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ficava minha médica. Então, quando eu precisava de um auxílio da médica no momento de
uma consulta minha, que eu tivesse alguma dúvida ou algum paciente que a enfermagem, a
minha parte, não pudesse ser resolvida, por completo, eu passava para ela, e ela dava
continuidade no tratamento, no diagnóstico do paciente. A gente dividiu assim também o
pré-natal. Pré-natal, puericultura e planejamento familiar ficavam comigo, e para a médica
ficavam os pacientes idosos, hipertensos, diabéticos e aqueles pacientes com alguma
patologia fora essas que a gente conversou. Então, ela ficava atendendo, mas nunca
funcionava esses 100%.. Às vezes ia pra ela também, como ia pra mim. Depois, a gente foi
tendo os treinamentos, treinamento que a gente teve de gestante, tive de gestação de alto
risco, a minha médica não teve, mas eu tive. Tem que ter no mínimo duas consultas médicas
durante a gestação, então eu quero levar isso mais a sério, porque passarão só por mim, a
não ser que tivesse alguma complicação maior, eu passava pra médica e falava: o que você
acha? Pra ela ter uma opinião também, às vezes eu referenciava uma gravidez de alto risco.
Ela às vezes nem via a paciente, então, eu queria levar mais isso a sério dela. Infelizmente a
gente está desse jeito. Passa por mim na 1ª, na 2ª,quando for entrega de exame, passa pela
médica e uma outra no 8º e 9º mês de gestação. E na puericultura eu via as pacientes, os
recém-nascidos todo mês até completar um ano. Planejamento familiar passava por mim.
Hipertenso e diabético passavam pela médica, a segunda consulta podia ser comigo, a
consulta subseqüente eu transcrevia a receita se o paciente tivesse evoluído bem, normal sem
problema nenhum, eu transcrevia. Se precisasse, o paciente que não tivesse compensado, eu
achava que estava precisando, achando que precisava alterar as medicações, eu passava
para doutora R. Paciente de tuberculose, ou eu ou ela, paciente de Hansen ou eu ou Drª R.
que é minha médica. Começamos a colher preventivo. O preventivo foi uma história
interessante, porque foi num período onde teve a campanha, essas campanhas que tem. E aí a
gente tem que colher, tem que colher, ninguém teve treinamento de coleta de exame
preventivo, “Ah! Mas tem que colher!”, a gente fez um treinamento teórico, mas a gente não
fez um treinamento prático, o que eu acho que a gente tinha que passar. Foi um treinamento
muito bom, mas agente não teve a parte prática desse treinamento. “Ah!, mas você então vai
procurar um lugar para fazer treinamento!”, inclusive eu cheguei até a ir a um posto que eu
não me lembro o nome, mas chegou lá não tinha preventivo no dia, não tinham marcado, não
sabia por questão de alteração de horários e, não pude fazer. Resultado, uma colega minha
fez, conseguiu fazer um, e aí eu... não quero nem fazer. Não, vai fazer?! isso é um absurdo,
uma falta de respeito, por que não bota um treinamento pra gente faze. Mas aí, naquela
história de ficar com pena do paciente que quer fazer, daí a gente está com o material todo
aqui, só precisa a gente querer. Aí eu fui na fé e na coragem, peguei uma colega minha e
disse: me oriente então na parte técnica. A gente fazia. Talvez não fizesse 100% mas os
preventivos vinham com os resultados. Às vezes quando não é satisfatório mandam repetir e
tudo, graças a Deus eu mesma não peguei. Então, aprendi com a cara e a coragem. Comecei
a fazer os preventivos, minha médica também aprendeu e a gente começou a fazer os
preventivos assim, na tora mesmo. Eu sinto falta, a gente tem alguns treinamentos, eu sinto
falta de treinamento de atenção à criança que eu não tive o (AIDIPI)
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. Eu não tive
treinamento até hoje, então quer dizer, você sabe que a enfermeira passa por esses processos
aí absurdos, por esse transtorno, principalmente na saúde pública das prescrições; a gente
pode prescrever? O que a gente pode prescrever? Até onde a gente pode prescrever? Então,
dizem que na unidade de saúde você tem os próprios programas onde você pode prescrever,
mas, às vezes, por exemplo, um hipertenso tem que passar primeiro pela avaliação do
médico, ela passar e você manter a prescrição. A atenção ao adulto, o que a enfermeira pode
prescrever num paciente adulto fora dos programas, então, chega uma paciente com crise de
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Atenção Integrada às Doenças Prevalentes da Infância.