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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO
RESÍDUOS DE AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES:
IMPACTOS NA QUALIDADE DA ÁGUA E
TRATAMENTO COM TÉCNICAS SIMPLIFICADAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
André Carlos Cruz Copetti
Santa Maria, RS, Brasil
2010
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RESÍDUOS DE AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES:
IMPACTOS NA QUALIDADE DA ÁGUA E TRATAMENTO
COM TÉCNICAS SIMPLIFICADAS
por
André Carlos Cruz Copetti
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Ciência do Solo, Área de concentração em Processos
Químicos e Ciclagem de Elementos, da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Ciência do Solo
Orientador: Professor Danilo Rheinheimer dos Santos
Santa Maria, RS, Brasil
2010
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Copetti, André Carlos Cruz, 1977-
Resíduos de agroindústrias familiares: impactos na qualidade da
água e tratamento com técnicas simplificadas/ por André Carlos Cruz
Copetti; orientador Danilo Rheinheimer dos Santos. - Santa Maria,
2010.
141 f. ; il.
Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Santa Maria,
Centro de Ciências Rurais, Programa de Pós-Graduação em Ciência
do Solo, RS, 2010.
1. Agroindústrias 2. Qualidade das águas 3. Contaminação de
rios 4. Resíduos orgânicos 5. Tratamento por zona de raízes I.
Rheinheimer, Danilo dos santos, orient. II. Título
Ficha catalográfica elaborada por
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Rurais/UFSM
_________________________________________________________________________________
© 2010
Todos os direitos autorais reservados a André Carlos Cruz Copetti. A reprodução de
partes ou do todo deste trabalho poderá ser feita com autorização por escrito do
autor.
Endereço: Rua Erly de Almeida Lima, 195, Bairro Camobi, Santa Maria, RS,
97105-120 Fone (055) 9616-5339; End. Eletr: copettiufsm@gmail.com
__________________________________________________________________
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Rurais
Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
Aprova a Dissertação de Mestrado
RESÍDUOS DE AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES:
IMPACTOS NA QUALIDADE DA ÁGUA E TRATAMENTO COM
TÉCNICAS SIMPLIFICADAS
Elaborada por
André Carlos Cruz Copetti
Como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Ciência do Solo
COMISSÃO EXAMINADORA:
___________________________
Danilo Rheinheimer dos Santos, Dr. (UFSM)
(Presidente/Orientador)
_____________________________________
Celso Silva Gonçalves, Dr. (IFF)
__________________________________
Jean Paolo Gomes Minella, Dr. (UFSM)
Santa Maria, 26 de fevereiro de 2010.
Às pessoas fundamentais na minha caminhada:
Meus pais, Dirceu e Odila
Minha amada e amiga Betania
Meu orientador e amigo, Danilo
Dedico este trabalho
AGRADECIMENTOS
Á Deus, pela oportunidade de vida.
À Universidade Federal de Santa Maria e ao Programa de Pós-Graduação em
Ciência do Solo pela oportunidade de realização do curso de mestrado.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
pela concessão da bolsa de mestrado.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
através do Edital Universal 2007, pelo auxílio financeiro para execução do projeto no
qual estava incluído a minha dissertação de mestrado.
À minha família, pelo apoio e confiança, principalmente aos meus pais, Dirceu
e Odila, que souberam entender a distância e minha ausência, e que sempre
apostaram junto comigo nos meus sonhos.
À minha noiva Betania, pelo companheirismo, amizade, amor e compreensão,
em todos os momentos da vida e da carreira acadêmica nos últimos sete anos.
Ao meu orientador e grande amigo, professor Danilo pelos preciosos
ensinamentos, oportunidades, apoio e amizade durante a realização deste curso e
de muitos outros trabalhos, exemplo de honestidade, dedicação e humanismo.
Ao professor João Kaminski pelos ensinamentos, confiança e amizade
durante a realização deste e de outros trabalhos.
Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo,
pela oportunidade de convívio e pelos ensinamentos.
Ao meu grande amigo e colega do Programa de Pós-Graduação em Ciência
do Solo, João Pellegrini, pelos conselhos, parceria e oportunidade de desenvolver
partes de suas próprias idéias de projeto de pesquisa.
Ao professor Paulo Roberto Cardoso da Silveira, pelo apoio e ensinamento
dado durante a execução do projeto.
Agradecimento em especial aos proprietários das agroindústrias da Rede da
Casa, pelas informações, espaço para implantação das estações de tratamento de
resíduos, empenho na manutenção e principalmente por acreditar na proposta
apresentada pelo grupo e abrir espaço para o estudo.
Aos funcionários do Departamento de Solos, principalmente ao Alex Giuliani,
pelo auxílio na realização de trabalhos de campo, sendo o braço direito nas coletas
de amostras, e amizade, nunca esquecendo a frase:...o Copétti está te esperando
em baixo....
Agradecimento especial, aos alunos dos Cursos de Graduação e pós-
graduação: Alexandre, Caciara, Cela, Fábio, Gilmar, Iana, Mallmann, Reis, Renan,
Rosana, Solano, Tales, Valmi e Viviane, pela colaboração fundamental na realização
do trabalho de campo e laboratório, pela disponibilidade e amizade.
Aos companheiros da Extensão: Aline, Cícero, Tanise e Ezequiel.
Aos meus colegas do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo pelo
companheirismo, pelos bons momentos de estudos, discussões, pelo coleguismo e
amizade.
Ao amigo Johnson pela oportunidade de perceber diretamente a importância
da língua inglesa, e pelas curtas conversas, mas que me forçaram a desenvolver um
pouco da conversação em inglês.
Enfim, a todos que estiveram presentes direta ou indiretamente nesta fase da
minha vida e que contribuíram para a realização deste trabalho:
Muito Obrigado!
“Os que desprezam os pequenos
acontecimentos, nunca farão
grandes descobertas”
(Augusto Cury).
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo
Universidade Federal de Santa Maria
RESÍDUOS DE AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES:
IMPACTOS NA QUALIDADE DA ÁGUA E TRATAMENTO COM TÉCNICAS
SIMPLIFICADAS
AUTOR: ANDRÉ CARLOS CRUZ COPETTI
ORIENTADOR: Professor Dr. Danilo Rheinheimer dos Santos
Local e Data da Defesa: Santa Maria, 26 de fevereiro de 2010.
As atividades antrópicas têm alterado a qualidade ambiental principalmente no que se refere aos
mananciais de água. As atividades agroindustriais em escala de pequeno porte podem representar
potencial poluidor diferentes daquelas das demais atividades agrícolas, e, portanto, necessidade
de propor alternativas para minimizar seus impactos. Este trabalho tem como objetivos: (a) avaliar
qualitativa e quantitativamente os resíduos sólidos e líquidos de agroindústrias familiares de pequeno
porte; (b) caracterizar as agroindústrias quanto aos tipos de resíduos e o potencial poluidor; (c) avaliar
os impactos das agroindústrias na qualidade das águas superficiais; e (d) avaliar a eficiência de
sistema simplificado de tratamento de resíduo líquido. O trabalho foi realizado nas agroindústrias
integrantes do grupo “Rede da Casa” da Região da Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio
Grande do Sul. A dissertação de mestrado foi organizada em três estudos: o primeiro estudo abordou
a caracterização das agroindústrias familiares; o segundo avaliou o impacto das atividades
agroindustriais na qualidade de água de quatro rregos; e o terceiro abordou o tratamento de
resíduos de abatedouro de aves, de produção de queijos e de vinhos e sucos. Os cursos de água são
contaminados ao longo do percurso dentro da propriedade por diferentes fontes de contaminação. A
agroindústria é apenas mais uma atividade que pode contribuir para a má qualidade ambiental.
produção de resíduos orgânicos nas agroindústrias familiares de pequeno porte, tanto na forma
líquida ou sólida, e esses apresentam baixos impactos negativos se lançados diretamente no
ambiente. As estações de tratamento por zona de raízes são eficientes na remoção da carga
orgânica e de contaminantes biológicos, mas devem ser feitas manutenções constantes e, para
alguns tipos de resíduos, é fundamental a presença de tanques de deposição e flutuação e tanques
de filtração física.
Palavras-chave: resíduos agroindustriais; agricultura familiar; contaminação ambiental; estação de
tratamento de resíduos.
ABSTRACT
Master thesis
Pos-Graduation Program in
Federal University of Santa Maria
WASTE OF AGRO-INDUSTRY FAMILY:
IMPACT ON WATER QUALITY AND TREATMENT WITH TECHNIQUES
SIMPLIFIED
AUTHOR: ANDRÉ CARLOS CRUZ COPETTI
ADVISER: Professor Dr. Danilo Rheinheimer dos Santos
Place and Date of the defense: Santa Maria, 26
th
February, 2010.
Human activities have altered the environmental quality especially with regard to water sources. The
agro-industry activity in small scale may represent a potential pollutant different from those of other
agricultural activities, and, therefore, there is the need to search alternatives to minimize its impacts.
This work aims to: (a) assess the quality and quantity of waste solid and liquid Small Scale Agro-
industry Family (b) characterize the Small Scale Agro-industry Family in the types of waste and
pollution potential, (c) assess the impacts of Small Scale Agro-industry Family in the quality of surface
water, and (d) evaluate the efficiency of a simplified treatment of liquid waste. The study was
conducted in agricultural members of the group "Rede da Casa; Network Home" of the Fourth Region
of the Colony of Italian immigration of Rio Grande do Sul. The thesis was divided into three studies:
the first study addressed the characterization of family agro-industry of small scale, the second
assessed the impact of agricultural practices on water quality of four streams, and the third addressed
the treatment of poultry slaughter waste, production of cheeses, and wines and juices. The waterways
are contaminated along the way within the property by different sources of contamination. The Small
Scale Agro-industry Family is just one activity that can contribute to poor environmental quality. There
is production of organic residues in Small Scale Agro-industry Family, both in liquid and solid form.
These have low negative impacts released directly into the environment. The root zones of plants are
efficient in the removal of organic and biological contaminants, but constant maintenance must be
made. For some types of waste, it is essential to have flotation and deposition tanks and physical
filtration tank.
Key words: agro-industry activity; environmental contamination; wetlands; agro-industry wastes.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 –
Valores anuais de produção de reduos sólidos em cada
agroindústria, e o somatório produzido em todas as
agroindústrias familiares de pequeno porte pertencentes ao
grupo Rede da Casa da Região da Quarta Colônia Rio
Grande do Sul........................................................................... 49
TABELA 2 –
Valores diários e anuais de produção de resíduos líquidos em
cada agroindústria e o total produzido em todas as
agroindústrias familiares de pequeno porte pertencentes ao
grupo Rede da Casa da Região da Quarta Colônia Rio
Grande do Sul.........................................................................
51
TABELA 3 –
Composição nutricional dos principais resíduos sólidos
gerados no processamento de alimentos de origem vegetal e
animal nas agroindústrias familiares de pequeno porte do
grupo Rede da Casa da Quarta Colônia – Rio Grande do Sul.
53
TABELA 4 –
Quantificação de nutrientes nos resíduos sólidos gerados em
um ano de atividade nas agroindústrias familiares de
pequeno porte do grupo Rede da Casa da Quarta Colônia
Rio Grande do Sul.....................................................................
53
TABELA 5 –
Composição química, física e microbiológica dos principais
resíduos líquidos gerados no processamento de alimentos de
origem vegetal e animal nas agroindústrias familiares de
pequeno porte do grupo Rede da Casa da Quarta Colônia -
Rio Grande do Sul.....................................................................
56
TABELA 6 –
Quantidades de nitrogênio mineral, fósforo, potássio e
carbono anuais contidas nos resíduos líquidos das cinco
maiores agroindústrias familiares de pequeno porte do grupo
Rede da Casa da Quarta Colônia – Rio Grande do Sul...........
59
TABELA 7 –
Quantificação do volume de água pura necessário para diluir
um litro de resíduo líquido para enquadrar na qualidade de
águas da classe I do CONAMA................................................ 60
TABELA 8 –
Dados do relevo e posição altimétrica dos pontos de coleta
nos córregos avaliados, referentes às agroindústrias..............
69
TABELA 9 –
Valores dos parâmetros microbiológicos analisados no
resíduo não tratado, tratado, e valores percentuais da
remoção pelo sistema de tratamento aplicado na
94
agroindústria Abatedouro de Aves..........................................
TABELA 10 –
Valores dos parâmetros químicos e indicadores de matéria
orgânica no resíduo não tratado, tratado, e valores
percentuais da remoção pelo sistema de tratamento aplicado
na agroindústria Abatedouro de Aves..................................... 95
TABELA 11 –
Valores dos parâmetros químicos e físicos analisados no
resíduo não tratado, tratado, e valores percentuais da
remoção pelo sistema de tratamento aplicado na
agroindústria Abatedouro de Aves.......................................... 96
TABELA 12 –
Valores em NMP 100ml
-1
de Coliformes totais e coliformes
fecais no resíduo não tratado e tratado, e valores em
porcentagem da remoção pelo tratamento na agroindústria
produtora de vinhos e sucos.....................................................
100
TABELA 13 –
Valores dos parâmetros analisados no resíduo não tratado,
tratado, e valores percentuais da remoção pelo sistema de
tratamento aplicado na agroindústria produtora de vinhos e
sucos........................................................................................ 101
TABELA 14 –
Valores dos parâmetros químicos e indicadores de matéria
orgânica analisados no resíduo não tratado, tratado, e
valores percentuais da remoção pelo sistema de tratamento
aplicado na agroindústria produtora de vinhos e
sucos...................................................................................... 102
TABELA 15 –
Composição nutricional da maravalha usada no pré-
tratamento dos resíduos derivados da produção de queijo na
agroindústria Parlacto............................................................... 103
TABELA 16 –
Valores em NMP 100 ml
-1
de Coliformes totais e coliformes
fecais do resíduo não tratado, pré-tratado e tratado, e valores
em porcentagem da remoção pelo pré-tratamento com
maravalha e pelo tratamento pela zona de raízes, na
agroindústria Parlacto produtora de queijo............................. 105
TABELA 17 –
Valores dos parâmetros químicos e indicadores de matéria
orgânica analisados no resíduo não tratado, pré-tratado e
tratado, e valores em porcentagem da remoção pelo pré-
tratamento com maravalha e pelo tratamento pela zona de
raízes, na agroindústria Parlacto produtora de queijo...............
108
TABELA 18 –
Valores dos parâmetros químicos e físicos analisados no
resíduo não tratado, pré-tratado e tratado, e valores em
porcentagem da remoção pelo pré-tratamento com
maravalha e pelo tratamento pela zona de raízes, na
agroindústria Parlacto produtora de queijo............................... 109
TABELA 19 –
Valores dos parâmetros químicos e físicos complementares
analisados no resíduo não tratado, tratado, e valores
percentuais da remoção pelo sistema de tratamento aplicado
na agroindústria produtora de queijos...................................... 111
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
Localização das quinze agroindústrias familiares de pequeno
porte distribuídas na região da Quarta Colônia de Imigração
Italiana do Rio Grande do Sul..................................................
35
FIGURA 2
Agrupamento quanto às atividades das agroindústrias
familiares de pequeno porte da Rede da Casa, na Região da
Quarta Colônia – Rio Grande do Sul........................................
43
FIGURA 3
Agrupamento quanto aos tipos de resíduos gerados no
processamento de produtos de origem animal e vegetal nas
agroindústrias familiares de pequeno porte da Rede da Casa,
na Região da Quarta Colônia – Rio Grande do Sul.................
47
FIGURA 4
Localização dos córregos: frigorífico (A), licores (B), vinhos
(C) e abatedouro de aves (D).................................................
68
FIGURA 5
Valores dios dos parâmetros de qualidade de água
coletada nos pontos: nascente, antes do lançamento de
resíduos pela agroindústria e depois do lançamento de
resíduos pelas agroindústrias Simonetti (Córrego vinhos),
Sabor do Vale (Córrego licores), abatedouro de Aves
(Córrego abatedouro de aves) e Irmãos Giacomini (Córrego
frigorífico).
Os valores de coliformes totais e fecais estão expressos em
NMP ml-1, e não NMP 100ml-1 para melhorar ajuste de escala; a coluna
de gráficos da esquerda representa os principais parâmetros para
avaliação da interferência das diferentes atividades na qualidade da água
dos córregos. A coluna de gráficos à direita mostra apenas os demais
parâmetros que tiveram alteração significativa em um dos pontos em
relação aos outros.......................
......................................................
77
FIGURA 6
Médias de oxigênio dissolvido na água coletada nos córregos
nos pontos: nascente, antes e depois do lançamento de
resíduos pela agroindústria, e níveis das diferentes classes
de águas doces estabelecidas pela Resolução do CONAMA
357 de 2005; médias de demanda biológica e química da
água nos córregos....................................................................
78
FIGURA 7
Tanques construídos para estudo (7A e 7B), e das lagoas
usadas pelo proprietário atualmente (7C e 7D) na
agroindústria Parlacto produtora de queijo...............................
87
FIGURA 8
Tratamento de resíduo líquido na agroindústria Abatedouro
de Aves....................................................................................
88
FIGURA 9
Tratamento de resíduo líquido na agroindústria produtora de
vinhos e sucos...........................................................................
89
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A –
Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de
significância do teste T de reamostragem Bootstrap para
avaliação da qualidade da água no córrego vinhos nos
pontos: nascente, antes e depois do lançamento de
resíduos pela agroindústria Simonetti.................................... 127
APÊNDICE B –
Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de
significância do teste t de reamostragem Bootstrap para
avaliação da qualidade da água do córrego licores nos
pontos: nascente, antes e depois do lançamento de
resíduos pela agroindústria Sabor do vale..............................
129
APÊNDICE C –
Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de
significância do teste t de reamostragem Bootstrap para
avaliação da qualidade da água no córrego abatedouro de
aves nos pontos: nascente, antes e depois do lançamento
de resíduos pela agroindústria Abatedouro de Aves..............
132
APÊNDICE D –
Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de
significância do teste t de reamostragem Bootstrap para
avaliação da qualidade do córrego frigorífico nos pontos:
nascente, antes e depois do lançamento de resíduos pela
agroindústria Irmãos Giacomini..............................................
134
APÊNDICE E –
Esquema ilustrativo da estrutura de tratamento de resíduos
de agroindústria de laticínios. Ponto 1 Agroindústria;
Ponto 2 tanque de decantação e deposição; Ponto 3
tanque de retenção de gordura; Ponto 4 caixa de
distribuição; Ponto 5 tanque de tratamento por zona de
raízes..................................................................................... 137
APÊNDICE F
Etapas para construção do tanque de tratamento por zona
de raízes.................................................................................
137
APÊNDICE G
Perfil do tanque de tratamento por zona de raízes,
mostrando detalhes da tubulação de distribuição e
drenagem do resíduo, além da espessura da camada de
areia e brita e distribuição das raízes....................................
138
APÊNDICE H –
Valores dos parâmetros analisados no resíduo não tratado,
tratado, e valores percentuais da remoção pelo sistema de
tratamento aplicado na agroindústria Abatedouro de Aves....
139
APÊNDICE I
Valores dos parâmetros analisados no resíduo não tratado,
tratado, e valores percentuais da remoção pelo sistema de
tratamento aplicado na agroindústria produtora de vinhos e
sucos......................................................................................
140
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 18
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................. 20
2.1
A
GROINDÚSTRIAS FAMILIARES E SUA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SOCIAL
................................... 20
2.2
Q
UALIDADE DA ÁGUA NO MEIO RURAL E FONTES DE CONTAMINAÇÃO
............................................ 22
2.3
T
RATAMENTOS E USOS DE RESÍDUOS DE AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES DE PEQUENO PORTE
........ 24
3. OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 27
3.1
O
BJETIVO GERAL
.......................................................................................................................... 27
3.2
O
BJETIVOS ESPECÍFICOS
.............................................................................................................. 27
4. ESTRATÉGIAS DE ESTUDO ........................................................................................................... 28
5. ESTUDO I: CARACTERIZAÇÃO DAS AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES DE PEQUENO
PORTE DA REGIÃO DA QUARTA COLÔNIA DE IMIGRAÇÃO ITALIANA DO RIO
GRANDE DO SUL.......................................................................................................... 30
5.1
R
ESUMO
....................................................................................................................................... 30
5.2
I
NTRODUÇÃO
............................................................................................................................... 31
5.3
O
BJETIVOS
................................................................................................................................... 34
5.4
M
ATERIAL E
M
ÉTODOS
................................................................................................................. 34
5.4.1 Localização ....................................................................................................................... 34
5.4.2 Levantamento de dados para caracterização das agroindústrias familiares de
pequeno porte quanto aos tipos de resíduos .......................................................... 36
5.4.3 Coleta e análises de resíduos gerados por algumas agroindústrias familiares de
pequeno porte ................................................................................................................ 38
5.4.3.1 Coletas de resíduos sólidos e líquidos .................................................................... 38
5.4.3.2 Análises físico-químicas dos resíduos sólidos ....................................................... 38
5.4.3.3 Análise microbiológica e físico-química dos resíduos líquidos ........................... 39
5.4.3.4 Análises comparativas ............................................................................................... 41
5.5
R
ESULTADOS E DISCUSSÃO
.......................................................................................................... 42
5.5.1 Caracterização das agroindústrias familiares de pequeno porte quanto aos
tipos de resíduos ............................................................................................................ 45
5.5.2 Caracterização das agroindústrias familiares de pequeno porte quanto ao
potencial poluidor .......................................................................................................... 48
5.6
C
ONCLUSÕES
............................................................................................................................... 61
6. ESTUDO II: IMPACTO DAS AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES DE PEQUENO PORTE NA
QUALIDADE DA ÁGUA DOS CÓRREGOS ................................................................. 62
6.1
R
ESUMO
....................................................................................................................................... 62
6.2
I
NTRODUÇÃO
............................................................................................................................... 63
6.3
O
BJETIVOS
................................................................................................................................... 65
6.4
M
ATERIAL E
M
ÉTODOS
................................................................................................................. 66
6.4.1 Localização ....................................................................................................................... 66
6.4.2 Escolha e descrição dos pontos de coletas ............................................................... 66
6.4.3 Caracterização física e morfológica do relevo e córrego ........................................ 66
6.4.4 Análises microbiológicas ............................................................................................... 69
6.4.5 Análises físico-químicas ................................................................................................ 70
6.4.6 Análises estatísticas ....................................................................................................... 70
6.5
R
ESULTADOS E
D
ISCUSSÃO
......................................................................................................... 71
6.6
C
ONCLUSÃO
................................................................................................................................. 79
7. ESTUDO III: TRATAMENTO DE RESÍDUOS LÍQUIDOS DE AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES
DE PEQUENO PORTE POR MEIO DE ZONA DE RAÍZES ......................................... 81
7.1
R
ESUMO
....................................................................................................................................... 81
7.2
I
NTRODUÇÃO
............................................................................................................................... 82
7.3
O
BJETIVOS
................................................................................................................................... 84
7.4
M
ATERIAL E
M
ÉTODOS
................................................................................................................. 84
7.4.1 Localização ....................................................................................................................... 84
7.4.2 Construção da estação de tratamento por zona de raízes .................................... 85
7.4.3 Coleta de amostras de resíduos líquidos tratados e não tratados ....................... 89
7.4.4 Análises físico-químicas e microbiológicas ................................................................ 90
7.4.5 Análises dos dados ......................................................................................................... 90
7.5
R
ESULTADOS E DISCUSSÃO
.......................................................................................................... 91
7.5.1 Resíduos líquidos de abatedouro de aves ................................................................. 91
7.5.2 Resíduos líquidos da produção de vinhos e sucos ................................................... 98
7.5.3 Resíduos líquidos de produção de queijos .............................................................. 103
7.6
C
ONCLUSÕES
............................................................................................................................. 114
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................ 115
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 117
ANDICES.. .... .................................................................................................................................126
1. Introdução
O Brasil está numa posição destacada no contexto mundial, quanto às
estratégias de sustentabilidade econômica e ambiental, uma vez que ainda é um dos
países emergentes com as maiores áreas de florestas naturais preservadas do
planeta. A grande discussão entre os países desenvolvidos e os emergentes é o fato
daqueles exigirem que esses cresçam sem impactar o ambiente. Muitos países não
estão de acordo com esta ideia porque não querem se comprometer em reduzir a
emissão de poluentes por medo de prejudicar os seus crescimentos econômicos. A
pressão para redução na emissão de poluentes vem aumentando com o passar dos
anos, e a demanda mundial por produtos de procedência orgânica e/ou de empresas
preocupadas com o meio ambiente está cada vez maior. Internamente, no Brasil,
não está tão evidente, mas as comunidades européias, por exemplo, exigem de
muitos exportadores brasileiros produtos com certificado de preservação ambiental,
de baixo impacto e de cunho social.
Em qualquer setor, seja agrícola ou industrial, grande dificuldade em
computar os custos ambientais. Um dos grandes entraves para resolver as questões
ambientais é a falta de conhecimento e interpretações equivocadas das informações
acerca do tamanho do impacto. As diferentes atividades antrópicas têm alterado a
qualidade ambiental sem sombra de dúvida, principalmente, no que se refere aos
mananciais de água. No entanto, é difícil prever em números e valor econômico o
custo ambiental de cada atividade. No Brasil é cada vez maior a preocupação com
as alterações da qualidade da água provocadas pelas atividades agropecuárias,
resultando em estudos e programas governamentais que visam à identificação e
controle das fontes de poluição.
Nas regiões de encostas, onde se cultiva culturas anuais de modo
convencional (lavração e gradagem), tem-se observado graves problemas de
contaminação da água. Dentro deste contexto, a implantação de agroindústrias
familiares ganha importância tanto econômica quanto ambiental. Sob ponto de vista
econômico, o principal ponto positivo é a agregação de valor à matéria-prima
produzida na propriedade rural e a manutenção e valorização da mão-de-obra
familiar; sob ponto de vista ambiental, é notório o aumento da área com florestas
19
regeneradas pelo abandono de áreas anteriormente cultivadas, mas os resíduos
agroindustriais também têm potencial de contaminação, principalmente se for jogado
no ambiente de forma pontual e sem planejamento. Diferentemente das atividades
agrícolas, as atividades agroindústrias tem normas claras para tratamento e
descarte dos resíduos. No entanto, essas normas são idênticas para grandes
complexos agroindustriais e para as pequenas agroindústrias.
As atividades de processamento de matérias-primas de origem animal ou
vegetal podem causar impacto negativo nos recursos naturais, se os resíduos
gerados forem lançados aos mananciais de água ou no solo sem tratamento
adequado. O tamanho do impacto é proporcional ao tamanho das atividades e à
composição do resíduo, assim como o tratamento e descarte do resíduo exige
estrutura adequada para cada escala de produção. O pequeno produtor
agroindustrial deve entender que, mesmo que as atividades de processamento de
produtos tenham mínimo impacto, há necessidade de seguir normas para evitar
contaminação. Os órgãos regularizadores - fiscalizadores devem entender, por outro
lado, que há técnicas simples de tratamento dos resíduos e que podem ser
ajustadas às condições de cada atividade e adequadas para cada tipo de resíduo e
serem altamente eficientes. A sustentabilidade econômica e ambiental, das
agroindústrias familiares de pequeno porte ao longo dos anos, depende de
tecnologias apropriadas para cada situação e, principalmente, da visão em longo
prazo dos produtores em produzir sem degradação dos recursos naturais.
Portanto, esse trabalho pretende gerar informações reais e correlacionadas
sobre causa e efeito com a finalidade de esclarecer qual é realmente o potencial
poluidor das agroindústrias familiares de pequeno porte. Além do mais, apontar
dificuldades e facilidades no tratamento de resíduos gerados pelas atividades
agroindustriais.
2. Revisão bibliográfica
2.1 Agroindústrias familiares e sua importância econômica e social
O processo de modernização da agricultura provocou mudanças marcantes
no meio rural brasileiro. A tecnificação incrementou a produção e a produtividade de
muitas atividades, especialmente aquelas que trazem divisas para o país, e que o
fundamentais para manutenção do modelo econômico ligado aos mercados
externos. Por outro lado, muitas propriedades de pequeno porte não conseguiram
acompanhar o ritmo, limitadas principalmente pela quantidade disponível de terras,
pelo baixo nível de diversificação e tecnologias, bem como pouca integração com a
produção animal, a fruticultura e a olericultura. A partir de então, inicia-se uma
reformulação das atividades nas pequenas propriedades e a sociedade em geral
começa a perceber as grandes relações entre a propriedade, o trabalho e a família,
e assim passa a denominar esse segmento de agricultura familiar (WESZ JUNIOR,
2005).
A lei 11.326, de 24 de julho de 2006 considera agricultor familiar e
empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo,
simultaneamente, aos seguintes requisitos:
I. não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;
II. utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades
econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;
III. tenha renda familiar predominantemente originada de atividades
econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento;
IV. dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF)
tem o objetivo de financiar as atividades agropecuárias e o agropecuárias
exploradas mediante emprego direto da força de trabalho do produtor rural e de sua
família. As atividades não agropecuárias referem-se aos serviços relacionados com
turismo rural, produção artesanal, agronegócio familiar e outras prestações de
serviço no meio rural, que sejam compatíveis com a natureza da exploração rural e
com o melhor emprego da mão-de-obra familiar. O PRONAF considera agricultores
familiares aqueles que:
21
I. explorem parcela de terra na condição de proprietário, posseiro,
arrendatário, parceiro ou concessionário do Programa Nacional de Reforma
Agrária;
II. residam na propriedade ou em local próximo;
III. não disponham, a qualquer título, de área superior a quatro módulos fiscais,
quantificados segundo a legislação em vigor;
IV. obtenham, no mínimo, 70% da renda familiar da exploração agropecuária e
não agropecuária do estabelecimento;
V. tenham o trabalho familiar como predominante na exploração do
estabelecimento, utilizando apenas eventualmente o trabalho assalariado,
de acordo com as exigências sazonais da atividade agropecuária, podendo
manter até dois empregados permanentes;
VI. tenham obtido renda bruta anual familiar nos últimos 12 meses que
antecedem a solicitação da Declaração de Aptidão ao PRONAF - DAP
acima de R$ 6 mil e até R$ 110 mil, incluída a renda proveniente de
atividades desenvolvidas no estabelecimento e fora dele, por qualquer
componente da família, excluídos os benefícios sociais e os proventos
previdenciários decorrentes de atividades rurais.
Em 2007 a agricultura familiar representava 85% do total de estabelecimentos
rurais do país. O PRONAF entende que a melhoria de vida dessas famílias é
condição para o desenvolvimento sustentado, pois elas são responsáveis por 60%
dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros e pela matéria-prima para muitas
indústrias. Além disso, contribuem com o esforço exportador a partir de várias
cadeias de produção de que participam, representando cerca de 10% do produto
interno bruto nacional (IBGE, 2009).
A importância do setor agropecuário familiar sempre é lembrada por absorver
a mão-de-obra familiar e pela produção de subsistência, sendo assim valorizada
mais pelo aspecto social do que propriamente econômico (GUILHOTO, 2007).
Entretanto, ao se considerar toda a cadeia, desde as atividades que alimentam o
setor rural (fornecedores dos insumos), as indústrias (alimentadas pela produção
rural) e os setores de distribuição (comercialização e transporte), além do próprio
setor de produção (agricultura e pecuária), a distribuição dos recursos do segmento
familiar é maior e descentralizado (GUILHOTO, 2007; WESZ JUNIOR, 2008). Além
do mais, a própria produção de hortigranjeiros proporciona sustentabilidade
econômica para a agricultura familiar por permitir a comercialização com menor grau
de processamento, enquanto produtos como a soja e o fumo constituem a matéria-
prima de produtos totalmente industrializados, favorecendo a concentração do
capital nas mãos das grandes indústrias.
Segundo Vieira (1997), quando a agricultura familiar baseia-se na produção
de “commodities” a sustentabilidade do setor é fragilizada, devido a grande
competição entre produtores internacionais. Entretanto, quando o produtor procura
22
entrar na industrialização para agregar valor ao seu produto, ele terá a competição
intensa e um mercado mais complexo, exigindo do produtor estratégias que
garantem sua sustentabilidade. No entanto é fundamental a organização desses
produtores para avançar na comercialização e diferenciação dos produtos, e garantir
espaço entre os produtos industrializados em outras regiões por grandes empresas.
A agricultura familiar enfrentou ao longo de muitos anos sérias dificuldades
em relação à capacidade de reprodução social e à qualidade de vida por serem
meros fornecedores de matéria-prima para as grandes agroindústrias (MDA, 2009).
Muito desse modelo de produção ocorre ainda nos dias de hoje em alguns setores,
como a produção de fumo, suinocultura e avicultura. Não se pode negar que a
integração da agricultura familiar com as agroindústrias de grande porte, favorece a
sobrevivência da pequena propriedade no campo com uma vida comparativamente
melhor. Ao contrário disso, aquelas propriedades dentro da agricultura familiar,
que desenvolvem atividades de transformação da matéria-prima e processamento
final de produtos de origem animal ou vegetal, que podem ser denominadas de
agroindústria familiar, agroindústria rural, unidades de beneficiamento, agroindústria
familiar de pequeno porte, agroindústria artesanal e/ou colonial (WESZ JUNIOR,
2008; FISCHER, 2006).
As agroindústrias familiares de pequeno porte (AFPP) caracterizam-se por ser
um segmento constituído por pequenos produtores, que processam alimentos de
origem vegetal e/ou animal e que, geralmente, o processamento é simplificado, mas
que agregam valor aos produtos (FISCHER, 2006).
2.2 Qualidade da água no meio rural e fontes de contaminação
A contaminação do solo e da água no meio rural é regra e não exceção. O
consumo de água de qualidade pelo Homem e pelos animais é cada vez mais
comum no meio rural. Monitoramentos da qualidade de água em comunidades
localizadas nas bacias de cabeceiras têm mostrado que há presença de muitos
contaminantes em níveis muito acima do permitido pelo Ministério da Saúde (MS)
(Gonçalves, 2003; Pellegrini, 2005; Rheinheimer et al., 2003; Bortoluzzi et al., 2006).
O mais preocupante ainda, é que o fato de beber água natural da fonte a falsa
23
impressão de qualidade, até mesmo pela população urbana. Quando a qualidade da
água passa a ser um requisito para desenvolver atividades agroindústrias, descobre-
se que alguns parâmetros estão fora dos padrões exigidos pelos órgãos
reguladores.
A qualidade da água usada no meio rural é reflexo das condições ambientais
dentro da bacia hidrográfica, sendo melhor quanto menos interferência antrópica
houver à montante da fonte de água. A proteção e a posição da fonte na paisagem
determinarão o grau de risco de contaminação por fontes pontuais ou difusas de
poluição, tais como: esgotos domésticos, deflúvio superficial agrícola e dejetos da
criação de animais, principalmente em sistemas intensivos de criação
(RHEINHEIMER et al., 2003; MERTEN; MINELLA, 2002). Os esgotos domésticos
são basicamente constituídos por contaminantes orgânicos, nutrientes e micro-
organismos que podem ser patogênicos (MAIER, 2007; KAICK, 2002). Os
contaminantes ligados ao escoamento superficial agrícola são constituídos de
sedimentos (MINELLA, 2003; PELLEGRINI et al., 2009; SEQUINATTO et al., 2006),
nutrientes (PELLEGRINI, 2005; PELLEGRINI, 2006; KAISER, 2006), agrotóxicos
(BORTOLUZZI et al., 2006; BORTOLUZZI et al., 2007). os dejetos de animais
contribuem com poluição orgânica (MULAZZANI et al., 2007), coliformes fecais
(BALDISSERA, 2002), nutrientes como o fósforo (BERWANGER, 2006) e metais
pesados (MATTIAS, 2006).
A ausência de sistema de gestão ambiental tem provocado o lançamento de
águas residuárias sem tratamento adequado nos cursos de água. Isso tem
causando elevação da DBO da água, diminuição do oxigênio dissolvido, alteração
da temperatura, aumento da concentração de sólidos solúveis e totais na água,
desencadeando a eutroficação dos corpos hídricos e proliferação de doenças
veiculadas pela água (MATOS, 2005). Apesar disso, os programas de implantação
das AFPP têm negligenciado o aspecto ambiental, causando situações que colocam
estes empreendimentos em posição de fragilidade diante dos órgãos fiscalizadores.
Tal fato tem implicado na não obtenção da legalização fiscal e sanitária para
comercialização dos produtos, que a licença ambiental é considerada requisito
obrigatório. Assim, reproduz-se a informalidade e limita-se o alcance dos projetos de
desenvolvimento de AFPP.
Diante do exposto é fundamental um estudo para conhecimento geral das
situações das agroindústrias familiares de pequeno porte, bem como do papel
24
social, das implicações ambientais e das alternativas viáveis para sanar algumas
dificuldades.
2.3 Tratamentos e usos de resíduos de agroindústrias familiares de pequeno
porte
Todo lançamento de dejetos líquidos em um corpo receptor está obrigado a
seguir padrões de qualidade contemplados nas legislações do Ministério do Meio
Ambiente, Ministério da Saúde e órgãos estaduais responsáveis pela proteção dos
cursos de água. Estes padrões se baseiam no princípio de restabelecimento do
equilíbrio e da autodepuração do corpo receptor. Estes são os responsáveis pela
conversão de compostos orgânicos ativos em compostos orgânicos inertes e não
prejudiciais do ponto de vista ecológico (VON SPERLING, 1996).
A reutilização de resíduos de qualquer natureza que possam apresentar riscos
de contaminação ambiental ou comprometimento da saúde dos indivíduos deve
seguir normas pré-estabelecidas. A Resolução CONAMA nº 357 de 2005, além de
estabelecer os parâmetros de qualidade de água que enquadram em diferentes
classes, estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. Dentre os
parâmetros avaliados para obtenção do grau de qualidade da água sobressaem-se
os que comprometem, especialmente, a sustentação da vida aquática e dos
dependentes dessa. Essa resolução CONAMA 357 estabelece limites para
fósforo, por exemplo, baseado na característica do corpo d’água (ambiente lêntico
ou lótico) e nos limites que interferem negativamente nos diferentes ambientes.
para nitrogênio total amoniacal os limites consideram a faixa do pH da água. Em
termos de importância, o nitrogênio e o fósforo são considerados os principais
responsáveis pela eutroficação dos cursos de água, por serem componentes
essenciais para o desenvolvimento dos organismos, o que possibilita um
desequilíbrio na proliferação de algas, plantas aquáticas e micro-organismos,
exigindo elevados níveis de oxigênio dissolvido comprometendo a disponibilidade
aos outros organismos daquele ambiente.
O lançamento de efluentes em um curso de água provoca alterações nas
propriedades físicas e químicas da água (HUSSAR, 2001). A preocupação com a
25
preservação da qualidade ambiental e com a saúde pública é a fundamentação do
Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA). Esse por meio da Resolução
128 de 2006, dispõe sobre a fixação de Padrões de Emissão de Efluentes Líquidos
para fontes de emissão que lancem seus efluentes em águas superficiais no Estado
do Rio Grande do Sul. Esta resolução estabelece que quando o lançamento tiver
vazão menor que 100 m
3
dia
-1
o padrão para emissão de nitrogênio e fósforo total
deve ser de 20 mg l
-1
e 4 mg l
-1
, respectivamente. Os padrões de lançamento de
demanda biológica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio (DQO)
devem ser inferiores a 180 mg l
-1
e 400 mg l
-1
, respectivamente, para
empreendimentos com vazão inferior a 20 m
3
dia
-1
. Para vazões maiores os valores
máximos diminuem, como no caso de vazões de lançamento maiores que 10000 m
3
dia
-1
que tem valores de DBO e DQO com o máximo de 40 mg l
-1
e 150 mg l
-1
.
Segundo Silveira (1999), os métodos utilizados no tratamento de efluentes
líquidos podem incluir processos físicos (remoções de sólidos grosseiros
sedimentavam e flutuantes); processos químicos (floculação, precipitação química,
cloração, oxidação química, neutralização e elutriação); e ou processos biológicos
(aeróbica - processo de lodos ativados e filtros biológicos; anaeróbica - reatores
anaeróbicos de fluxo ascendente, lagoas anaeróbicas e filtros anaeróbicos; e outros
processos de tecnologia mais complexa - filtração rápida, adsorção, eletrodiálise,
troca iônica e osmose inversa). Para os resíduos sólidos, os métodos de tratamento
mais usuais são o aterro sanitário, a disposição no solo, a compostagem e a
incineração, além do uso como matéria-prima na produção de sabões, detergentes e
ração animal (SILVEIRA, 1999). Neste sentido, muitas iniciativas em busca de
processos mais limpos de produção têm sido adotadas, dentre elas o Centro
Nacional de Tecnologias Limpas do SENAI-RS, em que:
Baseado em problemas ambientais conhecidos, o Programa de Produção
mais Limpa investiga o processo de produção e as demais atividades de
uma empresa e estuda-os do ponto de vista da utilização de materiais e
energia. Esta abordagem ajuda a induzir inovações dentro das próprias
empresas a fim de trazer a estas e a toda a região, um passo em direção a
um desenvolvimento sustentável. A partir disto, são criteriosamente
estudados os produtos, as tecnologias e os materiais, a fim de minimizar os
resíduos, as emissões e os efluentes, e encontrar modos de reutilizar os
resíduos inevitáveis (SENAI-RS, 2003).
A compostagem tem sido estudada como a principal alternativa técnica, para o
tratamento de resíduos orgânicos em estado sólido, e tecnologias eficazes e
seguras tem sido postas à disposição da sociedade (PEREIRA NETO, 1996). A
26
compostagem, na atualidade, é definida como um processo biotecnológico,
desenvolvido em meio aeróbico controlado, realizado por uma colônia mista de
micro-organismos. Historicamente as mais antigas fontes de matéria orgânica
empregada como fertilizante, são os estercos animais e adubos verdes. Além
desses fertilizantes, atualmente se utiliza outros tais como: fezes humanas, que no
Oriente receberam o nome de “solo noturno” e nos dias de hoje, lodo de esgoto; o
lixo urbano domiciliar; as tortas vegetais geradas como resíduos da industrialização
das sementes oleaginosas; o guano; a turfa; o linhito; e os demais resíduos de
indústrias agrícolas, de conservas alimentícias, de bebidas, de frigorífcos, de
produtos farmacêuticos e de curtumes (SANTOS, 1993). O preparo do composto na
propriedade rural necessita de duas fontes de matérias primas: os resíduos vegetais
e os resíduos animais (esterco). Os resíduos animais atuam como inoculantes para
a compostagem.
No caso de resíduos líquidos, o tratamento pelo método da zona de raízes é
um dos mais promissores em escala de AFPP. Este método teve sua origem na
Europa, na década de 1950, para a redução de compostos orgânicos de efluentes
industriais (FERREIRA et al., 2003). Esta tecnologia se expandiu com o advento dos
movimentos ambientalistas da década de 1970, e teve como objetivo primeiro o
controle da qualidade da água. Segundo Mazzola (2003), no Brasil também se
denominam terras úmidas construídas e estações de tratamento de efluentes por
“zona de raízes”. Os baixos custos de implantação e operação, aliados à tecnologia
relativamente simples e eficiente na remoção de poluentes, são fatores que têm
contribuído para a utilização crescente dos leitos cultivados em diversos países do
mundo, principalmente de resíduos domésticos e industriais (FERREIRA et al., 2003;
ANJOS, 2003).
Diante da importância das atividades agroindustriais e da preocupação com o
meio ambiente desenvolveu-se o conjunto de estudos com a hipótese de que as
agroindústrias familiares de pequeno porte apresentam baixo risco de contaminação
das águas e que o potencial de poluição dos resíduos gerados pode ser minimizado
com técnicas simplificadas.
3. Objetivos
3.1 Objetivo geral
O presente trabalho tem como objetivo principal caracterizar as agroindústrias
familiares de pequeno porte, avaliar o impacto das atividades agroindustriais em
relação às demais fontes de contaminação e avaliar sistemas simplificados de
tratamento de resíduos líquidos.
3.2 Objetivos específicos
Estudo I: Caracterizar agroindústrias familiares de pequeno porte da Região
da Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do Sul
quanto aos tipos de resíduos gerados e os seus potenciais
poluidores.
Estudo II: Avaliar o impacto na qualidade da água de córregos provocados
pelo lançamento de resíduos derivados do processamento de
vinhos, licores, abatedouro de aves e frigoríficos por agroindústrias
familiares de pequeno porte da Região da Quarta Colônia Italiana
do Rio Grande do Sul.
Estudo III: Avaliar a eficiência de estações de tratamento por meio de zona de
raízes no tratamento de resíduos líquidos descartados por
agroindústrias familiares de pequeno porte produtoras de queijos,
de vinhos e sucos e de abate de aves.
4. Estratégias de estudo
O desenvolvimento das atividades agroindustriais nasceu como alternativa
para melhorar a renda do produtor. Assim como qualquer atividade que visa lucro,
as condições sanitárias e ambientais necessárias para garantir o fornecimento de
produtos saudáveis e sem comprometer os recursos naturais, sempre foram vistas
pelo produtor de forma negativa, geradoras de custos. No momento em que
depende do produtor a decisão em ficar com o lucro integral ou gastar parte em
estruturas para garantir a saúde pública e ambiental, a decisão seo lucro integral,
porque a visão da sociedade em geral é a curto prazo, de benefício individual,
imediato e em números monetários. O agricultor que sempre cultivou suas terras
sem grandes interferências dos órgãos reguladores, muitas vezes sem nunca
precisar se adequar às normas, quando passa a desenvolver uma atividade que
exige ajustes à legislação, como o caso da atividade agroindustrial encara esses
ajustes como uma imposição. Quando ele se ajusta é porque quer cumprir uma
obrigação que o direito de exercer sua atividade, mas desde que não
comprometa seu lucro. O problema realmente é a falta do comprometimento do
produtor com a preservação ambiental, a falta de sensibilidade dos órgãos
reguladores sobre as diferentes situações e, portanto, que deve haver diferentes
exigências dependendo de cada situação.
A estratégia de estudo da presente dissertação baseou-se na obtenção de
dados sobre as agroindústrias familiares de pequeno porte, qualidade da água,
quantidade e composição dos resíduos e tratamento de resíduos líquidos por zona
de raízes, tendo como área experimental um grupo de agroindústrias da Região da
Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do Sul. O estudo tem caráter
exploratório, mas ao mesmo tempo com objetivos específicos aborda assuntos inter-
relacionados entre as atividades familiares com importância social indiscutível, as
conseqüências ao meio ambiente e as alternativas adequadas a cada situação.
Nesse sentido, os resultados foram agrupados em três estudos, descritos a seguir:
O primeiro estudo faz uma caracterização das agroindústrias de pequeno
porte quanto aos tipos de resíduos e ao potencial poluidor. O segundo, aborda o
impacto na qualidade da água de córregos provocados pelo lançamento de resíduos
29
derivados do processamento de vinhos, licores, abatedouro de aves e frigoríficos por
agroindústrias familiares de pequeno da Região da Quarta Colônia Italiana do Rio
Grande do Sul, comparando qualidade da água na nascente, no ponto antes do
lançamento e no ponto depois do lançamento dos resíduos da agroindústria.
Finalmente, o terceiro estudo avalia estações de tratamento por meio de zona de
raízes em três agroindústrias familiares de pequeno porte no tratamento de resíduos
líquidos de: abatedouro de aves; produção de vinhos e sucos e; produtora de
queijos.
5. Estudo I: Caracterização das agroindústrias familiares de
pequeno porte da Região da Quarta Colônia de
Imigração Italiana do Rio Grande do Sul
5.1 Resumo
As atividades agrícolas e agroindustriais podem impactar de diferentes formas o
ambiente. O beneficiamento de produtos de origem animal e vegetal em pequena
escala gera resíduos que podem ser facilmente tratados ou reutilizados no sistema
produtivo local. O objetivo do presente estudo foi caracterizar as agroindústrias
quanto os tipos de resíduos gerados e os seus potenciais poluidores. Este estudo foi
feito em quinze agroindústrias integrantes da Rede da Casa, na Região da Quarta
Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do Sul. Das quinze agroindústrias
estudadas, apenas uma apresenta grande volume de resíduo líquido (produção de
queijo) e outra de resíduo sólido (produção de cachaça). Três resíduos (soro de
queijo, vinhaça e sangue) têm potencial poluidor devido a alta demanda biológica e
química de oxigênio e a presença de altas concentrações de fósforo e nitrogênio. No
entanto, apenas o soro do queijo apresenta risco de contaminação dos cursos de
água, devido ao grande volume e ao precário sistema de tratamento utilizado.
Palavras chaves: potencial poluidor, resíduos líquidos e sólidos, características
químicas do resíduo.
31
5.2 Introdução
No Rio Grande do Sul, os estabelecimentos rurais de base familiar ocupam em
torno de 41% da área rural total, contribuem com 58% do valor bruto da produção e
com 11% do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho, o que caracteriza a importância
deste segmento da sociedade (IBGE, 2009). Na Região Central do Estado, mais
precisamente nas áreas de encostas, as propriedades existentes caracterizam-se
pelas pequenas e médias propriedades, na maioria de origem familiar, onde se
cultiva o fumo e culturas de subsistências. Também, as atividades agroindustriais
são bastante desenvolvidas, principalmente por terem nascido a partir de costumes
e cultura local, preservadas da imigração italiana.
Neuman e Souza (2006) estudando os sistemas agrários na Região Central do
Estado constataram que em torno de 200 unidades de produção artesanal de
alimentos na região da Quarta Colônia, mas a imensa maioria permanece na
informalidade, por não atenderem integralmente às exincias sanitárias e
ambientais, não chegando a dez o número de estabelecimentos totalmente
legalizados.
Em 2005, um grupo de produtores estabeleceu uma parceria com uma rede de
supermercados de Santa Maria, centro consumidor regional com mais de 200.000
habitantes, adotando selo de certificação e aumentando sua escala de produção.
Esse grupo foi formado por catorze AFPP, que em 2006 constituiu a Rede da Casa.
Entre as atividades desenvolvidas, destacam-se a produção de embutidos cárneos,
de queijos e outros derivados de leite, de doces e conservas de frutas e legumes e
de aguardente, licores, sucos e vinhos. Em 2007, a Rede da Casa, assume a gestão
de um ponto de comercialização junto a RST-287, que liga Santa Maria e Porto
Alegre, construído com recursos captados pelo Programa de Desenvolvimento
Sustentável (PRODESUS) junto ao Ministério de Desenvolvimento Agrário. Contudo,
mesmo dentro da Rede da Casa há grande impasse para a regulamentação dessas
atividades devido a deficiência de técnicas de tratamento de resíduos adaptadas a
realidade de cada agroindústria e economicamente viáveis. Problemas
característicos das agroindústrias familiares estão ligados aos fatores como: água,
tratamento e lançamento de resíduo líquido e, disposição de resíduos sólidos. Este
fato poderá ocasionar impactos ambientais relevantes, fazendo-se necessário a
32
condução de estudos que avaliem a geração, disposição e tratamento desses
resíduos.
Os resíduos da indústria de laticínios e abatedouros têm alto poder poluente
por conter: “gordura, sólidos orgânicos e inorgânicos, além de substâncias químicas
que podem ser adicionadas durante as operações de processamento, enquanto que
águas residuárias geradas no processamento de produtos de origem vegetal podem
conter, além de elevado conteúdo de material orgânico, outros poluentes, tais como
solo, restos de vegetais e pesticidas”, (MATOS, 2005). Esta composição faz do
tratamento de resíduos oriundos da atividade agroindustrial uma operação de alta
complexidade, pois cada composição específica de um efluente gerado exige um
sistema de tratamento diferenciado (SILVEIRA, 1999). Referindo-se a indústria de
laticínios, Machado et al. (2001) apontam uma grande diversidade na composição
dos efluentes, ocorrendo águas de lavagem de equipamentos e piso, os esgotos
sanitários gerados e as águas pluviais captadas na indústria, além de embalagens
plásticas, embalagens de papelão, lixo doméstico, cinzas de caldeiras, aparas de
queijo e, em menor quantidade, metais e vidros. Assim, em nível de pequenas
unidades industriais torna-se difícil a adoção de um sistema de tratamento
adequado, devido à necessidade de utilização de métodos variados para minimizar o
efeito poluente e dar destino adequado a cada um dos resíduos gerados.
No tocante ao processamento de carne suína e de aves estima-se que no
Brasil são gerados, aproximadamente, 149 milhões de toneladas de efluentes por
ano (ZANOTTO et al., 2006). Esses autores alertam que a composição destes
efluentes representa alto risco ao meio ambiente, por se tratar de águas residuárias
que carreiam resíduos de sangue, gordura, líquidos fisiológicos, restos de carne,
ossos, vísceras e água de higienização. A impossibilidade de utilização do sangue
para produção de ração para as próprias aves, bovinos e suínos, devido ao controle
na transmissão de doenças, ainda é recomendado no caso de abatedouros bovinos,
pela grande quantidade de sangue gerado (PENA, 2007) e destinado apenas para
cães e gatos, evitando problemas ao consumo humano (VEGRO; ROCHA, 2007).
Para os resíduos do processamento de carne, Pena (2007) sugere a divisão
dos efluentes em uma linha verde (sem presença de sangue) e a linha vermelha,
envolvendo os efluentes do abate e etapas posteriores de processamento, o que
possibilita melhor segregação dos resíduos em suspensão, facilitando o tratamento
33
primário e reduzindo etapas posteriores, além de propiciar destino adequado aos
diferentes resíduos. No caso de empreendimentos agroindustriais dedicados ao
processamento de carne, sem abate de animais, apesar do menor poder poluente,
também, necessidade de programar sistemas de tratamento adequado, pois, as
águas de lavagem possuem resíduos de emulsões, carnaças, farelos, entre outros.
Embora estas indústrias não tenham os índices de poluição dos abatedouros, sua
poluição é considerável, principalmente pela variedade de despejos ao longo do dia,
onde são produzidos resíduos alcalinos, ácidos, com emulsão, gorduras e águas
ferventes com elevado conteúdo em gorduras (SILVEIRA, 1999).
Em relação ao vinhoto ou vinhaça, este resíduo é gerado em uma proporção
de seis a oito litros para cada litro de aguardente produzido e, em sua composição,
tem alta DQO e DBO, o que confere um caráter altamente poluidor. Segundo Freire
e Cortez (2000), o poder poluente da vinhaça é aproximadamente cem vezes maior
que o do esgoto doméstico, o que decorre da sua riqueza em matéria orgânica,
baixo pH, elevada corrosividade e altos índices de DBO, variando de 20.000 a
35.000 mg l
-1
(SILVA et al., 2007). Além disto, possui elevada temperatura na saída
dos destiladores o que a torna altamente nociva à fauna e à flora aquáticas. Apesar
do seu potencial como fertilizante, a vinhaça pode provocar danos ambientais
quando sua aplicação for de forma irresponsável ou sem controle dos efeitos nos
recursos hídricos e no solo (PIACENTE; PIACENTE, 2004). Tal prática tem efeitos
positivos na melhoria da produtividade do solo, que a vinhaça provoca: elevação
do pH, aumento da disponibilidade de alguns nutrientes, elevação da capacidade de
troca catiônica, aumento da capacidade de retenção de água, melhoria da estrutura
física e aumento da população e da atividade microbiana (SILVA, 2006).
Em relação ao impacto causado por estes resíduos gerados no
processamento de matérias-prima de origem animal ou vegetal para o meio-
ambiente, trata-se de grande ameaça à qualidade da água para consumo humano e
para os solos agrícolas (MATOS, 2005). Isto implica na necessidade de investir em
sistemas de controle ambiental em AFPP mesmo que atuando em pequenas
escalas.
34
5.3 Objetivos
O objetivo do presente estudo foi caracterizar agroindústrias familiares de
pequeno porte da Região da Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do
Sul quanto aos tipos de resíduos gerados e os seus potenciais poluidores.
5.4 Material e Métodos
5.4.1 Localização
Este estudo envolveu quinze agroindústrias familiares de pequeno porte
localizadas na Depressão Central do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Mais
especificamente, a região de estudo é denominada “Região da Quarta Colônia de
Imigração Italiana” (Figura 1) por causa da vinda da quarta leva de imigrantes
italianos desembarcados no território gaúcho em 1878. A influência da cultura
italiana está em todos os aspectos, tais como: arquitetura, produção agrícola,
linguajar, folclore e principalmente na culinária. A área da Quarta Colônia está
localizada entre o planalto e a depressão central do RS, considerada rebordo do
planalto, apresentando solos jovens e muito frágeis distribuídos em um relevo
bastante acidentado correspondendo com os limites das bacias hidrográficas Alto
Jacuí, Baixo Jacuí e Vacacaí-Vacacaí-Mirim. É constituída por nove municípios,
sendo eles: Nova Palma, Faxinal do Soturno, Pinhal Grande, Silveira Martins, Dona
Francisca, Ivorá, São João do Polêsine, Restinga Seca e Agudo. Ressalta-se que os
dois últimos municípios são de colonização alemã, mas que também fazem parte do
Programa de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (PRODESUS)
desenvolvido desde 1990. A economia agrícola está baseada na agricultura familiar,
produção diversificada de hortigranjeiros, lavouras de arroz, fumo e soja.
35
Figura 1 - Localização das quinze agroindústrias familiares de pequeno porte distribuídas na região
da Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do Sul. (Fonte: adaptado do
Google)
As agroindústrias fazem parte de um grupo de produtores que formaram a
“Rede da Casa”. Atualmente é constituída por treze agroindústrias, mas este
trabalho abrangeu quinze, porque duas delas estão em fase de negociação para
ingressar no grupo. Todas apresentam em comum, atividades com técnicas
herdadas dos pais ou avós e que consistem no processamento de alimentos e/ou
bebidas. A constituição da Rede da Casa nasceu da demanda dos produtores e
participação e apoio de entidades governamentais, mais diretamente através do
Conselho de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (CONDESUS). Este
priorizou o desenvolvimento de agroindústrias familiares rurais, devido a tradição da
região na produção artesanal de alimentos, via processamento de matérias-primas
de origem animal e vegetal, focando para gastronomia, meio-ambiente e de rotas
turísticas. No entanto, um conjunto de ações com participação do SEBRAE-SENAI,
UFSM e EMATER, qualificou a produção artesanal através da formação dos
produtores e agentes de desenvolvimento, e também apoiou a estruturação das
instalações e equipamentos visando atingir aspectos sanitário, fiscal e ambiental
preconizados pela legislação. Estas iniciativas tiveram apoio fundamental do
Governo Gaúcho, através do Programa de Fortalecimento da Agroindústria Familiar,
durante o período de 1999 a 2002.
36
5.4.2 Levantamento de dados para caracterização das agroindústrias familiares de
pequeno porte quanto aos tipos de resíduos
A caracterização das agroindústrias familiares de pequeno porte quanto aos
tipos de resíduos foi baseada nos dados levantados a partir das informações
fornecidas pelos agentes que atuam nas áreas ligadas à agricultura e dos próprios
proprietários de agroindústrias. O levantamento de dados se deu conforme as
etapas descritas abaixo:
Etapa 1: Seminário com membros da Rede da Casa.
O projeto de pesquisa
Poluição dos recursos dricos causados por
resíduos sólidos e quidos resultantes do processamento de matérias-primas
de origem animal e vegetal em agroindústrias familiares rurais”,
financiado pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,
foi apresentado
aos membros da Rede da Casa, aos gestores públicos, aos agentes de
desenvolvimento e ao ministério público. A proposta de pesquisa e a metodologia a
ser desenvolvida foram amplamente discutidas no seminário que ocorreu na sede da
Câmera de Vereadores de Faxinal do Soturno.
Etapa 2: Pré-teste do roteiro de pesquisa.
Foi realizada uma visita a duas AFPP, visando observar seu processo de
produção, tratamento dos resíduos e disponibilização final destes, buscando
observar pontos críticos a serem aprofundados nos instrumentos de pesquisa. Na
ocasião aplicou-se o roteiro elaborado para entrevista com as famílias envolvidas
nas duas AFPP, visando ajustar este instrumento de pesquisa.
Etapa 3: Entrevistas com informantes-chaves.
Nesta fase foram entrevistadas lideranças envolvidas no processo de
constituição da Rede da Casa e profissionais de ATER, buscando compreender
como os problemas ambientais foram abordados nos projetos das AFPP, os
impasses vivenciados em relação ao esforço de adequação das propostas técnicas
37
ao contexto econômico de cada empreendimento e a legislação sanitária e
ambiental vigente.
Etapa 4: Visitas às agroindústrias familiares de pequeno porte.
Nesta etapa foram aplicados os procedimentos necessários para a
caracterização das AFPP. Tais procedimentos foram desenvolvidos em visitas às
unidades agroindustriais buscando conhecer as características da região, e fazer um
levantamento preliminar de informações básicas como: os tipos de atividades
agroindustriais, os principais produtos processados, os pontos de contaminação, os
tipos de resíduos, freqüência e volume de lançamento de resíduos, e formas de
tratamento utilizadas.
A quantidade de resíduo sólido foi calculada com base no peso por unidade
produzido versus total produzido. Para o cálculo da quantidade total de cinzas
pesou-se o equivalente a uma semana de cinza produzida em cada AFPP e
extrapolou-se para o total de semanas trabalhadas em um ano. A quantidade de
bagaço de cana-de-açúcar foi estimada usando a proporção de em cada litro de
cachaça produzido se produz 3 kg de bagaço. Para o cálculo da quantidade total de
casca de uva usou-se a proporção de 20 kg de casca para cada 100 litros de vinho
produzido. Pela quantidade de zias de ovos usada nas padarias e com o peso
médio de 7,28 g cada casca se estimou a quantidade de casca gerada em uma
semana e no total de semanas trabalhadas em um ano.
O volume de resíduos líquidos foi calculado com base em medições
in situ
e
em proporções encontradas na literatura. Para o cálculo do volume de vinhaça usou-
se a proporção de 6 litros de vinhaça para cada litro de cachaça produzido. O soro
de queijo foi estipulado usando a proporção de que para cada 10 litros de leite
processado 9 litros são descartados na forma de soro, e o soro+água (equivalente a
água de lavagem) calculou-se pela quantidade de água utilizada na lavagem da
agroindústria durante o dia. Para o cálculo da quantidade de sangue gerado
anualmente considerou-se o número de aves abatidas e a quantidade de sangue
medido no abate de 10 aves. As águas residuárias do abatedouro de aves foram
quantificadas medindo durante o tempo integral de abate e considerou-se que o
volume lançado é proporcional ao tempo de abate, pois se usa um volume constante
durante o abate.
38
5.4.3 Coleta e análises de resíduos gerados por algumas agroindústrias familiares
de pequeno porte
5.4.3.1 Coletas de resíduos sólidos e líquidos
Durante as visitas às AFPP foram coletadas amostras aleatórias dos
principais resíduos sólidos de bagaço de cana-de-açúcar (recente e após um ano
amontoado no campo), cascas de uvas (derivadas da fabricação de vinhos tintos e
brancos), cinzas (derivada da queima de lenhas nos fornos e caldeiras) e penas de
aves abatidas. Os resíduos líquidos coletados foram: soro de leite; soro+água (soro
após recebimento das águas de lavagens dos equipamentos); vinhaça (residuária da
cachaça); sangue de aves (resíduo na sangria); águas residuárias de abatedouro de
aves (águas do escaldo e das lavagens de carcaças e equipamentos); fermento de
batata (batata inglesa triturada para cultivo de leveduras); esgoto doméstico (com
resíduos da produção de licores) e; esgoto doméstico (com resíduos da produção de
vinhos e sucos).
As amostras de resíduo líquido para análises microbiológicas foram
armazenadas em recipientes esterilizados, e para as demais análises foram
coletadas em frascos de dois litros, e transportadas sob temperaturas baixas até o
Laboratório de Análises de Águas Rurais do Departamento de Solos da
Universidade Federal de Santa Maria.
5.4.3.2 Análises físico-químicas dos resíduos sólidos
Os resíduos sólidos foram secos em estufa para posterior digestão
nitroperclórica (SILVA, 1999) e para análise de carbono e nitrogênio em
autoanalisador elementar.
Uma amostra de resíduo (0,250 g) foi adicionada em tudo de digestão com 4
ml de solução HNO
3
: HClO
4
(3:1), permaneceu por uma noite para uma pré-digestão
39
e no dia seguinte permaneceu durante uma hora a 80°C, e a 120°C até cessar o
desprendimento de vapor marrom e desaparecer qualquer fragmento de tecido
(aproximadamente duas horas). Deste momento em diante aumentou-se
vagarosamente a temperatura até 180°C onde houve desprendimento de vapor de
cor branca. Ao atingir um volume em torno de 2 ml, a amostra foi retirada do bloco
digestor e após esfriamento completou-se o volume para 25 ml, estando pronto para
determinação dos elementos: P, K, Ca, Mg, Na, Zn, Cu, Fe e Mn.
As análises de carbono e nitrogênio elementar foram realizadas em uma
porção das amostras moídas previamente preparadas e submetidas para leitura em
aparelho autoanalisador elementar, localizado no Departamento de Solos da
Universidade Federal de Santa Maria.
5.4.3.3 Análise microbiológica e físico-química dos resíduos líquidos
As análises microbiológicas constaram da determinação do número mais
provável (NMP) de coliformes totais e coliformes fecais, pelo método dos tubos
múltiplos. A metodologia utiliza o caldo seletivo enriquecido “FLUOROCULT Caldo
LMX (Merk, pH 6.8 a 25ºC)”. Para tal, utilizou-se 17 g do meio de cultura em um litro
de água destilada. Adicionou-se 5 mL do meio de cultura em tubos de ensaio com
tampa rosca e juntamente com os demais objetos usados no processo, autoclavou-
se sob pressão de 1 atm e 121ºC, por 20 minutos. Na câmara de fluxo laminar,
efetuou-se as diluições necessárias (10
-1
até 10
-4
). As amostras foram incubadas por
48 horas em temperatura de 35 a 37ºC. A presença de coliformes totais foi indicada
pelo aparecimento da cor verde azulada e de coliformes fecais (
Echerichia coli
) pela
fluorescência azul, quando exposto a luz ultravioleta. Em função do número de tubos
positivos e da respectiva diluição estima-se por meio de tabela estatística o número
mais provável (NMP) de coliformes totais e fecais em 100 ml de amostra.
As análises físico-químicas seguiram as metodologias preconizadas pelo
APHA (1995) e compreendem a determinação dos seguintes parâmetros: pH;
condutividade elétrica (CE); nitrato (NO
3
-
); amônia (NH
4
+
); fósforo (P); cálcio (Ca);
magnésio (Mg); potássio (K); sódio (Na); dureza; alcalinidade; ferro (Fe); cobre (Cu);
zinco (Zn); manganês (Mn); carbono (C); cor; turbidez; sólidos dissolvidos totais
40
(SDT); sólidos totais (ST); demanda biológica de oxigênio (DBO) e demanda química
de oxigênio (DQO).
Os parâmetros pH, CE, cor, turbidez, DBO, DQO, NH
4
+
, NO
3
-
,
C e alcalinidade
foram determinados imediatamente após a chegada das amostras no laboratório.
Os teores de Ca, Mg, Cu, Zn, Fe e Mn foram determinados por
espectrofotometria de absorção atômica; K e Na por espectrofotometria de emissão
de chamas e o P por espectrofotocolorimetria (Murphy e Riley, 1962).
A alcalinidade foi determinada a partir da redução do pH à 4,4 com ácido
sulfúrico 0,0025 normal e a partir do volume gasto foi determinado em equivalente
CaCO
3
pela equação:
Equação 1
Na qual, Vg é o volume gasto de ácido; N e á normalidade do ácido e Va é o
volume de amostra usado.
A dureza foi determinada a partir dos teores de Ca e Mg expressado em
equivalente CaCO
3
, pela equação:
Equação 2
Na qual, [Ca] é a concentração de Ca em mg l
-1
e [Mg] é a concentração de
Mg em mg l
-1
.
A quantidade de sólidos foi determinada por secagem a 105° C onde foi
usada uma alíquota filtrada em membrana com poros de diâmetro de 0,45 µm para
SDT, e uma alíquota integral para teores de ST.
A determinação do carbono orgânico foi feita pelo método de Silva (2001),
onde 2 ml de amostra (filtrada em membrana celulose 0,45
µ
m para determinação
solúvel e não filtrado para carbono orgânico total) e 1,5 ml de dicromato de potássio
0,1 normal acidificado foram incubados em estufa por 4 horas a 60
o
C, e depois
realizada a leitura no espectrofotocolorímetro, regulando-o para o comprimento de
onda de 580 nm.
A determinação da demanda biológica de oxigênio (DBO) segue o método
manométrico feita em frasco âmbar, no qual foi colocada uma quantidade pré-
41
determinada de amostra de água, tampada e conectada a um sensor. No interior do
frasco, sobre a amostra, a concentração de oxigênio era de 21%. As bactérias
presentes utilizam esse oxigênio contido na amostra para oxidar a matéria orgânica.
O ar presente acima da amostra reabastece a quantidade de oxigênio utilizado. O
corte na pressão do ar causa uma redução na pressão dentro do frasco, o que é
detectado pelo sensor. Durante o período de incubação do teste de DBO (5 dias) a
amostra foi agitada continuamente com um agitador magnético. O agitador ajudou a
transferir o oxigênio do ar da parte superior do frasco para a amostra, simulando
condições naturais. Para oxidação da matéria orgânica, os micro-organismos
produzem dióxido de carbono, o qual foi removido do sistema adicionando-se cristais
de hidróxido de potássio num compartimento no espaço aéreo do frasco, pois a
diferença de pressão no sistema é proporcional somente à quantidade de oxigênio
usado.
A demanda química de oxigênio (DQO) foi realizada pelo método titulométrico
– refluxo fechado (APHA, 1995). Neste método muitos tipos de matéria orgânica são
oxidados por uma mistura em ebulição de ácido crômico e sulfúrico. A amostra foi
refluxada em solução fortemente ácida com um excesso conhecido de dicromato de
potássio. Após a digestão, a quantidade remanescente de dicromato não reduzido
foi titulada com sulfato ferroso de amônio para determinação da quantidade de
dicromato consumido, e a matéria orgânica oxidada foi calculada em termos de
oxigênio equivalente. O tempo padrão do refluxo foi de 2 horas.
5.4.3.4 Análises comparativas
Os dados de quantidade e qualidade dos resíduos foram organizados em três
partes para melhor caracterização do potencial poluidor. A primeira parte caracteriza
quantitativamente os resíduos das AFPP; a segunda parte faz uma comparação
entre os resíduos para apontar os que apresentam as maiores concentrações dos
principais elementos químicos, bem como o total acumulado pelos resíduos sólidos
durante um determinado período; a terceira parte abrange uma discussão baseada
no volume de água necessário para diluir um litro de resíduo líquido a níveis
42
enquadrados na classe I do CONAMA. Nessa última foi comparado com a produção
de suínos, por ser uma atividade nas pequenas propriedades e que tem alto impacto
na qualidade da água.
5.5 Resultados e discussão
As AFPP podem ser agrupadas em três categorias quanto ao tipo de
produção: de alimentos; de bebidas e; de alimentos e bebidas (Figura 2). No grupo
de produção de alimentos incluem-se os panificados, os lácteos, os embutidos, as
compotas/conservas, as rapaduras/melado/açúcar-mascavo e o mel. Na produção
de bebidas incluem-se os vinhos, os sucos, os licores e as bebidas lácteas.
Figura 2 -
Agrupamento quanto às atividades das agroindústrias familiares de pequeno porte da
Rede da Casa, na Região da Quarta Colônia
Os responsáveis pelas agroindústrias apontaram a falta de mão
saída dos jovens do campo para
profissionalizantes, como sérios problemas para a viabilidade econômica das
agroindústrias. As agroindústrias
Giacomini e Abatedouro de Aves são as únicas que apresentam jovens
integralmente envolvidos na atividade e com perspectiva de atuarem na sucessão
pai-filho.
A falta de perspectiva ou a dificuldade de manter todos os integrantes com
uma boa renda se reflete, inclusive, na própria adequação da agroindústria nas
normas legai
s, portanto é um fator de entrave na regulamentação e registro da
AFPP.
A dificuldade enfrentada em comum, além da mão
créditos e construção da infra
Agrupamento quanto às atividades das agroindústrias familiares de pequeno porte da
Rede da Casa, na Região da Quarta Colônia
– Rio Grande do Sul.
Os responsáveis pelas agroindústrias apontaram a falta de mão
saída dos jovens do campo para
as cidades, em busca de cursos
profissionalizantes, como sérios problemas para a viabilidade econômica das
agroindústrias. As agroindústrias
Laticínios Parlacto, Irmãos S
imonetti, Irmãos
Giacomini e Abatedouro de Aves são as únicas que apresentam jovens
integralmente envolvidos na atividade e com perspectiva de atuarem na sucessão
A falta de perspectiva ou a dificuldade de manter todos os integrantes com
uma boa renda se reflete, inclusive, na própria adequação da agroindústria nas
s, portanto é um fator de entrave na regulamentação e registro da
A dificuldade enfrentada em comum, além da mão
-de-
obra, foi a aquisição de
créditos e construção da infra
-
estrutura, principalmente na implantação da
43
Agrupamento quanto às atividades das agroindústrias familiares de pequeno porte da
Os responsáveis pelas agroindústrias apontaram a falta de mão
-de-obra e a
as cidades, em busca de cursos
profissionalizantes, como sérios problemas para a viabilidade econômica das
imonetti, Irmãos
Giacomini e Abatedouro de Aves são as únicas que apresentam jovens
integralmente envolvidos na atividade e com perspectiva de atuarem na sucessão
A falta de perspectiva ou a dificuldade de manter todos os integrantes com
uma boa renda se reflete, inclusive, na própria adequação da agroindústria nas
s, portanto é um fator de entrave na regulamentação e registro da
obra, foi a aquisição de
estrutura, principalmente na implantação da
44
agroindústria. Ainda, para alguns, a distância dos centros das cidades é um fator
limitante nas vendas.
Todas as AFPP apresentam estrutura própria para a atividade e três delas
têm algum tipo de tratamento de resíduo líquido, além da fossa séptica. Apenas seis
AFPP estão totalmente legalizadas, a maioria está em fase de adequação e outras
não têm interesse em registrar-se, pois isso acarretaria mudanças que podem
comprometer a renda e sustentabilidade da atividade, segundo relatos dos próprios
proprietários.
O aspecto que mais afeta o desenvolvimento dessas atividades atualmente é
a dificuldade de comercialização, tanto pela concorrência como pela falta de
legalização de alguns produtos para comercialização intermunicipal ou por não
atender a legislação ambiental e sanitária.
A importância das AFPP pode ser percebida na questão da distribuição e
circulação de renda e na questão social. No que se refere à distribuição de renda,
pode-se afirmar que além da renda da família, uma abrangente participação de
vários segmentos da comunidade, que de alguma forma, estão desenvolvendo
algum tipo de serviço em função das AFPP. Dentre as principais atividades fora da
AFPP, mas que existem em função dela pode-se citar a compra e venda de
matérias-primas, fretes, e indiretamente, com maior poder aquisitivo proporcionado
pelas AFPP, outros bens e serviços oferecidos no mercado são mais procurados.
A matéria-prima utilizada é tanto de produção própria como adquirida fora da
propriedade. As padarias são as que mais necessitam de matéria-prima de terceiros
por utilizarem uma grande variedade de ingredientes processados. Já para produção
de derivados de uva e cana-de-açúcar, praticamente 100% da produção é própria. A
agroindústria de laticínios envolve em média 150 produtores de leite, o que é de
importância para a distribuição de renda e circulação de capital em vários
segmentos da sociedade. O uso de matéria-prima própria (100%) é realidade de seis
AFPP, assim como seis usam 100% de matéria-prima adquirida de terceiros, as
demais produzem apenas uma parte e complementam eventualmente, ou em todos
os períodos com matérias-primas de terceiros. O uso de mão-de-obra contratada é
alto, entre empregos fixos e temporários, são 13 agroindústrias que necessitam de
mão-de-obra externa, além da família.
45
Diante desses resultados podemos caracterizar as AFPP como atividades
complementares às atividades agropecuárias, com exceções das agroindústrias
Parlacto e padarias em geral, que se dedicam principalmente para a atividade
agroindustrial. Nas agroindústrias com dedicação apenas nas atividades
agroindustriais, não existem áreas para descarte do resíduo no solo ou para
reaproveitamento como fertilizante, o que de certa forma contribui para o lançamento
em um mesmo local afetando a capacidade de reciclagem.
As inúmeras exigências legais para comercialização são os principais
entraves para desenvolvimento de novas agroindústrias e, principalmente, para
sobrevivência das existentes. A organização em grupos, a exemplo da Rede da
Casa, são alternativas que permitem espaços para comercialização, mas falta ainda,
para essas agroindústrias, consciência da necessidade de tratamento e destino dos
resíduos com mais segurança, promovendo a preservação ambiental, melhorando a
imagem do grupo diante dos consumidores e, conseqüentemente, oferecendo um
produto valorizado pelo cunho social, ambiental e de identidade.
5.5.1 Caracterização das agroindústrias familiares de pequeno porte quanto aos
tipos de resíduos
Os tipos, quantidades, freqüência e potencial de poluição dos resíduos são
característicos de cada AFPP (Figura 3). As AFPP geram uma grande diversidade
de resíduos líquidos e sólidos, alguns são gerados em maior quantidade e
periodicidade enquanto outros, raramente são gerados e não apresentam
periodicidade definida. Entre os resíduos sólidos destacam-se o bagaço de cana, a
casca de uva, as cinzas e as penas de galinhas. O soro de queijo, a vinhaça, as
águas residuárias de abate de aves e o sangue são os principais resíduos das
agroindústrias estudadas. A agroindústria Bepi é principal produtora de resíduos
sólidos (bagaço de cana e casca de uvas). A agroindústria Parlacto é a grande
produtora de resíduo líquido com alto potencial contaminante (soro de queijo).
Nesse sentido, deve ser trabalhada diferentemente, considerando cada tipo
de resíduo e cada escala de produção. Por um lado, destaca-se o fato de que os
46
produtores não percebem os impactos que estes resíduos podem causar ao meio
ambiente, e por outro, as normas de regulamentação e tratamento de resíduos
existentes são baseadas em empreendimentos de grande porte e escala, com
custos fora da realidade das AFPP. Todas as AFPP geram algum tipo de resíduos,
mas apenas em algumas se constatou grande potencial poluidor. Justamente
nessas, o sistema de tratamento e a destinação nem sempre o os mais indicados
pelos órgãos fiscalizadores e mais adequados econômica e ecologicamente.
As agroindústrias produtoras de derivados da cana-de-açúcar o
apresentam tratamento para a vinhaça, mas o uso como subproduto foi comentado
pelos proprietários. A agroindústria Vô Bepi tem quase que toda sua vinhaça
consumida pelo gado, e o restante é descartado nas lavouras como adubo.
A agroindústria Irmãos Giacomini possui um sistema de tratamento para os
resíduos do frigorífico dentro das normas da Fundação Estadual de Proteção
Ambiental (FEPAM), o qual teve um custo aproximadamente de 15 mil reais para
implantação. Apesar do custo elevado, o sistema não tem apresentado um bom
desempenho se considerar o aspecto do córrego próximo às instalações. Também
nas visitas aos produtores à jusante foi detectada insatisfação, por parte destes, ao
comentarem sobre a qualidade da água do córrego inadequada para a produção de
peixes.
A agroindústria abatedouro de aves apresenta tratamento para os resíduos
líquidos para remoção de materiais flutuantes e que depositam, através de um
sistema de tanques. O sangue das aves abatidas é retirado junto com os resíduos
sólidos e é misturado com as vísceras para uso na alimentação de outros animais.
As penas são jogadas diretamente no solo em lavouras próximas da agroindústria.
Em relação ao soro, a agroindústria Parlacto apresenta um sistema de
tratamento com tanque de deposição e flutuação seguido de três lagoas
anaeróbicas. As lagoas não o impermeabilizadas e se localizam próximas a um
açude, o qual é indicativo de nascentes, sinônimo de preocupação com a
contaminação. Em função dessa mesma agroindústria há vários comentários sobre
maus odores causados pelos resíduos.
Todas as AFPP de alguma forma fazem limpeza nas instalações ou
equipamentos e, portanto, todas apresentam água de lavagem como resíduo, duas
AFPP produtoras de cachaça geram a vinhaça e o bagaço da cana-de-açúcar como
principais resíduos, uma
AFPP
que processam produtos cárneos geram principalmente águas contendo
sangue (Figura 3).
As
cinzas, provenientes de fornos ou caldeiras
frutas
(principalmente de uva) são lançados em menor quantidade pelas AFPP,
ainda,
alguns resíduos são gerados esporadicamente e em quantidades
ins
ignificantes. Também existe a fumaça lançada pelas padarias como a principal
forma gasosa de resíduo, a qual provoca reclamações da população, principalmente
nas cidades.
Figura 3 -
Agrupamento quanto aos tipos de resíduos gerados no processamento de
produtos de origem animal e vegetal nas
pequeno p
orte da Rede da Casa, na Região da Quarta Colônia
do Sul.
AFPP
produtora de queijo gera diariamente soro, e duas
que processam produtos cárneos geram principalmente águas contendo
cinzas, provenientes de fornos ou caldeiras
,
cascas de ovos
(principalmente de uva) o lançados em menor quantidade pelas AFPP,
alguns resíduos são gerados esporadicamente e em quantidades
ignificantes. Também existe a fumaça lançada pelas padarias como a principal
forma gasosa de resíduo, a qual provoca reclamações da população, principalmente
Agrupamento quanto aos tipos de resíduos gerados no processamento de
produtos de origem animal e vegetal nas
agroindústrias familiares de
orte da Rede da Casa, na Região da Quarta Colônia
R
47
produtora de queijo gera diariamente soro, e duas
que processam produtos cárneos geram principalmente águas contendo
gorduras e
cascas de ovos
e cascas de
(principalmente de uva) o lançados em menor quantidade pelas AFPP,
e
alguns resíduos são gerados esporadicamente e em quantidades
ignificantes. Também existe a fumaça lançada pelas padarias como a principal
forma gasosa de resíduo, a qual provoca reclamações da população, principalmente
Agrupamento quanto aos tipos de resíduos gerados no processamento de
agroindústrias familiares de
R
io Grande
48
5.5.2 Caracterização das agroindústrias familiares de pequeno porte quanto ao
potencial poluidor
5.5.2.1 Características quantitativas
A quantidade de resíduos sólidos descartados pelas agroindústrias familiares
estudadas é muito pequena comparativamente a outras atividades agropecuárias
comuns na Região da Quarta Colônia de Imigração Italiana. Anualmente são
produzidos apenas 2,8 Mg de cinzas, 496 kg de casca de ovos, 1,8 Mg de resíduo
de batatas e 1,3 Mg de penas de aves (Tabela 1). Apenas o bagaço da cana-de-
açúcar e as cascas de uvas o produzidos em quantidades razoáveis, 38 e 18 Mg
ano
-1
, respectivamente. Esses dados mostram que a maioria das agroindústrias
produz uma quantidade muito pequena de resíduo sólido, permitindo que, com uma
pequena estrutura para compostagem seja possível a transformação desses
resíduos em um composto para uso em hortas domésticas ou lavouras.
O bagaço da cana-de-açúcar atualmente é usado principalmente para conter
voçorocas, e em segundo plano como alimento para o gado na agroindústria
Bepi. Nas outras agroindústrias geradoras de bagaço, é apenas amontoado para
que ocorra a decomposição. Dessa forma o potencial de uso do bagaço está sendo
subutilizado, pois ao utilizá-lo como alimento, sem nenhum processo que promova o
rompimento da estrutura de sua fração fibrosa, para torná-lo mais digestível, ou seja,
mais acessível às enzimas presentes no rumem, não se obtém um valor nutritivo
satisfatório (TEIXEIRA, 2007). Quando utilizado para contenção de voçoroca deixa-
se de aproveitar o potencial de usar após compostagem como adubo, e ainda, pode
provocar contaminação futura nos córregos, pois está dentro de um ambiente de
fluxo intenso de enxurradas das chuvas. Silva (2006) estudou o uso do bagaço da
cana como matéria-prima para produção de painel particulado similar ao Oriented
Strand Board e constatou a viabilidade da produção, cujas propriedades atenderam
aos requisitos das diferentes faixas de uso propostas pela norma padrão. Outro uso
do bagaço ocorre nas usinas produtoras de álcool onde, aproximadamente 80% são
queimados para gerar energia nas caldeiras (TEIXEIRA, 2007).
Os resíduos provenientes da produção de vinhos no Vale do São Francisco
foram testados por Araújo (2004) como alimento na dieta de caprinos, e os
49
resultados mostraram que essa alternativa proporcionou ganho de peso aos animais
em nível satisfatório. Cataneo (2008) estudou resíduos de duas variedades de uvas
e apontou-os para uso como fonte alternativa de compostos fenólicos, devido as
suas propriedades antioxidantes, para exploração na indústria de fitoterápicos e de
complementos alimentares.
Apesar das inúmeras alternativas nobres dos principais resíduos gerados
(bagaço da cana-de-açúcar e cascas de uvas), a melhor opção para uso desses
resíduos em pequena escala, como nas agroindústrias estudadas, é a
compostagem, porque juntamente com os resíduos da agroindústria poderão ser
transformados em adubo orgânico, os demais resíduos gerados na propriedade.
Tabela 1 - Valores anuais de produção de resíduos sólidos em cada agroindústria, e o somatório
produzido em todas as agroindústrias familiares de pequeno porte pertencentes ao grupo
Rede da Casa da Região da Quarta Colônia – Rio Grande do Sul.
Cinzas Bagaço de cana Casca de ovos Bagaço de uva
---------------------------------------- kg ano
-
1
------------------------------------------
Laticínios Parlacto
1365
-
-
-
Cantina Dal Pino x
-
-
2400
Abatedouro de aves x
-
(1296 kg penas)
-
Padaria Bisognin 816
-
250
(1800 kg batata)
Produtos Chelotti -
-
-
-
Cantina Vô Bepi x
20571
-
12000
Irmãos Giacomini
x
-
120
-
Produtos Lobler x
9874
-
-
Produtos Cervo
x
-
126
-
Mel Schüller -
-
-
-
Sabor do Vale
-
-
-
-
Delícias de Ivorá 672
-
x
-
Irmãos Simonetti
x
7800
-
2400
Irmãos Rossato -
-
-
-
Saziari
-
-
-
-
Total
2853 +
38245
496 +
18600
X= não contabilizado; - = não possui esse resíduo; ( )=valor entre parênteses é de resíduo particular
da agroindústria; + = contabilizado somente os maiores produtores, mas o valor real é maior.
Os resíduos líquidos gerados em maior freqüência e volume nas
agroindústrias estudadas são o soro de queijo e as águas de lavagens dos
equipamentos com volume diário de 10000 e 8600 litros, respectivamente (Tabela
2). Somente a agroindústria Parlacto gera 2,8 bilhões de litros de soro de queijo e
1,7 bilhões de litro de água de lavagem por ano, sendo superior a todas as outras
atividades das agroindústrias estudadas. O soro de queijo apresenta alta DBO e
DQO potencializando ainda mais o poder de poluição e exigindo tratamento com
maior capacidade de oxigenação para oxidação da matéria orgânica.
A agroindústria Abatedouro de aves gera em torno de 4000 litros de águas
residuárias diários, mas ela somente funciona duas vezes por semana. Em menor
grau de importância quantitativa, a vinhaça e o sangue das aves abatidas também
têm potencial poluidor considerável. A vinhaça por apresentar alta DBO e DQO, mas
pelo baixo volume produzido ela é usada na alimentação do gado, o que elimina o
lançamento nos cursos de água e até mesmo no solo como fertilizante (Tabela 2).
No caso do sangue, são produzidos em torno de 2,2 mil litros anualmente e o
recolhidos separadamente e não saem junto com o restante do volume de águas
usadas na lavagem de carcaças e da caldeira de escalda. Atualmente o sangue é
retirado juntamente com as penas das aves para a lavoura, mas a compostagem
seria a melhor alternativa, uma vez que, o sangue é rico em fósforo e melhoraria o
valor nutricional do composto.
51
Tabela 2 - Valores diários e anuais de produção de resíduos líquidos em cada agroindústria e o total
produzido em todas as agroindústrias familiares de pequeno porte pertencentes ao grupo
Rede da Casa da Região da Quarta Colônia – Rio Grande do Sul.
L1* L2 L3 L4 L1 L2
L3
L4
---------------- litros dia
-
1
-----------------
-
--------------- litros ano
-1
---------------
Laticínios
Parlacto
4000
-
10000
-
1152000
-
2880000
-
Cantina Dal Pino x - - - x -
-
-
Abatedouro de
aves
4000
-
-
22
384000
-
-
2200
Padaria Bisognin x
-
-
-
x
-
-
-
Produtos Chelotti x
-
-
-
x
-
-
-
Cantina Vô Bepi x
350
-
-
x
48000
-
-
Irmãos Giacomini 20-1000
-
-
x
2800-5200
-
-
x
Produtos Lobler x
x
-
-
x
720
-
-
Produtos Cervo x
-
-
-
x
-
-
-
Mel Schüller x
-
-
-
x
-
-
-
Sabor do Vale x
-
-
-
x -
-
-
Delícias de Ivorá 500
-
-
-
168000
-
-
-
Irmãos Simonetti x
600
-
-
x
15600
-
-
Irmãos Rossato 100
-
-
-
4800
-
-
-
Saziari x
-
x
-
x
-
x
-
Total
* L1=Água de lavagem de equipamentos e instalações; L2=Vinhaça; L3=Soro de leite; L4=Sangue; x=
valor indisponível
5.5.2.2. Características qualitativas
Os resíduos sólidos analisados qualitativamente foram bagaço de cana, casca
de uva e cinza. O bagaço de cana possui em torno de 4% de K, 0,1% de Ca, 0,1%
de P. A casca da uva apresentou de 6% a 8% de K, 3% a 4% de Ca e 0,4 a 0,5 %
de P. As cinzas apresentaram em média 0,4% de K e 0,5% de P.
A permanência do bagaço de cana por um ano a céu aberto diminuiu em,
aproximadamente, 50% os teores de K, Na, Ca, Mg, Fe, P e N. A provável
explicação para essas perdas do conteúdo nutricional desse resíduo é que esses
52
nutrientes se concentram nas partes mais biodegradáveis, permanecendo,
principalmente, a lignina e compostos mais resistentes a biodegradação e pobres
desses nutrientes.
Multiplicando-se a quantidade de resíduos sólidos (cascas de uvas, bagaço
de cana-de-açúcar e cinzas) gerados num ano pelas agroindústrias pela
concentração de nutrientes nesses resíduos, obteve-se um montante de: 130 kg de
fósforo, 4200 kg de K, 112 kg de Ca e 9 kg de Mg contidas em 57898 kg de resíduos
(Tabela 4).
Os resíduos sólidos não apresentam potencial poluidor do ambiente, mas o
lançamento anualmente em um mesmo local pode alterar as característica químicas
do solo. O bagaço da cana-de-açúcar fresco apresentou alta relação C:N (>100:1), o
qual poderá imobilizar o N do solo provocando deficiência para as plantas durante
sua decomposição que é superior a um ano. Após um ano exposto aos micro-
organismos, o bagaço teve sua relação C:N aumentada para aproximadamente
175:1. a casca de uva apresenta uma relação C:N em torno de 20:1, o que
acelera a decomposição desse material e a liberação dos nutrientes.
A agroindústria Bepi produz altas quantidades de bagaço da cana-de-
açúcar e casca de uvas. A compostagem do bagaço é a melhor alternativa para
transformar esse resíduo em um composto a ser utilizado na lavoura, porém, deve-
se utilizar outro material com relação C:N menor para poder melhorar a qualidade do
composto e facilitar a compostagem.
53
Tabela 3 - Composição nutricional dos principais resíduos sólidos gerados no processamento de
alimentos de origem vegetal e animal nas agroindústrias familiares de pequeno porte do
grupo Rede da Casa da Quarta Colônia – Rio Grande do Sul.
-------------------------------------------- mg kg
-
1
de resíduo seco ---------------------------
Parâmetros Cinzas
Bagaço de
cana de ano
Bagaço de
cana fresco
Casca de
uva branca
Casca de
uva tinta
K 3706
21341
41615
88954
63530
Na 652674
6193
13935
28346
20009
Ca -
846
1299
3848
3561
Mg -
162
249
311
107
Fe -
0
22
0
0
P 5308
534
1182
4671
3785
C 102400 465320 465461 518065 506191
N 0 2671 4536 27286 20265
Tabela 4 - Quantificação de nutrientes nos resíduos sólidos gerados em um ano de atividade nas
agroindústrias familiares de pequeno porte do grupo Rede da Casa da Quarta Colônia
Rio Grande do Sul.
Agroindústria
Quantidade anual de nutrientes presentes nos resíduos sólidos
Resíduos
N
P
K
Ca
Mg
Tipo kg ano
-
1
------------------ kg ano
-
1
---------------------
Laticínios Parlacto Cinzas
1365
0
7
5
-
-
Cantina Dal Pino Casca de uva
2400
49
10
183
9
1
Padaria Bisognin Cinzas
816
0
4
3
-
-
Cantina Vô Bepi Casca de uva
12000
243
51
915
44
3
Cantina Vô Bepi Bagaço de cana
20571
93
24
1568
27
3
Produtos Lobler Bagaço de cana
9874
45
12
753
13
2
Delícias de Ivorá Cinzas
672
0
4
3
-
-
Irmãos Simonetti Bagaço de cana
7800
35
9
595
10
1
Irmãos Simonetti Casca de uva
2400
11
10
183
9
1
Total
57898 476
131
4207
112
10
As análises dos resíduos líquidos gerados nas 15 agroindústrias revelam que
existem resíduos com alto potencial de poluição, em função da composição mineral
e orgânica. As baixas quantidades geradas pela maioria das agroindústrias reduzem
o potencial de contaminação, exceto para a agroindústria Parlacto.
54
A composição química dos resíduos varia dependendo da origem e do tipo de
matéria-prima processada, com destaques para alguns resíduos e para a
concentração de alguns parâmetros. O soro de leite contem 20,7 mg l
-1
de N-
mineral, 101 mg l
-1
de Ca, 37 mg l
-1
de Mg e 66 mg l
-1
de P. a vinhaça contem a
maior concentração de nitrogênio, Ca e Mg entre os resíduos analisados, com cerca
369 mg l
-1
de N-mineral, 450 mg l
-1
de Ca, 211 mg l
-1
de Mg e 73 mg l
-1
de P. O
sangue se destacou pelo alto teor de P, com cerca de 476 mg l
-1
, além de 22 mg l
-1
de Ca e 19 mg l
-1
de Mg. Os demais resíduos como efluente de produção de vinhos,
licores, fermento de batata e águas residuárias de abate de aves tiveram um teor de
NH
4
+
menor que a vinhaça, mas em alguns casos acima do máximo permitido pelo
CONSEMA para lançamento direto e indireto no ambiente. Os resíduos líquidos
também apresentam teores elevados de alguns micronutrientes como no caso da
vinhaça, que contém 11, 41, 10 e 4 mg l
-1
de Mn, Fe, Cu e Zn, respectivamente. Os
demais resíduos, exceto o sangue e o efluente da produção de vinhos com 45 e 27
mg l
-1
de Fe respectivamente, apresentam concentrações menores que 3 mg l
-1
de
Mn, Fe, Cu e Zn. O sangue e o fermento de batata apresentam altos teores de K e
Na. O uso freqüente desses resíduos como fertilizante no solo pode provocar injúrias
nas plantas devido a alta concentração de sais, mas se usado em compostagem
esse problema pode ser contornado, além de melhorar o aproveitamento dos demais
nutrientes (Tabela 5).
Os resíduos domésticos das agroindústrias Sabor do Vale (produção de
licores) e Vô Bepi (produção de vinhos e sucos) contêm uma concentração baixa de
nutrientes (Tabela 5), portanto, se for preciso transportar para outro local para ser
usado, provavelmente não será economicamente viável. Além do mais, para
redução de patógenos e maus odores é necessário estabilização do resíduo, e para
isso, devem permanecer nas lagoas de estabilização durante determinados períodos
(SANTOS, 2003).
Considerando os indicadores orgânicos DBO e DQO dos resíduos, a vinhaça
e o soro de queijo são os mais concentrados, com aproximadamente 20000 mg l
-1
de
DBO em ambos, e para DQO, os resíduos mais concentrados são: soro de
queijo+água e o resíduo do fermento de batata com aproximadamente 250000 e
115000 mg l
-1
respectivamente, seguido dos resíduos soro de queijo e vinhaça (obs:
55
a alta DQO do soro+água superior inclusive ao soro integral é atribuído aos produtos
químicos usados na limpeza dos equipamento).
A vinhaça, o sangue e o fermento de batata não apresentaram indícios de
contaminação por bactérias potencialmente causadoras de doenças (zero de
coliformes fecais e totais Tabela 5). O soro+água apresentou baixa quantidade de
coliformes fecais, confirmando a presença de agentes químicos usados na lavagem
dos equipamentos.
O CONSEMA estipula padrões de concentrações máximas para alguns
parâmetros no resíduo lançado diretamente no ambiente. O soro de queijo
apresentou valores de pH, amônia, fósforo, DBO, DQO e coliformes fecais fora da
faixa padronizada pelo CONSEMA (Tabela 5). O soro+água apresentou valores dos
mesmos parâmetros fora dos padrões, com exceção da amônia e coliformes fecais.
Percebe-se que não há problemas com coliformes fecais na vinhaça, mas, além do
pH, amônia, fósforo, DBO e DQO, os valores de Fe, Cu, Zn e Mn, estão bem acima
do permitido para lançamento direto ou indireto nos corpos de água.
O sangue apresenta altos teores de fósforo e ferro, isto limita o lançamento
direto e indireto no ambiente, e sem dúvidas, apesar de não ter sido realizado a
análise, a DBO e a DQO são extremamente altos. Apesar disso, o sangue tem
qualidades nutricionais elevadas, sendo interessante o uso em compostagem para
produzir um composto com boa qualidade nutricional.
Outro resíduo com potencial poluidor é o fermento de batata, o qual apresenta
valores de pH, NH
4
+
, P, DBO e DQO, fora dos padrões de lançamento. Do mesmo
modo que o sangue e a vinhaça, não são considerados problemas por serem
gerados em pequena escala e eventualmente, sendo muito fácil o destino sem
comprometer a qualidade do ambiente.
Dos demais resíduos, tem-se as águas residuárias do abatedouro de aves
com NH
4
+
, fósforo, DBO, DQO e coliformes fecais, ainda tem-se os efluentes da
produção de licores com a DBO, a DQO e os coliformes fecais, e os efluentes da
produção de vinhos com NH
4
+
, Fe, Cu, ZN, P, DBO , DQO e coliformes fecais, todos
esse resíduos e parâmetros fora do padrões de lançamento direto e indireto no
ambiente.
Tabela 5 - Composição química, física e microbiológica dos principais resíduos líquidos gerados no processamento de alimentos de origem vegetal e animal
nas agroindústrias familiares de pequeno porte do grupo Rede da Casa da Quarta Colônia - Rio Grande do Sul.
Resíduos líquidos
Parâmetro unidade
soro de
queijo
soro +
água
vinhaça
sangue
de aves
fermento
batata
águas de
abatedouro
Efluente de
produção de
licores
Efluente de
produção
de vinhos
Padrões
1
CONSEMA
CE uSm cm
-
1
4170
5030 8640
-
1690
548
275 1705
-
pH - 4,63
3,83 2,74
-
3,75
6,00
7,23
7,16 6 -
9
Cor mg PT l
-
1
>250
> 250 >250
>250
>250
>250
100 >250
-
Turbidez UNT 7708
8241 >1000
>1000
>1000
217
11
73
-
NH
4
mg l
-
1
20,74
16,01 34,70
-
24,60
22,90
12,90 57,90
20,00
NO
3
mg l
-
1
0,00
0,00 334,92
-
2,38
0,05
0,42
0,53
-
Na mg l
-
1
887,2
726,8 1315,8
2709,0
7464,0
35,1
26,8
566,0
-
K mg l
-
1
2107,0
708,1 2935,0
3735,0
8077,0
29,2
11,1
37,8
-
Ca mg l
-
1
101,80
71,46 451,00
22,00
18,00
5,80
8,90
41,20
-
Mg mg l
-
1
37,50
36,60 211,00
19,00
55,00
1,90
2,10
14,60
-
Mn mg l
-
1
0,07
0,22 11,55
-
0,59
0,05
0,02
0,69
1,00
Fe mg l
-
1
2,70
5,65 41,00
45,00
1,90
0,62
0,00
26,70
10,00
Cu mg l
-
1
0,00
0,00
10,00
-
0,00
0,00
0,00
0,64
0,50
Zn mg l
-
1
0,55
0,48 3,90
-
0,22
0,00
0,08
2,65
2,00
P mg l
-
1
66,38 76,02 73,00
476,00
131,00
6,80
1,70
25,00
4,00
COT mg l
-
1
8301
3302 13108
-
34056
849
17
1601
-
DBO mg l
-
1
18380
10800 20400
-
5510
789
183 3806 180
57
... continuação
Tabela 5 - Composição química, física e microbiológica dos principais resíduos líquidos gerados no processamento de alimentos de origem vegetal e animal
nas agroindústrias familiares de pequeno porte do grupo Rede da Casa da Quarta Colônia - Rio Grande do Sul.
Parâmetro
Resíduos líquidos
Unidade
Soro de
queijo
Soro de
queijo +
água
Vinhaça
Sangue
de aves
Fermento
batata
Água
residuária de
abatedouro
Efluente de
produção de
licores
Efluente de
produção
de licores
Padrões
1
CONSEMA
DQO mg l
-
1
79386 258655 >30000 - 115558 1200
191
5209
400
Alcalinidade mg CaCO
3
l
-
1
0 0 0 - 0 216
69
567
-
Dureza mg CaCO
3
l
-
1
408 329 1997 - 276 22
31
162
-
Coliformes
totais
NMP 100ml
-1
23054 23054 0 0 4,4 >23054
>23054
>23054
-
Coliformes
fecais
NMP 100ml
-1
23054 8 0 0 0 >23054
>23054
12753
10000
ST mg l
-
1
15729 11686 34686 - 21357 733
200
1885
-
SDT mg l
-
1
12657 11620 29057 - 17414 93
129
886
-
1
Padrões CONSEMA para vazões de lançamento menores que 20 m
3
dia
-1
para DBO e DQO, e menores que 100 m
3
dia
-1
para amônia, fósforo e coliformes
fecais. Os demais parâmetros foram estabelecidos independentes da vazão e no caso de valores não estabelecidos usa-se os valores para classe II do
CONAMA para águas doces.
As quantidades anuais de nitrogênio mineral, fósforo e potássio, são de 78,
279 e 688 kg na agroindústria Parlacto. A segunda agroindústria em termos de
quantidade é a Bepi, com 18 e 141 kg ano
-1
de nitrogênio e potássio,
respectivamente. As demais agroindústrias não acumulam quantidades significantes
(Tabela 6).
Os resíduos líquidos analisados qualitativamente e multiplicado pelo volume
gerado em um ano comprovam que o laticínio Parlacto é responsável pela maior
parte dos elementos químicos N, P e K gerados entre as cinco principais
agroindústrias familiares de pequeno porte pertencentes a Rede da Casa (Tabela 6).
Também, o somatório total em kg por ano desses elementos nas cinco principais
agroindústrias é inferior ao somatório dos elementos químicos gerados em uma
pequena propriedade produtora de suíno, por exemplo. Exceto o potássio, o qual é
descartado pelas agroindústrias em grandes quantidades, em especial a
agroindústria Parlacto.
O volume total do resíduo gerado nas cinco principais agroindústrias da Rede
da Casa, citadas na tabela 6, é três vezes maior que o volume de dejetos gerados
por 300 suínos, porém, a concentração de nutrientes, em especial ao nitrogênio
mineral e o fósforo, é 12 e três vezes menor, respectivamente. Somente o potássio é
cinco vezes maior.
Diante do exposto, o transporte de resíduos agroindustriais inviabiliza o uso
fora da propriedade, o que leva a concluir que medidas de redução do volume de
água devem ser tomadas caso não disponha de área de lavouras nas proximidades,
uma vez que, o lançamento em uma mesma área ao longo dos anos pode
comprometer a qualidade ambiental.
59
Tabela 6 – Quantidades de nitrogênio mineral, fósforo, potássio e carbono anuais contidas nos
resíduos líquidos das cinco maiores agroindústrias familiares de pequeno porte do grupo
Rede da Casa da Quarta Colônia – Rio Grande do Sul.
Agroindústria
Quantidade anual de nutrientes presentes nos resíduos
Resíduos
N
mineral
P K C
Tipo litros ano
-
1
------------------ kg ano
-
1
--------------------
Laticínios Parlacto Soro
2880000
60 191 6068 23907
Laticínios Parlacto Soro+água 1152000 18 88 816 3804
Abatedouro de aves Sangue
2200
- 1 8 -
Abatedouro de aves Água de abate
384000
5 3 11 326
Cantina Vô Bepi Vinhaça
48000
18 4 141 629
Irmãos Simonetti Vinhaça
15600
6 1 58 205
Produtos Lobler Vinhaça
720
0 0 3 9
Total - 4482520 107 287 7105 28880
Um suíno em
terminação**
Dejeto 5000
4 3 5 -
300 suínos em
terminação**
Dejeto 1500000
1310 864 1374 -
*= valores de N-NH
4
+
mais N-NO
3
-
; OBS: as pequenas propriedades familiares criadoras de suíno têm
em média 300 animais por ciclo; * = valores de NH
4
+
e NO
3
-
; ** = teores na fase terminação (fonte:
Hübner (2008) apud Perreira (2006) e apud Vanotti et al. (2007), (N-NO
3
-
+ N-NH
4
+
= 873; P = 576 mg
l
-1
; K = 916 mg l
-1
).
5.5.2.3 Caracterização comparativa relativo ao potencial poluidor dos diferentes
resíduos e atividades
O potencial poluidor dos resíduos quidos produzidos pelas agroindústrias
familiares de pequeno porte foi comparado ao dejeto líquido de suínos, tomando-se
como base quantos litros de água pura deveriam ser adicionados a cada litro de
dejeto para que ele se enquadrasse em água de classe I segundo o CONAMA. As
águas doces da classe I podem ser destinadas: ao abastecimento para consumo
humano, após tratamento simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à
recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho; à
irrigação de hortaliças que o consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam
rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e à proteção
das comunidades aquáticas em terras indígenas. A tabela 7 mostra o volume de
60
água pura contaminado com um litro de resíduo, usando para tal, os níveis
estipulados para enquadrar na classe I do CONAMA.
Entre os resíduos, o sangue é o que necessita maior volume de água pura
para diluir a concentração em níveis da classe I do CONAMA (4760 litros), sendo o
fósforo, o responsável pela maior quantidade necessária. A vinhaça não apresenta
teores tão elevados de fósforo, mas é a que necessita maior volume de água para
diluir os teores de NO
3
-
, NH
4
+
, SDT, Cu (1058 litros), Mn e Zn em relação aos de
demais resíduos citados na tabela 7. Esses valores são baixos comparativamente ao
dejeto de suíno, o qual necessitaria de 5760 litros de água por litro de dejeto por
causa da alta concentração de fósforo.
Tabela 7 Quantificação do volume de água pura necessário para diluir um litro de resíduo líquido
para enquadrar na qualidade de águas da classe I do CONAMA.
NO
3
NH
4
SDT Cu Fe P
Mn
Zn
Padrão classe I (mg l
-
1
)
10
3,7
500
0,009
0,3
0,1
0,1
0,18
--------------------------------------
l
itros de água pura
--------------------
Soro de queijo
0
5
25
0
9
555
0
3
Soro
de queijo
+água
0
4
23
0
1
9
760
2
3
Sangue - -
-
-
150
4760
-
-
Água de abate
0
6
0
0
2
68
0
0
Vinhaça
33
9
58
105
8
107
730
115
2
2
Fermento
0
6
3
5
0
6
131
6
1
Efluente
de produção de licores
0
3
0
0
0
17
0
0
Efluentes
de
produção de vinhos
0
15
2
71
89
250
7
1
5
Dejeto suíno* 0 236 - 2978 -
5760
17
146
OBS: A vinhaça apresenta Fe e Cu solúvel em concentrações de 32,12 e 9,52 mg l
-1
, nos demais
resíduos foram usados valores dos teores totais da tabela 5; * Extraído de Hübner (2008) adaptado
de Vanotti et al. (2007), e Mattias (2006).
Em termos de impacto no ambiente ou potencial poluidor pode-se concluir
que as agroindústrias apresentam baixo potencial de poluição, embora alguns
resíduos apresentem maior concentração do poluente, pois o volume gerado
anualmente é inferior as demais atividades agrícolas, como a criação de suíno, por
exemplo.
Os resíduos gerados nas AFPP processadoras de matéria-prima de origem
vegetal ou animal permitem reutilização na maioria das vezes, como alimento de
61
animais e principalmente como adubação orgânica. Porém, a aplicação no solo ou
lançamento nos cursos de água sem devido planejamento, pode comprometer a
qualidade do solo e dos recursos hídricos. O lançamento direto nos cursos de água
é desnecessário, uma vez que, a quantidade é baixa e os resíduos são gerados
próximos de lavouras ou pastagens, onde possibilidade de reutilização como
adubo após estabilização do resíduo. É muito importante que o material esteja
estabilizado para não provocar maus odores, moscas e injúrias pela possível
fermentação.
5.6 Conclusões
1. Os principais resíduos líquidos gerados pelas agroindústrias familiares de
pequeno porte são o soro de queijo, o sangue e a vinhaça. Eles apresentam
alto potencial poluidor devido a alta DBO e DQO e aos altos teores de fósforo
e nitrogênio.
2. Os principais resíduos sólidos gerados pelas agroindústrias familiares de
pequeno porte são o bagaço de cana-de-açúcar, a casca de uva, a cinza, as
vísceras, as penas de aves abatidas e a casca de ovos.
3. As agroindústrias com maiores volumes de resíduos sólidos são a Cantina
Bepi e Simonetti, com 20 e 8 Mg ha
-1
ano
-1
de bagaço da cana-de-açúcar, e
12 e 2 Mg ha
-1
ano
-1
de casca de uvas, respectivamente.
4. O Laticínio Parlacto é a agroindústria que produz mais de 4000 m
3
de
resíduos por ano, sendo a maior produtora de resíduos líquidos da Região da
Quarta Colônia Italiana do Rio Grande do Sul.
5. Os resíduos, de processamento de matérias-primas de origem animal e
vegetal, das quinze agroindústrias familiares estudadas apresentam menor
potencial poluidor de água do que a terminação de apenas seiscentos suínos.
6 Estudo II: Impacto das agroindústrias familiares de pequeno porte
na qualidade da água dos córregos
6.1 Resumo
A agricultura é responsável pela maior parte da contaminação das águas superficiais
em função das fontes difusas de contaminação, enquanto as atividades
agroindustriais podem ser fontes potenciais de poluição pontual. Esse estudo
objetiva avaliar o impacto dos resíduos agroindustriais na qualidade da água dos
córregos. Quatro córregos foram escolhidos entre quinze agroindústrias familiares
de pequeno porte da Região da Quarta Colônia – Rio Grande do Sul, para se avaliar
a qualidade da água na nascente, num ponto antes do lançamento de resíduos e
depois do lançamento de resíduos pela agroindústria. As demais atividades
exercidas dentro da propriedade, e não a agroindústria, são as responsáveis pela
maior parte da contaminação dos córregos. A agroindústria Irmãos Giacomini foi a
que mais contribuiu para contaminação da água do rrego, entre as quatro
agroindústrias estudadas. O impacto das atividades das agroindústrias na qualidade
da água dos córregos é, praticamente, desprezível em relação às demais atividades
agropecuárias.
Palavras-chave:
qualidade da água, contaminação, agricultura.
63
6.2 Introdução
O agricultor que passa a desenvolver atividade agroindustrial deixa de atuar
sob seus próprios costumes e princípios, e passa a seguir uma série de normas pré-
estabelecidas pelos órgãos ambientais e sanitários por se tratar de alimentos
oferecidos para consumo humano. Todas as indústrias, públicas ou privadas,
inseridas na listagem das atividades consideradas potencialmente causadoras de
degradação ambiental, devem ser registradas junto ao Órgão Estadual de Meio
Ambiente. Os registros podem compreender a Licença Ambiental Prévia - LAP, a
Licença Ambiental de Instalação - LAI e a Licença Ambiental de Operação - LAO.
Essa alteração se deve ao fato das agroindústrias familiares de pequeno porte
(AFPP) serem enquadradas como fontes de poluição pontual, por permitirem a
identificação do lançamento do efluente (BRAILE, 1971). Nos países desenvolvidos,
maior atenção tem sido dada à poluição difusa, pelo fato os problemas causados
pelas fontes pontuais terem sido equacionados. Entretanto, nas nossas
condições, há praticamente tudo a se fazer em termos do controle da poluição
pontual originária de vilarejos rurais e agroindústrias (VON SPERLING, 1996), bem
como em relação às fontes de poluição difusas, principalmente da agricultura.
As características dos problemas ambientais gerados pelas AFPP
representam um novo tipo de desafio às famílias envolvidas e aos serviços de
Assistência Técnica e Extensão Rural, pois significa uma relação diferenciada com o
meio-ambiente em relação às práticas sociais historicamente desenvolvidas nas
atividades agrícolas. Tal situação impõe aos responsáveis pelas AFPP ações sob as
quais não estão familiarizados, o que aumenta a necessidade de orientação técnica
a estes empreendimentos. No entanto, observa-se que os profissionais envolvidos
com as AFPP enfrentam dificuldades, porque os procedimentos normalmente
exigidos pelos órgãos ambientais para proteção dos recursos naturais são os
mesmos exigidos para grandes empresas agroindustriais, o que representa
investimentos, muitas vezes, incompatíveis com a realidade das AFPP, que
ultrapassam sua capacidade de investimento. Essa dificuldade se agrava pela
escassa produção acadêmica sobre a gestão ambiental de empreendimentos
agroindustriais de pequeno porte, o que implica em ausência de um corpo
64
consolidado de conhecimentos tecnológicos capazes de sustentar propostas menos
onerosas de tratamento e destinação final dos resíduos sólidos e líquidos.
A carência de informações técnicas sobre a forma de enfrentar o desafio de
adequar as unidades de processamento à legislação ambiental, realizando
investimentos compatíveis com a capacidade de pagamento destes
empreendimentos impõe que sejam efetivados estudos científicos para gerar
indicadores de poluição dos recursos hídricos e edáficos e encontrarem-se formas
de minimizá-los. Como enfatiza Silveira (1999), o conhecimento da natureza do
efluente é essencial para o projeto e análise de instalações de tratamento, sendo o
ponto de partida para a revisão dos processos utilizados e a possibilidade de
utilização de subprodutos. Segundo o mesmo autor, tais informações são
fundamentais para elaboração de um plano de controle ambiental, onde se
proponham alternativas de tratamento e a decisão sobre a utilização de processos
físicos, químicos e biológicos, de forma isolada ou articulada.
O grande número de unidades de processamento de matéria-prima de origem
animal e vegetais que permanecem na informalidade, resultando em ausência de
controle dos eventuais riscos e impactos causados ao meio-ambiente, implica na
necessidade de aprofundarmos o estudo dos resíduos sólidos e líquidos por elas
gerados. Deste modo, pode-se inferir que seu poder poluente e seu efeito para os
recursos hídricos e edáficos são pouco estudados pelos pesquisadores e órgãos
ambientais, talvez pela pequena escala destes empreendimentos e o conseqüente
pequeno volume de resíduos gerados. No entanto, os resíduos oriundos do
processamento de matéria-prima de origem animal e vegetal apresentam
características peculiares em relação aos resíduos de outras atividades industriais.
Enquanto as águas residuárias exclusivamente industriais contêm,
geralmente, maior percentual de sólidos suspensos e dissolvidos
inorgânicos, as águas residuárias de atividades agropecuárias,
agroindustriais e domésticas podem conter partículas de solo, fertilizantes,
pesticidas, patógenos e, comumente, grande carga orgânica (Matos, 2005).
A caracterização das AFPP é influenciada pela forma de ocupação e pelo tipo
de exploração agrícola. Na Região Central do Rio Grande do Sul, mais
especificamente na Região da Quarta Colônia de Imigração Italiana, encontram-se
duas condições ambientais que regem o tipo de exploração agrícola, as várzeas que
permitem cultivo de arroz alagado, e as encostas onde se tem uma maior variedade
de atividades agrícolas, predominando culturas de subsistências e comercialmente a
65
cultura do fumo. Embora a comercialização dos excedentes tenha surgido junto com
a colonização, a atividade agroindustrial ganhou importância e dedicação, tanto por
parte dos produtores como das entidades públicas, somente a partir da década de
90, onde iniciou uma série de atividades vinculadas ao processamento de matéria-
prima com caráter mais agroindustrial.
A legislação não prevê normas para controle de poluição difusa, como
aquelas provocadas no cultivo de arroz e ou fumo, mas existe uma complexa
normatização para controle de lançamentos de efluentes gerados no processamento
de materiais de origem animal e vegetal, as quais se caracterizam como fontes
pontuais de poluição. No âmbito nacional, o lançamento de efluentes é regulado pela
Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 de 2005 e
para o Estado do RS pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) por
meio da Resolução nº128 de 24 de novembro de 2006.
A diferença acerca do potencial de degradação ambiental entre pequenas e
grandes indústrias é ainda pouco esclarecida, assim como a contaminação causada
dentro da propriedade rural devido ao processamento da produção na AFPP em
relação às atividades de produção agrícola (fonte pontual e difusa de contaminação).
Dessa forma, torna-se necessário uma comparação entre as principais fontes
difusas (lavoura de fumo e lavoura de arroz alagado) e pontuais (dejetos animais e
humanos e efluentes agroindustriais) representantes da região.
6.3 Objetivos
Este estudo tem por objetivo avaliar os impactos na qualidade da água de
córregos provocados pelo lançamento de resíduos derivados do processamento de
vinhos, licores, abatedouro de aves e frigoríficos por agroindústrias familiares de
pequeno porte da Região da Quarta Colônia Italiana do Rio Grande do Sul.
66
6.4 Material e Métodos
6.4.1 Localização
O presente estudo foi feito na Região da Quarta Colônia no centro do Estado
do Rio Grande do Sul, cuja descrição foi feita no estudo I.
6.4.2 Escolha e descrição dos pontos de coletas
A avaliação da qualidade da água ao longo de córregos foi feita em quatro
propriedades das quinze agroindústrias caracterizadas no estudo I. Elas foram
escolhidas porque exerciam atividades agrícolas e agroindustriais e que continham
um córrego nas proximidades das instalações com nascente na própria propriedade
ou acima desta. As agroindústrias escolhidas foram: Abatedouro de aves do
município de Faxinal do Soturno; Irmãos Giacomini de São João do Polêsine; Sabor
do Vale de Vale Vêneto em São João do Polêsine e; Irmãos Simonetti de Ivorá. Os
córregos foram denominados, respectivamente, conforme a atividade desenvolvida
por cada agroindústria, e são eles: abatedouro de aves, frigorífico, licores e vinhos.
Em cada córrego coletou-se amostras de água na nascente, antes e depois do
lançamento dos resíduos agroindustriais.
6.4.3 Caracterização física e morfológica do relevo e córrego
A identificação do uso do solo ao longo do córrego considerou a cobertura do
solo (matas, campos com pastagens e presença de fontes de contaminação). O
relevo foi caracterizado quanto a declividade e posição altimétrica. Os pontos de
poluição pontual identificados foram pocilgas, estábulos, efluentes domésticos e os
efluentes agroindustriais. Tanto a caracterização física e morfológica quanto os
67
pontos de poluição foram identificados em campo e ilustrados em imagens
adquiridas no Google Earth (Figura 4).
As agroindústrias estudadas representam a maioria das agroindústrias de
pequeno porte da Região da Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do
sul. Os córregos dessa Região em estudo são a maioria de primeira ordem e de
baixa vazão podendo ter interrupção em casos de estiagens prolongadas, o que
diminui a capacidade de autodepuração.
As nascentes dos córregos frigorífico e abatedouro de aves se localizam em
áreas de campo com pastagens perenes (Figura 4A e 4D). Já nos córregos licores e
vinho, as nascentes estão localizadas dentro de mata densa sem influências de
outras atividades (Figura 4B e 4C). Ao longo do córrego licores, referente a
agroindústria sabor do vale, existem várias fontes pontuais de poluição provindas de
inúmeras casas (Figura 4B). No córrego frigorífico a principal fonte de contaminação
é difusa, proveniente de campo com pastagens permanentes e criação de gado
(Figura 4D). As agroindústrias Simonetti e Abatedouro de aves apresentam intensa
atividade agrícola e de pastagens ao longo dos córregos vinhos e abatedouro de
aves, os quais estão totalmente desprovidos de mata ciliar (Figura 4C e 4D). Nota-se
descaso total à mata ciliar pelos proprietários das agroindústrias e dos demais
produtores das terras que circundam os córregos.
68
A
(Irmãos Giacomini-córrego frigorífico)
B
(Sabor do Vale-córrego licores)
C
(Irmãos Simonetti-córrego vinhos)
D
(Abatedouro de Aves-córrego abatedouro de aves)
Figura 4 - Localização dos córregos: frigorífico (A), licores (B), vinhos (C) e abatedouro de aves (D).
A agroindústria Irmãos Giacomini processa derivados de carnes gerando
resíduos altamente poluidores, os quais são tratados em sistema de tratamento
projetado pela FEPAM composto por tanques sépticos anaeróbicos, que
posteriormente são descartados no córrego frigorífico.
A agroindústria Sabor do Vale produz licores e o resíduo gerado é água de
lavagem dos equipamentos, a qual é lançada junto no mesmo sistema de tratamento
do esgoto doméstico, composto por fossas pticas, que posteriormente são
lançados no córrego licores.
A agroindústria Irmãos Simonetti produtora de vinhos e cachaça, gera água
de lavagem, e mais vinhaça na produção de cachaça. Os resíduos são lançados no
solo próximo a cantina e atinge o córrego vinhos eventualmente.
O Abatedouro de aves é responsável pelo abate de aves duas vezes por
semana e todo o resíduo líquido gerado passa por um sistema de tratamento. Ele é
69
composto por tanques de decantação e flutuação e posteriormente pelo sistema de
tratamento por zona de raízes, no final do processo o resíduo é lançado em uma
lagoa onde pode atingir indiretamente o córrego abatedouro de aves pela infiltração
no solo, e diretamente em casos de chuvas intensas pelo transbordamento da lagoa.
Os córregos vinhos e licores são os que apresentam relevo mais acidentado e
possivelmente maior capacidade de oxigenação e autodepuração, enquanto o
córrego frigorífico é praticamente estagnado e com vazão baixa em épocas de
poucas chuvas, como no período referente ao estudo (Tabela 8).
Tabela 8 - Dados do relevo e posição altimétrica dos pontos de coleta nos córregos avaliados,
referentes às agroindústrias.
* valores de altitude, distância e declividade significam a diferença entre valores na nascente e no
ponto de lançamento de resíduos agroindustriais.
6.4.4 Análises microbiológicas
As amostras de água para análises microbiológicas foram armazenadas em
recipientes esterilizados e conservadas em baixa temperatura ao serem
transportadas para o Laboratório de Análises de Águas Rurais do Departamento de
Solos da Universidade Federal de Santa Maria.
O número mais provável de coliformes totais e coliformes fecais foi estimado
usando a mesma técnica descrita no item 5.4.3.3 do estudo I.
Altitude (m)
Córrego Nascente Antes Depois Altitude* Distância* Declividade (%)*
Frigorífico
77 69 66 11 320 3
Licores
250 155 153 97 1000 10
Vinhos
252 213 199 53 500 11
Abatedouro de
aves
138 94 91 47 700 7
70
6.4.5 Análises físico-químicas
As amostras de água para análises físico-químicas foram coletadas,
armazenadas em frascos e conservadas em baixa temperatura ao serem
transportadas para o Laboratório de Análises de Águas Rurais do Departamento de
Solos da Universidade Federal de Santa Maria.
As análises físico-químicas compreendem a determinação dos seguintes
parâmetros: temperatura; oxigênio dissolvido (OD); pH; condutividade elétrica (CE);
demanda bioquímica de oxigênio (DBO); e demanda química de oxigênio (DQO);
nitrato (N-nitrato) e amônia (N-amônia); fósforo (P); cálcio (Ca) e magnésio (Mg);
potássio (K) e sódio (Na); dureza; alcalinidade; ferro (Fe), cobre (Cu), zinco (Zn) e
manganês (Mn); carbono (C); cor; turbidez; sólidos dissolvidos totais (SDT) e sólidos
totais (ST).
As medidas de temperatura e oxigênio dissolvido (OD) foram realizadas
in situ
no momento da coleta da água, usando oxímetro.
Os demais parâmetros foram analisados usando os procedimentos e técnicas
descritas no item 5.4.3.3 do estudo I.
6.4.6 Análises estatísticas
A avaliação dos impactos das atividades agroindústrias na qualidade da água
dos córregos foi feita através da comparação entre as médias das coletas
(
nascente
,
antes
do lançamento de resíduos pela agroindústria e
depois
do
lançamento de resíduos pela agroindústria). O teste t foi aplicado para comparar
médias de duas amostras independentes (pontos de coleta), através da
reamostragem bootstrap, em nível de 5% de probabilidade de erro. O teste foi
realizado no programa estatístico BioEstat, versão 5.0 (AYRES, 2007). A técnica de
reamostragem bootstrap consiste em retirar de uma pequena amostra, numerosas
outras (n), com reposição (neste trabalho foram feitas 5000 reamostragens). Cada
uma delas tem a probabilidade
de ser obtida.
71
As hipóteses testadas foram:
- H
0
: não há diferença estatística entre as médias nos pontos de coleta: µ
1
= µ
2
;
- H
1
: há diferença entre as médias nos pontos de coleta: µ
1
≠ µ
2
;
Em que: µ
1
e µ
2
são as médias de cada contaminante, nos pontos
comparados.
6.5 Resultados e Discussão
A água coletada nas nascentes dos quatro córregos estudados apresenta
baixa taxa de contaminação antrópica. Ela apresentou teores normais para a maioria
dos parâmetros analisados, exceto para a nascente do córrego vinhos, que
apresentou valores elevados de CE, Ca e Mg, e as nascentes abatedouro de aves e
licores com valores altos de cor. O valor médio de CE da água coletada no córrego
vinhos foi de 138 µSm cm
-2
coincidindo com altos teores de Ca e Mg (27,8 e 10,6 mg
l
-1
), enquanto que, as amostras de águas das demais nascentes apresentaram
médias de, no máximo, 58 µSm cm
-2
para CE, médias de 6,1 a 8,6 mg l
-1
para Ca e
de 1,5 a 3,1 mg l
-1
de Mg. Esses teores podem ser atribuídos a fatores naturais e
não antrópicos porque a nascente está posicionada na cabeceira da bacia
hidrográfica protegida com mata nativa densa (JENNY, 1941; REYNOLDS e
DAVIES, 2000). A cor elevada nas águas das nascentes dos córregos abatedouro
de aves e Licores, sendo 18,7 e 38,7 mg PT l
-1
, respectivamente, pode ser atribuída
à fatores naturais como a presença de ferro e matéria orgânica que são os principais
responsáveis por essa característica.
No entanto, mesmo protegidas da contaminação antrópica, a água das
nascentes pode apresentar teores elevados de alguns elementos minerais,
orgânicos e/ou microbiológico, os quais ocorrem isoladamente dependendo das
características de cada ambiente e dos ciclos naturais de decomposição do material
orgânico. Os valores de alguns parâmetros podem naturalmente exceder os limites
máximos padronizados pelo Ministério de Saúde para consumo humano. Esses
valores podem estar relacionados ao tipo de solo originário do material rochoso, e
quando ocorre, qualquer época que se avalie a qualidade da água, os
contaminantes serão detectados na análise. contaminantes originados por
72
agentes vivos, como restos de vegetais e animais, a contaminação pode ser
denominada de sazonal ou instantânea, porque ocorre pela interferência do
escoamento superficial, por exemplo, e a qualidade se altera em função de um
evento pluviométrico e posteriormente volta ao teor normal.
A alteração no valor dos diferentes parâmetros de qualidade de água
analisados ao longo do córrego variou de acordo com a dinâmica de cada parâmetro
e das características de cada córrego. No entanto, a alteração nos valores também
representou a influência das atividades antrópica nos pontos antes e depois do
lançamento de resíduos pela agroindústria, a qual está discutida para cada uma das
agroindústrias.
O córrego vinhos percorre seus primeiros 500 metros por entre terras usadas
com lavouras (subsistência e fumo), pomares (videiras e laranjeiras), pastagens
perenes e por entre as casas de duas famílias e das instalações de estábulos,
pocilgas, galpões e da cantina onde se produz vinhos. A qualidade da água do
córrego vinhos ao final dos 500 metros, alterou-se pelo aumento significativo dos
valores da cor, Mn e DBO. Também houve diminuição significativa para alguns
parâmetros como para os valores de CE, Ca e alcalinidade (APÊNDICE A). Apesar
de não significativo, os valores de DQO, OD, NH
4
+
e Fe também aumentaram na
amostra de água coletada no ponto final da propriedade (Figura 5).
Considerando a qualidade da água em função do lançamento de resíduos
pela agroindústria Irmãos Simonetti, significativamente aumentou somente a CE e
reduziu turbidez e Fe (APÊNDICE A). a amostra coletada no ponto antes do
lançamento de resíduo, que corresponde às interferências das lavouras e pomares,
aumentou significativamente a turbidez, a cor e Mn e reduziu significativamente os
valores de CE, Ca e dureza, em relação aos teores da amostra de água da nascente
(APÊNDICE A e Figura 5). Também, mesmo que insignificante, aumentou o fósforo
e a DBO (Figura 5). Portanto, pode-se inferir que o lançamento de resíduos pela
agroindústria Irmãos Simonetti não é relevante na alteração de qualidade da água
do rrego vinhos, pois os valores dos parâmetros cor, Mn e DBO, estavam com
seus teores alterados em função das demais atividades (Figura 5), e o lançamento
de resíduo, não propriamente devido a ele, mas àquele ponto que se refere a ele,
alterou a qualidade contribuindo para elevação significativa do valor da CE
(APÊNDICE A e Figura 5).
73
O córrego licores apresenta ao longo dos seus primeiros 1000 metros pouca
influência por lavouras e pastagens, sendo de maior destaque a presença de
inúmeras casas, fontes de poluição pontual, que assim como a agroindústria Sabor
do vale, lançam seus efluentes domésticos no córrego. Ao percorrer os 1000 metros
desde a nascente até o ponto depois do lançamento dos resíduos da agroindústria,
a qualidade da água se alterou em função do aumento significativo dos valores de
CE, coliformes totais e fecais, DBO e DQO, e redução significativa da turbidez
(APÊNDICE B). A razão para o aumento dos teores microbiológicos é a elevada
carga de esgoto recebida das residências ao longo do percurso do córrego. Antes
mesmo da avaliação da qualidade da água nos demais pontos de amostragens,
podemos inferir que a contaminação está sendo causada unicamente pelo esgoto
doméstico, porque resíduos de licores não apresentam contaminação
microbiológica.
O lançamento dos resíduos pela agroindústria Sabor do Vale no córrego
licores não alterou significativamente nenhum valor dos parâmetros analisados
(APÊNDICE B). Porém, aumentou os teores de fósforo e a concentração de
coliformes fecais (Figura 5). A água coletada no ponto antes do lançamento de
resíduos da agroindústria, o qual se refere a contaminação pelas demais atividades
ou fontes de contaminação, apresentou alteração nos valores de CE, coliformes
totais e DQO, que aumentaram significativamente, enquanto coliformes fecais e
DBO aumentaram, mas o teste t do método bootstrap com 5% de probabilidade de
erro não detectou essa diferença. Então, pode-se descartar a possibilidade, do
resíduo gerado pela agroindústria Sabor do Vale no processamento de licores, de
contaminação por essa atividade, mas antes do lançamento final do esgoto poderia
este, ainda passar por mais um sistema para reduzir os contaminantes
microbiológicos e orgânicos do efluente doméstico, como o tratamento por zona de
raízes.
O córrego abatedouro de aves tem sua nascente em campo aberto entre
pastagem perene onde circundam animais. O percurso estudado compreende 700
metros de comprimento, o qual não apresenta mata ciliar, e as lavouras, tanto de
sequeiro como de arroz inundado, ficam à margem do córrego. A qualidade da água
no ponto depois do lançamento dos resíduos, o qual reflete a contaminação do
conjunto de atividades (agricultura, pecuária e agroindústria), está alterada ao
comparar a amostra nesse ponto com a amostra da nascente. Os parâmetros
74
alterados significativamente foram a CE, a cor, a dureza e OD (APÊNDICE C).
Assim, as demais atividades alteraram significativamente os valores de coliformes
totais, Ca, dureza e OD, da água do rrego abatedouro de aves entre a nascente e
o ponto anterior ao lançamento dos resíduos líquidos (APÊNDICE C e Figura 5).
A alteração causada pelo lançamento de resíduo no córrego abatedouro de
aves se refletiu somente no aumento significativo do valor da cor. Isso demonstra a
eficácia do sistema de tratados usado. Ele é composto por um sistema de tanques
de deposição e flutuação, tanque de tratamento por zona de raízes e lagoa
anaeróbica.
O córrego frigorífico nasce em meio ao campo nativo e percorre por entre as
pastagens e vegetação nativa até o ponto depois do lançamento dos resíduos da
agroindústria Irmãos Giacomini, que fica 320 metros distantes da nascente. A
amostra de água coletada no final do percurso avaliado em relação à amostra de
água da nascente teve aumento significativo nos valores de: CE, turbidez, cor, NH
4
+
,
coliformes totais e fecais, Ca, Mg, alcalinidade e consumo de OD (APÊNDICE D e
Figura 5). Comparando a qualidade da água na nascente e no ponto depois do
lançamento de resíduos pela agroindústria (APÊNDICE D) percebe-se que
incremento na contaminação da água do córrego frigorífico ao longo do percurso,
causado pelas fontes de poluição difusas (agropecuária) e fontes pontuais de
poluição (agroindústria) (Figura 5). As demais atividades desenvolvidas à montante
da agroindústria e lançamento de resíduos agroindustriais elevaram os valores de
CE, cor, coliformes totais, Ca e Mg na água coletada no ponto antes do lançamento
de resíduos da agroindústria em relação à qualidade encontrada na nascente do
córrego frigorífico (APÊNDICE D e Figura 5).
O lançamento dos resíduos da agroindústria Irmãos Giacomini no córrego,
mesmo tratado por um sistema de tratamento por tanques sépticos desenvolvidos
pela FEPAM, alterou significativamente a qualidade da água. Entre os parâmetros
alterados destacam-se a CE, NH
4
+
, OD e ST (Figuras 5). Ainda, mesmo que não
significativo estatisticamente, aumentou consideravelmente os valores de
alcalinidade, turbidez, Ca, DQO e coliformes totais e fecais (Figura 5).
Considerando os diferentes tipos de sistemas de tratamento existentes estão
aqueles que facilitam a oxigenação para que a decomposição seja acelerada,
porém, aqueles sem a adição extra de oxigênio, como este exigido pela FEPAM,
podem ter, mesmo que lentamente, uma boa estabilização e redução da carga
75
orgânica e de patógenos. No entanto, em qualquer um desses tratamentos pode
haver subseqüente ou paralelo, adição de tratamento com plantas recuperadoras
dos elementos químicos, como no caso das estações de tratamento por zona de
raízes. O sistema em questão (FEPAM) pode estar com alta eficiência na remoção
orgânica, porém, devido a falta de oxigenação e de plantas recuperadoras dos
elementos químicos, o efluente lançado depois do tratamento, mesmo que reduzido,
está causando significativas mudanças na qualidade da água do córrego. Assim, a
alternativa para reduzir o impacto no córrego é fundamental o uso de uma estação
com zona de raízes para efetivar o tratamento e não comprometer a qualidade da
água do córrego frigorífico.
Figuras 5 Valores dios dos parâmetros de qualidade de água coletada nos pontos: nascente,
antes do lançamento de resíduos pela agroindústria e depois do lançamento de resíduos
pelas agroindústrias Simonetti (Córrego vinhos) e Sabor do Vale (Córrego licores).
Obs.:
Os valores de coliformes totais e fecais estão expressos em NMP ml
-1
, e não NMP 100ml
-1
para melhorar ajuste
de escala.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
OD (%saturação); DQO e DBO (mg l
-1
);
coliformes totais e fecais (NMP ml
-1
)
P, NH
4
(mg l
-1
)
Córrego vinhos
P NH4
DBO DQO
OD Coliformes fecais
Coliformes totais
Nascente
Antes
Depois
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Dureza (mg CaCO
3
l
-1
); CE (µSm cm
-2
);
Fe (mg l
-1
)
Turbidez (UNT); cor (mg PT l
-1
);
Mn, Ca (mg l
-1
)
Córrego vinhos
cor Turbidez Mn
Ca CE Fe
Dureza
Nascente Antes
Depois
-50
0
50
100
150
200
250
300
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
0.80
0.90
OD (%saturação); DQO e DBO (mg l
-1
);
coliformes totais e fecais (NMP ml
-1
)
P, NH
4
(mg l
-1
)
Córrego licores
P NH4
DBO DQO
OD Coliformes fecais
Coliformes totais
Nascente
Antes
Depois
0
1
2
3
4
5
6
7
0
10
20
30
40
50
60
70
Turbidez (UNT)
CE µSm.cm-1
Córrego licores
CE Turbidez
Nascente
Antes
Depois
76
Figuras 5 Valores dios dos parâmetros de qualidade de água coletada nos pontos: nascente,
antes do lançamento de resíduos pela agroindústria e depois do lançamento de resíduos
pelas agroindústrias Simonetti (Córrego vinhos), Sabor do Vale (Córrego licores),
abatedouro de Aves (Córrego abatedouro de aves) e Irmãos Giacomini (Córrego
frigorífico). Os valores de coliformes totais e fecais estão expressos em NMP ml-1, e não
NMP 100ml-1 para melhorar ajuste de escala; a coluna de gráficos da esquerda
representa os principais parâmetros para avaliação da interferência das diferentes
atividades na qualidade da água dos córregos. A coluna de gráficos à direita mostra
apenas os demais parâmetros que tiveram alteração significativa em um dos pontos em
relação aos outros.
Entre os indicadores de qualidade de água, a presença de substâncias
orgânicas de fácil decomposição é um dos mais relevantes. Nesse sentido, na figura
6 estão destacados os valores de OD, DBO e DQO da água coletada nos quatro
córregos. No caso dos valores de OD das amostras de água coletadas ao longo dos
córregos estão contrastados com os limites determinados pelo CONAMA (2005)
-15
5
25
45
65
85
105
125
145
0.00
0.20
0.40
0.60
0.80
1.00
1.20
1.40
OD (%saturação); DQO e DBO (mg l
-1
);
coliformes totais e fecais (NMP ml
-1
)
P, NH
4
(mg l
-1
)
Córrego abatedouro de aves
P NH4
DBO DQO
OD Coliformes fecais
Coliformes totais
Nascente
Antes
Depois
0
50
100
150
200
Ca (mg.l
-1
); dureza (mg CaCO
3
l
-1
); OD (%
saturação), CE (µSm cm
-1
) e cor (mg PT
l-1
)
Córrego abatedouro de aves
Ca Dureza cor CE
Nascente
Antes
Depois
-20
30
80
130
180
230
0
2
4
6
8
10
12
OD (%saturação); DQO e DBO (mg l
-1
);
coliformes totais e fecais (NMP ml
-1
)
P, NH
4
(mg l
-1
)
Córrego frigorífico
P NH4
DBO DQO
OD Coliformes fecais
Coliformes totais
Nascente
Antes Depois
0
100
200
300
400
500
600
0
20
40
60
80
100
120
140
160
ST (mg l
-1
); CE (µSm cm
-1
) e cor mg PT l
-1
)
Ca (mg l
-1
); alcalinidade (mg CaCO
3
l
-1
);
turbidez (UNT)
Córrego frigorífico
Alcalinidade Turbidez
Ca cor
CE ST
Nascente
Antes
Depois
77
para classificação dos corpos hídricos de águas doces. Nota-se que todas as
nascentes dos córregos estudados classificam-se como classe I, por apresentarem
níveis de OD acima de 6 mg l
-1
. Do mesmo modo, os córregos vinhos e licores
apresentam ao longo de todo o percurso níveis similares e elevados de OD, acima
dos níveis da classe I. Nos córregos frigorífico e abatedouro de aves houve redução
para classe III no ponto antes do lançamento de resíduos da agroindústria.
Posteriormente no córrego abatedouro de aves houve um aumento na concentração
de OD no ponto depois do lançamento de resíduos pela agroindústria elevando para
classe II. Já no córrego frigorífico reduziu ainda mais os teores de OD e deixando
abaixo do nível mínimo da classe IV.
Figura 6 Médias de oxigênio dissolvido na água coletada nos córregos nos pontos: nascente, antes
e depois do lançamento de resíduos pela agroindústria, e níveis das diferentes classes de
águas doces estabelecidas pela Resolução do CONAMA nº 357 de 2005; médias de
demanda biológica e química da água nos córregos.
classe I
classe II
classe III
classe IV
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
OD mg l
-1
OD
Vinhos Licores
Abatedouro de Aves Frigorífico
classe IV
Nascente
Antes
Depois
limite estabelecido pelo CONAMA
0
20
40
60
80
100
120
DBO mg l
-1
DBO
Vinhos Licores
Abatedouro de Aves Frigorífico
Nascente
Antes Depois
0
50
100
150
200
250
DQO mg l
-1
DQO
Vinhos
Licores
Abatedouro de Aves
frigorífico
Nascente
Antes
Depois
78
Os resíduos lançados pela agroindústria Irmãos Giacomini está realmente
alterando a qualidade da água do córrego frigorífico, enquanto as demais
agroindústrias têm a qualidade da água no córrego alterada pelas fontes difusas de
poluição como da agricultura e/ou pecuária, ou ainda, por outras fontes pontuais,
sem a participação da agroindústria.
Os fatores de interferência na qualidade da água dos córregos atuam de
forma dinâmica e complexa. Os diferentes tipos, quantidades e sazonalidades de
resíduos lançados pelas agroindústrias tornam a interferência na qualidade da água
dos córregos completamente específica para cada agroindústria. Além do mais, a
capacidade de cada córrego receber uma carga residual, se autodepurar sem
comprometer a qualidade está diretamente influenciada pela dinâmica de
oxigenação da água, através do fluxo rápido e turbulento ditado pelo tipo de relevo e
constituição do canal do córrego, além da freqüência e volume das demais fontes
pontuais e difusas de poluição.
As fontes difusas de poluição aumentam o impacto à medida que as matas
dão lugar às lavouras. A poluição difusa atinge os córregos através do escoamento
superficial causado nos eventos pluviométricos e é mais ou menos intensa
dependendo da cultura e do manejo adotado. Os valores de DBO, DQO e outros
parâmetros de qualidade da água apresentado anteriormente, se elevam e se
diferenciam da qualidade da água analisada na nascente, na medida em que se
afasta da nascente e percorre-se por entre lavouras e outros usos que não o uso
com mata.
Da mesma maneira, na pequena bacia hidrográfica do Arroio Lino, região na
qual se cultiva fumo de maneira intensiva, o estudo feito por Gonçalves (2003)
mostrou que a água do arroio esteve continuamente com alto teor de fósforo total
(média de 0,17 mg l
-1
), muito acima do estabelecido pelo CONAMA, o que
caracteriza um ambiente aquático eutrofizado. Os altos valores encontrados são
atribuídos ao manejo do solo adotado, onde, de acordo com Rheinheimer et al.
(2003), as empresas fumageiras adotam um sistema de adubação baseado na
segurança de produção em detrimento dos demais recursos. Porém, nenhum órgão
ambiental consegue impedir que continue essa atividade, ou que se penalizem as
empresas responsáveis.
Conforme Pellegrini (2005), a transferência de partículas de solo e de fósforo
dos sistemas terrestres para os ambientes aquáticos é incrementada pelo aumento
79
nas áreas de lavoura e de estradas. Assim como nas agroindústrias, a falta de
planejamento das instalações das sedes das propriedades e do tratamento dos
dejetos animais, contribui para o enriquecimento da água com fosfato, o que de fato
condiz com os resultados encontrados nos córregos vinhos, licores, abatedouro de
aves e frigorífico. Bortoluzzi et al. (2006) também evidenciaram que outras
atividades responsáveis, e não a atividade agroindustrial como a principal na
degradação da qualidade da água.
Os cursos de águas apresentam contaminação ao longo do percurso
causada pelas diferentes atividades. A proteção das nascentes e das margens dos
rios com vegetação nativa é tão importante quanto a quantidade e o tipo de
poluentes lançados, diretamente ou indiretamente nos cursos de água, para a
alteração na qualidade da água. A poluição da água no córrego se por inúmeros
fatores, inclusive de resíduos tratados de forma ineficiente. Portanto, o
conhecimento do potencial poluidor de cada atividade se mostra fundamental para
que se reduza a contaminação da água nos córregos. É preciso também, reduzir a
contaminação de todas as atividades, e a atividade agroindustrial é uma das que
mais possibilita essa redução, porque se trata de fontes pontuais de poluição, mas
as técnicas para tal devem ser adequadas a situação de cada agroindústria, para
que além de viável economicamente, seja de fato viável e eficiente no tratamento, e
não apenas como um requisito para legalização.
6.6 Conclusão
1. O impacto das atividades das agroindústrias familiares de pequeno porte na
qualidade da água dos córregos é, praticamente, desprezível em relação às
demais atividades agropecuárias.
2. A agroindústria Irmãos Giacomini foi a que mais contribuiu para contaminação
da água do córrego, entre as quatro agroindústrias estudadas.
3. Não se justifica o fechamento ou penalização às agroindústrias por o
acatarem aos mesmos padrões exigidos de grandes empresas pelos órgãos
reguladores, assim como o se justifica o descaso total do produtor com o
80
destino dos resíduos. Não é porque existem outras atividades que
contaminam mais, ou por ser baixa a interferência das atividades
agroindustriais no ambiente, que não deva ser dado um destino planejado e
correto para os resíduos agroindustriais. A grande questão a ser entendida
pelos proprietários, pelos órgãos fiscalizadores e pelos agentes prestadores
de assistência técnica, é que o potencial de poluição das agroindústrias é em
função do volume e do tipo de resíduo, e na maioria das vezes é baixo e pode
ser eliminado com baixo custo e técnicas simples de tratamento, e que antes
da fiscalização deve existir um órgão que junto com o produtor, baseado no
conhecimento sobre o resíduo e sobre o impacto ambiental, encontre a
melhor alternativa para o destino dos resíduos, e que se penalizem aqueles
que não permitirem, por justa causa, a implementação de tratamento ajustado
para a situação.
7 Estudo III: Tratamento de resíduos líquidos de agroindústrias
familiares de pequeno porte por meio de zona de
raízes
7.1 Resumo
A destinação correta dos resíduos agroindustriais pode envolver diferentes sistemas
de tratamento. Esses devem ser de baixo custo, de fácil manutenção e eficazes para
atender as normas legais. O presente estudo teve por objetivo avaliar a eficácia do
sistema de tratamento por zona de raízes para o tratamento de resíduos quidos.
Instalaram-se, em agroindústrias produtora de queijos, de vinhos e sucos e de abate
de aves. Em cada uma delas, construíram-se as estações de tratamento em
triplicata, usando-se o consórcio das plantas tifa + inhame + copo de leite + sagitária.
Durante aproximadamente um ano coletaram-se amostras dos resíduos
in natura
e
após o sistema de tratamento. Os sistemas de tratamento por zona de raízes foram
satisfatórios na remoção da carga orgânica, embora em algumas situações não
atingissem os padrões exigidos pela legislação. A remoção da parte sólida com pré-
tratamento foi fundamental à eficiência do tratamento por zona de raízes. O
tratamento dos resíduos da produção de queijos necessita obrigatoriamente da
remoção prévia da gordura e da correção do pH.
Palavras-chave: tratamento de resíduo líquido, produção de queijo, abatedouro de
aves, produção de vinhos e sucos.
82
7.2 Introdução
Os processos de produção agroindustrial geram além do produto final, diversos
resíduos como componentes descartados. A qualidade dos resíduos depende, entre
outros fatores, da natureza e da origem da matéria prima, da qualidade da água e da
natureza dos produtos químicos e orgânicos utilizados nos processos (MATOS,
2002). Os dados sobre as características dos dejetos industriais encontrados na
literatura apresentam uma grande variabilidade, refletida nas faixas de valores
bastante amplas, mesmos dentro de uma mesma tipologia industrial. Para laticínios
com processamento de 1000 litros de leite por dia as concentrações de DBO podem
variar de 300 a 5000 mg l
-1
; matadouros de 1000 a 5000 mg l
-1
; conservas de fruta e
verduras de 200 a 3000 mg l
-1
(CETESB, 1976; MATOS, 2002). Da mesma forma,
são variáveis as vazões específicas de efluentes e das cargas específicas de DBO
em quilograma por unidade produzida. Entre estas agroindústrias, os laticínios com
queijaria são os que apresentam os maiores valores de DBO, os quais podem variar
de 500 a 8000 mg l
-1
. Por esta razão, von Sperling (1996) recomenda a obtenção de
dados reais nas indústrias em análise, através de questionários, medições,
amostragens e análises laboratoriais.
Uma parte desses resíduos pode e deve ser submetida a tratamento específico
buscando reduzir ao máximo seu poder poluente. No entanto, os sistemas de
tratamento indicados pelos órgãos fiscalizadores podem acarretar em alguns casos
em altos investimentos financeiros. Por esta razão, quando possibilidade de re-
utilização de parte do resíduo, através de processo de reciclagem e tratamentos que
reduzam a carga poluidora, tem-se, além do ganho econômico, um ganho ambiental.
No Brasil, a tecnologia de construção e utilização de áreas alagadas para
tratamento de águas residuárias é recente e ainda pouco conhecida. Aos poucos os
leitos cultivados têm ganhado espaço como tecnologia empregada principalmente no
tratamento de água residuárias (MAIER, 2007; KAICK, 2002), de lixiviados de aterro
sanitário (CECCONELLO, 2005; VON SPERLING, 1996), esterco suíno (HUSSAR,
2001; TOBIAS, 2002), contaminação por metais pesados e resíduos indústrias
(ANJOS, 2003). Os processos de despoluição ocorrem naturalmente tanto em
ambientes naturais como em ambientes artificiais. A estação de tratamento de
efluentes (ETE) difere dos ambientes naturais por proporcionar controle em alguns
83
fatores e processos. A ETE segue os mesmos princípios da despoluição natural, em
que é feito uma filtragem física e biológica com um favorecimento da oxidação da
matéria orgânica pela melhor oxigenação proporcionada pelos sistemas radiculares
das plantas que também atuam na remoção de nutrientes através da absorção. Os
leitos cultivados agem como um filtro biológico, onde os mecanismos físico-
químicos, as reações de degradação biológica aeróbica e anaeróbica, a
evapotranspiração e a infiltração são responsáveis pela concentração final de
poluentes (HUSSAR, 2001; MANSOR, 1998). Segundo esses autores o tratamento
do efluente ocorre através da associação substrato com as plantas. As raízes das
plantas se fixam no substrato e retiram os elementos essenciais ao seu
desenvolvimento, oxigenam e criam ambiente biológico e químico favorável para o
desenvolvimento dos micro-organismos que degradam a matéria orgânica e
excretam substâncias bactericidas, eliminando parte dos coliformes fecais.
Maier (2007), estudando a eficiência de estações de tratamento de esgoto
doméstico por zona de raízes em estabelecimentos de agricultores familiares de
uma pequena bacia hidrográfica rural na remoção de poluentes, constatou que ela
teve uma eficiência de aproximadamente 90% na remoção do fósforo do efluente.
Nogueira (2003) e Valentim (1999) observaram decréscimos de 60 e 48% nos teores
de fósforo total, respectivamente. As ETEs também são eficientes na diminuição dos
teores de nitrogênio total (MAIER, 2007 - 75 a 80%; NOGUEIRA, 2003 - 72%;
PARESCHI, 2004 - 75 a 85%). O sistema de tratamento mostrou-se eficiente, pois
houve redução na carga orgânica, com queda na DBO (MAIER, 2007 - 99%;
ROSTON, 1993 90%; KAICK, 2002 84%; COSTA, 2003 88%; PARESCHI,
2004 - 86%).
Apesar dos rios estudos existentes não se constata até o momento
nenhum que trate especificamente da problemática das AFPP. Assim, existe a
necessidade de compreensão e quantificação destes mecanismos para
desenvolvimento de tecnologias apropriadas para o tratamento de efluentes das
AFPP que sejam adequados a sua realidade e viáveis do ponto de vista econômico.
Diante do exposto, a estação de tratamento de esgoto por meio de zonas de
raízes pode ser uma alternativa prática, acessível e eficiente para o tratamento de
resíduos de agroindústrias rurais. A principal vantagem desse tratamento é que pode
ser idealizada de acordo com a realidade local, maximizando sua eficiência quanto à
diminuição da demanda química e bioquímica de oxigênio; da remoção de
84
nutrientes; e do máximo controle sobre o sistema hidráulico e a vegetação. Contudo,
a necessidade do conhecimento dos processos envolvidos para explicar e
controlar a forma com que os nutrientes, a matéria orgânica e os outros
contaminantes (patógenos, metais pesados e nutrientes em altas concentrações)
são removidos, bem como, do destino que deve ser dado à biomassa produzida nas
estações de tratamento.
7.3 Objetivos
Este estudo tem por objetivo avaliar a eficiência de estações de tratamento
por meio de zona de raízes no tratamento de resíduos líquidos descartados por
agroindústrias familiares de pequeno porte produtoras de queijos, de vinhos e sucos
e de abate de aves.
7.4 Material e Métodos
7.4.1 Localização
As instalações para avaliações do tratamento de resíduos líquidos por zona
de raízes foram feitas em três agroindústrias de pequeno porte localizadas na
Região Central do Rio Grande do Sul, cuja descrição foi feita no estudo I. Essas
agroindústrias foram escolhidas pelo tipo e quantidade de resíduos descartados:
laticínios produtor de queijo, produção de vinhos e sucos de uva e abatedouro de
aves.
85
7.4.2 Construção da estação de tratamento por zona de raízes
O tratamento por zona de raízes foi um complemento do tratamento primário
feito nas fossas sépticas (resíduos da produção de vinhos e sucos), ou por tanques
de decantação e flutuação (resíduos da produção de queijos e abate de aves).
Quando não um adequado tratamento primário, o tratamento por zona de raízes
pode ser prejudicado, devido ao entupimento das tubulações e/ou distúrbios das
plantas por toxidez. Portanto, na agroindústria Parlacto, o tratamento primário foi
complementado com tanque de filtração sica para retenção de gordura,
denominado de pré-tratamento, para depois entrar no sistema de tratamento por
zona de raízes.
O sistema de tratamento do resíduo da produção de queijos da agroindústria
Parlacto é composto de: tanques de decantação e flutuação; tanque de filtração ou
retenção, com dois compartimentos de 1 m
3
cada, onde foi acomodado maravalha
para reter o excesso de gordura contido no resíduo; tanque de distribuição, com
distribuição de vazão igual aos três tanques de tratamento por zona de raízes
(APÊNDICE E) e; tanques de tratamento por zona de raízes com três repetições de
onde saem os resíduos tratados e voltam para o sistema usado pelo produtor
(lagoas). A agroindústria de laticínios em questão processa diariamente entre 8 a 15
mil litros de leite, dependendo da época do ano, para confecção de queijos, e cerca
de 90% desse volume é descartado como resíduo. Para fins de pesquisa foram
tratados aproximadamente 1000 litros diários. O tratamento usado pelo proprietário é
o tanque de flutuação e decantação, seguido de três lagoas anaeróbicas de
depuração e posterior lançamento em um curso de água intermitente. Parte do soro
gerado é lançada no solo, outra parte é usada por produtores de suínos e a maior
parte (mais que 60%) misturada com as águas de lavagens e lançado nas lagoas de
depuração. As lagoas atualmente não o impermeabilizadas e apresentam risco de
contaminação ambiental (Figuras 7C e 7D).
86
(7A). Tanque de filtração física de gordura (7B).Tanques de tratamento por zona de raízes
(7C). 1ª lagoa de tratamento (7D). 3ª lagoa de tratamento
Figura 7 - Tanques construídos para estudo (7A e 7B), e das lagoas usadas pelo proprietário
atualmente (7C e 7D) na agroindústria Parlacto produtora de queijo.
O sistema de tratamento dos resíduos líquidos da agroindústria Abatedouro
de Aves é composto de: tanques de decantação e flutuação (Figura 8A); tanque de
distribuição (Figura 8B); tanques de tratamento por zonas de raízes (Figura 8C) e;
lagoa de lançamento final (Figura 8D). Os tanques de decantação e flutuação foram
suficientes para remover o excesso de material lido o necessitando do tanque
de retenção. O abatedouro opera com abate de 100 a 150 aves por dia, dois dias
por semana. O volume de quidos tratados gira em torno de 4000 litros por abate,
sendo que fluxo de água constante desde o início até o final do abate, variando o
volume de resíduo líquido conforme o tempo necessário para abate.
87
(8A). Tanques de deposição e flutuação (8B). Tanque de distribuição
(8C). Tanque de tratamento por zona de raízes
(8D). Lagoa de lançamento final
Figura 8 - Tratamento de resíduo líquido na agroindústria Abatedouro de Aves.
A produção de vinhos e sucos é uma atividade esporádica podendo
permanecer algumas semanas ou até meses sem lançamento de resíduo, além do
mais, o conteúdo do resíduo apresenta pouco material orgânico e microbiológico.
Como o tratamento proposto é composto principalmente por atividades biológicas,
optou-se por canalizar juntamente o esgoto doméstico produzido na casa do
produtor, permanecendo assim uma constante adição de resíduo no sistema, o qual
favorece o crescimento e desenvolvimento das plantas e dos micro-organismos
decompositores. O tratamento de resíduos da agroindústria produtora de vinhos e
88
sucos é composto por: fossas sépticas (soterradas); tanque de distribuição (Figura
9A) e tanques de tratamento por zona de raízes (Figura 9B, 9C e 9D).
(9A). Tanque de distribuição (9B). Construção (setembro, 2008)
(9C). Fase de adaptação e crescimento das
plantas
(9D). Plantas em crescimento (março, 2009)
Figura 9 - Tratamento de resíduo líquido na agroindústria produtora de vinhos e sucos.
A construção do tanque de tratamento por zona de raízes consistiu na
escavação no solo de três buracos de 1,5 x 2,0 x 1,0 m de dimensão, totalizando 9,0
Tifa
Copo-de-leite
Inhame
Sagitária
89
m
3
para cada agroindústria. Em seguida foi realizada a impermeabilização do buraco
com lona preta grossa. No fundo, sobre a lona, foi depositada uma fina camada de
areia para que logo após pudessem ser colocadas as tubulações perfuradas
responsáveis pela drenagem do efluente tratado. Na seqüência foi colocado cerca
de 40 a 50 cm de areia e sobre esta camada foi depositada a brita 2 na mesma
proporção (APÊNDICE F). A camada de brita serve de suporte para as plantas e
para formação de biofilmes em sua superfície, os quais são altamente importantes
para o tratamento. O esgoto é distribuído através de tubulações perfuradas, 10 cm
acima do nível permanente de água e 5 cm abaixo da superfície das britas, para que
tenha uma zona aerada (APÊNDICE G). Neste caso, as plantas utilizadas foram:
Colocasium antiquorum, Typha sp, Zantedeschia aethiopica e Sagittaria
montevidensis
(popularmente chamadas de: inhame, tifa, copo-de-leite e chapéu-de-
couro, respectivamente) (Figura 9D)
,
típica de áreas úmidas, da região.
A distribuição do resíduo líquido foi feita diretamente na zona das raízes, 5 cm
abaixo da superfície de brita, para evitar criatórios de insetos e mau cheiro. A rede
de distribuição (cano de distribuição) é formada por uma tubulação de 75 mm a partir
da fossa séptica ou dos tanques de decantação e flutuação ou retenção da gordura.
7.4.3 Coleta de amostras de resíduos líquidos tratados e não tratados
As coletas de amostras para avaliação da eficiência dos tratamentos foram
em pontos estratégicos conforme a estrutura do tratamento. Para a agroindústria de
laticínios foram coletadas amostras entre o tanque de decantação/flutuação e o
tanque de filtração para retenção de gordura, denominado de ponto
não tratado
; o
ponto entre o tanque de retenção e o tanque de tratamento por zona de raízes foi
denominado de
pré-tratado
e; o ponto depois dos tanques de tratamento por zona
de raízes foi denominado de
tratado
.
Na agroindústria de abate de aves foram coletadas amostras no ponto depois
do tanque de decantação/deposição, denominado de
não
tratado
e após o
tratamento por zona de raízes, denominado de
tratado
.
A coleta na agroindústria de produção de vinhos e sucos ficou restrita ao
ponto entre as fossas sépticas e o tanque de tratamento por zona de raízes,
90
denominado de
não
tratado
e o ponto após o tratamento por zona de raízes
denominado de
tratado
.
O número de unidades amostrais por coleta no ponto não tratado e pré-
tratado variou de um a três e no ponto tratado foi composto por três unidades
amostrais devido a instalação de três tanques para cada agroindústria.
7.4.4 Análises físico-químicas e microbiológicas
Após serem efetuadas as coletas as amostra foram acondicionados em
caixas térmicas e transportados até o Laboratório de Análises de Água Rurais do
Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa Maria, onde foram
analisados os parâmetros: coliformes totais e fecais; pH; condutividade elétrica (CE);
demanda bioquímica de oxigênio (DBO); e demanda química de oxigênio (DQO);
nitrato (N-nitrato) e amônia (N-amônia); fósforo (P); cálcio (Ca) e magnésio (Mg);
potássio (K) e sódio (Na); dureza; alcalinidade; ferro (Fe), cobre (Cu), zinco (Zn) e
manganês (Mn); carbono (C); cor; turbidez; sólidos dissolvidos totais (SDT) e sólidos
totais (ST).
Os procedimentos e técnicas usadas para determinação são os mesmos
descritos no item 5.4.3.3 do estudo I.
7.4.5 Análises dos dados
Os dados foram discutidos e avaliados por comparação com padrões
estabelecidos pelo CONSEMA, que define limites máximos para lançamento de
resíduos líquido direto e indireto nos cursos de água. Há valores máximos para
lançamento sem tratamento e eficiência mínima em percentagem para resíduos
tratados. Os parâmetros coliformes fecais, pH, cor, amônia, Cu, Zn, Fe, Mn, P, DBO
e DQO apresentam valores estipulados pelo CONSEMA (2006) para resíduos
líquidos para lançamento direto ou indireto nos cursos de água. Os demais
parâmetros analisados, mesmo o constando na legislação, foram analisados por
91
interesse em entender o comportamento. O CONSEMA permite o lançamento de
efluentes líquidos, com vazões menores que 100 m
3
,
nos cursos de água desde que:
coliformes fecais (
Escherichia coli
) estejam em concentrações menores que 10
5
NMP 100 ml
-1
, ou em caso de resíduo tratado, uma eficiência de 95%; para
nitrogênio amoniacal valores menores que 20 mg l
-1
, ou resíduo tratado com 75% de
eficiência; fósforo total menor que 4 mg l
-1
, ou resíduo tratado com 75% de
eficiência. Para qualquer vazão, a cor está de acordo com a legislação desde que
não mude a cor do curso de água receptor; valores menores que 0,5, 10, 1 e 2 mg l
-
1
, para: Cu, Fe, Mn e Zn, respectivamente; e pH entre 6 e 9. DBO e DQO para
vazões menores que 20 m
3
, valores menores que 180 e 400 mg l
-1
, respectivamente.
7.5 Resultados e discussão
Os resultados das análises microbiológica e físico-químicas dos resíduos
líquidos tratados e não tratados estão discutidos em três partes. A primeira
apresenta e discute os resultados do tratamento de resíduos líquidos gerados
durante abate de aves; a segunda fará discussão sobre os dados do tratamento dos
resíduos da produção de vinhos e sucos; e a terceira sobre o tratamento de resíduos
da produção de queijo, conforme segue.
7.5.1 Resíduos líquidos de abatedouro de aves
O sistema de tratamento por zona de raízes reduziu satisfatoriamente os
valores de Cu, DBO e DQO dos resíduos do abatedouro de aves, permitindo,
inclusive que o efluente pudesse ser lançado nos corpos de águas superficiais
(Tabelas 10 e 11). A ETE removeu, também, de 6% a 42% da amônia e de 50% do
fósforo total, aquém do estipulado pelo CONSEMA (eficiência mínima de 75% dos
teores). Os parâmetros coliformes fecais, pH, Zn, Fe e Mn, mesmo sem tratamento
já possuíam valores permitidos para lançamento direto nos cursos de água (Tabelas
9 e 11).
92
O sistema de tratamento melhorou a eficiência com o passar do tempo para
remoção de coliformes fecais. Aos 180 DAI a remoção foi de 30% enquanto aos 240
DAI em diante a remoção ultrapassou 75%. Todas as amostras não tratadas
apresentaram valores de coliformes fecais menores que 3000 NMP 100 ml
-1
, bem
abaixo do máximo preconizado pela legislação para lançamentos, o que permite seu
lançamento direto no curso de água mesmo sem tratamento. Após tratamento os
valores foram menores que 2500 NMP 100 ml
-1
(Tabela 9). Nesse caso, segundo a
legislação, não necessitaria tratamento, mas se aumentasse a carga microbiológica
no resíduo e os valores ficassem acima do preconizado, a redução/eficiência teria
que alcançar 95%, valor maior que a média atingida de 66%, com mínima de 30% e
máximo de 89% (Tabela 9). Os valores de coliformes totais variaram de 230 a 23054
NMP 100 ml
-1
e de coliformes fecais de 23 a 2716 NMP 100 ml
-1
no resíduo o
tratado. No resíduo tratado, os valores de coliformes totais variaram de dois a 23054
NMP 100 ml
-1
, e os coliformes fecais de zero a 2305 NMP 100 ml
-1
. A média geral de
remoção foi de 38% para coliformes totais e de 66% para coliformes fecais.
O sistema de tratamento não causou muita influência sobre os parâmetros CE
e o pH (Tabela 11). A média mais elevada foi de 28% de redução para CE,
considerada baixa, e aos 240 e 273 DAI não houve redução. Quanto ao pH,
fundamental para crescimento bacteriano, no resíduo tratado manteve-se dentro da
faixa estipulada pelo CONSEMA, que é entre seis e nove, e teve uma pequena
redução aos 180 DAI e um incremento nas demais análises. A estabilidade do pH é
desejada quando se está dentro da faixa adequada para o crescimento bacteriano,
pois o afeta o desenvolvimento desses micro-organismos devido as quedas
bruscas ocasionadas pela produção de ácidos orgânicos, compostos intermediários
do processo, e ajuda na estabilização do metabolismo anaeróbicos (ZANELLA,
2008).
O tratamento está pouco eficiente na remoção de NH
4
+
, necessitando uma
maior absorção pelas plantas, que deve ocorrer quando se alcançar o máximo
crescimento e ocupação da área pelas raízes. Os sistemas anaeróbicos de
tratamento de resíduos líquidos eliminam a presença de nitrato, o qual tem valores
geralmente baixos ou nulos devido a utilização pelos micro-organismos como
aceptor final de elétrons. Os resíduos do abatedouro de aves não têm teores de
nitrato relevantes, e esses permanecem baixos após o tratamento (Tabela 10).
Outros parâmetros físicos e químicos como Ca, Mg, K, Na, sólidos, por exemplo,
93
estão no andice por não apresentarem limites estabelecidos pelo CONSEMA, e
portanto, não foram discutidos (APÊNDICE H).
Houve diminuição progressiva no valor de DQO, que era de 60% aos 180 dias
após a instalação passou para 96% aos 273 dias após a instalação (Tabela 10). A
melhora na eficiência deve-se ao maior desenvolvimento das plantas dentro do
sistema fornecendo maior oxigenação, e dos biofilmes formados em volta das britas
que degradam o material orgânico. Os micro-organismos patogênicos também foram
reduzidos, inicialmente próximos a 30% e aos 240 DAI foi observado
aproximadamente 80% de remoção para ambos, porém, aos 273 DAI houve uma
queda na eficiência (Tabela 9), a qual pode ser atribuída a um fluxo de líquido
superior ao adequado para inativação de células vivas.
95
Tabela 9 – Valores dos parâmetros microbiológicos analisados no resíduo não tratado, tratado, e valores percentuais da remoção pelo sistema de tratamento
aplicado na agroindústria Abatedouro de Aves.
DAI ---------------------- 180 -----------------------
--------------- 240 ---------------
----------------- 273 ------------------
Média
Repetições I
II
III
Média
I
II
Média
I
II
Média geral
Coliformes
totais
Não tratado
1
23054
7797
23054
17968
230
2305
1268
23054
-
23054
14097
Tratado
12753
27
23054
11945
2
488
245
23054
23054
23054
11748
Removido
45
100
0
34
99 79
81
0
-
0
38
Coliformes
fecais
Não tratado
488
780
2716
1328
23
230
127
27
-
27
494
Tratado
2305
488
0
931
0
27
14
0
12
6
317
Removido
-372
37
100
30
100 88
89
100
-
78 66
1. valores em mg l
-1
para dados de não tratado e tratado e em % para removido; DAI= dia após instalação.
95
Tabela 10 – Valores dos parâmetros químicos e indicadores de matéria orgânica no resíduo não tratado, tratado, e valores percentuais da remoção pelo
sistema de tratamento aplicado na agroindústria Abatedouro de Aves.
DAI -------------------- 180 ------------------
-------------- 240 --------------
------------------ 260 ---------------- ------------- 273 -------------
Média
Repetições I
II
III
Média
I
II
Média
I
II
III
Média
I
II
Média
geral
NH
4
Não tratado
1
29
-
-
29
5
6
6
-
20
-
20
34
-
34
22
Tratado 23
21
7
17
28
28
28
15
14
14
14
31
32
32
23
Removido 22 -
- 42
-508 -340 -411
- 30 32
29
8
-
6
26
NO
3
Não tratado 1
-
-
1
0
0
0
-
0
-
0
37
-
37
10
Tratado 4
1
1
2
0
0
0
0
1
0
0
35
37
36
9
Removido -606 0
0 -202
- - -
- -194 100
2
8
-
4
-65
Ps
Não tratado -
-
-
-
5
6
5
-
1
1
1
-
-
-
4
Tratado -
-
-
-
4
4
4
1
0
0
1
-
-
-
3
Removido - -
- -
11 26 19
- 46 50
38
-
-
-
28
Pt
Não tratado -
-
-
-
9
11
10
-
10
11
10
-
-
-
10
Tratado -
-
-
-
6
5
6
3
6
4
4
-
-
-
5
Removido - -
- -
31 53 43
- 39 62
57
-
-
-
50
DBO
Não tratado -
-
-
-
215
-
215
-
215
-
215
-
-
-
215
Tratado -
-
-
-
85
90
88
14
49
65
43
-
-
-
65
Removido - -
- -
60 - 59
- 77 -
80
-
-
-
70
DQO
Não tratado 81
126
177
128
3077
1205
2141
-
416
544
480
4899
-
4899
1912
Tratado 87
61
7
52
456
200
328
31
37
43
37
162
192
177
148
Removido -8 52
96 60
85 83 85
- 91 92
92
97
-
96
83
1. valores em mg l
-1
para dados de não tratado e tratado e em % para removido; DAI= dia após instalação.
96
Tabela 11 – Valores dos parâmetros químicos e físicos analisados no resíduo não tratado, tratado, e valores percentuais da remoção pelo sistema de
tratamento aplicado na agroindústria Abatedouro de Aves.
DAI ----------------- 180 ----------------- ------------ 240 -------------- ------------------ 260 ----------------- -------------- 273 -----------
Média
Repetições I II III dia I II Média I II III Média I II Média geral
CE
Não tratado
1
661
760
684
702 95
96
96
-
234
217
226
589
-
589
403
Tratado 642
556
449
549 94
97
95
144
173
173
163
613
610
612
355
Removido 3 27
34 22 1 -1
0
-
26
20
28
-4 -
-4
12
pH Não tratado 6,8
6,8
6,8
6,8 6,8
6,9
6,9
-
6,9
6,8
6,8
7,1
-
7,1
6,9
Tratado 6,5
6,5
6,5
6,5 7,4
7,2
7,3
7,3
7,0
6,8
7,0
7,2
7,1
7,1
7,0
alterado -0,3 -0,3
-0,3 -0,3 0,6 0,4
0,5
-
0,1
0
0,2
0,1 -
0,1
0,1
Co
r
Não tratado 250
250
250
250 70
100
85
-
40
50
45
250
-
250
158
Tratado 250
250
90
197 30
40
35
40
5
5
17
250
250
250
125
Removido 0 0
64 21 57 60
59
-
88
90
63
0 -
0
36
turbidez
Não tratado 9,4
10,4
9,8
9,9 11,2
12,3
11,8
-
72,8
70,4
71,6
79,7
-
79,7
43,2
Tratado 9,6
5,4
20
11,7 3,5
5,1
4,3
10,9
26,1
29,4
22,1
53,1
52,5
52,8
22,7
Removido -3 48
-104 -19 68 58
63
-
64
58
69
33 -
34
37
Fe Não tratado 1,97
1,37
1,77
1,7 0
0
0
-
0
0
0
2,67
-
2,67
1,09
Tratado 2,07
1,57
4,47
2,7 0,5
1,9
1,2
0
0
0
0
2,14
2,46
2,3
1,55
Removido -5 -15
-153 -59 - -
-
-
-
-
-
20 -
14
-22
Mn Não tratado 0,01
0,01
0,01
0,01 0,08
0,12
0,1
-
0,14
0,12
0,13
0,21
-
0,21
0,11
Tratado 0,1
0,52
2,13
0,92 0,35
4,11
2,23
5,22
0,25
0,14
1,87
0,22
0,37
0,3
1,33
Removido - -
- - -338 -3325
-2130
-
-79
-17
-1338
-5 -
-40
-1170
Cu Não tratado 0
0,15
0
0,05 0,59
-
0,59
- - - - - - -
0,32
Tratado 0,08
0,08
0,09
0,08 0
0,13
0,07
- - - - - - - 0,07
Removido - 47
- -67 100 -
89
- - - - - - -
117
Zn Não tratado 0
0
0,02
0,01 0,21
-
0,21
- - - - - - -
0,11
Tratado 0
0
0,04
0,01 0,22
0,37
0,3
- - - - - - -
0,15
Removido - -
-100 0 -5 -
-40
- - - - - - -
-20
1. valores em mg l
-1
para dados de não tratado e tratado e em % para removido; DAI= dia após instalação; 2. Valor absoluto.
98
As amostras de resíduos gerados, coletados no decorrer do estudo,
apresentaram valores dos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos bastantes
variáveis. Isso decorre da variação na concentração de material orgânico e mineral
nos resíduos e, principalmente, do volume de água usado no processo de lavagem
dos equipamentos. Isso interfere, inclusive, na eficácia do sistema de tratamento
uma vez que quanto menor for o fluxo de água, maior seo tempo de detenção e,
consequentemente, maior a exposição aos processos químicos, físicos e
microbiológicos.
Os resultados encontrados foram satisfatórios para remoção da carga
orgânica e mineral, mas necessitam de monitoramento em longo prazo. A eficiência
do tratamento pode atingir dias superiores as encontradas até o momento,
porque o sistema apresenta espaço para maior crescimento e desenvolvimento das
plantas. Portanto, por segurança é aconselhado descartar o resíduo tratado em uma
lagoa após tratamento por zona de raízes, até que se estabeleça uma redução
satisfatória conforme a legislação. Atualmente, o proprietário está usando uma lagoa
como destino final dos efluentes que saem dos tanques de decantação e flutuação.
A água dessa lagoa mostra sinais de eutroficação, uma vez que, o resíduo tratado
apresenta oxigenação próxima à zero e concentração de fósforo e nitrogênio
elevados.
A estrutura do sistema de tratamento e as condições da propriedade
permitem alternativas para completar o tratamento dos resíduos sem necessidade
de grandes investimentos. Uma alternativa para destino final do resíduo tratado é o
uso na lavoura que fica próximo, abaixo do sistema de tratamento, através da
fertirrigação por gravidade. Uma segunda alternativa é o uso de plantas flutuantes
na lagoa para remoção do fósforo e nitrogênio, porém, o crescimento é muito pido
e demandaria remoção cada vez que se atingisse a área total da superfície da lagoa,
permitindo um constante crescimento e uma demanda de nutrientes. Essas plantas
podem ser destinadas para compostagem e posteriormente usadas na lavoura como
fertilizante orgânico.
98
7.5.2 Resíduos líquidos da produção de vinhos e sucos
O sistema de tratamento por zona de raízes, para tratamento de resíduos
líquidos da produção de vinhos e sucos, foi eficiente na diminuição dos teores de Fe,
Zn e DQO a níveis permitidos pelo CONSEMA. Os parâmetros coliformes fecais, pH
e Mn se encontravam em níveis aceitáveis para lançamento direto ou indireto nos
corpos de água, mesmo sem tratamento (Tabelas 12, 13 e 14). Os parâmetros Cu,
DBO, nitrogênio amoniacal e fósforo, não diminuíram com o tratamento a níveis que
permitissem o lançamento nos cursos de água (Tabelas 13 e 14).
Os resíduos
in natura
gerados pela produção de vinhos e sucos apresentaram
altíssimos valores de coliformes totais, evidenciando seu alto poder de condução de
doenças microbiológicas. A ETE, após o bom estabelecimento das plantas (223 e
300 DAI) foi muito eficiente na diminuição dessa carga poluidora (85% - Tabela 12),
muito próximo à eficiência exigida pela legislação. No caso dos coliformes fecais a
eficiência foi ainda maior, chegando a alguns casos a 100% (313 DAI). Outros
pesquisadores já tinham comprovado a alta eficácia das ETE, geralmente com
médias superiores a 90% (Kaick, 2002; Maier, 2007).
O sistema de tratamento por zona de raízes diminuiu de 33 a 60% o teor de
fósforo presente no resíduo da produção vinho e suco (Tabela 14). No entanto,
ainda estando aquém do exigido pela legislação que é de 75%. As ETE, em especial
nos primeiros meses após o estabelecimento, apresentam baixa capacidade de
remoção de fosfato (Nogueira, 2003 60%; Valentin, 1999 - 48%). Em alguns casos
pode chegar a mais de 90% de remoção (Maier, 2007), mas após longo tempo de
funcionamento das estações de tratamento por zona de raízes.
O tratamento não causou muita influência nos níveis de NH
4
+
, o qual deve
ocorrer quando se alcançar o máximo crescimento e ocupação da área pelas raízes,
e, portanto, maior absorção elevando o percentual de remoção e provavelmente
reduzindo a concentração para valores menores que 20 mg l-
1
, o qual permite o
lançamento direto ou indireto no ambiente. Os resíduos da produção de vinhos e
sucos não têm teores de nitrato relevantes, e esses permanecem baixos após o
tratamento (Tabela 14). Outros parâmetros físicos e químicos como Ca, Mg, K, Na,
sólidos, por exemplo, estão no apêndice por não apresentarem limites estabelecidos
pelo CONSEMA, e portanto, não foram discutidos (APÊNDICE I).
99
O tratamento por zona de raízes reduziu o valor da DBO em até 97% aos 283
DAI, caindo para 61 aos 300 DAI e aumentando novamente a eficiência aos 313
DAI. De qualquer forma, os valores da DBO no resíduo depois do tratamento ficaram
abaixo de 180 mg l
-1
, o que permite o seu lançamento no ambiente. O tratamento
reduziu também a DQO no resíduo da produção de vinhos e sucos, e essa redução
foi maior com o passar dos dias (Tabela 14). Quanto ao valor absoluto, o resíduo
tratado apresentou valores de DQO acima de 400 mg l
-1
apenas aos 223 DAI, nos
demais DAI em que foram coletadas e analisadas amostras do resíduo, os valores
foram menores que 400 mg l
-1
, e a eficiência atingiu mais de 95%, exceto na
amostra na primeira coleta aos 133 DAI, que foi de 21%, mas permitindo o
lançamento direto nos cursos de água.
101
Tabela 12 - Valores em NMP 100ml
-1
de coliformes totais e coliformes fecais no resíduo não tratado e tratado, e valores em porcentagem da remoção pelo
tratamento na agroindústria produtora de vinhos e sucos.
DAI ----------------- 133 ----------------- ------------ 223 ----------- ------------------ 283 ----------------- --------------------- 313 ------------------ Média
Repetições I II III Média I II Média I II III Média I II III Média geral
Coliformes
totais
Não tratado
1
23054 23054 23054 23054 23054 23054 23054 23054 23054 23054 23054 23054 - - 23054 23054
Tratado 23054 23054 23054 23054 7797 488 4143 3282 1275 2159 2239 23054 23054 23054 23054 13122
Removido, % 0 0 0 0 66 98 82 86 94 91 90 0 - - 0 43
Coliformes
fecais
Não tratado 7797 12753 12753 11101 23054 7797 15426 12753 216 2305 5091 2305 - - 2305 8481
Tratado 270 127 12753 4383 3282 78 1680 327 21 27 125 13 13 0 9 1549
Removido, % 97 99 0 61 86 99 89 97 90 99 98 99 - - 100
87
1. valores em mg l
-1
para dados de não tratado e tratado e em % para removido; DAI= dia após instalação.
102
Tabela 13 - Valores dos parâmetros químicos e físicos analisados no resíduo não tratado, tratado, e valores percentuais da remoção pelo sistema de
tratamento aplicado na agroindústria produtora de vinhos e sucos.
DAI ----------------- 133 ----------------- ----------- 223 ----------- ------------------- 283 ------------------- ------------------ 313 ---------------- Média
Repetições I II III Média I II Média I II III Média I II III Média geral
CE
Não tratado
1
1705 1743 1700 1716 145 163 154 1017 1579 - 1298 1570 - - 1570 1185
Tratado 1576 1630 1636 1614 114 97 105 1693 1702 1029 1475 1532 1594 1639 1588 1196
Removido, % 8 6 4 6 21 41 32 -66 -8 - -14 2 - - -1 6
pH
Não tratado 7,25 7,04 7,16 7,15 6,96 6,78 6,87 7,68 7,57 - 7,63 7,39 - - 7,39 7,26
Tratado 7,46 6,91 7,18 7,18 7,59 7,44 7,52 8,15 8,09 7,99 8,08 7,4 7,51 7,49 7,47 7,56
Alterações
2
-0,21 0,13 -0,02 0 -0,63 -0,66 -9 -0,47 -0,52 - -6 -0,01 - - -0,08 -0,30
Cor
Não tratado 250 250 250 250 250 250 250 250 263 245 253 250 90 - 250 219
Tratado 250 250 200 233 160 200 180 210 90 100 133 250 250 250 250 165
Removido 0 0 20 7 36 20 28 16 66 59 47 0 - - 0 30
Turbidez
Não tratado 46 37 46 43 73 53 63 95 14 14 41 1999 198 126 1999 454
Tratado 33 141 29 68 34 21 28 143 38 23 68 123 115 142 127 108
Removido 27 -279 37 -58 53 60 56 -51 -174 -70 -67 94 - -57 94 -15
Fe
Não tratado 0,94 1,54 2,33 1,6 0,39 0,39 0,39 26,67 31,47 43,17 33,77 5,77 - - 5,77 10,38
Tratado 0,99 1,59 0,39 0,99 3,3 1,34 2,32 1,37 1,57 1,07 1,34 2,14 2,46 3,63 2,74 1,85
Removido -5 -3 83 38 -746 -244 -495 95 95 98 96 63 - - 52 -77
Mn
Não tratado 0,11 0,17 0,15 0,14 0,21 0,25 0,23 0,69 0,38 0,93 0,67 0,54 0,51 0,74 0,54 0,44
Tratado 0,54 1,55 0,69 0,93 0,29 0,16 0,23 0,38 0,72 0,65 0,58 0,36 0,82 2,81 1,33 0,77
Removido -391 -812 -360 -547 -38 36 2 45 -89 30 13 33 -125 -1239 -146 -169
Cu
Não tratado 0,001 0,03 0,03 0,02 - - - 0,5 0,64 0,67 0,603 0,23 - - 0,23 0,285
Tratado 0,03 0 0 0,01 - - - 0,06 0,07 0,07 0,067 2,52 2,95 0 1,823 0,633
Removido 0 100 100 51 - - - 88 89 90 89 -996 - - -693 -184
Zn
Não tratado 0,04 0,1 0,2 0,113 - - - 2,27 2,65 3,86 2,927 1,22 - - 1,22 1,42
Tratado 0 0,02 0,02 0,013 - - - 0 0,04 0,06 0,033 0,9 0,51 0,16 0,523 0,19
Removido 100 80 90 88 - - - 100 98 98 99 26 - - 57 81
1. valores em mg l
-1
para dados de não tratado e tratado e em % para removido; DAI= dia após instalação; 2. Valor absoluto.
102
Tabela 14 - Valores dos parâmetros químicos e indicador de matéria orgânica analisados no resíduo não tratado, tratado, e valores percentuais da remoção
pelo sistema de tratamento aplicado na agroindústria produtora de vinhos e sucos.
DAI
-------------- 133 ----------- -------- 223 -------- --------------- 283 -------------- ----------------- 300 ---------------- -------------- 313 --------------
Média
Repetições I II III
Méd
I II
Méd
I II III
Méd
I II III
Méd
I II III
Méd
Geral
NH
4
Não tratado1 63 62 63
63
59 58
58
57 12 12
27
68 76 -
72
49 - -
49
54
Tratado 56 45 48
50
40 37
38
47 12 12
23
75 53 58
62
43 44 37
41
43
Removido 11 28 23 21 33 36 34 18 0 0 13 -10 30 - 14 12 - - 15
20
NO
3
Não tratado 0,19 0,64 0,15
0,33
0,53 0,53
0,53
0,53 0,67 0
0,4
0,5 0 -
0,25
0,37 - -
0,37
0,38
Tratado 0,39 0,35 0,43
0,39
0,53 0,53
0,53
0,53 0,5 0
0,34
0 0,83 0,17
0,33
- - -
-
0,4
Removido -105 45 -187 -19 0 0 0 0 25 - 14 100 - - -33 - - - -
-10
Ps
Não tratado 3,7 4,03 -
3,87
1,09 2,09
1,59
- - -
-
- - -
-
0,68 0,81 -
0,75
2,07
Tratado 2,31 2,68 -
2,50
2,14 2,70
2,42
- - -
-
- - -
-
0,66 0,73 0,61
0,67
1,86
Removido 38 33 - 35 -96 -29 -52 - - - - - - - - 3 10 - 11
-2
Pt
Não tratado 9 7 -
8
6 7
6
- - -
-
- - -
-
26 23 -
24
13
Tratado 4 4 -
4
4 4
4
- - -
-
- - -
-
19 10 2
10
6
Removido 60 46 - 54 31 36 33 - - - - - - - - 27 59 - 60
49
DBO
Não tratado - - -
-
- -
-
3806 - 3916
3861
563 182 -
373
2040 - -
2040
2091
Tratado - - -
-
46 46
46
183 173 162
173
220 60 160
147
140 90 76
102
117
Removido - - - - - - - 95 - 96 96 61 67 - 61 31 - -
95
84
DQO
Não tratado 183 196 44
141
2902 3102
3002
8209 5209 4609
6009
9838 10370 -
10104
7394 - -
7394
5330
Tratado 126 101 107
112
755 431
593
212 165 206
194
322 148 265
245
485 195 237
305
290
Removido 31 48 -143 21 74 86 80 97 97 96 97 97 99 - 98 93 - - 96
78
1. valores em mg l
-1
para dados de não tratado e tratado e em % para removido; DAI= dia após instalação.
104
7.5.3 Resíduos líquidos de produção de queijos
O pré-tratamento com uso de maravalha como filtro físico foi eficiente na
retenção de gorduras e conseqüentemente em inúmeros contaminantes. Esta
retenção pode ser verificada pela análise química da maravalha, a qual após o
primeiro tanque de retenção apresentou alta concentração de nutrientes, enquanto o
segundo tanque essa concentração diminuiu, mas ainda apresentou valores maiores
que na maravalha original (antes do contato com o resíduo) (Tabela 15).
Os teores percentuais dos elementos na constituição do filtro usado na
retenção da gordura para tratamento de soro de queijo, aumentaram de 0,4 para
8%; zero para 2,7%; de 0,09 para 4% e de 0,02% para 4% os teores de K, Na, Ca e
P, respectivamente, após reter durante três semanas gorduras contida em
aproximadamente 20000 litros de resíduo líquido da produção de queijo (Tabela 15).
Os teores dos elementos químicos retidos nos dois tanques com maravalha
somam aproximadamente 88 g de K, 32 g de Na, 4 g de Ca, menos de 0,5 g de Mg
e Fe, e 6 g de P. O volume de resíduo que passou pelos tanques de retenção
durante os 21 dias é equivalente ao total de dois dias de resíduo líquido lançado
pela agroindústria, considerando uma média aproximada de 10000 litros diários.
Tabela 15 - Composição nutricional da maravalha usada no filtro de pré-tratamento dos resíduos
derivados da produção de queijo na agroindústria Parlacto.
---------------------------- mg kg
-
1
de resíduo seco --------------------------------
Parâmetros Maravalha original 1º filtro 2º filtro
C 4818 5280
4432
N 32 251
144
C/N 151 21
31
K 4268
79535
8536
Na 0
27333
4645
Ca 972
3879
2418
Mg 140
306
246
Fe 78
93
161
P 205
4087
1431
Maravalha original = material para uso na retenção de gorduras e sólidos do resíduo da produção de
queijo; filtro = maravalha mais gordura e sólidos retidos de 18 a 25 m
3
de resíduo líquido; 2º filtro =
maravalha mais gordura e sólidos retidos de 18 a 25 m
3
após 1º filtro.
104
O tratamento total reduziu 38% dos coliformes totais e 83% dos coliformes
fecais, sendo desses respectivamente, 14 e 69% removido devido ao tanque de
retenção de gordura pelo filtro de maravalha e o restante pelo tanque de tratamento
por zona de raízes (Tabela 16). A maior remoção dos coliformes fecais (
Escherichia
coli
) pode ser atribuída ao favorecimento de outros micro-organismos em detrimento
deste ou pela fixação desses na maravalha. Considerando que a principal função do
tanque de filtração é remover gordura, esse resultado está satisfatório, pois removeu
mais da metade dos coliformes fecais. Porém, na troca da maravalha saturada por
outra, deve-se tomar alguns cuidados, pois é um material contaminado e antes de
ser usado como fertilizante, por exemplo, deve ser estabilizado em processo de
compostagem para eliminar os patógenos e solubilizar os nutrientes. Além do mais,
a compostagem do material após os tanques de filtragem pode ser uma alternativa
muito interessante, uma vez que a relação C/N está muito próxima do ideal e que o
material é rico em nutrientes, especialmente em fósforo que auxilia na atividade
microbiana.
Cordi (2007) preocupado com a remoção dos sólidos buscou favorecer a
floculação através de agentes químicos, o que de fato proporcionou uma maior
floculação a partir do sulfato de alumínio, porém, esse mesmo autor cogitou a
possibilidade dessa alternativa suprimir os organismos do sistema de lodos ativados,
o que não é desejado, uma vez que esses são de extrema importância para a
degradação do material orgânico.
106
Tabela 16 - Valores em NMP 100ml
-1
de coliformes totais e coliformes fecais do resíduo não tratado, pré-tratado e tratado, e valores em porcentagem da
remoção pelo pré-tratamento com maravalha e pelo tratamento pela zona de raízes, na agroindústria Parlacto produtora de queijo.
DAI --------------------- 120 -------------------
----------------- 370 ---------------- ---------------------- 400 -------------------
Média
geral
Repetições I
II
III
Média
I
II
III
Média I
II
III
Média
Coliformes
totais
Não tratado 23054
23054
23054
23054
0
0
-
0 23054
-
-
23054
15369
Pré-Tratado 23054
3282
23054
16463
230
33
-
132 23054
-
-
23054
13216
Tratado 1383
2716
12753
5617
0
2
0
1 23054
23054
23054
23054
9557
Removido*
0
86
0 29
-
- -
- 0
-
-
0
14
94
17
45 66
-
- -
- 0
-
-
0
28
Coliformes
fecais
Não tratado 230
1690
780
900
0
0
-
0 0
-
-
0
300
Pré-Tratado 488
327
27
281
0
0
-
0 0
-
-
0
94
Tratado 0
216
12
76
0
0
0
0 0
27
216
81
52
Removido
-112
81
97 69
-
- -
- -
-
-
-
69
100
34
56 73
-
- -
- -
-
-
-
45
* Os valores da linha 1º se referem à porcentagem removida pela retenção nas maravalhas, enquanto a linha 2º refere-se à remoção no tratamento por zona
de raízes.
107
O pré-tratamento e o tratamento por zona de raízes não reduziram a
concentração de nitrogênio amoniacal no resíduo, pelo contrário, aumentou. A alta
concentração de nitrogênio amoniacal no final do tratamento (aos 120 DAI) atingindo
concentração próximo a 100 mg l
-1
, sendo mais de quatro vezes a concentração do
resíduo não tratado, se deve a presença de proteínas no resíduo, as quais são
facilmente mineralizadas. Além do mais, verifica-se a ocorrência da metanogênese
1
,
a qual libera dióxido de carbono (CO
2
) e compostos orgânicos simples como metano
(CH
4
), sulfeto de hidrogênio (H
2
S) e amônia (NH
3
) (MATTOS, 2005). Nessas
condições não há presença do nitrato (Tabela 17).
O pré-tratamento concentrou os teores de fósforo total do resíduo, o qual
passou de uma concentração de 25 mg l
-1
para 38 mg l
-1
, representando aumento de
51% (Tabela 17). O tanque de tratamento por zona de raízes reduziu 13% da
concentração, mas mesmo assim a concentração do resíduo tratado ficou maior que
do resíduo não tratado ao final do tratamento. Esse resultado demonstra a alta
concentração desse elemento na gordura, a qual é retida na maravalha e
posteriormente mineralizada. A maior concentração depois do pré-tratamento indica
saturação do filtro, o qual perde capacidade de reter, além de liberar o que estava
retido anteriormente.
A remoção da DBO e da DQO pelo tratamento em geral foi em torno de 50%
e 67%, respectivamente, com uma eficiência similar de redução para DBO em
ambos os tanques de tratamento, e para DQO a maior eficiência ocorreu no tanque
de pré-tratamento (Tabela 17). A redução da DQO pode ser atribuída a
metanogênese ocorrida principalmente no pré-tratamento. Segundo Silva (1977,
apud LACERDA, 1990) o baixo pH, devido a produção de ácidos voláteis, é
indicativo de instabilidade do processo e pode inibir a metanogênese. o pH na
faixa adequada pode melhorar o processo e aumentar a eficiência do tratamento.
O aumento da CE após tratamento (Tabela 18) pode ser considerado normal
mesmo havendo redução nos teores totais dos sais do resíduo, porque o resíduo
antes do tratamento pode se encontrar principalmente na forma orgânica e depois
do tratamento, na forma mineral, o que é desejável. Na forma mineral é possível a
absorção pelas raízes das plantas e em alguns casos, como o do nitrogênio
1
Metonogênese = etapa final no processo global de degradação
anaeróbica
de compostos orgânicos
em
metano
e
dióxido de carbono
que é efetuada pelas
Archaebacterias
metanogênicas
durante a decomposição anaeróbica
107
amoniacal, a partir de condições favoráveis, haver volatilização. Nesse caso, devido
o sistema permanecer sem plantas, a maioria dos nutrientes mineralizados tiveram
sua concentração aumentada após o tratamento, pois não houve absorção por
plantas. Além do mais, o pH abaixo de 5,5 não permitiu a volatilização da amônia.
Esse comportamento pode ser contornado com adição de bases ou com a própria
oxigenação, a qual foi deficiente durante o período devido a ausência de plantas no
sistema.
A remoção da cor e da turbidez foi alcançada aos 370 DAI, aos 400 DAI a
cor aumentou e a turbidez reduziu ainda mais (Tabela 18). Cabe relatar que, mesmo
em menor intensidade, a cor permanece esbranquiçada após tratamento, e que na
última coleta apresentou cor violácea, provavelmente devido a decomposição de
algum componente da maravalha. A eficiência do pré-tratamento aumentou
gradativamente na remoção da turbidez, partindo de zero e alcançando 96% aos
400 DAI. o tanque de tratamento por zona de raízes não foi eficiente na remoção
da turbidez, fechando a média final com valores superiores ao da saída do pré-
tratamento (Tabela 18).
Os teores de Fe e Mn são baixos em resíduos de laticínios. Os valores dos
resíduos antes do tanque para tratamento por zona de raízes não tiveram valores
expressivos, porém, após o tanque os valores de Fe e Mn passaram de cinco para
37 mg l
-1
e de menos de um para 10 mg l
-1
, respectivamente (Tabela 18). Esses
valores podem ser atribuídos a liberação pelas britas devido ao baixo pH do meio.
Os resíduos da produção de queijo apresentam teores de Cu e Zn abaixo de
0,5 e 2 mg l
-1
, o que permite o lançamento direto nos cursos de água. O sistema de
tratamento como um todo não reduz os teores de Na e K, reduz menos que 50% dos
teores de Ca e Mg e mais de 50% dos teores de ST, COs e COt (Tabela 19). Esses
resultados confirmam a função do tratamento na redução da carga orgânica
principalmente, dependendo dos fatores de absorção, adsorção, precipitação ou
volatilização para reduzir a carga mineral.
109
Tabela 17 - Valores dos parâmetros químicos e indicadores de matéria orgânica analisados no resíduo não tratado, pré-tratado e tratado, e valores em
porcentagem da remoção pelo pré-tratamento com maravalha e pelo tratamento pela zona de raízes, na agroindústria Parlacto produtora de
queijo.
DAI
---------------------- 120 --------------------
------------------- 370 -------------------
--------------------- 400 ------------------
Média
Repetições I
II
III
Média
I
II
III
Média
I
II
III
Média
Geral
NH
4
Não tratado 20
24
25
23
3
3
-
3
8
-
-
8
11
Pré-Tratado 38
37
36
37
3
8
-
6
6
-
-
6
16
Tratado 99
96
98
98
28
32
27
29
21
15
30
22
49
Removido
-87 -57 -43 -61
-5 -188 - -89
31 - - 31
-39
-158 -160 -175 -164
-730 -313 - -421
-286 - - -298
-209
NO
3
Não tratado 0
0
0,15
0,05
0
0
-
0
0
-
-
0
0
Pré-Tratado 0
0
0
0
0
0
-
0
0
-
-
0
0
Tratado 0
0
0
0
0
0,83
0
0,28
0
0
9,7
3,23
1
Removido
- - 100 100
- - - -
- - - -
100
- - 100 100
- - - -
- - - -
100
Ps
Não tratado 3
2
-
3
- - - -
18
21
-
20
11
Pré-Tratado 5
6
-
6
- - - -
33
31
-
32
19
Tratado 3
4
-
4
- - - -
32
26
29
29
17
Removido
-66 -188 - -118
- - - -
-82 -48 - -64
-91
29 28 - 29
- - - -
3 16 - 9
12
Pt
Não tratado 21
24
-
22
- - - -
26
30
-
28
25
Pré-Tratado 32
36
-
34
- - - -
41
42
-
42
38
Tratado 30
26
-
28
- - - -
39
36
41
39
33
Removido
-58 -49 - -53
- - - -
-58 -42 - -50
-51
8 29 - 19
- - - -
7 16 - 8
13
DBO
Não tratado -
10000
10000
10000
2210
3180
-
2695
5076
-
-
5076
5924
Pré-Tratado 9080
9460
9510
9350
-
-
-
-
557
-
-
557
4953
Tratado 8540
0
7460
5333
-
-
-
-
562
562
559
561
2947
Removido
- 5 5 7
- - - -
89 - - 89
48
- 100 22 43
- - - -
-1 - - -1
41
109
Tabela 17 - Valores dos parâmetros químicos e indicadores de matéria orgânica analisados no resíduo não tratado, pré-tratado e tratado, e valores em
porcentagem da remoção pelo pré-tratamento com maravalha e pelo tratamento pela zona de raízes, na agroindústria Parlacto produtora de
queijo.
DAI
--------------------- 120 --------------------
-------------------- 370 ------------------
--------------------- 400 ------------------
Média
Repetições I
II
III
Média
I
II
III
Média
I
II
III
Média
Geral
DQO
Não tratado 8811
-
8811
8811
5631
7210
-
6421
9400
-
-
9400
8211
Pré-Tratado 4737
4358
6253
5116
2871
3452
-
3161
2860
-
-
2860
3712
Tratado 2337
2526
1768
2210
2871
3951
3052
3291
4000
1280
2640
2714
Removido
46 - 29 42
49 52 - 51
70 - - 70
54
51 - 72 57
0 -14 - -4
100 - - 8
27
Tabela 18 - Valores dos parâmetros químicos e físicos analisados no resíduo não tratado, pré-tratado e tratado, e valores em porcentagem da remoção pelo
pré-tratamento com maravalha e pelo tratamento pela zona de raízes, na agroindústria Parlacto produtora de queijo.
DAI --------------------- 120 -------------------
------------------- 370 -------------------
-------------------- 400 ------------------
Média
Repetições I
II
III
Média
I
II
III
Média
I
II
III
Média
Geral
CE
Não tratado 23054
23054
23054
23054
159,4
232
-
196
2200
-
-
2200
8483
Pré-Tratado 23054
3282
23054
16463
550
554
-
552
1387
-
-
1387
6134
Tratado 1383
2716
12753
5617
4990
544
514
2016
2050
2110
2330
2163
3266
Removido
0
86
0
29
-245
-139
- -182
37
-
-
37
-39
94
17
45
66
-807
2
- -265
-48
-
-
-56
47
pH
Não tratado
3,2
3,2
3,2
3,2
4,9
4,9
-
4,9
5,2
-
-
5,2
4,4
Pré-Tratado
3,9
3,9
3,9
3,9
4,8
4,8
-
4,8
4,5
-
-
4,5
4,4
Tratado
4,7
4,4
4,5
4,5
5,0
5,0
4,9
5,0
5,1
5,2
5,2
5,2
4,9
Removido
0,7
0,7
0,7
0,7
-0,1
-0,1
- -0,1
-0,7
-
-
-0,7
0,0
0,8
0,6
0,6
0,6
0,1
0,2
- 0,2
0,6
-
-
0,7
0,5
Cor
Não tratado 250
250
250
250
35
175
-
105
250
-
-
250
202
Pré-Tratado 250
250
250
250
70
100
-
85
250
-
-
250
195
Tratado 250
250
250
250
0
0
70
23
250
250
250
250
174
Removido
0
0
0
0
-100
43
- 19
0
-
-
0
6
0
0
0
0
100
100
- 73
0
-
-
0
11
110
Tabela 18 - Valores dos parâmetros químicos e físicos analisados no resíduo não tratado, pré-tratado e tratado, e valores em porcentagem da remoção pelo
pré-tratamento com maravalha e pelo tratamento pela zona de raízes, na agroindústria Parlacto produtora de queijo.
DAI ------------------ 120 -------------------
-------------------- 370 -------------------
--------------------- 400 ------------------
Média
Repetições I
II
III
Média
I
II
III
Média
I
II
III
Média Geral
Turbidez
Não tratado 1000
1000
1000
1000
41,5
105
-
73
1999
-
-
1999
1024
Pré-Tratado 1000
1000
1000
1000
33,6
35,2
-
34
76,5
-
-
77
370
Tratado 1000
1000
1000
1000
12,1
12
14,1
13
219
68,5
325
204
406
Removido
0
0
0
0
19
66
- 53
96
-
-
96
50
0
0
0
0
64
66
- 62
-186
-
-
-165
-10
Fe
Não tratado 5,15
4,69
5,34
5,06
4,7
4,53
-
4,62
4,27
-
-
4,27
4,65
Pré-Tratado 5,71
5,76
5,71
5,73
0,45
0,39
-
0,42
5,24
-
-
5,24
3,8
Tratado 53,68
36,6
36,07
42,12
36,63
35,51
-
36,07
37,82
13,14
44,66
31,87
36,69
Removido
-11
-23
-7
-13
90
91
- 91
-23
-
-
-23
18
-840
-535
-532
-635
-8040
-9005
- -8488
-622
-
-
-508
-866
Mn
Não tratado 0,28
0,3
0,26
0,28
0,37
0,56
-
0,47
0,23
-
-
0,23
0,33
Pré-Tratado 1,31
1,29
1,38
1,33
0,95
1,01
-
0,98
0,18
-
-
0,18
0,83
Tratado 13,26
5,99
7,13
8,79
7,01
16,69
8,45
10,72
12,39
8,39
11,43
10,74
10,08
Removido
-368
-330
-431
-374
-157
-80
- -111
22
-
-
22
-154
-912
-364
-417
-561
-638
-1552
- -994
-6783
-
-
-5867 -1114
Cu
Não tratado 0,11
0,03
0,06
0,07
-
-
-
-
0,16
-
-
0,16
0,11
Pré-Tratado 0,08
0,06
0,06
0,07
-
-
-
-
0
-
-
0
0,03
Tratado 0,08
0,03
0
0,04
-
-
-
-
0
0,16
0,36
0,17
0,11
Removido
27
-100
0
0
-
-
- -
100
-
-
100
50
0
50
100
43
-
-
- -
100
-
-
-8
-267
Zn
Não tratado 0,23
0,16
0,15
0,18
-
-
-
-
0,53
-
-
0,53
0,36
Pré-Tratado 0,16
0,17
0,2
0,18
-
-
-
-
0,71
-
-
0,71
0,44
Tratado 0,32
0,21
0,25
0,26
-
-
-
-
0,31
0,27
0,26
0,28
0,27
Removido
30
-6
-33
2
-
-
- -
-34
-
-
-34
-16
-100
-24
-25
-44
-
-
- -
56
-
-
61
39
* Os valores da linha 1º se referem à porcentagem removida pela retenção nas maravalhas, enquanto a linha 2º refere-se à remoção no tratamento por zona
de raízes.
111
Tabela 19 - Valores dos parâmetros químicos e físicos complementares analisados no resíduo o tratado, tratado, e valores percentuais da remoção pelo
sistema de tratamento aplicado na agroindústria produtora de queijos.
DAI --------------------- 120 -------------------
-------------------- 370 --------------------
------------------- 400 -----------------
Média
Repetições I
II III
Média I
II
III
Média
I
II
III
Média
Geral
Na
Não tratado 866
866 835
855 113
113
-
113
485
-
-
485
485
Pré-Tratado 790
797 767
785 370
392
-
381
279
-
-
279
482
Tratado 1100
881 911
964 284
295
333
304
680
303
728
570
613
Removido
9 8 8 8 -229
-248 -
-238
43
-
-
43
-62
-39 -10 -19 -23 23
25 -
20
-143
-
-
-104
-27
K
Não tratado 759
766 731
752 161
167
-
164
40
-
-
40
319
Pré-Tratado 263
270 255
263 334
352
-
343
106
-
-
106
237
Tratado 291
206 213
237 317
323
340
327
424
1675
424
841
468
Removido
65 65 65 65 -107
-110 -
-109
-162
-
-
-162
-69
-11 24 17 10 5
8 -
5
-300
-
-
-694
-97
Ca
Não tratado 410
407 392
403 -
-
-
-
125
-
-
125
264
Pré-Tratado 248
255 278
260 -
-
-
-
-
-
-
-
260
Tratado 388
273 283
315 -
-
-
-
-
129
129
222
Removido
39 37 29 35 -
- -
-
-
-
-
-
35
-56 -7 -2 -21 -
- -
-
-
-
-
-3
15
Mg
Não tratado 44
43 41
43 -
-
-
-
19
-
-
19
31
Pré-Tratado 20
22 26
22 -
-
-
-
23
-
-
23
23
Tratado 59
30 30
39 -
-
-
-
23
23
24
23
31
Removido
56 49 37 47 -
- -
-
-22
-
-
-22
13
-199 -38 -16 -77 -
- -
-
0
-
-
-1
-38
Dureza
Não tratado 1204
1193
1148
1182
- -
-
- 390 -
-
390
786
Pré-Tratado 701
727
799
742
- -
-
- 94 -
-
94
418
Tratado 1212
805
828
948
- -
-
- 94 414
99
202
575
Removido
42 39
30
37
- - - - 76 -
-
76
56
-73 -11
-4
-28
- - - - 0 -
-
-115
-38
112
Tabela 19 - Valores dos parâmetros químicos e físicos complementares analisados no resíduo o tratado, tratado, e valores percentuais da remoção pelo
sistema de tratamento aplicado na agroindústria produtora de queijos.
DAI ----------------------- 120 ------------------ --------------------- 370 -------------------
------------------- 400 -----------------
Média
Repetições I
II
III
Média I II
III
Média I
II
III
Média
geral
Alcalinidade
Não tratado 0
0
-
0 - -
-
- 0
-
-
0
0
Pré-Tratado 0
0
-
0 - -
-
- 0
-
-
0
0
Tratado 0
13
0
4 - -
-
- 9
114
153
92
48
Removido
- -
-
- - -
- - - -
-
-
-
- -
-
- - -
- - - -
-
-
-
ST
Não tratado 16029
17700
17257
16995 300 6660
-
3480 11380
-
-
11380
10618
Pré-Tratado 5171
4729
5057
4986 1840 1000
-
1420 2000
-
-
2000
2802
Tratado 5757
4457
4800
5005 1440 1620
1200
1420 2580
2480
2600
2553
2993
Removido
68 73
71
71 -513 85
- 59 82 -
-
82
71
-11 6
5
0 22 -62
- 0 -29 -
-
-28
-7
SDT
Não tratado 12657
9543
13429
11876 680 620
-
650 11620
-
-
11620
8049
Pré-Tratado 8529
2686
3643
4953 2080 2080
-
2080 1900
-
-
1900
2978
Tratado 4757
3043
3086
3629 1500 1900
1540
1647 2340
2600
2540
2493
2590
Removido
33 72
73
58 -206 -235
- -220 84 -
-
84
-26
44 -13
15
27 28 9
- 21 -23 -
-
-31
13
COs
Não tratado 3968
2013
2837
2939
-
-
-
-
-
-
-
-
2939
Pré-Tratado 354
524
462
447
-
-
-
-
-
-
-
-
447
Tratado 628
132
624
461
-
-
-
-
-
-
-
-
461
Removido
91 74 84 85
-
- -
- -
-
- -
85
-77 75 -35 -3
-
- -
- -
-
- -
-3
COt
Não tratado 24675
0
1085
8587
1104
-
-
1104 -
-
-
-
4845
Pré-Tratado 136
126
201
154
120
-
-
120 -
-
-
-
137
Tratado 34
107
88
76
139
149
168
152 -
-
-
-
114
Removido
99 - 81 98
89
- -
89 -
-
- -
94
75 - 56 51
-15
- -
-26 -
-
- -
17
114
A redução da DBO e DQO comprova a eficiência de reduzir a carga orgânica
através da decomposição pelos micro-organismos (MATTOS, 2005), que
possivelmente se instalaram como biofilmes nas superfícies das britas e devido a
falta de oxigênio fermentaram o substrato para produção de energia, nutrientes e
carbono. A melhora na eficiência depende do desenvolvimento das plantas, para
absorção dos nutrientes e fornecimento de oxigênio pelas raízes, e de uma correção
no pH por meio de agentes químicos, quando necessário.
A temperatura dos resíduos da produção de queijos geralmente é alta, e
mantém a gordura solubilizada. O volume lançado diariamente pela agroindústria
Parlacto está acima da capacidade de resfriamento das caixas de flutuação e
deposição. Isso pode ser percebido no tratamento usado com maravalha que
permitiu uma capacidade 10 vezes maior, suficiente para resfriar e provocar a
solidificação e retenção da gordura. Essa etapa foi fundamental na redução de
alguns contaminantes, antes mesmo do tratamento por zona de raízes. Além do
mais, evita a entrada de gordura nas tubulações, a qual pode provocar
entupimentos.
O uso de maravalha foi eficiente para o volume tratado (1000 litros diários).
Porém, para agroindústrias com volume elevado de resíduo, como no caso da
Parlacto, pode tornar-se inviável operacionalmente, se a região não oferecer
maravalha ou produto similar, além disso, exige acompanhamento contínuo para
evitar saturação e queda na retenção dos sólidos (gorduras) na filtragem física.
O tratamento terciário (por zona de raízes), o qual remove parte significativa
do material orgânico e mineral não removido no tratamento primário e secundário,
também pode ser comprometido por conta do volume elevado. Desse modo, o uso
das lagoas de estabilização pode ser viável para situações de grandes volumes,
porém, segundo Mattos (2005), uma das desvantagens desse sistema é a formação
de gases fétidos, além da grande área exigida para construção das lagoas.
O sistema atualmente usado na agroindústria Parlacto é composto por: caixa
de flutuação e deposição seguida de duas lagoas de estabilização sendo que a
segunda lagoa apresenta elevado crescimento de algas, as quais oxigenam a lagoa
e provocam variações nos teores de oxigênio dissolvido que pode ser: zero durante
a noite e mais de 10 mg l
-1
durante as horas ensolaradas. Segundo informações
dadas pelo proprietário, as análises feitas pela FEPAM no efluente final da segunda
lagoa apresentam valores com condições de lançamento, segundo as normas do
114
CONSEMA. Porém, não existe ninguém na cidade que já não tenha deparado com o
cheiro extremamente forte e desagradável vindo das lagoas, e isso é motivo para
rever o sistema e adaptar algumas técnicas para melhorar o tratamento.
Apesar da decomposição anaeróbia ter sido o processo mais indicado para
tratamento de águas residuárias de elevada carga orgânica, a decomposição
aeróbia é um processo essencialmente inodoro, que possibilita maior destruição de
organismos patogênicos, proporcionando grande redução nas características
poluidoras das águas residuárias (MATTOS, 2005). Sendo assim, fica evidente que
o problema no tratamento de soro de queijo está no tratamento primário (caixa de
flutuação e deposição), responsável pela redução dos sólidos, principalmente
matéria orgânica.
7.6 Conclusões
1. Os sistemas de tratamento por zona de raízes foram satisfatórios na remoção
da carga orgânica, embora em algumas situações não atingissem os padrões
exigidos pela legislação.
2. A remoção da parte sólida com pré-tratamento foi fundamental à eficiência do
tratamento por zona de raízes.
3. O pré-tratamento usado para remoção da gordura foi eficiente para remoção
da carga poluidora do resíduo quido gerado na agroindústria produtora de
queijos e deve ser considerado obrigatório, assim como a correção do pH.
4. O funcionamento dos sistemas de tratamento depende fundamentalmente, do
interesse do produtor em fazer a manutenção além de observar ajustes a
serem feitos para que não ultrapasse o fluxo normal de drenagem com
extravasamento de líquidos no sistema ou que reduzam a eficiência.
115
8. Considerações finais
Apesar dos grandes avanços no conhecimento tecnológico e dos impactos
negativos das diferentes atividades antrópicas, em pleno século XXI, percebe-se
uma insensibilidade do homem quanto a preservação dos recursos naturais. É difícil
existir um empreendimento qualquer, seja agrícola, industrial ou doméstico, que
busca por conta própria uma alternativa que evite a degradação ambiental.
Mesmo diante de leis gidas, de normas reguladoras e de alternativas
comprovadas cientificamente, existe um descaso no cumprimento delas. O lucro por
não investir em técnicas de tratamento ou do uso limitado de compostos tóxicos, por
exemplo, compensa uma eventual multa, a qual, por falta de condições técnicas,
poucas vezes ocorre.
À medida que acontecem desastres ou a mesmo pequenos efeitos dos
eventos naturais desequilibrados, buscam-se alternativas que minimizem os
impactos adversos da natureza, como exemplo: perfuram-se poços para explorar
águas do subsolo, ao invés de proteger as nascentes e mananciais superficiais;
melhoram-se as técnicas de irrigação, ao invés de melhorar a estrutura do solo para
armazenar mais e perder menos água e muitos outros exemplos que mostram o
empenho maior na remediação, do que na prevenção.
Esse trabalho mostra claramente a dualidade na questão ambiental: De um
lado o agricultor, que resiste ao investimento em tratamento ou reuso dos resíduos,
enquanto do outro lado está a fiscalização, que condena aqueles que o seguem
os padrões legais. Não nenhum resíduo das agroindústrias de pequeno porte
estudadas, que não possa ser reaproveitado na própria propriedade, exceto a
fumaça que está numa forma imprópria de utilização. Portanto, o problema não é o
resíduo, mas sim a falta de administrar o destino adequado o torna um problema.
A presença das agroindústrias familiares de pequeno porte não é motivo de
contaminação ambiental. O descaso, a ganância, a falta de planejamento e a
desorientação para reaproveitar os resíduos são os principais motivos que podem
levar a contaminação ambiental. No que se refere as fontes difusas de
contaminação, pode-se dizer que, respeitar os limites mínimos de proteção dos
recursos hídricos é o primeiro passo. para fontes pontuais de contaminação,
116
deve-se conhecer quali-quantitativamente o resíduo para transformar em um produto
re-aproveitável ou então, eliminar a possibilidade de contaminação ambiental,
através de tratamento para reutilização como fertilizante ou apenas minimizando o
potencial poluidor.
Portanto, não existe técnica ou conhecimento, por mais bem elaborado e
eficiente, que funcione adequadamente quando o ser humano não está consciente
do por que usá-lo.
117
9. Referências bibliográficas
ANJOS, J.A.S.A. dos.
Avaliação de uma zona alagadiça (wetland) no controle da
poluição de metais pesados: o caso da Plumbum em Santo Amaro da
Purificação.
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127
APÊNDICES
128
APÊNDICE A – Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de significância do teste T de
reamostragem Bootstrap para avaliação da qualidade da água no córrego vinhos
nos pontos: nascente, antes e depois do lançamento de resíduos pela agroindústria
Simonetti.
Comparações
1
média ± desvio padrão
p – valor
*
CE
Nascente x antes 138 ± 18
X 73 ± 23 0,0080
Nascente x depois 138 ± 18
X 107 ± 17 0,0344
antes x depois 73 ± 23
X 107 ± 17 0,0470
pH
Nascente x antes 7,39 ± 0,18
X 7,38 ± 0,27 0,0799
Nascente x depois 7,39 ± 0,18
X 7,22 ± 0,17 0,1820
antes x depois 7,38 ± 0,27
X 7,22 ± 0,17 0,2636
turbidez
Nascente x antes 0,93 ± 0,87
X 6,45 ± 2,35 0,0116
Nascente x depois 0,93 ± 0,87
X 2,37 ± 1,82 0,1696
antes x depois 6,45 ± 2,35
X 2,37 ± 1,82 0,0408
cor
Nascente x antes 1 ± 2
X 35 ± 6 0,0072
Nascente x depois 1 ± 2
X 27 ± 17 0,0038
antes x depois 35 ± 6
X 27 ± 17 0,4076
NH
4
Nascente x antes 0,27 ± 0,18
X 0,25 ± 0,36 0,1100
Nascente x depois 0,27 ± 0,18
X 0,30 ± 0,40 0,1394
antes x depois 0,25 ± 0,36
X 0,30 ± 0,40 0,1610
NO
3
Nascente x antes 0,28 ± 0,27
X 0,04 ± 0,09 0,1312
Nascente x depois 0,28 ± 0,27
X 0,04 ± 0,09 0,1106
antes x depois 0,04 ± 0,09
X 0,04 ± 0,09 <0,0001
Na
Nascente x antes 7,57 ± 2,97
X 6,10 ± 2,12 0,3682
Nascente x depois 7,57 ± 2,97
X 6,39 ± 1,87 0,4816
antes x depois 6,10 ± 2,12
X 6,39 ± 1,87 0,1910
Coliformes totais
Nascente x antes 1152 ± 1330
X 135 ± 155 0,2132
Nascente x depois 1152 ± 1330
X 1641 ± 1894 0,2980
antes x depois 135 ± 155
X 1641 ± 1894 0,1866
Coliformes fecais
Nascente x antes 0,95 ± 1,10
X 0,00 ± 0,00 0,1784
Nascente x depois 0,95 ± 1,10
X 1,93 ± 3,85 0,4556
antes x depois 0,00 ± 0,00
X 1,93 ± 3,85 0,4570
Ca
Nascente x antes 27,85 ± 7,43
X 11,87 ± 0,69 0,0098
Nascente x depois 27,85 ± 7,43
X 15,94 ± 3,19 0,0192
antes x depois 11,87 ± 0,69
X 15,94 ± 3,19 0,0528
Mg
Nascente x antes 10,57 ± 6,69
X 7,04 ± 3,05 0,2780
Nascente x depois 10,57 ± 6,69
X 6,18 ± 3,09 0,2296
antes x depois 7,04 ± 3,05
X 6,18 ± 3,09 0,3522
128
APÊNDICE A – Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de significância do teste T de
reamostragem Bootstrap para avaliação da qualidade da água no córrego vinhos
nos pontos: nascente, antes e depois do lançamento de resíduos pela agroindústria
Simonetti.
Comparações
1
média ± desvio padrão
p – valor
*
dureza
Nascente x antes 113,08 ± 41,34
X 58,66 ± 13,26 0,0460
Nascente x depois 113,08 ± 41,34
X 65,26 ± 11,57 0,0646
antes x depois 58,66 ± 13,26
X 65,26 ± 11,57 0,4342
Fe
Nascente x antes 0,69 ± 0,59
X 1,28 ± 0,88 0,2774
Nascente x depois 0,69 ± 0,59
X 1,26 ± 0,94 0,2468
antes x depois 1,28 ± 0,88
X 1,26 ± 0,94 0,0260
Zn
Nascente x antes 0,09 ± 0,08
X 0,13 ± 0,15 0,4942
Nascente x depois 0,09 ± 0,08
X 0,08 ± 0,09 0,0772
antes x depois 0,13 ± 0,15
X 0,08 ± 0,09 0,4856
Mn
Nascente x antes 0,04 ± 0,04
X 0,12 ± 0,05 0,0236
Nascente x depois 0,04 ± 0,04
X 0,16 ± 0,07 0,0184
antes x depois 0,12 ± 0,05
X 0,16 ± 0,07 0,2366
Cu
Nascente x antes 0,15 ± 0,23
X 0,77 ± 1,14 0,2404
Nascente x depois 0,15 ± 0,23
X
0,02 ± 0,04
0,2352
antes x depois 0,77 ± 1,14
X
0,02 ± 0,04
0,1386
ST
Nascente x antes 97 ± 65
X 61 ± 77 0,4566
Nascente x depois 97 ± 65
X 68 ± 70 0,4772
antes x depois 61 ± 77
X 68 ± 70 0,0960
SDT
Nascente x antes 280 ± 461
X 383 ± 734 0,1980
Nascente x depois 280 ± 461
X 100 ± 92 0,4644
antes x depois 383 ± 734
X 100 ± 92 0,4920
COT
Nascente x antes 14 ± 12
X 19 ± 12 0,4466
Nascente x depois 14 ± 12
X 16 ± 14 0,1074
antes x depois 19 ± 12
X 16 ± 14 0,3074
Alcalinidade
Nascente x antes 70 ± 11
X 50 ± 26 0,1576
Nascente x depois 70 ± 11
X 51 ± 11 0,0398
antes x depois 50 ± 26
X 51 ± 11 0,1040
OD
Nascente x antes 7,65 ± 0,70
X 7,44 ± 0,68 0,3500
Nascente x depois 7,65 ± 0,70
X 7,37 ± 1,68 0,2962
antes x depois 7,44 ± 0,68
X 7,37 ± 1,68 0,0648
saturação
Nascente x antes 86 ± 2,32
X 83 ± 8,36 0,1584
Nascente x depois 86 ± 2,32
X 92 ± 15,25 0,1706
antes x depois 83 ± 8,36
X 92 ± 15,25 0,2440
129
APÊNDICE A – Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de significância do teste T de
reamostragem Bootstrap para avaliação da qualidade da água no córrego vinhos
nos pontos: nascente, antes e depois do lançamento de resíduos pela agroindústria
Simonetti.
Comparações
1
média ± desvio padrão
p – valor
*
Pt
Nascente x antes 0,11 ± 0,05
X 0,13 ± 0,10 0,1296
Nascente x depois 0,11 ± 0,05
X 0,03 ± 0,02 0,4632
antes x depois 0,13 ± 0,10
X 0,03 ± 0,02 0,1300
DBO
Nascente x antes 18 ± 0
X 31 ± 25 0,0704
Nascente x depois 18 ± 0
X 30 ± 25 0,0170
antes x depois 31 ± 25
X 30 ± 25 0,1640
DQO
Nascente x antes 42 ± 47
X 41 ± 34 0,2902
Nascente x depois 42 ± 47
X 61 ± 30 0,2558
antes x depois 41 ± 34
X 61 ± 30 0,3764
* Pelo método de reamostragem de Bootstrap.
1
Nascente – ponto usado como padrão; Antes – ponto antes do lançamento de resíduos pela
agroindústria; Depois – ponto depois do lançamento de resíduos pela agroindústria.
APÊNDICE B – Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de significância do teste t de
reamostragem Bootstrap para avaliação da qualidade da água do córrego licores
nos pontos: nascente, antes e depois do lançamento de resíduos pela agroindústria
Sabor do Vale.
Comparações
1
média ± desvio padrão
p – valor
*
CE
Nascente x antes 50 ± 7
X 62 ± 6 0,0416
Nascente x depois 50 ± 7
X 64 ± 5 0,0202
antes x depois 62 ± 6
X 64 ± 5 0,4634
pH
Nascente x antes 6,97 ± 0,12
X 7,14 ± 0,10 0,0672
Nascente x depois 6,97 ± 0,12
X 6,95 ± 0,43 0,0950
antes x depois 7,14 ± 0,10
X 6,95 ± 0,43 0,3400
turbidez
Nascente x antes 6,10 ± 1,01
X 3,48 ± 1,01 0,0156
Nascente x depois 6,10 ± 1,01
X 3,90 ± 0,98 0,0304
antes x depois 3,48 ± 1,01
X 3,90 ± 0,98 0,4732
cor
Nascente x antes 18,75 ± 2,5
X 22,50 ± 9,6 0,4828
Nascente x depois 18,75 ± 2,5
X 18,75 ± 2,5 0,9801
antes x depois 22,50 ± 9,6
X 18,75 ± 2,5 0,4844
NH
4
Nascente x antes 0,44 ± 0,6
X 0,54 ± 0,3 0,2666
Nascente x depois 0,44 ± 0,6
X 0,54 ± 0,7 0,1932
antes x depois 0,54 ± 0,3
X 0,54 ± 0,7 0,9800
130
APÊNDICE B – Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de significância do teste t de
reamostragem Bootstrap para avaliação da qualidade da água do córrego licores
nos pontos: nascente, antes e depois do lançamento de resíduos pela agroindústria
Sabor do vale.
Comparações
1
média ± desvio padrão
p – valor
*
NO
3
Nascente x antes 1,21 ± 0,96
X 1,21 ± 0,62 0,9800
Nascente x depois 1,21 ± 0,96
X 0,72 ± 0,91 0,4192
antes x depois 1,21 ± 0,62
X 0,72 ± 0,91 0,3194
Na
Nascente x antes 4,49 ± 2,03
X 5,11 ± 1,57 0,4108
Nascente x depois 4,49 ± 2,03
X 6,34 ± 2,34 0,2160
antes x depois 5,11 ± 1,57
X 6,34 ± 2,34 0,3402
Coliformes totais
Nascente x antes 4 ± 4,45
X 11553 ± 13279 0,0440
Nascente x depois 4 ± 4,45
X 11593 ± 13233 0,0388
antes x depois 11553 ± 13279
X 11593 ± 13233 0,1700
Coliformes fecais
Nascente x antes 0 ± 0
X 6 ± 11 0,4456
Nascente x depois 0 ± 0
X 269 ± 534 0,1964
antes x depois 6 ± 11
X 269 ± 534 0,4210
Ca
Nascente x antes 6,15 ± 1,49
X 7,89 ± 2,27 0,1992
Nascente x depois 6,15 ± 1,49
X 7,82 ± 1,96 0,1742
antes x depois 7,89 ± 2,27
X 7,82 ± 1,96 0,0580
Mg
Nascente x antes 1,54 ± 0,24
X 1,63 ± 0,38 0,3276
Nascente x depois 1,54 ± 0,24
X 1,61 ± 0,38 0,2644
antes x depois 1,63 ± 0,38
X 1,61 ± 0,38 0,0510
dureza
Nascente x antes 21,71 ± 4,37
X 26,41 ± 7,19 0,2310
Nascente x depois 21,71 ± 4,37
X 26,18 ± 6,38 0,2250
antes x depois 26,41 ± 7,19
X 26,18 ± 6,38 0,0692
Fe
Nascente x antes 1,00 ± 0,83
X 0,66 ± 0,47 0,4300
Nascente x depois 1,00 ± 0,83
X 0,69 ± 0,69 0,4666
antes x depois 0,66 ± 0,47
X 0,69 ± 0,69 0,0676
Zn
Nascente x antes 0,07 ± 0,06
X 0,08 ± 0,08 0,0950
Nascente x depois 0,07 ± 0,06
X 0,09 ± 0,08 0,4704
antes x depois 0,08 ± 0,08
X 0,09 ± 0,08 0,1974
Mn
Nascente x antes 0,26 ± 0,37
X 0,08 ± 0,09 0,3148
Nascente x depois 0,26 ± 0,37
X 0,10 ± 0,09 0,3830
antes x depois 0,08 ± 0,09
X 0,10 ± 0,09 0,2580
Cu
Nascente x antes 0,01 ± 0,03
X 0,06 ± 0,13 0,4938
Nascente x depois 0,01 ± 0,03
X 0,02 ± 0,04 0,2254
antes x depois 0,06 ± 0,13
X 0,02 ± 0,04 0,4616
131
APÊNDICE B – Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de significância do teste t de
reamostragem Bootstrap para avaliação da qualidade da água no córrego licores
nos pontos: nascente, antes e depois do lançamento de resíduos pela agroindústria
Sabor do Vale.
Comparações
1
média ± desvio padrão
p – valor
*
ST
Nascente x antes 41 ± 50
X 167 ± 131 0,0778
Nascente x depois 41 ± 50
X 37 ± 55 0,1312
antes x depois 167 ± 131
X 37 ± 55 0,0946
SDT
Nascente x antes 23 ± 25
X 33 ± 30 0,3784
Nascente x depois 23 ± 25
X 74 ± 86 0,2396
antes x depois 33 ± 30
X 74 ± 86 0,3160
COT
Nascente x antes 17,1 ± 10,9
X 17,4 ± 11,2 0,4340
Nascente x depois 17,1 ± 10,9
X 17,7 ± 12,6 0,0822
antes x depois 17,4 ± 11,2
X 17,7 ± 12,6 0,0550
Alcalinidade
Nascente x antes 21 ± 7
X 22 ± 4 0,3102
Nascente x depois 21 ± 7
X 23 ± 4 0,4846
antes x depois 22 ± 4
X 23 ± 4 0,3550
OD
Nascente x antes 8,24 ± 0,40
X 7,86 ± 0,38 0,4906
Nascente x depois 8,24 ± 0,40
X 7,86 ± 0,46 0,4984
antes x depois 7,86 ± 0,38
X 7,86 ± 0,46 0,9800
saturação
Nascente x antes 90,13 ± 3,16
X 86,07 ± 5,01 0,2478
Nascente x depois 90,13 ± 3,16
X 85,37 ± 5,54 0,2646
antes x depois 86,07 ± 5,01
X 85,37 ± 5,54 0,0646
Pt
Nascente x antes 0,13 ± 0,01
X 0,15 ± 0,03 0,0640
Nascente x depois 0,13 ± 0,01
X 0,80 ± 0,96 0,1304
antes x depois 0,15 ± 0,03
X 0,80 ± 0,96 0,4896
DBO
Nascente x antes 17,5 ± 0
X 51,2 ± 53 0,0990
Nascente x depois 17,5 ± 0
X 50,2 ± 50,4 0,0220
antes x depois 51,2 ± 53
X 50,2 ± 50,4 0,1004
DQO
Nascente x antes 40 ± 61
X 128 ± 58 0,0392
Nascente x depois 40 ± 61
X 144 ± 87 0,0468
antes x depois 128 ± 58
X 144 ± 87 0,2672
* Pelo método de reamostragem de Bootstrap.
1
Nascente – ponto usado como padrão; Antes – ponto antes do lançamento de resíduos pela
agroindústria; Depois – ponto depois do lançamento de resíduos pela agroindústria.
132
APÊNDICE C – Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de significância do teste t de
reamostragem Bootstrap para avaliação da qualidade da água no córrego
abatedouro de aves nos pontos: nascente, antes e depois do lançamento de
resíduos pela agroindústria Abatedouro de Aves.
Comparações
1
média ± desvio padrão
p – valor
*
CE
Nascente x antes 50 ± 18
X 122 ± 70 0,0730
Nascente x depois 50 ± 18
X 155 ± 75 0,0334
antes x depois 122 ± 70
X 155 ± 75 0,4800
pH
Nascente x antes 6,65 ± 0,77
X 6,97 ± 0,28 0,4124
Nascente x depois 6,65 ± 0,77
X 6,88 ± 0,21 0,4460
antes x depois 6,97 ± 0,28
X 6,88 ± 0,21 0,4306
turbidez
Nascente x antes 7,62 ± 7,01
X 5,87 ± 4,52 0,3492
Nascente x depois 7,62 ± 7,01
X 8,91 ± 2,37 0,3044
antes x depois 5,87 ± 4,52
X 8,91 ± 2,37 0,1996
cor
Nascente x antes 38,75 ± 18,43
X 43,75 ± 19,74 0,2798
Nascente x depois 38,75 ± 18,43
X 76,67 ± 15,28 0,0192
antes x depois 43,75 ± 19,74
X 76,67 ± 15,28 0,0404
NH
4
Nascente x antes 0,21 ± 0,24
X 0,23 ± 0,28 0,1186
Nascente x depois 0,21 ± 0,24
X 1,16 ± 1,36 0,1724
antes x depois 0,23 ± 0,28
X 1,16 ± 1,36 0,1724
NO
3
Nascente x antes 0,20 ± 0,25
X 0,19 ± 0,31 0,0682
Nascente x depois 0,20 ± 0,25
X 0,18 ± 0,18 0,1580
antes x depois 0,19 ± 0,31
X 0,18 ± 0,18 0,0534
Na
Nascente x antes 4,57 ± 3,64
X 11,19 ± 3,89 0,0778
Nascente x depois 4,57 ± 3,64
X 12,07 ± 5,39 0,0902
antes x depois 11,19 ± 3,89
X 12,07 ± 5,39 0,2268
Coliformes totais
Nascente x antes 0,95 ± 1,1
X 117,10 ± 130,37 0,0346
Nascente x depois 0,95 ± 1,1
X 1647,75 ± 1887,10 0,0620
antes x depois 117,10 ± 130,37
X 1647,75 ± 1887,10 0,1906
Coliformes fecais
Nascente x antes 0 ± 0
X 2,4 ± 3,6 0,1996
Nascente x depois 0 ± 0
X 576,2 ± 1152,5 0,4792
antes x depois 2,4 ± 3,6
X 576,2 ± 1152,5 0,4924
Ca
Nascente x antes 7,96 ± 4,23
X 35,14 ± 20,35 0,0294
Nascente x depois 7,96 ± 4,23
X 21,19 ± 11,60 0,0670
antes x depois 35,14 ± 20,35
X 21,19 ± 11,60 0,2286
Mg
Nascente x antes 1,95 ± 1,52
X 4,21 ± 3,07 0,1222
Nascente x depois 1,95 ± 1,52
X 11,02 ± 8,83 0,0740
antes x depois 4,21 ± 3,07
X 11,02 ± 8,83 0,1596
133
APÊNDICE C – Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de significância do teste t de
reamostragem Bootstrap para avaliação da qualidade da água no córrego
abatedouro de aves nos pontos: nascente, antes e depois do lançamento de
resíduos pela agroindústria Abatedouro de Aves.
Comparações
1
média ± desvio padrão
p – valor
*
dureza
Nascente x antes 27,9 ± 16
X 121,5 ± 83,3 0,0474
Nascente x depois 27,9 ± 16
X 98,3 ± 54,6 0,0456
antes x depois 121,5 ± 83,3
X 98,3 ± 54,6 0,3948
Fe
Nascente x antes 1,97 ± 0,75
X 2,36 ± 1,51 0,3802
Nascente x depois 1,97 ± 0,75
X 2,10 ± 1,18 0,1454
antes x depois 2,36 ± 1,51
X 2,10 ± 1,18 0,2964
Zn
Nascente x antes 0,10 ± 0,14
X 0,06 ± 0,08 0,3430
Nascente x depois 0,10 ± 0,14
X 0,17 ± 0,19 0,4082
antes x depois 0,06 ± 0,08
X 0,17 ± 0,19 0,2882
Mn
Nascente x antes 0,06 ± 0,05
X 1,24 ± 2,15 0,1838
Nascente x depois 0,06 ± 0,05
X 1,82 ± 3,24 0,1352
antes x depois 1,24 ± 2,15
X 1,82 ± 3,24 0,2968
Cu
Nascente x antes 0,01 ± 0,02
X 0,02 ± 0,05 0,4792
Nascente x depois 0,01 ± 0,02
X 1,00 ± 1,16 0,1648
antes x depois 0,02 ± 0,05
X 1,00 ± 1,16 0,1632
ST
Nascente x antes 177 ± 165
X 106 ± 92 0,4208
Nascente x depois 177 ± 165
X 128 ± 106 0,4290
antes x depois 106 ± 92
X 128 ± 106 0,2816
SDT
Nascente x antes 51 ± 48
X 150 ± 171 0,2510
Nascente x depois 51 ± 48
X 56 ± 42 0,1276
antes x depois 150 ± 171
X 56 ± 42 0,2434
COT
Nascente x antes 24 ± 22
X 23 ± 21 0,0704
Nascente x depois 24 ± 22
X 47 ± 45 0,2946
antes x depois 23 ± 21
X 47 ± 45 0,2632
Alcalinidade
Nascente x antes 44 ± 37
X 51 ± 21 0,3118
Nascente x depois 44 ± 37
X 50 ± 19 0,2918
antes x depois 51 ± 21
X 50 ± 19 0,0592
OD
Nascente x antes 8,64 ± 0,44
X 4,22 ± 2,12 0,0172
Nascente x depois 8,64 ± 0,44
X 5,09 ± 4,19 0,0254
antes x depois 4,22 ± 2,12
X 5,09 ± 4,19 0,2948
saturação
Nascente x antes 101,8 ± 14
X 46,9 ± 22 0,0222
Nascente x depois 101,8 ± 14
X 41,3 ± 30 0,0562
antes x depois 46,9 ± 22
X 41,3 ± 30 0,0238
134
APÊNDICE C – Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de significância do teste t de
reamostragem Bootstrap para avaliação da qualidade da água do córrego
abatedouro de aves nos pontos: nascente, antes e depois do lançamento de
resíduos pela agroindústria Abatedouro de Aves.
Comparações
1
média ± desvio padrão
p – valor
*
Pt
Nascente x antes 0,12 ± 0,01
X 0,03 ± 0,02 0,2478
Nascente x depois 0,12 ± 0,01
X 0,60 ± 0,50 0,0884
antes x depois 0,03 ± 0,02
X 0,60 ± 0,50 0,1246
DBO
Nascente x antes 17,0 ± 4,2
X 18,1 ± 9,5 0,1366
Nascente x depois 17,0 ± 4,2
X 18,2 ± 14,4 0,1198
antes x depois 18,1 ± 9,5
X 18,2 ± 14,4 0,0658
DQO
Nascente x antes 12,4 ± 11
X 139,9 ± 159 0,1680
Nascente x depois 12,4 ± 11
X 63,2 ± 62 0,1396
antes x depois 139,9 ± 159
X 63,2 ± 62 0,2654
* Pelo método de reamostragem de Bootstrap.
1
Nascente – ponto usado como padrão; Antes – ponto antes do lançamento de resíduos pela
agroindústria; Depois – ponto depois do lançamento de resíduos pela agroindústria.
APÊNDICE D – Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de significância do teste t de
reamostragem Bootstrap para avaliação da qualidade do córrego frigorífico nos
pontos: nascente, antes e depois do lançamento de resíduos pela agroindústria
Irmãos Giacomini.
Comparações
1
média ± desvio padrão
p – valor
*
CE
Nascente x antes 57 ± 1
X 238 ± 86 0,0480
Nascente x depois 57 ± 1
X 552 ± 251 0,0360
antes x depois 238 ± 86
X 552 ± 251 0,0464
pH
Nascente x antes 7,23 ± 0,78
X 7,32 ± 0,52 0,1008
Nascente x depois 7,23 ± 0,78
X 7,16 ± 0,15 0,4030
antes x depois 7,32 ± 0,52
X 7,16 ± 0,15 0,4946
turbidez
Nascente x antes 1,42 ± 1,58
X 44,75 ± 42,18 0,0850
Nascente x depois 1,42 ± 1,58
X 69,53 ± 40,37 0,0164
antes x depois 44,75 ± 42,18
X 69,53 ± 40,37 0,4382
Cor
Nascente x antes 0 ± 0
X 190 ± 80 0,0072
Nascente x depois 0 ± 0
X 232 ± 35 0,0036
antes x depois 190 ± 80
X 232 ± 35 0,3754
NH
4
Nascente x antes 0,24 ± 0
X 1,32 ± 2,42 0,4474
Nascente x depois 0,24 ± 0
X 11,30 ± 8,28 0,0388
antes x depois 1,32 ± 2,42
X 11,30 ± 8,28 0,0282
135
APÊNDICE D – Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de significância do teste t de
reamostragem Bootstrap para avaliação da qualidade do córrego frigorífico nos
pontos: nascente, antes e depois do lançamento de resíduos pela agroindústria
Irmãos Giacomini.
Comparações
1
média ± desvio padrão
p – valor
*
NO
3
Nascente x antes 0,36 ± 0,08
X 0,24 ± 0,22 0,2894
Nascente x depois 0,36 ± 0,08
X 0,14 ± 0,26 0,1838
antes x depois 0,24 ± 0,22
X 0,14 ± 0,26 0,4478
Na
Nascente x antes 15,1 ± 7,7
X 27,9 ± 14,4 0,0764
Nascente x depois 15,1 ± 7,7
X 74,4 ± 56,9 0,0838
antes x depois 27,9 ± 14,4
X 74,4 ± 56,9 0,1218
Coliformes totais
Nascente x antes 115 ± 162
X 11588 ± 13239 0,0410
Nascente x depois 115 ± 162
X 17866 ± 10374 0,0122
antes x depois 11588 ± 13239
X 17866 ± 10374 0,3180
Coliformes fecais
Nascente x antes 0 ± 0
X 46 ± 57 0,1056
Nascente x depois 0 ± 0
X 6192 ± 11268 0,1132
antes x depois 46 ± 57
X 6192 ± 11268 0,1720
Ca
Nascente x antes 8,63 ± 4,9
X 22,79 ± 9,03 0,0354
Nascente x depois 8,63 ± 4,9
X 28,44 ± 12,13 0,0308
antes x depois 22,79 ± 9,03
X 28,44 ± 12,13 0,4122
Mg
Nascente x antes 3,04 ± 2,16
X 5,89 ± 1,73 0,0114
Nascente x depois 3,04 ± 2,16
X 6,68 ± 2,31 0,0320
antes x depois 5,89 ± 1,73
X 6,68 ± 2,31 0,4724
dureza
Nascente x antes 34 ± 21
X 81 ± 24 0,0898
Nascente x depois 34 ± 21
X 98 ± 37 0,0728
antes x depois 81 ± 24
X 98 ± 37 0,3790
Fe
Nascente x antes 1,39 ± 0,91
X 7,05 ± 6,67 0,0924
Nascente x depois 1,39 ± 0,91
X 3,43 ± 1,52 0,0544
antes x depois 7,05 ± 6,67
X 3,43 ± 1,52 0,2464
Zn
Nascente x antes 0,12 ± 0,03
X 0,10 ± 0,13 0,2126
Nascente x depois 0,12 ± 0,03
X 0,11 ± 0,15 0,2870
antes x depois 0,10 ± 0,13
X 0,11 ± 0,15 0,0962
Mn
Nascente x antes 0,14 ± 0,13
X 0,40 ± 0,45 0,2082
Nascente x depois 0,14 ± 0,13
X 0,57 ± 0,57 0,1630
antes x depois 0,40 ± 0,45
X 0,57 ± 0,57 0,3634
Cu
Nascente x antes 0 ± 0
X 0,02 ± 0,03 0,1450
Nascente x depois 0 ± 0
X 0,17 ± 0,34 0,3372
antes x depois 0,02 ± 0,03
X 0,17 ± 0,34 0,4942
136
APÊNDICE D – Média, desvio padrão e valores do nível mínimo de significância do teste t de
reamostragem Bootstrap para avaliação da qualidade do córrego frigorífico nos
pontos: nascente, antes e depois do lançamento de resíduos pela agroindústria
Irmãos Giacomini.
Comparações
1
média ± desvio padrão
p – valor
*
ST
Nascente x antes 390 ± 551
X 146 ± 27 0,1136
Nascente x depois 390 ± 551
X 438 ± 213 0,1148
antes x depois 146 ± 27
X 438 ± 213 0,0354
SDT
Nascente x antes 420 ± 594
X 95 ± 127 0,3214
Nascente x depois 420 ± 594
X 306 ± 168 0,3884
antes x depois 95 ± 127
X 306 ± 168 0,1406
COT
Nascente x antes 15,2 ± 12,6
X 24,8 ± 13,4 0,4336
Nascente x depois 15,2 ± 12,6
X 46,5 ± 44,7 0,1906
antes x depois 24,8 ± 13,4
X 46,5 ± 44,7 0,2990
Alcalinidade
Nascente x antes 61 ± 51
X 95 ± 41 0,2126
Nascente x depois 61 ± 51
X 151 ± 40 0,0254
antes x depois 95 ± 41
X 151 ± 40 0,0636
OD
Nascente x antes 8,00 ± 0
X 4,89 ± 1,99 0,0650
Nascente x depois 8,00 ± 0
X 1,33 ± 0,67 0,0062
antes x depois 4,89 ± 1,99
X 1,33 ± 0,67 0,0260
saturação
Nascente x antes 100 ± 0
X 50 ± 34 0,0956
Nascente x depois 100 ± 0
X 17 ± 14 0,0096
antes x depois 50 ± 34
X 17 ± 14 0,1670
Pt
Nascente x antes 0,12 ± 0,01
X 0,18 ± 0,12 0,2654
Nascente x depois 0,12 ± 0,01
X 0,63 ± 0,50 0,1208
antes x depois 0,18 ± 0,12
X 0,63 ± 0,50 0,1300
DBO
Nascente x antes 17,5 ± 0
X 98,25 ± 84 0,1245
Nascente x depois 17,5 ± 0
X 103,33 ± 55 0,1082
antes x depois 98,25 ± 84
X 103,33 ± 55 0,1634
DQO
Nascente x antes 0 ± 0
X 104 ± 73 0,1146
Nascente x depois 0 ± 0
X 228 ± 170 0,1220
antes x depois 104 ± 73
X 228 ± 170 0,1872
* Pelo método de reamostragem de Bootstrap.
1
Nascente – ponto usado como padrão; Antes – ponto antes do lançamento de resíduos pela
agroindústria; Depois – ponto depois do lançamento de resíduos pela agroindústria.
138
APÊNDICE E - Esquema ilustrativo da estrutura de tratamento de resíduos de agroindústria de
laticínios. Ponto 1 Agroindústria; Ponto 2 tanque de decantação e deposição;
Ponto 3tanque de retenção de gordura; Ponto 4 – caixa de distribuição; Ponto 5
tanque de tratamento por zona de raízes.
Fonte: do autor
APÊNDICE F - Etapas para construção do tanque de tratamento por zona de raízes.
Fonte: do autor
138
APÊNDICE G - Perfil do tanque de tratamento por zona de raízes, mostrando detalhes da tubulação
de distribuição e drenagem do resíduo, além da espessura da camada de areia e brita
e distribuição das raízes.
Fonte: do autor
140
APÊNDICE H – Valores dos parâmetros analisados no resíduo não tratado, tratado, e valores percentuais da remoção pelo sistema de tratamento aplicado
na agroindústria Abatedouro de Aves.
DAI ------------------ 180 -------------------
------------- 240 --------------
---------------------- 260 -----------------
-------------- 273 ------------
Média
Repetições I II III
Média
I II
Média
I II III
Média
I II
Média
geral
Na
Não tratado
1
88 84 88
87
48 54
51
-
31 37
34
10 -
10 45
Tratado 75 73 45
64
29 27
28
41 16 15
24
9 38
24 35
Removido 14 14 49 26 39 49 44 -
48 60 29 6 -
-144
-
11
K
Não tratado 24 24 26
25
58 81
69
-
95 115
105
10 -
10
52
Tratado 23 21 11
18
37 29
33
38 37 30
35
2 14
8 24
Removido 3 11 56 25 36 64 53 -
61 74 67 76 -
17 40
Ca
Não tratado 14 12 13
13 - - - - - - -
19 -
19 16
Tratado 17 24 36
26 - - - - - - -
18 11
14 20
Removido -22 -99 -182 -98 - - - - - - - 7 -
26 -36
Mg
Não tratado 3 9 3
5 - - - - - - -
10 -
10 8
Tratado 5 7 15
9 - - - - - - -
7 18
12 11
Removido -47 20 -326 -67 - - - - - - - 29 -
-28 -48
Dureza
Não tratado 49 69 46
55 - - - - - - -
88
- 88 71
Tratado 63 91 150
101 - - - - - - -
73 100
87 94
Removido -28 -32 -225 -85 - - - - - - - 17 - 2 -42
Alcalinida-
de
Não tratado 144 148 143
145
85 99
92 -
50 75
63
170
- 170 117
Tratado 115 142 126
127
135 132
133
219 63 31
104
170 164
167 133
Removido 21 4 12 12 -60 -34 -46 - -25 58 -67 0 - 2 -25
ST
Não tratado 314 286 371
324
0 140
70
- 400 240
320
320
- 320 258
Tratado 229 329 257
271
100 0
50
380 200 120
233
300 400
350
226
Removido 27 -15 31 16 - 100 29 - 50 50 27 6 - -9 16
SDT
Não tratado 300 100 457
286
460 340
400
- 180 140
160
320
- 320 291
Tratado 157 29 157
114
0 360
180
0 60 0
20
200 260
230 136
Removido 48 71 66 60 100 -6 55 - 67 100 88 38 - 28 58
COs
Não tratado 2 1 1
1 - - - - - - - - - -
1
Tratado 0 2 4
2 - - - - - - - - - - 2
Removido 77 -122 -242 -69 - - - - - - - - - - -69
COt
Não tratado 13 12 10
11
10 18
14 - - - -
26
- 26 17
Tratado 29 7 5
14 -
14
14 - - - -
37 21
29 19
Removido -126 36 50 -20 - 22 0 - - - - -42 - -11 -10
1. valores em mg l
-1
para dados de não tratado e tratado e em % para removido; DAI= dia após instalação.
140
APÊNDICE I - Valores dos parâmetros analisados no resíduo não tratado, tratado, e valores percentuais da remoção pelo sistema de tratamento aplicado na
agroindústria produtora de vinhos e sucos.
DAI
-------------- 133 --------------
-------- 223 -------
--------------- 283 -------------
--------------- 300 --------------
------------- 313 --------------
Média
Repetições I
II
III
Média
I
II
Média
I
II
III
Média
I
II
III
Média
I
II
III
Média
Geral
Na
Não tratado1 445
445
438
443
567
556
561
641
105
112
286
339
452
-
396
49
-
-
49
347
Tratado 461
441
441
448
502
513
508
802
48
44
298
429
441
-
435
34
50
44
43
346
Removido -4
1
-1
-1
11
8
10
-25
55
61
-4
-27
3
-
-10
30
-
-
12
1
K
Não tratado 19
19
19
19
38
36
37
44
49
50
48
135
139
-
137
17
-
-
17
51
Tratado 21
24
20
22
24
26
25
32
26
26
28
163
122
-
142
16
20
20
19
47
Removido -13
-27
-7
-16
38
28
33
26
46
49
41
-20
12
-
-4
6
-
-
-11
9
Ca
Não tratado 15
14
17
15
-
-
-
41
39
54
45
-
-
-
-
50
-
-
50
37
Tratado 23
27
22
24
-
-
-
16
18
23
19
-
-
-
-
19
28
47
31
25
Removido -60
-84
-28
-56
-
-
-
61
55
58
58
-
-
-
-
61
-
-
37
13
Mg
Não tratado 3
3
3
3
-
-
-
15
15
22
17
-
-
-
-
13
-
-
13
11
Tratado 5
7
5
6
-
-
-
4
4
6
5
-
-
-
-
15
14
16
15
8
Removido -93
-133
-50
-91
-
-
-
74
72
75
74
-
-
-
-
-21
-
-
-21
-13
dureza
Não tratado 48
48
56
51
-
-
-
163
159
227
183
-
-
-
-
-
176
-
-
176
Tratado 80
95
75
83
-
-
-
56
61
80
66
-
-
-
-
-
111
128
184
141
Removido -68
-96
-33
-64
-
-
-
66
61
65
64
-
-
-
-
-
37
-
-
20
Alcalini-
dade
Não tratado 213
219
238
223
153
134
143
571
550
567
563
696
461
-
578
-
402
-
-
402
Tratado 247
209
254
237
94
95
95
424
361
463
416
246
550
175
324
-
329
476
555
453
Removido -16
5
-7
-6
39
29
34
26
34
18
26
65
-19
-
44
-
18
-
-
-13
ST
Não tratado 957
829
814
867
-
-
-
6957
1886
1829
3557
6900
2040
-
4470
5180
-
-
5180
3518
Tratado 914
1186
886
995
-
-
-
857
843
600
767
1520
1360
1140
1340
1020
1020
1320
1120
1055
Removido 4
-43
-9
-15
-
-
-
88
55
67
78
78
33
-
70
80
-
-
78
53
SDT
Não tratado 771
1014
871
886
580
540
560
743
771
743
752
1060
1040
-
1050
1140
-
-
1140
878
Tratado 886
986
329
733
540
440
490
1000
714
3457
1724
900
1100
1040
1013
960
1020
1240
1073
1007
Removido -15
3
62
17
7
19
13
-35
7
-365
-129
15
-6
-
3
16
-
-
6
-18
COt
Não tratado 13
16
13
14
-
-
-
44
36
38
39
-
-
-
-
-
-
-
-
27
Tratado 8
-
10
9
-
-
-
5
3
2
3
-
-
-
-
-
-
-
-
6
Removido 38
-
22
36
-
-
-
88
91
95
91
-
-
-
-
-
-
-
-
63
Não tratado 2979
958
1303
1747
-
126
126
4359
1602
1261
2407
-
-
-
-
2930
-
-
2930
1802
Tratado 512
1167
629
769
-
75
75
28
20
22
23
-
-
-
-
82
23
46
50
229
Rem
ovido
83
-
22
52
56
-
41
41
99
99
98
99
-
-
-
-
97
-
-
98
74
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