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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE MESTRADO EM AGROECOLOGIA
AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DA VEGETAÇÃO DE BOSQUES DE MANGUES
POTENCIALMENTE VULNERÁVEIS AO DERRAME DE ÓLEO NA BAÍA DE SÃO
MARCOS - MARANHÃO, BRASIL
AUGUSTO CESAR RIBEIRO ROCHA FILHO
SÃO LUÍS
Maranhão - Brasil
Novembro - 2009
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2
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE MESTRADO EM AGROECOLOGIA
AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DA VEGETAÇÃO DE BOSQUES DE MANGUES
POTENCIALMENTE VULNERÁVEIS AO DERRAME DE ÓLEO NA BAÍA DE SÃO
MARCOS - MARANHÃO, BRASIL
AUGUSTO CESAR RIBEIRO ROCHA FILHO
Orientadora Prof.(a) Dr.(a) FRANCISCA HELENA MUNIZ
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Agroecologia, da Universidade Estadual do
Maranhão, como requisito à obtenção do Título de
Mestre em Agroecologia.
SÃO LUÍS
Maranhão - Brasil
Novembro - 2009
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3
I.
CDU:
Rocha Filho, Augusto Cesar Ribeiro
Avaliação estrutural da vegetação de bosques de mangues
potencialmente vulneráveis ao derrame de óleo na baía de São Marcos
- Maranhão, Brasil / Augusto Cesar Ribeiro Rocha Filho. - São Luís,
2009.
68 f.: il.
Dissertação (Mestrado em Agroecologia) - Universidade
Estadual do Maranhão, 2009.
1.Manguezais 2.Estrutura vegetal 3.Impactos ambientais 4.
Petróleo
I. Título
CDU:
ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE MESTRADO EM AGROECOLOGIA
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
TÍTULO: “Avaliação estrutural da vegetação de bosques de mangues potencialmente
vulneráveis ao derrame de óleo na baía de São Marcos - Maranhão, Brasil.”
AUTOR: Augusto Cesar Ribeiro Rocha Filho.
ORIENTADORA: Prof.(a) Dr.(a) Francisca Helena Muniz.
Data de Realização: 26/ 11/ 2009
Aprovado pela Comissão Examinadora:
___________________________________________________________________________
Prof.(a) Dr.(a) Francisca Helena Muniz (UEMA)
Orientadora
___________________________________________________________________________
Prof. Dr. Márcio Costa Fernandes Vaz dos Santos (UFMA)
___________________________________________________________________________
Prof. Dr. Moisés Rodrigues Martins (UEMA)
iii
À minha mãe Auridéa, pelo exemplo de força e
dedicação como mulher e como mãe.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, antes de tudo, a quem entrego todos os dias de minha vida e em quem
deposito total confiança;
À minha família, em especial ao meu pai Augusto, por quem tenho respeito e
gratidão;
A Paulo Rodrigues e família, pela consideração e incentivo atribuídos a mim;
À minha orientadora Francisca Helena Muniz, pelo auxílio nas etapas de pesquisa
e elaboração deste trabalho;
À coordenadora Alice, do Curso de Mestrado em Agroecologia da UEMA, pela
compreensão, atenção e respeito como pessoa e profissional;
Aos docentes do Curso de Mestrado em Agroecologia da UEMA, pela
experiência, dinamismo e seriedade como profissionais;
Aos colegas do Curso de Mestrado em Agroecologia da UEMA, ano 2007, com
os quais compartilhei aprendizado e boa convivência;
À secretária Marinilde, do Curso de Mestrado em Agroecologia da UEMA, pela
humildade e pela amizade compartilhada durante o período acadêmico;
À ajuda voluntária na coleta de dados, em especial de discentes dos Cursos de
Ciências Biológicas e de Ciências Aquáticas da UFMA;
Ao Núcleo de Geoprocessamento da UEMA, pela hospitabilidade e contribuição
neste trabalho;
v
A meu amigo Rogério, pelo auxílio nas etapas finais deste trabalho;
À coordenação e toda a equipe do projeto PIATAM MAR II, pelo suporte
logístico, imprescindível à realização da coleta de dados, durante a execução da pesquisa;
À FADESP (Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa), pela bolsa de
mestrado.
vi
“É certo que a Terra não é o corpo principal no
universo material, e que o mundo não se submete
ao uso pelo homem. É ainda mais certo que a
natureza é a expressão de uma ordem definida na
qual nada interfere, e que a principal tarefa da
humanidade é aprender essa ordem e governar-se
conforme ela.”
(Thomas Henry Huxley, 1880).
vii
SUMÁRIO
p.
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ix
RESUMO ....................................................................................................................x
ABSTRACT ...............................................................................................................xi
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................12
2 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................14
2.1 Visão geral dos ecossistemas costeiros...................................................................14
2.2 Ecossistemas de manguezais...................................................................................16
2.2.1 Características e aspectos geográficos ......................................................................16
2.2.2 Fauna .........................................................................................................................19
2.2.3 Vegetação ..................................................................................................................21
2.2.4 Importância sócio-ambiental .....................................................................................26
2.3 Impactos ambientais................................................................................................29
2.4 Os Petroquímicos e o impacto nos manguezais....................................................34
3 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................38
3.1 Caracterização da área de estudo..........................................................................38
3.2 Pesquisa de campo...................................................................................................39
3.3 Coleta de dados nas áreas de mangues..................................................................39
3.4 Análise estatística dos dados...................................................................................41
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................43
4.1 Feições fisiográficas e diversidade florística dos mangues ..................................43
4.2 Diâmetro médio .......................................................................................................44
4.3 Frequência relativa..................................................................................................46
4.4 Densidade relativa...................................................................................................47
4.5 Altura média............................................................................................................49
4.6 Dominância relativa ................................................................................................50
4.7 Índice de valor de cobertura...................................................................................52
4.8 Índice de valor de importância...............................................................................53
4.9 Indicadores ecológicos e tensores de impacto.......................................................55
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................56
viii
REFERÊNCIAS ........................................................................................................58
APÊNDICES.............................................................................................................67
ix
LISTA DE FIGURAS
p.
Figura 1 - Localização das áreas invetigadas pelo projeto Piatam Mar II...............................37
Figura 2 - Áreas de estudo; rota de deslocamento para pesquisa e pontos amostrais .............38
Figura 3 - Diâmetro médio nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos ........................44
Figura 4 - Frequência relativa nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos....................46
Figura 5 - Densidade relativa nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos.....................48
Figura 6 - Altura média nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos .............................49
Figura 7 - Dominância relativa nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos..................51
Figura 8 - IVC nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos ...........................................52
Figura 9 - IVI nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos.............................................54
x
AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DA VEGETAÇÃO DE BOSQUES DE MANGUES
VULNERÁVEIS AO DERRAME DE ÓLEO NA BAÍA DE SÃO MARCOS -
MARANHÃO, BRASIL
RESUMO
Os manguezais são ecossistemas típicos de regiões estuarinas, estando sujeitos à influência
das marés. Esses biomas funcionam como locais de refúgio e reprodução de espécies de
animais, além de terem uma comunidade vegetal típica. São considerados sistemas naturais
importantes para a manutenção do equilíbrio ecológico no planeta. Em contrapartida, a
constante intervenção humana no meio ambiente, em especial nos ecossistemas costeiros
como os manguezais, é um fator preocupante principalmente quando os impactos ambientais
são gerados por contaminação de resíduos de produtos petroquímicos, oriundos de
instalações como portos hidroviários, plataformas de petróleo e do tráfego de navios
cargueiros ao longo das costas. A presente pesquisa faz uma avaliação das condições
estruturais da vegetação de manguezal, na costa do Estado do Maranhão, para subsidiar
planos de ação em casos de acidente com derramamento de petróleo e derivados. A coleta de
dados ocorreu em áreas de mangues localizadas em terminal de abastecimento e em unidade
de conservação. Cada área foi dividida em parcelas, dentro das quais foram tomadas as
medidas estruturais da vegetação arbórea e um levantamento das espécies vegetais existentes,
seguindo-se com uma análise estatística dos dados obtidos. Os resultados apontaram para um
bom estado de conservação dos manguezais analisados. Foi constatado um potencial
processo de regeneração da vegetação com certos graus de perturbação nas proximidades da
área portuária, em analogia à unidade de conservação que se apresentou mais conservada
estruturalmente. Recomendam-se mais estudos, tendo em vista a extensão territorial costeira
do Estado assim como a extensão dos manguezais, principalmente relacionados com
processos de monitoramento das áreas desses ecossistemas.
Palavras-chaves: Manguezais, Estrutura vegetal, Impactos ambientais, Petróleo.
xi
STRUCTURAL ASSESSMENT OF THE VEGETATION OF MANGROVES
FORESTS VULNERABLE TO OIL SPILL IN THE BAY OF SAN MARCOS -
MARANHÃO, BRAZIL
ABSTRACT
The mangrove ecosystems are typical of estuarine areas, subject to tidal influence. These
biomes function as places of refuge and reproduction of species of animals, besides having a
plant community typical. It’s considered important natural systems to maintain the ecological
balance worldwide. In contrast, the constant human intervention in the environment,
particularly in coastal ecosystems such as mangroves, is a worrying factor, especially when
environmental impacts are generated by contamination of waste petrochemicals, ports from
facilities such as water, oil platforms and the traffic of cargo ships along the coasts. This
research is an evaluation of the structural conditions of vegetation of mangrove on the coast
of the State of Maranhão, to support action plans in case of an accident involving spillage of
oil and derivatives. Data collection occurred in areas of mangroves located in the supply
terminal and unit of conservation. Each area was divided into plots, within which structural
measures were taken of trees and a survey of existing plant species, followed by a statistical
analysis of data obtained. The results showed to a good state of conservation of mangroves
analyzed. It was found a potential process of regeneration of vegetation with certain degrees
of disturbance in the vicinity of the port area, in analogy to the conservation unit that was
most structurally conserved. It’s recommended that further studies with a view to territorial
extension of the coastal State and the extent of mangroves, mainly related to monitoring
processes in the areas of these ecosystems.
Keywords: Mangroves, Vegetation structure, Environmental impacts, Oil.
12
1 INTRODUÇÃO
Grandes celeiros da vida ecológica, os manguezais representam um dos
ecossistemas costeiros de maior relevância em toda a biosfera. A presença de uma fauna
diferenciada e de uma vegetação peculiar aliada às especificidades desse meio faz dos
manguezais um elemento imprescindível à funcionalidade dos demais ecossistemas.
Paralelamente à grandeza dessa importância ecológica, verifica-se também uma
grandeza crescente das ações antrópicas nesses lugares, impulsionadas, em grande parte, pelo
progresso econômico eminente, levando a uma irregularidade funcional do meio natural. Fato
este que pode ser constatado pelas notícias diárias a respeito das degradações ambientais,
especificamente em referência àquelas relacionadas aos ambientes costeiros como os
manguezais, deflagrando-se, assim, um quadro problemático que acomete o equilíbrio
ecológico no planeta e que influencia direta e indiretamente a subsistência humana.
Nesse contexto, as áreas de mangues apresentam-se como alvos susceptíveis à
intervenção humana e grande é a preocupação com esses sistemas, pois, como se trata de um
bioma que se distribui ao longo das costas litorâneas, está corriqueiramente na rota de
transporte de substâncias como o petróleo e derivados, elevando as chances de ocorrência de
um grande impacto ambiental.
Com características portuárias, o Maranhão apresenta-se como um dos Estados
brasileiros com grande potencial industrial. Boa parte de sua produção econômica é escoada
por via marítima, nas intermediações da baía de São Marcos, abastecendo portos e
instalações que usualmente se dispõem do óleo e de seus derivados como combustível para o
translado de suas embarcações ou para manutenção de suas estruturas e que, porventura,
podem causar incidentes com consequências sérias ao meio ambiente. Além disso, o Estado
possui em sua costa grandes faixas de bosques de mangues. Segundo Souza (2009, p. 9), os
manguezais do Maranhão englobam aproximadamente uma área de 500.000 hectares,
representando quase a metade dos mangues do Brasil.
Tendo-se ciência de que a diversidade ecológica sofre perdas na medida em que
as condições ambientais são alteradas; de que há uma necessidade de se entender a
arquitetura vegetacional desse ecossistema e de que ainda existe uma demanda por mais
estudos nesses moldes, propôs-se, no presente trabalho, fazer uma avaliação da estrutura
13
vegetal de áreas de mangues da baía de São Marcos, na costa do Estado do Maranhão, com o
intuito de auxiliar na formulação de planos de ação em casos de acidente com derramamento
de derivados de petróleo, fazendo-se, para isso, um levantamento das espécies botânicas
arbóreas; caracterização dos padrões estruturais dos bosques de mangues; cálculos de índices
ecológicos e uma descrição das mudanças na diversidade e na composição das espécies.
Prentende-se, dessa forma, a obtenção de um levantamento de zonas de sensibilidade
ambiental; geração de informações acerca da atual condição ambiental; obtenção de
indicadores biológicos e uma melhor compreensão dos processos de colonização e
estabelecimento dos manguezais nas áreas estudadas.
14
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Visão geral dos ecossistemas costeiros
A biosfera terrestre, no ponto de vista mais complexo, pode ser vista como um
imenso sistema que engloba grandes e incríveis manifestações de formas de vida do planeta.
Intrinsecamente, a notória singularidade de cada região do globo terrestre, com suas
características adaptativas e interativas de fauna, flora e fatores edafoclimáticos, contribui
para a existência de diversos tipos de ecossistemas. “O ecossistema ou sistema ecológico é a
unidade funcional básica da ecologia, resultante das interações recíprocas entre a biocenose e
o biótipo” (MOISÉS; SANTOS, 1996, p. 176).
Nesse “cardápio” de biomas, destacam-se os ecossistemas costeiros como
sistemas ecológicos típicos dos litorais e, levando-se em consideração a extensão das faixas
litorâneas em todo o mundo, é de se prever a relevância desses sistemas para a
funcionalidade de todo o meio natural. A presença mundial desses habitats agrega valores e
faz com que muitos países se tornem grandes centros atrativos de cultura e economia,
permitindo também, em outros casos, a subsistência de muitas espécies, além de muitas vezes
atenuar os efeitos naturais do clima e os artificiais, causados pelo homem. Correia e
Sovierzoski (2005, p. 25) mencionam, como exemplo desses ecossistemas, os manguezais,
que podem ser vistos em regiões próximas às linhas do Equador, ocupando vastas áreas, com
uma vegetação bastante exuberante.
O Brasil, por exemplo, tradicionalmente conhecido por sua grandeza territorial e
por suas belezas tropicais apresenta-se como um dos países privilegiados em possuir vários
tipos de ecossistemas litorâneos, fato que, historicamente, acaba rotulando-o como um local
de paisagens exóticas e de ambientes selvagens. Tudo isso, naturalmente, acaba aguçando a
curiosidade não só dos próprios habitantes como também a de turistas estrangeiros, o que,
juntamente com características de cunho cultural, faz do Brasil um lugar de destaque dentro
do cenário ecológico mundial. E são diversos os habitats da costa brasileira, formando uma
gama de ecossistemas.
15
Além das praias arenosas amplamente utilizadas pelo turismo, destacam-se
inúmeros estuários e lagoas costeiras, praias lodosas, sistemas lagunares
margeados por manguezais e marismas, costões e fundos rochosos, recifes de
coral, bancos de algas calcáreas, plataformas arenosas, arrecifes de arenito
paralelos à linha de praias e falésias, dunas e cordões arenosos, restingas, ilhas
costeiras e ilhas oceânicas (AMBIENTE BRASIL, 2009).
O Estado do Maranhão também é beneficiado em possuir alguns desses tipos de
sistemas naturais, o que o transforma em uma região de grande potencial turístico e cultural
do país. Os ecossistemas costeiros presentes nesse Estado fazem parte do cotidiano local,
estando incrustados na paisagem rural e até mesmo urbana de muitos municípios. Esses
biomas são frequentemente fontes de renda para diversas comunidades humanas, uma vez
que neles há os valores turístico e comercial de seus atrativos, e também fontes de vida para
muitas espécies de animais, que neles buscam refúgio para reprodução e alimentação ao
longo dos seus ciclos de vida. Souza (2009, p. 2), em estudos sobre a zona costeira
maranhense, relata que a faixa litorânea do Estado é diferenciada em litoral ocidental, golfão
maranhense e litoral oriental, sendo mais ampla nas áreas de reentrâncias, podendo ser
identificadas unidades de paisagens como os apicuns, lagunas, falésias, marismas salinos,
manguezais, praias, dunas e vasas. É válido mencionar que, especificamente no Maranhão,
muitos desses ambientes costeiros se estabelecem segundo uma conjugação de fatores de
ordem natural como clima, estrutura de terreno e condições físico-químicas como salinidade
e influência das marés.
Sendo assim, é incontestável a importância desses ambientes no que diz respeito
às funções econômica, social e ambiental desempenhadas. Fato este que, direta ou
indiretamente, se estende a toda cadeia de organismos viventes do planeta, inclusive a do ser
humano.
É de se lamentar que, diante de toda essa riqueza ecológica, a influência negativa
de atores externos, no que se refere à funcionalidade desses ecossistemas, vem se
evidenciando a cada dia, apesar das estratégias a fim de contornar toda essa problemática.
“[...] a vulnerabilidade desse patrimônio sócio-ambiental está ameaçada pela falta de
planejamento na ocupação e nas ações das atividades humanas na zona costeira”
(AMBIENTE BRASIL, 2009).
16
2.2 Ecossistemas de manguezais
2.2.1 Características e aspectos geográficos
Vistos como extensas faixas verdes ao longo dos litorais os manguezais são,
muitas vezes, tidos como meros constituintes da paisagem natural e têm sua importância
global colocada em segundo plano. De acordo com Cabral (2002), existe uma diferença entre
os termos mangues e manguezal: o primeiro termo refere-se a um conjunto de vegetação de
adaptação a ambientes salinos e sujeito às inundações das marés; o segundo refere-se ao
ecossistema tropical onde predomina tal vegetação, detentor de uma vida biológica dinâmica
e que possui grande distribuição costeira.
Essa existência considerável de uma ativa comunidade viva (biota), tal como suas
inter-relações com esse tipo de ambiente, faz desses ecossistemas grandes centros produtores
e utilizadores de energia. Em relatório técnico sobre manguezal, Lugo e Snedaker (1974 apud
Santos et al., 1984, p. 1) discorrem sobre esse bioma como um sistema aberto em relação à
matéria e energia e que utiliza nutrientes trazidos do exterior a fim de fixá-los na forma de
matéria orgânica.
O fato é que, uma vez sendo ecossistemas, não há como negligenciar sua
existência, suas peculiaridades e, consequentemente, seu papel em toda a biosfera. Esses
ambientes ecológicos apresentam-se como uma verdadeira floresta fechada, com relativa
dificuldade de acesso, mas de características semelhantes em todas as partes do mundo onde
se encontram. Podem ser vistos facilmente ao longo das margens de rios, muitas vezes em
áreas de conexão com marés (estuários), e têm em seu interior um emaranhado de raízes
entrelaçadas e adaptadas ao substrato lodoso, onde se fixam. Os manguezais, segundo
Mochel (1995, p. 10), são típicos de áreas subtropicais e tropicais, formando grupos
arbustivos e arbóreos, com amplo desenvolvimento em baixas latitudes, chegando a alcançar
50 metros de altura em regiões como o Equador.
A presença dos manguezais em várias partes do mundo mostra como esses biomas
são de fácil adaptação. Rebelo e Medeiros (1988, p. 5) citam que esses ecossistemas se fazem
presentes nas Américas, África, Ásia e Oceania. Predominantemente, distribuem-se no litoral
de muitos países, estando sujeitos à influência oceânica e existindo em largas ou estreitas
17
faixas continentais. “As maiores extensões de manguezais no mundo estão presentes na
região Indopacífica” (SEMADS, 2001, p. 5).
O Brasil, por sua vez, é um país onde as florestas de mangues apresentam uma
farta distribuição, tendo-se em vista a extensão costeira do território nacional. São
verdadeiras faixas de bosques que encobrem consideráveis porções de litoral, dando
contribuições às economias regionais, servindo de abrigo para certas espécies de animais e
vegetais e sendo fonte de subsistência às comunidades ribeirinhas. “No Brasil, os manguezais
estendem-se desde a foz do rio Oiapoque, no Amapá (4º N), até Laguna, em Santa Catarina
(28º 30’ S)” (MOCHEL, 1995, p. 15).
Já no Estado do Maranhão, os manguezais além de estarem presentes também em
grande proporção são típicos das paisagens costeiras locais e são vistos como um dos
ecossistemas mais representativos do Estado. Para se ter uma ideia da condição de destaque
que esse bioma apresenta, de acordo com Mochel et al. (1994), o Maranhão detém um pouco
mais de 640 km de costa, sendo a segunda em extensão no país, onde está localizada quase a
metade dos manguezais brasileiros, sendo o Estado com a maior área de mangues do país. A
baía de São Marcos, localizada no litoral maranhense apresenta, por exemplo, uma zona
costeira bem larga com características de marés altas e rios de grande volume, o que acaba
credenciando o Estado como um dos mais participativos em relação à cobertura por
manguezais. “Os estados do Maranhão, Pará e Amapá, inseridos na Amazônia Legal
Brasileira, detêm cerca de 50% da área de manguezais do país” (MOCHEL, 2002).
Além disso, esses ecossistemas fazem parte da “bagagem” cultural do Estado,
fazendo-se presentes nas tradições locais. É comum a existência de lendas, crenças e
folclores - próprios do imaginário popular - onde o plano de fundo geralmente são as áreas de
mangues com todas suas características inerentes. É natural ver tais paisagens ao longo da
costa do Estado em regiões de transição entre a água doce dos rios e o fluxo das marés, sendo
uma vasta vegetação que acompanha os braços dos rios e que forma verdadeiros corredores
verdes. Melo (2002, p. 5) comenta que os manguezais são identificados ao longo de toda a
costa do Estado do Maranhão, exceto na região do Parque Nacional dos Lençóis
Maranhenses, onde deram lugar às formações de dunas através do movimento eólico de
areia, podendo, então, ser vistos na totalidade da extensão noroeste costeira até a divisa leste
do Estado, em contato com regimes fluviais.
Considerando-se, também, a ilha de São Luís como parte integrante da zona
costeira maranhense, verifica-se que a mesma, tecnicamente reconhecida como um
arquipélago, detém características importantes como um litoral bem estratificado e aberto à
18
escoação marítima, possuindo suas margens ocupadas por certas atividades humanas e por
faixas de mangues em quase sua totalidade. Segundo Dias e Nogueira Júnior (2005, p. 129),
a Ilha do Maranhão, como é chamada a ilha de São Luís, se localiza na área central do
Golfão, tendo a baía de São Marcos à Oeste e é considerada a maior ilha do arquipélago
presente nesse domínio. De toda a área de mangues existente no Estado, uma pequena
parcela é distribuída pelo litoral ludovicense, mas ainda assim torna-se bem significante
quando comparada à cobertura vegetal em outros lugares.
Sabe-se que o litoral maranhense apresenta um dos maiores regimes de marés,
característica esta que aliada a outras como o clima, declividade e a drenagem das águas
intersticiais contribui para a ocorrência de diversificadas unidades ambientais típicas de
regiões entre marés. Outro fato a ser considerado em estudos geomorfológicos de
manguezais, principalmente em referência aos da zona costeira do Maranhão, é a relação de
fatores físico-químicos com o estabelecimento de feições de mangues ao longo do litoral,
num processo denominado de zonação vertical e horizontal. “Entende-se por zonação a
distribuição dos organismos em áreas, camadas ou zonas distintas, caracterizando estratos
horizontais e verticais” (LEMOS, 2009).
Sendo assim, o padrão de zonação vertical é baseado em gradientes de inundação
e salinidade em perfil da margem da costa em direção a terra firme e exerce influência sobre
as unidades do médio litoral na medida em que contribui na transição e colonização das
mesmas ao longo das zonas costeiras. De acordo com trabalhos realizados por Santos et al.
(1997), variáveis como a declividade e a drenagem terrestre influenciam os bosques de
mangues, na medida em que alterações na declividade interferem diretamente nos graus de
drenagem das águas superficiais e subterrâneas, caracterizando uma alternância de
colonização das unidades de paisagens ao longo do litoral.
Já o padrão de zonação horizontal sugere uma classificação das zonas estuarinas,
levando-se em conta a salinidade e modificações na altura das marés, e utiliza indivíduos de
Rhizophora spp como bioindicadores de adaptabilidade à salinidade das águas de marés.
Ainda, segundo Santos e Zieman (1997), as áreas de risco de degradação ou já degradadas da
zona costeira maranhense localizam-se no baixo estuário da Baía de São Marcos, fato este
denunciado pelas condições físico-químicas de corpos d’ água e pela predominância de
Rhizophora mangle nas localidades.
19
2.2.2 Fauna
Uma vez localizados, os manguezais, em regiões de transição entre os ambientes
aquático e terrestre, é natural a constatação de determinadas espécies de animais vivendo e se
interrelacionando nesse meio. A presença desses seres vivos enriquece exoticamente ainda
mais os manguezais, é fonte alimentícia e econômica para o homem, além de ser
imprescindível à regularização do equilíbrio ecológico. Basicamente, os animais dessa região
possuem hábitos e características distintos de outros habitats. “[...] as variações rápidas em
condições como inundação e salinidade e os sedimentos moles e pobres em oxigênio obrigam
que os animais que ali vivem tenham adaptações especiais” (OLMOS; SILVA, 2003, p. 54).
Predominantemente, nos manguezais são encontrados animais com características
marinhas, terrestres e aéreas. É comum a constatação de variados tipos de peixes, moluscos,
crustáceos, répteis, mamíferos e aves, além da presença de organismos microscópicos, que
muito contribuem para a estabilidade nutricional do meio. Esses animais têm à sua disposição
uma verdadeira oferta de nichos e ali desenvolvem suas interações com todo o ambiente. “Os
animais encontraram no manguezal diferentes tipos de habitat disponíveis, tais como a copa
das árvores, poças d’água, superfície do solo, o próprio substrato e os canais de água desse
sistema” (PORTAL BIOLOGIA, 2009).
Nesses lugares, a fauna é distribuída de acordo com as características do ambiente
e com os hábitos de vida das espécies predominantes. Nos manguezais podem ser
encontrados, por exemplo, tanto animais que desenvolvem integralmente seu ciclo de vida,
como os que têm pelo menos uma fase da vida desenvolvida nesse meio. De acordo com
Carvalhal e Berchez (2009), os camarões são exemplos de animais que, ao procriarem em
alto mar, migram para os manguezais a fim de desenvolverem sua fase de crescimento, onde
então retornam ao oceano. No entanto, outros seres encontram nesse lugar um local fixo e
ideal para viverem. Segundo esses últimos autores, alguns animais sésseis perduram toda a
vida nos manguezais, como é o caso dos sururus, ostras e os mariscos em geral.
Essa presença interativa da fauna nesses habitats os torna sistemas ricos em vida e
dinâmicos no que diz respeito à transferência de energia, uma vez que há importantes
relações em atividade entre os animais, como o predatismo e o parasitismo, mantendo-se,
assim, toda a cadeia trófica existente, a equidade ambiental, por meio da proteção das
espécies, e o fornecimento de recursos naturais de interesse humano. Hamilton e Snedaker
20
(1984, p. 20) complementam ao dizer que o valor da vida selvagem nos manguezais pode ser
oriundo do número absoluto da sua variedade ou da raridade de determinadas espécies.
No substrato lodoso está uma boa parte dos organismos de grande utilidade
econômica aos povos costeiros, como é o caso de algumas espécies de caranguejos, como os
“chama-marés”; dos siris e dos organismos filtradores, como as ostras e o sururu. Além
destes, existe uma microfauna considerável que vai desde simples insetos, como as moscas,
até insetos picadores, muitos deles causadores de doenças, como a malária; e artrópodes,
como algumas espécies de aracnídeos. Algumas literaturas relatam até a presença de alguns
animais visitantes, como alguns roedores e os de hábito noturno, como os morcegos, sem
falar da imprescindível presença dos organismos decompositores microscópicos que, ao
degradarem a matéria orgânica, proveniente de excreções ou de restos mortais, retiram e
incorporam ao meio todos os nutrientes disponíveis, sendo importantíssimos à ciclagem dos
nutrientes para toda a cadeia trófica. “Há também a flora e a fauna ocultas como matéria
orgânica em decomposição, no solo e nas águas intersticiais, as bactérias e os fungos, o limo
e outros bolores [...]” (VANNUCCI, 2002, p. 75).
Nas águas salobras, às margens desses biomas, encontram-se espécies de peixes
como a tainha, também de grande utilidade econômica para o homem e dentre outras
espécies que ali se instalam para fins de reprodução e alimentação de restos vegetais e/ou
animais. A intensa produção de biomassa também favorece a subsistência de outros seres,
estreitando ainda mais a dependência entre as camadas tróficas. De acordo com Teas (1983,
p. 107), o plâncton estuarino carregado para dentro dos manguezais promove a alimentação
dos organismos filtradores, como cracas, bivalves e poliquetas.
Dentre a comunidade aérea, destacam-se algumas aves de grande atração turística,
como é o caso da saracura, dos socós, de algumas aves de rapina e dos guarás que, devido à
sua cor rubra, destacam-se ao longo das costas formando um deslumbrante manto
avermelhado às margens dos manguezais. Dentre esses grupos, existem aves que são típicas
desses biomas e que podem ser vistas facilmente, como é o caso de algumas espécies de
garças, além dos maçaricos e do martim-pescador, este último muito conhecido por parte dos
pescadores, por ser um indicador natural do ponto alto das marés nessas regiões. Além
desses, muitas outras espécies utilizam os manguezais como pontos de descanso e
alimentação durante suas rotas de viagens. Em seus estudos, Olmos e Silva (2003, p. 103)
descrevem as migrações como uma característica substancial das populações de aves de
países frios, embora aves tipicamente tropicais também migrem.
21
Essa população de animais vivendo ou pelo menos “estagiando” algumas fases da
vida nos manguezais e toda essa cadeia de dependência estabelecida entre eles reflete quão
grandes e relevantes são as cadeias alimentares estabelecidas e quão delicada é essa relação
de dependência entre esses organismos e o meio ambiente.
2.2.3 Vegetação
Visualmente, os manguezais formam extensos cinturões verdes ao longo das
margens oceânicas. São verdadeiras florestas alagadas, detentoras de uma importante carga
de biomassa vegetal e representam o berço de diversos recursos naturais. A princípio, o
interior dos manguezais apresenta um aspecto um tanto hostil, em decorrência da dificuldade
de acesso no solo lamoso, e a presença de uma vegetação densa traz uma sensação
claustrofóbica a quem os visita. Vannucci (2002, p. 37) afirma que “durante a maré cheia, a
floresta está inundada, e quando a maré recua, deixa atrás de si um emaranhado caótico de
raízes de todo tipo [...]”.
Em compensação, esses ecossistemas apresentam uma das estruturas vegetais
mais especializadas da natureza. O tipo de terreno pastoso, rico em matéria orgânica
decomposta, é deficitário em oxigênio, fato que permitiu aos mangues desenvolver suas
raízes quase que em tangência ao solo, de forma a trazer uma melhor sustentação à planta e
facilitar o contato com o ar. “[...] estas plantas ainda apresentam adaptações aos fatores
ambientais, tais como: raízes aéreas como as escoras e pneumatóforos com presença de
lenticelas (células especiais para captar o ar) [...]” (PEREIRA FILHO; ALVES apud
SEMADS, 2001, p. 13).
A salinidade das águas oceânicas também é outro fator adverso que, fosse em
outros habitats, acometeria drasticamente o desenvolvimento das plantas, mas nos mangues
não chega a ser um fator crítico, apesar de influir negativamente no desenvolvimento desses
vegetais. As várias espécies de mangues são dotadas de estratégias e mecanismos capazes de
manejar o elevado teor salino presente em suas estruturas. Segundo Tsuji et al. (2006, p. 30),
esses vegetais podem eliminar o sal que é absorvido ou, então, absorvê-los em pequenos
teores, o suficiente para que sobrevivam nas regiões de águas salinas.
Possuidores de uma estrutura rústica, os troncos dos mangues são robustos, às
vezes bifurcados e com diâmetros variáveis, onde muitas espécies vegetais chegam a tê-los
22
com diâmetros de grande calibre. Essas estruturas caulinares são muito utilizadas pelas
comunidades pesqueiras para os mais variados fins, desde a extração de resinas até a
utilização da madeira para fins artesanais. Além disso, as árvores chegam a alcançar alturas
consideráveis, dando um aspecto altivo a essas florestas. Cintrón e Schaeffer-Novelli (2009,
p. 1) comentam que as árvores de mangues atingem 45 a 50 metros de altura em condições
ótimas, como no Equador, onde há facilidade de nutrientes e altas amplitudes de
temperaturas.
As partes apicais das árvores de mangues, como é o caso das folhas, flores e
frutos, possuem também suas peculiaridades, que as diferem das encontradas em outro tipo
de vegetação: são adaptáveis às variações edafoclimáticas vigentes do local, são resistentes à
salinidade e possuidoras de mecanismos estratégicos de preservação e perpetuação da própria
espécie. Em geral, as folhas são estruturalmente semelhantes dentro de um mesmo gênero,
diferenciando-se em alguns detalhes dentre as espécies. Apresentando aspecto rústico e
grosseiro, tais estruturas são capazes de suportar grandes períodos de insolação e respondem
de diversas maneiras quanto ao elevado teor salino proveniente das marés. Em estudos feitos
com reflorestamento de manguezais, Tsuji e Fernandes (2008, p. 57) descreveram que os
mangues têm adaptações de eliminação de sal do seu organismo, destacando-se entre elas a
perda de folhas velhas e a presença, nas superfícies foliar ou peciolar, de glândulas que
excretam o sal em forma de cristais.
As flores, por sua vez, muitas vezes constituem fatores decisivos para a
diferenciação de indivíduos de um mesmo gênero. É comum nesses indivíduos a semelhança
na maioria de suas estruturas vegetais e a diferenciação com base no número de
inflorescências existentes. Cada vez mais estudadas pela comunidade científica, as estruturas
florais, além de serem bons indicadores ecológicos, pois visivelmente reagem às variações
ambientais, também são verdadeiros atrativos para várias tribos de animais como, por
exemplo, a dos polinizadores e sugadores, que compõem a biodiversidade daquele lugar.
Leite (2005) atenta para o fato de que algumas regiões brasileiras, como por exemplo o
Nordeste, estão desenvolvendo pesquisas de utilização da florada do mangue como uma
ótima fonte de pólen na fabricação de mel, com grandes perspectivas de mercado.
Já os frutos são estruturas especializadas que apresentam variadas formas e,
dependendo da espécie vegetal, são envoltos por um tipo de invólucro aveludado, dando
maior proteção às sementes. Além disso, é comum a verificação dessas sementes espalhadas
em muitas áreas costeiras, como as praias, por exemplo, consolidando-se, assim, o fato de
que os frutos dos mangues são disseminados pelas águas das marés. A evolução, ao longo
23
das gerações, parece ter feito com que os frutos dessas árvores pudessem ter características
condizentes com o local em que são produzidos, uma vez que são estrutural e
fisiologicamente preparados a se desenvolver em condições adversas. Santos (2009, p. 6)
comenta que as plantas de mangues têm a viviparidade como uma relevante característica de
sobrevivência ao passo que, ao contrário de outros vegetais, suas sementes crescem junto à
planta-mãe, formando os propágulos, até um determinado tempo onde então são
disseminadas no solo ou levadas pela maré a outros locais.
Paralelamente à vegetação dos manguezais, há de se levar em conta a existência
de outros tipos de vegetação, pouco discutidos, mas tão importantes, mesclados à estrutura
florestal dos mangues e que, juntamente com toda a fauna local, muito incrementam a
produção primária, especificamente a de serapilheira, naqueles locais. A intensidade de vida
explode ainda mais com as relações desempenhadas entre esses grupos de organismos e a
vegetação nativa dos manguezais, ocorrendo na maioria das vezes relações mais
mutualísticas do que parasíticas. Esses organismos, segundo IUCN Comission On Ecology et
al. (1983, p. 15), incluem epífitas, parasitas, escaladores e outras espécies herbáceas
ocasionais.
Devido à facilidade com que se adapta às regiões costeiras, a vegetação de
mangues consegue povoar diversas faixas litorâneas ao redor do mundo. Mesmo possuindo
representantes em grupos bem definidos de gênero e família, as espécies de mangues
apresentam-se um pouco diversificadas, sendo que algumas delas são mais predominantes em
determinadas regiões do que em outras e, embora haja uma devastação cada vez mais
presente nesses ecossistemas, ainda perduram em muitas partes do planeta. De acordo com
Gigliali (1980, p. 295), a população total dos países com os manguezais da zona costeira era
de quase 3/4 da população do mundo. E o que se vê cada vez mais é a redução da extensão
territorial desses ecossistemas em larga escala mundial.
Sabe-se que as condições ambientais acabam interferindo na biologia dessas
comunidades, tanto que questões como salinidade, regime e amplitude das marés, bem como
o período de insolação são abordados em muitas literaturas como fatores contribuintes nessa
interferência, tornando-se evidente a popularidade de determinados grupos vegetais em certas
partes do mundo, o que se leva a deduzir que essas espécies são mais populacionais do que
diversificadas. De uma maneira geral, Tomlinson (1986 apud Cutrim, 1998, p. 1) advoga que
a vegetação comum do manguezal é formada por fanerógamas pertencentes aos gêneros
Rhizophora, Avicennia, Laguncularia e Conocarpus.
24
Dentro desses gêneros, são catalogados grupos típicos de espécies, distribuídos
tanto no lado ocidental (incluindo as Américas) e oriental (principalmente a região asiática)
dos continentes. Tsuji e Fernandes (2008, p. 57) catalogaram sete espécies de mangues
distribuídas pelas Américas, sendo que apenas uma delas, conhecida por “piñuela” ou
Pelliciera rhizophorae Planch & Triana, é vista nos países da América Central e do Sul que
são banhados pelo oceânico Pacífico.
O Brasil, por consequência, estando entre os países sul-americanos banhados pelo
Oceano Atlântico, detém os gêneros e as espécies mais comuns de mangues. De fato, isso é
constatado por Lima (1994, p. 3) ao descrever que o Brasil e praticamente toda a costa sul-
americana é formada, predominantemente, por quatro espécies de mangues, entre elas
Rhizophora mangle, Laguncularia racemosa, Avicennia nitida e Avicennia schaueriana.
O Estado do Maranhão, por ter uma localização privilegiada junto aos trópicos,
está entre os Estados do Nordeste que possuem os bosques de mangues mais desenvolvidos e
resistentes. São bosques que quando comparados a outros, principalmente aos da região sul e
sudeste do país, demonstram um bom desenvolvimento estrutural e florístico, sendo os
manguezais da região norte os que mais se aproximam dos do Maranhão, em termos de
desenvolvimento vegetacional. O clima da região e a baixa influência da ação gravitacional -
por ser próximo da linha do Equador - permitem que os mangues que ali se encontram
tenham taxas ótimas de desenvolvimento e de distribuição populacional. Em estudos com
técnicas de sensoriamento remoto para mapear manguezais, Rebelo-Mochel (1999 apud
Costa, 2004, p. 19) menciona a existência, em território maranhense, das espécies
Rhizophora mangle, Avicennia germinans, Laguncularia racemosa e Conocarpus erectus.
Para cada uma das espécies de mangues conhecidas, são descritas caracteres que
as tornam facilmente identificadas. Tais caracteres, ora morfofisiológicos, ora
comportamentais, são distribuídos entre esses grupos conforme a adaptação, apresentada por
eles, às diferentes influências do meio onde se encontram. Dessa maneira, quase que como
uma regra, é natural a observação de certos tipos vegetais nas margens litorâneas, ao passo
que outros tipos são mais adaptáveis às partes centrais dos bosques florestais. Prost e Mendes
(2001, p. 81) enriquecem essa ideia ao dizer: “Os gradientes de sucessão de comunidades de
manguezais estão associados a uma combinação de processos geomorfológicos variáveis
[...]”.
Apesar de ainda haver uma discussão sobre o principal motivo da distribuição
das espécies arbóreas nesses sistemas, é fato o conhecimento das principais espécies de
mangues, bem como das suas inerentes características que as transformam em “vegetais
25
diferentes” nesse tipo de ambiente. Assim sendo, dentre os tipos mais comuns, pode ser
citado o caso do mangue vermelho, popularmente conhecido também por mangueiro ou
mangue bravo, que é visto formando populações nas partes mais lamacentas dos manguezais.
Suas espécies possuem um sistema radicular proeminente e bastante entrelaçado que se
projeta para fora do solo e ajuda a planta a se sustentar no substrato lodoso. Suas folhas
típicas são elípticas ou ovais, enquanto seus frutos dão origem a sementes estruturalmente
semelhantes a um bastão que, por influência das correntes oceânicas, são levadas aos mais
variados confins costeiros. Devido à sua zonação, são espécies bem mais adaptáveis às
condições de alagamento e salinidade. Tais espécies, conforme Barros (2007, p. 11),
nomeadas de Rhizophora sp., são integrantes da família Rhizophoraceae, sendo a Rhizophora
mangle muito predominante em países como o Brasil, além de serem espécies que podem
alcançar de 4 a 10 metros de altura.
Existe outra espécie chamada de mangue preto, siriúba ou siriubeira que aparece
em zonas mais internas dos manguezais. Esses vegetais possuem raízes que ingressam
ligeiramente sob o solo, menos lamoso, e saem logo em seguida para fora do mesmo em
busca de oxigênio. Suas folhas podem demonstrar um aspecto, dependendo da espécie, ora
alongada e aguda nas extremidades, ora arredondada. Seus frutos são estruturalmente ovais e
cobertos por uma espécie de “pele” aveludada. São espécies resistentes à insolação e
detentoras de grande porte. Em seus estudos, Correia e Sovierzoski (2005, p. 24) identificam
Avicennia germinans e A. shaueriana como espécimes típicos cujas raízes aéreas são
conhecidas por pneumatóforos e são vegetais que colonizam áreas com baixa frequência de
inundação.
Tem-se ainda uma espécie vulgarmente chamada de mangue branco, tinteira ou
mangue verdadeiro que é facilmente localizável habitando principalmente as zonas de
transição terrestre desses biomas. Geralmente, são vegetais que não ostentam grandes
estaturas, em analogia às demais espécies. Possuem um sistema de raízes submersas, que
ingressa de forma pouco profunda no solo e, em alguns casos, raízes aéreas, que sempre
buscam oxigenação. As folhas são esteticamente ovais com uma reentrância na extremidade,
da mesma maneira que seus frutos também possuem uma estrutura elíptica. São plantas que
colonizam áreas mais abertas dos manguezais e, por consequência, são bem adaptáveis à
insolação. Barros (2007, p. 12) também menciona que essas espécies, conhecidas por
Laguncularia sp., integram a família Combretaceae, sobressaindo-se uma única espécie
denominada de Laguncularia racemosa (L.) Gaertn, que pode atingir faixas de 4 a 6 metros
de altura.
26
Por fim, vale frisar da existência de um outro tipo de mangue, atendido pelo vulgo
de mangue-de-botão ou bolota, que muito se assemelha ao do gênero Laguncularia, em
termos territoriais ou de transição, uma vez que habita em zonas ressecadas e com baixa
interferência marítima. Seus frutos apresentam formato arredondado ou em forma de botão e
são vegetais que também possuem pouca estatura. Conforme Tsuji et al. (2006, p. 24), esses
vegetais alcançam em torno de 5 metros de altura e suas estruturas foliares e germinativas
apresentam grande poder medicinal.
2.2.4 Importância sócio-ambiental
É do senso comum que o homem, ao longo do seu processo evolutivo, sempre
manteve todo tipo de relação com o ambiente ao seu redor. Nos primórdios da humanidade, a
natureza era vista como uma extensão da vida humana e o ser humano, apenas como um ser
passivo que usufruía inocentemente dos recursos oferecidos pela mesma. Com o passar das
gerações, o mundo assistiu ao seu próprio desenvolvimento econômico e uma maior
prioridade foi sendo dada, paulatinamente, aos avanços tecnológicos, às descobertas
científicas e à busca cada vez mais desenfreada pelo progresso, em detrimento à importância
desempenhada pelo meio ambiente na vida dos seres vivos. Fernandes et al. (2003, p. 138)
compartilham dessa ideia ao lembrarem a existência das mudanças sociais e as crescentes
fragilidades do meio ambiente a esse tipo de desenvolvimento que, focado na economia e no
mercado, influencia o gasto exagerado dos recursos ambientais, tal como a irregularidade no
seu acesso e uso.
O mesmo contexto se estendeu aos diversos ambientes naturais existentes e com
os manguezais não foi exceção. Há muito tempo esses ecossistemas eram tidos como locais
de baixa reputação, inóspitos e associados à pobreza. Atualmente, apesar do novo conceito
lançado a esses sistemas - de um lugar rico em vida e essencial à equidade ecológica - os
mesmos ainda carecem de reconhecimento e muitas vezes são colocados em segundo plano,
tanto pelas comunidades dependentes quanto pelos órgãos competentes. Field et al. (1987, p.
97) reforçam ainda mais quando dizem que em outros países, a conversão de terras de
mangues deu lugar a atividades como o desenvolvimento de portos e aeroportos,
desenvolvimentos residenciais e marítimos e atividades industriais, aquaculturais e agrícolas.
27
Em contrapartida, a gama de serviços oferecidos por esses ecossistemas é de
fundamental significância, tanto para o ambiente em si quanto para os grupos sociais que
deles precisam. A alta produtividade encontrada, resultante dos inúmeros recursos naturais
em voga e dos papéis desempenhados pelas espécies em toda a rede trófica, torna os
manguezais sistemas altamente capazes de suprir as necessidades ecológicas de muitas
espécies, inclusive as de outros habitats adjacentes. Suman et al. (1994, p. 238) advertem que
as tentativas de se conhecer o valor econômico dos manguezais podem conscientizar as
autoridades competentes no que diz respeito à conservação desse ecossistema.
Do ponto de vista ambiental, são incontáveis os benefícios trazidos pelas florestas
de mangues. Isso porque esses sistemas são imprescindíveis à funcionalidade vital de
organismos, bem como a de outros ecossistemas, na medida em que fornecem todos os
subsídios básicos para que haja vida e manutenção da mesma, cooperando,
consequentemente, para uma estabilidade de todos os habitats envolvidos. De acordo com
Schaeffer-Novelli (1982 apud Silva, 1997, p. 10), os manguezais funcionam como retentores
de detritos além de servirem de esconderijo para organismos que, durante a época da
reprodução, utilizam esse ambiente como defesa contra possíveis predadores.
Como premissa, a forma com que se apresentam as estruturas dos bosques -
fechada e escura - confere tranquilidade ao estabelecimento das espécies locais que
encontram ali um local perfeito ao desenvolvimento de suas interações com o meio. Ao
contrário do que acontece em sistemas naturais desregulados, nos manguezais não há uma
predação desequilibrada entre as espécies, sendo que as cadeias alimentares se desenrolam
pacificamente e a energia naqueles ambientes sempre é renovada e garantida a esse meio
biótico. Fato este confirmado por Schaeffer-Novelli (1983, p. 11) ao dizer que todos os
participantes dessa cadeia energética são dependentes da “matéria prima” dos produtores,
oferecida por sistemas costeiros como os manguezais, pradarias de gramíneas e outros, cuja
ausência provocaria um desequilíbrio dessas populações.
A estonteante presença da robusta vegetação dos manguezais e de seus complexos
sistemas radiculares contribui para a preservação do substrato nas zonas estuarinas, na
medida em que atenua os efeitos das intempéries, proporcionando sombra e reduzindo os
efeitos erosivos causados pelas agressões das marés às margens litorâneas. Na verdade, toda
essa estrutura vegetal serve como barreira viva contra as diversas ações que ocorrem no meio
ambiente, impedindo a perda de nutrientes por lixiviação, evitando o assoreamento de muitos
leitos fluviais e renovando a camada vegetal em áreas devastadas. A cada momento vêm
surgindo pesquisas feitas com o uso da vegetação dos manguezais no processo de sequestro
28
de carbono, visando auxiliar o controle do efeito estufa sobre a natureza, e isso tem levado os
mangues a se tornarem alvos de estudo para a recuperação de zonas naturalmente e
antropicamente degradadas. Fonseca e Drummond (2003, p. 1072) relatam a verificação da
viabilidade de projetos que lidam com a redução de emissão dos gases estufa, em um
processo denominado de mecanismo limpo (MDL), em regiões de florestamento e
reflorestamento com vegetação nativa do manguezal.
Além disso, os manguezais incrementam a produção primária de toda a área
costeira uma vez que os restos de folhas, raízes, troncos caídos e todo tipo de sedimento
constituem a base alimentar das espécies que vivem dentro e no entorno desses ecossistemas.
Em outras palavras, há um encadeamento dos diversos níveis da cadeia alimentar com
consequente suprimento proteico de toda a comunidade biótica residente. Cutrim et al. (1993,
p. 49) complementam ao dizer que “a sua alta produção de matéria orgânica transforma-se
em detritos e substâncias solúveis que são exportadas para os sistemas marinhos vizinhos”.
Do ponto de vista social, os sistemas de manguezais são responsáveis por
acréscimos na economia e na qualidade de vida do ser humano. Há neles um “leque” de
opções as quais, racionalmente exploradas, podem mexer com o desenvolvimento regional de
muitas localidades e trazer os mais variados benefícios ao cotidiano do homem. Na visão de
Traumann et al. (1997, p. 18), muitas comunidades humanas dependem dos manguezais para
sua sobrevivência e utilizam uma ampla gama de produtos naturais provenientes dos
mangues e de suas águas circundantes.
Excepcionalmente ao longo dos anos, a intensificação da ocupação das áreas
litorâneas alavancou ainda mais a relevância desses habitats na manutenção das populações
tradicionais que ali se estabeleceram e, tendo-se em vista a expansão das vertentes científico-
econômicas, tanto os recursos naturais como o ambiente em si passaram, ainda que
razoavelmente, a ter mais destaque na sociedade. Um exemplo disso pode ser constatado
quando Cintrón e Schaeffer-Novelli (1981 apud Costa, 1996, p. 10) abordam o fato de que os
mangues tiveram o reconhecimento do seu valor por volta de 1970, quando foi identificada a
relação da biomassa vegetal com as atividades pesqueiras.
O fato é que os manguezais representam muito mais do que um “matagal” para os
ribeirinhos. A subsistência das comunidades locais depende da utilização dos canais
estuarinos por pescadores e caboclos que buscam, corajosamente, em meio ao desgaste físico
proporcionado pelos mangues, suas fontes alimentícias diárias geralmente à base de peixes,
crustáceos e moluscos. Sob a ótica de Santos (2007, p. 3), a importância econômica da
macrofauna dos mangues é inenarrável, pois é baseada no fornecimento direto de alimentos
29
de grande valor proteico para as populações costeiras, além de ser uma considerável fonte de
renda para as mesmas.
Com função extrativista, vários recursos desses ecossistemas são artesanalmente
comercializados por esses povos costeiros aos grandes centros urbanos, constituindo-se numa
fonte de renda para essas comunidades pobres que também utilizam tais recursos como
solução para os problemas do dia-a-dia. “[...] as espécies de mangues têm sido utilizadas
durante séculos como fonte de lenha, de madeira para construção, de tanino e mesmo de
alimento” (MEDEIROS et al., 2000, p. 5).
Esses sistemas naturais também se enquadram na rota de muitos turistas que
costumam explorar ou têm curiosidade por ambientes exóticos. Apesar de, a princípio,
passarem uma imagem de um lugar não tanto hospitaleiro, os manguezais ainda são um
ambiente procurado por um público aberto a novas situações e são cada vez mais utilizados
como itinerários em passeios turísticos. ”Devido sua grande exuberância, diversidade
biológica, cultural, social e paisagística despontam como áreas naturais de beleza ímpar e
grande potencial turístico” (COSTA et al., 2005, p. 238).
É um fato cada vez mais frequente os habitats de mangues serem alvos de
projetos sociais que visam aos mais variados objetivos, dentre os quais tem destaque a
questão da sustentabilidade. As pesquisas científicas realizadas nesse meio buscam, em geral,
achar medidas que a longo ou em curto prazo possam garantir sua sustentabilidade ecológica,
ao passo que as iniciativas de educação ambiental colaboram para o despertar da
conscientização humana no tocante à preservação desse importante ecossistema. “É de
grande relevância o estudo dos manguezais, não somente pela importância biológica das
espécies que ali ocorrem, mas também, pelos problemas ambientais trazidos pelo uso
predatório desses ecossistemas [...]” (OLIVEIRA, 1996, p. 11).
2.3 Impactos ambientais
Fazendo-se uma retrospectiva na história da humanidade, muito antes de qualquer
esboço de civilização, nota-se que a relação homem-natureza é bastante divergente da dos
dias atuais. A princípio, o homem em seu instinto nômade tinha a necessidade de se
locomover para buscar alimentos. A caça e a coleta de sementes e frutos eram atividades
rotineiras necessárias para garantir o essencial à sua subsistência e, não muito obstante,
30
passivamente o homem coexistia com os limites impostos pela natureza. “[...] adaptou-se às
condições oferecidas pelo meio, submetendo-se aos seus imperativos e modificando seu
modo de vida em função dos climas e dos habitats onde se instalara” (DORST, 1973, p. 19).
A partir do momento em que o ser humano começa a compreender o mundo a sua
volta, deixa então de ser nômade e passa a se tornar um “indivíduo séssil”. Atividades
instintivas que demandavam esforço são substituídas por atividades mais racionais como a
criação de animais, o manejo de suas terras e o cultivo de espécies vegetais. Há, agora, uma
inversão de papéis entre a natureza e o homem que, aprendendo a conviver em grupo, vai
formando civilizações cada vez mais detentoras de conhecimento e, inevitavelmente, passa a
interferir no meio em que vive. Sánchez (2006, p. 22) relata que “[...] a extensão do ‘natural’
no planeta Terra se modifica conforme a humanidade expande sem cessar suas atividades e
interfere de modo crescente na natureza.”
O meio natural, até então quase intocável, pouco a pouco vai sendo adestrado por
um ser vivo que, até pouco tempo, era dominado por esse meio. E com o passar do tempo o
ser humano vai assimilando todo o comportamento ecológico da natureza e incorporando-o
às suas necessidades mais simples. O conhecimento sobre a fauna e flora, a ocupação e o
preparo do solo para fins de cultivo e o uso dos recursos minerais para os mais variados fins
são alguns exemplos de como o homem, progressivamente, foi estendendo seu domínio sobre
o meio natural. Ainda segundo Dorst (1973, p. 30), a equidade primária do meio natural é
alterada, quando não condenada, assim que o homem usufrui de atividades mais
tecnologicamente aprimoradas.
E foi assim desde que a ocupação humana constituiu-se fator inerente à formação
das grandes civilizações. A consciência, cada vez mais profunda das leis ecológicas e aliada
ao aprimoramento tecnológico, transportou o homem de um mundo essencialmente agrícola
para um mundo essencialmente moderno ou industrializado, onde o deslumbramento por
novas descobertas e a facilidade na obtenção dos recursos ambientais tornou-se o estopim
para grandes transformações que viriam a seguir. Esses novos tempos foram decisivos para a
humanidade, o que é constatado por Drew (2002, p. 9) ao dizer que “[...] o fato de o meio se
haver tornado mais agradável atrai mais gente para o local, aumentando a procura de bens e
serviços e provocando novas alterações no ambiente.”
A natureza, então, passa a ter influências humanas. E tudo que em outrora sofria
apenas uma modificação “in natura” passa a conter também mudanças artificiais que,
embora pudessem trazer algum tipo de benefício, em algum momento podiam também
impactar o ambiente ao derredor. Surgia, assim, a ideia do que seria um impacto no meio
31
ambiente, bem como as preocupações com as consequências gerais trazidas por ele. Lugo
(1978 apud Pontes, 2000, p. 3) discorre sobre os impactos ambientais como transformações,
sejam de cunho natural ou antrópico, sofridas pelos ambientes e que implicam alterações
positivas e negativas no funcionamento dos ecossistemas.
Tais alterações, há muito tempo presentes no planeta, refletiam como a própria
natureza se encarregava de esculpir novas formas e desencadear novos acontecimentos em
todos os seus momentos evolutivos. Os impactos ambientais que ocorrem naturalmente na
natureza são interferências resultantes de fenômenos comuns que incrementem a interação
entre os ecossistemas e, embora possam trazer algum tipo de malefício ao meio, não se
manifestam de forma maciça ou contínua. De acordo com Araújo Júnior (2006), os
ecossistemas têm grande capacidade de se regenerarem e de se recuperarem diante de
impactos esporádicos, descontínuos ou localizados, muitos dos quais originados pela própria
natureza.
Assim, enquanto as erupções vulcânicas podem impactar o ambiente à medida
que poluem o ar atmosférico, devido às grandes concentrações de gás carbônico das cinzas,
podendo ainda extinguir vegetações e habitações nas proximidades, ou enquanto o transporte
eólico de areia, muito comum nas dunas das praias, pode eventualmente causar transtornos às
áreas urbanas e assorear leitos fluviais, outros processos naturais podem aumentar a
funcionalidade do meio ecológico, fato este que pode ser exemplificado quando do
aparecimento de novas ilhas ou arquipélagos, resultantes de processos sísmicos, que passam
a funcionar como novos habitats da diversidade ecológica. Conforme Fogliatti et al. (2004, p.
10), os impactos se dizem negativos quando trazem prejuízo ao meio ambiente e, positivos,
quando geram consequências benéficas ao ambiente.
Atualmente, maior ênfase vem sendo dada aos impactos ambientais provenientes
da interferência humana, por constituírem-se em processos mais artificiais e degradantemente
contínuos. A constante pressão das populações humanas sobre o meio, na maioria das vezes,
não dá chances de recuperação a este, que fica subordinado a ações que extrapolam o limite
dos seus recursos, e padecem de interferências antrópicas nem sempre salutares. O homem,
em busca de melhorar o meio ambiente, acaba beneficiando as funções ecológicas já
existentes, entretanto, muitas vezes, acaba sacrificando outras funções da natureza, o que
leva, por sua vez, a um efeito cascata de conflitos que atinge níveis sociais, econômicos,
políticos e ambientais. Silva et al. (2006, p. 21) afirmam que a atual forma de
desenvolvimento econômico acrescida do elevado crescimento da população, juntamente
32
com a ausência de um programa educacional de meio ambiente têm causado transtornos
ecológicos que agridem o equilíbrio do planeta.
Dessa maneira, embora os impactos ambientais antrópicos possam ser analisados
sob diferentes formas e possam ter sua complexidade variada, suas consequências afetam
profundamente as estruturas humanas e ambientais sendo, portanto, motivos de preocupação
e de realização de estudos que assegurem a coexistência dos mesmos com o meio ambiente.
“O impacto ambiental pode ser caracterizado quanto ao seu valor, ao espaço de sua
ocorrência, ao seu tempo de ocorrência, à sua reversibilidade, à sua chance de ocorrência e
quanto à sua incidência” (FOGLIATTI; FILIPPO; GOUDARD, 2004, p. 10).
Uma complexa obra de engenharia, como a construção de barragens, diques e
hidrelétricas, da mesma forma que beneficia o homem, por meio da energia elétrica gerada,
pode, concomitantemente, impactar e prejudicar muitas comunidades que vivem nas
proximidades, devido às consequências de sua implantação. Silva et al. (2006, p. 20)
comentam, por exemplo, que problemas na construção de uma barragem no Estado da
Paraíba, Brasil, geraram diversos tipos de impactos, dentre os quais a perda de bens
materiais, de imóveis, de patrimônio público, de reservas aquíferas, dizimação de várias
espécies animais e de seres humanos, assim como desequilíbrios que afetaram setores como o
emocional, o econômico, o agrícola e o ecológico das populações atingidas.
O uso das práticas agrícolas leva, em geral, a uma otimização da produtividade no
campo através do beneficiamento de muitas espécies vegetais e do aumento da fertilidade no
solo. Mas a indiscriminação dessas práticas, fato diariamente noticiado pelos desmatamentos
e queimadas de vegetações nativas ou pelo uso excessivo de agrotóxicos e de maquinários
pesados, tem degradado a vida útil dos ecossistemas e levado os recursos naturais a
patamares cada vez mais escassos. Para se ter uma ideia, de acordo com Allegretti (2001, p.
167), as consequências negativas geradas a partir dos impactos ambientais provenientes de
atividades como o desmatamento são a erosão dos solos, a queda da biodiversidade, a
desertificação e as alterações do clima e dos leitos hidrológicos.
O aproveitamento de muitas espécies animais e vegetais assim como a utilização
excessiva dos seus nichos têm sido a base energética do homem desde os tempos mais
longínquos, devido a serem importantíssimas fontes de nutrição. Contudo, a dizimação
exponencial de várias espécies como também a transformação dos seus habitas, têm
colocado em xeque a auto-suficiência de muitos ecossistemas, afetando a produção
alimentícia de muitas comunidades e fazendo, do fator fome, uma realidade cada dia mais
presente na vida humana. “[...] este bem pode ser o destino dos parques e áreas protegidas
33
mundiais, à medida que as áreas naturais cedem lugar a fazendas, pastagens e povoados”
(ARRUDA; SÁ, 2004, p. 16).
A especulação imobiliária tem melhorado a qualidade de vida de muitos
habitantes no planeta. Não se pode negar que a presença dos grandes centros urbanos, com
seus arranha-céus e conjuntos habitacionais, tem aquecido a economia de muitas regiões no
globo e facilitado o dia-a-dia da população. Mas na contramão disso está a demanda
populacional crescente, levada por um consumismo material e ecológico desenfreados, que
tem ameaçado principalmente as áreas costeiras e condenando, praticamente, os vestígios
verdes que ainda perduram nesses ambientes. “E, além dos problemas relacionados com as
terras, ainda existem no âmbito da poluição imobiliária os problemas especificamente
relacionados com a construção” (SILVERSTEIN, 1993, p. 53).
É válido mencionar que a eficiência tecnológica do homem o tem levado a
explorações cada vez mais ousadas, o que pode ser verificado pelas buscas incansadas por
minerais e combustíveis fósseis, através dos processos de prospecção da crosta terrestre, bem
como pelo uso exacerbado desses recursos em favor de interesses particulares. E isso tem
transformado o planeta numa região cada vez mais pobre em nutrientes minerais, com
temperaturas cada vez mais elevadas devido à emissão de gases, levando a sociedade a níveis
inóspitos de sobrevivência. Ainda segundo Allegretti (2001, p. 94), a queima de combustíveis
fósseis, como a do carvão mineral e do petróleo, elevou consideravelmente o teor de gás
carbônico na atmosfera, tendo o início da década de 90 teores de 25% mais elevados aos dos
primórdios da Revolução Industrial.
Mas nem tudo é desolação. Essas consequências caóticas que se desenrolam
diante dos olhos da sociedade já vêm, há algum tempo, sendo debatidas em conferências pelo
mundo todo e estudadas por grupos resistentes à degradação ambiental, e a cada momento
cresce a preocupação com o futuro das cadeias ecossistêmicas e com o modo de
desenvolvimento econômico atual, de modo que muitos documentos e propostas, emanados a
partir de pesquisas do gênero, se tornaram importantes e ainda servem de referência para as
sociedades que correm atrás do tão sonhado desenvolvimento sustentável. Isso é visto, por
exemplo, quando Trigueiro (2003, p. 323) aborda o caso da Agenda 21 como sendo muito
mais do que um documento e sim um processo participativo dos setores sociais,
governamentais e econômicos em busca da identificação, do entendimento e resolução das
problemáticas ambientais a favor de uma sustentabilidade contínua.
Com o passar dos anos, tais pressupostos e documentações se oficializaram
legalmente em muitos países, de modo que surgiram diversos dispositivos legais que
34
militaram a favor da proteção dos vários ambientes naturais, em decorrência da relevância
que os mesmos apresentavam em todo o mundo. Particularmente no Brasil, a lei n. 6.902 -
de 27 de Abril de 1981 - Art. 1, da Constituição Federal Brasileira, citada por Milaré (1991,
p. 140), resume as regiões consideráveis dos ecossistemas como estações ecológicas, que são
destinadas às pesquisas típicas de ecologia, à proteção do meio ambiente e à formulação da
educação protecionista.
Além disso, medidas mitigadoras cada vez mais fazem parte da rotina de projetos
de empreendedorismo que, direta ou indiretamente, possam impactar o meio ambiente. Hoje,
qualquer intervenção no meio natural não é realizada, legalmente, sem antes haver todo um
aparato e execução de normas, leis e estudos a serem realizados previamente. Tais
dispositivos, à priori, atuam como ferramentas de prognóstico e diagnóstico das reais
condições do ambiente a ser impactado. “A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) tem
como objetivo analisar as consequências ambientais prováveis de uma atividade humana no
momento de sua proposição” (PHILIPPI JÚNIOR et al. 2004, p. 762).
2.4 Os Petroquímicos e o impacto nos manguezais
Desde muito tempo o homem usufrui dos recursos naturais dispostos na natureza.
A diferença é que antigamente a utilização dos mesmos era de forma ilimitada, ou pelo
menos não pairava uma preocupação com a extinção desses recursos, ao passo que nos dias
presentes, em virtude de todo o contexto ambiental vigente e do estilo de vida cada vez mais
consumista da sociedade, existe uma preocupação vertiginosa acerca do término dos estoques
energéticos, os quais são substanciais para o suporte dos ecossistemas e dos quais ainda
depende boa parte da civilização. Conforme Skinner (1970, p. 1), os recursos que são
repostos anualmente constituem-se em recursos renováveis, a exemplo dos alimentos, e
quando possuem um estoque fixo, a ponto de serem exauridos, constituem-se em recursos
não-renováveis, como é o caso do carvão, petróleo e minerais.
Ainda assim, a exploração arbitrária desses recursos, em especial a dos minerais,
constitui-se um fator agravante uma vez que tais elementos são matéria-prima para a
obtenção de uma infinidade de serviços, materiais e substâncias imprescindíveis ao
funcionamento das atividades cotidianas e que interferem na qualidade de vida do ser
humano. “O mineral é um elemento ou composto químico de origem natural, composição
35
química definida e estrutura cristalina determinada” (GEODIVERSIDADE DO BRASIL,
2005, p. 15).
É praticamente impossível não atribuir importância a quaisquer que forem os
minerais presentes na biosfera. Dessa maneira, o equilíbrio de alguns ciclos minerais como o
da água e o do carbono assim como a exploração de ferro, ouro, alumínio e demais elementos
refletem a real dependência do homem em relação a esses recursos. E dentre os minerais
mais comuns e continuamente explorados estão os que formam os combustíveis fósseis,
como o petróleo, o qual pode originar uma série de derivados úteis, mas também pode
potencialmente poluir o meio ambiente. Ainda de acordo com Skinner (1970, p. 103), o
petróleo, assim como outros recursos minerais, é formado predominantemente por
hidrocarbonetos e está presente em bacias marinhas que apresentam principalmente
sedimentos com elevada matéria orgânica.
Esse tipo de óleo apresenta um processo de formação bem peculiar, em
comparação com os demais minerais encontrados na Terra, e sua origem está associada a
interações dinâmicas de componentes vivos e não-vivos (biótico e abiótico) no interior das
camadas geológicas da crosta terrestre. Segundo Geodiversidade do Brasil (2005, p. 20), a
formação do petróleo se deve à ação sofrida pelos restos de vegetais e animais, quando da
ocorrência de alta pressão e temperatura, fazendo com que aqueles se depositem no fundo
oceânico de bacias sedimentares.
Sendo uma das principais vedetes dentre as fontes de energia, o petróleo tem se
tornado, nos dias contemporâneos, motivo de uma verdadeira “caça ao tesouro” entre as
principais nações detentoras de tecnologia propícia à sua exploração, tamanha é a influência
desse recurso na estabilidade das sociedades, uma vez que afeta a economia global e o modo
de viver humano, especificamente no que diz respeito à derivada gama de produtos
originados de seu beneficiamento, que verdadeiramente está inerente às necessidades atuais
da humanidade. “Além de ser o principal combustível, representa também importante insumo
para a produção de plásticos, tecidos, tintas, entre outros” (FONTAINE; PERRIN, 2004, p.
22).
O Brasil, por deter grandes extensões continentais, é um campo propício à
exploração desse combustível, em decorrência da grande probabilidade de se encontrar tal
substância no interior das bacias marinhas, e esse fato tem feito do país um dos mais
importantes produtores de petróleo do mundo. “São bacias de diferentes histórias e idades de
formação, compondo um complexo terreno sedimentar de múltiplos desafios para os
exploracionistas” (LUCCHESI, 1998, p. 18).
36
Mas paralelamente à sua importância, é preocupante a rapidez com que o petróleo
e seus derivados vêm sendo consumidos a nível mundial, principalmente pelos países
industrializados. Ainda que o petróleo apresente uma distribuição irregular de consumo no
mundo, a incessante fome do homem por mais tecnologia e progresso a qualquer custo tem
alavancado a demanda, cada vez maior, por esse recurso não-renovável e levantado reflexões
acerca da real duração dos estoques desse combustível fóssil, bem como do inevitável
investimento em pesquisas que visem à descoberta e viabilidade de novas formas de energia.
Groueff (1976, p. 356) aborda o fato de que boa parte dos 126 países pertencentes ao quadro
das Nações Unidas é produtora, em larga ou baixa escala, de petróleo ou gás natural.
Fato mais preocupante ainda é o potencial poluidor que esses petroquímicos
apresentam e o risco que põem ao meio natural. Ao mesmo tempo em que a exploração
petroquímica torna-se benéfica ao desenvolvimento de uma nação, torna-se, também, uma
ameaça para os demais ecossistemas, especificamente para os ecossistemas costeiros, uma
vez que são zona de contato com os oceanos e com as distintas atividades portuárias. “Entre
os ecossistemas costeiros, o manguezal é classificado como dos mais sensíveis e vulneráveis
a vazamentos de óleo” (CANTAGALLO et al., 2007, p. 2).
Não é rara a constatação de manchas de óleo vagando na imensidão dos mares ou,
então, cobrindo grandes porções do solo, em praias, manguezais e outros ambientes
litorâneos. O perigo ecológico, a que são submetidos tais ecossistemas, se reflete nas
possíveis consequências sérias sofridas pelos mesmos, tendo em vista os efeitos nocivos dos
petroquímicos na subsistência de toda a cadeia natural existente. Conforme Tommasi (1979,
p. 128), muitas espécies de peixes, invertebrados marinhos e algas morrem devido ao
petróleo, pois uma das características primárias desse composto é a produção de uma película
bloqueadora de luz e oxigênio do ar para a água.
Os manguezais, apesar de sua adaptabilidade a condições adversas, são
comumente alvos da poluição causada pelo derrame de susbstâncias oleosas. A ocupação das
zonas costeiras por terminais portuários, aliada ao transporte de óleo em navios cargueiros,
bem como o despejo acidental ou proposital por parte de outras atividades que utilizam esse
tipo de composto químico são fatos reais que colocam por um triz a riqueza biológica
encontrada nesses ecossistemas, pondo, também em perigo, a vida humana, uma vez que
grande parte dos recursos essenciais ao homem provém desses habitats. Deve-se levar em
conta, também, as características químicas dos petroquímicos, a sua quantidade disseminada,
o tamanho da área impactada e principalmente o tempo de permanência dessas substâncias
nos substratos, que pode variar nos ambientes impactados. Em estudos, Silva (2004, p. 99)
37
cataloga alguns principais impactos do derrame de petróleo em regiões de mangues como,
por exemplo, o grande acúmulo e a dificuldade de remoção do óleo derramado, a diminuição
da capacidade de decomposição microbiana, o bloqueio da zona das trocas gasosas dos
mangues, a toxicidade nas raízes e a mortalidade da comunidade microbiana do solo e da
fauna em geral.
Especificamente no Maranhão, a tradição portuária de abastecimento e exportação
de produtos de interesse econômico enquadra o Estado dentre os potenciais alvos de impacto
ambiental, tendo em vista a proximidade das instalações portuárias com as extensas áreas de
mangues em torno desses complexos industriais, a exemplo do Porto do Itaqui com seus
terminais industriais Ponta da Madeira e Alumar, limitados quase que em sua totalidade por
esses ecossistemas. “Nele aportam consecutivamente inúmeros navios de grande calado,
transportando os mais diversificados produtos industrializados, além de sub-produtos
extraídos do petróleo como gasolina, querosene, gás, embarcando também uma grande
quantidade de minério para várias partes do mundo” (ALCÂNTARA; SANTOS, 2005).
Diante desse contexto, têm crescido as pesquisas científicas acerca dos impactos
ambientais vigentes e da utilização do(s) melhor(es) método(s) de limpeza dos manguezais
ou de qualquer outro ecossistema litorâneo, quando da contaminação por óleo ou substâncias
derivadas, de forma que se consiga uma reversão ou, se possível, atenuação dos efeitos
devastadores desses compostos sobre o equilíbrio da cadeia ecológica. Brasil (2004 apud
Cantagallo et al., 2007, p. 2) comenta da existência de dispositivos como as Cartas de
Sensibilidade Ambiental a Vazamentos de Óleo (Cartas SAO) que, federalmente
regulamentadas, são mecanismos relevantes no planejamento de ações que visam à adoção de
estratégias de contenção, limpeza e remoção de substâncias oleosas, atribuídas a cada
ambiente.
38
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Caracterização da área de estudo
Os estudos foram conduzidos no âmbito do projeto PIATAM mar II (Potenciais
Impactos Ambientais do Transporte de Petróleo e Derivados na Zona Costeira Amazônica),
cuja concepção levou em consideração a conjugação do ciclo hidrológico dos rios da
Amazônia, especialmente o Rio Amazonas, com os ciclos de maré para o levantamento de
dados sócio-ambientais que serviram de auxílio para a elaboração de cartas de sensibilidade
ambiental ao derramamento de óleo (Cartas SAO).
As atividades científicas, cujas metodologias foram protocoladas pelo projeto em
questão, receberam suporte financeiro da empresa Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRÁS),
sendo conduzidas por profissionais das mais diversas áreas de estudo e ocorreram em forma
de expedições (etapas), simultaneamente, em três Estados da Amazônia costeira: Amapá,
Pará e Maranhão (Figura 1).
Figura 1. Localização das áreas investigadas pelo projeto PIATAM mar II.
39
3.2 Pesquisa de campo
A pesquisa vigente foi realizada no setor costeiro estuarino do Estado do
Maranhão, especificamente na Baía de São Marcos, tendo-se como objeto de estudo bosques
de mangues situados em duas áreas: nas proximidades do terminal hidroviário Porto do Itaqui
e na unidade de conservação Ilha dos Caranguejos (Figura 2).
Figura 2. Áreas de estudo; rota de deslocamento para pesquisa e pontos amostrais.
3.3 Coleta de dados nas áreas de mangues
Os pontos amostrais para realização das coletas de dados foram estabelecidos em
zonas de médio litoral e de médio estuário, tendo em vista de serem áreas com importantes
gradientes de inundação e de diferentes padrões de colonização de mangues, além de ter
influência direta de derrame de substâncias potencialmente nocivas que, ocasionalmente,
possam interferir nas condições ambientais dos manguezais. Com auxílio de um GPS Garmin
Etrex, tais pontos tiveram suas coordenadas georeferenciadas com o intuito de facilitar a
localização exata dos locais específicos de amostragem.
40
Foram demarcadas 10 parcelas de 20x20 m, totalizando 4000 m² ou 0,4 ha
(hectares), que abrangeram as duas áreas em questão, realizadas em 1 excursão a campo,
sendo estabelecidas 5 parcelas em bosques próximos ao terminal Porto do Itaqui e outras 5
parcelas na unidade de conservação Ilha dos Caranguejos. Cada parcela foi estabelecida com
o auxílio de uma corda fina (vulgo “rabo de rato”) de 80 metros de comprimento, formando
quadrados, dentro dos quais todas as árvores de mangue foram mensuradas, com o mínimo
de 10 cm de Perímetro à Altura do Peito (PAP), utilizando-se para isso uma fita métrica
Misura Per Sarti de 1,5 metros de comprimento.
Caso houvesse um tronco bifurcado à altura do peito, media-se a circunferência
abaixo da bifurcação. Caso as bifurcações caulinares fossem abaixo da altura do peito,
consideravam-se como dois troncos e as duas medidas de circunferência eram registradas
para o mesmo indivíduo, mesmo que não possuíssem 10 cm de perímetro. Quando a árvore
era formada por troncos muito próximos, ramificados acima ou abaixo da superfície do solo,
media-se o diâmetro de cada um dos troncos, sendo cada tronco considerado como um
indivíduo. Se houvesse deformidades no tronco à altura do peito, media-se o diâmetro acima
das mesmas. No caso das espécies do gênero Rhizophora as medidas eram tomadas logo
acima do último rizóforo.
Na área portuária (Porto do Itaqui), a amostragem ocorreu no período de 23 a 25
de Outubro/2007. Foram demarcados, nessa área, 4 pontos geográficos de coleta de dados e
também 5 parcelas nas quais foram amostradas 131 árvores com perímetro do caule igual ou
maior que 10 cm. Em algumas dessas árvores, foram observadas bifurcações no caule que,
quando situadas abaixo de 1,30 m, tiveram suas medidas tomadas independentemente se seu
perímetro - nesse caso - alcançasse 10 cm ou não. Todas as árvores amostradas tiveram suas
alturas estimadas. Também foram identificadas as espécies arbóreas predominantes nas
parcelas, assim como algumas observações foram relatadas. Todos esses dados foram
dispostos em planilhas para posterior estimativa.
Na unidade de conservação (Ilha dos Caranguejos) a amostragem ocorreu no
período de 27 a 28 de Outubro/2007. Foram demarcados, nessa área, 2 pontos geográficos de
coleta de dados juntamente com mais 5 parcelas, onde foram amostradas 71 árvores, dentro
dos parâmetros metodológicos já descritos anteriormente.
41
3.4 Análise estatística dos dados
Depois de concluída a etapa de campo, os dados obtidos foram plotados em
planilhas, sendo organizados em ordem de parcela, em medida de fuste (caule ou haste) e em
altura. Os dados foram processados pelo software Excel 2003, sendo submetidos à análise
quantitativa e servindo como base para a estimativa de parâmetros estruturais, de acordo com
metodologia sugerida por Schaeffer-Novelli & Cintrón (1986 apud Costa, p. 12) dentre os
quais: Diâmetro à Altura do Peito (DAP); Frequência (F); Densidade (De); Altura média;
Dominância (Do); Valor de Cobertura (IVC) e Valor de Importância (IVI).
O Diâmetro à Altura do Peito (DAP) foi calculado a partir dos valores da
Circunferência à Altura do Peito (CAP) através da fórmula:
DAP = CAP/π
Onde: π = 3,1415927
Para árvores com mais de um fuste, o DAP foi estimado através da fórmula do
Diâmetro Médio (DM):
DM = (g).(12732,39)/n
Onde: g é o somatório da área basal dos vários fustes;
n é o número de fustes.
A Frequência (F) é o registro da presença de uma determinada espécie em uma
dada parcela. Este parâmetro foi estimado em termos percentuais (Frequência Relativa - FR),
através da fórmula:
FR = frequência de uma espécie/soma da frequência de todas as espécies x 100
A Densidade (De) é o número de indivíduos por unidade de área. A densidade foi
expressa em termos de indivíduos por hectare (ind. ha¯¹) e calculada em termos percentuais
(Densidade Relativa - DeR), de acordo com a fórmula:
DeR = número de indivíduos de uma espécie/número total de indivíduos x 100
A Dominância (Do) é o reflexo da área basal de cada espécie em uma dada
parcela. A área basal (m². ha¯¹ ) para cada indivíduo foi estimada pela fórmula:
g = 0,00007854 (DAP)²
42
Este parâmetro foi estimado em termos percentuais (Dominância Relativa - DoR),
através da fórmula:
DoR = dominância de uma espécie/dominância total x 100
Para fins de cálculo também foram analisados o Índice de Valor de Cobertura
(IVC), que é a soma dos valores de Densidade Relativa e Dominância Relativa, expressando
a contribuição de uma determinada espécie na cobertura vegetal do ambiente, e o Índice de
Valor de Importância (IVI), que é a soma dos valores da Frequência Relativa, Densidade
Relativa e Dominância Relativa e que expressa teoricamente a importância ecológica de uma
determinada espécie no ambiente.
Os resultados foram interpretados e traduzidos por meio de gráficos e tabelas.
43
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Feições fisiográficas e diversidade florística dos mangues
Os bosques de mangues estudados no entorno do Terminal Hidroviário Porto do
Itaqui encontram-se na parte externa de igarapés, tipo franja, em região estuarina. Já os
bosques de mangues analisados na Unidade de Conservação Ilha dos Caranguejos
encontram-se em porção com feição de reentrância, acompanhando a projeção do cordão
arenoso.
Os bosques de ambas as áreas são compostos predominantemente pelas espécies
típicas: Rhizophora mangle, Avicennia germinans, Avicennia schaueriana e Laguncularia
racemosa.
Na Ilha dos Caranguejos, os bosques de mangues além de apresentarem
colonização por essas espécies típicas, também apresentaram unidades de paisagem típicas de
regiões abertas à arrebentação de marés, como é o caso das feições de praias arenosas. Silva
(1992, p. 14) relata que essas referidas espécies são realmente comuns na região da Ilha de
São Luís - MA e nas adjacências da região do Golfão Maranhense.
No entanto, algumas das espécies do gênero Rhizophora, como R. racemosa e R.
harrisonii, não foram encontradas nem na área portuária do Itaqui, nem na unidade de
conservação. Tais espécies, apesar de existirem na costa atlântica da América do Sul e do
Maranhão, não são encontradas ou são raramente vistas nas proximidades da ilha de São
Luís, segundo Alcântara e Santos (2005).
A distribuição espacial vista nesses bosques, apresentando espécies típicas às
duas áreas de estudo, demonstra possível influência de materiais sedimentais de mesma
origem compondo o substrato dos bosques das referidas áreas. Tal fato aponta, também, para
a influência que essas áreas recebem das correntes marítimas, como precursoras na
exportação de propágulos, dentro do Golfão Maranhense.
A ausência de algumas espécies tidas como típicas às regiões pode estar
relacionada também com a variação de salinidade das águas inundantes e a localização dos
44
bosques de mangues ou ainda com a competição entre as espécies vegetais interferindo na
propagação das mesmas.
4.2 Diâmetro médio
Nas proximidades do Porto do Itaqui, o diâmetro médio encontrado foi de 14,30
cm. A espécie Avicennia schaueriana obteve o maior diâmetro médio de fuste, com 13,90
cm, seguida por Avicennia germinans e Rhizophora mangle, que apresentaram diâmetros
bem próximos, com 14,90 cm e 16,00 cm, respectivamente, enquanto Laguncularia
racemosa possuiu a média menor, com 12,40 cm de fuste.
Em relação aos mangues pertencentes à área da Ilha dos Caranguejos, o diâmetro
médio encontrado foi de 12,09 cm. Avicennia germinans apresentou 13,00 cm de diâmetro de
fuste, ao passo que Avicennia schaueriana apresentou média de 11,07 cm de fuste. Já
Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle apresentaram médias mais baixas e bem
semelhantes, respectivamente 12,00 cm e 12,30 cm.
Estudando a formação de clareiras em áreas de manguezais situadas em unidade
de conservação e unidade portuária, no litoral maranhense, Oliveira (2004, p. 29) encontrou,
para a primeira área, diâmetro médio total de 20,82 cm, distribuído da seguinte forma entre
as espécies: Avicennia germinans (25,98 cm), Rhizophora mangle (18,31 cm), Avicennia
germinans (15,65 cm). Para a segunda área, o diâmetro médio total foi de 9,98 cm,
distribuído da seguinte forma: Avicennia schaueriana (9,94 cm), Avicennia germinans (12,46
cm) e Laguncularia racemosa (8,62 cm).
Comparando as áreas em questão, Laguncularia racemosa obteve médias
semelhantes nas duas áreas estudadas, com 12,40 cm no Itaqui e 12,00 cm na Ilha dos
Caranguejos. De forma semelhante, Avicennia germinans também apresentou médias
próximas de diâmetros, com 14,90 cm e 13,00 cm nas respectivas áreas. Avicennia
schaueriana também não demonstrou variação significativa, com 13,90 cm na área do Itaqui
e 11,07 cm na Ilha dos Caranguejos. No entanto, Rhizophora mangle apresentou variação na
média, com 16,00 cm na área portuária, contra 12,30 cm na Ilha dos Caranguejos (Figura 3).
Levando-se em consideração que a obtenção dos diâmetros enquadra-se dentro da
classe 10,0 cm, proposta metodologicamente, nota-se que as médias das espécies
45
predominantes encontraram-se próximas desse valor de classe, o que nos permite deduzir um
bom estado de desenvolvimento estrutural dessa vegetação.
Atenta-se ao fato de que os mangues do Itaqui sobressaíram-se na média quando
comparados aos da Ilha dos Caranguejos, e isso pode ser atribuído ao fato dos bosques
daquela área se localizar em feições de franja numa região de médio litoral superior, onde
condições de inundação e baixa salinidade propiciam o desenvolvimento de indivíduos do
gênero Rhizophora. Outra possível causa refere-se ao potencial regenerativo dessa vegetação
em resposta à característica antropizada dessa área, condicionada por uma maturidade
estrutural dessas feições. Ao contrário dos bosques da Ilha dos Caranguejos que, por se
localizarem em região de médio estuário e livres da atuação antrópica, têm sua estrutura
vegetal como fruto apenas dos gradientes ambientais que incidem sobre a região.
12,40
12,00
14,90
13,00
13,90
11,07
16,00
12,30
LR AG AS RM
Diâmetro Médio (cm)
Porto do Itaqui Ilha dos Caranguejos
Laguncularia racemosa Avicennia germinans A. schaueriana Rhizophora mangle
Figura 3. Diâmetro médio nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos.
4.3 Frequência relativa
Na área portuária do Itaqui, as espécies com maior percentual de frequência foram
Avicennia germinans e Avicennia schaueriana, ambas com 33,33%, seguidas pela
Rhizophora mangle, que obteve frequência de 20,00%. Laguncularia racemosa foi a que
apresentou menor frequência, com 13,33%.
46
Na área pertencente à Ilha dos Caranguejos, Rhizophora mangle apresentou maior
frequência, com 35,71%, seguida por Avicennia germinans e por Avicennia schaueriana,
ambas com frequência de 28,57%. Laguncularia racemosa obteve a menor frequência, com
7,14%.
Com o intuito de analisar o desenvolvimento de um bosque de mangue, sob
influência de diversos tensores, na região de Parna-Açu, no Maranhão, Costa (1996. p. 22)
apontou Laguncularia racemosa como a de maior frequência, com 29,2%. Avicennia
germinans foi a menos frequente, com 20,8%, enquanto Avicennia schaueriana e R. mangle
apresentaram 25% de frequência.
O registro maior do gênero Avicennia na área portuária sugere indícios de
regeneração da vegetação, tendo em vista que em condições dessa natureza, essas espécies
tendem a possuir uma curva mais rápida de colonização em áreas perturbadas, fato
comentado por Soares (2006, p. 53) que confirma a característica de pioneirismo dessas duas
espécies em regiões com algum grau de perturbação.
Ao passo que na Ilha dos Caranguejos, a maior presença de Rhizophora mangle,
na zona íntegra de bosque, reflete as influências típicas de médio estuário sobre o
estabelecimento dessas espécies nessa área, demonstrando possível estágio posterior de
sucessão.
Frequência - Porto do Itaqui (%)
20,00%
33,33%
33,33%
13,33%
LR AG AS RM
Frequência - Ilha dos Caranguejos (%)
35,70%
7,14%
28,58%
28,58%
LR AG AS RM
LR: Laguncularia racemosa AG: Avicennia germinans AS: A. schaueriana RM: Rhizophora mangle
Figura 4. Frequência relativa nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos.
47
4.4 Densidade relativa
Nos bosques próximos ao Terminal do Itaqui, com área correspondente a 0,2 ha, a
espécie mais densa foi Avicennia germinans, respondendo com 32,06% e com projeção de
1,6030 ind. ha¯¹. Em seguida, destacou-se Laguncularia racemosa, com densidade de
28,24% e projeção de 1,4120 ind. ha¯¹. A seguir, Avicennia schaueriana apresentou 22,14%
de densidade nessa área e 1,1070 ind. ha¯¹. Com a menor densidade, destacou-se Rhizophora
mangle, com 17,56% e projeção de 0,8780 ind. ha¯¹.
Quanto à área na Ilha dos Caranguejos, também com 0,2 ha de cobertura, a
densidade maior foi de Rhizophora mangle, com 40,85%, cuja projeção foi de 2,0425 ind.
ha¯¹. Com uma densidade de 32,39% e de 1,6195 ind. ha¯¹, Avicennia germinans veio em
seguida. Já Avicennia schaueriana respondeu com 19,72% e obteve projeção de 0,9860 ind.
ha¯¹ e, finalmente, com menor densidade destacou-se Laguncularia racemosa, com 7,04% e
0,3520 ind. ha¯¹.
Mochel et al. (1996), analisando a estrutura de mangues em bosques do litoral
maranhense, encontraram para Laguncularia racemosa uma densidade predominante de
51,5% e, para Avicennia schaueriana, uma taxa de 31,2%. A seguir, a densidade de 10,5%
ficou a cargo de Rhizophora mangle, enquanto Avicennia germinans contou com densidade
de 7%.
Analisando as duas áreas em questão, a região portuária do Itaqui apresentou
maior percentual de densidade dentre as espécies predominantes, e essa elevada densidade
pode, a princípio, indicar certo grau de perturbação. Não houve variação significativa para
Avicennia germinans, que obteve densidade nas duas áreas, com respectivamente 32,06% e
32,39%. Laguncularia racemosa apresentou maior densidade na área do Porto do Itaqui, mas
obteve menor densidade na área da Ilha dos Caranguejos, com respectivamente 28,24% e
7,04%. Também não houve significativa variação para Avicennia schaueriana, que
apresentou nas proximidades do Itaqui valor de 22,13% e na área da Ilha dos Caranguejos,
19,71%. Já Rhizophora mangle obteve maior densidade na área da Ilha dos Caranguejos, com
40,84% e menor densidade na área do Itaqui, com 17,55% (Figura 5).
Na área portuária, a maior densidade de Laguncularia racemosa demonstra a
característica pioneira de colonização dessa vegetação em área sob interferência humana,
podendo ter substituído outras espécies típicas de condições naturais e estabelecendo um
processo de recuperação da vegetação, uma vez que essa espécie tem a tendência de germinar
48
e de se fixar de forma mais rápida em comparação às outras espécies, segundo Rabinowitz
(1975 apud Mochel et al., 1996).
Fato diferente ocorreu na Ilha dos Caranguejos, pois sendo uma área composta
por bosques íntegros, apresentou maior densidade para Rhizophora mangle, mostrando uma
sobreposição desta em relação às demais espécies no que diz respeito à interação com as
condições ambientais propiciadas pela zonação em questão.
Densidade - Porto do Itaqui (%)
22,14%
32,06%
28,24%
17,56%
LR AG AS RM
Densidade - Ilha dos caranguejos (%)
7,04%
32,39%
19,72%
40,85%
LR AG AS RM
LR: Laguncularia racemosa AG: Avicennia germinans AS: A. schaueriana RM: Rhizophora mangle
Figura 5. Densidade relativa nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos.
4.5 Altura média
A altura média da copa dos bosques na área portuária do Itaqui foi de 10,27
metros. A espécie que obteve maior média foi Rhizophora mangle, com 11,57 m de estatura,
sendo seguida por Avicennia germinans, com 10,88 m, em seguida, veio Avicennia
schaueriana, que obteve média de 10,07 m, enquanto Laguncularia racemosa teve a menor
média de altura, com 8,59 m.
Em relação à área estudada na Ilha dos Caranguejos, a altura média das árvores
foi de 8,60 metros. Não houve variação significativa entre as espécies desses bosques, onde
Avicennia germinans obteve média de 9,48 m, seguida por Avicennia schaueriana, com 9,25
m. Em seguida, veio Rhizophora mangle, com 8,84 m, e Laguncularia racemosa, com média
de 6,80 m.
49
Em estudos semelhantes com bosques de mangues na costa maranhense, Mochel
et al. (1996) constataram que Rhizophora mangle também apresentou a maior média, com
14,6 m, seguida por Avicennia germinans, com 14,1 m. Já Avicennia schaueriana obteve
média de 10,3 m, enquanto Laguncularia racemosa alcançou a menor média de altura, com
9,7 m.
Analisando as duas áreas em questão, os padrões de altura dos bosques refletem
um bom amadurecimento da estrutura vegetal. As feições localizadas ao Terminal do Itaqui
apresentaram a maior média de altura, onde se verificou que Rhizophora mangle obteve
11,57 m nessa área, contra 8,84 m na área da Ilha dos Caranguejos. Avicennia germinans
obteve 10,88 m e 9,48 m, nas áreas respectivas. Avicennia schaueriana contou com média de
10,07 m e 9,25 m, respectivamente, enquanto Laguncularia racemosa conseguiu médias de
8,59 m e 6,80 m, também nas respectivas áreas (Figura 6).
O ganho de altura nos bosques pertencentes à área do Itaqui, apesar da alta
densidade vegetal identificada, pode indicar um amadurecimento da estrutura vegetal numa
região potencialmente estressante. Tal característica também pode ser atribuída ao fato de
que os bosques estão próximos da costa, recebendo influência direta de nutrientes e
sedimentos trazidos pelo regime marítimo e, também, devido à interação de variáveis como o
clima e inundações típicas da região de médio litoral que contribuem para o desenvolvimento
estrutural da vegetação.
Em analogia, nos bosques da Ilha dos Caranguejos a média de altura foi menor,
mas dentro de um padrão satisfatório de estrutura da vegetação, apresentando um estrato
arbóreo de altura praticamente uniforme, característica essa comum a mangues íntegros ou
longe da influência da ocupação humana.
50
8,59
6,8
10,88
9,48
10,07
9,25
11,57
8,84
LR AG AS RM
Alturadia (m)
Porto do Itaqui Ilha dos Caranguejos
Laguncularia racemosa
A. germinans
A. schaueriana Rhizophora mangle
Figura 6. Altura média nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos.
4.6 Dominância relativa
Na área portuária do Itaqui, a dominância média dentre as espécies predominantes
foi de aproximadamente 25,0%. Avicennia germinans, com 36,46%, teve a maior
dominância, seguida por Rhizophora mangle, que contou com 22,50% e por Avicennia
schaueriana, com 21,73%. Já Laguncularia racemosa obteve a menor dominância, com
19,30%.
Na área pertencente à Ilha dos Caranguejos, a dominância média também foi de
aproximadamente 25,0%. Rhizophora mangle apresentou uma dominância de 40,51% e foi
seguida por Avicennia germinans e A. schaueriana, que apresentaram, respectivamente,
35,46% e 17,54%, enquanto Laguncularia racemosa foi menos dominante nessa área, com
6,48%.
Oliveira (2004, p. 30), analisando estruturas de mangues localizados em unidade
de conservação e em área portuária, no litoral maranhense, constatou os seguintes valores
médios de dominância dentre as espécies identificadas: na primeira área, a dominância média
foi de 80,24%, distribuída entre Avicennia germinans (95,0%), e seguida por Rhizophora
mangle (65,45%). Na segunda área, a dominância média foi de 38,41%, distribuída entre
51
Avicennia schaueriana (48,7%), seguida por Avicennia germinans (57,14%) e por
Laguncularia racemosa (37,50%).
Analisando as duas áreas em questão, Rhizophora mangle foi mais dominante na
área da Ilha dos Caranguejos, com 40,51%, contra 22,50% na área do Itaqui. Avicennia
germinans foi um pouco menos dominante na área da Ilha dos Caranguejos, com 35,46%,
contra 36,46% nas proximidades do Itaqui. Já Avicennia schaueriana foi mais dominante na
área portuária, com 21,73%, contra 17,54% na área da Ilha dos Caranguejos, enquanto
Laguncularia racemosa foi mais dominante na área do Itaqui, contando com 19,30% e
menos dominante na unidade de conservação, com 6,48% (Figura 7).
Esses resultados mostram que a dominância de Rhizophora mangle em bosques
da Ilha dos Caranguejos traduz o estágio de sucessão no qual se encontra a vegetação dessa
área, assim como confirma as características de médio estuário atuando diretamente no
estabelecimento dessa espécie.
Laguncularia racemosa sendo mais dominante na área portuária do Itaqui reflete
a característica de recolonização que essa espécie possui em se adaptar às variações
ambientais de médio litoral e a sua capacidade regenerativa em virtude das boas taxas de
ocupação de área basal no ambiente.
Dominância - Porto do Itaqui (%)
19,30%
36,46%
21,73%
22,50%
LR AG AS RM
Dominância - Ilha dos Caranguejos (%)
17,54%
35,46%
6,48%
40,51%
LR AG AS RM
LR: Laguncularia racemosa AG: Avicennia germinans AS: A. schaueriana RM: Rhizophora mangle
Figura 7. Dominância relativa nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos.
52
4.7 Índice de valor de cobertura
Em relação às espécies da área do Porto do Itaqui, Avicennia germinans obteve
maior índice de valor de cobertura (IVC), com 68,52%. Em seguida, se destacou
Laguncularia racemosa, com IVC de 47,54%, seguida por Avicennia schaueriana, com
43,87%. Já Rhizophora mangle obteve o menor índice, com 40,06%.
Dentre as espécies na área da Ilha dos Caranguejos, Rhizophora mangle obteve
maior índice de valor de cobertura (IVC), com 81,36%. A seguir, Avicennia germinans teve o
segundo maior índice, com 67,86%, seguida por Avicennia schaueriana, com IVC de
37,26%, enquanto Laguncularia racemosa obteve o menor índice de cobertura de 13,53%.
Analisando a caracterização fitossociológica em duas áreas de mangues, em
região portuária e em região com pouca atividade antrópica, no litoral baiano, Paraguassu e
Silva (2007, p. 6) identificaram alguns valores de IVC para as espécies identificadas nesses
locais: na região portuária, Rhizophora mangle obteve índice de 168,0% e Laguncularia
racemosa obteve 32,0% de IVC. Na região de menos atuação antrópica, segundo esses
autores, Laguncularia racemosa obteve IVC de 199,54%, enquanto Rhizophora mangle
atingiu índice de 0,46%.
Analisando as duas áreas em questão, Rhizophora mangle teve índice superior na
área da Ilha dos Caranguejos, com 81,36%, enquanto na área do Porto do Itaqui o índice
atingido foi de 40,06%. Avicennia germinans apresentou índices bem próximos nas duas
áreas, onde na Ilha dos Caranguejos obteve 67,86% e na área portuária obteve 68,52%.
Laguncularia racemosa obteve maior IVC na área referente ao Itaqui, com 47,54%, contra
13,53% na Ilha dos Caranguejos. A seguir, Avicennia schaueriana teve maior índice na área
do Terminal, com 43,87%, contra 37,26% na unidade de conservação (Figura 8).
O maior índice IVC constatado por Rhizophora mangle na Ilha dos Caranguejos
aponta a contribuição dessa espécie na cobertura vegetal de áreas íntegras ou sem tensões
antrópicas, como é o caso da unidade de conservação que, por se localizar em região de
médio estuário, tem como característica a predominância de maior altura de maré da zona
costeira, fazendo as variáveis inundação e salinidade fatores determinantes no
estabelecimento de extratos vegetais dessa espécie.
Em compensação, Avicennia schaueriana e Laguncularia racemosa prevaleceram
com maior IVC na área portuária demonstrando a associação de suas coberturas vegetais com
53
áreas de degradação, como é o caso dos bosques situados no entorno do Porto do Itaqui,
demonstrando o pioneirismo destas na reconstrução da cobertura vegetal local.
IVC - Porto do Itaqui (%)
40,06%
43,87% 68,52%
47,54%
LR AG AS RM
IVC - Ilha dos Caranguejos (%)
13,53%
37,26%
81,36%
67,86%
LR AG AS RM
LR: Laguncularia racemosa AG: Avicennia germinans AS: A. schaueriana RM: Rhizophora mangle
Figura 8. IVC nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos.
4.8 Índice de valor de importância
Em relação às espécies da área do Porto do Itaqui, Avicennia germinans obteve
maior índice de valor de importância (IVI), com 101,85%. Em seguida, destacou-se
Avicennia schaueriana, com índice de 77,20%. Laguncularia racemosa obteve o índice de
60,87%, enquanto Rhizophora mangle contou com menor IVI de 60,06%. Assim, de acordo
com a classificação de mangues, de Santos & Damázio (1985 apud Silva, 1992, p. 20), esse
bosque apresentou associação do tipo Avicennietum germinansii.
Dentre as espécies da área da Ilha dos Caranguejos, Rhizophora mangle obteve
maior índice de valor de importância (IVI), com 117,07%. Em seguida, Avicennia germinans
obteve índice de 96,43% e foi seguida por Avicennia schaueriana, com IVI de 65,83%,
enquanto Laguncularia racemosa apresentou o menor índice de 20,67%. Dessa maneira,
também segundo a nomenclatura classificatória de mangues, de Santos & Damázio (1985,
apud Silva, 1992, p. 20), esse bosque se caracterizou como uma associação do tipo
Rhizophorietum manglei.
54
Avaliando mangues degradados no litoral maranhense, Silva (1992, p. 20)
identificou os seguintes valores para as espécies que predominaram naquela região:
Avicennia germinans (80,18%), seguida por Laguncularia racemosa (12,82%), e Rhizophora
mangle (7,00%).
Analisando as duas áreas em questão, Rhizophora mangle teve maior IVI na área
da Ilha dos Caranguejos, com 117,07% e menor IVI na área do Terminal do Itaqui, com
60,06%. Já Avicennia germinans obteve maior IVI na área do Itaqui, respondendo com
101,85%, contra 96,43% na outra área. Avicennia schaueriana teve maior índice de
importância na área portuária, com 77,20%, contra 65,83% na área da Ilha dos Caranguejos,
enquanto Laguncularia racemosa obteve maior IVI na área do Itaqui, com 60,87%, contra
20,67% na área da unidade de conservação (Figura 9).
Pelos resultados obtidos, pode-se considerar que os bosques dessas duas áreas
estão próximos a uma característica mono específica, pois, de acordo com Souza (1996, p.
156), para esse parâmetro, as áreas em questão atingiram praticamente o valor de 300, dentre
as mesmas espécies predominantes. Sendo assim, entre esses indivíduos típicos, Rhizophora
mangle, na Ilha dos Caranguejos, e Avicennia germinans, no Porto do Itaqui, apresentam-se
como aqueles que refletiram a maior importância ecológica nos ambientes analisados e isso
pode ser atribuído ao fato dessas espécies responderem de acordo com as condições
ambientais vigentes naqueles lugares, tendo-se Avicennia germinans como um importante
mecanismo de recomposição de bosque em áreas antropizadas e Rhizophora mangle como
principal padrão íntegro em estágios superiores de sucessão de bosques.
IVI - Porto do Itaqui (%)
77,20%
101,85%
60,87%60,06%
LR AG AS RM
IVI - Ilha dos Caranguejos (%)
65,83%
96,43%
20,67%
117,07%
LR AG AS RM
LR: Laguncularia racemosa AG: Avicennia germinans AS: A. schaueriana RM: Rhizophora mangle
Figura 9. IVI nas áreas Porto do Itaqui e Ilha dos Caranguejos.
55
4.9 Indicadores ecológicos e tensores de impacto
Sabe-se que a influência de diversos tipos de tensores contribui para a alteração
dos fluxos de matéria e energia dentro de um ecossistema, implicando perdas na
biodiversidade e acometendo potencialmente a capacidade de suporte nesse ambiente.
Nas referidas áreas de estudo, tanto nos bosques próximos ao Porto do Itaqui
quanto aos da Ilha dos Caranguejos, foram observadas certas características que
possivelmente indicam certa relação com eventos não naturais.
Foi constatada, na área do Itaqui, uma produção fenológica irregular, bem como a
presença de troncos principais caídos, alguns em fase de regeneração e outros mortos. Foram
observadas, também, certas espécies do gênero Rhizophora com seu sistema radicular
totalmente para fora do solo. Foi constatado também espaçamento desuniforme (clareiras)
dentre as espécies vegetais predominantes.
Os bosques pertencentes à Ilha dos Caranguejos apresentaram vegetação mais
compactada em sua extensão e demonstraram uma estrutura aparentemente não tão robusta
quanto à da área portuária. Além das feições de mangues, destacou-se também a presença de
praias arenosas como unidade de paisagem da região entre marés.
Em referência à capacidade regenerativa de mangues, Soares et al. (2006, p. 38)
comentam que nas florestas de mangues, submetidas à interferência antrópica, as
características funcionais e estruturais são consequências da interação fator ambiental e
tensores, levando-se em consideração características como intensidade e variação espaço-
temporal destes últimos.
A interferência de certos agentes físicos, entre eles a possível interferência de
substâncias oleosas ou mesmo a contaminação trazida pela exploração local de minérios não
representaram influência direta, tendo em vista a classe de substâncias oleosas manipuladas
nas proximidades do litoral e a deficiência logística de instalações portuárias. Soma-se a isso
o fato da zona costeira ter uma ocupação predominantemente ribeirinha, formada por vilas de
pescadores que utilizam basicamente os recursos naturais dos mangues para extrativismo e
artesanato. Atividades estas que, apesar de perturbarem o ambiente, não chegam a causar
impactos de grande magnitude, levando-se em consideração as extensas faixas de
manguezais no Estado.
56
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados dispostos, verificou-se que as áreas estudadas referentes ao
Terminal Hidroviário do Itaqui e da Ilha dos Caranguejos apresentaram, predominantemente,
a mesma colonização por espécies típicas de mangues previstas na região, entre elas:
Rhizophora mangle, Avicennia germinans, Avicennia schaueriana e Laguncularia racemosa,
distribuídas em feições fisiográficas, tipo franja e tipo reentrância, sugerindo, às duas áreas
em questão, semelhanças nos aspectos geomorfológicos.
O diâmetro médio de fuste referente às áreas analisadas apresentou médias de
bem próximas e sugeriram indícios de maturidade da estrutura vegetal, tendo-se em vista a
localização zonal desses bosques, deduzindo-se, assim, a interferência das condições locais
de cada área no desenvolvimento estrutural dessas florestas.
A frequência de espécies com pioneirismo de colonização na área portuária
sugeriu, numa área sob influência antrópica, indícios de uma fase regenerativa da vegetação
local, ao passo que na área dos bosques da unidade de conservação a maior frequência de
indivíduos típicos de regiões de inundação, denunciou relações com padrões de zonacão no
estabelecimento de espécies na área.
A elevada densidade dos bosques do terminal hidroviário quando comparados aos
da unidade de conservação pode significar, inicialmente, algum tipo de perturbação existente,
tendo em vista os bosques situados em zonas de atuação humana. Por sua vez, a densidade na
unidade de conservação refletiu a incidência das condições ambientais propiciadas pelo tipo
de zonação em questão.
As médias de altura observadas para os bosques pertencentes à área portuária
sugeriram que a área pode estar em processo de regeneração da cobertura vegetal, fato
justificado pela altura média de seus bosques. De sorte que, na unidade de conservação, as
médias para esse parâmetro, demonstraram um padrão satisfatório de estrutura da vegetação,
apresentando um estrato arbóreo de altura praticamente uniforme, característica essa comum
a mangues íntegros ou longe da influência antrópica.
Os valores da dominância em bosques da Ilha dos Caranguejos traduzem o
estágio de sucessão no qual se encontra a vegetação dessa área, assim como confirma as
características de médio estuário atuando diretamente no estabelecimento da espécie
57
dominante, enquanto que na área portuária reflete as características típicas de médio litoral
atuando sobre a vegetação predominante.
Os valores de IVC na unidade de conservação demonstraram predominância de
cobertura vegetal típica de zonas íntegras, refletindo a atuação das condições de zonação
local no estabelecimento dos estratos típicos de vegetação para esse local. Enquanto que os
valores de IVC na área portuária demonstraram a associação de suas coberturas vegetais com
áreas de degradação, como é o caso dos bosques situados no entorno do Porto do Itaqui,
demonstrando características de reconstrução da cobertura vegetal local.
Os valores de IVI demonstraram que os bosques das duas áreas estudadas estão
próximos a uma característica mono específica e refletiram a maior importância ecológica
nos ambientes analisados pelo fato das espécies responderem de acordo com as condições
ambientais vigentes naqueles lugares, demonstrando indicadores de regeneração da
vegetação em áreas antropizadas e de padrão íntegro em estágios superiores de sucessão de
bosques, em áreas conservadas.
A identificação de indicadores biológicos nas áreas de estudo, como é o caso da
presença de troncos caídos ou atrofiados, a presença de clareiras e a proeminência de certas
espécies vegetais pioneiras, bem como o balanço geral dos resultados obtidos quanto à
estrutura vegetacional naqueles bosques, sugere uma relação com fatores de natureza
antrópica, mas não justifica o quadro ambiental dos manguezais analisados, tendo em vista
que não chegam a causar impactos de grande magnitude nas estruturas vegetais, quando se
têm em consideração as grandes extensões de manguezais no Estado.
Os resultados nessas referidas áreas recebem influências das características de
zonação dos bosques de mangues em combinação com fatores físico-químicos das regiões,
como declividade, clima, salinidade e drenagem das águas intersticiais no estabelecimento da
vegetação. Todavia não justificam as reais condições dos manguezais do Maranhão, mas
mostram uma visão da estrutura vegetal de alguns estratos de ecossistema, como é o caso das
áreas analisadas. De modo que, para resultados mais promissores e contínuos, recomendam-
se mais pesquisas dessa natureza, principalmente relacionadas com processos de
monitoramento das áreas impactadas, o que pode dar uma visão mais apurada da evolução
dos acontecimentos nesses ambientes ao longo do tempo.
58
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67
APÊNDICES
Quadro 1. Coordenadas geográficas dos pontos amostrais.
Latitude Longitude
Pontos graus minutos segundos graus minutos segundos
1 02 35 48.4 44 21 58.1
2 02 34 58.4 44 21 37.2
3 02 34 59.0 44 21 37.2
4 02 34 46.2 44 21 56.4
5 02 49 53.1 44 29 42.5
6 02 50 11.5 44 30 27.5
Quadro 2. Dados biométricos da área do Porto do Itaqui.
Porto do Itaqui
Espécies
ind.
amo.
Diâm.
Médio
(cm)
FR
(%)
DR
(%)
Alt.
Média
(m)
DoR
(%)
IVC
(%)
IVI
(%)
L.racemosa 37 2 12,40 13,33 28,24 8,59 19,30 47,54 60,87
A.germinans 42 5 14,90 33.33 32,06 10,88 36,46 68,52 101,85
A.schaueriana 29 5 13,90 33.33 22,14 10,07 21,73 43,87 77,20
R.mangle 23 3 16,00 20,00 17,56 11,57 22,50 40,06 60,06
Total/Média 131 --- 14,30 --- --- 10,27 25,0 200,0 299,98
68
Quadro 3. Dados biométricos da área da Ilha dos Caranguejos.
Ilha dos
Caranguejos
Espécies
ind.
amo.
Diâm.
Médio
(cm)
FR
(%)
DR
(%)
Alt.
Média
(m)
DoR
(%)
IVC
(%)
IVI
(%)
L.racemosa 5 1 12,00 7,14 7,04 6,80 6,48 13,53 20,67
A.germinans 23 4 13,00 28,57 32,39 9,48 35,46 67,86 96,43
A.schaueriana 14 4 11,07 28,57 19,72 9,25 17,54 37,26 65,83
R.mangle 29 5 12,30 35,71 40,85 8,84 40,51 81,36 117,07
Total/Média 71 --- 12,09 --- --- 8,60 --- 200,0 300,0
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