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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
NÚCLEO DE PESQUISA ENFERMAGEM E SAÚDE DO TRABALHADOR
BIOSSEGURANÇA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
CHRISTINA F. CORRÊA
RIO DE JANEIRO
JULHO, 2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
NÚCLEO DE PESQUISA ENFERMAGEM E SAÚDE DO TRABALHADOR
BIOSSEGURANÇA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Corpo Docente do Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem da Escola de
Enfermagem Anna Nery, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro UFRJ, como
parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em
Enfermagem.
Mestranda: Christina F. Corrêa
Orientadora: Profª Drª Marilurde Donato
RIO DE JANEIRO
JULHO, 2006
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Corrêa, Christina F.
Biossegurança em uma
Unidade de Terapia
Intensiva a percepção da
equipe de enfermagem.- Rio
de Janeiro: UFRJ/ EEAN,
2006.
99 f.
Orientador: Marilurde
Donato
Dissertação (mestrado)
UFRJ/ EEAN/ Programa de
Pós-graduação em
Enfermagem, 2006.
Referências: f. 88-94
1. Biossegurança. 2.
11
BIOSSEGURANÇA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Christina F. Corrêa
Orientador: Profª Drª Marilurde Donato
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do tulo
de Mestre em Enfermagem.
Aprovado por:
.................................................................................................
Presidente: Profª Drª Marilurde Donato UFRJ
....................................................................................................
1º Examinador: Profª Drª Maria Yvone Chaves Mauro (UERJ)
....................................................................................................
2º Examinador: Prof. Dr. Antonio José Cupello (UERJ)
....................................................................................................
Suplente: Profª Drª Norma Valéria Dantas de Oliveira Souza (UERJ)
....................................................................................................
Suplente: Profª Drª Sheila Nascimento Pereira de Farias (UFRJ)
RIO DE JANEIRO
JULHO, 2006
12
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, por tudo o que fizeram até aqui.
À professora doutora Marilurde Donato, por ter aceitado ser a orientadora
deste estudo e por suas contribuições ao longo da construção da dissertação.
Às professoras doutoras Márcia Lisboa e Regina Zeitoune, por terem
despertado em mim o interesse para as questões voltadas para a saúde do
trabalhador, e também pelo apoio e contribuições que deram a este estudo.
À professora doutora Sheila Nascimento, pelas contribuições dadas ao
estudo.
À equipe de enfermagem da Instituição que serviu de cenário para este
estudo, que com espontaneidade e alegria, aceitaram participar da construção
dessa dissertação.
À direção da Instituição que serviu de cenário para este estudo, ao
gerente de enfermagem, à chefia da UTI e à enfermeira do Serviço de
Educação Continuada, pelo apoio e interesse demonstrado em contribuir para
realização desta dissertação.
Às minhas amigas Sandra Borges e Marta Enokibara, que me
incentivaram a enfrentar o desafio de fazer o curso de mestrado, me apoiando e
estimulando em todos os momentos; e à minha amiga Verônica, que caminhou
ao meu lado nessa jornada.
A todos os que contribuíram direta ou indiretamente para a construção
desta dissertação.
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BIOSSEGURANÇA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Christina F. Corrêa
Orientador: Profª Drª Marilurde Donato
CORRÊA, Christina F. Biossegurança em uma Unidade de Terapia Intensiva
a Percepção da Equipe de Enfermagem. Orientadora: Prof. Dra. Marilurde
Donato. Rio de Janeiro, 2006. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)
Escola de Enfermagem Anna Nery, Centro de Ciências da Saúde, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2006.
RESUMO
Este estudo teve com objeto a percepção da equipe de enfermagem
acerca da importância de adotar e implementar medidas de biossegurança em
uma unidade de terapia intensiva (UTI); como questão norteadora: a equipe de
enfermagem percebe a importância das medidas de biossegurança na UTI?, e
como objetivos: descrever as medidas de biossegurança adotadas pela equipe
de enfermagem durante a assistência prestada em UTI; identificar a percepção
da equipe de enfermagem acerca da importância da adoção e implementação
das medidas de biossegurança durante a assistência prestada em UTI; analisar
as possibilidades de implementação, pela equipe de enfermagem, de medidas
de biossegurança durante a assistência prestada em UTI. Como suporte teórico
da pesquisa foi adotado o conceito de biossegurança; a análise das Normas
Regulamentadoras nºs. 17 e 32; a legislação sobre biossegurança; a
caracterização de uma unidade de terapia intensiva e a importância da
promoção da saúde do trabalhador no que diz respeito às medidas de
biossegurança. Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória, descritiva, com
abordagem qualitativa, cujo cenário de estudo foi uma UTI de uma Instituição
de saúde da rede privada do município do Rio de Janeiro e os sujeitos, vinte e
nove profissionais de enfermagem, sendo sete enfermeiros e vinte e dois
técnicos de enfermagem, do total de quarenta e quatro lotados no setor. Os
instrumentos de coleta de dados foram: roteiro de entrevista semi estruturada
e observação sistemática das atividades desenvolvidas na UTI, com o registro
em diário de campo. A análise e interpretação dos dados foi realizada através
da análise de conteúdo de Bardin. As três categorias encontradas foram:
medidas de biossegurança adotadas pela equipe de enfermagem; percepção
da equipe de enfermagem em relação à importância da adoção e
implementação das medidas de biossegurança; possibilidades de intervenção
para a adoção e implementação das medidas de biossegurança. O estudo
concluiu que a percepção deve levar em consideração a captação de
conhecimento como promoção da coordenação da conduta, inferindo-se que a
adoção e a implementação das medidas de biossegurança na UTI não foram
suficientemente profundas devido a pouca discussão e a desinformação acerca
do tema, visto que se restringiram basicamente a utilização dos equipamentos
de proteção individual (EPI‟s), lavagem das mãos e cuidados com perfuro-
cortantes ela equipe de enfermagem. Como sugestão, destaca-se a importância
de que a Direção Geral, a Gerência de Enfermagem e o Setor de Segurança no
Trabalho continuem envidando esforços para promover e prevenir os problemas
14
relacionados ao ambiente de trabalho, aliados ao envolvimento e
comprometimento da equipe de enfermagem para que os acidentes de trabalho
e a aquisição de doenças ocupacionais possam ser minimizados.
Palavras-chave: Biossegurança, Enfermagem, UTI.
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BIOSSEGURANÇA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Christina F. Corrêa
Orientador: Profª Drª Marilurde Donato
CORRÊA, Christina F. Biossegurança em uma Unidade de Terapia Intensiva
a Percepção da Equipe de enfermagem. Orientadora: Prof. Dra. Marilurde
Donato. Rio de Janeiro, 2006. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)
Escola de Enfermagem Anna Nery, Centro de Ciências da Saúde, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2006.
ABSTRACT
This study had as object the perception of the team of nursing concerning
the importance to adopt and to implement measures of biosafeness in a unit of
intensive therapy; as question: the team of nursing perceives the importance of
the measures of biosafeness in UTI?, and as objectives: to describe the
measures of biosafeness adopted by the nursing team during the assistance
given in UTI; to identify the perception of team of nursing concerning the
importance of the adoption and implementation of measures of biosafeness
during the assistance given by UTI; and to analyze the possibilities of
implementation for the team of nursing measures of biosafeness during the
assistance given in UTI. As it has supported theoretical of the research was
adopted the biosafeness concept, it analyzes it of the regulations norms;
legislation on biosafeness; the characterization of a unit of intensive therapy and
the importance of promotion of greets of the worker in whom it says respect the
measures of biosafeness. It is about a research of the exploratory, descriptive
type, with qualitative boarding, whose scene one UTI of one Institution was of
greets of the private net in Rio de Janeiro, and the citizens twenty and nine
professionals of nursing, being seven nurses and twenty and two technicians of
the total of forty and four professionals crowded in the sector. The instruments of
collection of data had been: script of half interview structuralized and systematic
comment of the activities developed in the UTI, wit the register in daily of field.
The analysis and interpretation of data was carried through of analysis of
content of Bardin. The three joined categories has been: measures of
biosafeness adopted by the team of nursing, perception of the team of nursing in
16
relation the importance of adoption and implementation of measures of
biosafeness, possibilities of intervention for the adoption and implementation of
the measures of biosafeness. The study it concluded that the perception must
take in consideration the capitation of knowledge as promotion of the
coordination of the behavior, inferring itself that the adoption and the
implementation of the measures enough deep not had to little quarrel and the
disinformation concerning the subject, since the use of individual equipment of
protection (EPI), laundering of the hands, and cares with perforates for the
nursing team had been restricted basically. As suggestion, it is distinguished
important of that the General Direction, the Management of nursing and the
Sector of Security in the Work if strengthening efforts to promote and to prevent
the environment of work allies to the involvement and engaged of nursing team
so that the industrial accidents and acquisition of occupational illnesses can be
minimized.
Key words: Biosafeness, Nursing, UTI.
17
SUMÁRIO
CAPÍTULO I CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Objeto de Estudo e a Trajetória Profissional da Autora
A Justificativa do Estudo
A Relevância e as Contribuições do Estudo
8
8
13
16
CAPÍTULO II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segurança e Saúde no Trabalho
Biossegurança: Conceito e Legislação
O Ambiente Hospitalar e as Precauções-padrão
A Caracterização de uma Unidade de Terapia Intensiva
O Trabalho, a Promoção da Saúde e a Saúde do Trabalhador de
Enfermagem
19
19
23
29
36
39
CAPÍTULO III TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
O Tipo de Estudo
O Cenário do Estudo
Os Sujeitos do Estudo
Os Instrumentos Utilizados e a Coleta de Dados
Análise e Interpretação dos Dados
49
49
51
54
58
61
CAPÍTULO IV ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Medidas de biossegurança adotadas pela equipe de enfermagem
Percepção da equipe de enfermagem em relação à importância da
adoção e implementação das medidas de biossegurança
Possibilidades de intervenção para a adoção e implementação de
medidas de biossegurança
63
63
72
86
CAPÍTULO V CONSIDERAÇÕES FINAIS
89
REFERÊNCIAS
93
APÊNDICES
A Solicitação de autorização para realizar a pesquisa
B Instrumento de coleta de dados
C Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
D Check-list para observância de medidas de biossegurança
100
101
102
103
104
18
CAPÍTULO I
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Objeto de Estudo e a Trajetória Profissional da Autora
O objeto deste estudo é a percepção da equipe de enfermagem acerca
da importância de adotar e implementar medidas de biossegurança em uma
unidade de terapia intensiva.
A percepção, conforme define Kenneth (2001), é o reconhecimento
consciente e também a interpretação de estímulos sensoriais através de
associações, especialmente da memória, significando o resultado final do ato
de perceber.
Penna (1997) afirma que perceber é conhecer, seja através das
situações, seja através dos objetos; portanto, este conceito de percepção não
abrange somente sentidos como a visão e o tato, mas se caracteriza
principalmente pela captação de conhecimento. Logo, quando se fala em
percepção, o é possível dizer que esta palavra se refere a objetos
concretos, pois o ato de perceber abrange não as unidades concretas, mas
também as relações que entre elas se estabelecem.
Ainda o referido autor define a percepção como o conhecimento para a
promoção da coordenação da conduta, apoiada na base dos dados recolhidos,
constituindo-se numa fase de ação cujo papel biológico é o de despertar e
dirigir as reações do homem, convidando-o à ação, permitindo, assim, o seu
ajustamento ao mundo no qual vive.
Quanto aos termos “adotar” e “implementar”, segundo Ferreira (1999,
19
p.55, 1083), o primeiro significa “5. Pôr em prática, em uso; praticar, aplicar”, e
o segundo, “1. Dar execução a (um plano, programa ou projeto). 2. Pôr em
prática por meio de providências concretas”.
Azambuja, Kerber e Vaz (2001) afirmam que a Enfermagem é uma
profissão cujo objetivo maior é o de atender pessoas com diferentes
necessidades, e que cada membro da equipe de enfermagem é um agente da
ação de cuidar / assistir não a estas pessoas, como também responsável
pela própria saúde no ambiente hospitalar, onde existem condições inóspitas
que não podem ser encaradas como naturais, pois resultam de situações do
trabalho que podem favorecer ou desfavorecer a saúde do profissional de
enfermagem e dos demais envolvidos na assistência hospitalar.
Graduada em Enfermagem em julho de 1999 venho, desde então,
atuando na cidade do Rio de Janeiro, em unidades de terapia intensiva (UTI‟s)
de instituições de saúde da rede privada. Entre março de 2001 e fevereiro de
2003, tive a oportunidade de exercer atividades em um hospital da rede pública
e de observar o comportamento da sua equipe de enfermagem em relação à
implementação de medidas de biossegurança durante a assistência em UTI.
Nesta unidade encontravam-se clientes cujo estado de saúde era
considerado crítico; acometidos por inúmeras patologias e / ou infecções,
durante o período de internação estavam sujeitos a inúmeros procedimentos
invasivos. Por este motivo, tornava-se de suma importância a atenção que
devem merecer as questões de biossegurança, pelos trabalhadores de
enfermagem que atuam nestas unidades, para reduzir os riscos de
contaminação e a ocorrência de acidentes no trabalho, como recomendam
Silva, Cabral e Zeitoune (1999).
20
Pires (1999) afirma que, na UTI, os clientes precisam da assistência de
profissionais de enfermagem capazes de avaliar continuamente a evolução do
seu quadro clínico; mas que também possam promover as mudanças de
atitudes necessárias para proteger a saúde destes clientes, sem relegar a
segundo plano as medidas de biossegurança durante a assistência prestada.
Porém, não foi isto que observei nestes últimos cinco anos, conforme descrevo
a seguir.
No período compreendido entre 1999 e 2004, identifiquei alguns
aspectos no comportamento dos profissionais que prestavam assistência de
enfermagem em uma Instituição pública que, mesmo sendo inapropriados,
eram rotineiros e, portanto, chamaram a minha atenção. Exemplificando: ao se
aproximar de um cliente em precaução de contato para realizar um teste de
glicemia capilar, o auxiliar de enfermagem não vestiu o capote que estava
pendurado no suporte, ao lado do leito do cliente; tampouco calçou as luvas
para executar o procedimento.
Ao ser questionado por mim sobre as razões de não ter utilizado os
equipamentos de proteção individual (EPI‟s), respondeu que “não havia
necessidade, pois era rápido o procedimento que iria fazer”. Constatei, ainda
que, após sair do box, não lavou as mãos antes de se aproximar de outro
cliente para prestar-lhe cuidados de enfermagem.
Em outra instituição, desta vez de caráter privado, presenciei a cena de
um técnico de enfermagem desprezando uma seringa reencapada em um
recipiente de descarte cuja capacidade havia excedido. Diante do fato,
aproximei-me e indaguei-lhe se não havia observado que o recipiente estava
cheio, alertando-o sobre a possibilidade de acidentar-se ao tentar empurrar a
21
seringa para dentro da caixa, ao que me respondeu que isso não aconteceria
pois “estava prestando atenção no que estava fazendo”, e que assim que
tivesse tempo, trocaria o recipiente de descarte.
Vale ressaltar que nesta UTI os recipientes para acondicionar os
materiais pérfuro-cortantes usados ficavam nos boxes onde os clientes estavam
internados. Questionei-me, então: será que este profissional não sabia dos
riscos de contrair hepatite ou outras doenças com esta atitude?.
Em nova oportunidade, na mesma instituição, outro técnico de
enfermagem realizou o procedimento de aspiração do tubo orotraqueal sem
utilizar máscara ou óculos de proteção, como preconizado nas normas de
biossegurança. Quando lhe perguntei porque não estava utilizando os
equipamentos individuais de proteção necessários àquela tarefa, alegou que
não havia tempo, pois o cliente “estava se afogando em secreção”. Indagado
por mim sobre o que achava que poderia acontecer caso a secreção atingisse
sua face, boca ou conjuntiva, ele não soube responder.
Diante disso, relembrei o caso recente ocorrido em uma Instituição da
rede privada envolvendo o mesmo técnico de enfermagem que, por não estar
utilizando óculos de proteção nem máscara no momento de desprezar a diurese
de um cliente internado no expurgo, teve a região ocular atingida por um
respingo; alguns meses depois, sofreu outro acidente, desta vez com material
pérfuro-cortante por reencape de agulha, agravado pelo fato de que, no
momento da ocorrência, não utilizava luvas.
A partir de situações como as descritas anteriormente, presenciadas por
mim durante o exercício profissional, passei a refletir sobre as razões de os
profissionais de enfermagem não valorizarem a implementação, durante sua
22
prática assistencial, das medidas de biossegurança descritas por Mastroeni
(2004), questionando-me: será que estes profissionais não têm consciência dos
riscos a que estão expostos? Ou supõem que estão isentos de acidentes? O
que os leva a não se protegerem adequadamente?
Estas indagações impulsionaram-me a buscar conhecimentos acerca
destas questões. Então, entre agosto e dezembro de 2003, como aluna
especial do Curso de Mestrado na Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN),
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), decidi cursar a Disciplina
intitulada “Processo de Trabalho e Saúde”. Desde então, venho relacionando o
saber adquirido em sala de aula com as situações de risco que ocorrem no meu
ambiente de trabalho.
Bensoussan (1988) afirma que os agentes biológicos não deixam de
existir em instalações hospitalares, mas que os riscos de contaminação podem
ser minimizados com a implantação de campanhas de esclarecimento e
observância de regras básicas de higiene e medidas de biossegurança, que
devem ser adotadas pelos profissionais de enfermagem durante o processo
assistencial. Isto porque, segundo Martins e Faria (2002), o enfoque do trabalho
da enfermagem vai além de atender às necessidades assistenciais dos clientes
hospitalizados, devendo incluir as dos profissionais, estimulando-os a tornarem-
se partícipes do processo que envolve a própria proteção em termos de
biossegurança durante a assistência de enfermagem, e não meros executores
de tarefas.
Como enfatiza Benatti (1997), o trabalho exerce um papel fundamental
nas condições de vida e de saúde dos indivíduos, embora a sua organização,
assim como as próprias condições em que ele se realiza, possam provocar
23
desgastes, doenças ou acidentes. Sendo assim, a partir das situações
apresentadas e diante da certeza da necessidade de observância das medidas
de biossegurança no ambiente laboral, propus-me a estudar esta temática,
tendo como questão norteadora: “A equipe de enfermagem percebe a
importância das medidas de biossegurança na UTI?”, e como objetivos do
estudo, os seguintes:
Descrever as medidas de biossegurança adotadas pela equipe de
enfermagem durante a assistência prestada em UTI.
Identificar a percepção da equipe de enfermagem acerca da importância da
adoção e implementação das medidas de biossegurança durante a
assistência prestada em UTI.
Analisar as possibilidades de implementação, pela equipe de enfermagem,
de medidas de biossegurança durante a assistência prestada em UTI.
A Justificativa do Estudo
Na prática, nem todos os profissionais de enfermagem que atuam em
UTI adotam as medidas de biossegurança necessárias à sua proteção durante
a assistência que realizam, o que pode ocasionar agravos à sua saúde e à do
cliente sob seus cuidados.
A questão dos problemas de saúde que afetam os profissionais de
enfermagem no ambiente hospitalar está diretamente relacionada aos riscos
ocupacionais aos quais são submetidos cotidianamente. O assunto vem sendo
investigado há tempos em virtude da recorrência dos acidentes de trabalho, não
só em ambientes semicríticos, com também em UTI‟s. O incorreto manuseio de
24
material pérfuro-cortante, o contato com secreções e fluidos corporais dos
clientes internados e/ou portadores de tuberculose e de microorganismos como
acinetobacter, MRSA ( Methicillin Resistant Staphylococcus Aureus), klebsiella,
dentre outros sobejamente mencionados em publicações científicas que tratam
do assunto, contribui de forma relevante para o agravamento deste quadro.
Estes riscos, as razões que justificam a ocorrência de certos acidentes e
a possibilidade de tentar minimizá-los, têm sido ressaltados por autores como
Secco e Robazzi (2002), Marziale e Rodrigues (2002) e Nishide e Benatti
(2004), dentre outros.
De acordo com Mendes e Dias (1999), a saúde do trabalhador constitui
um campo de atuação da área da Saúde Coletiva, cujo objeto está centrado no
processo saúde - doença dos trabalhadores em sua relação com o trabalho.
Busca, portanto, estabelecer causas de agravos à saúde, reconhecer seus
determinantes, estimar riscos e conhecer os modos de prevenção, com o
objetivo de minimizar os riscos para os profissionais de saúde por meio da
implementação efetiva de medidas de biossegurança no ambiente hospitalar.
Tipple, Gir, Souza e Canini (2000) realizaram levantamento da produção
científica em enfermagem no que diz respeito à saúde do trabalhador em
relação ao ambiente hospitalar, ressaltando a preocupação evidente de
diversos autores com os acidentes envolvendo profissionais da equipe de
enfermagem, e com os aspectos ergonômicos do trabalho que executam.
Porém, não mencionaram ter encontrado, nestes estudos, informações acerca
de medidas de biossegurança adotadas pela equipe de enfermagem para
reduzir os riscos à saúde, inerentes à enfermagem em sua prática assistencial.
25
Em outro estudo acerca de acidentes, realizado entre profissionais de
enfermagem, decorrentes do inadequado manuseio de material pérfuro-
cortante, Marziale e Rodrigues (2002) fizeram um levantamento em periódicos
dos últimos dezesseis anos, e analisaram os resultados de cinqüenta e cinco
artigos publicados, sendo trinta e nove internacionais e dezesseis nacionais,
encontrando os seguintes dados: a prática de reencape de agulhas e o descarte
de material feitos inadequadamente, foram fatores predisponentes à ocorrência
dos acidentes, sendo a categoria de auxiliar de enfermagem a mais acometida,
provavelmente por estar em contato mais freqüente com o cliente na realização
dos diversos procedimentos assistenciais. A análise dos referidos autores
identificou que os auxiliares e os técnicos de enfermagem foram os mais
afetados por esta prática inadequada que, ademais, infringe as precauções-
padrão preconizadas que, ao não serem observadas, resultaram em acidentes.
Recentemente, Nishide e Benatti (2004) citaram o resultado de estudo
que teve como sujeitos sessenta e oito profissionais de enfermagem de uma
UTI de um Hospital Universitário em São Paulo, sendo trinta enfermeiros, treze
técnicos de enfermagem e vinte e cinco auxiliares de enfermagem; deste total,
trinta foram acometidos por acidentes de trabalho no período de janeiro de 2000
a janeiro de 2001, representando um índice de 44%. Os auxiliares de
enfermagem foram os mais atingidos (48%), seguidos pelos enfermeiros (43%)
e técnicos de enfermagem (39%), confirmando os achados de Marziale e
Rodrigues (2002) em relação ao auxiliar de enfermagem, acima citados.
O estudo evidenciou ainda que a maioria dos acidentes ocorreu pelo
manuseio inadequado de material pérfuro-cortante (40%), atingindo os
profissionais de enfermagem durante a realização de procedimentos à beira do
leito, sendo 10% quando realizavam aspiração do tubo orotraqueal envolvendo
espirro de secreção em pele e mucosa, e outros 10% ao desprezar excreta /
secreção, que também atingiu os profissionais nas mucosas da face, boca e
olhos.
26
De acordo com o estudo, 47% dos acidentes ocorridos estavam
relacionados ao contato direto com o cliente e 53%, ao contato indireto. No que
diz respeito à utilização dos equipamentos de proteção individual no momento
do acidente, 40% dos profissionais referiram fazer uso dos mesmos e 60%
informaram o contrário.
Pode-se perceber, portanto, que os resultados destes estudos foram
semelhantes, apontando como principal causa de acidentes o descumprimento
de normas básicas de biossegurança.
A Relevância e as Contribuições do Estudo
Entende-se por doença ocupacional, de acordo com Kirchhof e Capellari
(2004), aquela produzida ou desencadeada pelo exercício profissional, peculiar
a determinada atividade. No caso dos membros da equipe de enfermagem, a
doença ocupacional está relacionada aos riscos a que estão submetidos e às
suas condições de trabalho, que podem ocasionar acidentes ou resultar em
problemas de saúde para seus integrantes.
As doenças ocupacionais e os acidentes de trabalho constituem-se em
importantes questões de saúde pública que ainda precisam ser melhor
discutidas porque, de acordo com os referidos autores (Op.cit.), os acidentes de
trabalho o os agravos mais documentados em relação à saúde do
trabalhador, mesmo sabendo-se ainda que existem profissionais de saúde que
não os notificam.
Dependendo da gravidade, além da própria lesão corporal ou
perturbação funcional, os acidentes podem causar perda ou redução
permanente ou temporária da capacidade para o exercício da profissão. Por
27
estes motivos, e de acordo com o que dispõe a Lei 6.367, de 19/10/1976, é
necessário ressaltar a relevância da atenção que deve ser dada às questões de
biossegurança no âmbito hospitalar, em especial na UTI, a fim de reduzir o risco
de o trabalhador adquirir alguma patologia e a sua exposição aos acidentes de
trabalho, durante a prestação da assistência de enfermagem.
O estudo, que está vinculado à Linha de Pesquisa “A Saúde dos
Trabalhadores de Enfermagem”, do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem e
Saúde do Trabalhador (NUPENST), da EEAN/UFRJ, poderá contribuir para a
pesquisa como fonte de informações para aqueles que prestam assistência de
enfermagem a clientes internados em UTI, ampliando e/ou preenchendo
lacunas no conhecimento de cada um acerca da importância de adotar e
implementar medidas de biossegurança no respectivo âmbito de atuação
profissional.
Ademais, poderá favorecer a realização de novos estudos sobre o tema,
considerando a diversidade de aspectos a respeito que ainda não foram
enfocados e que podem vir a ser abordados ou aprofundados, de acordo com o
interesse do pesquisador nas questões de biossegurança do trabalho.
Na área de ensino, a contribuição do estudo vincula-se à necessidade de
reflexão acerca do tema, pelos docentes de enfermagem, visando a atualização
de conceitos e idéias transmitidos aos alunos, que lhes permitam tomar
decisões adequadas em relação à biossegurança em seus futuros campos de
atuação.
No que se refere à assistência, a expectativa é a de que o conhecimento
mais aprofundado acerca do assunto permita aos profissionais de enfermagem
identificarem e corrigirem as situações de risco a que estão expostos no
ambiente hospitalar, em especial na UTI, e assim, possam adotar e
28
implementar medidas que tornem mais segura a prática cotidiana de trabalho
não só para eles, mas também para os clientes sob seus cuidados.
CAPÍTULO II
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segurança e Saúde no Trabalho
Em novembro de 2005, através da portaria nº 485, do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), foi publicada a Norma Regulamentadora (NR) 32,
que trata da segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde.
Esta norma tem como finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a
implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos
trabalhadores do serviço de saúde, como também dos que exercem atividades
de promoção e assistência à saúde em geral.
Os itens que se referem aos riscos biológicos prevêm a preocupação
com a probabilidade da exposição ocupacional aos agentes biológicos,
descrevem o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA),
informando que o mesmo deve ser realizado uma vez ao ano e citam o
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).
Em relação ao PPRA, descreve a importância da identificação dos
riscos biológicos mais prováveis, em função da característica do serviço de
saúde e dos seus setores; da avaliação do local de trabalho e do trabalhador,
considerando os seguintes aspectos: finalidade e descrição do local de
trabalho; organização e procedimentos de trabalho; possibilidade de exposição;
descrição das atividades e funções de cada local de trabalho, medidas
preventivas aplicáveis e o seu acompanhamento.
Quanto ao PCMSO, deve contemplar os seguintes aspectos: reconhecer
e avaliar os riscos biológicos; a localização das áreas de risco, uma relação
30
contendo a identificação nominal dos trabalhadores informando sua função, o
local em que desempenham suas atividades, o risco a que estão expostos e o
programa de vacinação.
Das medidas de proteção que devem ser adotadas, incluem-se as
seguintes: em todo local onde haja a possibilidade de exposição ao agente
biológico deve existir um lavatório exclusivo para lavagem das mãos, provido de
água corrente, sabão líquido, toalha descartável e lixeira com sistema de
abertura sem contato manual.
Além destas, preconiza a lavagem das os antes e após o uso de
luvas; trabalhadores com feridas ou lesões nos membros superiores somente
devem iniciar suas atividades após avaliação médica obrigatória com emissão
de documento de liberação para o trabalho e os quartos ou enfermarias
destinados ao isolamento de clientes portadores de doenças infecto
contagiosas devem conter em seu interior um lavatório.
Em relação aos trabalhadores com possibilidade de exposição a
agentes biológicos, ficam estabelecidas as seguintes orientações: os mesmos
não devem deixar o local de trabalho com os EPI´S e as vestimentas utilizadas
em suas atividades laborais, ficando a cargo do empregador providenciar local
adequado para a guarda dos mesmos.
Quanto a higienização das vestimentas que entrarem em contato com
material orgânico, quando em uso pelo trabalhador em unidades como centros
cirúrgicos e obstétricos, serviços de tratamento intensivo e unidades que
procedam a internação dos clientes com doenças infecto contagiosas, deve
ficar a cargo do empregador.
31
Os EPI´S deverão estar dispostos em número suficiente nos postos de
trabalho e é vedado o reencape e a desconexão manual de agulhas, no que diz
respeito aos objetos pérfuro - cortantes.
Em relação aos riscos químicos, as medidas de proteção adotadas são
as a seguintes: deverá ser designado pelo empregador um local apropriado
para a manipulação de produtos químicos que impliquem riscos à segurança e
à saúde do trabalhador; executar a preparação e associação de medicamentos
para administração imediata aos clientes; a manipulação ou fracionamento dos
produtos químicos deve ser feita por um trabalhador qualificado, os
quimioterápicos anti - neoplásicos somente devem ser preparados em área
exclusiva e com acesso restrito aos profissionais diretamente envolvidos,
dispondo os mesmos de manuais de procedimentos relativos à limpeza, à
descontaminação e à desinfecção de todas as áreas, incluindo superfícies,
instalações, equipamentos, mobiliário, vestimentas, EPI´s e materiais e a sala
de preparo deve ser dotada de cabine de segurança biológica classe II B2.
Quanto às radiações ionizantes, o trabalhador deverá permanecer
nestas áreas o menor tempo possível para a realização do procedimento;
conhecer os riscos radiológicos associados ao seu trabalho; estar capacitado
inicialmente para exercer suas funções e de forma continuada em proteção
radiológica, usar EPI´S adequados para a minimização dos riscos e estar sob
monitorização individual de dose de radiação ionizante, nos casos em que a
exposição seja ocupacional.
Em relação aos resíduos, cabe ao empregador capacitar inicialmente e
de forma continuada, os trabalhadores nos seguintes assuntos: segregação,
acondicionamento e transporte dos resíduos; definições, classificação e
32
potencial de risco dos resíduos; sistema de gerenciamento adotado
internamente no estabelecimento; as formas de reduzir a geração de resíduos;
ter conhecimento das responsabilidades e de suas tarefas; reconhecer os
símbolos de identificação das classes de resíduos; ter conhecimento sobre a
utilização dos veículos de coleta e orientar quanto ao uso de EPI´S.
Os trabalhadores que realizam a limpeza dos serviços de saúde devem
ser capacitados inicialmente e de forma continuada, quanto a princípios de
higiene pessoal, risco biológico, risco químico, visualização, EPI, EPC e
procedimentos em situações de emergência.
Por fim, a norma descreve como disposições gerais, que os postos de
trabalho devem ser organizados de forma a evitar deslocamentos e esforços
adicionais; os trabalhadores dos serviços de saúde devem ser capacitados para
adotar a mecânica corporal correta, na movimentação de clientes ou de
materiais, de forma a preservar a sua saúde e integridade física.
A Norma Regulamentadora n º.17 visa estabelecer parâmetros que
permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de
conforto, segurança e desempenho eficientes.
Sendo assim, as condições de trabalho incluem aspectos relacionados
ao mobiliário, aos equipamentos; às condições ambientais do posto de trabalho
e à própria organização do trabalho, cabendo ao empregador realizar esta
análise ergonômica, para atender ao que é estabelecido nesta norma.
Portanto as Normas Regulamentadoras dispõem de medidas que
ajudam a contribuir para a proteção da saúde do trabalhador, como valorizar as
33
medidas de biossegurança e esclarecer sobre as questões relacionadas a
exposição ocupacional.
Biossegurança: Conceito e Legislação
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), biossegurança é o
conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de
riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento
tecnológico e prestação de serviços, riscos estes que podem comprometer a
saúde dos animais, do ambiente, do homem e a qualidade dos trabalhos por ele
desenvolvidos. Teixeira e Valle (1996).
Erdtmann (2004) afirma que é possível pensar em biossegurança como
forma de cuidado com a vida, assegurando condições naturais, físicas e
biológicas saudáveis para as gerações presente e futura. No que diz respeito ao
ambiente hospitalar, a adoção e implementação de medidas de biossegurança
são de extrema importância, uma vez que os riscos à saúde dos profissionais
são iminentes pela possibilidade de contágio por agentes infecciosos, quando
consideradas as características da modalidade de serviço neste ambiente.
Este conceito sobre biossegurança vem sendo cada vez mais
empregado, entendendo-se que a responsabilidade do profissional que exerce
atividades onde existem agentes biológicos, entre outros, não se limita às
próprias ações de prevenção relacionadas aos riscos ocasionados por sua
atividade, mas também abrange seus colegas de trabalho ou outras pessoas
que participam, direta ou indiretamente, dessas atividades. No âmbito
hospitalar, também os clientes internados podem ser prejudicados; portanto, o
meio ambiente que circunda os profissionais e a instituição de saúde deve ser
34
considerado importante e, assim, protegido de ameaças e riscos (MASTROENI,
2004).
O referido autor informa que a primeira legislação classificada como de
Biossegurança foi a Resolução 1, de 13 de junho de 1988, do Conselho
Nacional de Pesquisa em Saúde, mas só em 1995 as questões acerca do tema
foram alavancadas com a Lei 8.974 e o Decreto 1.752 que a
regulamentou. Lembra também que, embora a Lei 8.974 disponha sobre a
manipulação de organismos geneticamente modificados (OGM), foi a Portaria
nº. 343/GM, de 19 de fevereiro de 2002, que instituiu, no âmbito do Ministério
da Saúde, a Comissão de Biossegurança em Saúde, tendo como objetivos:
participar da elaboração e acompanhar a reformulação de normas de
biossegurança; promover debates públicos sobre o tema; proceder ao
levantamento e à análise das questões referentes à biossegurança
visando identificar seus impactos e suas correlações com a saúde
humana; propor estudos para subsidiar o posicionamento do
Ministério da Saúde na tomada de decisões sobre temas relativos a
biossegurança; subsidiar representantes do Ministério da Saúde nos
Grupos Interministeriais relacionados ao assunto, inclusive na
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBIO); e enviar
aos órgãos e entidades deste Ministério os relatórios finais de
reuniões e eventos para serem divulgados junto à comunidade
(MASTROENI, 2004, p 32).
A criação da Comissão de Biossegurança em Saúde, em 1995,
representou um passo importante para o início das atividades relacionadas à
biossegurança no âmbito da saúde, embasadas na legislação pertinente que
definiu estratégias de atuação, avaliação e acompanhamento daquelas
atividades.
Quanto às medidas de biossegurança, estas compreendem um conjunto
de noções e cuidados, como o uso de EPI‟s para que os profissionais de saúde
não contraiam doenças ocupacionais, não sofram acidentes, não contaminem
35
os clientes, a área de trabalho ou os colegas de profissão por meio de práticas
inadequadas desenvolvidas em seu ambiente laboral.
O equipamento de proteção individual (EPI) é um dispositivo destinado a
proteger a integridade física do trabalhador, cujo uso é obrigatório e que se
apresenta nos quatro tipos abaixo descritos, a serem utilizados conforme os
riscos aos quais os profissionais estão expostos:
A Máscara, um tipo de barreira protetora cuja função é proteger tanto o
profissional de saúde quanto o paciente.
As Luvas de Proteção, de formato anatômico, que devem ter boa
resistência, dar conforto e destreza ao usuário, conferir flexibilidade e
maleabilidade; podendo ser estéreis ou não. A sua utilização se dá em
situações que exijam proteção contra materiais potencialmente infectantes,
como sangue, secreções e excreções.
Os Óculos de Proteção, destinados a proteger os olhos durante o
desempenho de atividades que ofereçam risco, atuam contra respingos de
material infectante; precisam ser confortáveis, leves, resistentes e
maleáveis, construídos de forma a proteger completamente os olhos sem
comprometer o campo visual.
O Capote deve ser confeccionado com material que possa atuar como
barreira de proteção para a roupa e a pele contra a exposição a sangue e
fluidos corpóreos; deve ter exclusivamente mangas longas, com o objetivo
de cobrir os braços, o dorso, as costas e a parte das pernas acima dos
joelhos.
Além da utilização adequada dos EPI´s, existe outra forma de aplicação
das medidas de biossegurança no ambiente hospitalar, e isto ocorre quando
36
os profissionais de saúde adotam as „boas práticas‟ durante a assistência
prestada.
De acordo com Mastroeni (2004), as „boas práticas‟ dizem respeito a
técnicas, normas e procedimentos de trabalho que visam a miniminização e o
controle da exposição dos trabalhadores aos riscos inerentes às suas
atividades. No caso dos profissionais de saúde que atuam no ambiente
hospitalar, os riscos a que se expõem são principalmente os químicos
(desinfetantes, esterilizantes e medicamentos); os físicos / mecânicos (carga
física e postura); e os biológicos (exposição a fungos, bactérias, sangue e
fluidos corpóreos).
Portanto, para evitar tal exposição, é necessário que o profissional adote
as „boas práticas‟ na sua rotina de trabalho, contribuindo para que a segurança
no ambiente seja promovida. Caso contrário, poderão surgir problemas que
afetarão todos os que nele atuam, atingindo inclusive o cliente internado.
Ennes (2002) enfatiza que a o utilização dos EPIs pode demonstrar
um desconhecimento por parte da equipe de enfermagem em relação às
questões de biossegurança, ou ainda a falta de percepção acerca da
complexidade do trabalho hospitalar.
As normas recomendadas para a aplicação das „boas práticas‟ no
ambiente hospitalar, são as seguintes:
Em termos gerais:
ter consciência do que está fazendo;
procurar manter sempre atualizados as técnicas e os procedimentos
em seu ambiente de trabalho;
37
quando trabalhar com sangue e / ou fluidos corpóreos, utilizar os
EPI´s necessários à sua segurança (luvas, capote e óculos); e
procurar se atualizar quanto às medidas e práticas de biossegurança.
a) Em relação à higiene:
lavar as mãos antes e após ter contato com o cliente;
manter as unhas sempre curtas para não se expor ao risco de
contaminação através da sujidade;
não coçar os olhos, nariz e ouvidos, quando estiver calçando luvas;
se possuir cabelos longos, mantê-los presos e, se preciso for, fazer
uso do gorro;
não manipular lentes de contato no ambiente hospitalar;
encaminhar para descontaminação todo material / equipamento que
tenha tido contato com o cliente que esteve em isolamento, após a
sua alta e / ou óbito;
ao utilizar luvas, durante a execução de procedimentos realizados
com o cliente internado, não manusear telefones, maçanetas ou
outros objetos; e
procurar manter o uniforme limpo e, ao proceder a sua lavagem no
domicílio, além de separá-los das roupas de uso diário, utilizar
hipoclorito de sódio a 1% para a sua descontaminação.
c) Em relação aos EPI´s e à prevenção de acidentes:
prevenir acidentes com material rfurocortante, não reencapando
agulhas;
concentrar-se, enquanto estiver fazendo qualquer tipo de
procedimento junto ao cliente;
38
evitar conversas enquanto estiver realizando um procedimento que
exija atenção (ex. punção de acesso periférico);
acondicionar material pérfuro-cortante em recipiente adequado,
respeitando a capacidade de armazenamento do mesmo;
não utilizar relógio de pulso durante suas atividades, assim como
qualquer outro adorno;
ao transportar qualquer material, mantê-lo em recipiente fechado e à
prova de vazamentos; e
ao calçar luvas, certificar-se de que não apresentem danos que
possam afetar a sua integridade física.
d) Em relação à ergonomia:
evitar a realização de movimentos repetitivos por longo tempo;
saber empregar postura correta durante os cuidados com o cliente;
organizar o setor de modo a proporcionar um ambiente favorável ao
desenvolvimento das atividades de enfermagem.
e) Em relação à própria saúde:
manter seu esquema de imunização atualizado;
durante a realização de suas atividades, sentindo-se mal ou ao
identificar uma situação anormal em sua integridade física, procurar
imediatamente sua chefia para que esta possa encaminhá-lo ao
Serviço de Saúde do Trabalhador; e
registrar qualquer acidente de trabalho no Setor de Saúde do
Trabalhador da Instituição.
Torna-se evidente, portanto, que a aplicação das „boas práticas‟ é
indispensável não à saúde do profissional, mas também à do cliente.
39
Quando observadas corretamente, propiciam melhores condições ambientais.
Porém, deve-se ressaltar que seus objetivos serão alcançados se forem
adotadas sempre em caráter coletivo (MASTROENI, 2004).
O Ambiente Hospitalar e as Precauções-padrão
Bulhões (1994) apud Souza (2000) afirma que uma das principais
finalidades da hospitalização é a recuperação da saúde, mas ressalta que são
inúmeros e graves os problemas que surgem do ambiente hospitalar, em
especial os relacionados a um setor específico como a UTI: as infecções
hospitalares.
Segundo Souza (2000), todos os clientes internados em uma instituição
hospitalar estão sujeitos à contaminação por agentes patogênicos presentes
nas membranas mucosas, pele, sangue e secreções, que podem ser levados
para outros clientes através das mãos dos profissionais de saúde, como
também de objetos e equipamentos utilizados para tratamento, como
termômetros e manguitos de pressão não invasivos.
Para evitar que isto aconteça, a autora (Op. cit.) enfatiza a
obrigatoriedade do uso de EPI‟s pelos profissionais de enfermagem, atenção às
normas para instalação adequada de equipamentos e artigos de uso pessoal
dos clientes, limpeza e desinfecção das unidades de internação, transporte
adequado do lixo e da roupa usada e, sobretudo, a lavagem das mãos, como
medidas de biossegurança hospitalar.
Nesse sentido, alguns aspectos também devem ser considerados, a
exemplo das precauções-padrão, que se constituem em práticas para proteger
clientes e profissionais da área da saúde contra a exposição aos fluidos
40
biológicos, considerados as principais fontes potenciais de transmissão de
doenças, e que representam importante medida de prevenção da transmissão
de infecções hospitalares, incluindo o uso de EPI‟s como luvas, capotes,
máscaras e protetor ocular (SILVA, 2003). Todavia, para que tais medidas
sejam implementadas, é necessário adotar precauções específicas, dentre as
quais aquelas consideradas universais, considerando o modo de transmissão
dos microorganismos diagnosticados em cada cliente.
As precauções universais surgiram em 1987, como resultado das
recomendações do Centers for Disease, Control and Prevention (CDC), nos
Estados Unidos, tendo como objetivo suprir com informações corretas os
profissionais de saúde sobre as medidas de biossegurança que deveriam
adotar para prevenir a transmissão do HIV e do vírus da hepatite B (SOUZA,
2000).
Em 1996, tomando por base a preocupação com os profissionais de
saúde frente aos riscos inerentes à sua profissão, o CDC publicou uma nova
revisão de suas diretrizes, redefinindo o conceito acerca das precauções-
padrão indicadas para o cuidado de todos os clientes, independente de seu
diagnóstico ou estado infeccioso, e da manipulação dos objetos contaminados
ou suspeitos de contaminação.
Deve-se ressaltar que as diretrizes indicadas como forma de prevenção e
controle de infecções, visam também preservar a saúde ocupacional dos
funcionários, sendo classificadas em duas categorias (I-A e I-B), ambas
recomendadas para o ambiente hospitalar (MARTINS, 2000). A categoria I-A
está fundamentada em estudos experimentais ou epidemiológicos; a categoria
41
IB baseia-se em evidências e efetividade comprovada na experiência de
especialistas desse campo.
Partindo do princípio de que os fluidos e tecidos corporais de todas as
pessoas são considerados infectantes, uma recomendação feita por Martins
(2000) é a de que, se existir a possibilidade de o cliente contaminar o ambiente,
como no caso do portador de tuberculose na fase bacilífera, deve ser ele
assistido em quarto individual, cabendo aos profissionais de saúde envolvidos
na sua assistência a precaução de utilizar os seguintes EPI´s: capote, nos
procedimentos em que haja respingos de sangue, fluidos corpóreos, secreções
ou excreções; luvas não estéreis para o manuseio de substâncias corporais;
máscara, se houver risco de respingos; e óculos para o risco de dispersão de
líquidos corpóreos.
Ainda conforme a autora (Op.cit.), na categoria I-B, além do uso de
EPI´s, alguns procedimentos essenciais devem ser incorporados à rotina do
profissional de saúde, tanto para a prevenção de infecções cruzadas entre os
clientes, como para as medidas de segurança no trabalho. São eles: lavagem
das mãos, antes e após prestar cuidado a qualquer tipo de cliente; uso de
curativos protetores, caso possua alguma lesão exsudativa; e prevenção de
acidentes com material pérfurocortante, desprezando-os em recipientes
próprios para o seu adequado acondicionamento.
Nichiata, Gir, Takahashi e Ciosak (2004) ressaltam que, no caso dos
clientes internados em ambientes hospitalares, com diagnóstico confirmado ou
suspeita de infecção ou colonização por microorganismos, recomenda-se a
adoção de precauções baseadas no modo de transmissão, que podem ser
classificadas em três tipos: precauções por contato, aéreas e por gotículas.
42
A precaução por contato é aplicada no caso de clientes que abrigam, ou
são suspeitos de abrigar, microorganismos que possam ser transmitidos pelo
contato direto (pessoa pessoa) ou indireto (através de objetos intermediários).
Este tipo de transmissão pode ocorrer quando o profissional de enfermagem
muda o cliente de posição, realiza o banho no leito ou qualquer outra atividade
que envolva contato físico. Para a realização destas atividades, as medidas
recomendadas são as precauçõespadrão e a utilização de capote e luvas por
parte do profissional de enfermagem.
Entretanto, em unidades especiais de isolamento, o diagnóstico
previamente estabelecido permite que, se não for possível dispor de um quarto
individual, os clientes infectados pelo mesmo agente etiológico compartilhem a
mesma enfermaria (MARTINS, 2000).
O autor (Op.cit.) ainda enfatiza o uso de luvas ao entrar na unidade de
internação desses clientes, a troca das mesmas durante o curso de idêntico
procedimento, desde que haja contato do material infectado com uma
concentração possivelmente elevada de microorganismos, e a lavagem de
mãos com sabão antimicrobiano, imediatamente após a remoção das luvas.
Quanto ao capote, este deve ser colocado antes de entrar na enfermaria
e sempre que haja necessidade de um contato direto com o cliente, com
superfícies ou materiais contaminados, ou quando o cliente apresentar diarréia,
colostomia, ileostomia ou portar drenos. Ao retirar o capote, o profissional de
enfermagem deve estar seguro de que a sua roupa não foi contaminada, de
modo a transferir microorganismos aos outros clientes e ao próprio ambiente
(MARTINS, 2000).
43
Devem ser consideradas precauções adicionais para prevenção da
disseminação de resistência microbiana ao antibiótico Vancomicina, devendo
ser adotadas em clientes com extensos abscessos, celulites e úlceras de
decúbito, clientes com incontinência fecal e urinária (portadores de Shigella,
rotavirus e hepatite A), clientes com escabiose, pediculose, difteria cutânea,
herpes simples, herpes zoster e clientes colonizados ou infectados por
bactérias multirresistentes, como por exemplo, Sthaphylococcus aureus,
resistente ao antibiótico Oxacilina (MARTINS, 2000).
As precauções reas são indicadas em procedimentos que impeçam a
transmissão ou a disseminação de agentes infecciosos por meio de gotículas (5
nm ou menores) ou partículas de contendo o microorganismo. Além das
precauçõespadrão, deve ser enfatizada a proteção respiratória com o uso da
máscara e, quando houver possibilidade de contato com secreções, também do
capote, conforme esclarecem Nichiata, Gir, Takahashi e Ciosak (2004).
As referidas autoras descrevem que a precaução por gotículas
caracteriza-se pelo fato de o hospedeiro expelir das mucosas ou da conjuntiva,
durante sua fala, espirro ou tosse, partículas maiores que 5 nm; neste caso, a
entrada de ar no local onde o cliente está internado deve ser suficientemente
grande para que seja possível diluir a concentração dos patógenos presentes
no ambiente, recomendando-se aos profissionais o uso de máscara, se existir
contato a menos de um metro do cliente, e de capote e luvas quando houver
contato com secreções.
Penteado (2003) afirma que, no final da década de 80, a preocupação
com a exposição do profissional da área de saúde aos agentes infecciosos
(agentes biológicos) no ambiente hospitalar aumentou, devido à epidemia de
44
AIDS. Tanto assim, que as Secretarias de Saúde de alguns Municípios e
Estados, por meio de seus programas de Saúde do Trabalhador, começaram a
desenvolver ações de vigilância epidemiológica voltadas para o controle e
prevenção da AIDS e da hepatite B. As medidas de precaução implementadas
foram aquelas preconizadas pelo CDC.
Em relação à tuberculose, as recomendações para a prevenção da
transmissão intra-hospitalar começaram a ser incorporadas a partir daquelas
emanadas do I Consenso Brasileiro de Tuberculose, realizado em 1997, que
indicou ações de prevenção e biossegurança, constituindo um conjunto de
medidas para a proteção contra agentes de veiculação respiratória ou por
aerossol (BRASIL, MS, 1997).
Um estudo realizado por Takeda, Robazzi e Lavrador (2001), na cidade
de Ribeirão Preto (SP) em um hospital-escola, no período de 1992 a 1995, teve
como objetivo levantar o número de profissionais de enfermagem que
adquiriram tuberculose em decorrência do seu trabalho. Os autores
descobriram que três auxiliares de enfermagem e um atendente foram
infectados e permaneceram afastados do serviço para tratamento e
recuperação. Dois auxiliares afastaram-se durante cinco meses, outro por sete
e o atendente por quatro meses.
Foi constatado também que no período de investigação ocorreram mais
de 1.100 casos de atendimentos e de internações de clientes com tuberculose
no referido hospital escola, abrangendo numerosas clínicas e enfermarias, e
que os que foram internados nem sempre ficaram em isolamento completo,
colocando em risco a equipe de enfermagem e os outros clientes que não eram
portadores da doença.
45
Em decorrência, os profissionais de enfermagem que entravam em
contato direto com o cliente portador de tuberculose eram 8 a 10 vezes mais
suscetíveis à doença do que os que não tinham este contato.
Os fatores apontados por Takeda, Robazzi e Lavrador (2001) para a
ocorrência de tuberculose em profissionais de enfermagem foram os seguintes:
aumento do desgaste físico decorrente de múltiplas jornadas de
trabalho, por causa dos baixos salários, ocasionando uma queda da
resistência em decorrência do estresse e da alimentação inadequada;
ambiente hospitalar insalubre, expondo os trabalhadores a vários
microorganismos responsáveis por processos infecciosos;
inobservância em relação à necessidade de uso de EPI´s, alguns por
serem considerados desconfortáveis, como a máscara bico-de-pato,
expondo o trabalhador ao risco de adquirir o bacilo da tuberculose;
clientes internados em enfermarias comuns sem o adequado
isolamento, colocando em risco outros clientes e os profissionais de
enfermagem.
Estes resultados, acrescido do conhecimento técnico-científico
advindo da prática cotidiana e da leitura de publicações que enfocam o tema
em estudo, comprovam o entendimento de Penteado (2003) no sentido de
que a enfermagem deve ter um compromisso real com a implementação de
medidas que preservem a saúde dos membros da equipe, sendo necessária
também uma estrutura mínima relativa à biossegurança nos hospitais, como
forma de possibilitar o dimensionamento da qualidade da assistência,
quando relacionada às condições de trabalho daqueles profissionais.
46
A Caracterização de uma Unidade de Terapia Intensiva
Segundo Bub (1992), no Brasil, as unidades de terapia intensiva (UTI´s)
surgiram na década de 70. Com isso, houve necessidade de buscar
profissionais de enfermagem qualificados e especializados para lidarem com os
aparatos tecnológicos utilizados neste setor. Atualmente, a UTI é caracterizada
como um ambiente complexo, em decorrência do uso crescente de tecnologia
cada vez mais moderna, destinada a prestar ao cliente o melhor atendimento
possível (GUIRARDELLO, 1999).
Por conta deste fato, e em virtude da constante expectativa de situações
de emergência neste setor de alta complexidade tecnológica, com expressiva
concentração de clientes sujeitos a mudanças bitas no estado de saúde,
Leite e Vila (2005) caracterizaram a UTI como um ambiente estressor, capaz de
gerar uma atmosfera emocionalmente comprometida, uma vez que requer a
utilização constante de recursos tecnológicos apropriados para a observação,
monitoração contínua das condições vitais do cliente e intervenção em
situações emergenciais.
De acordo com Martins e Faria (2002), o objetivo desta unidade é o de
tentar reduzir a mortalidade dos clientes internados, mediante tratamento
individual e execução de cuidados específicos levados a efeito de forma
contínua e integral, segundo a patologia e as necessidades de cada um.
Neste ambiente intensivista, conforme relata Silva (2003), os
profissionais de enfermagem estão sujeitos a sofrer acidentes com mais
freqüência, ou a contrair as mais variadas moléstias, numa dimensão
significativa. Mas estes problemas que surgem da relação existente entre o
trabalho e a saúde não são atuais, pois, como informa Rozen (1994) apud
47
Costa (2000), na Antigüidade já se relacionava o surgimento de doenças com a
exposição a agentes químicos e físicos presentes nas atividades dos
trabalhadores.
Silva (2003) destaca que as unidades de terapia intensiva representam
de 5 a 10% dos leitos em um hospital, e que nesta unidade ocorrem cerca de
25% das infecções hospitalares. Isso se deve a inúmeros fatores, a exemplo de
realização de terapêuticas invasivas com quebra de barreiras como a pele e o
sangue, a acessos amplos a diferentes microorganismos que podem acontecer
a partir da microbiota do próprio cliente, das mãos dos profissionais ou de
agentes contaminantes, presentes em dispositivos ou nas substâncias
infundidas.
Sendo assim, para que resultados favoráveis à prevenção e controle das
infecções nas unidades de terapia intensiva aconteçam, devem ser
estabelecidas ações a serem implementadas por todos os profissionais que
atuam nestas unidades, a exemplo da utilização de técnica asséptica rigorosa
nos cuidados prestados a todos os clientes, estejam eles colonizados ou não
(SILVA, 2003). Outro aspecto a ser considerado é o espaço entre os leitos, que
deve ser suficiente não para facilitar a circulação dos profissionais, como
também para disponibilizar os equipamentos de uso individual de cada cliente.
Por fim, a lavagem das mãos que, indiscutivelmente, representa a medida mais
eficaz na prevenção e controle das infecções hospitalares.
Os clientes internados na UTI têm patologias clínicas e cirúrgicas de
diversas especialidades; muitos são portadores de doenças infecto-contagiosas
ou, como referido, podem estar acometidos por microorganismos transmissíveis
como pseudomonas e acinetobacter, dentre outros.
48
Além do tipo de cliente internado junto ao qual a equipe de enfermagem
atua, existem algumas características próprias da UTI, tais como a convivência
dos profissionais de enfermagem e a dos clientes com as situações de risco, a
ênfase no conhecimento técnicocientífico e na tecnologia para o atendimento
biológico com o propósito de manter o ser humano vivo, a constante presença
da morte, a ansiedade dos clientes e dos profissionais de enfermagem, as
rotinas, muitas vezes rígidas e inflexíveis, e a indispensável necessidade de
rapidez de ação no atendimento (NASCIMENTO e TRENTINI, 2004).
Não se pode esquecer que o tratamento dado ao cliente internado em
UTI é considerado agressivo e invasor, o que se traduz em alta intensidade e
complexidade de eventos e situações, tornando-o mais vulnerável durante a
permanência hospitalar.
Nos hospitais, em especial nestas unidades, um dos grandes problemas
de biossegurança são as bactérias multirresistentes por conta do grande
número de procedimentos invasivos aos quais os clientes são submetidos, a
exemplo de punções profundas, pressão arterial média (PAM) e cateterismo
vesical de demora, dentre outros, assim como a quantidade de diferentes
equipamentos com os quais ele tem contato e as próprias condições que o
levam a ser internado, tornando-o suscetível a bacteremias.
De acordo com Mattos (2000), é a enfermagem que executa
procedimentos como administração de medicamentos, realização de curativos,
troca de roupa pessoal e de cama, além de tarefas que acarretam um contato
mais direto com o cliente, a exemplo de desprezar as excreções dos clientes e
observar as características das mesmas, tendo a responsabilidade de dar-lhes
um destino final.
49
A assistência de enfermagem na UTI depende de múltiplas aparelhagens
e de tecnologia avançada. O contato com clientes internados em constante
instabilidade clínica submete os profissionais de saúde a diversos riscos
biológicos, além da exposição a riscos ocupacionais e acidentes de trabalho
que, sem dúvida, podem ser minimizados pela implementação e adoção de
medidas de biossegurança pelos profissionais (RABELO e VIEIRA, 2002).
O Trabalho, a Promoção da Saúde e
a Saúde do Trabalhador de Enfermagem
Marx (1983), define o trabalho como sendo a atividade resultante do
dispêndio de energia física e mental, direta ou indiretamente voltada para a
promoção de bens e serviços, contribuindo assim, para a reprodução de vida
humana, individual e social.
Ainda para o referido autor, o trabalho é um processo no qual os seres
humanos atuam sobre as forças da natureza submetendo-as ao seu controle e
transformando os recursos naturais em formas úteis a sua vida.
Alves e Godoy (2001) afirmam que o trabalho sempre ocupou um lugar
de destaque na vida das pessoas, como forma de realização pessoal e garantia
da sobrevivência. É a atividade que nos caracteriza enquanto humanos,
construindo a nossa identidade como pessoas, como afirmam Wendhausen e
Riviera (2005).
Apesar deste significado atual em relação ao trabalho, nem sempre foi
assim, como demonstram fatos ocorridos no século XVIII, época em que as
condições de trabalho eram inadequadas para os trabalhadores, cujos salários
eram baixos; havia exploração dos trabalhos infantil e feminino, e as jornadas
50
ultrapassavam às 14 horas consecutivas. Assim, foi a partir do avanço
tecnológico gerado pela Revolução Industrial que as discussões a respeito da
saúde do trabalhador começaram a surgir, conforme afirmam Alves e Godoy
(2001).
A análise das condições de trabalho do profissional de saúde evidenciou
características específicas porque, além deste profissional relacionar-se com a
doença e a morte, faz parte de um sistema que objetiva assegurar a produção e
determinar a continuidade do trabalho realizado individualmente, conforme
afirmam Oliveira e Murofuse (2001).
Carvalho, Lima e Costa (2004) relatam que o trabalho tanto pode
proporcionar benefícios ao trabalhador como sofrimentos, pois não
neutralidade na relação existente entre trabalho e saúde, uma vez que este
favorece tanto a doença como a saúde. E afirmam que, de acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), benefícios para a saúde física e
mental do trabalhador quando o trabalho é adaptado às suas condições, e
quando os riscos para a sua saúde estão controlados.
Neste sentido, a OMS tem se empenhado não visando o controle das
doenças profissionais que possuem uma relação direta de causa e efeito entre
risco e enfermidade, como também daquelas relacionadas ao trabalho, que
envolvendo características pessoais do trabalhador, fatores sócio-culturais e
risco decorrente do próprio ambiente laboral, resultando numa preocupação
cada vez maior com a saúde do trabalhador, no sentido de se lhe evitem danos
de quaisquer naturezas.
Vários tipos de trabalho desencadeiam desgaste físico e/ou mental. As
atividades desenvolvidas no hospital, em especial aqueles realizadas em
51
setores fechados como a UTI, são consideradas de risco à saúde. Isto se
porque o atendimento proporcionado ao cliente é diferenciado, demandando
agilidade e habilidade da equipe de enfermagem, que lida não só com situações
emergenciais nas quais o cliente pode estar em risco de vida, mas também com
tecnologias avançadas, exigindo uma permanente atualização de
conhecimentos técnicos e científicos, fatores que acabam repercutindo de
alguma forma na saúde destes trabalhadores (CARVALHO, LIMA e COSTA,
2004).
Condições de trabalho, doenças ocupacionais, longas jornadas de
trabalho e acidentes sofridos de maneira significativa pelos profissionais deram
um novo enfoque à saúde do trabalhador durante as discussões realizadas na
VIII Conferência Nacional de Saúde e na I Conferência Nacional de Saúde dos
Trabalhadores, realizadas em 1986, eventos decisivos para que mudanças
fossem estabelecidas na Constituição Federal de 1988, como apontam Oliveira
e Murofuse (2001). Com isso, o objeto da saúde do trabalhador hoje pode ser
definido como o processo de saúde - doença relacionado com o trabalho.
A análise das condições de trabalho do profissional de saúde reveste-o
de características específicas porque, além deste profissional relacionar-se com
a doença e a morte, faz parte de um sistema que objetiva assegurar a produção
e determinar a continuidade no trabalho que é realizado individualmente,
conforme afirmam Oliveira e Murofuse (2001).
As referidas autoras afirmam que os agravos à saúde, relacionados ao
trabalho que estes profissionais desenvolvem, estão classificados da seguinte
maneira: em um grupo, incluem-se os que traduzem ruptura do equilíbrio entre
condições e ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador, como os acidentes
52
de trabalho; em outro grupo, estão os agravos relacionados à doença
ocupacional, definida como aquela inerente a determinado ramo de atividade.
Mauro (2004) afirma que a saúde do trabalhador é compreendida como
um conjunto de práticas teóricas interdisciplinares e interinstitucionais,
realizadas por diferentes pessoas, em locais distintos e com uma perspectiva
comum. Sendo assim, discorrer sobre este assunto significa abordar aspectos
relacionados ao trabalho que ocasionam o bem-estar do indivíduo, assim como
enfocar os riscos inerentes ao trabalho que desenvolve e as medidas de
prevenção que possam proporcionar-lhe segurança no ambiente laboral.
De acordo com Nishide e Benatti (2004), o âmbito hospitalar é
considerado insalubre por agrupar clientes portadores de diversas patologias,
inclusive as infecto-contagiosas, e por viabilizar muitos procedimentos sujeitos a
riscos ocupacionais que podem causar acidentes de trabalho envolvendo os
membros da equipe de enfermagem responsáveis pelos cuidados básicos de
saúde a clientes internados, como acontece na UTI.
O termo „cuidar‟ tem recebido diferentes significados na literatura e na
área de enfermagem. Para Boff (1999), cuidar é mais que um ato; é uma atitude
de ocupação, preocupação, responsabilização e envolvimento com o outro,
gerando ações que denotam preocupação com as pessoas. Trazendo esta idéia
para o contexto da saúde do trabalhador, cuidar implica em preocupar-se com o
ser humano trabalhador, em interessar-se pelo seu bem-estar, constituindo-se
numa estratégia para a promoção da sua saúde.
Ferreira Junior (2002) afirma que a prática da promoção da saúde e a
prevenção de doenças estão sendo impulsionadas por fatores como o interesse
na qualidade de vida das pessoas e a importância que vem sendo dada à
53
minimização do sofrimento, da morbidade e mortalidade provocados por
doenças e acidentes que possam vir a acontecer com os trabalhadores. Isto
representa um desafio para quem gerencia a prática com os poucos recursos
atualmente disponíveis para lidar com a saúde dos trabalhadores, no sentido de
promover a saúde e prevenir as doenças não de modo eficaz, mas também
com efetividade, isto é, ocasionando um impacto positivo nas condições reais
do dia-a-dia.
Ferreira Júnior (2002) explica que a promoção da saúde, estágio 1 da
prevenção, pode ser entendida como um conjunto de medidas de natureza
legal, organizacional, econômica e ambiental, direcionadas para hábitos e
condições de vida que visam a preservação da saúde. Portanto, as medidas de
biossegurança objetivam prevenir, minimizar ou eliminar riscos aos quais os
trabalhadores estão sendo submetidos durante suas atividades. Quando
aplicadas no serviço de enfermagem, destinam-se a proteger o trabalhador para
que ele não sofra acidentes ou adquira doenças ocupacionais.
Todavia, é necessário que os profissionais tenham conhecimento sobre
as medidas de biossegurança e saibam adotá-las e/ou implementá-las no
cotidiano de sua prática, para que possam promover sua saúde e proporcionar
ao cliente uma assistência de enfermagem de qualidade.
De acordo com Mello et al. (1998), as discussões sobre promoção à
saúde foram iniciadas na década de 70; portanto, não se trata de uma
preocupação atua. A Assembléia de Alma-Ata (1977) resultou em Declaração
que preconizava “Saúde para Todos no Ano 2000” e também a importância a
ser dada à atenção básica, ressaltando a necessidade da participação da
54
comunidade e da interação intersetorial para a saúde (SOUZA e GRUNDY,
2004).
Posteriormente, ocorreu a Primeira Conferência Internacional sobre
Promoção de Saúde, realizada em novembro de 1986, em Ottawa (Canadá),
resultou um documento escrito contendo a intenção dos participantes, que era a
de proporcionar a melhoria das condições de saúde para todos. As discussões
realizadas focaram as necessidades de saúde sendo vistas como um recurso
para a vida, enfatizando aspectos sociais e pessoais, assim como as
capacidades físicas individuais, significando dizer que seria necessária a
participação de cada um na melhoria de sua saúde e qualidade de vida.
Em abril de 1988 foi realizada a Conferência de Adelaide, cujo principal
propósito era discutir a criação de um ambiente favorável para que as pessoas
pudessem viver uma vida saudável. Neste evento reafirmou-se, em documento
intitulado Carta de Compromisso com a Promoção da Saúde, que a
participação de cada pessoa no processo de promoção de saúde seria
necessária. Porém, foi enfatizado que a saúde para todos seria alcançada
quando houvesse criação e preservação de condições de vida e trabalho
saudáveis, a partir de uma preocupação central em todas as decisões de
políticas públicas.
Seguindo-se à Conferência de Adelaide, ocorreu a III Conferência
Internacional de Saúde, realizada em junho de 1991, em Sundsvall (EUA), que
sedimentou a idéia da criação dos espaços saudáveis, tanto em pequena
escala, como em projetos mais ambiciosos como as cidades saudáveis. O
evento deu origem à “Declaração de Sundsvall”, destacando os seguintes
aspectos para a promoção da saúde e de um ambiente favorável: uma
55
dimensão econômica, onde estes recursos deveriam ser aplicados para que
fosse alcançado um desenvolvimento sustentável; uma dimensão política, que
exigiria do governo não o compromisso com os direitos humanos, como
também a garantia da participação da sociedade nos processos de tomada de
decisão; uma dimensão social, prevenindo o isolamento social e a perda de
significados e do conhecimento das mulheres, que deveriam ser compartilhados
com os homens, fatores que de alguma forma afetam a saúde.
Foram também estabelecidos dois princípios básicos a fim de que as
propostas de implementação das estratégias para saúde de todos fossem
alcançadas: o primeiro, de que todos os recursos deveriam ser distribuídos de
forma a alcançar uma igualdade, uma vez que existe um processo de
desigualdade social; o segundo, de que as ações do setor público deveriam
gerenciar os recursos naturais, tendo em vista as necessidades das gerações
futuras.
56
A Conferência Internacional em Promoção de Saúde, realizada em Bogotá,
na Colômbia, em novembro de 1992, objetivou definir o significado desta
promoção na América Latina e discutir princípios, estratégias e compromissos
para o alcance de bons níveis de saúde para a população desta região. A partir
destas discussões, destacou-se a importância da participação das pessoas
para modificarem não as próprias condições sanitárias como a sua maneira
de viver, tornando-se clara a necessidade de divulgar informações e promover o
conhecimento para que esta participação ocorresse e, consequentemente, uma
mudança nos seus estilos de vida fosse obtida.
A IV Conferência sobre Promoção de Saúde, realizada em julho de
1997, realizada em Jacarta, ensejou a “Declaração de Jacarta”, tendo como
objetivos: fazer com que seus participantes refletissem a respeito do que foi
apreendido sobre promoção de saúde reexaminassem os determinantes da
saúde e identificassem as direções e estratégias necessárias para enfrentarem
os desafios da promoção da saúde do século XXI.
Com base no que foi discutido, ficou determinado que a promoção da
saúde seria um elemento essencial para o desenvolvimento da saúde e que,
neste processo, seria fundamental permitir que as pessoas tivessem mais
controle sobre suas vidas a fim de melhorá-las. Esta promoção aconteceria
mediante aperfeiçoamento dos investimentos e ações para os povos,
permitindo que contribuíssem de maneira significativa para a redução de suas
condições de saúde julgadas desfavoráveis, inclusive a pobreza, uma das
maiores ameaças à saúde.
Foram fixados como pré-requisitos para a saúde: paz, abrigo, instrução,
segurança social, relações sociais, alimento, renda, direito de voz às mulheres,
57
ecossistema saudável, uso sustentável dos recursos naturais, justiça social,
respeito aos direitos humanos e eqüidade.
Visando promover a responsabilidade social para com a saúde, o evento
estabeleceu como prioridades para o século XXI: que as pessoas responsáveis
pelas decisões estivessem comprometidas com políticas e práticas que
evitassem prejudicar a saúde de outros indivíduos; que o meio ambiente fosse
protegido; que fosse assegurado o uso sustentável dos recursos; que fossem
restringidos a produção e o comércio de substâncias prejudiciais como armas e
tabaco; que se salvaguardasse as pessoas em seus locais de trabalho e que
fosse incluída uma avaliação do impacto sobre a saúde, focado na eqüidade
como parte integral da elaboração de políticas nesse campo.
Trazendo estas informações para a temática deste estudo, infere-se que
cada profissional é responsável por cuidar e promover a sua saúde. No caso da
equipe de enfermagem, em relação às medidas de biossegurança, cada
integrante deve buscar atualizar seus conhecimentos sobre aquelas que devem
ser adotadas na prática assistencial e, sobretudo, ter em mente que a
inobservância destas medidas poderá ocasionar não acidentes e / ou
doenças ocupacionais para si mesmo, como também para os demais membros
da equipe de trabalho.
Para que haja esta promoção, diversos fatores devem ser analisados,
dentre os quais citam-se as manifestações de sintomas de cansaço, angústia,
tensão e/ou estresse que, trazidas para o ambiente de trabalho, aliadas a
outras situações nele já existentes, sem dúvida, ocasionam agravos à saúde do
trabalhador (NEVES, 2002).
De acordo com Silveira (2001), além de considerar estes fatores, para
58
cuidar da saúde do trabalhador é preciso conhecer suas condições de trabalho
e seu conhecimento acerca das medidas de biossegurança, higiene, normas
regulamentadoras de prevenção e controle dos riscos ocupacionais aos quais é
submetido ao prestar a assistência de enfermagem. Neste sentido, destaca-se
a consulta de enfermagem, cuja metodologia na área da saúde do trabalhador
permite ações conjuntas da enfermeira com o trabalhador, tendo como
resultante a adoção e implementação de atividades educativas e
transformadoras da prática e comportamentos dos profissionais (SILVEIRA,
2000).
Segundo Ferreira Júnior (2002), esta intervenção se dá nos três níveis
de prevenção: primário, secundário e terciário. Nas questões voltadas para a
saúde do trabalhador, pode-se dizer que, no nível primário, são identificados e
classificados os estressores e as medidas de educação para evitar fatores de
risco, com o intuito de impedir ou reduzir a penetração destes, fortalecendo a
linha de defesa do trabalhador.
No nível secundário, a intervenção está voltada para as ações corretivas
de enfermagem relacionadas à sintomatologia / tratamento, no sentido de
reduzir os efeitos nocivos identificados. Finalmente, no terciário, acontece a
readaptação das capacidades funcionais do trabalhador, quando são propostas
medidas de reintegração do mesmo ao trabalho.
É importante, como refere Ferreira Júnior (2002) que sejam enfatizados
os níveis primário e terciário, a fim de que seja possível promover e/ou reabilitar
a saúde dos trabalhadores que foram expostos a fatores predisponentes a
desequilíbrios de saúde no ambiente de trabalho.
59
CAPÍTULO III
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
O Tipo de Estudo
Esta pesquisa é do tipo exploratória, descritiva, com abordagem
qualitativa, que permite compreender o problema no meio em que ocorre, sem
criar situações superficiais que mascarem a realidade ou que levem a
interpretações ou generalizações equivocadas (TRIVINOS, 1994).
Para Leopardi (2001), a pesquisa exploratória permite que o
investigador aumente sua experiência diante de um determinado problema;
sendo assim, consiste em explorar a primeira aproximação de um tema, com o
objetivo de criar maior familiaridade em relação a um fato ou fenômeno. É um
tipo de pesquisa que requer revisão de literatura, entrevistas e observação para
que, a partir destes dados, formulem-se sugestões com o objetivo da melhoria
de práticas administrativas, educacionais e de saúde, entre outras.
Trivinos (1994) afirma que, na pesquisa exploratória, o investigador
parte de uma hipótese e aprofunda seu estudo nos limites de uma realidade
específica buscando maior conhecimento para, em seguida, planejar uma
pesquisa descritiva.
Para Santos (1999), a pesquisa descritiva consiste num levantamento
das características conhecidas ou dos componentes de um fato, fenômeno ou
problema, e geralmente é feita sob a forma de levantamentos e observação
sistemática. É caracterizada pela necessidade de explorar uma situação
desconhecida, acerca da qual se tem necessidade de obter maiores
informações; seu produto não se limita somente a expor, explicar ou detalhar
60
fenômenos: espera-se que seus resultados sejam sempre aproveitáveis no
futuro, na alteração efetiva de certas práticas inoperantes, como afirmam Ayala
e Lameira (1989).
Triviños (1987, p.133) ressalta que “na pesquisa qualitativa, o
pesquisador tem liberdade teórico-metodológica na elaboração do seu estudo”.
Para Minayo (1994, p.252), “a compreensão qualitativa [...] é um
movimento totalizador que reúne a condição original, o movimento significativo
do presente e a intencionalidade em direção do projeto futuro”. Assim, para a
autora (Op.cit., p. 101), “a investigação qualitativa requer como atitudes
fundamentais a abertura, a flexibilidade, a capacidade de observação e de
interação com o grupo de investigados e com os atores sociais envolvidos”.
Em decorrência, os instrumentos na pesquisa qualitativa são passíveis
de correção e readaptação durante o processo de trabalho, tendo em vista a
sua finalidade. Este tipo de estudo, de acordo com Minayo (Op.cit., p. 21-22),
preocupa-se com uma realidade que não pode ser quantificada, porque trabalha
com o mundo dos significados das ações e das relações humanas,
respondendo a questões muito particulares, o que corresponde a um espaço
mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos, que não podem
ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
A autora (Op.cit., p.22) afirma que nas investigações qualitativas, o
sujeito é considerado “gente, em determinada condição social, pertencente a
determinado grupo social ou classe, com suas crenças, valores e significados”.
Justifica-se, portanto, a natureza social desta pesquisa.
A abordagem qualitativa permite, pois, uma aproximação entre o
pesquisador e os sujeitos, uma interação entre os mesmos, a partir da qual as
61
respectivas realidades podem ser compartilhadas viabilizando, portanto, através
da visão de mundo do pesquisador, a percepção e a interpretação ampla dos
significados investigados na realidade dos sujeitos. Estes significados
constituem informações subjetivas, o mensuráveis, como esclarece Triviños
(1994).
Portanto, a pesquisa descritiva e exploratória, com abordagem
qualitativa, foi a que permitiu alcançar os objetivos propostos para este estudo.
Em relação às falas dos sujeitos, estas foram interpretadas à luz do
pensamento de Bardin (1979) acerca da análise de conteúdo, dando origem
aos núcleos temáticos cuja análise e discussão encontram-se no próximo
capítulo.
O Cenário do Estudo
O estudo foi realizado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de uma
Instituição de saúde da rede privada do município do Rio de Janeiro, onde
atuavam, à época, quarenta e quatro profissionais de enfermagem.
Após solicitação formal junto à referida Instituição para realizar o estudo
(Apêndice A), mediante apresentação de cópias do projeto de pesquisa à
Direção e à Gerência de Enfermagem, aprovado por ambos, obteve-se a
autorização para dar início ao trabalho, considerando a necessidade de
observar o cronograma da pesquisa.
Trata-se de uma UTI que presta assistência a clientes adultos. A planta
física prevê dezenove leitos, divididos em duas alas: I e II, conforme descrito a
seguir, sendo que em ambas são admitidos clientes em pós-operatório imediato
ou mediato de cirurgia cardíaca, gastroplastia e lobectomia, entre outras, e
62
também clientes em tratamento clínico, como os portadores de pneumonia.
Ala I
Na ala I, com sete leitos, existem boxes separados por divisórias, sendo
o primeiro deles reservado aos que estão em isolamento. Numa bancada
localizada no centro do espaço físico da Ala I, estão dispostos dois monitores
que possibilitam a visualização dos sinais vitais de cada cliente internado; sobre
ela ficam arquivados os prontuários de cada cliente; quanto aos impressos
utilizados pela equipe multidisciplinar, são guardados em quatro gavetas
existentes na referida bancada.
Existem diversas pias distribuídas da seguinte forma: uma na bancada
existente para o preparo de medicamentos, três nas paredes próximas aos
boxes 1 e 2, uma entre os boxes 3 e 5 e a última entre os boxes 6 e 7.
O posto de enfermagem dispõe de duas bancadas com sete gavetas
cada, onde estão dispostos os medicamentos / soluções que serão
administrados aos clientes internados. Nestas bancadas existem dois armários
para guardar bacias, jarros e outros materiais de uso individual de cada cliente.
Existem ainda três salas: uma com geladeira, destinada ao armazenamento do
material (como diurese) a ser encaminhado ao laboratório; outra, onde estão
dispostos diversos equipamentos: bombas infusoras, respiradores, bandejas,
capotes estéreis e macronebulizadores para serem utilizados de acordo com
cada procedimento a ser efetuado; e a terceira para expurgo, onde são
desprezados secreção / excretas dos clientes internados.
63
Ala II
Na Ala II, com doze leitos, os quartos o individuais; dois deles, os
boxes 13 / 14 e 16 /17 com dois leitos cada, em geral acomodam clientes
submetidos à gastroplastia e cirurgia cardíaca. Um monitor central instalado no
posto de enfermagem possibilita visualizar os sinais vitais de cada ocupante
dos doze leitos. Existem também armários, onde estão dispostos materiais
como bandejas, capotes estéreis, macronebulizadores, bacias e jarros a serem
utilizados para atender aos clientes, e uma bancada onde os prontuários são
guardados. Cada quarto dispõe de um armário para guardar os medicamentos /
soluções a serem administrados a cada cliente.
Cada quarto individual dispõe de uma pia, o que possibilita não a
equipe de enfermagem, mas aos demais profissionais e visitantes, fazerem a
lavagem das mãos antes e após o contato com o cliente.
O trabalho da enfermagem organizado com ênfase na assistência
sistematizada, prestada por enfermeiros e técnicos, com observância dos
protocolos existentes na Instituição.
Os enfermeiros respondem pelo gerenciamento do cuidado ministrado
pelos técnicos de enfermagem, e pela realização de curativos cirúrgicos em
acessos profundos e úlceras, prescrições de enfermagem, exame físico dos
clientes, evolução de enfermagem, conferência dos balanços hídricos e ajuda
ao médico nos procedimentos invasivos, tais como punções profundas,
intubação, cateterismo vesical e nasogástrico. A sistematização da assistência
de enfermagem ocorre organizadamente, com base nas rotinas instituídas.
Cada componente da equipe executa as atividades pertinentes à sua categoria
profissional, conforme citado anteriormente.
64
Os técnicos de enfermagem, além da assistência prestada no cuidado
direto ao cliente (dar banho no leito, administrar medicações, medir / desprezar
secreções / diurese e aspirar tubo orotraqueal / vias aéreas superiores),
desenvolvem tarefas como: encaminhar a roupa suja em sacos apropriados a
serem recolhidos pelo serviço de rouparia, lavar e embrulhar os materiais
utilizados na higienização do cliente (bacias e jarros) para a Central de
Materiais, conferir e organizar o material / equipamentos do carrinho de parada
cardiorrespiratória uma vez por semana, conferir e organizar o material /
equipamentos guardado no armário de cirurgia cardíaca.
Deve-se ressaltar que durante a realização das tarefas, os profissionais
utilizam os EPI‟s apropriados (capotes, luvas e máscaras) para o manuseio de
lixo e dejetos.
Os Sujeitos do Estudo
Os sujeitos do estudo foram vinte e nove profissionais de enfermagem,
sendo sete enfermeiros e vinte e dois técnicos de enfermagem, do total de
quarenta e quatro profissionais lotados na UTI (Quadros I e II).
A seleção dos sujeitos observou o critério de inclusão estabelecido para
a pesquisa, qual seja, o tempo de atuação de, no mínimo, seis meses na
Unidade, considerando-se que após este período, devem estar familiarizados
com as normas e rotinas da Instituição hospitalar em estudo. Apenas dois
enfermeiros e treze técnicos de enfermagem não atenderam a este critério.
Após pedir permissão à enfermeira chefe responsável pela UTI entrei em
contato com os sujeitos selecionados, descrevi o projeto que pretendia
desenvolver, abordando os objetivos do estudo e a metodologia a ser utilizada,
65
deixando claro que as adesões seriam voluntárias; esclareci também que os
dados coletados seriam utilizados como conteúdo da dissertação de mestrado
que estava elaborando, a qual seria apresentada à equipe de enfermagem para
que todos pudessem ter acesso aos resultados obtidos tão logo fosse a mesma
aprovada após a defesa final. Todos concordaram que o estudo poderia ser útil
para o grupo, contribuindo para o crescimento profissional de cada um na
Unidade em que atuavam.
Os sujeitos que participaram da pesquisa receberam um código
numérico (E
1
, E
2
,...E
29
), escolhido pela pesquisadora para atender ao disposto
na Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde / MS, que garante o
anonimato dos participantes em pesquisas envolvendo seres humanos.
66
QUADRO I - DEMONSTRATIVO DA CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DO
ESTUDO
CATEGORIA: ENFERMEIRA
SEX
O
TEMPO
(ANOS)
FORMAÇÃO
PROFISSION
AL
TEMPO
(ANOS)
EXERCÍCIO
PROFISSION
AL
TEMPO DE
SERVIÇO
NA
INSTITUIÇ
ÃO
REALIZAÇÃO
DE
TREINAMENTO
EM
BIOSSEGURANÇ
A
(SIM / NÃO)
TIPO
C / H
HÁ QUANTO
TEMPO
REALIZOU
O
TREINAMENTO?
REALIZAÇÃO
DE
TREINAMENT
O
POSTERIOR
F
8
8
5a
Não
-
-
-
-
F
8
8
4a
Sim
Palestra
02h
6a
Não
F
7
7
4a
Sim
Palestra
02h
2a / 5
a
(1)
Não
F
7
7
5a
Sim
Palestra
4h
4a
Não
F
10
10
3a 4m
Não
-
-
-
Não
F
1a 7m
8 meses
(2)
6a
Sim
Palestra
1 dia
3m
Não
F
8
8
2a e meio
Sim
Palestra
2h
3a
Não
Legenda: a = anos; m = meses
(1) Segundo a entrevistada, assistiu palestras semanais há 5 anos no Hospital Barra d’Or,
e há 02 anos no Posto de Saúde em Petrópolis (contados da data da entrevista)
(2) Anteriormente era técnica de enfermagem..
67
QUADRO II - DEMONSTRATIVO DA CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DO ESTUDO
CATEGORIA: TÉCNICO(A) DE ENFERMAGEM
SEX
O
TEMPO
(ANOS)
FORMAÇÃO
PROFISSION
AL
TEMPO
(ANOS)
EXERCÍCIO
PROFISSION
AL
TEMPO DE
SERVIÇO
NA
INSTITUIÇ
ÃO
REALIZAÇÃO
DE
TREINAMENTO
EM
BIOSSEGURANÇ
A
(SIM / NÃO)
TIPO
C / H
HÁ QUANTO
TEMPO
REALIZOU
O
TREINAMENTO?
REALIZAÇÃO
DE
TREINAMENT
O
POSTERIOR
M
13
13
1a 1mês
Sim
Palestra
7h30m
8 m
Não
M
13
13
10a
Não
-
-
-
-
M
12
12
10a
Sim
Palestra
1h
4a
Não
M
7
7
1a
Não
-
-
-
-
M
8
8
5a
Não
-
-
-
-
M
11
9
6a
Não
-
-
-
-
M
5
5
1a 2m
Sim
Palestra
6h
1 a
Não
M
4
4
2a 5m
Sim
Palestra
1h
2a
Não
M
6
5
3a
Não
-
-
-
-
M
5
5
1a 4m
Não
-
-
-
-
M
11
10
1a
Sim
Palestra
6h
1a e meio
Não
M
12
10
2a
Sim
Palestra
30m
1a
Não
M
8
8
4a
Sim
Palestra
40m
1a
Não
F
12
9
3a 3 m
Sim
Palestra
2 h
8a / 3a
(1)
F
13
13
5a
Não
-
-
-
-
F
5
5
2a 3 m
Sim
Palestra
30m
3a
Não
F
10
10
8m
Sim
Palestra
5h e
15m
6a / 8m
(2)
Não
F
19
19
10a
Sim
Palestra
1h
1a / 2a
(3)
Não
F
18
18
6a
Não
-
-
-
-
F
12
12
9a
Não
-
-
-
-
F
15
15
10a
Sim
Palestra
20m
5a
Não
F
5
5
2a 3m
Sim
Palestra
1h
1a / 4a
(4)
Não
Legenda: em relação ao tempo de formação/exercício/realização de treinamento: a =
ano; m = meses. Em relação à CH: h = hora; m = minutos
(1) Há 8 anos no H.E. Rocha Faria e há 3 anos na Instituição. (2) Há 6 anos no Pró-
Cardíaco e há 8 meses na Instituição.
(3) Há 1 ano na Instituição e há 2 anos no Instituto Estadual Aloísio de Castro. (4) Há 1
ano na Instituição e há 4 anos na UFRJ.
68
Os Instrumentos Utilizados e a Coleta de Dados
A primeira fase da coleta de dados deu-se através da realização de
entrevistas semi-estruturadas com os vinte e nove sujeitos do estudo, para
aplicar as perguntas elaboradas no roteiro (Apêndice B).
Richardson (1999) informa que em todas as ações que envolvem
pessoas é importante compreendê-las, tentar colocar-se em seu lugar e com
isso, tentar imaginar e analisar como elas pensam, agem e reagem. Através da
entrevista, é possível desenvolver essa relação entre as pessoas, pois é uma
técnica na qual a informação é transmitida através da comunicação.
Minayo (1994) afirma que a entrevista valoriza a fala por ser reveladora
de condições estruturais, de sistema de valores, normas e símbolos,
representações de grupos determinados, em condições históricas, sócio-
econômicas e culturais específicas.
Estas entrevistas ocorreram em uma sala da própria UTI, com a
autorização da chefia do setor. Foi solicitado aos sujeitos que acompanhassem
a pesquisadora àquele local, onde receberam novas explicações sobre o
propósito do estudo e responderam as perguntas previstas no roteiro.
As respostas obtidas foram gravadas em fitas magnéticas, após
autorização escrita dos depoentes no Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Apêndice C). Todos foram informados do posterior acesso à
transcrição das suas falas, para validá-las quanto ao respectivo conteúdo, e da
possibilidade da desistência de participação em qualquer momento da
construção desse estudo, sem prejuízo de qualquer tipo ou natureza.
69
Outra cnica utilizada para a coleta de dados utilizada foi a observação
sistemática das atividades na UTI, com o registro em diário de campo dos fatos
70
observados enquanto os sujeitos atuavam.
Lakatos (2001) descreve que a observação sistemática realiza-se em
condições controladas, para responder a propósitos preestabelecidos, pois o
pesquisador sabe o que procura e o que carece de importância em determinada
situação e, ao mesmo tempo, deve ser capaz de reconhecer possíveis erros e
eliminar sua influência sobre o que vê ou recolhe.
Neste caso, foi realizada no cenário do estudo após as entrevistas,
como forma de complementar as informações dos sujeitos do estudo, ou seja,
constatar se aplicavam, na prática, aquilo que tinham dito em relação à
utilização das medidas de biossegurança. Para tanto, foi utilizado um check-list
elaborado pela pesquisadora (Apêndice D).
Barros (2000) informa que, durante o desenvolvimento de um estudo,
nas idas e vindas do pesquisador ao campo para coletar os dados, é muito útil a
elaboração do diário de campo, pois nele serão feitos o registro dos fatos
observados e as impressões pessoais do pesquisador. Os registros devem ser
organizados e sistematizados conforme os dias e horários, as situações e
outras ocorrências durante o trabalho na Unidade, para que seja possível
contextualizar os dados levantados e reconstruir os fatos observados.
A observação aconteceu entre os dias 11 e 31 do mês de maio de 2005,
num total de 72 horas no serviço noturno e 48 horas no serviço diurno, e foi
feita da seguinte forma: a pesquisadora permaneceu na UTI durante seis dias
alternados, das 19:00 às 07:00 horas no serviço noturno, e quatro dias
alternados, das 07:00 às 19:00 horas, no serviço diurno, totalizando 120 horas
de acompanhamento das atividades desenvolvidas pelos sujeitos.
71
Durante a observação participante, teve-se o cuidado de fazer com que
os sujeitos não se sentissem vigiados ou tolhidos em suas atividades, a fim de
que não alterassem a sua forma de utilização das medidas de biossegurança
ao atuarem na UTI. Para tanto, foi enfatizado a cada um que a meta era apenas
observar como a equipe de enfermagem se comportava frente à observância de
medidas de biossegurança na UTI. Segue-se o Quadro III, que sintetiza o que
foi observado.
QUADRO III SÍNTESE DA OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA
ITEM
DESCRIÇÃO
ENFERMEIRA
TÉC.ENFERMAGEM
SIM
NÃO
SIM
NÃO
1
Lavagem das mãos antes e após o
contato com o cliente
07
-
22
-
2
Uso de luvas ao entrar em contato com o
cliente
07
-
22
-
3
Uso de EPIs (luva, máscara, óculos de
proteção) ao desprezar as excreções do
cliente no expurgo
-
-
-
22
4
Uso de EPIs (luva, máscara, óculos de
proteção) ao realizar técnicas como
aspiração de vias aéreas superiores, tubo
orotraqueal e traqueostomia
-
-
02
20
5
Uso de EPIs (luva, capote) ao realizar
procedimentos com cliente em precaução
de contato
07
-
22
-
6
Desprezo de agulhas / seringas em
coletor de descarte, ao término da
administração de medicamentos
-
-
22
-
7
Respeito em relação à capacidade de
armazenamento do coletor de descarte,
trocando-o quando necessário
07
-
22
-
8
Uso de EPIs (luva, máscara, capote) ao
realizar curativos cirúrgicos em punções
ou úlceras
72
07
-
-
-
9
Uso de EPIs (luva, máscara, capote) ao
auxiliar o médico em procedimentos como
punção profunda ou exames como
broncoscopia
06
01
05
-
10
Uso de sacos impermeáveis e EPIs (luva,
máscara, capote) para transportar roupas
sujas de sangue, líquidos corporais,
secreções e excreções
-
-
-
22
(*) Na ocasião, cinco técnicos de enfermagem supriram a ausência de enfermeiros no setor.
73
Análise e Interpretação dos Dados
Na aproximação necessária entre os dados coletados e os objetivos
deste estudo, o caminho escolhido foi o da análise temática compreendendo a
apresentação descritiva das falas transcritas dos sujeitos que participaram das
entrevistas realizadas, somado à dos dados obtidos a partir da observação
sistemática no cenário de estudo e de anotações realizadas pela autora em um
diário de campo.
Em relação à análise temática, Bardin (1979) afirma que o tema é a
unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado;
segundo critérios relativos, a teoria que serve de guia à leitura.
A análise temática desdobra-se em três etapas, conforme descreve
Bardin (1979). A primeira, denominada préanálise, consiste na escolha de
documentos a serem analisados, na retomada dos objetivos iniciais do estudo
reformulando-os, caso necessário, frente ao material coletado pelo pesquisador.
Nesta etapa, o pesquisador tem as seguintes tarefas a cumprir: realizar
a leitura flutuante, que consiste em tomar contato exaustivo com o material,
deixando-se impregnar pelo seu conteúdo de tal forma que possa responder a
algumas normas de validade como exaustividade, representatividade,
homogeneidade e pertinência.
Nessa fase préanalítica, o determinadas as unidades de registro,
que se constituem de palavraschave ou frases; a unidade de contexto, que é a
delimitação do conteúdo de compreensão da unidade de registro; a forma de
categorização, a modalidade de codificação e os conceitos teóricos mais gerais
que orientarão a análise, como afirma Bardin (1979).
74
A segunda etapa, que é a exploração do material, consiste na operação
de codificação, ou seja, na transformação de dados brutos, através de uma
palavra, uma frase, um tema, cujo objetivo é alcançar o núcleo de compreensão
do texto, através da classificação e agregação de dados, escolhendo as
categorias teóricas que comandarão a especificação do tema.
Na etapa final, é necessário realizar o tratamento dos dados obtidos e
fazer sua interpretação, após o que os resultados brutos são submetidos à
operação simples ou complexa, que permite colocar em relevo as informações
obtidas; a partir daí, o pesquisador irá propor inferências, realizando
interpretações sugeridas pela leitura do material.
As categorias encontradas e analisadas parcialmente são apresentadas
no próximo capítulo. São elas:
Medidas de biossegurança adotadas pela equipe de enfermagem
Percepção da equipe de enfermagem em relação à importância da adoção e
implementação das medidas de biossegurança
Possibilidades de intervenção para a adoção e implementação das medidas
de biossegurança
CAPÍTULO IV
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados do estudo, que teve
como objetivos: descrever as medidas de biossegurança adotadas pela equipe
de enfermagem durante a assistência prestada em UTI; identificar a percepção
da equipe de enfermagem acerca da importância da adoção e implementação
das medidas de biossegurança durante a assistência prestada em UTI e
analisar as possibilidades de implementação, pela equipe de enfermagem, de
medidas de biossegurança durante a assistência prestada em UTI. A análise
dos depoimentos originou a construção das seguintes categorias de análise:
Medidas de biossegurança adotadas pela equipe de enfermagem
Esta categoria foi construída a partir da observação sistemática no
cenário do estudo e do check-list utilizado pela autora da pesquisa.
Observei que a equipe de enfermagem adotava como medidas de
biossegurança a lavagem das mãos; o uso dos equipamentos de proteção
individual e o descarte de materiais pérfuro-cortantes, e ainda, que todos os
sete enfermeiros e os vinte e dois cnicos de enfermagem realizavam a
lavagem das mãos antes e após o contato dispensado ao cliente internado.
A lavagem das mãos é uma medida de biossegurança entendida por
muitos como proteção do cliente, mais do que da equipe de enfermagem.
Porém, quanto a este aspecto, a adoção desta medida mostrou-se
numericamente expressiva por parte dos trabalhadores de enfermagem, o que
76
demonstrou que os sujeitos identificaram esta medida como imprescindível à
prevenção de infecções. Sem dúvida, é um procedimento de biossegurança que
está incorporado na rotina da equipe de enfermagem.
Mendonça, Fernandes, Azevedo, Silveira e Souza (2003) afirmam que
lavar as mãos constitui-se num dos atos mais importantes na profilaxia da
infecção hospitalar, pois através das mãos dos profissionais de saúde é que
são transportados os microorganismos de um cliente para outro, e também para
os equipamentos, fato que deve ser levado em consideração, principalmente
em uma UTI, pois o intenso manuseio do cliente e o uso de técnicas invasivas
para tratá-los faz com que fiquem mais susceptíveis às infecções.
Deste modo, durante a assistência, a lavagem das mãos inclusive antes
de colocar luvas e imediatamente após a remoção das mesmas, é um
importante procedimento preventivo que deve ser incorporado à rotina
profissional, tanto por representar uma medida de segurança no trabalho, como
para prevenir infecções cruzadas (MARTINS, 2000).
Outra medida adotada foi o uso dos equipamentos de segurança,
descritos por Mastroeni (2004) como barreiras primárias de contenção,
destacando-se os equipamentos de proteção individual (óculos, luvas,
máscaras e capotes) destinados a proteger o trabalhador dos riscos aos quais
estão sendo submetidos ao realizar certos procedimentos de rotina com o
cliente.
A utilização de EPI´s encontra-se regulamentada pelo Ministério do
Trabalho, na Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6) que define como obrigações
do trabalhador: utilizar o equipamento apenas com a finalidade a que se
77
destina, responsabilizar-se por sua guarda e conservação e comunicar ao
empregador qualquer dano ou alteração que o torne impróprio para o uso.
Em relação ao uso dos equipamentos de proteção individuais, dentre os
vinte e dois técnicos de enfermagem, observou-se que nenhum utilizou
máscara e óculos ao desprezar as excreções do cliente no expurgo; fizeram
apenas uso das luvas, sendo que vinte deles não utilizaram os óculos de
proteção ao realizar técnicas como a aspiração de vias aéreas superiores,
traqueostomia e tubo orotraqueal. Todavia, em sua totalidade, a equipe de
enfermagem valeu-se do uso de luvas e capote ao entrar em contato com o
cliente em isolamento de contato, o que foi significativo por se tratar de um dos
mais tradicionais e antigos procedimentos preventivos na área de saúde, ao
contrário dos óculos de segurança, cuja utilização nem sempre é observada
com rigor.
O ítem 32.3.2 da NR-32, que versa sobre segurança e saúde do
trabalhador em estabelecimentos de assistência à saúde, preconiza como
direito dos trabalhadores receber as orientações necessárias sobre prevenção
de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho e uso dos equipamentos de
proteção coletivos e individuais fornecidos gratuitamente pelos empregados”
Em relação aos EPI´s, Mastroeni (2004) enfatiza que as luvas devem ser
utilizadas em procedimentos que exijam proteção contra materiais
potencialmente infectantes como sangue, secreções e excreções; devem ter
formato anatômico, boa resistência, fornecer conforto e destreza ao usuário,
conferindo maleabilidade e flexibilidade; e que ao trabalhador cabe observar os
seguintes aspectos ao fazer uso deste equipamento: calçar as luvas com as
78
mãos limpas e secas, sempre colocá-las sobre o punho do capote, não
deixando as mangas soltas sobre as luvas; quando apresentar ferimentos nas
mãos, protegê-los com curativo, pois o ferimento sem proteção pode ser
agravado pelo uso das luvas devido ao atrito provocado com a pele; não abrir
portas ou atender telefones utilizando luvas; trocá-las quando entrar em contato
com diferentes clientes e, sobretudo, nunca reutilizá-las.
Quanto aos óculos de proteção, Mastroeni (2004) confirma que este tipo
de EPI confere proteção contra respingos de material infectante; utilizado em
procedimentos que ofereçam riscos aos olhos, devem ser confortáveis, leves
resistentes e maleáveis, construídos de forma a proteger os olhos
completamente, porém sem comprometimento do campo visual, assentando-se
de forma confortável sobre o nariz, além de possuir proteção lateral. O
trabalhador deve ter cuidados especiais com o manuseio deste tipo de
equipamento: ao retirá-lo, não deixar próximo a fontes de contaminação ou
calor, limpá-lo ao rmino de sua utilização e guardá-lo em local adequado com
as lentes para cima, protegidos do calor, do impacto e do contato com produtos
químicos ou biológicos.
A máscara, de acordo com Souza (2000), é um equipamento destinado
à proteção da boca e do nariz do profissional, porém determinados cuidados
devem ser empregados por ele durante sua utilização, conforme descrito por
Tipple, Pereira, Hayashida, Morlya e Souza (2003) a máscara o deve ser
usada por um longo período de tempo e nem ser tocada sucessivamente, assim
como mantida permanentemente em volta do pescoço, pois além de não
conferir a proteção contra gotículas e aerossóis, pode transformar-se em um
reservatório de microorganismos.
79
Em relação ao uso de EPI´s (luva, máscara, óculos) ao desprezar as
excreções do cliente no expurgo, observou-se que os técnicos de enfermagem
não utilizaram a máscara e os óculos, em sua totalidade; só utilizaram as luvas,
como de rotina. Sabe-se que o uso desses equipamentos não reduz a zero os
riscos aos quais os profissionais estão sendo submetidos, mas reduzem a
quantidade de secreção / sangue inoculados em até 75% e, por via de
conseqüência, o grau de risco de infecção (LACERDA, 2000).
Diante deste quadro, é possível inferir que necessidade de que a
equipe de enfermagem seja melhor esclarecida sobre a importância do uso
destes EPI‟s. Para tanto, o setor de Engenharia de Segurança no Trabalho,
juntamente com o Serviço de Saúde do Trabalhador da Instituição, devem
valer-se de seus profissionais para implementarem ações nesse sentido. Uma
delas, as visitas de inspeção periódicas à UTI, com dois objetivos: o primeiro,
de esclarecimento quanto à importância do uso destes EPI‟s para a prevenção
de acidentes de trabalho; e o segundo, de colaboração visando a que o uso de
EPI‟s torne-se um hábito na Unidade, ratificando as orientações transmitidas e
solicitando o respeito à utilização dos mesmos.
Estudo realizado por Faria e Zeitoune (2005) em um Centro Municipal de
Saúde no município do Rio de Janeiro, permitiu que as autoras observassem a
não utilização de EPI´s durante a prática assistencial de enfermagem, em
muitas ocasiões, sob a alegação dos sujeitos de que os achavam incômodo ao
uso, principalmente no caso das máscaras. Um outro fator encontrado foi à falta
de atenção por parte dos profissionais que, por vezes, faziam procedimentos
junto aos clientes sem utilizá-la, mesmo quando o equipamento estava no
80
seu pescoço, ao invés de estar em sua face, conferindo assim a proteção
necessária.
A equipe de enfermagem, em sua totalidade, respeitou o ato de
desprezar os pérfuro-cortantes no coletor de descarte, trocando-o quando o
mesmo tinha excedido sua capacidade. Cabe ressaltar que estes coletores
de descarte existiam no box / quarto individual de cada cliente internado, o que
facilitou o descarte da seringa / agulha imediatamente após a administração do
medicamento, evitando o reencape e a ocorrência de acidentes com pérfuro-
cortantes.
Este achado contrasta com a literatura científica, pois em um estudo
realizado por Marziale et al (2004) em um hospital universitário no interior de
São Paulo, relacionado aos acidentes de trabalho com a equipe de enfermagem
com material pérfurocortante, a autora encontrou dentre outros, os seguintes
resultados: o maior número de acidentes ocorreu durante a execução de
procedimentos como punção venosa e administração de medicamentos por via
subcutânea, assim como perfurações provocadas por agulhas descartadas em
locais inadequados por outros trabalhadores; dos nove profissionais que se
acidentaram, apenas um trabalhava em UTI; e a falta de adoção de medidas
preventivas neste hospital.
Spíndola (1999) menciona que a UTI é um dos setores em que mais
ocorrem acidentes com pérfuro-cortantes porque os profissionais de saúde, em
sua maioria, cuidam e preservam a vida e a saúde dos clientes, mas
descuidam-se, muitas vezes, da própria proteção. Além disso, a autora refere,
que esta ocorrência está associada ao fato de os profissionais se tornarem mais
81
vulneráveis a este tipo de acontecimento em decorrência de algumas
características, como a de ser o maior grupo de profissionais de saúde a prestar
assistência ininterrupta durante 24 h / dia, ser responsável pela execução de,
aproximadamente, 60% das ações de saúde e de manter maior contato físico
com os clientes.
Brevidelli e Cianciarullo (2002) afirmam que os acidentes com agulhas,
atingindo profissionais de saúde, constituem um dos principais riscos de
transmissão ocupacional de infecções por via sangüínea. Ao analisar as fontes
de risco de acidentes com agulhas e outros objetos pérfuro-cortantes, os
autores observaram que práticas de risco realizadas por estes profissionais
(como reencapar agulhas e descartar os pérfuro-cortantes em locais
inadequados, a exemplo de sacos de lixo, cama / mesa de cabeceira do cliente,
bandejas e campos cirúrgicos), ocasionaram de 10 a 20% dos acidentes com a
equipe de enfermagem, no estudo que realizaram em um hospital universitário
em São Paulo.
Secco e Robazzi (2002) também destacam que os acidentes de trabalho
ocorridos nas unidades de terapia intensiva acontecem por se tratar de um
ambiente complexo, que apresenta um elevado número de riscos ocupacionais
para a equipe de enfermagem, decorrente tanto da assistência prestada
diretamente ao cliente, como do manuseio de equipamentos e materiais
perfurantes e/ou cortantes, que podem estar contaminados por sangue e outros
fluidos corporais. Para os autores, a educação permanente da equipe de
enfermagem representa um desafio visando a prevenção de acidentes.
82
Tipple, Pereira, Hayashida, Morlya e Souza (2003) confirmam que,
quanto maior for a manipulação dos objetos pérfuro-cortantes, de sangue e de
fluidos orgânicos, maior será a exposição do trabalhador a doenças como AIDS
e hepatites B e C; portanto, medidas como o não reencape de agulhas devem
ser rigorosamente observadas para minimizar os acidentes ocasionados por
esta prática inadequada.
No que diz respeito ao transporte da roupa suja, observou-se que os
vinte e dois cnicos de enfermagem utilizaram sacos impermeáveis para fazê-
lo. Todavia, as medidas de biossegurança não foram observadas
completamente, pois apenas foram utilizadas luvas, proteção adotada
rotineiramente.
Mastroeni (2004) enfatiza que as roupas de proteção devem ser
utilizadas em todas as atividades que possam vir a provocar doenças
ocupacionais por contaminação; sendo assim, o uso do capote é indicado para
a proteção da pele, devendo ser de manga longa, cobrindo além dos braços, o
dorso, as costas e parte das pernas acima dos joelhos, atuando como barreira
de proteção também para a roupa do profissional contra a exposição a sangue
e a fluidos corpóreos. Todavia, o trabalhador deve adotar alguns cuidados
quanto ao uso correto e adequado deste equipamento: o capote deve ser
utilizado com a parte aberta voltada para as costas, pois do contrário, além de
não oferecer a proteção adequada, pode ainda provocar acidentes; nunca
arregaçar as mangas para não expor a pele ao contato com agentes
infecciosos; ao término de sua utilização, retirá-lo, deixando exposta a parte
interna para que possa ser usado por outra pessoa, e substituí-lo sempre que
estiver sujo ou molhado.
83
As atitudes dos profissionais observados demonstraram que, na prática
assistencial, deixam de dar importância à adoção das medidas de
biossegurança na assistência prestada, o que pode colocá-los em risco de
adquirir alguma doença ocupacional ou de sofrer um acidente de trabalho.
Napoleão, Robazi, Marziale e Hayashida (2000) ressaltam que os profissionais
de enfermagem estão expostos a uma série de riscos durante a execução de
seu trabalho, sejam estes físicos, químicos, ergonômicos, psicossociais ou
biológicos. Neste caso específico, os sujeitos observados ficaram expostos ao
risco biológico, que segundo Souza (2000) está relacionado com agentes como
sangue e/ou fluidos corpóreos, além daqueles transmitidos por via aérea.
Além dos riscos físicos, químicos, ergonômicos, psicossociais e
biológicos, Dejours (1992) categoriza os riscos, para fins de estudo dos efeitos
do trabalho sobre os trabalhadores em três níveis: o risco real, o suposto e o
residual. O primeiro é caracterizado como sendo aquele que está na esfera de
controle ou responsabilidade do empregador como, por exemplo, o
fornecimento dos EPI´s aos empregados. O risco suposto é o que se supõe
como sendo de conhecimento dos trabalhadores, configurados pelos
ensinamentos, cursos, palestras, campanhas de prevenção, entre outros. Já o
risco residual é definido como sendo de total responsabilidade do indivíduo, ou
seja, do profissional que conhece o risco a que está submetido, dispõe de infra-
estrutura necessária à sua proteção, mas não a leva em consideração.
É o que acontece com os membros da equipe de enfermagem, quando
não utilizam os EPIs preconizados para a realização de procedimentos como
desprezar excreções do cliente no expurgo, realizar técnicas com aspiração de
vias aéreas superiores, traqueostomia e tubo orotraqueal
84
Trata-se de um fato agravante, por ser esta uma equipe que atua em
setor específico, destinado ao atendimento de clientes que necessitam de
cuidados complexos e especializados, permeado por vários sentimentos e
emoções que exigem do profissional preparo para lidar com a perda, a dor e o
sofrimento, sem mencionar que a rotina estabelecida exige uma excelente
capacitação técnico-científica de cada integrante da equipe. Isto inclui não
que todos saibam identificar as medidas cotidianas de biossegurança que
devem ser adotadas durante a assistência de enfermagem, como também
percebam que tais medidas são indispensáveis à sua proteção, independente
do diagnóstico do cliente internado.
Percepção da equipe de enfermagem em relação à importância da
adoção e implementação das medidas de biossegurança
Em relação à importância da adoção e implementação das medidas de
biossegurança, alguns entrevistados têm uma percepção correta acerca do
assunto, como está evidenciado em suas falas:
(...) ter um cuidado com o paciente e pensar no
cuidado que temos que ter conosco, com o profissional de
enfermagem (...) (E
2
)
(...) é a segurança tanto do profissional quanto do
paciente (E
6
)
(...) ter cuidado comigo como funcionária para não
adquirir nenhuma doença, nem transmitir para o paciente
(...) (E
23
)
(...) é super importante (...) (E
29
)
85
Penteado (2003), em estudos realizados em hospitais da Bahia,
encontrou resultados evidentes de que os profissionais de saúde entendem que
as medidas de biossegurança devem ser adotadas e utilizadas como precaução
e proteção à própria saúde, à de seus colegas e à do cliente sob seus cuidados.
Todavia, E
1
alertou para o fato de que “(...) poucos são os que sabem
(...) o que fazer em caso de acidente com rfuro–cortante (...)”, ressaltando
que “(...) a gente conhece no dia-a-dia mesmo (...), referindo-se às medidas de
biossegurança. Já E
28
afirmou que a sua percepção sobre tais medidas é
decorrente do que “(...) aprendeu na formação (...), acrescido daquilo que “(...)
a gente aprende quando entra dentro da Unidade, através de treinamentos (...)”,
donde se pode inferir que a percepção de ambos pautou-se na valorização da
experiência profissional cotidiana que tiveram sobre o assunto.
A seguir, as falas de dois entrevistados que percebem as medidas de
biossegurança como meio de utilização para a segurança e a saúde somente
dos profissionais que integram a equipe de enfermagem:
(...) é o meio que a gente tem de estar se cuidando
e de estar prevenindo que você se fira (...) (E
8
)
(...) é a proteção que um profissional da área de
saúde tem que ter a si mesmo, no dia-a-dia, para ele não
se contaminar e não prejudicar a si mesmo (...) (E
20
)
Tais manifestações de pensamento reforçam a desinformação existente,
ainda hoje, junto à equipe de enfermagem, acerca dos malefícios decorrentes
da transgressão das normas de biossegurança.
86
Outros dois participantes do estudo reconheceram que sua percepção
acerca do assunto não era suficientemente abrangente. Em seus depoimentos,
bastante similares, disseram:
(...) sobre biossegurança, eu acho que é um tanto
restrito (...) (E
15
)
(...) a respeito de medidas de biossegurança, é um
tanto restrito (...) (E
25
)
Outros dois entrevistados manifestaram-se a respeito: o primeiro,
fazendo menção ao uso de EPI‟s; e o segundo, destacando a relevância do
tema. Eis o que disseram:
(...) o que eu entendo de medidas de biossegurança
é você fazer uso de equipamentos que possam vir a te
proteger, não deixar você se expor ao realizar um
procedimento com o paciente. Então, é o uso de
máscaras, de óculos de proteção, de capote (...) (E
26
)
(...) biossegurança é uma coisa muito importante,
mas as pessoas não levam muito a sério isso ainda (...)
(E
27
)
Ao analisar as respostas dos entrevistados, percebe-se que a maioria
dos sujeitos entrevistados revelou que a sua percepção em relação às medidas
de biossegurança está relacionada apenas com o uso de EPI‟s (óculos, capote
e máscara); cinco fizeram referência à lavagem das mãos e dez, aos cuidados
com materiais pérfurocortantes, além da simples utilização de EPI‟s.
Considerando a ênfase dada ao uso dos EPI‟s, vale apresentar alguns
comentários acerca da percepção dos profissionais sobre o assunto.
87
A equipe de enfermagem descreveu que uma das medidas de
biossegurança mais importantes é o uso dos EPI´s, relacionando-os com o tipo
de procedimento que será realizado no cliente internado, demonstrando, assim,
uma preocupação em como utilizá-los e manuseá-los corretamente,
considerando que “(...) cada um tem uma finalidade (...)” (E
11
) e que “(...)
existem várias medidas de biossegurança; uma delas é o uso dos EPIs (...)”
(E
22
).
Ennes (2002) afirma que quando utilizados adequadamente, os EPI‟s
servem de aliados dos profissionais, livrando-os dos riscos possíveis
relacionados ao tipo de atividade que estão executando. Nesse sentido, os
entrevistados têm plena consciência da necessidade do uso dos EPI‟s
durante a realização dos cuidados prestados ao cliente no cotidiano da UTI.
Especificamente em relação às luvas, eis o que disseram:
(...) o uso de luvas de procedimento, para evitar
contato com fluidos corporais (...). (E
5
)
(...) luvas, para evitar muitas vezes a contaminação
tanto do cliente, como a nossa contaminação (...). (E
22
)
(...) a gente usa a luva para ter um isolamento de
contato (...). (E
28
)
(...) luva todo mundo usa (...) (E
29
)
As falas anteriores confirmam a observação sistemática realizada,
quando se constatou que o EPI mais utilizado pela equipe de enfermagem foi a
luva, em situações como a do atendimento ao cliente internado na Unidade
naquele momento, ou ao se aproximarem para prestar cuidados de
enfermagem, como o banho no leito ou a mudança de decúbito.
88
No caso da máscara, contradizendo as falas de alguns entrevistados, foi
possível observar que foi mais usada em situações que exigiram a proximidade
ao cliente, no momento de realizar sua higienização por conta de uma
evacuação, do que para proteger a face do profissional, ao desprezar as
secreções do cliente no expurgo. Dois entrevistados justificaram a necessidade
do uso da máscara em certas situações:
(...) com paciente que tenha infecção respiratória,
você tem que usar uma máscara apropriada (...) (E
16
)
(...) se você for fazer uma aspiração, deve usar
máscara (...) para evitar que algum espirro de secreção
venha cair na sua boca ou na sua pele (...) na hora de
trocar o selo d´água dos drenos, ou qualquer dreno, você
deve utilizar máscara (...). (E
17
)
(...) o uso da máscara, você se protege contra
qualquer tipo de secreção que venha a atingir a sua boca.
(E
18
)
(...) máscara, por causa das gotículas da mucosa
oral (...). (E
19
)
(...) a gente usa máscara quando vai trocar os
curativos, e as outras máscaras especiais quando ele está
em isolamento respiratório (...). (E
28
)
Quanto ao óculos de proteção, a maioria dos entrevistados não observou
o seu uso durante a assistência prestada aos clientes, como constatado durante
o período em que a pesquisadora esteve presente na UTI realizando a
observação sistemática para complementar os dados desta pesquisa. Eis o que
três entrevistados disseram a respeito:
(...) os óculos (...) é importante e quase ninguém
usa, principalmente em terapia intensiva (...). (E
19
)
89
(...) o que eu menos faço é utilizar o óculos e a
máscara, que é necessário (...). (E
23
)
(...) é super importante o uso de óculos de
proteção. Acho que apesar da gente ser um pouco
arredio a esse uso, principalmente ao do óculos (...) na
correria, a gente acaba não usando e eu acho que é
cultural mesmo, a gente não usar (...). (E
29
)
Estes relatos confirmam a literatura (Ennes, 2002) quanto ao uso,
desuso ou uso inadequado dos EPIs. Na teoria, quando entrevistados, todos
enfatizaram a importância do uso dos EPI´s, porém, o que se observou foi que
nem sempre os membros da equipe de enfermagem realmente faziam uso do
EPI, ou quando o faziam, às vezes era de maneira incorreta.
Vale ressaltar que, durante a observação sistemática, ao aspirar o
cliente intubado, a maioria dos profissionais não utilizou simultaneamente o
óculos de proteção e a máscara, dois equipamentos imprescindíveis à
realização da técnica, por prevenir que a secreção do cliente acidentalmente
atinja a conjuntiva ou a mucosa do trabalhador.
Este comportamento inadequado dos profissionais de enfermagem, de
inobservância às medidas de biossegurança, também foi constatado pela
pesquisadora durante o ato de desprezar o conteúdo dos drenos (Jackson,
Hemovac), na troca da solução do selo d‟água ou ao desprezarem as
excreções dos clientes no expurgo.
Cabe aqui um esclarecimento importante: a Instituição fornece todos os
EPI‟s necessários à realização de um trabalho seguro, que ficam armazenados
no “arsenal”, onde um responsável pela sua distribuição e controle. Assim,
90
ao fazer a entrega do EPI ao profissional de enfermagem, ele anota em uma
folha o que e a quem foi entregue, o número do boxe da UTI e o nome do
paciente a que se destina. Com isso, a Instituição atende à NR-32, cujo ítem
32.3.2 prevê a gratuidade do fornecimento de EPI‟s aos empregados.
Em estudo realizado por Mattos (2000) em uma unidade de terapia
intensiva, no Espírito Santo, a autora encontrou resultados semelhantes no que
respeita ao uso inadequado dos EPIs. Porém, o que chamou a atenção desta
autora (Op.cit.) foi que a maioria dos profissionais de enfermagem utilizava
aqueles equipamentos somente nas situações em que o risco estava evidente,
como por exemplo, ao prestarem assistência a clientes com HIV ou tuberculose
multiressistente, demonstrando que não existia uma conscientização em
relação à necessidade da utilização correta dos EPI‟s durante a execução de
procedimentos de enfermagem, mas sim, medo e preconceito de adquirir uma
doença ocupacional.
Em relação ao capote, é sempre utilizado pelo profissional de
enfermagem para lidar com o cliente “(...) quando em isolamento de contato
(...)”, como afirmou E
28
.
Seis entrevistados fizeram referência ao capote, como medida de
biossegurança que deve ser adotada na UTI. Durante a observação
sistemática, pude constatar que foi o segundo EPI mais utilizado pela equipe de
enfermagem, da forma correta e com a preocupação de seus membros em
trocá-los quando estavam molhados ou com sujidade, ou a cada 12 horas,
como é a rotina pré-estabelecida pela Comissão Interna de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH) da Instituição.
91
Esta foi uma constatação importante, pois se este equipamento não for
utilizado de maneira correta, torna-se uma fonte de risco de infecção para os
clientes que estão sendo assistidos, já que no ato de vesti-lo ou retirá-lo,
estando sujo ou molhado, acaba carreando respingos, águas sujas dos banhos
realizados, microorganismos transmitidos pelo contato direto com a pele, e isso
pode agravar a situação em que estes clientes se encontram. Este aspecto foi
observado por um entrevistado, que disse: “(...) no uso do capote, você tem que
ter uma técnica para vestir, para tirar esse capote (...)” (E
6
).
Outros cinco entrevistados justificaram o uso do capote na UTI, com
ênfase no caso do paciente em isolamento de contato:
(...) para evitar respingos destes fluidos [corporais]
na roupa (...). (E
5
)
(...) o capote, como medida também de prevenção,
quando o paciente está em isolamento de contato (...).
(E
10
)
(...) quando o paciente está em isolamento de
contato, usar capote (...). (E
16
)
(...) o capote é usado se o paciente está em
isolamento de contato (...). (E
18
)
(...) capote, se o paciente estiver em isolamento de
contato (...). (E
19
)
Todavia, um entrevistado foi mais longe, mencionando também a
proteção à roupa que o profissional estiver usando durante as suas atividades
profissionais, ressaltando alguns cuidados que devem ser observados
rigorosamente, conforme descreveu:
92
(...) nunca sair com a roupa branca. Tirar a roupa,
protegê-la num plástico. Quando chegar em casa, você
não lavar essa roupa junto com a roupa da sua família,
para que não passe para sua família as bactérias do
hospital, que são resistentes (...). (E
18
)
Deve-se ressaltar, porém, que em sua totalidade a equipe de
enfermagem estudada respeitou o isolamento de contato, utilizando sempre as
luvas de procedimento e o capote ao manipular o cliente, na mudança de
decúbito, durante o banho no leito ou na troca de curativos.
A percepção dos profissionais de enfermagem em relação às medidas
de segurança e à necessidade de adotá-las rotineiramente na UTI foram
explicitadas por um dos entrevistados. Segundo ele, as medidas são
necessárias porque “(...) a gente tem de estar se cuidando e de estar
prevenindo que você se fira, que adquira qualquer patologia ou qualquer outra
doença que não seja natural sua (...)” (E
8
).
Considerando, porém, que nem todos os profissionais de enfermagem
têm amplo domínio do assunto, na opinião de um entrevistado, cabe ao
enfermeiro, valendo-se da sua formação profissional e do seu papel de
educador em relação às ações de saúde,
(...) ser um orientador de sua equipe com relação a
isso (...) o uso de luvas, de óculos de proteção, máscara,
sapatos adequados que tenham antiderrapante, que sejam
fechados, as unhas curtas que vão evitar, por exemplo, a
infecção (...). (E
2
)
A opinião deste entrevistado encontra respaldo na NR-32, ítem 32.3.2,
que prevê como direito dos trabalhadores, o recebimento das orientações
necessárias sobre o uso dos equipamentos de proteção coletivos e individuais,
com o objetivo de prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
93
No que diz respeito ao descarte de material rfuro-cortante utilizado,
deve ser ressaltado que na unidade de terapia intensiva, cenário deste estudo,
após a realização da técnica de administração de medicamentos, os
profissionais desprezaram as agulhas e seringas no coletor apropriado,
respeitando sua capacidade de armazenamento e trocando-o, quando saturado.
Este procedimento correto foi justificado da seguinte maneira por seis
entrevistados:
(...) não reencapar agulha, porque o funcionário
corre o risco de se furar (...). (E
15
)
(...) evitar acidentes (...) as caixas coletoras de
pérfuro-cortantes, que você tem que descartar a agulha
sem reencapá-la (...). (E
16
)
(...)você tem que ter sempre o máximo de cuidado
para não reencapar essa agulha. Procurar jogar sempre a
seringa com agulha dentro do descarpack. Ter o cuidado
de trocar o descarpack quando estiver no seu limite (...) se
possível, utilizar pinça para pegar os pérfuro-cortantes e
jogar no descarpack (...). (E
17
)
(...) ter cuidado, não reencapar agulha. Ter cuidado
ao manusear material pérfuro-cortante (...). (E
26
)
Os entrevistados acrescentaram que as medidas devem ser utilizadas
porque, por serem preventivas, evitam acidentes de trabalho, contaminação e
doença ocupacional, o que foi ratificado por dois entrevistados:
(...) é para você se prevenir em relação a
acidentes (...). (E
1
)
94
(...) é a gente realmente prevenir acidentes de
trabalho (...) a gente lida com vários tipos de
doença, várias bactérias, vírus, tudo isso (...). (E
3
)
Conforme referido por Mastroeni (2004), a preocupação com as
doenças que acometem os profissionais de saúde passou a ser discutida no
século XX, e as primeiras normas e diretrizes voltadas para os aspectos da
prevenção, de acordo com as atividades realizadas no ambiente hospitalar,
se deram a partir das publicações das normas do CDC (EUA), nos anos 70.
Ainda o referido autor informa que as doenças ocupacionais constituem-
se em importante problema de saúde pública em todo o mundo, podendo atingir
os profissionais de saúde, direta ou indiretamente, durante a assistência
prestada ao cliente, o que foi reconhecido por dois entrevistados ao justificar a
adoção e implementação de medidas de biossegurança:
(...) a grande importância das medidas de
biossegurança seria a preservação da saúde do
profissional, em relação a você estar lidando com vários
fatores que podem vir a causar danos, talvez até
irreversíveis a nível de contaminação, a sua saúde(...)é de
fundamental importância à gente estar se resguardando
em relação a isso (...). (E
10
)
(...) eu acho que as medidas de biossegurança têm
duas finalidades, primeiro de nos prevenir e segundo de
não transportar contaminação de um doente para o outro
(...) porque a gente vai estar prevenindo a nossa saúde, se
protegendo de todos os aspectos e também p’ra gente não
levar contaminação de um paciente para o outro (...) isso é
muito fundamental, muito importante pra quem trabalha
em hospital. (E
11
)
95
Em geral, a transmissão de agentes biológicos ocorre por inalação,
penetração através da pele (parenteral), contato com a pele e mucosas ou
ingestão, conforme ressalta Mastroeni (2004). As infecções por patógenos de
transmissão sangüínea são descritas como as de maior risco para os
profissionais de saúde; e as doenças às quais estão expostos com maior
freqüência são: AIDS, hepatite B e hepatite C. Entre as infecções transmitidas
por via aérea, a tuberculose é a que merece especial atenção, quando
comparada a outras doenças como: influenza, varicela, coqueluche e doença
meningocócica, pois estudos demonstram que o risco de o profissional de
enfermagem adquirir tuberculose é oito vezes maior, diante de outros
profissionais de saúde, por estarem mais diretamente em contato com os
clientes.
Diante do exposto, deve-se destacar a fala de um entrevistado a
propósito da importância das medidas de biossegurança:
(...) é importante porque além de oferecer
segurança p’ra gente em primeiro lugar, oferece
segurança p’ro cliente também. Porque além deles
poderem estar transmitindo p’ra gente algum tipo de
patologia, a gente também pode estar transmitindo p’ra
eles algum tipo de patologia ou coisa parecida (...). (E
13
)
Medidas profiláticas pré e s-exposição destes profissionais, tais como
imunizações (contra hepatite B, por exemplo) e uso de quimioprofilaxias,
associadas à implementação de medidas de biossegurança, podem ser
indicadas de acordo com o tipo de exposição e o agente infeccioso envolvido,
evitando que adquiram uma doença ocupacional no ambiente hospitalar, o que
foi corroborado por quatro entrevistados:
96
(...) p’ra mim, eu acho importante porque é a
segurança no trabalho, não é apenas você proporcionar
segurança ao paciente, mas também você tem que se
auto segurar. Porque se você não consegue cuidar de si
próprio, vai ficar um pouco difícil você cuidar de outras
pessoas (...). (E
15
)
(...) eu acho que as medidas são imprescindíveis
para o trabalho da enfermagem e para o próprio paciente.
Porque é através disso que a gente garante que não haja
contaminação de outros pacientes. São medidas
necessárias e que devem ser utilizadas por todos (...).
(E
16
)
(...) as medidas de biossegurança visam prevenir e
evitar acidentes relacionados ao trabalho, evitar que o
profissional se contamine com os dejetos do paciente e
com os próprios artigos pérfuro-cortantes ao manuseá-los
(...). (E
22
)
(...) acho imprescindível pra gente continuar
assistindo o paciente com qualidade porque se a gente
não tiver saúde, não tem como. E principalmente p’ra
gente, p’ra evitar adquirir essas doenças todas que a
gente já sabe, como hepatite, HIV (...). (E
29
)
As falas dos sujeitos deixam claro que a percepção da equipe de
enfermagem é restrita no que diz respeito à importância da adoção e
implementação das medidas de segurança na UTI. Tanto assim que,
contrariando o pensamento de Mastroeni (2004), não fizeram referência a ter
consciência do que está fazendo, procurar manter as técnicas e os
procedimentos em seu ambiente de trabalho sempre atualizados, procurar se
atualizar quanto às medidas e práticas de biossegurança, encaminhar todo
material /equipamento que entre em contato com o cliente em isolamento para
ser descontaminado após a sua alta e/ou óbito, bem como a aderência às
vacinas, dentre outras medidas relevantes de biossegurança.
97
Durante a realização das entrevistas, foi possível perceber que a maioria
dos sujeitos, mesmo tendo recebido treinamento em biossegurança no próprio
ambiente de trabalho, não fez uso dos equipamentos de proteção individual
durante a assistência de enfermagem; e ainda, que depois do treinamento
inicial, não realizou outro curso nem participou de palestras sobre o tema; ou
seja, não buscou atualizar seus conhecimentos a respeito.
Pode-se inferir que a ênfase dada à importância da adoção e
implementação das medidas de biossegurança durante a assistência de
enfermagem prestada na UTI, não se confirma na prática. Ou seja, as medidas
são importantes no imaginário dos profissionais que sabem o quanto isso pode
contribuir para sua proteção ao cuidar do cliente internado; mas são
empreendidas de forma impensada, apenas porque são normas impostas pela
Instituição na qual trabalham, fato este que deve ser considerado, pois que
se buscar implementá-las com a participação do profissional, a partir da sua
compreensão acerca do risco existente nas diferentes ações da assistência aos
clientes.
Todos devem ter clara noção de que as doenças ocupacionais e os
acidentes de trabalho trazem conseqüências para os profissionais e para as
Instituições, essas últimas relacionadas a custos financeiros decorrentes de
afastamento dos profissionais por ocasião de acidentes ou doenças de trabalho.
De qualquer forma, depreende-se das falas dos sujeitos que as medidas
de biossegurança são consideradas importantes e, embora a adoção e
implementação das mesmas estejam muito distante do que se poderia
considerar como sendo ideal, são os profissionais de enfermagem os que mais
98
aderem aos procedimentos dentro do recomendado, conforme afirmam Sharir
et al. (2001). Ainda assim, de acordo com Gir, Takahasi, Oliveira, Nichiata e
Ciosak (2004), a observância das medidas de biossegurança durante
procedimentos assistenciais tem sido considerada como um desafio para a
enfermagem visto que, apesar de todos aceitarem-nas teoricamente, as
medidas ainda não permeiam a prática diária com a mesma intensidade, e a
99
adesão recomendada é, na maioria das vezes, descontínua e até contraditória.
Além das implicações diretas aos riscos a que a equipe de enfermagem
poderia vir a se submeter desnecessariamente, coloco como questão crucial a
necessidade de reforço da implementação de medidas de biossegurança, como
forma de melhor aproximar a equipe de seus clientes, de diminuir os riscos de
acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais. Para tanto, essas medidas
devem ser caráter universal, na acepção mesma da palavra. Isto porque não se
pode deixar de estar atento para o fato de que, quando se usa uma estratégia
de criação de atitudes positivas em relação à adoção das medidas, de se
considerar todo o complexo de emoções, teorias e práticas explicativas do
cotidiano em que se inserem os sujeitos, a forma como atuam e fazem as suas
escolhas e alternativas diante do risco a que se expõem.
Estes profissionais precisam adquirir uma nova postura em relação ao
seu trabalho dentro da UTI, uma vez que para oferecer uma assistência de
enfermagem de qualidade, antes de tudo é necessário estar em condições de
saúde satisfatórias para não ocasionar agravos a si mesmo e ao cliente, pois
como enfatizam Vianna e Crossetti (2004), ao sentir-se cuidada, a equipe de
enfermagem terá mais condições para cuidar do cliente, porque se ao
próximo, através do agir, aquilo que é aprendido e o que dentro de cada um,
como forma de transbordamento, demonstrando que existe um caminho
possível para a construção de um mundo de cuidado que contemple não
somente o cliente, como também a equipe que presta a assistência de
enfermagem.
100
Possibilidades de intervenção para a adoção e implementação de
medidas de biossegurança
A educação permanente em biossegurança foi uma das possibilidades
de intervenção para a adoção e implementação de medidas de biossegurança
referidas pelos entrevistados, como se segue:
(....) acho que deveria falar mais, tipo palestras,
cartazes, falar mais sobre esse tema pois é muito
importante (...) é muito importante a orientação em
biossegurança (...). (E
7
)
(...) é importante o profissional de saúde estar se
reciclando em relação às medidas de biossegurança (...)
(E
13
)
(...) eu acho que poderia haver uma melhor forma
de educação continuada (E
15
)
(...) acho que com treinamento as pessoas têm
entendido o objetivo que é garantir a saúde do próprio
profissional (...) (E
16
)
Segundo Teixeira e Valle (1996), a prevenção nas instituições de saúde
é um fenômeno que deve ser analisado coletivamente, pois este está ligado
diretamente ao treinamento, ou seja, à educação permanente.
Constata-se uma situação controversa entre os membros da equipe de
enfermagem: em seus depoimentos, demonstram ter uma percepção favorável
à implementação das medidas de biossegurança, quando na prática, o que se
constatou foi exatamente o oposto, isto é, todos utilizam rotineiramente apenas
duas medidas: a de lavar as mãos e a de usar luvas. Portanto, mudar este
101
quadro desfavorável dependerá somente da implantação da educação
permanente.
Outra possibilidade de intervenção para modificar este panorama, foi a
prevenção, conforme mencionado por três entrevistados:
(...) prevenir alguns acidentes com pacientes (...)
(E
19
)
(...) eu acho que tem que Ter uma certa prevenção
(...) (E
21
)
(...) prevenir e evitar acidentes relacionados ao
trabalho (E
22
)
foi dito que a implementação das „boas práticas‟ é fundamental para a
prevenção de acidentes de trabalho e de doenças relacionadas ao trabalho. De
acordo com a NR-5, que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA), o empregador deve elaborar um cronograma definindo metas e
prioridades para a prevenção de riscos no ambiente laboral.
Diante do exposto, é importante que os profissionais de Segurança no
Trabalho e de Saúde do Trabalhador, componentes do Serviço Especializado
em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, reunam esforços que
viabilizem a adoção e implementação de medidas preventivas de segurança e
de saúde, evitando a ocorrência de acidentes de trabalho e de doenças
relacionadas ao trabalho. As falas abaixo revelam a percepção dos
entrevistados em relação ao tema:
(...) as medidas de biossegurança pra mim, significa
ficar, como o próprio nome diz, em segurança (...) (E
2
)
102
(...) é a segurança, tanto do profissional quanto do
paciente (...). (E
6
)
(...) é a segurança no trabalho (...). (E
15
)
(...) manter a segurança, tanto do profissional
quanto do paciente (...). (E
17
)
(...) adotar todas as medidas de segurança (...).
(E
25
)
A Constituição Federal de 1988 em seu artigo , inciso xxii, garante ao
trabalhador urbano e rural o exercício das suas atividades num ambiente com
condições mínimas de segurança e higiene do trabalho, através da redução dos
riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança.
A NR-5, citada, obriga os empregadores e instituições a admitirem
trabalhadores como empregados, implantar medidas que visem à preservação
da saúde e da integridade deles através da antecipação, reconhecimento,
avaliação e o conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais
existentes, ou que venham a existir no ambiente de trabalho.
Ainda conforme a referida Norma, a instituição deverá também manter,
em local de fácil acesso, o mapa de riscos para que os trabalhadores possam
ter informação atualizada acerca da distribuição dos riscos ambientais,
contendo a identificação teórica dos agentes biológicos mais prováveis e a
avaliação do local de trabalho e do trabalhador exposto.
103
As categorias apresentadas e discutidas neste capítulo comprovam o
pouco conhecimento e até mesmo um certo desinteresse por parte de alguns
profissionais em relação à necessidade de observar rigorosamente as medidas
de biossegurança preconizadas pela legislação vigente. É uma situação que
precisa ser reavaliada pelos próprios profissionais para que garantam melhores
condições ambientais de trabalho.
104
CAPÍTULO V
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Norma Regulamentadora 32 (NR-32) do Ministério do Trabalho e
Emprego, que dispõe sobre a segurança e saúde no trabalho em
estabelecimentos de saúde é um dispositivo legal recente cujo teor é
desconhecido de muitos profissionais da área, inclusive dos que integram a
equipe de enfermagem. É o que se pode concluir após analisar e discutir os
resultados desta pesquisa.
O fato de, poucas vezes, a equipe de enfermagem da UTI (cenário do
estudo) ter aludido à Engenharia de Segurança do Trabalho no que diz respeito
à informação sobre o uso de EPI‟s, deixa entrever a necessidade de maior
integração entre estas equipes com o objetivo de possibilitar e/ou ampliar as
discussões acerca das medidas de biossegurança, bem como do uso e dos
aspectos ergonômicos destes equipamentos de segurança.
A utilização de alguns EPI‟s em detrimento de outros, torna evidente a
necessidade de esclarecimentos que levem à compreensão sobre a importância
da utilização destes materiais, principalmente no que concerne à máscara e aos
óculos que, em muitas ocasiões, foram totalmente neglicenciados.
Muito embora a instituição pesquisada forneça EPI‟s em quantidade
suficiente para uso pelos membros da equipe de enfermagem, isto não significa
que estejam adequados para o fim a que se destinam, a exemplo dos óculos de
segurança que devem ser confortáveis e adaptados para atenderem as
necessidades daqueles que também utilizam óculos de grau.
105
A lavagem das mãos ocorreu com freqüência, por ter sido sempre
percebida como uma das medidas mais elementares de proteção ao cliente,
mais até do que ao profissional. Na realidade, o ato de lavar as mãos tem que
ser observado rigorosamente, mas não deve impedir o uso das luvas quando se
tornarem indispensáveis.
Quanto ao coletor de descarte de material pérfuro-cortante, foi possível
constatar o correto procedimento da equipe de enfermagem em relação a este
tipo de material, posto que todos observaram rigorosamente as normas de
biossegurança. Esta é uma questão que deve ser permanentemente abordada
em cursos de educação permanente sobre saúde e segurança no trabalho,
considerando as situações de estresse que permeiam as características
laborais de uma UTI, que podem aumentar a probabilidade de ocorrência de
risco de acidentes de trabalho.
Um aspecto que não pode ser descurado é o que se refere ao transporte
de roupa suja e contaminada, atividade que foi desenvolvida sem observância
das normas de segurança por parte de muitos integrantes da equipe de
enfermagem da UTI estudada. Sendo assim, esta equipe deve ser objeto de
permanente atenção do Setor de Saúde do Trabalhador, visando à vacinação
contra a Hepatite B, a prevenção contra o vírus HIV, o controle da tuberculose e
a promoção à saúde através de ações contínuas junto aos seus integrantes.
Deve ser ressaltada a necessidade de adoção de medidas voltadas para
a educação permanente da equipe de enfermagem no que se refere às normas
de biossegurança. Para tanto, a Instituição deve proporcionar aulas, cursos,
seminários, palestras e workshops com o objetivo de que todos compreendam a
106
importância da adoção e implementação dessas medidas na UTI, pois as
mesmas visam também a proteção e a segurança do cliente e a de outros
profissionais que exercem atividades naquele contexto laboral.
É sabido que, por razões culturais, nem sempre se à devida
importância à prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais no
ambiente hospitalar, o que é altamente preocupante. Portanto, é imprescindível
a inclusão de tais razões na pauta da educação permanente, para que os
profissionais de enfermagem possam discuti-las e encontrar soluções para
superá-las.
Outros temas como gênero, aspectos culturais, tanatologia e estudos
sobre a dor devem ser objeto de discussão para minimizar os riscos residuais a
que a equipe está sujeita em relação a estes assuntos.
Considerando que a percepção deve levar em consideração não apenas
os sentidos, mas também a captação de conhecimento como promoção da
coordenação da conduta, pode-se concluir que a adoção e a implementação
das medidas de biossegurança na UTI não foram suficientemente profundas
devido à desinformação, à pouca discussão sobre os riscos residuais e à visão
acerca destas medidas, que se restringem basicamente à utilização dos EPI‟s.
Como mencionado anteriormente, as ações de promoção e prevenção
em segurança no trabalho são da competência do Setor de Engenharia e
Segurança no Trabalho; porém, o enfermeiro na qualidade de educador e de
líder da equipe de enfermagem, deve contribuir para melhorar a percepção de
seus pares acerca das medidas de biossegurança em UTI.
107
que se considerar também que as normas de biossegurança devem
incluir a implementação das „boas práticas‟, possibilitando alcançar um
ambiente laboral sem riscos ocupacionais. Ademais, o Enfermeiro do Trabalho
deve valer-se dos mecanismos legais vigentes, a exemplo da Norma
Regulamentadora 5 que o considera um membro efetivo da Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (CIPA) e, assim, cumprindo
esse papel, comparecer às reuniões desta Comissão, visando discutir com os
profissionais de segurança no trabalho e com os representantes dos
trabalhadores, os diversos aspectos das condições laborais existentes na UTI
para evitar e controlar a ocorrência de riscos ocupacionais e acidentes de
trabalho neste setor hospitalar. Deve-se ressaltar a importância do papel que
desempenham, respectivamente, a Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar e o Setor de Saúde e Segurança no Trabalho, com o objetivo de
trocarem informações a respeito das condições ambientais e dos trabalhadores
de enfermagem.
Para finalizar, é muito importante que a Direção Geral e a Gerência de
Enfermagem da instituição continuem envidando esforços para a promoção e
prevenção dos problemas relacionados ao ambiente de trabalho e aos
acidentes de trabalho, aliados no envolvimento e no comprometimento do corpo
técnico da instituição como parte integrante que o de um “time” no combate
às más condições de trabalho e observância rigorosa da aplicação das „boas
práticas‟ assistenciais.
108
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A P Ê N D I C E S
APÊNDICE A
SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAR A PESQUISA
APÊNDICE B
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Caracterização dos sujeitos:
Categoria profissional:
Tempo de formação profissional:
Tempo de serviço em enfermagem:
Tempo de serviço na Instituição:
Já realizou treinamento específico em biossegurança? ( ) sim ( ) não
Em caso afirmativo:
Onde?
De que tipo?
Qual a duração ?
Quais os principais temas abordados:
Há quanto tempo realizou o treinamento:
Depois deste, realizou outro treinamento ou fez algum de educação permanente
em biossegurança?
Questões:
1) O que você entende por biossegurança?
2) Qual a sua percepção sobre a importância da implementação de medidas de
biossegurança na UTI?
3) O que você sugere para que as medidas de biossegurança durante a
assistência de enfermagem na unidade de terapia intensiva sejam
efetivamente implementadas
APÊNDICE C
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
APÊNDICE D
CHECK-LIST PARA OBSERVÂNCIA DE MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA
Código do entrevistado:
ITEM
DESCRIÇÃO
SIM
NÃO
1
Lavagem das mãos antes e após o contato com o cliente
2
Uso de luvas ao entrar em contato com o cliente
3
Uso de EPIs (luva, máscara, óculos de proteção) ao desprezar
as excreções do cliente no expurgo
4
Uso de EPIs (luva, máscara, óculos de proteção) ao realizar
técnicas como aspiração de vias aéreas superiores, tubo
orotraqueal e traqueostomia
5
Uso de EPIs (luva, capote) ao realizar procedimentos com
cliente em precaução de contato
6
Desprezo de agulhas / seringas em coletor de descarte, ao
término da administração de medicamentos
7
Respeito em relação à capacidade de armazenamento do coletor
de descarte, trocando-o quando necessário
8
Uso de EPIs (luva, máscara, capote) ao realizar curativos
cirúrgicos em punções ou úlceras
9
Uso de EPIs (luva, máscara, capote) ao auxiliar o médico em
procedimentos como punção profunda ou exames como
broncoscopia
10
Uso de sacos impermeáveis e EPIs (luva, máscara, capote) para
transportar roupas sujas de sangue, líquidos corporais,
secreções e excreções
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