Download PDF
ads:
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IBILCE
Campus de São José do Rio Preto - UNESP
Celli, Marcos Giovani Celli
Degradação de patulina por composto bioativo obtido de levedura /
Marcos Giovani Celli - São José do Rio Preto: [s.n.], 2010.
104 f. : 17. ; 30 cm.
Orientador: Crispin Humberto Garcia Cruz
Co-orientador: Maurício Boscolo
Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Biociências, Letras e Ciências Exatas.
1. Tecnologia de alimentos. 2. Biodegradação. 3. Composto bioativo.
4. Patulina. 5. Levedos. 6.Detoxificação. 6. Saccharomyces cerevisiae.
I. Garcia Cruz, Crispin Humberto. II. Celli, Marcos Giovani
. III.
Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Letras e Ciências
Exatas. IV. Título
CDU - 664
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
Programa de Pós-Graduação Stricto sensu
Doutorado em Engenharia e Ciência de Alimentos
Área de concentração: Ciência e Tecnologia de Alimentos
MARCOS GIOVANI CELLI
DEGRADAÇÃO DE PATULINA POR COMPOSTO BIOATIVO OBTIDO DE
LEVEDURA
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
2010
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
CAMPUS DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS, LETRAS E CIÊNCIAS
EXATAS DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
ads:
3
MARCOS GIOVANI CELLI
DEGRADAÇÃO DE PATULINA POR COMPOSTO BIOATIVO OBTIDO DE
LEVEDURA
Tese apresentada para obtenção do título de Doutor
em Engenharia e Ciência e Tecnologia de
Alimentos, Área de Ciência de Alimentos junto ao
Programa de Pós Graduação em Engenharia e
Ciência de Alimentos do Instituto de Biociências,
Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de São
José do Rio Preto.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Crispin Humberto Garcia Cruz
Livre Docente
Universidade Estadual Paulista
Orientador
Prof. Dr. Alexandre Rodrigo Coelho
Professor Doutor
Universidade Tecnológica Federal do Para
Prof
a
. Dr
a
. Elisabete Yurie Sataque Ono
Professora Doutora
Universidade Estadual de Londrina
Prof. Dr. Vanildo Luiz Del Bianchi
Professor Doutor
Universidade Estadual Paulista
Prof
a
. Dr
a
. Eleni Gomes
Livre Docente
Universidade Estadual Paulista
São José do Rio Preto, 02 de fevereiro de 2010.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela minha vida, pelas oportunidades oferecidas;
Ao meu orientador Professor Dr. Crispin Humberto Garcia Cruz, pela incansável orientação,
dedicação, incentivo, paciência e amizade, sem os quais este trabalho não seria possível;
Ao meu co-orientador Prof. Dr. Mauricio Boscolo, pela orientação, atenção e apoio no
desenvolvimento deste trabalho, e utilização do HPLC no laboratório do Departamento de Química e
Ciências Ambientais;
Aos membros titulares Dr. Alexandre Rodrigo Coelho, Dra. Elisabete Yurie Sataque Ono, Dr.
Vanildo Luiz Del Bianchi, Dra. Eleni Gomes e suplentes da banca examinadora, pelas valiosas sugestões,
que contribuíram para o aprimoramento desta Tese;
À Universidade Estadual Paulista, e aos professores do Departamento de Engenharia e
Tecnologia de Alimentos, pelos preciosos ensinamentos durante o desenvolvimento do Curso de Doutorado,
onde pude contar com a colaboração de todos;
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP, pela Bolsa de
Doutorado;
Ao Dr. Alexandre Rodrigo Coelho pelos preciosos ensinamentos durante o desenvolvimento deste
trabalho e, sobretudo pela amizade, eternamente grato;
Aos Professores Dr. Gustavo Orlando Bonilla Rodriguez e Dra. Eleni Gomes pela colaboração,
apoio no desenvolvimento deste trabalho e utilização do laboratório para análises de eletroforese;
À Dra. Patrícia Peres Polizelli e às Doutorandas Rejane Yuriko Ouchi e Natália Martin pelo
auxílio nas análises de eletroforese;
À Professora Dra. Elisa Yoko Hirooka pela colaboração, apoio no desenvolvimento deste trabalho
e utilização do laboratório no Departamento de Tecnologia de Alimentos e Medicamentos, UEL;
À técnica Tânia Maria Vinturim Gonçalves do Departamento de Engenharia e Tecnologia de
Alimentos por sempre me ajudar quando precisava;
5
Às amigas do Curso de Pós-Graduação Adriana, Aline, Catharina, Crislene, Daniele, Fernanda,
Gisele, Juliana, Luana, Michelle e Vidiany pela alegria, companheirismo e amizade;
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para realização deste trabalho;
Às amigas Carmen Ligia, Caroline Calliari e aos irmãos Angela e Rodrigo pelo apoio constante
nos momentos mais difíceis, muito obrigado;
Aos meus pais Norberto e Mary Dalva, por todo o carinho, exemplo, amor e esforços realizados
para a minha formação profissional.
6
RESUMO
A patulina, toxina com potencial carcinogênico, mutagênico e teratogênico produzida
por Penicillium spp., Aspergillus spp. e Byssoclamys spp., pode ser encontrada em maçãs,
sucos comerciais e outros produtos não fermentados constituindo-se num problema neste setor
agroindustrial. Em bebidas fermentadas, porém, não é detectável mesmo que a matéria-prima
esteja visivelmente contaminada. O presente trabalho visou quantificar a patulina tanto no
tecido deteriorado de maçãs in natura quanto na parte sadia ao redor da lesão, monitorar a
degradação no processo fermentativo típico utilizando Saccharomyces cerevisiae e degradar a
toxina presente em produtos derivados de maçã pela ação do composto bioativo produzido
pela levedura. A micotoxina foi quantificada por CLAE em sistema isocrático de fase reversa
e detector UV a 275 nm. O grau de recuperação alcançado foi de 86,24% e os limites de
detecção e de quantificação foram 4,3 µg/L e 8,6 µg/L, respectivamente. Foram analisados 35
frutos de maçã in natura cultivar Fuji, tendo sido constatada a presença de patulina em 32
amostras, em concentrações que variaram de 1,01 a 120,4 mg/Kg de tecido na porção
deteriorada e de 0,02 a 5,02 mg/Kg de tecido, na sadia. Para avaliação da cinética de
degradação de patulina, suco de maçã contendo 5,0 µg de patulina/mL foi inoculado com
0,25g de células de levedura seca ativa/L, sendo observada uma maior redução no teor de
toxina de 81,6% nas primeiras 48 horas de fermentação. Este tempo foi utilizado como
parâmetro para obtenção do extrato bruto contendo o composto bioativo capaz de degradar a
toxina. Na cinética de degradação de patulina pelo extrato bruto estéril inoculado com 3,0 µg
de patulina/mL, foi obtida a maior taxa de degradação (50%) da toxina nas primeiras 48
horas, seguido de uma degradação mais lenta de apenas 5,7% nas 48 horas restantes de
análise. Na cinética de degradação de patulina pelo extrato dialisado inoculado com 3,0 µg de
patulina/mL, foi obtida total eliminação da toxina em 24 horas, sendo que no controle a
concentração de toxina permaneceu em 98,3% neste mesmo tempo. A diálise empregando
membrana dialisadora com limite de exclusão de 8000-10000 Da reteve o composto bioativo.
Na cinética de degradação de patulina pelo extrato ultrafiltrado inoculado com 3,0 µg de
patulina/mL, foi obtida redução de 51% em 16 horas de análise, 74% em 24 horas e níveis não
detectáveis em 32 horas. No controle a concentração de toxina permaneceu em 96,6% neste
mesmo tempo. A ultrafiltração empregando membrana de celulose regenerada com limite de
exclusão de 10000 Da reteve o composto bioativo. Para caracterização bioquímica do
composto bioativo, foi estimada sua massa molecular por meio de ensaios de eletroforese
7
após sua separação por eletroforese não desnaturante, ponto isoelétrico por eletroforese 2D,
presença de carboidratos, estabilidade térmica e pH e temperatura de xima atividade. A
massa molecular estimada para este composto foi de 22,07 kDa e ponto isoelétrico inferior a
3. Apresentou baixa estabilidade térmica, perdendo sua atividade após tratamento a 80°C por
20 minutos, que pode ser devido a ausência de glicosilações, as quais não foram detectáveis
pela metodologia utilizada (Método fenol sulfúrico). O pH e temperatura de máxima atividade
degradadora encontrados estavam entre 4 - 5 e 30 - 35°C, respectivamente. O composto
bioativo demonstrou eficiente degradação de patulina podendo ser utilizado na degradação da
toxina pela adição deste em produtos derivados de maçã, antes ou após sua pasteurização.
Palavras-chave: patulina, maçã, fermentado, Saccharomyces cerevisiae, detoxificação.
8
ABSTRACT
Patulin, a toxin with potential carcinogenic, mutagenic and teratogenic effects produced by
Penicillium sp., Aspergillus sp. and Byssoclamys sp., can be found in apples, juices and other
commercial non-fermented products making up a problem in the agribusiness sector.
However, patulin is not detectable in fermented beverages even if the raw material is visibly
contaminated. This paper aimed to quantify patulin in both the tissue deteriorated fresh apples
and at the sound around the lesion, to monitor the degradation in typical fermentation process
using Saccharomyces cerevisiae and degrade the toxin present in products derived from apple
by the action of the bioactive compound produced by yeast. The mycotoxin was quantified by
HPLC in isocratic system of reversed phase and UV detection at 275 nm. The degree of
recovery achieved was 86.24% and the limits of detection and quantification were 4.3 µg/L
and 8.6 µg/L, respectively. Thirty five fresh apple fruits Fuji were analyzed and it was, found
the presence of patulin in 32 samples in concentrations that ranged from 1.01 to 120,4 mg/Kg
of tissue in the damaged portion and 0.02 to 5, 02 mg/Kg of tissue in sound. To evaluate the
kinetics of degradation of patulina, apple juice with 5.0 µg patulin/mL was inoculated with
0.25 g of cells active dry yeast/L, being observed a greater reduction in the toxin content of
81.6% in the first 48 hours of fermentation. This time was used as a parameter to obtain the
crude extracts containing bioactive compound capable of degrading the toxin. The kinetics of
patulin degradation by the crude extract inoculated with 3.0 µg patulin/mL showed the highest
rate of the toxin degradation (50%) in the first 48 hours, followed by only 5.7% degradation
after the remaining 48 hours of analysis. The kinetics of degradation of patulin by the extract
dialysate inoculated with 3.0 µg patulin/mL showed total elimination of the toxin after 24
hours. Dialysis using a dialyzing membrane with a cutoff of 8000-10000 Da retained the
bioactive compound. The kinetics of degradation of patulin by the extract ultrafiltered
inoculated with 3.0 µg patulin/mL, showed a reduction of 51% in 16 hours of analysis, 74% at
24 hours and undetectable levels in 32 hours. In the control treatment the concentration of
toxin remained at 96.6% in the same time. The ultrafiltration using regenerated cellulose
membrane with a cutoff of 10000 Da retained the bioactive compound. For biochemical
characterization of the bioactive compound it was estimated by its molecular tests
electrophoresis after their separation by non-denaturing electrophoresis, isoelectric point in
2D electrophoresis, the presence of carbohydrates, thermal stability, pH and temperature of
maximum activity. The molecular weight estimated for this compound was 22.07 kDa and
9
possessed an isoelectric point less than 3. Bioactive compound showed low thermal stability,
losing its activity after treatment at 80°C for 20 minutes, which may be due to lack of
glicosilations, which were not detectable by the method (phenol-sulfuric acid method). The
pH and temperature of maximum degrading activity were found between 4 - 5 and 30 - 35°C,
respectively. The bioactive compound showed efficient degradation of patulin, indicating the
it can be used in the degradation of the toxin by the addition of products derived from apple,
before or after the pasteurization.
Keywords: patulin, apples, fermentation, Saccharomyces cerevisiae, detoxification.
10
LISTA DE SIGLAS
ABMP - Associação Brasileira dos Produtores de Maçã
AOAC - Association of Official Analytical Chemists
CCD - Cromatografia de Camada Delgada
CG - Cromatografia Gasosa
CLAE - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
EM - Espectrometria de Massa
FAO - Food and Agriculture Organization
FDA - Food and Drug Administration
FSA - Food Standards Agence
IBRAF - Instituto Brasileiro de Frutas
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MAFF - Ministry of Agriculture, Fisheries and Food
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MECC - Cromatografia Eletrocinética Capilar Micelar
NMWL - Nominal Molecular Weight Limit
OMS - Organização Mundial da Saúde
PAGE – Polyacrylamide Gel Electrophoresis (Eletroforese em gel de poliacrilamida)
pI - Ponto Isoelétrico
Rf - Retention Factor (fator de retenção)
SDS - Dodecil Sulfato de Sódio
UV - Ultravioleta
YES - Yeast Extract Saccharose
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Países que possuem legislação para patulina e o limite máximo permitido
22
Tabela 02. Ocorrência de patulina em sucos de maçã e derivados em alguns países
42
Tabela 03. Taxa de recuperação de patulina adicionada em suco de maçã
68
Tabela 04. Concentração de patulina em podridões e áreas não afetadas de maçãs
70
Tabela 05. Determinação da cinética de degradação de patulina em suco de maçã
inoculado com Saccharomyces cerevisiae
72
Tabela 06. Determinação da cinética de degradação de patulina no extrato bruto
estéril
75
Tabela 07. Determinação da cinética de degradação de patulina no extrato dialisado
estéril quantificada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com
detector UV
77
Tabela 08. Determinação da cinética de degradação de patulina no extrato
ultrafiltrado estéril quantificada por Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência com detector UV
79
Tabela 09. Determinação da cinética de degradação de patulina nos extratos bruto,
dialisado e ultrafiltrado estéreis quantificada por Cromatografia Líquida
de Alta Eficiência com detector UV
81
Tabela 10. Atividade degradadora de patulina pelos compostos protéicos separados
por eletroforese quantificada por Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência com detector UV
83
Tabela 11. Determinação do pH de máxima atividade do composto bioativo presente
no ultrafiltrado estéril em 24hs, quantificada por Cromatografia Líquida
de Alta Eficiência com detector UV
86
Tabela 12. Determinação da temperatura de máxima atividade do composto bioativo
presente no ultrafiltrado estéril em 16hs, quantificada por Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência com detector UV 88
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Estrutura molecular da patulina
23
Figura 02 – Metabolismo secundário e formação da patulina
24
Figura 03 – Via de formação da patulina Produtos da degradação da patulina.
25
Figura 04 – Produtos da degradação da patulina
47
Figura 05A – Curva de calibração de patulina
67
Figura 05B – Cromatograma de uma amostra
67
Figura 06 – Curvas de tendências de patulina nas maçãs deterioradas
71
Figura 07 – Cinética de degradação de patulina por S. cerevisiae
73
Figura 08 – Cinética de degradação de patulina no extrato bruto estéril
76
Figura 09 – Cinética de degradação de patulina no extrato dialisado estéril
78
Figura 10 – Cinética de degradação de patulina no extrato ultrafiltrado estéril
80
Figura 11 – Cinética de degradação de patulina nos extratos bruto, dialisado e
ultrafiltrado estéreis
81
Figura12 – Bandas protéicas visualizadas em gel de poliacrilamida
82
Figura 13– Atividade degradadora de patulina dos compostos protéicos separados
por eletroforese
83
Figura 14 – Eletroforese SDS-PAGE para avaliação do composto bioativo e
determinação de sua massa molecular.
84
Figura 15 – Curva padrão obtida pela plotagem do log da massa molecular dos
padrões versus Rf da migração relativa de cada padrão
85
Figura 16 – Degradação de patulina pelo composto bioativo presente no extrato
ultrafiltrado estéril em pHs 2, 3, 4, 5 e 6
87
Figura 17 – Degradação de patulina pelo composto bioativo presente no extrato
ultrafiltrado estéril à diferentes temperaturas. 88
13
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
15
2
REVISÃO DA LITERATURA
17
2.1 PRODUÇÃO DE FRUTAS NO PAÍS 17
2.1.1 Maçã 17
2.1.1.1
Colheita e armazenagem 18
2.1.1.2
Produção de maçãs no Brasil e no Mundo 19
2.1.2 Suco de maçã 19
2.1.2.1
Produção e consumo de suco de maçã 20
2.1.2.2
Qualidade e legislação de suco de maçã 21
2.1.3 Propriedades estruturais e funcionais de patulina 22
2.1.3.1
Principais microrganismos produtores de patulina 27
2.1.3.2
Controle de fungos 32
2.1.3.3
Incidência de patulina em alimentos 34
2.1.3.4
Estratégias para redução da contaminação 42
2.1.3.5
Degradação de patulina 46
2.1.3.6
Detecção e Quantificação de Patulina 50
3
OBJETIVO
54
3.1 OBJETIVO GERAL 54
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 54
4
MATERIAL E MÉTODOS
55
4.1 MICRORGANISMOS 55
4.2 PATULINA PADRÃO E REAGENTES QUÍMICOS 55
4.3 PREPARO DAS SOLUÇÕES PADRÃO DE TRABALHO 55
4.4 PADRONIZAÇÃO DA METODOLOGIA 56
4.5 PRODUÇÃO DE PATULINA 56
4.6 EXTRAÇÃO DE PATULINA DOS FRUTOS CONTAMINADOS 57
4.7 EXTRAÇÃO DE PATULINA DE SUCOS FERMENTADOS 57
4.8 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE PATULINA 58
4.9 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA 58
4.10 OBTENÇÃO DO EXTRATO BRUTO CONTENDO O COMPOSTO
BIOATIVO 59
4.11 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA
UTILIZANDO EXTRATO BRUTO 60
4.12 OBTENÇÃO DO EXTRATO DIALISADO CONTENDO O COMPOSTO
BIOATIVO 60
4.13 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA
UTILIZANDO O EXTRATO DIALISADO 61
4.14 EXTRAÇÃO E PURIFICAÇÃO DE COMPOSTO BIOATIVO POR
ULTRAFILTRAÇÃO 61
4.15 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA
UTILIZANDO O EXTRATO ULTRAFILTRADO 62
4.16 ELETROFORESE DO EXTRATO ULTRAFILTRADO EM CONDIÇÕES
DESNATURANTES E NÃO DESNATURANTES 62
4.16.1 Rastreamento e isolamento por eletroforese do composto bioativo 63
4.16.2 Determinação do Rf (fator de retenção) em condições desnaturantes 63
4.17 CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DO COMPOSTO BIOATIVO 64
4.17.1 Eletroforese em SDS-page para avaliação da pureza do composto bioativo e
determinação da massa molecular 64
14
4.17.2 Focalização isoelétrica e determinação do ponto isoelétrico (eletroforese 2D)
do composto bioativo 64
4.17.3 pH de máxima atividade do composto bioativo 65
4.17.4 Temperatura de máxima atividade degradadora do composto bioativo 65
4.17.5 Estabilidade térmica do composto bioativo a 80ºC 66
4.17.6 Determinação de carboidratos 66
5
RESULTADOS E DISCUSSÃO
67
5.1 PADRONIZAÇÃO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE DA PATULINA 67
5.2 PRODUÇÃO DE PATULINA 68
5.3 QUANTIFICAÇÃO DE PATULINA EM MAÇÃS CONTAMINADAS 69
5.4 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA
PELO PROCESSO FERMENTATIVO 72
5.5 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA
UTILIZANDO O EXTRATO BRUTO ESTÉRIL 74
5.6 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA
UTILIZANDO O EXTRATO DIALISADO ESTÉRIL 76
5.7 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA
UTILIZANDO O EXTRATO ULTRAFILTRADO ESTÉRIL 79
5.8 RASTREAMENTO DO COMPOSTO BIOATIVO POR ELETROFORESE 82
5.9 AVALIAÇÃO DA PUREZA DO COMPOSTO BIOATIVO E
DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR 84
5.10 FOCALIZAÇÃO ISOELÉTRICA E DETERMINAÇÃO DO PONTO
ISOELÉTRICO DO COMPOSTO BIOATIVO 85
5.11 pH DE MÁXIMA ATIVIDADE DO COMPOSTO BIOATIVO 85
5.12 TEMPERATURA DE MÁXIMA ATIVIDADE DEGRADADORA DO
COMPOSTO BIOATIVO 87
5.13 PRESENÇA DE CARBOIDRATOS 89
5.14 ESTABILIDADE TÉRMICA DO COMPOSTO BIOATIVO A 80ºC 89
6
CONCLUSÕES
90
7
REFERÊNCIAS
92
15
1. INTRODUÇÃO
A produção de fruta brasileira superou os 43,7 milhões de toneladas em 2007,
classificando o país entre os quatro maiores produtores mundiais juntamente com a China,
Índia e EUA. Do total produzido, 45% destinou-se ao consumo in natura e 53% à indústria
processadora. A maçã (Malus domestica L.) foi a segunda fruta mais exportada no ano de
2007 e o seu consumo em forma in natura ou processada é amplamente difundido, obtendo-se
os mais variados produtos derivados, seja suco, polpa, purê, produtos fermentados,
desidratados, conservas e doces, com grande aceitabilidade pelos consumidores.
Em países com tradição no processamento de maçãs, as fábricas são supridas com
frutas de variedades industriais, usualmente rústicas e sem muita necessidade de manejo,
colhidas e transportadas para as unidades de processamento onde o processo de seleção é
menos rigoroso do que aquele utilizado no caso de frutas de mesa. Nos países que começam a
processar maçãs, como o caso do Brasil, a matéria-prima disponível é a desqualificada para
uso in natura, por defeitos diversos, como picadas de pássaros, injúrias mecânicas, cicatrizes
na epiderme, má formação do fruto e distribuição desuniforme da coloração.
Não obstante, a matéria-prima deve estar livre de deterioração por fungos
filamentosos, responsáveis por perdas substanciais na indústria de processamento. Na
categoria, Penicillium spp. representa o principal agente deteriorante, com destaque a P.
expansum, que além de colonizar o fruto e causar dano à polpa, produz a patulina, micotoxina
de caráter teratogênico e cancerígeno em embriões de galinha e camundongos.
Embora não exista nenhum dado toxicológico ou epidemiológico em seres humanos,
a patulina vem sendo empregada como indicador de qualidade nos frutos e produtos de maçã.
Em 2001 o Food and Drug Administration-FDA publicou um documento, The Draf
Guidance Document of FDA Components and Industry on Apple Juice and Apple Juice
Products”, que estabelece o limite de 50 µg/L para sucos de maçã e derivados, embora a
16
União Européia tenha estabelecido 25 µg/Kg em compotas e purês e 10 µg/Kg em produtos
infantis.
A contaminação de suco de maçã por patulina ocorre principalmente em períodos de
baixa produção ou entressafras quando a matéria-prima é escassa. Com o intuito de evitar
maiores perdas na produção de suco, maçãs deterioradas são também utilizadas no
processamento, aumentando o risco de incidência da micotoxina em produtos derivados.
Entretanto, este problema é minimizado em derivados fermentados, cujas leveduras utilizadas
no processo fermentativo têm poder detoxificante, reduzindo e/ou eliminando a contaminação
presente na matéria-prima.
A degradação da toxina por leveduras está associada a um mecanismo de defesa do
microrganismo, relacionado à síntese de proteínas. O emprego de leveduras e seus
metabólitos no biocontrole durante o armazenamento dos frutos tem apresentado excelentes
resultados contra o desenvolvimento e germinação de esporos de fungos deteriorantes.
Sendo assim, a investigação de compostos bioativos de leveduras sobre possível
efeito degradador de micotoxinas associado ao biocontrole de caráter inócuo, compatíveis
com a aplicação prática, seria favorável para garantir a qualidade e segurança de produtos
oriundos da fruticultura.
A necessidade de aprofundar o conhecimento de compostos bioativos detoxificantes
produzidos por leveduras, com ênfase em purificação, caracterização e estabilidade,
possibilitará direcionar com eficiência racional, o controle de micotoxinas em alimentos,
melhorando a qualidade higiênico-sanitária do produto.
17
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 PRODUÇÃO DE FRUTAS NO PAÍS
A produção de frutas no Brasil cresceu 4,5% em 2008, estimulada por um expressivo
consumo interno, pela demanda crescente de agroindústrias e pelas vendas externas. Os
últimos dados informados pelo Instituto Brasileiro de Frutas (INSTITUTO BRASILEIRO DE
FRUTAS-IBRAF, 2008) são referentes ao ano de 2007, quando o Brasil produziu mais de
43,7 milhões de toneladas de frutas, classificando o país como o terceiro maior produtor
mundial, atrás da China e da Índia, é o 15º maior exportador e ocupa o lugar em eficiência
de produção (FOOD AGRICULTURE ORGANIZATION-FAO, 2008; IBRAF, 2008). Do
total produzido, 45% das frutas destina-se ao consumo nacional in natura, 53% à indústria
processadora e apenas 2% à exportação de frutas frescas, evidenciando a necessidade de
incentivo para agilizar maior inserção no mercado internacional (FAO, 2008). As exportações
brasileiras de frutas in natura geraram divisas de 430 milhões de dólares em 2007, sendo que
cerca de 65 milhões foram decorrentes da maçã e seus derivados com crescimento de 100%
nas exportações da fruta in natura, passando de 53 mil toneladas em 2006 para 106 mil
toneladas em 2007 (IBRAF, 2008).
2.1.1 Maçã
Atualmente, há diversas espécies de macieiras como, por exemplo, a Malus sylvestris
originária da Europa e a Malus prinifolia originária do Cáucaso e de parte da Rússia, mas não
se sabe ao certo quando e onde se originou a macieira e qual ou quais foram as espécies
silvestres que deram origem à maçã contemporânea, cujas variedades são atualmente
conhecidas. Os frutos da macieira podem ser distinguidos e agrupados por suas variações de
sabor, tamanho, forma, aparência, consistência da polpa e casca, e por suas distintas
utilidades. De uma forma geral, as maçãs podem ser classificadas em três tipos: de mesa, de
18
cozinhar ou próprias à fabricação de sidra ou de vinagre (TODA FRUTA, 2008). Uma mesma
árvore pode fornecer frutos com diferentes aproveitamentos, de acordo com sua classificação.
Pela sua capacidade de produzir fibras de boa qualidade e pelo seu alto teor de potássio, a
maçã é uma fruta indicada para manutenção da saúde, prevenindo doenças cardíacas e
excesso de colesterol no sangue, e para dietas de emagrecimento (TODA FRUTA, 2008).
2.1.1.1 Colheita e armazenagem
As macieiras se desenvolvem bem em clima temperado, sendo favorável e essencial
para uma boa produtividade, o que limita as regiões de plantio, colocando o Sul do Brasil em
posição privilegiada em relação às demais regiões (SIMÃO, 1998).
A colheita é feita de acordo com os critérios de qualidade relacionados as
características que se desenvolvem pós-colheita, durante a maturação dos frutos (TU;
NICOLAI; DE BAERDEMAEKER, 2000).
Frutos destinados à comercialização imediata e à exportação são aqueles que
apresentam melhor qualidade em termos de aparência, como coloração uniforme, forma
característica, ausência de podridões e danos mecânicos ou machucados. Frutos com maior
tamanho, mais aromáticos, com elevado teor de sólidos solúveis e com coloração mais intensa
são obtidos com colheita tardia (ARGENTA, 1993; WATKINS et al., 1993).
Os frutos que não se destinam imediatamente ao mercado consumidor são
armazenados em câmaras frigoríficas que contribuem para diminuição do seu metabolismo,
conservação das características físico-químicas e diminuição no crescimento de fungos. Esta
armazenagem pode ser associada à atmosfera controlada onde baixas concentrações de
oxigênio e dióxido de carbono (1 e 0,5% respectivamente) mantêm melhor a qualidade da
maçã, proporcionando maior retenção da firmeza da polpa e menor incidência de
degenerescência na temperatura de -0,5°C (BRACKMANN; MAZARO; LUNARDI, 1998).
19
2.1.1.2 Produção de maçãs no Brasil e no Mundo
A extensão territorial e a diversidade climática do Brasil permitem o cultivo das mais
variadas frutas, porém, o fator determinante no plantio das macieiras numa região depende do
período de baixa temperatura, necessário para o repouso vegetativo e conseqüente quebra de
dormência (FUNDAÇÃO CARGILL, 1983). No Brasil, safra 2007/08, foram produzidas 1,1
milhões de toneladas de maçã (IBRAF, 2009). As exportações de maçãs in natura chegaram a
112 mil toneladas e na forma de suco de maçã a 33 mil toneladas em 2008 (IBRAF, 2009). A
Região Sul do país apresenta o clima mais propício para produção de maçã, sendo responsável
por 98% da produção nacional, com aproximadamente 4% provenientes do Estado do Paraná
(PR), 42% do Rio Grande do Sul (RS) e 54% de Santa Catarina (SC) (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA-IBGE, 2007; MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO-MAPA, 2007). As cultivares
predominantes de maçã são Gala e Fuji, com representatividade de 46 e 45%,
respectivamente, em relação à produção total (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS
PRODUTORES DE MAÇÃ-ABPM, 2004).
No ano de 2000, o Brasil exportou mais de 60 mil toneladas de maçã para a Europa e
está atingindo auto-suficiência na suplementação do mercado interno, recebendo destaque
entre os frutos exportados, devido à vantagem na diferença de periodicidade em relação ao
Hemisfério Norte (IBRAF, 2005). A safra nacional de maçã 06/07 atingiu 1113,8 mil
toneladas, indicando aumento de 31,2% em comparação com os dados da produção anterior
(produção de 849 mil toneladas) (IBGE, 2007).
2.1.2 Suco de maçã
O suco de maçã é o produto extraído da fruta por moagem ou prensagem (pressão),
passando por um processamento de clarificação, adição de antioxidante, desaeração,
20
pasteurização e envase, sem adição de açúcar, adoçante ou conservantes. O produto final se
apresenta como líquido mpido, claro e brilhante (KOZLOWSKA et al., 2003; WOSIACKI
et al., 2002). O suco também pode receber adição de polpa para melhorar sua consistência ou
adição de açúcar para corrigir a doçura, sendo então chamado de néctar de maçã.
2.1.2.1 Produção e consumo de suco de maçã
Como acontece com a maioria das produções agrícolas, existe uma fração de safra de
maçã que acaba não sendo comercializada no mercado in natura, que pode chegar a 30% da
produção nacional, sendo destinado à industrialização (WOSIACKI; NOGUEIRA; SILVA,
2000).
A indústria consumiu 18,9% da produção nacional de maçãs na safra 01/02, 81,1%
destinado ao comércio da fruta in natura, sendo 7,6% destes para exportação (ABPM, 2005).
Com o aumento da produção nacional, aumentaram as exportações da fruta in natura e a
venda para as fábricas de suco (WOSIACKI et al., 2002). A maior parte da produção nacional
de suco concentrado de maçã destina-se à exportação, apresentando grande concorrência com
a Argentina e Chile, países com tradição no processamento de maçãs e grandes produtores
mundiais (PRADO, 2000).
No Brasil, o comércio interno de suco de fruta é pequeno, em torno de 5 a 7 litros
anuais por habitante, decorrente do alto preço, falta de divulgação, incentivo, investimentos e
de disponibilidade de variedades. A produção e comercialização de suco no Brasil é
insignificante quando comparado com a Europa e os Estados Unidos, onde o consumo de
sucos de fruta chega a 30 litros anuais por habitante, destacando-se o suco de maçã como o
mais popular e segundo suco mais consumido no mundo (GALCIA-CLOSAS et al., 2004;
IBRAF, 2005).
21
2.1.2.2 Qualidade e legislação de suco de maçã
O Ministério da Agricultura define o suco de maçã como sendo a bebida não
fermentada e não diluída, obtida da parte comestível da maçã (Malus domestica Borkh) por
processo tecnológico adequado devendo obedecer aos Padrões de Identidade e Qualidade,
fixados para suco de fruta (MAPA, 2000).
Pelo regulamento técnico para fixação dos padrões de identidade e qualidade para
suco de maçã, deveobedecer as características e composição. A cor deve ser translúcida, o
aroma próprio, sólidos solúveis num mínimo de 10,5°Brix (20°C), acidez total acima de
0,15g/100g expressa em ácido málico, acidez volátil no máximo de 0,04g/100g expressa em
ácido acético e açúcares totais naturais do fruto até 13,5g/100g (BRASIL, 2000).
Alguns países da Europa e os EUA também estabelecem níveis máximos para
conteúdo de patulina em derivados de maçã. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
recomenda concentrações inferiores à 50 µg/L e, em 2001, o Food and Drug Administration
(FDA) publicou um documento, The Draf Guidance Document of FDA Components and
Industry on Apple Juice and Apple Juice Products”, que estabelece o limite de 50 µg/L para
sucos de maçã e derivados (RICHARD et al., 2003). A União Européia adotou recentemente
este mesmo nível máximo e também 25 µg/Kg em produtos sólidos incluindo compota e purê
de maça e ainda o vel máximo permitido de 10 µg/Kg é proposto para produtos de maçã
destinados a crianças (FONSECA, 2008).
Uma das principais preocupações em relação à contaminação do suco de maçã com a
patulina é o fato de que o Brasil exporta este produto para países que possuem limites
estabelecidos por legislação para esta micotoxina em sucos (MELLO, 2004).
Na Tabela 01 observa-se que os países que tem legislação seguem a recomendação
da OMS e da FDA de no máximo 50 µg/L de patulina em suco de maçã.
22
Tabela 01. Países que possuem legislação para patulina e o limite máximo permitido.
País Tipo de alimento
Limite (µg/L ou µg/Kg)
Alemanha Suco de maçã 50
Áustria Suco de frutas 50
Finlândia Todos os alimentos 50
França Suco de maçã e produtos derivados 50
Grécia Suco de maçã e produtos de maçã 50
Israel Suco de maçã 50
Itália Suco de frutas 50
Noruega Suco de maçã concentrado 50
República Tcheca Todos os alimentos
Alimentos para crianças
Alimentos infantis
50
30
20
Romênia Todos os alimentos
Rações
50
30
Suécia Suco de frutas 50
Suíça Suco de frutas 50
Uruguai Suco de frutas 50
Fonte: (FONSECA, 2008).
2.1.3 Propriedades estruturais e funcionais de patulina
A patulina, 4hidroxi-4furo[3,2-c]pirano(6H)-1 (Figura 01), uma micotoxina termo-
resistente da classe hidroxifuropiranona e também chamada clavicina, claviformina ou
expansina, apresenta fórmula empírica C
7
H
6
O
4
e sua massa molecular é de 154,12 Da. Pode
ser produzida como metabólito secundário por várias espécies de fungos para inibir o
crescimento de outros microrganismos. A patulina foi isolada pela primeira vez de
Penicillium claviforme, nomeada claviformina, mas em razão de seu freqüente isolamento
partindo de Penicillium patulum, hoje se chama patulina. Achava-se que era um antibiótico,
mas pelos seus efeitos tóxicos em animais, foi considerada uma toxina. Apresenta estabilidade
em ácidos diluídos e é resistente à temperatura de 125°C na faixa de pH entre 3,5 e 5,5,
23
ocorrendo o inverso em soluções alcalinas e compostos sulfurosos representados por
metabissulfito e radicais sulfidrilas, quando diminui a sua atividade biológica (ENGEL;
TEUBER, 1984; GONÇALEZ; PINTO; FELICIO, 2001; SCUSSEL, 1998). Sua atividade
carcinogênica é atribuída à insaturação α, β, junto com uma dupla ligação conjugada externa,
unida na posição 4 do anel lactona. Apresenta absorção UV máxima de 256,5 nm e
solubilidade em água e solventes orgânicos comuns, exceto éter de petróleo (MAJERUS;
KAPP, 2002; MOAKE; PADILLA-ZAKOUR; WOROBO, 2005; RYCHLIK;
SCHIEBERLE, 2001).
Figura 01 – Estrutura molecular da patulina (MOSS, 2008).
Formada pela via das policetidas (Figura 02), a patulina causa efeitos tóxicos em
animais, de caráter teratogênico e cancerígeno em camundongos, além de lesões pulmonares,
hepáticas e renais (GÖKMEN; ACAR, 1998 [01]; RICHARD et al., 2003), efeitos
gastrointestinais e neurotóxicos (HOPKINS, 1993) e imunotóxicos (SHARMA, 1993). A dose
de letalidade - DL
50
para camundongos varia de 5 a 30 mg/Kg de peso corpóreo
(BOONZAAIJER; BODELDIJK; VAN OSENBRUGGEN, 2005). Segundo pesquisadores, a
dupla ligação presente na estrutura da patulina interage com os ácidos nucléicos, afetando a
transcrição gênica e conseqüentemente a síntese de biomoléculas (ARAFAT; MUSA, 1995;
HATEZ; GAYE, 1978; MIURA; HASUMI; ENDO, 1993; MOULE; HATEY, 1977), também
ocasiona o rompimento da membrana do protoplasma (MAHFOUD et al., 2002; RILEY;
24
SHOWKER, 1991) e inibição da produção de interferon (WICHMANN;
HERBARTH;
LEHMANN
, 2002). O resultado destes estudos é, como um todo, inconclusivo em humanos,
mas sugere que sintomas agudos pelo consumo de patulina podem incluir agitação,
convulsões, congestão pulmonar, edema, ulceração, hiperemia, distensão gastrointestinal,
hemorragia intestinal, degeneração de células epiteliais, inflamação intestinal, vômitos e
danos nos rins (MAHFOUD et al., 2002; MCKINLEY; CARLTON; BOON, 1982). Após
ingestão, a patulina é rapidamente excretada (cerca de 87%), sendo 49% nas fezes, 36% na
urina e 1 a 2% pela via respiratória na forma de dióxido de carbono (MOSS, 2008).
Figura 02 – Metabolismo secundário e formação da patulina. (GRIFFIN, 1993)
(Arte gráfica: Dra. Elisa Hirooka).
Ác. 6 Metilsalicílico
Ác. orselínico
Ác. Penicílico
Aflatoxina
Citrinina
Esterigmatocistina
Griseofulvina
Luteoskirina
Ocratoxina
PATULINA
Versicolorinas
Zearalenona
Succinato
Citrato
Aconitato
Hexose
PO4
Triose PO4
Ác. P. Glicérico
PEP
PYR Ác. graxos
Isoprenóides
Mevalonato
Policetida
Oxaloacetato
ACETIL Co
-
A
Ceto Glutamato
C
C
I
I
C
C
L
L
O
O
D
D
E
E
K
K
R
R
E
E
B
B
S
S
25
Patulina
A produção de patulina ocorre quando a taxa de crescimento diminui em virtude das
limitações do consumo de nitrogênio (GROOTWASSINK; GAUCHER, 1980). A biossíntese
de patulina é bem compreendida e envolve uma série de condensações e reações de
oxiredução, muitas, se não todas, catalisadas por enzimas. Sua síntese é iniciada com uma
unidade de acetil-Coenzima A e três unidades de malonil-Coenzima A, sendo condensados em
ácido 6-metilsalicilico (6-MAS) pela ação da enzima ácido 6-metilsalicilico sintetase (6-MAS
sintetase). A próxima etapa envolve a conversão de 6-MAS em m-cresol pela atividade da 6-
MAS descarboxilase. M-cresol é convertido em álcool m-hidroxibenzil através da m-cresol
hidrolase. O próximo passo é a conversão do álcool m-hidroxibenzil a gentisaldeido pela
enzima álcool m-hidroxibenzil desidrogenase, tendo como intermediário de reação o m-
hidroxibenzaldeido ou o álcool gentisil. Uma vez formado o gentisaldeido, é convertido para
isopoxidona, filostina, neopatilina, E-ascladiol e finalmente para patulina (Figura 03)
(GRIFFIN, 1993).
Figura 03 – Via de formação da patulina
1 ACETIL Co-A
3 MALONIL Co-A
redução
descarboxilação
Ácido 6 metil salicílico
descarboxilação
oxidação
m-hidroxi-benzaldeído
rearranjo
26
Selmanoglu e Koçkaya (2004) investigaram os efeitos tempo-dependentes de
patulina nos níveis de triiodotironina (T3), tetraiodotironina (T4), hormônio tireóide
estimulante (TSH), testosterona, hormônio luteinizante (LH) e hormônio de crescimento (GH)
no desenvolvimento de ratos machos de 5-6 semanas de idade por um período de 60 e 90 dias.
A dose de patulina utilizada foi baseada em níveis de exposição humana (0,1 mg/Kg de peso
corporal/dia). Ao término da experiência foram verificados os níveis de hormônio no soro e
análise histopatológica por microscopia da tireóide e testículos. Os resultados revelaram que,
após 60 dias de ingestão, os ratos apresentaram um aumento de 66,6% nos níveis de
testosterona e uma diminuição de 17,3% nos níveis de T4. Após 90 dias de ingestão de
patulina, os níveis de testosterona estavam aumentados em 75% e LH em 146%. Os exames
histopatológicos do testículo demonstraram hiperplasia local no tecido intersticial e também
desorganização do epitélio do tubo seminífero. A tireóide revelou infiltração de células
linfóides e aumento do tecido intersticial entre os folículos e degeneração coloidal.
Em 2006, Iwahashi et al. avaliaram a citotoxicidade da patulina em leveduras por
análise de transcrição observando a resposta nas leveduras após exposição a 50ppm de
patulina. Encontraram a expressão de genes patulina-induzidos, semelhantes à expressão de
genes obtidos após tratamento com substâncias agrícolas antifúngicas (maneb
e zineb
).
Além disso, o tratamento com patulina ativou a degradação de proteínas, especialmente as
atividades de proteossoma, metabolismo de aminoácidos sulfurados e sistema de defesa
contra oxidação. Sugeriram danos no DNA por alquilação, o qual era reparado por
recombinação e mecanismos de reparos. Os resultados também proveram genes biomarcados
para a descoberta de patulina em produtos agrícolas. Os resultados sugeriram a possibilidade
de aplicar o sistema de transcrição das leveduras para avaliação de substâncias químicas,
especialmente para substâncias naturais que são difíceis de resistir à síntese orgânica.
27
Embora não exista nenhum dado toxicológico ou epidemiológico em seres humanos,
a patulina vem sendo empregada como indicador de qualidade nos frutos e produtos de maçã
(MOSS, 1996). O Ministério Britânico de Agricultura, Pesca e Alimentos (MINISTRY OF
AGRICULTURE, FISHERIES AND FOOD-MAFF) tem monitorado os níveis de patulina
em sucos de maçã desde 1980. Quando contaminações acima de 50 µg/L foram confirmadas
pela primeira vez, em 1992, foi sugerido o limite máximo permitido de até 50 µg/L, que foi
confirmado em 1995 (UNITED KINGDOM, 1993). Com o estabelecimento de programas de
controle, a redução dos níveis de patulina em sucos de maçã alcançou 60% (UNITED
KINGDOM, 1998). Outros países como Suécia, Bélgica e Noruega também estabeleceram
concentração máxima permitida de até 50 µg/L, como recomendado pela Organização
Mundial de Saúde (OUGH; CORISON, 1980).
Em 2001, o Food and Drug Administration (FDA) publicou um documento, The
Draf Guidance Document of FDA Components and Industry on Apple Juice and Apple Juice
Products”, que estabelece o limite de 50 µg/L para sucos de maçã e derivados (RICHARD et
al., 2003), embora a União Européia tenha estabelecido 25 µg/Kg em compotas e purês e 10
µg/Kg em produtos infantis (BOONZAAIJER; BODELDIJK; VAN OSENBRUGGEN, 2005;
EUROPEAN COMMISSION, 2003). A Organização Mundial de Saúde (OMS) alterou o
limite de ingestão de 7,0 para 0,4 µg/Kg de peso corpóreo/dia (BAERT et al., 2004;
BOLGER, 2002).
2.1.3.1 Principais microrganismos produtores de patulina
A patulina é produzida por mais de 60 espécies de fungos pertencentes a 30 gêneros
(LAI, FUH, SHIH, 2000). Dentre esses citam-se Penicillium expansum (P. leucopus), P.
patulum (P. urticae, P. griseofulvum), P. crustosum, P. roqueforti, P. claviforme,
Paecilomyces spp., Saccharomyces vesicarium, Alternaria alternata, Byssochlamys nivea, B.
28
fulva, Aspergillus giganteus, A. terreus, e A. clavatus (AYTAC; ACAR 1994; LAIDOU;
THANASSOULOPOULOS; LIAKOPOULOU-KYRIAKIDES, 2001; MOSS; LONG, 2002),
destacando-se com especial importância e interesse o P. expansum, patógeno facultativo que
invade frutas danificadas causando podridão, mais comum em maçãs, podendo assim ocorrer
patulina em suco de maçã fresco. Normalmente é encontrada em altas concentrações na parte
da fruta onde presença de esporos (93 a 95% de toda toxina), difundindo-se para outras
partes sadias do fruto devido sua hidrossolubilidade, até 4 cm além da lesão (BAERT et al.,
2004; LAIDOU et al., 2001). Também pode ser produzida por Aspergillus clavatus em
resíduos de cevada malteada e restos de cereal no campo, e por Byssochlamys nívea e B. fulva
em silagem (SCUSSEL, 1998). Microrganismos produtores de patulina também foram
isolados de uvas, cerejas, pêras, damascos, nectarinas, pêssegos, tomates, mirtilo e amêndoas
(DEMIRCI; ARICI; GUMUS, 2003; JIMINEZ et al., 1991; LEGGOTT; SHEPHARD 2001;
PRIETA et al., 1994; RITIENI, 2003).
Penicillium spp. é certamente o fungo toxigênico de maior incidência em maçãs,
considerado um patógeno de ferimentos, que cresce em atividade de água (a
w
) entre 0,83 a
0,99 e tem a capacidade de tolerar até 80% de sacarose (p/v) no meio de crescimento,
causando podridão de coloração azul na parte externa da maçã e bege ou marrom-clara no
tecido, deixando o fruto aguado e mole (HEFNAWY; ABOU-ZEID, 2003). Stott e Bullerman
(1975) avaliaram a microbiota fúngica que contaminavam naturalmente maçãs, observando
que 66% tem a capacidade de produzir patulina, sendo predominantes os gêneros Penicillium,
Aspergillus e Byssoclamys.
Dombrink-Kurtzman e Blackburn (2005) avaliaram diferentes espécies de
Penicillium spp. para determinar sua toxigenicidade em diferentes meios de cultivo. Para isto,
utilizaram 11 espécies toxigênicas dos fungos, P. expansum (4), P. griseofulvum (3), P.
clavigerum (2), P. coprobium (1) e Penicillium spp. (1) isolado de maçã. As culturas foram
29
cultivadas em meios líquidos Batata Dextrose, Extrato de Malte e Extrato de Levedura
peptonado adicionado de glucose, todos com e sem suplementação de manganês, totalizando
seis formulações diferentes. A quantificação foi realizada por Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência (CLAE) com detector Ultravioleta (UV). As três cepas de P. griseofulvum
apresentaram maior produção de patulina ao final do experimento. Para a maioria das cepas, o
Caldo Batata Dextrose suplementado com manganês propiciou máxima produção de
micotoxinas. Embora P. expansum seja freqüentemente citado como provável fonte de
patulina em sucos de maçã, outras espécies de Penicillium podem ser mais toxigênicas,
devendo a indústria estar alerta à possibilidade destas outras serem as responsáveis pela
ocorrência de patulina.
Hasan (2000) determinou as espécies de fungos predominantes e ocorrência de
micotoxinas em maçãs sadias (100) e deterioradas (100). Também avaliou o efeito do tempo e
temperatura sobre o crescimento de P. expansum em meio contendo glucose, NaNO
3
,
KH
2
PO
4
, MgSO
4
, KCl e extrato de maçã e a inibição da produção de patulina e aflatoxina
utilizando óleos de frutas. Aspergillus flavus (100%), A. niger (63%), Penicillium expansum
(50%) e Rizopus stolonifer (50%) foram os fungos isolados com maior freqüência em frutas
saudáveis. A. niger foi o microrganismo mais comum em maçãs deterioradas (83%), seguido
de A. flavus (67%), P. expansum (58%), R. stolonifer (53%) e Alternaria alternata (42%). As
micotoxinas naturalmente encontradas em maçã deteriorada foram aflatoxina e principalmente
patulina. A temperatura ótima para produção de patulina por P. expansum foi de 15°C após 15
dias. Utilizando 0,2% de óleo de limão no meio de cultivo, a produção de patulina foi inibida
completamente e com 0,05% de óleo de limão mais 0,2% de óleo de laranja reduziu mais de
90% da produção. A formação de aflatoxina foi reduzida em 90% quando era utilizado 0,2%
de óleo de limão. A freqüente ocorrência de P.expansum produtor de patulina em frutas
30
aponta a importância do controle durante o armazenamento das maçãs para evitar riscos de
ingestão de toxina, devendo ser removido o tecido danificado antes da utilização do fruto.
Baseado nos tratamentos de lavagem de maçãs antes do armazenamento em câmaras
frias, Chen, Ingham e Ingham (2004), avaliaram a efeticácia desses tratamentos em maçãs
cultivar Empério com relação ao crescimento de P. expansum NRRL 2304 e produção de
patulina. Para os tratamentos foram utilizados satinitizantes comumente empregados na
indústria. Os sanitizantes consistiram de solução de 200 ppm NaOCl, StorOx
®
1%, sorbato de
potássio 0,5%, 300 ppm SO
2
, e solução de ácido acético entre 0 e 5%. Esporos de P.
expansum foram inoculados em fatias de maçãs e, então, mergulhadas nas soluções por 5 min.
O crescimento do fungo e a produção de patulina foram monitorados durante o
armazenamento subseqüente. A solução de sorbato de potássio (0,5%) e a de SO
2
(300 ppm)
não afetou a sobrevivência do fungo ou produção de patulina. StorOx
®
(1%) foi efetivo
contra os esporos em solução (destruição de 4 log de Número Mais Provável de esporos), mas
não teve efeito quando os esporos estavam inoculados em fatias de maçãs. A lavagem com
200 ppm de NaOCl dificultou o crescimento de P. expansum em discos de maçã inoculados,
mas não inibiu completamente a produção de patulina. A solução ácido acética (2 a 5%)
apresentou maior eficácia contra P. expansum. Um tratamento de lavagem com 2% de ácido
acético por 1 min foi suficiente para inibir por completo o crescimento do fungo e
subseqüente produção de patulina em maçãs armazenadas destinadas à produção de suco e
sidra.
A produção de diferentes metabólitos de P. expansum isolados de culturas de origem
pura foi demonstrada por Andersen, Smedsgaard e Frisvad (2004). Ao contaminar frutas e
produtos de frutas, o fungo produziu substâncias tóxicas diferentes da patulina. Os autores
enfocaram a atenção das legislações e das indústrias alimentícias no problema relacionado aos
metabólitos de P. expansum. De acordo com a literatura, este fungo pode produzir citrinina,
31
ocratoxina A, patulina, penitrem A, e rubratoxina B. Neste estudo a produção qualitativa de
metabólitos foi examinada usando Cromatografia de Camada Delgada (CCD) (260 fungos),
CLAE (85 fungos), e Espectrometria de massa (EM) (22 fungos). Os resultados mostraram
que nenhum dos 260 fungos isolados produziram ocratoxina A, penitrem A ou rubratoxina B.
Porém, quetoglobosina A e comunesina B foram produzidos constantemente por todos os
fungos. Patulina e roquefortina C foram produzidos por 98% do fungos isolados e descobertos
expansolidas A/B e citrinina em 91 e 85%, respectivamente.
Abramson et al. (2009) isolaram de maçãs provenientes do Canadá, 24 cepas de P.
expansum e avaliaram sua capacidade de produção de patulina e citrinina. Quando cultivaram
estes microrganismos em caldo YES (Yeast Extract Saccharose, extrato de levedura acrescido
de sacarose) a 25°C por 28 dias, os isolados mostraram-se potentes produtores de citrinina ou
patulina, e na maioria dos casos, ambas as micotoxinas. Citrinina e patulina foram produzidas
em concentrações máximas de 565µg/mL (média 269µg/mL) e 100 µg/mL (média de
31µg/mL) respectivamente. Dentre os isolados, 91% produziram citrinina e 83% produziram
patulina.
Em 2001, Abrunhosa et al. determinaram o potencial toxigênico de fungos isolados
de uvas destinadas à produção de vinho de duas regiões vinícolas de Portugal. Os fungos
toxigênicos isolados (51) foram identificados como P. expansum produtores de patulina e/ou
citrinina, as quais foram quantificadas por CCD, e nenhum fungo produtor de ocratoxina foi
encontrado. Quando os fungos eram cultivados em caldo YES, favorecia a produção de
citrinina (51 cepas) e desfavorecia a produção de patulina (20 cepas). Quando cultivados em
suco de uva, 33 cepas produziram patulina enquanto citrinina foi produzida por apenas uma
das cepas. A presença de micotoxinas em vinhos de uva é discutida. A contaminação das uvas
com patulina pareceu não contribuir para contaminação do vinho. As uvas da cultivar Douro
apresentavam contaminação por P. expansum, mas as uvas da cultivar Vinho Verde não
32
apresentavam tal contaminação. Isto ocorreu devido à resistência dos cultivares a fungos ou
por sofrer influência de fatores ambientais.
2.1.3.2 Controle de fungos
Tratamentos pós-colheita com fungicidas são utilizados para reduzir as deteriorações
do fruto, como por exemplo, a aplicação do fungicida sintético imazalil (Freshgard
e
Fungaflor
) em maçãs (NUNES et al., 2001), mas cepas de P. expansum acabam
desenvolvendo resistência (CONWAY et al., 2004; JANISIEWICZ et al., 2003). Em vista do
interesse na ampliação da exportação de frutas brasileiras, o controle na armazenagem se
tornou essencial para garantir a qualidade (IBRAF, 2008). Os consumidores cada vez mais
conscientes vêm impondo exigências quanto à necessidade de produtos isentos de resíduos de
agrotóxicos (CONWAY et al., 2004; WISNIEWSKI; WILSON, 1992).
Métodos alternativos desenvolvem-se para o controle do bolor azul como a utilização
de microrganismos antagônicos (COELHO, 2005; LEVY et al., 2000) aplicação de
antibióticos naturais (BATTA, 2004; SHOLBERG; BEDFORD; STOKES, 2005), aplicação
de produtos sanitizantes (CONWAY et al., 2004).
Okull e Laborde (2004) avaliaram a influência da oxidação eletrolítica (19,0 A) na
viabilidade de esporos de P. expansum. O teste foi realizado em uma suspensão aquosa
contendo o fungo (10
6
esporos/mL) e em maçãs inoculadas com os esporos (10
6
esporos)
imersas em solução de cloridrato de sódio (0,1%). Aplicando a força eletrolítica máxima e de
50%, diminuiu a população de esporos viáveis por 4 e 2 unidades logarítmicas,
respectivamente. A oxidação eletrolítica não preveniu a formação posterior da lesão na fruta
inoculada diretamente com P. expansum, porém, ocorreu a formação de uma lesão menor
quando as maçãs foram armazenadas. Concluíram que a oxidação eletrolítica é uma potencial
33
alternativa como desinfetante, podendo substituir o cloro no controle de infecções de maçãs
por P. expansum durante o armazenamento e processamento das frutas.
Inicialmente as pesquisas para controle biológico eram direcionadas aos metabólitos
bacterianos que demonstravam perspectivas promissoras para restringir o uso de agrotóxicos
químicos (SANHUEZA; KRETZCHMAR; BORSÓI, 1992). Florianowicz (2001) mostrou a
eficiência da atividade antifúngica de Bacillus megaterium, Bacillus subtillis, Lactobacillus
casei, L. delbrueckii e L. lactis contra P. expansum. Nunes et al. (2001) relataram excelente
controle exercido por Pantoea agglomerans (CPA-2) contra B. cinerea e P. expansum sob
refrigeração, evidenciada pela redução de mais de 80% na deterioração de pêra (8,0 x 10
7
UFC/mL) causada por P. expansum e Rhyzopus stolonifer (10
3
, 10
4
e 10
5
conídias/mL).
Nos últimos anos, as leveduras e seus metabólitos também vem sendo estudados para
sua utilização no controle biológico. Levy et al. (2000) analisaram o potencial antagônico de
18 leveduras contra Penicillium spp. produtor de patulina, avaliando o potencial e a
estabilidade dos compostos ativos produzidos, utilizando o sobrenadante do meio de
leveduras para realização de antifungigrama. Testes indicaram que o sobrenadante da
levedura #38 apresentou maior halo e tempo de inibição. Esta atividade mostrou perspectivas
para aplicação, porém, após 7 dias o efeito antagônico diminuiu devido à baixa estabilidade
do composto responsável pela inibição, restringindo a aplicabilidade. Sob a forma de
microrganismos vivos, os autores abrem perspectivas para estender ensaios com
armazenagem a médio e longo prazo.
Usall et al. (2001) obtiveram resultados satisfatórios utilizando a levedura Candida
sake (cepa CPA-1) no biocontrole de doenças pós-colheita causadas por P. expansum em
maçãs, reduzindo a incidência de frutas deterioradas em mais de 70%. O tratamento de maçãs
(cultivar Golden Delicious) pós-colheita com C. sake sob estocagem a frio em duas estações
(1994/5 e 1995/6) também resultou no controle efetivo de P. expansum, com redução de 80%
34
no diâmetro da lesão e 50% na ocorrência das lesões (TEIXIDO; USALL; VINAS, 1999). No
Brasil, Tavares (1996) obteve uma redução de P. expansum em até 80%, utilizando Bacillus
subtillis e B. thuringiensis, sendo o resultado obtido superior ao controle químico.
Em estudo realizado por Coelho (2005), do total de 44 leveduras isoladas (16 de
frutas, 10 de silagem de milho e 18 de formigueiro de laboratório), 5 apresentaram
antagonismo contra esporos de P. expansum toxigênico (107 µg patulina/mL) em Ágar Meio
para Levedura, associado à antibiose (produção de substância extracelular), sendo Pichia
ohmeri 158 e Candida guilliermondii P3 as de maior atividade antagônica. No antifungigrama
em meio líquido (caldo MPL) o sobrenadante do cultivo de Candida guilliermondii (25°C/72
horas) inibiu 58,15% da germinação dos esporos de P. expansum, e Pichia ohmeri (25°C/48
horas) inibiu o desenvolvimento de hifas em 66,17%, sugerindo mecanismo associado ao
caráter killer, uma vez que ambas as leveduras foram positivas perante as linhagens padrão
Saccharomyces cerevisiae NCYC 1006 e Pichia kluyveri CAY-15.
2.1.3.3 Incidência de patulina em alimentos
Pesquisas mostraram que nem todos os produtos de maçã estão livres de patulina
(SHILIHA; ASKAR, 1999). Alimentos infantis como os purês de maçãs, freqüentemente
utilizados em papinhas de bebê, podem apresentar elevada contaminação, o que se torna mais
preocupante pelo efeito correlato de dose ingerida x peso corporal. Os produtos comerciais
obtidos a partir de maçã com maior valor agregado são os sucos clarificados e/ou
reconstituídos e os fermentados, base para sidras (BISSESSUR; PERMAUL; ODHAV,
2001).
A presença de patulina em sucos de maçã está relacionada à contaminação da
matéria-prima com fungos produtores da micotoxina e é de conhecimento técnico que o
processo de clarificação não diminui o conteúdo de patulina no suco, apenas em pequena
35
proporção (16%) (BISSESSUR; PERMAUL; ODHAV, 2001). A temperatura empregada para
pasteurização ou para produção de suco concentrado degrada a patulina, mas apenas num
percentual pouco significativo. A utilização de radiação diminui as concentrações da toxina
no suco de maçã causando pequenas alterações na coloração e nas concentrações de ácido
ascórbico (ZEGOTA; ZEGOTA; BACHMAN, 1988). Pesquisas mostraram que os sucos
clarificados e reconstituídos brasileiros não apresentaram teores de patulina preocupantes
(SYLOS; RODRIGUES-AMAYA, 1999), contendo níveis abaixo do máximo recomendado
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 50 µg/L, supostamente pela utilização de
matéria-prima de boa qualidade.
Em 1999, pesquisadores de São Paulo-Brasil determinaram a incidência de patulina
em frutas e sucos de frutas comercializados em Campinas utilizando-se de técnicas de
cromatografia líquida de alta eficiência com detector UV e estabelecendo o limite de detecção
de 5 µg/L com cromatografia de camada delgada para confirmação (SYLOS; RODRIGUES-
AMAYA, 1999). Dentre as 30 amostras testadas, compostas de sucos comerciais adquiridos
no mercado nacional, apenas em uma foi detectada a presença de patulina com a concentração
de 17 µg/L. Os autores realizaram testes de recuperação mediante metodologias de diversos
pesquisadores tendo obtido resultados diferentes, porém aceitáveis, dada a pequena
variabilidade encontrada, e levantaram a hipótese de que a baixa incidência de patulina pode
estar relacionada à sulfitagem dos sucos comerciais, permitido pela legislação brasileira, mas
nada foi feito para confirmação.
Na Itália, Beretta et al. (2000) analisaram 82 amostras de produtos de maçã
produzidos no país, concluindo que todas as amostras apresentaram boa qualidade, estando
com concentrações de patulina inferiores a 50 µg/L. Ritieni (2003) analisou três
procedimentos de extração de patulina utilizados para suco de maçã, sucos clarificados,
alimento infantil e vinagre de maçã comercializados na Itália. Relatou que o método descrito
36
por MacDonald et al. (2000), o qual remove proteínas com sulfato de amônio sem adição de
enzima, como sendo aquele que apresentou melhor recuperação, além de ser rápido e de baixo
custo. A solução deste método clarificada em coluna de sílica gel também pode ser analisada
por CLAE sem problemas. Dentre as amostras analisadas, somente uma delas apresentou
nível superior ao permitido (50 µg/L); esta amostra era o pude maçã orgânico com agente
anti-microbiano (metabissulfito de sódio) com uma concentração de 74,2 µg/L.
Lai; Fuh e Shih (2000) estudaram as condições de CLAE de fase reversa em coluna
de C
18
com detecção UV a 276 nm e avaliaram seu desempenho utilizando cromatografia
gasosa para confirmação, visto que a espectrometria de massas foi ineficiente para confirmar
baixas concentrações. Ao utilizar um volume de injeção de 50 µL, o limite de detecção
calculado em suco de maçã foi de aproximadamente 0,5 µg/L e o limite de quantificação de
15 µg/L, abaixo de 20 µg/L como sugerido pela Association of Official Analytical Chemists
AOAC (2000). As taxas de recuperação atingidas foram satisfatórias, variando de 93,1 a
96,6%. As análises mostraram que das 105 amostras de sucos, 83,1% estavam isentas de
patulina e 11,4% apresentaram pequenas quantidades, encontrando-se, ainda, dentro dos
limites aceitáveis de no máximo 50 µg/L recomendado pela OMS.
Harwig et al. (1973) constataram alta ocorrência de P. expansum aliada à presença de
patulina em 46% das maçãs naturalmente deterioradas, sob armazenagem sem refrigeração no
Canadá, indicando aceleração na produção da toxina devido à conservação inadequada. O
mesmo ocorreu com suco de maçã na Austrália, onde 65% das amostras apresentaram-se
contaminadas por patulina (WATKINS; FAZERAS; PALMER, 1990). Anon (1999) e
Brackett e Marth (1979) detectaram acima de 50 µg/L e 10 a 350 µg/L de patulina em 2,5 e
58% de amostras de sucos de maçã em Londres (Inglaterra) e Wisconsin (EUA),
respectivamente. De 100 amostras de suco de maçã analisadas para verificação da incidência
de patulina na Espanha, 82 estavam contaminadas, sendo que sete apresentaram níveis acima
37
de 50 µg/L (PRIETA et al., 1994). A incidência de patulina também foi observada por Burda
(1992) em 23% das 328 amostras de suco analisadas entre 1989/1990 no Reino Unido, com
níveis da toxina entre 51 e 1130 µg/L em 73 amostras.
A contaminação com patulina em 215 amostras de suco concentrado de maçã foi
detectada na Turquia, com valores variando de 7 a 376 µg/L (GÖKMEN; ACAR, 1998 [02]).
Lindroth e Niskanen (1978) relataram a ocorrência de patulina em 20% dos sucos de maçã
industrializados e 40% nos sucos caseiros, constatando-se no último grupo concentrações
maiores que 1000 µg/L, provavelmente devido a condições inadequadas de estocagem, aliada
à matéria-prima de baixa qualidade. Steiner; Werner e Washutti (1999) demonstraram a
presença de níveis altos de patulina (500-2500 µg/L) em sucos de maçã, quando processados
com frutas deterioradas. Boonzaaijer, Bobeldijk e Van Osenbruggen (2005) avaliaram a
presença de patulina em 63 produtos comerciais derivados de maçã comercializados na
Holanda e não encontraram níveis quantificáveis da toxina na maioria das amostras, porém a
amostra de suco orgânico de maçã apresentou a toxina. Em uma pesquisa realizada em 42
amostras comerciais de suco e 23 de suco concentrado de maçã no Irã em 2002, a patulina foi
detectada em 33 e 56%, respectivamente, com níveis superiores a 50 µg/L, cujo valor máximo
foi 285,3 µg/L (CHERAGHALI et al., 2005).
Em estudo realizado por Jackson et al. (2003), foi avaliado o efeito das condições de
armazenamento sobre os níveis de patulina. A patulina não foi detectada em maçãs
selecionadas, colhidas diretamente das árvores e não pasteurizadas, mas foi detectada, em
altos veis, naquelas que tiveram contato com o solo no momento da colheita, durante seu
armazenamento e/ou processamento e que também não foram pasteurizadas. O mesmo foi
observado no concentrado desses dois tipos de maçãs armazenado por 4 a 6 semanas em
temperatura de 0 a 2°C.
38
Koca e Eksi (2005) investigaram o efeito da temperatura de armazenamento sobre a
redução de patulina em sucos concentrados durante 6 meses, mantidos a 22°C e a 30°C,
contaminados com toxina nas concentrações de 64, 105 e 150 µg/L. Os resultados
demonstraram uma redução de patulina tempo e temperatura dependentes. Após 1 mês de
armazenamento a 22°C a redução foi de 45 a 64% e a 30°C, de 66-86%, sendo gradativo até o
quarto mês, quando não encontraram teores detectáveis da toxina.
Outra pesquisa foi desenvolvida a fim de avaliar a produção de patulina em maçãs
nos cultivares Gala e Fuji inoculados com P. expansum (NRRL 1172) e P. variabile isolado
de maçãs. Para isso, foram utilizadas temperaturas de armazenamento empregadas na
industria (0°C), de câmara fria (4°C) e temperatura ambiente (25°C) nos tempos de 15, 30, 60
e 90 dias. A produção de patulina ocorreu em todas as combinações de armazenagem,
constatando que à medida que se elevava a temperatura, era acelerado o desenvolvimento dos
fungos e a produção de patulina. A 0°C o aparecimento de patulina foi detectado em 60
dias, a 4°C em 30 dias e a 25°C em 15 dias. As variações de pH não foram significativas e a
deterioração macroscópica aumentava conforme o aparecimento de toxina. Os autores
concluíram que os riscos freqüentes de produção de patulina nas temperaturas de refrigeração
indicam a necessidade de melhor controle nos estágios de colheita e armazenagem de maçãs
(ROSS et al., 1998).
Marin et al. (2006) avaliaram o grau de contaminação por patulina em maçãs
infectadas com P. expansum, armazenadas à temperatura ambiente (20°C) por curtos períodos
de tempo (5 dias) e sua relação com a cultivar (Golden ou Fuji), grau de maturação, tamanho
das lesões e capacidade migratória da toxina no tecido sadio. Altas concentrações de patulina
foram encontradas em maçãs Golden, maduras e que apresentavam lesões maiores. A
migração da toxina pelo tecido sadio da fruta era maior quanto maior o tamanho da lesão,
chegando a 4 cm quando apresentavam grandes áreas afetadas e de 2 cm em lesões menores.
39
Entre 2 a 6% de patulina migrou para o tecido sadio, estando mais concentrada no diâmetro de
1,5 cm da lesão. Os autores sugeriram que a remoção do tecido afetado e tecido sadio
próximo é uma boa prática para prevenção de toxina em derivados de maçã.
Morales el al. (2007) avaliaram a produção de toxina por P. expansum toxigênico
isolado de frutos em maçãs maduras cultivar Golden, com e sem aplicação de fungicida
(Folpet
, tiabendazol e imazalil), durante armazenamento a 1°C por 6 semanas. Em nenhum
fruto foi detectada a presença de toxina, indicando que à temperatura de armazenamento
inibiu a produção de toxina pelo microrganismo. Em adição, mantiveram esses frutos à
temperatura de 20°C por 3 dias, simulando a temperatura e tempo de transporte. Neste caso,
observaram o aparecimento de lesões significativas com semelhante acúmulo de patulina em
todos os frutos, indicando que o tratamento com fungicida não alterou a produção de toxina
pelo fungo.
Em estudo semelhante, Higashihara et al. (2009) verificaram o efeito da temperatura
de estocagem de maçãs na produção de patulina por P. expansum, e encontraram que a
temperatura necessária para preservação dos frutos deve ser maior que 0°C. Para redução da
produção de patulina pelo fungo, a temperatura deveria ser inferior a 5°C, sendo indicada a de
1°C como ideal para armazenamento pós-colheita.
Wilson e Nuovo (1973) isolaram 60 cepas de P. expansum produtoras de patulina em
maçãs com deterioração, mantidas sob armazenagem de 0°C. Northolt; Van Egmond e
Paulsch (1978) confirmaram o fato, constatando o desenvolvimento e produção de patulina
em maçãs armazenadas a 1°C. Rychlik e Schieberle (2001) avaliaram a capacidade migratória
da toxina em maçãs, encontrando concentrações de patulina em porções de até 4cm de
distância da lesão, sendo essas com valor menor que 6 x 10
-5
µg de patulina/g de tecido sadio.
Celli (2006) quantificou a concentração de patulina em podridões de maçã, bem como o
40
tecido sadio ao redor da lesão (1cm). Encontrou patulina em todos os tecidos deteriorados e
sadios analisados, chegando a 115,65 e 5,02µg de patulina/g de tecido, respectivamente.
Martins et al. (2002) verificaram a ocorrência simultânea de patulina e citrinina,
micotoxinas produzidas principalmente por Penicillium spp. e Aspergilus spp.,
respectivamente, em 351 podridões de maçã de diferentes cultivares, utilizando CCD para
detecção e quantificação. O nível de detecção foi de 120-130 µg/Kg para patulina e de 15-20
µg/Kg para citrinina. Do total de amostras, 68,6% estavam contaminadas somente com
patulina, 3,9% somente com citrinina e 19,6% contaminadas com patulina e citrinina,
simultaneamente. A concentração de patulina chegou à 80,50 mg/Kg na cultivar Richared, e a
de citrinina 0,92 mg/Kg na cultivar Rome Beauty, não sendo encontradas concentrações
elevadas de ambas em uma mesma amostra. Os autores concluíram que maçãs que
apresentam porções deterioradas apresentam risco ao ser humano se consumidos, como fruta
ou suco de fruta, uma vez que podem conter elevada concentração de patulina.
Uma verificação da possível contaminação por patulina no aroma de maçã, um
destilado de interesse comercial produzido durante a concentração de suco, foi realizada por
Kryger (2001). O autor produziu um aroma de maçã a partir de um suco com elevada taxa de
toxina (3420 ppb) e verificou que nenhuma patulina foi encontrada no destilado. Destacou,
por outro lado, que ocorreu diminuição desta micotoxina presente no suco concentrado, mas
que essa diminuição era decorrente do tratamento térmico empregado, o que tinha sido
relatado por outros pesquisadores. As concentrações de toxina reduziram aproximadamente
33% num tratamento térmico a 100°C por 3 horas sob vácuo. Das análises realizadas em 4
amostras de aromas comerciais, nenhuma apresentou níveis detectáveis de patulina.
Sendo a patulina um parâmetro de qualidade em sucos de maçã, Kadakal, Nas e
Ekinci (2004) determinaram a presença de ergosterol e patulina em sucos contaminados para
verificar se havia alguma relação entre elas. Sucos produzidos a partir de maçãs sadias, e a
41
partir de maçãs deterioradas apresentando 30%, 60% e 100% da área contendo podridão,
foram analisados. Utilizando CLAE com detector diodo array para quantificação de patulina e
de ergosterol, encontraram concentrações crescentes de ambos à medida em que as podridões
da matéria prima aumentavam, variando de 1,9 à 861,0 µg de patulina/L (R=0,99) e de 0,7 à
111,0 mg de ergosterol/L (R=0,99). Correlacionando todas as concentrações de patulina e
ergosterol, encontraram uma correlação linear de 0,98. Concluíram que, assim como a
patulina, o ergosterol também pode ser utilizado como um controle microbiológico em maçãs.
Gökmen e Acar (1998 [01]) investigaram a relação entre a patulina e o ácido
fumárico em 70 sucos comerciais de maçã concentrados para determinar se a presença de
ácido fumárico é decorrente da atividade microbiológica da matéria-prima. Tanto a patulina,
micotoxina produzida em maçãs principalmente por P. expansum, como o ácido fumárico,
formado a partir do ácido málico sintético adicionado no suco de maçã durante a concentração
do suco ou pelo crescimento de Rhizopus spp., foram quantificados por Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência. Nenhuma correlação significativa foi encontrada para as amostras
com níveis de patulina abaixo de 50 µg/L. As amostras que continham níveis de 67 a 216 µg
de patulina/L tiveram um coeficiente de correlação ligeiramente maior que 0,55. O coeficiente
de correlação mais significativo (0,71) foi determinado quando todas as 70 amostras foram
correlacionadas. Este estudo indicou que a presença de ácido fumárico em suco de maçã é
devido a atividade microbiológica da matéria-prima, porém, o tratamento de calor aplicado
para concentração do suco, também propicia grande aumento desses níveis.
Pesquisas apontam que maçãs orgânicas apresentam maiores níveis de patulina que
maçãs convencionais, sendo que essa maior contaminação se deve ao não tratamento com
fungicidas, o que provavelmente resultou em maior incidência de fungos toxigênicos e,
conseqüentemente, de patulina nessas frutas (MALMAURET et al., 2002; PIEMONTESE
;
42
SOLFRIZZO; VISCONTI
, 2005). A Tabela 02 mostra a ocorrência de patulina em sucos de
maçã e derivados comercializados em alguns países.
Tabela 02. Ocorrência de patulina em sucos de maçã e derivados em alguns países
País
n° de amostras
analisadas
n° amostras
positivas
Concentração de
patulina (µg/L)
Referência
Brasil 30 1 (3,5%) < 17
Sylos e Rodrigues-
Amaya (1999)
EUA 10 2 (20%) 80 – 110 Trucksess e Tang (1999)
Inglaterra 40 1 (2,5%) > 50 Anon (1999)
Brasil 13 1 (7,5%) < 10 Prado et al. (2000)
Itália 82 2 (2,5%) 0,68 - 1150 Beretta et al. (2000)
Turquia 482 162 (33,5%)
50 – 376 Gökmen e Acar (2000)
África do Sul 20 6 (30%) 5 – 45
Leggott e Shephard
(2001)
Cuba 20 1 (5%) < 1,72
Fernández-Trevejo et al.
(2001 [02])
Suécia 39 5 (13%) 2 – 50
Fernández-Trevejo et al.
(2001 [02])
Turquia 45 27 (60%) 19,1 – 732,8
Yurdun, Omurtag e
Ersoy (2001)
Bélgica 43 35 (81,5%) 0,7 - 17,3 Tangni et al. (2003)
Itália 21 5 (24%) 5,8 - 56,4 Ritieni (2003)
Japão 76 15 (20%) 1,4 - 45,6 Ito et al. (2004)
Itália 67 28 (42%) 0,07 - 69,3
Piemontese, S
olfrizzo e
Visconti
(2005)
Irã 23 18 (78%) 15 – 149 Cheraghali et al. (2005)
Holanda 63 1 (1,5%) < 25
Boonzaaijer, Bodeldijk e
Van Osenbruggen (2005)
Brasil 27 3 (11%) 3 – 7 Iha e Sabino (2008)
Arábia
Saudita
120
dados não
informados
47 – 104 Gashlan (2009)
Brasil 16 4 (25%) 15 – 46 Welke et al. (2009[2])
2.1.3.4 Estratégias para redução da contaminação
Vários métodos são freqüentemente utilizados para reduzir os níveis de patulina em
sucos de maçã, dentre eles destacam-se o tratamento com carvão ativado (LEGGOTT et al.,
43
2001; KADAKAL; NAS, 2002), dióxido de enxofre, irradiação gama, fermentação e lavagem
das maçãs infectadas pelo fungo. Muitos desses processos são caros e/ou demorados. Por esta
razão, é necessário encontrar um processo eficiente e econômico para controlar esses níveis
(BISSESSUR; PERMAUL; ODHAV, 2001).
Em 2001, Gökmen et al. analisaram os efeitos da clarificação sobre a concentração
de patulina, compostos fenólicos e ácidos orgânicos no suco de maçã. Os processos de
clarificação empregados utilizaram tratamento enzimático para floculação seguidos de
combinações de gelatina e bentonita, carvão ativado, ultrafiltração, resina adsorvente e/ou
polivinilpolipirrolidona (PVPP). A clarificação convencional que utiliza gelatina, bentonita e
carvão ativado demonstrou ser a mais eficaz na redução de patulina (40,9%), porém, esta
técnica causou uma diminuição significativa na intensidade da cor e de compostos fenólicos
no suco, afetando diretamente os padrões de identidade. A clarificação empregando
ultrafiltração seguida de tratamento com resina adsorvente também resultou na diminuição de
patulina (11,0%), trazendo melhorias na cor e transparência do suco. O PVPP não apresentou
nenhum efeito sobre os teores de patulina, mas removeu drasticamente a concentração de
fenóis. A composição de ácidos orgânicos não foi afetada pelas técnicas empregadas.
O carvão ativado, por suas propriedades adsorventes, foi usado para reduzir os níveis
de patulina em suco de maçã, porém, sabe-se que a aparência e o sabor do suco podem ser
afetados pelo tratamento (LEGGOTT et al., 2001; HUEBNER et al., 2000; KADAKAL,
NAS, 2002).
A cinética de adsorção da patulina em carvão ativado, energia de ativação e calor de
adsorção foi avaliado por Mutlu, Hizarcioglu e Gökmen (1997). Os pesquisadores
estabeleceram uma aproximação para investigar o mecanismo de adsorção em carvão ativado
de um grupo de substâncias químicas importantes nos sucos de fruta, selecionando a patulina
como a substância química modelo. A cinética de sua adsorção em carvão ativado era
44
determinada por curvas isotérmicas de adsorção de equilíbrio a qual variou de 20 a 80°C e
concentrações de patulina de 100 a 400 µg/L. Constantes da taxa de adsorção aparentes
(K
aapp
) foram alterados de 1,07×10
-3
para 1,86×10
-3
/g.min enquanto a temperatura aumentava.
Para as curvas de adsorção de equilíbrio, foi empregado o modelo de Langmuir e parâmetros
ajustados (K e Q°) foram obtidos para diferentes temperaturas. Energia de ativação e calor de
adsorção foram determinados em sistema de adsorção do grupo (Ea = 2,02 kcal/mol e H =
2,24 kcal/mol). Concluíram que a adsorção ocorreu endotermicamente através de mecanismos
físicos, a dependência de temperatura na cinética de adsorção foi descrita pelo modelo de
Langmuir na fórmula de Arrhenius e o calor estável da patulina no processo em grupo foi
reduzido ao mínimo.
Um material constituído de partículas de carvão ativado ligado a grãos de quartzo foi
desenvolvido e caracterizado por Huebner et al. (2000) para remover a patulina em solução
aquosa. Para confirmar a eficiência do material desenvolvido utilizaram um micro
invertebrado aquático (Hydra attenuata) que possui baixa tolerância a toxinas. Sua
sensibilidade a torna ideal para avaliar a toxicidade de diversos compostos químicos, como a
patulina. Os resultados indicaram que o material estudado reduz em a 76% o nível de
patulina em suco de maçã naturalmente contaminado.
Três tipos diferentes de carvão ativado (NORIT SA 4, NORIT SX 4 e NORIT CA 1)
foram avaliados quanto ao seu potencial na redução de patulina em suco concentrado de
maçã, provendo uma detoxificação de sucos com veis elevados da toxina. Os tratamentos
foram realizados em sucos com 12°Brix e 120ng de patulina/mL e outro com 20°Brix e 160ng
de patulina/mL, utilizando diferentes dosagens de carvão e temperaturas para verificar sua
influência. O carvão NORIT SA 4 e o NORIT SX 4 exibiram curvas isotérmicas de adsorção
semelhantes numa dosagem de 1 g/L. Eles alcançaram reduções de 80% e 70% de patulina,
respectivamente, em 12°Brix e a 55°C. A semelhança no desempenho entre eles (carvão-
45
vapor ativado) sugeriu que a pureza e a acidez de superfície não influenciam a adsorção de
patulina. O carvão quimicamente-ativado (NORIT CA 1) foi menos efetivo na remoção de
patulina, reduzindo 45% da concentração inicial numa dose de 1 g/L. A remoção da patulina
foi influenciada pelo Brix do suco, sendo que em Brix mais elevados a dose de carvão ativado
requerido para remoção equivalente era maior. Numa dose de 1 g/L, NORIT SA 4 removeu
somente 45% da patulina em suco com 20°Brix, enquanto a mesma dose removeu 80% da
patulina em suco com 12°Brix. A remoção de patulina dos sucos por NORIT SA 4 (dose
1g/L) não foi influenciada pelas mudanças de temperatura entre 30 a 65°C. Em conclusão, o
carvão ativado NORIT SA 4 provou ser o tratamento mais efetivo para a redução das
concentrações de patulina em suco de maçã utilizando menores dosagens de carvão
(LEGGOTT et al., 2001).
O efeito da quantidade e do tempo de contato do carvão ativado sobre a concentração
de patulina em suco de maçã foi estudado por Kadakal e Nas (2002). O melhor resultado foi
obtido quando utilizaram 3 gramas de carvão ativado por litro de suco com tempo de contato
de 5 minutos, obtendo redução na concentração da micotoxina de 62,2 para 30,8 µg/Kg.
Bebidas fermentadas não devem apresentar teores detectáveis de patulina, uma vez
que as leveduras fermentativas degradam a toxina em condições anaeróbias. Em meio
contendo patulina a levedura é induzida a produzir composto(s) capaz(es) de degradar a
toxina. (LIPOWSKA et al., 1990; STINSON et al., 1978). Sumbu; Thonart e Bechet (1983)
mostraram que a degradação de patulina por leveduras está associada a um mecanismo de
defesa do microrganismo e depende da síntese de proteínas, uma vez que esta micotoxina não
era degradada quando adicionada simultaneamente com ciclo-heximida, um inibidor de
síntese protéica.
Drilleau e Bohoun (1973) analisaram 8 sidras francesas e 5 sidras dos EUA,
detectando patulina em 5 e 4 amostras, respectivamente. Visto que os processos utilizados são
46
os mesmos até os dias de hoje, suspeita-se que a contaminação apresentada nestas sidras
provenham do uso de matéria-prima com elevado grau de contaminação ou por alguma
modificação nas etapas de produção como longo período entre a obtenção do suco e o início
da fermentação, onde o crescimento fúngico e a produção de toxina continuam.
Em 2003 a Agência Britânica de Segurança Alimentar (Food Standards Agency -
FSA) realizou um estudo em 100 amostras de sidras comerciais, não encontrando
concentrações detectáveis de patulina (limite de detecção de 3 µg/L). Enfatiza-se que o
processo fermentativo por S. cerevisiae é capaz de degradar de 93 a 99% da toxina inicial.
2.1.3.5 Degradação de patulina
Na indústria, o uso de conservantes durante o processamento de frutas se tornou uma
necessidade para garantir a saúde dos consumidores por sua capacidade de preservar a
qualidade dos produtos derivados (LEITÃO, 1990). A ação do metabissulfito é um fato
comprovado, com vantagem na capacidade de degradar a patulina (ROSS, 1995). Além da
degradação de patulina por compostos sulfurados, os estudos promissores mencionam outras
alternativas com eventual utilidade, citando-se a remoção das partes deterioradas do fruto
antes do processamento, porém pouco viável para as indústrias (CHERAGHALI et al., 2005;
SYDENHAM et al., 1995), e detoxificação biológica efetuada pela microbiota presente no
próprio fruto (HARWIG et al., 1973; KARLOVSKY, 1999; ROSS, 1995; WALKER;
MCLEOD; HODGSON, 1995).
Karlovsky (1999) citou a detoxificação de patulina por leveduras durante os
processos fermentativos. Harwig et al. (1973) eliminaram a patulina submetendo o suco de
maçã à fermentação de duas semanas por Saccharomyces spp. As leveduras destinadas à
fabricação de sidras, constituídas de S. cerevisiae industriais, removeram eficientemente a
patulina (BURROUGHS, 1977).
47
Stinson, Osman e Bills analisaram, em 1979, a solubilidade dos produtos da
degradação da patulina ocasionado pelo processo fermentativo utilizando patulina marcada
com
14
C. Encontraram pelo menos 6 diferentes produtos que migraram durante a
cromatografia em camada delgada (CCD) além de um componente majoritário, imóvel.
Relataram também a formação de pequena quantidade de CO
2
a partir da patulina.
Diferente de Stinson, Osman e Bills (1979) que haviam relatado a formação de CO
2
,
Moss e Long (2002) verificam que não formação de componentes gasosos pela degradação
de patulina. Ao utilizar a patulina marcada com
14
C, estes últimos tinham como objetivo a
caracterização melhor definida das condições sob as quais a S. cerevisiae degrada patulina e a
identificação dos principais produtos da degradação. Todos os carbonos da molécula de
patulina marcados foram rastreados nos produtos formados e concluíram que a degradação da
patulina ocorre quando o crescimento é anaeróbio, separando por CLAE um dos principais
componentes formados, o (E)-ascladiol (Figura 04). Relataram traços de (Z)-ascladiol e outros
componentes não caracterizados com massas moleculares inferiores, sendo que nenhum
desses compostos era gasoso nem apresentavam volatilidade.
Figura 04 – Produtos da degradação da patulina (MOSS; LONG, 2002).
Stinson et al. (1978) projetaram um estudo para avaliar a persistência de patulina em
suco de maçã durante a fermentação utilizando oito cepas de leveduras comerciais e três
(E)-ascladiol (Z)-ascladiol
O
O
CH
2
OH CH
2
OH
CH
2
OH
HOH
2
C
O
O
48
diferentes processos para produção de sidra utilizados nos EUA, o Noroeste do Pacífico, que
utiliza a adição de açúcar para dar início à fermentação, o da Califórnia que recebe adição de
açúcar em duas etapas da fermentação e o Tradicional, sem adição de açúcar baseando-se na
presença de açúcar do próprio suco. Somente duas cepas, pelo processo Tradicional, não
foram capazes de remover patulina a um nível inferior a 50 µg/L. Visto que este último
processo não é utilizado por indústrias, suspeita-se que a contaminação apresentada em sidras
comerciais se por alguma modificação nas etapas de produção, como a diminuição do
tempo de fermentação ou a adição de suco contaminado no fermentado.
Lipowska et al. (1990) examinaram a variação na concentração de patulina durante a
produção de vinho de maçã, utilizando 12 mostos com presença de patulina. Após o término
da fermentação a patulina não foi detectada e o tempo necessário para seu desaparecimento é
curto, chegando a 48 horas do início da fermentação alcoólica. Avaliaram também a
influência da sulfitagem do suco de maçã destinado à fermentação, mostrando que SO
2
conduz a uma eliminação de patulina no mosto, o que condiz com os achados de Sylos e
Rodrigues-Amaya (1999).
Sumbu, Thonart e Bechet (1983) estudaram a ação da patulina sobre S. cerevisiae
(cepa codificada como 1278b[α]) verificando a existência de inibição do crescimento da
levedura, embora passageira, cuja duração é proporcional à concentração da toxina no meio.
Demonstraram que existem dois momentos na ação da patulina em células de levedura:
primeiro, a ação da toxina no metabolismo da levedura e a inibição subseqüente de
crescimento e, segundo, a retomada de crescimento indicando o aparecimento de um
mecanismo de resistência provavelmente associado com o desaparecimento da micotoxina
durante o processo fermentativo. Também observaram que a degradação de patulina por
leveduras está associada a outro fator, um mecanismo de defesa do microrganismo e
dependente da síntese de proteínas, uma vez que esta micotoxina não era degradada quando
49
adicionada simultaneamente com cicloheximida, um inibidor de síntese protéica, mas não foi
concluído se essa proteína atua diretamente sobre a patulina ou se permite a síntese de uma
substância responsável pela degradação. Da mesma forma, Celli (2006) verificou a
degradação de patulina em suco de maçã pelo crescimento de Saccharomyces cerevisiae
(LALVIN ICV D47). Ao cultivar a levedura em meio contendo 7µg de patulina/mL, observou
que nas primeiras 19,5 horas, a toxina não foi degradada. Após esse período a toxina passou a
ser eliminada, com velocidade de 0,078 µg/mL.h.
Considerando o efeito antagônico e degradador de Pichia membranifaciens e
Sporobolomyces roseus na degradação de 588,4 para 290,0 µg de patulina (25°C/15 dias) em
estudos preliminares (COELHO et al., 2004; LEVY et al., 2002), Coelho (2005) avaliou o
efeito degradador de Pichia ohmeri 158 isolada de ecossistema natural (formigueiro) sobre
patulina produzida por P. expansum toxigênico (107 µg patulina/mL). Para tanto, foi
adicionado simultaneamente 223 µg de patulina e 3,0 x 10
6
células de P. ohmeri 158 em 25
mL de Caldo Extrato de Malte, seguido de quantificação da toxina aos 2, 5, 10 e 15 dias de
incubação a 25°C por CLAE. A levedura reduziu em mais de 99% da toxina inicialmente
adicionada após 15 dias de incubação.
Ricelli et al. (2007) determinaram o efeito degradador de patulina utilizando uma
bactéria isolada de maçãs contaminadas, a qual foi identificada como Gluconobacter oxydans.
Empregaram suco de maçã contaminado com 100µg de patulina/mL e inoculado com 10
5
células/mL, mantidos a 30°C sob agitação de 175rpm. Nestas condições obtiveram uma
degradação de 91% da toxina em 72 horas.
Em 2008, Fuchs et al. avaliaram a
remoção de patulina em meio líquido por trinta
diferentes cepas de bactérias ácido láticas. Utilizando CLAE com detecção de UV ou de fluorescência
para determinação de toxina, encontraram que a cepa de Bifidobacterium animalis VM 12 foi eficaz na
degradação de patulina.
50
2.1.3.6 Detecção e Quantificação de Patulina
Desde a descoberta de patulina, diferentes métodos vem sendo desenvolvidos com
intuito de tornar a análise mais rápida e aumentar os níveis de detecção e quantificação
(MOAKE; PADILLA-ZAKOUR; WOROBO, 2005). Atualmente, os métodos mais utilizados
para quantificar patulina em produtos de fruta são baseados na separação da toxina por CLAE
com detector UV. Este é o método oficial adotado pela AOAC para suco de maçã (método
995.10, AOAC, 2000) com um limite de quantificação de 5 µg/L. Neste método o suco é
extraído 3 vezes com acetato de etila, seguidos de desidratação com sulfato de sódio. O
solvente é evaporado sob fluxo de nitrogênio gasoso a 40°C e o resíduo deverá ser dissolvido
em acetonitrila:água (10:90) no momento da análise em CLAE. A cromatografia líquida
utiliza coluna C18 de fase reversa (5 µm, 250 x 4,6 mm) e detector UV fixado em 276nm. O
sistema é isocratico, com fluxo de 1 mL/min e fase móvel acetonitrila:água (5:95). Utilizando
esta técnica, Fernández-Trevejo, Verdes e Espinosa (2001 [01]) fizeram uma curva de
calibração para validação da metodologia de detecção de patulina em sucos de maçãs e
obtiveram a curva y = 1952,5x + 1673,5 com um coeficiente de correlação 0,9991. O limite
de detecção foi 1,72 µg/L e o de quantificação, de 5,2 µg/L. O valor médio da recuperação de
patulina obtido por esses autores foi de 82,51%, a partir de níveis de contaminação de 0,020,
0,050 e 0,100 µg/mL.
Sheu e Shyu (1999) desenvolveram uma técnica para extração de patulina de suco de
maçã, a qual utilizava diálise combinada com derivatização e acilação seguida de confirmação
por Cromatografia Gasosa (CG) e Espectrometria de Massas (EM). As amostras de suco de
maçã adicionadas de 4-N,N-dimetilaminopiridina eram dialisadas usando cloreto de metano e
anidrido acético nos tubos de diálise. A patulina era derivatizada em seu acetato e
determinada utilizando CG e EM com o íon seletivo para monitorar a concentração. A curva
de calibração apresentou linearidade entre 10 e 250 µg de patulina/L, e o limite de
51
quantificação foi 10 µg/L. Os níveis de patulina em sucos comerciais variaram de 0 a 107,2
µg/L com 77-109% de recuperação. A patulina foi detectada em 7 amostras das 10
analisadas. A técnica que combina extração de patulina por diálise e acilação demonstrou
grande potencial podendo ser utilizada para extração de compostos em meio aquoso que
necessitem derivatização antes da determinação.
Sewram et al. (2000) desenvolveram outro método para determinação de patulina, o
qual empregou CLAE-EM-EM com monitoramento selecionado de reação (SMR - selected
reaction monitoring) utilizando a pressão atmosférica e moléculas ionizadas (APCI -
atmospheric pressure chemical ionization) como íons positivos e negativos. Este método que
tem como princípio a indução da dissociação por colisão (CID) apresentou um coeficiente de
correlação de 0,99 quando comparado aos resultados encontrados por CLAE, demonstrando
sua aplicabilidade como uma nova ferramenta para análise de patulina em suco de maçã,
mesmo em baixas concentrações, uma vez que quantificaram concentrações de 4µg/L.
Gökmen e Acar (1999) descreveram um método simultâneo para determinação de
hidroximetilfurfural (HMF) e patulina em sucos de maçã. A toxina foi extraída com acetato de
etila e passou por coluna de clarificação (sílica mais carbonato de sódio) para remoção de
interferentes e da umidade. O HMF e a patulina foram determinadas por CLAE de fase
reversa usando coluna C18 e detector diodo. A fase móvel utilizada foi acetonitrila água
(99:1, v/v) e fluxo de 1,0 mL/min. A taxa de recuperação do HMF variou de 86% a 100%,
obtendo média de 94%, e a da patulina variou de 94% a 125% com média de 103%. Os
limites de detecção foram menores que 0,01 mg/L para HMF e que 5 µg/L para patulina.
No ano seguinte, Shephard e Leggott (2000) revisaram os métodos analíticos
disponíveis para determinação de patulina em fruta e sucos de fruta. Dentre eles, CLAE com
detector UV e com detector diodo, Cromatografia Gasosa e Cromatografia em Camada
Delgada. O método de escolha foi o CLAE, por ser mais rápido e seguro, e por ter aplicação a
52
diversas amostras. Os autores apontaram que futuramente métodos mais sensíveis serão
necessários para confirmação de níveis mais baixos de patulina, os quais serão,
provavelmente, o emprego de espectrometria de massas e o desenvolvimento de anticorpos
patulina-específicos. Moake, Padilla-Zakour e Worobo (2005) complementaram as
conclusões de Shephard e Leggott (2000), que há anos não existem novos métodos para
quantificação da toxina, sendo que os existentes exigem operadores treinados para manusear
materiais e equipamentos, sugerindo que o desenvolvimento de um método rápido e “caseiro”
seria extremamente benéfico para a indústria.
Em 2005, Boonzaaijer, Bobeldijk e Van Osenbruggen desenvolveram um método
analítico seguro para determinação e quantificação de patulina utilizando técnicas
convencionais, disponível à maioria dos laboratórios. O método que utiliza CLAE com
detector diodo, é aplicável a sucos de maçã e outros produtos mais sólidos. A separação da
micotoxina se deu pela adição de hidroximetilfurfural (HMF), obtendo limite de quantificação
de 25µg/L ou 25µg/Kg e um grau de recuperação de 87% para sucos de maçã. Os
pesquisadores afirmam que este método tem sensibilidade para ser utilizado no controle de
qualidade, uma vez que a União Européia estabelece um máximo de 50µg de patulina/L,
porém, não pode ser utilizada para alimentos infantis, no qual é permitido um máximo de
10µg de patulina/L.
Silva, Schuch e Jabolnski (2007) descreveram um método rápido para separação e
identificação de 5-hidroximetilfurfural (HMF) e patulina em sucos de maçã através de
cromatografia eletrocinética capilar micelar (MECC), empregando dodecil sulfato de sódio
(SDS) como surfactante. A separação foi feita usando o Instrumento de Eletroforese Capilar
3D (Hewlett-Packard-Stras-se 8,D-76337) equipado com detector UV. Nas condições
otimizadas (tampão SDS:borato 50:50), encontraram melhor efeito na resolução do analito e
no seu tempo de migração quando era aplicada a voltagem de 9Kv. Obtiveram boa separação
53
na linha de base entre o HMF e a patulina e limites de detecção de 30 µg/L e 9 µg/L,
respectivamente, mostrando ser um método útil para um amplo intervalo de concentração de
HMF e de patulina em sucos de maçã, sem nenhuma desvantagem em relação ao método
oficial.
Em 2009, Cunha, Faria e Fernandes validaram um método para quantificação de
patulina por cromatografia gasosa e espectrometria de massa utilizando patulina comercial
marcada
13
C
5-7
. O método foi baseado na extração da toxina com acetato de etila hexano
seguidas de alcalinização e sililação com N,O-bis-trimetilsililtrifluoroacetamida e 1% de
trimetilcloro-silano. Os limites de detecção e quantificação foram 0,4 e 1,6 µg/Kg,
respectivamente. O método obteve sucesso quando aplicado a frutas, sucos, sidras e alimentos
para bebê.
No mesmo ano, a validação de um método de CCD para detecção e quantificação de
patulina foi realizada por Welke et al. (2009[1]). Com os valores de recuperação e limite de
quantificação alcançados de 95% e 14 µg/L, respectivamente, concluíram que este método foi
sensível o suficiente para ser utilizado como monitoramento por indústrias processadoras de
maçã ou acompanhamento por órgãos do governo, com a vantagem de ser mais barato e de
fácil realização.
WU et al. (2009) estudaram três métodos para extração de patulina, quido-líquido,
dispersão de matriz em fase sólida e a extração em fase sólida. Concluíram que a extração por
dispersão de matriz em fase sólida foi a mais eficiente, a qual utiliza acetato de etila, metanol,
diclorometano e hexano para extração de patulina, seguida de limpeza da amostra em coluna
de sílica C
18
e desidratação do eluato. As taxas de recuperação da toxina utilizando este
método de extração foram de 79,68 à 94,32%.
54
3. OBJETIVO
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a biodegradação de patulina, empregando compostos bioativos obtidos de
uma levedura de interesse industrial (Saccharomyces cerevisiae ICV D47), assim como
proceder à concentração, purificação e caracterização bioquímica do composto bioativo
envolvido no processo de degradação contribuindo para o estudo da qualidade de derivados de
maçã.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Validar a metodologia de análise de patulina presente em maçã e seus produtos
por cromatografia líquida de alta eficiência.
- Quantificar a patulina presente em podridões de maçãs e tecido não afetado do
fruto, verificando a capacidade da toxina migrar para o tecido sadio.
- Determinar a cinética de degradação da patulina pelo processo de fermentação.
- Produzir composto bioativo com capacidade de degradar patulina por meio de
processo fermentativo empregando leveduras de interesse industrial;
- Extrair o composto do meio de cultivo, separando a biomassa do sobrenadante;
- Comprovar a atividade detoxificante do composto bioativo no extrato bruto
avaliando a remoção da toxina de sucos contaminados.
- Isolar, purificar e caracterizar o composto bioativo, empregando equipamentos
e técnicas analíticas.
- Estudar a estabilidade do composto bioativo isolado e purificado.
55
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 MICRORGANISMOS
Foi utilizada a cepa toxigênica P. expansum 2 produtora de patulina isolada de
maçã cultivar Gala para produção de patulina empregada nos experimentos (LEVY;
HIROOKA, 1999). Este microrganismo, proveniente de cultura monospórica (NELSON;
TOUSSON; MARASAS, 1983), foi mantido em Ágar Batata Dextrose-BDA inclinado a 4°C
na ausência de luz e usado como cultura estoque. Desta, quando necessário, foi recuperado em
ágar Extrato de Malte-AEM inclinado a 21°C/5 dias e padronizado (10
5
esporos/mL).
Foi usada a cepa comercial de Saccharomyces cerevisiae LALVIN ICV D47
(LALVIN
, Canadá) usualmente utilizada para produção de sidras. Esta cepa foi utilizada
para degradação de patulina pelo processo fermentativo e obtenção do composto bioativo com
capacidade detoxificante por ter apresentado maior atividade degradadora (CELLI et al.,
2005).
4.2 PATULINA PADRÃO E REAGENTES QUÍMICOS
Nas análises de quantificação de patulina foi utilizada como padrão de comparação
patulina com 99,0% de pureza (SIGMA, USA) e os reagentes químicos de grau
cromatográficos. Nas demais análises foram utilizados reagentes de grau P.A.
4.3 PREPARO DAS SOLUÇÕES PADRÃO DE TRABALHO
Foram dissolvidos 5 mg da película de patulina padrão (SIGMA
) em 1 mL de
clorofórmio, subdivididos em cinco frascos (200 µL), secos com gás N
2
e estocados a -20°C.
Para quantificação do padrão, a película de um dos frascos citados foi suspensa em etanol e
quantificada a 275 nm em espectrofotômetro Cintra 20 (AOAC, 2000). Uma fração seca do
56
padrão calibrado (1000 µg) foi suspensa em acetonitrila:água (1:9) e diluída para construção
de uma curva de calibração, de 0,020 a 0,350 µg/mL de patulina.
4.4 PADRONIZAÇÃO DA METODOLOGIA
O desempenho da metodologia para extração de patulina, utilizado nas condições de
laboratório, foi avaliado por meio da determinação da recuperação, limite de detecção e de
quantificação (CODEX ALIMENTARIUS COMMISSION, 1998; IHA; SABINO, 2008).
O limite de detecção foi calculado como sendo a menor concentração da substância
na amostra que pode ser diferenciada de zero (7 leituras). Para isso, foram utilizadas
concentrações de patulina próximas ao menor ponto da curva padrão (0,010 µg/mL) e o limite
de quantificação foi determinado multiplicando por 2 vezes o limite de detecção (IHA;
SABINO, 2008).
A recuperação foi avaliada em triplicata pela adição de 50, 100 e 150 µg de
patulina/L de suco de maçã, seguidos de extração, limpeza e quantificação.
4.5 PRODUÇÃO DE PATULINA
Para produção de patulina, empregada nos experimentos, foi inoculando uma
alíquota de 10
5
esporos/mL de P. expansum em 10 Erlenmeyers de 250 mL com 25 mL de
Caldo Extrato de Malte pH 4,4 (extrato de malte 0,6%, dextrose 0,6%, maltose 0,18%, extrato
de levedura 0,14%) a 25°C/15 dias. O filtrado do meio de fermentação submersa foi extraído
por três vezes com 25 mL de acetato de etila. Os extratos foram misturados perfazendo um
volume total de 75 mL e desidratados com 30 g de sulfato de sódio anidro por 30 min. O
extrato desidratado foi filtrado e evaporado a 40°C até atingir aproximadamente 25 mL e
introduzido na coluna de limpeza (500 x 10 mm, com 8,5 g de sílica gel 60G, 70-230 mesh,
SIGMA) previamente condicionada (24hs com álcool e 24hs com acetato de etila a 5ºC). A
57
seguir procedeu-se a eluição com 75 mL de benzeno-acetato de etila (75:25) e o eluato foi
evaporado a 40°C até atingir aproximadamente 5 mL, sendo seco sob fluxo de gás N
2
(AOAC, 2000). A patulina produzida foi quantificada por CLAE e utilizada para as análises
de cinética de degradação.
4.6 EXTRAÇÃO DE PATULINA DOS FRUTOS CONTAMINADOS
Trinta e cinco maçãs da cultivar Fuji apresentando diferentes graus de deterioração
foram coletadas do comércio local, pesadas, separadas as podridões e calculadas as
porcentagens de deterioração do fruto relacionando peso/peso. Os tecidos deteriorados e os
tecidos sadios (correspondendo à circunferência ao redor da lesão, tendo 2cm de espessura)
foram triturados e homogenizados com auxílio de almofariz e coletada uma alíquota de 10 g,
submetida a três extrações com 10 mL de acetato de etila. Os extratos foram misturados
perfazendo um volume total de 30 mL e desidratados com 5 g de sulfato de sódio anidro por
30 min. O extrato desidratado foi filtrado e evaporado sob vácuo a 40°C até atingir um
volume menor ou igual a 10 mL, ajustado seu volume para exatamente 10 mL e introduzido
na coluna de limpeza (80 x 15 mm, com 1,5 g de sulfato de sódio anidro e 3,5 g de sílica gel
60G, 70-230 mesh, SIGMA). A seguir foi coletada uma fração de 2 mL do eluato, seca a
40°C sob fluxo de gás N
2
e armazenada a -20°C (AOAC, 2000).
4.7 EXTRAÇÃO DE PATULINA DE SUCOS FERMENTADOS
Alíquotas de 10 mL da amostra foram submetidas a três extrações com 10 mL de
acetato de etila. Os extratos foram misturados perfazendo um volume total de 30 mL e
desidratados com 5 g de sulfato de sódio anidro por 30 min. O extrato desidratado foi filtrado
e evaporado sob vácuo a 40°C até atingir um volume menor ou igual a 10 mL, ajustado seu
volume para exatamente 10 mL e introduzido na coluna de limpeza (80 x 15 mm, com 1,5 g
58
de sulfato de sódio anidro e 3,5 g de sílica gel 60G, 70-230 mesh, SIGMA). A seguir foi
coletada uma fração de 2 mL do eluato, seca a 40°C sob fluxo de gás N
2
e armazenada a
-20°C (AOAC, 2000).
4.8 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE PATULINA
O resíduo obtido na extração de patulina foi redissolvido com 500 µL de
acetonitrila/água (1:9) e analisado por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência CLAE
(forno Dionex STH 585, bomba Jasco PU 980 e detector UV Jasco-UV 975). Cem microlitros
do resíduo redissolvido foram aplicados em sistema isocrático de fase reversa utilizando
coluna C
18
(5 µm, 250 x 4,6 mm I.D., Dionex 201 SP VYDAC), previamente equilibrada
com acetonitrila/água (5:95). A eluição foi conduzida a fluxo de 1,5 mL/min. a 30°C,
procedendo-se ao monitoramento da fração eluída a 275 nm (KAWASHIMA; VALENTE
SOARES; MASSAGUER, 2002). Nestas condições a patulina apresentou tempo de retenção
de 5,6 min.
A patulina foi quantificada por comparação entre a área dos picos das amostras e a
área dos picos de concentrações conhecidas do padrão da toxina (0,010; 0,020; 0,035; 0,050;
0,100; 0,200; 0,250 e 0,350 µg/mL).
4.9 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA
Maçãs da cultivar Fuji, selecionadas e lavadas, foram processadas em centrífuga de
frutas Walita
®
de pequeno porte para obtenção do suco de maçã, utilizado como mosto de
fermentação. Para remoção da pectina foram adicionadas enzimas pectinolíticas (Pectinex
®
100L, 3 g/hL) e mantidas em banho-maria a 45°C por duas horas, e o sobrenadante límpido
foi trasfegado, constituindo-se no mosto para fermentação.
59
Saccharomyces cerevisiae (LALVIN ICV D47) foi cultivada em 10 tubos de 25 mL
contendo 20 mL de suco de maçã contaminado com 5,0 µg de patulina/mL (SUMBU;
THONART; BECHET, 1983). O inóculo consistiu de 0,25 g de levedura seca ativa/L de suco
de maçã (correspondente a 1,8.10
7
células/mL) e o sistema foi incubado a 25°C sem agitação
para promover o metabolismo fermentativo, durante 0, 8, 16, 24, 32, 40, 48, 64, 72, 96 e 120
horas. Todos os tubos estavam adaptados com uma mangueira para saída do gás produzido, a
qual era mergulhada em um recipiente contendo uma solução de metabissulfito de sódio (3%)
para impedir a entrada de oxigênio e microrganismos contaminantes. Tubos contendo suco e
toxina serviram como controle da degradação de patulina por componentes do suco e do
efeito do tempo.
Os resultados foram obtidos perfazendo três repetições, cada uma constituída de onze
dados (0, 8, 16, 24, 32, 40, 48, 64, 72, 96 e 120 horas) para a concentração de patulina no
fermentado.
4.10 OBTENÇÃO DO EXTRATO BRUTO CONTENDO O COMPOSTO BIOATIVO
A obtenção do extrato bruto foi realizada em duas etapas. A primeira consistiu no
crescimento da levedura em meio contendo patulina para induzir a produção do composto
bioativo. Desta forma, foram adicionados 0,25g de levedura seca ativada/L provendo um
inóculo de aproximadamente 1,8 x 10
7
células/mL em um Erlenmeyer contendo 250 mL de
Caldo MPL e patulina (3 µg/mL), com incubação a 25°C por 48 horas sem agitação.
Decorridas 48 horas, foram separadas assepticamente as células do meio de cultivo contendo
a toxina por centrifugação. A segunda etapa consistiu na obtenção do composto bioativo sem
a presença de patulina, cultivando a levedura condicionada a produzir o composto bioativo em
meio sem toxina. Nesta etapa foi adicionada a biomassa obtida na primeira fase em
Erlenmeyer contendo 50 mL de caldo Meio para Levedura isenta de toxina com incubação a
60
25°C por 48 horas sem agitação. Após esse período o fermentado foi centrifugado, o
sobrenadante foi coletado e submetido a filtração esterilizante por membrana (Durapore
0,22U de poro, Millipore
®
) consistindo no extrato bruto.
O inóculo foi baseado na escala de MacFarland, cuja enumeração de 1 a 10
corresponde a faixa de 3 x 10
8
a 3 x 10
9
células/mL, respectivamente, para contagem
bacteriana (ITAL, 1995). Para a padronização do inóculo de leveduras, a mesma escala foi
adaptada recalculando-se a contagem, obtendo-se os valores de 3 x 10
7
(escala nº1) a 3 x 10
8
(escala nº10) leveduras/mL, considerando-se que o tamanho de uma levedura seja equivalente
a 10 vezes ao bacteriano (LEVY; HIROOKA, 1999)
4.11 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA UTILIZANDO
EXTRATO BRUTO
Em 7 tubos de ensaio estéreis foram adicionados 5 mL de extrato bruto (pH 3,5) e 15
µg de patulina, obtendo concentração de 3 µg da toxina/mL. Os tubos foram incubados a
25°C e analisados após 0, 16, 24, 32, 48, 72 e 96 horas, quanto à porcentagem de toxina
degradada (MOSS; LONG, 2002). Tubos contendo suco despectinizado estéril e toxina
serviram como controle da degradação de patulina por componentes do suco e do efeito do
tempo. As análises foram realizadas em triplicata, e foi utilizada a média aritmética dos 3
resultados obtidos para cada tempo.
4.12 OBTENÇÃO DO EXTRATO DIALISADO CONTENDO O COMPOSTO BIOATIVO
Uma alíquota de 50 mL do extrato bruto estéril foi dialisada sob refrigeração (4°C)
por 72 horas em becker contendo 1 L de água destilada utilizando membranas de diálise de
celulose regenerada da Spectra/Por com um ponto de corte (MWCO) de 8000-10000 Da,
trocando-se a água a cada 8 horas, visando a eliminação de açúcares, peptídeos e proteínas de
61
baixa massa molecular, sendo então coletada a fração retida no interior da membrana
dialisadora. Esta fração foi chamada de extrato dialisado e utilizada para testes de avaliação
da cinética de degradação de patulina.
O experimento foi realizado por duas vezes para obtenção de um volume suficiente
para análises subseqüentes, sendo misturadas as duas frações dialisadas, totalizando um
volume aproximado de 100 mL.
4.13 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA UTILIZANDO O
EXTRATO DIALISADO
Em 6 tubos de ensaio estéreis foram adicionados 5 mL de extrato dialisado e 15 µg
de patulina, obtendo concentração de 3 µg de patulina/mL. Os tubos foram incubados a 25°C
e analisados após 0, 16, 24, 32, 48 e 72 horas, quanto à porcentagem de toxina degradada
(MOSS; LONG, 2002). Os resultados foram obtidos perfazendo três repetições, cada uma
constituída de seis dados para a concentração de patulina no extrato dialisado e utilizada a
média aritmética dos 3 resultados obtidos para cada tempo.
4.14 EXTRAÇÃO E PURIFICAÇÃO DE COMPOSTO BIOATIVO POR
ULTRAFILTRAÇÃO
A ultrafiltração do extrato bruto foi realizada em cuba de agitação Millipore, Modelo
8400, 400 mL, diâmetro 76mm utilizando membrana Millipore ultracel amicon YM100,
membrana de celulose regenerada, de 10.000 NMWL (Nominal Molecular Weight Limit -
Limite Nominal de Peso Molecular), 76mm, a 5°C sendo o sistema pressurizado com gás
nitrogênio. Dois litros de extrato bruto foram ultrafiltrados em alíquotas de 400 mL até
obtenção de um volume de 30 mL, e diluídos com água ultrapura até 400 mL. Este processo
foi repetido para uma maior remoção de açúcar. O volume final obtido para cada alíquota de
62
extrato bruto (400 mL) foi de 10 mL, totalizando 50 mL de extrato ultrafiltrado, o qual foi
armazenado a -20°C.
4.15 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA UTILIZANDO O
EXTRATO ULTRAFILTRADO
Para avaliação da cinética de degradação de patulina pelo extrato ultrafiltrado, 5
tubos de ensaio estéreis contento 9,75 mL de água ultrapura e 0,25 mL de extrato ultrafiltrado
foram adicionados de 30 µg de patulina (3 µg de patulina/mL). Os tubos em triplicata foram
incubados a 25°C e analisados após 0, 16, 24, 32 e 48 horas para determinação da
porcentagem de toxina degradada (MOSS; LONG, 2002). Os resultados foram obtidos pela
média aritmética dos 3 resultados para cada tempo.
4.16 ELETROFORESE DO EXTRATO ULTRAFILTRADO EM CONDIÇÕES
DESNATURANTES E NÃO DESNATURANTES
A eletroforese das proteínas presentes nas amostras de extrato ultrafiltrado foi feita
em gel de poliacrilamida na ausência de SDS (condições não desnaturantes). O gel foi
preparado na concentração de 12,5% (água, acrilamida, tampão tris 1,5 M pH 8,8, persulfato
de amônia, TEMED). O gel de empilhamento era constituído de acrilamida 4% gua,
acrilamida, tampão tris 0,5 M pH 6,8; persulfato de amônia, TEMED) (LAEMMLI, 1970). A
eletroforese foi realizada em géis de 12x12cm em cuba tipo “Hoefer SE 600 Ruby” da
Amersham Biosciences.
Para análise de proteínas sob condições desnaturantes foi adicionado SDS (SDS-
PAGE 10%) tanto na formulação do gel, como no gel de empilhamento e no tampão de
corrida segundo metodologia descrita por Schagger e Von Jagow (1987).
63
4.16.1 Rastreamento e isolamento do composto bioativo por eletroforese
O isolamento do composto bioativo foi realizado por eletroforese em condições não
desnaturantes com o extrato ultrafiltrado. Após a corrida, parte do gel foi corada com nitrato
de prata para identificação das bandas protéicas e cálculos dos respectivos Rfs (fator de
retenção, do inglês, retention factor), os quais são baseados na relação entre a distância
percorrida por cada amostra e aquela percorrida pela frente de migração. A outra parte do gel
foi recortada seguindo as bandas dos Rfs obtidos para extração dos compostos presentes;
macerado e adicionado de 1 mL de água ultrapura contendo 3 µg de patulina para cada. O pH
foi corrigido com ácido clorídrico 0,01N até 5 e mantido a 25°C por 24hs.
A quantidade de amostra adicionada em cada depósito do gel de eletroforese foi de
30µL e, como foram recortadas as bandas protéicas de 10 depósitos, totalizaram 300µL de
amostra.
4.16.2 Determinação do Rf (fator de retenção) em condições desnaturantes
A determinação do Rf em condições desnaturantes foi necessária para identificação
da banda de interesse nas análises subseqüentes como a estimativa da massa molecular e
ponto isoelétrico. Essa determinação foi realizada segundo descrito no item 4.16.
Rf =
_DP (distância entre o depósito e a banda protéica)__
DT (distância entre o depósito e a frente de migração)
64
4.17 CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DO COMPOSTO BIOATIVO
4.17.1 Eletroforese em SDS-PAGE para avaliação da pureza do composto bioativo e
determinação da massa molecular
As amostras coletadas da eletroforese sob condições não desnaturantes foram
analisadas por meio de eletroforese em gel de poliacrilamida desnaturante segundo
LAEMMLI (1970). Para a revelação do gel foi utilizado o método com o reagente nitrato de
prata de acordo com BLUM; BEIER; GROSS (1987).
A massa molecular do composto foi estimada através da curva padrão obtida pela
inserção em gráfico do logaritmo das massas moleculares das proteínas padrão contra seu
fator de retenção (Rf) e posterior regressão linear. Para isso, as proteínas utilizadas como
marcadores de massa molecular (marcador de baixa massa molecular GE, α-lactalbumina
(14,4kDa), Inibidor de tripsina (20,1kDa), Anidrase carbônica (30kDa), Ovalbumina (45kDa),
Albumina (66kDa), e Fosforilase b (97kDa)) foram depositadas no gel de eletroforese
paralelamente ao composto estudado.
4.17.2 Focalização isoelétrica e determinação do ponto isoelétrico (eletroforese 2D) do
composto bioativo
O ponto isoelétrico do composto foi determinado utilizando a focalização isoelétrica
(IEF – PAGE) pelo sistema Ettan IPGphor II (Amersham Bioscience), conduzido em uma tira
contendo gradiente imobilizado de pH linear de 3,0-10,0 em gel de poliacrilamida (7 cm)
contendo anfólitos (Pharmalito 0,5%), seguindo as instruções do fabricante que consistiu
numa prévia hidratação do gel (60 µL de amostra e 65 µL de tampão de reidratação) durante
16hs e a passagem de corrente elétrica durante 4hs (500V/1h, 1000V/1h e 8000V/2hs) a 20°C.
Uma vez terminada a focalização, os géis foram incubados com solução de equilíbrio
65
contendo ditiotreitol (DTT) por 30 min e em solução de equilíbrio contendo iodoacetamida
por mais 30min. Após essas incubações a tira de gel foi posicionada horizontalmente no topo
do gel SDS-PAGE 8x10cm e selada com gel de agarose. Após a corrida, as bandas do gel
foram visualizadas pela coloração com nitrato de prata.
4.17.3 pH de máxima atividade do composto bioativo
O pH de máxima atividade do composto bioativo foi realizado em 5 tubos de ensaio
contento 8 mL de água ultrapura, 0,5 mL do extrato ultrafiltrado e, uma vez que os alimentos
derivados de maçã possuem caráter ácido, foram acidificados com solução de ácido clorídrico
0,01N até os valores de pH de 2, 3, 4, 5 e 6, ajustado seu volume para 10 mL com água
ultrapura e adicionados de 30 µg da toxina (3 µg/mL). Após 24 horas de incubação a 25°C as
amostras foram submetidas a extração e quantificação de patulina. Água ultrapura estéril
acidificada e adicionada de patulina serviu de controle. As análises foram realizadas em
triplicata e utilizadas as médias aritméticas.
4.17.4 Temperatura de máxima atividade degradadora do composto bioativo
A temperatura de máxima atividade foi testada em 7 tubos de ensaio contendo 9,5
mL de água ultrapura e 0,5 mL do extrato ultrafiltrado adicionados de 30 µg da toxina (3
µg/mL) e armazenados por 16 horas nas temperaturas de 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50°C. Após
período de incubação as amostras foram submetidas à extração e quantificação de patulina.
Água ultrapura e estéril adicionada de toxina serviu de controle. As análises foram realizadas
em triplicata e utilizadas as médias aritméticas.
66
4.17.5 Estabilidade térmica do composto bioativo a 80ºC
A estabilidade térmica foi avaliada à temperatura de pasteurização utilizada na
indústria processadora de maçãs de 80°C por 20 min.
Um tubo de ensaio contendo 9,5 mL de água ultrapura e 0,5 mL do extrato
ultrafiltrado foi submetido a 80°C por 20 min, o qual foi rapidamente resfriado em água
corrente, adicionado de 30 µg da toxina (3 µg/mL) e mantido por 16 horas em incubação a
25°C e, então, realizada a extração e quantificação de patulina. Água ultrapura e estéril
adicionada de toxina serviu de controle. A análise foi realizada em triplicata e utilizada a
média aritmética.
4.17.6 Determinação de carboidratos
A determinação de açúcares totais foi realizada pelo Método de fenol sulfúrico
(DUBOIS et al., 1956).
67
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 PADRONIZAÇÃO DA METODOLOGIA DE ANÁLISE DA PATULINA
Na Figura 05A estão apresentadas a curva de calibração e a equação de regressão que
relaciona as áreas médias de cada pico calculadas por integração eletrônica e a concentração
de patulina no intervalo de 0,010 a 0,350 µg/mL, com um coeficiente de correlação linear de
0,998. Nas condições de trabalho, o tempo de retenção da patulina foi de 5:03 minutos, como
pode ser observado na Figura 05B.
Figura 05A – Curva de calibração de patulina
obtida pela leitura de sete soluções de padrão
(0,010, 0,020; 0,050; 0,100; 0,200; 0,250 e
0,350 µg/mL, R
2
= 0,998).
Figura 05B – Cromatograma de uma amostra
obtida de tecido deteriorado de maçã. Coluna
analítica C
18
, 250 x 4.6 mm I.D., diâmetro 5 µm.
Fase móvel acetonitrila/água (5:95), fluxo de 1,5
mL/min, detector UV 275 nm, 40°C.
O limite de detecção foi determinado como sendo a menor concentração da
substância na amostra que pode ser diferenciada de zero (7 leituras). Para isso, foram
utilizadas concentrações de patulina próximas ao menor ponto da curva padrão, que foi de 4,3
µg/L. O limite de quantificação foi determinado multiplicando por 2 vezes o limite de
detecção, resultando 8,6 µg/L. O desvio padrão de 1,4 foi calculado utilizando 7 leituras desta
68
última concentração. Estes dois valores de limites são suficientes para o objetivo deste estudo
e estão abaixo de 20 µg/L como sugerido pela Association of Official Analytical Chemists
AOAC (2000).
Na Tabela 03 estão apresentados os resultados da determinação dos teores de
patulina em sucos de maçãs artificialmente contaminados, sendo estabelecidas as taxas de
recuperação, com um valor médio de 86,24% ± 2,72, semelhante aos resultados obtidos por
Fernández-Trevejo, Verdes e Espinosa (2001, [01]).
Tabela 03. Taxa de recuperação de patulina adicionada em suco de maçã.
Patulina (µg/L)
Substrato
Adicionada Recuperada*
Recuperação
(%)
Coeficiente
de Variação
(%)
Média
Recuperação
(%)*
50 42,03 ± 1,73 84,06 4,11
100 85,37 ± 4,21 85,37 4,93
Suco de maçã
150 133,93 ± 7,74 89,29 5,78
86,24 ± 2,72
*média aritmética ± desvio padrão
A curva de calibração para validação da metodologia de detecção de patulina em
sucos de maçãs realizada por Fernández-Trevejo, Verdes e Espinosa (2001, [01]), resultou na
equação y = 1952,5x + 1673,5 com um coeficiente de correlação 0,9991. O limite de detecção
foi 1,72 µg/L e o de quantificação, de 5,2 µg/L. O valor médio da recuperação de patulina
obtido por esses autores foi de 82,51%, a partir de veis de contaminação de 0,020, 0,050 e
0,100 µg/mL. Em 2008, Iha e Sabino obtiveram um grau de recuperação de patulina em suco
de maçã de 81,1% com desvio padrão de 7,7% e em bebida de soja contendo suco de maçã de
73,7% com desvio padrão de 1,8%, tendo a curva de calibração um coeficiente de correlação
linear de 0,9999 e os limites de detecção e de quantificação foram de 3 µg/L e 7 µg/L.
5.2 PRODUÇÃO DE PATULINA
A quantidade de toxina obtida pelo crescimento de P. expansum2 foi de 26750 µg
(107 µg de patulina/mL) quando cultivado em Caldo Extrato de Malte pH 4,4 a 25°C/15 dias.
69
Em 1974, Sommer et al. avaliaram a toxigenicidade de diferentes cepas de P.
expansum isoladas de maçãs e encontraram valores de 10 a 950 µg de patulina/mL quando
cultivados a 22-24°C por 21 dias em caldo batata dextrose. Ross et al. (1998) encontraram
uma toxigenicidade de 6,4 µg de patulina/g para P. expansum cepa NRRL 1172 quando
cultivada em maçã a 4°C por 90 dias. Hasan (2000) obteve máxima produção de toxina por P.
expansum quando era cultivado em meio glicose-Czapek’s-maçã a 20°C por 15 dias,
resultando numa toxigenicidade de 5,2 µg de patulina/mL. HE et al. (2009) utilizaram suco de
maçã e P. expansum P99418 isolado de maçãs infectadas com fungo azul para produção de
patulina. Inoculando o suco com 10
6
esporos/mL, conseguiram uma produção máxima de 21,9
mg de patulina em 50 mL (0,438 mg/mL) quando cultivados durante 10 dias sem agitação a
25°C.
5.3 QUANTIFICAÇÃO DE PATULINA EM MAÇÃS CONTAMINADAS
O fungo contaminante de maior importância em maçãs é o gênero Penicillium, uma
vez que é detectado com maior freqüência em todas as etapas do cultivo, causando podridões
no fruto (DOMBRINK-KURTZMAN; BLACKBURN, 2005). P. expansum é considerado o
principal patógeno das lesões do fruto e causa podridão de coloração azul na parte externa da
maçã, sendo sua forma esporulada, e de cor bege ou marrom-clara no tecido, deixando o fruto
aguado e mole (HEFNAWY; ABOU-ZEID, 2003).
Neste experimento foi realizada a quantificação de patulina em 35 maçãs in natura,
das quais 32 mostraram-se positivas, com níveis variando de 1,01 a 120,4 mg/Kg no tecido
deteriorado. Os teores de patulina encontrados no tecido sadio próximo à lesão de 31 amostras
variaram de 20 a 5020 µg/Kg, sendo 20 µg/Kg considerado traços, e em 4 amostras não foram
detectados. Destas, a amostra 4 apresentou patulina na lesão e concentração não detectada
(abaixo do limite de detecção) no tecido sadio próximo (Tabela 04). Estes resultados estão de
70
acordo com Beretta et al. (2000), que encontraram a toxina em 80,7% dos 26 frutos
analisados em concentrações máximas de 113.343 mg de patulina/Kg de tecido deteriorado.
A média da concentração de patulina apresentou-se elevada mesmo quando as
porcentagens de podridão dos frutos eram pequenas (Tabela 04).
Tabela 04. Concentração de patulina em podridões e áreas não afetadas de maçãs.
Concentração de patulina
Amostras
Áreas deterioradas
(%)
Área deteriorada
(µg/Kg)
Área não afetada** (µg/Kg)
1 2,5 102400 4380
2 3,0 1380 20
3 3,2 2120 130
4 3,9 1010 nd*
5 4,0 2860 30
6 4,1 nd* nd*
7 4,5 4360 150
8 5,2 12700 530
9 5,8 13100 660
10 7,8 35200 970
11 8,9 15330 580
12 10,2 23800 950
13 10,8 21600 1010
14 12,0 47600 2480
15 14,2 24560 1150
16 16,2 nd* nd*
17 16,4 15700 890
18 17,9 27430 1730
19 19,2 32550 2370
20 21,4 70380 1620
21 24,2 25150 2790
22 27,5 107300 3810
23 27,5 nd* nd*
24 28,1 89320 2470
25 30,6 51740 1030
26 33,1 71360 2180
27 35,7 103410 3620
28 38,6 120400 4130
29 40,1 92180 3480
30 43,7 118800 5020
31 44,5 83400 2110
32 47,3 63420 2920
33 50,3 65180 1600
34 50,8 115650 4770
35 52,3 48220 1850
* nd: não detectado
** circunferência ao redor da lesão (2cm de espessura).
71
Considerando as propriedades hidrossolúveis da patulina, as porções sadias dos
frutos imediatamente ao redor do foco de infecção, sem alteração na coloração e textura,
foram analisadas para avaliar a capacidade migratória para o tecido não deteriorado.
No tecido sadio detectaram-se concentrações preocupantes desta substância, que
atingiram 5020 µg/Kg de tecido (Tabela 04), acima do limite estabelecido pela FDA de 50
µg/Kg (RICHARD et al., 2003). Essas concentrações de patulina detectadas no tecido sadio
apresentaram-se crescentes com o aumento no diâmetro da podridão (Figura 06 A). Os frutos
com grande porcentagem de podridão e menores concentrações de toxina também
apresentaram proporção nas concentrações de toxina na porção sadia ao redor (Figura 05 B).
Figura 06 – Curvas de tendências de patulina nas maçãs deterioradas.
(A) relacionando concentração de patulina no tecido deteriorado com a porcentagem de
podridão do fruto; (B) relacionando concentração de patulina no tecido sadio próximo a lesão
com a porcentagem de podridão do fruto.
Esses resultados concordam com Rychlik e Schieberle (2001) que avaliaram a
capacidade migratória da toxina em maçãs, encontrando concentrações de patulina em
porções de até 4cm de distância da lesão, sendo essas com valor menor que 6 x 10
-5
µg de
patulina/g de tecido sadio.
A
B
72
5.4 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA PELO PROCESSO
FERMENTATIVO
A patulina em bebidas fermentadas não deve ser detectável, uma vez que as
leveduras fermentativas produzem, sob condições anaeróbias e por indução, uma proteína
capaz de degradar a toxina (LIPOWSKA et al., 1990; STINSON et al., 1978).
Na Tabela 05 são apresentados os resultados (média aritmética de 3 quantificações)
de um experimento conduzido com suco de maçã ao qual foi adicionada patulina e
Saccharomyces cerevisiae para avaliar a cinética de degradação de patulina.
Tabela 05. Determinação da cinética de degradação de patulina em suco de maçã inoculado
com Saccharomyces cerevisiae.
5,00 µg de patulina/mL
Tempo (h)
Sem S. cerevisiae* Com S. cerevisiae*
0 5,00 5,00
8
4,82± 0,017 4,73± 0,013
16
4,82± 0,015 3,81± 0,009
24
4,80± 0,011 3,53± 0,018
32
4,80± 0,018 1,77± 0,015
40
4,80± 0,011 1,29± 0,010
48
4,79± 0,013 0,92± 0,015
64
4,79± 0,006 0,70± 0,006
72
4,78± 0,016 0,43± 0,011
96
4,74± 0,010 0,26± 0,014
120
4,72± 0,003 0,18± 0,016
Meio utilizado: suco de maçã despectinizado. Cultivo estático sob condições anaeróbias a 25°C.
* Cada valor corresponde à média aritmética das triplicatas ± desvio padrão.
Os teores de patulina nos ensaios inoculados com S. cerevisiae, onde foram
adicionados 5,0 µg/mL de suco, permaneceram estáveis no período inicial de 8 horas. Após
este tempo, até 32 horas, a eliminação da toxina ocorreu em maior intensidade, chegando a
1,77 µg/mL, o que representa uma redução de 64,6%. O processo continuou gradativamente
com redução da toxina, porém de forma lenta, permanecendo um teor final de 3,6% (0,18 µg
de patulina/mL) após 120 horas de fermentação (Figura 07). Esta degradação de patulina por
leveduras durante os processos fermentativos foi citada por Karlovsky (1999).
73
Figura 07 – Cinética de degradação de patulina por S. cerevisiae.
concentração inicial 5,00 µg de patulina/mL, controle (incubação sem levedura,
5,00 µg de patulina/mL).
Harwig et al. (1973) demonstraram a total degradação de patulina (3 µg/mL) do suco
de maçã, submetendo à fermentação durante duas semanas por S. cerevisiae Y-99 e S.
ellipsoideus DAVIDS #522, e durante quatro semanas quando inocularam S. cerevisiae MAC
#Y2947. Burroughs (1977) removeu eficientemente a patulina (5 µg/mL) de sucos
contaminados utilizando leveduras industriais para produção de sidras e tempo de
fermentação de 12 dias.
A diminuição do teor de patulina pode estar associado a um mecanismo de defesa da
levedura, onde ela produz uma proteína ainda o caracterizada capaz de degradar a toxina
(SUMBU; THONART; BECHET, 1983). Os mesmos autores observaram a permanência de
patulina no meio de cultivo, quando adicionada simultaneamente com 2 µg/mL de ciclo-
heximida (inibidor da síntese protéica). Não obstante, se ciclo-heximida fosse adicionada 3
74
horas após a adição de patulina, a velocidade e a taxa de degradação seria reduzida, porém
não suspensa.
Sumbu, Thomart e Bechet (1983) e Moss e Long (2002) relataram a existência de
uma fase de adaptação das leveduras ou uma inibição temporária por um período proporcional
à dose da toxina, ou seja, ocorre uma inibição concentração-dependente do crescimento,
quanto maior a dose da toxina, maior é a fase de adaptação das leveduras e mais prolongada é
a fase lag (estacionária). No crescimento de S. cerevisiae existem duas fases na ação da
patulina sobre as células. Primeiro, uma ação da toxina no metabolismo da levedura e a
inibição subseqüente de crescimento, onde a levedura passa por uma fase de adaptação, sendo
observada até 24 horas após a incubação. Segundo, a retomada de crescimento e degradação
da patulina, indicando o aparecimento de um mecanismo de resistência provavelmente
associado com o desaparecimento da micotoxina durante a fermentação do suco de maçã.
5.5 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA UTILIZANDO O
EXTRATO BRUTO ESTÉRIL
Uma vez que o desaparecimento de patulina pode estar associado a um mecanismo
de defesa da levedura, devido a produção de um composto protéico capaz de degradar a
toxina (SUMBU; THONART; BECHET, 1983), foi avaliada a atividade degradadora do
extrato bruto da fermentação livre de células.
Analisando a cinética de degradação de patulina pelo processo fermentativo, onde
houve notório decréscimo da toxina após 48hs de cultivo, os ensaios para obtenção do extrato
bruto estéril foram conduzidos baseando-se neste tempo de crescimento do microrganismo
para coleta do extrato bruto.
Após adição de toxina no extrato bruto estéril sem teor de patulina detectável, as
análises mostraram uma redução de 55,7% (de 3,00 µg/mL para 1,33 µg/mL) durante o
75
período de análises (96h), sendo que uma redução de 28,3% desta (de 3,00 µg/mL para 2,15
µg/mL) foi observada em 24 horas e de 50% (de 3,00 µg/mL para 1,5 µg/mL) decorridas 48
horas quando mantidos a 25°C sob condições estáticas e estéreis (Tabela 06).
Tabela 06. Determinação da cinética de degradação de patulina no extrato bruto estéril
quantificada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detector UV.
3,00 µg de patulina/mL
Tempo (h)
Suco de maçã estéril* Extrato bruto*
0 3,00 3,00
16
2,91± 0,010 2,37± 0,023
24
2,86± 0,018 2,15± 0,016
32
2,86± 0,009 1,72± 0,019
48
2,85± 0,012 1,50± 0,011
72
2,82± 0,015 1,41± 0,020
96
2,79± 0,012 1,33± 0,012
Suco de maçã despectinizado utilizado como controle. Mantidos estáticos e estéreis a 25°C.
*média aritmética ± desvio padrão.
A maior redução nos teores de patulina foi observada nas primeiras 48 horas
(redução de 50%) quando comparado às 48 horas finais (de 48 à 96 horas), onde a redução foi
de 5,7%, podendo ser atribuída à diminuição da atividade do composto bioativo presente,
porém, ainda apresentou maior degradação da toxina quando comparado ao controle (Figura
08), a qual foi de 3% no período de 48 à 96 horas.
76
Figura 08 – Cinética de degradação de patulina no extrato bruto estéril.
concentração inicial 3,00 µg de patulina/mL, controle (incubação em suco de
maçã estéril, 3,00 µg de patulina/mL).
5.6 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA UTILIZANDO O
EXTRATO DIALISADO ESTÉRIL
O equilíbrio de diálise é um método que possibilita a separação de componentes de
alta massa molecular daqueles de baixa massa molecular utilizando para isto o diferencial de
permeação entre membranas seletivas. A permeação das moléculas através da membrana
depende da concentração do analito, do seu coeficiente de partição óleo/água e da área de
superfície da membrana (TSAI, 2003).
A amostra de extrato bruto apresenta moléculas de alta massa molecular, como por
exemplo, as proteínas, e estas devem ser separadas de substâncias interferentes a fim de medir
sua atividade degradadora. Os mecanismos envolvidos no processo de permeação de
substâncias pela membrana baseiam-se em forças dirigidas como diferença de concentração,
de potencial elétrico e de pressão. Dentre estes mecanismos, os que apresentam maiores
77
aplicações estão relacionado à concentração e à pressão (QUEIROZ; COLLINS; JARDIM,
2001).
Esta técnica utiliza membranas de diálise com um tamanho de poro menor que o das
proteínas e suas subunidades. O princípio da técnica se baseia na passagem de substâncias
interferentes através da membrana de diálise até o equilíbrio, em temperatura constante,
apresentando a vantagem de ser uma técnica termodinamicamente correta e livre de qualquer
problema elétrico ou mecânico (VOLPE; FILHO, 1994).
Após adição da toxina no extrato dialisado estéril sem teor de patulina detectável, as
análises mostraram completa remoção da toxina durante o período de análises (72hs), sendo
que a redução de 62,3% desta (de 3,00 µg/mL para 1,13 µg/mL) foi observada em 16 horas,
chegando a níveis não detectáveis decorridas 24 horas quando mantidos a 25°C sob condições
estáticas e estéreis (Tabela 07).
A grande redução nos teores de patulina foi observada nas primeiras 16 horas
(redução de 62,3%) quando comparado ao controle (1,7%) e de 100% (níveis não detectáveis)
a partir de 24 horas de análise, enquanto o controle apresentava degradação de 1,7%, restando
2,95 µg de patulina/mL, que corresponde a 98,3% do total adicionada.
Tabela 07. Determinação da cinética de degradação de patulina no extrato dialisado estéril
quantificada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detector UV.
3,00 µg de patulina/mL
Tempo (h)
Água estéril* Extrato dialisado*
0 3,00 3,00
16
2,95± 0,015 1,13± 0,026
24
2,95± 0,028
nd**
32
2,92± 0,013
nd**
48
2,91± 0,010
nd**
72
2,86± 0,018
nd**
Água estéril utilizada como controle. Mantidos estáticos e estéreis a 25°C.
*média aritmética ± desvio padrão; **não detectado.
78
A Figura 09 mostra a cinética de degradação de patulina adicionada em extrato
dialisado estéril durante os intervalos de tempo 0, 16, 24, 32, 48 e 72 horas, bem como o
controle onde era adicionada a toxina em água estéril para verificar sua degradação em
relação ao tempo de análise, quantificadas por CLAE com detector UV.
Figura 09 – Cinética de degradação de patulina no extrato dialisado estéril.
concentração inicial 3,00 µg de patulina/mL, controle (incubação em suco de
maçã estéril, 3,00 µg de patulina/mL).
Com a utilização do extrato dialisado observou-se uma rápida degradação da patulina
quando comparada com extrato bruto (28,3% em 24hs, Tabela 06) que pode estar relacionada
à presença de alguma substância inibidora do composto bioativo que estava presente no
extrato bruto e foi removida pelo processo de diálise empregado.
Estes resultados indicaram que o composto bioativo permaneceu no interior da
membrana dialisadora (MWCO de 8000-10000 Da) e possui massa molecular superior a
10000 Da.
79
5.7 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DE PATULINA UTILIZANDO O
EXTRATO ULTRAFILTRADO ESTÉRIL
Realizada uma ultrafiltração do extrato bruto estéril em cuba de agitação Millipore,
Modelo 8400, 400mL, diâmetro 76mm utilizando membrana Millipore ultracel amicon
YM100, membrana de celulose regenerada, de 10.000 NMWL (Nominal Molecular Weight
Limit), 76mm, a 5°C e sistema pressurizado com gás nitrogênio, foi determinada a cinética de
degradação de patulina pelo extrato ultrafiltrado.
A toxina adicionada neste extrado ultrafiltrado estéril sem teor de patulina detectável,
foi totalmente degradada durante o período de análise (48hs). Uma redução de 51% (de 3,00
µg/mL para 1,48 µg/mL) foi observada nas primeiras 16hs, 74% (de 3,00 µg/mL para 0,79
µg/mL) em 24hs e não foi detectada em 32hs de análise quando mantidas a 25°C sob
condições estáticas e estéreis (Tabela 08).
A maior redução de patulina foi constatada nas primeiras 16 horas (redução de 51%)
quando comparada ao controle (2%), passando a níveis não detectáveis em 32 horas de
análise, enquanto o controle permanecia com 96,6% (2,90 µg/mL) da toxina total adicionada
após as 48 horas.
Tabela 08. Determinação da cinética de degradação de patulina no extrato ultrafiltrado
estéril quantificada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detector UV.
3,00 µg de patulina/mL
Tempo (h)
Água estéril* Extrato ultrafiltrado*
0 3,00 3,00
16
2,94± 0,030 1,48± 0,036
24
2,95± 0,023 0,79± 0,022
32
2,90± 0,018
nd**
48
2,90± 0,022
nd**
Água estéril utilizada como controle. Mantidos estáticos e estéreis a 25°C.
*média aritmética ± desvio padrão; **não detectado.
A Figura 10 mostra a cinética de degradação de patulina adicionada no extrato
ultrafiltrado estéril durante os intervalos de tempo 0, 16, 24, 32 e 48 horas, bem como o
controle (toxina em água estéril), quantificadas por CLAE com detector UV.
80
Figura 10 – Cinética de degradação de patulina no extrato ultrafiltrado estéril.
concentração inicial 3,00 µg de patulina/mL, controle (incubação em suco de
maçã estéril, 3,00 µg de patulina/mL).
Tanto no extrato dialisado como no ultrafiltrado, observou-se uma rápida degradação
da patulina quando comparada com extrato bruto (28,3% em 24hs), porém, mais lenta quando
comparada com o extrato dialisado (62,3% em 16hs e não detectada em 24hs), que pode ser
devido a aderência de uma parte do composto bioativo na membrana ultrafiltradora, bem
como à redução de sua atividade durante o tempo de ultrafiltração.
Estes resultados confirmam que o composto bioativo foi retido no extrato
ultrafiltrado após filtração na membrana de celulose regenerada (10000 NMWL) possuindo
massa molecular superior ao tamanho do poro.
Numa comparação entre as atividades degradadoras de patulina entre os diferentes
extratos por 32hs (Tabela 09) verificou-se uma maior degradação de patulina quando utilizado
o extrato dialisado, com níveis não detectáveis em 24hs de análise. O extrato ultrafiltrado foi
capaz de degradar a toxina presente, com níveis não detectáveis em 32hs de análise e o extrato
81
bruto, o qual consistiu de suco de maçã fermentado por 24hs e livre da biomassa, degradou a
toxina até concentrações de 1,72 µg/mL (42,7% da total adicionada) nas mesmas 32hs.
Tabela 09. Determinação da cinética de degradação de patulina nos extratos bruto, dialisado
e ultrafiltrado estéreis quantificada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com
detector UV.
3,00 µg de patulina/mL
Tempo (h)
Extrato bruto* Extrato dialisado* Extrato ultrafiltrado*
0 3,00 3,00 3,00
16
2,37± 0,023 1,13± 0,026 1,48± 0,036
24
2,15± 0,016
nd**
0,79± 0,022
32
1,72± 0,019
nd** nd**
Mantidos estáticos e estéreis a 25°C.
*média aritmética ± desvio padrão; **não detectado.
A maior atividade do composto bioativo após etapas de purificação por diálise ou
ultrafiltração indica a eficiência desses processos.
Na Figura 11 podemos observar a rápida degradação de patulina com a utilização do
extrato dialisado e com o ultrafiltrado quando comparados ao extrato bruto.
Figura 11 Cinética de degradação de patulina nos extratos bruto, dialisado e ultrafiltrado
estéreis.
no extrato bruto, no extrato ultrafiltrado, no extrato dialisado.
Conduzidos de modo estéreis com concentração inicial 3,00 µg de patulina/mL.
82
5.8 RASTREAMENTO DO COMPOSTO BIOATIVO POR ELETROFORESE
Na eletroforese sob condições não desnaturantes, para separar o composto bioativo
sem perder sua atividade, foram observadas variações na intensidade de 5 bandas protéicas as
quais possuíam valores para o fator de retenção (Rf) de 0,075; 0,21; 0,41; 0,58 e 0,73,
respectivamente, como pode ser observado na Figura 12.
Figura12 – Bandas protéicas visualizadas em gel de poliacrilamida
Concentração de 12,5% sob condições não desnaturantes separadas por eletroforese utilizando
extrato ultrafiltrado.
Ao determinar a atividade degradadora de patulina utilizando essas frações protéicas
(5 bandas) extraídas do gel não corado pelo recorte das bandas segundo valores de Rf,
seguidos de maceração, adição de 1mL de água ultrapura contendo toxina e acidificação, foi
observada esta atividade degradadora na banda com Rf = 0,73 quando a redução de patulina
foi de 48% (de 3,00 µg/mL para 1,56 µg/mL), após 24hs de incubação a 25°C em condições
estáticas, indicando efetivamente ser o composto bioativo. Nas demais frações (Rf de 0,075;
0,21; 0,41 e 0,58), a máxima redução de toxina foi de 4% (de 3,00 µg/mL para 2,88 µg/mL na
fração protéica com Rf 0,41), permanecendo 96% (2,88 µg/mL) da concentração de patulina
total adicionada (Tabela 10).
83
Tabela 10. Atividade degradadora de patulina pelos compostos protéicos separados por
eletroforese quantificada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detector UV.
3,00 µg de patulina/mL
Rf das frações
protéicas analisadas
Concentração de patulina em 24
horas (µg de patulina/mL)
Porcentagem de degradação
0,075 2,93 2,3%
0,21 2,90 3,3%
0,41 2,88 4,0%
0,58 2,91 3,0%
0,73 1,56 48%
Concentração de patulina inicial de 3,00 µg de patulina/mL. Mantidos estáticos a 25°C/24hs.
A Figura 13 ilustra a atividade degradadora de patulina nas frações protéicas obtidas
pela separação em eletroforese sob condições não desnaturantes.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
inicial 0,075 0,21 0,41 0,58 0,73
Rf
Concentração de patulina (µg/mL)
Figura 13 Atividade degradadora de patulina dos compostos protéicos separados por
eletroforese.
Condições não desnaturantes.Incubação por 24hs a 25°C.
É importante destacar que o pH do gel (8,8) não foi capaz de desnaturar o composto
bioativo, uma vez que apresentou atividade após sua extração.
84
5.9 AVALIAÇÃO DA PUREZA DO COMPOSTO BIOATIVO E DETERMINAÇÃO DA
MASSA MOLECULAR
Determinada a banda protéica com atividade
degradadora de patulina (Rf = 0,73), o
composto bioativo purificado pelos processos de ultrafiltração e eletroforese sob condições
não desnaturantes foi analisado por SDS-PAGE (eletroforese desnaturalizante) para avaliar o
grau de pureza bem como estimar a sua massa molecular. Os géis obtidos dessa análise estão
ilustrados na Figura 14, comprovando a homogeneidade da mesma.
Figura 14 Eletroforese SDS-PAGE para avaliação do composto bioativo e determinação de
sua massa molecular.
(A) composto bioativo produzido por Saccharomyces cerevisiae ICV D47. (B) Marcador de
massa molecular GE Healthcare.
A massa molecular do composto bioativo puro foi estimada por meio de análise de
regressão linear, plotando os valores do logaritmo da massa molecular dos padrões utilizados
versus Rf da migração relativa de cada padrão e o do composto (Figura 15). Por esses cálculos
a massa molecular do composto bioativo foi estimada em 22,07 kDa.
85
y = -1,6709x + 2,5636
R
2
= 0,9903
1
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
1,7
1,8
1,9
2
0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7 0,75 0,8 0,85
Rf
log Massa Molecular
Cálculo:
y = -1,6709.(Rf) + 2,5636
Massa Molecular = antilog y
y = - 1,6709. 0,73+ 2,5636 = 1,343843
Massa Molecular = antilog 1,343843
Massa Molecular = 22,07 kDa
Figura 15 Curva padrão obtida pela plotagem do log da massa molecular dos padrões versus
Rf da migração relativa de cada padrão.
Curva utilizada para o cálculo da massa molecular do composto bioativo.
5.10 FOCALIZAÇÃO ISOELÉTRICA E DETERMINAÇÃO DO PONTO ISOELÉTRICO
DO COMPOSTO BIOATIVO
O ponto isoelétrico (pI) de uma proteína corresponde ao valor de pH no qual o
somatório de todas as suas cargas parciais é igual a zero, não sendo dependentes da
concentração de proteínas (BERKELMAN; STENSTED, 2004). A análise para determinar o
ponto isoelétrico do composto bioativo realizada por focalização isoelétrica em gel de
poliacrilamida usando anfólitos Pharmalite com pH de 3,0 a 10 seguido de eletroforese SDS-
PAGE, resultou na concentração deste composto exatamente no pólo positivo, indicando que
nem o menor pH existente no gel (pH=3) foi capaz de precipitar o composto. Desta forma
estima-se que seu ponto isoelétrico é inferior a 3.
5.11 pH DE MÁXIMA ATIVIDADE DO COMPOSTO BIOATIVO
A atividade do composto bioativo produzido por Saccharomyces cerevisiae ICV
D47, acidificado em diferentes pHs (2, 3, 4, 5 e 6), mantido a 25°C por 24hs e realizado com
o extrato ultrafiltrado são mostrados na Tabela 11.
Nesta Tabela 11 pode ser observado que, dentre os pHs testados, o composto
apresentou maior atividade em pH 5, no qual não foram encontrados níveis detectáveis de
86
patulina após as 24hs de análise, porém, em pH 4 a degradação foi de 95% (3,00 µg/mL para
0,15µg/mL) e que o pH de máxima atividade deve encontrar-se entre os valores de 4 e 5,
apresentando uma redução de 95 % e 100% respectivamente. Desta forma o composto
apresenta uma faixa restrita de pH ótimo, onde uma pequena variação provoca a diminuição
desta atividade. Em pH 2 ele não demonstrou estabilidade, reduzindo sua atividade
degradadora em 9% (3,00 µg/mL para 2,73 µg/mL) como mostrados na Tabela 11. Isso pode
estar relacionado com seu pI (inferior a 3), onde ocorre a precipitação do composto pelas
equivalências de cargas e conseqüente perda de atividade.
Tabela 11. Determinação do pH de máxima atividade do composto bioativo presente no
ultrafiltrado estéril em 24hs, quantificada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com
detector UV.
3,00 µg de patulina/mL
pH
Água estéril* Extrato ultrafiltrado*
2
2,93± 0,014 2,73 ± 0,037
3
2,95± 0,015 1,80± 0,014
4
2,93± 0,028 0,15±0,030
5
2,94± 0,013
nd**
6
2,94± 0,010 0,68± 0,022
Água estéril utilizada como controle. Mantidos estáticos e estéreis a 25°C/24hs.
*média aritmética ± desvio padrão; **não detectado.
A Figura 16 ilustra a atividade do composto bioativo em degradar patulina em
diferentes valores de pHs (2, 3, 4, 5 e 6).
87
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
2 3 4 5 6
pH
Concentração de patulina (µg/mL)
Figura 16 Degradação de patulina pelo composto bioativo presente no extrato ultrafiltrado
estéril em pHs 2, 3, 4, 5 e 6.
Concentração inicial 3,00 µg de patulina/mL, mantidos estáticos a 25°C por 24hs.
controle
(incubação em água ultrapura estéril acidificada,
extrato ultrafiltrado acidificado.
5.12 TEMPERATURA DE MÁXIMA ATIVIDADE DEGRADADORA DO COMPOSTO
BIOATIVO
A temperatura de máxima atividade do composto bioativo quando analisada
utilizando extrato ultrafiltrado adicionados de g da toxina/mL e armazenados por 16hs nas
temperaturas de 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50°C, foi de 35°C.
Os resultados estão apresentados na Tabela 12, onde é possível verificar maior
redução nos teores de patulina quando utilizada a temperatura de 35°C (74% de redução). Na
temperatura de 30°C apresentou a segunda maior redução de 69,3%, e compreenderam as
duas temperaturas onde o composto apresentou maior atividade.
Nas temperaturas de 20 e 25°C a degradação de patulina foi menor (52,3% e 50,7%,
respectivamente), bem como, após o aumento da temperatura para 40 e 45°C (61,7% e 52,6%,
respectivamente). Na temperatura de 50°C o composto apresentou a menor atividade
88
degradadora (40%) dentre as temperaturas testadas, indicando inibição da atividade ou perda
de sua estabilidade pelo calor.
Tabela 12. Determinação da temperatura de máxima atividade do composto bioativo presente
no ultrafiltrado estéril em 16hs, quantificada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
com detector UV.
3,00 µg de patulina/mL
Temperatura
Água estéril* Extrato ultrafiltrado*
20
2,93± 0,013 1,43± 0,032
25
2,95± 0,032 1,48± 0,043
30
2,95± 0,021 0,92± 0,017
35
2,92± 0,032 0,78± 0,026
40
2,94± 0,015 1,15± 0,014
45
2,93± 0,040 1,42± 0,022
50
2,91± 0,025 1,80± 0,007
Água estéril utilizada como controle. Mantidos estáticos e estéreis por 16hs.
*média aritmética ± desvio padrão.
A Figura 17 ilustra a atividade do composto bioativo em degradar patulina à
temperatura de 20, 25, 30, 35, 40, 45 e 50°C por 16hs.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
20 25 30 35 40 45 50
Temperatura (°C)
Concentração de patulina (µg/mL)
Figura 17 Degradação de patulina pelo composto bioativo presente no extrato ultrafiltrado
estéril à diferentes temperaturas.
Concentração inicial 3,00 µg de patulina/mL.
controle (incubação em água ultrapura estéril,
extrato ultrafiltrado.
89
Estas análises foram realizadas com o extrato ultrafiltrado estéril que estava
armazenado a -20°C até o período das análises, o qual apresentou atividade mesmo após
congelamento e descongelamento, mostrando a estabilidade do composto bioativo à baixas
temperaturas.
5.13 PRESENÇA DE CARBOIDRATOS
O Método fenol sulfúrico (DUBOIS et al., 1956) foi utilizado para determinação de
carboidratos. Com limite de dectecção de 1µg/mL, o composto bioativo não apresentou
níveis detectáveis de carboidratos, indicando pouca ou nenhuma glicosilação.
5.14 ESTABILIDADE TÉRMICA DO COMPOSTO BIOATIVO A 80ºC
Após tratamento térmico empregado a 80°C por 20 minutos, o qual é utilizado na
indústria processadora de maçãs, o composto bioativo não apresentou atividade degradadora
de patulina. Este resultado pode ser devido à baixa ou nenhuma glicosilação do composto,
uma vez que não foi detectada a presença de carboidratos. Wang et al. (1996) encontraram
que a estabilidade térmica de proteínas parece depender do teor de carboidratos, ou seja, das
glicosilações presentes, tendo descrito que a maior estabilidade térmica foi observada em
proteínas mais fortemente glicosiladas, independentemente das cadeias de carboidratos
ligados covalentemente.
90
6. CONCLUSÕES
A metodologia de quantificação da patulina por CLAE foi padronizada, apresentando
recuperação de 86,24%, um limite de detecção de 4,3 µg/L e de quantificação de 8,6 µg/L.
Em maçãs destinadas ao consumo in natura apresentando manchas de infecção
microbiana, a toxina ocorreu em concentrações altas, mesmo nas partes não afetadas, o que
pode se constituir num problema ao consumidor.
A patulina adicionada no suco inoculado com S. cerevisiae foi reduzida até 3,6% da
concentração inicial em 120 horas, ocorrendo 64,6% de degradação em 32 horas.
O extrato bruto obtido por fermentação alcoólica com S. cerevisiae foi capaz de
degradar patulina, 50% da total adicionada em 48 horas e 55,7% em 96 horas.
O extrato bruto dialisado degradou 62,3% da patulina adicionada em 16 horas,
chegando a níveis não detectáveis a partir de 24 horas.
O extrato bruto ultrafiltrado foi capaz de degradar 51% da patulina em 16 horas de
análise, 74% em 24 horas e níveis não detectáveis em 32 horas.
O composto bioativo foi purificado em duas etapas, através de técnica de
ultrafiltração seguida de eletroforese em condições não desnaturantes.
A massa molecular encontrada para este composto foi estimada em 22,07 kDa,
possuindo ponto isoelétrico inferior a 3.
pH e temperatura de máxima atividade degradadora encontrados estavam entre 4 e 5,
e 30 e 35°C, respectivamente.
O composto não apresentou glicosilações detectáveis por análise de carboidratos e
uma baixa estabilidade térmica, não resistindo a temperatura de 80°C por 20 minutos.
O composto bioativo demonstrou eficiente degradação de patulina devendo ser
realizados testes de toxigenicidade deste e dos subprodutos da degradação de patulina para
91
que possa ser utilizado na degradação da toxina pela sua adição em produtos derivados de
maçã, antes ou após sua pasteurização.
92
7. REFERÊNCIAS
ABPM - Associação Brasileira dos Produtores de Maçã. Disponível em:
<http://www.abpm.org.br> Acesso em: 25/10/2004.
ABPM - Associação Brasileira dos Produtores de Maçã. Disponível em:
<http://www.abpm.org.br> Acesso em: 19/04/2005.
ABRAMSON, D.; LOMBAERT, G.; CLEAR, R.M.; SHOLBERG, P.; TRELKA, R.; ROSIN,
E. Production of patulina and citrinin by Penicillium expansum from British Columbia
(Canada) apples. Mycotoxin Research, n. 25, p. 85–88, 2009.
ABRUNHOSA, L.; PATERSON, R.R.M.; KOZAKIEWICZ, Z.; LIMA, N.; VENÂNCIO, A.
Mycotoxin production from fungi isolated from grapes. Letters in Applied Microbiology.,
v.32, p.240-242, 2001.
ANDERSEN, B.; SMEDSGAARD, J.; FRISVAD, J.C. Penicillium expansum: Consistent
Production of Patulin, Chaetoglobosins, and Other Secondary Metabolites in Culture and
Their Natural Occurrence in Fruit Products. J. Agric. Food Chem. v.52,p.2421-2428, 2004.
ANON. Survey of apple juice for patulin. MAFF Food Surv. Inf. Sheet, n. 173, London:
HMSO, 1999.
AOAC (ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS). AOAC Official
Method 995.10. Determinación de Patulina en Frutas y Alimentos. Official methods of
analysis of AOAC International, AOAC International, Washington, MD, USA, 17ed., 2000.
ARAFAT W, MUSA M.N. Patulin-induced inhibition of protein synthesis in hepatoma tissue
culture. Res. Commun. Mol. Pathol. Pharmacol., v.87(2), p.177-86, 1995.
ARGENTA, L. C. Concentração de etileno interno e maturação de maçãs cvs. Gala, Golden
delicious e Fuji. Rev. Bras. Frut., v.15 n.1, p.125-132, 1993.
AYTAC, S.A.; ACAR, J. Einflub von L-Ascorbinsäure und Schwefeldioxidzusatz auf die
Stabilität von Patulin in Apfeläften und Pufferlösungen. Ernährung., v.1, p.15-17, 1994.
BAERT, K.; CHITUNDU, K.; DE MEULENAER, B.; DEVLIEDHERE, F. Incidence of
patulin in organic and conventional apple juice marketed in Belgium. Paper presented at XI
International IUPAC Symposium on Mycotoxins and Phycotoxins, Bethesda, Maryland,
USA, 2004, p.37.
BATTA, Y. A. Postharvest biological control of apple gray mold by Trichoderma harzianum
Rifai formulated in an invert emulsion. Crop protection, v.23, p.19-26, 2004.
BERETTA, B.; GAIASCHI, A.; GALLI, C. L.; RESTANI, P. Patulin in apple-based foods:
occurrence and safety evaluation. Food Add. Cont., v.17, n.5, p.399-406, 2000.
BERKELMAN, T.; STENSTED, T. 2-D Eletrophoresis: Principles and Methods. Edition AC
(80-6429-60). GE Healthcare, 2004. Manual do fabricante.
93
BISSESSUR, J.; PERMAUL, K.; ODHAV, B. Reduction of patulin during apple juice
clarification. J. Food Protect., v.64, n.8, p.1216-1219, 2001.
BLUM, H.; BEIER, H.; GROSS, H.J. Electrophoresis. v.8, p.93-99, 1987.
BOLGER, M. Integration of risk assessment and management. In: Joint FAO/WHO seminar
on the safety/risk analysis of contaminants: genotoxic carcinogens, Rotterdam, The
Netherlands, 2002.
BOONZAAIJER, G.; BODELDIJK, I.; VAN OSENBRUGGEN, W.A. Analysis of patulin in
dutch food, an evaluation of a SPE based method. Food Control, v. 16, p. 587-591, 2005.
BRACKETT, R. E.; MARTH, E. H. Patulin in apple juice from roadside stands in Wisconsin.
J. Food Protect., v.42, n.11, p.862-863, 1979.
BRACKMANN, A.; MAZARO, S. M.; LUNARDI, R. Armazenamento da maçã cv. Golden
Delicious em atmosfera controlada com altas concentrações de CO
2
e ultra-baixas de O
2
.
Ciência Rural, Santa Maria, v.26, n.2, p.215-219, 1998.
BRASIL. Instrução normativa nº 1, de 7 de janeiro de 2000. Estabelece o regulamento técnico
para a fixação dos padrões de identidade e qualidade para a polpa de fruta. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, Seção 1, n.6, p.54-58, jan, 2000.
BRADFORD, M.M. A rapid and sensitive method for the quantification of microgram
quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry, v.
72, p. 248-254, 1976.
BURDA, K. A. Research Note: Incidence of patulin in apple, pear, and mixed fruit-products
marketed in New South Wales. J. Food Protect., v.55, n.10, p.796-798, 1992.
BURROUGHS, L. F. Stability of patulin to sulfur dioxide and to yeast fermentation. J.
AOAC, v.60, n.1, p.100-103, 1977.
CELLI, M.G. Patulina em maçãs e em produtos derivados. Aspectos sanitários e controle
empregando Saccharomyces Cerevisiae. 2006, 78f. Dissertação (Mestrado em Ciência e
Tecnologia de Alimentos), Departamento de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual
de Ponta Grossa: Ponta Grossa-PR, 2006.
CELLI, M.G.; ONO, E.Y.S.; HIROOKA, E.Y.; WOSIACKI, G. Degradação de patulina por
Saccharomyces cerevisiae durante a fermentação de mosto de maçã. Anais do Simpósio
Latino Americano de Ciência de Alimentos, Campinas-SP, 2005.
CHEN, L.; INGHAM, B.H.; INGHAM, S.C. Survival of Penicillium expansum and patulin
production on stored apples after wash treatments. Journal of Food Science. v.69, n.8, p.669-
675, 2004.
CHERAGHALI, A. M.; MOHAMMADI, H. R.; AMIRAHMADI, M.; YAZDANPANAH,
H.; ABOUHOSSAIN, G.; ZAMANIAN, F.; KHANSARI, M. G.; AFSHAR, M. Incidence of
patulin contamination in apple juice produced in Iran. Food Control, v.16, p.165-167, 2005.
94
COELHO, A.R.; LEVY, R.M.; HOFFMANN, F.L.; TANIWAKI, M.H.; KMELMMEIER,
C.; PAGNOCCA, F.C.; HIROOKA, E.Y. Patulin producing Penicillium expansum vs.
antagonistic yeasts with perspectives of biocontrol in the post-harvest of fruits. In: XI
INTERNATIONAL IUPAC SYMPOSIUM ON MYCOTOXINS AND PHYCOTOXINS,
2004. Bethesda, Maryland, USA. Proceeding… Maryland, USA, p. 99, 2004.
COELHO, A. R. Controle de Penicillium expansum/biodegradação de patulina: perfil
cromatográfico de composto bioativo de leveduras killer visando aplicação pós-colheita.
2005, 122f. Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos), Departamento de Ciências de
Alimentos e Medicamentos, Universidade Estadual de Londrina: Londrina-PR, 2005.
CODEX ALIMENTARIUS COMMISSION. Criteria for evaluating acceptable methods of
analysis for codex purposes, Codex Committee on Methods of Analysis and Sampling.
Documento CX/MAS 98/5, 1998.
CONWAY, W. S.; LEVERENTZ, B.; JANISIEWICZ, W. J.; BLODGETT, A. B.;
SAFTNER, R. A.; CAMP, M. J. Integrating heat treatment, biocontrol and sodium
bicarbonate to reduce post-harvest decay of apple caused by Colletotrichum acutatum and
Penicillium expansum. Post-harvest Biol. Technol., v.34, p.11-20, 2004.
CUNHA, S.C.; FARIA, M.A.; FERNANDES, J.O. Determination of patulin in apple and
quince products by GC–MS using
13
C
5–7
patulin as internal standard. Food Chemistry. n. 115,
p. 352–359, 2009.
DEMIRCI, M.; ARICI, M.; GUMUS, T. Presence of patulin in fruit and fruit juices produced
in Turkey. Ernaehrungs-Umschau., v.50(7), p.262-263, 2003.
DOMBRINK-KURTZMAN, M. A.; BLACKBURN, J. A. Evaluation of several culture
media for production of patulin by Penicillium species. Intl. J. Food Microbiol.,
v.98, n.3, p.241-248, 2005.
DRILLEAU, J. F.; BOHOUN, G. La patuline dans les produits cidricoles. C. R. Seances
Acad. Agric. Fr., v.59, p.1031-1037, 1973.
DUBOIS, M.; GILLES, K.A.; HAMILTON, J.K.; REBERS, P.A.; SMITH, F. Colorimetric
Method for determination of sugars and related compounds. Analytical Chemistry, v.28, n.3,
p.350-356, 1956.
ENGEL, G.; TEUBER, M. Patulin and other small lactones. In: Mycotoxins. Netherland:
[s.n.], 1984. p.290-299.
EUROPEAN COMMISSION. 2003. Ec Nº 1425/2003.
FAO - FOOD AGRICULTURE ORGANIZATION. Disponível em: <http://www.fao.org>
Acesso em 02/06/2008.
FERNÁNDEZ-TREVEJO, E. O.; ARIAS VERDÉS, J. A.; SERSA ESPINOSA, R. [01]
Validación de um método para la determinación de patulina em jugos y purês de frutas por
HPLC. Ver. Cubana Aliment. Nutr., v.15, n.1, p.20-25, 2001.
95
FERNÁNDEZ-TREVEJO, E. O.; ARIAS VERDÉS, J. A.; SERSA ESPINOSA, R. [02]
Presence of patulin in fruit purees and juices. Alimentaria, Madrid, v.321, p.133-135, 2001.
FLORIANOWICZ, T. Antifungal activity of some microorganisms against Penicillium
expansum. Europe Food Research Technology, v. 212, n. 3, p. 282-286, 2001.
FONSECA, H. Micotoxinas on line. Disponível em <www.micotoxinas.com.br>. Acesso em:
28/06/2008.
FSA - FOOD STANDARDS AGENCY, 2003. Disponível em: <http://www.food.gov.uk>
Acesso em: 07/10/05.
FUCHS, S.; SONTAG, G.; STIDL, R.; EHRLICH, V.; KUNDI, M.; KNASMÜLLER, S.
Detoxification of patulin and ochratoxin A, two abundant mycotoxins, by lactic acid bacteria.
Food and Chemical Toxicology. v.46, n.4, p.1398-1407, abril, 2008.
FUNDAÇÃO CARGILL. Relatório Anual, 1983
GALCIA-CLOSAS, R.; BERENGER, A.; JOSE, T. M.; JOSE, S. M.; QUIRO, J. R.;
NAVARRO, C.; AMAUD, R.; DORRONSORO, M.; DOLORES, C. M.; BARRICARTE, A.;
ARDANAZ, E.; AMIANO, P.; MARTINEZ, C.; AGUDO, A.; GINZALES, C. Dietary
souces of vitamin C, Vitamin E, and specific carotenoids in Spain. Br. J. Nutr., v.91, p.1005-
1011, 2004.
GASHLAN, H.M. High performance liquid chromatographic determination of patulin in
apple juice: Investigation of its contamination levels in Saudi Arabia. Scientific Research and
Essay. v.4, n.2, p. 69-72, fev, 2009.
GÖKMEN, V.; ACAR, J. [01] An Investigation on the relationship between patulin and
fumaric acid in apple juice concentrates. Lebensm. Wiss. Technol., v.31, p.480-483, 1998.
GÖKMEN, V.; ACAR, J. [02] Incidence of patulin in apple juice concentrates products in
Turkey. Journal of Chromatography A, v.815, p.99-192, 1998.
GÖKMEN, V.; ACAR, J. Simultaneous determination of 5- hydroxymethylfurfural and
patulin in apple juice by reversed-phase liquid chromatography. Journal of Chromatography
A, v.847, p.69-74, 1999.
GÖKMEN, V.; ACAR, J. Long-term survey of patulin in apple juice concentrates produced in
Turkey. Food Additives and Contaminants, v.17, n.11, p.933-936, 2000.
GÖKMEN, V.; ARTIK, N.; ACAR, J.; KAHRAMAN, N.; POYRAZOGLU, E. Effects of
various clarification treatments on patulin, phenolic compound and organic acid
compositions of apple juice. Eur Food. Res. Technol., v.213, p.194-199, 2001.
GÖNÇALEZ, E.; PINTO, M. M.; FELICIO J. D. Análise de micotoxinas no instituto
biológico de 1989 a 1999. Biológico, São Paulo, v.63, n.1-2, p.15-19, jan./dez., 2001.
GRIFFIN; D. H. Fungal Physiology. 2ªed, N.Y., EUA, 1993. p.250-251.
96
GROOTWASSINK, J.W.D.; GAUCHER, G.M. De novo biosynthesis of secondary
metabolism enzymes in homogeneous cultures of Penicillium urticae. J. Bacteriology
v.141(2), p.443-455, 1980.
HARWIG, J.; CHEN, Y. K.; KENNEDY, B. P. C.; SCOTT, P. M. Occurrence of patulin and
patulin-producing strains of Penicillium expansum in natural rots of apple in Canada. J.
Canad. Inst. Food Sci. Technol., v.6, n.1, p.22-25, 1973.
HASAN; H.A.H. Patulin and aflatoxin in brown rot lesion of apple fruits and their regulation.
World Journal of Microbiology & Biotechnology., v.16, p.607-612, 2000.
HATEZ F, GAYE F. Inhibition of translation in reticulocyte by the mycotoxin patulin. FEBS
Lett., v.95, p.252-256, 1978.
HE, J.; TSAO, R.; YANG, R.; ZHOU, T. Purification of patulin from Penicillium expansum
culture: high-speed counter-current chromatography (HSCCC) versus preparative high-
performance liquid chromatography (prep-HPLC). Food Additives and Contaminants. v. 26,
n. 1, p. 101–107, jan, 2009.
HEFNAWY, M. A.; ABOU-ZEID, A. M. Differential adaptation of membranes of two
osmotolerant fungi, Aspergillus chevalieri and Penicillium expansum to high sucrose
concentrations. Acta. Microbiol. Pol., v.52, p.53-64, 2003.
HIGASHIHARA, K.; TAKEUCHI, M.; BANDOH, S.; SAEGUSA, Y.; MIYAGAWA, H.;
GOTO, T. Effect of storage temperature on the growth of Penicillium expansum and its
production of patulin in apples. Mycotoxins. v. 59, n. 1, p.7-13, 2009.
HOPKINS, J. The toxicological hazards of patulin. Food Chem. Toxicol., v. 31, p. 455-459,
1993.
HUEBNER, H. J.; MAYURA, K.; PALLARONI, L.; AKE, C. L.; LEMKE, S. L.;
HERRERA, P.; PHILLIPS, T. D. Development and characterization of a carbon-based
composite material for reducing patulin levels in apple juice. Journal of Food Protection, Des
Moines, v.63, n.1, p.106-110, 2000.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Levantamento
Sistemático da Produção Agrícola - LSPA -, 2007. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>
Acesso em: 10/07/2008.
IBRAF - INSTITUTO BRASILEIRO DE FRUTAS. Novos horizontes para a fruticultura
brasileira, 2005. Disponível em: <
http://www.ibraf.org.br> Acesso em: 10/07/2008.
IBRAF - INSTITUTO BRASILEIRO DE FRUTAS. Volume das exportações de frutas cresce
14%, 2008. Disponível em: <
http://www.ibraf.org.br> Acesso em: 10/07/2008.
IBRAF - INSTITUTO BRASILEIRO DE FRUTAS. Comparativo de exportações de frutas
frescas, 2009. Disponível em: <
http://www.ibraf.org.br> Acesso em: 20/10/2009
IHA, M. H.; SABINO, M. Determination of patulin in apple juice by liquid chromatography.
Journal of AOAC International, Arlington, v.89, n.1, p.139-143, 2008.
97
ITAL. Instituto de Tecnologia de Alimentos. Manual técnico nº 14, p. 45, 1995.
ITO, R.; YAMAZAKI, H.; INOUE, K.; YOSHIMURA, Y.; KAWAGUCHI, M.;
NAKAZAW, H. Development of liquid chromatography-electrospray mass spectrometry for
the determination of patulin in apple juice: Investigation of this contamination in Japan.
Journal of Agricultural and Food Chemistry, Easton, v.52, n.25, p.7464-7468, 2004.
IWAHASHI, Y.; HOSODA, H.; PARK, J.H.; LEE, J.H.; SUZUKI, Y.; KITAGAWA, E.;
MURATA, S.M.; JWA, N.S.; GU, M.B.; IWAHASHI, H. Mechanisms of patulin toxicity
under conditions that inhibit yeast growth. Journal of Agricultural and Food Chemistry., v.6,
n.9, 2006.
JACKSON, L.S.; BEACHAM-BOWDEN, T.; KELLER, S.E.; ADHIKARI, C.; TAYLOR,
K.T.; CHIRTEL, S.J.; MERKER, R.I. Apple quality, storage, and washing treatments affect
patulin levels in apple cider. Journal of Food Protection, Des Moines, v.66, n.4, p.618-624,
2003.
JANISIEWICZ, W. J.; LEVERENTZ, B.; CONWAY, W. S.; SAFTNER, R. A.; REED, A.
N.; CAMP, M. J. Control of bitter rot and blue mold of apples by integrating heat and
antagonist treatments on MCP treated fruit stored under controlled atmosphere conditions.
Post-harvest Biol. Technol., v.29, p.129-143, 2003.
JIMINEZ, M.; MATEO, R.; QUEROL, A.; HUERTA, T.; HERNANDEZ, E. Mycotoxins and
mycotoxigenic moulds in nuts and sunflower seeds for human consumption. Mycopathologia
v.115, p.121-127, 1991.
KADAKAL, C.; NAS, S. Effect of activated charcoal on patulin, fumaric acid and some other
properties of apple juice. Nahrung-Food, v.46, n.1,p.31-33, 2002.
KADAKAL, C.; NAS, S.; EKINCI, R. Ergosterol as a new quality parameter together with
patulin in raw apple juice produced from decayed apples. Food Chemistry., p.1-6, 2004
KARLOVSKY, P. Biological detoxification of fungal toxins and its use in plant breeding,
feed and food production. Natural Toxins, v.7, n.1, p.1-23, 1999.
KAWASHIMA, L. M.; VALENTE SOARES, L. M.; MASSAGUER, P. R. The development
of an analytical method for two mycotoxins, patulin and verruculogen, and survey of their
presence in commercial tomato pulp. Brazilian Journal of Microbiology, v.33, p.269-273,
2002.
KOCA, N.; EKSI, A. Reduction of patulin in apple juice concentrates during storage. Journal
of Food Safety, v.25, p.1-8, 2005.
KOZLOWSKA, K.; JERUSZKA, M.; MATUSZEWSKA, I.; ROSZKOWSKI, W.;
BARYLKO-PIKIELNA, N.; BRZOZOWSKA, A. Hedonic tests in different locations as
predictors of apple juice consumption at home in elderly and young subjects. Food Qualit.
Pref., v.14, p.653-661, 2003.
98
KRYGER, R. A. Volatility of patulin in apple juice. J. Agric. Food Chem., v.49, n.8, p.4141-
4143, 2001.
LAEMMLI, U.K. 1970. Cleavage of structural proteins during the assembly of the head of
bacteriophage T4. Nature, n. 227, p. 680, 1970.
LAI, C. L.; FUH, Y. M.; SHIH, Y. C. Detection of mycotoxin patulin in apple juice. J. Food
Drug Anal., p.85-96. aug., 2000.
LAIDOU, A.; THANASSOULOPOULOS, C. C.; LIAKOPOULOU-KYRIAKIDES, M.
Diffusion of patulin in the flesh of pears inoculated with four post-harvest pathogens. J.
Phytopathol.-Phytopathol. Zeitschrift, v.149, p.457-461, 2001.
LEGGOTT, N. L.; SHEPHARD, G. S. Patulin in South African commercial apple products.
Food Control, Guildford, v.12, n.2, p.73-76, 2001.
LEGGOTT, N. L.; SHEPHARD, G. S.; STOCKENSTROM, S.; STAAL, E.; VAN
SCHALKWYK, D.J. The reduction of patulin in apple juice by three different types of
activated carbon. Food Additives and Contaminants., v.18, n.9, p.825-829, 2001.
LEITÃO, M. F. F. Conservadores em alimentos e fatores que afetam sua eficiência no
controle de microrganismos. Col. Inst. Tecnol. Alim., v.20, n.9, p.116-127, 1990.
LEVY, R. M.; HAYASHI, L.; CARREIRO, S.C.; PAGNOCCA, F.C.; HIROOKA, E.Y.
Inhibition of mycotoxigenic Penicillium sp. and patulin biodegradation by yeast strains.
Revista Brasileira de Armazenamento, v. 27, n. 1, p. 41-47, 2002.
LEVY, R. M.; HIROOKA, E. Y. Detoxificação de patulina por leveduras antagonistas a
Penicillium spp. Unopar Científica - Ciências Biológicas e da Saúde, v.1, n.1, p.57-62, 1999.
LEVY, R. M.; SILVA, R. S. F.; PAGNOCCA, F. C.; HIROOKA, E. Y. Ensaio fatorial da
atividade inibitória de Penicillium por leveduras em frutos de maçã. Braz. J. Food Technol..
v.3, p.145-150, 2000.
LINDROTH, S.; NISKANEN, A. Comparison of potential patulin hazard in home-made and
commercial apple products. J. of Food Sci., v.43, p.446-448, 1978.
LIPOWSKA, T.; GOSZCZ, H.; KUBACKI, S.; JANUSZEWSKI, T.; Studies of changes in
patulin content during apple wine production and must sulphurization. Food Process. Preserv.,
v.41 p.7-19, 1990.
MAC DONALD, S.; LONG, M.; GILBERT, J.; FELGUEIRAS, I. Liquid Chromatographic
Method for Determination of patulin in clear and cloudy apple juices and apple puree
Collaborative Study. J. AOAC, n.83, p.1387-1394, 2000.
MAHFOUD, R.; MARESCA, M.; GARMY, N.; FANTINI, J. The mycotoxin patulin alters
the barrier function of the intestinal epithelium: mechanism of action of the toxin and
protective effects of glutathione. Toxicol. App.l Pharmacol., v.18, p.1209–1218, 2002.
99
MAJERUS, P.; KAPP, K. Assessment of dietary intake of patulin by the population of EU
Member States. Gen. Health Cons. Protec., p.12-18, mar., 2002.
MALMAURET, L.; PARENT-MASSIN, D.; HARDY, J.-L.; VERGER, P. Contaminants in
organic and conventional foodstuffs in France. Food Additives and Contaminants, London,
v.19, n.6, p.524-532, 2002.
MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.
Programa Nacional de Erradicação da Cydia pomonella, 2007. Disponível em:
<www.agricultura.gov.br> Acesso em 15/05/2008.
MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Suco de
maçã. 2000. Disponível em: <www.agricultura.gov.br> Acesso em 20/08/2005.
MARIN, S.; MORALES, H.; HASAN, H.A.H.; RAMOS, A.J.; SANCHIS, V. Patulin
distribution in Fuji and Golden apples contaminated with Penicillium expansum.
Food
Additives e Contaminants
, v.23, p.1316-1322, 2006.
MARTINS, M.L.; GIMENO, A., MARTINS, H.M.; BERNARDO, F. Co-occurrence of
patulin and citrinin in Portuguese apples with rotten spots. Food Additives and Contaminants.,
v.19, n.6, p.568-574, 2002.
MCKINLEY, E.R.; CARLTON, W.W.; BOON, G.D. Patulin mycotoxicosis in the rat:
toxicology, pathology, and clinical pathology. Food Chem. Toxicol., v.20, p.289-300. 1982.
MELLO, L. M. R. Produção e Mercado Brasileiro de Maçã, 2004. Comunicado técnico n°50.
Disponível em: <www.cnpuv.embrapa.br> Acesso em: 25/08/2007.
MIURA S, HASUMI K, ENDO A. Inhibition of protein prenylation by patulin. Fed. Eur.
Biochem. Soc. v.318(1), p.88-90, 1993.
MOAKE, M.M.; PADILLA-ZAKOUR, O.; WOROBO, R.W. Comprehensive Review of
Patulin Control Methods in Foods. Comprehensive reviews in food science and food safety.
v.1, p.8-21, 2005.
MORALES, H.; MARÍN, S.; ROVIRA, A.; RAMOS, A.J.; SANCHIS, V. Patulin
accumulation in apples by Penicillium expansum during postharvest stages. Letters in applied
microbiology. v.44, n.1, p.30-35, 2007.
MOSS, M. O. Mycotoxins. Mycological Research, v. 100, n.5, p.513-523, 1996.
MOSS, M. O. Fungi, quality and safety issues in fresh fruits and vegetables. Journal of
Applied Microbiology. v.104, p.1239-1243, 2008.
MOSS, M. O.; LONG, M. T. Fate of patulin in the presence of the yeast Saccharomyces
cerevisiae. Food Add. Cont., v.19, n.4, p.387-399, 2002.
MOULE, Y.; HATEY, F. Mechanism of the in vitro inhibition of transcription by patulin, a
mycotoxin from Byssochlamys nivea. FEBS Lett., v.74, p.121-125, 1977.
100
MUTLU, M.; HIZARCIOGLU, N.; GÖKMEN, V. Patulin adsorption kinetics on activated
carbon, activation energy and heat of adsorption. Journal of Food Science., v.62, n.1, p.128-
130, 1997.
NELSON, P. E.; TOUSSON, T. A.; MARASAS, W. F. O. Fusarium species-an illustrated
manual for identification. Pennsylvania, Pennsylvania State University, 1983. 193p.
NORTHOLT, M. D.; VAN EGMOND, H. P.; PAULSCH, W. E. Patulin production by some
fungal species in relation to water activity and temperature. J. Food Protec., v.41, n.11, p.885-
890, 1978.
NUNES, C.; USALL, J.; TEIXIDÓ, N.; VIÑAS, I. Biological control of post-harvest pear
diseases using a bacterium, Pantoea agglomerans CPA-2. Intern. J. Food Microbiol., v.70,
n.1-2, p. 53-61, 2001.
OUGH, C.S.; CORISON, C.A. Measurement of patulin in grapes and wines. Journal of Food
Science, Chicago, v.45, n.3, p.476-478, 1980.
OKULL, D.O.; LABORDE, L.F. Activity of electrolyzed oxidizing water qgainst Penicilium
expansum in suspension and on wounded apples. Food Microbiology and Safety., v.69, n.1,
p.23-27, 2004.
PIEMONTESE, L.; SOLFRIZZO, M.; VISCONTI, A. Occurence of patulin in conventional e
organic fruit producing in Italy and subsequent exposure assessment. Food Additives and
Contaminats, London, v.22, n.5, p.437-442, 2005.
PRADO, E. C. Empresas produtoras de sucos de frutas investem em produção de matéria-
prima para crescer. Exportar & Gerência, p.18-21, mar, 2000.
PRADO, G.; OLIVEIRA, M. S.; CUNHA, M. R.; GOMIDES, M. F.; ABRANTES, F. M.;
SANTOS, L. G.; SOARES, T. V.; BARROSO, R. E. S. Ocorrência de patulina em suco de
maçã por cromatografia líquida de alta eficiência. Revista do Instituto Adolfo Lutz, São
Paulo, v.59, n.1-2, p.21-25, 2000.
PRIETA, J.; MORENO, A.; DÍAZ, S.; SUAREZ, G.; DOMINGUEZ, L. Survey of patulin in
apple juice and children's apple food by the diphasic dialysis membrane procedure. J. Agri.
Food Chem., v.42, p.1701-1703, 1994.
QUEIROZ, S.C.N.; COLLINS, C.H.; JARDIM, I.C.S.F. Métodos de extração e/ou
concentração de compostos encontrados em fluidos biológicos para posterior determinação
cromatográfica. Química Nova, v.24, n.1, p.68-76, 2001.
RICELLI, A.; BARUZZI, F.; SOLFRIZZO, M.; MOREA, M.; FANIZZI, F.P.
Biotransformation of patulin by Gluconobacter oxydans. Applied and Environmental
Microbiology. v.73, n.3 p.785-792, fev. 2007.
RICHARD, J.; PAYSE, G.; DESJARDINS, A.E.; MARAGAS, C.; NORRED, W.
Mycotoxins, risk in plant, animal and human systems. Council of Food Protective, 2003. p.
71.
101
RILEY R.T., SHOWKER J.L. The mechanism of patulin’s cytotoxicity and the antioxidant
activity of indole tetramic acids. Toxicol. Appl. Pharmacol., v.09, p.108-26, 1991.
RITIENI, A. Patulin in Italian commercial apple products. J. Agri. Food Chem., v.51, n.20,
p.6086-6090, 2003.
ROSS, G. Patulina: parâmetros que influem na produção, detoxicação e considerações sobre
microbiota fúngica em maçã (Malus domestica Borkhausen). 1995, 108f. Tese (Mestrado em
Ciência de Alimentos); Departamento de Ciências de Alimentos e Medicamentos,
Universidade Estadual de Londrina: Londrina-PR, 1995.
ROSS, G. U.; TANIWAKI, M. H.; SABINO, M.; VIZONI, T.; HIROOKA, E. Y. Produção
de patulina em maçã (Malus domestica Borkhausen), cultivares gala e Fuji, inoculadas com
Penicillium spp. Ciênc. Tecnol. Alim., v.18, n.1, p.82-87. jan./abr., 1998.
RYCHLIK, M.; SCHIEBERLE, P. Model studies on the diffusion behavior of the mycotoxin
patulin in apples, tomatoes, and wheat bread. Europe Food Technol., [s.l.] p.274-278, 2001.
SANHUEZA, R.M.; KRETZCHMAR, A.A.; BORSÓI, M. Avaliação de organismos
antagônicos a Penicillium expansum em maçãs cv. Fuji em pós colheita. Fitopatologia
Brasileira, v. 17, n. 4, 1992.
SCHAGGER, H.; VON JAGOW, G. Analytical Biochemistry, 166, p. 368-379, 1987.
SCUSSEL, V. Patulina. In: Micotoxinas em alimentos. Florianópolis-SC: Insular, 1998. p.47-
48.
SELMANOGLU, G.; KOÇKAYA, E.A. Investigation of the effects of patulin on thyroid and
testis, and hormone levels in growing male rats. Food and Chemical Toxicology., v.42, p.721-
727, 2004.
SEWRAM, V.; NAIR, J.J.; NIEUWOUDT, T.W.; LEGGOTT, N.L.; SHEPHARD, G.S.
Determination of patulin in apple juice by high-performance liquid chromatography–
atmospheric pressure chemical ionization mass spectrometry. Journal of Chromatography A,
v.897, p.365-374, 2000.
SHARMA, R.P. Immunotoxicity of mycotoxins. J. Dairy Sci., v. 76, p. 892-897, 1993.
SHEPHARD, G.S.; LEGGOT, N.L. Chromatographic determination of the mycotoxin patulin
in fruit and fruit juices. Journal of Chromatography A, v.882, p.17-22, 2000.
SHEU, F.; SHYU, Y.T. Analysis of patulin in apple juice by diphasic dialysis extraction with
in situ acylation and mass spectrometric determination. J. Agric. Food Chem. v.47, n.7,
p.2711-2714, 1999.
SHILIHA, H.; ASKAR, A. Patulin in apple juice and children’s apple food. J. Fruit Process.,
n.5, p.164-167,1999.
102
SHOLBERG, P. L.; BEDFORD, K.; STOKES, S. Sensitivity of Penicillium spp. and Botrytis
cinerea to pyrimethanil and its control of blue and gray mold of stored apples. Crop
protection, v.24, n.2, p.127-134, fev., 2005.
SILVA, S.J.N.; SCHUCH, P.Z.; JABLONSKI, A. Determinação simultânea de 5-
hidroximetilfurfural e patulina, em suco de maçã, por eletrocromatografia micelar. Higiene
Alimentar, v.21, n.155, p.92-96, out., 2007.
SIMÃO, S. Tratado de fruticultura. Piracicaba-SP: Fundação de Estudos Agrários Luiz de
Queiroz, 1998. 760 p.
SOMMER, N. F.; BUCHANAN, J. R.; FORTLAGE, R. J. Production of patulin by
Penicillium expansum. Applied Microbiology, v.28, n.4, 1974.
STATISTICA FOR WINDOWS 5.0. Inc. Tulska OK, USA, 1995.
STEINER, I.; WERNER, D.; WASHUTTI, J. Patulin in fruit juices. Part 1. Analysis and
control in Austrian apple and pear juices. Ernaehrung, v.23, p.202-208, 1999.
STINSON, E. E.; OSMAN, S. F.; HUHTANEN, C. N.; BILLS, D. D. Disappearance of
patulin during alcoholic fermentation of apple juice. Appl. Envir. Microbiol., v.36, n.4, p.620-
622. oct., 1978.
STINSON, E. E.; OSMAN, S. F.; BILLS, D. D. Water-soluble products from patulin during
alcoholic fermentation of apple juice. J. Food Sci., v.44, p.789-796. may/june., 1979.
STOTT, W. T.; BULLERMAN, L. B. Influence of carbohydrate and nitrogen source on
patulin production by Penicillium patulum. Appl. Microbiol., v.30, p.850-854, 1975.
SUMBU, Z. L.; THONART, P.; BECHET, J. Action of patulin on a yeast. Appl. Envir.
Microbiol., v.45, n.1, p.110-115, jan., 1983.
SYDENHAM, E. W.; VISMER, F. H.; WALTER, F. O.; MARASAS, N. B.;
SCHELECHTER, M. Reduction of patulin in apple juice samples: influence of initial
processing. Food Control, v.6, n.4, p. 195-200, 1995.
SYLOS, C. M.; RODRIGUES-AMAYA, D. B. Incidence of patulin in fruits and fruit juices
marketed in Campinas, Brazil. Food Add. Cont., v.16, n.2, p.71-74, 1999.
TANGNI, E. K.; THEYS, R.; MINGNOLET, E.; MAUDOUX, M.; MICHELET, J. Y.;
LANRONDELLE, Y. Patulin in domestic and imported apple-based drinks in Belgium:
occurrence and exposure assessment. Food Additives and Contaminats, London, v.20, n.5,
p.482-489, 2003.
TAVARES, S.C.C.H. Controle biológico clássico de patógenos de frutas no Brasil - situação
atual. In: V SINCOBIOL, Foz do Iguaçú, 1996. Anais: Conferências e palestras, p. 57-68,
1996.
103
TEIXIDO, N.; USALL, J.; VINAS, I. Efficacy of preharvest and postharvest Candida sake
biocontrol treatments to prevent blue mould on apples during cold storage. International
Journal of Food Microbiology, v.50, n.3, p.203-210, 1999.
TODA FRUTA. Disponível em: <http://www.todafruta.com.br> Acesso em: 20/06/08.
TRUCKSESS, M. W.; TANG, Y. Solid-phase extration method for patulin in apple juice and
unfiltered apple juice. Journal of AOAC International, Arlington, v.82, n.5, p.1109-1113,
1999.
TSAI, T.H. Assaying protein unbound drugs using microdialysis techniques. Journal of
Chromatography B, v.797, p.161-173, 2003.
TU, K.; NICOLAI, B.; DE BAERDEMAEKER, J. Effects of relative humidity on apple
quality under simulated shelf temperature storage. Sci. Horticult., Amsterdam, v.85, p.217-
229, 2000.
UNITED KINGDOM. Ministry of Agriculture Fisheries And Food. Patulin in apple juice.
Survey. Food Surveillance Information Sheet, n.16, oct.1993.
UNITED KINGDOM. Ministry of Agriculture Fisheries and Food. News releases: MAFF and
industry work together on food safety, 1998.
USALL, J.; TEIXIDO, N.; TORRES, R.; DE ERIBE, X.O.; VINAS, I. Pilot tests of Candida
sake (CPA-1) applications to control postharvest blue mold on apple fruit. Postharvest
Biology and Technology, v. 21, n. 2, p. 147-156, 2001.
VOLPE, P.; FILHO, E. A. S. Estudo da interação proteína-surfactante pelo método de
equilíbrio de diálise. Química Nova, v.17, n.2, p.199-204, 1994.
WALKER, G.; MCLEOD, A.; HODGSON, V. Interactions between killer yeast and
pathogenic fungi. FEMS Microbiol., v.127, p.213-222, 1995.
WANG, C.; EUFEMI, M.; TURANO, C.; GIARTOSIO, A. Influence of the carbohydrate
moiety on the stability of glycoproteins. Biochemistry, v.35, n.23, p.7299-7307, 1996.
WATKINS, K. L.; FAZERAS, G.; PALMER, M. V. Patulin in Australian apple juice. Food
Australia, v.42, n.9, p.438-439, 1990.
WATKINS, C.; HARKER, R.; BROOKFIELD, P.; TUSTIN, S. Maturity of Royal Gala,
Breabum and Fuji - The New Zealand Experience. Annual Washington Tree Fruit Postharvest
Conference, Wenatchee (USA), v.9, p.16-19, 1993.
WELKE, J.E.; HOELTZ, M.; DOTTORI, H.A.; NOLL, I.B. [1] Quantitative analysis of
patulin in apple juice by thin-layer chromatography using a charge coupled device detector.
Food Additives and Contaminants. v. 26, n. 5, p. 754–758, maio 2009.
WELKE, J. E.; HOELTZ, M.; DOTTORI, H.A.; NOLL, I.B. [2] Ocorrência de fungos
termorresistentes em suco de maçã. Brazilian Journal of Food Technology (ITAL), v.11, p.
78-83, 2009.
104
WICHMANN, G.; HERBARTH, O.; LEHMANN, I. The mycotoxins citrinin, gliotoxin, and
patulin affect interferon-_ rather than interleukin-4 production in human blood cells. Environ.
Toxicol., v.17(3), p.211-218. 2002.
WILSON, D. M.; NUOVO, G. J. Patulin production in apples decayed by Penicillium
expansum. Applied Microbiology, v.26, p.124-125, 1973.
WISNIEWSKI, M. E.; WILSON, C. L. Biological control of post-harvest diseases of fruits
and vegetables. Rec. Adv. HortScience, v.27, p.94-98, 1992.
WOSIACKI, G.; NOGUEIRA, A.; SILVA, N. C. C. Brazilian apple production a few years
later. Fruit Process., Schönborn, v.10, n.12, p. 472-475, dez. 2000.
WOSIACKI, G.; NOGUEIRA, A.; SILVA, N. C. C.; DENARDI, F.; CAMILO, A. P. Apple
varieties growing inn subtropical áreas. The situation in Santa Catarina Brazil. Fruit
Process., Schönborn, v.12, p.19-28, jan., 2002.
WU, R.N.; HAN, F.L.; SHANG, J.; HU, H.; HAN, L. Analysis of patulin in apple products by
liquid-liquid extraction, solid phase extraction and matrix solid-phase dispersion methods: a
comparative study. European Food Research and Technology. n.228, p.1009-1014, 2009.
YURDUN, T., OMURTAG, G. Z.; ERSOY, Ö. Incidence of patulin in apple juices market in
Turkey. Journal of Food Protection, Des Moines, v.64, n.11, p.1851-1853, 2001.
ZEGOTA, H.; ZEGOTA, A.; BACHMAN, S. Effect of irradiation on the patulin content and
chemical composition of apple juice concentrate. Lebensm Unters Forsch, p.235-238. sep.,
1988.
105
Autorizo a reprodução xerográfica para fins de pesquisa.
São José do Rio Preto, 26 / 02 / 2010
______________________
Marcos Giovani Celli
106
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo