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UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Departamento de Química e Exatas
Programa de Pós-Graduação em Química
Caracterização físico-química e estudo da mobilização de Fe, Mn,
Zn, Cu, Cd e Pb na coluna d’água e no sedimento da Represa
Criciúma em Jequié-BA
Luis Alexandre Dias Freitas
Dissertação de Mestrado
Orientador: Prof. Dr. José Soares dos Santos
Jequié BA,
Julho de 2009.
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UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Departamento de Química e Exatas
Programa de Pós-Graduação em Química
Caracterização físico-química e estudo da mobilização de Fe, Mn,
Zn, Cu, Cd e Pb na coluna d’água e no sedimento da Represa
Criciúma em Jequié-BA
Luis Alexandre Dias Freitas
Dissertação apresentada como parte dos
requisitos para obtenção do título de
MESTRE EM QUÍMICA, área de
concentração: QUÍMICA ANALÍTICA.
Orientador: Prof. Dr. José Soares dos Santos
Jequié BA,
Julho de 2009.
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Ficha catalográfica elaborada pela biblioteca da Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia
F936 Freitas, Luis Alexandre Dias.
Caracterização físico-química e estudo da mobilização
de Fe, Mn, Zn, Cu, Cd e Pb. Luis Alexandre Dias Freitas.
Jequié, 2009.
72p.; il. 30 cm.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, sob a orientação do Prof. Dr. José Soares
dos Santos.
1.Extração seqüencial 2. Mobilização de metais em água e
Sedimento 3. PCA e HCA I.Título
CDD
541.1
“Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito e
somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer.”
(Paulo Freire)
“Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida,
Estes são os imprescindíveis.”
(Bertold Brecht)
O Vosso tanque general, é um carro forte:
Derruba uma floresta e esmaga cem homens.
Mas tem um defeito:
Precisa de um motorista.
O vosso bombardeiro general, é poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante.
Mas tem um defeito:
Precisa de um piloto.
O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar e sabe matar.
Mas tem um defeito:
Sabe pensar.”
(Bertold Brecht)
“A educação sozinha não transforma a sociedade,
sem ela tam pouco a sociedade muda.
(Paulo Freire)
A Deus, pelo dom da vida, pela inspiração e
pela força que me dá para enfrentar e
vencer meus desafios pessoais.
A minha esposa Vaneide e aos meus filhos
Filipe e Gustavo pelo amor, paciência, apoio
e, sobretudo, compreensão para aceitar os
momentos de ausência e a distância que
muitas vezes foram necessários para a
realização deste trabalho.
Aos meus pais Adalberto e Luzia pelo apoio
incondicional que sempre me deram em
minhas decisões.
Aos meus irmãos Isabela e Eduardo,
sobrinhos, tia Luca, parentes e amigos por
acreditarem e pelo apoio e respeito que
sempre tiveram pelo meu trabalho.
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. José Soares dos Santos pela orientação, amizade, paciência e
oportunidade na realização desse trabalho.
À Profª Maria Lúcia Pires dos Santos pelo constante apoio e amizade, pelas
contribuições a esse trabalho e pelo incentivo para mim e para todo o grupo de
trabalho do Laboratório de Química de Vitória da Conquista.
Aos Professores Doutores Valfredo Lemos, Marcos Bezerra e Regina Yamak pela
amizade e pelo imenso apoio dado para o desenvolvimento de parte deste trabalho
disponibilizando seus laboratórios de pesquisa em Jequié para realização de
algumas análises químicas.
Aos meus amigos de Jequié, Mutuípe e Salvador (que prefiro não citar os nomes
para não correr o risco de cometer a injustiça de deixar de citar o nome de algum
deles) por todo apoio que me deram durante esses dois anos.
Aos amigos do mestrado e colaboradores de laboratório Shaiala, Robson, Gisele,
Sabrina e Julian (esse merece um grande espaço nos meus agradecimentos) pelo
compartilhamento de aflições, paciência e constante apoio.
Ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia pela oportunidade.
Aos professores do Departamento de Química da UESB que contribuíram para
minha formação acadêmica.
À CAPES pela oportunidade e pelo apoio financeiro.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
Muito obrigado.
Objetivo Geral
Realizar uma avaliação temporal e espacial de Fe, Mn, Zn, Cu, Cd e Pb em
amostras de água e sedimento do rio Criciúma, a partir da barragem Criciúma até
sua foz com o rio de Contas no município de Jitaúna, para determinar a magnitude
dos teores desses metais e, assim, subsidiar possíveis tomadas de decisões com
relação a qualidade de água servida a milhares de pessoas na cidade de Jequié.
Objetivos Específicos
Avaliar os níveis de Fe, Mn, Zn, Cu, Cd e Pb nas águas do Reservatório
Crisciúma, em seus dois tributários e a jusante da represa até a foz com o rio
de Contas;
Avaliar a dinâmica da mobilidade dos elementos Fe, Mn, Zn, Cu, Cd e Pb nos
recursos dricos estudados realizando extração seqüencial nas amostras de
sedimento para conhecer suas faixas de concentração nas formas
livre/trocável, ligados a carbonatos, ligados a óxidos e hidróxidos de ferro e
manganês e ligados à matéria orgânica;
Resumo
A presente dissertação teve como foco principal avaliar a dinâmica da
mobilização de Fe, Mn, Zn, Cu, Cd e Pb em água e sedimento da barragem do
Criciúma e do rio a jusante dela até a foz com o rio de Contas. Para avaliar a
variação temporal e espacial desses metais, foram realizadas duas coletas de águas
e sedimentos, seguindo o protocolo do Guia de Coleta e Preservação de Amostras
de Água da CETESB, em nove pontos estrategicamente distribuídos ao longo das
duas bacias. Uma campanha de amostragem foi realizada em um período chuvoso e
outra em um período de estiagem. A Espectrometria de Absorção Amica com
Chama (FAAS), por ser uma cnica simples e rápida, foi adotada para analisar os
metais Na, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Zn, Cu, Cd, e Pb em amostras de água e sedimento
de duas bacias hidrográficas distintas, situadas em Jequ-BA. Após o tratamento
das amostras de sedimento, procedeu-se a extração seqüencial seguindo o
protocolo de Tessier para a determinação do Fe, Mn, Zn, Cu, Cd, e Pb distribuídos
na forma livre e trocável, ligados aos carbonatos, ligados aos óxidos de ferro e
manganês e ligados à matéria orgânica. Devido aos baixos teores de Cd e Pb
nessas amostras, utilizou-se o método de adição de padrão para determi-los por
essa cnica analítica. Para a determinação dos cátions majoritários trocáveis nas
amostras desta matriz procedeu-se a extração pelo método da troca iônica
utilizando-se como extrator uma solução de NH
4
Cl. A minimização dos efeitos de
ionização foi obtida com a adição de uma solução de lantânio 1,0 gL
-1
. A
determinação dos metais nas amostras de água foi feita diretamente. Os resultados
obtidos na análise dessas amostras foram processados por análise de componentes
principais (PCA) e análise por agrupamento hierárquico (HCA), permitindo a
visualização gráfica de todo o conjunto de dados. Baseado nos resultados obtidos e
com a ajuda das análises multivariadas pode-se concluir que há influência espacial e
sazonal na mobilidade dos metais analisados nos recursos hídricos em estudo.
Palavras chave: Extração seqüencial, mobilização de metais em água e sedimento,
PCA e HCA
Abstract
The main objective of this work was to evaluate the Fe, Mn, Zn, Cu, Cd and
Pb mobilization between water compartments of the Criciúma dam and the river
downstream until it’s mouth with the Contas river. To assess the temporal and spatial
variation of all these metals, two different sampling of water and bottom sediment
were taken in nine points strategically distributed over the two basins following the
CETESB’s protocol. One sampling campaign was carried out in April (in the rainy
period) and the other was carried out in July (in a dry period). The flame atomic
absorption spectrometry (FAAS) was the analytical technique chosen to analyze the
metals Na, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Zn, Cu, Cd and Pb in water and bottom sediment
samples because of its simplicity and speed. After the preparation of the bottom
sediment samples, the Tessier sequential extraction of Fe, Mn, Zn, Cu, Cd and Pb,
distributed as free and exchangeable forms, bound to carbonates, to iron and
manganese oxide and to organic matter, was adopted. Due to the low concentrations
of Cd and Pb in these samples, the method of standard addition was used to
determine those metals using FAAS. For the major exchangeable cations
determination in the sediment, an extraction using NH
4
Cl solution as an extractant
was used. To minimize the ionization effects in the determination of those cations, a
lanthanum solution was used. The metals determination in water samples was done
directly. The results obtained with these samples analysis were processed by
principal component analysis (PCA) and by hierarchical clustering analysis (HCA),
allowing the graphical visualization of the entire data set. Based on the results
obtained with the multivariate analysis, it can be concluded that spatial and seasonal
influenced the mobility of the metals examined under the water compartments
studied.
Keywords: sequential extraction, mobilization of metals in water and sediment, PCA
and HCA
Sumário
Página
Lista de Abrevaturas .................................................................................................... i
Lista de Tabelas ......................................................................................................... ii
Lista de Figuras ......................................................................................................... iv
1.0 Introdução ........................................................................................................ 01
2.0 Revisão de Literatura ...................................................................................... 03
2.1 Parâmetros físico-químicos utilizados para avaliar a qualidade da água ........ 03
2.1.1 Turbidez ....................................................................................................... 03
2.1.2 Oxigênio dissolvido (OD) .............................................................................. 04
2.1.3 pH ................................................................................................................. 06
2.1.4 Condutividade elétrica (CE) .......................................................................... 08
2.1.5 lidos totais dissolvidos (STD) ................................................................... 08
2.2 Metais na água e no sedimento ...................................................................... 09
2.2.1 Comportamento do cobre, zinco, cádmio e chumbo no meio ambiente ....... 10
2.2.1.1 Cobre ......................................................................................................... 11
2.2.1.2 Zinco .......................................................................................................... 12
2.2.1.3 Cádimio ..................................................................................................... 12
2.2.1.4 Chumbo ..................................................................................................... 13
2.2.2 Comportamento do Ferro e do Manganês .................................................... 14
2.2.2.1 Ferro .......................................................................................................... 14
2.2.2.2 Manganês .................................................................................................. 15
2.2.3 Cátions majoritários: Na
+
, K
+
, Ca
2+
e Mg
2+
................................................... 16
2.3 Reações envolvidas na interface água sedimento ........................................... 17
2.3.1 Precipitação e dissolução ............................................................................. 17
2.3.2 Adsorção ...................................................................................................... 19
2.3.2.1 Adsorção não-específica ou troca iônica ................................................... 20
2.3.2.2 Adsorção específica .................................................................................. 21
2.3.2.3 Adsorção ou complexação por substâncias húmicas ................................ 23
2.4 Amostragem .................................................................................................... 24
2.4.1 Amostras de água ........................................................................................ 25
2.4.2 Amostras de sedimento ................................................................................ 25
2.5 Pré-tratamento das amostras .......................................................................... 27
2.5.1 Extração de
K
+
, Na
+
, Mg
2+
e Ca
2+
trocáveis em sedimento por cloreto de
amônio ................................................................................................................. 27
2.5.2 Extração sequencial dos elementos em solução ........................................... 28
2.5.3 Extração sequencial de Ferro, Manganês, Zinco, Cobre, Cádmio e
Chumbo em sedimento ......................................................................................... 30
2.6 Técnicas de determinação analítica ................................................................ 31
2.6.1 Determinação de metais em amostras de água e sedimento de rio .............. 31
2.7 Análises multivariadas ..................................................................................... 33
2.7.1
HCA e PCA: importantes ferramentas quimiométricas para explorar resultados
analíticos ........................................................................................................................ 34
3.0 Parte Experimental .......................................................................................... 36
3.1 Pontos de amostragem ................................................................................... 36
3.2 Campanhas de amostragem ........................................................................... 37
3.3
Lavagem dos recipientes para acondicionamento das amostras ........................ 39
3.4 Reagentes e soluções ..................................................................................... 39
3.5 Material ............................................................................................................ 40
3.6 Equipamentos ................................................................................................. 41
3.7 Preparo das amostras ..................................................................................... 41
3.7.1 Extração de Cálcio, Magnésio, Sódio e Potássio trocáveis em
sedimento por Cloreto de Amônio ......................................................................... 42
3.7.2 Extração sequencial de Ferro, Manganês, Zinco, Cobre, Cádmio e
Chumbo em sedimento pelo método Tessier ....................................................... 42
3.8 Procedimentos analíticos ................................................................................. 44
3.9 Análise estatística ............................................................................................ 47
4.0 Resultados e discussão ................................................................................... 51
4.1 Avaliação das amostras de água ..................................................................... 51
4.1.1 Aplicação de análise multivariada ................................................................. 55
4.1.1.1 Matriz de distância euclidiana .................................................................... 55
4.1.1.2 Matriz de correlação de Pearson ............................................................... 56
4.1.1.3 HPA e PCA ................................................................................................ 58
4.2 Avaliação das amostras de sedimento ............................................................ 62
4.2.1 Avaliação das amostras de sedimento com relação aos cátions
majoritários ........................................................................................................... 63
4.2.2 Avaliação das amostras de sedimento com relação aos elementos Fe,
Mn, Zn, Cu, Cd e Pb ............................................................................................ 65
4.2.2.1 Cobre ......................................................................................................... 69
4.2.2.2 Zinco .......................................................................................................... 70
4.2.2.3 Cádmio ...................................................................................................... 71
4.2.2.4 Chumbo ..................................................................................................... 71
4.2.2.5 Ferro .......................................................................................................... 72
4.2.2.6 Manganês .................................................................................................. 72
4.2.3 Avaliação estatística dos resultados ............................................................. 73
4.2.3.1 Matriz de correlação de Pearson ............................................................... 74
4.2.3.2 PCA e HCA ................................................................................................ 75
5.0 Conclusões ...................................................................................................... 80
6.0 Referências Bibliográficas ............................................................................... 82
i
Lista de Abreviaturas
ANA Agência Nacional de Águas
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CE Condutividade elétrica
CETESB Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do estado de São
Paulo
COD Carbono orgânico dissolvido
CONAMA Companhia Nacional de Meio Ambiente
COT Carbono orgânico total
FAAS Espectrometria de absorção atômica por chama (do inglês: Flame
Atomic Absorption Spectroscopy)
HCA Análise por Agrupamento Hierárquico (do inglês: Hierarchical
Clustering Analysis)
OD Oxigênio dissolvido
PC Componentes Principais (do inglês: Principal Component)
PCA Análise de Componentes Principais (do inglês: Principal Component
Analysis)
pH Potencial hidrogeniônico
SPSS Statistical Package for Social Sciences (Programa estatístico)
STD Sólidos totais dissolvidos
ii
Lista de Tabelas
Página
Tabela 1 Classificação dos ácidos e bases em duros e moles ............................ 24
Tabela 2 Inclinões das curvas de calibração para cada metal,
construídas com padrões preparados em diferentes extratos ............... 45
Tabela 3 Condições de trabalho para a determinação do Na, K, Ca, Mg,
Fe, Mn, Zn, Cu, Cd e Pb por FAAS ........................................................ 46
Tabela 4 Resultado dos parâmetros sico-químicos das análises das
amostras de água .................................................................................. 51
Tabela 5 Resultado das determinações dos metais nas amostras de
água. Média das concentrações (mgL
-1
) ± desvio padrão
(mgL
-1
) ................................................................................................... 52
Tabela 6 Matriz de distância euclidiana entre as variáveis da análise de
água ...................................................................................................... 56
Tabela 7 Matriz de correlação entre as variáveis da análise de água ................... 57
Tabela 8 Explicação da variância total das PCs obtidas pela análise das
amostras de água ................................................................................... 60
Tabela 9 Resultado das determinações dos metais nas amostras de
sedimento. Concentrações (mgKg
-1
) ± desvio padrão (mgKg
-1
) ............. 64
Tabela 10 Resultado das determinações dos metais por FAAS nas
amostras de sedimento, por fração. Média das concentrações
(mgKg
-1
) ± desvio padrão (mgKg
-1
) ....................................................... 66
Tabela 11 Ordem crescente de afinidade dos elementos Fe, Mn, Zn, Cu
Cd e Pb nas frações do sedimento das amostras estudadas ................ 69
iii
Tabela 12 Somatório das determinações dos metais nas quatro frações
analisadas das amostras de sedimento em mg Kg
-1
............................. 73
Tabela 13 Matriz de correlação para os elementos determinados nas
amostras de sedimento ......................................................................... 74
Tabela 14 Explicação da variância total das PCs obtidas pela análise das
amostras de sedimento .......................................................................... 75
iv
Lista de Figuras
Página
Figura 1 Balanço de oxigênio dissolvido nos sistemas aquáticos; os
processos acelerados ou aumentados pela descarga de
materiais orgânicos são indicados por setas verdes ............................. 05
Figura 2 Esquema representativo das reações e fluxo de elementos
entre a coluna d´água e o sedimento .................................................... 10
Figura 3 Representação esquemática do método de extração
seqüencial de Tessier ............................................................................ 29
Figura 4 Fluxograma mostrando as etapas envolvidas em uma análise
quantitativa ............................................................................................ 33
Figura 5 Mapa com a localização geográfica de Jequié e ilustração da
localização dos pontos de coleta entre a represa do Criciúma
e o rio de Contas .................................................................................... 36
Figura 6 Gráfico do índice pluviométrico da região de Jequié de jan/06
a jul/07 ................................................................................................... 37
Figura 7 Imagem de satélite mostrando corte topográfico e localização da
Barragem de Pedra e da Represa do Criciúma em relação à cidade
de Jequié-BA .................................................................................................. 54
Figura 8 Gráficos das variáveis CE, STD, K, Ca, Mg e Na comparando
as respectivas determinações em cada ponto de coleta nas
duas campanhas de amostragem ......................................................... 54
Figura 9 HCA das variáveis na análise de água .................................................. 59
Figura 10 HCA dos casos na análise de água ...................................................... 59
Figura 11 PCA dos casos (a) e das variáveis (b) das amostras de água
formada pelas PCs 1 e 2 ....................................................................... 61
v
Figura 12 PCA das variáveis (a) e dos casos (b) das amostras de
sedimento formada pelas PCs 1 e 2 ..................................................... 76
Figura 13 PCA das variáveis (a) e dos casos (b) das amostras de
sedimento formada pelas PCs 2 e 3 .................................................... 78
1
1.0 Introdução
Jequié é um município situado no sudoeste da Bahia, numa região de relevo
formado por planícies, morros e serras, a uma altitude de 216m. O clima
predominante nesta região é o tropical chuvoso e o semi-árido, cujas principais
vegetações o a caatinga, a mata de cipó e a mata tropical. A cede deste
município, a cidade de Jequié, com aproximadamente 148.000 habitantes, é
abastecida por dois reservatórios: a Represa Criciúma, de médio porte, e a
Barragem de Pedra, de grande porte. A primeira é formada por dois pequenos
tributários, numa região de transição climática (de semi-árido para úmido), situada às
margens da BA 330, entre as cidades de Jequié e Jitaúna. A segunda é formada
pela bacia hidrográfica do Rio de Contas, numa região de clima semirido,
localizada 18 km à montante da cidade de Jequié [
1
]. Embora as duas represas
distem apenas 40 km uma da outra, estão situadas em áreas com clima, vegetação
e constituições rochosas bastante diferentes. Uma vez que os metais e nutrientes
presentes nos fluxos de águas naturais são provenientes da lixiviação das
substâncias químicas contidas nas rochas, drenagem de água de chuva e descarga
de águas de despejos urbanos e industriais [
2
], grandes diferenças químicas, físicas
e organolépticas são observadas nas águas destes dois recursos hídricos. Esses
dois parâmetros (quantidade de metais e nutrientes) são naturalmente regulados
pela ocorrência de chuvas nas áreas das bacias hídricas: em períodos de estiagem,
ocorre um aumento na concentração de metais e nutrientes na água dos rios e
reservatórios devido à diminuição do seu volume atribuído ao processo de
evaporação; em períodos de chuvas intensas, o nível de água desses
reservatórios aumenta, diminuindo a concentração de metais e nutrientes na água
[
3
].
A região em volta da Bacia Hidrográfica do Criciúma tem como principal
atividade agrícola a cacauicultura. Devido o surgimento da vassoura de bruxa em
1989, a produção de cacau diminuiu em 80%, causando graves impactos
socioeconômicos [
4
,
5
]. Na tentativa de minimizar os problemas causados por esta
praga, uma excessiva quantidade de pesticidas, fertilizantes e condicionadores de
solo vêm sendo utilizada. Essa exploração da natureza afeta todo o ecossistema
circunvizinho à região cacaueira, alterando o equilíbrio existente. Em relação à água,
tais atividades antropogênicas alteram suas características físicas, químicas e
2
biológicas. Os resíduos sólidos originados por essas atividades são fontes de
poluição e toxidez à vida aquática, e a principal forma de contaminação das águas
por esses poluentes ocorre quando grande parte do volume precipitado sofre
interceptação em folhas e caule, lavando-os e arrastando para o solo as partículas
sólidas poluentes ali depositadas. Ao atingir o solo, a água percola e infiltra-se neste,
abastecendo os lençóis freáticos e vegetais. Após saturação do solo, a água escoa
superficialmente carregando ponderáveis massas de sedimentos sólidos poluentes
para a bacia hidrográfica.
O trecho do Rio de Contas estudado fica na cidade de Jitaúna, próximo à
confluência deste com o Rio Criciúma. Poucos quilômetros a montante dos pontos
estudados este rio atravessa o perímetro urbano de Jequié, onde está ocorrendo um
processo de degradação intensa e permanente, que se acelerou a partir do final da
década de 80, quando inúmeras residências foram construídas próximo ao seu leito
e o processo de retirada de areia da calha do rio aumentou consideravelmente. Além
disso, ele recebe o aporte de esgoto sanitário e industrial da cidade e drenagem de
água pluvial.
Essas fontes de poluição pontuais e difusas também m contribuído
significativamente para modificações dos ambientais em torno destes dois recursos
hídricos. Os materiais dissolvidos e particulados de natureza orgânica e inorgânica
que adentram um ambiente aquático, invariavelmente se associam de alguma forma
através de processos de superfície (como a adsorção, a complexação e re-
precipitação) aos particulados suspensos preexistentes no ambiente.
Subseqüentemente, tendem a se decantar (primeiro as partículas maiores e mais
pesadas, seguidas das mais finas e mais leves) no fundo desses ambientes,
passando assim a fazer parte dos sedimentos [
6
]. A reatividade desses lidos,
particulados suspensos e de fundo (os sedimentos), será tanto maior quanto mais
finas forem, isto é, quanto maior for a área superficial. Esse processo é muito ativo
em qualquer ambiente onde haja apreciável quantidade de particulados finos, como
o silte e a argila, fazendo desses particulados e dos sedimentos finos os principais
sumidouros de espécies contaminantes
[6].
3
2.0 Revisão de Literatura
2.1 Parâmetros físico-químicos utilizados para avaliar a qualidade da água
A turbidez, o OD, o pH, a CE e os STD são importantes instrumentos de
controle e avaliação que fornecem informões para se conhecer o estado e as
tendências qualitativas e quantitativas dos recursos hídricos.
Com relação a esses parâmetros, a resolução 20 de 1986 do CONAMA
estabelece como limites máximos em águas destinadas ao abastecimento domestico
os seguintes valores: < 40 NTU para turbidez; > 6 mg L
-1
para OD; e pH entre 6 e 9.
Para a CE não há referência [
7
].
2.1.1 Turbidez
É a medida determinada por absorção e espalhamento de um feixe de luz ao
atravessar certa quantidade de água uma vez que as partículas que a causam são
maiores que o comprimento de onda da luz branca. Essa medição é feita com um
turbidímetro ou nefelômetro, que compara o espalhamento de um feixe de luz ao
passar pela amostra, com o de um feixe de igual intensidade, ao passar por uma
suspensão padrão. Quanto maior o espalhamento maior será a turbidez [
8
].
Os valores dessa medida são expressos, normalmente, em Unidades
Nefelométricas de Turbidez - UNT, ou em mg/L de SiO
2
(miligramas por litro em
Sílica).
As principais causas da turbidez da água são: presença de matérias sólidas
em suspensão (silte, argila, sílica, coloides), matéria orgânica e inorgânica finamente
divididas, organismos microscópicos e algas. A origem desses materiais pode ser o
solo; a mineração (como a retirada de areia ou a exploração de argila); e o esgoto
indústrial ou doméstico lançado no manancial sem tratamento. Esses materiais se
apresentam em tamanhos diferentes, variando desde partículas maiores (> 1 µm),
até as que permanecem em suspensão por muito tempo, como é o caso das
partículas coloidais (de diâmetro entre 10
-6
e 10
-4
cm). [8]
As águas de lagos, lagoas, açudes e represas apresentam, em geral, baixa
turbidez, que variam em função de perturbações do sistema por agitações
4
mecânicas, naturais ou não. Invariavelmente, após uma chuva forte, as águas dos
mananciais de superfície ficam turvas graças ao transporte dos sedimentos das
margens pela drenagem das águas pluviais.
Desta forma, as partículas que causam a turbidez, além de reduzirem a
penetração da luz solar na coluna d´água, prejudicando a fotossíntese das algas e
plantas aquáticas submersas, podem absorver calor adicional da luz solar,
aumentando a temperatura da camada superficial da água. Nos cursos d’água, os
sedimentos em suspensão podem ainda transportar nutrientes e poluentes
adsorvidos de um local para outro e entre os compartimentos hídricos (coluna
d’água e sedimento de fundo). [8]
2.1.2 Oxigênio dissolvido (OD)
É a quantidade, em mg L
-1
, de oxigênio dissolvido na água. Esse parâmetro é
um dos mais importantes para avaliar a capacidade de um corpo hídrico em suportar
atividade biológica de organismos aquáticos. [
9
]
O oxigênio molecular dissolvido é o agente oxidante mais importante em
águas naturais. Em uma reação envolvendo transferência de elétrons, cada um dos
átomos da molécula é reduzido do estado de oxidação zero até o estado de
oxidação -2, formando H
2
O ou OH
.
As semi-reações de redução do O
2
em solução ácida e neutra são
respectivamente:
O
2
+ 4H
+
+ 4e
2H
2
O E° = 1,229 V .................................. (Equação 1)
O
2
+ 2H
2
O + 4e
4OH
E° = 0,401 V ................................. (Equação 2)
A concentração de OD em um corpo d’água é controlada por vários fatores,
sendo um deles a solubilidade do oxigênio em água, que assim como ocorre com
outros gases apolares, é pequena devido à diferença de polaridade. [9]
Mesmo assim, a presença do O
2
na água se deve, em grande parte, à sua
difusão do ar atmosférico para a água, segundo a equação A, cuja constante de
equilíbrio apropriada é a da Lei de Henry (K
H
).
O
2(g)
O
2(aq)
K
H
= 1,29 x 10
3
mol L
1
, a 25°C e 1 atm ............... (Equação 3)
5
Desta forma, para o processo de dissolução do O
2
, K
H
é definida como:
, onde pO
2
é a pressão parcial do oxigênio atmosférico. Portanto, como
à temperatura ambiente e ao nível do mar a pressão atmosférica é 1 atm e a
proporção de O
2
no ar seco é 21% em volume, pode-se estimar a pressão parcial do
oxigênio como sendo 0,21 atm. Substituindo esse valor de pressão na expressão da
constante de equilíbrio de Henry rearranjada, tem-se: = 1,29 x 10
3
mol L
1
atm
1
x 0,21 atm = 2,7 x 10
4
mol L
1
. Portanto, estima-se a solubilidade do
O
2
em água, a 25°C e ao nível do mar, como sendo 8,6 mg L
1
. [9]
O processo de fotossíntese dos seres autótrofos aquáticos constitui outra
fonte muito importante de oxigênio dissolvido.
A Figura 1 mostra o balanço de oxigênio dissolvido na água.
Figura 1. Balanço de oxigênio dissolvido nos sistemas aquáticos; os processos acelerados ou
aumentados pela descarga de materiais orgânicos são indicados por setas verdes. (Fonte:
http://www.dicionario.pro.br/dicionario/index.php/OD)
Como as principais fontes de oxigênio dissolvido dependem de
transformações físicas (difusão) e químicas (fotossíntese), sua disponibilidade e
abundancia são altamente dependentes de algumas variáveis, tais como [9]:
Temperatura: Como a solubilidade dos gases em água diminui com o
aumento da temperatura, quanto mais fria uma água, mais ela pode
dissolver oxigênio;
Altitude: Em regiões de baixa altitude, a pressão atmosférica é maior e
permite que mais oxigênio seja dissolvido na água.
6
Velocidade e tipo de fluxo: Quanto maior a velocidade e mais
turbulento for o fluxo d'água, mais oxigênio pode ser dissolvido neste
meio. Rio e riachos encachoeirados de montanhas têm águas com
maiores medidas de OD.
Quantidade de matéria em suspensão: Oxigênio é mais facilmente
dissolvido em águas limpas, isto é, com pouco material em suspensão
(baixa turbidez).
Quantidade de nutrientes: Quanto maior a quantidade de nutrientes na
água, maior é o crescimento de algas. Até certa quantidade este
aumento da atividade das algas leva ao aumento, durante o dia, do
nível de oxigênio devido à fotossíntese e um decréscimo à noite pela
cessação da fotossíntese. Se a quantidade de nutrientes for grande
ocorre uma rápida proliferação de algas, e a morte natural de uma
parte destas aumenta a atividade de bactérias aeróbicas com a
consequente diminuição da medida de OD. Este processo recebe o
nome de eutrofização.
Profundidade: As águas pouco profundas são mais aquecidas e
perdem oxigênio. Isto ocorre freqüentemente com os corpos d'água
que estão sendo assoreados, como lagos, baías, etc.
Arborização: A mata ciliar atua como um anteparo para os raios solares
impedindo o aquecimento da água. Também atua como um anteparo a
sedimentos trazidos pela drenagem diminuindo a carga de sólidos em
suspensão.
Poluição: Uma grande parte da poluição que é lançada nos corpos
hídricos (rios, lagos, mares, etc) é composta de matéria orgânica
proveniente dos esgotos domésticos. A decomposição desta matéria
orgânica pelas bacterias aeróbicas leva à diminuição do oxigênio
dissolvido e a consequente morte da vida aquática.
2.1.3 pH
pH é o símbolo para a grandeza físico-química potencial hidrogeniônico.
Essa grandeza indica a acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma solução líquida.
7
O termo pH foi introduzido, em 1909, pelo bioquímico dinamarquês Soren Peter
Lauritz Sorensen (1868-1939) com o objetivo de facilitar seus trabalhos no controle
de qualidade de cervejas. O "p" vem do alemão potenz, que significa poder de
concentração, e o "H" é para o íon de hidrogênio (H
+
) [
10
].
Matematicamente, o "p" equivale ao simétrico do logaritmo (cologaritmo) de
base 10 da atividade dos íons a que se refere. Para íons H
+
:
......................................................................... (Equação 4)
O representa a actividade em mol L
-1
. Em soluções diluídas (abaixo de
0,1 mol L
-1
), os valores da atividade se aproximam dos valores da concentração em
quantidade de matéria, permitindo que a equação D seja escrita em função da
concentração em quantidade de matéria:
........................................................................... (Equação 5)
O pH pode ser determinado usando um medidor de pH (tamm conhecido
como pH-metro) que consiste em um eletrodo acoplado a um potenciômetro. O
medidor de pH é um milivoltímetro com uma escala que converte o valor de
potencial do eletrodo em unidades de pH. Este tipo de elétrodo é conhecido como
eletrodo de vidro, que na verdade, é um eletrodo do tipo "íon seletivo".
Embora o valor do pH compreenda uma faixa de 0 a 14 unidades, estes não
são os limites para o pH. É possível obter valores de pH acima e abaixo desta faixa,
em soluções concentrada de ácidos e bases fortes, como HCl e NaOH.
Do mesmo modo que o pH, pode-se definir o pOH em relação à concentração
de íons OH
-
:
...................................................................... (Equação 6)
Tambem é possível estabelecer uma relação entre pH ou pOH a partir da
constante de dissociação da água (K
W
) à temperatura de 298 K (25 °C).
H
2
O
(l)
H
3
O
+
(aq)
+ OH
-
(aq)
K
W
= 1 x 10
14
mol L
1
, a 25°C .......... (Equação 7)
8
Assim, pela definição de K
w
(produto iônico da água ), ao
se aplicar a função logarítmica, obtem-se a relação: pH + pOH = 14.
O pH é um importante indicador das condições química do solo e dos
recursos hídricos por possuir capacidade de interferir na mobilidade dos metais.
Quando em condições muito ácidas, abaixo de pH 4,5, pode resultar em dissolução
de alguns elementos como ferro, manganês, cobre, zinco, chumbo e cádmio em
proporções tais que, podem tornar-se potencialmente tóxicos. Quando o pH se
encontra muito elevado, isto é acima de 8,0, esses metais tendem a precipitar,
tornando-se menos assimiláveis e, portanto, menos ativos [10].
2.1.4 Condutividade Elétrica (CE)
A condutividade é uma expressão numérica da capacidade de uma água
conduzir a corrente elétrica. Depende das concentrações iônicas e da temperatura.
Indica a quantidade de sais existentes na coluna d'água, e, portanto, representa uma
medida indireta da concentração de poluentes. Em geral, níveis superiores a 100 µS
cm
-1
indicam ambientes impactados. A condutividade tamm fornece uma boa
indicação das modificações na composição de uma água, especialmente na sua
concentração mineral, mas não fornece nenhuma indicação das quantidades
relativas dos vários componentes. À medida que mais sólidos dissolvidos são
adicionados, a condutividade da água aumenta [
11
].
2.1.5 Sólidos totais dissolvidos (STD)
Correspondem ao peso total dos constituintes minerais presentes na água,
por unidade de volume. Na maioria das águas naturais, a Condutividade Elétrica
(CE) da água, multiplicada por um fator que varia entre 0.55 e 0.75, gera uma boa
estimativa de STD [11].
Com base nos valores estimados de STD as águas são classificadas em
Doces (STD entre 0 e 500 mg/L), Salobras (STD entre 500 e 1500 mg/L) ou
Salgadas (STD maior que 1500 mg/L) [11].
9
2.2 Metais na água e no sedimento
Os metais estão presentes naturalmente no ambiente, e alguns deles são
essenciais às plantas, aos animais e ao homem. São constituintes de rochas e
sedimentos, que em condições normais representam as principais fontes desses
elementos. As fontes antropogênicas, incluindo emissões industriais, efluentes,
fertilizantes, condicionadores de solo e pesticidas, contribuem para o aumento da
concentração de metais nos solos [
12
].
Nos recursos hídricos, os metais estão presentes na coluna d´água e no
sedimento como íons livres ou adsorvidos em colóides, e suas concentrações
nesses dois compartimentos são resultado da combinação do processo de formação
do solo e de atividades antrópicas. O compartimento onde o processo de
concentração dos metais é mais significativo nos ambientes aquáticos é o sedimento
e, por esse motivo, ele é muito utilizado como material de amostragem, tanto na
pesquisa de prospecção mineral como nos estudos ambientais. Isso se deve ao fato
do sedimento o se comportar apenas como depositário dos materiais gerados
internamente ou transportados da área ao redor da bacia hidrográfica, mas tamm,
como um compartimento ativo que intercambia espécies (reduzidas e solúveis)
contaminantes ou nutrientes com a coluna d’água. Ao refletirem a qualidade do
sistema e o desenvolvimento histórico de parâmetros hidrológicos e químicos, os
sedimentos são particularmente úteis na identificação, no monitoramento e no
controle de fontes de poluição [
13
,
14
,
15
].
A solubilidade dos metais é controlada por fenômenos de
adsorção/dessorção, precipitação/dissolução e complexação. Essas interações
influenciam a partição de metais nas fases líquida e sólida do sedimento e são
responsáveis pela mobilidade e biodisponibilidade dos metais no sistema. A
quantidade total desses elementos no sedimento é distribuída em diferentes frações.
Os metais podem estar presentes como íons-livres, como complexos organo-
minerais solúveis ou adsorvidos às partículas do solo. As várias formas físico-
químicas de metais pesados (na coluna d’água e seus particulados suspensos,
sedimentos e águas intersticiais) nos ecossistemas aquáticos podem ser
identificadas e avaliadas a partir da extração seqüencial [6]. A Figura 2 ilustra esses
fenômenos e a dinâmica de movimentação dos metais nesses sistemas.
A mobilidade dos metais entre os compartimentos aquáticos depende da
10
composição do sedimento e dos sólidos suspensos, sendo as frações solúveis e
trocáveis as mais importantes em relação à poluição do ambiente e à nutrição e/ou
contaminação de plantas e comunidades bentônicas. Com o conhecimento que se
detém hoje a cerca do comportamento dos metais toxicos nos ambientes aquáticos,
pode-se facilmente concluir que essas espécies químicas permanecerão
irreversivelmente presas aos sedimentos, desde que as condições anaeróbicas
naturalmente reinantes ali sejam mantidas. No entanto, assumindo tal característica,
os depósitos podem causar efeito direto, resultante da bioconcentração desses
contaminantes na cadeia alimentar via organismos bentônicos. Se as condições
biogeoquímicas forem rompidas junto ao sedimento, natural ou artificialmente, as
consequências adversas serão automaticamente refletidas na biota da coluna
d’água devido à remobilização desses elementos [
16
,
17
].
Figura 2. Esquema representativo das reações e fluxo de elementos entre a coluna d´água e o
sedimento. (Adaptado de: SILVEIRA, 2002)
2.2.1 Comportamento do cobre, zinco, cádmio e chumbo no meio ambiente
Espera-se que sob condições oxidantes e meio ácido, esses elementos sejam
todos solúveis e possuam boa mobilidade nos sistemas aquáticos. Com a
diminuição da concentração hidrogeniônica, suas concentrações na coluna dágua
tendem a diminuir, devido a adsorção nos óxidos e hidróxidos de ferro e de
11
manganês, particularmente para Pb e Cu. O comportamento do cádmio é também
drasticamente afetado pela adsoão na calcita, e depois devido a baixa solubilidade
de seus carbonatos, óxidos e hidróxidos formados. Porém, sob condições redutoras
e em presença de enxofre, esses elementos podem ser imobilizados como sulfetos
[
18
,
19
,
20
,
21
].
Em geral, dentre esses elementos, o cobre é o que complexa mais fortemente
com a matéria orgânica. Logo depois vem o chumbo, seguido do zinco e do cádmio.
As complexações do zinco e cádmio, através da matéria orgânica aquática são
importantes somente em ambientes que possuem concentrações de carbono
orgânico dissolvido relativamente altas [
22
,
23
].
2.2.1.1 Cobre
O cobre é um metal avermelhado que ocorre naturalmente nas rochas, solos,
água, sedimento e em pequenas quantidades no ar. Pode ser encontrado tanto na
forma elementar (menos comum), quanto na forma composta (mais comum),
formando outros produtos como o bronze, por exemplo. Sua forma metálica é pouco
solúvel em água e em soluções salinas.
O íon cuproso é instável em solução aquosa dissociando-se em íon cúprico e
elementar. os complexos cuprosos podem ser formados na água por processos
fotoquímicos que duram várias horas.
O cobre é um elemento essencial presente em vários sais minerais e
compostos orgânicos. No corpo humano, participa dos processos de formação da
hemoglobina, dos carboidratos, da elastina, da queratina do cabelo e nos
mecanismos de defesa antioxidantes. Seu excesso pode causar alergias, irritações
nos olhos, nariz, boca, náuseas e diarréias. Se a ingestão for via oral através da
água e alimento, os sintomas podem piorar, podendo causar danos aos rins e fígado
e até mesmo levar o indivíduo à morte em casos extremos. Os valores máximos
estabelecidos para a ingestão de cobre, ainda não estão bem definidos, tendo a
dose letal sido estimada entre 50 e 500 mg Cu Kg
-1
. Não foi comprovado
carcinogenicidade pelo uso excessivo de cobre [19,
24
].
12
2.2.1.2 Zinco
O zinco é um dos elementos mais comuns na crosta terrestre sendo
encontrado no solo, na água, no ar e em todos os alimentos.
É um dos metais mais amplamente utilizados no mundo e ocorre em
pequenas quantidades em quase todas as rochas ígneas. O conteúdo natural de
zinco no solo é estimado como sendo de 1 a 300 mg Kg
-1
, sendo a maior parte dele
encontrada naturalmente na forma de sulfito [
25
,
26
].
O zinco é um metal essencial que atua como co-fator de numerosas enzimas
relacionadas ao metabolismo energético no corpo humano e auxilia na prevenção de
doenças gastrintestinais e de outros sistemas metabólicos.
2.2.1.3 Cádmio
O cádmio é um elemento químico que ocorre naturalmente na crosta terrestre
e pode apresentar-se na cor prata opaco, azulado ou metálico. É um resíduo da
produção de zinco e, portanto, segue os níveis de produção deste. Geralmente é
encontrado em baixas concentrações na crosta terrestre.
No meio ambiente não é encontrado naturalmente na forma pura metálica,
mas geralmente como um mineral combinado com outros elementos como o
oxigênio (óxido de cádmio), cloreto (cloreto de dmio) ou enxofre (sulfato de
cádmio, sulfito de cádmio, etc.). Os cloretos e os sulfatos são as formas mais
facilmente dissolvidas na água [18,
27
].
O cádmio é um metal altamente xico que se acumula em organismos
aquáticos, possibilitando a sua entrada na cadeia alimentar. Não é essencial para
nenhum tipo de ser vivo e as rotas de exposição para os humanos são: ar, água,
alimento e tabaco, sendo o alimento a principal via de entrada. Entretanto, quando
introduzido por via oral, o cádmio é pouco absorvido, sendo 95% eliminado e o
restante é acumulado nos rins e gado, com uma meia-vida biológica em torno de
10 anos [26].
Esse elemento é comprovadamente um agente cancerígeno e teratogênico,
podendo causar danos no sistema reprodutivo, disfunções renais, hipertensão,
arteriosclerose, inibição no crescimento e doenças crônicas em idosos. Em
fumantes, aumenta o risco de câncer de pulmão.
13
A Organização Mundial de Saúde estabeleceu em 1972 uma ingestão
semanal máxima tolerável de cádmio de 400 a 500 µg por pessoa.
2.2.1.4 Chumbo
O chumbo é um metal de cor cinza-azulado, inodoro, maleável e facilmente
ionizável no ar. Apesar de ter quatro elétrons em sua camada de valência, apenas
dois se ionizam rapidamente. Na forma metálica é resistente à corrosão, isto é,
quando exposto ao ar ou à água é formada uma camada fina de compostos de
chumbo protegendo-o dos ataques químicos.
O chumbo está amplamente distribuído e fortemente adsorvido ao sedimento
e às partículas do solo, sendo encontrado em uma variedade de minerais. Apenas
uma pequena fração está dissolvida na água e também na água intersticial entre as
partículas do sedimento. Em muitos compostos inorgânicos ocorre no estado
oxidado Pb
+2
e devido a sua baixa solubilidade, tende a precipitar-se. Trata-se de
um elemento relativamente abundante na crosta terrestre, entretanto é raramente
encontrado naturalmente como um metal. Normalmente está combinado com dois
ou mais elementos químicos formando compostos de chumbo [18, 20, 22].
A contaminação ambiental por chumbo provém de produtos manufaturados,
pinturas e pigmentos, veículos automotores, combustão de resíduos sólidos, etc.
Mais de 80% da ingestão diária de chumbo ocorre pelos alimentos e poeiras, sendo
a principal via de absorção do chumbo a gastrointestinal, embora a intensidade varie
com a idade, dieta e status nutricional. O aumento da absorção gastrointestinal de
chumbo nos animais está associado à deficiência quanto ao teor de cobre, zinco,
cálcio e vitamina D no organismo. Intoxicações por chumbo podem afetar o sistema
nervoso causando neuropatias periféricas em adultos e encefalopatias em crianças,
bem como problemas renais [20].
Os órgãos oficiais de saúde (como por exemplo a ANVISA) sugerem uma
ingeso máxima diária de chumbo em torno de 0,08 a 0,16 µg Kg
-1
dia
-1
. Adultos
absorvem aproximadamente de 5 a 15% da ingestão de chumbo e retém menos que
5%. Em crianças com idade acima de 10 anos, a capacidade total de absorção no
corpo é de menos que 0,1 µg Kg
-1
, e aumenta com a idade para cerca de 1,4 a 5,7
µg Kg
-1
na fase adulta.
14
2.2.2 Comportamento do Ferro e do Manganês
Assim como ocorre para o Zn, Cu, Cd e Pb, sob condições oxidantes e meio
ácido, o Fe e o Mn são solúveis e possuem boa mobilidade nos sistemas aquáticos.
Em condições aeróbicas, ou quando o pH se aproxima da neutralidade, a forma
férrica dos sais inorgânicos é a que prevalece em soluções aquosas, enquanto o
manganês ocorre como manganês (II) nessas condições. Com a diminuição do pH,
tanto a concentração do Fe quanto do Mn tende a diminuir na coluna dágua. Nessas
condições de meio alcalino e sem a presença de quelantes formar-se-ão hidróxidos
de Fe e de Mn [21,
28
,
29
].
2.2.2.1 Ferro
O ferro é o quarto elemento mais abundante no planeta. Ao lado do alumínio,
é o elemento metálico mais importante no ambiente terrestre, e sua maior parte
aparece combinada com oxigênio, silício e enxofre. Desta forma, quase todas as
rochas e solos contêm, pelo menos, traços de ferro.
O ferro puro é um metal branco-prateado, maleável, muito reativo e facilmente
oxidável. A maior parte do ferro na crosta terrestre es na forma Fe
2+
, mas é
rapidamente oxidada a Fe
3+
na superfície da Terra, que é insolúvel em água e,
devido a esse comportamento, é raramente encontrado na natureza em sua forma
elementar. A forma férrica sofre hidrólise muito facilmente formando polímeros de
hidróxido de ferro insolúvel, geralmente denominado ferrugem [28].
Sendo assim, a contaminação dos recursos hídricos por ferro ocorre
naturalmente pelo desgaste de rochas contendo minérios de ferro e escoamento
superficial do metal. Entretanto, um incremento deste elemento nas águas e
sedimentos de rios também pode ocorrer por atividades antrópicas, sendo algumas
delas: as atividades de mineração e fundição; escoamento superficial urbano;
efluentes de esgotos municipais e industriais; uso de fertilizantes, etc.
O ferro é um elemento essencial ao homem cuja ingestão diária recomendada
é 10 a 20 mg dia
-1
para os adultos. As principais fontes desse elemento são os
alimentos e a água. O homem adulto tem de 3 a 5 g de ferro corporal total, em que
2/3 estão ligados à hemoglobina, 10% à mioglobina e enzimas contendo ferro e o
restante a algumas proteínas específicas. O ferro é muito bem aproveitado pelo
15
organismo, tendo o excesso ingerido eliminado pelas fezes [28].
A deficiência de ferro no organismo leva à anemia hipocrônica microcítica, à
alteração do metabolismo muscular e à disfunção no sistema imunológico. O
excesso de ferro no organismo, quando acumulado devido alguma anomalia no
organismo, pode causar cirrose hepática e distúrbios endócrinos e cardiovasculares.
Em geral a população humana não se encontra em risco de exposição ao
ferro e os limites de ingestão desse elemento propostos por agencias reguladoras
em relação a água, por exemplo, referem-se mais a problemas estéticos e de
paladar do que a problemas de saúde [28].
2.2.2.2 Manganês
Assim como o ferro, o manganês é um elemento amplamente distribuído,
sendo o 5º metal mais abundante na crosta terrestre. É abundante nas rochas
ígneas, sedimentárias e metamórficas. No solo suas concentrações dependem das
características geotérmicas, das transformações ambientais dos compostos de
manganês naturalmente presentes, da atividade de microorganismos e da
incorporação pelas plantas. A erosão do solo é uma das mais importantes fontes
naturais de manganês [29].
O manganês pode se apresentar como um sólido quebradiço ou como um pó
branco-acinzentado. Ele participa de vários processos fisiológicos, vegetais e
animais. É, também, um elemento essencial para a fisiologia animal em processos
de formação dos ossos, função reprodutiva e metabolismo de carboidratos e lipídios.
A toxicidade oral e dérmica deste elemento é pouco significativa devido à baixa
solubilidade do metal. Estudos sugerem que exposição a altas concentrações
ambientais pode originar inflamações nos pulmões (pneumonia química) e dispnéia
[29].
O Mn é freqüentemente transportado nos rios adsorvido em sedimentos
suspensos. A tendência dos compostos solúveis de serem adsorvidos ao solo e
sedimento pode ser altamente variável, dependendo principalmente da capacidade
de troca iônica do cátion. O adubo e aplicações de nitrogênio parecem reduzir a
disponibilidade do Mn nos solos [29].
16
2.2.3 Cátions majoritários: Na
+
, K
+
, Ca
2+
e Mg
2+
O Na, K, Ca e Mg são denominados elementos majoritários por serem
aqueles encontrados em maior concentração nos ambientes aquáticos. Esses
elementos são liberados pelo processo de intemperismo das rochas. Nos corpos de
água superficiais, encontram-se associados, em maior escala com cloretos (Cl
-
) e
bicarbonatos (HCO
3
-
) e em menor escala com carbonatos (CO
3
2-
), sulfatos (SO
4
2-
) e
nitratos (NO
3
-
) [
30
].
A quantidade de dio retido no processo de troca iônica do solo influencia
nas propriedades físicas deste compartimento, inclusive na permeabilidade. Isso
ocorre porque o íon Na
+
, quando presente em altas concentrações, provoca um
desequilíbrio no sistema de troca iônica em relação aos íons Ca
2+
e Mg
2+
,
provocando um efeito negativo na disponibilidade dos nutrientes. Tal desequilíbrio
resultará na dispersão das partículas de argila, que têm a função de agregação dos
nutrientes nos solos. Esse fenômeno pode até mesmo dar início a um processo de
desertificação em áreas de solos com elevados teores de dio (solos sodificados).
Por esse motivo que, em uma água natural utilizada para irrigação, faz-se
necessário avaliar a Relação de Adsorção do Sódio (RAS), que exprime a proporção
do íon Na
+
em relação à soma dos íons Ca
2+
e Mg
2+
(a fim de evitar a substituição
destes íons bivalentes por aquele monovalente no processo de adsorção do solo)
[30].
Assim como o sódio, os sais de potássio tamm possuem alta solubilidade
em água. Entretanto, devido sua participação no processo de troca iônica dos solos,
a concentração deste elemento em águas naturais é baixa. Como o íon K
+
é
facilmente absorvido pela argila, são normalmente encontrados no compartimento
sólido de fundo (sedimento) dos recursos hídricos. Isso explica a baixa concentração
deste elemento na coluna d’água e alta no sedimento [
31
].
O cálcio é um importante elemento constituinte das rochas e, devido o
processo de lixiviação, está presente em altas concentrações em águas naturais.
Sua concentração neste último compartimento é fortemente controlada pela
disponibilidade de dióxido de carbono dissolvido (CO
2
), como indicado no equilíbrio
da equação 6 [30].
CaCO
3
+ CO
2
+ H
2
O Ca
2+
+ 2 HCO
3
-
......................................... (equação 8)
17
Desta forma, elevado teor de CO
2
dissolvido desloca o equilíbrio para a direita
favorecendo o processo de dissolução do Ca
2+
contido nos minerais carbonatados.
Em contra partida, uma vez que a reação da equação 8 é reversível, em sistemas
cuja retirada de CO
2
dissolvido é favorecido o equilíbrio é deslocado para a
esquerda favorecendo o processo de decantação do Ca
2+
. Sendo assim, a
mobilidade do cálcio nos recursos hídricos está intimamente associada ao processo
de degradação microbiana da matéria orgânica no solo e sedimento, pois essa ação
biológica aumenta as concentrações de CO
2
e HCO
3
-
na coluna d’água [30].
As propriedades químicas do magnésio são bastante semelhantes às do
cálcio. Da mesma forma, sua solubilidade nas águas naturais é influenciada pelo
valor do pH e pela variação das concentrações de CO
2
e HCO
3
-
dissolvidos. Além
disso, o Mg tem uma tendência natural de formar complexos e pares iônicos tais
como Mg(H
2
O)
6
2+
e Mg(OH)
+
, de relativa estabilidade em solução [30].
2.3 Reações envolvidas na interface água sedimento
2.3.1 Precipitação e dissolução
As reações de precipitação e dissolução são importantes componentes para
estimar a atividade dos elementos na solução do solo e no sedimento. Estas
reações são geralmente descritas pelo produto de solubilidade, quando um lido é
dissolvido para formar o soluto nesta solução [
32
].
Em condições constantes de temperatura e pressão, a equação geral para um
equilíbrio químico é descrita pela equação 9:
A
a
B
b(s)
→ aA
(aq)
+ bB
(aq)
................................................................... (equação 9)
A constante de equilíbrio termodinâmico, Kº, para esta reação é expressa na
equação 9, em que os parênteses indicam a atividade dos íons em solução. Quando
a atividade da água e da fase sólida é considerada igual à unidade, é chamado
de constante termodinâmica do produto de solubilidade [32].
........................................................................... (equação 10)
18
Muitos elementos metálicos formam óxidos no sedimento. Conhece-se
razoavelmente a formação e a estabilidade de óxidos de ferro e de manganês, que
incluem a hematita (α-Fe
2
O
3
), a goetita (α-FeOOH), a pirolusita (β-MnO
2
) e a
manganita (-MnOOH). Estes óxidos podem estar presentes no solo como
cobertura superficial de outros minerais, como os minerais de argila, e têm papel
importante na solubilidade do ferro e do manganês, bem como de outros elementos
que se desenvolvem fortemente nas suas superfícies ou que co-precipitam com
eles, podendo ainda ficar oclusos. O cobre e o zinco, por exemplo, formam óxidos
estáveis com Fe(III), a ferrita cúprica (CuFe
2
O
4
) e a franklinita (ZnFe
2
O
4
), que
apresentam papel importante na definição da solubilidade destes elementos no solo.
As reações de hidrólise, o pH e as condições de oxi-redução são fatores que tendem
a alterar, às vezes sensivelmente, o equilíbrio das reações de
dissolão/precipitação [28,
33
].
Gases dissolvidos na solução também têm efeito marcante na
dissolão/precipitação de muitos elementos. Caso bem conhecido é o da pressão
de CO
2
, que na solução do solo e no sedimento pode exceder em muito sua pressão
na atmosfera por causa dos processos respiratórios (equação 11) dos sistemas
biológicos [12].
(CH
2
O)
n
+ O
2
→ CO
2
+ H
2
O.......................................................... (equação 11)
O CO
2
, atmosférico e proveniente do processo respiratório, dissolve-se na
água de acordo com a equação 12 formando o ácido carbônico.
CO
2
(g) + H
2
O H
2
CO
3
log Kº= -1,46 ................................... (equação 12)
O ácido carbônico é um ácido fraco, sendo a espécie aquosa HCO
3
-
predominante entre pH 6,4 e 10,3. Em condições ligeiramente alcalinas e com teores
altos de CO
2
, a precipitação de carbonatos de metal (II) pode ser muito significativa.
em meios mais ácidos os metais podem ser remobilizados do sedimento para a
coluna d’água [12].
19
Outro exemplo importante de gás dissolvido é a presença ou ausência de O
2
na solução que, ao controlar as condições redox do meio, afeta substancialmente as
reações. A equação 15, resultante da soma das equações 13 e 14, ilustra a reação
de oxi-redução que acontece com um metal (M) em solução aquosa [
34
].
2M
2+
+ 2H
2
O
2MO + 4H
+
+ 4e
-
.................................................. (equação 13)
O
2
+ 4H
+
+ 4e
-
2 H
2
O ................................................................. (equação 14)
2M
2+
+ O
2
2MO
......................................................................... (equação 15)
Observa-se que em meio anóxido o tion tende a ficar solúvel, enquanto na
presença de oxigênio ele tende a formar óxido.
Outros íons, como fosfato, sulfato, sulfito e carbonato, podem interferir nas
relações de solubilidade dos elementos metálicos, formando, muitas vezes,
precipitados muito pouco solúveis, e diminuindo a concentração de íons em solução.
2.3.2 Adsorção
É definida como o acúmulo de uma substância ou material na interface entre
uma superfície sólida e uma solução. Trata-se de um dos processos mais
importantes no controle da biodisponibilidade e do comportamento de metais nos
solos e sedimentos. A reação de adsorção é um importante fator que controla a
atividade de metais não apenas nesses compartimentos, mas também em corpos de
águas. Como resultado da adsorção, os metais são removidos da água e retidos na
superfície dos colóides através de grupos que complexam metais, como o
hidrogênio, superfícies dos óxidos e dos minerais de argila, além dos grupos
carboxílicos e fenólicos na superfície da matéria orgânica [
35
].
Vários mecanismos estão envolvidos na adsorção de metais em sedimento,
incluindo forças físicas (van der Waals e ligões eletrostáticas) e químicas
(complexos de esfera interna). O tipo de interação que irá predominar depende de
diversos fatores, tais como quantidade e o tipo de sítios associados com a fase
sólida do sedimento, da concentração do metal e dos ligantes capazes de formar
complexos organo-minerais, do pH, da condutividade elétrica e do potencial redox
[12, 34,
36
].
20
2.3.2.1 Adsorção não-específica ou troca iônica
As partículas inorgânicas coloidais do solo e sedimento são compostas
basicamente por argilominerais e óxidos e hidróxidos de ferro, de alumínio e de
manganês. Os argilominerais são caulinita, haloisita, montmorilonita, vermiculita,
ilita, clorita e vermiculita com hidróxido de alumínio entre camadas. Estes minerais
sofrem modificações estruturais durante o processo de intemperismo que provocam
o aparecimento de cargas negativas em suas superfícies. Por exemplo, pode haver
átomos de Al
3+
numa estrutura em que deveria estar um de Si
4+
, o que resulta no
aparecimento de uma carga negativa. Esta substituição de um Si
4+
por um Al
3+
na
rede do cristal é chamada substituição iônica ou isomórfica, e a carga negativa
gerada, por não depender do pH e da concentração iônica da solução que a rodeia,
é chamada de permanente [12, 26].
No caso dos óxidos, cargas negativas são geradas na sua superfície devido à
complexação de OH
-
da solução do solo (e/ou água intesticial do sedimento) ou à
dissociação de H
+
da sua superfície. Nestes materiais, cargas positivas podem ser
geradas devido à complexação de H
+
ou à dissociação de OH
-
da superfície. Tanto
as cargas positivas como as negativas geradas nestas condições o chamadas de
dependentes, porque sua presença é alterada pelo pH, força iônica da solução e
pela valência do íon predominante [12].
O princípio da eletroneutralidade exige que as cargas negativas associadas a
essas superfícies sólidas sejam compensadas por quantidade equivalente de cargas
positivas na forma de prótons ou de espécies catiônicas [
37
]. Os cátions que
envolvem as partículas de argila estão em agitação permanente devido à sua
energia térmica e tendem a escapar da influência das cargas negativas, que por sua
vez os atraem para a superfície. A interação dessas duas forças faz com que se
forme uma nuvem catiônica ao redor da partícula, ao invés de uma monocamada.
Esta concepção estrutural é chamada de teoria da dupla camada difusa, que é muito
útil para explicar uma série de fenômenos que ocorrem no solo [12].
Os cátions da nuvem são retidos pela superfície exclusivamente por forças
eletrostáticas não específicas (donde, às vezes, o processo é chamado de adsorção
não específica) e por causa de sua agitação térmica e por sua exposição aos outros
cátions da solução que não estão sob influência do campo elétrico da partícula
21
podem ser trocados por estes, daí o nome de troca iônica. A quantidade de cátions
que pode ser reversivelmente adsorvida de forma trocável no solo é chamada de
capacidade de troca catiônica. Este fenômeno tem certas características que
merecem ser destacadas:
é reversível;
é controlado pela difusão iônica;
é estequiométrico;
na maioria dos casos uma seletividade ou preferência de um íon
pelo outro, que está relacionada com o raio iônico hidratado e com a
energia de hidratação dos cátions de mesma valência.
Um íon com raio iônico hidratado grande é retido com menor intensidade,
enquanto que um com raio pequeno chega mais perto da superfície e, assim, a
atração coulombiana é maior. Íons com maior valência têm maior força de
deslocamento, exceção feita ao H
+
. A afinidade dos colóides de superfície em
adsorver cátions aumenta com a valência dos mesmos. Para cátions com diferentes
valências, a afinidade, em geral, segue a ordem M
+
< M
2+
< M
3+
. Para cátions de
mesma valência, a afinidade na adsorção é determinada, principalmente, pelo raio
iônico hidratado [12, 26].
2.3.2.2 Adsorção específica
A adsorção de metais não pode ser explicada simplesmente devido às forças
eletrostáticas, especialmente em solos e sedimentos nos quais os óxidos
apresentam importante função. O ponto de carga zero da maioria dos óxidos é
superior a 8, porém a adsorção de íons metálicos de transição ocorre, em geral, em
valores de pH entre 3 e 7. Nesse caso, a superfície apresenta balanço positivo de
cargas, o que ocasiona em forças de repulsão entre a superfície do colóide e os
metais. Os metais então se combinam com os grupos hidrogênio e oxigênio na
superfície dos óxidos, resultando a formação de complexos de superfície, [12].
A adsorção específica, ou adsorção química, de metais em solo e sedimento
resulta da formação de moléculas estáveis, com elevada energia de ligação, e tem
como consequência a formação dos chamados complexos de esfera interna. Nesse
tipo de ligação estão envolvidas forças específicas, e a adsorção depende da
22
natureza dos cátions e das propriedades da superfície do colóide. O íon adsorvido é
chamado de adsorvato e a partícula que expõe a superfície de adsorvente. Nesta
situão, os íons perdem sua água de hidratação, parcial ou totalmente, formando
complexo de esfera interna com a superfície de óxidos de ferro, de manganês, de
alumínio, aluminossilicatos não cristalinos e mesmo com arestas quebradas de
argilominerais, que apresentam um tipo similar de sítio de adsorção, ou seja, um OH
-
ou uma molécula de H
2
O com valência insatisfeita, ligada a um íon metálico da rede
cristalina [12, 26,
38
].
Esse mecanismo é mais lento do que a formação de complexos de esfera
externa e é pouco afetado pela força iônica da solução. Com o tempo, a tendência é
que metais adsorvidos especificamente na superfície dos colóides difundam para o
interior das partículas, dificultando posterior dessorção. Os óxidos de Al, Fe e Mn e a
matéria orgânica são os principais constituintes do solo e sedimento envolvidos
nesse tipo de adsorção [12, 26].
Dentre as espécies catiônicas que podem ser adsorvidas especificamente, a
maioria é metal pesado, tal como Cu, Zn, Co e Cd. A adsorção específica ocorre
porque os metais pesados e os íons metálicos dos grupos IB e IIB apresentam
elevada quantidade de prótons no seu núcleo atômico, pequeno tamanho iônico e
elevada polaridade. Além disso, os metais pesados apresentam maior habilidade em
se deformar quando comparado aos metais alcalinos e alcalinos terrosos.
Finalmente, os metais pesados existem na forma de cátions hidratados, tal como
MOH
+
, o que contribui para a redução na quantidade média de carga elétrica por íon
e, conseqüentemente, redão na barreira” que deve ser sobreposta quando os
íons se aproximam da superfície dos óxidos, facilitando então a interação entre os
íons e a superfície dos colóides [12, 26].
Na adsorção específica não ocorre a dessorção de contra-íons e as
propriedades da superfície de cargas dos óxidos podem ser modificadas, como
exemplificado na equação 16, onde M = metal.
-Fe- OH + M(H
2
O)
6
2+
-Fe-OM(H
2
O)
5
+
....................................... (equação 16)
A adsorção específica de metais pesados não atua nas reações de trocas de
tions, mas é um importante fator no controle da concentração, biodisponibilidade e
23
toxicidade de metais nos solos e sedimentos.
2.3.2.3 Adsorção ou complexação por substâncias húmicas
A matéria orgânica do solo é um fator importante na retenção de metais.
Associações organo-metálicas podem ocorrer tanto na fase sólida, como na fase
líquida do solo e sedimento e/ou de resíduos. Embora a ligação entre metal e
matéria orgânica possa ser vista como troca iônica entre H
+
de grupos funcionais e
os íons metálicos, o alto grau de seletividade mostrado pelas substâncias húmicas
por certos metais sugere que eles coordenam diretamente com aqueles grupos
funcionais, formando complexos de esfera interna. Uma sequência típica de
seletividade tende a ser em ordem decrescente: Cu > Fe = Al > Mn = Co > Zn [33].
O carbono orgânico dissolvido (COD) é um componente muito importante da
solução do solo e tem papel de destaque em processos químicos que ocorrem no
ecossistema, aumentando a disponibilidade dos metais para as plantas ou, em
certas circunstâncias, diminuindo sua toxicidade.
Alguns metais, tal como o cobre, podem ser complexados pelo COD,
aumentando os riscos de lixiviação do metal no perfil. Húmus e outros compostos
orgânicos podem quelar os metais e formar moléculas estáveis. As frações húmicas
com baixo peso molecular são mais efetivas na complexação de íons metálicos, uma
vez que esses compostos contêm elevadas concentrações de grupos fenólicos (Ph-
OH), aminos (-NH
2
) carboxílicos (HOOC-).
A influência do pH nas substâncias húmicas ocorre porque a maioria desses
grupos funcionais são pH-dependentes, pois se o pH do meio diminui ocorre
protonação da superfície de cargas, e se diminui ocorre desprotonação. Essa
capacidade de ionização depende do pK de cada grupo: é maior para os grupos
cujos valores de pK são menores (como o carboxílico, por exemplo) e menor para os
grupos cujos valores de pK são maiores (como o fenólico, por exemplo). Desta
forma, na complexação de íons por matéria orgânica é importante que se considere
a interação metal-ligante e a constante de estabilidade dos complexos formados [10,
12, 33].
A natureza da ligação numa reação de sorção vai de ligação puramente
eletrostática a fortemente covalente. Para ajudar a avaliar as interações entre os
íons metálicos e ligantes inorgânicos (ânions) ou orgânicos, um princípio muito
24
importante, além da hidrólise, é o de ácidos e bases, moles e duros sugerido por
Pearson em 1963, mostrado na Tabela 1.
Tabela 1. Classificação dos ácidos e bases em duros e moles.
Ácidos
Bases
Duros: H
+
, Li
+
, Na
+
, K
+
, Be
2+
, Mg
2+
,
Ca
2+
, Sr
2+
, Fe
3+
, Al
3+
, Se
3+
Duros: H
2
O, OH
-
, F
-
, PO
4
3-
, SO
4
2-
, Cl
-
,
CO
3
2-
, ClO
4
-
, NO
3
-
, ROH, COO
-
Intermediários: Cr
2+
, Mn
2+
, Fe
2+
, Co
2+
,
Ni
2+
, Cu
2+
Intermediário: Br
-
, NO
2
-
, N
2
, Cl
-
, SO
3
2-
Moles: Ag
+
, Au
+
, Ti
+
, Cu
+
, Zn
2+
, Cd
2+
,
Hg
2+
, Pb
2+
, Su
2+
Moles: I
-
, CN
-
, CO S-N-P-orgânicos, SH
(Adaptado de SILVEIRA, 2002)
Baseado no conceito de ácido e base de Lewis, no qual o primeiro é uma
substância que aceita elétron e a segunda uma substância que doa elétron, a
classificação de Pearson estabelece que ácidos duros preferem reagir ou complexar
com bases duras, e ácidos moles preferem bases moles. O termo duro indica alta
eletronegatividade, baixa polaridade e raio iônico pequeno, e o termo mole indica o
contrário [12].
2.4 Amostragem
Amostragem é o processo pelo qual uma pequena porção da amostra
representa, efetivamente, a composição média da massa total do material,
determinando as características de todo o sistema amostrado. Coso a amostra não
seja representativa, não adianta ter à disposição para a análise os melhores
equipamentos nem técnicos ou analistas, pois nenhum resultado gerado será
coerente e/ou confiável.
Para que haja uma confiabilidade analítica, a amostragem deve ser encarada
como um complemento analítico. Desta forma, ela representa a parte inicial do
estudo e da sua boa execução depende um bom resultado.
Muitas sociedades profissionais, como a American Society for Testing
Materials (ASTM), Association of Official Analytical Chemists (OAC), American Public
25
Health Association (APHA), Standard Methods,
Companhia de Tecnologia e
Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e laboratórios ou indústrias
possuem instruções definidas ou protocolos próprios de amostragem para diferentes tipos
de materiais [12, 26].
2.4.1 Amostragem de água
Não uma padronização para coletar amostras de águas superficiais. Desta
forma, varias instituições vêm desenvolvendo técnicas de coleta na tentativa de
aumentar a confiabilidade e a representatividade da amostragem, tanto do ponto de
vista técnico quanto econômico.
Para a definição da técnica mais adequada de coleta, é recomendável realizar
uma investigação preliminar a fim de avaliar o grau de heterogeneidade da água.
Essa heterogeneidade pode ser causada por fatores naturais e/ou antopogênicos e
por fatores espaciais (representada pelo relevo e formas geológicas no entorno da
bacia hídrica) e/ou temporais (representado pelos fatores climáticos, principalmente
pela distribuição de chuvas). Quando existem fases separadas, é necessário
determinar os volumes relativos de cada fase a fim de se comparar corretamente a
composição de uma fase com a outra. Nesse caso, as fases deverão ser
amostradas individualmente, pois não é possível obter-se uma amostra
representativa de materiais combinados, mesmo após uma agitação vigorosa das
fases imiscíveis conjuntamente [26].
Para o estudo de metais em águas superficiais faz-se necessário adicionar
ácido nítrico concentrado às amostras logo após a coleta, ainda em campo, em
quantidade suficiente para obter pH menor que 2 para preservação da mesma,
evitando a adsorção dos metais nas paredes internas do recipiente [
39
,
40
].
Chegando ao laboratório as amostras devem ser mantidas sob refrigeração de 4ºC
até a realização da análise
95
. Neste trabalho as amostras de água não foram
filtradas.
2.4.2 Amostragem de sedimento
No caso de sólidos, o processo para se obter uma amostra representativa do
material depende do tipo de sólido. Mesmo aqueles sólidos que superficialmente
26
apresentam aparência de homogeneidade possuem concentrações localizadas de
impurezas e composição variada. Se o material for mais ou menos homogêneo, a
amostragem será relativamente simples. Se, no entanto, o material for volumoso e
heterogêneo, a amostra grosseira deverá ser reduzida à amostra homogênea por
um ciclo de operações que incluem trituração, moagem e peneiração da amostra
[12, 21].
A fração fina (< 63 µm) dos solos e sedimentos é a mais recomendada para
ser analisada na determinação de metais traço [
41
], pois estes elementos
encontram-se, principalmente, nas partículas de argila/lama.
Especialistas defendem a idéia de que sedimento o é constituído apenas
pelo material insolúvel que se deposita no fundo dos corpos d’água, mas tamm
pelo material particulado não filtrável em suspensão. Esse último deve ser obtido
diretamente através da filtração da água superficial em uma membrana de 0,45 µm
antes da adição de qualquer conservante químico.
De acordo com o guia de coleta e preservação de amostras de água da
CETESB, as amostras de sedimento podem ser obtidas com a utilização de dragas
ou pegadores específicos (como o pegador de Ekman, pegador ou draga de
Petersen e pegador ou draga de Ponar) ou por peagadores artezanais
confeccionados com tubos de PVC. A escolha do pegador ou draga mais adequado
depende do tipo de amostra (lodo, argila, areia, matéria orgânica em decomposição,
etc) e do local de amostragem (raso, fundo, com ou sem correnteza, etc) [21].
As amostras coletadas devem ser acondicionadas em sacos de PVC ou
recipientes de vidro, dependendo do tipo de análise que se pretende com a amostra
(determinação de metais ou compostos orgânicos, por exemplo). Em seguida
promove-se o congelamento das mesmas a -20ºC para preservar sua integridade,
minimizando a ação decompositora dos microorganismos.
Após descongelar e secar as amostras promove-se sua trituração, moagem e
peneiração (fração < 63 µm) para a devida homogeneização do material a ser
analisado [21].
27
2.5 Pré-tratamento das amostras
A preparação da amostra é a etapa decisiva em todo o método de análise, em
especial na determinação de componentes em quantidades traço e nos casos em
que a matriz que contém o substrato de análise é muito complexa [12, 21].
A seleção do método mais apropriado depende de vários fatores como: as
propriedades sico-químicas do substrato (soluto); concentração do analito na
amostra; natureza da matriz da amostra; forma que o soluto encontra-se na amostra;
etc [18].
Devido à grande variedade de métodos analíticos sensíveis, multielementares
e hifenados disponíveis, é recomendável a pesquisa na literatura apresentada e em
outras fontes de trabalhos específicos ou semelhantes ao que se pretende realizar,
referentes à coleta, preparo e abertura de amostras de diferentes naturezas e
origens, visando determinação posterior [12, 21].
No preparo de amostras, pode-se empregar abertura por via seca
(incineração, fusão) ou por via úmida (digestão ácida, simples dissolução da amostra
ou extração com solvente). Conforme o método a ser empregado, é comum efetuar
separações preliminares, mais ou menos demoradas [12, 21].
2.5.1 Extração de
K
+
, Na
+
, Mg
2+
e Ca
2+
trocáveis em sedimento por cloreto de
amônio
As ligações entre os cátios trocáveis K
+
, Na
+
, Mg
2+
e Ca
2+
e os sítios de troca
no solo e sedimento possuem caráter predominantemente eletrostático. Dessa
forma, a extração pelo método da troca iônica com os cátions da solução extratora é
facilitada e ocorre de forma semelhante tanto para a solução de NH
4
Cl 1,0 mol L
-1
quanto para a solução de KCl 1,0 mol L
-1
.
A extração dos cátions trocáveis supracitados é preferencialmente feita com
solução de cloreto de amônio. Essa escolha deve-se ao fato de que a solução de
cloreto de potássio apresenta algumas desvantagens, como a impossibilidade de se
determinar Na
+
e K
+
trocáveis no mesmo extrato. Por outro lado, a utilização do
cloreto de amônio como extrator, além de não apresentar essa desvantagem, ainda
diminui o problema da contaminação das vidrarias por potássio [
42
].
28
2.5.2 Extração sequencial dos elementos em solução
A extração seqüencial de metais em solo e sedimento consiste em extrair,
com seletividade, através da utilização de reagentes apropriados, os metais que
apresentam afinidade com as várias fases geoquímicas do sedimento. Trata-se de
procedimentos muito trabalhosos que demandam um tempo grande na fase de
preparação das amostras para análise. Em contrapartida esses procedimentos
fornecem um mero de informações muito grande, tais como: a origem, a forma de
ocorrência, a biodisponibilidade, fluxos, mobilidade e transporte de metais. Através
das extrações seqüenciais, pode-se constatar a presença de metais em formas
químicas mais lábeis (como na fase trocável e associada ao carbonato) ou mais
estáveis, de menor mobilidade e/ou biodisponibilidade (ligadas às fases de óxido de
Fe e Mn, tamm denominada de redutível; à matéria orgânica; e residual) [12, 32,
26].
A determinação de elementos tóxicos nos solos e sedimentos é uma
importante ferramenta para monitorar a poluição ambiental. Embora a análise total
destes elementos forneça evidências de possíveis contaminações, o conhecimento
das formas químicas do metal no solo e sedimento é fundamental para estimar sua
mobilidade e biodisponibilidade no ambiente.
Na literatura podem-se encontrar vários trabalhos envolvendo métodos de
extração seqüencial. Essa variedade de esquemas de fracionamento demonstra que
ainda não um procedimento padrão para a extração seqüencial de metais em
amostras de solo e sedimento. Muitas vezes o que diferencia um procedimento do
outro são modificações realizadas para adaptar a metodologia a uma condição
particular específica
[12, 32, 26].
O método de Tessier (Figura 3), um dos precursores da extração sequencial
de metais em solo e sedimento, é o mais citado e usado nos trabalhos relacionados
na literatura (muitas vezes com modificações). Esse procedimento, esquematizado
na Figura 2, considera as seguintes formas químicas mais importantes: solúveis e
mais facilmente trocáveis (fração 1); ligadas aos carbonatos (fração 2); ligadas aos
óxidos de ferro e de manganês (fração 3); e ligada à matéria orgânica (fração 4) [22].
Este esquema tem sido a base para os esquemas de fracionamento mais
recentes, sendo que as principais modificações aparecem na fração ligada aos
óxidos de ferro e de manganês, que tem sido dividida em: ligação metal-óxido
29
facilmente redutível, ligação metal-óxido amorfo e ligação metal-óxido cristalino.
Como o solo e o sedimento são formados por diferentes componentes, a
concentração total de qualquer elemento poderá estar dispersa e distribuída entre
esses componentes e ligados a eles de diferentes modos. Algumas ou todas as
fases podem estar contribuindo para a disponibilidade à planta ou para a sua
liberação à solução do solo e movimento pelo perfil. A magnitude desta fração
disponível é de fundamental interesse para o meio ambiente [22].
Para avaliar esta fração “disponível”, volta-se a atenção para os componentes
com maior superfície específica, tais como argilominerais, óxidos e matéria orgânica,
uma vez que os íons adsorvidos nestes materiais devem, provavelmente, ser mais
facilmente deslocáveis. A dinâmica entre estas diferentes formas é o alicerce
fundamental para o entendimento da biodisponibilidade e facilidade de liberação ao
meio ambiente dos diferentes elementos [22].
Figura 3. Representação esquemática do método de extração seqüencial de Tessier. (Adaptado de
BARRERA, 2001)
30
2.5.3 Extração sequencial de Ferro, Manganês, Zinco, Cobre, Cádmio e
Chumbo em sedimento
A técnica de extração sequencial dos metais, que determina a concentração
das formas físico-químicas individuais dos elementos que, em conjunto, constituem
a concentração total dos mesmos na amostra, possibilita a obtenção de novos dados
para prever sua mobilização no sedimento e (bio)disponibilidade.
Para a extração sequencial em amostras sólidas, inicialmente deve ser
aplicado um método de extração, que pode ser seletivo ou seqüencial. Um elemento
pode estar presente em um sólido sob a forma de espécies adsorvidas na superfície,
como precipitados, em sítios de troca iônica nas superfícies das partículas, como co-
precipitados, oclusos ou como compostos de coordenação. Quando a extração
seqüencial é aplicada, está baseada na progressão de extratores fracos, como a
água, até um extrator forte, como um ácido concentrado [22,
43
].
Os extratores parciais podem ser classificados como: concentrados de
eletrólitos inertes, ácidos fracos, agentes redutores, agentes complexantes, agentes
oxidantes e ácidos minerais fortes
[22].
Os primeiros extratores geralmente são aqueles com propriedades de troca
iônica, deslocando íons de sítios iônicos específicos, sendo representados por
soluções iônicas, como o cloreto de magnésio e de cálcio e nitrato de sódio [22].
Em seguida, o utilizados extratores com propriedades de dissolução de
carbonatos, que metais ligados a carbonatos são sensíveis à variação de pH.
Estes são representados por solução tampão de ácido acético/acetato de amônia
com pH 5,0 [22].
Os extratores com propriedades de redução ácida continuam o processo de
extração e promovem a dissolução de oxi-hidróxidos de ferro e manganês, tendo
como exemplo a solução diluída de ácido acético [22].
Depois, extratores que enfraquecem a ligação do metal com compostos
orgânicos e sulfetos o utilizados, representados por soluções ácidas de peróxido
de hidrogênio ou soluções de hidróxido de sódio com pH 12,0, pois permitem a
degradação da matéria orgânica, por hidrólise ou oxidação, facilitando a liberação
dos metais [22].
Por fim, são utilizados extratores que promovem a dissolução dos silicatos e
minerais, representados por ácidos fortes, como HCl e HNO
3
[22].
31
2.6 Técnicas de determinação analítica
Várias técnicas o atualmente utilizadas por rotina para a determinação de
elementos metálicos em solução aquosa. Importantes exemplos o a
espectrometria de absorção atômica por chama (FAAS), espectrometria de absorção
atômica com atomização eletrotérmica (ET-FAAS), espectrometria de emissão óptica
com plasma induzido (ICP-OES), espectrometria de massa com plasma induzido
(ICP-MS) e cromatografia de íons. As principais diferenças com relação a essas
técnicas dizem respeito à sensibilidade, linearidade, especificidade, repetibilidade,
reprodutibilidade nas determinações [18,
44
,
45
], além do custo e da freqüência
analítica.
Outro exemplo de técnica para a determinação de elementos metálicos
utilizada recentemente é a espectrometria de fluorescência de raios X por dispersão
de comprimento de onda (WD-XRF), que possibilita analisar amostras sólidas em
pastilhas prensadas. Esta técnica possibilita tamm a obtenção simultânea de
resultados de outros elementos, além dos metais pesados. Como vantagens da
técnica citam-se a grande rapidez analítica e o desnecessário uso de reagentes
químicos agressivos [18].
2.6.1 Determinação de metais em amostras de água e sedimento de rio
Muitas são as técnicas instrumentais utilizadas para determinar metais em
amostras de água e sedimento. Entretanto, a espectrometria de absorção atômica
com chama (FAAS) é uma das técnicas mais utilizadas para a determinação de
elementos metálicos nessas matrizes e a mais simples das técnicas analíticas
baseadas em espectroscopia atômica. É uma das técnicas espectrométricas mais
antigas e por muitos anos foi a principal técnica de determinação de elementos
químicos. Hoje em dia é difícil imaginar um laboratório de rotina analítica sem esse
equipamento [18,
46
].
Devido à sua simplicidade e economia, desde 1960 muitos avanços foram
realizados empregando a técnica com chama que, em parte, substituiu com sucesso
as técnicas de emissão atômica com arco ou faísca. Isso por que mesmo na sua
conhecida versão monoelementar, é rápida e de operação simples, e o equipamento
com acessórios é de baixo custo, assim como o próprio custo operacional [18,
47
].
32
Os primeiros estudos da espectrometria de absorção atômica como técnica
analítica foram feitos em 1955 por Alan Walsh [18]. Com base no princípio da
absorção e na lei quântica de absorção e emissão de radiação proposta por Planck,
Walsh propôs o conceito da espectrometria de absorção atômica e montou o
primeiro protótipo de um destes instrumentos. Em 1966 a utilização da chama óxido
nitroso-acetileno com características redutoras e temperatura máxima de 2850ºC
permitiu a atomização de diversos elementos refratários que não atomizavam
eficientemente na chama ar-acetileno (temperatura máxima de 2250ºC) [18].
A espectrometria de absorção atômica apresenta excelente seletividade
espectral, o que a torna uma técnica muito atraente. Nela, a amostra contendo o
analito atravessa o sistema nebulizador-atomizador onde átomos gasosos no estado
fundamental são gerados. Quando o aerossol formado passa pela chama, uma
medida da absorção da radiação no comprimento de onda específico do elemento
de interesse é realizada. A magnitude dessa radiação absorvida está diretamente
relacionada com a concentração do elemento presente na amostra [18].
Apesar da simplicidade da técnica, a FAAS está sujeita a numerosas
interferências, algumas das quais podem ser compreendidas e tratadas, enquanto
outras permanecem obscuras. Essas perturbações correspondem às dificuldades
que afetam a absorção no comprimento de onda do elemento em estudo.
A ionização é uma dessas interferências e ocorre principalmente para os
elementos alcalinos. Nela, os átomos ionizam-se à temperatura da chama utilizada,
diminuindo a quantidade de átomos disponíveis para a emissão ao comprimento de
onda selecionado e, conseqüentemente, a intensidade de absorção. Esse tipo de
interferência pode ser eliminado pela técnica do tampão de radiação, em que se
adiciona a todos os padrões e à amostra um supressor de ionização, ou seja, um
elemento mais facilmente ionizável que o analito [
48
].
Interferências de matriz são outros destes problemas que se deve às
diferentes propriedades físicas da solução em termos de pressão de vapor,
viscosidade, tensão superficial, etc. Estas propriedades influenciam a intensidade da
absorbância em absorção atômica. Isso ocorre por o coeficiente de
proporcionalidade entre a grandeza medida e a concentração é função do volume
aspirado por intervalo de tempo, o qual depende das propriedades físicas da matriz.
Tais interferências podem ser eliminadas pela técnica da adição de padrão. Essa
33
técnica de cálculo tamm é muito útil quando o elemento em estudo existe em
concentrações muito baixas em solução.
2.7 Análises multivariadas
Uma análise química normalmente gera grandes quantidades de informações
para cada uma das variáveis analisadas que devem ser processadas antes de
serem transformadas em conhecimento. Para que esse conhecimento represente
uma visão global e confiável do fenômeno observado sem, no entanto, perder
qualidade nem quantidade de informações, faz-se necessário uma utilização de
ferramentas estatísticas [
49
,
50
,
51
].
O fluxograma da Figura 4 mostra simplificadamente a sequência técnica de
uma análise quantitativa.
Figura 4. Fluxograma mostrando as etapas envolvidas em uma análise quantitativa. (Adaptado de
HARRIS, 1999).
34
Em pelo menos quatro etapas desta sequência faz-se necessário o uso da
estatística: 1) obtenção da amostra, 2) cálculos dos resultados, 3) estimativa da
confiabilidade dos resultados e 4) interpretação dos resultados. Sendo assim, a
estatística não é apenas uma ferramenta que pode ou não ser utilizada, mas sim
uma parte constitutiva do procedimento metodológico presente desde seu início.
A análise multivariada corresponde a um grande número de métodos e
técnicas que utilizam simultaneamente todas as variáveis na interpretação teórica do
conjunto de dados obtidos. A complexidade matemática, própria dos métodos
multivariados, sugere como medida de bom senso, uma descrição desmatematizada
de seus conteúdos, remetendo ao uso do software estatístico o trabalho enfadonho
do cálculo. Diversos programas estatísticos tais como STATISTICA, S-PLUS, SPSS,
PARVUS, etc, que escondem o edifício matemático atrás de uma interface amigável
ao pesquisador, são muito utilizados nos laboratórios de Química com esta
finalidade [
52
].
2.7.1
HCA e PCA: importantes ferramentas quimiométricas para explorar resultados
analíticos
A estatística multivariada aplicada à química é freqüentemente utilizada no
tratamento de dados analíticos. Essa área da quimiometria (área da estatística
destinada a resolver os problemas específicos da química) desenvolve ferramentas
computacionais que permitem explorar os resultados obtidos por meio de análises
químicas, a fim de verificar a existência de similaridades entre as amostras que, por
sua vez, correspondem às semelhanças na composição química. O reconhecimento
de padrões, uma das principais vertentes do uso da estatística multivariada em
química analítica, viabiliza a obtenção de mais informações quando comparado com
os procedimentos univariados que são usualmente adotados [
53
].
O número de parâmetros analisados (variáveis) nos estudos de
reconhecimento de padrões é elevado, e a representação gráfica de todo o conjunto
de dados facilita a interpretação dos resultados. Alguns algoritmos foram
desenvolvidos para elaborar gráficos que representem a maior quantidade possível
das informações contidas em um conjunto de dados analíticos. Entre eles,
destacam-se a análise por agrupamento hierárquico (HCA) e a análise de
componentes principais (PCA) [51, 53].
35
HCA e PCA permitem a visualização gráfica de todo o conjunto de dados,
mesmo quando o mero de amostras e variáveis é elevado. O uso desses
algoritmos tem como objetivo principal aumentar a compreensão do conjunto de
dados, examinando a presença ou a ausência de agrupamentos naturais entre as
amostras. Ambos são classificados como explorarios ou não supervisionados,
visto que nenhuma informação com relação à identidade das amostras é levada em
consideração [51, 53].
A HCA busca agrupar as amostras em classes, baseando-se na similaridade
dos participantes de uma mesma classe e nas diferenças entre os membros de
classes diferentes. A representação gráfica obtida é chamada de dendrograma, um
gráfico bidimensional independentemente do número de variáveis do conjunto de
dados [51].
A utilização da PCA visa reduzir a dimensionalidade do conjunto de dados
original, preservando a maior quantidade de informação (variância) possível. Essa
redução é obtida por meio do estabelecimento de novas variáveis ortogonais entre
si, denominadas componentes principais (PCs). Organizadas em ordem decrescente
de importância, as PCs são combinações lineares das variáveis originais. Os
gráficos obtidos representam as amostras em um sistema cartesiano onde os eixos
são as PCs [51].
Tanto a HCA quanto a PCA permitem a interpretação multivariada de conjuntos de
dados grandes e complexos por meio de gráficos bi ou tridimensionais. Estes
gráficos apresentam informações que expressam as inter-relações que podem existir
entre as variáveis, facilitando a interpretação multivariada do comportamento das
amostras. A apresentação dos resultados experimentais na forma de gráficos facilita
a interpretação dos dados, visto que o ser humano é dotado de um potente sistema
visual de reconhecimento de padrões. Por esse motivo, a identificação de grupos de
amostras com características parecidas é quase imediata quando se utiliza HCA e
PCA. Além disso, é possível verificar quais dos parâmetros analisados (variáveis)
são os principais responsáveis pela formação dos grupos de amostras. A avaliação
das PCs pode auxiliar no estabelecimento de uma assinatura química particular para
cada grupo de amostras segregado após a PCA. Esse é o objetivo principal dos
estudos de reconhecimento de padrões, que busca encontrar uma maneira de
relacionar a identidade de uma amostra com suas características químicas [49, 50,
51, 52].
36
3.0 Parte Experimental
3.1 Pontos de amostragem
Para avaliar a variação espacial e temporal dos metais estudados na água e
sedimento da Bacia Hidrográfica formadora do Reservatório Criciúma foram
realizadas duas coletas de água e sedimento em nove pontos estrategicamente
distribuídos como mostra a Figura 5.
Figura 5. Mapa com a localização geográfica de Jequié e ilustração da localização dos pontos de
coleta entre a represa do Criciúma e o rio de Contas. (Fonte: http://www.suapesquisa.com/mapas/mp-
brasil.jpg).
37
Fica dois pontos a montante da represa, um em cada tributário do reservatório
(P1 e P2). Três pontos no corpo principal do reservatório (P3, P4 e P5). Quatro
pontos a jusante da represa, sendo dois no rio Criciúma. Um fica localizado
aproximadamente 6 Km da comporta do reservatório (P6) e o outro no exutório deste
rio (P7), a aproximadamente 150 metros antes da foz com o rio de Contas.
Finalmente, dois pontos no leito do Rio de Contas, um 200 metros à montante (P8) e
outro 1000 metros a jusante da referida foz (P9). Esses dois últimos pontos de coleta
foram escolhidos para avaliar a influência das águas do rio Criciúma sobre o rio de
Contas.
3.2 Campanhas de amostragem
A primeira campanha de amostragens foi realizada no dia 22 de abril de 2007.
Pelo fato de ter chovido mais de 320 mm entre 01 de janeiro até o final de abril,
identificamos este período como chuvoso, pois apenas neste período (1/3 do ano) já
havia chovido metade do volume de água precipitado durante todo o ano de 2006.
A segunda campanha de amostragem foi realizada no dia 2 de julho de 2007,
já num período seco, pois nos dois meses subseqüentes à primeira campanha deu-
se um período de estiagem e com sol forte, típico da região em estudo. Durante os
meses de maio e junho de 2007 choveu pouco mais de 27 mm. A Figura 5 ilustra o
índice Pluviométrico da Região de Jequié durante este Período.
Figura 6. Gráfico do índice pluviométrico da região de Jequié de jan/06 a jul/07. (Fonte: BAHIA. SRH,
2007)
0
50
100
150
200
jan/06
fev/06
mar/06
abr/06
mai/06
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
Precipitação (mm)
38
As coletas de água e de sedimento foram realizadas de acordo com o
protocolo de coletas da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do
Estado de São Paulo (CETESB), através do Guia de Coleta e Preservação de
Amostras de Água para evitar qualquer contaminação ou perda durante o transporte
ou período de estocagem.
No momento da coleta de água, a garrafa foi ambientada duas vezes com
alíquotas de água do próprio ponto de coleta. A fim de evitar a introdução de
contaminantes superficiais, as amostras de água foram coletadas em pontos
afastados entre 1 e 2 metros da margem, introduzindo a garrafa de boca para baixo
até uma profundidade de 40 a 50 cm. Após direcionar a boca da garrafa num sentido
contra a correnteza, o recipiente foi virado lentamente até encher de água, deixando
um pequeno espaço vazio para fazer a homogeneização da amostra.
Em cada ponto de amostragem foram coletadas duas amostras de água: a
primeira para análise de pH, CE, STD, Turbidez e OD; a segunda para análise dos
metais Na, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Zn, Cu, Cd e Pb. Logo após a coleta, à amostra
destinada à análise dos metais foi adicionado 1,0 mL de HNO
3
concentrado para
cada litro de água com o objetivo preservá-la quanto à adsorção de metais nas
paredes do recipiente. Ainda em campo, as amostras foram colocadas em caixa de
isopor com gelo e ao chegarem ao laboratório em geladeira a 4ºC até a análise. Não
se procedeu a filtração das amostras.
Para coletar sedimento de fundo foi utilizado um coletor de PVC
confeccionado no laboratório utilizando tubo de PVC de 100 mm de diâmetro e 40
cm de comprimento, vedado por uma rede de nylon de malha fina em uma das
extremidades. O material coletado foi colocado em saco de PVC descartável
(do tipo
apropriado para congelar alimentos) e
depois acondicionado em isopor com gelo. Ao
chegar ao laboratório os sacos com sedimento foram congelados para minimizar os
efeitos da atividade biológica sobre as amostras. Após alguns dias de congelamento
as amostras de sedimento foram descongeladas e secas ao ar por 24 horas. Em
seguida foram colocadas em estufa a 50ºC por 18 horas para terminarem de secar.
Foram, então, trituradas com auxílio de um pistilo e almofariz e peneiradas em malha
de 63 µm.
39
3.3 Lavagem dos recipientes para acondicionamento das amostras
Toda vidraria e recipientes de
polietileno utilizados no desenvolvimento da
pesquisa foram submersos em solução a 3% v/v de detergente para laboratório
Extran por 24 horas. Em seguida foram lavados com água de torneira suficiente para
retirar todo detergente. Após esta etapa, todo esse material foi cheio e/ou submerso
em ácido nítrico a 10% v/v e deixados em repouso por 24 horas. Depois de vazias,
garrafas e frascos de polietileno e vidraria foram enxaguados com água deionizada
purificada através do sistema Milli-Q (Millipore) até alta pureza (resistividade 18
cm
-1
) e emborcados em recipientes limpos e forrados com lenços de papel para
secarem. O objetivo desta lavagem é extrair todas as impurezas metálicas que
eventualmente estivessem adsorvidas nas paredes das garrafas e que pudessem
interferir na análise das amostras.
3.4 Reagentes e soluções
Tanto para a extração seqüencial quanto para a determinação de metais, as
soluções-estoque utilizadas foram preparadas com reagentes de grau analítico
(Merck ou superior) e/ou a partir de soluções padrão (Accustandart/SpecSol) de
concentração 1000 mg mL
-1
. Para a dissolução e/ou diluição dos reagentes e das
soluções-estoque utilizou-se água deionizada purificada através do sistema Milli-Q
(Millipore) até alta pureza (resistividade 18 MΩ cm
-1
). As soluções de trabalho foram,
então, acondicionadas em frascos de polietileno pré-lavados com HNO
3
10%.
Ácido acético (CH
3
COOH) concentrado;
Ácido Nítrico (HNO
3
) concentrado;
Água
deionizada purificada através do sistema Milli-Q (Millipore) até alta
pureza (resistividade 18 MΩ cm
-1
);
Peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) a 30%;
Solução de acetato de amônio (CH
3
COONH
4
) 3,2 mol L
-1
preparada em ácido
nítrico (HNO
3
) a 20% (v/v);
Solução de acetato de sódio (CH
3
COONa) 1,0 mol L
-1
;
Solução de ácido clorídrico (HCl) 0,5 mol L
-1
;
Solução de ácido nítrico (HNO
3
) 0,02 mol L
-1
;
40
Solução de cloreto de amônio (NH
4
Cl) 1,0 mol L
-1
;
Solução de cloreto de magnésio (MgCl
2
) 1,0 mol L
-1
;
Solução de cloridrato de hidroxil amina (NH
2
OH HCl) 0,04 mol L
-1
preparada
em ácido acético (CH
3
COOH) a 25% (v/v);
Solução de hidróxido de sódio (NaOH) 0,5 mol L
-1
;
Solução de lantânio 1,0 g L
-1
;
Soluções-padrão multielementar de Ca, Mg, Na e K para a curva de calibração;
Soluções-padrão multielementar de Cd, Pb e Cu para a curva de calibração,
preparadas com os quatro extratores utilizados na extração sequencial descrita
no ítem 3.7.2;
Soluções-padrão multielementar de Fe, Mn e Zn para a curva de calibração,
preparadas com os quatro extratores utilizados na extração sequencial descrita
no ítem 3.7.2.
3.5 Material
Balões volumétricos de: 25, 50, 100, 200 e 1000 mL;
Barra magnética;
Béqueres de 50, 100, 250, 500 e 1000 mL;
Coletor de PVC manufaturado no laboratório;
Espátula;
Filme de PVC;
Frascos de Polietileno de 100 mL;
Funil de vidro;
Garrafas de polietileno de água mineral de 1000 ou 1500 mL;
Micropipetas de 250, 500, 1000 e 5000 μL;
Papel de filtro;
Peneiras de nylon de 65 m de abertura de malha.
Pipetas volumétricas de 5, 10, 20 e 25 mL;
Ponteiras para micropipetas;
Proveta;
Sacos plásticos para embalar alimento;
Suporte para funil;
41
Suporte universal;
Tubos de polietileno de 50 mL para centrífuga;
3.6 Equipamentos
Agitadores Magnéticos: com e sem aquecimento, Fisatom, modelo 752 A;
Balança Analítica, Monobloc - modelo PB 303;
Banho-maria;
Condutivímetro Microprocessado Bancada, CAAL - modelo CD-820;
Espectrômetro de Absorção Atômica por Chama, Perkin-Elmer - modelo
AAnalyst™ 200;
Estufa, Fabbe;
GPS Global Positioning System, Garmin;
Medidor de Oxigênio Dissolvido Digital Portátil, Homis - modelo 914;
Mesa Agitadora de Frascos, Nova Ética - modelo 109;
pHmetro de Bancada, Digimed modelo DM 20;
Refrigerador, Cônsul - modelo 280;
Sistema Ultrapurificador de Água, Millipore - modelo Milli-Q Gradient A10;
Turbidímetro Digital Microprocessado Bancada, Tecnopon - modelo TB-
1000;
3.7 Preparo das amostras
As determinações de Na
1+
, K
1+
, Ca
2+
, Mg
2+
, Fe
3+
, Mn
2+
, Zn
2+
, Cu
2+
, Cd
2+
, e
Pb
2+
e as medidas de CE, STD, Turbidez, pH e OD foram realizadas diretamente
nas amostras de água.
As amostras de sedimento, após a remoção de pedaços de plantas e
pequenas pedras, foram secas a 50ºC em estufa, trituradas suavemente com auxílio
de pistilo e almofariz e homogeneizadas. A seguir, devido à afinidade dos elementos
traços pela fração mais fina dos sedimentos, as amostras foram peneiradas a uma
granulometria de 63 μm. E finalmente, realizou-se um procedimento de extração
seletiva para avaliar a disponibilidade desses metais nas diversas frações dos
sedimentos.
42
3.7.1
Extração de Cálcio, Magnésio, Sódio e Potássio trocáveis em sedimento
por Cloreto de Amônio [42]
1,000g da amostra de sedimento foi pesada em um erlenmayer de 125 mL.
Adicionou-se, então, 10,00mL da solução extratora de NH
4
Cl 1,0 mol/L ao erlenmayer com a
amostra, tampando a boca do recipiente com filme de PVC. A mistura foi agitada por 5
minutos a 220 rpm e depois deixada em repouso por 20 horas. Esse procedimento foi feito
em triplicata para cada amostra.
No dia seguinte, após a decantação das partículas lidas, transferiu-se 1,00 mL do
extrato sobrenadante para um béquer de 25 mL, acrescentando-se 10,00 mL da solução de
lantânio 1,0 g/L. O mesmo procedimento foi realisado com cada uma das soluções padrão
multielementar de Na, K, Ca e Mg, inclusive para o branco. Após a homogeneisação das
misturas, realisaram-se as leituras no FAAS, acertando o zero do aparelho com a solução
do branco da curva de calibração e seguindo as orientações do manual de instruções.
3.7.2 Extração sequencial de Ferro, Manganês, Zinco, Cobre, Cádmio e
Chumbo em sedimento pelo método Tessier [16]
Foram pesados 2,000g de amostra de sedimento diretamente em tubo de polietileno
de 50 mL para centrífuga. Cada amostra foi pesada em triplicata.
Extração:
Uma solução de MgCl
2
1,0 mol/L foi adicionada até completar
20,00 mL em cada um dos tubos. O pH da solução resultante foi ajustado para
7,0 adicionando-se solução de HCl 0,5 mol/L ou solução de NaOH 0,5 mol/L. Os
tubos foram fechados e colocados deitados em uma caixa e levados à mesa
agitadora por uma hora a 220 rpm. Em seguida procedeu-se a centrifugação por
30 minutos e a solução sobrenadante foi colhida para a analise dos metais.
Nesta etapa foram extraídos os metais da fase trocável e adsorvidos.
2ª Extração:
Ao resíduo sólido resultante da 1ª extração adicionou-se uma
solução de CH
3
COONa 1,0 mol/L até completar 20,00 mL em cada tubo. O pH
da solução resultante foi ajustado para 5,0 adicionando-se CH
3
COOH
concentrado. Os tubos foram fechados e colocados deitados em uma caixa e
levados à mesa agitadora por cinco horas a 220 rpm. Após duas e quatro horas
de agitação o pH em cada tubo foi novamente ajustado para 5,0. Em seguida
procedeu-se a centrifugação por 30 minutos e a solução sobrenadante foi
43
colhida para a analise dos metais. Nesta etapa foram extraídos os metais
ligados aos carbonatos.
3ª Extração:
Ao resíduo sólido resultante da 2ª extração adicionou-se uma
solução de NH
2
OHHCl 0,04 mol/L, que foi adicionado até completar 45,00 mL
em cada tubo. Os tubos foram fechados, colocados em um suporte e levados
ao banho-maria por seis horas à temperatura de 96ºC ± 3ºC. O nível de água na
cuba do banho-maria foi o mesmo da solução interna nos tubos para circulação
mais homogênea do calor pelo sistema. Em seguida procedeu-se a
centrifugação por 30 minutos e a solução sobrenadante foi colhida para a
analise dos metais. Nesta etapa foram extraídos os metais ligados aos oxi-
hidroxidos de Mn e Fe.
Extração:
Ao resíduo sólido resultante da extração adicionou-se 3,00 mL
de HNO
3
0,02 mol/L mais 5,00 mL de H
2
O
2
a 30% e o pH foi ajustado para 2
com HNO
3
concentrado. Essa mistura foi aquecida em banho-maria a 85ºC ±
2ºC. Após duas horas mais 3,0 mL de H
2
O
2
a 30% foram adicionados à solução
e o pH novamente ajustado para 2,0 com HNO
3
concentrado. A mistura foi
novamente aquecida em banho-maria à mesma temperatura. Após três horas os
tubos foram retirados do banho de aquecimento. Depois de esfriar, 5,00 mL de
solução de CH
3
COONH
4
3,2 mol/L foram adicionados à cada um dos tubos. Por
fim, a mistura foi diluída à 20,00 mL com água deionizada e os tubos foram
fechados e colocados na mesa agitadora por 30 minutos a 220 rpm. Em seguida
procedeu-se a centrifugação por 30 minutos e a solução sobrenadante foi
colhida para a analise dos metais. Nesta etapa foram extraídos os metais
ligados à matéria orgânica.
Etapa de coleta da solução sobrenadante e da lavagem do resíduo sólido:
Entre uma extração e outra, logo após a centrifugação das amostras, procedeu-
se a coleta da solução sobrenadante de cada tubo, que foi acondicionada em
recipiente apropriado e levado à geladeira até o momento da análise. O resíduo
sólido de cada tubo foi, então, lavado com 15 mL de água deionizada. Em
seguida procedeu-se nova centrifugação por 30 minutos. A solução
sobrenadante resultante foi descartada e o resíduo sólido submetido à etapa de
extração seguinte.
44
3.8 Procedimentos analíticos
As análises físico-químicas (pH, CE, STD, OD e turbidez) foram realizadas
utilizando-se pH-metro de bancada Digimed, modelo DM 20; condutivímetro de
bancada CAAL, modelo CD-820; medidor de oxigênio dissolvido digital portátil,
Homis - modelo 914; turbidímetro digital de bancada, modelo TB-1000.
As determinações dos elementos Na, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Zn, Cu, Cd e Pb nas
amostras de água e de sedimento foram realizadas empregando-se um
espectrômetro de absorção atômica por chama (FAAS), modelo AAnalyst™ 200
(USA) equipado com corretor de fundo de deutério. A resposta do instrumento foi
conferida a cada dez amostras (trinta análises) com soluções padrões de
concentrações conhecidas. O sistema de aquisição de dados foi gerenciado por
microcomputador acoplado ao espectrômetro de absorção atômica e como fonte de
radiação foi empregada lâmpada de cátodo oco dos respectivos metais.
Para minimizar o efeito da interferência por ionização na determinação dos
elementos Na, K, Ca e Mg, adicionou-se ao branco, padrões e amostras, uma
solução de lantânio.
A interferência de matriz nas amostras foi minimizada com o procedimento de
calibração por adição de padrão. Nesse procedimento, uma quantidade definida de
solução do analito de interesse de concentração conhecida é adicionada a amostra.
A concentração do analito na amostra pode ser calculada segundo a equação 17,
onde: C
d
é a concentração desconhecida do analito na amostra, V
p
é o volume da
solução padrão adicionado, C
p
é a concentração da solução padrão adicionada, V
T
é
o volume da solução padrão adicionado mais o volume da amostra, V
u
é o volume
da alíquota da amostra utilizado, Abs
1
é a absorbância da amostra sem adição de
padrão e Abs
2
é a absorbância da solução com adição de padrão.
.................................................................. (equação 17)
A avaliação da necessidade ou não de promover a adição de padrão à
amostra é feita comparando-se a inclinação das curvas de calibração do metal em
estudo, construídas com padrões preparados em água ultrapura e com o extrator.
Quando a inclinação da curva obtida por padrões preparados com a solução
45
extratora for maior ou menor que 30% do valor da inclinação da curva obtida por
padrões preparados com água ultrapura, admite-se a necessidade de adotar a
adição de padrão.
Na Tabela 2 pode-se observar que apenas para o Mn extraído com MgCl
2
foi
necessário utilizar a adição de padrão. Devido as concentrações extremamente
baixas do Pb e do Cd nos sedimentos em estudo, a adição de padrão foi utilizada
como alternativa para permitir a quantificação adequada dos mesmos por FAAS.
Tabela 2. Inclinações das curvas de calibração para cada metal, construídas com padrões
preparados em diferentes extratos.
Extrato
Parâmetro
Fe
Mn
Zn
Cu
Água
Inclinão
0,03346
0,12454
0,1296
0,06345
Intervalo de
30%
0,02342 a
0,08718 a
0,09072 a
0,04442 a
0,0435
0,1619
0,16848
0,08249
MgCl
2
Inclinão
0,02778
0,05073
0,131
0,04536
CH
3
COONa
Inclinão
0,03333
0,09509
0,1325
0,04986
NH
2
OHHCl
Inclinão
0,03889
0,11604
0,1213
0,06649
HNO
3
+ H
2
O
2
Inclinão
0,03382
0,11834
0,1385
0,06761
Extrato
Parâmetro
Na
K
Ca
Mg
Água
Inclinão
0,00423
0,00417
0,00057
0,00798
Intervalo de
30%
0,00296 a
0,00292 a
0,00040 a
0,00559 a
0,0055
0,00542
0,00074
0,01037
lantânio
Inclinão
0,00518
0,00449
0,00045
0,00823
A Tabela 3 descreve as condições de trabalho escolhidas para a
determinação por FAAS nas amostras de água e sedimento, tais como o
comprimento de onda (λ), solução para minimizar efeito de matriz (Extrato), faixa de
linearidade, Limites de Detecção (LD) e de Quantificação (LQ).
Para a leitura dos cátions majoritários Na, K, Ca e Mg, tanto nas amostras de
água como nas de sedimento, as respectivas curvas de calibração foram obtidas
com o branco e os padrões preparados em extrato de lantânio para minimizar o
efeito de ionização.
46
Tabela 3. Condições de trabalho para a determinação do Na, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Zn, Cu, Cd e Pb.
Elemento
λ (nm)
Extrato
Faixa de
linearidade (mg L
-1
)
LD
(mg L
-1
)
LQ
(mg L
-1
)
Fe
248,3
MgCl
2
0,40 a 12,00
0,89
2,95
CH
3
COONa
0,40 a 12,00
0,45
1,51
NH
2
OHHCl
0,40 a 12,00
0,05
0,16
HNO
3
+ H
2
O
2
0,40 a 12,00
18,66
62,18
Mn
279,5
MgCl
2
0,40 a 12,00
( - )
( - )
CH
3
COONa
0,40 a 12,00
0,27
0,91
NH
2
OHHCl
0,40 a 12,00
1,09
3,62
HNO
3
+ H
2
O
2
0,40 a 12,00
1,32
4,41
Zn
213,9
MgCl
2
1,00 a 3,00
0,06
0,21
CH
3
COONa
1,00 a 3,00
0,06
0,20
NH
2
OHHCl
0,40 a 12,00
0,08
0,27
HNO
3
+ H
2
O
2
1,00 a 3,00
0,17
0,55
Cu
324,8
MgCl
2
1,00 a 6,00
( - )
( - )
CH
3
COONa
1,00 a 6,00
( - )
( - )
NH
2
OHHCl
0,40 a 12,00
0,11
0,35
HNO
3
+ H
2
O
2
0,40 a 12,00
0,73
2,42
Cd
228,8
MgCl
2
0,40 a 3,00
( - )
( - )
CH
3
COONa
0,40 a 3,00
( - )
( - )
NH
2
OHHCl
0,40 a 12,00
( - )
( - )
HNO
3
+ H
2
O
2
0,40 a 3,00
( - )
( - )
Pb
283,3
MgCl
2
0,40 a 4,00
( - )
( - )
CH
3
COONa
0,40 a 4,00
( - )
( - )
NH
2
OHHCl
0,40 a 12,00
( - )
( - )
HNO
3
+ H
2
O
2
0,40 a 4,00
( - )
( - )
Na
589,0
Lantânio
0,50 a 10,00
0,98
3,28
K
766,5
Lantânio
0,50 a 10,00
0,32
1,07
Ca
422,7
Lantânio
1,00 a 20,00
0,87
2,89
Mg
285,2
Lantânio
0,25 a 2,00
0,26
0,08
( - ) Valores o determinados
47
Para a leitura dos metais Fe, Mn, Zn e Cu nas amostras de água as
respectivas curvas de calibração foram obtidas com o branco e os padrões
preparados em água deionizada e purificada pelo sistema Mili-Q, e nas amostras de
sedimento as respectivas curvas de calibração foram obtidas com o branco e os
padrões preparados nos extratos indicados na tabela 3 para cada fração analisada.
Os elementos Cd e Pb foram determinados nas amostras de sedimento utilizando-se
a técnica de adição de padrão pois, além de minimizar o problema do efeito de
matriz, permitiu que as baixas concentrações destes elementos nas amostras de
sedimento pudessem ser medidas.
A faixa de linearidade foi obtida empiricamente analisando-se o coeficiente de
correlação da curva analítica construída com padrões cujas concentrações variaram
entre 0,05 e 20 mg L
-
. Analisando-se a dispersão dos pontos na curva, foram
desconsiderados aqueles que faziam com que o valor do coeficiente de correlação
ficasse menor que 0,98. Esse valor foi adotado por representar um bom ajuste dos
dados para a linha de regressão, pois para o INMETRO e a ANVISA os valores do
coeficiente de regressão devem ser maiores que 0,90 e 0,99, respectivamente [
54
].
O LD e o LQ foram calculados, respectivamente, segundo as equações 18 e
19. Para tanto, dez replicatas do branco de cada solvente para cada metal foram
analisados e a partir dos valores das concentrações determinados calculou-se o
respectivo desvio padrão (S).
................................................................... (equação 18)
................................................................... (equação 19)
3.9 Análise estatística
Quando diversos fatores diferentes são levados em consideração para a
investigação de algum fenômeno, sejam eles medidos (ex.: índice pluviométrico, pH,
OD, CE, STD) ou determinados (ex.: concentração de metais), ferramentas
estatísticas multivariadas são utilizadas no tratamento dos dados. Essas ferramentas
computacionais exploram os resultados obtidos verificando similaridade entre as
48
amostras tentando reconhecer padrões que as identifique. Esse é o principal objetivo
do uso dessas ferramentas multivariadas.
Duas ferramentas quimiométricas muito utilizadas para ajudar a destacar as
variáveis analisada mais importantes o a distância euclidiana e a correlação de
Pearson. Ambas são modelos matemáticos que comparam as variáveis aos pares, e
não como um todo, por isso não são ferramentas de análise multivariada. A primeira
estabelece uma relação por dissimilaridade, ou seja, quanto menor o escore (valor)
da relação entre o par maior é a semelhança entre eles, e vice-versa. o segundo
estabelece uma relação por similaridade, significando que quanto maior o escore
(valor) da relação entre o par maior será a semelhança entre eles.
As ferramentas estatísticas multivariadas utilizadas neste trabalho foram a
HCA e a PCA.
Com a ajuda da correlação de Pearson, as variáveis são agrupas de modo a
ilustrar como as PCs são formadas. A primeira PC é definida pela direção que
descreve a máxima variância dos dados originais. A segunda PC tem a direção de
máxima variância dos dados no subespaço ortogonal à PC1. As PCs subseqüentes
são ortogonais às anteriores e orientadas de tal maneira que descrevem sempre a
máxima variância restante. Pela Própria maneira como estas novas variáveis são
definidas, é possível descrever quase toda a informação contida nos dados originais
usando poucas PCs. Isso permite representar as amostras usando um espaço cuja
dimensão é bem reduzida em comparação à dimensão do espo que descreve os
dados originais
[50].
Da mesma forma que na PCA, a matriz de correlação e da distância
euclidiana ajudam a separar os grupos que compõem o dendograma da HCA. Essa
duas ferramentas auxiliam na interpretação de todo o conjunto de informações
gerado pelas variáveis analisadas nas amostras através de visualização gráfica,
aumentando a compreensão do conjunto de dados e examinando a presença ou a
ausência de agrupamentos naturais entre elas. A HCA e a PCA são as ferramentas
estatísticas gráficas mais utilizadas para esta análise multivariada [50].
A primeira etapa da avaliação dos dados analíticos por meio de HCA ou PCA
consiste na montagem de uma matriz Q (quadro de partida) contendo todas as
informações q
ij
relacionadas com as amostras (dispostas em linhas) e com as
variáveis (dispostas em colunas). O formato da matriz obtida, a partir da
determinação das variáveis ( j ) nas amostras ( i ), é Q ( i x j ).
49
....................................................... (equação 20),
Posteriormente, seleciona-se o método mais adequado para realizar o pré-
processamento dos dados originais das análises químicas contidos na matriz. Essa
etapa de preparação do conjunto de dados é crítica para obter sucesso no
tratamento multivariado.
O quadro de partida dissimétrico Q, cujo termo geral q
ij
representa o valor
tomado pela j-ésima variável no indivíduo i, poderia apresentar variáveis com
mesmas unidades de grandeza, mas com medidas diferentes (em unidade de
massa, por exemplo, algumas medidas poderiam estar expressas em mg e outras
em Kg). Como os valores médios ficam muito dispersos isso pode sugerir que os
dados sejam centrados na média.
.................................................................... (equação 21),
onde
j
é a média aritmética dos valores tomados pela variável j e n é o número de
indivíduos ou objetos. O coeficiente tem por objetivo fazer coincidir a matriz
X
T
X com a matriz variância-covariância (X
T
é a matriz transposta de X, ou seja, as
linhas da matriz X correspondem às colunas da matriz X
T
e as colunas da matriz X
correspondem às linhas da matriz X
T
.).
A transformação feita pela equação 21 traduz-se numa translação da nuvem,
de modo a fazer coincidir o centro de gravidade com a origem. A influência do nível
geral de cada variável é, assim, eliminada, e a matriz Y resultante da multiplicação
entre as matrizes X
T
e X é a matriz variância-covariância. A variância (diagonal
principal da matriz Y) mede a dispersão dos valores em torno da média e representa
uma média da informação (quanto maior a variância, maior a informação sobre o
conjunto de valores analisados). a co-variância (demais diagonais) mede a
redundância da informação, ou seja, a co-dispersão (tendência de duas variáveis se
desviarem ao mesmo tempo para o mesmo lado da média. Este pré-processamento
50
de dados (centralização na média) tem a desvantagem de depender das unidades
das variáveis.
Freqüentemente faz-se necessária uma modificação suplementar do quadro
de partida Q. Isso ocorre quando a dispersão das variáveis é muito diferente ou
quando as variáveis diferem quanto à sua natureza sendo expressas em unidades
de medida não comparáveis. Este problema pode ser resolvido promovendo o auto-
escalonamento ou normalização destas variáveis, ou seja, tornando-as
adimensionais com média nula e variância unitária.
O termo geral da matriz Z (a partir da matriz Q), neste caso, é dado por:
........................................................................ (equação 22),
onde s
j
é o desvio padrão dos valores tomados pela variável j.
A matriz W, resultante da multiplicação entre as matrizes Z
T
e Z, representa a
matriz de correlação. Cada termo geral Z
ij
que ocupa uma posição na diagonal
principal da matriz W corresponde ao valor 1. Os demais termos Z
ij
que ocupam
posições nas outras diagonais da matriz W, assim como na matriz Y, tamm
medem a redundância da informação e cada um deles representa a correlação entre
duas variáveis.
O quociente pelo desvio padrão s
j
provoca a redução do efeito das variáveis muito
dispersas sobre as distâncias entre indivíduos. Assim cada variável terá uma
contribuição análoga na determinação das distâncias.
Todas as operações matemáticas e estatísticas utilizadas na confecção das
matrizes de dissimilaridade (distância euclidiana) e de similaridade (correlação de
Pearson) e nos gráficos de PCA e HCA foram realizadas com auxílio dos programas
Excel 2007 e SPSS 15.0 (Statistical Package for Social Sciences).
51
4.0 Resultados e discussões
4.1 Avaliação das amostras de água
As amostras de água foram diretamente utilizadas nas determinações dos
elementos Na, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Zn e Cu. Além destes parâmetros, realizou-se
ainda medidas de CE, STD, turbidez, pH e OD, esta última realizada in loco.
Como se pode observar na Tabela 4, as amostras de água do rio de Contas
(pontos P8 e P9) apresentam padrões diferentes das amostras do rio Criciúma
(pontos P1 a P7), principalmente para as variáveis CE, STD e pH.
Tabela 4. Resultado dos parâmetrossico-químicos das análises das amostras de água.
Ponto
pH
CE
(µS cm
-1
)
STD
(mg L
-1
)
Turbidez
(NTU)
OD
(mg L
-1
)
P1 - Abr
5,63
48,40
22,10
7,45
8,40
P2 Abr
5,69
43,20
21,30
9,57
8,40
P3 Abr
6,08
40,40
19,68
8,46
8,00
P4 Abr
5,93
50,30
24,60
5,44
7,80
P5 Abr
6,13
41,50
20,30
7,64
8,20
P6 Abr
6,18
35,30
17,24
10,40
8,30
P7 Abr
6,03
40,10
19,37
8,20
7,60
P8 Abr
7,07
409,30
202,00
13,10
8,40
P9 Abr
7,11
361,70
181,70
11,40
8,80
P1 Jul
6,83
47,50
23,30
3,94
9,00
P2 Jul
6,96
44,50
21,70
5,03
8,90
P3 Jul
6,85
47,90
23,60
7,81
8,80
P4 Jul
6,87
53,00
25,80
3,70
7,60
P5 Jul
7,01
46,80
23,10
6,52
7,80
P6 Jul
7,07
41,60
20,30
7,53
8,80
P7 Jul
7,12
44,10
21,80
3,34
8,80
P8 Jul
7,64
335,00
164,60
1,27
7,70
P9 Jul
7,69
317,20
150,10
1,15
7,60
A Tabela 5 apresenta os resultados das determinações dos metais nessas
amostras.
52
Tabela 5. Resultado das determinações dos metais nas amostras de água. Média das concentrações
(mg L
-1
) ± desvio padrão (mg L
-1
).
Ponto
Na
K
Ca
Mg
Cd
P1 - Abr
7,30
±
0,04
2,04
±
0,01
0,21
±
0,01
0,27
±
0,00
< LD
P2 Abr
7,67
±
0,03
1,42
±
0,04
0,15
±
0,02
0,33
±
0,00
< LD
P3 Abr
6,48
±
0,06
1,48
±
0,06
0,16
±
0,01
0,37
±
0,00
< LD
P4 Abr
8,03
±
0,01
2,17
±
0,01
0,23
±
0,02
0,39
±
0,00
< LD
P5 Abr
7,34
±
0,03
1,62
±
0,01
0,16
±
0,01
0,32
±
0,00
< LD
P6 Abr
6,19
±
0,07
1,31
±
0,00
0,15
±
0,02
0,28
±
0,00
< LD
P7 Abr
6,85
±
0,02
1,45
±
0,01
0,21
±
0,02
0,31
±
0,00
< LD
P8 Abr
75,06
±
0,01
6,27
±
0,03
10,38
±
0,05
13,21
±
0,00
< LD
P9 Abr
68,34
±
0,04
5,89
±
0,02
8,73
±
0,03
11,58
±
0,09
< LD
P1 Jul
8,21
±
0,05
2,17
±
0,00
0,36
±
0,02
0,46
±
0,01
< LD
P2 Jul
7,24
±
0,09
1,34
±
0,00
0,35
±
0,00
0,57
±
0,01
< LD
P3 Jul
8,30
±
0,03
1,49
±
0,04
0,33
±
0,01
0,53
±
0,06
< LD
P4 Jul
8,68
±
0,04
2,16
±
0,03
0,45
±
0,01
0,65
±
0,00
< LD
P5 Jul
8,18
±
0,03
0,98
±
0,05
0,35
±
0,01
0,59
±
0,03
< LD
P6 Jul
7,23
±
0,02
1,25
±
0,02
0,32
±
0,04
0,46
±
0,00
< LD
P7 Jul
7,81
±
0,02
1,29
±
0,01
0,37
±
0,02
0,54
±
0,02
< LD
P8 Jul
13,86
±
0,01
5,21
±
0,01
10,54
±
0,05
3,73
±
0,02
< LD
P9 Jul
13,80
±
0,00
4,90
±
0,02
8,52
±
0,09
3,68
±
0,02
< LD
Ponto
Fe
Mn
Zn
Cu
Pb
P1 - Abr
0,90
±
0,06
1,73
±
0,01
0,08
±
0,02
0,01
±
0,00
< LD
P2 Abr
1,10
±
0,03
1,70
±
0,04
0,05
±
0,01
0,02
±
0,01
< LD
P3 Abr
0,91
±
0,04
1,69
±
0,02
0,05
±
0,01
0,02
±
0,01
< LD
P4 Abr
0,91
±
0,11
1,66
±
0,07
< LD
0,01
±
0,01
< LD
P5 Abr
0,83
±
0,04
1,69
±
0,04
< LD
0,01
±
0,00
< LD
P6 Abr
0,73
±
0,06
1,70
±
0,03
< LD
0,02
±
0,00
< LD
P7 Abr
1,03
±
0,03
1,64
±
0,06
< LD
0,01
±
0,00
< LD
P8 Abr
0,69
±
0,05
1,68
±
0,03
< LD
0,01
±
0,00
< LD
P9 Abr
0,71
±
0,01
1,58
±
0,02
0,04
±
0,01
0,01
±
0,00
< LD
P1 Jul
0,61
±
0,01
< LD
< LD
< LD
< LD
P2 Jul
0,66
±
0,01
< LD
< LD
< LD
< LD
P3 Jul
0,90
±
0,01
< LD
< LD
< LD
< LD
P4 Jul
0,82
±
0,01
< LD
< LD
< LD
< LD
P5 Jul
0,71
±
0,02
< LD
< LD
< LD
< LD
P6 Jul
0,68
±
0,01
< LD
< LD
< LD
< LD
P7 Jul
0,85
±
0,00
< LD
< LD
< LD
< LD
P8 Jul
0,23
±
0,02
< LD
< LD
< LD
< LD
P9 Jul
0,26
±
0,01
< LD
< LD
< LD
< LD
LD = Limite de detecção.
53
Nota-se na Tabela 4 que os valores das medidas da CE e STD nas amostras
do Rio de Contas são no mínimo seis e sete vezes maiores, respectivamente,
quando comparadas com as mesmas medidas nas amostras do Rio Criciúma.
Verifica-se tamm uma grande variação temporal na turbidez apresentada pelas
águas dos dois rios. E, devido à maior área de drenagem, essas variações ocorrem
com maior intensidade nas águas do rio de Contas.
Na Tabela 5, devido aos baixos valores dos desvios padrão observados pelas
médias de três medidas das concentrações de Na, K, Ca, Mg, Fe e Mn, pode-se
concluir que a técnica analítica utilizada para determinação desses elementos
apresentou uma boa precisão. as determinações do Zn e Cu no período chuvoso
não foram muito precisas, pois apresentaram valores menores que seus respectivos
limites de quantificação. O Mn foi detectado apenas no período chuvoso, o que
sugere origem antrópica e carreamento deste elemento do solo para os recursos
hídricos em estudo por lixiviação.
Ainda com base na Tabela 5, novamente observa-se uma diferença de
padrões entre as amostras dos dois rios. Os teores de K e Ca, analisando-se ponto
a ponto, não apresentaram variações temporais nas águas dos dois rios em estudo.
Porém, os valores de concentração nas amostras do rio de Contas são 3 e 20 vezes
maiores, respectivamente, quando comparadas com as amostras do rio Cricma.
o Mg e o Na apresentam variações temporais apenas no rio de Contas. No período
chuvoso as concentrações destes elementos são, no mínimo, 29 e 9 vezes maiores,
respectivamente do que as do rio Criciúma, e no período seco essa diferença é
reduzida para aproximadamente 6 vezes para o Mg e 5 vezes para o Na.
As diferenças observadas na composição das águas dos dois rios ocorrem
porque embora os pontos de coleta estejam situados na mesma região, as bacias
formadoras dos dois recursos hídricos estão situadas em áreas com clima,
vegetação e constituições rochosas bastante diferentes. O rio de Contas nasce na
Chapada Diamantina e corta parte do semi-árido baiano, correndo sobre rochas
calcárias e recebendo água de rios tributários durante o percurso, alguns
salinizados, até chegar ao local onde as amostras foram coletadas. Já o rio Criciúma
nasce numa região de clima tropical chuvoso próximo aos pontos de coleta. Suas
águas correm sobre solos cristalinos que não contribuem com o processo de
salinização. (Figura 7)
54
Figura 7. Imagem de satélite mostrando corte topográfico e localização da Barragem de Pedra e da
Represa do Criciúma em relação à cidade de Jequié-BA.
Os gráficos da Figura 8 mostram o comportamento temporal das amostras
com relação às variáveis CE, STD, K, Ca, Na e Mg ao longo dos pontos de coleta.
Essa visualização gráfica das variáveis em função dos períodos e dos pontos de
coleta ajuda a compreender melhor a diferença de padrões entre as amostras dos
dois rios.
Figura 8. Gráficos das variáveis Mg, Na, K, Ca, CE e STD, comparando as respectivas
determinações em cada ponto de coleta nas duas campanhas de amostragem.
55
Figura 8. (Continuação).
4.1.1 Aplicação de análise multivariada
O primeiro passo para avaliar os resultados obtidos pela alise das amostras
de água utilizando ferramentas estatísticas foi montar uma matriz com os casos
(pontos de coleta em cada período dispostos nas linhas) e as variáveis que
forneceram mais informações sobre as águas dos rios estudados (pH, CE, STD,
turbidez, OD, Na, K, Ca, Mg, Fe e Mn, dispostas nas colunas), o que gerou um
quadro de partida de formato (18 x 11) contendo 198 objetos.
Pelo fato de se ter agrupado variáveis com diferentes magnitudes de valores
medidos e diferentes unidades, fez-se necessário transformar esses valores em uma
escala padrão, ou seja, normalizá-los.
Os dados normalizados foram utilizados para construir as matrizes de distância
euclidiana e de correlação de Pearson, além dos gráficos da HCA e da PCA.
4.1.1.1 Matriz de distância euclidiana
A matriz de distância euclidiana é considerada uma matriz de dissimilaridade.
Isso se deve ao fato de que os maiores coeficientes observados em sua matriz
56
indicam menores semelhanças entre os pares de variáveis que os formam. Ao
contrário, um menor valor calculado indicará uma maior semelhança entre o par de
variáveis.
Desta forma, a partir da observação da Tabela 6 percebe-se claramente que
esse modelo matemático indica boa similaridade das amostras com relão aos
pares de variáveis Ca-CE, Ca-STD, Mg-Na, K-STD, K-CE e Ca-K (com coeficientes
0,52; 0,57; 0,73; 0,75; 0,76 e 1,02, respectivamente). Isso indica que é muito
provável que essas variáveis formem um grupo importante na HPA e uma PC com
alta variância na PCA.
Tabela 6. Matriz de distância euclidiana entre as variáveis da análise de água.
pH
CE
STD
turbidez
OD
pH
0
CE
3,71
0
STD
3,73
0,11
0
turbidez
7,00
5,61
5,57
0
OD
5,67
6,17
6,14
4,93
0
Na
4,83
2,60
2,53
3,96
5,26
K
4,02
0,76
0,75
5,64
6,17
Ca
3,56
0,52
0,57
5,86
6,29
Mg
4,45
1,91
1,83
4,41
5,51
Fe
7,83
7,42
7,40
4,00
5,41
Mn
7,71
5,76
5,74
3,14
6,19
Na
K
Ca
Mg
Fe
Na
0
K
2,55
0
Ca
3,02
1,02
0
Mg
0,73
1,93
2,34
0
Fe
6,28
7,33
7,56
6,67
0
Mn
4,92
5,60
5,92
5,16
3,99
4.1.1.2 Matriz de correlação de Pearson
A matriz de correlação de Pearson, ao contrário da matriz de distância
euclidiana, é considerada uma matriz de similaridade. Isso ocorre porque o maior
coeficiente calculado para um dado par de variáveis indica uma maior semelhança
entre essas variáveis. Coeficientes com valores modulares maiores que 0,5 indicam
similaridade significativa entre o par de variáveis avaliado.
57
A forte correlação positiva existente entre um par de variáveis significa que o
aumento na medida de uma dessas variáveis determina o aumento na medida da
outra e, de maneira análoga, a diminuição na medida de uma delas determina a
diminuição na medida da outra. Nesse caso estabelece-se um comportamento
sinergético entre as variáveis. De forma contrária, uma forte correlação negativa
entre um par de variáveis indica um comportamento antagônico entre elas,
significando que o aumento na medida de uma dessas variáveis determina a
diminuição na medida da outra.
A partir da análise da Tabela 7 observa-se que as maiores correlações
positivas ocorrem para os pares formados entre as variáveis CE, STD, Na, K, Ca e
Mg. Isso indica que a CE é altamente dependente dos STD, que os cátions
majoritários são os principais responsáveis pelos valores das medidas da CE e que
estes elementos estão, em sua maior parte, dissolvidos na água. Os altos
coeficientes de similaridade observados entre os pares formados por essas
variáveis, que variam de 0,73 a 1,00, m corroborar a hipótese supramencionada
de que eles formam um importante grupo na HCA e uma PC com alta variância na
PCA.
Tabela 7. Matriz de correlação entre as variáveis da análise de água.
pH
CE
STD
turbidez
OD
pH
1
CE
0,60
1
STD
0,59
1,00
1
turbidez
-0,44
0,07
0,09
1
OD
0,05
-0,12
-0,11
0,28
1
Na
0,31
0,80
0,81
0,54
0,19
K
0,53
0,98
0,98
0,07
-0,12
Ca
0,63
0,99
0,99
-0,01
-0,16
Mg
0,42
0,89
0,90
0,43
0,11
Fe
-0,81
-0,62
-0,61
0,53
0,14
Mn
-0,75
0,03
0,03
0,71
-0,13
Na
K
Ca
Mg
Fe
Na
1
K
0,81
1
Ca
0,73
0,97
1
Mg
0,98
0,89
0,84
1
Fe
-0,16
-0,58
-0,68
-0,31
1
Mn
0,29
0,08
-0,03
0,22
0,53
58
A turbidez correlaciona-se significativamente com o Fe e o Mn, com
coeficientes de similaridade iguais a 0,53 e 0,71, respectivamente. Isso significa que
esses elementos provavelmente fazem parte da composição dos sólidos suspensos,
e qualquer aumento em seus teores provoca aumento da turbidez na água. Eles
apresentam ainda um significativo comportamento antagônico em relação ao pH,
com coeficientes -0,81 e -0,75, respectivamente. Isso ocorre porque o Fe
3+
e o Mn
2+
são ácidos de Bronsted que reagem com a base conjugada da água (OH
-
) formando
hidróxidos pouco solúveis. Como consequência, o teor de ácido conjugado da água
(H
3
O
+
) fica maior que o da base (OH
-
), diminuindo o pH.
Outras correlações de mesmo caráter antagônico ocorrem entre o Fe e as
variáveis CE, STD, K, Ca, Na e Mg cujos coeficientes são, respectivamente, -0,62, -
0,61, -0,58 e -0,68, -0,16 e -0,31 (sendo as quatro primeiras significativas). Uma vez
que o Fe está associado à formação dos sólidos suspensos, é possível inferir que
seu aumento provoca o surgimento de mais superfície disponível para adsorver os
sólidos dissolvidos formados, principalmente, pelos elementos majoritários Na, K, Ca
e Mg. Desta forma, o aumento do teor de Fe na água provoca a diminuição destes
elementos em suspensão e, consequentimente, a CE tamm diminui.
4.1.1.3 HCA e PCA
Para avaliar graficamente os dados normalizados, as ferramentas estatísticas
multivariadas HCA e PCA foram utilizadas.
Para construir os dendogramas da HCA utilizou-se o método de Ward para
agrupar os casos e as variáveis, medindo o intervalo de distância entre eles com a
distância euclidiana quadrática.
O dendograma apresentado na Figura 9 mostra a separação de dois grupos
pouco semelhantes à distância de 25. O primeiro grupo é integrado pelos cátions
majoritários, CE e STD mais o pH. A uma distância de 5 o pH é separado das
demais variáveis deste grupo, confirmando uma menor semelhança entre ele e as
outras. Finalmente, embora as variáveis CE, STD, Ca, K, Na e Mg apresentem
significativa semelhança entre si, as quatro primeiras e as duas últimas formam dois
subgrupos com os menores coeficientes de dissimilaridade, o que indica maior
semelhança entre as variáveis que integram cada subgrupo (CE, STD, Ca e K em
um e Na e Mg em outro), com relação às amostras.
59
O segundo grupo é integrado pelas variáveis turbidez, Mn, Fe e OD. Observa-
se que o OD é separado das outras três com um coeficiente de dissimilaridade alto,
indicando baixa semelhança com as demais. O Fe tamm apresenta uma
semelhança relativamente fraca com a turbidez e o Mn, enquanto estes dois últimos
possuem o segundo menor coeficiente de dissimilaridade.
Figura 9. HCA das variáveis na análise de água.
O dendograma apresentado na Figura 10 mostra a separação das amostras
do rio de Contas das do rio Criciúma com alto coeficiente de dissimilaridade,
indicando que as águas destes dois rios realmente possuem diferentes padrões.
Figura 10. HCA dos casos na análise de água.
60
A uma distância de aproximadamente 8 as amostras do rio Criciúma são
separadas temporalmente. O mesmo acontece com as amostras do Rio de Contas a
uma distância aproximada de 10. Com isso verifica-se que as amostras de água de
um mesmo rio coletadas em abril diferem significativamente daquelas coletadas em
julho. Finalmente, os grupos formados por amostras de um mesmo rio e de uma
mesma coleta apresentam os menores coeficientes de dissimilaridade, indicando
grande semelhança entre as amostras de cada rio em cada época de coleta,
formando com isso padrões.
O método de extração das PCs utiliza a matriz de correlação para analisar as
variáveis cujos valores o medidos em diferentes escalas, e seus escores foram
determinados pelo método da regressão, que estima os coeficientes dos fatores.
Para minimizar o número de variáveis que tem altos loadings em cada fator, foi
utilizado o método de rotação ortogonal varimax.
A partir da Tabela 8 pode-se observar que foi necessário extrair 8 PCs da
matriz dos dados para explicar todas as informações sobre eles. Entretanto as
duas primeiras PCs juntas já explicam mais de 80% da variância observada,
sugerindo a construção de um gráfico bi-dimensional com essas PCs sem a perda
significativa de informações.
Tabela 8. Explicação da variância total das PCs obtidas pela análise das amostras de água.
PCs
Valores verdadeiros iniciais
% da variância
% da variância acumulada
1
56,8
56,8
2
26,4
83,2
3
11,3
94,5
4
2,9
97,4
5
1,8
99,1
6
0,5
99,7
7
0,3
99,9
8
0,1
100,0
A partir da análise da Figura 11, verifica-se claramente que as amostras do rio
de Contas dispõem-se do lado positivo da PC1 enquanto as amostras do rio
Criciúma ficam do lado negativo. Essa é a componente mais importante (com maior
variância, 56,76%) e separa espacialmente as amostras. Na PC2 as amostras do
período seco dispõem-se do lado negativo e as amostras do período chuvoso do
61
lado positivo. A variância de 26,39% dessa segunda componente está relacionada
com a separação temporal das amostras.
Observa-se também que os coeficientes de correlação das variáveis Na, Mg,
K, Ca, STD e CE são valores muito próximos de 1,0 para a CP1 e valores modulares
menores que 0,4 para a CP2. Por esse motivo essas variáveis apresentam alta
similaridade com a variação espacial, mas não exprimem similaridade significativa
com a variação temporal. Isso significa que elas são as principais responsáveis pelo
padrão que separa as amostras de água do rio de Contas das do rio Criciúma. Por
outro lado, as variáveis Mn e Turbidez apresentam coeficientes de correlação
próximos de 1,0 para a CP2 e valores menores que 0,3 para a CP1. Sendo assim,
elas são as principais responsáveis pelo padrão que separa as amostras dos dois
rios temporalmente.
(a)
Figura 11. PCA dos casos (a) e das variáveis(b) das amostras de água formada pelas PCs 1 e 2.
62
(b)
Figura 11. (Continuação)
.
Por fim, as variáveis pH e Fe apresentam coeficientes de correlação maiores
que o módulo de 0,5 tanto com relação à PC1 quanto à PC2. Por se tratar de
similaridades significativas com as duas PCs, essas variáveis ajudam a separar
espacial e temporalmente as amostras de água dos rios estudados, entretanto não
podem ser utilizados como padrões.
De todas essas variáveis, apenas o OD apresenta correlação de similaridade
próxima de zero em relação as duas PCs. Isso indica que esta variável não é
importante para explicar as variações das amostras no espaço e no tempo.
4.2 Avaliação das amostras de sedimento
A avalião da dinâmica do processo de mobilização e remobilização dos
metais entre a coluna d’água e o sedimento dos rios de Contas e Criciúma, foi
realizada através da determinação das concentrações de Na, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Zn,
Cu, Cd e Pb dissolvidos nas águas e presentes nos sedimentos destes dois rios.
63
A utilização da concentração total para avaliação do processo de
contaminação dos sedimentos, implica em aceitar que todas as formas de um metal
exercem o mesmo impacto sobre o ambiente [16]. Como essa suposição é
claramente insustentável, neste trabalho privilegiou-se apenas a determinação dos
metais retidos nas frações biodisponíveis (livres e trocáveis, ligados a carbonatos,
ligados aos óxidos e hidróxidos de ferro e manganês, e associados à matéria
orgânica).
Foi possível avaliar as concentrações dos metais em estudo em amostras de
sedimento, provenientes de seis dos nove pontos de coleta, sendo quatro do rio
Criciúma e dois do rio de Contas. Isso ocorreu pelo fato de não ser possível coletar
amostras de sedimento em três dos pontos escolhidos: dois pela falta de
equipamento específico para coletar amostras sólidas em local de maior
profundidade na represa (P3 e P4) e um por apresentar muitos seixos rolados com
pouco material particulado no sedimento de fundo (P6 cachoeira).
4.2.1 Avaliação das amostras de sedimento com relação aos cátions
majoritários
Analisando-se a Tabela 9 é possível observa pequenas variações espaciais
na magnitude das quantidades mensuradas dos elementos Na, K e Mg, quando os
resultados analíticos das amostras de sedimento dos dois rios em estudo o
comparadas. Em geral, os sedimentos do rio de Contas apresentam diferenças
temporais nas concentrações dos cátions majoritários, o que não se observa com as
amostras do rio Criciúma, salvo em algumas exceções.
As variações temporais que ocorrem nos sedimentos se devem ao fato da
existência de pequenas propriedades agrícolas onde se pratica a agricultura familiar
que se dedicam a produção de hortaliças e a cacauicultura. Nessas propriedades é
comum a utilização de fertilizantes, pesticidas e corretores de acidez dos solos, de
forma indiscriminada. Isso pode refletir na mobilidade dos elementos no ambiente,
como se pode observar no ponto de coleta P2.
64
Tabela 9. Resultado das determinações dos metais nas amostras de sedimento. Concentrações (mg
Kg
-1
) ± desvio padrão em (mg Kg
-1
).
Na
K
Ca
Mg
P1 Abr
62,16
±
3,42
53,98
±
4,15
3751,13
±
275,75
571,90
±
28,33
P2 Abr
167,29
±
1,23
212,49
±
1,38
3449,87
±
28,27
546,62
±
2,34
P5 Abr
44,33
±
3,90
10,16
±
0,41
3230,24
±
242,73
466,89
±
12,61
P7 Abr
85,63
±
0,93
167,36
±
3,90
6057,04
±
403,55
397,76
±
32,03
P8 Abr
108,24
±
4,04
73,24
±
5,48
4337,58
±
133,90
480,60
±
15,00
P9 Abr
193,35
±
1,98
98,74
±
2,00
4111,67
±
125,77
486,41
±
5,32
P1 Jul
47,56
±
4,18
37,25
±
3,13
2900,52
±
101,17
335,16
±
26,74
P2 Jul
99,53
±
5,99
34,09
±
2,56
3345,34
±
114,23
457,70
±
21,86
P5 Jul
50,09
±
1,65
1,20
±
0,77
3860,76
±
24,74
459,14
±
29,43
P7 Jul
64,65
±
4,20
58,15
±
0,80
3433,79
±
140,32
479,62
±
21,08
P8 Jul
71,80
±
1,80
28,83
±
1,16
3635,00
±
69,15
381,20
±
19,61
P9 Jul
75,59
±
0,64
43,80
±
0,77
3669,69
±
265,13
336,81
±
18,61
No ponto P2 os teores de K nas amostras de sedimento coletadas em julho
de 2007 são sete vezes menores do que os teores apresentados pelas amostras
coletas em abril de 2007 no mesmo ponto. Como compostos solúveis deste
elemento (por exemplo, KNO
3
e KCl) são utilizados para induzir a floração de
plantas, é muito provável que algumas propriedades produtoras de cacau desta
região tenham feito uso desses produtos no período que antecede a época mais
chuvosa. Como esse ponto de coleta localiza-se em uma zona de drenagem de uma
área produtora de cacau, durante os fenômenos de chuvas pode ter ocorrido a
lixiviação de parte do material da superfície dos solos para o leito do rio.
O último ponto de coleta situado no rio Criciúma é o P7, que fica localizado
exatamente na zona de encontro das águas do Rio Criciúma, de menor salinidade
(menor força iônica), com as águas do Rio de Contas, de maior salinidade (maior
força iônica) durante o período chuvoso.
A força iônica exerce forte influência sobre a estabilidade de uma suspensão
coloidal. Cada cátion dissolvido (devido às forças de atração eletrostática) está
rodeado por um ambiente iônico que carrega uma pequena carga líquida média
negativa. De maneira similar, cada ânion dissolvido está rodeado por um ambiente
iônico que carrega uma pequena carga líquida média positiva. Desta maneira,
65
formam-se as micelas negativas e as positivas, respectivamente, cujas densidades
das cargas ao seu redor aumentam ou diminuem com o aumento ou diminuição,
respectivamente, da força iônica.
Essas camadas carregadas fazem com que os cátions e os ânions do
composto em suspensão pareçam menos positivos e menos negativos,
respectivamente, que quando na ausência de eletrólito. A consequência deste efeito
de blindagem é uma diminuição na atração global que ocorre entre os íons desse
composto e um aumento em sua solubilidade.
Esse efeito salino explica a semelhança das amostras de sedimento do ponto
P7 (rio Criciúma) com as amostras de sedimento do rio de Contas para as variáveis
K e Ca. Isso ocorre porque os íons metálicos adsorvidos nas suspensões estáveis
das águas do Rio Criciúma (de menor salinidade) são floculados ao encontrar uma
água de maior salinidade como a do Rio de Contas, arrastando para os sedimentos
de fundo todos os metais presentes na suspensão do rio.
Os pontos P7, P8 e P9 localizam-se próximos aos pequenos aglomerados
formados pela população ribeirinha, que se dedicam a criação de pequenos animais
como aves e suínos. No período chuvoso os dejetos desses animais são carreados
diretamente para o rio, o que pode contribuir para uma maior mobilização dos
cátions majoritários nas amostras de sedimento observado neste período.
4.2.2 Avaliação das amostras de sedimento com relação aos elementos Fe,
Mn, Zn, Cu, Cd e Pb
A extração seqüencial descrita por Tessier em 1979 foi utilizada neste
trabalho para avaliar o fracionamento e comportamento dos elementos em estudo
nas amostras de sedimento dos rios de Conta e Criciúma. Estudou-se a dinâmica
temporal dos mesmos nas frações livre/traçáveis (Fração 1), ligados a carbonatos
(Fração 2), ligados a óxidos e hidróxidos de Fe e Mn (Fração 3), e ligados à matéria
orgânica (Fração 4) para avaliar suas biodisponibilidades. (Tabela 10)
66
Tabela 10. Resultado das determinações dos metais por FAAS nas amostras de sedimento, por
fração. Média das concentrações (mg Kg
-1
) ± desvio padrão (mg Kg
-1
).
Fração
Fe
Mn
Zn
Cu
Cd
Pb
P1 - Abr
1
4,74
110,34
< LD
0,75
4,00
21,67
±
1,90
±
13,24
±
0,38
±
0,94
±
1,44
2
117,24
49,18
2,42
0,37
1,63
3,33
±
76,32
±
2,95
±
0,58
±
0,00
±
0,49
±
0,00
3
8768,51
140,52
16,66
0,15
4,40
9,51
±
169,66
±
1,89
±
0,56
±
0,02
±
1,35
±
3,91
4
584,31
0,70
3,24
2,87
0,61
6,80
±
77,76
±
0,53
±
0,16
±
0,09
±
0,21
±
0,68
Soma
9474,79
300,74
22,32
4,14
10,63
41,31
P1 - Jul
1
5,14
68,65
< LD
0,04
2,88
16,81
±
2,54
±
5,00
±
0,00
±
0,55
±
1,88
2
127,89
17,61
0,27
0,79
3,08
3,54
±
125,95
±
2,56
±
0,47
±
0,00
±
0,50
±
0,29
3
7599,96
23,68
7,22
< LD
3,82
10,47
±
125,65
±
0,99
±
0,42
±
1,47
±
4,24
4
144,36
0,35
1,21
0,55
2,12
5,63
±
5,88
±
0,00
±
0,02
±
0,10
±
1,27
±
0,00
Soma
7877,34
110,29
8,70
1,44
11,90
36,44
P2 - Abr
1
8,72
207,27
< LD
1,03
1,07
13,33
±
0,40
±
0,00
±
0,00
±
0,00
±
0,00
2
19,02
56,25
2,28
< LD
4,01
< LD
±
0,37
±
0,02
±
0,11
±
0,00
3
7692,73
453,61
22,29
1,86
4,28
47,25
±
27,93
±
47,21
±
0,12
±
0,14
±
0,00
±
0,00
4
177,17
0,43
3,32
9,25
2,24
12,27
±
6,13
±
0,32
±
0,04
±
0,11
±
0,00
±
0,00
Soma
7897,63
717,56
27,89
12,15
11,60
72,86
P2 Jul
1
< LD
144,59
< LD
1,04
1,91
15,34
±
67,44
±
0,37
±
0,87
±
5,38
2
152,56
53,91
4,85
0,37
3,64
< LD
±
87,69
±
2,86
±
0,44
±
0,00
±
0,33
3
8672,79
88,74
27,43
0,36
5,90
35,93
±
238,05
±
1,76
±
0,76
±
0,11
±
1,57
±
9,55
4
941,07
1,61
4,45
6,43
1,85
7,13
±
50,02
±
0,99
±
0,27
±
0,47
±
0,64
±
0,53
Soma
9770,90
288,85
36,73
8,20
13,30
66,18
P5 Abr
1
4,39
49,87
< LD
< LD
2,91
25,00
±
1,45
±
4,40
±
0,44
±
4,33
2
17,35
13,43
< LD
< LD
3,05
< LD
±
2,51
±
0,32
±
0,90
3
6791,71
29,48
6,82
0,10
2,94
20,25
±
17,02
±
0,87
±
0,22
±
0,05
±
1,57
±
6,75
4
87,02
0,36
0,88
1,11
2,35
< LD
±
7,17
±
0,00
±
0,10
±
0,12
±
0,47
Soma
6900,47
93,14
7,69
1,21
11,26
45,25
67
Tabela 10. (Continuação)
Fração
Fe
Mn
Zn
Cu
Cd
Pb
P5 - Jul
1
< LD
109,83
< LD
1,57
1,54
20,00
±
93,59
±
0,23
±
0,14
±
8,66
2
11,35
17,55
< LD
0,76
3,68
2,91
±
2,90
±
2,67
±
0,01
±
0,52
±
0,16
3
7404,12
56,91
6,77
0,03
6,75
17,27
±
57,69
±
1,43
±
0,25
±
0,00
±
2,28
±
12,43
4
84,68
0,99
0,28
1,31
4,57
< LD
±
6,06
±
0,65
±
0,04
±
0,05
±
0,91
Soma
7506,61
185,27
7,05
3,66
16,53
40,18
P7 - Abr
1
2,97
54,82
< LD
< LD
3,76
30,25
±
1,83
±
14,30
±
0,48
±
11,63
2
20,69
38,53
15,31
< LD
3,09
< LD
±
18,62
±
3,27
±
2,52
±
0,69
3
4903,50
89,64
44,21
1,06
2,65
34,23
±
98,59
±
4,27
±
2,59
±
0,88
±
0,68
±
9,51
4
161,77
< LD
5,31
9,20
2,62
22,78
±
7,48
±
0,37
±
0,66
±
2,03
±
3,58
Soma
5088,93
183,73
64,83
10,30
12,11
87,26
P7 Jul
1
2,75
394,94
< LD
1,59
< LD
16,34
±
1,66
±
39,39
±
0,01
±
7,20
2
85,51
44,54
4,65
0,40
3,52
3,75
±
5,34
±
2,50
±
3,40
±
0,00
±
0,36
±
0,00
3
8706,20
242,63
34,35
2,05
6,73
14,83
±
178,54
±
8,62
±
0,47
±
0,06
±
1,63
±
5,06
4
1060,85
5,11
4,73
7,86
4,39
< LD
±
137,53
±
1,04
±
0,16
±
0,15
±
2,82
Soma
9855,30
687,21
43,73
11,89
15,81
34,92
P8 - Abr
1
4,77
132,57
< LD
< LD
3,27
19,68
±
2,31
±
48,39
±
0,66
±
5,22
2
34,63
39,36
7,70
< LD
2,89
< LD
±
2,45
±
3,17
±
0,49
±
0,61
3
2309,81
38,67
20,83
0,33
3,31
30,68
±
34,01
±
0,90
±
0,19
±
0,12
±
1,23
±
17,69
4
101,52
0,46
3,08
4,61
2,05
12,05
±
1,78
±
0,21
±
0,14
±
0,26
±
1,20
±
5,12
Soma
2450,72
211,05
31,62
4,94
11,51
62,41
P8 Jul
1
0,87
79,47
< LD
1,49
1,02
17,14
±
0,64
±
11,74
±
0,40
±
0,61
±
3,71
2
147,54
12,10
2,90
0,38
2,91
3,17
±
55,88
±
1,27
±
0,15
±
0,00
±
0,30
±
0,24
3
2869,59
16,39
8,14
0,28
7,22
14,05
±
82,64
±
0,70
±
0,10
±
0,03
±
1,23
±
8,20
4
136,94
0,94
1,84
4,50
4,16
< LD
±
7,92
±
0,71
±
0,06
±
0,33
±
1,66
Soma
3154,95
108,90
12,87
6,66
15,31
34,35
68
Tabela 10. (Continuação)
Fração
Fe
Mn
Zn
Cu
Cd
Pb
P9 Abr
1
8,73
153,00
< LD
< LD
2,83
18,25
±
1,24
±
43,04
±
0,64
±
2,75
2
59,16
81,91
3,99
< LD
3,17
< LD
±
24,59
±
2,08
±
0,20
±
0,00
3
4739,28
112,13
10,74
0,12
1,57
22,50
±
68,69
±
2,31
±
0,35
±
0,00
±
1,04
±
3,54
4
238,52
0,83
2,82
2,96
< LD
33,75
±
24,83
±
0,73
±
0,23
±
0,29
±
0,00
Soma
5045,68
347,87
17,55
3,08
9,98
74,50
P9 Jul
1
0,09
36,25
< LD
1,54
1,30
13,50
±
0,00
±
5,19
±
0,00
±
0,44
±
2,12
2
60,87
6,32
2,52
1,18
3,37
7,29
±
26,78
±
0,29
±
0,57
±
0,03
±
0,50
±
5,60
3
1613,32
8,34
5,80
1,62
7,54
10,50
±
128,56
±
2,47
±
0,86
±
0,36
±
2,24
±
4,24
4
42,54
1,33
0,50
2,78
2,32
< LD
±
5,21
±
0,08
±
0,11
±
0,38
±
0,44
Soma
1716,82
52,24
8,81
7,12
14,53
31,29
LD = Limite de determinação. Fração 1 = metais solúveis ou trocáveis. Fração 2 = metais ligados a
carbonatos. Fração 3 = metais ligados a óxidos e hidróxidos de ferro e manganês. Fração 4 = metais
ligados à matéria orgânica.
A Tabela 11 apresenta a ordem crescente de afinidade dos elementos Fe,
Mn, Zn, Cu Cd e Pb nas frações estudadas de acordo com suas respectivas
extrações pelas soluções de MgCl
2
(F1), CH
3
COONa (F2), NH
2
OH HCl (F3) e
H
2
O
2
em meio ácido (F4).
Observa-se que os elementos Fe, Zn e Cd, salvo em algumas exceções,
foram mais eficientemente extraídos pela solução de NH
2
OH HCl. Isso indica que
o Zn e o Cd estão fortemente associados aos óxidos e hidróxidos formados pelo Fe.
O Mn e o Pb foram muito encontrados na forma livre, o que indica uma origem
antrópica recente para esses elementos. Por fim, o Cu está mais associado à
matéria orgânica.
69
Tabela 11. Ordem crescente de afinidade dos elementos Fe, Mn, Zn, Cu Cd e Pb nas frações do
sedimento das amostras estudadas.
Ferro
Manganês
Zinco
P1 -Abr
F1 < F2 < F4 < F3
F4 < F2 < F1 < F3
F2 < F4 < F3
P1 - Jul
F1 < F2 < F4 < F3
F4 < F2 < F3 < F1
F2 < F4 < F3
P2 - Abr
F1 < F2 < F4 < F3
F4 < F2 < F1 < F3
F2 < F4 < F3
P2 - Jul
F2 < F4 < F3
F4 < F2 < F3 < F1
F4 < F2 < F3
P5 - Abr
F1 < F2 < F4 < F3
F4 < F2 < F3 < F1
F4 < F3
P5 - Jul
F2 < F4 < F3
F4 < F2 < F3 < F1
F4 < F3
P7 - Abr
F1 < F2 < F4 < F3
F2 < F1 < F3
F4 < F2 < F3
P7 - Jul
F1 < F2 < F4 < F3
F4 < F2 < F3 < F1
F2 < F4 < F3
P8 - Abr
F1 < F2 < F4 < F3
F4 < F3 < F2 < F1
F4 < F2 < F3
P8 - Jul
F1 < F4 < F2 < F3
F4 < F2 < F3 < F1
F4 < F2 < F3
P9 - Abr
F1 < F2 < F4 < F3
F4 < F2 < F3 < F1
F4 < F2 < F3
P9 - Jul
F1 < F4 < F2 < F3
F4 < F2 < F3 < F1
F4 < F2 < F3
Cobre
Cádmio
Chumbo
P1 - Abr
F3 < F2 < F1 < F4
F4 < F2 < F1 < F3
F2 < F4 < F3 < F1
P1 - Jul
F1 < F4 < F2
F4 < F1 < F2 < F3
F2 < F4 < F3 < F1
P2 - Abr
F1 < F3 < F4
F1 < F4 < F2 < F3
F4 < F1 < F3
P2 - Jul
F3 < F2 < F1 < F4
F4 < F1 < F2 < F3
F4 < F1 < F3
P5 - Abr
F3 < F4
F4 < F1 < F3 < F2
F3 < F1
P5 - Jul
F3 < F2 < F4 < F1
F1 < F2 < F4 < F3
F2 < F3 < F1
P7 - Abr
F3 < F4
F4 < F3 < F2 < F1
F4 < F1 < F3
P7 - Jul
F2 < F1 < F3 < F4
F2 < F4 < F3
F2 < F3 < F1
P8 - Abr
F3 < F4
F4 < F2 < F1 < F3
F4 < F1 < F3
P8 - Jul
F3 < F2 < F1 < F4
F1 < F2 < F4 < F3
F2 < F3 < F1
P9 - Abr
F3 < F4
F3 < F1 < F2
F1 < F3 < F4
P9 - Jul
F2 < F1 < F3 < F4
F1 < F4 < F2 < F3
F2 < F3 < F1
F1 = metal na forma livre e trocável; F2 = metal ligado à carbonato; F3 = metal ligado à óxido e
hidróxido de Fe e Mn; F4 = metal ligado à matéria orgânica.
4.2.2.1 Cobre
A movimentação do cobre no ambiente aquático é determinada por um
conjunto de interações com os componentes deste compartimento: na faixa de pH
entre 5 e 6, a adsorção é o principal processo de remoção do cobre da água; acima
de pH 6, a precipitação é o processo dominante. Como citado por SILVEIRA (2002),
a afinidade de ligação do cobre com estes componentes apresenta a seguinte
ordem: óxido hidróxido de manganês > matéria orgânica > óxido hidróxido de ferro >
alumossilicatos > argila.
70
Como o cloridrato de hidroxil amina, específico para extrair metais ligados aos
óxidos e hidróxidos de ferro e manganês, não foi o principal extrator do manganês,
chega-se à conclusão que não há quantidade significante de óxido e hidróxido deste
elemento nas amostras de sedimento. Observando-se a Tabela 11, verifica-se que o
cobre aparece mais associado à matéria orgânica nestas amostras, e em seguida
aos óxidos e hidróxidos de ferro na maioria das amostras, o que concorda com a
ordem de afinidade apresentada por SILVEIRA (2002) [12].
4.2.2.2 Zinco
O zinco ocorre em ambientes aquático principalmente no estado de oxidação
+2. Por ser um ácido mole, é capaz de formar complexos pouco solúveis com alguns
compostos inorgânicos e grupos funcionais orgânicos que apresentam ligações com
nitrogênio, enxofre e fósforo.
Em condições anaeróbicas e na presença de sulfetos a precipitação do zinco
limita sua mobilidade, sendo esta determinada pelos mesmos fatores que
influenciam seu transporte em ambientes aquáticos, ou seja, a solubilidade de seus
compostos, pH e salinidade.
Em geral, as emissões antropogênicas deste elemento são maiores que as
naturais, sendo lançados no solo por resíduos e efluentes metalúrgicos, bacias de
rejeitos da mineração, cinzas de processos de combustão, e o uso de produtos
comerciais, tais como, preservantes de madeira e fertilizantes a base de zinco.
Analisando-se as Tabelas 4 e 5, observa-se que as medidas de pH da água,
principalmente no período seco, se aproximam da neutralidade. Nestas condições a
adsorção passa a ser a reação dominante resultando no enriquecimento do material
particulado suspenso e dos sedimentos por este metal, onde os óxi-hidróxidos de
ferro e matéria orgânica têm papel importante nesses processos.
A liberação do zinco dos sedimentos ocorre com aumento da salinidade,
deslocado por tions dos metais alcalinos e alcalino terrosos. Isso pode ser bem
evidenciado na Tabela 11: As amostras de sedimento dos pontos P1 a P5 (Rio
Criciuma), onde a salinidade é menor, apresentam o zinco mais ligado ao ferro e à
matéria orgânica, independentemente do período do ano; Já as amostras dos pontos
P8 e P9 (Rio de Contas), onde a salinidade é maior, o zinco está mais ligado ao
ferro e aos carbonatos, tanto no período seco como no chuvoso; No ponto P7,
71
entretanto, evidencia-se mais uma vez, forte influência do Rio de Contas sobre o
Criciúma em período de cheia. Durante a estiagem, quando apenas águas
provenientes do Rio Criciúma passam por este ponto, o zinco associa-se primeiro ao
ferro e depois à matéria orgânica, assim como o observado nos demais pontos ao
longo deste rio. Já no período de chuvas, quando o nível das águas dos rios sobe, o
ponto P7 é inundado pelas águas do Rio de Contas, fazendo com que seja
observada aí uma associação do zinco exatamente como nos pontos P8 e P9
(primeiro aos óxidos e hidróxidos de ferro e manganês e depois aos carbonatos).
4.2.2.3 Cádmio
A contaminação de solos pelo cádmio é preocupante, pois esse metal é
absorvido eficientemente pelas plantas, entrando na cadeia alimentar e
concentrando-se no fígado e rins dos animais que se alimentam dessas plantas.
Solos alcalinizados através de calagem aumentam a capacidade de adsorção desse
elemento, diminuindo sua biodisponibilidade, enquanto que em solos ácidos ocorre o
inverso.
A precipitação e adsorção na superfície de componentes minerais, óxidos e
hidróxidos de Fe e Mn e matéria orgânica são os processos mais importantes de
remoção do cádmio pelos sedimentos. Analisando-se a Tabela 11, verifica-se uma
ordem concordante de afinidade deste metal com os complexantes: ele está mais
associado ao ferro que à matéria orgânica e/ou aos carbonatos nas amostras de
sedimento de quase todos os pontos, tanto no período de chuvas quanto no de
estiagem. Entretanto, como pode ser observado na Tabela 10, o teor de cádmio
determinado nas frações de algumas das amostras de sedimentoo diferem muito.
Isso indica uma origem antrópica deste elemento naqueles sistemas devido o uso de
fertilizantes e outros produtos agroquímicos.
4.2.2.4 Chumbo
Em solos, o chumbo bivalente apresenta forte afinidade com substâncias
húmicas, formando compostos orgânicos estáveis. Além disso, o chumbo tamm
pode ser imobilizado por processos de troca iônica com óxidos hidróxidos de ferro e
manganês. A Tabela 11 apresenta o comportamento do Pb nas amostras de
72
sedimento dos rios em estudo: Nos pontos P1 e P2 o Pb apresenta-se em maior
quantidade na forma livre/trocável no período chuvoso e em maior quantidade ligado
aos óxidos hidróxidos de Fe no período seco. No ponto P5 ele está em maior
quantidade na forma livre/trocável nos dois períodos. Por fim, nos pontos P7, P8 e
P9 ele comporta-se de maneira inversa aos pontos P1 e P2 (no período seco está
em maior quantidade na forma livre/trocável, e no chuvoso ligado aos óxidos
hidróxidos de Fe).
O comportamento do chumbo de apresentar-se em maior quantidade na
fração livre/trocável das amostras de sedimento mostrado na Tabela 11 pode estar
relacionado com a quantidade de matéria orgânica presente no solo [
55
]. Segundo
este autor, a matéria orgânica pode agir tanto na mobilização quanto na imobilização
dos metais no solo, depende de como os cátions metálicos se ligam a ela, ou seja,
se estão quelados ou lábeis. Seguindo este raciocínio, o Pb nas amostras de
sedimento em estudo além de terem uma origem antrópica estão formando uma
ligação lábil, podendo ser trocado facilmente por outro elemento e, assim, ficando
livre para participar das diversas reações em solução.
4.2.2.5 Ferro
Observando-se as Tabelas 10 e 11 é possível perceber que a soma das
quantidades de Fe determinadas nas quatro frações das amostras de sedimento,
sobretudo nas amostras do rio Criciúma, é muito alta. Como a maior parcela destas
quantidades está ligada aos óxidos de Fe e Mn, indicando a formação de ligação
estável, é possível afirmar que se trata de uma adsorção específica de esfera interna
e que a origem desse ferro é natural. Esses altos teores de ferro nos sedimentos do
rio Criciúma sugerem (pois ainda não foi comprovado), inclusive, a existência de
uma mina de ferro na região drenada pelas águas deste rio.
4.2.2.6 Manganês
A partir da análise das Tabelas 5 e 10 é possível perceber que o Mn foi
determinado nas amostras de água, com a técnica analítica utilizada (FAAS), no
período das chuvas. E que os teores de Mn observados nas amostras de sedimento
são muito maiores no período chuvoso do que no período seco. Isso sugere que
73
uma significativa entrada desses elementos nos recursos hídricos estudados por
lixiviação dos solos.
Com a Tabela 11 verifica-se que o Mn é mais encontrado na forma livre ou
trocável em quase todas as amostras de sedimento dos dois períodos de coleta,
indicando uma adsorção não específica com as partículas em suspensão e com os
compostos do sedimento de fundo.
Desta forma, como os teores do Mn diminuem muito no período de estiagem,
tanto nas amostras de sedimento quanto nas de água, é possível afirmar que este
elemento tem origem antrópica a partir da utilização de fertilizantes, fungicidas,
corretores de acidez do solo e outros compostos agroquímicos nas pequenas
propriedades da região em estudo.
4.2.3 Avaliação estatística dos resultados
A grande vantagem da verificação das diferentes associações entre os metais
no solo e sedimento utilizando a extração pelo método de Tessier é que não
perdas significativas nas etapas desse procedimento [22].
Desta forma, para efeito de comparação, foi avaliado o somatório das
concentrações das frações em cada ponto de amostragem para os elementos Fe,
Mn, Zn Cu, Cd e Pb, cujos valores, retirados da Tabela 10, são apresentados na
Tabela 12.
Tabela 12. Somatório das determinações dos metais nas quatro frações analisadas das amostras de
sedimento em mg Kg
-1
.
Fe
Mn
Zn
Cu
Cd
Pb
P1 - abr
9474,79
300,74
22,32
4,14
10,63
41,31
P2 - abr
7897,63
717,56
27,89
12,15
11,60
72,86
P5 - abr
6900,47
93,14
7,69
1,21
11,26
45,25
P7 - abr
5088,93
183,73
64,83
10,30
12,11
87,26
P8 - abr
2450,72
211,05
31,62
4,94
11,51
62,41
P9 - abr
5045,68
347,87
17,55
3,08
9,98
74,50
P1 - jul
7877,34
110,29
8,70
1,44
11,90
36,44
P2 - jul
9770,90
288,85
36,73
8,20
13,30
66,18
P5 - jul
7506,61
185,27
7,05
3,66
16,53
40,18
P7 - jul
9855,30
687,21
43,73
11,89
15,81
34,92
P8 - jul
3154,95
108,90
12,87
6,66
15,31
34,35
P9 - jul
1716,82
52,24
8,81
7,12
14,53
31,29
74
As Tabelas 9 e 12 foram então somadas para formar a matriz de partida de
formato (12 x 10) para a avaliação estatística dos resultados obtidos com as
amostras de sedimento.
4.2.3.1 Matriz de correlação de Pearson
A Tabela 13 mostra a matriz de correlação de Pearson entre as variáveis Fe,
Mn, Cu, Zn, Cd, Pb, Na, K, Ca e Mg.
A significativa correlação existente entre Fe e Mn está relacionada à formação
dos óxidos e hidróxidos desses elementos, da mesma forma que foi observado na
água. Com o aumento de material particulado em suspensão, proporcionando
aumento da área superficial, o magnésio adsorve significativamente nas estruturas
do Mn e do Fe, enquanto o potássio (elemento típico de solo) e o cobre e adsorvem
nas estruturas do Mn. Com o tempo, essas partículas mais densas que a água
precipitam incorporando esses elementos ao sedimento.
Tabela 13. Matriz de correlação para os elementos determinados nas amostras de sedimento.
Fe
Mn
Zn
Cu
Cd
Fe
1
Mn
0,53
1
Zn
0,17
0,41
1
Cu
0,12
0,66
0,70
1
Cd
-0,01
-0,02
-0,08
0,31
1
Pb
-0,03
0,26
0,63
0,31
-0,54
Na
-0,16
0,48
0,19
0,27
-0,47
K
-0,04
0,56
0,58
0,62
-0,41
Ca
-0,37
-0,12
0,67
0,28
-0,14
Mg
0,49
0,64
0,17
0,14
-0,37
Pb
Na
K
Ca
Mg
Pb
1
Na
0,69
1
K
0,74
0,67
1
Ca
0,63
0,19
0,49
1
Mg
0,30
0,38
0,29
-0,04
1
75
4.2.3.2 PCA e HCA
Da mesma forma que foi feito para as amostras de água, o método de
extração das PCs para as amostras de sedimento utilizou a matriz de correlação
para analisar as variáveis cujos valores foram determinados em diferentes escalas.
Os escores destes coeficientes foram determinados pelo método da regressão para
estimar os coeficientes dos fatores. Por fim, o método de rotação ortogonal Varimax
com normalização Kaiser foi usado para minimizar o número de variáveis que tem
altos loadings em cada fator.
Ao contrário das amostras de água, as amostras de sedimento não
apresentam diferenças nítidas de padrões que possam separá-las temporal nem
espacialmente, ou por qualquer outra característica. A visualização gráfica
proporcionada pelas PCAs dos casos e das variáveis nos permite fazer melhor
avalião das informações e ajudam a reconhecer padrões que caracterizem e
separem as amostras. A Tabela 14 mostra que foi necessário extrair 10 PCs da
matriz dos dados para explicar todas as informações sobre eles.
Tabela 14. Explicação da variância total das PCs obtidas pela análise das amostras de sedimento.
PCs
Valores verdadeiros iniciais
% da variância
% da variância acumulada
1
42,12
42,12
2
21,06
63,18
3
17,21
80,39
4
9,33
89,73
5
4,39
94,12
6
2,90
97,02
7
1,60
98,63
8
0,96
99,59
9
0,37
99,96
10
0,04
100,00
Entretanto, as primeiras três PCs foram utilizadas para a confecção dos
gráficos, pois juntas explicam mais de 80% da variância. Em vez de utilizar uma
representação tridimensional, preferiu-se construir dois gráficos plotando duas PCs
no plano por vez para melhor visualização dos resultados.
Observa-se que a primeira componente é a mais importante, explicando
42,12% da variância. As variáveis que influenciam para esse comportamento, com
76
seus respectivos escores de coeficiente, são: Cu (0,893), Zn (0,879), K (0,676), Ca
(0,652) e Pb(0,535). a PC2 explica apenas 21,06% da variância e as variáveis
que influenciam para esse comportamento, com seus respectivos escores de
coeficiente, são: K (0,599), Cd (-0,889), Na (0,767) e Pb (0,761). Por fim, a PC3
explica 17,21% da variância e as variáveis que influenciam para esse
comportamento, com seus respectivos escores de coeficiente, são: Fe (0,823), Mn
(0,815), Mg (0,714) e Ca (-0,524).
A Figura 10 apresenta a PCA das varveis (10a) e dos casos (10b). Ela
mostra graficamente quais variáveis explicam o comportamento das duas primeiras
PCs formadas e como os casos se comportam em função das variáveis.
(a)
Figura 12. PCA das variáveis (a) e dos casos (b) das amostras de sedimento formada pelas PCs 1 e
2.
77
(b)
Figura 12. (Continuação).
Comparando as informações apresentadas na Figura 10 com os dados das
Tabelas 9 e 12, verifica-se que a PC1, embora tenha cinco variáveis com escores de
coeficiente significativos que explicam sua variância, somente o teor de Cu na
amostra representa um padrão para separar as amostras de sedimento dos dois
rios. As amostras mais à direita (P2 Abr, P7 Abr e P7 Jul) apresentam teores de Cu
maiores que 10,30 mg Kg
-1
. As amostras mais à esquerda (P1 Jul e P5 Abr)
apresentam teores de Cu menores que 1,44 mg Kg
-1
. As demais amostras
apresentam teores de Cu entre esses dois limites.
Observa-se tamm que a PC2 separa temporalmente as amostras de
sedimento dos dois rios. As amostras do período seco estão dispostas do lado
negativo da PC2, pois sofrem mais influência dos teores de Cd nas amostras. Já as
amostras do período chuvoso, que sofrem mais influência dos teores de Na e Pb,
estão dispostas do lado positivo desta componente.
78
A Figura 11 mostra a PCA das variáveis (11a) e dos casos (11b). Ela mostra
graficamente quais variáveis explicam o comportamento PC3 e como os casos se
comportam em função dessas variáveis
(a)
(b)
Figura 13. PCA das variáveis (a) e dos casos (b) das amostras de sedimento formada pelas PCs 2 e
3.
79
A partir da análise da Figura 12 observa-se que a CP3 separa espacialmente
as amostras de sedimento dos dois rios, levando em consideração que o último
ponto do rio Criciúma sofre forte influência das águas do rio de Contas no período
das chuvas e, portanto, é considerado como amostra do rio de Contas.
Observa-se, ainda, que as amostras de sedimento do rio de contas espalham-
se do lado negativo da PC3. Elas apresentam maiores teores de Ca e menores de
Fe, Mn e Mg. Do lado positivo da PC3 eso as amostras de sedimento do rio
Criciúma. Ao contrário daquelas do rio de Contas, essas apresentam menores
teores de Ca e maiores de Fe, Mn e Mg.
80
5.0 Conclusões
A presente dissertação teve como foco principal avaliar a dinâmica da
mobilização de Fe, Mn, Zn, Cu, Cd e Pb em água e sedimento da barragem do
Criciúma e do rio a jusante dela até a foz com o rio de Contas.
Com a ajuda da PCA e HPA, observou-se uma nítida diferença de padrões
entre as águas destes dois rios e uma grande semelhança entre as amostras de
cada um deles separadamente. As variáveis Na, K, Ca, Mg, STD e CE formam um
padrão que separa espacialmente as amostras dos dois rios, enquanto a Turbidez e
o Mn formam outro padrão que as separam temporalmente.
De maneira semelhante, a PCA formou três padrões para separar as
amostras de sedimento dos dois rios. O primeiro, formado exclusivamente pelo
cobre, separa as amostras com alto, médio e baixo teor deste elemento. O segundo,
formado pelo Cd, Na e Pb, separa temporalmente enquanto o terceiro, formado pelo
Ca, Fe, Mn e Mg, separa espacialmente as amostras dos dois rios.
Verifica-se que os teores de Fe nas amostras de sedimento são muito altos,
sobretudo nas amostras do rio Criciúma, e baixos nas amostras de água. O fato de
este elemento estar muito fortemente adsorvido especificamente aos óxidos-
hidróxidos e à matéria orgânica reflete sua origem natural por lixiviação dos solos.
Os altos teores de ferro nos sedimentos do rio Criciúma sugerem inclusive, a
existência de uma mina de ferro na região drenada pelas águas deste rio.
Os teores de Zn, Cu e Mn observados tanto nas amostras de água como nas
de sedimento sugerem uma significativa entrada desses elementos nos recursos
hídricos estudados por lixiviação dos solos. O Mn encontra-se presente na forma
livre ou trocável em quase todas as amostras de sedimento dos dois períodos de
coleta, indicando uma adsorção o específica com as partículas em suspensão e
com os compostos do sedimento de fundo. O Zn não é encontrado na forma livre
nem trocável em nenhuma das amostras de sedimento, mas encontra-se adsorvido
especificamente aos óxidos e hidróxidos em todas elas. O Cu encontra-se
complexado à matéria orgânica na maioria das amostras de sedimento avaliadas.
Entretanto, no período seco observa-se uma melhor distribuição deste elemento
entre as quatro frões do sedimento estudadas, indicando que ele o está
totalmente quelado aos grupos ligantes da matéria orgânica, podendo ser
biodisponibilizados com certa facilidade.
81
Como os teores destes três elementos (Cu, Zn e Mn) diminuem muito no
período de estiagem, tanto nas amostras de sedimento quanto nas de água, é
possível afirmar que os mesmos são provenientes de atividades antrópicas (por
aplicação de fertilizantes, fungicidas, corretores de acidez do solo e outros
compostos agroquímicos nas pequenas propriedades da região em estudo). Além
disso, observa-se tamm que grande quantidade de partículas em suspensão no
período chuvoso, determinada pela alta turbidez da água, favorece o transporte
desses três elementos para outros sistemas.
O Cd e o Pb foram determinados por FAAS utilizando-se a técnica de adição
de padrão apenas nas amostras de sedimento. Observa-se que seus teores não
variam muito de uma coleta pra outra, mas a dinâmica do comportamento desses
dois elementos é bastante diferenciada nestas amostras. O Cd, embora esteja mais
adsorvido especificamente aos óxidos e hidróxidos de Fe e Mn, tamm é
encontrado em quantidades não muito discordantes nas outras três frações do
sedimento. Isso é um forte indicativo de origem antrópica, pois não apresenta
ligação muito estável entre as quatro frações do sedimento estudadas.
o comportamento do Pb nas amostras de sedimento dos rios em estudo são
diferentes. Nas amostras do rio Criciúma este elemento apresenta-se em maior
quantidade na forma livre/trocável no período chuvoso e em maior quantidade ligado
aos óxidos hidróxidos de Fe no período seco, enquanto nas amostras do rio de
Contas ele comporta-se de maneira inversa, estando no período seco em maior
quantidade na forma livre/trocável, e no chuvoso ligado aos óxidos hidróxidos de Fe.
Essa dinâmica de movimento entre as frações do sedimento sugerem uma origem
antrópica para este elemento, tendo sua disponibilidade regida pela ligação lábil
estabelecida entre o Pb e a matéria orgânica e pela adsorção não específica com os
óxidos e hidróxidos de Fe e Mn.
De acordo com os limites estabelecidos pela resolução número 20 de
18/06/1986 do CONAMA, as amostras de água estão em não conformidade: 1) nos
pontos P1 e P2 com relação ao pH; 2) todas as amostras de abril com relação ao
Mn; e 3) todas as amostras com relação ao Fe.
82
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