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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA APLICADA
ANGELA DE GÓES LARA CARDOZO COSTA
ESTUDO QUÍMICO DE Baccharis dracunculifolia DC. E SUA CORRELAÇÃO COM
A PRÓPOLIS DE UMA MICRORREGIÃO DOS CAMPOS GERAIS DO PARANÁ
PONTA GROSSA
2009
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ANGELA DE GÓES LARA CARDOZO COSTA
ESTUDO QUÍMICO DE Baccharis dracunculifolia DC. E SUA CORRELAÇÃO COM
A PRÓPOLIS DE UMA MICRORREGIÃO DOS CAMPOS GERAIS DO PARANÁ
Dissertação apresentada para a obtenção do
grau de Mestre em Química Aplicada,
Programa de Pós-Graduação em Química
Aplicada, Universidade Estadual de Ponta
Grossa.
Orientador
Prof. Dr. Domingos Sávio Nunes
PONTA GROSSA
2009
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Ficha Catalográfica Elaborada pelo Setor de Processos Técnicos BICEN/UEPG
Costa, Angela de Góes Lara Cardozo
C837e Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua
correlação com a própolis de uma microrregião dos Campos Gerais
do Paraná. / Angela de Góes Lara Cardozo Costa. Ponta Grossa,
2009.
76 f.
Dissertação (Mestrado em Química Aplicada) - Universidade
Estadual de Ponta Grossa.
Orientador : Prof. Dr. Domingos Sávio Nunes
1. Baccharis dracunculifolia . 2. Óleo essencial. 3. Própolis
regionais. 4. Atividade antioxidante. 5. CLAE . I. Nunes,
Domingos Sávio. II. T .
CDD: 547
À minha mãe e primeira professora Terezinha, que ainda hoje com sua paciência e sabedoria tem
me ensinado muito. Ao meu esposo e meus filhos Cecília, Pedro Henrique e João Alfredo que
com seus encantos tem feito minha vida melhor.
À minha pequena Natália, luz do meu caminho.
AGRADECIMENTOS
A DEUS, pela vida.
À Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Ao Prof. Dr. Domingos Sávio Nunes, pela orientação e confiança em mim depositada, por
abrir as portas que possibilitaram a melhoria do trabalho e pelo rigor científico em conduzir a
realização do mesmo.
À coordenação do Programa de Pós-Graduação em Química Aplicada e a todos os professores
da área pelos ensinamentos durante as disciplinas cursadas.
Ao Prof. Dr. Severino Matias de Alencar, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(ESALQ) pelas orientações e por proporcionar a realização das análises em CLAE.
À Prof. Drª Mariza Boscacci Marques pela colaboração nas análises antioxidantes.
Ao Prof. Dr. Gert Atschbach pela classificação botânica.
Ao Prof. Dr. Alberto Wisniewski Junior, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de Blumenau
– IPT-FURB-SC, pelos dados fornecidos das análises por CG-EM.
Ao Prof. Dr. Ricardo Antonio Ayub e Profª Dra. Carolina Weigert Galvão, do Laboratório de
Biotecnologia – UEPG, pela utilização do espectrofotômetro nas leituras das amostras.
Aos alunos de iniciação científica Ana Paula I. Malaquias e Renato Marques.
Aos servidores e funcionários do CIPP e da UEPG.
Aos colegas de mestrado cuja amizade que se formou permitiu a conquista desta vitória.
Aos amigos e familiares pelo apoio e incentivo no decorrer desta caminhada.
A todos que direta e indiretamente contribuíram para a realização desta pesquisa.
“Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a presença distante das estrelas!
(Mário Quintana)
RESUMO
Neste trabalho, foram analisados extratos de amostras de própolis e de folhas de espécies
vegetais do gênero Baccharis da região de Ponta Grossa – PR, visando classificar a própolis
regional em comparação com a própolis verde (PG12). Baccharis dradunculifolia, a fonte da
própolis verde, pode apresentar variações metabólicas relacionadas a fatores ambientais. Para
comparar dados publicados sobre esta planta com dados obtidos do vegetal coletado nesta
região, foram analisados por CG-EM os óleos essenciais obtidos por hidrodestilação das
folhas de espécimes feminino (0,81%) e masculino (0,85%) de B. dracunculifolia colhidos na
estação seca. As duas amostras apresentaram baixa razão monoterpenos/sesquiterpenos
(0,85/96,88% ; 2,35/95,25% ). Foram identificados os monoterpenos β-pineno, limoneno
e terpinen-4-ol. Os sesquiterpenos hidrocarbonetos principais foram: β-cariofileno ( 7,88%;
8,88%), α-humuleno ( 4,61%; 2,18%), germacreno D ( 5,53%; 4,04%), trans-β-
guaieno ( 7,98%; 6,06%) e δ-cadineno ( 7,34%; 5,48%). Os sesquiterpenos
oxigenados (E)-nerolidol ( 24,69%; 17,16%) e espatulenol ( 14,62%; 21,39%) se
encontraram como constituintes majoritários. O alto rendimento, a baixa relação
monoterpenos/sesquiterpenos e as altas proporções de sesquiterpenos oxigenados são as
principais características do óleo essencial de B. dracunculifolia desta região. As folhas de
três espécies de Baccharis (B. dracunculifolia, B. semiserrata e B. uncinella) foram extraídas
em aparelho Soxhlet com a sequência de solventes clorofórmio, acetato de etila e metanol,
analisando-se os extratos por CCD, UV e CLAE. Foram identificados os ácidos fenólicos
livres: ácido caféico (Bd e Bd ), ácido p-cumárico (Bd ), ácido ferúlico (Bd , Bd ,
Bu e Bs) e o flavonóide rutina (Bd , Bd , Bu). Assim, demostrou-se, pela primeira vez, a
co-ocorrência de substâncias fenólicas polares nestas três espécies vegetais. Os extratos
etanólicos obtidos de 13 amostras de própolis foram analisados por CCD-AR e UV-VIS,
permitindo classificar as própolis regionais em três grupos. Foi escolhida a amostra mais
característica de cada grupo (ADI, WS-3, RS-2) para análise por CLAE em comparação com
a própolis verde PG12. Brotos frescos dos espécimes masculino e feminino de B.
dracunculifolia foram extraídos por enxágüe com metanol e também submetidos à análise por
CLAE. Todos os extratos, de própolis e de B. dracunculifolia, apresentaram artepilina C
garantindo que esta é a fonte vegetal da própolis regional. Os ácidos caféico, ferúlico e p-
cumárico foram identificados nas quatro amostras de própolis. Apigenina estaria presente
somente nas própolis regionais, entre 2,4% e 3,9%, enquanto a crisina foi identificada
somente na PG12, mas como componente principal (18,1%). Um flavonoide (λ
máx
365 nm,
42,96 min) é a substância principal das três amostras de própolis regionais e também do
extrato obtido por enxágue dos brotos da planta, mas não foi identificado. Todos os extratos
etanólicos de própolis regionais apresentaram excelentes níveis de atividade antioxidante
quando testados frente ao radical DPPH, vários deles chegando a ser mais efetivos que o da
PG12. Uma análise comparativa do poder antioxidante e da composição química das amostras
permitem concluir que o flavonóide não identificado é o responsável pela fortíssima atividade
antioxidante de ADI e WS-2 em comparação com RS-2 e PG12.
Palavras-chave: Baccharis dracunculifolia; óleo essencial; própolis regionais; atividade
antioxidante; CLAE.
ABSTRACT
This study aimed to chemically analyze extracts of propolis samples and leaves of plant
species of the Baccharis genus in the region of Ponta Grossa - PR, to classify the regional
propolis compared to the green propolis (PG12). Baccharis dracunculifolia, the source of
green propolis, may present metabolic changes related to environmental factors. To compare
with published data, the essential oils obtained by hydrodistillation from the leaves of female
(0.81%) and male (0.85%) specimens of B. dracunculifolia harvested in the dry season were
analyzed by GC-MS. The two samples showed a low monoterpenes/sesquiterpenes ratio
(0.85/96.88% ; 2.35/ 95.25% ). The monoterpenes β-pinene, limonene and terpinen-4-ol
were identified. The main sesquiterpenes hydrocarbons are β-caryophyllene ( 7.88%;
8.88%), β-humulene ( 4.61%; 2.18%), germacrene D ( 5.53%; 4.04%) trans-β-
guaiene ( 7.98%; 6.06%) and cadinene ( 7.34%; 5.48%). The oxygenated
sesquiterpenes (E)-nerolidol ( 24.69%; 17.16%) and spathulenol ( 14.62%; 21.39%)
were found as the major constituents. The high yield, the low monoterpenes / sesquiterpenes
ratio and the high proportions of oxygenated sesquiterpenes are the main characteristics of the
essential oil of B. dracunculifolia from this region. The leaves of three species of Baccharis
(B. dracunculifolia, B. semiserrata and B. uncinella) were extracted using a Soxhlet apparatus
with the sequence of solvents chloroform, ethyl acetate and methanol, and the extracts were
analyzed by TLC, UV and HPLC. Free phenolic acids were identified: caffeic acid (Bd and
Bd ), p-coumaric acid (Bd ), ferulic acid (Bd , Bd, Bu and Bs) and the flavonoid rutin
(Bd , Bd , Bu). Thus, it is demonstrated for the first time, the co-occurrence of polar
phenolic substances in these three plant species. The ethanol extracts obtained from 13
samples of propolis were analyzed by TLC-HR and UV-VIS, allowing the classification of
the regional propolis in three groups. The most characteristic sample of each type (ADI, WS-
3, RS-2) was chosen for analysis by HPLC in comparison with green propolis PG12. Fresh
sprouts of male and female specimens of B. dracunculifolia were extracted by rinsing with
methanol and the extracts were analyzed by HPLC. All extracts of propolis and B.
dracunculifolia showed artepillin C ensuring that this plant is the source of regional propolis.
The caffeic acid, ferulic acid and p-coumaric acid were identified in the four samples of
propolis. Apigenin is present only in the regional propolis samples, between 2.4% and 3.9%,
while crisin was identified only in the PG12, but as a main component (18.1%). An
unidentified flavonoid (λ
ma x
365 nm, 42,96 min) is the main substance present in the three
samples of regional propolis and also the extract obtained by the rinsing of the plant sprouts.
All the ethanol extracts of regional propolis showed excellent levels of antioxidant activity
when tested against the radical DPPH, several of them getting to be more effective than the
PG12. A comparative analysis of antioxidant power and chemical composition of the samples
indicates that the unidentified flavonoid is responsible for the strong antioxidant activity of
ADI and WS-2 compared to RS-2 and PG12.
Keywords: Baccharis dracunculifolia; essential oil; regional propolis; antioxidant activity;
GC-MS; HPLC.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 -
Figura 2 -
Figura 3 -
Figura 4 -
Figura 5 -
Figura 6 -
Figura 7 -
Figura 8 -
Figura 9 -
Figura 10 -
Figura 11 -
Figura 12 -
Figura 13 -
Figura 14 -
Figura 15 -
Figura 16 -
Figura 17 -
Figura 18 -
Dois sesquiterpenos importantes do óleo essencial de B. dracunculifolia
Estruturas de outros compostos encontrados no óleo essencial de B.
dracunculifolia ..........................................................................................
Insetos na espécie B. dracunculifolia........................................................
Desenho esquemático da coleta e utilização da própolis pelas abelhas....
Apis mellifera visitando flores de B. dracunculifolia...............................
Estrutura do ácido 3,5-diprenil-4-hidroxicinâmico ..................................
Estruturas de alguns flavonóides comumente encontrados em própolis e
em B. dracunculifolia................................................................................
Estruturas de alguns ácidos fenólicos presentes na própolis verde...........
Estruturas dos ácidos cafeoil quínicos: ácidos 3,5-dicafeoil-muco-
quínico, 3,5-dicafeoil-quínico, 4,5-dicafeoil quínico e 5-cafeoil-quínico
(ácido clorogênico)....................................................................................
Cromatogramas obtidos por cromatografia líquida de alta eficiência dos
extratos etanólicos de B. dracunculifolia (a) e Própolis (b) identificando
os ácidos: clorogênico (1), caféico (2), p-cumárico (3), 4,5
dicafeoilquínico (4), 3,4 dicafeoilquínico (5)............................................
Esquema mostrando as partes de um Cromatógrafo Gasoso....................
Espectros de Massa dos principais constituintes do óleo essencial de B.
dracunculifolia obtidos da espectroteca NIST do sistema CG-EM........
Gráfico simplificado mostrando como pode ser explicada a
deconvolução.............................................................................................
Cromatógrafo Shimadzu ODS-A utilizado para CLAE...........................
Reação da sílica com o cloro-metil-silano, utilizado na preparação de
colunas cromatográficas............................................................................
Representação esquemática de um cromatógrafo líquido para CLAE.....
2,2-difenil-1-picrilidrazil como radical livre e como molécula estável
DPPH-H....................................................................................................
Mecanismo de transferência de hidrogênio da (+)-catequina para o
radical cumilperoxil via transferência de elétrons....................................
17
17
19
20
21
22
22
23
24
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29
29
31
32
32
34
36
Figura 19 -
Figura 20 -
Figura 21 -
Figura 22 -
Figura 23 -
Figura 24 -
Figura 25 –
Figura 26 –
Figura 27 –
Figura 28 –
Figura 29 –
Desenho e medidas do aparelho de hidrodestilação utilizado ...............
Médias de precipitação mensal dos últimos 10 anos e precipitações
mensais medidas durante 2006 próximo ao local onde foram feitas as
coletas........................................................................................................
Comparação entre os cromatogramas obtidos por detecção de ionização
de chama para os óleos essenciais de B. dracunculifolia analisados no
presente trabalho.......................................................................................
Variação do rendimento do óleo essencial de espécimes feminino e
masculino de B. dracunculifolia no decorrer do ano................................
Análises por CCD dos extratos metanólicos de B. dracunculifolia (BdF
e BdM), B. semiserrata (Bs) e B. uncinella (Bu) utilizando sistema
eluente polar (AcOEt:MeOH:H
2
O 7:3:0,5). Revelação: observação sob
luz UV de 254 e 360 nm; FeCl
3
(CCD1); H
2
SO
4
e aquecimento
(CCD2)......................................................................................................
Análises por CLAE dos extratos metanólicos das folhas de B.
dracunculifolia, B. uncinella e B. semiserrata..........................................
Abelhas coletando de folhas de B. dracunculifolia o material para a
produção da própolis verde.......................................................................
Espectros UV-VIS dos extratos etanólicos das amostras WS-3 e RS-2,
consideradas típicas de cada um dos dois grupos de própolis regionais...
Espectro de ultravioleta do pico da artepilina C (t
R
=75,23 min), com
seu máximo de absorção em torno de 280 nm..........................................
Cromatogramas obtidos por cromatografia líquida de alta eficiência dos
extratos metanólicos de brotos de B. dracunculifolia masculino (Bd )
e feminino (Bd ), extratos das própolis regionais WS-3, RS-2, ADI e
da PG12.....................................................................................................
Cinética da reação entre o radical DPPH e os extratos de própolis
regionais ADI, WS-3 e RS-2 e de própolis verde PG12 nas alíquotas de
20, 30, 60 e 120 µL...................................................................................
41
47
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50
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55
56
57
58
60
63
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Tabela 2 -
Tabela 3 -
Tabela 4 -
Tabela 5 -
Tabela 6 -
Tabela 7 –
Tabela 8 –
Tabela 9 –
Tabela 10 –
Tabela 11 –
Tabela 12 –
Tabela 13 –
Derivados do ácido cafeoil quínico identificados em amostras de
própolis brasileira, seus t
R
e seus UV
máx
....................................................
Classificação das própolis brasileiras........................................................
Coletas de material botânico......................................................................
Produtores da região e amostras de própolis..............................................
Resultado das extrações de B. dracunculifolia (BdM e BdF), B.
uncinella (Bu) e B. semiserrata (Bs).........................................................
Componentes dos óleos essenciais obtidos por hidrodestilação das
folhas de espécimes feminino () e masculino () de B. dracunculifolia
Rendimentos das extrações de folhas de três espécies de Baccharis
obtidas com a seqüência de solventes.......................................................
Máximos de absorção (λ
máx
)
dos espectros de ultravioleta dos extratos
das folhas de B. dracunculifolia ( e ), B. uncinella e B. semiserrata
obtidos com acetato de etila e metanol......................................................
Principais dados das análises por CLAE sobre a rutina e os ácidos
fenólicos e derivados dos extratos metanólicos de B. dracunculifolia
(Bd , Bd ), B. uncinella (Bu) e B. semiserrata (Bs)............................
Máximos de absorbância (λ máx.) dos extratos etanólicos da própolis
PG12 e das própolis regionais separadas em Grupo 1 e Grupo 2.............
Reagrupamento das própolis da região de Ponta Grossa..........................
Principais dados das análises por CLAE dos extratos da própolis PG12,
das própolis regionais WS-3, RS-2 e ADI e dos brotos de B.
dracunculifolia (Bd e Bd ).................................................................
Sequestro do radical DPPH dos extratos de própolis e brotos de B.
dracunculifolia em porcentagem...............................................................
25
37
40
40
42
48
52
53
55
57
59
59
62
LISTA DE ABREVIAÇÕES, SIGLAS E FÓRMULAS
AcOEt – acetato de etila
Bd ou BdF - Baccharis dracunculifolia espécime feminino
Bd ou BdM - Baccharis dracunculifolia espécime masculino
BHT - 2,6-di-terc-butil-4-metilfenol
CCD – cromatografia em camada delgada
CCD-AR – cromatografia em camada delgada de alta resolução
CG – cromatografia gasosa
CG-DIC – cromatografia gasosa com detector de ionização de chama
CG-EM – cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas
CHCl
3
– clorofórmio
CLAE – cromatografia líquida de alta eficiência
DPPH – 2,2-difenil-1-picrilidrazil
ERN – espécie reativa de nitrogênio
ERO - espécie reativa de oxigênio
HPLC- High Performance Liquid Chromatography
IK – índice de Kovàts
LDL – lipoproteína de baixa densidade
MeOH – metanol
PG12 - própolis verde utilizada como padrão
Rf – fator de retenção
TIC – cromatograma de íons totais
UV – ultravioleta
λ - comprimento de onda (nm)
SUMÁRIO
1
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
1.6.1
1.6.2
1.7
2
2.1
2.2
3
3.1
3.2
3.3
3.4
3.5
3.5.1
3.5.2
3.5.3
INTRODUÇÃO ......................................................................................................
A família Asteraceae e o gênero Baccharis...............................................................
Baccharis dracunculifolia DC. e seu óleo essencial..................................................
Baccharis dracunculifolia e os insetos......................................................................
Baccharis dracunculifolia e a própolis verde............................................................
Derivados do ácido quínico.......................................................................................
Métodos de análise importantes para esta pesquisa...................................................
A cromatografia gasosa.............................................................................................
A cromatografia líquida de alta eficiência................................................................
Avaliação do potencial antioxidante..........................................................................
OBJETIVOS ............................................................................................................
Geral ..........................................................................................................................
Específicos ................................................................................................................
MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................
Reagentes analíticos...................................................................................................
Equipamentos.............................................................................................................
Coleta de própolis e materiais botânicos...................................................................
Obtenção de amostras de óleo essencial....................................................................
Obtenção de extratos..................................................................................................
Extratos obtidos com uma sequência de solventes....................................................
Extratos obtidos por enxágue.....................................................................................
Extratos de própolis...................................................................................................
15
15
16
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20
24
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38
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39
39
40
41
41
41
42
43
3.6
3.7
3.8
3.9
3.10
4
4.1
4.2
4.3
4.4
4.5
4.6
5
Análises por CG/EM..................................................................................................
Análises por espectrofotometria UV-VIS..................................................................
Análises por CCD-AR...............................................................................................
Análises por CLAE....................................................................................................
Análises da atividade antioxidante............................................................................
RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................
Análise dos óleos essenciais de Baccharis dracunculifolia.......................................
Análises comparativas de três espécies Baccharis....................................................
Correlações químicas entre B. dracunculifolia e a própolis regional.........................
Atividade antioxidante...............................................................................................
Conclusões.................................................................................................................
Perspectivas para este trabalho..................................................................................
REFERÊNCIAS......................................................................................................
43
44
44
44
45
46
46
51
56
61
64
65
67
.
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 A família Asteraceae e o gênero Baccharis
A família Asteraceae, uma das maiores famílias dentro das Angiospermas,
compreende cerca de 1.100 gêneros e 25.000 espécies. São plantas de aspecto extremamente
variado, incluindo principalmente pequenas ervas ou arbustos e raramente árvores. Plantas
dessa família são extensivamente estudadas quanto à sua composição química e atividade
biológica, sendo que algumas têm proporcionado o desenvolvimento de novos fármacos e
inseticidas (VERDI; BRIGHENTE; PIZZOLATTI, 2005).
O gênero Baccharis é um importante gênero desta família, pertence à tribo Asterae
e está representado por mais de 500 espécies distribuídas principalmente no Brasil,
Argentina, Colômbia, Chile e México, ocupando as regiões mais elevadas (BUDEL et al.,
2004). A alta concentração de espécies no Brasil e nos Andes indica que uma destas áreas é
o provável centro de origem desse gênero (VERDI; BRIGHENTE; PIZZOLATTI, 2005).
No Brasil, estão descritas 120 espécies de Baccharis, distribuídas em maior concentração na
Região Sul do país (AGOSTINI et al., 2005).
As espécies deste gênero possuem alto valor sócio-econômico, com ampla
dispersão nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul, entre
outras regiões do país, onde grande número delas é utilizado na medicina popular para
controle ou tratamento de várias doenças (CORRÊA, 1984). São consumidas principalmente
na forma de chás com indicações para males do estômago, fígado, anemias, inflamações,
diabetes, doenças na próstata, sendo também descritas como remédio para processo de
desintoxicação do organismo (VERDI; BRIGHENTE; PIZZOLATTI, 2005). Este gênero
produz várias classes de metabólitos secundários, mas apenas cerca de 15% das espécies de
Baccharis foram estudadas do ponto de vista fitoquímico pelo menos uma vez e poucas
delas têm estudos mais completos (AGOSTINI et al., 2005).
Segundo a divisão de Barroso (1976), o grupo Spicata compreende arbustos
ramificados com 50 cm a 3 m de altura, apresentando folhas sésseis. Sete espécies
representam este grupo, dentre elas: Baccharis dracunculifolia DC., B. spicata (Lam.) Baill.,
B. erioclada DC., B. caprariaefolia DC., B. nummularia Hees, B. uncinella DC., B.
megapotamica e sua variedade. A espécie B. dracunculifolia está classificada na secção
Discolores DC., e já apresentou as seguintes sinonímias: B. bracteata Hook. et Arn., B.
leptospermoides DC. e B. tandilensis Spreng (BUDEL et al., 2004). Atualmente, o banco de
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
16
dados IPNI (The International Plant Names Index), criado e mantido pelas três maiores
instituições da área da botânica, The Royal Botanic Gardens, The Harvard University
Herbaria e o Australian National Herbarium, não reconhece a existência de sinônimos para
B. dracunculifolia, mas três variedades desta espécie vegetal continuam registradas como
válidas: integerrima Kuntze, subdentata Kuntze e subviscosa Kuntze (IPNI, 2009).
1.2 Baccharis dracunculifolia DC. e seu óleo essencial
A espécie Baccharis dracunculifolia DC., conhecida vulgarmente como “alecrim
do campo, alecrim vassoura, carqueja, chilca, cilca, erva-de-são-joão-maria, suncho, thola,
vassoureira ou vassourinha” , utilizada para combater distúrbios gástricos, cansaço físico,
inapetência, afecções febris e debilidade orgânica (BUDEL et al., 2004) é um arbusto com
ocorrência espontânea no Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e encontrada também nos
altos vales da Bolívia, chegando até 3.280 m de altitude (CASSEL et al., 2000), onde é
considerada importante pela população local em vista de seus usos na medicina tradicional
(LOAYZA et al., 1995).
Esta espécie é arbustiva, possui folhas lanceoladas, membranáceas, uninérvias,
com 1 a 2 cm de comprimento e 3 a 4 mm de largura, densamente pontuadas de glândulas,
com margens inteiras, 1 a 3 denteadas, raramente apresentando entre 5 e 7 dentes. Possui
flor feminina com corola de 2 a 3 mm de comprimento e flor masculina com corola de 2,5 a
3 mm de comprimento. É uma espécie normalmente encontrada em campos secos e locais
alterados, florescendo desde o início de janeiro até maio nos Campos Gerais do Paraná,
conforme observações feitas no decorrer do presente trabalho de pesquisa. A planta já foi
muito utilizada na confecção de vassouras rústicas, de onde vem um de seus nomes
populares, e por ser uma planta que cresce espontaneamente em campos de criação de gado,
seus efeitos tóxicos já foram observados em animais (TAKEDA; FARAGO, 2001).
O óleo essencial de B. dracunculifolia é produzido no Brasil em pequena escala
para uso em perfumaria, pelo seu aroma exótico, dependendo de sua origem geográfica e
processo de extração. A sua importância comercial reside nos teores de (E)-nerolidol (1) e
espatulenol (2), normalmente encontrados como componentes principais em óleos obtidos
com a utilização de processos de hidrodestilação (CASSEL et al., 2000; FABIANE et al.
2008; FERRACINI et al., 1995; FRIZZO et al., 2008). Óleos essenciais com baixas
concentrações de (E)-nerolidol (1) e espatulenol (2) são considerados de baixa qualidade e
não são aceitos por algumas farmacopéias (WAGNER; BLADT, 1995).
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
17
OH
OH
(E)-nerolidol (1) espatulenol (2)
Figura 1 – Dois sesquiterpenos importantes do óleo essencial de B. dracunculifolia.
Para Ferracini e colaboradores (1995), na análise dos óleos essenciais obtidos de
espécimes feminino e masculino, as concentrações de (E)-nerolidol (1) foram de 20,80%
() e 12,02% () e de espatulenol (2) foram de 2,58% () e 3,79% (). Compostos como
germacreno-D (3), β-pineno (4) e δ-cadineno (5) também já foram identificados em
proporções de 4%, 18% e 13%, respectivamente (LOAYZA et al., 1995). Outros terpenóides
como β-cariofileno (6), β-selineno (7), globulol (8), viridiflorol (9) e α-cadinol (10) já foram
também relatados como componentes majoritários em óleos essenciais de B. dracunculifolia
(FERRACINI et al., 1995; AGOSTINI et al., 2005).
H
H
H
H
germacreno-D (3) β-pineno (4) δ-cadineno (5) β-cariofileno (6)
H
H
H
OH
H
H
H
H
OH
H
H
OH
H
β-selineno (7) globulol (8) viridiflorol (9) α-cadinol (10)
Figura 2 – Estruturas de outros compostos encontrados no óleo essencial de B. dracunculifolia
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
18
Os óleos essenciais de espécies do gênero Baccharis estão sujeitos a variações
muito grandes em suas composições, as quais parecem estar fortemente relacionadas a
fatores climáticos e outros fatores ambientais. O rendimento de óleo essencial e a
concentração de cada um dos constituintes do óleo de uma determinada espécie podem
variar durante o ciclo vegetativo do vegetal. Fatores ambientais e práticas de cultivo também
causam impactos, influenciando a composição química dos óleos essenciais e o seu
rendimento. A temperatura, a umidade relativa, a duração total da exposição ao sol e o
regime de ventos também exercem influência direta na composição e rendimento,
especialmente em espécies que possuem estruturas superficiais de produção e
armazenamento de óleos essenciais (BRUNETON, 1995); e ainda, diferentes órgãos de uma
mesma planta podem apresentar óleos essenciais com composição química, caracteres
físico-químicos e odores bem distintos (SIMÕES; SPITZER, 2003).
1.3 Baccharis dracunculifolia e os insetos
Os insetos visitam flores para se alimentar de néctar e pólen e nesse processo, eles
geralmente polinizam as flores, de modo que ambos se beneficiam dessa associação
mutualista (Figura 3). Nesta relação há três fatores bioquímicos que interagem: o cheiro, a
cor das flores e o valor nutricional do néctar e pólen. Os insetos vivem no mundo da
comunicação química - utilizam feromônios e são capazes de detectar os terpenos e outros
voláteis de flores a grandes distâncias. Quando um polinizador se aproxima de uma planta,
ele também recebe um sinal visual, que é o destaque das flores coloridas contra o verde da
folhagem (FERRACINI, 1995).
Entretanto, é difícil determinar qual ou quais polinizadores são ativos numa
espécie vegetal sendo que alguns animais podem visitar flores por outras razões que não
sejam a polinização, também podem ser capazes de alimentar-se de néctar, sem que ocorra a
polinização necessária à planta. Formigas, por exemplo, são bem conhecidas como visitantes
ilegítimos, isto é ladrões de néctar, e são freqüentemente tão pequenas que patrulham as
flores por dentro e por fora sem tocar os órgãos reprodutores. Contudo, elas agem como
polinizadoras em alguns casos (FERRACINI, 1995). Os insetos herbívoros que utilizam de
B. dracunculifolia para produzir suas galhas também podem exercer um efeito negativo
sobre o desenvolvimento da planta (FAGUNDES; NEVES; FERNANDES, 2005). Galhas
são crescimentos especializados em tecidos vegetais, induzidos por alguns vírus, bactérias,
fungos, nematóides, ácaros ou insetos. Em galhas induzidas por insetos, quando o indutor
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
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19
começa a se alimentar, é muito freqüente a formação de tecido nutritivo, revestindo a
câmara larval. Emprega-se este termo para as galhas onde estão presentes fungos que
servem de alimento para a larva do indutor. No Brasil, já foi descrita a ocorrência de 17
tipos de galhas em B. dracunculifolia (ARDUIN; KRAUS, 2001).
No grupo das Angiospermas, a maioria das plantas requer insetos para a
polinização. Isto é observado principalmente em plantas dióicas, como é o caso da espécie
em estudo, B. dracunculifolia.
Figura 3 - Insetos na espécie B. dracunculifolia (Fotos de D. S. Nunes, 2006).
COSTA, A. G. L.C
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20
1.4 Baccharis dracunculifolia e a própolis verde
Própolis é um termo de origem grega que significa “em defesa da cidade”, aplicado
a este material que as abelhas produzem para a proteção de suas colméias. É formada por
material resinoso e balsâmico de composição química complexa, sendo este coletado pelas
abelhas dos brotos, exsudatos de árvores e de outras partes do tecido vegetal (BANKOVA,
2005; SANTOS et al., 2003). Este material é usado pelas abelhas como selante, para fechar
as brechas e proteger a colméia contra ataque de micro-organismos e até para mumificar
insetos invasores (Figura 4). Estima-se que o uso da própolis na medicina popular antecede
300 a.C. e o consumo mundial está em torno de 700 a 800 toneladas por ano (SILVA et al.,
2006).
Figura 4 - Desenho esquemático da coleta e utilização da própolis pelas abelhas.
Fonte: Apicultura (2007).
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
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21
As própolis brasileiras foram classificadas em 12 tipos, segundo o perfil químico,
além das atividades antimicrobiana e antioxidante (PARK; IKEGAKI; ALENCAR, 2000).
Para a região sudeste do Brasil, o grupo 12, representa com fidelidade a sua origem
botânica: B. dracunculifolia (KUMAZAWA et al., 2003; PARK; ALENCAR; AGUIAR,
2002).
B. dracunculifolia tem sido apontada como provável fonte de origem da própolis
verde, produzida pelas abelhas (Figura 5) que coletam material dos brotos ou exudatos,
substâncias voláteis e ceras de plantas (TEIXEIRA et al., 2005). Em estudos onde se
observou o comportamento de abelhas da espécie Apis mellifera foi relatado que estas obtêm
o material para a manipulação da própolis, preferencialmente em espécies de B.
dracunculifolia (ALENCAR et al., 2005; KUMAZAWA et al., 2003; PARK et al., 2004).
Figura 5 - Apis mellifera visitando flores de B. dracunculifolia.
(Foto de D. S. Nunes, 2006)
Muitos dos constituintes químicos encontrados na própolis são também
encontrados em sua fonte botânica, então, comparando-se a composição química de extratos
da planta e da própolis tem-se um bom indicador para avaliar a possível fonte botânica.
Alencar et al. (2005) investigaram a composição química da própolis produzida em São
Paulo e Minas Gerais pelas abelhas africanizadas Apis mellifera e a maior relação
encontrada entre a própolis e os extratos metanólicos foi a alta proporção do composto
fenólico conhecido como artepilina C (ácido 3,5-diprenil-4-hidroxicinâmico) (11) e outros
similares.
COSTA, A. G. L.C
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22
OH
COOH
artepilina C (11)
Figura 6 - Estrutura do ácido 3,5-diprenil-4-hidroxicinâmico.
O
OOH
OH
O
OH
OH
rutinose
O
OH
O
OH
OH
O
OOH
OH
OH
OH
OH
rutina (12) pinobanksina (13) quercetina (14)
O
OH
O
OH
OH
OH
OH
OH
O
O
OH
O
OH
O
OH
canferol (15) apigenina (16) pinocembrina (17)
O
OH
O
OH
O
O
OH
OH
OH
O
OH
O
CH
3
O
crisina (18) galangina (19) tectocrisina (20)
Figura 7 - Estruturas de alguns flavonóides comumente encontrados em própolis e em B. dracunculifolia.
A artepilina C é um dos principais ácidos fenólicos presentes no extrato de própolis
PG12. Apresenta grande importância por possuir várias atividades biológicas, como anti-
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
23
inflamatória (PAULINO et al., 2008), antitumoral, indutora de apoptose, imunomoduladora
e antioxidante (PISCO et al., 2006) e supressora da angiogênese tumoral (AHN et al., 2007).
Além da artepilina C, outros três componentes da própolis brasileira, identificados
como ácidos 3-prenil-4-hidroxicinâmico, 2,2-dimetil-6-carboxietenil-2H-1-benzopirano e
2,2-dimetil-6-carboxietenil-8-prenil-2H-1-benzopirano foram testados contra bactérias
Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e Streptococcus faecalis
encontrando-se, em todos os quatro, atividade contra estas bactérias e também contra
Tripanosoma cruzi, além disso, efeito miorrelaxante foi relatado (MARCUCCI et al., 2001).
Vários flavonóides também estão presentes em amostras de própolis e B.
dracunculifolia: rutina (12), pinobanksina (13), quercetina (14), canferol (15), apigenina
(16), pinocembrina (17), crisina (18), galangina (19), tectocrisina (20) e canferide
(MARÓSTICA JUNIOR et al., 2008; PARK; ALENCAR; AGUIAR, 2002).
Também os ácidos caféico (21), ferúlico (22) e p-cumárico (23) estão presentes na
própolis brasileira (MARCUCCI, 2006). Os ácidos caféico e p-cumárico mostraram
atividade antimutagênica induzida por desoxirrubicina (RESENDE et al., 2007).
OH
COOH
MeO
OH
COOH
COOH
OH
OH
ácido caféico (21) ácido ferúlico (22) ácido p-cumárico (23)
Figura 8 - Estruturas de alguns ácidos fenólicos presentes na própolis verde.
Assim como a própolis possui atividades biológicas: antioxidante (MENEZES,
2005; SHENG et al., 2007; SILVA et al., 2006), antimicrobiana (CASTRO et al., 2007;
GEBARA; LIMA; MAYER, 2002; KUJUMGIEV et al., 1999; MARCUCCI, 1996;
MENEZES, 2005) citotóxica (MARCUCCI, 1996), anti-inflamatória (MENEZES, 2005),
hepatoprotetora (MENEZES, 2005), antitumoral (AHN et al., 2007; FUNARI; FERRO;
MATHOR, 2007), os extratos de B. dracunculifolia também apresentaram as suas
atividades: antimutagênica (RESENDE et al., 2007) e antibacteriana (FERRONATTO et al.,
2007; LEITÃO et al., 2004).
COSTA, A. G. L.C
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24
1.5 Derivados do ácido quínico
Nos últimos anos têm se dado atenção especial a estes compostos, principalmente
após a confirmação da origem botânica da própolis brasileira. Tendo a própolis merecido
destaque por conter tantas atividade biológicas, os extratos de Baccharis sp. também foram
ocupando espaço na literatura, pois são muito utilizadas na medicina tradicional em toda a
América Latina.
Quatro derivados do ácido cafeoil quínico: ácidos 3,5-dicafeoil-muco-quínico (24),
3,5-dicafeoil-quínico (25), 4,5-dicafeoil quínico (26) e 5-cafeoil-quínico (ácido clorogênico)
(27) foram isolados de Aster scaber, estabelecendo-se suas estruturas por RMN de
1
H e de
13
C de alta resolução. Estes compostos apresentaram atividade contra proteína do HIV-1
(Figura 9).
OH
OR
H
OR
H
OH
HOOC
H
OR
2
H
OR
1
OR
3
H
OH
HOOC
H
OH
OH
O
(24) R = cafeoil
cafeoil
(25) R
1
e R
3
= cafeoil, R
2
= H
(26) R
1
= H, R
2
e R
3
= cafeoil
(27) R
1
e R
2
= H e R
3
= cafeoil
1
2
3
4
5
6
3
5
Figura 9 - Estruturas dos ácidos cafeoil quínicos: ácidos 3,5-dicafeoil-muco-
quínico (24), 3,5-dicafeoil-quínico (25), 4,5-dicafeoil quínico (26) e
5-cafeoil-quínico (ácido clorogênico) (27). Fonte: Kwon et al., 2000.
Extratos metanólicos das folhas de B. dracunculifolia, apresentam glicosídeos
contendo grupos (E)-cafeoil que pela primeira vez foram relatados na literatura
(NAGATANI; WARASHINA; NORO, 2001 e 2002). Posteriormente derivados do ácido
clorogênico (27) foram isolados da parte aérea de B. dracunculifolia (ABAD; BERMEJO,
2007).
Estas substâncias também foram identificadas em amostras de própolis brasileira:
ácido clorogênico (ácido 5-cafeoilquínico) (27) e os seus derivados 3,5-dicafeoilquínico
(25), 3,4-dicafeoilquínico (26) e tricafeoilquínico (GARDANA et al., 2007) (Tabela 1).
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25
Tabela 1 – Derivados do ácido cafeoil quínico identificados em amostras de
própolis brasileira, seus t
R
e UV
máx
.
Substância t
R
(min) UV
máx
ácido clorogênico 2,7 325
ácido caféico 3,4 324
ácido cumárico 4,8 310
ácido ferúlico 5,3 324
ácido dicafeoilquínico 5,3 325
ácido dicafeoilquínico 5,9 325
ácido tricafeoilquínico 13,3 325
Fonte: Gardana et al. (2007).
Derivados do ácido cafeoilquínico (ácido 3,4-dicafeoilquínico, 3,5- dicafeoilquínico
e 3,4,5-tricafeoilquínico) foram isolados de própolis de B. dracunculifolia e detectados em
comprimento de onda de 325 nm. Os extratos de própolis com concentrações definidas de
cada componente foram avaliados segundo o potencial de indução na hipotensão em ratos,
sugerindo ação anti-hipertensiva para estes compostos (MISHIMA et al., 2005). Estes ácidos
foram encontrados em própolis originárias de B. dracunculifolia em maiores proporções se
comparados com as amostras originárias de Araucária spp (SALOMÃO et al., 2007). Para
comprovar a relação entre Baccharis e própolis, Kumazawa et al. (2003) identificaram como
componentes polares, em CLAE, no extrato etanólico de ambos, os ácidos: clorogênico,
caféico, p-cumárico, 4,5 dicafeoilquínico, 3,4 dicafeoilquínico como mostra a Figura 10.
Figura 10 - Cromatogramas obtidos por cromatografia líquida de alta eficiência
dos extratos etanólicos de B. dracunculifolia (a) e Própolis (b)
identificando os ácidos: clorogênico (1), caféico (2), p-cumárico (3),
4,5 dicafeoilquínico (4), 3,4 dicafeoilquínico (5). Fonte: Kumazawa et
al. (2003).
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
26
Ésteres do ácido caféico (fenetil éster do ácido caféico) assim como outros
compostos fenólicos foram apontados como responsáveis por importantes atividades
antimicrobiana e antitumoral (SFORCIN; ORSI; BANKOVA, 2005).
Outro trabalho relevante identificou no extrato metanólico de folhas jovens de B.
dracunculifolia os seguintes ácidos: clorogênico, caféico, p-cumárico, ferúlico e trans-
cinâmico. Estes compostos em própolis foram avaliados, levando os autores a afirmar que
há um efeito tóxico dose-dependente em fibroblastos de ratos (FUNARI; FERRO;
MATHOR, 2007).
Estes ácidos já são conhecidos por possuírem ação potente e seletiva como
inibidora de vírus Tipo 1 HIV, não sendo tóxicos nas concentrações utilizadas. O ácido
clorogênico é um inibidor competitivo da glucose-6-fosfatase; é ela quem regula a
concentração de glicose no sangue. Quando ingerido em alimentos, o ácido clorogênico é
absorvido no intestino e passa para a circulação sanguínea. O ácido clorogênico, juntamente
com ácido caféico, são antioxidantes “in vitro”, protegendo o LDL (lipoproteína de baixa
densidade) da oxidação e conseqüentemente prevenindo contra doenças do envelhecimento
(PEREIRA et al., 2003).
Num contexto onde os produtos naturais vêm recuperando espaço e importância na
indústria farmacêutica, seja por si ou como fonte inspiradora de novos padrões moleculares
bioativos (VIEGAS; BOLZANI; BARREIROS, 2006), o estudo da espécie Baccharis
dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis merece atenção especial, já que ambas
apresentam atividades farmacológicas comprovadas em estudos científicos e também por
existirem evidências diretas de que a B. dracunculifolia é a fonte de origem da própolis
brasileira (PG12).
1.6 Métodos de análise importantes para esta pesquisa
1.6.1 A cromatografia gasosa
Neste método (Figura 11) separa-se uma mistura em seus componentes fazendo-se
mover um gás sobre um adsorvente estacionário. A amostra é analisada em fase gasosa e,
portanto, os analitos devem ser voláteis ou volatilizáveis.
A cromatografia gasosa é uma técnica com poder de resolução excelente,
possibilitando a análise de várias substâncias em uma mesma amostra. Dependendo do tipo
de substância a ser analisada e do detector empregado, consegue-se detectar cerca de 10
-12
g
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
27
do composto por mL
-1
de solução. Essa sensibilidade permite que pequenas quantidades de
amostra possam ser analisadas (PERES, 2002).
Figura 11 – Esquema mostrando as partes de um cromatógrafo gasoso: 1
reservatório de gás e controles de vazão / pressão; 2 injetor
(vaporizador) de amostra; 3 coluna cromatográfica e forno da
coluna; 4 detector; 5 eletrônica de tratamento (amplificação) de
sinal; 6 registro de sinal (registrador ou computador). (Fonte:
Cromatógrafo Gasoso, 2009).
O gás de arraste - A separação é auxiliada pelo gás de arraste que é normalmente o
hélio, nitrogênio, hidrogênio ou argônio e a escolha depende da disponibilidade, pureza,
consumo e tipo de detector utilizado. Hélio é o preferido com detectores de condutividade
térmica porque tem condutividade térmica alta em relação aos vapores da maior parte dos
compostos orgânicos. Além do reservatório de gás em alta pressão, são necessários
reguladores de pressão e medidores de vazão para controlar e medir o fluxo do gás.
A introdução da amostra - Vários dispositivos de introdução da amostra foram
desenvolvidos. O mais importante envolve a introdução de amostras líquidas com uma
microseringa dotada de uma agulha hipodérmica; a agulha passa através de um septo de
borracha de silicone auto-selante e coloca a amostra em um bloco de metal aquecido que
está na entrada da coluna. A temperatura do bloco deve ser suficiente para que a amostra
líquida se vaporize rapidamente sem decomposição ou fracionamento. Para melhorar a
eficiência, a amostra deve ser a menor possível (1 a 10 µL).
A coluna - A separação dos componentes da amostra que foi injetada é feita na
coluna onde a natureza do suporte sólido, o método de empacotamento, o tamanho da coluna
e a temperatura são fatores importantes para a resolução desejada. A coluna é colocada em
1
2
3
4
6
5
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
28
um forno controlado termostaticamente, de modo a manter a temperatura constante com
variação de 0,5ºC, garantindo assim condições reprodutíveis. O uso de colunas empacotadas
têm diminuído muito nos últimos anos, substituindo-se pelas colunas capilares, que se
baseiam na interação entre a mistura e a fase estacionária na forma de um filme fino e
coerente depositado na superfície interna de um tubo longo e fino (capilar).
O detector - A função do detector, situado na saída da coluna, é registrar e medir as
pequenas quantidades dos componentes da mistura separados na coluna e levados pelo fluxo
de gás de arraste. O sinal de saída do detector alimenta um dispositivo que produz um
gráfico denominado cromatograma; o detector de ionização de chama (DIC), utilizado em
nossa análise, baseia-se na queima do ar efluente da coluna, misturado com hidrogênio, com
produção de uma chama de energia suficiente para ionizar as moléculas de soluto cujos
potenciais de ionização são baixos, e estes íons produzidos são coletados por eletrodos e a
corrente iônica produzida é então medida. O jato do queimador é o eletrodo negativo. O
anodo é usualmente um filamento que atinge a extremidade da chama. A combustão de
misturas de hidrogênio e ar produz poucos íons e assim, só quando o gás de arraste e o
hidrogênio se queimam, obtém-se um sinal praticamente constante. Na presença de
compostos que contém carbono, ocorre ionização e a condutividade elétrica da chama
aumenta fortemente. A amostra é destruída na chama, assim se usa um dispositivo para
dividir o fluxo de efluente quando se deseja continuar a análise da amostra. O divisor de
fluxo é colocado entre a coluna e o detector e permite que a maior parte da amostra evite o
detector. O detector DIC tem grande aplicabilidade no uso de detecção de compostos
orgânicos, além disso, o fato de ser altamente sensível e estável, ter resposta rápida e uma
faixa de resposta linear faz com que este tipo de detector seja o mais popular em uso.
O sistema CG/EM
Os sistemas em que são acoplados um Cromatógrafo Gasoso a um Espectrômetro
de Massas permitem a redução do tempo necessário para a identificação dos componentes
de um cromatograma de íons totais (TIC) através da detecção seletiva de massa, havendo a
busca automática em biblioteca de referência de espectros de massa (“espectroteca”) –
Figura 12. Os espectros de massas obtidos de uma mistura complexa sofrem a contribuição
de componentes vizinhos não resolvidos durante a separação, por sangramento da coluna ou
contaminação dos septos. Caracterizar e remover estas contribuições de íons não claros, que
dificultam a análise visual e comparativa dos espectros adquiridos de espectrotecas é o papel
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
29
essencial da deconvolução (Figura 13), onde o espectro de massas é obtido a partir de
modelo de forma, seguido um método de mínimos quadrados.
Nerolidol
20
40
60
80 100 120 140 160 180 200
220
0
50
100
29
43
55
69
81
93
107
123
136
148
161
189
204
O
H
Es
p
atulenol
40
60
80
100 120 140 160 180 200
220
0
50
100
43
55
69
79
91
105
119
131
147
159
177
187
205
220
O
H
Figura 12 - Espectros de Massa dos principais constituintes do óleo essencial de B. dracunculifolia
obtidos da espectroteca NIST do sistema CG-EM.
Figura 13 - Gráfico simplificado mostrando como pode ser explicada a deconvolução.
Fonte: Deconvolução (2009)
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30
1.6.2 A cromatografia líquida de alta eficiência
É um processo de separação de substâncias por adsorção; baseia-se em interações
diferenciadas entre os diversos solutos e sítios ativos fixos em um adsorvente sólido
finamente dividido (Figura 16).
Fase móvel – Uma separação cromatográfica efetiva depende de diferenças na
interação entre os solutos e as fases móvel e estacionária. Os solventes utilizados em
cromatografia líquida de alta eficiência são geralmente muito caros. Para garantir a
repetitividade do desempenho, as impurezas dos solventes, inclusive a água, no caso de
solventes orgânicos devem estar ao nível de traços. Estes reagentes para uso em CLAE
podem ser comprados sem que seja necessária uma purificação, porém, é sempre necessário
eliminar os gases imediatamente antes do uso. A fase móvel é vital em CLAE e por isso,
vale a pena examinar os fatores que determinam sua escolha. O poder de eluição da fase
móvel é determinado por sua polaridade, pela polaridade da fase estacionária e pela natureza
dos componentes da amostra. No caso de separação com fase normal, o poder de eluição
aumenta com o aumento da polaridade do solvente. Nas separações com fase reversa, o
poder de eluição diminui com o aumento da polaridade do solvente. A cromatografia com
fase reversa é muito popular, em parte, por causa do tipo de material no qual se usa a
cromatografia com fase líquida, mas também porque existem vantagens no uso de fases
móveis polares como água e metanol. Em comparação com as fases apolares, as fases
polares são mais baratas e a purificação é mais fácil. Além disso, elas são menos afetadas
por pequenas quantidades de impurezas e são menos tóxicas. Solventes especialmente
purificados para CLAE, livres de impurezas que absorvem no ultravioleta e de partículas
sólidas estão disponíveis comercialmente. É importante remover também o ar dissolvido e
eventuais bolhas de ar na coluna, que são uma das causas de problemas na bomba e no
detector durante o uso. Para evitar estes problemas pode-se desgaseificar a fase móvel antes
do uso, colocando a fase móvel em vácuo ou aquecendo sob ultra-som. Não existem regras
fixas para escolher a melhor fase para uma dada separação, a não ser “o semelhante separa o
semelhante”.
Método isocrático e de gradiente - A operação pelo método isocrático é mais simples
do que os métodos em gradiente. No método isocrático é possível escolher uma mistura de
solventes para ser usada durante todo o experimento. O uso de gradientes na eluição permite
freqüentemente a separação de solutos que não podem ser separados por uma operação
isocrática, mesmo com solventes mistos. Ela é especialmente eficiente quando os
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
31
componentes da amostra diferem muito em polaridade. Muitos cromatógrafos comerciais
possuem sistema de manuseio de líquidos que podem misturar dois ou mais solventes em
proporções crescentes de 0 a 100% de um dos componentes, gerando um perfil de
composição em relação ao tempo.
Figura 14 - Cromatógrafo Shimadzu ODS-A utilizado para CLAE.
(Foto de A. G. L. Cardozo, 2007)
Introdução do solventeHá certa variedade de sistemas usados em CLAE, onde o
mais popular é a bomba de controle alternado, que manipula volumes pequenos, tem fluxo
constante e pode fornecer taxas controladas de fluxo da ordem de 1 a 15 mL/min contra uma
coluna que exerce pressões de até 7.250 psi (50 MPa).
Injeção da amostra - A introdução da amostra é geralmente feita de duas maneiras
por injeção com seringa ou com válvula de amostragem. Os septos de injeção permitem a
introdução da amostra com uma seringa de alta pressão que atravessa um septo auto-selante
feito com um elastômero. Os dispositivos mais utilizados atualmente em instrumentos
comerciais são as válvulas de amostragem de pequeno volume que permitem a introdução
da amostra, de forma reprodutiva, em colunas pressurizadas, sem interrupção significativa
do fluxo da fase móvel. A amostra é colocada, na pressão atmosférica, no lado externo da
válvula e introduzida na corrente de fase móvel pela rotação apropriada da válvula. O
volume de amostra pode variar entre 2 µL e mais de 100 µL simplesmente com a mudança
da válvula ou com válvulas especiais de volume variável. Podem ser usados injetores
automáticos de amostra que permitem a operação desassistida do instrumento (durante a
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
32
noite, por exemplo). A válvula de injeção é preferida para o trabalho quantitativo devido sua
maior precisão com relação à injeção com seringa.
A colunaFeitas de tubos de aço inoxidável de diâmetro interno controlado, com
dimensões entre 10 e 30 cm de comprimento e 4 a 5 mm de diâmetro interno. A fase
estacionária, ou empacotamento, é retida por filtros de aço inoxidável com poros de 2 µm ou
menos, colocados em cada extremidade. Os empacotamentos usados em quase todas as
colunas comercialmente importantes são feitos de partículas porosas de sílica (diâmetro < 10
µm). Pode-se ligar quimicamente a fase estacionária a um material de suporte. Esta forma
em que fases monoméricas e poliméricas se ligam a materiais de suporte é chamada
cromatografia com fase ligada, onde as reações de silanização são muito usadas (Figura 15).
Os grupos silanol da superfície da sílica reagem com cloro-silanos substituídos. Um
exemplo típico é a reação da sílica com cloro-metil-silano que produz uma fase monomérica
ligada na qual cada molécula do agente de silanização reage com um grupo silanol.
Si
OH
Cl
Si
CH
3
CH
3
R
Si
O
Si
CH
3
CH
3
R
H Cl
+
+
Figura 15 – Reação da sílica com o cloro-metil-silano, na preparação de colunas cromatográficas.
Em colunas analíticas de CLAE o grupo mais importante é do tipo apolar C18 em
que o grupo “R” é octadecila. Esta coluna C18 permite a separação de misturas
moderadamente polares e é muito usada na análise de produtos farmacêuticos, drogas e
pesticidas.
Figura 16 - Representação esquemática de um cromatógrafo líquido para CLAE.
Fonte: Cromatógrafo Líquido para HPLC (2009)
O detector - O detector de CLAE mais utilizado é o de absorção no ultravioleta
medindo a quantidade de luz UV/visível absorvida durante a passagem do efluente por uma
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
33
pequena célula de fluxo colocada no caminho ótico do feixe de radiação. Possuem alta
sensibilidade e por medirem propriedades do soluto, são relativamente insensíveis a variação
de temperatura e da velocidade de fluxo do efluente. É apropriado para experimentos em
gradiente de eluição porque muitos dos solventes usados em CLAE não absorvem
apreciavelmente nos comprimentos de onda usados para monitorar o efluente.
1.7 Avaliação do potencial antioxidante
Os antioxidantes são capazes de interceptar os radicais livres gerados pelo
metabolismo celular ou por fontes exógenas, impedindo ataque sobre os lipídios, os
aminoácidos das proteínas a dupla ligação dos ácidos graxos poliinsaturados e as bases do
DNA evitando formação de lesões e a perca da integridade celular (BIANCHI, ANTUNES;
1999). As pesquisas têm se intensificado a procura de produtos que controlem ou acabem
com a formação destes radicais, visando à prevenção do envelhecimento celular e
conseqüentemente as doenças relacionadas.
Considerando que a própolis é importante fonte de substâncias farmacologicamente
ativas, o seu efeito antioxidante, seqüestrador de radicais livres também já está comprovado.
A atividade de dois extratos de própolis (etanólico e etéreo) foi determinada pelo método de
seqüestro de radicais livres utilizando o DPPH e tiocianato de ferro comparando com 2,6-di-
terc-butil-4-metilfenol (BHT) e α-tocoferol, mostrando que a própolis contém uma alta
concentração de substâncias com capacidade antioxidante. Os extratos etanólicos tiveram
maior atividade que aqueles obtidos com éter de petróleo na mesma concentração, mas,
aumentando-se a concentração do extrato etéreo, pode-se comparar efeitos semelhantes ao
extrato etanólico, mostrando que a atividade deste extrato é dose-dependente (SHENG et al.,
2007).
Outro trabalho importante avaliando 49 amostras de própolis do Brasil (diferentes
estados) mostra que os resultados de maior atividade antioxidante estão diretamente
relacionados com a maior concentração de compostos fenólicos. Este fato é conseqüência
das diferentes composições químicas encontradas em extratos de própolis, que depende das
variáveis biogeográficas (flora local, clima e efeitos sazonais) (SILVA et al., 2006).
Recentemente, a síntese de compostos análogos a artepilina C, mereceu especial atenção,
principalmente pela sua atividade antioxidante (PISCO et al., 2006).
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
34
N
NO
2
NO
2
O
2
N
N
.
N
NO
2
O
2
N
N
NO
2
H
DPPH (radical livre)
DPPH-H
Figura 17 - 2,2-difenil-1-picrilidrazil como radical livre e como molécula estável DPPH-H.
O teste utilizando o radical estável DPPH (Figura 17) mede a capacidade das
substâncias em doar hidrogênio radicalar a este radical, assim, quanto maior o número de
hidroxilas presentes na amostra, maior pode ser a sua atividade antioxidante. Mas além da
hidroxila, a saída de outros tipos de hidrogênio pode levar a formação de radicais muito
estáveis, como ocorre nos grupos prenila presentes na artepelina C. A estabilidade dos
radicais formados pelo antioxidante é o fator que influencia sobre o potencial, sendo maior
nas substâncias com maior capacidade de deslocalizar os elétrons na estrutura (DUARTE-
ALMEIDA et al., 2006).
A oxidação é parte fundamental da vida aeróbica e do nosso metabolismo, então os
radicais livres são produzidos naturalmente, por alguma disfunção biológica, em processos
inflamatórios ou provenientes de alimentos.
A produção de radicais livres no organismo está relacionada com fatores endógenos
como: respiração aeróbica, inflamações, peroxissomos, enzimas do citocromo P450; e com
fatores exógenos como: ozônio, radiações gama e ultravioleta, medicamentos, dieta, cigarro
e outros (BIANCHI; ANTUNES, 1999).
As moléculas orgânicas e inorgânicas e os átomos que contém um ou mais elétrons
não pareados, com existência independente, podem ser classificados como radicais livres.
Os radicais livres cujo elétron desemparelhado encontra-se centrado nos átomos de oxigênio
ou nitrogênio são denominados ERO (espécie reativa de oxigênio) ou ERN (espécie reativa
de nitrogênio) (BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006).
As principais EROs distribuem-se em dois grupos, os radicalares: hidroxila (HO
),
superóxido (O
2
-
), peroxila (ROO
) e alcoxila (RO
); e os não radicalares: oxigênio, peróxido
de hidrogênio e ácido hipocloroso. Dentre as ERN incluem-se o óxido nítrico (NO
), óxido
nitroso (N
2
O
3
), ácido nitroso (HNO
2
), nitritos (NO
2
-
), nitratos (NO
3
-
) e peroxinitritos
(ONOO
-
). Enquanto alguns deles podem ser altamente reativos no organismo atacando
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
35
lipídios, proteínas e DNA, outros são reativos apenas com os lipídios. Existem ainda alguns
que são pouco reativos, mas apesar disso podem gerar espécies danosas (BARREIROS;
DAVID; DAVID, 2006).
Essa configuração faz dos radicais livres moléculas altamente instáveis, com meia-
vida curta e quimicamente muito reativas. A presença dos radicais é crítica para a
manutenção de muitas funções fisiológicas normais (BIANCHI; ANTUNES, 1999).
Os radicais livres podem ser gerados no citoplasma, nas mitocôndrias ou na
membrana e o seu alvo celular (proteínas, lipídeos, carboidratos e DNA) está relacionado
com seu sítio de formação.
De acordo com Halliwell (1994) “Antioxidante é qualquer substância que, quando
presente em baixa concentração comparada à do substrato oxidável, regenera o substrato ou
previne significativamente a oxidação do mesmo”. Os compostos fenólicos podem ser
considerados assim e englobam desde moléculas simples até outras com alto grau de
polimerização. Estão presentes na natureza na forma livre ou ligados a açúcares ou a
proteínas. Dois grandes grupos destes compostos estão largamente distribuídos na natureza:
os flavonóides, os ácidos fenólicos (ácidos benzóico, cinâmico e seus derivados) e
cumarinas (SOARES, 2002).
Há duas possibilidades no mecanismo de transferência de hidrogênio de compostos
fenólicos para espécies radicalares: no primeiro caso ocorre em uma etapa onde há
transferência do átomo de hidrogênio e no segundo caso ocorre transferência do elétron
seguido pela transferência do próton. Há relatos de que a transferência de hidrogênio da (+)-
catequina (flavonóide), um dos mais poderosos antioxidantes naturais, para o radical
cumilperoxil procede via transferência de elétron da (+)-catequina para o radical
cumilperoxil, a qual é acelerada pela presença do íon escândio (Sc
3+
) (Figura 18).
Antioxidantes fenólicos funcionam como seqüestradores de radicais e algumas vezes
como quelantes de metais, agindo tanto na etapa de iniciação como na propagação do
processo oxidativo, formando produtos intermediários relativamente estáveis devido à
ressonância do anel aromático apresentada por estas substâncias. A atividade antioxidante
dos ácidos fenólicos indica que as formas isoméricas reunidas do ácido dicafeoquínico são
mais eficazes na inibição da peroxidação induzida de microssomas do que os ácidos caféico
e clorogênico separadamente, os quais também apresentaram elevado potencial antioxidante
(SOARES, 2002).
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
36
O
OH
OH
OH
OH
OH
O
OH
OH
OH
OH
OH
O
Sc
3+
n
.+
Sc(OTf)
3
O
O
OH
OH
OH
O
O
PhCMeOOH
Sc
3+
H
C
+
PhCMeO
PhCMeO
+
Figura 18 - Mecanismo de transferência de hidrogênio da (+) - catequina
para o radical cumilperoxil via transferência de elétrons.
Fonte: Nakanishi et al. (2003)
.
O estudo de espécies do gênero Baccharis, tem mostrado avanço no que diz respeito
ao seu uso na medicina caseira na América Latina. Em sua fitoquímica se destaca a
ocorrência de compostos fenólicos como flavonóides e ácidos fenólicos (VERDI;
BRIGHENTE; PIZZOLATTI, 2005). Também ocorrem estes mesmos compostos em
própolis de diferentes localizações geográficas (GARDANA et al., 2007).
Foram muitos os artigos que relacionaram diretamente a própolis da região sudeste
com a planta B. dracunculifolia, desde que Banskota et al. (1998) publicaram sobre um
derivado diacilado do álcool dihidrodiconiferil encontrado em própolis e um importante
intermediário na formação de lignina da madeira, que já havia sido previamente encontrado
em Baccharis spp.
Park, Ikegaki e Alencar (2000) classificaram as própolis de diversas regiões do
Brasil (Tabela 2) e outros trabalhos relacionaram a própolis do Grupo 12 (PG12) com sua
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
37
fonte botânica B. dracunculifolia (PARK; ALENCAR; AGUIAR, 2002; KUMAZAWA et
al., 2003).
Tabela 2 - Classificação das própolis brasileiras.
Extrato Etanólico de Própolis
Grupos Cor
Substâncias Solúveis
(%)
Origem da
própolis
Grupo 1 (RS5) Amarelo 63,0 Região Sul
Grupo 2 (RS1) Castanho claro 57,5 "
Grupo 3 (PR7) Castanho escuro 65,0 "
Grupo 4 (PR8) Castanho claro 54,5 "
Grupo 5 (PR9) Marrom esverdeado 58,7 "
Grupo 6 (BA11) Marrom avermelhado 45,9 Região Nordeste
Grupo 7 (BA51) Marrom esverdeado 43,8 "
Grupo 8 (PE5) Castanho escuro 41,3 "
Grupo 9 (PE3) Amarelo 46,7 "
Grupo 10 (CE3) Amarelo escuro 24,1 "
Grupo 11 (PI1) Amarelo 23,1 "
Grupo 12
(SP12)
Verde ou Marrom
esverdeado
61,0 Região Sudeste
Fonte: Park; Ikegaki e Alencar (2000)
A classificação adotada por estes pesquisadores tem sido utilizada desde então e a
própolis do Grupo 12, que está relacionada a diversas propriedades biológicas tem alto valor
comercial.
A composição da própolis depende de sua fonte botânica. A variabilidade na
composição dos metabólitos secundários depende tanto de causas internas quanto externas à
planta, mormente em espécies vegetais crescendo livremente na natureza. Assim, para o
estudo de própolis novas, é altamente recomendável a realização de pesquisas fitoquímicas
concomitantes das plantas relacionadas.
Dentro de um projeto de pesquisas mais amplo sobre a química de espécies do
gênero Baccharis, no qual foram estudadas anteriormente B. uncinella e B. semiserrata, dá-
se atenção agora à B. dracunculifolia, tendo em vista a sua relação com a própolis e também
a importância comercial de seu óleo essencial.
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
38
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Analisar quimicamente amostras de própolis e parte aérea de Baccharis
dracunculifolia DC. da região de Ponta Grossa - PR, comparando com extratos de outras
espécies do gênero Baccharis, visando classificar a própolis regional em comparação com a
própolis verde padrão.
2.2 Objetivos específicos
Determinar a composição química do óleo essencial das folhas de espécimes
masculino e feminino de Baccharis dracunculifolia DC. por cromatografia gasosa acoplada
à espectrometria de massas, como forma de caracterização química do vegetal que cresce in
natura em nossa região.
Comparar a composição química de extratos obtidos com diferentes solventes a
partir das folhas das três espécies vegetais (B. dracunculifolia, B. uncinella e B.
semiserrata), utilizando métodos cromatográficos, especialmente a CLAE e
espectrofotometria.
Verificar as correlações químicas existentes entre as três espécies vegetais,
especialmente B. dracunculifolia, e amostras da própolis produzidas na Região dos Campos
Gerais do Paraná.
Mensurar o potencial antioxidante de extratos obtidos de vegetais e de própolis,
como mais um parâmetro de comparação com a própolis verde padrão e como indicativo da
importância da composição de extratos e de substâncias individuais.
COSTA, A. G. L.C
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39
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Reagentes analíticos
Foram utilizados solventes e reagentes com especificação PA ou de outros graus de
pureza conforme a necessidade. Para a análise química de antioxidação foi utilizado o
radical 2,2-difenil-1-picrilidrazil (DPPH, D9132-5G, Sigma Co). Os seguintes padrões
analíticos de ácidos fenólicos e flavonóides foram utilizados nas análises por
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) ou por Cromatografia de Camada
Delgada (CCD): ácido para-cumárico, ácido ferúlico, ácido cinâmico, ácido gálico,
quercetina, canferol, canferide, apigenina, isosakuranetina, pinocembrina, crisina,
acacetina, galangina e miricetina (Extrasynthese Co.).
3.2 Equipamentos
As análises de óleos essenciais foram feitas em Cromatógrafo Gasoso da marca
Varian® CP-3800 acoplado a um detector de ionização de chama (DIC) ou de massas (EM)
da marca Saturn® 2000, utilizando o software de gerenciamento Saturn® GC-MS
Workstation 5.51, numa cooperação informal entre pesquisadores do nosso laboratório de
pesquisas e do IPT-FURB, Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Fundação Universidade
Regional de Blumenau, Blumenau - SC.
As análises de compostos fenólicos sólidos foram feitas por CLAE em
cromatógrafo Shimadzu ODS-A com detector de arranjo fotodiodo (SPD-M10AVp,
Shimadzu Co.). As análises de varredura espectral foram realizadas em equipamento UV
Mini 1240 da Shimadzu em comprimento de onda entre 200-600 nm. Ambos os tipos de
análise foram feitas no Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), Universidade de São Paulo,
Piracicaba - SP.
Um espectrofotômetro Multispec – 1501 Shimadzu foi utilizado para as análises de
DPPH, com 518 nm de comprimento de onda. Acoplado ao MS-Windows® para coleta de
dados e detector de fotodiodos com 512 elementos de precisão espectral de 0,1nm.
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
40
3.3 Coleta de própolis e materiais botânicos
O material botânico utilizado neste trabalho, composto por folhas e galhos, foi
coletado na periferia da cidade de Ponta Grossa, Paraná, num terreno situado nas
coordenadas 25º05’16” SUL e 50º06’22” OESTE, conforme especificado na Tabela 3.
Foram preparadas exsicatas dos espécimes masculino e feminino utilizando um ramo
contendo folhas e flores, seguindo indicações da literatura (FIDALGO; BONONI, 1989). As
amostras foram identificadas como Baccharis dracunculifolia DC. pelo Dr. Gert Atschbach
e depositadas no Herbário do Museu Botânico de Curitiba sob os números 338991
(espécime masculino, Bd ); 338982 (espécime feminino, Bd ).
Tabela 3 - Coletas de materiais botânicos
AMOSTRAS Parte e quantidade
coletada
Data da coleta Finalidade
Bd
~1 Kg de folhas Agosto de 2006 OE e extração c/ solventes
Bd
~1 Kg de folhas Agosto de 2006 OE e extração c/ solventes
Bd
20 g de brotos apicais Julho de 2007 Extração por enxágüe
Bd
20 g de brotos apicais Julho de 2007 Extração por enxágüe
O material vegetal coletado em maior quantidade, constituído por galhos, passou por
um processo de limpeza, eliminando-se matérias estranhas ou partes atacadas por insetos.
Efetuou-se a secagem em temperatura ambiente por sete dias, separando-se as folhas
cuidadosamente para armazenamento em recipientes herméticos, na temperatura ambiente e
ao abrigo da luz até o momento de sua utilização (Item 4.5). Os brotos apicais foram
utilizados logo após a coleta (Item 4.6). Treze amostras de própolis foram obtidas de
apicultores locais (Tabela 4) e conservadas a frio até o momento das extrações (Item 4.6). A
amostra de própolis verde (PG12), utilizada como padrão de comparação neste trabalho, foi
gentilmente cedida pelo professor Dr. Severino Matias de Alencar, da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ).
Tabela 4 - Produtores da região e amostras de própolis
Produtor Número de amostras Código das amostras
ADI 1 ADI
EBS 3 EBS-1; EBS-2; EBS-3
RA 2 RA-1; RA-2
WS 4 WS-1; WS-2; WS-3; WS-4
RS 3 RS-1; RS-2; RS-3
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
41
3.4 Obtenção de amostras de óleo essencial
As folhas secas foram moídas em liquidificador, submetendo-se aproximadamente
100 g de material vegetal dos espécimes masculino e feminino à hidrodestilação em
aparelho de vidro (Figura 19), conforme Stahl e Schild (1981).
Foi utilizado um balão de 5 L contendo 2 L de água destilada, destilando-se durante
4 horas. O óleo volátil foi obtido em éter dietílico, secando-se a solução com Na
2
SO
4
anidro.
O solvente foi evaporado na temperatura ambiente, calculando-se o rendimento (0,85% e
0,81% para os espécimes masculino e feminino, respectivamente).
Figura 19 - Desenho e medidas do aparelho
de hidrodestilação utilizado.
(Stahl; Schild, 1981).
3.5 Obtenção de extratos
3.5.1 Extratos obtidos com uma sequência de solventes
Aproximadamente 20 g de folhas de B. dracunculifolia coletadas em 08/2006, após
secagem e trituração, foram extraídos exaustivamente em aparelho Soxhlet por 20 horas
com cada um dos seguintes solventes: clorofórmio (CHCl
3
), acetato de etila (AcOEt) e
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
42
metanol (MeOH). Os extratos foram concentrados em evaporador rotativo a vácuo
(rendimentos na Tabela 5), obtendo-se os espectros de ultravioleta-visível (UV-VIS) e
análises por CCD e CLAE.
Foram realizadas diversas análises por CCD sobre placas de sílica HF254 e GF254,
utilizando-se sistemas eluentes compostos por AcOEt/MeOH/H
2
O ou CHCl
3
/MeOH/H
2
O
em diferentes proporções, fazendo-se comparações entre os extratos metanólicos dos
espécimes feminino e masculino de B. dracunculifolia com extratos metanólicos de B.
semiserrata e B. uncinella. Após a eluição, os cromatogramas foram visualizados em luz
UV nos dois comprimentos de onda e revelados: 1) com solução de H
2
SO
4
/ metanol (1:1)
seguido de aquecimento sobre placa; 2) com solução 5% de FeCl
3
em metanol. Os
resultados das placas foram armazenados em arquivos de imagens digitalizadas.
Tabela 5 - Resultado das extrações de B. dracunculifolia (Bd e Bd ), B. uncinella
(Bu) e B. semiserrata (Bs)
Espécime/solvente Folhas (g) Extrato (g) Rendimento (%)
Bd -CHCl
3
9,882 1,1828 11,97
Bd -AcOEt 9,882 0,9712 9,83
Bd -MeOH 9,882 1,1359 11,49
Bd -CHCl
3
10,0181 1,4784 14,76
Bd -AcOEt 10,0181 1,1293 11,27
Bd -MeOH 10,0181 1,5324 15,39
3.5.2 Extratos obtidos por enxágue
Foram obtidos extratos dos brotos apicais de espécimes masculinos e femininos
recém coletados (julho de 2007), utilizando-se a técnica de extração por enxágue. Cerca de
20 g de brotos foram obtidos no local de coleta por corte com tesoura e levados
imediatamente ao laboratório, onde foi feita uma limpeza para a retirada de folhas maduras.
Com o auxílio de uma pinça, cada broto foi segurado sobre um béquer, procedendo-se então
ao enxágue com o auxílio de uma pipeta de Pasteur. Cada broto foi lavado com gotas de
metanol por cerca de 2 minutos, trocando o material para novo enxágue até completarem-se
10 mL dos extratos de cada um dos espécimes.
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
43
3.5.3 Extratos de própolis
Para a obtenção dos extratos etanólicos de própolis foi utilizada a técnica da
maceração. Aproximadamente 2,0 g de própolis e 10,0 mL de etanol a 70% (p/v) ficaram em
contato durante 20 dias, ao abrigo da luz, com agitação e posterior filtração, sendo então as
soluções etanólicas conservadas em geladeira até o momento das análises. Foram obtidos da
mesma forma os extratos das treze amostras de própolis regionais e do padrão de própolis
verde (PG12).
3.6 Análises por CG/EM
Tanto na análise por CG-DIC como na CG-EM, foi utilizada uma coluna capilar de
sílica fundida apolar CP-Sil 8 CB Low Bleed/MS (comprimento de 30 m, diâmetro interno
de 0,25 mm e filme com espessura de 0,25 µm). O fluxo de hélio, o gás de arraste utilizado,
foi de 1,0 mL/min, com a temperatura do injetor mantida em 250 ºC e a do detector DIC em
200 ºC. A temperatura do forno foi programada para iniciar a 60 ºC, permanecendo por aí 3
minutos, subindo então 5 ºC/min até 200 ºC e permanecendo na temperatura final por 15
minutos.
O programa AMDIS (Automated Mass Spectra Deconvolution and Identification
System) acompanha o sistema CG-EM e permite fazer a deconvolução do arquivo de dados
digital obtido para cada amostra injetada no equipamento. A deconvolução leva ao
cromatograma TIC (Total Ion Chromatogram), que é obtido a partir do total de fragmentos
iônicos de cada substância da amostra que atinge o detector EM. A identificação de cada
componente no cromatograma TIC é realizada inicialmente pelo cálculo do seu índice de
retenção de Kovàts (IK) (VAN DEN DOOL; KRATZ, 1963), determinado em relação à
série homóloga de n-alcanos (C
9
–C
26
) e comparado com dados publicados (ADAMS, 1995).
Em seguida, o espectro de massas da substância em questão é comparado pelo AMDIS com
os espectros fornecidos pela biblioteca do sistema NIST, listando-se em ordem decrescente
de similaridade as substâncias que apresentam espectros de massas similares, entre as quais
normalmente é encontrada aquela que tem também um idêntico valor de IK.
A quantificação das substâncias voláteis de cada amostra foi feita com base em seu
cromatograma obtido com uso do detetor DIC, transformando-se em porcentagens as áreas
sob os picos. Os cálculos dos IK foram feitos de forma semelhante ao explicado acima, a
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
44
partir de nova injeção da amostra de óleo essencial e dos padrões de n-alcanos, comparando-
se com os dados obtidos anteriormente com uso do TIC.
t
(r)x
– t
(r)y
IK
x
= 100y + 100(z-y) ____________
t
(r)z
– t
(r)y
Onde:
y = n
o
de carbonos do padrão de n-alcano à esquerda do componente x;
z = n
o
de carbonos do padrão de n-alcano à direita do componente x;
t
(r)x
= tempo de retenção do pico da substância em questão;
t
(r)y
= tempo de retenção do padrão de n-alcano à esquerda;
t
(r)z
= tempo de retenção do padrão de n-alcano à direita.
3.7 Análises por espectrofotometria UV-VIS
Todos os extratos obtidos no Item 3.5 foram submetidos à análise do perfil de
varredura espectrofotométrica na faixa de comprimento de onda entre 200 nm e 600 nm,
utilizando-se metanol como solvente. Os resultados destas análises estão apresentados e
discutidos no item 4.3.
3.8 Análises por CCD-AR
Estas análises foram realizadas com os extratos etanólicos das própolis regionais e
PG12, extratos obtidos por enxágüe dos brotos de B. dracunculifolia feminino (Bd -
brotos) e B. dracunculifolia masculino (Bd -brotos) (Item 3.5.2 e 3.5.3). Foram utilizadas
placas de sílica RP-18 F254, 10x10 da MERCK e a mistura EtOH:H
2
O na proporção de
45:55 como eluente. A quantidade de amostra aplicada em cada ponto foi de 3 µL. Após a
eluição, as placas foram borrifadas com anisaldeído sulfúrico (0,5 mL de anisaldeído, 10 mL
de ácido acético glacial, 85 mL de metanol e 5 mL de ácido sulfúrico) e observadas sob luz
UV nos dois comprimentos de onda usuais (254 e 366 nm).
3.9 Análises por CLAE
Foram injetados 15 µL dos extratos das amostras de própolis selecionadas (PG12,
WS-3, ADI e RS-2), comparando-se com os extratos de Bd -brotos e Bd -brotos (20 µL).
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
45
Também foram analisados por CLAE nas mesmas condições os extratos metanólicos de B.
dracunculifolia (espécimes masculino e feminino), B. uncinella e B. semiserrata obtidos
com a seqüência de solventes clorofórmio, acetato de etila e metanol.
Os extratos foram filtrados com um filtro de 0,22 µm (Millipore) e injetados no
sistema CLAE. A coluna RP-18 (4,6 mm × 250 mm; partículas de 5 µm) foi eluída usando-
se um gradiente linear de ácido acético:água (1:20) (solvente A) e metanol (solvente B),
iniciando com 30% de B e aumentando até 90% de B, com vazão de solvente de 1 mL/min.
Os cromatogramas foram registrados a 260 nm como descrito por Park et al. (1997).
3.10 Análises da atividade antioxidante
A atividade antioxidante das amostras de própolis e de brotos de B. dracunculifolia
(itens 4.5.2 e 4.5.3) foi medida frente ao radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH·)
utilizando análise espectrofotométrica em UV/VIS, segundo o método utilizado por Castro e
colaboradores (2006). Uma alíquota de cada amostra (20 µL, 30 µL, 60 µL e 120 µL) foi
adicionada a 2.700 µL de solução de DPPH·0,5 µM preparada em etanol absoluto PA para
medir a possível atividade redutora em presença do DPPH·.
A cinética de descoloração do DPPH· frente às amostras foi registrada durante 5
minutos em 517 nm. Este experimento foi realizado em triplicata e a porcentagem de
atividade seqüestrante foi calculada a partir da fórmula:
[(A
o
–A
e
)/A
o
]*100
onde A
o
= absorbância sem adição de extrato
A
e
= absorbância com adição de extrato.
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Análise dos óleos essenciais de Baccharis dracunculifolia
A composição química do óleo essencial de Baccharis dracunculifolia (Óleo de
Vassoura) tem sido objeto de estudo há muitos anos (FERRACINI et al., 1995; FRIZZO et
al., 2008; LOAYZA et al., 1995; QUEIROGA et al., 1990). O valor dado a este óleo pela
indústria de perfumes se deve ao seu aroma exótico, que depende da sua composição,
origem geográfica e processo de extração. A importância comercial está relacionada à fração
oxigenada, especificamente a proporções mais elevadas de (E)-nerolidol (1) e espatulenol
(2) (CASSEL et al., 2000).
O presente estudo de B. dracunculifolia seguiu uma metodologia desenhada para
minimizar os fatores considerados responsáveis por variações na composição química de
óleos essenciais. Além dos cuidados práticos considerados importantes no trabalho de
obtenção e análise de qualquer amostra de óleo essencial (AGOSTINI et al., 2005; CASSEL
et al., 2000; FRIZZO et al., 2008; MARCHESAN et al., 2006), foram adotados aqui vários
cuidados especialmente recomendáveis para o estudo dos componentes voláteis de espécies
Baccharis, com base nos problemas enfrentados em vários estudos encontrados na literatura.
Já que estas plantas são dióicas, a coleta de espécimes masculinos e femininos no
mesmo local e horário elimina diversas variáveis importantes associadas a fatores
ecológicos como a quantidade de luz e de água disponíveis. Os materiais vegetais utilizados
neste trabalho foram exclusivamente folhas, eliminando-se totalmente os galhos finos ou
inflorescências, se presentes, e simplificando a comparação entre amostras.
Foi escolhida uma população de plantas com muitos espécimes masculinos e
femininos, crescendo em uma propriedade privada próxima ao Campus, há cerca de 10
quilômetros da Fazenda Escola da UEPG, onde se situa a estação meteorológica que
forneceu os dados sobre precipitação pluviométrica utilizados neste trabalho. Uma forte
florada foi observada no início de 2006, quando diversos espécimes masculinos e femininos
foram marcados com etiquetas de plástico, para permitir que a coleta de material
identificado pudesse ser feita em agosto, ao final da época de estiagem. O material vegetal
foi propositalmente coletado ao final do período mais seco, e ao final de uma tarde de sol,
para uma melhor avaliação da influência da disponibilidade de água sobre o rendimento e a
composição química dos óleos essenciais.
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
47
JFMAMJJASONDJ
0
50
100
150
200
250
Precipitações mensais em 2006
Média das precipitações mensais dos últimos 10 anos
Precipitação (mm)
Ano 2006
Figura 20 - Médias de precipitação mensal dos últimos 10 anos e precipitações mensais
medidas durante 2006 próximo ao local onde foram feitas as coletas. Dados
fornecidos pela Estação Meteorológica da Fazenda Escola, UEPG.
O ano de 2006 foi especialmente seco, com precipitação total de 1.257 mm, bem
abaixo dos 1.644 mm, que é a média anual calculada para os últimos dez anos. A Figura 20
mostra que as precipitações mensais registradas para aquele ano estiveram quase sempre
abaixo das médias mensais dos últimos dez anos e a estação seca, entre abril e agosto, foi
drasticamente mais seca do que a média. O material vegetal utilizado neste estudo dos óleos
essenciais de B. dracunculifolia foi coletado no dia 8 de agosto de 2006, após 10 dias de
ausência de chuvas na região.
O resultado das análises da composição dos óleos essenciais das folhas de
espécimes feminino e masculino de B. dracunculifolia, feitas por técnicas de Cromatografia
Gasosa e Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas, são mostrados
resumidamente na Tabela 6, onde são apresentadas também as porcentagens dos
constituintes e seus Índices de Kovàts calculados para a coluna apolar utilizada (item 3.6.1).
As composições dos óleos essenciais obtidos de espécimes feminino e masculino se
mostram semelhantes, com 24 componentes identificados, representando 97,73 e 97,60%
dos totais, respectivamente. Os monoterpenos perfazem apenas 0,85% da composição do
óleo da planta feminina e 2,35% do óleo da planta masculina, com β-pineno, limoneno e 4-
terpineol como componentes identificados. Os sesquiterpenos hidrocarbonetos totalizaram
( 45,06 – 37,84%) destacando-se as presenças de β-cariofileno ( 7,88 – 8,88%),
aromadendreno (
2,93 – 3,02%), α-humuleno ( 4,61 – 2,18%), γ-muuroleno ( 3,48
2,33%), germacreno D (
5,53 – 4,04%), trans-β-guaieno ( 7,98 – 6,06%), δ-
cadineno ( 7,34 – 5,48%). Os sesquiterpenos oxigenados constituem as frações
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
48
majoritárias dos óleos essenciais de ambos os espécimes ( 48,88 – 49,51%),
apresentando (E)-nerolidol ( 24,69 – 17,16%) e espatulenol ( 14,62 – 21,39%) como
principais componentes, identificando-se ainda outros cinco em porcentagens menores:
cariofileno óxido ( 1,16 – 2,07%), viridiflorol ( 1,61 – 0,88%), α-cadinol ( 1,90 –
2,83%), β-bisabolol ( 0,84 – 2,86%) e α-bisabolol ( 1,86 – 0,10%).
A Figura 21 permite que se faça uma comparação visual dos cromatogramas
registrados nas análises dos dois óleos utilizando um detector de ionização de chama, pois
mostram de imediato as baixas proporções de monoterpenos encontradas em ambas as
amostras.
Tabela 6 - Componentes dos óleos essenciais obtidos por hidrodestilação das folhas de espécimes
feminino () e masculino () de B. dracunculifolia
Componentes
Bd
0,81
%
Bd
0,85%
IK
coluna apolar
β-pineno
0,10 1,58
980
limoneno
0,45 0,43
1032
terpinen-4-ol
0,40 0,34
1178
α-cubebeno
0,65 0,43
1350
α-copaeno
0,67 0,99
1376
β-elemeno
0,93 0,72
1393
α-gurjuneno
0,46 0,63
1410
β-cariofileno
7,88 8,88
1418
aromadendreno
2,93 3,02
1446
α-humuleno
4,61 2,18
1456
γ-muuroleno
3,48 2,33
1478
germacreno D
5,53 4,04
1482
α-muuroleno
0,38 0,58
1493
trans-β-guaieno
7,98 6,06
1500
γ-cadineno
2,22 2,50
1507
δ-cadineno
7,34 5,48
1512
não identificado
1,09 0,75
1541
(E)-nerolidol
24,69 17,16
1565
espatulenol
14,62 21,39
1576
cariofileno oxido
1,16 2,07
1581
viridiflorol
1,61 0,88
1590
não identificado
0,10 0,84
1596
carotol
1,03 1,57
1599
não identificado
2,51 3,76
1625
α-cadinol
1,90 2,83
1649
não identificado
0,10 1,34
1655
β-bisabolol
0,84 2,86
1665
α-bisabolol
1,86 0,10
1677
não identificado
0,10 0,42
1765
Total identificado
97,73
% 97,60 %
Monoterpenos
0.85
% 2.35 %
Sesquiterpenos
96,88
% 95,25 %
Sesquiterpenos hidrocarbonetos
45,06
% 37,84 %
Sesquiterpenos oxigenados
48,88
% 49,51 %
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
49
Figura 21 - Comparação entre os cromatogramas obtidos por detecção de
ionização de chama para os óleos essenciais de B. dracunculifolia
analisados no presente trabalho.
Nove amostras de óleos essenciais de B. dracunculifolia coletadas no Sul do Brasil
(4 amostras), Sudeste do Brasil (1 amostra), Uruguai (3 amostras) e Bolívia (1 amostra),
foram apresentadas em uma publicação recente (FRIZZO et al., 2008). Em geral, as
diferentes amostras apresentaram índices elevados de monoterpenos, que atingiram 57,2%
numa das amostras uruguaias, mas a amostra proveniente do Sudeste (Limeira - SP) tinha
apenas 11,5% em monoterpenos, incluindo α-pineno (1,7%), β-pineno (3,5%) e limoneno
(5,4%). Esta amostra de Limeira apresentou como principais sesquiterpenos: β-cariofileno
(6,5%), germacreno D (3,9%), biciclogermacreno (7,5%), δ-cadineno (5,5%), (E)-nerolidol
(18,4%) e espatulenol (5,7%), chamando atenção a notável semelhança desta composição
com as dos óleos obtidos das folhas coletadas em Ponta Grossa (Tabela 6). É interessante
notar também, que os compostos mencionados acima não são os principais componentes
encontrados nas demais amostras analisadas por Frizzo et al. (2008), com exceção do
espatulenol – presente em todas as amostras, e do (E)-nerolidol – ausente nas amostras
uruguaias.
Ferracini et al. (1995) analisaram sistematicamente as possíveis causas de variação
do conteúdo químico dos óleos essenciais de sete espécies do gênero Baccharis coletadas
em área de Cerrado, no Estado de São Paulo. Naquele trabalho, pela primeira vez, foram
comparadas as composições de voláteis extraídos de espécimes femininos e masculinos de
B. caprariaefolia, B. dracunculifolia, B. erioclada. As diferenças encontradas entre os óleos
de espécimes masculinos e femininos da mesma espécie vegetal suscitaram a análise
experimental de diversas hipóteses. Ao longo dos muitos experimentos de coleta, extração e
análise, aqueles autores concluíram que tais diferenças estavam relacionadas à presença de
2,35% monoterpenos
95,25% sesquiterpenos
0,85% monoterpenos
96,88% sesquiterpenos
Óleo do espécime masculino
Óleo do espécime feminino
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
50
inflorescências como impureza contida nas folhas destinadas à extração, levando-nos a
adotar um estrito controle na separação das folhas para as extrações no presente trabalho.
Pode-se considerar que este fator muito contribuiu para a maior similaridade entre os óleos
essenciais das folhas dos espécimes masculinos e femininos de B. dracunculifolia coletados
nos Campos Gerais do Paraná.
Analisando as possíveis causas das diferenças encontradas entre os óleos dos
espécimes feminino e masculino de B. dracunculifolia, Ferracini et al. (1995) submeteram
galhos retirados de uma mesma planta a diferentes condições de irrigação nas 72 horas que
precederam cada hidrodestilação. A primeira amostra foi obtida depois de deixar o galho
permanecer por 72 horas ao ar; a segunda e a terceira amostras foram obtidas após deixar os
galhos com as pontas imersas em água destilada (estresse aquoso) ou em solução aquosa de
cloreto de magnésio 10
-4
M (estresse por MgCl
2
). Após 72 h nas condições estabelecidas, as
folhas de cada amostra foram hidrodestiladas e analisadas por CG. Uma diminuição da razão
monoterpenos/sesquiterpenos e um aumento de até 100% no rendimento em óleo foram
observados para os materiais vegetais submetidos a estresse por água e por cloreto de
magnésio. Outro experimento foi realizado pelos mesmos autores, monitorando os óleos
essenciais de uma planta feminina e outra masculina de B. dracunculifolia durante a estação
chuvosa e a estação seca (Figura 22), observando-se baixos rendimentos em óleo e uma
maior razão monoterpenos/sesquiterpenos na estação seca.
Figura 22 - Variação do rendimento do óleo essencial de espécimes feminino e
masculino de B. dracunculifolia no decorrer do ano. Fonte:
Ferracini et al. (1995).
Os resultados do conjunto de experimentos feitos em Campinas (FERRACINI et
al., 1995) são concordantes e complementares entre si. No entanto, observou-se que as duas
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
51
amostras do Paraná analisadas no presente trabalho apresentaram também uma baixa razão
monoterpenos/sesquiterpenos e um elevado rendimento (0,81 e 0,85%), mesmo tendo sido
coletadas em agosto de 2006, ao final da época seca nesta região (vide Figura 20, página 48)
e após oito dias de ausência de chuvas. Assim, tudo parece indicar que outros fatores, além
da disponibilidade de água para as plantas, estão desempenhando papéis importantes na
definição do conteúdo químico dos óleos essenciais.
Os altos rendimentos dos óleos essenciais obtidos de plantas crescendo
espontaneamente, as baixas razões monoterpenos/sesquiterpenos e as altas proporções dos
sesquiterpenos oxigenados, especialmente (E)-nerolidol e espatulenol, são as principais
características do óleo das folhas de B. dracunculifolia dos Campos Gerais do Paraná,
quando coletada em condição de baixa disponibilidade de água. A composição do óleo
essencial encontrada aqui reúne propriedades desejáveis sob o ponto de vista comercial
(MOTL; TRKA, 1983). Para melhor avaliar os efeitos que a disponibilidade de água tem
sobre o metabolismo, seria recomendável o uso de outras técnicas de medida, como as
obtidas com a Câmara de Pressão de Scholander (ESPÍRITO-SANTO et al., 2003;
SCHOLANDER et al., 1965). Os resultados do presente estudo mostram também que ainda
é importante estudar os metabólitos secundários produzidos por esta espécie vegetal
crescendo in natura nos mais diferentes ambientes.
4.2 Análises comparativas de três espécies Baccharis
Dentre as espécies do gênero Baccharis que ocorrem na região dos Campos Gerais
do Paraná, três delas são conhecidas como “vassouras” e têm estrutura de arbusto: B.
dracunculifolia, B. uncinella e B. semiserrata. Em épocas de floração, todas são visitadas
por abelhas Apis mellifera, sendo possível que seus componentes façam parte do mel e da
própolis produzida nesta região (NUNES; SENS; SWITALA, 2001). Plantas deste gênero
chamam atenção dos pesquisadores principalmente pela diversidade de metabólitos
secundários que podem produzir (AGOSTINI et al., 2005).
Os rendimentos dos extratos das folhas destas três espécies de Baccharis obtidos
com a seqüência de solventes de polaridade crescente clorofórmio, acetato de etila e
metanol, podem ser comparados na Tabela 7. Os extratos das folhas de espécimes feminino
() e masculino () de B. dracunculifolia foram comparados com extratos similares obtidos
em trabalhos de pesquisa anteriores, realizados em nosso próprio laboratório com B.
uncinella (ASCARI, 2007) e B. semiserrata (MENDES, 2007), as quais não haviam sido
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
52
diferenciadas, naquele tempo, por identificação dos espécimes masculinos e femininos.
Observam-se proporções diferentes de metabólitos secundários extraídos de cada espécie e
espécime, com rendimentos totais dos extratos variando de 24,28% até 41,42%.
Tabela 7 - Rendimentos das extrações de folhas de três espécies de Baccharis obtidas com a
seqüência de solventes
Espécie CHCl
3
AcOEt MeOH Totais
B. dracunculifolia
11,97 % 9,83 % 11,49 % 33,29%
B. dracunculifolia
14,76 % 11,27 % 15,39 % 41,42%
B. uncinella
15,78% 2,63% 14,02% 32,43%
B. semiserrata
5,77% 8,13 % 10,38 % 24,28%
As amostras de folhas dos espécimes masculino e feminino de B. dracunculifolia
apresentaram proporções semelhantes nos três extratos, com boa proporção de metabólitos
secundários de polaridade média, que aparecem principalmente nos extratos obtidos com
acetato de etila. O mesmo não ocorre quando se trata de B. uncinella, mostrando que podem
ocorrer diferenças significativas entre as espécies.
Todos os extratos obtidos com metanol, último solvente da seqüência, contém
quantidades apreciáveis de substâncias fenólicas polares, como mostram claramente as
análises por cromatografia de camada delgada. Assim, as placas cromatográficas de sílica
dos extratos metanólicos das três espécies de Baccharis: B. dracunculifolia, B. uncinella e
B. semiserrata foram corridas com sistemas eluentes polares, como AcOEt/MeOH/H
2
O na
proporção de 7:3:0,5 e reveladas para fenóis com solução 5% de FeCl
3
em metanol ou com
H
2
SO
4
/MeOH (1:1) seguido de aquecimento sobre chapa (Figura 23).
As análises por cromatografia em camada delgada mostraram pelo menos cinco
componentes polares com os mesmos Rf, que são encontrados em todos os quatro extratos
metanólicos, sendo estas as primeiras observações já feitas sobre a ocorrência de substâncias
fenólicas idênticas em B. dracunculifolia, B. semiserrata e B. uncinella. Os extratos das três
espécies também foram analisados por CCD com vários sistemas eluentes, em comparação
com padrões de ácido p-cumárico, ácido ferúlico, ácido cinâmico, ácido gálico e quercetina,
mas nenhuma destas substâncias pôde ser detectada em nenhum dos extratos.
Os estudos químicos publicados sobre a composição das folhas de B. dracunculifolia
(KUMAZAWA et al., 2003; NAGATANI; WARASHINA; NORO, 2001 e 2002), indicam
que os principais compostos fenólicos polares aí presentes são quecetina-3-β-O-glucosídeo,
ácido 3,4-dicafeoilquínico, ácido 3,5-dicafeoilquínico e dracunculifosídeo A. Derivados do
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
53
ácido mono-, di-, e tricafeoilquínico já foram também encontrados em própolis provenientes
do Brasil (GARDANA et al., 2007) e já foi demonstrada a ocorrência destes compostos na
própolis verde (KUMAZAWA et al., 2003).
Figura 23 - Análises por CCD dos extratos metanólicos de B. dracunculifolia (Bd F e
Bd M), B. semiserrata (Bs) e B. uncinella (Bu) utilizando sistema eluente
polar (AcOEt:MeOH:H
2
O 7:3:0,5). Revelação: observação sob luz UV de
254 e 360 nm; FeCl
3
(CCD 1); H
2
SO
4
e aquecimento (CCD 2).
Os espectros de absorção ultravioleta dos quatro extratos metanólicos apresentaram
perfis muito semelhantes: os extratos das folhas dos espécimes feminino e masculino de B.
dracunculifolia têm máximos de absorção em 323 e 327 nm, respectivamente; B. uncinella e
B. semiserrata em 328 nm (Tabela 8). Estas absorções são características dos mencionados
ácidos fenólicos livres e dos ésteres mono-, di- e tricafeoil do ácido quínico (vide Tabela 1).
Tabela 8 – Máximos de absorção dos espectros de UV dos extratos das folhas de B. dracunculifolia
( e ), B. uncinella e B. semiserrata obtidos com acetato de etila e metanol.
Extrato
UV (λ
máx
)
Bd MeOH 294 e 323 nm
Bd MeOH 327 nm
Bu MeOH 328 nm
Bs MeOH 244 e 328 nm
Bd AcOEt 292 nm
Bd AcOEt 291 nm
Bu AcOEt 311 nm
Bs AcOEt 320 nm
(CCD 1) (CCD 2)
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
54
Nos espectros de ultravioleta dos quatro extratos obtidos com acetato de etila
utilizando a seqüência de solventes iniciada com clorofórmio, observa-se que há diferenças
significativas. Os dois extratos AcOEt de B. dracunculifolia têm máximos em torno de 290
nm, que equivalem aos de alguns flavonóides como pinobancsina, pinocembrina. Uma
absorção máxima em 294 nm também foi encontrada no espectro do extrato metanólico do
espécime feminino de B. dracunculifolia. Por outro lado, os extratos de B. semiserrata e B.
uncinella obtidos com acetato de etila apresentam máximos em 311 e 320 nm, que podem
indicar a predominância dos ésteres aromáticos do ácido quínico.
Os extratos metanólicos obtidos ao final da seqüência de solventes a partir de folhas
das três espécies Baccharis foram também analisados por CLAE, cromatografia líquida de
alta eficiência, utilizando um equipamento Shimadzu ODS-A com detector de arranjo
fotodiodo (SPD-M10AVp, Shimadzu Co.). As identificações são asseguradas pelo tempo de
retenção e pelo espectro de ultravioleta, que correspondem satisfatoriamente aos dados
obtidos na injeção dos padrões. Na Figura 24 são mostrados os cromatogramas CLAE dos
quatro extratos vegetais, para uma comparação visual e a Tabela 9 apresenta resumidamente
os resultados destas quatro análises.
Estas análises levaram à identificação do flavonóide rutina (12) (13,54 min) em
ambos os extratos de B. dracunculifolia e, pela primeira vez, num extrato de B. uncinella.
Também é inédita a identificação do ácido ferúlico (22) (9,18 min) em B. uncinella (2,5%) e
em B. semiserrata (7,5%). Observa-se um total de ~19% em ácidos aromáticos livres nos
dois extratos de B. dracunculifolia, aparecendo o ácido ferúlico como um dos principais
componentes (
8,4 – 14,1%); os ácidos caféico (21) ( 4,5 – 4,8%, 5,57 min) e p-
cumárico (23) (8,14 min, presente apenas em , 6,0%) foram detectados em menores
proporções.
As análises por CLAE confirmam as previsões iniciais, baseadas em CCDs, sobre a
co-ocorrência de compostos fenólicos majoritários de natureza polar nos extratos
metanólicos das três espécies vegetais. No entanto, as substâncias identificadas por CLAE
são os ácidos fenólicos livres, encontrados em menor proporção e que não foram detectados
nas análises preliminares por CCD. Vários picos dos cromatogramas apresentaram
substâncias com espectros de ultravioleta e máximos de absorção característicos da presença
de oxigênio nas posições 3 e 4 dos anéis aromáticos de cafeoilésteres do ácido quínico (em
torno de 325 nm), encontrados anteriormente em B. dracunculifolia (KUMAZAWA et al.,
2003; NAGATANI; WARASHINA; NORO, 2001 e 2002), mas não foram identificados
completamente pela inexistência de padrões adequados.
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
55
Figura 24 – Análises por CLAE dos extratos metanólicos das folhas de B. dracunculifolia, B. uncinella e
B. semiserrata.
Tabela 9 Principais dados das análises por CLAE sobre a rutina e os ácidos fenólicos e
derivados dos extratos metanólicos de B. dracunculifolia (Bd , Bd ), B.
uncinella (Bu) e B. semiserrata (Bs).
t
R
min
UV
λ
máx
Bd
%
Bd
%
Bu
%
Bs
%
4,31 325 nm 10,13 19,02 12,71 22,39
5,56 324 nm, ácido caféico 4,84 4,49 - -
6,47 323 nm 1,91 1,80 1,28 -
8,15 310 nm, ácido p-
cumárico
6,08 - - -
9,18 324 nm, ácido ferúlico 8,48 14,18 2,59 7,56
10,33 325 nm 6,84 9,64 13,44 11,66
13,52 252 nm, rutina 3,94 3,01 2,76 -
14,50 324 nm 10,27 12,60 14,93 15,75
17,97 322 nm 1,30 - - -
18,98 313 nm 0,63 - - -
21,49 327 nm - - 2,18 -
25,99 326 nm 1,99 1,96 - -
B
. dracunculifolia, feminino
B. uncinella
B. dracunculifolia, masculino
B. semiserrata
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
56
Os dados referentes às três substâncias majoritárias dos quatro cromatogramas, com
tempo de retenção em 4,29, 10,36 e 14,52 minutos, sugerem tratar-se dos ácidos
clorogênico, 3,4-dicafeoilquínico e 3,5-dicafeoilquínico, respectivamente, identificados
anteriormente em B. dracunculifolia e na própolis verde (KUMAZAWA et al., 2003
NAGATANI; WARASHINA; NORO, 2001 e 2002). Estes dados ampliam o conhecimento
científico sobre a ocorrência de derivados do ácido cafeoilquínico no gênero Baccharis, que
parece ser bem mais generalizada, pois foram também isolados anteriormente de três outras
espécies, as carquejas B. trimera, B. usterii e B. crispa, onde desempenham papéis
importantes relacionados à suas atividades biológicas já comprovadas em extratos
(SIMÕES-PIRES et al., 2005).
4.3 Correlações químicas entre B. dracunculifolia e a própolis regional
Muitas plantas são utilizadas pelas abelhas como fonte da própolis. Park, Ikegaki e
Alencar (2000), classificaram as própolis brasileiras em 12 grupos, de acordo com a fonte
botânica principal. Segundo esta classificação, a própolis de maior importância comercial e
considerada também como fonte de substâncias únicas em suas bioatividades, é encontrada
na região sudeste do Brasil, principalmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais, sendo
conhecida como própolis verde pela sua cor e classificada no grupo 12, PG12.
Figura 25 – Abelhas coletando de folhas de B. dracunculifolia o material para a
produção da própolis verde. Fonte: Kumazawa et al., 2003.
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
57
O grupo 12 incluiu as própolis que têm como fonte botânica a planta Baccharis
dracunculifolia (Figura 25), também conhecida como alecrim-do-campo ou vassoura
(KUMAZAWA et al., 2003; ALENCAR et al., 2005).
As abelhas retiram da base dos brotos mais tenros de B. dracunculifolia a resina que
utilizam para preparar a própolis verde (KUMAZAWA et al., 2003; PARK; ALENCAR;
AGUIAR, 2002). Para o estabelecimento de uma correlação entre a composição química dos
brotos apicais de B. dracunculifolia e as amostras de própolis da região de Ponta Grossa, a
metodologia utilizada foi aquela desenvolvida por Park, Ikegaki e Alencar (2000).
Assim, foram inicialmente comparados os perfis de absorção de luz ultravioleta e
visível dos extratos etanólicos de cada amostra de própolis regional (Item 3.5.2), agrupando-
as de acordo com a semelhança entre seus máximos de absorção. A análise comparativa dos
espectros de absorção UV-VIS sugeriu a separação das amostras em dois grupos distintos,
como mostrado na Tabela 10, abaixo.
Tabela 10 - Máximos de absorbância (λ máx.) dos extratos etanólicos da
própolis PG12 e das própolis regionais separadas em Grupo 1
e Grupo 2.
Grupo 1 λ máx. Grupo 2 λ máx.
RA-1 307,0 nm RS-1 271,0 nm
RA-2 299,5 nm RS-2 271,5 nm
ADI 306,5 nm RS-3 274,0 nm
EBS-1 300,5 nm WS-1 279,0 nm
EBS-2 311,0 nm WS-2 271,5 nm
EBS-3 311,0 nm
WS-3 313,0 nm
WS-4 296,5 nm
PG12 290,0 nm
Figura 26 – Espectros UV-VIS dos extratos etanólicos das amostras WS-3 e RS-2,
consideradas típicas de cada um dos dois grupos de própolis regionais.
As amostras do Grupo 1 têm espectros de absorção similares ao obtido para o padrão
de própolis verde PG12, e aos obtidos por Park, Ikegaki e Alencar (2000) para a própolis do
RS-2
Grupo 2
WS-3
Grupo1
COSTA, A. G. L.C
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58
sudeste do Brasil, com máximos de absorção geralmente entre 290 e 313 nm. O Grupo 2
reúne amostras que apresentaram espectros bastante similares entre si e com máximos entre
271,5 e 279 nm.
Para uma comparação, a Figura 26 apresenta os espectros de ultravioleta de amostras
típicas de cada um dos dois grupos, observando-se que os extratos do Grupo 2 apresentaram
menores intensidades de absorção, isto podendo indicar a ocorrência de menores
concentrações de substâncias fenólicas.
Os extratos obtidos por enxágüe dos brotos frescos de espécimes feminino e
masculino de B. dracunculifolia, conforme descrito no item 3.5.2, tamm foram analisados
por CCD-AR, demonstrando a predominância das substâncias fenólicas apolares, como
esperado em comparação com a literatura (ALENCAR et al., 2005; MARCUCCI et al.,
2001). Na obtenção destes extratos foi empregado o método do enxágüe rápido dos brotos
apicais frescos, que permite extrair principalmente as substâncias que compõem a resina da
planta, onde estão os compostos mais importantes encontrados também na própolis verde.
Os espectros de ultravioleta destes extratos obtidos por enxágüe apresentaram dois máximos
de absorção, em torno de 281 nm e de 366 nm, já indicando a provável presença de
artepelina C (vide espectro, Figura 27).
Spectrum at time 75.23
nm
200
225 250 275 300 325 350
75.23
i
Figura 27 - Espectro de ultravioleta do pico da artepilina C (t
R
=75,23 min), com seu
máximo de absorção em torno de 280 nm.
As análises dos extratos de própolis regionais por CCD-AR (item 3.6.3) mostraram
mais alguns detalhes, semelhanças e diferenças nas composições, que indicaram a
conveniência de subdividir oito das amostras de própolis regionais em Grupo 1a, Grupo 1b e
Grupo 2, como apresentado na Tabela 11.
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
59
Tabela 11 - Reagrupamento das própolis da região de Ponta Grossa.
GRUPO 1 GRUPO 2
1a 1b
ADI WS-3 RS-2
RA-2 EBS-2 WS-1
WS-4 PG12 EBS-1
Três amostras de própolis regionais, uma de cada um dos três grupos acima, foram
escolhidas para comparação usando CLAE com o padrão de própolis verde PG12: ADI,
WS-3 e RS-2. Além disto, os extratos metanólicos obtidos por enxágüe dos brotos de
espécimes feminino e masculino de B. dracunculifolia também foram submetidos a análises
nas mesmas condições. Os resultados destas análises por CLAE são apresentados
resumidamente na Figura 28 e na Tabela 12.
Tabela 12 - Principais dados das análises por CLAE dos extratos da própolis PG12, das própolis
regionais WS-3, RS-2 e ADI e dos brotos de B. dracunculifolia (Bd e Bd ).
Substância
identificada
UV
λ
máx
t
R
min
PG12
%
WS-3
%
RS-2
%
ADI
%
Bd
%
Bd
%
- 324 nm 4,17 1,22 1,08 0,65 3,94 - -
ácido caféico 322 nm 5,54 traço 0,80 0,56 1,86 - -
ácido p-cumárico 307 nm 8,08 3,86 3,34 3,26 3,55 - -
ácido ferúlico 322 nm 10,25 3,15 2,77 2,63 1,21 - -
- 325 nm 14,44 5,05 4,46 2,70 2,07 - -
- 289 nm 22,86 2,31 1,15 0,60 0,70 - -
apigenina 264 nm 34,86 - 3,96 2,46 3,06 4,73 7,34
- 265 nm 42,96 - 17,85 11,85 20,73 10,41 20,02
- 312 nm 45,80 1,01 1,80 5,73 1,73 - 2,31
crisina 269 nm 49,08 18,10 - - - - -
- 277 nm 49,69 - 2,06 3,37 2,80 31,71 21,84
- 290 nm 55,05 - 2,32 1,24 1,94 17,04 10,98
- 313 nm 64,01 8,59 8,87 10,22 9,74 8,78 9,58
artepilina C 279 nm 75,48 13,25 6,08 4,68 1,88 8,72 10,25
- 314 nm 77,35 2,91 3,54 1,64 3,16 traço traço
As amostras de própolis apresentaram porcentagens moderadas dos ácidos
fenólicos livres, totalizando entre 6,4 e 7,0%, embora o ácido caféico tenha sido detectado
apenas como traço no padrão de PG12. As substâncias com tempo de retenção 4,17 min (λ
máx
= 324 nm) e 14,44 min (λ
máx
= 325 nm) são vistas nas quatro amostras de própolis e devem
corresponder ao ácido clorogênico a ao ácido 3,5-dicafeoilquínico detectados anteriormente
(item 4.2) nos extratos metanólicos das folhas de B. dracunculifolia, B. uncinella e B.
semiserrata. Nenhuma destas substâncias polares aparece nos extratos obtidos por enxágüe
rápido dos brotos tenros de B. dracunculifolia, que extrai essencialmente substâncias
presentes na resina e normalmente são preparados para correlacionar amostras de própolis
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
60
desconhecidas a esta planta, pela presença de substâncias que podem ser consideradas de
polaridades baixas a medianas.
Figura 28 – Cromatogramas obtidos por cromatografia líquida de alta eficiência dos extratos metanóli-
cos de brotos de B. dracunculifolia masculino (Bd ) e feminino (Bd ), extratos das pró-
polis regionais WS-3, RS-2, ADI e da PG12.
A presença das substâncias apolares com tempos de retenção de 64,01 min, 75,48
min e 77,35 min, em todos os cromatogramas da Figura 28, pode ser considerada uma
indicação segura de que as quatro própolis analisadas foram preparadas com resina de B.
WS-3 RS-2
ADI PG12
Bd Bd
COSTA, A. G. L.C
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61
dracunculifolia (KUMAZAWA et al., 2003; PARK; ALENCAR; AGUIAR, 2002). A
artepilina C (75,48 min), segunda principal substância presente no extrato de própolis PG12
(13,25%), é de extrema importância para a qualidade da própolis verde brasileira
(ALENCAR et al., 2005; KONISHI et al., 2005; PAULINO et al., 2008; PISCO et al.,
2006). As amostras de própolis regionais ADI, WS-3 e RS-2 apresentaram proporções
baixas de artepelina C, assim como dos outros dois componentes apolares, o que poderia
levar a uma depreciação em relação à própolis verde.
Mas, na faixa de tempos de retenção medianos das análises por CLAE,
encontramos flavonóides como substâncias principais. A crisina (18) (49,08 min), já
encontrada antes como um dos principais componentes da própolis verde (GARDANA et
al., 2007; MARÓSTICA JR et al., 2008), é também a principal substância do extrato da
PG12 (18,1%) mas está ausente nos extratos de própolis regionais. Por sua vez, as amostras
ADI, WS-3 e RS-2 apresentaram proporções entre 2,4% e 3,9% de apigenina (16) (34,86
min, λ
máx
= 264 nm), não detectada no padrão de PG12. Além disto, a principal substância
presente em cada um dos três extratos das própolis regionais, mas ausente na PG12, com
porcentagens de até 20,7% (ADI), apresentou tempo de retenção de 42,96 minutos e um
máximo de absorção em 265 nm. Apesar de apresentar um máximo de absorção muito
similar ao da apigenina, os tempos de retenção diferem grandemente, e a substância não foi
identificada pela inexistência de padrão.
Assim, os dados destas análises por CLAE indicam que as própolis regionais têm
características químicas gerais muito similares ao padrão da própolis verde PG12 utilizada,
sendo garantido que a sua origem vegetal é B. dracunculifolia. A principal diferença
observada está relacionada ao conteúdo em flavonóides: enquanto que o extrato do padrão
PG12 apresentou 18,1% de crisina, os extratos de própolis regionais ADI, WS-3 e RS-2
apresentaram 17,8%, 11,8% e 20,7%, respectivamente, de um flavonóide diferente que não
foi identificado. Este suposto flavonóide (42,96 min) aparece também nos extratos dos
brotos de B. dracunculifolia como componente majoritário, mostrando claramente a
existência de uma co-relação química entre a planta que cresce livre na natureza da região
dos Campos Gerais e as amostras de própolis ali produzidas.
4.4 Atividade antioxidante
Os resultados do teste de atividade antioxidante das amostras de própolis avaliadas
COSTA, A. G. L.C
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microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
62
são apresentados Tabela 13, expressos como porcentagem de inibição da oxidação. Em
geral, observou-se que todas as amostras apresentaram excelente atividade antioxidante,
várias delas chegando a ser mais efetivas que a própolis PG12 utilizada como referência.
Comparativamente, várias amostras também inibiram menos do que 100% do DPPH
presente, durante o tempo total de 300 segundos, mesmo com a alíquota de 120 µL de
extrato.
Três das amostras de própolis regionais causaram uma inibição de 100% já com a
alíquotas de 20 µL (WS-3, RA-1 e RA-2), todas inicialmente reunidas no Grupo 1 das
própolis regionais (Tabela 10). O extrato da própolis regional ADI também apresentou
comportamento semelhante, inibindo 91% na menor concentração. As análises por CLAE
mostraram que as concentrações de substâncias fenólicas nos extratos de própolis podem
ser ligeiramente diferentes, além das diferenças nas composições e nas proporções entre os
componentes.
Os dois extratos obtidos por enxágüe dos brotos de B. dracunculifolia aparecem
separados na Tabela 13, parte inferior, porque podem ser comparados somente entre si. As
atividades antioxidantes registradas para estes extratos vegetais mostram coerência com a
presença maciça de substâncias fenólicas, como bem mostraram as análises por CLAE.
Além disto, observa-se grande semelhança entre os efeitos antioxidantes dos extratos
obtidos dos espécimes masculino e feminino, nas quatro concentrações.
Tabela 13 - Seqüestro do radical DPPH dos extratos de própolis e brotos de
B. dracunculifolia em porcentagem.
EXTRATO
20 µL 30 µL 60 µL 120 µL
EBS-01
59,63% 60,82% 100% 100%
EBS-02
86,47% 91,25% 100% 100%
EBS-03
66,14% 100% 100% 100%
WS-1
59,58% 100% 100% 100%
WS-2
72,83% 100% 100% 100%
WS-4
73,73% 100% 100% 100%
RS-1
59,43% 52,26% 72,79% 100%
RS-3
22,39% 29,78% 50,67% 72,03%
RA-1
100% 100% 100% 100%
RA-2
100% 100% 100% 100%
ADI
91,03% 100% 100% 100%
WS-3
100% 100% 100% 100%
RS-2
25,95% 39,39% 100% 100%
PG12
16,78% 28,54% 51,48% 100%
Bd brotos
64,64% 72,40% 100% 100%
Bd brotos
54,43% 73,72% 100% 100%
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
63
Os gráficos da Figura 29, abaixo, mostram a cinética de seqüestro do radical livre
DPPH dos três extratos de própolis regionais em comparação com o extrato de PG12. Pode-
se observar que, mesmo na menor concentração, os extratos de própolis ADI e WS-3
reduziram o radical livre DPPH em menos de 1/3 do tempo de leitura de 300 segundos. Por
outro lado, os extratos das amostras RS-2 e PG12 apresentaram cinéticas bastante
semelhantes, com perfil alongado, atingindo 100% de inibição somente com 60 ou 120 µL.
Todos os extratos de própolis foram preparados de forma idêntica (item 3.5.3), de forma que
os resultados dos testes como antioxidante devem ser proporcionais ao conteúdo químico de
quantidades iguais de cada amostra.
0 50 100 150 200 250 300
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
2IR
ABSORBÂNCIA
TEMPO EM SEGUNDOS
20 uL
30 uL
60 uL
120 uL
0 50 100 150 200 250 300
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
L3
ABSORBÂNCIA
TEMPO EM SEGUNDOS
20 uL
30 uL
60 uL
120 uL
0 50 100 150 200 250 300
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
R02
ABSORBÂNCIA
TEMPO EM SEGUNDOS
20 uL
30 uL
60 uL
120 uL
0 50 100 150 200 250 300
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
PG12
ABSORBÂNCIA
TEMPO EM SEGUNDOS
20 uL
30 uL
60 uL
120 uL
Figura 29 – Cinética da reação entre o radical DPPH e os extratos de própolis regionais ADI, WS-3 e RS-2 e
de própolis verde PG12 nas alíquotas de 20, 30, 60 e 120 µL.
Considerando mais uma vez os resultados das análises por CLAE das quatro
amostras de própolis ADI, WS-3, RS-2 e PG12, dados na Tabela 12, observa-se que as seis
ADI
WS-3
RS-2
PG12
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
64
substâncias polares presentes nestas amostras entre os tempos de retenção de 4,17 e 22,86
minutos, incluindo os ácidos caféico, p-cumárico e ferúlico, aparecem em proporções
individuais abaixo de 5,0%, e totalizam entre 10,4 e 15,6% nos extratos. Assim, pode-se
esperar que estes componentes não sejam os responsáveis por diferenças importantes entre
as atividades antioxidantes medidas nos extratos.
Por outro lado, entre as três substâncias menos polares, foram observadas
porcentagens similares entre os picos em 64,01 minutos (de 8,59% a 10,22%) e em 77,35
minutos, mas uma variação grande no conteúdo de artepilina C (de 1,88% a 13,25%).
Considerando a baixa influência relativa da crisina sobre a atividade antioxidante em
comparação com a artepilina C (KUMAZAWA; HAMASAKA; NAKAYAMA, 2004),
pode-se concluir que este ácido fenólico diprenilado é o principal responsável pelo
desempenho da própolis PG12 neste teste. No entanto, observou-se que as amostras de
própolis regionais apresentaram valores de porcentagens de artepilina C que não tem uma
relação direta com os resultados dos testes antioxidantes: 6,08% em WS-3, 4,68% em RS-2
e apenas 1,88% em ADI.
A apigenina, ausente nesta amostra de PG12 e presente em até 3,96% nas própolis
regionais, também tem uma baixa influência relativa sobre a atividade antioxidante destes
extratos (KUMAZAWA; HAMASAKA; NAKAYAMA, 2004). Assim, parece provável que
o flavonóide não identificado nas amostras de própolis regionais (λ
máx
365 nm, 42,96 min)
seja o principal responsável pelas fortes atividades antioxidantes dos extratos de própolis
regionais. WS-3 apresenta 6,08% de artepilina C, menos da metade do que a PG12, mas isto
seria compensado pela presença de 17,85% do flavonóide em questão, elevando a atividade
antioxidante. A amostra ADI apresenta uma cinética semelhante à WS-3, tendo seu baixo
conteúdo em artepilina C (1,88%) compensado pelos 20,73% do flavonóide não
identificado. E a amostra RS-2, com 4,68% de artepilina C e apenas 11,85% do suposto
flavonóide, acaba apresentando uma cinética diferente das outras duas amostras de própolis
regionais, e mais parecida à PG12.
4.5 Conclusões
Os altos rendimentos dos óleos essenciais obtidos de plantas crescendo espontaneamente,
as baixas razões monoterpenos/sesquiterpenos e as altas proporções dos sesquiterpenos
oxigenados, especialmente (E)-nerolidol e espatulenol, são as principais características do
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
65
óleo essencial das folhas de B. dracunculifolia dos Campos Gerais do Paraná, quando
coletada em condição de baixa disponibilidade de água.
A composição do óleo essencial encontrada aqui reúne propriedades desejáveis sob o
ponto de vista comercial.
Foram identificados o flavonóide rutina (12) em ambos os extratos de B. dracunculifolia
e, pela primeira vez, num extrato de B. uncinella. Também é inédita a identificação do ácido
ferúlico (22) em B. uncinella (2,5%) e em B. semiserrata (7,5%).
Ácidos aromáticos livres estão presentes nos dois extratos de B. dracunculifolia,
aparecendo o ácido ferúlico como um dos principais componentes (Bd 8,4 – 14,1%); os
ácidos caféico (21) (Bd 4,5 – Bd 4,8%) e p-cumárico (23) (presente apenas em Bd -
6,0%) foram detectados em menores proporções.
Está confirmada a co-ocorrência de compostos fenólicos majoritários de natureza polar
nos extratos metanólicos das três espécies vegetais podendo, sendo muito provável tratar-se
de ésteres do ácido quínico.
As própolis regionais têm características químicas gerais muito similares ao padrão de
própolis verde PG12 utilizado, sendo garantido que a sua origem vegetal é B.
dracunculifolia.
Os extratos de própolis regionais ADI, WS-3 e RS-2 apresentaram um flavonóide
diferente que não foi identificado. Este suposto flavonóide mostra claramente a existência de
uma co-relação química entre a B. dracunculifolia da região dos Campos Gerais e as
amostras de própolis.
Todas as amostras de própolis utilizadas apresentaram excelente atividade antioxidante.
4.6 Perspectivas para este trabalho
Os resultados do presente estudo mostram que ainda é importante pesquisar os
metabólitos secundários produzidos por esta espécie vegetal crescendo in natura nos mais
COSTA, A. G. L.C
.- Estudo químico de Baccharis dracunculifolia DC. e sua correlação com a própolis de uma
microrregião dos Campos Gerais do Paraná.
66
diferentes ambientes. O estudo das variações na composição do óleo essencial de B.
dracunculifolia ao longo do ano, com avaliação contínua dos efeitos que a disponibilidade
de água tem sobre o metabolismo. O uso de técnicas de medida da disponibilidade real de
água, como as obtidas com a Câmara de Pressão de Scholander poderiam trazer
contribuições importantes no esclarecimento sobre o papel da água na acumulação de
compostos voláteis.
Outra perspectiva importante apontada por este trabalho, é o isolamento e a
identificação das substâncias polares contidas nos extratos metanólicos de Baccharis
dracunculifolia, B. uncinella e B. semiserrata, da mesma forma que o isolamento e
identificação do suposto flavonóide (λ
máx
365 nm, 42,96 min) presente nos extratos de
própolis e de B. dracunculifolia regionais.
Os resultados deste trabalho são colocados, desde já, à disposição da comunidade de
apicultores da Região dos Campos Gerais como um marco inicial a caminho do
reconhecimento dos valores da própolis regional.
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