Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA
COMUNICAÇÃO HUMANA
RELAÇÕES ENTRE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E
VOCABULÁRIO EXPRESSIVO EM CRIANÇAS COM
DESVIO FONOLÓGICO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Tassiana Isabel Kaminski
Santa Maria, RS, Brasil
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
1
RELAÇÕES ENTRE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E
VOCABULÁRIO EXPRESSIVO EM CRIANÇAS COM DESVIO
FONOLÓGICO
por
Tassiana Isabel Kaminski
Dissertação (Modelo Alternativo) apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana, na Área de
Concentração em Fonoaudiologia e Comunicação Humana Clínica e
Promoção, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como
requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana.
Orientadora: Profa. Dra. Helena Bolli Mota (UFSM)
Co-orientadora: Profa. Dra. Carla Aparecida Cielo (UFSM)
Santa Maria, RS, Brasil
2010
ads:
2
K151r Kaminski, Tassiana Isabel.
Relações entre consciência fonológica e vocabulário expressivo
em crianças com desvio fonológico / por Tassiana Isabel Kaminski ;
orientadora Helena Bolli Mota ; co-orientadora Carla Aparecida Cielo.
Santa Maria, RS, 2010.
101 f. : il. ; 30 cm.
Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Santa Maria, Centro de
Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação
Humana.
1. Fonoaudiologia. 2. Testes de linguagem . 3. Linguagem infantil.
4. Desenvolvimento da linguagem. I. Mota, Helena Bolli. II. Cielo,
Carla Aparecida. III.Título.
CDU: 616.89
616.89-008.434
Ficha catalográfica elaborada por
Denise Barbosa dos Santos - CRB-10/1456
© 2010
Todos os direitos autorais reservados a Tassiana Isabel Kaminski. A reprodução de partes ou do
todo deste trabalho só poderá ser feita com autorização por escrito do autor.
Endereço: Rua Clemente Soltis, 067. Guarani das Missões RS, CEP: 97950-000.
Fone: (0XX) (55) 3353-1291; (55) 9161-0663. Endereço eletrônico:
3
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação
Humana
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de
Mestrado
RELAÇÕES ENTRE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E VOCABULÁRIO
EXPRESSIVO EM CRIANÇAS COM DESVIO FONOLÓGICO
elaborada por
Tassiana Isabel Kaminski
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
Comissão Examinadora:
Helena Bolli Mota, Dra.
(presidente/ orientadora)
Carla Aparecida Cielo, Dra.
(Co-orientadora)
Carolina Lisbôa Mezzomo, Dra. (UFSM)
Simone Aparecida Capellini, Dra. (FFC/UNESP)
Santa Maria, 20 de Janeiro de 2010
4
DEDICATÓRIA
À minha mãe. Meu exemplo de coragem e amor.
Obrigada pela sua dedicação, pelo que tens me proporcionado, em especial, pelo
apoio.
Sem você, este momento não seria possível!
5
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Profª. Drª. Helena Bolli Mota, por me acolher como sua
orientanda, pela oportunidade de pesquisar, pelo incentivo, pela paciência, e pelos
conhecimentos transmitidos. Sua sabedoria de vida e profissional é inspiradora.
Minha sincera gratidão!
À Profª. Drª. Carla Aparecida Cielo, co-orientadora deste trabalho, exemplo de
profissionalismo e ética. Agradeço pelas suas idéias, paciência, amizade e
disponibilidade.
Às membros da banca, Drª. Simone Aparecida Capellini e Drª. Carolina Lisbôa
Mezzomo por terem aceitado participar da banca examinadora e pelas importantes
considerações transmitidas para enriquecer este trabalho.
À coordenação do Programa de Pós-graduação em Distúrbios da
Comunicação Humana e professores, pelos ensinamentos e devoção para o
crescimento da Fonoaudiologia.
À minha família, minha mãe Regina e irmãos Tiago e Júnior. O amor de uma
família é o bem mais precioso que podemos ter. Apesar da distância e de todas as
dificuldades que passamos, os esforços de vocês me proporcionaram a
oportunidade de estudar e seguir em frente.
Ao meu pai Antônio, que não está mais presente entre nós, mas seus
ensinamentos nos anos que passamos juntos contribuíram para a formação do meu
caráter e dos meus objetivos de vida.
Ao Ricardo, meu namorado, amigo e companheiro. Por me entender, pelo seu
amor, e pelas infinitas ajudas prestadas. Também agradeço ao carinho da sua
família.
6
Às mestres, Márcia de Lima Athayde e Roberta Freitas Dias, por permitirem
participar dos seus projetos. Pela amizade, paciência e disponibilidade desde os
tempos da graduação.
Aos colegas e amigos que fiz durante o mestrado, em peculiar Débora Vidor-
Souza e Aline Jacques. Esta amizade deu um colorido especial à minha vida e ao
mestrado. Foi muito bom conhecer vocês!
Às minhas amigas “de infância” Annanda, Juliana e Marla. Mesmos distantes
geograficamente, tão presentes em todos os momentos da minha vida.
A todos os meus amigos. Entre eles, a amiga Carla Lang e todas as minhas
“manas”, minhas companheiras de apartamento. Dividimos a mesma casa e também
compartilhamos horas de conversas, estudos, diversão, gargalhadas e desabafos.
Vocês se tornaram minha família de coração!
À acadêmica Aline Berticelli, pela ajuda na coleta de dados.
À amiga Bruna Vidor e Souza, pela competente revisão dos abstracts.
Às pessoas que participaram deste estudo.
MUITO OBRIGADA A TODOS!
7
“Tenho que olhar pra frente, pra ver por onde vou.
Tenho que olhar pra trás, pra lembrar quem eu sou.”
Cachorro Grande
8
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil
RELAÇÕES ENTRE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E VOCABULÁRIO
EXPRESSIVO EM CRIANÇAS COM DESVIO FONOLÓGICO
AUTORA: TASSIANA ISABEL KAMINSKI
ORIENTADORA: Profa. Dr. HELENA BOLLI MOTA
CO-ORIENTADORA: Profa. Dr. CARLA APARECIDA CIELO
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 20 de Janeiro de 2010.
Os objetivos deste estudo foram investigar a relação entre consciência fonológica e
vocabulário expressivo em crianças com desenvolvimento típico da linguagem e em
crianças com desvio fonológico; comparar o desempenho de crianças com desenvolvimento
típico da linguagem com o de crianças com desvio fonológico; verificar a influência da idade
no desempenho destas habilidades e na relação entre elas. A amostra foi composta por 74
sujeitos divididos em dois grupos: 50 no grupo controle (crianças com desenvolvimento
típico da linguagem) e 24 no grupo estudo (crianças com desvio fonológico). Estes grupos
foram subdivididos conforme a faixa etária dos sujeitos, compondo o grupo controle: 12
crianças com cinco anos de idade, 27 com seis anos e 11 com sete anos. No grupo estudo:
dez crianças com cinco anos, dez com seis anos e quatro com sete anos. Estes sujeitos
realizaram testes para avaliar as habilidades em consciência fonológica e em vocabulário
expressivo. Inicialmente, comparou-se o desempenho dos dois grupos (controle e estudo)
de acordo com as faixas etárias. Posteriormente, foram analisados os sujeitos com desvio
fonológico, nas três faixas etárias estudadas, a fim de verificar as correlações existentes
entre consciência fonológica e vocabulário expressivo, bem como a influência da idade
nestas correlações e no desempenho nos testes. Conforme os resultados encontrados,
pode-se concluir que as crianças do grupo estudo de cinco e sete anos obtiveram um
desempenho inferior ao grupo controle. Os sujeitos de seis anos não apresentaram
diferenças significativas entre os grupos. As crianças de cinco anos dos dois grupos
apresentaram dificuldades nas mesmas tarefas, exceto em detecção de fonema em início de
palavra. E os sujeitos de seis e sete anos de ambos os grupos mostraram dificuldades
apenas em vocabulário expressivo. Os achados também mostram que relação entre
algumas habilidades em consciência fonológica e vocabulário expressivo em crianças com
desvio fonológico, nas diferentes idades. O desempenho nestas habilidades melhorou
conforme o aumento da idade e a relação entre elas é maior quando as crianças são mais
novas; quanto mais velhas as crianças vão ficando, tais habilidades vão se tornando mais
independentes, diminuindo o número de correlações.
Palavras-chave: testes de linguagem, linguagem infantil, desenvolvimento da linguagem.
9
ABSTRACT
Master’s Thesis
Post Graduation Program in Human Communication Disturbance
Federal University of Santa Maria, RS, Brazil
RELATIONS BETWEEN PHONOLOGICAL AWARENESS AND
EXPRESSIVE VOCABULARY IN CHILDREN WITH PHONOLOGICAL
DISORDERS
Author: TASSIANA ISABEL KAMINSKI
Advisor: Profa. Dr. HELENA BOLLI MOTA
Co-adivisor: Profa. Dr. CARLA APARECIDA CIELO
Date and Place of Examination: Santa Maria, January 20
nd
2010.
This study aimed to investigate the occurrence of a relationship between phonological
awareness and expressive vocabulary in children with normal language development and
children with phonological disorders; it aimed also to compare the performance of children
with normal language development to the one of children with phonological disorders; and to
verify the influence of age in the performance of these abilities and in the relationship with
each other. The sample was composed by seventy-four subjects divided in two groups: fifty
in the control group (children with normal language development) and twenty-four in the
study group (children with phonological disorders). These groups were subdivided according
to the age of the subjects, and composing the control group: twelve children were five years
old, twenty-seven were six years old and eleven were seven years old. In the study group:
ten children were five years old, ten were six years old and four were seven years old. These
subjects accomplished tests that evaluated their abilities in phonological awareness and
expressive vocabulary. Initially, the performance of the two groups (control and study) was
compared according to the age groups. Later, the subjects with phonological disorders were
analyzed, in the three studied age groups in order to verify the existent correlations between
phonological awareness and expressive vocabulary in these subjects, as well as the
influence of age in these correlations and in the performance of the tests. According to the
results, it can be concluded that the children of the study group that were five and seven
years old obtained an inferior performance than the control group. The subjects six years old
didn't present significant differences among the groups. The children five years old of the two
groups presented difficulties in the same tasks, except in phoneme detection in word
beginning. And the subjects six and seven years old of both groups showed difficulties just in
expressive vocabulary. Also, there is a relationship among some abilities in phonological
awareness and expressive vocabulary in children with phonological disorders, at different
ages. The performances at these abilities get better as the children get older and the
relationships are more intense when the children are younger; as they grow older, these
abilities become more independent, reducing the number of correlations.
Keywords: language tests, child language, language development.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Análise comparativa dos resultados obtidos com os valores de
referência, por grupo e para a idade de cinco anos, e comparação destes resultados
entre os dois grupos de cinco anos de idade.............................................................39
TABELA 2 Análise comparativa dos resultados obtidos com os valores de
referência, por grupo e para a idade de seis anos, e comparação destes resultados
entre os dois grupos de seis anos de idade ..............................................................40
TABELA 3 Análise comparativa dos resultados obtidos com os valores de
referência, por grupo e para a idade de sete anos, e comparação destes resultados
entre os dois grupos de sete anos de idade..............................................................41
TABELA 4 Análise de correlação entre os desempenhos dos testes de vocabulário
e consciência fonológica, para a faixa etária de cinco anos
(n=10).........................................................................................................................63
TABELA 5 Análise de correlação entre os desempenhos dos testes de vocabulário
e consciência fonológica, para a faixa etária de seis anos
(n=10).........................................................................................................................64
TABELA 6 Análise de correlação entre os desempenhos dos testes de vocabulário
e consciência fonológica, para a faixa etária de sete anos
(n=4)...........................................................................................................................65
11
TABELA 7 Comparação dos desempenhos entre idades.......................................67
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................17
2.1 Aquisição de linguagem e desvios fonológicos.............................................17
2.2 Vocabulário em crianças com desenvolvimento típico de linguagem..........18
2.3 Vocabulário em crianças com desvio fonológico...........................................19
2.4 Consciência fonológica em crianças com desenvolvimento típico de
linguagem..................................................................................................................21
2.5 Consciência fonológica em crianças com desvio fonológico.......................23
2.6 Relação entre vocabulário e consciência fonológica.....................................25
3 ARTIGO DE PESQUISA DESEMPENHO EM CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E
VOCABULÁRIO EXPRESSIVO EM CRIANÇAS DE CINCO A SETE ANOS DE
IDADE COM AQUISIÇÃO TÍPICA DE LINGUAGEM E COM DESVIO
FONOLÓGICO...........................................................................................................27
Resumo.....................................................................................................................27
Introdução.................................................................................................................28
Método.......................................................................................................................33
Resultados................................................................................................................39
Discussão..................................................................................................................42
Conclusão.................................................................................................................46
Abstract.....................................................................................................................47
Referências Bibliográficas.....................................................................................48
4 ARTIGO DE PESQUISA VOCABULÁRIO EXPRESSIVO E CONSCIÊNCIA
FONOLÓGICA: CORRELAÇÕES DESTAS VARIÁVEIS EM CRIANÇAS COM
DESVIO FONOLÓGICO............................................................................................52
Resumo.....................................................................................................................52
Introdução.................................................................................................................53
Método.......................................................................................................................57
Resultados................................................................................................................62
Discussão..................................................................................................................68
Conclusão.................................................................................................................72
Abstract.....................................................................................................................73
Referências Bibliográficas.....................................................................................74
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................77
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................79
7 ANEXOS.................................................................................................................85
Anexo A Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa Projeto
1..................................................................................................................................85
Anexo B Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa Projeto
2..................................................................................................................................86
Anexo C Termo de consentimento institucional Projeto 1.............................87
Anexo D Termo de consentimento institucional Projeto 2.............................89
Anexo E Termo de consentimento livre e esclarecido Projeto 1...................91
Anexo F Termo de consentimento livre e esclarecido Projeto 2...................94
Anexo G Avaliação do vocabulário expressivo (BEFI-LOPES, 2000)...............96
Anexo H Protocolo de avaliação das habilidades em consciência fonológica
(CIELO, 2001)............................................................................................................99
Anexo I Tarefas realizadas com êxito por faixa etária (CIELO, 2001).............101
1 INTRODUÇÃO
Diversos estudos sobre linguagem têm sido desenvolvidos para melhor
compreender a interrelação dos elementos que a compõem, como a sintaxe, a
morfologia, a semântica, a fonologia e a pragmática. Nota-se concordância entre os
pesquisadores de que estes elementos interagem todo o tempo ao longo do
desenvolvimento das habilidades linguísticas (MOTA, 2004; BAGETTI, 2005).
O desenvolvimento fonológico ocorre nos anos iniciais de vida, e autores
como Vieira, Mota e Keske-Soares (2004) referem que este é um processo gradual
que termina quando o padrão adulto é atingido. Porém esta aquisição pode diferir do
padrão esperado, refletindo uma dificuldade de organização do sistema fonológico e
caracterizando o desvio fonológico (YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT,
1991).
Outro aspecto envolvendo a fonologia é a consciência fonológica, que remete
à capacidade do falante refletir sobre a linguagem, analisando, julgando e
manipulando a fala conforme seus componentes fonológicos (CIELO, 2002;
ANDREAZZA-BALESTRIN e CIELO, 2003; FREITAS, 2004). A avaliação da
consciência fonológica será um item fundamental para este estudo.
Destaca-se ainda a semântica, um dos enfoques desta pesquisa e um
elemento importante da linguagem. O aprendizado do léxico pode ser um dos
aspectos mais elementares da aquisição de linguagem, embora envolva uma série
de processos complexos. Este elemento será abordado através da avaliação do
vocabulário expressivo dos sujeitos.
Tradicionalmente, entende-se o desvio fonológico como uma alteração
exclusivamente no nível fonológico da língua, estando os demais componentes em
pleno desenvolvimento.
Entretanto, procurando entender melhor esta relação entre os subsistemas
da linguagem, várias pesquisas têm sido desenvolvidas para analisar quais destes
elementos encontram-se alterados em casos de desvios fonológicos. Embora não
exista uma unanimidade entre os pesquisadores, espera-se ocorrer alterações
também no léxico nestes casos, e não somente no nível fonológico.
Considerando as premissas anteriormente citadas e a escassez de estudos
relacionando às variáveis consciência fonológica e vocabulário, esta pesquisa teve
como objetivo principal investigar essa relação tanto em crianças com aquisição
típica da linguagem quanto em crianças com desvio fonológico. Pretende ainda
analisar a influência da idade na relação entre consciência fonológica e vocabulário
expressivo e no desempenho dessas habilidades.
Em vista deste objetivo, formulou-se a hipótese de que “os desempenhos em
teste de consciência fonológica e em teste de vocabulário expressivo estariam
intimamente relacionados e seriam influenciados pelo desenvolvimento fonológico”.
Essa hipótese seria confirmada se as crianças com desvio fonológico tivessem
desempenho, em testes de consciência fonológica e vocabulário expressivo,
significativamente inferior ao de crianças com aquisição típica da linguagem.
Este trabalho justifica-se pelas contribuições à área da fonoaudiologia clínica
em crianças com desvio fonológico, para que ocorra uma detecção precoce de
alterações nas habilidades em consciência fonológica e vocabulário. Procurando
direcionar a conduta terapêutica de forma mais adequada, possibilitando um tempo
mais curto de intervenção e evitando problemas futuros na aquisição da linguagem.
No primeiro capítulo, introdutório, encontram-se o tema desta dissertação de
mestrado, bem como as hipóteses, a justificativa e o objetivo geral do estudo.
O segundo capítulo apresenta a revisão de literatura. Aborda aspectos
relacionados à aquisição de linguagem típica e desviante, a definição de desvio
fonológico, o vocabulário e a consciência fonológica em crianças com
desenvolvimento típico da linguagem e em crianças com desvio fonológico, e a
relação entre vocabulário e consciência fonológica.
O terceiro capítulo aborda um estudo comparativo entre o desempenho em
consciência fonológica e vocabulário expressivo das crianças com desvio fonológico
e das crianças com aquisição típica da linguagem, na faixa etária de cinco, seis e
sete anos de idade. A revista a ser submetido é a CEFAC.
O quarto capítulo é constituído de um artigo de pesquisa que investiga a
correlação entre o desempenho em teste de consciência fonológica e o vocabulário
expressivo em crianças com desvio fonológico nas faixas etárias de cinco, seis e
sete anos de idade. Este artigo será submetido à Revista da Sociedade Brasileira de
Fonoaudiologia.
O quinto capítulo refere-se às considerações finais dos estudos realizados, os
objetivos alcançados, dados relevantes encontrados e contribuições da pesquisa
para a área da Fonoaudiologia.
No sexto capítulo, encontram-se as referências bibliográficas dos trabalhos
estudados para esta pesquisa.
Por fim, o sétimo capítulo traz documentos anexados à dissertação, como as
Cartas do Comitê de Ética em Pesquisa dos projetos que englobaram esta pesquisa,
Termos de Consentimento Institucional, Termos de Consentimento Livre e
Esclarecido, e os protocolos dos principais testes aplicados.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Aquisição de linguagem e desvios fonológicos
Em relação à linguagem, é importante ressaltar que esta compreende
aspectos sintáticos, semânticos, morfológicos, pragmáticos e fonológicos, os quais
estão interligados. O modo de organização e funcionamento dos sons nas diferentes
línguas está relacionado com um destes subsistemas da linguagem: a fonologia.
Alterações fonológicas, ou seja, alterações de fala que envolvem a organização do
sistema de sons, devem ser consideradas problemas de linguagem. Não é possível
descartar o envolvimento de todos os subsistemas da linguagem na terapia com
base fonológica, uma vez que estes não podem ser completamente separados
(MOTA, 2004). Assim, as habilidades da linguagem, de forma conjunta, permitem
que a comunicação ocorra de forma eficaz (BAGETTI, 2005).
O desenvolvimento fonológico é um processo gradual de aquisição do
sistema de fones contrastivos e das estruturas silábicas que termina quando a
criança atinge o sistema padrão/adulto. Espera-se que crianças entre quatro a seis
anos de idade apresentem seu sistema fonológico adquirido sem alterações. Porém
esta aquisição pode diferir do esperado e algumas crianças apresentarem
dificuldade na organização mental dos sons da língua, no estabelecimento do
sistema fonológico alvo, bem como na adequação do input recebido, caracterizando
o desvio fonológico (VIEIRA, MOTA e KESKE-SOARES, 2004).
Nessas crianças, o sistema de contrastes falha na correspondência com o
esperado, caracterizando uma dificuldade de organização do sistema fonológico, e
não de articulação, sem uma etiologia orgânica aparente (YAVAS,
HERNANDORENA e LAMPRECHT, 1991). O sistema fonológico resultante nessas
crianças torna-se inadequado em relação à língua do seu ambiente (LAMPRECHT,
2004).
O diagnóstico do desvio fonológico depende de identificar o inventário
fonético da criança, analisar as estruturas silábicas presentes na amostra de fala e a
distribuição dos sons nestas estruturas, bem como nas palavras e apontar as regras
fonológicas e os contrastes presentes na fala (WERTZNER, AMARO e TERAMOTO,
2005).
2.2 Vocabulário em crianças com desenvolvimento típico de linguagem
Para Vidor (2008) o processo de aquisição de novas palavras ocorre ao longo
do tempo, em que a criança passa por períodos variados de crescimento do
vocabulário, com um maior ou menor acréscimo de palavras.
As crianças geralmente produzem suas primeiras palavras com cerca de um
ano de idade. O vocabulário produtivo aumenta devagar no início, porém ocorre uma
“explosão” na aquisição do vocabulário durante o segundo ano de vida, em torno de
um ano e seis meses a um ano e oito meses (BASSANO, MAILOCHON e EME,
1998). Dessa forma, entre os 12 meses e dois anos de idade, as crianças passam
por uma transição do “não-falar” ao “falar” (GERSHKOFF-STOWE e SMITH, 1997).
Segundo Vidor (2008), os falantes de português brasileiro também
apresentam uma explosão do vocabulário em torno do segundo ano de vida,
aumentando o número de palavras de conteúdo, em especial da classe dos
substantivos.
Considerando-se os aspectos semânticos de crianças com desenvolvimento
típico de linguagem, um acréscimo estatisticamente significativo no vocabulário
de acordo com o aumento da faixa etária, independente do sexo (CYCOWICZ et al,
1997; BASSANO, MAILOCHON e EME, 1998; HAGE e PEREIRA, 2006).
Em crianças entre 22 e 36 meses, as categorias lexicais mais faladas incluem
pessoas, partes do corpo, ações, casa e objetos (PEDROMÔNICO, AFFONSO e
SAÑUDO, 2002). Um melhor desempenho em provas de vocabulário é verificado
conforme aumenta a idade, aumentando o número de nomeações e reduzindo o
número de desvios semânticos (HAGE e PEREIRA, op. cit.).
No desenvolvimento da linguagem, é fundamental aprender palavras e saber
utilizá-las adequadamente. Este fato relaciona-se à aquisição da sintaxe, da
morfologia e da fonologia (HAGE E PEREIRA, op.cit.).
Aprender algumas palavras aprimora o sistema e torna a criança capaz de
aprender mais palavras, pois o desenvolvimento do vocabulário pode ser
considerado como um processo contínuo que permite o sistema lexical aumentar o
acesso à informação (GERSHKOFF-STOWE e HAHN, 2007).
Miranda, Pompéia e Bueno (2004) referem os fatores culturais entre aqueles
que podem influenciar no desenvolvimento do vocabulário e na sua avaliação
através da nomeação de figuras. Além destes, Cycowicz et al (1997) citam fatores
como a familiaridade, a experiência diária da criança e a complexidade visual das
figuras (desenhos complicados e cheios de detalhes dificultam a identificação).
O processo de nomeação de figuras envolve pelo menos três estágios. No
primeiro, ocorre a identificação do objeto através da descrição física. No segundo
estágio, ocorre a ativação do nome através das características semânticas do objeto
que são acessadas e, em resposta, o terceiro estágio, a figura é pronunciada
(CYCOWICZ et al, op.cit.).
Concordando com os autores acima citados, Johnson, Paivio e Clark (1996),
também relatam três estágios na nomeação de uma figura: identificação do objeto,
ativação do nome e resposta. Para estes autores, a aparente simplicidade desse
processo faz acreditar que a complexidade está em processos cognitivos
subjacentes durante os três estágios. Primeiro, um objeto deve ser identificado como
um membro de uma classe de objetos em particular. Então, nomes apropriados
devem ser ativados do meio de milhares de palavras conhecidas pelos falantes da
língua. Finalmente, comandos articulatórios de uma resposta específica devem ser
preparados e executados. Estas operações sofisticadas devem ocorrer rapidamente
e com eficiência na fala fluente.
2.3 Vocabulário em crianças com desvio fonológico
Yavas, Hernandorena e Lamprecht (1991) argumentam que, embora a relação
entre fonologia e semântica não seja tão clara, os estudos mostram que fatores
semânticos influenciam a precisão fonética. Os autores também comentam que a
maioria das crianças com significativas desordens na comunicação tem, pelo menos,
algumas dificuldades no nível fonológico da linguagem, ou seja, no conhecimento
dos segmentos, das regras fonológicas ou na maneira como esse conhecimento é
utilizado. Quando o sistema fonológico da criança é restrito, essas restrições podem
influenciar o desenvolvimento lexical (TYLER, 1996).
Conforme Befi-Lopes e Galea (2000), sobre a avaliação de vocabulário,
crianças com alteração de linguagem nomeiam com menos frequência as palavras-
alvo e utilizam maior número de não-designações e de processos de substituição do
que aquelas em desenvolvimento típico. Sendo o desvio fonológico uma patologia da
linguagem, pode-se levar em consideração esses autores, em que crianças com
alterações de linguagem possuem um déficit lexical.
Resultados semelhantes foram encontrados por Bastos, Befi-Lopes e
Rodrigues (2006) quando avaliaram crianças com Distúrbio Específico de
Linguagem e verificaram que estas apresentam baixo desempenho em prova de
vocabulário expressivo, com predomínio de não-designações das figuras. Ainda, em
estudo com crianças com alterações no desenvolvimento, pode-se verificar que o
desempenho destas em prova de vocabulário expressivo melhora conforme aumenta
a idade (BEFI-LOPES, GÂNDARA e FELISBINO, 2006).
Em contrapartida às conclusões de Befi-Lopes e Galea (2000), Pereira (2006)
apresenta outras considerações. Em uma prova de designação de vocábulos,
quando uma criança com desvio fonológico apresenta alterações da representação
fonológica do item lexical a ser nomeado, ela pode não ter encontrado a
representação fonológica correta deste item. Para não errar na nomeação, ela usaria
como recurso a substituição por um cohipônimo correspondente. Desta maneira, a
alteração estaria somente no componente fonológico da linguagem e não no
componente lexical e semântico.
Da mesma forma que as crianças com desenvolvimento típico de linguagem,
as crianças com desvio fonológico melhoram o desempenho em prova de
vocabulário expressivo, conforme aumentam a idade (ATHAYDE, CARVALHO e
MOTA, 2009).
2.4 Consciência fonológica em crianças com desenvolvimento típico de
linguagem
Para Andreazza-Balestrin e Cielo (2003), a metalinguagem refere-se à
capacidade do falante em refletir sobre a linguagem, e envolve a consciência
sintática, semântica, pragmática e fonológica.
A consciência fonológica permite refletir conscientemente sobre os sons da
fala, tornando a língua um objeto de pensamento. Portanto, é possível refletir, julgar
e manipular estes sons, mudando a estrutura sonora das palavras (FREITAS, 2004).
Trata-se da habilidade que analisa a fala, explicitamente em seus
componentes fonológicos. Desenvolve-se gradualmente, envolvendo habilidades
como a segmentação de frases em palavras, o realismo nominal, a detecção de
rimas, a síntese silábica, a segmentação silábica, a detecção de sílabas, a reversão
silábica, a exclusão fonêmica, a detecção de fonemas, a síntese fonêmica, a
segmentação fonêmica e a reversão fonêmica (CIELO, 2001; CIELO, 2003).
Em crianças com desenvolvimento pico, aos quatro anos, estão
consolidadas as habilidades em consciência de palavras e de sílabas. Aos cinco e
seis anos, as habilidades em consciência de palavras, de rimas e de sílabas. E aos
seis anos também está presente a habilidade em detecção de fonemas. Crianças de
sete e oito anos possuem todas as habilidades em consciência fonológica, incluindo
em consciência fonêmica (CIELO, 2002).
O Protocolo de Tarefas em Consciência Fonológica configura-se como um
instrumento viável para a avaliação de todos os tipos de habilidades em consciência
fonológica. Este protocolo apresenta diferentes graus de complexidade em
consciência fonológica, favorecendo o estabelecimento de metas terapêuticas ou de
estimulação dessas habilidades (CIELO, 2001; CIELO, 2003).
Considerando-se Cielo (2001), a ordem de aquisição das habilidades em
consciência fonológica evolui da consciência de palavras para a consciência de
rimas, depois para a de sílabas e, por último, ocorre a aquisição da consciência de
fonemas. Esta autora aponta que o êxito em tarefas de consciência fonológica
melhora conforme aumenta a idade das crianças avaliadas.
Um estudo (CIELO, 2003) determinou as tarefas que são realizadas com êxito
pelos sujeitos com desenvolvimento típico de linguagem em cada faixa etária.
Conforme essa pesquisa, para a idade de cinco anos, os sujeitos atingiram um bom
desempenho em segmentação de frases de duas, três e quatro palavras; realismo
nominal; detecção de rimas em dissílabas e trissílabas; síntese e segmentação
silábica com dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; detecção de silaba inicial, final e
medial; e detecção de fonema inicial. Aos seis anos, as habilidades adquiridas foram
segmentação de frases de duas palavras; realismo nominal; detecção de rimas em
dissílabas e trissílabas; síntese e segmentação silábica com dissílabas, trissílabas e
quadrissílabas; detecção de sílaba inicial, final e medial; reversão silábica com
dissílabas; detecção de fonema inicial e final. Aos sete anos, os sujeitos obtiveram
êxito nas seguintes tarefas: segmentação de frases de duas, três, quatro, cinco, seis
e sete palavras; realismo nominal; detecção de rimas em dissílabas e trissílabas;
síntese e segmentação silábica com dissílabas, trissílabas e quadrissílabas;
detecção de sílaba inicial, final e medial; reversão silábica com dissílabas, trissílabas
e quadrissílabas; exclusão de fonema inicial, final e medial; detecção de fonema
inicial, final e medial; síntese fonêmica com três, quatro, cinco e seis fonemas;
segmentação fonêmica com palavras de três, quatro e cinco fonemas; reversão
fonêmica de dois e três fonemas.
Crianças com desenvolvimento típico de linguagem apresentam um melhor
desempenho nas habilidades em consciência silábica (SALLES et al, 1999;
PEDRAS, GERALDO e CRENITTE, 2006). O pior desempenho é verificado nas
tarefas fonêmicas, evidenciando que as habilidades para manipulação de sílabas
são adquiridas antes que as habilidades em consciência fonêmica (SALLES et al,
op. cit.; ETTORE et al, 2008).
Alguns autores referem que as habilidades em consciência fonêmica somente
estarão consolidadas após o aprendizado da leitura e da escrita (PAULA, MOTA e
KESKE-SOARES, 2005).
Concordando com estes achados, diversos autores sustentam que o aumento
da idade e do domínio da linguagem escrita parece influenciar as habilidades em
consciência fonológica (SALLES et al, 1999; CIELO, 2003; CÁRNIO E SANTOS,
2005; ZUANETTI, SCHNECK e MANFREDI, 2008; DAMBROWSKI et al, 2008).
Embora Zuanetti, Schneck, Manfredi (op. cit.) afirmem que a consciência
fonológica desempenha um importante papel facilitador e indispensável no processo
de aprendizagem, não se pode concluir qual é a direção do elo entre estas variáveis.
As habilidades em consciência fonológica são independentes do sexo
(SALLES et al, 1999). Algumas pesquisas, de modo geral, não observaram diferença
estatisticamente significativa entre meninos e meninas nestas habilidades (MOURA,
CIELO e MEZZOMO, 2009; MOURA, MEZZOMO e CIELO, 2009).
2.5 Consciência fonológica em crianças com desvio fonológico
Dentre os estudos que relacionam as crianças com desvio fonológico e as
dificuldades em consciência fonológica, destacam-se Morales, Mota e Keske-Soares
(2002); Denne et al (2005); e Mota, Filha e Lasch (2007).
Nota-se que crianças com alterações fonológicas podem ter um desempenho
ineficiente nas habilidades em consciência fonológica (MORALES, MOTA e KESKE-
SOARES, 2002).
Rvachew, Chiang e Evans (2007) sugeriram que crianças com desvio
fonológico tendem a ter um desempenho significativamente pior em teste de
consciência fonológica quando comparadas com crianças sem alterações de fala.
Marchetti, Mezzomo e Cielo (2009) também encontraram, em sua pesquisa,
um pior desempenho nas tarefas de consciência fonológica entre as crianças com
desvio fonológico do que entre as crianças com desenvolvimento típico de fala.
Procurando explicar esta relação, Spíndola, Payão e Bandini (2007)
apontaram que as alterações de fala das crianças com desvio fonológico podem
estar relacionadas com uma deficiência na sua capacidade de perceber que a fala
pode ser segmentada e manipulada em seus segmentos. Seus estudos mostraram
que uma terapia baseada em atividades que promovam o desenvolvimento da
consciência fonológica pode propiciar a evolução do sistema fonológico. Pois, após
terapia, a criança se tornou mais atenta em relação aos sons da fala e passou a
perceber a importância da presença dos traços que se encontram comprometidos na
sua fala.
Segundo McDowel, Lonigan e Goldstein (2007), déficits em consciência
fonológica estariam relacionados diretamente a déficits no sistema fonológico
subjacente da criança, ou seja, déficits na precisão de fala (após ser medido o
sistema fonológico produtivo da criança) indicariam déficits em consciência
fonológica.
Mota, Filha e Lasch (2007) identificaram a estreita relação entre a linguagem
oral e o posterior desenvolvimento das habilidades linguísticas, analisando que
crianças com desvio fonológico apresentaram um desempenho deficiente em
habilidades que envolviam a consciência fonológica. Portanto, crianças com desvio
fonológico precisam de estímulo para as habilidades em consciência fonológica, por
serem consideradas de risco para a presença de futuras dificuldades no
desenvolvimento da linguagem. Além disso, esse déficit poderia interferir, de forma
negativa, na aquisição e desenvolvimento da escrita (MOTA, MELO e LASCH,
2008).
Os sujeitos com desvio fonológico, mesmo após alta da terapia de fala,
podem continuar apresentando um desempenho deficiente nas habilidades
envolvendo consciência fonológica (MOTA, MELO e LASCH, op. cit.; MOTA e MELO,
2009). Tal fato pode ser motivado pelo histórico do desvio fonológico, uma vez que,
tratado, esse transtorno se manifestou e prejudicou outras capacidades
linguísticas, sendo resultado da alteração do processamento fonológico causada
pelo transtorno fonológico (MOTA e MELO, op. cit.).
Conforme Vieira, Mota e Keske-Soares (2004), o desenvolvimento da
consciência fonológica está relacionado ao aumento da idade cronológica, mesmo
em casos de desvios fonológicos. Estes autores relatam, ainda, não existir uma
relação entre o grau de gravidade do desvio fonológico e o desempenho em teste de
consciência fonológica, embora as crianças com desvio fonológico apresentem
desempenhos variados nestas tarefas.
O estudo de Souza et al (2009) concorda que o aumento da idade
proporciona melhor desempenho em consciência fonológica. E, de acordo com Dias,
Mota e Mezzomo (2009), também o houve diferença estatisticamente significante
entre os grupos com desvio fonológico classificados de forma quantitativa, em
nenhuma das tarefas de consciência fonológica.
Em relação ao gênero, as pesquisas de Souza et al (op. cit.) e Rizzon,
Chiechelski e Gomes (2009) não observaram diferenças significativas no
desempenho da consciência fonológica de meninos e meninas com desvio
fonológico.
2.6 Relação entre vocabulário e consciência fonológica
Como o objetivo desta pesquisa é relacionar o desempenho de crianças com
desvio fonológico em provas de vocabulário expressivo e avaliação das habilidades
em consciência fonológica e compará-los com o desempenho de crianças com a
aquisição típica de linguagem, não foram encontrados estudos que abordassem
diretamente estas variáveis. Destacam-se então alguns estudos que tenham
abordado de alguma forma tais variáveis em seus trabalhos.
Rvachew, Chiang e Evans (2007) são alguns dos autores que pesquisaram as
habilidades em consciência fonológica e de vocabulário juntamente com as
habilidades de leitura, organização das representações fonológicas subjacentes e
conhecimento grafe-fonema em crianças com desvio fonológico e em crianças sem
alterações de fala, a fim de encontrar correlações entre elas.
De acordo com Santos (2007), o desempenho dos sujeitos estudados
apontou para uma correlação significativa entre algumas tarefas de vocabulário e
consciência fonológica. Uma vez que ao aumentar o número de designações por
vocábulos usuais ocorreu o aumento de determinada prova de consciência
fonológica. O aumento de não-designações também se correlacionou com uma
menor pontuação em outra prova de consciência fonológica.
Segundo a autora citada anteriormente, alunos com melhor desempenho em
provas de vocabulário, consciência fonológica e nomeação rápida também mostram
um melhor desempenho na escrita de ditado de palavras e pseudopalavras. Bem
como, melhores escores de vocabulário representaram relação direta com melhores
produções de escrita.
Outra pesquisa (MCDOWEL, LONIGAN e GOLDSTEIN, 2007), estudou
crianças de dois a cinco anos de idade, avaliando tarefas como habilidades em
consciência fonológica, vocabulário receptivo e expressivo, teste de articulação e
repetição de não-palavras. Como resultados, verificaram que todas as tarefas
avaliadas atingiram um melhor desempenho conforme aumentava a idade dos
sujeitos envolvidos. À medida que o nível socioeconômico, vocabulário e precisão na
fala aumentavam, também havia melhora no desempenho em consciência
fonológica. Tais resultados mostraram que déficits em consciência fonológica
poderiam ser diretamente atribuídos a déficits no léxico, uma vez que déficits no
vocabulário seriam indicativos de déficits em consciência fonológica. Assim,
sugeriram que uma relação entre o campo fonológico (a consciência fonológica e
a precisão de fala) e o léxico.
Hesketh et al (2000) salientaram que desvios fonológicos geralmente vêm
acompanhados de outros prejuízos linguísticos, entre eles, defasadas habilidades
em consciência fonológica.
O déficit lexical em crianças com desvios fonológicos explicar-se-ia pelo fato
de que, nestas crianças, o sistema fonológico é limitado. Os sons se restringem a
certas classes, como plosivas e nasais, ou a certas posições, e estas restrições
podem influenciar o desenvolvimento lexical (TYLER, 1996).
Conforme McDowel, Lonigan e Goldstein (2007), déficits em consciência
fonológica poderiam estar diretamente atribuídos a déficits no léxico, pois, se o
vocabulário de uma criança é menos desenvolvido, ela pode não estar em um
estágio em que uma substancial organização lexical é necessária. Conforme estes
autores, se a organização lexical não ocorrer, o padrão adulto de fonemas e
segmentos pode não estar especificado ou estar especificado de uma forma incerta.
Para Rvachew e Grawburg (2006), as crianças com desvio fonológico o
sujeitos de risco para déficits em consciência fonológica se estes apresentarem
defasadas habilidades de percepção de fala e/ou defasadas habilidades em
vocabulário receptivo.
Elaborar o estoque de palavras que formam a linguagem envolve uma série
de processos complexos: a criança deve adquirir a forma fonológica das palavras,
seus significados e também suas categorias sintáticas e as propriedades de cada
uma dessas classes (BASSANO, MAILOCHON e EME, 1998).
3 ARTIGO DE PESQUISA - DESEMPENHO EM CONSCIÊNCIA
FONOLÓGICA E VOCABULÁRIO EXPRESSIVO EM CRIANÇAS DE
CINCO A SETE ANOS DE IDADE COM AQUISIÇÃO TÍPICA DE
LINGUAGEM E COM DESVIO FONOLÓGICO
Desempenho em consciência fonológica e vocabulário expressivo em crianças
de cinco a sete anos de idade com aquisição típica da linguagem e com desvio
fonológico
Performance in phonological awareness and expressive vocabulary in children
between five to seven years old with normal language acquisition and with
phonological disorders
Vocabulário e consciência: típico x desvio
Resumo
Objetivo: comparar o desempenho entre crianças com desvio fonológico e com
aquisição típica da linguagem em vocabulário expressivo e consciência fonológica e
analisar a influência da idade.
Métodos: os sujeitos foram divididos em grupos de controle (GC) e estudo (GE) e
apresentavam idades entre cinco e sete anos. Foram aplicados os testes de
vocabulário expressivo e consciência fonológica, e destes dados coletados foi
realizada análise estatística.
Resultados: quando comparados os grupos, as crianças do GE de cinco e sete
anos apresentaram alguns resultados significativamente inferiores ao GC; porém
não houve diferenças entre os grupos de seis anos em ambas as habilidades de
consciência fonológica e vocabulário. Em relação aos escores inferiores ao
esperado, as crianças de cinco anos apresentaram dificuldades nas mesmas tarefas
de vocabulário expressivo e consciência fonológica, com variações de
complexidade, exceto o GE, com maior dificuldade em detecção de fonema em
início de palavra. Os sujeitos de seis e sete anos mostraram dificuldades apenas em
vocabulário expressivo.
Conclusão: As crianças com desvio fonológico apresentaram um desempenho
inferior em algumas habilidades de vocabulário e consciência fonológica quando
comparadas às crianças com desenvolvimento típico. Pode-se concluir ainda que
existe influência da idade no desempenho destas habilidades para ambos os grupos.
Palavras- chave: testes de linguagem, semântica, vocabulário, linguagem infantil,
desenvolvimento da linguagem.
Introdução
O desenvolvimento fonológico é um processo gradual de aquisição do
sistema de fones contrastivos e das estruturas silábicas que termina quando a
criança atinge o sistema padrão/adulto. Espera-se que crianças entre quatro a seis
anos de idade apresentem seu sistema fonológico adquirido sem alterações. Porém,
esta aquisição pode diferir do esperado e algumas crianças apresentarem
dificuldade na organização mental dos sons da língua, no estabelecimento do
sistema fonológico alvo, bem como na adequação do input recebido, caracterizando
o desvio fonológico
(1)
.
Nas crianças que apresentam desvios fonológicos, os erros podem persistir
por um período maior de tempo do que nas crianças com desenvolvimento típico de
fala. Algumas delas apresentam um inventário fonêmico relativamente completo,
mas têm dificuldades em usar estes sons para corresponder aos sons da palavra-
alvo
(2)
.
Por ser uma dificuldade de organização do sistema de sons, os casos de
desvio fonológico, em geral, não apresentam problemas em nível articulatório, e sim
no desenvolvimento fonológico, estando ausente uma etiologia orgânica aparente
(3)
.
Identificar o inventário fonético da criança, analisar as estruturas silábicas da
amostra de fala e a distribuição dos sons nestas estruturas e nas palavras, apontar
as regras fonológicas usadas e os contrastes de fala, são dados importantes para o
diagnóstico de desvio fonológico
(4)
.
A consciência fonológica é a habilidade em analisar a fala em seus
componentes fonológicos
(5)
. Estas habilidades podem sofrer influência da idade e
da alfabetização
(6)
.
Em crianças com desenvolvimento típico, tais habilidades apresentam uma
estreita relação com a linguagem escrita
(5)
. Estudos relacionaram estes dois fatores
e encontraram que influência das habilidades em consciência fonológica e nível
de escrita dos sujeitos estudados
(7-9)
. Favorecendo-se uma melhor performance
para os níveis de maior escolaridade
(10)
.
Algumas pesquisas analisaram a influência da variável sexo no desempenho
em consciência fonológica em crianças com desenvolvimento típico, porém não
foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre meninos e
meninas
(11, 12)
.
Para sujeitos com desenvolvimento típico de fala, existe uma sequência de
aquisição dos diferentes tipos de habilidades em consciência fonológica, iniciando
com a habilidade em consciência de palavras, seguida pela de rimas, depois de
sílabas e, por último, de fonemas
(5)
.
Conforme aumenta a idade dos sujeitos, melhor é o desempenho nas
habilidades em consciência fonológica. Aos cinco anos, devem estar consolidadas
as habilidades em consciência de palavras, de rimas, de sílabas. Com seis anos,
além das outras habilidades, deve estar presente a habilidade de detecção de
fonemas. E aos sete e oito anos, estão adquiridos todos os tipos de habilidade em
consciência fonológica, incluindo a habilidade em consciência fonêmica
(5)
.
Segundo um estudo
(10)
, os aspectos fonêmicos (síntese, segmentação,
manipulação e transposição fonêmica) da consciência fonológica apresentam um
grau mais alto de dificuldade em relação aos aspectos silábicos (síntese e
segmentação silábica), evidenciando que a consciência silábica é adquirida antes da
consciência fonêmica.
Crianças com desvio fonológico podem desenvolver alterações em
consciência fonológica
(13)
. Quando comparadas com crianças com aquisição típica
de fala, de quatro a oito anos de idade, as crianças com desvio fonológico
apresentaram um pior desempenho nas tarefas de consciência fonológica
(14)
, sendo
que as tarefas fonêmicas foram as mais difíceis para as crianças com desvio
fonológico, apontando para a relação direta entre o desenvolvimento fonológico e a
consciência fonêmica.
Após a aplicação de um programa de estimulação em consciência fonológica
para crianças de cinco a oito anos de idade com desvio fonológico, uma pesquisa
(15)
concluiu que a melhora nas habilidades em consciência fonológica favoreceu o
desenvolvimento do sistema fonológico. Permitindo assim, que a criança ficasse
mais atenta em relação aos sons da fala e percebesse a importância da presença
dos traços alterados na sua fala.
Em relação ao sexo, da mesma forma que em crianças típicas, também não
foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no desempenho em
consciência fonológica entre meninos e meninas com desvio fonológico
(16, 17)
.
Em crianças com desvio fonológico, o desenvolvimento da consciência
fonológica também está relacionado ao aumento da idade cronológica, com melhor
desempenho à medida que aumenta a idade dos sujeitos
(1, 16)
.
Embora possam existir vários graus de gravidade de desvios fonológicos,
pesquisas
(1, 18, 19)
que classificaram os sujeitos de forma quantitativa não
encontraram diferença estatisticamente significativa entre o grau de gravidade do
desvio e o desempenho no escore total de uma prova de consciência fonológica. Ou
seja, a performance em consciência fonológica não sofreu interferência da gravidade
do desvio.
Quanto ao desenvolvimento semântico, em crianças com desenvolvimento
típico de linguagem, o balbucio aparece por volta de seis a nove meses
(2)
e as
primeiras palavras surgem em torno de dez a 15 meses de idade
(2, 20)
. uma
pequena variação de meses entre as pesquisas, mas, em geral, uma explosão na
aquisição do vocabulário ocorre entre 22 e 36 meses de idade
(21, 22)
. Este
aprendizado envolve palavras relacionadas aos nomes de coisas ou pessoas e
aquelas ligadas a relacionamentos sociais. O uso de verbos é mais tardio
(21)
.
Entre os fatores que podem influenciar o aprendizado do vocabulário estão o
ambiente humano-familiar em que a criança está inserida
(21)
, o aumento da idade
das crianças e a escolaridade materna
(20)
, ou a escolaridade das pessoas
envolvidas no ambiente da criança
(23)
.
Em crianças com desenvolvimento típico, de três a seis anos de idade,
verifica-se que, com o avanço da idade, maior é o número de ocorrência do
vocábulo esperado e, quanto menor a idade, maior a ocorrência de itens não
nomeados
(24)
.
Sobre a relação entre desvios fonológicos e alterações lexicais, um estudo
(2)
refere que a interferência do desvio fonológico na aquisição lexical pode influenciar a
produção de palavras homônimas. Se uma criança tem poucos fonemas à
disposição e tenta produzir grande número de palavras diferentes, ela simplesmente
não consegue. Isso pode ser causado pela ausência de sons suficientes para
pronunciar estas palavras, produzindo as formas homônimas e dificultando a
compreensão de seu discurso.
O grau de compreensão das palavras também pode influenciar as
características fonéticas da produção, pois uma maior exigência semântica (ou
dificuldade para compreender o sentido do que será dito) poderia levar a criança a
cometer mais erros na produção
(3)
.
Fatores semânticos influenciam a precisão fonética, embora a fonologia esteja
relacionada com o aspecto estrutural da língua e a semântica, com o conceitual
(3)
.
No entanto, uma pesquisa com crianças entre quatro, cinco e seis anos de
idade, com desvio fonológico, não encontrou dificuldades lexicais nesses sujeitos,
pois essas crianças apresentaram vocabulário semelhante ao de crianças em
desenvolvimento típico de linguagem
(25)
.
O mesmo trabalho
(25)
também verificou que o desempenho lexical das
crianças com desvio fonológico melhorou com o aumento da idade em todos os
campos semânticos. Outros autores constataram que o desempenho em vocabulário
expressivo em crianças com desvio fonológico melhora conforme aumenta a idade
dos sujeitos estudados
(26)
.
Durante uma pesquisa com crianças de dois a cinco anos de idade, em que
foram avaliadas habilidades em consciência fonológica, vocabulário receptivo e
expressivo, articulação e repetição de não-palavras, verificou-se que, em todas as
tarefas, houve melhor desempenho conforme aumentava a idade dos sujeitos
envolvidos
(27)
. Nessa mesma pesquisa, verificou-se que, à medida que o nível
socioeconômico, vocabulário e precisão da fala aumentavam, também havia melhora
no desempenho em consciência fonológica.
Os resultados encontrados nessa pesquisa
(27)
indicaram que déficits em
consciência fonológica estariam relacionados diretamente a déficits no sistema
fonológico subjacente da criança. Ou seja, déficits na precisão de fala (após ser
medido o sistema fonológico produtivo da criança) indicam déficits em consciência
fonológica. Desta forma, esses resultados sugerem que há uma relação entre o
campo fonológico (a consciência fonológica e a precisão de fala) e o léxico. Assim,
déficits no vocabulário seriam indicativos de déficits em consciência fonológica.
Outras alterações de linguagem intensificam o risco de dificuldades em nível
de consciência fonológica em crianças com desvio fonológico
(18)
. Verificou-se que
consciência fonológica e habilidades em leitura estavam correlacionadas com
habilidades em vocabulário, tamanho das representações fonológicas subjacentes e
conhecimento grafema-fonema em crianças com fala normal e com desvio
fonológico
(18)
.
No desenvolvimento da linguagem, é fundamental aprender palavras e saber
utilizá-las adequadamente. Este fato relaciona-se à aquisição da sintaxe, da
morfologia e da fonologia
(24)
.
Procurando investigar melhor a relação entre os elementos da linguagem, em
especial entre fonologia e semântica, esta pesquisa visa estudar a relação entre
consciência fonológica e vocabulário expressivo, e de que forma estas variáveis são
influenciadas pelo desvio fonológico.
Portanto, o objetivo desta pesquisa foi comparar o desempenho de crianças
com aquisição típica de linguagem com o de crianças com desvio fonológico em
testes de vocabulário expressivo e consciência fonológica, verificando-se também a
influência da idade.
Método
Esta pesquisa se configura como um estudo de campo, não-experimental,
exploratório, transversal e quantitativo.
Os dados foram coletados no período de outubro de 2007 a dezembro de
2008.
Foram analisadas crianças com idades entre cinco anos a sete anos, de
ambos os sexos. Os sujeitos frequentavam o ambiente escolar, fazendo parte de
turmas de educação infantil e de primeira série (alfabetização) do ensino
fundamental.
Procurou-se formar uma amostra de dois grupos distintos: o grupo controle
(GC), composto por crianças com aquisição típica da linguagem, e o grupo estudo,
(GE) composto por crianças com desvio fonológico.
A coleta de dados foi realizada em um serviço público de atendimento
fonoaudiológico vinculado a uma instituição de ensino superior e em duas escolas
públicas e uma escola filantrópica de ensino fundamental. Optou-se realizar as
coletas nestes estabelecimentos para obter um número maior de sujeitos.
Os procedimentos de seleção da amostra e coleta de dados foram realizados
por mestrandos e acadêmicos bolsistas de iniciação científica dos e semestres
da instituição de ensino superior vinculada a presente pesquisa.
No serviço público de atendimento fonoaudiológico, a seleção ocorreu através
de triagens no setor responsável pelas alterações de fala, com a intenção de coletar
dados de indivíduos com desvio fonológico. Os pais/responsáveis foram contatados
e convidados a participar através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). Nesse termo constavam informações sobre os objetivos da
pesquisa, a justificativa, os procedimentos a serem adotados, riscos, benefícios,
sigilo dos dados coletados, garantia de esclarecimento e liberdade de recusar a
participar em qualquer momento. A assinatura desse documento, de livre vontade, é
uma condição para a participação da criança na pesquisa, sendo possível desistir
quando achar conveniente. Além da assinatura do TCLE, a criança deveria assentir
sua participação na pesquisa. Os sujeitos selecionados neste local fizeram parte do
GE.
Nas escolas, foi entregue, por intermédio dos professores, o TCLE para os
pais de todas as crianças que apresentavam a idade adequada para participar da
pesquisa. Foi acertado com os professores o horário mais adequado para que
fossem realizadas as avaliações sem prejudicar a participação da criança nas
atividades desenvolvidas em sala de aula. Os sujeitos selecionados nas escolas
compuseram tanto o GE como o GC.
Todos os sujeitos autorizados passaram por uma triagem fonoaudiológica,
composta por avaliações do sistema estomatognático, dos sistemas fonológico e
fonético, de linguagem e triagem auditiva.
Foram considerados como critérios de inclusão na amostra do GE:
autorização dos pais e/ou responsáveis através do TCLE; a criança assentir a
participação; ter idade entre cinco e sete anos; apresentar desvio fonológico. Para
realizar o diagnóstico de desvio fonológico, utilizou-se como fundamentação teórica
o livro Avaliação Fonológica da Criança (AFC)
(3)
.
Como critérios de exclusão para o GE, consideraram-se: apresentar
alterações psicológicas, cognitivas e neurológicas evidentes à observação;
apresentar resultados alterados na triagem fonoaudiológica quanto ao sistema
estomatognático, fonético, compreensão e/ou expressão da linguagem, e triagem
auditiva; ter realizado ou realizar tratamento fonoaudiológico.
Os critérios de inclusão para participar do GC foram considerados os mesmos
acima citados, porém, mediante a ausência de desvio fonológico. Para esse grupo,
consideraram-se os mesmos critérios de exclusão do GE.
As crianças que não passaram por um ou mais critérios de avaliação foram
excluídas da amostra e encaminhadas para os procedimentos necessários, como
consulta com médico otorrinolaringologista, avaliação odontológica, ou terapia
fonoaudiológica, por exemplo. Assim, os sujeitos que não estavam dentro dos
critérios de inclusão, a partir da avaliação, foram excluídos.
Dessa forma, após a seleção, o GE foi composto por 24 crianças (15 meninos
e nove meninas) e o GC por 50 crianças (18 meninos e 32 meninas). Cada grupo foi
dividido em três subgrupos, conforme as idades dos sujeitos: o GE foi formado por
dez sujeitos de cinco anos (sete meninos e três meninas), dez sujeitos de seis anos
(cinco meninos e cinco meninas) e quatro sujeitos de sete anos (três meninos e uma
menina); o GC, por 12 crianças de cinco anos (três meninos e nove meninas), 27
crianças de seis anos (dez meninos e 17 meninas) e 11 crianças de sete anos (cinco
meninos e seis meninas).
Para iniciar o processo de coleta de dados, os selecionados foram
submetidos à avaliação do vocabulário expressivo e à avaliação da consciência
fonológica.
Para a avaliação do vocabulário, foi utilizada a prova de verificação do
vocabulário do teste ABFW
(28)
. Esse teste avalia nove campos conceituais:
vestuário, animais, alimentos, meios de transporte, veis e utensílios domésticos,
profissões, locais, formas e cores, brinquedos e instrumentos musicais. Foram
apresentadas individualmente 118 figuras para a criança e ela deveria nomeá-las.
Suas respostas foram anotadas no protocolo do teste. O teste analisa três tipos de
respostas, as designações por vocábulos usuais, as não designações e os
processos de substituições. Para esta pesquisa, foram consideradas apenas as
designações por vocábulos usuais das crianças do grupo, dentro de cada campo
conceitual.
Foi estabelecida uma nota de zero a 100 em cada campo conceitual, para
cada sujeito. Esta nota foi uma porcentagem calculada da seguinte forma: número
de designações por vocábulos usuais utilizadas, dividido pelo número de itens a
serem designados em cada campo conceitual e multiplicados por 100.
Os resultados obtidos em cada grupo foram comparados com um percentual
de respostas (valor de referência) que deve ser considerado como adequado para
cada faixa etária estudada. Este percentual esperado encontra-se presente no
próprio teste
(28)
e seus valores diferem de acordo com a faixa etária, ou seja, um
percentual adequado para a idade de quatro anos, valores diferentes para cinco
anos e outros para seis anos. No teste não há um valor de referência para a idade
de sete anos, portanto consideraram-se os valores da idade de seis anos como o
mínimo a ser atingido, e as crianças de sete anos deveriam ter uma pontuação
maior do que a esperada para seis anos de idade.
As habilidades em consciência fonológica foram avaliadas por meio do
protocolo de avaliação das habilidades de consciência fonológica (PTCF)
(6, 29)
.
Foram aplicadas apenas as tarefas propostas às faixas etárias de cinco, seis e sete
anos de idade, correspondendo às seguintes subtarefas: segmentação de frases de
duas palavras (T1_2 palavras) aplicada para os sujeitos de cinco, seis e sete anos;
segmentação de frases de três palavras (T1_3 palavras) para as idades de cinco e
sete anos; segmentação de frases de quatro palavras (T1_4 palavras) para as
idades de cinco e sete anos; segmentação de frases de cinco palavras (T1_5
palavras) para a idade de sete anos; segmentação de frases de seis palavras (T1_6
palavras) para a idade de sete anos; e segmentação de frases de sete palavras
(T1_7 palavras) para a idade de sete anos.
Também foram aplicadas subtarefas como realismo nominal (T2) para as
idades de cinco, seis e sete anos; detecção de rimas em palavras dissílabas (T3
dissílabas) para as idades de cinco, seis e sete anos; e detecção de rimas em
palavras trissílabas (T3 trissílabas) para as idades de cinco, seis e sete anos.
Aplicaram-se subtarefas silábicas como: síntese silábica em palavras
dissílabas (T4 dissílabas) para as idades de cinco, seis e sete anos; síntese silábica
em palavras trissílabas (T4 trissílabas) para as idades de cinco, seis e sete anos;
síntese silábica em palavras quadrissílabas (T4 quadrissílabas) para as idades de
cinco, seis e sete anos; segmentação silábica em palavras dissílabas (T5 dissílabas)
para as idades de cinco, seis e sete anos; segmentação silábica em palavras
trissílabas (T5 trissílabas) para as idades de cinco, seis e sete anos; segmentação
silábica em palavras quadrissílabas (T5 quadrissílabas) para as idades de cinco, seis
e sete anos; detecção de sílaba em palavras com sílabas iguais em posição inicial
(T6 inicial) para as idades de cinco, seis e sete anos; detecção de sílaba em
palavras com sílabas iguais em posição final (T6 final) para as idades de cinco, seis
e sete anos; detecção de sílaba em palavras com sílabas iguais em posição medial
(T6 medial) para as idades de cinco, seis e sete anos; reversão silábica em palavras
dissílabas (T7 dissílabas) para as idades de seis e sete anos; reversão silábica em
palavras trissílabas (T7 trissílabas) para a idade de sete anos; e reversão silábica
em palavras quadrissílabas (T7 quadrissílabas) para a idade de sete anos.
As subtarefas fonêmicas envolviam: exclusão de fonema em início de palavra
(T8 inicial) para a idade de sete anos; exclusão de fonema no meio de palavra (T8
medial) para a idade de sete anos; exclusão de fonema em final de palavra (T8 final)
para a idade de sete anos; detecção de fonemas em palavras com fonemas iguais
na posição inicial (T9 inicial) para as idades de cinco, seis e sete anos; detecção de
fonemas em palavras com fonemas iguais na posição final (T9 final) para as idades
de seis e sete anos; detecção de fonemas em palavras com fonemas iguais na
posição medial (T9 medial) para a idade de sete anos; síntese fonêmica em palavras
de três fonemas (T10_3 fonemas) para a idade de sete anos; síntese fonêmica em
palavras de quatro fonemas (T10_4 fonemas) para a idade de sete anos; síntese
fonêmica em palavras de cinco fonemas (T10_5 fonemas) para a idade de sete
anos; síntese fonêmica em palavras de seis fonemas (T10_6 fonemas) para a idade
de sete anos; segmentação fonêmica em palavras de três fonemas (T11_3 fonemas)
para a idade de sete anos; segmentação fonêmica em palavras de quatro fonemas
(T11_4 fonemas) para a idade de sete anos; segmentação fonêmica em palavras de
cinco fonemas (T11_5 fonemas) para a idade de sete anos; e reversão fonêmica em
palavras de dois e três fonemas (T12_2 e 3 fonemas) para a idade de sete anos.
A aplicação do PTCF foi oral e suas respostas analisadas pelos critérios de
escores, tendo, para cada item, duas tentativas de resposta: dois pontos para a
resposta correta na primeira tentativa, um ponto para a resposta correta na segunda
tentativa, ou zero para erro nas duas tentativas. Ocorria a suspensão da subtarefa
após três erros consecutivos. Poderia ter um máximo de dez pontos computados
para as subdivisões de cada tarefa, não sendo possível somar os escores de cada
subdivisão, uma vez que cada um deles estava representando determinado nível de
complexidade dentro da mesma tarefa.
Para possibilitar a análise dos dados e comparação entre os dois testes
utilizados, nesta pesquisa, foi estabelecida uma nota de zero a 100 em cada
subtarefa do PTCF. Tal nota corresponde a uma média percentual calculada da
seguinte forma: número de pontos obtidos, divididos por dez (número máximo de
pontos a serem obtidos em cada sub-tarefa) e multiplicados por 100.
Foi estabelecido como percentual esperado (valor de referência) uma nota a
partir de 50 pontos em cada subtarefa para um bom desempenho em consciência
fonológica. Este percentual esperado foi comparado com a pontuação obtida pela
amostra em cada grupo separadamente.
As avaliações foram realizadas em dois dias distintos para cada criança. As
sessões tinham duração de 30 minutos em média. No primeiro dia aplicou-se a
avaliação de consciência fonológica e os sujeitos responderam as subtarefas até
demonstrarem cansaço, desta forma, a aplicação do teste era suspensa e retomada
em outro dia. No segundo dia, as crianças terminaram as tarefas restantes em
consciência fonológica e nomearam as figuras do teste de vocabulário expressivo.
Quanto às considerações éticas, este estudo fez parte de dois projetos de
pesquisa, aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição de
origem, com cadastro sob os números 0102.0.243.000-07 e 0103.0.243.000-07.
Para análise dos dados, foi realizada uma análise estatística dos resultados
obtidos com as avaliações de vocabulário expressivo e com as avaliações de
consciência fonológica no GC e no GE. Cada grupo foi subdividido conforme as três
idades estudadas. Foram utilizados dois testes estatísticos. O primeiro comparou,
para cada grupo separadamente, o desempenho nos testes de consciência
fonológica e vocabulário expressivo com os respectivos valores de referência
através do teste de Wilcoxon para amostras relacionadas (para a análise dos
resultados, foram consideradas apenas as diferenças estatisticamente significativas
e inferiores ao valor de referência, não sendo consideradas as diferenças superiores
ao valor de referência que foram significativas). O segundo teste estatístico
comparou os desempenhos entre os dois grupos utilizando o teste de Mann-
Whitney. O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%, ou
seja, P<0.05.
Resultados
As tabelas a seguir apresentam a comparação dos resultados obtidos com os
valores de referência para os testes realizados, por grupo e por faixa etária. Nestas
tabelas também se verifica a comparação dos resultados entre os dois grupos (GC x
GE) para cada faixa etária estudada.
A Tabela 1 apresenta os resultados para a faixa etária de cinco anos. Na
Tabela 2, estão expostos os resultados encontrados com os grupos de seis anos de
idade. A Tabela 3 apresenta os resultados referentes à faixa etária de sete anos.
Tabela 1 - Análise comparativa dos resultados obtidos com os valores de referência, por grupo e para a idade de cinco anos, e comparação
destes resultados entre os dois grupos de cinco anos de idade
GRUPO CONTROLE IDADE 5 ANOS
GRUPO ESTUDO IDADE 5 ANOS
Variável
VR
N
Média
D.P.
Mediana
Valor-p*
N
Médi
a
D.P.
Mediana
Valor-p*
Valor-P**
Vestuário
65
12
73.33
8.88
70.00
p=0.005
10
62.00
25.73
70.00
p=0.813
P=0.322
Animais
60
12
75.00
12.83
76.50
p=0.006
10
72.50
22.32
76.50
P=0.152
P=0.947
Alimentos
70
12
63.33
14.40
67.00
p=0.212
10
60.10
18.45
67.00
P=0.178
P=0.762
Meios de
Transporte
50
12
74.50
10.03
73.00
p<0.001
10
65.60
17.24
68.50
P=0.418
P=0.307
Móveis e
utensílios
60
12
72.92
7.66
71.00
p<0.001
10
64.10
18.14
69.00
P=0.127
P=0.217
Profissões
20
12
40.83
14.43
45.00
p=0.219
10
38.00
23.94
40.00
P=0.732
P=0.790
Locais
50
12
26.33
15.49
29.00
p<0.001*
10
28.40
23.07
25.00
P=0.002*
P=0.921
Formas e cores
30
12
61.67
24.80
65.00
p=0.340
10
64.00
24.59
65.00
P=0.516
P=0.999
Brinquedos e
instrumentos
40
12
56.58
18.51
54.00
p=0.999
10
50.70
24.42
54.00
P=0.428
P=0.814
T1_2 palavras
50
12
21.67
27.58
10.00
p=0.010*
10
34.00
36.58
30.00
P=0.217
P=0.444
T1_3 palavras
50
12
27.50
29.27
20.00
p=0.034*
10
26.67
30.00
20.00
P=0.063
P=0.855
T1_4 palavras
50
12
8.33
13.37
0.00
p<0.001*
10
14.44
16.67
10.00
P=0.004*
P=0.340
T2
50
12
70.83
15.64
75.00
p=0.004
10
55.00
18.41
60.00
P=0.481
P=0.063
T3 dissílabas
50
12
62.50
25.98
60.00
p=0.097
10
48.00
16.19
45.00
P=0.789
P=0.052
T3 trissílabas
50
12
64.17
23.92
60.00
P=0.079
10
45.00
25.93
50.00
P=0.656
P=0.059
T4 dissílabas
50
12
95.83
9.00
100.00
P<0.001
10
91.00
9.94
95.00
P=0.002
P=0.205
T4 trissílabas
50
12
91.67
8.35
90.00
P<0.001
10
86.00
18.38
95.00
P=0004
P=0.752
T4 quadrissílabas
50
12
88.33
19.46
100.00
P=0.001
10
71.00
19.12
65.00
P=0.012
P=0.034**
T5 dissílabas
50
12
90.83
15.05
100.00
P=0.001
10
86.00
19.55
95.00
P=0.004
P=0.539
T5 trissílabas
50
12
83.33
22.70
95.00
P=0.002
10
70.00
34.32
85.00
P=0.090
P=0.320
T5 quadrissílabas
50
12
70.83
28.43
70.00
P=0.048
10
38.00
41.58
30.00
P=0.395
P=0.065
T6 inicial
50
12
45.83
23.92
40.00
P=0.384
10
33.00
12.52
35.00
P=0.008*
P=0.222
T6 final
50
12
32.50
28.00
20.00
P=0.068
10
22.00
17.51
20.00
P=0.002*
P=0.395
T6medial
50
12
29.17
22.34
30.00
P=0.016*
10
20.00
21.08
20.00
P=0.008*
P=0.323
T9 inicial
50
12
49.17
25.75
55.00
P=0.730
10
20.00
18.86
20.00
P=0.006*
P=0.009**
Legenda 1: T1_2 palavras - Segmentação de frases de duas palavras; T1_3 palavras - Segmentação de frases de três palavras; T1_4 palavras
- Segmentação de frases de quatro palavras; T2- Realismo nominal; T3 - Detecção de rimas em palavras dissílabas e trissílabas; T4 - Síntese
silábica em palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; T5 - Segmentação silábica em palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; T6 -
Detecção de sílabas iguais em início, final e meio de palavras; T9 - Detecção de fonemas iguais em início de palavras; VR - valor de referência;
N número de sujeitos; D.P. - desvio padrão;
*Valor-p referente ao teste de Wilcoxon valores significativos e inferiores ao esperado estão em negrito e com um asterisco;
** Valor-p referente ao teste de Mann-Whitney - os valores em negrito e com dois asteriscos são aqueles em que a diferença entre os dois
grupos foi significativa; o nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%, ou seja, P<0.05.
Fonte: Befi-Lopes DM. Vocabulário. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas
áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Barueri: Pró-Fono; 2000. Cap 2.
Tabela 2 - Análise comparativa dos resultados obtidos com os valores de referência, por grupo e para a idade de seis anos, e comparação destes
resultados entre os dois grupos de seis anos de idade
GRUPO CONTROLE IDADE 6 ANOS
GRUPO ESTUDO IDADE 6 ANOS
Variável
VR
N
Médi
a
D.P.
Mediana
Valor-p*
N
Médi
a
D.P.
Mediana
Valor-p*
Valor-P**
Vestuário
80
27
83.33
9.20
80.00
P=0.107
10
79.00
11.01
80.00
P=1.000
P=0.312
Animais
70
27
86.93
7.74
87.00
P<0.001
10
86.60
20.71
93.00
P=0.080
P=0.199
Alimentos
90
27
73.74
12.05
73.00
P<0.001*
10
74.00
9.51
73.00
P=0.004*
P=0.660
Meios de
transporte
70
27
84.30
7.33
82.00
P<0.001
10
81.00
11.83
82.00
P=0.027
P=0.558
Móveis e
utensílios
65
27
78.70
5.07
79.00
P<0.001
10
76.10
6.23
75.00
P=0.004
P=0.187
Profissões
45
27
57.04
16.36
60.00
P<0.001
10
47.00
23.12
60.00
P=0.731
P=0.327
Locais
70
27
61.41
20.04
67.00
P=0.113
10
57.50
18.63
62.50
P=0.098
P=0.555
Formas e cores
85
27
82.22
9.74
80.00
P=0.134
10
73.00
15.67
70.00
P=0.037*
P=0.087
Brinquedos e
instrumentos
70
27
68.15
17.49
73.00
P=0.870
10
70.90
17.30
77.50
P=0.820
P=0.542
T1_2 palavras
50
27
44.44
35.66
50.00
P=0.364
10
51.00
34.79
60.00
P=0.922
P=0.664
T2
50
27
81.11
14.76
80.00
P<0.001
10
83.00
11.60
80.00
P=0.002
P=0.818
T3 dissílabas
50
27
75.93
19.27
80.00
P<0.001
10
63.00
23.59
65.00
P=0.135
P=0.128
T3 trissílabas
50
27
71.11
19.08
70.00
P<0.001
10
63.00
28.69
60.00
P=0.223
P=0.416
T4 dissílabas
50
27
98.15
5.57
100.00
P<0.001
10
91.00
16.63
100.00
P=0.002
P=0.143
T4 trissílabas
50
27
96.30
7.92
100.00
P<0.001
10
97.00
4.83
100.00
P=0.002
P=0.784
T4 quadrissílabas
50
27
94.44
12.81
100.00
P<0.001
10
84.00
26.33
100.00
P=0.010
P=0.212
T5 dissílabas
50
27
95.56
10.50
100.00
P<0.001
10
92.00
13.17
100.00
P=0.002
P=0.228
T5 trissílabas
50
27
97.41
6.56
100.00
P<0.001
10
97.00
6.75
100.00
P=0.002
P=0.749
T5 quadrissílabas
50
27
88.15
19.02
100.00
P<0.001
10
88.00
16.87
95.00
P=0.004
P=0.868
T6 inicial
50
27
76.67
20.57
80.00
P<0.001
10
60.00
33.67
65.00
P=0.305
P=0.241
T6 final
50
27
60.37
24.10
60.00
P=0.047
10
60.00
24.04
60.00
P=0.219
P=0.999
T6medial
50
27
52.59
32.89
60.00
P=0.652
10
54.00
30.26
60.00
P=0.648
P=0.889
T7 dissílabas
50
27
42.22
37.76
20.00
P=0.392
10
37.00
22.14
25.00
P=0.125
P=0.958
T9 inicial
50
27
56.30
32.48
60.00
P=0.338
10
52.00
18.74
50.00
P=0.682
P=0.756
T9 final
50
27
42.96
28.80
40.00
P=0.196
10
51.00
18.53
55.00
P=0.945
P=0.261
Legenda 2: T1_2 palavras - Segmentação de frases de duas palavras; T2- Realismo nominal; T3 - Detecção de rimas em palavras dissílabas e
trissílabas; T4 - ntese silábica em palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; T5 - Segmentação silábica em palavras dissílabas, trissílabas
e quadrissílabas; T6 - Detecção de sílabas iguais em início, final e meio de palavras; T7 - Reversão silábica em palavras dissílabas; T9 - Detecção
de fonemas iguais em início e final de palavras; VR - valor de referência; N número de sujeitos; D.P. - desvio padrão;
* Valor-p referente ao teste de Wilcoxon valores significativos e inferiores ao esperado estão em negrito e com um asterisco; ** Valor-p referente
ao teste de Mann-Whitney - os valores em negrito e com dois asteriscos são aqueles em que a diferença entre os dois grupos foi significativa; o
nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%, ou seja, P<0.05.
Fonte: Befi-Lopes DM. Vocabulário. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas
de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Barueri: Pró-Fono; 2000. Cap 2.
Tabela 3 - Análise comparativa dos resultados obtidos com os valores de referência, por grupo e para a idade de sete anos, e comparação
destes resultados entre os dois grupos de sete anos de idade
GRUPO CONTROLE IDADE 7 ANOS
GRUPO ESTUDO IDADE 7 ANOS
Variável
VR
N
Média
D.P.
Mediana
Valor-p*
N
Média
D.P.
Mediana
Valor-p*
Valor-P**
Vestuário
>80
11
81.82
8.74
80.00
P=0.727
4
80.00
8.16
80.00
P=1.00
P=0.677
Animais
>70
11
89.09
6.02
87.00
P=0.001
4
90.25
6.50
87.00
P=0.125
P=0.945
Alimentos
>90
11
78.27
7.42
80.00
P=0.001*
4
71.50
12.77
76.50
P=0.125
P=0.341
Meios de
Transporte
>70
11
86.09
6.19
91.00
P=0.001
4
82.00
7.35
82.00
P=0.125
P=0.284
Móveis e
utensílios
>65
11
82.00
5.57
83.00
P=0.001
4
77.00
2.31
77.00
P=0.125
P=0.058
Profissões
>45
11
61.82
17.22
60.00
P=0.006
4
62.50
5.00
60.00
P=0.125
P=0.590
Locais
>70
11
53.09
15.99
50.00
P=0.008*
4
66.50
23.57
75.00
P=0.999
P=0.257
Formas e cores
>85
11
85.45
12.14
90.00
P=0.683
4
77.50
12.58
80.00
P=0.500
P=0.220
Brinquedos e
instrumentos
>70
11
83.55
10.78
82.00
P=0.017
4
75.25
4.50
73.00
P=0.125
P=0.032**
T1_2 palavras
50
11
69.09
41.34
80.00
P=0.228
4
65.00
30.00
80.00
P=0.625
P=0.409
T1_3 palavras
50
11
63.64
30.42
80.00
P=0.158
4
50.00
25.82
50.00
P=1.000
P=0.385
T1_4 palavras
50
11
62.73
39.27
80.00
P=0.266
4
45.00
44.35
40.00
P=0.999
P=0.464
T1_5 palavras
50
11
58.18
46.00
80.00
P=0.617
4
30.00
34.64
20.00
P=0.500
P=0.281
T1_6 palavras
50
11
46.36
42.25
60.00
P=0.570
4
30.00
34.64
20.00
P=0.500
P=0.640
T1_7 palavras
50
11
37.27
40.52
40.00
P=0.371
4
20.00
40.00
0.00
P=0.250
P=0.435
T2
50
11
94.55
8.20
100.00
P=0.001
4
90.00
14.14
95.00
P=0.125
P=0.554
T3 dissílabas
50
11
86.36
16.29
90.00
P=0.002
4
70.00
24.49
70.00
P=0.250
P=0.154
T3 trissílabas
50
11
83.64
20.63
90.00
P=0.004
4
67.50
29.86
70.00
P=0.375
P=0.284
T4 dissílabas
50
11
100.00
0.00
100.00
P=0.001
4
100.00
0.00
100.00
P=0.125
P=1.000
T4 trissílabas
50
11
100.00
0.00
100.00
P=0.001
4
97.50
5.00
100.00
P=0.125
P=0.097
T4 quadrissílabas
50
11
100.00
0.00
100.00
P=0.001
4
92.50
15.00
100.00
P=0.125
P=0.097
T5 dissílabas
50
11
97.27
6.47
100.00
P=0.001
4
100.00
0.00
100.00
P=0.125
P=0.377
T5 trissílabas
50
11
96.36
6.74
100.00
P=0.001
4
95.00
10.00
100.00
P=0.125
P=0.933
T5 quadrissílabas
50
11
86.36
23.78
100.00
P=0.005
4
87.50
9.57
85.00
P=0.125
P=0.527
T6 inicial
50
11
86.36
16.29
90.00
P=0.001
4
87.50
9.57
85.00
P=0.125
P=0.838
T6 final
50
11
84.55
18.09
90.00
P=0.002
4
57.50
20.62
60.00
P=0.625
P=0.028**
T6medial
50
11
65.45
23.39
60.00
P=0.076
4
50.00
14.14
55.00
P=0.999
P=0.204
T7 dissílabas
50
11
68.18
35.16
80.00
P=0.098
4
47.50
41.13
45.00
P=0.999
P=0.391
T7 trissílabas
50
11
49.09
39.61
60.00
P=0.895
4
37.50
35.00
20.00
P=0.999
P=0.894
T7 quadrissílabas
50
11
53.64
32.33
60.00
P=0.754
4
20.00
0.00
20.00
P=0.125
P=0.058
T8 inicial
50
11
62.73
36.63
80.00
P=0.236
4
62.50
33.04
65.00
P=0.625
P=0.842
T8 final
50
11
65.45
31.42
80.00
P=0.147
4
65.00
31.09
75.00
P=0.500
P=0.894
T8medial
50
11
65.45
45.69
100.00
P=0.344
4
52.50
45.73
55.00
P=0.999
P=0.487
T9 inicial
50
11
87.27
15.55
90.00
P=0.001
4
77.50
26.30
85.00
P=0.250
P=0.454
T9 final
50
11
69.09
33.30
80.00
P=0.141
4
35.00
33.17
25.00
P=0.375
P=0.085
T9medial
50
11
60.00
33.76
60.00
P=0.385
4
25.00
19.15
30.00
P=0.125
P=0.087
T10_3 fonemas
50
11
52.73
21.49
50.00
P=0.754
4
40.00
14.14
35.00
P=0.375
P=0.259
T10_4 fonemas
50
11
53.64
38.54
80.00
P=0.930
4
30.00
20.00
20.00
P=0.250
P=0.388
T10_5 fonemas
50
11
36.36
37.49
20.00
P=0.236
4
5.00
10.00
0.00
P=0.125
P=0.128
T10_6 fonemas
50
11
31.82
37.63
20.00
P=0.225
4
12.50
18.93
5.00
P=0.125
P=0.378
T11_3 fonemas
50
11
50.91
41.82
70.00
P=0.824
4
15.00
30.00
0.00
P=0.250
P=0.112
T11_4 fonemas
50
11
47.27
46.71
60.00
P=0.727
4
0.00
0.00
0.00
P=0.125
P=0.076
T11_5 fonemas
50
11
41.82
38.42
50.00
P=0.385
4
0.00
0.00
0.00
P=0.125
P=0.047**
T12_2 e 3
fonemas
50
11
40.00
34.35
40.00
P=0.424
4
10.00
11.55
10.00
P=0.125
P=0.176
Legenda 3: T1 - Segmentação de frases de 2, 3, 4, 5, 6 e 7 palavras; T2- Realismo nominal; T3 - Detecção de rimas em palavras dissílabas e
trissílabas; T4 - Síntese silábica em palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; T5 - Segmentação silábica em palavras dissílabas,
trissílabas e quadrissílabas; T6 - Detecção de sílabas iguais em início, final e meio de palavras; T7 - Reversão silábica em palavras
dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; T8 Exclusão de fonema em início, meio e final de palavra; T9 - Detecção de fonemas iguais em
início, final e meio de palavras; T10 síntese fonêmica em palavras de 3, 4, 5 e 6 fonemas; T11 Segmentação fonêmica em palavras de 3,
4 e 5 fonemas; T12 Reversão fonêmica em palavras de 2 e 3 fonemas; VR - valor de referência; N número de sujeitos; D.P. - desvio
padrão;
*Valor-p referente ao teste de Wilcoxon valores significativos e inferiores ao esperado estão em negrito e com um asterisco;
** Valor-p referente ao teste de Mann-Whitney - os valores em negrito e com dois asteriscos são aqueles em que a diferença entre os dois
grupos foi significativa; o nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%, ou seja, P<0.05.
Fonte: Befi-Lopes DM. Vocabulário. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas
áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Barueri: Pró-Fono; 2000. Cap 2.
Discussão
Na Tabela 1, verifica-se diferença estatisticamente significativa entre o GC e
GE para a idade de cinco anos, na qual o GE atingiu escores inferiores ao GC nas
seguintes subtarefas do teste de consciência fonológica: síntese silábica em
palavras quadrissílabas e detecção de fonema em início de palavra. Não houve
diferença estatisticamente significativa entre os campos do vocabulário dos dois
grupos de cinco anos. Resultados semelhantes em consciência fonológica foram
encontrados em outra pesquisa, com crianças entre quatro e oito anos de idade
(14)
.
Na Tabela 2, ao se comparar o GC com o GE na idade de seis anos, não foi
verificada diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Ambos os grupos
apresentaram desempenhos semelhantes nas tarefas avaliadas. Estes achados
concordam com os encontrados em outro estudo
(17)
realizado com crianças entre
seis e oito anos de idade, uma vez que as crianças com desvio fonológico não
diferiram das crianças sem desvio fonológico no desempenho das provas de
consciência fonológica.
Ao analisar a Tabela 3, envolvendo os sujeitos com sete anos de idade, os
resultados estatisticamente significativos mostram que o GE atingiu uma pontuação
inferior ao GC nas seguintes tarefas: no campo conceitual brinquedos e
instrumentos musicais; na subtarefa em detecção de sílaba em final de
palavra; e segmentação fonêmica em palavras de cinco fonemas. Em relação
aos resultados de consciência fonológica, uma pesquisa
(14)
encontrou resultados
semelhantes.
Os resultados da comparação dos desempenhos da amostra com os valores
de referência para cada idade estudada e para cada grupo serão discutidos a seguir.
Para a idade de cinco anos (Tabela 1), no GC encontrou-se diferença
estatisticamente significativa com escores inferiores ao esperado no campo
conceitual locais; e nas habilidades em segmentação de frases em duas, três e
quatro palavras; e detecção de sílabas no meio de palavras. No GE encontrou-se
diferença significativa com escores inferiores ao esperado no campo conceitual
locais; e nas habilidades em segmentação de frases em quatro palavras;
detecção de sílabas no início, fim e meio de palavras; e detecção de fonemas
em início de palavras.
Ambos os grupos de cinco anos apresentaram dificuldades (desempenhos
inferiores ao esperado estatisticamente significativos) nas mesmas habilidades (com
variações de complexidade), com exceção do GE, que teve desempenho
estatisticamente inferior na subtarefa de detecção de fonema em início de
palavra. Estes achados vão de acordo com outra pesquisa
(14)
, envolvendo crianças
entre quatro a oito anos de idade, na qual crianças com desvio fonológico
apresentaram maior dificuldade com as tarefas fonêmicas, apontando para uma
relação direta entre o desenvolvimento fonológico e a consciência fonêmica.
A dificuldade apresentada pelas crianças de cinco anos com a segmentação
de frases em palavras pode ser explicada por um estudo
(30)
que encontrou dados
semelhantes, e relacionou este fato a um déficit educacional dessa amostra como
fator causal, o que também poderia ter relação com a origem educacional da
amostra estudada no presente estudo.
Para a idade de seis anos (Tabela 2), no GC, encontrou-se diferença
significativa com escores inferiores ao esperado no campo conceitual alimentos. No
GE, encontrou-se diferença significativa com escores inferiores ao esperado nos
campos conceituais alimentos e formas e cores. Portanto, a dificuldade foi maior
para o GE, uma vez que este teve dificuldade com um campo conceitual a mais que
o GC o campo formas e cores.
Para a idade de sete anos (Tabela 3), no GC, encontrou-se diferença
significativa com escores inferiores ao esperado nos campos conceituais alimentos
e locais. No GE, todas as variáveis atingiram os percentuais esperados, sem
desvios significativos dos valores de referência. Estes resultados apontam uma
maior dificuldade do GC com estes campos conceituais, uma vez que as crianças
com desvio fonológico tiveram um desempenho dentro do esperado.
Um estudo
(31)
destaca a importância de estimular as habilidades em
consciência fonológica, pois tanto crianças na fase pré-escolar quanto crianças com
desvio fonológico, são consideradas de risco para a presença de futuras dificuldades
no desenvolvimento da linguagem.
No presente estudo, é interessante observar que as idades de seis e sete
anos não apresentaram desempenhos estatisticamente inferiores ao esperado pelos
valores de referência nas subtarefas em consciência fonológica. Tal fato pode ser
explicado pelo aumento da idade dos sujeitos
(1, 5, 16)
e pela influência da
alfabetização
(7-9)
. Resultados de outro estudo
(16)
em que os sujeitos com desvio
fonológico, com idade de seis anos ou mais, apresentaram melhor desempenho nas
tarefas de consciência fonológica, seriam possivelmente pela maior exposição à
linguagem escrita. Estes dados concordam com este estudo, pois alguns sujeitos de
seis anos e todos de sete anos haviam sido expostos à escrita e este fator poderia
ter influenciado no desempenho em consciência fonológica.
Para o GE de cinco anos de idade, o único campo conceitual inferior
significativamente foi o de locais. Estes achados concordam com uma pesquisa
(32)
com crianças com desvio fonológico de três a oito anos de idade, em que este
campo conceitual atingiu a maior porcentagem de alteração entre as crianças,
independente da gravidade (82,92% das crianças da amostra apresentaram este
campo alterado). Esse campo também esteve alterado em outro estudo
(25)
envolvendo crianças com desvio fonológico de cinco e seis anos de idade. A
dificuldade com esse campo conceitual poderia estar relacionada a fatores
importantes na nomeação, como características culturais e de desenvolvimento,
familiaridade e complexidade visual das figuras, uma vez que as crianças tendem a
nomear com mais precisão objetos vivenciados com frequência no seu cotidiano ou
com mais clareza nos detalhes visuais
(33)
. O fator socioeconômico também poderia
ter influenciado no desenvolvimento do vocabulário, segundo pesquisa
(23)
que
destaca a importância da escolaridade das pessoas que constituem o ambiente da
criança, sendo que, quanto mais escolarizados, maior é a riqueza dos estímulos
oferecidos a ela.
Deve-se levar em consideração que o processo de nomeação envolve três
estágios: primeiro ocorre a identificação do objeto (descrição física), depois a
ativação do nome (as características semânticas do objeto são acessadas) por fim, o
nome da figura é ativado e pronunciado
(34)
. Convergindo com estes achados, o
baixo reconhecimento de figuras teria relação por serem menos familiares, ou
complicadas e cheias de detalhes sendo mais difíceis para a criança identificar
(34)
.
Portanto, a qualidade visual das figuras do teste poderia influenciar no desempenho
em vocabulário expressivo, como verificado em outra pesquisa
(32)
, que utilizou o
mesmo instrumento de avaliação de vocabulário e descreveu a dificuldade
encontrada pelos sujeitos para compreender o significado de alguns desenhos e,
consequentemente, para denominá-los. Tal situação poderia ter ocorrido no
presente estudo quando os sujeitos apresentaram dificuldades para nomear campos
conceituais como locais, alimentos e formas e cores.
Outras pesquisas
(25, 34)
corroboram estes achados, uma vez que as crianças
estudadas mostraram desempenhos satisfatórios em categorias que incluíam itens
frequentemente encontrados no ambiente da criança, como na designação dos
campos conceituais animais, meios de transporte, móveis e utensílios domésticos ou
brinquedos e instrumentos musicais.
Desta forma, os achados levam a acreditar em uma relação entre consciência
fonológica e vocabulário expressivo, ambos contribuindo para o desenvolvimento da
linguagem. Estes resultados concordam com as constatações de outros autores
(18,
27)
que também afirmam a existência desta interrelação.
Conclusão
A análise de comparação entre os grupos com desvio fonológico e com
aquisição típica da linguagem permite algumas conclusões. Os sujeitos com desvio
fonológico, de uma maneira geral, atingiram um desempenho inferior aos sujeitos
com aquisição típica de linguagem nas tarefas analisadas.
Quanto à influência da idade no desempenho dos grupos, tanto em
vocabulário expressivo quanto em consciência fonológica, as crianças de cinco
anos, de ambos os grupos, apresentaram dificuldades nas mesmas tarefas, embora
com variações de complexidade entre elas. A exceção ocorreu quando as crianças
com desvio fonológico maior dificuldade com a subtarefa de detecção de fonema em
início de palavra do que as crianças típicas. os sujeitos de seis e sete anos de
idade, de ambos os grupos, apresentaram um desempenho adequado nas tarefas
em consciência fonológica, mas apresentaram dificuldades em vocabulário
expressivo. Portanto, pode-se inferir que influência da idade no desempenho
destas habilidades, para ambos os grupos. Pois, com o aumento da idade, os
sujeitos apresentaram dificuldades apenas em vocabulário e não mais em
consciência fonológica.
Conclui-se desta forma, que existe relação entre consciência fonológica e
vocabulário expressivo nos sujeitos avaliados, e estes dois subsistemas contribuem
para o desenvolvimento da linguagem.
Abstract
Purpose: To compare the performance of children with phonological disorder and
with typical language acquisition through tests of expressive vocabulary and
phonological awareness, and to evaluate the influence of age.
Methods: Subjects divided into control group (CG) and study group (SG); aged
between five and seven years old; tests of expressive vocabulary and phonological
awareness were applied; the obtained data were statistically analyzed.
Results: Comparing both groups, SG children aged five and seven years old
presented some significantly inferior results than the ones of CG; however, there was
no difference between both groups for six years-old children in both abilities of
phonological awareness and vocabulary. Concerning the scores, lower than
expected, the five years-old children presented difficulties in the same tasks of
expressive vocabulary and phonological awareness, with complexity variations,
except for the SG that presented a bigger difficulty to detect phoneme in word
beginning. The six and seven years-old subjects had difficulties only with expressive
vocabulary.
Conclusion: Children with phonological disorder presented inferior performance in
some abilities of vocabulary and phonological awareness, if compared to children
with typical development. It can also be concluded that age influences the
performance in these abilities for both groups.
Keywords: language tests, vocabulary, semantics, child language, language
development.
Referências Bibliográficas
1. Vieira MG, Mota HB, Keske-Soares M. Relação entre idade, grau de
severidade do desvio fonológico e consciência fonológica. Rev Soc Bras
Fonoaudiol. 2004; 9(3): 144-50.
2. Stoel-Gammon C. Normal and disordered phonology in two-years-olds. Top
Lang Disord. 1991; 11(4):21-32.
3. Yavas M, Hernandorena CL, Lamprecht RR. Avaliação fonológica da criança:
reeducação e terapia. Porto Alegre: Artes Médicas; 1991.
4. Wertzner HF, Amaro L, Teramoto SS. Gravidade do distúrbio fonológico:
julgamento perceptivo e porcentagem de consoantes corretas. Pró-Fono.
2005; 17(2).
5. Cielo CA. Habilidades em consciência fonológica em crianças de 4 a 8 anos
de idade. Pró-fono. 2002; 14(3): 301-12.
6. Cielo CA. Avaliação de habilidades em consciência fonológica. J Bras
Fonoaudiol. 2003; 4(16): 163-74.
7. Gindri G, Keske-Soares M, Mota HB. Memória de trabalho, consciência
fonológica e hipótese de escrita. Pró-Fono. 2007; 19(3): 313-22.
8. Dambrowski AB, Martins CL, Theodoro JL, Gomes E. Influência da
consciência fonológica na escrita de pré-escolares. Rev CEFAC. 2008; 10(2):
175-81.
9. Zuanetti PA, Schneck APC, Manfredi AKS. Consciência fonológica e
desempenho escolar. Rev CEFAC. 2008; 10(2): 168-74.
10. Ettore B, Mangueira ASC, Dias BDG, Teixeira JB, Nemr K. Relação entre
consciência fonológica e os níveis de escrita de escolares da 1ª série do
ensino fundamental de escola pública do município de Porto Real RJ. Rev
CEFAC. 2008; 10(2): 149-57.
11. Moura SRS, Mezzomo CL, Cielo CA. Estimulação em consciência fonêmica e
seus efeitos em relação à variável sexo. Pró-Fono. 2009; 21(1): 51-6.
12. Moura SRS, Cielo CA, Mezzomo CL. Consciência fonêmica em meninos e
meninas. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009; 14(2): 205-11.
13. Rvachew S, Grawburg M. Correlates of Phonological Awareness in
Preschoolers With Speech Sound Disorders. J Speech Lang Hear Res. 2006;
49(February): 7487.
14. Marchetti PT, Mezzomo CL, Cielo CA. Desempenho em consciência silábica e
fonêmica em crianças com desenvolvimento de fala normal e desviante. Rev.
CEFAC. 2009; 11(ahead of print).
15. Spíndola RA, Payão LMC, Bandini HHM. Abordagem fonoaudiológica em
desvios fonológicos fundamentada na hierarquia dos traços distintivos e na
consciência fonológica. Rev. CEFAC. 2007; 9(2): 180-189.
16. Souza APR, Pagliarin KC, Ceron MI, Deuschle VP, Keske-Soares M.
Desempenho por tarefa em consciência fonológica: gênero, idade e gravidade
do desvio fonológico. Rev. CEFAC. 2009; 11(ahead of print).
17. Rizzon GF, Chiechelski P, Gomes E. Relação entre consciência fonológica e
desvio fonológico em crianças da série do ensino fundamental. Rev
CEFAC. 2009; 11(Supl2): 201-7.
18. Rvachew S, Chiang P, Evans N. Characteristics of Speech Errors Produced
by Children With and Without Delayed Phonological Awareness Skills. Lang
Speech Hear Serv Schools. 2007; 38(January): 60-71.
19. Dias RF, Mota HB, Mezzomo CL. A consciência fonológica e a consciência do
próprio desvio de fala nas diferentes gravidades do desvio fonológico. Rev.
CEFAC. 2009; 11(ahead of print).
20. Brooks R, Meltzoff AN. Infant gaze following and pointing predict accelerated
vocabulary growth through two years of age: a longitudinal, growth curve
modeling study. J Child Lang. 2008; 35: 20720.
21. Pedromônico MRM, Affonso LA, Sañudo A. Vocabulário expressivo de
crianças entre 22 e 36 meses: estudo exploratório. Rev Bras Cresc Desenv
Hum. 2002; 12(2): 13-22.
22. Bassano D, Maillochon I, Eme E. Developmental changes and variability in the
early lexicon: a study of French children’s naturalistic productions. J Child
Lang. 1998; 25(3):493-531.
23. Rowe ML. Child-directed speech: relation to socioeconomic status, knowledge
of child development and child vocabulary skill. J. Child Lang. 2008; 35: 185
205.
24. Hage SRV; Pereira MB. Desempenho de crianças com desenvolvimento típico
de linguagem em prova de vocabulário expressivo. Rev. CEFAC. 2006; 8(4).
25. Befi-Lopes DM, Gandara JP. Desempenho em prova de vocabulário de
crianças com diagnóstico de alteração fonológica. Rev Soc Bras Fonoaudiol.
2002; 7(1): 16-22.
26. Athayde ML, Carvalho Q, Mota HB. Vocabulário expressivo de crianças com
diferentes níveis de gravidade de desvio fonológico. Rev CEFAC. 2009;
11(Supl2): 161-8.
27. McDowel KD, Lonigan CJ, Goldstein H. Relations among socioeconomic
status, age, and predictors of phonological awareness. J Speech Lang Hear
Res. 2007; 50(August): 107992.
28. Befi-Lopes DM. Vocabulário. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes
FDM, Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia,
vocabulário, fluência e pragmática. Barueri: Pró-Fono; 2000. cap. 2.
29. Cielo CA. Habilidades em consciência fonológica em crianças de 4 a 8 anos
de idade [Tese]. Porto Alegre (RS): Doutorado em Linguística Aplicada -
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2001.
30. Lazzarotto C, Cielo CA. Consciência fonológica e sua relação com a
alfabetização. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2002; 7(2): 15-24.
31. Mota HB, Melo FMGC, Lasch SS. A consciência fonológica e o desempenho
na escrita sob ditado de crianças com desvio fonológico após realização de
terapia fonoaudiológica. Rev. CEFAC. 2007; 9(4): 477-482.
32. Mota HB, Kaminski TI, Nepomuceno MRF, Athayde ML. Alterações no
vocabulário expressivo de crianças com desvio fonológico. Rev Soc Bras
Fonoaudiol, 2009. 14(1): 41-7.
33. Miranda MC, Pompéia S, Bueno OFA. Um estudo comparativo das normas de
um conjunto de 400 figuras entre crianças brasileiras e americanas. Rev Bras
Psiquiatr. 2004; 26(4):226-33.
34. Cycowicz YM, Friedman D, Rothstein M, Snodgrass JG. Picture naming by
young children: norms for name agreement, familiarity, and visual complexity.
J Exp Child Psychol. 1997; 65(2):171-237.
4 ARTIGO DE PESQUISA - VOCABULÁRIO EXPRESSIVO E
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA: CORRELAÇÕES DESTAS VARIÁVEIS
EM CRIANÇAS COM DESVIO FONOLÓGICO
Vocabulário expressivo e consciência fonológica: correlações destas variáveis
em crianças com desvio fonológico
Expressive vocabulary and phonological awareness: correlations in children
with phonological disorders
Consciência fonológica e vocabulário
Resumo
Objetivo: investigar a correlação entre o desempenho de crianças com desvio
fonológico em vocabulário expressivo e consciência fonológica e analisar a
influência da idade.
Métodos: contou-se com amostra de 24 crianças entre cinco e sete anos,
diagnosticadas com desvio fonológico e divididas em grupos conforme a idade.
Foram aplicados testes de vocabulário expressivo e consciência fonológica. Foi
realizado tratamento estatístico dos dados coletados.
Resultados: no grupo de cinco anos, observaram-se 18 correlações significativas
entre as subtarefas em consciência fonológica e os campos de vocabulário
expressivo. Destas, 17 foram positivas e uma negativa. Na idade de seis anos,
verificaram-se dez correlações significativas, em que nove foram positivas e uma
negativa. No grupo de sete anos, 11 correlações foram significativas, das quais seis
foram negativas e cinco positivas. Ao analisar as idades, em ambos os testes,
maiores escores foram obtidos pelos sujeitos com maior idade.
Conclusões: correlação entre algumas habilidades em consciência fonológica e
vocabulário expressivo em crianças com desvio fonológico, nas diferentes idades.
Melhorando o desempenho conforme o aumento da idade. Quanto às correlações
significativas e positivas, maior relação entre elas quando as crianças são mais
novas. Quanto mais velhas as crianças vão ficando, essas habilidades se tornam
mais independentes, diminuindo o número dessas correlações. Os níveis de
consciência fonológica positivamente correlacionados ao vocabulário foram aqueles
relativos às unidades de fala maiores como palavras, rimas e labas, sugerindo
relação entre o aprendizado do vocabulário expressivo e o processamento de
unidades de fala maiores e mais concretas para as crianças.
Palavras- chave: testes de linguagem, vocabulário, semântica, linguagem infantil,
desenvolvimento da linguagem.
Introdução
Crianças que apresentam anormalidades em seu desenvolvimento fonológico,
na ausência de uma etiologia orgânica aparente, são diagnosticadas como sendo
portadoras de desvios fonológicos. Suas dificuldades estão no nível de organização
do sistema fonológico, não sendo um problema articulatório
(1)
. Embora possam ter
um inventário fonético relativamente completo, apresentam dificuldades em utilizar
estes sons para corresponder aos da palavra-alvo
(2)
. Tradicionalmente, os casos de
desvio fonológicos são tratados como uma alteração apenas no nível fonológico da
língua.
A linguagem compreende cinco subsistemas: pragmática, semântica, sintaxe,
morfologia e fonologia. A fonologia refere-se ao modo de organização e
funcionamento dos sons na língua. Considerando-se a interrelação entre os
subsistemas linguísticos, alterações de fala, como os desvios fonológicos, devem
ser consideradas problemas de linguagem e o tratamento dessas alterações deve
envolver os demais aspectos linguísticos, uma vez que é uma dimensão de um
tratamento de linguagem
(3)
.
A consciência fonológica pode ser definida como a habilidade do ser humano
de pensar conscientemente sobre os sons da fala e através dela pode-se refletir
sobre, julgar e manipular as estruturas sonoras das palavras
(4)
.
Existe uma sequência em que se pode observar a consolidação dos
diferentes tipos de habilidades em consciência fonológica, iniciando na habilidade
em consciência de palavras, seguida pela de rimas, depois de sílabas e, por último,
de fonemas
(5)
.
Com o aumento da idade e do contato com a linguagem escrita, ocorre uma
melhora no desempenho das habilidades em consciência fonológica. Em crianças
com desenvolvimento típico, aos cinco anos, estão presentes as habilidades em
consciência de palavras, de rimas, de sílabas. Com seis anos, além das outras
habilidades, encontra-se a habilidade de detecção de fonemas. E, aos sete anos,
quando as crianças estão sendo alfabetizadas, elas dominam todos os tipos de
habilidade em consciência fonológica, entre elas, a habilidade em consciência
fonêmica
(5)
.
Nem todas as crianças podem ser capazes de atingir com êxito as tarefas
analisadas no estudo anterior, principalmente se alguma patologia estiver envolvida.
Um estudo
(6)
comparando o desempenho de crianças com desenvolvimento típico
de fala e crianças com desvio fonológico, entre quatro e oito anos, verificou que os
sujeitos com desvio fonológico mostraram piores desempenhos do que os outros
sujeitos.
Para alguns autores
(7)
, as crianças com desvio fonológico seriam
consideradas de risco para futuras dificuldades no desenvolvimento da linguagem,
tornando-se importante a estimulação das habilidades em consciência fonológica.
Contudo, um estudo
(8)
concluiu que a melhora nas habilidades em consciência
fonológica favorece o desenvolvimento do sistema fonológico, permitindo que a
criança fique mais atenta em relação aos sons da fala e perceba a importância da
presença dos traços que se encontram comprometidos na sua fala.
Uma pesquisa
(9)
referiu que, mesmo após passar por processo terapêutico,
sujeitos com desvio fonológico apresentaram dificuldades em habilidades em
consciência fonológica, quando comparados a sujeitos com desenvolvimento típico.
Tais achados sugeriram que o desvio fonológico se manifestou causando prejuízos
em outras capacidades linguísticas, e as dificuldades em consciência fonológica
seriam resultantes da alteração do processamento fonológico causada por essa
alteração fonológica.
No desenvolvimento do vocabulário, em torno de um ano de idade, as
crianças produzem suas primeiras palavras. O vocabulário produtivo aumenta
devagar no início, mas durante o segundo ano de vida, entre um ano e seis meses e
um ano e oito meses, ocorre uma “explosão” no vocabulário, em que muitas palavras
são adquiridas
(10)
.
Diversos estudos
(10-14)
relacionaram o desenvolvimento do vocabulário ao
aumento da idade, tanto em crianças com aquisição típica de fala quanto com desvio
fonológico.
Aprender algumas palavras aprimora o sistema e torna a criança capaz de
aprender mais palavras. O desenvolvimento do vocabulário pode ser conceitualizado
como um processo contínuo que permite o sistema lexical aprimorar a acessibilidade
das informações
(15)
.
Elaborar o estoque de palavras que formam a linguagem envolve uma série
de processos complexos: a criança precisa adquirir a característica fonológica das
palavras, seus significados, e também suas categorias sintáticas bem como as
propriedades de cada uma dessas classes
(10)
.
Assim, o processo de nomeação de figuras envolve três estágios: a
identificação do objeto (descrição física do objeto), a ativação do nome
(características semânticas do objeto são acessadas) e resgate e pronúncia do
nome do objeto
(13)
. Se o sistema fonológico da criança é limitado e os sons restritos
a certas classes e posições, isso pode influenciar o desenvolvimento lexical
(16)
.
Com o uso de palavras homônimas, a fala de uma criança pode ficar mais
difícil de ser compreendida. Isso ocorre porque a criança produz a mesma palavra
para denominar diferentes objetos, uma vez que ela possui poucos fonemas à
disposição. Na tentativa de produzir grande número de palavras diferentes, ela
simplesmente não consegue, pois não tem sons suficientes para produzir estas
palavras
(2)
. Tais constatações sugerem que há uma relação entre o campo
fonológico (a consciência fonológica e a precisão de fala) e o léxico
(17)
.
A aquisição de alguns subsistemas linguísticos como a sintaxe, a morfologia e
a fonologia relaciona-se, durante o desenvolvimento da linguagem, com o
aprendizado das palavras e do seu uso adequado
(12)
.
Alguns autores
(18)
defenderam que outros problemas de linguagem
aumentariam o risco de déficits em consciência fonológica entre as crianças com
desvio fonológico. Esses mesmos autores referiram que consciência fonológica e
habilidades em leitura estão correlacionadas com as habilidades em vocabulário,
com a consolidação das representações fonológicas subjacentes e com o
conhecimento grafema-fonema da criança. Ainda confirmando que os desvios
fonológicos podem vir acompanhados de outras alterações de linguagem, um estudo
(19)
citou as alterações de consciência fonológica e de alfabetização.
Autores
(17)
que estudaram crianças de dois a cinco anos de idade concluíram
que todas as tarefas avaliadas tiveram um melhor desempenho conforme
aumentava a idade dos sujeitos envolvidos. Avaliaram-se as habilidades em
consciência fonológica, vocabulário receptivo e expressivo, teste de articulação e
repetição de não-palavras. À medida que o nível socioeconômico, o vocabulário e a
precisão na fala aumentavam, também havia melhora no desempenho em
consciência fonológica. Desta forma, déficits em consciência fonológica poderiam
ser diretamente atribuídos a déficits no léxico, uma vez que a precisão de fala e o
vocabulário poderiam predizer a consciência fonológica
(17)
.
Nos desvios fonológicos, é senso comum entre os pesquisadores que
alteração na fonologia
(1, 2)
. Porém, embora não exista uma unanimidade entre os
estudos, acredita-se ocorrer alterações em outros subsistemas linguísticos nestes
casos, e não somente em nível fonológico. Em virtude dos poucos estudos
verificando quais outros subsistemas da linguagem estão defasados nos casos de
desvio fonológico, além da fonologia, esta pesquisa procura entender a relação entre
fonologia e léxico.
O objetivo desta pesquisa foi correlacionar o desempenho de crianças com
desvio fonológico em testes de vocabulário expressivo e de consciência fonológica e
a influência da idade nesse desempenho.
Método
Esta pesquisa se configura como um estudo de campo, não-experimental,
exploratório, transversal e quantitativo.
O presente estudo faz parte de dados clínicos de dois projetos de pesquisa
aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição de origem sob
registros de números 0102.0.243.000-07 e 0103.0.243.000-07.
Todos os sujeitos envolvidos foram autorizados por seus pais/responsáveis
através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este
termo informa sobre os objetivos da pesquisa, a justificativa, os procedimentos a
serem adotados, riscos, benefícios, sigilo dos dados coletados, garantia de
esclarecimento e liberdade de recusar a participar em qualquer momento. A
assinatura desse documento, de livre vontade, é uma condição para a participação
da criança na pesquisa, sendo possível desistir quando achar conveniente. Além da
assinatura do TCLE, a criança deveria assentir sua participação na pesquisa.
A coleta dos dados ocorreu no período de outubro de 2007 a dezembro de
2008. Foi realizada em um serviço público de atendimento fonoaudiológico vinculado
a uma instituição de ensino superior e em duas escolas públicas e uma escola
filantrópica de ensino fundamental, para obter uma amostra com um número maior
de sujeitos. Os sujeitos envolvidos estavam escolarizados, fazendo parte de turmas
de educação infantil e de primeira série (alfabetização).
Os procedimentos de seleção da amostra e coleta de dados foram realizados
por mestrandos e acadêmicos bolsistas de iniciação científica dos 7° e semestres
da instituição de ensino superior vinculada a presente pesquisa.
No serviço público de atendimento fonoaudiológico, os sujeitos foram
selecionados através das triagens do Setor de Fala da instituição. Nas escolas, com
todas as crianças autorizadas através do TCLE, foi realizada uma triagem
fonoaudiológica.
A triagem fonoaudiológica constou de avaliações do sistema estomatognático,
dos sistemas fonológico e fonético, de linguagem e triagem auditiva.
Para esta pesquisa, consideraram-se como critérios de inclusão autorização
dos pais e/ou responsáveis; a criança assentir sua participação; ter idade entre cinco
e sete anos; apresentar desvio fonológico.
Os critérios de exclusão foram apresentar alterações psicológicas, cognitivas
e neurológicas evidentes através de observação do pesquisador; não apresentar
resultados normais na triagem fonoaudiológica quanto ao sistema estomatognático,
fonético, compreensão e/ou expressão da linguagem, e triagem auditiva; ter
realizado ou realizar tratamento fonoaudiológico.
A triagem teve o caráter de diagnosticar as crianças com desvio fonológico e
excluir qualquer outra alteração. Para complementar o diagnóstico de desvio
fonológico, foram utilizadas as figuras propostas na Avaliação Fonológica da Criança
(AFC)
(1)
.
As crianças que não passaram por um ou mais critérios de avaliação foram
excluídas da amostra e encaminhadas para os procedimentos necessários, como,
por exemplo, consulta com médico otorrinolaringologista, avaliação odontológica,
terapia fonoaudiológica, entre outros. Desta forma, os sujeitos que não estavam
dentro dos critérios de inclusão, a partir da avaliação, foram excluídos.
Através destas avaliações para a amostragem, o grupo de estudo foi
composto por 24 crianças com desvio fonológico e de ambos os sexos (15 meninos
e nove meninas). Esses sujeitos foram divididos em três grupos, conforme as suas
faixas etárias, compondo um grupo para as crianças de cinco anos, com dez sujeitos
(sete meninos e três meninas), outro para as de seis anos, com dez sujeitos (cinco
meninos e cinco meninas), e um grupo para as de sete anos, com quatro sujeitos
(três meninos e uma menina).
Para iniciar o processo de coleta de dados, essas crianças foram submetidas
à avaliação do vocabulário expressivo e à avaliação da consciência fonológica.
Estas avaliações foram realizadas em dois dias distintos para cada criança, com
sessões de 30 minutos de duração em média. No primeiro dia realizou-se a
avaliação de consciência fonológica e os sujeitos responderam as subtarefas até
demonstrarem cansaço, desta forma, a aplicação do teste era suspensa e retomada
em outro dia. No segundo dia, as crianças terminaram as tarefas restantes em
consciência fonológica e nomearam as figuras do teste de vocabulário expressivo.
O vocabulário expressivo foi avaliado através da prova de verificação do
vocabulário do teste ABFW
(20)
. Este instrumento é composto por 118 figuras
classificadas em nove campos conceituais: vestuário, animais, alimentos, meios de
transporte, móveis e utensílios domésticos, profissões, locais, formas e cores,
brinquedos e instrumentos musicais. As respostas das crianças são anotadas no
protocolo do teste e analisadas como designações por vocábulos usuais, não-
designações e processos de substituições. Para este estudo, consideraram-se
apenas as designações por vocábulos usuais em cada campo conceitual.
Para a avaliação da consciência fonológica, foi utilizado o protocolo de
avaliação das habilidades de consciência fonológica (PTCF)
(21, 22)
.
Foram aplicadas apenas as tarefas propostas pelo teste às faixas etárias de
cinco, seis e sete anos de idade, correspondendo às seguintes subtarefas:
segmentação de frases de duas palavras (T1_2 palavras) aplicada para os sujeitos
de cinco, seis e sete anos; segmentação de frases de três palavras (T1_3 palavras)
para as idades de cinco e sete anos; segmentação de frases de quatro palavras
(T1_4 palavras) para as idades de cinco e sete anos; segmentação de frases de
cinco palavras (T1_5 palavras) para a idade de sete anos; segmentação de frases
de seis palavras (T1_6 palavras) para a idade de sete anos; e segmentação de
frases de sete palavras (T1_7 palavras) para a idade de sete anos.
Também foram aplicadas subtarefas como: realismo nominal (T2) para as
idades de cinco, seis e sete anos; detecção de rimas em palavras dissílabas (T3
dissílabas) para as idades de cinco, seis e sete anos; e detecção de rimas em
palavras trissílabas (T3 trissílabas) para as idades de cinco, seis e sete anos.
As subtarefas silábicas corresponderam à síntese silábica em palavras
dissílabas (T4 dissílabas) para as idades de cinco, seis e sete anos; síntese silábica
em palavras trissílabas (T4 trissílabas) para as idades de cinco, seis e sete anos;
síntese silábica em palavras quadrissílabas (T4 quadrissílabas) para as idades de
cinco, seis e sete anos; segmentação silábica em palavras dissílabas (T5 dissílabas)
para as idades de cinco, seis e sete anos; segmentação silábica em palavras
trissílabas (T5 trissílabas) para as idades de cinco, seis e sete anos; segmentação
silábica em palavras quadrissílabas (T5 quadrissílabas) para as idades de cinco, seis
e sete anos; detecção de sílaba em palavras com sílabas iguais em posição inicial
(T6 inicial) para as idades de cinco, seis e sete anos; detecção de sílaba em
palavras com sílabas iguais em posição final (T6 final) para as idades de cinco, seis
e sete anos; detecção de sílaba em palavras com sílabas iguais em posição medial
(T6 medial) para as idades de cinco, seis e sete anos; reversão silábica em palavras
dissílabas (T7 dissílabas) para as idades de seis e sete anos; reversão silábica em
palavras trissílabas (T7 trissílabas) para a idade de sete anos; e reversão silábica
em palavras quadrissílabas (T7 quadrissílabas) para a idade de sete anos.
As subtarefas fonêmicas englobaram: exclusão de fonema em início de
palavra (T8 inicial) para a idade de sete anos; exclusão de fonema no meio de
palavra (T8 medial) para a idade de sete anos; exclusão de fonema em final de
palavra (T8 final) para a idade de sete anos; detecção de fonemas em palavras com
fonemas iguais na posição inicial (T9 inicial) para as idades de cinco, seis e sete
anos; detecção de fonemas em palavras com fonemas iguais na posição final (T9
final) para as idades de seis e sete anos; detecção de fonemas em palavras com
fonemas iguais na posição medial (T9 medial) para a idade de sete anos; síntese
fonêmica em palavras de três fonemas (T10_3 fonemas) para a idade de sete anos;
síntese fonêmica em palavras de quatro fonemas (T10_4 fonemas) para a idade de
sete anos; síntese fonêmica em palavras de cinco fonemas (T10_5 fonemas) para a
idade de sete anos; síntese fonêmica em palavras de seis fonemas (T10_6 fonemas)
para a idade de sete anos; segmentação fonêmica em palavras de três fonemas
(T11_3 fonemas) para a idade de sete anos; segmentação fonêmica em palavras de
quatro fonemas (T11_4 fonemas) para a idade de sete anos; segmentação fonêmica
em palavras de cinco fonemas (T11_5 fonemas) para a idade de sete anos; e
reversão fonêmica em palavras de dois e três fonemas (T12_2 e 3 fonemas) para a
idade de sete anos.
Os pontos computados no PTCF foram analisados pelos critérios de escores
em cada item (dois pontos para a resposta correta na primeira tentativa, um ponto
para a resposta correta na segunda tentativa, ou zero se errar nas duas tentativas).
Cada subtarefa poderia alcançar um máximo de dez pontos, sem haver somatório
dos escores dos subtipos, pois cada um deles representa determinado nível de
complexidade dentro da mesma tarefa.
Para possibilitar a análise dos dados e a comparação entre os dois testes
utilizados, nesta pesquisa, foi estabelecida uma nota de zero a 100 para cada teste.
Em cada subtarefa do PTCF, tal nota corresponde a uma média percentual
calculada da seguinte forma: número de pontos obtidos, divididos por dez (número
máximo de pontos a serem obtidos em cada subtarefa) e multiplicados por 100. Para
cada campo conceitual do teste de vocabulário expressivo, esta nota foi uma
porcentagem calculada pelo número de designações por vocábulos usuais
utilizadas, dividido pelo número de itens a serem designados em cada campo
conceitual e multiplicados por 100.
Foi realizada análise estatística dos resultados obtidos com as avaliações de
vocabulário expressivo e com as de consciência fonológica nas diferentes idades. A
análise de correlação entre os desempenhos dos dois testes foi calculada pelo
coeficiente de correlação de Spearman, devido à ausência de distribuição normal.
Conforme a análise deste teste, uma correlação positiva indica que quando uma
variável aumenta, a outra também aumenta, ou seja, quanto maior o desempenho de
um campo conceitual, maior o desempenho de uma subtarefa em consciência
fonológica, ou vice-versa. Quando a correlação é negativa, significa que quando
uma variável aumenta, a outra diminui.
Para comparar as variáveis numéricas entre duas faixas etárias, foi utilizado o
teste de Mann-Whitney, e para comparar as variáveis numéricas entre as três faixas
etárias, foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis, também devido à ausência de
distribuição normal. O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de
5%, ou seja, p<0.05.
Resultados
As Tabelas 4, 5 e 6 apresentam os coeficientes de correlação de Spearman
entre os escores dos testes de vocabulário expressivo e consciência fonológica,
separadamente, para cada faixa etária. As correlações significativas estão em
negrito nas tabelas.
É importante relevar que, na Tabela 6, as correlações de crianças com sete
anos de idade devem ser vistas com limitação, devido ao tamanho reduzido deste
grupo (quatro sujeitos). Nesta mesma tabela, observa-se que não foi possível ser
calculada a correlação entre alguns campos conceituais do vocabulário com
algumas subtarefas em consciência fonológica porque os quatro sujeitos estudados
atingiram a mesma pontuação, ou seja, o desvio-padrão foi zero.
Tabela 4 - Análise de correlação entre os desempenhos dos testes de vocabulário e consciência fonológica, para a faixa etária de cinco anos (n=10)
Tarefas
Vestuário
Animais
Alimentos
Meios de
transporte
Móveis e
utensílios
Profissões
Locais
Formas e
cores
Brinquedos e
instrumentos
T1_2 palavras
r=0.36746
p=0.2962
0.67110
0.0336
0.36862
0.2946
0.63107
0.0504
0.50649
0.1352
0.38542
0.2714
0.75657
0.0113
0.61285
0.0596
0.57835
0.0799
T1_3 palavras
0.05313
0.8920
0.48937
0.1812
0.02223
0.9547
0.10813
0.7819
0.06199
0.8741
0.49802
0.1724
0.52688
0.1450
0.78705
0.0118
0.57163
0.1078
T1_4 palavras
-0.07117
0.8556
-0.38976
0.2998
-0.10274
0.7925
-0.23988
0.5342
0.15568
0.6892
0.04467
0.9091
-0.39142
0.2975
-0.12061
0.7572
0.00449
0.9909
T2
0.23081
0.5211
0.77492
0.0085
0.50167
0.1396
0.71430
0.0203
0.25090
0.4844
0.46657
0.1740
0.79080
0.0065
0.50972
0.1323
0.50971
0.1323
T3 dissílabas
0.29493
0.4081
0.78127
0.0076
0.28299
0.4282
0.58443
0.0760
0.28901
0.4180
0.48894
0.1515
0.73363
0.0157
0.46193
0.1789
0.33019
0.3514
T3 trissílabas
0.15723
0.6644
-0.31777
0.3709
0.01577
0.9655
-0.33442
0.3449
0.04362
0.9048
-0.37304
0.2884
-0.28973
0.4168
-0.55314
0.0972
-0.61006
0.0611
T4 dissílabas
0.17746
0.6238
0.81482
0.0041
0.40398
0.2469
0.60489
0.0639
0.06424
0.8601
0.87773
0.0008
0.77087
0.0090
0.85465
0.0016
0.79517
0.0060
T4 trissílabas
0.14870
0.6818
0.57289
0.0834
0.12928
0.7219
0.21754
0.5460
0.28481
0.4251
0.77739
0.0081
0.48450
0.1559
0.58452
0.0760
0.59148
0.0717
T4 quadrissílabas
0.31416
0.3767
0.67011
0.0340
0.27335
0.4448
0.60066
0.0663
0.37793
0.2816
0.41544
0.2325
0.57166
0.0843
0.56706
0.0874
0.76296
0.0103
T5 dissílabas
0.06609
0.8561
-0.08511
0.8152
0.20552
0.5689
0.30121
0.3977
0.18332
0.6122
-0.10870
0.7650
0.20624
0.5676
0.14449
0.6905
-0.08591
0.8134
T5 trissílabas
0.43887
0.2045
-0.01242
0.9728
0.51573
0.1270
0.34925
0.3226
0.28261
0.4288
0.04688
0.8977
0.16460
0.6495
0.07477
0.8374
-0.12853
0.7234
T5 quadrissílabas
0.16990
0.6389
-0.02858
0.9375
0.30551
0.3907
0.43832
0.2051
0.27948
0.4342
0.17896
0.6208
0.12704
0.7266
0.20389
0.5721
0.24363
0.4976
T6 inicial
-0.76732
0.0096
-0.18924
0.6005
-0.34752
0.3251
-0.04919
0.8927
-0.58056
0.0785
0.00000
1.0000
-0.01283
0.9719
0.26061
0.4671
0.14569
0.6880
T6 final
0.18969
0.5997
0.06480
0.8588
-0.33136
0.3496
-0.26499
0.4593
0.28837
0.4191
-0.25104
0.4842
-0.01620
0.9646
-0.22751
0.5273
-0.36629
0.2979
T6medial
0.24282
0.4991
0.03528
0.9229
0.20137
0.5769
0.19675
0.5859
0.50358
0.1378
0.14201
0.6955
0.34962
0.3220
0.37966
0.2792
0.04856
0.8940
T9 inicial
0.23375
0.5157
0.33083
0.3505
0.07370
0.8397
0.10146
0.7803
0.54256
0.1051
0.71238
0.0208
0.42346
0.2227
0.62389
0.0539
0.44747
0.1947
Legenda 4: T1 - Segmentação de frases de 2, 3 e 4 palavras; T2- Realismo nominal; T3 - Detecção de rimas em palavras dissílabas e trissílabas; T4 -
Síntese silábica em palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; T5 - Segmentação silábica em palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; T6
- Detecção de sílabas iguais em início, final e meio de palavras; T9 - Detecção de fonemas iguais em início de palavras; r - coeficiente de correlação de
Spearman; p - valor-p; n - número de sujeitos; Correlações significativas em nível de 5% de significância (p <0,05) no cálculo do Coeficiente de
Correlação de Spearman estão em negrito.
Tabela 5 - Análise de correlação entre os desempenhos dos testes de vocabulário e consciência fonológica, para a faixa etária de seis anos (n=10)
Tarefas
Vestuário
Animais
Alimentos
Meios de
transporte
Móveis e
utensílios
Profissõ
es
Locais
Formas e
cores
Brinquedos
e
instrumentos
T1_2 palavras
r=0.21170
p=0.5571
0.20643
0.5672
-0.44662
0.1957
-0.05132
0.8880
-0.26466
0.4599
0.18738
0.6042
0.78573
0.0071
0.21739
0.5463
0.29218
0.4127
T2
-0.06470
0.8591
-0.03559
0.9222
0.14098
0.6977
-0.25161
0.4831
-0.58576
0.0752
0.35590
0.3128
-0.07309
0.8410
0.72725
0.0172
-0.22066
0.5401
T3 dissílabas
-0.06475
0.8589
0.17631
0.6261
0.58733
0.0742
0.48241
0.1579
-0.22040
0.5406
0.57382
0.0828
-0.21630
0.5484
0.68410
0.0291
0.03206
0.9299
T3 trissílabas
-0.30058
0.3987
0.27229
0.4466
0.75253
0.0120
0.62674
0.0525
0.11873
0.7439
0.44326
0.1995
-0.47370
0.1667
0.39519
0.2583
0.13298
0.7142
T4 dissílabas
-0.36141
0.3048
0.11280
0.7564
0.53544
0.1107
-0.02750
0.9399
-0.17018
0.6383
0.62624
0.0527
-0.31570
0.3742
0.29365
0.4102
0.21782
0.5455
T4 trissílabas
0.55777
0.0939
0.07890
0.8285
0.00000
1.0000
-0.23905
0.5060
0.61639
0.0577
-0.19724
0.5849
-0.27003
0.4505
-0.31767
0.3711
-0.43393
0.2102
T4 quadrissílabas
0.36304
0.3025
0.13880
0.7022
0.10574
0.7713
0.15456
0.6699
0.68957
0.0274
0.37726
0.2825
0.00000
1.0000
-0.23645
0.5107
0.12812
0.7243
T5 dissílabas
-0.58230
0.0774
0.38081
0.2776
0.28902
0.4180
0.31631
0.3732
-0.62284
0.0544
0.60503
0.0638
0.26450
0.4602
0.75591
0.0114
0.48758
0.1529
T5 trissílabas
-0.24495
0.4952
0.44465
0.1979
0.24464
0.4957
0.20412
0.5716
-0.63629
0.0479
0.51651
0.1264
0.51387
0.1287
0.52896
0.1159
0.52549
0.1188
T5 quadrissílabas
-0.12247
0.7361
-0.46149
0.1794
0.16013
0.6586
-0.11567
0.7503
-0.45617
0.1851
0.43117
0.2135
-0.40846
0.2412
0.22040
0.5406
-0.19538
0.5886
T6 inicial
0.28167
0.4304
-0.07053
0.8465
-0.20953
0.5612
0.44355
0.1991
-0.18032
0.6181
0.33981
0.3367
0.47963
0.1607
0.41304
0.2355
-0.08655
0.8121
T6 final
0.12870
0.7231
0.50653
0.1352
0.38491
0.2721
0.46331
0.1775
0.27876
0.4354
0.56706
0.0874
0.27414
0.4434
0.30464
0.3921
0.23575
0.5120
T6medial
0.33243
0.3480
0.19174
0.5956
0.15191
0.6753
0.32598
0.3580
0.17976
0.6192
-0.23329
0.5166
0.03125
0.9317
-0.06434
0.8598
-0.05113
0.8884
T7 dissílabas
0.89815
0.0004
-0.11790
0.7457
-0.38030
0.2783
0.16330
0.6522
0.11930
0.7427
0.23580
0.5119
0.54681
0.1019
-0.09833
0.7870
-0.22906
0.5244
T9 inicial
0.05611
0.8776
0.79412
0.0061
0.19418
0.5909
0.27394
0.4437
0.32680
0.3567
0.21569
0.5495
0.54007
0.1071
0.19408
0.5911
0.42157
0.2250
T9 final
0.41957
0.2274
0.24287
0.4990
-0.43674
0.2069
0.12910
0.7223
0.04660
0.8983
-0.00639
0.9860
0.79688
0.0058
0.06755
0.8529
0.23009
0.5225
Legenda 5: T1- Segmentação de frases de 2 palavras; T2- Realismo nominal; T3 - Detecção de rimas em palavras dissílabas e trissílabas; T4 -
Síntese silábica em palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; T5 - Segmentação silábica em palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas;
T6 - Detecção de sílabas iguais em início, final e meio de palavras; T7 - Reversão silábica em palavras dissílabas; T9 - Detecção de fonemas iguais
em início e final de palavras; r - coeficiente de correlação de Spearman; p - valor-p; n - número de sujeitos; Correlações significativas em nível de 5%
de significância (p <0,05) no cálculo do Coeficiente de Correlação de Spearman estão em negrito.
Tabela 6 - Análise de correlação entre os desempenhos dos testes de vocabulário e consciência fonológica, para a faixa etária de sete anos (n=4)
Tarefas
Vestuário
Animais
Alimentos
Meios de
transporte
Móveis e
utensílios
Profissões
Locais
Formas
e cores
Brinquedos e
instrumentos
T1_2 palavras
r=0.00000
p=1.0000
0.33333
0.6667
0.27217
0.7278
0.81650
0.1835
-0.57735
0.4226
0.33333
0.6667
0.27217
0.7278
0.00000
1.0000
0.33333
0.6667
T1_3 palavras
-0.63246
0.3675
0.77460
0.2254
0.10541
0.8946
-0.63246
0.3675
0.89443
0.1056
-0.25820
0.7418
0.10541
0.8946
-0.31623
0.6838
-0.77460
0.2254
T1_4 palavras
-0.63246
0.3675
0.77460
0.2254
0.10541
0.8946
-0.63246
0.3675
0.89443
0.1056
-0.25820
0.7418
0.10541
0.8946
-0.31623
0.6838
-0.77460
0.2254
T1_5 palavras
-1.00000
<.0001
0.81650
0.1835
0.83333
0.1667
0.00000
1.0000
0.70711
0.2929
-0.81650
0.1835
0.83333
0.1667
0.50000
0.5000
0.00000
1.0000
T1_6 palavras
-0.50000
0.5000
0.81650
0.1835
0.50000
0.5000
0.50000
0.5000
0.00000
1.0000
0.00000
1.0000
0.50000
0.5000
0.00000
1.0000
0.00000
1.0000
T1_7 palavras
-0.81650
0.1835
-1.00000
<.0001
0.54433
0.4557
0.00000
1.0000
0.57735
0.4226
-0.33333
0.6667
0.54433
0.4557
0.00000
1.0000
-0.33333
0.6667
T2
-0.83333
0.1667
0.54433
0.4557
0.50000
0.5000
-0.50000
0.5000
0.94281
0.0572
-0.81650
0.1835
0.50000
0.5000
0.33333
0.6667
-0.27217
0.7278
T3 dissílabas
-1.00000
<.0001
0.81650
0.1835
0.83333
0.1667
0.00000
1.0000
0.70711
0.2929
-0.81650
0.1835
0.83333
0.1667
0.50000
0.5000
0.00000
1.0000
T3 trissílabas
-0.94868
0.0513
0.77460
0.2254
0.63246
0.3675
-0.31623
0.6838
0.89443
0.1056
-0.77460
0.2254
0.63246
0.3675
0.31623
0.6838
-0.25820
0.7418
T4 dissílabas
-
-
-
-
-
-
-
-
-
T4 trissílabas
0.00000
1.0000
0.33333
0.6667
-0.54433
0.4557
-0.81650
0.1835
0.57735
0.4226
0.33333
0.6667
-0.54433
0.4557
-0.81650
0.1835
-1.00000
<.0001
T4 quadrissílabas
-0.81650
0.1835
0.33333
0.6667
0.81650
0.1835
0.00000
1.0000
0.57735
0.4226
-1.00000
<.0001
0.81650
0.1835
0.81650
0.1835
0.33333
0.6667
T5 dissílabas
-
-
-
-
-
-
-
-
-
T5 trissílabas
-0.81650
0.1835
0.33333
0.6667
0.81650
0.1835
0.00000
1.0000
0.57735
0.4226
-1.00000
<.0001
0.81650
0.1835
0.81650
0.1835
0.33333
0.6667
T5 quadrissílabas
-0.83333
0.1667
0.81650
0.1835
0.88889
0.1111
0.50000
0.5000
0.23570
0.7643
-0.54433
0.4557
0.88889
0.1111
0.50000
0.5000
0.27217
0.7278
T6 inicial
-0.83333
0.1667
0.81650
0.1835
0.88889
0.1111
0.50000
0.5000
0.23570
0.7643
-0.54433
0.4557
0.88889
0.1111
0.50000
0.5000
0.27217
0.7278
T6 final
-0.50000
0.5000
0.81650
0.1835
0.00000
1.0000
-0.50000
0.5000
0.70711
0.2929
0.00000
1.0000
0.00000
1.0000
-0.50000
0.5000
-0.81650
0.1835
T6medial
-0.50000
0.5000
0.54433
0.4557
-0.05556
0.9444
-0.83333
0.1667
0.94281
0.0572
-0.27217
0.7278
-0.05556
0.9444
-0.33333
0.6667
-0.81650
0.1835
T7 dissílabas
-0.63246
0.3675
0.77460
0.2254
0.73786
0.2621
0.63246
0.3675
0.00000
1.0000
-0.25820
0.7418
0.73786
0.2621
0.31623
0.6838
0.25820
0.7418
T7 trissílabas
-0.81650
0.1835
1.00000
<.0001
0.54433
0.4557
0.00000
1.0000
0.57735
0.4226
-0.33333
0.6667
0.54433
0.4557
0.00000
1.0000
-0.33333
0.6667
T7 quadrissílabas
-
-
-
-
-
-
-
-
-
T8 inicial
-0.63246
0.3675
0.77460
0.2254
0.10541
0.8946
-0.63246
0.3675
0.89443
0.1056
-0.25820
0.7418
0.10541
0.8946
-0.31623
0.6838
-0.77460
0.2254
T8 final
-0.94868
0.0513
0.77460
0.2254
0.63246
0.3675
-0.31623
0.6838
0.89443
0.1056
-0.77460
0.2254
0.63246
0.3675
0.31623
0.6838
-0.25820
0.7418
T8medial
-0.63246
0.3675
0.77460
0.2254
0.10541
0.8946
-0.63246
0.3675
0.89443
0.1056
-0.25820
0.7418
0.10541
0.8946
-0.31623
0.6838
-0.77460
0.2254
T9 inicial
-0.94868
0.0513
0.77460
0.2254
0.63246
0.3675
-0.31623
0.6838
0.89443
0.1056
-0.77460
0.2254
0.63246
0.3675
0.31623
0.6838
-0.25820
0.7418
(Continuação) Tabela 6 - Análise de correlação entre os desempenhos dos testes de vocabulário e consciência fonológica, para a faixa etária de
sete anos (n=4)
Tarefas
Vestuário
Animais
Alimentos
Meios de
transporte
Móveis e
utensílios
Profissões
Locais
Formas
e cores
Brinquedos e
instrumentos
T9 final
-0.83333
0.1667
0.81650
0.1835
0.38889
0.6111
-0.50000
0.5000
0.94281
0.0572
-0.54433
0.4557
0.38889
0.6111
0.00000
1.0000
-0.54433
0.4557
T9medial
-0.83333
0.1667
0.54433
0.4557
0.50000
0.5000
-0.50000
0.5000
0.94281
0.0572
-0.81650
0.1835
0.50000
0.5000
0.33333
0.6667
-0.27217
0.7278
T10_3 fonemas
-0.50000
0.5000
0.27217
0.7278
0.05556
0.9444
-0.83333
0.1667
0.94281
0.0572
-0.54433
0.4557
0.05556
0.9444
0.00000
1.0000
-0.54433
0.4557
T10_4 fonemas
-0.81650
0.1835
1.00000
<.0001
0.54433
0.4557
0.00000
1.0000
0.57735
0.4226
-0.33333
0.6667
0.54433
0.4557
0.00000
1.0000
-0.33333
0.6667
T10_5 fonemas
-0.81650
0.1835
1.00000
<.0001
0.54433
0.4557
0.00000
1.0000
0.57735
0.4226
-0.33333
0.6667
0.54433
0.4557
0.00000
1.0000
-0.33333
0.6667
10_6 fonemas
-0.83333
0.1667
0.81650
0.1835
0.38889
0.6111
-0.50000
0.5000
0.94281
0.0572
-0.54433
0.4557
0.38889
0.6111
0.00000
1.0000
-0.54433
0.4557
T11_3 fonemas
-0.81650
0.1835
1.00000
<.0001
0.54433
0.4557
0.00000
1.0000
0.57735
0.4226
-0.33333
0.6667
0.54433
0.4557
0.00000
1.0000
-0.33333
0.6667
T11_4 fonemas
-
-
-
-
-
-
-
-
-
T11_5 fonemas
-
-
-
-
-
-
-
-
-
T12_2 e 3
fonemas
-0.70711
0.2929
0.57735
0.4226
0.23570
0.7643
-0.70711
0.2929
1.00000
<.0001
-0.57735
0.4226
0.23570
0.7643
0.00000
1.0000
-0.57735
0.4226
Legenda 6: r - coeficiente de correlação de Spearman ; p - valor-p; n - número de sujeitos; T1- Segmentação de frases de 2, 3, 4, 5, 6 e 7 palavras;
T2- Realismo nominal; T3 - Detecção de rimas em palavras dissílabas e trissílabas; T4 - Síntese silábica em palavras dissílabas, trissílabas e
quadrissílabas; T5 - Segmentação silábica em palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; T6 - Detecção de sílabas iguais em início, final e meio
de palavras; T7 - Reversão silábica em palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; T8 Exclusão de fonema em início, meio e final de palavra;
T9 - Detecção de fonemas iguais em início, final e meio de palavras; T10 síntese fonêmica em palavras de 3, 4, 5 e 6 fonemas; T11
Segmentação fonêmica em palavras de 3, 4 e 5 fonemas; T12 Reversão fonêmica em palavras de dois e três fonemas; Correlações significativas
em nível de 5% de significância (p <0,05) no cálculo do Coeficiente de Correlação de Spearman estão em negrito.
Na Tabela 7, verifica-se a comparação dos desempenhos nos dois testes
entre as diferentes idades estudadas. Como o PTCF avalia diferentes tarefas para
as diferentes idades, aumentando o número de tarefas à medida que aumenta a
idade dos sujeitos, algumas subtarefas em consciência fonológica o puderam ser
comparadas, pois não haviam sido avaliadas nas outras idades.
Tabela 7 - Comparação dos desempenhos entre idades.
Legenda 7: n - número de sujeitos; D.P. desvio-padrão; T1- Segmentação de frases de 2, 3 e 4 palavras; T2- Realismo nominal; T3 -
Detecção de rimas em palavras dissílabas e trissílabas; T4 - Síntese silábica em palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; T5 -
Segmentação silábica em palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas; T6 - Detecção de sílabas iguais em início, final e meio de
palavras; T7 - Reversão silábica em palavras dissílabas; T9 - Detecção de fonemas iguais em início e final de palavras; Valor-P significativo
está em negrito e é referente ao teste de Kruskal-Wallis para comparação das variáveis entre três idades, e teste de Mann-Whitney para duas
idades.
Idade de cinco anos
Idade de seis anos
Idade de sete anos
Variável
n
Média
D.P.
n
Média
D.P.
n
Média
D.P.
Valor-p
Vestuário
10
62.00
25.73
10
79.00
11.01
4
80.00
8.16
P=0.114
Animais
10
72.50
22.32
10
86.60
20.71
4
90.25
6.50
P=0.144
Alimentos
10
60.10
18.45
10
74.00
9.51
4
71.50
12.77
P=0.143
Meios de
transporte
10
65.60
17.24
10
81.00
11.83
4
82.00
7.35
P=0.038
Móveis e
utensílios
10
64.10
18.14
10
76.10
6.23
4
77.00
2.31
P=0.028
Profissões
10
38.00
23.94
10
47.00
23.12
4
62.50
5.00
P=0.247
Locais
10
28.40
23.07
10
57.50
18.63
4
66.50
23.57
P=0.011
Formas e cores
10
64.00
24.59
10
73.00
15.67
4
77.50
12.58
P=0.525
Brinquedos e
instrumentos
10
50.70
24.42
10
70.90
17.30
4
75.25
4.50
P=0.075
T1_2 palavras
10
34.00
36.58
10
51.00
34.79
4
65.00
30.00
P=0.256
T1_3 palavras
10
26.67
30.00
10
.
.
4
50.00
25.82
P=0.179
T1_4 palavras
10
14.44
16.67
10
.
.
4
45.00
44.35
P=0.201
T2
10
55.00
18.41
10
83.00
11.60
4
90.00
14.14
P=0.002
T3 dissílabas
10
48.00
16.19
10
63.00
23.59
4
70.00
24.49
P=0.193
T3 trissílabas
10
45.00
25.93
10
63.00
28.69
4
67.50
29.86
P=0.255
T4 dissílabas
10
91.00
9.94
10
91.00
16.63
4
100.00
0.00
P=0.264
T4 trissílabas
10
86.00
18.38
10
97.00
4.83
4
97.50
5.00
P=0.294
T4 quadrissílabas
10
71.00
19.12
10
84.00
26.33
4
92.50
15.00
P=0.101
T5 dissílabas
10
86.00
19.55
10
92.00
13.17
4
100.00
0.00
P=0.222
T5 trissílabas
10
70.00
34.32
10
97.00
6.75
4
95.00
10.00
P=0.040
T5 quadrissílabas
10
38.00
41.58
10
88.00
16.87
4
87.50
9.57
P=0.027
T6 inicial
10
33.00
12.52
10
60.00
33.67
4
87.50
9.57
P=0.017
T6 final
10
22.00
17.51
10
60.00
24.04
4
57.50
20.62
P=0.004
T6medial
10
20.00
21.08
10
54.00
30.26
4
50.00
14.14
P=0.020
T7 dissílabas
10
.
.
10
37.00
22.14
4
47.50
41.13
P=0.612
T9 inicial
10
20.00
18.86
10
52.00
18.74
4
77.50
26.30
P=0.001
T9 final
10
.
.
10
51.00
18.53
4
35.00
33.17
P=0.284
Discussão
Conforme os resultados encontrados na Tabela 4, para a idade de cinco
anos, observam-se 18 correlações significativas entre as subtarefas em
consciência fonológica e os campos de vocabulário expressivo. Destas correlações
significativas, 17 foram positivas, ou seja, quanto melhor o desempenho em
vocabulário, melhor era o desempenho em consciência fonológica, ou vice-versa.
Apenas uma correlação significativa foi negativa, indicando que, quando uma
habilidade melhorava, o desempenho da outra piorava. A correlação significativa
negativa ocorreu entre “vestuário” e detecção de sílaba em início de palavra.
Esses dados mostram que, para a idade de cinco anos, as tarefas que
apontaram correlação com vocabulário foram a segmentação de frases em palavras,
realismo nominal, detecção de rimas e síntese silábica. Ocorreu apenas uma
correlação significativa entre detecção de fonemas e “profissões”.
A Tabela 5 expõe os resultados referentes à idade de seis anos. Verificam-se
dez correlações significativas entre vocabulário expressivo e consciência
fonológica, e destas, nove foram positivas e uma negativa. A correlação significativa
negativa foi entre segmentação silábica em palavras trissílabas e “móveis e
utensílios domésticos”.
Dessa forma, as tarefas em consciência fonológica que apontaram correlação
com vocabulário expressivo para a idade de seis anos foram segmentação de frases
em palavras, realismo nominal, detecção de rimas, síntese silábica, segmentação
silábica, reversão silábica, detecção de fonemas.
Ao analisar a Tabela 6, observam-se os valores de correlação significativos
para os sujeitos de sete anos. Foram encontradas 11 correlações significativas,
das quais, seis foram correlações negativas e cinco positivas. As subtarefas em
consciência fonológica que apontaram correlação significativa positiva com
vocabulário foram: reversão silábica em palavras trissílabas, síntese fonêmica em
palavras de quatro e cinco fonemas, segmentação fonêmica em palavras de três
fonemas e reversão fonêmica em palavras de dois e três fonemas. As correlações
significativas negativas ocorreram entre vocabulário e as subtarefas em:
segmentação de frases de cinco e sete palavras, detecção de rimas em palavras
dissílabas, síntese silábica em palavras trissílabas e quadrissílabas, e segmentação
silábica em palavras trissílabas.
Nota-se que, com o aumento da idade, aumentou o número de correlações
positivas significativas com as tarefas fonêmicas. As crianças de cinco anos
apresentaram apenas uma correlação positiva significativa, as crianças de seis anos
duas correlações positivas significativas e as crianças de sete anos quatro
correlações positivas significativas. Indo de encontro à literatura em que as tarefas
fonêmicas são adquiridas posteriormente às silábicas
(5)
. Os aspectos fonêmicos da
consciência fonológica apresentaram um grau mais alto de dificuldade em relação
aos aspectos silábicos, evidenciando que a consciência silábica é adquirida antes da
consciência fonêmica
(23)
.
Segundo uma pesquisa
(6)
, as tarefas fonêmicas tendem a ser mais difíceis
para as crianças com desvio fonológico, sugerindo uma relação direta entre o
desenvolvimento fonológico e a consciência fonêmica.
Uma hipótese que surge é de que o contato crescente com a linguagem escrita
pelo ingresso no primeiro ano do ensino fundamental pode estar beneficiando as
crianças de seis anos ou mais, ou seja, as mesmas estão em aquisição da habilidade
de consciência fonêmica
(24)
. Constatações que concordam com os achados deste
estudo, uma vez que alguns sujeitos de seis anos e todos os sujeitos de sete anos
haviam sido expostos à escrita.
Na Tabela 7, observa-se a comparação dos desempenhos entre as três
idades estudadas. Encontraram-se diferenças significativas para as três idades nas
variáveis: “meios de transporte”, realismo nominal, detecção silábica em final de
palavra e detecção fonêmica em início de palavra, em que houve diferença
significativa entre as idades e cinco e seis anos e entre cinco e sete anos,
favorecendo um melhor desempenho para as crianças mais velhas. As crianças de
cinco anos também tiveram uma diferença significativa em relação às de sete no
desempenho em veis e utensílios, locais e detecção silábica em início de
palavra, favorecendo o desempenho das de sete anos. Por fim, a diferença
significativa entre as crianças de cinco anos das de seis anos foi em segmentação
silábica, em palavras trissílabas e quadrissílabas e detecção silábica no meio de
palavras, também favorecendo um melhor desempenho das crianças de seis anos.
Não ocorreu diferença significativa entre o desempenho dos sujeitos de seis e sete
anos. Porém, pelos resultados, verifica-se diferença significativa entre idades para
alguns dos campos conceituais e para algumas das tarefas em que maiores escores
foram obtidos pelos sujeitos com maior idade.
Fatores como idade
(5, 22, 24, 25)
e alfabetização
(22, 23, 26, 27)
são apontados por
diversos pesquisadores por refletirem uma relação direta com as habilidades em
consciência fonológica. À medida que aumenta a idade e o contato com a língua
escrita, estes autores referem melhora nas habilidades em consciência fonológica,
tanto em crianças com desvio fonológico quanto nas sem alterações.
No desempenho em vocabulário expressivo, um estudo
(11)
com crianças com
alteração do desenvolvimento da linguagem, com idades entre três a cinco anos,
também encontrou que houve evolução significante com a idade em uma prova de
verificação do vocabulário expressivo, favorecendo um melhor desempenho para as
crianças com maior idade. Por se considerar o desvio fonológico também uma
patologia da linguagem, estes dados também podem ser considerados válidos para
corroborarem os achados desta pesquisa.
Estes resultados devem-se ao fato de que as crianças mais jovens têm menos
experiência com alguns dos conceitos avaliados, achando as figuras mais
complexas visualmente e se tornando menos apuradas que as mais velhas na
nomeação. Fatores como familiaridade das figuras e complexidade visual (desenhos
complicados e cheios de detalhes) podem ter interferido no desempenho da
nomeação, dificultando a identificação da figura-alvo
(13)
.
Os resultados da presente pesquisa evidenciaram que, quanto menor a idade
dos sujeitos, maior o número de correlações significativas e positivas entre
vocabulário expressivo e consciência fonológica nos níveis relacionados às maiores
unidades da fala, como a consciência de palavras, de rimas e de sílabas. Tais
resultados poderiam se justificar pelo fato de o aprendizado do vocabulário
expressivo estar intimamente atrelado ao processamento de unidades de fala
maiores e mais concretas para as crianças, como são a consciência de palavras, de
rimas e de sílabas. Verificou-se ainda que, quanto maior a idade, melhor o
desempenho nestas duas habilidades.
Estes achados sugerem que o desempenho nas habilidades em consciência
fonológica e vocabulário expressivo melhoram à medida que a idade aumenta.
Porém, levando-se em consideração as correlações significativas e positivas, a
correlação entre elas é maior quando as crianças são mais novas, ou seja, a
influência que uma habilidade tem sobre a outra é mais forte quando as crianças são
mais jovens e estas habilidades estão em desenvolvimento. Quanto mais velhas as
crianças vão ficando, estas habilidades vão se tornando mais independentes. Estas
constatações poderiam se justificar pelo conhecimento prévio adquirido pela criança
mais velha e pela influência da linguagem escrita. As crianças mais velhas
passariam a ter um contato maior com os conceitos grafema-fonema (influenciando
em consciência fonológica), e não prestariam tanta atenção em conhecimentos mais
automáticos (vocabulário).
Segundo um estudo
(2),
a relação entre desenvolvimento fonológico e
desenvolvimento lexical inicial é tão estreita que não é possível separar estes dois
aspectos nos primeiros estágios da aquisição da linguagem. Dessa forma, crianças
com atraso de fala, mas com vocabulário mais amplo, têm um sistema fonológico
mais complexo do que aquelas com poucas palavras armazenadas no léxico.
Os achados da presente pesquisa concordam com as constatações de outros
pesquisadores
(17, 18)
quanto à interrelação entre consciência fonológica, vocabulário
e desvios fonológicos, e que déficits em uma destas habilidades poderiam prejudicar
o desempenho das outras.
Conclusão
Após a análise dos resultados deste estudo, pode-se concluir que há
correlação entre algumas habilidades em consciência fonológica e vocabulário
expressivo em crianças com desvio fonológico, nas idades de cinco a sete anos.
Os desempenhos nas habilidades em consciência fonológica e vocabulário
expressivo melhoraram à medida que a idade aumentou. Porém, levando-se em
consideração as correlações, a correlação entre elas é maior quando as crianças
são mais novas, ou seja, a influência que uma habilidade tem sobre a outra é mais
forte quando as crianças são mais jovens e estas habilidades estão em
desenvolvimento. Os níveis de consciência fonológica positivamente correlacionados
aos escores do vocabulário expressivo foram aqueles relativos às unidades de fala
maiores, como palavras, rimas e sílabas, o que poderia se justificar pelo fato de o
aprendizado do vocabulário expressivo estar intimamente atrelado ao
processamento de unidades de fala maiores e mais concretas para as crianças.
Quanto mais velhas as crianças vão ficando, estas habilidades vão se tornando mais
independentes, diminuindo o número de correlações.
Abstract
Purpose: To investigate the correlation between the performance of children with
phonological disorder in tests of expressive vocabulary and phonological awareness,
and to evaluate the influence of age.
Methods: Sample of 24 children between five and seven years-old, diagnosed with
phonological disorder and divided in groups according to the age. Tests of expressive
vocabulary and phonological awareness were applied. The collected data were
statistically analyzed.
Results: The five years-old group presented eighteen significant correlations
between the sub-tasks of phonological awareness and the expressive vocabulary
fields. Between them, seventeen were positive and one was negative. The seven
years-old group presented eleven significant correlations, six of them being negative
and five positive. Comparing the age groups, in both tests, higher scores were
reached by subjects with bigger age.
Conclusions: There is a correlation between some abilities in phonological
awareness and expressive vocabulary in children with phonological disorder, in
different ages. The performance in these abilities improved with age. Concerning
positive and negative correlations, they are better related with younger children. As
they grow older, these abilities get more independent and their correlations decrease.
The levels of phonological awareness positively correlated to the vocabulary were
the ones related to bigger speech units like words, rimes and syllables, suggesting
that the learning of expressive vocabulary is intimately bound to the processing of
speech units that are bigger and more concrete to the children.
Keywords: language tests, vocabulary, semantics, child language, language
development.
Referências Bibliográficas
1. Yavas M, Hernandorena CL, Lamprecht RR. Avaliação fonológica da criança:
reeducação e terapia. Porto Alegre: Artes Médicas; 1991.
2. Stoel-Gammon C. Normal and disordered phonology in two-years-olds. Top
Lang Disord. 1991; 11(4):21-32.
3. Mota HB. Fonologia: intervenção. In: Ferreira LP, Befi-Lopes DM, Limongi
SCO. Tratado de Fonoaudiologia. Editora Roca: São Paulo; 2004. p. 772-86.
4. Freitas GCM. Sobre a consciência fonológica. In: Lamprecht RR. Aquisição
fonológica do português: perfil de desenvolvimento e subsídios para terapia.
Artmed: Porto alegre; 2004. p. 179-92.
5. Cielo CA. Habilidades em consciência fonológica em crianças de 4 a 8 anos
de idade. Pró-fono. 2002; 14(3): 301-12.
6. Marchetti PT, Mezzomo CL, Cielo CA. Desempenho em consciência silábica e
fonêmica em crianças com desenvolvimento de fala normal e desviante. Rev.
CEFAC. 2009; 11(ahead of print).
7. Mota HB, Melo FMGC, Lasch SS. A consciência fonológica e o desempenho
na escrita sob ditado de crianças com desvio fonológico após realização de
terapia fonoaudiológica. Rev. CEFAC. 2007; 9(4): 477-482.
8. Spíndola RA, Payão LMC, Bandini HHM. Abordagem fonoaudiológica em
desvios fonológicos fundamentada na hierarquia dos traços distintivos e na
consciência fonológica. Rev. CEFAC. 2007; 9(2): 180-189.
9. Mota HB, Melo Filha MGC. Habilidades em consciência fonológica de sujeitos
após realização de terapia fonológica. Pró-Fono. 2009; 21(2):119-24.
10. Bassano D, Maillochon I, Eme E. Developmental changes and variability in the
early lexicon: a study of French children’s naturalistic productions. J Child
Lang. 1998; 25(3): 493-531.
11. Befi-Lopes DM, Gândara JP, Felisbino FS. Categorização semântica e
aquisição lexical: desempenho de crianças com alteração do desenvolvimento
da linguagem. Rev CEFAC. 2006; 8(2): 155-61.
12. Hage SRV, Pereira MB. Desempenho de crianças com desenvolvimento
típico de linguagem em prova de vocabulário expressivo. Rev. CEFAC. 2006;
8(4).
13. Cycowicz YM, Friedman D, Rothstein M, Snodgrass JG. Picture naming by
young children: norms for name agreement, familiarity, and visual complexity.
J Exp Child Psychol. 1997; 65(2):171-237.
14. Athayde ML, Carvalho Q, Mota HB. Vocabulário expressivo de crianças com
diferentes níveis de gravidade de desvio fonológico. Rev CEFAC. 2009;
11(Supl2): 161-8.
15. Gershkoff-Stowe L, Hahn ER. Fast Mapping Skills in the Developing Lexicon.
J Speech Lang Hear Res. 2007; 50(June 2007): 68297.
16. Tyler AA. Assessing stimulability in toddlers. J Commu Disord. 1996; 29 (4):
279-97.
17. McDowel KD, Lonigan CJ, Goldstein H. Relations among socioeconomic
status, age, and predictors of phonological awareness. J Speech Lang Hear
Res. 2007; 50(August): 107992.
18. Rvachew S, Chiang P, Evans N. Characteristics of Speech Errors Produced
by Children With and Without Delayed Phonological Awareness Skills. Lang
Speech Hear Serv Schools. 2007; 38(January): 60-71.
19. Hesketh A, Adams C, Nightingale C, Hall R. Phonological awareness therapy
and articulatory training approaches for children with phonological disorders: a
comparative outcome study. Int J Lang Comm Dis. 2000; 35(3): 33754.
20. Befi-Lopes DM. Vocabulário. In: Andrade CRF, Befi-Lopes DM, Fernandes
FDM, Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia,
vocabulário, fluência e pragmática. Barueri: Pró-Fono; 2000. cap. 2.
21. Cielo CA. Habilidades em consciência fonológica em crianças de 4 a 8 anos
de idade [Tese]. Porto Alegre (RS): Doutorado em Linguística Aplicada -
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2001.
22. Cielo CA. Avaliação de habilidades em consciência fonológica. J Bras
Fonoaudiol. 2003; 4(16): 163-74.
23. Ettore B, Mangueira ASC, Dias BDG, Teixeira JB, Nemr K. Relação entre
consciência fonológica e os níveis de escrita de escolares da 1ª série do
ensino fundamental de escola pública do município de Porto Real RJ. Rev
CEFAC. 2008; 10(2): 149-57.
24. Souza APR, Pagliarin KC, Ceron MI, Deuschle VP, Keske-Soares M.
Desempenho por tarefa em consciência fonológica: gênero, idade e gravidade
do desvio fonológico. Rev. CEFAC. 2009; 11(ahead of print).
25. Vieira MG, Mota HB, Keske-Soares M. Relação entre idade, grau de
severidade do desvio fonológico e consciência fonológica. Rev Soc Bras
Fonoaudiol. 2004; 9(3): 144-50.
26. Cárnio MS, Santos D. Evolução da consciência fonológica em alunos de
ensino fundamental. Pró-Fono. 2005; 17(2): 195-200.
27. Zuanetti PA, Schneck APC, Manfredi AKS. Consciência fonológica e
desempenho escolar. Rev CEFAC. 2008; 10(2): 168-74.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados encontrados neste estudo, em parte, alcançaram os objetivos
previstos, que eram comparar o desempenho de crianças com aquisição típica da
linguagem com o de crianças com desvio fonológico em testes de vocabulário
expressivo e consciência fonológica, verificar se havia relação entre o desempenho
das crianças com desvio fonológico nestes testes, e analisar a influência da idade
nestes desempenhos e de que maneira a idade interfere na relação entre estas
habilidades.
Conforme os resultados encontrados, respondendo aos objetivos propostos,
pode-se observar que os sujeitos com desvio fonológico de cinco e sete anos de
idade atingiram um desempenho significativamente inferior aos sujeitos com
aquisição típica da linguagem. Esta diferença não foi encontrada entre os sujeitos de
seis anos, concordando, desta forma, com a hipótese lançada de que sujeitos com
desvio fonológico poderiam apresentar uma maior dificuldade nestes campos
lingüísticos.
As análises, no geral, demonstraram que os desempenhos dos sujeitos nos
testes aplicados melhoraram conforme o aumento da idade. Também foi verificado
que existe correlação entre algumas habilidades em consciência fonológica e
vocabulário expressivo entre as crianças com desvio fonológico, nas faixas etárias
estudadas, uma vez que foram encontradas correlações positivas e significativas
entre algumas destas variáveis.
Portanto, é interessante rever que a correlação entre fonologia e léxico
aparentou ser intensa quando as crianças são mais novas, ou seja, a influência que
uma habilidade tem sobre a outra é mais forte quando as crianças são mais jovens e
estas habilidades estão em desenvolvimento. Com o aumento da idade, estas
habilidades vão se tornando mais independentes, diminuindo o número de
correlações, embora a performance nestas habilidades se aperfeiçoe à medida que
as crianças vão ficando mais velhas.
Embora a presente pesquisa apresente limitações, como um número restrito
de sujeitos, esta sugere uma nova forma de se abordar os elementos da linguagem,
em especial a fonologia e a semântica. Fonoaudiólogos clínicos e pesquisadores
devem estar atentos a estes subsistemas na hora de avaliar e planejar o tratamento
de crianças com desvio fonológico.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDREAZZA-BALESTRIN, C.; CIELO, C. A. O professor pré-escolar e sua prática
em consciência fonológica. Rev Soc Bras Fonoaudiol, ano 8, n. 1, p. 27-34,
junho/2003.
ATHAYDE, M. L.; CARVALHO, Q.; MOTA, H. B. Vocabulário expressivo de crianças
com diferentes níveis de gravidade de desvio fonológico. Rev CEFAC, v.11, Supl2,
p.161-168, 2009.
BAGETTI, T. Mudanças fonológicas em sujeitos com diferentes graus de
severidade do desvio fonológico tratados pelo modelo de oposições máximas
modificado. 2005. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana)
Universidade Federal de Santa Maria, 2005.
BASSANO, D.; MAILLOCHON, I.; EME, E. Developmental changes and variability in
the early lexicon: a study of French children’s naturalistic productions. J Child Lang,
v.25, n.3, p.493-531, 1998.
BASTOS, D. A.; BEFI-LOPES, D. M.; RODRIGUES, A. Habilidade de organização
hieráquica do sistema lexical em crianças com distúrbio específico de linguagem.
Rev Soc Bras Fonoaudiol, v. 11, n. 2, p. 82-89, 2006.
BEFI-LOPES, D. M.; Vocabulário. In: ANDRADE, C. R. F.; BEFI-LOPES, D. M.;
FERNANDES, F. D. M.; WERTZNER, H. F. ABFW: Teste de linguagem infantil nas
áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Carapicuíba: Pró-Fono, 2000.
cap. 2.
BEFI-LOPES, D. M.; GALEA, D. E. dos S. Análise do desenvolvimento lexical em
crianças com alterações no desenvolvimento da linguagem. Pró-fono, v. 12, n. 2, p.
31-37, set. 2000.
BEFI-LOPES, D. M.; GANDARA, J. P. Desempenho em prova de vocabulário de
crianças com diagnóstico de alteração fonológica. Rev Soc Bras Fonoaudiol, v. 7,
n.1, p. 16-22, 2002.
BEFI-LOPES, D. M.; GÂNDARA, J. P.; FELISBINO, F. da S. Categorização
semântica e aquisição lexical: desempenho de crianças com alteração do
desenvolvimento da linguagem. Rev CEFAC, v. 8, n. 2, p. 155-16, abr./jun. 2006.
BROOKS, R.; MELTZOFF, A.N. Infant gaze following and pointing predict accelerated
vocabulary growth through two years of age: a longitudinal, growth curve modeling
study. J Child Lang, n.35, p.207-220, 2008.
CÁRNIO, M. S.; SANTOS, D. Evolução da consciência fonológica em alunos de
ensino fundamental. Pró-Fono, v.17, n.2, p. 195-200, 2005.
CIELO, C. A. Habilidades em consciência fonológica em crianças de 4 a 8 anos
de idade. 2001. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.
CIELO, C. A. Habilidades em consciência fonológica em crianças de 4 a 8 anos de
idade. Pró-fono, v. 14, n. 3, p. 301-312, set./dez. 2002.
CIELO, C. A. Avaliação de habilidades em consciência fonológica. J Bras
Fonoaudiol, v. 4, n. 16, p. 163-174, jul./set. 2003.
CYCOWICZ, Y. M. et al. Picture naming by young children: norms for name
agreement, familiarity, and visual complexity. J Exp Child Psychol, v.65, n. 2, p.171-
237, 1997.
DAMBROWSKI, A. B. et al. Influência da consciência fonológica na escrita de pré-
escolares. Rev CEFAC, v.10, n.2, p. 175-181, abr/jun, 2008.
DIAS, R. F.; MOTA, H. B.; MEZZOMO, C. L. A consciência fonológica e a consciência
do próprio desvio de fala nas diferentes gravidades do desvio fonológico. Rev
CEFAC, v.11, n. Ahead of print, 2009.
ETTORE, B. et al. Relação entre consciência fonológica e os níveis de escrita de
escolares da 1ª série do ensino fundamental de escola pública do município de Porto
Real RJ. Rev CEFAC, v.10, n.2, 149-157, abr/jun, 2008.
FREITAS, G. C. M. Sobre a consciência fonológica. In: LAMPRECHT, R. R.
Aquisição fonológica do português: perfil de desenvolvimento e subsídios para
terapia. Porto alegre: Artmed, 2004. cap. 11, p. 179-192.
GERSHKOFF-STOWE, L.; HAHN, E. R. Fast Mapping Skills in the Developing
Lexicon. J Speech, Lang Hear Res, v. 50, p.682697, June, 2007.
GERSHKOFF-STOWE, L.; SMITH, L. B. A Curvilinear Trend in Naming Errors as a
Function of Early Vocabulary Growth. Cognitive Psychology, v. 34, p. 3771, 1997.
GINDRI, G.; KESKE-SOARES, M.; MOTA, H. B. Memória de trabalho, consciência
fonológica e hipótese de escrita. Pró-Fono, v.19, n.3, p. 313-322, 2007.
HAGE, S. R. de V.; PEREIRA, M. B. Desempenho de crianças com desenvolvimento
típico de linguagem em prova de vocabulário expressivo. Rev CEFAC, v. 8, n.
4,out./dez. 2006.
HESKETH, A. et al. Phonological awareness therapy and articulatory training
approaches for children with phonological disorders: a comparative outcome study.
Int J Lang Commun Dis, v. 35, n. 3, p. 337354, 2000.
JOHNSON, C.J.; PAIVIO, A.; CLARK, J.M. Cognitive components of picture naming.
Psychol Bull, v. 120, n. 1, p. 113-139, 1996.
LAMPRECHT, R. R. Sobre os desvios fonológicos. In: LAMPRECHT, R. R.
Aquisição fonológica do português: perfil de desenvolvimento e subsídios para
terapia. Porto alegre: Artmed, 2004. cap. 12, p.193-212.
LAZZAROTTO, C.; CIELO, C. A. Consciência fonológica e sua relação com a
alfabetização. Rev Soc Bras Fonoaudiol, v.7, n. 2, p. 15-24, 2002.
MARCHETTI, P. T.; MEZZOMO, C. L.; CIELO, C. A. Desempenho em consciência
silábica e fonêmica em crianças com desenvolvimento de fala normal e desviante.
Rev CEFAC , v.11, n. ahead of print, 2009.
MCDOWEl, K. D.; LONIGAN, C. J.; GOLDSTEIN, H. Relations Among
Socioeconomic Status, Age, and Predictors of Phonological Awareness. J Speech
Lang Hear Res, v. 50, p. 10791092, August, 2007.
MIRANDA, M. C.; POMPÉIA, S.; BUENO, O. F. A. Um estudo comparativo das
normas de um conjunto de 400 figuras entre crianças brasileiras e americanas. Rev
Bras Psiquiatr, v.26, n. 4, p. 226-233, 2004.
MORALES, M. V.; MOTA, H. B.; KESKE-SOARES, M. Consciência fonológica:
desempenho de crianças com e sem desvios fonológicos evolutivos. Pró-fono, v. 14,
n. 2, p. 153-164, maio/ago, 2002.
MOTA, H. B. Fonologia: intervenção. In: Ferreira, L.P.; Befi-lopes , D. M.; Limongi, S.
C. O. (Org.). Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Rocca, 2004. cap. 63, p. 787-
814.
MOTA, H. B.; FILHA, M. das G. de C. M.; LASCH, S. S. A consciência fonológica e o
desempenho na escrita sob ditado de crianças com desvio fonológico após
realização de terapia fonoaudiológica. Rev CEFAC, v. 9, n. 4, p. 477-482,
out./dez. 2007.
MOTA, H.B.; MELO FILHA, M.G.C. Habilidades em consciência fonológica de
sujeitos após realização de terapia fonológica. Pró-Fono, v. 21, n. 2, p. 119-124, abr-
jun, 2009.
MOTA, H.B. et al. Alterações no vocabulário expressivo de crianças com desvio
fonológico. Rev Soc Bras Fonoaudiol, v. 14, n. 1, p. 41-47, 2009.
MOURA, S. R. S.; CIELO, C. A.; MEZZOMO, C. L. Consciência fonêmica em
meninos e meninas. Rev Soc Bras Fonoaudiol, v. 14, n.2, p. 205-211, 2009.
MOURA, S. R. S.; MEZZOMO, C.L.; CIELO, C. A. Estimulação em consciência
fonêmica e seus efeitos em relação à variável sexo. Pró-Fono, v. 21, n. 1, p. 51-56,
jan/mar, 2009.
PAULA, G. R.; MOTA, H. B.; KESKE-SOARES, M. A terapia em consciência
fonológica no processo de alfabetização. Pró-Fono, v.17, n.2, p. 175-184, ago,
2005.
PEDRAS, C. T. P. de A.; GERALDO, T.; CRENITTE, P. de A. P. Consciência
fonológica em crianças de escola pública e particular. Rev Soc Bras Fonoaudiol, v.
11, n. 2, p. 65-69, 2006.
PEDROMÔNICO, M. R. M.; AFFONSO, L. A.; SAÑUDO, A. Vocabulário expressivo
de crianças entre 22 e 36 meses: estudo exploratório. Rev Bras Cresc Desenvolv
Hum, v. 12, n. 2, p. 13-22, jul./dez. 2002.
PEREIRA, L. F. Desvio fonológico: desempenho de pré-escolares em tarefas
lingüísticas e metalingüísticas nos diferentes graus de gravidade. 2006. Tese
(Doutorado em Ciências dos Distúrbios da Comunicação Humana) Universidade
Federal de São Paulo, São Paulo, 2006.
RIZZON, G. F.; CHIECHELSKI, P.; GOMES, E. Relação entre consciência fonológica
e desvio fonológico em crianças da série do ensino fundamental. Rev CEFAC,
v.11, Supl2, p. 201-207, 2009.
ROWE, M. L. Child-directed speech: relation to socioeconomic status, knowledge of
child development and child vocabulary skill. J Child Lang, v. 35, p. 185-205, 2008.
RVACHEW, S.; GRAWBURG, M. Correlates of Phonological Awareness in
Preschoolers With Speech Sound Disorders. J Speech Lang Hear Res, v.49, p. 74-
87, February, 2006.
RVACHEW, S.; CHIANG, P.; EVANS, N. Characteristics of Speech Errors Produced
by Children With and Without Delayed Phonological Awareness Skills. Lang Speech
Hear Serv Schools, v. 38, p. 60-71, January, 2007.
SALLES, J. F. et al. Desenvolvimento da consciência fonológica de crianças de
primeira e segunda séries. Pró-fono, v. 11, n. 2, p. 68-76, set. 1999.
SANTOS, M. T. M. dos. Vocabulário, consciência fonológica e nomeação rápida:
contribuições para a ortografia e elaboração escrita. 2007. Tese (Doutorado em
Semiótica e Linguística Geral) Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
SPÍNDOLA, R. de A.; PAYÃO, L. M. da C.; BANDINI, H. H. M. Abordagem
fonoaudiológica em desvios fonológicos fundamentada na hierarquia dos traços
distintivos e na consciência fonológica. Rev CEFAC, v. 9, n. 2, p. 180-189, abr./jun.,
2007.
SOUZA, A. P. R. et al. Desempenho por tarefa em consciência fonológica: gênero,
idade e gravidade do desvio fonológico. Rev CEFAC, v.11, n. ahead of print, 2009.
STOEL-GAMMON, C. Normal and disordered phonology in two-years-olds. Top
Lang Disord, v. 11, n. 4, p. 21-32, 1991.
TYLER, A. A. Assessing stimulability in toddlers. J Commun Dis, v. 29, n. 4, p. 279-
297, 1996.
VIDOR, D. C. G. M. Aquisição lexical inicial por crianças falantes de português
brasileiro: discussão do fenômeno da explosão do vocabulário e da atuação da
hipótese do viés nominal. 2008. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada)
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
VIEIRA, M. G.; MOTA, H. B.; KESKE-SOARES, M. Relação entre idade, grau de
severidade do desvio fonológico e consciência fonológica. Rev Soc Bras
Fonoaudiol, v. 9, n. 3, p. 144-150, jul./set. 2004.
ZUANETTI, P. A.; SCHNECK, A. P. C.; MANFREDI, A. K. S. Consciência fonológica e
desempenho escolar. Rev CEFAC, v.10, n.2, p. 168-174, abr-jun, 2008.
WERTZNER, H. F.; AMARO, L.; TERAMOTO, S. S. Gravidade do distúrbio
fonológico: julgamento perceptivo e porcentagem de consoantes corretas. Pró-fono,
v. 17, n. 2, maio-ago. 2005.
YAVAS, M.; HERNANDORENA, C. L.; LAMPRECHT, R. R. Avaliação fonológica da
criança: reeducação e terapia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
7 ANEXOS
Anexo A Carta de aprovação do comitê de ética em pesquisa Projeto 1
Anexo B Carta de aprovação do comitê de ética em pesquisa Projeto 2
Anexo C Termo de consentimento institucional Projeto 1
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
Mestranda pesquisadora: Roberta Freitas Dias
Profa Orientadora: Dra. Helena Bolli Mota
Profa Co-Orientadora: Dra. Carolina Lisboa Mezzomo
Eu, Roberta Freitas Dias, aluna do Programa de Pós-Graduação, Mestrado
em Distúrbios da Comunicação Humana, da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), orientanda das Profas. Dras. Helena Bolli Mota e Carolina Lisboa
Mezzomo, estou desenvolvendo uma pesquisa que tem como titulo "A estratégia de
alongamento compensatório e sua relação com a performance nas habilidades de
Consciência Fonológica". O objetivo geral deste trabalho é investigar a correlação
entre o uso da estratégia de reparo de alongamento compensatório com as
habilidades em consciência fonológica e a consciência do próprio desvio de fala em
crianças com Desvio Fonológico Evolutivo.
Para que este estudo seja realizado, necessito de sua colaboração no sentido
de fornecer seu consentimento, após os devidos esclarecimentos que me proponho
a apresentá-los a seguir. Para as crianças que forem encaminhadas a triagem
fonoaudiológica, será entregue aos pais/responsáveis um termo de consentimento
livre e esclarecido fornecido pela pesquisadora, sendo que a participação da criança
dependerá da assinatura desse documento.
As crianças que os pais/responsáveis consentirem a participação passarão
por diversas avaliações. Inicialmente serão realizadas a avaliação da audição com a
inspeção do meato acústico externo (utilização de um aparelho para verificar a
presença de cera e/ou objetos estranhos no ouvido) e a audiometria tonal liminar
(avaliação da audição através de audiômetro). Apos, serão realizadas as avaliações
fonoaudiológicas sendo: avaliação dos órgãos da fala, avaliação fonética (forma
como os sons são produzidos), da linguagem, avaliação do sistema fonológico (se
troca letras), avaliação do nível de escrita, da consciência fonológica (conhecimento
dos sons da língua) e da consciência do próprio desvio de fala (se a criança sabe
que troca letras). As avaliações serão realizadas pela autora do projeto no próprio
Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF) da (UFSM) e na escola. Estes
procedimentos de avaliação não causarão danos ou risco à saúde da criança. Todas
as avaliações serão realizadas pela pesquisadora e por alunas do curso de
fonoaudiologia, sem nenhum custo financeiro. A pesquisadora informa, ainda, que a
participação desta Instituição nesta pesquisa estará sendo totalmente assegurada,
quanto ao aspecto do sigilo das informações obtidas nas avaliações, as quais serão
utilizadas para análise estatística e posterior publicação dos resultados. Afirma
também que a participação de seu aluno neste poderá ser suspensa a qualquer
momento sem prejuízo a sua pessoa.
A Escola _________________________________________________________,
representada por _______________________________________ esta esclarecida
e ciente das finalidades do estudo realizado pela Fga. Roberta Freitas Dias,
portanto, dando consentimento para que a coleta de dados seja realizada neste
educandário e com os seus alunos.
_____________________________________
Ass: do Responsável pela Instituição
_____________________________________
Fga. Roberta Freitas Dias
Pesquisadora
Coordenadora do Projeto: Profa. Dra. Helena Bolli Mota
Endereço Profissional: Universidade Federal de Santa Maria UFSM
Campus Universitário Centro de Ciências da Saúde Prédio 26 sala 1432
andar
Telefone: (55) 2208348 ou 2209239
Santa Maria, ___/____/ 2007.
Anexo D Termo de consentimento institucional Projeto 2
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Curso de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
Mestranda pesquisadora: Marcia de Lima Athayde
Profª Orientadora: Drª. Helena Bolli Mota
Profª Co-Orientadora: Drª. Carolina Lisboa Mezzomo
Eu, Marcia de Lima Athayde, aluna do Curso de s-Graduação, Mestrado
em Distúrbios da Comunicação Humana, da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), orientanda das Profªs. Drª. Helena Bolli Mota e Carolina Lisbôa Mezzomo,
estou desenvolvendo uma pesquisa que tem como título " Vocabulário Expressivo e
Habilidades de Memória de Trabalho em crianças com desenvolvimento fonológico
normal e desviante”.
O objetivo geral deste trabalho é verificar a possível relação entre o
desempenho do vocabulário expressivo com as habilidades de memória de trabalho
em crianças com desenvolvimento fonológico normal e desviante.
Para que este estudo seja realizado, necessito de sua colaboração no sentido
de fornecer seu consentimento, após os devidos esclarecimentos que me proponho
a apresentá-los a seguir.
Para as crianças que forem encaminhadas à triagem fonoaudiológica, será
entregue aos pais/responsáveis um termo de consentimento livre e esclarecido
fornecido pela pesquisadora, sendo que a participação da criança dependerá da
assinatura desse documento.
As crianças que os pais/responsáveis consentirem a participação passarão
por diversas avaliações. Inicialmente, serão realizadas a avaliação da audição com a
inspeção do meato acústico externo (utilização de otoscópio para verificar
visualmente a presença de cera e/ou objetos estranhos no ouvido) e a audiometria
tonal liminar (avaliação da audição através de audiômetro). Após, serão realizadas
as avaliações fonoaudiológicas sendo: avaliação dos órgãos da fala, avaliação
fonética (forma como os sons são produzidos), da linguagem compreensiva e
expressiva (produção da fala e compreensão), avaliação do sistema fonológico (se
troca letras), da memória de trabalho e do vocabulário expressivo. As avaliações
serão realizadas pela autora do projeto no próprio Serviço de Atendimento
Fonoaudiológico (SAF) da (UFSM) e na escola.
Estes procedimentos de avaliação não causarão danos ou risco à saúde da
criança. Todas as avaliações serão realizadas pela pesquisadora e por alunas do
curso de fonoaudiologia, sem nenhum custo financeiro. A pesquisadora informa,
ainda, que a participação desta Instituição nesta pesquisa estará sendo totalmente
assegurada, quanto ao aspecto do sigilo das informações obtidas nas avaliações, as
quais serão utilizadas para análise estatística e posterior publicação dos resultados.
Afirma também que a participação de seu aluno neste poderá ser suspensa a
qualquer momento sem prejuízo a sua pessoa.
A Escola _______________________________________________________,
representada por _______________________________________ está esclarecida
e ciente das finalidades do estudo realizado pela Fgª. Marcia de Lima Athayde,
portanto, dando consentimento para que a coleta de dados seja realizada neste
educandário e com os seus alunos.
_____________________________________
Ass: do Responsável pela Instituição
_____________________________________
Fga. Marcia de Lima Athayde
Pesquisadora
Coordenadora do Projeto: Profª. Drª. Helena Bolli Mota
Endereço Profissional: Universidade Federal de Santa Maria UFSM
Campus Universitário Centro de Ciências da Saúde Prédio 26 sala 1432
andar
Telefone: (55) 2208348 ou 2209239
Santa Maria, ___/____/ 2007.
Anexo E Termo de consentimento livre e esclarecido Projeto 1
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
Mestranda pesquisadora: Roberta Freitas Dias
Profa Orientadora: Dra. Helena Bolli Mota
Profa Co-Orientadora: Dra. Carolina Lisboa Mezzomo
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
As informações contidas neste termo de consentimento livre e esclarecido foram
fornecidas pela pesquisadora, Fga. Roberta Freitas Dias com o objetivo de obter a
autorização da participação da criança, por escrito, com conhecimento do que será
realizado, por livre vontade.
Título do estudo: "A estratégia de alongamento compensatório e sua relação com a
performance nas habilidades de Consciência Fonológica".
Justificativa: Crianças que apresentam trocas nos sons da fala e que não são mais
esperadas para a sua idade, nem justificadas por problemas neurológicos, auditivos
ou emocionais apresentam o que se chama Desvio Fonológico. Essas crianças,
frente à dificuldade em produzir determinadas combinações de sons, fazem
adaptações ao produzir as palavras, como por exemplo, o prolongamento de uma
determinada vogal, chamado de alongamento compensatório. Quando a criança faz
adaptações, sugere-se que ela possui conhecimento do som correto, mas não
consegue produzi-lo. A habilidade que permite à criança perceber que as palavras
são formadas por varias letras e sons e que estes podem ser combinados de várias
maneiras, formando novas palavras é chamada de consciência fonológica. Espera-
se que crianças que fazem alongamento de vogais, como uma adaptação, possuam
um melhor desempenho em consciência fonológica e, também, consciência das
próprias trocas de sons na fala. Com este estudo, poderá se constatar se existe
relação entre o uso do alongamento compensatório e melhor desempenho em
consciência fonológica. Os resultados encontrados poderão contribuir para
elaboração de terapias mais eficazes.
Objetivos: investigar a relação entre o uso da estratégia de reparo de alongamento
compensatório com as habilidades em consciência fonológica e a consciência do
próprio desvio de fala em crianças com Desvio Fonológico Evolutivo.
Procedimentos: inicialmente, será realizada avaliação da audição com a inspeção
da orelha (utilização de um aparelho para verificar a presença de cera e/ou objetos
estranhos no ouvido) e a audiometria tonal liminar (avaliar se a criança esta
escutando adequadamente). Após, serão realizadas as avaliações fonoaudiológicas,
sendo elas avaliação dos órgãos da fala (analisar lábios, língua, bochechas, dentes,
céu da boca usando luvas para tocar, sem qualquer desconforto ou dor); avaliação
das funções dos órgãos da fala como mastigação, deglutição, sucção e respiração
(para isso será utilizada uma bolacha doce ou salgada, ou um pedaço de pão
francês e água); avaliação fonética (forma como os sons são produzidos); avaliação
da linguagem (a criança devera contar uma historia a partir de gravuras); avaliação
do sistema fonológico (nomeação de figuras que e gravado para verificar as trocas
de sons na fala); avaliação do uso da estratégia de alongamento compensatório
(através de uma gravação da fala da criança com a nomeação de gravuras);
avaliação do nível de escrita (será solicitado a criança que escreva algumas
palavras e frase); avaliação da consciência fonológica (se a criança conhece os sons
da língua) e da consciência do próprio desvio de fala (verificar se a criança sabe que
troca letras). As avaliações serão feitas no Serviço de Atendimento Fonoaudiológico
(SAF) e/ou na escola e serão gratuitas.
Desconfortos e riscos esperados: Não existe risco. O desconforto poderá existir
devido ao tempo das avaliações serem de aproximadamente 45 minutos e, também,
na avaliação dos órgãos da fala, caso a criança não goste do alimento oferecido
e/ou ao permanecer por alguns segundos com um gole de água na boca. A criança
não será forçada a ingerir o que não gosta e nem permanecer com água na boca.
Benefícios para os examinados: As crianças receberão uma avaliação
fonoaudiológica nos aspectos de linguagem, fala e audição, podendo-se, assim, em
caso de se encontrar alterações, fazer os encaminhamentos necessários. Os
encaminhamentos, quando necessários, não garantem o atendimento, sendo
realizada apenas indicação onde devem buscar avaliação e tratamento.
Informações adicionais: Os dados de identificação serão descaracterizados,
quanto aos materiais gravados, sendo os mesmos utilizados única e exclusivamente
em eventos científicos da área ou áreas afins. É permitido aos participantes
desistirem da participação, em qualquer momento, sem que isto acarrete prejuízo ao
acompanhamento de seu caso. Além disso, poderão receber, sempre que
solicitadas informações atualizadas sobre todos os procedimentos, objetivos e
resultados do estudo realizado.
Eu, ____________________________________________, portador (a) da carteira
de identidade ______________________, responsável por
______________________________________ certifico que apos a leitura deste
documento e de outras explicações dadas pela fonoaudióloga Roberta Freitas Dias
(fone: (55)3225 1029), sobre os itens acima, estou de acordo com a realização deste
estudo autorizando a participação de meu/minha filho (a).
_______________________________
- Assinatura do responsável
________________________________ ______________________________
Profa. Dra. Helena Bolli Mota Fga. Roberta Freitas Dias
Orientadora Mestranda
Santa Maria, __ de _____________ de 2007.
Se você tiver alguma consideração ou duvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato: Comitê de
Ética em Pesquisa - CEP-UFSM - Av. Roraima, 1000 - Prédio da Reitoria 7o andar Campus
Universitário 97105-900 Santa Maria-RS - tel.: (55) 32209362 - email:
comiteeticapesq[email protected]sm.br
Anexo F Termo de consentimento livre e esclarecido Projeto 2
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Curso de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
Mestranda pesquisadora: Marcia de Lima Athayde
Profª Orientadora: Drª. Helena Bolli Mota
Profª Co-Orientadora: Drª. Carolina Lisboa Mezzomo
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
As informações contidas neste termo de consentimento livre e esclarecido
foram fornecidas pela pesquisadora, Fgª. Marcia de Lima Athayde, com o objetivo de
obter a autorização da participação da criança, por escrito, com conhecimento do
que será realizado, por livre vontade.
Título do estudo: "Vocabulário Expressivo e Habilidades de Memória de Trabalho
em crianças com desenvolvimento fonológico normal e desviante ".
Justificativa: É importante que esta pesquisa seja realizada para uma melhor
compreensão das relações/interferências entre o vocabulário expressivo e a
memória de trabalho em crianças com desenvolvimento fonológico normal e
desviante. Este conhecimento auxiliará na detecção precoce de déficits nessas
habilidades por meio de avaliações aplicadas em terapias fonoaudiológicas,
direcionando, assim, para uma conduta terapêutica mais adequada. Logo,
programas de intervenções para essas habilidades poderão ser realizados de forma
integrada à terapia fonológica para as alterações da fala, possibilitando um tempo
mais curto de intervenção.
Objetivos: verificar a possível relação entre o desempenho do vocabulário
expressivo com as habilidades de memória de trabalho em crianças com
desenvolvimento fonológico normal e desviante.
Procedimentos: inicialmente será realizada avaliação da audição com a inspeção
do meato acústico externo (utilização de otoscópio para verificar visualmente a
presença de cera e/ou objetos estranhos no ouvido) e a audiometria tonal liminar
(avaliação da audição através de audiômetro). Após, serão realizadas as avaliações
fonoaudiológicas, sendo elas: avaliação dos órgãos da fala, avaliação fonética
(forma como os sons são produzidos), da linguagem, avaliação do sistema
fonológico (se troca letras), da memória de trabalho e do vocabulário expressivo. As
avaliações serão feitas no Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF) e/ou na
escola e serão gratuitas.
Desconfortos e riscos esperados: Não existe risco. O desconforto poderá existir
devido ao tempo das avaliações serem de aproximadamente 45 minutos.
Benefícios para os examinados: As crianças receberão avaliação fonoaudiológica
nos aspectos de linguagem, fala e audição. Em caso de se encontrarem alterações
nestas avaliações, as crianças serão encaminhadas ao Serviço de Atendimento
Fonoaudiológico (SAF) de modo a permanecerem na fila de espera deste serviço e,
posteriormente, receberem tratamento fonoaudiológico, assim como para avaliações
complementares.
Informações adicionais: Os dados de identificação são sigilosos, os materiais
gravados serão mantidos em sigilo absoluto no banco de dados do Centro de
Estudos de Linguagem e Fala (CELF) da UFSM, sendo os mesmos utilizados única
e exclusivamente em eventos científicos da área ou áreas afins. É permitido aos
participantes desistirem da participação, em qualquer momento, sem que isto
acarrete prejuízo ao acompanhamento de seu caso. Além disso, poderão receber,
sempre que solicitado informações atualizadas sobre todos os procedimentos,
objetivos e resultados do estudo realizado.
Eu, ____________________________________________, portador (a) da carteira
de identidade ______________________, responsável por
______________________________________ certifico que após a leitura deste
documento e de outras explicações dadas pela fonoaudióloga Marcia de Lima
Athayde (fone: (55)3025-7812, sobre os itens acima, estou de acordo com a
realização deste estudo autorizando a participação de meu/minha filho (a).
_____________________________ _____________________________
- Assinatura do responsável - - Assinatura do pesquisador
Santa Maria, ___ de _____________ de 2007.
Se você tiver alguma consideração ou duvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato:
Comitê de Ética em Pesquisa/ CEP/UFSM: Avenida Roraima, 1000. Prédio da Reitoria, andar.
Campus Universitário 97105-900 Santa Maria/RS Telefone: 3220-9362.
Email: comiteeticapesquisa@mail.ufsm.br
Anexo G Avaliação do vocabulário expressivo (BEFI-LOPES, 2000)
Nome da criança:
Data de nascimento: Idade:
Data da avaliação:
Percentuais esperados para as designações por vocábulos usuais, conforme a faixa etária
Campo conceitual
4:0 anos
% DVU
5:0 anos
% DVU
6:0 anos
% DVU
Vestuário
50
65
80
Animais
40
60
70
Alimentos
60
70
90
Meios de transporte
50
60
70
Móveis e utensílios
60
60
65
Profissões
20
35
45
Locais
50
70
70
Formas e cores
30
70
85
Brinquedos e
instrumentos musicais
40
55
70
Anexo H Protocolo de avaliação das habilidades em consciência fonológica
(CIELO, 2001)
100
101
Anexo I Tarefas realizadas com êxito por faixa etária (CIELO, 2001)
TAREFAS
4 ANOS
5 ANOS
6 ANOS
7 ANOS
8 ANOS
T1 Duas palavras
T1 Três palavras
T1 Quatro palavras
T1 Cinco palavras
T1 Seis palavras
T1 Sete palavras
T2
T3 Diss.
T3 Triss.
T4 Diss.
T4 Triss.
T4 Quadriss.
T5 Diss.
T5 Triss.
T5 Quadriss.
T6 Inicial
T6 Final
T6 Medial
T7 Diss.
T7 Triss.
T7 Quadriss.
T8 Inicial
T8 Final
T8 Medial
T9 Inicial
T9 Final
T9 Medial
T10 Três fon.
T10 Quatro fon.
T10 Cinco fon.
T10 Seis fon.
T10 Sete fon.11
T11 Três fon.
T11 Quatro fon.
T11 Cinco fon.
T11 Seis fon.
T11 Sete fon.
T12 Dois e três fon.
T12 Quatro e cinco fon.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo