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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA DE ATITUDES COMUNICATIVAS
ENTRE MÃE E ADOLESCENTE SURDOCEGA:
CONSTRUÇÃO DE SIGNIFICADOS COMPARTILHADOS
RITA DE CÁSSIA SILVEIRA CAMBRUZZI
SÃO CARLOS
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA DE ATITUDES COMUNICATIVAS
ENTRE MÃE E ADOLESCENTE SURDOCEGA:
CONSTRUÇÃO DE SIGNIFICADOS COMPARTILHADOS
Rita de Cássia Silveira Cambruzzi
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos,
como requisito para obtenção do Título de Mestre em Educação
Especial.
Orientadora: Maria da Piedade Resende da Costa
SÃO CARLOS
2007
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
C178ae
Cambruzzi, Rita de Cássia Silveira.
Análise de uma experiência de atitudes comunicativas
entre mãe e adolescente surdocega : construção de
significados compartilhados / Rita de Cássia Silveira
Cambruzzi. -- São Carlos : UFSCar, 2007.
179 f.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2007.
1. Educação especial. 2. Surdocegueira. 3. Comunicação
compartilhada. 4. Linguagem expressiva. 5. Linguagem
receptiva. I. Título.
CDD: 371.9 (20
a
)
uf\---re-~~
Banca Examinadora da Dissertação de Rita de Cássia Silve ira Cambruzzi
Maria Amelia Almeida, Ph. D.
(UFSCar)
Prata. Ora. Elcie Aparecida Fortes Salzano Masini
(Universidade Prebiteriana Mackenzie)
Prata. Ora. Maria da Piedade Resende da Costa
Orientadora
(UFSCar)
ASS.~J-.----
ASS~~
.....
PROFª. DRª. MARIA DA PIEDADE RESENDE DA COSTA
Orientadora
RITA DE CÁSSIA SILVEIRA CAMBRUZZI
COMUNICAÇÃO ENTRE A MÃE E ADOLESCENTE SURDOCEGA:
CONSTRUÇÃO DE COMPORTAMENTOS COMPARTILHADOS.
Dissertação apresentada à Universidade Federal de São Carlos, como requisito para a
obtenção do título de Mestre em Educação Especial.
Aprovado em de 2007.
BANCA EXAMINADORA
Presidente ________________________________________________________________
Dra. Profª. Maria da Piedade Resende da Costa
1º Examinador______________________________________________________________
Dra. Profª. Maria Amélia Almeida
2º Examinador______________________________________________________________
Dra. Profª. Elcie Fortes Salzano Masini
i
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a DEUS por estar no MUNDO e pela graça de minha
inteligência e sensibilidade no reconhecimento de meu lugar. Obrigada.
Aos meus pais, Arnoldo Fulgêncio da Silveira (in memorium) e Elza Parrella da Silveira pelo
amor, dedicação, exemplos de dignidade e retidão, enriquecendo-me como PESSOA e por
participarem de minha inserção no mundo letrado. Obrigada.
Aos meus irmãos: Ecléa Parrella Silveira, Edson Ronei da Silveira (in memorium), Eliana
Silveira, Júlio Cesar Silveira, Lourdes Maria Silveira e Rose Silveira von Hertwig pelos
momentos significativos de convivência e decisivos no exercício da amizade,
companheirismo e solidariedade. Obrigada.
À minha família que participou em todo o meu processo de busca e conquista do
conhecimento, o qual sem o apoio individual e coletivo, não seria possível. Obrigada.
À família da adolescente que permitiu a minha entrada em sua casa, por entender o objetivo
da pesquisa e, com o seu consentimento, possibilitou um convívio mais próximo. Obrigada.
A Maria Francisca da Silva, Cláudia Sofia Indalécio Pereira Rodrigues, Carlos Jorge W.
Rodrigues, Carlos Roberto Nunes, Alex Garcia, Cristian Elvis Fernandes e a nova geração,
exemplos de SuperAção. Obrigada.
Às minhas companheiras de luta, pelo constante apoio: Shirley Rodrigues Maia, Maria Inês
Petersen, Susana M. Mana de Araóz, Lilia Giacomini, Margarida Monteiro, Dalvanise de
Farias Duarte, Dalva Rosa, Regina Mª. de Jesus Flötter, Laura Lebre Monteiro, Sílvia Estrela,
Denise Teperine Dias, Sandra Mesquita, Márcia Maurílio de Souza e, a Rafael Soar.
Obrigada.
ii
Aos amigos do Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e Múltiplo Deficiente Sensorial por não
esmorecerem diante das adversidades, transformando-as em ações positivas na concretização
dos nossos ideais. Obrigada.
Aos mestres David Brown, Jane Fletcher, Sue Evans , Ximena Serpa, Isabel Amaral, Ayola
Cuesta Palácios, Maria Bove, Barbara McLetchie , Elcie Fortes Salzano Masini, Eliana
Ormelezzi, Dr. Mauro Spinelli, Maria Cecília Moura, Maria Lúcia Toledo Moraes Amiralian
e, Sônia M. Salomon por se fazerem presentes na minha formação. Obrigada.
A Dra. Elcie Fortes Salzano Masini que, na academia, foi a Voz do surdocego, possibilitando
a formação de profissionais na área da Surdocegueira tão desconhecida, porém igualmente
fascinante. Obrigada.
À Dra. Maria da Piedade Resende da Costa por sua paciência, pelo carinho e a maneira firme,
porém delicada, de indicar caminhos, oferecendo-me espaços de reflexão e apoio emocional,
diante de situações inusitadas, incentivando-me a continuar. Obrigada.
À Dra. Maria Amélia Almeida pelo acolhimento e empenho diante de tantas dificuldades e a
fim de que a jornada continuasse, fazendo-me sentir em casa. Obrigada.
Às professoras Enicéia Gonçalves Mendes, Eliane A. Campanha Araújo, Maria Amélia
Almeida, Maria da Piedade Resende da Costa, Maria Stella de Alcântara Gil, Tânia Maria
Santana de Rose pela oportunidade de (re)ver conceitos durante nossos encontros e
desencontros. Obrigada.
Às colegas do Programa de Pós-graduação em Educação Especial pela amizade e
solidariedade vivenciadas nesta caminhada, desejando sucesso em suas trajetórias como
pesquisadoras e em especial Ione Machado. Obrigada.
A Elza de F. Zotesso, Avelino José Claro e as estagiárias Sueli Pereira da Silva e Danielli
Ingrid Botega do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial pela competência e
amizade presentes, durante a permanência na Universidade. Obrigada.
iii
À Ana Carolina Silveira Von Hertwig por demonstrar interesse constante em meu trabalho,
por dispensar seu tempo precioso para a leitura e efetuar questionamentos, o que contribuiu
para o aprimoramento das minhas idéias. Obrigada.
As amigas: Maria das Graças Machado Moukarzel, Cristiane Córdova, Helena Ferreira
Maurício, Maria Celina Serpa Pereira, Marise Amaral Caldeira de Andrada e Silva, Márcia
Helena dos Reis Ferreira Pires, Patrícia Amaral e Marisa Conceição Pires, pela motivação,
apoio que me foram dispensados nas minhas caminhadas. Obrigada.
iv
À minha mãe em expressar suas preocupações e
por me proteger com suas orações e, a meu pai (in
memorium) por mantê-las em silêncio.
A meu esposo por estimular-me na busca pelo
conhecimento.
A meus filhos Fernando Augusto e Giulio
Henrique pela compreensão das ausências que
lhes foram impostas, em momentos decisivos de
suas vidas.
v
A adolescente DAMAS, que muito embora tenha
apresentado resistência em alguns momentos,
oportunizou-me vivências de intensa
humanização, nas quais solidariedade, respeito e
parcerias foram presentificados, como também,
solidificados a cada encontro realizado e,
sobretudo, sem a sua participação, a pesquisa e a
partilha do conhecimento não seria possível.
Obrigada.
vi
RESUMO
Essa pesquisa tem como objetivo instrumentalizar a mãe para promover o desenvolvimento da
comunicação significativa entre elas e, identificar e analisar as atitudes comunicativas entre a
mãe e uma adolescente surdocega. Para tal, foi empregado apoio no decorrer da pesquisa,
fomentando a mãe como mediadora a compreender as diferentes formas de comunicação
existentes e como aplicá-las no seu ambiente natural, além de expandi-las para o meio social.
Os resultados demonstram diferenças significativas. Entretanto, como apontou a pesquisa, há
necessidade de se estabelecer uma parceria maior com a família para que o programa
implantado tenha SUCESSO quer na execução das atividades quer no processo gradativo de
construção de significados compartilhados. A caminhada, que se inicia neste momento,
mostra-se longa. No entanto, os primeiros passos já foram estabelecidos, renovando nossas
perseverantes forças.
Palavras–chave: Educação Especial; Surdocegueira; Comunicação.
vii
ABSTRACT
The objective of this paper was to identify and analyze the communicative attitudes between a
mother and her deafblind adolescent daughter, and also to contribute and promote the
development of significant communication between them. In order for this to happen,
supporting procedures were employed throughout this research, fomenting the mother as
mediator of the process, making her aware of the different communication methods available
and teaching her how to apply them to her natural environment, as well as to the social one.
The results show significant differences. However, there is need of a broader connection to be
established the family, so that the program to be implemented be consolidated in the
execution of the activities and, as a consequence carry out the construction process of shared
meaning. The journey that begins from this point on seems long. However, the first paces
have already been established, renewing our persevering forces.
Keywords: Special Education; Deafblindness; Communication.
viii
LISTA DE QUADROS
Tabela 1 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica : Movimento 93
Tabela 2 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica: Vocalizações. 96
Tabela3 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica: Expressões Faciais. 98
Tabela 4 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica: Orientação 99
Tabela 5 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica: Pausa 102
Tabela 6 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica: Toque,
manipulação ou movimentos com outra pessoa
103
Tabela 7 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica: Ações sobre
objetos.
106
Tabela 8 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica: Assumir posições,
deslocar-se para outros locais
107
Tabela 9 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica: Gestos
convencionados
108
Tabela 10 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica: Ações descritivas 111
Tabela 11– Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica: Afastamento 112
Tabela 12– Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica: Comportamento
agressivo ou auto-agressivo
113
Tabela 13– Níveis de comunicação & freqüências 115
Tabela 14 – Freqüência do Nível de Competência Comunicativa: Comportamento
Pré-Intencional
116
Tabela 15 – Freqüência do Nível de Competência Comunicativa: Comportamento
Intencional
117
Tabela 16 – Freqüência do Nível de Competência Comunicativa: Comunicação Pré-
Simbólica Não-Convencional
118
Tabela 17 – Freqüência do Nível de Competência Comunicativa: Comunicação Pré-
Simbólica Convencional
120
Tabela 18 – Freqüência do Nível de Competência Comunicativa: Comunicação
Simbólica Concreta
121
Tabela 19 – Freqüência do Nível de Competência Comunicativa: Comunicação
Simbólica A
b
strata
123
Tabela 20 – Freqüência do Nível de Competência Comunicativa: Comunicação
Simbólica Formal
124
ix
LISTA DE QUADROS
p.
Quadro 1 – Etiologias da Surdocegueira 19
Quadro 2 - Síndromes & Surdocegueira 20
Quadro 3 - Tipos da Síndrome de USHER 21
Quadro 4 – Características da Síndrome de CHARGE 22
Quadro 5 – Categorização da Surdocegueira de acordo com o período de
surgimento
23
Quadro 6 – Comunicação Receptiva 43
Quadro 7– Níveis de Competência 47
Quadro 8 – Comunicação Expressiva Comunicativa 51
Quadro 9 – O processo diagnóstico 68
Quadro 10 – Acompanhamento da adolescente na Instituição 69
Quadro 11 – Caracterização da mãe 70
Quadro 12 – Constituição familiar 71
Quadro 13 – Caracterização da adolescente pela mãe 72
Quadro 14 – Categorias: de Comunicação Não-Simbólicas 78
Quadro 15 – Competência Comunicativa & Categorias 79
Quadro 16 – Comportamentos Visuais Gerais 86
Quadro 17 – Comportamentos Visuais Específicos: Resposta Pupilar e Reflexo
Palpebral
87
Quadro 18 – Comportamentos Visuais Específicos: Resposta à Luz 87
Quadro 19 – Comportamentos Visuais Específicos: Contato Ocular 88
Quadro 20 – Comportamentos Visuais Específicos: Movimentos Oculares & Olho
dominante
88
Quadro 21 – Comportamentos Visuais Específicos: Campo Visual 89
Quadro 22 – Comportamentos Visuais Específicos: Identificação de Objetos e
Pessoas
90
Quadro 23 – Comportamentos Visuais Específicos: Discriminação Visual 91
x
LISTA DE FIGURAS
p.
Figura 1 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Movimento 94
Figura 2 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Vocalizações 97
Figura3 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Expressões Faciais 99
Figura 4 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Orientação 100
Figura 5 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Pausa 103
Figura 6 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Toque, manipulação ou movimento com
outra pessoa 104
Figura 7 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Ação sobre objetos 106
Figura 8 – Comunicação Não-Simlica: Categoria – Assumir posições, deslocar-se a outros
locais 108
Figura 9 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Gestos Convencionados 109
Figura 10 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Ações descritivas 111
Figura 11– Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Afastamento 112
Figura 12 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Comportamento agressivo ou auto-
agressivo 113
Figura 13 – Freqüência do Comportamento Pré-Intencional 113
Figura 14 – Freqüência do Comportamento Intencional 114
Figura 15 – Freqüência da Comunicação Pré-Simbólica Não-Convencional 119
Figura 16 – Freqüência do Nível de Comunicação Pré-Simbólica Convencional 120
Figura 17 – Freqüência do Nível de Comunicação Simbólica Concreta 122
Figura 18 – Freqüência do Nível de Comunicação Simbólica Abstrata 123
Figura 19 – Freqüência do Nível de Comunicação Simbólica Formal 124
Figura 20 – Freqüências dos Níveis de Competência Comunicativa & Sessões 125
xi
LISTA DE SIGLAS
p.
ADEFAV – Associação para Deficientes da Áudio-Visão 14
APAE – Associação de pais e Amigos dos Excepcionais 16
ASOCIDE – Associação dos Surdocegos da Espanha 24
CAL – Centro de Audição e Linguagem 15
CAS – Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e Atendimento as pessoas
com Surdez 15
CEADS – Centro de Atendimento a Deficiência Sensorial 15
CEI Escola Básica Centro Educacional Integrado 15
CENAP – Centro de Ensino e Aprendizagem 15
CENTRAU – Centro de Reabilitação da Audição 4
DETRAN – Departamento Nacional de Trânsito 61
ERDAV – Escola Residencial para Deficientes Audio-Visual 14
FCEE – Fundação Catarinense de Educação Especial 14
GRUPO BRASIL de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial 13
IBC – Instituto Benjamim Constant 9
IDEA – U.S. Department of Education 12
ISI – Instituto Santa Ines 15
LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais 58
SEADAV – Serviço de Atendimento ao Deficiente Audio-Visual 14
SENSE International 4
SENSE Internacional Lationoamérica 15
SED – Secretaria de Educação 15
SDR – Secretaria de Desenvolvimento Regional 15
UACLI – Unidade de Atendimento Clínico 57
UADEM – Unidade de Atendimento ao Deficiente Mental 15
UNASF – Unidade de Avaliação e Atendimento ao Deficiente Sensorial e Físico 59
UPM – Universidade Presbiteriana Mackenzie 4
xii
LISTA DE ANEXOS
ANEXOS
ANEXO A – Vocabulário de Língua de Sinais
ANEXO B – Avaliação Funcional da Visão
xiii
LISTA DE APÊNDICES
p.
APÊNDICE A – Família: contato inicial / Entrevista inicial 145
APÊNDICE B – Atividades de Vida Diária 148
APÊNDICE C – Objeto de Referência & Atividades 151
APÊNDICE D – Caderno de Apoio 152
APÊNDICE E – Caderno de Estimulação Perceptiva 153
APÊNDICE F – Cartelas com Figuras 155
APÊNDICE G – Caderno com Frutas e Verduras 156
APÊNDICE H – Dicionário 157
APÊNDICE I – Protocolo de Registro de Observação de Comportamentos da mãe e
da adolescente
158
APÊNDICE J – Protocolo de Registro da Descritivo das Formas de Comunicação
Não-Simbólica
159
APÊNDICE K– Protocolo de Registro da Freqüência Total das Formas de
Comunicação Não-Simbólica
160
APÊNDICE L – Protocolo de Registro Descritivo dos Níveis de Competência
Comunicativa
165
APÊNDICE M– Protocolo da Freqüência Total de Respostas dos Níveis de
Competência Comunicativa
172
APÊNDICE N – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 173
APÊNDICE O – Categorias & Sessões: Siegel-Casuey & Guess 174
APÊNDICE P – Níveis de Competência Comunicativa & Sessões: Rowland &
Stremel-Campbell
177
APÊNDICE Q – Atividades desenvolvidas na Coleta de Dados 178
xiv
SUMÁRIO
Agradecimentos...........................................................................................................................i
Dedicatória................................................................................................................................ iv
Epígrafe..................................................................................................................................... v
Resumo..................................................................................................................................... vi
Abstract.................................................................................................................................... vii
Lista de Tabelas...................................................................................................................... viii
Lista de Quadros........................................................................................................................ x
Lista de Figuras........................................................................................................................ xi
Lista de Siglas......................................................................................................................... xiii
Lista de Anexos....................................................................................................................... xv
Lista de Apêndices................................................................................................................. xvi
INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 5
I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................................ 10
1. A compreensão da surdocegueira......................................................................................... 10
1.1 Um pouco de história....................................................................................................... 12
1.2 Definição.......................................................................................................................... 17
1.3 Etiologias......................................................................................................................... 19
1.4 Classificação.................................................................................................................... 23
2. A Família............................................................................................................................. 27
2.1 A família no tempo histórico.......................................................................................27
2. 2 Impacto da Surdocegueira na Família.............................................................................31
3. Comunicação...................................................................................................................... 35
3.1 Comunicação Receptiva................................................................................................. 39
3.2 Comunicação Expressiva........................................................................................... 44
3.3 Formas de Comunicação.................................................................................................. 54
3.4 Guia-Intérprete................................................................................................................. 57
4. Contribuições de Van Dijk no desenvolvimento da Comunicaçãodos surdocegos............ 58
5. Considerações Educacionais............................................................................................... 62
xv
II. MÉTODO............................................................................................................................ 67
2.1 Participantes....................................................................................................................... 67
2.2 Local.................................................................................................................................. 72
2.3 Materiais.............................................................................................................................73
2.4 Instrumentos e Equipamentos............................................................................................ 77
2.4.1 Instrumentos..................................................................................................................77
2.4.2 Equipamentos.................................................................................................................80
2.5 Procedimentos de Coleta de Dados....................................................................................81
2.6 Procedimentos da Análise de Dados................................................................................. 84
III. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................86
3.1 Avaliação Funcional da Visão...........................................................................................86
3.2 Formas Comunicativas Não-Verbais............................................................................... 93
3.3 Níveis de Competência Comunicativa............................................................................. 115
IV. CONSIDERAÇÕES e CONCLUSÃO..........................................................................128
4.1 Considerações................................................................................................................. 128
4.2 Recomendações............................................................................................................... 132
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................135
5
INTRODUÇÃO
A minha caminhada pela Educação Especial é de longa data... e, teve seu início
em 1979, quando fui aprovada no concurso efetuado pela Fundação Catarinense de Educação
Especial.
Uma das primeiras atividades foi à realização de diagnóstico em que, apliquei
os conhecimentos e as experiências da efetuadas quando do último ano da Universidade, onde
fazíamos os atendimentos à população em geral, como garantia do curso de formação de
psicólogo.
Nesta época, realizávamos o processo diagnóstico em toda a sua extensão, com
a supervisão da professora responsável, onde eram apresentados os resultados das
intervenções realizadas. Além destes aspectos, eram discutidos e propostos os
encaminhamentos a serem executados no contato seguinte: família quando menores e, a
própria pessoa.
Com estas experiências, percebi que o diagnóstico era importante para o
encaminhamento para os serviços dentro da Instituição, já que havia intervenção nas
diferentes áreas: estimulação precoce, surdez, cegueira, deficiência mental e, posteriormente,
aos autistas como um novo segmento de abrangência. Após este processo, a família havia a
entrevista devolutiva e, neste momento eram recebidas pelos profissionais da psicologia e da
pedagogia, para o recebimento das informações pertinentes.
Após esta passagem pela avaliação, o contato com a população surda e suas
respectivas famílias deu-se de maneira mais profissional, já que os mantinha em eventos
sociais, nas instituições em que minhas irmãs eram professoras.
Além das minhas atividades com a população surda como o acompanhamento
de famílias e seus filhos, alguns no ensino regular e no reforço pedagógico, cursos, etc., por
contingência, iniciei na área da cegueira. Neste serviço, foram desenvolvidas estratégias de
apoio as famílias que estavam no processo de descoberta da deficiência visual: cegueira ou
baixa visão, de crianças que freqüentavam a estimulação precoce, hoje estimulação essencial.
Outras atividades profissionais foram desenvolvidas para atender as
necessidades do serviço como atendimento individual para jovens e adultos diante da cegueira
adquirida por doenças como diabetes, acidentes e, a formação de grupos para as trocas em um
espaço de confiança. Neste espaço, foi desenvolvido um projeto sobre Sexualidade, visto que,
nestes encontros percebeu-se a falta de informação e as distorções sobre o referido assunto.
6
Diante da necessidade, da instituição, de um psicólogo no setor da deficiência
mental, houve remanejamento de profissionais, pois não haveria a possibilidade de ser
contratado, e, passei a exercer minhas atividades profissionais, neste setor.
O desabrochar para a área da surdocegueira, teve sua origem neste espaço onde
me deparei com crianças que apresentavam surdez e cegueira associada e, que estavam em
salas de acordo com sua idade cronológica.
O choque, a surpresa de estar diante de pessoas sem dois canais
importantíssimos de comunicação – audição e visão – e das dificuldades advindas desta
condição, já que havíamos atuado com surdos e com cegos, imaginamos que estas seriam
sanadas ao aplicar as técnicas já conhecidas. Apesar do esforço empreendido, os resultados
foram incipientes, para não dizer nulos, visto que, tentativas de somar conhecimentos nas
duas áreas não obtivemos êxitos.
A idéia de realizar uma pesquisa na área da surdocegueira não é nova e a
decisão de executá-la teve sua origem nas dificuldades encontradas em nossa atuação
profissional com pessoas surdocegas, incitando-nos a aprofundar o conhecimento na área.
O desafio estava posto. Iniciamos a busca de procedimentos metodológicos
para que pudéssemos com a sua aplicação adentrar ao mundo da surdocegueira e obter
resultados que, era a nossa preocupação maior.
Diante disso, ponderamos que seria necessária a busca de conhecimento e,
procuramos capacitação junto à Sense Internacional (órgão responsável pelo atendimento dos
surdocegos, na Inglaterra). Entre 1996 e 1998, na cidade de Curitiba-Paraná, realizou-se um
curso modulado, em três etapas, em parceria com o Centro de Reabilitação Auditiva
(CENTRAU), onde pesquisadores David Brown, Jane Fletcher, Sue Evans e Ximena Serpa,
ministraram o referido curso.
Tal formação proporcionou a fundamentação inicial sobre Surdocegueira,
entretanto, cada vez mais se mostrou necessária a ampliação dos conhecimentos. Sendo assim,
ao ter notícias de que, haveria o primeiro curso de especialização na Universidade
Presbiteriana Mackenzie – UPM, no período de 2000 a 2001, cujo tema era a surdocegueira,
decidi cursar. Com a finalização das disciplinas escrevemos uma monografia intitulada: “A
importância da comunicação receptiva e expressiva no processo educacional do surdocego”,
para a obtenção do grau de especialista. Este foi o ponto inicial para a inserção na academia e,
de extrema importância pelo fato de compartilhar com muitas pessoas que já possuíam mais
conhecimentos na área.
7
Nesta ocasião, estabelecemos contatos com pesquisadoras internacionais na
área da surdocegueira como Ayola Cuesta Palácios (Colômbia), Isabel Amaral (Portugal),
Maria Bove (Estados Unidos), Barbara McLetchie (Estados Unidos) e Ximena Serpa
(Colômbia) e, no Brasil, com Elcie Fortes Salzano Masini, Eliana Ormelezzi, Mauro Spinelli,
Maria Cecília Moura, Maria Lúcia Toledo Moraes Amiralian e Sônia M. Salomon
culminando com a aquisição de novos conhecimentos e reformulação de outros.
Os desafios continuaram, e precisavam ser enfrentados.
Questionamentos eram constantes visto que, a falta de comunicação, como uma
das conseqüências da surdocegueira, dificulta a compreensão do mundo devido à perda de
dois canais importantes para o conhecimento. Há, por sua vez, a necessidade de um
interlocutor para que a comunicação ocorra, por mais simples que esta seja visto que, por si
só, o surdocego não aprende de forma incidental.
Sendo assim, buscamos na literatura brasileira pesquisas na área da
Surdocegueira e, verificamos que são limitadas e, as poucas existentes deixam lacunas as
serem preenchidas com novas pesquisas.
O primeiro documento nesta área que, tomei conhecimento, refere-se à
pesquisadora Araóz (1999) em seu estudo: Experiências de pais de múltiplos deficientes
sensoriais – surdocegos: Do Diagnóstico à Educação Especial.
A pesquisa tinha como objetivo descrever as experiências de pais de múltiplos
deficientes sensoriais – surdocegos, por ocasião do diagnóstico e da procura de atendimento
especializado, a partir de entrevistas semi-estruturadas realizadas com 20 pais, que tem ou
tiveram ligação com instituições educacionais especializadas em surdocegueira, na Grande
São Paulo.
Os dados obtidos relatando as angústias enfrentadas pelos pais quando dos
diagnósticos e o processo na busca de atendimento foi demorado e de difícil localização assim
como, o sentimento de impotência diante das dificuldades de visão e audição dos filhos as
conquistas provindas destas experiências.
A pesquisa enfoca a evolução, as dificuldades e as conquistas dos pais e,
aponta temas de pesquisa e atuação profissional na divulgação das múltiplas deficiências e,
dentre outras sugestões a promoção de relações inter-instituicionais das áreas de saúde e
educação.
Outro estudo que tive acesso foi o de Cader-Nascimento (2003), cujo enfoque
na sua pesquisa é implementar e avaliar programas de intervenção com crianças surdocegas,
8
suas famílias e com a professora, tendo como apoio a abordagem co-ativa de Van Dijk e a
perspectiva sócio-histórica.
Os resultados indicaram um avanço relevante para todos os participantes e,
com evidências no desenvolvimento da modalidade gestual de comunicação relacionada com
recursos alternativos de comunicação. Sugerem que, as estratégias propostas por Van Dijk e a
sua aplicação em sala de aula foram eficazes à medida que se usaram todos os recursos de
comunicação. Em relação as famílias, os pais passaram a visualizar as filhas diferentemente
do início da pesquisa, ou seja, a vislumbrar as potencialidades e não as deficiências. A
professora, por sua vez, mudou a maneira de percebê-las – condições biológicas e transpôs
este pensamento inicial, para dar ênfase nas relações presentes nas interações.
Maia (2004) em seu estudo retrata, através de um levantamento, as
necessidades e dificuldades de famílias e de pessoas não especializadas para o atendimento da
pessoa surdocega em cinco cidades brasileiras. Os dados coletados permitiram relacionar os
recursos básicos necessários para o atendimento á pessoa surdocega e, disseminação de
informações, implantações, implantação de serviços e formação continuada.
Mesquita (2006) realizou uma pesquisa sobre a interação comunicativa do
surdocego através da arte de contar histórias com adaptação de estratégias de ensino visando à
ampliação de uma interação comunicativa com o surdocego. Fundamenta-se na importância
do processo de inter-relação, para propiciar àqueles com privação sensorial condições para
interagirem no meio e com o meio. Enfatiza Van Dijk ao referir-se que é por meio da troca de
experiências e informações através da interação com o outro que os mesmos poderão aprender
sobre o mundo.
Os dados coletados e a análise da interação comunicativa com o surdocego no
uso das estratégias adaptadas propiciaram a reflexão sobre a possibilidade de lançar mão da
arte de contar histórias para o surdocego e avaliar a ampliação de seu repertório.
A análise dos dados evidenciou a atenção para as formas peculiares de
comunicação da criança que foram construídos por eles mesmos e não impostos,
possibilitando, assim, oportunidades de manifestação no contexto que estavam inseridos.
Frederico (2006), na sua pesquisa analisou a intervenção da família e dos
professores na aquisição dos hábitos alimentares e mostrou a importância dessa aquisição à
família e sociedade.
A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas com mães e professores
e, a análise mostrou a falta de informações recebidas pelas mães após o nascimento da criança
pelos profissionais da área médica, a falta de estímulos recebidos de forma adequada por esta
9
criança, à falta de informações dos professores sobre o que poderia ser feito para facilitar a
aprendizagem.
As pesquisas apontadas abordaram alguns aspectos, e, provocaram muitas
idéias... Sendo assim, no nosso dia – a – dia, nos deparamos com uma jovem adolescente com
surdocegueira que, provocou em nós ansiedade, dúvidas de como estabelecer a comunicação,
já que sua comunicação era incipiente e, que a mãe não entendia as mensagens da filha e, por
sua vez, a adolescente não compreendia as mensagens.
Muitos questionamentos surgiram: Qual a melhor maneira de estabelecer a
comunicação com o surdocego? Como estruturá-la? Qual a metodologia de ensino a ser
adotada? Quais as formas de comunicação e o porquê da escolha? A comunicação está
presente? Como estabelecer a comunicação com a adolescente no ambiente familiar? A
comunicação entre mãe e adolescente será estabelecida?
Este momento representou a mola propulsora para a investigação, foco do
presente estudo onde o objetivo é: instrumentalizar a mãe para ser agente de (trans)formação
no estabelecimento de uma comunicação eficiente e; identificar e analisar a construção de
significados compartilhados entre a mãe e a adolescente surdocega
Para consecução deste objetivo realizamos as seguintes ações:
Avaliar os comportamentos visuais gerais e específicos da visão;
Organizar protocolos;
Confeccionar material para o suporte para a comunicação compartilhada;
Analisar a comunicação de gestos naturais e Língua Brasileira de Sinais –
LIBRAS;
Instrumentalizar a mãe-mediadora sobre as formas de comunicação;
Esclarecer sobre a metodologia a ser utilizada, o porquê, quais as
possibilidades de aplicação, quais os benefícios, o discutir as dúvidas, qual
a atitude tomar diante de uma situação, etc.
10
I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1. A compreensão da surdocegueira
A visão e a audição são canais sensoriais importantes para que ocorra o
processo de desenvolvimento da comunicação. Com a ausência de dois canais sensoriais
importantes, a audição e a visão, o processo de apreensão progressiva fica prejudicado, pois a
criança não dispõe de meios para desenvolver a sua capacidade de apreender muita das
informações de seu meio. Em decorrência da insuficiência para integrar as informações
sensoriais e a possibilidade de aprendizagem, o surdocego fica privado em sua capacidade de
explorar o ambiente.
A audição permite a manutenção do contato do campo visual bem como o
desenvolvimento da codificação, da capacidade expressar sobre as coisas, mesmo quando não
estão presentes. À medida que, possibilitamos a experiência há o desenvolvimento do
pensamento simbólico a ponto de estabelecer seqüenciação e a noção de tempo
(CAMBRUZZI, 2002).
A surdez é uma deficiência sensorial que dificulta o acesso à linguagem. A
linguagem representada é a forma mais alta de uma habilidade inerente à condição humana: a
faculdade de simbolizar. Os lingüistas, entretanto, estimam que não exista pensamento sem
linguagem; pensemos então, o que acontece com a criança surda que não pode acessar aos
conhecimentos, se não a habilitamos em uma língua.
A surdez poderia ser superada ou atenuada ao colocarmos ao alcance da
criança surda, por exemplo, uma língua válida para ela, já que a criança surda é, como o
ouvinte, um gramático por excelência. Quando esta é exposta à sua Língua adquire esta língua
segundo as mesmas regras (formais e funcionais) com as quais a criança ouvinte adquire a
linguagem oral, língua portuguesa no caso do Brasil.
A visão dá às pessoas o acesso ao mundo que as envolve, permitindo assim que
a sua exploração seja tátil, porque têm a curiosidade de manipular este mundo, valendo-se da
locomoção para atingir o que deseja.
A falta de visão faz com que as crianças, por si só, não recebam e transformem
a informações que o meio lhe proporciona. A visão não somente amplia a quantidade de
informações como também proporcionam dados que não são muito exatos, os quais passam a
ser recebidos por meio de outros sentidos.
11
Assim, conforme Jürgens (1977, p.3)
Para uma pessoa cega, tudo está fora do seu alcance, não existe; seu mundo é
totalmente diferente, é tridimensional e não tem noção de bidimensional que é a
realidade do nosso mundo.
Após o entendimento da conseqüência da ausência da audição e da visão no
individuo, pode-se partir para a compreensão da surdocegueira.
A surdocegueira constitui uma deficiência única, não a união de duas
deficiências: auditiva e visual e, nem a junção de duas metodologias: uma para surdo e outra
para cego. Ser surdocego não significa dizer que é um surdo que não vê e nem um tampouco
um cego que não ouve e, sim uma pessoa que apresenta uma combinação das perdas dos
sentidos de distância (audição e visão) (CAMBRUZZI, 2002; 2005b).
Segundo Cambruzzi (2005b, p.9):
A surdocegueira em sua complexidade traz dificuldades para a aquisição do
conhecimento, visto que o surdocego não consegue por si só estabelecer e
compreender o mundo. O surdocego por sua vez, não consegue por si só estabelecer
e compreender o mundo que o cerca.
Smithdas (1981 p.38) explica que para indivíduo com surdocegueira:
O mundo literalmente para ele se encolhe, é somente do tamanho que ele possa
alcançar com as pontas dos dedos ou usando os sentidos de visão e audição
severamente limitados e é somente quando aprende a usar seus sentidos secundários
como tato, olfato, a consciência cinestésica que ele pode alargar seu corpo de
informações e ganhar conhecimento adicional.
12
1.1 Um pouco de história
No decorrer da história da educação dos portadores de deficiência constata-se a
existência de dificuldades, pois estes não se enquadravam nos modelos de educação da época.
Sendo assim, ficavam à mercê da sociedade, pois eram percebidos como incapazes, de acordo
com os padrões requeridos para aquele momento histórico.
Vale ressaltar que, com os surdocegos não foi diferente, ou seja, a sua
educação apresentou grandes dificuldades, tanto no meio médico como no educacional, por
não se conhecer as características peculiares – isolamento decorrente da não comunicação, por
exemplo – e, a educação oferecida não tomava como referência tais características.
As primeiras experiências de educação dos surdocegos remontam-se ao século
XIX com Julia Brice, uma jovem que aos quatro anos e seis meses perdeu a visão e a audição,
simultaneamente. Julia Brice entrou para o asilo de surdos e mudos, assim denominados na
época, em Hartford, no ano de 1825, onde aprendeu a comunicar-se através de sinais
(AMARAL, 2002).
Posteriormente, de acordo com Monteiro (1996, p.15) Laura Bridgman é a
primeira surda-cega educada com sucesso. Surda-cega desde os 2 anos, entrou no Instituto
Perkins, em 1837, onde foi educada pelo Dr. Samuel Gridley Howe .
Naquela época, os pesquisadores apresentavam opiniões contraditórias a
respeito da capacidade do surdocego em receber educação e, com Laura, começou
efetivamente a educação do surdocego quando Dr. Samuel Gridley Howe aceita a
incumbência de educá-la.
Conforme Braddy (1944, p.85), Anne Sullivan, quase cega, convivia na
mesma instituição com Laura e aprende o alfabeto que consistia em “movimentos de dedos de
uma das mãos”. A partir daí, foram surgindo casos isolados sobre a educação de surdocegos
na Alemanha, França, Noruega, Suécia e Países Baixos.
A França (1860) é considerada a primeira nação da Europa a educar crianças
surdocegas, conforme ressalta Amaral (2002, p.121) [...] quando Germaine Cambom, foi
aceita e uma escola para meninas surdas em Larnay, perto de Poiters.
Há registros de Bertha Galeron de Calonne cuja perda visual aconteceu aos seis
anos devido a uma queda de uma escada em sua casa onde bateu a cabeça e, no ano de 1889,
aos 30 anos, a perda auditiva aconteceu sem que os médicos soubessem explicar a causa
(MONTEIRO, 1996).
13
Na Noruega, nasceu Ragnhild Kaata, no dia 13 de maio de 1873. Aos quatro
anos foi acometida por uma doença que resultou na perda da audição, visão, olfato e paladar.
Aos 14 anos iniciou no Instituto para Surdos de Hamar para ser educada por Elias Hofgard
(MONTEIRO, 1996).
Nos Estados Unidos, Helen Keller nasceu em 1880 no Alabama (Estados
Unidos) e, com 19 meses foi acometida por congestão cerebral complicada, hoje, pelos
sintomas apresentados presume-se que tenha sido Escarlatina ou Rubéola (MONTEIRO,
1996).
As seqüelas foram percebidas pela mãe ao colocar suas mãos na frente dos
olhos de Helen Keller e, a surdez foi detectada quando não se voltava para as fontes sonoras:
sineta tocada ou gritos.
Os pais de Helen Keller procuraram apoio para educá-la sendo indicada à
professora Anne Sullivan, da escola Perkins para cegos, que, aceita o desafio, em 1887, para
desenvolver a educação de Helen. Ao chegar à casa dos Keller, deparou-se com uma criança
cheia de vontades e que raramente sorria, pois não apresentava comportamentos sociais
aceitáveis. Tinha acesso de raiva quando seus sapatos eram amarrados ou quando tentavam
pentear-lhe os cabelos (BRADDY, 1944).
O processo educativo de Helen Keller se efetivou porque Anne Sullivan, além
de ser perseverante, teve acesso aos escritos de Dr. Howe, quando dos ensinamentos com
Laura Bridgman. Anne substituía a voz pelos dedos soletrando as letras do nome dos objetos e
a seguir os apresentava para estabelecer uma comunicação. Com quase sete anos, soletrava as
letras, com o uso das mãos, apesar de não demonstrar ter compreendido o significado das
mesmas (BRADDY, 1944).
A tomada de consciência do mundo que a cercava consistiu em um passo
decisivo a fim de que continuasse o seu processo de educação a ponto de aprender o alfabeto
Braille e o manual. Aos 10 anos, iniciou a aprendizagem da fala. A partir daí, Helen Keller
não parou mais na busca de novos conhecimentos conquistando aos 24 anos o diploma de
Filosofia na Universidade Radcliffe. Demonstrou ao mundo, a partir de seu exemplo, que o
surdocego é capaz de compartilhar os conhecimentos construídos e acumulados pela
humanidade (BRADDY, 1944).
Helen Keller esteve no Brasil em 1953, compareceu em diversas entidades
públicas e particulares, participou de conferências, destacou-se na imprensa e aceitou as
homenagens que lhe foram concedidas. Naquela ocasião visitou o Instituto Benjamin
14
Constant – IBC, no Rio de Janeiro e, em São Paulo, o Instituto Padre Chico (MONTEIRO
1996).
No Brasil, há surdocegos que conseguiram transpor os obstáculos, pois estão
superando as suas barreiras e estão divulgando as possibilidades da educação do surdocego.
A educação do surdocego teve início com a professora Nice Tonhozi de
Saraiva que despertou seu interesse para a educação do surdocego com a visita de Helen
Keller ao Brasil. Para a professora, foi um momento inesquecível e, a partir disso, busca a
capacitação sobre esta deficiência, visto que era professora de surdos e de cegos. Viaja para os
Estados Unidos onde se capacita. O seu retorno, em 1961, propiciou novas experiências
educacionais no país com a implantação do serviço direcionado ao surdocego (CAMBRUZZI,
1998).
No ano seguinte, em 1962, a professora Nice Tonhozi de Saraiva cria o Serviço
Atendimento ao Deficiente Audio-Visual (SEADAV), funcionando na Fundação Padre Chico,
em São Paulo. Em 1963, foi transferido para o município de São Caetano do Sul e assumido
pelo Estado. Já no ano de 68 foi construída a Escola Residencial para Deficientes Audio-
Visual (ERDAV), sendo a primeira escola para surdocegos na América Latina. Hoje é
conhecida como Escola de Educação Anne Sullivan situada no Estado de São Paulo no
município de São Caetano do Sul sustentada pela Fundação Municipal Anne Sullivan
(FORCHETTI, 2000; MAIA, 2004).
Surgiu, em 1983, a Associação para Deficientes da Áudio-Visão (ADEFAV),
iniciando o atendimento com surdo que apresentavam outras deficiências associadas. Em
1986, começou a funcionar a Escola Helen Keller que atendia crianças com múltipla
eficiência.
Em 1991, com a saída de profissionais da Escola Especial Anne Sullivan, foi
criada a Associação Educacional para Múltipla Deficiência (AHIMSA) que atende
surdocegos e múltipla deficiência sensorial (FORCHETTI, 2000; MAIA, 2004).
Atualmente, há uma expansão do atendimento ao surdocego e ao múltiplo
deficiente sensorial em instituições reconhecidas nos estados: Bahia, Ceará, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina.
No Estado de Santa Catarina este atendimento teve seu início em agosto de
1992, quando foi implantado na Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), cujo
serviço de atendimento ao surdocego tinha suas atividades pedagógicas estruturadas na
abordagem de van Dijk.
15
Convém ressaltar que já havia, neste período, um profissional capacitado na
área. A organização de estudos tinha como base as apostilas e livros disponíveis, para
trabalhar com este alunado.
De 1994 a 1997, com a saída deste profissional, abriu-se um imenso hiato no
seguimento das abordagens de forma cientificamente estruturadas. Este trabalho, entretanto,
não teve sustentação em virtude da dificuldade em compor uma equipe capaz de dar
prosseguimento às ações inicialmente propostas.
Por um longo período, este trabalho permaneceu sediado na Unidade de
Atendimento ao Deficiente Mental (UADEM), caracterizando-se como um apêndice. O
atendimento deu-se, posteriormente, no Centro de Audição e Linguagem (CAL), pois o
mesmo concentrava todos os serviços que atendiam crianças não falantes utilizando
processos alternativos de comunicação, bem como surdos e surdocegos.
A partir de 1998, este serviço estabelece sua sede e suas atividades, em nível
nuclear, na Escola Básica Centro Educacional Integrado (CEI), em função da extinção da
CAL, revelando este período como a aproximação da prática cotidiana escolar, na tentativa de
reconstruir o eixo de coerência estrutural do serviço.
Em 1999, com a nova reestruturação administrativa da FCEE, conseqüência de
uma assessoria prestada por profissionais contratados por esta Diretoria, o Serviço sai do CEI
e passa a fazer parte do Centro de Atendimento a Deficiência Sensorial (CEADS). No
entanto, a mudança ocorreu apenas em termos técnicos, pois a estrutura física para o
funcionamento do serviço estava sediada no CENAP– Centro de Ensino Aprendizagem.
Esta situação estendeu-se até setembro de 2006, quando o serviço referente à
Surdocegueira passou para a supervisão técnica da equipe do CAS – Centro de Capacitação
de Profissionais da Educação e Atendimento às Pessoas com Surdez.
Em relação aos serviços no Estado de Santa Catarina, a partir do período de
1998/1999 foi implantado no Instituto Santa Inês (ISI), na cidade de Brusque, o atendimento a
surdocegos. Posteriormente, o atendimento se expandiu para os municípios de Balneário
Camboriú, Camboriú, Chapecó, Coronel Freitas, Entre Rios, Faxinal dos Guedes, Gravatal,
Itajaí, Itapema, Ipuaçú, Joinville, Orleans, Palmitos, Santo Amaro da Imperatriz, São
Domingos, São Lourenço do Oeste São, Miguel do Oeste, Tubarão, Xanxerê, etc.
Esta expansão foi realizada à medida que os profissionais iniciaram a
capacitação das coordenadoras de educação especial, ligadas à SED (Secretaria de Educação)
por meio das SDRs (Secretaria de Desenvolvimento Regional) que começaram a observar as
16
crianças que estavam freqüentando as APAEs (Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais) dos municípios que pertenciam a sua região de atuação.
Atualmente, o Serviço da Surdocegueira é composto por um profissional da
psicologia e um da pedagogia, que orientam sistematicamente o trabalho desenvolvido junto
aos alunos atendidos no Estado, além de cinco professores. Constata-se que é uma equipe
restrita para dar acompanhamento em todos os municípios do Estado.
17
1.2 Definição
No período de 1977 a 1999, foram muitas as definições sobre a Surdocegueira
utilizadas pelos diferentes autores como McInnes & Treffry (1982), Alvarez (1991) e van
Dijk (1997) entre outros e, instituições oficiais tais como Conferência Helen Keller (1977),
Comitê Nórdico de Deficiência (1980), Governo Federal Americano (1999).
Observa-se que há um consenso entre as definições e os autores que, a
Surdocegueira, é a associação de uma deficiência auditiva com a deficiência visual e única
acarretando sérios problemas de comunicação, mobilidade e o acesso a informações. Portanto,
as dificuldades sensoriais alteram o desenvolvimento psíquico e pessoal e, para que possa
desenvolver-se harmoniosamente, se faz necessário à presença de outro, de alguém mais
competente, que lhes possibilite o acesso às informações.
Para o surdocego as experiências do mundo são muito restritas e se estende até
aonde podem alcançar com seus dedos (SMITHIDAS, 1981). Para que possamos alargar as
experiências dos surdocegos é necessário intervir diretamente na sua educação. Devemos
levar em consideração as necessidades prioritárias, de modo a desenvolver ao máximo suas
capacidades já que por si só não conseguem (FUENTE, 1995).
Neste trabalho, apresentaremos as definições do Governo Federal Americano,
datada de 1999 e, a utilizada pelo Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo
Deficiente Sensorial de 2003.
A definição do Governo Federal Americano contido no IDEA (U.S.
Department of Eucation, 1999, p.12422) citado por Gargiulo (2006, p.617), Hallahan (2003,
p.392), Hardman et al (2005, p.339), Heward (2006, p.473) in Cambruzzi & Costa (2006, p.6)
refere que a surdocegueira:
[...] significa perdas simultâneas na visão e na audição, uma combinação que de tal
modo causa dificuldades severas de comunicação, no desenvolvimento e
necessidades educacionais pelos quais não podem ser colocadas em programas de
educação especial somente para crianças com surdez ou crianças com cegueira.
18
No Brasil, adotamos a definição de Surdocegueira do Grupo Brasil de Apoio
ao Surdocego e Múltiplo Deficiente Sensorial (2003) que, conforme Maia (2004, p.6), é
definida como:
... uma deficiência singular que apresenta perdas auditivas e visuais
concomitantemente em diferentes graus, levando a pessoa surdocega a desenvolver
diferentes formas de comunicação para entender, interagir com as pessoas e o meio
ambiente, proporcionando-lhes o acesso a informações, uma vida social com
qualidade, orientação, mobilidade, educação e
trabalho.
Nas definições apresentadas há uma concordância de que a surdocegueira tem
impacto na vida da pessoa com graves problemas de comunicação e outras necessidades de
desenvolvimento e aprendizagem.
19
1.3 Etiologias da Surdocegueira
As etiologias da surdocegueira podem estar relacionadas a causas pré-natais
como as infecções transplacentárias, as infecções peri-natais e pós-natais, a anomalias de
desenvolvimento, aos erros inatos de metabolismo, aos traumatismos e a síndromes
(DANTONA, 1977 ; MONTEIRO, 1996 ; CAMBRUZZI 2005 ) que serão apresentadas no
Quadro 1.
Quadro 1 – Etiologias da Surdocegueira
Pré-Natais Peri-Natais Pós-Natais
Rubéola Prematuridade Meningite
Citomegalovírus Falta de Oxigênio Medicação Ototóxica
Aids Medicação Ototóxica Otite Média Crônica
Herpes Icterícia Sarampo
Toxosplasmose Caxumba
Sífilis Congênita Diabetis Mellitus
Incompatibilidade Sangüínea Asfixia
Anomalias Congênitas
Múltiplas
Outras
Associação CHARGE Acidentes
Abuso de drogas da mãe Encefalite
Síndrome Alcoolismo Fetal AVC
Hidrocefalia Consangüinidade
Microcefalia
Hallahan & Kaufman (2003) consideram que a rubéola e o citomegalovírus são
duas patologias que levam a uma série de deficiências, inclusive a surdocegueira, quando a
mulher for infectada no primeiro trimestre.
A Rubéola Congênita também conhecida por Sarampo Alemão é causada por
um vírus que atravessa a placenta materna, comprometendo a nutrição do feto resultando em
danos no crescimento e peso do bebê (CAMBRUZZI, 2003). Além desses prejuízos, pode
danificar o olho através de catarata congênita, apresentar olhos com microftalmia, Retinose
Pigmentar e problemas cardíacos.
O citomegalovírus, a que se referem Hallahan & Kaufman (2003), é de difícil
diagnóstico visto que é semelhante a uma virose, portanto infecto-contagiosa que, provoca
entre outras seqüelas, comprometimento auditivo (surdez) e comprometimento visual: má-
formação na papila do nervo óptico, microftalmias, cataratas, calcificações na retina.
20
Além das causas apontadas, existem outras síndromes que apresentam como
conseqüência a surdocegueira como aponta o Quadro 2:
Quadro 2 – Síndromes & Surdocegueira
Síndromes Caracterização /Sintomas
Down ou Trissomia 21 Perda auditiva e alta miopia.
Refsum Retinose Pigmentar, perda auditiva e, outros
sintomas.
Kears-Sayre, Perda auditiva, Retinose Pigmentar, defeito
cardíaco, entre outros.
Bardet-Biedel, Pierre Robin,
Didmoad ou Wolfran, Flynn-Aird,
Golgenhar, Halgreen, Cokayne, West, etc
Perda auditiva e visual, entre outras.
Usher Perda auditiva e Retinose Pigmentar
Osteogênese Imperfeita Perda auditiva e perda visual gradativa
A etiologia com maior prevalência no Brasil, de acordo com Maia (2004), é a
Rubéola Congênita com 60% dos casos e 25% com Síndrome de Usher, em uma população de
583 casos.
A Síndrome de Usher é o segundo maior índice de prevalência da
surdocegueira no país e, por serem desconhecidas, muitas pessoas podem apresentar os
sintomas e, por desconhecimento, não buscarem atendimento.
Diante desta realidade, apresentaremos uma descrição desta Síndrome Genética
e as implicações que esta Síndrome ocasiona, nesta população.
A Síndrome de Usher afeta de 3 a 6 % das pessoas que nascem surdas ou com
perdas auditivas parciais; de 8 a 33% de indivíduos com Retinose Pigmentar que, segundo
Cambruzzi & Costa (2005, p.3): é uma alteração degenerativa que afeta as células da retina,
[…], responsável pela percepção visual. Aproximadamente 50% dos casos que associam
surdez e cegueira – surdocegueira – são de causa genética muito embora no Brasil os dados
estatísticos sejam imprecisos.
Os sintomas da Retinose Pigmentar que se manifestam são: “cegueira
noturna” que é a dificuldade para adaptar-se à luz brilhante e às mudanças rápidas de
luz.; a perda da visão periférica – “visão tubular” – onde as pessoas conseguem ver somente
21
objetos que estejam à sua frente e, a perda da visão central decorrente da degeneração da
retina impedindo o indivíduo de ver detalhes ainda que estejam à sua frente. Apresentam
enormes dificuldades para ler impressos (SENSE INTERNATIONAL LATINOAMÉRICA,
2004; CAMBRUZZI & COSTA, 2005).
A manifestação da Síndrome de Usher é caracterizada conforme os três
tipos especificados no Quadro 3.
Quadro 3 – TIPOS da SÍNDROME DE USHER
DADOS USHER TIPO I USHER TIPO II
USHER TIPO III
IDADE
07 anos 17 anos 30 anos
INICIO DA
MARCHA
Atraso no início da
marcha
Início da marcha
aos 12 meses
N
ão apresenta dificuldades
EQUILÍBRIO
Equilíbrio precário
Não apresenta
problema de
equilíbrio na
infância.
Apresenta alguns problemas de
equilíbrio.
COMUNICAÇÃO
Nasceu surdo
profundo. Usa
Língua de Sinais.
Atraso na fala.
Usa aparelho de
amplificação sonora
individual(A.A.S. I)
todo o tempo.
Nasceu com audição normal e
posteriormente apresentou uma
perda auditiva leve.
Atualmente requer o uso de
AASI, a perda auditiva tem-se
incrementado.
PERDA VISUAL
Os sintomas de
Retinose Pigmentar
aparecem antes dos
10 anos.
Problemas de visão
noturna na infância.
Problemas de visão noturna aos
20 anos.
Retinose Pigmentar
diagnosticada aos 20 anos.
Fonte: Sense International Latinoamérica (2004). Tradução da autora.
Podemos deduzir que, a população surda deve ser submetida a avaliações
oftalmológicas, portanto, ajuda médica para detectarem a Retinose Pigmentar. Além do
aspecto médico, é necessário apoio psicológico quando o diagnóstico for confirmado e
apresentado para o surdo. Esta nova condição implicará em ajustes na vida: emocional,
acadêmica como também na social e, será abordada mais tarde.
Outra causa da surdocegueira, também desconhecida, é a Síndrome de Charge
que abordaremos rapidamente.
22
A Associação CHARGE é utilizada para o diagnóstico de um grupo de más-
formações congênitas que algumas pessoas com perdas auditivas e visuais manifestam
podendo vir associadas a uma deficiência mental. Também é conhecida como Síndrome de
CHARGE o que têm causado controvérsias já que, em genética, há uma diferença entre
Síndrome - conjunto de sintomas que aparecem simultaneamente e, uma Associação – a
conjunção de duas ou mais características com uma freqüência maior - grifo da autora
(HARDMAN et al, 2005).
Tomando como fonte a Sense International Latinoamerica (2004), Jones &
Dunne (1998) reunimos as informações no Quadro 4 que, descreveremos a seguir.
Quadro 4 – Características da Síndrome de CHARGE
C
Coloboma
Carência de partes da íris ou da retina que normalmente provêm de uma
falha no fechamento da fissura fetal e, que conforme o tipo pode
apresentar ou não deficiências visuais.
H
Defeitos no
Coração
Defeitos septais, persistência do conduto arterioso, sopro cardíaco. As
anomalias do coração associadas podem ter prejuízos septais, persistência
do conduto arterial, sopro de coração ou qualquer outro tipo de
malformações do coração.
A
Atresia de
Coanas
Obstrução dos condutos entre a cavidade nasal e a nasofaringe, sendo um
dos principais critérios de diagnóstico. Indicadores apontam que, 80% das
crianças com deficiência mental que apresentam a Associação CHARGE
têm atresia de coana, que possivelmente, provoca-lhes uma asfixia depois
do nascimento.
R
Atraso
Atraso mental que, pode estar correlacionada à falta de oxigenação
adequada nos pulmões e no sangue. Entretanto, a inteligência pode variar
do quase normal até a deficiência mental profunda. Há também, um déficit
no crescimento, verificado nas tabelas de crescimento indicando que estas
crianças estão abaixo do terceiro percentil.
G
Hipoplasia
genital
Desenvolvimento genital incompleto ou subdesenvolvimento dos genitais.
E
Deformações
no ouvido
Mal formação do ouvido, as deformações das orelhas vão desde pequenas,
sem formação do lóbulo até orelhas caídas em forma de taça.
Freqüentemente acompanhado por perda auditiva significativa,
predominantemente neurosensorial cujo grau varia de leve a profunda.
As informações descritas são relevantes para os profissionais que, ao se
depararem com este diagnóstico, ao encaminharem estas crianças a um atendimento mais
adequado (ARAÓZ, 1999).
23
1.4 Classificação
A classificação da surdocegueira é um procedimento formal utilizado cujo
objetivo é definir programas, métodos, procedimentos de ensino e recursos educacionais a
serem adaptados (CADER-NASCIMENTO, 2001 e CADER-NASCIMENTO & COSTA,
2005).
A surdocegueira pode ser classificada adotando como critério a perda assim
como o nível de funcionamento. Tomando como referência a perda, segundo ANCILLOTTO
et (2005) é classificada como:
Surdocegueira total
Surdez profunda associada com baixa visão
Surdez severa associada com baixa visão
Surdez moderada associada com baixa visão
Pessoas com vários comprometimentos parciais.
Conforme Pascual, Polti & Zambom (2003, p.1) a surdocegueira é categorizada
em doze diferentes grupos tomando como referência o momento em que a mesma surgiu .
Quadro 5 – Categorização da surdocegueira de acordo com o período de surgimento
Momento do
surgimento
Grau de perda sensorial
Surdocego total (sem resto auditivo nem visual)
Surdocego com resto visual
Surdocego com resto auditivo
Nascimento
Surdocego com resto auditivo e resto visual
Surdocego total (sem resto auditivo nem visual)
Surdocego com resto visual
Surdocego com resto auditivo
Adquirido (antes da
aquisição da
linguagem)
Surdocego com resto auditivo e resto visual
Surdocego total (sem resto auditivo nem visual)
Surdocego com resto visual
Surdocego com resto auditivo
Adquirido (depois da
aquisição da
linguagem)
Surdocego com resto auditivo e resto visual
Fonte: Pascual, Polti & Zambon (2003). Tradução da autora.
24
Podemos observar que os grupos acima são heterogêneos, mas todos
participam dos mesmos desafios em relação à aprendizagem e as implicações acarretam pela a
falta de canais tão importantes como visão e audição.
Outro critério para classificação, diz respeito ao grau de funcionamento:
Baixo nível de funcionamento
É caracterizado por uma comunicação limitada em função de que as vias
perceptivas estão comprometidas o que proporciona uma “falta de motivação” para interagir
com o ambiente e aprender (MAIA, 2004). Nestes casos, a intervenção deve proporcionar ao
surdocego, de acordo com ASOCIDE (2006 p.1): [...] “o desenvolvimento de uma
comunicação [...] que lhe ajude a conseguir uma autonomia pessoal de acordo com suas
características” .
Nível médio de funcionamento
Neste nível as crianças, jovens e adultos já começam a interessar-se pelo
mundo utilizando os resíduos das vias perceptuais dos sentidos de distância, isto é, a visão e
audição. Outro aspecto importante é que já começam a ser semi-independente na resolução de
pequenas situações diárias (MAIA, 2004).
Segundo o documento da ASOCIDE (2006), a intervenção deve contemplar
objetivos encaminhados a desenvolver um sistema de comunicação, habilidades úteis ns vida
diária, habilidades sociais e estratégias que lhe permitam desenvolver uma atividade laboral
protegida.
Alto funcionamento
As pessoas surdocegas deste grupo apresentam estratégias de resolução de
problemas e interesses e, revelam uma capacidade de aprendizagem normal, visto que não
apresentam comprometimento cognitivo, desde que recebam ajudas adequadas para seguir o
seu processo de aprendizagem (MAIA, 2004).
Para os surdocegos com alto funcionamento, a intervenção deve introduzir
“conteúdos acadêmicos e ou culturais. É fundamental levar em consideração a inclusão de
25
ajudas técnicas apropriadas em função das características da pessoa surdocega e as
necessidades de cada nível de programa” (ASOCIDE, 2006).
Há fundamentalmente dois tipos de Surdocegueira, requerendo abordagens
diferenciadas: os surdocegos congênitos ou pré-lingüísticos e, os adquiridos ou surdocego
pós-lingüísticos visto que a natureza única e as necessidades destas crianças implicam em
uma consideração especial (CAMBRUZZI& COSTA, 2005).
Surdocego Pré-Lingüístico
Conforme McInnes & Trefrry (1982), as características das crianças que
nasceram ou adquiriram a surdocegueira antes da linguagem são classificadas como
surdocego pré-lingüístico e, é dividido em dois grupos:
Crianças com comportamentos hipoativos se caracterizam por:
Distanciar-se do ambiente, através de movimentos ritualísticos, movimentos corporais;
Não manter contato com o ambiente e com as pessoas e não se comunicar; muitas vezes
apresentam-se desinteressados a ponto de não explorar e manipular objetos. Além destes
comportamentos na presença de sons ou a vibrações manifestam indiferença;
Não buscar a comunicação com as outras pessoas e;
Manifestar rejeição a alimentos sólidos.
Entretanto, há crianças pré-lingüísticas que expressam comportamentos
hiperativos com:
São atraídas por claridade intensa, como por exemplo, dias ensolarados, janela, lâmpada,
etc;
Apresentam dificuldades de locomoção, pois esbarram em móveis, nas pessoas, se
arrastando no chão continuamente;
Estabelecem uma relação visual com objetos à medida que os aproxima dos olhos, mas
evita contato visual com as pessoas;
Rejeitam o toque no seu próprio corpo, fenômeno é reconhecido como defesa tátil.
No caso da surdocegueira congênita todo o desenvolvimento da criança fica,
em grande parte, dependente de uma educação que lhe dê acesso ao mundo, conhecer pessoas
e ambientes que lhe são próximos, desenvolver meio de comunicação que lhe permitam
evoluir na capacidade de atuação e desempenhar funções mais elaboradas (CAMBRUZZI &
COSTA, 2006).
26
Surdocego Pós-Lingüístico
O surdocego pós-lingüístico, por definição, “é a pessoa que ficou surdocega
após a aquisição de uma língua, seja oral ou gestual” (GRUPO BRASIL, 2001) e, que por ser
adquirida, pode ser decorrente de síndromes ou doenças em que a visão e a audição se
deterioram gradativamente.
As pessoas são consideradas surdocegas pós-lingüístico quando:
nascem com audição normal e visão normal;
apresentam perda auditiva ou são surdas congênitas com problemas visuais adquiridos; e,
apresentam perda visual ou cegueira congênita com problemas auditivos adquiridos.
Além deste aspecto, a necessidade do surdocego pós-lingüístico está
relacionada com a independência através de apoio e reabilitação. Vale ressaltar a necessidade
de um apoio emocional para processar o ajuste e, dependendo de suas particularidades, buscar
estratégias cognitivas que lhes auxiliem a dar respostas mais adequadas (SAMANIEGO, 2003
e 2004). Portanto, o maior desafio é a manutenção de oportunidades de comunicação que
exigem recursos de intérpretes qualificados com conhecimento de várias formas de
comunicação.
Em contrapartida, as crianças que tenham aprendido a falar antes de ocorrer a
surdocegueira, ou a tenham adquirido na juventude ou na fase adulta, freqüentemente
conservam a língua oral no transcorrer da vida, se não ocorrerem circunstâncias especiais
(SAMANIEGO, 2003; 2004).
27
2. A família
2.1 A família no tempo histórico
Quando refletimos sobre a família, nos deparamos com dificuldades em defini-
la visto que, cada um de nós poderia ter uma definição muito particular de acordo com nossas
experiências familiares. Entretanto, podemos lançar mão de aspectos importantes da
antropologia, da psicologia e sociologia, por exemplo, para pensar a realidade familiar.
A antropologia tem como ponto central a evolução das formas de parentesco, a
história na estrutura interna que tem tido a família e sua incidência na cultura ao longo das
etapas históricas. Entretanto, na perspectiva psicológica, a família é a responsável imediata
pela formação da personalidade dos indivíduos.
A sociologia, por sua vez, tem como foco a relação existente entre a família e a
sociedade. Nesta perspectiva, a instituição familiar é a primeira instância de aprendizagem
social e prepara as pessoas para que se vinculem funcionalmente à sociedade. É na família
que as formas de convivência social são introjetadas, convertendo-as em núcleo básico de
construção e manutenção de cultura.
Diante do que foi exposto, devemos relembrar que, ao longo do processo
histórico, as famílias têm assumido diferentes funções que correspondem às exigências de
cada cultura; isto significa dizer que, as famílias antigas assumiam funções religiosas,
judiciais, de saúde, recreativas e muitas outras, que hoje são exercidas por outros tipos de
instituições.
Muitos eventos históricos, dentre eles a revolução industrial, geraram um
processo de destituição de tais funções sendo reduzida a três funções básicas, a saber: função
biológica, econômica e social.
A função biológica da família corresponde à perpetuação da espécie humana. A
função econômica que no modelo patriarcal era de competência exclusiva do homem, com a
revolução industrial, a responsabilidade deste exercício foi transferida também para a mulher.
Este fato foi conseqüência da vinculação da mulher ao mundo laboral e,
promoveu mudança no papel da família enquanto instituição que, neste momento, era prover
todas as necessidades materiais a seus membros.
A função social da família diz respeito à preparação de seus membros para que
se vinculem funcionalmente à cultura através da transmissão de valores, normas e
procedimentos de comportamentos.
28
Segundo Giorelli (92, p.12):
A família antiga tinha como missão a conservação dos bens, a prática comum de um
ofício, a ajuda mútua cotidiana num mundo onde um homem e uma mulher isolados
não podiam sobreviver. Os sentimentos entre os cônjuges não eram necessários à
existência nem ao equilíbrio da família. As trocas afetivas e as comunicações sociais
eram realizadas fora da família.
A partir do século XVII mudanças passaram a ocorrer e a família passou a ter
uma função afetiva visto que, “a família começou a se organizar em torno da criança e lhe
dar um tal valor, que ela saiu do seu antigo anonimato” (Giorelli;1992, p.12) pois, no século
XIX, a vida social estava polarizada em torno da família e profissão.
A partir daí, então, a família moderna passou a existir. Houve uma necessidade
de intimidade e de identidade, estabelecendo uma relação entre o sentimento da família e o
sentimento de classe.
De acordo com Giorelli (1992, p.16), o membro da unidade familiar tem
obrigações e direitos específicos em relação a outros membros visto que, [...] “as
necessidades físicas, emocionais e intelectuais podem ser satisfeitas através de relações
harmoniosas. Porém, quando as relações se desorganizam, depara-se com um potencial
destrutivo” e, [...] – a família “aparece como grupo natural e cultural, local de sofrimento e
de doença, partilhados por laços de consangüinidade, de filiação e de aliança”.
Minuchin (1982, p.52), explica que:
O Homem sobrevive em grupos; isto é inerente à condição humana. A necessidade
mais básica de uma criança é de uma figura materna, para alimentá-la, protegê-la e
ensiná-la. Além disso, o Homem tem sobrevivido, em todas as necessidades,
pertencendo a agregações sociais. Em diferentes culturas, estas agregações variam
em seu nível de organização e diferenciação. As sociedades primitivas contam com
grandes agrupamentos, com uma distribuição estável de funções. À medida que as
sociedades ficam mais complexas e são adquiridas novas habilidades, diferenciam-
se estruturas societárias. [...] A família sempre tem passado por mudanças que
correspondem às mudanças da sociedade. Tem assumido ou renunciado as funções
de proteção e socialização de seus membros em respostas às necessidades da cultura.
Neste sentido, as funções da família atendem a dois diferentes objetivos. Um interno
– a proteção psicossocial de seus membros; o outro é externo – a acomodação a uma
cultura e transmissão dessa cultura.
Apesar de todas as mudanças a que o homem moderno se vê submetido, ele
ainda se mantém fiel a um conjunto de valores, visto que a sociedade estabelece fronteiras
nitidamente delineadas entre o contexto familiar e o extra familiar.
Minuchin (1982, p.52) reforça a idéia do papel da família, nas diferentes
culturas: “Em todas as culturas, a família dá a seus membros o cunho da individualidade. A
experiência humana de identidade tem dois elementos: um sentido de pertencimento e um
sentimento de ser separado...”
29
Estes sentimentos, aos qual o autor se refere, são misturados e administrados
pela família sendo, portanto, a matriz da identidade.
Nas páginas seguintes, o autor nos reporta aos processos de transformação que
a família vivencia, ou seja, a família irá mudar à medida que a sociedade se transforma visto
que, a mesma é um sistema que opera em contextos sociais e funcionamentos específicos.
O funcionamento da família está alicerçado na estrutura, no desenvolvimento
que requer reestruturação e, por último, na adaptação a circunstâncias modificadas, de modo a
manter e a intensificar o crescimento psicossocial de cada membro.
A estrutura familiar carrega em seu bojo as exigências que organizam o
funcionamento das relações sociais e suas interações.
Ravazzola (1992, p.45)
“... a família, como instituição, vê-se permanentemente na necessidade de responder
às mudanças que lhe propõem as distintas circunstâncias sociais, econômicas e
culturais próprias do mundo ao qual pertence. A família não é um organismo social
isolado, nem alheio às mudanças políticas, técnicas e científicas, tanto, que tem se
transformado ao longo da história”.
A referida autora nos conduz a uma reflexão a respeito da natureza da família
como um sistema suscetível às mudanças que ocorreram nos períodos históricos.
Whitaker & Blumberry (1990, p. 30) nos esclarecem que as famílias “não são
frágeis, são fortes e flexíveis” e, que nos enfrentamentos durante a vida, [...]“criam os papéis,
atribuem as partes e dirigem as ações”. Mais adiante revelam que: O que elas precisam, em
realidade, é uma experiência que as libertará das expectativas bloqueadas que
desenvolveram.
Até o momento estamos enfocando aspectos referentes à família, enquanto
instituição. E, quando nasce na família uma criança com deficiência?
A gravidez é em grande parte resultado de uma escolha e logo que a mulher
tem certeza de que está grávida, e, à medida que a mulher esteja decidida a aceitar a criança
que concebeu, deverá tomar cuidado fazendo regularmente o acompanhamento médico
durante a gestação, garantindo, assim, o seu desenvolvimento.
A chegada de uma criança com deficiência é uma experiência, para algumas
famílias, muito dolorosa, gerando grande carga de sentimentos de culpa, dúvidas, temores e
frustração. A comprovação do diagnóstico provoca mudança na auto-imagem dos pais, ou
seja, “o nascimento de uma criança saudável inspira um sentimento de virilidade no homem e
um sentido de plenitude e bem estar na mulher. Outro fator de importância, é o desejo de
prolongar sua descendência. Assim, pois o nascimento de uma criança não é simplesmente a
30
criação de outro ser, senão que podemos dizer, em um sentido muito real que os pais se“
reproduzem a si mesmos quando trazem um filho ao mundo” (KEW, 1975).
A família tem grande importância e como modeladora do sujeito em
desenvolvimento é apontada por estudiosos de diferentes ciências. Cabe a ela a socialização, a
transmissão de valores, crenças e costumes da sociedade da qual faz parte. Cada família tem
uma maneira singular de vivenciar esta nova situação e, respondem estruturalmente, de
maneira diferenciada, ao processo de crise emocional nos momentos significativos pelas
expectativas, a tensão e as mudanças (SERPA, 1999; MINUCHIN, 1982; GIORELLI, 1992,
WHITAKER & BLUMBERRY, 1990).
Amiralian (1986) e Araóz (1999) descrevem os efeitos da presença de uma
criança com deficiência na dinâmica familiar, pois implica numa reorganização de valores e
objetivos da família, a qual precisará de muita ajuda para conseguir ajustamento.
Buscaglia (1993) e Araóz (1999) relatam casos em que a crise pode levar à
desintegração familiar, mas faz considerações sobre o processo de vivenciar sentimentos e,
em especial, emoções fortes como as provocadas pelo nascimento de uma criança deficiente.
Freeman (1991) e Araóz (1999) relatam que os pais e os profissionais, no
início, pensam mais no que a criança não será capaz de realizar do que naquilo que ela poderá
conseguir que é, em geral, muito mais do que se pode supor.
Lorentz (1997, 1999) e Araóz (1999) demonstram que os pais sofrem grandes
crises, dor e desespero na sua avaliação, provocados pela impotência de não saberem como
vão ser provedores das necessidades do filho com características diferentes do esperado. O
autor defende que a aceitação e o convívio familiar propício para o desenvolvimento da
criança deficiente dependem do apoio que os pais possam ter, de modo geral e,
principalmente, no momento do diagnóstico.
Araóz (1999) afirma que muitos profissionais reforçam os aspectos negativos
baseados em seus próprios juízos e valores quando, pelo contrário, deveriam identificar e
mobilizar as energias de adaptação que os pais possam demonstrar.
Winnicot (1989) e Araóz (1999) referem que o bebê nasce com tendências
herdadas impulsionando-o para um processo de crescimento e de integração da personalidade,
à medida que percebe a existência de outras pessoas. Todavia, isto não ocorre sem um
ambiente facilitador, especialmente no início quando há uma condição de dependência quase
absoluta.
Diante das colocações acima, uma pergunta surge: E a família do surdocego?
Qual o impacto da surdocegueira na família?
31
2.2 Impacto da Surdocegueira na Família
A família do surdocego também enfrenta as mesmas dificuldades apontadas
com o nascimento de uma criança, não importando se a surdocegueira é congênita ou
adquirida, pois ocasiona conseqüências tanto na estrutura familiar como na relação com a
criança (SAMANIEGO, 2004).
Muitas vezes, são os pais que, pela observação, percebem que os filhos, além
da deficiência já diagnosticada no nascimento – visual ou auditiva – apresentam outra perda
sensorial (SAMANIEGO, 2004).
Samaniego (2004, p.6):
Esta descoberta facilita uma intervenção precoce e ajustada as suas necessidades,
mas, em contrapartida, o impacto que a notícia desta deficiência provoca nos pais a
necessidade de um delineamento de intervenção paralela à da crianças, que facilite a
família o ajuste a surdocegueira.
Para algumas famílias, quando é associada uma segunda perda sensorial, o
impacto é maior e mais doloroso. Passa-se de uma ausência auditiva ou visual ao diagnóstico
da surdocegueira. Cada família irá reagir diferentemente diante do novo diagnóstico, podendo
desestruturar-se e retroceder emocionalmente, pois revivem sentimentos e emoções já
vivenciados (SAMANIEGO, 2004).
O choque emocional também é vivenciado pelas famílias em que as duas
perdas sensoriais – surdocegueira – se manifestam repentinamente em um dos membros. Isso
ocorre quando não há o conhecimento da deficiência e que, diante desta nova situação, são
obrigadas a se re-organizar (SAMANIEGO, 2004).
Mais adiante, a citada autora (2004, p.8) considera que, inicialmente [...] pode
gerar una situação de não comunicação, já que não se conhece una fórmula de entrada da
informação com essa pessoa.
Esta nova condição acarreta na família emoções, angústia, depressão e
pensamentos negativos bem como na pessoa que experimenta esta nova condição. Estes
aspectos são significativos e condicionantes para o ajuste da pessoa envolvida sendo
necessária a busca no estabelecimento de novas formas de comunicação com esta pessoa, já
que as perdas sensoriais repentinas geram um bloqueio nesta área, entre outras
(SAMANIEGO, 2004).
32
Ainda, Samaniego (2004, p.9) refere que: Independentemente do grupo [...], o
ponto comum a todos eles [...],são o comunicativo e a necessidade de utilizar o tato como
canal de informação.
Samaniego (2004, p.1), registra que a presença da surdocegueira: [...]
compartilham dificuldades comunicativas, a necessidade de utilizar o tato como canal
prioritário de entrada de informação e, em conseqüência, precisam realizar um ajuste
emocional a esta deficiência.
Como conseqüência, há dificuldades de estabelecer interações com o meio,
assim como, em perceber o mundo e manter as relações com os demais. A aprendizagem e
desenvolvimento das habilidades, bem como o acesso a informação, o desenvolvimento de
habilidades são barreiras significativas (SAMANIEGO, 2004).
Mais adiante, Samaniego (2004, p.2) aponta as implicações imediatas da
surdocegueira ao longo do desenvolvimento da pessoa surdocega, a saber:
1. O mundo fica reduzido e o que chega é através de suas mãos, o uso que faça
do sentido do tato e o que pode interpretar através de seus restos sensoriais, quando estes
existem (SAMANIEGO, 2004).
2. Dependência absoluta das pessoas do seu convívio. As pessoas com
surdocegueira requerem a mediação de outros sujeitos, com a finalidade de conhecer o que
acontece ao seu redor sendo que, as mensagens que o surdocego recebe nem sempre é a
adequada (SAMANIEGO, 2004).
3. O desenvolvimento cognitivo das pessoas surdocegas, e especialmente os
casos em que a surdocegueira é congênita, segue uma seqüência de desenvolvimento
totalmente distinta como conseqüência da privação de experiências durante sua evolução.
Essa evolução parece integrar-se em fragmentos de informação, precisando a intervenção do
meio (das pessoas que interagem ao seu redor) para podê-la integrar de maneira completa [...]
(SAMANIEGO, 2004).
4. A comunicação com as pessoas surdocegas é mais lenta, seja esta tátil, visual
ou oral, como também o tempo para integrar e, portanto, processar esta informação é maior.
Esta forma de processamento pode estar, em alguns casos, diretamente relacionada ao
desenvolvimento cognitivo e a compreensão limitada da informação. No caso da comunicação
tátil, se traduz, entre outras conseqüências, na necessidade de períodos de descanso [...] para
poder recuperar a concentração e o esforço que supõe o ouvir e ver através do tato
(SAMANIEGO, 2004).
33
5. O isolamento e a solidão são talvez alguns dos sentimentos mais freqüentes a
que são submetidas às pessoas que formam este grupo. Estas emoções, originadas, entre
outras causas, por falta de uma comunicação e interação fluente com seu meio, podem ter
conseqüências destrutivas para o indivíduo, se não existir uma intervenção rápida de acordo
com suas necessidades. Assim, em algumas ocasiões, quando esta situação de desconexão e
de falta de comunicação tem chegado ao extremo, provoca problemas de saúde mental
relacionados com a perda do sentido de realidade (SAMANIEGO, 2004).
6. Condiciona a forma de aprendizagem e a aquisição de conhecimentos. Se
não se expressam com um sistema de comunicação formal, as limitações e as dificuldades que
enfrentam vão repercutir negativamente na aprendizagem. McInnes (1999) refere que “a
surdocegueira afeta todo o processo da aquisição de conhecimentos, já que, o que se
aprende, na forma que se está aprendendo e a maneira que este se aplica” (SAMANIEGO,
2004, p. 8).
7. O estabelecimento das relações sociais está condicionado à utilização de um
código comum que permita o desenvolvimento de uma interação entre dois ou mais
indivíduos. As pessoas surdocegas estão, neste sentido, em desvantagem, visto que suas
dificuldades comunicativas são barreiras a um desenvolvimento social natural. A estas
circunstâncias de desvantagem acrescenta-se que, nem sempre terão a possibilidade de
aprender, mediante a observação e imitação, as distintas habilidades sociais que o ser humano
utiliza para desenvolver relações com seus iguais [...](SAMANIEGO, 2004).
8. A perda destes sentidos cria outras dificuldades, uma dependência
comunicativa dos demais. Paralelamente, dificulta, segundo as características dessa pessoa
com surdocegueira, o grau de autonomia pessoal e independência do sujeito em diferentes
assuntos relacionados a esta área. Neste sentido, pode encontrar dificuldades de locomoção,
necessitando aprender técnicas de orientação e mobilidade, treinamento em estratégias
comunicativas com o público em geral (como pedir ajuda, etc.) de forma que lhe permitam
adquirir ou recuperar um nível de autonomia de acordo com suas possibilidades
(SAMANIEGO, 2004).
9. O ambiente é uma das variáveis determinantes no desenvolvimento das
possibilidades da pessoa surdocega. Não é uma conseqüência direta da surdocegueira, mas
sim é considerado um meio facilitador de estímulos necessários que possibilitem o
desenvolvimento cognitivo e conceitual e, portanto, atenuar as implicações desta deficiência
(SAMANIEGO, 2004).
34
10. Necessidade de um ajuste emocional à surdocegueira. Todas as situações
descritas vão exigir que o indivíduo seja capaz de canalizar e identificar as emoções derivadas
das implicações provocadas pela surdocegueira, essencialmente nos casos em que esta for
adquirida [...] (SAMANIEGO, 2004).
Dentre todas as considerações acima, a citada autora (2004, p.5) ressalta três
aspectos mais significativos na intervenção com esta população há necessidade de:
aprender ou desenvolver diferentes sistemas de comunicação que lhe permitam ter
acesso à informação e estabelecer relações com os demais;
utilizar o sentido do tato como canal principal de entrada de informação e como forma
de compensar as conseqüências resultantes das perdas sensoriais dos sentidos de distância que
são a visão e a audição;
responder às necessidades criadas a partir da surdocegueira através de uma
intervenção multidisciplinar que implica diferentes áreas de atuação (SAMANIEGO, 2004).
35
3. Comunicação
Para que a comunicação com o surdocego possa ser bem sucedida, temos que
considerar o desenvolvimento da comunicação em seus aspectos como língua, linguagem, fala
e comunicação.
Quadros (2005, p.7) define Língua como um sistema de signos “compartilhado por
uma comunidade lingüística comum. [...] A língua é um fato social, ou seja, um sistema
coletivo [...]. [...] é a expressão lingüística que é tecida em meio a trocas sociais, culturais e
políticas.
Cader-Nascimento & Costa (2005): A língua otimiza [...], pois permite a troca de
informações do homem com o seu ambiente físico e humano. A fala, por sua vez, envolve
mecanismos fisiológicos e lingüísticos na produção verbal.
Bloch e Trager (1962, p.5), afirmam que: uma língua é um sistema de símbolos
vocais arbitrários por meio de símbolos arbitrários por meio do qual um grupo social co-
opera e Hall (1968, p.158) que compreende a língua(gem) como sendo: a instituição pela
qual os humanos se comunicam e interagem uns com os outros por meio de símbolos
arbitrários orais-auditivos habitualmente utilizados.
Segundo Vygotsky (1984, p.27): “a fala [...], assume um papel organizador do
pensamento [...]; com isto, exerce uma função instrumental na organização do
comportamento”.
Rego (1995, p.62), por sua vez, reforça que a fala, tem como papel fundamental de
organizadora da atividade prática e das funções psicológicas humanas. Mais adiante, se
refere de que a sua função primordial é o contato social, a comunicação [...] impulsionado
pela necessidade de comunicação. As expressões faciais, o balbucio, o choro, o riso - fala
mais primitiva - ou as primeiras palavras cumprem não somente a função de alívio emocional
como também são meios de contato com as pessoas de seu grupo (REGO, 1995).
Vygotsky (1988) argumenta que o homem concebe e transforma o mundo e
(re)constrói a sua história. À medida que realiza este movimento de criar e recriar promove o
desenvolvimento das funções mentais superiores (CADER-NASCIMENTO & COSTA,2005;
BRASIL, 2003; CAMBRUZZI,1997; REGO,1995).
Vygotsky, segundo Rego (1995, p.39) se dedicou as funções mentais psicológicas
superiores e, estas consistem no modo de funcionamento psicológico tipicamente humano,
tais como a capacidade de planejamento, memória voluntária, imaginação, etc. Estes
processos mentais são considerados sofisticados e “superiores”, porque se referem a
36
mecanismos intencionais, ações conscientemente controladas, processos voluntários que dão
ao indivíduo a possibilidade de independência em relação às características do momento e no
espaço presente.
Na perspectiva de Vygotsky, segundo Rego (1995, p.62) o desenvolvimento das
funções intelectuais especificamente humanas é mediado socialmente pelos signos e pelo
outro.
A mediação refere-se à relação do homem com o mundo e o outro e, ocorrem
através de instrumentos, cuja finalidade é regular as funções sobre os objetos e o signo que
regula as ações sobre o psiquismo das pessoas. O signo pode ser considerado aquilo que
representa algo diferente de si mesmo, isto é, substitui e expressa eventos, idéias, situações e
objetos, auxiliando na memória e na atenção humana (REGO, 1995).
A linguagem é um signo mediador por excelência, pois carrega em si os conceitos
generalizados elaborados pela cultura humana. Partindo dessa premissa, a linguagem é o fator
primordial de mudança nos processos psíquicos do homem, pois: permite lidar com os objetos
do mundo exterior mesmo quando eles estão ausentes; possibilita o processo de abstração e
generalização (analisar, abstrair e generalizar as características dos objetos, eventos, situações
presentes na realidade); garante o intercâmbio social entre indivíduos ao longo da história
através da comunicação. Portanto, a linguagem funciona como um mediador, permitindo o
estabelecimento de significados compartilhados e a comunicação entre os indivíduos
(VYGOTSKY, 1988).
A linguagem, segundo Quadros (2005, p.8), é utilizada num sentido mais abstrato do
que a língua, ou seja, refere-se ao conhecimento interno dos falantes-ouvintes de uma língua.
Pode incluir qualquer tipo de manifestação de intenção comunicativa que o homem utiliza
para expressar idéias e sentimentos além da expressão lingüística (expressões corporais,
mímica, gesto, etc.) (QUADROS, 2005).
Existe uma relação entre pensamento e a fala que passam por diversas
modificações durante a vida de cada um. Apesar de terem origens diferentes e de se
desenvolvem de modo independente, o pensamento e a linguagem se encontram com a
inserção da criança no seu grupo cultural (REGO, 1995).
37
Segundo Vygotsky (1984, p.31) a conquista da linguagem habilita as crianças na
busca de:
“instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superarem a ação
impulsiva, a planejarem a solução para um problema antes de sua execução e a
controlarem seu próprio comportamento. Signos e palavras constituem [...] um meio
de contato social com outras pessoas. As funções cognitivas e comunicativas de
linguagem tornam-se, então, a base de uma forma superior de atividade nas
crianças
...
Podemos verificar que, linguagem é um processo de desenvolvimento e, o
processo comunicativo, segundo Nunes (2001, p.86): [...] envolve a recepção da informação e
a respectiva compreensão da mensagem. Sendo assim, a criança começa a perceber as
expressões faciais, os gestos e os toques, querem dizer-lhe algo, ou seja, que esses
comportamentos têm significados.
A comunicação é inerente ao homem e pode se manifestar de várias formas
desde o choro, sorrisos, gestos, mudanças de tônus, olhares...Todavia, o processo de
comunicação, que ocorre tão naturalmente para a maioria das pessoas, pode ser extremamente
difícil para as pessoas com surdocegueira (CAMBRUZZI, 2002; 2005a).
Goold et al. (1997, p.1):
A comunicação é a parte extremamente importante na vida de uma pessoa através de
diferentes situações. Entretanto, o processo de comunicação que ocorre tão
naturalmente e facilmente para a maioria das pessoas pode ser especialmente difícil
para as pessoas com imperfeições intelectuais, visuais, auditivas e ou físicas. A
chave para o sucesso da comunicação com estes sistemas é o design e
implementação de um meticuloso programa, o que é específico para um indivíduo.
Todos os sistemas são feitos sob medida para o usuário e para suas necessidades
específicas.
Para Stremel (1999, p.1): A comunicação consiste no intercâmbio de uma
mensagem entre duas ou mais pessoas. As pessoas se comunicam de maneira muito distintas
e por muitos motivos diferentes.
As crianças surdocegas têm dificuldade em se comunicar e, para elas, o mundo
apresenta-se como caótico, desorganizado, e potencialmente perigoso, tornando-as incapazes
de se aventurar em descobertas. Isso porque não apresentam habilidades para responder
visualmente e auditivamente, utilizando-se dos outros sentidos como o tato, o olfato, o
movimento e o sistema vestibular para se comunicar (CAMBRUZZI, 2002; CAMBRUZZI &
COSTA, 2005).
Stremel segue, relatando que: As crianças que são surdocegas possivelmente
nunca aprendam a falar. [...] podem expressar-se e receber as mensagens. [...] podem
38
realizar trocas em seus mundos particulares. Podem expressar o que querem e o que
necessitam, e podem tomar decisões.
Diante disso, devemos ter em mente que a não é possível descartar nenhum
método de comunicação e o sucesso depende da parceria e do estilo único de comunicação de
cada pessoa.
39
3.1 Comunicação Receptiva
A comunicação receptiva é o processo de receber e compreender mensagens.
Algumas vezes é difícil determinar como uma criança surdocega recebe uma mensagem já
que vivem num mundo limitado (CAMBRUZZI, 2002).
Sendo assim, é imprescindível um parceiro de comunicação para que as
mensagens tenham a possibilidade de serem compreendidas, pois para as crianças surdocegas
é muito difícil responder à nossa comunicação. Podemos observar este aspecto em crianças
com compreensão limitada da fala e, como mediadores, temos o compromisso de facilitar à
criança a compreensão da mensagem. A surdocegueira, por apresentar características muito
diferentes – se congênita ou adquirida –, implica em outras formas para o estabelecimento de
uma comunicação (CAMBRUZZI, 2002; CAMBRUZZI & COSTA, 2006).
É indispensável, na comunicação receptiva, fazer uso de pistas, pois permitem
a antecipação que é o suporte para os surdocegos aprenderem. Podemos empregar pistas
simples e concretas (pistas de objetos, pistas gestuais, etc.) inicialmente e, em seguida,
diferentes modos de comunicação podem ser apresentados, possibilitando assim, um aumento
na capacidade de recepção (CAMBRUZZI, 2002; CAMBRUZZI & COSTA, 2006).
A antecipação deve ser compreendida como a expectativa de uma resposta
especifica do ambiente antes da atividade acontecer, sendo a base para aprender, ou seja, ter a
previsibilidade do que irá acontecer no ambiente. O comportamento antecipatório depende do
nível de funcionamento da criança, que propiciará informações e, conseqüentemente, a
ajudará na exploração do mundo (NUNES, 2001).
Podemos empregar, conforme Nunes (2001), pistas, com a criança, como
suporte de comunicação, a saber:
1. em contexto natural, são pistas concretas durante as atividades ou nas rotinas diárias,
fazem parte do ambiente natural e permitem prever o que vai acontecer;
2. táteis - estímulos táteis específicos executados no corpo da criança, para proporcionar
mensagens específicas, oferecidas através do tato ou movimento (CAMBRUZZI, 2002).
Quando o desempenho da criança é baixo, as pistas táteis são empregadas para
que compreendam o que irá acontecer em seguida, a fim de estabelecer relações entre o toque
e a atividade; portanto, o uso de pistas táteis é uma maneira de antecipar situações do dia-a-
dia (NUNES, 2001).
3. objetos – são objetos diários usados em atividades, apresentados à criança como pistas
indicando o que acontecerá em seguida ou o que está fazendo. Estes objetos representam
40
idéias, pessoas, atividades, lugares ou coisas. À medida que forem estabelecidas relações
entre o objeto e atividade a apresentação do objeto também se modificará (representação
parcial, objetos miniaturas, etc.) (CAMBRUZZI, 2002b).
A utilização de objetos cria possibilidades da criança se comunicar com o
mundo exterior e facilita a interação com outras pessoas. Além disto, permite que: a) a criança
compreenda o seu redor – o que acontecerá, onde, por que, como, com quem, etc.; b) a
aprendizagem dos conceitos torna-os mais fáceis de serem assimilados; c) a estruturação do
tempo; d) expressar as suas preferências; e) auxilia sua memória, possibilitando-lhe relembrar
acontecimentos, além de promover a redução de alguns problemas de comportamento
(NUNES, 2001).
As pistas de objetos são importantes e, conforme Nunes (2001, p.89) [...]
quando existe um tempo de espera entre o momento da tomada de conhecimento do que vai
acontecer e o tempo que a atividade demora a começar (por exemplo, hora da refeição).
No início os objetos usados como pistas são objetos reais empregados na
execução da atividade, pois são mais facilmente reconhecidos, por apresentarem as mesmas
características: visuais, auditivas e /ou táteis.
Os objetos proporcionam um método de comunicação concreto e que pode ser
entendido pela criança. Apresenta pouca exigência de cognição, memória e destrezas
representacionais e o uso do objeto requer uma resposta motora simples como indicar, tocar,
guardar ou olhar a fim de que a mensagem seja clara (Project SALUTE, [s.d]).
Goold et al (1997) ressaltam a idéia que os objetos são importantes porque
possibilitam diferentes usos e podem ser apresentados de diferentes maneiras para adaptar-se
ao indivíduo. É importante observar que os objetos estejam claramente identificados para que
os parceiros de comunicação saibam exatamente o que eles representam e que os objetos a
serem utilizados para a comunicação devem ser projetados individualmente.
O objeto empregado na atividade deve ser único e não deve ser usado para
outras atividades, visto que ele representará uma atividade, um lugar, uma pessoa, um
acontecimento. À medida que a criança demonstrar comportamento antecipatório
relacionando a atividade com o objeto, o educador pode fazer algumas mudanças naturais.
Isto significa dizer que, outro objeto diferente, mas também relacionado com a atividade ou
evento, pode ser usado, introduzindo a idéia de que uma atividade pode ser representada por
mais de um objeto (ROWLAND & SCHWEIGERT, 1998 citados por NUNES, 2001).
Nunes (2001, p. 90) explica que [...] demonstrar compreensão da relação entre
os “objetos pista” e as atividades / pessoas / lugares ou coisas por estes representadas, pode
41
aumentar o nível de simbolização. À medida que a criança começa a usar apenas uma parte
do objeto, esta representa o todo. É a representação parcial do objeto. Como exemplo, ao
invés de se ter uma garrafa de água para simbolizar beber água, pode-se ter apenas a rolha.
Os objetos em miniatura são as representações do objeto real em todas as
suas dimensões, ou seja, visual, tátil e auditivamente. Devemos considerar as capacidades
visuais e cognitivas garantindo que a criança estabeleça as relações entre as pistas e as
atividades. Para que isto aconteça é imprescindível basear-se nas suas experiências e
contextualizá-las para que se comuniquem.
A partir do momento que já antecipam alguns acontecimentos empregando
“pistas de objetos”, o educador pode passar a utilizar o sistema de calendário como forma de
antecipar as ações (NUNES, 2000).
Segundo Blaha & Moss (1997, p.1), o sistema de calendário [...] como um
instrumento que favorece o desenvolvimento da noção de tempo e também uma atividade
importante de qualquer rotina [...] serve de apoio ao desenvolvimento de comunicação,dá
apoio emocional ;[...] permite o ensino de conceitos temporais e abstratos.
O uso do calendário permite o desenvolvimento de habilidades
comunicativas como:
A criança falar sobre coisas que já passou ou que ocorrerão no futuro; e
Desenvolver diálogos a partir de códigos (formas e símbolos);
Em relação ao apoio emocional, os autores afirmam que o sistema de
calendário proporciona:
Segurança porque a criança tem a previsibilidade do que irá acontecer;
Ajuda a motivá-la e a mantém em contato com o mundo criando razão para antecipar; e,
Alerta as mudanças inesperadas na rotina evitando, assim, a ansiedade (BLAHA &
MOSS; 1997).
O desenvolvimento de conceitos temporais é também proporcionado pelo uso
de calendários porque:
Representa a passagem do tempo, o que facilita o ensino de conceitos como passado,
presente e futuro;
Apóia o ensino de vocabulário temporal mais complexo como “dia”, “noite”, “depois”,
“espera”;
Favorece a aquisição da noção de tempo de uma forma simples de modo que a criança
compreenda (BLAHA & MOSS, 1997).
42
A complexidade dos calendários irá depender, única e exclusivamente, das
características e das capacidades intelectuais de cada criança. É feito sob medida para cada
criança, respeitando suas particularidades, visto que, pode empregar diferentes níveis de
representação simbólica e não unicamente os “objetos pistas” (NUNES, 2001).
Cada um desenvolve um sistema de comunicação único baseado nas
necessidades individuais e nas capacidades para interagir com as pessoas e os objetos do seu
ambiente.
4. gestuais – são expressões corporais incluindo mudanças faciais e gestos das mãos, que
exigem alguma visão [...], usadas na comunicação para expressar adeus, assim como o “SIM”
ou “NÃO”, por exemplo.
5. de imagens – a partir do momento que consegue atuar em nível mais elaborado, o
mediador deve utilizar pistas mais exigentes em termos de simbolização; isto é, passa-se a
apresentar gradativamente apenas os contornos de objetos, desenhos e as fotografias. No
entanto, isso depende da visão para perceber imagens bem como das capacidades da criança
(CAMBRUZZI, 2002a).
Além dos aspectos considerados anteriormente, o tamanho do desenho, da
imagem deve ser observado levando em consideração as capacidades visuais da criança, pois
se não tiver capacidade cognitiva para perceber a imagem, podemos usar apenas os contornos
dos objetos. Para indivíduos que são capazes de perceber e entender contornos existe um
número de diferentes opções como os sistemas alternativos de comunicação como o Sistema
PCS e Compic, entre outros, que dependerá de suas habilidades motoras, físicas, visuais e
auditivas, perceptivas e cognitivas para a sua utilização (GOOLD et al, 1997; BRASIL, 2004).
As fotos, por sua vez, conforme Nunes (2000, p.95) se forem coloridas [...]
podem ser mais fáceis da criança apreender o seu significado do que preto e branco, dado
conterem mais informação. Já as silhuetas e contornos de objetos são mais facilmente
percebidos, visto que a criança pode participar ativamente na sua construção.
Podemos fazer uso de outras formas de comunicação mais concretas, portanto
da mais simples para as mais complexas até atingirmos um nível de abstração, como aborda o
quadro da DB-LINK (1995).
43
Quadro 6 – Comunicação Receptiva
Nunes (2001, p.97) resume que [...] a comunicação receptiva ajuda a criança a
dar sentido ao mundo que a envolve e começar a compreender o significado das coisas e
como estas funcionam. À medida que sente as pistas através dos sentidos da visão e/ou
audição residual, do tato, do olfato nas atividades começa a antecipar o que vai acontecer,
pois para as crianças surdocegas os “objetos pistas” e/ou os símbolos táteis podem também
ser usados como forma de expressar o que nos quer dizer.
44
3.2 Comunicação Expressiva
Para Stremel (1996, p.1): A comunicação expressiva implica enviar uma
mensagem à outra(s) pessoa(s) para: (a) fazer que algo ocorra ou (b) deter algo que já está
acontecendo.
Mais adiante, relata que: As crianças e jovens [...] são capazes de expressar-se
de vários modos diferentes. [...] devem ser receptivos as suas variadas formas de
comunicação. [...] devemos fomentar as oportunidades em que se pode apresentar a
comunicação expressiva.
O desenvolvimento da comunicação e da linguagem e suas implicações na
intervenção sobre os problemas graves de comunicação são promissoras, conforme a tendência
atual, já que é possível avaliar e interferir nas capacidades comunicativas através de meio não-
simbólico ou de um meio simlico (ROWLAND & STREMEL-CAMPBELL, 1991).
De acordo com Rowland & Stremel-Campbell (1991 p. 6): Na criança normal,
os sete níveis de desenvolvimento apresentados [...] ocorrem entre o nascimento e os 24 meses
de idade. Esta seqüência aplica-se igualmente às crianças com deficiências sensoriais.
Para demonstrar tal pensamento, apresenta a seqüência de desenvolvimento da
comunicação desde os comportamentos não-intencionais até a manifestação dos primeiros
comportamentos lingüísticos.
Rowland & Stremel-Campbell (1991, p.6) caracterizam cada nível de
competência comunicativa de acordo com:
Nível 1 – Comportamentos pré-intencionais – caracteriza-se por
comportamentos reflexos ou reativos que não são controlados pela criança e, estes estão
relacionados com o bem-estar da criança como, por exemplo, fome, desconforto, conforto, dor
e fazem com que o mediador dê-lhes significado e os interprete, apesar do comportamento em si
não ser intencional (ROWLAND & STREMEL-CAMPBELL, 1991).
Nível 2 – Comportamentos intencionais – há a manifestação de
comportamentos intencionais mas sem a finalidade de condicionar a resposta no outro, ou seja,
não tem consciência do impacto comunicativo desses comportamentos (ROWLAND &
STREMEL-CAMPBELL, 1991).
Nível 3 - Comunicação pré-simbólica não-convencional, a criança se
conscientiza de que os seus comportamentos podem provocar reações em outras pessoas.
Começa utilizar-se de meios não-convencionais para comunicar intencionalmente um número
45
limitado de mensagens como afastar, puxar as pessoas, gritar/ reclamar, que são eficazes, mas
não são meios aceitáveis (ROWLAND & STREMEL-CAMPBELL, 1991).
De acordo com Rowland & Stremel-Campbell (1991, p.6): Os quatro níveis
seguintes envolvem a comunicação intencional através de meios convencionados e diferenciam-
se pelo grau de abstração do comportamento comunicativo.
Nível 4 - Comunicação pré-simbólica convencionada: a criança substitui
gestos convencionados, tais como apontar, dar, mostrar, acenar e abanar a cabeça, pelos gestos
não-convencionados do terceiro nível. Os gestos convencionados expressam significados
específicos de acordo com as convenções que regem a sociedade e a cultura (ROWLAND &
STREMEL-CAMPBELL, 1991).
Nível 5 - Comunicação simbólica concreta: começa a comunicar-se a partir de
símbolos e faz associações de representações simbólicas concretas como indicativos do meio a
ponto de estabelecer a correspondência um-a-um entre o símbolo e a indicação. Diz-se que estas
representações são "concretas" no sentido que têm em comum com os seus referentes uma ou
mais características perceptivas (ROWLAND & STREMEL-CAMPBELL, 1995).
Nível 6 – Comunicação simbólica abstrata – conforme Rowland & Stremel-
Campbell (1991, p.7) :
[...] a criança adquire e usa um número restrito de símbolos abstratos como veículos
comunicativos. Estes símbolos são abstratos ma medida em que têm uma relação
arbitrária com os referentes; não existe laço algum entre os símbolos e as
características perceptivas do referente. Nesta etapa, a criança é capaz de usar palavras
isoladas (ou gestos isolados), que se aproximam das formas que o adulto usa quando
fala, para se referir a um número restrito de coisas que são altamente salientes na sua
experiência.
Nível 7 – Comunicação simbólica formal (linguagem) – as autoras esclarecem
as características, onde a criança começa a adquirir as regras do sistema de uma linguagem
formal - regras que ditam a ordem pela qual os símbolos abstratos, ou palavras, se podem
associar (p.7). Neste nível há um aumento no número de palavras a ponto de modificar a
seqüência das palavras para exprimir diferentes significados (ROWLAND & STREMEL-
CAMPBELL, 1991).
A etapa de transição entre a comunicação pré-simbólica e a comunicação
simbólica formal (a verdadeira linguagem) é decisiva e difícil para muitas crianças portadoras
de duas deficiências sensoriais.
As crianças com deficiências sensoriais apresentarão dificuldades em transpor o
uso de gestos convencionados para o uso de símbolos abstratos visto que, durante anos, foram
submetidas à aprendizagem de um sistema de linguagem formal como a língua de sinais, que
46
corresponde ao nível seis ou sete, sem terem utilizado os símbolos numa correspondência um-a-
um, que equivale ao nível cinco (ROWLAND & STREMEL-CAMPBELL, 1991).
Segundo Rowland & Stremel-Campbell (1991, p.4) citando Werner e Kaplan
(1963), os símbolos convencionados que finalmente substituem esses primeiros símbolos
conservam uma relação perceptiva com vestígios do referente concreto, pelo menos na
perspectiva da criança. Isto significa dizer que os símbolos convencionais vão se aproximando
dos padrões considerados conforme as convenções sintáticas da linguagem formal.
Werner e Kaplan (1963), citados por Rowland & Stremel-Campbell acreditavam
que (p.4): a simbolização é um processo cujo fundamento se encontram nas relações entre os
bebes, as mães e os objetos ou ações ocorridas no meio ambiente. Mais adiante, ressaltam que
o distanciamento físico entre os três elementos (mães, bebês, objetos ou ações) gradativamente
aumenta visto que a fala, gestos – o que os autores chamam de veículos simbólicos – adquirem
características referenciais. Este processo de separação é o que Werner e Kaplan(1963)
denominam descontextualização, processo este que acontece à medida que a criança referenda
um objeto ausente através de uma palavra em vez de tocá-lo ou apontá-lo realmente e, a
desnaturalização.
Já no processo de "desnaturalização", há uma diminuição das semelhanças
materiais entre os símbolos e os referentes, ou seja, os símbolos não apresentam as semelhanças
perceptivas com os seus referentes e, sim uma relação arbitrária à medida que a criança, por
exemplo, desenvolve um sistema de comunicação que pode compartilhar com o outro.
Mais adiante, as autoras apresentam de maneira mais detalhada as diferentes
formas de comunicação, nos diferentes níveis de competência comunicativa, caracterizadas no
Quadro Nº 7, material retirado de Nunes (2001, p. 207).
47
Quadro 7 – Níveis de Competência Comunicativa
48
Como podemos observar os usos de objetos bi e tridimensionais começam a ser
utilizado pelos surdocegos, cuja competência comunicativa está no nível cinco, o que
corresponde à comunicação simbólica concreta e, nos níveis 6 e 7, envolvem um nível de
funcionamento alto, ou seja, com desenvolvimento cognitivo satisfatório; além da a motivação
que é um fator primordial para o aprendizado.
Rowland & Stremel-Campbell (1991) abordam as quatro formas de
comunicação alternativa em que são realçadas as formas simbólicas e convencionadas
explicadas a seguir:
1. Sistemas gestual-motor
Neste sistema, os movimentos corporais são transformados em
comportamentos intencionais, uma vez que os movimentos corporais realizados pelos
surdocegos “tendo valor comunicativo” passarão a ter potencial para serem usados como
formas ou comportamentos comunicativos intencionais pré-simbólicos Siegel-Causey &
Downing, citados por Rowland & Stremel-Campbell (1991).
Este padrão de comportamento é observado quando os surdocegos [...] usam
espontaneamente gestos não-convencionados (nível três), tal como afastar objetos [...] ou
entrar em contacto físico com as pessoas (agarrar a mão do guia), comunicando-lhes as suas
necessidades básicas.
Algumas crianças com habilidades manuais, memória e capacidade de
representação podem adquirir formas mais simbólicas transformando os gestos primitivos em
gestos convencionados. Todavia, para algumas crianças com dificuldades severas na visão, o
uso de gestos convencionais não é a forma mais adequada.
2. Símbolos bidimensionais (imagens)
Os sistemas bidimensionais são utilizados com crianças que apresentem uma
visão residual e, exigem uma resposta por meio de uma indicação ou de uma seleção e, por
serem representados por símbolos permanentes, é necessário reconhecer o símbolo. À medida
que, consegue atuar em nível mais elaborado, o mediador, gradativamente, utilizará pistas
mais exigentes em termos de simbolização (contornos de objetos, desenhos e as fotografias),
dependendo da visão para perceber imagens bem como das capacidades da criança. Para tal,
49
devemos verificar se a criança realmente associa fotografias ou desenhos correspondentes
(GOOLD et al,1997 ; ROWLAND & STREMEL-CAMPBELL, 1991).
O surdocego pode utilizar-se da fotografia para a comunicação e, o uso
constante deve considerar as habilidades visual, física e cognitiva do indivíduo. O desenho,
por sua vez, é disponibilizado para àqueles capazes de perceber, entender contornos e são
eficazes para que os surdocegos possam exprimir suas idéias, seus desejos e emoções. As
letras ou palavras impressas podem ser usadas tomando como parâmetros suas habilidades
(motoras, físicas, visuais e auditivas, perceptivas e cognitivas) para a adequada utilização
(GOOLD et al, 1997; BRASIL, 2004).
Nos sistemas simbólicos são empregadas fotografias para àqueles com uma
visão residual, utilizando um sistema sintático formal, a estrutura da língua, para expressar as
mensagens que desejar (ROWLAND & STREMEL-CAMPBELL, 1991).
3. Símbolos tridimensionais
As crianças que não conseguem perceber visualmente ou porque não
estabelecem a associação entre a imagem e o correspondente pode usar objetos
tridimensionais uma vez que são capazes de discriminá-los tatilmente.
Estes objetos podem ser apresentados de diferentes maneiras para adaptar-se ao
indivíduo, sejam projetados individualmente, para uma pessoa em particular e, os mesmos são
associados a certas atividades, lugares, pessoas. Todos os objetos são claramente etiquetados para que
os parceiros de conversação saibam exatamente o que eles significam e, para representar as funções
comunicativas mais relevantes.
O uso de objetos como símbolos com crianças que apresentavam duas deficiências
sensoriais foi utilizado por Van Dijk (1964, 1966, 1967), fundamentado nas teorias de Werner e
Kaplan (ROWLAND & STREMEL-CAMPBELL,1991).
Stillman e Battle (1984), citados por Rowland & Stremel-Campbell (1991),
descreveram o uso de objetos concretos como símbolos no contexto dos "sistemas de
calendários concretos", os quais usam inicialmente objetos como pistas receptivas num
sistema de gestão-do-tempo.
Os objetos tridimensionais podem também ser usados nos sistemas de
comunicação expressiva e, para que haja êxito na sua utilização deve ser constantemente
avaliado e modificado para ascender à competência comunicativa a níveis superiores,
tomando como parâmetros:
50
a. a freqüência com que os símbolos são usados no meio ambiente;
b. o número de símbolos e,
c. a iconicidade, perceptiva ou funcional, do símbolo.
4. Tecnologia eletrônica
A tecnologia eletrônica é um instrumento importante quando se quer garantir
um meio de expressão que pode ser acionado por meio de uma simples resposta, como o
mexer da mão para que um símbolo possa ser visto.
De acordo com o nível de funcionamento cognitivo a tecnologia empregada é
diferente para criar um sistema de comunicação. Com crianças com baixo funcionamento
cognitivo podem ter seus computadores ligados a simples objetos de reforço sensorial. Desta
maneira, perceberá que pode ter controle sobre o ambiente à medida que estabelecer as
relações com o ambiente. Já a criança com alto funcionamento cognitivo e, motivada
socialmente, necessita apenas que lhe seja garantido um meio de seleção de símbolos de
forma a estabelecer a comunicação através de um dispositivo ("Zygboard", o "Dial Scan" ou o
"Touch Talker").
As crianças jovens e multideficientes expressam-se de formas diferentes
partindo do mais simples e concreto chegando, gradativamente, ao complexo. O mapa de
comunicação expressiva pode ser utilizado como guia para verificarmos a(s) formas(s) de
comunicação que as crianças fazem uso para se comunicar. Além disso, faz projeção das
formas comunicativas que estas crianças estarão usando no próximo ano assim como no
futuro.
A comunicação expressiva ocorre em diferentes níveis: comunicação por
reconhecimento, comunicação contingente, comunicação instrumental, comunicação
convencional , comunicação simbólica emergente, comunicação simbólica, conforme se
observa no Quadro 8, segundo Nunes (2001).
51
Quadro 8 – Comunicação Expressiva
A comunicação por reconhecimento se caracteriza por comportamentos que
indicam ter consciência da presença do outro, reconhecendo-os na medida em que estão
próximos e, se manifestam por meio das primeiras expressões faciais. Estas podem não ter o
propósito de comunicar algo, significando, apenas, reações indicativas de prazer ou
desconforto, i.e., o seu estado emocional. A partir do momento em que lhe é dada atenção,
respondendo aos comportamentos consistentemente, podemos motivar a criança a usá-los com
significados, ou seja, utilizá-los intencionalmente para expressar emoções simples.
Já na comunicação contingente os comportamentos têm um propósito, mas
não são utilizados para uma comunicação intencionada. Entretanto podem ser interpretados
pelas outras pessoas como uma forma de comunicação. A criança aprende que fazendo certas
coisas pode causar um efeito, portanto, chamar a atenção do outro. Portanto, a comunicação
intencional continuará se outra pessoa responder a ela.
Neste nível estão incluídas as vocalizações, movimentos corporais e ajudas
tecnológicas. As vocalizações que podem indicar prazer, mal-estar ou angústia, incomodada
ou desgostosa. Apresentam uma entonação diferente (fortes ou suaves; breve ou longa) e, as
mais suaves indicam quando a criança está contente, por exemplo. O educador, precisa
encorajar o seu uso de forma consistente para dizer coisas diferentes. Os movimentos
corporais - amplos ou mais específicos - podem expressar o que querem ou para dar
52
respostas. Inicialmente, estes podem indicar protesto ou para pedir mais. As ajudas
tecnológicas podem significar um ‘controle físico’ sobre o ambiente à medida que aprendem
a relacionar causa e efeito (apertar um botão e acionar o ventilador). Se não conseguir obter
atenção com vocalizações, toques ou dirigindo-se a elas, empregam instrumento, como um
interruptor, para obter a atenção desejada.
No nível da comunicação instrumental os comportamentos são simples,
comportamentos não-simbólicos, dirigidos a outras pessoas com a intenção de causar uma
resposta. Os comportamentos podem dirigir-se a pessoas ou objetos, mas não
simultaneamente.
Para que ocorra o toque é necessário que ensiná-la de que as coisas ao seu
redor não acontecem por acaso e, as pessoas do seu convívio podem controlar os
comportamentos se a criança se comunicar com elas. O contato visual estará presente, se
possuir uma visão suficiente para fazê-lo, voltando-se à outra pessoa para se comunicar o que
revela possuir uma comunicação intencional, da mesma forma quando move o corpo em
direção a pessoa para tocá-la.
O toque em objetos pode indicar pedidos, escolhas entre dois ou mais o que
sinaliza uma seleção sendo motivador na busca de um e não outro objeto e, mais tarde, poderá
escolher entre dois objetos de que goste.
Na comunicação convencional – os comportamentos não são simbólicos, mas
presume-se que tenha capacidade para compreender que um objeto pode servir para dizer
algo, ou comunicar gestos simples. À medida que começa a coordenar o uso dos objetos e a
pessoa, progressivamente, a forma de comunicação torna-se mais complexa, apesar de ainda
não ser simbólica.
Os gestos simples devem ser ensinados antes de sinais com as mãos (se a
criança tiver problemas motores). Algumas crianças continuarão usando gestos simples
mesmo tendo aprendido outras formas mais complexas para comunicar-se: fazer o gesto que
indique “acabou”.
As crianças sem deficiência apontam para pessoas e objetos antes de dizer suas
primeiras palavras. Ensinar as crianças a apontar é uma habilidade importantíssima para
incrementar o seu funcionamento comunicativo: apontar uma porta quando quer sair, por
exemplo.
Neste nível – comunicação simbólica emergente a comunicação e os
comportamentos que utilizam para comunicar-se são gradualmente mais abstratos. Se a
53
criança realiza gestos mais simples, podemos lhe ensinar gestos mais complexos, ou seja,
gestos para simbolizar “acabar”, “é meu”, mover a cabeça para “não” ou “sim”.
Os objetos em miniaturas são formas de formas de representação do objeto
real e, que muitas vezes, facilitam a comunicação, desde que a criança apresente capacidades
visuais e cognitivas para o estabelecimento de relações entre a pista e a atividade a ser
executada. Os objetos como símbolos servem para representar pessoas, outros objetos,
lugares e atividades e, são em tridimensionais (3D) e, que têm inicialmente uma relação
física direta com o seu referente. Também podem ser representados por objetos em duas
dimensões (2D) como as imagens e desenhos de linhas. Para tal, é necessário um nível
cognitivo para compreender esta relação à medida que a criança faz uso de símbolos mais
abstratos.
Na comunicação simbólica, os sinais com as mãos, as palavras escritas, os
sistemas Braille e as palavras faladas são símbolos de verdade. É preciso entender que existe
uma relação de um-a-um entre o símbolo e o objeto/pessoa/atividade. O símbolo “significa”
ou “se refere” à coisa real. O desenvolvimento da comunicação é progressivo, pois temos que
considerar a visão, a audição, a habilidade motora e cognitiva da criança, além da idade e com
quem a criança se comunica. Para algumas crianças, podemos ensinar vários métodos, um de
cada vez, todavia, aperfeiçoamos um método, antes de introduzir outro.
54
3.3 Formas de comunicação
As formas de comunicação ocorrem de acordo com as possibilidades da pessoa
surdocega, ou seja, se a surdocegueira é congênita ou adquirida. Os surdocegos pré-
lingüísticos são aqueles que adquiriram a surdocegueira antes da aquisição de uma língua,
enquanto os pós-lingüísticos adquiriram a deficiência auditiva após a aquisição de uma língua.
Diante destes aspectos a forma de comunicação vai depender
das possibilidades do surdocego. Sendo assim não podemos descartar
nenhum método de comunicação - cada usuário tem um feito sob medida
e que vai depender de suas necessidades específicas (CAMBRUZZI &
FERREIRA, 2004, CAMBRUZZI, 2005a).
Para que efetivamente um método tenha sucesso é primordial a
presença de um parceiro de comunicação que seja sensível e receptível aos
indícios que os surdocegos demonstram para que as interações possam ser
estabelecidas (CAMBRUZZI, 2002).
O processo da comunicação inicial com os surdocegos ocorre através de um processo
diferenciado. À medida que, a criança responde os toques mais complexos ou gestos convencionais,
devemos introduzir sistematicamente formas receptivas abstratas - simbólicas, dentro de rotinas
funcionais (CAMBRUZZI, 2002a).
As formas simbólicas incluem as senhas táteis – que são feitas na mão do surdocego –
assim como a linguagem falada, os sistemas pictóricos e o Braile, como outras formas abstratas
simbólicas. Quando o surdocego alcança um estágio simbólico podemos utilizar outros sistemas de
comunicação. Portanto, as formas de comunicação a serem estabelecidas com a pessoa surdocega
iniciam com as formas mais simples (toque, choro, movimentos corporais) chegando às mais
complexa como o sistema Braille tátil, LIBRAS, linguagem oral, de acordo com a possibilidade
cognitiva e motora do indivíduo. (CAMBRUZZI, 2002a)
A linguagem oral pressupõe restos auditivos funcionais e uma boa educação
fonoaudiológica. A leitura labial é difícil em função da perda visual, entretanto, a percepção da fala
pode ocorrer através do uso de aparelho de amplificação sonora, portanto, por via auditiva
(CAMBRUZZI, 2002a; CAMBRUZZI & COSTA, 2005).
No TADOMA, por outro lado, o surdocego, pode aprender a comunicar-se por meio
do tato, mediante um método que consiste para quem se dirige à criança, em colocar a mão deste sobre
o seu próprio rosto de modo que possa, com o polegar na boca e os dedos no maxilar, perceber as
vibrações do órgão fonoarticulatórios e os movimentos produzidos. (CAMBRUZZI, 2002;
CAMBRUZZI & COSTA, 2005).
55
A linguagem gestual consiste em utilizar as palavras, gestos que serão percebidos
tatilmente. O educando surdocego, na maioria das vezes, ao comunicar-se por meio da linguagem
gestual, pode alcançar sistemas mais complexos (CAMBRUZZI & COSTA, 2005)
A dactilologia é outra maneira de estabelecer comunicação, correspondendo a
cada uma das letras do alfabeto uma posição dos dedos. Para perceber o movimento dos
dedos, o surdocego pode circundar com sua mão a mão do interlocutor. Este sistema tem
como vantagem a transmissão da ortografia, mas exige muita atenção. É interessante usá-lo
quando está se deslocando de um lugar para outro, pois permanece com as mãos livres. A
desvantagem é a limitação do círculo de interlocutores a um meio muito especializado
(CAMBRUZZI, 2002a).
O sistema dactilológico visual ou no ar é uma modalidade que faz uso do
sistema dactilológico das pessoas surdas. Realiza-se no ar e é captado visualmente.
Entretanto, temos que realizar uma série de adaptações em função das condições visuais da
pessoa surdocega para facilitar sua recepção, ou seja, as letras devem ser realizadas em seu
campo de visão, caso apresentem problemas no campo visual (DORADO, 2004).
Geralmente o interlocutor deve colocar sua mão mais próxima do rosto e de
sua boca, uma vez que alguns surdocegos fazem a leitura labial juntamente a expressão facial
do interlocutor. Segundo Dorado (2004, p.9): Afinal, ao utilizar este sistema como
complemento à língua de sinais adaptada, os olhos da pessoa surdocega estarão fixos nesse
espaço reduzido que inclue o rosto do emissor e a parte superior do tronco.
Outra forma de comunicação utilizada pelos surdocegos é o sistema
dactilológico visual-tátil no qual o interlocutor realiza as letras no ar e, para que a pessoa
surdocega reconheça cada letra, vai tocando com sua mão. Um cuidado deve ser observado,
conforme Dorado (2004, p.9): [...] A execução das letras deve fazer-se devagar, dando tempo
à pessoa sordocega para que reconheça cada uma das letras e passando à seguinte somente
quando tiver entendido a anterior.
Para Dorado (2004, p.11): O sistema dactilológico tátil ou na palma da mão,
consiste em soletrar a mensagem apoiando cada una das letras sobre a palma da mão da
pessoa surdocega, para que esta possa captá-las tatilmente.
A forma de colocar-se na mão dependerá exclusivamente das preferências de
cada surdocego: direita ou esquerda. A pressão das letras, no centro da palma da mão, não
deve ser demasiadamente forte, porque se perderia a velocidade e cansariam as mãos, e nem
fraca, de não ser percebida (DORADO, 2004).
56
Os traços de letras de imprensa, maiúsculas, na palma da mão deveria ser
utilizado por todos os surdocegos capazes de iniciar uma comunicação, já que permite uma
comunicação mais abrangente. O interlocutor escreve a mensagem com seu dedo indicador no
centro da palma da mão do surdocego, utilizando-se a estrutura da língua oral, como se
estivéssemos escrevendo com o alfabeto (CAMBRUZZI, 2002a; DORADO, 2004;
CAMBRUZZI & COSTA, 2005).
Cambruzzi (2005a) relata que o Braille e o Moon são sistemas que podem ser
utilizados por surdocegos e, que diferem em tamanho e organização sendo que, o sucesso depende da
combinação das habilidades da pessoa ao sistema. Já o Braille, é um sistema padronizado, projetado
para a leitura e escrita. É composto por seis pontos em relevo que combinados entre si formam as
letras, números, pontuações, etc. Este sistema pode ser utilizado por surdocegos totais e as letras
equivalem, em tinta, para a leitura e escrita.
No caso do Braille manual, este sistema deve ser aplicado para pessoas surdocegas
que já possuam conhecimento do braille a fim de aplicá-lo na transmissão de mensagens e
interpretação. Pode ser um sistema alternativo de comunicação entre pessoas ou de comunicação
através de tecnologia. As mensagens são soletradas letra a letra com correspondência no sistema
braille e segue a estrutura da língua oral (CAMBRUZZI, 2002 a).
Moon consiste num método de leitura e escrita por meio do tato, usando formas em
relevo para representar as letras. É indicado para cegos ou pessoas com baixa visão de qualquer idade
que ao deparar-se com o sistema Braille apresente dificuldades em sentir ou aprender os pontos
(CAMBRUZZI, 2002).
Há também o sistema Braille tátil ou manual, Tablitas Alfabéticas, Escrita em
tinta, Sistema Malossi e a Língua de Sinais em campo reduzido, entre outras formas de
comunicação.
Há surdocegos que manejam vários sistemas de comunicação. No entanto,
outros fazem uso somente de aspectos elementares de um deles. Alguns se comunicam com
gestos naturais e muitos que carecem de sistema comunicativo algum.
Diante do exposto até o momento, verificamos que há necessidade de um
mediador que proporcione situações estimuladoras, respeitando o interesse do surdocego na
busca de seu desenvolvimento, pois quando os surdocegos ao compreenderem o que lhes é
proposto, ficam motivados a usar os seus recursos intelectuais e afetivos.
57
3.4. Guia intérprete
O guia-intérprete é a pessoa que, conhecedora da língua ou sistema de
comunicação, tanto da pessoa com surdocegueira como de seu interlocutor, transmite
mensagens expressadas por um ao outro de maneira textual e objetiva, fazendo com que a
comunicação seja possível. Deve contextualizar as mensagens, oferecendo a informação
visual relevante para que sejam adequadamente compreendidas, e guiar a pessoa surdocega
nos deslocamentos proporcionando-lhe segurança, quando esta lhe pedir, ou seja, necessário
(ASOCIDE, 2006).
Todo guia-intérprete deve ter sempre presente o Código Ético profissional
durante o seu trabalho e guardará o mais absoluto sigilo sobre todo o ocorrido depois da
realização do serviço.
As funções do guia-intérprete são:
Interpretar as mensagens produzidas pela pessoa surdocega ao sistema de comunicação
utilizado por seu interlocutor e vice-versa;
Auxiliar a mobilidade da pessoa surdocega em situações que requeiram sua atuação como
guia;
Proporcionar a informação objetiva tanto do meio físico como interpessoal para uma
adequada compreensão das situações e mensagens por parte da pessoa surdocega.
Tomando como referências todas as informações anteriores chegamos à
conclusão de que a educação é um processo de construção e reconstrução sendo que, para o
surdocego, este processo é mais longo e dificultoso, mas não impossível.
58
4. Contribuições de van Dijk no desenvolvimento da comunicação dos surdocegos
Van Dijk, na educação de surdocegos, enfatiza que o movimento é básico para
descobrir e interagir com o meio ambiente. Este movimento necessita de apoio e uma
interação de perto e significativa com uma pessoa de cuidados (interventor) em particular, de
forma a fornecer segurança e encorajar a criança ao explorar o ambiente (VAN DIJK, 1967;
1989).
Outro aspecto importante nesta metodologia é a comunicação. É por meio da
experiência e da comunicação que as crianças aprendem sobre o mundo e adquirem os meios
para controlar o ambiente. A troca de informações apóia e desenvolve a interação muito
próxima entre o interventor e a criança, propiciando mudança de turnos entre eles – o que
significa dizer que o profissional faz primeiro a ação e posteriormente o educando.
A conversa ou interação é, portanto, a base para o desenvolvimento da comunicação
nas crianças surdocegas, da mesma forma que o é para as crianças "normais" no desenvolvimento da
linguagem. A este respeito afirma que o verdadeiro educador dessas pessoas é quem consegue
realmente entrar em conversação com a pessoa (VAN DIJK, 1989).
Um terceiro componente importante na metodologia de Van Dijk (1989) é o
desenvolvimento e estrutura do tempo. Neste componente, destaca-se que a falta de
informações afeta a habilidade da criança surdocega em compreender a organização do
tempo, fazendo com que ela fique muito dependente em cada instante de sua vida.
É importante considerar que os eventos são imprevisíveis para as crianças
surdocegas, ocorrendo de modo casual e freqüentemente gerando dificuldades de
comportamentos sempre que a criança tenha de se adaptar a novas situações ou eventos que
não puderem ser revistos. Portanto, fazer com que o mundo da criança fique previsível, pelo
uso de rotinas e desenvolver a habilidade de antecipar, usando diversas pistas (táteis, de
objeto, sinais, gestos naturais, etc.) facilita a organização e compreensão do tempo. Estes são
comportamentos básicos na educação de crianças surdocegas.
Van Dijk (1967) define cinco níveis de desenvolvimento da comunicação para
uma criança surdocega: nutrição, ressonância, movimentos co-ativos, referências não
representativas, imitação e gestos (SERPA, 2002; AMARAL, 2002; CADER-NASCIMENTO
& MAIA, 2003; CADER-NASCIMENTO & COSTA, 2005; CAMBRUZZI, & COSTA,
2006).
59
A seguir, caracterizaremos os níveis de comunicação acima definidos por Van
Dijk quanto ao processo de desenvolvimento da comunicação para a criança surdocega,
tomando-o como referência (WRITTER, 1987).
Para Cambruzzi (2002, p.11), a Nutriçãose caracteriza pela formação de
vínculo entre a criança surdocega e o mediador. "O mediador deve acolher o surdocego para
que ele possa sentir segurança, constituindo assim a base de uma relação de confiança. É
através desta vinculação que a criança pode acessar aos outros níveis de comunicação".
Serpa (2002) e Cader-Nascimento & Costa (2005) observam também como
McInnes & Treffry (1997), nesta fase que o processo de aproximação deve ser priorizado e
que influenciará e determinará o sucesso da intervenção pedagógica futura.
Este processo de vinculação ocorre em oito etapas:
1. Resiste à interação;
2. Permite e admite à interação;
3. Colabora passivamente com a interação;
4. Demonstra prazer e satisfação durante a interação;
5. Responde aos estímulos provenientes da interação;
6. Acompanha e orienta a interação;
7. Imita condutas, ações e movimentos vivenciados durante a interação e,
8. Inicia, por si mesma, a interação, tocando o outro e buscando ser tocado; tenta se
comunicar e recompensa o outro com um sorriso ou uma vocalização.
De acordo Cambruzzi (2002), na Ressonância, não há uma separação entre a
criança surdocega e o mediador, ou seja, a distância entre eles é mínima ou inexistente.
Começa a perceber o movimento através do corpo assim como, pode utilizar outras formas de
estimulação sensorial.
Stilmann e Battle (1989) assinalam três razões pelas quais as crianças podem
participar nas atividades de ressonância. Em primeiro lugar, desperta a sua atenção e faz com
que interaja com outras pessoas. Em segundo, desenvolve um conhecimento do meio e como
ele pode modificar o meio e, finalmente o estabelecimento de relações positivas com as
demais pessoas.
Nesta fase, a função do mediador é penetrar em seu universo respondendo as
ações da criança estabelecendo um diálogo, não verbal, dando-lhe uma intenção comunicativa
e não lhe impondo respostas artificiais.
60
Movimentos Co-ativosos movimentos são realizados em uníssono, mas já
se estabelecendo uma separação entre a criança e o mediador, isto é, os movimentos que a
criança realiza ocorre lado a lado. A partir deste momento, quando a criança já conquistou as
etapas anteriores podemos introduzir objetos representativos para antecipar as atividades. O
movimento co-ativo também é conhecido como imitação concorrente (CAMBRUZZI, 2002;
CAMBRUZZI & COSTA, 2006).
Referências Não Representativas – nesta fase a criança indica e situa as
partes do seu corpo em resposta a um modelo tridimensional.
Turiansky e Bove (1991) reforçam que a principal função da referência não
representativa é a elaboração da imagem corporal através da referência concreta das partes do
corpo.
Na imitação, segundo Cader-Nascimento & Costa (2005, p.50) [...] visa
estimular a criança para a realização das atividades propostas [...], segundo as
possibilidades da criança, dos movimentos e das ações realizados pelo mediador.
Em seguida, as autoras, caracterizam o comportamento que a criança adota, ou
seja, [...] começa a recriar os elementos simbólicos assimilados, a fim de conseguir a
satisfação de suas necessidades.
De acordo com Cambruzzi (2002, p. 19) Gestos Naturais é a representação
motora do modo pelo qual a criança emprega normalmente um objetivo ou como participa em
um acontecimento. A criança, portanto, será capaz de utilizar de forma espontânea gestos
naturais em contexto de suas rotinas diárias. Estes gestos naturais podem ser modificados
através do processo desnaturalização e descontextualização.
A desnaturalização supõe uma modificação gradual do gesto através de
indicações táteis para convertê-lo em sinal formal. Já a descontextualização consiste no
desenvolvimento de antecipações e imagens mentais por parte do aluno, que passa a pedir
objetos e ações fora do contexto em que os mesmos foram inicialmente significados.
Rodbroe & Andreassen (1998, p.7) explicam que:
Crianças surdocegas devem aprender a se comunicar sempre que se estiver com elas.
Elas têm poucos meios para se fazerem entender pelas pessoas que cuidam delas e
têm grandes dificuldades de entender essas pessoas. Essa é a razão pelo quais os
parceiros de crianças surdocegas têm que aprender a se comunicar através dos meios
que sejam percebidos pela criança.
Estas autoras, mais adiante, dizem que as crianças desenvolvem a comunicação
seguindo o mesmo desenvolvimento das crianças normais e, como todo ser humano, aprende
61
a se comunicar estando juntos de parceiros competentes, sendo o seu desenvolvimento logo
percebido.
Rodbroe & Andreassen (1998, p.8) referem que “Qualquer atividade vinda da
criança pode se tornar em uma forma de comunicação se o parceiro descobre a atividade e
reage a ela [...]. Desta forma a criança vai aprender que pode realmente fazer as pessoas que
estão junto a ela reagir às suas expressões naturais”.
Portanto, à medida que a criança vai reagindo ao parceiro de comunicação
procuramos introduzir sistemas mais avançados (modo concreto, semi-concreto até ao
abstrato/Língua de Sinais) para aquelas crianças surdocegas que demonstram potencialidades,
possibilidades.
Conforme o que discorremos sobre comunicação para o surdocego é necessário
também tecer algumas considerações educacionais sobre como estabelecê-la, ou seja, como
ensiná-la.
62
5. Considerações Educacionais
As principais necessidades dos bebês e pré-escolares, conforme Hallanhan &
Kaufman (2003), são que os surdocegos apresentam defasagens na comunicação e na mobilidade.
Sendo assim, há dois princípios importantes que profissionais devem ter em mente: o ensino direto e
as rotinas estruturadas.
O ensino direto é importante porque os surdocegos, diferentemente de outras
deficiências não aprendem de forma incidental e, por terem uma limitação de informações
através dos sentidos da audição e visão, têm a necessidade do ensino direto à informação.
(HALLAHAN & KAUFMAN, 2003).
As rotinas estruturadas por sua vez são imprescindíveis para a criação de um
ambiente de aprendizagem que leve o surdocego ao sucesso e a um ambiente seguro (MILES
1998; CHEN, ALSOP & MINOR, 2000).
Pesquisas, conforme Chen et al. (2000, p.6), nos indicam a importância de
estabelecer rotinas estruturadas se focam no estabelecimento de rotinas previsíveis,
principalmente para bebês surdocegos. Recomendam os seguintes objetivos:
Criar uma rotina identificando pelo menos cinco atividades diárias que possam ser
agendadas na mesma seqüência a cada dia;
Identificar as seqüências dentro das atividades específicas (sub-rotinas);
Identificar e usar dicas auditivas, visuais, táteis, olfativas e cinestésicas para ajudar o bebê
a antecipar atividades familiares.
Em relação à comunicação, devemos observar a importância que as mãos têm
para o estabelecimento da comunicação, pois é através delas que como nos diz Miles (1999,
p.1), se tornam a voz, ou o principal meio de expressão. Este aspecto tão primordial deve ser
levado em consideração pelas metas educacionais.
Existem vários meios de comunicação utilizados com os surdocegos que
envolvem o toque sendo que o sistema Braille é o mais óbvio. Entretanto, outras estratégias
de aprendizagem tátil são comuns: guia mão–sobre–mão, guia mão–sob–mão, sinais
adaptados, e dicas de toque Chen, Downing & Rodriguez-Gil (2000-2001) citados por
Kallahan & Kaufmann(2003).
O Guia mão–sobre–mão
envolve o adulto que coloca a sua mão sobre a mão da
criança à medida que explora um objeto ou sinal. Muito embora essa técnica seja necessária
para algumas, podem trazer algumas desvantagens. Algumas crianças podem resistir à
63
técnica, pois não gostam da perda de controle das mãos e, outras, tornam-se passivas porque
ficam esperando pela mão do outro (MILLES, 1999; CHEN et al., 2000/2001 citados por
Kallahan & Kaufmann, 2003).
O Guia mão–sob–mão envolve que o adulto gentilmente deslize sua mão pela
parte de baixo da mão da criança enquanto a criança explora o objeto e, para o surdocego
pode significar o apontar, conforme Milles (1999).
Mais adiante, Milles (1999) revela que, uma das principais vantagens do guia
mão–sob–mão é não ser controlador. Algumas autoridades acreditam que quando crianças e
adultos exploram objetos juntos criam uma base para a linguagem. Os sinais adaptados ou
sinais táteis são outros meio de comunicação, os quais dependem da situação e do contexto,
sendo importante que os mesmos sejam consistentes.
Em relação à Orientação e Mobilidade (O & M)
é crítico para os cegos ou com
baixa visão e, à medida que a se locomove pelo ambiente, maior é a independência. Já as
pessoas com perdas visuais e auditivas, há a necessidade de um treino de mobilidade mais
efetivo porque se submetem a riscos ao se locomoverem pelo ambiente. Daí, o professor de
orientação e mobilidade ter de fazer adaptações para se comunicar, ou então, usar um
intérprete, sinais adaptados, e/ou dicas de toque para se comunicar com o aluno que é
surdocego.
Em algumas situações, devemos alertar ao público quem é a pessoa surdocega
e, que muitas vezes, necessita de ajuda. As pessoas que são cegas têm uma facilidade maior
para receber ajuda o que difere consideravelmente das pessoas com surdocegueira. A bengala
pode sinalizar uma perda visual, mas isso não implica numa perda auditiva.
Alguns profissionais defendem o uso de cartas de assistência e, por serem
pequenas, podem ser carregadas pelo usuário que, solicita ajuda num local confuso ou não
familiar.
Para que o programa tenha sucesso se faz necessário estabelecer um significativo
processo de comunicação. De acordo com Cambruzzi (2002, p.11): A comunicação é:
[...] extremamente importante na vida de uma pessoa através de diferentes situações.
Entretanto, o processo de comunicação que ocorre tão naturalmente e facilmente
para a maioria das pessoas pode ser especialmente difícil para as pessoas com
imperfeições intelectuais, visuais, auditivas e ou físicas. A chave para o sucesso da
comunicação com estes sistemas é o design e implantação de um meticuloso
programa, o que é específico para um indivíduo. Todos os sistemas são feitos sob
medida para o usuário e para suas necessidades específicas.
64
Vale ressaltar que, a comunicação é uma parceria e não podemos dispensar
nenhum método de comunicação, pois cada caso requer um método concreto importante para
estabelecer uma via rápida de comunicação (REUNIÓN NACIONAL DE SORDOCIEGOS,
1987).Sendo assim, temos que ter em mente que a seleção e o desenvolvimento do sistema de
comunicação constituem uma parceria e implica o sucesso das interações sensíveis e
receptivas, desde que se esteja alerta ao estilo único de comunicação de cada pessoa.
Bradley & Snow (2000) destacam os princípios básicos para realizar um
trabalho com pessoas surdocegas:
O primeiro princípio diz respeito à rotina visto que, as pessoas com
surdocegueira têm uma necessidade muito grande de entender as rotinas. Pessoas com visão,
audição são capazes de desenvolverem uma rotina e respondem muito bem a mudanças de
rotina diferentemente dos surdocegos. Quando ele se sentir confiante, pequenas mudanças
podem ser introduzidas.
Rash & Toelle (2002, p.1) revelam que o objetivo das atividades do dia-a-dia é:
[...] proporcionar a criança a experiência agradável de quem quiser participar com
elas, antecipá-las e comunicá-las próximo dela. Ter em mente que o primeiro passo
para estabelecer rotinas é desenvolver uma relação com a professora e os ajudantes
para que estejam abertos a propor esta aproximação.
Segundo as autoras, para colocarmos em prática uma rotina, se faz necessário
ter conhecimentos informais do aluno, observando o que gosta e o que não gosta. Estas
informações devem ser buscadas com a família que é quem conhece mais a criança. O
segredo para o sucesso é iniciar com atividades em que a criança mais goste (RASH &
TOELLE, 2002).
Outro aspecto a ser observado, conforme as autoras, diz respeito aos estados
de comportamentos porque a aprendizagem não acontece se uma criança estiver com
sono, com fome ou estressada.
Ao pensar numa rotina a ser seguida pelo aluno, devemos levar em
consideração alguns pontos como: posicionamento, linguagem falada ou de sinais que se
utilizará, lugares e materiais. Além destes, a rotina deve ser prevista tomando como referência
as informações da família. É preciso conhecer quais são as atividades simples e prazerosas
que estão de acordo com as suas habilidades. Além disso, é necessário considerar um período
para que tenha oportunidade para observar o funcionamento e, fazer as correções devidas
(RASH & TOELLE, 2002).
Outro aspecto a ser observado é a consistência configurando-se como um
alicerce importante no estabelecimento de rotinas úteis visto que, é através dela que, o
65
surdocego começará entender, antecipar e cooperar a ponto de ter iniciativa para executar as
atividades (BRADLEY & SNOW, 2002).
Para Rash & Toelle (2002, p.2):
a rotina deverá ser feita pelo menos uma vez ao dia (ou tão freqüentemente como a
criança esteja na escola) no momento em que se habituar ao calendário; pode fazer
exatamente como está no roteiro, sempre no mesmo lugar e com os mesmos
materiais. Lembre-se que a meta é desenvolver a memória e antecipação!
O envolvimento é imprescindível para o surdocego nas diferentes etapas das
atividades. Este poderá antecipar o que esperamos que faça, mas ao contrário de uma situação
sem regras em que o surdocego fica passivo, é preciso sinalizar o que irá realizar para que a
previsibilidade seja maior e o surdocego se envolva (BRADLEY & SNOW, 2002). Rash &
Toelle (2002, p.2) ressaltam que devemos tomar cuidado ao estabelecer a rotina, pois: [...]
tenha atenção nas respostas da aluna a cada passo: as duas deverão desfrutar. Verifique:
antecipação, participação, resposta prazerosa e um esforço para continuar o desejo de
continuar.
Além disso, ser realista nas atividades de rotina facilita o ensinamento, pois
segundo Bradley & Snow (2002, p.5): “A hora de ensinar é curta e valiosa”. De acordo com
Rash & Toelle (2002, p.2): [...] a capacidade da criança para aprender uma nova rotina e
que simplesmente não sabemos quanto tempo levará para fazê-lo. Prepare-se para manter o
esforço; não se dê por vencido.
Outro suporte ao atendimento ao surdocego é a abordagem ecológica funcional
que é utilizada de acordo com as condições específicas de cada indivíduo à medida que
interagem com o ambiente.
Jong & Zambore (2001, p.4.) informam a razão pela qual surgiu o
desenvolvimento de um modelo de currículo funcional em função das muitas crianças e
jovens com deficiências adicionais não tinham acesso à educação formal. Para tal, o modelo
de currículo é projetado para guiar a família e as pessoas envolvidas com as crianças a fim de
que possam estabelecer o processo de planejamento para cada criança ou jovem e passam a
ajudá-los a atingir suas necessidades educacionais. (JONG & ZAMBORE, 2001).
Um currículo funcional ensina atividades que são de suma importância para a
sobrevivência e a participação do indivíduo em sua família e vida comunitária, no ambiente
em que o surdocego irá usar suas habilidades (JONG & ZAMBORE, 2001).
Vale ressaltar que, o currículo funcional é individualizado, baseado nos
próprios interesses particulares e preferências; incluindo adaptação do ambiente, materiais ou
66
equipamento, tipo e quantidade de assistência; diferentes maneiras de realizar uma tarefa; ou
diferentes requisitos para realizá-la (JONG & ZAMBORE, 2001).
Sendo assim, segundo Jesus (1998, p.11) [...] um desafio aos educadores que
atuam junto a esta população. Ao delinearmos um currículo para esta clientela, em que o
foco é o desenvolvimento das habilidades mais relevantes da vida diária do aluno, [...].
Para tal é necessário consideramos alguns aspectos como: funcionalidade,
adequação à idade cronológica, ambientes naturais, participação dos pais no processo
educacional, interações com pares não-deficientes, oportunidade de escolha, cooperação entre
educandos.
Outro aspecto relevante do currículo funcional é que facilita a generalização
das habilidades adquiridas. O ensino de habilidades funcionais requer ambiente natural. Além
disso, é necessário constante acompanhamento para verificar se as habilidades desenvolvidas
na escola serão, de fato, desempenhadas nestes ambientes. Os ambientes naturais, portanto,
possibilitam o desenvolvimento de habilidades para que os educandos participem mesmo que
de maneira parcial (JESUS, 1998).
67
II - MÉTODO
2.1 Participantes
Para caracterizarmos a adolescente (DAMAS) e a mãe (IFMS), valemo-nos
de informações registradas em prontuário - pesquisa documental - através das avaliações
médicas (Oftalmológica e Otorrinolaringológica), psicológica, pedagógica e do serviço social
a que foi submetida na UNASF - Unidade de Avaliação e Atendimento ao Deficiente
Sensorial e Físico para o estudo da vida pregressa da adolescente, além do acompanhamento
na instituição e entrevista.
Para tal, as informações foram transformadas para uma melhor visualização do
processo diagnóstico e o acompanhamento da adolescente na instituição, conforme Quadro 9
e 10, respectivamente, além da caracterização a mãe da adolescente  Quadro 11.
68
Quadro 9 – O processo diagnóstico
Nome: DAMAS Idade: 15a 15m Local: FCEE
ANO Exames Diagnóstico Encaminhamentos Atendimentos
1995
Potencial Evocado
Auditivo
Estudo de potencial evocado
auditivo de tronco cerebral
monoauricular Ausência de
resposta (120dB) da onda V
em forma bilateral. Sinais de
Severa Hipoacusia
neurosensorial bilateral.
FCEE (Fev 96 )
Agosto foi até a
instituição
Avaliações
Realização das
avaliações
UNASFI – Unidade
de Avaliação e
Atendimento ao
Deficiente Sensorial
e Físico.
1996 set
Avaliação
Médica
Linguagem expressiva verbal
ausente, sons guturais e não
utiliza gestos padronizados
para se comunicar. Irritada.
Anda, corre; Estereotipias de
mãos frente aos olhos. Surdez
neurosensorial bilateral
severa, déficit visual.
Provável cardiopatia
congênita por Síndrome da
Rubéola Congênita. Não
impressiona como deficiente
mental.
1996, set.
Avaliação
Oftalmológica
Catarata Congênita. Grau
moderado. Usa lentes. Fez
cirurgias oculares(duas).
1996, set.
Avaliação Psicológica
“Suas habilidades adaptativas
encontram-se no momento em
defasagens. Não impressiona,
como deficiente mental
1996, set.
Avaliação Pedagógica
Pré-escolar com
rebaixamento nas habilidades
adaptativas. Há necessidade
de se oferecer oportunidades
educacionais, para o
desenvolvimento de suas
possibilidades.
1996, set.
Avaliação Serviço
Social
Família constituída pelo casal
e três filhos: irmão com seis
anos, DMS com cinco e
irmão com dois. Moram
Palhoça/SC
1996, out.
Estudo de caso
Surdez neurosensorial
bilateral. DV. Sugestivo de
inteligência dentro da
normalidade e quadro
Rubéola Congênita.
Freqüentar o CAL -
Centro de Audição e
Linguagem na FCEE.
Sala específica para
surdocego com
atendimento de 4 hs
semanal
1997
Surdocegueira
CAL/ 08 hs semanal
1998/1999 Avaliação Audiológica,
(jun,1998)
Perda neurosensorial
profunda bilateral
Indicação de prótese
CEI/Sala de
Recursos 40 hs
semanal
2000 Avaliação médica
Impedância
Retração M.Timpânica.
Curva tipo B no O.E e tipo C
no ouvido direito
Escola Estadual 40/8* hs semanal
2001/2002 Não freqüentou XXXXXXXX
2003 Av. Oftalmológica Rubéola Congênita Teller
2004/2005 Av. Oftalmológica
Av. Neurologista
Afacia. Rubéola (2005)
Prob. Comportamentais
; Prob.da
adolesc.(TPM)
CENAP 40 hs semanal
2006 /
2007
CENAP / CAS 40 hs semanal
69
Quadro 10 – Acompanhamento de DAMAS na Instituição
ANO Comportamentos observados
1996
Neste curto período, percebe-se que a menor assimilava rapidamente as tarefas identificando os objetos de
referência como comportamento antecipatório nas situações apresentadas. A sua comunicação expressiva é
limitada, pois ainda usa a outra pessoa, mas a sua comunicação interna é relativamente boa, tendo em vista o
pouco tempo de atendimento. Segundo informações, percebe que a filha está com fome – próximo à hora do
almoço – pois, se aproxima do fogão onde a refeição está sendo feita e retira a tampa da panela, por
exemplo. Além destes comportamentos, se desloca até a mesa e senta-se esperando que a mãe coloque as
panelas sobre a mesa. Desloca-se até o banheiro, retira a roupa e permanece debaixo do chuveiro, quando
lhe era dado à pista – a mochila lhe era mostrada – significando de que viria para a escola precisando da
ajuda da mãe para iniciar a atividade, sendo sempre necessário, dar-lhe um toque a fim de que continuasse,
pois não tomava iniciativa. Freqüentou o CAL uma vez por semana, por 4 horas
1997
Explora o ambiente. Não conhece limites. Arredia não aceitando a intervenção do professor, negava-se e
joga o que tinha a seu alcance. Comunicação inicial difícil. No final do ano apresentou progressos em
relação ao comportamento, relacionava as atividades e, quando as terminava , com mediação ou sozinha, lhe
era dado estímulo como o sinal de positivo e, Não indicando a forma correta de fazê-la. Compreendeu a
ponto de fazer o sinal positivo para o pai enquanto almoçavam.
1998
O atendimento era 40horas, freqüentava a sala da surdocegueira (três dias) e era inserida na pré-escola (dois
dias). Ver prontuário
1999*
Freqüentou o pré no ensino regular. Faz uso de gestos naturais; cruza os braços para designar Não.
Mantinha atenção e concentração nas atividades.
2000
Tentativa de freqüentar o ensino regular todos os dias e duas vezes por semana. O professor da
surdocegueira permanecia em sala de aula, como apoio ao professor da classe e, no período oposto ocorria o
atendimento individual. A freqüência na escola deu-se, segundo informações da família, somente nos dias
em que o professor de apoio se deslocava até a escola. Sem êxito.
2001/
2002
A adolescente não freqüentou o serviço devido à impossibilidade de utilizar o ônibus da instituição em
função das rotas estabelecidas e, por motivos legais exigidas pelo DETRAN – Departamento de Trânsito,
2003
Comunica-se por gestos caseiros e LIBRAS. Participa das atividades de AVD. Distrai-se facilmente Auxilia
os colegas em suas dificuldades. Atende solicitações da professora.
2004
Apresentou maior tolerância ao efetuar as atividades sendo prejudicada pela baixa freqüência. Intervenção
cirúrgica do coração. Ë independente para ir ao banheiro, para alimentar-se Necessita de comando para
iniciar as atividades, postura adequada a mesa. Distrai-se facilmente. Realiza pequenas tarefas como fechar
janelas, desligar o ventilador. Comunica-se com gestos caseiros e sinais LIBRAS (comer,banheiro,sentar).
2005
Apresentou crise de agressividade na escola e em casa e, este comportamento pode estar relacionado à TPM
(tensão pré-menstrual), período em que ela chora e fica agressiva, por não saber como se comunicar quando
está com cólicas e desconforto. Por este motivo, foi encaminhada ao neurologista onde foi medicada com
RESPIRIDONA. Enquanto tomava o remédio apresentou crise de agressividade. Durante a primeira crise
foi mais fácil de contê-la, já na segunda, no final de novembro de 2005, a adolescente começou a gritar no
pátio e a agredir as professoras quando tentaram impedi-la. Além disso, fez menção de chutar, bater e
morder os que estavam presentes. Atingiu uma professora com a cabeça e bateu com a cabeça na parede.
Ao demonstrar sinal de cansaço, foi possível, perguntar-lhe se queria comer ou tomar água. A adolescente
ficou mais serena, porém ainda apresentava a respiração acelerada. Durante este período houve muitas
mudanças significativas: 1. No início das aulas, em março de 2005, a adolescente foi transferida para uma
sala com oito alunos comprometidos - a maioria tinha problemas de comunicação- saindo de um ambiente
para outro e com dois professores; 2. Mudança na constituição das turmas, na anterior eram 03 educandos
sendo que cada um tinha o seu professor; 3.o objetivo o uso da Língua de Sinais (LIBRAS); 4. As
professoras nunca haviam trabalhado nesta área e não conheciam os pressupostos do trabalho da
surdocegueira a ponto de não utilizar sistemas que indicam as atividades que seriam realizadas; 5.A
comunicação era quase inexistente apesar do esforço empregado pelas professoras; 6.Uso de medicamento,
que desencadeou crise de agressividade na escola e no ambiente familiar, segundo a equipe do CENAP –
Centro de Atendimento e Aprendizagem.
2006
Durante o período que permaneceu na escola, apresentou modificações significativas de comportamento,
demonstrou curiosidade no ambiente, pegando os objetos e levando-os, próximo aos olhos, mas o tempo de
permanência é pouco, frente às possibilidades de utilizar os outros sentidos. Já identifica alguns sinais
padronizados como comer, casa, banheiro, por exemplo, significando que está simbolizando mais.
2007
Iniciando o ano letivo no CAS.
O Quadro 11 contém informações oriundas da pesquisa documental e das
entrevistas para a caracterização de IMFS, mãe da adolescente deste estudo
70
Quadro 11 – Caracterização da mãe
Nome: IMFS Idade: 32ª Instrução: 4ª série do E.Fundamental Local: Zona rural
Família Atividade Lazer
Origem Atual Origem Atual Origem Atual
* Casal e 10
filhos: sete
mulheres e
três homens
*Natural: S.C
Ipumirim
*Mãe – 32a
Esposo –
40a
Filho – 17 a
D.A.M.A.S
15a 5 m
Filho – 13a
Filho – 7a
*Agrícolas:
soja,
milho
feijão
*Pecuária:
gado,
porco
*Queijo
*Agrícolas:
milho
feijão
tomate
aipim
*Pecuária:
gado
beneficiamento
de feijão
Única:
Jogar
futebol de
mulheres
*Igreja
*Visita a
familiares,
quando
possível
Preocupações *compreender o que a filha quer dizer, principalmente para evitar
situações
desagradáveis, como gritos, quando está na fase da TPM;
*em relação à educação dos filhos. Todos freqüentam a escola, mas não
são
dispensados do trabalho na roça e na criação de animais, de onde
afirma obter a subsistência da família.
Comunicação *faz uso de gestos: caseiros, icônicos, indicativos; comunica-se através
de expressões corporais ; faciais
DESEJO *estabelecer a comunicação
*aperfeiçoar a LIBRAS
Atividades
domésticas
*realiza os afazeres da casa como lavar e passar, cozinhar, limpar a casa
bem
como manter a lavoura sem ervas daninhas, observando o crescimento
e, no
trato com os animais, etc.
A Entrevista (apêndice A) realizada nos forneceu dados importantes ä respeito
da constituição familiar (Quadro 12) e, às características da adolescente, de acordo com a
mãe, contida no Quadro 13.
71
Quadro 12– CONSTITUIÇÃO FAMILIAR
Parentesco Sexo Idade Estado civil Instrução Ocupação
Pai M 42 Casado Primário* Zelador/agricultor
Mãe F 34 Casada Primário* Do lar
Irmão M 17 Solteiro IIº Grau** Estudante
DAMAS F 15 Solteira
Irmão M 12 Solteiro série Estudante
Irmão M 7 Solteiro série Estudante
* corresponde a 4ª série do Ensino Fundamental ** freqüentando a 2ª série do Ensino Médio
Além dos aspectos levantados, no Quadro 13, a entrevista permitiu que IFMS
caracterizasse o comportamento da filha, informando-nos que ocorreu crise de agressividade,
na escola e em casa, e que a manifestou, a partir do momento em que foi medicada com
RESPIRIDONA. Com o uso contínuo, a freqüência das crises aumentou.
Segundo a entrevistada, a manifestação destes comportamentos está
relacionada com a tensão pré-menstrual. Estariam, então, aguardando uma consulta com a
ginecologista para verificar a possibilidade da “filha não menstruar porque está apresentando
comportamentos diferentes por causa da tensão pré-menstrual”. Nesta situação, tenta
acalmá-la e segurá-la e, posteriormente, “dá uma voltinha com ela, tento acalmar ela, mas é
meio difícil...”
Mais adiante, informa que o problema está relacionado diretamente à
comunicação, pois quando a filha não é compreendida “Ela começa a gritar, né e espernear
que nem diz o outro... [...] ela só grita até adivinhar o que ela quer...”.
Analisando o Quadro 13, percebe-se que a necessidade primordial a ser
conquistada por ela e pela família é a comunicação e, que em relação às atividades, não
apresenta constância na execução das tarefas, ora faz e em outras ocasiões não faz.
Diante deste fato, formam discutidas com a mãe as atividades diárias (apêndice
B) e, foram escolhidas as tarefas – em comum acordo – para iniciar e ou reiniciar a
comunicação com a adolescente (Ver Quadro 13).
72
Quadro 13 – CARACTERIZAÇÃO DA ADOLESCENTE PELA MÃE
ÁREAS COMPORTAMENTOS DESCRITOS
Ambiente doméstico
1. É independente quando quer alguma coisa, pois procura
sozinha;
2. Ajuda a colocar a mesa (café e almoço); o pão necessita de
ajuda para cortar – “tem preguiça”;
3. Coloca a mesa quando não está agitada – “faz direitinho”;
4. Faz a higiene;
5. Ajuda a mãe a lavar louça;
6. Torce a roupa / estender a roupa.
Recreação e Lazer
7. Na casa das avós, esporadicamente (distância);
8. Não passeia, permanece em casa.
Comunidade
9. Vai com o pai a venda;
10. As pessoas a conhecem;
11. Algumas crianças referem-se à filha como “maluquinha”
Adolescente
Grita, esperneia quando não é compreendida;
Comunicação
Mãe
Não compreende / ADVINHAÇÃO...
Tenta fazer o sinal de comer, xixi – imita.
Mãe conhece um pouco de Língua de Sinais e usa os gestos
que lembra – “é esquecida”.
Comunica-se falando com apoio de gesto indicativo/LIBRAS
Demonstra o que é para a adolescente fazer além do gesto
indicativo.
Mãe se desespera quando não entende o que a adolescente
comunica
2.2 Local
A pesquisa – coleta de dados – foi realizada na casa da adolescente, situada na
área rural, do município de Palhoça / Santa Catarina, integrante da Grande Florianópolis, que
fica situado a 40 Km da capital, no período de Agosto de 2005 a Maio de 2006.
73
2.3 Materiais
Na pesquisa foram utilizados como materiais de apoio cartelas com objetos de
referência para indicar a seqüência da atividade, caderno de apoio para a refeição (Almoço,
Jantar & Café), caderno de estimulação perceptiva e caderno com frutas. Todos foram
confeccionados e organizados de acordo com a necessidade da adolescente. Também foi
criado um dicionário em que foram apresentadas as representações dos objetos. Além destes
materiais, utilizamos o vocabulário em língua de sinais produzido pela FCEE/CEADS: Kit de
orientações ao professor (SANTA CATARINA, 2001).
O objetivo do uso destes materiais foi em função da visão residual que a
adolescente apresenta, fazendo com que a usasse para a identificação e reconhecimentos dos
conceitos que, de certa maneira, estava embutido na apresentação gráfica. A exploração dos
conteúdos se deu por desenho ou figuras retiradas de propaganda em revistas, encarte de
supermercados ou revista de produtos de beleza colada em cartelas.
Além deste objetivo, os materiais permitiram que a adolescente ampliasse as
habilidades visuais no que tange a busca, localização nas situações de aprendizagem
vivenciadas e, conseqüentemente, apreender os conceitos/ conteúdos das seqüências,
despertando o interesse tomando como referência as percepções visuais, principalmente, além
das táteis e olfativas.
2.3.1 Objetos de referência & atividade
A seqüência das atividades como a higiene, café e almoço e lavar a louça,
foram confeccionadas em cartelas com fundo branco, com dimensão de 16,6cm x 26,8cm, nas
quais foram colocados objetos que representavam a atividade (apêndice C).
Na atividade HIGIENE, foram colados os objetos para indicar o que era
esperado seguindo a seqüência natural, ou seja, toalha de banho para representar a atividade
como um todo e, como um sinalizador para enxugar-se; o sabonete para referendar o asseio do
corpo; a escova e o creme dental para a limpeza dos dentes; o xampu para relacionar com a
lavação do cabelo e o pente para indicar a finalização da tarefa.
Em relação à seqüência da atividade LAVAR A LOUÇA, o material
organizado constou de uma esponja de limpeza, um pedaço de sabão em pedra, uma
embalagem de sabão líquido.
74
2.3.2 Caderno de apoio
O caderno de apoio (apêndice D) tem como dimensão: 28 cm x 20,2 cm onde
foram coladas figuras / fotos referentes à seqüência da atividade como o café e o almoço, cujo
objetivo era fixar os conceitos que envolvem a situação em si e, as sub-etapas. Além desta
maneira de apresentação valemo-nos de outro estilo, ou seja, em desenhos, transferindo o
objeto concreto para a representação do objeto em outro plano, visando uma abstração maior,
ou seja, outra dimensão de um mesmo objeto.
2.3.3 Caderno de Estimulação Perceptiva
Foram colocados saquinhos com um pouco de café – para que a adolescente
reconheça pelo olfato; açúcar – paladar; pela textura como feijão, arroz, farinha de trigo bem
como aproveitar a visão para estabelecer a relação entre alimentos apresentados com as
atividades ou parte dela (apêndice E).
2.3.4 Cartelas com Figuras
Construídas com cartolina branca, com dimensão de 25,8cm (comprimento) x
20,6cm (largura) onde afixamos as figuras de todas as categorias referentes a cozinha:
utensílios domésticos como panela, garrafa térmica, garfo, colher, faca, etc; alimentos: arroz,
feijão, ovos, carne, etc; vestuário (camiseta, sapato, calça, bermuda); acessórios: bolsa,
relógio, perfume, cinto e tantas outras categorias. A preparação das cartelas utilizou
propagandas de supermercados, revistas, etc (apêndice F).
Este material foi um recurso para que a adolescente pudesse valer-se de sua
visão residual e, principalmente, relacionar as diferentes formas dos objetos, ou seja, tomando
como referência o objeto concreto para a representação do objeto num plano bidimensional.
2.3.5 Caderno com frutas /verduras
As figuras foram fixadas em cartelas com fundo branco e com dimensões de 28
cm de comprimento por 20,2 cm de largura (apêndice G). O objetivo deste material é
estabelecer relação entre as frutas que estão acostumadas a comer, como objeto concreto, com
a outra representação visual além de fixar os sinais da Língua de Sinais.
75
2.3.6 Dicionário
A partir dos cadernos foi criado um dicionário (apêndice H), organizado como
apoio à mãe, expressando a significação comunicação com a adolescente e, principalmente,
apresentando novas formas de representação dos objetos, com o objetivo de que transfira de
um plano para outro, ou seja, de um plano tridimensional – o objeto em si – para um plano
bidimensional que são as representações do objeto.
2.3.7 Vocabulário em LIBRAS
Este kit consta de 156 fichas, divididas em dez categorias: alimentos, animais,
brinquedos, cores, datas comemorativas, família, frutas, meios de transporte e vestuário.
O objetivo de empregar o referido material foi fornecer a adolescente o suporte
no aprendizado da LIBRAS já que, é uma das formas de comunicação que o surdocego pode
valer-se, bem como proporcionar o desenvolvimento lingüístico e cognitivo do educando
surdocego, possibilitando assim o acesso a mais uma forma de comunicação, de acordo com
o anexo A.
Convém esclarecer que, nem todas as categorias integrantes do kit de
orientações ao professor ou kit lingüístico, com também designam o referido material, foram
abordadas em função da realidade apresentada.
Vale salientar que, dentre as dez categorias, foram trabalhadas com a mãe sete
delas como: alimentação, animais, brinquedos, data comemorativa – NATAL, família, frutas,
meios de transportes e vestuário, para que a mãe tomasse conhecimento de gestos
desconhecidos e relembrasse os que haviam aprendido no curso de LIBRAS.
Os materiais acima descritos foram utilizados pela mãe, durante o transcorrer
da pesquisa para comunicar-se com a adolescente, no que tange as informações referentes as
atividades que iria desenvolver.
Na atividade tomar banho, a mãe fazia uso dos objetos de referência colado de
acordo com a seqüência estabelecida. Em outro momento, mostrava as figuras no caderno de
apoio ou ainda no dicionário.
Na atividade tomar café era apresentado o caderno de apoio e cartelas com
figuras para demonstrar o que estava sendo espero dela assim como de apresentar uma forma
auxiliar e complementar para que, a adolescente, compreendesse as informações dadas pela
mãe.
76
Além disso, a mãe empregava os materiais disponíveis com o propósito de
estabelecer uma comunicação e ampliar o conhecimento através de diferentes formas de
apresentação da informação de acordo com as necessidades da adolescente e da situação
apresentada.
77
2. 4 INSTRUMENTOS e EQUIPAMENTOS
2. 4. 1 INSTRUMENTOS
2.4.1.1 Entrevista
O primeiro instrumento a ser utilizado na execução da pesquisa refere-se à
entrevista semi-estruturada (apêndice A). Esta apresentava questões abertas e fechadas com o
objetivo de recolher informações a respeito da adolescente e da mãe.
2. 4.1.2. Protocolo de observação de comportamentos da mãe e adolescente na atividade
O protocolo de observação foi resultado de filmagem prévia das atividades que
a adolescente realizava, possibilitando assim a observação da mãe e a adolescente nas
atividades conforme apêndice I.
2.4.1.3 Protocolo de registro das formas de comunicação não-simbólica
Este protocolo foi construído o apêndice J – Protocolo de Registro Descritivo
das Formas de Comunicação Não-simbólicas, tomando como suporte Siegel-Casuey &
Guess(1989) , que constam das seguintes categorias: Movimento (Mo); vocalizações (Vo), às
expressões faciais – Ex –; orientação – Or –; pausa – Pa – ; o toque, manipulações ou
movimento com outra pessoa – To, ação sobre objetos – Aç ; o assumir posições e deslocar-
se para locais – As ; gestos convencionais – Ge; ações descritivas – Ad ; Afastamento – Af
e, o comportamento agressivo ou auto-agressivo – Co. Além deste, deu origem ao protocolo
da Freqüência Total das Formas de Comunicação Não-Simbólica– apêndice K.
Para a melhor compreensão do conjunto das formas de comunicação não-
simbólicas empregadas neste estudo, tomando como suporte as doze categorias, já citadas,
serão caracterizadas, conforme indicação apresentada no Quadro 14.
78
Quadro 14– Categorias: Formas de Comunicação Não-Simbólicas
Categoria Abreviatura Comportamentos
Movimentos
Mo
excitação em resposta à estimulação ou antecipação de
um acontecimento, resistência ao contato físico,
alteração do tônus muscular em respostas à voz ou a
contato físico, em relação a estímulos súbitos ou ao
prepara-se para agir.
Vocalizações
Vo
vocaliza para chamar ou dirigir a atenção, ri ou gorjeia
em respostas a situações agradáveis ou ainda chora em
resposta a situações de desconforto.
Expressões faciais
Exp
Sorrir em resposta a familiares, a objetos e a situações
ou quando reagia com caretas a sensações desagradáveis
ou inesperadas.
Orientação
Or
olhar ou apontar na direção de uma pessoa ou objeto
para procurar ou dirigir a atenção bem como desviá-lo
para indicar desinteresse ou recusa. Pode utilizar
também o olhar para dirigir-se a uma pessoa, objeto ou
acontecimento inesperado.
Pausas
Pa
relacionadas com a antecipação de um acontecimento e
então parava ou se pára para esperar instruções ou para
dar vez ao interlocutor.
Toques,
manipulação ou
movimento com
outra pessoa
To
observados em situações de co-atividade, ou seja, move-
se em conjunto ou segue o movimento de outra pessoa.
Ação sobre objetos
foram observados aspectos referentes a estender a mão
para pegar objetos ou para tocá-lo, manipulando-os
adequadamente.
Assumir posições
As
relacionadas com o deslocamento no ambiente natural
para pedir ou indicar alguma coisa em determinada parte
do espaço em que se encontrava.
Gestos
convencionados
Ge
todas as formas de comunicação utilizadas pela mãe para
se fazer entender quer fossem gestos icônicos, caseiros,
o apontar e a LIBRAS e que a adolescente compreendeu.
Ações descritivas
Ad
são indicativos de uma ação, pegar a bola e esticar o
braço indicando o atirar ,por exemplo, ou indicar que
está cheirando uma flor; fazer sons semelhantes a de
animais e objetos para referir-se a eles. Outro
comportamento esperado nesta categoria, num nível
mais elevado, é desenhar uma figura para descrever ou
pedir uma atividade.
Afastamento
Af
evitar uma atividade ou interação através do
distanciamento
Comportamento
agressivo ou auto-
agressivo
Co
bate, arranha, morde, atira ou destrói objetos para
protestar contra alguma ação ou em respostas a
frustração e, o comportamento auto-agressivo: se bater,
morder-se, agredir-se como respostas a frustração, a dor
ou como protesto.
79
2.4.1.4 Protocolo de registro dos níveis de competência comunicativa
O protocolo foi concebido tomando como referência os níveis de competência
comunicativa proposta por Rowland & Stremel-Campbel (1991), cujos parâmetros são:
vocal/fala, gestual-motor, tecnologia eletrônica, símbolos em três dimensões, símbolos de
duas dimensões para todos os níveis de comunicação (linguagem), conforme apêndice L.
Para uma maior compreensão de cada categoria, Rowland & Stremel-Campbell
(1991) apresentamos a caracterização os níveis de Competência Comunicativa, no Quadro 15.
Quadro 15 – Competência Comunicativa & Categorias
Categoria Comportamentos
Comportamentos
Pré-Intencionais
Caracteriza-se por comportamentos reflexos ou reativos que não são
controlados pela criança. Estes se relacionam com o bem-estar da criança
( fome, desconforto, conforto, dor, etc ) e o mediador dá-lhes significado
e os interpreta, embora comportamento em si não é intencional
Comportamentos
Intencionais
Os comportamentos manifestados são intencionais, mas sem a finalidade
de condicionar a resposta no outro, isto é, não tem consciência do
impacto comunicativo de tais comportamentos.
Comunicação
Pré-Simbólica
Não-convencional
Há a conscientização de que os seus comportamentos podem provocar
reações em outras pessoas. Sendo assim, utiliza-se de meios não-
convencionais para comunicar intencionalmente um número limitado de
mensagens: afastar, puxar as pessoas, gritar/ reclamar. Todas estas
mensagens são eficazes, porém, não são meios aceitáveis.
Comunicação
Pré-Simbólica
Convencionada
Ocorre quando a criança substitui gestos convencionados, tais como
apontar, dar, mostrar, acenar e abanar a cabeça, pelos gestos não-
convencionados do terceiro nível. Os gestos convencionados expressam
significados específicos de acordo com as convenções que regem a
sociedade e a cultura
Comunicação
Simbólica
Concreta
A comunicação dar-se-á a partir de símbolos e faz associações de
representações simbólicas concretas. Estas representações são
"concretas" já que têm em comum com os seus referentes uma ou mais
características perceptivas e, são indicativos do ambiente, pois estabelece
a correspondência um-a-um entre o símbolo e a indicação
Comunicação
Simbólica
Abstrata
A criança adquire e usam um número restrito de símbolos abstratos
como veículos comunicativos. Estes símbolos são abstratos na medida
em que têm uma relação arbitrária com os referentes; não existe laço
algum entre os símbolos e as características perceptivas do referente.
Nesta etapa, a criança é capaz de usar palavras isoladas (ou gestos
isolados), que se aproximam das formas que o adulto usa quando fala,
para se referir a um número restrito de coisas que são altamente salientes
na sua experiência.
Comunicação
Simbólica
Formal (linguagem)
Começa a adquirir as regras do sistema de uma linguagem formal regras
que ditam a ordem pela qual os símbolos abstratos, ou palavras, se
podem associar. Aumento no nº de palavras que gera mudança na
seqüência das palavras para exprimir diferentes significados.
Com base nestes dados originou o documento – Freqüência Total de Respostas
do Nível de Competência Comunicativa – apêndice M cujo objetivo é sintetizar os níveis de
80
comunicação nas sessões e, foram usados os números de 1 a 7, para indicar as categorias
conforme os níveis já descritos.
2.4.1.5 Avaliação Funcional da Visão
Durante a pesquisa, foi usado o protocolo da AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA
VISÃO – 0/9 ANOS (anexo B) por Ladeira & Queirós (2002, p. 76) em dois momentos:
início e final da pesquisa.
2.4.2 EQUIPAMENTOS
Para a coleta de dados foram utilizadas:
Filmadora JVC GR-SXM 289 VHS Concorder
Fita de vídeo marca JVC de 30 minutos
Televisão PHILIPS de 20 polegadas
Vídeo cassete PHILIPS Super VHS ET / HI-FI modelo Match line
Microcassete marca AIWA model TP-M300 / V- SENSOR Voice Zoom Record System
Mini fitas cassete, marca SONY MC-60
Máquina Fotográfica Cyber-shot 6.0
Multifuncional HP – PSC1210 all-in-one (impresser, scanner e copiadora)
81
2.5 Procedimento da Coleta de Dados
Nesta pesquisa, as sessões foram realizadas semanalmente, com exceção do
período de chuva, nas segundas-feiras, cuja duração variava de uma hora e meia podendo
chegar a quatro horas, dependendo do comportamento da adolescente.
2.5.1 Pesquisa documental
A pesquisa documental foi obtida no prontuário da adolescente, na instituição,
onde estavam contidas as informações desde o início do processo de avaliação diagnóstica e
os seus encaminhamentos, conforme explicações anteriormente realizadas.
Vale ressaltar, que a pesquisa documental possibilitou um panorama do
acompanhamento da adolescente no processo educativo, o que promove um conhecimento do
seu desempenho, durante este período. Além disso, recolhemos informações da família em
termos de situação socioeconômica(constituão familiar: parentesco, sexo, idade , estado
civil, instrução e ocupação).
2.5.2 Contato com a família
O objetivo do contato inicial com a família foi esclarecê-la sobre qual seria o
motivo de nossa presença em sua casa em função da pesquisa. Além destes esclarecimentos,
abordamos o porquê da escolha da adolescente e a mãe como participantes da pesquisa,
fazendo uma retrospectiva do atendimento da adolescente desde quando foi encaminhada à
FCEE e, principalmente, por acreditar no potencial da adolescente e pelo investimento
realizado pela família. Após enfatizar os objetivos e a relevância da pesquisa, foi requisitada à
família a autorização para que as entrevistas fossem documentadas por meio de gravações e
registros.
Em relação ao contato inicial foi enfatizado o tempo, por volta de dois anos,
que permaneceu fora da Instituição e os prejuízos acarretados em seus comportamentos
comunicativos, ou seja, os avanços que conquistara e retrocessos decorrentes do afastamento
institucional.
Sendo assim, neste contexto, considerações a respeito do projeto de pesquisa e
seus objetivos foram feitas: identificar e analisar a efetivação da comunicação de uma
adolescente surdocega com a mãe a partir da construção de significados compartilhados;
82
instrumentalizar a mãe para ser um agente de (trans)formação no estabelecimento de uma
comunicação eficiente, empregando diferentes formas comunicativas com a adolescente
surdocega; bem como o procedimento metodológico a ser empregado (entrevista,
observações) se assim a família o desejasse.
Nesta conversa, foi esclarecido o significado do título da pesquisa, com ênfase
nos conceitos: comunicação e sua efetivação, construção de significados compartilhados e
instrumentalizar.
Após todos os esclarecimentos necessários, a mãe assinou o termo de
consentimento e, foi-lhe entregue uma cópia do documento.
Outro aspecto abordado em relação à pesquisa, foi à periodicidade dos
encontros que, ocorreram uma vez por semana com duração de até 4 horas, apesar de terem
sido previstos dois encontros com uma hora de duração, a mudança procurou otimizar o
tempo, considerando a distância da moradia da adolescente.
A partir do momento em que a família aceitou a participação da filha no
projeto de pesquisa, explicamos o conteúdo documento que é imprescindível na execução de
uma pesquisa: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (apêndice
N) e, inclusive, prestamos esclarecimentos a respeito do Código de Ética e o processo ao qual
o projeto de pesquisa seria submetido.
Esta pesquisa, só pôde ser realizada após o encaminhamento ao Comitê de
Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de São Carlos, para avaliação
do projeto: A efetivação de atitudes comunicativas de uma adolescente surdocega e a mãe:
Construção de significados compartilhados.
O comitê de Ética em Pesquisa  CEP/UFSCar, analisou o projeto e
considerando os pareceres do relator e do revisor DELIBEROU: O projeto atende aos ditames
da Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, conforme o parecer de nº 192/2005.
2.5.3 Entrevista
As entrevistas foram realizadas com a mãe da adolescente, em seu ambiente
natural, cujo objetivo inicial era obter informações de como a mãe identificava as diferentes
necessidades da adolescente e, no final da pesquisa para verificar qual a sua percepção da
adolescente na situação atual.
83
2.5.4 Observação / registros
Durante o desenrolar da pesquisa foram realizadas observações entre o
comportamento da mãe e da adolescente, tomando como referência as atividades
desenvolvidas (apêndice I) e, esses registros foram de forma contínua. Além destes, houve os
registros dos protocolos das formas de comunicação não-simbólica e dos níveis de
competência comunicativa, já explicitado, tomando como referência a observação nas
atividades.
2.5.5 Avaliação funcional da visão
O uso de instrumentos avaliativos (anexo B) teve como objetivo conhecer as
capacidades nos diferentes aspectos e fornecer indicadores das necessidades, habilidades e
dificuldades. Tais indicadores permitem avaliar o surdocego, elaborar um programa de
intervenção individual e documentar seus avanços (RODRÍGUEZ, 1998; STILMAN &
BATTLE, 1989).
O instrumento avalia comportamentos visuais gerais tomando como base nove
aspectos observáveis. Os comportamentos visuais específicos constam de 62 itens
considerando as características das respostas pupilares e reflexo palpebral com dois
aspectos, cada um, respostas à luz assim como o contato ocular com quatro aspectos a
serem observados e o controle dos movimentos oculares com seis indicadores.
Além destes aspectos, este instrumento verifica qual a dominância ocular –
dois itens, respostas relativas ao campo visual em termos de respostas à luz vinda de várias
direções e em diferentes ângulos (150º a 180º graus) assim como obstáculos (acima da
cintura, abaixo do joelho e de lado) com nove elementos a serem verificados, a identificação
de objetos e pessoas com sete aspectos a serem observados e, discriminação visual com 18
itens, os quais estão relacionados com conhecimentos acadêmicos.
84
2.6 Procedimentos da Análise dos Dados
2.6.1 Entrevista
As entrevistas foram construídas com um número reduzido de questões a fim
de evitar o cansaço e propiciar um bom relacionamento com os entrevistados e, segundo Luke
& André (1986, p.34) [...], permite que o entrevistador faça as necessárias adaptações.
O número reduzido de perguntas também se mostra como facilitador visto que,
o entrevistado poderá prolongar suas respostas e, espontaneamente, abordar aspectos
relevantes como crenças, sentimentos, valores, atitudes e motivos acompanhados de fatos e
comportamentos (BIASOLI-ALVES, 1998; HÜBNER, 1998). Todavia, foi de extrema
importância ter-se um roteiro, evitando que questões relevantes não fossem abordadas.
Entretanto, ao longo da entrevista, foram introduzidas outras perguntas em função das
respostas da mãe.
As entrevistas foram realizadas na casa da mãe e, para tal, foi utilizado um
mini-gravador para evitar que informações importantes fossem perdidas e, cuja duração média
foi de 2 horas.
A entrevista inicial foi aplicada à mãe-mediadora a fim de obter um perfil da
adolescente sob a sua ótica, além das facilidades e dificuldades em relação à comunicação. Ao
final da pesquisa, tal instrumento foi reaplicado para verificar a observação de mudanças não
só no comportamento comunicativo, como também em outras áreas.
Na entrevista, foi solicitado à mãe que caracterizasse o comportamento da
adolescente. Após análise do seu conteúdo, foram organizadas em categorias as informações
sobre os comportamentos descritos pela mãe no ambiente natural e fora dele caracterizando a
necessidade primordial de estabelecer comunicação com a filha. Possibilitou-se, dessa
maneira, uma visão prévia das necessidades primordial da adolescente, analisando e
caracterizando as atividades e que foram construídas com a participação direta da mãe para
que, percebesse as habilidades requeridas em função complexidade de execução das mesmas.
O conteúdo da entrevista proporcionou dados importantes no que diz respeito à
constituição familiar e, principalmente, às características da adolescente, que foram
selecionadas e categorizadas de acordo com o discurso da mãe.
85
2.6.2 Protocolos
Os protocolos foram adaptados tomando como referência Siegel-Casuey &
Guess (1989) e de Rowland & Stremel-Campbel (1991), como as formas de comunicação
não-simbólica e os níveis de competência comunicativa, respectivamente.
As análises dos protocolos das sessões foram quantitativas quando os dados
foram transformadas em quadros e apresentados visualmente através de gráficos, em
percentuais de acordo com as categorias das formas de comunicação não-verbais, tomando
como parâmetros como movimento, vocalização, orientação, expressões faciais, orientação
descritas anteriormente, etc. (Siegel-Casuey & Guess,1989) e, também qualitativamente os
dados foram analisados. O mesmo procedimento de análise ocorreu com as categorias
utilizando como referência os níveis de competência comunicativa de Rowland & Stremel-
Campbel (1991) tais como: comportamento pré-intencional, comportamento intencional,
comunicação pré-simbólica não convencional, comunicação pré-simbólica convencional,
comunicação simbólica concreta, comunicação simbólica abstrata e comunicação simbólica
formal.
Para uma análise mais detalhada, foram escolhidas as sessões em que as
atividades previstas como tomar banho, tomar café e o lavar a loução ocorreram
integralmente.
2.6.3 Avaliação funcional da visão
O registro das avaliações ocorreu de acordo com os critérios estabelecidos pelo
instrumento para as respostas como SIM, ÀS VEZES e NÃO para cada categoria, já
descritas. Para as respostas serem consideradas como ÀS VEZES, significa dizer que, para
cada cinco estímulos visuais, três respostas tinham que ser identificadas para caracterizar esta
categoria.
86
III. RESULTADOS e DISCUSSÕES
Os resultados serão descritos a seguir. Inicialmente serão expostos os dados da
Avaliação Funcional da Visão (LADEIRA & SERAFIM, 2002), em seguida as Formas
Comunicativas (SIEGEL-CASUEY & GUESS, 1989) e, por fim os Níveis de Comunicação
Rowland & Stremel-Campbell (1991).
3.1 Avaliação Funcional da Visão
Analisaremos os dados referentes à avaliação funcional da visão de Ladeira &
Serafim (2002) chegamos resultados descritos a seguir.
Na avaliação inicial dos comportamentos visuais gerais – Quadro 16 – as
respostas foram afirmativas para os comportamentos observáveis, situações estas que
envolviam atenção, interesse por objetos a ponto de modificar a postura da cabeça para fazer
o melhor uso da visão e, posteriormente utilizar o tato. Portanto, a adolescente demonstrou ter
percepção da realidade, na sua totalidade.
QUADRO 16 – Comportamentos Visuais Gerais
COMPORTAMENTOS A OBSERVAR NA CRIANÇA Sim Não Às vezes
Comportamentos visuais gerais
Presta atenção a estímulos visuais
¸
Leva os objetos á boca para explorar
¸
Explora objetos com as mãos ou com os dedos
¸
Demonstra maior consciência acerca do som
¸
Interessa-se por objetos
¸
Usa a visão antes de usar o tato
¸
Inclina a cabeça em determinada posição para
observar os objetos
¸
Semi-cerra os olhos para ver os objetos e/ou pessoas
de perto
¸
Semi-cerra os olhos para ver os objetos e/ou pessoas
de longe
¸
LEGENDA ¸ Avaliação Inicial Avaliação Final
Entretanto, as respostas classificadas como Às Vezes, no protocolo, não
necessariamente significam comportamentos inadequados assim como os comportamentos
87
qualificados como NÃO. Neste caso, o NÃO se transforma em resposta positiva, como a de
levar os objetos à boca para explorar. O segundo NÃO se refere à consciência acerca do que é
em sua condição – surdez.
Ao analisarmos os dados dos comportamentos visuais específicos, quando da
resposta pupilar percebemos que, a adolescente apresentou 100% de comportamentos visuais
específicos na primeira e segunda avaliação.
QUADRO 17 – Comportamentos Visuais Específicos – Resposta Pupilar e Reflexo
Palpebral
Comportamentos Visuais Específicos
Sim Não Às vezes
Resposta pupilar
Oscila constantemente as pupilas
¸
Contrai as pupilas perante um feixe de luz
¸
Reflexo Palpebral
Pisca os olhos quando se abre uma mão em
frente aos seus olhos
¸
LEGENDA ¸ Avaliação Inicial Avaliação Final
Apresentou algumas respostas negativas que, neste caso, o NÃO tem um
significado positivo visto que, a oscilação da pupila não é o um comportamento esperado e, já
a contração da pupila o é.
Ainda em relação aos comportamentos visuais específicos, ressaltamos que,
apresenta respostas à luz – Quadro 18 –, localiza a fonte luminosa e olha para um feixe
luminoso, bem como se apercebe quando ele aparece repentinamente e no fixar a luz de forma
insistente. Mas, na segunda avaliação em relação às respostas foram de 100%. Este pode ser
um indicador de que a adolescente está utilizando a visão residual de uma maneira adequada.
QUADRO 18 - Comportamentos Visuais Específicos – Resposta à luz
Comportamentos Visuais Específicos Sim Não Às vezes
Resposta à luz
Olha para o piscar de um feixe luminoso
¸
Localiza uma fonte de luz natural no interior
¸
Apercebe-se do aparecimento de uma luz
repentina
¸
Fixa as luzes de uma forma insistente
¸
LEGENDA ¸ Avaliação Inicial Avaliação Final
88
Em relação ao contato ocular – Quadro 19 – houve um aumento significativo
na aquisição de uma conduta, comparando a avaliação inicial e a final. Vale ressaltar que
houve modificação em um item – fixa estímulos e a curta distância, vindo da direita /
esquerda / meio – na avaliação final.
QUADRO 19 – Comportamentos Visuais Específicos – Contato Ocular
Comportamentos Visuais Específicos
Sim Não Às vezes
Contato Ocular
Estabelece contato ocular
¸
Estabelece contato ocular por breves
instantes
¸
Fixa estímulos a curta distância, vindo da
direita / esquerda / meio
¸
Mantém o contato ocular
¸
LEGENDA ¸ Avaliação Inicial Avaliação Final
Na primeira, emitia a resposta com atraso, ou seja, voltava-se para a direção em
que vinha o feixe luminoso sem que este não estivesse presente e, algumas vezes, para o lado
contrário o que não foi considerado na primeira avaliação. Estas podem estar relacionadas
com o fato de não identificar à direção, já que responde à luz. Porém se volta para o lado
contrário ou manifesta a resposta atrasada, o que significa ter consciência do estímulo
luminoso, mas não da direção. Portanto, a adolescente manifestou o controle de 100% dos
movimentos oculares ao término da pesquisa.
QUADRO 20 – Comportamentos Visuais Específicos – Movimentos Oculares & Olho
Dominante
Controle dos movimentos oculares
Sim Não Às vezes
Segue o movimento de luz
¸
Segue visualmente os movimentos de objetos
e/ou de pessoas
¸
Muda a atenção visual de um objeto/pessoa
para outro
¸
Dirige o olhar para a direita ou para a esquerda
onde se encontra a pessoa
¸
Percorre com o olhar vários objetos dispostos
seqüencialmente
¸
Alcança objetos que estão perto dela
¸
LEGENDA ¸ Avaliação Inicial Avaliação Final
89
A adolescente revela que mantém controle dos movimentos oculares em 100%,
uma vez que segue os movimentos e muda de direção para localizar pessoas e objetos e,
demonstra como dominância ocular do olho direito e, às repostas relativas ao campo visual,
expressa uma inconsistência das respostas (ver Quadro 20).
Em relação ao campo visual – Quadro 21 – o comportamento caracterizado
como negativo é um fator positivo quando indica que a adolescente emprega habitualmente a
visão residual de forma adequada bem como tem noção correta do seu espaço.
QUADRO 21 – Comportamentos Visuais Específicos – Campo Visual
Comportamentos Visuais Específicos Sim Não Às vezes
Olho dominante
Usa o olho direito
¸
Usa o olho esquerdo
Respostas relativas ao campo visual
Responde à luz vinda de trás da sua cabeça,
num ângulo entre os 150 e 180 graus, vinda do
lado direito
¸
Responde à luz vinda de trás da sua cabeça,
num ângulo entre os 150 e 180 graus, vinda do
lado esquerdo
¸
Responde à luz vinda de trás da sua cabeça,
num ângulo entre os 150 e 180 graus, vinda de
cima
¸
Responde à luz vinda de trás da sua cabeça,
num ângulo entre os 150 e 180 graus, vinda de
baixo
¸
Responde à luz vinda de trás da sua cabeça,
num ângulo entre os 150 e 180 graus, vinda da
diagonal
¸
Aproxima os objetos do olho direito/esquerdo
¸
Vai de encontro aos obstáculos que estão só de
um lado
¸
Vai de encontro aos obstáculos que estão
abaixo do nível dos joelhos
¸
Vai de encontro aos obstáculos que estão
acima da cintura
¸
LEGENDA ¸ Avaliação Inicial Avaliação Final
Não vai de encontro a obstáculos que estão ao seu lado, assim como no nível
dos joelhos e nos que estão acima da cintura. Portanto, a adolescente manifesta habilidades
práticas ao se locomover no ambiente natural: interno e externo. Para completar a análise do
90
levantamento das respostas, aproxima os objetos do olho direito, o que corresponde a um
aproveitamento da visão residual e, desloca a cabeça para a direita e aproxima-se para
observar as pessoas.
Lobato (2000, p.2) define o campo visual como sendo a área que podemos
visualizar quando o nosso olho se fixa num determinado ponto.[...] O campo visual refere-se
à amplitude da nossa visão, aos limites de captação de informação por parte do olho.
Já na avaliação final, apresentou uma resposta significativa no quesito
responder à luz. Foram utilizados cinco estímulos visuais, vindos de diferentes direções (de
baixo, de cima, de trás e na diagonal), dos quais três foram identificados, caracterizando a
resposta ÀS VEZES, diferentemente da avaliação inicial, na qual a resposta era NÃO.
No Quadro 22, percebemos que, na avaliação inicial e final, a adolescente
respondeu a contento com respostas positivas. Identificou pessoas e objetos fixos (grandes e
pequenos), a ponto de evitar obstáculos em ambientes conhecidos e desconhecidos.
QUADRO 22 – Comportamentos Visuais Específicos – Identificação de Objetos e Pessoas
Identificação de objetos e pessoas Sim Não As vezes
Identifica pessoas e objetos
¸
Identifica objetos grandes/pequenos parados
¸
Reconhece objetos pequenos em movimento
¸
Identifica os elementos de uma fotografia
familiar
¸
Identifica imagens em livros (ver de que
tamanho)
¸
Evita obstáculos parados/em movimento em
ambiente conhecidos
¸
Evita obstáculos parados/em movimento em
ambiente desconhecidos
¸
LEGENDA ¸ Avaliação Inicial Avaliação Final
Nesta situação, a adolescente demonstra a capacidade de perceber a forma dos
objetos a uma determinada distância. Todavia, quando o objeto é pequeno e se movimenta
bem como na identificação de fotografias familiares e imagens em livros a adolescente
apresenta dificuldades, pois não consegue identificá-los na primeira avaliação.
Ainda em relação a este dado na avaliação final, a adolescente manifestou
respostas inconsistentes, ou seja, a cada cinco apresentações não atingiu o mínimo de três
respostas para caracterizar a resposta ÀS VEZES, significando que a adolescente não
91
percebeu, por exemplo, objetos pequenos e em movimento, fotografias e, portanto não foi
considerado.
Os comportamentos visuais específicos no que se refere à discriminação visual
– Quadro 23 – dentre os dezoito aspectos abordados, a única resposta positiva foi a que imita
postura e/ou gestos, tais como comer, banheiro, água de acordo com a LIBRAS.
QUADRO 23 – Comportamentos Visuais Específicos – Discriminação Visual
Discriminação visual
Sim Não Às vezes
Imita posturas e/ou gestos
¸
Emparelha objetos de uma mesma cor, com ou
sem modelo
¸
Emparelha objetos do mesmo tamanho, com ou
sem modelo
¸
Emparelha objetos de uma mesma forma, com
ou sem modelo
¸
Reconhece diferentes partes do corpo numa
imagem
¸
Associa objetos a imagens
¸
Reconhece objetos pelo seu contorno
Faz puzzles
Discrimina a diferença entre duas imagens
simples
Discrimina a diferença entre linhas curvas e
linhas retas
Descobre o que falta numa imagem
Discrimina pormenores em imagens
Completa figura com base em modelos
Discrimina a diferença entre as letras
Associa letras e palavras iguais
Discrimina seqüências de letras através de um
modelo
Reconhece o ponto de partida e chegada num
labirinto
Discrimina figura-fundo
LEGENDA ¸ Avaliação Inicial Avaliação Final
Os outros itens desta categoria não foram considerados em função dos
conteúdos estarem direcionados à área acadêmica e, em consonância com o próprio
instrumento: GUIA PARA AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA VISÃO. Este documento
menciona que as crianças ou jovens não precisam ser avaliados em todos os itens.
92
Ladeira & Serafim (2002, p.18): A função visual consiste na competência que
os indivíduos possuem para conseguir recolher, integrar e dar significado aos estímulos
luminosos captados pelo olho.
Segundo Bruno (1993, p.30 -31.) as funções visuais básicas indicam o nível de
consciência e atenção visual mediante a reação à luz, adaptação ao escuro e à luz e ao brilho
bem como as funções óculo-motoras nos apontam que a capacidade de fixação, seguimento
visual e acomodação. Mais adiante, a referida autora (1993, p.32) considera que: As funções
perceptivas estão relacionadas ao nível de assimilação, integração, decodificação e
elaboração dos estímulos visuais presentes como também a capacidade de generalizar e
associar às experiências passadas.
Concluindo, podemos constatar que a adolescente reagiu perante os estímulos,
o que indica que recebeu a informação visualmente. Reconheceu e fez uso de objetos
concretos de forma intencional por meio da manipulação dos mesmos. Demonstrou memória
visual a ponto de buscar um objeto em determinado local e identificação e percepção de
símbolos.
Percebemos que, comparando as respostas da avaliação inicial e final, a
adolescente respondeu de maneira positivas relacionando pessoas, objetos fixos (grandes).
Entretanto, apresenta respostas inconsistentes para objetos pequenos e em movimentos assim
como para a associação de imagens a objetos (fotografias & objeto).
Faz uso da visão residual para evitar obstáculos em ambientes internos e
externos, conhecidos e desconhecidos como também para fazer seguimento visual e
acomodação dando significado a estímulos luminosos. Apesar de ter respostas a estímulos
luminosos ainda não consegue responder consistentemente quando o feixe de luz surge de
posições diferentes, ou seja, ainda olha para os feixes luminosos, mas a direção ainda
apresenta falhas.
Tomando as considerações feitas quando dos comportamentos visuais gerais e
os comportamentos visuais específicos, podemos afirmar que a adolescente teve bom
aproveitamento da visão. Todavia, deve ser estimulado em todas as situações o uso da visão o
que influenciará na sua capacidade de aprendizagem da LIBRAS, por exemplo, assim como
outros meios visuais para identificar figuras, fotografias, objetos em cartelas para se
comunicar.
93
3. 2 Formas Comunicativas Não - Simbólicas
A seguir, analisaremos os resultados dos dados coletados, das sessões,
adotando como referência as categorias de Siegel-Casuey & Guess (1989).
Na categoria movimento observa-se na tabela 1 e na figura 1 que a adolescente
manifestou uma maior freqüência de comportamentos comunicativos não-simbólicos nas
sessões 1 e 4 e, este comportamento não esteve presente nas últimas sessões, ou seja, na
décima primeira a décima quinta sessão.
Tabela 1 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica Movimento
Movimento
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL 14 5 0 16 3 1 4 0 2 1 0 0 0 0 0
Continuando a análise, os dados evidenciam que, a adolescente lança mão de
um grande número de movimentos, como a forma de comunicar-se com a mãe e com o meio
ambiente. Os movimentos ocorreram, na sessão1, em circunstâncias como: após vestir-se –
sem a ajuda da mãe – permanece movimentando-se de um lado para outro, com a respiração
‘ofegante’ por alguns segundos. No meio do trajeto (do quarto para cozinha), pára, inicia o
movimento de cabeça e o corpo. A mãe informa que este ocorre quando lava a cabeça. Após
ser repetida a ordem aceitou parar de fazer os movimentos que realizava.
Em outra ocasião, a mãe solicita que se sente e, para tal, usa a LIBRAS. A
adolescente compreende a mensagem – quer sentar-se no sofá –, mas é segura por ela. Após,
inicia com movimentos ao logo do corpo e não dirige o olhar para ela, se desloca em direção à
cadeira, afasta-a da mesa, se senta movimentando as mãos–‘flap’– e jogando a cabeça para
trás enquanto emitia sons.
Estes comportamentos podem significar desinteresse ou recusa bem como uma
descarga motora como resposta a uma situação nova ou antecipando um acontecimento.
94
Figura 1 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Movimento
Na sessão 4, na atividade de tomar café, conforme tabela 1,é notório que
apresenta um grande número de respostas significativas(14), em relação aos movimentos
como se estivesse ‘flapando’ demonstrando bastante ansiedade, pois apresentava respiração
alterada. Estes comportamentos‘flap’(2 vezes), pára (de 10 a 15 vezes) ocorreram quando a
mãe se afastou para fazer o café, para buscá-lo (13) e, a intensidade aumentou, por volta de
25 vezes, ao deslocar-se para pegar o açúcar.
Para quem não conhece a surdocegueira e os comportamentos que os
surdocegos podem adotar, sugere um indicador de autismo, pois se enquadraria em uma das
suas características, que é comportamentos estranhos (BATSHAW & PERRET, 1990). Mais
adiante, os autores, explicam que: “a criança autista sempre exibe um comportamento
incomum ou não-existente na criança normal nem na criança com inabilidade de
desenvolvimento”.
Os autores relatam que, freqüentemente, exibem movimentos de mãos com
rituais, ou outros movimentos rítmicos com balanço de corpo. Podem gritar, de repente, ou
mesmo rir, sem causa aparente. Algumas vezes, podem ferir-se batendo a cabeça ou
empurrando os próprios olhos. Em relação à alimentação, recusam a comida e somente
ingerem alguns tipos de alimentos (BATSHAW & PERRET, 1990).
95
Ainda segundo Batshaw & Perret (1990, p.261):
As crianças deficientes sensoriais podem também parecer autistas. As crianças que
são cegas e aquelas que têm deficiências auditivas exibem [...] interação social a
desejar. Contudo, elas não apresentam a desordem global da linguagem e,
usualmente têm inteligência normal, o que distingue das crianças autistas. Nestas
crianças, quando sua função sensorial melhora, essas características autísticas
desaparecem.
Além do movimento de ‘flap’, apresentou movimentos de rodopiar, no meio do
trajeto (do quarto para cozinha), pára, inicia o movimento de cabeça e o corpo e, a mãe
informa que, este ocorre quando lava a cabeça, como informado anteriormente. Após ser
repetida a ordem aceitou parar de fazer os movimentos que realizava.
Estes movimentos podem constituir uma forma de descarga motora bem como
demonstrar contentamento, satisfação, alegria, assim como os movimentos circulares das
mãos, junto ao corpo, quando está sentada à mesa.
Lobato (2002, p.4), refere-se às estereotipias como: [...]. São fruto de uma
imaturidade biológica. Desaparecem com a aquisição da conduta em questão.
As estereotipias são encontradas em crianças cegas e nas videntes, sendo
denominadas de estereotipias do desenvolvimento normal e são anteriores ao aparecimento de
uma nova aquisição. Essa conduta repetitiva pode persistir porque não tem a ajuda da visão
para a correção e consecução da conduta que pretende atingir como cita Lobato (2002, p.4).
Mais adiante, a autora (2002, p.4) enumera diferentes tipos de estereotipias
para a criança cega:
1. movimentos parasitas estereotipados que se caracterizam por movimentos
absolutamente inadequados para a ação principal,[...] São descargas motoras da tensão,
resultam de situações emocionais fortes, geralmente ligadas a situações de interação e ou
incapacidade de gerir o que se pretende fazer com a informação que não possui ou consegue
organizar.
2. comportamentos sociais estereotipados que ocorrem no contexto de
comunicação,[...] , resultado da ausência de padrões visuais, que lhe permitam dar respostas
mais variadas e adequadas a diferentes situações.
3. tiques que são movimentos involuntários bruscos, sem propósito, rápidos e
repetitivos, rígidos em sua forma e que ocorrem de forma irregular..[...] Os tiques resultam
de um conflito emocional ou de uma situação patológica. Os tiques mais comuns são o girar
de cabeça rapidamente, encolher os ombros, pestanejar, etc.
96
A autora pontua outros tipos como blindismo, caracterizando-o como uma
forma de descarga motriz, de procura que ajude a filtrar os intercâmbios com o meio
envolvente. Os transtornos por movimentos estereotipados atípico são movimentos
involuntários e [...] revelam frustração e dificuldade de auto-controlo e representam desta
forma uma defesa compulsiva ao meio. Já as estereotipias de hábito verbal situam-se dentro
das estereotipias dos tiques e maneirismos, não são contudo tão automáticas, nem obsessivas.
Por último, Lobato (2002, p.5) informa a respeito das estereotipias auto
sensoriais que: São condutas com rasgo autista, pois são uma forma de isolamento do mundo
exterior. A criança busca consolo apenas no mundo interior e não há intercâmbio com o
exterior.
Alguns destes comportamentos (itens1, 2 e 3) foram observados na adolescente
como descargas motoras da tensão em respostas a situações emocionais ( exigência da mãe,
quebra de rotina), assim como em situação de não comunicação – repete sons ou interjeições.
Seguindo a análise dos dados coletados – Tabela 2 e Figura 2–, em relação os
movimentos durante as atividades desenvolvidas observamos que se concentra na sessão 4,
com uma freqüência expressiva 16 respostas; já na higiene pessoal e tomar café o número de
movimentos está equilibrado.
Dando continuidade à nossa interpretação dos dados coletados, podemos
observar que, na tabela 2, a maior expressividade de respostas – vocalizações – empregadas
na execução das rotinas se concentra nas sessões 1, 4 e 7 .
Tabela 2 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica Vocalizações
Vocalizações
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL
13
7 1
13 22
7 6 2 5 8 3 0 3 1 0
Em relação às vocalizações, os índices de respostas dadas pela adolescente
estão significativamente presentes durante a execução das atividades nas seguintes situações.
Na sessão 5, a mãe se aproxima mostrando para ela o bolo enquanto a adolescente reclama,
resmunga. Afasta-se para coar o café e comenta: “acordou de bode”. Informa que está desse
jeito porque tirou a ‘cambuca’ - o que convencionamos chamar brinquedo- para pegar a
xícara. Mais adiante, começa a emitir sons fortes e passa o nariz na manga da camiseta por
várias vezes. Grita enquanto realiza os movimentos para colocar o café na xícara e quando a
97
mãe retira a ajuda para cortar o pão e, também, ao perceber que ela não estava ao seu lado.
Resmunga, grita e a mãe, ao perceber ao comportamento repetitivo, coloca a sua mão no
pescoço da filha e, enquanto o massageia: “o que foi”, “tá doendo” e, como resposta parou
de gritar e permaneceu quieta. Necessitava de atenção!?
Figura 2 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Vocalizações
Inferem-se diferentes formas de protestos: pela mudança de rotina e, algumas
vezes, parece fazer parte da rotina de atividades a serem executadas como ocorreram nas
sessões de nºs 1, 4 e 5. Neste caso, vocalizar pode indicar uma necessidade de retro-
alimentação sensorial (percepção de sons) como suporte para a execução.
Estes dados evidenciam que a vocalização foi uma constante no decorrer das
atividades o que pode significar desconforto da tensão pré-menstrual. Em função das
alterações dos hormônios femininos, é possível identificar sintomas como dores de cabeça,
nas costas, choro fácil, mudanças fáceis de humor e insônia. Além disso, estas vocalizações
podem indicar o não entendimento da comunicação e, que para chamar a atenção da mãe,
vocaliza, constantemente.
Diante do exposto, podemos inferir que estas vocalizações que acompanham as
atividades, ocorrem quando é exigida, ou seja, quando a rotina é alterada com a imposição da
mãe para que realize as tarefas num determinado tempo, pois é lenta. A ‘não-rotina’ está
sendo transformado em rotina, o que pode significar protesto.
98
Durante a execução da higiene pessoal, verificamos que a adolescente
vocaliza, como por exemplo, na 10ª sessão, principalmente quando é exigida para ser mais
rápida, porque fica esperando o comando da mãe. Entretanto, percebe-se que já tem
introjetado a seqüência da atividade. Esta situação sugere que houve uma quebra no
funcionamento da rotina da adolescente, o que provoca protesto. Algumas vezes, muitas vêm
acompanhadas de expressões faciais como o sorriso o que pode significar satisfação, alegria
ou para informar que a atividade é prazerosa e, que a está usufruindo ou em resposta à
estimulação ou antecipação de um acontecimento.
Muitas vezes, as atividades são acompanhadas por vocalizações. Segundo
Rego (1995, p. 65), existe a fala egocêntrica que é entendida como um estágio de transição
entre fala exterior e a fala interior, [...] que existe uma fala intermediária que funciona como
uma espécie de transição entre o discurso socializado e interior. A característica [...] é que
acompanha a ação e se dirige ao próprio sujeito de ação e, neste estágio, a criança fala alto,
mas não se dirige a nenhum interlocutor, e, também serve para planejar e solucionar um
problema ou como se planejasse em voz alta, antes ou ao longo da atividade (REGO, 1995).
No caso da adolescente, enquanto realizava a ação manifesta esta ‘fala’ por
meio dos sons vocálicos. Convém esclarecer, que as entonações para expressar protesto eram
diferentes daquelas que acompanhavam as atividades de pegar a margarina e doce na
geladeira ou em lavar a louça. Tais vocalizações eram o suporte para a atividade como se
observa nas sessões a partir da sétima sessão.
Na tabela 3, as expressões faciais refletem a manifestação de maior
prevalência, correspondem a 1ª, 6ª e a 10ª sessões com 15, 13 e 10 respostas (Tabela 3),
respectivamente.
As expressões faciais demonstram como a adolescente se comunica com a
mãe, ou seja, através do riso a situações familiares, a objetos e acontecimentos que lhe
proporcionam sensações agradáveis, prazerosas.
Tabela 3 – Freqüência da Forma Comunicativas Não-Simbólicas Expressões faciais
Expressões faciais
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL
15
0 0 8 3
13
2 1 2
10
0 0 6 1 7
Vale ressaltar que, na primeira tarefa analisada (sessão 1), a adolescente
manifesta expressões faciais – sorriso – quando a mãe lhe toca para que realize a atividade
como por exemplo ao ensaboar-se, passar o xampu deixar a água cair sobre o corpo,
99
apresentando movimentos seguidos de vocalizações e, algumas vezes, isoladamente. Na
segunda tarefa, há um aumento de expressões faciais, caracterizada pelo sorriso ao perceber a
presença do pai e da câmera. Entretanto, na mesma atividade, apresentou a emissão de sons
altos e até gritos quando, a mãe lhe exigia para cortar o pão, ou colocar a margarina ou doce,
por exemplo.
Figura 3 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Expressões faciais
Na sessão 6, reage com satisfação – sorri – quando a mãe toma-lhe a mão e a
leva até a torneira e a abre. Reage com satisfação, pois sorri imediatamente em reação à
situação que provoca sensações agradáveis. Visto que, neste caso, há a previsibilidade do que
ocorrerá após o ato de abrir a torneira e, segundo a mãe, ela gosta de mexer com água e, ao
lavar a louça, sorri à medida que passava a mão por toda a peça para perceber se havia algum
resíduo.
A categoria Orientação, como apresentada na Tabela 4, a freqüência estão
manifestadas em todas as sessões com maiores índices nas sessões 1, 2, 4, 5, 6, 9 e 10.
Tabela 4 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica Orientação
Orientação
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL
35 23
6
18 21 12
5 7
11 16
3 6 9 3 8
100
Nos dados indicados na Figura 4 observamos que a adolescente manifesta,
durante a execução das tarefas, como forma de comunicação não-simbólica, a orientação,
significando que se apóia na visão residual para procurar ou dirigir a atenção para um
acontecimento, pessoa ou objeto. Este comportamento é relevante, pois ao perceber a
mensagem dada pelo interlocutor, executa a tarefa.
A orientação revela que olha em direção da mãe enquanto esta emite as ordens
no campo visual para a execução das tarefas, aumentando a percepção das configurações dos
gestos caseiros, os gestos indicativos e os sinais da LIBRAS.
Figura 4 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Orientação
Vale ressaltar que os dados referentes à – orientação – foram significativos,
conforme já descritos, o que facilita o aumento da comunicação com uso de gestos
convencionados, mas, também, constitui um indicativo de desinteresse ou recusa quando, por
exemplo, desvia o olhar. Este comportamento é relevante, pois ao perceber a mensagem dada
pelo interlocutor, executa a tarefa.
Em outras ocasiões o número de respostas significativas deve-se ao fato da
adolescente durante as atividades voltava a sua atenção à câmera e ou olhando em direção a
porta que estava aberta e entrava muita claridade (sessão1e 2, por exemplo).
101
Bruno (1993, p.16): A visão exerce uma influência sobre a mão e do
movimento do corpo todo. À medida que a criança olha, aumenta sua atividade motora para
poder observar a repetição da ação [...].
A percepção visual está se aprimorando porque a adolescente está
reconhecendo e identificando com maior segurança os gestos icônicos, gestos indicativos
como forma de comunicação não-verbal e com um aumento na LIBRAS.
Podemos evidenciar que, na sessão 2 – lavar a louça – por exemplo , na sub-
etapa- levar as louças da mesa à pia – a mãe lhe dá o comando para realizar a tarefa, fora de
seu campo visual. Ao perceber a não resposta, se aproxima da adolescente que ao percebê-la,
dirige o olhar para mão à medida que executa o movimento e, se levanta com a respiração
ruidosa – será ansiedade por não gostar ou não querer executar a tarefa proposta? Pode indicar
resistência à mudança de rotina? Simultaneamente, manifesta oralmente: “vem” e, a
adolescente não responde imediatamente. A mãe lhe segura o braço e a dirige a mesa
verbalizando: “leva lá”, “lavá a louça” apontando para a pia e com gesto caseiro de lavar a
louça.
O procedimento é utilizado pela mãe nas demais sessões em que o número de
respostas foi relevante, ou seja, ela dá as ordens no seu campo visual, facilitando assim, a
visualização e, conseqüentemente a sua execução. Em algumas vezes a comunicação não
ocorreu, por não estar com a atenção voltada para o interlocutor, à mãe.
Outro aspecto a ser considerado é que, este resultado ocorreu devido a melhor
utilização dos resíduos visuais pela adolescente. Perante isso, fomos buscar na literatura
subsídios para realizar um trabalho pedagógico baseado em estratégias que, possibilitassem o
desenvolvimento máximo das habilidades visuais bem como o desenvolvimento da atenção,
posto que, a atenção é de suma importância no comportamento humano.
Desde o momento que a criança nasce, segundo Barraga (1986, p.1) [...] o
sistema nervoso central do organismo está de tal forma constituído que, experimentam um
contínuo desejo de estímulo através dos órgãos sensoriais com o meio.
Ainda a citada autora, (1986, p.2) explica que: À medida que os nervos
sensoriais enviam suas mensagens ao sistema nervoso central, e especialmente o cérebro,
estas mensagens adquirem significado e começa assim a percepção. [...] as percepções do
mundo começam a agrupar-se para recordá-las e desta forma surge à aprendizagem.
Barraga (1986, p.9) salienta que, crianças com baixa visão apresentam falta de
estimulação visual espontânea. Conseqüentemente, há necessidade de que lhes ensinemos a
102
desenvolver suas habilidades perceptivas para que possa abranger a eficiência visual que deve
ser estimulada uma vez que, a maturidade visual se completa por volta de dezesseis anos.
Em relação às pausas (Tabela 5) indicam que, a adolescente necessita de
instruções para continuar o que começou; pode significar, ainda, uma insegurança e que o
apoio da mãe mostra-se imprescindível para a conclusão das tarefas. Todavia, é importante
esclarecer que estas pausas podem ser uma estratégia para antecipar um acontecimento ou
significar a espera de instruções bem como resistência.
Tabela 5 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica Pausa
Pausa
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL 2 4 3 5
7 6
3 4
6
5 4 4
6
3 2
Os dados, mostrados na Figura 5, nos revela que, a maior incidência
corresponde a sessão de nº 5, com sete respostas, e, as de nº 6, 9 e 13 se equiparam com seis
manifestações. Estes dados podem significar que a adolescente as utilizam para antecipar
alguns instrumentos, ou esperar instruções dando vez ao interlocutor ou ainda a necessidade
de um tempo maior para se organizar internamente visto que, rotinas estão sendo introduzidas.
Todavia, é importante ressaltar que, incentivos devem ser oferecidos constantemente para que
os surdocegos não se ‘percam na atividade’ acarretando um dispêndio de tempo na execução
da atividade.
Demonstra que as pausas estão presentes nas outras sessões, mas em número
menores, significando que se utiliza, ainda, das mesmas quando executa as tarefas.
Analisando qualitativamente, convém ressaltar que as pausas observadas
aconteceram na atividade “colocar a mesa”. A adolescente permanecia parada esperando as
instruções. Pode significar também que pára os movimentos em antecipação a um
acontecimento. Por exemplo: a mãe indica a geladeira –aponta o dedo – e ela dirige-se para o
local (assumir posições) e pára diante dela, (pausa) então a mãe repete o sinal de “abrir” para
a geladeira, “pegar” o pote e o apontar para o local. A adolescente decodifica a mensagem,
abre-a, olha, e pega o pote (ação). A mãe solicita que pegue o pão e, como não compreende o
que era para fazer, é conduzida até o local.
103
Figura 5 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Pausa
Prosseguindo a análise das sessões, analisaremos a categoria toque,
manipulação ou movimento com outra pessoa. É importante ressaltar que há a necessidade
da co-atividade no momento da ação já que inicia o movimento e, em seguida, pára. Percebe-
se, então, o toque, a manipulação e o movimento com outra pessoa como orientadora da ação,
oferecendo segurança.
Tabela 6 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica Toque, manipulação ou
movimentos com outra pessoa
Toque, manipulação ou movimentos com outra pessoa
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL
19
9 2
20
8
13
4 5 4 7 1 2 8 5 0
Na execução da tarefa, verificamos que há necessidade de se mover em
conjunto com a mãe ou seguindo os movimentos para que continue com agilidade o ‘serviço
Muitas vezes não toma a iniciativa, apesar de ter condições motoras e a seqüência da rotina.
A mãe a estimula para o inicio de uma ação, ou seja, em co-atividade e ela
continua a executá-la. Revela um controle motor adequado, isto é, ao pegar os objetos para
fazer a higiene e, finalmente, no uso adequado da toalha. Entretanto, algumas vezes, espera
que a mãe lhe toque, ou faça em co-atividade para que dê continuidade – será que se sente
insegura?
104
Figura 6 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Toques, manipulação ou movimentos
com outra pessoa
O toque indica que a adolescente necessita de apoio inicial para a execução da
tarefa movendo-se em conjunto, ou seguindo o movimento da mãe, ou seja, em co-atividade,
ou seja, estar em contato permanente em pequenas frações da atividade.
Na sessão 1, na atividade de banho, permanece embaixo do chuveiro enquanto
a mãe se comunica para que alcance o sabonete. Nesta circunstância, retira do armário a
escova e oferece à filha que estende a mão em direção à mãe para pegá-la. Não toma
iniciativa de iniciar os movimentos naturais. A mesma passividade é observada para passar o
sabonete no corpo ou o xampu na cabeça, havendo a necessidade da mãe iniciar o movimento
em co-atividade e, incentivá-la. Usa gestos caseiros para que esta realize a atividade.
O toque está presente nas três atividades (sessão 6 ) com um maior índice na
higiene e no tomar café, pois há necessidade de iniciar o movimento de lavar-se, de abrir a
garrafa térmica, para segurar o pão são realizadas co-ativamente acompanhadas de
vocalizações o que sugere protesto ou forma de chamar atenção.
Durante o transcorrer da sessão, verificamos que houve um aumento de
crescente manipulação ou movimentos em co-atividade da mãe para com a filha. Na tarefa –
lavar a louça – nas etapas anteriores ao lavar a louça, propriamente dita, a mãe realiza em co-
atividade alguns fragmentos da tarefa.
105
A mãe lhe dá a esponja e movimenta a esponja para cima e para baixo até
localizar a água saindo da torneira para molhá-la. Sem ajuda passa o sabão nas duas faces da
esponja. Percebe-se que a adolescente tem estabelecido a seqüência das atividades, pois o
segue com nenhuma interferência.
A diminuição do toque, manipulação ou movimento com a outra pessoa, pode
ser um indício de uma maior independência, mas ainda precisa da co-atividade para não se
dispersar durante a atividade. Considerando que, apesar do número de respostas do toque ser
pequeno nas sessões 3 e 12( 2 respostas) ,7 e 9 (4 respostas ), 8 e 14 (5 respostas), e 11 com
uma resposta foi significativo no contexto da sessão. Compreendemos que há necessidade,
ainda, de efetuarem-se toques, sugerindo que a adolescente ainda necessita de atenção ou um
reforço inicial da mãe, apesar de haver indicações de que já sabe toda a seqüência da
atividade.
O toque ainda é presente nas três atividades com maior índice na higiene e no
tomar café, pois há necessidade de iniciar o movimento de lavar-se, de abrir a garrafa, para
segurar e, cortar o pão é realizado co-ativamente acompanhadas de vocalizações o que sugere
protesto ou forma de chamar atenção. Percebe-se nitidamente que, nesta tarefa, as
vocalizações são para indicar protesto, enquanto na higiene pessoal, estão relacionadas com as
sensações prazerosas. São utilizadas também durante o café, quando há uma exigência maior
na execução, pois a atividade necessita de movimentos mais vigorosos no segurar a garrafa, a
leiteira, no cortar o pão. É nesta última em que a adolescente mais reclama.
Na atividade lavar a louça há, ainda, o movimento co-ativo, mas em menor
número, para pegar o sabão e a esponja, como incentivo para iniciá-la. A instrução é dada
através de LIBRAS para “lavar” e o apontar para o sabão e esponja e a seguir realiza a tarefa
sem qualquer intervenção interferência e supervisão, denotando que têm estabelecido a
seqüência das atividades. Demonstra o controle tátil que utiliza quando lava os pratos, xícara
e talheres – ou qualquer comunicação, inclusive no momento de colocar a louça no
escorredor.
Analisando a Tabela 7, os dados nos apontam que a categoria ação sobre
objetos esteve presentes em todas as sessões. Com índices maiores de respostas as referentes
sessões de nº 1, 6, 9,10 e 15 com freqüência que variam de 20 a 26 respostas e, as outras
sessões apresentaram variação de 7 a 17 respostas.
106
Tabela 7 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica Ação sobre objetos
Ação sobre objetos
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL 23 15 7 14 8 25 15 16 20 26 17 14 17 12 25
A figura 7 enfatiza que a adolescente age sobre o ambiente usando objetos.
Utiliza-os adequadamente, manipulando de acordo com suas funções. Tal comportamento
indica quando tem interesse ou desinteresse, principalmente quando não alcança uma destreza
satisfatória.
Figura 7 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Ação sobre objetos
Esta situação é vivenciada enquanto toma café - mais especificamente, quando
necessita cortar o pão. Realiza os movimentos de maneira desestruturada, sem êxito, havendo
a necessidade de interferência da mãe para iniciar co-ativamente o movimento necessário.
Apresenta dificuldade em posicionar a faca para fazê-lo. Enquanto faz as tentativas, vocaliza
para chamar a atenção e a consegue à medida que a mãe posiciona adequadamente a faca
sobre o pão. Inicia co-ativamente o movimento e pára o que pode significar resistência ou
indicativo da percepção de suas limitações no manusear a faca e, algumas vezes, pode
significar um apoio à atividade de que necessita para realizar a tarefa.
Vale lembrar que não possui nenhum problema motor nos membros
superiores, porque consegue pegar a xícara no armário e a leva até a mesa, bem como coloca
o café na xícara sem derramá-lo, alcançar o pote de margarina da geladeira ou, ainda, segurar
107
as louças enquanto as lava e, em seguida, as coloca no escorredor. Podemos inferir que, desta
forma, o seu modo de comunicação e expressão fica abaixo dos padrões devido à falta de
oportunidades anteriores para desenvolver esta habilidade. Os constantes fracassos também
contribuem para a necessidade da co-atividade inicial.
Em relação à categoria assumir posições e deslocar-se a outros locais, aos
dados coletados, na tabela 8 e figura 8, indica uma variação de seis a oito manifestações na
sua maior freqüência e com a menor freqüência de duas a cinco respostas.
Tabela 8 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica Assumir posições,
deslocar-se a outros locais
Assumir posições, deslocar-se a outros locais
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL 6 8 4 7 2 5 8 6 7 6 7 5 6 4 6
A adolescente se desloca atendendo a solicitação da mãe, comunicar algum
desejo deambulando até o local, bem como indicar ansiedade por aguardar muito tempo ou
um afastamento de uma situação estressante.
Para ilustrar citaremos uma situação: a adolescente estava sentada à mesa
aguardando o café, visto que, a margarina, o pão, a faca, a xícara e o doce estavam sobre a
mesa. A mãe preparava o café e, por estar sentada a algum tempo, se levanta e se aproxima
do fogão, olha em direção ao bule, resmunga e volta para o lugar.
Em outras situações, podemos citar que se desloca para buscar a margarina, o
doce, a xícara, para levar e colocar a louça na pia, ao sair do banheiro e ir até o quarto para
vestir-se, por exemplo.
108
Figura 8 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Assumir posições, deslocar-se a outros
locais
Demonstra ter conhecimento do espaço no ambiente interno visto que, não bate
nos objetos com mesa, cadeira, sofá, fogão, geladeira, armário, por exemplo, assim como a
suas respectivas localizações.
Em ambiente externo, se desloca para colocar as roupas sujas para lavar,
deambula da copa-cozinha até o local onde estão os varais para pendurar a toalha e, para olhar
de perto para a moto do pai.
A seguir enfocaremos a categoria gestos convencionados, conforme a Tabela
9 e a Figura 9, que nos indicam um crescente de respostas relevantes durante as sessões.
Tabela 9 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica Gestos convencionados
Gestos Convencionados
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL 6 5 3 6 7
17 11 12 21 21 11 12 17
9
20
Nestas primeiras sessões (1ª a 5ª) a comunicação durante a execução das
atividades pela adolescente era limitada (média de 5), pois o seu repertório era restrito ao uso
do “comer”, indicar “água” ou banheiro/“xixi”, estão relacionados com a LIBRAS. Revela,
109
portanto, que os códigos utilizados, sejam gestos icônicos’, ‘gestos estabelecidos’ pela família
pela interventora, gestos indicativos ou sinais de LIBRAS não são totalmente compreensíveis.
À medida que as sessões transcorriam, alcançamos um aumento gradativo
neste domínio visto que, aumenta ou a manutenção de índice de resposta, na média de 15
manifestações, sugerindo que compreende as mensagens emitidas de diferentes formas (gestos
icônicos, ‘caseiro’, LIBRAS, movimentos corporais) pela interlocutora e, conseqüentemente,
executando as tarefas solicitadas com supervisão para não ‘perder-se na tarefa’.
Figura 9 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Gestos Convencionados
Na sessão 6, por exemplo, no decorrer das atividades higiene pessoal, tomar
café e lavar a louça percebe-se que a interlocutora realiza gestos icônicos para se comunicar
(escovar), o apontar para indicar o fechamento da torneira e gestos caseiros para indicar a
ação, cujas tarefas são cumpridas em seguida e sem dificuldades. Isso que significa que
compreende a comunicação através da iconicidade e da indicação e, vocaliza enquanto
executa os movimentos o que pode sinalizar resposta agradável e/ou para chamar ou dirigir a
atenção. Indica que estabelece significado ao sinal, independente de ser caseiro ou LIBRAS.
Se tratando da LIBRAS, os sinais não estão constituídos por elementos gramaticais como
configuração e orientação de mão, movimentos, ponto de articulação, expressão facial e
expressão corporal, mas é o início da imitação.
Compreende quando lhe são dadas informações de “acabou”, “comer” “sentar-
se”, “rápido”, “abrir”, “pegar”, “margarina”, “cortar” “escovar os dentes” em LIBRAS, assim
110
como gestos caseiros para “vem”, “colocar a mesa”, “levantar” e “xícara”, gestos icônicos
como cortar, escovar os dentes – são também os da LIBRAS, apontar para indicar a torneira,
o xampu, o localização do armário, das gavetas, da geladeira, do fogão, da pia, o leite sobre a
mesa, etc..
Revela, portanto, em todas as atividades, o índice de compreensão é grande
Podemos inferir que, desta maneira, a adolescente começa a estabelecer as relações entre
determinados gestos ‘caseiros’, indicativos e/ou em LIBRAS com a sua ação no ambiente, ou
seja, uma competência no seu modo de expressar e comunicar. Todavia, não é possível
afirmar categoricamente que a comunicação ocorre porque é o sinal caseiro, em primeiro
lugar, e LIBRAS acontece como segundo opção, já que, algumas vezes realiza o sinal em
LIBRAS antes do caseiro. Diante desta situação, um questionamento surge – qual é a via para
o aprendizado e o estabelecimento da competência: LIBRAS e gesto caseiro ou gesto caseiro
e LIBRAS?
Os gestos convencionais se manifestam com maior freqüência porque a
adolescente está decodificando as mensagens da mãe, está percebendo melhor a posição dos
gestos e relacionando-os com as atividades assim como sinais para informar as ações (como
“acabou” para indicar que termine as tarefas rapidamente ou o “sentar”).
Em relação às atividades (sessão 13), revela também um dado expressivo que
são os gestos convencionados, nas três atividades, o que denota uma maior compreensão das
informações através da língua brasileira de sinais. A interlocutora dá o comando inicial e, sem
nenhuma indicação, a adolescente realiza as atividades com muita competência, apenas
interfere para sugerir o término da atividade e para sentar-se.
Observando os outros dados, percebe-se claramente que há um aumento
significativo no índice dos gestos convencionados como: “calcinha”, “sutiã”, “pegar”,
“comer”, “sentar”, “abrir”, “fechar”, “acabou”, “NÃO”, “não acabou”, “água”(LIBRAS);
‘cortar, manteiga, mexer, escovar, ensaboar-se, pentear, lavar a louça, levanta, abrir a torneira,
vem, tomar café’,’lavar as mãos” através de gestos icônicos e, gestos indicativos para a pia,
geladeira, armário, sabão, esponja; gestos caseiros para xícara, pão, por exemplo.
A língua é um sistema altamente desenvolvido e cuja função básica é a
comunicação e a expressão dos sentimentos, sendo usada para expressar sentimentos e
emoções (QUADROS, 2004).
Para Carvalhal & Chamusca (2004, p.5) as línguas de sinais são consideradas
língua naturais porque, como as línguas orais, surgiram espontaneamente da interação entre
111
pessoas e, devido à sua estrutura permitem a expressão de qualquer conceito, seja ele
descritivo, emotivo.
Os autores apontam que a Língua de Sinais permite a comunicação e o
aprendizado de conceitos que se organiza, por ser uma língua viso-espacial. De sobremaneira,
percebemos que, a adolescente apresentou ganhos significativos.
Outra categoria a ser apresentada é ações descritivas, que a adolescente não
manifestou nenhuma resposta, ou seja, não pontuou como se vê na Tabela e Figura 10.
Tabela 10 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica Ações descritivas
Ações descritivas
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Este fato ocorreu visto que, não demonstrou, por ocasião das sessões,
comportamentos que nos indicassem o que queria comunicar, como por exemplo, produzir um
som absorvendo ar para identificar o cheiro das flores.
Figura 10 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Ações descritivas
Outra maneira de se comunicar é passar a mão na bola, por exemplo,
significando jogar, fazer sons semelhantes aos dos animais e objetos para referir-se a eles ou,
em nível mais elevado, desenhar uma figura para descrever ou pedir uma atividade.
112
Na outra categoria, afastamento há um número pequeno de comportamento de
afastamento, como demonstra a Tabela 11 e a Figura 11.
Tabela 11 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica Afastamento
Afastamento
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL 1 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
Apesar ser pequeno o número desta categoria, é importante para uma análise
qualitativa, pois revela que, durante as sessões, os manifestou nas duas primeiras, o que é
significativo porque estavam sendo implantadas rotinas.
Figura 11 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Afastamento
Além dessas, manifestou na quinta sessão sendo reparada por ocasião de
levantar-se da mesa e ir a busca do que denominamos anteriormente o brinquedo ou ao
perceber que o pai chegara de moto. Estes afastamentos indicam claramente que a
adolescente não querer interação ou atividade ou ainda porque, está em processo de mudança.
Em relação à categoria – comportamento agressivo ou auto-agressivo, com
pode ser observado na Tabela e Figura 12 não apresentou pontuação.
113
Tabela 12 – Freqüência da Forma Comunicativa Não-Simbólica Comportamento
agressivo ou auto-agressivo
Comportamento agressivo ou auto-agressivo
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Durante a análise das sessões, um dado importante se refere ao comportamento
agressivo não ter sido pontuado. Vale ressaltar que a ausência de comportamento agressivo
ou auto-agressivo é um dado relevante, pois a agressividade é um empecilho para a adoção de
um programa de intervenção.
Figura 12 – Comunicação Não-Simbólica: Categoria – Comportamento agressivo ou auto-
agressivo
Quando um surdocego apresenta estes comportamentos é necessário observar
em que circunstâncias ocorrem bem como o que está gerando esta conduta. Poder-se-ia
cogitar a falta de comunicação. Não tem parceiros para se comunicar? Não é compreendida?
Como se comunica? Gritos, batidas na parede...?
Somente com uma visão real da situação, é permitido intervir e estabelecer
mudanças significativas em todo o ambiente natural, nas formas de comunicação a serem
introduzidas, apoiando e dando suporte emocional na iniciação de rotinas.
114
Por vezes, os surdocegos reagem à quebra do ‘não fazer nada’ e, são os
recursos metodológicos utilizados para a mediação, entre o surdocego e o mundo e os outros,
que possibilitando a comunicação, isso se dá por meio do outro mais competente, como diria
Vygotsky.
115
3.3 Níveis de Competência Comunicativa
Dando prosseguimento, analisaremos os resultados das sessões sob a ótica de
Rowland & Stremel-Campbell, tomando com referência as freqüências registradas e,
distribuídas, conforme os níveis de comunicação (tabela 13).
Tabela 13– Níveis de comunicação & freqüências
Sessões
Níveis de
Comunicação
2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10
ª
11
ª
12
ª
13
ª
14
ª
15
ª
1.Comportament
o Pré-Intencional
1
0
1
7
1
1
2
5
7
5
1
8
9
7
3
2
2
0
0
0
2.Comportament
o Intencional
1
5
2
3
1
2
1
2
2
0
9
1
3
2
2
1
2
6
16
15
14
13
15
3.Comunicação
Pré-Simbólica
Não
Convencional
1
9
2
0
1
5
1
8
1
6
1
9
1
7
1
6
1
2
14
9
8
17
11
16
4. Comunicação
Pré-Simbólica
Convencional
1
2
9
6
4
1
1
1
0
1
3
1
0
2
0
31
11
8
11
7
14
5. Comunicação
Simbólica
Concreta
5
9
7
6
8
9
1
0
8
7
5
0
0
0
3
1
6. Comunicação
Simbólica
Abstrata
0
1
1
0
5
7
6
8
1
3
20
13
15
9
8
10
7. Comunicação
Simbólica
Formal
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Este levantamento dos registros manifestados em todas as sessões será
desmembrado para observarmos os níveis de comunicação, conforme os dados da Tabela 14 e
da Figura 13.
116
Tabela 14 – Registro da Freqüência do Nível de Competência Comunicativa
Comportamento Pré-Intencional
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL
10 17 11 25
7 5
18
9 7 3 2 2 0 0 0
Verificamos que há manifestação de comportamentos pré-intencionais em
quase todas as sessões, com uma maior expressividade nas primeiras (1 a 4) cujas freqüências
variam de 10 a 25 e, na sétima sessão corresponde a 18 o número de respostas.
Figura 13 – Freqüência do Comportamento Pré- Intencional
Nas sessões cinco e seis houve uma diminuição destes comportamentos em
função, provavelmente, da estruturação da atividade e, o aumento significativo na sessão
seguinte (18). Entretanto, em todas as sessões estes comportamentos são manifestados,
diminuindo gradativamente o seu aparecimento o que significa que a adolescente ainda utiliza
de comportamentos como movimentos de cabeça, mudanças posturais, expressão facial. Além
disso, a adolescente ainda expressos estados relacionados às suas necessidades básicas, como
o sentir fome, sentir dor, embora não tenha a intenção de condicionar a resposta do Outro, que
neste caso é a mãe-mediadora. Segundo Rowland & Stremel-Campbell (1991, p.12), [...] os
117
comportamentos ou reflexos que expressam o estado do sujeito de sentir Fome[...] estado que
é interpretado pelo observado.
Continuando com as análises e tomando como referência a categoria –
comportamento intencional – constatamos que, conforme a Tabela 15, estes se manifestam
em todas as sessões.
Tabela 15– Registro da Freqüência do Nível de Competência Comunicativa
Comportamento Intencional
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL
15 23 12 12 20 9 13 22 12 6 16 15 14 13 15
Os resultados indicam, conforme a Figura 15, que a maioria das expressões do
comportamento está concentrada na sessão 2, com 23 respostas, na 5ª sessão com 20
respostas e, a 8ª com 22 respostas. Embora os dados se concentrem nas sessões citadas, pode
se atentar, a presença nas demais, mantendo certa regularidade quanto a suas manifestações
com média de 12 respostas.
Figura 14 – Freqüência do Comportamento Intencional
Continuando a análise dos dados, segundo Rowland & Stremel-Campbell, aos
comportamentos intencionais são empregadas no modo de se expressar como acontece ao
118
olhar objetos, ao aproximar-se e afastar, empurrar, estender os braços para pegar algo que lhe
é oferecido.
Estes dados demonstram que a adolescente está utilizando comportamentos
intencionais para se fazer compreender como os comportamentos citados e, que muitas vezes,
foram acompanhadas de expressões vocais de protesto quando a adolescente era exigida para
a realização das tarefas.
Estes comportamentos foram expressos quando da execução das tarefas,
principalmente, no tomar café, em que a mãe solicitava para cortar o pão, por exemplo, onde
protestava bastante. Para amenizá-los, a mãe iniciava co-ativamente o movimento de cortar o
pão e, retirava a ajuda, entretanto, podemos considerá-las naturais diante de uma nova
vivência, já que estas tarefas eram realizadas anteriormente pela interventora. Podemos
observar que, ainda mantém as vocalizações de protesto.
Houve mudanças significativas dos comportamentos pré-intencionais e
intencionais é um dado importante visto que, proporciona o aparecimento de outras formas
de comunicação à medida que é estabelecida uma via de comunicação.
Tabela 16 – Registro da Freqüência do Nível de Competência Comunicativa
Comunicação Pré-Simbólica Não-Convencional
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL
19 20 15 18 16 19 17 16 12 14 9 8 17 11 16
Verificamos na Tabela 16 as freqüências emitidas no decorrer das sessões varia
de 8 respostas, como nos mostra os dados da sessão 12, e a maior expressão dá-se na sessão 2,
com 20 respostas e, sucessivamente os valores se alternam. Estes dados indicam que, a média
de respostas manifestadas equivale a 15, significando que esta comunicação é constante nas
sessões, como consta na Figura 15.
119
Figura 15 – Freqüência da Comunicação Pré-Simbólica Não-Convencional
Em relação à comunicação pré-simbólica não convencionada, os dados
revelam que emite risos e vocalizações cujo objetivo era condicionar o comportamento da
mãe. Os risos são espontâneos e estavam diretamente relacionados com a presença do câmera
ou seja, percebe a sua presença, e mantém contato visual. Este aspecto é importante porque
significa que a adolescente usa a visão que possui para localizar a pessoa, objeto e fixar o
olhar em alguém.
Convém ressaltar que, a adolescente apresenta competência comunicativa
quando faz uso de meios como gritar, emitir sons, vocalizar enquanto executa uma atividade,
por exemplo, para provocar uma resposta no mediador e, que são eficazes à medida que é
compreendida. Todavia, são meios primitivos ou não-convencionados para comunicar
intencionalmente um número limitado de mensagens, que não é aceitável em indivíduos mais
velhos (ROWLAND & STREMEL– CAMPBELL, 1991).
Para uma melhor compreensão, citaremos a segunda sessão, na atividade
referente ao tomar café (2ª sessão) com o maior índice, significando que a adolescente
controla voluntariamente os comportamentos da mediadora, visto que, os seus
comportamentos causam uma resposta comunicativa à medida que, são interpretados por ela.
Portanto, a adolescente apresenta competência comunicativa.
120
Como conseqüência já demonstra uma intenção na comunicação fornecendo
pistas para o interlocutor como o contato visual, a persistência e a substituição de meios
(ROWLAND & STREMEL-CAMPBELL, 1991).
Outro aspecto a ser enfatizado são os padrões na entonação dos sons e
vocalizações ligadas aos gestos naturais, que aconteceram com certa freqüência,
principalmente durante a execução da atividade - lavar a louça. Tal fato sugere que, a
adolescente aproveita a repetição de sons para uma retroalimentação da sensação que causa
quando da vibração do som. Deste modo, podemos inferir ao vocalizar enquanto realiza as
atividades é uma forma de fala egocêntrica conforme explicitado por Rego (1995), neste
documento como forma de suporte da atividade.
Tabela 17 – Registro da Freqüência do Nível de Competência Comunicativa
Comunicação Pré-Simbólica Convencional
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL
12 9 6 4 11 10 13 10 20 31 11 8 11
7
14
Na Tabela 17 e a Figura 16 estão agrupadas informações relativas à
comunicação pré-simbólica convencional, distribuídas nas sessões.
Os resultados indicam que, a 10ª sessão (31) é àquela com maior número de
respostas e, a seguir com 20 respostas a sessão de nº 9 e, as demais, variaram 4 a 14 com
média de 9 respostas.
Figura 16 – Freqüência da Comunicação Pré-Simbólica Convencional
121
Os dados da comunicação pré-simbólica convencional revelam que, a
adolescente, estabeleceu uma comunicação com a mãe por meio de padrões motores como
olhar, estendendo as mãos para tocar, pegar e manipular objetos com destreza, e usando-os
adequadamente, tomando em consideração uso e função. Observa-se também que a
adolescente já começa estabelecer a relação entre Sim e Não, mas com inconsistência nas
manifestações, o que ainda suscita dúvidas.
Na atividade tomar café, observamos que a comunicação pré-simbólica
convencional é a mais utilizada pela adolescente e, no lavar a louça, começa a reconhecer os
sinais de LIBRAS, que trazem em si os conceitos sinalizados pela interlocutora.
Em prosseguimento a análises dos dados, de acordo com Rowland & Stremel-
Campbell, descreveremos a categoria Comunicação Simbólica Concreta como os resultados
apontados na tabela 18 e, a e a Figura 17 nos apontam para a comunicação emitida pela
adolescente.
Tabela 18 – Registro das Freqüências do Nível de Competência Comunicativa
Comunicação Simbólica Concreta
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL
5
9
7 6
8 9 10 8
7 5 0 0 0 3 1
As sessões que tiveram uma maior representatividade foram a segunda e sexta
sessão com 9 respostas, a quinta e a oitava sessão com 8 respostas e, com maior índice na
sétima sessão (10 respostas).
122
Figura 17 – Freqüência da Comunicação Simbólica Concreta
A freqüência da comunicação simbólica concreta manifestada durante a
execução das tarefas demonstra um aumento nos gestos descritivos para o ‘vem’, ‘senta’ e,
também, um aumento significativo para o uso de símbolos de três dimensões. Em relação aos
símbolos de duas dimensões, foram apresentados objetos de diferentes formas como desenhos
e fotografias, mas parece se interessar pouco. Ou será não recebeu totalmente a informação
visual e reagiu a ela?
Outro aspecto a considerar é em relação aos desenhos e fotografias que
sugerem questionarmos: porque será que as figuras não estão estabelecendo a relação figura /
fundo, ou não estão de modo contrastante? Será que o não uso de óculos continuamente
desfavorece / interfere na fixação das imagens? Será que tem a visão global da figura? Como
estabelecer um programa que estimule a visão e, quais os elementos a serem observados que
garanta uma avaliação mais consistente e, com maior confiabilidade- quais parâmetros!?
Todos estes aspectos deverão ser observados com mais propriedade, se for
possível, para o estabelecimento de um programa de estimulação visual. Segundo Ladeira &
Serafim (2002, p.19), após definição e conceituação da deficiência visual, citam que:
Actualmente,[...] baseia-se em teoria que sustentam a hipótese da forte possibilidade de
funcionamento do córtex visual, por assimilação e treino, acompanhadas de reabilitação e
tratamento clínico quando possível.
123
No tocante à comunicação simbólica abstrata, considerando o conjunto total
das sessões, de acordo com a Tabela 19 e a Figura 18, percebe-se que há um aumento a partir
da nona sessão até a 12ª sessão.
Tabela 19– Registro das Freqüências dos Níveis de Competência Comunicativa
Comunicação Simbólica Abstrata
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL
0 1 1 0 5 7 6 8
13 20 13 15
9 8
10
Nas primeiras sessões (1ª a 4ª), as respostas estão ausentes e, as sessões
intermediárias (5ª a 8ª) as respostas variam de 5 a 8. Por conseguinte, o aumento é
significativo nas sessões seguintes com um número expressivo de respostas 20(10ª), com 13
respostas a 9ª e 11ª sessão e, com um número 15 respostas a 12ª sessão.
Figura 18 – Freqüência da Comunicação Simbólica Abstrata
Considerando o conjunto total dos índices na comunicação simbólica
abstrata verificamos que a adolescente a usa à medida que compreende a LIBRAS e imita
alguns sinais como “comer”, “água” e algumas vezes “sentar”.
Para uma melhor compreensão, salienta-se que, este aspecto foi amplamente
discutido quando da categoria Gestos convencionados, mencionados anteriormente.
Neste sentido, a adolescente revela competência quando avança na
compreensão de gestos isolados e, como afirmam Rowland & Stremel-Campbell (1991, p.19):
124
[...]. Estes símbolos são abstratos na medida em que têm uma relação arbitrária com os
referentes; não existe laço algum entre os símbolos e as características perceptivas do
referente, que é uma forma abstrata já que não há relação.
A seguir analisaremos os dados coletados referentes a categoria: Comunicação
Simbólica Formal conforme o registro da tabela 20 e figura 19.
Tabela 20 – Registro das Freqüências dos Níveis de Competência Comunicativa
Comunicação Simbólica Formal
Sessões 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TOTAL
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A Comunicação Simbólica Formal não foi manifestada pela adolescente, pois
a adolescente não demonstrou nenhuma das formas de comunicação concebidas para tal nível,
ou seja, não fazia uso de combinações de dois ou mais gestos e, porque está iniciando um
processo de reconhecimento efetivo de gestos isolados e tenta imitá-los, mas ainda não têm
total consciência de que seu comportamento condiciona o do Outro.Todavia, convém salientar
que,a configuração das mãos, que não apresentava colocação adequada configurou uma
mudança significativa das primeiras para as últimas sessões.
Figura 19 – Freqüência da Comunicação Simbólica Formal
Para finalizar a análise, segundo Rowland & Stremel-Campbell,
apresentaremos todas as sessões (figura 20), apresentando a correspondência entre o nível de
competência e a comunicação empregada pela adolescente.
125
0
5
10
15
20
25
30
35
123456789101112131415
Freqüência
Sessões
1
2
3
4
5
6
7
126
Analisando a figura 20 onde estão distribuídos os níveis de competência
comunicativa percebemos que, durante as sessões há uma constância dos comportamentos
pré-intencionais nas primeiras sessões (1ª a 4ª) e reaparece na sétima sessão, significando que
estes comportamentos foram às primeiras manifestações de comunicação, fazendo com que a
mãe identificasse o que a adolescente estava demonstrando.
Já, nas demais sessões, foram observadas que este nível foi desaparecendo, ou
seja, as mudanças posturais, bem como a comportamentos reflexos como fome, conforto-
desconforto como controladores de seu comportamento,
A diminuição de comportamentos intencionais, como vocalizações de protesto,
tomado como bom resultado foram sendo substituídas por níveis mais elevados de
comunicação.
Os comportamentos pré-intencionais e intencionais foram importantes para a
adolescente tomar consciência de que suas atitudes podem provocar reações no outro, como
ocorre na comunicação pré-simbólica não-convencional, na qual faz uso de gritos e
reclamações, por exemplo, eficazes para condicionar o comportamento do outro, embora não
sejam aceitáveis.
O aumento da comunicação pré-simbólica convencionada nos indica que a
adolescente mantém as vocalizações não como manifestação de protesto e, sim, associadas a
gestos naturais como apoio na execução da atividade. Além disso, é indicativo de um padrão
de entonação à medida que realiza a tarefa há a necessidade de perceber as vibrações, como se
estivesse realizando uma ‘conversa interna’ como organizadora da atividade prática diria
Rego (1995) para explicar a fala egocêntrica na visão de Vygostsky. Estas comunicações
estão presentes em todas as sessões  1ª a 15ª  o que sugere um nível de comunicação
mais marcante ao ser empregado pela adolescente para se comunicar com a mãe.
O nível de comunicação simbólica concreta está presente em todas as sessões
com uma maior freqüência nas 2ª, 5ª, 6ª e 7ª e, que vão diminuindo à medida que, a partir da
5ª sessão, há um crescimento do nível de comunicação simbólica abstrata que,
gradativamente, foram sendo constantes, com uma maior expressividade nas sessões de
números 9 a 11.
Este aumento na comunicação simbólica abstrata ocorreu a partir do momento
em que começou a decodificar a LIBRAS, principalmente, muitas vezes com o auxílio de
gestos icônicos e indicativos. Observamos um salto qualitativo e quantitativo na
comunicação simbólica abstrata em função do aumento da compreensão de gestos isolados.
127
Considerando os dados analisados (Figuras 13 a 20), de acordo com Rowland
& Stremel-Campbell (1991), se faz necessário ponderar que, a comunicação empregada pela
adolescente acontece por reconhecimento, que é caracterizada pela consciência da presença
do outro, bem como de expressões faciais que podem significar reações ligadas ao estado
emocional, ou seja, nível de comunicação 1.
Os resultados das análises nos apontam em direção à comunicação
contingente – nível 2 – onde o comportamento tem um propósito, mas não os utiliza como
comunicação intencionada, e que pode ser interpretada pelo outro como comunicação.
Durante todas as sessões, utiliza-se de vocalizações. Observam-se estes comportamentos na
adolescente enquanto realiza ou não as tarefas.
Verificamos também que a sua comunicação é dirigida ao outro, mas com a
intenção de que provoque respostas na pessoa, o faz através de toque, olhar em direção a
pessoas, mantendo contato visual, o que as autoras denominam de comunicação
instrumental, e corresponderia ao nível 3 de competência comunicativa.
A adolescente empregou a comunicação convencional quando fez uso de
gestos simples quando compreendia as instruções dadas pela mãe e executava as atividades
como ‘comer’, ‘água’, ‘xixi’ e ‘acabou’, por exemplo. Isso corresponderia ao nível 4 de
competência comunicativa.
Percebe-se que a adolescente manifesta comportamentos e estabelece
comunicação receptiva em maior número. A comunicação expressiva ocorre ainda através da
mãe-mediadora, permeando todos os campos da comunicação, e tais resultados foram
decorrentes de situações já descritas (TPM, cólica).
Outro aspecto que propiciou alguns ganhos foi o estabelecimento de rotinas, de
calendário, que devem ser previstas, como atividades prazerosas, as quais tomam como
parâmetro suas habilidades. Assim a rotina que deve ser pensada, deve ser agradável e ter
consistência para que possa antecipar e cooperar nas atividades (BLAHA & MOSS, 1997;
MILLES, 1998; BRADLEY & SNOW, 2002; RASH & TOELLE, 2002; BLAHA, 2005)
Convém considerar que os procedimentos de avaliação informal são
indicadores na construção de uma intervenção, de um ‘currículo’ funcional, guiando a família
e, de acordo com conhecimentos e experiências, devendo ser contextualizado, ensinando
atividades que são importantes para a pessoa, ou seja, individualizado (JONG & ZAMBONE,
2000; LADEIRA & SERAFIM, 2002; JESUS, 2003).
128
IV. CONSIDERAÇÕES E CONCLUSÃO
4.1 CONSIDERAÇÕES
A adolescente não realizava atividades em casa, esperava que a mãe fizesse por
ela ou inicialmente desempenhava co-ativamente utilizando a técnica mão-sob-mão em
algumas situações inicias já que, não as executava espontaneamente. Em outras ocasiões, a
mãe, à medida que já cumpria uma parte da atividade, mas havia necessidade da presença da
mãe para continuar era usada a mão-sobre-mão.
Hallahan & Kaufman (2003) enfatizou estes aspectos, tomando como
referência Milles, (1999); Chen et al. (2000/2001) que faz considerações a respeito, ou seja,
algumas crianças podem resistir à técnica, pois não gostam da perda de controle das mãos e,
outras, tornam-se passivas porque ficam esperando pela mão do outro (guia-mão-sobre mão).
Milles (1999) revela que, uma das principais vantagens do guia mão–sob–mão é não ser
controlador. Este processo foi importante para o desenvolvimento das atividades visto que, a
adolescente surdocega não realizava as atividades e, tampouco tomava a iniciativa de fazê-la
sozinha.
As atividades foram realizadas em contexto natural e ao ser realista nas
atividades de rotina facilita o ensinamento, pois segundo Bradley & Snow (2002, p.5): “À
hora de ensinar é curta e valiosa” visto que possibilitando a adolescente antecipá-las sem a
necessidade do objeto de referência ou a seqüência da atividade com apoio e, apenas com
gestos icônicos, gestos indicativos e ‘caseiros’ ou seja, convencionados pela mãe e como
também por meio de LIBRAS. Além disso, de acordo com Rash & Toelle (2002, p.2): [...] a
capacidade da criança para aprender uma nova rotina e que simplesmente não sabemos
quanto tempo levará para fazê-lo. Prepare-se para manter o esforço; não se dê por vencido.
No início das atividades o seu nível de tolerância era reduzido porque não tinha
uma rotina estabelecida e para constituí-la, se faz necessário estabelecer uma relação com o
parceiro de comunicação  neste caso, a mãe da adolescente  para desenvolvê-la através
de rotinas das atividades diárias.
Para colocarmos em prática uma rotina, se faz necessário ter conhecimentos
informais da adolescente, observando o que gosta e o que não gosta. Estas informações foram
obtidas com a família que é quem conhece mais a adolescente sendo de vital importância, pois
no início do processo apresentou comportamento que, sugeriam estar rejeitando as atividades.
129
Demonstra-os por meio de vocalizações com diferentes entonações e duração
e, os movimentos sugerindo que, estas manifestações estavam relacionadas com a
estruturação da rotina, ou seja, com a mudança de paradigma: não fazer nada para ter quer
fazer.
A literatura destaca que, o papel das atividades do dia-a-dia é a aproximação
com a criança proporcionando uma experiência agradável através da antecipação, que é a
forma de comunicar o que irá acontecer e o que se espera dela e, o segredo para que haja
sucesso é iniciar com atividades em que a criança mais goste (RASH & TOELLE, 2002).
No primeiro momento, a mãe aplicou o processo mão-sob-mão e ou mão-
sobre-mão para estimulá-la uma vez que, esperava a mãe fazê-lo. Entretanto, a adolescente
demonstrava prazer na atividade à medida que sorria enquanto em co-atividade efetuando a
tarefa. Inicialmente na atividade do café e de lavar a louça apresentou uma resistência
tomando como parâmetro as vocalizações e os movimentos dado que, desapareceu no
decorrer da pesquisa.
A consistência na apresentação das atividades configurou-se como um alicerce
importante no estabelecimento de rotinas úteis e para concretizá-las, resultando em êxito, pois
ela que, começou entender, antecipar (BRADLEY & SNOW, 2002).
À medida que, se envolve nas etapas das atividades, pode antecipar o que
esperamos que fizesse, quando a rotina foi implantada, ou seja, a ser seguida pela adolescente,
ao contrário de uma situação sem regras em que o surdocego fica passivo.
Esta atitude foi observada e corroborada por Bradley & Snow (2000) quando
realçam a rotina como forma de entender o mundo visto que, a previsibilidade é maior, pois
quando se sentir confiante, pequenas mudanças podem ser introduzidas. Como conseqüência
a adolescente estabeleceu a relação entre o objeto de referência com a atividade e,
posteriormente, ao ver uma parte da seqüência, teve a iniciativa de efetuá-la sem precisar do
mando.
Os dados sugerem uma relação do uso da visão residual de forma mais
consistente, pois demonstrou interesse ao olhar em direção a pessoas ou objetos, chegando a
se aproximar das pessoas e sorrir para elas, por exemplo, bem como para um acontecimento
inesperado, ou para deslocar-se no espaço, conseguindo desviar de obstáculos naturais como
degraus, móveis, e desníveis no terreno.
Podemos inferir que, o aproveitamento do resíduo visual proporcionou uma
maior fixação nas mãos da mãe uma vez que, se aproxima e posiciona a cabeça para perceber
melhor. Ao canalizar a atenção para a mãe, conseqüentemente, a compreensão das mensagens
130
emitidas através de um código estabelecido entre elas (‘gestos caseiros’, gestos indicativos,
gestos icônicos)
Observamos que a mãe-mediadora, nas diferentes situações, aplicava e
aproveitava todas as formas de comunicação. Em outras circunstâncias, se comunicava
somente com a LIBRAS para indicar ‘água’, ‘comer’, ‘xixi’, ‘sentar’, ‘escola’ mas, a maioria
da comunicação da mãe para com a adolescente é mesclada de todos os recursos disponíveis
pela mãe para se fazer entender. Introduziu diferentes formas de comunicação como cartelas
com figuras, desenhos do objeto concreto, cadernos de apoio gráfico.
Durante as sessões, expressava-se por meio de comportamentos não-simbólicos
como a emissão de sons acompanhados de sons com diferentes nuance, desde os mais sutis
até gritos e variava de curta a longa duração, o que sugeria protesto. Estes comportamentos
ocorreram principalmente quando foram implantadas as rotinas - nas cinco primeiras sessões,
período este que, coincidiu com a manifestação de desconforto em função da TPM.
Entretanto, em outras ocasiões, estes comportamentos não-simbólicos apareceram com baixa
freqüência, e estas vocalizações estavam relacionadas a gestos naturais e a padrões de
entonação e, como suporte da atividade.
Nas primeiras sessões sucedeu a manifestação de movimentos, como ‘flap’
indicando que a adolescente os empregou em resposta às mudanças na estruturação do
ambiente, no decorrer da execução das rotinas ou como descarga motora para expressão
emocional, acompanhada de alterações orgânicas - mudança no ritmo respiratório, por
exemplo.
As pausas aconteceram durante a execução das tarefas, revelando que a sua
manifestação pode ser resultado da insegurança perante a nova situação, ou indicar que pára a
fim de esperar instruções ou tais pausas sejam estratégias para lidar com a situação. Já as
expressões manifestadas, pela adolescente, relacionavam-se a situações que lhe eram
prazerosas como tomar banho ou lavar a louça, bem como à presença do outro, como o
câmera que lhe filmava. Todavia, há de se ressaltar que, havia a necessidade da co-atividade
entre mãe e adolescente  toque  para a execução da atividade.
Durante o transcorrer das sessões a adolescente habitualmente manipula o
ambiente através dos objetos estabelecendo o uso e função dos mesmos na atividade e, atende
as solicitações da mãe para se deslocar-se a outros locais como uma parte a tarefa, como por
exemplo, colocar a mesa.
A compreensão dos gestos convencionados (gestos ‘caseiros’, gestos icônicos,
gestos indicativos) ocorreu pela superação da mãe da ansiedade e do medo em relação a
131
emprego da LIBRAS, que manifestou na entrevista, gerando o aprendizado em função de
uma melhor percepção das mensagens da mãe. Além destes aspectos, é mais um recurso
importante para ser aproveitado e empregado na comunicação com a adolescente
As demais categorias como no afastamento, apresentaram números pequenos
de respostas, mas são importantes não contexto geral, pois demonstra uma reação quando da
instituição de rotinas e, um dado relevante é a ausência de comportamentos agressivos ou
auto-agressivo que facilitou de sobremaneira a aquisição de aprendizagens.
CONCLUSÃO
Diante das considerações, concluímos que, os procedimentos utilizados, pela
mãe para com a adolescente no emprego de vários materiais, colaboraram para o
estabelecimento de rotinas e o sucesso de algumas aquisições como: participar do banho de
forma mais autônoma assim como organizar a mesa para realizar a refeição - tomar café e,
principalmente, aproveitar a situação de lavar a louça de forma prazerosa assim, como indicar
autonomia visto que tem toda a seqüência da atividade. Entretanto, há necessidade de
incentivar a mãe-mediadora a continuar com as exigências para com a adolescente e, além
disso, proporcionar uma ajuda constante por meio de outras formas de comunicação.
Além deste aspecto, se faz necessário o envolvimento dos irmãos e do pai para
serem agentes de transformação para compreender como se estabelece a comunicação e as
diferentes formas de fazê-lo. Novas parcerias na família serão criadas, não sendo apenas
responsabilidade da mãe de ser a ligação entre a adolescente e a família e, conseqüentemente,
com o mundo.
Diante destes fatos, percebemos que a mãe estabeleceu uma comunicação, pois
a adolescente empregou formas comunicativas para transmitir, com precisão, sua intenção de
modificar a conduta do outro para conseguir coisas.
Acredito que, a adolescente demonstrou interesse pelos os objetos e descobriu
o que podia fazer com eles, já que estabeleceu a relação de uso e função. Além deste aspecto,
manifestou a antecipação através da resolução da mensagem dada pela mãe, a partir do
momento que realizava a tarefa sem instruções; comunicou-se com a mãe através de formas
não-simbólicas (movimentos, vocalizações, expressões faciais, etc.) para demonstrar seus
desejos assim como manifestar comportamentos com a sua própria atitude como a de rejeição,
diante de uma tarefa.
132
4.2 RECOMENDAÇÕES
Os resultados do estudo revelam que, a adolescente, apresentou avanços na
compreensão da comunicação emitida pela mãe visto que, ocorreram em ambiente familiar e,
também porque houve a valorização das atividades orientadas para o desenvolvimento da
competência da comunicação.
Para tal recomendamos que, haja acompanhamento sistemático de apoio aos
pais estabelecendo desta forma uma colaboração estreita objetivando uma maior estruturação
do processo quando da aplicação de currículos mais apropriados e alternativos.
Outro aspecto é a visão útil da adolescente e, em função disso, recomendamos
que, seja desenvolvido um programa de estimulação visual para que ocorra a total integração
sensorial, ou seja, que estabeleça uma organização e interpretação das impressões visuais
(BARRAGA, 1986). Além deste aspecto, para que, sejam usados de maneira funcional
visando à comunicação, para obter informações sobre pessoas, objetos e ambiente
(RODBROE & ANDREASSEN, 1998; SERPA, 2002).
Tomado como parâmetro a própria adolescente, demonstra ter a compreensão
do significado real das atividades uma vez que, tem estabelecido a seqüência e as realiza no
seu contexto social. Entretanto, ainda, há necessidade de que o meio social a ajude a
transformar as suas competências.
Recomendamos que: a. rotina seja mantida quando da execução das atividades
visto que, há necessidade de consistência; b. sejam estabelecidos guias, ou seja, antecipadores
para que a adolescente compreenda o que se espera dela, principalmente quando for introduzir
novas atividades ou modificações para promover respostas mais elaboradas quando do
estabelecimento da comunicação; c. adolescente seja incentivada a agir sobre o ambiente de
maneira mais autônoma diminuindo significativamente a intervenção da mãe-mediadora e, da
estrutura do ambiente natural deve ser fixo para que proporcione experiências reais e com
significado (BLAHA, 1997; BLAHA & MOSS, 1999; BETTANCOURT, 2003)
133
4.3 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA
De acordo com a proposta da pesquisa, as condições que influenciaram na
atuação da mãe, como mediadora no processo de aquisição da comunicação, foram à
aceitação progressiva das orientações e o seu envolvimento quando da utilização dos recursos
como objetos de referência, a seqüência das atividades através dos cadernos de apoio, das
cartelas e sua aplicação para o aprendizado da LIBRAS.
Estes fatores contribuíram para um aproveitamento no ambiente familiar, das
situações sendo um fator relevante para a execução da pesquisa, pois possibilitou a
organização de uma rotina auxiliando, assim, uma maior independência da adolescente.
Presume-se que, os procedimentos empregados, pela mãe, promoveram
pequenas mudanças nas atitudes comunicativas, fato de suma importância, pois a adolescente
já conquistou alguma comunicação através das atividades diárias.
Os resultados da pesquisa revelam uma validade social tomando como suporte
a metodologia empregada, mas, também, limitações em termos de parceiros de comunicação
havendo a necessidade de ampliar as ações para os demais integrantes da família, já que, a
mãe ainda continuou sendo a única a iniciar o processo de comunicação.
Em função deste fato, é imprescindível continuar a pesquisa visto que, remete a
questões essenciais que não foram resolvidas: A comunicação ocorre quando a mãe não está
em casa? Se não, como a adolescente manifesta? A não comunicação proporciona um maior
isolamento, além do imposto pela própria surdocegueira?
Em função destes questionamentos é mister que, novos estudos se realizem
para ampliar os parceiros de comunicação para que possa ser integrada, primeiramente em
ambiente familiar para posteriormente participar da comunidade visto que, as medidas para o
acompanhamento das mudanças ocorridas, foram retiradas das observações através de
registros contínuos e no desempenho da adolescente quando da execução das tarefas, não
invalidando o estudo. Estes registros foram submetidos a duas análises: formas comunicativas
não simbólicas e a competência comunicativa que se transformou em dados quantitativos e
qualitativos.
Para que este dado seja compreendido, se faz esclarecer que, no início a
adolescente não apresentava nenhum interesse, não realizava nenhuma atividade e, a mãe,
fazia para ela, ou seja, colocava a mesa para a refeição e, a adolescente, apenas realizava o ato
mecânico para mastigar ou tomar os líquidos.
134
O início do processo de comunicação foi deflagrado com a manifestação de
engajamento adotado pela mãe-mediadora e, principalmente porque ela pode atuar
diretamente com a adolescente, organizando as rotinas e as executando diariamente.
Em relação ao conhecimento científico a literatura no Brasil apresenta poucas
pesquisas há poucos estudos em relação à surdocegueira e família, desenvolvimento de
comunicação e, tantos outros objetos de estudo, que devem ser pesquisados para que as
lacunas sejam preenchidas com novas pesquisas ampliando, assim, o avanço científico, nesta
área.
135
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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144
APÊNDICES
145
APÊNDICE A – ENTREVISTA
Data:
Duração:
Entrevistado:
Entrevistadora:
Identificação
Nome:
Data de nascimento: Sexo:
Cidade: Estado:
Endereço Residencial:
Ponto de Referência:
CARACTERIZAÇAO DA ADOLESCENTE
Como a sua filha estabelece a comunicação
o De que maneira a sua filha expressa quando quer algo?
o A senhora compreende o que sua filha quer dizer?
o Como a adolescente se comporta quando é ou não entendida?
o Em sua opinião o que é necessário para que a comunicação ocorra satisfatoriamente entre a
sua filha e a senhora?
o A senhora conhece a Língua Brasileira de Sinais?
Como que pessoa da família permanece a maior parte do tempo em que permanece em casa?
O que a sua filha realiza durante o dia?
o Aceita as atividades?
o Como se comporta?
Há atividades domésticas em que a adolescente lhe ajuda?
o Realiza sozinha?
o Com ajuda parcial? Total?
o O que realiza com mais facilidade?
o O que, em sua opinião, é mais difícil na execução das atividades?
o Compreende instruções dadas pela senhora?
146
Como à senhora descreve as atividades?
o De que maneira a adolescente as realiza: é lenta? Rápida?
o Toma iniciativa ao deparar-se com a situação?
o Inicia e pára – é necessário incentivo constante/
o Qual é o seu ritmo?
o Qual a qualidade da atividade realizada?
Como a adolescente faz a escolha ou expressa as suas preferências? Em que situações?
Como a adolescente estabelece contato com outras pessoas fora do círculo familiar?
o Aproxima-se? Afasta-se?
o Como aborda a pessoa ao deparar-se com ela?
DADOS COMPLEMENTARES
1. Em relação aos COMPORTAMENTOS:
Como fazes para acalmá-la? De que forma?
Em que situação fica mais agitada, os comportamentos ficam mais evidentes?
O que é que eles fazem quando ela para cima?
Tu achas que estes comportamentos se relacionam com o remédio que ela está tomando?
Vocês ficam com medo que ocorra algo com ela?
2. Em relação à COMUNICAÇĀO:
Como compreendes o que tua filha diz?
Quando não é compreendida como reage? O que ela faz?
Na tua opinião o que é necessário para que a comunicação ocorra?
O que achas que deve ser feito para efetivar a comunicação para que ela não fique se batendo?
Para entender o que ela quer e tu o que ela está dizendo?
Depois que fizeste o curso, estas aplicando a LIBRAS e em que situações?
Este fato é em função de não saberes o que tua filha quer ou é por outro motivo?
3. Em relação às ATIVIDADES:
Qual o tipo de atividade que ela faz durante o dia? Qual é a que mais gosta, se é que te ajuda?
Ela compreende as tuas ordens?Como comunicas para ela saber que deve tirar a louça e
colocá-la na pia, por exemplo?
147
Como é que ela entende: é pela fala ou pelo gesto?
Ela precisa ser lembrada constantemente para não se perder na atividade?
Ainda em relação às atividades de vida diária, realiza outras tarefas como fazer a cama após
acordar, por exemplo?
O que realiza com maior facilidade?
E, se falando em água, como fica o banho se ela demora muito ?
Depois que termina o que era para fazer, o que mais acontece?
4. Em relação à ESCOLA:
Como ela sabe que está indo para a escola já que toma banho assim que acorda?
Ela não se atrapalha?
148
APÊNDICE B – ATIVIDADES DIÁRIAS
1. TOMAR BANHO: objetos de referência x fichas no caderno
toalha
sabonete
xampu
pente
2. DIRIGIR-SE AO BANHEIRO
Abrir chuveiro.
Pegar o sabonete.
o Pegar a esponja e passá-la no corpo.
Pegar o xampu.
o Lavar a cabeça.
o Esfregar a cabeça com o xampu.
o Lavar o cabelo para retirar a espuma do xampu.
Fechar a torneira.
Pegar a tolha.
Enxugar o corpo / cabelo.
Pentear o cabelo.
3. VESTIR-SE
Deslocar-se até o quarto.
o Abrir o guarda roupa.
o Abrir a gaveta para pegar o sutiã, calcinha e as meias.
o Na prateleira buscar as roupas: blusa, bermuda, etc..
Colocar a roupa.
Colocar a sandália.
Pendurar a roupa no varal para secar.
4. PREPARAR A MESA DO CAFÉ
Deslocar-se até o armário.
Abrir o armário.
Retirar as louças do armário (xícaras, pires) e colocá-las na mesa.
Fechar o armário após retirá-las.
Abrir a gaveta e retirar os talheres e colocar sobre a mesa.
Pegar o bule com café.
Pegar o pão.
Dirigir-se a geladeira para buscar o leite, a margarina, a chimia, etc. para o pão.
5. SERVIR- SE
Colocar o café na xícara/ leite.
Adoçar o café.
Cortar o pão.
Passar margarina ou musse no pão.
Tomar o café.
Guardar na geladeira a margarina
Retirar a louça da mesa e levá-la até a pia.
Limpar a mesa.
149
6. LAVAR A LOUÇA
Abrir a torneira.
Pegar a esponja e molhá-la.
Colocar o detergente (ou sabão) na esponja.
Passar a esponja na louça e esfregá-la para a retirada dos detritos.
Passar a água para retirar o sabão.
Colocá-las no escorredor de louça, organizando-as.
Deixar a água da louça escorrer.
7. ENXUGAR A LOUÇA
Pegar a toalha no respectivo lugar.
Dirigir-se ao local do escorredor.
Enxugar a louça.
8. GUARDAR A LOUÇA
Colocá-las sobre a mesa.
Abrir o armário.
Guardar e organizar as louças no armário.
Fechar o armário.
Colocar a toalha de louça no varal.
9. ARRUMAR A CAMA
Esticar o lençol e a colcha.
Dobrar e guardar a roupa que dormiu.
10. VARRER A CASA/COZINHA
Pegar a vassoura.
Iniciar a varredura com certa lógica( de dentro para fora, por exemplo).
Pegar a pá de lixo.
Recolher o lixo.
11. ALMOÇO
Distribuir as louças na mesa. Preparar a mesa para o almoço.
o Limpar a mesa.
o Lavar as mãos.
o Abrir o armário.
o Retirar as louças e colocá-las sobre a mesa.
o Abrir a gaveta para pegar os talheres.
o Colocar os pratos e talheres nos lugares.
Sentar-se à mesa.
Servir-se à mesa.
Após o término da refeição.
o Retirar da mesa as louças, talheres, travessas, copos, etc..
o Deslocar-se até a pia para levar as louças.
o Se for possível fazer com que lave a louça antes de vir para a escola.
12. ESCOVAR OS DENTES
Abrir o armário do banheiro.
Pegar a pasta de dente e a escova.
Molhar a escova.
Colocar o creme dental na escova.
Abria a torneira.
Esfregar os dentes.
150
Lavar a boca.
Pegar a toalha.
Enxugar a boca.
Pendurar a toalha no lugar.
Guardar o creme dental e a escova no armário.
13. VIR A ESCOLA
Pegar a mochila
Se deslocar até a condução.
Abrir a porta da condução.
Entrar na condução.
Fechar a porta do veículo.
14. VOLTA DA ESCOLA.
15. GUARDAR A MOCHILA.
16. TOMAR BANHO.
17. JANTAR.
18. DORMIR.
151
APÊNDICE C - OBJETOS DE REFERÊNCIA & ATIVIDADE
152
APÊNDICE D - CADERNO DE APOIO
153
APÊNDICE E– CADERNO de ESTIMULAÇÃO PERCEPTIVA
154
155
APÊNDICE F– CARTELAS COM FIGURAS
156
APÊNDICE G – CADERNO COM FRUTAS
157
APÊNDICE H – DICIONÁRIO
158
APÊNDICE I – PROTOCOLO DE REGISTRO DE OBSERVAÇÃO DE COMPORTAMENTOS DA MÃE E ADOLESCENTE
Atividade Comportamentos observados na mãe Observação da Adolescente
1. Higiene Pessoal
Tomar Banho
Lavar o cabelo
Escovar os dentes
Enxugar o cabelo / corpo
Dirigir-se ao quarto
Vestir-se
2. Tomar café
Colocar a mesa
Sentar-se
Servir-se
Guardar ‘as coisas’ de
geladeira
3. Levar as louças
Levar as louças da mesa à pia
Deslocar-se da mesa até a pia
Lavar a louça
Depositar as peças no
escorredor
Sentar-se
Elaboração: Rita de Cássia Silveira Cambruzzi, 2006.
159
APÊNDICE J – PROTOCOLO DE REGISTRO DESCRITIVO DAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO NÃO–SIMBÓLICA
Formas de Comunicação
Não
Simbólicas
Sessões
Comportamentos 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
Movimentos
Mostra-se excitado em
resposta à estimulação ou
antecipando um
acontecimento
_______________________________
Contorce-se e resiste o
contato físico
_______________________________
Altera o tônus muscular em
resposta à voz ou ao
contato físico calmamente,
em relação a estímulos
súbitos ou ao se preparar
para agir
Vocalizações
Vocaliza para chamar
atenção ou dirigir a
atenção (A)
_______________________________
Ri ou gorgeia em respostas
agradáveis
_______________________________
Chora em resposta a
situações de desconforto .
160
Elaboração: Rita de Cássia Silveira Cambruzzi (2006), tomando como referência Siegel-Casuey & Guess, 1991
Formas de Comunicação
Não
Simbólicas
Sessões
Comportamentos 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
Expressões Faciais
Sorri em resposta a
familiares, objetos e a
situações
_______________________________
Faz careta como reação a
sensações desagradáveis
ou inesperadas
Orientação
Olha ou aponta na direção
de uma pessoa ou objeto
para procurar ou dirigir a
atenção
_______________________________
Desvia o olhar de uma
pessoa para indicar
desinteresse ou recusa
_______________________________
Olha em direção de uma
pessoa, objeto ou
acontecimento que
apareça subitamente
Pausa
161
Pára o movimento em
antecipação de um
acontecimento
_______________________________
Pára para esperar
instruções ou para dar a vez
ao interlocutor
Formas de Comunicação
Não
Simbólicas
Sessões
Comportamentos 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
Toque, manipulação ou
movimento com outra pessoa
Segura ou agarra outra
pessoa para obter algo
_______________________________
Pega e dirige a mão de
alguém para alguma coisa
_______________________________
Coloca o adulto para obter
atenção
_______________________________
Empurra ou deixa ir embora
para dar por terminada a
interação
______________________________
Move-se em conjunto ou
segue o movimento de
outra pessoa
Ação sobre objetos
Estende a mão, inclina-se,
toca, agarra, levanta, faz
162
mexer, larga ou empurra
um objeto para indicar
interesse ou desinteresse
_______________________________
Estende, toca ou coloca
um objeto para mostrar a
alguém ou para pedir que
o use
_______________________________
Estica a mãos para receber
um objeto
Formas de Comunicação
Não
Simbólicas
Sessões
Comportamentos 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
Assumir padrões e deslocar-se
para locais
Estica os braços para que
lhe peguem, estende as
mãos para iniciar um ‘jogo’,
deita-se para trás no
balanço para que o
empurrem, pedir alguma
coisa que está lá
Gestos convencionados
Faz adeus
_______________________________
Acena com a cabeça para
indicar aceitação ou
recusa
Ações descritivas
163
Desenha uma figura para
descrever ou pedir uma
atividade
Afastamento
Empurra ou afasta-se para
evitar uma interação ou
atividade
______________________________
Enrola-se sobre si mesmo, se
deita no chão para evitar
uma interação ou atividade
Formas de Comunicação
Não
Simbólicas
Sessões
Comportamentos 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
Comportamento agressivo ou
auto-agressivo
Bate, arranha, morde ou
cospe para protestar contra
alguma ação ou em
resposta a frustração
_______________________________
Atira ou destrói objetos para
protestar contra alguma
ação ou em resposta a
frustração
164
_______________________________
Bate-se, se morde, se agride
para protestar contra uma
ação ou em resposta a
uma frustração ou por
reação à dor ou a
frustração
165
APÊNDICE K– PROTOCOLO DE REGISTRO DA FREQÜÊNCIA TOTAL DAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO NÃO-SIMBÓLICA
Comportamentos
Forma de
Comunicaç
ão Não-
Simbólicas /
Sessões
Movimento
Vocalizaçõe
s
Expressões
Faciais
Orientaçã
o
Pausa
Toque,
manipulaçã
o ou
movimentos
com outras
pessoas
Ação
sobre
objetos e
uso de
objetos
para
interagir
com
alguém
Assumir
posições
e
deslocar-
se para
locais
Gestos
convencion
ais
Ações
descritivas
Afastament
o
Comportamen
to agressivo ou
auto-agressivo
10ª
11ª
12ª
13ª
14ª
15ª
166
APÊNDICE L – PROTOCOLO DE REGISTRO DESCRITIVO DOS NÍVEIS DE COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
Sessões 1. Comportamento
Pré-Intencional
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
Vocal / Fala
Choro
Balbucio
Gorjeio
Gestual Motor
Movimentos de
cabeça
Mudanças posturais
Movimentos com os
membros
Expressões faciais
Tecnologia eletrônica
Símbolos de três
dimensões
Símbolos de duas
dimensões
TOTAL
Elaboração Rita de Cássia Silveira Cambruzzi (2006) tomando como suporte Rowland & Stremel-Campbell
167
Sessões
2. Comportamento
Intencional
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
Vocal / Fala
Vocalizações de
protesto
Gestual Motor
Olha para objetos
Sorri
Desvia a cabeça
Aproxima-se ou
afasta-se
Estende os braços
Empurra
Tecnologia eletrônica
Símbolos de três
dimensões
Símbolos de duas
dimensões
TOTAL
168
Sessões
3. Comunicação Pré-
Simbólica Não-
Convencional
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
Vocal / Fala
Risos e vocalizações
Gestual Motor
Todos os
comportamentos
anteriores e o contato
visual e físico com
pessoas
Tecnologia eletrônica
Dispositivos para
chamar atenção
Símbolos de três
dimensões
Símbolos de duas
dimensões
TOTAL
169
Sessões
4. Comunicação Pré-
Simbólica Convencional
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
Vocal / Fala
Padrões de
entonação de sons
Vocalizações ligadas
a gestos
Gestual Motor
Olha alternadamente
Estende a mão para
objetos
Toca nas pessoas
Abre as mãos para
cima e para baixo
Acena e abana a
cabeça
Acaricia...
Tecnologia eletrônica
Opção entre duas
hipóteses
Opção Sim/Não
Símbolos de três dimensões
170
Símbolos de duas
dimensões
TOTAL
Sessões
5. Comunicação
Simbólica Concreta
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
Vocal / Fala
Sons mimando /
objetos
Gestual Motor
Gestos descritivos
(meu, vem, senta).
Pantomima
Tecnologia eletrônica
Seleção de símbolos
bidimensionais
concretos
Símbolos de três
dimensões
Objetos concretos
171
Símbolos de duas
dimensões
Fotografias
Desenhos
Contornos
TOTAL
Sessões
6. Comunicação
Simbólica Abstrata
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
Vocal / Fala
Palavras isoladas
Gestual Motor
Gestos manuais
isolados
Tecnologia eletrônica
Seleção de símbolos
bidimensionais
abstratos
Símbolos de três
dimensões
Formas abstratas
172
Formas isoladas em
Braille
Símbolos de duas
dimensões
Gráficos abstratos
Formas escritas
isoladas
TOTAL
Sessões
7. Comunicação
Simbólica
Formal
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
Vocal / Fala
Combinação de uma
ou mais palavras
isoladas
Gestual Motor
Seleção de
combinação de dois
ou mais gestos
173
naturais
Tecnologia eletrônica
Seleção de
combinação de dois
ou mais símbolos
Símbolos de três
dimensões
Combinações de dois
ou mais símbolos
tridimensionais
Símbolos de duas
dimensões
Combinações de dois
ou mais símbolos
bidimensionais
(SPC, escrita)
TOTAL
APÊNDICE M – PROTOCOLO DA FREQÜÊNCIA TOTAL DE RESPOSTAS DOS NÍVEIS DE COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
Elaboração: Rita de Cássia Silveira Cambruzzi(2006) ), tomando como suporte Rowland & Stremel-Campbell (1991).
Sessões
Níveis de Comunicação
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 10º 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª
1. Comportamento
174
Pré–Intencional
2. Comportamento
Intencional
3. Comportamento Pré-
Simbólica
Não–Convencionada
4. Comportamento
Pré–Simbólica
Convencionada
5. Comportamento
Simbólica Concreta
6. Comportamento
Simbólica Abstrata
7. Comportamento
Simbólica Formal
TOTAL
175
APÊNDICE N
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Eu, Rita de Cássia Silveira Cambruzzi, R.G. n° 263.849-5, aluna do Programa de
Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos, vem
solicitar à família de DANIELA MARIA DOS SANTOS, a autorização para participar do
estudo intitulado: A Efetivação de Atitudes Comunicativas de uma Adolescente
Surdocega e a Mãe: Construção de Significados Compartilhados, cujo objetivo é
identificar e analisar a efetivação de atitudes comunicativas de uma adolescente
surdocega e a mãe através da construção de significados compartilhados.
A pesquisa envolverá avaliação inicial / final da adolescente e da mãe
através de instrumentos utilizados bem como, receberá informações de como o
processo de comunicação ocorre e como efetivá-la e, durante a execução da
mesma ocorrerá filmagens, que serão transcritas e poderão ser divulgadas, e o
estudo não trará nenhum malefício por não envolver riscos à saúde para os
participantes.
No decorrer da pesquisa não ocorrerá qualquer despesa para os
participantes e, a família poderá solicitar esclarecimentos adicionais ao
pesquisador, bem como interrompê-la em qualquer momento e circunstâncias.
Os dados pessoais serão mantidos em sigilo pela pesquisadora e, os dados
coletados serão analisados e submetidos à publicação, independentemente dos
resultados finais.
Portanto, diante dos esclarecimentos realizados pela pesquisadora, estou
ciente e de pleno acordo com a participação de minha filha na pesquisa visto que,
a mesma está em concordância com a Resolução n° 196 de 10 de outubro de
1996, do Conselho Nacional de Saúde.
176
___________________________________ ________________________________
Assinatura do responsável Rita de Cássia Silveira Cambruzzi
Datado em: ___/ ___/___ .
APÊNDICE O – CATEGORIAS & SESSÕES: SIEGEL-CASUEY & GUESS
177
178
179
APÊNDICE P – NÍVEIS DE COMPETÊNCIA COMUNICATIVA & SESSÕES: ROWLAND & STREMEL-CAMPBELL
180
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Comunicação Simbólica Formal
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
NÍVEIS DE COMPETÊNCIA
COMUNICATIVA & SESSÕES:
ROWLAND & STREMEL-CAMPBELL
181
Apêndice Q – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA COLETA DE DADOS
Nº da
Sessão
ATIVIDADE RECURSO
Contato inicial Termo de consentimento livre e esclarecido
2ª Entrevista Inicial Protocolo, gravação.
3ª Avaliação Inicial Protocolo
Observação Filmagem, seqüência com objetos de referências, caderno de estimulação perceptiva.
Observação Filmagem, seqüência com objetos de referências, caderno de estimulação perceptiva.
Registro contínuo Filmagem, seqüência com objetos de referências, caderno de estimulação perceptiva
caderno de apoio.
Registro contínuo Filmagem, seqüência com objetos de referências, caderno de estimulação perceptiva,
caderno de apoio, LIBRAS.
8ª Registro contínuo Filmagem, caderno de apoio LIBRAS, dicionário.
9ª Registro contínuo Protocolo, LIBRAS, dicionário, caderno de apoio.
10ª Registro contínuo Protocolo, caderno de apoio LIBRAS, dicionário, cartelas.
11ª Registro contínuo Protocolo, LIBRAS, cartelas.
12ª Registro contínuo Protocolo, cartelas, caderno de apoio, dicionário, LIBRAS.
13ª Registro contínuo Protocolo, dicionário, , LIBRAS,caderno de apoio.
14ª Registro contínuo Protocolo, caderno de apoio, LIBRAS, dicionário
15ª Avaliação Protocolo
Entrevista Final
Orientação
Protocolo
Observações: Não foram contabilizados os dias em que a mãe levou a criança ao médico (duas vezes), no ano de 2005 e, os dias
em que não dormiu bem (duas vezes) referentes ao mês de março 2006(uma) e, uma em abril de 2006.
182
ANEXOS
ANEXO A – VOCABULÁRIO EM LÍNGUA DE SINAIS
ANEXO B – AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA VISÃO
Livros Grátis
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