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PRODUÇÃO E QUALIDADE DE FRUTAS DE
TANGERINEIRA ‘PONKAN’ SUBMETIDA AO RALEIO
QUÍMICO COM ETHEPHON
RODRIGO AMATO MOREIRA
2010
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RODRIGO AMATO MOREIRA
PRODUÇÃO E QUALIDADE DE FRUTAS DE TANGERINEIRA
‘PONKAN’ SUBMETIDA AO RALEIO QUÍMICO COM ETHEPHON
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Agronomia/Fitotecnia, área de concentração
Produção Vegetal, para a obtenção do título de
“Mestre”.
Orientador
Prof. Dr. José Darlan Ramos
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2010
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Moreira, Rodrigo Amato.
Produção e qualidade de frutas de tangerineira ‘Ponkan’
submetida ao raleio químico com Ethephon / Rodrigo Amato
Moreira. – Lavras : UFLA, 2010.
38 p. : il.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Lavras, 2010.
Orientador: José Darlan Ramos.
Bibliografia.
1. Citrus reticulata Blanco cv. Ponkan. 2. Fitorreguladores. I.
Universidade Federal de Lavras. II. Título.
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
RODRIGO AMATO MOREIRA
PRODUÇÃO E QUALIDADE DE FRUTAS DE TANGERINEIRA
‘PONKAN’ SUBMETIDA AO RALEIO QUÍMICO COM ETHEPHON
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Agronomia/Fitotecnia, área de concentração
Produção Vegetal, para a obtenção do título de
“Mestre”.
APROVADA em 26 de fevereiro de 2010
Prof. Dra. Maria do Céu Monteiro da Cruz UFVJM
Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima UFLA
Prof. Dr. Rafael Pio UFLA
Prof. Dr. José Darlan Ramos
Orientador
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, por me dar força diariamente para superar as
dificuldades e escolher os ‘caminhos certos’ para percorrer e por eu ter uma
família muito presente, que sem a qual não saberia viver.
Aos meus pais, Antônio José e Célia, que me deram a oportunidade de estudar
fora e me apoiaram em cada mudança das etapas de minha vida.
Aos meus avós, Maria Helena e Celso, que têm me ajudado muito desde o dia
em que nasci.
Aos meus tios, Maria Helena e Paulo, Ana Lúcia e Evandro pelos conselhos e o
‘ombro’ amigo que não posso deixar de mencionar
Aos meus irmãos, Richard e Renata, e aos meus primos Henrique e Lívia em
cujo convívio busco a alegria de viver.
À Universidade Federal de Lavras e ao Programa de Pós-Graduação em
Agronomia/Fitotecnia do Departamento de Agricultura, pela oportunidade de
realização do mestrado.
Ao CNPq, pela concessão da bolsa.
Ao professor José Darlan Ramos, pela amizade, ensinamentos e orientação que
ajudaram em minha formação.
À professora Maria do Céu, pela amizade, conselhos, ajuda profissional e
colaboração em todas as etapas na execução deste trabalho.
Ao sr. Pedro José Barbosa, pela concessão de seu pomar para a realização desta
pesquisa. Especialmente, ao sr. Marcos Antônio Barbosa, pela disponibilidade,
atenção e colaboração na condução do trabalho e à sua esposa, Edna, pelo
carinho e atenção.
Ao professor Luiz Carlos de Oliveira Lima, pela fundamental colaboração,
apoio, atenção e por todas as considerações.
Aos funcionários do pomar do Setor de Fruticultura da UFLA e do Laboratório
de Pós-Colheita de Frutas, pela disponibilidade em ajudar durante a execução de
todos os trabalhos realizados.
Ao professor Rafael Pio, pelo incentivo e sugestões que enriqueceram este
trabalho.
À secretária Marli, do Programa de s-Graduação em Agronomia/ Fitotecnia,
pela atenção e colaboração durante todo o curso.
Aos amigos do NEFRUT, Neimar, Virna, Dili, Fábio, Ana Cláudia, Verônica,
Marcelo e Elisângela, pelo companheirismo, ajuda e incentivo.
PRODUÇÃO E QUALIDADE DE FRUTAS DE TANGERINEIRA
‘PONKAN’ SUBMETIDAS AO RALEIO QUÍMICO COM ETHEPHON
SUMÁRIO
RESUMO ...............................................................................................................i
ABSTRACT .........................................................................................................ii
INTRODUÇÃO GERAL.......................................................................................1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................5
ARTIGO 1: Crescimento e produção de frutas de tangerineira ‘Ponkan
submetidas ao raleio químico...............................................................................6
Resumo..................................................................................................................7
Abstract..................................................................................................................8
1 Introdução...........................................................................................................9
2 Material e Métodos...........................................................................................10
3Resultados e Discussão......................................................................................13
4 Conclusões........................................................................................................19
5 Referências Bibliográficas................................................................................20
ARTIGO 2: Raleio químico com Ethephon na qualidade de tangerina
'Ponkan'................................................................................................................22
Resumo ...............................................................................................................23
Abstract................................................................................................................24
1 Introdução.........................................................................................................25
2 Material e Métodos...........................................................................................26
3 Resultados e Discussão.....................................................................................28
4 Conclusões........................................................................................................36
5 Referências Bibliográficas................................................................................37
i
RESUMO
MOREIRA, Rodrigo Amato. Produção e qualidade de frutas de tangerineira
‘Ponkan’ submetida ao raleio químico com Ethephon. 2010. 38 p.
Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras,
Lavras*.
Este trabalho foi realizado com o objetivo de testar diferentes concentrações de
Ethephon (ácido 2cloroetil fosfônico) em tangerineiras ‘Ponkan’, com doze anos
de idade, enxertadas sobre o limoeiro ‘Cravo’, visando avaliar o percentual de
raleio, o crescimento, a qualidade e a produção de frutas dentro e fora dos
padrões comerciais. O experimento foi realizado, no período de janeiro a julho
de 2009, em um pomar comercial não-irrigado, no município de Perdões, região
sul de Minas Gerais. O tipo climático é Cwb, segundo a classificação de
Köppen, caracterizado com verões quentes e úmidos, e invernos secos e frios.
Foram testadas cinco concentrações de Ethephon: 0; 200; 400; 600 e 800 mg L
-1
,
aplicadas quando as frutas estavam no estádio de desenvolvimento de 25 a 30
mm de diâmetro transversal. O delineamento experimental foi em blocos
casualizados com quatro repetições, a parcela foi constituída de quatro plantas.
Obteve-se percentual de 28,5% de raleio nas plantas pulverizadas com a
concentração de 800 mg L
-1
de Ethephon. Em função da abscisão foliar intensa
observada nas plantas pulverizadas com 800 mg L
-1
de Ethephon, a concentração
de 600 mg L
-1
foi a mais adequada para promover o raleio de tangerineira
‘Ponkan’ nas condições estudadas, proporcionando o desenvolvimento de frutas
de tamanho uniforme. O raleio químico promovido pela aplicação de Ethephon
aumentou a qualidade das frutas de tangerineira ´Ponkan’.
Palavras-chave: Citrus reticulata Blanco cv. Ponkan, Fitorreguladores
_________________
*Comitê orientador: Prof. José Darlan Ramos - UFLA (orientador); Prof. Luiz
Carlos de Oliveira Lima - UFLA (coorientador)
ii
ABSTRACT
MOREIRA, Rodrigo Amato. Yield and quality of ‘Ponkan’ mandarin fruits
submitted to chemical thinning with Ethephon. 2010. 38 p. Thesis (Master
Degree in Crop Science) – Universidade Federal de Lavras, Lavras.*
This study was
carried out aiming to evaluate
different Ethephon (phosphonic
acid 2cloroetil) concentrations in twelve years old ‘Ponkan’ mandarin grafted on
‘Rangpur’ lime, to evaluate the percentage of thinning, growth, quality and fruit
production out and into market standard. The experiment was conducted from
January to July 2009 in an orchard not irrigated in Perdões, southern Minas
Gerais. The type climate is Cwb, according to the Köppen classification,
characterized with hot, humid summers and dry winters and cold. There were
tested five concentrations of Ethephon: 0, 200, 400, 600 and 800 mg L
-1
, applied
when the fruit was at the development stage of 25 to 30 mm in transverse
diameter. The experimental design was a randomized block design with four
replications. Each plot was constituted by four plants. There were obtained
percentage of 28.5% thinning in plants treated with 800 mg L
-1
Ethephon
concentration. Due intense leaf abscission observed in plants treated with 800
mg L
-1
Ethephon concentration, the concentration of 600 mg L
-1
of Ethephon
was the most suitable to promote ‘Ponkan’ mandarin thinning under the
conditions studied, allowing the development of uniform size fruit. The chemical
thinning promoted by Ethephon application increased the quality of Ponkan’
mandarin.
Key words: Citrus reticulata Blanco cv ‘Ponkan’, Phytoregulators
_________________
*Guidance committee: Prof.José Darlan Ramos - UFLA (Adviser); Prof. Luiz
Carlos de Oliveira Lima - UFLA (Co Adviser).
1
INTRODUÇÃO GERAL
As plantas cítricas produzem mais flores que o número de frutas que elas
podem suprir metabolicamente. Dessa forma, é eliminado o excesso de botões
florais, flores e frutos em desenvolvimento, de tal forma que de 1% a 4% das
flores chegam até a colheita (Monselise, 1985).
O mecanismo que regula o número final de frutas colhidas pode ser
nutricional, por meio das reservas existentes, ou hormonal, como a ação de
giberelinas que são sintetizadas nas frutas (Agustí, 1999), uma vez que o número
final de frutas é semelhante, não importando o número de flores produzidas
(Monselise, 1986).
Porém, esse mecanismo de regulação parece não agir nas cultivares de
tangerineiras, notadamente a ‘Ponkan’, que produz uma carga excessiva de
frutas. Em consequência da alta quantidade de frutas, pode ocorrer a ‘alternância
de produção’ que é causada devido ao esgotamento das reservas na planta, que
compromete a frutificação da safra seguinte. Esse problema é caracterizado pela
quantidade excessiva de frutas em um ano e baixa ou nenhuma no ano
subsequente (Cruz, 2009).
A ‘alternância de produção’ traz o inconveniente de, no ano de maior
produção, as frutas serem de tamanho reduzido e qualidade inferior, obtendo
preços reduzidos no mercado, o que torna pouco rentável o cultivo da
tangerineira ‘Ponkan’.
Esses problemas podem ser superados com práticas que promovem a
redução da quantidade de frutas por plantas. No Brasil, a mais utilizada é o
raleio de frutas, manual ou químico.
O raleio manual, por ser uma atividade que requer disponibilidade de
mão-de-obra, é recomendado para áreas pequenas ou quando existe a
2
possibilidade de uso ou venda dos frutilhos retirados para a extração de óleos
essenciais da casca (Köller, 1994).
Por outro lado, o raleio químico, mediante a aplicação de
fitorreguladores, é uma forma rápida de promover a abscisão de frutilhos e a
melhoria no tamanho final das frutas em decorrência da menor competição entre
os drenos (Cruz et al., 2009).
Dentre os fitorreguladores utilizados para promover o raleio, o ácido 2-
cloroetil fosfônico (Ethephon) tem sido considerado mais eficiente, comparado a
outros fitorreguladores, como ácido naftalenacético (ANA) (Domingues et al.,
2001), ácido 3,5,6-tricloro-2-piridil-oxiacético (3,5,6-TPA), ácido 2,4-
diclorofenoxi propiônico (2,4-DP), tioéster etílico do ácido 4-cloro-o-
tolioxiacético (Fenotiol) e ácido etil-5-cloro-1H-indazol-3-acético (Etilclozate)
(Serciloto et al., 2003).
O efeito do etileno, liberado pelo Ethephon, é promover a queda das
frutas, pela ativação de celulase e poligalacturonase, que atuam na zona de
abscisão do pedúnculo (Monselise, 1986).
Diversos trabalhos com a aplicação de Ethephon em concentrações de
150 a 600 mg L
-1
em plantas cítricas (Domingues et al., 2001; Serciloto et al.,
2003; Cruz, 2009; Ramos et al., 2009) têm demonstrado respostas diferentes em
função da cultivar, da época de aplicação, do estádio de desenvolvimento e das
diferenças climáticas, dificultando, dessa forma, a extrapolação de resultados
para situações específicas.
Em tangerineira ‘Ponkan’, Ramos et al. (2009) avaliaram o raleio
químico com a aplicação de Ethephon, realizado quando as plantas estavam com
frutilhos nos estádios 10 e 20 mm de diâmetro transversal de desenvolvimento.
Estes autores observaram aumento na massa fresca das frutas nas plantas
pulverizadas com a concentração de 400 mg L
-1
no estádio de 20 mm de
diâmetro transversal. O raleio realizado em plantas com frutilhos mais
desenvolvidos, 30 e 40 mm de diâmetro transversal, proporcionou maior
3
desenvolvimento das frutas quando as plantas foram pulverizadas no estádio de
40 mm (Cruz, 2009). De acordo com autora, isso ocorreu, possivelmente, em
decorrência da eliminação de frutos com menor potencial para se desenvolverem
sob condições favoráveis ao seu crescimento, visto que o raleio atua,
principalmente, sobre os frutilhos de menor tamanho.
O tamanho final da fruta para a tangerina a ‘Ponkan’, que é destinada ao
consumo ao natural, é um dos principais fatores relacionados à qualidade para a
sua comercialização.
A variação observada na qualidade da ‘Ponkan’ em função do raleio
químico tem dificultado a indicação de uma concentração de Ethephon adequada
para esta prática. Entretanto,
é necessária a compreensão dos fatores que
intervêm no desenvolvimento e na qualidade da fruta, considerando vários anos
de cultivo nas mesmas condições climáticas, aplicando o mesmo manejo para
que seja possível a recomendação de uma concentração adequada para a
obtenção de frutas dentro dos padrões requeridos pelo mercado.
Em relação à qualidade de frutas, os resultados observados também são
variáveis. Cruz et al. (2009), com a aplicação de Ethephon em tangerineira
‘Ponkan’, obtiveram melhoria na qualidade de frutas em todas as características
avaliadas. Ramos et al. (2009), com raleio químico em ‘Ponkan’, constataram
aumento no tamanho de frutas, aumento do ratio (relação lidos solúveis
/acidez titulável) e diminuição da acidez. Rufini & Ramos (2002),
trabalhando com raleio manual, observaram apenas aumento no tamanho de
frutas, porém, sem alteração das características químicas das tangerinas
‘Ponkan’.
O entendimento de como atuam os inúmeros fatores relacionados ao
raleio de frutas na tangerineira ‘Ponkan’ pode permitir a ampliação de sua
exploração econômica nas áreas produtoras no país, significando menores
dispêndios e, consequentemente, melhores preços no mercado
.
4
Diante do exposto, verifica-se a necessidade de se obter resultados
consistentes por meio de pesquisas realizadas durante vários anos, para se obter
confiabilidade em relação às concentrações de Ethephon para promover o raleio
químico de tangerineira ‘Ponkan’.
Este trabalho foi realizado com o objetivo de testar diferentes
concentrações de Ethephon em tangerineiras ‘Ponkan’ com doze anos de idade,
enxertadas sobre o limoeiro ‘Cravo’, visando avaliar o percentual de raleio, o
crescimento, a qualidade e a produção de frutas dentro e fora da classe.
5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUSTÍ, M. Floración y frutificación de los cítricos. In: SIMPÓSIO
INTERNACIONAL DE FRUTICULTURA, PRODUÇÃO E QUALIDADE DE
FRUTOS CÍTRICOS, 1., 1999, Botucatu. Anais... Botucatu: FAPESP, 1999. p.
161-185.
CRUZ, M. C. M. Qualidade e regularidade da produção em tangerineira
‘Ponkan’ submetida ao raleio químico. 2009. 90 p. Tese (Doutorado em
Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras.
CRUZ, M. C. M.; RAMOS, J. D.; LIMA, L. C. O.; MOREIRA, R. A.; RAMOS,
P. S. Qualidade de frutas de tangerineira ‘Ponkan’ submetidas ao raleio químico.
Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 31, n. 1, p. 127-134, mar.
2009.
DOMINGUES, M. C. S.; ONO, E. O.; RODRIGUES, J. D. Reguladores
vegetais e o desbaste químico de frutos de tangor Murcote. Scientia Agricola,
Piracicaba, v. 58, n. 3, p. 487-490, jul. 2001.
KÖLLER, O. C. Citricultura: laranja, limão e tangerina. Porto Alegre: Rígel,
1994. 446 p.
MONSELISE, S. P. Citrus. In: MONSELISE, S. P. (Ed.). CRC hanbook of
fruit set and development. Boca Raton: CRC, 1986. p. 87-108.
MONSELISE, S. P. Citrus and related genera. In: HALEVY, A. H. (Ed.). CRC
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RAMOS, J. D.; CRUZ, M. C. M.; PASQUAL, M.; HAFLE, O. M.; RAMOS, P.
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Maria, v. 39, n. 1, p. 236-240, jan./fev. 2009.
RUFINI, J. C. M.; RAMOS, J. D. Influência do raleio manual sobre a qualidade
dos frutos da tangerineira ‘Ponkan’ (Citrus reticulata Blanco). Ciência e
Agrotecnologia, Lavras, v. 26, n. 3, p. 516-522, maio/jun. 2002.
SERCILOTO, C. M.; CASTRO, P. R. C.; TAVARES, S.; MEDINA, C. L.
Desbaste e desenvolvimento do tangor ‘Murcott’ com o uso de biorreguladores.
Laranja, Cordeirópolis, v. 24, n. 1, p. 65-68, jan. 2003.
6
ARTIGO 1
CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DE FRUTAS DE TANGERINEIRA
‘PONKAN’ SUBMETIDAS AO RALEIO QUÍMICO
Rodrigo Amato Moreira
1
, José Darlan Ramos
1
, Maria do Céu Monteiro da
Cruz
2
, Neimar Arcanjo de Araújo
1
, Virna Braga Marques
1
1
Departamento de Agricultura, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Caixa Postal
3037, CEP: 37200-000. Lavras, MG.
E-mail: amatomoreira@yahoo.com.br; darl[email protected]; neimararcanjo@hotmail.
2
Departamento de Ciências Agrárias,
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri (UFVJM), CEP: 39100-000. Diamantina, MG
E-mail: m_[email protected].br
Preparado de acordo com as normas da Revista Bragantia
7
RESUMO
MOREIRA, Rodrigo Amato. Crescimento e produção de frutas de tangerineira
‘ponkan’ submetidas ao raleio químico. In___. Produção e qualidade de frutas
de tangerineira ‘Ponkan’ submetida ao raleio químico com Ethephon. 2010.
p 6-20. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras,
Lavras, MG*.
O raleio químico tem sido utilizado como prática de manejo para diminuir a
quantidade de frutas por planta e melhorar a sua qualidade. Este trabalho foi
realizado com o objetivo de testar diferentes concentrações de Ethephon em
tangerineiras ‘Ponkan’ enxertadas sobre o limoeiro ‘Cravo’, visando avaliar o
percentual de raleio, o crescimento e a produção de frutas dentro e fora dos
padrões comerciais. Foram testadas cinco concentrações de Ethephon: 0; 200;
400; 600 e 800 mg L
-1
, aplicadas quando as frutas estavam no estádio de
desenvolvimento de 25 a 30 mm de diâmetro transversal. Obteve-se 28,5%
raleio nas plantas pulverizadas com a maior concentração de Ethephon. Em
função da abscisão foliar intensa observada nas plantas pulverizadas com 800
mg L
-1
de Ethephon, a concentração de 600 mg L
-1
foi a mais adequada para
promover o raleio de tangerineira ‘Ponkan’ nas condições estudadas,
proporcionando o desenvolvimento de frutas de tamanho uniforme
Palavras-chave: Citrus reticulata Blanco cv ‘Ponkan’, Ethephon,
Fitorreguladores
_________________
*Comitê orientador: Prof. José Darlan Ramos - UFLA (orientador); Prof. Luiz
Carlos de Oliveira Lima - UFLA (coorientador)
8
ABSTRACT
MOREIRA, Rodrigo Amato. Growth and production of ´ponkan’ mandarin
submitted to chemical thinning. In____. Yield and quality of ‘Ponkan’
mandarin fruits submitted to chemical thinning with Ethephon. 2010. p 6-
20. Dissertation (Master Degree in Crop Science) Universidade Federal de
Lavras, Lavras, MG.*
The chemical thinning has been used to reduce the amount of fruit per plant and
improve its quality. This study was designed to test different Ethephon
concentrations in ‘Ponkan’ mandarin grafted on ‘Rangpur’ lime, to evaluate the
percentage of thinning, growth and fruit production in market and non-market
class. There were tested five concentrations of Ethephon: 0, 200, 400, 600 and
800 mg L
-1
, applied when the fruit was at the development stage of 25 to 30 mm
in transverse diameter. There were obtained percentage of 28.5% thinning in
plants treated with 800 mg L
-1
Ethephon concentration. Due intense leaf
abscission observed in plants treated with 800 mg L
-1
Ethephon concentration,
the concentration of 600 mg L
-1
of Ethephon was the most suitable to promote
‘Ponkan’ mandarin thinning under the conditions studied, allowing the
development of uniform size fruit.
Key words: Citrus reticulata Blanco cv ‘Ponkan’, Ethephon, Phytoregulators
_________________
*Guidance committee: Prof.José Darlan Ramos - UFLA (Adviser); Prof. Luiz
Carlos de Oliveira Lima - UFLA (Co Adviser).
9
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento e o tamanho das frutas de tangerineira ‘Ponkan’ são
importantes para a qualidade e o rendimento da produção, pois essas são
destinadas ao mercado de consumo como fruta fresca.
As tangerineiras apresentam a característica de produzirem quantidade
excessiva de frutas, as quais apresentam tamanhos irregulares e, geralmente, as
de tamanho pequeno são de difícil comercialização.
A quantidade de frutas por planta é um dos fatores que influenciam o
crescimento da fruta e a produtividade da tangerineira Ponkan’, em função da
disponibilidade de fotoassimilado, que é reduzida para as frutas em
desenvolvimento (García-Luis et al., 2002).
A utilização de práticas de manejo que proporcionem o
desenvolvimento de frutas maiores é fundamental para assegurar as altas
produtividades da tangerineira ‘Ponkan’. Entre as técnicas que têm sido
aplicadas, o raleio químico, mediante a aplicação de Ethephon, tem
proporcionado a abscisão de frutas, reduzindo a competição entre os drenos e
melhoria no tamanho final das frutas (Cruz et al., 2009).
Dentre os fitorreguladores utilizados para promover o raleio, o ácido 2-
cloroetil fosfônico (Ethephon) libera etileno em contato com o tecido vegetal,
promovendo a abscisão, sendo considerado mais eficiente comparado a outro
fitorreguladores, como ácido naftalenacético (ANA) (Domingues et al., 2001),
ácido 3,5,6-tricloro-2-piridil-oxiacético (3,5,6-TPA), ácido 2,4-diclorofenoxi
propiônico (2,4-DP), tioéster etílico do ácido 4-cloro-o-tolioxiacético (Fenotiol)
e ácido etil-5-cloro-1H-indazol-3-acético (Etilclozate) (Serciloto et al., 2003).
Os trabalhos que avaliaram a influência do Ethephon sobre o raleio
químico em espécies cítricas, em concentrações variando de 150 a 600 mg L
-1
,
apresentaram respostas sobre o raleio e o tamanho de frutas variáveis em função
10
da época de aplicação e do estádio de desenvolvimento dos frutilhos no
momento da realização dessa prática (Domingues et al., 2001; Serciloto et al.,
2003; Cruz, 2009; Ramos et al., 2009). Além disso, os resultados de pesquisas
com fitorreguladores podem variar em decorrência das diferenças existentes
entre as cultivares, concentrações do produto utilizadas e as variações climáticas
de cada região nos anos diferentes anos de cultivo, o que dificulta a extrapolação
de resultados para situações específicas.
Dessa forma, a utilização de Ethephon para promover o raleio químico
em tangerineira ‘Ponkan’ é uma alternativa para reduzir a quantidade de frutas
na planta e proporcionar aumento no seu tamanho e no rendimento da produção
comercial.
Este trabalho foi realizado com o objetivo de testar diferentes
concentrações de Ethephon em tangerineiras ‘Ponkan’ enxertadas sobre o
limoeiro ‘Cravo’ no raleio, no crescimento de frutas e no rendimento da
produção dentro e fora da classe comercial.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento faz parte de uma pesquisa, conduzida desde 2003, em um
pomar comercial não irrigado, no município de Perdões, região sul de Minas
Gerais. O solo é classificado como Argissolo Amarelo Distrófico típico
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, 2006). O clima é
do tipo Cwb, segundo a classificação de Köppen, caracterizado com verões
quentes e úmidos, e invernos secos e frios. As variações de temperatura,
precipitação e umidade relativa foram registradas durante o período
experimental (Figura 1).
Foram utilizadas tangerineiras 'Ponkan' (Citrus reticulata Blanco cv.
Ponkan), enxertadas sobre limoeiro 'Cravo' (Citrus limonia Osbeck), com doze
anos de idade, cultivadas no espaçamento 6 m x 3 m. Em função da alternância
11
de produção apresentada pela tangerineira ‘Ponkan’ e do raleio realizado em
anos anteriores nas referidas plantas, foi observada variação na carga de frutas
das plantas. Dessa forma, antes da aplicação dos tratamentos, em janeiro de
2009, foi feita a seleção das plantas quanto ao potencial produtivo, para que o
raleio fosse realizado em plantas com carga de frutas representativas para todas
as concentrações aplicadas.
Figura 1. Médias mensais da temperatura, umidade relativa e precipitação, na
região, durante o período experimental.
Fonte: Estação Climatológica do Departamento de Engenharia da UFLA,
Lavras, MG, 2009.
Foram testadas cinco concentrações de Ethephon: 0; 200; 400; 600 e 800
mg L
-1
, aplicadas quando os frutilhos estavam no estádio de desenvolvimento de
25 a 30 mm de diâmetro transversal. O delineamento experimental foi em blocos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09
Período de avaliação
Valores médios correspondentes à
temperatura e umidade
0
50
100
150
200
250
300
350
Valores médios correspondentes à
precipitação
Temp. média ( C)
Umidade relativa (%)
Precipitação (mm)
0
12
casualizados, com quatro repetições. A parcela útil experimental foi constituída
por quatro plantas, perfazendo um total de 80 plantas.
As plantas foram pulverizadas com o produto comercial Ethrel,
concentrado solúvel contendo 240 g L
-1
do ácido 2-cloroetil fosfônico
(Ethephon). As aplicações foram realizadas em toda a extensão da copa (interna
e externa), para promover o raleio em toda a planta, após o período de queda
fisiológica dos frutos, no mês de janeiro. Esse volume foi previamente
determinado, mediante teste em branco com aplicação de água. Foi utilizado um
pulverizador costal com pressão de 6 kgf cm
-
², de bico cônico, com capacidade
de deposição de partículas em torno de 70 a 100 gotas cm
-2
com diâmetros de
100 a 200 micra, obtendo-se molhamento homogêneo de toda a cobertura foliar,
de modo que o escorrimento e a deriva do produto fossem os menores possíveis.
Durante o período experimental, as plantas foram conduzidas conforme
as recomendações da cultura, no que se refere aos tratos culturais, fertilização e
controle de pragas.
Para determinar a porcentagem de raleio foram marcados dois ramos por
planta de cada parcela, realizando contagem de frutas no dia da aplicação e as
remanescentes, 15 dias após a aplicação do Ethephon, quando a queda de frutas
nas plantas submetidas ao raleio tinha sido encerrada.
As avaliações de crescimento das frutas foram realizadas
quinzenalmente, desde a aplicação do Ethephon até a colheita de 40 frutas por
planta, no período de janeiro a julho de 2009.
Por ocasião da colheita, em junho de 2009, foi determinado o
rendimento da produção por planta, que foi classificada dentro e fora dos
padrões comerciais. O rendimento da produção dentro dos padrões comerciais
foi obtido considerando as características de tamanho da fruta de acordo com os
critérios estabelecidos pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do
Estado de São Paulo (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São
Paulo - CEAGESP, 2000) e o padrão requerido pelo mercado de destino. Foram
13
consideradas dentro desses padrões as frutas acima de 58 e 60 mm para os
diâmetros, longitudinal e transversal, respectivamente.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e à regressão
polinomial, utilizando as concentrações de Ethephon e as características foram
avaliadas como variáveis dependentes. Os modelos foram escolhidos com base
nos testes de significância dos parâmetros e do coeficiente de regressão,
utilizando-se o teste 't', a 5% de probabilidade de erro.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi observada influência das diferentes concentrações de Ethephon em
relação à abscisão, e a produção não comercial de frutas por planta. Não houve
efeito do Ethephon aplicado no crescimento dos frutos em nenhuma das épocas
avaliadas.
Para o percentual de raleio houve aumento linear em função das
concentrações de Ethephon, observando-se 28,5% de raleio nas plantas
pulverizadas com a concentração de 800 mg L
-1
, enquanto no tratamento
testemunha o percentual de queda natural de frutas após este período foi menor
que 1% (Figura 2). O percentual de raleio foi considerado baixo em relação à
porcentagem considerada ideal para tangerineiras, que é de 50% a 60%, segundo
Castro (2002).
Essa diferença observada em relação à resposta das plantas ao raleio,
ocorreu, possivelmente, em função da carga inicial de frutas nas plantas, pois
quanto maior a quantidade de frutas por planta, maior é a abscisão. Além disso,
as condições climáticas podem ter influenciado, visto que a aplicação do
Ethephon foi realizada em um período que antecedeu a ocorrência de alta
precipitação (Figura 1), o que pode ter atenuado a ação do etileno liberado sobre
a abscisão, mesmo na concentração de 800 mg L
-1
.
Outro aspecto observado da ação do Ethephon foi a ocorrência de
abscisão foliar nas plantas pulverizadas com as concentrações a partir de 600 mg
14
L
-1
, sendo mais intensa nas plantas pulverizadas com a concentração de 800 mg
L
-1
. A abscisão foliar também foi mencionada por Cruz (2009) em tangerineiras
‘Ponkan’ pulverizadas com Ethephon a partir da concentração 450 mg L
-1
e com
maior intensidade na concentração de 600 mg L
-1
. Essa diferença quanto à
concentração que causou a abscisão foliar pode ser atribuída às condições
climáticas, pois a disponibilidade de água devido à alta precipitação que ocorreu
durante o período de aplicação do produto pode ter influenciado a ação do
produto sobre a abscisão (Figura 1), comparando com as condições climáticas da
ocasião do trabalho de Cruz (2009).
0
5
10
15
20
25
30
0 200 400 600 800
Raleio (%)
Concentrações de Ethephon (mg L
-1
)
Y= 0,9080 + 0,03444X
r
2
= 85,4%
Figura 2. Estimativa do percentual de raleio em tangerineiras ‘Ponkan’, em
função da aplicação de Ethephon.
A abscisão de folhas, visualmente observada e o raleio de frutas que
ocorreram nas tangerineiras ‘Ponkan’ podem ser atribuídos ao aumento do nível
de etileno liberado que promove a abscisão de órgãos reprodutivos (Iglesias et
al., 2006) e vegetativos (Gómez-Cadenas et al., 1998), em função do aumento da
atividade da celulase na zona de abscisão (Guan et al., 1995).
A abscisão foliar é um aspecto importante que deve ser considerado
quando for realizada a aplicação de fitorreguladores para o raleio, visto que a
15
abscisão ocorre em folhas maduras que atuam como fonte de fotoassimilados
para os frutilhos em desenvolvimento. E, apesar da quantidade abundante de
folhas nas plantas cítricas, a queda dessas folhas favorece a emissão de outras
novas que, inicialmente, atuam como drenos que competem com os frutilhos por
fotoassimilados.
Siqueira et al. (2007), avaliando a relação do número de folhas/fruto em
laranja ‘Salustiana’, verificaram que são necessárias 30 folhas (área de
290,21cm
2
) para suprir a demanda de fotoassimilados para o crescimento das
frutas. Dessa forma, a necessidade de avaliar o desgaste das reservas da
tangerineira ‘Ponkan’ em função da abscio foliar, pois a queda de folhas
maduras, que são fontes, e o surgimento de folhas novas, que são drenos, podem
prejudicar o fornecimento de fotoassimilados para as frutas.
Em relação ao diâmetro transversal do fruto, o desenvolvimento em
função da época foi ajustado ao modelo exponencial para todas as concentrações
testadas (Figura 3). O aumento do diâmetro transversal ao longo do tempo está
de acordo com o comportamento característico para a segunda fase do
crescimento de frutos cítricos, que apresentam aumento do volume celular e dos
lóculos preenchidos pelas vesículas de suco à medida que estes absorvem água,
passando a ocorrer de forma lenta quando se inicia a fase de maturação.
Quando se comparou o diâmetro transversal dos frutos em relação às
concentrações de Ethephon, não foram observadas diferenças significativas.
Esse resultado pode ser atribuído ao baixo percentual de raleio promovido, de
28,5%, com a concentração de 800 mg L
-1
de Ethephon, que pode não ter
promovido a redução suficiente no número de frutas por planta para diminuir a
competição entre os órgãos em desenvolvimento e aumentar a disponibilidade de
metabólitos para as frutas remanescentes (García-Luis et al., 2002). Também
pode ser atribuído à alta precipitação, que pode ter diminuído a competição por
água durante o desenvolvimento das frutas remanescentes.
16
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180
Diâmetro transversal (mm)
Dias após aplicação de Ethephon
Ŷ = 83,1531 /(1+1,9614*EXP (-0,028X)
R
2
=94%
(e)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Diâmetro transversal (mm)
Ŷ = 80,9421/(1+1,856*EXP (-0,0183X)
R
2
= 92%
(a)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Diâmetro transversal (mm)
Ŷ = 81,1258/(1+2,2992*EXP (-0,01998X)
R
2
= 89%
(b)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180
Diâmetro Transversal (mm)
Dias após aplicação de Ethephon
Ŷ = 80,9421/(1+1,856*EXP (-0,0183X)
R
2
= 93%
(c)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Diâmetro transversal (mm)
Ŷ = 79,08254 /(1+2,2226*EXP (-0,0211X)
R
2
= 93%
(d)
Figura 3. Diâmetro transversal (mm) em frutas de tangerineiras ‘Ponkan’
(Citrus reticulata Blanco) pulverizadas com as concentrações de
Ethephon (a) 0 mg L
-1
, (b) 200 mg L
-1
, (c) 400 mg L
-1
, (d) 600 mg L
-1
e (e) 800 mg L
-1
ao longo do período de avaliação.
Para o rendimento da prodão de frutas colhidas dentro dos padrões
comerciais, não foram observadas diferenças significativas entre plantas
pulverizadas com as diferentes concentrações de Ethephon (Figuras 4A e 4B).
Isso ocorreu, provavelmente, porque o percentual de raleio promovido foi
compensado pela maior quantidade de frutas de tamanho uniforme nas plantas
17
submetidas ao raleio, enquanto, no tratamento testemunha, parte da produção
estava abaixo dos padrões comerciais, ou seja, com tamanho reduzido. Esses
resultados são semelhantes aos de Ramos et al. (2009), que não observaram
diferenças significativas no rendimento da produção da tangerina ‘Ponkan’ com
a aplicação de Ethephon e contrastam com os de outros autores, os quais
observaram decréscimo na produção por planta com a aplicação (Pacheco, 1999;
Serciloto et al., 2003).
Figura 4. Estimativa do rendimento em caixas de 22 kg por planta (A) e caixas
de 22 kg por hectare (B) de tangerina ‘Ponkan’, dentro dos padrões
comerciais, em função do raleio químico com aplicação de Ethephon.
0
1
2
3
4
5
6
Caixas de 22 kg planta
-1
Y= 4,45
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 200 400 600 800
Caixas 22 kg ha
-1
Concentrações de Etephon (mg L
-1
)
Y= 2.566
A
B
18
Na avaliação do rendimento da produção, fora do padrão comercial, foi
observada redução significativa nas plantas submetidas ao raleio. Na
concentração de 675,8 mg L
-1
de Ethephon, o decréscimo foi de 99,3%, em
relação às plantas do tratamento testemunha, que apresentaram cerca de 11,95
kg de frutas por planta que não foram comercializadas (Figura 5). Esse resultado
é relevante, pois essas frutas, além de não serem comercializadas, são
responsáveis por consumo de metabólitos na tangerineira. Em função disso, a
produção do ano seguinte pode ser comprometida.
Resultados semelhantes foram constatados por Cruz (2009), que obteve
redução, na produção de frutas classificadas como não comerciais, de 81% com
aplicação de 600 mg L
-1
de Ethephon.
0
2
4
6
8
10
12
14
0 200 400 600 800
Kg planta
-1
Concentrações de Etephon (mg L
-1
)
Y=11,951786 - 0,035143 X + 0,000026 X
2
R
2
= 90,9%
Figura 5. Estimativa do rendimento, em kg, por planta de tangerineira ‘Ponkan’,
fora dos padrões comerciais, em função do raleio químico com
aplicação de Ethephon.
19
4 CONCLUSÕES
O raleio químico com a aplicação de Ethephon não alterou o rendimento
da produção de tangerina ´Ponkan’ dentro dos padrões comerciais e reduziu a
quantidade de frutas fora dos padrões comerciais.
A concentração de 600 mg L
-1
de Ethephon foi a mais adequada para
promover o raleio de tangerineira ‘Ponkan’ nas condições estudadas.
20
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Citricultura Atual. Cordeirópolis, SP. Ano VI, n.30, p.14-15, out. 2002.
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GÓMEZ-CADENAS, A.; TADEO, F. R.; PRIMO-MILLO, E.; TALÓN, M.
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21
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SIQUEIRA, D. L.; GUARDIOLA, J. L.; SOUZA, E. F. M. Crescimento dos
frutos de laranjeira ´Salustiana’ situados em ramos anelados com diversas
relações de folhas/frutos. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.
29, n. 2, p. 228-232, ago. 2007.
22
ARTIGO 2
RALEIO QUÍMICO COM ETHEPHON NA QUALIDADE DE
TANGERINA ‘PONKAN’
Rodrigo Amato Moreira
1
, José Darlan Ramos
1
, Maria do Céu Monteiro da
Cruz
2
, Neimar Arcanjo de Araújo
1
, Luiz Carlos de Oliveira Lima
3
1
Departamento de Agricultura, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Caixa Postal
3037, CEP: 37200-000. Lavras, MG.
E-mail: amatomoreira@yahoo.com.br; darl[email protected]; neimararcanjo@hotmail.
com
2
Departamento de Ciências Agrárias,
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri (UFVJM), CEP: 39100-000. Diamantina, MG
E-mail: m_[email protected].br
3
Departamento de Ciência dos Alimentos, UFLA, Cx. Postal 3037, Lavras, MG, CEP
37200-000.
Preparado de acordo com as normas da Revista Ciência Rural
23
RESUMO
MOREIRA, Rodrigo Amato. Raleio químico com Ethephon na qualidade de
tangerina ‘Ponkan’. In___. Produção e qualidade de frutas de tangerineira
‘Ponkan’ submetida ao raleio químico com Ethephon. 2010. p 22-38.
Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras,
MG*.
Para a tangerina ‘Ponkan’, as características relacionadas à qualidade de
frutas, como tamanho, teor de suco, sólidos solúveis, acidez titulável e ratio, são
importantes para a sua aceitação no mercado. O trabalho foi realizado com o
objetivo de avaliar o efeito das diferentes concentrações de Ethephon na
qualidade de frutas de tangerineira ‘Ponkan’, com doze anos de idade,
enxertadas em limoeiro ‘Cravo’. Foram testadas cinco concentrações: 0; 200;
400; 600 e 800 mg L
-1
, aplicadas quando as frutas estavam no estádio de
desenvolvimento de 25 a 30 mm de diâmetro transversal. O delineamento
experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições, sendo a parcela
constituída de quatro plantas. Nas condições estudadas, o raleio químico
promovido pela aplicação de Ethephon aumentou a qualidade das frutas de
tangerineira ´Ponkan’ e as concentrações utilizadas para promover o raleio não
devem ultrapassar a 600 mg L
-1
, para evitar o estresse das plantas.
Palavras-chave: Citrus reticulata Blanco cv ‘Ponkan’, Fitorreguladores
_________________
*Comitê Orientador: Prof. José Darlan Ramos - UFLA (orientador); Prof. Luiz
Carlos de Oliveira Lima - UFLA (coorientador)
24
ABSTRACT
MOREIRA, Rodrigo Amato. Chemichal thinning with ethephon in ‘ponkan’
mandarin quality. In____. Yield and quality of ‘Ponkan’ mandarin fruits
submitted to chemical thinning with Ethephon. 2010. p 22-38. Dissertation
(Master Degree in Crop Science) Universidade Federal de Lavras, Lavras,
MG.*
For 'Ponkan' mandarin characteristics related to fruits quality such as size, juice
content, soluble solids, acidity and ratio are important for market acceptance.
This study was designed to test different Ethephon concentrations in ‘Ponkan’
mandarin grafted on ‘Rangpur’ lime. There were tested five Ethephon
concentrations: 0, 200, 400, 600 and 800 mg L
-1
, applied when the fruit was at
the development stage of 25 to 30 mm in transverse diameter. The experimental
design was a randomized block design with four replications. Each plot was
constituted by four plants. Under the conditions studied chemical thinning
promoted by Ethephon application increased the quality of ‘Ponkan’ mandarin
and the concentrations used to promote thinning should not exceed 600 mg L
-1
Ethephon to avoid plant stress.
Key words: Citrus reticulata Blanco cv ‘Ponkan’, Phytoregulators.
_________________
*Guidance committee: Prof.José Darlan Ramos - UFLA (Adviser); Prof. Luiz
Carlos de Oliveira Lima - UFLA (Co Adviser).
25
1 INTRODUÇÃO
Para a tangerina ‘Ponkan, o tamanho da fruta é um dos principais
fatores relacionados à qualidade, principalmente quando ela se destina ao
mercado de consumo ao natural. Além do tamanho, cinco características são
empregadas para medir a aceitação do consumidor: cor, teor de suco, sólidos
solúveis, acidez titulável e relação sólidos solúveis/acidez titulável (Jackson,
1991).
Entre os fatores que influenciam a qualidade da tangerina ‘Ponkan’, a
quantidade excessiva de frutas produzida por planta ocasiona a produção de
frutas de tamanho pequeno, o que dificulta a sua comercialização. O
desenvolvimento de frutas maiores ocorre devido ao aumento da relação fonte-
dreno, a qual é responsável pela quantidade de fotoassimilados que é distribuída
para cada fruta (Guardiola & García-Luis, 2000).
É possível disponibilizar maior quantidade de fotoassimilados utilizando
o raleio e reduzindo a competição entre drenos e, dessa forma, favorecer o
aumento no tamanho de frutas remanescentes quando o crescimento é limitado
pelo fornecimento de metabólitos
(
García-Luiz et al., 2002).
Dentre os fitorreguladores utilizados para promover o raleio, o ácido 2-
cloroetil fosfônico (Ethephon) libera etileno em contato com o tecido vegetal
promovendo a abscisão, tem sido considerado mais eficiente comparado a outro
fitorreguladores, como ácido naftalenacético (ANA) (Domingues et al., 2001),
ácido 3,5,6-tricloro-2-piridil-oxiacético (3,5,6-TPA), ácido 2,4-diclorofenoxi
propiônico (2,4-DP), tioéster etílico do ácido 4-cloro-o-tolioxiacético (Fenotiol)
e ácido etil-5-cloro-1H-indazol-3-acético (Etilclozate) (Serciloto et al., 2003).
Quanto à qualidade de frutas, os resultados observados por outros
pesquisadores são variáveis. Cruz et al. (2009), com a aplicação de Ethephon em
tangerineira ‘Ponkan’, obtiveram melhoria na qualidade de frutas em todas as
características avaliadas. Ramos et al. (2009), trabalhando com raleio químico
26
em ‘Ponkan’, obtiveram aumento no tamanho de frutas, aumento do ratio
(sólidos solúveis/acidez titulável) e diminuição da acidez. Rufini & Ramos
(2002), trabalhando com raleio manual, observaram apenas aumento no tamanho
de frutas, porém, sem alteração das características químicas das tangerinas
‘Ponkan’.
Como a aplicação de Ethephon em concentrações de 150 a 600 mg L
-1
em plantas cítricas (Domingues et al., 2001; Serciloto et al., 2003; Cruz, 2009;
Ramos et al., 2009), têm sido demonstradas respostas diferentes em função da
cultivar, da época de aplicação, do estádio de desenvolvimento e das diferenças
climáticas, dificultando a extrapolação de resultados para situações específicas.
Torna-se necessário proceder à avaliação de uma concentração adequada para a
adoção do raleio químico.
Diante do exposto, o trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a
influência das diferentes concentrações de Ethephon na qualidade de frutas de
tangerineira ‘Ponkan’.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado, no período de janeiro a julho de 2009, em um
pomar comercial não-irrigado, no município de Perdões, região sul de Minas
Gerais. O tipo climático é Cwb, segundo a classificação de Köppen,
caracterizado com verões quentes e úmidos, e invernos secos e frios, e as
variações de temperatura, precipitação e umidade relativa foram registradas
durante o período experimental (Figura 1). O solo do pomar foi classificado
como Argissolo Amarelo Distrófico típico (EMBRAPA, 2006).
As avaliações foram realizadas em frutas de tangerineiras 'Ponkan'
(Citrus reticulata Blanco) enxertadas sobre limoeiro 'Cravo' (Citrus limonia
Osbeck), no espaçamento 6 m x 3 m, com doze anos de idade. Antes da
aplicação do raleio, essas frutas foram selecionadas quanto ao potencial
27
produtivo, para que todas as plantas submetidas aos tratamentos apresentassem
quantidades de frutas expressivas.
Figura 1. dias mensais da temperatura, umidade relativa e precipitação, na
região, durante o período experimental
Fonte: Estação Climatológica do Departamento de Engenharia da UFLA,
Lavras, MG, 2009.
Foram testadas cinco concentrações de Ethephon: 0; 200; 400; 600 e 800
mg L
-1
, aplicadas após o período de queda fisiológica das frutas, no mês de
janeiro, quando essas estavam no estádio de desenvolvimento de 25 a 30 mm de
diâmetro transversal. O delineamento experimental foi em blocos casualizados,
com quatro repetições e quatro plantas por parcela.
As plantas foram pulverizadas em toda a extensão da copa (interna e
externa) com, aproximadamente, dois litros de solução. Esse volume foi
determinado mediante teste em branco com aplicação de água. O produto
comercial utilizado foi Ethrel
®
, concentrado solúvel que contém 240 g L
-1
do
ácido 2-cloroetil fosfônico.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09
Período de avalião
Valores médios correspondentes à
temperatura e umidade
0
50
100
150
200
250
300
350
Valores médios correspondentes à
precipitação
Temp. média ( C)
Umidade relativa (%)
Precipitação (mm)
0
28
O Ethephon foi aplicado utilizando-se um pulverizador costal de bico
cônico, com pressão de 6 kgf/cm² e capacidade de deposição de partículas em
torno de 70 a 100 gotas/cm
2
, com diâmetros de 100 a 200 micra, proporcionando
o molhamento homogêneo de toda a cobertura foliar, de modo que as perdas do
produto fossem os menores possíveis.
As plantas foram conduzidas, durante o período experimental, de acordo
com as recomendações da cultura, no que se refere a tratos culturais, fertilização
e controle de pragas e doenças.
Para as avaliações de qualidade, foram colhidas, aleatoriamente, vinte
frutas por parcela, localizadas na parte mediana da copa de cada tratamento.
As análises físicas realizadas nas frutas foram: os diâmetros transversal e
longitudinal (cm), a massa (g), a espessura da casca (mm) e o rendimento de
suco (%), determinado pela relação do volume de suco extraído pela sua massa.
Para a realização das análises químicas, a partir de amostras de suco
coletadas das frutas, determinou-se a acidez titulável, avaliada a partir do suco
titulado com hidróxido de sódio (NaOH) 0,1 M e fenolftaleína como indicador,
expressando-se os resultados em % de ácido cítrico no suco, de acordo com as
normas estabelecidas pela Association of Official Analytical Chemistry - AOAC
(2002). Os teores de sólidos solúveis (%) foram determinados utilizando-se
refratômetro digital de campo ajustado, segundo a recomendação do Instituto
Adolfo Lutz (1985). O ratio foi calculado pela relação sólidos solúveis/acidez.
Os açúcares solúveis foram determinados pelo método da Antrona (Dische,
1962), que é específico para hexoses e consiste na hidrólise pelo ácido sulfúrico
concentrado que, quando é aquecido com hexoses, sofre uma reação de
condensação, formando um produto de coloração verde, que é lido em
espectrofotômetro a 620 nm.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e à regressão
polinomial, utilizando-se as concentrações de Ethephon e as características
avaliadas. Os modelos foram escolhidos com base nos testes de significância dos
29
parâmetros e do coeficiente de regressão, utilizando-se o teste 't', a 5% de
probabilidade de erro.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve influência da aplicação de Ethephon para a massa, diâmetros
transversal e longitudinal, teor de sólidos solúveis, açúcares e espessura da casca
das frutas, exceto para o rendimento de suco e acidez titulável.
A aplicação de Ethephon promoveu aumento linear nos diâmetros,
transversal e longitudinal das frutas. Para o diâmetro transversal, houve aumento
de 3,5% em relação às frutas de plantas não pulverizadas (Figura 2a) e, para o
diâmetro longitudinal, o acréscimo observado foi em torno de 5,1%, com a
aplicação de 800 mg L
-1
de Ethephon (Figura 2b). Possivelmente, esse aumento
observado ocorreu devido ao aumento da relação fonte-dreno, em decorrência da
redução no número de frutas por planta, o que favorece a maior distribuição de
fotoassimilados para cada fruta (Guardiola & García-Luis, 2000).
Esses resultados são semelhantes aos de Rufini & Ramos (2002) que, ao
realizarem raleio manual de 50% em tangerineiras ´Ponkan’, no estádio de
desenvolvimento de 25 mm de diâmetro transversal, obtiveram acréscimo de
4,6% no diâmetro transversal e 4,42% no diâmetro longitudinal. Resultados
superiores foram constados por Cruz et al. (2009) que, ao promoverem raleio
químico em tangerineiras ´Ponkan’, obtiveram incrementos 16,7% no diâmetro
transversal e de 14,25% no diâmetro longitudinal das frutas com aplicação de
Ethephon na concentração de 600 mg L
-1
aplicados no estádio de 30 mm de
desenvolvimento.
A diferença observada em relação ao tamanho das frutas obtidas neste
trabalho pode ser explicada em função das variações climáticas durante a época
da sua realização (Figura 1). Foi observada elevada pluviosidade em relação às
condições climáticas durante a execução do trabalho de Cruz et al. (2009). Dessa
30
forma, a maior disponibilidade hídrica provavelmente proporcionou maior
crescimento das frutas, mesmo nas plantas com maiores quantidades de frutas
remanescentes, que são submetidas ao raleio com concentrações menores de
Ethephon, explicando, dessa forma, o menor incremento obtido no tamanho de
frutas.
Com relação à massa das frutas, o comportamento observado foi
semelhante, havendo aumento linear em função do Ethephon aplicado. A
concentração de 800 mg L
-1
proporcionou acréscimo de 5,5% na massa das
frutas, quando comparadas às frutas das plantas que não receberam aplicação do
produto (Figura 2c). Esse aumento foi menor que o observado por Cruz et al.
(2009), que obtiveram acréscimos de 49,85% na massa das frutas com aplicação
de 600 mg L
-1
de Ethephon na tangerineira ‘Ponkan’.
Quanto à espessura de casca (Figura 3a), observou-se que houve
decréscimo linear em função das concentrações de Ethephon, tendo ocorrido
redução de 5,4% na espessura da casca das frutas de plantas submetidas à
concentração de 800 mg L
-1
, quando comparadas com as frutas de plantas que
não receberam aplicação desse fitorregulador. Isso ocorreu devido ao maior
tamanho das frutas observado nessas plantas, que apresentaram maiores
diâmetros, transversal e longitudinal, provavelmente porque, ao promover o
ralei,o a redução da quantidade de frutas na planta proporcionou maior
desenvolvimento no tamanho de frutas remanescentes em decorrência da menor
competição entre drenos
(
García-Luiz et al., 2002), que resulta em menor
espessura de casca nessas frutas.
Para o rendimento de suco (Figura 3b), não foi observada diferença no
conteúdo de suco nas frutas de maior tamanho, provenientes das plantas
pulverizadas com as maiores concentrações de Ethephon. O comportamento
pode ter ocorrido devido ao baixo acréscimo no tamanho e na massa das frutas
nas plantas pulverizadas com a concentração de 800 mg L
-1
, visto que o
rendimento de suco que é calculado pela relação do volume de suco/massa.
31
Houve aumento linear para os sólidos solúveis em função das
concentrações de Ethephon. No suco das frutas de plantas pulverizadas com a
concentração de 800 mg L
-1
, foram estimados 11,7° Brix, o que proporcionou
acréscimo de 3,5%, comparando com as frutas das tangerineiras sem a aplicação
de Ethephon (Figura 4a). O incremento observado nos teores de sólidos solúveis
no suco das frutas tratadas com Ethephon ocorreu, provavelmente, em função do
aumento da relação fonte-dreno, que favoreceu maior disponibilidade de
metabólitos para as frutas em decorrência da redução do número de frutas por
planta (Agustí & Almela, 1991; García-Luiz et al., 2002).
Os sólidos solúveis foram inferiores aos observados por Cruz et al.
(2009), que constaram teores em torno de 14,5°
Brix. Essa diferença,
provavelmente, ocorreu devido à incidência de chuvas no período de maturação
de frutas (Figura 1), causando a diluição do conteúdo de sólidos solúveis
presente nas frutas.
Os resultados observados em relação à qualidade da tangerina ´Ponkan
em função do raleio são variáveis. Ramos et al. (2009), ao aplicarem Ethephon e
Rufini & Ramos (2002), com raleio manual, não obtiveram aumento nos teores
de sólidos.
Para os açúcares totais, a aplicação de Ethephon proporcionou
comportamento quadrático (Figura 4b). A maior concentração foi obtida nas
frutas oriundas das tangerineiras pulverizadas 329,5 mg L
-1
de Ethephon, com
8,25%, correspondendo a 2,4% de aumento em relação à testemunha.
A redução nos teores açúcares das frutas observada nas plantas
pulverizadas a partir da concentração 329,5 mg L
-1
de Ethephon possivelmente
se deve ao estresse sofrido por estas plantas. Isso porque, em decorrência da
abscisão foliar que ocorreu juntamente com o raleio das frutas e a emissão de
novas folhas, pode ter ocorrido aumento na atividade respiratória e no consumo
de açúcares, que é o substrato da respiração.
32
Esses resultados concordam com os de Cruz et al. (2009) com aplicação
de Ethephon em tangerineiras ‘Ponkan’. Entretanto, a resposta em relação às
características de qualidade das frutas em função do raleio químico diferem, pois
alguns autores não verificaram aumento de ucares, como Pacheco (1999) com
utilização de Ethephon e Rufini & Ramos (2002), que promoveram raleio
manual de 50 até 80%.
Em relação à acidez titulável avaliada no suco das frutas, o valor
estimado de 0,73% não diferiu entre os tratamentos (Figura 5a). A acidez
observada foi menor que a obtida por Cruz et al. (2009), de 0,96%, os quais
aplicaram Ethephon para promover o raleio no estádio de desenvolvimento de
30 mm de diâmetro transversal das frutas. Essa redução na acidez pode ser
explicada pela presença de precipitação no período de maturação de frutas
(Figura 1), que pode ter promovido a diluição dos ácidos orgânicos nas frutas.
33
50
55
60
65
70
0 200 400 600 800
Diâmetro longitudinal (mm)
Concentrações de Ethephon (mg L
-1
)
b
Y = 62,0285 + 0,004X
R
2
= 70,3%
65
70
75
80
0 200 400 600 800
Diâmetro tranversal (mm)
Concentrações de Ethephon (mg L
-1
)
Y = 73,9325 + 0,003231X
R
2
= 83,8%
a
150
155
160
165
170
175
180
0 200 400 600 800
Massa (g)
Concentrações de Etephon (mg L
-1
)
Y = 167,395 + 0,011637X
R
2
= 54,2%
c
Figura 2. Diâmetro transversal (a), diâmetro longitudinal (b) e massa (c) de
frutas de tangerineiras ‘Ponkan’ (Citrus reticulata Blanco cv ‘Ponkan’)
pulverizadas com as concentrações de Ethephon
34
20
25
30
35
40
45
50
0 200 400 600 800
Rendimento de Suco (%)
Concentrações de Ethephon (mg L-1)
b
Y = 39,1%
2,6
2,8
3
3,2
3,4
3,6
0 200 400 600 800
Espessura casca (mm)
Concentrações de Ethephon (mg L
-1
)
Y = 3,473 - 0,000224X
R
2
= 93,2%
a
Figura 3. Espessura de casca (a) e rendimento de suco (b) em frutas de
tangerineiras ‘Ponkan’ (Citrus reticulata Blanco cv ´Ponkan’)
pulverizadas com as concentrações de Ethephon
35
10
10,5
11
11,5
12
0 200 400 600 800
Sólidos solúveis (Brix)
Concentrações de Ethephon (mg L
-1
)
a
Y =11,22 + 0,00065X
R
2
= 58,7%
5
6
7
8
9
0 200 400 600 800
Açucares totais (%)
Concentrações de Ethephon (mg L
-1
)
Y = 8,032286 + 0,001318X - 0,000002 X
2
R
2
= 80,4%
b
Figura 4. Sólidos soveis (a), açucares totais (b) em frutas de tangerineiras
‘Ponkan’ (Citrus reticulata Blanco cv ‘Ponkan’) pulverizadas com as
concentrações de Ethephon
Apesar de ter ocorrido aumento linear nos teores de sólidos solúveis nas
frutas em função da aplicação de Ethephon, não houve redução na acidez. Isso
pode ser o ter sido suficiente para alterar o ratio (Figura 5b), visto que essa
característica depende da relação sólidos solúveis/acidez.
36
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 200 400 600 800
Acidez tituvel (%)
Concentrações de Ethephon (mg L
-1
)
Y = 0,73
a
0
5
10
15
20
0 200 400 600 800
Ratio (sólidos solúveis/ acidez)
Concentrações de Etephon (mg L
-1
)
Y = 15,8
b
Figura 5. Acidez titulável (a) e Ratio (b) em frutas de tangerineiras Ponkan’
(Citrus reticulata Blanco cv ‘Ponkan’) pulverizadas com as
concentrações de Ethephon
4 CONCLUSÕES
Nas condições estudadas, o raleio químico promovido pela aplicação de
Ethephon aumentou a qualidade das frutas de tangerineira ´Ponkan’. As
concentrações utilizadas para promover o raleio não devem ultrapassar 600 mg
L
-1
de Ethehpon para evitar o estresse das plantas.
37
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