Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
RELAÇÃO ENTRE INTELIGIBILIDADE DE FALA E HABILIDADES SOCIAIS DE
COMUNICAÇÃO EM CRIANÇAS COM DESVIO FONOLÓGICO
FABIANA CRISTINA CARLINO
SÃO CARLOS – SP
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
II
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
RELAÇÃO ENTRE INTELIGIBILIDADE DE FALA E HABILIDADES SOCIAIS DE
COMUNICAÇÃO EM CRIANÇAS COM DESVIO FONOLÓGICO
FABIANA CRISTINA CARLINO
SÃO CARLOS – SP
2010
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Educação Especial do
Centro de Educação e Ciências Humanas
da Universidade Federal de São Carlos,
como parte dos requisitos para obtenção
do título de Mestre em Educação
Especial.
Orientador: Prof. Dr. Almir Del Prette
Co-orientador (a): Profa. Dra. Dagma V.
M. Abramides
ads:
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
C282ri
Carlino, Fabiana Cristina.
Relação entre inteligibilidade de fala e habilidades sociais
de comunicação em crianças com desvio fonológico /
Fabiana Cristina Carlino. -- São Carlos : UFSCar, 2010.
142 f.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2010.
1. Comunicação interpessoal. 2. Desenvolvimento da
linguagem. 3. Distúrbios da linguagem nas crianças. 4.
Habilidades sociais. I. Título.
CDD: 153.6 (20ª)
r
/'
/
~~.
j
\
"""'~-
Banca Examinadora da Dissertação de Fabiana Cristina Carlino.
Praf. Or. Almir Oel Prette
(UFSCar)
Ass.
tb{2()~
Prata. Ora. Juliane Aparecida de Paula
(UFSCar)
Ass.~
Prata. Ora. Oianísia Aparecida Cusin Lamônica Ass.
--
(FOB/USP)
Prata. Ora.
Abramides
Oagma
Venturini
MarquesASS~~~
(FOB/USP)
IV
Apoio Financeiro:
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
V
Dedica
DedicaDedica
Dedicatória
tóriatória
tória
Dedico a conclusão desse trabalho às pessoas que fizeram e fazem diferença em minha vida...
Aos meus Pais, Sueli e Sergio por todo o investimento, apoio, amor e exemplos de caráter e
humildade... O alicerce em que me apoio para seguir em frente. Ao meu irmão Alex, que
sempre me deu força, carinho e atenção nas horas que mais precisei. Ao meu namorado
Antonio Jr. que me apóia, me incentiva, me dá ânimo e mostra o caminho quando tudo
parece perdido. Ao meu orientador Prof. Dr. Almir Del Prette e sua esposa Profa. Dra. Zilda
Del Prette pela confiança e todo o exemplo de ética, honestidade e humanidade. A minha Co-
orientadora Profa. Dra. Dagma Venturini Marques Abramides, pois desde o inicio foi quem
me deu me apoiou e incentivo para a realização desse trabalho.
VII
Agradecimentos
AgradecimentosAgradecimentos
Agradecimentos
VIII
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais, Sueli e Sérgio, que sempre me ensinaram a
lutar pelos meus ideais. Por todo incentivo e dedicação, sem os quais jamais chegaria até aqui.
As palavras nunca poderão descrever o quanto sou grata a esses dois seres maravilhosos, estes
que tenho imenso orgulho de chamá-los de meus pais. Eu amo vocês!
Agradeço meu irmão, Alex, pela paciência que sempre teve comigo, pelas inúmeras
vezes que me ajudou com esse computador (a minha frente) que sempre insistia “parar”
quando mais precisava que ele funcionasse normalmente. Por todo o Amor, Carinho e
Respeito... Tenho muito orgulho de tê-lo como irmão, muito obrigada por tudo. Amo você!
Ao meu namorado Antonio Jr. por todo o carinho, respeito, dedicação, apoio e
incentivo. Você me faz sentir a mulher mais feliz do mundo, ao seu lado sei que posso
construir um caminho cheio de realizações e felicidade. Obrigada por estar ao meu lado e
pelos exemplos de garra, honestidade, perseverança e humildade... Amo você!!!!
Ao meu orientador, Prof. Dr. Almir Del Prette, posso dizer que além de excelente
orientador foi um amigo... Por várias vezes me estendeu as mãos, mostrando-me o caminho,
sempre me dando força e incentivo. Eu não tenho palavras para agradecer o carinho e atenção
a mim dedicados, sem esquecer o “orientador” dos princípios morais, éticos e humanos, aos
quais procuro seguir.
A minha Co-orientadora, Profa. Dra. Dagma V. M. Abramides, não posso me esquecer
de agradecê-la por toda orientação quando estive na Faculdade de Odontologia de Bauru -
USP para a realização da coleta de dados. Tenho certeza que sem a sua ajuda jamais teria
conseguido, sem contar todo o carinho e a atenção a mim dedicados, muito obrigada por tudo.
A todos os meus Amigos do mestrado, o meu muito obrigado por todos os momentos
compartilhados. Em especial meus amigos do coração, Danúsia, Grazi, Elisa, Iasmin, Carol, e
Leo... Vocês são exemplos de sinceridade, honestidade e amizade, sei que posso contar com
IX
vocês. A você Danúsia, minha amiga, não sei como agradecer o carinho e as palavras de
conforto... Tudo o que fez por mim no tempo que esteve por aqui. Estou muito feliz que
estaremos juntas novamente... Você faz muita falta no meu dia a dia, obrigada por tudo!
Não posso deixar de agradecer a minha querida amiga Larissa Helena, por toda a ajuda
oferecida em Bauru durante a coleta de dados. Lari, sem a sua ajuda jamais teria conseguido...
Muito obrigada por tudo. Você é muito especial pra mim, pode contar comigo sempre!
As minhas amigas do coração... Karis, Raquel e Cibele. Como agradecer vocês?!
Foram pessoas essenciais para a conclusão desse trabalho. Karis... mais que amiga,
confidente, em quem posso confiar, levarei a vida toda para agradecer tudo o que fez por
mim. Quel... Como agradecer o carinho, a amizade, as palavras de conforto, os lanchinhos, o
ombro amigo quando mais precisei?! Você é muito especial pra mim! Ci... amiga, divertida,
prestativa, agradeço imensamente por toda a ajuda, amizade e carinho a mim dedicados, você
é muito especial! Com certeza esse trabalho não seria concluído sem a ajuda de vocês... O
meu muito obrigada! Amo vocês!!!!!
Enfim, agradeço a todos os funcionários da clínica de Fonoaudiologia da Faculdade de
Odontologia de Bauru USP, por me ajudarem com as reservas de sala, materiais e
prontuários que iria utilizar. A todos os participantes, mães e professoras, sem os quais essa
pesquisa jamais poderia ser realizada.
Hoje, mais que nunca, compreendo a existência de uma força maior... Essa força me
ajudou a seguir em frente... É ela quem me guiará por qualquer caminho que seja necessário
seguir. Por isso, jamais poderia me esquecer de agradecer a Deus, mais uma vez, por me dares
forças quando nem mesmo eu sabia se iria conseguir...
X
Epígrafe
EpígrafeEpígrafe
Epígrafe
XI
Tente Outra Vez...
Tente Outra Vez...Tente Outra Vez...
Tente Outra Vez...
Veja!
Não diga que a canção
Está perdida
Tenha em fé em Deus
Tenha fé na vida
Tente outra vez!...
Beba! (Beba!)
Pois a água viva
Ainda está na fonte
(Tente outra vez!)
Você tem dois pés
Para cruzar a ponte
Nada acabou!
Não! Não! Não!...
Tente!
Levante sua mão sedenta
E recomece a andar
Não pense
Que a cabeça agüenta
Se você parar
Não! Não! Não!
Não! Não! Não!...Há uma voz que canta
Uma voz que dança
Uma voz que gira
(Gira!)
Bailando no ar
Queira! (Queira!)
Basta ser sincero
E desejar profundo
Você será capaz
De sacudir o mundo
Vai!
Tente outra vez!
Tente! (Tente!)
E não diga
Que a vitória está perdida
Se é de batalhas
Que se vive a vida
Han!
Tente outra vez!...
(Raul Seixas)
(Raul Seixas)(Raul Seixas)
(Raul Seixas)
"O vazio criado pela incapacidade de se comunicar é rapidamente preenchido por veneno,
tolices e falsidades”.
Autor: (C. Northcote Parkinson)
XII
Sumário
SumárioSumário
Sumário
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE SIGLAS
RESUMO
ABSTRACT
CAPÍTULO I – Introdução .................................................................................................. 01
1. Aquisição Fonológica............................................................................................... 05
2. Desvio Fonológico................................................................................................... 08
3. Gravidade do Desvio Fonológico............................................................................. 14
4. Inteligibilidade de Fala............................................................................................. 17
5. Comunicação e Habilidades Sociais no Contexto da Educação Especial................ 25
6. Justificativa................................................................................................................34
7. Objetivos.................................................................................................................. 36
CAPÍTULO II – Método .......................................................................................................38
8. Participantes............................................................................................................. 39
9. Local......................................................................................................................... 40
10. Instrumentos............................................................................................................. 40
11. Equipamentos e materiais......................................................................................... 43
12. Procedimento de Coleta de Dados........................................................................... 43
13. Tratamento e Análise dos Dados.............................................................................. 46
CAPÍTULO III - Resultados................................................................................................. 53
CAPÍTULO IV - Discussão....................................................................................................76
CAPÍTULO V – Considerações Finais..................................................................................85
Referências Bibliográficas .....................................................................................................88
ANEXOS................................................................................................................................104
ANEXO A (Aprovação pelo Comitê de Ética – FOB/USP).......................................105
ANEXO B (Carta ao Professor)..................................................................................106
ANEXO C (Teste de Linguagem Infantil – ABFW)..................................................107
ANEXO D (Sistema de Avaliação das Habilidades Sociais – pais).......................... 117
ANEXO E (Sistema de Avaliação das Habilidades Sociais – professores)................121
ANEXO F (Critério Brasil).........................................................................................125
ANEXO G (Protocolo de Registro de Avaliação do Desempenho – Criança)...........128
XIV
ANEXO H (Protocolo de Registro de Avaliação do Desempenho – Adulto)............130
ANEXO I (Protocolo de Registro de Reposta Cenário Comportamental
Criança).......................................................................................................................132
ANEXO J (Protocolo de Registro de Reposta Cenário Comportamental
Adulto)........................................................................................................................134
XV
Listas
ListasListas
Listas
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Características dos Participantes........................................................................... 40
Tabela 2 – Índice de Fidedignidade Interobservadores........................................................... 52
Tabela 3 - Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Global dos dados obtidos com as
respostas das mães ao SSRS-BR.............................................................................................. 55
Tabela 4 - Freqüência, Média e Desvio Padrão dos Escores Fatorial 1 (Cooperação) dos
dados obtidos com as respostas das mães ao SSRS-BR.......................................................... 56
Tabela 5 - Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 2 (Amabilidade) dos
dados obtidos com as respostas das es ao SSRS-
BR............................................................................................................................................ 57
Tabela 6 - Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 3 (Iniciativa e Desenvoltura
Social) dos dados obtidos com as respostas das mães ao SSRS-
BR.............................................................................................................................................57
Tabela 7 - Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 4 (Asserção) dos dados
obtidos com as respostas das mães ao SSRS-BR......................................................................58
Tabela 8 - Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 5
(Autocontrole/Civilidade) dos dados obtidos com as respostas das mães ao SSRS-BR
...................................................................................................................................................58
Tabela 9 - Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 6 (Autocontrole Passivo)
dos dados obtidos com as respostas das mães ao SSRS-BR.....................................................59
Tabela 10 - Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Global com Problemas de
Comportamento dos dados obtidos com as respostas das mães ao SSRS-BR..........................60
Tabela 11: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 1 (Hiperatividade) com
Problemas de Comportamento dos dados obtidos com as respostas das mães ao SSRS-
BR.............................................................................................................................................60
Tabela 12 - Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 2 (Externalizantes) com
Problemas de Comportamento dos dados obtidos com as respostas das mães ao SSRS-
BR.............................................................................................................................................61
Tabela 13 - Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 3 (Internalizantes) com
Problemas de Comportamento dos dados obtidos com as respostas das mães ao SSRS-
BR.............................................................................................................................................62
Tabela 14 - Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Global obtidos com as respostas
das professoras ao SSRS-BR....................................................................................................65
Tabela 15: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 1
(Responsabilidade/Cooperação) obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-
BR.............................................................................................................................................66
XVII
Tabela 16: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 2 (Asserção Positiva)
obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-BR............................................................66
Tabela 17: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 3 (Autocontrole) obtidos
com as respostas das professoras ao SSRS-BR........................................................................67
Tabela 18: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 4 (Autodefesa) obtidos
com as respostas das professoras ao SSRS-BR........................................................................67
Tabela 19: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 5 (Cooperação com pares)
obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-BR............................................................68
Tabela 20: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Global com Problemas de
Comportamento obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-BR.................................68
Tabela 21: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Global com Problemas de
Comportamento obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-BR.................................69
Tabela 22: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 2 com Problemas de
Comportamento obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-BR.................................70
Tabela 23: Médias e desvios-padrão, coeficientes de correlação entre fatores (r) e seus níveis
de significância (p) e coeficientes alfa de Cronbach, para as sub-escalas e escalas globais de
Habilidades Sociais (HS) e Comportamentos Problemáticos (CP)..........................................72
Tabela 24: Caracterização das crianças quanto ao Gênero, Idade e Grau de Desvio
Fonológico................................................................................................................................74
Tabela 25: Facilidade dos participantes no desempenho das Habilidades Comunicativas
avaliadas por meio do PRAD – F..............................................................................................76
Tabela 26: Grau de Inteligibilidade de Fala relacionada às Habilidades Sociais de
Comunicação.............................................................................................................................77
Tabela 27: Categorização da Resposta frente a três situações estruturadas de interação de
acordo com o Grau de Inteligibilidade de Fala dos participantes.............................................79
Tabela 28: Classificação dos participantes quanto ao Grau de Desvio Fonológico, Grau de
Inteligibilidade de Fala, Desempenho em Habilidades Sociais de Comunicação e Dificuldades
nas classes de HSC....................................................................................................................81
XVIII
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
- Quadros:
Quadro 1. Domínio dos Fonemas........................................................................................... 06
Quadro 2. Domínio dos Encontros Consonantais................................................................... 08
Quadro 3. Processos Fonológicos........................................................................................... 10
Quadro 4. Produtividade dos Processos Fonológicos de acordo com a idade........................ 12
Quadro 5. Componentes das Habilidades Sociais.................................................................. 28
Quadro 6. Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Global e fatorial do Instrumento
SSRS-BR na avaliação das mães............................................................................................. 63
Quadro 7. Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Global e fatorial do Instrumento
SSRS-BR na avaliação das professoras................................................................................... 71
- Gráficos:
Gráfico 1. Classificação individual quanto ao grau de Desvio Fonológico............................ 75
Gráfico 2. Grau de Inteligibilidade de Fala de acordo com a Classificação do Desvio
Fonológico............................................................................................................................... 76
XIX
LISTA DE SIGLAS
ABFW - Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e
pragmática
AEDL - Alteração Específica do Desenvolvimento da Linguagem
AL - Alteração de Linguagem
CB - Critério Brasil
DF – Desvio Fonológico
GIF – Grau de Inteligibilidade de Fala
HSC – Habilidades Sociais de Comunicação
PF - Processos Fonológicos
PRAD-F - Protocolo de Registro de Avaliação do Desempenho
PRR -CeC - Protocolo de Registro de Resposta (Cenário Comportamental)
SSRS-BR - Instrumento de Avaliação das Habilidades Sociais - Brasil
P1 - Participante 1
P2 - Participante 2
P3 - Participante 3
P4 - Participante 4
P5 - Participante 5
P6 - Participante 6
P7 - Participante 7
P8 – Participante 8
P9 – Participante 9
P10 – Participante 10
XX
Resumo
ResumoResumo
Resumo
CARLINO, F. C. (2010). Relação entre Inteligibilidade de Fala e Habilidades Sociais de
Comunicação em Crianças com Desvio Fonológico. Dissertação de mestrado. Programa de
Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos-UFSCar. São
Carlos, Brasil.
Resumo
A linguagem é considerada a primeira forma de socialização da criança, porém,
durante o processo natural de aquisição da linguagem é possível que algumas crianças
experienciam dificuldades, podendo apresentar o que são chamadas de alterações de
linguagem, que podem causar um impacto tanto no desenvolvimento psicológico quanto
social do indivíduo. Entre vários problemas, os mais comuns são: timidez, isolamento social,
dificuldades escolares, podendo também sofrer preconceitos por seus pares e até mesmo
experenciar o fracasso escolar. Dessa maneira, o objetivo do presente estudo é O objetivo do
presente estudo foi analisar a relação entre o grau de inteligibilidade de fala e as habilidades
sociais de comunicação em crianças com diagnóstico de Desvio Fonológico. Participaram da
pesquisa, 10 crianças entre 6 e 8 anos, de ambos os sexos, suas es e seus professores.
Inicialmente as mães responderam ao instrumento SSRS-BR (Sistema de Avaliação das
Habilidades Sociais - versão M), que tem como objetivo medir a freqüência com que a criança
apresenta certas habilidades sociais e o Critério Brasil, para classificar o nível econômico de
acordo com o poder aquisitivo da família. Em seguida as professoras responderam ao
instrumento (SSRS-BR versão P) com o mesmo objetivo do SSRS-BR aplicado ás mães.
Por fim, as crianças foram avaliadas por meio do instrumento ABFW, com o objetivo de
analisar a gravidade do Desvio Fonológico, sendo que o cálculo foi baseado no Percentual de
Consoantes Corretas (PCC) e avaliação do grau de Inteligibilidade de Fala que foi
caracterizado de acordo com as definições: Insuficiente, Regula e Boa. E por fim, as crianças
foram filmadas em três situações estruturadas de interação com a finalidade de observar os
comportamentos em habilidades sociais de comunicação. As filmagens foram analisadas por
dois juízes treinados com base na presença ou ausência de determinado comportamento. Cada
filmagem obteve duração de 10 minutos, totalizando 30 minutos. Os dados foram organizados
no banco de dados do SPSS 17.0 for Windows e analisados com relação ao escore global e
fatorial de cada uma das medidas. De maneira geral as mães avaliaram seus filhos com nível
de habilidades sociais entre médio e alto, demonstrando nenhuma ou quase nenhuma
dificuldade relacionada às habilidades sociais. Enquanto que as professoras avaliaram os
participantes com nível de habilidades sociais entre médio e baixo. Além de classificá-los
com problemas de comportamento entre médio e alto. Foi possível observar uma semelhança
entre os participantes com relação ao nível mais alto de problemas internalizantes (tais como
depressão e ansiedade. O presente estudo pode concluir uma relação estatisticamente positiva
entre o GIF e HSC de crianças com desvio fonológico. Dessa maneira, para estudos futuros,
sugere-se a inclusão de outras alterações de linguagem, com o principal objetivo de inferir
déficits em Habilidades Sociais de Comunicação, pois dessa maneira será possível realizar
intervenções que possibilitem tanto a redução quanto superação das dificuldades em âmbito
social.
Palavras-chave: Comunicação, Desenvolvimento da Linguagem, Desvio Fonológico,
Habilidades Sociais.
XXII
Abstract
AbstractAbstract
Abstract
CARLINO, F. C. (2010). Relationship Between Speech Intelligibility and Social
Communication Skills in Children with Phonological Disorders. Masters dissertation.
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos-
UFSCar. São Carlos, Brasil.
Abstract
The language is considered the first form of socialization of the child, but during the natural
process of language acquisition is possible that some children experience difficulties and may
have what are called language disorders, which may impact both on the psychological
development and social conditions. Among several problems, the most common are: shyness,
social isolation, academic difficulties, and may also suffer prejudice by their peers and even
genuinely experience school failure. Thus, the purpose of this study is the purpose of this
study was to analyze the relationship between the degree of speech intelligibility and social
skills of communication in children diagnosed with phonological disorder. Participated in the
study, 10 children between 6 and 8 years of both sexes, their mothers and their teachers.
Initially, the mothers responded to the instrument SSRS-BR (System of Evaluation of Social
Skills - M version), which aims to measure the frequency with which the child has certain
social skills and Brazil Criterion to categorize the economic level of agreement with the
power purchasing family. Then the teachers responded to the instrument (SSRS-BR - W
version) with the same goal of SSRS-BR applied to mothers. Finally, children were assessed
using the instrument ABFW, in order to analyze the severity of phonological disorder, and the
calculation was based on the percentage of consonants correct (PCC) and assessment of the
Speech Intelligibility was characterized According to the settings: Low, Regulation and Good.
Finally, children were shot in three situations structured interaction with the purpose of
observing the behavior in social skills of communication. The recordings were analyzed by
two trained judges based on the presence or absence of certain behavior. Each film obtained
for 10 minutes, totaling 30 minutes. The data were organized in the database of SPSS 17.0 for
Windows and analyzed with respect to the overall score of each factor and measures. In
general the mothers rated their children with a level of social skills among middle and high,
showing little or no difficulty related to social skills. While the teachers rated the participants
with a level of social skills among middle and bottom. In addition to classifying them as
behavioral problems of medium and high. It was possible to observe a similarity between the
participants in relation to the higher level of internalizing problems (such as depression and
anxiety. This study can conclude a positive statistical relationship between the GIF and HSC
of children with phonological disorders. Thus, in future studies, it is suggested to include
other language disorders, with the primary goal of inferring social skills deficits in
communication, because that way you can make interventions that allow both the reduction
and overcoming difficulties in the social .
Keywords: Communication, Development of Language, Phonological Disorder, Social Skills.
Introdução
IntroduçãoIntrodução
Introdução
Introdução
2
CAPÍTULO - Introdução
A comunicação humana é a habilidade de transmitir informações, relatar
sentimentos, desejos, experiências, conhecimentos, por meio de símbolos sonoros,
iconográficos e gestuais (NICOLOSI; et. al., 1996). A linguagem refere-se a este
conjunto de símbolos convencionais, além de um conjunto de procedimentos (regras),
os quais combinados são utilizados para a comunicação interpessoal (RIGOLET, 1998;
LAW, 2001).
A linguagem representa um papel fundamental na interação do ser humano
com o meio, permitindo ao indivíduo estruturar o seu pensamento, traduzir o que sente,
expressar o que conhece e se comunicar com os demais. Segundo Borges; Salomão
(2003), a linguagem é considerada a primeira forma de socialização da criança, e, na
maioria das vezes, é efetuada explicitamente pelos pais por meio de instruções verbais
durante atividades diárias. Dessa forma, a criança tem acesso, antes mesmo de aprender
a falar, a valores crenças e regras, entrando em contato com os conceitos de sua cultura.
Durante o processo de aquisição da linguagem a criança desenvolve quatro
sistemas interdependentes: o pragmático, que se refere ao uso comunicativo da
linguagem em um contexto social; o fonológico, envolvendo a percepção e a produção
de sons para formar palavras; o semântico, respeitando as palavras e seu significado; e o
gramatical, compreendendo as regras sintáticas e morfológicas para combinar palavras
em frases compreensíveis (FRANCO, et. al., 2003). Dessa maneira pode-se afirmar que
os sistemas fonológico e gramatical conferem à linguagem a sua forma, enquanto que o
sistema pragmático descreve o modo como a linguagem deve ser adaptada a situações
sociais específicas, transmitindo emoções e enfatizando significados (CERVERA-
MÉRIDA; YGUAL-FERNÁNDEZ, 2003).
A aprendizagem do código lingüístico baseia-se no conhecimento adquirido em
Introdução
3
relação à exploração de objetos, ações, locais etc. O resultado da interação complexa
entre as capacidades biológicas inatas e a estimulação ambiental evolui de acordo com a
progressão do desenvolvimento neuropsicomotor (LANDRY, et. al., 2002; COSTA, et.
al., 2002; CASTAÑO, 2003). No entanto, algumas crianças experienciam sérias
dificuldades da aquisição e desenvolvimento da mesma, podendo apresentar o que
chamamos de alterações específicas do desenvolvimento da linguagem (BISHOP, et. al.
2000; BEFI-LOPES, 2004; HAGE, et. al. 2006).
De acordo com Bloom; Lahey (1978), Alterações Específicas do
Desenvolvimento da Linguagem (AEDL) é considerada como “qualquer ruptura na
aprendizagem ou no uso de um sistema convencional de signos arbitrários usados por
pessoas de certa comunidade como código representativo da palavra para comunicar”.
As rupturas podem ocorrer nos diversos componentes da linguagem, divididos
em três categorias, forma, conteúdo e uso. Quanto à forma, podem ocorrer rupturas na
fonologia, organização dos sons e suas combinações; na morfologia, regras que
determinam a organização interna das palavras e na sintaxe, regras que especificam a
forma como as palavras serão ordenadas e a diversidade nos tipos de frases. No que diz
respeito ao conteúdo, podem ocorrer alterações a nível semântico, envolve o significado
que poderá ser extraído de forma literal ou não literal, dependendo de contextos
lingüísticos ou não lingüísticos; e por fim as alterações de uso, envolvendo a
pragmática, que engloba as regras reguladoras do uso da linguagem em contexto social,
podendo ser considerado dois aspectos, as funções/intenções comunicativas e a escolha
de códigos a utilizar (FRANCO, et. al., 2003).
Segundo a American Speech Language Hearing Association (ASHA, 1980),
uma definição para o termo alteração de linguagem (AL) é a seguinte: aquisição
anormal, envolvendo a compreensão ou expressão da linguagem oral e escrita, podendo
Introdução
4
se expressar em uma ou ambas ou ainda em alguns componentes do sistema lingüístico
(fonológico, morfológico, sintático, semântico e/ou pragmático). Indivíduos com
alterações de linguagem têm, freqüentemente, problemas no processamento de frases ou
de informação abstrata, principalmente nos aspectos de armazenamento, bem como na
recuperação da memória de curto e longo prazo. De acordo com essa definição, os
déficits poderão ser notados tanto na oralidade quanto na escrita, no que diz respeito à
recepção e expressão da linguagem.
Quando se trata da fonologia, são estudados os fonemas, a maneira como eles se
organizam e relacionam-se, além das regras a que estão sujeitos, a fim de formarem
unidades lingüísticas maiores, como as sílabas e as palavras (YAVAS et al., 1991).
O desvio fonológico é uma alteração de linguagem caracterizada pelo uso
inadequado dos sons conforme a idade, que podem envolver erros na produção,
percepção ou organização dos sons, podendo ser observado em casos de crianças que
não aprendem um ou vários sons esperados para sua idade (WERTZNER; CONSORTI,
2004). Esse desvio pode ocorrer com o grau de leve a severo em, aproximadamente,
dois a três por cento das crianças entre quatro a sete anos de idade, sendo sua ocorrência
mais freqüente nas formas mais leves.
No caso de crianças com desvio fonológico, os vínculos sociais podem ser
dificultados devido à inteligibilidade de fala (YAVAS et al., 1991). Esse tipo de
experiência pode influenciar eventos interpessoais em geral, implicando os modos de
constituição de futuras relações sociais (STERN, 1992).
Algumas pesquisas como de Shriberg; Kwiatkowski (1982a) e Keske-Soares
(2004) mostraram ser possível quantificar a gravidade do desvio fonológico, sendo
considerado como mais um recurso avaliativo a ser utilizado no tratamento com base
fonológica.
Introdução
5
A inteligibilidade da fala pode ser prejudicada ou tornar-se completamente
ininteligível na presença de processos fonológicos na fala da criança. A fala de crianças
com desvio fonológico pode ocasionar um inventário fonético restrito além de um
sistema fonológico simplificado que poderá levar a uma fala ininteligível ocasionando
problemas no ato de comunicar-se. Portanto, a interação social poderá ser prejudicada já
que os desvios ocasionarão uma diminuição da inteligibilidade.
1.1 Aquisição Fonológica
O surgimento da linguagem expressiva ocorre durante os primeiros anos de vida
da criança, período em que os fonemas são adquiridos e estabelecidos quanto às
posições nas sílabas e nas palavras e de acordo com uma cronologia que é ao que parece
similar para a maioria das crianças. (KESKE-SOARES et. al., 2004)
A aquisição fonológica envolve a percepção, a produção e também a
organização das regras, ou seja, a criança ao adquirir o fonema, aprende também a sua
distribuição tanto nas sílabas como nas palavras. Assim, durante o desenvolvimento a
criança aumenta seu inventário fonético e domina as regras fonológicas próprias de seu
sistema lingüístico considerando os fonemas, a sua distribuição e o tipo de estrutura
silábica onde ocorrem (OLIVEIRA, 2003).
Durante a aquisição fonológica, as crianças devem aprender quais os sons são
usados na sua língua e de que maneira eles são organizados. (PEREIRA; MOTA, 2002).
Segundo Wertzner; Consorti (2004) a fase de maior expansão do sistema fonológico
ocorre entre 1:6 e 4 anos, quando um aumento do inventário fonético usado nas
estruturas silábicas mais complexas possibilitando inclusive a produção das palavras
polissilábicas, porém, este período é caracterizado pela ocorrência de substituições e
omissões de sons.
Introdução
6
Dos quatro aos sete anos, a criança adquire os sons mais complexos, produz de
forma adequada as palavras mais simples e começa a usar palavras mais longas,
estabilizando o sistema fonológico. A aquisição do sistema fonológico de uma língua,
incluindo seu inventário fonético e as regras fonológicas, ocorre gradativamente até os
sete anos. Portanto, a aquisição fonológica é contínua (LAMPRECHT, 2004;
OLIVEIRA, 2003; WERTZNER; CONSORTI, 2004). Em pesquisas com crianças sem
queixas de problemas de linguagem, cognitivo ou motor foi possível observar o sistema
fonológico de crianças entre 2:1 anos e 7:0 anos. O quadro a seguir resume o domínio
dos fonemas nas posições inicial e final das palavras.
Quadro 1: Domínios dos Fonemas
Fonte: ANDRADE, et. al. 2004, ABFW – Teste de Linguagem Infantil, cap. 1, Fonologia, pag. 14.
Papel das
Cavidades Oral
e Nasal
Modo de
Articulação
Zona de
Articulação
Papel das Cordas
Vocais
Fonemas Inicial Final
surda /p/ 3;6 3;6 bilabial
sonora /b/ 3;6 3;6
surda /t/ 3;6 3;6 dental ou
alveolar
sonora /d/ 3;6 3;6
surda /k/ 3;6 3;6
plosivas
velar
sonora /g/ 3;6 3;6
surda
/f/
3;6
3;6
labiodental
sonora /v/ 3;6 3;6
surda /s/ 3;6 3;6
sonora /z/ 3;6 3;6
dental ou
alveolar
arqui /S/ 4;0 4;0
surda
/ /
3;6 3;6
fricativas
palatal
sonora
3;6 3;6
dental sonora /l/ 3;6 3;6
laterais
palatal sonora
- 4;0
simples sonora
- 4;0
múltipla sonora /r/ 3;6 3;6
Oral
vibrantes
arqui /R/ 5;6 5;0
bilabial sonora /m/ 3;6 3;6
dental/
alveolar
sonora /n/ 3;6 3;6
Nasal
palatal sonora
- 3;6
Introdução
7
O desenvolvimento fonológico implica a aquisição de um sistema de sons
profundamente ligado ao crescimento global da criança em relação ao idioma e embora
seja possível identificar tendências gerais, cada criança desenvolve sua linguagem de
forma particular (LOWE, 1996).
algumas discordâncias em relação à aquisição fonológica de crianças
normais e crianças com desvios. Stoel-Gammon; Dunn (1985) referem que crianças
com desvios fonológicos passam pelo processo de aquisição de modo diferente das
crianças normais. Para Mota (1990) e Chin; Dinssen (1992) existem mais semelhanças
do que diferenças entre crianças com desvios fonológicos evolutivos e crianças com
desenvolvimento normal. Os autores apontam que as crianças com dificuldades
fonológicas têm, em sua maioria, um atraso na aquisição do sistema de sons de sua
língua apresentando padrões de fala semelhantes ao das crianças normais, porém em
idades mais avançadas.
As crianças que não demonstram nos padrões de sua fala estar de acordo com
esta cronologia apresentam atrasos ou desvios na aquisição deste aspecto da língua e por
este motivo devem receber uma atenção especial (OLIVEIRA, 2003; LAMPRECHT,
2004; WERTZNER; CONSORTI, 2004).
O quadro a seguir caracteriza o domínio dos encontros consonantais, no inicio e
final das palavras de acordo com a idade. O traço (-) no quadro indica que não
palavras que apresentam, no inicio ou final, determinado encontro consonantal
Introdução
8
Quadro 2: Domínio dos Encontros Consonantais
Fonte: ANDRADE, et al. 2004, ABFW – Teste de Linguagem Infantil, cap. 1, Fonologia, PA
1.2 Desvio Fonológico
Até a década de 80, as crianças que apresentavam qualquer alteração de fala
eram consideradas como tendo um distúrbio articulatório. Desde então, tem havido uma
maior preocupação em compreender o porquê a criança apresenta uma fala ininteligível,
procurando-se apontar as características dessa alteração e a melhor forma de tratá-la
(WERTZNER, 2003). Os primeiros a concluírem que o que existem são alterações de
natureza fonológica foram Compton (1970) e Oller (1973).
Ingram (1976) caracterizou as desordens de fala desconsiderando o pressuposto
de ser um “distúrbio articulatório” de ordem puramente motora e, sim, como uma
dificuldade em estabelecer, de forma adequada, o sistema fonológico padrão da
comunidade lingüística da criança.
Segundo Grunwell (1981), o desvio fonológico evolutivo (DFE) é uma
desordem lingüística que se manifesta pelo uso de padrões anormais no meio falado da
Encontros Consonantais Posição Inicial (Idade) Posição Final (Idade)
/pR/
/bR/
/tR/
/dR/
/kR/
/gR/
/fR/
/vR/
/pl/
/bl/
/kl/
/gl/
/fl/
4;0
4;0
5;0
4;6
4;0
4;0
4;6
-
6;6
5;6
4;6
4;0
4;6
-
4;0
-
-
-
-
-
4;0
-
-
-
-
-
Introdução
9
linguagem. As dificuldades de pronúncia nos desvios fonológicos englobam um grande
número de sons da fala, principalmente consoantes e encontros consonantais, porém não
é possível detectar nenhuma patologia orgânica que seja subjacente à desordem.
Mota (2001), afirmou que quando uma criança apresenta dificuldades
específicas para o aprendizado da linguagem, afetando a produção da fala, na ausência
de fatores etiológicos conhecidos e detectáveis (por exemplo, déficit intelectual,
desordens neuromotoras, distúrbios psiquiátricos etc.), deve-se dizer que ela possui um
“desvio fonológico evolutivo”.
Observa-se que no desenvolvimento normal ocorrem processos como omissões e
substituições, os quais devem desaparecer ao longo do tempo, sendo esperados
determinados processos para cada faixa etária. Caracteriza-se o Desvio ou Transtorno
Fonológico (DF) quando os processos fonológicos (PF*) são usados de forma desviante
(não característicos do desenvolvimento) ou além da idade esperada (eliminados com
atraso), por crianças com audição normal, ausência de anormalidades anatômicas ou
fisiológicas, inteligência na média, compreensão de linguagem oral apropriada à idade
mental e exposição suficiente à língua e à interação social (OLIVEIRA; WERTZNER ,
2000). As características evolutivas referem-se a processos normais persistentes,
desencontro cronológico, uso variável de processos, preferência sistemática por um som
e processos incomuns (idiossincráticos).
____________
PF* - constituem mudanças sistemáticas de som que afetam uma classe de sons ou uma seqüência de
sons. Os processos são descrições de padrões que ocorrem regularmente, observados na fala da criança e
que operam com o objetivo de simplificar os sons alvos do adulto (LOWE, 1996).
Introdução
10
Quadro 3. Processos Fonológicos
Fonte: ANDRADE, et al, ABFW – Teste de Linguagem Infantil, cap. 1, Fonologia, pags. 10 e 11,. 2004
.
Legenda: Processos fonológicos observados durante o desenvolvimento
Processos fonológicos não observados frequentemente durante o desenvolvimento
Processos Fonológicos Exemplos
1. Redução de sílaba: quando a perda de uma das
sílabas do vocabulário.
/pato/ - [pa]
2. Harmonia consonantal: um fonema sobre a
interferência de um vizinho que o antecede ou o
segue.
/makakU/ - [kakaku]
3. Plosivação de fricativas: o modo de articulação dos
fonemas fricativos é transformado em plosivo.
/sapU/ - [tapu]
/vaka/ - [baka]
4. Posteriorização para velar: um fonema plosivo
linguodental se transforma em um plosivo velar.
/tatU/ - [kaku]
/dosi/ - [gosi]
5. Posteriorização para palatal: a alteração da
zona de articulação transformando um fonema
fricativo palatal em um fonema fricativo alveolar.
/sapU/ - [ apu]
/zebRa/ - [ ebRa]
6. Frontalização de velares: um fonema plosivo velar
transforma-se em um plosivo linguo-alveolar
/karU/ - [taru]
/gaRfU/ - [ga fu]
7. Frontalização de palatal: o falante anterioriza a
produção de uma consoante fricativa palatal,
transformando-a geralmente numa fricativa alveolar.
/ avE/ - [save]
/ elU/ - [zelu]
8. Simplificação de líquidas: esse processo inclui a
substituição, a semivocalização e a omissão das
vibrantes.
/bolU/ - [bo u] ou – [bo u]
/mi U/ - [milu] ou – [miyu]
/kara/ - [kala] ou – [kaya]
9. Simplificação do encontro consonantal: o falante
elimina um dos membros do encontro, em geral, a
consoante líquida. Esse processo é aplicado tanto às
estruturas consoante + /l/ como consoante + /r/ (ClV e
CrV).
/pRatU/ - [patu] ou – [platu]
/bluza/ - [buza] ou – [b uza]
10. Simplificação de consoante final: o falante elimina
ou substitui a consoante final do vocábulo ou da
sílaba, considerando-se a estrutura silábica CVC.
/tãboR/ - [tãbo] ou – [tãboy]
/paSta/ - [pata]
11. Sonorização de plosivas: ocorre quando um
fonema plosivo surdo é substituído pelo seu
correspondente sonoro.
/patU/ - [badu]
/karu/ - [garu]
12. Sonorização de fricativas: ocorre quando um
fonema fricativo é substituído pelo sei correspondente
sonoro.
/faka/ - [vaka]
/sapU/ - [zapu]
13. Ensurdecimento de plosivas: quando um fonema
plosivo sonoro é substituído pelo seu correspondente
surdo
/bolU/ - [polu]
/dedU/ - [tetu]
/gota/ - [kota]
14. Ensurdecimento de fricativas: é observado quando
um fonema fricativo sonoro é substituído pelo seu
correspondente surdo.
/vazU/ - [fasu]
/ aka E/ - [ aka E]
Introdução
11
Grunwell (1981, 1990) refere a possibilidade de serem identificadas em crianças
com DFE características clínicas, fonéticas, fonológicas e evolutivas. As características
clínicas são: fala espontânea quase completamente ininteligível resultante de desvios
consonantais; idade acima de quatro anos, quando se considera que o desenvolvimento
fonológico normal está bastante estruturado; audição normal para a fala; inexistência
de anormalidades anátomo-fisiológicas do aparelho fonador; capacidades intelectuais
adequadas para o desenvolvimento da linguagem falada; compreensão da linguagem
falada apropriada à idade mental e; capacidade de linguagem expressiva aparentemente
bem desenvolvida em termos de abrangência de vocabulário.
Verifica-se, dentre as características fonéticas e fonológicas, uma quantidade e
variedade restrita de segmentos fonéticos, o que restringe as possibilidades
distribucionais; redução de combinações de traços fonéticos; quantidade limitada de
fricativas; trocas surdo/sonoro; e estruturas fonotáticas das sílabas reduzidas a CVCV
(Consoante-Vogal-Consoante-Vogal). Observa-se inadequada interação comunicativa
decorrente da falta de potencial contrastivo e da variabilidade na realização das
palavras. Por isso, o sistema fonológico apresenta limitações, o que torna a fala das
crianças ininteligível em maior ou menor grau.
Introdução
12
Quadro 4: Produtividade dos Processos Fonológicos de acordo com a idade
(Fonte: ANDRADE, et al. 2004, ABFW – Teste de Linguagem Infantil, cap. 1, Fonologia, pags. 15 e 16).
Legenda: Processos fonológicos observados durante o desenvolvimento;
Processos fonológicos não observados frequentemente durante o desenvolvimento.
Uma distinção importante diz respeito à natureza fonética ou fonológica dos
distúrbios da fala. A dificuldade de natureza fonética resulta de deficiências no
planejamento e na execução de seqüências de gestos dos órgãos da fala, necessários
para o movimento dos articuladores de forma rápida e precisa. Os erros são, portanto,
decorrentes de uma dificuldade no nível periférico (WERTZNER, 2003). Por outro
lado, no DF, a dificuldade está na representação mental da regra fonológica. Isso quer
Processos Fonológicos (PF)
Idade Prevista Para Eliminação do Uso
Produtivo
1. Redução de sílaba.
2. Harmonia consonantal.
3. Plosivação de fricativas.
4. Posteriorização para velar.
5. Posteriorização para palatal.
6. Frontalização de velar.
7. Frontalização de palatal.
8. Simplificação de líquida.
9. Simplificação do encontro consonantal.
10. Simplificação de consoante final.
11. Sonorização de plosivas.
12. Sonorização de fricativas.
13. Ensurdecimento de plosivas.
14. Ensurdecimento de fricativas.
15. Outros.
2;6 anos
2;6 anos
2;6 anos
3;6 anos
4;6 anos
3;0 anos
4;6 anos
3;6 anos
7;0 anos
7;0 anos
----
----
----
----
----
Introdução
13
dizer que o indivíduo tem dificuldades em fazer uso das regras da fonologia de sua
língua. Portanto, pode-se afirmar que o DF caracteriza-se pela alteração na
inteligibilidade da fala resultante de simplificações das regras fonológicas
(WERTZNER; OLIVEIRA, 2002).
O DF constitui uma das dificuldades de comunicação mais prevalentes em
crianças de idade pré-escolar e escolar (GIERUT, 1998). Além das possíveis
conseqüências do DF, como dificuldades no desenvolvimento escolar, social e
emocional. No Brasil, foi apontado por Wertzner; Oliveira (2002), que
aproximadamente 2 a 3% apresentam este distúrbio em grau moderado a severo, tendo
ocorrência superior nas formas mais leves. No estudo de Araújo et al. (1998), por
exemplo, 21,36% das crianças avaliadas (faixa etária entre 4 e 11 anos) apresentaram
alterações de fala. Dessas crianças, 95,46% apresentaram desvios fonológicos e/ou
fonéticos e fonológicos.
Para Lamprecht (2004), dentro do conceito de desvio fonológico deve-se notar
que desvio é um afastamento de uma linha e não um distúrbio ou perturbação, que
um sistema, embora inadequado. Ela ainda menciona que o desvio ocorre em um dos
componentes da linguagem (fonológico) e não no nível articulatório, e durante o
desenvolvimento da criança. A etiologia do desvio é desconhecida, embora haja
trabalhos envolvendo possíveis fatores influentes. O desvio fonológico pode ser
caracterizado quanto à gravidade, bem como quanto às características presentes no
sistema fonológico destes sujeitos.
Uma pesquisa realizada em clínica-escola indicou que, entre as alterações de fala
atendidas, 72,5% eram desvios fonológicos (SANTOS; GRAMINHA, 2006). Apesar de
haver estudos que não apontam diferenças significantes de prevalência quanto ao sexo
(ROBERTS, et. al., 1990), a maioria indica que esta alteração é mais freqüente em
Introdução
14
sujeitos do sexo masculino (SANTOS; GRAMINHA, 2006, SHRIBERG, et. al. 1986,
WERTZNER; OLIVEIRA, 2002), sendo encontrados índices de 73% a 76% (SANTOS;
GRAMINHA, 2006).
O final da aquisição normal coincide, portanto, com a faixa etária em que se
inicia a alfabetização. As crianças que dominam os fonemas estão mais preparadas
para transferir as regras fonológicas para a leitura e escrita (WERTZNER, 1995;
WERTZNER; CONSORTI, 2004). O aspecto fonológico é também freqüentemente
apontado como relacionado a outros aspectos da linguagem (GIERUT, 1998; BEFI-
LOPES; PALMIERI; 2000; YAVAS; et. al., 2001; BEFI-LOPES et. al. 2003;
WERTZNER, et. al., 2005). Dessa forma, uma das mais preocupantes conseqüências de
uma alteração fonológica é o risco para dificuldades na linguagem escrita (GIERUT,
1998), além de interferir em aspectos sócio-emocionais devido à ininteligibilidade na
fala da criança (SHRIBERG, et. al. 1986; WERTZNER; CONSORTI, 2004).
1.3 Gravidade do Desvio Fonológico
Diversas pesquisas enfatizam a importância de se classificar os desvios
fonológicos, tanto qualitativamente (HODSON & PADEN, 1983, 1991; GRUNWELL,
1997; INGRAM, 1997; KESKE-SOARES, 2001) quanto quantitativamente
(SHRIBERG; KWIATKOWSKI, 1982; KESKE-SOARES, 2001; BLANCO; et. al.,
2002).
Hodson & Paden (1983, 1991) estudaram crianças falantes do inglês e
classificaram os desvios fonológicos, com base em processos fonológicos, em quatro
níveis de inteligibilidade. Em cada nível ocorrem principalmente determinados
processos. No nível 0, considerado ininteligível, em que a comunicação é estabelecida
essencialmente através de gestos, é caracterizado pelas omissões, principalmente de
Introdução
15
obstruintes e líquidas. No nível 1, essencialmente ininteligível, o qual é marcado por
omissões de sílabas, de consoantes simples pré-vocálicas, de consoantes simples pós-
vocálicas e por apagamento de encontro consonantal. No nível 2, algumas vezes
inteligível, é caracterizado pelo redução do encontro consonantal e de fonemas
estridentes. No nível 3, geralmente inteligível, manifesta alterações não-fonêmicas,
como protrusão de língua, incluindo sigmatismos anterior e lateral.
Através de uma perspectiva desenvolvimental, Grunwell (1997) classificou os
desvios fonológicos em três categorias: desenvolvimento atrasado, no qual a criança
desenvolve um padrão de pronúncia adequado, porém de uma maneira mais lenta;
desenvolvimento irregular, em que a presença de alguns padrões apropriados para a
idade e por outros padrões que podem estar atrasados ou adiantados; e desenvolvimento
incomum, caracterizado pelo uso de padrões que são incomuns de ocorrerem no
desenvolvimento, considerados idiossincráticos ou atípicos.
Partindo da análise das características individuais de crianças com desvios
fonológicos, Ingram (1997) apresentou uma tipologia centrada na observação do
sistema fonológico da criança e na comparação do sistema em relação ao tamanho do
vocabulário da criança. Quatro tipos de padrões de desvio foram determinados: Tipo 1
com atraso fonológico; Tipo 2 com fonologias desenvolvimentais distintas; Tipo 3
com padrões fonológicos influenciados socialmente; Tipo 4 com desordens no
desenvolvimento supralaríngeo.
Shriberg; Kwiatkowski (1982) foram pioneiros no estudo da gravidade do desvio
fonológico, propondo uma análise quantitativa para verificar a gravidade do desvio
fonológico. Os autores realizaram um estudo retrospectivo no qual classificaram 43
crianças com desvios de fala. A análise baseou-se no cálculo do Percentual de
Consoantes Corretas (PCC), o qual foi obtido através da divisão do Número de
Introdução
16
Consoantes Corretas (NCC) pelo Número de Consoantes Corretas (NCC) adicionado ao
Número de Consoantes Incorretas (NCI), multiplicado por cem. A partir do resultado do
PCC, o desvio fonológico das crianças participantes pôde ser classificado como severo
(PCC < 50%), moderadamente-severo (50% < PCC < 65%), médio-moderado (65% <
PCC < 85%) e médio (85% < PCC < 100%). Os autores associaram outros parâmetros,
para os casos em que os valores eram coincidentes a dois grupos. Além disso,
concluíram que a determinação do índice PCC pode contribuir para a escolha das
condutas e métodos a serem adotados durante o processo terapêutico. Esta proposta é
amplamente utilizada na literatura como parâmetro de determinação da gravidade do
desvio fonológico. Shriberg et al. (1997) propuseram a Porcentagem de Consoantes
Corretas-Revisada, a qual é bastante utilizada e considera como erro substituições e
omissões. Esse cálculo é recomendado quando os falantes apresentam idades e
características de fala variadas.
Keske-Soares (2001) a partir de seu estudo com 35 sujeitos com desvio
fonológico, cuja média de idade era de 5:5, utilizou em sua pesquisa o Percentual de
Consoantes Corretas (PCC), proposto por Shriberg; Kwiatkowski (1982), para a
identificação da gravidade do desvio fonológico. A partir disto, propôs diversas análises
com base nos “erros” de fala. Os valores estatisticamente significativos encontrados
foram: Relação Consoantes Corretas-Incorretas (RCCI); Percentual Consoantes
Omitidas (PCO); Percentual de Consoantes Substituídos (PCS). De acordo com a
autora, esses índices (RCCI, PCC, PCO e PCS) devem ser utilizados para uma análise
precisa e confiável dos dados em relação à gravidade do desvio fonológico. Ainda, a
partir dos resultados obtidos, a autora propôs as seguintes classificações para o desvio
fonológico: severo (PCC < 50%), moderado-severo (51% < PCC < 65%), médio-
moderado (66% < PCC < 85%) e médio (86% < PCC < 100%).
Introdução
17
Blanco (2002) caracterizou a gravidade dos desvios fonológicos a partir dos
Percentuais de Consoantes Substituídas (PCS) e Omitidas (PCO) de 77 sujeitos com
desvio fonológico, cuja média de idade era 5:5. Com a análise do PCS e das
substituições em termos de processos fonológicos foi possível a classificação do desvio
em: Predominantemente Severo (PSev), Predominantemente Moderado-Severo (PMod-
Sev), Predominantemente Médio-Moderado (PMéd-Mod) e Predominantemente Médio
(PMéd); a análise do PCO e das omissões em termos de processos fonológicos permitiu
a classificação do desvio em: Predominantemente Severo/Moderado-Severo
(PSev/Mod-Sev), Predominantemente Médio-Moderado (PMéd-Mod) e
Predominantemente Médio (PMéd).
1.4 Inteligibilidade de Fala
A inteligibilidade de fala é o grau de clareza com que cada emissão é
compreendida pela maioria dos ouvintes (NICOLOSI, et. al, 1989). Crianças com
desvios fonológicos possuem uma diminuição da inteligibilidade da fala o que é
bastante preocupante. Conforme Bernthal; Bankson (1998), a inteligibilidade é o fator
mais importante para se determinar quando é necessária a intervenção e para se medir a
efetividade das estratégias terapêuticas. Segundo Hodson (1994), o grande objetivo dos
fonoaudiólogos é tornar a fala de uma criança com desvio fonológico inteligível.
Acredita-se que nessas crianças, além da fala, a ininteligibilidade é muito influenciada
por variáveis pragmáticas, contextuais e lingüísticas (GORDON-BRANNAN, 1994).
Wertzner; Oliveira (2002) afirma que índices de gravidade, como o PCC de Shriberg;
Kwiatkowski (1982b), explicam somente 20% da variação da inteligibilidade dessas
crianças, sendo que as outras variações de inteligibilidade seriam devidas aos padrões
de erros, à linguagem produtiva e mais envolvimento de voz e prosódia.
É importante considerar, em relação à inteligibilidade, que o mesmo padrão se
Introdução
18
torna familiar quando o ouvinte se acostuma com ele e que, dependendo do falante, do
ouvinte, do contexto, da mensagem ou das características de interação, pode ou não
haver uma eficiência comunicativa (SHRIBERG; KWIATKOWSKI, 1982).
Para Yavas; Lamprecht (1990), a inteligibilidade poderia sofrer a influência de
variáveis como a quantidade de sons nos erros, a freqüência de ocorrência de erros, a
variabilidade dos mesmos e a semelhança entre o som-alvo e a realização pelo sujeito.
A inteligibilidade também poderia ser afetada pelo conhecimento que o ouvinte tem do
contexto e do falante e por sua experiência com a fala com desvios.
Duas importantes tentativas de explicar a inteligibilidade são de Ingram (1976) e
Shriberg; Kwiatkowski (1982). Para o primeiro, a criança com muitas homonímias pode
ter uma fala ininteligível, sua relação de inteligibilidade é com a presença de
homonímias, com a quantidade de itens lexicais diferentes associados a uma mesma
forma fonológica. Shriberg; Kwiatkowski (1982) apresentam procedimentos
sistemáticos mais detalhados para uma escala de gravidade de erros, na qual, por meio
de uma porcentagem de consoantes corretas, seria possível identificar o grau de
severidade julgado por ouvintes não conhecedores do contexto ou da criança.
Outro importante estudo foi o de Yavas; Lamprecht (1990), que coletaram
amostras de quatro crianças falantes do Português Brasileiro (PB) e as analisaram
quanto aos processos fonológicos. Posteriormente, essas amostras foram apresentadas a
20 ouvintes adultos para que estes avaliassem a inteligibilidade da fala das amostras. A
quantidade de processos e suas percentagens foram calculadas e depois confrontadas
com os resultados do teste de inteligibilidade. Os juízes (ouvintes adultos), que
representaram três níveis educacionais (primária, secundária e universitária) e três
faixas etárias (18 a 24, 25 a 45 e 46 a 72 anos) de ambos os sexos, ouviram um trecho
de um minuto de fala espontânea das crianças e as classificaram quanto a maior ou
Introdução
19
menor inteligibilidade dentre as amostras apresentadas.
As informações dos autores a partir dos resultados apresentados no estudo foram
de que quanto mais alta for a percentagem de palavras com processos maiores são as
chances de diminuir a inteligibilidade, e quanto maior a possibilidade de criação de
homonímias, maior a possibilidade de ser mais destrutiva à inteligibilidade, assim como
a contribuição do tipo de processo e sua interação com a co-ocorrência de processos.
Em seu estudo Casella (2002) aplicou uma escala composta de seis níveis, a saber: I
Incompreensível: não consigo entender nada do que diz, mesmo com a fala da terapeuta;
PC Pouco Compreensível: entendo algumas palavras, mas não o todo da mensagem.
Necessito da fala da terapeuta para compreendê-lo; CT Compreensível Terapeuta:
entendo palavras o suficiente para entender o todo da mensagem, mas com a fala da
terapeuta; C Compreensível: entendo palavras o suficiente para entender o todo da
mensagem, mesmo sem a fala da terapeuta; MC – Muito Compreensível: entendo
muitas palavras e o todo da mensagem, fugindo-me apenas uma ou outra palavra. Não
necessito da fala da terapeuta; TC Totalmente Compreensível: entendo tudo o que é
dito, apesar das trocas, sendo fácil criar uma “tradução” ao que a criança diz. A escala
foi apresentada, juntamente com uma fita contendo a fala de quatro crianças com
desvios fonológicos falando com seu terapeuta, a 20 adultos julgadores, 10 leigos e 10
estagiárias de Fonoaudiologia, com idade entre 18 e 35 anos, os quais ouviram a fita e
classificaram as falas apresentadas conforme os níveis da escala descrita anteriormente.
As narrativas foram escolhidas pela ocorrência de processos que afetam traços
fonológicos distintos nas substituições e processos seqüenciais.
Após a análise e discussão dos resultados dos julgamentos de cada sujeito foi
possível observar que houve distinção entre leigos e estagiárias, que os leigos
demonstraram maior tolerância com a fala dos sujeitos. A autora ainda relata que o tipo
Introdução
20
de processo fonológico interfere na classificação da inteligibilidade, sugerindo a ordem
crescente de inteligibilidade como: plosivização menor que dessonorização, e estas
menores que os processos com líquidas não-laterais.
Outro fato importante levantado por Casella (2002), referente à escala de
inteligibilidade, é a possibilidade de sua relação diretamente proporcional à ocorrência
e/ou freqüência dos processos na população com desvios ou aquisição típica. Nos
resultados obtidos foi constatada a relação: maior freqüência do processo igual a maior
inteligibilidade.
Para participar da pesquisa de Wertzner; Oliveira (2002) foram selecionados 50
sujeitos, entre 4:0 e 11:0 anos de idade, com diagnóstico de desvio fonológico. A
pesquisa foi realizada em duas partes, sendo que no primeiro momento houve a coleta
de dados das provas de Fonologia e suas análises e, posteriormente, o julgamento
perceptual da severidade e inteligibilidade pelos juízes, os quais foram 12 alunos do
ano, 12 do ano, 12 do ano, 12 do ano do Curso de Fonoaudiologia da FMUSP e
12 mestrandos fonoaudiólogos, totalizando 60 juízes. Os juízes tiveram a função de
classificar a Inteligibilidade de Fala e aplicar um Índice de Severidade do Desvio
Fonológico.
As conclusões da autora foram de que os desvios fonológicos apresentados pelos
sujeitos estudados foram bastante influenciados por nove processos fonológicos que,
por ordem decrescente de ocorrência, foram: simplificação do encontro consonantal,
simplificação de líquidas, eliminação da consoante final, frontalização da palatal,
ensurdecimento de fricativas, ensurdecimento de plosivas, plosivização de fricativas,
frontalização de velar e posteriorização para palatal. Nesse estudo houve correlação
entre o julgamento perceptual dos juízes e os valores do índice PCC. Pelo julgamento
perceptual, os sujeitos foram classificados por grau de severidade, em ordem
Introdução
21
decrescente de número de sujeitos em: levemente-moderado, leve, moderadamente-
severo e severo. Para a inteligibilidade de fala o julgamento mostrou em ordem
decrescente de número de sujeitos: boa, regular e insuficiente. O número de
substituições e omissões aumentou na medida em que aumentou o grau do julgamento
da ininteligibilidade de fala. O julgamento da severidade e da inteligibilidade de fala
mostrou que quanto mais severa a classificação da fala mais ininteligível também ela é.
Outro estudo sobre inteligibilidade de fala é de Collares (2003) que teve como
objetivo principal a criação de itens de uma escala de Likert (NUNNALLY, 1978) e a
avaliação da fidedignidade da mesma na classificação de inteligibilidade de fala em
crianças com desvios fonológicos. A amostra julgada foi composta de seis narrativas
espontâneas de crianças na faixa etária de 4 a 9 anos, com desvios fonológicos, uma
narrativa com aquisição fonológica concluída e cinco apresentando processos
fonológicos descritos na literatura como comuns ao Português Brasileiro (PB) e, de
modo especial, muito freqüentes em sujeitos com desvios fonológicos, tais como:
dessonorização; apagamento de líquida final e redução de encontros consonantais;
plosivização e os processos de alternância de ponto de articulação, como a
anteriorização de fricativas palatais e a anteriorização de plosivas velares.
A população julgadora foi composta por 103 adultos (52 homens e 51 mulheres),
na faixa etária entre 18 e 39 anos, com escolaridade de nível fundamental, médio e
superior. Os julgadores foram instruídos a ouvir a amostra de fala de cada criança e a
classificá-las em um dos níveis da seguinte escala: 1. Nada Compreensível, quando não
era possível entender as palavras ditas e também o sentido da mensagem; 2. Pouco
Compreensível, quando era possível entender poucas palavras com dificuldade, mas não
entender o sentido da mensagem; 3. Compreensível, quando era possível compreender
algumas palavras e também era possível entender parte do sentido da mensagem; 4.
Introdução
22
Muito Compreensível, quando era possível entender a maior parte das palavras, não
todas, mas era possível entender o sentido da mensagem; 5. Totalmente Compreensível,
quando era possível entender todas as palavras e o sentido da mensagem.
Collares (2003) concluiu por meio dos resultados obtidos e dos métodos de
análise aplicados que os itens de escala criados se apresentaram fidedignos para
diferenciar inteligibilidade de fala. Também se constatou que existe uma interferência
da variável tipo de processo e da quantidade de processos, já que os sujeitos com mais
processos foram julgados como de menor inteligibilidade. A autora apontou que a
ininteligibilidade parece não ser o conceito mais adequado para a fala com desvios, e
sim inteligibilidade reduzida, que somente o sujeito com mais processos em sua fala
teve a mesma classificada como ininteligível, não sendo unânime a avaliação dos
julgadores. Além disso, as variáveis sexo e escolaridade dos juízes levaram à conclusão
que pode haver influência sutil dessas variáveis no julgamento da inteligibilidade. Outra
variável que pode ter influenciado foram os adultos julgadores que tinham filhos, o que
lhes permitia maior contato com falas infantis, foram mais tolerantes em seus
julgamentos.
Fonseca; Wertzner (2005) realizaram estudo com o intuito de verificar a
ocorrência dos tipos de erros de acordo com a estrutura silábica e a posição da sílaba,
relacionando os erros aos índices Índice de Ininteligibilidade de Fala (IIF) (SHRIBERG;
KWIATKOWSKI, 1982) e Porcentagem de Consoantes Corretas-Revisada (PCC-R)
(SHRIBERG et al., 1997) na fala espontânea. Para tal, foram coletados os dados de 30
sujeitos com idades entre 4:0 e 12:0 e diagnósticos de desvio fonológico. A amostra de
fala espontânea foi obtida a partir da narrativa de uma história com estímulo visual.
Foram analisadas as variáveis tipo e proporção de ocorrência de eventos nas estruturas
silábicas, PCC-R e IIF (correlação de Pearson). Como resultados, encontraram-se um
Introdução
23
maior número de acertos na CV (Consoante-Vogal) em sílaba inicial e final das
palavras. O tipo de erro mais freqüente foi substituição seguida pela omissão em sílaba
inicial e final. O IIF apresentou correlação alta com PCC-R. Portanto, o estudo indicou
forte associação entre a gravidade (PCC-R) e a inteligibilidade (IIF) no desvio
fonológico, confirmando a eficácia do uso destes índices para o diagnóstico e o controle
da intervenção fonoaudiológica.
Em outra pesquisa, Wertzner; et. al., (2005) procuraram classificar
perceptivamente a inteligibilidade de fala de sujeitos com desvio fonológico e relacionar
essa classificação ao uso de processos fonológicos. Participaram do estudo 50 crianças
com diagnóstico de desvio fonológico e idades entre 4:0 e 11:11 e 60 juízes, os quais
classificaram a inteligibilidade de fala. Foi utilizada prova de fonologia do Teste
Linguagem Infantil ABFW (ANDRADE; et. al., 2004). Quanto aos processos
fonológicos, os mais ocorrentes, tanto na prova de imitação quanto na de nomeação,
foram o de simplificação de encontro consonantal, simplificação de líquida e eliminação
da consoante final.
Em relação à inteligibilidade, a maioria dos sujeitos foi classificada pelos juízes
como tendo boa inteligibilidade de fala, seguida da regular e, por último, insuficiente.
Ainda, os processos fonológicos mais utilizados por crianças com nível de
inteligibilidade bom são aqueles eliminados mais tardiamente no desenvolvimento
fonológico; no nível regular, os processos de ensudercimento são mais usados; o grau
de inteligibilidade insuficiente ocorreu em apenas dois sujeitos, os quais apresentavam
como mais ocorrentes os processos de sonorização de plosiva, ensudercimento de
plosiva, plosivização de fricativa, frontalização de velar, simplificação de líquida e
posteriorização para velar. Também se detectou por esse estudo que entre as idades de
4:0 e 8:11, houve um decréscimo na classificação da inteligibilidade regular e um
Introdução
24
aumento da boa, sugerindo a relação com o desenvolvimento e o crescimento da
criança, que implica em uma fala mais precisa. As autoras concluíram que alguns
processos fonológicos de desenvolvimento parecem influenciar o julgamento perceptivo
da classificação da inteligibilidade de fala. Ainda, os processos fonológicos
característicos do final da aquisição aparentemente não causam interferência na
inteligibilidade.
Klein; Flint (2006) ressaltam que infelizmente não evidências empíricas que
ajudem o clínico a determinar os efeitos relativos dos processos fonológicos na
inteligibilidade da fala que são freqüentemente observados nas produções lingüísticas
das crianças. A partir daí, realizaram um estudo com o intuito de determinar
empiricamente quais os três processos mais freqüentemente observados na fala de
crianças com desvios fonológicos, os quais contribuem para a ininteligibilidade de fala.
No estudo, foram avaliados os efeitos relativos de três processos fonológicos
comumente observados na fala de crianças com desvio fonológico para a
inteligibilidade da fala, os quais foram os seguintes: apagamento da consoante final,
plosivização de fricativas e anteriorização de velares.
A inteligibilidade desses três processos foi medida pela Escala Revisada de
Competência Articulatória Arizona (FUDALA, 1983), sendo 25 sentenças colocadas em
três possibilidades de erros, uma para cada padrão avaliado. As gravações foram
avaliadas por dois ouvintes com experiência em desvio fonológico. Esses ouvintes
fizeram comparação fonema por fonema entre as gravações e as transcrições e
indicaram os processos ocorridos em todas as oportunidades (100% das possibilidades).
O efeito dos processos na inteligibilidade foi avaliado por um grupo de 20 estudantes
universitários (Universidade de Utah), cada um ouvindo um ou dois conjuntos de
sentenças que foram lidos em voz alta para análise. Os estudantes de fonoaudiologia
Introdução
25
foram excluídos que poderiam ter facilidade em identificar os processos fonológicos
realizados pelas crianças. Foi pedido aos estudantes que tentassem decifrar o que estava
sendo lido para eles, tendo sido instruídos a adivinhar aquelas palavras que não
entendiam precisamente. A média do resultado da inteligibilidade para cada conjunto de
sentenças foi determinada pela média da porcentagem de palavras corretamente
compreendidas por cada um dos 20 ouvintes.
Os resultados do estudo de Klein; Flint (2006) apontam que o apagamento de
consoante final teve maior efeito que a plosivização de fricativas e africadas, a qual teve
maior efeito que a anteriorização de velares na inteligibilidade, quando esses processos
ocorreram em níveis próximos dos observados na conversação espontânea. Entretanto,
os resultados diferiram quando as oportunidades para os processos ocorrerem foram
iguais. Em níveis relativamente baixos de ocorrência, a anteriorização de velares teve
menor efeito na inteligibilidade que a plosivização de fricativas e africadas e
apagamento de consoante final, mas sem diferenças significativas na inteligibilidade
foram encontradas entre os dois últimos processos. Em níveis relativamente altos de
ocorrência, não foram observadas diferenças significativas entre os três processos.
Através desse estudo, os autores sugerem que os resultados contribuem para a escolha
dos processos a serem trabalhados primeiramente na terapia.
1.5 Comunicação e Habilidades Sociais no Contexto da Educação Especial
Segundo Del Prette; Del Prette (2001) para a transmissão da mensagem são
necessárias expressões verbais e não-verbais, por isso o sistema de comunicação é
considerado altamente complexo. A comunicação verbal é mais consciente, explícita e
racional, e depende, entre outros fatores, do domínio da língua e das normas sociais de
seu uso, enquanto que a comunicação não-verbal complementa, ilustra, regula, substitui
Introdução
26
e algumas vezes se opõe à verbal. Grande parte da decodificação das mensagens ocorre
no plano não verbal mais do que verbal. Posturas, gestos, expressões faciais e
movimentos do corpo adquirem diferentes significados em função do contexto verbal e
situacional em que ocorrem.
A criança pode demonstrar intenção de comunicar-se através da forma não-
verbal, por meio de expressões faciais, sinais, e também à medida que começa a
responder, esperar pela vez, questionar e argumentar. Essa competência comunicativa
reflete a noção de que o conhecimento da adequação da linguagem a determinada
situação e a aprendizagem das regras sociais de comunicação são tão importantes
quanto o conhecimento semântico e gramatical (NOGUEIRA, et. al., 2000).
O ato de comunicar é um processo dinâmico, natural e espontâneo que exige a
interação de, pelo menos, duas pessoas, visando à partilha de necessidades,
experiências, desejos, sentimentos e ideais. Desde o nascimento, a criança necessita
estar exposta a comunicação verbal, assim como estar envolvida em interações sociais
(RIGOLET, 2000). Para Nunes (2001), comunicar é um processo interativo,
desenvolvido em contexto social, que requer um emissor que codifica ou formula a
mensagem e um receptor que decodifica ou compreende. Implica respeito, partilha e
compreensão mútua.
Interagindo verbalmente as crianças aprendem sobre o mundo físico, social e
afetivo, ao mesmo tempo em que adquirem e desenvolvem os vários domínios da língua
(fonológico, semântico, sintático e pragmático). Os ambientes em que as crianças se
encontram desempenham um papel marcante na estimulação do desenvolvimento da
capacidade de comunicação, é fundamental a criação de oportunidades onde elas
possam descrever, discutir, formular hipóteses e sínteses sobre o real que experimentam
(SIM-SIM, et. al. 2008).
Introdução
27
A comunicação é responsável por grande parte das trocas sociais de um grupo
social, interferindo diretamente nas relações interpessoais. É por meio da interação
comunicativa que as crianças adquirem a língua da comunidade a que pertencem, dessa
maneira, as trocas conversacionais são determinantes no processo de desenvolvimento
da linguagem. E quaisquer dificuldades no desempenho comunicativo podem resultar,
portanto, em dificuldades também em outras áreas das relações sociais (AGUIAR,
2006).
Dessa maneira, para o estabelecimento e manutenção de relacionamento é
importante destacar as habilidades sociais que são consideradas aprendidas diante das
diversas situações do cotidiano. Del Prette; Del Prette (1999) informaram que o termo
habilidades sociais (no plural) refere-se ao desempenho do indivíduo em interações
sociais. O quadro a seguir, segundo Del Prette; Del Prette (1999) resume os principais
componentes das Habilidades Sociais.
Introdução
28
1.1 Verbais de
Conteúdo
Fazer/Responder perguntas;
Solicitar mudanças de comportamento;
Lidar com críticas;
Pedir/ Dar feedback;
Opinar/ Concordar/ Discordar;
Elogiar/ Recompensar/ Gratificar;
Agradecer;
Fazer pedidos; Recusar; Justificar-se;
Auto-revelar-se/ Usar o pronome Eu;
Usar conteúdo de humor.
1.2Verbais de Forma
Latência de duração;
Regulação: bradilalia, taquilalia,
volume, modulação;
Transtornos da Fala.
1. Componentes
Comportamentais
1.3 Não Verbais
Olhar e contato visual;
Sorriso; Gestos;
Expressões faciais;
Postura corporal;
Movimentos de cabeça;
Contato físico;
Distância/ Proximidade.
2.1Conhecimentos
prévios
Sobre a cultura e ambiente;
Sobre os papéis sociais;
Autoconhecimento
2.2 Expectativas e
crenças
Planos, metas e valores pessoais;
Autoconceito;
Auto-eficácia versus desamparo;
Estereótipos.
2. Componentes
Cognitivos -
Afetivos
2.3 Estratégias e
Habilidades de
processamento
Leitura do ambiente;
Resolução de problemas;
Auto-observação;
Auto-instrução;
Empatia.
3. Fisiológicos
Taxa cardíaca;
Respostas eletrofisiológicas;
Respiração;
Resposta galvânica da pele;
Respiração;
Fluxo sanguíneo.
4. Outros
Componentes
Atratividade física;
Aparência pessoal.
Quadro 5: Componentes das Habilidades Sociais
(Com base em DEL PRETTE; DEL PRETTE, 1999).
Introdução
29
A aprendizagem das habilidades sociais se inicia na infância, primeiramente
com a família e depois em outros contextos (escolar comunitário); o familiar constitui a
base da estimulação inicial dos padrões de relacionamento e competência social
(BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2002; CECCONELLO; KOLLER, 2000; DEL
PRETTE Z.; DEL PRETTE, 1997, 1999; DEL PRETTE A.; DEL PRETTE, 2001,
2002, 2003; GOMIDE, 2003; MONDELL; TYLER, 1981; SOUZA; RODRIGUES,
2002). O ambiente familiar e escolar constituem contextos privilegiados para o
desenvolvimento das capacidades comunicativas e lingüísticas da criança, necessárias a
um futuro desempenho social e acadêmico com sucesso.
Segundo Del Prette e Del Prette (1999), o desenvolvimento das habilidades
sociais é multideterminado. Estes autores analisam diferentes modelos explicativos que
permitem compreender as habilidades sociais, por exemplo, quanto à percepção ou
expressão das mesmas pelos indivíduos, e dividem em cinco categorias as principais
características necessárias para a análise de um quadro adequado de habilidades sociais
que integram os comportamentos do indivíduo: a) assertividade (ansiedade interpessoal,
que resulta no desempenho social adequado); b) percepção social (compreensão do
contexto, selecionando o comportamento mais adequado e destacando uma
discriminação de como deve ser o próprio comportamento, e se este ocorre ou não em
determinada situação); c) aprendizagem social (habilidades sociais aprendidas a partir
das experiências interpessoais, da observação e assimilação do desempenho do outro,
como modelo para aquisição do seu repertório social); d) cognitivo (mediado por
habilidades sócio-cognitivas, aprendidas pelo sujeito na interação com o seu meio,
coordenando pensamento e ação, para atender aos objetivos previamente aceitos
socialmente); e) teoria de papéis (conhecimento de si mesmo e do outro, com elementos
simbólicos, verbais ou não verbais a eles associados).
Introdução
30
Considerando que as habilidades sociais, assim como as habilidades lingüísticas
são necessárias para que o desenvolvimento pessoal e social, alguns estudos
especializados (FORD; MILOSKY, 2003, RUTTER; MAWHOOD, 1991,
SPACKMAN et al., 2006, STERN, 1992; YAVAS et al., 1991), assim como dados da
prática clínica, apontam para um impacto do Desvio Fonológico nos processos de
desenvolvimento psicológico e social do indivíduo.
No caso de crianças com desvio fonológico, os vínculos sociais podem ser
dificultados devido a inteligibilidade de fala (YAVAS et al., 1991). Esse tipo de
experiência pode influenciar eventos interpessoais em geral, implicando os modos de
constituição de futuras relações sociais (STERN, 1992).
A inteligibilidade pode ser prejudicada ou até mesmo tornar-se completamente
ininteligível na presença de processos fonológicos na fala da criança. A fala de crianças
com desvio fonológico pode ocasionar um inventário fonético restrito, além de um
sistema fonológico simplificado que poderá levar a uma fala ininteligível ocasionando
problemas no ato de comunicar-se. Portanto, a interação social poderá ser prejudicada,
visto que os desvios ocasionarão diminuição da inteligibilidade (STERN, 1992,
YAVAS et. al., 1991).
Spackman et. al. (2006) realizaram uma pesquisa que indicou que as crianças
com distúrbio de linguagem (DL) podem experimentar os déficits sociais que estendem
além daqueles previstos devido a seus déficits da língua. Em particular, encontrou que
as crianças com DL têm a dificuldade em vários aspectos da competência emocional.
Um aspecto da competência emocional é a compreensão da emoção, que inclui a
habilidade de pressupor as próprias emoções e do outro em contexto social. Para realizar
essa pesquisa, os participantes foram apresentados com encenações curtas em que o
caráter principal, era expor-se a uma situação que fosse eliciada a raiva, o medo, a
Introdução
31
felicidade ou a tristeza. As crianças identificaram a felicidade mais exatamente, seguido
pela tristeza, pelo medo e pela raiva. Observou-se que as crianças sem DL foram
significativamente mais exatas do que crianças com DL e que as crianças com DL
foram menos sofisticadas em suas descrições da emoção do que foram as crianças sem
DL.
Spackman et. al. (2006) sugerem que as intervenções clínicas para crianças com
DL devam incluir as atividades que venham a enriquecer a compreensão da emoção das
crianças, dando-lhes oportunidades de desenvolver habilidades que não podem adquirir
de outra maneira. Para Syder (1997) uma criança com habilidades lingüísticas reduzida
demonstra dificuldade em relacionar-se com os irmãos e com seus pares, pois a maneira
pela qual utiliza a linguagem foge ao padrão esperado, marcando-a como diferente.
Dessa forma, a criança pode tornar-se tímida, ausente, isolada, além de sofrer com os
insultos e gozações de seus colegas.
Segundo Carvalho (2003) no contexto da educação especial, dois tipos de
deficiências, a primária, dita real, porque nela há componentes biológicos identificáveis,
ou seja, portadores de deficiência mental, auditiva, visual, física e múltipla. E a
deficiência secundária ou circunstancial, fruto do preconceito e estereótipo social. São
deficiências circunstanciais que agravam as deficiências reais existentes, ou são
deficiências que se produzem, mesmo na inexistência de uma deficiência real.
As deficiências circunstanciais são aquelas que apresentam transtornos de
aprendizagem, manifestações de condutas atípicas, comprometimentos emocionais,
decorrentes da interação entre suas características biopsicossociais e os obstáculos
impostos pelo meio físico e social. Trata-se de alunos que, pelas mais variadas e
complexas causas apresentam distúrbios de aprendizagem em um ou mais dos processos
psicológicos básicos implícitos na compreensão e uso da linguagem escrita ou falada,
Introdução
32
que se manifestam por uma capacidade imperfeita de fixar a atenção, falar, ler, escrever,
soletrar ou realizar cálculos matemáticos, entre outros. O termo não inclui crianças com
problemas de aprendizagem decorrente de, primariamente, deficiências visuais,
auditivas e motoras, de retardo mental, de distúrbios emocionais ou de condições
ambientais desfavoráveis (CARVALHO; 2003).
A promoção de habilidades sociais é indispensável para pessoas com
necessidades educacionais especiais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2006), o que
também implica em capacitação de professores para isso e em melhores condições de
ensino. Também no caso da Educação Especial, a inclusão de habilidades sociais como
objetivos do processo de ensino implica em reconhecer:
1 A importância de uma educação comprometida com a formação de
cidadania e a preparação para a vida social;
2 A urgência de se criar condições que favoreçam a inclusão escolar e
social de pessoas com necessidades educativas especiais;
3 O papel da competência social enquanto correlato ou fator de
aprendizagem acadêmica e do desenvolvimento socioemocional dos alunos;
4 O papel da competência social na tradução cotidiana da formação ética e
política do aluno.
Esse reconhecimento se apóia nas novas demandas de uma sociedade complexa
e exigente, em termos de exercício de cidadania, o que requer, simultaneamente,
competência técnica, habilidades analíticas e interpessoais. Além das questões gerais
relacionadas à formação socioemocional, ética e política do aluno, com necessidades
educacionais especiais, a promoção do repertório de habilidades sociais de alunos e
professores é também um fator importante para a aprendizagem acadêmica e os atuais
Introdução
33
processos de inclusão de pessoas com necessidades especiais no ensino regular. Neste
último caso, Del Prette; Del Prette (2006) defendem que um processo efetivo de inclusão
não pode negligenciar a promoção de habilidades que contribuam para melhorar a
qualidade do relacionamento entre colegas e promover atitudes de compreensão e
aceitação das diferenças por parte de colegas e professores.
Ainda os autores destacam que a capacitação dos educadores especiais em
habilidades sociais profissionais é um requisito indispensável para a concretização do
item anterior: a criação de condições mais interativas e efetivas de ensino-aprendizagem
e a promoção do desenvolvimento socioemocional dos alunos. Além disso, pode-se
destacar a importância dessa capacitação para a melhoria da qualidade e efetividade da
convivência entre os profissionais do contexto escolar.
A avaliação e treinamento de Habilidades Sociais têm sido também utilizados
objetivando o desenvolvimento das habilidades de comunicação de deficientes
sensoriais, visuais e auditivos, autistas e crianças hiperativas. Na interface entre o
ensino regular e o ensino especial, particularmente em relação à clientela que apresenta
dificuldades de aprendizagem, observam-se estudos que examinam a relação entre
distúrbios de aprendizagem e habilidades sociais. Apesar da polêmica ainda existente,
evidencias de uma correlação positiva, na população de ensino regular, entre
dificuldades de aprendizagem e déficits em habilidades sociais, o que tem gerado
propostas de programas destinados a essa clientela (FEITOSA; et. al, 2006).
Especificamente no ensino regular, estudos em outros países (SEVERSON;
WALKER, 2002, SPACKMAN et. al., 2006, WOOD et. al., 2002) aponta para uma
crescente preocupação com o desenvolvimento emocional e com as habilidades de
relacionamento interpessoal, reconhecidas como objetivos pertinentes a uma concepção
mais abrangente de educação escolar e nela incluídos por meio de programas para
Introdução
34
escolares e pré-escolares.
Como visto anteriormente, são muitas as desvantagens de indivíduos que
apresentam DF. Essas dificuldades podem de certa forma, prejudicá-lo ainda com
relação à aprendizagem escolar. Conforme destacam Severson e Walker (2002), os dois
maiores desafios da socialização da criança no contexto escolar, consistem em se ajustar
às expectativas e demandas do professor e em responder às expectativas dos colegas,
aprendendo fazer amizades e a se dar bem com elas. Se a criança falha em qualquer um
dos dois, isso pode gerar fracasso escolar e rejeição pelos colegas além de outros
padrões de comportamentos problemáticos.
1.6 Justificativa
A revisão da literatura sobre dificuldades sociais encontradas em crianças com
desvio fonológico (SPACKMAN et al., 2006, STERN, 1992, YAVAS, et al., 1991)
descrevem os comportamentos dessas crianças relacionadas à comunicação, mostrando
que estas tornam-se tímidas, ausentes, isoladas, até mesmo sofrerem com os insultos e
“gozações” de seus colegas. Além disso, sugerem intervenções precoces, tanto na
aquisição e desenvolvimento da linguagem quanto relacionada à melhoria das relações
interpessoais. Porém, o foram encontrados na revisão empreendida estudos de análise
e caracterização de déficits de Habilidades Sociais nessa população com alterações de
linguagem, mais especificamente, com Distúrbio Fonológico. Crianças com alterações
específicas do desenvolvimento da linguagem, em fase inicial de escolarização,
contexto em que está exposta a diversas situações anteriormente não experienciadas,
necessitam de um repertório lingüístico e socialmente habilidoso para adaptar-se a
novas demandas sociais, a diferentes contextos e a novas regras.
A fase inicial de escolarização é um período crítico para o desenvolvimento de
Introdução
35
habilidades sociais. Primeiro, porque a criança é testada continuamente nas habilidades
aprendidas até o momento. Segundo, as conseqüências das novas demandas, porque ela
se conta de que precisa aprender novas habilidades nas interações sociais, tais como
fazer perguntas audíveis e no momento oportuno, uma vez que seus interlocutores nem
sempre estão disponíveis; obter informações sobre horários de atividades, local do
banheiro, direção da cantina ou refeitório e secretaria; evitar confrontos com os colegas,
sem parecer medrosa (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2005).
A revisão realizada mostra que são mais comuns estudos na área de
comunicação e Habilidades Sociais em populações que apresentam deficiências
primárias (portadores de deficiência mental, auditiva, visual, física e múltipla)
(PAULA; 1999, AGUIAR; 2006, AGUIAR; DEL PRETTE, 2006), Enquanto que os
estudos na área de Alterações de Linguagem, mais especificamente Desvio Fonológico,
apontam para uma relação do grau de inteligibilidade de fala com as dificuldades nas
interações sociais, porém, não são aprofundadas na temática das Habilidades Sociais,
por isso o interesse em estudar crianças que apresentam desvio fonológico, com
alterações na recepção e emissão da linguagem falada, que se manifestam por uma
capacidade imperfeita na emissão dos fonemas.
Dentre as alterações específicas do desenvolvimento da linguagem, evidência
de que o Desvio Fonológico constitui uma das dificuldades de comunicação mais
prevalentes em crianças de idade pré-escolar e escolar (GIERUT, 1998). Além das
possíveis conseqüências do DF, como dificuldades no desenvolvimento escolar, social e
emocional. Por se tratar da alteração específica do desenvolvimento da linguagem mais
prevalente na população em fase inicial de escolarização, optou-se por investigar a
relação entre o grau de inteligibilidade de fala e habilidades sociais de comunicação
nessa população.
Introdução
36
Considerando que os DF causam um impacto tanto no desenvolvimento
psicológico quanto social do indivíduo, tornando-o mais tímido, ausente e isolado, além
de sofrer preconceitos por seus pares, podendo levar a uma problemática maior como o
fracasso escolar, o presente estudo teve como objetivo, investigar a relação entre o Grau
de Inteligibilidade de Fala e as Habilidades Sociais de Comunicação de um grupo de
crianças diagnosticadas com desvio fonológico. A relação entre as Alterações de
Linguagem e as dificuldades relacionadas às Habilidades Sociais de Comunicação é
fundamental para a promoção de relações interpessoais mais saudáveis, além de criar
instrumentos específicos mais eficazes para avaliação e intervenção.
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, recebendo
aprovação de número 54/2008 e todos os responsáveis pelos participantes, assim como
os professores assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido concordando
com as normas do estudo.
1.7 Objetivos
- Objetivo geral:
O objetivo do presente estudo foi analisar a relação entre o grau de
inteligibilidade de fala e as habilidades sociais de comunicação em crianças com
diagnóstico de Desvio Fonológico.
Introdução
37
- Objetivos específicos:
a. Inferir os déficits relacionados às categorias de Habilidades Sociais de
Comunicação apresentadas pelo grupo;
b. Descrever o comportamento das crianças frente a uma situação de interação
com um adulto (gênero feminino), criança de mesmo gênero (sem alteração de
linguagem e mesma faixa etária) e criança do gênero oposto (sem alteração de
linguagem e mesma faixa etária);
c. Comparar as respostas dadas pelas mães e professoras, do instrumento SSRS-
BR;
d. Identificar diferenças significativas com relação ao Grau de Inteligibilidade de
Fala (GIF) e as Habilidades Sociais de Comunicação (HSC).
Método
MétodoMétodo
Método
Método
39
CAPÍTULO II - Método
2.1 Participantes
Participaram deste estudo 10 crianças com idades entre 6 e 8 anos (idade
cronológica média = 7,2 anos), sendo que três eram do gênero feminino e sete do gênero
masculino. As crianças são pacientes de uma clínica escola, localizada em uma cidade
de médio porte do estado de São Paulo e realizam terapias fonoaudiológicas na área de
linguagem infantil, duas vezes por semana. Foram incluídas na pesquisa as crianças que
apresentavam diagnóstico de Desvio Fonológico, na faixa etária de 6 a 8 anos, que
estivesse matriculada na primeira, segunda ou terceira séries do ensino fundamental
regular, público ou privado. Outro critério de inclusão na amostra foi a ausência de
deficiência auditiva, visual, mental, ndromes, distúrbios abrangentes do
desenvolvimento e lesões neurológicas adquiridas. Participaram como informantes as
mães e professoras dos participantes. A Tabela 1 resume as principais características
demográficas e de diagnóstico funcional da amostra de crianças.
Método
40
Tabela 1: Características dos Participantes
PARTICIPANTES
GÊNERO IDADE CLASSE
ECONÔMICA
GRAU DO DESVIO
FONOLÓGICO
P1
F
8
C
Leve (87%)
P2
M
8
A1
Moderadamente-Severo (57%)
P3
M
8
B2
Leve (86%)
P4
F
7
C
Levemente-Moderado (72%)
P5
M
7
B2
Moderadamente-Severo (60%)
P6
M
7
C
Severo (42%)
P7
F
6
C
Levemente-Moderado (75%)
P8
M
7
B1
Levemente-Moderado (67%)
P9
M
6
C
Severo (47%)
P10
M
8
B2
Levemente-Moderado (71%)
Gravidade do Desvio (com base em Shriberg; Kwiatkowski, 1982).
2.2 Local
As avaliações foram realizadas na Clínica Escola da Faculdade de Odontologia
de Bauru, Universidade de São Paulo horário pré-estabelecido com as mães das
crianças, que aceitaram participar da pesquisa em que as mesmas realizam terapia de
linguagem, pois dessa maneira não acarretaria gastos adicionais à família e não correria
o risco de perder participantes.
2.3 Instrumentos
Para a coleta dos dados foram utilizados os seguintes instrumentos:
Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e
pragmática (ABFW) ANEXO C, (ANDRADE, et. al. 2004): É um teste indicado
para crianças de 2 a 12 anos e é destinado às áreas da fonologia, do vocabulário, da
fluência e da pragmática. Para esse estudo foram utilizados os protocolos de fonologia
Método
41
para o cálculo do Percentil de Consoantes Corretas (PCC), proposto por Shriberg;
Kwiatkowski (1982), com as adaptações para o português conforme indico por
Wertzner; Oliveira (2002).
Sistema de Avaliação de Habilidades Sociais (Social Skills Rating System, -
SSRS) ANEXO D e E: Originalmente produzido nos Estados Unidos por
GRESHAM; ELLIOTT, 1990. A tradução e adaptação transcultural do SSRS para o
Brasil (SSRS-BR) foi realizada por Del Prette; Del Prette (2003) e a validação do
instrumento para a amostra brasileira por Bandeira et al. (2009). Conjunto de
formulários que permitem avaliar habilidades sociais, problemas de comportamento e
desempenho acadêmico e podem ser usados com alunos de pré-escola e ensino
fundamental. Os formulários são apresentados em três versões: para auto-avaliação do
aluno, para pais e para professores. Neste estudo foram utilizados os formulários para
pais e professores. O professor avalia cada aluno em termos da freqüência de emissão
de habilidades sociais (30 itens), de comportamentos problemáticos (18 itens) e de
desempenho acadêmico (nove itens), bem como a importância dos itens de habilidades
sociais. As escalas de freqüência e importância são respondidas com base em três
pontos (nunca, algumas vezes e muito freqüentemente, no primeiro caso, e não
importante, importante e indispensável, no segundo). Na escala de competência
acadêmica, o professor compara o aluno com as outras crianças da sala, utilizando uma
escala de cinco pontos (entre os 10% piores, 20% piores, 40% médios, 20% bons ou
entre os 10% ótimos) em leitura, matemática, motivação geral, participação dos pais,
funcionamento intelectual e comportamento geral em classe. O questionário para pais
possui 38 itens que avaliam a freqüência e a importância das habilidades sociais das
crianças e 17 itens que avaliam a freqüência de comportamentos problemáticos. As
pontuações das escalas de freqüência e de importância são idênticas às do questionário
Método
42
dos professores descrito acima.
Critério Brasil (Critério de Classificação Econômica Brasil - CB) ANEXO
F: Enfatiza sua função de estimar o poder de compra das pessoas e famílias urbanas,
abandonando a pretensão de classificar a população em termos de “classes sociais”.
Sendo a divisão de mercado exclusivamente definida por classes econômicas. Possui 9
itens que avaliam o número de bens de consumo duráveis da família, um item que
avalia o grau de instrução do chefe da família e um item que avalia o número de
empregadas mensalistas na casa. Esta medida é estratificada em 5 classes, sendo elas: A
(subdividida em A1 e A2), B (também subdividida em B1 e B2), C, D e E.
Protocolo de Registro de Avaliação do Desempenho Filmagem (PRAD-F)
– ANEXO G e H: Esse protocolo foi elaborado pela pesquisadora, de modo que
pudessem ser observados componentes comportamentais de conteúdo (saudar,
apresentar-se, iniciar conversação, fazer e responder perguntas, expressar pensamentos e
sentimentos, despedir-se), de forma (volume, modulação, transtornos da fala) e não-
verbais (expressões faciais, contato visual), que as crianças observadas apresentavam
ininteligibilidade de fala, todas diagnosticadas com distúrbio fonológico. Nesse método
de avaliação das Habilidades Sociais de Comunicação, a criança é exposta a uma
situação de interação com outras pessoas que contém estímulos, induções e questões
para respostas sociais e estas podem ser gravadas ou registradas por observadores. No
total, foram realizadas três filmagens de cada criança, com intervalos variando de uma
semana entre as gravações. As filmagens tinham duração de 10 minutos cada,
totalizando 30 minutos de filmagem cada criança. Ao final da análise, foram
contabilizados 210 minutos de gravação em vídeo, sendo submetidas a cálculo de
fidedignidade a dois juízes treinados.
Protocolo de Registro de Resposta (Cenário Comportamental) PRR –CeC
Método
43
ANEXO I e J: Trata-se de um Roteiro, previamente elaborado elaboradas e
correspondentes componentes comunicativos esperados frente a cada episódio interativo
para avaliação dos comportamentos comunicativos, por meio de observação direta, que
inclui situações – cenários com demandas para diferentes habilidades sociais, tais como:
saudação, fazer pedidos, iniciar conversação, expressar sentimentos, pedir ajuda,
compartilhar material, finalizar e manter conversação. também algumas situações
neutras que teoricamente reduziriam a ansiedade da criança e facilitaria a construção do
rapport entre criança e interlocutor. As situações com suas respectivas demandas
permitem observar e avaliar vários desempenhos de habilidades sociais. Assim que a
criança entra na sala o interlocutor olha em seus olhos e sorri. O desempenho social da
criança deste momento até ele ou ela sair (aproximadamente 10 minutos depois) é
cuidadosamente observada e pontuada de acordo com as categorias dos componentes
das Habilidades Sociais de Comunicação (HSC) propostos no protocolo.
2.4 Equipamentos e materiais
Foi utilizada uma filmadora digital, um tripé para filmadora, um
microcomputador e materiais de consumo, discos de DVD, lápis, borracha, apontador e
papel sulfite.
2.5 Procedimentos de coleta de dados
Primeiramente, para a participação nesse estudo eram necessários alguns
critérios de inclusão, como por exemplo, estar na faixa etária de seis a oito anos de
idade cronológica, estar matriculado em escola regular, público ou privado, que não
apresentasse deficiências mental, auditiva, visual, síndromes, distúrbios abrangentes do
Método
44
desenvolvimento e lesões neurológicas adquiridas. Era necessário frequentar terapia
fonoaudiológica duas vezes semanais na clínica escola da Faculdade de Odontologia de
Bauru, Universidade de São Paulo, local esse da realização das avaliações do presente
estudo. Portanto, os participantes foram selecionados por prévia análise dos prontuários
individuais, que foram liberados à pesquisadora, pela responsável da Clínica Escola,
após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres Humanos.
Após análise dos prontuários e escolha dos participantes a pesquisadora entrou
em contato, via telefone, com 17 pais ou responsáveis pela criança para verificar o
interesse em participar da pesquisa. Do total, 2 tiveram alta do tratamento e 5 se
recusaram a participar da pesquisa. Dessa forma, aceitaram participar desse estudo 10
pais ou responsáveis. Aqueles que aceitaram, após assinarem o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, foram convocados para a próxima sessão de terapia
da criança, para responderem o Instrumento de Avaliação das Habilidades Sociais
(SSRS-BR, versão M).
Na mesma sessão as mães responderam ao Critério Brasil (Critério de
Classificação Econômica Brasil CB) que enfatiza sua função de estimar o poder de
compra das pessoas e famílias urbanas, abandonando a pretensão de classificar a
população em termos de “classes sociais”. Sendo a divisão de mercado exclusivamente
definida por classes econômicas.
Em seguida, a pesquisadora entrou em contato com a direção das escolas em que
as crianças estavam matriculadas informando sobre a pesquisa e verificando a
disponibilidade e interesse dos professores em estar participando da mesma. Todos os
10 professores contatados aceitaram participar da pesquisa. A pesquisadora os informou
que estariam recebendo em mãos pelos pais das crianças um envelope lacrado contendo
a versão impressa do SSRS P com as devidas explicações, assim como o termo de
Método
45
consentimento livre e esclarecido, além de uma carta (ANEXO B) informando a
necessidade de devolver o envelope lacrado para que os dados chegassem em segurança
às mãos da pesquisadora, não permitindo que fossem vistos pelos pais, que um dos
itens avaliados diz respeito ao estímulo dos pais para o êxito acadêmico da criança.
Evitando assim constrangimento para os pais, desentendimentos entre pais e
professores, além da desistência dos mesmos em participar da pesquisa.
As crianças foram submetidas à avaliação da fonologia por meio do instrumento
ABFW (ANDRADE et. al., 2004), com o objetivo de verificar os erros encontrados na
fala da criança, ou seja, as omissões, as substituições e as distorções comuns e
incomuns. Essa sessão foi filmada para posterior análise, com a finalidade de
caracterizar o grau de desvio fonológico, bem como o grau de inteligibilidade de fala.
Participaram como interlocutores (“atores”) das cenas de interação, um adulto do
gênero feminino, uma criança de mesma faixa etária de gênero oposto e em fase normal
de desenvolvimento da linguagem e uma criança de mesma faixa etária de mesmo
gênero e fase normal de desenvolvimento da linguagem.
Anteriormente ao inicio das filmagens, a pesquisadora treinou os participantes
“atores” para que conduzissem de maneira adequada a cena em questão, ou seja, tanto o
adulto quanto as crianças que atuariam nas situações de interação passaram por três
sessões de treinamento, dessa maneira poderiam conduzir a cena com total propriedade.
Os participantes 2, 3, 5 e 8 foram submetidos a duas sessões anteriores a
filmagem definitiva para a dessensibilização quanto a presença de uma filmadora em
sala. Enquanto que os demais agiram de maneira natural logo na primeira sessão,
permitindo a utilização da mesma para a análise do desempenho em situação estruturada
de interação.
As filmagens foram realizadas na seguinte sequência: (1) com um adulto
Método
46
desconhecido do gênero feminino, (2) com uma criança desconhecida do mesmo gênero
em fase normal de desenvolvimento da linguagem e (3) com uma criança desconhecida
do gênero oposto em fase normal de desenvolvimento da linguagem. Com isso, foi
possível obter uma amostra de fala espontânea, além de observar presença ou ausência
dos componentes verbais de conteúdo (fazer e responder perguntas; iniciar, manter e
encerrar conversação), verbais de forma (duração, volume, entonação) e não verbais
(contato visual, gestos, sorriso, expressões faciais, movimentos de cabeça, postura
corporal) das Habilidades Sociais de Comunicação.
Na primeira sessão de interação a criança entra em uma sala e encontra um
adulto (desconhecido do gênero feminino) atrás de uma mesa. Há apenas uma cadeira
aonde a criança ao entrar na sala deve se sentar. Sobre a mesa há brinquedos de vários
tipos. O adulto está vestido de maneira casual e utiliza expressões moderadas durante a
interação. Na segunda e terceira sessões a criança entra em uma sala e encontra outra
criança em fase normal de desenvolvimento da linguagem (desconhecidas, do mesmo
gênero e do gênero oposto, respectivamente) sentada na cadeira com alguns brinquedos,
sob a mesa, em sua frente. O que difere nas duas situações estruturadas de interação é a
maneira como os “atores” conduziram a conversação, por exemplo, na interação com o
adulto um momento em que a criança necessitará pedir ajuda, o que não ocorre na
situação de interação entre as crianças. As cenas permitem verificar a maneira como a
criança com Desvio Fonológico age em situações em que necessita utilizar a fala para
se comunicar com pessoas desconhecidas.
2.6 Tratamento e Análise dos Dados
As respostas dos participantes e dos professores ao instrumento foram digitadas
em planilhas do Programa SPSS for Windows (versão 17.0) e calculado, para cada
Método
47
participante, os escores dos fatores estabelecidos pelo SSRS-BR na avaliação pelas
mães e na avaliação pelo professor. Após essa análise individual, foram realizados
cálculos descritivos (média e desvio padrão) de cada fator. Essas médias foram
comparadas com os padrões normativos do instrumento, o que permite identificar o
posto percentil e classificar o desempenho de cada participante como alto (acima da
média), médio (dentro da média) ou baixo (abaixo da média) em relação a cada fator.
Os dados sobre a interação social dos participantes com os interlocutores foram
obtidos por meio de observação direta de situações estruturadas, sendo que os
comportamentos a serem observados foram registrados em vídeos. Esses dados foram
analisados a partir de um sistema de categorização formulado pela pesquisadora, o qual
encontra-se descrito no PRAD F. Cozby (2003) afirma que quando é realizada uma
medida do comportamento, como por exemplo, o registro de comportamentos obtidos
por meio da observação, é necessário garantir a fidedignidade dessa medida, ou seja, a
sua consistência ou estabilidade. O cálculo foi feito dividindo-se o número de
concordâncias pelo número de concordâncias somado ao número de discordâncias e
multiplicado esse resultado por 100, com base em Hersen; Barlow, (1982).
Para avaliar a fidedignidade dos dados sobre a interação social dos participantes
com os interlocutores, as filmagens foram observadas pela pesquisadora e por dois
observadores externos, utilizando-se como coeficiente de correlação das medidas, o
índice de concordância entre observadores. A seguir, são descritos os procedimentos
utilizados para que essa análise pudesse ser realizada.
Cada criança foi submetida a quatro filmagens. Na primeira filmagem as
crianças foram avaliadas por meio do instrumento ABFW (ANDRADE et. al., 2004),
com o objetivo de analisar a gravidade do Desvio Fonológico. O seu cálculo foi baseado
no Percentual de Consoantes Corretas (PCC), o qual foi obtido através da divisão do
Método
48
Número de Consoantes Corretas (NCC) pelo Número de Consoantes Corretas (NCC)
adicionado ao Número de Consoantes Incorretas (NCI), multiplicado por cem, baseado
em Shriberg; Kwiatkowski (1982). E avaliação do grau de Inteligibilidade de Fala que
foi caracterizado de acordo com as seguintes definições: Insuficiente (incompreensível)
- Quando a maior parte das palavras não foi compreensível e teve dificuldade em
compreender o tópico principal da mensagem; Regular (pouco compreensível) - Quando
foi possível compreender pelo menos metade das palavras e o tópico principal da
mensagem e Boa (compreensível) - Quando foi possível compreender praticamente
todas as palavras e entender o conteúdo da mensagem.
Para análise dessas filmagens foram utilizados um computador com leitor de
DVD, discos de DVD nos quais estavam gravadas as filmagens realizadas em sala
preparada para situação de interação e um fone de ouvido. A pesquisadora assistia a
filmagem pelo computador, utilizando o fone de ouvido para obter uma melhor
qualidade de áudio. Quando identificava um dos comportamentos descritos no
Protocolo, a pesquisadora interrompia a exibição da filmagem (apertando a tecla pause
no computador) e registrava-o em um arquivo no próprio computador. Ao terminar de
fazer os registros das filmagens de todos os participantes, a pesquisadora assistia
novamente cada uma delas para analisar se os registros feitos durante a primeira
observação estavam coerentes. Portanto, a pesquisadora observou cada filmagem duas
vezes. Para que os dados de observação obtidos pela pesquisadora pudessem apresentar
resultados fidedignos, as sessões de filmagens foram analisadas por dois observadores
externos, um com conhecimentos na área de habilidades sociais e outro sem
conhecimento algum. Esses observadores foram escolhidos por estarem atuando com os
participantes, um na área de psicologia e outro na área de fonoaudiologia. Como forma
de retribuição aos observadores por seu trabalho, a pesquisadora sugeriu a elaboração de
Método
49
um artigo sobre o treinamento que seria realizado (no qual a pesquisadora, seu
orientador e os observadores seriam os autores).
Para analisar as filmagens das situações estruturadas de interação, os
observadores foram submetidos a um treinamento, com os seguintes objetivos: capacitar
os observadores para utilização do Protocolo de Registro da Avaliação do Desempenho
das Filmagens (PRAD-F) e Protocolo de Observação Comportamental (PRR - CeC) e
calibração o nível de concordância das observações realizadas. Inicialmente os
observadores participaram de sessões de treinamento em observação e, posteriormente,
sessões de análises das filmagens.
As medidas submetidas a essa avaliação, por meio do Cenário Comportamental
foram: Categorização da Resposta, comportamento muito passivo (-2), parcialmente
passivo (-1), resposta assertiva (0), parcialmente agressivo (1) e comportamento muito
agressivo (2). E por meio do PRAD-F, a Avaliação do Desempenho nas seguintes
classes de HSC: saudar, apresentar-se, iniciar conversação, fazer e responder perguntas,
expressar pensamentos e sentimentos, pedir ajuda, fazer pedidos e compartilhar
materiais. Cada classe apresenta quatro itens, que deveriam ser mensurados de acordo
com a escala: Insatisfatório (quando o participante apresenta 1 dos 4 itens), Regular
(quando o participante apresenta 2 dos 4 itens) e Satisfatório (quando o participante
apresenta pelo menos 3 dos 4 itens).
A atividade de observação das filmagens e o registro dos comportamentos foram
realizados individualmente, em horários agendados com cada observador, em uma sala
da clínica de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidades de
São Paulo. Foram utilizados um computador com leitor de DVD, discos de DVD nos
quais estavam gravadas as filmagens, um fone de ouvido, o Protocolo de Registro da
Avaliação do Desempenho Filmagem (PRAD F), Protocolo de Observação
Método
50
Comportamental (PRR - CeC), lápis e borracha.
Em cada dia de treinamento, os observadores assistiam a 10 minutos de uma
filmagem, observando o comportamento. Os observadores assistiam à filmagem pelo
computador e quando identificavam um dos comportamentos descritos no Protocolo,
interrompiam a exibição da filmagem (apertando a tecla pause no computador) e
registravam nos Protocolos.
Quando terminavam de observar e registrar os 10 minutos de filmagem, a
pesquisadora juntamente com cada observador comparava esse registro com os registros
feitos pela pesquisadora sobre a mesma filmagem. Eram assinalados na folha de registro
do observador e da pesquisadora os comportamentos que apresentavam concordância e
discutidas as discordâncias até que fosse obtido um consenso. Para ser considerada
concordância, a pesquisadora e o observador deveriam registrar a presença de
determinado componente das Habilidades Sociais de Comunicação no PRAD-F, bem
como o comportamento observado durante as diferentes situações estruturadas de
interação. Quando eram encontradas discordâncias, a pesquisadora e o observador
assistiam no computador novamente o trecho em que o comportamento ocorria e
analisavam, a partir das definições operacionais do Protocolo, qual categoria melhor
descrevia o comportamento.
Em seguida, era calculado o índice de concordância das observações. Para esse
cálculo, somava-se o número de comportamentos que tinham apresentado concordância
e o número de discordâncias. Na somatória das discordâncias, era considerado o número
de registros antes da discussão que levava a um consenso. O índice de concordância
(IC) foi calculado com base em Hersen; Barlow (1982) a partir da seguinte fórmula:
IC = ____Σ A____ x 100
Σ A + Σ D
Legenda: IC (Índice de Concordância), Σ A (somatória dos acordos), Σ D (somatória dos desacordos)
Método
51
Quando o IC era inferior a 75%, no próximo dia de treinamento, os observadores
assistiam a mesma filmagem pela segunda vez e, novamente, registravam os
comportamentos, analisavam-se as concordâncias e discordâncias e calculava-se o novo
índice. Se mesmo nessa segunda observação, o IC continuasse inferior a 75%, no
próximo dia de treinamento era apresentada aos observadores uma nova filmagem. O
treino dos juízes foi encerrado quando em três filmagens consecutivas, os Índices de
Concordância eram iguais ou superiores a 75%, na primeira observação. Para atingir
esse critério foi necessária a realização de 5 sessões de treinamento com o Observador 1
e 10 sessões com o Observador 2, lembrando que cada sessão de treinamento teve
duração aproximada de duas horas.
Encerrado o treino, os observadores iniciaram as sessões de análises das
filmagens que foram utilizadas para garantir a confiabilidade das observações feitas pela
pesquisadora. Foram analisadas nove filmagens, o que corresponde a 30% do total das
imagens coletadas.
Para essa seleção, a pesquisadora realizou um sorteio entre todas as filmagens
existentes (desconsiderando apenas as cinco filmagens que foram utilizadas durante o
treinamento dos observadores). Os observadores analisaram as nove filmagens, pois
correspondia a filmagem de três participantes, que estes foram filmados em três
situações diferentes de interação. Foram calculados os IC(s) entre os observadores e
entre cada observador e a pesquisadora.
Os procedimentos, nessa fase de análise das filmagens, foram idênticos aos
utilizados durante a fase de treinamento. Primeiramente somente a pesquisadora
identificava as concordâncias e as discordâncias entre as observações. Após essa
identificação, as discordâncias eram analisadas pelo observador e pela pesquisadora da
mesma forma que ocorreu no treinamento. Segundo, os observadores assistiam 10
Método
52
minutos de filmagem. Os resultados da fase da análise das filmagens, medidos por meio
do IC entre os observadores, encontra-se descrito na Tabela 2.
Tabela 2: Índice de Fidedignidade Interobservadores
Filmagem Obs 1 X P Obs 2 X P Obs 1 X Obs 2
A
80,1% 78,6% 85,1%
B
85,7% 80,3% 80,5%
C
85,2% 90,5% 80,5%
D
90% 95,1% 85,2%
E
82,1% 80,9% 80,3%
F
90,6% 85,7% 90,3%
G
80,3% 90,3% 90%
H
85% 75% 80,6%
I
90,8% 80,6% 82%
Legenda – P: Pesquisadora; Obs1: Observador 1; Obs2: Observador 2
Pode-se observar na Tabela 2 que o IC entre cada observador e a pesquisadora
variou de 75% a 90,8%, enquanto que o IC entre os observadores variou de 82% a
90,3%. As médias dos IC(s) entre a pesquisadora e cada observador, foram as seguintes:
Observador 1 85,5% e Observador 2 84,1%. Entre observadores, as médias foram
de: Observador 1 e 2 – 83,8%.
Tais resultados sugerem que os comportamentos registrados a partir da
observação das filmagens são fidedignos, uma vez que, como propõe Hersen; Barlow
(1982), um coeficiente de correlação igual ou superior a 75% permite afirmar que uma
medida é confiável.
Após a análise das filmagens pelos observadores externos, as classes de
Habilidades Sociais de Comunicação, Categorização da Resposta e o Grau de
Inteligibilidade de Fala foram organizados em quadro para melhor visualização e
comparação dos resultados.
Resultados
ResultadosResultados
Resultados
Resultados
54
CAPÍTULO III - Resultados
Os resultados desse estudo permitiram caracterizar, a partir das classes de
Habilidades Sociais, os padrões comportamentais de crianças com Desvio Fonológico,
assim como, os déficits em Habilidades Sociais de Comunicação.
A seguir serão apresentadas as tabelas com os resultados obtidos com as
respostas do SSRS-BR dadas pelas mães (Versão M) dos participantes. Para a
pontuação do instrumento foi utilizado o programa SPSS for Windows 17.0.
Os dados apresentados são do escore global, escore fatorial, F1 (Cooperação -
Comportamentos da criança de colaborar, sem ser solicitado, em tarefas domésticas,
manter o próprio quarto arrumado, guardar os brinquedos etc.), F2 (Amabilidade -
Comportamentos da criança que geram a estima dos demais, como aceitar idéias, pedir
permissão, fazer e aceitar elogios.), F3 (Iniciativa/Desenvoltura Social -
Comportamentos apropriados de iniciar e manter interações sociais para conversar,
apresentar-se, fazer amigos, convites, pedir informações, juntar-se a grupos etc.), F4
(Asserção - Comportamentos que expressam confiança em lidar com estranhos e
situações novas, questionar regras consideradas injustas, relatar acidentes, pedir ajuda
etc.), F5 (Autocontrole/Civilidade - Comportamentos que demonstram domínio sobre as
próprias emoções por meio de reações abertas tais como: usar “apropriadamente” o
tempo livre, responder “educadamente” a provocações e pedidos abusivos, usar “de
modo aceitável” o tempo livre, falar “em tom de voz apropriado” etc.), F6
(Autocontrole Passivo - Comportamentos que demonstram domínio sobre as próprias
emoções, por meio principalmente de reações encobertas, tais como: autocontrole de
irritação ou raiva em situações de discussão, conflito, críticas, discordâncias etc.),
Problemas de Comportamento PC1 (Hiperatividade - Comportamentos que envolvem
Resultados
55
excessivo movimento, inquietação e reações impulsivas, por exemplo: desobedecer
regras e pedidos, mexer-se excessivamente, agir impulsivamente, perturbar atividades
em andamento), PC2 (Externalizantes - Comportamentos que envolvem agressão física
ou verbal de outras pessoas, com baixo controle da raiva, por exemplo: discutir e brigar
com os outros, ameaçar, ficar com raiva, retrucar, ter acesso de birra) e PC3
(Internalizantes - Comportamentos que expressam distanciamento dos demais e
sentimentos de ansiedade, tristeza, solidão e baixa auto-estima, por exemplo: parecer
solitário, ruborizar-se facilmente, ficar ansioso quando junto dos demais, mostrar-se
triste ou deprimido).
Na Tabela 3, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do escore
global das respostas das mães ao SSRS-BR.
Tabela 3: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Global dos dados
obtidos com as respostas das mães ao SSRS-BR
N Frequência Média Desvio Padrão
Escore Global 10 24,00 (1)
41,00 (1)
44,00 (2)
47,00 (1)
50,00 (1)
57,00 (1)
63,00 (1)
64,00 (1)
65,00 (1)
49,9 12,8
Total
10
Escore Global: Alto (55,00 – 66,00); Médio (38,60 – 53,40); Baixo (21,13 – 37,00)
De acordo com os padrões normativos dado pelo instrumento: Escore Global;
Alto (55,00 66,00); Médio (38,6 53,4) e Baixo (21,1 37,0). Pode-se observar que
apenas o P1 apresentou escore Baixo, enquanto que os outros ficaram entre Médio e
Alto, segundo respostas dadas pelas mães.
A seguir serão apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão dos fatores:
Resultados
56
Fator 1: Cooperação; Fator 2: Amabilidade; Fator 3: Iniciativa/Desenvoltura Social;
Fator 4: Asserção; fator 5: Autocontrole/Civilidade e Fator 6: Autocontrole Passivo.
Na Tabela 4, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 1 das respostas das mães ao SSRS-BR.
Tabela 4: Frequência, Média e Desvio Padrão dos Escores Fatorial 1 (Cooperação
dos dados obtidos com as respostas das mães ao SSRS-BR
N Frequência Média Desvio Padrão
Escore Fatorial 1
(Cooperação)
10 4,00 (1) – (P1)
8,00 (1) – (P2)
11,00 (2)
12,00 (1)
14,00 (2)
16,00 (1)
17,00 (1)
19,00 (1)
4,42 12,6000
Total
10
Escore fatorial 1: Alto (15,00 – 20,00); Médio (8,00 – 14,00); Baixo (2,00 – 8,00)
Na Tabela 4 pode-se observar que as mães caracterizaram seus filhos com o
comportamento de cooperação entre 11,00 e 19,00, portanto, Médio e Alto, apenas P1 e
P2, apresentaram escore Baixo (4,00 – 8,00).
Na Tabela 5, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 2 das respostas das mães ao SSRS-BR.
Resultados
57
Tabela 5: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 2
(Amabilidade) dos dados obtidos com as respostas das mães ao
SSRS-BR
N Frequência Média Desvio Padrão
Escore Fatorial 2
(Amabilidade)
10 7,00 (1) – (P1)
12,00 (2)
13,00 (1)
14,00 (2)
15,00 (2)
16,00 (2)
13,4 2,67
Total
10
Escore fatorial 2: Alto (15,00 – 16,00); Médio (10,00 – 14,00); Baixo (5,13 –
10,00)
Na Tabela 5, observa-se o mesmo padrão de resposta que as anteriores, apenas
P1 foi classificado com escore Baixo (7,00) nesse comportamento, enquanto que os
outros foram classificados com escore entre Médio e Alto (12,00 – 16,00).
Na Tabela 6, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 3 das respostas das mães ao SSRS-BR.
Tabela 6: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 3
(Iniciativa e Desenvoltura Social) dos dados obtidos com as respostas das
mães ao SSRS-BR
N Frequência Média
Desvio Padrão
Escore Fatorial 3
(Iniciativa/Desenvoltura
Social)
10 3,00 (1) – (P1)
9,00 (1)
10,00 (2)
12,00 (1)
15,00 (2)
16,00 (3)
12,1 4,50
Total
10
Escore fatorial 3: Alto (14,00 – 16,00); Médio (8,00 – 14,00); Baixo (3,13 – 8,00)
Na Tabela 6 observa-se que no comportamento de iniciativa e desenvoltura
social, P1 foi classificado com escore Baixo (3,00), enquanto que o restante foi
Resultados
58
classificado com escore entre Médio e Alto (9,00 – 16,00).
Na Tabela 7, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 4 das respostas das mães ao SSRS-BR.
Tabela 7: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 4 (Asserção) dos
dados obtidos com as respostas das mães ao SSRS-BR
N Frequência Média Desvio Padrão
Escore Fatorial 4
(Asserção)
10 8,00 (1) – (P1)
9,00 (1)
10,00 (1)
12,00 (2)
15,00 (4)
16,00 (1)
12,7 2,90
Total
10
Escore fatorial 4: Alto (14,00 – 16,00); Médio (9,00 – 14,00); Baixo (3,13 – 9,00)
De acordo com os dados obtidos, pode-se observar, na Tabela 7, que o P1
continua sendo classificado com escore Baixo (8,00), enquanto que os outros mantêm o
padrão entre Médio e Alto (9,00 16,00), lembrando que são respostas dadas pelas
mães.
Na Tabela 8, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 5 das respostas das mães ao SSRS-BR.
Tabela 8: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 5
(Autocontrole/Civilidade) dos dados obtidos com as respostas das mães ao
SSRS-BR
N Frequência Média Desvio Padrão
Escore Fatorial 5
(Autocontrole/Civilidade)
10 3,00 (1) – (P1)
7,00 (3)
8,00 (1)
9,00 (2)
10,00 (2)
12,00 (1)
8,2 2,44
Total
10
Escore fatorial 5: Alto (9,00 – 12,00); Médio (5,00 – 9,00); Baixo (1,00 – 5,00)
Resultados
59
Na Tabela 8 observa-se que as respostas dadas pelas mães classificaram a
freqüência do comportamento Autocontrole/Civilidade. O P1 foi classificado com
escore Baixo (3,00) enquanto que o restante foi classificado com escore entre Médio e
Alto (7,00 – 12,00). Os dados obtidos nesse comportamento mantêm o padrão dos
anteriores.
Na Tabela 9, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 6 das respostas das mães ao SSRS-BR.
Tabela 9: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 6
(Autocontrole Passivo) dos dados obtidos com as respostas das mães ao SSRS-
BR
N
Frequência Média
Desvio Padrão
Escore Fatorial 6
(Autocontrole Passivo)
10
0,00 (1) – (P1)
2,00 (1) - (P2)
3,00 (1)
6,00 (4)
7,00 (1)
8,00 (2)
5,2 2,65
Total
10
Escore fatorial 6: Alto (6,00 – 8,00); Médio (2,00 – 5,00); Baixo (0,00 – 2,00)
Da mesma maneira são apresentados os dados das respostas das mães ao SSRS-
BR na Tabela 9, mostrando que P1 e P2 foram classificados com escore Baixo (0,00
2,00) no comportamento Autocontrole Passivo, enquanto q o restante foi classificado
com escore entre Médio e Alto (2,00 – 8,00).
Na Tabela 10, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Global com Problemas de Comportamento das respostas das mães ao SSRS-BR.
Resultados
60
Tabela 10: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Global com
Problemas de Comportamento dos dados obtidos com as respostas das mães ao
SSRS-BR
N Frequencia Média Desvio Padrão
Escore Global (Com
Problemas de
Comportamento)
10 2,00 (1)
3,00 (1)
5,00 (1)
6,00 (1)
7,00 (1)
8,00 (1)
11,00 (1)
13,00 (1)
14,00 (1)
15,00 (1)
8,4 4,62
Total
10
Escore global: Alto (16,00 – 29,00); Médio (11,00 – 16,00); Baixo (2,00 – 10,16)
Na Tabela 10 é possível observar a classificação dos participantes segundo ao
escore global com Problemas de Comportamento. As mães os classificaram com escore
global entre Baixo e Médio (2,00 – 15,00), mostrando nada ou quase nada relacionado a
problema de comportamento.
Na Tabela 11, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 1 (Hiperatividade) das respostas das mães ao SSRS-BR.
Tabela 11: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 1
(Hiperatividade) com Problemas de Comportamento dos dados obtidos com
as respostas das mães ao SSRS-BR
N Frequência Média
Desvio Padrão
Escore Fatorial 1
(Hiperatividade)
10 1,00 (1)
2,00 (3)
3,00 (1)
4,00 (2)
6,00 (2)
7,00 (1)
3,7 2,05
Total
10
Escore fatorial 1: Alto (8,00 – 12,00); Médio (4,00 – 8,00); Baixo (0,00 – 4,00)
Resultados
61
Com relação aos Problemas de Comportamentos Hiperatividade, pode-se
observar na Tabela 11 que as mães classificam os participantes com escore Baixo e
Médio (1,00 – 7,00), o que permite caracterizá-los com nenhum ou quase nenhum
problema de comportamento hiperativo, como descrito anteriormente: Comportamentos
que envolvem excessivo movimento, inquietação e reações impulsivas, por exemplo:
desobedecer regras e pedidos, mexer-se excessivamente, agir impulsivamente, perturbar
atividades em andamentou
Na Tabela 12, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 2 (Comportamentos Externalizantes) das respostas das mães ao SSRS-BR.
Tabela 12: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 2
(Externalizantes) com Problemas de Comportamento dos dados obtidos com as
respostas das mães ao SSRS-BR
N Frequência Média
Desvio Padrão
Escore Fatorial 2
(Comportamentos
Externalizantes)
10 1,00 (4)
3,00 (2)
5,00 (3)
6,00 (1)
3,1 2,02
Total
10
Escore fatorial 2: Alto (8,00 – 13,00); Médio (5,00 – 8,00); Baixo (1,00 – 5,00)
Com relação aos Problemas de Comportamentos Externalizantes, pode-se
observar na Tabela 12 que as mães classificam os participantes com escore Baixo e
Médio (1,00 – 6,00), o que permite caracterizá-los com nenhum ou quase nenhum
problema externalizante, como descrito anteriormente: Comportamentos que envolvem
agressão física ou verbal de outras pessoas, com baixo controle da raiva, por exemplo:
discutir e brigar com os outros, ameaçar, ficar com raiva, retrucar, ter acesso de birra.
Na Tabela 13, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 3 (Comportamentos Internalizantes) das respostas das mães ao SSRS-BR.
Resultados
62
Tabela 13: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 3
(Internalizantes) com Problemas de Comportamento dos dados obtidos com as
respostas das mães ao SSRS-BR
N Frequência Média
Desvio Padrão
Escore Fatorial 3 (
Comportamentos
Internalizantes)
10 0,00 (2)
2,00 (3)
3,00 (2)
4,00 (2)
5,00 (1)
2,5 1,64
Total
10
Escore fatorial 3: Alto (6,00 – 8,00); Médio (3,00 – 6,00); Baixo (0,00 – 3,00)
Com relação aos Problemas de Comportamentos Internalizantes, pode-se
observar na Tabela 13 que as mães classificam os participantes com escore Baixo e
Médio (0,00 – 5,00), o que permite caracterizá-los com nenhum ou quase nenhum
problema internalizante, como descrito anteriormente: Comportamentos que expressam
distanciamento dos demais e sentimentos de ansiedade, tristeza, solidão e baixa auto-
estima, por exemplo: parecer solitário, ruborizar-se facilmente, ficar ansioso quando
junto dos demais, mostrar-se triste ou deprimido.
O Quadro 6 resume a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Global e
Fatorial do Instrumento SSRS-BR na avaliação das mães.
Resultados
63
Fatores Frequência Média Desvio Padrão
F1 (Cooperação)
24,00 – 65,00 (médio) 49,9 12,8
F2 (Amabilidade)
4,00 – 19,00 (médio – alto) 12,6 4,42
F3
(Iniciativa/Desenvoltura
Social)
12,00 – 16,00 (médio – alto) 13,4 2,67
F4 (Asserção)
8,00 – 16,00 (médio - alto) 12,7 2,90
F5 (Autocontrole/
Civilidade)
3,00 – 12,00 (médio – alto) 8,2 2,44
F6 (Autocontrole
Passivo)
0,00 – 8,00 5,2 2,65
Esc. Global
24,00 – 65,00 (médio) 49,9 12,8
PC1 (Hiperatividade)
1,00 – 7,00 (sem problemas de
comportamento)
3,7 2,05
PC2 (Externalizantes)
1,00 –
6,00 (sem problemas de
comportamento)
5,9 2,51
PC3 (Internalizantes)
0,00 – 5,00
(sem problemas de
comportamento)
12,4 6,89
Esc. Global
2,00 – 15,00 8,4 4,62
Quadro 6: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Global e Fatorial do
Instrumento SSRS-BR na avaliação das mães.
Os dados mostram que as mães avaliaram seus filhos com comportamentos
socialmente habilidosos na média ou acima da média, demonstrando nenhum ou quase
nenhum problema relacionada às classes de Habilidades Sociais. Com relação aos
Comportamentos Problemáticos (CP), Hiperatividade, Problemas de Comportamentos
Externalizantes e Internalizantes as mães avaliaram seus filhos com escore Baixo, ou
seja, que não apresentam essas alterações.
Resultados
64
A seguir serão apresentados os resultados obtidos com as respostas do SSRS-BR
(Versão P) dadas pela professoras dos participantes. Para a pontuação do instrumento
foi utilizado o programa SPSS for Windows 17.0.
Os dados apresentados são do escore global, escore fatorial, F1
(Responsabilidade/Cooperação - Comportamentos que demonstram compromisso com
as tarefas e com as pessoas e disponibilidade da criança para colaborar com o bom
andamento das atividades, por exemplo: seguir instruções do professor, manter a
carteira limpa e arrumada, oferecer-se para ajudar colegas nas tarefas de classe, mostrar
interesse nas atividades), F2 (Asserção Positiva - Comportamentos que envolvem
expor-se e buscar relações com os demais, por exemplo: iniciar conversação com
colegas, convidá-los para juntar-se em atividades, apresentar-se a novas pessoas, fazer
amigos, juntar-se a grupos, falar positivamente de si, questionar regras que considera
como injustas), F3 (Autocontrole - Comportamentos que demonstram domínio das
próprias reações emocionais, por exemplo: reagir de forma apropriada à pressão,
gozação ou provocação dos colegas, controlar irritação em situações de conflito com
colegas, aceitar idéias dos colegas para atividades, negociar em situações de conflito,
usar tempo livro de forma aceitável), F4 (Autodefesa - Comportamentos que envolvem
enfrentamento para defesa de ideias, opiniões ou avaliações com algum risco de reação
indesejável do outro, por exemplo: argumentar para defender-se quando tratado
injustamente, questionar regras que considera como injustas, falar coisas boas de si
mesmo quanto pertinente), F5 (Cooperação com pares - Comportamentos que
expressam disponibilidade da criança para colaborar, por exemplo, juntar-se a um grupo
ou atividade, ajudar colegas nas tarefas, cooperar voluntariamente, ignorar distrações),
Problemas de Comportamento PC1 (Externalizantes - Comportamentos que envolvem
Resultados
65
agressão física ou verbal de outras pessoas, com baixo controle da raiva, por exemplo:
discutir e brigar com os outros, ameaçar, ficar com raiva, retrucar, ter acesso de birra) e
PC2 (Internalizantes - Comportamentos que expressam distanciamento dos demais e
sentimentos de ansiedade, tristeza, solidão e baixa auto-estima, por exemplo: parecer
solitário, ruborizar-se facilmente, ficar ansioso quando junto dos demais, mostrar-se
triste ou deprimido).
Na Tabela 14, são apresentadas a Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore
Global das respostas das professoras ao SSRS-BR.
Tabela 14: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Global obtidos com
as respostas das professoras ao SSRS-BR
N Frequência Média
Desvio Padrão
Escore Global 10 29,00 (1)
30,00 (4)
31,00 (1)
32,00 (2)
33,00 (1)
36,00 (1)
31,3 2,05
Total
10
Escore global: Alto (52,00 – 59,04); Médio (30,00 – 51,00); Baixo (11,96 – 28,00)
Observa-se na Tabela 14 que as professoras classificaram os participantes com
escore global como Médio (29,00 e 36,00), nenhum foi classificado com escore acima
ou abaixo a média.
Na Tabela 15, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 1 das respostas das professoras ao SSRS-BR.
Resultados
66
Tabela 15: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial
(Responsabilidade/Cooperação) obtidos com as respostas das professoras ao
SSRS-BR
N Frequência Média
Desvio Padrão
Escore Fatorial 1
(Responsabilidade/
Cooperação)
10 14,00 (1) – (P1)
15,00 (5)
16,00 (2)
17,00 (1)
18,00 (1)
15,6 1,17
Total
10
Escore fatorial 1: Alto (29,00 – 30,00); Médio (16,00 – 28,00); Baixo (6,00 – 14,36)
Observa-se, na Tabela 15, a classificação dos participantes, segundo respostas
dadas pelas professoras o comportamento de Responsabilidade e Cooperação em sala de
aula com escore entre Baixo e Médio (14,00 – 18,00).
Na Tabela 16, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 2 das respostas das professoras ao SSRS-BR.
Tabela 16: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 2 (Asserção
Positiva) obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-BR
N Frequência Média
Desvio Padrão
Escore Fatorial 2
(Asserção Positiva)
10 9,00 (8)
10,00 (1)
12,00 (1)
9,4 0,96
Total
10
Escore fatorial 2: Alto (16,00 – 18,00); Médio (8,00 – 15,00); Baixo (0,00 – 7,00)
Com relação à Asserção Positiva, a Tabela 16 mostra que as professoras
classificaram os participantes com escore Médio (9,00 12,00), nenhum encontra-se
com escore abaixo ou acima na emissão desse comportamento.
Resultados
67
Na Tabela 17, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 3 das respostas das professoras ao SSRS-BR.
Tabela 17: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 3
(Autocontrole) obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-BR
N Frequência Média Desvio Padrão
Escore Fatorial 3
(Autocontrole)
10 9,00 (7)
10,00 (1)
11,00 (2)
9,5 0,84
Total
10
Escore fatorial 3: Alto (17,00 – 18,00); Médio (9,00 – 16,00); Baixo (1,00 – 9,00)
Com relação ao Autocontrole, a Tabela 17 mostra que as professoras
classificaram os participantes com escore Médio (9,00 11,00), da mesma forma que o
anterior nenhum encontra-se com escore abaixo ou acima na emissão desse
comportamento.
Na Tabela 18, são apresentadas a Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 4 das respostas das professoras ao SSRS-BR.
Tabela 18: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 4
(Autodefesa) obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-BR
N Frequência Média
Desvio Padrão
Escore Fatorial 4
(Autodefesa)
10 3,00 (9)
5,00 (1)
3,2 0,63
Total
10
Escore fatorial 4: Alto (5,00 – 6,00); Médio (2,00 – 5,00); Baixo (0,00 – 2,00)
Com relação à Autodefesa, a Tabela 18 mostra que as professoras classificaram
os participantes com escore Médio (3,00 – 5,00), da mesma forma que o anterior
nenhum encontra-se com escore abaixo ou acima na emissão desse comportamento.
Resultados
68
Na Tabela 19, são apresentadas a Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 5 das respostas das professoras ao SSRS-BR.
Tabela 19: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 5
(Cooperação com pares) obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-BR
N Frequência Média
Desvio Padrão
Escore Fatorial 5
(Cooperação com pares)
10 4,00 (10) 4,00 0,00
Total
10
Escore fatorial 5: Alto (7,00 – 8,00); Médio (3,00 – 7,00); Baixo (0,00 – 3,00)
Observa-se, na Tabela 19, que no fator Cooperação com pares, todos os
participantes foram classificados pelas professoras com escore Médio (4,00), nenhum
encontra-se com escore abaixo ou acima na emissão desse comportamento.
Na Tabela 20, são apresentadas a Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore
Global (Com Problemas de Comportamento) das respostas das professoras ao SSRS-
BR.
Tabela 20: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Global com Problemas
de Comportamento obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-BR
N Frequência Média Desvio Padrão
Escore Global (Com
Problemas de
Comportamento)
10 6,00 (2)
8,00 (2)
10,00 (1)
11,00 (1)
12,00 (1)
16,00 (1)
19,00 (1)
28,00 (1)
12,4 6,89
Total
10
Escore global: Alto (14,00 – 27,08); Médio (2,00 – 13,00); Baixo (0,00 – 1,00)
Resultados
69
Observa-se, na Tabela 20, que as professoras classificaram os participantes com
escore global com problemas de comportamento entre Médio e Alto (6,00 28,00),
portanto, pode-se caracterizar um grupo com problemas de comportamento, pois
nenhum apresentou escore baixo para esse item.
Na Tabela 21, são apresentadas a Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 1 (Comportamentos Externalizantes) das respostas das professoras ao SSRS-
BR.
Tabela 21: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 1 com
Problemas de Comportamento obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-
BR
N Frequência Média Desvio Padrão
Escore Fatorial 1
(Comportamentos
Externalizantes)
10 2,00 (1)
3,00 (1)
5,00 (2)
7,00 (1)
8,00 (1)
10,00 (1)
12,00 (2)
24,00 (1)
8,8 6,37
Total
10
Escore fatorial 1: Alto (12,00 – 23,00); Médio (1,00 – 11,00); Baixo (0,00 – 1,00)
Com relação aos Problemas de Comportamentos Externalizantes, pode-se
observar na Tabela 21 que as professoras classificam os participantes com escore Médio
e Alto (2,00 24,00), o que permite caracterizá-los com problemas de comportamentos
externalizantes, como descrito anteriormente: Comportamentos que envolvem agressão
física ou verbal de outras pessoas, com baixo controle da raiva, por exemplo: discutir e
brigar com os outros, ameaçar, ficar com raiva, retrucar, ter acesso de birra.
Na Tabela 22, são apresentadas a Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore
Fatorial 2 (Comportamentos Internalizantes) das respostas das professoras ao SSRS-BR.
Resultados
70
Tabela 22: Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Fatorial 2 com
Problemas de Comportamento obtidos com as respostas das professoras ao SSRS-
BR
N Frequência Média Desvio Padrão
Escore Fatorial 2
(Comportamentos
Internalizantes)
10 2,00 (1)
3,00 (1)
4,00 (1)
5,00 (1)
6,00 (2)
7,00 (2)
9,00 (1)
10,00 (1)
5,9 2,51
Total
10
Escore fatorial: Alto (5,00 – 8,00); Médio (0,00 – 5,00); Baixo (0,00)
Com relação aos Problemas de Comportamentos Internalizantes, pode-se
observar na Tabela 22 que as professoras classificam os participantes com escore Médio
e Alto (2,00 10,00), o que permite caracterizá-los com problemas de comportamentos
internalizantes, como descrito anteriormente: Comportamentos que expressam
distanciamento dos demais e sentimentos de ansiedade, tristeza, solidão e baixa auto-
estima, por exemplo: parecer solitário, ruborizar-se facilmente, ficar ansioso quando
junto dos demais, mostrar-se triste ou deprimido.
O Quadro 7 resume a Freqüência, Média e Desvio Padrão do Escore Global e
Fatoriais do Instrumento SSRS-BR na avaliação das professoras.
Resultados
71
Fatores Frequência Média Desvio Padrão
F1
(Responsabilidade/
Cooperação
14,00 – 18,00 (médio)
15,6
1,17
F2 (Asserção
Positiva)
9,00 – 12,00 (médio)
9,4
0,96
F3 (Autocontrole)
9,00 – 11,00 (médio)
9,5
0,84
F4 (Autodefesa)
3,00 – 5,00 (médio)
3,2
0,63
F5 (Cooperação com
pares)
4,00 (médio)
4,0
0,00
Esc. Global
29,00 – 36,00 (médio)
31,3
2,05
PC1
(Externalizantes)
2,00 – 24,00 (médio – alto)
8,8
6,37
PC2
(Internalizantes)
2,00 – 10,00 (médio – alto)
5,9
2,51
Esc. Global
6,00 – 28,00
(com problemas de
comportamento)
12,4
6,89
Quadro 7: Frequência, Média e Desvio Padrão do Escore Global e Fatorial do
instrumento SSRS-BR na avaliação das professoras.
De maneira geral as professoras avaliaram os participantes com nível de
Habilidades Sociais Médio, apenas o P1 foi classificado com escore Baixo em
Responsabilidade/cooperação em sala de aula. Foi observado que os participantes
apresentaram escores entre Médio e Alto nos problemas de comportamento
externalizantes e internalizantes.
Resultados
72
Na Tabela 23 são resumidos os resultados relacionados à Média, Desvio Padrão,
Coeficiente de Correlação entre Fatores (r) e seus níveis de significância (p) e
coeficientes alfa de Cronbach, para os Escores Fatoriais e Globais para as Escalas de
Habilidades Sociais (HS) e Comportamentos Problemáticos (CP).
Tabela 23. Médias e desvios-padrão, coeficientes de correlação entre fatores (r) e
seus níveis de significância (p) e coeficientes alfa de Cronbach, para os Escores
Fatoriais e Globais para as Escalas de Habilidades Sociais (HS) e Comportamentos
Problemáticos (CP)
Escala Fórmula Alfa Médias (dp) r p
Fator 1 0,79 4,42 (12,6) 0,73 < 0,001
Fator 2 0,70 13,4 (2,67) 0,51 < 0,001
Fator 3 0,71 12,1 (4,50) 0,73 < 0,001
Fator 4 0,70 12,7 (2,90) 0,72 < 0,001
Fator 5 0,59 8,2 (2,44) 0,60 < 0,001
Fator 6 0,65 5,2 (2,65) 0,68 < 0,001
Mães
Escore
Global
0,86 49,9 (12,8) 0,69 < 0,001
Fator 1 0,92 15,6 (1,17) 0,74 < 0,001
Fator 2 0,87 9,4 (0,96) 0,55 < 0,001
Fator 3 0,88 9,5 (0,84) 0,77 < 0,001
Fator 4 0,78 3,2 (0,63) 0,50 < 0,001
Fator 5 0,73 4,0 (0,00) 0,49 < 0,001
Escala de
HS
Professoras
Escore
Global
0,94 31,3 (2,05) 0,71 < 0,001
Fator 1 0,75 3,7 (2,05) 0,53 < 0,001
Fator 2 0,72 3,1 (2,02) 0,85 < 0,001
Fator 3 0,60 2,5 (1,64) 0,62 < 0,001
Mães
Escore
Global
0,83 8,4 (4,62) 0,75 < 0,001
Fator 1 0,93 12,4 (6,89) 0,83 < 0,001
Fator 2 0,74 8,8 (6,37) 0,66 < 0,001
Escala de
CP
Professoras
Escore
Global
0,91 5,9 (2,51) 0,80 < 0,001
Resultados
73
A análise dos fatores da Escala de HS na avaliação das mães indicou valores de
alfa de Cronbach entre 0,59 a 0,70 e correlações significativas item-escore de cada
componente (entre r=0,51 a r=0,73; p<0,001), não sendo, portanto, eliminado nenhum
item. Para a escala global, a análise das respostas da Escala de HS na avaliação das
mães produziu um alfa de 0,86, bem como correlações significativas item-escore total
(entre r=0,69; p<0,001). A análise dos fatores da Escala de HS na avaliação das
professoras indicou valores de alfa de Cronbach entre 0,73 a 0,94 e correlações
significativas item-escore de cada componente (entre r=0,49 a r=0,77; p<0,001), não
sendo, portanto, eliminado nenhum item. Para a escala global, a análise da consistência
interna da Escala de HS na avaliação das professoras produziu um alfa de 0,94, bem
como correlações significativas item-escore total (entre r=0,71; p<0,001). Com base
nessas correlações, considera-se pertinente computar também o escore global (sem
eliminar nenhum item). A análise da estabilidade temporal revelou uma correlação
positiva significativa entre os escores de pais e professores da escala global (r=0,86 a
r=0,94; p<0,001), conforme mostrado na Tabela 23.
A análise dos fatores da Escala de CP na avaliação das mães indicou valores de
alfa de Cronbach entre 0,60 a 0,83 (Tabela 23) e correlações significativas item-escore
de cada componente (entre r=0,53 a r=0,85; p<0,001), não sendo, portanto, eliminado
nenhum item. Para a escala global, a análise da consistência interna da Escala de CP na
avaliação das mães produziu um alfa de 0,83, bem como correlações significativas item-
escore total (entre r=0,75; p<0,001). Na avaliação das professoras, indicou valores de
alfa de Cronbach entre 0,74 a 0,93 (Tabela 23) e correlações significativas item-escore
de cada componente (entre r=0,66 a r=0,83; p<0,001), não sendo, portanto, eliminado
nenhum item. Para a escala global, a análise da consistência interna da Escala de CP na
avaliação professoras produziu um alfa de 0,91, bem como correlações significativas
Resultados
74
item-escore total (entre r=0,80; p<0,001). Com base nessas correlações, considera-se
pertinente computar também o escore global (sem eliminar nenhum item). A análise da
estabilidade temporal revelou uma correlação positiva significativa entre os escores de
pais e professores da escala global (r=0,83 a r=0,91; p<0,001), conforme mostrado na
Tabela 23.
A seguir são apresentados os resultados obtidos com a análise das filmagens
realizadas por dois juízes treinados. A classificação do Desvio Fonológico foi baseada
em Shriberg; Kwiatkowski (1982): PCC < 50% - Severo, 50% < PCC < 65% -
Moderadamente severo, 65% < PCC < 85% - Levemente moderado e 85% < PCC <
100% - Leve.
Na Tabela 24 são apresentados os resultados referentes ao Grau de Desvio
Fonológico de acordo com a idade e o gênero dos participantes.
Tabela 24. Caracterização das crianças quanto ao Gênero, Idade e Grau de
Desvio Fonológico
Gênero
F M
N % N %
Média N %
Leve 1 10 1 10 8,0 2 20
Levemente-
Moderado
2 20 2 20 7,25 4 40
Moderadamente-
Severo
0 0 2 20 7,5 2 20
Severo 0 0 2 20 6,5 2 20
Total 3 30 7 70 -
Com relação ao gênero feminino foi possível observar que o Desvio Fonológico
variou de leve a levemente-moderado, enquanto que no gênero masculino a variação foi
de leve a severo. Com relação à idade, observou-se que quanto maior a idade menor o
grau de Distúrbio Fonológico.
Resultados
75
O Gráfico 1 classifica o grau de Desvio Fonológico individualmente. É possível
observar que a maioria dos participantes apresenta um grau levemente moderado (40%).
A porcentagem de consoantes corretas (PCC) variou de 67% a 75%.
Gráfico 1. Classificação individual quanto ao grau de Desvio Fonológico
Para a caracterização do Grau de Inteligibilidade de Fala (GIF) foram utilizadas
as seguintes definições: Insuficiente (incompreensível) - Quando a maior parte das
palavras não foi compreensível e teve dificuldade em compreender o tópico principal da
mensagem; Regular (pouco compreensível) - Quando foi possível compreender pelo
menos metade das palavras e o tópico principal da mensagem e Boa (compreensível) -
Quando foi possível compreender praticamente todas as palavras e entender o conteúdo
da mensagem.
No Gráfico 2 é possível observar que os participantes que foram classificados
com grau de Desvio Fonológico (GDF) Leve apresentaram grau de Inteligibilidade de
Fala (GIF) Boa, os classificados com GDF levemente moderado e moderadamente
severo, apresentaram GIF Regular e por fim os classificados com GDF Severo,
apresentaram GIF Insuficiente.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
PCC (%)
P1 P 2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10
Pa rticipa ntes
Severo
Moderadamente severo
Levemente moderado
Leve
Resultados
76
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
P1 P2 P 3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10
Participantes
PCC (%)
Insuficiente
Regular
Boa
Gráfico 2. Grau de Inteligibilidade de Fala de acordo com a Classificação do Desvio
Fonológico
Na Tabela 25 são apresentadas presença e ausência das classes de Habilidades
Sociais de Comunicação de acordo com o grau de Desvio Fonológico.
Tabela 25: Facilidade dos participantes no desempenho das Habilidades
Comunicativas avaliadas por meio do PRAD – F.
Classes de HSC
Desvio
Fonológico
Leve (DFL)
Desvio
Fonológico
Levemente
Moderado
(DFLM)
Desvio
Fonológico
Moderadamente
Severo (DFMS)
Desvio
Fonológico
Severo (DFS)
Total
Apresentar-se X (2) X (3) X (1) ( - )
Iniciar
Conversação
X (2) X (2) ( - ) ( - )
Expressar
Pensamentos e
Sentimentos
X (1)
X (1)
( - )
( - )
Fazer Pedidos X (2) X (2) ( - ) ( - )
Pedir
Informações
X (1) X (1) ( - ) ( - )
Verbais
de
Conteúdo
Finalizar
Conversação
X (2) X (2) X (1) X (1)
Velocidade de
fala (adequada)
X (2) X (3) X (1) X (1)
Verbais
de Forma
Intensidade de
voz (audível)
X (2) X (3) X (1) X (1)
Contato visual X (2) X (2) X (1) X (1)
Sorriso X (2) X (4) X (2) X (2)
Gestos X (2) X (4) X (2) X (2)
Expressões
faciais
X (2) X (4) X (2) X (2)
Não
Verbais
Movimentos de
cabeça
X (2) X (4) X (2) X (2)
Total
2 4 2 2 10
Legenda: X – presença; Entre (n) – quantidade de participantes; ( - ) ausência
Resultados
77
Observa-se que os participantes com graus de Desvio Leve e Levemente
Moderado apresentaram maior facilidade com a emissão verbal, como por exemplo:
apresentar-se, iniciar conversação, pedir informações, assim como também
apresentaram velocidade de fala mais adequada e intensidade de voz mais audível que
os demais. Os participantes que apresentaram grau de Desvio Moderadamente Severo
ou Severo demonstraram maior dificuldade quanto à emissão verbal, principalmente nas
classes de Habilidades Sociais Verbais de Conteúdo.
Na Tabela 26 são apresentados os resultados quanto a interferência do Grau de
Inteligibilidade de Fala na emissão do comportamento verbal, no caso desse estudo, no
repertório de Habilidade Sociais de Comunicação
GIF HSC
Insatisfatório Nem Satisfatório Nem
Insatisfatório
Satisfatório
N % N % N %
Insuficiente
1 10 1 10 0 0
Regular
3 30 2 20 1 10
Boa
0 0 1 10 1 10
Total
4 40 4 40 2 20
Na Tabela 26, pode-se observar que a maioria dos participantes avaliados com
Grau de Inteligibilidade de Fala Insuficiente (GIF-I) ou Regulares (GIF-R) apresentou
desempenho em Habilidades Sociais de Comunicação Insatisfatório (HSC-I) ou
Habilidades Sociais de Comunicação Nem Satisfatório Nem Insatisfatório (HSC-NINS).
Apenas um participante classificado GIF-R, apresentou desempenho em Habilidades
Sociais de Comunicação Satisfatório (HSC-S).
Para a pontuação do instrumento Protocolo de Registro de Resposta (Cenário
Tabela 26. Grau de Inteligibilidade de Fala relacionada às Habilidades Sociais de
Comunicação
Resultados
78
Comportamental) foi utilizada análise qualitativa de acordo com a Categorização da
Resposta: comportamento muito passivo (-2), parcialmente passivo (-1), resposta
assertiva (0), parcialmente agressivo (1) e comportamento muito agressivo (2). Na
Tabela 27 é possível observar que em geral os participantes demonstraram
comportamentos parcialmente passivo e muito passivo, indicando dificuldades
relacionadas à maneira de se expressar, assim como manter uma interação social. È
possível observar mesmo tendo um GIF classificado como Boa, os participantes
mantiveram um padrão de comportamento caracterizado como assertivo, demonstrando
interesse na interação com os interlocutores. Os participantes classificados com GIF
Regular ou Insuficiente mostraram comportamentos muito passivo ou parcialmente
passivo, demonstrando mais uma vez que quanto menor o GIF menor o interesse nas
relações interpessoais. As dificuldades apresentadas foram mais frequentemente
observadas quando o interlocutor se tratava de um adulto (F) e de uma criança em fase
normal de desenvolvimento da linguagem e de gênero oposto ao participante. Quando
tratava-se de um interlocutor de mesmo gênero as respostas foram mais assertivas. Os
participantes com boa inteligibilidade de fala demonstraram maior interesse nas
interações com os interlocutores, porém com relação aos participantes com grau regular
ou insuficiente de inteligibilidade de fala não houve diferença significativa, pois foi
possível mensurar que os participantes, em geral, apresentaram comportamentos
passivos, demonstrando nenhuma ou quase nenhuma intenção nas relações
interpessoais.
Resultados
79
Tabela 27: Categorização da Resposta frente a três situações estruturadas de
interação de acordo com o Grau de Inteligibilidade de Fala dos participantes
Participantes
Grau de
Inteligibilidade de
Fala – GIF
(Gênero)
Filmagens
1
(adulto – F)
2
(criança de
mesmo gênero em
FNDL)
3
(criança de gênero
oposto em FNDL)
P1
Boa (F)
Assertivo (0)
Assertivo (0)
Parcialmente
passivo (-1)
P2
Regular (M)
Parcialmente
agressivo (1)
Assertivo (0)
Muito passivo (-2)
P3
Boa (M)
Assertivo (0)
Assertivo (0)
Parcialmente
passivo (0)
P4
Regular (F)
Parcialmente
passivo (-1)
Parcialmente
passivo (-1)
Muito passivo (-2)
P5
Regular (M)
Parcialmente
assertivo (-1)
Assertivo (0)
Muito passivo (-2)
P6
Insuficiente (M)
Muito passivo (-2)
Assertivo (0)
Parcialmente
passivo (-1)
P7
Regular (F)
Parcialmente
passivo (-1)
Parcialmente
passivo (-1)
Parcialmente
passivo (-1)
P8
Regular (M)
Parcialmente
passivo (-1)
Assertivo (0)
Muito passivo (-2)
P9
Insuficiente (M)
Parcialmente
passivo (-1)
Parcialmente
passivo (-1)
Muito passivo (-2)
P10
Regular (M)
Muito passivo (-2)
Parcialmente
passivo (-1)
Parcialmente
passivo (-1)
Para a pontuação do instrumento PRAD-F foi realizada análise qualitativa de
acordo com a Avaliação do Desempenho nas seguintes classes de HSC: saudar,
apresentar-se, iniciar conversação, fazer e responder perguntas, expressar pensamentos e
sentimentos, pedir ajuda, fazer pedidos e compartilhar materiais. Cada classe apresenta
quatro itens, que deveriam ser mensurados de acordo com a escala: Insatisfatório
(quando o participante apresenta 1 dos 4 itens), Regular (quando o participante
Resultados
80
apresenta 2 dos 4 itens) e Satisfatório (quando o participante apresenta pelo menos 3 dos
4 itens).
Na Tabela 27 observa-se que os participantes classificados com Habilidades
Sociais de Comunicação Insatisfatório (HSC-I), apresentaram maior dificuldade nos
componentes verbais de conteúdo, tanto em iniciar, manter e encerrar conversação
quanto em fazer e responder perguntas. Os participantes que foram classificados com
Habilidades Sociais de Comunicação Nem Satisfatório Nem Insatisfatório (HSC-NINS)
apresentaram maior dificuldade nos componentes verbais de conteúdo, na classe de
iniciar, manter e encerrar conversação. Enquanto que os participantes classificados com
Habilidades Sociais de Comunicação Satisfatório (HSC-S) não apresentaram
dificuldade em nenhuma das classes observadas. Nota-se que aqueles que apresentaram
HSC-I e HSC-NINS tiveram maior dificuldade nos componentes verbais de conteúdo,
ou seja, na emissão verbal, relacionadas ao diálogo propriamente dito, ao qual necessita
necessariamente de um locutor e um interlocutor para a transmissão da mensagem.
Porém, os classificados com HSC-NINS demonstraram maior intenção comunicativa,
pois faziam ou respondiam perguntas ao interlocutor. Quanto ao componente não
verbal, os participantes com HSC-I, foram os que apresentaram maior dificuldade com
relação ao contato visual e expressões faciais, não demonstrando nenhuma ou quase
nenhuma intenção comunicativa.
Resultados
81
Tabela 28: Classificação dos participantes quanto ao Grau de Desvio
Fonológico, Grau de Inteligibilidade de Fala, Desempenho em Habilidades
Sociais de Comunicação e Dificuldades nas classes de HSC
Participantes
Classificação
Grau Desvio
Fonológico
Grau de
Inteligibilidade de
Fala
Habilidades
Sociais de
Comunicação
Dificuldades nas
classes de HSC
P1
Leve
Boa
Satisfatório
-
P2
Moderadamente
severo
Regular
Nem Satisfatório
Nem Insatisfatório
Iniciar, manter e
finalizar
conversação
P3
Leve
Boa
Satisfatório
-
P4
Levemente
Moderado
Regular
Nem Satisfatório
Nem Insatisfatório
Fazer e responder
perguntas;
P5
Moderadamente
Severo
Regular
Insatisfatório
Iniciar, manter e
finalizar
conversação;
Responder
perguntas;
Contato visual.
P6
Severo
Insuficiente
Insatisfatório
Iniciar, manter e
finalizar
conversação;
Fazer e responder
perguntas;
Contato visual.
P7
Levemente
Moderado
Regular Nem Satisfatório
Nem Insatisfatório
Iniciar, manter e
finalizar
conversação.
P8
Levemente
Moderado
Regular Satisfatório -
P9
Severo
Insuficiente
Insatisfatório
Iniciar, manter e
finalizar
conversação;
Fazer pedidos;
Contato visual;
Expressões faciais.
P10
Levemente
Moderado
Regular Nem Satisfatório
Nem Insatisfatório
Iniciar manter e
finalizar
conversação;
Fazer perguntas;
Pedir informação.
Por meio da análise qualitativa, feito pelas observações das filmagens pode-se
inferir que o grau de inteligibilidade de fala (GIF) interfere significativamente na
Resultados
82
relação interpessoal. De maneira geral os participantes demonstraram dificuldades em
várias classes de Habilidades Sociais de Comunicação, como por exemplo: Iniciar,
manter e finalizar conversação, fazer e responder perguntas, pedir ajuda, contato visual,
expressões faciais, bem como velocidade de fala e volume audível de voz.
Para a análise estatística foi realizado o cálculo do coeficiente da correlação de
Spearman (r
S (0,05; 10)
= 0,648; p = 0,90), demonstrando correlação estatisticamente
significativa e positiva. Dessa maneira, quanto menor o GIF menor o desempenho em
HSC, o que permite identificar que as crianças que tiveram maior dificuldade com
relação à emissão verbal apresentaram igual dificuldade em interagir de maneira
socialmente habilidosa. De acordo com Yavas, (2001), as com crianças com desvio
fonológico, apresentam dificuldades relacionadas aos vínculos sociais devido à
inteligibilidade de fala.
83
Discussão
DiscussãoDiscussão
Discussão
Discussão
84
CAPÍTULO IV - Discussão
A comunicação humana é a habilidade de transmitir informações, relatar
sentimentos, desejos, experiências, conhecimentos, por meio de símbolos sonoros,
iconográficos e gestuais (NICOLOSI; et. al., 1989). A linguagem refere-se a este
conjunto de símbolos convencionais, além de um conjunto de procedimentos (regras),
os quais combinados são utilizados para a comunicação interpessoal (LAW, 2001,
RIGOLET, 1998).
Com relação à aquisição e desenvolvimento da linguagem (FRANCO et. al.,
2003, KESKE-SOARES et. al., 2004, LOWE; 1996, OLIVEIRA, 2003), muitos estudos
(PEREIRA; MOTA, 2002, STOEL-GAMMON; DUNN, 1985) mostram que algumas
crianças apresentam dificuldades que levam a padrões não esperados para a idade, é o
caso do Desvio Fonológico, uma alteração de linguagem caracterizada pelo uso
inadequado dos sons conforme a idade, que podem envolver erros na produção,
percepção ou organização dos sons, podendo ser observado em casos de crianças que
não aprendem um ou vários sons esperados para sua idade (COMPTON, 1970,
CONSORTI; WERTZNER, 2004, GRUNWELL, 1981, OLLER, 1973, WERTZNER,
2003). Esse desvio pode ocorrer com o grau de leve a severo em, aproximadamente,
dois a três por cento das crianças entre quatro a sete anos de idade, sendo sua ocorrência
mais freqüente nas formas mais leves (BLANCO et., al., 2002, GRUNWELL, 1997,
HODSON; PADEN, 1983, 1991, INGRAM, 1997, KESKE-SOARES, 2001,
SHRIBERG; KWIATKOWSKI, 1982; SHRIBERG et al., 1997). Os resultados do
presente estudo corroboram com a literatura, confirmando a maior frequencia do desvio
nos graus mais leves, variando de leve a levemente moderado (60%), portanto, seis
crianças num total de dez.
Discussão
85
Para a participação nesse estudo eram necessários alguns critérios de inclusão,
como por exemplo, estar na faixa etária de seis a oito anos de idade cronológica, estar
matriculado em escola regular, público ou privado, que não apresentasse deficiências
mental, auditiva, visual, síndromes, distúrbios abrangentes do desenvolvimento e lesões
neurológicas adquiridas. Era necessário frequentar terapia fonoaudiológica duas vezes
semanais na clínica escola da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São
Paulo, local esse da realização das avaliações do presente estudo. Portanto, os
participantes foram selecionados por prévia análise dos prontuários individuais, que
foram liberados à pesquisadora, pela responsável pela clínica, após aprovação do
projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres Humanos. Dessa maneira,
obtivemos mais participantes do gênero masculino (sete) que do gênero feminino (três).
Esse resultado está de acordo com grande parte dos estudos da área (BEFI-LOPES;
PALMIERI; 2000; BEFI-LOPES et. al. 2003; BEFI-LOPES, 2004; BISHOP, et. al.
2000; BORGES; SALOMÃO, 2003; GIERUT, 1998; HAGE; FAIAD, 2005; HAGE, et.
al., 2006, WERTZNER; CONSORTI, 2004), uma vez que o desvio fonológico é mais
frequente em meninos. De acordo com Hage; Faiad, (2005), acredita-se que esse fato
pode estar relacionado a fatores neurológicos (a maturação cerebral é mais lenta nos
meninos), hormonais (os níveis alterados de testosterona poderiam dificultar a
realização de conexões ideais pelo sistema nervoso), genéticos e sociais (as cobranças
do meio social são mais freqüentes e intensas com os meninos, exigindo-se que sua fala
seja sempre correta).
Notou-se também que houve uma relação inversamente proporcional da idade
cronológica da criança com o desvio fonológico. Isso confirma os dados de que a
medida que a criança adquire maturidade funcional, as omissões, substituições e
distorções são superadas, fazendo com que sua fala se aproxime à do adulto (CHIN;
Discussão
86
DINSSEN, 1992, LAMPRECHT, 2004, LAW, 2001, MOTA, 1990, RIGOLET, 1998).
Os resultados obtidos com a análise do instrumento SSRS-BR, permitem
observar que houve distinção na avaliação de mães e professoras, já que as mães
demonstraram maior tolerância com o comportamento, tanto verbal quanto não verbal,
das crianças que as professoras. A diferença dos contextos e demandas oferecidas
permite inferir que o ambiente escolar apresenta um maior número de interações sociais
o que facilita a observação do professor aos comportamentos apresentados pelas
crianças com Desvio Fonológico frente a diversas situações. Dessa maneira, as crianças
com Desvio Fonológico apresentam ficits em Habilidades Sociais, principalmente em
ambiente escolar, mais especificamente em Habilidades Sociais de Comunicação, visto
que a Inteligibilidade de Fala encontra-se prejudicada ocasionando problemas na
comunicação.
Com relação à aquisição e desenvolvimento das Habilidades Sociais,
evidências na literatura, que estão associados a variáveis como gênero, idade e nível
socioeconômico. Souza; Rodrigues (2002) encontraram diferenças significativas entre
meninos e meninas de oito e nove anos, em um estudo de observação do
comportamento, em situação de brincadeira, com videogravações. Os meninos
apresentaram porcentagens mais altas das habilidades de abraçar o outro e iniciar
contato do que as meninas, e estas, porcentagens mais altas na habilidade de pedir para
entrar nas brincadeiras.
O desempenho social superior das meninas foi igualmente encontrado por
Gresham; Elliott (1990), em estudo com 2400 crianças estadunidenses, do Ensino
Fundamental, utilizando a escala Social Skills Rating System (SSRS). As meninas
apresentaram um escore de habilidades sociais significativamente superior ao dos
meninos, nas avaliações feitas pelos professores, pelos pais e nas auto-avaliações das
Discussão
87
crianças.
Contrariamente aos resultados descritos acima, no estudo de Del Prette; Del
Prette (2002) não foram observadas diferenças significativas em função do sexo,
possivelmente devido ao instrumento de medida utilizado, que diferia daqueles adotados
nos demais estudos citados. Foi utilizado o Inventário Multimídia de Habilidades
Sociais em uma amostra de 406 alunos, de 7 a 13 anos de idade (com maior
concentração de 8 a 10), cursando a série do Ensino Fundamental de 6 escolas da
rede estadual de ensino. O instrumento de medida utilizado é composto por 21 situações
filmadas de interações sociais, cada uma delas com três alternativas de reação
apresentadas pela personagem principal. Os autores sugeriram a realização de novos
estudos, inclusive longitudinais, para verificar diferenças de sexo em habilidades
sociais, em diferentes momentos do desenvolvimento infantil (DEL PRETTE; DEL
PRETTE, 2002).
A caracterização socioeconômica dos participantes é um aspecto importante,
pois essa é uma variável que pode influenciar no rendimento acadêmico dos alunos.
Feitosa; et. al, (2006) relatam que crianças com nível socioeconômico mais elevado
podem ter melhores oportunidades de desenvolvimento físico, emocional e intelectual,
assim como, facilidades de acesso a um ambiente físico mais estimulador. Enquanto que
as crianças desfavorecidas social e economicamente, além de terem restrições de acesso
a essas oportunidades, geralmente também são desfavorecidas pedagogicamente, pois
sofrem com mais absenteísmo dos professores e geralmente tem piores modelos de
estimulação, identificação, motivação e orientação. Portanto, sugere-se que estudos
futuros façam comparações em grupos com diferentes níveis socioeconômicos, tanto
relacionados ao grau de Desvio Fonológico quanto a aprendizagem e desenvolvimento
em Habilidades Sociais.
Discussão
88
Igualmente aos dados obtidos por Del Prette; Del Prette (2002), no presente
estudo não foram observados a relação entre aprendizagem e desenvolvimento das
Habilidades Sociais quanto ao gênero, nível socioeconômico e idade, pois todos os
participantes demonstraram dificuldades nas relações interpessoais independente do
gênero, nível socioeconômico e idade.
Outro dado obtido nesse estudo está relacionado aos problemas de
comportamento que representam déficits ou excedentes comportamentais que
prejudicam a interação da criança com os pares e adultos de sua convivência (GARCIA,
2001, SILVA, 2000). São freqüentemente divididos em problemas que se externalizam
(sintomas de comportamento de quebrar regras e agressividade, tais como os transtornos
de conduta) e problemas que se internalizam (tais como depressão e ansiedade) (BEE,
1996). Os comportamentos que se internalizam restringem-se ao âmbito privado da
criança, não sendo diretamente dirigidos para o entorno em que esta vive. os
comportamentos externalizantes interferem no cumprimento de tarefas evolutivas como
as requeridas pela escola, por terem alta prevalência, prognóstico pobre e por serem
fatores de risco para inadaptação psicossocial na adolescência.
Crianças com problemas de comportamento apresentam modos de
enfrentamento diferenciados frente às situações cotidianas e às relações interpessoais
nas diversas esferas de convivência social. Em sala de aula, as principais manifestações
nas crianças são os comportamentos tidos como socialmente inadequados (SILVA,
2000) e o baixo desempenho escolar (SANTOS; GRAMINHA, 2006). Dependendo do
tipo de problema, o aluno pode ser considerado desobediente, impaciente, agitado,
destrutivo ou, então, desanimado, desacreditado e quieto, o que não, necessariamente,
chama a atenção do professor.
No presente estudo as mães classificam os participantes com Escore Global para
Discussão
89
problemas de comportamento, Fatorial 1 (Hiperatividade), Fatorial 2 (Comportamentos
Externalizantes) e Fator 3 (Comportamentos Internalizantes) entre Médio e Baixo o que
permite caracterizá-los com nenhum ou quase nenhum problema de comportamento
hiperativo, externalizante ou internalizante. Enquanto que as professoras classificaram
os participantes com Escore Global com problemas de comportamento, Fator 1
(Externalizantes) e Fator 2 (Internalizantes) entre Médio e Alto. É possível observar que
os participantes, segundo avaliação das professoras, apresentam tanto comportamentos
externalizantes (quebrar regras e agressividade) quanto internalizantes (depressão,
ansiedade), desobediente, impaciente, agitado, destrutivo ou, então, desanimado,
desacreditado e quieto, dados que estão de acordo com estudos na área (SANTOS;
GRAMINHA, 2006, SILVA, 2000).
Del Prette e Del Prette (1998) sugerem que promoção de Habilidades Sociais no
contexto escolar pode ser implementada por meio de programas formais estruturados
para subgrupos de alunos fora da classe ou conduzidos com a classe toda, integrados ao
currículo escolar. A inclusão do desenvolvimento interpessoal como objetivos
curriculares poderia ser uma contribuição da escola não apenas no sentido de diminuir
os conflitos entre os alunos ou para melhorar a aprendizagem escolar, mas também
como preparação da criança para a vida em sociedade. Dessa forma, a escola estaria
cumprindo com a sua função social e não apenas com a formação acadêmica de seus
alunos, como geralmente acontece.
Os participantes também foram avaliados com relação ao Grau de
Inteligibilidade de Fala (GIF). A inteligibilidade de fala é o grau de clareza com que
cada emissão é compreendida pela maioria dos ouvintes (NICOLOSI, et. al, 1989).
Crianças com desvios fonológicos possuem uma diminuição da inteligibilidade da fala o
que é bastante preocupante. Conforme Bernthal; Bankson (1998), a inteligibilidade é o
Discussão
90
fator mais importante para se determinar quando é necessária a intervenção e para se
medir a efetividade das estratégias terapêuticas. Segundo Hodson (1994), o grande
objetivo dos fonoaudiólogos é tornar a fala de uma criança com desvio fonológico
inteligível. Acredita-se que nessas crianças, além da fala, a ininteligibilidade é muito
influenciada por variáveis pragmáticas, contextuais e lingüísticas (GORDON-
BRANNAN, 1994).
Os dados relacionados ao Grau de Inteligibilidade de Fala (GIF) e as
Habilidades Sociais de Comunicação (HSC), mostrando que os participantes avaliados
com GIF Regular ou Insuficiente foram os que mais apresentaram dificuldades quanto
ao Desempenho Social durante a situação estruturada de interação. A fala de crianças
com desvio fonológico pode ocasionar em um inventário fonético restrito além de um
sistema fonológico simplificado que poderá levar a uma fala ininteligível ocasionando
problemas no ato de comunicar-se. Dessa maneira, a interação social poderá ser
prejudicada, já que os desvios ocasionarão diminuição da inteligibilidade (STERN,
1992, YAVAS; LAMPRECHT, 1990, YAVAS et. al., 1991).
Até o presente momento não havia estudos na área que relacionassem o Grau
de Inteligibilidade de Fala (GIF) com as Habilidades Sociais de Comunicação,
especificamente, apenas expunham que os indivíduos que apresentam diminuição no
GIF, também demonstram dificuldades nas interações sociais (SIM-SIM, 2008, STERN,
1992, YAVAS et al., 1991). Especificamente no ensino regular, estudos em outros
países (SEVERSON; WALKER, 2002, SPACKMAN et. al., 2006, WOOD et. al., 2002)
aponta para uma crescente preocupação com o desenvolvimento emocional e com as
habilidades de relacionamento interpessoal, reconhecidas como objetivos pertinentes a
uma concepção mais abrangente de educação escolar e nela incluídos por meio de
programas para escolares e pré-escolares. No presente estudo pode-se indicar as
Discussão
91
categorias de HSC que encontram-se deficitárias em crianças com diagnóstico de Desvio
Fonológico, favorecendo a elaboração de instrumentos para avaliação e intervenção,
permitindo assim, um melhor planejamento para cada caso.
Considerações Finais
92
Considerações Finais
Considerações Finais Considerações Finais
Considerações Finais
Considerações Finais
93
CAPÍTULO V – Considerações Finais
Os resultados obtidos nesse estudo respondem aos objetivos propostos, quais
sejam: (a) Inferir os déficits relacionados às categorias de Habilidades Sociais de
Comunicação apresentadas pelo grupo; (b) Descrever o comportamento das crianças
frente a uma situação de interação com um adulto (gênero feminino), criança de mesmo
gênero (sem alteração de linguagem e mesma faixa etária) e criança do gênero oposto
(sem alteração de linguagem e mesma faixa etária); (c) Comparar as respostas dadas
pelas mães e professoras, do instrumento SSRS-BR; (d) Identificar diferenças
significativas com relação ao Grau de Inteligibilidade de Fala (GIF) e as Habilidades
Sociais de Comunicação (HSC).
Pode-se ponderar que, o presente estudo apresentou algumas contribuições, entre
as quais, cabe destacar: (a) a elaboração de um Protocolo que pode ser utilizado para
observação dos comportamentos de crianças com Desvio Fonológico em ambiente
preparado para situações de interação, contendo as definições operacionais das classes
de Habilidades Sociais de Comunicação; (b) a apresentação de dados que estão em
concordância com os principais achados na literatura, principalmente que a interação
social pode ser prejudicada devido aos desvios que ocasionam diminuição da
inteligibilidade de fala; (c) a semelhança nas relações interpessoais das crianças com
Desvio Fonológico e seus diferentes interlocutores na filmagem; (d) apresentação de
dados que indicam maiores índices de problemas de comportamento e repertório
deficitários em Habilidades Sociais de Comunicação no contexto escolar.
Os resultados deste estudo sugerem implicações importantes para realizações de
intervenções. A demonstração de que crianças com grau de Inteligibilidade de Fala,
abaixo do esperado, apresentam déficits em Habilidades Sociais de Comunicação,
embora não possam ser afirmados como determinantes de suas dificuldades nas relações
Considerações Finais
94
interpessoais, certamente não podem ser ignorados como condição presente que agrava
suas possibilidades de desenvolvimento tanto em contexto familial quanto escolar.
Adicionalmente, considerando, conforme a literatura no campo das habilidades Sociais
aponta, que crianças com déficits em Habilidades Sociais de Comunicação podem
apresentar dificuldades de aprendizagem escolar, tais aspectos devem ser considerados
tanto na prática pedagógica quanto no apoio ao desenvolvimento sócio-emocional da
criança. Portanto, a realização de intervenções que facilitam e especificam déficits no
repertório de Habilidades Sociais de Comunicação pode trazer ganhos sociais,
auxiliando na redução ou mesmo na superação das dificuldades.
Como limitação deste estudo aponta-se o baixo número de participantes. Para
estudos futuros sugere-se a inclusão de outras alterações de linguagem, com o principal
objetivo de inferir déficits em Habilidades Sociais de Comunicação, pois dessa maneira
será possível facilitar o planejamento de programas de intervenções que possibilitem
tanto a redução quanto superação das dificuldades em âmbito social.
95
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
96
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa www.abep.org
[email protected]. Dados com base no Levantamento Sócio Econômico 2005 IBOPE.
Critério Brasil, 2008.
AGUIAR, A.A.R.; DEL PRETTE, Z.A.P. Avaliação das Habilidades Sociais-
Comunicativas de Adultos Deficientes Mentais: Adaptando o Children’s Behavior
Scenario (CBS), In. GARCIA, A. (org), Relações Interpessoais, estudos e pesquisas,
Vitória – ES, 1ª edição, p. 22 -33, 2006.
ARAÚJO, C. M. et al. Alterações de fala em escolares e pré-escolares. Revista da
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2 (4), 12-15, 1998.
ANDRADE, C. R. F.; BÉFI-LOPES, D. M.; FERNANDES, F. D. M.; WERTZNER,
W. H. ABFW: Teste de linguagem infantil nas áreas de Fonologia, Vocabulário,
Fluência e Pragmática. Carapicuiba (SP): Pró–Fono, 2000. 90 p.
AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION (ASHA), 1980.
How does your child hear and talk? Disponível em:
<www.asha.org/public/speech/development/chart.htm.> Acesso em: 15 jul. 2009.
BANDEIRA, M. et al. Escala de avaliação das habilidades sociais de estudantes do
ensino fundamental. SSRS-BR: Validação transcultural para o Brasil. Psicologia:
Teoria e Pesquisa Abr-Jun, Vol. 25 n. 2, pp. 271-282, 2009
BEE, H. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: Artmed; 1996.
Referências Bibliográficas
97
BEFI-LOPES, D. M. Avaliação, diagnóstico e aspectos terapêuticos nos distúrbios
específicos de linguagem,. In: FERREIRA, L. P.; BEFI-LOPES, D. M.; LIMONGI, S.
C. O. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, cap. 79, p. 987-1000, 2004.
BEFI-LOPES, D. M.; PALMIERI, T. M. Análise dos processos fonológicos utilizados
por crianças com alteração no desenvolvimento da linguagem. Jornal Brasileiro de
Fonoaudiologia, v. 1, n. 4, p. 48-58, 2000.
BEFI-LOPES, D. M.; GANDARA, J. P.; ARAUJO, K. Aquisição do sistema
fonológico em crianças com alteração no desenvolvimento da linguagem. Pró-Fono
Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 15, n. 1, p. 19-30, 2003.
BEFI-LOPES, D. M. Alterações do Desenvolvimento da Linguagem Princípios da
Avaliação, Diagnóstico e Intervenção. In: LIMONGI, S.C.O. (org.) Fonoaudiologia:
Informação para a Formação Procedimentos Terapêuticos em Linguagem. Rio de
janeiro, Guanabara Koogan, p. 1 -12, 2004.
BERNTHAL, J.; BANKSON, N. Articulation and phonological disorders. Boston:
Allyn & Bacon, 1998.
BISHOP, V. M.; CHAN, J.; ADAMS, C.; HARTLEY, J.; WEIR, F. Conversational
responses in specific language impairment: evidence of disproportionate
difficulties in a subset of children. Dev. Psychopathol, v. 12, n. 2, p. 177-199, 2000.
BLANCO AP, KESKE-SOARES M, MOTA HB. O Grau de Severidade e a Análise
Referências Bibliográficas
98
do Percentual de Consoantes Substituídas. In: X Congresso Brasileiro de
Fonoaudiologia; Belo Horizonte (MG); 26 a 28 de setembro, 2002.
BLOOM, L.; LAHEY, M. Language Development and Language Disorders. New
York; John Wiley & Sons, 1978.
BORGES, L. C.; SALOMÃO, N. M. R. Aquisição da linguagem: Considerações da
Perspectiva da Interação Social. Psicologia: Reflexão e Crítica, 16(2), pp. 327-336,
2003.
BOLSONI-SILVA, A. T.; MARTURANO, E. M. Práticas educativas e problemas de
comportamento: Uma análise à luz das habilidades sociais. Estudos de Psicologia,
7(2), 227-235, 2002.
BRYANT, B. K. An index of empathy for children and adolescents. Child
Development, 53, 413- 425, 1982.
CARVALHO, R. E. Temas em Educação Especial. WVA, produção editorial Casa da
Palavra, 3ª edição, Rio de janeiro, julho, 2003.
CASELLA, L. A Relação entre Inteligibilidade de fala e Processos Fonológicos.
Monografia (Graduação em Fonoaudiologia) Universidade Tuiuti do Paraná UTP,
Curitiba, 2002.
CASTAÑO J. Bases neurobiológicas del lenguaje y sus alteraciones. Rev Neurol.;
Referências Bibliográficas
99
36(8):781-5; 2003.
CECCONELLO, A. M.; KOLLER, S. H. Competência social e empatia: um estudo
sobre resiliência com crianças em situação de pobreza. Estudos de Psicologia, 5(1),
71-93, 2000.
CERVERA-MÉRIDA J.F., YGUAL-FERNÁNDEZ A. Intervención logopédica em
los transtornos fonológicos desde el paradigma psicolingüístico del procesamiento
del habla. Rev Neurol.;36 Supl 1:39-53; 2003.
CHIN, S. B. & DINNSEN, D. A. Consonant clusters in disordered speech: constraints
and correspondence patterns. Journal of Child Language. Cambridge, v.19, n.2,
p.259-285, 1992.
COLLARES, L. M. Avaliação de inteligibilidade de fala em crianças com distúrbios
fonológicos: criação de itens para uma escala. 2003. 75f. Dissertação (Mestrado em
Distúrbios da Comunicação) – Universidade Tuiuti do Paraná - UTP, Curitiba, 2003.
COMPTON, A. J. Generative studies in children’s phonological disorders. Journal of
Speech and Hearing Disorders. v.35, p.315-340, 1970.
COSTA, D. I., AZAMBUJA, L. A., NUNES, M. L. Avaliação do Desenvolvimento
Neuropsicomotor. In: Nunes ML, Marrone ACH. Semiologia Neurológica. Porto
Alegre: EDIPUCRS; p. 351-360; 2002.
Referências Bibliográficas
100
COZBY, P. C. Métodos de pesquisa em ciência do comportamento. São Paulo: Atlas,
2003.
DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Habilidades sociais: Uma área em
desenvolvimento. Psicologia Reflexão e Crítica, 9, 233-255, 1997.
DEL PRETTE, Z.A.P. & DEL PRETTE, A. Desenvolvimento interpessoal e educação
escolar: o enfoque das habilidades sociais. Temas em psicologia, 6(3), p. 205-215,
1998.
DEL PRETTE, A., DEL PRETTE, Z A.P. & BARRETO, M.C.M. Habilidades
sociales en la formación del psicólogo: Análisis de un programa de intervención.
Psicología Conductual (Espanha), 7, 27-47, 1999.
DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia das relações interpessoais:
Vivências para o trabalho em grupo.Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
DEL PRETTE, Z. A P.; DEL PRETTE, A. Avaliação de habilidades sociais de
crianças com um inventário multimídia: indicadores sociométricos associados a
freqüência versus dificuldade. Psicologia em Estudo, 7(1), 61-73, 2002.
DEL PRETTE, Z A. P.; DEL PRETTE, A. Habilidades sociais e dificuldades de
aprendizagem: Teoria e pesquisa sob um enfoque multimodal. Em DEL PRETTE
A.; DEL PRETTE Z. A. P. (Orgs). Habilidades sociais, desenvolvimento e
aprendizagem: Questões conceituais, avaliação e intervenção. Campinas, SP: Alínea,
Referências Bibliográficas
101
pp. 167-206, 2003.
DEL PRETTE, Z.A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades Sociais.
Terapia, educação e trabalho. Editora Vozes, 4ª edição, Petrópolis, RJ, 2005.
DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Inventario de Habilidades Sociais
(IHSDel-Prette): Manual de Aplicação, Apuração e Interpretação. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 3ª edição, 2006.
FEITOSA, F. B.; DEL PRETTE, Z. A. P. & MATOS, M. G.; Definição e avaliação
das dificuldades de aprendizagem (I): os impasses na operacionalização dos
distúrbios de aprendizagem. Revista de Educação Especial e Reabilitação, 13, p. 33-
45, 2006.
FONSECA, L. F. & WERTZNER, H. F. Inteligibilidade de fala, gravidade e tipo de
erros característicos do transtorno fonológico. In.: XIII Congresso Brasileiro de
Fonoaudiologia, 2005, Santos. Anais da Revista da Sociedade Brasileira de
Fonoaudiologia. Santos: Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2005.
FORD JA, MILOSKY LM. Erring emotional reactions in social situations:
differences in children with language impairment. J Speech Lang Hear Res., Feb;
46(1):21-30, 2003.
FRANCO, M. G.; REIS, M. J.; GIL, T. M. S. Domínio da Comunicação, Linguagem
e Fala. Perturbações Específicas de Linguagem em Contexto Escolar
Referências Bibliográficas
102
Fundamentos. Editor, Ministério da Educação, 2003.
FUDALA, J. B. Arizona Articulation Proficiency Scale: Revised. Los Angeles:
Western Psychological Services, 1983.
GARCIA, F. A. Investigando diferentes indicadores de empatia em meninos e sua
relação com a empatia e ações educativas dos pais. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-Graduação em Psicologia,Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto,
2001.
GIERUT, J. A. Treatment efficacy: functional phonological disorders in children. J.
Speech, Lang. Hear. Res., v. 41 p. 85-100, 1998.
GOMIDE, P. I. C. Estilos parentais e comportamento anti-social. Em A. Del Prette &
Z. A. P. Del Prette (Orgs.), Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem.
Campinas: Alínea, pp. 21-60, 2003.
GORDON-BRANNAN, M. Assessing intelligibility: Children's expressive
phonologies. Topics in Language Disorders, p. 14, 17-25, 1994.
GRESHAM, F. M.; ELLIOTT, S. N. Social Skills Rating System: Manual. Circle
Pines: American Guidance Service, 1990.
GRUNWELL P. The Nature of Phonological Disability in Children. London:
Academic Press; 1981.
Referências Bibliográficas
103
GRUNWELL P. Os Desvios Fonológicos numa Perspectiva Lingüística. In: Yavas,
M (Org.) Desvios Fonológicos em Crianças: Teoria, Pesquisa e Tratamento. Porto
Alegre: Mercado Aberto; 1990; 51-82.
GRUNWELL P. Developmental Phonology Disability: Order in Disorder. In.:
Hodson BW, Edwards ML. Perspectives in applied phonology. Gaithersburg Maryland:
Aspen Publishers; 1997; 61-103.
HAGE, S. R. V.; FAIAD, L.N.V. Perfil de pacientes com alteração de linguagem
atendidos na clínica de diagnóstico dos distúrbios da comunicação - Universidade
de São Paulo - Campus Bauru. Rev CEFAC, São Paulo, v.7, n.4, 433-40, out-dez,
2005
HAGE, S. R. V.; CENDES, F.; MONTENEGRO, M. A.; ABRAMIDES, D. V. M.;
GUIMARÃES, C. A.; GUERREIRO, M. M. Distúrbio específico de linguagem:
aspectos linguísticos e neurobiológicos. Arq. Neuro-Psiquiatr. v.64 n.2a São
Paulo jun. 2006.
HERSEN, M.; BARLOW, D.H. Single case experimental designs: strategies for
studying behavior change. New York: Pergamon Press, 1982.
HODSON, B. W. & PADEN, E. Targeting intelligible speech: a phonological
approach to remediation. San Diego, College-Hill Press, 1983.
HODSON, B. W. Helping individuals become intelligible, literate, and articulate: the
Referências Bibliográficas
104
role of phonology. Topics in Language Disorders. 14(2): 1-16, 1994.
INGRAM D. Phonological Disability in Children. London: Whurr Publishers Limited;
179 p, 1976.
INGRAM D. The Categorization of Phonological Impairment. In: Hodson BW,
Edwards ML. Perspectives in applied phonology. Gaithersburg, Maryland: Aspen
Publishers, 1997; 19-41.
KESKE-SOARES M. Aplicação de um Modelo de Terapia Fonológica para
Crianças com Desvios Fonológicos Evolutivos: a Hierarquia Implicacional dos
Traços Distintivos. [tese]. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul; 2001.
KESKE-SOARES, M.; BLANCO, A. P. F.; MOTA, H. B. O desvio fonológico
caracterizado por índices de substituição e omissão. R. Bras. Fonoaudiol., São Paulo,
v. 9, n. 1, p. 10-18, jan.-mar. 2004.
KLEIN, E. S. & FLINT, C. B. Measurement of Intelligibility in Disordered Speech.
Language, Speech and Hearing Services in Schools, v.37, p.191-199, 2006.
LAMPRECHT, R. R. Aquisição fonológica do Português. 1 ed. Porto Alegre: Artmed.
Editora, 2004.
LANDRY SH, SMITH KE, SWANK PR. Environmental effects on language
Referências Bibliográficas
105
development in normal and high-risk child population. Semin Pediatr Neurol.;
9(3):192-200; 2002.
LAW, J. Identificação precoce dos distúrbios da linguagem na criança. Rio de
Janeiro : Revinter, p. 1-19, 2001.
LOWE, R. J. Fonologia Avaliação e intervenção: Aplicações na Patologia da fala.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
MONDELL, S.; TYLER, F. B. Child psychosocial competence and its measurement.
Journal of Pediatric Psychology, 6, 145-154, 1981.
MOTA, H. B. Uma abordagem terapêutica baseada nos processos fonológicos no
tratamento de crianças com desvios fonológicos. 1990. 249f. Dissertação (Mestrado
em Letras. Área de Concentração Lingüística Aplicada) Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1990.
MOTA HB. Terapia Fonoaudiológica para os Desvios Fonológicos. Rio de Janeiro:
Revinter; 2001.
NICOLOSI, L.; HARRYMAN, K. A.; KRESHECK J. Terminology of
communication disorders. Baltimore: Williams & Wilkins, 1989.
NOGUEIRA, S.; FERNÁNDEZ, B.; PORFÍRIO, H.; BORGES, L. A criança com
atraso na linguagem. Saúde Infantil; 22(1):5-16; 2000.
Referências Bibliográficas
106
NUNES, C. Aprendizagem ativa na criança com multideficiência. Ministério da
Educação, DEB-NOEEE, Lisboa, 2001.
NUNNALLY, J. Psychometric Theory. New York: Mc Graw-Hill, 1978.
OLIVEIRA, C. C. Perfil da aquisição das fricativas /f/, /v/, /s/, /z/ do Português
Brasileiro: um estudo quantitativo. Letras de Hoje. Porto Alegre. V. 38., n.2, p. 97-
110, jun, 2003.
OLLER, D. K. Regularities in abnormal child phonology. Journal of Speech and
Hearing Disorders. v. 38, p.36-47, 1973.
OLIVEIRA, M. M. F.; WERTZNER, H. F. Estudo do distúrbio fonológico em
crianças. R. Soc. Bras. Fonoaudiol., v. 7, p. 68-75, set.-dez. 2000.
PAULA, J. A. Habilidades sociais em alunos de classe especial para deficientes
mentais leves: análise de indicadores pré-pós intervenção. Dissertação de Mestrado,
Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, SP. 1999.
PEREIRA, L. F.; MOTA, H. B. Tratamento fonológico baseado nos contrastes de
oposições máximas. Pró-Fono R. Atual. Cient., Barueri (SP), v. 14, n. 2, p. 165-174,
maio-ago. 2002.
RIGOLET, S. A. N. Para uma aquisição precoce e optimizada da linguagem: linhas
de orientação para crianças até os seis anos. Porto (Portugal): Porto, 1998.
Referências Bibliográficas
107
RIGOLET, S. A. Os três P. Precoce, Progressivo, Positivo. Comunicação e Linguagem
para uma Plena Expressão. 5 Coleção Educação Especial. Porto Editora, 2000.
ROBERTS J.E., BURCHINAL M., FOOTO M.M. Phonological process decline from
2 ½ to 8 years. J Commun Disord. 23(3):205-17, 1990.
RUTTER, M; MAWHOOD, L. Reliability and validity of a psychosocial axis in child
with language impairment. J Child Psychol Psychiatry, v. 41, 561-78, 1991.
SANTOS PL; GRAMINHA SSV. Problemas emocionais e comportamentais
associados ao baixo rendimento acadêmico. Estudos de Psicologia; 11(1):101-109,
2006.
SCHIRMER, C. R.; FONTOURA, D. R.; NUNES, M. L.. Distúrbios da aquisição da
linguagem e da aprendizagem. J. Pediatr. (Rio J.) [online]; v. 80, n. 2, suppl. , pp. 95-
103; 2004.
SHRIBERG, L. D.; KWIATKOWSKI, J.; BEST, S.; HENGST, J. Characteristics of
children with phonological disorders of unknown origin. J. Speech Hear. Dis., v. 51,
n. 2, p. 140-161, 1986.
SHRIBERG LD, AUSTIN D, LEWIS BA, MCSWEENY JL, WILSON DL. The
Percentage of Consonants Correct (PCC) Metric: Extensions and Reability Data.
Journal of Speech and Hearing Research; 40:708-22, 1997.
Referências Bibliográficas
108
STERN, P. C. Psychological dimensions of global environmental change. Annual
Review of Psychology, 43, 269-302, 1992.
STOEL-GAMMON, C. & DUNN, C. Normal and Disordered Phonology. Baltimore:
University Park Press, 1985.
SILVA, ATB. Problemas de comportamento e comportamentos socialmente
adequados: sua relação com as habilidades sociais educativas de pais [dissertação].
São Carlos (SP): Universidade Federal de São Carlos; 2000.
SIM-SIM, I.; SILVA, A. C.; NUNES, C. Linguagem e comunicação no jardim-de-
infância: Texto de apoio para educadores de infância. Editoral do Ministério da
Educação, Lisboa, 2008.
SEVERSON, H. H.; WALKER, H. M. Proactive approaches for identifying children
at risk for sociobehavioral problems. In LANE, K. L.; GRESHAM, F. M.;
O’SHAUGHNESSY, T. E. (Orgs.), Children with or at risk for emotional and
behavioral disorders; p. 33-53. Boston: Allyn & Bacon, 2002.
SOUZA, F.; RODRIGUES, M. M. P. A segregação sexual na interação de crianças
de 8 e 9 anos. Psicologia: reflexão e crítica, 15(3), 489-496, 2002.
SYDER, D. An Introduction to Communication Disorders. Livraria e Editora
Revinter Ltda, 1997.
Referências Bibliográficas
109
SPACKMAN, M. P.; FUJIKI, M. ; BRINTON, B. Understanding emotions in
context: the effects of language impairment on children's ability to infer emotional
reactions. Int J Language & Commun Disord., v. 41, p. 173 – 188, 2006.
WERTZNER H. F. Estudos da aquisição do sistema fonológico: o uso de processos
fonológicos em crianças de três a sete anos. Revista Pró-Fono, v.7, n.1, p. 21 26;
1995.
WERTZNER, H. F.; OLIVEIRA, M. M. F. Existem semelhanças entre os sujeitos
com distúrbio fonológico? Pró-Fono R. Atual. Cient., Carapicuíba (SP), v. 14, n. 2, p.
143-152, maio-ago. 2002.
WERTZNER, H. F. Distúrbio Fonológico. In: ANDRADE, C. R. F.; MARCONDES,
E. (Org.). Fonoaudiologia em Pediatria. 1 ed. São Paulo: Sarvier, parte I, p.70-78, 2003.
WERTZNER, H. F.; CONSORTI, T. Processos fonológicos detectados em crianças
de sete a oito anos. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. Barueri (SP) v.16, n.3,
p. 275 – 282, set-dez. 2004.
WERTZNER H. F., SOTELO, M. B., AMARO, L. Analysis of distortions in children
with and without phonological disordens. CLINICS, 60(2):93-102, 2005.
WOOD, J.; COWAN, P.; BAKER, B. Behavior problems and peer rejection in
preschool boys and girls. Journal of Genetic Psychology, v. 163, 72-88, 2002.
Referências Bibliográficas
110
YAVAS M, LAMPRECHT RR. Os Processos e a Inteligibilidade na Fonologia com
Desvios. In: Yavas M (org.). Desvios Fonológicos em Crianças: Teoria, Pesquisa e
Tratamento. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1990.
YAVAS, M.; HERNANDORENA, C. M. & LAMPRECHT, R. R. Avaliação
fonológica da criança. Reeducação e terapia. Porto Alegre: Artes Médicas, 148p, 1991.
YAVAS, M. et. al. Avaliação fonológica da criança: reeducação e terapia. Porto
Alegre: ArtMed, 2001.
111
Anexos
AnexosAnexos
Anexos
112
ANEXO A
113
ANEXO B
Carta ao Professor (a);
Prezado Professor (a)
Meu nome é Fabiana, sou Fonoaudióloga e Mestranda em Educação Especial, pela
Universidade de São Carlos. Estou realizando uma pesquisa na Clínica de Fonoaudiologia da
Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo, que tem como objetivo
verificar as Habilidades Sociais em sala de aula de crianças que apresentem dificuldades
quanto ao aspecto da linguagem.
Desta maneira venho pedir a sua colaboação para responder um questionário com
perguntas a respeito do comportamento em sala de aula do aluno (a)
_____________________________. Visto que o nosso objetivo é melhorar tanto o aspecto da
linguagem, para que a criança consiga se expressar adequadamente, quanto o aspecto da
interação social dessa criança, com a finalidade de evitar maiores problemas no contexto
escolar.
Desde agradeço sua colaboração e coloco-me a disposição para mais
esclarecimentos que se fizerem necessários.
Maiores esclarecimentos podem ser realizados com Dra Dagma Venturini Marques
Abramides fone: (14) 3235-8332 ou 3235-8232 e caso queira apresentar reclamações poderá
entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos pelo endereço da
Al. Dr. Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75 (sala no prédio da Biblioteca, FOB/USP) ou pelo
telefone (14) 3235-8356".
Peço que após responderem o questionário, lacrem o envelope para que as informações
contidas cheguem com total segurança à pesquisadora, entregue-o aos pais ou responsáveis
pelo aluno para que estes entreguem à pesquisadora na Clínica de Fonoaudiologia da
FOB/USP.
Todas as informações prestadas tornam-se confidenciais e guardadas por força de sigilo
profissional (Art.29º do Código de Ética do Fonoaudiólogo).
Por estarem de acordo assinam o presente termo.
Bauru/SP,_________de___________de 2009.
____________________________________________
Assinatura do Professor (a) Responsável
_____________________________
Fabiana Cristina Carlino
Fonoaudióloga CRFa 16.597
Mestranda em Educação Especial - UFSCar
114
ANEXO C
115
116
117
118
119
120
121
122
123
124
ANEXO D
125
126
127
128
ANEXO E
129
130
131
132
ANEXO F
133
134
PROTOCOLO DE REGISTRO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO (JUÍZES)
Classes de Habilidades Sociais de Comunicação (Interação Criança x Criança)
Nome do Participante: ___________________________________________________________________________________Data: ______________________________
Classes Definições Observador: 1(
) 2( )
Saudar
(a) Caminha em direção ou volta-se ao interlocutor;
(b) Toma iniciativa pelo cumprimento ou responde (Exemplos: “Bom dia”; Boa tarde”; “Oi, como vai?”);
(c) Mantém contato visual com breves interrupções;
(d) Apresenta expressão facial que demonstra intenção comunicativa.
Apresentar-se
(a) Demonstra interesse em iniciar conversação;
(b) Fornece indicações da identidade pessoal (Exemplos: “Meu nome é __, tenho __ anos...”);
(c) Mantém contato visual com breves interrupções;
(d) Apresenta expressão facial que demonstra interesse com variações na outra pessoa fisionomia (olhos,
boca e sobrancelhas) condizentes com a situação e o objetivo.
Iniciar conversação
(a) Dirige-se ao interlocutor a guisa de “puxar conversa” (Exemplo: “Oi... o que você está fazendo?...”);
(b) Mantém contato visual com breves interrupções;
(c) Utiliza tom de voz audível para o interlocutor;
(d) Apresenta expressões faciais que demonstram interesse com variações na fisionomia (olhos, boca,
sobrancelha).
Expressar pensamentos
e sentimentos
(a) Mantém contato visual com breves interrupções;
(b) Expõe sua opinião, ainda que seja oposta a do interlocutor;
(c) Apresenta expressões faciais que demonstram interesse com variações na fisionomia (olhos, boca,
sobrancelha);
(d) Dispõe-se a ajudar o interlocutor, demonstrando conhecer seus sentimentos.
Fazer e responder
perguntas
(a) Mantém contato visual com breves interrupções;
(b) Utiliza tom de voz audível para o interlocutor;
(c) Utiliza locuções do tipo: “por favor” e “obrigado”;
(d) Demonstra estar necessitando de ajuda, por meio de gestos, expressões faciais ou emissões vocais.
Compartilhar materiais
(a) Mantém contato visual com breves interrupções;
ANEXO G
135
(b) Utiliza tom de voz audível para o interlocutor;
(c) Utiliza locuções do tipo: ”por favor” e “obrigado”;
(d) Entrega o material imediatamente ao pedido do interlocutor.
Despedir-se
(a) Estabelece algum contato físico (aperto de mãos/abraço) como resposta ao cumprimento do interlocutor;
(b) Mantém contato visual com breves interrupções;
(c) Usa expressões verbais (Exemplos: “Adeus”, “Até logo”) ou comunicação não-verbal (movimento de
cabeça, gestualidade), indicativos de encerramento de contato;
d) Apresenta expressão facial que demonstra cordialidade.
Definição da escala de mensuração das categorias de habilidades sociais
ESCALA PONTUAÇÃO DEFINIÇÃO
Insatisfatório (I)
-1
Quando o participante apresenta 1 dos 4
critérios;
Nem Satisfatório Nem
Insatisfatório (NSNI)
0
Quando o participante apresenta 2 dos 4
critérios;
Satisfatório (S)
1
Quando o participante apresenta pelo menos 3
dos 4 critérios de definições da categoria.
Definição da escala de mensuração do Grau de Inteligibilidade de Fala
ESCALA PONTUAÇÃO DEFINIÇÃO
Insuficiente (incompreensível)
-1
Quando a maior parte das palavras não foi
compreensível e teve dificuldade em
compreender o tópico principal da mensagem;
Regular (pouco compreensível)
0
Quando foi possível compreender pelo menos
metade das palavras e o tópico principal da
mensagem;
Boa (compreensível)
1
Quando foi possível compreender
praticamente todas as palavras e entender o
conteúdo da mensagem.
PROTOCOLO DE REGISTRO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO (JUÍZES)
Categorias de Habilidades Sociais de Comunicação (Interação Adulto x Criança)
Nome do Participante: ___________________________________________________________________________________ Data: ______________________________
Categorias Definições Observador: 1( ) 2 ( )
Saudar
(a) Caminha em direção ou volta-se ao interlocutor;
(b) Toma iniciativa pelo cumprimento ou responde (Exemplos: “Bom dia”; Boa tarde”; “Oi, como vai?”);
(c) Mantém contato visual com breves interrupções;
(d) Apresenta expressão facial que demonstra intenção comunicativa.
Apresentar-se
(a) Demonstra interesse em iniciar conversação;
(b) Fornece indicações da identidade pessoal (Exemplos: “Meu nome é __, tenho __ anos...”);
(c) Mantém contato visual com breves interrupções;
(d) Apresenta expressão facial que demonstra interesse com variações na outra pessoa fisionomia (olhos, boca e
sobrancelhas) condizentes com a situação e o objetivo.
Iniciar
conversação
(a) Dirige-se ao interlocutor a guisa de “puxar conversa” (Exemplo: “Oi... o que você está fazendo?...”);
(b) Mantém contato visual com breves interrupções;
(c) Utiliza tom de voz audível para o interlocutor;
(d) Apresenta expressões faciais que demonstram interesse com variações na fisionomia (olhos, boca,
sobrancelha).
Expressar
pensamentos e
sentimentos
(a) Mantém contato visual com breves interrupções;
(b) Expõe sua opinião, ainda que seja oposta a do interlocutor;
(c) Apresenta expressões faciais que demonstram interesse com variações na fisionomia (olhos, boca,
sobrancelha);
(d) Dispõe-se a ajudar o interlocutor, demonstrando conhecer seus sentimentos.
Fazer e responder
perguntas
(a) Mantém contato visual com breves interrupções;
(b) Utiliza tom de voz audível para o interlocutor;
(c) Utiliza locuções do tipo: “por favor” e “obrigado”;
(d) Demonstra estar necessitando de ajuda, por meio de gestos, expressões faciais ou emissões vocais.
Despedir-se
(a) Estabelece algum contato físico (aperto de mãos/abraço) como resposta ao cumprimento do interlocutor;
(b) Mantém contato visual com breves interrupções;
(c) Usa expressões verbais (Exemplos: “Adeus”, “Até logo”) ou comunicação não-verbal (movimento de
ANEXO H
137
cabeça, gestualidade), indicativos de encerramento de contato;
(d) Apresenta expressão facial que demonstra cordialidade.
Definição da escala de mensuração das categorias de habilidades sociais
Definição da escala de mensuração do Grau de Inteligibilidade de Fala
ESCALA PONTUAÇÃO DEFINIÇÃO
Insuficiente (incompreensível)
-1
Quando a maior parte das palavras não foi
compreensível e teve dificuldade em
compreender o tópico principal da mensagem
Regular (pouco compreensível)
0
Quando foi possível compreender pelo menos
metade das palavras e o tópico principal da
mensagem
Boa (compreensível)
1
Quando foi possível compreender
praticamente todas as palavras e entender o
conteúdo da mensagem.
ESCALA PONTUAÇÃO DEFINIÇÃO
Insatisfatório (I)
-1
Quando o participante apresenta 1 dos 4
critérios;
Nem Satisfatório Nem
Insatisfatório (NSNI)
0
Quando o participante apresenta 2 dos 4
critérios;
Satisfatório (S)
1
Quando o participante apresenta pelo menos 3
dos 4 critérios de definições da categoria.
PROTOCOLO DE REGISTRO DE RESPOSTA (CENÁRIO COMPORTAMENTAL)
Categorização das Respostas (Interação Criança X Criança)
Nome do Participante: ________________________________________________________________________________________________
Data: ______________________________
Roteiro para a Criança (sem
alteração de linguagem)
Componentes da resposta e Categorização Observador: 1( ) 2 ( )
Cena: Criança entra em uma sala
aonde se encontra outra criança sem
alteração de linguagem (do sexo
feminino ou do masculino) sentada
na cadeira com alguns brinquedos,
sob a mesa, em sua frente. A criança
utiliza expressões moderadas
durante a interação.
Componentes: A cena permite uma interação entre as crianças, na qual pode-se
observar e avaliar várias áreas do comportamento assertivo.
Categorização da resposta:
-1 = comportamento muito passivo
-2 = parcialmente passivo
0 = resposta assertiva
1 = parcialmente agressivo
2 = comportamento muito agressivo
1-C: A criança iniciando ou não a
conversação;
Criança (sem alteração de
linguagem): “Oi, eu me chamo ...,
qual é o seu nome?”
Componente: Iniciar conversação e responder a saudação.
1. Código da resposta:
-1 = Sem resposta
-2 = Acena com a cabeça ou diz “oi”
0 = Acena com a cabeça ou diz “oi” e se apresenta também
1 = Responde de maneira rude “Que foi?”
2 = Responde de maneira muito rude “E daí?” “Não interessa”
139
ANEXO I
2-C: Organiza os brinquedos (por
mais ou menos 30 segundos) e
pergunta se ela gostaria de brincar
com um dos brinquedos.
Componente: Opinar, concordar, discordar
2. Código da resposta:
-1 = Não responde
-2 = “Sim”
0 = “Sim” e pergunta se pode ser outro.
1 = “Por quê?”
2 = “Não, não to a fim de brincar”
3-C: Ficar brincando em silêncio,
por aproximadamente um minuto.
Componentes: Fazer pedidos do tipo: “Posso brincar com você?”
3. Código da resposta:
-1 = Não fala nada
-2 = Aponta para o brinquedo e diz “O que?”
0 = Aponta para o brinquedo e pede para participar
1 = Pergunta de maneira rude “O que você está fazendo aí?
2 = Pergunta de maneira muito rude “Você vai ficar só brincando aí?
4-C: A criança pedindo ou não para
participar da brincadeira;
Criança (sem alteração de
linguagem): Sugere uma
brincadeira, na qual precisam
compartilhar os materiais. Exemplo:
“Quebra gelo”, aonde precisam
compartilhar o martelo que quebra o
gelo para que o urso caia na água.
Componentes: Compartilhar materiais
4. Código da resposta:
-1 = Não realiza a atividade.
-2 = Faz qualquer outra coisa.
0 = Participa da atividade e compartilha o material.
1 = “Me dá o martelo é minha vez”.
2 = “O martelo é meu, quando eu terminar você usa”.
140
PROTOCOLO DE REGISTRO DE RESPOSTA (CENÁRIO COMPORTAMENTAL)
Categorização das Respostas (Interação Adulto X Criança)
Nome do Participante: ________________________________________________________________________________________________
Data: ______________________________
Roteiro para o Adulto Componentes da resposta e Categorização Observador: 1( ) 2 ( )
Cena: Criança entra em uma sala
aonde se encontra um adulto (do
sexo feminino) atrás de uma mesa.
apenas uma cadeira aonde a
criança ao entrar na sala deve se
sentar. Sobre a mesa há brinquedos
de vários tipos. O adulto está vestido
de maneira casual e utiliza
expressões moderadas durante a
interação.
Componentes: A cena permite uma interação entre o adulto e a criança,
na qual pode-se observar e avaliar várias áreas do comportamento
assertivo.
Categorização da resposta:
-1 = comportamento muito passivo
-2 = parcialmente passivo
0 = resposta assertiva
1 = parcialmente agressivo
2 = comportamento muito agressivo
1-A: A criança iniciando ou não a
conversação;
Adulto: “Oi, eu me chamo ....., qual
é o seu nome?”
Componente: Iniciar conversação e responder a saudação.
1. Código da resposta:
- 1 = Sem resposta
- 2 = Acena com a cabeça ou diz “oi”
0 = Acena com a cabeça ou diz “oi” e se apresenta também
1 = Responde de maneira rude “Que foi?”
2 = Responde de maneira muito rude “E daí?” “Não interessa”
ANEXO J
141
2-A: Organiza os brinquedos (por
mais ou menos 30 segundos) e
pergunta se ela gostaria de brincar
com um dos brinquedos.
Componentes: Fazer perguntas do tipo: “O que vim fazer aqui?” “O que
você está fazendo?”
2. Código da resposta:
-1 = Não fala nada
-2 = Aponta para o brinquedo e diz “O que?”
0 = Aponta para o brinquedo e faz a pergunta
1 = Pergunta de maneira rude “O que você está fazendo aí?
2 = Pergunta de maneira muito rude “Você vai ficar só mexendo aí?
3-A: Organiza o material sob a mesa
(por mais ou menos 30 segundos) e
pergunta: “Como você se sente
hoje?”
Componente: Expressar sentimento
3. Código da resposta:
-1 = Não responde
-2 = “Bem”
0 = “Bem” e retorna a pergunta
1 = “Por quê?”
2 = “Não te interessa”
4-A: O adulto mostra um brinquedo
para a criança e pergunta se ela
conhece o jogo, então pede para que
a criança explique a brincadeira.
Componentes: Pedir ajuda
4. Código da resposta:
-1 = Não realiza a atividade
-2 = Explica de qualquer jeito.
0 = Pede para que o adulto dê um exemplo de como explicar.
1 = Pergunta de maneira rude: “Você não vai me ajudar não?”
2 = Fala de maneira rude: “Eu não... para quê vou fazer isso?”
142
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo