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que me atendeu foi ótimo. Aí perguntaram o que foi... onde foi.. quem viu... esperei mais ou menos
por 2hs. Resolveu, acho que resolveu, mas no dia que marcaram a audiência eu fui e retirei a
queixa porque ele me ameaçou. Chegou a intimação pra mim e pra ele, com uns 21 dias. Foi menos
de 1 mês, não demorou muito não. Ele disse que se ele fosse pra justiça e chegasse lá batessem
nele, que ele ia me matar. Só que quando eu fui lá, o que eu queria que a delegacia fizesse ela não
fez. Eu voltei da delegacia pra casa. Ele já tava na casa da mãe dele. Eu já ouvi falar da Lei Maria
da Penha que é sobre a violência contra as mulheres, eu nem sabia que existia vim saber esse ano,
agora depois da reunião de Normélia. Pra eu ser feliz, ele tinha que mudar bastante, mas não tem
condições não porque ele tem uma mente fraca. Eu posso viver bem sem ele, mas eu preciso de um
trabalho, um curso que eu não tenho ainda e meu filho do meu lado...
Entrevista 05- DEMÉTER
Eu tive um marido que me deixava presa dentro de casa, ele saia e me deixava trancada, se eu ia ao
médico ele ia comigo e quando eu saia só quando chegava em casa ele tirava minha roupa, me
revistava, e eu era obrigada a ter relação com ele pra ele comprovar que eu não tive relações com
ninguém. Quando eu não queria, ele me batia. Teve um dia que eu cheguei e dei uma facada nele.
Acho que a violência só acontece por causa dele e não por causa da gente, porque a gente faz as
coisas tudo direito que ele manda, se ele manda a gente não sair, a gente obedece ele, ela fala: “ah
se você quer sair, você me pede”, aí a gente sai, chega em casa ele já muda o temperamento, já fica
diferente, a gente percebe que ele não é mais aquele homem ideal pra gente. Eu fiquei 1 ano e dois
meses com ele, ele era doido para ter um filho comigo, ele achava que eu tomava remédio
escondido dele, aí uma vez eu falei pra ele fazer o exame, aí deu que era ele que não podia ter filho,
enquanto ele não sabia que era ele que não podia fazer filho, ele achava que era eu, ele ficava me
cobrando, me cobrando: “ah sua vagabunda você não quer ter um filho comigo, se você não tiver
filho comigo também não vai ter com ninguém”. A gente já tava separado quando ele soube que eu
tava grávida do meu filho (de outro homem), aí ele me encontrou e me deu um ponta pé. Ele me
ameaçou, ele disse que se eu não tivesse filho, eu não iria ter filho de ninguém. Isso acontecia todos
os dias, de segunda a segunda, eu não via a cor da rua. Eu tava morando com minha madrasta e eu
tava trabalhando no Sarah, eu saia 5 horas da manhã e chegava de noite, aí ele chegou pra minha
madrasta e pediu ela pra ir ali comprar uma roupa, aí ele pegou ela e levou pra ilha, eu não queria
mais ele, só que ele levando minha filha ele ia me ter de volta, porque eu via que se eu fosse voltar
pra ele ia ser pior, ou ele ia me matar ou eu ia matar ele. Minha tia me ajudou quando eu me separei
pela primeira vez dele eu disse que ia pra casa de minha avó, ele disse: “você vai, mas também não
vai levar uma peça de roupa”. Tudo bem, isso aí eu não fiz questão, porque eu nasci nua e vestida
eu estou. Quando ele me viu na rua, ele me deu um murro que eu cai. Quando eu vim me levantar,
eu estava num bar sentava, com isso aqui inxado, aí quando eu vim minha tia disse: “a gente vai
agora na Quarta (delegacia) agora dar uma queixa”. Aí, eu fui na Quarta dei queixa , o delegado
disse que a intimação ia chegar... no dia que marcou a audiência ele não foi, aí quando ele me
encontrou, ele me chamou pra conversar, eu fui educadamente. Aí ele disse: “eu não vou fazer
mais...” e eu gostava dele, eu fui e voltei pra ele... daí, foi quando que ele veio e me deu outro
murro, aí eu fui dei uma queixa dele e não voltei mais. Ficamos 1 ano e três meses juntos. Foi
quando ele me bateu. Teve um aniversário na casa de minha avó, aí minha tia apresentou os
cunhados dela que a gente não conhecia, aí só porque eu peguei na mão de um, ele disse que eu
tava procurando frete, mas eu não estava procurando frete desde quando tava apresentando.
Quando eu cheguei em casa ele falou: “ah você pensa que eu não vi não sua vagabunda, descarada,
você procurando frete?”. Aí ele me deu um murro e quando ele me deu o murro eu não tava
esperando, eu tava destraída, foi no olho e na parte da sobrancelha, tem até um corte ainda, eu vi
tudo azul, quando eu passei a mão aqui que vi o sangue, a única coisa que vi foi a faca de serra na
pia, aí eu peguei e dei na saboneteira dele, eu dei e não tirei não, larguei... aí ele ficou dizendo que
tava morrendo, que tava morrendo, que eu vi que o sangue não tava saindo, aí eu levei ele pra o
hospital. Quando foi fazer a ocorrência que o policial veio e viu ele com a faca aqui veio fazer a
ocorrência. Quando o policial viu ele com a faca enfiada eu tava correndo pra poder chamar o
médico pra vim atender. Aí o policial tava com uma caderneta na mão perguntando a ele o que foi