus sp., fungo comum em armazenamento, com as sementes
de alguns tratamentos, inclusive nas sementes não tratadas do lote 2 pode ter ocorrido em virtude
de uma contaminação das sementes durante o armazenamento, embora a incidência seja baixa, já
que não foi constatada a presença do patógeno na avaliação pós-tratamento. Com relação ao
Cladosporium sp., observou-se uma ligeira redução na incidência do fungo nos dois lotes do
cultivar UC-82, após o período de armazenamento, com redução significativa do fungo em
relação às sementes não tratadas, para os tratamentos a 55°C por 60 min e 60°C por 30 e 60 min.
Resultados similares foram encontrados por Trigo (1998) em sementes de cenoura. Neegard
(1979) ressaltou que o armazenamento adequado pode reduzir a viabilidade de alguns fungos.
63
Diante do exposto, pode-se inferir que, provavelmente, o período de 90 dias de
armazenamento em condições controladas (20°C e umidade relativa do ar de 50%) não tenha
sido suficiente para evidenciar diferenças claras no vigor das sementes dos dois lotes do cultivar
UC-82 submetidos a diversas combinações de tratamento termoterápico. Resultados similares
foram encontrados por Erdey; Mycock e Berjak (1997) com sementes de milho tratadas com
água quente e armazenadas por 1 mês e Strandberg e White (1989) em sementes de cenoura
tratadas com água quente, que não apresentaram redução na emergência durante 42 ou 90 dias de
armazenamento em ambiente com temperatura de 20°C e umidade relativa do ar variando de 20
a 60%. Entretanto, o mesmo não ocorreu quando a umidade relativa do ar foi ajustada para 70 a
80%.
2.3.2.2.2 Cultivar Rio Grande
Nas tabelas 20 a 23 encontram-se os resultados dos testes de germinação, vigor e
sanidade obtidos pelos lotes 3 e 4 do cultivar Rio Grande, após o armazenamento.
O grau de umidade das sementes de ambos os lotes do cultivar Rio Grande manteve
variação dentro do limite tolerável, recomendado pela literatura (tabela 19).
Tabela 19 - Grau de umidade (%) das sementes tratadas dos lotes 3 e 4 (cultivar de tomate Rio Grande) após
armazenamento, antes e após o envelhecimento acelerado (EA)
Tratamento de termoterapia
Grau de umidade (%)
antes dos testes
Grau de umidade (%) após
o EA
Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4
T1-52°C/30’ 9,3 9,2 10,4 9,7
T2-52°C/60’ 8,4 8,1 10,0 9,4
T3-53°C/30’ 8,0 8,7 10,1 9,9
T4-53°C/60’ 9,1 8,6 9,6 9,4
T5-54°C/30’ 8,7 8,5 9,4 9,7
T6-54°C/60’ 7,3 8,1 9,6 9,4
T7-55°C/30’ 8,2 8,3 9,7 9,4
T8-55°C/60’ 8,2 7,9 10,0 9,7
T9-60°C/30’ 7,6 7,3 10,6 9,0
T10-60°C/60’ 7,7 7,3 9,0 9,3
T11-Fungicida captan 7,6 7,7 9,5 9,9
T12-Sem tratamento 7,6 7,6 10,2 10,0
64
Os tratamentos realizados a 60°C deterioraram as sementes dos lotes 3 e 4 do cultivar
Rio Grande, conforme observado pela diferença significativa entre os dados apresentados nos
testes de germinação, primeira contagem de germinação, envelhecimento acelerado (tabela 20),
velocidade e porcentagem de emergência (tabela 21) em relação às testemunhas e demais
tratamentos. Desse modo, o período de armazenamento não alterou o efeito desses tratamentos
sobre as sementes.
Tabela 20 - Dados médios da porcentagem de germinação (%), primeira contagem do teste de germinação (%) e
envelhecimento acelerado (%) dos lotes 3 e 4 (cultivar de tomate Rio Grande) após armazenamento
Tratamento de
termoterapia
Germinação Primeira contagem
Envelhecimento
acelerado
Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4
T1-52°C/30’ 79 ABa 78 ABCa 70 ABa 77 ABa 78 Aa 65 ABa
T2-52°C/60’ 82 ABa 71 Ca 59 BCa 68 Aba 67 ABa 78 ABa
T3-53°C/30’ 91 Aa 75 BCb 79 ABa 66 Aba 81 Aa 59 Bb
T4-53°C/60’ 95 Aa 90 ABCa 67 ABa 85 Aa 81 Aa 86 Aa
T5-54°C/30’ 97 Aa 82 ABCb 89 Aa 78 Aba 83 Aa 84 ABa
T6-54°C/60’ 86 ABa 76 ABCa 75 ABa 73 Aba 63 ABa 71 ABa
T7-55°C/30’ 93 Aa 73 Cb 78 ABa 70 Aba 85 Aa 73 ABa
T8-55°C/60’ 67 Ba 47 Db 38 Ca 35 Ca 43 Ba 31 Ca
T9-60°C/30’ 3 Ca 3 Ea 0 Da 0 Da 1 Ca 3 Da
T10-60°C/60’ 0 Da 0 Fa 0 Da 0 Da 0 Ca 0 Da
T11-Fungicida captan 97 Aa 94 ABa 71 ABa 50 BCa 81 Aa 83 ABa
T12-Sem tratamento 89 Aa 97 Aa 54 BCb 87 Aa 68 ABa 82 ABa
C.V. (%) 5,3 17,6 15,6
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem significativamente
entre si (Tukey, 5%).
No teste de germinação do lote 3 observou-se diferença na resposta das sementes aos
tratamentos, durante o armazenamento. As sementes tratadas a 55°C por 60 min, que não haviam
diferido das sementes não tratadas, apresentaram baixa germinação em comparação às duas
testemunhas. Todavia, no teste de primeira contagem de germinação, as sementes não tratadas
apresentaram baixo vigor, equiparando-se aos demais tratamentos, com exceção do tratamento a
54°C por 30 min (tabela 20). No lote 4, apenas o teste de envelhecimento acelerado manteve a
diferenciação dos tratamentos observada antes do período de armazenamento. Nos dados de
germinação e primeira contagem não foram confirmados os efeitos deletérios de determinados
65
tratamentos encontrados antes do período de armazenamento, possivelmente pela interferência
da associação das sementes com Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis, que
manifestou menor viabilidade durante o armazenamento.
Nos quadros 4 e 5 são apresentadas as médias da porcentagem de plântulas anormais
com sintoma de cancro bacteriano, plântulas anormais sem sintoma e sementes mortas, tanto do
teste de germinação (quadro 4), quanto do teste de envelhecimento acelerado (quadro 5).
Lote Tratamento
PA - ss PA - cs Sementes mortas
(%)
L3
T1-52°C/30’ 7 7 7
T2-52°C/60’ 14 0 4
T3-53°C/30’ 2 6 1
T4-53°C/60’ 0 3 3
T5-54°C/30’ 0 1 1
T6-54°C/60’ 0 4 10
T7-55°C/30’ 3 1 3
T8-55°C/60’ 8 7 19
T9-60°C/30’ 5 1 91
T10-60°C/60’ 0 0 100
T11-Fungicida 1 1 2
T12-Não tratadas 7 1 3
L4
T1-52°C/30’ 0 20 2
T2-52°C/60’ 0 27 3
T3-53°C/30’ 0 23 2
T4-53°C/60’ 2 1 7
T5-54°C/30’ 5 8 5
T6-54°C/60’ 0 17 7
T7-55°C/30’ 1 23 3
T8-55°C/60’ 0 32 21
T9-60°C/30’ 5 1 91
T10-60°C/60’ 0 0 100
T11-Fungicida 3 0 3
T12-Não tratadas 1 0 1
Quadro 4 – Médias da porcentagem de plântulas anormais com sintoma de cancro bacteriano (PA – cs),
plântulas anormais sem sintoma (PA – SS) e sementes mortas obtidas no teste de germinação
após o período de armazenamento do cultivar Rio Grande
66
Segundo os dados apresentados nos quadros 4 e 5, observou-se maior porcentagem de
plântulas anormais com sintoma no lote 4 do que no lote 3, confirmando as avaliações anteriores
ao período de armazenamento. No lote 3, o comportamento das sementes em relação aos
tratamentos e a presença de Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis durante os testes de
germinação e envelhecimento acelerado não foi alterado durante o armazenamento (quadros 4 e
5).
Quanto ao lote 4, a relação do menor potencial fisiológico apresentado pelas sementes
submetidas à determinados tratamentos com o número de plântulas anormais com sintoma de
cancro bacteriano foi mantida durante o armazenamento (quadros 4 e 5).
Lote Tratamento
PA - ss PA - cs Sementes mortas
(%)
L3
T1-52°C/30’ 15 3 3
T2-52°C/60’ 11 17 5
T3-53°C/30’ 11 7 2
T4-53°C/60’ 11 3 4
T5-54°C/30’ 8 5 4
T6-54°C/60’ 14 10 13
T7-55°C/30’ 13 0 3
T8-55°C/60’ 26 0 31
T9-60°C/30’ 3 0 96
T10-60°C/60’ 0 0 100
T11-Fungicida 15 0 4
T12-Não tratadas 32 0 0
L4
T1-52°C/30’ 1 31 3
T2-52°C/60’ 0 19 3
T3-53°C/30’ 1 38 2
T4-53°C/60’ 1 8 5
T5-54°C/30’ 1 13 2
T6-54°C/60’ 7 16 6
T7-55°C/30’ 0 24 3
T8-55°C/60’ 0 56 13
T9-60°C/30’ 6 0 91
T10-60°C/60’ 0 0 100
T11-Fungicida 16 0 1
T12-Não tratadas 9 4 5
Quadro 5 – Médias da porcentagem de plântulas anormais com sintoma de cancro bacteriano (PA – cs),
plântulas anormais sem sintoma (PA – SS) e sementes mortas obtidas no teste de
envelhecimento acelerado (EA) após o período de armazenamento do cultivar Rio Grande
67
Na avaliação da velocidade e porcentagem de emergência, as sementes do lote 3 e 4
não apresentaram diferença em relação à resposta aos tratamentos durante o armazenamento, com
exceção para as sementes do lote 3 tratadas a 54°C por 60 min, que apresentaram menor
velocidade de emergência em comparação às testemunhas durante o armazenamento (tabela 21).
Tabela 21 - Dados médios da velocidade de emergência (índice) e emergência total (%) dos lotes 3 e 4
(cultivar de tomate Rio Grande) após armazenamento
Tratamento de termoterapia
Velocidade de emergência Emergência total
Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4
T1-52°C/30’ 11,7 Aa 12,3 Aa 93,2 Aa 97,4 Aa
T2-52°C/60’ 12,1 Aa 11,9 Aa 95,3 Aa 93,2 Aa
T3-53°C/30’ 11,9 Aa 12,4 Aa 94,3 Aa 96,9 Aa
T4-53°C/60’ 11,8 Aa 11,3 ABa 93,8 Aa 90,1 Aa
T5-54°C/30’ 12,2 Aa 12,0 Aa 95,8 Aa 95,3 Aa
T6-54°C/60’ 10,2 Bb 12,0 Aa 84,9 Ab 94,8 Aa
T7-55°C/30’ 11,6 Aa 12,0 Aa 92,2 Aa 95,3 Aa
T8-55°C/60’ 6,7 Cb 10,6 Ba 63,0 Bb 85,9 Aa
T9-60°C/30’ 0,2 Db 0,7 Ca 2,6 Cb 8,3 Ba
T10-60°C/60’ 0,0 Da 0,0 Da 0,0 Da 0,0 Ca
T11-Fungicida captan 11,7 Aa 12,1 Aa 92,7 Aa 95,8 Aa
T12-Sem tratamento 11,6 Aa 11,8 Aa 93,2 Aa 93,2 Aa
C.V.(%) 2,0 3,0
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
Quanto ao teste de lixiviação de potássio pós-armazenamento (tabela 22), os
resultados obtidos não diferiram dos apresentados pelos lotes 3 e 4 no teste realizado pós-
tratamento.
68
Tabela 22 - Dados médios da lixiviação de potássio dos lotes 3 e 4 (cultivar de tomate Rio Grande)
após armazenamento
Tratamento de termoterapia
ppm de K/g sementes
Lote 3 Lote 4
T1-52°C/30’ 30,3 Aa 28,4 Aa
T2-52°C/60’ 30,0 Aa 29 Aa
T3-53°C/30’ 29,6 Aa 27,3 Aa
T4-53°C/60’ 28,6 Aa 30,8 Aa
T5-54°C/30’ 30,3 Ab 47,9 ABCa
T6-54°C/60’ 28,9 Aa 38,5 ABa
T7-55°C/30’ 30,2 Ab 47,0 ABa
T8-55°C/60’ 29,6 Aa 38,3 ABa
T9-60°C/30’ 31,1 Ab 74,6 CDa
T10-60°C/60’ 41,7 Ab 57,9 BCa
T11-Fungicida captan 93,4 Ba 91,6 Da
T12-Sem tratamento 91,3 Ba 90,6 Da
C.V.(%)
9,5
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
No teste de sanidade realizado após o período de armazenamento, percebe-se uma
ligeira redução na incidência do Cladosporium sp. nos dois lotes do cultivar Rio Grande após o
período de armazenamento, embora não tão evidente quanto no cultivar UC-82 (tabela 23).
Da mesma forma que no teste de sanidade realizado após o tratamento, as sementes do
lote 3 apresentaram, de modo geral, maior incidência do fungo que as sementes do lote 4. As
sementes do lote 3 tratadas com água quente apresentaram alta incidência de Cladosporium sp.,
demonstrando pouca alteração durante o armazenamento.
69
Tabela 23 - Dados médios do teste de sanidade dos lotes 3 e 4 (cultivar de tomate Rio Grande) em
incidência de fungos (%) associados às sementes após armazenamento
Tratamento de
termoterapia
Cladosporium sp. Incidência total*
Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4
(%)
T1-52°C/30’ 10 BCDa 5 Aa
15 BCb 7 BCDEa
T2-52°C/60’ 10 BCDb 0 Aa
14 BCb 4 ABCDa
T3-53°C/30’ 18 Db 6 Aa
23 Cb 11 DEa
T4-53°C/60’ 1 ABa 0 Aa
1 Aa 1 Aa
T5-54°C/30’ 4 ABCa 7 Aa
8 Bb 13 Ea
T6-54°C/60’ 13 CDa 7 Aa
15 BCb 8 CDEa
T7-55°C/30’ 4 ABCa 8 Aa
6 Bb 9 CDEa
T8-55°C/60’ 9 BCDa 5 Aa
9 Ba 9 CDEa
T9-60°C/30’ 9 ABCDa 3 Aa
15 BCb 3 ABCa
T10-60°C/60’ 8 ABCDb 2 Aa
13 BCb 2 ABa
T11-Fungicida captan 0 Aa 0 Aa
0 Aa 0 Aa
T12-Sem tratamento 2 ABa 3 Aa
7 Ba 11 DEb
C.V.(%) 37,4
28,7
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem
significativamente entre si (Tukey, 5%).
*A incidência total foi composta pela soma do fungo Cladosporium sp. a outros fungos que não foram
analisados em especial em função da baixa incidência, em poucas parcelas: Rhizopus sp.; Phoma sp.;
Fusarium sp.; Drechslera sp.; Aspergillus sp.; Epicoccum sp.; Penicillium sp. e Alternaria sp.
2.3.2.3 Considerações Gerais
Diante do exposto, pode-se sumarizar nesse primeiro experimento que os tratamentos
das sementes com temperaturas de 52 a 55°C, por 30 ou 60 min não afetaram o desempenho das
sementes dos dois lotes do cultivar UC-82. De um modo geral, não foi observado efeito dos lotes
tratados com água quente.
Na avaliação do efeito da termoterapia sobre o cultivar Rio Grande, pode-se considerar
que nos lotes 3 e 4 as sementes tratadas a 55°C por 60 min foram adversamente afetadas quanto
ao potencial fisiológico, à semelhança do cultivar UC-82.
A bactéria Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis presente nas sementes do
cultivar Rio Grande não foi controlada pela termoterapia e embora determinados tratamentos
possam não afetar diretamente o potencial fisiológico, podem debilitar as sementes, implicando
em baixa resistência à ação do patógeno, e criar um vazio biológico eliminando os
70
microrganismos antagônicos e favorecendo a manifestação do sintoma de cancro bacteriano e,
consequentemente, a redução do potencial fisiológico das sementes.
Os tratamentos com água quente a 60°C por 30 ou 60 min afetaram significativamente
a viabilidade das sementes de tomate, independentemente do lote e cultivar.
Não foi possível identificar efeito da termoterapia sobre a sanidade das sementes dos
lotes dos cultivares UC-82 e Rio Grande em função da provável contaminação das sementes por
Cladosporium sp. durante o período de secagem, assim como também não foi verificado efeito
negativo da alta incidência do fungo sobre o vigor das sementes. Desse modo, reforça-se a teoria
da possível necessidade de um tratamento complementar ao tratamento térmico e estudos
adicionais para determinação de opções que ofereçam efeito residual para evitar contaminações
posteriores (HERMANSEN; BRODAL; BALVOLL, 1999).
Quanto ao armazenamento, é possível que o período de 90 dias em condições
controladas (20°C e umidade relativa do ar de 50%) não tenha sido suficiente para evidenciar
diferenças claras no vigor das sementes dos lotes dos cultivares UC-82 e Rio Grande submetidos
a diversas combinações de tratamento termoterápico.
De um modo geral, o efeito da termoterapia sobre o potencial fisiológico das sementes
de tomate através das combinações temperatura/tempo de exposição utilizadas neste trabalho foi
prontamente detectado pelo teste de germinação, possivelmente devido à intensidade de
deterioração das sementes. Entretanto, verificou-se que os testes de vigor, primeira contagem do
teste de germinação, envelhecimento acelerado e emergência de plântulas, demonstraram
eficiência na avaliação do potencial fisiológico das sementes tratadas com água quente, revelando
o efeito prejudicial do tratamento a 55°C por 60 min sobre as sementes do lote 3, não detectado
no teste de germinação antes do armazenamento. Diferenças sutis ocasionadas durante o
armazenamento também puderam ser observadas através dos mesmos testes de vigor, ressaltando
a importância desses testes na avaliação do efeito da termoterapia sobre o potencial fisiológico de
sementes de tomate.
71
2.3.3 Experimento II
2.3.3.1 Avaliação do efeito da termoterapia na sanidade e potencial fisiológico das sementes
de tomate
Na condução do segundo experimento, foram adotados dois, dos 10 tratamentos de
termoterapia utilizados no experimento 1 e as duas testemunhas, com tratamento químico e sem
tratamento. A metodologia de tratamento foi a mesma, com exceção do procedimento de
secagem, cujo período foi de 12 horas, com proteção das sementes. Os dados obtidos nas
avaliações dos lotes dos dois cultivares, UC-82 e Rio Grande, serão apresentados e discutidos a
seguir, separadamente.
2.3.3.1.1 Cultivar UC-82
Os dados médios do grau de umidade das sementes antes da instalação dos testes de
vigor e após o envelhecimento acelerado dos lotes 1 e 2 do cultivar UC-82 após encontram-se na
tabela 24.
O grau de umidade dos tratamentos de ambos os lotes antes da instalação dos testes e
após o período de envelhecimento em câmara jaquetada apresentou variação inferior ao limite
tolerável de 2 pontos percentuais (tabela 24).
Tabela 24 - Grau de umidade (%) das sementes dos lotes 1 e 2 (cultivar de tomate UC-82) tratadas após 140 dias de
armazenamento, antes dos testes e após o envelhecimento acelerado (EA)
Tratamento de termoterapia
Grau de umidade (%) antes
dos testes
Grau de umidade (%) após
EA
Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2
T7-55°C/30’ 8,0 8,9 9,7 9,4
T10-60°C/60’ 8,5 7,4 9,0 9,2
T11-Fungicida captan 8,4 8,9 9,9 9,3
T12-Sem tratamento 9,3 9,0 10,1 9,6
Na tabela 25 encontram-se os dados médios da incidência de fungos obtidos no teste
de sanidade dos lotes 1 e 2 do cultivar UC-82.
O teste de sanidade revelou a incidência de fungos do gênero Rhyzopus, Aspergillus e
Cladosporium associados às sementes dos dois lotes do cultivar UC-82. Nascimento; Miranda;
72
Moraes (1990) também verificaram a incidência de Cladosporium sp. e Aspergillus sp, dentre
outros, em sementes de diversos cultivares de tomate. Os autores consideraram que, embora os
fungos encontrados não sejam de grande importância para a cultura do tomateiro, podem causar
danos ao potencial fisiológico das sementes.
Tabela 25 - Dados médios do teste de sanidade dos lotes 1 e 2 (cultivar de tomate UC-82) em incidência de fungos
(%) associados às sementes tratadas após 140 dias de armazenamento
Tratamento de
termoterapia
Rhyzopus sp. Aspergillus sp. Cladosporium sp. Incidência total
Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2
T7-55°C/30’ 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 1,6 Bb 0 Aa 1,6 Bb
T10-60°C/60’ 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa
T11-Fungicida captan 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa
T12-Sem tratamento 2,4 Bb 1,6 Ba 1,6 Ba 1,6 Ba 1,6 Ba 14,4 Cb 5,6 Ba 17,6 Cb
C.V. (%) 29,3 30,2 25,1 33,8
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem significativamente
entre si (Tukey, 5%).
A análise dos dados constatou controle dos fungos Rhyzopus sp., Aspergillus sp. e
Cladosporium sp. através dos tratamentos com água quente a 55 e 60°C pelos períodos de 30 e
60 min, respectivamente. Muniz (2001) não obteve êxito no controle de Cladosporium fulvum
com o tratamento das sementes de tomate a 50°C por 30 min, indicando que o controle do gênero
Cladosporium requer temperaturas acima de 50°C. No controle de Aspergillus sp. e Rhizopus
stolonifer em sementes de milho, o tratamento a 50°C por 10 min foi eficaz, ainda que a 52°C o
controle tenha sido mais expressivo (RAHMAN et al., 2008), sugerindo maior sensibilidade
desses gêneros à termoterapia.
Na tabela 26 são apresentados os resultados de porcentagem e primeira contagem do
teste de germinação e envelhecimento acelerado pelas sementes dos lotes 1 e 2 do cultivar UC-
82 após o tratamento.
A análise dos dados identificou diferença significativa no potencial fisiológico das
sementes submetidas aos tratamentos com água quente. O tratamento com água aquecida a 55°C
por 30 min não reduziu a porcentagem de germinação, assim como o vigor, avaliado por meio da
primeira contagem do teste germinação e do teste de envelhecimento acelerado das sementes dos
lotes 1 e 2, quando comparado às sementes não tratadas.
73
Tabela 26 - Dados médios da porcentagem de germinação (%), primeira contagem do teste de germinação (%) e
envelhecimento acelerado (%) dos lotes 1 e 2 (cultivar de tomate UC-82) tratados após 140 dias de
armazenamento
Tratamento de
termoterapia
Germinação Primeira contagem
Envelhecimento
acelerado
Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2 Lote 1 Lote 2
T7-55°C/30’ 89 Aa 89 ABa 53 Aa 51 Aa 61 Aa 63 Aa
T10-60°C/60’ 0 Ba 0 Ba 0 Ca 0 Ca 0 Ca 0 Ca
T11-Fungicida captan 85 Aa 83 Aa 18 Ba 21 Ba 35 Ba 35 Ba
T12-Sem tratamento 87 Aa 93 Aa 59 Aa 59 Aa 54 Aa 59 Aa
C.V. (%) 1,8 4,1 3,6
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem significativamente
entre si (Tukey, 5%).
Quando as sementes foram tratadas a 60°C por 60 min, o efeito foi drástico na
viabilidade das sementes, com ausência total de germinação, tanto para o lote 1 quanto para o
lote 2. Resultados similares foram encontrados por Grondeau et al. (1992), em sementes de
ervilha; Coutinho et al. (2007), em sementes de milho e Toite e Hernandez-Perez (2005) em
sementes de espinafre (tabela 26).
Paralelamente, a análise dos dados identificou redução significativa no vigor das
sementes tratadas com fungicida de ambos os lotes do cultivar UC-82, à semelhança do lote 2,
no teste de envelhecimento acelerado, durante a condução do experimento 1.
De modo geral, verificou-se que a condução dos procedimentos de termoterapia e
secagem das sementes foram satisfatórias, sem a ocorrência de contaminação das sementes
tratadas, conforme ocorrido no experimento 1. Constatou-se, também, que o tratamento das
sementes dos lotes 1 e 2 do cultivar UC-82 com água quente a 55°C por 30 min foi eficiente na
erradicação de Rhyzopus sp. e Aspergillus sp. e controlou a incidência de Cladosporium sp., sem
causar prejuízo ao potencial fisiológico das sementes.
2.3.3.1.2 Cultivar Rio Grande
Na tabela 27 encontram-se os dados médios do grau de umidade das sementes dos lotes
3 e 4 do cultivar Rio Grande após o tratamento das sementes, antes da instalação dos testes de
vigor e após o envelhecimento acelerado.
74
Na observação dos dados, verificou-se que o grau de umidade das sementes dos lotes 3
e 4 antes da instalação dos testes variou de 7,6 a 8,3% e, após o período de envelhecimento
acelerado, de 8,0 a 8,8%, apresentando-se inferior ao limite tolerável recomendado na literatura.
Tabela 27 - Grau de umidade (%) das sementes dos lotes 3 e 4 (cultivar de tomate Rio Grande) tratadas após 140
dias de armazenamento, antes dos testes e após o envelhecimento acelerado (EA)
Tratamento de termoterapia
Grau de umidade (%)
antes dos testes
Grau de umidade (%)
após EA
Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4
T7-55°C/30’ 8,3 7,6 8,8 8,2
T10-60°C/60’ 7,9 7,6 8,0 8,4
T11-Fungicida captan 7,8 7,6 8,6 8,8
T12-Sem tratamento 7,9 8,0 8,4 8,3
Na tabela 28, encontram-se os dados médios da incidência de fungos obtidos no teste
de sanidade dos lotes 3 e 4 do cultivar Rio Grande após o tratamento das sementes.
Do mesmo modo que o cultivar UC-82, os dois lotes do cultivar Rio Grande
apresentaram incidência de Rhyzopus, Aspergillus e Cladosporium associados às sementes. A
análise dos dados obtidos no teste de sanidade identificou efeito dos tratamentos no controle dos
fungos para os dois lotes do cultivar Rio Grande.
Tabela 28 - Dados médios do teste de sanidade dos lotes 3 e 4 (cultivar de tomate Rio Grande) em incidência de
fungos (%) associados às sementes tratadas após 140 dias de armazenamento
Tratamento de
termoterapia
Rhyzopus sp. Aspergillus sp. Cladosporium sp. Incidência total
Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4
T7-55°C/30’ 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 2,4 Bb 0 Aa 2,4 Bb 0 Aa
T10-60°C/60’ 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa
T11-Fungicida captan 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa 0 Aa
T12-Sem tratamento 3,2 Bb 2,4 Ba 3,2 Bb 0 Aa 4,0 Ca 4,8 Ba 10,4 Cb 7,2 Ba
C.V. (%) 25,4 17,4 18,9 18,1
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem significativamente entre
si (Tukey, 5%).
Assim como no cultivar UC-82, os tratamentos com água quente a 55 e 60°C pelos
períodos de 30 e 60 min, respectivamente, do mesmo modo que o fungicida, obtiveram efeito
significativo no controle dos fungos Rhyzopus sp., Aspergillus sp. e Cladosporium sp. No
75
entanto, observando-se os dados de incidência de Cladosporium sp., verificou-se que, apesar do
tratamento a 55°C por 30 min ter sido eficaz no controle do patógeno, a imersão das sementes em
água aquecida a 60°C por 60 min foi mais eficaz, erradicando o patógeno.
As sementes tratadas a 55°C por 30 min apresentaram menor porcentagem de
germinação que as testemunhas, sementes tratadas com fungicida e não tratadas, contrariando os
resultados obtidos pelo cultivar UC-82 (tabela 29).
Na avaliação da primeira contagem do teste de germinação e no teste de
envelhecimento acelerado, os lotes 3 e 4 apresentaram comportamentos diferentes mediante os
tratamentos. Porém, verificou-se que, em ambos os lotes, as sementes tratadas com fungicida
apresentaram baixa germinação na primeira contagem do teste, com recuperação na contagem
final, demonstrando menor vigor em relação às sementes não tratadas, corroborando o efeito do
tratamento encontrado no cultivar UC-82 (tabela 26). Contrariando, o mesmo não foi confirmado
no teste de envelhecimento acelerado dos lotes 3 e 4, apresentando vigor similar às sementes não
tratadas.
Tabela 29 - Dados médios da porcentagem de germinação (%), primeira contagem do teste de germinação (%) e
envelhecimento acelerado (%) dos lotes 3 e 4 (cultivar de tomate Rio Grande) tratados após 140 dias
de armazenamento
Tratamento de termoterapia
Germinação Primeira contagem
Envelhecimento
acelerado
Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4 Lote 3 Lote 4
T7-55°C/30’ 81 Ba 82 Ba 60 Aa 35 Bb 67 Aa 65 Ba
T10-60°C/60’ 0 Ca 0 Ca 0 Ca 0 Ca 0 Ba 1 Ca
T11-Fungicida captan 91 Aa 93 Aa 44 Ba 44 Ba 73 Aa 80 Aa
T12-Sem tratamento 91 Ab 99 Aa 67 Ab 87 Aa 69 Aa 77 Aa
C.V. (%) 0,9 3,4 8,2
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem significativamente
entre si (Tukey, 5%).
No lote 3, as sementes tratadas a 55°C por 30 min não diferiram das sementes não
tratadas, tanto na primeira contagem do teste de germinação, quanto no teste de envelhecimento
acelerado. Contudo, na primeira contagem de germinação, as sementes do lote 3 apresentaram
maior vigor que as sementes tratadas com fungicida.
Nas avaliações da primeira contagem do teste de germinação e envelhecimento
acelerado, as sementes do lote 4 tratadas a 55°C por 30 min apresentaram menor vigor que as
76
sementes não tratadas. Do mesmo modo, apresentaram menor vigor que as sementes tratadas com
fungicida no teste de envelhecimento acelerado.
Nos quadros 6 e 7 são apresentadas as médias da porcentagem de plântulas anormais
com sintoma de cancro bacteriano, plântulas anormais, sem sintoma e sementes mortas.
De acordo com os dados apresentados no quadro 6, verificou-se que as sementes dos
lotes 3 e 4 tratadas a 60°C por 60 min não germinaram e as sementes do lote 3 tratadas a 55°C
por 30 min, não obtiveram plântulas anormais com sintoma de cancro bacteriano, concluindo-se
que o baixo vigor pode ser atribuído ao efeito direto da termoterapia. Por outro lado, no lote 4 foi
verificada uma relação direta do menor desempenho apresentado pelas sementes tratadas a 55°C
por 30 min com um alto índice de plântulas anormais com sintoma de cancro bacteriano, do
mesmo modo que ocorreu no experimento 1.
Lote Tratamento
PA - ss PA - cs Sementes mortas
(%)
L3
T7-55°C/30’ 5 0 14
T10-60°C/60’ 0 0 100
T11-Fungicida 3 0 6
T12-Não tratadas 1 1 7
L4
T7-55°C/30’ 0 15 3
T10-60°C/60’ 0 0 100
T11-Fungicida 3 3 2
T12-Não tratadas 0 0 1
Quadro 6 – Médias da porcentagem de plântulas anormais com sintoma de cancro bacteriano (PA – cs),
plântulas anormais sem sintoma (PA – SS) e sementes mortas obtidas durante o teste de
germinação após tratamento do cultivar Rio Grande
No quadro 7, observa-se que as sementes dos lotes 3 e 4 tratadas a 60°C por 60 min, que
diferenciaram significativamente das testemunhas no teste de envelhecimento acelerado (tabela
29), apresentaram 100% de sementes mortas. Paralelamente, verificou-se alta porcentagem de
plântulas anormais com sintoma de cancro bacteriano geradas das sementes do lote 4 tratadas a
55°C por 30 min.
77
Lote Tratamento
EA PA - ss PA - cs Sementes mortas
(%)
L3
T7-55°C/30’ 67 7 7 19
T10-60°C/60’ 0 0 0 100
T11-Fungicida 73 23 0 4
T12-Não tratadas 69 15 7 9
L4
T7-55°C/30’ 65 0 15 20
T10-60°C/60’ 1 0 0 99
T11-Fungicida 80 15 0 5
T12-Não tratadas 77 18 0 5
Quadro 7 – Médias da porcentagem de plântulas anormais com sintoma de cancrobacteriano (PA – cs), plântulas
anormais sem sintoma (PA – SS) e sementes mortas obtidas no teste de envelhecimento acelerado
(EA) após tratamento do cultivar Rio Grande
De modo geral, os dados obtidos não apresentaram consistência para avaliar o efeito dos
tratamentos no controle de Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis.
Assim, na avaliação do efeito da termoterapia nos dois lotes do cultivar Rio Grande,
pode-se sumarizar que o tratamento com água quente a 55°C por 30 min controlou os fungos
associados às sementes, mas afetou significativamente o potencial fisiológico das sementes de
ambos os lotes, seja pela ação física direta ou por debilitar as sementes tornando-as mais
vulneráveis a manifestação do sintoma de cancro bacteriano. Em contrapartida, os tratamentos
com água quente a 60°C por 60 min foi eficiente no controle dos fungos, mas afetaram
significativamente a viabilidade das sementes, independentemente do lote.
2.3.3.2 Considerações gerais
De modo geral, verificou-se que a condução dos tratamentos e do processo de secagem
das sementes foi satisfatória, sem a ocorrência de contaminação das sementes tratadas com água
quente, conforme ocorrido no experimento 1, permitindo avaliar o efeito da termoterapia no
controle dos fungos associados às sementes de tomate dos cultivares UC-82 e Rio Grande.
Constatou-se, também, que o tratamento das sementes com água quente a 55°C por 30 min foi
eficiente na erradicação de Rhyzopus sp. e Aspergillus sp. e controlou significativamente a
incidência de Cladosporium sp., mas o efeito sobre o potencial fisiológico das sementes variou
conforme o cultivar. Em contrapartida, os tratamentos com água quente a 60°C por 60 min
78
erradicaram os fungos, mas afetaram significativamente a viabilidade das sementes,
independentemente do lote ou cultivar.
2.3.4 Considerações finais
O tratamento a 55°C por 30 min pode ser recomendado para o tratamento de sementes
de tomate com controle eficiente de fungos associados às sementes, contudo, recomenda-se
realização de testes preliminares de vigor para avaliação do seu efeito sobre o potencial
fisiológico das sementes do cultivar de interesse. De um modo geral, o teste de envelhecimento
acelerado mostrou-se eficiente na determinação do potencial de desempenho das sementes
tratadas com água quente.
Os tratamentos com água quente variando de 52 a 54°C pelos períodos de 30 a 60 min
não afetaram o potencial fisiológico das sementes. Porém, não foi possível avaliá-los no controle
dos fungos devido à contaminação das sementes durante o período de secagem.
Devido ao possível vazio biológico criado pelo tratamento e à falta de efeito residual,
faz-se necessária a realização de estudos adicionais para determinação de opções que protejam as
sementes de contaminações posteriores com fungos saprófitos. Em conseqüência disso, na
avaliação dos efeitos dessa modalidade de termoterapia, a metodologia de secagem deve ser
devidamente ajustada, podendo-se diminuir o período de secagem e proteger as sementes com
papel toalha.
Os tratamentos com água quente a 60°C pelo período de 60 min foi eficiente na
erradicação dos fungos Rhyzopus sp., Aspergillus sp. e Cladosporium sp., equiparando-se ao
apresentado pelo tratamento com o fungicida Captan. Entretanto, observou-se que por 30 ou 60
min a temperatura de 60°C foi letal às sementes de tomate dos quatro lotes dos cultivares UC-82
e Rio Grande, não sendo, portanto, recomendado.
Sementes contaminadas ou infectadas por Clavibacter michiganensis subsp.
michiganensis podem germinar, desenvolvendo plântulas normais que serão transplantadas para
os canteiros definitivos. Nesse tocante, é importante salientar que um lote de sementes
contaminadas ou infectadas por Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis poderia ser
liberado para comercialização, caso não fosse submetido a um teste de sanidade específico para a
bactéria e fosse tratado apenas com fungicida. Todavia, ao submeter o lote à termoterapia,
79
gerando um vazio biológico e debilitando as sementes, o teste de germinação padrão permitiu que
as plântulas expressassem os sintomas antes mesmo de emitirem o primeiro par de folhas
verdadeiras, mais precisamente, com menos de 7 dias após a semeadura. Embora a termoterapia
possa não afetar diretamente o potencial fisiológico das sementes, pode debilitá-las, implicando
em baixa resistência à ação de determinados patógenos de associação sistêmica, além de reduzir
ou eliminar os microrganismos antagônicos.
O período de 90 dias de armazenamento em condições controladas (20°C e umidade
relativa do ar de 50%) pode reduzir o potencial fisiológico de sementes de tomate tratadas com
água quente, mas não se mostrou suficiente para evidenciar diferenças claras no vigor das
sementes dos 4 lotes dos cultivares UC-82 e Rio Grande submetidos a diversas combinações de
termoterapia durante o período de armazenamento. Há necessidade de estudos adicionais com
períodos maiores de armazenamento para obtenção de resultados mais consistentes.
De um modo geral, observou-se que diferenças sutis do binômio temperatura/tempo de
exposição sobre o potencial fisiológico das sementes só puderam ser observadas através dos
testes de primeira contagem, envelhecimento acelerado e emergência, ressaltando a importância
dos testes de vigor na avaliação dos efeitos da termoterapia sobre as sementes. Assim,
recomenda-se a adequação de suas metodologias, considerando-se os prováveis efeitos do
genótipo e dos tratamentos, para as suas devidas aplicações nas pesquisas envolvendo
tratamentos de sementes e nos programas de controle de qualidade de sementes.
81
3 CONCLUSÕES
a) A termoterapia (água quente a 55°C/30 min) é uma opção consistente para o controle
de fungos associados às sementes de tomate, sem prejudicar o potencial fisiológico das sementes,
dependendo da qualidade inicial do lote.
b) Os tratamentos com água quente variando de 52 a 54°C por 30 ou 60 min não
causam prejuízo ao potencial fisiológico de sementes de tomate, enquanto o efeito do tratamento
a 55°C/60 min está associado à qualidade inicial do lote.
c) O tratamento com água quente a 60°C por 30 ou 60 min não constitui uma opção
para o tratamento de sementes de tomate; é eficiente para o controle de fungos, mas é letal às
sementes de tomate.
d) Os tratamentos com água quente variando de 52 a 55°C por 30 ou 60 min não são
eficientes em eliminar a bactéria Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis e acarretam
queda da resistência de sementes de tomate, tornando-as vulneráveis à manifestação dos sintomas
de cancro bacteriano na plântula.
e) O período de 90 dias de armazenamento em condições controladas (20°C e umidade
relativa do ar de 50%) pode reduzir o potencial fisiológico de sementes de tomate tratadas com
água quente, mas há necessidade de estudos adicionais com períodos maiores de armazenamento
para obtenção de resultados mais consistentes.
f) A termoterapia com água quente deixa as sementes de tomate vulneráveis à
contaminação por fungos saprófitos, havendo necessidade de estudos adicionais para
determinação de opções de tratamentos complementares que ofereçam efeito residual para evitar
futuras contaminações, no armazenamento ou no substrato.
83
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