Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Centro de Ciências da Saúde
Faculdade de Odontologia
Departamento de Odontopediatria e Ortodontia
RELAÇÃO ENTRE FATORES SÓCIO-DEMOGRÁFICOS E CUIDADOS COM A
SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS INFECTADAS PELO HIV
Marina Alvine de Jesus
Cirurgiã Dentista
Rio de Janeiro
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Centro de Ciências da Saúde
Faculdade de Odontologia
Departamento de Odontopediatria e Ortodontia
RELAÇÃO ENTRE FATORES SÓCIO-DEMOGRÁFICOS E CUIDADOS COM A
SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS INFECTADAS PELO HIV
Marina Alvine de Jesus
CD
Dissertação de mestrado submetida ao corpo docente
da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos, para a
obtenção do Título de Mestre em Odontologia
(Odontopediatria).
Rio de Janeiro
- 2009 –
ads:
iv
Ficha Catalográfica
Jesus, Marina Alvine de
Relação entre fatores sócio-demográficos e cuidados com a saúde bucal de
crianças infectadas pelo HIV / Marina Alvine de Jesusl – Rio de Janeiro: UFRJ /
Faculdade de Odontologia, 2009.
xv, 52 f. : il. ; 31 cm.
Orientadores: Ivete Pomarico Ribeiro de Souza e Gloria Fernanda Barbosa de
Araújo Castro
Dissertação (mestrado) -- UFRJ, Faculdade de Odontologia,
Programa de Pós-graduação em Odontopediatria, 2009.
Referências bibliográficas: f. 34-38.
1. Infecções por HIV . 2. Cárie Dentária - epidemiologia. 3. Saúde bucal. 4.
Conhecimentos, atitudes e prática em saúde. 5. Cuidado da Criança. 6.
Condições sociais. 7. Odontopediatria - Tese. I. Souza, Ivete Pomarico Ribeiro
de. II. Castro, Gloria Fernanda Barbosa de Araújo. III. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Faculdade de Odontologia, Programa de Pós-graduação
em Odontopediatria. IV. Título.
v
DEDICATÓRIA
DEDICATÓRIADEDICATÓRIA
DEDICATÓRIA
Dedico esta conquista aos meus pais, Luiz
LuizLuiz
Luiz e Carmen,
Carmen,Carmen,
Carmen, que
sempre estiveram ao meu lado, incentivando e me apoiando em
todas as minhas decisões!! Eu sei que vocês nunca mediram
esforços para me dar uma educação de qualidade para que eu
pudesse caminhar sozinha, por isso eu tenho a agradecer por
vocês existirem em minha vida!!
Amo vocês!
vi
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
AGRADECIMENTOS ESPECIAISAGRADECIMENTOS ESPECIAIS
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Muito tenho a agradecer as crianças que participaram
deste estudo e a seus familiares. Agradeço não apenas pelo
carinho e respeito, mas, principalmente, por terem me mostrado
como se precisa de tão pouco para ser feliz. Essa convivência me
fez crescer como ser humano e mudou minha vida, por isso,
serei eternamente grata.
Muito obrigada!
vii
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
À Deus e a São Judas Tadeu (meu santo protetor) por sempre estarem
me iluminando e guiando meus caminhos.
Aos meus pais Luiz e Carmen pelo incentivo, compreensão,
companheirismo e amor incondicional durante minha árdua e vitoriosa caminhada.
Obrigada por tudo! Amo Muito vocês!
Ao meu avô Hilton, por ser o responsável da minha escolha nesta
profissão tão bonita que é a odontologia! Dizer simplesmente obrigado não seria
suficiente por tudo que o senhor fez por mim!
Às minhas queridas primas Fernanda e Daniela que tenho como irmãs,
obrigada pelo incentivo e carinho. Amo vocês!
Ao meu namorado Emersom, pessoa especial que apareceu em minha
vida, meu maior incentivador! Obrigada pela paciência, ajuda e compreensão.
Você foi fundamental nesta etapa tão importante da minha vida! Te amo!
Aos meus grandes amigos de infância Dafne, Fernando e Nathalie, que
estiveram sempre ao meu lado em todas as minhas conquistas. Amo vocês!
As minhas grande amigas de faculdade Claudinha, Fabi e Jessica. Que
até hoje me acompanham me incentivam e vibram com minhas conquistas. Amo
vocês!
Aos meus amigos de turma de Mestrado Rafael, Tatiana, Adilis, Camila,
Ticiana e Renata, esta experiência seria realmente impossível se não fôssemos
sobre tudo, amigos. Agradeço pela amizade, carinho e preocupação. Vocês foram
viii
amigos de verdade, na alegria e na tristeza! Vou sentir saudades de todos vocês!
Adoro vocês!
À Profª Drª Ivete Pomarico Ribeiro de Souza, por todos os ensinamentos
transmitidos e exemplo de mestre em que todos sempre se espelham. Obrigada
pela Oportunidade!
À Profª Drª Gloria Fernanda, muito obrigada pelo carinho, paciência,
disponibilidade nos momentos de ensino e descontração. Você é muito mais que
uma professora, é uma grande amiga!
À Profª. Drª. Lucianne Cople Maia pelo exemplo de pesquisadora e por
ser a incentivadora do meu curso de mestrado, você foi fundamental nesta minha
vitória!
Ao Prof. Dr. Thomaz, pelos ensinamentos, paciência e incentivo. Muito
Obrigada!
Aos Professores: Rogério Gleiser, João Farinhas, Marcelo Costa,
Maristela, Nena, Fátima e Rosana pelos ensinamentos transmitidos ao longo do
curso.
À Andréa, Mere, Kátia e Gina, pelo exemplo de profissionais. Obrigada
pela amizade!
Aos funcionários do Departamento de Odontopediatria Isabel, Jorge,
Luiza, Robson e Zezé pela paciência e dedicação, auxiliando em tudo.
Ao João pela amizade, paciência e contribuição para a finalização deste
trabalho.
Aos Drs. Gilberto, Paulo, Silvia, Marisa, Denise e Norma, que
acreditaram e permitiram que eu realizasse este trabalho. Muito obrigada!
ix
À equipe do ambulatório pediátrico SIDA/AIDS Instituo de Puericultura
e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), especialmente aos Dr. Ricardo Hugo e
Dra. Thalita, pelos ensinamentos e disponibilidade.
A CAPES pela bolsa de estudo concedida durante o curso de mestrado
x
“Todos os nossos sonhos podem tornar-se realidade
se tivermos a coragem de persegui-los”
Walt Disney
xi
RESUMO
JESUS, Marina Alvine. Relação entre fatores sócio-demográficos e
cuidados com a saúde bucal de crianças infectadas pelo HIV. Orientadores:
Dra. Ivete Pomarico Ribeiro de Souza. Dra. Gloria Fernanda Barbosa de Araújo
Castro. Rio de Janeiro: UFRJ/Faculdade de Odontologia, 2009. Dissertação
(Mestrado em Odontologia – Odontopediatria)
O objetivo do presente estudo foi avaliar a relação entre características sócio-
demográficos e o cuidado dos responsáveis com a saúde bucal de crianças
infetadas pelo HIV. A população do estudo consistiu de 280 crianças (140
infectadas pelo HIV e 140 HIV negativo) de dois a cinco anos de idade e seus
respectivos cuidadores que compareceram a um dos quatro hospitais de
referência no Rio de Janeiro, Brasil. Os cuidadores foram entrevistados
(perguntas abertas e fechadas) a fim de obter dados pessoais, dados sobre a
adesão ao tratamento odontológico e atitudes relacionadas com a higiene bucal.
Após a entrevista um exame clínico completo da criança foi realizado e a
prevalência de cárie dentária foi classificada utilizando o índice ceo-d. Para
análise dos dados, os testes qui-quadrado e Mann-Whitney foram utilizados para
a correlação entre as variáveis e comparação entre os grupos (grupo HIV+ e
grupo HIV-), com um nível de significância de 5%. Para uma análise qualitativa foi
utilizado o método de análise de conteúdo, a fim de identificar temas emergentes.
A maioria dos entrevistados eram mães (83,6%), donas de casa (69,3%), com
baixa escolaridade - ensino fundamental incompleto (47,1%), e nascidas na
região Sul / Sudeste do país (83,6). A média de ceo-d foi 3,48 ± 3,14 nas crianças
infectadas pelo HIV e de 1,02 ± 1,00 para as não infectadas pelo HIV. A
importância de cuidar da dentição decídua foi observada em 54,1% dos
cuidadores. Em ambos os grupos a maioria que não deu importância ao dente
decíduo, nunca havia recebido orientação prévia sobre saúde bucal (p <0,01);
54,3% haviam levado seus filhos ao dentista e os nascidos na região Norte /
Nordeste relataram com maior freqüência não terem esta prática (p = 0,02);
65,0% realizavam escovação supervisionada nos filhos e esta teve relação com o
recebimento de orientação do dentista(p <0,01). O baixo nível de escolaridade
influenciou na desvalorização do dente decíduo (p <0,01), a não levar
regularmente o filho ao dentista (p <0,01), e na média CPOD (p<0,01).
Conclusões: O baixo nível de escolaridade e local de nascimento dos
responsáveis desempenharam um papel significativo no cuidado com a saúde
bucal das crianças infectados e não infectadas pelo HIV .
Palavras Chaves: Crianças, Infecção - HIV, Conhecimento, saúde oral
xii
SUMMARY
JESUS, Marina Alvine.
Relationship between socio-demographic
characteristics and health care of children with oral HIV. Orientadores: Dra.
Ivete Pomarico Ribeiro de Souza. Dra. Gloria Fernanda Barbosa de Araújo
Castro. Rio de Janeiro: UFRJ/Faculdade de Odontologia, 2009. Dissertação
(Mestrado em Odontologia – Odontopediatria)
The aim of the present study is to evaluate the relationship between the socio-
demographic characteristics of the caregivers and the care with oral health of their
children living with HIV. Study population – 280 children (140 HIV infected and 140
HIV negative) aged two to five years old who attended to one of four reference
hospitals in Rio de Janeiro, Brazil, were enrolled in the study, always including
their respective caregivers. The caregivers were interviewed (open and closed
questions) for collecting personal data, data regarding adherence to the
odontological treatment and attitudes related to oral care. After interview a
complete clinical examination of the child was performed and the dental caries
prevalence was documented using the dmft index. For the data analyses, the Chi-
square and Mann-Whitney test were used for correlation between the variables
and to compare the HIV infected and HIV negative groups with a significance level
of 5%. For a qualitative analysis we used the method of content analysis in order
to identify emerging themes. The most interviewees were mothers (83.6%),
housewives (69.3%), with low education incomplete elementary school (47.1%),
and born in the South/Southeast regions of the country (83.6). The HIV infected
children presented a mean dmft of 3.48±3.14 and the HIV negative presented
mean 1,02±1,00. The importance of caring for the deciduous dentition were
observed in 54,1% of the caregivers. In both groups the proportion of those who
considered this dentition not important had also never received any previous
information about oral health (p<0,01). 54,3% had already taken their children to a
dentist appointment at least once; and those born in the North/Northeast part of
Brazil less frequently take their children to the dentist appointment (p=0,02); 65,0%
supervise their children during the act toothbrushing, fact related to a dentist
orientation(p<0,01). The low level of education influenced the opinion of not to
take the deciduous dentition seriously (p<0,01), in not to take their children
regularly to the dentist (p<0,01), and in the dmft average (p<0,01). Conclusions:
The low education level and the birth place of the caregiver play a significant role
in the oral health of the HIV infected and non-infected children.
Key words: Child, HIV -infection, Knowledge, Oral health
xiii
LISTA DE QUADROS, TABELAS E FIGURAS
Table 1: Socio-Demographic characteristic population study ............................... 24
Table 2: Knowledge and Practices about oral health care of the caregivers for
HIV+ and HIV - children ........................................................................................ 25
xiv
LISTA DE SIGLAS
AIDS
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
CD4
Linfócitos CD4
CDC
Centers for Disease Control and Prevention
ceod Cariado, extraído,obturado – dente decíduo
CPO-D
Cariado, perdido, obturado – dente
DMF-T
Decayed Missing Filled – tooth
HAART
Highly Active Antiretroviral Therapy
HIV
Human Immunodeficiency Vírus
HMJ Hospital Municipal Jesus
HUGG Hospital Universitário Gaffrée e Guinle
HUPE Hospital Universitário Pedro Ernesto
IPPMG
Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
TCLE
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFRJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro
xv
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
2 PROPOSIÇÃO .................................................................................................... 5
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ....................................................................... 6
4 ARTIGO............................................................................................................... 9
4.1 ARTIGO 1 .................................................................................................... 10
Socio-demographic background and its relation to the oral health care of HIV
infected children ................................................................................................ 10
5 DISCUSSÃO. .................................................................................................... 26
6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 33
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 34
8 ANEXOS ........................................................................................................... 39
1 INTRODUÇÃO
O impacto global da epidemia do vírus da imunodeficiência humana (HIV)
tem sido tão devastador, que vem sendo descrita como “epidemia do nosso
século” (MERCHANT et al., 2001). O número de crianças infectadas pelo HIV
cresceu 1 milhão entre os anos de 2001 e 2007. Atualmente, das 33,2 milhões de
pessoas infectadas pelo HIV, em todo o mundo, 2,5 milhões são crianças. Dados
do Ministério da Saúde mostram que, no Brasil até o ano de 2007 foram
registrados 131.127 casos de mulheres e 13.012 casos de crianças menores de
treze anos infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) (UNAIDS,
2007). O desenvolvimento dos métodos de diagnóstico e de novas terapias
proporcionou o aumento da sobrevida dos indivíduos infectados, tornando-os
menos vulneráveis às conhecidas doenças oportunistas, que apresentam algum
tipo de manifestação na cavidade oral, incluindo cárie e doença periodontal
(SANTOS et al., 2001; ELLIOTT et al., 2002).
No caso das crianças, as manifestações orofaciais são comuns na infecção
pelo HIV e podem servir como marcadores da infecção ou prognóstico da
progressão do HIV para AIDS (RAMOS-GOMEZ et al., 1996). No entanto, com a
introdução da terapia anti-retroviral observa-se uma melhoria nos índices gerais
de saúde e de desenvolvimento desses pacientes (BROWN et al., 2000), bem
como diminuição do aparecimento de lesões bucais (SOARES et a.l, 2004;
FREZZINI et al., 2005). Com isto, o atendimento a estes pacientes tende a se
tornar rotineiro em serviços públicos e consultórios particulares. (PINTO, 2000).
2
Embora a AIDS tenha sido descrita como uma nova e distinta doença em
1981 foi somente a partir da cada de 1990 que começaram a ser publicados
estudos revelando uma elevada experiência de cárie em crianças infectadas pelo
HIV. HICKS et al (2000) relataram que a rie dentária em crianças infectadas
pelo HIV ocorria em maiores proporções em relação aos seus irmãos
soronegativos e a população infantil norte-americana. No Brasil o índice ceod em
crianças aos 5 anos de idade é 2,8 e o CPOD aos 12 anos é 2,78 (SB BRASIL,
2003). Comparando esse dado com estudos realizados com crianças infectadas
pelo HIV no Brasil e em outros países (VALDEZ et al., 1994; TOFSKY et al., 2000;
HICKS et al., 2000; NAIDOO et al., 2004), é possível verificar que as crianças
infectadas apresentam índices altos da doença cárie, principalmente na dentição
decídua, caracterizando-se como uma população de alto risco (SOUZA e
CASTRO, 2008).
Este aumento da prevalência de cárie parece ser um grande problema que
pode estar relacionado a fatores específicos à infecção pelo HIV, como a
diminuição de anticorpos salivares (CASTRO et al., 2004) e redução do fluxo
salivar (RIBEIRO et al., 2002). Estes pacientes também fazem uso contínuo de
medicamentos com alto teor de sacarose (CASTRO et al., 2001), têm repetidos
episódios de internação e dieta rica em carboidratos para reposição calórica
protéica (SOARES, 2004). Além destes fatores específicos, podem ser
observados também os tradicionalmente considerados de risco, como a higiene
bucal que muitas vezes é deficiente, tendo em vista que muitos pacientes
infectados pelo HIV são negligenciados por seus responsáveis (SOUZA e
CASTRO, 2008).
3
A importância no cuidado da saúde bucal e o controle da doença cárie
dependem, dentre outros fatores, de influências culturais, percepções, atitudes,
valores e auto-estima do responsável ou tutor, que deve estar ciente dos fatores
de risco e práticas de cuidado preventivo a fim de proporcionar qualidade na
saúde bucal de seu filho (SANTI et al., 2003). Contudo, em se tratando de
crianças portadoras de necessidades especiais nem sempre isso é possível, pois
geralmente a presença de uma criança com alteração sistêmica traz ao ambiente
familiar mudanças profundas, que podem gerar dois tipos de atitudes dos
pais/responsáveis. A primeira seria a super proteção e a outra seria o sentimento
de rejeição (LANNES e VILHENA-MORAES, 1995). Além deste processo, os
cuidadores envolvidos no manejo da criança infectada pelo HIV/AIDS também
vêem orbitar em torno de si a problemática da revelação do diagnóstico à criança,
da adesão a um tratamento complexo e de longo prazo (ANTLE et al., 2001), do
preconceito (BENNETT et al., 1995; BALBO et al., 2007), da complexidade no
entendimento da doença e dos riscos das infecções oportunistas. Todos esses
fatores fazem com que os agravos sistêmicos se tornem mais valorizados do que
o cuidado com a saúde bucal. O entendimento de que a saúde oral da criança é o
produto de uma trama finíssima de variáveis que incluem, de maneira primordial,
a dinâmica familiar, pode ser sentido através de trabalhos disponíveis na
literatura, nos últimos anos. Tais práticas e atitudes dos familiares ou
responsáveis legais com a saúde oral de crianças especiais foram analisadas
(POMARICO et al., 2003; MARCELINO et al., 2007; GONÇALVES, 2008 ).
Apesar de esforços para a sistematização de experiências relativas ao
atendimento institucional a pacientes infectados pelo HIV, realizadas por
organizações da sociedade civil, muitas delas com apoio governamental e
4
também de agências internacionais, pouco se conhece sobre as dificuldades e os
fatores adversos que estão afetando crianças e suas famílias vivendo com
HIV/AIDS no Brasil (USAID, 2004). Neste contexto, o presente estudo tem por
objetivo avaliar a saúde bucal de crianças infectadas pelo HIV no município do
Rio de Janeiro e a relação entre fatores sócio-demográficos com o conhecimento
e práticas dos cuidadores primários destas crianças que podem estar
influenciando o status atual desta saúde bucal.
2 PROPOSIÇÃO
2.1 Objetivo Geral
Avaliar a relação entre fatores sócio-demográficos e o cuidado dos
responsáveis com a saúde bucal de crianças infectadas pelo HIV no município do
Rio de Janeiro.
2.2 Objetivos Específicos
2.2.1 Determinar a relação entre fatores cio-demográficos dos responsáveis de
crianças infectadas pelo HIV, no conhecimento e atitudes sobre atenção bucal
das mesmas, comparando com crianças sem evidência clínica da infecção.
2.2.2 Determinar a relação entre fatores sócio-demográficos com a prevalência de
carie em crianças infectadas pelo HIV, comparando com crianças sem evidencia
clínica da infecção.
2.2.3 Determinar em que medida o atendimento odontológico no hospital de
tratamento das crianças infectadas pelo HIV, influencia no cuidado dos
responsáveis com a saúde bucal das mesmas.
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA
O presente estudo foi caracterizado como caso controle e descritivo, ao
propor uma análise de correlação entre as variáveis sócio-demográficas,
conhecimentos e práticas no cuidados com saúde bucal dos responsáveis de
crianças infectadas pelo HIV e a prevalência de cárie destas crianças. As
crianças infectadas pelo HIV eram acompanhadas pelo Instituto de Pediatria e
Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG) da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, Hospital Municipal Jesus (HMJ) e Hospital
Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG) da Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro.
O estudo teve seu início somente após a aprovação pelo Comitê de Ética
local de cada hospital onde foi realizado o estudo: IPPMG, HUPE, HMJ,
HUGG, todos situados na cidade do Rio de Janeiro, Brasil (Anexo 1 pág:40,
Anexo 2 pág: 41, Anexo 3 g:42), e após a obtenção do Termo de
consentimento livre e esclarecido devidamente explicado e assinado pelo
responsável legal dos sujeitos da amostra (Anexo 4, pág:43).
Os sujeitos do estudo foram constituídos por dois grupos. O grupo de
estudo que foi formado por crianças de 2 a 5 anos de idade com diagnóstico
definitivo de HIV, pelos critérios CDC (1994) que fazem acompanhamento nos
Serviços de AIDS Pediátrica (IPPMG, HUPE, HMJ, HUGG) e seus respectivos
7
responsáveis. E um grupo controle de crianças da mesma faixa etária de idade,
sem comprometimento sistêmico, ou seja, sem diagnóstico clínico e sem
histórico familiar que justifique suspeita de infecção pelo HIV, que fazem
acompanhamento nos ambulatórios de pediatria nos mesmos hospitais
selecionados do estudo e seus respectivos responsáveis, com exceção do
IPPMG.
O universo amostral dos sujeitos do estudo foi composto de 195 pacientes
infectados pelo HIV de 2 a 5 anos de idade, atendidas em quatro Centros de
Referencia de AIDS Pediátrica do Rio de Janeiro. O lculo amostral foi
realizado assumindo um erro amostral de ±5% e variância de 50%, totalizando
a amostra final em 140 sujeitos para o grupo de estudo (IPPMG: n=83; HUPE:
n=20; HMJ: 17; HUGG: 20) e um número igual de 140 sujeitos para grupo
controle. A seleção da amostra adotou procedimentos por conveniência e não
houve recusa de nenhum individuo em participar do estudo.
Uma versão inicial do roteiro para entrevista foi testada previamente (Jesus
et al.,2008) e na versão final foram modificadas duas perguntas para maior
adequação quanto à linguagem, seqüência e clareza das questões.
Inicialmente os responsáveis foram entrevistados com um roteiro de
perguntas abertas e fechadas. As perguntas tiveram como objetivo
caracterizar sócio-demograficamente esta população e avaliar o conhecimento
e atitudes praticadas relacionadas aos cuidados com saúde bucal dos seus
filhos. (Anexo 5, pág:44).
Após a entrevista, as crianças foram encaminhadas para realização do
exame clínico oral, onde foi determinada a prevalência da doença cárie através
do índice ceod: dentes cariados, extraídos e obturados. O exame clínico foi
8
realizado por um único examinador e consistiu de exame visual, com auxilio de
espelho intrabucal e luz artificial ambiente. Os exames foram realizados em
uma sala do ambulatório médico, com a criança sentada em uma cadeira ou no
colo do responsável e com a cabeça ligeiramente inclinada, ou na posição
joelho-a-joelho. Dez crianças foram re-examinadas para confiabilidade intra-
examinador (Kappa 0.848). (Anexo 6, pág:49).
Os dados sobre a história médica (classificação clínica e imunológica da
doença, tipo de transmissão, tipo de parto, uso de medicamentos
antiretrovirais) e os exames laboratoriais (carga viral, percentual e contagem de
CD4) mais recentes (até 03 meses antes ou após o exame bucal), foram
obtidos dos prontuários médicos de cada paciente. (Anexo 7, pág:50).
Para subsidiar a interpretação, entendimento e discussão dos resultados
obtidos, bem como apresentação dos mesmos e o detalhamento de toda a
metodologia empregada, foi elaborado um artigo científico entitulado: Socio-
demographic background and its relation to the oral health care of HIV infected
children“
4 ARTIGO
Artigo 1 Socio-demographic background and its relation to the oral health care
of HIV infected children”
10
4.1 ARTIGO
Socio-demographic background and its relation to the oral
health care of HIV infected children
Marina Alvine de Jesus
1
Thomaz Chianca
2
Ivete Pomarico Ribeiro de Souza
3
Gloria Fernanda Barbosa de Araujo Castro
2
1
MSc. Student, Department of Pediatric Dentistry and Orthodontics, School of
Dentistry, Federal University of Rio de Janeiro;
2
Associate Professor Department of Pediatric Dentistry and Orthodontics, School
of Dentistry, Federal University of Rio de Janeiro;
3
Professor, Department of Pediatric Dentistry and Orthodontics, School of
Dentistry, Federal University of Rio de Janeiro
ABSTRACT
This work evaluated the relationship between the socio-demographic
characteristics of the caregivers and the oral health care given to their HIV infected
children. A total of 140 HIV+ and 140 healthy children, from 2 to 5 years old who
attended one of four reference hospitals in Rio de Janeiro and their respective
caregivers were enrolled in the study. The caregivers were interviewed for socio-
demographic characteristics, knowledge and attitudes related to oral health care.
After, an oral examination the dental caries prevalence was documented using
dmft. The Chi-square and Mann-Whitney test were used to correlate the variables
and to compare the groups with a 5% significance level. For qualitative analysis
the content analysis method was used in order to identify emerging themes. The
majority of the interviewees were mothers (83.6%), housewives (69.3%), with low
11
education (47.1%) and born in the South/Southeast regions (83.6%). The HIV+
children presented a mean dmft of 3.48±3.14 and the control group 1.02±1.00.
The importance of caring for the deciduous dentition was observed by 54.1% of
the caregivers. In both groups, those who did not considered care for this dentition
important had also never received any previous information about oral health
(p<0.01); 54.3% had already taken their children to a dentist appointment at least
once; those born in the North/Northeast had taken their children to the dentist less
frequently (p=0.02); 65.0% supervise their children during toothbrushing, a fact
related to dentist orientation (p<0.01). The low level of education influenced the
attitudes of not taking deciduous dentition seriously (p<0.01), of not taking their
children to the dentist regularly (p<0.01) and in the dmft index (p<0.01). In
summary, the low educational level and the birth place of the caregiver play a
significant role in the oral health care of HIV+ and healthy children.
INTRODUCTION
In the present era of the Highly Active Antiretroviral Therapy (HAART), established
in the 1990´s, human immunodeficiency virus (HIV) infected children and
adolescents are living longer.
I
nside this reality, its becomes necessary to study
other aspects of the disease, in order to promote a better prognostic and with this
a better quality of life for these children.
1
It is well established that having HIV/AIDS can increase the risk for developing oral
infections.
2,3
Oral health needs and utilization of dental services among HIV
infected children are high
4,5,6
and some studies have reported higher rates of
caries in primary teeth.
Although important for everyone, oral health is even more
critical for these children
2,3
because the an unhealthy oral cavity can affect their
12
quality of life, complicate treatment of medical conditions and create or exacerbate
psychosocial problems.
7
Several factors can explain the high levels of dental caries found among these
individuals, including long-term use of sugar-containing medicines
8
, reduction of
salivary flow
9
, decreased salivary antibodies
10
and feeding practices
(carbohydrate rich diet).
11
A wide range of concurrent factors, such as social
status, ethnicity, education and oral health behavior has also been associated with
this condition.
6, 12, 13
Also, the oral health care practices of the caregivers can
influence the status of their children’s oral health.
In Brazil, there is limited knowledge about the difficulties and adverse factors that
affect children living with HIV / AIDS and their families in terms of oral health care.
To reestablish and preserve the oral health of these children, the adherence to
oral health care programs as well as the collaboration of the family unit is of great
importance. However, the attitudes and practices of the caregivers are often not in
line with the guidelines of the dental professionals, and so this may influence the
oral health status.
14
. The aim of the present study is to determine the relationship
between the socio-demographic characteristics of the caregivers and the care
given to the oral health of their children living with HIV.
Also, the study compares
the knowledge and practices of caregivers of HIV infected children that have or do
not have dental services included in the treatment at the hospital they attend.
METHODS
Design /Population Study
This study is a case control, descriptive investigation that was conducted over one
year. HIV infected children aged 2-5 years old and their caregivers, who attended
13
one of the four reference hospitals in HIV treatment in Rio de Janeiro, were
selected. The four hospitals were: Institute of Puericultura and Pediatric Martagão
Gesteira (IPPMG) at the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ); Pedro
Ernesto University Hospital (PEUH) at the State University of Rio de Janeiro
(UERJ); Gaffreé e Guinle University Hospital (GGUH) and Jesus Municipal
Hospital (JMH). From a total of 195 children infected with HIV (HIV+) being
monitored at these hospitals, 140 children and their caregivers were selected as
the study sample. The sample size calculation assumes a sampling error of ± 5%
and 50% of variance.
An equal number of healthy children of the same age were selected from the same
hospitals to serve as the control group. We considered healthy children as those
without a medical history relate to systemic disease, with no clinical signs of
disease and who were not taking any medication.
All participants were informed about the purpose of the study and gave their
signed consent. The research was approved by the ethics committees of all four
participating hospitals. The caregivers and children who participated in the study
received instruction about dental care and access to dental treatment at the
pediatric dental clinic at UFRJ was available for children who required treatment.
Main study
A questionnaire containing both closed- and open-ended questions was
elaborated and was used as a guide for interviewing the caregivers, one per child
from both groups (HIV+ and control). First the caregiver’s socio-demographic
characteristics were assessed: age, sex, relationship, occupation, educational
level, place of birth and religion. The educational level was categorized as: low (up
14
to 7 years of study), medium (8 to 11 years of study) and high (more than 11
years). Also, we assessed the knowledge and practices related to oral health care
and management of their children. After a pilot study the final version of the
questionnaire used in the current study had two questions modified to improve its
clarity and readability.
After the interview with the caregivers, an oral exam of each child was conducted.
The exam consisted of palpation and inspection of the mouth, using a mouth
mirror, gauze and ambient light. Dental caries prevalence was documented using
the dmft index (number of decay, missing and filed tooth) and by a single examiner
who was properly trained to use the method. Ten children were re-examined for
intra-examiner reliability -- was achieved in recording dmft (Kappa 0.848).
Data analysis
The data from the interview was categorized and tabulated in the Statistic Program
EPInfo 6.04. We compared the categorical social demographic variables between
case and control groups using the Chi-square test. For continuous variables we
used the Mann-Whitney non-parametric test, considering its non normal
distribution. We also stratified the HIV+ group in two sub groups (HIV children
attended in a Hospital with (group 1) or without (group 2) dental appointments).To
compare the categorical and continuous variables between these two sub groups,
we carried out the same analyses as above. A significance level of 5% (p<0.05)
was used. Finally, for qualitative analysis we used the content analysis method to
identify emerging themes.
RESULTS
Characterization of the study participants
15
Two hundred and eighty caregivers responsible for 140 HIV infected children
(HIV+ /study group) and 140 healthy children (control group) with mean age
35.5±11.4 and 34±12.4, respectively, were interviewed. In the two groups, most
interviewees were mothers, housewives, with low education incomplete
elementary school, religious and born in the South/Southeast regions of the
country (Table 1). The groups did not differ statistically when these variables were
compared (p>0.05). In relation to the children, the mean age was 3.97±1.15
(HIV+) and 3.85±1.10 (control) (p<0.01). In both groups, most children were
female and the HIV+ children presented more caries (mean dmft 3.48±3.14) than
the control group (1.02±1.8) (p<0,01) (Table 1).
Interview – knowledge and oral hygiene habits
The results for all 12 questions included in the study are shown by group
(HIV+ vs. control) in Table 2.
When questioned about how they perceived the oral health of their children, 38.6%
and 43.6% of the caregivers (HIV+ and control respectively) considered it to be
good, with the justification that their children did not seem to have caries.
Regarding their children’s primary dentition, the majority (54.1% HIV+ and 56.4%
control) agreed it was important. In the HIV+ group, almost half of them (45.7%)
justified their assessment by the fact that primary teeth influence the eruption of
the permanent dentition; 23.6% indicated that primary teeth are important for
chewing and 25% said that keeping those teeth healthy is important for the
children to maintain a good permanent dentition. Most caregivers form both groups
had not received any previous orientation about oral health: (54.3% HIV+; 60.7%
control) and this was associated with fact that these caregivers did not considered
primary dentition important (p<0.01). Supervising their children when
16
toothbrushing is part of the routine of 65.0% of the caregivers of the HIV+ children
and only 28.5% of the caregivers of HIV- children (p<0.01). Most of those who
carried out the practice of supervised toothbrushing in both groups had received
prior guidance on oral health (p<0.01). Almost a quarter of the caregivers of HIV
infected children (22.1%) indicated that their children did not brush their teeth
while this proportion was much lower among caregivers of HIV- children (12.9%)
(p<0.01). Feeling bad about forcing their children to do another thing among all the
other unpleasant things they have to deal with as part of their daily routine was the
main reason presented by caregivers of HIV+ children for not enforcing
toothbrushing. The following are some original responses from interviewees that
illustrate their concerns with enforcing toothbrushing for their HIV+ children.
My son doesn’t let me brush his teeth and I dont enforce it. He already suffers a
lot because of the disease; he takes many medicines and I feel very bad by
enforcing him to do it.”
“My daughter doesnt like brushing her teeth, she cries a lot. I feel very bad and
stop insisting.”
In terms of receiving dental care, more HIV+ children (54.3%) than HIV- children
(32.9%) had already been to a dentist (p<0.01). Of the 64 caregivers of HIV+
children who indicated that their children had never been to a dentist, 15.7% were
afraid their children would be discriminated by the professional; 5.7% thought their
children were too small to go to the dentist; and 2.9% did not have access to
dental care. The following are some original responses from interviewees that
illustrate their reasons for never taking their HIV+ children to the dentist.
17
“I have never taken her to the dentist because I am afraid of discrimination due to
the disease. I know how it is and she has already suffered a lot. I don’t want her to
be in the same situation again.”
“He is only three years old. I think he is too small to go to the dentist. I didn’t even
know that babies could go to the dentist.”
I already tried, but I am still waiting to schedule an appointment at the health
center. I have been waiting for this appointment for one year.”
Among the children who had already been to a dentist (122 children) there
was no difference between HIV+ and control group in terms of taking the children
to the dentist on a regularly basis.
When questioned if any event influenced their behavior towards the oral care of
their children, most caregivers, from both groups, did not report any specific event.
However, 27.8% of HIV+ caregivers reported events that influenced their behavior.
The following are some original responses from interviewees that illustrate the kind
of events that influenced their attitude to care for the oral health of their HIV+
children.
I have already suffered a lot because of tooth problems; they are totally decayed.
I don’t want my son to be in the same situation as I am.”
“I had never had the opportunity to go to the dentist; I want my daughter to get the
opportunity to have healthy teeth.”
“I had a very strict education in oral hygiene; I teach her everything I learned and
that’s why I always bug her about her teeth.”
The caregivers of HIV infected children were questioned if they had previously
received orientation about the particularities of oral health in HIV infected patients
and 71.5% of them had not received any previous orientation; for the few who had
18
received orientation (n=40) all were aware about the appearance of lesions in the
oral cavity due to HIV virus (p<0.01). When asked about the importance of dental
treatment for HIV infection, 36.4% of interviewees reported that they valued the
work by dentists and the majority of them had already received previous
orientation (p<0.01).
About one third (37.9%) of respondents did not believe that their HIV+ children
were more likely to develop dental caries than HIV- children; they believed that
poor dental hygiene and not the HIV virus caused the dental cavities. The
following are original answers from interviewees that do not believe in the
relationship between HIV+ children and the possibility of having more caries than
HIV- children.
“My daughter is HIV infected and she has never had caries. I think sugar and
precarious hygiene cause caries, but not the virus, or my daughter would already
have had some”.
Most of the HIV+ children (74.2%) are attended in hospitals that offer dental care.
Comparing these two sub groups, 92.0% of their caregivers reported the value of
primary dentition (p<0.01) and 82.5% of them supervised their children’s
toothbrushing (p<0.01). The mean dmft of these children is lower (2.96±2.54)
when compared to those who are attended hospitals that do not offer dental care
(4.0±4.8) (p=0.04).
Relating the socio-demographic characteristics with knowledge, attitudes and
practices related to oral health care: the educational level was directly related with
the importance given to primary dentition (p<0.01), regular dental visits (p<0.01)
and dental caries history (p<0.01) in both groups. Considering the caregivers who
were born in the North/Northeast Regions: the caregivers responsible for HIV+
19
children had never taken their children to a dental appointment (p=0.02). Although
it is not statistically significant, 87% of the HIV- caregivers who were born in the
same North/Northeast regions also had never taken their children to a dental
appointment (p>0.05). The other socio-demographic characteristics were not
correlated with knowledge, attitudes and oral health care practices.
DISCUSSION
Individuals who care for HIV+ children are immersed in a complex scenario.
Not only the long term nature that the HIV treatment imposes on them, but also the
long living prejudice
4,15
. Even under these circumstances, in the present study, the
majority of them gives importance to the primary dentition; supervise their
children’s toothbrushing and take their children for regular dental visits. One
possible explanation for this finding could be that the great majority of HIV+
children participating in this study are attended at hospitals that offer specialized
oral care services.
Although most caregivers take their children regularly to dental appointments,
some of them report difficulties in accessing dental care due to fear of been
discriminated. This, in particular, has been acting as a social exclusion tool since
the beginning of the HIV epidemic, as observed in other studies.
6,16,17
Several studies have shown that individuals with low socioeconomic and
education level have less access to dental care than individuals with a higher
socioeconomic and education level.
4,18,19
Most HIV infected children have been
shown to come from low income families
4,19
. Our study not only corroborated
these findings, since the majority of the interviewed caregivers (47.1%) presented
low educational level, but also showed that this particular characteristic is
20
significantly influencing the oral health care behavior of these HIV+ children and
their caregivers. Surprisingly, in the group of HIV- children, no differences in the
oral health care behavior is observed, suggesting that the social level, rather than
the HIV serology status per se, is the main determinant of the oral health care
behavior in this population.
Some demographic characteristics were also a significant factor that influenced
the attitudes of caregivers in relation to oral health care of children infected with
HIV in our study. Never taking his son to the dentist was more frequent among
those caregivers who were born in the North and Northeast. These two regions
are among the poorest regions in Brazil so these caregivers are emigrants that
come to the South/Southeast to improve their life. We believe that their access to
health information was limited where they lived, which may have influenced their
present knowledge and practices about oral health care. Some studies showed
that the availability and ease of access to dental services in some regions, as well
as the geographic distribution of dentists (dentist / population) has a decisive
influence on the use of dental services
20,21,22
. In Brazil, the highest concentration
of these professionals is found in the South and Southeast and lowest in the
North, Northeast and Midwest
23
. Also, the majority (65.8%) of the caregivers form
North/Northeast had a low educational level (data not shown). The increased
presence of caries in HIV infected children when compared to those who are non-
infected is described in various studies
1,2,3
and our study corroborated those
findings. Many factors could influence this result, especially the poor quality of oral
hygiene and although this factor has not been investigated in this study, we find
that this fact does not contribute to the high caries index. The caregivers
responsible for the HIV infected children were shown to be more careful with the
21
oral health than those who were part of the control group. Even so, in the present
study we observe a higher rate of caries in HIV+ children, leading us to believe
that chronic use of sweetened medicines (antiretroviral therapy), alterations of the
salivary flow and immunosuppression are additional specific predisposing factors
which immunocompromised children are exposed to.
9,10
Having access to dental care at the hospitals where they receive treatment seems
to have had a positive influence in the oral health of HIV+ children. Our study
demonstrated that caregivers of HIV+ children who received dental care in the
hospitals where they were being treated for their condition tend to give more
importance to the primary dentition and to supervise their children’s toothbrushing
than caregivers of HIV+ children who did not have access to regular dental
treatment as part of their HIV/AIDS treatment. Furthermore, the former is less
affected by dental caries than the others.
Based on the observed results of our sample, we consider that low educational
level and the birth place are associated and play a role in oral health knowledge
and practices in the HIV infected and control groups. However, the oral health
actions of the caregivers of those who were attended in hospitals that offer oral
health care were more adequate. It clearly indicates that a wider amplification of
specialized oral health care units along the public health care system would
produce an overall improvement in oral health in Brazil.
This study approached psychosocial questions and difficulties that affect HIV
infected children and their families, showing the importance of the identification of
these problems by health professionals. These difficulties must be valorized and
the pediatric dentist is involved in this process in order to offer integral and
multidisciplinary assistance.
22
REFERENCES
1. Hicks MJ, Flaitz CM, et al. Dental caries in HIV-infected children: A longitudinal
study. Pediatr Dent. 2000; 22(5):359-365.
2. Naidoo S, Chikt EU. Oral-facial manisfestation in paediatric HIV: a comparative
study of institutionalized and hospital outpatients. Oral Diseases.2004; 10:13-18.
3. Cerqueira DF, Oliscovicz N, Pomarico L, Souza IPR, Castro GF. Incidence of
caries/oral manifestations in HIV+ children of dental-care project. J Dent Res, v.85,
Special Issue A ( CD-Rom of Abstracts), abstr.1010, 2006a.
4. Broder HL, Catalanotto FA, Reisine ST, Variagiannis E. Adherence is poor among
HIV-infected children with unmet dental needs. Pediatr Dent. 1996; 18(2):117-118.
5. Jandinski J, Schoen D, Tofsky N, Catalanotto FA, Variagiannis E. Oral pathology
and pain in pediatric AIDS, J Dent Res. 1995;74:abstract 1003.
6. Broder HL, Russell S, Catapano P, Reisine S. Perceived barriers and facilitators to
dental treatment among female caregivers of children with and without HIV and
their health care providers. Pediatric Dentistry. 2002; 24(4):301-308.
7. AIDS Institute. Oral health care for adults, adolescents and children with HIV
infection. 1 ed. Albany,N.Y: New York State Department of Health; 1998.
8. Castro GF, Souza IPR, Oliveira RHS, Portela MB, Esteves C. Prevalence of caries
and its correlation with clinical and immunological classification in HIV-infected
children. Pesq Odontol Bras.2001; 15(2):91-97
9. Ribeiro AA, Portela M, Souza IPR. Relação entre biofilme, atividade de carie e
gengivite em crianças HIV+. Pesq Odontol Bras. 2002; 16(2):144-150, 2002.
10. Castro GF, Souza IPR, Silva SLM, Stashenko P, Teles RP. Salivary IgA to
cariogenic bacteria in HIV-positive children and its correlation with caries
prevalence and levels of cariogenic microorganisms. Oral Microb Immunol. 2004;
19(5):281-288.
11. Soares LF, Castro GFBA, Souza IPR, Pinheiro M. Pediatric HIV-related oral
manifestations – A five-years retrospective study. Pesqui Odontol Bras. 2004;
18(1):6-11.
12. Hinds K, Gregory JR. National diet and nutrition survey: children aged 1.5 to 4.5.
Report of the Dental Survey. London: HMSO Department.1995;2.
23
13. Santi LN, Nakano AMS, Carvalho MGB, Kanaan DDM. Caring the child s oral
health: what does it mean for a group of women? Biblioteca Digital de Teses e
Dissertações da USP: Escola de enfermagem da Universidade de São Paulo,
2003.
14. Broder HL, Russel EV, Reisine ST. Oral health perceptions and adherence with
dental treatment referral among caregivers of children with HIV. AIDS Education
and Perceptions 1999; 11(6):541-551.
15. Roberts IF, Roberts GJ. Dental disease in chronically sick children. J Dent Child
1981; 48(5):346-351.
16. Gerson AC, Jyner M, Fosarelli P, Butz A, Wissow L, Lee S, Marks P, Hutton N.
Disclosure of HIV diagnosis to children: when, where, why and how. Journal of
Pediatric Health care. 2001; 15(4):161-167.
17. Instone SL. Perceptions of children with HIV infection when not told for so long:
Implications for diagnosis disclosure. Journal of pediatric Health Care.
2000;14(6):235-243.
18. Ismail AI, Sohn W. The impact of universal dental care on disparities in caries
experience in children. JADA 2001; 132(3):295-303.
19. Brown JB, Rosenstein D, Mulloly J, Rosetti MO, Robinson S, Chiodo G. Impact of
intensified dental care on outcomes in human immunodeficiency virus infection.
Aids Patient Care and DSTs 2002; 16(10):479-486.
20. Hëloe LA, Tronstad L. The use of dental services among Norwegian adults in 1973.
Community Dent Oral Epidemiol.1975;3(3):120-5.
21. Mcgrath C, Bedi R, Dhawan N. Factors influencing older people’s self reported use
of dental services in the UK. Gerodontology.1999;16(2):97-102.
22. Matos DL, Giatti L, Costa MFL. Socio-demographic factors associated with dental
services among Brazilian older adults: a study based on the National Household
Sample Survey. Cad Saúde Pública.2004;20(5):1290-97.
23. Lima IC. Odontologia: um mercado cada vez mais difícil. Jornal da Associação
Paulista de Cirurgiões- dentistas. 2000;35:26.
24
Table 1: Socio-Demographic characteristic population study
* Educational Level: Low (up to 7 years of study); Medium (8-11 years); High (> 11 years)
** Significance Statistic, (p<0.05), Mann-Whitney test
Socio-Demographic characteristic
Children’s Caregivers
HIV
-
(140)
Age
(years)
Average/sd
35.5±11.4
34.0±12.4
Sex
Male
10(7.2%)
67(47.9%)
Feminine
130(92.8%)
73(52.1%)
Type of Relationship
Mother
117(83.6%)
107(76.4%)
Others (father, grandparents, aunts,
uncles)
23(16.4%)
33(23.6%)
Occupation
Housewife
97(69.3%)
87(62.1%)
Work
43(30.7%)
53(37.9%)
Educational Level*
Low level
66(47.1%)
56(40.0%)
Medium level
32(22.9%)
42
(30.0%)
High level
42(30.0%)
42(30.0%)
Place of Birth
South/Southeast Regions
117(83.6%)
123(87.9%)
North/Northeast Regions
23(15.7%)
17(11.4%)
Religion
Yes
79(56.4%)
95(67.9%)
No
61(43.6%)
45(32
.1%)
Children
HIV+ (140)
HIV
-
(140)
Age
(years)
Average/sd
3.97±1.15**
3.85±1.10**
Sex
Male
67(47.9%)
70(50.0%)
Feminine
73(52.1%)
70(50.0%)
25
Table 2: Knowledge and Practices about oral health care of the caregivers for HIV+ and
HIV - children
Knowledge factors
Caregivers HIV+
children
N=140
Caregivers HIV-
children
N=140
How do you evaluate the oral
health of your child?
Good
Bad
Regular
54(38.6%)
39 (27.8%)
47 (33.6%)
61 (43.6%)
38 (27.1%)
40 (28.3%)
Do you think the deciduous
teeth important?
Yes
No
75 (54.1%)
65 (45.9%)
79 (56.4%)
61 (43.6%)
Ha
ve you received previous
instruction on oral health care?
Yes
No
64 (45.7%)
76 (54.3%)
55 (39,3%)
85 (60,7%)
Has some event influenced the
way you care for your child’s
teeth?
Yes
No
39 (27.8%)
101 (72.1%)
13(9.3%)
127 (90.7%)
Practices
Who brushes your children’s
teeth?*
Children
Responsible/children
Do not brush
18 (12.9%)
91 (65.0%)*
31 (22.1%)
82 (58.6%)
40 (28.5%)*
18 (12.9%)
Has your child been to a
dentist? *
Yes
No
76 (54.3%)*
64 (45.7%)
46 (32.9%)*
94 (67.1%)
Do you take him to the dent
ist
regularly?
Yes
n=122
No
70 (92.1%)
6 (7.9%)
45 (97.8%)
1 (2.2%)
Knowledge factors about HIV infection
Can the HIV virus cause some
kind of wound in the mouth?
Yes
No
Don't know
70 (50,0%)
27 (19,2%)
43 (30,8%)
-
-
-
Do you think an HIV+ child can
have tooth decay with more
easily?
Yes
No
Don't know
31 (22,1%)
53 (37,9%)
56 (40,0%)
-
-
-
Have you received previous
instruction about oral health in
particular for HIV+ patients?
Yes
No
40 (28,5%)
100 (71,5%)
-
-
Do you considers the role of
the dentist for HIV+ patients
important?
Yes
No
51 (36,4%)
89 (63,6%)
-
-
Is dental care provided at the
hospital where your child
receives treatment?
Yes
No
104(74,2%)
36(25,8%)
-
-
* Statistic significant P valor: (p<0.05), Chi-square and Mann-Whitney test
5 DISCUSSÃO
Ao realizar um estudo que se propõe avaliar aspectos sócio-demográficos,
conhecimentos e atitudes de grupos distintos, é importante que na sua
metodologia esteja aliada a análise quantitativa à qualitativa, com o intuito de
obter um resultado mais fidedigno possível. O instrumento utilizado neste estudo
foi a entrevista, realizada através de um roteiro (formulário). Para BOGDAN &
BIKLEN (1994), as entrevistas podem constituir o principal recurso para a coleta
de dados.
No presente estudo, antes de iniciar as entrevistas, realizou-se um pré
teste em outra instituição, com outro grupo de responsáveis. De acordo com
RUMMEL (1981) e LAKATOS & MARCONI (1991), antes das entrevistas da
pesquisa propriamente dita, o pesquisador deve entrevistar pessoas que não
integram a amostra. Segundo RUMMEL (1981), este procedimento auxilia o
pesquisador a aperfeiçoar a sua técnica de elaborar perguntas e deve fornecer
alguma indicação do tipo de respostas que ele espera obter. Reforçando a
importância do pré-teste, LAKATOS & MARCONI (1991) citam que este ajudará a
evidenciar possíveis falhas existentes no formulário, permitindo-lhe, desta forma,
reelaborá-lo.
As entrevistas deste estudo seguiram padrão estruturado, com perguntas
pré-determinadas. De acordo com LAKATOS & MARCONI (1991), este tipo de
entrevista possibilita a comparação das respostas e tem como vantagens a
possibilidade de ser utilizada em todos os segmentos da população; maior
27
flexibilidade, permitindo ao entrevistador reformular as perguntas, o que garante a
compreensão ao entrevistado; registro de reações e gestos do entrevistado,
facilitando avaliação das atitudes e condutas do entrevistado sobre o que diz e
como diz; obtenção de dados que não se encontram em fontes documentais;
informações mais precisas, as quais permitem imediata comprovação das
discordâncias; e finalmente, a criação de condições para que os dados sejam
quantificados e submetidos a tratamento estatístico. Porém, existem, algumas
limitações, como dificuldade de comunicação entre ambas as partes;
incompreensão por parte do informante, a qual pode levar a falsas interpretações;
possibilidade de o entrevistado ser influenciado pelo entrevistador; retenção de
alguns dados importantes por parte do entrevistado por receio de que sua
identidade seja revelada; a dificuldade de realização (LAKATOS & MARCONI,
1991), o excesso de tempo ocupado e a pouca disposição do entrevistado em
fornecer as informações (LAKATOS & MARCONI, 1991; RUMMEL, 1981).
A entrevista (formulário) utilizada no presente estudo consistia de
perguntas abertas e fechadas. Para RUMMEL (1981), a decisão sobre a utilização
de perguntas abertas ou fechadas, cabe ao pesquisador, porém nos dois casos
existem limitações, como a possibilidade de omissões inadvertidas por parte dos
entrevistados no primeiro caso e a de indução de respostas, no segundo. De
acordo com KUUSELA et al. (1997), todos os métodos para coleta de dados de
higiene bucal têm limitações, sendo que o único meio eficaz seria conviver
diariamente com essas pessoas, observando seus hábitos de higiene pessoal, o
que seria quase impossível no nosso caso.
Segundo o boletim epidemiológico de doenças transmissíveis, no município
do Rio de Janeiro, até ano de 2008 foram notificados 895 casos de crianças
28
menores de 13 anos com AIDS (Brasil 2008). Devido a população do presente
estudo se encontrar na faixa etária de 2 e 5 anos, o número de casos de crianças
com AIDS nesta faixa etária seja bem menor. A fim de tornar a amostra do
presente estudo representativa para o município do Rio de Janeiro, buscamos
captar pacientes que estão em acompanhamento nos quatro principais hospitais
de referência no município do Rio de Janeiro para tratamento da infecção pelo
vírus HIV em pacientes pediátricos. Sendo assim, do universo total de 195
crianças entre 2 a 5 anos em acompanhamento nos quatro hospitais de
referencia, o estudo buscou estudar uma amostra de 140 através de um calculo
amostral representativo.
Estudos realizados sobre saúde bucal de pacientes de grupos
socioeconômico e cultural menos favorecidos indicam que estes apresentam um
deficiente acesso a cuidados odontológicos quando comparados com pacientes
de níveis mais elevados (BRODER et al., 1996; BRODER et al., 1999; ISMAIL et
al., 2001). Crianças e adolescentes infectados pelo vírus do HIV geralmente
pertencem a estes grupos menos favorecidos (BRODER et al., 1996; BROWN et
al., 2002) e este dado foi observado no presente estudo, no qual 47,1% dos
responsáveis entrevistados apresentavam baixo nível de escolaridade, ou seja,
ensino fundamental incompleto, com a 7 anos de estudo. Esta característica
influenciou significativamente no comportamento e atitudes dos responsáveis em
relação ao cuidado com a saúde bucal das crianças infectadas pelo HIV.
Resultados semelhantes foram observados no grupo dos responsáveis pelas
crianças não infectadas pelo vírus HIV. Ambos os grupos apresentaram
características, comportamento e atitudes no cuidado com a saúde bucal muito
29
semelhante, sugerindo que o nível sócio-demográficol, por si só, é o principal
determinante no cuidado com a saúde bucal na população estudada.
A região demográfica foi também um fator significativo que influenciou nas
atitudes dos responsáveis em relação ao cuidado com saúde bucal das crianças
infectadas pelo HIV. No presente estudo, jamais ter levado seu filho ao dentista foi
mais freqüente entre os responsáveis que nasceram nas regiões Norte/Nordeste,
quando comparados aos das regiões Sul/Sudeste. As diferenças regionais
sugerem outros fatores como acesso a serviço, vel sócio-econômico e
escolaridade são responsáveis por essas diferenças. Estudos conduzidos em
países, como a Inglaterra e Brasil mostraram que a disponibilidade e a facilidade
de acesso a serviços odontológicos em certas regiões, bem como a distribuição
geográfica dos cirurgiões-dentistas (taxa dentista/ população) têm uma influência
decisiva no uso de serviços odontológicos (HELOE et al., 1975; MCGRATH et al.,
1999; MATOS et al., 2004). No Brasil, as maiores concentrações desses
profissionais são observadas nas regiões Sul e Sudeste, e as menores, nas
regiões Norte, Nordeste e Centro- Oeste (LIMA, 2000). O que pode limitar o
acesso destas pessoas a informações e ao cuidado com a saúde oral. Isso pode
ter influenciado o conhecimento atual desses cuidadores emigrantes. Além disso,
a maioria dos cuidadores que vieram da região Norte/Nordeste tinha baixa
escolaridade (dado não mostrado).
Os responsáveis que cuidam das crianças infectadas pelo HIV estão
imersos em um cenário complexo. Não pela gravidade da doença e do
tratamento de longo prazo para HIV, mas também pelo convívio com o
preconceito ao longo da vida o que também limita o acesso a informação e
30
conhecimento. Estes aspectos particulares da doença podem se sobrepor ao
cuidado com a saúde bucal. (ROBERSTS et al., 1981; BRODER et al., 1996;
BRODER et al., 2002). Diante da problemática relatada anteriormente, os
resultados encontrados no presente estudo nos surpreenderam, pois 54,1% dos
responsáveis relataram sua valorização à dentição decídua; 65% dos
responsáveis praticam escovação supervisionada em seus filhos e 50% levam
seus filhos para visitas regulares ao dentista. Uma possível explicação para este
achado pode ser que a maioria (74,2%) das crianças infectadas pelo HIV
participantes deste estudo são atendidas em hospitais que oferecem serviços de
atendimento odontológico.
O acesso à assistência odontológica é um ponto muito discutido e
observado em outros estudos (INSTONE, 2000; GERSON et al., 2001; BRODER
et al., 2002). Embora no presente estudo a maioria dos responsáveis
apresentarem o hábito de levar regulamente seus filhos ao dentista, 15,7% dos
que não apresentam este hábito afirmam dificuldades no acesso à assistência
odontológica, devido ao medo da discriminação, que desde o inicio da epidemia
vem funcionando como um mecanismo de ampla exclusão social.
Religiosidade é definida como a adesão a crenças e práticas relativas a
uma igreja ou instituição religiosa organizada. (LUKOFF, 1992). No contexto de
cuidados a saúde, observa-se alusão freqüente à influência de aspectos religiosos
como auxiliares na cura e no tratamento de doenças. PARGAMENT, (1990)
observou que as pessoas atribuem a Deus o aparecimento ou a resolução dos
problemas de saúde que as acometem e recorrem muitas vezes a ele como
recurso cognitivo, emocional ou comportamental para enfrentá-los. Outro estudo
realizado por SIEGEL & SCHIMSHAW, (2002) investigou os benefícios
31
percebidos na utilização do enfrentamento religioso. Os participantes relataram
uma variedade de benefícios provenientes de suas crenças e práticas dessa
natureza, incluindo: favorecimento de emoções e sentimentos de conforto,
sensação de força e controle, disponibilidade de suporte social e senso de
pertencimento, facilitação da aceitação da doença, alívio do medo e da incerteza
perante a morte. Esses aspectos sugerem mecanismos potenciais de como a
religiosidade pode afetar a adaptação psicológica em contextos de ameaça ou
danos à saúde. Embora seja um ponto interessante abordado no presente
estudo, não encontramos diferenças quando consideradas as variáveis de
conhecimento e práticas com a religião e nem entre os grupos.
Estudos tem demonstrado que crianças infectadas pelo HIV tendem a ter
maior experiência de cárie do que as crianças saudáveis ( MADIGAN et al., 1996;
SOUZA et al., 1996; NAIDOO et al., 2004; CERQUEIRA et al., 2006). Em um
estudo com 90 crianças infectadas pelo HIV e 57 crianças não infectadas, se
observou uma prevalência de ceo-d 3,8 e 1,5 respectivamente( MADIGAN et al.,
1996). Em um outro estudo realizado tamm com crianças infectadas pelo HIV e
crianças não infectadas pelo HIV, a prevalência de ceo-d foi 4,1 e 2,0
respectivamente (CERQUEIRA et al., 2006). Comparando com nossos resultados
a prevalência da doença cárie em ambos os grupos de crianças infectadas pelo
HIV e crianças não infectadas pelo HIV foi bastante semelhante (3,48 e 1,02)
respectivamente. Este parece ser um grande problema que está relacionado a
diversos fatores risco, como higiene oral deficiente devido ao fato de muitos
pacientes serem negligenciados por seus responsáveis, a falta de informação
quanto a práticas adequadas para essa higiene e a culpa pela situação de seu
filho (SOUZA & CASTRO 2008). No presente estudo os responsáveis das
32
crianças infectadas pelo HIV demonstraram ser bastante cuidadosos com a saúde
bucal dos seus filhos. Além dos fatores de risco citados, o uso prolongado de
medicamentos açucarados (terapia anti-retroviral), alterações no fluxo salivar e
imunossupressão representam fatores predisponentes adicionais aos quais as
crianças imunocomprometidas estão sujeitas (RIBEIRO et al., 2002; CASTRO et
al., 2004; SOUZA & CASTRO, 2008).
A importância da existência de serviços na atenção a saúde bucal
ambulatorial para as crianças infectadas pelo vírus HIV nos hospitais onde as
mesmas realizam tratamento para sua doença pode ser demonstrada pela
influencia positiva e significativa na saúde oral dessas crianças. O presente
estudo demonstrou que os responsáveis e crianças infectadas pelo HIV que
receberam atendimento odontológico nos hospitais que estavam sendo tratados
por sua condição, valorizavam o cuidado com a dentição e tamm apresentavam
o hábito de supervisionar a escovação de seus filhos. Alem disso, crianças que
receberam atendimento odontológico foram menos afetadas pela doença cárie do
que aquelas que não receberam atendimento odontológico, talvez por não haver
esse tipo de serviços no hospital onde realiza seus tratamento para a infecção
pelo HIV. Sugere-se que a maioria das crianças e seus responsáveis participantes
receberam estas orientações em função do serviço oferecido no ambulatório,
mostrando a importância da necessidade da implantação de serviços
odontológicos em hospitais onde não há esta prática.
6 CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos no presente estudo, pode-se concluir que:
6.1. O baixo nível escolaridade (até 7 anos de estudo) e o local de nascimento
dos responsáveis tiveram relação com o conhecimento e atitudes na saúde bucal
das crianças infectadas pelo HIV e das crianças saudáveis.
6.2. O baixo nível de escolaridade teve relação significativa com aumento da
prevalência de cárie em ambos os grupos. Onde a prevalência de cárie (ceo-d) na
cavidade bucal em crianças infectadas pelo HIV foi (3,48) significativamente
maior, quando comparadas com as crianças não infectadas (1,02).
6.3. As crianças infectadas pelo HIV que eram pacientes de hospitais onde houve
acesso ao atendimento odontológico apresentaram prevalência de cárie
significativamente menor, alem da maior valorização ao dente decíduo e a
freqüência na pratica da escovação supervisionada das mesmas por seus
responsáveis.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTLE, B.J.; WELLS, L.M.; GOLDIE, R.S. et al. Challenges of parenting for families
living with HIV/AIDS. Soc Work, Toronto, v.46, n.2, p. 159-169, Apr. 2001.
BALBO, P.L.; JUNIOR, A.L.R.; CERVI, M.C. Caracterização dos cuidadores de
crianças HIV+/AIDS abordando a qualidade de vida, a classificação socioeconômica e
temas relacionados à saúde bucal. Ciênc. saúde coletiva, São Paulo, v.12, n.5, p.
1301-07, Set-Out. 2007.
BENNETT, M.E.; WEYANT, R.J.; WALLISCH, J.M. et al. Dentists attitudes toward the
treatment of HIV- positive patients. J Am Dent Assoc, Pittsburgh, v. 126, n.4, p.509-
14, Apr. 1995.
BODGAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação uma introdução à
teoria e aos métodos. Porto Codex: Porto editora, 1994. 336 p.
BRASIL MS/SAS. PROJETO SB BRASIL 2003. Condições de saúde bucal da
população brasileira 2002-2003 Resultados Principais. Brasília, 2004.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE.
Programa Nacional de DST e AIDS. Boletim Epidemiológico de AIDS ano 4, n.1.
Brasília; janeiro a junho, 2008.
BRODER, H.L.; CATALANOTTO, F.A.; REISINE, S.T. et al. Adherence is poor among
HIV-infected children with unmet dental needs. Pediatr Dent, New Jersey, v.18, n.2, p.
117-8. Mar-Apr. 1996.
BRODER, H.L.; RUSSEL, E.V.; REISINE, S.T. et al. Oral healthperceptions and
adherence with dental treatment referral among caregivers of children with HIV. AIDS
Educ Prev, New Jersey, v.11, n.6, p. 541-51, Dec. 1999.
BRODER, H.L.; RUSSELL, S.; CATAPANO, P. et al. Perceived barriers and facilitators
to dental treatment among female caregivers of children with and without HIV and their
health care providers. Pediatr Dent, New Jersey, v. 24, n.4, p. 301-08. Jul-Aug. 2002.
BROWN, L.K.; LOURIE, K.J.; PAO, M. Children and adolescents living with HIV and
AIDS: A review. J Child Psychol and Psychiatry, Providence, v.41, n.1, p.81-96, Jan.
2000.
35
BROWN, J.B.; ROSENSTEIN, D.; MULLOLY, J. et al. Impact of intensified dental care
on outcomes in human immunodeficiency virus infection. AIDS Patient Care STDS,
Oregon, v.16, n.10, p. 479-86, Oct. 2002.
CASTRO, G.F.; SOUZA, I.P.R.; LOPES, S. et al . Salivary IgA to cariogenic bactéria in
HIV-positive children and its correlation with caries prevalence and levels of cariogenic
microorganisms. Oral Microbiol Immunol, Rio de Janeiro, v.19, n.5, p.281-288, Oct.
2004.
CASTRO, G.F.; SOUZA, I.P.R.; OLIVEIRA, R.H.S. et al. Prevalence of caries and its
correlation with clinical and imunological classification in HIV-infected children. Pesqui
Odontol Bras, Rio de Janeiro, v.15, n.2, p.91-97, Apr-Jun. 2001.
CERQUEIRA, D.F.; PORTELA, M.B.; POMARICO, L. et al. Prevalência de candida spp
em crianças HIV+ e a correlação com manifestações bucais, imunossupressão e anti-
retrovirais. Braz Oral Res, v.20 (Supl), p.164, Pa124, 2006b.
ELLIOTT, A.J.; RUSSO, J.; ROY-BYRNE, P.P. The effect of changes in depression on
health related quality of life (HRQoL) in HIV infection. Gen Hosp Psychiatry, Seattle,
v. 24, n.1, p. 43-47, Jan-Feb. 2002.
FREZZINI, C.; LEÃO, J.C.; PORTER, S. Current trends of HIV diseases of the mouth.
J Oral Pathol Med, London, v.34, n. 9, p. 513-531, Oct. 2005.
GERSON, A.C.; JOYNER, M.; FOSARELLI, P. et al. Disclouse of HIV diagnosis to
children: when, where, why and how. J Pediatr Health care, Baltimor, v.15, n.4, p.
161-67, Jul-Aug. 2001.
GONÇALVES, G.S.A. Percepções e Atitudes de Médicos, Enfermeiros e
Responsáveis com Relação à Saúde Bucal de Pacientes com Insuficiência Renal
Crônica. 2008. Dissertação (Mestrado em Odontologia-Odontopediatria) Faculdade de
Odontologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
HËLOE, L.A.; TRONSTAD, L. The use of dental services among Norwegian adults in
1973. Community Dent Oral Epidemiol, v.3, n.3, p.120-5, May. 1975
HICKS, M.J.; FLAITZ, C.M.; CARTER, A.B; et al. Dental caries in HIV-infected children:
a longitudinal study. Pediatr Dent, USA, v.22, n.5, p.359-364, Sep-Oct. 2000.
INSTONE, S.L. Perceptions of children with HIV infection when not told for so long:
Implications for diagnosis disclosure. J Pediatr Health Care, San Diego, v. 14, n. 5, p.
235-43, Sep-Oct. 2000.
36
ISMAIL, A.I.; SOHN, W. The impact of universal dental care on disparities in caries
experience in children. J Am Dent Assoc, Michigan, v.132, n.3, p. 295-303. Mar.
2001.
JESUS, M.A., CHIANCA, T.K., SOARES, I.PR. et al. Influencia de fatores sócio-
culturais e acesso a orientação individual na valorização do cuidado com a saude
bucal de crianças. Braz Oral Res,v.22 (supl 1), p.278, abstr 170, 2008.
KUUSELA, S.; HONKALA, E.; KANNAS, L. et al. Oral hygiene habits of 11-yearold
schoolchildren in 22 european countries and Canada in 1993/1994. J Dent Res,
Finland, v.76, n.9, p.1602-09, Sep. 1997.
LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.A. Técnicas de pesquisa. In: Fundamentos de
metodologia científica, 3. ed., São Paulo: Atlas, 1991. Cap. 9, p.174-214
LANNES, C.; VILHENA-MORAES, S.A. Pacientes Especiais. In: Guedes-Pinto, AC
Odontopediatria, 5. ed., São Paulo: Santos Livraria Editora, 1995. Cap. 47, p.1067-
1104.
LIMA, IC. Odontologia: um mercado cada vez mais difícil. Jornal da Associação
Paulista de Cirurgiões- dentistas 2000; 35:26.
LUKOFF, D.; LU, F.; TURNER, R. Toward a more culturally sensitive DSM-IV
psychoreligious and psychospiritual problems). J Nerv Ment Dis, San Francisco, v.
180, n.11, p. 673-82, Nov. 1992.
MADIGAN, A.; MURRAY, P.A.; HOUPT, M. et al. Caries experience and cariogenic
markers in HIV-positive children and their siblings. Pediatr Dent, New Jersey, v.18,
n.2, p.129-136, Mar-Apr. 1996
MARCELINO, G.; PARRILHA, V.A. Educação em saúde bucal para mães de
crianças especiais: um espaço para prática dos profissionais de enfermagem.
Cogitare Enferm, São Paulo, v. 12, n.1, p.37-43, Jan-Mar. 2007.
MATOS, D. L.; GIATTI, L.; COSTA, M.F.L.
Socio-demographic factors
associated with dental services among Brazilian older adults: a study based
on the National Household Sample Survey.
Cad Saúde Pública, Rio de
Janeiro, v.20, n.5, p.1290-97, Set-Out. 2004.
MCGRATH, C.; BEDI, R.; DHAWAN, N. Factors influencing older people’s self
reported use of dental services in the UK. Gerodontology, London, v.16, n.2, p.97-
102, Dec. 1999.
MERCHANT, R.H.; OSWAL, J.S.; BHAGWAT, R.V. Clinical profile of HIV infection.
Indian Pediatr, India, v.38, n.3, p.239-46, Mar. 2001.
37
NAIDOO, S.; CHIKT, E.U. Oral-facial manifestation in paediatric HIV: a comparative
study of instituonalized and hospital outpatients. Oral Dis, Tygerberg-Africa, v.10, n.1,
p.13-18, Jan. 2004.
PARGAMENT, K.I. God help me: Toward a theoretical framework of coping for the
psychology of religion. Res Soc Sci Study Relig, v.2, p. 195-224. 1990.
PINTO VG. Saúde Bucal Coletiva. São Paulo: Livraria Santos Editora. 4.ed. 2000.
POMARICO, L.P.; SOUZA, I.P.R.; TURA, L.F.R. et al. Saúde bucal em crianças com e
sem necessidades especiais: percepções e atitudes dos responsáveis. Rev Bras
Odontol, Rio de Janeiro, v.60, n.3, p. 174-7, Mai-Jun. 2003.
RAMOS-GOMEZ, F.J.; HILTON, J.F.; CANCHOLA, A.J. Risk factors for HIV-related
orofacial soft-tissue manifestations in children. Pediat Dent, San Francisco, v.18, n.2,
p.121-126, Mar-Apr. 1996.
RIBEIRO, A.A.; PORTELA, M.; SOUZA, I.P.R. Relação entre biofilme, atividade de
carie e gengivite em crianças HIV+. Pesq Odontol Bras, Rio de Janeiro, v.16, n.2,
p.144-150, Mar. 2002.
ROBERTS, G.J.; ROBERTS, I.F. Dental disease in chronically sick children. ASDC J
Dent Child, v.48, n.5, p. 346-51, Sep-Oct 1981.
RUMMEL, J.F. Introdução aos procedimentos de pesquisa em educação. 4. ed. Porto
Alegre: Globo, 1981, 353 p.
SANTI, L.N.; NAKANO, A.M.S.; CARVALHO, M.G.B. et al. Caring the childs oral
health: what does it mean for a group of women? Biblioteca Digital de Teses e
Dissertações da USP: Escola de enfermagem da Universidade de São Paulo, 2003.
SANTOS, L.C.; CASTRO, G.F.; SOUZA, I.P.R. Oral manifestations related to
immunessupression degree in HIV positive children. Braz Dent J, Rio de Janeiro, v.12,
n.2, p. 135-8, 2001.
SIEGEL, K.; SCHRIMSHAW, E.W. The perceived benefits of religious and spiritual
coping among older adults living with HIV/AIDS. J Sci Study Relig, New York, v.41,
n.1, p. 91-102. 2002.
SOARES, L.F.; CASTRO, G.F.B.A.; SOUZA, I.P.R.; PINHEIRO, M. Pediatric HIV-
related oral manifestations A five-years retrospective study. Pesqui Odontol Bras,
São Paulo, v.18, n.1, p.6-11, Jan-Mar. 2004.
38
SOUZA, I.P.R.; TELES, G.S.; CASTRO, G.F. et al. Prevalência de cárie em crianças
infectadas pelo HIV. Rev Brás Odontol, v.53, n.1, p.49-51, Jan-Fev. 1996.
SOUZA, I.P.R.; CASTRO, G.F. Abordagem odontológica da criança infectada pelo
HIV, São Paulo: Livraria Santos Editora, 2008. Cap.6. p.87-97.
TOFSKY, N.; NELSON, E.M.; LOPEZ, R.N.; et al. Dental caries in HIV+ children versus
household peers: two-year findings. Pediatr Dent, New Jersey, v.22, n.3, p.207-14,
May-Jun.2000
UNAIDS. UNITED NATIONS PROGRAME ON HIV/AIDS. AIDS epidemic update,
2007. Disponível em: www.unaids.ogr. Acesso em 15 de junho de 2007.
USAID/PARTNER OF AMERICA/POMMAR. Vida que te quero viva/ Sistematizando
experiências apoiadas pelo POMMAR/USAID-Partners na área de atenção a criança
que vivem e convivem com HIV e a aids. Brasilia: USAID, 2004.
VALDEZ, I.M.; PIZZO, P.A.; ATKINSON, J.C. Oral health of pediatric AIDS patients: A
hospital-based study. ASDC J Dent Child, Denver, v.61, n.2, p.114-118, Mar-Apr.
1994.
8 ANEXOS
40
Anexo 1
41
Anexo 2
42
Anexo 3
43
Anexo 4
FACULDADE
DE
ODONTOLOGIA
D
EPARTAMENTO DE
O
DONTOPEDIATRIA E
O
RTODONTIA
D
ISCIPLINA DE
O
DONTOPEDIATRIA
T
ERMO
D
E
C
ONSENTIMENTO
L
IVRE
E
E
SCLARECIDO
Prezado Responsável,
A Faculdade de Odontologia da UFRJ, em conjunto com o IPPMG está realizando uma
pesquisa, pautada nos parâmetros da Resolução do CNS 196/96, buscando através de um
questionário avaliar a influência de fatores sócio-culturais, o conhecimento e práticas dos
responsáveis no cuidado da saúde bucal em crianças infectadas pelo HIV.
Após a entrevista, as
crianças serão encaminhadas para realização de exame clínico onde será determinada a presença de cárie,
dentes restaurados, restos radiculares e perda precoce de dentes. Como forma de compensar os
responsáveis e crianças por sua participação no estudo, serão oferecidas orientações específicas sobre
cuidados básicos com a saúde bucal, assim como será disponibilizado acesso ao tratamento na clínica
odontológica no departamento da disciplina de odontopediatria da UFRJ para as crianças que tiverem
necessidades de tratamento.
A participação é absolutamente voluntária e em casos de desistência
não haverá prejuízo em relação à assistência do paciente no Projeto Aids em Odontopediatria.
Os dados coletados pelo pesquisador são sigilosos e confidenciais, e serão manipulados apenas
por membros da equipe de trabalho. As informações coletadas serão guardadas por 5 anos. Caso
o responsável ou a criança desista de participar do trabalho, os responsáveis deste projeto se
comprometem a não utilizar seus dados, bem como destruir o questionário. Os resultados da
pesquisa serão publicados em revista especializada.
Em caso de dúvidas e necessidades, o responsável poderá entrar em contato com: Dra.
Marina Alvine de Jesus na Faculdade de Odontologia da UFRJ, Av. Brigadeiro Trompowsky,
s/n, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, telefone 2562-2101 RJ ou também pelo CEP-HUGG
telefone 22645177.
Atenciosamente,
___________________________________________
Assinatura do Pesquisador responsável
M
ARINA
A
LVINE DE
J
ESUS
Mestranda em Odontopediatria - FO/UFRJ
___________________________________
___________________________________ Assinatura da Orientadora da Pesquisa
Assinatura da Orientadora da Pesquisa Prof. Dra. Ivete Pomarico R. de Souza
Prof. Dra. Glória Fernanda B. de A. Castro Prof. Titular de Odontopeditria /F.O. UFRJ
Prof . de Odontopeditria /F.O. UFRJ
Eu, _______________________________________, identidade n.º_________________
responsável pelo menor ________________ _________________________________, certifico
que lendo as informações acima concordo com o que foi exposto, e autorizo a utilização de minhas
respostas para este estudo.
Rio de Janeiro, ______ de _____________ de 200_.
________________________________
Assinatura do responsável
_______________________________ _______________________________
Assinatura Testemunha (1) Assinatura Testemunha (2)
44
Anexo 5
Entrevista - Roteiro
N
ÚMERO
:__________
N
ASC
.:
___/___/_____
S
EXO DA CRIANÇA
: ( ) M ( ) F
Caracterização do Responsável
I
DADE
:
_________
S
EXO DO RESP
.:
( ) M ( ) F
G
RAU DE
P
ARENTESCO DO
R
ESPONSÁVEL
( ) mãe ( ) pai ( ) avó/avô ( ) outro _______________________
Grau de Escolaridade do Responsável
( ) Fundamental incompleto ( ) Médio completo ( ) Superior incompleto
( ) Fundamental completo ( ) Médio Incompleto ( ) Superior Completo
Até que ano cursou______________________________
Ocupação do Responsável
( ) Empregado fixo
( ) do lar
( )Autônomo regular/eventual ( ) outros _______________________
Qual ocupação ___________________
Local De Nascimento Responsável
Em qual estado___________________
Há quanto tempo está morando no Rio de Janeiro__________________
Prática Religiosa
( ) Sim ( ) Não
Qual religião __________________
45
P
ERGUNTAS SOBRE CONHECIMENTO E PRÁTICAS NO CUIDADO A SAÚDE BUCAL
1-
Como você avalia a saúde da boca do seu filho (ou criança de quem você cuida)?
( ) Ruim ( ) Regular ( ) Boa ( ) Não sabe
Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
2-
Você acha que o dente de leite é importante?
( ) Não ( ) Sim ( ) Mais ou menos ( ) Não sabe
Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3-
Você recebeu algum tipo de orientação de como cuidar dos dentes de seu filho
(ou criança de quem você cuida)?
( ) Não ( )Sim ( ) Não lembra
De quem? _______________________________________________________________________
Que tipo de orientação? ________________________________________________
4-
O que você faz de importante para evitar que seu filho (ou criança de quem você
cuida) tenha cárie?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5-
Quem escova os dentes do seu filho (ou criança de quem você cuida)?
( ) Responsável ( ) Própria criança ( ) Responsável/Criança ( ) não
escova
E quantas vezes ao dia? _______________________________________________
Se não escova, porquê? _______________________________________________
46
6-
Seu filho (ou criança de quem você cuida) já foi ao dentista?
( )Não ( )Sim
Se sim, quando foi a primeira consulta? Qual motivo?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
7-
Você costuma levar seu filho (ou criança de quem vocuida) para se consultar no
dentista?
( ) Nunca ( ) Sempre ( ) As vezes
Quando? ___________________________________________________________
Onde? _____________________________________________________________
8-
pessoas ou algum acontecimento que influenciou na sua maneira de cuidar dos
dentes do seu filho (ou criança de quem você cuida)?
( ) Não ( ) Sim ( ) Não lembra
Se sim, quem foi a pessoa ou qual foi o acontecimento?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
9-
Se seu filho (ou criança de quem você cuida) até 1 ano de idade tivesse um
problema na boca, para qual profissional de saúde você levaria a criança? Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
10-
Em sua opinião, o vírus HIV pode causar feridas na boca do seu filho (ou criança de
quem você cuida)?
( ) Não ( ) Sim ( )Não sabe
Se sim, quais são elas?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
47
11-
Recebeu algum tipo de orientação sobre a possibilidade do aparecimento dessas
feridas?
( )Não ( ) Sim ( ) Não lembra
Se sim, de quem? ___________________________________________________
Que tipo de orientação? ______________________________________________
12-
Você acha que a criança infectada pelo HIV pode ter cárie com mais facilidade?
( )Não ( ) Sim ( ) Não sabe
Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
13-
Você já recebeu algum tipo de orientação sobre o açúcar contido nos
medicamentos?
( )Não ( ) Sim ( ) Não lembra
Se sim, de quem? ____________________________________________________
Que tipo de orientação? _______________________________________________
14-
Como você considera o papel do dentista no atendimento ao paciente HIV?
( )Pouco importante ( ) Importante ( ) Muito importante ( ) Não sabe
Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
15-
No hospital onde seu filho (ou criança de quem você cuida) faz tratamento, tem
atendimento odontológico?
( ) Não ( ) Sim ( ) Não sabe
Se sim, que tipo de atendimento?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
48
16-
Se sim, considera importante esse atendimento?
( ) Não ( ) Sim ( ) Não sabe
Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
17-
Se não, gostaria que tivesse atendimento odontológico?
( ) Não ( ) Sim
Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
18-
Se a resposta da pergunta 15 for afirmativa, você costuma levá-lo para o
atendimento odontológico do hospital?
( ) Não ( ) Sim ( ) As vezes
Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Alguém orientou para levar? ___________________________________________
Quando? ___________________________________________________________
49
Anexo 6
Ficha nº ________
F
ICHA DE
E
XAME
C
LÍNICO
1- Presença de cárie dentária ( ) Não ( ) Sim
1a. Total de dentes cariados
1b. Total de dentes cariados na região anterior
1c. Total de dentes cariados na região posterior
2- Presença de dentes restaurados ( ) Não ( ) Sim
2a. Total de dentes restaurados
2b. Total de dentes restaurados na região anterior
2c. Total de dentes restaurados na região posterior
3- Dentes perdidos precocemente ( ) Não ( ) Sim
3a.Total de dentes perdidos precocemente
3b. Total de dentes perdidos precocemente na região anterior
3c. Total de dentes perdidos precocemente na região posterior
4- Presença de restos radiculares ( ) Não ( ) Sim
4a. Total de restos radiculares
4b. Total de restos radiculares na região anterior
4c. Total de restos radiculares na região posterior
ODONTOGRAMA:
16 55 54 53 52 51 61 62 63 64 65 26
46 85 84 83 82 81 71 72 73 74 75 36
LEGENDA:
C= lesão de cárie em dentina
R= restauração temporária ou definitiva
ED= escurecimento dentário(alteração de cor)
PP= perda precoce do elemento dentário decíduo
NE= elemento dentário não erupcionado
EX= elemento dentário exfoliado
RR= resto radicular
50
Anexo 7
FICHA CLÍNICA N°____________ Data do Exame: ________
IDENTIFICAÇÃO
Nome:
______________________________________________________
Prontuário (IPPMG): _____________
DN: ___ /___ /___ sexo:___ cor:___ naturalidade:
________________
Mãe: __________________________________________ HIV (+) (-)
Pai: ___________________________________________ HIV (+) (-)
End.
________________________________________________________
__
Telefone: _____________________
Responsável: _________________________________
Parentesco:_____
Profissão do Responsável: _________________________
1) HISTÓRIA CLÍNICA
Classificação Clínica: ____________
Tipo de transmissão: (V) (T) (S) (D) (?)
Se transmissão vertical:
Diagnóstico da infecção materna ocorreu em relação à gestação:
( ) antes ( ) durante ( ) após
Programa da Assistência à Gestante HIV+ : (S) (N)
Local:
_______________________________________________
Usou AZT na gestação? (S) (N) (I)
Aleitamento materno: (S) (N) (NS) duração:________ meses
Idade em que foi identificado como soropositivo:
__________________
Instituição:
_____________________________________________
Classificação no diagnóstico:
______________________________
Idade em que iniciou o acompanhamento no IPPMG:
_______________
Data: ___________________
Médico do IPPMG responsável:
________________________________
Manifestação inicial da infecção pelo HIV:
( ) febre ( ) adenomegalias ( ) hepatomegalia ( ) esplenomegalia
( ) diarréia crônica ( ) PCP ( ) infecção bacteriana de repetição
( ) parótida ( ) anemia ( ) leucopenia ( ) plaquetopenia
( ) atraso no desenvolvimento ( ) emagrecimento
( ) outros ___________________
51
Doenças definidoras de AIDS ou outras marcantes:
Encefalopatia pelo HIV ( ) Retinite por CMV ( ) Retinite por toxo ( )
Neurotoxo ( ) LIP ( ) Micobacteriose ( ) Tuberculose ( ) PCP ( )
DPC ( ) Infecção bacteriana grave recorrente ( ) Plaquetopenia ( )
Esofagite ( ) Miocardiopatia ( ) Herpes Zoster( )
Outras: __________________________________________________
Faz uso de antiretroviral: ( ) S ( ) N
Qual?
( ) AZT ( ) 3TC ( ) ddI ( ) d4T ( )ddC ( )Abacavir
( ) Efavirenz ( ) Delavirdina ( ) Nevirapina ( ) Saquinavir
( ) Indinavir ( ) Ritonavir ( ) Nelfinavir ( ) Amprenavir
Posologia: _________________________________________________
__________________________________________________________
Ouros: ____________________________________________________
Tempo: ___________________________________________________
2) EXAME ORAL
História prévia de manifestação oral: ( ) S ( ) N
Qual:_____________________________________________________
Tecidos Moles:
Extra Orais:
Linfonodos submandibulares: ( ) D ( ) E ( ) Não
Linfonodos cervicais: ( ) D ( ) E ( ) Não
Linfonodos submentonianos: ( ) S ( ) N
Hipertrofia de Parótidas: ( ) D ( ) E ( ) Não
Intra Oral:
Candidíase Pseudomembranosa: ( ) S ( ) N
local:______________________________________________
Candidíase Eritematosa: ( ) S ( ) N
local: ______________________________________________
Eritema Linear Gengival: ( ) S ( ) N
local: ______________________________________________
Queilite angular: ( ) S ( ) N
Gengivite: ( ) S ( ) N
dentes:_____________________________________________
Retração gengival: ( ) S ( ) N
dentes:_____________________________________________
Abscesso gengival: ( ) S ( ) N
dentes: _____________________________________________
Fístula: ( ) S ( ) N
dentes: _____________________________________________
Periodontite: ( ) S ( ) N
Estomatite herpética: ( ) S ( ) N
Herpes labial: ( ) S ( ) N
Leucoplasia Pilosa: ( ) S ( ) N
52
Sarcoma de Kapposi: ( ) S ( ) N
Úlcera aftosa: ( ) S ( ) N
Outros:
______________________________________________
3) EXAMES LABORATORIAIS
4) HIGIENE BUCAL
Quantas vezes escova os dentes/dia?
( ) pelo menos 1 vez/dia ( ) 2 a 3x/dia ( ) + 3x/dia
Quem escova?
( ) o próprio paciente ( ) o responsável ( ) outro menor (irmãos)
Usa fio dental?
( )S ( )N Freqüência: ____ vezes/dia
Uso de fluoreto:
( ) bochecho ( ) creme dental
Informações sobre a dieta:
( ) realiza as 3 refeições diárias ( ) costuma beliscarentre
refeições
Consumo de sacarose entre as refeições:
( ) pelo menos 1 vez/dia ( ) 2 a 3x/dia ( ) + 3x/dia
Toma a medicação associada a alimentos?
( )S ( )N
Qual(is)?
( ) água ( ) alimentos açucarados ( ) alimentos sem açúcar ( )
leite puro ( ) outros
___________________________________
Data (__/ __/ __)
CD4
CD8
T4/T8
Plaquetas
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo