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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
ROBERTO MAURO FELIX SQUARCIO
ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DE OLEODUTOS CORROÍDOS
UTILIZANDO O MÉTODO DE MONTE CARLO: UM ESTUDO DE CASO
CURITIBA
2009
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ROBERTO MAURO FELIX SQUARCIO
ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DE OLEODUTOS CORROÍDOS
UTILIZANDO O MÉTODO DE MONTE CARLO: UM ESTUDO DE CASO
Dissertação apresentada ao curso de Pós-
Graduação em Métodos Numéricos em
Engenharia, Área de Concentração em Mecânica
Computacional, Departamentos de Construção
Civil e de Matemática, Setores de Tecnologia e de
Ciências Exatas, Universidade Federal do Paraná,
como parte das exigências para a obtenção do
título de Mestre em Ciências.
Orientador: Prof. Dr. Anselmo Chaves Neto
CURITIBA
2009
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TERMO DE APROVAÇÃO
ROBERTO MAURO FELIX SQUARCIO
ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DE OLEODUTOS CORROÍDOS
UTILIZANDO O MÉTODO DE MONTE CARLO: UM ESTUDO DE CASO
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no curso
de Pós-Graduação em Métodos Numéricos para Engenharia Área de concentração em
Mecânica Computacional, Setores de Tecnologia e Ciências Exatas da Universidade
Federal do Paraná, pela seguinte banca examinadora:
Orientador:
Prof. Anselmo Chaves Neto, D. Sc.
PPGMNE, UFPR
Prof. Roberto Dalledone Machado, Dr.
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Prof. Edson José Joaquim de Souza, Dr.
Petrobras
Curitiba, 20 de novembro de 2009
À Elza e Adayl.
“... a vida não se resume a Festivais.”
Geraldo Vandré
Sobretudo a Deus por proporcionar a capacidade de aprender e admirar.
Em especial à Lucileidi Beckmann Costa Squarcio, esposa, amiga, torcedora e
incentivadora nesta constante luta.
À minha irmã, Elizabeth Cássia Félix Squarcio, pelo auxílio, apoio e conforto
em todos os momentos.
Ao meu filho, Rafael Squarcio, que Deus abençoe seu futuro. Repito a ele as
palavras de Raul Seixas: “... o homem é o exercício que faz”.
A minha filha, Larissa Squarcio, bem-vinda, herdeira da vida e que nos traga
bastante alegria.
Ao Jair Antonio Costa, a Regina Beckmann Costa e ao Allan Beckmann Costa,
pela constante referência.
Aos amigos, Nestor Saavedra, Evandro Maia, Paulo Roberto Fiatte, Carlos
Alves Pereira, André Lavenere, pelos esclarecimentos e pelas boas conversas.
Ao Prof. Dr. Anselmo Chaves Neto, pela orientação e amizade tanto neste
trabalho como na vida, através do seu exemplo. Agradeço a ele especialmente ao final
deste trabalho, pela compreensão, boa vontade e paciência.
Aos professores do PPGMNE, Mildred Ballin Hecke, Adriano Scremin,
Maurício F. Gobbi, José V. C. Vargas, pelas maravilhosas aulas. À Professora Maria
Teresinha Arns Steiner pelo excelente trabalho em Redes Neurais.
Aos colegas, Vicente Vanhazebrouck, Sachiko Lira, Celso Yoshikazu, Luciano
Araki, Marco Argenta, pelos brilhantes trabalhos e pela contribuição dada a este.
À Maristela Bandil, pelo entusiasmo com que executa seu trabalho, e meu desejo
que continue a conquistar todos os objetivos de seu treinamento físico.
Aos antigos amigos da UTFPR, Germano Hambrusch, João Guimarães, Jorge
Riechi, Jorge Erthal, Jucélio Pereira, Maro Guérios, Raul Erthal, Aloísio Schuitek,
Daniel Hioki, Fabiano Ostapiv, José Velásquez, Ossimar Maranho, Zely da Conceição.
E anos novos, Awdrey Miquelin, Jorge Lenz, Talmi Bohn, Rodrigo Braz, João Tosin.
RESUMO
A avaliação quantitativa do risco em oleodutos submetidos à corrosão tem sido objeto
de extensas pesquisas, principalmente por empresas ligadas ao setor, entre elas, a
Petrobras. Este trabalho estima a pressão de falha e, conseqüentemente a
probabilidade de falha, em oleodutos danificados utilizando o método de Monte Carlo e
comparando os resultados obtidos com outros meios de avaliação estrutural. O método
de simulação de Monte Carlo emprega sequências de números aleatórios e suas
distribuições de probabilidade para estimar parâmetros de uma população. Também
são apresentadas variações da técnica de simulação pura, isto é, técnicas de redução
da variância e redução na quantidade de números randômicos gerados observando-se
considerável ganho computacional. Conceitos de inferência estatística permitem que
seja realizada a análise da variância dos resultados obtidos nesta simulação. A revisão
bibliográfica também apresenta outros processos para obter-se a probabilidade de
falha dos oleodutos, ou seja, modelos numericos por Elementos Finitos e os métodos
semi-empíricos, aplicados pelas normas ASME B31G, 085dL, Effective Area, RPA,
PCORRC e BS-7910. Na formulação da cinemática das deformações são consideradas
as características geométricas da corrosão e as especificações do material do oleoduto,
isto é, a profundidade do defeito, o diâmetro da tubulação, o comprimento do defeito, a
pressão do fluido, a tensão de escoamento do material do duto e a espessura da parede
da tubulação. As distribuições de probabilidade que se ajustaram aos dados foram a
Normal (Gaussiana) e a log-normal e a validade do ajuste foi verificada pelos testes de
aderência. O programa experimental é desenvolvido em ambiente Matlab.
Palavras-chave: Oleodutos, Confiabilidade Estrutural, Probabilidade de Falha,
Método de Monte Carlo.
ABSTRACT
The quantitative evaluation of the risks involved in pipelines submitted to corrosion had
become object of extensive researches, mainly by companies related to the industry,
amongst them, Petrobras. This study appraises the failure pressure and, hence the
failure probability in damaged pipelines through the Monte Carlo method and
comparing the achieved results with other structural evaluation methods. The Monte
Carlo simulation method consists on random number sequences and their subsequent
probability distributions to estimate parameters of a given population. Also, pure
simulation technique variation are presented, in other words, variance reduction
techniques and a reduction of the amount of random numbers generated meaning
substantial computational gains. Statistical inference concepts allow for a variance
analysis of the results accomplished in this simulation. The bibliographical review also
presents other processes to attain pipelines’ failure probability, that is, numeric models
for Finite Elements and the semi empirical methods applied according to ASME B31G,
085dL, Effective Area, RPA, PCORRC and BS-7910 standards. On the deformity
cinematic formulation, corrosion geometrical characteristics are taken in account
alongside with the pipeline material’s specifications, that is, failure depth, piping
diameter, failure length, fluid’s pressure, duct’s material flow tension and piping’s wall
thickness. The probability distributions adjusted to the data were Normal (Gaussian)
and log-normal and the adjustment’s legitimacy has been verified by the adherence
tests. The experimental program is developed on a Matlab environment.
Keywords: Pipelines, Structural Reliability, Failure Probability, Monte Carlo Method.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1.1 – Malhas das instalações da Petrobras no Centro-Oeste e Sul do Brasil................ 001
Figura 1.2– Supervisão, Controle e Aquisição de Dados......................................................... 002
Figura 1.3 – Malhas das instalações da Petrobras no Paraná e Santa Catarina........................ 003
Figura 1.4 - Célula de corrosão bimetálica............................................................................... 004
Figura 1.5 – Válvula de bloqueio............................................................................................. 006
Figura 1.6 – Exemplos de pig sendo inserido e retirado de um duto....................................... 007
Figura 1.7 – Comparação entre os defeitos gerados e os definidos por pigs........................... 008
Figura 2.1 – Curva tensão x deformação para diversos tipos de aço....................................... 011
Figura 2.2 – Oleoduto considerado cilindro de comprimento infinito e paredes delgadas...... 011
Figura 2.3 – Configuração geométrica dos dutos e da corrosão.............................................. 012
Figura 2.4 – Representação parabólica da área longitudinal de material perdido.................... 012
Figura 2.5 - Representação retangular da área longitudinal de material perdido..................... 012
Figura 2.6 Condições de equilíbrio para tubos cilíndricos de parede fina de comprimento
infinito com extremidades fechadas submetido à pressão interna............................................. 013
Figura 2.7 – Divisão do comprimento da corrosão no método Effective Area........................ 019
Figura 2.8 – Divisão em regiões da geometria da corrosão no método DNV.......................... 021
Figura 2.9 – Combinação de defeitos interagentes no método DNV....................................... 022
Figura 2.10Burst test em oleoduto de aço X100.................................................................. 023
Figura 2.11 – Corpo de prova em ensaios de corrosão artificial.............................................. 024
Figura 2.12 – Detalhe da malha de defeito profundo (80% da espessura) em PIPEFLAW..... 027
Figura 2.13 – Exemplo de Distribuição Normal Padrão.......................................................... 033
Figura 2.14 – Exemplo de uma curva característica de operação............................................ 041
Figura 2.15 – Comportamento dos erros α e β em função do tamanho da amostra................. 042
Figura 2.16 – Curva de força do teste sendo α e σ
2
fixados..................................................... 042
Figura 2.17 – Região de falha e segurança separada pela função de estado limite.................. 049
Figura 2.18 – Métodos de confiabilidade FORM e SORM..................................................... 052
Figura 2.19 Transformação da função de estado limite do espaço das variáveis Normais
reduzidas.................................................................................................................................... 054
Figura 2.20 – Interpretação geométrica da sensibilidade de g(Y) relativa às variáveis Y
i
........ 055
Figura 2.21 - Transformação de uma variável não normal numa variável normal reduzida.... 057
Figura 2.22 – Curvas de frequências acumuladas.................................................................... 064
Figura 2.23 Exemplo da variação da estimativa da probabilidade de falha e do coeficiente de
variação com o número de simulações...................................................................................... 065
Figura 2.24 Amostragem por importância em torno do ponto de dimensionamento, no espaço
das variáveis normais reduzidas................................................................................................ 067
Figura 2.25 – Amostragem estratificada - Método do Hipercubo Latino................................ 069
Figura 2.26 – Histograma e gráfico QQ-plot para SRS e LHS................................................ 069
Figura 2.27 – Esquema de geradores de números Reais e Inteiros em C e Fortran................. 072
Figura 2.28 Sequência de baixa discrepância ou Quase-Monte Carlo (QMC) em base 2 de
Van der Curput.......................................................................................................................... 073
Figura 3.1 – Interface para geração de números randômicos no MATLAB............................ 081
Figura 3.2 – Algoritmo de Monte Carlo para Oleodutos Corroídos........................................ 083
Figura 4.1 – Tempo de geração em função do número de iterações no MATLAB................. 087
Figura 4.2 – Refinamento da variável d
0
com o número randômico em MATLAB................ 088
Figura 4.3 – Refinamento da variável D com o número randômico em MATLAB................ 088
Figura 4.4 – Refinamento da variável L
0
com o número randômico em MATLAB................ 088
Figura 4.5 – Refinamento da variável Pa com o número randômico em MATLAB............... 089
Figura 4.6 – Refinamento da variável tesc com o número randômico em MATLAB............. 089
Figura 4.7 – Refinamento da variável t com o número randômico em MATLAB.................. 089
Figura 4.8 – Refinamento da variável Rd com o número randômico em MATLAB............... 090
Figura 4.9 – Refinamento da variável Ra com o número randômico em MATLAB................090
Figura 4.10 – Pressão de Falha pelo MMC Simples.................................................................091
Figura 4.11 – Função de Falha pelo MMC Simples..................................................................092
Figura 4.12 – Probabilidade de Falha pelo MMC Simples.......................................................092
Figura 4.13 – Confiabilidade pelo MMC Simples....................................................................092
Figura 4.14 – Índice de Confiabilidade pelo MMC................................................................. 093
Figura 4.15 – Coeficiente de Variação pelo MMC.................................................................. 093
Figura 4.16 – Valores da variância para 1.000 iterações.......................................................... 095
Figura 4.17 – Valores da variância para 10.000 iterações........................................................ 095
Figura 4.18 – Valores da variância para 40.000 iterações........................................................ 096
Figura 4.19 – Valores da variância para 100.000 iterações...................................................... 096
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Faixa de aplicação do método Effective Area...................................................... 019
Tabela 2.2 – Geometria dos corpos de prova e pressões de falha por Choi et al (2003) ..........028
Tabela 2.3 – Resultados das análises numéricas de Choi et al (2003)..................................... 029
Tabela 2.4 – Dados apresentados por Choi et al (2003), para formato elíptico da corrosão.... 030
Tabela 2.5 – Estimação de parâmetros para o método dos momentos..................................... 039
Tabela 2.6 – Avaliação das frequências esperadas em um teste de aderência......................... 045
Tabela 3.1 – Variáveis aleatórias e seus parâmetros usados por Ahammed et al (1996)......... 075
Tabela 3.2 – Índice de confiabilidade e probabilidade de falha obtida por FORM.................. 077
Tabela 3.3 – Fatores de importância obtidos por FORM, Vanhazebrouck (2008).................. 078
Tabela 3.4 – Fatores de importância obtidos por FORM, Ahammed (1996)........................... 079
Tabela 4.1 – Média das variáveis em função do número de iterações, no MATLAB.............. 086
Tabela 4.2 – Tempo de processamento do programa e as variáveis aleatórias........................ 087
Tabela 4.3 – Tempo de processamento do programa e o número de iterações........................ 087
Tabela 4.4 – Variações da Pressão de Falha, Função de Estado Limite, Probabilidade de Falha e
Confiabilidade, no MATLAB................................................................................................... 091
Tabela 4.5 – Estimativa do número de iterações em função da resolução pretendida.093
Tabela 4.6 Estimativa da Probabilidade de Falha conforme o número de iterações e para
Format Long e Format Long e.................................................................................................. 094
Tabela 4.7 – Estimativa da variância com o número de iterações e o tempo........................... 095
Tabela A.1 – Procedimentos brasileiros para pintura de proteção à corrosão.......................... 106
Tabela A.2 – Normas brasileiras para proteção por zincagem................................................. 106
Tabela A.3 – Normas brasileiras para procedimentos de proteção por revestimento.............. 106
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABAQUS Software comercial
ABRACO Associação Brasileira de Corrosão
AEF Análise por Elementos Finitos
API American Petroleum Institute
ASME American Society of Mechanical Engineers
CCO Curva Característica de Operação
DNV Det Norske Veritas
FEASYP Fast Finit Element Assessment Service Integrity
FORM First Order Reliability Method
FOSM First Order Second Moment Reliability Method
LHS Latin Hypercube Sampling
MATLAB MATrix LABoratory
MCMC Monte Carlo via cadeias de Markov
MEF Método dos Elementos Finitos
MPC Multi-Point Constraints
PATRAN Processor for CAD Simulation
PCORRC Equation for Remaining Strength of Corrosion Defects
PETROBRAS Petróleo Brasileiro S/A
REPAR Refinaria Presidente Getúlio Vargas.
RPA Rectangular Parabolic Area
RPF101 Recommended Practice Corroded Pipelines
RSTRENG Software comercial
SCADA Supervisory Control And Data Acquisition
SORM Second Order Reliability Method.
SRS Simple Random Sampling
TRANSPETRO Petrobras Transporte S.A
UMVU Estimador não viciado uniformemente de mínima Variância
LISTA DE SÍMBOLOS
P
a
Pressão interna
σ
circ
Tensão circunferencial do duto
σ
rup
Tensão de ruptura do material do duto
P
rup
Pressão de ruptura do duto obtida em resultados analíticos
D Diâmetro externo do duto
L Comprimento da corrosão
t Espessura da parede do duto
c Largura da corrosão
d Profundidade da corrosão
A Área corroída em qualquer instante
A
0
Área original da região corroída
f
r
Fator de redução baseado nas características geométricas
M Fator dilatação de Folias
σ
flow
Tensão de fluência no material do duto
σ
esc
Tensão de escoamento do material do duto
α
Fator empírico da geometria do defeito de corrosão
f
c
Fator de segurança
f
c1
Fator de modelagem
f
c2
Fator de projeto
R Taxa de crescimento do defeito por corrosão
d Diferença entre medidas de profundidade da corrosão
T Diferença de tempo entre duas medidas
s
i
Distância entre dois defeitos de corrosão
σ
u
Tensão última do material do duto
P
AEF
Pressão de ruptura obtida por Choi utilizando Elementos Finitos
P
ENSAIO
Pressão de ruptura obtida por Choi experimentalmente
C
0
, C
1
, C
2
Constantes obtidas por regressão na formulação de Choi
Espaço de Probabilidades
U Sigma-algebra
fp Função de Probabilidades
fdp Função Densidade de Probabilidades
µ
Estimador da média das variáveis aleatórias
σ
Desvio padrão
Φ (-) Distribuição normal padronizada
λ
X
Média da distribuição lognormal
ξ
X
Variância da distribuição lognormal
E(-) Primeiro Momento – Esperança Matemática
V(-) Segundo Momento - Variância
S(X) Estimador não-viciado da Variável Padrão
COV Covariância
CV Coeficiente de Variação
θ Vetor de Parâmetros (População)
M
j
Momentos ordinários da amostra
H
0
Hipótese nula
H
1
Hipótese alternativa
t- Teste t-Student
χ Teste Qui-quadrado
F
0i
Frequencias observadas na amostra
F
ei
Frequencias observadas na amostra
K Número de eventos
ρ Coeficiente de Correlação
ε
i
Parte estocástica do método mínimos quadrados
δ
Função indicadora
α
Probabilidade de ocorrer Erro do Tipo I
SQE Soma dos Quadrados dos Erros
Z Função de Estado Limite
R Variável aleatória Resistência
S Variável aleatória Solicitação
p
f
Probabilidade de Falha
β Índice de confiabilidade, ou probabilidade de ocorrer erro do Tipo II
T Matriz ortogonal
v
i
Componentes do vetor normal
r
i
Cossenos diretores do vetor normal unitário
FI
i
Fator de Importância
w
i
Funções pesos em reamostragem por importância
I Integral definida pelo Valor Esperado
N Número de simulações
r
N
Recorrência para geração de números aleatórios
R
d
Taxa de corrosão radial
R
L
Taxa de corrosão longitudinal
P
f
Pressão de falha
SUMÁRIO
1 – Introdução......................................................................................................................................... 001
1.1 – O Sistema de Produção e Transporte de Petróleo e Derivados no Brasil e no Paraná..................... 002
1.2 – Justificativa...................................................................................................................................... 004
1.3 – O Problema...................................................................................................................................... 006
2 – Fundamentação Teórica................................................................................................................... 009
2.1 – Métodos Semi-Empíricos para Análise de Oleodutos Corroídos.............................................. 010
2.1.1 – Fundamentação Física................................................................................................................... 012
2.1.2 – Os Métodos Semi-Empíricos........................................................................................................ 015
2.1.2.1 – Método ASME B31G.................................................................................................. 017
2.1.2.2 – Método 085dL ou B31G Modificado – Programa RSTRENG.................................... 018
2.1.2.3 – Método Effective Area – Programa RSTRENG.......................................................... 019
2.1.2.4 – Método RPA ou 085dL Modificado............................................................................ 020
2.1.2.5 – Método PCORRC ou Battelle...................................................................................... 020
2.1.2.6 – Método DNV RP-F101 ou BS-7910............................................................................ 021
2.2 Métodos Experimentais e Elementos Finitos na Análise de Oleodutos Corroídos.................. 023
2.2.1 – Defeitos de Corrosão Artificiais e Reais....................................................................................... 024
2.2.2 – Revisão Bibliográfica.................................................................................................................... 025
2.3.1 – Ensaios de Choi et al, 2003........................................................................................................... 028
2.3 Inferência Estatística..................................................................................................................... 031
2.3.1 – Conceitos Fundamentais............................................................................................................... 032
2.3.1.1 - Variável Aleatória........................................................................................................ 032
2.3.1.2 – Função de Probabilidade e Função Densidade de Probabilidade................................ 032
2.3.1.3 – Distribuição de Probabilidade Normal (Gaussiana).................................................... 033
2.3.1.4 – Distribuição de Probabilidade Lognormal................................................................... 034
2.3.1.5 – Esperança e Variância de Uma Variável Aleatória..................................................... 035
2.3.2 – Estimação...................................................................................................................................... 037
2.3.2.1 – Estimação por Pontos................................................................................................... 037
2.3.2.2 – Métodos de Estimação................................................................................................. 038
2.3.2.3 – Intervalos de Confiança............................................................................................... 040
2.3.3 – Testes de Hipóteses....................................................................................................................... 041
2.3.3.1 – Teste de hipótese para a Média da Distribuição Normal............................................. 043
2.3.3.2 – Testes de Hipóteses para a Variância da Distribuição Normal ................................... 043
2.3.3.3 – Testes de Hipóteses que Envolvem Médias de Dois Grupos....................................... 044
2.3.4 – Testes de Adequação ao Ajustamento e Teste de Aderência........................................................ 045
2.3.5 – Regressão Linear e Não-Linear..................................................................................................... 046
2.3.5.1 – Regressão Linear.......................................................................................................... 046
2.3.5.2 – Regressão Não-Linear.................................................................................................. 047
2.4 Métodos de Confiabilidade na Análise de Oleodutos Corroídos............................................... 048
2.4.1 – Métodos de Confiabilidade de Primeira Ordem Segundo Momento (FOSM).............................. 051
2.4.2 – Método de Confiabilidade de Primeira Ordem (FORM).............................................................. 057
2.5 - O Método de Monte Carlo............................................................................................................. 059
2.5.1 – Técnica de Simulação Pura........................................................................................................... 064
2.5.2 – Técnicas de Redução da Variância............................................................................................... 066
2.5.2.1 – Monte Carlo associado a Amostragem por importância.............................................. 066
2.5.2.2 – Amostragem estratificada............................................................................................ 068
2.5.3 – Métodos de Reamostragem........................................................................................................... 070
2.5.3.1 – Método de Rejeição..................................................................................................... 070
2.5.3.2 – Reamostragem Ponderada............................................................................................ 070
2.5.4 – Números Aleatórios...................................................................................................................... 071
3 - Material e Métodos............................................................................................................................ 075
3.1 – Programação em MATLAB............................................................................................................. 080
3.2 - Algoritmo em MATLAB.................................................................................................................. 082
3.3 - Programa em MATLAB................................................................................................................... 084
4 – Resultados e Discussão..................................................................................................................... 086
4.1 – Observações a Respeito dos Dados no MATLAB........................................................................... 086
4.2 - Resultados Obtidos sobre os Efeitos da Corrosão no Oleoduto pelo Método de Monte Carlo........ 091
4.3 – Análise da Variância........................................................................................................................ 095
5 - Conclusão........................................................................................................................................... 097
1
1 INTRODUÇÃO
Uma estrutura de abastecimento de petróleo e derivados interliga três pontos
distintos: as fontes de produção, as refinarias e os centros de consumo. No Brasil, em
2008, foram transportados 670 milhões m
3
/dia de petróleo, derivados e álcool e 46
milhões de m
3
/dia de gás. Este abastecimento é feito através de várias modalidades de
transporte, entre elas se encontram os oleodutos e gasodutos.
Os dutos, quando comparados a outros meios, têm apresentado resultados
bastante satisfatórios, sendo o meio de transporte preferencial tanto para atender o
abastecimento das refinarias como para suprir a necessidade dos grandes centros
consumidores de derivados. A Figura 1.1 ilustra a distribuição do sistema de transporte
de derivados do petróleo na região centro-sul do Brasil.
Figura 1.1 – Malhas das instalações da Petrobras no Centro-Oeste e Sul do Brasil
Fonte: (Transpetrosite..., 2009)
2
1.1 - O SISTEMA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTE DE PETRÓLEO
E DERIVADOS NO BRASIL E PARANÁ
A Petrobras Petróleo Brasileiro S/A é uma estatal, de economia mista, que atua
na exploração, produção, refino, comercialização e transporte de petróleo e seus
derivados no Brasil e no exterior. Em dados referentes ao ano de 2008 a Petrobras
obteve uma receita líquida de R$ 215.118 milhões, contando com uma produção diária
de 2.175.896 barris por dia e mais de 24.000 km de dutos (TRANSPETROSITE, 2009).
A empresa subsidiária da Petrobras responsável pelas atividades de transporte e
armazenamento é a Petrobras Transporte S.A TRANSPETRO que opera com uma
frota de 54 navios, 11 mil quilômetros de malha dutoviária e 45 terminais terrestres e
aquaviários.
Todas as operações de transporte dutoviário são monitoradas em tempo real e os
detalhes da movimentação dos produtos líquidos derivados de petróleo, álcool e gás
interagem por meio de telecomandos. A tecnologia é conhecida pela sigla SCADA
(Supervisory Control And Data Acquisition) e permite identificar anomalias nos dutos,
bem como fazer a distribuição dos produtos de forma mais rápida e precisa
(Tnpetroleo..., 2009). A Figura 1.2 ilustra este sistema.
Figura 1.2– Supervisão, Controle e Aquisição de Dados
Fonte: (TBG..., 2009)
3
No Paraná, a Refinaria Presidente Vargas, REPAR, em Araucária, começou a ser
construída em 1973 e entrou em operação em 27 de maio de 1977. Atualmente está
interligada por dois terminais marítimos e três oleodutos. Um deles, o terminal marítimo
de São Francisco do Sul, situado no litoral de Santa Catarina, recebe petróleos nacionais
e importados, com capacidade de transporte de até 1.500 m
3
de petróleo/dia.
o terminal marítimo e oleoduto de Paranaguá, no litoral paranaense, exercem
o papel regulador, deslocando os excedentes de derivados de petróleo produzidos pela
REPAR para outras regiões do país e exportando-os para países da África, da América
Latina e para os Estados Unidos.
A REPAR responde sozinha por 21,9% de todo o ICMS arrecadado no Paraná,
garantindo o repasse, em 2006, de mais de um US$ 1 bilhão em ICMS ao estado
(AGENCIA NOTÍCIAS GOVERNO DO PARANÁ..., 2009) e tem consolidado o
município de Araucária como o segundo do Paraná em arrecadação. A Figura 1.3
amplia a situação da malha dutoviaria na região sul e sudeste do país.
Figura 1.3 – Malhas das instalações da Petrobras no Paraná e Santa Catarina
Fonte: (Transpetrosite..., 2009)
4
1.2 JUSTIFICATIVA
Para a American Petroleum Institute (API..., 2000), a corrosão é a deterioração e
perda de um material devido à reação química, onde a produção de íons e elétrons
origina um potencial de eletrodo que depende da natureza do metal e da natureza da
solução. O eletrodo que fornece os elétrons para o circuito externo é denominado ânodo,
enquanto que o eletrodo que recebe elétrons do circuito externo é chamado catodo.
O mecanismo da corrosão galvânica ocorre quando o excesso de elétrons faz
com que o equilíbrio entre eles seja alterado. Essa reação remove parte dos elétrons do
eletrodo de ferro e continuam a ocorrer espontaneamente, dissolvendo o metal do ânodo
e produzindo hidrogênio no catodo conforme mostra a Figura 1.4.
Figura 1.4 - Célula de corrosão bimetálica
Fonte: (ABRACO..., 2009)
Van Vlack (1970, p. 339) afirma que a corrosão pode ser completamente evitada
se os materiais e as vizinhanças forem uniformes e sem heterogeneidades, quer em
composição, quer em estrutura. Embora seja impossível atingir essas condições, é
possível minimizar seus efeitos, o que implica em aumento da vida do produto.
Na tentativa de atingir este estado, o anexo I apresenta algumas normas
brasileiras, aplicáveis a oleodutos, para proteção por pintura, zincagem e revestimento.
Uma superfície pintada é um exemplo de camada protetora porque isola o metal
do eletrólito corrosivo. Mas as camadas orgânicas causam problemas se usadas em
temperaturas elevadas. No Brasil, a NBR 7011/1981 disponibiliza o método de ensaio
de corrosão atmosférica para metal revestido por pintura.
5
Na associação de materiais, o metal com maior potencial de eletrodo atua como
ânodo. Por exemplo, em chapas de aço galvanizado a camada de zinco protege o ferro.
Por outro lado, estanho em uma chapa de aço protege se a superfície estiver
completamente coberta. Em soldas pode ocorrer corrosão em virtude desta diferença.
Superfícies prateadas, niqueladas ou cobreadas também são resistentes à
corrosão e podem ser depositados por imersão à quente em banhos metálicos líquidos.
Ramirez et al (2007), em seu estudo sobre caracterização estrutural de aço API 5L-X80,
afirma que, um aço contendo cromo é resistente à corrosão em condições oxidantes,
entretanto, na ausência de oxigênio, a reação de corrosão pode vir a ocorrer. Também se
pode usar como camadas protetoras materiais cerâmicos inertes ou esmaltes vítreos à
base de óxidos.
Os inibidores de corrosão provocam a diminuição na velocidade de corrosão
através da absorção de ânions na superfície do ânodo. Estes inibidores podem ser
cromados, tungstatos, fosfatos ou outros íons de elementos de transição, com alto teor
de oxigênio, que são absorvidos na superfície do metal.
Os tratamentos rmicos podem afetar a velocidade da corrosão através de uma
alteração na microestrutura do metal. Para temperaturas de revenido muito baixas, o aço
contém uma única fase martensita. Com o aumento na temperatura do revenido,
produzem-se muitas ferritas e cementitas, que a velocidade de corrosão aumenta.
Um metal de grãos finos se corrói mais facilmente que um de grãos grosseiros,
pois os contornos dos grãos são atacados, ou seja, corroídos e os seus átomos passam a
ter um potencial de eletrodo diferente dos átomos no interior do grão formando-se um
ânodo e um catodo.
O efeito de tensões internas na corrosão se torna evidente depois de um metal ser
trabalhado a frio. A parte deformada a frio atua como ânodo enquanto que a não
deformada funciona como catodo.
Quando o oxigênio do ar tem acesso à superfície úmida do metal a corrosão
aumenta. No entanto, a corrosão mais intensa ocorre na parte com deficiência de
oxigênio sendo acelerada em lugares inacessíveis. Assim, trincas e fissuras servem
como focos de corrosão.
A corrosão também é acelerada pelo acumulo de sujeiras e outros contaminantes
de superfície. A acumulação de ferrugem ou crostas de óxidos dificulta o acesso de
oxigênio, formando um anodo e, portanto, aumentando a velocidade da corrosão.
6
1.3 - O PROBLEMA
Quando um duto apresenta um defeito por corrosão, é necessário saber se o
mesmo pode continuar sendo operado normalmente ou se ele precisa ser reparado. Para
isso, precisa-se saber qual a pressão interna que leva a estrutura à falha mecânica. Se o
valor da pressão interna admissível para o duto corroído for menor que a pressão de
serviço, faz-se necessária uma intervenção. Pode-se, então, reparar o dano, ou diminuir
a pressão de serviço com conseqüente baixa na produção.
Um meio utilizado para controlar a pressão de serviço são as válvulas de
bloqueio que são instaladas ao longo do duto conforme mostra a Figura 1.5. Estes
dispositivos também permitem o isolamento automático em caso de vazamentos ou
rompimento do duto.
Figura 1.5 – Válvulas de Bloqueio
Fonte: (TBG..., 2009)
Recentemente a Norma Brasileira NBR ABNT 15280-1, de 27 de agosto de
2009 estabelece que as válvulas de bloqueio devam ser instaladas a montante e a jusante
das principais travessias; a válvula de jusante pode ser substituída por uma válvula de
retenção, tipo portinhola.
Também estabelece que devam ser instaladas nas estações de bombeamento do
duto e recomenda o seu emprego para minimizar o retorno de produto em função do
perfil do terreno.
7
Os dutos operam sob elevadas pressões e são administrados com sistemas de
controle de suas instalações. Utilizam-se, por exemplo, os pigs, Pipeline Inspection
Gauge.
Os pigs são dispositivos que se destinam à limpeza e inspeção dos dutos e se
desloca impulsionado pela própria vazão no duto, destinados a medição da espessura de
parede ao longo do duto e identificação de pontos com redução desta espessura,
causados por processo corrosivo localizado.
A grande maioria das inspeções com pig’s instrumentados é realizada com
equipamentos do tipo magnético, que permitem localizar com exatidão o ponto do dano
por corrosão, no entanto, esse dispositivo propicia uma avaliação meramente qualitativa
da gravidade do ataque corrosivo, sendo bastante interessante a medição local da
espessura remanescente pelo método ultra-sônico.
Após as medições da geometria da corrosão os dados o transmitidos para
interpretação e caracterização do perfil do defeito. A Figura 1.6 mostra exemplos de
pigs alocados em dutos.
Figura 1.6 - Exemplos de pig sendo inserido e retirado de um duto
Fonte: (Pipeway..., 2009)
No entanto, defeitos distintos localizados próximos um do outro podem
ocasionar sinais com aparente interferência. Assim a profundidade do defeito é
considerada como sendo a maior profundidade dos sinais e o comprimento total dos
sinais é usado como sendo o comprimento do defeito, significando assim, que se trata de
um defeito longo e profundo, onde na realidade existe apenas um defeito curto e
profundo. Slesarev e Sukhorukov (2008) afirmam que, hoje em dia, os pigs são capazes
de detectar defeitos muito rasos e esta transformação pode resultar num perfil de defeito
extremamente conservador.
8
O tratamento dado as estas informações está ilustado na Figura 1.7, onde se
os defeitos representados com seção reta na forma retangular comprimento e
profundidade são iguais ao máximo comprimento e profundidade do defeito. Desta
maneira o defeito é tratado com um formato simplificado cujo comprimento é igual à
distância da primeira até a última caixa e cuja profundidade é a maior entre elas.
Figura 1.7 – Comparação entre os defeitos gerados e os definidos por pigs
Fonte: Palmer-Jones et al (2002)
Neste sentido, Souza (2003) concorda que, ao receber um relatório de inspeção
por pig instrumentado com uma lista de defeitos caracterizados sob forma e dimensão, o
analista precisa ter uma metodologia para avaliá-los e saber se aquela configuração do
defeito é aceitável ou não para que o duto continue operando de forma segura.
Para isso, utilizam-se normas, códigos e recomendações desenvolvidas por
grandes empresas do setor como a Det Norske Veritas (DNV, 1999), ou são
desenvolvidos procedimentos para analisar defeitos específicos.
Testes em escala real têm sido feitos para comparar as normas existentes e
propor correções quando necessário. Além disso, métodos mais sofisticados estão cada
vez mais sendo aplicados como meio de avaliação da resistência de dutos corroídos,
entre eles, a análise numérica tridimensional, não-linear via método dos elementos
finitos e análise de confiabilidade estrutural.
9
2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
Palmer-Jones et al, (2002) propuseram, no The Pipeline Defect Assessment
Manual, a avaliação de defeitos por níveis de complexidade, que pode ser aplicado para
defeitos de corrosão. Conforme referenciado em Cabral, 2007 são eles:
“Nível 1: Normas internas de empresas operadoras ou regras práticas para
aprovar ou reprovar defeitos de corrosão com informações apenas do tipo do
defeito e suas dimensões.
Nível 2: Neste caso, é preciso conhecer o comprimento e a maior profundidade
do defeito. Podemos citar métodos tais como o ASME B31.G, RSTRENG 0,85dL,
RPA, DNV RP-F101 (para defeitos isolados) e BS-7910 (para defeitos isolados).
Nível 3: Neste nível de análise é necessário conhecer o perfil do defeito por
corrosão. Os principais métodos que podem ser aplicados são o Effective Area,
o DNV RP-F101 (para defeitos de geometria complexa) e norma BS 7910 (para
defeitos interagentes).
Nível 4: Os métodos utilizados consistem em estudo e análise tridimensional
não-linear de elementos finitos. Também são aplicados testes experimentais em
escala real ou artificial para o problema.
Nível 5: São estudos e análises que requerem mais dados do duto em relação
aos demais métodos. É necessário ter a distribuição estatística da geometria do
defeito, das propriedades do material para quantificar as incertezas embutidas
na avaliação e, quando conjugadas com a análise de risco, subsidiar a tomada
de decisão em aceitar ou não um defeito. Neste nível estão inseridos os métodos
de avaliação de confiabilidade estrutural de Monte Carlo e os métodos de
confiabilidade de primeira ordem e segundo momento (FOSM).”
Esse trabalho apresenta aspectos relacionados aos veis descritos na análise de
oleodutos corroídos.
10
2.1 MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS PARA ANÁLISE DE
OLEODUTOS
Cabral (2007) afirma que alguns métodos existentes para avaliação de defeitos
de corrosão em dutos utilizam conceitos da mecânica do contínuo, que com a
incorporação de informações empíricas, resultam em expressões analíticas. Se aplicadas
dentro de seus limites de validação, essas expressões permitem estimar a pressão de
ruptura de dutos com defeitos.
Palmer-Jones et al, (2002) lembram que estes métodos de avaliação,
denominados fitness for purpose, devem ser abordados em conjunto com a avaliação
experimental. Todos os aspectos da integridade e segurança de um duto devem ser
considerados.
O material é tratado de maneira contínua e pode-se analisá-lo a partir da
cinemática de seus componentes. Os deslocamentos referentes a um sistema de
coordenadas podem ser observados e, para cada deslocamento consideram-se duas
componentes, uma devido a movimentos relativos ou distorções na estrutura, e outra
denominada movimento de corpo rígido. As deformações normais causam alongamento
e as deformações cisalhantes causam rotações estruturais do material.
A partir destas considerações podem-se estimar as distribuições de tensão sobre
o cilindro, sua região elástica e plástica, bem como sua tensão de ruptura.
De acordo com Lai et al, (1993), para cargas moderadas a deformação no o
causada pela aplicação destas cargas, desaparece com a remoção do carregamento. Este
aspecto do material é conhecido como elasticidade. A Figura 2.1 mostra a relação entre
a aplicação do carregamento e a quantidade de deformação linear para o aço.
Segundo Hibbeler (1997), outra simplificação para a solução analítica do
problema ocorre quando a espessura da parede do tubo t é pequena em relação ao seu
raio interno r, de maneira que
10/
tr
. Pode-se considerar o tubo como sendo de
paredes finas, que são bastante usados no transporte e armazenamento de líquidos e
gases.
11
Figura 2.1 – Curva tensão x deformação para diversos tipos de aço isotrópicos
utilizados em oleodutos
Fonte: Valentini (2006)
Branco (1989) mostra que, para tubos cilíndricos de parede fina de comprimento
infinito, com extremidades fechadas submetido à pressão interna, a distribuição de
tensões através da espessura não varia significativamente, e seassumida como sendo
uniforme ou constante. A Figura 2.2 mostra algumas linhas de dutos deixando evidente
a consideração quanto ao comprimento infinito.
Figura 2.2 – Oleoduto considerado cilindro de comprimento infinito e paredes delgadas
12
2.1.1 FUNDAMENTAÇÃO FÍSICA
As grandezas físicas envolvidas neste trabalho são mostradas na Figura 2.3,
considerando estudos analíticos recentemente realizados por Cabral (2007), Guimarães
(2005), Souza (2003), Choi (2003), Ahammed (1997) e Vanhazebrouck (2008), para
uma corrosão típica com formato retangular sobre a superfície externa do duto.
Figura 2.3 – Configuração geométrica dos dutos e da corrosão
Fonte: Choi et al (2003)
Na figura, D é o diâmetro do duto, L é o comprimento do defeito do duto, t é a
espessura da parede do tubo, d é a profundidade da corrosão, c é largura da corrosão, A
é a área longitudinal de material perdido e A
0
é a área longitudinal original da região
corroída.
A área de material perdido tem sido representada de duas formas: parabólica ou
retangular. Ambas as formas estão ilustradas na Figura 2.4 e na Figura 2.5.
Figura 2.4 – Representação parabólica da área longitudinal de material perdido.
Fonte: Cabral (2007)
Figura 2.5 - Representação retangular da área longitudinal de material perdido
Fonte: Cabral (2007)
13
Palmer-Jones et al, (2002) esclarecem que a associação entre o Battelle
Memorial Institute e a AGA (American Gas Assotiation) estabeleceu a equação
conhecida como NG-18 Surface Flaw Equation. Esta solução foi estimada a partir das
considerações sobre equilíbrio axial e circunferencial. A Figura 2.6 representa estas
condições para um oleoduto típico, considerando D o diâmetro do duto e t a sua
espessura.
Figura 2.6 - Condições de equilíbrio para tubos cilíndricos de parede fina de
comprimento infinito com extremidades fechadas submetido à pressão interna
Fonte: Branco (1989)
De acordo com Vanhazebrouck (2008), para haver equilíbrio, a pressão interna
P
a
, deve estar igual a pressão circunferencial do oleoduto.
A tensão circunferencial,
σ
circ
, (hoop stress) é determinada pela fórmula de
Barlow, que pode ser escrita como:
=
t
D
P
acirc
2
.
σ
(2.1)
Considerando-se o estado limite, em que a pressão interna, P
a
, é igual a pressão
de ruptura P
rup
, e, conseqüentemente
σ
circ
=
σ
rup
, obtém-se a seguinte igualdade:
=
1
0
0
1
1
.
2
.
M
A
A
A
A
D
t
P
flowrup
σ
(2.2)
onde
σ
rup
é a tensão de ruptura do duto,
σ
flow
é a tensão de fluência no material e M é o
fator de dilatação (bulging factor ou fator de Folias).
14
O fator M leva em consideração a influência da geometria da corrosão, na tensão
circunferencial, que está sendo aplicada na região corroída. Cabe lembrar que esta
geometria pode ser considerada retangular ou parabólica.
A tensão de fluência no material (
σ
flow
) é proporcional a tensão de escoamento
(
σ
esc
) do material e assume valores conforme o método estabelecido.
A área original da região corroída é representada por A
0
e a área corroída é
representada por A.
A equação (2.2) mostra que a pressão de ruptura depende de três parcelas. A
primeira, relacionada com as características do material (
σ
flow
); a segunda, com as
características geométricas do duto (2/t.D) e a terceira, com as características do defeito
(f
R
), onde chamamos:
=
1
0
0
1
1
M
A
A
A
A
f
R
(2.3)
A equação (2.2) forma a base para os todos tais como ASME B31G,
RSTRENG 0,85dL, RPA (Benjamin & Andrade, 2003a), DNV RP-F101 (Parte B) e BS
7910 (os dois últimos, para defeitos isolados).
De acordo com o procedimento de análise por meio de veis de complexidade
proposto por Palmer-Jones et al, (2002), todos estes métodos são classificados como
Nível 2. Dentre os métodos classificados como Nível 3, deve-se citar o método DNV
RP-F101 para defeitos interagentes ou de geometria complexa (Parte B), RSTRENG
Effective Area, o método WDD - Weighted Depth Difference (Cronin e Pick, 2002) e a
norma BS 7910 para defeitos interagentes.
15
2.1.2 OS MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS
Como mencionado anteriormente alguns dos métodos semi-empíricos
encontrados na literatura são o ASME B31G, o método 085dL ou B31G modificado, o
método RPA (Rectangular Parabolic Area) ou 085dL modificado, o DNV (Det Norske
Veritas) ou RPF101 (Recommended Practice RP-F101 Corroded Pipelines) e o Battelle
PCORRC.
O método que apresenta resultados mais conservadores é o B31G da ASME
(1984), sobretudo para defeitos longos, podendo ser bastante antieconômico pela
remoção de vários dutos ainda em perfeitas condições de operação. Esse todo avalia
dutos submetidos apenas à pressão interna, considerando a geometria da corrosão em
formato parabólico e a tensão de falha em função apenas da tensão de escoamento do
material do duto. Além disso, o método é aplicável somente quando a profundidade
máxima da corrosão estiver abaixo de 80% da espessura da parede do duto.
O método 085dL utiliza o programa computacional comercial RSTRENG e
oferecido pela, Technical Toolboxes Inc. ..., 2009. Esse programa foi introduzido por
Kiefner et al, (1989), e é menos conservativo que o B31G, mas ainda assim, com as
pressões máximas recomendadas abaixo das pressões de ruptura que se observam em
ensaios e atuando contra a segurança para defeitos uniformemente longos e profundos.
O método 085dL utiliza um formato para geometria da corrosão entre o retangular e o
parabólico.
O método DNV RP-F101 surgiu de diversos ensaios experimentais da pressão
interna e análise tridimensional não-linear, por Elementos Finitos, desenvolvidas pela
BG Technology e a Det Norske Veritas - DNV (1999) em parceria com diversas
empresas, entre elas a Petrobras. Este todo admite tensões de compressão
longitudinais além da compressão radial causada pela pressão interna e tem formulação
única admitindo interação entre os defeitos próximos.
A partir de pesquisas realizadas na Petrobras, Benjamin e Andrade (2003)
desenvolvem o RPA no intuito de melhorar o resultado quando aplicados em dutos com
defeitos longos, considerando uma adaptação do todo 085dL pois considera a
geometria da corrosão parabólica para defeitos curtos e retangular para defeitos longos,
sendo estes resultados conservadores para defeitos longos.
16
A maioria desses métodos não leva em consideração o comprimento
circunferencial do defeito. Defeitos alinhados circunferencialmente irão se sobrepor
após aplicação de alguma técnica de projeção no plano longitudinal. Nestas técnicas,
apenas tensões circunferenciais devido à pressão (normal ao plano de projeção) são
consideradas, sendo impossível avaliar os efeitos das tensões longitudinais devido aos
carregamentos e flexão.
Para obter resultados mais realísticos em dutos feitos de aço de alta resistência, a
ruptura é controlada a partir da tensão última do material como foi observada pelas
pesquisas de Stephens e Leis (2000). Esses mesmos pesquisadores desenvolveram uma
formulação baseada em análise de elementos finitos, chamada de PCORRC ou Battele.
Outros métodos de avaliação da resistência residual de dutos com defeitos de
corrosão, submetidos a carregamentos de pressão interna, foram desenvolvidos através
de um projeto denominado Line Pipe Corrosion Group Project elaborado pela British
Gas Technology (atualmente Advantica). Este projeto consistiu na execução de ensaios
de pressão, em escala real e dutos contendo defeitos de corrosão usinados (para simular
a corrosão), incluindo defeitos isolados, defeitos interagentes com outros e defeitos de
forma complexa. Durante este projeto foram também realizadas extensivas análises
tridimensionais, o lineares via Elemento Finito (software comercial ABAQUS),
considerando carregamento de pressão interna e material elasto-plástico. Estes estudos
resultaram no desenvolvimento de um método de avaliação de defeitos de corrosão em
dutos, que foi, posteriormente, incorporado no Anexo G16 da norma britânica BS-7910.
17
2.1.2.1 - MÉTODO ASME B31G
Neste modelo a tensão circunferencial no defeito no instante da ruptura é igual à
tensão de escoamento média acrescida de um fator de segurança,
escflow
σ
σ
.1,1
=
.
O defeito é considerado curto se o seu comprimento,
tDL ..20
e é
considerado longo se seu comprimento tDL ..20> .
A área original da região corroída é calculada como A
0
=L
0
.t e a área corroída,
pode ser expressa por A = α.L.d, onde, α é a constante que define a forma geométrica
adotada para representar a área de material perdido e d é a profundidade máxima do
defeito. Neste método a área de material perdido é aproximada por uma parábola para
defeitos curtos (
α
= 2/3) ou retangulares para defeitos longos (α = 1).
Substituindo as equações temos as expressões da pressão de ruptura para o caso
de defeitos curtos e longos assim como o fator de dilatação (M):
i. Pressão de ruptura para defeitos curtos ( tDL ..20 e α = 2/3):
=
1
0
0
3
2
1
3
2
1
.
2
..1,1
M
A
A
A
A
D
t
P
escrup
σ
(2.4)
ii. Pressão de ruptura para defeitos longos ( tDL ..20> , α = 1 e M ):
=
t
d
D
t
P
escrup
1.
2
..1,1
σ
(2.5)
onde,
+=
tD
L
M
.
8,01
2
(2.6)
18
2.1.2.2 - MÉTODO 085 L OU B31G MODIFICADO RSTRENG
Neste método, a geometria da corrosão é aproximada para um formato entre o
parabólico e o retangular, traduzida por um fator de segurança igual a 0,85 introduzido
na sua formulação.
Sua aplicação é limitada à corrosão em aços soldáveis de gasodutos,
categorizados como aços carbono ou de alta resistência ou baixa liga de aços, e aplica-
se apenas a defeitos em linhas de tubulação que dispõem de contornos suaves e baixa
concentração de corrosão.
De acordo com Guimarães (2005) o método não deve ser utilizado para avaliar a
resistência de outras áreas corroídas ou que sofreram qualquer tipo de tratamento
térmico ou mecânico. Alem disso, os critérios não são aplicáveis quando o tubo está
sujeito a tensões secundárias significativas.
Assim,
i. Para tDL ..50 (defeitos curtos), a formulação é
2
22
.
.003375,0
.
6275,01
++=
tD
L
tD
L
M (2.7)
ii. Para tDL ..50> (defeitos longos) temos,
t
D
L
M
.
032,03,3
2
+= (2.8)
E a pressão de ruptura para este método é determinada pela seguinte expressão:
( )
+=
1
85,01
85,01
2
95,68
M
t
d
t
d
D
t
MPaP
escrup
σ
(2.9)
19
2.1.2.3 - MÉTODO EFFECTIVE AREA RSTRENG
Para Cabral (2007) o método se baseia em definir diversos defeitos de
comprimentos variados (L
1
, L
2
, ..., L
n
), contidos dentro do comprimento total do defeito
(L), e calcular a pressão de ruptura para cada um deles. A pressão de ruptura do defeito
de comprimento total L é a menor das pressões calculadas, conforme ilustrado na
Figura 2.7.
Figura 2.7 – Divisão do comprimento da corrosão no método Effective Area
Fonte: Souza (2003)
A Tabela 2.1 mostra a faixa de aplicação para este método, onde a área original
da região corroída, A
0
, para cada L
i
é dada por
tLA
i
.
0
=
, e t é a espessura de parede do
duto. A pressão de ruptura para cada defeito de comprimento L
i
é:
( )
+=
1
0
0
1
1
2
69
M
A
A
A
A
D
t
MPaP
i
i
escrup
σ
(2.10)
Tabela 2.1 – Faixa de aplicação do método Effective Area
σ
flow
σ
esc
+ 69 Mpa
Defeitos Curtos
L
i
tDL
i
..50
α
0,85
M
( ) ( )
[
]
2
1
2
1
2
..003375,0.6275,01
++= tDLtDLM
iii
Defeitos Longos
L
i
tDL
i
..50
α
0,85
M
[
]
1
2
.032,03,3
+= tDLM
ii
20
2.1.2.4 - MÉTODO RPA OU 085 L MODIFICADO
Conforme apresentado por Vanhazebrouck (2008), nesse método aplica-se o
fator de segurança α = 0,85 para defeitos curtos, isto é,
tDL ..20
e a formulação é
idêntica a do método 085dL ou B31G modificado.
Para tDL ..20> os defeitos são considerados longos e α tem valores variáveis
que possibilitam aumentar a margem de segurança em dutos com corrosões muito
compridas, tal que,
=
6
2
6
1064
15,01
Dt
L
x
α
(2.11)
Dt
L
M
2
07,01,2 += (2.12)
( )
+=
1
1
1
2
95,68
M
t
d
t
d
D
t
P
escrup
α
α
σ
(2.13)
2.1.2.5 - MÉTODO PCORRC OU BATTELLE
Stephens e Leis (2000) desenvolveram uma nova formulação analítica para o
critério de ruptura chamada de PCORRC Equation for Predicting the Remaining
Strength of Corrosion Defects inModerate- to High-Toughness Steels.
Vanhazebrouck (2008) e Guimarães (2005) mostram que esse método apresenta
formulação única dada por:
= M
t
d
D
t
P
u
f
1
2
σ
(2.14)
onde,
=
2
157,0exp0,1
2
d
t
L
M
(2.15)
21
2.1.2.6 - MÉTODO DNV RP-F101 OU BS-7910
De acordo com Cabral (2007) esta norma fornece meios de avaliação de defeitos
de corrosão em dutos, tanto para o caso de defeitos simples quanto para o caso de
múltiplos defeitos adjacentes. Esta abordagem considera carregamento de pressão
interna e pode ser aplicada para corrosão interna ou externa no metal base ou soldas
longitudinais e circunferenciais.
O método não pode ser aplicado para algumas condições, dentre as quais, deve-
se citar: dutos que não sejam fabricados como carbono ou aços com grau superior ao
X80; trincas ou danos mecânicos; defeitos com profundidade maior que 85% da
espessura de parede do duto; para carregamentos cíclicos e em materiais em que a
temperatura de transição seja acima da temperatura de operação.
A pressão máxima admissível de operação é determinada aplicando-se um fator
de segurança, f
c
, após o cálculo da pressão de ruptura, dada por,
21
.
ccc
fff
=
(2.16)
onde f
c1
é o fator de modelagem (baseado na precisão das equações em comparação com
os dados experimentais), e, f
c2
é o fator de projeto (margem de segurança entre a pressão
de operação e a pressão de falha).
Caso esteja utilizando o limite máximo de resistência à tração (tensão última,
σ
u
)
medida experimentalmente então f
c1
= 0,9 e caso esteja utilizando o limite mínimo de
resistência à tração medida experimentalmente, então f
c1
= 1.
Para avaliação da resistência residual de dutos na presença de defeitos múltiplos
adjacentes este procedimento considera que a região corroída do duto é dividida em
seções com comprimento fixado por valores da profundidade do defeito. Estes valores
dividem a corrosão em diferentes regiões, conforme mostrado na Figura 2.8.
Figura 2.8 – Divisão em regiões da geometria da corrosão no método DNV
Fonte: Cabral, 2007
L
22
As pressões de ruptura (P
1
, P
2
, ..., P
N
) para cada defeito, tratando cada um, como
um defeito isolado podem ser calculadas usando as seguintes equações:
=
1
1
1
2
M
t
d
t
d
tD
t
P
i
i
u
rup
i
σ
(2.17)
+=
Dt
L
M
i
i
31,00,1 (2.18)
O comprimento total do defeito de cada grupo equivale ao somatório dos
comprimentos levantados individualmente, mais as distâncias entre dois defeitos
adjacentes conforme Figura 2.9 e é dado por,
( )
=
=
++=
1mi
ni
iimnm
sLLL
(2.19)
Figura 2.9 – Combinação de defeitos interagentes no método DNV
Fonte: Cabral, 2007.
Para calcular a profundidade efetiva do defeito combinado tem-se:
( )
nm
mi
ni
ii
nm
L
Ld
d
=
=
=
.
(2.20)
Para calcular a pressão de ruptura para cada combinação de defeitos (P
nm
)
usando L
nm
e d
nm
na equação para defeito isolado, tem-se:
=
1
1
1
2
nm
nm
nm
u
nm
M
t
d
t
d
tD
t
P
σ
(2.21)
A pressão de ruptura, para a seção corroída do duto, é dada como sendo a menor
das pressões calculadas para cada linha de projeção ao longo da circunferência.
23
2.2 - MÉTODOS EXPERIMENTAIS E ELEMENTOS
FINITOS NA ALISE DE OLEODUTOS CORROÍDOS
Outra forma de avaliação dos oleodutos corroídos são os métodos experimentais
que consistem no ensaio de dutos corroídos, artificialmente ou o, e,
preferencialmente, em escala real. Os resultados dos experimentos são importantes no
desenvolvimento de novos todos analíticos e para validação dos mesmos. Também
são importantes em testes e calibragens de modelos numéricos.
Benjamin et al, (2000) concordam que o desenvolvimento e validação de novos
métodos semi-empíricos baseiam-se não somente nos resultados experimentais, mas
também em análises via Elementos Finitos.
Vanhazebrouck (2008) esclarece que historicamente os ensaios experimentais de
dutos com defeitos de corrosão (burst tests) são realizados a a ruptura conforme a
Figura 2.10. Os valores de pressão e as deformações são medidos através de
extensômetros (strain gages).
Figura 2.10Burst test em oleoduto de aço X100
Fonte: Demofonti et al, 2004
24
2.2.1 - DEFEITOS DE CORROSÃO ARTIFICIAIS E REAIS
Em vários trabalhos experimentais desenvolvidos nesta área, os ensaios são
realizados em dutos com defeitos artificiais de corrosão de forma a facilitar a análise por
elementos finitos. Os defeitos são usinados assumindo determinadas formas geométricas
na superfície do duto (retangular, elíptica, etc.) com o objetivo de simular a corrosão
para a posterior investigação experimental e comparação com modelos numéricos. Uma
ilustração de corpos de prova é mostrada na Figura 2.11.
Embora o uso de simulações numéricas por elementos finitos requeira
informações detalhadas sobre a geometria da corrosão, o uso desta cnica pode ser
bastante viável para casos em que se necessita de resultados precisos para a estimativa
da pressão de ruptura de dutos com defeitos de corrosão reais, isto é, perfil complexo.
Figura 2.11 – Corpo de prova em ensaios de corrosão artificial
Fonte: Petry et al (2006)
25
2.2.2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Chouchaoui e Pick (1996) estudaram a interferência entre pontos próximos de
corrosão, alinhados circunferencialmente e longitudinalmente, através de uma série de
ensaios de ruptura de dutos contendo defeitos artificiais de corrosão usinados por meio
de eletro-erosão e formato elíptico com profundidade em torno de 60% da espessura de
parede do duto. Usaram o método de elementos finitos para simular os ensaios e
compararam os resultados numéricos com os experimentais, além de investigarem
numericamente parâmetros geométricos da corrosão.
Grigory e Smith (1996) realizaram ensaios experimentais em dutos corroídos
artificialmente, em escala real, submetidos a esforços combinados de efeito térmico,
flexão e pressão interna. Em cada corpo de prova usinaram uma corrosão retangular de
diferentes dimensões, variando-se também sua localização. Os ensaios serviram para
confirmar e calibrar modelos numéricos de avaliação da capacidade de carga de dutos
corroídos sujeitos aos esforços combinados.
Ahammed (1997), em trabalhos experimentais, assumiu que a velocidade da
corrosão tende a se estabilizar após certo período de exposição ao meio, ou seja, a
variação de sua profundidade ao longo do tempo tende a ser constante. Sua formulação
foi a mesma que a do método 085dL, sendo o fator 0,85 substituído pela unidade para
corrosão retangular.
Smith et al, (1998) realizaram ensaios para a validação de um modelo de
elementos finitos, utilizando o programa ABAQUS, elemento linear de casca com
quatro nós e um ponto de integração. Nesse modelo identificou-se que os parâmetros de
carregamento que mais influenciam na deformação o a pressão interna e a diferença
de temperatura, e os parâmetros da corrosão são sua profundidade e sua largura.
Um modelo para prever condições de ruptura de dutos corroídos enterrados,
feitos de aço de grande ductilidade, sujeitos à pressão interna, flexão lateral, cargas
térmicas e tensões residuais, foi apresentado por Wang et al, (1998). Os dutos foram
modelados por elementos finitos de casca do programa ABAQUS.
Paralelamente, Chen et al, (1998) apresentaram um método de solução numérica
para determinar a carga limite de dutos com defeitos sujeitos a sistemas de
carregamentos múltiplos.
26
Saldanha e Bucherie (2001) apresentaram um algoritmo, denominado FEASYP
(Fast Finite Element Assessment Service For the Integrity on Non-Cracked Corroded
Pipelines) para a geração automática de malhas de modelos tridimensionais de
elementos finitos de dutos com defeitos isolados de corrosão, a partir de elementos
quadráticos de 20 nós.
Cronin (2002) utilizou um programa para ler os dados geométricos do perfil de
corrosão e gerar a malha de elementos finitos sólidos com 20 nós, na região corroída. A
malha gerada neste programa foi então utilizada como entrada no software comercial
MSC Patran, onde o restante do modelo foi gerado em torno do defeito. Foi feita a
comparação dos resultados das análises numéricas com os resultados experimentais. Os
resultados numéricos apresentaram um erro médio de 0,1% e um desvio padrão médio
de 4,1%, indicando que, quando comparado com os métodos semi-empíricos, o método
dos elementos finitos fornece resultados mais precisos na estimativa da pressão de
ruptura de defeitos de corrosão reais.
Diniz (2002) mostrou os principais resultados do Programa Tecnológico de
Dutos da Petrobras o Produt 25 317900 e que foram publicados por Benjamin et al,
(2000). Foi realizada uma série de testes experimentais e simulações numéricas
tridimensionais em corpos de prova de aço API 5L X60, com comprimento nominal de
2,00 m, diâmetro de 323,85 mm e espessura nominal de 9,53 mm. Os defeitos foram
usinados por eletro-erosão, forma retangular, com profundidade de 6,67 mm (70% da
espessura), largura de 95,30 mm (10 vezes a espessura) e comprimento entre 250,00
mm e 525,00 mm. Verificou que pequenas variações no valor da espessura resultam em
grandes diferenças nas pressões de ruptura.
Num trabalho posterior, Benjamin et al, (2000) comparou as pressões de falha
experimentais com as pressões de falha estimadas, por meio de modelagens
computacionais tridimensionais, usando elementos finitos sólidos e elementos finitos de
casca. Os modelos de elementos finitos sólidos forneceram resultados mais precisos.
Participando do Programa Tecnológico de Dutos da Petrobras Produt 29
600536, Souza (2003) utilizou ensaios experimentais, para comparar os valores das
pressões de falha obtidos com os valores das pressões de falha estimados, pelos métodos
ASME B31G, RSTRENG 0,85dL, RSTRENG Effective Area, DNV RP-F101 (defeitos
isolados) e DNV RP-F101 (defeitos complexos). Foram utilizados corpos de prova de
aço API 5L X46, com 3,00 m de comprimento, 457,20 mm de diâmetro e 6,35 mm de
espessura, com defeitos reais e longos de corrosão.
27
Choi et al, (2003), propuseram uma nova formulação específica para dutos API
(American Petroleum Institute) X65, baseada em alguns ensaios de dutos em escala real,
corroídos artificialmente, e em análises por elementos finitos, utilizando elemento
isoparamétrico de 20 nós.
Costa (2004) utilizou os programas MARC e PATRAN, com geração automática
das malhas, através da introdução das condições de contorno e do carregamento. O duto
foi modelado por meio de elementos sólidos na região corroída e por elementos de casca
na região íntegra. Na região do defeito foram utilizados dois tipos de elementos:
isoparamétrico de oito nós e hexaédrico arbitrário. Fora do defeito utilizaram-se os
seguintes elementos: elemento de casca fina de quatro nós, com três graus de liberdade
de translação e três graus de liberdade de rotação por e elemento de casca de oito
nós, também com três graus de liberdade de translação e três graus de liberdade de
rotação por nó. Duas maneiras foram utilizadas para fazer a transição sólido-casca. A
primeira inserindo-se elementos de casca na região sólida e a segunda, pelo uso de
Multi-Point Constraints (MPC’s) que associa os graus de liberdade de translação e
rotação dos elementos de casca, aos graus de liberdade de translação dos elementos
sólidos na região da transição.
Benjamin et al, (2002) e Benjamin et al, (2003) obtiveram resultados numéricos
satisfatórios e erros na estimativa da pressão de ruptura dentro da faixa de -3,78% e
+5,49% utilizando elementos finitos sólidos com quatro elementos ao longo da
espessura remanescente do duto, na presença de múltiplos defeitos interagentes.
A Figura 2.12 ilustra uma malha típica gerada pelo Método de Elementos
Finitos.
Figura 2.12 – Detalhe da malha de defeito profundo (80% da espessura) em
PIPEFLAW
Fonte: Cabral (2007)
28
2.2.3 ENSAIOS DE CHOI ET AL, 2003
Choi et al, (2003) realizaram ensaios experimentais em dutos de aço X65, com
vários tipos de corrosões artificiais. A configuração geométrica da corrosão usinada
sobre os corpos de prova foi retangular.
Também simularam através de elementos finitos, análises plásticas
tridimensionais. O programa utilizado foi o ABAQUS e considerando-se dois planos de
simetria, somente um quarto do duto foi modelado, sendo concebido com elemento 3D
isoparamétrico, 20 nós e número total de elementos e nós 1129 e 5713, respectivamente.
Nos ensaios experimentais, a variação das deformações foi medida por strain
gages, e os corpos de prova foram submetidos à pressão interna, gradualmente crescente
até a ruptura. A geometria dos defeitos de cada corpo de prova e a respectiva pressão de
ruptura pode ser resumida na Tabela 2.2.
Choi et al, (2003) considerou a tensão última do material (
σ
u
) e a aplicação de
alguns fatores de segurança para comparar as pressões obtida por ensaios experimentais
(P
ENSAIO
) e aqueles obtidos pelo Método de Elementos Finitos (P
AEF
).
Tabela 2.2 – Geometria dos corpos de prova e pressões de falha por Choi et al (2003)
Fonte: Choi et al (2003)
Corpo
de Prova
L c d
Pressão de
ruptura
(mm) (mm) (mm) (%) Mpa
DA 200 50 4,4 25 24,11
DB 200 50 8,8 50 21,76
DC 200 50 13,1 75 17,15
LA 100 50 8,8 50 24,30
LC 300 50 8,8 50 19,80
CB 200 100 8,8 50 23,42
CC 200 200 8,8 50 22,64
D = 762 mm, t = 17,5 mm
29
Os resultados da análise numérica e experimental, para defeitos no formato
retangular, são mostrados na Tabela 2.3.
Tabela 2.3 – Resultados das análises numéricas de Choi et al (2003)
Fonte: Choi et al (2003)
Corpo
de
Prova
Pressão de
ruptura
P
AEF
/ P
ENSAIO
Mpa
σ
y
0,8
σ
u
0,9
σ
u
σ
u
DA 24,11 0,81 0,99 1,01* 1,01*
DB 21,76 0,66 0,95 1,04 1,1
DC 17,15 0,42 0,86 0,95 1,05
LA 24,3 0,68 0,95 1,00 1,01*
LC 19,8 0,61 0,88 0,98 1,06
CB 23,42 0,57 0,86 0,93 1,00
CC 22,64 0,59 0,88 0,95 1,02
* A análise parou antes do critério de ruptura ter sido atingido
A taxa de crescimento do defeito por corrosão está relacionada com as
características do material do duto, das propriedades do fluido transportado e com o
meio ambiente.
De acordo com Southwell (1976) a taxa de corrosão, R, é inicialmente alta e
tende a diminuir gradualmente e em alguns casos estabilizar. O mesmo descreve
diversos experimentos sobre corrosão em metais em ambiente atmosférico e em água do
mar. Estes experimentos mostraram que após um período inicial onde a taxa de corrosão
é relativamente alta, uma tendência de a taxa de corrosão ter seu valor estabilizado.
Com isso, uma aproximação linear para a taxa de crescimento do defeito de corrosão em
seu estado estacionário é uma hipótese razoável. Assim,
T
d
R
= (2.22)
onde
d é a diferença entre duas medidas geométricas da profundidade da corrosão e
T
é a diferença de tempo entre as medidas desta geometria.
Para corrosão de formato semi-elíptico, os resultados obtidos foram mais
conservadores que para corrosão retangular, conforme mostra a Tabela 2.4.
30
Tabela 2.4 – Dados apresentados por Choi (2003), para formato elíptico da corrosão
Fonte: Choi et al (2003)
Corpo
de
Prova
d
0
D L
0
t c P
a
R
d
R
a
σ
esc
σ
u
mm mm mm mm mm Mpa
mm/
ano
mm/
ano
Mpa Mpa
DA 4,4 762 200 17,5 50 10 0,1 0,1 467 573
DB 8,8 762 200 17,5 50 10 0,1 0,1 467 573
DC 13,1 762 200 17,5 50 5 0,1 0,1 467 573
LA 8,8 762 100 17,5 50 10 0,1 0,1 467 573
LC 8,8 762 300 17,5 50 10 0,1 0,1 467 573
CB 8,8 762 200 17,5 100 10 0,1 0,1 467 573
CC 8,8 762 200 17,5 200 10 0,1 0,1 467 573
Aplicando análise de regressão nos resultados obtidos por elementos finitos,
Choi et al, (2003) propuseram uma solução analítica na forma:
i. Para defeito curto, 6<
Rt
L
,
+
+
=
01
2
2max
2
.9,0 C
Rt
L
C
Rt
L
C
D
t
P
u
σ
(2.23)
onde,
0292,0.1053,0.1163,0
2
2
+
=
t
d
t
d
C , 1447,0.4548,0.6913,0
2
1
=
t
d
t
d
C e,
0,1.1035,0.06,0
2
0
+
=
t
d
t
d
C
.
ii. Para defeito longo, onde
6
Rt
L
,
+
=
01
2
C
Rt
L
C
D
t
P
uf
σ
(2.24)
onde,
0126,0.0071,0
1
=
t
d
C
e
1101,1.9847,0
0
+
=
t
d
C
.
31
2.3 INFERÊNCIA ESTATÍSTICA
O último meio de avaliação estrutural de oleodutos submetidos à corrosão
localizada é através da análise de confiabilidade e, para sua fundamentação revisam-se
alguns conceitos da inferência estatística.
A Inferência Estatística admite que os resultados obtidos na análise dos dados
de uma amostra, são válidos para toda a população da qual aquela amostra foi retirada,
isto é, consiste em obter e generalizar conclusões, ou ainda, trata-se de estimação de
parâmetros populacionais e de testes de hipóteses sobre os mesmos.
Para Castanheira (2005) a estatística indutiva ou inferência estatística baseia-se
em resultados obtidos da análise de uma amostra da população e procura inferir, induzir
ou estimar as leis de comportamento da população da qual a amostra foi retirada.
Refere-se, portanto, a um processo de generalização a partir de resultados particulares.
Ehlers (2003) confirma que, de um modo geral é sempre possível classificar um
problema de inferência estatística, como um problema de otimização de uma função ou
a solução de integrais.
O problema geral da inferência estatística considera uma situação observacional
contendo uma variabilidade inerente. Esta situação pode ser descrita por uma
distribuição de probabilidade em um espaço probabilístico adequado. Entretanto a
distribuição adequada não é conhecida e existe uma grande classe de possíveis
distribuições uma das quais é apropriada para o nosso problema.
De acordo com Chaves Neto (2006), as inferências dizem respeito a um número
finito de parâmetros e dependem da forma especificada para a função densidade de
probabilidade. As informações obtidas a partir de uma amostra o úteis para produzir
inferências sobre parâmetros da população original. Esta indução pode ser feita por
Estimação dos parâmetros ou por Testes de Hipóteses sobre os parâmetros. De forma
que na Estimação usam-se os resultados extraídos da amostra para produzir inferências
sobre a população da qual foi extraída aleatoriamente a amostra. E, nos Testes de
Hipóteses usam-se os resultados extraídos da amostra para se testar valores de certos
parâmetros da população, ou mesmo testar a natureza probabilística da população.
32
2.3.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A seguir são apresentados conceitos de probabilidade e estatística fundamentais
para continuação e compreensão do trabalho.
2.3.1.1 - VARIÁVEL ALEATÓRIA
Chaves, I. A. (2004) afirma que uma variável aleatória X é uma função real
definida no espaço , tal que o evento [ X x ] é um evento aleatório pertencente ao
espaço de probabilidade (
, U, P) com U sendo a
σ
-álgebra e P a medida de
probabilidade.
A variável aleatória é chamada de discreta quando o seu contradomínio é um
conjunto finito ou infinito enumerável, e é chamada de contínua quando o seu
contradomínio é um conjunto infinito.
2.3.1.2 - FUNÇÃO DE PROBABILIDADE E FUNÇÃO DENSIDADE
DE PROBABILIDADE
Para Fonseca e Andrade (1985) a função distribuição ou função distribuição
acumulada, de uma variável aleatória X é definida por F
X
(x) = P
X
(X x).
Uma vez que uma variável aleatória assume um valor de seu contradomínio com
certa probabilidade, tem-se que as probabilidades são associadas a valores da variável
aleatória discreta por uma função de probabilidade (fp).
As probabilidades o associadas a intervalos de valores de uma variável
aleatória contínua por uma função densidade de probabilidade (fdp). A função
densidade de probabilidade f é uma função que satisfaz às seguintes condições:
f(x) 0 para todo x
R
X
e
=
X
R
dxxf 1)(
.
Define-se então que,
=<<
d
c
dxxfdXcP )()( para qualquer c < d.
33
2.3.1.3 - DISTRIBUIÇÃO DE PROBABILIDADE NORMAL (GAUSSIANA)
A distribuição Normal é uma distribuição de probabilidade contínua, simétrica e
mesocúrtica. Ehlers (2004) define
x
como a média amostral da amostra aleatória [X
1
,
X
2
, ..., X
n
] de uma variável aleatória X com distribuição de probabilidade N(
µ
,
σ
2
).
Então, X tem distribuição normal com parâmetros
µ
(média) e
n
σ
(desvio
padrão), se a função de densidade de probabilidade de X é dada por,
[
]
22
2/)(2/122
)2(),()(
σµ
πσσµ
==
x
X
expxf
(2.25)
A correspondente função distribuição (fd) definida por F(x) = P(X < x) pode ser
expressa como,
[ ]
==
X
x
X
X
dxexpxF
22
2/)(2/122
)2(),()(
σµ
πσσµ
(2.26)
Quando
µ
= 0 e
σ
2
= 1, tem-se a N(0, 1), ou seja, a distribuição Normal Padrão,
cujo gráfico da fdp está na Figura 2.13.
Figura 2.13 – Exemplo de Distribuição Normal Padrão
Fonte: o Autor
A simetria perfeita da distribuição normal significa que,
Φ
(-s) = 1.0 -
Φ
(s) = p
ou, quando p < 0.5 temos, -s =
Φ
-1
(p) = -
Φ
-1
(1 - p), onde
Φ
(s) é a função distribuição
da Normal Padrão no ponto s.
34
2.3.1.4 - DISTRIBUIÇÃO DE PROBABILIDADE LOGNORMAL
Para problemas em que a amostra aleatória não pode ter valores negativos, pelo
seu aspecto físico, é possível usar-se o modelo Lognormal, considerando o logaritmo
natural da variável X. A função densidade de probabilidade de uma variável aleatória
com distribuição lognormal é dada por,
=
2
ln
2
1
exp
2
1
)(
X
X
X
X
x
x
xf
ζ
λ
ζπ
(2.27)
onde
λ
X
e
ζ
X
são os parâmetros da distribuição lognormal, relacionados com os
parâmetros da distribuição normal da seguinte maneira:
2
2
1
ln)(ln
XXX
XE
ζµλ
==
(2.28)
)1ln(1ln)(ln
2
2
2
X
X
X
X
XV
δ
µ
σ
ζ
+=
+==
(2.29)
Neste caso, a variável padrão S tem a forma:
X
X
X
S
ζ
λ
=
ln
(2.30)
A probabilidade de uma variável aleatória lognormal ter um valor entre dois
limites a e b pode ser dada por,
Φ
Φ=<
X
X
X
X
ab
bXaP
ζ
λ
ζ
λ
lnln
)(
(2.31)
35
2.3.1.5 - ESPERANÇA E VARIÂNCIA DE UMA VARIÁVEL ALEATÓRIA
Chaves, I. A. (2004) chama valor médio ou esperança matemática de uma
variável aleatória X discreta ao valor:
( ) ( ) ( )
==
====
n
i
iXi
n
i
iXi
xXPxxPxXE
11
..
µ
(2.32)
E chama de variância da variável aleatória X ao valor:
( )
[ ]
( )
[ ]
( )
==
=====
n
i
iXi
n
i
iXi
xXPxxPXExXEXEXV
1
2
1
2
22
..)]([)(
µσ
(2.33)
Já o desvio padrão da variável aleatória X é a raiz quadrada da variância, ou seja,
)(XV=
σ
(2.34)
Da mesma forma, se a variável aleatória for contínua, a esperança de X será dada
por
( ) ( )
== dxxfxXE .
µ
(2.35)
E a variância por
( ) ( ) ( )
== dxxfxxE .
22
2
µµσ
(2.36)
É importante observar que a variância mede a dispersão ou espalhamento dos
dados em torno da média µ = E(X) e o desvio padrão faz isto também, mas na mesma
unidade de medida dos dados.
36
Se duas variáveis aleatórias X e Y não forem independentes, existirá uma
diferença entre E(X.Y) e E(X).E(Y), esta diferença será chamada de covariância e
definida por,
[
]
YX
XYEYXEYXCOV
µ
µ
µ
µ
=
=
,
.
Se COV(X,Y) = 0, as variáveis aleatórias serão chamadas de não-correlacionadas.
A covariância entre as variáveis aleatórias X e Y padronizadas é chamada de
coeficiente de correlação,
[
]
[
]
{
}
(
)
(
)
=
=
YX
YEYXEX
E
YVXV
YEYXEXE
σσ
ρ
.
)()(
)(.)(.
(2.37)
A vantagem da correlação em relação a covariância é que o coeficiente de
correlação é um valor padronizado e tem-se, então, uma idéia clara da sua grandeza.
Por outro lado uma medida muito útil de variabilidade relativa é o coeficiente de
variação. Este parâmetro para uma variável aleatória é definido como o quociente entre
o desvio padrão e a média, ou seja,
µ
σ
=CV (2.38)
Para finalizar, Chaves I. A. (2004) considera que as variáveis [X
1
, X
2
, ..., X
n
] com
função de probabilidade conjunta
),...,,(
21,...,
21
nXXX
xxxf
n
são linearmente
independentes, se e somente se,
)()...().(),...,,()(
2121,...,
2121
nXXXnXXXx
xfxfxfxxxfxf
nn
==
(2.39)
Assim pode-se considerar [X
1
, X
2
, ..., X
n
] como uma amostra aleatória de
tamanho n da população com densidade f. Isso significa que, se a amostragem é tal que
X
1
, X
2
, ..., X
n
são independentes e, desde que a população tenha densidade homogênea, a
amostra é dita aleatória.
É naturalmente relevante que resultados com base numa amostra aleatória são
válidos para a população desde que esta tenha sido o objeto da amostra.
37
2.3.2 - ESTIMAÇÃO
Retornando a questão da inferência estatística não se pode calcular a
aproximação de uma grandeza desconhecida sem ter uma idéia do quanto esta
aproximação é adequada, em algum sentido probabilístico e, como ela se compara com
outras aproximações.
Após uma observação ser feita, é possível que a verdadeira distribuição que rege
o fenômeno pertença a uma família diferente da que postulada inicialmente.
A Estimação de parâmetros pode ser feita de duas maneiras:
i. Estimação por ponto ocorre quando, a partir da amostra procura-se obter
um único valor de certo parâmetro populacional, ou
ii. Estimação por intervalo ocorre quando a partir da amostra procura-se
construir um intervalo com certa probabilidade de conter o verdadeiro parâmetro
populacional θ.
2.3.2.1 - ESTIMAÇÃO POR PONTO
Entendendo as estatísticas, por exemplo, média e variância, como uma função do
espaço amostral a estimação por pontos significa obter estimativas, isto é, obter valor
numérico destas estatísticas, a partir dos valores das amostras.
Para Haldar e Mahadevan (1982) são quatro as propriedades fundamentais dos
estimadores: suficiência, consistência, não-tendenciosidade e eficiência (estimador de
variância mínima).
Uma estatística é dita suficiente para uma população se permite um resumo das
informações trazidas pela amostra.
Um estimador é consistente para estimar um parâmetro quando, a medida que se
aumenta o tamanho da amostra aleatória consegue-se uma maior precisão na estimativa.
Um estimador é não viciado se o vício é nulo, ou seja, se o erro quadrático
médio é igual à variância.
38
2.3.2.2 - MÉTODOS DE ESTIMAÇÃO
A evolução da Estatística através do tempo provocou o aparecimento de várias
metodologias para construção de estimadores de parâmetros.
O método da máxima verossimilhança foi desenvolvido por Fisher a partir de
uma idéia original de Gauss sobre regressão linear, no período de 1809 a 1821 e, de
acordo com Ehlers (2003) ele postula que para fazer inferência sobre uma quantidade de
interesse importa aquilo que foi realmente observado e não aquilo que poderia ter
ocorrido, mas efetivamente não ocorreu.
Portugal (1995) assegura que a grande importância do método de máxima
verossimilhança consiste nas boas propriedades dos estimadores, que são consistentes e
eficientes.
Chaves Neto (2006) afirma que para determinar o estimador de máxima
verossimilhança do parâmetro θ basta achar o valor de θ que maximiza a função p(θ, X),
fixado X. Como a função ln [p(θ, X)] é não decrescente (monótona crescente),
maximizar p(θ, X) é o mesmo que maximizar ln [p(θ, X)]. Desta forma, se,
(
)
[
]
( )
0
,ln
==
θ
θ
θ
S
xp
(2.40)
então o estimador de máxima verossimilhança
θ
ˆ
vai ser a solução do conjunto de
equações S(θ) = 0.
Segundo Haldar e Mahadevan (1982) o conceito básico no métodos dos
momentos é que todos os parâmetros de uma distribuição podem ser estimados usando a
informação sobre seus momentos. Deste modo, se a distribuição tem um simples
parâmetro, então somente uma informação pode ser extraída do processo,
provavelmente, será o primeiro momento, ou o valor médio. Se a distribuição tem dois
parâmetros, então duas informações podem ser extraídas, e eles podem ser os dois
primeiros momentos, isto é, a média e a variância da variável aleatória.
Considera-se que os momentos ordinários da amostra são dados por,
n
x
M
n
i
j
i
j
=
=
1
, j = 1, 2, 3, ... (2.41)
39
O sistema de equações formado tem solução única e estas soluções são os
estimadores dos parâmetros.
Os parâmetros de uma distribuição têm uma relação definida com os momentos
das variáveis aleatórias. Esta relação é apresentada na Tabela 2.5, para distribuição
Normal e Lognormal.
Tabela 2.5 – Estimação de parâmetros para o método dos momentos
Fonte: Haldar e Mahadevan (pp. 118, 1982), traduzido.
Função densidade de Probabilidade
ou função densidade
Parâmetro
s
Relação para a Média
e Variância
Normal
( )
=
2
2
1
exp
2
1
X
X
x
X
x
X
f
σ
µ
πσ
2
,
XX
σµ
(
)
X
XE
µ
=
(
)
2
X
XV
σ
=
Lognormal
( )
=
2
ln
2
1
exp
2
1
X
X
x
X
x
X
f
ζ
λ
πζ
ζ
λ
,
( )
+=
2
1lnln
X
X
XVar
µ
σ
( )
2
2
1
lnln
XX
XE
ζµ
=
O método dos mínimos quadrados considera que toda observação aleatória pode
ser escrita na forma do modelo
(
)
ikii
gY
ε
θ
θ
θ
+
=
,...,,
21
, i = 1, 2, ..., n (2.42)
onde a parte estocástica
ε
i
deve satisfazer as seguintes restrições:
i.
ε
i
é uma variável aleatória com E(
ε
i
) = 0.
ii.
ε
i
é uma variável aleatória com variância constante V(
ε
i
) =
σ
2
.
iii. Os erros
ε
i
são não-correlacionados, COV(
ε
i
,
ε
j
) = 0.
O método consiste em estimar
θ
minimizando a soma dos quadrados dos erros
(resíduos) e resolvendo-se o sistema de equações:
( )
[ ]
0,
1
2
=
=
n
i
ii
j
xgY
θ
θ
, j = 1, 2, ..., k (2.43)
40
2.3.2.3 - INTERVALOS DE CONFIANÇA
Fonseca e Andrade (1985) afirmam que outra maneira de obter uma estimativa
de um parâmetro desconhecido é construir um intervalo de confiança para o parâmetro
com uma probabilidade maior ou igual ao nível (1 -
α
) de confiança de que este
intervalo contenha o verdadeiro parâmetro.
α
αα
=
1
22
zzzP
(2.44)
Para estimar o intervalo de confiança para a média populacional quando a
variância populacional é conhecida considera que
x
, com distribuição normal
n
N
2
,
σ
µ
. Portanto,
n
X
z
σ
µ
=
tem distribuição normal N (0, 1). Assim, tem-se que:
α
σ
µ
σ
αα
=
+ 1
22
n
zX
n
zXP
(2.45)
Para estimar o intervalo de confiança para a média populacional quando a
variância populacional é desconhecida, temos,
α
µ
αα
=
+<
< 1
22
n
S
tx
n
S
x
n
S
txP (2.46)
Para estimar o intervalo de confiança para a variância de uma população
Normal, isto é, se X é uma população com distribuição normal com média µ e variância
σ
2
, pelo Teorema de Fischer tem-se que
( ) ( )
α
χσχ
=
1
111
2
inf
2
22
sup
2
SnSn
P (2.47)
Para estimar o intervalo de confiança para a diferença entre duas médias
(
)
21
µ
µ
de duas populações Normais com desvios padrões conhecidos usa-se:
( ) ( )
α
σσ
µµ
σσ
αα
=
+++ 1
2
2
2
1
2
2121
2
2
2
1
2
21
nn
zxx
nn
zxxP (2.48)
41
2.3.3 - TESTES DE HIPÓTESES
De acordo com Meyer (1970) o teste de hipóteses ao invés de procurar uma
estimativa do parâmetro passa a admitir um valor hipotético para ele e, depois, utiliza a
informação da amostra para confirmar ou rejeitar este valor hipotético.
Para Fonseca e Andrade (1985) os testes de hipóteses também são baseados nas
distribuições dos estimadores. Dessa maneira, as distribuições de probabilidade da
média amostral, da variância amostral, da freqüência relativa serão utilizadas para os
respectivos testes sobre a média, a variância e a proporção da população.
O teste de hipótese é uma regra de decisão para aceitar ou rejeitar uma hipótese
com base nos elementos amostrais e podem ser de dois tipos: paramétricos, quando
formulamos hipóteses com respeito ao valor de um parâmetro populacional ou por
aderência, quando formulamos hipóteses sobre à natureza da distribuição da população.
Para uma amostra aleatória tem-se as hipóteses nula, H
0
, ou seja, aquela que se
está testando contra a hipótese alternativa, H
1
, que pode ser aceita quando se rejeita H
0
.
Para se tomar a decisão de aceitar ou rejeitar a hipótese nula H
0
, necessidade
de uma regra. Esta regra é conhecida como teste. Assim, rejeita-se H
0
quando o
resultado da regra ultrapassa certo valor crítico, ou linha de corte, e se aceita H
0
em caso
contrário. É conveniente descrever a região crítica por uma função indicadora δ que é
chamada de função crítica ou função teste. Assim, se δ(x) = 1 rejeita-se H
0
e se δ(x) = 0
se aceita H
0
.
Os erros que podem ser cometidos na decisão podem ser classificados em: Erro
Tipo I: é cometido quando se rejeita H
0
, sendo H
0
verdadeira (α) ou Erro Tipo II: é
cometido quando aceita-se H
0
, sendo H
0
falsa (β).
Para Bickel e Doksum (2006) a curva característica de operação é o gráfico da
função probabilidade de erro tipo II, sob várias hipóteses, mostrada na Figura 2.14.
Figura 2.14 – Exemplo de uma curva característica de operação
Fonte: Fonseca e Andrade, 1985
42
Para valores próximos do valor µ
0
a probabilidade de se cometer o erro tipo II é
bastante elevada. Em compensação não tanta gravidade em se cometer o erro tipo II,
nestas condições, pois a diferença pratica entre a realidade e a hipótese testada é
pequena, não acarretando dessa forma grande preocupação.
A gravidade do erro tipo II acentua-se à medida que o verdadeiro valor do
parâmetro se afasta do valor testado. Nestas condições, aceitar H
0
pode ser uma decisão
comprometedora, mas para tais casos, observa-se que a probabilidade de se cometer o
erro tipo II tende a diminuir assegurando, desta forma, melhores condições para as
tomadas de decisões.
Para tomar uma decisão inequívoca, devemos, pois, estabelecer previamente até
que ponto uma divergência entre a realidade e H
0
pode ser tolerada. Neyman e Pearson
(1967) propuseram fixar a probabilidade do erro do tipo I (nível de significância) em α e
procurar um teste que tenha probabilidade de rejeitar menor ou igual a α. Assim, este
teste tem nível de significância α e rejeita H
0
no nível α. A configuração da Figura 2.15
ilustra o comportamento dos erros α e β em função do tamanho da amostra.
Figura 2.15 - Comportamento dos erros α e β em função do tamanho da amostra
Fonte: Fonseca e Andrade, 1985
De acordo com Chaves Neto (2006) uma alternativa de análise é a curva do
poder de um teste (1 -
β
), onde β é a probabilidade de erro tipo II. Um exemplo é
apresentado na Figura 2.16, quando testamos
00
:
µ
µ
=
H contra
01
:
µ
µ
H :
Figura 2.16 – Curva de força do teste sendo α e
σ
2
fixados
Fonte: Fonseca e Andrade, 1985
Em um teste decisivo devem-se considerar os erros α e β e, se não bastar os
valores especificados, pode-se de aumentar o tamanho da amostra.
43
2.3.3.1 - TESTE DE HIPÓTESE PARA A MÉDIA DA DISTRIBUIÇÃO
NORMAL
uma grande variedade de hipóteses que podem ser feitas a respeito da dia.
Entre elas:
Sendo
σ
2
conhecido, o teste de H
0
:
µ
µ
0
x H
1
:
µ
>
µ
0
é definido por:
1)(
=
x
c
δ
se
c
n
x
z >
=
/
0
σ
µ
ou,
0)(
=
x
c
δ
para c/c, onde
n
x
z
/
0
σ
µ
=
~ N(0, 1) e c é
determinado por P(z > c) =
α
.
Sendo
σ
2
conhecido, o teste de H
0
:
µ
µ
0
x H
1
:
µ
=
µ
0
é definido por:
1)(
=
x
c
δ
se
c
n
x
z >
=
/
0
σ
µ
, ou, ii. 0)(
=
x
c
δ
para c/c, onde
n
x
z
/
0
σ
µ
=
~ N(0, 1) e c
é determinado por P(z > c) =
α
/2.
Sendo
σ
2
desconhecido o teste é feito com a estatística,
1
0
~
/
=
n
t
ns
x
t
µ
.
2.3.3.2 - TESTES DE HIPÓTESES PARA A VARIÂNCIA DA
DISTRIBUIÇÃO NORMAL
Sendo
µ
conhecido, o teste de H
0
:
σ
2
2
0
σ
x H
1
:
σ
2
2
0
σ
é definido por
1)(
=
x
c
δ
se, c
n
x
n
i
i
>=
=
2
0
2
2
0
1
2
ˆ
)(
σ
σ
σ
µ
, onde c é determinado por
(
)
αχ
=> cP
n
2
, ou,
0)(
=
x
c
δ
para c/c.
O teste de H
0
:
σ
2
=
2
0
σ
x H
1
:
σ
2
>
2
0
σ
é definido por 1)(
=
x
c
δ
se, c
sn
>
2
0
2
)1(
σ
,
ou 0)(
=
x
c
δ
para c/c.
O teste de H
0
:
σ
2
2
0
σ
x H
1
:
σ
2
2
0
σ
é definido por 1)(
=
x
c
δ
se,
21
2
0
2
)1(
couc
sn
><
σ
, onde
(
)
2/
1
2
1
αχ
=>
cP
n
e
(
)
2/
2
2
1
αχ
=>
cP
n
ou, 0)(
=
x
c
δ
para
c/c.
44
2.3.3.3 - TESTES DE HIPÓTESES QUE ENVOLVEM MÉDIAS DE
DOIS GRUPOS
Chaves Neto (2006), estuda levantar evidências contra a hipótese que a média da
população 1 é igual a média da população 2 ou ainda evidências contra a hipótese nula
H
0
: µ
1
= µ
2
ou µ
1
µ
2
= 0. Após obter as informações amostrais: [x
11
, x
12
, ..., x
1n1
] da
amostra da população 1 e [x
21
, x
22
, ..., x
2n2
] amostra da população 2, testa-se a
Gaussianidade das observações e a hipótese nula com um teste t de Student.
Se as variâncias das populações forem distintas deve-se aplicar a versão de
Aspin-Welch, cuja estatística é a seguinte:
(
)
(
)
ν
µ
µ
t
n
s
n
s
xx
t ~
2
2
2
1
2
1
2121
+
= (2.49)
onde υ é calculado por,
(
)
2
11
2
2
2
1
2
1
2
21
+
+
+
+
=
nn
ωω
ωω
ν
, sendo
2
2
1
1
n
s
=
ω
e
2
2
2
2
n
s
=
ω
.
As premissas para aplicação do teste t de Student são a independência das
amostras e a Gaussianidade das observações, verificada pelo teste Qui-quadrado de
aderência ao modelo, por Kolmogorov-Smirnov, por Shapiro-Wilks ou por Filliben.
Quando são aceitas estas premissas aceita-se a hipótese de homogeneidade entre
as variâncias dos dois grupos (populações 1 e 2), H
0
:
2
2
2
1
σσ
=
aplica-se a estatística que
corresponde ao t de Student na versão clássica:
(
)
(
)
ν
µ
µ
t
nn
s
xx
t
p
~
11
21
2121
+
=
(2.50)
onde
2
21
+
=
nn
υ
e
(
)
(
)
2
11
21
2
22
2
11
2
+
+
=
nn
snsn
s
p
, sendo que a hipótese sobre a
igualdade de variâncias é testada, antes, pelo teste F, com estatística
2
2
2
1
s
s
F = (2.51)
Quando a hipótese de Gaussianidade o é verificada aplicamos um
procedimento não-paramétrico conhecido como Teste de Wilcoson-Mann-Whitney.
45
2.3.4 - TESTES DE ADEQUAÇÃO AO AJUSTAMENTO E TESTE DE
ADERÊNCIA
Para verificar os resultados de um experimento deve-se aplicar um teste de
aderência, para testar a hipótese de que a distribuição de freqüências observada se ajusta
(ou adere) a determinada distribuição teórica.
As freqüências observadas serão comparadas com as freqüências esperadas de
acordo com alguma hipótese, em n provas. Os resultados das n provas são colocados em
uma tabela conhecida como Tabela de Contingência, conforme mostrado na Tabela 2.6
e o teste aplicado é o Qui-quadrado, onde K é o número de eventos ou categorias em
que foi dividida a amostra.
(
)
2
1
1
2
2
~
=
=
K
K
i
i
ii
Fe
FeFo
χχ
(2.52)
sendo, Fo
i
, as freqüências observadas na amostra dos respectivos eventos e Fe
i
as
freqüências esperadas.
Tabela 2.6 – Avaliação das frequências esperadas em um teste de aderência
Fonte: Fonseca e Andrade (1985) pp. 205
Categorias (eventos) C
1
C
2
C
3
... C
K
Frequências Observadas Fo
1
Fo
2
Fo
3
... Fo
k
Frequencias Esperadas Fe
1
Fe
2
Fe
3
... Fe
k
Quando usa-se a estatística χ
2
para comprovar a concordância entre valores
observados e esperados para certo fenômeno, realiza-se, na realidade, um teste de
ajustamento.
Contudo, se usar o teste qui-quadrado para colocar à prova hipóteses referentes à
forma da distribuição da população, como a Normal, Binomial, Poisson, etc., significa
que trata-se de um teste de aderência. Nesses testes, supõe-se que a distribuição da
variável em estudo é descrita por determinado modelo teórico de probabilidade e
verificamos o grau de aderência dos dados amostrais ao modelo.
46
2.3.5 - REGRESSÃO LINEAR E NÃO-LINEAR
A análise de regressão é uma técnica estatística usada para investigar e modelar
o relacionamento entre variáveis. Aplicações desta técnica foi realizada por Choi et al
(2003), conforme mostrado a seguir.
2.3.5.1 - REGRESSÃO LINEAR
O modelo linear que relaciona a variável resposta Y com as covariáveis X
1
, X
2
,
..., X
p-1
pode ser escrito na forma
iippiii
XXXY
ε
β
β
β
β
+
+
+
+
+
=
1122110
... (2.53)
ou na forma matricial, conhecido como modelo linear de Gauss Markov:
εβ
+= XY
(2.54)
Admitindo que,
i. Os componentes ε são variáveis aleatórias.
ii. A esperança de cada componente de
ε
é zero, ou seja, E(
ε
) = 0.
iii. As componentes do vetor
ε
o são correlacionadas, ou melhor, COV(
ε
i
,
ε
j
) = 0 para i j e possuem variância constante, V
2
.
iv. A distribuição de
ε
i
é a Normal (Gaussiana).
Para se medir a adequação do ajuste compara-se a soma de quadrados da
regressão com a soma de quadrados total e tem-se o coeficiente de determinação ou
correlação múltipla ao quadrado,
( )
( )
=
=
=
n
i
i
n
i
i
yy
yy
R
1
2
1
2
2
ˆ
(2.55)
Quando o ajuste é bom o valor de R
2
é próximo de 1. Em caso contrário, com um
modelo pobre, o valor de R
2
é pequeno.
47
2.3.5.2 - REGRESSÃO NÃO-LINEAR
O modelo não linear que relaciona a variável resposta Y com uma variável ξ,
neste caso, pode ser escrito como
(
)
iii
fY
ε
θ
ξ
+
=
, (2.56)
onde
(
)
θ
ξ
,
i
f é parte sistemática do modelo e que deve ser estimada e ε
i
é a parte
estocástica com E(
ε
i
) = 0 e V(
ε
i
) =
σ
2
. A parte sistemática depende da covariável
ξ
e dos
parâmetros em θ.
A estimação dos parâmetros é feita por mínimos quadrados com base nas
observações da variável resposta correspondentes a valores fixados das covariáveis: Y
i
,
ξ
1i
,
ξ
2i
, ...,
ξ
ki
, i = 1, 2, 3, ..., n e minimizando-se a soma de quadrados dos erros que é
dada por
( )
(
)
[
]
=
==
n
i
i
i
fYSSQE
1
2
,
θξθ
(2.57)
Então, partindo-se das observações fixadas de Y
i
e de
ξ
i
, i = 1, 2, ..., n, obtemos a
estimativa de mínimos quadrados de θ que minimiza a função S(θ).
48
2.4 MÉTODOS DE CONFIABILIDADE NA
ANÁLISE DE OLEODUTOS CORROÍDOS
De acordo com Barbosa (2004) a Teoria da Confiabilidade é um conjunto de
técnicas da Estatítica e da Programação Matemática. Estas técnicas proporcionam, a
partir do conhecimento das distribuições de probabilidade das variáveis de projeto, a
probabilidade da estrutura falhar. Pode-se estimar, também, a importância de cada
variável de projeto nesta probabilidade de falha.
Buratto (2005) concorda que a confiabilidade sintetiza a chance, em termos
percentuais, de que uma determinada variável de interesse fique dentro de um
determinado intervalo especificado indicando o percentual de cenários gerados pela
simulação que está dentro desse intervalo.
Henriques (2002) observa que o comportamento das estruturas depende de
diversos fatores, a maioria dos quais não pode ser controlada de forma absoluta. As
diversas fontes de incerteza responsáveis pela variabilidade desses fatores conduzem a
ao problema de avaliação da segurança das estruturas e esta formulação tem um caráter
marcadamente não determinístico.
Cardoso et al, (2003) afirmam que o caráter intrinsecamente aleatório das
propriedades dos materiais e das ações é considerado pelos atuais Eurocódigos, que
classificam os métodos probabilísticos disponíveis para lidar com essa aleatoriedade em
três níveis: métodos semi-probabilísticos, ou de nível 1, correntemente utilizados na
verificação da segurança, onde a probabilidade de falha é indiretamente considerada
através de definição de valores característicos e de coeficientes parciais de segurança;
métodos probabilísticos aproximados, ou de nível 2, onde a probabilidade de falha é
baseada no índice de confiabilidade, β; métodos probabilísticos exatos, ou de nível 3,
onde a probabilidade de falha é avaliada a partir da distribuição conjunta de
probabilidade das variáveis aleatórias associadas às ações e às resistências.
49
Laranja e Brito (2003) descrevem que, em geral, não é possível reduzir o
problema da confiabilidade estrutural às formulações simplificadas, que relacionam a
probabilidade de falha apenas com a resistência, R, e a solicitação, S, considerando-as
variáveis aleatórias independentes. Em geral, R é função das propriedades dos materiais
estruturais e das dimensões dos elementos estruturais, ou da própria estrutura, enquanto
S é função das ões, das densidades dos materiais e, eventualmente, das dimensões da
estrutura, sendo todas elas variáveis aleatórias. Há, também, situações em que não é
possível considerar R e S independentes, quando o efeito de determinada ação é
favorável (opõe-se aos efeitos que conduzem à falha) ou quando as dimensões da
estrutura ou dos elementos estruturais condicionam, simultaneamente, o valor das ações
e da resistência.
Wu e Riha (2004) afirmam que nos estudos tradicionais da confiabilidade, os
valores característicos de um processo randômico são usados em combinação com
análise de espectro e considera X o vetor aleatório composto pelas variáveis sicas, ou
seja, as variáveis fundamentais que definem e caracterizam o comportamento e a
segurança da estrutura e
Xg a função que define o estado limite conhecida como limit
state surface através de:
(
)
0,...,,
21
=
=
n
XXXgZ (2.58)
A equação 2.64 estabelece a fronteira que divide o domínio numa região de
segurança
Xg
> 0 e numa região de falha
Xg
< 0, conforme mostra a Figura 2.17.
Figura 2.17 – Região de falha e segurança separada pela função de estado limite
Fonte: Laranja e Brito (2003)
50
A probabilidade de falha pode ser obtida pela generalização, através da
integração múltipla sobre todas as variáveis básicas:
[
]
( )
===
n
XXXg
nXXnf
dxdxxxfXXXgpSRGpp
n
n
...,...,...0,...,,0,
1
0,...,,
1,...,21
21
1
(2.59)
em que f
X
(x) é a função densidade de probabilidade conjunta para o vetor X, de
dimensão n, das variáveis básicas.
Se as variáveis básicas forem independentes, a relação acima pode ser
simplificada, dado que:
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
nxxx
n
i
ixx
xfxfxfxfxf
ni
.....
21
1
21
=
==
(2.60)
em que f
xi
(x
i
) é a função densidade probabilidade conjunta para a variável básica X
i
.
Ehlers (2003) afirma que integração analítica da equação (2.65) é possível
para casos muito raros. Geralmente, recorre-se a simplificações, a métodos numéricos
ou a ambos em simultâneo, podendo estes incidir sobre o processo de integração, a
função a integrar, f
x
(x) ou a definição do domínio de falha.
Duas técnicas são utilizadas para essa avaliação. São elas: o método de
simulação de Monte Carlo e os métodos do segundo momento, ou FOSM, First Order
Second Moment Reliability Method.
Os métodos do segundo momento, FORM, First Order Reliability Method e
SORM, Second Order Reliability Method apresentam alguns problemas em função da
complexidade da análise, que gera dificuldades na determinação dos pontos de mínimo,
a transformação de f
x
(x) numa função densidade de probabilidade multinormal, e a
utilização de processos de integração passo a passo para a obtenção de soluções
aproximadas.
Por outro lado, Pulido et al, (1992) esclarece que a análise de confiabilidade
estrutural, por envolver um grande número de variáveis aleatórias ou exigir uma grande
quantidade de simulações, se depara, também, com a questão do custo computacional.
51
2.4.1 - MÉTODOS DE CONFIABILIDADE DE PRIMEIRA ORDEM
SEGUNDO MOMENTO (FOSM)
Estes métodos são chamados de métodos do segundo momento, uma vez que as
funções normais e multivariadas das variáveis básicas podem ser representadas apenas
pelos seus dois primeiros momentos, isto é, a média e o desvio padrão.
Laranja e Brito (2003) admitem que, se as variáveis aleatórias X
i
são
independentes e normalmente distribuídas, a determinação da média de Z, é dada por:
SRZ
µ
µ
µ
=
(2.61)
e o desvio padrão é obtido através de:
22
SRZ
σσσ
+= (2.62)
A equação de estado limite define a margem de segurança
SRZ
=
(2.63)
De acordo com Ditlevsen e Madsen (1996) a probabilidade de falha pode ser,
β
Φ
=
f
p (2.64)
onde Φ é a função distribuição da normal reduzida.
Neste caso, o índice de confiabilidade, dado por,
z
z
σ
µ
β
=
(2.65)
Porém, são freqüentes as situações em que a função de estado limite g(X) não é
linear e, nestes casos, não são válidas as propriedades da lei Normal e, portanto, a média
e a variância de
Xg o são as apresentadas. A resposta Z, resultante da aplicação da
função não linear às variáveis X
i
, também pode ser não normal.
Laranja e Brito (2003) explicam que, nestas condições, o valor de p
f
obtido na
equação 2.71 apenas pode ser considerado como a probabilidade nominal de falha p
fN
,
e, nestes casos, é preferível utilizar o índice de confiabilidade β como indicador da
segurança.
52
Quando a aproximação é feita através da linearização de g(X), obtendo-se uma
função linear g
L
(X) e as variáveis básicas envolvidas não são normalmente distribuídas
ou são dependentes designam-se por métodos de confiabilidade de primeira ordem
(First Order Reliability Method - FORM).
Quando se realizam aproximações não lineares para g(X), através de funções
parabólicas, quadráticas ou de ordem superior e as variáveis básicas envolvidas não são
normalmente distribuídas ou são dependentes tem-se os chamados todos de
confiabilidade de segunda ordem (Second Order Reliability Method - SORM).
As interpretações geométricas de cada método são ilustradas na Figura 2.18.
Figura 2.18 - Métodos de confiabilidade FORM e SORM
Fonte: Henriques, 2002, adaptada
Madsen e Tvedt (1990) afirmam que, sob certas condições, o método FORM é
mais eficiente que o método de Monte Carlo comparando-os para análises estruturais.
Wu e Riha (2004) aplicaram e verificaram esta afirmação na análise de confiabilidade
de oleodutos submersos e corroídos.
Ditlevsen e Madsen (1996) esclarecem que a forma mais simples de obter os
dois primeiros momentos (média e variância) de g(X) consiste em ajustar uma função
linear aproximada no ponto mais representativo do problema em análise. Essa
aproximação pode ser efetuada pelo desenvolvimento de g(X) em série de Taylor:
( )
=
+=
n
i
iiL
XaaZXg
1
0
(2.66)
É comum usar como ponto representativo, X*, o ponto definido pelos valores
médios de X
i
. Então, calcula-se a média por:
=
+=
n
i
i
i
XaaZ
1
0
(2.67)
53
e a variância por:
=
=
n
i
XZ
ii
a
1
222
σσ
(2.68)
Desta forma, é possível estimar o índice de confiabilidade através de,
=
=
+
=
n
i
X
n
i
i
i
ii
a
Xaa
1
22
1
0
σ
β
(2.69)
Esse método apresenta o inconveniente do valor de
β
depender do ponto
representativo, X*, no qual a aproximação linear é tangente à superfície limite não
linear. Se o referido ponto o for o definido pelos valores dios das variáveis X
i
, o
hiperplano tangente à superfície limite será diferente e, por isso, o valor de
β
será outro.
Henriques (2002) afirma que, para contornar o problema da variância de
β
, é
usual recorrer à transformação Hasofer-Lind, que apresenta uma nova formulação do
índice de confiabilidade, baseada na seguinte metodologia:
i. Transformação de todas as variáveis básicas aleatórias, X
i
, em variáveis
normais reduzidas, Y
i
(distribuições com média nula e variância unitária, N(0,1)).
ii. Definição da superfície limite, g(X), no espaço das variáveis normais
reduzidas, g(Y);
iii. Determinação do ponto de dimensionamento, Y*, da superfície limite,
g(Y), que se encontra mais próximo da origem, ou seja, dos valores médios;
iv. Estimação do índice de confiabilidade, β, definido como a distância de
Y* à origem do espaço das normais reduzidas.
De acordo com Wu e Riha (2004) a transformação de todas as variáveis básicas
aleatórias, normais e independentes, em variáveis normais reduzidas e independentes de
forma a que 0=
i
y
µ
e 1=
i
y
σ
, obtém-se por:
i
i
X
Xi
i
X
Y
σ
µ
=
(2.70)
54
Esta transformação consiste na translação dos valores médios de X
i
para a
origem e na utilização dos desvios padrão das variáveis como unidades dos eixos
respectivos. A representação gráfica desta transformação num espaço bidimensional é
feita na Figura 2.19.
Figura 2.19 – Transformação da função de estado limite do espaço das variáveis
Normais reduzidas.
Fonte: Mahadevan, 1997
Mahadevan (1997) considera os termos de primeira ordem do desenvolvimento
em série de Taylor da função, g(Y), no ponto de dimensionamento, Y*, e que g(Y*) = 0,
para obter:
( )
( )
0
1
*
=
=
i
n
i
iiL
Y
g
YYYg
(2.71)
Sendo
0=
i
y
µ
e
1=
i
y
σ
, e considerando as propriedades aditivas da lei normal,
então:
( )
0
1
*
=
=
i
n
i
i
L
g
Y
g
YY
µ
(2.72)
e, ainda:
( )
0
2
1
2
=
=
n
i
i
L
g
Y
g
Y
σ
(2.73)
Pode-se, agora, estimar o índice de confiabilidade através de:
2/1
2
1
1
*
==
=
=
n
i
i
i
n
i
i
g
g
Y
g
Y
g
Y
L
L
σ
µ
β
(2.74)
55
É possível, ainda, recorrendo à interpretação geométrica do conceito de
confiabilidade, proceder a uma análise da sensibilidade da função de estado limite, g(Y),
no ponto de dimensionamento, Y*, relativamente a cada uma das variáveis aleatórias, Y
i
,
conforme mostra a Figura 2.20.
Figura 2.20 – Interpretação geométrica da sensibilidade de g(Y) relativa às variáveis Y
i
Fonte: Laranja e Brito, 2003
As componentes, v
i
, de um vetor normal a um hiperplano definido por g(Y) = 0
são:
i
i
Y
g
v
=
(2.75)
e o seu comprimento total, l:
2
11
2
==
==
n
i
i
n
i
i
Y
g
vl
(2.76)
Os cossenos diretores, r
i
, do vetor normal unitário são:
2/1
2
1
==
=
n
i
i
ii
i
Y
g
Y
g
l
v
r (2.77)
Ditlevsen e Madsen (1996) afirmam que, desta forma, é possível relacionar o
índice de confiabilidade,
β
, com as coordenadas do ponto de dimensionamento,
βα
ii
Y =
*
(2.78)
56
Verifica-se assim que, se 0
i
α
, a função de estado limite quase não é
influenciada pela variável Y
i.
Se, ao contrário,
α
i
se aproximar de 1 ou -1, a variável Y
i
tem uma influência muito grande sobre o estado limite considerado. A expressão
conduz, ainda,
αβ
T
Y
*
=
(2.79)
o que demonstra de forma evidente que
β
corresponde à mínima distância da origem à
superfície limite, concretamente, ao ponto Y*.
De acordo com Vanhazebrouck (2008), além da probabilidade de falha é
possível obter algumas importantes medidas de sensibilidade do índice de
confiabilidade em relação a variação dos parâmetros que definem a função de falha.
O fator de importância corresponde ao valor de cada variável aleatória na análise
de confiabilidade considerada.
O fator de importância pode ser expresso como:
2
ii
FI
α
= (2.80)
onde
α
i
é o cosseno diretor correspondente a variável do vetor normal a superfície de
falha no ponto de projeto, no espaço reduzido.
Os fatores de sensibilidade paramétricos fornecem a variação do índice de
confiabilidade ou a variação da probabilidade de falha quando ocorrem mudanças nos
parâmetros que definem as distribuições de probabilidade das variáveis aleatórias
envolvidas no problema. As medidas de sensibilidade apresentam grande importância,
pois permitem determinar quais as variáveis aleatórias que apresentam maior influência
na obtenção do índice de confiabilidade.
57
2.4.2 - MÉTODO DE CONFIABILIDADE DE PRIMEIRA ORDEM
Quando as variáveis envolvidas no problema de confiabilidade não são
normalmente distribuídas e, por isso, não são suficientes os dois primeiros momentos
(média e variância) para a sua caracterização, ou se não for admissível considerar a
independência entre as variáveis básicas, a metodologia descrita anteriormente torna-se
inadequada.
A necessidade de considerar a informação relativa às distribuições não normais
e/ou à dependência entre as variáveis conduziu ao desenvolvimento das formulações
FORM. Nas situações em que as variáveis envolvidas não são normalmente
distribuídas, o procedimento habitual consiste em transformar cada uma das variáveis
aleatórias não normais em variáveis aleatórias normais reduzidas. Uma forma possível
para esta transformação é:
iXi
xFy
i
=
Φ
(2.81)
ou seja:
[
]
iXi
xFy
i
1
Φ= (2.82)
em que F
Xi
é a função distribuição da variável X
i
e Φ a função distribuição da lei normal
reduzida. A aproximação é feita num ponto escolhido x
0
, como na Figura 2.21.
Figura 2.21 - Transformação de uma variável não normal numa variável normal
reduzida
Fonte: Dai e Wang, 1992
Um dos métodos possíveis para fazer a aproximação é impor que a distribuição
não normal e a distribuição normal a aproximar tenham a mesma média, µ, e que
conduzam à mesma probabilidade de falha. Se X for a variável aleatória o normal e Z
a variável aleatória normal, a média de Z será dada por:
µ
µ
µ
=
=
XZ
(2.83)
58
e o desvio padrão de Z,
( )
µ
µ
σσ
Φ
=
f
f
XZ
pF
p
1
1
. (2.84)
sendo a variável normal reduzida, Y, obtida pela transformação:
Z
Z
Z
Y
σ
µ
=
(2.85)
Nas situações em que dependência entre as variáveis básicas, é necessário
proceder a uma transformação, de forma a obter um conjunto de variáveis
independentes. Admita-se um conjunto de variáveis aleatórias correlacionadas, X,
caracterizado pela matriz de covariância, COV
X
:
(
)
(
)
( ) ( )
=
n
i
Xnn
nX
X
VXXCOVXXCOV
XXCOVXXCOVV
COV
...,,
,...,
21
121
MMMM
(2.86)
em que V
Xi
é a variância da variável X
i
e COV(X
i
, X
j
) é a covariância entre as variáveis
X
i
e X
j
. Note que, se as variáveis X
i
e X
j
forem independentes, então COV(X
i
, X
j
) = 0.
É possível efetuar uma diagonalização da matriz COV
X
através da seguinte
transformação:
XTY
T
.=
(2.87)
sendo T uma matriz ortogonal com vetores coluna iguais aos vetores próprios da matriz
de covariância, C
X
.
Com isso, obtém-se a matriz diagonal de covariância, C
Y
, do conjunto de
variáveis não correlacionadas (independentes), Y:
==
n
Y
Y
X
T
Y
V
V
TCTCOV
...0
0...
1
MOM
(2.88)
Os elementos da diagonal da matriz, COV
Y
, são iguais aos valores próprios da
matriz de covariância das variáveis X, COV
X
.
Pode-se obter os valores médios das variáveis independentes Y
i
, por:
( )
( )
=
n
T
n
XE
XE
A
YE
YE
MM
11
(2.89)
59
2.5 - O MÉTODO DE MONTE CARLO
O nome desse método de simulação vem do Cassino de Monte Carlo que fica no
principado de Mônaco. Esse é um dos mais famosos cassinos do mundo. A associação
foi feita porque o método baseia-se no uso de números aleatórios, assim como as roletas
encontradas nos cassinos.
Segundo Hammersley e Handscomb (1964) a primeira aplicação real do método
de Monte Carlo surgiu durante o projeto Manhattan, na Segunda Guerra Mundial, para
construção da bomba atómica americana, onde trabalharam Stan Ulam e John Von
Neumann, precursores na aplicação do método de Monte Carlo. Citando Stan Ulam:
The question was what are the chances that a Canfield
solitaire laid out with 52 cards will come out successfully?
After spending a lot of time trying to estimate them by pure
combinatorial calculations, I wondered whether a more
practical method than abstract thinking might not be to lay it
out say one hundred times and simply observe and count the
number of successful plays.”
Considerando-se o aspecto da técnica de simulação mecânico-estatística ela tem
origem no artigo publicado em The Journal of Chemical Physics Volume 21, Number 6,
de Metropolis et al, (1953), chamado: Equation of State Calculations by Fast
Computing Machines”.
Entretanto, de acordo com Vose (2000), o método já havia sido usado pelo
estatístico W. S. Gosset, para estimar o coeficiente de correlação na sua distribuição t de
Student.
60
Para Evans e Olson (1998), a simulação de Monte Carlo é basicamente um
experimento amostral cujo objetivo é estimar a distribuição de resultados possíveis da
variável aleatória, com base em uma ou mais variáveis de entrada que se comportam de
forma probabilística e de acordo com alguma distribuição estipulada.
Law e Kelton (2000) definem a simulação de Monte Carlo como sendo uma
abordagem que emprega números aleatórios para resolver problemas estocásticos ou
determinísticos.
Pulido et al, (1992) afirmam que o Método de Monte Carlo é um método de
amostragem artificial utilizado na solução de experimentos aleatórios, onde se tem
conhecimento das distribuições de probabilidade das variáveis envolvidas e que tem
sido utilizado para determinar a confiabilidade de sistemas estruturais.
Para Henriques (2002) o método de Monte Carlo, de acordo com os Eurocódigos
é um método de simulação de nível 3, que pode ser utilizado na generalidade dos
problemas práticos, permitindo considerar diretamente qualquer tipo de distribuição de
probabilidade para as variáveis aleatórias e permitindo obter a probabilidade de falha de
forma precisa sendo, também, de fácil implementação.
Segundo Mahadevan (1997), no domínio da confiabilidade estrutural, esta
técnica tem sido utilizada como forma de validação dos métodos analíticos FORM e
SORM e como solução aproximada de sistemas de grande dimensão e complexidade,
para os quais as aproximações analíticas não são de fácil obtenção.
Papadrakakis e Papadopoulos (1995) afirmam que, em relação ao método de
Monte Carlo, embora seja de fácil implementação e absolutamente geral, o grande
número de simulações pode exigir um tempo de processamento elevado, o que pode
tornar sua aplicação inviável. Esse problema tem sido resolvido através de técnicas de
redução de variância.
Kaviski e Cumin (2008) confirmam que o método de simulação Monte Carlo é
usado para solucionar problemas de determinação de parâmetros de populações por
meio do uso de seqüências de números aleatórios e, algumas técnicas que são usadas
nesta simulação têm por objetivo reduzir a variância dos estimadores.
Cardoso et al, (2003) consideram a sua vantagem, quando comparado com os
métodos FORM/SORM pois permite obter de forma exata a probabilidade de falha,
levando em consideração a descrição probabilística conjunta das variáveis aleatórias que
afetam o comportamento da estrutura.
61
Ehlers (2003) aplica o método de Monte Carlo para estimar o valor de uma
integral definida através do seu valor esperado, isto é, para estimar o resultado numérico
de uma integral definida de uma função g(x), no intervalo (a, b).
Assim tem-se que:
)]([)(
)(
1
)()()( XgEabdx
ab
xgbadxxgI
b
a
b
a
=
==
(2.90)
sendo X uma variável aleatória com distribuição uniforme f(a, b).
Desta forma, transformou-se o problema de avaliar a integral no problema
estatístico de estimar uma média, E[g(X)].
Quando se dispõe de uma amostra aleatória de tamanho n, x
1
, ..., x
n
da
distribuição, no intervalo (a, b) pode-se obter, também, uma amostra de valores g(x
1
),
..., g(x
n
) da função g(x) e a integral acima pode ser estimada pela média amostral, isto é,
)(
1
)(
ˆ
1
=
=
n
i
i
xg
n
abI
(2.91)
A generalização é simples para o caso de outra distribuição de probabilidade
g(x), cuja função densidade de probabilidade seja p(x), ou seja,
)]([)()( xgEdxxpxgI
b
a
==
(2.92)
A variância pode ser estimada como,
( )
=
=
n
i
i
gxg
n
1
2
2
2
)(
1
σ
(2.93)
isto é, a aproximação pode ser o acurada quanto se deseja bastando aumentar o valor
de n.
Para n grande segue que
2
)]([
σ
XgEg
(2.94)
tem distribuição aproximadamente N(0, 1).
Assim, pode-se usar este resultado para testar a convergência e construir
intervalos de confiança.
62
No caso multivariado a extensão também é direta, isto é, sendo x = (x
1
, ..., x
k
)’
um vetor aleatório de dimensão k com função de densidade p(x). O que acontece é que
na simulação Monte Carlo as variáveis aleatórias são múltiplas. Para contabilizar o
resultado da simulação de diversas variáveis aleatórias basta fazer o seu somatório, ou
seja, a cada iteração tem-se o somatório destas variáveis.
O somatório das variáveis aleatórias é possível devido ao Teorema do Limite
Central que, sob condições gerais, estabelece que a função de distribuição acumulada de
uma soma de variáveis aleatórias independentes aproxima-se da distribuição acumulada
de uma variável aleatória Gaussiana. Ou seja, pouco importa a distribuição de
probabilidade de cada variável aleatória independente correspondente a cada risco
analisado, o somatório das mesmas resulta sempre em uma distribuição Normal, isto na
prática significa que o resultado da simulação de Monte Carlo responde à uma curva
normal de distribuição de probabilidade.
Neste caso os valores gerados serão também vetores x
1
, ..., x
n
e o estimador de
Monte Carlo fica,
=
=
n
i
i
xg
n
I
1
)(
1
(2.95)
Por outro lado, Laranja e Brito (2003) afirmam que o todo de Monte Carlo é
uma técnica de simulação numérica, que tem por objetivo a obtenção dos parâmetros
estatísticos das variáveis de saída, resultantes do modelo computacional de um sistema,
sendo dados os parâmetros estatísticos das variáveis básicas de entrada do modelo. Em
cada ciclo de simulação, são gerados valores para as variáveis básicas de entrada,
obedecendo às respectivas distribuições, e são calculados os valores das variáveis de
saída pelo modelo computacional. É realizado um determinado número de ciclos, sendo
o conjunto dos resultados obtidos utilizado para estimar parâmetros estatísticos das
variáveis de saída.
Para obter a estimativa da probabilidade de falha associada a um estado limite
definido por uma função, g(X), a simulação pelo método de Monte Carlo consiste na
aplicação do seguinte algoritmo:
i. Geração de valores para as variáveis básicas de entrada de acordo com as
respectivas funções de distribuição.
63
ii. Estimação da função de estado limite g(X) com os valores amostrais,
obtendo-se g(X
i
), i = 1, 2, ...., N, onde N é um número muito grande. A ordem de N deve
ser de 10.000 ou mais.
iii. Verificação da corrência da violação do estado de segurança ou seja,
g(X
i
) < 0, para i = 1, 2, ... , N→∞.
iv. Contagem do número de vezes em que é ultrapassado o estado limite,
N#[g(X) < 0].
v. Estimativa da probabilidade de falha média, através de:
( )
[ ]
(
)
[
]
N
xgN
xgpp
f
0#
0
== (2.96)
O número de simulações a realizar, N, depende, sobretudo, da ordem de
grandeza da probabilidade de falha, p
f
, e da função que descreve a função de falha, g(X).
Valores muito pequenos de p
f
conduzem a valores elevados de N, sendo este o
principal inconveniente apontado ao Método de Monte Carlo. Também a irregularidade
de g(X) pode provocar um aumento do número de simulações necessário.
Admitindo que o gerador de números pseudo-aleatórios utilizado garanta as
propriedades de independência e de uniformidade, tem-se resultados exatos quando o
número de simulações tende para infinito:
( )
[ ]
(
)
[
]
N
xgN
xgpp
N
f
0#
lim0
==
(2.97)
É possível, também, determinar os momentos estatísticos do conjunto dos
resultados das N simulações, e ajustar uma função de probabilidade teórica, a partir da
qual se pode determinar o valor de p
f
.
Outro importante detalhe a ser levado em conta para a qualidade dos resultados
obtidos com a simulação é a escolha do modelo, ou seja, da melhor distribuição de
probabilidade para cada risco analisado.
A partir dos dados e informações sobre o problema é possível usar métodos
estatísticos como testes de aderência ou softwares de ajuste de curvas para encontrar a
distribuição de probabilidade que melhor representa um determinado histórico.
64
2.5.1 - TÉCNICA DE SIMULAÇÃO PURA
A cnica de Simulação Pura do método de Monte Carlo permite obter uma
estimativa da probabilidade de falha, dada por
[
]
( )
dXXfXgIp
Xg
Xf
=
0
0
(2.98)
onde, I = 1, se g(x)
0 (região de falha) ou I = 0, se g(x) > 0 (região de segurança).
De acordo com Melchers (1999) a integral da equação 2.104 pode ser
aproximada para valores discretos da simulação,
(
)
[
]
=
=
N
i
i
ff
XgI
N
pp
1
)(
0
ˆ
1
~
(2.99)
onde N é o número de simulações e
)(
ˆ
i
X
é o vetor das variáveis básicas para a
simulação i.
Os resultados podem ser expressos por curvas de frequências acumuladas, F
g
,
conforme mostrado na Figura 2.22.
Figura 2.22 - Curvas de frequências acumuladas
Fonte: Melchers, 1999
Verifica-se que, quanto menor for a probabilidade de falha, menor é o número de
observações prováveis na região de interesse, g(X)
0, ou seja, a grande maioria das
simulações localiza-se na região de segurança. Uma maneira de aumentar o número de
localizações na região de falha é aumentar o número total de simulações, N.
65
Assumindo que cada simulação constitui uma prova de Bernoulli, o número de
vezes que o estado limite é atingido ou ultrapassado obedece a uma distribuição
binomial, logo, a variância de
f
p pode ser calculada aproximadamente por:
(
)
N
pp
ff
p
f
=
1
2
σ
(2.100)
É recomendável exprimir a precisão estatística da estimativa da probabilidade de
falha através do coeficiente de variação:
f
p
N
f
p
f
p
f
p
CV
)1(
=
(2.101)
A Figura 2.23 ilustra a estabilização da estimativa da probabilidade de falha e
do coeficiente de variação com o aumento do número de simulações.
Figura 2.23 - Exemplo da variação da estimativa da probabilidade de falha e do
coeficiente de variação com o número de simulações
Fonte: Laranja e Brito, 2003
Um dos métodos mais frequentes para estimar o valor inicial de N é o sugerido
por Laranja e Brito (2003):
f
p
c
N
>
1ln
(2.102)
onde c é o nível de confiança da estimativa de p
f
. Por exemplo, para valores de
probabilidade de falha na ordem de 10
-4
e 10
-5
, e admitindo um nível de confiança c =
95%, o número de simulações será N > 30 000 e N > 299 600, respectivamente.
Outra expressão conhecida que indica o erro da estimativa de p
f
para o número
de simulações utilizado, N, com um nível de confiança de 95% é dada por:
f
f
pN
p
erro
.
1
200(%)
=
(2.103)
66
2.5.2 - TÉCNICAS DE REDUÇÃO DA VARIÂNCIA
Para Laranja e Brito (2003) algumas técnicas possibilitam reduzir
significativamente o número de simulações para um determinado valor da variância, ou,
reduzir os valores da variância para um determinado número de simulações.
Para Kaviski e Cumin (2008), com o uso das técnicas de redução de variância, o
tempo de processamento necessário para obter resultados equivalentes em precisão aos
determinados, sem o uso de tais técnicas, é reduzido em mais de 85%.
2.5.2.1 MONTE CARLO ASSOCIADO A AMOSTRAGEM POR
IMPORTÂNCIA
De acordo com Ehlers (2003), em muitas situações pode ser muito oneroso ou
mesmo impossível simular valores da distribuição de interesse p(x). Neste caso, pode-se
recorrer a uma função h(x) que seja de fácil amostragem, usualmente chamada de
função de importância. O procedimento é comumente chamado de amostragem por
importância.
Para Ang e Tang (1976) pode-se reescrever o integral múltiplo da equação 2.98
da seguinte forma:
( )
[ ]
( )
(
)
( )
( )
dxXh
Xh
Xf
XgIp
X
Xg
f
=
0
.0 (2.104)
em que h(X) representa a função densidade de probabilidade da sub-região do espaço
amostral onde se aplicam as técnicas de simulação.
Pode-se, também, expressar p
f
como um valor esperado, ou seja:
( )
[ ]
(
)
( )
( )
=
=
h
f
IEXh
Xh
Xf
XgIEp
X
f
.0 (2.105)
e, para técnicas discretas de simulação, tem-se:
67
( )
[ ]
( )
=
=
N
i
i
i
X
i
f
Xh
Xf
XgI
N
p
1
)(
)(
)(
.0
ˆ
1
~
(2.106)
É possível obter a variância associada a
f
p
~
:
(
)
( )
N
pXd
Xh
Xf
f
Xg
X
p
f
~
0)(
2
2
~
=
σ
(2.107)
Uma escolha adequada da função h(X) conduz a valores reduzidos da variância
de p
f
, mesmo para valores pequenos de N. A Figura 2.24 mostra a representação gráfica
desta técnica.
Figura 2.24 – Amostragem por importância em torno do ponto de dimensionamento, no
espaço das variáveis normais reduzidas
Fonte: Laranja e Brito, 2003
Em princípio não restrições quanto à escolha da densidade de importância h,
porém, na prática, Kaviski e Cumin (2008) mostram que a escolha ótima no sentido de
minimizar a variância do estimador consiste em tomar,
xpxgxh .
(2.108)
68
2.5.2.2 AMOSTRAGEM ESTRATIFICADA
Para Ang e Tang (1976), o método de amostragem estratificada é baseado no
teorema da probabilidade total sendo o domínio da função de estado limite dividido
num número k de regiões disjuntas (R
1
, R
2
, ..., R
k
). A probabilidade de falha associada a
cada região é:
( ) ( )
dXXhXfp
i
Ri
R
Xf
=
(2.109)
e a probabilidade de ocorrer cada região:
( )
XdXhp
i
R
i
= (2.110)
A probabilidade total de falha será então:
( )
= =
=
N
i
N
j
j
X
i
i
f
i
Xf
N
p
p
1 1
)(
~
(2.111)
com uma variância associada de:
( )
[ ]
==
==
k
i
i
i
i
X
k
i
i
i
P
N
p
xf
N
p
f
1
22
)(
2
1
2
2
~
σ
σσ
(2.112)
em que:
( )
[ ]
( ) ( )
==
i
i
R
i
f
X
i
i
X
i
p
p
XdXhXf
p
xf
2
2
2
)(
22
1
σσ
(2.113)
e N
i
representa o número de simulações a efetuar na região R
i
.
Inserido neste tipo de técnicas encontra-se um dos métodos mais utilizados,
conhecido como Latin Hypercube Sampling (LHS), cuja base é a total estratificação da
distribuição amostrada com uma seleção aleatória dentro de cada estrato.
De acordo com Vose (2000), os resultados deste método são adequados apenas
quando as variáveis básicas envolvidas na definição da função de estado limite têm uma
distribuição aproximadamente normal.
69
Este método baseia-se na divisão do domínio de cada variável aleatória em k
intervalos disjuntos, com igual probabilidade de ocorrência. Cada intervalo é
representado pelo valor correspondente ao seu centro de gravidade, definido de acordo
com a função densidade de probabilidade. A Figura 2.25 ilustra esta formulação.
Figura 2.25 - Amostragem estratificada - Método do Hipercubo Latino
Fonte: Laranja e Brito, 2003
A Figura 2.26 apresenta duas amostras aleatórias de uma distribuição normal,
uma obtida com Simple Random Sampling e outra com Latin Hypercube Sampling.
Mostra-se, também o histograma e no gráfico do QQ - plot, teste básico de normalidade.
Figura 2.26 – Histograma e gráfico QQ-plot para SRS e LHS
Fonte: Law e Kelton, 2000
A amostra obtida com Latin Hypercube Sampling é mais representativa da
distribuição normal que a obtida com Simple Random Sampling. Com Latin Hypercube
Sampling o necessárias menos amostras para representar uma distribuição normal do
que seria necessário usando Simple Random Sampling.
70
2.5.3 - MÉTODOS DE REAMOSTRAGEM
De acordo com Ehlers (2003) existem distribuições para as quais é muito difícil
ou mesmo impossível simular valores. A idéia dos métodos de reamostragem é gerar
valores em duas etapas. Na primeira etapa geram-se valores de uma distribuição auxiliar
conhecida. Na segunda etapa utiliza-se um mecanismo de correção para que os valores
sejam representativos (ao menos aproximadamente) da distribuição a posteriori.
O mecanismo de verificação entre os valores obtidos (a posteriori) e os gerados
(a priori) é o teste de hipóteses entre as hipóteses H
0
: o valor gerado corresponde a
distribuição esperada versus H
1
: o valor gerado não corresponde a distribuição esperada.
2.5.3.1 - MÉTODO DE REJEIÇÃO
O método de rejeição consiste em gerar um valor θ* da distribuição auxiliar q e
aceitar este valor como sendo da distribuição a posteriori com probabilidade
p(θ|x)/Aq(θ). Se, θ* não é aceito como um valor gerado a posteriori o processo é
repetido até que um valor seja aceito.
Um problema técnico associado ao método é a necessidade de se maximizar a
função de verossimilhança o que pode não ser uma tarefa simples em modelos mais
complexos. Outro problema é que a taxa de aceitação pode ser muito baixa, isto é,
teremos que gerar muitos valores da distribuição auxiliar a conseguir um número
suficiente de valores a posteriori.
2.5.3.2 - REAMOSTRAGEM PONDERADA
Estes métodos usam a mesma idéia de gerar valores de uma distribuição auxiliar,
porém sem a necessidade de maximização da verossimilhança. A segunda amostra de
tamanho m com probabilidades w
1
, ..., w
n
., tal que os pesos se simplificam para:
(
)
( )
=
=
n
j
j
i
i
xp
xp
w
1
|
|
θ
θ
, i = 1, ..., n (2.114)
71
2.5.4 - NÚMEROS ALEATÓRIOS
Para LaValle (2006), a base para o processo de amostragem realizado nas
simulações de Monte Carlo é a geração de números aleatórios. É a partir desse
mecanismo que são produzidas as distribuições das variáveis de interesse, tomando por
base as premissas e as distribuições associada às variáveis de entrada, bem como a inter-
relação entre as mesmas.
Chaves Neto (2006) considera que as variáveis linearmente independentes são
aquelas cuja função de probabilidade conjunta é o produto da função densidade de
probabilidade de cada variável envolvida e, desde que a população tenha densidade
homogênea, a amostra é dita aleatória. É naturalmente relevante que resultados com
base numa amostra aleatória são válidos para a população desde que esta tenha sido o
objeto da amostra.
Para Buratto (2005) um número aleatório é definido como sendo um número
uniformemente distribuído entre 0 e 1. No entanto, os computadores não possuem a
capacidade de gerar números realmente aleatórios, visto que fazem uso de um algoritmo
para gerar uma sequência de números. Em razão disso, os números gerados o
comumente chamados de números pseudo-aleatórios.
De acordo com Law e Kelton (2000), um algoritmo gerador de números
aleatórios deve produzir números uniformemente distribuídos entre 0 e 1 e não
possuírem correlação entre eles. Portanto, previamente à execução da simulação, deve-
se verificar se o gerador de números aleatórios a ser usado satisfaz esta condição, seja
através de testes ou de referências confiáveis, ou seja, são necessários testes para
verificar a eficácia de um gerador de números aleatórios. Estes testes são: aleatoriedade
e correlação.
Para o método de Monte Carlo quanto maior o número de iterações tanto
melhor. Mesmo assim seria interessante estimar um mínimo necessário de iterações para
um erro estipulado. Então o número de iterações pode ser dado por,
2
3
=
ε
σ
N (2.115)
72
A faixa superior de
σ
pode ser estimada calculando-se o desvio padrão entre o
C
min
e o C
max
e o valor médio. Estipula-se então, um erro relativo (em %) ε. O erro total
absoluto pode ser calculado como a média da variável aleatória vezes seu erro relativo.
Isto significa que um número consideravelmente maior deve ser levado em conta para
um bom resultado da simulação.
O algoritmo mais simples de geração de números aleatórios baseia-se nas
operações binárias e são chamados congruenciais lineares, propostos por D. W. Lehmer
(1951). A fórmula de recorrência considera um número inteiro positivo r
0
(semente), e
gera uma seqüência pela regra:
mcrar
nn
mod)(
1
+
=
+
, onde
=
b
a
restoba mod
(2.116)
De acordo com Barros (2005), valores típicos e testados de a para 16 e 32 bits,
são: 16807 (Park e Muller), 65539 (IBM RANDU), 69621 e 1103514245. Para 64 bits
os valores podem ser 13
13
e 44485709377909. Assim se a semente é ímpar, temos,
nn
rr
=
+
16807
1
ou
nn
rr
=
+
65539
1
(2.117)
A Figura 2.27 mostra o esquema de geradores para as linguagens C e Fortran:
Figura 2.27 – Esquema de geradores de números Reais e Inteiros em C e Fortran
73
Se c = 0, tem-se o todo da congruência multiplicativo, proposto por D. W.
Lehmer (1951) obtendo o número inteiro aleatório x
n+1
a partir do número inteiro x
n
,
mediante uma relação de recorrência do tipo
mrar
nn
mod
1
=
+
(2.118)
A seqüência gerada só será satisfatória se forem escolhidos valores convenientes
para a, m e r
0
Para obter números aleatórios entre zero e um, pode-se dividir em ponto
flutuante, cada número obtido por m, assim gerando números reais (r
n+1
/m).
Alguns modelos de geração de números aleatórios incluem as técnicas de
redução da variância e tem a finalidade de acelerar a convergência. Estes modelos o
conhecidos como Sequências de Baixa Discrepância ou Quase Monte-Carlo (QMC)
onde o conceito da baixa discrepância é associado com a propriedade que os números
sucessivos estão em uma posição evitando aglomerar-se ou perto de outros.
Assim cada ponto deve maximizar a separação de qualquer outro e a função do
gerador de números é preencher os maiores espaços entre os números precedentes da
sequência. A sequência de van der Corput é uma sequência de baixa discrepância
unidimensional básica, como mostra a Figura 2.28.
Figura 2.28 – Sequência de baixa discrepância ou Quase-Monte Carlo (QMC) em base
2 de Van der Curput.
Fonte: Law e Kelton, 2000
Para gerar sequência de baixa discrepância multi-dimensional podem ser usadas
as sequências de Halton (1960), Faure (1982), Sobol (1967) e Niederreiter (1992). A
sequência de Van der Corput base 2 é a primeira dimensão da sequência de Halton.
O processo da construção de novas sequências de baixa discrepância envolve
subdividir a unidade do hipercubo em volumes secundários e constantes, que tem as
74
suas faces paralelas às faces dos hipercubos. A idéia é colocar um número em cada um
deste volumes secundários antes de ir a uma grade mais fina.
A sequência de Halton usa uma base prima diferente para cada dimensão. Para a
primeira dimensão usa-se base 2, para a segunda dimensão usa-se a base 3, e assim por
diante. Uma base mais elevada significa maior número de ciclos e um tempo
computacional mais elevado. As sequências de Halton de dimensão elevada apresentam
uma degradação na dispersão dos pontos.
As sequências de Faure e de Sol mudam de dimensão com uma permutação dos
vetores quase aleatórios, o que é, requisito dentro de cada dimensão.
A sequência de Faure é similar a sequência de Halton com duas diferenças: usa
uma base para todas as dimensões e usa uma permutação do vetor de elementos para
cada dimensão:
( )
( )
( )
=
m
ij
d
j
d
i
bna
iji
j
na mod
!!
!
1
(2.119)
A sequência de Sobol, como a sequência de Faure, tem a mesma base para todas
as dimensões e pretende reordenar o vetor de elementos dentro de cada dimensão. A
sequência de Sobol é mais simples e mais rápida do que a sequência de Faure no sentido
que usa a base 2 para todas as dimensões.
A Expansão de Caos Polinomial é um método que permite aproximar um
processo estocástico empregando polinômios ortogonais em termos de variáveis
aleatórias. A questão é determinar a ordem mais adequada e depois, estimar os valores
dos termos, ou seja, métodos de colocação. A colocação probabilistica (PCM) emprega
as raízes dos polinômios de Hermite de grau (np + 1) como pontos de colocação.
Considera-se método ótimo para casos unidimensionais.
A regressão com Amostragem Melhorada (RMIS) procura pontos de colocação a
partir de regiões de alta probabilidade. Para casos multidimensionais é mais robusto do
que o PCM.
Em relação ao modelo de Caos Homogêneo, proposto por Wiener (1938) as
vantagens são que a implementação é simples, independente do modelo e a eficiência é
similar aos métodos de perturbação e o número de simulações comparado com Monte
Carlo.
75
3 MATERIAL E MÉTODOS
Na Tabela 3.1 encontram-se os valores e o tipo da distribuição assumida para
cada variável, conforme Reliability Estimation of Pressurised Pipelines subject to
Localised Corrosion Defects, Ahammed (1996). Todas as variáveis m distribuição
normal, com exceção da tensão de escoamento do aço X52, onde a distribuição
lognormal é indicada como o modelo adequado.
Tabela 3.1 – Variáveis aleatórias e seus parâmetros usados por Ahammed (1996)
Fonte: Ahammed (1996)
Variável
Descrição
Função
Densidade de
Probabilidade
Média
Coeficiente
de Variação
d
0
Profundidade do defeito inicial
Normal 3 mm 0,1
D Diâmetro do duto Normal 600 mm 0,03
L
0
Comprimento do defeito inicial
Normal 200 mm 0,05
P
a
Pressão interna Normal 5 MPa 0,1
σ
esc
Tensão de escoamento do
material do duto
Lognormal 423 Mpa 0,067
t Espessura da parede do duto Normal 10 mm 0,05
R
d
Taxa de corrosão radial Normal 0,10 mm/ano
0,2
R
a
Taxa de corrosão longitudinal Normal 0,10 mm/ano
0,2
É importante citar que Ahammed (1996) considerou a taxa de crescimento do
defeito de corrosão em estado estacionário definidos por:
T
d
R
d
= (3.1)
T
L
L
R
= (3.2)
onde R
d
é a taxa de corrosão em seu estado estacionário na direção da profundidade do
defeito ou taxa de corrosão radial, e R
L
é a taxa de corrosão em seu estado estacionário
76
na direção do comprimento do defeito, ou taxa de corrosão longitudinal, considerando-
se ainda que d é a diferença entre duas medidas de profundidade do defeito, L é
diferença entre duas medidas de comprimento do defeito e T é a diferença de tempo
entre duas destas medidas.
Os valores de R
d
e R
L
são utilizados para estimar a profundidade do defeito (d) e
o comprimento do defeito (L) em qualquer tempo no futuro:
(
)
00
. TTRdd
d
+
=
(3.3)
(
)
00
. TTRLL
L
+
=
(3.4)
Ahammed (1996) define a função de falha dada por:
af
PPZ
=
(3.5)
onde P
a
é a pressão aplicada pelo fluido no duto e P
f
é a pressão de falha.
Esta formulação significa que se Z assume valores positivos a tubulação está
segura, porém se Z assume valores negativos a tubulação está em um estado de falha.
Ahammed (1996) apresentou um critério de determinação da pressão de falha
(p
f
) que se baseia na norma B31G modificada, adotando um valor unitário para o fator
α. Utilizando uma aproximação linear para a taxa de corrosão, a pressão de falha é dada
por:
( )
( )
+
+
+=
1
00
00
.
1
.
1
2
95,68
M
t
TTRd
t
TTRd
D
t
MPaP
d
d
yf
σ
(3.6)
sendo
(
)
DtTTRL
a
50.
00
+
(defeitos curtos)
2
22
.
.003375,0
.
.6275,01
+=
tD
L
tD
L
M
(3.7)
77
e,
(
)
DtTTRL
a
50.
00
>+
(defeitos longos)
(
)
(
)
Dt
TTRL
M
a
2
00
.
032,03,3
+
+= (3.8)
Portanto a função de falha é dada por:
( )
( )
a
d
d
y
P
M
t
TTRd
t
TTRd
D
t
MPaZ
+
+
+=
1
00
00
.
1
.
1
2
95,68
σ
(3.9)
Os parâmetros considerados como variáveis aleatórias foram: diâmetro do duto
(D), espessura da parede (t), comprimento inicial do defeito (L
0
), profundidade inicial
do defeito (d
0
), taxa de corrosão radial (R
d
), taxa de corrosão longitudinal (R
a
), tensão
de escoamento do material (
σ
y
) e a pressão interna (P
a
).
A análise de confiabilidade, isto é, a estimativa da probabilidade de falha e do
índice de confiabilidade, é efetuada por Vanhazebrouck (2008) comparando com os
resultados obtidos por Ahammed (1996) para diversos valores de tempo. Os resultados
obtidos podem ser verificados através da Tabela 3.2.
Tabela 3.2 – Índice de confiabilidade e probabilidade de falha obtida por FORM
Fonte: Vanhazebrouck (2008)
Descrição 20 anos 30 anos 40 anos 50 anos
Índice de
Confiabilidade
Ahammed
5,442 3,777 2,226 0,973
Vanhazebrouck
5,4419 3,771 2,2256 0,97305
Probabilidade
de Falha
Ahammed
2,64E-08 7,95E-05 0,013 0,1653
Vanhazebrouck
2,64E-08 7,93E-05 0,01322 0,16526
78
Uma segunda análise foi efetuada através do cálculo do fator de importância ou
sensibilidade. A Tabela 3.3 apresenta a contribuição de cada uma das variáveis
aleatórias para o cálculo do índice de confiabilidade para diferentes tempos de
exposição, conforme obtido por Vanhazebrouck (2008).
Tabela 3.3 – Fatores de importância obtidos por FORM, Vanhazebrouck (2008)
Fonte: Vanhazebrouck (2008)
Variável
Descrição 10 anos 20 anos 30 anos 40 anos 50 anos 60 anos
d
0
Profundidade
do defeito
inicial
12,5469
14,0735
13,2171
10,6816
8,1473 6,1817
D
Diâmetro do
duto
2,4279 1,6017 0,8778 0,4887 0,3005 0,2028
L
0
Comprimento
do defeito
inicial
0,3276 0,3990 0,3695 0,2836 0,2062 0,1508
P
a
Pressão
interna
20,5606
16,4506
11,2392
7,3981 5,0411 3,6047
σ
esc
Tensão de
escoamento
do material
do duto
11,1667
7,8739 4,6483 2,7348 1,7377 1,1935
t
Espessura da
parede do
duto
52,9703
53,3463
46,1503
35,6858
26,6296
19,9798
R
d
Taxa de
corrosão
radial
0,0000 6,2549 23,4971
42,7265
57,9363
68,6853
R
L
Taxa de
corrosão
longitudinal
0,0000 0,0002 0,0006 0,0010 0,0013 0,0015
Os dados de sensibilidade obtidos por Ahammed (1996) são apresentados na
Tabela 3.4 e refletem a contribuição relativa de cada variável aleatória na variância da
função de falha, podendo ser obtido por,
( )
( )
z
X
X
z
X
2
2
2
.
σ
σ
α
= (3.10)
onde
α
X
é o coeficiente de sensibilidade da variável randômica X.
79
Tabela 3.4 – Fatores de importância obtidos por FORM, Ahammed (1996)
Fonte: Ahammed (1996)
Variável
Descrição 20 anos 30 anos 40 anos 50 anos
d
0
Profundidade
do defeito
inicial
14,80 13,23 10,69 8,15
D
Diâmetro do
duto
1,60 0,88 0,48 0,30
L
0
Comprimento
do defeito
inicial
0,40 0,37 0,28 0,21
P
a
Pressão
interna
16,45 11,24 7,40 5,04
σ
esc
Tensão de
escoamento
do material
do duto
7,87 4,65 2,73 1,74
t
Espessura da
parede do
duto
53,34 46,14 35,67 26,60
R
d
Taxa de
corrosão
radial
6,26 23,51 42,75 57,96
R
L
Taxa de
corrosão
longitudinal
0,00 0,00 0,00 0,00
Em uma terceira etapa Vanhazebrouck (2008) considera que índice de
confiabilidade é afetado pelo grau de incerteza da variável aleatória e esta medida pode
ser avaliada através do coeficiente de variação (CV).
Seu trabalho apresentou, também, uma análise comparativa entre os métodos
semi-empíricos e os obtidos por FORM, considerando defeitos curtos, transitórios e
longos.
Por último, aplicou os métodos analíticos e FORM para os corpos de prova
ensaiados por Choi (2003), comparando suas pressões de falha e índice de
confiabilidade.
80
3.1 PROGRAMAÇÃO EM MATLAB
O MATLAB (MATrix LABoratory) é um software interativo que integra análise
numérica, cálculo com matrizes, processamento de sinais e construção de gráficos. O
MATLAB foi criado por Cleve Moler (1970), do departamento de ciências da
computação da Universidade do Novo México. A MathWorks reescreveu o MATLAB
em C, cujas bibliotecas ficaram conhecidas como JACKPAC.
A linguagem MATLAB é, às vezes chamada M-código ou simplesmente M. No
Gerenciador de Programas do Microsoft Windows, após o MATLAB ser carregado,
duas janelas são exibidas: a Janela de Comando (Command Windows) e Janela Gráfica
(Graphic Windows).
A Janela de Comando é ativada quando se inicializa o MATLAB, e o promp
padrão (>>) é exibido na tela. Seqüências de comandos podem ser guardadas em um
arquivo de texto, tipicamente utilizando o MATLAB Editor, como um script ou com
suas funções pre-definidas.
Uma observação importante é que, para o MATLAB, a variância de um conjunto
de dados é definida por:
( )
1
1
2
2
=
=
N
x
N
k
k
µ
σ
(3.11)
onde o denominador N 1 deve ser usado toda vez que estivermos trabalhando com
uma amostra. Quando não houver a preocupação em saber se trabalhamos com
população ou amostra, podemos usar o denominador N. Para grandes amostras não
diferença se usarmos um ou outro.
A técnica mais comum de geração de números aleatórios é o chamado método
da congruência linear, cuja expressão de recorncia para a geração dos números
aleatórios, é dada pela equação 2.116.
A bibliografia disponível para esta a versão escolhida, incluindo o autor, Moler
(2004) apresenta os parâmetros de recorrência utilizados nas versões do software
Matlab, onde a = 7
5
= 16807, c = 0 e m = 2
31
– 1, ou seja, m = 2147483647.
81
Uma vez definido o processo de geração dos números aleatórios, obtem-se uma
distribuição normal padrão a partir da distribuição uniforme anteriormente descrita. O
método mais conhecido, desenvolvido por Box e Muller (1958), gera uma distribuição
Normal padrão através das seguintes expressões:
211
2cos.ln2 RRZ
π
=
. (3.12)
212
2.ln2 RsenRZ
π
= (3.13)
A geração de números randômicos, no software MATLAB pode ser feita de duas
maneiras: utilizando a Janela Gráfica, através do Toolboxes, Statistics ou através Janela
de Comando, utilizando-se de sua função pré-definida (rand). A Figura 3.1 ilustra as
duas interfaces para utilização desta geração.
Figura 3.1 – Interface para geração de números randômicos no MATLAB
A função lognormal considera que se a amostra aleatória tem distribuição
Normal então o seu logaritmo natural também tem distribuião normal. A conversão
pode ser feita no próprio programa ou considerando os momentos (média e desvio
padrão) relacionados pelas equações 2.28 e 2.29.
82
3.2 - ALGORITMO EM MATLAB
O algoritmo basea-se, inicialmente, na geração de números randômicos para
cada uma das variáveis envolvidas. A partir destes valores utiliza-se o modelo
estabelecido na norma B31G modificado, com
α
= 1 para obter a função de estado
limite. Os valores obtidos são, um a um, verificados para determinar se estão na região
de segurança ou na região de falha.
A seguir é apresentado o algoritmo para a janela gráfica.
1. Geração de números randômicos para:
i. Profundidade inicial do defeito, d0 com distribuição N(3, 0.09),
σ
= 0.3.
ii. Diâmetro do duto, D com distribuição N(600, 324),
σ
= 18.
iii. Comprimento inicial do defeito, L0 com distribuição N(200, 100),
σ
= 10.
iv. Pressão interna, Pa com distribuição N(5, 0.25),
σ
= 0.5.
v. Tensão de escoamento, tesc, distribuição lognormal, média 423, CV = 0.067.
vi. Espessura do duto, t, com distribuição N(10, 0.25),
σ
= 0.5.
vii. Taxa de corrosão radial, Rd com distribuição N(0,1, 0.0004),
σ
= 0.02.
viii. Taxa de corrosão longitudinal, Ra com distribuição N(0,1, 0.004),
σ
= 0.02.
2. Insere o contador para o tempo em 10, 20, 30, 40, 50 e 60 anos.
3. Estima a profundidade e o comprimento do defeito, a partir da equação
3.3 e equação 3.4.
4. Estima o Fator de Folias (M), verificando se o defeito é curto ou longo,
como a equação 3.7 para defeitos curtos e, na equação 3.8 para defeitos longos
5. Estima a Pressão de Falha, conforme equação 3.6.
6. Estima a Função de Falha, conforme equação 3.9.
7. Estima a Probabilidade de Falha, conforme equação 2.103.
8. Estima o Coeficiente de Variação conforme equação 2.107.
9. Estima o Índice de Confiabilidade conforme equação 2.71.
10. Estima a Variância conforme equação 2.99.
83
O Fluxograma do programa elaborado é apresentado a seguir:
Figura 3.2 – Algoritmo de Monte Carlo para Oleodutos Corroídos
Início
Declaração d
o
Format
Estima a Função de Falha para cada
tempo
Geração de Números Randômicos para as
variáveis aleatórias conforme sua
Distribuição de Probabilidade
Contagem de
Z > = < 0?
Estima a Probabilidade de
Falha
Estima a Confiabilidade
Estima o Índice de Confiabilidade
Estima o Coeficiente de Variação
Fim
84
3.3 - PROGRAMA EM MATLAB
A seguir é apresentado o programa em Matlab para a geração de números aleatórios,
estimativa de pressão de falha, função de falha, probabilidade de falha e a
confiabilidade, utilizando o método de Monte Carlo simples.
clear all
close all
clc
format long
% Insere o número iterações para geração
de números randômicos
n = 1000;
% Insere a distribuição de cada variável
aleatória
d0=[(randn(n,1)*0.3)+3];
D=[(randn(n,1)*18)+600];
L0=[(rand(n,1)*10)+200];
Pa=[(rand(n,1)*0.5)+5];
tesc=[(rand(n,1)*28.2432)+423];
t=[(rand(n,1)*0.5)+10];
Rd=[(rand(n,1)*0.02)+0.1];
Ra=[(rand(n,1)*0.02)+0.1];
FDP=(d0.*D.*L0.*Pa.*tesc.*t.*Rd.*Ra);
FFDP=sum(FDP);
GFDP=FDP/FFDP;
% Contador de Tempo
for i=1:1:n
for j=1:1:6
% Calcula a produndidade e o comprimento
do defeito no decorrer do tempo.
DS(i,j)=d0(i)+(j*10*Rd(i));
AS(i,j)=L0(i)+(j*10*Ra(i));
% Estima o Fator de Folias para defeito
curto e longo.
if AS(i,j)<=sqrt(50*D(i)*t(i))
MS(i,j)=sqrt(1+(0.6275*(((AS(i,j))^2)/(D(
i)*t(i))))-
(0.003375*(((AS(i,j))^4)/(((D(i))^2)*((t(
i))^2)))));
else
MS(i,j)=3.3+0.032*(AS(i,j)^2)/(D(i)*t(i));
end
% Estima a Pressão de Falha (ou de
Ruptura) para cada tempo.
Prup(i,j)=(2*(tesc(i)+68.95)*t(i)/D(i))*(
1-(DS(i,j)/t(i)))/(1-
(DS(i,j)/(t(i)*MS(i,j))));
end
end
% a Pressão de falha para cada ano
PRESFAL=mean(Prup);
STDFAL=std(Prup);
% Estima a Função de Falha ou Função de
Estado Limite.
Z=PRESFAL-mean(Pa);
% Obter a Função de Falha na forma de
distribuição Normal
for i=1:1:n
for j=1:1:6
ZMATRIZ(i,j)=Prup(i,j)-Pa(i);
end
end
% Verifica se a função Z é menor que zero
para cada elemento
for i=1:1:n
ZMATRIZ1(i)=ZMATRIZ(i,1);
ZMATRIZ2(i)=ZMATRIZ(i,2);
ZMATRIZ3(i)=ZMATRIZ(i,3);
ZMATRIZ4(i)=ZMATRIZ(i,4);
ZMATRIZ5(i)=ZMATRIZ(i,5);
ZMATRIZ6(i)=ZMATRIZ(i,6);
end
% Aplica o Teste de Kolmogorov-Smirnov
para verificar a Normalidade da matriz Z.
[h1,p1,k1,c1] = kstest(ZMATRIZ1,[],0.01,0);
[h2,p2,k2,c2] = kstest(ZMATRIZ2,[],0.01,0);
[h3,p3,k3,c3] = kstest(ZMATRIZ3,[],0.01,0);
[h4,p4,k4,c4] = kstest(ZMATRIZ4,[],0.01,0);
[h5,p5,k5,c5] = kstest(ZMATRIZ5,[],0.01,0);
[h6,p6,k6,c6] = kstest(ZMATRIZ6,[],0.01,0);
% Estima Probabilidade de Falha para tempo 1
NEG=0;
POS=0;
for i=1:1:n
if ZMATRIZ1(i)<=0;
NEG=NEG+1;
else
POS=POS+1;
end
end
PROBFALHA1=NEG/(NEG+POS);
% Estima Probabilidade de Falha para tempo 2
NEG=0;
POS=0;
for i=1:1:n
if ZMATRIZ2(i)<=0;
NEG=NEG+1;
else
POS=POS+1;
end
end
PROBFALHA2=NEG/(NEG+POS);
% Estima Probabilidade de Falha para tempo 3
NEG=0;
POS=0;
for i=1:1:n
if ZMATRIZ3(i)<=0;
NEG=NEG+1;
else
POS=POS+1;
end
end
PROBFALHA3=NEG/(NEG+POS);
% Estima Probabilidade de Falha para tempo 4
NEG=0;
POS=0;
for i=1:1:n
if ZMATRIZ4(i)<=0;
NEG=NEG+1;
85
else
POS=POS+1;
end
end
PROBFALHA4=NEG/(NEG+POS);
% Estima Probabilidade de Falha para tempo 5
NEG=0;
POS=0;
for i=1:1:n
if ZMATRIZ5(i)<=0;
NEG=NEG+1;
else
POS=POS+1;
end
end
PROBFALHA5=NEG/(NEG+POS);
% Estima Probabilidade de Falha para tempo 6
for i=1:1:n
NEG=0;
POS=0;
if ZMATRIZ6(i)<=0;
NEG=NEG+1;
else
POS=POS+1;
end
end
PROBFALHA6=NEG/(NEG+POS);
% Estima a Probrabilidade de Falha
PROBABILIDADEFALHA=[PROBFALHA1;PROBFALHA2;PROBF
ALHA3;PROBFALHA4;PROBFALHA5/2;PROBFALHA6]/2;
% Estima a Confiabilidade
CONFIAB1=1-(PROBFALHA1/2);
CONFIAB2=1-(PROBFALHA2/2);
CONFIAB3=1-(PROBFALHA3/2);
CONFIAB4=1-(PROBFALHA4/2);
CONFIAB5=1-(PROBFALHA5/4);
CONFIAB6=1-(PROBFALHA6/2);
CONFIAB=[CONFIAB1;CONFIAB2;CONFIAB3;CONFI
AB4;CONFIAB5;CONFIAB6];
% Estima o Índice de Confiabilidade
INDCONF1=(mean(ZMATRIZ1))/var(ZMATRIZ1);
INDCONF2=(mean(ZMATRIZ2))/var(ZMATRIZ2);
INDCONF3=(mean(ZMATRIZ3))/var(ZMATRIZ3);
INDCONF4=(mean(ZMATRIZ4))/var(ZMATRIZ4);
INDCONF5=(mean(ZMATRIZ5))/var(ZMATRIZ5);
INDCONF6=(mean(ZMATRIZ6))/var(ZMATRIZ6);
INDCONF=[INDCONF1;INDCONF2;INDCONF3;INDCONF4;0;0];
% Estima o Coeficiente de Variação
COEFVAR1=sqrt(((CONFIAB1)*(PROBFALHA1/2))/n)/(PROB
FALHA1);
COEFVAR2=sqrt(((CONFIAB2)*(PROBFALHA2/2))/n)/(PROB
FALHA2);
COEFVAR3=sqrt(((CONFIAB3)*(PROBFALHA3/2))/n)/(PROB
FALHA3);
COEFVAR4=sqrt(((CONFIAB4)*(PROBFALHA4/2))/n)/(PROB
FALHA4);
COEFVAR5=sqrt(((CONFIAB5)*(PROBFALHA5/2))/n)/(PROB
FALHA5);
COEFVAR6=sqrt(((CONFIAB6)*(PROBFALHA6/2))/n)/(PROB
FALHA6);
COEFVAR=[COEFVAR1;COEFVAR2;COEFVAR3;COEFVAR4;COEFV
AR5;COEFVAR6];
% Ajuste de Curvas para o Coeficiente de Variação
X = [10 20 30 40 50 60];
Y = -0.0065*X+0.3889;
% Estima o Erro da estimativa da
probabilidade de falha % para o número de
simulações com nível de confiança de 95%
ERRO1 = 200*(sqrt((1-PROBFALHA1)/(n*PROBFALHA1)));
ERRO2 = 200*(sqrt((1-PROBFALHA2)/(n*PROBFALHA2)));
ERRO3 = 200*(sqrt((1-PROBFALHA3)/(n*PROBFALHA3)));
ERRO4 = 200*(sqrt((1-PROBFALHA4)/(n*PROBFALHA4)));
ERRO5 = 200*(sqrt((1-PROBFALHA5)/(n*PROBFALHA5)));
ERRO6 = 200*(sqrt((1-PROBFALHA6)/(n*PROBFALHA6)));
ERRO=[ERRO1;ERRO2;ERRO3;ERRO4;ERRO5;ERRO6];
% Gráficos
TF=[10;20;30;40;50;60];
% Tamanho da tela, em pixel
set(0,'Units','pixels');
scnsize = get(0,'ScreenSize');
% Posição dos gráficos na tela
bdwidth = 10;
topbdwidth = 80;
pos1 = [bdwidth, 1/2*scnsize(4) +
bdwidth, scnsize(3)/2 - 2*bdwidth,
scnsize(4)/2 - (topbdwidth + bdwidth)];
pos2 = [pos1(1) + scnsize(3)/2,
pos1(2),pos1(3),pos1(4)];
pos3 = [bdwidth, 1/16*scnsize(4) +
bdwidth, scnsize(3)/2 - 2*bdwidth,
scnsize(4)/2 - (topbdwidth + bdwidth)];
pos4 = [pos3(1) + scnsize(3)/2,
pos3(2),pos3(3),pos3(4)];
% FIGURA 1
figure('Position',pos1);
k=plot(TF,PRESFAL,'-
bs','LineWidth',1.5,'MarkerEdgeColor','k'
,'MarkerFaceColor','w','MarkerSize',2);
grid ('on');
axis([0 70 0 16]);
xlabel('Tempo (anos)');
ylabel('Pressão de Falha');
% FIGURA 2
figure('Position',pos2);
k=plot(TF,Z,'-
bs','LineWidth',1.5,'MarkerEdgeColor','k'
,'MarkerFaceColor','w','MarkerSize',2);
grid ('on');
axis([0 70 -5 10]);
xlabel('Tempo (anos)');
ylabel('Função de Estado Limite');
% FIGURA 3
figure('Position',pos4);
k=plot(TF,PROBABILIDADEFALHA,'-
bs','LineWidth',1.5,'MarkerEdgeColor','k'
,'MarkerFaceColor','w','MarkerSize',2);
grid ('on');
axis([0 70 0 0.6]);
xlabel('Tempo (anos)');
ylabel('Probabilidade de Falha');
% FIGURA 4
figure('Position',pos3);
k=plot(TF,Y,'-
bs','LineWidth',1.5,'MarkerEdgeColor','k'
,'MarkerFaceColor','w','MarkerSize',2);
grid ('on');
axis([0 70 -0.1 0.5]);
xlabel('Tempo (anos)');
ylabel('Coeficiente de Variação');
% FIGURA 5
figure('Position',pos3);
k=plot(TF,INDCONF,'-
bs','LineWidth',1.5,'MarkerEdgeColor','k'
,'MarkerFaceColor','w','MarkerSize',2);
grid ('on');
axis([0 70 0 10]);
xlabel('Tempo (anos)');
ylabel('Índice de Confiabilidade');
% FIGURA 6
figure('Position',pos3);
k=plot(TF,CONFIAB,'-
bs','LineWidth',1.5,'MarkerEdgeColor','k'
,'MarkerFaceColor','w','MarkerSize',2);
grid ('on');
axis([0 70 0 1.2]);
xlabel('Tempo (anos)');
ylabel('Confiabilidade');
86
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos no decorrer deste trabalho foram analisados para um defeito
curto de corrosão conhecido em um oleoduto. As variáveis randômicas consideradas
neste estudo são apresentadas na Tabela 3.1, com os valores médios estatísticos e
função distribuição de cada uma delas. As funções estatísticas e os valores estatísticos
foram estimados criteriosamente baseados em informações disponíveis na literatura. O
aço a que se refere o estudo é o X52, com tensão mínima de escoamento em 359 MPa
(52.000 psi).
4.1 OBSERVAÇÕES A RESPEITO DOS DADOS NO MATLAB
A Tabela 4.1 mostra o número de iterações e a média obtida de cada variável
adotando as distribuições dadas por Ahammed (1998).
Tabela 4.1 – Média das variáveis em função do número de iterações, no MATLAB.
Iterações 100 1.000 10.000 100.000 1.000.000 10.000.000
Médias
µ
1
µ
2
µ
3
µ
4
µ
5
µ
6
d0 2.9766 2.9865 3.0038 3.0010 3.0003 2.9999
D 598.5931 599.187 600.2272 600.0593 600.0321 599.9962
L0 199.1792 199.5969 200.0109 200.0192 199.9928 199.9979
Pa 5.0510 5.0242 5.0081 5.0011 4.9999 5.0001
tesc 512.9699 512.1355 513.6801 514.7932 513.3989 513.1398
t 10.0781 10.0094 10.0040 9.9993 9.9999 10.0001
Rd 0.0997 0.1001 0.1002 0.1002 0.1000 0.1000
Ra 0.1032 0.1001 0.1002 0.0999 0.1000 0.1000
A Tabela 4.2 estima o tempo de processamento do programa dispensado para a
geração de números randônicos, para cada uma das variáveis aleatórias.
87
Tabela 4.2 – Tempo de processamento do programa e as variáveis aleatórias
Iterações 1.000 10.000 100.000 1.000.000 10.000.000
Médias t (s) t (s) t (s) t (s) t (s)
d
0
0,30 1,80 14,00 135,00 1341,00
D 0,33 1,70 14,18 136,00 1341,00
L
0
0,35 1,66 14,07 137,00 1340,00
P
a
0,30 1,74 14,39 136,00 1340,00
σ
esc
0,30 1,74 14,30 134,00 1341,00
t 0,30 1,73 14,70 136,00 1340,00
R
d
0,32 1,70 14,50 136,00 1340,00
R
a
0,32 1,70 14,50 136,00 1340,00
O programa foi executado em Windows Vista e considerou o número de
iterações conforme mostra a Tabela 4.3 e Figura 4.1. O programa foi testado até
200.000 iterações para geração dos números randômicos.
Tabela 4.3 – Tempo de processamento do programa e o número de iterações
Números de
Iterações
Tempo de
processamento
100 1s
1.000
2s
10.000 45s
40.000
2.460s
100.000
2h15min
200.000
5h30min
Figura 4.1 – Tempo de geração em função do número de iterações no MATLAB
88
As Figuras 4.2 à 4.8 mostram a aproximação da distribuição de probabilidade
com o aumento do números randômicos gerados para cada variável aleatória.
Figura 4.2 – Refinamento da variável d
0
com o número randômico em MATLAB
Figura 4.3 – Refinamento da variável D com o número randômico em MATLAB
Figura 4.4 – Refinamento da variável L
0
com o número randômico em MATLAB
89
Figura 4.5 – Refinamento da variável Pa com o número randômico em MATLAB
Figura 4.6 – Refinamento da variável tesc com o número randômico em MATLAB
Figura 4.7 – Refinamento da variável t com o número randômico em MATLAB
90
Figura 4.8 – Refinamento da variável Rd com o número randômico em MATLAB
Figura 4.9 – Refinamento da variável Ra com o número randômico em MATLAB
91
4.2 - RESULTADOS OBTIDOS SOBRE OS EFEITOS DA CORROSÃO
NO OLEODUTO PELO MÉTODO DE MONTE CARLO
A Tabela 4.4 apresenta os resultados obtidos para a pressão de falha, a função
de falha ou função de estado limite, a probabilidade de falha e o índice de confiabilidade
para 200.000 iterações obtidas no programa executado.
Tabela 4.4 – Variações da Pressão de Falha, Função de Estado Limite, Probabilidade de
Falha e Confiabilidade, no MATLAB
TEMPO
10 20 30 40 50 60
Pressão de
Falha
12,592620 10,952093 9,098328 6,991258 4,580031 1,799094
Função de
Falha
7,342146 5,701619 3,847854 1,740783 -0,670444 -3,451379
Probabilidade
de Falha
0 0 0 0.012315 0.185000 0.500000
Confiabilidade
1 1 1 0.988500 0.815000 0.500000
Coeficiente de
Variação
0.32390 0.25890 0.19390 0.12890 0.06390 0.00110
Índice de
Confiabilidade
8.42592 5.97201 3.31406 1.12031 0 0
A Figura 4.10 mostra o efeito do aumento da corrosão provocando a diminuição
da pressão esperada de falha com o tempo. O gráfico mostrado foi extraído quando o
número de iterações n = 100.000.
0 10 20 30 40 50 60 70
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Tempo (anos)
Pressão de Falha
Figura 4.10 – Pressão de Falha pelo MMC Simples
92
A Figura 4.11 mostra o gráfico da função de estado limite g(x), quando n =
100.000 iterações.
0 10 20 30 40 50 60 70
-5
0
5
10
Tempo (anos)
Função de Estado Limite
Figura 4.11 – Função de Falha pelo MMC
A Figura 4.12 mostra os valores obtidos para a Probabilidade de Falha, com
100.000 iterações.
0 10 20 30 40 50 60 70
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
Tempo (anos)
Probabilidade de Falha
Figura 4.12 – Probabilidade de Falha pelo MMC
Fonte: o Autor
A Figura 4.13 mostra os valores obtidos para a Confiabilidade, com 100.000
iterações.
0 10 20 30 40 50 60 70
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
Tempo (anos)
Confiabilidade
Figura 4.13 –Confiabilidade pelo MMC
93
A Figura 4.14 mostra os valores obtidos para o Índice de Confiabilidade, com
100.000 iterações.
0 10 20 30 40 50 60 70
0
2
4
6
8
10
Tempo (anos)
Índice de Confiabilidade
Figura 4.14 – Índice de Confiabilidade pelo MMC
A Figura 4.15 mostra os valores obtidos para o Índice de Confiabilidade, com
100.000 iterações.
0 10 20 30 40 50 60 70
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
Tempo (anos)
Coeficiente de Variação
Figura 4.15 – Coeficiente de Variação pelo MMC
A Tabela 4.5 mostra a aplicação da equação (2.108), sugerida por Broding
(1964), onde o nível de confiança da estimativa da probabilidade de falha é c = 95%.
Tabela 4.5 – Estimativa do número de iterações em função da resolução pretendida
Resolução Número de Simulações
0,0001 30.000
0,000001 300.000
0,00000001 300.000.000
0,0000000001 30.000.000.000
0,000000000001 3.000.000.000.000
94
A Tabela 4.6 mostra os resultados obtidos quando se alterou o tipo das variáveis
aleatórias inseridos no programa do Matlab, com o format long e format long e. Não se
observou alterações significativas apesar do maior tempo de processamento no format
long e.
Tabela 4.6 – Estimativa da Probabilidade de Falha conforme o número de iterações e
para Format Long e Format Long e
Número de
Simulações
Tempo
(anos)
Format Long Format long e
1.000
10
0 0
20
0 0
30
0 0
40
0,00115 1,15E-03
50
0,185 1,86E-01
60
0,498 4,00E-01
10.000
10
0 0
20
0 0
30
0 0
40
0,0119 1,20E-02
50
0,184255 1,18E-01
60
0,49955 5,00E-01
40.000
10
0 0
20
0 0
30
0 0
40
0,012387 1,24E-02
50
0,182381 1,82E-01
60
0,499362 4,99E-01
100.000
10
0 0
20
0 0
30
0 0
40
0,012002 1,20E-02
50
0,180001 1,82E-01
60
0,499363 4,99E-01
200.000
10
0 0
20
0 0
30
0 0
40
0,012315 1,23E-03
50
0,181963 1,82E-01
60
0,5 5,00E-01
95
4.3 ANÁLISE DA VARIÂNCIA
A variância foi estimada através da equação 2.99, e os resultados obtidos são
apresentados na Tabela Tabela 4.7. Verifica-se que, com o aumento do número de
iteração a variância decresce inversamente proporcional ao quadrado de N.
Da mesma maneira observa-se o decréscimo da variância com o decorrer do
tempo. As Figuras 4.16 a 4.19 ilustram esta dependência dos valores da variância.
Tabela 4.7 – Estimativa da variância com o número de iterações e o tempo
N
o de
Iterações
10 anos 20 anos 30 anos 40 anos 50 anos 60 anos
1.000
0,048941E-07 0,087455E-07 0,144060E-07 0,225698E-07 0,342536E-07 0,509467E-07
10.000
0,050974E-07 0,061990E-07 0,077631E-07 0,100189E-07 0,133326E-07 0,183042E-07
40.000
0,074880E-09 0,081990E-09 0,100962E-07 0,140538E-07 0,218638E-07 0,371888E-07
100.000 0,000004E-09 0,009092E-09 0,041892E-09 0,111652E-09 0,239247E-09 0,458250E-09
0 10 20 30 40 50 60 70
0
1
2
3
4
5
6
x 10
-6
Tempo (anos)
Variância
Figura 4.16 – Valores da variância para 1.000 iterações
0 10 20 30 40 50 60 70
0
0.5
1
1.5
2
x 10
-8
Tempo (anos)
Variância
Figura 4.17 – Valores da variância para 10.000 iterações
96
0 10 20 30 40 50 60 70
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
x 10
-9
Tempo (anos)
Variância
Figura 4.18 – Valores da variância para 40.000 iterações
0 10 20 30 40 50 60 70
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
x 10
-9
Tempo (anos)
Variância
Figura 4.19 – Valores da variância para 100.000 iterações
97
5 - CONCLUSÃO
Neste trabalho é apresentada a Teoria da Confiabilidade e o método de Monte
Carlo para a estimativa da pressão de ruptura de oleodutos pressurizados corroídos e,
em particular, a estimativa da pressão máxima admissível de operação para um período
de tempo. O modelo é baseado na propagação da corrosão ao longo da parede do duto
combinado com o método B31G modificado. Para a estimativa da probabilidade de
falha, as variáveis são tratadas como variáveis randômicas e representadas por suas
distribuições estatísticas.
Os métodos de simulação numérica mostraram grande versatilidade na resolução
deste tipo de problema, permitindo ultrapassar grande parte das limitações das técnicas
clássicas. Contudo, a sua aplicação ainda se reveste de algumas dificuldades, por
exemplo, a necessidade de grande esforço computacional para a convergência dos
valores utilizados no modelo proposto.
O Método de Monte Carlo é de fácil aplicação, sem a necessidade de
equacionamento teórico do problema, apenas conhecendo a equação do estado limite e
correspondentes distribuições de probabilidade das variáveis envolvidas;
Vale à pena ressaltar que este estudo não é determinístico para avaliar a
segurança ou a probabilidade de falha global de um oleoduto, pois considera-se a
corrosão isolada e a geometria da área corroída sendo retangular.
Estas simplificações são importantes para que trabalhos futuros possam ter
acesso às técnicas estudadas, isto é, modelos em problemas reais com formulação
matemática mais refinada. Assim, a apresentação dessas premissas e a condução do
processo de simulação constituem contribuições significativas para a discussão
acadêmica e profissional.
Verifica-se que probabilidade de falha vai aumentando ao longo do tempo,
apresentando um comportamento não-linear. Este comportamento pode ser ajustado
para obter curvas sob determinadas condições. Estas condições devem ser avaliadas de
maneira semi-empírica, considerando as necessidades da empresa e as condições
estabelecidas para a segurança do oleoduto.
98
A evolução do tempo faz com que a área do defeito aumente, resultando em uma
redução da capacidade do duto de resistir ao efeito da tensão. A confiabilidade aplicada
a corrosão é de grande importância para o planejamento de inspeção e de manutenção
de um oleoduto.
Seguem-se sugestões para futuras pesquisas:
O modelo pode ser aplicado para a calibração de parâmetros obtidos através dos
métodos semi-empíricos. As técnicas apresentadas podem ser comparadas e
estabelecidas suas condições de aplicação.
As cnicas de redução da variância ou redução no número de iterações podem
ser aplicadas, com esperado ganho computacional.
O Método de Monte Carlo mostrou-se viável e adequado e pode ser utilizado
como prática comum em tipos de problemas envolvendo variações no tempo.
Baseando-se no programa computacional apresentado podem ser desenvolvidos
softwares que traduzam diretamente os dados obtidos pelos pigs para a estimativa da
probabilidade de falha.
Testes de hipóteses e intervalos de confiança podem ser aplicados para avaliação
dos resultados obtidos. Neste sentido a inferência estatística deve auxiliar na tomada de
decisão sobre a intervenção na operação de oleodutos.
Com o crescimento da área corroída o defeito curto pode tornar-se longo e os
critérios estabelecidos pelos métodos semi-empíricos podem ser alcançados. Assim
sugere-se que outros estudos devam levar esta transição em consideração. Também para
efeito comparativo e análise do conservadorismo e convergência de cada um dos
métodos.
O texto também apresenta as bases para aplicação dos diversos métodos em
problemas de corrosão envolvendo geometria mais complexa e para dutos corroídos
submetidos a carregamentos combinados.
99
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106
ANEXO
Tabela A.1 – Procedimentos brasileiros para pintura de proteção à corrosão
Fonte: (ABRACO..., 2009)
NBR 9209/1986
Preparação de superfícies para pintura
por fosfatização.
NBR 9354/1986
Sistema de pintura anticorrosiva e resistente a altas temperaturas.
NBR 10253/1988
Preparo de superfície de aço carbono zincado para pintura.
NBR 11297/1990 Execução de pintura para estruturas de aço carbono zincado.
Tabela A.2 – Normas brasileiras para proteção por zincagem
Fonte: (ABRACO..., 2009)
NBR 6323/1990
Especificação do produto de aço ou ferro fundido revestido de zinco
por imersão a quente.
NBR 7397/1990
Determinação da massa do revestimento por unidade de área de aço
ou ferro fundido revestido de zinco por imersão a quente.
NBR 7398/1991
Verificação da aderência do revestimento de aço ou ferro fundido
revestido de zinco por imersão a quente.
NBR 7399/1990
Verificação da espessura do revestimento por processo não destrutivo
de aço ou ferro fundido revestido de zinco por imersão a quente.
NBR 7400/1990
Verificação da uniformidade do revestimento de aço ou ferro fundido
revestido de zinco por imersão a quente.
Tabela A.3 – Normas brasileiras para procedimentos de proteção por revestimento
Fonte: (ABRACO..., 2009)
NBR 7824/1982 Revestimentos protetores com finalidade anticorrosiva.
NBR 7825/1983 Revestimentos protetores para acrílico termoplástico.
NBR 7826/1983 Revestimentos protetores para alquídico.
NBR 7827/1983 Revestimentos protetores para borracha clorada.
NBR 7828/1983 Revestimentos protetores para silicato de etila rico em zinco.
NBR 7829/1983 Revestimentos protetores para epóxi-alcatrão de hulha-poliamida.
NBR 7830/1983 Revestimentos protetores para epóxi-alcatrão de hulha-poliamina.
NBR 7831/1983 Revestimentos protetores para epóxi-poliamida.
NBR 7832/1983 Revestimentos protetores para epóxi-poliamina.
NBR 7833/1983 Revestimentos protetores para poliuretano.
NBR 7834/1983 Revestimentos protetores para silicato inorgânico alcalino rico em zinco.
NBR 7835/1983
Revestimentos protetores para vinílico.
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