Download PDF
ads:
unesp
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
Faculdade de Filosofia e Ciências,
Campus de Marília - SP
JOSÉ EDUARDO SANTAREM SEGUNDO
Representação Iterativa: um modelo para
Repositórios Digitais
Marília – SP
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
JOSÉ EDUARDO SANTAREM SEGUNDO
Representação Iterativa: um modelo para
Repositórios Digitais
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação da
Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, UNESP - campus de Marília,
como requisito parcial para a obtenção do título
de Doutor em Ciência da Informação.
Área de concentração: Informação, Tecnologia e
Conhecimento.
Linha de Pesquisa: Informação e Tecnologia
Orientadora: Dra. Silvana Ap. Borsetti Gregorio
Vidotti
Marília
2010
ads:
Santarem Segundo, José Eduardo
S233r Representação Iterativa: um modelo para Repositórios
Digitais / José Eduardo Santarem Segundo. – Marília, 2010.
224 f. ; 30 cm.
Tese ( Doutorado em Ciência da Informação ). – Faculdade
de Filosofia e Ciências , Universidade Estadual Paulista, 2010.
Bibliografia: f. 140-150
Orientadora: Vidotti, Silvana Aparecida Borsetti Gregório
1. Repositórios Digitas. 2. Representação Iterativa. 3.
Folksonomia. 4. Folksonomia Assistida. 5. Web Semântica. 6.
Recuperação da Informação. 7. Ontologia
. I. Autor. II. Título.
CDD –
004.6
JOSÉ EDUARDO SANTAREM SEGUNDO
Representação Iterativa: um modelo para
Repositórios Digitais
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP - campus
de Marília, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em
Ciência da Informação.
Área de concentração: Informação Tecnologia e Conhecimento.
Linha de Pesquisa: Informação e Tecnologia
Orientadora: Dra. Silvana Ap. Borsetti Gregorio Vidotti
Marília, 24 de fevereiro de 2010.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________________
Prof
a
Dr
a
Silvana Aparecida Borsetti Gregorio Vidotti (Orientadora)
Universidade Estadual Paulista / UNESP
__________________________________________________________________
Prof
a
Dr
a
Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa Santos
Universidade Estadual Paulista / UNESP
_________________________________________________
Prof. Dr. Ricardo César Gonçalves Sant’Ana
Universidade Estadual Paulista / UNESP
_________________________________________________
Prof. Dr. Guilherme Ataíde Dias
Universidade Federal da Paraiba
_________________________________________________
Prof. Dr. Marcos Luiz Mucheroni
Universidade de São Paulo / USP
Dedicatória
Dedico este trabalho a três pessoas especiais na minha vida:
A minha mulher Luciana, que me acompanha e me incentiva a cada dia, que
luta, perde o sono, respeita as ausências e alegra as presenças, enfim, que
me faz acreditar cada vez mais que o amor é possível e que só assim um
homem se torna completo. Este trabalho tem muito do amor que ela sempre
me oferece.
A minha filha Alícia, uma princesa doce e meiga, que nasceu junto com a
ideia de enfrentar este desafio, que aprendeu a fazer seminários, escrever
projetos e em alguns casos assistiu às disciplinas do programa. Com ela
aprendi que o amor pode ser puro e verdadeiro.
Ao meu filho Raul, garoto de sorriso fácil e alegria contagiante, que chegou
mais recentemente para acompanhar o último ano desta pesquisa,
entretanto com tempo para também assistir algumas aulas do programa e ir
cumprindo créditos.
Essas três pessoas me ofereceram toda a estrutura familiar de que sempre
precisei, a eles recorri nos momentos de angústia, é com eles que encontro
paz e alegria e é principalmente por eles que sempre busquei concluir com
dignidade e alegria mais esta etapa da minha vida.
Luciana, Alícia e Raul: eu amo vocês.
Agradecimentos
Agradeço especialmente à Profa. Dra. Silvana Vidotti, por quem tive a honra de ser
orientado, tanto no mestrado como no doutorado. Agradeço a confiança que ela sempre
depositou em meu trabalho, a paciência com que tratou minha falta de tempo, a
competência para conduzir as orientações de forma que fossem muito proveitosas, ao
tempo dedicado a este trabalho, dadas as inúmeras atividades pelas quais é
responsável. Enfim, por ter me aberto os olhos e me direcionado pelo caminho da
pesquisa e da docência.
Agradeço imensamente à Universidade Estadual Paulista, instituição que, sem dúvida,
tem sido a mais importante da minha vida, nos últimos anos. Foi trabalhando na
Unesp que finalizei meus estudos de graduação e, na sequência, conclui a
especialização. Foi a Unesp que me permitiu desenvolver e concluir o mestrado e agora
o doutorado. Foi na Unesp que aprendi a ser profissional, a ter respeito pelo trabalho
coletivo, a entender o funcionamento do ensino público, enfim, a Unesp me deu
oportunidades que nunca havia imaginado ter em minha vida profissional. Se não
bastasse, foi trabalhando na Unesp que conheci, me apaixonei e me casei com a mulher
que me acompanhará para sempre e é mãe de meus dois filhos. Foi pela Unesp que tive
oportunidade de iniciar minha carreira docente, à qual me dedicarei exclusivamente
daqui em diante. Portanto, só tenho a agradecer pelos 13 anos em que este lugar foi
minha segunda casa! Para que não fiquem dúvidas, meu MUITO OBRIGADO!
Aos meus pais, meus irmãos e outros familiares, que me incentivaram e souberam
entender as ausências durante os últimos quatro anos.
Aos professores, Plácida Santos e Ricardo Sant’Ana, que muito contribuíram no
processo de qualificação, além das ricas discussões e, claro, por todo o aprendizado, e a
todos os professores do programa, que de certa forma contribuíram para o meu
desenvolvimento e muito me ensinaram.
Aos colegas de trabalho, por entenderem a importância desta pesquisa e por
colaborarem na realização das atividades, durante os períodos em que estive afastado
para o desenvolvimento desta tese.
A professora Élide Feres pela revisão ortogrática.
A Caroline, pelo apoio, incentivo e pronto atendimento, sempre.
Aos colegas de turma, que estabeleceram ótimos debates durante a realização das
disciplinas: Elvis, Liriane, Zeca, Cesar, Carlos, Luana, Walter, Aldinar, Lourdes, Mario,
Fabiano, Rachel, Iuri, Miguel Maurício, e todos os outros que fizeram parte desta
história.
A quem rege e permite tudo nesta vida.
“Nossa loucura é a mais sensata das
emoções; Tudo o que fazemos deixamos
como exemplos para os que sonham um
dia serem assim como nós:
loucos... mas felizes!”
Mário Quintana
SANTAREM SEGUNDO, J. E. Representação Iterativa: um modelo para
repositórios digitais. 2010. 224 f. Tese (Doutorado em Ciência da
Informação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual
Paulista, Marília. 2010.
Resumo
A recuperação da informação tem sido muito discutida e abordada dentro da
Ciência da Informação nos últimos anos, principalmente depois da explosão
informacional gerada pela Internet. A busca por informação de qualidade e
compatível com a necessidade do usuário tem sido tratada como obsessão,
atualmente. A utilização da Internet indicou novos modelos de armazenamento de
informações, como os repositórios digitais, que têm sido utilizados em ambientes
acadêmicos e de pesquisa como principal forma de autoarquivar e, principalmente,
de disseminar informação, porém com uma estrutura de informação que sugere
melhor descrição dos recursos do que a própria Web e indica uma melhor
recuperação da informação nestes ambientes. Os repositórios ainda não estão aptos
a recuperar informação de forma semântica e contextualizada. Os novos
paradigmas de Internet sugerem utilização dos recursos de Web 2.0 e também de
Web 3.0, permitindo, respectivamente, interatividade e também estrutura de
informação semântica. Desta forma o objetivo desta pesquisa é melhorar o processo
de recuperação da informação, apresentando uma proposta de modelo estrutural no
contexto da Web Semântica, abordando o uso de recursos da Web 2.0 e Web 3.0 em
repositórios digitais, que permita recuperação semântica da informação, através da
construção de uma camada de informação chamada Representação Iterativa.
Através do modelo sugerido e proposto Representação Iterativa será possível
adequar os repositórios digitais para que utilizem Folksonomia e também
vocabulário controlado de domínio, de forma a gerar uma camada de informação
iterativa, que possibilite retroalimentação da informação, além de recuperação
semântica da informação, através do modelo estrutural desenhado para
repositórios. O modelo sugerido resultou na efetivação da tese de que através da
Representação Iterativa é possível estabelecer um processo de recuperação
semântica da informação em repositórios digitais.
Palavras-chave: Repositórios Digitais, Representação Iterativa, Folksonomia,
Folksonomia Assistida, Web Semantica, Recuperação da Informação, Ontologia.
SANTAREM SEGUNDO, J. E. Representação Iterativa: um modelo para
repositórios digitais. 2010. 224 f. Thesis (PhD Degree in Information
Science) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista,
Marília. 2010.
Abstract
The information retrieval has been much discussed and addressed in information
science in recent years, especially after the information explosion created by the
Internet. The search for quality information and compatible with the need of user
has been treated as an obsession now. The use of the Internet indicated a new type
of store information, such as digital repositories, which have been used in academic
and research as the main way to autoarchive, and especially to disseminate
information, but with an information structure that suggests a better
description resources than the Web itself and indicates a better retrieval of
information in these environments. The repositories are not yet able to retrieve
information in a semantic and context. The new paradigm suggests the use of
Internet resources of Web 2.0 as well as Web 3.0, allowing, respectively,
interactivity, and also the structure of semantic information. Thus the objective of
this research is to improve the process of information retrieval, with a proposed
structural model in the context of the Semantic Web, addressing the use of Web 2.0
and Web 3.0 in digital repositories, enabling semantic retrieval of information
through construction of a layer of information called Representação Iterativa. The
model suggested and proposed Representação Iterativa you can adapt to the
digital repositories using Folksonomy and also controlled vocabulary of the field in
order to generate an iterative layer information, which allows feedback information,
and semantic retrieval of information, through the structural model designed for
repositories. The model suggested resulted in the realization of the thesis that
through Representação Iterativa is possible to establish a process of semantic
retrieval of information in digital repositories.
Palavras-chave: Digital Repositories, Representação Iterativa, Folksonomy,
Folksonomy Assisted, Semantic Web, Information Retrieval, Ontology.
Lista de Exemplos
E
XEMPLO
1
A
LGORITMO DE
B
USCA EM
L
ARGURA
...................................................................................................... 49
E
XEMPLO
2
A
LGORITMO DE
B
USCA EM
P
ROFUNDIDADE
............................................................................................. 50
E
XEMPLO
3
-
M
ICROFORMATO H
C
ARD
..................................................................................................................... 94
E
XEMPLO
4
-
M
ICROFORMATO H
C
ALENDAR
R
EUNIÃO DO
G
RUPO DE
P
ESQUISA
.............................................................. 96
E
XEMPLO
5
S
ENTENÇA
RDF ............................................................................................................................... 121
E
XEMPLO
6
E
STRUTURA DE
O
NTOLOGIAS
.............................................................................................................. 130
E
XEMPLO
7
T
AG OWL
:O
NTOLOGY
........................................................................................................................ 132
E
XEMPLO
8
C
LASSES
O
WL
.................................................................................................................................. 133
E
XEMPLO
9
H
IERARQUIA DE
C
LASSES
.................................................................................................................... 134
E
XEMPLO
10
C
ONSTRUÇÃO DE UMA
C
LASSE
.......................................................................................................... 134
E
XEMPLO
11
I
NDIVÍDUO
.................................................................................................................................... 135
E
XEMPLO
12
O
UTRO
E
XEMPLO DE
I
NDIVÍDUO
........................................................................................................ 135
E
XEMPLO
13
P
ROPRIEDADE DE OBJETOS
................................................................................................................ 136
E
XEMPLO
14
P
ROPRIEDADE DE
D
ADOS
................................................................................................................. 137
E
XEMPLO
15
S
UB
-
PROPRIEDADE
O
WL
.................................................................................................................. 137
E
XEMPLO
16
S
UB
-
PROPRIEDADE DE
D
ADOS APLICADA A
I
NDIVÍDUO
........................................................................... 137
E
XEMPLO
17
R
ESTRIÇÃO DE CARDINALIDADE
.......................................................................................................... 138
E
XEMPLO
18
-
CABEÇALHO EM
OWL
DA
O
NTOLOGIA
O
PEN
C
YC
................................................................................... 147
Lista de Figuras
F
IGURA
1
-
F
ÓRMULA DA
S
IMILARIDADE
.................................................................................................................... 32
F
IGURA
2
-
G
RAFO SIMPLES E DESCONEXO
.................................................................................................................. 44
F
IGURA
3
-
L
ISTA DE ADJACÊNCIAS PARA GRAFO SIMPLES
. .............................................................................................. 47
F
IGURA
4
M
ATRIZ DE ADJACÊNCIAS PARA GRAFO SIMPLES
. .......................................................................................... 48
F
IGURA
5
T
WITTER DO
G
OVERNADOR DO
E
STADO DE
S
ÃO
P
AULO
J
OSÉ
S
ERRA
............................................................. 61
F
IGURA
6
-
C
ANAIS
RSS
T
ERRA
.............................................................................................................................. 64
F
IGURA
7
-
T
AG
C
LOUDS
......................................................................................................................................... 68
F
IGURA
8
-
B
USCA
D
EL
.
ICIO
.
US
................................................................................................................................ 69
F
IGURA
9
-
D
EL
.
ICIO
.
US
.......................................................................................................................................... 70
F
IGURA
10
-
E
STRUTURA DA
W
EB
S
EMÂNTICA
(L
AYERCAKE
). ......................................................................................... 72
F
IGURA
11
-
V
ALIDAÇÃO
W
EB
S
TANDARD DO SITE DA
W3C
B
RASIL
................................................................................ 87
F
IGURA
12
-
V
ALIDAÇÃO
W
EB
S
TANDARD DOS PORTAIS
U
OL E
U
NESP
............................................................................ 87
F
IGURA
13
-
S
ELO DE VALIDAÇÃO
W
EB
S
TANDARD
-
PADRÃO
XHTML
1.0,
NO SITE DO
W3C
B
RASIL
.................................... 88
F
IGURA
14
-
A
PLICAÇÃO DE
W
EB
S
TANDARDS EM UM DOCUMENTO
W
EB
. ....................................................................... 89
F
IGURA
15
-
H
C
REATOR
......................................................................................................................................... 95
F
IGURA
16
-
A
DD
-
ON
O
PERATOR DO
F
IREFOX IDENTIFICANDO E DISPONIBILIZANDO INFORMAÇÕES SOBRE
M
ICROFORMATO
H
C
ALENDAR
.......................................................................................................................................................... 95
F
IGURA
17
-
A
GENDA DO
G
OOGLE RECEBENDO E AGUARDANDO USUÁRIO SALVAR A INFORMAÇÃO DO
M
ICROFORMATO DA
REUNIÃO
. ............................................................................................................................................................. 97
F
IGURA
18
G
OOGLE
M
APS
(M
APA LOCALIZADO ATRAVÉS DO MICROFORMATO DO EXEMPLO
4). ....................................... 97
F
IGURA
19
D
UBLIN
C
ORE
V
IEWER
E
XTENSION
. ......................................................................................................... 99
F
IGURA
20
D
IAGRAMA
RDF ............................................................................................................................... 120
F
IGURA
21
P
ROTÉGÉ
2000 ................................................................................................................................ 143
F
IGURA
22
O
PEN
C
YC
........................................................................................................................................ 148
F
IGURA
23
-
M
ODELO
L
ÓGICO DE
B
ANCO DE
D
ADOS
D
SPACE
................................................................................... 157
F
IGURA
24
-
P
ARTE DO
M
ODELO
F
ÍSICO DO
D
SPACE
. ................................................................................................. 158
F
IGURA
25
-
I
NSERÇÃO DE OUTRO PADRÃO DE METADADOS NA FERRAMENTA
D
SPACE
.
Á
REA ADMINISTRATIVA DO SOFTWARE
. . 161
F
IGURA
26
-
A
LTERAÇÃO DO PADRÃO
DC
Q
UALIFICADO NA FERRAMENTA
D
SPACE
.
Á
REA ADMINISTRATIVA DO SOFTWARE
. ..... 162
F
IGURA
27
T
ABELAS COMMUNITY
,
COLLECTION E COMMUNITY
2
COLLECTION
................................................................ 171
F
IGURA
28
T
ABELA METADATAFIELDREGISTRY
(D
SPACE
) ........................................................................................... 173
F
IGURA
29
T
ABELA METADATAVALUE
D
SPACE
..................................................................................................... 173
F
IGURA
30
B
USCA NO
D
EL
.
ICIO
.
US
....................................................................................................................... 179
F
IGURA
31
T
ABELAS PARA ARMAZENAMENTO DAS TAGS
........................................................................................... 184
F
IGURA
32
T
ABELA TAGS POPULADA
..................................................................................................................... 186
F
IGURA
33
T
ABELAS TAGS
2
TAGS E TAGS
2
ITEM POPULADAS
....................................................................................... 186
F
IGURA
34
R
EPRESENTAÇÃO
I
TERATIVA
V
ISÃO
D
ETALHADA
.................................................................................... 188
F
IGURA
35
E
XEMPLO DE PÁGINA DE RESULTADOS
. ................................................................................................... 197
F
IGURA
36
N
UVEM DE TAGS DO MICROBLOG
T
WITTER
............................................................................................. 200
F
IGURA
37
M
ATRIZ DE ADJACÊNCIAS E QUATRO ARTIGOS UTILIZADOS COMO EXEMPLO
. .................................................. 206
F
IGURA
38
R
EDE DE
T
AGS DE QUATRO ARTIGOS UTILIZADOS COMO EXEMPLO
. .............................................................. 208
Sumário
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 13
1.1
D
EFINIÇÃO DO
P
ROBLEMA DE
P
ESQUISA
............................................................................................................... 16
1.2
H
IPÓTESE
,
T
ESE E
P
ROPOSIÇÃO DA
P
ESQUISA
........................................................................................................ 17
1.3
O
BJETIVOS
...................................................................................................................................................... 19
1.4
M
ETODOLOGIA
................................................................................................................................................ 20
1.5
J
USTIFICATIVA
................................................................................................................................................. 20
1.6
E
STRUTURA DO
T
RABALHO
................................................................................................................................ 21
2 RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO ................................................................................................................ 24
2.1
O
QUE É A RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
........................................................................................................... 25
2.2
O
USUÁRIO E O SISTEMA DE RECUPERAÇÃO
........................................................................................................... 27
2.3
M
ODELOS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
...................................................................................................... 28
2.3.1
M
ODELO
B
OOLEANO
..................................................................................................................................... 30
2.3.2
M
ODELO
V
ETORIAL
....................................................................................................................................... 32
2.3.3
M
ODELO
P
ROBABILÍSTICO
.............................................................................................................................. 34
2.3.4
O
UTROS MODELOS DE RECUPERAÇÃO
............................................................................................................... 35
2.4
M
ODELOS
D
INÂMICOS DE
R
ECUPERAÇÃO DA
I
NFORMAÇÃO
..................................................................................... 35
2.4.1
A
LGORITMOS
G
ENÉTICOS E
R
EDES
N
EURAIS
....................................................................................................... 36
2.5
R
ECUPERAÇÃO DA
I
NFORMAÇÃO NA
W
EB
. ............................................................................................................ 38
2.6
G
RAFOS
......................................................................................................................................................... 43
2.6.1
L
ISTA DE
A
DJACÊNCIAS E
M
ATRIZ DE
A
DJACÊNCIAS
. ............................................................................................. 45
2.6.2
B
USCA EM PROFUNDIDADE E BUSCA EM LARGURA
. .............................................................................................. 48
3 FUNCIONALIDADES E RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA WORLD WIDE WEB ............................................... 53
3.1
W
EB
2.0:
CONCEITOS E FUNCIONALIDADES
........................................................................................................... 54
3.1.1
I
NTERFACES
R
ICAS
......................................................................................................................................... 57
3.1.2
I
NTELIGÊNCIA
C
OLETIVA
................................................................................................................................. 58
3.1.3
W
IKIS E
B
LOGS
............................................................................................................................................. 59
3.1.4
M
ASHUP
..................................................................................................................................................... 62
3.1.5
RSS
(R
EALLY
S
IMPLE
S
YNDICATION
) ................................................................................................................. 63
3.1.6
F
OLKSONOMIA
............................................................................................................................................. 65
3.2
W
EB
3.0
A
W
EB
S
EMÂNTICA
.......................................................................................................................... 71
3.2.1
M
ETADADOS
................................................................................................................................................ 77
3.2.2
D
UBLIN
C
ORE
............................................................................................................................................... 80
3.2.3
W
EB
S
TANDARDS
.......................................................................................................................................... 85
3.2.4
M
ICROFORMATOS
......................................................................................................................................... 90
4 ONTOLOGIAS: CONCEITOS, LINGUAGENS E FERRAMENTAS ....................................................................... 100
4.1
D
EFINIÇÃO DE ONTOLOGIA
............................................................................................................................... 101
4.2
E
STRUTURAS DE
R
EPRESENTAÇÃO DO
C
ONHECIMENTO
.......................................................................................... 106
4.2.1
V
OCABULÁRIO
C
ONTROLADO
........................................................................................................................ 106
4.2.2
T
ESAURO
................................................................................................................................................... 109
4.2.3
T
AXONOMIAS
............................................................................................................................................. 112
4.3
C
OMPOSIÇÃO E
C
ONSTRUÇÃO DE
O
NTOLOGIAS
................................................................................................... 114
4.4
L
INGUAGENS DE
M
ARCAÇÃO
S
EMÂNTICA
........................................................................................................... 117
4.4.1
RDF
E
RDF
S
CHEMA
................................................................................................................................... 118
4.4.2
S
IMPLE
HTML
O
NTOLOGY
E
XTENSIONS
(SHOE) .............................................................................................. 123
4.4.3
O
NTOLOGY
I
NFERENCE
L
AYER
(OIL) ............................................................................................................... 123
4.4.4
DAML
E
DAML+OIL ................................................................................................................................. 125
4.4.5
W
EB
O
NTOLOGY
L
ANGUAGE
(OWL) .............................................................................................................. 127
4.4.5.1
E
STRUTURA
OWL
N
AMESPACES
.............................................................................................................. 130
4.4.5.2
E
STRUTURA
OWL
C
ABEÇALHOS
............................................................................................................... 131
4.4.5.3
E
LEMENTOS
B
ÁSICOS
OWL
C
LASSES
......................................................................................................... 133
4.4.5.4
E
LEMENTOS
B
ÁSICOS
OWL
I
NDIVÍDUOS
.................................................................................................... 134
4.4.5.5
E
LEMENTOS
B
ÁSICOS
OWL
P
ROPRIEDADES
............................................................................................... 135
4.4.5.6
E
LEMENTOS
B
ÁSICOS
OWL
–R
ESTRIÇÕES EM
P
ROPRIEDADES
.......................................................................... 138
4.5
F
ERRAMENTAS PARA DESENVOLVIMENTO DE ONTOLOGIAS
..................................................................................... 139
4.5.1
O
IL
E
D
....................................................................................................................................................... 140
4.5.2
O
NTO
E
DIT
................................................................................................................................................. 140
4.5.3
C
HIMAERA
................................................................................................................................................. 141
4.5.4
API
J
ENA
.................................................................................................................................................. 142
4.5.5
P
ROTÉGÉ
2000 .......................................................................................................................................... 142
4.5.6
O
UTRAS INICIATIVAS
.................................................................................................................................... 144
4.6
C
ONSTRUÇÃO
A
UTOMÁTICA DE
O
NTOLOGIAS
...................................................................................................... 144
4.7
O
NTOLOGIAS DE
T
OPO
.................................................................................................................................... 146
5 REPOSITÓRIOS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA .............................................................................. 149
5.1
A
ESTRUTURA DE INFORMAÇÃO DOS REPOSITÓRIOS DIGITAIS
. .................................................................................. 156
5.2
A
RECUPERAÇÃO DE INFORMAÇÃO EM REPOSITÓRIOS DIGITAIS
. ............................................................................... 163
5.3
O
S RECURSOS E FUNCIONALIDADES DA
W
EB
2.0
EM REPOSITÓRIOS DIGITAIS
............................................................. 164
5.4
O
S RECURSOS E FUNCIONALIDADES DA
W
EB
3.0
EM REPOSITÓRIOS DIGITAIS
............................................................. 167
6 REPRESENTAÇÃO ITERATIVA, MODELO DE ESTRUTURA PARA DESCRIÇÃO, ARMAZENAMENTO,
REPRESENTAÇÃO DE RECURSOS E RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM REPOSITÓRIOS DIGITAIS CIENTÍFICOS
..................................................................................................................................................................... 169
6.1
A
RMAZENAMENTO
A RELAÇÃO ENTRE
D
UBLIN
C
ORE E
B
ANCO DE
D
ADOS
............................................................... 170
6.2
F
OLKSONOMIA EM REPOSITÓRIOS DIGITAIS CIENTÍFICOS
......................................................................................... 175
6.3
R
EPRESENTAÇÃO
I
TERATIVA
,
ESTRUTURANDO O MODELO
....................................................................................... 177
6.3.1
F
OLKSONOMIA
A
SSISTIDA
,
ENRIQUECENDO A DESCRIÇÃO DO RECURSO
.................................................................. 178
6.3.2
A
RMAZENANDO AS TAGS DE FORMA ESTRUTURADA
........................................................................................... 182
6.3.3
I
TERATIVIDADE
,
A RETROALIMENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO
.................................................................................... 187
7 RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO NO MODELO DE REPRESENTAÇÃO ITERATIVA....................................... 194
7.1
C
RITÉRIOS PARA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO NA
R
EPRESENTAÇÃO
I
TERATIVA
....................................................... 195
7.2
N
UVEM DE TAGS
............................................................................................................................................ 200
7.3
R
EDE DE TAGS
............................................................................................................................................... 204
8. CONCLUSÕES ............................................................................................................................................ 209
8.1
P
ROJETOS
F
UTUROS
....................................................................................................................................... 211
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................ 213
13
1
I
NTRODUÇÃO
É inegável que o mundo tem passado por transformações nos
últimos anos, principalmente as ocasionadas pelo uso das tecnologias. A
chegada das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) à casa das
pessoas, sua mobilidade e meio de acesso a uma vida com muito mais
informação têm transformado o pensar e o viver de grande parte da
população.
São imensas as mudanças ocorridas nas últimas duas cadas,
que fazem repensar conceitos e ações diariamente.
O Brasil tem acompanhado a mudança nas formas de acesso à
informação.
Os números permitem verificar que a tecnologia está cada vez mais
presente na casa do brasileiro. A relação de domicílios brasileiros que
tinham computadores no final de 2005 e no final de 2008, conforme
pesquisa do NIC.BR, confirma esse crescimento.
No ano de 2005, o número de casas equipadas com computador
correspondia a aproximadamente 17% das residências brasileiras,
comparados aos valores do ano de 2008, que apresenta 28% das residências
brasileiras equipadas com pelo menos um computador.
Esses números revelam que o Brasil aumentou em mais de 60% o
número de equipamentos em residências em apenas três anos.
Vive-se um momento em que a única constante é a certeza da
mudança, e as inovações advindas com a Tecnologia da Informação e
Comunicação têm papel preponderante neste cenário. Mas as principais
mudanças não têm ocorrido em função de tecnologias específicas, mas da
forma de se relacionar com elas, tanto como indivíduos, como grupos ou
organizações (EVANS & WURSTER, 1999).
14
A Ciência da Informação tem participado efetivamente desta
transformação, alavancada pelo uso das novas tecnologias da informação e,
principalmente, da Internet.
A Internet é a tecnologia mais surpreendente das últimas décadas
e através dela se tem construído um novo ambiente de informação e
conhecimento, tornando-a objeto de muitos estudos e pesquisas, tanto da
Ciência da Informação como de outras áreas do conhecimento.
Dentro do contexto da Ciência da Informação, a Internet tem
atuado diretamente como elemento facilitador no processo de disseminação
da informação e do conhecimento, incluindo o conhecimento científico, que
deixou de estar disponível apenas nas revistas científicas e livros impressos
e passou a utilizar a estrutura tecnológica da Internet para ser disseminado
através das revistas eletrônicas digitais e dos repositórios digitais.
Conforme afirmam Castro e Santos (2008, p.2),
A relevância tanto da Web quanto das bibliotecas digitais para
os diversos ramos da ciência tem impulsionado pesquisadores
e comunidades científicas a buscar soluções de integração,
intercâmbio e entendimento semântico sobre os conteúdos que
nelas circulam, a fim de proporcionar uma recuperação mais
precisa, relevante e significativa para o usuário final.
Ainda, para os autores
As bibliotecas digitais se caracterizam como ambientes
facilitadores de acesso às informações, sem a limitação de
espaço e tempo, uma vez que nessas o tratamento dado ao
recurso informacional requer uma descrição de forma e de
conteúdo legível por máquinas com resultados compreensíveis
aos humanos. Desse modo, destaca-se a necessidade de um
tratamento de forma e conteúdo adequado para a
representação e para a apresentação de informações, visando
uma recuperação mais eficiente. (CASTRO; SANTOS, 2008,
p.2)
Estende-se a afirmação anterior aos repositórios digitais, uma vez
que se defende que as bibliotecas digitais apresentam algumas semelhanças,
em sua estrutura, aos repositórios digitais, objeto de estudo desta pesquisa.
15
A busca por informações tem aumentado consideravelmente em
ambientes acadêmicos brasileiros, especialmente de nível superior. Grande
parte dos alunos têm acesso direto à rede Internet, ocasionando uma
constante troca de informações e de conhecimento.
O uso da Internet pelos cidadãos brasileiros também tem crescido
consideravelmente nos últimos anos. Ao final de 2008, o índice de pessoas
que acessaram a Internet foi de 43% da população total, e, ao analisar
apenas os usuários com nível médio ou superior de instrução, esse número
sobe para 63% e 89%, respectivamente (NIC.BR, 2008).
Além de a Internet estimular o acesso à informação, o cenário
atual, baseado no desenvolvimento das tecnologias que englobam as
funcionalidades denominadas Web 2.0, tem intensificado a relação usuário
versus Internet, visto que esta permite a interatividade entre ambos e
estimula o uso constante da rede.
Para Blattmann e Silva (2007, p.198),
a Web pode ser considerada uma nova concepção, pois passou
a ser descentralizada, na qual o sujeito tornou-se um ser ativo
e participante sobre a criação, seleção e troca de conteúdo
postado em um determinado site por meio de plataformas
abertas.
Os conceitos a respeito das funcionalidades da Web 2.0 estão
sedimentados e têm sido amplamente utilizados na estrutura de construção
dos sites, favorecendo o uso colaborativo e tornando a Web uma verdadeira
plataforma para publicação e consumo de informação.
Esse novo formato interativo adotado pela Internet passou a fazer
parte da vida dos usuários, como aconteceu com a própria Internet algum
tempo atrás. Os conceitos e itens que dão sustentação às funcionalidades da
Web 2.0 foram incorporados aos negócios. Assim, ferramentas como wikis e
blogs passaram a fazer parte do contexto de trabalho da grande maioria
das empresas.
Além das funcionalidades que buscam uma inteligência coletiva e
um novo patamar de interação, os conceitos também foram se
16
transformando em realidade no que diz respeito ao uso e a aplicação da Web
Semântica.
Os conceitos da Web Semântica, cunhada por Tim Berners-Lee e
homologada pelo W3C, têm sido objeto de estudo das Ciências da
Informação e da Computação e despertado interesse da comunidade, de um
modo geral. A Web 3.0, como tem sido chamada a Web Semântica, consiste
num conjunto de padrões destinados a fazer com que o material publicado
na Web possa ser recuperado de forma semântica, agrupando informações
com o mesmo significado, independente de sua estrutura sintática, e
permitindo associação de termos que são facilmente relacionados na
estrutura cerebral do ser humano, porém são de difícil relacionamento em
sistemas de informação.
Berners-Lee (2001) indica que
O projeto da Web Semântica, em sua essência, é a criação e
implantação de padrões (Standards) tecnológicos para permitir
este panorama, que não somente facilite as trocas de
informações entre agentes pessoais, mas principalmente
estabeleça uma língua franca para o compartilhamento mais
significativo de dados entre dispositivos e sistemas de
informação de uma maneira geral. (tradução nossa)
Através de recursos tecnológicos, a Web 3.0 tem efetivado uma
mudança de paradigma em relação ao armazenamento e à recuperação de
informações na Web.
1.1 Definição do Problema de Pesquisa
Diante de uma sociedade que interage de forma significativa com
as novas funcionalidades representadas através das siglas Web 2.0 e Web
3.0, os ambientes informacionais digitais bibliotecas e repositórios de
modo geral não incorporam tais tecnologias, que pode minimizar o interesse
e, principalmente, o desenvolvimento de tais ambientes.
17
Se a Web, de modo geral, tem sido envolvida pela nova estrutura de
informação, baseada nos conceitos da Web 2.0 assim como da Web 3.0, os
usuários que estão sendo conduzidos à utilização de bibliotecas digitais e
repositórios institucionais também passaram a ter o desejo de ver as
tecnologias que compõem essas tecnologias aplicadas nestes ambientes.
As ferramentas utilizadas para instanciar bibliotecas digitais e
repositórios digitais de informações apresentam em sua grande maioria uma
estrutura que favorece, ou ao mínimo indica, o uso das tecnologias de Web
2.0 e Web 3.0, porém, em geral, não implementam esses recursos para que
os usuários possam desfrutar desses benefícios em ambientes fechados e
estruturados.
Visto que esse tipo de ambiente sugere criação de inteligência
coletiva e tem como principal objetivo a disseminação da informação
ciêntífica, questiona-se se a inserção das funcionalidades que compõem e
nomeiam as tecnologias Web 2.0 e Web 3.0 não poderia contribuir com um
avanço significativo no uso dos repositórios como plataforma universal no
sentido de disseminar informação.
Cabe questionar também se é possível criar um ambiente que
possa mesclar o uso das funcionalidades sugeridas nas tecnologias Web 2.0
e Web 3.0, visto que o primeiro conceito determina construção de
inteligência coletiva de forma livre e a segunda sugere uso de um conjunto
de termos de forma controlada, empregando uma ontologia de domínio que
possa colaborar no sentido de caracterizar a recuperação semântica da
informação.
Portanto, eis a questão principal: como incorporar os recursos e
técnicas advindos das funcionalidades existentes nos conceitos de Web 2.0 e
Web 3.0 em ambientes informacionais digitais como os repositórios digitais.
1.2 Hipótese, Tese e Proposição da Pesquisa
18
Baseado neste contexto, pode-se definir a tese levantada para esta
pesquisa: a recuperação da informação em repositórios digitais no contexto
da Web Semântica pode ser viabilizada por um modelo estrutural baseado
na implementação de recursos da Web 2.0 e Web 3.0.
A hipótese desta pesquisa traduz-se na possibilidade de incorporar
aos repositórios digitais uma arquitetura que permita o uso de Folksonomia
Assistida, para autoarquivamento de objetos digitais, de forma que haja uma
integração dos conceitos de Web 2.0 e Web 3.0, construindo um novo
conceito de representação da informação a Representação Iterativa ─, de
modo que possa propiciar aos usuários de ambientes reservados, como os
repositórios digitais, armazenamento, descrição e, consequentemente, uma
forma de recuperação mais contextualizada, com caráter dinâmico e
semântico.
A Representação Iterativa é baseada na construção de uma
camada de informação construída de forma social e cíclica, em que a
estrutura ontológica vai sendo construída, inicialmente a partir de um
conjunto controlado de termos, porém sujeita à reciclagem, de acordo com a
ambiência e o conhecimento dos usuários utilizadores do sistema.
Para tanto, a proposta desta pesquisa é estabelecer um modelo de
estrutura para repositórios digitais, que aplique conceitos de Web 2.0 e de
Web 3.0. O modelo será baseado, principalmente, no uso de Folksonomia,
que representa o uso de palavras-chave em formato aberto, mescladas com o
uso de estruturas de representação do conhecimento, sistematizados e
tecnologicamente utilizados no formato de ontologias, de forma que o
sistema interaja diretamente com o usuário no momento da descrição do
recurso, criando um conceito de Folksonomia Assistida em repositórios
digitais de publicação, tornando esse repositório apto a proporcionar
recuperação semântica de informações e a descrever os recursos
informacionais de forma colaborativa, sugerindo um ambiente de construção
coletiva de inteligência a respeito de um domínio de conhecimento e
19
construindo um novo modelo de estrutura informacional, baseado,
principalmente, na experiência trazida através da interação do usuário.
1.3 Objetivos
Com intuito de contribuir com a área de Ciência da Informação,
principalmente no que diz respeito aos ambientes informacionais digitais,
essa pesquisa tem como objetivo melhorar o processo de recuperação da
informação, apresentando uma proposta de modelo estrutural no contexto
da Web Semântica, abordando o uso de recursos da Web 2.0 e Web 3.0 em
repositórios digitais, que permita recuperação semântica da informação,
através da construção de uma camada de informação chamada
Representação Iterativa.
Dentro deste contexto, é possível dividir o objetivo geral em partes
distintas que podem ser relacionadas da seguinte forma:
Estabelecer uma modelagem complementar de banco de dados
que possa caracterizar o uso dos conceitos de Folksonomia em
repositórios digitais;
Aplicar uma metodologia de sugestão a descrição de tags,
sugerindo a utilização de uma representação amparada em
Folksonomia e Estruturas de Representação do Conhecimento,
que se denomina Folksonomia Assistida;
Construir um corpus de informaçao baseado em uma ontologia
de domínio e ampliada e reciclada com a experiência do usuário
através do uso da Folksonomia Assistida, criando uma uma
estrutura nomeada Representação Iterativa;
Utilizar o modelo construído, Representação Iterativa, no
processo de recuperação da informação em repositórios digitais,
através da elaboração de uma rede baseada na teoria dos
20
grafos, de forma que seja possível recuperar informações com
carater semântico.
1.4 Metodologia
O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva e
analítica, com base em análise documental, dividida em duas partes: a
primeira, caracterizada pela observação direta não participativa de
ferramentas que implementam repositórios digitais, assim como de
repositórios digitais instanciados, visualizando tanto seu uso e seu
comportamento quanto a questão de recursos relacionados às
funcionalidades das chamadas Web 2.0 e Web 3.0; e a segunda, com
característica exploratória, focalizando a proposição do modelo
“Representação Iterativa: um modelo para Repositórios Digitais”, onde
sugere um modelo inovador para repositórios, com a utilização de estruturas
de representação do conhecimento e participação do usuário na construção
de um vocabulário próprio de domínio.
1.5 Justificativa
O estudo justifica-se pela necessidade atual de gerar uma
estrutura de armazenamento e representação com utilização de
funcionalidades que favoreçam a construção de uma inteligência coletiva
nestes ambientes e, principalmente, uma recuperação mais apropriada de
informação em um ambiente informacional digital. O atendimento a tais
necessidades cria um novo conceito de publicação, descrição e
armazenamento, dentro do formato tecnológico dos repositórios digitais, e
sugere que conceitos estudados e definidos na Ciência da Informação sejam
efetivamente aplicados e utilizados.
21
1.6 Estrutura do Trabalho
Além do presente capítulo, esta tese contempla o seguinte formato:
Capítulo 2 Recuperação da Informação - Faz uma abordagem
sobre recuperação da informação, visto que a principal motivação para o
desenvolvimento da Web 3.0 e, principalmente, dos repositórios
institucionais é permitir que os usuários tenham acesso mais qualificado e
mais condizente com sua expressão de busca, oferecendo-lhes informações
úteis para a construção de novos conhecimentos. Este capítulo apresenta
uma contextualização teórica a respeito da evolução da recuperação da
informação e de seus principais métodos, além de uma introdução à teoria
dos grafos, que permitirá a recuperação da informação em estruturas em
formato de redes.
Capítulo 3 Funcionalidades e recursos tecnológicos para
World Wide WebFaz uma apresentação dos principais conceitos e técnicas
que fundamentam e são responsáveis pelas funcionalidades que
caracterizam ambientes Web 2.0 e Web 3.0. A abordagem principal incide
sobre os recursos individualmente utilizados e considerados pontos-chave na
construção de um ambiente colaborativo (Web 2.0) e semântico (Web 3.0).
Capítulo 4 Ontologias: conceitos, linguagens e ferramentas
Com relação à Web 3.0, dar-se-á ênfase ao desenvolvimento de Ontologias.
Dada a abordagem que será feita neste trabalho, decidiu-se destinar um
capítulo apenas a este conceito. É importante ressaltar que a Representação
Iterativa considera o uso de qualquer tipo de estrutura de representação do
conhecimento, porém a ferramenta mais indicada para este fim são as
ontologias. Serão abordados os conceitos relativos a teorias, práticas e
ferramentas para desenvolvimento de ontologias, que são fundamentais no
desenvolvimento da Web 3.0. Neste capítulo também serão apresentadas
informações sobre a linguagem OWL, considerada pelo World Wide Web
Consortium (W3C) como a linguagem mais completa para implementação de
ontologias.
22
Capítulo 5 Repositórios digitais de informação científica -
utilizados como objeto de estudo central desta pesquisa. Este capítulo é
destinado a fazer uma apresentação dos repositórios digitais, que são
ambientes destinados à publicação e autoarquivamento de informações. O
tema inclui uma abordagem teórica e histórica sobre repositório e, em
seguida, apresenta a relação dos repositórios com a recuperação da
informação e com as técnicas de Web 2.0 e Web 3.0, através de uma
metodologia de observação direta não participativa. Este capítulo objetiva
ainda encaminhar o trabalho para a construção do modelo sugerido na
proposição, com aplicação das técnicas e conceitos de Web 2.0 e Web 3.0 de
forma efetiva, a fim de proporcionar aos repositórios um ambiente rico e
interativo para os usuários que publicam e consomem informações neste
tipo de ambiente informacional.
Capítulo 6 Representação Iterativa, modelo de estrutura para
descrição, armazenamento, representação de recursos e recuperação da
informação em repositórios digitais científicos Apresentar-se-ão a
metodologia assim como o conjunto de teorias e técnicas que serão
propostas, visando um novo modelo de armazenamento e representação de
informação, baseado numa nova estrutura funcional para os repositórios,
aplicando os conceitos de sugestão de tags, pelo próprio sistema. Será
demonstrada a aplicação real do modelo sugerido Representação Iterativa -
para repositórios, aplicando os conceitos de Folksonomia Assistida, com o
objetivo de orientar o usuário no momento de introduzir informações acerca
da descrição do recurso a ser publicado nos repositórios digitais.
Capítulo 7 Recuperação da informação no modelo de
Representação Iterativa - Tem como propósito apresentar um modelo de
recuperação da informação, de forma a utilizar os conceitos de Web 3.0 e do
modelo de representação iterativa sugerida e abordada no capítulo anterior,
permitindo aos usuários do repositório digital uma recuperação da
informação de forma semântica e contextualizada. Dessa forma, apresenta
uma seqüência critérios para que o modelo desenvolvido possa apresentar de
maneira mais precisa os resultados solicitados pelos usuários em seu termo
23
de busca. Neste capítulo são ainda apresentados mais duas aplicações como
forma de apresentação de resultados aos usuários: a nuvem de tags e a rede
de tags.
A seguir, no capítulo 8, constarão as conclusões, seguidas das
referências.
24
2
R
ECUPERAÇÃO DA
I
NFORMAÇÃO
Este capítulo apresenta um levantamento bibliográfico sobre
recuperação da informação, desde a criação do termo e do conceito,
passando pela relação dos usuários com os sistemas de recuperação.
Apresenta ainda os modelos mais conhecidos de recuperação da informação
e faz uma abordagem sobre a recuperação da informação na Web, como
ponto-chave desta pesquisa.
É fato que, nos últimos anos, a recuperação da informação tem
assumido um papel diferenciado dentro dos estudos da Ciência da
Informação. Inserida no contexto do uso da informação, no objeto de estudo
da Ciência da Informação, a recuperação aparece como elo final na busca
pela apresentação ao usuário da informação mais adequada no menor tempo
possível, modificando os fazeres da Ciência da Informação, a fim de
proporcionar uma recuperação da informação mais adequada ao contexto e
à necessidade do usuário.
E não é apenas no uso que a recuperação da informação está
inserida, ela está indiretamente relacionada com representação,
armazenamento, descrição, organização, preservação e acesso à informação.
A representação e organização de itens de informação deveriam prover o uso,
a preservação e o acesso a informação pelo interessado. Infelizmente, o
acesso à informação necessária não é uma atividade simples.
Segundo Saracevic (1996, p.45),
o trabalho com a recuperação da informação foi responsável
pelo desenvolvimento de inúmeras aplicações bem sucedidas
(produtos, sistemas, redes, serviços). Mas, também, foi o
responsável por duas outras coisas: primeiro, pelo
desenvolvimento da CI como um campo onde se interpenetram
os componentes científicos e profissionais. Certamente, a
recuperação da informação não foi a única responsável pelo
desenvolvimento da CI, mas pode ser considerada como
principal; ao longo do tempo, a CI ultrapassou a recuperação
da informação, mas os problemas principais tiveram sua
origem aí e ainda constituem seu núcleo. Segundo, a
recuperação da informação influenciou a emergência, a forma
e a evolução da indústria informacional. Novamente, a
25
recuperação da informação não foi o único fator, mas o
principal. Como a CI, a indústria da informação atualmente
não é apenas recuperação da informação, mas esta é o seu
componente mais importante.
Apesar de se vivenciar um momento diferente, com o apoio de
novas tecnologias e amparados pelo uso da Internet, que vêm mudando a
maneira de se pensar sobre a recuperação da informação desde o
surgimento da Web, no início dos anos 90, a busca pelo melhor resultado na
recuperação é algo que vem sendo abordado na Ciência da Informação
algum tempo, dentro dos fazeres da Biblioteconomia.
Não obstante o direcionamento diferente, a teoria das cinco leis
fundamentais da Biblioteconomia, definidas por Ranganathan, que
sintetizadamente pode ser apresentada como o melhor livro no menor tempo,
poderia ser assim adaptada: o resultado mais preciso, que atenda da melhor
maneira o usuário, no menor tempo e com a maior quantidade de
informações necessárias.
Como parte final de todo um processo de armazenamento, seguido
do uso da informação armazenada, a recuperação da informação tem sido
cada vez mais abordada na busca por sistemas de recuperação que atendam
melhor a necessidade dos usuários em relação a qualidade do conteúdo em
relação ao termo de busca. Desde a publicação do “Manual de
Documentação”, de Paul Otlet em 1937 (LÓPES YEPES, 1989) e do MEMEX
de Vannevar Bush em 1945 (BARRETO, 2008), que diversos estudos vêm
apresentando métodos e técnicas para evoluir o processo de recuperação da
informação.
2.1 O que é a recuperação da informação
O termo “recuperação da informação” foi cunhado em 1951, por
Calvin Mooers, quando criou o termo “Information Retrieval” e definiu os
problemas a serem abordados por esta nova disciplina. A Recuperação de
26
Informação trata dos aspectos intelectuais da descrição da informação e sua
especificação para busca, e também de qualquer sistema, técnicas ou
máquinas que são empregadas para realizar esta operação. (MOOERS, 1951)
Com o passar do tempo, passou a ser muito mais comum verificar
o termo recuperação da informação sendo tratado dentro de um modelo mais
complexo denominado Sistemas de Recuperação da Informação (SRI). Esse
modelo propõe todo o sistema de representação, armazenamento, gestão e
recuperação da informação.
Para Lancaster e Warner (1993, p. 4-5), os SRIs são a interface
entre uma coleção de recursos de informação, em meio impresso ou não, e
uma população de usuários. Desempenham as seguintes tarefas: aquisição e
armazenamento de documentos; organização e controle desses; e
distribuição e disseminação aos usuários. Lancaster (1968) havia
anteriormente registrado que os SRIs não informam o usuário no sentido de
mudar seu conhecimento sobre objeto de sua questão, mas apenas o
informam sobre a possível existência de documentos atinentes à questão,
além de características desses documentos.
Baeza-Yates e Ribeiro-Neto (1999, p. 1) indicam que
a recuperação da informação está diretamente ligada à
representação, armazenamento, organização e acesso aos itens
de informação. Dizem também que a representação e a
organização dos itens de informação deveriam prover o uso e o
fácil acesso a informação necessária ao usuário. (tradução
nossa)
Portanto, desde 1951, com a primeira definição do termo por
Mooers, a Recuperação da Informação vem sendo discutida, e novas técnicas
e estudos desenvolvidos, a fim de buscar sempre o melhor resultado possível
para o usuário que procura a informação.
A Ciência da Informação e a Ciência da Computação aparecem
como as ciências mais envolvidas com a busca pela melhoria da qualidade
da informação recuperada. A Ciência da Informação apresenta uma visão
mais metodológica e tem procurado estruturar os dados e criar métodos e
27
modelos que proporcionem um melhor armazenamento da informação,
assim como vem estudando metodos que agreguem semântica à informação,
e consequentemente possam ser aplicadas no processo de recuperação. A
Ciência da Computação tem procurado atuar na aplicação dos modelos
citados, diretamente no desenvolvimento de técnicas computacionais, como
algoritmos, que possam viabilizar as metodologias sugeridas e pesquisadas.
Apesar do envolvimento das duas ciências e de tantas pesquisas, o
processo de recuperação ainda não conseguiu atingir a os resultados que os
usuários precisam ou que os pesquisadores esperam e, portanto, continua
abarcando pesquisadores ao redor do tema.
2.2 O usuário e o sistema de recuperação
A recuperação da informação pode ser vista por dois lados distintos
que auxiliam o processo de busca da melhoria da informação recuperada.
Baeza-Yates e Ribeiro-Neto (1999, p. 7) afirmam que o problema da
recuperação da informação está entre duas visões, visão humana e visão
computacional:
[...] para a visão computacional o problema consiste
principalmente na construção de índices eficientes,
processamento de consultas (buscas) com alta performance,
desenvolvimento de algoritmos que criem rankings e que
recupere o melhor conjunto de resposta para a questão
aplicada. A visão humana consiste principalmente no estudo
do comportamento do usuário, na compreensão de suas
principais necessidades e em determinar como a compreensão
do usuário afeta a organização e operação dos sistemas de
recuperação.
Assim se verifica que o processo de recuperar informação consiste
não apenas em técnicas e métodos que envolvem desde o armazenamento
até os algoritmos que providenciam a recuperação da informação, mas
também em adaptar os sistemas baseado no comportamento do usuário
nesse modelo de recuperação, entendendo como é a construção da
28
informação e, principalmente, como é a construção de suas instruções para
recuperação da informação.
Nesse capítulo será abordada, principalmente, a visão
computacional da recuperação da informação, e nas seções subsequentes, a
recuperação da informação no contexto de aplicação em repositórios digitais,
objeto de estudo desta pesquisa.
2.3 Modelos de recuperação da informação
A grande dificuldade no processo de recuperação da informação é
conseguir atender à necessidade do usuário, indicando o que é mais ou
então menos relevante dentro do contexto de sua consulta a um conjunto de
informações. Apenas como ressalva, deve-se esclarecer que, em alguns
casos, nem o próprio usuário sabe exatamente o que deseja encontrar.
Para exemplificar, sugere-se a desconsideração dos sistemas
automatizados de recuperação da informação, e imagine-se uma grande
caixa repleta de livros.
A essa caixa de livros, submeta um usuário para verificar o que lhe
interessaria, de forma que pudesse manusear e consultar os livros
disponíveis, selecionando os títulos que fossem importantes para sua
pesquisa ou determinado trabalho.
Esse usuário teria dúvidas na escolha e, com certeza, poderia
selecionar títulos que, posteriormente, talvez não atendessem a sua
expectativa no contexto de sua necessidade de informação.
Esse pequeno exemplo mostra que a recuperação da informação é
contemplada por muitos aspectos que certamente dificultam o processo de
recuperação.
Aproveitando ainda o exemplo, poder-se-ia imaginar esse primeiro
usuário, que teve acesso anteriormente à caixa de livros, auxiliando um
29
segundo usuário com as mesmas necessidades de informação. Neste caso, a
escolha dos livros pelo segundo usuário seria facilitada, pois além de poder
ter o contato com o material, também teria a discussão com o primeiro
usuário que havia passado pela mesma experiência. Portanto, a discussão
dos dois a respeito do conteúdo, além da facilidade do contato com o
material, certamente facilitaria a seleção dos livros. Mesmo com o apoio do
primeiro usuário, ainda assim não seria o suficiente para se ter a certeza de
que os livros selecionados pelo segundo usuário seriam as melhores opções
para atender às necessidades de informação desejada por eles.
Vendo a recuperação da informação sob esse prisma, percebe-se
que as composições de modelos de recuperação se tornam cada vez mais
necessárias, e, principalmente, que os métodos utilizadas no momento do
armazenamento da informação são ainda mais importantes, pois quanto
mais claramente for representado um conteúdo, teoricamente mais fácil de
recuperar ou de fazer parte de uma seleção esta informação estará.
Para executar a recuperação da informação baseada na busca de
termos, foram desenvolvidos vários modelos de recuperação da informação.
Ferneda (2003, p.18) afirma:
A eficiência de um sistema de recuperação de informação está
diretamente ligada ao modelo que o mesmo utiliza. Um
modelo, por sua vez, influencia diretamente no modo de
operação do sistema.
Os modelos de recuperação da informação são apresentados por
vários autores, e a grande maioria deles apresenta um agrupamento ou
divisão entre os modelos. Os chamados modelos clássicos de recuperação da
informação são os que apresentam estratégia de busca para uma consulta.
Normalmente nesses modelos é considerado que cada documento é
representado por termos de indexação, ou seja, palavras-chave.
Os principais modelos clássicos apresentados são: Modelo
Booleano, Modelo Vetorial e Modelo Probabilístico, porém cada um apresenta
alternativas de extensão com o objetivo de evoluir em funcionalidade e
desempenho.
30
Outro grupo de modelos de recuperação são os modelos dinâmicos
de recuperação da informação, abordados por Ferneda (2003, p. 55) da
seguinte maneira:
Nesta ótica, os usuários interagem e interferem diretamente na
representação dos documentos do corpus, permitindo uma
evolução ou uma adaptação dos documentos aos interesses
dos usuários do sistema, percebidos através de suas buscas e
da atribuição de relevância (e não relevância) aos documentos
recuperados (relevance feedback).
Os modelos clássicos ainda são muito aplicados nos sistemas de
recuperação e, por isso, alguns serão apresentados a seguir.
2.3.1 Modelo Booleano
A álgebra da comutação foi primeiramente estudada em detalhes
por George Boole, daí o nome álgebra booleana. O modelo booleano é
baseado na álgebra booleana e na teoria de conjuntos. Na Álgebra Booleana,
cada documento é representado por um conjunto de termos de índice e
dessa forma o índice aponta qual documento é mais relevante, indicando
assim uma relevância de maneira ordenada (CARDOSO, 2004).
No modelo booleano, a recuperação é sempre baseada na
coincidência entre os termos que fazem parte do índice do documento e os
termos estabelecidos na consulta através de uma expressão lógica.
A relevância estabelecida na expressão lógica é obtida com a
aplicação de operadores lógicos (E, OU e NÃO), mais usados na forma de
língua inglesa como AND, OR e NOT. É possível criar consultas mais
restritivas e, em alguns casos, mais ricas, dependendo da combinação
utilizada nos termos. O resultado da busca é influenciado diretamente pela
ordem seqüencial de execução das operações lógicas, portanto é muito
importante que a estrutura da expressão lógica seja bem clara e definida,
utilizando-se os operadores supracitados, assim como o recurso dos
parênteses que tem preferência de execução nas expressões.
31
O modelo booleano, assim como os outros, apresenta algumas
limitações que devem ser conhecidas:
Sendo a recuperação baseada em similaridade e comparação
binária, a utilização de duas expressões diferentes pode gerar
resultados iguais sem diferenciação entre a relevância dos
documentos recuperados. Em alguns casos, é nítido verificar
que são recuperados, da mesma forma, documentos que têm
similaridade em apenas um dos termos da consulta, assim
como documentos que apresentam vários dos termos de
consulta. O resultado não expressa a relevância entre esses
documentos recuperados, tratando-os simplesmente como
documentos recuperados.
Não é possível, através do modelo booleano, apresentar
resultados parciais, a estrutura binária de funcionamento
sempre apresenta resultados exatos, baseados nas comparações
binárias de 1 ou 0.
Principalmente pelas limitações do modelo booleano, a eficácia dos
sistemas de recuperação nele baseadas geram desconfiança nos resultados
apresentados, e estes passam a ser utilizados em parte ou em conjunto com
outros modelos de recuperação.
As limitações apresentadas demonstram de maneira ainda mais
clara que é necessário conhecer o modelo para formular uma boa expressão
de busca, e que, portanto, quanto mais simples for a expressão, mais
“binário” será o resultado.
Ferneda (2003, p. 24) afirma:
Expressões complexas exigem um conhecimento profundo da
lógica booleana e evidenciam a importância da elaboração de
uma estratégia de busca adequada para garantir a qualidade
da informação recuperada. O conhecimento da lógica booleana
é importante também para entender e avaliar os resultados
obtidos em uma busca.
32
A relação forte com conceitos vindos da matemática como ciência e
a clara forma de apresentação estimulam ainda o uso dos operadores
booleanos, porém não são suficientes para manter seu uso isoladamente.
2.3.2 Modelo Vetorial
O desenvolvimento do modelo vetorial, no ano de 1968, por Gerard
Salton, foi motivado principalmente pelas limitações apresentadas no modelo
booleano (SALTON, 1988).
Esse modelo tem como premissa considerar a similaridade parcial
entre os termos, representando-os através de um vetor numérico, onde cada
elemento do vetor representa um termo de consulta e a este é atribuído um
peso que indica tamanho e direção do vetor de representação. São esses
pesos que possibilitam a proximidade de consulta e o cálculo da similaridade
parcial entre os termos da consulta e os documentos, possibilitando que os
resultados sejam apresentados de maneira classificada, de acordo com o
grau de similaridade entre o termo na expressão de busca e o documento
recuperado. O cálculo de proximidade entre os vetores é realizado de acordo
com o ângulo do vetor, e dessa forma é calculado o grau de similaridade de
acordo com a seguinte fórmula:
Figura 1 - Fórmula da Similaridade
Fonte: Ferneda (2003, p. 30)
Onde:
x e y são os vetores;
33
t é o número total de documentos considerados;
w
i,x
é o peso do i-ésimo elemento do vetor x;
w
i,y
é o peso do i-ésimo elemento do vetor y
;
sim é a função de similaridade.
No modelo vetorial, a consulta é realizada em busca dos termos
designados, e a classificação apresentada como resultado baseia-se na
frequência dos termos no documento em relação ao peso atribuído a cada
termo, utilizando-se o grau de similaridade calculado.
É importante ressaltar que a construção do vetor de termos deve
ser a mais significativa possível e de preferência utilizar uma quantidade
restrita de termos, facilitando a eficácia do modelo vetorial.
Segundo Salton e Buckley (1988),
quando um conjunto grande de termos é utilizado para a
representação de um documento é alta a chance desse
documento ser considerado semelhante a outro documento ou
consulta.
Desta forma, é importante que a quantidade de termos não
interfira diretamente na qualidade da recuperação da informação.
O uso de similaridade e do modelo vetorial facilita diretamente o
processo de definição de um ranking para os resultados da consulta. Souza
(2006, p. 167) compartilha desta ideia da seguinte forma:
O modelo vetorial é a base da grande maioria de sistemas de
recuperação de informações, mais notadamente os que têm
como objeto a Internet, embora estes utilizem também outras
técnicas para determinar o ranking de documentos como
resposta a uma consulta.
O modelo vetorial apresenta como principal característica a
simplicidade e a facilidade com que permite calcular a similaridade entre
informações genéricas, além de executar comparações parciais, diferente do
modelo booleano, que aplica comparações exatas que permitem a criação de
uma classificação ordenada (FERNEDA, 2003).
34
Esse modelo também apresenta restrições, entre elas destaca-se o
fato de não permitir o uso da álgebra booleana dentro de seu contexto; além
disso, caracteriza-se por aproximar muito as combinações, podendo
encontrar relação entre termos que não têm nada em comum.
2.3.3 Modelo Probabilístico
A teoria das probabilidades teve início com os jogos de dados,
cartas e roleta. Esse é o motivo da grande existência de exemplos de jogos de
azar no estudo da probabilidade.
A teoria da probabilidade calcula a chance de ocorrência de um
número em um experimento aleatório que, quando repetido em condições
iguais, pode fornecer resultados diferentes, ou seja, são resultados gerados
ao acaso. Os experimentos aleatórios podem ser representados por sorteios
de loteria ou até por um simples lançamento de um dado (SALTON e
BUCKLEY, 1988).
O modelo probabilístico foi proposto por Maron e Kuhns, em 1960.
Esse modelo prevê a classificação de documentos de acordo com sua
probabilidade, em relação aos termos aplicados na busca. Nele se verifica a
relação de relevância da expressão de busca em relação a cada documento,
para investigar a probabilidade de relevância entre eles, supondo que exista
um conjunto ideal de documentos que atende a cada uma das consultas aos
dados, e que esse conjunto pode ser recuperado.
Uma busca inicial em um conjunto de documentos e o retorno do
usuário em cada uma das interações permite o refinamento contínuo em
direção a melhores resultados, portanto o feedback do usuário é
determinante para que nas próximas buscas o sistema possa aproveitar os
resultados anteriores para considerar documentos relevantes nas consultas,
ficando explícita a importância do usuário na recuperação da informação,
utilizando o modelo probabilístico.
35
Salton e Buckley (1988, p.2) indicam que “[...] em 1977, Robertson
analisou o modelo probabilístico e observou que um documento deveria ser
recuperado se sua probabilidade de ser relevante for maior que a sua
probabilidade de não ser relevante” (tradução nossa). Partindo do princípio
da recuperação da informação, esse modelo recebeu o nome de Binary
Indepence Retrieval.
O modelo probabilístico caracteriza-se, principalmente, por
apresentar um bom desempenho quando aplicado, visto que as estimativas
de probabilidade apresentam resultados de classificação, que podem ser
utilizadas para apresentação dos resultados; entretanto, é notável que o fato
de não explorar a frequência dos termos é visto como ponto negativo do
modelo.
2.3.4 Outros modelos de recuperação
Além dos já citados, alguns outros modelos alternativos foram
criados com o intuito de melhorar a performance ou a qualidade de
recuperação dos modelos matemáticos já descritos.
O modelo booleano estendido é um modelo alternativo aos modelos
booleano e ao vetorial, visto que tem como premissa aplicar o modelo
booleano dentro de um vetor de similaridade, aliando assim a flexibilidade do
modelo vetorial e a precisão do modelo booleano.
Junto ao modelo probabilístico podem ser implementadas as redes
de Inferência, que têm o papel de inserir, no modelo probabilístico, variáveis
aleatórias ao processo de raciocínio, usando fontes de evidência que podem
estabelecer relacionamentos entre consultas futuras e consultas
realizadas no conjunto de documentos.
2.4 Modelos Dinâmicos de Recuperação da Informação
36
Os modelos dinâmicos de recuperação da informação surgiram a
partir de um fenômeno de esgotamento das funções e fórmulas matemáticas
nos estudos sobre recuperação da informação.
Bentlet (2002) apresenta diversos modelos computacionais
inspirados em processos biológicos, tais como as Redes Neurais e os
Algoritmos Genéticos. Neste trabalho será apresentada uma introdução a
estes métodos como forma de ilustrar o conceito de modelos dinâmicos de
recuperação da informação.
2.4.1 Algoritmos Genéticos e Redes Neurais
Os algoritmos genéticos têm sido introduzidos na busca por
melhores resultados na recuperação da informação.
Entres os motivos da escolha da apresentação deste método neste
trabalho de pesquisa é o fato de que a utilização de algoritmo genético
interage de forma significativa com o usuário, sendo que o comportamento
do ser humano que está participando do processo de recuperação da
informação é elemento importantíssimo nas buscas subsequentes.
O fato de esta pesquisa sugerir um modelo de representação de
forma iterativa, ou seja, que se recicla através de uma participação do
usuário, torna o algoritmo genético importante no processo de recuperação
da informação e, principalmente, na confirmação da participação do usuário
humano no algoritmo de recuperação da informação.
Ferneda (2009) afirma que:
A aplicação dos conceitos de Algoritmos Genéticos permite o
desenvolvimento de sistemas evolutivos, nos quais os
usuários, através de suas buscas, são elementos efetivamente
participantes do processo de representação dos documentos
do corpus do sistema.
O algoritmo genético se baseia no fato de que todo novo ser é
formado através de características herdadas de seu pai e da sua mãe, sendo
37
que este novo ser pode ter uma porcentagem maior ou menor de
características de cada um de seus genitores.
Segundo Ferneda (2009),
A cada iteração do algoritmo (“geração”), um novo conjunto de
estruturas é criado através da troca de informações entre
estruturas selecionadas da geração anterior. O resultado tende
a ser um aumento da adaptação dos indivíduos ao meio
ambiente, podendo acarretar também um aumento da aptidão
de toda a população a cada nova geração, aproximando-se de
uma solução ótima para o problema em questão.
A aplicação deste método na recuperação da informação sugere
que o processo de recuperação pode ser aplicado de uma forma mais
natural, tendendo a evoluir, deixando de aplicar apenas conceitos
matemáticos que tenham como padrão a manutenção constante do método.
Ferneda (2009) afirma:
A aplicação dos algoritmos genéticos em sistemas de
informação representa uma nova forma de pensar o processo
de recuperação de informação na qual as representações dos
documentos são alteradas de acordo com a necessidade de
informação da comunidade de usuários, manifestada através
de suas buscas.
Portanto, dentro do contexto de informação que se tem presenciado
na Web, a aplicação de algoritmos genéticos na recuperação de informação
pode ser considerada uma promissora alternativa de busca.
As redes neurais, assim como os algoritmos genéticos, procuram
melhorar o processo de recuperação através de interação com o ambiente em
que estão inseridas. Essa característica de adaptação coloca-os na categoria
de modelos dinâmicos, porque vão se adaptando com o passar do tempo.
Segundo Ferneda (2006, p.25),
Redes neurais constituem um campo da ciência da
computação ligado à inteligência artificial, buscando
implementar modelos matemáticos que se assemelhem às
estruturas neurais biológicas. Nesse sentido, apresentam
capacidade de adaptar os seus parâmetros como resultado da
interação com o meio externo, melhorando gradativamente o
seu desempenho na solução de um determinado problema.
38
O conceito principal de funcionamento do modelo de redes neurais
está em procurar simular o processamento de informações utilizadas pelo
cérebro. Elas são compostas por unidades que representam os neurônios do
cérebro e que fazem ligações com outros neurônios através das chamadas
conexões sinápticas.
Esse modelo pode ser representado por grafos ponderados, onde
cada vértice pode representar um neurônio e as conexões sinápticas podem
ser representadas pelas arestas, de forma que as ligações mais
representativas podem ser pontuadas através da utilização de grafos
ponderados.
As redes neurais artificiais se diferenciam pela sua arquitetura e
pela forma como os pesos associados às conexões são ajustados durante o
processo de aprendizado. A arquitetura de uma rede neural restringe o tipo
de problema no qual a rede poderá ser utilizada, e é definida pelo número de
camadas (camada única ou múltiplas camadas), pelo mero de nós em
cada camada, pelo tipo de conexão entre os nós (feedforward ou feedback) e
por sua topologia (HAYKIN, 2001).
Dentro do contexto de modelos dinâmicos de informação, as Redes
Neurais se caracterizam como uma metodologia interessante no processo de
recuperação da informação, principalmente no processo de recuperação da
informação na web, porque o sistema pode “aprender” com as características
dos usuários e utilizar este aprendizado para oferecer-lhes um conjunto de
informações que mais condizem com sua busca, baseado nos resultados que
foram mais interessantes do que nas vezes anteriores em que se utilizou o
sistema de busca.
2.5 Recuperação da Informação na Web.
Os modelos de recuperação vêm sendo apresentados há muito
tempo como alternativa à busca de informação em um conjunto de
39
documentos. Porém, dentro de uma nova dimensão como a Internet, fica
visível o esgotamento de alternativas com relação a esses modelos
conhecidos, visto que existe uma clara mudança do corpus de consulta. Com
a introdução da Internet no contexto do usuário, passa-se a ter um depósito
de informações muito mais amplo, que carrega consigo a ligação de
documentos e informações através de links, criando uma interligação entre
os documentos armazenados e disponíveis na rede.
Embora tenha sido projetada para possibilitar o fácil acesso, o
intercâmbio e a recuperação de informações, a Internet foi implementada de
forma descentralizada e quase anárquica; cresceu de maneira exponencial e
caótica, e se apresenta como um imenso repositório de documentos que não
atende devidamente quando se precisa recuperar aquilo de que se tem
necessidade (SOUZA E ALVARENGA, 2004).
Baeza-Yates e Ribeiro-Neto (1999, p.8) definem a Web como uma
imensa base de dados onipresente e desestruturada.
Diferente de outros suportes de armazenamento, a Internet
apresenta um diferencial, pois não implica espaço físico, como nas
bibliotecas e museus, para depósito do material a ser armazenado. A
constante falta de tratamento da informação antes que ela seja depositada,
gera um processo de depósito que proporcionará dificuldade de recuperação
posterior.
Dentro deste novo paradigma, o gerador de conteúdo, que é o
responsável por depositar informações na Internet, não tem a devida
preocupação em tornar seu documento mais relevante para as pesquisas,
quando no processo de armazenamento e descrição da informação. Portanto,
o que poderia facilitar o processo de recuperação da informação se torna um
dificultador, inibindo a agilidade e a confiabilidade nos sistemas de
recuperação da informação.
Outro fator que dificulta o processo de recuperação de informações
na Web é que grande parte das informações depositadas na rede está
localizada em ambientes fechados, que não permitem acesso aos sistemas de
40
busca ou estão armazenadas em estruturas que não são alcançadas pelos
sistemas de recuperação. Este último tipo de informação citada caracteriza-
se por ser denominada Internet Invisível.
Não obstante, é perceptível a necessidade do usuário de realizar
buscas cada vez mais precisas e, principalmente, estabelecer sistemas de
recuperação de informação que sejam rápidos e confiáveis. Dentro deste
contexto, houve uma clara aproximação das áreas de Ciência da Informação
e Ciência da Computação.
Nos últimos anos, muitas pesquisas têm sido direcionadas para a
recuperação da informação em ambiente Web, porém ainda é nítido que
grande parte dos usuários da Internet tem como forma mais usual de busca
e recuperação de informações as ferramentas disponibilizadas pelas
empresas Google
1
e Yahoo
2
. As empresas citadas têm melhorado e
contribuído com o desenvolvimento do processo de recuperação,
pesquisando e aplicando novos métodos e conceitos que tendem a facilitar,
agilizar e tornar eficaz o processo de recuperação da informação na Web.
Ainda assim, o funcionamento destas ferramentas baseia-se em
disparar robôs de busca, a fim de construir um arquivo invertido de
indexação e, posteriormente, completar a recuperação sintática, baseada na
comparação sintática entre termos, com outros métodos que, aplicados ao
resultado inicial nos índices, procuram classificar os resultados de forma
mais precisa ao usuário.
Um arquivo invertido é composto de uma lista previamente
classificada de palavras-chave, onde cada palavra-chave tem uma lista de
apontadores para os documentos que contêm aquela palavra-chave.
A utilização de índices apresenta-se ainda como a forma mais
viável de proceder consultas em dados, sem a necessidade de fazer uma
consulta diretamente na web no momento da solicitação do usuário, o que
seria irremediavelmente lento, ou ainda uma alternativa a ter os sites do
1
http://www.google.com.br
2
http://www.yahoo.com.br
41
mundo todo armazenado em um banco de dados muito grande, o que
tornaria o processo extremamente caro e inviável.
De acordo com Ferneda (2003, p. 96),
Em um acervo extremamente grande como é a Web é essencial
uma indexação antecipada de seus documentos (páginas). A
maioria dos mecanismos de busca da Web gera índices. Pelo
caráter dinâmico da Web esses índices devem permanecer em
constante processo de atualização.
Outras técnicas têm sido frequentemente aplicadas, buscando
proporcionar melhores resultados. O método de PageRank é uma destas
técnicas, e tem como princípio calcular a “importância” de um site de acordo
com a quantidade e “importância” dos sites que apontam para ele. O
PageRank, que algum tempo foi proposto pelo Google, é utilizado por
outras ferramentas de busca e recebeu extensões que agregam peso, assim
como no modelo vetorial de recuperação, para ponderar o conjunto de links
que direcionam para o site ou página Web em questão.
Outra técnica empregada para melhorar o processo de recuperação
é a utilização de perfis de usuários combinados com avaliação de utilização.
Alguns sites têm sugerido ao usuário que se cadastre, oferecendo em
contrapartida serviços extras, e dessa forma tornando possível a criação de
um dossiê da utilização das ferramentas que estão disponíveis, além do tipo
de informação que aquele usuário está acostumado a utilizar. De posse
dessas informações, é possível aplicar um filtro e relacionar com as
informações acessadas, para assim criar uma lista de resultado, baseada e
classificada de acordo com o tipo de informação que o usuário está
acostumado a usar ou a procurar.
Aliado ao processo de utilização de perfil de usuário, pode-se
recorrer à associação da busca recente com termos e resultados que
tenham sido recuperados pelo mesmo usuário ou ainda outro usuário que
tenha características iguais ou semelhantes. Neste caso, vai se formando
uma inteligência de pesquisa baseada nas recuperações de informações
42
anteriores. Essa técnica poderá ser aplicada quando for possível
armazenar e avaliar o perfil do usuário.
Para o método descrito, de análise das buscas anteriores, é
possível dizer que toda vez que se faz uma busca e se obtém um resultado,
se o usuário clica em um dos links de resposta e em segundos retorna
novamente para a página de resposta da busca, pode-se afirmar que o
resultado apresentado não é pertinente para aquela expressão de busca. Se,
por outro lado, o clique direcionar a um site e, consequentemente, o usuário
demorar a voltar ao site com os links de resposta, a ferramenta de busca
deverá considerar esse site como importante para aquela pesquisa e utilizar
em outras pesquisas que empreguem o mesmo termo.
Outra novidade em relação à recuperação da informação para
Internet está na mistura de formatos de dados disponíveis na rede. Se
pouco tempo a Internet era carregada de arquivos em formato texto, essa
tendência tem mudado fortemente nos últimos anos, passando a ter um
conteúdo muito mais heterogêneo. Atualmente, impulsionados por
aplicações como YouTube
3
e Flickr
4
, há um volume maior de conteúdo
disponível na Internet em formato de vídeo, áudio e imagens, além das
habituais páginas em formato textual.
Essa nova característica no formato do material armazenado
também representa uma dificuldade a mais no processo de recuperação e
impacta diretamente nos modelos de recuperação da informação, visto que
eles privilegiam principalmente a comparação sintática textual.
Notadamente, ainda no contexto da Internet, percebe-se um claro
aumento de ambientes que têm se caracterizado por procurar organizar de
forma mais clara e significativa as informações depositadas. As bibliotecas e
os repositórios digitais são exemplos desses ambientes. Essas ferramentas
tecnológicas têm sido utilizadas muito mais frequentemente com o passar
dos anos.
3
http://www.youtube.com
4
http://www.flickr.com
43
Alguns ambientes, como repositórios digitais, têm uma estrutura
bem definida para armazenamento de informações na Web, o que tende a
facilitar o processo de recuperação.
O indicativo de que a recuperação da informação em bases textuais
torna-se mais fácil e precisa em ambientes estruturados deve estar aliado ao
cuidado dedicado ao processo de armazenamento, quando o documento a
ser inserido na base deve ser muito bem catalogado e o conjunto de
informações que caracterizam o documento deve estar muito claro para o
sujeito que estará realizando o processo de postagem do material.
2.6 Grafos
No desenvolvimento desta pesquisa, foi avaliado o uso de grafos
para auxiliar no processo de estruturação e recuperação da informação.
Grafo é um modelo matemático muito usado nas mais variadas
formas de resolução de problemas, sendo apresentado na forma de um
diagrama composto por pontos/círculos e linhas que unem esses círculos.
Aos pontos é dado o nome de vértice e as linhas são conhecidas como edges
ou arestas.
Goodrich e Tamassia (2002, p. 490) assim descrevem os grafos:
Visto de forma abstrata, um grafo G é simplesmente um
conjunto V de vértices e uma coleção E de pares de rtices de
V, chamados de arestas. Assim, um grafo é uma forma de
representar conexões ou relações entre pares de objetos de
algum conjunto V. Alguns livros usam uma terminologia
diferente para grafos e referem-se ao que chamamos de
vértices como nodos e o que chamamos de arestas como arcos.
A teoria dos grafos é aplicada de forma sistemática desde que foi
inventada no século XVII. Os primeiros trabalhos em teoria dos grafos
surgiram no século XVIII. Vários autores publicaram artigos neste período,
com destaque para o problema descrito por Euler, conhecido como As Pontes
de Konigsberg (FEOFILOFF, KOHAYAKAWA e WAKABAYASHI, 2009).
44
Quando uma aresta liga dois vértices, os vértices são considerados
adjacentes.
Figura 2 - Grafo simples e desconexo
Fonte: Próprio autor
A figura 2 apresenta um grafo simples. Quando um grafo possui
mais de uma aresta interligando os mesmos dois vértices diz-se que este
grafo possui arestas múltiplas (ou arestas paralelas), recebendo o nome de
multigrafo ou grafo múltiplo. Um “grafo simples” não possui arestas
múltiplas nem laços.
Matematicamente um grafo pode ser representado por G = (V,E),
indicando que um grafo consiste de um conjunto de vértices (vertices) V,
ligados por um conjunto de arestas (edges) ou arcos E. A figura 2 pode ser
apresentada da seguinte forma:
V(G) = {v1,v2,v3,v4,v5,v6,v7}
E(G) = {(v1, v2); (v1,v5); (v2,v5); (v3,v4); (v5,v7)},
Onde:
V(G), representa os vértices do grafo, apresentados dentro de
um conjunto.
E(G), representa as arestas, apresentadas através de pares
ordenados entre os vértices, indicando que ligação entre os
vértices.
45
Os grafos podem ser conexos ou desconexos. Para que um grafo
seja considerado conexo, todos os vértices devem ter ligação, mesmo que
através de outro rtice, ou seja, é possível iniciar um caminho em um
determinado vértice e chegar a qualquer outro. Qualquer grafo que tenha
vértices, ou conjunto de vértices, em que não seja possível iniciar um
caminho por eles e chegar a qualquer outro, é considerado desconexo.
Os grafos podem ser orientados ou não orientados. Grafos
orientados são aqueles cujas arestas se apresentam com setas nas pontas,
indicando a direção da aresta. Na figura 2 há um grafo não orientado,
porque as arestas não têm direção, ou seja, não possuem setas. Na
representação matemática das arestas de um grafo direcionado, os pares
ordenados (i,j) e (j,i), onde i e j são vértices do grafo, são considerados
diferentes.
Dependendo da necessidade do projeto ou do problema, os grafos
também podem ser utilizados com pesos nas arestas, neste caso é atribuido
o nome de grafo ponderado. No caso de grafos ponderados, os pesos são
atribuídos às arestas, indicando uma maior ou menor densidade em relação
à ligação entre os vértices ligados.
Esta tese propõe o uso de grafos, de forma que através deles será
construída uma rede de elementos que será modificada a cada novo depósito
de um documento no repositório digital e que auxiliará o usuário a realizar a
recuperação da informação no modelo proposto.
Mesmo com as informações armazenadas em um banco de dados,
para que se possa aplicar algoritmos de busca e recuperação da informação
em grafos é necessário utilizar modelos computacionais como listas e
matrizes de adjacências.
2.6.1 Lista de Adjacências e Matriz de Adjacências.
46
Para representar um grafo são necessários dois conjuntos: um
para armazenar os vértices e o outro para armazenar as arestas. Estes dois
conjuntos que formam um grafo podem ser representados por duas
estruturas computacionais: lista de adjacências e matriz de adjacências.
Dois vértices são adjacentes quando existe uma aresta entre eles,
portanto para vértices i e j, podemos dizer que temos um par ordenado e(i,j),
que representa a adjacência.
A lista de adjacências é a forma de representação mais compacta
para os grafos e sua construção se dá de forma que um grafo G usa um vetor
com N listas ligadas, sendo que cada posição do vetor corresponde a um
vértice do grafo, G(V,E), ficando as arestas representadas por listas ligadas.
Goodrich e Tamassia (2002, p. 502) confirmam o desempenho do
uso de lista de adjacência:
A lista de adjacência provê acesso direto tanto das arestas pra
os vértices quanto dos vértices para suas arestas incidentes.
Ser capaz de prover acesso entre vértices e arestas em ambas
as direções permite-nos acelerar o desempenho de uma série
de métodos para grafos se usarmos lista de adjacência.
A figura 3, no seu primeiro desenho, apresenta um grafo, e no
segundo desenho, a representação em forma de lista de adjacências do grafo.
Verifica-se que um vetor como base na vertical, indicando que cada
posição do vetor serve para representar um vértice do grafo. A partir de cada
posição do vetor inicia-se uma lista ligada que serve para indicar quais são
as adjacências do vértice em questão.
A representação matemática da figura 3 dá-se da seguinte forma:
V(G) = {a,b,c,d,e }
E(G) = {(a,b); (a,e); (b,c); (b,d); (b,e); (c,d); (d,e)},
47
Figura 3 - Lista de adjacências para grafo simples.
Fonte: Próprio autor
No caso de grafos ponderados, poder-se-ia criar a lista ligada com
dois campos, sendo que o segundo campo poderia carregar o peso/valor da
aresta.
A matriz de adjacências é outra estrutura utilizada para armazenar
informações de grafos. Para construir a matriz de adjacências para um grafo
G=(V,E), assume-se que os vértices são identificados da seguinte forma: a, b,
c, …, Y, sendo Y o número total de vértices. Constrói-se uma matriz de
adjacência com dimensão Y x Y e elementos e
ij
, cujo valor pode ser 1 se (i,j)
pertence a E e 0 se (i,j) não pertence a E, conforme pode ser observado na
figura 4.
48
Figura 4 – Matriz de adjacências para grafo simples.
Fonte: Próprio autor
A indicação com o valor 1 para a representação de que existe uma
aresta entre dois vértices pode ser alterada para um outro valor,
representando o peso de uma aresta, no caso de grafos ponderados.
No caso de grafos orientados, é preciso observar o sentido do
caminho entre os nós e adotar um padrão para o sinal dos pesos.
Nos grafos simples uma simetria entre os elementos da matriz,
portanto, com o objetivo de economizar memória, pode-se optar por
armazenar apenas a matriz triangular inferior ou superior.
Através das estruturas apresentadas, é possível caminhar pelos
grafos através de seus vértices e arestas, percorrendo caminhos em busca de
informações.
Através de algoritmos, é possível determinar o procedimento para
traçar um caminho dento de um grafo. Neste trabalho dar-se-á ênfase ao uso
da busca em profundidade e da busca em largura como forma de explorar.
2.6.2 Busca em profundidade e busca em largura.
49
Os métodos de busca em largura e profundidade em grafos são
formas sistemáticas para realizar a exploração dos vértices de um grafo, com
o objetivo de se obter informações sobre a estrutura, ou seja, a busca é um
método baseado em um algoritmo para caminhar pelos vértices e arestas de
um grafo.
Um dos métodos utilizados é a busca em largura. A ideia principal
de uma busca em largura consiste em processar todos os vértices de um
determinado nível antes de ir para o próximo nível. Todos os nós localizados
a uma distância d de um n, escolhido de forma aleatória, são percorridos
antes dos nós localizados a uma distância d+1 de n;
Goodrich e Tamassia apresentam aqui um algoritmo de busca em
largura, com o uso de filas, que são estruturas de dados computacionais
onde a primeira informação que entra na fila deve ser a primeira a ser
retirada, como se fosse uma fila de banco.
Inicializa a lista L0 para conter o vértice s
i <- 0
enquanto L0 nao estiver vazia faça
crie a lista Li+1, inicializando-a vazia
para cada vértice v em L faça
para cada aresta e incidente a v faça
se aresta e for inexplorada entao
seja w o outro ponto final de e
se o vértice w é inexplorado entao
rotule e como uma aresta de descoberta
insira w em Li+1
senao
rotule e como uma aresta de cruzamento
i <- i+1
E
XEMPLO
1
A
LGORITMO DE
B
USCA EM
L
ARGURA
Conforme pode ser observado no algoritmo, a ideia da busca em
largura é alcançar todos os vértices de um determinado nível para depois
passar para o próximo nível em busca de novos vértices, daí o nome de
busca em largura.
50
O outro método utilizado para passeio nos grafos é a busca em
profundidade, que consiste em sempre procurar “de forma vertical” novos
vértices, até que seja possível atingir o ultimo nível.
Dessa forma, o procedimento para um n, escolhido de forma
aleatória, visita-se um de seus nós adjacentes. E para cada um desses nós
que for visitado, visita-se um dos nós adjacentes, e assim por diante, até o
momento que for encontrado um nó sem adjacentes.
Então, ocorre um
“retorno” (backtracking) com o objetivo de visitar os nós restantes adjacentes
a n, e o processo repete-se novamente.
Para o armazenamento de dados, a busca em profundidade utiliza
uma estrutura computacional chamada pilha, onde a primeira informação
armazenada será a ultima a ser retirada. Como exemplo de pilha, cita-se a
própria pilha de pratos, sendo que o primeiro a ser colocado na pilha será o
ultimo a ser retirado.
Visita-se um nó, selecionado de forma aleatória.
Em seguida, o nó é marcado e empilhado em uma pilha s;
Enquanto a pilha s não estiver vazia:
O nó n é desempilhado da pilha s;
Para cada nó m (não marcado) que for adjacente a n:
O nó m é visitado;
O nó n colocado na pilha s;
O nó m é colocado na pilha s;
O nó m é marcado;
Executa-se n m
E
XEMPLO
2
A
LGORITMO DE
B
USCA EM
P
ROFUNDIDADE
Tanto a busca em largura quanto a busca em profundidade podem
ser utilizadas na recuperação da informação, dependendo do processo
desejado para percorrer os vértices de um grafo.
O novo perfil de usuário, os novos paradigmas de comunicação, a
explosão informacional e as novas tecnologias da comunicação representam
uma grande mudança em relação ao início dos anos 60, quando apareceram
os primeiros catálogos online e quando ainda o poder de processamento das
51
máquinas era um tanto quanto limitado, mas cada um em sua época
marcou de forma representativa a importância da tecnologia no processo de
recuperação da informação. Recentemente, as pesquisas em Recuperação da
Informação têm sido exploradas de forma mais significativa, em virtude da
velocidade imposta pelo rápido desenvolvimento da Internet e a facilidade de
acesso à rede, de um grande numero de usuários.
A forma diferente com que são tratados os ambientes Web em
relação aos antigos ambientes que utilizavam os sistemas tradicionais de
recuperação da informação traz ainda um novo contexto, que é a
heterogeneidade no tipo de informação, além da globalização, que permite,
cada vez mais, uma rede intrínseca de informações nos mais variados
idiomas, e em alguns casos com o grande aproveitamento de palavras de um
idioma por idiomas diferentes, criando um sério problema para os sistemas
de recuperação que se baseiam em comparações sintáticas entre termos.
Mesmo em ambientes estruturados, como bibliotecas digitais e
repositórios que tem um perfil organizacional muito mais adequado à
recuperação da informação, a recuperação da informação ainda não satisfaz
à necessidade do usuário, principalmente porque falta a esse processo uma
técnica que permita fazer relações entre informações de forma semântica.
Neste capítulo, quando foram apresentados os modelos clássicos e
dinâmicos de recuperação da informação, posteriormente sobre a
disponibilização de informações na Internet e ainda uma pequena
introdução à teoria dos grafos, ficou evidente a necessidade de estudos sobre
comparações semânticas entre termos.
A globalização leva também a alguns novos problemas que não
eram tão abordados, como polissemia e sinonímia.
No próximo capítulo serão apresentados os conceitos Web 2.0 e
Web 3.0, criando uma nova estrutura de informação na Web. A abordagem
sobre Web 3.0 ou Web Semântica apresenta o uso de ontologias como um
dos caminhos para a formalização de uma estrutura que permita
52
comparação semântica e, principalmente, a organização e relação entre
termos que sintaticamente não apresentariam nenhuma relação.
Esse novo conceito muda a forma de armazenar e descrever
informações e altera a estrutura de recuperação da informação, afirmando a
necessidade de constante revitalização dos sistemas de recuperação da
informação.
53
3
F
UNCIONALIDADES E
R
ECURSOS
T
ECNOLÓGICOS PARA
W
ORLD
W
IDE
W
EB
Dentro do contexto evolutivo da Web, este capítulo tem como
característica a apresentação das funcionalidades e conceitos relativos às
tecnologias nomeadas Web 2.0 e Web 3.0, perfazendo uma apresentação dos
componentes básicos e necessários que constituem esse novo modelo de
Web.
No âmbito da Web 2.0 serão apresentadas as funcionalidades mais
utilizadas, com destaque para a Folksonomia, que será abordada também
em capítulos posteriores e na fase de implementação do modelo proposto
nesta pesquisa.
No âmbito da Web 3.0 serão abordados os requisitos definidos por
Tim Berners-Lee, pai da Web Semântica, para a construção desta. Em
seguida, serão apresentados os Microformatos, como exemplo de aplicação
de Web 3.0, mas que também podem ser considerados como aplicação de
Web 2.0.
A evolução da Internet tem sido marcada nas últimas duas
décadas por mudanças constantes de paradigma. Desde a criação do Mosaic
primeiro browser para navegação na Internet, desenvolvido por um grupo
liderado por Marc Andreessen ─ até os dias de hoje, são constantes as
mudanças e inovações.
Em princípio, foram as imagens e links que impulsionaram o
mundo, construindo web sites que pudessem apresentar instituições,
empresas e negócios, tornando a Web um dos recursos mais importantes
para a divulgação de informações. Em seguida, vieram a evolução dos
browsers e as novas linguagens para adicionar recursos à linguagem HTML,
contribuindo, de certa forma, para o desenvolvimento da Web.
Com o passar do tempo, novas soluções surgiram, inclusive com o
aparecimento da bolha “pontocom” da Internet, fenômeno observado entre
1995 e 2001, onde instituições, empresas e grupos dos mais variados ramos
de atividade passaram a transformar o mundo virtual, canalizando
54
investimentos para sites, produtos e serviços na rede, dando início ao
processo de e-commerce, com promessas de um caminho sem volta, cheio de
possibilidades, que vem cada dia mais se consolidando.
A bolha “pontocom” levou as chamadas empresas de tecnologia a
terem seus valores de mercado muito acima do que realmente valiam e
podiam oferecer, inclusive com a criação de uma bolsa de valores específica
para as empresas de tecnologia, a Nasdaq. O que parecia ser um caminho
perfeito para algumas empresas teve fim com o estouro da bolha “pontocom”,
que culminou com a quebra de grande parte das empresas de tecnologia e a
solidificação de empresas que tinham uma boa estrutura de
funcionamento.
O passar dos anos, os investimentos, as novas tecnologias e a
massificação do uso da Internet como principal fonte de recursos de
informação e de comunicação criaram a necessidade de mudanças, que
vieram através dos novos conceitos apresentados através das
funcionalidades da Web 2.0 e da Web Semântica, posteriormente chamada
também de Web 3.0, que tem como princípios aproximar e facilitar o uso da
Web pelos usuários.
3.1 Web 2.0: conceitos e funcionalidades
O termo Web 2.0 surgiu durante uma conferência
5
promovida
pelas empresas de mídia Media-Live e O’Reilly Media, realizada em São
Francisco, em outubro de 2004. Nesta conferência discutiu-se a ideia de que
a Web deveria ser mais dinâmica e interativa, de modo que os internautas
pudessem colaborar com seus conteúdos. Assim, começava a nascer a
segunda geração de serviços online e o conceito da Web 2.0, onde surge um
55
nível de interação em que as pessoas podem colaborar para a qualidade do
conteúdo disponível, produzindo, classificando e reformulando o que está
disponível.
Neste evento, em palestra de abertura, John Battle e O’Reilly
fizeram uma lista preliminar de princípios em que o primeiro era “A Web
como plataforma”. Desde então, a idéia de Web 2.0 passou a ser discutida
como sendo mais dinâmica e interativa, onde o foco não estava na
tecnologia, mas na nova forma em que o usuário utiliza a Internet de modo
colaborativo, com a criação de conteúdos.
Neste novo modelo, o usuário passa a ser o centro das atenções, ou
seja, muda-se o paradigma e inicia-se uma nova concepção, que passa agora
a ser descentralizada, de forma que o usuário se torna um participante ativo
sobre a criação e seleção do conteúdo postado em um determinado site,
através de plataformas abertas. Então, ao invés de apenas visualizar
informações em páginas Web, os usuários podem publicar conteúdos em
seus próprios blogs, em wikis e sites que compartilham fotos e vídeos. Os
usuários passam a estabelecer colaboração ativa na rede, inserindo e
combinando dados, conteúdos e serviços de várias fontes, para criar
experiências e aplicativos personalizados.
O cerne da Web 2.0 está na intensa participação do usuário e na
sua interatividade com os serviços on-line, muito mais voltada para a
coletividade do que propriamente para o tecnológico, transformando a
Internet em um espaço democrático de expressão e de acesso a todos,
permitindo a construção da informação de maneira coletiva.
Dessa forma, o que efetivamente caracteriza a Web 2.0 é a
participação ativa de usuários para: publicação, compartilhamento,
organização e interação na construção da informação.
De acordo com Primo (2006, p.2):
A Web 2.0 tem repercussões sociais importantes, que
potencializam processos de trabalho coletivo, de troca afetiva,
5
http://web2con.com
56
de produção e circulação de informações, de construção social
de conhecimento apoiada pela informática. São essas formas
interativas, mais do que os conteúdos produzidos ou as
especificações tecnológicas em jogo[...]
Neste novo contexto, tudo o que for realizado pelos usuários fica
disponível na Web e pode ser acessado a qualquer momento por outros
usuários ao redor do mundo, sem a necessidade de gravar em um
determinado computador os registros de uma produção ou alteração na
estrutura de um texto. As alterações são realizadas automaticamente na
própria web.
De acordo com O’Reilly (2005, p.1),
não como delimitar fronteiras para a Web 2.0, pois trata-se
de princípios e práticas para que diversos sites sigam. Um dos
princípios fundamentais é a web como plataforma, ou seja, o
usuário poder realizar atividades online que antes eram
possíveis com programas rodando em seu computador. O
autor enfatiza que além da melhora na usabilidade e
participação, o sistema também é incorporado por
interconexão e compartilhamento.
Vários são os exemplos de utilização dos conceitos de Web 2.0.
Rapidamente, podem-se citar ferramentas de conhecimento geral que
iniciaram o processo de apresentação destes conceitos e outras que
posteriormente aderiram à fórmula.
Os serviços da Google, como Orkut
6
, Gmail
7
, Blogger
8
, utilizam
tecnologias, como Ajax, Javascript, XML, além de outros, como Del.icio.us
9
,
um gerenciador de bookmark, o Flickr, que, além de permitirem a
hospedagem de fotos, também possibilitam organizá-las através de
associações livres, registrando as fotos conforme o título que o depositante
interprete como sendo o mais adequado.
A Web 2.0 apresenta, como se pode verificar, um conjunto novo de
conceitos e características, dentre as quais se destacam:
6
http://www.orkut.com
7
http://www.gmail.com
8
http://www.blogger.com
9
http://www.delicious.com
57
Web, como plataforma para processar, produzir ou consumir
informação;
Canalização da inteligência coletiva e colaborativa, permitindo a
qualquer usuário produzir e consumir informação de forma
simples e direta;
Modelos leves de programação, que podem ser facilmente
manipulados e evitam contínuo ciclo de lançamento de
software;
Software independente do dispositivo.
Alguns itens, que serão apresentados a seguir, destacam-se como
elementos que evidenciaram a consolidação da Web 2.0 como plataforma de
interação.
3.1.1 Interfaces Ricas
Um dos grandes diferenciais da Web 2.0 é a maneira colaborativa
em que o usuário se posiciona em relação à Internet, porém todo esse
trabalho envolvendo a criação de uma nova cultura foi possível por uma
mudança de estrutura em relação ao desenvolvimento tecnológico por que
passaram os sistemas disponíveis na Web.
A tarefa de desenvolvimento tecnológico da plataforma ficou a
cargo de especialista em desenvolvimento de sistemas para Web, que iniciou
um processo de atualização das aplicações para Web, de forma que tivessem
aparência e funcionalidades muito parecidas com os sistemas denominados
desktop. A principal modificação aparente para o usuário foi decretada a
partir do momento em que as interfaces passaram a processar as
informações solicitadas pelo usuário, sem a necessidade de atualização da
página a qual o usuário estava conectado.
58
Essa novas interfaces, denominadas ricas, que passaram a ocupar
grande parte dos sites, caracterizam-se pelo uso de um conjunto de
tecnologias denominado Ajax, acrônimo de Asynchronous JavaScript and
XML. Ajax não é uma nova tecnologia, mas sim uma técnica que reúne um
conjunto de tecnologias, de forma que possa fornecer funcionalidades de
desktop aos sistemas Web.
A tecnologia Ajax é, tecnicamente, a grande responsável pela forma
dinâmica e rica que os aplicativos Web têm se apresentado e, portanto, tem
sido fundamental para incentivar que, cada vez mais, novos usuários se
aproximem da proposta da Web colaborativa.
Segundo Kalback (2007, p.345),
Tecnicamente, uma aplicação web é um recurso em um site
que realiza uma função. Uma pesquisa (busca) do site é uma
aplicação web. Assim também, é um carrinho de compras ou o
processo de pagamento em um site de comércio eletrônico.
Mas estes são exemplos simples. Aplicações ricas são referidas
como application rich (RIAs), no entanto, são uma classe de
aplicações web mais sofisticadas que se comportam do mesmo
modo que programas de software para desktop. Comparadas
às páginas web tradicionais, elas são ricas em interação, ricas
em conteúdo e ricas em funcionalidades. (tradução nossa)
Assim, evidencia-se que as interfaces ricas são a forma em que as
informações são apresentadas tecnicamente, ou seja, o comportamento da
interface em relação à interação do usuário com a mesma.
3.1.2 Inteligência Coletiva
O elemento mais característico da Web 2.0, e que pode ser aplicado
em todos os outros conceitos, recursos e técnicas apresentadas por esse
novo paradigma, é certamente a inteligência coletiva.
A inteligência coletiva abrange o conceito de comunidades, redes
sociais, colaboração e discussão. A comunicação exercida pelas pessoas faz
com que seja construída uma estrutura de aprendizado e de criatividade.
59
O termo inteligência coletiva põe diante de quem o observa a união
de duas significativas palavras: inteligência e coletiva. A palavra inteligência,
ao ser ouvida pode, sem muito esforço, levar o indivíduo a pensar a respeito
de tudo o que se encontra armazenado em sua cabeça desde o dia de seu
nascimento até àquele exato momento; conseqüentemente, também o leva a
se questionar se é ou não inteligente (LEVY, 1999).
No pensamento de Pierre Lévy (1999, p. 28), se com clareza que
inteligência coletiva “é uma inteligência distribuída por toda parte,
incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta uma
mobilização efetiva das competências”.
A construção de informação através das redes sociais, dos wikis e
dos blogs estabelece uma rede participativa e interativa de comunicação,
unindo, em algumas situações, pessoas com as mesmas características,
dado o tipo de assunto abordado, e, em outras situações, pessoas de
características totalmente diferentes.
O uso e a participação de pessoas com idades, sexo, formação e
outras características diferentes consolidam e contribuem para o melhor
desenvolvimento da plataforma em uso. Basta observar que alguns serviços,
como Orkut, Flickr, Delicious, YouTube, entre outros, têm apresentado
sensíveis mudanças no decorrer dos anos, fruto do processo colaborativo
nas sugestões de desenvolvimento da plataforma.
Neste novo cenário, os usuários passam a ter participação ativa,
porque produzem, criticam, alteram e sugerem novos conteúdos, deixando
de ser simples telespectadores e passando a ser, além de consumidores,
fornecedores de informação.
3.1.3 Wikis e Blogs
O termo Wiki, cunhado por Ward Cunninghan, autor do primeiro
wiki, em 1995, foi inspirado na palavra wiki-wiki (super-rápido) da língua
60
havaiana. O objetivo inicial de Cunnighan era desenvolver um site que desse
aos usuários cadastrados o acesso a conteúdos, permitindo alterar,
gerenciar, criar novos conteúdos e disseminar as informações ali publicadas.
O modelo de Cunnighan tornou-se um padrão de desenvolvimento
de conteúdo colaborativo, principalmente após o surgimento da Wikipédia,
enciclopédia colaborativa multilíngüe (SCHONS, SILVA e MOLOSSI, 2007).
O que distingue o sistema Wiki de outras páginas da Internet é que
o conteúdo pode ser editado e atualizado pelos usuários constantemente,
sem necessidade de autorização do autor da versão anterior. Este sistema
permite corrigir erros e inserir novas informações, ou seja, ninguém é autor
proprietário de nenhum texto e o seu conteúdo é atualizado porque pode ser
reformulado. Assim, wikis são sites que, além visualizados, pesquisados e
terem conteúdos adicionados, podem ser editados diretamente por qualquer
pessoa (RUPLEY, 2003).
Segundo a própria Wikipédia (2009),
Wikipédia é uma enciclopédia multilíngue online livre
colaborativa, ou seja, escrita internacionalmente por várias
pessoas comuns de diversas regiões do mundo, todas elas
voluntárias. Por ser livre, entende-se que qualquer artigo
dessa obra pode ser transcrito, modificado e ampliado, desde
que preservados os direitos de cópia e modificações, visto que
o conteúdo da Wikipédia está sob a licença GNU/FDL (ou
GFDL) e a Creative Commons Attribution-ShareAlike. Foi
criada em 15 de Janeiro de 2001.
O rápido desenvolvimento e sucesso da Wikipédia
10
impulsionou o
uso da ferramenta Wiki, de forma geral. Atualmente, é comum verificar que
instituições de vários segmentos mantêm uma ferramenta Wiki
internamente, para que seus funcionários e colaboradores possam construir
conhecimento de forma coletiva.
Os blogs também se caracterizam como ambientes de sucesso,
principalmente por passarem a oferecer um canal de comunicação direto
10
http://pt.wikipedia.org
61
entre pessoas, sejam elas ligadas a empresas, governos, ou simplesmente
poetas da informação pessoal ou cultural.
Os serviços de blog variam bastante, mas têm sempre a mesma
característica, a de ser um ambiente aberto, que permite ao usuário postar
informações sempre que desejar. Dependendo do contexto e da maneira que
as informações são abordadas, estas ferramentas transformam pessoas
comuns em celebridades.
É possível encontrar algumas outras variantes oriundas dos blogs,
como os fotologs, que têm como característica principal a postagem de fotos,
ou seja, o usuário deixa de oferecer seu álbum de fotografias para quem
visita a sua casa e passa a disponibilizá-lo abertamente ao mundo.
Atualmente, uma das variações de serviço de blog que mais vêm
despertando atenção dos internautas é o serviço de microblog Twitter,
responsável por permitir pequenas postagens de no máximo 140 caracteres,
onde os usuários podem “seguir” a postagens dos usuários que desejarem.
Os 140 caracteres que delimitam as mensagens postadas no microblog
Twitter foram definidos no tamanho da mensagem SMS de celulares.
Figura 5 – Twitter do Governador do Estado de São Paulo – José Serra
Fonte: http://twitter.com/joseserra_
Hoje, o Twitter é responsável por publicar informações mais
rapidamente que outros meios de comunicação, como TV e mesmo os portais
62
de informações na Internet, e tem se destacado por apresentar os mais
variados tipos de assunto e usuários. Exemplos como: a padaria do
Supermercado Farinha Pura, do Rio de Janeiro, que avisa seus clientes
através da mensagem “Saindo pãozinho agora”, e que virou rotina para os
moradores da região; e de pessoas populares, como o governador José Serra,
que mantêm contato com a comunidade, dando informações sobre medidas
do governo e também sobre gostos e rotinas pessoais (figura 5), são apenas
alguns exemplos de como a Web 2.0 tem passado a fazer parte da vida das
pessoas, de uma forma geral.
3.1.4 Mashup
Utilizar o conceito de mashup em uma aplicação está diretamente
relacionado a utilizar conteúdo de mais de uma fonte para criar novos
serviços.
O mashup sistematiza uma interação de modo que as aplicações
são quebradas em componentes de serviços, que, por sua vez, podem ser
combinados e misturados com outros serviços, de acordo com as
necessidades do negócio. Ambos permitem a reutilização de informações e de
serviços disponíveis para a criação de novas aplicações sob medida para o
usuário. Este conceito envolve a disponibilização dos serviços através de
APIs, pois elas fornecem acesso dinâmico a dados disponibilizados por vários
sites ao mesmo tempo.
Os principais itens que caracterizam a utilização de mashups são:
Uso de linguagem e plataformas padronizadas como HTML,
XHTML e Javascript;
Consumo de WebServices;
Combinação de diferentes fontes, produzindo um conjunto de
informações.
63
A sistematização do uso de mashups está diretamente ligada à
possibilidade de agregar vários serviços em apenas um local na Web, como,
por exemplo, utilizar dentro de um site a ferramenta Google Maps da Google,
ou então o serviço de envio de mensagens das operadoras de telefonia móvel.
A utilização de mashup fortalece a agregação de valor a um
ambiente informacional, de forma que facilita e contribui com o
desenvolvimento de um ambiente com a utilização de ferramentas que estão
disponíveis para uso aberto.
3.1.5 RSS (Really Simple Syndication)
O serviço de RSS, um dos principais serviços, entre os itens que
compõem as funcionalidades da Web 2.0, é constituído por um conjunto de
regras em XML, que permitem que os usuários publiquem informações ou as
consumam diretamente de um site, sem precisar acessá-lo.
O formato RSS especifica o conteúdo XML de um noticiário. Alguns
sites oferecem o serviço com o nome de “RSS Feed” ou ainda “Web Feed”.
A agregação de RSS funciona como um serviço de recebimento de
mensagens através de um software, coletando apenas o cabeçalho das
notícias e informações das mais variadas fontes. Atualmente, alguns sites
oferecem agregadores de forma online, na própria Web.
64
Figura 6 - Canais RSS – Terra
Fonte: http://www.terra.com.br/rss/
Conforme se observa na figura 6, os principais portais de
informações oferecem canais de RSS para que o usuário possa desfrutar do
serviço de forma individualizada, ou seja, pode escolher o tipo de informação
que deseja receber. Apesar de ter iniciado com os grandes portais de
informações, hoje em dia, o serviço de RSS passou a ser amplamente
utilizado e é possível receber informações das mais variadas fontes através
dos “feeds”, além da forma mais tradicional que são as notícias, como
programação de canais de TV, novas postagens em blogs e lançamento de
novidades em sites de e-commerce.
Segundo Almeida (2007, p.2),
[...] trata-se de uma tecnologia emergente, popularizada pelo
conjunto de formatos padronizados, por meio do qual é
possível oferecer aos usuários notificações automáticas sobre a
atualização de conteúdos disponibilizados sob a plataforma
Web.
Atualmente, a tecnologia é tão popular que alguns usuários
consideram estranho acessar portais e sites que não disponibilizem o
recurso.
65
3.1.6 Folksonomia
Folksonomia é a tradução do termo criado por Thomas Vander
Wal, a partir da junção das palavras folk (povo) com taxonomy (Taxonomia).
Wal (2006, p.1) define Folksonomia como “resultado de atribuição livre e
pessoal de tags (etiquetas) a informações ou objetos (recursos na web),
visando a sua recuperação”.
Entre os recursos apresentados até então como funcionalidades da
Web 2.0, a Folksonomia é um dos que mais caracterizam essa condição, de
construção coletiva de inteligência informacional.
No capítulo 6 será abordado, de forma mais aplicada, o uso de
Folksonomia, justamente porque é considerada elemento fundamental no
desenvolvimento desta pesquisa, funcionando como recurso primordial na
construção do modelo Representação Iterativa. Portanto, este tópico tem a
característica apenas de definir o conceito e a aplicação da Folksonomia
como funcionalidade da Web 2.0.
O conceito de Folksonomia também remete a estudos sobre
taxonomia, e consequentemente a vocabulários controlados, que são
instrumentos importantes na construção do conhecimento. Esses conceitos
serão apresentados no próximo capítulo.
Golder e Huberman (2006, p.199) registram:
A principal diferença técnica de uma folksonomia para uma
taxonomia é que a primeira não estabelece uma relação
hierárquica entre as classes (no caso, as tags), nem exige
exclusividade entre as classes (um elemento pode pertencer a
mais de uma classe).
O propósito principal da Folksonomia é permitir que usuários
comuns criem labels/tags que possam descrever ou apontar para o conteúdo
que estão inserindo na Internet, de modo que os recursos possam ser
recuperados posteriormente pelo próprio usuário ou ainda por outros
usuários que procurem informações no ambiente digital em que as
66
informações foram inseridas. Alguns serviços e sites, como YouTube,
Delicious, Wordpress e Flickr, oferecem esse recurso.
Segundo Silva e Silva (2009, p. 202),
O três pivôs da folksonomia são: o usuário (tagger), o objeto e
a tag. Uma folksonomia tem seu alicerce centrado na tag, que
é o elemento de classificação para o objeto, dessa forma, uma
atenção especial deve ser direcionada ao uso de termos (tags)
em uma categorização.
Várias são as definições apresentadas para descrever o conceito
principal de Folksonomia. Entende-se que ela se caracteriza como uma
forma de inserir e relacionar recursos através da descrição dos mesmos
pelas palavras-chave, de forma aberta, que tem como principal objetivo
facilitar o processo de gerenciamento e recuperação das informações em
ambientes digitais.
Guy e Tonkin (2006, p.1) afirmam que,
as etiquetas são apenas um tipo de metadados e não são um
substituto para os sistemas de classificação formal como
Dublin Core, MODS, etc... Ao contrário, elas são um meio
suplementar para organizar as informações e ordenar os
resultados de pesquisa (tradução nossa).
As tags podem ser definidas ainda como palavras-chave, categorias
ou metadados, e podem podem ser classificados como qualquer palavra que
define uma relação entre o recurso on-line e um conceito na mente do
usuário (GUY e TONKIN, 2006).
Catarino (2009, p.46) define Folksonomia como
[...] resultado da etiquetagem de recursos da Web num
ambiente social (compartilhado e aberto) pelos próprios
utilizadores da informação visando a sua recuperação.
Destacam-se três fatores essenciais: 1) é resultado de uma
indexação livre do próprio utilizador do recurso; 2) objetiva a
recuperação a posteriori da informação; 3) É desenvolvida num
ambiente aberto que possibilita o compartilhamento e até, em
alguns casos, a sua construção conjunta.
67
Catarino tem uma visão mais social, do ponto de vista da descrição
do recurso, porém também encontramos a relação de Folksonomia com
categorização. De acordo com Marlow et. al (2006, p.1),
[...] os sistemas que incorporam a folksonomia em seu
funcionamento são chamados de Tagging Social. Para os
autores, a prática de “etiquetar” um recurso é semelhante à
categorização de bookmarks (“favoritos”). Não é à toa que se
fala em Bookmarking Social, que são ferramentas que
consistem no armazenamento de bookmarks em serviços
online, os tagging systems.
O fato de a Folksonomia promover a participação do usuário de
forma livre permite que a criação das tags receba o nome de vocabulário
descontrolado, em uma alusão aos vocabulários controlados, que são um
recurso disponível para alinhar indexação de informação dentro de um
conjunto de palavras fixas que representam um determinado domínio de
informação.
Aquino (2007, p.10) faz essa abordagem:
Poderíamos dizer que a folksonomia é uma espécie de
vocabulário descontrolado. Isso não quer dizer que o esquema
seja uma desordem total [...]
[...]Na verdade, trata-se de um mecanismo de representação,
organização e recuperação de informações que não é feito por
especialistas anônimos, o que muitas vezes pode limitar a
busca por não trazer determinadas palavras-chave, mas sim
um modo onde os próprios indivíduos que buscam informação
na rede ficam livres para representá-la, organizá-la e recuperá-
la, realizando estas ações com base no senso comum e tendo
assim um novo leque de opções ao efetuar uma pesquisa para
encontrar algum dado.
É possível verificar que a Folksonomia é um importante recurso em
ambientes digitais de informação. E fica claro que são mais um recurso, e
não, um recurso que venha substituir outros que já existem.
Guy e Tonkin (2006, p.1) afirmam que
Concordamos com a premissa de que as tags não são
substitutos para os sistemas formais, mas vemos isso como
sendo a qualidade do núcleo que faz folksonomy tão útil.
68
É possível encontrar também quem o nome de Tag Clouds ao
recurso de Folksonomia, porém percebe-se que este nome é mais utilizado
quando há referência ao recurso técnico do uso de Folksonomia. O nome Tag
Clouds é principalmente utilizado em ambientes que não têm a
característica de fundamentar o uso de social tags, mas sim de apresentar o
recurso ao usuário como mais um “recurso informático” de recuperação de
informações.
Figura 7 - Tag Clouds
Fonte: http://www.geek.com.br/
O nome Tag Clouds foi dado porque, em grande parte dos
ambientes que usam esse recurso, a lista de palavras mais utilizadas e mais
citadas está espalhada em uma área da tela, como se fosse realmente uma
nuvem de palavras (figura 7).
ainda alguns autores que entendem a Folksonomia como um
recurso de classificação, caso, por exemplo, de Guy e Tonkin (2006, p.1), que
a definem como “um tipo de sistema de classificação distribuída, criada por
um grupo de indivíduos, tipicamente os utilizadores do recurso. Os usuários
adicionam tags para itens como imagens, vídeos, marcadores e texto”.
69
Figura 8 - Busca Del.icio.us
Fonte: http://delicious.com/search
A Folksonomia mudou o paradigma em relação à recuperação da
informação em ambientes Web, tanto que é comum ver sites apresentando
buscas baseadas em palavras-chave que foram inseridas pelo próprio
usuário dentro do ambiente. Algumas ferramentas oferecem o serviço,
mesmo sem creditar o conceito de inteligência coletiva neste contexto.
A funcionalidade tem recebido diversas adaptações, sendo que
alguns sites fazem dessa característica seu principal ponto de apoio, como,
por exemplo, do Del.icio.us (figura 8), que, conforme o usuário vai digitando
a palavra a ser buscada, o próprio site vai sugerindo um conjunto de
palavras, que têm a mesma grafia e que foram amplamente utilizadas por
outros usuários dentro do ambientes. Essa característica foi inicialmente
apresentada através do Google Suggest e representa um facilitador ao
usuário no momento da busca e descrição do recurso.
70
Figura 9 - Del.icio.us
Fonte: http://delicious.com/search?p=folksonomy
Outra adaptação, também operacionalizada no Del.icio.us (figura
9), é que a recuperação da informação é sempre baseada na palavra-chave
utilizada pelo usuário, porém a ferramenta apresenta uma característica
interessante de apresentar os resultados, que são os recursos cadastrados
com a lista de palavras-chave, utilizadas no recurso no momento do
cadastro, logo abaixo do link, facilitando o processo de busca por tags, com
um simples clique em uma das palavras da lista, submetendo a nova
recuperação de informação, baseada na palavra selecionada.
A Folksonomia é um recurso rico, que contribui de forma
acentuada para o fortalecimento e solidificação da Internet como plataforma
para construção de informação coletiva.
71
3.2 Web 3.0 – A Web Semântica
Web 3.0 é o termo que foi apresentado em 2006, pelo jornalista
John Markoff, para se referir à terceira geração da Web. Os conceitos
utilizados por John Markoff para cunhar o termo acabaram associando o
nome a um termo já cunhado e utilizado anteriormente por Tim Berners-Lee,
a Web Semântica, identificada como segunda geração da Web (PATRIOTA e
PIMENTA, 2008).
Acredita-se que o termo Web 3.0 destaca algumas poucas
novidades em relação à Web Semântica, porém acredita-se que,
basicamente, os dois termos representam os mesmos princípios, que são de
estruturar o conteúdo das informações a partir de conceitos semânticos, e é
desta forma que também se entende nesta pesquisa.
A criação do projeto da Web Semântica, de Tim Berners-Lee, surgiu
em face das dificuldades de localização, descrição e recuperação de
informações em ambientes Web.
Um caminho para a solução da qualidade na recuperação dos
dados que permita ao usuário resultados mais precisos parece ser a criação
da Web Semântica, um projeto que visa dispor nos sites tanto informações
descritivas e temáticas para os usuários, como informações que possam ser
processadas e identificadas pelos computadores automaticamente. Assim,
seria uma forma de disponibilizar informações para as máquinas/softwares
juntamente com as informações para os usuários (BERNERS-LEE, LASSILA,
HENDLER, 2001).
A Web Semântica trará uma estrutura ao significado da página
Web, criando um ambiente propício para que os agentes de busca possam
realizar tarefas sofisticadas e entregá-las ao usuário (BERNERS-LEE,
LASSILA, HENDLER, 2001).
O desafio da Web Semântica vem sendo, a cada dia, prover uma
linguagem capaz de expressar ao mesmo tempo dados e regras, de forma a
72
possibilitar a dedução de novos dados e regras a partir de qualquer sistema
de representação de conhecimento a ser importado ou exportado na Web.
O projeto da Web Semântica tem como ponto fundamental a
criação de uma nova estrutura de armazenamento de dados. O ponto
principal está na separação da apresentação do conteúdo e do conteúdo da
estrutura, tratando as unidades atômicas de uma informação como
componentes independentes.
Essa separação permitirá uma recuperação da informação de
várias maneiras, independente de como seja a busca, bastando que se
conheça a estrutura dos dados. Este novo formato de recuperação de
informação deverá facilitar a associação entre informações e ajudará a
minimizar o problema da utilização de uma mesma informação em vários
sistemas.
Figura 10 - Estrutura da Web Semântica (Layercake).
Fonte: http://www.w3.org/2007/03/layerCake.png
73
Neste novo contexto, a Web será capaz de representar associações
entre “coisas” que, em princípio, poderiam não estar relacionadas. Para isso,
computadores necessitam ter acesso a coleções estruturadas de informações
(dados e metadados) e de um conjunto de regras de inferência que ajudem
no processo de dedução automática.
A proposta de Web Semântica delineada por Berners-Lee está
representada na figura 10, onde são apresentadas as estruturas de camadas
em que a Web Semântica está fundamentada.
Na camada base da figura 10 encontram-se URI (Uniform Resource
Indentifiers) / IRI, que são os padrões para descrição de identificadores
universais de recursos e códigos internacionais de dados. A camada
denominada URI / IRI fornece a interoperabilidade em relação à codificação
de caracteres e ao endereçamento e nomeação de recursos da Web
Semântica.
O URI é um padrão para identificar um recurso físico ou abstrato
de maneira única e global. Um identificador URL é um caso específico de
URI, formado pela concatenação de sequências de caracteres para identificar
o protocolo de acesso ao recurso, o endereço da máquina na qual o recurso
pode ser encontrado e o próprio recurso em questão.
Para se entender melhor a parte da segunda camada nomeada
XML, utiliza-se a seguinte citação de Greenberg (2003, p.6):
XML e mais recentemente schemas de XML facilitam a criação,
o uso e a interoperabilidade sintática dos vocabulários de
metadados, e o Ns (namespaces), que são identificadores
através de URIs, garantem a segurança entre vocabulários de
metadados.
XML e XML Schema fornece a interoperabilidade em relação à
sintaxe de descrição de recursos da Web Semântica. A Extensible Markup
Language (XML) é uma linguagem para representação sintática de recursos
de maneira independente de plataforma.
74
Os documentos que têm sua estrutura e seu conteúdo
representados na linguagem XML são denominados de documentos XML. A
XML Schema é uma linguagem de definição para descrever uma gramática
(ou esquema) para uma classe de documentos XML. A linguagem XML
Schema fornece elementos para descrever a estrutura e restringir o conteúdo
de documentos XML. Os espaços de nomes (namespaces) fornecem um
método para qualificar os nomes de elementos e atributos, utilizados nos
documentos XML, através da associação destes nomes com os espaços de
nomes identificados por referências de URI. Os espaços de nomes são úteis
para distinguir entre dois elementos definidos com um mesmo nome, mas
que pertencem a esquemas diferentes. Além disso, um documento pode
associar elementos previamente definidos a sua estrutura, desde que utilize
referências aos esquemas que definem esses elementos.
Segundo W3 Consortium (2009, p.2),
A linguagem XML, embora baseada na linguagem HTML, foi
projetada justamente para executar melhor a tarefa de
gerenciamento de informação exigida pelo crescimento
exponencial das informações na Internet. O formato de um
documento XML possibilita essa atividade, pois expressa de
uma maneira simples e padrão, a delimitação das informações
do documento, facilitando, assim, a transmissão e o
processamento dos dados nele inseridos e propondo a
integração com tecnologias não proprietárias. (tradução nossa)
Dessa forma a linguagem XML se caracteriza como elemento
facilitar no processo de processamento da informação.
Para Bax (2001, p.37),
Pode-se dizer que a passagem de uma marcação estrutural
com HTML para uma marcação semântica com XML é uma
fase importante no esforço para se transformar a Web de um
espaço global de informação em uma rede universal de
conhecimento.
A XML permite agregar semântica aos documentos, deixando por
conta de cada aplicação a interpretação da marcação atribuída a este
conteúdo. Esta abordagem amplia significativamente as possibilidades do
uso das linguagens de marcação, entre elas a capacidade de definir
75
metadados dados que descrevem dados. (CAMPOS; SANTACHE; TEIXEIRA,
1999)
Além da maneira simples de representar as informações do
ambiente, a XML ainda tem um mecanismo prático de descrever os dados no
documento, isto é, um documento XML, que, além de carregar os dados em
si, aborda conjuntamente a descrição desses dados. Esta característica faz
de uma aplicação XML um ótimo modo de compartilhar as informações com
outras aplicações via Internet.
A camada denominada RDF fornece um framework para
representar informação (metadados) sobre recursos. As principais
especificações do Resource Description Framework (RDF) abrangem um
modelo de dados (para expressar declarações sobre os recursos), uma
sintaxe baseada na Extensible Markup Language (XML) (para o intercâmbio
das declarações) e uma linguagem de definição de esquemas para
vocabulários.
A camada que apresenta ontologia com OWL, Rule: RIF, linguagem
de consulta Sparql e RDFS fornece suporte para a evolução de vocabulários
e para processar e integrar a informação existente, sem problemas de
indefinição ou conflito de terminologia. A linguagem RDFSchema permite a
construção de ontologias com expressividade e inferência limitadas, pois
fornece um conjunto básico de elementos para a modelagem, e poucos
desses elementos podem ser utilizados para inferência.
A Web Ontology Language (OWL) estende o vocabulário da RDF
Schema para a inclusão de elementos com maior poder com relação à
expressividade e inferência. Além disso, a linguagem OWL fornece três sub-
linguagens para permitir o uso da linguagem por aplicações com diferentes
requisitos de expressividade e inferência. O desenvolvedor pode escolher o
módulo OWL adequado, de acordo com os requisitos da sua aplicação.
O principal conceito para associar informações é o uso de
ontologias, pois através delas é possível representar ligações entre
informações que sintaticamente não fazem nenhum sentido, porém
76
semanticamente têm conteúdos que estão direta ou indiretamente
relacionados.
Por se considerar a abordagem sobre ontologias de fundamental
importância, dedicar-se-á o próximo capitulo a este assunto, tratando dos
principais quesitos para construção e manipulação de ontologias.
A linguagem RIF tem como objetivo principal fornecer suporte ao
intercâmbio das diversas tecnologias baseadas em regras, para construção
de ontologias.
Ainda completando a camada, temos a linguagem Sparql (Query
Language for RDF), linguagem de consulta de informação que atua na
recuperação de informação nos mais diversos tipos de estrutura de
informação para Web Semântica, como RDF e OWL.
A camada denominada Lógica fornece suporte para a descrição de
regras que expressem relações sobre os conceitos de uma ontologia, as quais
não podem ser expressas com a linguagem de ontologia utilizada. As
linguagens Rule Markup Language (RuleML) e Semantic Web Rule Language
(SWRL) são exemplos de linguagens propostas para a descrição de regras
para a Web Semântica.
As camadas denominadas Prova e Confiança fornecem o suporte
para a execução das regras, alem de avaliar a correção e a confiabilidade
dessa execução. Essas camadas estão em constante desenvolvimento e
dependem muito da maturidade das camadas inferiores.
As iniciativas em torno da Web Semântica apontam para que o
conteúdo disponível na Web seja codificado, de forma que seja possível o
processamento automático pelos computadores. Desta forma, as pesquisas
realizadas em mecanismos de busca, por mais complexas que sejam,
retornariam apenas o resultado esperado, algo mais próximo, por exemplo,
dos resultados apresentados por sistemas que têm informações
armazenadas de forma estruturada. Para isso, é necessário padronizar um
mecanismo consistente de metadados.
77
3.2.1 Metadados
Os documentos são mais fáceis de localizar e gerir se se conhecer
algo sobre eles, como o nome do autor, data de publicação, assunto, etc.
Esse tipo de informação, que define "dados sobre dados", é o conceito básico
atribuído ao termo metadados. Ao disponibilizar um arquivo para download,
um exemplo de metadados para este arquivo seria: nome do programa,
versão, tamanho do arquivo, informações sobre a licença de uso, plataforma,
etc.
Para que os recursos informacionais sejam recuperados em um
sistema de informação (seja ele digital ou não), é preciso utilizar métodos de
representação da informação para que ocorra a mediação entre a forma
registrada (documento) e o usuário (PEREIRA e SANTOS, 1998).
Segundo Grácio (2002, p.114), metadados podem ser definidos
como “conjunto de elementos que descrevem as informações contidas em um
recurso, com o objetivo de possibilitar sua busca e recuperação”.
Takahashi (2000, p.172) define metadados como
Dados a respeito de outros dados, ou seja, qualquer dado
usado para auxiliar na identificação, descrição e localização de
informações. Trata-se em outras palavras, de dados
estruturados que descrevem as características de um recurso
de informação.
Fica evidente assim que metadados são informações a respeito da
estrutura de outros dados.
Alves (2005, p. 115) apresenta uma definição mais completa sobre
metadados.
Metadados são conjuntos de atributos, mais especificamente
dados referenciais, que representam o conteúdo informacional
de um recurso que pode estar em meio eletrônico ou não.
os formatos de metadados, também chamados de padrões de
metadados, são estruturas padronizadas para a representação
do conteúdo informacional que será representado pelo
conjunto de dados-atributos (metadados). Em outras palavras,
os formatos ou padrões de metadados podem ser considerados
como formas de representação
6
de um item documentário.
78
Metadados são utilizados para descrever as características de
recursos e seus relacionamentos. Tradicionalmente, o uso de metadados é
associado a sistemas gerenciadores de banco de dados. Na última década, os
metadados ganharam uma nova dimensão e adquiriram grande importância
no gerenciamento e manutenção de data warehouses, mecanismos de busca,
ferramentas de software, etc.
De forma geral, os metadados são um conjunto de informações que
têm como característica principal reunir informações sobre a descrição de
informações, ou seja, os metadados têm a função de armazenar um
cabeçalho de informações que apresente os dados que estão sendo
armazenados.
De acordo com Iannella e Waugh (1997), no contexto da web, três
aspectos devem ser considerados no desenvolvimento de metadados:
Descrição de recursos: informação expressa através de
metadados, determinado pelo objetivo e tipo do recurso.
Produção de metadados: sumário da descrição dos dados, que
pode se tornar um processo caro quando realizado
manualmente. A tendência é realizar automaticamente esse
processo, incentivado pelo uso das tecnologias XML e RDF.
Uso de metadados: envolve o uso e acesso de metadados, é
especialmente relevante para a localização de recursos na web.
Neste contexto, os metadados devem incluir informações sobre
os recursos, tais como a identificação, descrição, estrutura.
Portanto, na Web, o imenso conteúdo disponível e a
heterogeneidade dos recursos evidenciam cada vez mais a necessidade de
adoção de padrões para metadados, a fim de aprimorar e facilitar a
recuperação da informação.
A criação de um único padrão de metadados que aborde todas as
áreas do conhecimento humano seria o ideal, porém construir um padrão
79
que consiga abarcar toda a estrutura de informações e domínios de
conhecimentos é uma tarefa de extrema complexidade.
Segundo Souza et al. (1997, p. 99), “os padrões de metadados têm
como função fornecer as definições e formar uma rede para automatizar
registros de propriedades e dados cadastrais de forma padronizada e
consistente.”
Souza e Alvarenga (2004, p.5) afirmam:
Não basta possuir uma linguagem flexível como o XML para
construir metadados. Para compartilhar um significado, é
necessário que este seja consensual e inteligível de forma não
ambígua entre todos os participantes de uma comunidade.
Para resolver o problema da explosão de nomenclaturas
diferentes e as várias situações em que a interpretação dos
dados de maneira unívoca não é possível, foram criados, no
escopo do projeto da Web Semântica, alguns padrões de
metadados.
Os padrões de metadados foram sendo desenvolvidos para
diferentes finalidades: GILS (Government Information Locator Service),
usado para descrever informações governamentais; FGDC (Federal Data
Geographic Committee), usado na descrição de dados geoespaciais; MARC
(Machine Readable Cataloging), usado para a catalogação bibliográfica; CIMI
(Consortium for the Interchange of Museum Information), que descreve
informações sobre museus.
Para localização de recursos na web, o padrão de metadados mais
utilizado e difundido é o Dublin Core (DC), que apresenta uma estrutura a
partir de um conjunto de descritores simples e genéricos que objetiva a
descoberta e o gerenciamento de recursos na web. O Dublin Core não requer
conhecimentos extremos de especialistas no momento de descrever os
recursos, devido à simplicidade de utilização, podendo ser usado por
qualquer tipo de usuário, característica evidenciada pelo W3C para
recomendar seu uso como padrão de metadados para descrever recursos na
Web.
80
3.2.2 Dublin Core
O padrão Dublin Core é uma iniciativa para criação estruturas de
informação, para uso na Web, baseado no pressuposto de que a busca por
recursos de informação deve ser independente do meio em que estão
armazenados.
O padrão é atualmente mantido pela Dublin Core Metadata
Initiative (DCMI), que teve início em 1995, ganhando o nome da localidade
onde se deu o encontro inicial, Dublin, Ohio, USA.
Segundo Lagoze (1996, p.1), “o Dublin Core pretende ser simples e
para facilitar o uso pelos criadores e mantenedores de documentos web,
descritivo o suficiente para auxiliar na recuperação de recursos na Internet.”
(tradução nossa)
O DC foi inicialmente sugerido com 15 elementos, constituído de
pares (nome atributo / valor atributo) que formam o núcleo principal do
padrão, e é nomeado como forma simples, porém, devido a grande
diversidade de utilização do padrão, constantemente o DCMI tem ampliado o
padrão, ampliando as possibilidades de uso dos elementos através da adição
de qualificadores.
Os 15 elementos iniciais do padrão são apresentados no quadro 1:
Elemento Descrição Comentário
contributor Uma entidade responsável
por fazer contribuições para
o recurso
Exemplos de um contribuinte
incluem uma pessoa, uma
organização ou um serviço.
coverage Indica onde o recurso está
fisicamente localizado.
creator Pessoa ou organização
responsável pelo conteúdo
Exemplos de um Criador
incluem uma pessoa, uma
organização ou um
serviço. Normalmente, o nome
de um Criador deve ser utilizado
para indicar a entidade.
date Data em que o recurso se
tornou disponível.
81
Elemento Descrição Comentário
description Descrição do conteúdo Descrição pode incluir, mas não
está limitado a: um resumo,
uma tabela de conteúdo, uma
representação gráfica, ou um
texto livre sobre do recurso.
format O formato no qual o recurso
se apresenta. Suporte físico
ou dimensões do recurso.
Exemplos incluem tamanho e
duração. Uma prática
recomendada é utilizar a lista de
Tipos de Mídia Internet [MIME].
http://www.iana.org/assignme
nts/media-types/
identifier Uma referência inequívoca
para o recurso dentro de
um determinado contexto,
tal como uma URL.
language O idioma em que está
escrito o recurso.
Melhor prática recomendada é a
utilização de um vocabulário
controlado.
publisher Uma entidade responsável
por tornar o recurso
disponível
relation Como o conteúdo se
relaciona com outros
recursos, como, por
exemplo, se é um capítulo
em um livro
rights Um ponteiro ou link para
uma nota de copyright
source Fonte de onde foi originado
o conteúdo.
subject O assunto ou tópico coberto
pelo documento
title Nome dado ao recurso ou
título.
type Uma categoria
preestabelecida para o
conteúdo
Quadro 1: Elementos básicos do DC
Os elementos extras que complementam os 15 elementos definidos
pelo DC são denominados de qualifiers. Esses qualifiers são avaliados pelo
82
DCMI (Dublin Core Metadata Initiative) para fazerem parte do conjunto de
descritores às aplicações.
Os qualifiers têm como objetivo principal estender e qualificar os
descritores básicos.
O DCMI recebe sugestões concernentes de padrões existentes
adicionais que possam servir como qualifiers. Tais sugestões são analisadas,
debatidas e aprovadas ou não pelo DCMI. É dada preferência aos qualifiers
que podem ser utilizados de maneira geral por várias aplicações.
Para a representação destes qualifiers, é dada preferência aos
vocabulários, anotações formais e termos mantidos e estabelecidos pelas
agências conhecidas dos usuários. Os implementadores desenvolvem
qualifiers adicionais para uso dentro de aplicações e domínios específicos.
Tais qualifiers podem ser reusados por outras comunidades dentro do
contexto mais amplo (DCMI, 2008).
Segundo o DCMI (2008), o Dublin Core Qualifiers possui duas
classes:
Refinamento do Elemento: um elemento refinado compartilha o
significado do elemento de uma maneira mais específica e
restrita. Se não compreender o refinamento do elemento, o
usuário deve ignorar o qualifier e retornar ao elemento geral.
Esquema de Codificação: identificam esquemas que auxiliam na
interpretação de um elemento. Esses esquemas incluem
vocabulários controlados e anotações formais ou regras para a
representação do mesmo.
Através do quadro 2 é possível verificar os elementos com seus
respectivos qualifiers.
Elemento Qualifier Comentário
Audience Mediator Uma entidade que intermedia o acesso
aos recursos e para quem o recurso se
83
Elemento Qualifier Comentário
destina ou é útil.
EducationLevel Nível de escolaridade ou formação para
o qual o recurso foi escrito (destinado).
Title Alternative Uma alternativa para o nome do
recurso.
Description TableOfContents A lista das subunidades do recurso
Abstract Resumo sobre o Recurso.
Date Created Data da criação do recurso.
Valid Data (muitas vezes um intervalo) de
validade de um recurso.
Avaliable Data (muitas vezes um intervalo) de
que o recurso está ou estará
disponível.
Issued Data de emissão formal (por exemplo,
a publicação) do recurso.
Modified Data que o recurso foi alterado.
DateAccepted Data de aceite do recurso.
DateCopyrighted Data de direitos autorais.
DateSubmitted Data de submissão do recurso.
Format Extent O tamanho ou a duração do recurso.
Medium O material ou estrutura física
portadora do recurso
Relation isVersionOf Um dos recursos relacionados com o
qual o recurso descrito é uma versão,
edição ou adaptação.
hasVersion Um recurso que está relacionado com
uma versão, edição ou adaptação dos
recursos descritos.
84
Elemento Qualifier Comentário
isReplacedBy Recurso que pode substituir ou
suplantar o recurso descrito.
replaces Um recurso que está relacionado
suplantado, deslocado, ou substituído
pelo recurso descrito.
isRequiredBy Um recurso que apóia a
funcionalidade ou coerência do recurso
descrito.
requires O recurso requer outro recurso para
apoiar sua funcionalidade ou
coerência.
isPartOf Recurso relacionado ao principal, ao
qual está física ou logicamente
incluído.
hasPart Um recurso que está incluído ou
relacionado fisicamente ou logicamente
no recurso principal descrito.
isReferencedBy Um recurso que as referências
relacionadas, cita, ou aponta para o
recurso descrito
references Um recurso que é referenciado ou
então aponta para o recurso descrito.
isFormatOf Um recurso relacionado ao principal
recurso descrito, mas em outro
formato.
hasFormat Outra maneira de descrever o formato
do recurso.
conformsTo O padrão estabelecido para o qual o
recurso foi descrito.
Coverage Spatial Características espaciais do recurso
85
Elemento Qualifier Comentário
Temporal Características temporais do recurso
Rights AccessRights Informações sobre quem pode acessar
o recurso ou uma indicação de seu
status de segurança
Identifier BibliographicCitati
on
Uma referência bibliográfica para o
recurso.
Quadro 2: Qualificadores de elementos do padrão Dublin Core
Descrever o conteúdo e não apenas exibi-lo é o primeiro passo para
a criação da Web Semântica. A utilização das técnicas e tecnologias
apresentadas segundo a clássica figura da Web Semântica (figura 10) é de
fundamental importância para a constituição de um ambiente baseado em
recuperação de conteúdo.
3.2.3 Web Standards
Apesar dos principais browsers, entre outras tecnologias de acesso
a Web, estarem diretamente envolvidos na criação dos padrões Web desde a
formação do W3C, a utilização dos padrões na construção dos browser não
tem sido efetiva. Ao lançar browsers que não suportam os padrões, os
fabricantes fragmentam desnecessariamente a Web, prejudicando de igual
forma designers, programadores, utilizadores e empresas.
A falta de suporte uniforme para os padrões do W3C acaba
deixando usuários e programadores frustrados, porque não conseguem ter o
mesmo resultado no acesso aos dados com qualquer browser que escolham.
Em resposta a estes problemas, o Web Standards Project (WaSP)
foi formado em 1998 com o objetivo de promover os padrões Web e encorajar
os fabricantes de browsers a fazer o mesmo, assegurando desse modo um
86
acesso simples e com menos custos para todos. (THE WEB STANDARDS
PROJECT, 2009).
O desenvolvimento e, consequentemente, o uso destes padrões
tendem a facilitar o trabalho de interoperabilidade entre as informações
atualmente depositadas na Web, e podem ser verificadas no site do Projeto
Web Standards
11
.
Entre as propostas para se encaminhar a Web para um ambiente
que possa interagir com os usuários, de modo a agilizar a coleta de
informações, está a criação dos Web Standards, que são um conjunto de
padrões produzidos pelo W3C e destinados a orientar fabricantes,
desenvolvedores e projetistas para o uso de práticas que possibilitem a
criação de uma Web acessível a todos, independentemente dos dispositivos
usados ou de suas necessidades especiais.
As possibilidades criadas com o uso dos padrões têm a intenção
principal de permitir que os sites desenvolvidos através do uso destes
padrões possam ser interpretados em qualquer tipo de ambiente que tenha
acesso a Web, como os próprios browsers nos mais variados formatos,
versões e sistemas operacionais, assim como nos mais variados tipos de
dispositivos móveis ou ainda em TVs digitais com tecnologia de acesso à
Internet.
Os Web Standards podem ser divididos, de certa forma, em três
principais partes, visto que elas representam uma sugestão de divisão real
do conteúdo formal das páginas web.
A primeira parte cuida especificamente da parte estrutural do
desenvolvimento web, onde estão relacionadas as informações sobre as
principais partes de um documento web, além dos cuidados com a
semântica e também com a composição das tags que formarão o documento
web. Atualmente, os dois principais padrões de estrutura para
desenvolvimento web são: HTML 4.01
12
, que foi recomendado pelo W3C, a
11
http://www.webstandards.org
12
http://www.w3.org/TR/html4/
87
partir de 1999; e o XHTML 1.0
13
, recomendado pelo W3C
14
, a partir de 2000,
com revisão em 2002. O padrão HTML 5.0 está atualmente em fase
experimental.
Figura 11 - Validação Web Standard do site da W3C Brasil
Fonte: http://validator.w3.org/
Apesar de os padrões terem sido recomendados quase 10 anos,
raramente se encontram sites que estão adequados ao padrão e que seguem
rigorosamente as normas estabelecidas.
É possível validar se um determinado site ou página web está
adequado ao padrão através do validador disponível no site do W3C.
Figura 12 - Validação Web Standard dos portais Uol e Unesp
Fonte: http://validator.w3.org/
13
http://www.w3.org/TR/xhtml1/
14
http://www.w3.org/
88
Através das figuras 11 e 12, é possível verificar o teste realizado em
três portais para validação dos padrões de desenvolvimento. Na figura 11,
observa-se o teste do portal do W3C no Brasil, que passou com sucesso, e
por isso é possível verificar no próprio site (figura 13) um selo de que o site
está validado nos padrões do formato XHTML 1.0. Na figura 12, é possível
ver o teste realizado no portal Unesp e no portal UOL, que apresenta uma
gama de erros e problemas que o incompatibilizam com o padrão sugerido.
Figura 13 - Selo de validação Web Standard - padrão XHTML 1.0, no site do
W3C Brasil
Fonte: http://w3c.br/
A segunda parte dos padrões Web Standards trata da questão da
apresentação das informações, que compreende principalmente os aspetos
visuais que não podem ser considerados informações textuais.
O padrão adotado para apresentação visual e recomendado pelo
W3C é o CSS
15
Cascading Style Sheets, que atualmente se encontra na
versão CSS 2.1, recomendada pelo W3C, a partir de Abril de 2009.
A tecnologia CSS permite com que haja uma divisão clara entre
estrutura e forma na composição de um site.
O W3C também apresenta um validador para verificar se a
utilização do padrão CSS está correta, que pode ser encontrado no endereço:
http://jigsaw.w3.org/css-validator/.
15
http://www.w3.org/Style/CSS/
89
A terceira parte dos padrões Web Standards recai sobre a criação
de efeitos e comportamentos que o site possa ter. Esses efeitos podem ser
implementados para serem executados tanto do lado do cliente/usuário
como do lado do servidor, e são implementados através de scripts de
programação e recursos como utilização de Javascript e Ajax.
Figura 14 - Aplicação de Web Standards em um documento Web.
Fonte: Próprio autor
A aplicação dos padrões possibilita separar um site ou um
documento web em três camadas distintas: estrutura, apresentação e
comportamento (figura 14). De forma que fique muito mais fácil a
manutenção do conjunto de informações, visto que nesse formato o portal ou
site deixa de ter apenas um código unindo todas as informações, de forma
misturada, para passar a ter códigos independentes para estrutura,
apresentação e comportamento, de forma que essa estrutura fique
transparente para o usuário, porém fique viável do ponto de vista de
manutenção e apresentação, para o programador.
90
3.2.4 Microformatos
Com o surgimento e efetivação da Web 3.0 como um caminho a ser
seguido no desenvolvimento de conteúdo para a Web, iniciaram-se as
aplicações que, baseadas em alguns conceitos da Web 3.0, têm contribuído
para que se possa separar estrutura de conteúdo e iniciar o processo de unir
de forma semântica as informações.
Entre os tipos de aplicações desenvolvidas, destacam-se o uso de
Microformatos, que são uma série de especificações, cujo foco principal é
apresentar metainformações aos humanos e, posteriormente, às máquinas.
É uma nova maneira de se pensar sobre dados. Essa série de
especificações constitui um “dicionário” de conteúdo semântico para
(X)HTML, que tem como base os Web Standards e são escritas para
descrever a informação da forma mais simples possível.
A principal função destas especificações é enriquecer a informação
inserida em páginas web com metainformação, e isso é feito codificando os
metadados no corpo do documento. O nome Microformatos está relacionado
com a informação de "Pequenos formatos" (micro + format) de dados
(informação) válidos no código do seu conteúdo XHTML.
Os Microformatos podem ocupar o lugar que antes era ocupado
pela tags META do HTML. As tags META tinham o objetivo de apresentar
metainformações sobre o conteúdo da página, sendo inclusive utilizados
pelas ferramentas de busca para compor o banco de dados e,
consequentemente, servindo de base para constituição do valor a ser
recuperado. As tags META, devido ao abuso e mau uso (como forma de
spam), passaram a ser desconsideradas pelas ferramentas de busca e caíram
em desuso.
A diferença entre as tags META e os Microformatos é que, neste
segundo, as informações são cadastradas no corpo do documento, diferente
das tags META, que inseriam as metainformações no cabeçalho do
documento.
91
Segundo Mendez, Bravo e Lópes (2007, p.109),
[...] os Microformatos são apenas um conjunto de valores
"especiais" ou finitos, utilizado para um fim específico. A
particularidade destes valores é que normalmente faz parte de
um determinado conjunto elementos que, por vezes, está
associada a um padrão ou esquema (schema), amplamente
adotada como hCard e hCalendar por exemplo”, portanto o uso
de Microformatos deve estar associado a um formato
descrito.
No site oficial dos Microformatos
16
, é possível verificar as
especificações/esquemas estabelecidas como padrão para o uso de
Microformatos, além de especificações que estão em processo de draft, e que
devem vir a se tornar especificações recomendadas brevemente.
Entre os principais esquemas/especificações para uso de
microformatos, destacam-se:
Para pessoas e organizações: hCard e XFN
(XHTML Friends Network);
Calendários e eventos: hCalendar;
Avaliação, classificação e opinião: hReview;
Licenças: rel-license;
Tags, palavras-chave e categorias: rel-tag;
Listas e projetos: XOXO (Extensible Open XHTML Outlines)
Entre as especificações em processo de recomendação, estão:
adr – especificação que usa apenas o campo adr do hCard,
tornando uma maneira simples de publicar a estrutura de um
endereço Web.
geo – especificação para marcação de coordenadas geográficas.
hAtom - especificação para os conteúdos, em formato de feeds,
que podem ser distribuídos, principalmente, mas não
exclusivamente em weblog.
16
http://microformats.org/
92
hAudio especificação para incorporação de informações sobre
gravações em áudio.
hMedia – especificação para informações sobre Imagens, Vídeos
e Audios.
hProduct especificação para produtos e serviços na Web. Pode
ser utilizado por serviços como de e-commerce, entre outros.
hRecipe – especificação para receitas culinárias.
hResume – especificação para resumos e currículos.
hReview – especificação para opiniões sobre produtos, serviços,
negócios, eventos, entre outros.
rel-directory – especificação para indicar um diretório dentro de
um hyperlink.
rel-enclosure – especificação para indicar que um link
representa um download de um arquivo
rel-home – especificação para indicar um link para uma
homepage
rel-payment – especificação para indicar mecanismos de
pagamento.
robots exclusion especificação para orientar os robôs
(crawlers) quanto ao conteúdo que deve ou não ser indexado.
xFolk especificação para publicação de palavras-chave
definidas pelos usuários. Baseado no conceito de Web 2.0, visto
anteriormente.
XFN - é uma maneira simples de representar as relações
humanas usando hiperlinks. Pode ser utilizado em blogs para
demonstrar relações.
XOXO - é um formato de esboço simples, aberto escrito em
padrão XHTML e adequado para ser embutido em (X)HTML,
93
Atom, RSS, e XML arbitrário. XOXO é um dos
muitos microformatos de padrões aberto.
Atualmente, os padrões de Microformatos mais difundidos são
hCard, hCalendar e rel-tag. Esses esquemas tiveram aceitação rápida,
porque foram os primeiros a ser desenvolvidos e permitiram que o usuário
tivesse acesso a resultados através do seu uso. Os padrões hCard e
hCalendar foram criados a partir dos existentes padrões de Web, vCard e
iCalendar, respectivamente.
Segundo Mendez, Bravo e Lópes (2007, p. 109),
vCard e iCalendar são dois padrões de descrição e intercâmbio
de informações, usadas em vários aplicativos e dispositivos
como telefones celulares, PDA ou aplicações de PC
(microcomputador). Usado para descrever cartões de visita
com informações da instituição, endereço, telefone, e-mail,
web site, etc. e para a descrição iCalendar eventos no tempo
(compromissos, reuniões, conferências) com áreas específicas,
tais como localização, data de início e no final, e assim por
diante. Os padrões hCard e hCalendar deram mobilidade e
versatilidade ao vCard e iCalendar no ambiente web, tornando-
os microformatos adequados para inclusão em XHTML, Atom,
RSS e mesmo xml.
O hCard é um formato baseado no formato vCard, para troca de
informações de Address Book. Um vCard funciona como um cartão de visitas
anexado as suas mensagens. Ele contém informações como o seu nome,
email, endereço, telefone e site. Quando alguém recebe uma mensagem com
o seu vCard, pode adicionar você ao catálogo de endereços, aproveitando
todos os dados do vCard.
O hCard tem uma estrutura de informação muito parecida com a
do vCard, e possibilita enviar informações pessoais ou de uma instituição
através de uma página Web. Entre as informações que compõem a estrutura
do hCard estão: endereço completo (com vários segmentos), email,
coordenadas geográficas, apelido, foto, anotações, logotipo, entre outros.
<div id="hcard-José-Eduardo-Santarem-Segundo" class="vcard">
<a class="url fn n" href="http://santaremsegundo.blogspot.com">
<span class="given-name">José Eduardo</span>
94
<span class="additional-name">Santarem</span>
<span class="family-name">Segundo</span> </a>
<div class="org">UNESP</div>
<a class="email" href=mailto:santarem@marilia.unesp.br >
santarem@marilia.unesp.br</a
>
<div class="adr">
<div class="street-address">Rua Hygino Muzzi Filho, 737</div>
<span class="locality">Marília</span> ,
<span class="region">SP</span> ,
<span class="postal-code">17515-420</span>
<span class="country-name">Brasil</span>
</div>
</div>
E
XEMPLO
3
-
M
ICROFORMATO H
C
ARD
O código apresentado no exemplo 3 é a estrutura de informação
baseada no microformato hCard para definição dos dados de uma pessoa.
O site oficial dos Microformatos apresenta também uma
ferramenta interativa para que o usuário possa criar um hCard sem a
necessidade de conhecer o código de programação. Essa ferramenta,
apresentada na figura 15, denominada hCard Creator
(http://microformats.org/code/hcard/creator), cria automaticamente o
hCard, baseado nos dados que o usuário cadastrar nos campos.
95
Figura 15 - hCreator
Fonte: http://microformats.org/code/hcard/creator
O uso de Microformatos embutidos na sua página Web insere em
seu documento a estrutura da informação, de forma que até então não era
possível fazer.
Outro Microformato consolidado é o hCalendar, baseado no padrão
interoperável iCalendar, que integra informações sobre informações em
determinada data.
O hCalendar armazena informações, como: data, resumo, local,
duração, url, categoria, coordenadas geográficas, entre outros. Através deste
Microformato, as páginas podem trocar informações diretamente sobre
eventos, e permitir também que agentes recuperem essa informação de
forma mais clara e ágil do que quando esse tipo de informação fica
disponível apenas em texto puro, em formato HTML.
Para o formato hCalendar também um hCalendar-Creator,
disponível no site do projeto Microformatos
17
, onde é possível criar a
estrutura de informação de um evento em Microformato, para embutir no
seu documento XHTML.
Figura 16 - Add-on Operator do Firefox identificando e disponibilizando
informações sobre Microformato hCalendar
Fonte: Próprio autor
17
http://microformats.org/code/hcalendar/creator
96
Apesar de os Microformatos estarem disponíveis algum
tempo, ainda são poucas as ferramentas e agentes que exploram as páginas
que contêm essas informações embutidas. Alguns browsers, como o Mozilla
Firefox e o Opera, através de add-ons e extensions, deixam disponível ao
usuário, se este desejar, a inclusão de agentes que detectam e permitem
interatividade através dos Microformatos.
<div class="vevent" id="hcalendar-Reunião-do-Grupo-de-Pesquisa">
<a class="url" href="http://www.marilia.unesp.br">
<abbr class="dtstart" title="2009-09-04T14:00-03:0000">September 4, 2009 2</abbr> –
<abbr class="dtend" title="2009-09-04T17:00-03:00">5pm</abbr> :
<span class="summary">Reunião do Grupo de Pesquisa</span>
<span class="location">Unesp Marília</span></a>
<div class="description">Reunião Introdutória do Grupo de Pesquisa de Novas Tecnologias
da Informação</div>
<div class="tags">Tags: <a rel="tag"
href="http://eventful.com/events/tags/gpnti;unesp">gpnti;unesp</a></div>
<div class="geo">GEO:
<span class="latitude">-22.23318</span>,
<span class="longitude">-49.968899</span>
</div>
</div>
E
XEMPLO
4
-
M
ICROFORMATO H
C
ALENDAR
R
EUNIÃO DO
G
RUPO DE
P
ESQUISA
Através das figuras 16 e 17, é possível observar o uso do add-on
Operator, do Firefox, que recebe e identifica um código do Microformato
hCalendar em uma página, e em seguida exporta para algumas ferramentas,
como as agendas do Google (gmail) ou Yahoo, além do formato iCalendar
(iMac).
97
Figura 17 - Agenda do Google recebendo e aguardando usuário salvar a
informação do Microformato da reunião.
Fonte: Próprio autor
No código de Microformato, do exemplo 4, utilizado para gerar as
imagens 17 e 18, foi agendada uma reunião do Grupo de Pesquisa, e dessa
forma, estando o código do Microformato embutido na página HTML, o
usuário consegue rapidamente exportar a informação para sua agenda
específica. Neste código (exemplo 4) foi incluída a informação geográfica do
local da reunião, permitindo ao Operator acessar essa informação e remeter
o usuário diretamente ao local determinado no Google Maps (figura 18).
Figura 18 Google Maps (Mapa localizado através do microformato do exemplo
4).
98
Fonte: Próprio autor
Além dos Microformatos apresentados, os pesquisadores Eva
Méndez, Alejandro Bravo e Leandro Mariano López apresentam, em um
artigo denominado “Microformatos: web 2.0 para el Dublin Core”, uma
sugestão de microformato para o padrão Dublin Core. Apesar de a
especificação ainda não aparecer na lista de drafts do site oficial dos
Microformatos, é importante abordar o trabalho desenvolvido, visto que cria
um novo conceito para embutir informações sobre um recurso na Web,
através do uso de dois padrões consolidados: Dublin Core, para descrição de
recursos digitais na Web, e Microformatos, para embutir metainformações
em ambientes web.
Mendez, Bravo e Lópes (2007, p. 110) referem-se à criação dos
Microformatos DC:
Desta forma, nós juntamos todos os elementos de metadados
DC na lista de Microformatos, e dessa forma permitir reforçar
as indiscutíveis vantagens do padrão DC (simplicidade,
flexibilidade e adequação para qualquer domínio) para
descrever, através dos Microformats DC, qualquer recurso que
se deseja citar em um documento XHTML.
A utilização do Microformato DC também apresenta ferramentas
para auxiliar na criação e uso da especificação. A ferramenta para gerar um
Microformato DC é o “Dublin Core Metadata Gen: Generator of metadata
using Dublin Core” (http://webposible.com/utilidades/dublincore-
metadata-gen/index.php?lang=en). Através dos add-nos “Flock” e “Dublin
Core Viewer Extension” é possível identificar os recursos descriminados
através do Microformato DC na utilização do browser Firefox, como é
possível verificar, na figura 19, um pequeno símbolo na canto inferior direito,
para que através dele seja apresentado o quadro com as informações do
recurso.
99
Figura 19 – Dublin Core Viewer Extension.
Fonte: Próprio autor
Os Microformatos se apresentam como uma aplicação real baseada
nos conceitos da Web 3.0 e Web 2.0, tornando o conteúdo dos documentos
disponíveis na Web mais estruturado e com mais informações.
Considera-se que o uso de Microformatos pode enriquecer muito
um ambiente informacional digital como repositórios, e por isso se aborda o
assunto como um recurso importante como aplicação prática de parte do
modelo de Web Semântica proposto por Berners-Lee.
Se a Web 3.0 pode ser minimamente apresentada através dos
microformatos, não será através deles que se obterão resultados de
recuperação semântica, visto que o objetivo principal é a separação da
estrutura e do conteúdo de um ambiente Web. É imprescindível o uso de
ontologias para que um ambiente Web possa utilizar efetivamente a
recuperação semântica da informação.
As ontologias, que são parte do modelo concebido por Tim Berners-
Lee para a construção da Web Semântica, e de muita importância dentro do
contexto desta pesquisa, serão abordadas no próximo capítulo.
100
4
O
NTOLOGIAS
:
CONCEITOS
,
LINGUAGENS E FERRAMENTAS
Nos capítulos anteriores verificou-se que grande parte dos esforços
de pesquisa relacionados a informações disponíveis na web estão
concentrados justamente na construção de um ambiente estruturado de
informação, com objetivo de proporcionar uma melhor recuperação da
informação.
Neste capítulo será apresentada uma introdução teórica sobre
ontologias, visto que esse conceito é ponto-chave na construção de um
ambiente informacional digital semântico. Por meio de um levantamento
bibliográfico, serão abordados os conceitos mais empregados para o tema e
apresentadas as linguagens e as ferramentas mais utilizadas para a
construção de ontologias. Também se enfatizará a linguagem OWL, indicada
pelo W3C como principal e mais completa linguagem para construção de
ontologias.
A verificação das principais tecnologias e métodos disponíveis
supõe que apenas a comparação sintática entre termos não atende a
principal demanda de recuperação da informação, que é oferecer, como
resultado de uma expressão de busca, os principais documentos que estejam
diretamente ligados a essa expressão.
Alguns modelos de recuperação têm se apresentado melhor do que
outros em circunstâncias diferentes, porém verifica-se que as comparações
sintáticas sempre relacionam termos que têm a mesma grafia, não fazendo
relação entre termos que têm relação semântica, que é o processo utilizado
pelo cérebro para distinguir relações de proximidade entre objetos de um
modo geral.
Utilizar ontologias e suas relações é uma das maneiras de se
construir uma relação entre termos dentro de um domínio, visto que elas
possibilitam contextualizar dados, tornando mais eficiente a interpretação de
documentos pelas ferramentas de recuperação da informação.
101
A palavra ontologia é encontrada em diversos estudos e ciências.
Em virtude de sua recente introdução dentro do contexto da Ciência da
Informação, registra-se uma grande quantidade de definições e conceitos.
4.1 Definição de ontologia
O termo ontologia deriva do idioma grego, onto (ser) + logia
(estudo), e foi inicialmente difundido dentro dos estudos da Filosofia, para
estudar as teorias da natureza da existência.
No dicionário Aurélio, a palavra ontologia está definida como a
parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido que
tem uma natureza comum, inerente a todos e a cada um dos seres. Em
epistemologia, refere-se ao conhecimento e à sabedoria.
Estudos baseados em ontologias têm surgido constantemente nas
pesquisas relacionadas à Ciência da Informação e também à Ciência da
Computação, permeando várias disciplinas e áreas dentro de cada uma das
ciências.
Várias são as definições encontradas e que podem se aplicadas ao
termo.
Para Guarino (1998, p.7), ontologia é “uma maneira de se
conceitualizar de forma explícita e formal os conceitos e restrições
relacionados a um domínio de interesse”. Numa visão mais tecnológica, o
termo refere-se a um artefato de engenharia que, em uma visão simplista,
pode ser descrito como uma hierarquia de conceitos relacionados entre si
através de uma classificação de parentesco (hipernímia e hipônimo), também
chamada de taxonomia.
A definição de Jacob (2003, p.19) aproxima-se muito do conceito
de ontologia que mais se aplica à Ciência da Informação quando no contexto
da recuperação semântica de informações.
102
Ontologias são categorias de coisas que existem ou podem
existir em um determinado domínio particular, produzindo um
catálogo onde existem as relações entre os tipos e até os
subtipos do domínio, provendo um entendimento comum e
compartilhado do conhecimento de um domínio que pode ser
comunicado entre pessoas e programas de aplicação.
Em Ciência da Computação, o estudo de ontologias está ligado à
aquisição do conhecimento a partir de dados semiestruturados, aplicando
um conjunto de métodos, técnicas ou processos automáticos ou
semiautomáticos. Dentro de Ciência da Computação, o termo “ontologia” é
originário dos estudos de Inteligência Artificial.
Dados semiestruturados são um tipo de informação nem
completamente não-estruturada, nem estritamente tipada, ou seja, é a
informação apresentada através de um conjunto de dados que podem estar
divididos entre informações armazenadas em banco de dados, que são
estruturadas, e também em informações textuais e outros tipos de objetos
digitais, que não são estruturadas, e que ficam associados ao conjunto de
informações estruturadas e disponíveis para acesso aos usuários.
Ontologias fornecem o conhecimento estruturado e uma infra-
estrutura para integrar bases de conhecimentos, independentes da
implementação e constituem uma ferramenta poderosa para suportar a
especificação e a implementação de sistemas computacionais de qualquer
complexidade. Em alguns casos, esse termo é usado apenas como um nome
mais rebuscado, denotando o resultado de atividades familiares como
modelagem de domínio e análise conceitual. No entanto, em muitos outros
casos, as ditas ontologias apresentam algumas peculiaridades como a forte
ênfase na necessidade de uma abordagem altamente formal e
interdisciplinar, na qual a filosofia e a lingüística desempenham um papel
fundamental (GUIZZARDI, 2000).
Gruber (1993, p.2) define ontologias como uma “especificação
explícita de uma conceituação”. Uma conceituação pode ser representada
como um conjunto de objetos, restrições, relacionamentos e entidades que se
assumem necessárias em alguma área de aplicação.
103
A conceituação de Gruber foi modificada por Borst, definindo
ontologias como uma “especificação formal de uma conceituação
compartilhada” (BORST, 1997).
Como afirmam Chandrasekaran, Josephson e Benjamins (1999),
ontologias tratam da organização de objetos, suas propriedades e seus
relacionamentos em um determinado domínio de conhecimento. Além disso,
disponibilizam termos potencialmente úteis para descrever o conhecimento
sobre um domínio específico.
As diferentes apresentações do conceito de ontologia na literatura
enriquecem-se mutuamente e ainda sugerem outras. Para Araujo (2003),
ontologia é a representação de um vocabulário, frequentemente especializado
em algum domínio ou assunto importante. Mais precisamente, não é o
vocabulário que qualifica uma ontologia, mas os conceitos que os termos do
vocabulário transmitem. Então, transferindo os termos de uma ontologia de
uma linguagem para outra, por exemplo, do inglês para o francês, não muda
o conceito ontológico.
Para Daum (2002 apud Araujo, 2003), uma ontologia é uma
descrição formal dos conceitos e relacionamentos que existem dentro de um
domínio, isso significa que uma ontologia se relaciona com um vocabulário
específico e com uma linguagem específica.
O uso de Ontologias torna possível definir uma infraestrutura para
integrar sistemas inteligentes no nível do conhecimento (NOVELLO, 2002).
A maneira como Novello aborda o uso de Ontologias cria uma
relação direta e faz o termo pertencer ao contexto da informação e tecnologia.
O nível do conhecimento é independente do nível de
implementação. Ontologias apresentam grandes vantagens como:
Colaboração: possibilitam o compartilhamento do conhecimento
entre os membros interdisciplinares de uma equipe;
Interoperação: facilitam a integração da informação,
especialmente em aplicações distribuídas;
104
Informação: podem ser usadas como fonte de consulta e de
referência do domínio;
Modelagem: as ontologias são representadas por blocos
estruturados que podem ser reusáveis na modelagem de
sistemas no nível de conhecimento.
Novello (2002) afirma ainda:
[...] as ontologias podem servir como uma ferramenta
navegacional de consulta para o usuário, fornecendo
informação semântica sobre restrições, conceitos e
relacionamentos do domínio, mantendo o conhecimento do
domínio compartilhado entre todos os membros de uma equipe
e até mesmo entre equipes geograficamente separadas.
Esta definição de Novello indica que as ontologias podem
desempenhar um papel fundamental na relação de um ambiente
informacional com seus usuários.
As ontologias apresentam-se como um modelo de relacionamento
de entidades em um domínio particular do conhecimento. O objetivo
principal de sua construção é a necessidade de um vocabulário
compartilhado em que um conjunto de informações possam ser trocadas e
também reusadas pelos usuários de uma comunidade. Considere os
usuários de uma comunidade seres humanos ou agentes inteligentes.
Guarino (1998, p.10) propõe uma diferenciação entre as ontologias,
de acordo com sua generalidade:
Ontologias de topo ou de senso comum: descrevem conceitos
bastante gerais, como espaço, tempo, matéria, objeto, evento,
ação, etc., que são independentes de um problema ou domínio
particular.
Ontologias de domínio: descrevem o vocabulário relacionado a
um domínio particular, especializando conceitos introduzidos
nas ontologias de topo. Exemplos comuns são ontologias de
medicina, automobilismo, computação, entre outras.
105
Ontologias de tarefa: descrevem tarefas de um domínio, como
processos, planos, metas e escalonamentos através de uma
visão funcional.
Ontologias de aplicação: descrevem conceitos que dependem de
um domínio e de uma tarefa particular, portanto, geralmente
são uma especialização de ontologias de domínio e tarefa. Esses
conceitos frequentemente correspondem aos papéis
desempenhados por entidades do domínio enquanto executam
certa atividade.
Guarino diz ainda que ontologias de domínio e de tarefa
especializam os termos presentes nas ontologias de topo, e que, por sua vez,
ontologias de aplicação utilizam termos e regras das ontologias de domínio e
de tarefas.
A divisão apontada por Guarino deverá ser mais claramente
observada quando na construção de ontologia e, principalmente, na
utilização de tecnologias que possibilitam a criação real de uma ontologia
para um determinado domínio.
Outra característica importante do termo é ressaltada em Freitas
(2008), e remete ao fato de que uma ontologia não pode ser tratada apenas
como uma hierarquia de conceitos, mas também como um conjunto de
relações, restrições, axiomas, instâncias e vocabulário.
Apesar de serem aplicadas em diversas áreas dentro da Ciência da
Informação, as ontologias têm um papel especialmente importante para a
Web Semântica. De acordo com Berners-Lee, Hendler e Lassila (2001), para
o funcionamento da Web Semântica, computadores devem ter acesso a
coleções estruturadas de informação e conjuntos de regras que possam usar
para conduzir raciocínio automático, sendo esse o principal desafio da área.
Muitos ainda são os conceitos e definições encontrados na
literatura sobre ontologia.
106
Ressalte-se, porém, que apesar dos diferentes vocabulários e
vertentes, praticamente todas as definições citam a construção de uma
estrutura de relação entre conceitos dentro de um domínio.
A abordagem que se faz em relação à Ontologia é de que essa
estrutura de informação está inserida dentro de um contexto de Estruturas
de Representação do Conhecimento.
4.2 Estruturas de Representação do Conhecimento
Este trabalho utiliza o termo “Estruturas de Representação do
Conhecimento” como forma de unificar nesse conceito estruturas de
representação como taxonomias, ontologias e tesauros.
O Enancib, principal evento dos programas de pós-graduação em
Ciência da Informação no Brasil tem destacado alguns temas emergentes
como taxonomias, ontologias e Web Semântica nas publicações a respeito do
termo “Representação do Conhecimento”, nos anos de 2005, 2006 e 2007.
(FUJITA, 2008).
4.2.1 Vocabulário Controlado
O vocabulário controlado é um instrumento terminológico para
definir os termos e limites de um determinado domínio de conhecimento.
Segundo definição da organização norte-americana National
Information Standards Organization, presente no documento que propõe as
linhas gerais para a construção, formatação e manutenção de vocabulários
controlados monolingües (ANSI/NISO Z39-19-2005), um vocabulário
controlado é uma lista finita de termos que tem seus respectivos significados
explicitados com o intuito de evitar redundâncias e ambigüidades, utilizados
para representar informações de maneira padronizada (RAMALHO, 2006).
107
Segundo Kobashi (2008, p.1), vocabulário controlado é
[...] uma LINGUAGEM ARTIFICIAL constituída de termos
organizados em estrutura relacional. Um vocabulário
controlado é elaborado para padronizar e facilitar a entrada e a
saída de dados em um sistema de informações. Tais atributos
promovem maior precisão e eficácia na comunicação entre os
usuários e o sistema de informações.
Exitem ainda outras definições para vocabulário controlado, como a
apresentada por Lima e Boccato (2009, p. 133):
O vocabulário controlado, como toda linguagem documentária,
é um instrumento de organização e recuperação da
informação, construído com a finalidade de propiciar a
representação e a recuperação dos conteúdos informacionais
dos documentos cadastrados.
Através das afirmações apresentadas, verifica-se que os vocabulários
controlados são instrumentos que condicionam e permitem a padronização de
um sistema de informação.
Os vocabulários controlados são estruturados para possibilitar
diferentes tipos de relacionamentos entre termos, determinando desde níveis
de relacionamentos simples até estruturas mais complexas (ANSI/NISO Z39-
19-2005).
Um vocabulário controlado é composto de termos que são organizados
de forma hierárquica, afirma Kobashi (2008, p.1):
Todo vocabulário controlado é composto por um conjunto de
termos que representam conceitos de um ou vários campos de
conhecimento. Tais signos são dispostos em estrutura
relacional previamente definida. Em geral, os vocabulários
controlados são apresentados em ordem hierárquica e
alfabética (macroestrutura e microestrutura).
Os vocabulários controlados, apesar de utilizados em ambientes
mais restritos, podem ser aplicados na construção de qualquer tipo de base
de conhecimento.
Kobashi (2008, p.1) indica as funções de um vocabulário
controlado dentro de um ambiente informacional.
108
Uma das funções do vocabulário é REPRESENTAR a
informação e o conhecimento por meio de um conjunto
controlado e finito de termos – os descritores.
CONTROLAR ou padronizar é outra função básica de um
vocabulário controlado. A localização ou identificação de
informação, sem padronização léxica, torna-se errática.
Resultados eficientes de busca dependem, assim, de
coincidência entre as formas de representação utilizadas pelo
sistema de informação e pelo usuário. Um vocabulário
controlado, portanto, garante a comunicação efetiva entre
sistema de informação e usuário.
Tálamo, Lara e Kobashi (1992, p. 1999) afirmam:
[...] cabe a terminologia, desse modo, operar ao nível sintático-
semântico, produzindo terminologias específicas de acordo
com o estado-da-arte de cada campo considerado. Tais
repertórios ou listas de termos especializados de um domínio
particular são acomanhados de definições que remetem o
termo ao seu referente [...]
A abordagem em relação aos vocabulários controlados dentro
dessa pesquisa se dá pela necessidade da construção de um ambiente
informacional digital que considere as relações semânticas entre termos.
É importante ressaltar que a construção estruturas de
representação do conhecimento é trabalho de profissionais especializados,
que conhecem primeiramente as características de construção desse tipo de
instrumento, e de profissionais que tenham claramente definida a estrutura
informacional do domínio a qual será aplicado o vocabulário controlado.
Kobashi (2008, p.2) faz referência à construção de vocabulários
controlados.
Para ser útil, deve refletir, de um lado, os objetivos do sistema
de informação para o qual foi elaborado e, de outro, a
linguagem dos usuários. Por essa razão, sua construção é
coletiva, requer trabalho integrado, colaborativo, envolvendo
tanto os gerenciadores do sistema de informação quanto os
usuários da informação. Além disso, é uma linguagem
dinâmica que se desenvolve em consonância com a dinâmica
das áreas de conhecimento representadas no sistema de
informação. Necessita, portanto, de atualização periódica
109
Os vocabulários controlados, assim como as ontologias são tipos
de estruturas de representação do conhecimento, assim como também são
os tesauros e as taxonomias, pois todos têm o objetivo de apresentar,
relacionar e controlar as informações dentro de um domínio do
conhecimento. Portanto, far-se-á uma abordagem a respeito desses outros
instrumentos que também têm objetivos semelhantes aos das ontologias.
4.2.2 Tesauro
Os tesauros são uma espécie de linguagem especializada que foi
apresentada pela primeira vez há quase dois séculos.
A palavra tesauro tem origem do latim thesaurus, que significa
tesouro. Foi empregada como título no dicionário analógico de Peter Mark
Roget, "Thesaurus of English words and phrases", publicado em Londres,
pela primeira vez, em 1852. O autor era secretário da Royal Society e
objetivava facilitar sua atividade literária. Trabalhou nesse projeto durante
50 anos. Em seu dicionário, as palavras foram agrupadas em ordem distinta
da alfabética. Priorizaram-se as ideias que exprimiam e esta foi a ordem
escolhida. A busca por palavras dava-se sempre por aquilo que elas podiam
expressar, com seu significado (GOMES, 1990).
Segundo Ramalho (2006, p.91),
Quanto aos tesauros a norma ANSI/NISO Z39-19-2005 define
como um vocabulário controlado organizado segundo uma
ordem conhecida e estruturada com o intuito de disponibilizar
claramente os relacionamentos de equivalência, associação,
hierárquicos e homônimos existentes entre termos. Os
tesauros também comportam características de taxonomias
com um conjunto de relacionamentos semânticos, visando
garantir que os conceitos e seus relacionamentos sejam
descritos de maneira consistente em um sistema de
classificação e recuperação de informações.
A principal característica de um tesauro está na construção de
uma estrutura que relacione e defina termos dentro de um domínio do
110
conhecimento, de forma que as associações entre os termos utilize uma
estrutura relacional hierárquica e associativa de informações.
De acordo com Sales e Café (2009, p. 102),
Tesauros são vocabulários controlados formados por termos-
descritores semanticamente relacionados, e atuam como
instrumentos de controle terminológico. Os tesauros podem
estar estruturados hierarquicamente (gênero-espécie e todo-
parte) e associativamente (aproximação semântica), e são
utilizados principalmente para indexar e recuperar
informações por meio de seu conteúdo.
Neste contexto os tesauros caracterizam-se por relações
hieráquicas (herança) e também semânticas.
Segundo Moreira e Moura (2006, p.2),
Um tesauro é uma linguagem de documentação com a
característica específica de possuir relações entre os termos
que o compõem. O termo linguagem de documentação
compreende, genericamente, os sistemas de classificação
bibliográfica, as listas de cabeçalho de assunto e os tesauros,
os quais surgiram estimulados pela necessidade de
manipulação de grande quantidade de documentos de
conteúdos especializados. Os tesauros constituem uma
ferramenta de indexação consolidada nas atividades de
organização da informação empregada por muitos que exercem
essas atividades.
Conclui-se, portanto, que os tesauros atuam na linguagem de
indexação de documentos.
A utilização de tesauros fortalece a base de conhecimento na qual
os documentos são depositados e seu uso tende a facilitar a descrição e,
consequentemente, a recuperação da informação. Um tesauro bem
construído e que consiga relacionar os principais termos de um domínio de
conhecimento facilita o acesso à informação. Porém um tesauro que não
atende aos requisitos mínimos de envolvimento no domínio a que está
proposto, ou que não recebe uma atualização devida, de acordo com a
atualização constante das áreas, pode representar justamente o inverso, ou
seja, uma estrutura “dura” de descrição da informação e que em muitos
casos, além de não atender ao contexto de conhecimento, também dificulta o
111
processo de recuperação da informação, visto que os termos não indexam
devidamente os documentos.
Tálamo, Lara e Kobashi (2002, p. 198) apontam para isso,
Na prática, o uso do tesauro fica comprometido pelo
aparecimento de qualidades do texto individual que não são
passíveis de serem enquadrados em parâmetros prévios e
preditivos. Assim, no lugar de uma análise da significação
discursiva com referência às circunstâncias de emissão,
supõe-se uma interpretação amarrada em definições
conceituais (das propriedades da palavra) quase sempre
obscuras ou intuídas, que, muitas vezes, as relações
semânticas entre os descritores não são suficientemente claras
e rigorosas. Perde-se, desse modo, a informação específica e
individual do texto, em prol de uma atribuição de sentido
prevista e sedimentada fora das circunstâncias de enunciação.
Dessa forma, fica claro que a construção e atualização de um
tesauro implica diretamente nos resultados obtidos através da construç ão
da informação baseada nessa linguagem de indexação.
Apesar de dividir objetivos semelhantes com as ontologias, são
linguagens diferentes, que buscam evoluir no processo de descrição e
recuperação da informação, sempre em busca de minimizar a discrepância
entre a necessidade do usuário e o resultado de suas buscas.
Sales e Café (2009, p.101) abordam este contexto da seguinte
maneira:
O tesauro é uma linguagem documentária caracterizada pela
especificidade e pela complexidade existente no
relacionamento entre os termos que comunicam o
conhecimento especializado. A ontologia é um modelo de
representação do conhecimento que, a exemplo do tesauro, é
utilizada para representar e recuperar informação por meio de
estruturas conceituais (no caso da ontologia o meio de ação é o
informático).
Moreira, Alvarenga e Oliveira (2004, p.21) também analisam as
semelhanças e diferenças entre ontologias e tesauros.
[...] a análise quantitativa evidenciou a diferença de propósitos
entre os dois instrumentos. A freqüência de ocorrência de
termos, bem como a abrangência das definições sobre as
categorias, mostrou que os tesauros têm como propósito,
112
servir de instrumento de registro terminológico e para ser
usado por pessoas, e não para registro do conhecimento para
inferências computacionais. Por exemplo, nas definições sobre
o termo "tesauros", a ocorrência de termos como ‘usuário’ e
"usuários", é uma evidência no sentido do uso com sistemas
de classificação e recuperação de documentos. no caso das
definições sobre ontologia, a ocorrência de termos tais como
"formal" e "Lógica", demonstra a necessidade de registro do
conhecimento do domínio em uma linguagem que possa ser
processada pelo computador para a realização de inferências.
No entanto, semelhanças também foram encontradas, uma
ontologia como vista pela ciência da computação é um sistema
de conceitos, da mesma forma que os tesauros, e como tal
pertence ao nível epistemológico e não ao ontológico. A
diferença em relação aos tesauros pode ocorrer em termos de
linguagem, de nível de formalização e de propósitos. Neste
sentido pode ser adequado que, no âmbito da ciência da
computação, os tesauros sejam enquadrados como ontologias.
Portanto, ressalte-se que ontologias e tesauros são estruturas
diferenciadas com objetivos semelhantes, sendo que as ontologias são, em
vários momentos, encontradas como recursos informáticos para
representação do conhecimento.
4.2.3 Taxonomias
As taxonomias são compostas de termos ou conceitos sobre o
universo da informação armazenada, relacionados de forma hierárquica. O
termo taxonomia foi inicialmente utilizado para definir uma estrutura
hierárquica que separava os seres vivos de acordo com suas características
em comum.
Segundo Campos e Gomes (2008, p.1),
Taxonomia é, por definição, classificação, sistemática e está
sendo conceituadas no âmbito da Ciência da Informação como
ferramenta de organização intelectual. É empregada em
portais institucionais e bibliotecas digitais como um novo
mecanismo de consulta, ao lado de ferramentas de busca.
113
Segundo a norma ANSI/NISO Z39-19-2005 (p.9), uma taxonomia
é, “Uma coleção de termos de um vocabulário controlado organizada em
uma estrutura hierárquica”.
Ramalho (2006, p.91) afirma que,
As taxonomias permitem classificar informações em uma
estrutura de árvore, por meio de relacionamentos de
generalização (“pai-filho”, “tipo-de”), não possibilitando atribuir
características ou propriedades aos termos nem expressar
outros tipos de relacionamentos.
Taxonomia é uma forma de classificar ou categorizar um conjunto
de coisas em uma hierarquia. Tem a mesma estrutura de uma árvore,
constituída por uma raiz e ramificações, onde cada ponto (cada nó) é uma
entidade de informação. No contexto das tecnologias da informação, uma
taxonomia é geralmente entendida como a classificação das informações ou
entidades, sob a forma de uma hierarquia, de acordo com a presumível
relação de entidades do mundo real que elas representam (tradução nossa)
(DACONTA, et al., 2003).
Dessa forma, vê-se a taxonomia como um mecanismo de
sistematizar informações através de categorias, ou seja, como um modelo de
classificação hierárquica que possibilita a identificação, localização e estudo
dos dados.
Dentro do contexto da Ciência da Informação, as taxonomias
atualmente são estruturas classificatórias que têm por finalidade servir de
instrumento para a organização e recuperação de informação em empresas e
instituições. Estão sendo vistas como meios de acesso, atuando como mapas
conceituais dos tópicos explorados em um serviço de recuperação. O
desenvolvimento de taxonomias para o tipo de negócio da empresa tem sido
um dos pilares da gestão da informação e do conhecimento. (BAYLEY 2007)
Entende-se que as ontologias podem ser também uma forma de
representação e aplicação computacional das taxonomias.
114
4.3 Composição e Construção de Ontologias
O objetivo da criação de uma ontologia é dividir o conhecimento de
um domínio de interesse comum e prover um entendimento unificado de
definições de termos de um domínio, além de especificar relações entre estes
termos.
A construção de uma ontologia pode ser pensada como um
conjunto de peças que formam uma estrutura completa. Assim, ela pode ser
separada e apresentada como um conjunto de componentes.
Os componentes básicos de uma ontologia são: classes/conceitos
(organizadas em uma taxonomia), relações (representam o tipo de interação
entre os conceitos de um domínio), axiomas (usados para modelar sentenças
sempre verdadeiras) e instâncias/indivíduos (utilizadas para representar
elementos específicos, ou seja, os próprios dados). (GRUBER, 1996).
A abrangência da ontologia é definida como domínio. Domínio é a
expressão que define uma parte de um ambiente ou do mundo, onde se
estabelecem claramente os limites, ou seja, onde é possível definir
exatamente o conjunto de informações que se pretende tratar.
As classes e instâncias compõem o vocabulário. Classes são
sinônimos de categorias. As classes definem os conceitos dentro do domínio
considerado, e também podem ser interpretadas como uma estrutura
modular completa, que descreve as propriedades estáticas e dinâmicas dos
elementos em um domínio. Uma classe abstrai um conjunto de objetos com
características similares.
Toda classe é caracterizada por seus atributos, que podem ser
chamados também de propriedades de uma classe. São os atributos que dão
características diferentes a cada classe. Quando uma classe é instanciada,
cada um dos atributos recebe valores.
É possível estabelecer relações de hierarquia entre as classes e são
essas relações que formam a taxonomia dentro de um domínio. Neste
115
conceito de relação hierárquica de classes, denominado herança, as classes
estabelecem relações que são chamadas de pais e filhos, e as classes filho
herdam as características, atributos, das classes pai.
As instâncias são as ocorrências particulares do objeto em relação
à classe considerada, chamadas de indivíduos. Uma instância pode ser
definida como a materialização de uma classe. Uma instância também
descreve conceitos, mas de forma individualizada, única e concreta, fazendo
referência a um objeto real. Numa descrição abstrata da dualidade classe-
instância, a classe é apenas uma matriz estrutural, que especifica objetos,
mas que não pode ser utilizada diretamente; a instância representa o objeto
concretizado a partir de uma classe, que pode ser vista como um protótipo.
Para permitir o enriquecimento semântico de uma ontologia são
estabelecidas regras, que impõem restrições as suas classes e atributos, ou
seja, são assertivas lógicas que estabelecem limites e obrigam ou permitem
valores tanto para a classe como para os atributos.
Uma ontologia é uma estrutura de classe para representar uma
realidade através de uma linguagem formal, composta de vocabulário
(classes e instancias), relacionamentos (herança e relação entre as classes,
que são as taxonomias) e regras (limites estabelecidos para classes e
atributos).
Dada a estrutura de composição das ontologias, como já visto, elas
se apresentam como um modelo de relacionamento de entidades e suas
interações, em algum domínio particular do conhecimento ou específico a
alguma atividade. O objetivo da construção de ontologias está diretamente
ligado à necessidade de um vocabulário compartilhado para se trocarem
informações entre os membros de uma comunidade, sejam eles humanos ou
agentes inteligentes.
Neste caso, entende-se a taxonomia como um modelo conceitual, e
as ontologias como formas tecnicamente aplicáveis destes modelos, porém
em formatos que podem ser utilizados em ambientes digitais, como, por
116
exemplo, os repositórios digitais, além de outras estruturas e ambientes de
informação.
São inúmeros os benefícios quando se define um domínio de
interesse com ontologias: compartilhamento do conhecimento, aplicação de
uma ontologia genérica para um domínio de conhecimento específico e
compreensão semântica dos dados do domínio. Para garantir que uma
ontologia seja construída com qualidade, é necessário definir o domínio de
conhecimento com objetividade, descrevendo o conhecimento essencial ao
domínio e definindo um vocabulário que evite interpretações ambíguas
(GRUBER, 1993).
Se os benefícios forem claros, o mesmo não pode se dizer sobre a
sua construção. Grande parte da dificuldade do desenvolvimento de
ontologias paira sobre sua construção. Essa dificuldade para se construir
ontologias fica evidente, principalmente porque motiva a demora para o
estabelecimento de uma estrutura clara e de fácil utilização da Web
Semântica.
Alguns trabalhos propõem metodologias diferentes para a
construção de ontologias, e, mesmo assim, ainda não se tem uma definição
sobre a melhor maneira de construí-las, ou seja, não existe a melhor forma.
Outra dificuldade encontrada na criação de ontologias é que
grande parte das propostas de metodologias prevêem a construção manual,
com auxílio de algumas ferramentas, porém a construção manual de
ontologias é um processo complexo, tedioso e de alto custo, e, por ser
extremamente artesanal, também propensa a erros. (BREWSTER;
CIRAVEGNA; WILKS, 2003).
Diversos trabalhos vêm propondo a construção automática ou
semiautomática de ontologias, para agilizar o processo e auxiliar na
atualização das mesmas.
Este capítulo abordará mais amplamente a construção de
ontologias de maneira manual, visto que a criação automática de ontologias
117
parece ser um processo mais demorado para se estabelecer ante o processo
manual.
Como o processo de construção de ontologias ainda não está
totalmente estabelecido, é possível encontrar desenvolvedores utilizando
seus próprios critérios e métodos para o desenvolvimento.
É importante ressaltar que a construção de ontologias deve estar
sempre condicionada à aquisição do conhecimento sobre o domínio
estabelecido e, posteriormente, à implementação da estrutura de classes que
vai compor a ontologia.
O processo de construção de ontologias está diretamente ligado ou
condicionado à utilização de linguagens de marcação semântica que foram
construídas com esse propósito, ou seja, que suportem estruturas para
representação do conhecimento. As linguagens utilizadas devem permitir
descrição formal de um conjunto de termos sobre um domínio específico, ser
compatíveis com a Web, ter uma sintaxe e uma semântica bem definida e,
principalmente, suportar raciocínio eficiente.
4.4 Linguagens de Marcação Semântica
As linguagens de marcação semântica tiveram início com a criação
da linguagem KIF (Knowledge Interchange Format), que teve propósito inicial
nos princípios da inteligência artificial e foi desenvolvida em 1992. A
linguagem KIF pouco serviu para desenvolver ontologias, porque o processo
de criação utilizando a linguagem era muito complexo e trabalhoso, porém
serviu como base para criação da Ontolíngua, que foi desenvolvida como
uma camada sobre a linguagem KIF.
As linguagens de marcação semântica para a construção de
ontologias para web devem garantir distinção entre as classes, propriedades
e relações, de modo a evitar ambiguidades durante o desenvolvimento.
118
A primeira linguagem a se destacar com o objetivo de descrever
recursos da Web foi a RDF (Resource Description Framework), desenvolvida
pelo W3C e recomendada pelo mesmo consórcio, no ano 2000. Conhecida
pela falta de expressividade em suas representações, a linguagem RDF
recebeu como complemento o RDF-Schema, que à linguagem RDF o
poder de construção de estruturas como hierarquias, propriedades e
subpropriedades, entre outros, que a linguagem RDF até então no
possibilitava.
O uso conjunto da linguagem RDF + RDF Schema é denominado
RDFS e serviu como base para o desenvolvimento de outras linguagens e
soluções para construção de ontologias, cada uma delas com suas vantagens
e facilidades, como: SHOE (Simple HTML Ontology Extensions), que foi a
primeira linguagem de ontologia desenvolvida especificamente para Web
Semântica; OIL (Ontology Inference Layer), que foi desenvolvida através de
um esforço conjunto de universidades da Europa; XOL (Ontology Exchange
Language), DAML (DARPA Agent Markup Languagem), desenvolvida pela
americana DARPA; DAML e OIL (DAML+OIL), que, combinadas, também
formaram uma nova linguagem, e, desde fevereiro de 2004, recomendada
pelo W3C. A linguagem que mais vem sendo utilizada para construção de
ontologias é a OWL (Web Ontology Language).
4.4.1 RDF e RDF Schema
Segundo o W3C, o RDF é uma linguagem de uso geral para
representar informações na Web. O RDF tem como princípio fornecer
interoperabilidade aos dados, de forma que possa contribuir com a
recuperação de informações de recursos na Web.
Segundo Lassila (1999),
RDF é uma aplicação da linguagem XML que se propõe ser
uma base para o processamento de metadados na Web. Sua
padronização estabelece um modelo de dados e sintaxe para
codificar, representar e transmitir metadados, com o objetivo
119
de torná-los processáveis por máquina, promovendo a
integração dos sistemas de informação disponíveis na Web.
(tradução nossa)
A especificação de RDF define como descrever recursos em termos
de suas propriedades e valores; um processo muito parecido com um
Diagrama Entidade Relacionamento.
O modelo RDF é constituído de três objetos básicos: recursos,
propriedades e declarações. Um recurso é uma informação (página web,
livro, cd, pessoa, lugar, documento disponível em um repositório ou
biblioteca digital) que pode ser identificada por uma URI (Universal Resource
Identificator). Propriedades são as informações que representam as
características do recurso, ou seja, são os atributos que permitem distinguir
um recurso de outro ou que descrevem o relacionamento entre recursos. A
declaração é a constituição da informação completa, que compreende um
recurso com suas propriedades e valores para as propriedades.
Uma URI pode ser um local ou página na WEB como uma URL
(Unified Resource Locator) ou ainda outro tipo de identificador único.
Os três objetos citados recurso, propriedade e declaração são
normalmente referenciados também como sujeito, predicado e objeto,
formando o modelo básico primitivo do RDF, que é constituído de registros
com objeto, propriedade e valor. Basicamente, a representação de uma
sentença em RDF é feita utilizando-se um grafo. Um grafo é um modelo
matemático muito poderoso que pode ser aplicado na resolução de um
conjunto de problemas. É composto por um conjunto de vértices e
arestas/arcos.
Além de representar graficamente uma informação através de
grafos, o modelo RDF pode ser representado através da sintaxe XML. O
modelo de representação de RDF através da linguagem XML demonstra que
o RDF é uma linguagem muito mais indicada para representação de
metadados do que propriamente para linguagem de ontologias.
Lassila (1999) relata que
120
a especificação do W3C apresenta duas sintaxes de XML para
codificação de um modelo de instância de dados em RDF: a
sintaxe de serialização e a sintaxe abreviada. A diferença mais
marcante entre as duas está em como a estrutura do modelo
RDF é apresentada. A primeira nos oferece uma estrutura
mais completa enquanto a segunda nos oferece uma forma
mais compacta.
A seguir, uma representação gráfica e com linguagem XML para
uma sentença, apresentada por Santarem Segundo (2004).
Considere a seguinte sentença: José Eduardo é aluno do Programa
de Pós Graduação em Ciência da Informação, onde:
"Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação" é o
sujeito (recurso);
"aluno" é o predicado (propriedade);
"José Eduardo" é o objeto (literal - valor da propriedade).
Esta sentença pode ser representada pelo diagrama da figura 20:
Figura 20 – Diagrama RDF
Fonte: Próprio autor
A orientação da aresta é significante: o arco sempre começa no
sujeito (recurso) e aponta para o objeto da declaração (valor da propriedade).
O diagrama também pode ser entendido como: O Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação tem como aluno José Eduardo, ou, de
uma maneira geral, "<sujeito> TEM <predicado> <objeto>".
121
A sentença pode ser também apresentada através da linguagem
XML, como no exemplo 5:
<?xml version='1.0' encoding='ISO-8859-1'?>
<rdf:RDF xmlns:rdf = "http://www.w3.org/1999/02/22-rdf-syntax-ns#">
<rdf:Description rdf:about="Programa de Pós-Graduação em CI">
<f:aluno>
José Eduardo
</f:aluno>
</rdf:Description>
</rdf:RDF>
E
XEMPLO
5
S
ENTENÇA
RDF
Como foi visto, a linguagem RDF fornece um limitado mero de
elementos predefinidos, inviabilizando o desenvolvimento de vocabulários
próprios por comunidades independentes, e não apresenta subsídios
necessários para constituição de uma linguagem de ontologias, sendo
sugerida a extensão da linguagem.
Segundo Silva e Lima (2002, p.2),
A RDF pode ser utilizada em várias áreas de aplicações da
Web: na busca de recursos para melhorar os mecanismos de
sites de busca existentes, em bibliotecas virtuais
descrevendo o conteúdo disponível, no comércio eletrônico,
principalmente na segurança, em web sites particulares, etc.
Também é útil em outras aplicações que estão fora do escopo
da Web, como recursos multimídias em geral, bibliotecas
digitais e outras. A RDF em si é uma linguagem simples capaz
de fazer relacionamentos entre informações, mas, além disso, é
necessário um meio para definição de dados. A RDF Schema
foi criada pelo W3C com essa finalidade.
Os esquemas RDF definem o significado, as características e os
relacionamentos do conjunto de propriedades dos recursos. Definem
também os tipos de recursos que estão sendo descritos. Podem ser
entendidos como uma espécie de dicionário onde são especificados os termos
que serão utilizados em declarações RDF. Podem ser entendidos como
instâncias de modelos de dados RDF. O objetivo é estabelecer regras para
garantir que os dados estejam sempre em conformidade com elas.
122
A RDF Schema é responsável por prover mecanismos para
declaração dessas propriedades. Um esquema não define somente as
propriedades dos recursos, mas também os tipos de recursos que estão
sendo descritos. Pode ser entendido como uma espécie de dicionário onde
são definidos os termos que serão utilizados em declarações RDF. A
especificação da RDF Schema do W3C fornece os mecanismos necessários à
definição de elementos, de classes de recursos, de possíveis restrições de
classes e relacionamentos e detecção de violação de restrições (BRICKLEY e
GUHA, 2000).
O RDF-Schema tem disponível um framework que permite
descrever as classe e as propriedades, ampliando a gama de informações que
podem ser descritas através da linguagem RDF.
Segundo Harman e Koohang (2007, p. 300),
Usando RDF Schema, a semântica e as propriedades de ambos
os elementos de um vocabulário podem ser expressos através
de um framework único. RDF Schema permite a descrição das
relações entre os termos não dentro de um único padrão,
mas em cruzamento com outros padrões. Também permite a
descrição de qualquer mero de atributos do vocabulário,
termos próprios, utilizando as propriedades RDF.
Os autores afirmam ainda que “RDF Schema possui a base
semântica que é utilizada em praticamente todas as descrições realizadas em
RDF, englobando tanto as propriedades mais refinadas e as subclasses.”
Como foi citado, o conjunto RDF e RDF Schema, quando
utilizados em conjunto, são denominados RDFS.
Apesar de todas as possibilidades criadas com a criação do RDF
Schema, que estende as características de uso da linguagem RDF, o RDFS
ainda é considerado limitado para a criação de ontologias, pela falta de
conectivos lógicos, falta de expressividade de seus construtores, restrições de
existência ou cardinalidade e falta de propriedades transitivas, inversas ou
simétricas.
123
Na construção da estrutura da Web Semântica, essa falta de
recurso da RDFS fica ainda mais clara, pois acima da camada destinada ao
RDF fica uma camada de ontologia, separando a camada de esquema da
camada lógica, demonstrando que, sozinha, a linguagem RDF não pode
descrever ontologias.
4.4.2 Simple HTML Ontology Extensions (SHOE)
A linguagem SHOE, projeto da Universidade de Maryland, é uma
extensão da linguagem HMTL, que tem como princípio inserir no código
HTML informações que possam representar ontologias. Essas informações
são inseridas através de tags próprias que não são conhecidas da linguagem
HTML, e não são interpretadas pelo browser, servindo neste caso como
marcações semânticas que poderão ser interpretadas por máquinas ou
outros tipos de recuperação de informações disponíveis na Web, que não os
sintáticos propriamente ditos. A linguagem, depois de criada, recebeu uma
adaptação para permitir compatibilidade com XML.
O funcionamento da linguagem é baseado em um mecanismo de
definição de ontologias, instâncias de ontologias e instâncias de dados em
páginas Web. Para definir sua estrutura, a linguagem SHOE faz distinção
entre os conteúdos das páginas (asserções ou instâncias) e a terminologia
(informações sobre metadados).
A linguagem SHOE apresenta uma grande dificuldade de
manutenção, e esse foi um dos motivos que levou o projeto a ser
descontinuado, migrando os pesquisadores para os estudos sobre
DAML+OIL e OWL.
4.4.3 Ontology Inference Layer (OIL)
124
A falta de semântica da linguagem RDF, que impedia o suporte a
mecanismos de inferência, foi uma das principais causas do
desenvolvimento da linguagem OIL.
A linguagem OIL foi desenvolvida para ser compatível com os
padrões do W3C, incluindo RDF e XML, e para explorar as primitivas de
modelagem da linguagem RDFSchema. Isso indica que toda aplicação que
suporta RDF pode entender, pelo menos minimamente, um documento OIL.
A linguagem OIL foi inicialmente desenvolvida com apoio e
patrocínio de um consórcio da comunidade européia, fazendo parte do
projeto On-to-knowledge, e teve como principal requisito a facilidade de
adoção por parte dos desenvolvedores, servindo principalmente à
comunidade ligada à Web semântica (HORROCKS et al 2001). Os principais
integrantes do projeto OIL são: a University of Manchester (Inglaterra), Vrije
Universiteit Amsterdam (Holanda), Stanford University (EUA), University of
Karlsruhe (Alemanha), Administrator Nederland (Holanda), Research Bell
Labs (EUA) e o MIT (EUA).
As principais características do projeto, além das descritas
anteriormente, são:
Lógica de descrição, suportando dessa forma inferência e
fornecendo semântica formal;
Permitir definições baseadas em frames, fornecendo primitivas
de modelagem epistemológica e também definições em lógica de
descrições.
As definições de ontologias são geradas sobre XML e RDF.
Inferência: apesar de perder um pouco de expressividade em
relação à Ontolingua, tem, em contrapartida, um motor de
inferência consistente, completo e eficiente, capaz de manipular
tanto frames quanto lógica de descrições.
OIL foi projetada para ser um padrão extensível. Para tanto, OIL é
estruturada em camadas:
125
O nível mais baixo, chamado Core OIL, é compatível com RDF
Schema. Ontologias definidas pelo Core OIL podem ser
interpretadas por qualquer aplicação que dê suporte à RDF
Schema.
O próximo nível, denominado Standard OIL, adiciona
funcionalidades, tornando OIL apenas parcialmente compatível
com RDF Schema. Essa camada é desenvolvida para prover
expressividade e formalismo suficiente para permitir raciocínio e
dedução.
Uma ontologia escrita em OIL é constituída de três partes
principais:
O container ou recipiente, que provê a estrutura de metadados
da ontologia, ou seja, como ela deverá ser apresentada. Neste
caso, o OIL utiliza o padrão Dublin Core para definição dos
metadados. Os metadados apresentados serão título, autor,
assunto, etc.
A definition ou definição da ontologia consiste na definição
efetiva dos conceitos da ontologia. Essa definição deverá ser
apresentada através de um conjunto de expressões que
descrevem classes e slots. São definidos três tipos expressões:
class definition, slot constraints e slot definition.
A terceira parte é representada por um nível chamado de objeto,
que provê o armazenamento de instâncias, porém ele é
implementado através das sublinguagens específicas Heavy Oil
e Instance Oil.
Várias ferramentas foram disponibilizadas pela comunidade de
pesquisadores da linguagem OIL para edição e verificação de ontologias,
entre elas destacam-se: OntoEdit, OILEd e Protegé-2000.
4.4.4 DAML e DAML+OIL
126
A agência norte americana DARPA, que participou diretamente no
início do desenvolvimento da Internet, em conjunto com o consórcio W3C
constituíram a linguagem DARPA Agent Markup Language (DAML), que foi
baseada nos esforços empregados e na experiência adquirida em tecnologias
e linguagens, como: XML, RDF, OIL, SHOE e RDFS.
O objetivo era a construção de um framework unificado para uma
linguagem de representação de ontologias para a web, estendendo a
linguagem RDF de forma a deixá-la mais expressiva.
A linguagem DAML é muito similar a OIL, principalmente no que
diz respeito às funcionalidades.
Entre as principais características similares, verificam-se:
oferecimento de propriedades transitivas e inversas, suportam hierarquia de
conceitos e propriedades, oferecem apoio a tipos de dados concretos como
inteiros e listas.
A primeira especificação de DAML, lançada em Outubro de 2000,
foi conhecida como DAML-ONT, e apenas dois meses depois substituída por
uma nova versão denominada DAML+OIL. A fusão das linguagens DAML e
OIL permitiu a criação de uma linguagem mais consistente e mais clara.
A especificação DAML+OIL continuou recebendo atualizações. Em
março de 2001 passou a ser dividida em duas partes: domínio de objetos
(object domain), que se baseia em objetos que são membros de classes
definidas na ontologia de DAML; e domínio de tipos (datatype domain), que
consiste em valores que pertencem a tipos de dados oriundos de XML
Schema.
Horrocks et al. (2001, p.2) sugere:
a separação entre tipos de dados e classes implica em que os
primeiros acabam por ser modelados fora da ontologia, o que
facilita o a manutenção da simplicidade e controle de
tamanho da linguagem de representação da ontologia, mas
também facilita a implementação de seu suporte ao raciocínio.
127
A linguagem DAML+OIL provê meios para modelar domínios de
conhecimento através de ontologias. DAML+OIL incorpora aspectos tanto da
linguagem DAML quanto da linguagem OIL, vista por alguns como um
subdialeto desta. Existem várias diferenças entre as linguagens OIL e
DAML+OIL. A principal diferença é que a linguagem DAML+OIL foi baseada
em RDF. Assim, é possível ver construções em RDF identificadas como
DAML+OIL, mas não em OIL.
Até novembro de 2009 haviam 282 ontologias submetidas à
biblioteca DAML, que podem ser verificadas em
(http://www.daml.org/ontologies) e ainda uma lista de 243 ferramentas
(validadores, navegadores, editores...etc.) relacionadas com a linguagem. A
lista completa pode ser verificada em (http://www.daml.org/tools). A
quantidade de ontologias e ferramentas desenvolvidas com DAML as
credencia como linguagens das mais importantes para a construção de
ontologias.
4.4.5 Web Ontology Language (OWL)
A OWL é uma linguagem de marcação semântica para a definição,
instanciação, publicação e partilha de ontologias na World Wide Web. OWL é
desenvolvida como uma extensão do vocabulário RDF (Resource Description
Framework) e é proveniente de uma revisão das linguagens DAML + OIL.
(BECHHOFER, 2004)
A linguagem OWL é reconhecida, atualmente, como o último
padrão em linguagens para ontologia e recomendada como a principal
linguagem para construção de ontologias, pelo consórcio W3C.
Apesar do alto investimento na criação das linguagens DAML e OIL
e, posteriormente, DAML+OIL, o resultado ainda precisava de alterações, e a
linguagem OWL foi originada justamente após se acrescentarem requisitos
128
de internacionalização e de documentação, como rótulos para axiomas,
nomes locais únicos, entre outros.
A linguagem OWL tem como objetivo principal atender às
necessidades de aplicação da Web Semântica e foi projetada para: construir
ontologias, explicitar fatos sobre um domínio, definir indivíduos que fazem
parte de um domínio e afirmações sobre ele, definir classe e propriedades
destas classes, especificar como derivar consequências lógicas (fatos não
literalmente presentes na ontologia, mas resultantes de sua semântica) e
racionalizar sobre ontologias e fatos.
A OWL foi projetada com o objetivo de ser efetivamente utilizada
por aplicações que necessitem processar o conteúdo de informações, e não
somente apresentar a visualização destas informações.
Apesar de ser baseada em RDF e RDF Schema e utilizar-se da
sintaxe XML, a linguagem OWL é considerada mais adaptada e mais fácil
para expressar significados e semânticas que o conjunto XML, RDF e RDF
Schema.
A linguagem OWL oferece três sublinguagens, projetadas para uso
de implementadores e comunidades específicas, que se apresentam a seguir
em ordem de expressividade: OWL Lite, OWL DL e OWL Full.
O OWL Lite suporte à criação de hierarquias simplificadas, que
implementam restrições simples. Por ser mais simples e, consequentemente,
apresentar uma gama menor de funcionalidades, é o mais utilizado na
criação de ferramentas, portanto mais ferramentas suportam essa
sublinguagem. A facilidade apresentada em relação ao OWL DL e ao OWL
Full é uma de suas principais características, e o principal objetivo é
fornecer um rápido caminho de migração para tesauros e outras taxonomias.
O OWL DL possui o mesmo vocabulário da linguagem OWL Full e
suporte aos usuários que desejam o máximo de expressividade, sem
perder a completude computacional (todas as conclusões são garantidas de
serem computadas) e capacidade de decisão (todas as computações serão
finalizadas em um tempo finito) dos sistemas de raciocínio. O OWL DL inclui
129
todos os construtores da linguagem OWL, com restrições, como separação
entre tipos (uma classe não pode ser ao mesmo tempo um indivíduo ou tipo,
e uma propriedade não pode ser ao mesmo tempo um indivíduo ou uma
classe). OWL DL tem expressividade menor que o OWL Full, mas conta com
melhor eficiência, computacionalmente falando, pois garante que todas as
conclusões sejam computáveis (implementadas em máquinas que
contenham processador) e que todas as computações sejam resolvidas num
tempo finito. OWL DL tem esse nome devido a sua correspondência à Lógica
de Descrição, ou Description Logic, um campo de pesquisa que tem
estudado um fragmento de decisão particular de primeira ordem lógica.
O OWL Full foi desenvolvido para os usuários que desejam o
máximo de expressividade e liberdade sintática do RDF, sem nenhuma
garantia computacional. A linguagem OWL Full não conta com as restrições
da OWL DL, e justamente por isso pode ser mais bem adaptada a situações
onde o ponto mais importante é a expressividade. A OWL Full e a OWL DL
suportam o mesmo conjunto de construções da linguagem OWL, embora
com restrições um pouco diferentes. A OWL Full permite misturar OWL com
RDF Schema e não requer a disjunção de classes, propriedades, indivíduos e
valores de dados. Isto é, uma classe pode ser ao mesmo tempo uma classe e
um indivíduo.
Segundo Harmelen e McGuinness (2004, p.4),
a escolha de qual sub-linguagem OWL os desenvolvedores de
ontologias devem usar vai depender das necessidades da
ontologia. A escolha entre OWL Lite e OWL DL dependerá da
necessidade das propriedades computacionais de OWL Lite ou
das construções mais expressivas providas pela OWL DL. A
escolha entre OWL DL e OWL Full dependerá da necessidade
de expressividade, decidibilidade e completude computacional
da OWL DL ou da expressividade e das facilidades da meta-
modelo RDF Schema sem a previsibilidade computacional de
OWL Full.
Portanto, o uso de uma ou outra especificação da linguagem OWL
está diretamente ligada à análise prévia do domínio e do tipo de ontologia
que será necessário criar.
130
4.4.5.1 Estrutura OWL – Namespaces
O início de um arquivo OWL tem como característica a declaração
de namespaces no seu início. Os namespaces são responsáveis por fazer com
que os indicadores que serão utilizados na ontologia sejam interpretados
sem ambiguidade, pois através desta declaração é possível apenas sinalizar
durante o conteúdo do arquivo o uso de vocabulários já pré-definidos.
A indicação do vocabulário empregado em cada termo garante que
os termos utilizados na ontologia possam ser interpretados sem
ambiguidade.
Conforme indica o W3C (2009), normalmente uma ontologia
começa com uma declaração (exemplo 6): http://www.w3.org/TR/2004/REC-
owl-guide-20040210/ #StructureOfOntologies
A segunda e a terceira linha representam a declaração dos
namespaces desta própria ontologia.
<rdf:RDF
xmlns ="http://www.w3.org/TR/2004/REC-owl-guide-20040210/wine#"
xmlns:vin ="http://www.w3.org/TR/2004/REC-owl-guide-20040210/wine#"
xml:base ="http://www.w3.org/TR/2004/REC-owl-guide-20040210/wine#"
xmlns:food="http://www.w3.org/TR/2004/REC-owl-guide-20040210/food#"
xmlns:owl ="http://www.w3.org/2002/07/owl#"
xmlns:rdf ="http://www.w3.org/1999/02/22-rdf-syntax-ns#"
xmlns:rdfs="http://www.w3.org/2000/01/rdf-schema#"
xmlns:xsd ="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#">
E
XEMPLO
6
E
STRUTURA DE
O
NTOLOGIAS
A primeira declaração, que não tem um prefixo, indica que
qualquer nome utilizado sem prefixo durante o desenvolvimento da ontologia
será referenciado como da própria ontologia.
A segunda declaração indica a utilização do prefixo vin para
referenciar uma ontologia de vinhos pré-definida. Esta ontologia sobre
vinhos é exaustivamente citada dentro do contexto da Web Semântica e
131
muito referenciada dentro da definição da linguagem OWL no domínio da
W3C.
A terceira declaração indica de onde foi constituída a base da nova
ontologia e aponta que se utilizará uma ontologia constituída (novamente
a de vinhos) para iniciar a construção da nova ontologia. Esta declaração
indica o reuso de uma informação existente e demonstra a capacidade da
linguagem de utilizar estruturas já prontas para constituir novas.
As próximas declarações indicam que, em alguns momentos,
durante o desenvolvimento, serão utilizados os prefixos food, que também
representa uma ontologia pré-definida, além dos prefixos owl, rdf, rdfs e xsd,
que servem para indicar a utilização dos vocabulários referenciados,
sinalizando a maneira que a ontologia será interpretada, ou seja, indicando o
uso das primitivas já definidas e que são base para utilização da linguagem
OWL.
Ressalta-se ainda que a utilização dos prefixos tenha como
principal objetivo evitar a utilização da declaração completa das definições
apresentadas, dando mais clareza ao código que está sendo desenvolvido.
4.4.5.2 Estrutura OWL – Cabeçalhos
Em seguida à definição dos namespaces, a definição de um arquivo
OWL sugere um cabeçalho que indique um conjunto de informações a
respeito da ontologia que está sendo desenvolvida.
É neste momento que deverão e poderão ser apontadas as
informações que dão suporte a tarefas cruciais do desenvolvimento da
ontologia, como: comentários, sinalização do controle de versão da ontologia,
importação de um código pré-existente, além da caracterização dos
metadados referentes à ontologia a ser desenvolvida.
Estas informações devem ser agrupadas dentro da tag
owl:Ontology, como verificado no código do exemplo 7.
132
<owl:Ontology rdf:about="">
<rdfs:comment>Exemplo de Ontologia - CI</rdfs:comment>
<owl:versionInfo> 07/07/2009 22:15:15 </owl:versionInfo>
<owl:priorVersion rdf:resource="http://www.w3.org/TR/2003/PR-owl-guide-
20031215/wine"/>
<owl:imports rdf:resource="http://www.w3.org/TR/2004/REC-owl-guide-20040210/food"/>
<rdfs:label>Vinhos - Ontologia</rdfs:label>
...
E
XEMPLO
7
T
AG OWL
:O
NTOLOGY
A tag inicial owl:Ontology, indica o local onde deverão ser
apresentados os metadados para o documento a ser desenvolvido. Neste e
em outros casos, a indicação desta tag não garante que será desenvolvida
uma ontologia completa, podendo ser em alguns casos apenas a definição de
algumas classes ou propriedades de um domínio, o que indicaria um arquivo
complementar a uma ontologia.
O atributo rdfs:comment permite a indicação de comentários para
a ontologia em desenvolvimento. os atributos owl:priorVersion e
owl:versionInfo indicam, respectivamente, a última versão antes da que está
em desenvolvimento, facilitando o processo de controle de versão e a versão
da ontologia que está sendo desenvolvida. O atributo owl:imports permite a
inserção de dados de outros arquivos dentro do documento que está sendo
desenvolvido.
É importante ressaltar a diferença entre indicar o namespace para
uma ontologia e a importação da mesma. A indicação de namespace ocorre
quando se deseja utilizar parte da estrutura de outro documento, como
definição de classes ou atributos, por exemplo. a utilização da tag
owl:imports indica que o conteúdo completo da outra ontologia será inserido
no seu documento.
A tag rdfs:label tem a função de nomear a ontologia que está sendo
desenvolvida.
133
4.4.5.3 Elementos Básicos OWL – Classes
Entre os elementos fundamentais da linguagem OWL, destacam-se
as classes, que são responsáveis por representar um grupo de indivíduos
com características comuns, provendo um mecanismo de abstração para
agrupar recursos com características similares, ou seja, as classes têm a
característica de representar um conjunto ou uma coleção de indivíduos que
compartilham das mesmas características.
A classe é utilizada para definir o conceito abstrato de um
determinado domínio como pessoas, bichos, coisas, automóveis. São as
raízes de uma taxonomia.
Segundo Bechhofer (2004, p.9),
a linguagem OWL define como classe principal a classe
owl:Thing, sendo assim, cada indivíduo na OWL é membro da
classe owl:Thing. Deste modo, ela é superclasse de todas as
classes OWL definidas pelos usuários. A linguagem OWL
também apresenta a classe owl:Nothing, que indica que uma
classe não possui instâncias, que é uma subclasse de todas as
classes OWL. Uma classe é sintaticamente representada como
uma instância nomeada da owl:Class, que é uma subclasse da
rdfs:Class.
As classes em OWL podem ser definidas da seguinte maneira:
<owl:Class rdf:ID="Computador" />
<owl:Class rdf:ID="Fornecedor" />
<owl:Class rdf:ID="Esporte" />
E
XEMPLO
8
C
LASSES
O
WL
O código de definição das classes Computador, Fornecedor e
Esporte, apresentado, apenas indica a sintaxe de definição de uma classe,
descritas através da tag owl:Class, com a indicação do atributo rdf:ID. Note-
se que no exemplo 8 está apenas a definição da classe, que não tem validade
nenhuma como ontologia. Para se completar uma ontologia, deve-se
implementar as características que fazem parte dessa classe, como os
indivíduos, as propriedades, a relação com outras classes. Mais adiante será
134
visto como ampliar o relacionamento entre classes, assim como inserir na
ontologia informações sobre indivíduos e propriedades.
A construção de uma taxonomia é possível através da definição
de uma hierarquia de classes, que pode ser criada através da tag
rdfs:subClassOf.
O exemplo 9 define uma hierarquia de classes:
<owl:Class rdf:ID="Notebook">
<rdfs:subClassOf rdf:resource="#Computador"/>
...
</owl:Class>
E
XEMPLO
9
H
IERARQUIA DE
C
LASSES
Esta declaração mostra que a classe Notebook é definida como
uma subclasse da classe Computador, então, o conjunto de indivíduos da
classe Notebook deve ser um subconjunto do conjunto de indivíduos da
classe Computador.
Este tipo de construção permite construir uma frase como:
“Notebook é um tipo de Computador”, estabelecendo uma ligação “tipo-de”.
A construção de uma classe também pode ser documentada
através da tag rdfs:comment. Outras definições também podem ser
utilizadas na criação de uma classe, como a tag owl:disjointWith, que indica
que uma classe não pode compartilhar instâncias com classe que tem esse
tipo de relacionamento, conforme será visto no exemplo 10, que faz
referência a pratos com carne e vegetarianos.
<owl:Class rdf:ID="Vegetarianos">
</owl:Class>
E
XEMPLO
10
C
ONSTRUÇÃO DE UMA
C
LASSE
4.4.5.4 Elementos Básicos OWL – Indivíduos
135
Indivíduos são definidos como objetos do mundo que sempre estão
ligados às classes previamente definidas, ou seja, são membros das classes.
Os indivíduos podem e devem estar ligados a outros indivíduos e são
caracterizados através dos valores atribuídos as suas propriedades.
Para inserir um indivíduo em uma ontologia definida em OWL, é
necessário apresentá-lo como membro de uma classe (exemplo 11).
<Notebook rdf:ID="Tablet" />
E
XEMPLO
11
I
NDIVÍDUO
A definição apresentada no exemplo 11 indica uma das
possibilidades de se declarar um indivíduo chamado Tablet. Esta construção
indica que o indivíduo Tablet é uma instância da classe Notebook,
declarando um fato sobre a ontologia Computador, implicando em afirmar
que “Tablet é um Notebook”. Além da declaração apresentada no exemplo
11, pode-se também definir um indivíduo com o conjunto de linhas
apresentadas no exemplo 12.
<owl:Thing rdf:ID="Tablet" />
<owl:Thing rdf:about="#Tablet">
<rdf:type rdf:resource="#Notebook" />
<owl:Thing>
E
XEMPLO
12
O
UTRO
E
XEMPLO DE
I
NDIVÍDUO
4.4.5.5 Elementos Básicos OWL – Propriedades
Propriedades são recursos da linguagem OWL que têm o propósito
de descrever fatos em geral. As propriedades são utilizadas para estabelecer
relacionamentos entre os indivíduos ou ainda entre indivíduos e valores.
Através das propriedades, pode-se fazer referência a todos os membros de
uma classe, ou seja, afirmar fatos gerais sobre os membros de uma classe ou
136
então a apenas um indivíduo específico de determinada classe. As
propriedades em OWL são relacionamentos binários.
A linguagem OWL define duas categorias principais para
propriedades:
Propriedades de objetos (object properties): estabelece relação
entre indivíduos ou classes.
Propriedades de dados (datatype properties): que indicam a
relação entre indivíduos, que são instâncias das classes, e
valores de dados expressos em RDF e tipos do XML Schema. O
W3C recomenda, através do endereço
(http://www.w3.org/TR/2004/REC-owl-guide-20040210
/#SimpleProperties) no item 3.3.2, um conjunto de tipos
definidos em XML Schema para utilização da linguagem OWL.
Qualquer propriedade definida em um documento OWL é
subclasse da classe RDF rdf:Property. Propriedade de objetos é definida
como instância de classe owl:ObjectProperty, e propriedade de dados é
definida como instância da classe owl:DatatypeProperty.
<owl:ObjectProperty rdf:ID="endereco">
<rdfs:label>Endereço</rdfs:label>
<rdfs:domain rdf:resource="#Fornecedor"/>
<rdfs:range rdf:resource="#CEP"/>
</owl:ObjectProperty>
E
XEMPLO
13
P
ROPRIEDADE DE OBJETOS
O exemplo 13 apresenta a definição de uma propriedade de
objetos, indicando que a classe Fornecedor, tem uma propriedade
denominada Endereço, que deve ser obrigatoriamente preenchida com
valores da classe CEP. A classe CEP já deve existir na ontologia.
<owl:DataTypeProperty rdf:ID="qtdeProcessadores">
<rdfs:domain rdf:resource="Computador" />
<rdfs:range rdf:resource="&xsd;positiveInteger"/>
</owl:DatatypeProperty>
137
E
XEMPLO
14
P
ROPRIEDADE DE
D
ADOS
O exemplo 14 apresenta a definição de uma propriedade de dados,
indicando que a classe Computador, definida anteriormente, tem a
propriedade qtdeProcessadores, e que esta propriedade aceita inteiros
positivos, de acordo com a definição &xsd;positiveInteger, que é um tipo de
dado previamente definido.
<owl:DatatypeProperty rdf:ID="rua">
<rdfs:label>Rua, Avenida ou Logradouro</rdfs:label>
<rdfs:subPropertoyOf rdf:resource="#endereco"/>
<rdfs:domain rdf:resource="#Fornecedor"/>
<rdfs:range rdf:resource="&xsd;string"/>
</owl:DatatypeProperty>
E
XEMPLO
15
S
UB
-
PROPRIEDADE
O
WL
Assim como as propriedades, uma ontologia OWL pode definir
subpropriedades que são propriedades da propriedades. O exemplo 15
refere-se a uma subpropriedade Rua que está definida como uma
subpropriedade da propriedade Endereço. Neste caso, a subpropriedade Rua
é definida como uma informação do tipo string e que faz parte do domínio da
classe Fornecedor.
<Notebook rdf:ID="Tablet">
<giroTelaGraus rdf:datatype="xsd;positiveInteger">180</giroTelaGraus>
</Notebook>
E
XEMPLO
16
S
UB
-
PROPRIEDADE DE
D
ADOS APLICADA A
I
NDIVÍDUO
As propriedades de dados também podem ser aplicadas
diretamente a indivíduos quando forem específicas de uma instância apenas
da classe, conforme é demonstrado no exemplo 16, que define em 180 graus
o giro da tela de um Tablet, que é um indivíduo da classe Notebook.
Uma boa definição das propriedades e subpropriedades de uma
classe é fundamental para que se tenha uma boa qualidade na definição da
ontologia.
138
4.4.5.6 Elementos Básicos OWL –Restrições em Propriedades
A linguagem OWL utiliza as propriedades para impor restrições na
definição de uma ontologia. Uma restrição é uma imposição de limites que
uma determinada classe ou indivíduo deve seguir. As restrições
apresentadas pela linguagem OWL podem ser de dois tipos:
Restrições de Cardinalidade
Restrições de Valores.
A utilização de restrições de cardinalidade está diretamente ligada
a permitir que uma instância de uma classe possa ter um número arbitrário
de valores para uma determinada propriedade. Segundo Bechhofer et
al.(2009, p.12), a OWL provê três construções para cardinalidade:
owl:maxCardinality: descreve uma classe de todos os indivíduos
que têm, no máximo, N valores semanticamente distintos.
owl:minCardinality: descreve uma classe de todos os indivíduos
que têm, no mínimo, N valores semanticamente distintos. Esta
restrição é um meio para dizer que uma propriedade requer um
valor para todas as instâncias da classe.
owl:cardinality: descreve uma classe de todos os indivíduos que
têm exatamente N valores semanticamente distintos.
<owl:DataTypeProperty rdf:ID="qtdeProcessadores">
<rdfs:domain rdf:resource="Computador" />
<owl:Restriction>
<owl:minCardinality rdf:datatype="&xsd;nonNegativeInteger">1</owl:minCardinality>
</owl:Restriction>
</owl:DatatypeProperty>
E
XEMPLO
17
R
ESTRIÇÃO DE CARDINALIDADE
O exemplo 17 apresenta uma restrição de cardinalidade mínima,
que é referenciada no código através das tags owl:Restriction e
owl:minCardinality, dando à propriedade qtdeProcessadores a necessidade
de apresentar minimamente o valor 1. Dependendo da necessidade do
139
código, poderiam ser utilizadas as tags owl:cardinality ou
owl:maxCardinality, ao invés de owl:minCardinality.
As restrições de valores se dividem em três tipos: allValuesFrom,
someValuesFrom e hasValue, e têm como principal característica o fato de
serem restrições locais, diferentes das restrições domain e range, que são
globais.
Os recursos apresentados nesta pesquisa sobre linguagem OWL
permitem iniciar o desenvolvimento de ontologias e entender um pouco sobre
o conceito de desenvolvimento, visto que a linguagem apresenta recursos de
várias outras linguagens e assemelha-se à metodologia de desenvolvimento
Orientado a Objetos, utilizada em linguagens de programação. O guia da
linguagem, disponível no site do W3C, apresenta muitos outros recursos não
citados aqui, porém contribuirão para aumentar a complexidade e as
funcionalidades de uma ontologia escrita em OWL.
4.5 Ferramentas para desenvolvimento de ontologias
Com base em estudos de FARQUHAR, FIKES, RICE (1997),
apresentam-se várias metodologias para a construção de ontologias.
As metodologias apresentadas possuem abordagens e
características diversas. Para verificar a utilidade das metodologias e utilizar
uma base de comparação, é necessário avaliar os resultados da aplicação de
cada uma.
Além de metodologias, existem ferramentas utilizadas para a
construção de uma ontologia.
O desenvolvimento de uma ontologia pode ser realizado através de
um editor de texto puro, escrevendo-se o código como se estivesse
desenvolvendo um programa, porém o uso de ferramentas para auxiliar no
processo de construção de ontologias é muito bem-vindo, visto que ele
contribui na agilidade de desenvolvimento e minimiza os erros,
140
principalmente os de sintaxe. A seguir serão apresentadas algumas
ferramentas utilizadas para o desenvolvimento de ontologia, priorizando e
dando maior ênfase às ferramentas que oferecem recurso para
desenvolvimento com a linguagem OWL, dada a indicação da W3C em
relação à linguagem.
4.5.1 OilEd
18
Um dos editores mais simples encontrados é o OilEd. Teve como
objetivo inicial estimular o interesse pela linguagem DAML + OIL. Apresenta
limitações para o desenvolvimento de ontologias em larga escala, não
suportando versionamento, migração e integração de ontologias existentes,
argumentação e outras tarefas do processo de construção de ontologias.
O OilEd suporta linguagem OWL e é freeware. O plug-in OilViz
pode ser incorporado ao software, permitindo uma visualização mais rica da
estrutura de classes da ontologia que o visualizador que vem inicialmente
incorporado ao OilEd.
O projeto OilEd prevê que o software seja disponibilizado em uma
base open source e adquira licença GPL em um futuro próximo, com o
objetivo de ter seu código melhorado pela comunidade científica.
4.5.2 OntoEdit
19
OntoEdit é um ambiente gráfico de desenvolvimento e edição de
ontologias que segue os padrões do W3C e permite inspeção, codificação,
navegação e alteração de ontologias, inclusive com suporte a exportação de
ontologias em tecnologias como: RDF(S), XML e DAML+OIL.
18
http://img.cs.man.ac.uk/oil/
19
http://www.ontoprise.de
141
A versão disponibilizada, shareware, possibilita o desenvolvimento
de ontologias com um número limitado de conceitos. Para usufruir de todos
os recursos da ferramenta, é necessária a aquisição da licença comercial.
O editor que faz parte do projeto On-To-Knowledge implementa um
processo específico para a construção de ontologias em três fases: requisitos
que descrevem as atividades, refinamento da ontologia de acordo com a
aplicação e a fase de avaliação. Cada fase usa ferramentas integradas ao
ambiente, de acordo com suas características específicas.
O OntoEdit não permite desenvolvimento de ontologias em
linguagem OWL.
4.5.3 Chimaera
20
O Chimaera tem uma característica diferente das ferramentas
apresentadas até este momento, pois seu objetivo principal é resolver
diferenças entre ontologias diferentes, portanto tem a função de ser uma
ferramenta de diagnóstico de ontologias, para verificação de sintaxe,
comparação de ontologias, indicando classes e atributos semelhantes.
A ferramenta Chimaera pode ser utilizada como auxiliar no
desenvolvimento de ontologias, principalmente porque pode combinar
ontologias unindo classes ou ainda criando uma hierarquia de classe e
subclasse entre classes semelhantes de ontologias diferentes, além de
resolver conflitos de nomes e reorganizar de forma taxonômica a ontologia.
A ferramenta está disponível online no site da Universidade de
Stanford através do link (http://www.ksl.stanford.edu/software/chimaera/),
e permite login como usuário cadastrado ou anônimo.
Segundo o site, a ferramenta pode carregar e exportar resultados
em DAML e OWL, além de uma gama enorme de outras linguagens para
desenvolvimento de ontologias.
142
4.5.4 API Jena
21
A API Jena é um framework desenvolvido com o objetivo de auxiliar
no desenvolvimento de aplicativos para Web Semântica. O framework foi
inicialmente desenvolvido nos laboratórios da HP e tem como principal
característica um mecanismo de inferência associado ao suporte das
linguagens RDF, RDF Schema e OWL.
A API permite o desenvolvimento e manipulação de ontologias
através de softwares que utilizam linguagem orientada a objetos, como Java,
por exemplo.
A ferramenta é freeware e está disponível para download.
4.5.5 Protégé 2000
22
Protégé 2000 é um ambiente open source para: criação e edição de
ontologias e bases de conhecimento.
A plataforma Protégé suporta dois tipos de modelagem para o
desenvolvimento de ontologias: o Protégé-Frames e o Protégé-OWL. As ontologias
desenvolvidas no Protégé podem ser exportadas para vários formatos, entre eles
RDF, RDF Schema, OWL e XML.
O ambiente Protégé é baseado em Java, é extensível, e fornece uma
estrutura que permite aos desenvolvedores de todo mundo a ampliação do software
através do desenvolvimento de plug-ins.
O Protégé 2000 permite a construção de ontologias de domínio,
combinação/integração de ontologias existentes e o armazenamento de uma base
de conhecimento sobre determinado domínio.
A interface gráfica apresentada em sua versão desktop (figura 21) é bem
intuitiva para usuários que conhecem a estrutura de desenvolvimento de
20
http://www-ksl.stanford.edu/software/chimaera/
21
http://jena.sourceforge.net/ontology/
22
http://protege.stanford.edu/
143
ontologias. A novidade atual refere-se à versão Alpha Web Protege, que permite a
utilização da ferramenta diretamente de um browser Web.
Figura 21 – Protégé 2000
Fonte: Próprio autor
Todas as relações apresentadas na linguagem OWL podem ser
implementadas utilizando-se o Protégé 2000.
O Protégé 2000 foi desenvolvido, inicialmente, para atender às
necessidades de ontologias médicas, através do Departamento de
Informática Médica da Universidade de Stanford, tendo como projeto inicial
uma ferramenta de aquisição de conhecimento para um sistema especialista
para oncologia.
A ferramenta passou a adotar a filosofia de código aberto, a partir
do momento em que foram verificadas as potencialidades de
desenvolvimento que a arquitetura inicial do projeto disponibilizava. A partir
do desenvolvimento do código, o Protégé efetivou sua evolução,
principalmente na apresentação gráfica de ontologias.
144
O Protégé 2000 destaca-se entre as ferramentas open source
disponíveis para desenvolvimento e manipulação de ontologias,
especialmente pela apresentação visual clara e pela facilidade de operação
para usuários inexperientes.
4.5.6 Outras iniciativas
Além das ferramentas descritas, há outras iniciativas de
desenvolvimento de ferramentas ao redor do mundo, dentre as quais se
destacam: Ontokem, Ontoeditor, CODEA, WebODE, OntoEdit, KAON, JOE.
4.6 Construção Automática de Ontologias
Se por um lado a construção de ontologias é vista com bons olhos
no objetivo de auxiliar a construção de uma rede semântica de informações,
existe outro lado, que são os conjuntos de informações já armazenados e que
poderiam contribuir para o desenvolvimento de uma ontologia baseada no
volume de dados cadastrados.
Como foi visto, a construção de ontologias despende um
processo bastante longo e complexo de aquisição do conhecimento sobre o
domínio a ser desenvolvido e, dessa forma, construir uma ontologia sobre
um conjunto de informações previamente cadastradas, que, na maioria das
vezes, se apresenta de forma pouco estruturada, podendo demandar um
trabalho de muito tempo.
Alguns casos são reconhecidamente conjuntos de informações
bastante ricos, como: prontuários médicos, sistemas de gestão da
informação como os ERP’s, boletins de ocorrências policiais, dados
semiestruturados, dicionários, entre outros, e que podem conduzir para a
sistematização de uma ontologia. Porém fica claro que a recuperação destas
145
informações, para que a ontologia seja realizada por seres humanos, tem um
nível de complexidade bastante alto, visto o nível de subjetividade empregado
neste processo.
Alguns estudos têm conduzido para a utilização de técnicas e
métodos que possam minimizar o tempo para construir, melhorar ou ainda
atualizar ontologias de forma automática, utilizando-se bases de
conhecimento já estabelecidas, como as já referenciadas.
Várias pesquisa tendem a aperfeiçoar os métodos de
desenvolvimento automático de ontologias, porém alguns itens são
constantemente citados: a fidelidade da fonte a partir da qual se está
construindo a ontologia e também as relações implícitas que existem em
textos, como livros, jornais e artigos.
Notadamente, o trabalho de desenvolvimento de ontologias através
de técnicas automáticas não tem apresentado resultados efetivamente
seguros, porém tem contribuído para o desenvolvimento de ontologias, de
forma que, com a interferência humana em praticamente todas as fases do
processo de geração da ontologia, possa construir uma estrutura inicial de
classes e indivíduos e, posteriormente, ser analisado e modificado
novamente por interferência humana.
Segundo Mayrink e Ladeira (2008, p.5),
[...] é de extrema importância a presença de um especialista
durante algumas fases do desenvolvimento, principalmente
durante a aquisição de conhecimento e validação da heurística
criada, sendo que esse pode sugerir categorias a serem
implementadas e verificar se as mesmas estão apropriadas
após a extração de termos. No caso da heurística utilizada, ele
poderia recomendar quais as expressões seriam empregadas
na identificação dos termos a serem extraídos.
Nas abordagens sobre geração automática de ontologias, a partir
de uma base de conhecimento, fica claro que existe muito trabalho a ser
desenvolvido com objetivo de alcançar resultados que possam efetivamente
ser utilizados sem interferência humana, porém a criação de técnicas e
métodos tem contribuído no sentido de colaborar na construção de
146
ontologias e minimizado o volume de trabalho que seria inicialmente
realizado.
4.7 Ontologias de Topo
Atualmente, existem diversos esforços no sentido de construção de
ontologias de topo, isto é, aquelas cujo objetivo é representar o conhecimento
humano e servir como referência básica para construção de ontologias de
domínio e de aplicação.
Entre os projetos mais conhecidos, destacam-se as ontologias
Sumo, KR e projeto CYC.
A Ontologia SUMO (Suggested Upper Merged Ontology) foi proposta
por um grupo de trabalho da IEEE, formada por colaboradores de diversas
áreas, com a finalidade de oferecer uma ontologia com termos genéricos
entre 1000 e 2500 termos.
A Ontologia KR (Knowledge Representation), proposta por John
Sowa, é baseada em abordagens filosóficas e, principalmente, na semiótica
de Peirce e categorias de existência enumeradas por Whitehead.
O projeto CYC, que representa o maior esforço no sentido de
desenvolver uma ontologia com a maior amplitude possível, é projetado para
atender todo o conhecimento humano e apresenta cerca de 3000 classes
superiores, divididas em 43 categorias, contando com aproximadamente
2.000.000 de conceitos.
A ontologia CYC teve sua origem em 1984, através Doug Lenat, da
Microelectronics and Computer Corporation, MCC, sendo proprietária e
restrita. Hoje os direitos são detidos pela Cycorp.
A Cycorp apresenta uma versão gratuita disponível para uso e consulta chamada OpenCyc,
considerado como um padrão pelo IEEE.
<rdf:RDF xml:base="http://sw.opencyc.org/concept/"
xmlns="http://sw.opencyc.org/concept/"
xmlns:owl="http://www.w3.org/2002/07/owl#"
147
xmlns:rdf="http://www.w3.org/1999/02/22-rdf-syntax-ns#"
xmlns:rdfs="http://www.w3.org/2000/01/rdf-schema#"
xmlns:skos="http://www.w3.org/2004/02/skos/core#"
xmlns:xsd="http://www.w3.org/2001/XMLSchema#"
xmlns:cyc="http://sw.cyc.com/"
xmlns:opencyc="http://sw.opencyc.org/"
xmlns:cycAnnot="http://sw.cyc.com/CycAnnotations_v1#">
<owl:Ontology rdf:about="">
<owl:versionInfo>Version 2.0.0</owl:versionInfo>
<rdfs:comment xml:lang="en">
OpenCyc Knowledge Base
Copyright© 2001-2009 Cycorp, Inc., http://www.cyc.com/, Austin, TX, USA
This file contains an OWL representation of information contained
in the OpenCyc Knowledge Base. The content of this OWL file is
licensed under the Creative Commons Attribution 3.0 license whose
text can be found at http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/legalcode.
The content of this OWL file, including the OpenCyc content it represents,
constitutes the "Work" referred to in the Creative Commons license. The terms of
this license equally apply to, without limitation, renamings and other
logically equivalent reformulations of the content of this OWL file
(or portions thereof) in any natural or formal language, as well
as to derivations of this content or inclusion of it in other ontologies.
Mappings between OpenCyc terms and Wikipedia article names provided by
Olena Medelyan and Catherine Legg, University of Waikato, NZ under a Creative
Commons Attribution 3.0 license.
</rdfs:comment>
</owl:Ontology>
E
XEMPLO
18
-
CABEÇALHO EM
OWL
DA
O
NTOLOGIA
O
PEN
C
YC
A versão OpenCyc, que atualmente se apresenta no release 1.0.2,
tem as seguintes características:
Versão gratuita com 47.000 conceitos
306.000 sentenças sobre conceitos
Parte do Mecanismo de inferência do Cyc
Browser para visualização da Ontologia
OWL e Cyc (Linguagem própria similar ao LISP)
SubL (Interpretador: navegar/editar/inferir)
148
API’s para desenvolvimento de aplicações
Figura 22 – OpenCyc
Fonte: http://sw.opencyc.org
Através do site do projeto, é possível baixar a versão da OpenCyc
em formato OWL (exemplo 18), e também utilizar a ferramenta disponível
para uso via web (figura 22).
As ontologias de topo podem ser utilizadas diretamente ou então
servir como base para construção de ontologias de domínio.
Este capítulo apresentou os conceitos, linguagens e ferramentas
para construção e manipulação de ontologias, que são fundamentais no
desenvolvimento e aplicação das técnicas da Web Semântica, finalizando a
contextualização e base teórica a respeito da Web 3.0.
149
5
R
EPOSITÓRIOS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
Nesse capítulo busca-se apresentar os repositórios digitais de
informação científica, objeto principal desta pesquisa. Tem por objetivo
conceituar os repositórios digitais e sua estrutura de informação,
observando as principais ferramentas para a implementação de repositórios
digitais disponíveis em formato open source. Através de observação direta
não participativa também é feita uma análise e tabulação dos recursos de
Web 2.0 e Web 3.0, implementados nas ferramentas para construção de
repositórios digitais.
A produção de material científico e, principalmente, de revistas
científicas cresceu significativamente durante todo o século XIX, em função
do aumento do número de pesquisadores e de pesquisa. Durante o século
passado, o crescimento foi significativo, incrementado pelo fato de as
revistas científicas serem também publicadas por universidades e pelo
Estado, além das editoras comerciais.
O aumento da quantidade de pesquisadores e, consequentemente,
de pesquisas resultaram no aumento da demanda em relação ao acesso ao
material científico produzido, para que o processo de geração de
conhecimento através de conhecimento produzido fosse possível. Com o
mercado de publicação científica em plena expansão, as comunidades
científicas, que produzem material, passaram a ter dificuldade de acesso à
produção, visto que o conteúdo passou a ser gerido e explorado pelas
editoras.
Se, por um lado, a maior parte dos periódicos científicos relevantes
internacionalmente é distribuída por agentes comerciais que, por terem o
direito de venda exclusiva da publicação, adotam preços elevados, por outro,
observa-se que os produtores científicos mantêm uma competição com os
editores comerciais, produzindo revistas constituídas com o objetivo de
divulgar a sua própria produção científica, sem terem que abrir mão de seus
direitos autorais para os editores (LEVACOV, 1997).
150
A dificuldade e a necessidade de acesso ao material produzido,
juntamente com a introdução da tecnologia digital, estabeleceram uma nova
ordem na edição e publicação da comunicação científica: o surgimento das
publicações científicas em meio eletrônico e a aproximação e interação da
comunidade científica, pela web, em novas escalas de tempo e espaço, além
da criação de um novo conceito de publicação o Open Access Initiative
(OAI) que tem como premissa promover o acesso livre e irrestrito à
literatura científica e acadêmica, de forma a mudar a maneira de explorar o
material científico produzido.
O OAI estabeleceu novos critérios em relação à maneira com que
as instituições e os pesquisadores lidam com o material produzido em seu
âmbito, porém o estabelecimento desta filosofia está amparado por
estruturas tecnológicas que permitem a publicação e consequente
disseminação da informação. Essas estruturas tecnológicas são
encabeçadas, principalmente, pelas ferramentas que permitem a criação de
Repositórios Digitais Institucionais e Revistas Eletrônicas.
Moreno, Leite e Arellano (2006, p.84) afirmam:
Os arquivos/repositórios de acesso livre, baseados em
arquivos abertos, são interoperáveis e, por esta razão, podem
ser acessados por diversos provedores de serviços disponíveis
em nível nacional e internacional. Dessa forma, os periódicos
eletrônicos, os repositórios institucionais e os repositórios
temáticos de acesso livre, aliados à tecnologia de arquivos
abertos estão sendo utilizados pelas comunidades científicas
para apoiar e tornar mais ampla a divulgação dos resultados
das pesquisas bem como maximizar o seu impacto, criando
mecanismos para legitimar e estimular a publicação dos
trabalhos produzidos.
Repositórios são conjuntos de documentos coletados, organizados
e disponibilizados eletronicamente. No contexto específico dos repositórios,
os documentos adquirem novas configurações e são denominados objetos
digitais ou estrutura de dados digitalmente codificados, composta pelo
conteúdo de informação, metadados e identificador (BEKAERT; VAN DE
SOMPEL, 2006).
151
Os repositórios institucionais inserem-se no movimento conhecido
por Open Access Initiative, que visa promover o acesso livre e irrestrito à
literatura científica e acadêmica, favorecendo o aumento do impacto do
trabalho desenvolvido pelos investigadores e instituições, e contribuindo
para a reforma do sistema de comunicação científica. (RODRIGUES, 2006)
Nos últimos anos, os repositórios institucionais têm sido alvo de
grande atenção por parte de universidades e bibliotecas universitárias,
reassumindo o controle acadêmico sobre a publicação, aumentando a
competição e reduzindo o monopólio das revistas científicas das editoras
comerciais.
Os repositórios digitais são sistemas de informação que facilitam a
publicação e o armazenamento de documentos, além de fornecer serviços de
informação, e por isso o interesse em contribuir com a organização de sua
informação.
As comunidades científicas, de um modo geral, têm visto a
utilização de repositórios institucionais como um divisor de águas entre as
formas de publicar trabalhos científicos, assim como disseminá-los entre
pares e pesquisadores. Esses novos formatos são caracterizados,
principalmente, pelo formato eletrônico de publicação, impulsionados pelas
dificuldades encontradas na publicação impressa e pelo avanço tecnológico.
Os novos modelos de publicação científica, especialmente os
ligados à publicação científica eletrônica, têm como premissa a quebra de
algumas barreiras, como tempo, facilidade de publicação e disseminação dos
trabalhos publicados.
Neste sentido, encontra-se, em universidade e institutos de
pesquisa, um movimento em busca da facilidade de publicação e da
utilização da Internet como meio de disseminar as pesquisas, sejam elas no
ambiente acadêmico ou não.
As grandes universidades brasileiras, em especial as públicas, que
contam com programas de pós-graduação, cumprindo solicitação da CAPES,
têm ou procuram iniciativas que buscam publicar pelo menos as
152
dissertações de mestrado e as teses de doutorado de maneira eletrônica,
tornando de conhecimento público os trabalhos desenvolvidos.
Paralelo a esta frente de publicação dos trabalhos defendidos,
alguns órgãos de pesquisa têm também se esforçado no sentido de
desenvolver ambientes de repositórios institucionais e temáticos, para
publicação e autoarquivamento da pesquisa de sua comunidade.
Um repositório digital é uma forma de armazenamento de objetos
digitais que tem a capacidade de manter e gerenciar material por longos
períodos de tempo e prover o acesso apropriado. Essa estratégia foi
possibilitada pela queda nos preços no armazenamento, pelo uso de padrões
como o protocolo de coleta de metadados da Iniciativa dos Arquivos Abertos
(OAI-PMH), e pelos avanços no desenvolvimento dos padrões de metadados
que dão suporte ao modelo de comunicação dos arquivos abertos (VIANA,
2007).
Segundo Leite (2009, p. 21),
Um repositório institucional de acesso aberto constitui,
portanto, um serviço de informação científica em ambiente
digital e interoperável dedicado ao gerenciamento da
produção intelectual de uma instituição.
Contempla, por conseguinte, a reunião, armazenamento,
organização, preservação, recuperação e, sobretudo, a ampla
disseminação da informação científica produzida na
instituição. Uma das definições mais conhecidas é que um
repositório institucional consiste em um conjunto de serviços
que a universidade oferece para os membros da sua
comunidade com vistas ao gerenciamento e disseminação do
material digital criado pela instituição e pelos seus membros.
Os repositórios digitais podem ser divididos em temáticos e
institucionais, além de apresentarem estrutura e características próprias.
O primeiro tipo de repositório digital, o repositório temático (RT),
armazena documentos com uma delimitação de cobertura por assunto, área
do conhecimento ou temática específica.
Kuramoto (2006, p. 83) define repositórios temáticos como “um
conjunto de serviços oferecidos por uma sociedade, associação ou
153
organização, para gestão e disseminação da produção técnico-científica em
meio digital, de uma área ou subárea específica do conhecimento”. O êxito
dos repositórios temáticos suscitou discussões sobre seu funcionamento e a
necessidade de um gestor que lhes garantisse bom desempenho, fazendo
surgir a figura de uma instituição responsável e agregadora das iniciativas
individuais de desenvolvimento de repositórios. Neste momento emergem os
repositórios institucionais (CAFÉ, 2003).
O repositório institucional (RI) é a reunião de repositórios
temáticos, sob a responsabilidade técnica e administrativa de uma
instituição ou organismo. Por consequência, este tipo de repositório é
multidisciplinar e possui uma gama de tipos de documentos ainda maior que
um repositório temático. Além de agregar o conjunto de informações
relativas e/ou de interesse para a instituição, dispõem de serviços referentes
à organização, disseminação e acesso ao conteúdo digital (CAFÉ, 2003).
Os repositórios digitais, sejam eles temáticos ou institucionais,
apresentam características semelhantes, possuem uma estrutura comum de
submissão e acesso às informações e o desenvolvidos segundo padrões de
interoperabilidade específicos, que potencializam o uso desses sistemas para
agregação e divulgação da informação digital. Algumas das características ou
observações quanto à estrutura destes repositórios são impostas pelos
padrões que utilizam.
De acordo com os objetivos propostos, um repositório digital pode
contemplar uma infinidade de tipos de documentos, ou seja, ter uma
tipologia variada de documentos. Mesmo com a concepção de que os
repositórios foram desenvolvidos para divulgar documentos publicados
nos meios tradicionais (BUDAPEST..., 2002), não uma delimitação sobre
os tipos de documentos que atualmente podem compor um repositório
(CAFÉ, 2003).
Os repositórios institucionais têm sido mais amplamente
desenvolvidos em ambientes universitários com a preocupação de
disponibilizar resultados de pesquisa a partir de coleções digitais de
154
departamentos e faculdades. Os repositórios dão projeção à produção
acadêmica e a reúnem em um sistema de informação que possibilita seu
acesso em longo prazo, com um custo inferior à publicação em revistas
tradicionais, evidenciando seu valor científico, cultural, social e econômico
(CROW, 2002).
Kuramoto (2006, p.101) afirma:
Em muitos países, inclusive aqueles mais desenvolvidos, as
agências de governo vêm elaborando e implantando ações em
prol do acesso livre à informação. Pelo ROAR, verifica-se que
países como os EUA,o Reino Unido e a Alemanha vêm
investindo na construção de repositórios, despontando como
os países que mais implantaram repositórios. Portanto, esses
países servem de referência para as nossas ações concernentes
a essa questão.
A implantação de um repositório institucional em uma
determinada comunidade se inicia a partir de uma política de publicação de
autoarquivamento, que indica a conscientização da necessidade de se criar
uma cultura de postagem, passando pela implementação técnica do
repositório e finalizando com a efetiva utilização do mesmo dentro da
comunidade científica.
Leite (2009, p. 22) expressa a importância da utilização de
repositórios digitais em ambientes acadêmicos.
Instituições acadêmicas no mundo inteiro utilizam repositórios
institucionais e o acesso aberto para gerenciar informação
científica proveniente das atividades de pesquisa e ensino e
oferecer suporte a elas. Nesse sentido, os repositórios
institucionais têm sido intensamente utilizados para:
melhorar a comunicação científica interna e externa à
instituição;
maximizar a acessibilidade, o uso, a visibilidade e o
impacto da produção científica da instituição;
retroalimentar a atividade de pesquisa científica e apoiar
os processos de ensino e aprendizagem;
apoiar as publicações científicas eletrônicas da
instituição;
155
contribuir para a preservação dos conteúdos digitais
científicos ou acadêmicos produzidos pela instituição ou
seus membros;
contribuir para o aumento do prestígio da instituição e do
pesquisador;
oferecer insumo para a avaliação e monitoramento da
produção científica;
reunir, armazenar, organizar, recuperar e disseminar a
produção científica da instituição.
Para a implementação técnica, são vários os softwares disponíveis,
tanto em iniciativas de software livre, open-source e até alguns que sugerem
a aquisição de uma licença de uso. Entre os principais, atualmente
encontram-se: Dspace, GNU E-prints
23
, OPUS
24
, Open Repository
25
, DiVA
26
,
Fedora
27
.
Nesta pesquisa, todos os testes realizados e sugestões abordadas
utilizam como parâmetro principal a ferramenta Dspace, por oferecer um
ambiente altamente configurável, que pode ser empregado tanto para o
desenvolvimento de pequenos repositórios até em ambientes complexos de
tramitação de material científico avaliado por pares. O Dspace nasceu de um
esforço conjunto de investigação do MIT
28
(Massachusetts Institute of
Technology) e da HP (Hewlett-Packard), com sua primeira versão
disponibilizada em novembro de 2002.
Cabe ressaltar que o Dspace está sendo abordado apenas como
ferramenta auxiliadora no processo de construção de um modelo que tem
como principal objetivo atender, em seu contexto tecnológico e conceitual,
todos os tipos de ferramentas que permitam a constituição de repositórios
digitais informacionais. Portanto, algumas características técnicas estarão
direcionadas ao Dspace, porém poderão ser facilmente adaptadas, quando
não compatíveis, com qualquer outra ferramenta.
23
http://www.eprints.org/software/
24
http://opus.bath.ac.uk/
25
http://www.openrepository.com/
26
http://www.diva-portal.org
27
http://www.fedora-commons.org/
28
http://web.mit.edu/
156
Utilizado como base para a implementação de repositórios
institucionais, o Dspace facilita o processo de desenvolvimento dos mesmos,
tanto na questão técnica quando na questão econômica. Por se tratar de um
software, cujo modelo de licenciamento é o BSD Open Source License, não é
necessário investimento financeiro na aquisição do software, incluindo ainda
a possibilidade de as instituições de pesquisa criarem grupos que possam
colaborar com o desenvolvimento da ferramenta. Outro fator importante da
utilização do Dspace é a grande disseminação desta ferramenta ao redor do
mundo, permitindo aos usuários e administradores de sistemas a troca de
informações quanto à utilização e administração do sistema. Está
atualmente em funcionamento no MIT, e em diversas universidades e outras
instituições dos Estados Unidos e da Europa. O Dspace.org também propõe
um ambiente que agrega vários colaboradores e desenvolvedores do mundo
todo em prol de melhorias, tanto no desenvolvimento quanto no uso da
ferramenta. É possível verificar os repositórios implementados com a
ferramenta através do site o oficial do Dspace
(http://www.dspace.org/content/view/1047/333/).
O Dspace trabalha com um modelo de dados baseado em
comunidades e coleções, possibilitando aos usuários pesquisar e navegar
nas publicações, através de ferramentas de buscas internas.
5.1 A estrutura de informação dos repositórios digitais.
As principais ferramentas que permitem a implantação de
repositórios institucionais apresentam características semelhantes quanto à
forma com que armazenam seus dados. Todas elas estão amparadas por
uma estrutura que define um banco de dados, relacional em grande parte
das vezes, para armazenar as informações que são postadas pelos mais
variados tipos de usuários.
Dentro do contexto de armazenamento, o que se é a utilização
de banco de dados relacionais, onde cada ferramenta implementa um
157
diferente modelo lógico de dados para que as informações sejam
armazenadas.
De modo geral, os produtos de banco de dados mais utilizados
pelas ferramentas são: Postgresql, Oracle e Mysql, não necessariamente
nesta ordem.
Como neste trabalho a demonstração de aplicação será realizada
com o uso do software DSPACE, utilizar-se-á o mesmo como exemplo para
apresentação das características estruturais de um repositório digital.
O Dspace oferece a possibilidade de ser implantado com o uso do
Postgresql ou do Oracle, ficando a cargo da equipe de implantação a escolha
da melhor opção, de acordo com o tipo de aplicação e da estrutura funcional
da instituição que receberá o repositório.
Figura 23 - Modelo Lógico de Banco de Dados – Dspace
Fonte: Documentação DSPACE
Através da figura 23, pode-se verificar o modelo lógico utilizado
pelo Dspace e oferecido como referência em sua documentação. Ele é
composto basicamente por seis entidades, sendo que cada uma representa
um papel específico no armazenamento de informações:
158
Community: Comunidade, como a Universidade Estadual
Paulista ou o Departamento de Ciência da Informação.
Collection: Coleção, para separar as informações por grupos,
como, “relatórios técnicos”, artigos, material de aula.
Item: Um relatório, um artigo, uma apresentação.
Bundle: Grupo ou pacote de informações que representa um
documento.
Bistream: Informações específicas sobre os arquivos
(documento, imagem, arquivo de dados) que compõem um
recurso.
Bistream format: Especificação do formato do arquivo que
compõe o recurso, como PDF. TXT, DOC.
Figura 24 - Parte do Modelo Físico do Dspace.
Fonte: Documentação DSPACE
O modelo lógico apresentado, apesar de parecer simples, embute
em suas informações um conjunto de outras informações que registram tudo
o que os usuários precisam no momento de armazenar ou de recuperar
informações em um repositório institucional, conforme o modelo sugerido
pelas ferramentas.
159
O modelo físico, que é a representação real de implementação do
banco de dados, apresenta um conjunto completo e rico em detalhes para
que toda a estrutura de informação possa ser implementada e armazenada
no banco de dados. Através da figura 24, é possível verificar que a maneira
que as entidades são apresentadas no modelo lógico tem função apenas para
efeito de entendimento do contexto global de informações.
O modo de armazenar fisicamente as informações dentro de um
repositório não interessa aos usuários, em grande parte dos casos, ficando
muito mais a cargo da equipe de desenvolvimento ou atualizações da
ferramenta, porém essa estrutura física está baseada em um conjunto
mínimo de informações que deve ser seguido, para que as informações
armazenadas em repositórios possam ser interoperáveis.
A necessidade de interoperabilidade dos dados surgiu juntamente
com o crescimento de iniciativas para resolver o problema da disseminação
da informação, apresentada no começo deste capítulo, visto que, com a
necessidade de desenvolver estruturas que permitissem o armazenamento e
consequente recuperação da informação em repositórios institucionais, cada
instituição iniciou o desenvolvimento do seu próprio modelo de informações.
Garantir a interoperabilidade e integração entre os inúmeros
sistemas de informação é inquestionável. A criação de repositórios de dados
e serviços comuns/partilhados exige a implantação de soluções que
permitam a integração eficaz e segura entre diferentes sistemas. Assim, pode
definir-se interoperabilidade como o processo através do qual se assegura
que diferentes sistemas, procedimentos e a própria cultura de uma
organização sejam maximizados, permitindo a recuperação e a utilização
constante da informação (MILLER, 2000 in SAYÃO, 2007). O assegurar da
interoperabilidade implica a reestruturação e remodelação dos
procedimentos organizacionais, nomeadamente nas relações com os
utilizadores e com o uso da informação. Nesse sentido, têm-se desenvolvido
uma série de padrões e protocolos de comunicação, transferência,
160
armazenamento e codificação de informação, como o Z39.50, o OAI-PMH e o
XML (SAYÃO, 2007).
Dada a divergência entre as estruturas utilizadas nas ferramentas
utilizadas como repositório, foi escolhido um modelo básico de dados que
permitia a troca de informações entre repositórios digitais, que é o OAI-PMH.
Segundo o site oficial do protocolo OAI-PMH (2004),
O protocolo OAI-PMH é um mecanismo para transferência de
dados entre repositórios digitais. É uma interface que um
servidor de rede pode empregar para que os metadados de
objetos residentes no servidor estejam disponíveis para
aplicações externas que desejem coletar esses dados. Essa
interface tem duas
propriedades: interoperabilidade e extensibilidade. A
interoperabilidade decorre da obrigatoriedade embutida no
protocolo para implementação do padrão Dublin Core. Assim
todos os repositórios que utilizam o protocolo OAI podem
trocar metadados. Já a extensibilidade advém da oportunidade
de se criar ou utilizar também padrões de metadados
diferentes do Dublin Core. Descrições específicas para uma
comunidade ou especificidade de metadados para satisfazer
necessidades especiais podem ser criadas ou adaptadas de
forma a funcionarem com o protocolo OAI.
O uso do OAI-PMH, que é baseado no padrão DC, oferece à
ferramenta a estrutura necessária para que as informações sejam
posteriormente interoperáveis.
Marcondes (2005, p.100) indica:
a vantagem do uso do OAI-PMH consiste em permitir a coleta
automática de metadados de documentos armazenados em
arquivos de publicações eletrônicas os provedores de dados.
Os metadados são coletados conforme o Dublin Core (padrão
internacional), pois é mais específico para informação
bibliográfica.
É inegável que as ferramentas que possibilitam a implementação
de repositórios devem estar de acordo com a estrutura necessária para
implementar o protocolo OAI-PMH, visto que ele facilita o processo de
interoperabilidade e, consequentemente, a troca de informação entre
repositórios e serviços.
161
É importante ressaltar que o protocolo OAI-PMH implementa
apenas os elementos principais do padrão DC, ficando a extensibilidade
restrita apenas ao repositório em que o material/documento está depositado.
Figura 25 - Inserção de outro padrão de metadados na ferramenta Dspace. Área
administrativa do software.
Fonte: Dspace
É possível verificar, na figura 25, que o Dspace traz em sua
estrutura original o padrão de metadados DC Qualificado, mas também
liberdade para que os administradores da ferramenta cadastrem e sugiram
outro tipo de padrão de metadados. O uso exclusivo de outros padrões de
metadados impede o uso do protocolo OAI-PMH.
162
Figura 26 - Alteração do padrão DC Qualificado na ferramenta Dspace. Área
administrativa do software.
Fonte: Dspace
A ferramenta Dspace também possibilita a extensibilidade do
padrão DC qualificado (figura 26) que ela embute originalmente em seu
código e que conta, na versão 1.5.0, com 70 elementos. a liberdade ao
administrador do sistema de inserir novos elementos, além de excluir e
alterar os que já existem.
Destaca-se que os softwares que implementam repositórios
apresentam uma camada lógica, baseada em padrão de metadados e uma
estrutura física que indica o uso de um banco de dados relacional. Esse tipo
de estrutura funcional é muito claro quando se utilizam os padrões
difundidos e empregados na Ciência da Informação, e sugere em alguns
casos um repensar sobre grande parte da teoria de modelagem de dados
utilizada no contexto do desenvolvimento de sistemas de informação.
Grande parte da estrutura apresentada em relação a padrões de
metadados e de protocolos que permitem a troca de informações através de
163
um modelo de interoperabilidade sugerido tem como princípio fundamental
possibilitar a troca de informações e a recuperação mais adequada de
informações aos usuários.
5.2 A recuperação de informação em repositórios digitais.
A recuperação de informações em repositórios digitais apresenta
um grande diferencial em relação à recuperação de informações na Web,
pois parte de um princípio de que a informação foi registrada e armazenada
de forma adequada, seguindo padrões de catalogação e uso de metadados e
com conteúdo e estrutura de informação muito bem delimitada e separada,
baseada em conceitos que se preocupam com a recuperação da informação,
como o uso de estrutura e formatos de representação da informação
previamente estudados.
Pelo contexto apresentado até este momento, é possível perceber
que a recuperação de informação pode ser segmentada e se tornar específica
para atender à busca em determinados campos que estão diretamente
relacionados aos elementos do padrão de metadados utilizado.
Apesar de a estrutura de armazenamento sugerir um tipo de
recuperação mais apropriado ao usuário, ela continua sendo feita de forma
sintática, buscando, dentro do conjunto de informações armazenadas,
palavras que tenham mesma grafia, e utilizando a técnica baseada no
modelo booleano e na teoria de conjuntos, possibilitando apenas o
cruzamento de elementos da estrutura na busca de informação.
A apresentação dos resultados também não sugere novidades em
relação às principais ferramentas de busca encontradas na Web, tendo
características limitadas e utilizando como principal formato a apresentação
de uma lista de informações que remetem a um link, onde naturalmente está
o recurso.
164
Outro ponto que pode ser abordado no contexto de recuperação é
que o conjunto de informações disponíveis em repositórios digitais é muito
grande e bem estruturado. Portanto, além da simples recuperação de
informações baseadas em expressões dos usuários, poderiam ser
apresentados cruzamentos de informações dentro do próprio contexto dos
dados armazenados, com apresentação de rankings e possíveis
relacionamentos entre objetos que m o mesmo conteúdo, autor ou
instituição, por exemplo. Isso poderia ser caracterizado dentro de uma
estrutura no formato de redes, permitindo relacionar informações que não
têm relação sintática, mas sim semântica ou de associação por alguma outra
característica.
De modo geral, a recuperação da informação em repositórios pode
ser muito explorada e evidentemente melhorada, dadas as características
estruturais pelas quais estes objetos digitais são constituídos.
No capítulo 7 será feita uma abordagem específica para a
recuperação da informação, já baseada no modelo proposto nesta pesquisa.
5.3 Os recursos e funcionalidades da Web 2.0 em repositórios digitais
A Web 2.0 é caracterizada pela implementação de itens de
tecnologia e também pela construção da inteligência coletiva através do
desenvolvimento de um tema.
De modo geral, os repositórios têm o perfil de permitir a uma
comunidade a disponibilização do seu material, através de uma plataforma
acessível via web, portanto é possível aplicar praticamente todos os recursos
da Web 2.0 em repositórios digitais.
Dentro deste contexto, verificaram-se os itens oferecidos pela
estrutura básica dos principais softwares, em suas versões mais atuais,
além de um grande número de repositórios instanciados com as
165
ferramentas, para estruturação de repositórios digitais: Dspace
29
, E-prints
30
,
Fedora
31
. A escolha dos três softwares foi motivada pela quantidade de
repositórios atualmente implementados com eles, por manterem equipes de
desenvolvimento trabalhando na evolução e atualização das versões e porque
são oferecidos sob licença open-source, dando liberdade à instituição ou à
equipe de programação para ampliar os recursos oferecidos.
Além dos softwares que exigem licença de uso, não foram
observados repositórios construídos sobre uma plataforma proprietária, ou
seja, desenvolvida por uma equipe técnica específica de uma instituição,
unicamente para aquele repositório.
O quadro 3 apresenta o resultado da abordagem:
Dspace 1.5
E
-
print 3
Fedora 3.2
RSS
S
S
S
Tag Clouds
N
N
N
Mashup
N
N
N
Interfaces Ricas
N
N
N
Comentários
S
-
Add
N
N
Blog
N
N
N
Q
UADRO
3
-
R
ELAÇÃO ENTRE
S
OFTWARE
R
EPOSITÓRIOS
X
R
ECURSOS
W
EB
2.0
Os três softwares para implementação de repositórios digitais
analisados apresentam características muito semelhantes, principalmente
em relação aos recursos de Web 2.0 nele implementados.
Foi verificado que o único recurso disponível nos três softwares foi
RSS. O recurso de RSS é realmente o mais simples no contexto de
desenvolvimento técnico, e, portanto, mais disponível. Talvez por isso esteja
29
http://www.dspace.org
30
http://www.eprints.org
31
http://fedora-commons.org/
166
presente em todos eles. Todos os softwares apresentam opções de RSS nas
versões 1.0 e 2.0.
Recursos como Tag Clouds, Mashups e ferramenta para Blog não
estão disponíveis em nenhum deles. Como as ferramentas são Open-Source,
foi realizada uma verificação em aproximadamente 80 repositórios digitais
que usam as ferramentas citadas e nenhum deles recebeu alteração de
estrutura para que os recursos fossem implementados.
O software Dspace, ao contrário dos outros dois (E-print e Fedora),
apresenta, em sua versão ampliada com o uso da ferramenta Manakin,
responsável por melhorar a interface de apresentação do Dspace, um modelo
de apresentação diferenciado, facilitando, ao responsável pela
implementação do repositório, o uso de Interfaces Ricas, porém somente o
uso da ferramenta não apresenta recursos suficientes que possam ser
caracterizados como interfaces ricas.
Apesar de não citado anteriormente como um dos recursos que
caracterizam a Web 2.0, os comentários em postagens são um recurso que
tem aparecido constantemente nos blogs e em portais de notícias, para que
os usuários possam de certa forma interagir com o conteúdo postado. Como
esse recurso facilita o processo de Inteligência Coletiva, não construção, mas
pela possibilidade de interação, foi incluído como recurso observado nas
ferramentas de repositórios.
Nenhum dos softwares verificados apresenta o recurso de
comentários, porém o Dspace apresenta em sua página de Add-nos e
Extensions, que o módulos do programa desenvolvidos por terceiros
colaboradores, um Add-on desenvolvido pela Universidade do Minho
32
de
Portugal, que possibilita a implementação deste recurso ao repositório que
utiliza as versões mais recentes (acima de 1.4.2) do Dspace.
Apesar de os recursos de Web 2.0 fazerem parte da maioria dos
portais mais populares na Web, eles ainda são restritos e pouco utilizados
em ferramentas que implementam repositórios digitais.
167
5.4 Os recursos e funcionalidades da Web 3.0 em repositórios digitais
Os repositórios digitais são estruturas de informação recentes,
portanto contemplam alguns dos principais recursos sugeridos como
parte da estrutura para se constituir uma Web Semântica.
Apesar de o contexto da Web Semântica estar baseado em
ambientes abertos, é possível pensar que as tecnologias apontadas para o
desenvolvimento da Web 3.0 possam ser aplicadas em ambientes
estruturados, com o objetivo de desenvolver uma estrutura de recuperação
da informação baseada em conteúdos e, com auxílio de uma ontologia, criar
um mapa de relação quando no momento da busca.
Os principais softwares, indicados neste capítulo, para
implementação de repositórios utilizam uma estrutura que propicia o
emprego de tecnologias da Web 3.0 dentro de seu contexto, apesar de não
estarem preparados e muito menos direcionados para este conceito.
Em todos os três softwares Dspace, E-prints e Fedora existe o
uso de um banco de dados relacional para que os dados sejam armazenados.
A estrutura em que as informações são armazenadas segue critérios
diferentes, porém conta com boa alternativa de estrutura de informações
quanto ao uso de modelos em banco de dados relacionais.
O fato de os softwares primarem pela interoperabilidade e
disporem de estrutura informacional para trocar informações através do
protocolo OAI-PMH indica o uso de estrutura de informação em formato
XML, fator que contribui para a implementação de técnicas e métodos de
Web 3.0 nos repositórios.
Entre as principais características que os softwares apresentam,
que possibilitam efetivar o uso dos padrões da Web 3.0 em repositórios, está
a estruturação de informações através do uso dos metadados. A opção pelo
uso do padrão DC, reconhecido e recomendado pelo W3C, facilita a
integração de outras tecnologias ao conteúdo dos repositórios.
32
http://www.uminho.pt
168
A oferta de uma estrutura que pode contribuir para o
desenvolvimento de busca semântica nos repositórios é certa, porém o único
software que implementa, através de add-on, o uso de ontologias para
publicação das palavras chaves é o Dspace, incluindo o uso da linguagem
OWL para descrever a ontologia. Apesar de o Dspace oferecer a possibilidade
de estruturas de representação do conhecimento, como vocabulários
controlados ou ontologias, para descrição das palavras-chave, os outros dois
softwares analisados não fazem qualquer referência a este conceito, e
também a nenhum outro que possa dar o entendimento de que uma
convergência para recuperação semântica nestes ambientes.
A utilização de ontologia OWL é um grande passo para construir
busca semântica e aplicar relacionamento entre os termos através do uso
das classes disponibilizadas nas tecnologias.
Dessa forma, fica claro que os repositórios são ambientes
informacionais que, se adaptados, podem efetivamente melhorar muito o
processo de descrição e, consequentemente, de recuperação da informação,
porque o formato estrutural em que foram construídos é totalmente propício
à utilização dos conceitos de Web Semântica.
No próximo capítulo será apresentado o modelo “Representação
Iterativa” a ser aplicado em repositórios digitais científicos, a fim de
aproveitar essa pré-disposição funcional dos repositórios e de torná-los
modelo de recuperação semântica de informação.
169
6
R
EPRESENTAÇÃO
I
TERATIVA
,
MODELO DE ESTRUTURA PARA DESCRIÇÃO
,
ARMAZENAMENTO
,
REPRESENTAÇÃO DE RECURSOS E RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
EM REPOSITÓRIOS DIGITAIS CIENTÍFICOS
Os capítulos anteriores apresentaram os conceitos básicos e
necessários para o entendimento da “Representação Iterativa” proposta
nesta tese, possibilitando estabelecer argumentos para o desenvolvimento
desse modelo para repositórios digitais.
Este capítulo apresenta: o modelo “Representação Iterativa”, que
deve transformar um repositório digital científico em uma ferramenta apta a
descrever, armazenar e recuperar informação, permitindo a recuperação
semântica e a construção coletiva de uma estrutura relacional semântica de
informações através de Folksonomia Assistida; e as técnicas utilizadas no
desenvolvimento da estrutura sugerida.
Ressalte-se que a ferramenta Dspace servirá como apoio nos
momentos em que for necessário criar relações do modelo com uma
ferramenta real, além de expressar, através de exemplos, fórmulas ou
construções conceituais.
Iniciar-se-á com uma abordagem sobre a estrutura funcional do
Dspace em relação a sua camada de metadados, apresentando de forma
objetiva a relação existente entre o Dublin Core e a modelagem de banco de
dados desenhada para armazenar as informações.
Em seguida, será apresentado o estudo de Catarino (2009), que
prevê a utilização de Folksonomia em repositórios digitais, visto que o estudo
realizado pela autora será importante para compor a estrutura de
funcionamento do modelo de Representação Iterativa.
Finalmente será descrita estrutura da Representação Iterativa, e,
em seguida, a descrição de cada fase do processo de construção da
informação quando da utilização do modelo proposto.
170
6.1 Armazenamento – a relação entre Dublin Core e Banco de Dados
No capítulo anterior, quando se tratou de repositórios, apresentou-
se o modelo lógico e parte do modelo físico de banco de dados da ferramenta
Dspace, modelos que garantem o armazenamento de informações que são
registradas em um repositório digital.
Importante ressaltar que, diferente de um simples registro de
banco de dados ou então de livre armazenamento de um documento, o
processo de autoarquivamento de objetos digitais em um repositório digital
científico é um pouco mais complexo e exige dedicação do usuário, que
deverá descrever a informação de maneira coesa ao autoarquivar seu objeto
digital.
A atividade de inserir informações em um repositório digital
compreende o processo de inicialmente descrever o conjunto de informações
que representa os metadados do objeto a ser inserido e, na sequência,
realizar o envio do arquivo principal e também dos arquivos
complementares, se houverem, para que todo o conjunto de informações seja
armazenado no repositório.
Dá-se o nome de arquivos binários ao arquivo principal e seus
complementares que podem estar na forma de documentos, planilhas,
imagens, audios, vídeos, etc. Estes arquivos são inseridos de forma a ficarem
armazenados no servidor em um conjunto de diretórios pré-estabelecidos
pela ferramenta.
O armazenamento interno de informações se de duas maneiras
que completam o processo: através da gravação dos metadados, em uma
estrutura de banco de dados, de forma estruturada; e também através do
armazenamento do arquivo full-text, de forma não estruturada, através de
um ou mais arquivos binários.
O armazenamento de informações estruturadas guarda no banco
de dados do repositório as informações pertinentes aos metadados que foram
descritos pelo usuário, assim como as informações complementares a
171
respeito da comunidade e coleção de que o objeto faz parte. Informações a
respeito dos arquivos binários, como tamanho, tipo de arquivo e nome,
também são armazenadas no banco de dados.
Para armazenar as informações sobre as comunidades e coleções, e
a relação de qual coleção faz parte de qual comunidade, o Dspace define,
respectivamente, três tabelas físicas denominadas: community, collection e
community2collection (figura 27).
Figura 27 – Tabelas community, collection e community2collection
Fonte: Dspace
A tabela community é utilizada para armazenar as comunidades
que fazem parte do repositório; a tabela collection armazena as informacões
a respeito das coleções; e a tabela community2collection tem a função de
armazenar o relacionamento entre as comunidades e coleções, ou seja, as
coleções que fazem parte de cada uma das comunidades.
As comunidades e coleções são definidas, organizadas e
gerenciadas pelos administradores, de forma que ofereçam ao usuário uma
organização lógica a respeito do domínio de conhecimento em que o
repositório está inserido.
Para conceber o armazenamento interno das informações relativas
aos objetos que estão sendo depositados no repositório, em sua grande parte
por pesquisadores, o banco de dados define um conjunto de tabelas que deve
armazenar desde a informação do próprio usuário que está fazendo o
172
depósito, incluindo data, até o conjunto de informações que compõe os
metadados do recurso a ser depositado. No Dspace, as tabelas físicas
responsáveis por armazenar as informações do objeto digital depositado são:
item: responsável por armazenar as informações sobre o
usuário que fez o depósito, e definir um número único para o
objeto, além da data em que foi realizada a última alteração no
objeto;
collection2item: armazena a informação referente a qual coleção
pertence o recurso que está sendo inserido (estabelece o
relacionamento);
metadatavalue: armazena as informacões dos metadados do
recurso que está sendo inserido. Essa tabela faz uma ligação
direta com outras duas tabelas: metadataschemaregistry e
metadatafieldregistry.
Assim como outras ferramentas, o Dspace permite o cadastro de
mais de um esquema (formato) de metadados para ser utilizado, portanto,
além do pré-definido Dublin Core, podem-se cadastrar outros formatos de
metadados que foram desenvolvidos e definidos por alguma comunidade
específica. Isso implica que a ferramenta não está restrita a apenas um
formato de metadados. A tabela metadataschemaregistry é a responsável por
registrar cada um dos esquemas de metadados que o repositório suporta,
portanto cada registro da tabela representa um esquema de metadados
diferente.
173
Figura 28 – Tabela metadatafieldregistry (Dspace)
Fonte: Dspace
Outra tabela física citada, metadatafieldregistry, armazena os itens
(elementos) referentes aos esquemas de metadados registrados no
repositório, ou seja, cada registro da tabela representa um elemento de um
dos esquemas de metadados (figura 28). Os campos da tabela representam:
o esquema de metadados a que o elemento faz parte (metadata_schema_id),
o nome do elemento (element), o qualificador do elemento (qualifier),
possibilitando o registro de elementos qualificados, conforme visto no tópico
sobre Dublin Core (capítulo 3), e ainda um último campo que permite a
gravação de um texto de descrição sobre o elemento (scope_note).
No exemplo apresentado na figura 28, é possível verificar parte do
esquema que acompanha o Dspace em sua instalação.
Figura 29 – Tabela metadatavalue – Dspace
174
Fonte: Dspace
Os metadados do objeto a ser inserido no repositório digital,
descritos pelos usuários, são armazenados na tabela metadatavalue (figura
29). Nesta tabela, cada informação armazenada deve estar devidamente
relacionada a tabela item, através do campo item_id, de forma que o registro
represente uma informação de um determinado item. Dessa forma, verifica-
se que o campo item_id da tabela (figura 29) apresenta nos primeiros
registros o número 2 e nos ultimos registros o número 4, definindo que os
primeiros registros são de um item com código 2 e os outros restantes são de
um outro item com código 4, ou seja, todos as informações apresentadas na
figura 28 são parte de dois depósitos diferentes.
É possível observar também, na figura 29, que o campo
metada_field_id faz relação ao elemento de metadado registrado na tabela
metadatafieldregistry, apresentada através da figura 28. Assim, verifica-se
que, neste exemplo, o terceiro registro armazenado na tabela metadavalue
representa a informação sobre o elemento contributor, com qualifier author.
A informação sobre o valor que deverá ser registrado para esse elemento está
no campo text_value.
Através deste conjunto de relações, construídas por um modelo
relacional, o Dspace armazena as informações necessárias para guardar um
objeto depositado em um repositório digital.
Além das tabelas apresentadas, outras tabelas do modelo físico
também são utilizadas para armazenar detalhes de parte do conjunto de
informações do depósito, porém, dado o foco deste trabalho, o conjunto de
informações apresentadas será suficiente para o entendimento do modelo de
Representação Iterativa.
Nesta pesquisa, o foco não está em detalhar a estrutura de banco
de dados do Dspace, nem tampouco de qualquer outra ferramenta para
repositórios, porém é importante apresentar uma parte da estrutura que é
responsável pelo armazenamento de informações e a maneira como a
175
ferramenta gerencia esse conjunto de informações em sua estrutura
relacional de banco de dados, visto que, posteriormente, na construção do
modelo proposto nesta pesquisa, deverá ser ampliado o modelo de banco de
dados da ferramenta.
6.2 Folksonomia em repositórios digitais científicos
No capítulo 3 foram abordados o termo e o conceito de
Folksonomia, e ainda verificou-se, no capítulo 5, que essa funcionalidade
não está disponível nas principais ferramentas de repositórios digitais
disponíveis para implantação e uso.
No modelo Representação Iterativa, proposto nesta tese, considera-
se a Folksonomia como funcionalidade fundamental, pois caracteriza a
construção da informação de forma coletiva e prioriza a participação do
usuário, em grande parte pesquisadores, na construção do vocabulário do
domínio de conhecimento em que o repositório está inserido.
Dentro deste contexto, é importante ressaltar o trabalho de
Catarino (2009), que aborda de forma direta o uso de Folksonomia em
repositórios digitais.
Segundo Catarino (2009, p. 59),
Pressupõe-se que a folksonomia permite uma nova forma de
organização de recursos da Web e que, naturalmente, poderá
também ser adoptada pelos Repositórios Institucionais para
que seus utilizadores tenham uma forma de organizar os
recursos conforme suas necessidades.
Além de servir como uma forma de organização individual,
julga-se que as etiquetas atribuídas pelos utilizadores possam
ser aproveitadas pelos gestores dos Repositórios para
enriquecer a informação relativa aos recursos neles
depositados. As etiquetas podem ser relacionadas com
propriedades do DC e outras propriedades complementares,
enriquecendo, assim, a organização dos recursos sem
comprometer a interoperabilidade dos seus metadados.
176
Através de sua pesquisa, a autora verificou que as tags utilizadas
pelos usuários em ambientes folksonômicos podem ser representadas em
grande parte por elementos do padrão Dublin Core, por isso baseou-se em
coleta de informações nos sites Delicious e Conotea.
No cômputo geral, os dados representavam 50 recursos,
etiquetados por 15.381 utilizadores, com 5.098 etiquetas atribuídas.
Considerando que uma etiqueta podia ser atribuída a vários recursos e por
vários utilizadores, optou-se por registar o total de ocorrências das etiquetas
79.146 (CATARINO, 2009).
Para garantir uma identificação segura, o processo de organização
das etiquetas necessitou de alguns ajustes, conforme relata Catarino (2009,
p. 94):
As etiquetas analisadas foram agrupadas em suas formas
variantes (singular/plural, maiúsculas/minúsculas, idiomas,
grafia, siglas e abreviaturas). Este procedimento foi realizado
para facilitar posteriormente a identificação das propriedades.
Pressupôs-se que o agrupamento das etiquetas facilitaria a
compreensão das mesmas e consequentemente a identificação
das propriedades. Como resultado deste agrupamento, pode-se
perceber melhor o significado e agilizar o processo de
identificação das propriedades.
Os resultados alcançados demonstram que grande parte das tags
que foram inseridas pelos usuários são relativas à descrição do assunto,
caracterizada pelo elemento subject do padrão de metadados Dublin Core.
Verificou-se, portanto, que a propriedade Subject podia ser
relacionada com 52,9% do total geral de ocorrência de Key-tags e a 87,3% da
ocorrência de Key-tags relacionadas com elementos do DC (CATARINO,
2009).
Este contexto, devidamente estudado por Catarino, permite
verificar que grande parte das informações sugeridas através de tags é
utilizada com relação ao campo assunto, do documento ou link que este
deverá indexar.
177
Catarino (2009, p. 149) sugere a alteração do esquema de
metadados Dublin Core, no contexto de repositórios institucionais, para que
os mesmos possam receber a funcionalidade de Folksonomia.
O Social Tagging Application Profile (STAP) foi criado para declarar
termos de metadados que são propriedades complementares
às existentes no DC para a descrição de recursos de
repositórios institucionais que implementem funcionalidades
de social tagging ou importem etiquetas de outros sistemas.
Portanto, foi proposto para ser utilizado pelos repositórios
institucionais que possuam uma folksonomia resultante das
etiquetas atribuídas pelos próprios utilizadores dos recursos. A
intenção é acrescentar valor à descrição tradicional permitindo
que os próprios utilizadores registem os valores relativos às
propriedades que descrevem o recurso. Pressupõem-se que
desta forma serão ampliadas as possibilidades de organização
e recuperação da informação de forma diferenciada.
Apesar da citação anterior, o modelo de Representação Iterativa
tem preferência pela utilização do recurso de tag, indicando relação com o
campo assunto, unicamente. Essa preferência é justificada pelos números de
Catarino, que apresenta dados consistentes de que o campo assunto é
realmente o mais utilizado para relacionamento das tags descritas com os
documentos inseridos.
6.3 Representação Iterativa, estruturando o modelo
Conforme o trabalho vem sendo direcionado, é possível notar que a
pesquisa sugere a construção de um modelo estrutural para repositórios
digitais científicos, de forma que esses ambientes possam agregar
funcionalidades que atuem no sentido de garantir ao usuário uma melhor
interface de comunicação com o sistema e ainda evoluir no processo de
recuperação da informação, possibilitando a apresentação de resultados
baseados em relação semântica, baseada em associação de conteúdos, e não
apenas em comparação sintática, como é realizado atualmente.
O modelo Representação Iterativa parte do princípio de que o
usuário deverá ter uma interface diferente para inserção de dados no
178
repositório digital. A princípio, a única alteração em relação à interface
padrão de descrição do recurso será no momento de informar as palavras-
chave, visto que estes campos deverão vir com uma informação de que, além
de configurar como palavras-chave, os dados descritos ali serão também
utilizados como tags.
O fato de caracterizar o uso de tags cria neste ambiente a ideia
de que o ambiente tratará as palavras-chave como parte da concepção de
Folksonomia, e, portanto, deverá implementar recursos que permitam a
recuperação da informação em novos formatos, como uma nuvem de tags,
por exemplo.
No momento em que o usuário iniciar o processo de descrição da
tag deverá ocorrer uma intervenção do sistema, de forma que se caracterize
um processo que se denomina Folksonomia Assistida.
6.3.1 Folksonomia Assistida, enriquecendo a descrição do recurso
Folksonomia Assistida é um processo de apoio ao usuário, no
momento de definir os termos mais adequados para as tags que
referenciarão seu trabalho depositado em um repositório digital. O processo
é composto por duas partes principais.
A primeira parte implica que, para a implementação da
Folksonomia Assistida, deverá ser alterada a interface de comunicação do
usuário com o repositório, ou então desenvolvida uma nova interface, para a
inserção de informações no campo palavra-chave, utilizado como referência
para a inserção de conteúdo para as tags.
179
Figura 30 – Busca no Del.icio.us
Fonte: http://www.delicious.com
Nesse primeiro passo, deve-se apresentar ao usuário, no momento
da digitação da tag, de forma sistemática, um conjunto de informações
previamente inseridas no sistema, como uma sugestão de tags. A busca de
informação para fazer a sugestão é baseada em busca sintática.
Essa maneira de inserção de dados é realizada no site Delicious
(figura 30), e tem como característica a apresentação de sugestões conforme
o usuário vai digitando o termo a ser registrado como tag. Tecnicamente,
essa funcionalidade da Web 2.0, de interação com o usuário de forma rápida
e sem recarregamento da página, são as já citadas interfaces ricas. Conforme
apresentado no capítulo 3, o recurso de “sugestão”, utilizado pelo
Delícious e também na concepção da Folksonomia Assistida, foi inicialmente
apresentado pelo Google em sua ferramenta de busca, porém neste contexto
tem sido adaptado para facilitar o processo de descrição do recurso pelo
usuário.
O conjunto de informações que deverá ser apresentado ao usuário
no momento que este estiver digitando será baseado nas tags já inseridas no
sistema e também nos termos que fazem parte de uma estrutura de
representação do conhecimento das áreas de especialidades que deverá estar
associada ao repositório como parte do modelo estrutural proposto.
180
Assim que o usuário descrever as tags, aceitando ou não as
sugestões, o sistema receberá a informação e dará início a um segundo
passo para a concepção da Folksonomia Assistida.
No segundo passo, o repositório deverá receber os termos
enumerados pelo usuário e proceder à pesquisa de relacionamento da
informação dada pelo usuário em relação ao conjunto de informações
internas que a ferramenta dispõe.
O processo de relacionamento em questão é justamente uma busca
de relações dentro de uma estrutura de representação do conhecimento das
áreas de especialidades, visto que esta pode ser caracterizada por um
tesauro ou ainda por uma ontologia, que são instrumentos que permitem
uma busca hierárquica horizontal, mas, principalmente, uma busca
hierárquica vertical de relacionamento de termos.
Neste modelo, sugere-se o uso de uma estrutura de representação
do conhecimento das áreas de especialidades, em qualquer um de seus
instrumentos, porém no capítulo 4 foi abordado que a utilização de
ontologias através da linguagem OWL permite agregar recursos e facilitar o
processo de recuperação da informação, principalmente por ser uma
linguagem que vem sendo aprimorada constantemente, e conta com
indicação de uso pelo W3C.
A busca por termos relacionados em uma ontologia escrita com a
linguagem OWL pode ser realizada através da linguagem Sparql, que tem
como princípio justamente recuperar informações relacionadas em uma
linguagem para descrição de ontologias.
Esse segundo passo da Folksonomia Assistida, além de recuperar
termos relacionados em uma estrutura de representação do conhecimento
das áreas de especialidades, deverá também buscar informações no conjunto
de tags inseridas no sistema, principalmente em seus relacionamentos
horizontais. A busca por termos na estrutura de representação do
conhecimento deverá acontecer em níveis pré-estabelecidos pelo
administrador do ambiente, e a busca por relacionamentos horizontais no
181
conjunto de tags descritas também poderá ser mediada pelo
administrador, que deverá informar a quantidade de termos oferecidos para
cada termo digitado pelo usuário. Esses conceitos poderão ser previamente
parametrizados e adaptados conforme o repositório for sendo ampliado com
novos depósitos.
A seguir, após essa busca interna por relacionamentos em relação
ao termo descrito pelo usuário, o sistema apresentará novamente ao usuário
um conjunto de termos que poderão ser aceitos de forma total ou parcial, ou
ainda descartados pelo usuário, como sugestão final de tags para o recurso a
ser inserido. Em todo esse processo, cabe ao usuário decidir as tags que
melhor representem seu recurso digital dentro do domínio do repositório
digital científico em que está sendo realizado o depósito.
A utilização de termos de uma estrutura de representação do
conhecimento e também de tags inseridas no sistema não tem o objetivo
de engessar a criatividade do usuário, nem tampouco de descaracterizar o
termo Folksonomia, pois o sistema permite claramente que o usuário decida
livremente os termos que deverão ser utilizados como tags. A Folksonomia
Assistida tem como principal característica oferecer ao usuário um conjunto
de termos que estão sendo empregados no sistema, de forma que ele
possa usar a base de conhecimento do próprio repositório para qualificar a
descrição de seu recurso.
A Folksonomia Assistida prima pela consistência das tags, de
forma que o usuário do sistema evite abreviações, plurais/singulares ou
ainda palavras que possam dificultar a recuperação da informação,
posteriormente.
O processo de gravação das informações é efetivado quando o
usuário definitivamente escolhe os termos que gostaria de usar como tags e
grava as informações.
Ao decretar definitivamente o conjunto de dados que descrevem o
objeto digital, o sistema receberá e armazenará no banco de dados o
182
conjunto de informações que o usuário escolheu para descrever o objeto
digital.
O processo denominado Folksonomia Assistida, vem de encontro a
necessidade fazer com que as tags tenham um grau maior de significado em
relação ao objeto depositado, principalmente dentro do contexto em que está
sendo utilizada.
Guy e Tonkin (2006, p. 1) afirmam que,
Começamos por olhar para a questão das "tags malfeitas", um
problema para o qual os críticos da Folksonomia fazem
questão de aludir, e perguntar à comunidade que pesquisa
sobre Folksonomia se maneiras de compensar esses
problemas [...]
[...]Provavelmente, a grande falha dos sistemas de folksonomia
atuais, é que os termos de marcação utilizados nesses
sistemas são imprecisos. Os usuários dos sistemas que
utilizam Folksonomia inserem livremente as tags, o que
significa que as tags são muitas vezes ambíguas,
excessivamente personalizadas e inexatas.
O uso da Folksonomia Assistida busca justamente melhorar a
eficiência do uso de tags, permitindo ao usuário uma descrição livre para os
objetos digitais a que deposita, porém de forma que possa se amparar no
próprio conhecimento ja disponível no ambiente em que está utilizando.
6.3.2 Armazenando as tags de forma estruturada
A Representação Iterativa tem como princípio armazenar as tags
definidas pelo usuário, portanto deve-se realizar uma alteração na estrutura
de banco de dados que as ferramentas utilizam, criando um conjunto de
tabelas que possa estabelecer o armazenamento e relacionamento dessas
informações.
Nesse modelo se estabelece que uma nova tag, sempre que for
inserida no repositório, deverá ser cadastrada em uma tabela; porém se a tag
existir no banco de dados, cadastrada em depósito anterior, apenas será
183
atribuído um incremento, no banco de dados, em relação à quantidade de
vezes que a tag foi utilizada.
Outra característica da Representação Iterativa, baseada no
Folksonomia, é efetivamente criar um relacionamento horizontal entre tags
que descrevam o mesmo objeto digital. Esse processo constitui uma relação
semântica entre os termos individualmente citados, e, dentro de um contexto
de domínio do conhecimento restrito, estabelece uma relação entre termos,
de forma que possam ser recuperados posteriormente.
Cada vez que um conjunto de termos for inserido, é estabelecida a
relação, e assim vai se fortalecendo a estrutura de ligação entre as tags.
Portanto, toda vez que houver um mesmo relacionamento entre termos,
deverá apenas ser incrementada a quantidade de vezes que o relacionamento
acontece, sem a necessidade de se recadastrar a informação no banco de
dados.
Essa estrutura de informação que relaciona termos permite que se
crie um grafo de tags, onde cada tag será representada por um vértice e a
quantidade de relações entre as tags será representada visualmente pela
largura, considerando o peso, da aresta que liga os vértices.
O armazenamento das tags nesse formato de relação horizontal
permite constituir uma rede de informações.
As redes são consideradas um dos novos fenômenos de estudo na
Ciência da Informação, e a relação das tags no formato de redes permite
estudos mais aprofundados posteriormente do conteúdo que será gerado
pelo repositório digital científico que implementar o modelo de Representação
Iterativa.
Segundo Matheus e Silva (2009, p. 243),
Na análise de redes o foco do estudo é nos relacionamentos
entre entidades. As entidades podem ser atores sociais,
páginas web, neurônios do rebro, dentro outras. Os
relacionamentos podem dar-se por meio de trocas materiais
(movimentação, proximidade) ou não materiais (informação,
sinais elétricos). Em todo os casos, o relacionamento entre
entidades pode ser modelados utilizando-se grafos.
184
Verifica-se assim que a construção do modelo em redes pode gerar
frutos futuros em relação à análise do domínio em questão.
Voltando a gravação das tags, para que os dados possam ser
armazenados serão necessárias mais três tabelas que deverão ser acopladas
ao modelo físico do Dspace: tags, tags2tags e tags2item.
Figura 31 – Tabelas para armazenamento das tags
Fonte: Próprio autor
As tabelas tags e tags2tags (figura 31) serão utilizadas para
armazenar os dados referentes às tags descritas no depósito. A tabela tags
conta com os campos: código, que indicará um indicador único para cada
tag; descrição, que armazenará o texto real da tag; quantidade, que
representará a quantidade de vezes que a tag foi utilizada no sistema. A
tabela tags2tags indicará nos seus campos tag1 e tag2 os códigos referentes
às tags que se relacionam, e o campo quantidade deverá informar a
quantidade de vezes que isso acontece.
A tabela tags2item (figura 31) será utilizada para fazer a referência
entre os itens (objetos digitais/recurso) armazenados no repositório e as tags
que estão diretamente ligadas a eles.
Como exemplo, pode-se utilizar um conjunto de quatro artigos,
sendo três deles publicados na revista Datagramazero e outro publicado na
revista Brazilian Journal Information Science (BJIS), para demonstrar como
ficariam armazenadas as tags na estrutura proposta de tabelas.
Os artigos e suas respectivas palavras-chave, utilizadas como tags
neste exemplo, são os seguintes:
185
Projeto de ontologia para sistemas de informação empresariais:
delineando uma metodologia para desenvolver ontologias na
área de telecomunicações, dos autores Beatriz Ainhize
Rodriguez Barquín et al., que conta com as seguintes palavras-
chave: Ontologia; Sistemas de Informação Empresariais; Web
Semântica.
Metadados e Web Semântica para estruturação da Web 2.0 e
Web 3.0, dos autores Plácida Leopoldina Ventura Amorim da
Costa Santos e Rachel Cristina Vesú Alves, com as seguintes
palavras-chave: Informação e Tecnologia; Metadados; Web
Semântica; Web 2.0; Web 3.0; Ambientes Informacionais.
Semelhanças e Diferenças entre Tesauros e Ontologias, dos
autores Rodrigo de Sales e Ligia Café, com as seguintes
palavras-chave: Tesauro; Ontologia; Linguagem documentária;
Representação do conhecimento.
O nível do conhecimento e os instrumentos de representação:
tesauros e ontologias, dos autores Alexandra Moreira, Lídia
Alvarenga e Alcione de Paiva Oliveira, com as seguintes
palavras-chave: Ontologia; Tesauros; Epistemologia;
Representação do Conhecimento.
O conceito de publicação em que a Folksonomia Assistida atua não
tem como característica apenas digitar as tags de documentos publicados,
mas evoluir com o processo de caracterização e inserção de tags. Porém, no
caso deste exemplo, utiliza-se material publicado, mostrando, através das
figuras 32 e 33, como ficariam registradas no banco de dados essas
informações, de forma que possa dar entendimento à construção da
estrutura de tabelas sugerida.
186
Figura 32 – Tabela tags populada
Fonte: Próprio autor
Na figura 32, pode-se verificar que todas as tags foram registradas
no banco de dados, sendo que algumas, como o caso de “ontologia”, “web
semântica”, “tesauro” e “representação do conhecimento”, são representadas
mais de uma vez.
Figura 33 – Tabelas tags2tags e tags2item populadas
Fonte: Próprio autor
187
Através da figura 33, é possível registrar o armazenamento das
relações, sendo que a tabela tags2tags leva a identificar que as tags
codificadas como 1 e 9, que representam respectivamente “ontologia” e
“tesauro”, estão relacionadas mais de uma vez, assim como 1 e 11, que são
“ontologia” e “representação do conhecimento”, também relacionadas mais
de uma vez. Essas relações citadas que contemplam mais de uma unidade
de relacionamento acontecem, porque as mesmas palavras-chave são
utilizadas em mais de um documento.
A tabela tags2item (figura 33) representa a ligação que existe entre
as tags e os documentos inseridos, lembrando que ela deve estar relacionada
com a tabela item apresentada no modelo físico do Dspace.
6.3.3 Iteratividade, a retroalimentação da informação
A implementação do modelo de Folksonomia Assistida será a base
para a consolidação da Representação Iterativa, que deverá ser
retroalimentada, sempre baseada no contexto de uma estrutura de
representação do conhecimento, através de uma ontologia, taxonomia ou de
um tesauro, que consiste em definir os limites de um domínio do
conhecimento.
É possível visualizar a Representação Iterativa de forma conceitual.
Dada uma visão geral, o modelo é iniciado no usuário, através da extração
de informações de um documento, e amparados por estruturas de
representação do conhecimento, além de informações já inseridas no sistema
por outros usuários, fazem a descrição do objeto digital para efetivar um
depósito em um repositório digital científico. As informações cadastradas são
utilizadas para amparar o depósito de outros usuários, além de possibilitar a
um usuário administrador que, sob observação do conjunto de informações
depositadas, faça alterações na estrutura de representação do conhecimento
utilizada.
188
Essa visão geral é detalhada na figura 34 que apresenta os passos
para que realmente aconteça o uso completo da Representação Iterativa.
Figura 34 – Representação Iterativa – Visão Detalhada
Fonte: Próprio autor
A construção do modelo nomeado Representação Iterativa,
sugerido nesta tese, apresentado de forma detalhada na figura 34, deverá ser
construído conforme os seguintes passos:
1. Os usuários fazem uma leitura e verificação do documento a ser
depositado e extraem os metadados necessários que descrevam
o máximo possível o objeto, para que seja realizado o depósito.
2. O usuário através de formulário disponível no ambiente inicia o
processo de descrição do recurso. Esse passo é chamado de
descriçao inicial do recurso porque é neste momento em que o
usuário deverá inserir todos os metadados relativos ao objeto,
com exceção da tag assunto.
3. Com as informações dos metadados alimentadas, o sistema
encaminha o usuário para fazer a descrição da tag assunto, que
é a informação que representará de forma mais significativa o
recurso dentro da Representação Iterativa.
189
4. Esse passo representa o início da Folksonomia Assistida. Nesse
momento, o sistema deverá colaborar na descrição da tag,
utilizando uma estrutura de sugestão, semelhante ao da
pesquisa do google, sendo que as informações sugeridas serão
os próprios termos inseridos anteriormente por usuários
(Folksonomia representação livre), além dos termos que fazem
parte da estrutura de representação do conhecimemento
(taxonomias, ontologias ou tesauros) que estará associada ao
repositório.
5. Nesse passo acontece o segundo momento da Folksonomia
Assistida. Após a descrição da tag assunto, o ambiente
reconhece essas informações e busca relacionamentos e
associações dentro do instrumento de estrutura de
representação do conhecimento utilizado, agrega termos, e em
seguida faz o mesmo dentro do conjunto de tags já definidas por
outros usuários (representação livre), busca associações e, na
sequência, também relaciona termos. Esse conjunto de termos
que foram selecionados são devolvidos para o usuário.
6. O usuário volta a atuar novamente assim que recebe o cojnunto
de termos do ambiente. Neste momento ele deve completar o
processo de Folksonomia Assistida escolhendo de forma
definitiva os termos que serão utilizados na tag assunto. Essa
decisão implica em estabelecer relacionamentos entre as tags, e
portanto, criar a relação semântica de termos que irá
caracterizar a recuperação semântica posterior. Portanto, esse
momento é muito importante para a consolidação da
Representação Iterativa, porque estabelece os termos e
relacionamentos que caracterizam o recurso.
7. Esse passo apenas apresenta a confirmação da descrição
completa do recurso, visto que o usuário descreveu
inicialmente os metadados e em seguida, com auxílio da
190
Folksonomia Assistida, escolheu os termos que compõe a tag
assunto. É nesse momento que a Folksonomia (representação
livre) será alimentada efetivamente com o novo conjunto de
termos e relacionamentos que o usuário efetivou e dessa forma
reorganizada, atualizando o peso dos termos e relacioanamentos
de acordo com os novos elementos que foram inseridos. Cada
vez que esse passo é efetivado em um novo depósito acontece
um enriquecimento e fortalecimento do conjunto de termos e
relações existentes, e as informações que foram inseridas
passam a ficar disponíveis para serem utilizadas por novos
usuários em novos depósitos.
8. Nesse passo o conjunto completo de metadados assim como os
objetos digitais são armazenados na base de dados.
9. A cada período de tempo, o processo deverá ser avaliado por um
administrador de sistema que poderá também retroalimentar o
a estrutura de representação do conhecimento das áreas de
especialidades, dando uma nova visão a respeito dos limites
estabelecidos ao domínio do conhecimento. Esse processo cria
uma nova perspectiva na Ciência da Informação, que é a
avaliação e reconstrução da estrutura de representação do
conhecimento, baseado na construção da informação, por
usuários de um ambiente digital.
É importante ressaltar que o administrador deve ser um
profissional ou equipe multidisciplinar responsável pela catalogação do
ambiente informacional e pela manutenção das estruturas de representação
do conhecimento (bibliotecário, arquivísta e/ou cientista da informação).
O processo de iteratividade é estabelecido de forma que fica a cargo
de um usuário administrador a retroalimentação da estrutura de
representação do conhecimento, e, como função sistemática e automática
dos usuários, as retroalimentações da Folksonomia.
191
O processo de iteratividade resulta na reconstrução do
conhecimento, de forma coletiva e moderada, permitindo o enriquecimento e
amadurecimento da estrutura de representação do conhecimento para o
domínio em que o repositório digital científico está inserido.
A arquitetura proposta neste trabalho parte do princípio da
iteratividade, que é o processo em que ocorre a realimentação constante do
sistema em busca da melhor qualidade do conjunto de informações.
O princípio da iteratividade está dentro do contexto de
desenvolvimento de software, do qual foi realizada uma adaptação para a
construção deste modelo estrutural para repositórios digitais científicos. É
importante ressaltar que o estudo de processos e metodologias para
melhorar o desenvolvimento de software é constante dentro da área de
Ciência da Computação.
Jacobson et al. (1999) afirma:
O processo de desenvolvimento de software é um conjunto de
atividades e resultados associados que tem por objetivo
produzir software eficiente, de alta qualidade, com baixa taxa
de erros e que atenda às necessidades e expectativas do
usuário de forma geral.
O conceito de desenvolvimento iterativo é bastante utilizado na
Engenharia de Software, disciplina da Ciência da Computação, e faz parte de
alguns processos de desenvolvimento de software sedimentados e muito
utilizados como RUP (Rational Unified Process), Programação Extrema (XP) e
Scrum.
Segundo Larman (p. 47, 2007),
O ciclo de vida iterativo é baseado em refinamentos e
incrementos sucessivos de um sistema por meio de múltiplas
iterações, com realimentação (feedback) e adaptação cíclicas
como principais propulsores para convergir para um sistema
adequado. O sistema cresce incrementalmente ao longo do
tempo, iteração por iteração, razão pela qual esta abordagem
também é conhecida como desenvolvimento iterativo e
incremental. Como a realimentação e adaptação fazem as
especificações e o projeto evoluir, esse sistema é conhecido
como desenvolvimento iterativo e evolutivo.
192
Larman afirma que o processo iterativo é também evolutivo, assim
como acontece no modelo proposto nesta tese, que propõe a evolução das
representações de informação.
Essa evolução pode ocorrer através da Folksonomia Assistida, ou
seja, do processo repetitivo de inserção de conteúdos para tags, assim como
da evolução e adaptação da estrutura de representaç ao do conhecimento
utilizada, por intermédio de um administrador.
O processo de desenvolvimento iterativo, do qual a Representação
Iterativa é baseada, deve obedecer limites temporais.
Larman (2007, p. 50) alerta sobre os limites temporais:
A maioria dos métodos iterativos recomenda que a duração de
uma iteração seja entre duas e seis semanas. Usar pequenos
passos, obter realimentação rápida e fazer adaptações são
idéias centrais no desenvolvimento iterativo; iterações longas
subvertem a motivação central para o desenvolvimento
iterativo e aumenta o risco do projeto.
A Representação Iterativa tem um contexto diferente, porque não
trata de desenvolvimento de software, mas sim da construção do corpus de
informação de um domínio, através de uma inteligência coletiva, porém o
princípio da temporalidade também pode ser abordado e utilizado.
O processo de construção da inteligência coletiva pela Folksonomia
Assistida não deve ser temporal, ele deve ser feito dinamicamente, sugerindo
que o usuário possa ter acesso ao conjunto de informações a qualquer
momento, ou seja, assim que uma tag é inserida no sistema, ela passa a
ficar disponível para ser utilizada como sugestão a outros usuários. O acesso
do administrador do sistema, para fazer ajustes ao modelo que está sendo
construído, pode ter sim uma temporalidade definida, corroborando com a
ideia de iteratividade. Esta pesquisa não define um intervalo exato de
temporalidade de intervenção do administrador do sistema, porém cada
ambiente deve estabelecer seu próprio intervalo de temporalidade de acordo
com o a quantidade de acessos e o volume de informações dentro do
repositório.
193
Cada iteração gera um novo conjunto de informações,
relacionamentos e também uma forma diferente de conhecimento.
Dentro do contexto evolutivo do modelo, é possível que a
interatividade entre os usuários e o sistema gere uma camada de
informações cada vez mais rica, principalmente porque permite feedback ao
usuário, assim como a possibilidade da informação armazenada serve
como base para que a próxima seja inserida.
Dessa forma, a Representação Iterativa oferece aos repositórios um
novo formato de organização da informação, de modo que passe a existir
uma relação entre os trabalhos autoarquivados, não apenas pela simples
sintaxe das palavras-chave e nem tampouco pela comunidade e coleção de
que fazem parte.
A estrutura funcional deste modelo parte do princípio da agregação
de valores ao repositório, de forma que ocorra uma contextualização do
material digital inserido, criando relações que possam sustentar uma
recuperação semântica de informações.
O processo de recuperação, baseado nesse novo modelo de
representação da informação, será abordado no próximo capítulo.
194
7
R
ECUPERAÇÃO DA
I
NFORMAÇÃO NO MODELO DE
R
EPRESENTAÇÃO
I
TERATIVA
O capítulo anterior descreveu o procedimento e modelo criado para
construir uma estrutura de repositórios que contemple tecnologias de Web
2.0 e Web 3.0, denominado Representação Iterativa. A construção e a
aplicação deste modelo alteram a estrutura dos repositórios digitais e
permitem que seja revisto o conceito de recuperação utilizado nesse tipo de
ambiente.
Baseado no modelo Representação Iterativa, este capítulo tem
como contexto a apresentação de novos métodos de recuperação para
repositórios digitais, baseado na utilização de funcionalidades da Web 2.0 e
da Web 3.0.
Todo processo anterior foi construído com o objetivo de permitir a
recuperação semântica, pois, para que exista uma recuperação baseada em
conteúdo, é necessário que exista uma estrutura de armazenamento e
descrição da informação, conforme o modelo proposto.
A recuperação semântica pauta do princípio de que não ocorrerá
recuperação da informação apenas por comparação sintática de caracteres
através do termo inserido pelo usuário no momento da busca, e tão somente
por objetos textuais.
Santarem Segundo (2004, p. 16) afirma:
Diante de tanta informação em forma de textos, fotos,
animações, áudio e vídeo existentes na Web (World Wide Web),
a recuperação e organização dessas informações pelo usuário
acaba dificultando a construção do conhecimento de forma
estruturada.
A Representação Iterativa vem no sentido de colaborar justamente
com a recuperação da informação, independente do formato em que ela
estiver.
Segundo Buckland (2006, p.6),
A técnica de pesquisa por seqüências de caracteres de texto
funciona muito bem, mas nem sempre e não perfeitamente,
195
porque recursos de texto não são inteiramente homogêneos.
Algumas palavras possuem vários significados (polissemia, por
exemplo, mouse); às vezes palavras diferentes utilizam a
mesma seqüência de caracteres, mas com outros significados
(homógrafos, por exemplo, pane significa painel de vidro em
inglês, mas não em português); e palavras diferentes podem
ser utilizadas com o mesmo significado (sinônimos, por
exemplo, câncer e neoplasma).
Outra forma de relacionamento acontece através da proximidade
entre termos. Em sistemas de recuperação tradicionais é comum a
existência do operador NEAR (próximo), ou de operações lógicas que
permitam especificar a distância máxima permitida entre dois termos de
busca dentro de um registro. Esta função considera a hipótese de que
quanto mais perto dois termos estejam dentro de um único texto, maior a
probabilidade de estarem relacionados ao mesmo conceito.
Segundo o documento Buscando termos perto de outros (2003),
publicado no site do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico),
O operador de proximidade é unidirecional da esquerda para a
direita. Ele recuperará apenas os registros nos quais o termo 2
ocorre em até n termos depois do termo 1. As ocorrências do
termo 1 em até n termos depois do termo 2, não serão
consideradas.
Alguns mecanismos de busca na Web disponibilizam o recurso de
proximidade, porém não é comum o uso desse operador.
7.1 Critérios para recuperação da informação na Representação
Iterativa
A proposta de recuperação apresentada nesta pesquisa segue o
modelo inicialmente proposto pela própria ferramenta Dspace, oferecendo ao
usuário a recuperação através da digitação de um termo e solicitando a
pesquisa através de um dos campos escolhido pelo usuário. Além desse
formato, também poderá ser oferecida a nuvem de tags, que deverá ser
196
formulada com base no conjunto de tags inseridas pelos usuários do
ambiente digital.
Além dos métodos citados para a recuperação da informação,
também deve ser proposto como ferramenta de busca uma rede de
relacionamentos criada através das tags. Essa rede de relacionamentos
necessita de uma implementação gráfica, mas garante ao usuário uma
navegação entre as tags que estão relacionadas.
O sistema de recuperação da informação para Representação
Iterativa deverá seguir os seguintes passos:
O processo de digitação do termo a ser procurado deverá ser
agregado ao oferecimento sugestivo de termos que compõem
as tags cadastradas no sistema, se esse for inserido de
forma digitada pelo usuário. A outra forma é através da
nuvem de tags ou então da rede de tags.
O sistema deverá receber essa informação (termo) e buscar
de forma sintática a relação entre o termo digitado e o
conjunto de informações que compõe a base de dados de
tags, assim como proceder à mesma busca, de forma
sintática, na estrutura de representação do conhecimento
das áreas de especialidades, que deverá estar associado ao
repositório.
Ao encontrar uma referência sintática, deverá então, baseado
na estrutura de informação construída, buscar as relações
semânticas que existem no modelo para o termo digitado
pelo usuário e construir um novo conjunto de informações
com novos termos, porém relacionados semanticamente ao
primeiro, e novamente submeter a pesquisa sintática ao
conjunto de objetos cadastrados no repositório digital.
Apesar de a busca ser estritamente por palavras-chave, pode
ser estendida para procurar os termos no título e subtítulo
dos documentos depositados.
197
Essa nova pesquisa, com a agregação de termos que foram
relacionados sem utilizar comparação sintática, deverá
oferecer resultados que tenham como base o relacionamento
vertical e horizontal dos termos, finalizando o processo de
recuperação da informação.
A apresentação do resultado ao usuário deverá ser feito de forma
que os termos que geraram o resultado apareçam inicialmente e, em
seguida, todos os links gerados por aquele termo, e assim, sucessivamente,
até que se esgotem os termos agregados a esta busca, conforme se pode
observar na figura 35.
A partir do momento em que o usuário selecionar o resultado
apresentado, seguindo para a visualização completa do item, a sugestão é
que o item venha apresentado no formato padrão que o Dspace e outras
ferramentas já oferecem, com a informação do metadado completo ou parcial
e também com a opção de download dos arquivos que compõe o item.
Neste caso indica-se que a apresentação do resultado seja
contemplada com a descrição da informação também no formado de
microformatos, utilizando-se do microformato DC, de modo que a informação
do item possa ter uma estrutura que permita ser identificada e utilizada de
forma automática pelo browser que o usuário estiver utilizando.
Figura 35 – Exemplo de página de resultados.
Fonte: Próprio autor
198
A recuperação da informação neste contexto deve seguir uma
metodologia que procure garantir que os resultados sejam os mais
apropriados para o usuário. Dessa forma, é necessário que as resultados
sigam critérios de valoração baseados nas informações internas.
Os critérios estabelecidos para promover a apresentação dos
resultados são:
Formar, primeiramente, um grupo de termos que foram
estabelecidos como apropriados após recuperação dentro do
conjunto de tags e da estrutura de representação do
conhecimento, sendo que estes deverão estar em ordem de
preferência. Ou seja, será construída uma lista ordenada de
termos.
A montagem da lista deverá ser encabeçada pelo termo
digitado pelo usuário; na sequência, pelos termos que
tiverem relacionamento de um nível, vertical ou horizontal,
dentro da estrutura de representação do conhecimento das
áreas de especialidades; posteriormente, pelos termos que
apresentem maior densidade de relacionamento através do
cruzamento de tags com o termo digitado pelo usuário. No
caso de utilizar densidade do relacionamento entre tags, caso
haja valoração igual, o “desempate” deverá vir através das
tags que foram mais citadas no sistema.
Após a confirmação da lista ordenada, o processo de
apresentação da informação terá como prioridade mostrar os
documentos que contenham em seu conjunto de tags o
termo escolhido pelo usuário. Caso haja mais de um registro
que contenha o termo, então deverá ser verificado, na lista
ordenada de tags, se os documentos têm alguma outra tag
desta lista, e, se houver, deverá ser dada prioridade maior ao
documento que contiver as tags que aparecem primeiro na
lista ordenada de tags.
199
A sequência de apresentação de resultado deverá ser
procedida de forma que sejam verificadas, nos documentos,
as tags que figuram nas posições superiores na lista
ordenada. Neste caso, se houver documentos que, utilizando
os critérios estabelecidos até então, continuem “empatados”,
deverá ser apresentado primeiro o documento que
apresentar o maior número de relacionamento de suas tags
com outras de forma geral no sistema, indicando que este
documento está “mais relacionado” com o domínio do
conhecimento do que o outro.
O nível de relacionamento entre o termo digitado e os termos
recuperados para proceder à apresentação do resultado, apesar de sugerido
como “1” nesta pesquisa, poderá ser parametrizado pelo administrador do
sistema, ou ainda, definido pelo usuário no momento da pesquisa. Se essa
definição ficar a cargo do usuário, em breve ele verificará que quanto menor
for o valor estabelecido para relacionamento, mais fechada e coesa ficará sua
pesquisa, e, ao contrário, maior será a quantidade de resultados
apresentados.
Guy e Tonkin (2006, p.3) dizem que,
uma série de ferramentas disponíveis que oferecem uma
variedade de métodos de visualização diferentes para sistemas
que usam Folksonomia, principalmente o Del.icio.us,
incluindo tag.alicio.us
33
, extisp.icio.us
34
e jocoso
35
.
Portanto, é importante que possamos oferecer mais modelos de
recuperação da informação aos usuários dos repositórios que contemplam
Representação Iterativa. Neste caso, modelos gráficos, como nuvem e rede de
tags são ainda mais intuitivos, facilitando o processo de recuperação
pretendido pelo usuário.
33
http://planetozh.com/blog/2004/10/05/tagalicious-a-way-to-integrate-delicious/
34
http://kevan.org/extispicious
35
http://www.siderean.com/delicious/facetious.jsp
200
7.2 Nuvem de tags
A nuvem de tags, ou tag clouds, como tem sido chamado esse
recurso, é uma implementação funcional que permite aos usuários de um
ambiente digital verificar visualmente o conjunto de tags que mais estão
sendo citadas dentro de um ambiente.
No modelo de Representação Iterativa, que prima pela utilização de
Folksonomia, a implementação de uma nuvem de tags é fundamental na
apresentação visual do repositório que implementa o modelo.
A apresentação da nuvem de tags, além de promover a visualização
das tags mais citadas no repositório, ainda garante ao usuário, através de
um simples clique, a recuperação de documentos que estão ligados ao termo
que foi clicado.
Figura 36 – Nuvem de tags do microblog Twitter
Fonte: http://www.twitter.com
A nuvem de tags, para os repositórios baseados no modelo
sugerido neste trabalho, não deve utilizar temporalidade para estabelecer a
representação das tags mais utilizadas, portanto, a nuvem de tags terá como
base todo o período de utilização do repositório.
É normal verificar ferramentas que, além das tags mais populares,
de modo geral, também apresentem as tags mais populares em
determinados períodos. A figura 36 apresenta a nuvem de tags do microblog
Twitter, separada em três linhas horizontais: a primeira apresenta as tags
mais populares do momento atual; a segunda linha, as tags mais populares
do dia; e a ultima linha, as tags mais populares da última semana.
201
O processo tradicional de construção da nuvem de tags estabelece
que em uma determinada área do portal ou site, neste caso, da página
principal do repositório, deve ser apresentada a nuvem de tags. O processo
de apresentação da informação deverá oferecer um grupo de palavras, em
uma quantidade inicialmente estabelecida, que, no caso dos repositórios,
pode ser definida por volta de 25, de forma que estas palavras tenham
tamanhos e tipologia diferentes, de acordo com o nível de destaque e
popularidade que ela represente para o repositório.
O estabelecimento de uma quantidade de palavras para compor a
nuvem de tags está baseada no espaço reservado para a nuvem de tags
dentro do repositório, na página principal, de forma que as tags possam ter
tamanhos satisfatórios para telas que usem resolução 1024x768.
A construção da nuvem de tags que representa de forma adequada
a Representação Iterativa deverá seguir os seguintes critérios:
As tags terão a mesma cor e tipo de letra, apresentando apenas
diferença no tamanho da letra;
As tags serão divididas em cinco níveis de apresentação, ou
seja, cinco tamanhos diferentes de letras entre as tags
apresentadas.
O primeiro passo será recuperar no banco de dados, na tabela
“tags”, definida na Representação Iterativa, os 25 termos mais citados. A
informação relativa à quantidade de ocorrências do termo não está
relacionada à quantidade de relacionamentos estabelecidos pelo termo, mas
sim pelo número de documentos que citam o termo como tag. O campo
“quantidade” da tabela “tags” tem a informação da quantidade de vezes em
que o termo foi citado.
Após recuperar os 25 termos mais citados, deverá ser calculado
um número que servirá como guia para estabelecimento de cada um dos 5
níveis em que as tags estarão divididas. Cada um desses níveis deverá
representar um tamanho de fonte diferente.
202
Para calcular o número guia, que representará o valor do intervalo
de cada nível, o procedimento adotado é utilizar a quantidade de vezes do
termo mais citado e subtrair a quantidade do termo menos citado, e, na
sequência, dividir o resultado pela quantidade de níveis que a nuvem de tags
terá, nesse caso o valor cinco.
Exemplo: caso o termo mais citado seja “ontologia”, com 70
ocorrências, e os termos menos citados (plural porque muitas vezes mais
de um termo com a quantidade mínima) sejam com 2 ocorrências, então se
terá como número guia o valor 13,6, resultado da subtração de 2 ocorrências
dos termos menos citados das 70 ocorrências do termo “ontologia”, dividido
pelo valor 5, que representa a quantidade de níveis estabelecidos para o
sistema.
Após a definição do valor guia, em 13,6, deverá ser estabelecido o
limite dos níveis em que as tags estarão dispostas.
Portanto o modelo matemático para se estabelecer o intervalo entre
os nível, chamado de número guia, é a seguinte: g = ( T – t ) / ns, onde:
g: significa o número guia, ou seja, o intervalo que deverá
ocorrer entre os níveis.
T: é a quantidade de ocorrências do termo mais citado no
conjunto de termos selecionados.
t: é a quantidade de ocorrência dos termos menos citados no
conjunto de termos selecionados.
ns: é a quantidade de níveis que se deseja utilizar na nuvem
de tags.
Para definir o intervalo dos níveis outro modelo matemático deverá
ser utilizado, porém o primeiro nível te seu valor inicial estabelecido de
acordo com a quantidade de ocorrência das tags menos citadas, dessa
maneira estabeleceremos que o modelo matemático que compreende os
níveis são: lin <= n < lsn, sendo que o primeiro nível lin=t, e a partir dos
203
próximos níveis lin do próximo nível será igual ao lsn do nível anterior,
onde:
lin: limite inferior do nível;
n: nível a que estão sendo estabelecidos os limites;
lsn: limite superior do nível;
O modelo matemático para calcular o lsn é: lsn = (t + g * n), onde:
lsn: limite superior do nível;
t: quantidade de ocorrência dos termos menos citados no
conjunto de termos selecionados;
n: é o nível a que se está estabelecendo o calculo;
g: número guia calculado no primeiro modelo matemático
apresentado.
Dessa forma, continuando o exemplo:
o nível 1 deverá ter como limite inferior (lin) o valor 2, e como
limite superior (lsn) o valor = 15,6 => (2 + 13,6 * 1);
o nível 2 deverá ter como limite inferior (lin) o valor 15,6, e como
limite superior (lsn) o valor = 29,2 => (2 + 13,6 * 2);
o último nível, nesse exemplo, deverá ter como limite inferior
(lin) o valor 56,4 , e como limite superior (lsn) o valor 70 => (2 +
13,6 * 5).
Portanto, o primeiro nível será caracterizado pelas tags que
apareceram menos do que 15,6 vezes; o segundo nível será estabelecido
entre as tags que foram citadas entre 15,7 até 29,2 vezes, e assim por diante
até formar o último nível, com valor teto de 70 ocorrências da tag, que deve
ser igual ao valor da tag com maior frequência.
Após delimitar os 5 níveis de apresentação das tags, deverá ser
escolhido um tamanho de fonte que represente cada um dos 5 níveis e fazer
uma leitura sequencial, alfabética ou aleatória das 25 tags mais citadas.
204
Conforme o nível que ela estiver inserida, deverá ser apresentada com um
tamanho de fonte correspondente ao nível.
Esse formato de criação de nuvem de tags é um dos mais utilizados
nos portais de Internet, e diversos scripts disponíveis com sugestão de
criação de nuvem de tags, nos mais diversos fóruns de discussão a respeito
de desenvolvimento de sistemas para Internet.
Acredita-se que a utilização de 25 tags e dos 5 níveis deverá
corresponder à estrutura de um repositório, porém no início esses valores
deverão ser reduzidos, e, posteriormente, de acordo com a frequência de
utilização do repositório, poderá também ser expandido.
Após a apresentação da nuvem de tags, o recurso ficará disponível
para cliques dos usuários. Assim, toda vez que ocorrer o clique do usuário, o
sistema deverá iniciar o processo de busca, conforme apresentado no início
desse capítulo, prevendo uma recuperação semântica de informação para o
atendimento das necessidades do usuário, e com apresentação dos
resultados (figura 35).
7.3 Rede de tags
A estrutura da Representação Iterativa permite criar um novo
sistema de recuperação da informação dentro dos repositórios. O novo
modelo não deve substituir o anterior, mas sim agregar mais um tipo de
pesquisa e interação do usuário com o ambiente.
O formato de rede tem sido muito abordado no conceito de
colaboração científica, principalmente nos relacionamentos entre coautorias
e cocitações, porém a mesma ideia utilizada neste conceito se aplica às redes
de tags, que podem agregar a informação a respeito dos autores e criar o
conceito de autores que tenham o mesmo perfil de depósito dentro de um
repositório.
Segundo Wasserman e Faust (1994, p.9),
205
o termo ‘rede social’ se refere ao conjunto de atores e suas
ligações entre eles. Assim, a análise de rede tem por objetivo
modelar as conexões entre os atores, a fim de retratar,
descrever e representar a estrutura de um grupo, quer seja
composto por países, instituições ou pessoas.
O modelo em formato de rede aproxima termos que estão
relacionados criando uma estrutura de informação que tem apresentação
visual agradável e de entendimento intuitivo.
Tannuri e Gracio (2008, p. 39) afirmam:
As análises métricas oferecem subsídios e instrumentação
para o estudo das redes sociais na medida em que, a partir de
tratamentos quantitativos, torna possível a avaliação de alguns
aspectos dessas relações, através de gráficos, densidades,
proximidades, similaridades, vetores, intensidades,
centralidades e homogeneidades. Assim, a ligação entre dois
pontos pode significar não a existência da colaboração
científica entre autores e instituições científicas, mas também
a intensidade dessa colaboração na forma de co-autorias.
Portanto, se a ideia de coautoria das redes colaborativas torna
possível uma grande quantidade de estudos, as redes construídas através da
estrutura da Representação Iterativa poderão gerar um conjunto grande de
informações a respeito do conteúdo dos objetos depositados nos repositórios
digitais informacionais.
O estudo a respeito da análise das redes que a Representação
Iterativa proporciona não faz parte dos limites desta pesquisa, porém pode
ser considerado como trabalho futuro.
Para a criação de uma rede de informações que permita ao usuário
navegar pelos termos, os dados registrados nas tabelas “tags” e “tags2tags”
deverão formar uma matriz de adjacência que possibilite a construção do
grafo, que é a estrutura matemática e computacional escolhida para
representar as redes.
O exemplo apresentado no capítulo 6, a respeito dos quatro artigos
que geraram um grupo de informações para compor as tabelas físicas do
repositório, será aproveitado aqui para compor a rede de tags.
206
O primeiro passo para a construção da rede de tags é gerar uma
matriz de adjacência, que dá sustentação à criação do grafo/rede.
A matriz de adjacência é construída de forma que as linhas e
colunas da matriz sejam representadas pelas tags e o cruzamento indica a
quantidade de relacionamentos existentes entre as tags.
A matriz de adjacências baseada no exemplo anterior é
apresentada na figura 37.
Figura 37 – Matriz de adjacências e quatro artigos utilizados como exemplo.
Fonte: Próprio autor
Baseado na matriz de adjacências construída é possível construir o
grafo de tags.
A apresentação do grafo possibilita algumas variações, e neste
trabalho sugere-se que os vértices tenham tamanhos diferentes, de forma
proporcional, utilizando a mesma técnica de construção da nuvem de tags,
através da construção de um valor guia e definições de níveis. A diferença
em relação à nuvem de tags é que, no modelo de redes, todas as tags deverão
207
fazer parte do grafo, mesmo que apenas parte dela seja apresentada ao
usuário.
Portanto pode-se definir também 5 níveis de apresentação dos
termos (círculos), sendo que cada nível terá um tamanho diferente, ficando
os temos mais populares com o maior diâmetro e os menos populares com
menor diâmetro, conforme figura 38.
As arestas que ligam os vértices e que representam a quantidade
de ligações existentes entre cada uma das tags também deverão seguir o
padrão proposto na nuvem de tags. Então, a quantidade de relacionamentos
existentes entre as tags será representada visualmente pela largura da
ligação entre as arestas, e a largura das relações deverá ser construída com
o emprego de níveis pré-estabelecidos, como é realizado na nuvem de tags,
ou seja, quando maior o peso entre dois termos mais larga será a linha que
une os termos, e quanto menor o peso mais fina será a linha, conforme pode
ser visto na figura 38.
O modelo de Representação Iterativa sugere a mesma quantidade
de níveis utilizada na nuvem de tags para a definição dos níveis dos
relacionamentos entre os termos, que na verdade representam o peso de um
relacionamento entre dois termos.
No plano de visualização da rede pelo usuário, é inviável que seja
apresentada toda a rede de tags, portanto a Representação Iterativa sugere a
apresentação de termos que estejam a uma distância (d) de dois ou três
termos do termo que é apresentado como termo (nó) principal da rede de
tags, porém, à medida que o usuário vai navegando na rede, o principal
passa a ser trocado e então mudam a profundidade e largura, para que
novos vértices do grafo passem a fazer parte da visualização. O procedimento
de apresentação deverá ser calculado através do procedimento de busca em
largura e busca em profundidade.
A distancia (d) entre termos é a quantidade de nós que deve-se
passar para se chegar de um termo a outro.
208
Quando o usuário proceder com dois cliques em um da rede,
então deverá ser executado o procedimento de recuperação e apresentação
dos resultados, conforme procedimento de busca e apresentação de
resultado (figura 38).
A definição do principal da rede deve se dar através do termo
que é mais citado no repositório, iniciando a rede sempre por esse termo.
Figura 38 – Rede de Tags de quatro artigos utilizados como exemplo.
Fonte: Próprio autor
O grafo resultante da matriz apresentada na figura 37 pode ser
visualizado na figura 38, porém, dado o suporte de apresentação deste
trabalho, não é possível realizar o deslocamento, que deverá ser
implementado através de técnicas de programação visual no ambiente.
Dessa forma, apresentam-se novos conceitos de recuperação da
informação, baseados na Representação Iterativa. Assim, finda-se o trabalho
com a completude de um modelo que pode mudar a estrutura funcional dos
repositórios digitais, de forma a permitir que estes sejam ambientes mais
ricos e aptos a construir a recuperação semântica de informações.
209
8.
C
ONCLUSÕES
A construção desta pesquisa nasceu da necessidade de melhorar a
recuperação da informação em repositórios digitais informacionais. Para que
isso fosse possível, foi proposto um modelo novo nomeado Representação
Iterativa para repositórios digitais.
O primeiro passo para iniciar a construção do modelo proposto foi
verificar que os repositórios instituicionais são ambientes que necessitam de
melhorias, tanto do ponto de vista das funcionalidades oferecidas aos
usuários, quanto do ponto de vista técnico para a recuperação da
informação.
Assim, algumas consideraçõs a respeito da estrutura foram
evidenciadas, como a falta de funcionalidades que são implementadas pelos
grandes portais, como os recursos que a Web 2.0 oferece. Dentre os recursos
da Web 2.0, foi encontrado o RSS, que, de certa forma, tem um nível baixo
de complexidade e implementação.
Foi possível verificar também que as ferramentas disponíveis para
implementação de repositórios foram construídas sobre um modelo que
oferece condições de implantação dos recursos da Web Semântica. Alguns
pontos são fundamentais, como a utilização do formato de metadados
Dublin Core.
Verificou-se ainda que a Folksonomia é um processo
importantíssimo para ser aplicado ao contexto dos repositórios, visto que
permite a construção de inteligência coletiva e oferece subsídios para que
haja uma busca por termos relacionados, porém se for efetivamente utilizado
de forma totalmente livre pode gerar termos sem relacionamentos futuros,
ou ainda inexatos e inconsistentes dentro da Representação Iterativa.
Conclui-se que a necessidade de um novo conceito de
Folksonomia, a Folksonomia Assistida, proposta neste trabalho, vem ao
encontro à necessidade de auxiliar o usuário na descrição da tag assunto do
recurso a ser depositado, em relação ao domínio do conhecimento do qual o
210
repositório faz parte. A Folksonomia Assistida é um processo que pode
definitivamente elevar o nível de qualidade de descrição do recurso, de forma
que relacionam os itens depositados a termos que estão no pensamento e
conhecimento dos usuários do sistema.
A Folksonomia Assistida é um processo de auxílio na descrição do
recurso e fundamental na elevação da qualidade da descrição do recurso,
mantendo a criatividade do usuário na inserção da tag, mas também
oferecendo a ele elementos que possam relacionar seu recurso a outros
depositados anteriormente ou/e ainda a uma estrutura de representação do
conhecimento.
A construção do novo modelo permitiu agregar funcionalidades
importantes ao repositório, possibilitando a recuperação da informação.
O modelo de Representação Iterativa, principal proposta deste
trabalho, é de fundamental importância no papel de qualificar e melhorar a
estrutura de representação do conhecimento das áreas de especialidades,
visto que, do ponto de vista da evolução, uma estrutura de representação do
conhecimento pode encontrar subsídios na utilização das tags propostas no
sistema para melhor se adequar ao domínio e aos pesquisadores que
utilizam o repositório.
O modelo de Representação Iterativa estabelece peso entre os
termos inseridos na tag assunto, fortalecendo a relação entre termos que
tem relação semântica e estabelecendo uma ligação entre estruturas de
representação livre (Folksonomia) e estruturas de representação do
conhecimento (Ontologias, Tesauros e Taxonomias), criando assim um
ambiente definitivamente semântico de construção colaborativa.
A participação do usuário no modelo Representação Iterativa é
fundamental, visto o perfil do usuário pode condicionar ao bom
funcionamento da Representação Iterativa.
A estrutura de banco de dados elaborada garante a construção de
ferramentas que tendem a melhorar muito o processo de recuperação
semântica da informação, como a nuvem e a rede de tags.
211
Para que ocorra a recuperação da informação dentro de um
contexto semântico, deve haver uma estrutura de armazenamento que
sustente isso.
Verificou-se também que desenvolver modelos gráficos para
amparar a recuperação da informação pode facilitar e auxiliar os usuários no
processo de recuperação da informação em ambientes que utilizam-se de
Folksonomia, como a Representação Iterativa.
Dentro do contexto da Representação Iterativa, verifica-se que os
modelos vetorial e genético de recuperação da informação, podem contribuir
muito no contexto global de recuperação da informação, visto que a relação
de peso entre as ligações, que existe no modelo vetorial, e a retro-
alimentação da informação com participação do usuário, utilizando-se de um
refinamento de acordo com o ambiente, contribuem para o contexto de
recuperação semântica da informação.
Conclui-se também que o modelo não é restrito a repositórios
digitais, apesar de ter sido o foco da pesquisa. A Representação Iterativa e a
Folksonomia Assistida podem ser aplicadas em outros tipos de ambientes
digitais que ofereçam ao usuário a possibilidade de descrever suas próprias
tags e trabalhem com uma estrutura de representação do conhecimento das
áreas de especialidades.
8.1 Projetos Futuros
O modelo Representação Iterativa abre as portas para que novas
pesquisas possam ser realizadas, a principal delas é a implementação
técnica do modelo.
Oferecer uma estrutura que possa armazenar o peso das ligações
entre a Folksonomia (representação livre) e as estruturas de representação
do conhecimento também pode ser abordado, de forma que aumente a
212
relação semântica entre essas duas estruturas de informação e
conhecimento.
Analisar os resultados e o conjunto de informações armazenadas
dentro desse novo contexto de repositório também pode agregar mais valor a
esta pesquisa, visto que permite avaliar se colabora efetivamente com a
iteratividade de atualização de uma estrutura de representação do
conhecimento.
Aplicar o conceito de Representação Iterativa em outros tipos de
ambientes, construir redes de colaboração utilizando autores, baseadas nas
tags que eles utilizam, também poderão contemplar a Ciência da Informação,
com a dimensão em que os pesquisadores atuam e, de certa forma,
trabalham dentro de um mesmo domínio.
Faz-se necessário construir um novo modelo que interfira na
Representação Iterativa de modo a analisar os resultados apresentados e os
resultados utilizados pelo usuário, de forma que isso possa alterar as
relações de termos criados no depósito dos objetos digitais.
213
R
EFERÊNCIAS
ALMEIDA, R. L. de. Da disseminação seletiva à web syndication: uma
proposta para a comunicação científica. In: Encontro Nacional de Pesquisa
em Ciência da Informação ENANCIB, 8., 2007, Salvador. Anais
eletrônicos... Salvador: ANCIB, 2007. Disponível em:
<http://www.enancib.ppgci.ufba.br/artigos/GT7--157.pdf>. Acesso em: abr.
2009.
ALVES, R. C. V. Web Semântica: uma análise focada no uso de metadados.
2005. 180 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) Faculdade
de Filosofia Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2005.
ANSI Z39-19-2005. Guidelines for the construction, format, and
management of monolingual controlled vocabularies. Bethesda: NISO
Press, 2005.
AQUINO, M. C. Hipertexto 2.0, folksonomia e memória coletiva: um estudo
das tags na organização da web. E-Compós, Brasília, v. 9, 2007. Disponível
em:< http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-
compos/article/view/165/166>. Acesso em: 3 nov. 2009.
ARAUJO, M. de. Educação a distância e a Web Semântica: modelagem
ontológica de materiais e objetos de aprendizagem para a plataforma COL.
2003. 173f. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2003. Disponível em:< www.teses.usp.br> Acesso em: maio
2008.
BAEZA-YATES, R.; RIBEIRO-NETO, B. Modern information retrieval. New
York: ACM; Harlow: Addison-Wesley, 1999.
BARQUÍN, B. A. R. et al. Projeto de ontologia para sistemas de informação
empresariais: delineando uma metodologia para desenvolver ontologias na
área de telecomunicações. Brazilian Journal of Information Science,
Marília, v.2, n. 2, p. 17-34, jul./dez. 2008.
BAX, M. P. Introdução às linguagens de marca. Ciência da Informação,
Brasilia, v.30, n.1, p.32-38, jan./abr. 2001.
BECHHOFER, S. et al. OWL Web Ontology Language reference. 2004.
Disponível em: < http://www.w3.org/TR/owl-ref/>. Acesso em: 22 maio
2009.
214
BEKAERT, J.; VAN DE SOMPEL, H. Augmenting interoperability across
scholarly repositories. Report, 2006. Disponível em:
<http://msc.mellon.org/Meetings/Interop/FinalReport >. Acesso em: 14 fev.
2009.
BENTLET, P. J. Biologia digital: como a natureza está transformando nossa
tecnologia e nossas vidas. São Paulo: Berkeley Brasil, 2002.
BERNERS-LEE T.; LASSILA, O.; HENDLER, J. The semantic web. Scientific
American, New York, v. 5, May 2001.
Disponível em: <http://www.sciam.com/print_version.cfm?
articleID=00048144-10D2-1C70-84A9809EC588EF21>. Acesso em: 3 mar.
2009.
BLATTMANN, U.; SILVA, F. C. C. da. Colaboração e interação na web 2.0 e
biblioteca 2.0. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina,
Florianópolis, v.12, n. 2, p. 191-215, jul./dez. 2007.
BORST, W. N. Construction of engineering ontologies for knowledge
sharing and reuse. 1997. 227 f. Tese (Doutorado). Centre for Telematics for
Information Technology, University of Twence, Enschede, [1997]. Disponível
em: <http:// http://www.ub.utwente.nl/webdocs/inf/1/t0000004.pdf>.
Acesso em: 11 fev. 2009.
BREWSTER, C.; CIRAVEGNA, F.; WILKS, Y. Background and foreground
knowledge in dynamic ontology construction. In: ACM SIGIR WORKSHOP
ON “SEMANTIC WEB” - SWIR, 2003, Toronto. Report… Disponível em:
<http://www.sigir.org/forum/2003F/sigir03_ounis.pdf>. Acesso em: 7 jul.
2009.
BRICKLEY, D.; GUHA, R.V. Resource Description Framework (RDF)
SchemaSpecification 1.0. 2000. Disponível em http://www.w3.org
/TR/2000/CR-rdf-schema-20000327. Acesso em: out. 2008.
BUCKLAND, M. K. Description and search: Metadata as
infrastructure. Brazilian Journal of Information Science, Marília, v. 0,
n.0, p. 3-15, jul./dez. 2006. Disponível em <http://www.bjis.unesp.br>.
Acesso em: 28 ago. 2009.
CAFÉ, L. et al. Repositórios institucionais: nova estratégia para publicação
científica na Rede. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA
COMUNICAÇÃO, 26. 2003, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte:
INTERCOM, 2003. Disponível em:
<http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2003/www/pdf/2003_END
OCOM_TRABALHO_cafe.pdf >. Acesso em: 2 out. 2006.
215
CAMPOS, J.; SANTACHÈ, A.; TEIXEIRA, C. Visualização de modelos
tridimensionais de sistemas de informações geográficas distribuídos
baseados na WEB. In: BRAZILIAN WORKSHOP ON GEOINFORMATICS,
1999, Campinas. ProceedingsSão José dos Campos: INPE, 1999. p. 50-
58.
CAMPOS, M. L. de A.; GOMES, H. E. Taxonomia e classificação: o princípio
de categorização. DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação, Rio de
Janeiro, v.9, n.4, ago. 2008. Disponível em: <
http://www.datagramazero.org.br/ago08/Art_01.htm >. Acesso em: 13 abr.
2009.
CARDOSO, O. N. P. Recuperação de Informação. InfoComp, Lavras,
v.2, n.1, 2000. Disponível em:
<http://www.dcc.ufla.br/infocomp/artigos/v2.1/olinda.pdf>.
Acesso em: 21 nov. 2009.
CASTRO, F. F. de; SANTOS, P. L. V. A. C. MarcOnt Initiative: representação e
descrição de recursos informacionais na web. In: ENCONTRO NACIONAL DE
PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO- ENANCIB, 9., 2008, Anais
eletrônicos... São Paulo: ANCIB, 2008.
CATARINO, M. E. Integração das folksonomias nos metadados:
identificação de novos elementos como contributo para a descrição de
recursos em repositórios. 233 f. 2009. Tese (Doutorado em Tecnologias e
Sistemas de Informação) Escola de Engenharia, Universidade do Minho,
Guimarães, 2009.
CHANDRASEKARAN, B.; JOSEPHSON, J. R.; BENJAMINS, V. R. What are
ontologies, and why do we need them? IEEE Intelligent Systems, IEEE
Educational Activities Department, Piscataway, v. 14, n. 1, p. 20-26, 1999.
ISSN 1541-1672.
DACONTA, M. C.; OBRST, L. J.; SMITH, K. T. The Semantic Web: a guide to
the future of XML, Web Services, and Knowledge Management. Indiana:
Wiley, 2003.
DCMI - DUBLIN CORE METADATA INITIATIVE. Dublin Core Qualifiers.
2008. Disponível em: <http://dublincore.org/documents/2008/
01/14/dcmi-terms/>. Acesso em: 13 abr. 2009.
EVANS, P.; WURSTER, T. S. Blown to bits: how the new economics of
information transforms strategy. Cambridge: Harvard Business School
Press, 1999.
216
FARQUHAR, A.; FIKES, R.; RICE, J. The ontolingua server: USA: a tool for
collaborative ontology construction. Duluth: Academic Press, 1997. p. 707-
727.
FEOFILOFF, P.; KOHAYAKAWA, Y.; WAKABAYASHI, Y. Uma introdução
sucinta à teoria dos grafos. 2009. Disponível em:
<http://www.ime.usp.br/~pf/teoriadosgrafos/>. Acesso em: 3 dez. 2009.
FERNEDA, E. Aplicando algoritmos genéticos na recuperação de informação,
DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 10, n.
1, fev. 2009. Disponível em: <http://www.dgz.org.br/fev09/F_I_aut.htm>.
Acesso em: 21 out. 2009.
FERNEDA, E. Recuperação da informação: análise sobre a contribuição da
ciência da computação para a ciência da informação. 147p. 2003. Tese
(Doutorado em Ciências da Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes,
Universidade de São Paulo. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27143/tde-15032004-
130230/publico/Tese.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2008.
FERNEDA, E. Redes neurais e sua aplicação em sistemas de recuperação de
informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 1, p. 25-30, jan./abr.
2006.
FREITAS, F. L. G. Ontologias e a Web Semântica. Disponível em <http://
www.inf.ufsc.br/~gauthier/EGC6006/material/Aula%203/Ontologia_Web_s
emantica%20Freitas.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2008.
FUJITA, M. S. L. Organização e representação do conhecimento no Brasil:
análise de aspectos conceituais e da produção científica do ENANCIB no
período de 2005 a 2007. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da
Informação, Brasília, v. 1, n. 1, 2008. Disponível em:
<http://inseer.ibict.br/ancib/index.php/tpbci/article/view/4/13>. Acesso
em: 2 fev. 2010.
GOMES, H. E. (Org.). Manual de elaboração de tesauros monolíngues.
Brasília: Programa Nacional de Bibliotecas de Instituições de Ensino
Superior, 1990.
GOMÉZ-PÉREZ, A. Ontological engineering: a state of the art, expert update,
British Computer Society, London, v. 2, n.3, p.33-43, Autumn,1999.
GOODRICH, M. T.; TAMASSIA, R. Estruturas de dados e algoritmos em
java. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
217
GRÁCIO, J. C. A. Metadados para descrição de recursos da Internet: o
padrão Dublin Core, aplicações e a questão da interoperabilidade. 127 f.
2002. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação). Faculdade de
Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2002.
GREENBERG, J. The Semantic Web: more than a vision. Bulletin for the
American Society for Information Science and Technology, Silver Spring,
v. 29, n.4, p.6-7, Apr./May, 2003.
GRUBER, T. R. A translation approach to portable ontology specifications.
Technical Report KSL92-71. Stanford: Knowledge Systems Laboratory.
Stanford University, 1993. Disponível em: <http://www-
ksl.stanford.edu/KSL_Abstracts/KSL- 92-71.html>. Acesso em: 15 fev.
2009.
GRUBER, T. R. Toward principles for the design of ontologies used for
knowledge sharing. Padova. 1992. (Stanford University). Disponível em: <
http://ksl.stanford.edu/KSL_Abstracts/KSL-93-04.html>. Acesso em: 15
fev. 2009.
GRUBER, T. R. What is an ontology? 1996. Disponível em:
<http://ksl.stanford.edu/kst/what-is-an-ontology.html>. Acesso em: 29 abr.
2009.
GUARINO, N. Formal ontology and information systems. In:
INTERNATIONAL CONFERENCE ON FORMAL ONTOLOGY IN INFORMATION
SYSTEMS - FOIS'98, 1998, Trento. Proceedings… Amsterdam: IOS Press,
1998. p. 3-15.
GUARINO, N.; GIARETTA, P. Ontologies and knowledge bases: towards a
terminological clarification. MARS, N. J. I. Towards very large knowledge
bases: knowledge building and knowledge sharing. Amsterdam: IOS Press,
1995. p. 25-32. Disponível em:
<http://www.csee.umbc.edu/771/papers/KBKS95.pdf.Z>. Acesso em: 8 fev.
2009.
GUIZZARDI, G. Uma abordagem metodológica de desenvolvimento para e
com reuso, baseada em ontologias formais de domínio. 148 f. 2000.
Dissertação (Mestrado em Informática) Centro Tecnológico, Universidade
Federal do Espírito Santo, Vitória, 2000.
GUY, M.; TONKIN, E. Folksonomies: tidying up tags? D-Lib Magazine,
Reston, v.12, n.1, Jan. 2006. Disponível em: <http://wwww.dlib.org/dlib/
january06/guy/01guy.html>. Acesso em: 13 fev. 2009.
218
HARMELEN, F. V; MCGUINNESS, D. L. OWL Web Ontology Language
overview. 2004. Disponível em <http://www.w3.org/TR/2004/REC-owl-
features-20040210/> Acesso em: 5 jan. 2009.
HAYKIN, S. Redes neurais: princípios e prática. Porto Alegre: Bookman,
2001.
HORROCKS, I. et al. DAML+OIL. Disponível em: <http://www.daml.org/
2001/03/daml+oil-index>. Acesso em: 1 jun. 2001.
IANNELLA, R.;WAUGH, A. Metadata: enabling the internet. CAUSE97,
Melbourne, Apr. 1997. Disponível em: <
http://www.emeraldinsight.com/Insight/ViewContentServlet?Filename=/pu
blished/emeraldfulltextarticle/pdf/2380200313_ref.html>. Acesso em: 22
nov. 2008.
JACOB, E. K. Ontologies and the semantic web. Bulletin for the American
Society for Information Science and Technology, v. 29, n.4, p.19-22,
Abr./Mayo 2003.
JACOBSON, I.; BOOCH, G.; RUMBAUGH, J. The unified software
development process. Reading: Addison-Wesley, 1999.
KALBACH, J. Designing web navigation: optimizing the user experience.
Sebastopol: O’Reilly Media, 2007.
KOBASHI, N. Y. Vocabulário controlado: estrutura e utilização. 2008.
(Mapeamento da oferta de capacitação nas escolas de governo). Disponível
em:
<http://www2.enap.gov.br/rede_escolas/arquivos/vocabulario_controlado.p
df>. Acesso em: 2 dez. 2009.
KOOHANG, A. Learning objects and instructional design. Santa Rosa:
Informing Science, 2007.
KURAMOTO, H. Informação científica: proposta de um novo modelo para o
Brasil. Ciência da Informação, Brasília, v.35, n. 2, p. 91-102, maio/ago.
2006.
LAGOZE, C. The warwick framework: a container architecture for diverse
sets of metadata. D-Lib, Arlington, July/Aug. 1996. Disponível em:
<http://dlib.org/dlib/july96/lagoze/07lagoze.html>. Acesso em: 5 maio
2008.
219
LANCASTER, F. W. Information retrieval systems. New York: John Wiley,
1968.
LANCASTER, F. W.; WARNER, A. J. Information retrieval today. Arlington:
Information Resources Press, 1993.
LARMAN, C. Utilizando UML e padrões: uma introdução à análise e ao
projeto orientados a objetos e ao desenvolvimento iterativo. 3. ed. São Paulo:
Bookman, 2007.
LASSILA, O. Resource Description Framework (RDF) model and syntax
specification 1.0. 1999. Disponível em: <http://www.w3c.org/TR/ REC-
rdf-syntax>. Acesso em: 2 fev. 2009.
LEVACOV,
M.
Bibliotecas virtuais: (r)evolução? Ciência da Informação,
Brasília, v.26, n.2, p.125-135, 1997.
LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 2.
ed. São Paulo: Loyola, 1999.
LIMA, V. M. A.; BOCCATO, V. R. C. O desempenho terminológico dos
descritores em Ciência da Informação do Vocabulário Controlado do
SIBi/USP nos processos de indexação manual, automática e semi-
automática. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.
14, n. 1, p. 131-151, 2009. Disponível em:
<http://www.eci.ufmg.br/pcionline/index.php/pci/article/viewFile/729/54
3>. Acesso em: 3 dez. 2009.
LOPEZ YEPEZ, J. (Ed.). Fundamentos de informação e documentação.
Madrid: EUDEMA, 1989. Recensão de: SILVA, L. A. G. da. Ciência da
Informação, Brasília, v. 20, n.1, p. 95-97, jan./jun. 2001.
MAEDCHE, A.; STAAB, S. Semi-automatic Engineering of Ontologies from
Text. In: Proceedings of the 12th International Conference on Software
Engineering and Knowledge Engineering. 2000.
MARCONDES, C. H. Metadados: descrição e recuperação de informação na
web. In: MARCONDES, C. H. et al. (Orgs.). Bibliotecas digitais: saberes e
práticas. Salvador : Ed.UFBA; Brasília : IBICT, 2005. p. 97-114.
MARLOW, C. et al. Position paper, tagging, taxonomy, Flickr, article,
toRead. Disponível em: <http://www.danah.org/papers/WWW2006.pdf>.
Acesso em: 29 out. 2009.
220
MATHEUS, R. F.; SILVA, A. B. O. Fundamentação básica para análise de
redes sociais: conceitos, metodologia e modelagem matemática. In:
POBLACIÓN, D. A.; MUGNAINI, R.; RAMOS, L. M. S. V. C. Redes sociais e
colaborativas em informação científica. São Paulo: Angellara, 2009. cap.
7, p. 239-287.
MAYRINK, D. F.; LADEIRA, A. P. Utilização de processamento automático de
textos na construção de ontologias: um estudo de caso para a classificação
de diagnósticos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA EM
SAÚDE, 11., 2008, Campos do Jordão. Anais... , 2008. São Paulo: Sociedade
Brasileira de Informática em Saúde, 2008. (CD-ROM). Disponível em:
<http://www.sbis.org.br/cbis11/anais.htm>. Acesso em:14 dez. 2009.
MÉNDEZ, E.; BRAVO, A.; LÓPEZ, L. M. Microformatos: web 2.0 para Dublin
Core. El profesional de la información, Barcelona, v. 16, n. 2, p. 107-113,
marzo/abr. 2007.
MOOERS, C. Zatocoding applied to mechanical organization of knowledge.
American Documentation, Washington, v. 2, n. 1, p.20-32. 1951.
MOREIRA, M. P.; MOURA, M. A. Construindo tesauros a partir de tesauros
existentes: a experiência do TCI - tesauro em Ciência da
Informação. DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação, Rio de
Janeiro, v. 7, n. 4, ago. 2006. Disponível em: <
http://www.dgz.org.br/ago06/F_I_aut.htm>. Acesso em: 3 dez. 2009.
MOREIRA. A.; ALVARENGA, L.; OLIVEIRA, A. P. O nível do conhecimento e
os instrumentos de representação: tesauros e ontologias. DataGramaZero:
Revista de Ciência da Informação, v.5, n. 6, dez. 2004. Disponível em:
<http://dgz.org.br/dez04/Ind_art.htm>. Acesso em: 3 dez. 2009.
MORENO, F. P.; LEITE, F. C. L.; MÁRDERO ARELLANO, M. A. Acesso livre a
publicações e repositórios digitais em Ciência da Informação no Brasil.
Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 11, n. 1, p. 82-
94, jan./abr. 2006.
NIC.BR. Pesquisa sobre o uso das Tecnologias da Informação e da
Comunicação no Brasil. 2008. Disponível em <http://www.cetic.br
/usuarios/index.htm> Acesso em: 6 jun. 2009.
NOVELLO, T. C. Ontologias: sistemas baseados em conhecimento e modelos
de banco de dados. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2002.
Disponível em: <http://www.inf.ufrgs.br/~clesio/cmp151/cmp15120021/
artigo_taisa.pdf>. Acesso em: 5 maio 2009.
221
OAI. The open archives initiative protocol for metadata harvesting.
2004. Disponível em: <http://www.openarchives.org/OAI/
openarchivesprotocol.html>. Acesso em: 18 mar. 2008.
OLIVEIRA, E. F. T. de; GRACIO, M. C. C. Rede de colaboração científica no
tema “estudos métricos”: um estudo de co-autorias através dos periódicos do
Scielo da área de Ciência da Informação. Brazilian Journal of Information
Science, Marília, v. 2, n. 2, p. 35-49, jul./dez. 2008. Disponível em:
<http://www.bjis.unesp.br/pt/>. Acesso em: 21 dez. 2009.
O'REILLY, T. What is web 2.0: design patterns and business models for the
next generation of software. 30 Sept. 2005. Disponível em:
<http://www.oreillynet.com/pub/a/oreilly/tim/news/2005/09/30/what-is-
web-20.html# mememap>. Acesso em: fev. 2009.
PEREIRA, A. M.; SANTOS, P. L. V. A. da C. O uso estratégico das tecnologias
em catalogação. Cadernos da Faculdade de Filosofia e Ciências, Marília, v.
7, n. 1/2, p. 121-131, 1998.
PRIMO, A. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 29., 2006, Brasília.
Anais..., 2006. Brasília: UNB, 2006.
RAMALHO, R. A. S. Web Semântica: aspectos interdisciplinares da gestão
de recursos informacionais no âmbito da Ciência da Informação. 2006. 120f.
Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Faculdade de Filosofia e
Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2006.
RODRIGUES E. et al. RepositoriUM – implementação do DSpace em
português: lições para o futuro e linhas de investigação. Disponível em: <
https://repositorium. sdum.uminho.pt/handle/1822 /679>. Acesso em: 2
maio 2009.
RUPLEY, S. What’s a Wiki?. PC Magazine, 05 Sept. 2003. Disponível em:
<http://www.pcmag.com/article2/0,4149,1071705,00.asp>. Acesso em: 21
jul. 2009.
SALES, R. de; CAFÉ, L. Diferenças entre tesauros e ontologias. Perspectivas
em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.14, n.1, p.17-98, jan./ abr.
2009. Disponível em:
<http://www.eci.ufmg.br/pcionline/index.php/pci/article/view/646/541>.
Acesso em: 3 jan. 2010.
SALTON, G.; BUCKLEY, C. Term-weighting approaches in automatic text
retrieval. Information Processing & Management, Oxford v. 24, n. 5, p.
513 – 523, 1988.
222
SALTON, G.; LESK. M. E. Computer evaluation of indexing and text
processing. Journal of the ACM, New York, v. 15, n.1, p.8 – 36, Jan. 1968.
SANTAREM SEGUNDO, J. E. Recursos tecno-metodológicos para
descrição e recuperação de informações na Web. 2004. 157 f. Dissertação
(Mestrado em Ciência da Informação) Faculdade de Filosofia e Ciências,
Universidade Estadual Paulista, Marília. 2004.
SANTOS, P. L. V. A. da C.; ALVES, R. C. V. Metadados e Web Semântica
para estruturação da Web 2.0 e Web 3.0. DataGramaZero: Revista de
Ciência da Informação, v.10, n. 6, dez. 2009. Disponível em:
<http://www.datagramazero.org.br/dez09/Art_04.htm>. Acesso em: 3 dez.
2009.
SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e
relações. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 1, n.
1, p. 41-62, jan./jun. 1996.
SAYÃO, L. F. Padrões para bibliotecas digitais abertas e interoperáveis,
Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da
Informação, especial, p. 18-47, jan./jun. 2007. Disponível em
<http://www.encontrosbibli.ufsc.br/bibesp/esp_06/bibesp_esp_06_sayao_e
sp_20071.pdf> Acesso em: 8 set. 2008.
SCHONS, C. H.; SILVA, F. C. C.; MOLOSSI, S. O uso de wikis na gestão do
conhecimento nas organizações. Biblios: Revista de Bibliotecología e
Ciências de la Información, Lima, v. 8, n. 27, p.1-10, enero/marzo 2007.
Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/pdf/161/16102704.pdf. Acesso
em: 11 dez. 2009.
SILVA, G. C.; LIMA, T. S. RDF e RDFS na infra-estrutura de suporte à
websemântica. Revista Eletrônica de Iniciação Científica, Porto Alegre,
v.2, n.2, mar. 2002. Sociedade Brasileira de Computação. Disponível em:<
http://www.sbc.org.br/index.php?language=1&subject=101&content=magaz
ine&option=content&id=3>. Acesso em: 22 fev. 2009.
SILVA, J. V. da; SILVA, S. R. P. da. Gerenciamento do vocabulário de tags do
usuário em sistemas baseados em folksonomia. Assembla, p. 201-204,
2008. Disponível em: <
http://www.assembla.com/spaces/folksonomy/documents/search?q=Geren
ciamento+do+vocabul%C3%A1rio+de+tags+do+usu%C3%A1rio+em+sistemas
+baseados+em+folksonomia.+&tag_name=&commit=Search>. Acesso em: 3
jan. 2010.
SOUZA, R. R. Sistemas de recuperação de informações e mecanismos de
busca na web: panorama atual e tendências. Perspectivas em Ciência da
223
Informação, Belo Horizonte, v.11 n.2, p. 161 -173, maio/ago. 2006.
Disponível em: <www.eci.ufmg.br/pcionline/include/getdoc.php?id=
819&article=457&mode=pdf.> Acesso em: 13 dez. 2008.
SOUZA, R. R.; ALVARENGA, L. A web semântica e suas contribuições para a
Ciência da Informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 1, p. 132-
141, jan./abr. 2004.
SOUZA, T. B. et al. Metadados: catalogando dados na Internet.
Transinformação, Campinas, v. 9, n.2, 1997, maio/ago. Disponível em:
<http://puccamp.br/~biblio/tbsouza92.html>. Acesso em: 3 jan. 2009.
TAKAHASHI, T. (Org.). Sociedade da informação no Brasil: livro verde.
Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.
TÁLAMO, M. F. G. M.; KOBASHI, N. Y.; LARA, M. L. G. Contribuição da
terminologia para a elaboração de tesauros. Ciência da Informação,
Brasília, v.21, n.3, p.197-200, set./dez. 1992.
THE WEB STANDARDS PROJECT. Web standards project, 2009. Disponível
em: < http://www.webstandards.org/>. Acesso em: 6 jun. 2009.
VIANA, C. L. M.; MÁRDERO ARELLANO, M. Á.; SHINTAKU, M. Repositórios
institucionais em ciência e tecnologia: uma experiência de customização do
DSpace. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS DIGITAIS, 3.,
2005, São Paulo. Proceedings... São Paulo, 2005. p. 1-27. Disponível em
<http://dici.ibict.br/archive/00000719/>. Acesso em: maio 2009
W3C CONSORTIUM. Extensible Markup Language (XML). 2009. Disponível
em: <http://www.w3.org/XML>. Acesso em: 5 maio 2009.
WAL, T. V. Folksonomy definition and wikipedia. Disponível em:
<http://www.vanderwal.net/random/entrysel.php?blog=1750>. Acesso em:
2 ago. 2009.
WERSIG, G. Information science: the study of postmodern knowledge usage.
Information Processing & Management, Oxford, v. 29, p. 229-239, Mar.
1993.
WIKIPEDIA. O que a Wikipedia não é? Disponível em <
http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikipedia>. Acesso em: 30 jul. 2009.
ZINS, C. et al. Knowledge Map of Information Science: Implications for the
Future of the Field. Brazilian Journal of Information Science, Marília, v.1,
224
n.1, p.3-32, jan./jun. 2007. Disponível em: <http://www.bjis.unesp.br>.
Acesso em: 2 ago. 2009.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo