REPRESENTAÇÃO SOCIAL EM SAÚDE MENTAL NA PESRPECTIVA DE MÉDICOS GENERALISTAS DA ESF
NA CIDADE DE DIADEMA-SP
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[...] aparece bastante, não como queixa principal [...], mas a gente
percebe bastante, ás vezes até um quadro de descontrole de
pressão, aí você vai investigar, aí a paciente ta tendo vai, um caso
que aconteceu hoje, a pressão não controla, não controla, a dose
máxima de remédio, e aí: mas não sabe o que que é, meu filho ta
usando droga e eu não sei como lidar com isso, ta um inferno a
minha vida. E a demanda vai aparecendo, isso sim, é bastante
freqüente, a gente se procurar, se vasculhar a gente acha alguma
coisa (Márcia).
Para Marta, questões mais leves, problemas emocionais não
caracterizados por diagnóstico definido, aparecem mais. Ela percebe como os outros
acima, que problemas aparentemente clínicos, tem componentes de um sofrimento
psíquico:
mãe que ta com problema no aleitamento, que o buraco é mais
embaixo, né, não é uma questão só de galactorréia e pronto, né. Ou
então tem no pré-natal, de não aceitar, como é que está vindo esse
filho, então a gente acaba tendo, essas, esses pequenos. E os
graves, pessoas que são mais problemáticas, pessoas que não
aderem, nós estamos, por exemplo, com uma pessoa que não aderiu
ao tratamento de tuberculose nunca, e foi continuando e agora ela ta
com uma resistência que não tem mais nada que mate aquele bicho
dela, passo pra filha gestante, que pariu e passou pro seu filhinho, e
esse bicho é resistente, e isso é só doença infecto-contagiosa,
caramba não é, está longe de ser uma doença infecto-contagiosa
com abordagem quimioterápica, isso é todo um distúrbio, um
transtorno, nessa família, nessas pessoas, de comportamento
autodestrutivo, mas todo dia aparece (Marta).
Os médicos percebem entre esses casos leves, sem saber nomear, os
transtornos mentais comuns (TCM):
Quadros depressivos, não sei se a gente pode chamar de depressão
propriamente dita, porque eles não tem a duração, muitas vezes só
uma palavra amiga, só um remédio que você dá por um, dois meses
já resolvem. Tem também os quadros mais nervosos, que acabam
resolvendo até sem remédio (Flávio).
Não sei se chega a ser um transtorno mental definido, mas aquelas
pessoas que estão sempre com quadro de angústia, algumas dores
inexplicáveis, que é o que é mais freqüente pra gente que são os
quadros mais leves, é...(Márcia).
Flávio vê uma aparente facilidade em tratar esses casos, talvez por sua
visão mais biológica colocada adiante, mas Márcia, diferentemente refere dificuldade