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algumas coisas são diferentes. Aqui do lado tem entrada para o carro, lá, na
casa de lá, é uma peça, é uma sala. Aqui ó, seria aberto, tem uma sala,
então originalmente exatamente iguais depois mudaram.
Então elas ganharam essa casa do pai, vieram morar em 46, meu marido
nasceu em janeiro de 46, vieram para cá em fevereiro de 46, então ele veio
para cá com um mês, se criou aqui. E é delas a vida inteira, tá? E depois o
meu sogro faleceu e a casa ficou pros filhos. [...] Ela [Martha] tem 92, ela
teve aqui a vida inteira praticamente de casada, de casada, né, claro. Ela
morava sempre em Porto Alegre. Ela casou, não sei te dizer ao certo, mas
ela tem um filho de 42, é o irmão mais velho do meu marido, então ela deve
ter casado em 40, 41. E o marido dela era inspetor do banco, eles viajavam
muito, tanto que meu cunhado nasceu em Florianópolis, mas daí eles vieram
para Porto Alegre se estabelece..., são de Porto Alegre, mas daí ficaram
para valer aqui desde 46. Daí criaram todos os filhos, daí o meu filho, meu
sogro faleceu em 74, a casa ficou para os filhos, e nós, sou casada com um
deles, né, nós compramos dos outros, então a casa ficou nossa, mas sempre
na família né, só que ficou para nós porque nós compramos a parte dos
irmãos. Foi muito tranqüilo, porque nós, meu marido fez mestrado e
doutorado no rio e a gente então morava lá. Porque gente casou foi para lá
e quando nós voltamos para porto alegre em 82, de todos os irmãos deles só
nós não tínhamos casa própria, porque a gente tava no rio, aquelas coisas...
Então não tinha casa, ai nós começamos a procurar uma coisa para
comprar, não tinha muito dinheiro e o que a gente podia comprar era um
apartamento de dois quatros com o nosso dinheiro, e tinha dois filhos, três
filhos já na época, e daí o pessoal começou ‘a vem cá porque vocês não
ficam com a casa da mãe?’ Até nós estávamos hospedados aqui para
procurar casa né, então, ‘porque que não ficam com a casa da mãe?’ não
sei o que, e como são quatro, então um quarto era nosso, um quarto a gente
tinha em dinheiro e a outra metade a gente fez um financiamento e eles
foram muito legais, foi coisa de irmão eles fizeram uma avaliação e
normalmente essas avaliações são baixas né, e eles venderam exatamente
pelo preço da avaliação. Foi um negócio de irmãos foram muito legais sem
nenhum problema e gostaram porque a casa ficou na família porque todos
gostavam dessa casa e foram criados aqui. Então a casa continua na
família. Eles não moram em Porto Alegre né, mas essa casa ficou sendo
sempre, vamos dizer assim, a sede da família. Todos quando vem a Porto
Alegre ficam aqui, os natais sempre foram aqui, aliás desde que a casa está
à venda nós já fizemos três natais de despedida – da uma risada - porque a
gente sempre diz... É o último e no fim nunca é o último, mas agora
realmente foi o último, sempre, nunca, o natal sempre foi aqui, todo mundo
que pode vem, minha sogra sempre esteve durante todos esses anos. Ela
sempre foi a sede, os aniversários eram aqui, enfim, ela é a referencia da
família e agora que ela foi vendida e eu comecei a pensar onde eu ia morar
e meus filhos começaram: a mãe, nós não podemos imaginar tu em Porto
Alegre num outro lugar. Daí veio até, entre outras coisas, que desencadeou
essa coisa de eu ir embora, ir embora de cidade porque isso aqui é uma
referência para família sim, é o esteio da família essa casa e quando foi
para vender todo mundo ficou muito triste e o meu filho principalmente ele
ficou numa tristeza, ninguém queria vender [...] Mas é muito difícil, mas é o
seguinte ó, aqui do lado, como eu já falei, os filhos da tia ai do lado, irmã da
minha sogra são sete e moram, e ninguém mora aqui nesta casa e nem vai
morar, todos tem sua vida e um deles até mora no exterior e eles, porque a
casa é geminada é muito difícil, é muito legal ser casa geminada, mas por
outro lado é muito complicado, não dá para vender uma só, quer dizer, dá,
dá se tu for vender para uma clínica, uma coisa assim, agora essas casas