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ALIMENTOS CONVENCIONAIS VERSUS
NATURAIS PARA CÃES ADULTOS
JANINE FRANÇA
2009
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JANINE FRANÇA
ALIMENTOS CONVENCIONAIS VERSUS NATURAIS PARA CÃES
ADULTOS
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia, área de
concentração em Nutrição de Monogástricos,
para a obtenção do título de “Doutor”.
Orientadora
Profa. Dra. Flávia Maria de Oliveira Borges Saad
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2009
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França, Janine.
Alimentos convencionais versus naturais para cães adultos /
Janine França. – Lavras : UFLA, 2009.
93 p. : il.
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Lavras, 2009.
Orientador: Flávia Maria de Oliveira Borges Saad.
Bibliografia.
1. Digestibilidade. 2. Caninos. 3. Ração seca. 4. Ração úmida. 5.
Mix carne bovina. 6. Mix de frango. I. Universidade Federal de
Lavras. II. Título.
CDD – 636.708557
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
JANINE FRANÇA
ALIMENTOS CONVENCIONAIS VERSUS NATURAIS PARA CÃES
ADULTOS
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia, área de
concentração em Nutrição de Monogástricos,
para a obtenção do título de “Doutor”.
APROVADA em 23 de outubro de 2009
Prof.Dr. Márcio Gilberto Zangeronimo DMV- UFLA
Profa. Dra. Priscila Vieira e Rosa DZO- UFLA
Profa. Dra. Paula Adriane Perez Ribeiro DZO - UNIFENAS
Dra. Taciana Villela Savian DEX – UFLA
Profa.Dra. Flávia Maria de Oliveira Borges Saad
UFLA
(Orientadora)
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
OFEREÇO
Aos meus pais, João França e Jandira de Almeida França, pela
confiança, carinho e preocupação.
As minhas irmãs, Carmem e Vera, pela compreensão, apoio e força nas
horas mais difíceis dessa caminhada.
A todos os meus pequenos anjos sobrinhos, pelas horas de descontração
em casa.
Aos meus irmãos Janaína, Jacqueline, Jefferson, Lilian e Patrícia em
especial e a todos os meus outros familiares pelo incentivo, carinho e amor;
apesar de distantes, sempre se fizeram presentes.
DEDICO
A todos que, de alguma forma, me deram apoio e me ajudaram a crescer,
a lutar e a chegar a mais uma conquista, entre as várias que a vida nos
impõe.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela proteção e a vida e por todas as suas bênçãos.
À professora Flávia Maria de Oliveira Borges Saad, pela orientação,
credibilidade, grande amizade, liberdade e confiança durante o doutorado.
À Universidade Federal de Lavras, pela oportunidade de realização do
doutorado.
A todos os professores do Departamento de Zootecnia e de Medicina
Veterinária, pela formação acadêmica e apoio.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) e ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudos.
À empresa Pet Organic, pelo financiamento deste projeto.
Aos amigos, pelo grande auxílio e dedicação durante a condução do
experimento e pela valiosa amizade, que contribuíram para a realização deste
trabalho. Especialmente aos amigos para os quais qualquer hora é hora, seja no
trabalho ou na descontração. E aos amigos distantes, porém, amigos.
A Isabel, pela paciência e incentivo nas longas e corridas noites de
elaboração desta tese.
Aos funcionários das secretarias de pós-graduação e de graduação do
Departamento de Zootecnia, pela paciência e amizade, e aos funcionários
responsáveis pela limpeza (aqueles presentes e aos que por algum motivo não
estão mais), pela amizade, preocupação e descontração nas horas vagas.
Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal do DZO/UFLA,
pelo companheirismo e colaboração nas análises químicas.
Aos colegas do NENAC e do CENAC, pela busca de conhecimento e de
crescimento pessoal e profissional.
BIOGRAFIA
Janine França, filha de João França e Jandira de Almeida França, nasceu
em Monte Carmelo, MG.
Em setembro de 1999, ingressou na Universidade Federal de Lavras,
onde, em julho de 2004, obteve o título de Zootecnista.
Em março de 2005, ingressou no Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia, na Universidade Federal de Lavras, tendo concentrado seus estudos
na área de Nutrição de Monogástricos.
Em dezembro de 2006, submeteu-se à defesa de dissertação para a
obtenção do título de “Mestre”.
Em março de 2007 foi aprovada no programa de Pós-Graduação em
Zootecnia, na Universidade Federal de Lavras, tendo concentrado seus estudos
na área de Nutrição de Monogástricos.
Em outubro de 2009, submeteu-se à defesa de tese para a obtenção do
título de “Doutor”.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS..........................................................................................i
LISTA DE FIGURAS.........................................................................................iii
RESUMO......................................................................................................iv
ABSTRACT.........................................................................................................v
1 INTRODUÇÃO................................................................................................1
2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................2
2.1 Alimentos comerciais destinados a espécie canina........................................4
2.1.1 Alimentos comerciais convencionais para cães..........................................4
2..1.1.1 Alimentos secos expandidos...................................................................6
2.1.1.2 Alimentos enlatados (úmidos) .................................................................8
2.1.2 Alimentos naturais para animais de estimação...........................................9
2.2 Valor nutricional e segurança alimentar em pet food ..................................11
2.2.1 Fontes de proteínas em pet food ...............................................................13
2.2.2 Fontes de carboidratos em pet food ..........................................................16
2.2.3 Fontes de lipídeos em pet food .................................................................18
2.2.4 Segurança alimentar em pet food..............................................................20
2.3 Processamento de alimentos convencionais para cães.................................26
2.4 Digestibilidade aparente e qualidade fecal de cães adultos..................... ...30
2.5 Efeitos dos alimentos sobre parâmetros sanguíneos e microbiológicos de
cães adultos........................................................................................................32
2.5.1 Efeito dos alimentos sobre níveis de ureia e creatinina plasmática de
cães ...................................................................................................................33
2.5.2 Efeito dos alimentos sobre as frações lipídicas de cães ...........................36
2.5.3 Efeito dos alimentos sobre o pH urinário de cães ....................................41
2.5.4 Efeito dos alimentos sobre aspectos microbiológicos de cães adultos .....43
3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................49
3.1 Local e instalações.......................................................................................49
3.2 Animais e tratamentos experimentais..........................................................49
3.3 Período pré- experimental e período experimental......................................53
3.3.1 Medição do pH urinário inicial (antes dos tratamentos experimentais)....54
3.3.2 Coleta de amostras para digestibilidade e ph urinário final .....................54
3.3.3 Coleta de amostras sanguíneas e análise...................................................56
3.3.4 Coleta de amostras para Salmonella e análise ..........................................56
3.3.5 Coleta de amostras para nitrogênio amoniacal e análise ..........................56
3.3.6 Escore fecal...............................................................................................57
3.4 Análises bromotológicas..............................................................................57
3.5 Parâmetros avaliados ...................................................................................58
3.6 Delineamento experimental e análises estatísticas ......................................59
3.6.1 Modelos estatísticos .................................................................................60
3.7 Metodologia de cálculos..............................................................................62
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................64
4.1 Coeficientes de digestibilidade aparente das dietas experimetais................64
4.2 Energia digestível e energia metabolizável..................................................66
4.3 Escore fecal..................................................................................................67
4.4 Nitrogênio amoniacal ..................................................................................68
4.5 pH urinário...................................................................................................70
4.6 Parâmetros sanguíneos.................................................................................71
4.7Contaminantes biológicos das dietas experimentais, alimentos dos
comedouros e fezes ...........................................................................................73
5 CONCLUSÕES..............................................................................................76
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................77
7 ANEXOS............ ............................................................................................90
i
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Nutrientes contidos em alimentos secos, smi-úmidos e enlatados
para cães......................................................................................04
TABELA 2 Características nutricionais e de comercialização de alimentos
industrializados segundo a classificação comercial....................06
TABELA 3 Fontes de proteína animal e vegetal para animais de companhia...13
TABELA 4 Porcentagem de nutrientes em produtos de origem animal............15
TABELA 5 Temperatura mínima requerida para eliminar microrganismos.. ..13
TABELA 6 Limites para contaminantes biológicos em alimentos comerciais
para cães e gatos..........................................................................25
TABELA 7 Composição das lipoproteínas de cães e gatos..............................37
TABELA 8 Tratamentos experimentais. ..........................................................50
TABELA 9 Níveis de garantia e composição das dietas experimentais com
base na matéria natural................................................................51
TABELA 10 Níveis de garantia das seis dietas experimentais na matéria seca
analisada......................................................................................52
TABELA11 Escore fecal de acordo com a consistência e aspectos das
amostras recolhidas durante o período de determinação dos
coeficientes de digestibilidade das dietas experimentais............57
TABELA12 Valores médios e seus respectivos desvio-padrão dos
coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca
(CDAMS), proteína bruta (CDAPB), extrato etéreo (CDAEE),
da energia bruta (CDAEB), em porcentagem na matéria seca
segundo os tratamentos estudados..............................................64
TABELA 13 Valores médios e seus respectivos desvio-padrão obtido para
energia digestível aparente (EDA) e energia metabolizável
aparente (EMA) na matéria seca em kcal/kg segundo os
tratamentos estudados.................................................................66
TABELA 14 Escore fecal médio de acordo com a consistência e aspecto das
amostras de fezes recolhidas durante o periodo do teste de
digestibilidade dos alimentos testados para cães adultos............67
TABELA 15 Valores médios e respectivos desvios padrões para o nitrogênio
amoniacal das fezes em g/100g, dos animais submetidos as
dietas experimentais em estudo...................................................69
TABELA 16 Valores médios do pH urinário final em função dos tratamentos
estudados.....................................................................................70
TABELA 17 Valores médios mensurados para as concentrações plasmáticas
de ureia, creatinina (CRE), triglicerídeos (TGA), colesterol
(COL), lipoproteína de densidade muita baixa (VLDL),
ii
lipoproteína de alta densidade (HDL) e lipoproteína de baixa
densidade em mg/dL dos cães segundo os tratamentos
estudados.....................................................................................71
TABELA 18Análise das seis dietas experimentais para Salmonella (presença
ou ausência em 25 g), Clostrídio sulfito redutor (NMP/g) e
Coliforme fecais (UFC/g)...........................................................73
TABELA 19 Proporção para a presença ou ausência de Salmonella em 25
gramas nas amostras de fezes e dos alimentos dos comedouros
de todos os animais segundo os tratamentos estudados..............74
iii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Fontes de Salmonella para cães e gatos e fatores predisponentes
que podem favorecer a salmonelose clínica em animais
portadores assintomáticos...........................................................46
iv
RESUMO
FRANÇA, Janine. Alimentos convencionais versus naturais para cães
adultos. 2009. 93 p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal de
Lavras, Lavras, MG.
*
Com o objetivo de avaliar a digestibilidade e os efeitos de alimentos
comerciais convencionais e naturais para cães adultos, foi realizado um
experimento no Centro de Estudos em Animais de Companhia (CENAC), no
Departamento de zootecnia da Universidade Federal de Lavras. Foram utilizados
24 cães adultos, com peso médio de 13,09±(1,81) kg, em dois períodos,
distribuídos em DBC, com seis tratamentos e oito repetições. Os tratamentos
foram constituídos de T1: ração comercial seca; T2: ração comercial úmida; T3:
mix de carne bovina cru; T4: mix de frango cru; T5: mix carne bovina cru +
aquecimento térmico; T6: mix frango cru + aquecimento térmico. Foram
avaliados os coeficientes de digestibilidade aparente (%) da matéria seca
(CDAMS), da proteína bruta (CDAPB), do extrato etéreo (CDAEE), da energia
bruta (CDAEB), da energia digestível (ED) e da energia metabolizável (EM) em
kcal/kg, escore fecal, pH urinário e teor de nitrogênio amoniacal das fezes. Para
as concentrações plasmáticas de ureia, creatinina, triglicerídeos, colesterol,
VLDL, HDL e LDL em mg/dL, nitrogênio amoniacal das fezes (%), foram
utilizadas quatro repetições/tratamento, assim como para Salmonella sp., nas seis
dietas, amostras de alimentos dos comedouros e de fezes de todos os animais.
Os CDAMS foram maiores para T2, T4, T5 e T6, com valores de 87,33%,
85,76%, 86,17% e 87,07%, respectivamente (P<0,05). Para o CDAPB, os
alimentos naturais T3, T4, T5 e T6 apresentaram os maiores valores de 90,39%,
92,98%, 93,79%, 93,90% e 93,83%, respectivamente. Para o CDAEE, os
maiores valores encontrados foram de 95,12%, 96,00% e 96,16% e do CDAEB
de 93,53%, 93,13% e 93,72%, respectivamente para T4, T5 e T6 (P<0.05). O T1
apresentou os maiores valores de triglicerídeos e VLDL (P<0.05). Nenhum dos
alimentos testados atendeu a todos os limites satisfatórios para os contaminantes
biológicos. Para Salmonella sp., somente T1 não apresentou contaminação, tanto
para a dieta como para as amostras dos comedouros e, para as fezes, todos os
animais apresentaram positividade. Os animais dos T1, T3 e T5 apresentaram
escore fecal médio de 3 (P<0,05). O T2 apresentou o menor pH urinário, e maior
valor para o teor de nitrogênio amoniacal nas fezes (P<0,05). Os alimentos
naturais são fontes de alto valor nutricional para cães adultos, porém, medidas de
segurança alimentar devem ser tomadas para a ocorrência de Salmonella sp .
______________________
*
Comitê de orientação: Flávia Maria de Oliveira Borges Saad (orientadora); Antônio Gilberto
Bertechini; Priscila Rosa Vieira e Rosa.
v
ABSTRACT
FRANÇA, Janine.
Natural versus conventional foods for adult dogs. 2009.
93 p.
Thesis (Doctorated in Animal Science) – Federal University of Lavras,
Lavras, Minas Gerais, Brazil.
*
The aim of this research was to the digestibility and the effects of
commercial foods and conventional natural for adult dogs this work was
conduced in the CENAC (Center for Companion Animals), DZO UFLA. Using
24 adult dogs, with weight average 13.09 ± (1.81) kg in 2 periods. The animals
were distributed in DBC with 6 treatments and 8 replications. The treatments
were: T1: a commercial dry, T2: commercial diet canned, T3: mix of raw beef,
T4: mix of raw chicken, T5: C + food thermal heating T6: D + food thermal
heating. We evaluated the apparent digestibility coefficients (%) of dry matter
(CDAMS), crude protein (CADCP), ether extract (CADEE), gross energy
(CADGE), digestible energy (DE) and metabolizable energy (ME) kcal/kg, fecal
score, urinary pH and ammonia nitrogen content of feces. For plasma
concentrations of urea, creatinine, triglycerides, cholesterol, VLDL, HDL and
LDL in mg/dL, ammonia nitrogen in feces (%) using 4 replicates/treatment and
for Salmonella in 6 diets, food samples of feeders and feces of all animals. The
CADMS were higher for T2, T4, T5 and T6 with values of 87.33, 85.76, 86.17
and 87.07 respectively (P <0.05). To CADCP natural foods (T3, T4, T5 and T6)
had the highest values of 90.39, 92.98, 93.79, 93.90 and 93.83% respectively in
the CADEE the highest values were found of 95.12, 96.00, 96.16% and 93.53 of
CADGE, 93.13 and 93.72% respectively for T4, T5 and T6 (P <0.05). As for the
blood parameters T1 presented the highest values of triglycerides and VLDL (P
<0.05). None of the foods tested met all satisfactory limits for biological
contaminants. For Salmonella sp. only the T1 did not show contamination for
both the diet and for the samples of the feed and feces all animals were positive.
Animals of T1, T3 and T5 showed average fecal score 3 (P <0.05). The T2 had
the lowest urinary pH with the final value of 5.80, and the highest for the content
of ammonia nitrogen in feces (P <0.05). Natural foods are sources of high
nutritional value for adults, but food safety measures should be taken to the
occurrence of Salmonella sp.
______________________
*
Guidance Committee: Flávia Maria de Oliveira Borges Saad (Adviser); Antônio
Gilberto Bertechini; Priscila Vieira e Rosa.
1
1 INTRODUÇÃO
Segundo o NRC (2006), a disponibilidade de formas de alimentos
encontradas atualmente é variada e novos produtos estão aparecendo quase
diariamente, tornando as escolhas por produtos quase ilimitadas.
Há um número de fatores diferentes que motivam consumidores para
escolher determinados alimentos para seus animais de estimação. Alguns são
conduzidos por custo, nutrição, desempenho e, ainda, outros pela preferência do
seu animal de estimação. Hoje, existem disponíveis alimentos para estágios de
vida diferentes (manutenção, gestação/lactação, crescimento ou filhote de
cachorro, gatinho, adulto, sênior), pontos de preço (valor, prêmio, superprêmio),
formatos (kibbles, úmido-macio, úmido, cru) e estilos de empacotamento (saco
de papel ou saco de plástico, bandeja, etc).
Os proprietários de animais de estimação estão decidindo sobre os
alimentos de acordo com suas próprias bases de ingredientes (isto é, natural,
livre de trigo, hipoalergênica), raça e tamanho do animal de estimação (raça toy,
raça grande, dálmata, persas), fatores de incômodo (por exemplo, bola de pelo),
e predisposição do seu animal de estimação à doença (saúde comum, sênior,
urólitos de estruvita, perda de peso e doença renal).
Os alimentos de animal de estimação igualmente estão se tornando mais
“humanizados” (isto é, o gourmet, frutas e verduras) e estão seguindo tendências
humanas de alimentos (cru, orgânico, holístico, baixo carboidrato, etc.). Por um
lado, é ilimitado em número de tipos e segmentos de mercado; por outro, há
alguns princípios gerais pelos quais todos os alimentos são avaliados. Esses
princípios são palatabilidade, digestibilidade e consistência de fezes, e a
influência da dieta na aparência geral do animal de estimação (isto é, pele e
revestimento) e no comportamento, isto é, vigor (Meeker, 2006).
2
Os alimentos comerciais convencionais apresentam diversificação
quanto às suas formulações e processamento, com diferentes ingredientes e estes
podem variar em sua composição e, consequentemente, afetar o aproveitamento
destes pelos animais, bem como provocar respostas fisiológicas e metabólicas
diferentes no organismo animal.
Por outro lado, os alimentos naturais podem ser constituídos por
ingredientes destinados à alimentação humana, buscando uma aproximação da
composição dos alimentos que os animais (cães e gatos) obtinham da natureza,
com maior contribuição dos nutrientes, como proteína e lipídeos, a esses
animais.
Os efeitos que estes ambos os alimentos convencionais e naturais podem
causar em animais de estimação são diversos, desde parâmetros que afetam
fatores relacionados ao surgimento de doenças por afetarem o metabolismo de
proteínas, carboidratos e/ou lipídeos até fatores ligados à qualidade fecal e, mais
além, na questão da segurança alimentar.
A segurança alimentar também deve ser considerada como um princípio
importante de avaliação de alimentos dentro das várias opções de produtos
apresentadas pelas indústrias pet food aos proprietários, que buscam sempre um
produto final com alta qualidade e seguro para seus animais de estimação, como
cães e gatos.
Na literatura, existem poucos dados a respeito dos efeitos de alimentos
convencionais e naturais para animais de estimação, como os cães, sejam eles
fisiológicos, metabólicos e/ou de segurança alimentar.
Sendo assim, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar
alimentos comerciais convencionais (ração seca extrusada e ração úmida
enlatada) e alimentos naturais para cães adultos, utilizando-se parâmetros como
digestibilidade de nutrientes e energia, escore fecal, nitrogênio amoniacal,
parâmetros sanguíneos e pH urinário, assim como a presença de contaminantes
3
biológicos nas dietas, e de Salmonella sp. nas amostras de alimentos dos
comedouros e nas fezes dos animais submetidos ao experimento.
4
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Alimentos comerciais destinados à espécie canina
Os cães têm hábito alimentar onívoro se comparados aos gatos, o que
permite maior abrangência na seleção de ingredientes para a formulação, bem
como capacidade de adaptação às rações comerciais, que diferem muito em sua
composição, ingredientes, textura e forma (NRC, 2006).
Além disso, para determinar a qualidade de alimentos comerciais para
cães, além de parâmetros químicos e físicos, existem algumas classificações
propostas, no sentido de agrupar esses alimentos em classes, de modo a facilitar
o entendimento por parte do nutricionista e, até mesmo, do proprietário, segundo
o teor de umidade (úmido, semiúmido e seco), as indicações no rótulo
(alimentos completos, alimentos especiais e alimentos complementares) e
segundo a indústria (standard, premium e superpremium) (Saad et al., 2005).
2.1.1 Alimentos comerciais convencionais para cães
Segundo David & Dzanis (2003), alimentos para animais estão
aparentemente disponíveis em todos os aspectos e formas imagináveis e
classificar todos em categorias, sem exceções, não é uma tarefa simples. Talvez,
o método mais fácil seja o sistema utilizado pela American Feed Control
Officials (AAFCO), o Model Pet Food Regulations, que define três categorias
principais de alimentos para animais de estimação com base no conteúdo de
umidade: menor que 20%; maior que 20%, mas menor que 65% e maior que
65% de umidade (AAFCO, 2003). Embora nomes específicos não sejam dados a
essas categorias nos regulamentos, estes são, geralmente, entendidos como
correspondendo a, aproximadamente, seco, semiúmido e alimentos enlatados.
Entretanto, segundo o NRC (2006), os alimentos para animais de
companhia, geralmente, são classificados em duas categorias: secas ou
5
enlatadas. Por sua vez, alimentos secos podem também ser subdivididos em:
seco-expandidos, semiúmidos ou macio-expandidos, dependendo da umidade
contida nas diferentes formas finais do produto. Um resumo dos principais
nutrientes encontrados em alimentos secos, semiúmidos e enlatados para cães é
encontrado na Tabela 1.
TABELA 1 Nutrientes contidos em alimentos secos, semiúmidos e enlatados
para cães, com base na matéria natural (MN) e matéria seca (MS).
Categoria do alimento Base MN Base MS
Seco
Umidade (%) 6-10 0
Gordura (%) 7-20 8-22
Proteína (%) 16-30 18-32
Carboidrato (%) 41-70 46-74
EM (kcal/kg) 2800-4050 3000-4500
Semiúmido
Umidade (%) 15-30 0
Gordura (%) 7-10 8-14
Proteína (%) 17-20 20-28
Carboidrato (%) 40-60 58-72
EM (kcal/kg) 2550-2880 3000-4000
Enlatado (úmido)
Umidade (%) 75 0
Gordura (%) 5-8 20-32
Proteína (%) 7-13 28-50
Carboidrato (%) 4-13 18-57
EM (kcal/kg) 875-1250 3500-5000
Fonte: NRC (2006).
6
2.1.1.1 Alimentos secos expandidos
Alimentos secos expandidos tipicamente contêm umidade final entre
10% a 12% e são formulados com grãos de cereais, produtos derivados dos
grãos de cereais, produtos derivados do grão de soja, subprodutos animais,
produtos derivados de fontes animais (incluindo derivados do leite), gorduras e
óleos, vitaminas e micro e macrominerais. Alimentos secos para cães podem ser
introduzidos no mercado como alimentos peletizados, granulados, extrusados ou
cozidos (Rokey & Huber, 1994).
A vasta maioria dos alimentos secos disponíveis no mercado é
processada pela extrusão. O processo de extrusão resulta em moderado a alto
nível de gelatinização do amido dietético (Mercier & Feillit, 1975). Pela
gelatinização de parte ou da maioria do amido, o local de hidrolise (digestão)
ocorre na parte superior do intestino, resultando em uma melhor utilização pelo
animal e reduzindo a digestão posterior.
Comercialmente, os alimentos secos para cães e gatos podem ser
classificados como econômicos, standard, premium e superpremium (Tabela 2).
Os alimentos secos de qualidade podem ter digestibilidade de 89%, 95% e 88%,
para proteína, gordura bruta e carboidratos, respectivamente (Case et al. 1998).
7
TABELA 2 Características nutricionais e de comercialização de alimentos
industrializados, segundo sua classificação comercial.
Fonte: Carciofi (2007).
Classificação comercial Características nutricionais e de comercialização
Alimentos econômicos Apresentam formulação variável e utilizam ingredientes
de baixo custo, em geral de baixa digestibilidade e
palatabilidade. Suas concentrações nutricionais
aproximam-se dos limites mínimos ou máximos
permitidos, visando minimizar os custos. As fontes
proteicas são mesclas de origem animal e vegetal;
empregam-se farelos vegetais como fontes de
carboidrato; os teores de extrato etéreo são reduzidos e
os de fibra bruta e matéria mineral são elevados.
Alimentos padrão ou
standard
Recebem relativos recursos financeiros para publicidade
e venda. Sua formulação é variável, pois os ingredientes
empregados são dependentes do preço e da
disponibilidade do mercado. Praticam-se concentrações
nutricionais melhores, com mais proteínas e extrato
etéreo, menos fibra, mas permanecendo, em geral,
elevada a matéria mineral. A digestibilidade e a
palatabilidade são melhores do que a dos produtos
econômicos.
Alimentos premium Neste segmento, os investimentos de marketing passam
por campanhas educativas para os proprietários. Têm
foco na digestibilidade e na palatabilidade dos produtos,
já incluindo apelos de venda com base em ingredientes
diferenciados e nutracêuticos. Muitas vezes, sua
formulação é fixa, sem eventuais substitutos. O produto
visa ao melhor atendimento das necessidades
nutricionais e, algumas vezes, já controlam excessos e
desbalanços com maior digestibilidade e energia
metabolizável.
Alimentos
superpremium
Produtos de alta qualidade, com formulação fixa e
ingredientes de elevado valor nutricional. Esses
produtos incluem ingredientes especiais, com benefícios
diferenciados para os animais. Seu processamento é
otimizado com moagem mais fina e adequado
cozimento. As concentrações nutricionais empregadas
visam à otimização da saúde, com estrito controle de
desbalanços e interações. Pressupõe-se que tenham sido
testados em animais, com protocolos cientificamente
reconhecidos.
8
2.1.1.2 Alimentos enlatados (úmidos)
Segundo NRC (2006), o mercado para alimentos enlatados para cães
parece ser reduzido e dividido em níveis, enquanto os alimentos enlatados para
gatos abrangem uma considerável parte do mercado, com aumentos anuais de
consumo. Muitos dos mesmos ingredientes utilizados em alimentos enlatados
também são utilizados em alimentos secos expandidos e semiúmidos, contudo,
não nos mesmos níveis. Devido ao fato de os alimentos enlatados apresentarem
altos teores de umidade (usualmente, de 74% a 78%), eles, geralmente, contêm
níveis mais altos de carnes frescas ou congeladas, produtos de aves ou peixes, de
modo geral produtos de origem animal. Uma fórmula baseada em carne pode
conter de 25% a 75% de carne e ou produtos derivados de carne. Além disso,
muitos alimentos enlatados contêm níveis significantes de proteína texturizada
(glúten de soja ou trigo), a qual é essencialmente análoga à da carne e com uma
estrutura que imita a sua aparência. Esses produtos são nutricionalmente
completos, mas as fórmulas all-meat são fortificadas, devido à redução do custo
e, mais importante, para melhorar os perfis de nutrientes com combinações de
proteínas texturizadas de carne.
Altas densidades de energia em alimentos enlatados prescrevem altas
concentrações de aminoácidos (proteína), vitaminas e minerais. Contudo,
embora esses alimentos sejam designados para serem fornecidos sozinhos, como
uma dieta completa e balanceada, eles são comumente usados como
suplementos, para aumentar a aceitabilidade de alimentos secos. Neste caso, a
adição de alimentos enlatados, leite, ovos, carne ou caldo de carne a alimentos
secos aumenta a aceitabilidade da dieta, entretanto, nem sempre aumenta o valor
nutricional de um alimento seco balanceado (NRC, 2006).
9
2.1.2 Alimentos naturais para animais de estimação
O número de pessoas que compram produtos orgânicos, naturais ou
holísticos regularmente está, de acordo com os últimos relatórios, aumentando
substancialmente. Segundo os consumidores, benefícios ambientais e de saúde
são os principais fatores para a aquisição desses tipos de produtos. A procura por
exclusividade no setor pet food, combinada com uma tendência permanente de
humanização na indústria pet, provoca um aumento da procura por alimentos
diferenciados para animais de estimação. Embora alimentos pet orgânico,
natural e holístico sejam temas recorrentes sobre as tendências na indústria
alimentar animal, as possibilidades reais estão sendo avaliadas e debatidas. O
número de fabricantes de alimentos para animais de estimação que estão
iniciando nesse mercado e o perfil dos proprietários que se associam a esses
tipos de produtos, em um nível estratégico, estão aumentando rapidamente
(Groot & Schreuder, 2009).
Além disso, a compreensão da preferência do consumidor por alimentos
livres de ingredientes artificiais, destinados aos seus animais, levou alguns
fabricantes para o mercado de produtos naturais. Dentre os tipos de dietas
alternativas encontram-se as chamadas dietas naturais e as orgânicas, entre
outras.
Dietas não convencionais são definidas amplamente para incluir
alternativas que não são compreendidas como alimentos comerciais típicos para
animais de estimação, como “dietas naturais”, dietas com alimentos crus e dietas
vegetarianas, etc. (Michel, 2006).
A designação “natural”, por exemplo, abrange os alimentos sem
produtos químicos e sem conservantes artificiais. Segundo a The European Pet
Food Industry Federation, FEDIAF, uma definição mais estrita seria:
componentes dos alimentos para animais de estimação sem eventuais aditivos e
que apenas tenham sido submetidos a um processamento para torná-los aptos
10
para produção pet food e a manutenção do conteúdo de todos os nutrientes
essenciais. Como exemplos de processamento podem ser citados: congelamento,
concentração e pasteurização (Groot & Schreuder, 2009).
Porém, uma dieta natural, proposta por Billinghurst (1993), é
comumente referida como dieta BARF, acróstico de “bone and raw food”, ou
“biological aproprieted raw food” (ossos e alimentos crus), composta por
alimentos de origem animal crus, juntamente com vegetais.
Segundo Freeman & Michel (2001), as dietas ou os alimentos crus
podem ser separados em três categorias básicas: (1) as dietas com alimentos crus
completas (balanceadas), vendidas tipicamente congeladas; reivindicam serem
completas e equilibradas, sujeitas ao regulamento pela American Association of
Feed Control Officials (AAFCO); (2) as dietas completas caseiras com alimento
crus, que exigem o preparo da receita pelo proprietário (disponíveis em livros e
artigos, bem como na internet); os ingredientes dessas dietas caseiras podem ser
completamente variados, dependendo da pessoa que formulou a receita; muitas
delas são balanceadas globalmente; entretanto, cada refeição individual pode não
ser balanceada e (3) as dietas de combinação que consistem no grão disponível
no comércio e suplementam as misturas oferecidas em combinação com a carne
crua fornecida pelo proprietário. Estas dietas não são sujeitas à regulamentação.
Entretanto, segundo Aldrich (2003), as diretrizes da agência
governamental dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA),
responsável por especificar ingredientes permitidos e processos de fabricação de
pet food, não fornecem orientação específica sobre a fabricação e a rotulagem de
alimentos que contenham carne crua ou outros tecidos crus de origem animal,
destinados ao consumo por cães, gatos e outros animais de estimação e, em
cativeiro, animais carnívoros (não domésticos) e onívoros. A FDA não acredita
que os alimentos à base de carne crua sejam consistentes, com o objetivo de
proteger o público dos riscos significativos a saúde, especialmente quando esses
11
produtos são levados para casa e/ou utilizados para alimentar animais
domésticos. De acordo com o FDA, para que as empresas optem por fabricar e
comercializar produtos de carne crua e tecidos crus de origem animal, é
necessária uma orientação mais específica sobre como esses produtos poderiam
ser fabricados e comercializados, para proteger os donos de animais de
estimação dos riscos que envolvem a segurança alimentar e a deficiência
nutricional.
2.2 Valor nutricional e segurança alimentar em pet food
Segundo Borges & Saad (2004), na formulação de dietas para cães e
gatos, sejam elas caseiras ou comerciais, alguns pontos chave devem ser
respeitados para que o produto final seja de qualidade: formulação adequada às
necessidades nutricionais em cada fase fisiológica do animal (composição
percentual); equilíbrio quantitativo entre nutrientes; relação correta entre
lipídeos, proteínas, carboidratos, minerais e vitaminas; a origem dos
ingredientes; a utilização de alimentos funcionais que incrementam o valor
dietético; a palatabilidade e o processo adequado de preparação.
Portanto, um alimento balanceado deve conter ingredientes de alta
digestibilidade, resultando em maior aporte de nutrientes para atender à
demanda nutricional dos tecidos do animal. Dessa maneira, a digestibilidade
constitui um parâmetro importante na avaliação de rações para cães (Malafaia,
2002).
Mundialmente, o número de marcas de dietas comerciais prontas para o
consumo é crescente, com formulações cada vez mais sofisticadas e específicas
(Steiff & Bauer, 2001). Segundo Carciofi (2008), estabeleceu-se, com isso,
elevada competitividade, o que tem levado à segmentação de produtos que
apresentam padrões comerciais e nutricionais distintos. As empresas, de um
lado, têm desenvolvido produtos específicos, no intuito de chamar a atenção do
12
consumidor para um alimento diferenciado e de elevado valor nutricional, com
consequente custo elevado. Esses produtos apresentam formulação mais
sofisticada, com o emprego de ingredientes selecionados e melhor
processamento. Por outro lado, também são produzidos alimentos econômicos,
de baixo valor agregado e que competem no mercado apenas por preço, sendo
formuladas com ingredientes mais baratos. Dessa forma, o mercado pet absorve,
hoje, ampla gama de ingredientes e subprodutos empregados na produção de
alimentos variados, com densidades nutricionais e digestibilidades distintas.
Segundo alguns estudos, os ingredientes utilizados para elaborar
alimentos para animais variam em sua capacidade de fornecer nutrientes para o
animal. O conteúdo digestível de nutrientes na ração final é importante para
assegurar que um animal pode absorver nutrientes suficientes da dieta para
responder às suas necessidades. Dessa forma, uma estimativa da digestibilidade
dos nutrientes precisa ser obtida (Hendriksan & Sritharan, 2002).
Os alimentos comerciais para cães, com composição química
semelhante, podem apresentar variações na digestibilidade, como consequência
da qualidade ou das diferenças entre as formas de processamento de seus
ingredientes (Huber et al., 1986 e Stroucken et al., 1996 citado por Cavalari et
al., 2006).
Os alimentos comerciais poderão apresentar os mesmos valores dos
nutrientes expressos nos rótulos e possuir variáveis coeficientes de
digestibilidade, mas, aqueles que apresentarem maior digestibilidade, terão
maior qualidade (Huber et al., 1986) e, consequentemente, fornecerão maiores
benefícios aos animais de estimação. Da mesma forma, a digestibilidade afeta
também o volume e forma das fezes. À medida que aumenta a capacidade de
digestão da dieta, o volume fecal diminui de forma considerável. Um alimento
altamente digerível produz fezes sólidas e bem formadas (Case et al. 1998).
13
Segundo Thompson (2008), os três principais componentes nutricionais
de alimentos para animais são proteínas, carboidratos e lipídeos.
Além do valor nutricional, a qualidade, ou a segurança alimentar do
produto final, é de suma importância, visto que, durante a produção, todos os
riscos de contaminação com os produtos e matérias-primas devem ser evitados.
Esses requisitos são cobertos por um sistema Análise de Perigos e Ponto Críticos
de Controle (APPCC)/Boas Práticas de Fabricação (BPF) (Associação Nacional
dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação - Anfal-Pet, 2008), em
combinação com uma versão integral do sistema de rastreabilidade (Groot &
Schreuder, 2009).
Igualmente ao fornecimento de alimentos convencionais aos animais de
estimação, a utilização de alimentos naturais crus para cães e gatos não isenta o
proprietário de riscos quanto à segurança alimentar. Os riscos de contaminação
biológica, com destaque para salmonelose, toxoplasmose e verminoses diversas,
são os pontos fracos das dietas naturais cruas. As possibilidades para a redução e
o controle da contaminação biológica a que estão sujeitos os alimentos naturais
crus passam por medidas envolvendo processamentos, como pasteurização,
cocção, radiação e desidratação (Saad & José, 2008).
2.2.1 Fontes de proteínas em pet food
Segundo Seixas et al. (2003) e Anfal Pet (2008), as fontes proteicas para
cães e gatos podem ser classificadas em duas categorias: origem vegetal - que
incluem os grãos e os farelos provenientes de subprodutos de processos
industriais de grãos e vegetais, e as de origem animal, provenientes de tecidos
animais ou de subprodutos da indústria de carnes de frango, bovinos, suínos,
ovinos, peixes, ovos, leite, etc.
As fontes proteicas de origem animal são matérias-primas importantes
em dietas de cães e gatos. No entanto, deve-se considerar a variabilidade na sua
14
composição e sua qualidade nutricional, relacionadas com a origem das
matérias-primas, o conteúdo de cinzas e a temperatura utilizada no
processamento capaz de reduzir a digestibilidade do alimento (Anfal Pet, 2008)
(Tabela 3).
TABELA 3 Porcentagem de nutrientes em produtos de origem animal.
MATÉRIA SECA
Produtos de
origem animal
U
(%)
MS
(%)
EM
1
(kcal)
EM
1
(kcal/g)
PB
(%)
MM
(%)
EE
(%)
Carne bovina 75,0 25,0 130 5,00 70,0 3,5 22,0
Coração bovino 75,6 26,4 135 5,11 68,6 3,2 25,3
Pulmão bovino 79,0 21,0 100 4,76 79,1 3,8 16,7
Rins bovinos 77,7 22,3 113 5,07 75,3 5,4 17,9
Fígado bovino 73,6 26,4 130 4,92 75,8 4,4 17,1
Frango (completo) 73,3 26,7 140 5,23 47,4 ---- 39,8
Ovos com casca 67,0 33,0 142 4,30 33,03 4,5 30,3
Ovos sem casca 74,8 25,2 147 5,83 48,8 0 43,3
Peixe (sardinha) 71-73 27-29 119-174 4,4-6,0 46-69 6,2-10 20-46
1
Valores de energia metabolizável (EM) para humanos, (---) Falta de dados confiáveis
U = umidade; EM = energia metabolizável; MS = matéria seca; PB = proteína bruta;
MM = matéria mineral; EE = extrato etéreo.
Fonte: Adaptado de Saad & Saad (2004).
Segundo Seixas et al. (2003), por meio do valor biológico das proteínas,
pode-se avaliar a qualidade desta na nutrição dos amimais de estimação. Este
valor corresponde à fração absorvida e não excretada pelo organismo, sendo
relacionado à digestibilidade da proteína utilizada na dieta. O valor biológico de
uma proteína está intimamente relacionado com o índice de aminoácidos
essenciais que essa fonte contém. É importante que os aminoácidos essenciais
estejam presentes na dieta em correta quantidade, pois a limitação de um deles
15
prejudicará a utilização dos demais, uma vez que ocorre uma correlação das
proporções e quantidades dos aminoácidos para a síntese das várias proteínas
que o organismo irá formar.
A deficiência de um aminoácido essencial força a desanimação dos
outros na proporção da limitação, impedindo a síntese completa das proteínas
necessárias. Por outro lado, essa desanimação causa um desequilíbrio energético
na dieta, uma vez que os radicais terciários formados neste processo serão
usados na síntese de energia. A radical amina é transformada em amônia e,
depois, em ureia, para posterior eliminação na urina pelos rins. Sendo assim, as
necessidades proteicas variam em função da faixa etária do cão e do gato, além
de estresse, crescimento, gestação, lactação e estado de saúde. Entretanto,
animais que se apresentarem na faixa de crescimento não necessitam de dietas
contendo valores proteicos acima dos exigidos fisiologicamente, ainda que
certos dados forneçam indícios de que esses níveis mais elevados possam
influenciar de modo favorável alguns mecanismos biológicos vitais.
Uma possível sobrecarga dos órgãos envolvidos no metabolismo
proteico deve ser considerada, especialmente dos rins e do fígado. Um maior
teor proteico em determinadas dietas é baseado no incremento da produção de
anticorpos, na maior resistência em caso de esforço físico, na rápida
reconstituição de reservas orgânicas, nos momentos de necessidade (lactação,
gestação, enfermidades), na menor ingestão de ração e na adequada formação de
músculos durante a fase de crescimento (Seixas et al., 2003) .
Segundo Bednar et al. (2000), Seixas et al. (2003) e Carciofi (2008), as
variações da composição química das fontes de proteína vegetal existem, mas
são relativamente menores, comparadas às fontes de origem animal. No entanto,
possuem fatores antinutricionais, como inibidores de enzimas, lectinas, tanino,
fitato, polissacarídeos não amiláceos, dentre outros que, quando presentes,
podem influenciar negativamente a disponibilidade de seus nutrientes. O
16
tratamento térmico e industrial a que são submetidos, no entanto, pode reduzir e
ou, mesmo, eliminar alguns desses fatores, melhorando significativamente a
qualidade dessas matérias-primas (Carciofi, 2008).
Segundo Aldrich (2009), carnes frescas seriam o material preferido nas
formulações de rações para animais de companhia, mas isso nem sempre é
praticado, por várias razões: 1) despesas associadas com congelamento e
refrigeração, 2) despesas envolvidas com o transporte de matérias-primas com
grandes quantidades de umidade, 3) o processo de extrusão não suporta mais de
25% de carne fresca em uma fórmula, 4) as carnes frescas reduzem a eficiência
de produção e 5) dietas à base de carne fresca podem ser mais difíceis de
estabilizar. Portanto, o uso de alimentos secos com proteína concentrada é,
muitas vezes, necessário.
Portanto, é necessário conhecer alguns aspectos do uso de ingredientes
proteicos alternativos e de origem animal e rever definições de subprodutos,
processamento, limitações de uso, as quais envolvem aspectos nutricionais e
sanitários e composição dos ingredientes (Bellaver, 2001).
2.2.2 Fontes de carboidratos (amido) em pet food
O amido dos cereais é a mais abundante fonte de energia para a maioria
dos animais domésticos. Para animais monogástricos, é desejável maximizar a
utilização do amido, por meio da uma alta digestibilidade no intestino delgado
do amido contido nos cereais (Nocek & Tamminga, 1991).
Alguns estudos realizados por diferentes pesquisadores a respeito da
utilização e do aproveitamento de amido em animais de companhia
demonstraram que, na maioria das rações extrusadas para cães e gatos, os
amidos constituem a maior fonte de energia. Podem representar de 40% a 55%
da matéria seca desses alimentos, fornecendo de 30% a 60% de sua energia
metabolizável. Suas características nutritivas dependem da composição dos seus
17
açúcares, de seus tipos de ligação química, de fatores físico-químicos de
digestão e de seu processamento (Carciofi, 2008).
A maioria dos alimentos disponíveis no mercado de alimentos secos para
cães e gatos é fabricada utilizando a tecnologia de cozimento por extrusão
(Dziezak, 1989).
Características benéficas de um tratamento térmico, como a
extrusão, incluem a realização de forma física desejada, a inativação dos fatores
antinutricionais, o aumento do prazo de validade, o aumento da digestibilidade
de nutrientes e a palatabilidade reforçada. Além disso, o processo de extrusão do
amido gelatinizado torna-o mais digerível para as enzimas digestivas (Murray et
al., 2001).
Existem duas frações distintas que compõem o amido: a amilopectina,
que consiste em cadeias de glicose com ligações α 1-4 e com ramificações
frequentes devido a ligações α 1-6, enquanto a amilose é caracterizada por
poucas ramificações (Buléon et al., 1998). Segundo Svihus et al. (2005). As
características estruturais do amido afetam a taxa de digestão, sendo a razão
amilose/amilopectina de extrema importância sobre a digestibilidade do amido.
A maior parte dos amidos contém entre 200 e 250 g de amilose/kg.
Embora alguns amidos cerosos contem muito pouco, outros, como amylomaize,
podem conter em torno de 650-700 gramas de amilose/kg (Parker e Ring, 2001).
Segundo alguns autores citados por Svihus et al. (2005), a proporção de amilose
no amido de cevada varia de 30 a 460 g/kg e, no milho, 0-700 g/kg. Em trigo,
uma variação de 30 a 310 g/kg tem sido relatada.
Essas informações são importantes. De acordo com Saad et al. (2005), a
amilopectina tem maior capacidade de gelatinização, responsável por maior
digestibilidade do amido e a amilose, um maior poder de retrogradação,
proporcionando uma menor digestibilidade do amido. De modo geral, o
conteúdo médio de amido nos cereais é de 70%, sendo de 70% a 80% de
amilopectina e os restantes, de 20% a 30% de amilose.
18
Segundo Anfal-Pet (2008), alguns ingredientes podem ser citados como
exemplos de fontes de carboidratos. São elas: fécula de mandioca, milho (grão
integral), amido de milho, farelo de gérmen de milho, sorgo, arroz (grão
integral), grão integral de cevada, entre outras. Ainda, segundo Thompson
(2008), fontes de carboidratos de fácil digestão em alimentos para animais
incluem os seguintes: várias farinhas de trigo, arroz, aveia, sorgo, batata etc.
2.2.3 Fontes de lipídeos em pet food
Os lipídeos desempenham pelo menos três funções em rações para
carnívoros (e em alguns herbívoros) e devem ser observadas antes mesmo do
início da formulação. Elas fornecem energia, ácidos graxos essenciais e flavor,
este último diretamente relacionado ao aroma e paladar do alimento. O consumo
alimentar é mais uma função regulada por ambos, energia e teor de gordura da
dieta, porém, é variável com a espécie. Em muitas espécies, incluindo cães, o
consumo de energia (níveis de energia da dieta) é o primeiro regulador do
consumo de alimento (Zoran, 2002).
Segundo Willard (2003), os lipídeos animais são mais palatáveis do que
as vegetais. Consequentemente, a melhor fonte de lipídeo é determinada pela
função requerida na formulação. Se a energia é o primeiro objetivo, um tipo de
lipídeo é escolhido; se o perfil ou razão de ácido graxo é requerido, outro tipo de
lipídeo adicional pode ser escolhido e, se a energia, o perfil de ácido graxo e a
palatabilidade são todos igualmente importantes, seguramente, então, haverá
necessidade de ser uma mistura de duas ou mais fontes de lipídeos.
Devido à sua alta densidade energética, quando comparada com a de
carboidratos e proteínas, os lipídeos dietéticos contribuem significativamente
para o fornecimento de energia para cães. Os lipídeos dietéticos são compostos,
principalmente, por triglicerídeos, representados por uma mistura de ácidos
saturados e insaturados de origem animal e vegetal respectivamente. Os
19
triglicerídeos de origem animal são conhecidos pela sua alta proporção de ácidos
graxos saturados em comparação com os de origem vegetal (Hussein, 2003).
Segundo a Anfal-Pet (2008), as fontes de óleo de origem vegetal
utilizados nas rações para cães e gatos são: óleo de abacate, óleo de alecrim, óleo
de arroz, óleo de linhaça (bruto ou cru), óleo de palma, óleo de girassol, óleo de
soja (bruto ou cru), óleo de soja degomado, óleo de soja refinado e lecitina de
soja Já os de origem animal seriam óleo de aves, óleo de peixes, gordura bovina
e gordura suína.
Na Tabela 4 são apresentados dados referentes à porcentagem de ácidos
graxos, suas relações (ácidos graxos saturados e poliinsaturados) e calorias
(kcal/100g de alimento) contidas em lipídeos de origem animal e vegetal.
TABELA 4 Porcentagem de ácidos graxos, suas relações (ácidos graxos
saturados e poli-insaturados) e fornecimento de energia em
calorias (kcal/100g de alimento) contidas em lipídeos de origem
animal e vegetal.
FONTES
Total de
AGS
1
(%)
Total
PUFA
2
(%)
PUFAS/
AGS
Relação
n-6
Total
n-3
Total
Calorias
(kcal/100g)
Animal
Sebo bovino 47,4 3,7 0,08 3,1 0,6 902
Banha suína 38,9 11,2 0,29 10,2 1,0 902
Gordura de
aves
28,6 20,5 0,71 19,5 1,0 900
Óleo peixe
Salmão 18,6 47,4 2,55 2,1 31,4 902
Óleos
vegetais
Canola 5,8 29,6 5,10 20,3 9,3 884
20
continuação...
Palma 48,9 9,3 0,19 9,1 0,2 884
Soja 14,2 57,8 4,07 51,0 6,8 884
Girassol 8,9 40,0 4,49 39,8 0,2 884
1
AGS: ácido graxo saturado
2
PUFA: ácido graxo poliinsaturado
Fonte: Adaptado de NRC (2006); Saad &Saad (2004).
2.2.4 Segurança alimentar em pet food
Todo ano, animais de estimação adoecem ou morrem em resultado de
adulteração microbiológica ou química de alimentos, resultando em elevados
custos veterinários. Tais situações podem ser evitadas com um abrangente e bem
documentado plano de garantia de qualidade completa, que deve incluir análises
microbiológicas e químicas de matérias-primas e produtos finais, bem como o
monitoramento ambiental das instalações de produção dos alimentos (Stawick,
2003).
Geralmente, os ingredientes são testados antes de serem utilizados em
produtos para garantir que não possuem adulterantes ou existem problemas de
qualidade que possam afetar a integridade do produto final. O produto final é
também testado para determinar a segurança e ou o nível de qualidade. O teste é,
geralmente, realizado antes que seja lançada no mercado. O ambiente também
deve ser monitorado em uma base regular para ajudar a controlar a microflora na
instalação de processamento e manter organismos nocivos fora do produto.
Vários métodos de ensaio estão disponíveis e pode ser difícil determinar o
método apropriado para um determinado ingrediente ou tipo de produto
(Stawick, 2003).
A Salmonella é um agente patogênico comumente encontrado em
produtos secos e produtos derivados de carne. Como a maioria dos alimentos se
21
encaixa nessas categorias, a salmonela é um dos organismos que oferecem
grande preocupação. Exemplos são alimentos secos para animais de estimação,
bem como petiscos e ossinhos mastigáveis recreacionais. Nos últimos anos,
alertas têm sido emitidos sobre a presença de salmonela em ossos de couro
processado, especialmente relacionada à manipulação humana desses pestiscos.
Os efeitos da salmonelose têm sido estudados extensivamente nos seres
humanos, mas nem tanto em animais. É seguro, no entanto, extrapolar os efeitos
gerais dos seres humanos aos animais (Stawick, 2003).
Quando consumidas, as salmonelas podem causar desconforto
gastrintestinal em animais e, dependendo da gravidade da infecção, provocar
condições mais duradouras, tais como a artrite crônica. Períodos prolongados de
diarreia podem causar desidratação nos animais. Além disso, o organismo pode
ser transmitido dos animais de estimação aos proprietários, sendo as crianças
particularmente vulneráveis (Stawick, 2003).
A Salmonella é facilmente eliminada pelo calor, processo normalmente
utilizado na produção de alimentos. No entanto, se o produto não for manuseado
corretamente após ser submetido ao aquecimento, ele pode ser contaminado e o
organismo pode sobreviver (Stawick, 2003).
A Escherichia coli é um exemplo de um organismo indicador, uma vez
que é comumente encontrada no trato intestinal de mamíferos e, muitas vezes, é
utilizada para determinar a contaminação de um produto por fezes. Isso pode
estar relacionado a práticas de higiene dos trabalhadores da produção ou ao
saneamento geral no ambiente de processamento. Pode indicar problemas não só
com o produto final, mas também com todos os ingredientes utilizados no
produto. Assim como a Salmonella, muitas etapas de processamento facilmente
eliminam a E. coli, incluindo o processamento térmico. No entanto, o produto
pode ser contaminado após a etapa de eliminação no pós-processamento. Apenas
22
algumas cepas de E. coli são patogênicas. Estirpes patogênicas não são
normalmente usadas como indicadores (Stawick, 2003).
Outro organismo comumente encontrado em produtos que contenham
carne é o Clostridium perfringens, uma bactéria anaeróbia em forma de
bastonete, gram-positiva, esporogênica, sulfito redutora, amplamente distribuída
na natureza e considerada como parte da microbiota intestinal normal do homem
e de animais (Hatheway et al, 1980). A presença de Clostridium perfringens é
motivo de preocupação adicional porque é formador de esporos. Isso significa
que a bactéria pode ir de um estado ativo para um estado dormente, em que é
muito resistente aos processamentos por calor e muitos outros que eliminam o
patógeno. Se o organismo é favorecido a desenvolver-se e é consumido pelos
animais, a diarreia é o sintoma principal. A doença, geralmente, é de curta
duração. Se não for tratada, a diarreia pode levar à desidratação (Stawick, 2003).
Os resultados de análise para Clostridium perfringens são representados
em unidades formadoras de colônia por gramas de produto (UFC/g) e refletem o
numero de organismos presentes em um grama de produto. Este resultado difere
dos obtidos em testes de Salmonella, que representam um resultado positivo ou
negativo, sem dizer nada da densidade populacional do organismo no produto
(Stawick, 2003).
A temperatura mínima requerida para a eliminação de alguns
microrganismos pode ser observada na Tabela 5.
23
TABELA 5 Temperatura mínima requerida para eliminar microrganismos.
Bactéria Temperatura mínima (ºC)
Salmonella 80
Escherichia coli 70
Listeria monocytogenes 80
Staphylococcus aureus 90
Bacilus cereus 126
Clostridium perfringens 126
Fonte: Mair (2003)
Segundo Stawick (2003), essas temperaturas variarão, dependendo do
pH, da umidade e do tipo exato do organismo. Há muitas espécies diferentes de
Salmonella, com uma vasta gama de resistência ao estresse térmico.
Para a indústria alimentícia humana no Brasil, os ministérios da Saúde e
da Agricultura estabeleceram, por meio da Portaria nº1428/93, a obrigatoriedade
da utilização dos programas Boas Práticas de Produção (BPP) e Análise dos
Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) como ferramentas para a
inspeção de todo o processo de produção da indústria de alimentos. O programa
BPP é recomendado para a fabricação dos produtos sob condições sanitárias
adequadas e como rotina de inspeção. Contempla aspectos higiênicos sanitários,
incluindo a eliminação ou a redução dos riscos de contaminação microbiológica,
química e física. O sistema APPCC foi desenvolvido para garantir a inocuidade
dos alimentos para o consumidor final, frente aos perigos microbiológicos,
químicos e físicos. Busca estabelecer o controle em todo o processo produtivo,
considerando a matéria-prima, o processamento, o ambiente e até os operadores
envolvidos na produção (Cardoso e Tessari, 2008).
24
Da mesma forma, foi sugerida a implantação do sistema BPF e do
sistema APPC em indústrias produtoras e comercializadoras de alimentos para
cães e gatos. O objetivo é definir infraestrutura, equipamentos, práticas de
armazenamento, procedimentos básicos de higiene e de boas práticas de
fabricação, limpeza, sanitização e organização, comportamento e treinamento de
funcionários, controle de processo e controle de qualidade, controle de pragas de
alimentos fabricados e industrializados para o consumo dos animais, assim como
para atender às exigências sanitárias e aos requisitos de qualidade, ditados pelos
principais mercados internacionais e pelo mercado interno, estabelecendo os
princípios para a eficaz prevenção, eliminação e ou redução a níveis aceitáveis
no tocante aos riscos de contaminação de origem química, física e biológica. A
indústria pet food, dessa forma, pode garantir alimentos saudáveis e seguros aos
animais de companhia, atendendo, com isso, aos padrões de identidade e
qualidade (Anfal-Pet, 2008).
No Guia de Identidade e Qualidade Pet (2008), alguns limites de
contaminantes biológicos são estabelecidos e aqui apresentados na Tabela 6.
25
TABELA 6 Limites para contaminantes biológicos em alimentos comerciais
para cães e gatos.
Limites
Contaminantes
biológicos
Satisfatório Limite de
aceitabilidade
Não
satisfatório
Inaceitável
perigo
Salmonella sp. Ausente em
25g
----- ----- Presente
em 25g
Escherichia coli Ausente em
25g
----- ----- Presente
em 25g
Clostridium
botulinum*
Ausente ----- ----- Presente
Clostridium
perfringens
<10 10-10
4
10
4
- 10
5
>10
5
Bacillus cereus <10 10-10
4
10
4
-10
5
>10
5
Staphylococcus aureus <10 10-10
3
10
3
-10
4
>10
4
Bolores e leveduras <10 10-10
3
10
3
-10
4
>10
4
Campylobacter jejuni Ausente em
25g
----- ----- Presente
em 25g
Clostridium sulfito
redutor
<10 10-10
4
10
4
-10
5
>10
5
Coliformes fecais <10 10-10
3
10
3
-10
4
>10
4
Enterobacterias <10 10-10
3
10
3
-10
4
>10
4
*Para alimentos enlatados
Fonte: Anfal-Pet (2008).
Nos Estados Unidos, dois conjuntos de orientações foram recentemente
criados, um para a fabricação de petiscos naturais para animais de estimação e
um para a fabricação e rotulagem de alimentos à base de carne crua para animais
de companhia. As orientações para a fabricação de petiscos naturais para
26
animais de estimação foram examinadas pelos membros da American Pet
Product Manufacturers Association (APPA), bem como pelo FDA, e a adesão a
estas orientações, por parte das indústrias, é voluntária e não obrigatória. O
principal objetivo das diretrizes é promover um avanço na fabricação de
alimentos para animais de estimação.
Um guia de orientação para a indústria foi criado para fornecer
orientações específicas sobre a forma como produtos com carne crua, destinados
a animais carnívoros e onívoros de companhia e de cativeiro devem ser
fabricados e rotulados e para que os animais de estimação e seus donos estejam
protegidos contra os riscos relacionados à segurança alimentar (APPA, 2002;
FDA 2002).
2.3 Processamento de alimentos convencionais para cães
A maioria dos alimentos disponíveis no mercado de alimentos secos para
cães e gatos é fabricada utilizando a tecnologia de cozimento por extrusão. Esse
processo complexo permite uma flexível abordagem para a fabricação do
produto em relação ao cozimento e à granulação. A tecnologia no cozimento por
extrusão é caracterizada por temperatura alta em um processo em curto espaço
de tempo (Dziezak, 1989), ou seja, a mistura de alimentos é exposta a alta
pressão e temperatura (80-200ºC), por um período relativamente curto de tempo
(10-270s). Características benéficas de um tratamento térmico como a extrusão
incluem a realização da forma física desejada, a inativação dos fatores
antinutricionais, o aumento do prazo de validade, o aumento da digestibilidade
de nutrientes e a palatabilidade reforçada. Além disso, o processo de extrusão do
amido gelatinizado torna-o mais digerível para as enzimas digestivas (Murray et
al., 2001).
O sistema tipicamente moderno de extrusão incorpora meios de
condicionar uma pré-extrusão da massa com vapor e água. Após isso, a massa é
27
direcionada para o tambor de extrusão, onde é adicionado vapor, água e, em
alguns casos, uma pasta de carne pode ser incorporada à massa. Dentro do
tambor de extrusão, o material é “cozido” por uma combinação de fricção, corte
e calor indireto, até um ponto em que o amido é gelatinizado e a população
microbiana termolábil é reduzia a zero (Rokey e Huber, 1994).
Segundo Mathias (2009), a capacidade das extrusoras para processar
alimentos, utilizando alta temperatura e curto tempo de residência, é denominada
STHT. Esta técnica tem sido beneficamente utilizada no tratamento térmico dos
alimentos para desnaturar enzimas indesejáveis, inativar fatores antinutricionais
e reduzir sensivelmente a população microbiana neles presente. O cozimento dos
alimentos pelo processo STHT também melhora a digestibilidade de seus
constituintes por meio da gelatinização do amido e da desnaturação da proteína,
enquanto minimiza a perda de vitaminas e a perda de lisina disponível pela
reação com açúcares redutores (reação de Maillard), pois o curto tempo de
retenção (20 a 60 segundos) dentro da extrusora não é longo o suficiente para
que isso ocorra.
Durante o processo de extrusão, a forma física de amido nos materiais
crus muda sensivelmente, desaparecendo sua estrutura granular e cristalina,
tornando-se total ou parcialmente gelatinizado. Inicialmente, a adição de água
rompe a cristalinidade da amilose e desfaz sua estrutura ordenada. Na
continuidade do processo, os grãos de amido incham, aumentando seu volume
de 20 a 30 vezes. Com a adição de mais água e calor, atinge-se a temperatura de
gelatinização, ou seja, a faixa de temperatura acima da qual o processo de
gelatinização ocorre. A amilose começa a se difundir, os grânulos se rompem e
mais moléculas de água se unem aos grupos hidroxílicos expostos na cadeia de
amido, resultando em uma estrutura de gel coloidal, com a amilose suportando
os grânulos rompidos que consistem, basicamente, de amilopectina. No estágio
final do cozimento por extrusão, as moléculas de amido se recombinam,
28
ligando-se a outros ingredientes e formando uma estrutura porosa relativamente
estável e que serve para absorver gordura e umidade. Todavia, o processo de
extrusão reduz a área superficial do kibble, que pode ser dissolvida em água
(Mathias, 2009).
As propriedades de inchamento e gelatinização são controladas, em
parte, pela estrutura molecular da amilopectina (comprimento de cadeia,
extensão de ramificação, peso molecular), pela composição do amido (proporção
amilose:amilopectina e teor de fósforo) e pela arquitetura granular (proporção de
regiões cristalinas e amorfas). Normalmente, altas temperaturas de transição têm
sido associadas a altos graus de cristalinidade, os quais fornecem a estabilidade
estrutural e tornam os grânulos mais resistentes à gelatinização (Singh et al.,
2003).
Por outro lado, o tratamento térmico do amido em ausência de água leva
a uma expansão da massa, sem perda de material solúvel, produzindo-se a
desgelatinização parcial do amido, que passa de um estado solúvel, disperso e
amorfo a um estado cristalino insolúvel. Este fenômeno se denomina retrocessão
ou retrogradação. A amilose apresenta maior capacidade de retrocessão,
enquanto a amilopectina apresenta maior capacidade de gelatinização. Os dois
processos são importantes na qualidade dos grânulos e na qualidade nutricional
das rações para cães (Borges, 2002; Figueiredo & Guerreiro, 2003).
As características de retrogradação da amilose e amilopectina são
cineticamente diferentes. A amilose retrograda mais rapidamente; por outro
lado, a amilopectina retrograda a uma taxa muito menor durante um longo
período de tempo. A retrogradação é um fenômeno complexo e varia de acordo
com diversos fatores, como temperatura e tempo de armazenamento, pH, fonte
de amido, presença de outros componentes (lipídios, eletrólitos e açúcares) e
condições de processamento (Denardin & Silva 2009).
29
Quanto à digestibilidade, pode-se relacionar a retrogradação,
principalmente da amilose, com menor disponibilidade de nutrientes às enzimas
digestivas. Esse evento torna a digestão e a absorção, especialmente do amido,
menores e/ou mais lentas, resultando em menor resposta glicêmica (Björck et al.,
1994).
Segundo Saad et al. (2005), efeito da extrusão sobre a qualidade de
proteínas e aminoácidos tem dois pontos positivos quanto ao aproveitamento das
proteínas pelos animais, rompendo a parede celular dos cereais, liberando a
proteína encapsulada pela fração fibrosa e a eliminação de fatores
antinutricionais responsáveis pelo baixo aproveitamento proteico.
É importante ressaltar que a digestibilidade do amido pode ser afetada
pela fração proteica dos cereais. A natureza da matriz proteica dos cereais e as
interações entre a matriz proteica e o amido podem afetar a digestibilidade do
mesmo. É importante levar em consideração que a digestão da proteína precede,
geralmente, a digestão do amido. Assim, as camadas da proteína devem
significativamente ser degradadas antes que a digestão do amido ocorra
(Brennan et al., 1996) .
Já o processamento de alimentos enlatados é um pouco complexo.
Tipicamente, os ingredientes de carne e gordura são misturados com algumas
quantidades de água e, depois, com quantidades apropriadas de ingredientes
secos, tais como vitaminas, minerais e aminoácidos. Esses ingredientes, ao
serem então misturados, e se o alimento é para ter uma textura fina, a mistura é
moída finamente para formar uma pasta grossa. A mistura pode ser aquecida no
início do processo de cozimento ou pode ser adicionada diretamente à lata por
meio de um dispositivo de enchimento. Após o enchimento, as latas são seladas
com uma tampa dupla e a emenda entortada. O processo de entortamento da
tampa é, essencialmente, um processo de cozimento com calor, pressão e
esterilização que garante a destruição de patógenos (NRC, 2006).
30
Por causa do calor e da pressão envolvidas durante o enlatamento, existe
certa destruição de nutrientes críticos. Por exemplo, a tiamina é destruída pelo
calor, especialmente em condições alcalinas ou neutras, e perdas extensivas
podem ocorrer em alimentos enlatados durante o processo e estocagem (Baggs
et al., 1978 citado por NRC, 2006). Em um estudo, o conteúdo de tiamina foi
reduzido para 74% em alimentos enlatados para cães, devido ao enlatamento e à
estocagem por 14 dias (Hoffmann-La-Roche, 1981 citado por NRC, 2006).
Indústrias respeitadas de alimentos para animais de companhia têm conduzido
extensivas pesquisas para determinar a extensão dessas perdas e têm colocado
estes nutrientes em excesso para compensar as perdas
(NRC, 2006).
2.4 Digestibilidade aparente e qualidade fecal de cães adultos
Segundo Murray et al. (1998), dietas nutricionalmente completas
requerem ingredientes de alta digestibilidade, proporcionando nutrientes
adequadas para garantir a saúde e o bem-estar dos animais de companhia.
Atualmente, a digestibilidade dos principais nutrientes para cães tem
sido determinada por três técnicas: a) cálculos matemáticos a partir da
composição química da ração e de equações de predição; b) extrapolação de
dados obtidos em outras espécies e c) determinação direta em animais,
utilizando-se ensaios de digestibilidade. Ainda que as duas primeiras técnicas
possam ser entendidas como meios de facilitar as estimativas, é possível que
subestimem os valores de digestibilidade dos alimentos de alta qualidade ou
superestimem os dos alimentos de baixa qualidade. Portanto, pode-se classificar
a determinação direta como a técnica mais adequada (Case et al., 1998).
A digestibilidade afeta também o volume e forma das fezes. À medida
que aumenta a capacidade de digestão da dieta, o volume fecal diminui de forma
considerável. Um alimento altamente digerível produz fezes sólidas e bem
formadas (Case et al., 1998).
31
A consistência e a qualidade das fezes correlacionam-se com sua
quantidade de água. Quanto mais água as fezes possuem, mais moles e
malformadas se tornam. Fezes com teor de água muito baixo, por outro lado,
podem predispor à retenção fecal e a distúrbios digestivos (Cowell et al, 2000).
A dieta tem sido responsabilizada por alterar a qualidade fecal em cães.
A consistência fecal, obrigatoriamente, responde à manipulação dietética em
alguns casos. As dietas secas proporcionam a melhor performance comparada a
dietas enlatadas ou a alimentos ricos em proteínas cozidos em casa. Fatores
potenciais para as mudanças na qualidade fecal são a quantidade e o tipo de
proteína dietética, o conteúdo de umidade e os agentes geleficantes (Zentek,
1995).
Zentek et al. (2002), em estudo comparando dietas com diferentes
conteúdo em água (60% ou 75%) e uma dieta seca como referência para três
raças distintas de cães, verificaram que consistência fecal foi melhor com a dieta
seca do que com as dietas úmidas.
Murray et al. (1999) compararam a digestibilidade das farinhas de
cevada, milho, batata, arroz, sorgo e trigo para cães. Os resultados demonstraram
digestibilidade ileal do amido acima de 99% para todas as fontes, mas a digestão
de proteína, matéria orgânica, matéria seca e a qualidade das fezes variaram
entre as dietas, destacando a importância da fonte de amido sobre a digestão
geral da ração.
Bazolli et al. (2007), avaliando a influência do grau de moagem do arroz,
do milho e do sorgo sobre a digestibilidade e respostas metabólicas em cães,
verificaram que a redução do diâmetro geométrico médio (grau de moagem)
para o milho e o sorgo aumentou a digestibilidade e melhorou a qualidade das
fezes de cães e gatos, enquanto para o arroz, o grau de moagem não interferiu
nesses aspectos.
32
Outro aspecto importante relacionado à digestibilidade de nutrientes,
principalmente das fontes proteicas, é o odor fecal, que é de suma importância,
pois ele é proveniente de substâncias geradas por bactérias endógenas e de
substratos não digeridos da degradação de proteínas que são amônia, aminas
alifáticas, ácidos graxos de cadeia ramificada, indóis, fenóis e compostos
voláteis contendo enxofre (Hesta et al.,2003).
O odor fecal pode ser influenciado pela quantidade elevada de proteína
na dieta. Hesta et al. (2003) trabalharam com uma dieta seca controle com
29,5% de proteína (na matéria seca) e com a substituição dessa dieta, em 50%,
de outras três fontes de proteína animal: farinha de carne e osso, farinha de aves
e farinha de suínos (greaves meal), constituindo dietas com 48,5% de proteína
na MS, 53,5 % de proteína na MS e 48,3% de proteína na MS respectivamente,
para cães adultos da raça beagle. Esses autores verificaram que as
digestibilidades aparentes de nitrogênio nas diferentes fontes proteicas nos
grupos suplementados tenderam a aumentar em comparação com o controle. A
digestibilidade dessas fontes de proteína animal foi, na verdade, um pouco
maior, em comparação com a proteína da dieta controle, que também continha
ingredientes vegetais (milho como ingrediente principal). Como o teor de
proteína bruta dessas dietas suplementadas quase dobrou em comparação com a
dieta controle, em termos absolutos, muito mais proteína indigesta chegou ao
intestino grosso, ficando disponível para a microbiota do intestino grosso. A
farinha de carne e ossos foi a fonte de proteína que proporcionou maior
quantidade de nitrogênio amoniacal, em comparação às demais fontes e ao
controle.
2.5 Efeitos dos alimentos sobre os parâmetros fisiológicos e microbiológicos
de cães adultos
33
Muitas doenças estão relacionadas com metabolismo de glicose, lipídeos
e proteínas, entre outros. Porém, mais pesquisas são necessárias para firmar uma
estabilidade entre os componentes dietéticos e indicações das doenças para cada
condição (Kvamme & Phillips, 2003). A preocupação com a qualidade das
matérias-primas utilizadas na fabricação de alimentos para cães e gatos
aumentou grandemente nesses últimos anos, devido à utilização de dietas à base
de ingredientes de origem animal crus, um dos principais contaminantes dessas
dietas são as Salmonellas sp.
2.5.1 Efeito dos alimentos sobre níveis de ureia e creatinina plasmática de
cães
Segundo Oliveira (2004), as substâncias não-proteicas que contêm
nitrogênio são produtos metabólicos envolvidos na excreção de nitrogênio. As
de maior importância diagnóstica na clínica de pequenos animais são a ureia, a
creatinina e a amônia.
A creatinina plasmática é analisada, com maior frequência, em humanos
e em clínicas veterinárias, em laboratórios químicos, como uma medida indireta
da taxa de filtração glomerular (TFG) (Spencer, 1986; Wyss & Kaddurah-
Daouk, 2000).
A creatinina é uma molécula pequena (massa molecular 113 daltons)
produzida pela ciclização de creatina fosfato e creatina, e altamente
hidrossolúvel (~750 mmol/L, ~85 g/L). A creatina e a creatinina originam-se,
principalmente, da biossíntese dos aminoácidos glicina, arginina e metionina e,
parcialmente, da suplementação alimentar. A última é mais importante nos
carnívoros do que em outros animais, devido à elevada concentração de creatina
e, em menor grau, de creatinina na carne (Braun et al., 2003).
A creatina está envolvida no metabolismo energético, particularmente na
estabilização de ligações de fosfato de alta energia não-necessárias para uso
34
imediato. A única reação catabólica sofrida pela creatina é a decomposição a
creatinina (Oliveira, 2004).
Em alimentos, a creatina tem elevada concentração na carne, enquanto a
concentração de creatinina é cerca de 10 vezes menor, com valores de 30-45
mmol/g e 2-4 mmol/g, respectivamente, em carne crua. Cerca de 20% a 65% da
creatina é transformado em creatinina por cozimento. Em alimentos comerciais,
as concentrações de creatina e creatinina são muito inferiores, em geral, na
escala de 0,5-2,0 mmol/g (Harris et al., 1997).
Os valores dos intervalos de referência para creatinina em cães são
altamente questionáveis. Muitos livros didáticos relatam "valores normais", sem
indicação das características da população ou do método de dose utilizado. Isso
pode explicar notavelmente o grande leque de valores relatados, 35-250 mmol/L,
incluindo alguns intervalos que sequer se sobrepõem (Lefebvre et al., 1998).
Assim, recomenda-se a não utilização de dados ou dos limiares indicados na
literatura, mas comparar os resultados com o intervalo de referência do
laboratório ou analisador utilizado (Braun et al., 2003)
.
Como a concentração da creatinina plasmática é influenciada por poucas
variáveis extrarrenais e a creatinina não é reabsorvida pelos túbulos renais, a sua
concentração serve como melhor índice da taxa de filtração glomerular. A
concentração plasmática da creatinina não é afetada pela dieta ou qualquer outro
fator que afete o metabolismo hepático ou o ciclo da ureia. A creatinina é
bastante estável no sangue e não sofre alteração em amostras lipêmicas ou
hemolisadas (Oliveira, 2004).
As concentrações de creatinina plasmática em recém-nascidos foram
maiores em cães de raças grandes (Kuhl et al., 2000). Em cães adultos, as
concentrações de creatinina plasmática aumentaram com o aumento do peso
corporal (van der Brom & Bienwega, 1981; Médaille et al., 2004).
35
Segundo estudo realizado por Médaille et al. (2004), as concentrações
plasmáticas de creatinina variaram de 106 µmol/L, no caso de cães de raças
pequenas a 133 µmol/L, em cães de raças grandes e gigantes.
A síntese de ureia provém do mecanismo de excreção da amônia durante
o catabolismo de aminoácidos. A formação da ureia é uma reação que requer a
utilização de energia e ocorre quase que exclusivamente no fígado. A taxa de
formação da ureia depende da taxa de catabolismo proteico (Kaneko, 1989). A
ureia atravessa o filtro glomerular e de 40% a 50% dela é reabsorvida quando
passa através dos túbulos (Alvin & Gordon, 1937).
Segundo algumas pesquisas relatadas por Kaneko (1989), a taxa de
formação de ureia depende da taxa de catabolismo proteico. Um aumento nos
níveis de nitrogênio ureico do sangue pode refletir uma taxa acelerada de
catabolismo proteico, em vez de diminuir a excreção urinária de ureia. Em
estudo envolvendo 14 cães clinicamente normais alimentados com dietas com
teor de proteínas conhecidas, por três dias, a ureia decresceu de 5,7 mmol/L com
uma dieta rica em proteínas 8,5% a 4,89 mmol/L com uma dieta com 5% de
proteína. Estudo com 4 horas pré-prandrial e 4 horas pós-prandial indicaram que
a ureia no sangue aumentou de 4,89 mmol/L para 5,71 mmol/L, com uma dieta
com 5% de proteína e de 5,7 mmol/L para 9,57 mmol/L com a dieta 8,5% de
proteína. Em outro estudo, a ureia foi elevada para 10-18 horas após a ingestão
de alimentos. O grau de elevação da ureia no sangue nesses estudos,
provavelmente, não foi clinicamente importante, desde que o intervalo normal
de caninos, 3,57-10,71mmol/L, não foi excedido.
O nível de ureia pode ser aumentado com o aumento do consumo
dietético de proteína, de colapso metabólico ou de hemorragia no interior do
trato gastrintestinal (Meyer et al., 1995).
Em cães, existe particularidade racial, segundo Oliveira (2004). Grande
parte dos cães Yorkshire terrier, de meia-idade ou mais velhos, demonstra
36
concentrações de ureia maiores que 15 mmol/L (normal: 3,6-8,9 mmol/L), sem
nenhuma razão aparente. E, no caso de insuficiência renal, os Yorkshires
frequentemente apresentam concentrações de ureia desproporcionalmente altas
em relação à creatinina.
2.5.2 Efeito dos alimentos sobre as frações lipídicas de cães
Estudos envolvendo lipídios plasmáticos sistêmicos de animais, muitas
vezes, incluem comparações de animais doentes afetados com animais controle.
A escolha dos animais controle é crítica e os fatores que podem influenciar os
lipídios plasmáticos e as lipoproteínas devem ser compreendidos e levados em
consideração nos estudos de populações de vida livre. Em cães, escalas normais
definitivas ainda não foram definidas e vários fatores têm demonstrado afetar o
perfil de lipídios e de lipoproteínas de cães normais, como, por exemplo, a dieta
(Lindall et AL., 1971) e, ainda, segundo outros autores, as diferenças entre cães
experimentais e cães de estimação, a idade, a raça e, em ambos, os hormônios
sexuais masculinos e femininos.
Segundo Sousa et al. (2004), os lipídeos são digeridos e absorvidos no
intestino delgado. Os ácidos graxos de cadeia curta e média são diretamente
absorvidos para o sangue e diretamente encaminhados para o fígado através do
sistema porta, enquanto os ácidos graxos de cadeia longa são associados a
apoproteínas e fosfolipídeos e transportados via sistema linfático até atingir a
circulação sistêmica. O transporte dos lipídeos no sangue ocorre através de
estruturas denominadas de lipoproteínas (Tabela 7).
37
TABELA 7 Composição das lipoproteínas em cães e gatos.
%
Lipoproteína Espécie
Diâmetro
(nm)
Densidade
(g/mL)
TAG COL FOS P Apo
Quilomícron Can/fel 75-1200 <0,960 90 3 5 2 B48, A, C, E
VLDL Can/fel 26-80 0,930-1,006 62 12 14 12 B100, C, E
LDL Can/fel 16-25
1,019-1,087
1
1,030-1,043
2
8 42 23 27 B100
HDL1 Can 10-35 1,025-1,100 1 36 40 23 A, E, C
HDL2 Fel 9-12 1,063-1,100 2 30 35 33 A, C, E
HDL3 Can/fel 5 -9 1,100-1,210 1 21 35 43 A, C
1
em cães
2
em felinos
Can: Canino; Fel: Felino; TAG: triglicerídeos; COL: colesterol; FOS: fosfolipídeo; P:
proteína; Apo: apoproteína
Fonte: Adaptado de Watson & Barrie (1993) e Lane et al.(1993), citados por
Sousa et al (2004).
O metabolismo lipídico pode ser dividido em duas vias básicas: a via
exógena, que está associado ao metabolismo de lipídeos exógenos (dieta), e a via
endógena, que está associada ao metabolismo de lipídios produzidos
endogenamente (Bauer, 2004).
A via exógena envolve a digestão e o aproveitamento de lipídeos da
dieta, com a formação de quilomícrons e um sistema de apolipoproteínas e
ativação enzimática realizando hidrólise de triglicerídeos presentes nos
quilomícrons e liberando ácidos graxos livres e glicerol para o tecido adiposo, a
musculatura estriada e outros tecidos, e o colesterol encontrado em quilomícrons
remanescentes pode ser utilizado para lipoproteínas (VLDL) e ou a formação de
ácidos biliares, estocados como ésteres de colesterol (Bauer, 1995, 1996), assim
como síntese de esteroides.
38
A via endógena ocorre, pois, embora os quilomícrons sejam
responsáveis pelo transporte de lipídeos dietéticos, as lipoproteínas VLDL, LDL
e HDL estão principalmente envolvidas no metabolismo dos lipídeos produzidos
endogenamente (Bauer, 1996).
Em sua revisão sobre o metabolismo lipídico em cães, Xenoulis e Steiner
(2009) descrevem vários achados a respeito de as lipoproteínas do plasma
diferirem em suas características físicas e químicas, tais como tamanho,
densidade e composição. As lipoproteínas de cães podem ser divididas, com
base em sua densidade, em quatros classes principais: (1) quilomícrons, (2)
lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL), (3) lipoproteínas de baixa
densidade (LDL) e (4) lipoproteínas de alta densidade (HDL). A HDL pode ser,
ainda, subdividida em HDL1 (que é exclusivo para cães), HDL2, e HDL3. Nos
seres humanos, lipoproteínas de densidade intermediária (IDL) foram
identificadas, mas a sua existência não foi verificada em cães Isso pode ser
resultado do tempo de coleta utilizado no referido estudo.
Além disso, segundo pesquisadores, os vertebrados diferem em suas
quantidades relativas de lipoproteínas plasmáticas. Na grande maioria dos
mamíferos, incluindo o cão, a HDL é a fração predominante (Chapman, 1986;
Lehmann et al., 1993; Bauer, 1996). Propriedades físico-químicas das
lipoproteínas caninas e as enzimas envolvidas no seu metabolismo são de
interesse porque, em contraste com os seres humanos, o cão é substancialmente
resistente para o desenvolvimento de aterosclerose e de hipercolesterolemia.
Segundo Maldonado et al. (2001), as classes de lipídeos e seus ácidos
graxos foram estudados nas frações de lipoproteínas de cães, em comparação
com o plasma humano. Em cães, a lipoproteína de alta densidade (HDL), a
principal transportadora de fosfolipídeos no plasma, éster de colesterol e
colesterol livre, foi a lipoproteína mais abundante, seguida pela lipoproteína de
baixa e de muito baixa densidade (LDL e VLDL). Notavelmente, a LDL e a
39
VLDL contribuem de forma semelhante no total de triacilglicerol no plasma de
cães. A composição de fosfolipídeos foi semelhante em todas as três
lipoproteínas, dominadas pela fosfatidilcolina. Mesmo que o conteúdo e a
composição de lipídios dentro e entre as lipoproteínas tenham diferido
significativamente entre o cão e o homem, o montante total de lipídios
circulantes foi semelhante. Todas as lipoproteínas caninas foram relativamente
mais ricas do que as dos seres humanos para os ácidos graxos de cadeia longa
C20-C22 e os ácidos graxos poli-insaturados n-6 e n-3 (PUFAs), mas tiveram
proporções comparáveis às do total de ácidos graxos saturados e monoenoicos,
com 18:2n-6 PUFA sendo o principal em ambos os mamíferos.
Ainda no mesmo estudo, os autores puderam concluir que o perfil de
ácidos graxos das lipoproteínas de caninos e o de humanos diferem, pois elas
apresentaram proporções distintas de seus principais lipídeos. No cão, as HDL e
LDL contribuem com quase 87% e 11% do colesterol total do plasma,
respectivamente, oposto ao de seres humanos, em que as HDL e LDL
contribuem com cerca de 11% e 86% do colesterol total, respectivamente.
As lipoproteínas podem conter apenas uma ou uma variedade de
apolipoproteínas, que regulam as funções de seu metabolismo (Bauer, 2004).
Em geral, apolipoproteínas estão envolvidas em várias funções fisiológicas,
como a facilitação do transporte de lipídeos pelas lipoproteínas, a manutenção da
integridade estrutural e a ativação de certas enzimas que desempenham papéis
importantes no metabolismo lipídico (Bauer, 2004, Johnson, 2005).
A lipoproteína lipase é uma enzima que está localizada na superfície
luminal dos capilares das células endoteliais e hidrolisa os triglicerídeos dentro
das lipoproteínas em ácidos graxos livres, mono e diacilglicérois, e glicerol
(Wang e Hartsuck, 1992). A apolipoproteína CII é um importante cofator da
lipoproteína lipase (Bauer, 2004, Johnson, 2005). A lipase hepática está
localizada em células endoteliais dos sinusoides hepáticos e vários tecidos extra-
40
hepáticos e está envolvida na captação hepática de triglicerídeos e fosfolípides
de quilomícrons e VLDL remanescentes, na conversão de VLDL em LDL e na
conversão de HDL2 a HDL3 (Connelly, 1999). A lecitina:colesterol
aciltransferase (LCAT) que circula no sangue, principalmente vinculada a HDL
(Jonas, 2000), atua em moléculas da HDL para converter o colesterol em ésteres
de colesterol e desempenha papel crucial em uma via conhecida como transporte
reverso do colesterol (Jonas, 2000; Bauer, 2004, Johnson, 2005). A função de
transporte reverso do colesterol é realizada pela HDL, contribuindo de maneira
significativa para a manutenção dos níveis de lipoproteínas fisiologicamente
apropriados e saudáveis, ajudando, assim, a prevenir a aterosclerose, por facilitar
a captação celular de LDL (Berne e Levy, 1998).
Nos seres humanos, mais uma enzima, a proteína de transferência de
ésteres do colesterol (CETP), está envolvida no metabolismo lipídico. O papel
desta enzima é a transferência de triacilglicerídeos a partir de VLDL e
quilomícrons para HDL2 e ésteres de colesterol da HDL2 para a VLDL e a LDL
(Johnson, 2005). A atividade da proteína de transferência de ésteres do
colesterol não foi documentada em cães (Tsutsumi et al., 2001; Bauer, 2004;
Johnson, 2005). Como resultado, as moléculas de HDL2 de cães continuam a
adquirir ésteres de colesterol produzidos pela LCAT, levando à formação da
única molécula HDL1 (Bauer, 2004, Johnson, 2005). Em HDL1, os ésteres de
colesterol são transferidos a partir de tecidos para o fígado, para eliminação ou
reutilização e não a moléculas de LDL e VLDL (como no homem), que
transferem o colesterol para tecidos periféricos (Bauer, 2004; Johnson, 2005).
Tem sido sugerido que essa é a função da HDL1, o que representa a menor
incidência de transtornos de aterosclerótica em cães, em comparação com os
seres humanos (Johnson, 2005).
Em experimento com cães com diferentes teores de gorduras e atividades
físicas, Reynolds et al. (1994) verificaram que os cães alimentados com uma
41
dieta muito alta em gordura (60% da dieta) apresentaram concentrações
plasmáticas mais elevadas de ácidos graxos livres após corrida intensa e
apresentaram melhor potencial de mobilização e uso de ácidos graxos do que os
cães alimentados com dieta rica em carboidratos (60% da dieta).
Denardin et. al. (2007), estudando o efeito do teor de amilose sobre o
desempenho e o metabolismo lipídico em ratos, verificaram que os níveis de
triglicerídeos e colesterol total foram afetados pelo conteúdo de amilose, sendo
significativamente maiores nos animais que consumiram dietas com teor de
amilose intermediário e baixo. Essa diferença também pode ser explicada pela
relação entre a digestibilidade das frações do amido e seu efeito no metabolismo
de glicose e lipídios. Por ser mais facilmente degradada, a amilopectina
proporciona maior fluxo de glicose para o fígado, o qual a converte em ácidos
graxos que serão transportados para serem armazenados no tecido adiposo.
Portanto, a
relação entre triglicérides do fígado e glicerídeos do plasma
foi quantificada no rato, verificando-se que, em ratos alimentados com dietas de
glicose elevada, quase todos os triglicerídeos sintetizados no fígado foram
eliminados como lipoproteínas plasmáticas, presumivelmente como VLDL
(Baker & Shotz, 1964 citado por Kaneko 1989). Assim como os cães, os ratos
também possuem resistência ao desenvolvimento da arteriosclerose em dietas
com alta gordura e colesterol, pois seu principal carreador de colesterol
plasmático é a HDL (Kwiterovich, 1997).
2.5.3 Efeito dos alimentos sobre pH urinário de cães
A urina é uma solução complexa e um meio eficiente para a eliminação
de produtos de excreção do organismo, sendo a principal rota pela qual se
eliminam produtos do metabolismo proteico, minerais e água. O pH urinário
varia como consequência da manutenção homeostática do equilíbrio ácido-
básico (DiBartola, 1992). Em função disso, as características da dieta
42
determinarão, em grande parte, o pH urinário de cães e gatos. A determinação e
a modulação dietética do pH urinário, por sua vez, tornam-se importantes,
devido à sua relação com as urolitíases (Davies, 1999; Osborne et al., 2000;
Yamka et al., 2006).
A composição mineral da dieta influencia significativamente o pH pós-
prandial e, portanto, pode predispor cães e gatos a desenvolverem cristalúria ou
urolitíase (Kienzle et al., 1991; Zentek et al., 2004). Sais minerais produzem
efeito variável sobre o pH urinário, pois são fontes potenciais de ácido ou base.
Os óxidos e os carbonatos são alcalinizantes, enquanto os cloretos, os fosfatos e
os sulfatos produzem efeito acidificante (Carciofi, 2007).
Ingredientes da dieta, digestibilidade, composição química e métodos de
alimentação afetam o volume, o pH e a gravidade específica da urina (Carciofi et
al., 2005). Estratégias dietéticas e de manejo para prevenção e dissolução de
urólitos são baseadas nos princípios de saturação da urina. Estas são
direcionadas para criar um estado de subsaturação de minerais calculogênicos. A
subsaturação é alcançada pela redução na quantidade de precursores de urólitos
na dieta, diminuição da concentração de minerais mediante aumento do volume
urinário e ou diminuição de sua excreção urinária e, por fim, por modificação do
pH urinário, medidas estas que aumentam a solubilidade dos cristais (Carciofi,
2007).
Alguns outros fatores intrínsecos também são importantes na variação do
pH urinário, assim como o nível de magnésio da dieta e o nível de proteína, pois
sabe-se que, pela natureza, os carnívoros têm alta ingestão de aminoácidos
sulfurados de fontes proteicas de origem animal e a oxidação desses
aminoácidos conduz à excreção de sulfato, juntamente com a urina, provocando
um abaixamento do pH urinário. Ao contrário, a inclusão de cereais à dieta
provoca uma alcalinização da urina, predispondo os animais à ocorrência de
urolitíase, porém, acometidos pela formação de urólitos de oxalato de cálcio,
43
como resultado da alcalinização, ou seja, aumento do pH urinário (Case et. al,
1998).
Zentek & Schulz (2004) verificaram que a entrada dietética de proteína
interfere na composição da urina e dos urólitos formados em gatos. O oxalato é
importante devido ao seu potencial de formação de cristais com cálcio. A
excreção urinaria do oxalato é resultante do oxalato dietético e do metabolismo
do ácido ascórbico, da glicina, do triptofano, da fenilalanina e da hidroxiprolina.
A excreção urinária mais elevada do oxalato ocorreu com ambas as dietas que
continham o tecido do colagenoso como a fonte da proteína, pois a
hidroxiprolina e a glicina são aminoácidos típicos no tecido conjuntivo e
poderiam ter aumentado a produção endógena do oxalato. O número de cristais
do estruvita, no geral, foi reduzido com as dietas baixas em proteína,
provavelmente devido à excreção urinária mais baixa de nitrogênio. O mesmo
autor concluiu que entrada dietética da proteína e a fonte de proteína
determinaram a excreção urinária de metabólitos de nitrogênio e oxalato e o
nível e o caráter do cristalúria.
Alimentos para cães utilizados para a prevenção de urólitos de estruvita
devem levar à produção de urina com pH entre 6,2 e 6,4, enquanto para a
dissolução deste urólito, pH entre 5,9 e 6,1 (Carciofi, 2007).
2.5.4 Efeito dos alimentos sobre aspectos microbiológicos de cães adultos
Segundo Santos et al. (2000), a prática empregada para produtos
alimentares na determinação da qualidade higiênica dos alimentos é a
determinação de organismos indicadores. Em relação aos microrganismos mais
indicativos ou representativos da qualidade sanitária, destacam-se o grupo
coliforme fecal e, no caso das rações, a presença de salmonelas.
Dietas compostas por ingredientes crus podem ser compradas
congeladas, em lojas de pet e algumas clínicas veterinárias ou, ainda, preparadas
44
em casa. Independentemente dos possíveis benefícios que as dietas de alimentos
crus podem proporcionar, os cães que se alimentam com essas dietas correm o
risco de infecção por Salmonella. As matérias-primas utilizadas para a produção
dessas dietas podem provir de várias fontes (FDA, 2002); como elas não sofrem
qualquer tipo de tratamento térmico ou esterilização, as bactérias e os parasitas
existentes podem estar presentes no momento de consumo do alimento pelos
animais (Finley et al., 2007).
As salmonelas são habitantes naturais do trato intestinal de animais
domésticos e selvagens de todos os tipos e são transmitidas por animais
infectados por meio das fezes, frequentemente, pela urina. A partir dessas fontes,
as bactérias contaminam o meio ambiente e podem crescer em alimentos e água
e em objetos inanimados. Salmonelas crescem bem na faixa de
temperatura de 24º-26ºC e, portanto, são capazes de aumentar em número em
alimentos contaminados. O processamento fornece oportunidade para que o
alimento possa ser contaminado pelo ambiente, pelo trabalhador levando o
patogéno ou de um trabalhador infectado pelo organismo. Segundo os números
de casos notificados e as opiniões de muitos funcionários da saúde pública, a
salmonelose é uma das mais comuns doenças infecciosas transmitidas por
contaminação de alimentos (Guthrie, 1991 citado por Chengappa et al., 1993).
Segundo alguns dados relatados por Chengappa et al. (1993), a
salmonelose, geralmente, é comum em cães e quase sempre ocorre como
resultado da ingestão de alimentos contaminados. Infecções por Salmonella em
cães têm sentinela sido atribuída à carne de cavalo crua (Caraway et al., 1959) e
às dietas preparadas em hospitais veterinário. A Salmonella foi encontrada em
mais da metade das amostras de abatedouros com processamento para o
consumo humano. Dos 24 sorotipos verificados nas amostras, a Salmonella
typhimurium foi o mais prevalente. O número de cães infectados com
salmonelas é surpreendentemente elevado.
45
Fontes de Salmonella para cães são diferentes e incluem o consumo de
roedores e coelhos infectados, coprofagia, e consumo de alimentos
contaminados com Salmonella (Morse & Duncan, 1975; Kwaga et al., 1989).
Segundo Carter e Quinn (2000), cães e gatos podem ser contaminados por
diversos meios como apresentado na Figura 1.
46
FIGURA 1 Fontes de Salmonella para cães e gatos e fatores predisponentes que
podem favorecer a salmonelose clínica em animais portadores
assintomáticos.
Fonte: Adaptado de Carter e Quinn (2000).
FONTES DE SALMONELA PARA CÃES E GATOS
Alimento e água
Carne e osso não
cozidos
Ovos ou frangos
crus
Dietas comerciais
secas
Água não clorada.
Limpeza
Miúdos (carnes)
Carcaça de
animais
selvagens
Lixo doméstico
Presas
Roedores
Pássaros
silvestres
Répteis
Fezes e fômites
de animais
portadores
Animais de
produção
Outros cães e
gatos
Animais
selvagens
Fezes humanas
CÃES
E
GATOS
Fatores de agentes
Tamanho do inóculo
Sorotipo ou estirpe
Virulência
Competição com a
flora intestinal normal
Fatores do
hospedeiro
Status imune
Idade
Hábito individual do
animal
Animal portador/
excretor
subclínico
Salmonelose clínica
Fatores predisponentes
Imunossupressão
Stress
Terapia com corticoides
Terapia contra câncer
Carga parasitária
Diabetes
Animais hospitalizados
Debilitação
Má nutrição
Idade avançada
Privação de água
47
Há pouca informação sobre a duração da colonização de Salmonella em
cães, no entanto, tem sido amplamente citado que, uma vez infectado, um cão
pode verter organismos Salmonella em suas fezes por seis semanas ou mais,
continuamente durante a primeira semana e, em seguida, de forma intermitente
(Morse et al., 1976; Sanchez et al., 2002). A prevalência estimada de organismos
Salmonella em situações normais, em cães saudáveis, é de 1% a 36% (Sanchez,
et al. 2002).
Há relatos de cães de trenó, galgos, de corridas e cães de guarda com
infecções por Salmonella devido ao consumo de carne crua contaminada
(Caraway et al., 1959; Stone et al., 1993). As dietas de alimentos crus
comercialmente disponíveis são produtos relativamente novos e têm sido
associadas com salmonelose clínica. A contaminação de fezes foi avaliada em
vinte cães em Calgary, Alberta, Canadá, para determinar se os cães expeliriam
Salmonella após o consumo de alimentos caseiros crus (preparados em casa). A
Salmonella foi isolada de 30% dos dez cães que foram alimentados com dieta
caseira crua, mas, para os dez cães que foram alimentados com ração seca
comercial, o resultado foi negativo para Salmonella. Nenhum dos cães exibiu
sinais clínicos de salmonelose. Dos cães com colonização por salmonela, apenas
um apresentou o mesmo sorotipo (Salmonella sorotipo Schwarzengrund) isolado
de ambos, o seu alimento e uma amostra de fezes (Joff & Schlesinger, 2002).
Em um estudo similar realizado em 2004, cães beagles foram
alimentados com dieta comercial de alimentos crus identificados como sendo
contaminados por Salmonella. Cinco dos sete cães que expeliram Salmonella
após terem consumido uma dieta com alimentos crus apresentaram o sorotipo
Salmonella, que foi o sorotipo isolado correspondente ao da dieta com que o
animal foi alimentado (Finley, 2004 citado por Finley et al., 2006). Nesse
estudo, utilizaram-se dietas comerciais congeladas de alimentos crus que foram
naturalmente contaminadas e cães clinicamente saudáveis. O resultado
48
demonstrou que os cães tornaram-se colonizados após a ingestão de uma única
refeição.
Os resultados obtidos por Finley et al. (2007) mostraram que as
infecções por Salmonella tendem a não serem clínicas e que pode ocorrer por
quase duas semanas na sequência de uma única refeição em cães não
previamente alimentados com dietas de alimentos crus. Apesar de nenhum cão
ficar doente, eles foram facilmente colonizados, ainda que apenas
temporariamente e, portanto, havendo o risco de desenvolver a salmonelose.
Porém, Billinghurst sugeriu que esses patógenos são inofensivos e
excepcionalmente adaptados no trato intestinal canino. Não existem relatórios
documentando salmonelose clínica em cães alimentados com uma dieta de
BARF, porém, quadros clínicos por Salmonella sp. são bem descritos em cães
(Green, 1990; , LeJune & Hancock, 2001).
Segundo Rose et al. (2002), contaminação por Salmonella sp. foi
identificada em amostras de carnes na incidência de 7,5% da carne bovina, de
44,6% da galinha e de 49,9% de peru.
A contaminação por Salmonella em animais de estimação é de extrema
importância, pois eles podem ser uma fonte de infecção potencial para seres
humanos, particularmente indivíduos de alto risco, como crianças, pessoas
idosas e indivíduos imunocomprometidos (Weese et al., 2005).
49
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local e instalações
O experimento foi realizado na Universidade Federal de Lavras, no
Centro Experimental de Animais de Companhia (CENAC), pertencente ao
Departamento de Zootecnia, em Lavras, MG, sul de Minas Gerais, nas
coordenadas 21º14’ S e 45º0’ W, a 900 m de altitude e temperatura anual média
de 19,4ºC.
Na fase de adaptação dos períodos de digestibilidade, os animais foram
alojados em boxes individuais compostos por área de solário e uma área coberta
contendo comedouro suspenso giratório e bebedouros automáticos do tipo
chupeta.
No período experimental de coleta de amostras, os animais foram
alojados em gaiolas metabólicas com 0,85 m de largura por 0,7 m de
profundidade e 0,7 m de altura, suspensas a 1,2 m do solo por estruturas de ferro
providas de bebedouros e comedouros individuais.
3.2 Animais e tratamentos experimentais
Foram utilizados 24 cães adultos da raça Beagle, com peso médio
13,09±(1,81) kg, todos saudáveis, previamente vacinados e vermifugados,
identificados e distribuídos em blocos ao acaso, em dois períodos (blocos)
experimentais consecutivos, com seis tratamentos e oito repetições por
tratamento. Cada animal representou uma parcela experimental, totalizando 48
unidades experimentais.
A descrição dos tratamentos experimentais encontra-se na Tabela 8.
50
TABELA 8 Tratamentos experimentais.
Tratamentos Alimentos
1
Ração seca comercial (superpremium)*
2
Ração úmida comercial (enlatada)
3
mix carne bovina cru*
4
mix de frango cru*
5
mix carne bovina cru* + aquecimento (3 minutos em
forno de micro-ondas)
6
mix de frango cru* + aquecimento (3 minutos em forno
de micro-ondas)
* Produtos comerciais fornecidos pela empresa Pet Organic Ltda.
Os tratamentos 1 e 2 eram constituídos de rações comerciais
processadas, e os tratamentos 3, 4, 5 e 6 de alimentos naturais, sendo o 5 e o 6
constituídos dos mesmos alimentos dos tratamentos 3 e 4, respectivamente,
porém, com acréscimo de aquecimento térmico em forno de micro-ondas, por 3
minutos.
Os alimentos naturais eram armazenados em embalagens individuais
com peso líquido de 500 g/embalagem e acondicionados em freezer congelados.
As composições e os níveis de garantias dos tratamentos experimentais estão
demonstrados na Tabela 9.
51
TABELA 9 Níveis de garantia e composição das dietas experimentais com base
na matéria natural.
Alimentos
Níveis nutricionais MN (%)
Ração
seca
Ração
úmida
Mix carne
bovina
Mix de
frango
Umidade (max.) 10 80,00
75,0 73,0
Proteína bruta (min.) 25 8,00
10,0 11,0
Extrato etéreo (min.) 16 4,00
8,0 9,0
Fibra bruta (max.) 5,0 1,5
1,2 1,2
Matéria mineral (max.) 8,4 2,5
2,4 2,2
Cálcio (max.) 1,28 0,4
0,4 0,40
Fósforo (mín.)
Á
0,74 0,2
0,3 0,35
Composição básica
Ração
seca
Carne de frango, farinha de subproduto de frango, farinha de milho, trigo
integral moído, sorgo integral moído, farinha de peixe, gordura de frango,
cevada, polpa de beterraba, hidrolisado de frango, levedura seca de cervejaria,
ovo desidratado, cloreto de sódio (sal comum), vitamina E, betacaroteno,
essência de alecrim, premix mineral-vitamínico-aminoácido.
Ração
úmida
Água, carne de frango, miúdos de bovinos, miúdos de aves, miúdos de suínos,
cloreto de sódio (sal comum), carragena, premix vitamínico e mineral.
Mix
carne
bovina
Músculo bovino cru, fígado boi cru, cenoura crua, tomate cru, ovo integral
cozido, abóbora crua, beterraba crua, abobrinha crua, semente de linhaça, óleo
de soja refinado, óleo de peixe, óleo de canola, couve-flor crua, brócolis cru,
fosfato bicálcio, algas calcáreas, alfafa desidratada, levedura de cervejaria
ativa (Saccharomyces cerevisiae – probiótico natural), vinagre de uva,
salsinha fresca, cloreto de sódio (sal comum), alecrim fresco, minerais
quelatados (manganês, zinco e selênio)
Mix
de
frango
Peito de frango, sobrecoxa de frango, pé de frango moído, pescoço de frango
moído, cenoura crua, fígado frango, beterraba crua, abóbora crua, tomate cru,
alfafa desidratada, levedura de cervejaria ativa (Saccharomyces cerevisiae
probiótico natural), abobrinha crua, couve-flor crua, brócolis cru, semente de
linhaça, óleo de peixe, vinagre de uva, óleo de canola, salsinha fresca, cloreto
de sódio (sal comum), alecrim fresco, minerais quelatados (manganês, zinco e
selênio)
Os níveis de garantia das dietas experimentais na matéria seca (MS)
analisada estão demonstrados na Tabela 10.
52
TABELA 10 Níveis de garantia das seis dietas experimentais na matéria seca
analisada.
TRATAMENTOS
1 2 3 4 5 6
Níveis de
garantia (%)
Ração
seca
Ração
úmida
Mix
carne
cru*
Mix
frango
cru*
Mix carne
aquecido*
Mix
frango
aquecido*
Umidade (max.) 4,6 78,68 75,24 73,0 72,71 71,47
Proteína bruta
(min.)
26,8 43,93 43,88 45,2 41,05 44,25
Extrato etéreo
(min.)
18,5 30,0 37,89 42,9 38,34 39,22
Matéria fibrosa
(max.)
3,23 0,63 1,52 2,77 1,81 0,97
Matéria mineral
(max.)
6,84 8,38 9,04 8,72 8,78 8,94
ENN
1
MS 44,63 17,06 7,67 0,41 10,02 6,62
Energia bruta
(kcal/kg)
4809,27 5534,38 5490,25 5738,37 5696,88 5556,05
*Alimentos comerciais naturais devidamente formulados, balanceados e equilibrados
para cães adultos saudáveis.
1
ENN= extrativo não nitrogenado; MS = matéria seca; ENNMS = 100 - ( %proteína
bruta + %extrato etéreo + %matéria fibrosa + % matéria mineral).
Os alimentos naturais crus eram descongelados em ambiente
higienizado, à temperatura ambiente, por 24 horas. Para os tratamentos 5 e 6, os
alimentos eram colocados em forno de micro-ondas modelo Brastemp 30L
BMS35 Maxi Branco 110 voltz, frequência 60 hertz e potência 900 wattz,
por 3
minutos, utilizando a função: mais 30 segundos. O cozimento dos alimentos
desses tratamentos era feito nas próprias embalagens de origem. Após esse
procedimento, os alimentos eram retirados do forno de micro-ondas, pesados e
distribuídos para os devidos animais experimentais de cada tratamento. Os
alimentos eram fornecidos à temperatura ambiente para todos os tratamentos
experimentais, no mesmo horário. Para evitar a contaminação dos alimentos, os
comedouros utilizados foram todos identificados individualmente e higienizados
diariamente, assim como o material para o manuseio das dietas, que também
53
foram individualizados, evitando qualquer tipo de contaminação cruzada entre as
dietas. Luvas de procedimento descartáveis foram utilizadas para evitar a
contaminação dos alimentos. Após o uso, as luvas eram descartadas em sacos
plásticos. Esses procedimentos foram utilizados durante todo o período do
experimento (fase de adaptação e coleta).
3.3 Período pré-experimental e período experimental
O período pré-experimental teve duração total de 10 dias, para a
medição do pH urinário inicial, antes da instalação do experimento, quando
todos os animais foram alimentados com uma dieta seca extrusada comercial
padrão. O período experimental teve duração total de 22 dias, divididos em dois
períodos de 11 dias cada, para a digestibilidade e a coleta de amostras. Neste
caso, cada período foi composto por uma fase de adaptação de cinco dias aos
tratamentos experimentais e uma fase de coleta com duração de cinco dias para a
digestibilidade (coleta de fezes e urina) e medição de pH urinário final após a
instalação do experimento, seguindo o protocolo para teste de digestibilidade e
pH urinário, disponibilizados no Manual PIQ PET, da ANFAL (2008), e um dia
adicional para cada período, quando foram realizadas a coleta de sangue, para as
análises dos parâmetros sanguíneos, no primeiro período, e as coletas de
amostras de fezes e alimentos dos comedouros de todos os animais para análise
de Salmonella e nitrogênio amoniacal nas fezes, no segundo período, para
posteriores análises.
54
3.3.1 Medição do pH urinário inicial (antes dos tratamentos experimentais)
Para a medição do pH urinário inicial, todos os animais receberam uma
dieta comercial seca extrusada, utilizada como dieta padrão. A quantidade de
alimento fornecida a cada animal foi estabelecida de acordo com suas
necessidades energéticas diárias de manutenção, em kcal/dia, de acordo com o
NRC (2006), utilizando a fórmula 110 x (PV)
0,75
,
seguida do protocolo para teste
de pH urinário, disponibilizado no Manual PIQ PET, da ANFAL (2008).
Utilizou-se um período de dez dias, sendo sete para a adaptação dos animais à
dieta padrão e três dias de coleta de urina, totalizando 72 horas. A urina foi
colhida em recipientes imersos em gelo, sob o funil coletor de urina e acoplado
em cada gaiola metabólica de forma individual, e posteriormente resfriada em
geladeira. A produção urinária individual de cada animal, em intervalo de 24
horas, foi homogeneizada, seu volume quantificado e o pH e a densidade
determinados com peagâmetro digital.
3.3.2 Coleta de amostras para a digestibilidade e pH urinário final
Para a digestibilidade, as dietas fornecidas foram pesadas diariamente e
as sobras eventuais pesadas durante o período de coleta e para os tratamentos 2,
3, 4, 5 e 6 identificadas e armazenadas, para posterior análise de matéria seca em
laboratório, de maneira a permitir o controle do consumo diário das seis dietas
experimentais, o qual era obtido pela diferença entre o fornecido e a sobra. A
quantidade de alimento fornecida a cada animal foi estabelecida de acordo com
suas necessidades energéticas diárias de manutenção, em kcal/dia, de acordo
NRC (2006), utilizando a fórmula 110 x (PV)
0,75
. A quantidade total de alimento
para cada animal foi fornecida em refeição única e diária, sempre às 9 horas da
manhã de cada dia.
55
Durante os cinco dias de coleta de cada período experimental, foram
realizadas as coletas de fezes e urina. Para a coleta de urina para a
digestibilidade, nos dois primeiros dias desta fase, a urina foi coletada
utilizando-se baldes plásticos adaptados ao fundo das bandejas coletoras das
gaiolas metabólicas. Para a conservação da urina, diariamente, foi adicionado
aos baldes coletores 1,0 mL de ácido sulfúrico a 1 Eq./L/dia e,
nos três últimos
dias da fase de coleta, a urina foi colhida em recipientes imersos em gelo sob o
funil coletor de urina e acoplado em cada gaiola metabólica e, posteriormente,
resfriada em geladeira. A produção urinária individual de cada animal em
intervalo de 24 horas foi homogeneizada e seu volume quantificado e o pH e a
densidade determinados com peagâmetro digital. Esta urina, posteriormente, era
acrescida de 1 mL de ácido sulfúrico a 1 Eq./L e armazenada em garrafas pets e
acondicionada em freezer, a -20ºC, para posterior análise. Esse procedimento foi
utilizado nos dois períodos experimentais para a determinação do pH urinário e
as análises necessárias para a obtenção da digestibilidade de nutrientes e o
cálculo das energias digestível e metabolizável. Após descongelamento, os
volumes totais de urina para cada animal foram medidos e anotados. Da mesma
forma, as fezes foram coletadas, guardadas em sacos plásticos devidamente
identificados por animal e tratamento e armazenadas em freezer, à temperatura
de -20º C. Após o período de coleta, as amostras de fezes foram descongeladas
em temperatura ambiente (aproximadamente 12 horas), homogeneizadas e
colocadas em bandejas de alumínio, com peso conhecido, pesadas e, em seguida,
colocadas em estufa de ventilação forçada (65ºC), por 72 horas. Após atingirem
equilíbrio com a temperatura ambiente, foram pesadas novamente e moídas em
moinho de Thomas-Wiley, utilizando peneira de 1 mm e acondicionadas em
recipientes plásticos, para posterior análise.
56
3.3.3 Coleta de amostras sanguíneas e análises
As amostras de sangue foram colhidas no último dia do primeiro período
experimental (décimo primeiro dia, dia adicional ao período utilizado para a
digestibilidade). Os animais foram mantidos em jejum de doze horas, a partir da
última alimentação. Foram coletadas amostras de sangue da veia jugular de
quatro animais de cada tratamento, em tubos coletores esterilizados e,
posteriormente, enviadas em caixa de isopor devidamente refrigerada para o
Laborátorio In Vitro, em Lavras, MG, onde foram realizadas as análises.
3.3.4 Coleta de amostras para Salmonella e análise
As amostras das dietas, dos alimentos dos comedouros e de fezes dos 24
animais, do primeiro período experimental, foram coletadas no décimo primeiro
dia e acondicionadas em potes plásticos esterilizados e posteriormente enviadas
para o laboratório M. Cassab, em São Paulo, SP, para análise, de acordo com
AOAC Internacional (FDA, 1992). Para amostragem dos alimentos dos
comedouros, o alimento foi colocado de maneira individual e deixado até que
cada animal consumisse cerca de 70% do alimento disponibilizado. Os
comedouros eram, então, retirados, anotada a hora e permaneciam em repouso
por duas horas. Após este período, as amostras foram acondicionadas em potes
plásticos esterilizados, identificados individualmente, por nome do animal,
tratamento e posteriormente enviados ao laboratório para análise.
3.3.5 Coleta de amostras para nitrogênio amoniacal e análise
A coleta das amostras de fezes, para a determinação do nitrogênio
amoniacal, foi realizada no décimo primeiro dia do segundo período
experimental, quando os animais foram retirados das gaiolas e colocados no
chão de cada box individual, devidamente limpo, para a defecação instantânea
sob ato condicionado e a coleta imediata. As amostras foram colocadas em sacos
57
plásticos, identificadas individualmente e imediatamente congeladas, para
posterior análise no Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Federal de
Lavras, seguindo metodologia por destilação adaptada de Silva & Queiroz
(2002).
3.3.6 Escore fecal
Durante todo o período de coleta, para a determinação dos coeficientes
de digestibilidade, foi realizada a avaliação do escore fecal. Os escores fecais
foram realizados de forma individual diariamente, conforme escala adaptada de
Parreira (2003) (Tabela 11).
TABELA 11 Escore fecal de acordo com a consistência e aspectos das amostras
recolhidas durante o período de determinação dos coeficientes de
digestibilidade das dietas experimentais.
Escore Características
1
Fezes líquidas, diarreia
2
Fezes macias, sem forma definida.
3
Fezes macias, bem formadas e úmidas
4
Fezes duras, secas, firmes e bem formadas.
5
Fezes muito duras e ressecadas.
Fonte: Adaptado de Parreira (2003).
3.4 Análises bromatológicas
As análises bromatológicas das seis dietas experimentais, fezes e urina,
foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de
Zootecnia da Universidade Federal de Lavras, de acordo com Silva e Queiroz
(2002).
58
Para a avaliação da digestibilidade aparente das dietas experimentais,
foram determinados os níveis de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato
etéreo em hidrólise ácida (EEHA) e energia nas amostras de dietas e fezes, e
energia bruta nas amostras de urina.
As análises dos alimentos, fezes e urinas foram realizadas de acordo com
Silva e Queiroz (2002) e são descritas a seguir:
matéria seca (MS) (alimento e fezes): obtida em estufa, a 105ºC,
por 24 horas;
energia bruta (EB) (alimento, urina e fezes): obtida pela queima
total das amostras, utilizando-se calorímetro adiabático PARR;
proteína bruta (PB) (alimento e fezes): estimada a partir da
porcentagem de N, pelo método de Kjedahl;
extrato e etéreo por hidrólise ácida (EEHA) (alimentos A e B e
fezes dos respectivos tratamentos): a determinação do teor de extrato etéreo das
amostras foi feita por hidrólise ácida, segundo recomendações do AOAC (1995)
e extrato etéreo (EE) (alimentos C, D e fezes dos respectivos tratamentos), pelo
método convencional.
3.5 Parâmetros avaliados
Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca
(CDAMS), proteína bruta (CDAPB), extrato etéreo (CDAEE), energia bruta
(CDAEB), em percentagem (%), energia digestível (ED) e metabolizável (EM),
em kcal/kg, em base na matéria seca (MS).
Escore fecal.
pH urinário inicial (antes da instalação dos tratamentos
experimentais) e pH final (após a instalação dos tratamentos experimentais).
Nitrogênio amoniacal das fezes.
59
Parâmetros sanguíneos: concentrações plasmáticas de ureia,
creatinina, triglicerídeos, colesterol, lipoproteína de muita baixa densidade
(VLDL), lipoproteína de alta densidade (HDL) e lipoproteína de baixa densidade
(LDL), em mg/dL.
Contaminantes biológicos (Salmonella sp., clostrídio sulfito
redutor e coliformes fecais) nas dietas experimentais.
Presença ou ausência de Salmonella sp., em 25 g, nas amostras
de alimentos dos comedouros e nas fezes dos animais submetidos ao
experimento.
3.6 Delineamento experimental e análises estatísticas
O experimento foi instalado segundo um delineamento em blocos
casualizados, com seis tratamentos repetidos quatro vezes em cada um dos dois
blocos (períodos), totalizando 48 unidades experimentais, para todos os
parâmetros avaliados, com exceção dos parâmetros sanguíneos, presença ou
ausência de Salmonella sp. nas fezes e amostras dos alimentos dos comedouros e
nitrogênio amoniacal (quatro animais por tratamento, totalizando 24 unidades
experimentais). As análises estatísticas foram realizadas utilizando do software
R (2008). Para os parâmetros sanguíneos e de digestibilidade utilizou-se o teste
F, para verificar a diferença entre os tratamentos e o teste de Scott-Knott com
significância a 5% de probabilidade, para comparação de médias. Para verificar
as pressuposições da análise de variância foram realizados o teste de Shapiro-
Wilk para normalidade dos erros e do teste de Barllet para verificar a
homogeneidade de variâncias, quando verificado a falta de um deste pressuposto
utilizou-se a transformação adequada.Os dados de presença e ausência de
Salmonella caracterizam-se por apresentar distribuição binomial (presença ou
ausência da característica) sendo utilizada como preditor linear (
η
) a uma
função de ligação logística. Para o escore fecal utilizou-se a análise de variância
60
não-parâmetrica por meio do teste de Kruskal-Wallis, por este se tratar de uma
nota qualitativa. Para a variável pH urinário foi realizada a análise de
covariância (ANCOVA) e o teste de Scott-Knott para comparação de médias,
como covariável utilizou-se os valores de pH urinário antes da aplicação dos
tratamentos experimentais.
3.6.1 Modelos Estatísticos
1. Modelo estatístico para análise de variância dos parâmetros
sanguíneos e os coeficientes de digestibilidade aparente da MS, PB EE, EB,
energia digestível e metabolizável em kcal/kg, nitrogênio amoniacal em % é
dado por:
Em que:
ijk
Y
é o valor da variável dependente da parcela submetida ao i-ésimo
tratamento no j-ésimo bloco e k-ésima repetição no bloco;
µ
é a constante inerente a todas as observação;
i
T
é o efeito do i-ésimo tratamento, com i = 1, ..., 6;
j
B
é o efeito do j-ésimo bloco, com j = 1 e 2;
ijk
ε
é o erro experimental associado à parcela submetida ao i-ésimo
nível do tratamento no j-ésimo bloco e k-ésima repetição no bloco, considerado
aleatório, independente e identicamente distribuído de uma Normal com média
zero e variância
2
σ
.
2. Modelo estatístico para análise de covariância pH urinário é
dado por:
Y
ijk =
µ
+ T
i
+B
j
+
ε
ijk
61
Em que:
ij
Y
é o valor da variável dependente da parcela submetida ao i-ésimo
tratamento na k-ésima repetição;
µ
é a constante inerente a todas as observação;
i
T
é o efeito do i-ésimo tratamento, com i = 1, ..., 6;
j
B
é o efeito do j-ésimo bloco, com j = 1 e 2;
α
é o coeficiente de regressão linear entre as variáveis mensuradas
antes (X) e após (Y) a instalação do experimento;
ijk
X
é o valor da variável mensurada antes da instalação do experimento
e que corresponde ao i-ésimo nível do tratamento no j-ésimo bloco e k-ésima
repetição no bloco;
...
X
é o valor médio da variável mensurada antes da instalação do
experimento;
ijk
ε
é o erro experimental associado à parcela submetida ao i-ésimo
nível do tratamento no j-ésimo bloco e k-ésima repetição no bloco, considerado
aleatório, independente e identicamente distribuído de uma Normal com média
zero e variância
2
σ
.
3. Modelo estatístico para análise de deviance presença e ausência
de Salmonella sp.
Os dados de presença e ausência de Salmonella sp. caracterizam-se por
apresentar distribuição binomial (presença ou ausência da característica) sendo
utilizada como preditor linear (
η
) a função de ligação logística, dada por:
Y
ijk =
µ
+ T
i
+B
j
+
α
( X
ijk
-
...
X
.
)+
ijk
ε
η
= ln
µ
i
1
-
µ
i
62
Em que:
µ
i
: O preditor linear foi caracterizado por um modelo de acordo com o
delineamento experimental, dado por:
Em que:
µ
é a constante inerente a todas as observação;
i
T
é o efeito do i-ésimo tratamento, com i = 1, ..., 6;
3.7 Metodologia de cálculos
Os cálculos para a obtenção dos coeficientes de digestibilidade aparente
da matéria seca (CDAMS), proteína bruta (CDAPB), extrato etéreo (CDAEE),
da energia bruta (CDAEB) em percentagem (%), energia digestível (ED) e
metabolizável (EM) em kcal/kg em base na matéria seca (MS) estão
demonstrados a seguir:
Coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca (CDAMS):
CDAMS = [(a-b)/a] x 100
Em que:
a = consumo de alimento na matéria seca;
b = fezes excretadas na matéria seca.
Coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes na matéria seca
(CADPBMS; CDAEEMS, CDAEBMS):
CDA nutriente MS
= {[(a x b) – (c x d)] / (a x b)} x 100
Em que:
η
=
µ
+ T
i
63
a = consumo de alimento na matéria seca;
b = % do nutriente no alimento;
c = quantidade excretada de fezes na matéria seca;
d = % do nutriente nas fezes.
Energia metabolizável aparente (EMA):
EMA = (a x e) – ((b x h) + (f x g))
Em que:
a = consumo de ração na matéria seca
e = energia bruta da ração na matéria seca;
b = excreção fecal na matéria seca;
h = energia bruta das fezes na matéria seca;
f = energia bruta da urina;
g = volume total de urina.
64
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Coeficientes de digestibilidade aparente das dietas experimentais
Os valores de coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca
(CDAMS), proteína bruta (CDAPB), extrato etéreo (CDAEE), da energia bruta
(CDAEB), em percentagem (%) em base na matéria seca (MS), de todos os
tratamentos experimentais, encontram-se a seguir na Tabela 12.
TABELA 12 Valores médios e seus respectivos desvios padrões dos coeficientes
de digestibilidade aparente da matéria seca (CDAMS), proteína
bruta (CDAPB), extrato etéreo (CDAEE), da energia bruta
(CDAEB), em percentagem (%), em base na matéria seca (MS),
segundo os tratamentos estudados.
VALORES MÉDIOS
1
TRATAMENTOS
CDAMS CDAPB CDAEE CDAEB
(1) Ração seca
83,33(±2,45)B 82,17(±3,96)C 93,64(±0,68)B 86,53(±1,49)C
(2) Ração úmida
87,33(±0,76)A 90,39(±1,95)B 93,77(±0,92)B 90,80(±0,57)B
(3) Mix carne cru
83,70(±2,84)B 92,98(±1,10)A 94,19(±1,18)B 91,19(±1,60)B
(4) Mix frango cru
85,76(±2,33)A 93,79(±1,31)A 96,16(±0,53)A 93,53(±1,03)A
(5) Mix carne aquecido
86,17(±2,04)A 93,90(±1,28)A 95,12(±0,77)A 93,13(±1,27)A
(6) Mix frango aquecido
87,07(±5,00)A 93,83(±2,77)A 96,00(±1,55)A 93,72(±2,54)A
Média
85,56 91,18 94,81 91,48
CV (%)
3,38 2,54 1,02 1,68
Erro-padrão
1,03 0,82 0,34 0,54
1
Médias seguidas de letra distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Scott-knott a
um nível nominal de significância de 5%.
Para matéria seca, proteína bruta e extrato etéreo estipulados pela Anfal-
Pet, os tratamentos com alimentos naturais demonstraram valor nutricional
semelhante ou superior ao dos alimentos classificados como superpremium, pois
todos apresentaram os coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes
citados anteriormente de 80%, 80% e 90%, respectivamente, o que é exigido
65
pela Anfal-Pet, na classificação de alimentos completos industrializados para
cães.
Para o coeficiente de digestibilidade da matéria seca, os alimentos ração
úmida, mix de frango cru, mix de carne aquecido e mix de frango aquecido
apresentaram os maiores valores, respectivamente, de 87,33%, 85,765%,
86,17% e 87,07% (P<0,05).
Dos seis alimentos testados, os maiores valores de coeficientes de
digestibilidade aparente da proteína foram para os alimentos: mix de carne cru
(92,98%), mix de frango cru (93,79%), mix de carne aquecido (93,90%) e mix
de frango aquecido (93,83%) (P<0,05). Já para os coeficientes de digestibilidade
do extrato etéreo (CDAEE) e para energia bruta (CDAEB), os alimentos mix de
frango cru, mix de carne aquecido e mix de frango aquecido apresentaram os
maiores valores, de 96,6%, 95,12% e 96,00%, para o CDAEE e de 93,53%,
93,13% e 93,72% para a energia bruta (CDAEB), respectivamente (P<0,05). De
acordo com Neirinck et al. (1991), os maiores CDAMS e CDAPB e CADEE
foram obtidos com fontes proteicas de origem animal na forma crua para cães,
sendo de 90,36%, 91,21% e 96,79%, respectivamente. Já Hackenburger &
Atkinson (1983), trabalhando com dietas baseadas em carne crua para tigres,
obtiveram coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca, energia e
proteína variando de 86% a 98%, de 91% a 98% e de 92% a 98%,
respectivamente, semelhantes aos dados do presente estudo. Para o CDEB, os
valores encontrados no presente estudo para os alimentos naturais (tratamentos
3, 4, 5 e 6) foram superiores ou semelhantes aos encontrados por José (2008) em
alimentos secos extrusados superprêmio, que variaram de 87,75% a 91,35%.
O CDAPB da ração úmida foi inferior a dos alimentos naturais (P<0,05),
possivelmente devido a utilização de subprodutos proteicos de origem animal,
diferentemente dos alimentos naturais compostos por ingredientes proteicos
destinados ao consumo humano com maior valor biológico da proteína.
66
4.2 Energia digestível e energia metabolizável
Os valores obtidos para energia digestível aparente (EDA) e energia
metabolizável aparente (EMA) na matéria seca, em kcal/kg, encontram-se na
Tabela 13.
TABELA 13 Valores médios e seus respectivos desvios padrões obtidos para
energia digestível aparente (EDA) e energia metabolizável
aparente (EMA) na matéria seca, em kcal/kg.
VALORES MÉDIOS
1
TRATAMENTOS
EDA EMA
(1) Ração seca
4161,34(±71,83)D 3652,90(±177,81)B
(2) Ração úmida
5025,23(±31,72)C 4144,15(±298,94)A
(3) Mix carne cru
5006,52(±87,69)C 3865,21(±410,17)B
(4) Mix frango cru
5367,29(±58,81)A 4133,23(±172,91)A
(5) Mix carne aquecido
5305,45(±72,24)A 4253,34(±323,54)A
(6) Mix frango aquecido
5207,01(±141,31)B 4264,78(±660,09)A
Média
5012,14 4052,27
CV (%)
1,67 7,82
Erro-padrão
29,63 111,98
1
Médias seguidas de letra distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Scott-knott a
um nível nominal de significância de 5%.
Os maiores valores de EDA foram determinados para os alimentos mix
frango cru e mix carne aquecido, com valores de 5.367,29 e 5.305,45 kcal/kg.
respectivamente (P<0,05). Para a EMA, os alimentos ração úmida, mix frango
cru, mix carne aquecido e mix frango aquecido apresentaram os maiores valores,
de 4.144,15, 4.133,23, 4.253,34 e 4264,78 kcal/kg, respectivamente. Os valores
de EDA para os alimentos naturais, tratamentos 3, 4, 5 e 6, juntamente com o
tratamento 2 (ração úmida comercial) encontrados neste estudo foram superiores
aos encontrados por José (2009). Este autor, trabalhando com alimentos secos
extrusados para cães classificados como padrão, prêmio e superprêmio, verificou
67
que, na categoria superprêmio, os alimentos apresentaram EDA variando de
4.295,34 a 4.421,83 kcal/kg. Já para a EMA, o valor médio encontrado pelo
mesmo autor nas categorias de alimentos avaliados (padrão e prêmio) foi de
3.511±476 kcal/kg. Os valores dos alimentos testados no presente estudo foram
superiores a estes e os alimentos naturais apresentaram valores de EMA de
3.865,21 a 4.264,78 kcal/kg.
4.3 Escore fecal
Os valores médios de escore fecal obtidos durante a determinação dos
coeficientes de digestibilidade encontram-se na Tabela 14.
TABELA 14 Escore fecal médio, de acordo com a consistência e o aspecto das
amostras de fezes recolhidas durante os períodos do teste de
digestibilidade dos alimentos testados para cães adultos.
TRATAMENTOS
ESCORE FECAL
Média
1
(1) Ração seca
3,00C
(2) Ração úmida
2,62D
(3) Mix carne cru
3,00C
(4) Mix frango cru
4,00B
(5) Mix carne aquecido
3,00C
(6) Mix frango aquecido
4,38A
1
Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Kruskal-
Wallis a um nível nominal de significância de 5%.
Os alimentos ração seca, mix carne cru, mix carne aquecido
apresentaram escore fecal médio 3, fezes macias bem formadas e úmidas,
consideradas ideais para a saúde do intestino. De acordo com Zentek et al.
(2002), dietas secas proporcionam melhor resultado se comparada a dietas
enlatadas. Porém, dietas com base nos alimentos naturais, como nos tratamentos
3 e 5, que contêm, em média, 73% de umidade, também apresentaram melhor
68
escore fecal, assim como a ração seca. Isto sugere que somente o teor de
umidade não é efetivo para avaliar a influência do conteúdo de umidade da dieta
na qualidade fecal, de acordo com Zentek (1995), e que fatores potenciais para
as mudanças na qualidade fecal são a quantidade e o tipo de proteína dietética,
conteúdo de umidade e agentes geleficantes.
As dietas naturais à base de frango apresentaram os escores fecais mais
altos, com a produção de fezes secas e duras, podendo comprometer a saúde do
trato gastrintestinal. Segundo Felix (2009) fezes muito ressecadas e duras,
apesar de facilitar a higienização do ambiente, predispõem a retenção fecal e
podem resultar em distúrbios intestinais e o prolongamento da permanência das
fezes no intestino grosso que permite maior tempo de fermentação da fração
protéica não digerida e, por conseguinte, maior exposição da mucosa intestinal a
compostos putrefativos tóxicos. Portanto, a qualidade das proteínas é um fator
importante na formulação de dietas, a fim de promover a saúde intestinal dos
animais e a produção de fezes com escore “ideal”.
4.4 Nitrogênio amoniacal
Os valores de nitrogênio amoniacal nas fezes de todos os tratamentos
encontram-se na Tabela 15.
69
TABELA 15 Valores médios e respectivos desvios padrões para nitrogênio
amoniacal das fezes, em g/100g, dos animais submetidos às dietas
experimentais em estudo.
Valores médios
1
TRATAMENTOS
N amoniacal (g/100g)
(1) Ração seca
0,415(0,057)B
(2) Ração úmida
1,018(0,125)A
(3) Mix carne cru
0,465(0,136)B
(4) Mix frango cru
0,375(0,070)B
(5) Mix carne aquecido
0,350(0,132)B
(6) Mix frango aquecido
0,378(0,096)B
Média
0,50
CV (%)
21,42
Erro-padrão
0,05
1
Médias seguidas de letra distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a
um nível nominal de significância de 5%.
Houve diferença significativa entre os tratamentos (P<0,05). A ração
úmida apresentou o maior valor para o nitrogênio amoniacal, em relação aos
demais tratamentos. Aquino (2009) relatou resultados semelhantes ao deste
estudo, tendo encontrado teor de nitrogênio amoniacal nas fezes de 0,82 (%mg),
em gatos alimentados com uma dieta úmida enlatada com 34% PB na MS. De
acordo com Zentek (1995), cães alimentados com dieta à base de carne e ossos
apresentaram maiores concentrações de sulfeto de hidrogênio do que os
alimentados com uma dieta à base de soja, sugerindo que as dietas contendo só
proteína de carne podem resultar em mais flatulência que aquelas com misturas
de origem animal e fontes de proteína vegetal. Isto, provavelmente, se deve ao
desequilíbrio de aminoácidos e a um excesso de aminoácidos sulfurados em
relação às necessidades do corpo por dietas de alta proteína de carne.
70
4.5 pH urinário
Os valores médios de pH urinário final, em função dos tratamentos
estudados, estão demonstrados na Tabela 16.
TABELA 16 Valores médios do pH urinário final e em função dos tratamentos
estudados.
Valores médios
1
TRATAMENTOS
pH urinário
(1) Ração seca
6,09C
(2) Ração úmida
5,80D
(3) Mix carne cru
6,58B
(4) Mix frango cru
6,37B
(5) Mix carne aquecido
6,83A
(6) Mix frango aquecido
6,44B
Erro-padrão
0,11
1
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-
Knott a um nível nominal de significância de 5%.
Os maiores valores de pH urinário final foram verificados para os
alimentos mix carne aquecido, mix frango aquecido, mix de carne cru e mix
frango cru, de 6,83; 6,44; 6,58 e 6,37, respectivamente (P<0,05), os quais,
porém, não sofreram influência da covariável pH urinário inicial. De acordo com
Osborne et al. (2000), alimentos para cães coma finalidade de prevenir urólitos
de estruvita devem levar à produção de urina com pH entre 6,2 e 6,4. Em relação
aos urólitos de oxalato de cálcio, as dietas de prevenção devem manter o pH
urinário entre 6,6 e 6,8 (Kruger & Allen, 2000). O mesmo valor de pH mais
baixo para a dieta úmida enlatada no tratamento 2 foi verificado em experimento
com gatos relatado por Case et al. (1998). Estes animais apresentaram pH de
5,82, quase exatamente o mesmo valor encontrado neste experimento para cães
adultos, que foi de 5,80. De acordo com Zentek & Schulz (2004), a quantidade e
71
a fonte de proteína têm papel importante na determinação do pH, pois maior
excreção de nitrogênio conduzirá à maior acidificação do pH urinário.
4.6 Parâmetros sanguíneos
Os valores mensurados para as concentrações plasmáticas de ureia,
creatinina (CRE.), triglicerídeos (TAG), colesterol (COL.), lipoproteína de muita
baixa densidade (VLDL), lipoproteína de alta densidade (HDL) e lipoproteína de
baixa densidade (LDL), em mg/dL, dos cães que receberam os alimentos
testados, encontram-se na Tabela 17.
TABELA 17 Valores mensurados para as concentrações plasmáticas de ureia,
creatinina (CRE.), triglicerídeos (TAG), colesterol (COL.),
lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL), lipoproteína de
alta densidade (HDL) e lipoproteína de baixa densidade (LDL),
em mg/dL, dos cães que receberam os alimentos testes.
TRATAMENTO VALORES MÉDIOS
1
CRE. UREIA TAG COL. VLDL HDL LDL
(1) Ração seca
0,80 38,75 143,25A 196,50 28,65A 132,00 51,83
(2) Ração úmida
0,73 47,50 37,25B 212,75 7,45B 123,75 81,55
(3) Mix carne cru
0,68 44,00 47,50B 142,75 9,50B 84,75 48,50
(4) Mix frango cru
0,70 41,25 35,50B 171,75 7,10B 104,75 59,90
(5) Mix carne aquecido
0,65 45,75 44,50B 206,75 8,90B 118,63 79,23
(6) Mix frango aquecido
0,68 43,00 40,50B 174,75 8,10B 109,50 57,15
CV(%)
13,90 13,78 6,48 27,60 11,05 23,37 39,38
Erro-padrão
0,05 2,99 0,13 25,43 0,13 13,12 12,41
1
Médias seguidas de letra distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a um nível
nominal de significância de 5%.
Para os parâmetros sanguíneos, apenas as concentrações plasmáticas de
lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL) e triglicerídeos apresentaram
diferença significativa entre os tratamentos (P<0,05).
72
Os níveis de triglicerídeos e de lipoproteína VLDL, em mg/dL, foram
maiores para o alimento ração seca extrusado: cerca de 143,25 e 28,65 mg/dL,
respectivamente. Isso pode ser explicado pela necessidade de quantidades
adequadas de amido para que ocorram a correta extrusão e o beneficiamento da
melhora na digestibilidade do mesmo, principalmente da fração de amilopectina,
que tem maior capacidade de gelatinização responsável por uma maior
digestibilidade do amido (Borges, 2002). Por ser mais facilmente degradada, a
amilopectina proporciona maior fluxo de glicose para o fígado, que a converte
em ácidos graxos para serem armazenados no tecido adiposo (Denardin et. al ,
2007).
No jejum ocorre uma mobilização das reservas corporais de tecido
adiposo, de acordo com Sousa et al. (2004) as VLDL que são sintetizadas no
fígado possuem importante substrato para sua formação como os ácidos graxos
sintetizados no próprio fígado ou derivados de remanescentes das lipoproteínas,
de forma que estas lipoproteínas são produzidas quase que continuamente de
modo que na condição de jejum, realizam parte do transporte de triglicerídeos
plasmáticos.
Para os valores de creatinina e ureia não houve diferença significativa
entre os tratamentos (P>0,05). As mudanças dietéticas não alteram os níveis de
creatinina plasmática, pois, estes níveis em cães adultos aumentam com o
aumento do peso corporal (van der Brom & Bienwega, 1981; Médaille et al.,
2004).
73
4.7 Contamimantes biológicos das dietas experimentais, alimentos dos
comedouros e fezes
Para as amostras das seis dietas experimentais, foram realizadas análises
de Salmonella sp. (presença ou ausência), clostrídio sulfito redutor (NMP/g) e
coliformes fecais (UFC/g) (Tabela 18).
TABELA 18 Análises das seis dietas experimentais para Salmonella sp.
(presença ou ausência), clostrídio sulfito redutor (NMP/g) e
coliformes fecais (UFC/g).
Contaminantes biológicos
TRATAMENTOS
Salmonella
presença em 25 g
Clostrídio sulfito
redutor (NMP/g)
Coliformes
fecais (UFC/g)
(1) Ração seca
ausente <10,00 >2400,00
(2) Ração úmida
presente 5,0 x 10
1
>1000,00
(3) Mix carne cru
presente 2,3 x 10
2
>2400,00
(4) Mix frango cru
presente 1,6 x 10
2
>1000,00
(5) Mix carne aquecido
presente <10,00 680
(6) Mix frango aquecido
presente 1,0 x 10
1
<3,00
Segundo os limites de contaminantes biológicos estabelecidos pela
Anfal-Pet (2008), nenhum dos alimentos atendeu a todos os limites satisfatórios
para os contaminantes biológicos apresentados na Tabela 18. Para que os
alimentos atingissem limites satisfatórios do produto final, teriam que apresentar
para Salmonella ausente em 25 g; clostrídio sulfito redutor <10 NMP/g e
coliformes fecais <10 UFC/g. Porém, somente o tratamento 1 (ração seca
extrusada) apresentou limite satisfatório para Salmonella sp. e clostrídio sulfito
74
redutor. O tratamento 5 foi satisfatório para clostrídio sulfito redutor e o
tratamento 6, para coliformes fecais. Existem limites de aceitabilidade e os
tratamentos 2, 3 e 4 atenderam aos limites para clostrídio sulfito redutor na faixa
de 10-10
4
; o tratamento 5 apresentou limite de aceitabilidade para coliformes
fecais na faixa de 10 a 10
3
e o tratamento 6, para clostrídio sulfito redutor.
Verificou-se que o tempo e a temperatura de cozimento não foram
efetivos para a eliminação da Salmonella sp. das amostras dos alimentos
naturais.
Para a análise das amostras dos alimentos dos comedouros e fezes de
todos os animais para Salmonella sp., os resultados encontram-se na Tabela 19.
TABELA 19 Proporção para presença ou ausência de Salmonella nas amostras
de fezes e de alimentos dos comedouros de todos os animais,
segundo os tratamentos estudados.
TRATAMENTO
PROPORÇÃO
Salmonela Comedouro Salmonela Fezes
(1) Ração seca
0,0001 1,0000
(2) Ração úmida
1,0000 1,0000
(3) Mix carne cru
1,0000 1,0000
(4) Mix frango cru
1,0000 1,0000
(5) Mix carne aquecido
1,0000 1,0000
(6) Mix frango aquecido
1,0000 1,0000
A contaminação bacteriana de comedouros de alimentação de animais de
estimação pode ser uma fonte de infecção potencial para seres humanos,
particularmente indivíduos de alto risco, como crianças, pessoas idosas e
indivíduos imunocomprometidos (Weese et. al. 2005). Na análise de Salmonella
sp., em 25 g de amostra, todos os tratamentos (dietas) apresentaram positividade
de 100%, exceto para a ração seca extrusada. O mesmo foi verificado na análise
75
de amostras dos alimentos dos comedouros de todos os animais. Dados
semelhantes foram encontrados por Chengappa et al. (1993), em carne crua
utilizada em dietas para galgos de corridas, com positividade de 70% de
contaminação e por Joff & Schlesinger (2002), que isolaram Salmonella de 30%
dos 10 cães alimentados com dieta caseira crua. Mas, para os 10 cães que foram
alimentados com ração seca comercial, o resultado foi negativo para Salmonella
e nenhum dos cães exibiu sinais clínicos de salmonelose.
Em um estudo, Salmonela sp. foi identificada em amostras de carnes na
incidência de 7,5% da carne bovina, de 44,6% da galinha e de 49,9% de peru
(Rose et al., 2002). A predominância elevada de contaminação da carne
destinada ao consumo humano por Salmonellas sp. não deve ser utilizada como
razão para não atentar ao significado de sua predominância em dietas cruas de
animais de estimação, pois a carne para seres humanos é cozida antes da
alimentação de forma efetiva (Weese et al., 2005). De acordo com Maier (2003),
a temperatura mínima para a eliminação de Salmonella é de 80ºC. Os
tratamentos que sofreram tratamento térmico neste estudo, provavelmente, não
atingiram esta temperatura no tempo de três minutos em forno de micro-ondas e,
portanto, não foram efetivos na eliminação do patógeno. Porém, segundo
Stawick (2003), muitas espécies diferentes de Salmonella existem, com uma
vasta gama de resistência ao estresse térmico.
Para as amostras de fezes, como já mencionado (Tabela 20), todos os
cães apresentaram positividade para salmonela, mesmo aqueles que receberam o
tratamento 1 (ração seca extrusada). Estes achados estão de acordo com Guthrie
(1991), citado por Chengappa et al. (1993). As salmonelas são habitantes
naturais do trato intestinal de animais domésticos e selvagens e, de acordo com
Joff & Schlesinger (2002), os sorotipos para as Salmonellas que colonizam o
trato gastrintestinal e são expelidas nas fezes podem ser diferentes dos sorotipos
presentes nos alimentos contaminados.
76
5 CONCLUSÃO
Os alimentos naturais apresentaram parâmetros de digestibilidade de
nutrientes e qualidade fecal (escore fecal e nitrogênio amoniacal) superiores ou
semelhantes aos alimentos comerciais industrializados classificados como
superpremium para cães adultos.
Os alimentos naturais podem ser utilizados como fontes de nutrientes de
alta qualidade nutricional para cães adultos. Porém, o tempo de cozimento
utilizado neste estudo não foi efetivo para a eliminação de Salmonella sp., sendo
necessário, portanto, utilizar tratamentos térmicos mais efetivos.
Alimentos com teores de carboidratos elevados podem aumentar os
níveis de triglicerídeos e de lipoproteínas de muito baixa densidade em cães
adultos. O tipo de processamento do alimento é importante na qualidade do
produto final.
77
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90
ANEXOS
Pág.
TABELA 1A Análise de variância para de coeficientes de
digestibilidade aparente da matéria seca (CDAMS) e
proteína bruta (CDAPB) em percentagem (%) segundo os
tratamentos estudados.......................................................... 91
TABELA 2A Análise de variância para de coeficientes de
digestibilidade aparente do extrato etéreo (CDAEE) e da
energia bruta (CDAEB) em percentagem (%) segundo os
tratamentos estudados..........................................................
91
TABELA 3A Análise de variância para energia digestível aparente
(EDAMS) e energia metabolizável aparente (EMAMS) na
matéria seca em kcal/kg segundo os tratamentos
estudados............................................................................. 91
TABELA 4A Análise de variância não paramétrica para o escore fecal
de acordo com a consistência e aspecto das amostras de
fezes recolhidas durante os períodos do teste de
digestibilidade segundo os tratamentos estudados............... 92
TABELA 5A Análise de variância para as concentrações plasmáticas de
ureia, creatinina, triglicerídeos, colesterol, lipoproteína de
densidade muito baixa (VLDL), lipoproteína de alta
densidade (HDL) e lipoproteína de baixa densidade (LDL)
em mg/dL segundo os tratamentos estudados.....................
92
TABELA 6A Análise de variância para o pH urinário final e em função
dos tratamentos estudados...................................................
93
TABELA 7A Análise de deviance para a proporção para a presença ou
ausência de Salmonella nas amostras de alimentos dos
comedouros dos animais analisadas segundo os
tratamentos estudados................................................... 93
TABELA 8A Análise de variância para o teor de nitrogênio amoniacal
nas fezes dos cães segundo os tratamentos
estudados......................................................................
93
91
TABELA 1A Análise de variância para de coeficientes de digestibilidade
aparente da matéria seca (CDAMS) e proteína bruta (CDAPB) em percentagem
(%) segundo os tratamentos estudados.
QM (valor p)
FV Gl
CDAMS CDAPB
Tratamentos 5 22,7926 (0,0324) 170,1056 (0,0001)
Blocos 1 1,9845 (0,6287) 2,7122 (0,4802)
Erro 41 8,3621 5,3436
CV (%) 3,38 2,54
TABELA 2A Análise de variância para de coeficientes de digestibilidade
aparente do extrato etéreo (CDAEE) e da energia bruta (CDAEB) em
percentagem (%) segundo os tratamentos estudados.
QM (valor p)
FV Gl
CDAEE CDAEB
Tratamentos 5 9,8672 (0,0001) 59,1818 (0,0001)
Blocos 1 3,3232 (0,0677) 2,5116 (0,3093)
Erro 41 0,9434 2,3699
CV (%) 1,02 1,68
TABELA 3A Análise de variância para energia digestível aparente (EDAMS) e
energia metabolizável aparente (EMAMS) na matéria seca em kcal/kg segundo
os tratamentos estudados.
QM (valor p)
FV Gl
EAD EAM
Tratamentos 5 1.558.710,95 (0,0001) 472.123,25 (0,0017)
Blocos 1 9.433,49 (0,2533) 1.903.571,29 (0,0001)
Erro 41 7.025,92 100.319,36
CV (%) 1,67 7,82
92
TABELA 4A Análise de variância não paramétrica para o escore fecal de acordo
com a consistência e aspecto das amostras de fezes recolhidas durante os
períodos do teste de digestibilidade segundo os tratamentos estudados.
FV GL Qui-quadradado valor-p
Tratamento 5 44,76 <0,0001
TABELA 5A Análise de variância para as concentrações plasmáticas de uréia,
creatinina, triglicerídeos, colesterol, lipoproteína de densidade muito baixa
(VLDL), lipoproteína de alta densidade (HDL) e lipoproteína de baixa densidade
(LDL) em mg/dL segundo os tratamentos estudados.
FV GL QM valor-p QM valor-p QM valor-p
Creatinina Uréia Triglicerídeos*
Tratamento 5 0,0114 0,3523 39,2750 0,3950 1,0345 0,0000
Erro 18 0,0096 35,7361 0,0638
CV 13,90% 13,78% 6,48%
Colesterol VLDL* HDL
Tratamento 5 2749,84 0,4127
1,0345
<0,0001 1106,4104 0,2086
Erro 18 2586,48
0,0637
688,2743
CV 27,60% 16,64% 23,37%
LDL
Tratamento 5 789,05 0,3153
Erro 18 616,28
CV 39,38%
* valores transformados por log( )
y
93
TABELA 6A Análise de variância para o pH urinário final e em função dos
tratamentos estudados.
FV GL QM valor-p
pH urinário
Covariável 1 0,2352 0,1109
Tratamento 5 1,0734 <0,0001
Bloco 1 0,0111 0,7355
Erro 40 0,0943
CV (%) 4,87
TABELA 7A Análise de deviance para a proporção para a presença ou ausência
de Salmonella nas amostras de alimentos dos comedouros dos animais
analisadas segundo os tratamentos estudados.
FV GL deviance valor-p
Tratamento 5 21,53 0,0006
Erro 18 <0,0001
TABELA 8A Análise de variância para o teor de nitrogênio amoniacal nas fezes
dos cães segundo os tratamentos estudados.
FV GL QM valor-p
Tratamento 5 0,263510 <0,0001
Erro 18 0,011469
CV (%) 21,42
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