RESUMO
RODRIGUES, Raquel Fonseca.
Sacode a poeira e dá a volta por cima:
resiliência em
mulheres que vivenciaram violência sexual. 2010. 98f. Dissertação (Mestrado em
Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2010.
O objeto deste estudo foi
o processo de construção da resiliência em mulheres que
vivenciaram violência sexual
. A violência sexual contra a mulher é um problema antigo no
mundo, onde o Brasil dispõe de elevadas estatísticas. As justificativas para a violência contra
a mulher constroem-se sob normas e preceitos sociais de gênero, os quais definem as
diferenças nos papéis e responsabilidades dos homens e das mulheres na sociedade e na
família. As consequências físicas e psicológicas para a mulher em situação de violência
sexual são alarmantes, podendo ocasionar traumas por longo prazo ou até mesmo para a vida
inteira, impedindo-a de retomar seus direitos humanos e de se reinserirem em suas famílias e
na sociedade. Entretanto, após a vivência de uma violência algumas mulheres têm seus
comportamentos transformados a fim de retomarem o curso de suas vidas. Tais
comportamentos dizem respeito à postura resiliente diante à violência sexual vivida e à sua
superação. Reconhecendo este comportamento como uma nova possibilidade de promoção da
saúde dessas mulheres, traçou-se como objetivo geral do estudo compreender o processo de
construção da resiliência em mulheres que vivenciaram violência sexual. Desenvolveu-se uma
pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, realizada através da coleta da história de
vida com seis mulheres que vivenciaram violência sexual atendidas em um hospital municipal
do Rio de Janeiro (Brasil), referência no atendimento dessas mulheres. Os dados produzidos
foram interpretados à luz da modalidade temática da análise de conteúdo de Bardin. Deste
processo emergiram duas categorias:
A violência sexual vivida expressa nas atitudes do
cotidiano: sentimentos e emoções
e
A resiliência de mulheres em situação de violência
sexual
. Na primeira categoria identificaram-se as atitudes, sentimentos e emoções decorrentes
da adversidade. Destacaram-se os sentimentos de medo, tristeza, culpa e perda como sendo as
principais mudanças ocorridas com a violência. Na segunda categoria emergiram elementos
existentes na vida das mulheres que vivenciaram violência sexual e que favoreceram no
processo de construção da resiliência, sendo os aspectos individuais, familiares e sociais. A
pesquisa considerou que a resiliência é elemento fundamental na promoção da saúde das
mulheres que vivenciaram violência sexual assim como uma oportunidade de melhoria de sua
qualidade de vida, uma vez que reduz os agravos decorrentes dessa violência e incorpora
sentido de vida, serenidade, autoconfiança, autossuficiência e perseverança na vida da mulher.
Contudo, a resiliência para ser desenvolvida precisa além dos aspectos individuais da mulher,
uma rede de apoio familiar e social significativa e eficaz. A consulta de Enfermagem
estabelecida nos princípios da humanização, integralidade e dialogicidade entre profissional e
a mulher, seja nas Estratégias de Saúde da Família ou nos ambientes ambulatoriais e
hospitalares, caracteriza-se como campo fértil na promoção e apoio a essa rede familiar e
social. A enfermeira torna-se facilitadora na construção da resiliência em mulheres em
situação de violência sexual, onde é preciso oferecer escuta sensível e sem preconceitos,
incentivar a construção de sentido de vida, a recuperação da autoestima e autoconfiança e de
sua reinserção social.
Palavras-chave:
Saúde da Mulher. Violência contra a Mulher. Violência Sexual à Mulher.
Resiliência.