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COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ
IDENTIFICAÇÃO DE REGIMES DE FLUXO E PREDIÇÃO DE FRAÇÕES DE
VOLUME EM SISTEMAS MULTIFÁSICOS USANDO TÉCNICA NUCLEAR E
REDE NEURAL ARTIFICIAL
César Marques Salgado
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Engenharia Nuclear, COPPE,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Doutor em Engenharia Nuclear.
Orientadores: Roberto Schirru
Luís Eduardo Barreira Brandão
Cláudio Márcio do Nascimento
Abreu Pereira
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2010
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ii
IDENTIFICAÇÃO DE REGIMES DE FLUXO E PREDIÇÃO DE FRAÇÕES DE
VOLUME EM SISTEMAS MULTIFÁSICOS USANDO TÉCNICA NUCLEAR E
REDE NEURAL ARTIFICIAL
César Marques Salgado
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ
COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM
CIÊNCIAS EM ENGENHARIA NUCLEAR.
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Roberto Schirru, D.Sc.
________________________________________________
Dr. Luís Eduardo Barreira Brandão, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Cláudio Márcio do Nascimento Abreu Pereira, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Ademir Xavier da Silva, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Jose Antonio Carlos Canedo Medeiros, D.Sc.
________________________________________________
Dr. Claudio de Carvalho Conti, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Antonio Carlos de Abreu Mol, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
FEVEREIRO DE 2010
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iii
FICHA CATALOGRÁFICA
Salgado, César Marques
Identificação de regimes de fluxo e predição de
frações de volume em sistemas multifásicos usando
técnica nuclear e rede neural artificial / César Marques
Salgado. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2010.
XVI, 161 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Roberto Schirru.
Luís Eduardo Barreira Brandão.
Cláudio Márcio do Nascimento Abreu
Pereira.
Tese (doutorado) UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Nuclear, 2010.
Referências Bibliográficas: p. 112-125.
1. Frações de volume em regime de fluxo multifásico.
2. Redes neurais artificiais. 3. Código MCNP-X. 4.
Detectores Cintiladores de NaI(Tl). 5. Espectrometria
Gama. 6. Regime de fluxo multifásico. I. Schirru, Roberto
et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,
Programa de Engenharia Nuclear. III. Título.
iv
A Deus, à minha família, em especial ao meu Pai (in memoriam).
E a todos aqueles que também acreditaram
Verdadeiramente.
v
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer aos orientadores Prof. Dr. Roberto Schirru, Dr. Luís
Eduardo Barreira Brandão e Prof. Dr. Cláudio Márcio do Nascimento Abreu Pereira que
guiaram este trabalho com dedicação e compreensão desde o período de aquisição de
conhecimentos teóricos até a etapa de conclusões. Um agradecimento especial não
poderia deixar de ser registrado ao orientador e amigo Luís Eduardo Barreira Brandão
que, desde a proposição do tema, sempre acreditou neste trabalho. Igualmente,
apresento meus cumprimentos:
Ao Diretor Dr. Júlio Cezar Suita do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) pela
oportunidade de realização deste trabalho.
À Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pelo conhecimento técnico-
científico adquirido para a realização deste trabalho.
Aos professores da COPPE/Engenharia Nuclear pelos conhecimentos
transmitidos e à equipe da Secretaria, especialmente à nia R. M. Moraes e Josevalda
L. Noronha (Jô), e a todo corpo administrativo do PEN/COPPE/UFRJ, pela ajuda em
todos os processos administrativos.
Aos meus pais, Manoel (in memoriam) e Manoelisa pelo esforço realizado
durante minha educação e instrução que me propiciou chegar até aqui, fato este de suma
importância para toda minha família e para mim.
À minha esposa Luciane e ao meu filho William pelo auxílio, paciência,
ensinamentos, compreensão e muito carinho, dedicado ao longo deste trabalho.
Aos amigos do IEN pela ajuda e torcida a favor, Robson Ramos, Francisco José
de Oliveira Ferreira, Rogério Chaffin, Cláudio Reis, Eder Fernando da Silva, Ricardo
Candeiro, Hasenclever Souza, Ubirajara Maribondo, Ana Cristina, Emídio Abel, Maria
Nilce, Valério Martins e Marcelo Rama.
Ao grande amigo e orientador de Mestrado, Dr. Cláudio Conti e ao Prof. Dr.
Ademir Xavier da Silva pela ajuda em assuntos relacionados ao código MCNP.
Ao amigo Danilo Lacerda Teixeira pelo empréstimo dos detectores de NaI(Tl)
utilizados neste trabalho.
Às amigas e torcedoras: Dona Rosangela e Luciana pelos incentivos durante
todo este trabalho.
Por fim, meu muito obrigado a todos que direta ou indiretamente contribuíram
para a realização deste trabalho.
vi
RESUMO
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)
IDENTIFICAÇÃO DE REGIMES DE FLUXO E PREDIÇÃO DE FRAÇÕES DE
VOLUME EM SISTEMAS MULTIFÁSICOS USANDO TÉCNICA NUCLEAR E
REDE NEURAL ARTIFICIAL
César Marques Salgado
Fevereiro/2010
Orientadores: Roberto Schirru
Luís Eduardo Barreira Brandão
Cláudio Márcio do Nascimento Abreu Pereira
Programa: Engenharia Nuclear
Este trabalho apresenta uma nova metodologia baseada nos princípios de
atenuação de raios gama, por meio de simulações de Monte Carlo (MC), e redes neurais
artificiais (RNAs) supervisionadas para predições de frações de volume e identificação
de regimes de fluxo em sistemas multifásicos tipo, gás, água e óleo encontrados na
indústria petrolífera off-shore. O princípio baseia-se no reconhecimento das
distribuições de altura de pulsos obtidas por detectores cintiladores que são utilizadas
inteiramente para alimentar de forma simultânea as RNAs. As curvas-resposta
(resolução energética e eficiência) de um detector real são consideradas. O sistema de
detecção simulado utiliza dois detectores NaI(Tl) e duas energias de raios gama com
feixe largo. A geometria proposta considera os feixes transmitido e espalhado tornando
o sistema menos dependente do regime de fluxo. O conjunto de padrões necessário para
treinamento e avaliação das RNAs foi gerado por meio do código computacional
MCNP-X baseado no método de MC a partir de modelos teóricos ideais e estáticos de
regimes multifásicos - anular, estratificado e homogêneo. As RNAs mapearam
adequadamente os dados simulados com as frações de volume sem a necessidade do
conhecimento, a priori, do regime de fluxo. As RNAs identificaram corretamente todos
os regimes com predição satisfatória das frações de volume em sistemas multifásicos
indicando a possibilidade de aplicação desta metodologia para tal propósito.
vii
ABSTRACT
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
IDENTIFICATION OF FLOW REGIME AND VOLUME FRACTIONS PREDICT OF
MULTIPHASE SYSTEMS USING NUCLEAR TECHNIQUE AND ARTIFICIAL
NEURAL NETWORK
César Marques Salgado
February/2010
Advisors: Roberto Schirru
Luís Eduardo Barreira Brandão
Cláudio Márcio do Nascimento Abreu Pereira
Department: Nuclear Engineering
This work presents a new methodology for flow regimes identification and
volume fractions prediction in gas-water-oil multiphase systems found in off-shore
petroleum industry. The approach is based on gamma-ray pulse height distributions
(PHDs) pattern recognition by means the artificial neural networks (ANNs). The
detection system uses appropriate fan beam geometry, comprised of a dual-energy
gamma-ray source and two NaI(Tl) detectors adequately positioned in order calculate
transmitted and scattered beams, which makes it less dependent on the flow regime. The
system comprises four ANNs, the first identifies the flow regime and the other three
ANNs are specialized in volume fraction prediction for each specific regime. The PHDs
are directly used by the ANNs without any parameterization of the measured signal. The
energy resolution and efficiency of NaI(Tl) detectors are also considered on the
mathematical model. The ideal and static theoretical models for annular, stratified and
homogenous flow regimes have been developed using MCNP-X mathematical code
(simulations by means of Monte Carlo method), which was used to provide training, test
and validation data for the ANNs. The proposed ANNs could correctly identified all
three different regimes with satisfactory prediction of volume fraction in gas-water-oil
multiphase system demonstrating to be a promising approach for this purpose.
viii
SUMÁRIO
FICHA CATALOGRÁFICA .......................................................................................... iii
RESUMO ........................................................................................................................ vi
ABSTRACT ................................................................................................................... vii
SUMÁRIO..................................................................................................................... viii
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... x
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ...................................................................... xiii
GLOSSÁRIO................................................................................................................. xiv
CAPÍTULO I.................................................................................................................... 1
1 – INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1
1.1 – Revisão Bibliográfica ..................................................................................... 6
1.2 – Objetivo ........................................................................................................ 15
1.3 – Relevância..................................................................................................... 18
CAPÍTULO II................................................................................................................. 19
2 – FUNDAMENTOS TÉORICOS ............................................................................... 19
2.1 – Fundamentos da Radiação ............................................................................ 19
2.1.1 – Interação da Radiação gama com a Matéria .......................................... 19
2.1.2 – Atenuação do feixe de fótons................................................................. 22
2.1.3 – Detecção da radiação ionizante.............................................................. 23
2.1.4 – Detectores de NaI(Tl) ............................................................................ 24
2.2 – Fundamentos do Escoamento Multifásico.................................................... 27
2.3 – Frações de volume por meio de equações analíticas .................................... 30
2.3.1 – Sistemas bifásicos: Cálculos de atenuação da radiação gama ............... 32
2.3.2 – Sistemas trifásicos: Cálculos de atenuação da radiação gama............... 33
2.4 – O método de Monte Carlo ............................................................................ 35
2.4.1 – Código MCNP-X ................................................................................... 36
2.4.2 – Características dos materiais.................................................................. 41
2.5 – Redes Neurais Artificiais.............................................................................. 42
2.5.1 – O Neurônio Artificial............................................................................. 44
2.5.2 – Redes Neurais Artificiais Multicamadas ............................................... 46
ix
2.5.3 Algoritmo de Treinamento de Retropropagação do Erro (Back-
propagation)............................................................................................................ 48
2.5.4 – Validação Cruzada - Conjunto de Dados............................................... 50
CAPÍTULO III ............................................................................................................... 51
3 – MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................... 51
3.1 – MATERIAIS................................................................................................. 51
3.2 – PREDIÇÃO DE FRAÇÃO DE VOLUME .................................................. 52
3.2.1 – Estudo da Potencialidade das Técnicas (“Ferramentas”) ...................... 53
3.2.2 – Geometria Proposta para cálculo das frações de volume ...................... 56
3.2.3 – Obtenção dos Conjuntos de Treinamento, Teste e Produção ................ 61
3.2.4 – Validação experimental do detector NaI(Tl) ......................................... 63
3.2.5 – Aperfeiçoamento do modelo matemático proposto............................... 70
3.3 – IDENTIFICAÇÃO DE REGIMES DE FLUXO POR RNA........................ 73
CAPÍTULO IV ............................................................................................................... 76
4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................ 76
4.1 – Validação do modelo matemático por meio de equações analíticas............. 76
4.2 – Predição da RNA para dados simulados obtidos com o código MCNP-4B. 77
4.3 – Proposta de Modelagem geométrica do sistema trifásico............................. 79
4.3.1 – Predição das fraçoes de volume para os regimes de fluxo estudados.... 80
4.4 – Modelagem do Detector NaI(Tl) .................................................................. 87
4.5 – Novos Modelos matemáticos propostos ....................................................... 93
4.6 – Identificação de Regimes de fluxo por RNA.............................................. 105
4.6.1 – Sistema múltiplo de RNAs .................................................................. 107
CAPÍTULO V .............................................................................................................. 108
5 – CONCLUSÕES...................................................................................................... 108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 112
RELAÇÃO DE TRABALHOS “PUBLICADOS” ...................................................... 126
ARTIGOS EM REVISTAS INTERNACIONAIS....................................................... 128
ANEXO 1: ARQUIVOS DE ENTRADA (INPs) – GEOMETRIA FINAL................ 152
ANEXO 2: CÁLCULO DAS FRAÇÕES DE VOLUME............................................ 156
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Coeficientes de atenuação linear total: a) água e óleo; b) água salinizada. ............... 20
Figura 2 – DAPs obtidas com detector NaI(Tl) 1x1” para fontes: a)
241
Am; b)
137
Cs.................. 22
Figura 3 – Resolução em energia no fotopico............................................................................. 26
Figura 4 – Regimes de fluxo multifásico horizontal................................................................... 28
Figura 5 – Regimes de escoamentos em tubulação vertical........................................................ 29
Figura 6 – Geometria representativa do regime anular para sistemas: a) bifásico; b) trifásico. . 31
Figura 7 – DAP obtida pelo código MCNP-X para 356 keV com detector NaI(Tl) 1x1”. ......... 41
Figura 8 – Modelo de neurônio biológico................................................................................... 44
Figura 9 – Modelo de neurônio artificial..................................................................................... 45
Figura 10 - Estrutura de uma Rede Neural Artificial MLP......................................................... 47
Figura 11 – Geometria simulada do regime anular para sistemas: a) bifásico; b) trifásico. ....... 54
Figura 12 – Geometria simulada do medidor trifásico................................................................ 57
Figura 13 – Modelos de regime de fluxo: a) anular; b) estratificado; c) homogêneo. ................ 58
Figura 14 – Conjunto de padrões: Treinamento, Teste e Produção. ........................................... 61
Figura 15 – Arquitetura da RNA para cálculo de frações de volume. ........................................ 63
Figura 16 – Geometria simulada do medidor trifásico representativa do regime anular. ........... 70
Figura 17 – Arquitetura de RNA para cálculo de frações de volume para o modelo aperfeiçoado.
............................................................................................................................................ 72
Figura 18 Conjunto de padrões de Treinamento, Teste e Produção distribuídos uniformemente
sob o ternário....................................................................................................................... 72
Figura 19 DAPs obtidas pelo código MCNP-X para os detectores D1 e D4 em regimes:
anular: a1) D1 e a2) D4; estratificado: b1) D1 e b2) D4; homogêneo: c1) D1 e c2) D4. ... 74
Figura 20 Esquema de representação utilizado para treinamento da RNA que identifica o
regime de fluxo. .................................................................................................................. 75
Figura 21 – Diferenças obtidas pela RNA para uma e duas energias. ........................................ 78
Figura 22 – DAPs obtidas pelo código MCNP-X para os detectores: a) D1; b) D2; c) D3........ 79
Figura 23 – FVMs obtidas pela RNA para todos os padrões do regime anular: a) ar; b) água... 80
Figura 24 Resultados obtidos pela RNA para o conjunto de Teste do regime anular: a) ar, b)
água..................................................................................................................................... 81
Figura 25 FVMs obtidas pela RNA para todos os padrões do regime estratificado: a) ar; b)
água..................................................................................................................................... 82
Figura 26 Resultados obtidos pela RNA para o conjunto de Teste do regime estratificado: a)
ar, b) água............................................................................................................................ 83
Figura 27 FVMs obtidas pela RNA para todos os padrões do regime homogêneo: a) ar; b)
água..................................................................................................................................... 84
xi
Figura 28 – Resultados obtidos pela RNA para o conjunto de Teste do regime homogêneo: a) ar;
b) água................................................................................................................................. 84
Figura 29 – DAPs obtidas pelo código MCNP-X para o regime homogêneo............................. 85
Figura 30 – Gamagrafia do detector NaI(Tl)............................................................................... 87
Figura 31 Representação esquemática do detector NaI(Tl) mostrando as diferentes regiões,
meios, planos e cilindros considerados na modelagem....................................................... 88
Figura 32 – Curvas Resposta: a) resolução energética; b) largura à meia-altura (FWHM). ....... 89
Figura 33 DAP obtida pelo código MCNP-X para um detector NaI(Tl). São apresentados os
efeitos dos picos de escape e das interações Compton, além do fotopico (reduzido de um
fator 100 para facilitar a visualização)................................................................................ 89
Figura 34 Comparação entre DAPs experimentais e simuladas para fontes: a)
241
Am; b)
137
Cs.
............................................................................................................................................ 90
Figura 35 Curva de eficiência para o detector NaI(Tl) obtida por modelagem matemática e
validada experimentalmente. .............................................................................................. 91
Figura 36 – DAPs para o regime anular obtidas pelo código MCNP-X para os detectores: a) D1;
b) D2; c) D3 ; d) D4............................................................................................................ 94
Figura 37 – Resultados obtidos pela RNA para o conjunto de Teste em regime anular............. 95
Figura 38 DAPs para o regime estratificado obtidas pelo código MCNP-X para os detectores:
a) D1; b) D2; c)D3; d) D4................................................................................................... 97
Figura 39 Resultados obtidos pela RNA para o conjunto de Teste para o regime estratificado;
modelo aperfeiçoado........................................................................................................... 98
Figura 40 DAPs para o regime homogêneo obtidas pelo código MCNP-X para os detectores:
a) D1; b) D2; c) D3 ; d) D4............................................................................................... 100
Figura 41 Resultados obtidos pela RNA para o conjunto de Teste para o regime homogêneo;
modelo aperfeiçoado......................................................................................................... 101
Figura 42 – DAPs obtidas nos detectores para 59,45 keV........................................................ 104
Figura 43 DAPs obtidas pelo código MCNP-X para os detectores D1 e D4 a partir da fração
de volume formada por 30% ar + 20% água + 50% óleo. ................................................ 105
Figura 44 – Sistema múltiplo de RNAs. ................................................................................... 107
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Composição química em fração mássica para os materiais utilizados. ..................... 42
Tabela 2 Dados nucleares das fontes padrões utilizadas na calibração da cadeia de
espectrometria para levantamento da curvas de resolução e eficiência. ............................. 52
Tabela 3 – Dados de entrada e saída que alimentaram a RNA. .................................................. 63
Tabela 4 – Codificação utilizada para o módulo identificador de regimes (RNA 1).................. 75
Tabela 5 – Frações de volume de gás para sistema bifásico em regime anular. ......................... 76
Tabela 6 – Valores de coeficientes de atenuação linear total (µ) e frações de volume............... 77
Tabela 7 – Resposta da RNA para FVM dos padrões de Teste. ................................................. 77
Tabela 8 – Parâmetros de treinamento da RNA utilizados no regime anular. ............................ 80
Tabela 9 – Predição da RNA para o conjunto de Produção do regime anular. ........................... 81
Tabela 10 – Parâmetros de treinamento da RNA utilizados no regime estratificado.................. 82
Tabela 11 – Predição da RNA para o conjunto de Produção do regime estratificado. ............... 83
Tabela 12 – Parâmetros de treinamento da RNA utilizados no regime homogêneo................... 83
Tabela 13 – Predição da RNA para o conjunto de Produção do regime homogêneo.................. 85
Tabela 14 Resposta das RNAs para os regimes anular, estratificado e
homogêneo,considerando faixas de erro............................................................................. 86
Tabela 15 – Valores dos coeficientes.......................................................................................... 88
Tabela 16 Valores dos coeficientes de ajuste da resolução energética para o detector NaI(Tl).
............................................................................................................................................ 89
Tabela 17 – Valores para os coeficientes da Equação 26 obtidos pelo ajuste da curva de
eficiência calculada para o detector NaI(Tl)....................................................................... 92
Tabela 18 – Parâmetros de treinamento da RNA utilizados para o regime anular...................... 94
Tabela 19 – Faixa de erros para predição da RNA em regime anular; modelo aperfeiçoado..... 95
Tabela 20 Predição da RNA para o conjunto de Produção do regime anular; modelo
aperfeiçoado........................................................................................................................ 96
Tabela 21 Parâmetros de treinamento da RNA utilizados para o regime estratificado; modelo
aperfeiçoado........................................................................................................................ 97
Tabela 22 – Faixa de erros para predição da RNA do regime estratificado; modelo aperfeiçoado.
............................................................................................................................................ 99
Tabela 23 Predição da RNA para o conjunto de Produção do regime estratificado; modelo
aperfeiçoado........................................................................................................................ 99
Tabela 24 Parâmetros de treinamento da RNA utilizados para o regime homogêneo; modelo
aperfeiçoado...................................................................................................................... 101
Tabela 25 Predição da RNA para o conjunto de Produção do regime homogêneo; modelo
aperfeiçoado...................................................................................................................... 102
Tabela 26 – Faixa de erros para predição da RNA em regime homogêneo; modelo aperfeiçoado.
.......................................................................................................................................... 103
Tabela 27 – Avaliação do treinamento das RNAs. ................................................................... 103
Tabela 28 – Parâmetros de treinamento da RNA utilizados para identificação de regime. ...... 106
xiii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
A: Número Aleatório
ADC Conversor Analógico-Digital
AIEA: Agência Internacional de Energia Atômica (International Atomic Energy
Agency – IAEA)
AMC: Analisador MultiCanal (MultiChannel Analyzer - MCA)
CdTe: Detector semicondutor de Telureto de Cádmio
CNEN: Comissão Nacional de Energia Nuclear
COPPE: Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia
CZT: Detector semicondutor de Telureto de Cádmio e Zinco (CdZnTe)
DAP: Distribuição de Altura de Pulsos
DFD: Distância Foco-Detector
EGS4: Código de Monte Carlo (Electron Gamma Shower version 4)
FVM: Fração de Volume de Material
FWHM: Largura à meia altura do fotopico (Full Width at Half Maximum)
GEB: Gaussian Energy Broadening (comando disponibilizado no MCNP-X)
Ge(Li): Detector de Germânio dopado com Lítio
HPGe : Detector semicondutor Hiperpuro de Germânio (High-Purity
Germanium)
IA: Inteligência Artificial
IRD: Instituto de Radioproteção e Dosimetria
IEN: Instituto de Engenharia Nuclear
MCNP: Monte Carlo N-Particle: Código de computador para transporte de
nêutron e fóton (computer code for nêutron photon transport)
MLP: Arquitetura de rede feed-forward Multilayer Perceptron
NaI(Tl): Detector cintilador de Iodeto de Sódio dopado com Tálio
PEN: Programa de Engenharia Nuclear
PVC: Policloreto de Vinila
RNA: Rede Neural Artificial
UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina
Z: Número Atômico
GLOSSÁRIO
Algoritmo de aprendizado: é um conjunto de regras bem definidas para adaptar
(aprender) os parâmetros de uma rede neural para a solução de determinada função.
Aprendizado supervisionado: estratégia de treinar modelos para adquirir
conhecimento ou habilidade de entender por meio de experiência dada por um
“professor” ou procedimento sistemático.
Arquitetura Feedforward: tipo de arquitetura de modelo sem ligações de
retroalimentações.
Axônio: é um filamento que funciona como um canal de saída dos estímulos
(informações) para as várias partes do sistema nervoso do organismo.
Dendritos: são conexões por meio das quais os sinais de entrada chegam aos
neurônios.
Dinodo: numa válvula, eletrodo que emite elétrons por meio do fenômeno da emissão
secundária.
Distribuição de Altura de Pulsos (DAP): a informação obtida por medida
espectrométrica de raios gama é a distribuição de altura de pulsos, ela representa os
diferentes processos de interação da radiação com um detector específico devido à
energia depositada pelos fótons neste detector e efeitos espúrios são inseridos neste
processo de medição, tais como: picos de escape, resolução energética etc. Desta
forma, torna-se necessário realizar uma análise cuidadosa da DAP com correções
pertinentes visando obter o espectro “real” dos raios gama.
Efeito Soma: Ocorre quando, em um mesmo decaimento, o radionuclídeo emite dois ou
mais fótons dentro de um intervalo de tempo muito curto de forma que o sistema de
detecção é incapaz de separar os dois eventos considerando-os como um só. Nestes
casos a contagem relativa a estes eventos é feita no canal correspondente à “soma”
das energias de cada fóton emitido.
Eficiência de detecção: caracteriza a capacidade de um detector em registrar fótons
emitidos por uma fonte em uma determinada energia. A eficiência de contagem do
detector é fortemente influenciada por vários fatores, tais como: Número atômico do
elemento sensível; Dimensões (volume); Estado físico (densidade); Campo elétrico;
Geometria de irradiação (distância fonte-detector); Tipo de feixe (colimado, isotrópico
etc.) e o meio entre a fonte de radiação e o detector. De um modo geral, a eficiência
diminui sensivelmente com o aumento da energia dos fótons incidentes, isto se deve ao
maior grau de penetração dos fótons em energias mais altas e ao tamanho limitado do
detector. A eficiência de um detector pode ser definida de duas formas:
xv
i) Eficiência Absoluta: é definida como a razão entre os sinais registrados pelo detector
e o número de fótons emitidos pela fonte.
ii) Eficiência Intrínseca: é definida como a razão entre os sinais registrados e os fótons
incidentes no detector.
As eficiências, ainda, podem-se subdividir em Total e de Fotopico, nesta somente serão
considerados os pulsos relativos à absorção total da energia do fóton incidente,
enquanto na primeira são considerados todos os pulsos registrados pelo detector.
Eficiência de cintilação: é a fração de energia de todas as partículas incidentes que é
transformada em luz visível. Existe uma série de interações da radiação com o material
cintilador com transferência de energia cuja desexcitação não ocorre pela emissão de
luz, mas principalmente sob a forma de calor.
Fotocatodo: catodo de uma válvula fotoelétrica capaz de emitir elétrons quando
excitado por luz.
Fluxo multifásico homogêneo: é um fluxo multifásico no qual todas as fases são
eventualmente distribuídas sobre a seção transversal em tubo fechado; ou seja, a
composição é a mesma em todos os pontos na seção transversal e as velocidades
superficiais (v
s
) das fases quida e gasosa são iguais (sem deslocamento entre si). O
regime de fluxo bubbly é provavelmente a melhor aproximação para fluxo multifásico
homogêneo: (v
Mistura
= v
sGás
+ v
sLíquido
)
Fração de vazio (Void fraction): A razão da área da seção transversal em um tubo
ocupada pela fase gasosa e a área da seção transversal do tubo; expressa como uma
percentagem.
Inteligência Artificial: ramo das ciências da computação dedicado a estudar a maneira
pelas quais os computadores podem ser usados para simular ou reproduzir funções
realizadas por seres humanos.
Medidores:
i) Pressão diferencial: por meio de uma redução da seção de passagem,
aumenta-se a velocidade do fluído, provocando uma diminuição da pressão. A
velocidade média do escoamento é uma função da perda de pressão.
ii) Turbina: uma pequena turbina é impulsionada pela corrente fluida e a
velocidade de rotação da mesma será proporcional à vazão mássica circulante.
iii) Placa: mede-se a força exercida numa placa colocada em forma transversal
ao escoamento que é proporcional à velocidade do fluído.
Padrões de treinamento: dados que são passados para uma rede neural artificial
durante o processo de treinamento.
xvi
Pencil Beam: feixe de radiação emitido em única direção e colimadíssimo, muito
estreito.
Picos de Escape: se um fóton de raio X característico for emitido na direção contrária
à do fóton incidente haverá a probabilidade deste fóton sair do volume sensível do
detector, sem ser absorvido, ou seja, escapar. Principalmente nas interações que
ocorrem nas superfícies do detector, até 40 keV (FEWELL e WEAVER, 1974). Assim,
não ocorrerá a absorção total de energia e acarretará o aparecimento de um pico
localizado no canal correspondente à diferença entre a energia do fóton incidente e a
energia do fóton de raio X característico que foi “perdido”.
Raio X característico: esse fenômeno envolve átomos que foram submetidos a um
processo de ionização, isto é, interagiram com partículas” incidentes com energia
suficiente para retirar um elétron de uma camada eletrônica mais interna, criando uma
vacância, gerando assim uma condição de instabilidade no átomo. Como o átomo tende
a retornar à sua condição estável, um elétron de uma órbita mais externa, desloca-se
para preencher a vacância, resultando numa diminuição da energia potencial do
elétron. O excesso de energia deste elétron é liberado por meio da emissão de radiação
eletromagnética cuja energia é igual à diferença das energias de ligação entre as
camadas correspondentes.
Resolução energética: está relacionada com a capacidade de separar (resolver) duas
energias bem próximas. No caso de detectores (NaI(Tl), é decorrente principalmente
dos seguintes fatores: Flutuações do número de cargas coletadas no ânodo do
fotomultiplicador, por sua vez devidas a flutuações no número de elétrons secundários
produzidos nos dinodos e no número de fotoelétrons liberados no fotocatodo; Ruído
eletrônico: tanto da eletrônica como do detector – corrente de fuga.
Retropropagação de erro (Back-propagation): algoritmo de treinamento de modelos de
redes neurais artificiais.
Sinapse: é conexão entre um axônio de um neurônio e um dendrito de outro.
Ternário: mostra as proporções de um sistema composto de variáveis cuja soma
representa 100%. Ele retrata graficamente proporções de três variáveis, por exemplo:
água, gás e petróleo, como posições em um triângulo eqüilátero.
Tomometria: é definida como a medida da seção transversal dos parâmetros do
processo usando múltiplas medidas em uma única vista objetivando adquirir
informação parcial da seção transversal, a saída do sistema é representada por um
processo de dados, e não por uma imagem no caso de uma tomografia.
Watercut: porção de água na parte líquida existente em um escoamento tipo água-óleo,
por exemplo.
Capítulo I - Introdução
1
CAPÍTULO I
1 – INTRODUÇÃO
Escoamento multifásico é definido como sendo dois ou mais fluidos (gás, sólido
ou líquido) com propriedades diferentes e imiscíveis fluindo simultaneamente em por
um canal, tais como: tubulação ou duto.
Na indústria de petróleo, a produção de óleo e gás natural envolve o transporte
de fluidos (provenientes de rocha-reservatório) nas fases líquidas (óleo e água) e gasosa
até a unidade de processamento onde será realizada a separação das fases. Nos últimos
anos, as operações de produção off-shore (mar) vêm se expandindo para profundidades
cada vez maiores, tornando os custos associados ainda mais altos e fazendo-se
imprescindíveis estudos detalhados de viabilização e otimização dos equipamentos e
processos relacionados ao transporte de fluidos multifásicos.
Para o controle da produção de petróleo off-shore, é necessário conhecer a vazão
de cada componente gás, água salgada e óleo que escoam pelas tubulações dos
poços de petróleo. A prática consiste em conectar a saída de um poço a um separador
gravitacional de teste e medir-se a vazão de cada uma das fases, após a separação, com
medidores convencionais. Geralmente, no
caso de gás, usa-se vortex ou placas de
orifício (orifice plates) e nas linhas de óleo e água, medidor de deslocamento positivo,
turbina (turbine) e medidor do tipo coriolis (COSTA e SILVA et al., 1999). Esta
operação é intensamente trabalhosa e requer muito tempo (6 a 8 horas) para determinar
a vazão de cada poço, e freqüentemente muitos poços alimentam a mesma plataforma
(COSTA e SILVA et al., 1999).
Comumente os sistemas de separação, além de serem caros, têm peso e
dimensão consideráveis (grande volume) ocupando muito espaço nas plataformas de
petróleo. Isto torna os sistemas de medição de vazão, baseados em separação de fases,
muito desvantajosos e praticamente sem potencial para aplicações em ambientes
desfavoráveis, como águas profundas (subsea). A medição da vazão em fluxo
multifásico, sem a separação prévia das fases, apresenta-se como a melhor alternativa.
A tendência é a utilização de dispositivos cada vez mais precisos capazes de medir a
vazão, sem a necessidade de separação das fases.
Capítulo I - Introdução
2
A técnica de medição multifásica (não invasiva) pode ser utilizada sem
modificar as condições operacionais sendo capaz de medir a vazão continuamente e em
tempo real permitindo acompanhar (gerenciar) o desempenho da produção de um poço e
a qualquer alteração nas condições operacionais, possibilitando aperfeiçoar o processo
de produção de petróleo, tornando-se a solução mais adequada para redução dos custos
e aumento da produtividade. Apresenta ainda uma série de outras vantagens em relação
à medição convencional:
Maior durabilidade dos medidores multifásicos, visto que, os sensores
(detectores) não ficam em contato com o meio que geralmente é abrasivo
(técnica não invasiva).
Eliminação de linhas e separadores de testes; proporcionando disponibilidade de
espaço, além da diminuição dos custos.
É composta por um sistema compacto que pode ser instalado diretamente aos
oleodutos.
Tais vantagens tornam os medidores de fluxo multifásico importantíssimos na
indústria petrolífera, por isso têm sido investigados e desenvolvidos por muitos
pesquisadores. Diferentes princípios físicos são usados para medição e determinação de
vários parâmetros e propriedades (fração volumétrica, velocidade interfacial, conteúdo
de água na fase líquida (watercut) etc) em escoamento multifásico, tais como:
impedância (MI et al., 1997, 1998, 2001; TSOUKALAS et al., 1998; JAWORSKI e
DYAKOWSKI, 2005; DYKESTEEN et al., 1985), microondas (BO e NYFORS, 2002;
ARMIN, 2004), técnicas de radiação etc.
No contexto das técnicas nucleares, dispositivos empregando raios X (JONES e
ZUBER, 1975; BOM et al., 2001), fonte de nêutrons (HAN e HUSSEIN, 1994, 1995;
TAKENAKA et al., 1998; RAMOS et al., 2007a, 2007b) ou fontes de raios gama
(BLANEY e YEUNG, 2008; FRØYSTEINA et al., 2005; TJUGUM et al., 2001, 2002a,
2002b; ÅBRO e JOHANSEN, 1999a, 1999b; ÅBRO et al., 1999a, 1999b; HARTLEY
et al., 1995; VAN SANTEN e KOLAR, 1995; HARRISON et al., 1995; VAN
SANTEN et al., 1995; PAN e HEWITT, 1995; JOHANSEN et al., 1994; JIANG e
REZKALLAH, 1993; BISHOP e JAMES, 1993; EBERLE et al., 1992; LIU e WANG,
1991; REBGETZ et al., 1991; ROACH et al., 1995; RAFE, 1989; RAFE et al., 1989;
TOMADA et al., 1987; CHAN e BANERJEE, 1981; ABOUELWAFA e KENDALL,
Capítulo I - Introdução
3
1980), ou até mesmo, uma combinação entre eles, tal como, o uso simultâneo de
atenuação de raios gama e medidas de capacitância (FISCHER, 1994) vêm sendo
utilizados para identificar regimes de fluxo e predizer frações de volume de materiais
(FVMs) em sistemas multifásicos com medições em tempo real e sem interferir no
escoamento.
Técnicas de radiação como métodos de absorção de raios gama, podem fornecer
medidas confiáveis de flutuação de fração de volume e é a melhor escolha para alcançar
a identificação do regime de fluxo (mesmo apesar das considerações de segurança no
que se refere à proteção radiológica). Além disto, a resposta instantânea das medidas
por esta técnica permite caracterização on-line para maioria das aplicações práticas.
A previsão de escoamentos multifásicos em tubulações de petróleo é importante
e ao mesmo tempo uma tarefa extremamente complicada, especialmente devido à
complexa interação entre as diversas fases existentes no escoamento. Inúmeros estudos
têm sido realizados ao longo dos anos para mapear e identificar os possíveis regimes de
fluxo de acordo com as propriedades dos fluidos, geometria do escoamento e condições
de operação (JULIÁ et al., 2008; TJUGUM et al., 2002b; WU et al., 2001; ÅBRO e
JOHANSEN, 1999a, 1999b; MATSUI, 1984; TUTU, 1982; BISHOP e JAMES, 1993;
ÅBRO et al., 1999b; MI et al., 1997, 1998, 2001; JONES e ZUBER, 1975; HUBBARD
e DUKLER, 1966;).
A maioria das medidas de fluxo multifásico, incluindo, velocidade do fluido,
medidas de vazão e frações de volume dependem do regime de fluxo, portanto a
identificação correta do regime pode aumentar a precisão nestas medidas (TJUGUM et
al., 2002a).
Em investigações laboratoriais, julgamentos subjetivos são normalmente
realizados por visualização de fluxo (MISHIMA e ISHII, 1983; TAITEL et al., 1980),
flutuações de fração de vazio (gás) utilizando-se técnica nuclear (JONES e ZUBER,
1975), técnica baseada em impedância (MERILO et al., 1977) ou em flutuações de
pressão (MATSUI, 1984; TUTU, 1982). A informação do regime em fluxos líquido-gás
é usualmente obtida por interpretação individual e subjetiva a partir de observações
visuais (ilustrações gráficas), que podem variar entre diferentes avaliadores. A maior
dificuldade na observação visual, e até mesmo quando se usa fotografia de alta
velocidade, é que a imagem é freqüentemente confundida sendo de difícil interpretação,
especialmente quando se trata com fluxos de altas velocidades. Além disto, existem
muitos sistemas onde a tubulação é opaca e, por isso, a visualização é impossível,
Capítulo I - Introdução
4
portanto esta análise não pode ser aplicada por este método (WU et al., 2001, JIN et al.,
2003).
A identificação de regimes de fluxo, por sistemas tradicionais, que utilizam
classificadores convencionais são muito difíceis (SEKOGUCHI et al., 1987).
Parâmetros de entrada de mapeamento de regime de fluxo baseado em mecanismos
físicos são determinados pelas velocidades superficiais do gás e líquido, as quais são
ilimitadas durante a maioria das operações on-line. Para evitar qualquer julgamento
subjetivo, sistema de RNAs e métodos estatísticos têm sido empregados para conduzir
um mapeamento não-linear dos parâmetros físicos dos regimes de fluxo (SEKOGUCHI
et al., 1987; CAI et al., 1994; MI et al., 1996, 1998).
Visando contornar tais dificuldades, técnicas de inteligência artificial (IA),
especialmente redes neurais artificiais (RNAs) (HAYKIN, 1994) têm sido aplicadas
para interpretar as distribuições de altura de pulsos (DAPs) obtidas por detectores de
radiação para predição de FVMs em sistemas trifásicos (SALGADO et al., 2009, 2007a,
2007b, 2006; YANG et al., 2003; MALAYERI, 2003; ÅBRO et al., 1999a; BISHOP e
JAMES, 1993) e identificação do regime de fluxo (JULIÁ et al., 2008; ÅBRO et al.,
1999b; MI et al., 1997, 1998, 2001; BISHOP e JAMES, 1993; WU et al., 2001).
Em muitos projetos de pesquisa, deseja-se ter uma instrumentação objetiva que
indique quantitativamente o regime de fluxo. Por isso, a utilização de um sistema não
invasivo que possa fornecer as FVMs independentemente do regime de fluxo, sem
avaliação subjetiva, é tão importante (WU et al., 2001; MI et al., 1997, 1998, 2001).
As RNAs são modelos matemáticos inspirados no cérebro humano que possuem
a capacidade de extrair conhecimento por experiência, a partir de um conjunto finito de
exemplos (padrões), e generalizá-lo, ou seja, ter a capacidade de responder
adequadamente
1
a situações não contidas nos padrões de treinamento. As RNAs têm
sido aplicadas com sucesso em diversas classes de problemas, tais como
reconhecimento e classificação de padrões de imagens, voz e sinais gerais, identificação
de comportamentos e tendências (HAYKIN, 1994).
A identificação do regime de fluxo é analisada como um problema de
classificação de padrões que contêm as informações dos regimes dominantes. As DAPs
são utilizadas para alimentar (treinar) RNAs que podem aprender a classificar diferentes
1
Devidamente treinada significa: treinada especificamente para um determinado regime de fluxo com
boa predição dos resultados.
Capítulo I - Introdução
5
regimes de fluxo automaticamente e, desta forma, predizer mais precisamente as frações
de volume.
O conjunto de padrões (diferentes frações de volume e regimes de fluxo)
utilizado para treinamento e avaliação da capacidade de generalização da RNA pode ser
obtido por simulação matemática utilizando um código computacional baseado no
método de Monte Carlo (MC) (ÅBRO et al., 1999a, 1999b). O MC é uma ferramenta de
simulação muito utilizada na área de transporte de radiação (por meio de códigos
computacionais), tais como: nêutrons, fótons e elétrons, e difundida em situações onde
medidas físicas são inconvenientes, difíceis ou impossíveis.
Diversas geometrias de medidas têm sido pesquisadas objetivando a obtenção de
medidores mais precisos e que sejam capazes de responder satisfatoriamente em
possíveis alterações nas condições operacionais, tais como, mudanças no índice de
salinidade na água ou na densidade de um dos meios presentes no escoamento. Além
disto, existe a necessidade de medidores que sejam menos dependentes do regime de
fluxo do que os medidores tradicionais que utilizam apenas um feixe de raios gama
(BLANEY e YEUNG, 2008; EBERLE et al., 1994; LIU e WANG, 1991; CHAN e
BANERJEE, 1981). Muitas geometrias de medida consideram a medição simultânea
dos feixes transmitido e espalhado, objetivando tornar o sistema menos dependente do
regime de fluxo (TJUGUM et al., 2002a). Esta geometria também pode facilitar a
obtenção de informações suficientes para determinação precisa das frações de volume
independentemente do regime por RNAs (SALGADO et al., 2009).
Em virtude da disponibilidade de diversas energias de raios gama, esta cnica
vem se destacando sendo aplicável em vários sistemas, dependendo das características
(espessura, material) da tubulação e dos fluidos, como exemplo, pode-se usar fontes de
radiação de baixa
2
energia (59,45 keV:
241
Am), reduzindo os requisitos de blindagem,
que juntamente com a utilização de detectores compactos podem tornar o dispositivo
razoavelmente portátil podendo ser aplicado em locais com restrição de espaço.
2
Com a possibilidade de utilização de uma janela formada por material com densidade e espessura
menores, como por exemplo, berílio.
Capítulo I - Introdução
6
1.1
R
EVISÃO
B
IBLIOGRÁFICA
JONES e ZUBER (1975) analisaram regimes de fluxo a partir das flutuações de
frações de vazio para obter estatísticas de medidas em fluxo vertical (upward) bifásico
contendo ar e água em um canal retangular empregando um sistema de medida com
raios X colimados visando identificar (avaliar) quantitativamente os regimes de fluxo
presentes. A função de distribuição de probabilidade das flutuações de frações de vazio
foi escolhida como um discriminador de padrão de fluxo para os três regimes
dominantes: bolhas (bubbly), golfadas (slug) e anular.
ABOUELWAFA e KENDALL (1980) aplicaram a técnica de atenuação de raios
gama para elaborar um medidor multifásico utilizando duas energias de raios gama,
57
Co (122 keV) e
133
Ba (365 keV), numa geometria com feixe unidirecional (pencil
beam) e detector de Germânio (Ge(Li)) para medição (estática) de frações de volume de
fases em misturas trifásicas tipo ar, água e óleo, os erros nas medidas de fração de gás
foram de ±1% e na fração de óleo e água de ±10% .
TOMADA et al., (1987), RAFE et al., (1989) e RAFE (1989) relataram o
desenvolvimento de medidores de fluxo multifásico utilizando duas energias de raios
gama com duas fontes, NULAND et al., (1991) usaram o mesmo princípio, porém
utilizaram uma única fonte de
133
Ba. Eles mediram as frações de volume de fases
utilizando feixe unidirecional (pencil beam) e compararam com aquelas obtidas usando
válvulas de fechamento rápido (quick closing valves). A comparação não foi satisfatória
especialmente em altas vazões de ar o qual, segundo os autores, pode ser atribuído ao
método de interpretação de dados usados por eles.
REBGETZ et al., (1991) mostraram numericamente que boa precisão de medida
pode ser obtida para as frações de volume de gás, água e óleo em misturas homogêneas
empregando feixe unidirecional (pencil beam) usando a técnica por atenuação de
radiação gama com duas energias (59,45 keV e 356 keV). Os autores relataram,
também, que ao adicionar sal (NaCl ou KCl) à água, a precisão da medida pode ser
melhorada. As frações de volume das fases medidas foram muito menos precisas do que
as análises preditas.
Capítulo I - Introdução
7
JIANG e REZKALLAH (1993) projetaram um medidor simples e compacto
usando a técnica de atenuação de raios gama. Utilizaram uma fonte de
137
Cs selada e um
detector cintilador operando no modo pulso objetivando realizar medidas para cálculo
de fração de vazio em fluxo bifásico líquido-gás em tubos com diâmetros internos
pequenos. Os resultados das frações de vazio foram calibrados partir das medidas
realizadas por um conjunto de válvulas de fechamento rápido (quick-closing valves) e
apresentaram bom desempenho com erro em torno de ± 5%. Exceto para uns poucos
dados na região transitória de fluxo, o método de medida de fração de vazio em tubos de
diâmetro pequeno (9,5 mm) usando a técnica de atenuação gama funciona também em
tubos de diâmetros grandes (até 100 mm) sob fluxo vertical ascendente (upward)
indicando que não existe influência significativa no diâmetro do tubo nas medidas de
frações de vazio usando o método de radiação gama.
BISHOP e JAMES (1993) introduziram o conceito da técnica de rede neural
artificial para ajudar no reconhecimento do regime de fluxo e obtenção da fração de
volume de fases. Os dados de treinamento foram obtidos a partir da técnica de
atenuação gama utilizando duas energias de 662 keV (Cs
137
) e 1,33 MeV (Co
60
), seis
feixes (três verticais e três horizontais) unidirecionais (pencil beam) e seis detectores
pontuais. Redes de várias complexidades foram treinadas e testadas sob dados
simulados por computador. Este trabalho teórico foi conduzido para medir fração de
vazio e padrão de fluxo em mistura de gás, água e óleo.
FISCHER (1994) relatou o desenvolvimento de uma técnica para a medida de
vazão mássica em composição de misturas gás, água salgada e óleo usando uma
combinação de um tubo Venturi, capacitores e técnica de atenuação gama empregando
apenas um feixe. O autor sugeriu que a medida é válida somente se a mistura é
virtualmente homogênea por todo fluxo com óleo ou ar formando uma fase contínua.
HAN e HUSSEIN (1994) obtiveram sucesso utilizando nêutrons rápidos na
realização de medidas de frações de volume em fluxo bifásico contendo água e gás.
Dando continuidade às pesquisas, (HUSSEIN e HAN, 1995) empregaram o método de
transmissão e espalhamento de nêutrons rápidos provindos de uma fonte de
241
Am-Be e
simulações utilizando um código computacional próprio baseado no método de Monte
Capítulo I - Introdução
8
Carlo, na realização de medidas de fração de volume em um fluxo trifásico homogêneo
contendo ar, água e óleo e obtiveram resultados satisfatórios.
PAN e HEWITT (1995) demonstraram teoricamente e experimentalmente que
frações de volume obtidas via seção transversal (cross sectional phase fractions) em
fluxo de ar, água e óleo podem ser medidas aplicando a técnica de atenuação gama com
a utilização de duas energias com incerteza média de 3% nas medidas.
ROACH et al., (1995) e HARTLEY et al., (1995) desenvolveram um medidor
baseado na transmissão de raios gama para medir a vazão mássica de água, gás e óleo
em tubulações utilizando dois medidores: o primeiro usa uma única energia e o segundo
duas. O medidor foi utilizado em testes nas plataformas de óleo off-shore, apresentando
robustez sob condições típicas dos campos de óleo. As vazões foram determinadas com
erro relativo de 8,9% para o óleo, 5,2% para a água e 8,2% para o gás.
VAN SANTEN e KOLAR (1995) mostraram teoricamente que uma terceira
energia de fóton pode ser usada para reduzir fortemente os erros sistemáticos na
determinação na fração de volume de água sobre a fase líquida (watercut) resultante das
variações espacial e temporal na composição da mistura gás, óleo e água quando
comparada às medidas com atenuação gama com duas energias. A terceira energia do
fóton proposta deve ser significativamente maior do que as outras duas primeiras
energias utilizadas, objetivando fornecer uma medida independente.
VAN SANTEN et al., (1995) focaram seu trabalho na seleção de energias de
raios gama visando minimizar (otimização) erros nas medidas de frações de gás (void
fraction) em fluxo multifásico. Estes autores relataram um estudo teórico para a seleção
dos melhores pares de energia gama a serem utilizados em geometria e composição
específicas. Para um tubo de aço de três polegadas de diâmetro, selecionaram uma fonte
de
133
Ba com energias de 31 keV e 81 keV e intensidade de 30 mCi apresentando erro
de medida de 3%. Os autores assumiram simetria no tubo e cobriram apenas a metade
da seção transversal do tubo, além de empregar detectores de cintilação operando no
modo de contagem (pulsos).
Capítulo I - Introdução
9
MI et al., (1997) desenvolveram um sistema múltiplo de redes neurais artificiais
cujas entradas são medidas provenientes de sensores baseados em impedância
objetivando classificar o regime de fluxo em seção de teste horizontal. Após
treinamento do sistema, os resultados estavam em concordância com os resultados
obtidos por observação visual de outros autores. A vantagem deste método é que o
sistema, uma vez devidamente
3
treinado, pode automaticamente enviar a informação
sobre o regime de fluxo. MI et al., (1998) utilizaram um medidor multifásico não
invasivo para medidas de fração de vazio empregando sensores baseados em
impedância com múltiplos eletrodos a fim de fornecer sinais de entrada para uma rede
neural artificial que é usada para identificar os regimes de fluxo vertical ascendente
(upward) bifásico ar-água. Os resultados experimentais mostram que as flutuações de
frações de vazio obtidas pelo medidor podem ser relacionadas com as características dos
regimes de fluxo. Utilizaram redes neurais com modelos de aprendizagem
supervisionado e auto-organizável (Kohonen) executando satisfatoriamente a
identificação do regime de fluxo. Porém, como adotaram as medidas de impedância em
mistura bifásica como entradas da rede neural têm-se algumas desvantagens. A
primeira, este procedimento somente se adapta aos casos de fluxo bifásico,
especialmente onde a diferença dos coeficientes dielétrico e de condutividade entre as
fases gasosa e líquida seja preferencialmente alta. Segunda, os resultados das medidas
são facilmente afetados por variação de temperatura. Além disto, o tubo deveria ser
feito de material não condutor para garantir que o tubo esteja eletricamente isolado.
ÅBRO E. e JOHANSEN, (1999a, 1999b) desenvolveram um modelo no código
EGS4 (NELSON et al., 1985) para simular o transporte de radiação em atenuação de
raios gama de baixa energia o qual é usado para realizar medidas de fração de vazio
(fração de volume de gás) em fluxos misturados homogeneamente gás/líquido em
diferentes frações de vazio. As respostas dos detectores produzidas pelo modelo com
uma fonte de raios gama de
241
Am forneceram precisão nas verificações computacionais
quando comparada aos dados experimentais. O modelo está sendo usado para
aperfeiçoar a geometria de medida utilizando atenuação gama de múltiplos feixes onde
o objetivo é reduzir erros nas medidas causadas por variações pelo regime do fluxo
3
Devidamente treinada significa: treinada especificamente para um determinado regime de fluxo com
boa predição dos resultados.
Capítulo I - Introdução
10
(distribuição gás/líquido) na seção transversal do tubo. A flexibilidade do modelo
permite alterar facilmente a energia dos fótons, o número de detectores, tipo do feixe de
radiação etc, visando aperfeiçoar a resposta do sistema.
ÅBRO E. et al., (1999a) desenvolveram um sistema onde utilizaram atenuação
de raios gama de feixes múltiplos de baixa energia usando fonte de
241
Am de 14 mCi e
três detectores de CZT para identificação do regime de fluxo e determinação de fração
de vazio, ou seja, fração de gás, em misturas bifásicas, óleo-gás, com fluxos
homogêneo, anular e estratificado. Eles utilizaram redes neurais artificiais para
converter os espectros obtidos por múltiplos feixes de raios gama numa classificação de
regime de fluxo para obtenção de fração de vazio. Redes neurais foram treinadas sobre
dados simulados no código computacional EGS4 (NELSON et al., 1985) baseado no
método de Monte Carlo, enquanto que, dados experimentais obtidos por seções de teste
foram utilizados como conjunto de Teste visando uma generalização de predição da
rede neural evitando, desta forma, um supertreinamento da RNA. Esta análise permitiu
determinação da fração de vazio com um erro de 3% para todos os regimes de fluxos e
os três tipos de regime de fluxo sempre foram corretamente distinguidos.
JOHANSEN e JACKSON (2000) introduziram um método de medida de fração
de volume de gás em fluxos misturados homogeneamente gás, água e óleo
independentemente da salinidade da componente da água utilizando a técnica de
atenuação gama combinado com medidas de transmissão tradicional e espalhamento. O
método utiliza as diferentes respostas na atenuação fotoelétrica e espalhamento
Compton para as mudanças na salinidade. Propuseram uma equação semi-empírica que
calcula a razão entre as contagens provenientes do efeito fotoelétrico, que aumenta com
o acréscimo do teor de sal na água, e as contagens provenientes do efeito Compton, que
diminui proporcionalmente (em uma determinada faixa de energia) com o acréscimo da
salinidade. Utilizaram a energia de 59,45 keV do
241
Am.
LINDSAY et al., (2001) apresentaram uma metodologia baseada em redes
neurais artificiais para a interpretação dos dados provenientes de um medidor de Venturi
e um medidor de raios gama, utilizado para medir a fração volumétrica. Após o
treinamento da rede, pode-se adequar automaticamente às diferentes condições de
operação. Encontraram dificuldades na medição das vazões de água e óleo, devido à
Capítulo I - Introdução
11
similaridade das massas específicas, os sinais do medidor de raios gama, não foram
interpretados de forma adequada e propuseram a inclusão de um medidor watercut no
sistema.
FALCONE et al., (2002) apresentam um resumo das últimas tendências em
termos de medidores de vazão multifásicos e das características mais importantes em
um sistema de medição multifásico, entre as quais pode ser citadas: o nível de confiança
na técnica utilizada, tamanho e peso, necessidade de calibração ao longo da exploração
de uma bacia, visto que as condições de escoamento mudam ao longo do tempo, custo
inicial e de manutenção. Finalmente são mostradas as tendências da medição de vazão
multifásica, destacando como uma técnica muito promissora a utilização de redes
neurais artificiais para a calibração “automática” dos sistemas de medição.
TJUGUM et al., (2002a) demonstraram teoricamente e experimentalmente a
identificação do regime de fluxo líquido/gás usando a técnica de atenuação de raios
gama. Utilizaram uma técnica composta de múltiplos feixes com uma fonte
241
Am e
nove detectores de Telureto de Cádmio (CdZnTe), todos colimados e medindo os nove
feixes transmitidos (tomometria) com intuito de aprimorar as medidas de
hidrocarbonetos por meio dos sistemas multifásicos.
TJUGUM et al., (2002b) utilizaram feixe transmitido e espalhado para obter
medidas de frações de vazio em sistemas água, óleo e gás independente da salinidade
cuja dependência é fortemente significante quando se utiliza radiação de baixa energia.
O instrumento consiste de uma fonte de
241
Am (59,5 keV) e de três detectores (CdZnTe
e CsI(Na)), todos colimados e incorporados na parede do tubo, tornando-o mais
compacto. Também é possível estimar a salinidade da água usando tal princípio. A
determinação teórica de frações de volume de materiais foi obtida utilizando um modelo
simplificado, a radiação espalhada não foi considerada no modelo desenvolvido no
programa computacional MatLab para obter a intensidade dos detectores em diferentes
regimes de fluxo. A validação experimental do instrumento inclui testes (medições)
estáticos utilizando seções de teste plásticas constituídas de polipropileno representativa
dos regimes de fluxo anular e estratificado.
Capítulo I - Introdução
12
YANG et al. (2003) investigaram e validaram o uso bem sucedido de aplicação
de redes neurais artificiais na determinação em tempo real das propriedades de sistema
bifásico sob regime turbulento bolhas (bubble) (upward) submetido à pressões elevadas.
Rede neural supervisionada com algoritmo de treinamento back-propagation foi
treinada com informações (cálculo de pressão) obtidas a partir de resultados de
simulações de um modelo teórico geral. O estudo é estabelecido para predizer,
especialmente as distribuições de frações de vazio e as velocidades de líquido e de gás.
As predições a partir da formulação teórica apresentada foram comparadas com dados
experimentais para verificar a validade do modelo demonstrando boa concordância.
MALAYERI et al., (2003) utilizaram redes neurais artificiais de base radial
supervisionada treinada com dados experimentais: vazão volumétrica, razão de
diferença de densidade e número de Weber, para predizer a fração de vazio em sistemas
submetidos à diferentes temperaturas elevadas. O banco de dados contém medidas
experimentais obtidas a partir da técnica de atenuação de raios gama em uma faixa de
condições operacionais nas quais o regime bifásico (upward) ar-água passa através de
um tubo com diâmetro de 2,42 cm. A predição da rede resultou em frações de volume
com erro relativo médio total de 3,6% para o conjunto de treinamento e 5,8% para
dados não vistos no treinamento da RNA. Além disto, os autores comprovaram que os
resultados experimentais e os obtidos pela rede são qualitativamente consistentes,
demonstrando que RNA em geral pode ser uma ferramenta promissora para a
interpretação e análise de dados de fluxo bifásico.
FRØYSTEINA et al., (2005) desenvolveram e construíram um sistema
tomográfico baseado na translação e rotação de um sistema fonte-detector e
empregaram em instalações de óleo cru sob altas temperaturas e altas pressões visando a
determinação de medidas de distribuição de gás-água-óleo em um tubo de 3 polegadas
de diâmetro. O arranjo emprega uma fonte de
133
Ba juntamente com um detector
CdZnTe e um analisador de espectro digital para aquisição dos dados de atenuação
gama para diferentes posições (chordal) da seção transversal do tubo. Os dados
provenientes de duas energias do
133
Ba obtidos pelo detector são usados como entrada
em um programa computacional de reconstrução. O sistema foi capaz de “resolver”
diferentes configurações geométricas de regime de fluxo na forma de imagens
tomográficas (zonas de fluido) reconstruídas a partir da seção transversal do tubo.
Capítulo I - Introdução
13
Obviamente para algumas configurações, entretanto, onde as misturas têm valores de
coeficiente de atenuação similares, o sistema oferece alguma dificuldade em diferenciar
entre estas regiões. O tempo de medida tem sido variado, indicando um melhor
contraste quando o tempo fica na faixa de 2 até 10 segundos.
SALGADO et al., (2006) alcançaram resultados satisfatórios utilizando redes
neurais artificiais feed-forward Multilayer Perceptron (MLP) baseadas no algoritmo de
aprendizagem de retropropagação do erro (Back-propagation) em uma geometria com
um feixe unidirecional (pencil beam) onde se obteve medidas de transmissão dos raios
gama usando o código computacional MCNP-4B (Monte Carlo N-Particle)
(BRIESMEISTER, 1997) em regime de fluxo anular estático, porém esta geometria de
medida é muito dependente do regime de fluxo. O estudo foi realizado visando analisar
a potencialidade dos modelos matemáticos desenvolvidos no código MCNP, assim
como, a predição das redes neurais na solução de frações de volume em sistemas
trifásicos. SALGADO et al. (2007a, 2007b) avançaram nas pesquisas e estudaram
geometrias mais complexas com feixe largo (fan beam) de radiação e feixes transmitido
e espalhado.
BLANEY e YEUNG (2008) utilizaram a técnica de atenuação gama com uma
fonte de
137
Cs e um detector NaI(Tl) aliada às técnicas de reconhecimento de padrões
para inferir as velocidades superficiais das fases gasosa e líquida, assim como, a fração
de volume de água na fase líquida (watercut) com auxílio de redes neurais artificiais
visando determinar as vazões mássicas das componentes individuais de fluxo
multifásico em uma tubulação vertical (upward), porém não foi possível estabelecer
diferenças visuais nas respostas do detector para certas frações de volume de óleo e
água. Investigaram a classificação dos regimes de fluxo por meio de análise de
distribuições de probabilidade a partir das contagens obtidas no detector NaI(Tl) e redes
neurais artificiais com mapas auto-organizáveis de Kohonen (KOHONEN, 1989)
produzindo boa discriminação exceto quando próximo às transições dos regimes de
fluxo. Estabeleceram um modelo de rede neural específico para cada regime de fluxo
para oferecer uma classificação superior quando comparada com uma única rede neural
feed-forward Multilayer Perceptron (MLP) com algoritmo Levenberg–Marquardt que
inspeciona todos os tipos de regime de fluxo investigados nesse trabalho. Os primeiros
resultados para velocidade de fase superficial são: gás (97% dos pontos de testes) e
Capítulo I - Introdução
14
líquida (65% dos pontos de testes), enquanto para as medidas de fração de volume de
água contida na fase líquida (watercut) (73% dos pontos de testes) com uma precisão de
10% baseada nas correlações do regime de fluxo específico. Os valores das contagens
de referência para cada meio foram determinados em condições estáticas e o registro
das contagens foi realizado em condições de regimes de fluxo permanente (steady state)
com 30 minutos de duração por medida. Os autores propõem combinar a técnica de
atenuação gama com instrumentos não invasivos como medidores baseados em ultra-
som visando melhorar a precisão das medidas.
SALGADO et al., (2009a) empregaram raios gama, por meio do código
computacional MCNP-X, e redes neurais artificiais para obter frações de volume de gás,
água e óleo em regime de fluxo anular, estratificado e homogêneo para analisar as
DAPs obtidas por três detectores NaI(Tl). Utilizaram uma geometria com feixe largo
(fan beam) e feixes de transmissão e espalhamento, tornando o cálculo das frações de
volume menos dependente do regime de fluxo.
SALGADO et al., (2009b) apresentaram metodologia para identificação de
regimes de fluxo em sistemas multifásicos tipo gás, água e óleo sob regimes anular,
estratificado e homogêneo. O princípio baseia-se no reconhecimento das distribuições
de altura de pulsos (DAPs) provenientes de raios gama por meio de Redes Neurais
Artificiais (RNAs). A geometria do esquema de detecção utiliza apenas dois detectores
de NaI(Tl) e emprega duas energias de raios gama (59 keV: Am
241
e 662 keV: Cs
137
)
onde se medem os feixes transmitido e espalhado para adquirir informações sobre
diferentes regimes de fluxo. O conjunto de padrões necessário para treinamento e
avaliação da capacidade de generalização das RNAs foi gerado pelo código MCNP-X a
partir de modelos teóricos ideais e estáticos de regimes multifásicos. A RNA identificou
corretamente os três diferentes regimes de fluxo para todos os padrões avaliados.
Capítulo I - Introdução
15
1.2
O
BJETIVO
O principal objetivo deste estudo é o desenvolvimento de uma metodologia para
obtenção de frações de volume em fluxos trifásicos (gás, água e óleo)
independentemente do conhecimento, a priori, do regime de fluxo com um sistema
baseado em técnicas de atenuação de radiação gama, por meio do método de Monte
Carlo, com a inovação científica de empregar Redes Neurais Artificiais (RNAs) para a
predição simultânea das três frações de volume. Outra grande vantagem deste
procedimento é o emprego de apenas dois detectores cintiladores NaI(Tl) para registrar
a atenuação da radiação gama, o que permite um dispositivo mais compacto e
econômico. O sistema é pouco dependente do regime de fluxo devido à medição de
feixes transmitido e espalhado que aumentam a inspeção da área da seção transversal do
tubo por onde fluem as fases minimizando a resposta a possíveis variações do regime
quando ocorrem fora do feixe de transmissão. O propósito da utilização desta geometria
de medida é adquirir a informação sobre o regime de fluxo presente e reduzir sua
dependência nas medidas de frações de volume dos materiais.
As informações obtidas pelos detectores são utilizadas diretamente e
inteiramente para alimentar RNAs, o que permitiu a utilização de um esquema de
detecção simplificado constituído de apenas dois detectores NaI(Tl), o primeiro
posicionado a 180° diametralmente às fontes de
241
Am e
137
Cs e o segundo a 45°, este
arranjo possibilitou uma predição satisfatória (considerando erro de até 10%) da RNA
na obtenção das frações de volume de gás, água e óleo independentemente do regime de
fluxo.
O conjunto de padrões necessários para treinamento da RNA supervisionada foi
gerado por meio do código computacional MCNP-X, a partir de modelos teóricos
estáticos e ideais dos regimes de fluxo anular, estratificado e homogêneo em sistemas
multifásicos o que facilitou o desenvolvimento da geometria mais apropriada a ser
utilizada evitando a utilização de seções de testes representativas de cada um dos
regimes de fluxo, fontes radioativas e detectores. Todas as RNAs usadas são Multilayer
Perceptron feed-forward (MLP) de três camadas submetidas ao algoritmo de
aprendizagem: retropropagação do erro (Back-propagation), porém, obviamente, com
parâmetros de treinamento diferentes.
Capítulo I - Introdução
16
O modelo desenvolvido no código computacional MCNP-X considera os efeitos
da interação da radiação com os meios envolvidos e as distribuições de altura de pulsos
(DAPs) obtidas pelos detectores NaI(Tl). As curvas-resposta (resolução energética e
eficiência), dimensões e características de um detector real também são consideradas, de
uma forma geral, o modelo apresentado tende a aproximar-se do caso real.
A metodologia, ainda, é muito versátil, dependendo das características do
sistema tubo-fluido analisado pode-se determinar facilmente, com a utilização do
código computacional MCNP-X, uma nova geometria de medida objetivando o
aperfeiçoamento (otimização) dos resultados.
Dentre os trabalhos de pesquisa de outros autores, os que apresentam uma maior
correlação com esta tese são os trabalhos de BISHOP e JAMES (1993), ÅBRO et al.
(1999a), YANG et al., (2003) e MALAYERI et al., (2003). As principais diferenças e
inovações desta tese são expostas a seguir.
Como proposto nesta tese BISHOP e JAMES (1993) também utilizaram uma
geometria com duas energias (662 keV e 1,33 MeV) e RNAs para quantificação de
frações de volume e identificação de regime de fluxo em escoamentos trifásicos. Estes
autores, entretanto, usaram seis feixes unidirecionais (pencil beam) e seis detectores
pontuais. Esta geometria aproxima-se de um sistema tomográfico apresentando alto
grau de complexidade, o que poderá oferecer dificuldades de execução de projeto, além
disto, o modelo teórico apresenta muitas simplificações, onde os efeitos da radiação e a
resposta dos detectores não são considerados. E ainda, a informação utilizada para
treinamento das redes neurais é o comprimento da trajetória, ou seja, a própria distância
pelo qual a radiação atravessa o meio em questão e não a própria DAP medida que deve
considerar os principais efeitos da radiação com a matéria (absorção fotoelétrica,
espalhamentos etc.) Sabe-se, entretanto, que a parametrização de um sinal medido, ou
seja, a escolha de algumas das características nele presentes pode vir a implicar em
perda de informações importantes. Outro problema verificado foi que a análise de
generalização da rede não foi avaliada no trabalho apresentado pelos outros autores por
um conjunto de padrões não utilizados durante o treinamento, observou-se apenas a
resposta para conjunto de Teste, que a princípio indica boa generalização. Faz-se
necessário, então, realizar um teste final com dados não “vistos” durante o processo de
treinamento visando analisar a resposta da RNA na fase de trabalho.
Nesta tese, em invés de uma parametrização do sinal medido, ou seja não foi
realizado nenhum tipo de pré-processamento no sinal, propõe-se a utilização inteira e
Capítulo I - Introdução
17
direta das DAPs obtidas por detectores NaI(Tl). A escolha de certos parâmetros da DAP
tais como: região fotoelétrica, ou largura à meia altura, pode incorrer a perdas de
informações, sendo este um grande diferencial que propiciou a utilização de um
esquema de detecção simplificado que utiliza apenas dois detectores. A metodologia
proposta apresenta, ainda, uma modelagem bastante realística comparada ao trabalho de
BISHOP e JAMES (1993), tanto dos detectores quanto dos efeitos da interação da
radiação com a matéria.
ÅBRO et al., (1999a) desenvolveram um sistema onde utilizaram atenuação de
raios gama empregando feixes múltiplos de baixa energia usando fonte de
241
Am e três
detectores de CZT para determinação do regime de fluxo e cálculo da fração de volume
de gás em misturas bifásicas, óleo-gás. RNAs foram treinadas sobre dados simulados no
código computacional EGS4. Os autores usaram três detectores para a determinação da
fração de volume de apenas um meio (fase) em um sistema bifásico. Diferentemente, a
metodologia proposta neste trabalho foca seu objetivo em fluxos trifásicos, o que torna a
modelagem e a quantificação das frações de volume independentemente do regime de
fluxo muito mais complexas. Os autores, YANG et al. (2003) e MALAYERI et al.,
(2003) também focaram seus estudos em sistemas bifásicos.
Desta forma, este trabalho estabelece uma metodologia original por meio de um
sistema inteligente composto por múltiplas redes neurais capaz de identificar o regime
de fluxo dominante e predizer com boa precisão as frações de volume em escoamentos
multifásicos (gás, água e óleo). A técnica baseia-se em reconhecimento de padrões de
DAPs (simulados pelo método de Monte Carlo) por meio de RNAs sendo capaz de
predizer as frações de volume independentemente do regime de fluxo dominante.
Para realizar o objetivo proposto, fez-se necessário a execução das seguintes
etapas:
i) Avaliar a potencialidade de utilização do código computacional MCNP na
modelagem dos sistemas multifásicos a serem estudados;
ii) Avaliar a potencialidade de utilização de RNAs na predição de frações de
volume em sistemas multifásicos;
Capítulo I - Introdução
18
iii) Desenvolver metodologia para predição de frações de volume em sistemas
multifásicos;
iv) Desenvolver e investigar geometria composta por detectores e feixe largo (fan
beam) utilizando dados simulados de transmissão e espalhamento de raios gama
objetivando “aumentar a área de visualização” da seção transversal do tubo
inspecionada em regimes anular, estratificado e homogêneo;
v) Desenvolver metodologia para identificação de regimes de fluxo por meio de
RNA.
vi) Integração da RNA para identificação de regimes de fluxo com as RNAs para
predição de frações de volume.
1.3
R
ELEVÂNCIA
A avaliação precisa e em tempo real das frações de volume, independente do
regime de fluxo, em escoamentos tipo água, gás e óleo utilizados na indústria petrolífera
é fundamental para a otimização dos custos de produção/transporte de petróleo.
A utilização de radiação gama associada à metodologia de redes neurais
artificiais devidamente treinadas juntamente com a utilização das distribuições de altura
de pulsos, sem qualquer pré-processamento, obtidas por apenas dois detectores é um
diferencial importante deste trabalho; podendo obter a avaliação das frações de volume
mesmo quando ocorrerem alterações nos sistemas, tais como, salinidade, densidade e
regime de fluxo, permitindo desta forma, uma diminuição nos erros na determinação
desta grandeza.
Outro aspecto muito importante é o desenvolvimento de tecnologia nacional,
desta forma, dispor de um sistema de medição capaz de determinar precisamente as
frações de volume dos meios (água salgada, gás e petróleo), sem a necessidade de
separação e medição de cada fase isoladamente evitando, assim, a interferência no
escoamento, com requisitos próprios específicos para cada instalação petrolífera, com
custo baixo, é de grande importância.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
19
CAPÍTULO II
2 – FUNDAMENTOS TÉORICOS
Neste capítulo serão descritos os conhecimentos teóricos necessários para uma
melhor compreensão da metodologia proposta neste trabalho. Abordagens sobre os
seguintes assuntos serão tratadas: radiação gama, regimes de fluxo em sistemas
multifásicos, modelagem matemática utilizando o método de Monte Carlo e Redes
Neurais Artificiais.
2.1
F
UNDAMENTOS DA
R
ADIAÇÃO
No contexto dos medidores multifásicos baseados em técnica nuclear, mais
especificamente na atenuação de raios gama, torna-se necessário para melhor
entendimento o estudo da interação da radiação gama com os meios em análise.
Tradicionalmente estes instrumentos consistem de fonte(s) de radiação e detector(es)
posicionado(s) do lado externo ao tubo. A radiação direta ou indiretamente ionizante é
caracterizada por seu poder de interagir com a matéria. Nestas interações, normalmente
ocorre transferência de energia da radiação para a matéria, provocando uma série de
excitações e ionizações de átomos ao longo do seu percurso.
2.1.1
I
NTERAÇÃO DA
R
ADIAÇÃO GAMA COM A
M
ATÉRIA
Os principais mecanismos de interação dos raios gama com a matéria são: o
efeito fotoelétrico, os espalhamentos coerente e incoerente e a produção de pares
4
. A
probabilidade relativa de ocorrência de cada um destes eventos depende da energia dos
fótons e do número atômico do meio absorvedor. A faixa de energia de 20 keV a 662
keV é a mais apropriada quando se deseja diferenciar (quantificar) a água do óleo, isto
ocorre porque os coeficientes de atenuação linear total (µ) destes meios apresentam as
maiores diferenças possíveis entre si, nesta faixa de energia, facilitando a obtenção das
4
Como a energia mínima dos fótons incidentes para a produção de pares é de 1022 keV e a faixa de
energia utilizada neste trabalho é bem abaixo deste valor, tal efeito não será discutido.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
20
frações de volume de água e do óleo. Os valores dos coeficientes de atenuação linear
total (µ) da água, água salinizada, e do óleo utilizados para os diversos cálculos neste
trabalho são apresentados na Figura 1. Os valores iniciais destes coeficientes para o gás,
água e óleo foram obtidos em HUBBELL e SELTZER, (1997).
10 100 1000
0,1
1
a)
Coeficiente de atenuaçao linear,
µ
(cm
-1
)
Energia (keV)
água (H
2
O)
óleo (C
5
H
10
)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
b)
Salinidade:
Coeficiente de atenuaçao linear,
µ
Energia (keV)
0%
4%
Figura 1 – Coeficientes de atenuação linear total: a) água e óleo; b) água salinizada.
i) Efeito Fotoelétrico
É a interação que ocorre quando um fóton interage com um elétron fortemente
ligado (em geral aqueles da camada K) ao átomo do material e toda a sua energia é
transferida para este elétron que é ejetado de uma das camadas eletrônicas com uma
energia cinética (E
C
) fornecida pela Equação 1.
lc
EhvE =
Equação 1
Onde:
hν: energia do fóton incidente;
E
l
: energia de ligação do elétron orbital.
Este efeito é predominante em baixas energias (na faixa de energia de ligação
dos elétrons poucas centenas de keV) e também é acentuado para alvos com alto
número atômico.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
21
O efeito fotoelétrico decresce rapidamente quando a energia aumenta e os outros
efeitos começam a se tornar predominantes. Ainda mais, a extração de um elétron de
certo subnível só acontece se a energia do fóton, exceder a energia de ligação da camada
(limiar de absorção). O processo é imediatamente seguido de uma reorganização
5
do
orbital eletrônico, acompanhado pela emissão de raio X característico
6
.
ii) Espalhamento
O espalhamento pode ser de dois tipos: o espalhamento coerente ou Rayleigh,
onde a energia do fóton espalhado tem o mesmo valor da energia do fóton incidente e o
espalhamento incoerente ou Compton, onde a energia do fóton espalhado é menor do
que a do fóton incidente; ou seja, o fóton incidente transfere uma fração de sua energia a
um elétron das camadas fracamente ligadas de um átomo.
Quando a energia do fóton incidente é muito maior do que a energia de ligação
dos elétrons orbitais, o espalhamento Compton prevalece sobre as outras duas interações
(fotoelétrico e Rayleigh).
A partir das equações de conservação do momento e de energia, obtém-se a
energia do fóton espalhado (hν’) que possui direção diferente do fóton incidente e é
calculada pela Equação 2:
)cos1(1
´
2
θ
+
=
cm
hv
hv
hv
o
Equação 2
Onde:
hν: energia do fóton incidente (keV);
θ : ângulo de espalhamento relativo à direção inicial;
m
o
: massa de repouso do elétron (kg);
c: velocidade da luz (m.s
-1
);
m
o
c
2
: energia de repouso do elétron (511 keV).
5
A vacância formada é rapidamente preenchida pelo rearranjo dos elétrons.
6
O termo “característico” deve-se ao fato de que os raios X emitidos serem monoenergéticos e
revelarem detalhes da estrutura eletrônica do elemento químico.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
22
A probabilidade de ocorrer espalhamento Compton é diretamente proporcional à
energia do fóton e inversamente ao numero atômico. O efeito Compton é, ainda,
desprezível quando comparado ao efeito fotoelétrico para energias abaixo de 100 keV, o
que pode ser observado na Figura 2(a) e aumenta consideravelmente para energias mais
elevadas, conforme pode ser visto na Figura 2(b) (SEELENTAG e PANZER, 1979).
0 20 40 60 80
0
500000
1000000
1500000
Contagens
Energia (keV)
Experimental:
241
Am
a)
Fotopico 59,45 keV
Pico de Escape
Detector NaI(Tl)
200 400 600 800
0
5000
10000
15000
Contagens
Energia (keV)
Experimental:
137
Cs
b)
Região Compton
Fotopico
662 keV
Figura 2 – DAPs obtidas com detector NaI(Tl) 1x1” para fontes: a)
241
Am; b)
137
Cs.
2.1.2
A
TENUAÇÃO DO FEIXE DE FÓTONS
Quando um feixe de raios gama (γ) incide sobre um material com determinada
espessura, parte do feixe é espalhada, parte é absorvida pelos processos descritos na
seção 2.1.1 e uma fração atravessa o material sem interagir. A atenuação de raios gama
monoenergéticos é descrita pela Equação 3 (LEIPUNSKI et al., 1965):
x
o
eII
µ
= .
Equação 3
Onde:
I: intensidade transmitida de raios γ (fótons.cm
-2
.s
-1
);
I
o
: intensidade incidente inicial de raios γ (fótons.cm
-2
.s
-1
);
x: espessura do meio absorvedor (cm);
µ: coeficiente de atenuação linear total (cm
-1
).
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
23
O coeficiente de atenuação linear total é a probabilidade do feixe “sofrer”
atenuação devida a eventos de espalhamento Compton, absorção fotoelétrica ou
formação de pares. Seu valor depende do meio absorvedor e é função da energia dos
raios gama.
2.1.3
D
ETECÇÃO DA RADIAÇÃO IONIZANTE
Quando um feixe de radiação gama interage com um detector de radiação
(HPGe ou NaI(Tl)) e, dependendo do processo de interação ocorrido (efeitos
fotoelétrico, Rayleigh, Compton ou formação de pares), toda ou parte de sua energia é
absorvida dentro do volume sensível do detector, a energia transferida pela radiação é
utilizada para a geração de luz, portadores de cargas etc.
Para cada fóton detectado é gerado um pulso de carga, cuja altura fornece a
energia transferida pelo fóton e a contagem destes pulsos corresponde ao número de
interações.
A medida do campo de radiação em função da energia baseia-se na coleta da
carga produzida pela interação da radiação com o detector. Como a carga é função da
energia depositada, a informação primária obtida é a distribuição da energia depositada
e, com isso, após um tratamento, é possível obter informações do espectro de energia
incidente. Para efetuar a espectrometria, o sinal proveniente do detector necessita ser
processado. O sistema de medição consiste basicamente de:
i) Um pré-amplificador sensível à carga cuja função é integrar a carga elétrica, gerando
um sinal de tensão cuja amplitude é proporcional à carga integrada, realizando, ainda, o
“casamento de impedâncias” entre o detector e o amplificador;
ii) Um amplificador cuja finalidade básica é aumentar a amplitude do sinal proveniente
do pré-amplificador (normalmente menor que 1,0 V) para faixas de tensão mais
convenientes (0 a 10 V) para análise posterior e por meio de conformação dos pulsos
maximizar a relação sinal-ruído;
iii) Um Analisador MultiCanal (AMC) que classifica e conta os pulsos conforme suas
amplitudes e armazena a contagem dos pulsos em canais.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
24
2.1.4
D
ETECTORES DE
N
A
I(T
L
)
A radiação gama ao interagir com um detector cintilador, tal como o iodeto de
sódio dopado com tálio NaI(Tl), produz cintilações na ordem de 10
-9
segundos com uma
intensidade luminosa excepcionalmente elevada quando comparada com outros
materiais orgânicos, num fenômeno designado por fluorescência.
Para transformar esta luz em sinal elétrico, utiliza-se uma válvula
fotomultiplicadora constituída de um fotocatodo
7
que converte fóton de luz visível em
elétrons cuja energia situa-se entre 1 a 2 eV. Tais elétrons são devidamente focalizados
e acelerados pelos seus dinodos
8
, com os quais colidem com energia cinética suficiente
(~100 eV), originando elétrons secundários. A cascata de elétrons, resultante do
processo de multiplicação, produz um pulso de corrente ao atingir o ânodo da
fotomultiplicadora, onde é coletado, com intensidade suficiente para ser processado em
um sistema de espectrometria gama.
O número de elétrons convertidos é proporcional à energia da radiação incidente
no cristal e é razoavelmente linear para uma faixa significativa de energias de raios
gama. Isto permite relacionar a amplitude do sinal de corrente com a energia absorvida
pelo cristal. Desta forma, a produção dos fótons é proporcional à energia da radiação e a
eficiência de detecção irá variar com a radiação e com o material utilizado como
cintilador.
Os bons sistemas de detecção baseados em cintiladores apresentam como
principais vantagens:
i) Alta eficiência de contagem, devido ao número atômico relativamente elevado do
Iodo (Z = 53) e densidade de 3,667 g.cm
-3
propicia ao detector NaI(Tl) grande
eficiência de absorção, ou seja, apresenta boa relação fotopico-Compton;
ii) Pode ser construído em peças (cristais) grandes e de fácil usinagem podendo ser
construído para geometrias específicas;
7
Uma película de semicondutor de pouca espessura na ordem de nanômetros.
8
Série de eletrodos que liberam um número maior de elétrons do que os que neles incidem. Uma
diferença de potencial é aplicada entre dinodos subseqüentes.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
25
iii) Não necessita de refrigeração para sua operação e possui baixo custo de aquisição e
de utilização.
Uma das principais características de um detector de radiação é a resolução
9
energética e está relacionada com a capacidade de “resolver” duas ou mais energias bem
próximas no espectro de energia; sua determinação é de suma importância quando se
deseja realizar a identificação de radionuclídeos (neste caso utiliza-se detectores de
germânio, em substituição aos cintiladores) ou quando se faz necessário simular
detectores de forma mais realística. Ela é decorrente principalmente dos seguintes
fatores:
Flutuação estatística do número de cargas coletadas;
Ruído eletrônico: tanto da eletrônica como do detector (corrente de fuga);
Coleta incompleta de cargas.
Em detectores de NaI(Tl) as flutuações no número de cargas coletadas no anodo
da fotomultiplicadora são devidas a diversas variações estatísticas, principalmente, o
número de elétrons liberados na conversão dos fótons em elétrons no fotocatodo, fator
principal no alargamento do fotopico. Em função disto, a linha espectral se alarga
formando um pico Gaussiano
10
. Para melhor exatidão, a medição é realizada no
fotopico, como pode ser visto esquematicamente no exemplo fornecido da Figura 3,
onde a resolução energética do detector para a energia de 50 keV é 4,7%.
Obtém-se na prática a resolução em energia (R
E
) de um fotopico, obtida por um
detector, medindo a largura total à meia altura (FWHM) (H/2) do pico Gaussiano (H)
para uma determinada energia (E
o
), acima da linha de base de radiação de fundo
(DEBERTIN e HELMER, 1988), o que inclui todos os efeitos que causam
alargamento do fotopico; e matematicamente utilizando a Equação 4.
9
Possui baixa resolução energética comparada com detectores de germânio que são utilizados, por
exemplo, na identificação de radionuclídeos.
10
Quando se representa o número de pulsos em função da energia em um feixe monoenergético, observa-
se um pico gaussiano, centrado sobre a energia do feixe denominado pico de absorção total, visto que a
geração de cargas no detector obedece à lei de Poisson cuja média depende do número de cargas
coletadas e da natureza do material do detector.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
26
O
E
E
FWHM
R =
Equação 4
Onde:
FWHM ou (H/2): largura à meia altura do fotopico;
E
o
: energia central do fotopico;
H: pico Gaussiano (pulsos por canal).
45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55
0
10000
20000
30000
40000
%7,4
50
8 1,4816,51
)( =
=ke VR
H
H/2
Eo
E
Pico de absorção total
~2,35 keV
Pulsos por canal
Energia (keV)
Figura 3 – Resolução em energia no fotopico.
A resolução energética de um detector cintilador NaI(Tl) é usualmente relatada
para raios gama 662 keV emitidos pela fonte de
137
Cs. Para detectores cilíndricos 3”x3”
(polegadas), a resolução situa-se na faixa de 7,5 a 8,5%, tais valores podem ser
facilmente obtidos por detectores disponíveis comercialmente (HEATH, 1997).
Quando a instrumentação for usada em campo, onde as situações intempéries
são as mais desfavoráveis possíveis, faz-se necessário utilizar um detector que apresente
robustez e que possa ser utilizado em temperatura ambiente. Além disto, deve possuir
alta eficiência de detecção para que a intensidade da fonte de radiação seja menos
intensa possível, para minimizar os requisitos de blindagem e proteção radiológica.
Por estes motivos, o detector cintilador NaI(Tl) é utilizado neste trabalho e que
portanto conhecer seu funcionamento torna-se fundamental.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
27
2.2
F
UNDAMENTOS DO
E
SCOAMENTO
M
ULTIFÁSICO
O escoamento multifásico
11
é definido como sendo dois ou mais fluidos com
propriedades diferentes e imiscíveis que escoam simultaneamente em uma tubulação,
duto etc. Quando as fases líquida e gasosa escoam juntas dentro de uma tubulação,
distribuem-se segundo configurações interfaciais próprias, isto é, uma distribuição
12
espacial das fases na mistura dentro da tubulação, que depende de:
Condições operacionais: vazão, pressão, temperatura, velocidade etc;
Geometria da tubulação: dimensão, inclinação, forma etc;
Propriedades das fases: densidade, viscosidade etc.
Estas características combinadas determinam certas classes de configurações
interfaciais as quais influenciarão diretamente nas características do escoamento
dominante e são denominadas de regimes de fluxo. Os regimes de fluxo bifásico
(líquido e gás) observados em tubulações horizontais (TAITEL e DUKLER, 1976) são
apresentados na Figura 4 e descritos a seguir:
i) Estratificado (stratified flow): Para baixas velocidades de líquido e gás. Caracteriza-se
pela separação gravitacional total das fases líquida e gasosa com escoamento contínuo
de cada fase.
ii) Estratificado ondulado (stratified wavy flow): Com o aumento da velocidade da fase
gasosa, no escoamento estratificado, ondas são formadas na interface de separação
líquido-gás, gerando o regime ondulado.
iii) Golfadas (slug flow): Aumentando mais a velocidade da fase gasosa no escoamento
ondulado, as bolhas passam a ocupar, em alguns casos, toda a seção transversal da
tubulação formando golfadas, que são rapidamente deslocadas dentro da tubulação.
11
A definição de fase não é relativa ao estado da matéria (sólido, líquido, gasoso, plasma), mas sim ao
número de interfaces presentes no escoamento multifásico. Por exemplo, escoamento bifásico significa a
presença de uma interface, e pode ser do tipo líquido-líquido imiscível ou líquido-gás.
12
O padrão de fluxo depende principalmente das velocidades do gás e do líquido e da relação do
conteúdo de gás/líquido.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
28
Golfadas de gás e líquido se sucedem na tubulação com a de líquido carreando pequenas
bolhas dispersas.
iv) Bolhas alongadas (elongated bubble flow): Aumentando ainda mais a velocidade do
gás no escoamento em bolhas, coalescência
13
, formando bolhas alongadas em forma
de “balas”, que tendem a escoar no topo da tubulação.
v) Bolhas (bubbly flow): Para velocidades muito altas da fase líquida e baixas relações
de gás/líquido. A fase gasosa se encontra dispersa na fase líquida em forma de bolhas
dispersas, mas devido ao efeito gravitacional estas bolhas discretas tendem a se
dispersar no topo da tubulação com a fase líquida contínua.
vi) Anular (annular flow): Para velocidades muito mais altas de gás. O líquido escoa na
superfície interna da tubulação, formando um filme com bolhas dispersas, e o gás escoa
no centro da tubulação, carreando gotículas de líquido.
Figura 4 – Regimes de fluxo multifásico horizontal.
13
O fenômeno de crescimento de uma gotícula de líquido pela incorporação em sua massa de outras
gotículas com as quais entra em contato.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
29
No regime de fluxo vertical ascendente (upward), o regime estratificado
desaparece e um novo padrão pode ser observado (Transição ou Caótico). Os regimes
de classificação de fluxo bifásico (TAITEL e DUKLER, 1976) são apresentados na
Figura 5 e definidos a seguir:
Figura 5 – Regimes de escoamentos em tubulação vertical.
i) Bolhas: Neste escoamento, a fase gasosa se encontra dispersa na fase líquida em
forma de bolhas discretas (pequenas), sendo a fase líquida contínua. Esse escoamento
ocorre tipicamente para baixas velocidades superficiais de gás;
ii) Golfadas: aumentando a velocidade da fase gasosa, as bolhas pequenas tendem a se
aglomerar (coalescem) e o diâmetro desta nova bolha atinge dimensão similar com a da
tubulação. Quando isto ocorre, formam-se bolhas grandes em formato de “balas” ou
“projetéis”, também denominadas bolhas de Taylor, que quase preenchem a seção
transversal do tubo. Com isto, golfadas de gás e quido se sucedem na tubulação com a
golfada de líquido apresentando pequenas bolhas dispersas. O regime de golfadas, em
escoamento vertical, é normalmente simétrico em relação à linha de centro da
tubulação.
iii) Transição ou Caótico (churn flow): É um tanto similar ao de golfadas. É, entretanto,
muito mais caótico. Com as velocidades de gás e líquido maiores do que no caso
anterior, a quebra das bolhas do escoamento em golfadas conduz a um padrão instável e
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
30
desordenado, onde existe um movimento oscilatório de líquido para cima e para baixo
na tubulação.
iv) Anular: o líquido escoa na periferia do duto formando um filme com bolhas
dispersas, e o gás escoa no centro da tubulação, carreando gotículas de líquido.
Os padrões encontrados em um sistema multifásico constituído por óleo, água e
gás, são qualitativamente
similares aos apresentados para sistemas água-ar. Contudo,
em termos quantitativos, as condições de escoamento para as quais os diferentes
padrões se estabelecem podem ser diferentes dependendo das propriedades dos fluídos
envolvidos (PALADINO, 2005).
A ocorrência de escoamento multifásico em tubulações horizontal, vertical ou
inclinada é bastante freqüente em diferentes atividades, tais como, indústria petrolífera e
geração de energia elétrica. Na produção de petróleo off-shore, geralmente
acompanhada de água salgada e gás, o escoamento multifásico está presente em todo o
percurso dos fluidos produzidos, desde a rocha-reservatório às unidades de separação,
passando pela coluna de produção e linhas de transferência para unidades de refino.
2.3
F
RAÇÕES DE VOLUME POR MEIO DE EQUAÇÕES ANALÍTICAS
De forma geral, o método é baseado na atenuação de um feixe transmitido
monoenergético de raios gama por uma tubulação contendo fluido multifásico,
desconsiderando a espessura do tubo e, por conseguinte a atenuação na parede do tubo,
o sinal registrado pelo detector é fornecido pela Equação 5.
=
n
1
o
x (E)- exp (E) I I(E)
ii
µα
1 α
n
1
i
=
Equação 5
Onde:
I
o
: intensidade do feixe incidente;
I: intensidade do feixe emergente;
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
31
x: espessura da componente (meio) em questão;
α
i
: fração de volume da componente i;
E: energia da radiação incidente;
µ
i
: coeficiente de atenuação linear total da componente i.
Para a construção dos modelos matemáticos requerem-se parâmetros a fim de
obter as frações de volume de materiais desejadas. Para uma geometria de medida
submetida ao regime de fluxo anular, mostrada na Figura 6, que utiliza feixe
unidirecional (pencil beam) e perpendicular às camadas de materiais. Os parâmetros de
cada um dos materiais que formam o sistema multifásico podem ser obtidos por meio de
equação analítica fornecido pela Equação 6.
D
X
m
m
=
α
Equação 6
Onde:
α: fração de volume;
X: distância percorrida pelo feixe no meio em questão;
m: meio em questão;
D: diâmetro interno da tubulação.
Meio 1
Legenda:
Meio 2
Meio 3
a)
b)
Fonte: E
1
x /2
2
x /2
2
x
1
x /2
3
x /2
2
x /2
3
x /2
2
x
1
Fonte:
E e E
1 2
Figura 6 – Geometria representativa do regime anular para sistemas: a) bifásico; b) trifásico.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
32
Vale ressaltar que os valores de X
m
são utilizados como informações nos
modelos matemáticos para especificar as frações de volume desejadas, neste trabalho,
estes dados são utilizados no arquivo de entrada (INP) desenvolvido no código
computacional MCNP-4B.
2.3.1
S
ISTEMAS BIFÁSICOS
:
C
ÁLCULOS DE ATENUAÇÃO DA RADIAÇÃO GAMA
O cálculo da fração de volume de materiais (FVMs) em sistemas bifásicos
heterogêneos sob regime de fluxo anular, empregando a técnica de atenuação gama
pode ser obtido utilizando uma geometria composta por um detector de radiação e por
uma fonte de radiação bem colimada com energia (E
1
)
para produzir um fluxo de fótons
unidirecional (I
o
) incidente à normal sob a representação de uma seção de teste como
mostrado na Figura 6(a). O feixe emergente (I
T
) é atenuado pela parede do tubo, pela
mistura de duas fases e pela parede oposta do tubo.
Vale mencionar que a espessura do tubo influencia no valor da intensidade do
feixe transmitido, porém o cálculo da FVM é independente deste fator, visto que a
espessura do tubo é um termo comum na razão das frações de volume. De qualquer
forma é fundamental que se tenha um feixe transmitido com valor suficientemente
grande que possa ser mensurado e registrado pelo detector, resguardando, obviamente,
os pré-requisitos de proteção radiológica.
A equação matemática para determinação das frações de volume dos materiais
nestes sistemas bifásicos com feixe unidirecional é fornecida pelas Equações 7 e 8
(ABOUELWAFA e KENDALL, 1980):
)/ln(
)/ln(
21
2
1
II
II
=
α
Equação 7
1
12
1
2
α1
)/ln(
)/ln(
==
II
II
α
Equação 8
Onde:
α
1,2
: fração de volume do meio 1 ou 2;
I: intensidade de raios gama transmitidos com tubo contendo meios 1 e 2;
I
1
: intensidade contendo apenas o meio 1;
I
2
: intensidade contendo apenas o meio 2;
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
33
2.3.2
S
ISTEMAS TRIFÁSICOS
:
C
ÁLCULOS DE ATENUAÇÃO DA RADIAÇÃO GAMA
Para misturas trifásicas heterogêneas com regime de escoamento anular, a
solução analítica requer mais uma equação, pois o número de variáveis do sistema é
maior do que o sistema bifásico, por isso necessita-se de três equações. Uma maneira
para resolver este problema é utilizar uma segunda fonte ou, ainda, uma única fonte de
raios gama com emissão de duas
14
diferentes
energias E
1
e E
2
, como apresentado na
Figura 6(b). Neste caso, a Equação 5 é resolvida para cada uma das energias gerando
uma matriz cujos elementos são determinados considerando-se o duto, inicialmente,
totalmente preenchido com cada uma das fases (100% de água, 100% de óleo e 100%
de gás) e também com outras proporções conhecidas. De forma mais específica, a
expressão matemática para a determinação das FVMs em sistemas trifásicos
heterogêneos sob regime anular é dada pelas Equações 9, 10 e 11 (ABOUELWAFA e
KENDALL, 1980):
321
αα
1
α
=
Equação 9
( )
(
)
( )
×
×
=
111311
γ2o1
1112
2
µµµ
D
IIln
µµ
1
α
( )
(
)
( )
(
)
( )( ) ( )( )
11132122121231112
2211
γ1o1
21222112
γ2o2
1112
µµµµµµµµ
µµ
D
IIln
µµµµ
D
IIln
µµ
×
×
Equação 10
( )
(
)
( )
(
)
( ) ( )
11221321222112231112
1122
γ
1o1
21221221
γ
2o2
1112
3
µµµµµµµµµµ
µµ
D
IIln
µµµµ
D
IIln
µµ
α
+
+
=
Equação 11
14
A diferença encontra-se na disponibilidade de um radionuclídeo que emita duas ou mais energias, na
faixa de interesse com altas probabilidades de emissão e que possam ser discriminadas, caso contrário
há a necessidade de utilização de duas fontes empregando uma energia de cada uma delas.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
34
Onde:
I(γ
i
): intensidade de raios gama transmitidos com três meios presentes no tubo;
µ
im
: coeficiente de absorção linear;
α
m
: fração de volume;
I
o1
, I
o2
: intensidade incidente às energias E
1
e E
2
respectivamente;
i: relativo à energia;
m: relativo ao meio.
Para resolver as Equações 10 e 11 é necessário obter os coeficientes de
atenuação linear total, µ
im
, que foram calculados pelo código computacional MCNP-4B
a partir da intensidade do feixe emergente (I
T
) (contagens
15
) obtida pelo detector quando
a tubulação contém apenas o meio “m” pela Equação 12. Os dados iniciais dos
coeficientes de atenuação linear de absorção, espalhamento e atenuação são baseados
nos dados de HUBBELL e SELTZER (1997).
x
II
o
)/ln(
=
µ
Equação 12
Onde:
I: intensidade transmitida de raios γ (γ.cm
-2
.s
-1
) para o meio desejado;
I
o
: intensidade inicial de raios γ (γ.cm
-2
.s
-1
);
x: espessura do meio absorvedor (cm);
Vale ressaltar que as Equações 6, 7, 8, 9, 10 e 11 são válidas somente para o
regime de fluxo anular com feixe unidirecional (
pencil beam
) e, por isso, são altamente
dependentes do regime de fluxo, visto que a maior parte da seção transversal não é
“coberta” (inspecionada) pelo feixe de radiação.
Devido a grande complexidade envolvida na determinação de frações de volume
em sistemas de escoamentos multifásicos (especialmente com mais de duas fases) que
15
A saída fornecida pelo código MCNP, por meio do comando F8, apresenta a resposta normalizada
para uma história. Neste trabalho, este valor foi multiplicado pelo número de histórias utilizado obtendo-
se assim os valores correspondentes às contagens.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
35
se deve à inconstância
16
apresentada nos padrões de escoamentos, a análise por meio de
equações analíticas torna-se uma tarefa difícil, visto que são específicas e válidas
somente para um determinado conjunto de parâmetros de um sistema; quando ocorrem
variações no sistema, a solução analítica pode apresentar erros grandes e até mesmo
tornarem-se impraticáveis.
Dada esta dificuldade, utilizaram-se RNAs com o objetivo de realizar a predição
de frações de volume mesmo quando ocorrem variações no regime de fluxo, ou seja,
independentemente, a priori, do conhecimento do regime.
2.4
O
MÉTODO DE
M
ONTE
C
ARLO
É uma ferramenta de simulação utilizada por meio de códigos computacionais,
difundida em situações onde problemas físicos são inconvenientes, difíceis ou mesmo
impossíveis de serem obtidos por medidas experimentais. Pode ser aplicado para
simular processos estatísticos na área de transporte de radiação, o método de Monte
Carlo
17
, por meio de um código computacional, simula as trajetórias de partículas
individuais e os processos de interação da radiação com a matéria pela geração de
números pseudo-aleatórios, a partir da distribuição de probabilidade que governa os
processos sicos envolvidos (interação, espalhamento, captura etc.) (PELOWITZ,
2005).
Pela simulação de um grande número de eventos (histórias), obtêm-se
informações sobre o valor médio de quantidades macroscópicas (grandezas), tais como:
fluência de partículas, dose, corrente e energia depositada, sobre quaisquer superfícies
ou células na geometria utilizada.
Encontra-se na literatura muitas informações sobre o método de Monte Carlo,
abrangendo sistemas, modelos, simulações, geração de números randômicos etc.,
(RUBINSTEIN, 1981; KALOS e WHITLCK, 1986).
16
A distribuição das fases do líquido no espaço e no tempo diferem para os rios regimes de fluxo
existentes e também por ser o perfil do fluxo dependente das propriedades físico/químicas do fluido e da
geometria da tubulação.
17
O desenvolvimento do método de Monte Carlo é normalmente, atribuído aos cientistas que
trabalharam no desenvolvimento das bombas atômicas nos anos 40 em Los Alamos National Laboratory
(LANL). A denominação Monte Carlo vem dos cassinos, ou seja, da geração aleatória de valores
segundo uma distribuição estatística.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
36
2.4.1
C
ÓDIGO
MCNP-X
O código computacional Monte Carlo
N-Particle eXtended
(MCNP-X)
(PELOWITZ, 2005) baseado no método de Monte Carlo (MC) é um código versátil,
amplamente utilizado na área de transporte de radiação envolvendo nêutrons, fótons e
elétrons. Para elétrons, o código considera pósitrons, raios X de captura K e
Bremsstrahlung
e para fótons, o código considera:
Espalhamento coerente e incoerente,
Possibilidade de ocorrer emissão de fluorescência após absorção fotoelétrica,
absorção em produção de pares com emissão local de radiação de aniquilação
Radiação de freamento (
Bremsstrahlung
18
).
A capacidade de tratamento de geometrias complexas tridimensionais e a
variedade de opções de dados de entrada fazem deste código uma ferramenta poderosa e
conveniente, quando aplicada no campo da proteção radiológica, modelagem de
instalações nucleares, detectores, blindagem de radiação etc.
O código é bem documentado, tem sido extensamente validado, e os resultados
obtidos a partir de seu uso são amplamente aceitos, assim como a extensa metodologia
de cálculo aplicada.
O intervalo de energia para fótons, elétrons e nêutrons que é possível de ser
representado no MCNP-X para cada tipo de radiação é (LANL, 2003):
Fótons: 1 keV a 100 GeV;
Elétrons: 1 keV a 1 GeV;
Nêutrons: 10
-11
a 20 MeV para todos os isótopos e até 150 MeV para alguns
isótopos.
De forma simplificada e tomando como exemplo a história de um fóton, o
processo segue as etapas seguintes (PANI
et al
., 1987):
18
Este fenômeno envolve a emissão de radiação quando partículas carregadas aceleradas se aproximam
de núcleos de elementos com número atômico elevado e interagem com seus campos coulombianos; nesta
interação, os elétrons podem reduzir a energia cinética, emitindo a diferença de energia sob a forma de
ondas eletromagnéticas que são denominadas raios X de Bremsstrahlung.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
37
Seleção aleatória da distância (
d
) percorrida pelos fótons entre interações
descritas pela distribuição de probabilidade exponencial, conforme Equação 13.
)(ln
1
A
d
µ
=
Equação 13
Onde:
µ: coeficiente de atenuação linear total;
A: número aleatório.
Seleção do tipo de interação, por números aleatórios, proporcional às seções de
choque dos processos físicos passíveis de ocorrerem. Dependendo da interação,
é feita a escolha de uma nova trajetória.
Se o código seguir também os elétrons gerados, para cada interação de um fóton
é também gerada uma história para o elétron liberado.
Esta história terminará quando o fóton ultrapassar os limites das regiões que
descrevem a geometria de contagem (escape), ou quando a energia do fóton ou
do elétron alcançar um valor mínimo (energia de corte) ou ainda quando a
energia do fóton ou do elétron for completamente absorvida.
O número de histórias especificado no código definirá a precisão e a flutuação
estatística dos resultados. As respostas calculadas também são acompanhadas por um
número “R” que é o erro relativo estimado. É definido como sendo o desvio padrão
estimado da média (
x
S
), dividido pela média estimada (
x
) (PELOWITZ, 2005). Em
termos simples, este parâmetro pode ser usado para formar intervalos de confiança
sobre o principal valor estimado. Para um número muito grande de histórias, uma
chance de 68% (isto é, a 1σ de um intervalo Gaussiano ao redor do valor médio) que o
resultado verdadeiro esteja situado na faixa
(
)
Rx
±
1 . O erro relativo (R) é utilizado para
a avaliação da qualidade dos resultados e é proporcional ao número de contagens,
conforme a Equação 14
:
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
38
N
N
R
Equação 14
Onde:
N: número de histórias.
Desta forma, para reduzir o erro relativo à metade é necessário aumentar em
quatro vezes o número de histórias ou ainda utilizar as técnicas de redução de variância,
quando o tempo de processamento se tornar impraticável.
Vantagens do MCNP-X:
Todas as distribuições de fonte, energia, tempo, posição e direção, assim como
superfícies ou células de onde as radiações são emitidas podem ser definidas em
um arquivo de entrada (INP), não requerendo do usuário conhecimento de
linguagens de programação como FORTRAN, MORTRAN, C++ etc.
A forma de como as histórias são analisadas pode ser modificada utilizando os
comandos disponíveis que fornecem as grandezas de interesse (
tallies
): corrente
de partículas, fluxo de partículas, deposição de energia, distribuição de altura de
pulsos (DAP) entre outras.
Obtenção de um arquivo de saída contendo um resumo do problema em estudo,
auxiliando a compreensão da física do transporte de partículas no código
MCNP-X e a localização de erros quando houver.
O código MCNP-X contém todas as capacidades das versões anteriores do
MCNP, adicionando-se a capacidade de transportar 34 novos tipos de partículas
(prótons, íons leves etc.), expansão da faixa de energia das partículas simuladas.
Novos modelos físicos de simulação, de técnicas de redução de variância e de
técnicas de análise de dados foram adicionados, além de atualizações da extensa
coleção de bibliotecas de seção de choque, o que o torna superior a todas as
versões de MCNP existentes, inclusive no aspecto de tempo de simulação
(PELOWITZ, 2005).
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
39
i) Estrutura dos dados de entrada do MCNP-X
O código MCNP-X é composto por uma série de comandos e arquivos de dados
relacionados com a interação da radiação com a matéria. Neste contexto, o usuário cria
um arquivo de entrada de dados (INP), que é processado pelo MCNP-X, contendo todas
as informações pertinentes (descrição de geometria, materiais, registros de saída etc.)
sobre o problema em estudo que é subdivido da seguinte forma:
Descrição das células (
Cell Cards
) : Nesta etapa, é feita a construção da
geometria do problema em estudo. Contém as informações sobre o tipo de
material e densidade de que cada célula é composta. Para esta representação,
utilizam-se combinações de formas geométricas pré-definidas, como esferas,
planos, elipsóides, dentre outras, que são selecionadas, conforme descrito no
item a seguir (Superfícies). As regiões são combinadas utilizando-se operadores
booleanos, tais como intercessão e união. Para cada célula é necessário atribuir
um número que servirá como sua referência, o número do material que é
formado, a densidade, lista dos operadores e superfícies indicativas daquela
região.
Descrição das Superfícies (
Surface Cards
): As formas geométricas básicas que
compõem cada célula são definidas por caracteres mnemônicos indicando o tipo
de superfície seguido de coordenadas que caracterizam seu posicionamento no
espaço.
Descrição dos Dados Físicos (
Data Cards
): A fonte é definida de acordo com
sua geometria (pontual, plana, volumétrica), posicionamento no espaço, direção,
tipo e energia da radiação.
Os materiais que formam as células são definidos conforme sua composição
química, podendo ser em fração mássica ou atômica. Nesta parte, é possível selecionar
que tipos de partículas seguir e a forma de como são analisadas, além do número de
partículas a serem simuladas.
Para efeito de ilustração dos cartões descritos, a seguir será apresentado um
exemplo de um arquivo de entrada (INP) desenvolvido no código computacional
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
40
MCNP-X que se refere a uma geometria simples formada por um detector NaI(Tl) e
uma fonte isotrópica simulando fótons de 356 keV posicionada a 10 cm do detector,
neste caso a DAP é solicitada por meio do comando “F8”. Um número de 2x10
8
histórias é selecionado.
C CARTÃO DE CÉLULAS
10 1 -3.667 5 -6 -7 IMP:P=1 $ Detector NaI(Tl)
20 2 -1.205E-3 #10(-8) IMP:P=1 $ Região ao redor da geometria
30 0 8 IMP:P=0 $ Fora do universo
C CARTÃO DE SUPERFÍCIES
5 PY 10.00 $ Início detector
6 PY 12.54 $ Fim detector - Espessura 2.54cm
7 CY 1.27 $ Raio do detector
8 SY 5 10 $ Limite da região considerada
C CARTÃO DE DADOS
MODE P
SDEF POS= 0 0 0 ERG=0.356 PAR=2
M1 053000 -0.8449
011000 -0.1531
081000 -0.0020 $ NaI(Tl)
M2 007000 -0.755268
008000 -0.231781
018000 -0.012827
006000 -0.000124 $ ar seco (N, O, Ar e C)
F8:P 10
E8 0 0.01 78I .8
NPS 2E8
ii) Distribuição de altura de pulsos (DAP)
A Distribuição de Altura de Pulsos (DAP) representa na realidade os diferentes
processos de interação da radiação com um detector específico, portanto, alguns efeitos
indesejáveis, principalmente quando não absorção total da energia da radiação (por
exemplo: picos de escape
19
) são inseridos no processo de medição. Além disto, a
eficiência do detector varia com a energia da radiação incidente, dentro deste contexto
para a obtenção do espectro “real” de energia é necessário efetuar-se correções na DAP.
19
A probabilidade é maior em detectores com alto número atômico (Z), tendo em vista o aumento da
probabilidade de interação da radiação na superfície do detector, pois ocorre uma menor penetração no
cristal; não depende de suas dimensões (DI CASTRO et al., 1984).
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
41
Na Figura 7 é apresentada uma DAP obtida com o código computacional
MCNP-X, simulando fótons monoenergéticos de 356 keV incidindo
perpendicularmente à superfície de um detector NaI(Tl) 1x1” (polegada) sem considerar
a resolução energética. Podem-se observar o fotopico em 356 keV e os picos de escape
na parte direita da DAP (devido aos picos de fluorescência do NaI, o raio X da camada
K para o Iodo é 28 keV (356 keV - 28 keV = 328 keV)), na parte esquerda da DAP, as
interações que ocorreram por efeito
Compton
.
0 100 200 300
1000
10000
100000
Joelho Compton
328 keV
Compton
Fotopico 356 keV
Picos de Escape: NaI(Tl)
Contagens
Energia (keV)
MCNP-X
Figura 7 – DAP obtida pelo código MCNP-X para 356 keV com detector NaI(Tl) 1x1”.
2.4.2 CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS
Além de informações sobre a geometria, a modelagem do problema pelo método
de Monte Carlo requer informações, o mais próximo possível da realidade, sobre a
constituição química dos materiais como dados de entrada para o código computacional
visando uma melhor qualidade na elaboração dos modelos matemáticos, aproximando
os resultados teóricos aos reais. A seguir descrevem-se os materiais selecionados para o
estudo, de forma a se obter as informações necessárias para atender aos requisitos do
código computacional MCNP. As composições químicas em fração mássica dos
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
42
materiais utilizados nas simulações são apresentadas na Tabela 1. Os materiais são: aço
inoxidável 316 (ARMON, 1994), água, ar, Policloreto de Vinila (PVC: C
2
H
3
Cl), água
salgada e hidrocarboneto (C
5
H
10
) (HUBBELL e SELTZER, 1997)
20
.
Tabela 1 – Composição química em fração mássica para os materiais utilizados.
Fração mássica (%)
Material – Densidade (g.cm
-3
)
Elemento
ar
0,001205
PVC
1,406
aço 316
7,92
água
1,00
água salgada
(4%)
1,047
C
5
H
10
0,896
NaI(Tl)
3,667
C 0,000124
0,384361
- - 0,856285
N 0,755268
- - - - -
O 0,231781
- - 0,888106
0,852577 -
Ar 0,012827
- - - - -
H - 0,048382
- 0,111894
0,107423 0,143715
Cl - 0,567257
- - 0,024265 -
Na - - - - 0,015735 - 0,8449
I - - - - - - 0,1531
Tl - - - - - - 0,0020
Si - - 0,010000
- - -
Cr - - 0,170000
- - -
Mn - - 0,020000
- - -
Fe - - 0,655000
- - -
Ni - - 0,120000
- - -
Mo - - 0,025000
- - -
2.5
R
EDES
N
EURAIS
A
RTIFICIAIS
O cérebro humano é composto por uma estrutura de grande complexidade
(formada pelas as redes neurais biológicas), com capacidade de processamento não-
linear e paralela, que possui a capacidade de se organizar para a execução de
determinadas tarefas (HAYKIN, 1994). É justamente este paralelismo que garante ao
homem a capacidade de armazenar e representar o conhecimento adquirido tornando-o
acessível (BEALE e JACKSON, 1990).
Numa comparação entre o computador e o cérebro humano, têm-se: os
computadores são capazes de executar seqüencialmente tarefas que estejam
programadas em sua memória. São muito mais rápidos e precisos do que o cérebro
humano em cálculo de operações matemáticas. Porém, são pouco eficientes na execução
20
Disponível online: http://physics.nist.gov/xaamdi [2004, July 26]. National Institute of Standards and
Technology, Gaithersburg, MD.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
43
de funções aparentemente simples para o ser humano, tais como, a identificação e o
reconhecimento de padrões visuais ou sonoros. Enquanto que para um computador tais
tarefas são difíceis, para o nosso cérebro podem ser feitas em menos de 200
milissegundos (HAYKIN, 1994). Esta característica inspirou pesquisadores em
desenvolver modelos baseados no funcionamento do cérebro humano as Redes
Neurais Artificiais (RNAs).
A principal característica das RNAs é a capacidade de aprender por meio de
exemplos, são capazes de descobrir comportamentos e padrões a partir de um conjunto
finito de informações (exemplos), denominado conjunto de treinamento, apresentado à
RNA. Se um conjunto de treinamento adequado é fornecido, a RNA é capaz de
generalizar o conhecimento adquirido durante o processo de treinamento
(aprendizagem), ou seja, a RNA torna-se capaz de responder adequadamente para novas
situações, não incluídas no conjunto de treinamento.
Uma RNA constitui-se de unidades simples de processamento interconectadas,
chamadas neurônios artificiais. Cada neurônio é responsável pelo mapeamento de dados
de “entradas e saídas” por meio de funções matemáticas (normalmente não-lineares).
As RNAs têm-se mostrado de fácil aplicação (tanto por software como por
hardware), eficientes, especialmente em problemas onde não uma formulação
analítica ou onde não é requerido um conhecimento prévio da distribuição das variáveis
(dados de entrada e saída), ou ainda, quando o próprio problema modifica-se com o
tempo. O funcionamento de uma RNA pode ser descrito em duas fases distintas:
i) A fase de “treinamento” ou “aprendizado”, a qual é realizada pelo uso de um
algoritmo de treinamento, onde é necessário que a RNA aprenda características
(comportamentos, padrões etc) de um conjunto finito de exemplos previamente e
cuidadosamente fornecidos. A etapa de aprendizagem é freqüentemente chamada de
fase
off-line
, consiste em um processo iterativo de ajuste dos parâmetros da rede - os
pesos das conexões entre os neurônios - que guardam o conhecimento adquirido pela
rede que obteve do ambiente (conhecimento prévio) em que está operando
(representando).
ii) A fase de “operação” (ou uso da RNA), na qual a RNA é usada para responder a
novas situações (mundo real). Refere-se a esta fase como fase
on-line.
Nesta fase a
RNA não precisa mais do conjunto de treinamento.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
44
As RNAs possuem outras características relevantes na concepção de uma grande
variedade de aplicações (PANDYA e MACY, 1995):
Adaptabilidade: algoritmos de aprendizagem e regras auto-organizáveis
permitem a adaptação (auto-adaptativas) em ambientes dinâmicos (BAETS e
VENUGOPAL, 1994);
Processamento não-linear: habilidade de executar tarefas que envolvam
relacionamentos não-lineares e tolerantes a ruídos torna as RNAs uma boa
técnica para classificação, predição e agrupamentos (TANG
et al
., 1990).
2.5.1 O NEURÔNIO ARTIFICIAL
Os neurônios artificiais são modelos matemáticos simplificados do neurônio
biológico, apresentado na Figura 8
21
,
que procuram simular sua forma, comportamento
e funções básicas.
Figura 8 – Modelo de neurônio biológico.
O cérebro é composto por células altamente diferenciadas denominadas
neurônios. Cada neurônio possui um corpo celular, onde se localiza o núcleo, dentro do
21
Figura obtida em www.lps.usp.br/neo/rede.jpg [22/04/2008].
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
45
qual se encontra a maioria dos seus orgânulos. Do corpo celular de cada neurônio
partem prolongamentos que podem ser funcionalmente divididos em axônios e
dendritos (HAYKIN, 1994). Impulsos elétricos chegam ao neurônio por meio de seus
dendritos, sendo então processados no corpo celular e, finalmente, transmitidos por
meio de seu axônio para os dendritos de outros neurônios. Esta conexão axônio-dendrito
denomina-se sinapse. As sinapses são ligações químicas e temporárias, e ocorrem por
meio de neurotransmissores
22
. Na sinapse, ocorre um pré-processamento que pode
alterar o sinal de entrada (atenuando-o ou amplificando-o).
Enquanto que, no neurônio artificial, os impulsos/sinais de entrada são valores
escalares e as sinapses são representadas por pesos que ponderam os sinais de entrada,
transmitindo-os em seguida para o corpo celular; que aplica uma transformação não
linear ao somatório das entradas ponderadas. O modelo do neurônio artificial
simplificado (HAYKIN, 1994) é ilustrado na Figura 9.
Saída
y
t
ϕ(.)
w
t1
w
t2
w
tm
x
1
x
2
x
m
Σ
Bias θ
t
E
n
t
r
a
d
a
s
Figura 9 – Modelo de neurônio artificial.
22
Diz-se de neurotransmissor, ou substância liberada por célula nervosa, que transmite a outra célula,
de nervo ou músculo, um impulso nervoso.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
46
O limiar de disparo do neurônio é representado por uma função de transferência
que promove a ativação ou a inibição do neurônio onde a função matemática é fornecida
pela Equação 15.
+=
=
tm
N
m
tmj
xwy
θϕ
1
Equação 15
Onde:
X
r
(x
1
, ..., x
m
): representa as entradas da rede;
W
tm
(w
t1
, ..., w
tm
): representam os pesos sinápticos associados a cada componente, “x
m
”,
do vetor de entrada;
θ
t
: representa o peso da polarização (
bias
).
O limiar (
threshold
), θ
t
, possui a função de deslocar a função de ativação ϕ(),
mudando o ponto onde a região de ativação do neurônio ocorre. A função de ativação
ϕ(), tipicamente sigmóide ou logística, é responsável pela intensidade do sinal a ser
transmitido limitando a amplitude de saída do neurônio.
2.5.2 REDES NEURAIS ARTIFICIAIS MULTICAMADAS
Uma RNA multicamadas com propagação do sinal adiante, do inglês
feed-
forward Multilayer Perceptron
(MLP), é composta de várias camadas de neurônios,
como ilustrado na Figura 10
23
.
Este tipo de arquitetura caracteriza-se pela organização dos neurônios em uma
camada de entrada, uma ou mais camadas intermediárias, onde ocorre a maior parte do
processamento por meio das conexões ponderadas, e uma camada de saída. As saídas
dos neurônios de uma camada são conectadas aos neurônios da próxima camada, sem
realimentação.
A rede MLP é considerada como um aproximador universal de funções, pois
permite mapear qualquer função linear ou não-linear, sendo que seu nível de precisão
23
O Bias não é representado nesta figura.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
47
dependerá principalmente do número de neurônios, bem como da escolha eficiente do
conjunto de dados de treinamento (CYBENKO, 1989).
Sdas
Entradas
Neurônio 1
Neurônios
Intermedrios
Pesos
Camada de
Entrada
Camada de
Saída
Camada
Intermedria
Neurônio 2
Neurônio 1
Neurônio 2
Neurônio “n”
Neurônio 3
Pesos
Figura 10
-
Estrutura de uma Rede Neural Artificial MLP
O aprendizado de uma RNA é feito por meio de treinamento, desta forma, a rede
adapta-se aos dados de forma a assimilar o conhecimento neles contido. De uma forma
geral, o treinamento de uma rede pode ser caracterizado como supervisionado ou não-
supervisionado.
No treinamento não-supervisionado (auto-organizável) os pesos são ajustados em
função da similaridade (classes ou grupos) dos dados de entrada formando
grupamentos (
clusters
). Neste tipo de treinamento não existe saída previamente
conhecida. Para extrair características relevantes é necessário que entradas
semelhantes sejam apresentadas à RNA (FAUSETT, 1995). Normalmente, a
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
48
distância Euclidiana entre as classes é calculada, e o neurônio representando o peso
mais próximo do vetor de entrada é considerado como o vencedor, tendo, então,
seus pesos ajustados, um exemplo de treinamento supervisionado é o mapa Auto-
organizável de
Kohonen
(KOHONEN, 1989).
No treinamento supervisionado, por sua vez, cada padrão de treinamento
compreende um vetor de entrada bem como um vetor de saída a ele associado
(previamente conhecido). Na essência, este aprendizado é a disponibilidade de um
conhecimento prévio do ambiente que está sendo representado (HAYKIN, 1994).
Dentre os diversos tipos de rede que apresentam este tipo de treinamento, podem-se
destacar as redes
Perceptrons
(ROSENBLATT, 1958)
.
2.5.3 ALGORITMO DE TREINAMENTO DE RETROPROPAGAÇÃO DO ERRO (BACK-
PROPAGATION)
Durante o processo de treinamento supervisionado, dados são apresentados
24
à
rede, na qual é produzido um mapeamento que permite determinar uma resposta em
relação a estes dados. Em seguida, baseado no erro entre a resposta da rede e a resposta
esperada (previamente conhecida), os pesos das sinapses são corrigidos no sentido de
minimizar tal erro.
O processo de treinamento é iterativo e termina após um determinado critério de
parada ser atingido. O vetor contendo todos os valores dos pesos sinápticos após o
treinamento representa o conhecimento adquirido pela rede e está associado à sua
capacidade de generalização, ou seja, calcular com precisão uma saída, a partir de
valores de entrada não apresentados durante o processo de treinamento. A escolha de
um conjunto representativo de pares conhecidos de valores de entrada e de saída é
fundamental para a capacidade de generalização da rede neural após o treinamento.
Existem vários tipos de algoritmos de aprendizado que são específicos para
determinados modelos de RNAs e que diferem entre si, principalmente, pela forma
como os pesos são atualizados. O algoritmo
Levenberg-Marquadt
realiza aproximações
globais (LEVENBERG, 1944; MARQUARDT, 1963; BAZARAA
et al
., 1993).
24
É recomendável apresentar os dados em ordem aleatória para cada época, a fim de prevenir
tendências associadas à ordem de apresentação dos dados. Além disto, os dados coletados devem ser
significativos e cobrir amplamente (exceções e as condições de limites) o domínio do problema.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
49
Enquanto que, o algoritmo de retropropagação do erro (
Back-propagation
)
(WERBOS, 1974; PARKER, 1985; HAYKIN, 1984; RUMELHART e
MCCLELLAND, 1986; RUMELHART
et al.
, 1986 e CHAUVIN e RUMELHART,
1995) realiza aproximações locais para o mapeamento entre a entrada e a saída da rede e
é empregado para classificar, aproximar funções e prever (verificar) tendências. Em
síntese, o algoritmo de retropropagação do erro (
Back-propagation
) é baseado no
método de gradiente
25
descendente, que calcula as derivadas parciais de uma função de
erro, com relação ao vetor peso (w) de certo vetor de entradas (x). Seu objetivo é
minimizar a função erro entre a saída real da rede e a saída desejada (HAYKIN, 1994).
O algoritmo de retropropagação do erro (
Back-propagation
), por sua vez, é o
mais utilizado e de propósito geral (SKAPURA, 1996), e ainda, 80 a 90% das
aplicações desenvolvidas com RNAs empregaram alguma versão deste algoritmo
(BAILLIE e MATHEW, 1996). O treinamento da rede, baseado na generalização da
regra delta (WIDROW e HOFF, 1960), é dividido em duas fases principais.
Inicialmente, escolhem-se, geralmente de forma aleatória, os pesos sinápticos e
apresenta-se um padrão à camada de entrada da rede.
i) A primeira fase consiste na propagação adiante (
forward
) dos estímulos apresentados
que fluem por meio da rede, da entrada para a saída, camada por camada até que seja
obtida a resposta da rede (saída). A saída obtida é comparada com a saída desejada
calculando-se o erro entre eles.
ii) A segunda fase ocorre em sentido oposto, onde este erro é retropropagado (
Back-
propagation
) pelas camadas antecessoras até a camada de entrada, modificando
apropriadamente os pesos das conexões das unidades das camadas internas para que se
produza a saída desejada diante da respectiva entrada.
Cada vez que um padrão é apresentado à rede, os pesos são modificados na
direção desejada para produzir um erro menor na próxima vez que o mesmo padrão for
apresentado.
25
Neste todo, selecionam-se pontos arbitrários no espaço de pesos, computa-se a inclinação da
superfície de erro nesse ponto, modificam-se os pesos na direção em que a superfície de erro desce mais
acentuadamente. A idéia do método é repetir o processo iterativamente, até o que os valores dos pesos se
aproximem do ponto mais baixo na superfície de erro.
Capítulo II – Fundamentos Teóricos
50
2.5.4
V
ALIDAÇÃO
C
RUZADA
-
C
ONJUNTO DE
D
ADOS
O conjunto de treinamento é usado no processo iterativo para calcular os valores
dos erros e, por conseqüência, atualizar os pesos sinápticos por meio do algoritmo de
retropropagação do erro (
Back-propagation
) submetido ao aprendizado supervisionado.
À medida que, o treinamento desenvolve-se, o erro tende a diminuir e a rede a super
ajustar-se (
over fitting
) aos valores deste conjunto e, por conseqüência, a rede pode
perder a sua capacidade de generalização. Para contornar este problema, utiliza-se o
mecanismo de validação cruzada (
cross validation
) que se inicia dividindo o conjunto
de dados em dois subconjuntos: Treinamento e Teste. Durante o processo de
treinamento, avalia-se periodicamente a rede para ambos os subconjuntos, entretanto,
apenas o conjunto de treinamento é utilizado no processo de correção de pesos
sinápticos. O conjunto de Teste é utilizado para verificação da generalização da rede, ou
seja, avalia a eficiência da RNA, evitando seu supertreinamento. O erro para o
subconjunto de Teste tende a diminuir no início do treinamento e, a aumentar quando a
rede começa a se super ajustar (indicando perda de generalização), neste momento o
processo de treinamento deve ser interrompido.
Um terceiro subconjunto de dados, denominado de Validação ou de Produção, é
usado para avaliar se a rede fornece saídas com erros inferiores a uma precisão desejada
ao final do treinamento. A importância deste conjunto está no fato dos dados não terem
sido usados anteriormente pela rede durante a etapa de treinamento e mede a capacidade
de generalização da rede, sem ser tendencioso. De forma geral, o processo de
generalização equivale a interpolar outros pontos que não pertençam aos dados de
treinamento, mas estejam em sua vizinhança (HAYKIN, 1994; ZHANG e RONG,
1996).
A avaliação do desempenho das redes é feita por meio de métricas de erros,
aplicadas a cada subconjunto de dados, tais como: valores do Erro Médio Quadrático
(EMQ) até atingir um valor suficientemente pequeno ou quando a função objetivo
torna-se estacionária.
Capítulo III – Materiais e Métodos
51
CAPÍTULO III
3 – MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho experimental está relacionado à determinação da resolução energética
e eficiência de um detector. Para isso, utilizou-se um sistema de espectrometria baseado
no detector NaI(Tl) e padrões radioativos a fim de obter suas curvas-resposta para
melhorar a simulação do detector no código computacional MCNP-X. E o trabalho
teórico está relacionado no desenvolvimento de uma geometria de medida para calcular
as frações de volume de materiais independentemente do regime de fluxo.
3.1
MATERIAIS
Na aquisição de dados, utilizou-se um dulo eletrônico conectado a uma placa
de microcomputador cuja função é um analisador MultiCanal (AMC). Este conjunto de
equipamentos é tradicionalmente utilizado para a obtenção e processamento do sinal
gerado pelos detectores NaI(Tl). As características do sistema espectrométrico e das
fontes radioativas utilizadas neste trabalho são descritas a seguir:
i) Sistema de espectrometria, modelo: MS-4031, fabricado pelo Instituto de Engenharia
Nuclear (IEN) (excetos o pré-amplificador e o AMC) é composto por:
Os detectores de NaI(Tl) medem (1 ¾” x ¼”) aproximadamente 31,75 mm de
diâmetro por 19,05 mm de espessura (valores obtidos por gamagrafia) e
possuem resolução de 10,44% em 662 keV;
Pré-amplificador Ortec, modelo 113;
Amplificador;
Fonte de alta tensão;
Conversor analógico-digital (ADC).
ii) Fontes Radioativas de Referência: a modelagem matemática do detector deve ser
validada a partir de medidas experimentais. Tais medidas acarretam na necessidade do
emprego de padrões radioativos monoenergéticos compreendendo a faixa de energia de
Capítulo III – Materiais e Métodos
52
interesse deste trabalho (59,45 keV a 662 keV). Então, para estabelecer as curvas-
resposta de resolução energética e eficiência do sistema espectrométrico utilizou-se, o
maior número possível de padrões radioativos secundários disponíveis, calibrados em
termos de atividade e taxas de emissão pelo Instituto de Radioproteção e Dosimetria
(IRD) e Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Trata-se, em sua maioria,
de fontes com meias-vidas longas, favorecendo possíveis controles periódicos das
curvas de resolução energética e eficiência. As características das fontes disponíveis no
Laboratório de Radiotraçadores pertencente ao IEN que foram utilizadas nos cálculos e
na calibração do sistema são apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2 – Dados nucleares das fontes padrões utilizadas na calibração da cadeia de
espectrometria para levantamento da curvas de resolução e eficiência.
Fontes
Meia-vida
Energia
(keV)
Probabilidade
de emissão (%)
Atividade
(kBq)*
241
Am
(432,7 ± 0,4) ano 59,537 ± 0,001 (γ) 36,0 ± 0,3 190,487 ± 1,5%
60
Co
1925,2 ± 0,4 dia 1173,238(γ) ± 0,04
99,87 ± 0,06 396,3 ± 1,0%
152
Eu
13,53 ± 0,03 ano 121,78 (γ) 28,31± 0,08 150,415 ± 1,94%
22
Na
2,6019 ± ano 511
26
± 1,0 100 ± 1,0 364,6 ± 1,0%
137
Cs
11009 ± 11 dia 661,645 ± 0,009 (γ)
84,6 ± 0,5 329,391 ± 1,0%
*Para um intervalo de confiança de 95,45%: k=2.
3.2
PREDIÇÃO
DE
FRAÇÃO
DE
VOLUME
Diversos estudos preliminares foram realizados objetivando avaliar a
potencialidade do código computacional MCNP e das RNAs nos problemas de cálculo
de frações de volume e identificação de regime de fluxo em sistemas multifásicos;
diversas geometrias foram avaliadas objetivando obter um sistema que utilize o menor
número de detectores e que apresente os menores erros possíveis nos cálculos das
frações e, ainda, que possa identificar corretamente todos os regimes de fluxo presentes.
Após este estudo foi possível desenvolver uma geometria de medida para cálculo de
fração de volume em sistemas multifásicos independentemente do regime de fluxo
dominante, a partir do desenvolvimento de um sistema múltiplo de RNAs. Para atingir o
sucesso do objetivo proposto neste trabalho foram realizadas as seguintes etapas:
26
Radiação de aniquilação.
Capítulo III – Materiais e Métodos
53
i) Desenvolver modelos matemáticos, simplificados do regime de fluxo anular em
sistemas multifásicos, utilizando o código computacional MCNP para calcular as
frações de volume a partir de equações analíticas; Treinar uma RNA com dados
simulados para avaliar a predição da rede neste tipo de problema.
ii) Desenvolver uma metodologia para predição de frações de volume em regime de
fluxo anular, estratificado e homogêneo baseada em RNAs utilizando uma geometria
mais complexa que permita uma maior “visualização” da seção transversal do tubo
tornando a solução do problema menos dependente do regime de fluxo.
iii) Modelar e validar experimentalmente o detector NaI(Tl) usando o código MCNP-X
a fim de tornar o modelo matemático do detector mais realístico.
iv) Aperfeiçoar a metodologia proposta considerando-se as curvas-resposta dos
detectores NaI(Tl) e
estabelecer um procedimento mais adequado para escolha dos
conjuntos de Treinamento e de Teste da RNA, assim como, realizar uma distribuição
mais uniforme das frações de volume sob o ternário
27
.
v) Desenvolver uma metodologia para classificação do regime de fluxo por meio de
RNA a fim de predizer as frações de volume independentemente do regime de fluxo.
3.2.1 ESTUDO DA POTENCIALIDADE DAS TÉCNICAS (“FERRAMENTAS”)
Esta etapa visa analisar a resposta do código MCNP e de RNAs treinadas sob
dados simulados no cálculo de frações de volume em sistemas multifásicos.
i) Modelos matemáticos representativos do regime anular
Utilizou-se, inicialmente, o código MCNP-4B (conforme mencionado este
código é apropriado para simular a absorção e espalhamento de raios gama a partir de
27
Um ternário mostra as proporções de um sistema composto de variáveis cuja soma representa 100%.
Ele retrata graficamente proporções de três variáveis, por exemplo: água, gás e petróleo, como posições
em um triângulo eqüilátero.
Capítulo III – Materiais e Métodos
54
uma fonte de radiação em diversas geometrias) para desenvolver um modelo
matemático aproximado e representativo do regime de fluxo anular visando calcular
frações de volume em sistemas bifásicos e trifásicos. Na geometria simulada
considerou-se uma fonte de radiação e um detector homogêneo de NaI medindo 2”x2”
(polegadas) posicionado a 1,0 cm do tubo, entre eles uma tubulação de ferro medindo
1,0 cm de espessura e 18,0 cm de diâmetro.
Usou-se um feixe de fótons pontual com emissão unidirecional (
pencil beam
),
como pode ser visto na Figura 11. Os materiais empregados nestas simulações foram ar
(gás), água e Policloreto de Vinila (PVC). Este material foi escolhido porque os
coeficientes de atenuação linear total são tabelados e apresenta características próximas
às do petróleo.
PVC
Legenda:
águagás
ferro
a) b)
NaI(Tl)
Fonte
Energia: 662 keV
Energias: 121 keV e 356 keV
Detector
Xa/2
Xa/2
Xg
Xo/2
Xa/2
Xo/2
Xa/2
Xg
Fonte
Detector
Figura 11 – Geometria simulada do regime anular para sistemas: a) bifásico; b) trifásico.
Regime bifásico: o esquema de medida utilizou a energia de 662 keV (
137
Cs)
(energia normalmente usada em medidas tradicionais de frações de volume de materiais
(FVMs)) como mostrado na Figura 11(a). As proporções de gás e água foram obtidas
variando-se, na simulação por meio do arquivo de entrada (INP) desenvolvido no
código MCNP-4B, as espessuras Xg e Xa, pertinente a cada meio, a fim de obter
diferentes frações de gás (20%, 40%, 60%, 80% e 100%) por meio da Equação 6
Capítulo III – Materiais e Métodos
55
descrita na seção 2.3. As intensidades de raios gama (I, I
1
e I
2
descritas na seção 2.3)
podem ser obtidas pelo código MCNP-4B e a partir das Equações 7 e 8
foi possível
obter as frações de volume de cada meio.
Regime trifásico: o esquema de medida adotado utilizou duas energias: 121 keV
(
152
Eu) e 356 keV (
133
Ba) (amplamente utilizadas
28
na literatura), conforme é mostrado
na Figura 11(b), visto que, o número de variáveis (3 meios) é maior do que no sistema
bifásico (passando de dois meios para três), desta forma, a solução analítica requer mais
uma equação o que, neste trabalho, é obtido com a utilização de uma outra energia
(ABOUELWAFA e KENDALL, 1980).
Estabeleceu-se por meio da Equação 6, descrita na seção 2.3, a proporção de
20% de gás, 40% de água e 40% de PVC fixando na modelagem as espessuras Xg, Xa e
Xo. Os valores dos coeficientes de atenuação linear total, µ, para cada um dos meios nas
energias de 121 keV e 356 keV foram calculados pela Equação 12, a partir das
contagens obtidas no volume sensível do detector as quais são fornecidas pelo código
MCNP (SALINAS, 2006) com a tubulação preenchida apenas com um dos meios: gás,
água ou PVC. As intensidades de raios gama (I(γ
i
) I
01
, I
02
descritas na seção 2.3.2)
podem ser obtidas pelo código MCNP-4B e a partir das Equações 9, 10 e 11 foi possível
obter as frações de volume de cada meio.
Vale ressaltar que estes procedimentos visam validar os modelos desenvolvidos
no código MCNP-4B aplicando as equações analíticas específicas para o regime de
fluxo anular com feixe unidirecional.
ii) Predição da RNA para o cálculo das frações de volume
Visando analisar a resposta de RNA no cálculo de frações de volume, simulou-
se o esquema de medição trifásico apresentado na Figura 11(b) para obtenção de um
conjunto de padrões de treinamento. Para tal, variaram-se no modelo matemático as
espessuras, Xo, Xa e Xg, pertinente a cada meio visando à obtenção de várias
28
Vale mencionar que Abouelwafa e Kendall (1980) utilizaram as fontes de
57
Co: 122 keV e
133
Ba: 365
keV, neste trabalho, a fonte de
57
Co foi substituída pela fonte de
152
Eu, pois possui uma meia-vida muito
maior.
Capítulo III – Materiais e Métodos
56
configurações (proporções de FVMs). Nesta etapa do trabalho, utilizou-se uma rede
neural artificial multicamadas com propagação do sinal adiante (
perceptron multilayer
feed-forward
)
de 3 camadas. O algoritmo de aprendizagem (supervisionado) foi o
retropropagação do erro (
Back-propagation)
mencionado na seção 2.5.3. Os padrões de
treinamento da RNA são compostos pelos seguintes dados:
Entradas da RNA: Contagens relativas às energias de 121 keV obtidas no canal
13 (I
130
) e 356 keV obtidas no canal 36 (I
360
), numa distribuição de altura de
pulsos com 10 keV por canal;
Saídas da RNA: Frações de volume de PVC e de água.
Após estas análises e os resultados satisfatórios encontrados, foi possível dar
prosseguimento aos estudos sobre RNA treinada com dados simulados; na próxima
etapa será utilizado um esquema de medição diferente e menos dependente do regime
de fluxo.
3.2.2 GEOMETRIA PROPOSTA PARA CÁLCULO DAS FRAÇÕES DE VOLUME
Nesta etapa, a geometria simulada combina os princípios de medidas de radiação
transmitida e espalhada com um feixe de radiação largo (
fan beam
), com isto é possível
aumentar a “visualização” da área da seção transversal do tubo (JOHANSEN e
JACKSON, 2000; TJUGUM
et al
., 2001), tornando o cálculo de fração de volume de
materiais (FVM) menos dependente do regime de fluxo, visto que o meio que se
encontra fora do volume geométrico definido pela fonte-detector que mede o feixe
transmitido, também afeta o resultado do cálculo da FVM (OPEDAL, 1997).
Vale ressaltar que nesta fase do trabalho, o código MCNP-4B foi substituído
pelo MCNP-X, que entre outras vantagens descritas na seção 2.4.1 destaca-se a
atualização das bibliotecas de seção de choque (PELOWITZ, 2005).
Considerou-se no modelo matemático detectores de iodeto de sódio ativado com
tálio (NaI(Tl)) como homogêneos (SALGADO
et. al.
, 2008; SOOD e GARDNER,
2004; ORION e WIELOPOLSKI, 2002; SHI
et al
., 2002; SAITO e MORIUCHI, 1981;
BERGER e SELTZER, 1972;) na forma de um cilindro eqüilátero medindo 2,54 cm x
2,54 cm (1” x 1” - polegadas).
Capítulo III – Materiais e Métodos
57
Em todas as simulações, foi usada a geometria de feixe largo com três detectores
cintiladores em posições diferentes como mostrada na Figura 12: o primeiro deles
(detector 1: D1) foi posicionado a 180° alinhado e diametralmente à fonte, o segundo a
90° (detector 2: D2) e o terceiro a 135° (detector 3: D3). Utilizou-se uma fonte colimada
pontual (simulada no código MCNP-X) de raios gama com energias de 121 keV (
152
Eu)
e 356 keV (
133
Ba) com abertura angular de 6,7°. O sistema, ainda, é composto por uma
tubulação de aço inoxidável ANSI316 com 1,0 cm de espessura e 18 cm de diâmetro
interno.
Fonte
Energias: 121
keV
356 keV
Dete
ctor 1
Detector 2
NaI(Tl)
o316
Le
genda:
D
etector 3
Figura 12 – Geometria simulada do medidor trifásico.
Capítulo III – Materiais e Métodos
58
Nestes estudos, utilizou-se água salgada (4% de fração mássica de cloreto de
sódio (NaCl) para simular a salinidade média da água nos mares mundiais (JOHANSEN
e JACKSON, 2000)). A fase gasosa foi substituída pelo ar e o petróleo foi assumido
como um hidrocarboneto (fórmula química: C
5
H
10
) com densidade de 0,896 g.cm
-3
(HUSSEIN e HAN, 1995).
Vale ressaltar que o código MCNP considera a contribuição extra em medida de
feixe transmitido provenientes de radiação espalhada (LINGA, 1991).
Além disto, o efeito
Compton
também pode ser utilizado para medir frações de
volume de gás independente da salinidade da água (JOHANSEN e JACKSON, 2000).
Neste trabalho, o efeito
Compton
é utilizado para tornar o sistema menos dependente do
regime de fluxo e para fornecer informações adicionais para que as RNAs mapeiem
corretamente as frações de volume e regimes de fluxo.
Os modelos para os três regimes de fluxo típicos para escoamento de duas fases:
homogêneo (regimes
bubble
em vertical e
disperse bubble
em horizontal), anular e
estratificado, são mostrados na Figura 13. Os demais regimes de fluxo o combinações
essencialmente destes regimes de fluxo básicos com certa periodicidade (ÅBRO
et al
.,
1999a).
Vale comentar que os modelos utilizados são bem caracterizados e conhecidos,
pois visam eliminar possíveis diferenças entre o modelo matemático e seções de testes
em possíveis estudos futuros.
óleo
água
Legenda:
h
g
b) Estratificado
r
a
r
g
a) Anular
c) Homogêneo
gás
óleo+água+gás
aço 316
r
o
R
h
o
h
a
Figura 13 – Modelos de regime de fluxo: a) anular; b) estratificado; c) homogêneo.
Capítulo III – Materiais e Métodos
59
i ) Cálculo das frações de volume reais
A elaboração do modelo matemático requer o conhecimento
29
da fração de
volume “verdadeira” para os regimes de fluxo anular, estratificado e homogêneo a fim
de fornecer o valor correto da composição percentual de cada meio ao arquivo de
entrada (
inp
) desenvolvido no código computacional MCNP-X.
Regime anular: O cálculo das frações de volume reais (α
m
) para o regime anular
trifásico, mostrado na Figura 13(a), foi realizado considerando a razão entre o volume
ocupado por cada meio e o volume total; como o comprimento do tubo é igual para
todas as frações de volume, pode-se calcular a razão entre estas grandezas efetuando-se
o cálculo apenas da área preenchida pelo meio dominante em relação à área total da
seção transversal. Desta forma, a fração de volume de gás é obtida pela Equação 16:
2
o
2
g
g
r
r
α =
Equação 16
Utilizando o mesmo procedimento, o cálculo para obtenção do percentual
(fração de volume) de água é dado pela Equação 17:
2
o
2
g
2
a
a
r
)r(r
α
=
Equação 17
E por complemento tem-se a fração de volume de óleo fornecida pela Equação
18:
ago
αα1α
=
Equação 18
29
As Equações 16, 17, 18 e 19 foram desenvolvidas pelo autor utilizando os princípios da Geometria
Plana.
Capítulo III – Materiais e Métodos
60
Onde:
α
m
: fração de volume no meio “m”;
r: raio de cada circunferência;
R: raio interno da tubulação.
Um detalhamento sobre o desenvolvimento das Equações 16, 17 e 18 é descrito
no Anexo 2.1.
Regime estratificado: Da mesma forma, o cálculo das frações de volume (α
m
) para o
regime estratificado trifásico, mostrado na Figura 13(b), foi realizado considerando a
razão entre a área do segmento circular ocupado por cada meio (gás ou água) e a área da
seção transversal da tubulação em questão. A fração de volume de gás ou de água (α
g,a
)
é obtida pela Equação 19, enquanto que para o óleo (α
o
) é obtida pelo complemento à
área dos segmentos circulares ocupado pelo gás e água. Um detalhamento sobre o
desenvolvimento da Equação 19 é descrito no Anexo 2.2.
( )
(
)
(
)
×
°
=
2
ag,
πR
h)R
2h
R
hR
180
arcCos
α hR
Equação 19
Onde:
α
m
: fração de volume, m: tipo de meio;
R: raio interno da tubulação;
h
g, a
: altura do segmento referente ao meio gás ou água;
h
o
: altura correspondente ao meio óleo.
Regime homogêneo: Os materiais que formam uma determinada região no código
computacional MCNP-X são tratados como homogêneos, diante disto, calculou-se o
percentual de fração mássica dos elementos químicos que compõem cada um dos meios
utilizado neste trabalho: gás, água salgada e óleo para cada fração de volume (α
m
)
desejada. Um detalhamento sobre o desenvolvimento dos cálculos para obtenção destes
percentuais é descrito no Anexo 2.3.
Capítulo III – Materiais e Métodos
61
3.2.3
O
BTENÇÃO DOS
C
ONJUNTOS DE
T
REINAMENTO
,
T
ESTE E
P
RODUÇÃO
Visando obter um conjunto de dados para treinamento da RNA modificaram-se
os parâmetros específicos a cada regime (anular: r
g
, r
a
, r
o
, conforme Figura 13(a),
estratificado: h
g
, h
a
, h
o
, conforme Figura 13(b) e homogêneo: percentual de fração
mássica de cada elemento químico na fração de volume especificado) para obter um
conjunto com várias proporções (%) de FVMs que variaram de 0 até 100%.
Desta forma, obteve-se um conjunto de 64 simulações, para diferentes
combinações de frações de volume visando formar os subconjuntos de Treinamento da
RNA (52 simulações), Teste (6 simulações) e Produção (6 simulações). O subconjunto
de Teste foi usado para avaliar (estimar ou predizer) a generalização da RNA, com
intuito de evitar seu supertreinamento, pelo critério de parada: validação cruzada (cross-
validation) (HAYKIN, 1994). Nesta fase do trabalho, utilizou-se, após o treinamento da
RNA, o subconjunto de Produção para uma avaliação final, tendo como objetivo testar a
RNA na fase de operação. As combinações de frações de volume as quais compõem
cada um dos conjuntos mencionados são mostradas na Figura 14.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
á
g
u
a
T reinam ento
T este
P rodução
ó
l
e
o
ar
Figura 14 – Conjunto de padrões: Treinamento, Teste e Produção.
Capítulo III – Materiais e Métodos
62
Nesta etapa do trabalho, utilizou-se uma rede neural artificial multicamadas com
propagação do sinal adiante (perceptron multilayer feed-forward) de 3 camadas. O
algoritmo de aprendizagem (supervisionado) foi o retropropagação do erro (Back-
propagation) mencionado na seção 2.5.3.
Vale destacar que esta configuração de padrões sob o ternário foi escolhida
empiricamente, após investigação de outros arranjos (também com escolha aleatória dos
subconjuntos de treinamento) onde se obteve a melhor resposta da RNA.
Os padrões de Treinamento da RNA são compostos pelos seguintes dados:
i) Entradas da RNA:
Detector 1: Contagens relativas às energias de 121 keV (I
130
canal 13) e 356
keV (I
360
– canal 36), DAP com 10 keV por canal;
Detector 2: Contagens relativas às energias de 20 a 300 keV (C
20
, C
30
, ..., C
300
canais: até 30) , ou seja a própria DAP, com 10 keV por canal.
Detector 3: Contagens relativas às energias de 20 a 300 keV (C
20
, C
30
, ..., C
300
canais: até 30) , ou seja a própria DAP, com 10 keV por canal.
ii) Saídas da RNA: Frações de volume de ar e de água.
Vale mencionar que o treinamento da rede foi realizado usando como saídas da
RNA somente dois meios (ar e água) e o terceiro (óleo) foi obtido por complemento. Tal
procedimento foi escolhido empiricamente, após investigação de todas as possíveis
combinações, onde se obteve a melhor resposta da RNA, incluindo o uso dos três meios
simultaneamente. Os dados de entrada e de saída utilizados para treinamento da RNA
são apresentados esquematicamente na Figura 15.
Capítulo III – Materiais e Métodos
63
Rede
Neural
Artificial
C
300
I
130
I
360
C
20
C
30
C
20
C
30
C
300
FVM: ar
FVM: água
Detector 2
Detector 3
.
.
.
.
.
.
Detector 1
Figura 15 – Arquitetura da RNA para cálculo de frações de volume.
Um esquema resumido para um melhor entendimento do procedimento de
treinamento elaborado nesta etapa é apresentado na Tabela 3.
Tabela 3 – Dados de entrada e saída que alimentaram a RNA.
Camada de Entrada
(Contagens)
Camada de Saída
FVM (%)
Detector 1 Detector 2 Detector 3
Padrões
I
130
I
360
C
20
... C
300
C
20
... C
300
ar água
1 393176 59718 926 ... 1248
1379 ... 2860
0 0
2 373884 56369 916... 1248 1385 ... 2845
0 20
3 ... ... ... ... ... ...
...
...
...
...
...
...
...
64 1950390
454174
637 ... 2049
1361 ... 1521
90 0
Onde:
I
e
: contagens relativas à energia de 121 keV ou 356 keV (canal 13 e 36);
C
e
: contagens relativas às energias de 20 a 300 keV (canal 2 até 30);
3.2.4
V
ALIDAÇÃO EXPERIMENTAL DO DETECTOR
N
A
I(T
L
)
A utilização de detectores NaI(Tl) para medições implica na determinação das
curvas de resolução energética e de eficiência do detector em função da energia do fóton
incidente. Os parâmetros de calibração de um detector podem ser determinados
experimentalmente, requerendo-se fontes gama calibradas. Para isto é necessária a
utilização de várias fontes de radiação gama cujas energias de emissão abranjam todo o
Capítulo III – Materiais e Métodos
64
intervalo de interesse. É facilmente verificável que, além de consumir tempo, são
necessárias fontes com intensidade suficiente para se obter uma boa estatística de
contagem à distância fonte-detector desejada. Também são necessários equipamentos e
instalações especiais para garantir precisão no posicionamento da fonte, uma vez que
pequenas variações na distância ou alinhamento fonte-detector podem influir para
aumentar a incerteza das medidas.
Utilizando métodos de simulação de Monte Carlo é possível calcular a função
resposta de detectores com excelentes resultados, desde que se descrevam
satisfatoriamente as diversas partes constituintes do detector, é possível simular as
curvas de resposta em boa concordância com as obtidas experimentalmente. As curvas
de eficiência, quando calculadas por simulação, não sofrem a influência de diversos
parâmetros, tais como: variações da porcentagem de emissão gama, incerteza na
concentração de atividade, correção de decaimento etc (MOSS e STRETMAN, 1990).
Modelagem do detector
Para simulação da resposta do detector por método de Monte Carlo, o detector
de NaI(Tl) deve ser modelado com a melhor precisão possível pois variações nas
dimensões do cristal influem na determinação da eficiência (NAKAMURA, 1983,
SIMA, 1990).
Algumas características do detector são fornecidas pelo fabricante, tais como
forma do cristal e volume ativo. Os valores reais, contudo, podem ser diferentes dos
valores declarados. Nesta etapa do trabalho são utilizadas duas fontes pontuais,
241
Am e
137
Cs, uma de baixa e outra de alta energia, respectivamente. Estas fontes foram
medidas com o detector NaI(Tl) a distâncias bem definidas, posicionadas na direção do
eixo longitudinal e lateralmente em relação ao cristal; a geometria foi reproduzida por
simulação e os resultados foram comparados com os valores experimentais. As fontes
de
241
Am e
137
Cs são utilizadas para a determinação das dimensões do cristal. Foram
efetuadas quatro medidas, duas com as fontes no eixo longitudinal (Distância Fonte-
Detector (DFD): 5,45cm) do detector e as outras com as fontes posicionadas
lateralmente (DFD: 4,78 cm), com a finalidade de determinar-se experimentalmente a
resposta do detector para um campo de radiação conhecido.
O procedimento é o seguinte: realiza-se um processo interativo entre as
contagens obtidas na simulação e a variação da espessura e do diâmetro do cristal. Os
Capítulo III – Materiais e Métodos
65
cálculos foram iniciados com o valor obtido pela gamagrafia e confirmados com a
utilização de outro detector danificado, que é de 31,75 mm de diâmetro e 19,05 mm de
espessura. Com estes valores verificou-se que a contagem total era maior que a obtida
experimentalmente. Novos cálculos foram realizados, diminuindo-se gradativamente a
espessura e o diâmetro do cristal, até que o valor da contagem total obtida estivesse de
acordo com o valor experimental para irradiação longitudinal. A seguir, variou-se
levemente a espessura e o diâmetro do cristal até que a variação na contagem obtida
fosse pequena para que a resposta simulada do detector se aproximasse do valor
esperado para irradiação lateral, definindo assim o volume real do cristal. Este
procedimento foi repetido sucessivamente, até que o valor obtido por simulação (tanto
nas simulações obtidas com a fonte posicionadas na frente e na lateral do detector) se
aproximasse do valor obtido experimentalmente (CONTI, 1999).
i) Calibração dos detectores NaI(Tl)
O procedimento de calibração do detector juntamente com o sistema eletrônico
associado faz-se necessário (KNOLL, 1989). Para tal, utilizaram-se duas fontes seladas
e calibradas fornecidas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), sendo
uma de
137
Cs (E
γ
= 662 keV) e a outra de
60
Co (E
γ
= 1,17 MeV e 1,33 MeV). Depois de
manter a tensão de operação do detector em um valor fixo (520 Volts) e estabelecer um
ganho de amplificação para o detector, foi registrada a DAP em energia para as fontes
no AMC (CANDEIRO, 2008
).
Os fotopicos foram identificados por meio do multicanal e para calcular a
resolução do detector, foram localizados os centróides e as larguras à meia altura de
cada fotopico provenientes das fontes descritas na seção 3.1, conforme procedimento
teórico mencionado na seção 2.1.4.
A etapa do estabelecimento de validação experimental da metodologia proposta
deve considerar as curvas de resolução energética e de eficiência do detector nas
simulações matemáticas. Para a obtenção destas curvas utilizaram-se fontes radioativas
que foram medidas à distância fonte-detector de 5,45 cm, posicionada na direção do
eixo axial do detector. Os dados nucleares dos padrões radioativos utilizados são
apresentados na Tabela 2 descrita na seção 3.1 cujas energias cobrem a faixa de
interesse nesta investigação. No cálculo destas curvas foram consideradas as radiações
de fundo e as contribuições devidas às interações por efeito Compton.
Capítulo III – Materiais e Métodos
66
ii) Curva de Resolução Energética
Para melhorar a simulação de detectores no código computacional MCNP-X é
necessário utilizar um tratamento especial para a DAP nos quais os picos de energia se
comportam como uma função Gaussiana alargando a DAP conforme função descrita
pela Equação 20. Para tal, é necessário determinar a curva experimental FWHM em
função da energia (obtida a partir da curva de resolução energética do detector) e ajustá-
la a fim de calcular o alargamento da função Gaussiana que é feito por meio da Equação
21.
2
)(
=
A
EE
o
CeEf
Equação 20
A largura de Gauss está relacionada à FWHM pela Equação 21:
2ln2
FWHM
A =
Equação 21
Onde:
E: energia “alargada”;
E
o
: energia “não alargada”;
C: constante de normalização;
A: largura de Gauss.
Uma função não-linear baseada em aproximação de mínimos quadrados foi
aplicada para calcular os valores dos coeficientes “a”, “b” e “c” (fornecidos pelo usuário
ao arquivo de entrada (INP) desenvolvido no código MCNP-X) por meio da Equação 22
(PELOWITZ, 2005). Tais parâmetros devem ser utilizados com o comando Gaussian
Energy Broadening (GEB) do cartão FTn, disponibilizado no código MCNP-X, no
arquivo de entrada (INP) do modelo matemático a fim de considerar a resolução
energética do detector na simulação.
Capítulo III – Materiais e Métodos
67
2
cEEbaFWHM ++=
Equação 22
Onde:
E: energia dos raios gama incidentes;
a, b, c: constantes ajustadas pelo usuário.
Vale destacar que os espectros experimentais (após terem sido subtraídos da
radiação de fundo) e simulados foram normalizados pelo canal máximo de cada uma
das DAPs.
iii) Curva de eficiência de fotopico absoluta
Para validar a modelagem do detector NaI(Tl), determinou-se
experimentalmente a curva de eficiência absoluta em função da energia com o feixe
incidindo no detector (EWA et al., 2001). Foram utilizados os padrões radioativos,
listados na seção 3.1, cujas energias cobrem a faixa de energia de investigação. Visando
evitar o efeito-soma, melhorar a estatística de contagem e a possibilidade de considerar a
fonte real como sendo pontual; estas fontes foram medidas a uma distância fonte-
detector (DFD) bem definida (5,45 cm), posicionada na direção do eixo longitudinal do
cristal. Esta geometria foi reproduzida por simulação e os resultados foram comparados
com os valores experimentais. O tempo de medida (12 horas) e a DFD foram escolhidos
de modo que os erros associados devido à estatística de contagem se mantivessem
inferiores a 5%.
Devem-se considerar os materiais que envolvem o cristal, que atenuam a incidência
dos fótons e que devem ser bem caracterizados, principalmente até 300 keV (EWA et
al., 2001). É importante ressaltar que as dimensões do cristal devem ser o mais precisas
possível, para não introduzir grandes erros na determinação da eficiência do detector
(NAKAMURA, 1983 e SIMA, 1990).
No cálculo dessas eficiências foram consideradas as radiações de fundo e as
contribuições devidas às interações por efeito Compton. Utilizou-se a probabilidade de
emissão de cada fotopico monoenergético associada com a atividade corrigida para a
data de realização das medidas de cada fonte radioativa, para calcular a eficiência de
contagem, determinando assim a curva de eficiência experimental do detector NaI(Tl).
Capítulo III – Materiais e Métodos
68
A expressão que calcula a eficiência de fotopico absoluta (ε) de um detector a uma
energia “E” é dada por:
tPA
S
E
..
)( =
ε
Equação 23
Onde:
S: contagem líquida no fotopico de absorção total na energia “E” (cps);
A: atividade da fonte (Bq);
P: probabilidade de emissão para raios gama na energia “E”;
t: tempo vivo de contagem (s).
A incerteza padrão relativa (U) da eficiência experimental é dada pela Equação
24:
(
)
(
)
( )
222
cypC
UUUU ++=
Equação 24
Onde:
U
p
: incerteza associada à área do fotopico;
U
y
: incerteza associada à intensidade do fóton;
U
c
: incerteza associada à atividade.
Enquanto que a incerteza padrão relativa (U) da eficiência calculada pelo código
MCNP-X é dada pela Equação 25:
N
N
U
C
=
Equação 25
Onde:
N: número de contagens
Capítulo III – Materiais e Métodos
69
Para o procedimento de determinação da curva de eficiência, buscou-se manter a
diferença entre os valores medidos e calculados, para as fontes pontuais o menor
possível, com uma incerteza estimada menor do que 5%.
iv) Modelagem do detector NaI(Tl)
O modelo geométrico do detector baseou-se nas informações fornecidas a partir
da imagem de um detector NaI(Tl) obtida pela técnica de gamagrafia. A constituição
dos materiais que o compõem, assim como, suas dimensões são utilizadas para fins de
cálculo com o código MCNP-X. A densidade do material refletor MgO foi de 2,0 g.cm
-3
(SAITO e MORIUCHI, 1981). A resposta da simulação foi obtida utilizando-se o
comando de saída (tally card) F8 que apresenta uma DAP devida aos fótons e/ou
elétrons, na região sensível do cristal. O comando F8 apresenta, também, o erro relativo
devido às contagens em cada faixa de energia do espectro. Outras considerações
importantes devem ser mencionadas:
A fotomultiplicadora, posicionada atrás do cristal, foi tratada como um disco de
alumínio de 30 mm de espessura (SHI et al., 2002).
Uma fonte radioativa do tipo pontual com emissão isotrópica é simulada no
código MCNP-X.
Considerou-se o transporte de elétrons na simulação o qual foi realizado pelo
comando mode(mode card MCNP-X command) que apresenta a possibilidade
de selecionar o transporte de fótons e/ou elétrons.
O número de histórias de 2x10
8
foi selecionado para garantir boa estatística
devido às contagens em cada faixa de energia da DAP, a fim de obter valor de
erro relativo (R) menor do que 1% na região de Compton contínuo para a
metodologia de cálculo das frações de volume, enquanto que para a metodologia
de obtenção das curvas-resposta do detector considerou-se erro relativo menor
que 1% para a região correspondente ao fotopico.
Capítulo III – Materiais e Métodos
70
3.2.5
A
PERFEIÇOAMENTO DO MODELO MATEMÁTICO PROPOSTO
A configuração da geometria utilizada emprega a mesma configuração descrita
na seção 3.2.2, porém foi incluído um quarto detector. Vale ressaltar que o modelo
matemático considerou tanto as dimensões como os materiais inerentes ao detector
NaI(Tl) real, assim como sua resolução energética e eficiência.
Em todas as simulações, foi usada a geometria de feixe largo (divergente) com
uma fonte e quatro detectores cintiladores em posições diferentes como mostrada na
Figura 16: o primeiro deles (detector 1 – D1) foi posicionado a 180° alinhado e
diametralmente à fonte, o segundo a 135° (detector 2 D2), o terceiro a 9(detector 3
– D3) e o quarto a 45° (detector 4 – D4).
5 mm
5 mm
Fonte
8,84 graus
250 mm
59,45 keV
662,00 keV
Detector 1
Detector 2
Detector 3
Detector 4
5 mm
5 mm
Legenda:
Al
NaI(Tl)
MgO
PVC
241 137
Am e Cs
água
ar
óleo
5 mm
Energias:
Figura 16 – Geometria simulada do medidor trifásico representativa do regime anular.
Capítulo III – Materiais e Métodos
71
Importante destacar que todas as modificações propostas nesta etapa foram
inicialmente aplicadas ao regime anular (escolha ao acaso); de acordo com a qualidade
dos resultados obtidos elas foram aplicadas também aos regimes estratificado e
homogêneo.
O novo modelo matemático utilizou materiais facilmente encontrados no
mercado nacional e fontes de radiação disponíveis no Laboratório de Radiotraçadores
pertencente ao IEN caso se deseje construir um protótipo do sistema proposto, portanto,
fontes de raios gama pontuais de
241
Am e
137
Cs, colimadas com abertura angular de
8,8°, emitindo as energias de 59,45 keV e 662 keV foram utilizadas. O modelo
considera uma tubulação de PVC, com 1,8 mm de espessura e 25 cm de diâmetro
interno com uma altura de 30 cm. Importante mencionar que o modelo matemático
desenvolvido no código MCNP-X considerou igual o número de histórias (“equivale” as
“intensidades” das fontes) para a energia de 59,45 keV e 662 keV.
Neste modelo matemático, utilizou-se também uma rede neural feed-forward
Multilayer Perceptron (MLP), porém os parâmetros de treinamento que forneceram os
melhores resultados comparados ao modelo proposto anteriormente, conforme descrito
na seção 3.2.2, são diferentes. Desta vez, as entradas da RNA (RNA2) foram as DAPs,
sem qualquer pré-processamento, obtidas em cada detector (D1 e D4) e as saídas foram
as frações de volume de ar e de água. Importante destacar que após investigação de
todas as possíveis combinações de DAPs escolhidas empiricamente, a melhor resposta
da RNA ocorreu para tal configuração. Os dados de entrada e de saída utilizados para
treinamento da RNA são apresentados esquematicamente na Figura 17. Os padrões de
Treinamento da RNA são compostos pelos seguintes dados:
i) Entradas da RNA:
Detector 1: Contagens relativas às energias de 20 a 720 keV (C
20
, C
30
, ..., C
720
canais: até 72), ou seja a própria DAP obtida pelo detector 1.
Detector 4: Contagens relativas às energias de 20 a 360 keV (C
20
, C
30
, ..., C
360
canais: até 36), ou seja a própria DAP obtida pelo detector 4.
ii) Saídas da RNA: Frações de volume de ar e de água.
Capítulo III – Materiais e Métodos
72
Rede
Neural
Artificial
C
720
C
20
C
30
C
20
C
30
C
360
FVM: ar
FVM: água
DAP 1
DAP 4
.
.
.
.
.
.
Figura 17 – Arquitetura de RNA para cálculo de frações de volume para o modelo
aperfeiçoado.
O procedimento para obtenção do conjunto de dados para utilização da rede
neural seguiu o mesmo método apresentado na seção 3.2.3. Desta forma, realizou-se um
conjunto de 121 simulações, para diferentes combinações de frações de volume visando
formar os subconjuntos de Treinamento da RNA (68 simulações), Teste (28 simulações)
e Produção (25 simulações). Cada subconjunto de dados é apresentado na Figura 18.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Treinamento
Teste
Produção
ó
l
e
o
á
g
u
a
ar
Figura 18 – Conjunto de padrões de Treinamento, Teste e Produção distribuídos
uniformemente sob o ternário.
Capítulo III – Materiais e Métodos
73
Diferentemente do treinamento anterior, as combinações de frações de volume
as quais compõem cada um dos subconjuntos de dados foram distribuídos mais
uniformemente por todo ternário, além disto, a escolha de cada subconjunto foi
realizada manualmente.
3.3
IDENTIFICAÇÃO
DE
REGIMES
DE
FLUXO
POR
RNA
A metodologia adotada para identificar automaticamente o regime de fluxo
consiste em utilizar as Distribuições de Altura de Pulsos (DAPs) obtidas por detectores
NaI(Tl) devidamente posicionados ao redor de uma tubulação por onde passa um fluxo
multifásico submetido a um determinado regime de fluxo. Vale destacar, que a precisão
nos cálculos das frações de volume é afetada pelo regime de fluxo, tornando, desta
forma, o conhecimento do regime de fundamental importância. As DAPs detêm um
conjunto de dados que reúnem as características do regime de fluxo, os quais são
utilizados para identificação do regime, determinando se o regime é anular, estratificado
ou homogêneo.
Os mesmos conjuntos de dados (DAP1 e DAP4) obtidos para predição de
frações de volume foram utilizados para treinar a RNA identificadora (RNA1). Desta
forma, os dados obtidos para os três regimes estudados constituíram um conjunto de
354 (excetuando-se os casos com presença de apenas um dos meios) simulações de
diferentes combinações de frações de volume e diferentes regimes que formaram os
subconjuntos de Treinamento da RNA (195, (65x3) simulações), Teste (84, (28x3)
simulações) e Produção (75, (25x3) simulações).
Neste trabalho, para alcançar a identificação de regimes utilizou-se, também,
uma rede neural feed-forward Multilayer Perceptron (MLP) de três camadas, porém,
obviamente com os parâmetros de treinamento diferentes às redes utilizadas no cálculo
das frações de volume. O algoritmo de aprendizagem (supervisionado) foi o Back-
propagation descrito na seção 2.5.3.
As estimativas dos feixes transmitido (I
T
) e espalhado (I
S
) obtidas pelo detector
1 (D1) e 4 (D4) respectivamente para os três regimes em duas configurações distintas de
frações de volume são apresentadas na Figura 19, a título de visualização das diferenças
encontradas entre as DAPs correspondentes a cada regime de fluxo e de fração de
volume.
Capítulo III – Materiais e Métodos
74
0 200 400 600
800
0
1x10
6
2x10
6
3x10
6
4x10
6
5x10
6
6x10
6
7x10
6
8x10
6
Contagens
Eneriga (keV)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
a1)
0 200 400 600 800
0
1x10
4
2x10
4
3x10
4
4x10
4
5x10
4
6x10
4
a2)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
Contagens
Energia (keV)
0 200 400 600 800
0
1x10
6
2x10
6
3x10
6
4x10
6
b1)
Contagens
Energia (keV)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
0 200 400 600 800
0.0
2.0x10
4
4.0x10
4
6.0x10
4
8.0x10
4
b2)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
Contagens
Energia (keV)
0 200 400 600 800
0
1x10
6
2x10
6
3x10
6
4x10
6
c1)
Contagens
Energia (keV)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
0 200 400 600 800
0
1x10
4
2x10
4
3x10
4
4x10
4
5x10
4
6x10
4
7x10
4
8x10
4
c2)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
Contagens
Energia (keV)
Figura 19 – DAPs obtidas pelo código MCNP-X para os detectores D1 e D4 em regimes:
anular: a1) D1 e a2) D4; estratificado: b1) D1 e b2) D4; homogêneo: c1) D1 e c2) D4.
Para o treinamento da RNA1, utilizaram-se como entradas os conjuntos de dados
extraídos das DAPs (DAP 1 e DAP 4) obtidas pelos detectores 1 e 4 (D1 e D4) e as
saídas foram classificadas considerando uma RNA utilizando três neurônios na saída
(S
3
, S
2
e S
1
), de modo que, para se obter a classificação dos regimes, basta que a rede
ajuste o maior valor dentre as saídas da RNA para “1” correspondente ao tipo de regime
em questão e para “0” as demais saídas, conforme Tabela 4. Tal procedimento é
Capítulo III – Materiais e Métodos
75
denominado, neste trabalho, como “a maior saída é a vencedora”. Supondo que as DAPs
1 e 4 pertençam ao regime anular, a RNA deveria ajustar as saídas para S
1
=1, S
2
=0 e
S
3
=0.
Tabela 4 – Codificação utilizada para o módulo identificador de regimes (RNA 1)
SAÍDAS RNA 1
S
3
S
2
S
1
REGIME
0 0 1 Anular
0 1 0 Estratificado
1 0 0 Homogêneo
Os dados de entrada e de saída utilizados para treinamento da RNA1 são
apresentados esquematicamente na Figura 20.
RNA1
C
720
C
20
C
30
C
20
C
30
C
360
Anular
Homogêneo
DAP 1
DAP 4
.
.
.
.
.
.
Estratificado
S
1
S
2
S
3
01
1
1
0
0 0
0
0
1
2
3
0 100 200 300 400 500 600 700
10
10
10
C
o
n
t
a
g
e
n
s
Energia (keV)
DAP 1
0
200 0
400 0
600 0
800 0
100 00
120 00
DAP 4
Figura 20 – Esquema de representação utilizado para treinamento da RNA que identifica o
regime de fluxo.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
76
CAPÍTULO IV
4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
Seguindo as etapas descritas na metodologia, primeiramente, serão apresentados
os resultados obtidos referentes à potencialidade do código MCNP-B e da RNA na
predição de frações de volume em sistemas trifásicos e posteriormente serão
apresentados os resultados obtidos para novas geometrias mais realísticas e complexas
para cálculo de frações de volume e identificação de regime de fluxo.
4.1
V
ALIDAÇÃO DO MODELO MATEMÁTICO POR MEIO DE EQUAÇÕES
ANALÍTICAS
Para o sistema bifásico, as estimativas do feixe de transmissão (I
T
) dos raios
gama, no volume sensível do detector, obtidas pelo código MCNP-4B foram utilizadas
na Equação 7, mencionada na seção 2.3.1, para calcular as frações de volume do meio 1
(gás, na realidade simulou-se ar seco) e os resultados são mostrados na Tabela 5.
Tabela 5 – Frações de volume de gás para sistema bifásico em regime anular.
FVM(%): gás
Padrões
Real
Equação
Analítica
Erro
Relativo
1 20 19,83 0,85%
2 40 40,02 -0,05%
3 60 60,07 -0,12%
4 80 79,59 0,51%
5 99 98,65 0,35%
Para o sistema trifásico, os valores da fração de volume para cada meio (meio 1:
PVC, meio 2: água e meio 3: gás) foram calculados pelas Equações 9, 10 e 11 (descritas
na seção 2.3.2) a partir dos dados simulados pelo código MCNP-4B são apresentados na
Tabela 6. As intensidades relativas estimadas no detector, I(γ
i
), foram obtidas pelo
código computacional, além disto, os coeficientes de atenuação linear total, µij, foram
calculados pela Equação 12 (descrita na seção 2.3.2); os resultados também são
mostrados na Tabela 6.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
77
Tabela 6 – Valores de coeficientes de atenuação linear total (
µ
) e frações de volume.
Fração de Volume
Material
Coeficientes
(cm
-1
)
Real
Calculada
PVC
µ
11
: 0,1113
µ
21
: 0,2218
20%
20,56%
água
µ
12
: 0,0854
µ
22
: 0,1541
40%
39,59%
ar
µ
13
: 0,000086
µ
23
: 0,000145
40%
39,85%
Estes resultados mostram uma concordância muito boa entre os valores da fração
de volume real e a calculada, demonstrando que as informações necessárias para
resolver as equações analíticas foram corretamente obtidas pelo código computacional
MCNP-4B tanto para o modelo bifásico quanto para o trifásico, validando desta forma
os modelos matemáticos desenvolvidos.
4.2
P
REDIÇÃO DA
RNA
PARA DADOS SIMULADOS OBTIDOS COM O
CÓDIGO
MCNP-4B
Utilizou-se o modelo trifásico (alvo do estudo deste trabalho) apresentado na
seção 2.3 (Figura 6b) para realizar esta avaliação, onde os dados obtidos para as
diferentes frações de materiais representaram um conjunto de Treinamento composto
por 21 padrões que alimentaram a camada de entrada da RNA cujos dados de saída
foram comparados com os valores pré-estabelecidos (obtidos por meio da Equação 6)
das frações de volume. Utilizou-se outro conjunto de dados denominado de Teste
composto por cinco padrões com intuito de medir a capacidade de generalização da
RNA, ou seja, a qualidade do treinamento realizado. O resultado da predição da RNA é
apresentado na Tabela 7.
Tabela 7 – Resposta da RNA para FVM dos padrões de Teste.
PVC
água
Padrões
Real (%)
RNA (%)
Real(%)
RNA (%)
1 10 9,29
50 49,43
2 30 26,30
40 40,51
3 50 51,07
30 26,04
4 70 69,76
20 21,85
5 90 89,29
10 10,28
Capítulo IV – Resultados e Discussões
78
Os dados de saída correspondentes ao conjunto de padrões utilizados para
treinamento da RNA apresentaram erro médio relativo de 2,50% para água e 4,37%
para o PVC. A RNA foi alimentada com os resultados da razão entre o sinal emitido
pela fonte e o sinal registrado no detector de radiação, usando somente informações do
feixe transmitido (I
T
) e considerando somente o efeito fotoelétrico. Os resultados
demonstram boa concordância e indicam a possibilidade de utilização da técnica
proposta na solução de frações de volume em sistemas trifásicos.
Analisou-se o erro do sistema (medidor trifásico) para duas possibilidades de
cálculo das frações de volume, onde na primeira utilizou-se apenas a energia de 356
keV (
133
Ba) como dado de alimentação da RNA e na outra as energias de 121 keV
(
152
Eu) e 356 keV (
133
Ba) conjuntamente; os resultados podem ser vistos na Figura 21.
0 20 40 60 80 100
-0.25
-0.20
-0.15
-0.10
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
356 keV
121 keV e 356 keV
Erro fração de volume: ar
Fração Real
Figura 21 – Diferenças obtidas pela RNA para uma e duas energias.
Pode-se notar pelos resultados que uma medida de atenuação de fótons
empregando duas energias produziu um aumento na precisão dos cálculos das frações
de vazio (os erros são bem maiores quando se utiliza apenas uma única energia)
(LEVERT e HELMINSKI, 1973), o que direciona este trabalho, realmente, para um
modelo com a utilização de duas energias.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
79
4.3
P
ROPOSTA DE
M
ODELAGEM GEOMÉTRICA DO SISTEMA TRIFÁSICO
O primeiro passo nesta investigação foi utilizar as simulações por meio do
código computacional MCNP-X, que originou os conjuntos de Treinamento, Teste e
Produção para cada regime de fluxo estudado - anular, estratificado e homogêneo. Estes
conjuntos de dados, denominado padrões, foram utilizados para treinar, avaliar e testar
as Redes Neurais Artificiais (RNAs).
Por ilustração, algumas estimativas de feixes transmitido (I
T
) obtidas pelo
detector 1 (D1) e espalhado (I
S
) obtidas pelos detectores 2 (D2) e 3 (D3) para duas
distintas Frações de Volume de Materiais (FVMs) para a geometria descrita na seção
3.2.2 (Figura 12), as quais fornecem as DAPs
30
são apresentadas na Figura 22.
50 100 150 200 250 300 350
400
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
700000
800000
5 10 15 20 25 30 35 40
Detector 1
Canal
00% ar + 20% água + 80% óleo
40% ar + 40% água + 20% óleo
a)
Contagens
Energia (keV)
50 100 150 200 250 300
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5 10 15 20 25 30
Canal
Detector 2
b)
Contagens
Energia (keV)
00% ar + 20% água + 80% óleo
40% ar + 40% água + 20% óleo
0 50 100 150 200 250 300
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
0 5 10 15 20 25 30
Detector 3
Canal
00% ar + 20% água + 80% óleo
40% ar + 40% água + 20% óleo
c)
Contagens
Energia (keV)
Figura 22 – DAPs obtidas pelo código MCNP-X para os detectores: a) D1; b) D2; c) D3.
30
Representa a resposta da simulação à energia depositada pelos fótons na região sensível de cada
detector.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
80
As DAPs foram classificadas na faixa de energia de 20 a 360 keV em 40 canais
de 10 keV cada.
O treinamento para cada um dos regimes estudados obteve parâmetros de
aprendizagem específicos para cada modelo (anular, estratificado e homogêneo). Tais
parâmetros foram obtidos empiricamente observando-se o maior valor do coeficiente de
correlação (r
2
), o menor erro médio relativo e o maior percentual de acertos numa faixa
de erros de até 10% na resposta de cada uma das RNAs.
4.3.1
P
REDIÇÃO DAS FRAÇOES DE VOLUME PARA OS REGIMES DE FLUXO ESTUDADOS
i) Regime Anular: Os parâmetros de treinamento da RNA que apresentaram a melhor
resposta para o conjunto de Produção são apresentados na Tabela 8.
Tabela 8 – Parâmetros de treinamento da RNA utilizados no regime anular.
Taxa de Aprendizagem η = 0,01 – Momento = 0,01
CAMADAS*
PARÂMETROS
Entrada
Intermediária
Saída
Função Ativação
Linear
[-1,1]
Gaussiana
Gaussiana
Gaussiana
Complementar
Logística
Neurônios 60
18 15 16 2
*A RNA possui apenas uma camada intermediária, porém é possível selecionar três diferentes
funções de ativação.
As correlações entre as frações de volume reais e as preditas pela RNA para
todos os padrões pertinentes ao modelo anular são apresentadas na Figura 23.
0 20 40 60 80 100
0
20
40
60
80
100
R
2
=0,9993
a)
Fração de Volume (%): Real
Fração de Volume (%): RNA
Real x RNA
Ajuste linear
0 20 40 60 80 100
0
20
40
60
80
100
b)
R
2
=0,9985
Fração de Volume (%): Real
Fração de Volume (%): RNA
Real x RNA
Ajuste linear
Figura 23 – FVMs obtidas pela RNA para todos os padrões do regime anular: a) ar; b) água.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
81
A resposta da RNA para o conjunto de Teste do regime anular é mostrada na
Figura 24 indicando a boa (aceitável) qualidade do treinamento da RNA e, por
conseguinte a possibilidade de utilização desta técnica na predição de frações de volume
em sistemas trifásicos sob regime anular. Aplicando o método de mínimos quadrados
para um ajuste linear, obtêm-se fatores de correlação r
2
igual a 0,9993 para o ar e 0,9985
para a água demonstrando uma boa convergência da rede neural para todos os padrões.
1 2 3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
a)
Fração de Volume (%)
Conjunto de Teste
Real
Predição RNA
1 2 3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
b)
Fração de Volume (%)
Conjunto de Teste
Real
Predição RNA
Figura 24 – Resultados obtidos pela RNA para o conjunto de Teste do regime anular: a) ar, b)
água.
As respostas da RNA para o conjunto de Produção do regime anular são
apresentadas na Tabela 9.
Tabela 9 – Predição da RNA para o conjunto de Produção do regime anular.
ar(%)
água(%)
Padrões
Real RNA
Real RNA
1 70 73,85 0 5,10
2 80 79,44 10 7,41
3 60 63,79 0 3,05
4 68 70,60 16 16,77
5 10 10,46 70 69,72
6 30 30,38 0 5,45
Diante destes resultados satisfatórios (aceitáveis) confirma-se a boa qualidade do
treinamento realizado, especialmente para padrões não utilizados durante o processo de
aprendizagem da RNA.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
82
ii) Regime Estratificado: Os parâmetros de treinamento que apresentaram melhor
resposta para o conjunto de Produção são apresentados na Tabela 10.
Tabela 10 – Parâmetros de treinamento da RNA utilizados no regime estratificado.
Taxa de Aprendizagem: η: 0,01 – Momento: 0,02
CAMADAS*
PARÂMETROS
Entrada
Intermediária
Saída
Função Ativação
Linear
[-1,1]
Gaussiana
Gaussiana
Gaussiana
Complementar
Logística
Neurônios 60
13 13 13 2
*A RNA possui apenas uma camada intermediária, porém é possível selecionar três diferentes
funções de ativação.
Os mapeamentos entre as frações de volume reais e as preditas pela RNA para
todos os padrões pertinentes ao modelo estratificado são apresentados na Figura 25.
0 20 40 60 80 100
0
20
40
60
80
100
a)
R
2
=0,9989
Fração de Volume (%): Real
Fração de Volume (%): RNA
Real x RNA
Ajust linear
0 20 40 60 80 100
0
20
40
60
80
100
b)
R
2
=0,9979
Fração de Volume (%): Real
Fração de Volume (%): RNA
Real x RNA
Ajuste linear
Figura 25 – FVMs obtidas pela RNA para todos os padrões do regime estratificado: a) ar; b)
água.
Os resultados da predição, conforme mostrados na Figura 26, para o conjunto de
Teste do regime estratificado confirmam a possibilidade de uso desta metodologia para
o regime de fluxo estratificado. Da mesma forma, obteve-se para o modelo estratificado
fatores de correlação (r
2
)
igual 0,9989 para o ar e 0,9979 para a água demonstrando
também uma boa convergência da rede neural para todos os padrões.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
83
1 2 3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
a)
Fração de Volume (%)
Conjunto de Teste
Real
Predição RNA
1 2 3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
b)
Fração de Volume (%)
Conjunto de Teste
Real
Predição RNA
Figura 26 – Resultados obtidos pela RNA para o conjunto de Teste do regime estratificado: a)
ar, b) água.
As respostas da RNA para o conjunto de Produção do regime estratificado são
apresentadas na Tabela 11.
Tabela 11 – Predição da RNA para o conjunto de Produção do regime estratificado.
ar(%)
água(%)
Padrões
Real RNA
Real RNA
1 70 67,89 0 4,47
2 80 77,82 10 10,48
3 60 59,19 0 1,18
4 68 62,37 16 15,33
5 10 11,51 70 68,65
6 30 32,96 0 3,70
A partir destes resultados também se confirma a boa (aceitável) qualidade do
treinamento realizado ratificando a conclusão obtida para o regime anular.
iii) Regime Homogêneo: Os parâmetros de treinamento da RNA que apresentaram a
melhor resposta para o conjunto de Produção são apresentados na Tabela 12.
Tabela 12 – Parâmetros de treinamento da RNA utilizados no regime homogêneo.
Taxa de Aprendizagem: η: 0,02 – Momento: 0,08
CAMADAS*
PARÂMETROS
Entrada
Intermediária
Saída
Função Ativação
Linear
[-1,1]
Gaussiana
Gaussiana
Gaussiana
Complementar
Logística
Neurônios 60
15 26 10 2
*A RNA possui apenas uma camada intermediária, porém é possível selecionar três diferentes
funções de ativação.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
84
Os mapeamentos entre as frações de volume reais e as preditas pela RNA para
todos os padrões pertinentes ao modelo homogêneo são apresentados na Figura 27.
0 20 40 60 80 100
0
20
40
60
80
100
a)
R
2
=0,9994
Fração de Volume (%): Real
Fração de Volume (%): RNA
Real x RNA
Ajuste linear
0 20 40 60 80 100
0
20
40
60
80
100
b)
R
2
=0,9894
Fração de Volume (%): Real
Fração de Volume (%): RNA
Real x RNA
Ajuste linear
Figura 27 – FVMs obtidas pela RNA para todos os padrões do regime homogêneo: a) ar; b)
água.
Os resultados da predição para o conjunto de Teste do regime homogêneo são
mostrados na Figura 28. Os fatores de correlação (r
2
) 0,9994 para o ar e 0,9894 para a
água demonstram uma boa convergência da rede neural sobre todos os padrões, porém
os resultados para a água tiveram erros maiores comparados aos modelos estudados
anteriormente.
1 2 3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
a)
Fração de Volume (%)
Conjunto de Teste
Real
Predição RNA
1 2 3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
b)
Fração de Volume (%)
Conjunto de Teste
Real
Predição RNA
Figura 28 – Resultados obtidos pela RNA para o conjunto de Teste do regime homogêneo: a)
ar; b) água.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
85
As saídas da RNA para o conjunto de Produção do regime homogêneo são
apresentadas na Tabela 13.
Tabela 13 – Predição da RNA para o conjunto de Produção do regime homogêneo.
ar(%)
água(%)
Dados
Real RNA
Real RNA
1 30 32,36 0 16,95
2 70 71,19 0 7,67
3 80 81,47 10 10,18
4 60 63,47 0 14,51
5 68 64,43 16 18,65
6 10 11,68 70 76,83
Para o regime homogêneo
31
, o fator de correlação para a água (r
2
= 0,9894) não
conduz a uma convergência tão aceitável quando comparado aos demais regimes
(principalmente para padrões com ausência de um dos meios, por exemplo: 0% de ar),
uma possível causa para isto, é que certas composições diferentes (combinações de
frações de volume) conduzem a DAPs muito similares, como é mostrado na Figura 29,
tal fato pode complicar o treinamento da RNA, de qualquer forma os resultados indicam
que a RNA pode adequadamente (aceitável) predizer frações de volume, especialmente,
para frações de ar.
0 5 10 15 20 25 30
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Detector 2
25% ar + 25% água + 50% óleo
30% ar + 60% água + 10% óleo
Contagens
Energia (keV)
25% ar + 25% água + 50% óleo
30% ar + 60% água + 10% óleo
Detector 3
Figura 29 – DAPs obtidas pelo código MCNP-X para o regime homogêneo.
31
Vale destacar que este modelo foi estudado porque pode ser encontrado em muitas aplicações (quando
se utiliza um misturador) e, ainda, para ratificar a validação das RNAs treinadas especificamente para
os modelos anular e estratificado.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
86
De modo geral, analisando as respostas dos três regimes de fluxo percebe-se que
algumas frações de volume obtidas pelas RNAs apresentam erros relativos muito
maiores do que a média, ver Tabela 9, Tabela 11, Tabela 13 e Tabela 14. Um dos
motivos pode ser devido ao número relativamente pequeno de padrões usados no
treinamento da RNA que podem não estar cobrindo corretamente toda faixa de valores
possíveis de FVMs, ou ainda à escolha aleatória dos padrões utilizados no treinamento.
Tabela 14 – Resposta das RNAs para os regimes anular, estratificado e
homogêneo,considerando faixas de erro.
Anular
Estratificado
Homogêneo
Erro
ar água
ar água
ar água
5%
75,000
70,313
70,313 60,938
75,000
76,563
5% - 10%
9,375 7,813
7,813 12,500
6,250 1,563
10% - 20%
0 1,563
6,250 4,688
3,125 3,125
20% - 30%
0 1,563
0 4,688
0 0
> 30%
0 1,563
0 0
0 1,563
r
2
0,9993
0,9985
0,9989 0,9979
0,9994
0,9894
De qualquer forma, os resultados em geral são bons (aceitáveis), e apontam para
o uso desta metodologia que mapeia as DAPs em FVMs sob regimes anular,
estratificado e homogêneo com a utilização de RNAs especificamente treinadas para
cada um destes regimes em sistemas multifásicos, embora alguma imprecisão tenha
ocorrido.
Porém, visando elaborar um modelo mais realístico que apresente erros menores
(incluindo principalmente os padrões que apresentaram erros muito maiores do que a
média) tornando a metodologia mais confiável serão realizadas algumas modificações
nesse procedimento:
Como até esta etapa não se considerou as curvas-resposta do detector; na
continuação deste trabalho tanto a curva de resolução energética como a curva
de eficiência de um detector NaI(Tl) real serão examinadas e comprovadas com
validação experimental.
O uso mais adequado de um conjunto de Treinamento, Teste e Validação para a
RNA; visto que a as configurações escolhidas aleatoriamente não cobriu o
ternário de forma uniforme.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
87
4.4
M
ODELAGEM DO
D
ETECTOR
N
A
I(T
L
)
Conforme mencionado, esta etapa tem como objetivo validar a resposta do
detector de forma qualitativa por meio da resolução energética, enquanto que, a forma
quantitativa será realizada por meio da curva de eficiência.
i) Modelo matemático: de posse da gamagrafia, ver Figura 30, foi possível avaliar
precisamente as dimensões do detector utilizado neste trabalho.
Figura 30 – Gamagrafia do detector NaI(Tl).
A representação esquemática de um detector NaI(Tl) mostrando as diferentes
regiões, meios, planos e cilindros considerados na modelagem, para fins de cálculo com
o digo computacional MCNP-X são apresentadas na Figura 31. Vale mencionar que
as dimensões do volume sensível do detector NaI(Tl) que mostrou melhor concordância
foi de 30,10 mm de diâmetro por 17,20 mm de espessura e que os valores das
dimensões abaixo possuem precisão de ±1mm. O disco de alumínio na base do detector
representa todos os materiais após o cristal, como por exemplo, a fotomultiplicadora.
O comando F8 do digo MCNP-X exibe os dados de saída, o espectrode
energia depositada na região ativa do NaI(Tl).
Para o procedimento de determinação do volume do cristal, buscou-se manter a
diferença entre os valores medidos e calculados, para as fontes pontuais de
241
Am e
137
Cs, o menor possível, com uma incerteza estimada menor do que 5%.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
88
13
11
12
Al
MgO
NaI(Tl)
Legenda:
PLANOS
8
7
5
4
3
CILINDROS
36 mm
40 mm
31 mm
1 mm
3 mm
19 mm
30 mm
Figura 31 – Representação esquemática do detector NaI(Tl) mostrando as diferentes regiões,
meios, planos e cilindros considerados na modelagem.
ii) Curva de Resolução: na Figura 32(a) é mostrada a curva de resolução energética
expressa pela relação da lei de potência (xE
y
) (BERGER e SELTZER, 1972), onde os
valores dos coeficientes “xe “y” foram calculados pelo método de mínimos quadrados
e são apresentados na Tabela 15.
Tabela 15 – Valores dos coeficientes.
Coeficientes
x y
Valores -0,54698 0,26204
Na Figura 32(b) é apresentada a curva FWHM em função da energia expressa
pela função representada pela Equação 22 (descrita na seção 3.2.4.1) a fim de obter os
parâmetros a serem utilizados na opção GEB do arquivo de entrada (INP) desenvolvido
no código computacional MCNP-X.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
89
0 100 200 300 400 500 600 700
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
a)
R
2
= 0,99172
Resolução (%) x100
Energia (keV)
Experimental
Lei de Potência (xE
y
)
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
b)
Experimental
MCNP-X Ajuste
R
2
= 0,99999
FWHM (MeV)
Energia (MeV)
Figura 32 – Curvas Resposta: a) resolução energética; b) largura à meia-altura (FWHM).
Os parâmetros “a”, “b” e “csão obtidos após ajustar a função fornecida pela
Equação 22 e são mostrados na Tabela 16.
Tabela 16 – Valores dos coeficientes de ajuste da resolução energética para o detector NaI(Tl).
Coeficientes
a b c
Valores -0,0024 0,05165
2,85838
O efeito da resolução energética sobre a DAP obtida pelo código MCNP-X para
o detector (simulou-se somente o cristal de NaI(Tl)) utilizado neste trabalho sob a
energia de 662 keV é apresentado na Figura 33.
0 200 400 600 800
1
10
100
1000
10000
100000
Picos de Escape
Fotopico
Contagens
Energia (keV)
Sem Resolução
Com Resolução
Figura 33 – DAP obtida pelo código MCNP-X para um detector NaI(Tl). São apresentados os
efeitos dos picos de escape e das interações Compton, além do fotopico (reduzido de um fator
100 para facilitar a visualização).
Capítulo IV – Resultados e Discussões
90
Os gráficos exibidos na Figura 34 representam comparações entre a DAP
experimental e a DAP simulada pelo código computacional MCNP-X segundo modelo
apresentado na Figura 31.
10 20 30 40 50 60 70 80
0,0
4,0x10
5
8,0x10
5
1,2x10
6
1,6x10
6
a)
Contagens
Energia (keV)
Experimental
MCNP-X
0 200 400 600 800
0,0
4,0x10
3
8,0x10
3
1,2x10
4
1,6x10
4
Raio X - K Ba
31,8 keV
Retroespalhamento
Joelho Compton
Fotopico 662 keV
b)
Contagens
Energia (keV)
Experimental
MCNP-X
Figura 34 – Comparação entre DAPs experimentais e simuladas para fontes: a)
241
Am; b)
137
Cs.
Importante informar que a DAP experimental foi obtida por meio de fontes de
radiação, após calibração energética do multicanal subtraída a radiação de fundo e ainda
que, a DAP obtida por simulação considerou a resolução energética, com tratamento
especial de alargamento conforme descrito na seção 3.2.4.1. Pode-se notar uma
concordância aceitável no fotopico de ambas as fontes, porém para a faixa de energia
mais baixa (região Compton) a DAP do
137
Cs apresenta alguma discrepância, o que
normalmente é relatado na literatura como provável imprecisão na simulação de
elétrons de baixa energia e por espalhamento de fótons na blindagem e suporte do
detector (SHI et al., 2002), porém utilizando-se a técnica de cone-sombra é possível
minimizar estas diferenças (CONTI, 1999). Vale mencionar que existe necessidade de
melhorar o ajuste da curva FWHM para baixa energia, com intuito de diminuir as
diferenças encontradas na resolução do fotopico do
241
Am e que a normalização das
DAPs foi realizada pela altura máxima do fotopico.
Vale ressaltar, também, que o raio X da camada K de
137m
Ba
56
(ΒaΚα
1
)
(HEATH,
1997) não foi simulado e por este motivo não aparece na DAP obtida pelo
código computacional MCNP-X.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
91
iii) Curva de eficiência: Os valores de eficiência obtidos a partir do modelo do detector
NaI(Tl) foram comparados com os dados experimentais, utilizando-se as fontes
descritas na seção 3.1.1, objetivando validar a modelagem do detector. A incerteza
estimada, considerando a flutuação das contagens, da atividade da fonte e da
probabilidade de emissão, se manteve inferior a 5% (Para um intervalo de confiança de
95,45%: k=2).
Na Figura 35 são mostradas as curvas de eficiência de fotopico absoluta
experimental e por modelagem em função da energia. A partir da simulação de outras
energias obteve-se uma curva que foi ajustada pela Equação 26 no intervalo de energia
de 59,45 a 662 keV; para a geometria descrita no item iii da seção 3.2.4.1.
0 100 200 300 400 500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Eficiência (%)
Energia (keV)
Experimental
MCNP-X
Figura 35 – Curva de eficiência para o detector NaI(Tl) obtida por modelagem matemática e
validada experimentalmente.
Os coeficientes da Equação 26 foram obtidos pelo método de mínimos
quadrados e seus valores são apresentados na Tabela 17, com o coeficiente de
correlação (r
2
) igual a 0,9987.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
92
5432
fEeEdEcE+ bEa = ++++
ε
Equação 26
Onde:
ε: eficiência (ctg / nº. de fótons);
E: energia (keV);
a,b,c,d,e,f: coeficientes de ajuste.
Tabela 17 – Valores para os coeficientes da Equação 26 obtidos pelo ajuste da curva de
eficiência calculada para o detector NaI(Tl).
COEFICIENTES
VALORES
a 0,93226
b 0,00888
c -8,60811E-5
d 2,56056E-7
e -3,28954E-10
f 1,56801E-13
Na faixa de energia investigada existem poucos
32
radionuclídeos monoenergéticos e
o ajuste matemático aplicado entre os pontos que se encontram muito distanciados uns
dos outros, sobretudo onde apresentam uma curvatura acentuada, margem a
avaliações subjetivas, o que pode induzir grandes erros na determinação da curva de
eficiência. Visando contornar tais dificuldades, a modelagem (por meio do código
computacional MCNP-X) pode-se utilizada para obter, por exemplo, a eficiência de
fotopico de forma precisa e rápida, desde que seja realizada corretamente com
parâmetros suficientes e precisos; inclusive para propósitos radiológicos, eliminando,
também, problemas de disposição associados com fontes radioativas.
Os pontos experimentais e a curva obtida por modelagem apresentaram boa
concordância. As discrepâncias encontradas devem-se principalmente à qualidade do
ajuste dos fotopicos pelo usuário e provavelmente também pelo fato de que a eficiência
de cintilação do detector NaI(Tl) não é considerada pelo código MCNP-X. A maior
discrepância apresentada foi de 5,54% para a energia de 59,45 keV do
241
Am.
32
Considerando-se a disponibilidade de fontes, como também de linhas espectrais bem “separadas”
provenientes das DAPs obtidas por detectores NaI(Tl).
Capítulo IV – Resultados e Discussões
93
4.5
N
OVOS
M
ODELOS MATEMÁTICOS PROPOSTOS
Visando um modelo mais realístico com erros menores e, portanto mais
confiável; a partir desta etapa em diante a resolução energética e eficiência de um
detector real serão consideradas, assim como, o uso de um conjunto de dados
distribuídos mais uniformemente sob o ternário com escolha manual de cada
subconjunto (Treinamento, Teste e Produção).
As estimativas dos feixes transmitido (I
T
) obtidas pelo detector 1 (D1) e
espalhados (I
S
) obtidas pelos detectores 2 (D2), 3 (D3) e 4 (D4) para todos os regimes
estudados em duas configurações distintas de Frações de Volume de Materiais (FVMs)
são apresentadas, a título de visualização das diferenças encontradas entre as
Distribuições de Altura de Pulsos (DAPs) correspondentes a cada fração de volume. As
DAPs são classificadas na faixa de energia de 10 keV a 800 keV em 80 canais de 10
keV cada.
Vale destacar que o treinamento da rede neural artificial (RNA) para todos os
regimes estudados (anular, estratificado e homogêneo), também, foi realizado usando
como saídas da RNA somente dois meios (ar e água) e o terceiro (óleo) foi obtido por
complemento e, ainda, apenas as DAPs obtidas pelo detector 1 (D1) (na faixa de 20 keV
a 720 keV) e detector 4 (D4) (na faixa de 20 keV a 360 keV) foram utilizadas
33
como
dados de entrada da RNA. Tais procedimentos foram escolhidos empiricamente, após
investigação de todas as possíveis combinações, onde se observou a melhor resposta da
RNA para tal configuração.
Importante destacar que embora o modelo de estudo utilize 4 detectores (D1,
D2, D3 e D4), pois visa obter diferentes informações e escolher as que mais contribuem
para o resultado desejado, foi possível usar uma geometria final com apenas dois
detectores D1 e D4.
i) Regime Anular (RNA2): Na Figura 36 são apresentadas as DAPs obtidas pelos
detectores D1, D2, D3 e D4 para duas configurações distintas de frações de volume.
33
A faixa de energia de cada DAP utilizada no treinamento considerou o erro relativo (R) menor que
10% nas contagens que são dignas de confiança conforme manual do MCNP-X.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
94
0 200 400 600 800
0
1x10
6
2x10
6
3x10
6
4x10
6
5x10
6
6x10
6
7x10
6
8x10
6
Contagens
Eneriga (keV)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
a)
0 200 400 600
800
0
1x10
4
2x10
4
3x10
4
4x10
4
b)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
Contagens
Energia (keV)
0 200 400 600
800
0
1x10
4
2x10
4
c)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
Contagens
Energia (keV)
0 200 400 600 800
0
1x10
4
2x10
4
3x10
4
4x10
4
5x10
4
6x10
4
d)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
Contagens
Energia (keV)
Figura 36 – DAPs para o regime anular obtidas pelo código MCNP-X para os detectores: a)
D1; b) D2; c) D3 ; d) D4
Os parâmetros de treinamento da RNA, que apresentaram melhor resposta
consideraram o menor erro relativo, o melhor ajuste do coeficiente de correlação (r
2
) e a
faixa de erros no conjunto de Produção, são apresentados na Tabela 18.
Tabela 18 – Parâmetros de treinamento da RNA utilizados para o regime anular.
Taxa de Aprendizagem η: 0,001 – Momento: 0,01
CAMADAS
PARÂMETROS
Entrada
Intermediária
34
Saída
Função Ativação
Linear
[-1,1]
Gaussiana
Tanh
Gaussiana
Complementar
Logística
Neurônios
106 31 23 42 2
As correlações entre as frações de volume reais e as preditas pela RNA para
todos os padrões pertinentes ao modelo anular apresentaram fatores de correlação (r
2
)
34
A camada intermediária é subdividida em grupos de neurônios que permitem a utilização de funções de
ativação diferentes.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
95
igual a 1,0000 para o ar e igual a 0,9998 para a água demonstrando boa convergência da
rede neural sobre todos os padrões utilizados. A resposta da RNA para o conjunto de
Teste do regime anular, apresentada na Figura 37, indica boa qualidade do treinamento
da RNA.
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
0
20
40
60
80
100
Real: água
RNA: água
Frações de Volume (%)
Conjunto de Teste
Real: ar
RNA: ar
Figura 37 – Resultados obtidos pela RNA para o conjunto de Teste em regime anular.
A predição da RNA foi classificada em faixas de erros pode-se observar,
conforme são apresentados na Tabela 19, que erros menores que 10% foram obtidos
para mais de 90% dos casos para o ar e para mais de 80% dos casos para a água
(excluindo os casos com ausência (0%) de algum meio), enquanto que na faixa de 5%
de erro obtiveram-se mais de 90% para o ar e 76% para a água.
Tabela 19 – Faixa de erros para predição da RNA em regime anular; modelo aperfeiçoado.
Detectores
Meios
D1 e D4 ar água
5%
90,083
76,033
5% - 10% 0,826 4,959
10% - 20%
0 1,653
20% - 30%
0 0
> 30% 0 0
r
2
1,0000
0,9998
Capítulo IV – Resultados e Discussões
96
Não considerando os padrões com ausência (0%) de ar (representam 9,09% do
total), os resultados, na faixa de até 10% de erro, chegam a 100% e para os padrões com
ausência de água (representam 17,35% do total), os resultados, na faixa de até 10% de
erro, podem ultrapassar 97%.
A comprovação da boa qualidade do treinamento é feita analisando as respostas
da RNA para o conjunto de Produção que são apresentadas na Tabela 20.
Tabela 20 – Predição da RNA para o conjunto de Produção do regime anular; modelo
aperfeiçoado.
ar (%)
água (%)
óleo (%)
Padrões
Real
RNA
Real
RNA
Real Complemento
1 5 5,00
20 19,58
75 75,43
2 5 5,24
40 40,67
55 54,09
3 5 5,12
80 79,69
15 15,18
4 15 15,02
0 0,51
85 84,47
5 15 15,03
10 9,80
75 75,18
6 15 14,98
30 29,37
55 55,65
7 15 14,79
50 49,44
35 35,77
8 15 14,86
60 59,41
25 25,73
9 15 14,76
70 68,83
15 16,42
10 25 25,17
20 19,10
55 55,72
11 25 24,76
40 39,93
35 35,31
12 35 34,83
0 0,07
65 65,10
13 35 34,98
10 9,95
55 55,08
14 35 34,52
30 29,82
35 35,66
15 35 34,95
50 49,01
15 16,04
16 35 34,92
60 61,06
5 4,02
17 45 44,78
20 19,92
35 35,30
18 45 44,80
40 39,74
15 15,45
19 55 55,15
0 0,65
45 44,21
20 55 54,75
10 9,35
35 35,89
21 55 54,93
30 30,31
15 14,75
22 65 64,97
20 20,58
15 14,45
23 75 75,04
0 0,00
25 24,96
24 75 74,94
10 9,79
15 15,27
25 95 95,63
0 0,67
5 3,70
Estes resultados demonstram uma convergência expressiva da RNA na obtenção
de frações de volume do regime anular. Apresentado erros médios para o conjunto de
Produção de 0,73% para o ar e 1,48% para a água, excluindo 5 casos de frações de
volume com ausência de água.
Diante destes resultados satisfatórios confirma-se a boa qualidade do
treinamento realizado, especialmente para padrões não utilizados durante o processo de
Capítulo IV – Resultados e Discussões
97
aprendizagem da RNA, indicando a possibilidade de utilização desta técnica em
predição de frações de volume de sistemas trifásicos submetidos ao regime anular.
ii) Regime Estratificado (RNA3): Na Figura 38 são apresentadas as DAPs obtidas pelos
detectores D1, D2, D3 e D4 para duas configurações distintas de frações de volume.
0 200 400 600 800
0
1x10
6
2x10
6
3x10
6
4x10
6
a)
Contagens
Energia (keV)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
0 200 400 600 800
0
1x10
4
2x10
4
3x10
4
4x10
4
5x10
4
b)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
Contagens
Energia (keV)
0 200 400 600 800
0,0
6,0x10
3
1,2x10
4
1,8x10
4
2,4x10
4
3,0x10
4
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
Contagens
Energia (keV)
c)
0 200 400 600 800
0,0
2,0x10
4
4,0x10
4
6,0x10
4
8,0x10
4
d)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
Contagens
Energia (keV)
Figura 38 – DAPs para o regime estratificado obtidas pelo código MCNP-X para os
detectores: a) D1; b) D2; c)D3; d) D4.
Os parâmetros de treinamento da RNA, que apresentaram melhor resposta
consideraram o menor erro relativo, o melhor ajuste do coeficiente de correlação (r
2
) e a
faixa de erros no conjunto de Produção, são apresentados na Tabela 21.
Tabela 21 – Parâmetros de treinamento da RNA utilizados para o regime estratificado; modelo
aperfeiçoado.
Taxa de Aprendizagem η: 0,001 – Momento: 0,01
CAMADAS
PARÂMETROS
Entrada
Intermediária
Saída
Função Ativação
Linear
[-1,1]
Gaussiana
Tanh15
Gaussiana
Complementar
Logística
Neurônios
106 27 23 23 2
Capítulo IV – Resultados e Discussões
98
A resposta da RNA para o conjunto de Teste do regime estratificado, é mostrada
na Figura 39, indica a boa qualidade do treinamento da RNA.
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
0
20
40
60
80
100
Real: água
RNA: água
Frações de Volume (%)
Conjunto de Teste
Real: ar
RNA: ar
Figura 39 – Resultados obtidos pela RNA para o conjunto de Teste para o regime estratificado;
modelo aperfeiçoado.
A predição da RNA foi classificada em faixas de erros pode-se observar,
conforme são apresentados na Tabela 22, que erros menores que 10% foram obtidos
para mais de 90% dos casos para o ar e para mais de 81% dos casos para a água
(excluindo também os casos com ausência de algum meio), enquanto que na faixa de
5% de erros obtiveram-se mais de 90% para o ar e 72% para a água. Os resultados na
faixa de até 10% de erro chegam a 100% para o ar e ultrapassam 98% para a água, não
considerando os padrões com ausência de ar ou de água.
As correlações entre as frações de volume reais e as preditas pela RNA para
todos os padrões pertinentes ao modelo estratificado apresentaram fatores de correlação
(r
2
)
igual a 1,0000 para o ar e igual a 0,9996 para a água demonstrando boa
convergência da RNA.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
99
Tabela 22 – Faixa de erros para predição da RNA do regime estratificado; modelo
aperfeiçoado.
Detectores
Meios
D1 e D4 ar água
5%
90,909
72,727
5% - 10% 0 9,091
10% - 20%
0 0,826
20% - 30%
0 0
> 30% 0
r
2
1,0000
0,9996
A comprovação da qualidade do treinamento é feita utilizando o conjunto de
Produção cujas respostas da RNA são apresentadas na Tabela 23.
Tabela 23 – Predição da RNA para o conjunto de Produção do regime estratificado; modelo
aperfeiçoado.
ar (%)
água (%)
óleo (%)
Padrões
Real
RNA
Real
RNA
Real Complemento
1 5 4,97
20 18,85
75 76,18
2 5 4,97
40 40,02
55 55,01
3 5 5,08
80 80,50
15 14,42
4 15 14,90
0 0,00
85 85,10
5 15 15,02
10 9,31
75 75,67
6 15 15,08
30 28,82
55 56,09
7 15 15,08
50 49,50
35 35,42
8 15 15,16
60 60,26
25 24,59
9 15 15,23
70 68,50
15 16,27
10 25 24,82
20 19,14
55 56,03
11 25 24,64
40 41,09
35 34,26
12 35 34,35
0 0,45
65 65,20
13 35 34,75
10 9,83
55 55,41
14 35 35,01
30 30,39
35 34,60
15 35 35,03
50 50,11
15 14,86
16 35 34,77
60 60,26
5 4,96
17 45 45,08
20 20,38
35 34,54
18 45 45,05
40 39,46
15 15,49
19 55 54,55
0 2,14
45 43,30
20 55 55,10
10 10,71
35 34,19
21 55 55,00
30 30,10
15 14,90
22 65 64,68
20 18,93
15 16,39
23 75 75,15
0 0,17
25 24,68
24 75 75,11
10 9,01
15 15,88
25 95 94,78
0 3,84
5 1,38
Estes resultados demonstram uma convergência expressiva da RNA na obtenção
de frações de volume do regime estratificado. Apresentando erros médios relativos para
Capítulo IV – Resultados e Discussões
100
o conjunto de Produção de 0,61% para o ar e 2,56% para a água, excluindo 5 casos que
com ausência de água.
Diante destes resultados satisfatórios (considerando a faixa de erro até 10%)
confirma-se a boa qualidade do treinamento realizado, especialmente para padrões não
utilizados durante o processo de aprendizagem da RNA indicando a possibilidade de
aplicação da técnica em predição de frações de volume em sistemas trifásicos
submetidos ao regime estratificado.
iii) Regime Homogêneo (RNA3): As DAPs obtidas por cada um dos detectores
utilizados no modelo para as seguintes frações de volume: 70% de ar + 20% de água +
10% de óleo e 25% de ar + 10% de água + 65% de óleo são apresentadas na Figura 40.
0 200 400 600 800
0
1x10
6
2x10
6
3x10
6
4x10
6
a)
Contagens
Energia (keV)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
0 200 400 600 800
0
1x10
4
2x10
4
3x10
4
4x10
4
5x10
4
6x10
4
b)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
Contagens
Energia (keV)
0 200 400 600 800
0,0
6,0x10
3
1,2x10
4
1,8x10
4
2,4x10
4
3,0x10
4
3,6x10
4
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
Contagens
Energia (keV)
c)
0 200 400 600 800
0
1x10
4
2x10
4
3x10
4
4x10
4
5x10
4
6x10
4
7x10
4
8x10
4
d)
70% ar + 20% água + 10% óleo
25% ar + 10% água + 65% óleo
Contagens
Energia (keV)
Figura 40 – DAPs para o regime homogêneo obtidas pelo código MCNP-X para os detectores:
a) D1; b) D2; c) D3 ; d) D4.
Os parâmetros de treinamento da RNA, que apresentaram melhor resposta
consideraram o menor erro relativo, o melhor ajuste do coeficiente de correlação (r
2
) e a
faixa de erros no conjunto de Produção, são apresentados na Tabela 24.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
101
Tabela 24 – Parâmetros de treinamento da RNA utilizados para o regime homogêneo; modelo
aperfeiçoado.
Taxa de Aprendizagem η: 0,001 – Momento: 0,01
CAMADAS
PARÂMETROS
Entrada
Intermediária
Saída
Função Ativação
Linear
[-1,1]
Gaussiana
Tanh15
Gaussiana
Complementar
Logística
Neurônios
106 26 28 26 2
As correlações entre as frações de volume reais e as preditas pela RNA para
todos os padrões pertinentes ao modelo homogêneo apresentaram fatores de correlação
(r
2
)
igual a 0,9998 para o ar e igual a 0,9989 para a água demonstrando boa
convergência da rede neural sobre todos os padrões. A resposta da RNA para o conjunto
de Teste do regime homogêneo é mostrada na Figura 41 indicando a boa qualidade do
treinamento da RNA e, por conseguinte a possibilidade de utilização desta técnica em
predição de frações de volume em sistemas trifásicos submetidos ao regime homogêneo.
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
0
20
40
60
80
100
Real: água
RNA: água
Frões de Volume (%)
Conjunto de Teste
Real: ar
RNA: ar
Figura 41 – Resultados obtidos pela RNA para o conjunto de Teste para o regime homogêneo;
modelo aperfeiçoado.
A comprovação da boa qualidade do treinamento é feita utilizando o conjunto de
Produção cujas respostas da RNA são apresentadas na Tabela 25.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
102
Tabela 25 – Predição da RNA para o conjunto de Produção do regime homogêneo; modelo
aperfeiçoado.
ar (%)
água (%)
óleo (%)
Padrões
Real
RNA
Real
RNA
Real Complemento
1 5 5,04
20 20,67
75 74,28
2 5 5,12
40 41,07
55 53,81
3 5 4,44
80 80,14
15 15,41
4 15 15,21
0 0,00
85 84,79
5 15 15,19
10 10,05
75 74,76
6 15 15,70
30 30,03
55 54,27
7 15 14,56
50 49,72
35 35,72
8 15 14,86
60 59,38
25 25,75
9 15 14,58
70 69,80
15 15,62
10 25 25,70
20 21,28
55 53,01
11 25 24,69
40 38,98
35 36,33
12 35 34,68
0 0,76
65 64,56
13 35 34,81
10 10,28
55 54,91
14 35 34,88
30 29,97
35 35,15
15 35 35,23
50 49,63
15 15,14
16 35 34,64
60 59,36
5 6,00
17 45 45,16
20 19,57
35 35,26
18 45 45,21
40 39,06
15 15,73
19 55 54,72
0 1,53
45 43,75
20 55 54,95
10 8,09
35 36,97
21 55 55,81
30 28,25
15 15,94
22 65 65,55
20 18,33
15 16,12
23 75 75,21
0 4,59
25 20,20
24 75 73,15
10 8,43
15 18,43
25 95 95,75
0 0,00
5 4,25
A predição da RNA foi classificada em faixas de erro, pode-se observar,
conforme são apresentados na Tabela 26, que erros menores que 10% foram obtidos
para mais de 87% dos casos para o ar e 79% dos casos para a água (excluindo também
os casos com ausência de pelo menos um dos meios), enquanto que na faixa de 5% de
erros obtiveram-se mais de 85% para o ar e 70% para a água. Os resultados na faixa de
até 10% de erro chegam a 96% para o ar e ultrapassam 95% para a água, não
considerando os padrões com ausência de ar ou de água.
As correlações entre as frações de volume reais e as preditas pela RNA para
todos os padrões pertinentes ao modelo homogêneo apresentaram fatores de correlação
(r
2
)
igual a 0,9999 para o ar e igual a 0,9992 para a água demonstrando boa
convergência da RNA.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
103
Tabela 26 – Faixa de erros para predição da RNA em regime homogêneo; modelo
aperfeiçoado.
Detectores
Meios
D1 e D4 ar água
5%
85,950
70,248
5% - 10% 1,653 9,091
10% - 20%
2,479 2,479
20% - 30%
0,826 0,826
> 30% 0 0
r
2
0,9999
0,9992
Estes resultados demonstram uma convergência expressiva da RNA na obtenção
de frações de volume do regime homogêneo. Apresentando erros médios relativos para
o conjunto de Produção de 1,73% para o ar e 3,31% para a água, excluindo 5 casos com
ausência de água.
De forma resumida, as correlações entre as frações de volume reais e as preditas
pelas RNAs para todos os padrões pertinentes aos modelos anular (RNA2), estratificado
(RNA3) e homogêneo (RNA4) apresentaram fatores de correlação (r
2
), faixa de erros
e
erros relativos médios para o conjunto de Produção para o ar e para a água cujos valores
são mostrados na Tabela 27.
Estes resultados demonstram convergência expressiva das redes neurais
artificiais (RNA2, RNA3 e RNA4) na obtenção de FVMs sobre todos os subconjuntos
de padrões utilizados nos três regimes em estudo.
Tabela 27 – Avaliação do treinamento das RNAs.
Percentual de casos
na faixa de erros
r
2
Todos os padrões
Erro Relativo
35
(%)
Conjunto Produção
até 5% até 10%(*)
REGIME
DE FLUXO
ar água ar água ar
água
ar água
Anular 1,0000 0,9998 0,73 1,48 90
76 90(100)
80(97)
Estratificado
1,0000 0,9996 0,61 2,56 90
72 90(100)
84(98)
Homogêneo
0,9998 0,9989 1,73 3,31 85
70 87(96) 79(95)
*Desconsiderando padrões com ausência de algum meio.
Diante destes resultados satisfatórios confirma-se, definitivamente, a boa
qualidade do treinamento realizado, especialmente para padrões não utilizados durante o
processo de aprendizagem das RNAs indicando a possibilidade de utilização desta
35
Os padrões com ausência de algum meio (por exemplo: 0% de ar) não foram analisados no cálculo de
erro relativo.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
104
técnica em predição de frações de volume em sistemas trifásicos submetidos aos
regimes anular, estratificado e homogêneo.
Importante destacar que a inclusão da resolução energética e eficiência do
detector na DAP juntamente com o procedimento de distribuir as frações de volume
mais uniformemente por todo ternário, assim como a escolha manual
36
de cada
subconjunto utilizado para treinamento e avaliação da RNA permitiram a obtenção de
resultados com concordância bem mais significativa do que o modelo anterior
apresentado na seção 3.2.2 apresentando erros médios relativos menores para os
regimes anular, estratificado e homogêneo com a utilização de apenas dois detectores
(D1 e D4).
Nas figuras 36a, 38a e 40a, na parte esquerda das DAPs (canais de 10 keV)
pode-se notar que o fotopico de 59,45 keV:
241
Am não deve ser confundido com o raio
X da camada K de
137m
Ba
56
(ΒaΚα
1
) que não foi considerado na simulação. Em D2, D3
e D4 representa o espalhamento do fotopico 59,45 keV.
0 20 40 60 80 100
0,0
5,0x10
5
1,0x10
6
1,5x10
6
2,0x10
6
Energia (keV)
D1
0
2000
4000
6000
8000
D2
D3
D4
Figura 42 – DAPs obtidas nos detectores para 59,45 keV.
36
Acredita-se ter sido este fator o principal responsável pela melhoria nos resultados.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
105
Outro aspecto importante que precisa ser mencionado é o fato do fotopico do
241
Am (59,45 keV) ser bem maior (intenso) do que o fotopico do
137
Cs (662 keV) (ver
Figuras 36a, 38a e 40a), isto ocorre porque a eficiência do detector é significativamente
mais alta na região de energia do
241
Am comparativamente à energia do
137
Cs.
4.6
I
DENTIFICAÇÃO DE
R
EGIMES DE FLUXO POR
RNA
As DAPs obtidas pelos detectores D1 e D4 pertencentes a cada regime de fluxo
para uma fração de volume (30% ar + 20% água + 50% óleo) são apresentadas, como
exemplo, na Figura 43. O objetivo é mostrar os comportamentos de cada DAP para os
diferentes regimes de fluxo objetivando a identificação dos regimes de fluxo.
As informações utilizadas no treinamento da RNA1 para identificação do regime
são as mesmas DAPs (DAP 1 e DAP 4) empregadas para calcular as FVMs por meio de
RNAs, conforme o regime de fluxo dominante. Vale mencionar que estas redes já estão
devidamente treinadas para os regimes anular (RNA2), estratificado (RNA3) ou
homogêneo (RNA4), conforme mencionado na seção 4.5. Os parâmetros de treinamento
da RNA1 que apresentaram o maior de número de acertos na identificação do tipo de
regime de fluxo são apresentados da Tabela 28.
0 200 400 600 800
10
4
10
5
10
6
Contagens (DAP 1)
Energia (keV)
Anular
Estratificado
Homoneo
2,0x10
4
4,0x10
4
6,0x10
4
8,0x10
4
DAPs 1
DAPs 4
Contagens (DAP 4)
Figura 43 – DAPs obtidas pelo código MCNP-X para os detectores D1 e D4 a partir da fração
de volume formada por 30% ar + 20% água + 50% óleo.
Capítulo IV – Resultados e Discussões
106
Tabela 28 – Parâmetros de treinamento da RNA utilizados para identificação de regime.
Taxa de Aprendizagem η: 0,001 – Momento: 0,01
CAMADAS
PARÂMETROS
Entrada
Intermediária
Saída
Função Ativação
Linear
[-1,1]
Gaussiana
Tanh15
Gaussiana
Complementar
Logística
Neurônios
106 27 23 23 3
As diferenças encontradas entre as DAPs para cada um dos regimes em estudo
possibilitaram um treinamento da RNA que resultou em um índice de acerto de 100%,
identificando corretamente todos os regimes apresentados, totalizando 354 (118x3)
análises, sendo 75 (25 x 3) padrões avaliados como conjunto de Produção.
Importante mencionar, que na interpretação dos resultados, considerou-se como
identificado corretamente o regime de fluxo relacionado com a saída que apresentou
como resposta o maior valor absoluto dentre as demais saídas (S
3
, S
2
e S
1
). E também,
que os casos de frações de volume com 100% de algum meio foram removidos do
treinamento, uma vez que 100% de ar, por exemplo, para o regime anular foi,
obviamente, confundido pela RNA como regime estratificado e/ou homogêneo. Para
efeito de ilustração, na Tabela 29 são apresentados alguns padrões utilizados no
treinamento com suas respectivas predições da RNA.
Tabela 29 – Classificação dos regimes de fluxo.
Entrada
DAP1 e DAP4
Saída
Esperada
Rede Neural - Resposta
Frações
Atual
Normal
Maior Saída
Vence
Resultado
Casos
Dados
Regime
ar
água
óleo
S3
S2
S1
S3
S2
S1
S3
S2
S1
15 TRT
Anular
10
30 60
0
0
1
0,00
0,02
1,00
0 0 1 Certo
15 TRT
Estrat.
10
30 60
0
1
0
0,00
1,00
0,00
0 1 0 Certo
15 TRT
Homog.
10
30 60
1
0
0
1,00
0,00
0,00
1 0 0 Certo
67 TST Anular
5
0 95
0
0
1
0,08
0,00
1,00
0 0 1 Certo
67 TST Estrat.
5
0 95
0
1
0
0,01
0,98
0,00
0 1 0 Certo
67 TST Homog.
5
0 95
1
0
0
0,92
0,00
0,08
1 0 0 Certo
97 PRO
Anular
35
30 35
0
0
1
0,02
0,00
1,00
0 0 1 Certo
97 PRO
Estrat.
35
30 35
0
1
0
0,00
1,00
0,00
0 1 0 Certo
97 PRO
Homog.
35
30 35
1
0
0
0,98
0,02
0,00
1 0 0 Certo
As respostas da RNA, para os conjuntos de Treinamento, Teste e Produção
resultaram em uma excelente convergência da rede sobre os conjuntos de perfis de fluxo
Capítulo IV – Resultados e Discussões
107
apresentados e, desta forma, demonstraram o potencial de aplicação desta técnica na
classificação de regimes de fluxo a partir das DAPs.
4.6.1
S
ISTEMA MÚLTIPLO DE
RNA
S
Um esquema simplificado do sistema múltiplo de RNAs proposto é mostrado na
Figura 44. Este sistema tem a finalidade de predizer as frações de volume de materiais
independentemente do regime de fluxo presente na tubulação.
RNA 3
Regime
Estratificado
FVM: gás
FVM: água
FVM: gás
FVM: água
FVM: gás
FVM: água
DAP1
RNA 4
Regime
Homogêneo
RNA 2
Regime
Anular
DAP4
Anular
Estratificado
Homogêneo
RNA 1
Identificador
Anular
Estratificado
Homogêneo
0 100 200 300 400 500 600 700
10
10
10
Co ntagens
Energia (keV)
DAP 1
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
DAP 4
S
1
S
2
S
3
Figura 44 – Sistema múltiplo de RNAs.
A RNA1 recebe as informações obtidas pelos detectores D1 e D4 classifica o
regime de fluxo e ativa (seleciona) a RNA específica. Suponha, por exemplo, que as
DAP1 e DAP4 sejam inerentes ao regime de fluxo estratificado, após a devida
identificação do regime realizada pela RNA1 habilita-se a RNA3 que é treinada
especificamente para o regime estratificado que calcula as frações de volume. Desta
forma, é possível aumentar a precisão nas medidas das frações de volume, visto que elas
são dependentes do regime de fluxo presente.
Capítulo V – Conclusões
108
CAPÍTULO V
5 – CONCLUSÕES
i) Gerais
A utilização das técnicas de atenuação de radiação gama, por meio do método de
Monte Carlo e de redes neurais artificiais (RNAs) permitiu o desenvolvimento de uma
metodologia capaz de classificar o regime de fluxo dominante e predizer
simultaneamente as frações de volume em escoamentos multifásicos de três meios
caracterizando um avanço em relação aos trabalhos propostos por ÅBRO et al., (1999a);
YANG et al., (2003) e MALAYERI et al., (2003) que trataram seus estudos em
sistemas bifásicos. Para os três regimes investigados, as RNAs mapearam (com boa
precisão) os dados simulados (Distribuições de altura de pulsos (DAP) obtidas pelos
detectores) pelo código computacional MCNP-X com as frações de volume de cada
meio em sistemas multifásicos (gás-água-óleo) independentemente, a priori, do regime
de fluxo dominante, visto que todos os regimes foram identificados corretamente.
A utilização de RNAs na interpretação das informações provenientes dos
detectores tem como objetivo não usar solução analítica, conforme proposto por
ABOUELWAFA e KENDALL (1980) que é específica para um determinado conjunto
de parâmetros do regime de fluxo, que deve ser aplicada somente em condições muito
controladas e que em casos reais são difíceis de serem mantidas, portanto, podem-se
encontrar erros grandes na determinação da grandeza desejada ou até mesmo tornar a
solução analítica impraticável. Por outro lado, RNAs, se devidamente treinadas, podem
mapear as frações de volume mesmo com variações nas condições de contorno, tais
como: regime de fluxo, teor de salinidade na água etc.
Os resultados indicam que a metodologia pode ser usada para o desenvolvimento
de um sistema real, porém, deve-se calcular e validar os coeficientes de atenuação linear
total dos meios presentes no regime de fluxo. Importante mencionar que a metodologia
depende da vazão. Para regimes de fluxo permanentes (steady state) com baixa vazão é
possível obter as DAPs realizando uma aquisição por um período de tempo pequeno
(segundos), enquanto que para vazões mais altas, para que o sistema consiga registrar
variações rápidas no escoamento, a fonte de radiação precisará ser muito intensa para
Capítulo V – Conclusões
109
que o tempo de aquisição não seja muito alto (minutos) conduzindo a perda de
informações importantes, além disto a instrumentação eletrônica associada deve ser
capaz de processar as informações recebidas pelos detectores caso contrário pode-se
inviabilizar o procedimento.
ii) Geometria
A geometria de medida simulada considera a radiação transmitida e a espalhada,
que quando combinadas, possibilitam a obtenção de informações sobre a distribuição
das fases e das frações de volume de materiais (FVMs), assim como, um aumento na
“visualização” da área inspecionada tornando o sistema menos dependente do regime de
fluxo. Neste trabalho, diferentemente do proposto por JOHANSEN e JACKSON
(2000), houve um reposicionamento do segundo detector de 90° para 45º o que permitiu
obter resultados mais precisos, permitindo também que a geometria de medida proposta
seja simplificada com a utilização de apenas dois detectores não colimados, o que torna
o sistema de fácil implementação prática, diferentemente de diversos outros autores:
BISHOP e JAMES (1993) usaram seis detectores pontuais colimados numa geometria
complexa, enquanto que, ÅBRO et al., (1999a) utilizaram três detectores para reduzir o
erro médio para 3% em sistemas bifásicos, TJUGUM et al., (2002) empregaram nove
detectores e, ainda, JOHANSEN et al., (1994) empregaram apenas um detector, porém
com sistema tomográfico o que implica em dificuldades de implementação prática. O
modelo matemático desenvolvido considerou as curvas-resposta dos detectores de
radiação reais: (curva de resolução energética e de eficiência), o que tornou o modelo
bem mais realístico, diferentemente de diversos outros autores onde as características
dos detectores não foram consideradas (BISHOP e JAMES, 1993; TJUGUM et al.,
2002).
iii) RNAs (RNA2, RNA3 e RNA4) – Frações de Volume de Materiais (FVMs)
O arranjo com as RNAs que calculam as (FVMs) permitiu predizer com boa
precisão as frações de volume de gás, água e óleo nos três regimes de fluxo estudados -
anular: (RNA2), estratificado: (RNA3) e homogêneo: (RNA4). A capacidade de
predição (generalização) da RNA foi comprovada com a utilização de 25 padrões
distribuídos uniformemente por larga faixa de valores de frações de volume de todos os
Capítulo V – Conclusões
110
meios em estudo. Os resultados dos testes para o conjunto de Produção apresentaram
erros relativos médios máximos de 1,73% para o ar e 3,31% para a água (para todos os
regimes estudados) demonstrando boa concordância entre os valores reais das frações
de volume e as respostas das RNAs. Para os regimes anular, estratificado e homogêneo,
todos os padrões utilizados foram classificados considerando erros relativos de até 10%
em mais de 90% dos casos para frações de volume de ar e de água. A metodologia
empregada permite que as informações (DAPs) obtidas pelos dois detectores NaI(Tl)
(D1 e D4) sejam utilizadas diretamente na alimentação das RNAs, sem qualquer pré-
processamento dos dados, permitindo uma excelente predição na obtenção das frações
de volume de gás, água e óleo. Tais resultados indicam que a metodologia é adequada
para predição de tais frações de volume.
iv) RNA1 – Identificadora de Regimes de Fluxo
A RNA identificadora de regimes de fluxo (RNA1) permitiu a identificação
correta de todos os regimes de fluxo (anular, estratificado e homogêneo), inclusive para
o conjunto de Produção formado por 75 padrões tendo um índice de 100% de acertos;
tais resultados superam os resultados encontrados por outros autores que alcançaram
valores máximos de 95% (WU et al., 2001) e de 98% (JULIÁ et al., 2008) embora
tenham usado dados experimentais para treinamento das redes neurais. A identificação
do regime de fluxo é importante, pois permite um aumento na precisão nos cálculos das
FVMs, visto que são dependentes do regime de fluxo. Com este índice de acertos,
comprova-se a potencialidade da técnica na solução de problemas relacionados com a
classificação de regimes de fluxo qualificando a metodologia proposta para tal
finalidade.
No caso dos padrões com a presença de apenas um meio (por exemplo: 100% de
água) pode-se utilizar qualquer uma das RNAs (RNA2, RNA3 e RN4) treinadas para os
regimes anular, estratificado ou homogêneo para resolver o problema, visto que cada
uma delas recebeu esta configuração de FVM durante seus treinamentos.
v) Sistema de RNAs
Foi introduzido no procedimento da metodologia um sistema múltiplo de RNAs
capaz de obter as frações de volume independentemente, a priori, do regime de fluxo em
Capítulo V – Conclusões
111
sistemas trifásicos, o que reduz os erros nos cálculos de FVMs diferentemente de outros
trabalhos que visam apenas o cálculo das FVMs (ROACH et al., 1995; HARTLEY et
al., 1995), apenas a identificação do regime de fluxo (JULIÁ et al., 2008; TJUGUM et
al., 2002a; MI et al., 1998; TSOUKALAS et al., 1998) e na maioria dos casos os
estudos são desenvolvidos em sistemas bifásicos (ÅBRO, 1999a; YANG, 2003;
MALAYERI et al., 2003; JIANG e REZKALLAH, 1993).
vi) Código computacional MCNP-X
A utilização do código MCNP-X mostrou-se eficaz na geração dos dados para
treinamento das RNAs. Assim como, na elaboração do modelo a ser utilizado no cálculo
de FVMs pôde ser realizada sem a necessidade de utilização de fontes radioativas,
detectores e seções de testes estáticas representativas de cada um dos regimes de fluxo
estudados demonstrando-se, desta forma uma ferramenta muito útil. Além disto,
permitiu selecionar adequadamente diversos parâmetros, tais como: geometria do
sistema, energias (59,45 keV: Am
241
e 662 keV: Cs
137
), número de detectores (dois são
utilizados D1 e D4), o que pode facilitar o desenvolvimento inicial de um arranjo
experimental com a metodologia proposta. Os dados simulados provenientes dos
modelos matemáticos mostraram-se adequados para o treinamento das RNAs, os quais
foram usados, com sucesso, para interpretar FVMs e regimes de fluxo. As melhorias
realizadas no modelo matemático, ou seja, a consideração das curvas-resposta dos
detectores, assim como uma maior uniformidade dos dados de treinamento da RNA sob
o ternário minimizou (diminuiu) os erros e propiciou resultados muito satisfatórios.
As características da metodologia propiciam um dispositivo compacto com alta
velocidade no tratamento das informações tendo grande aplicação na indústria
petrolífera off-shore. Os resultados são encorajadores e indicam que a metodologia
proposta é promissora e adequada para a solução deste problema.
Dentre as sugestões para trabalhos futuros, pode-se destacar:
Testar utilização da metodologia em seções de teste reais estáticas;
Aprimorar a metodologia para aplicação em seções de teste dinâmicas;
Investigar a aplicação da metodologia em regimes desconhecidos, visando
aprimorá-la para identificação de frações de volume independentemente do
conhecimento do regime de escoamento.
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Trabalhos Publicados
126
RELAÇÃO DE TRABALHOS “PUBLICADOS”
Revista internacional indexada:
1)
Salgado C. M.
, Brandão L., Schirru R., Pereira C. M. N. A., Ramos R. e Silva A. X.,
2009. “Prediction of volume fractions in three-phase flows using nuclear technique and
artificial neural network. Applied Radiation and Isotopes, 67, 1812-1818.
2)
Salgado C. M.
, Pereira C. M. N. A., Schirru R. e Brandão L. E. B., 2009.
“Identification of flow regime and improved volume fraction prediction of multiphase
flow by means of gamma-ray attenuation and artificial neural networks”. (
Aceito para
publicação na Progress in Nuclear Energy
)
Congressos internacionais:
1)
Salgado
C. M., Schirru R., Brandão L. E. B., Pereira C. M. N. A., 2009. “Flow
regime identification methodology with MCNP-x code and artificial neural network”.
International Nuclear Atlantic Conference (INAC), Rio de Janeiro, RJ.
2)
Salgado C. M.
, Brandão L., Schirru R., Pereira C. M. N. A., Ramos R. e Silva A. X.,
2007. "Study of volume fractions for stratified and annular regime in multiphase flows
using gamma-rays and artificial neural network". International Nuclear Atlantic
Conference (INAC), Santos, SP.
3) Ramos R., Brandão L., Schirru R.,
Salgado C. M.
, Pereira C. M. N. A., e Silva A.
X., 2007. "Study of the potentiality application of nuclear techniques and artificial
neural network in the determination of volume fractions in multiphase system".
Proceedings of COBEM, 19
th
International Congress of Mechanical Engineering,
Brasília, DF.
4) Ramos R., Brandão L., Salgado C. M., Pereira C. M. N. A., Schirru R. e Silva A. X.,
2007. "Volume fraction calculation in multiphase system such as oil-water-gas using
neutron
. 3
th
International Nuclear Atlantic Conference (INAC), Santos, SP.
Trabalhos Publicados
127
5)
Salgado
C. M., Schirru R., Brandão L. e Pereira C. M. N. A., 2009. Flow regime
identification methodology with MCNP-X code and artificial neural network”. 4
th
International Nuclear Atlantic Conference (INAC), Rio de Janeiro, RJ.
Congressos nacionais:
1) Salgado C. M., Brandão L, Schirru R., Pereira C. M. N. A., Ramos R. e Silva A. X.,
2008. "Modelagem de detector NaI(Tl) usando MCNP-X". XI Encontro de Modelagem
Computacional, n 0189, Volta Redonda, RJ.
2) Ramos R., Brandão L., Schirru R., Pereira C. M. N. A., Salgado C. M. e Silva A.
X., 2008. "Uso de Rede Neural e técnica nuclear na identificação de frações de volume
em fluxo trifásico". XI Encontro de Modelagem Computacional, n. 0198. Volta
Redonda, RJ.
3) Salgado C. M., Brandão L., Pereira C. M. N. A., Ramos R., Silva A. X. e Schirru R.,
2007. "Cálculo de frações de volume em sistema de escoamento anular (óleo/água/gás)
utilizando MCNP-X e rede neural". IV Congresso Rio Automação, Instituto Brasileiro
de Petróleo e Gás, Rio de Janeiro, RJ.
4) Salgado C. M., Brandão L, Pereira C. M. N. A., Ramos R., Silva A. X. e Schirru R,
2006. "Determinação de frações de volume em sistema de escoamento multifásico
utilizando atenuação de raios gama e redes neurais". IX Encontro de Modelagem
Computacional, Belo Horizonte, MG.
Artigo 1 – Applied Radiation and Isotopes
128
ARTIGOS EM REVISTAS INTERNACIONAIS
Prediction of volume fractions in three-phase flows using nuclear
technique and artificial neural network
César Marques Salgado
a,*
, Luís E. B. Brandão
a
, Roberto Schirru
b
, Cláudio
M. N. A. Pereira
a
, Ademir Xavier da Silva
b
, Robson Ramos
a
a
Instituto de Engenharia Nuclear, [DIRA/IEN/CNEN], Rio de Janeiro
CEP.: 21945-970 - Caixa Postal 68550, Brasil.
b
Universidade Federal do Rio de Janeiro, [PEN/COPPE-DNC/EE]CT, Rio de Janeiro
CEP.: 21941-972 - Caixa Postal 68509, Brasil.
ABSTRACT
This work presents methodology based on nuclear technique and artificial neural
network for volume fractions predictions in annular, stratified and homogeneous oil-water-gas
regimes. Using principles of gamma-ray absorption and scattering together with an appropriate
geometry, comprised by three detectors and a dual-energy gamma-ray source, it was possible to
obtain data, which could be adequately correlated to the volume fractions of each phase by
means of neural network. The MCNP-X code was used in order to provide the training data for
the network.
Keywords:
Volume Fraction; MCNP-X, Artificial Neural Network; Gamma-rays
1. Introduction
Multiphase flow measurement in offshore petroleum and petrochemical
industries is a difficult task from the point of view of the engineering process. In order
to allow prediction of volume fractions of oil, water and gas, without modifying the
operational conditions, non-invasive instrumentation and techniques have been
investigated and developed by many researchers and professionals. According to
literature, by using nuclear techniques, such as neutrons (Hussein and Han, 1995) or
gamma-rays sources (Abouelwafa and Kendall, 1980; Johansen et al., 1994; Åbro et al.,
1998, 1999; Tjugum et al., 2001, 2002), with NaI(Tl) (Salgado et al., 2007a, 2007b) or
CdZnTe (Åbro, 1999) radiation detectors, it is possible to predict volume fractions
without modifying the operational conditions. However, mathematical modeling of
three-phase flows, required for correlating measurements with volume fractions, is a
hard task (often impracticable) due to its dependence on fluid’s physical and chemical
properties, as well as on geometry and tube specifications.
Aiming to overcome such difficulty, artificial intelligence (AI) techniques,
especially artificial neural networks (ANN) (Haykin, 1994) have been applied to
material volume fractions (MVF) prediction (Bishop and James, 1993; Mi et al., 1998;
Åbro et al., 1999). ANNs have the ability of learning by examples (training set). In
former work (Åbro et al., 1999) the data set used for training of the ANN was simulated
by means of EGS4 code (Nelson et al., 1985), which is based on Monte Carlo
technique.
Satisfactory results were obtained by using the MCNP code (Monte Carlo N-
Particle) and ANN in a geometry with pencil beam transmitted in annular flow regime
*
Corresponding author. Fax: +55-21-2173-3852
E-mail address: [email protected]ov.br
Artigo 1 – Applied Radiation and Isotopes
129
for gamma-rays (Salgado et al., 2006) and for neutrons (Ramos et al., 2007). The Monte
Carlo N-Particle eXtended
(MCNP-X) code (Pelowitz, 2005) and ANN had been used
to evaluate the MVF in fan beam geometry with three detectors. Transmitted and
scattering beams have been used in order to increase the visualization of the transversal
section, making the response less dependent on the annular flow regime (Salgado et al.
2007a, 2007b; Ramos et al., 2007b). Such preliminary investigations demonstrated the
feasibility of the technique; however, only annular regime was studied. Extending the
scope of those previous studies, in this work it is proposed a methodology for MVF
prediction in multiphase regimes found in petroleum and petrochemical industry: i)
annular, ii) stratified and iii) homogeneous.
2. Methodology
2.1. Physical Model and Monte Carlo
The Monte Carlo (MC) technique is a widely used simulation tool for radiation
transport, mainly in situations where physical measurements are inconvenient or
impracticable. In this work, the Monte Carlo N-Particle eXtended (MCNP-X) code,
which is specific for simulating electron and photon transport through materials with
various geometries, has been used. Gamma-rays simulation in MCNP-X comprises: i)
incoherent and coherent scattering; ii) the possibility of fluorescent emission after
photoelectric absorption; iii) pair production with local emission of annihilation
radiation and bremsstrahlung (Pelowitz, 2005). This technique is applied in the
radiological protection, modeling nuclear installations, shielding of radiation and to
calculate efficiency of detectors. In this work, MCNP-X code was used to simulate
gamma-rays scattering and absorption from a radiation source in annular, stratified and
homogeneous regimes in an oil-water-gas pipeline. By the use of MC simulations, it
was possible to generate of an adequate data set for training the ANN.
Combining transmission and scattered radiation from gamma-rays source (dual-
mode densitometry) with a fan-beam it is possible to increase the measurement area on
the cross section of the pipe (Johansen and Jackson, 2000; Tjugum, 2001) and make the
MVF estimation less dependent on the flow regime. Considering that material out of the
geometric volume defined by the source and transmitted rays detector affects MVF
calculation (Opedal, 1997), the model also considers the extra contribution in the
measures of transmission of scattered radiation (Linga, 1991). Moreover, Compton
scattering can be also used to measure volume fractions gas independent of the salinity
of the water (Johansen and Jackson, 2000).
The mathematical model considered scintillator detector as a homogeneous
equilateral cylinder 1” x 1” (Berger and Seltzer, 1972; Saito and Moriuchi, 1981; Orion
and Wielopolski, 2002; Shi et. al., 2002; Sood and Gardner, 2004).
In all simulations, a fan beam geometry has been used for the source and three
different scintillator NaI(Tl) detectors. One of them (detector 1) was located aligned to
the source (180°) and the others one located at 90° (detector 2) and at 45° (detector).
Two collimated (angle beam 6.7°) gamma-rays point sources (121keV (
152
Eu) and 356
keV (
133
Ba)) have been used. A steel tube ANSI316 composes a test section with 1.0 cm
thickness and 18.0 cm of internal diameter. The measurement system is shown is Figure
1.
Artigo 1 – Applied Radiation and Isotopes
130
S
o
u
r
c
e
E
n
e
r
g
y
:
1
2
1
k
e
V
3
5
6
k
e
V
D
e
t
e
c
t
o
r
1
D
e
t
e
c
t
o
r
2
NaI(Tl)
Steel
L
e
g
e
n
d
:
D
e
t
e
c
t
o
r
3
Figure 1 - Simulated system.
In our studies, salty water was used (4% of NaCl to simulate seawater)
(Johansen and Jackson, 2000); the gaseous phase was substituted by air and the petrol
was assumed as hydrocarbon (chemical form C
5
H
10
) with a mass density of 0.896 g.cm
-
3
(Hussein and Han, 1995).
The models for the different flow regimes (annular, stratified and homogeneous
regimes) are shown in Figure 2.
oil
gas
water
Legend:
x
g
x
o
x
w
b) Stratified
x
o/2
x
w/2
x
w/2
x
g
a) Annular
c) Homogeneous
oil+water+gas
steel
x
o/2
Figure 2 - Regime models: a) annular; b) stratified; c) homogeneous.
2.2. Neural Network
Artificial Neural Networks (ANN) (Haykin, 1994) are mathematical models
inspired in the human brain. The main characteristic of this technique is the ability of
learning by examples. ANNs are able to discover behaviors and patterns from a finite
set of data (called the “training set” of the ANN). If an adequate training set is provided,
the ANN is able to generalize the knowledge acquired during training (learning) process
and the ANN may respond adequately to new situations (not comprised in the training
set). The two phases of the ANN are:
i) The training phase, in which, by using a learning (training) algorithm, the
ANN is supposed to learn features (behavior, patterns, etc) from a previously provided
finite set of examples (the training set). This is often an off-line phase and training set
may be carefully generated;
Artigo 1 – Applied Radiation and Isotopes
131
ii) The working phase (or the use of the ANN), in which the trained ANN is used
to respond to new (real-world) situations. This is an on-line phase and the ANN doesn’t
need the training set any more.
There are different types of ANN. In this work, a 3-layer feed-forward
multilayer perceptron (Haykin, 1994) has been used. The learning/training algorithm
was the well-known (supervised) back-propagation algorithm (Chauvin and Rumelhart,
1995).
In the learning phase, MCNP-X has been used in order to generate the training
set. The models for the different flow regimes (annular, stratified and homogeneous
regimes) had been used to get a data set in order to feed the ANN. The values of the
thickness (r
g
, r
w
and r
o
- annular and stratified models) of each material had varied, in
the MCNP-X simulation, getting diverse combinations of MVF, while for the
homogeneous regime mass fraction of each one of the materials varied. For each one of
these combinations, which had been varied of 0% to 100%, relative counts from
transmitted and scattered beams had been calculated.
3. Method Application and Results
The first step in this investigation was the Monte Carlo simulations by means of
MCNP-X, in order to generate the training set for the ANN. Data for testing the ANN
have also been generated. For illustration, some simulated measurement of transmitted
and scattered beam, which supplied the Pulse Height Distributions (PHD) are presented
in Figure 3. The PHD had been classified in energy range of 20 to 360 keV.
50 100 150 200 250 300 350
400
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
700000
800000
5 10 15 20 25 30 35 40
Channel
00% air + 20% water+ 80% oil
40% air + 40% water+ 20% oil
a)
Counts
Energy (keV)
50 100 150 200 250 300
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5 10 15 20 25 30
Channel
Detector 2
Detector 3
b)
Counts
Energy (keV)
00% air + 20% water + 80% oil
40% air + 40% water + 20% oil
00% air + 20% water + 80% oil
40% air + 40% water + 20% oil
Figure 3 - PHD gotten by MCNP-X code for beams: a) Transmitted; b) Scattered.
A set of 64 simulations, for different combinations of volume fractions were
made, in order to generate the ANN training (52 simulations), test (6 simulations) and
production (6 simulations) sets. The test set was used to evaluate the neural network
generalization (for stopping criteria, see Haykin, 1994). The production set is used for a
final test, after ANN training in order to test the ANN in the working phase.
The ANN training patterns are composed by the following data:
i) ANN Inputs:
Detector 1: counts on channels 13 (130 keV) and 36 (360 keV);
Artigo 1 – Applied Radiation and Isotopes
132
Detector 2: counts from channel 2 to 30 (20 to 300 keV, with steps of 10 keV);
Detector 3: counts from channel 2 to 30 (20 to 300 keV, with steps of 10 keV);
ii) ANN Outputs:
H
2
O volume fraction;
Air volume fraction.
Note that only 2 phases are used as ANN outputs. The third phase is obtained by
complement. Such set of volume fractions used as ANN outputs has been empirically
chosen, after investigating (by experimentation) all possible combinations (including
the use of three volume fractions).
Volume fractions, which compose each of above mentioned set (training, test
and production), are shown in Figure 4.
Set Training
Set
Test
Set
P
roduction
water
a
i
r
oil
0.0
0.0
0.0
0.
2
0.
2
0.
2
0.
4
0.
4
0.
4
0.
6
0.
6
0.
6
0.
8
0.
8
0.
8
1.0
1.0
1.0
Figure 4 - Training, test and production sets.
3.1. Annular Regime
Figure 5 shows the correlation between the volume fractions predicted by the
ANN and the real one for all patterns.
0 20 40 60 80 100
0
20
40
60
80
100
R
2
=0.999
a)
Volume Fraction (%): Real
Volume Fraction (%): ANN
Real x ANN
Adjust Linear
0 20 40 60 80 100
0
20
40
60
80
100
b)
R
2
=0.998
Volume Fraction (%): Real
Volume Fraction (%): ANN
Real x ANN
Adjust Linear
Figure 5 - MVF obtained for all patterns on annular regime: a) air; b) water.
Artigo 1 – Applied Radiation and Isotopes
133
Linear models were fit to the data of Figure 5 using a least-squares procedure
and linear correlation coefficients of 0.999 and 0.998 were obtained for air and water,
respectively, demonstrating a good convergence of neural network about all data set.
The prediction for the test set of the annular regime is shown in Figure 6 indicating that
the ANN could adequately predict volume fractions.
1 2 3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
a)
Volume Fraction (%)
Test Set
Real
ANN Prediciton
1 2 3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
b)
Volume Fraction (%)
Test Set
Real
ANN Predicton
Figure 6 - Results obtained for the Test Set on annular regime: a) air; b) water.
In Table 1, results obtained for the production set of outputs ANN on annular
regime are presented.
Table 1 - ANN Prediction for the Production Set on annular regime.
Air (%)
Water (%)
Data Set
Real ANN
Real ANN
1 70 73.85 0 5.10
2 80 79.44 10 7.41
3 60 63.79 0 3.05
4 68 70.60 16 16.77
5 10 10.46 70 69.72
6 30 30.38 0 5.45
3.2. Stratified Regime
Figure 7 shows the correlation between the volume fractions predicted by the
ANN and the real one for all patterns.
0 20 40 60 80 100
0
20
40
60
80
100
a)
R
2
=0.998
Volume Fraction (%): Real
Volume Fraction (%): ANN
Real x ANN
Adjust Linear
0 20 40 60 80 100
0
20
40
60
80
100
b)
R
2
=0.997
Volume Fraction (%): Real
Volume Fraction (%): ANN
Real x ANN
Adjust Linear
Figure 7 - MVF obtained for all patterns on stratified regime: a) air; b) water.
Artigo 1 – Applied Radiation and Isotopes
134
Linear models were fit to the data of Figure 7 using a least-squares procedure
and linear correlation coefficients of 0.997 and 0.998 were obtained for air and water,
respectively, demonstrating a good convergence of neural network about all data set.
The prediction for the test set of the stratified regime is shown in Figure 8 indicating
that the ANN could adequately predict volume fractions.
1 2 3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
a)
Volume Fraction (%)
Test Set
Real
ANN Prediction
1 2 3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
b)
Volume Fraction (%)
Test Set
Real
ANN Prediction
Figure 8 - Results obtained for the Test Set on stratified regime: a) air; b) water.
In Table 2, results obtained for the production set of outputs ANN on annular
regime are presented.
Table 2 - ANN Prediction for the Production Set on stratified regime.
Air (%) Water (%) Data
Set
Real ANN Real
ANN
1 70 67.89
0 4.47
2 80 77.82
10 10.48
3 60 59.19
0 1.18
4 68 62.37
16 15.33
5 10 11.51
70 68.65
6 30 32.96
0 3.70
3.3. Homogeneous Regime
Figure 9 shows the correlation between the volume fractions predicted by the
ANN and the real one for all patterns.
0 20 40 60 80 100
0
20
40
60
80
100
a)
R
2
=0.999
Volume Fraction (%): Real
Volume Fraction(%): ANN
Real x ANN
Adjust Linear
0 20 40 60 80 100
0
20
40
60
80
100
b)
R
2
=0.989
Volume Fraction (%): Real
Volume Fraction (%): ANN
Real x ANN
Adjust Linear
Figure 9 - MVF obtained for all patterns on homogeneous regime: a) air; b) water.
Artigo 1 – Applied Radiation and Isotopes
135
Linear models were fit to the data of Figure 9 using a least-squares procedure
and linear correlation coefficients of 0.999 and 0.989 were obtained for air and water,
respectively, demonstrating a good convergence of neural network about all data set.
The prediction for the test set of the homogeneous regime is shown in Figure 10
indicating that the ANN could predict volume fractions especially for void fractions.
1 2 3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
a)
Volume Fraction (%)
Test Set
Real
ANN Prediction
1 2 3 4 5 6
0
10
20
30
40
50
60
70
b)
Volume Fraction (%)
Test Set
Real
ANN Prediction
Figure 10 - Results obtained for the Test Set on homogeneous regime: a) air; b) water.
In Table 3, results obtained for the production set of outputs ANN on
homogeneous regime are presented.
Table 3 - ANN Prediction for the Production Set on homogeneous regime.
Air (%) Water (%) Data
Set
Real ANN Real ANN
1 30 32.36
0 16.95
2 70 71.19
0 7.67
3 80 81.47
10 10.18
4 60 63.47
0 14.51
5 68 64.43
16 18.65
6 10 11.68
70 76.83
Note that some larger errors can be observed (especially on homogeneous
regime). A possible cause is that, in this case, different compositions (combinations of
volume fractions) lead to very similar PHD, as shown in Figure 11. Such fact may
complicate ANN training.
The use of a more adequate (more complete) training and test sets, as well as
other detection schemes should be investigated, in order to increase the performance,
minimizing such errors.
Although of some imprecision have occurred, the result in general are good,
pointing to the feasibility of using this methodology to adequately correlate
measurements obtained from NaI detectors to volume fractions in annular, stratified and
homogeneous (more accurately for void fractions) regimes with ANN specifically
trained for each flow regime.
Artigo 1 – Applied Radiation and Isotopes
136
0 5 10 15 20 25 30
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Detector 2
25% air+25% water+50% oil
30% air+60% water+10% oil
Counts
Energy (keV)
25% air+25% water+50% oil
30% air+60% water+10% oil
Detector 3
Figure 11 - PHD gotten by MCNP-X code for beam transmitted for homogeneous regime.
4. Conclusions
The use of code MCNP-X played a very important hole in data generation for
ANN training. It eliminates problems associated with availability of radioactive sources,
detectors and representative test section of each flow regime in the initial phase of the
project. Moreover, it allowed parameter optimization (system’s geometry, energies,
number of detectors, etc), that may facilitate an initial development of an experimental
arrangement with the proposed methodology.
It is important to emphasize that the energy resolution of the detector was not
considered. In future works, the experimental validation of the NaI(Tl) detector
response curves will be considered. Experimental data of a representative static test
section of one of the flow regimes studied should be obtained and used as production set
in order to validate all the methodology.
For the three investigated regimes, ANN could satisfactorily correlate the
measurements simulated by MCNP-X code with the volume fraction of each material of
a three-phase (oil-water-gas) system, indicating that the methodology can be applied
with such purpose.
In this work, an ANN had been developed for each regime. Next step (under
investigation) is to design a unified ANN system, which is able to predict volume
fractions in multiphase regimes without needing any previous knowledge about the
regime. In other words, a unique ANN for annular, stratified and homogeneous regimes
(and maybe some others).
Acknowledge
Cláudio M. N. A. Pereira and Roberto Schirru are supported by Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Artigo 1 – Applied Radiation and Isotopes
137
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Artigo 2 – Progress in Nuclear Energy
139
Flow regime identification and volume fraction prediction in
multiphase flows by means of gamma-ray attenuation and artificial neural
networks
César Marques Salgado
1*
, Cláudio M. N. A. Pereira
1
,
Roberto Schirru
2
,
Luís E. B. Brandão
1
1
Instituto de Engenharia Nuclear, DIRA/IEN/CNEN, Rio de Janeiro, CEP: 21945-970 - Caixa Postal 68550, Brazil
2
Universidade Federal do Rio de Janeiro, [PEN/COPPE-DNC/EE]CT, Rio de Janeiro, CEP: 21941-972 - Caixa Postal
68509, Brazil
ABSTRACT
This work presents a new methodology for flow regimes identification and volume fraction
predictions in water-gas-oil multiphase systems. The approach is based on gamma-ray pulse
height distributions (PHDs) pattern recognition by means the artificial neural networks (ANNs).
The detection system uses appropriate fan beam geometry, comprised of a dual-energy gamma-
ray source and two NaI(Tl) detectors adequately positioned in order measure transmitted and
scattered beams, which makes it less dependent on the regime flow. The PHDs are directly used
by the ANNs without any parameterization of the measured signal. The system comprises of
four ANNs, the first identifies the flow regime and the other three ANNs are specialized in
volume fraction predictions for each specific regime. The ideal and static theoretical models for
annular, stratified and homogeneous regimes have been developed using MCNP-X
mathematical code, which was used to provide training, test and validation data for the ANNs.
The energy resolution of NaI(Tl) detectors is also considered on the mathematical model. The
proposed ANNs could correctly identify all three different regimes with satisfactory prediction
of the volume fraction in water-gas-oil multiphase system, demonstrating to be a promising
approach for this purpose.
Keywords:
NaI detector, Monte Carlo simulation, Volume fraction, Artificial neural network,
Gamma-ray.
1 – INTRODUCTION
Multiphase flow measurement is a very important issue in offshore petroleum
industries. The use of techniques for determination volume fractions of oil-water-gas
flows with adequate precision is required. Commonly, such techniques are invasive, and
involves in high cost associated to installation and maintenance. On the other hand, non-
invasive techniques tend to be less accurate. Due to this fact, many investigations on
non-invasive techniques are found in literature with the aim of improving accuracy and
reducing costs.
By using of gamma-ray sources (Abouelwafa and Kendall, 1980, Johansen et al.,
1994; open et al., 1998, 1999; Tjugum et al., 2001, 2002) it is possible to perform these
measurements without modifying the operational conditions, allowing accomplishment
of the entire monitoring process. However, volume fraction prediction by using gamma-
ray measurements generally depends on the correct identification of the flow regime to
increase the precision in prediction. The flow regime information in the liquid-gas flows
is usually obtained by individual interpretation and subjective evaluations based on
visual observations (graphic illustrations). The major difficulty in visual observation,
*
Correspondingauthor.Fax:+55 21 2173 3852.
E-mail address:
otero@ien.gov.br
(C. Marques Salgado).
Artigo 2 – Progress in Nuclear Energy
140
even when using high-speed photography, is that the picture is often confusing and
difficult to interpret, especially when dealing with high velocity flows. In addition, there
are systems that are opaque where flow visualization is impossible; then,
such analysis
is also not possible by this method (Wu et al., 2001, Jin et al., 2003). Therefore, a non-
invasive system that can provide material volume fraction (MVF) predictions regardless
of a priori knowledge of the flow regime, without subjective evaluation, is a great
contribution.
Together with the detection system artificial neural networks (ANNs) (Haykin,
1994) has been used in order to interpret the pulse height distributions
(PHDs) obtained
by gamma-ray radiation detectors to identify the flow regime (Mi et al. 1997, 1998, Wu
et al., 2001; Jin et al., 2003) and predict the MVFs (Salgado et al., 2007, 2009, Bishop
and James, 1992; open et al., 1999). ANNs are mathematical models inspired in the
human brain, which has the ability of learning by examples. ANNs are able to discover
behaviors and patterns from a finite set of data (called the “training set” or “training
patterns”). If an adequate training set is provided, the ANN is able to generalize the
knowledge acquired during (learning) process, responding adequately to new situations
(not comprised in the training set).
The training and test patterns (different volume fractions for the three flow
regimes) were obtained by means of static and ideal mathematical models for annular,
stratified and homogeneous regimes.
These models were developed by mathematical simulation using the Monte
Carlo N-Particle eXtended
(MCNP-X) computer code (Pelowitz, 2005) based on the
method of Monte Carlo (MC) (Open et al., 1998, 1999). The MC technique is a widely
used simulation tool for radiation transport, mainly in situations where physical
measurements are inconvenient or impracticable. In this work the MCNP-X code, which
is specific for simulating electron and photon transport through materials with various
geometries, has been used. The model developed in the MCNP-X code considers the
main effects of radiation with the matter involved and the PHDs from the NaI(Tl)
detectors. The energy resolution, dimensions and characteristics of a real detector are
also considered; in general, the model presented tends to approach the realistic case.
In this work, the whole gamma-ray PHDs obtained by detectors are directly used
to feed the ANNs without any parameterization of the signal, which allowed the use of
simplified detection geometry consists of two NaI(Tl) detectors, the first one positioned
at 180° diametrically opposed to sources of
241
Am and
137
Cs and the second one at 45°.
In addition, the system considers the transmitted (I
T
) and scattered (I
S
) beam
measurements in order to increase the visualization of the cross-section, making the
response less dependent on the flow regime and also to obtain sufficient information to
determine precisely the volume fractions regardless, a priori, of the flow regime.
The developed ANN system comprises of four ANNs. The first one is trained to
identify the dominant flow regime and other ones are trained for volume fraction
predictions of each specifically regime. An evaluation of the quality training of ANN
was made from 25 patterns not used during the training phase, also generated by
mathematical code.
In this study, the training patterns (combination of the volume fractions of each
material) were distributed uniformly throughout the search space; moreover, the choice
of each data set was performed manually. Another important enhancement over the
mathematical model used in previous work (Salgado et al, 2009) is the use of a more
realistic model of the NaI(Tl) detector, considering the real dimensions and materials
compositions, as well as its energy resolution. These improvements allowed the
Artigo 2 – Progress in Nuclear Energy
141
achievement of the better results, showing smaller average relative errors for annular,
stratified and homogeneous regimes with the use of only two detectors.
Thus, this work provides a new methodology, able to identify the flow regime
with good accuracy and calculate volume fractions of multiphase flows (gas-water-oil)
based on interpretation of gamma-ray PHDs by means of the ANNs, independently of a
priori knowledge of the flow regime.
2 – PROPOSAL METHODOLOGY
2.1 – Volume fraction predictions
a) Mathematical detector model
The mathematical model considered NaI(Tl) scintillator detector as a
homogeneous cylinder (Salgado et al., 2008, Berger and Seltzer, 1972, Saito and
Moriuchi, 1981; Orion and Wielopolski, 2002, Shi et. al., 2002; Sood and Gardner,
2004) with 31 mm (diameter) x 19 mm (thickness). The information (dimensions and
materials) of a real NaI(Tl) detector was considered in the mathematical model for
calculating the MCNP-X code from Gammagraphy
1
technique. A special treatment
provided in the MCNP-X code: the Gaussian energy broadening
2
(GEB) (card FTn)
option has been used to better fit the full energy peak shape of PHD (Pelowitz, 2005).
The GEB parameters have been set taking into account
3
the resolution of the detector by
means of the FWHM provided by radioactive sources (Salgado et al., 2008), for this it
must to be inserted into the input file (INP), the mathematical model of the detector. In
calculations it has been considered the radiation background and the contributions due
to interactions by Compton Effect.
b) Proposed geometry
The proposed geometry combines transmission (I
T
) (at detector 1) and scattered
(I
s
) (at detector 2) radiation (dual-mode densitometry) from gamma-ray source with a
fan beam, thus it is possible to acquire sufficient information about the flow regime and
also to increase the measurement area on the cross-section of the pipe making the MVF
prediction less dependent on the flow regime (Johansen and Jackson, 2000; Tjugum et
al., 2001).
In all simulations, fan beam geometry (for the source) and two NaI(Tl) detectors
has been used. One of them (D1) is aligned to the source (180°) and the other (D2) is
located at 45°. The measurement system simulation is shown in Figure 1. One
collimated (angle beam 8.84°) gamma-ray point source (59.45 keV:
241
Am and 662 keV:
137
Cs) has also been simulated in the MCNP-X code. In our studies, salt water was used
(4% of NaCl) to simulate the seawater (Johansen and Jackson, 2000).
1
Gammagraphy is a non-destructive testing method consisting in carrying out a radiograph by using the
electromagnetic gamma radiation of a radionuclide.
2
The energy peaks behave like a Gaussian function.
3
This step aims to validate the response of the detector quality by means of energy resolution while the
order quantity will be achieved by normalize the of the full energy peak from PHD obtained by MCNP-X.
Artigo 2 – Progress in Nuclear Energy
142
5 mm
5 mm
Source
8.84 graus
250 mm
59,45 keV
662,00 keV
Detector 1 (D1)
Detector 2 (D2)
Legend:
Al NaI(Tl) MgO PVC
5 mm
Energy:
Figure 1 – Simulated system.
The gaseous phase was substituted by air and oil was assumed as a hydrocarbon
(molecular formula C
5
H
10
) with a 0.896 g.cm
-3
density (Hussein and Han, 1995). A
Polyvinyl Chloride (PVC) tube composes a test section with 1.8 cm thickness and 25.0
cm of internal diameter. The models for the different flow regimes are shown in Figure
2.
óleo
gás
água
Legenda:
h
g
b) Estratificado
r
a
r
g
a) Anular
c) Homogêneo
óleo+água+gás
PVC
r
o
R
h
o
h
a
α
a
α
a
α
ο
α
ο
α
g
α
g
Figure 2 - The models for the different annular, stratified and homogeneous flow regimes.
c) ANN training data
The first step in this investigation was the mathematical simulations for the
different flow regimes (annular, stratified and homogeneous regimes), shown in Figure
2, by means of MCNP-X code, in order to generate the training and test data sets for the
ANNs. The values of the thickness (r
g
, r
w
and r
o
- annular model, see Figure 2(a) and h
g
,
h
w
e h
o
- stratified model see Figure 2(b)), of each material had been varied, in the
Artigo 2 – Progress in Nuclear Energy
143
MCNP-X code, in order to generate a diverse combinations of MVF– α
w
, α
g
e α
o
, while
for the homogeneous regime mass fraction of each one of the materials had been varied.
For each one of these combinations, which had been varied from 0% to 100%, the
relative counts from transmitted (I
T
) and scattered (I
S
)
beams had been calculated. It is
important to emphasize that the MCNP-X code considers the material in a region (cell),
defined in the INP, as uniform.
Volume fractions that compose training, test and production data sets are shown
in Figure 3, which presents a graphical representation called ternary.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Training set
Test set
Production set
o
i
l
w
a
t
e
r
air
Figure 3 – Training, test and production sets.
Thus, a set of 363 (121x3) simulations for different combinations of MVFs and
three flow regimes (annular, stratified and homogeneous) were made, in order to
generate the training set of the ANNs (204 (68x3) simulations), test (84 (28x3)
simulations) and production (75 (25x3) simulations). The test set was used for stopping
criteria: cross validation (Haykin, 1994) in order to avoid over-training. The production
set is used for a final validation test after training of the ANN, simulating the operating
phase.
In this work, a 3-layer feed-forward multilayer perceptron (MLP) (Haykin,
1994) has been used.
The
learning/training algorithm was the back-propagation
algorithm (Chauvin and Rumelhart, 1995). The ANN inputs and outputs are given by:
(i) ANN inputs
4
(106 neurons):
PHD1: 20 to 720 keV, with steps of 10 keV (C
20
, C
30
, ..., C
720
counts from
channel 2 to 72);
PHD2: 20 to 360 keV, with steps of 10 keV (C
20
, C
30
, ..., C
350
counts from
channel 2 to 35).
(ii) ANN outputs (2 neurons):
H
2
O volume fraction;
air volume fraction.
4
The energy range choice of each PHD used in the training took into account the value of relative error
(R) below 10% in the counts, percentage acceptable according to the MCNP-X manual.
Artigo 2 – Progress in Nuclear Energy
144
Note that only two phases are used as ANN outputs. The third phase is obtained
by complement. Such set of volume fractions used as ANN outputs has been
empirically chosen, after investigating (by experimentation) all possible combinations
(including the use of three volume fractions).
2.2 – Identification of regimes for ANN
The methodology consists on use the gamma-ray PHDs to feed the ANN1 in
order to automatically identify the flow regime of this system. A schematic
representation used for the proposed ANN is shown in Figure 4.
ANN
C
720
C
20
C
30
C
20
C
30
C
360
Annular
Homogeneous
PHD 1
PHD 2
.
.
.
.
.
.
Stratified
S
1
S
2
01
1
1
0
0 0
0
0
1 2
3
0 100 200 300 400 500 600 700
10
4
10
5
10
6
Count s
Energy (keV)
PHD 1
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
PHD 2
S
3
Figure 4 - Schematic representation used for the ANN.
The ANN used was a 3-layer feed-forward multilayer perceptron (MLP)
(Haykin, 1994) trained by back-propagation algorithm It is important to note that
patterns that contain only one material (e.g. 100% air) were removed of training set,
since they represent the same flow regime, therefore, if considered they could confuse
the of the ANN training. The ANN inputs and outputs are given by:
i) ANN inputs (106 neurons):
PHD1: 20 to 720 keV, with steps of 10 keV (C
20
, C
30
, ..., C
720
counts from
channel 2 to 71);
PHD2: 20 to 360 keV, with steps of 10 keV (C
20
, C
30
, ..., C
350
counts from
channel 2 to 35).
ii) ANN outputs (3 neurons):
S
3
, S
2
and S
1
.
The output data were classified considering three neurons in ANN output (S
3
, S
2
and S
1
), so that to obtain the identification of systems, just that the ANN set the highest
value among the network outputs to "1" corresponding to dominant flow regime and to
"0" the others. To illustrate, suppose that the flow regime is annular, then the network
should adjust the output for S
3
=0, S
2
=0 and S
1
=1.
Artigo 2 – Progress in Nuclear Energy
145
3 – METHODS APLICATION AND RESULTS
3.1 – Volume fraction determination
For illustration of the differences between the PHDs for each volume fraction
some simulated transmitted (I
T
) and scattered (I
S
) beam measurements obtained by
detector 1 and 2 respectively for the three flow regimes with two different volume
fraction configurations are shown in Figure 5. The PHD energy range considered here
was 20-800 keV.
0 200 400 600 800
0
1x10
6
2x10
6
3x10
6
4x10
6
5x10
6
6x10
6
7x10
6
8x10
6
Counts
Energy (keV)
70% air + 20% water+ 10% oil
25% air + 10% water+ 65% oil
a1)
0 200 400 600 800
0
1x10
4
2x10
4
3x10
4
4x10
4
5x10
4
6x10
4
a2)
70% air + 20% water + 10% oil
25% air + 10% water + 65% oil
Counts
Energia (keV)
0 200 400 600 800
0
1x10
6
2x10
6
3x10
6
4x10
6
b1)
Counts
Energy (keV)
70% air + 20% water + 10% oil
25% air + 10% water + 65% oil
0 200 400 600 800
0,0
2,0x10
4
4,0x10
4
6,0x10
4
8,0x10
4
b2)
70% air + 20% water + 10% oil
25% air + 10% water + 65% oil
Counts
Energy (keV)
0 200 400 600 800
0
1x10
6
2x10
6
3x10
6
4x10
6
c1)
Counts
Energy (keV)
70% air + 20% water + 10% oil
25% air + 10% water + 65% oil
0 200 400 600 800
0
1x10
4
2x10
4
3x10
4
4x10
4
5x10
4
6x10
4
7x10
4
8x10
4
c2)
70% air + 20% water + 10% oil
25% air + 10% water + 65% oil
Counts
Energy (keV)
Figure 5 - PHD generated by MCNP-X code for regimes: annular: a1) D1 e a2) D2; stratified:
b1) D1 e b2) D2; homogeneous: c1) D1 e c2) D2.
The prediction for the test set of the annular, stratified and homogenous regimes
are shown in Figure 6 indicating that the ANNs could adequately predict volume
Artigo 2 – Progress in Nuclear Energy
146
fractions. Note excellent agreement between the volume fraction of the actual and
predicted by ANNs showing the ability of generalization of the networks.
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
0
20
40
60
80
100
a)
Real: water
ANN: water
Volume fraction (%)
Test set
Real: air
ANN: air
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
0
20
40
60
80
100
b)
Real: water
ANN: water
Volume fraction(%)
Test set
Real: air
ANN: air
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
0
20
40
60
80
100
c)
Real: water
ANN: water
Volume fraction (%)
Test set
Real: air
ANN: air
Figure 6 - Results obtained for the test set on regime: a) annular; b) stratified; c) homogeneous.
The ANNs performance of the MVF predictions is summarized in Table 1. As
can be seen in Table 1, the ANNs could predict more than 70% of all patterns with
errors less than 5% (worst case) for air, and about 80% less than 10% (worst case) for
water volume fractions. The patterns with no air (0%) (9.09% of total) and of water
(17.35% of total) not were considered, and then the ANNs classified 95% of all data for
air and water volume fractions to within ±10% error for all regimes studied.
Table 1 – Summary of pattern recognition for the prediction results.
Detectors annular
stratified
homogeneous
D1 e D2 air water
air water
air water
5%
90.083
76.033
90.909
72.727
85.950
70.248
5% - 10% 0.826 4.959
0 9.091
1.653 9.091
10% - 20%
0 1.653
0 0.826
2.479 2.479
20% - 30%
0 0
0 0
0.826 0.826
> 30% 0 0
0 0
0 0
r
2
1.0000
0.9998
1.0000
0.9996
0.9999
0.9992
In Table 2, results obtained for the production set on annular, stratified and
homogeneous regimes are presented. These results demonstrate a good generalization of
Artigo 2 – Progress in Nuclear Energy
147
the trained ANNs, indicating their ability for volume fraction predictions on annular,
stratified and homogeneous regimes.
Table 2 – ANN prediction for the production set on annular, stratified and homogeneous
regimes.
Annular
Stratified
Homogeneous
air (%)
water (%)
air (%)
water (%)
air (%)
water (%)
Pattern
Real
RNA
Real
RNA
Real
RNA
Real
RNA
Real
RNA
RealRNA
1 5 5.00
20 19.58
5 4.97
20
18.85
5 5.04
20
20.67
2 5 5.24
40 40.67
5 4.97
40
40.02
5 5.12
40
41.07
3 5 5.12
80 79.69
5 5.08
80
80.50
5 4.44
80
80.14
4 15 15.02
0 0.51
15 14.90
0 0.00
15 15.21
0 0.00
5 15 15.03
10 9.80
15 15.02
10
9.31
15 15.19
10
10.05
6 15 14.98
30 29.37
15 15.08
30
28.82
15 15.70
30
30.03
7 15 14.79
50 49.44
15 15.08
50
49.50
15 14.56
50
49.72
8 15 14.86
60 59.41
15 15.16
60
60.26
15 14.86
60
59.38
9 15 14.76
70 68.83
15 15.23
70
68.50
15 14.58
70
69.80
10 25 25.17
20 19.10
25 24.82
20
19.14
25 25.70
20
21.28
11 25 24.76
40 39.93
25 24.64
40
41.09
25 24.69
40
38.98
12 35 34.83
0 0.07
35 34.35
0 0.45
35 34.68
0 0.76
13 35 34.98
10 9.95
35 34.75
10
9.83
35 34.81
10
10.28
14 35 34.52
30 29.82
35 35.01
30
30.39
35 34.88
30
29.97
15 35 34.95
50 49.01
35 35.03
50
50.11
35 35.23
50
49.63
16 35 34.92
60 61.06
35 34.77
60
60.26
35 34.64
60
59.36
17 45 44.78
20 19.92
45 45.08
20
20.38
45 45.16
20
19.57
18 45 44.80
40 39.74
45 45.05
40
39.46
45 45.21
40
39.06
19 55 55.15
0 0.65
55 54.55
0 2.14
55 54.72
0 1.53
20 55 54.75
10 9.35
55 55.10
10
10.71
55 54.95
10
8.09
21 55 54.93
30 30.31
55 55.00
30
30.10
55 55.81
30
28.25
22 65 64.97
20 20.58
65 64.68
20
18.93
65 65.55
20
18.33
23 75 75.04
0 0.00
75 75.15
0 0.17
75 75.21
0 4.59
24 75 74.94
10 9.79
75 75.11
10
9.01
75 73.15
10
8.43
25 95 95.63
0 0.67
95 94.78
0 3.84
95 95.75
0 0.00
Linear models were fit to the data from the correlation between the volume
fractions of the actual and predicted by the ANNs for all patterns and also for the
production set using a least-squares procedure and linear correlation coefficients (r
2
).
The results are summarized in Table 3, demonstrating a good convergence of ANNs
(ANN2, ANN3 and ANN4) about all data set in MVFs prediction for the three regimes
studied.
Table 3 – Results of the ANNs training.
r
2
All patterns
Relative
5
error (%)
Production set
Flow
regime
air water air water
annular 1.0000
0.9998
0.73 1.48
stratified 1.0000
0.9996
0.61 2.56
homogeneous
0.9998
0.9989
1.73 3.31
5
The patterns with no presence of any material (e.g. 0% of air) were not considered in the calculation of
relative error.
Artigo 2 – Progress in Nuclear Energy
148
3.2 – Regime Identification
To illustrate the difference between the flow regimes PHD some transmitted and
scattered beam measurements of volume fraction of 30% air, 20% water and 50% oil for
annular, stratified and homogeneous regimes are presented Figure 7.
0 200 400 600 800
10
4
10
5
10
6
Counts (PHD1)
Energy (keV)
Annular
Stratified
Homogeneous
2.0x10
4
4.0x10
4
6.0x10
4
8.0x10
4
PHD1
PHD2
Counts (PHD2)
Figure 7 – PHDs obtained by MCNP-X code for different flow regimes.
It is important emphasize that the networks (ANN2, ANN3 and ANN4) are
suitably trained for the annular, stratified or homogeneous regimes, as described in item
3.1 and that the information used in the ANN1 training are the same PHDs (PHD 1 and
PHD 2) used to calculate the volume fractions.
A simplified diagram of the proposed system for the identification of flow
regimes with prediction of MVFs is shown in Figure 8.
The proposed ANN reached 100% of accuracy, identifying all flow regimes
submitted for a total of 354 patterns. The production set with 75 patterns was used in
order to validate the ANN1 in working phase also presented 100% of correct
classification.
4 – CONCLUSIONS
In this work, several improvements related to methodologies for regime flows
identification and volume fraction predictions were achieved.
A compact detection system, with two detectors, could be developed in order to
provide adequate measurements for identifications and predictions. The use of non-
parameterized PHD, probably contributed to this, providing more complete information
about measured spectra.
The use of MCNP code was adequate to model the detection system and effects
of radiation interaction with matter, allowing a very close to real representation. Hence,
data for training the ANNs could be easily generate by MCNP simulation, avoiding the
use of experimental data.
Artigo 2 – Progress in Nuclear Energy
149
The ANNs architecture, as illustrated in Figure 8, allows volume fractions to be
predicted without knowledge about the flow regime. It has been possible due to the
accuracy obtained for ANN1 (responsible to regime identification), which were able to
correctly identify 100% of the actual regimes (among the possible ones).
Volume fraction predictions, by ANN2 (annular), ANN3 (stratified) and ANN4
(homogeneous), presented very good results, with maximum relative errors bellow
3.5%.
In summary, the proposed methodology demonstrated to contribute to the state-
of-art in multiphase flow regime characterization, improving the following points: i)
detection system is more compact; ii) the accuracy of ANN are improved; iii) the
volume fractions can be automatically predicted without a priori knowledge of the
actual flow regime.
The proposed methodology demonstrated to be quite promising. However,
investigation on dynamic flows (in future work), in which proposed methodology
should be adapted and improved, is required for real-world application. To accomplish
that, an experimental facility is under development in the Institute.
ANN 3
Stratified
Regime
MFV: gas
MFV: water
MFV: gas
MFV: water
MFV: gas
MFV: water
PHD1
ANN 4
Homogeneous
regime
ANN2
Annular
Regime
PHD2
Annular
Stratified
Homogeneous
ANN1
Classifyer
Annular
Stratified
Homogeneous
0 100 200 300 400 500 600 700
10
4
10
5
10
6
Counts
Energy(keV)
PHD1
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
PHD2
Counts
S
1
S
2
S
3
Figure 8 – Flow regime identification system and volume fraction predictions intelligent system.
Acknowledgments
The authors would like to thank Ademir Xavier da Silva for allowing the use of
the MCNP-X code of the Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ).
Cláudio M. N. A. Pereira and Roberto Schirru are supported by Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) and Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
Artigo 2 – Progress in Nuclear Energy
150
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Mi, Y., Ishii, M. and Tsoukalas, L. H., 1998. “Vertical two-phase flow identification
using advanced instrumentation and neural networks”. Nuclear Engineering and
Design, 184, pp.409–420.
Jin, N. D., Nie, X. B., Ren, Y. Y. and Liu, X. B., 2003. “Characterization of oil/water
two-phase flow patterns based on nonlinear time series analysis”. Flow Measurement
and Instrumentation
, 14, pp. 169–175.
Arquivos de Entrada
152
ANEXO 1: ARQUIVOS DE ENTRADA (INPs) – GEOMETRIA FINAL
A1.1 REGIME ANULAR
ANULAR - TRIFASE QUATRO DETECTORES REAIS
C CARTÃO DE CÉLULAS
1 4 -3.667 -11 5 -7 IMP:P=1 $ Detector 1
12 6 -2.0 (-12 11 4 -7):(-11 4 -5) IMP:P=1 $ Reflector MgO
14 7 -2.7 (3 -8 -13 12):(7 -8 -12):(3 -4 -12) IMP:P=1 $ Housing Al
2 4 -3.667 -31 25 -27 IMP:P=1 $ Detector 2
22 6 -2.0 (-32 31 24 -27):(-31 24 -25) IMP:P=1 $ Reflector MgO
24 7 -2.7 (23 -28 -33 32):(27 -28 -32):(23 -24 -32) IMP:P=1 $ Housing Al
3 4 -3.667 -51 -45 47 IMP:P=1 $ Detector 3
32 6 -2.0 (-52 51 -44 47):(-51 -44 45) IMP:P=1 $ Reflector MgO
34 7 -2.7 (-43 48 -53 52):(-47 48 -52):(-43 44 -52) IMP:P=1 $ Housing Al
4 4 -3.667 -71 65 -67 IMP:P=1 $ Detector 4
42 6 -2.0 (-72 71 64 -67):(-71 64 -65) IMP:P=1 $ Reflector MgO
44 7 -2.7 (63 -68 -73 72):(67 -68 -72):(63 -64 -72) IMP:P=1 $ Housing Al
9 5 -1.4 -93 94 -90 91 IMP:P=1 $ Parede do tubo (PVC)
50 3 -0.896 (91 -90 -94 96) IMP:P=1 $ óleo
52 2 -1.0466 91 -90 -96 98 IMP:P=1 $ água
54 1 -1.205E-3 91 -90 -98 IMP:P=1 $ ar
100 0 200 IMP:P=0 $ Fora do universo
200 1 -1.205E-3 #1#12#14#2#22#24#3#32#34#4#42#44#9#50#52#54(-200)
IMP:P=1 $ Região ao redor do sistema
C CARTÃO DE SUPERFÍCIES
C Detector 1
3 PY 13.000 $ Início Espessura Frontal Al
4 PY 13.362 $ Final Espessura Frontal Al (+0.362cm) e Início MgO
5 PY 13.543 $ Fim MgO (+0.181cm) e Início Detector
7 PY 15.448 $ Fim Detector - Espessura do cristal (3/4"= 1.905cm)
8 PY 18.448 $ Espessura “Back” - Fotomultiplicadora Al (+3cm)
11 CY 1.559 $ Raio NaI
12 CY 1.709 $ Raio MgO (+0.15cm)
13 CY 2.009 $ Raio Casca Lateral Al (+0.3cm)
C Detector 2
23 1 PY 0.000 $ Início Espessura Frontal Al
24 1 PY 0.362 $ Final Espessura Frontal Al (+0.362cm) e Início MgO
25 1 PY 0.543 $ Fim MgO (+0.181cm) e Início Detector
27 1 PY 2.448 $ Fim Detector - Espessura do cristal (3/4"= 1.905cm)
28 1 PY 5.448 $ Espessura “Back” - Fotomultiplicadora Al (+3cm)
31 1 CY 1.559 $ Raio NaI
32 1 CY 1.709 $ Raio MgO (+0.15cm)
33 1 CY 2.009 $ Raio Casca Lateral Al (+0.3cm)
C Detector 3
43 PX -13.000 $ Início Espessura Frontal Al
44 PX -13.362 $ Final Espessura Frontal Al (+0.362cm) e Início MgO
45 PX -13.543 $ Fim MgO (+0.181cm) e Início Detector
Arquivos de Entrada
153
47 PX -15.448 $ Fim Detector - Espessura do cristal (3/4"= 1.905cm)
48 PX -18.448 $ Início Espessura “Back” - Fotomultiplicadora Al (+3cm)
51 CX 1.559 $ Raio NaI
52 CX 1.70 $ Raio MgO (+0.15cm)
53 CX 2.009 $ Raio Casca Lateral Al (+0.3cm)
C Detector 4
63 2 PY 0.000 $ Início Espessura Frontal Al
64 2 PY 0.362 $ Final Espessura Frontal Al (+0.362cm) e Início MgO
65 2 PY 0.543 $ Fim MgO (+0.181cm) e Início Detector
67 2 PY 2.448 $ Fim Detector - Espessura do cristal (3/4"= 1.905cm)
68 2 PY 5.448 $ Espessura “Back” - Fotomultiplicadora Al (+3cm)
71 2 CY 1.559 $ Raio NaI
72 2 CY 1.709 $ Raio MgO (+0.15cm)
73 2 CY 2.009 $ Raio Casca Lateral Al (+0.3cm)
C ESPECIFICAÇÃO DO TUBO
90 PZ 15 $ Limite superior do tubo
91 PZ -15 $ Limite inferior do tubo
93 CZ 12.5 $ Raio externo - casca de PVC
94 CZ 12.1825 $ Raio - meio óleo
96 CZ 10.1926 $ Raio - meio água
98 CZ 5.4482 $ Raio - meio ar
200 SO 20 $ Limite da região considerada
C CARTÃO DE DADOS
*TR1 -9.192388 9.192388 0 45 45 90 135 45 90 90 90 0 $ Rotação e Translação
*TR2 -9.192388 -9.192388 0 135 45 90 225 135 90 90 90 0 $ Rotação e Translação
MODE P
SDEF POS= 0 -13 0 ERG=D2 PAR=2 dir=D1 vec= 0 1 0
SI1 H 0.997028034 1 $ COS(
α
=4.418421321 GRAUS) (2.009/26)
SP1 0 1
SI2 L .05945 .662
SP2 .5 .5
M1 007000 -0.755268
008000 -0.231781
018000 -0.012827
006000 -0.000124 $ ar seco (N, O, Ar e C)
M2 001000 -0.107423
008000 -0.852577
011000 -0.015735
017000 -0.024265 $ água salgada 4% (H
2
O+NaCl)
M3 006000 0.3333
001000 0.6667 $ óleo (C
5
H
10
)
M4 053000 -0.8449
011000 -0.1531
081000 -0.0020 $ NaI(Tl)
M5 001000 0.499995
006000 0.333340
017000 0.166665 $ PVC
M6 012000 0.5
008000 0.5 $ MgO
Arquivos de Entrada
154
M7 013000 1.0 $ Al
C DAPs NOS DETECTORES
F8:P 1
E8 0 0.01 78I .8
FT8 GEB –0.0024 0.05165 2.85838
F18:P 2
E18 0 0.01 78I .8
FT18 GEB –0.0024 0.05165 2.85838
F28:P 3
E28 0 0.01 78I .8
FT28 GEB –0.0024 0.05165 2.85838
F38:P 4
E38 0 0.01 78I .8
FT38 GEB –0.0024 0.05165 2.85838
NPS 2E8
A1.2
REGIME ESTRATIFICADO
ESTRATIFICADO - TRIFASE QUATRO DETECTORES REAIS
C CARTÃO DE CÉLULAS
1 4 -3.667 -11 5 -7 IMP:P=1 $ Detector 1
12 6 -2.0 (-12 11 4 -7):(-11 4 -5) IMP:P=1 $ Reflector MgO
14 7 -2.7 (3 -8 -13 12):(7 -8 -12):(3 -4 -12) IMP:P=1 $ Housing Al
2 4 -3.667 -31 25 -27 IMP:P=1 $ Detector 2
22 6 -2.0 (-32 31 24 -27):(-31 24 -25) IMP:P=1 $ Reflector MgO
24 7 -2.7 (23 -28 -33 32):(27 -28 -32):(23 -24 -32) IMP:P=1 $ Housing Al
3 4 -3.667 -51 -45 47 IMP:P=1 $ Detector 3
32 6 -2.0 (-52 51 -44 47):(-51 -44 45) IMP:P=1 $ Reflector MgO
34 7 -2.7 (-43 48 -53 52):(-47 48 -52):(-43 44 -52) IMP:P=1 $ Housing Al
4 4 -3.667 -71 65 -67 IMP:P=1 $ Detector 4
42 6 -2.0 (-72 71 64 -67):(-71 64 -65) IMP:P=1 $ Reflector MgO
44 7 -2.7 (63 -68 -73 72):(67 -68 -72):(63 -64 -72) IMP:P=1 $ Housing Al
9 5 -1.4 -93 94 -90 91 IMP:P=1 $ Parede do tubo (PVC)
54 1 -1.205E-3 -54 (91 -90 -94) IMP:P=1 $ encima: ar
50 3 -0.896 -50 54 (91 -90 -94) IMP:P=1 $ meio: óleo
52 2 -1.0466 50 (91 -90 -94) IMP:P=1 $ embaixo: água
100 0 200 IMP:P=0 $ Fora do universo
200 1 -1.205E-3 #1#12#14#2#22#24#3#32#34#4#42#44#9#50#52#54
(-200) IMP:P=1 $ Região ao redor do sistema
C CARTÃO DE SUPERFÍCIES
Idêntico ao modelo do regime anular
C CARTAO DE DADOS
*TR1 -9.192388 9.192388 0 45 45 90 135 45 90 90 90 0 $ Rotação e Translação
*TR2 -9.192388 -9.192388 0 135 45 90 225 135 90 90 90 0 $ Rotação e Translação
MODE P
SDEF POS= 0 -13 0 ERG=D2 PAR=2 dir=D1 vec= 0 1 0
SI1 H 0.997028034 1 $ COS(
α
=4.418421321 GRAUS) (2.009/26)
SP1 0 1
SI2 L .05945 .662
SP2 .5 .5
Arquivos de Entrada
155
C DEFINIÇÃO DOS MATERIAIS
Idêntico ao modelo do regime anular
M1, M2, M3, M4, M5, M6 e M7
C DAPs NOS DETECTORES
Idêntico ao modelo do regime anular
A1.3
REGIME HOMOGÊNEO
HOMOGÊNEO - TRIFASE QUATRO DETECTORES REAIS
C NOME DO ARQUIVO: HOMO
C CARTÃO DE CÉLULAS
1 4 -3.667 -11 5 -7 IMP:P=1 $ Detector 1
12 6 -2.0 (-12 11 4 -7):(-11 4 -5) IMP:P=1 $ Reflector MgO
14 7 -2.7 (3 -8 -13 12):(7 -8 -12):(3 -4 -12) IMP:P=1 $ Housing Al
2 4 -3.667 -31 25 -27 IMP:P=1 $ Detector 2
22 6 -2.0 (-32 31 24 -27):(-31 24 -25) IMP:P=1 $ Reflector MgO
24 7 -2.7 (23 -28 -33 32):(27 -28 -32):(23 -24 -32) IMP:P=1 $ Housing Al
3 4 -3.667 -51 -45 47 IMP:P=1 $ Detector 3
32 6 -2.0 (-52 51 -44 47):(-51 -44 45) IMP:P=1 $ Reflector MgO
34 7 -2.7 (-43 48 -53 52):(-47 48 -52):(-43 44 -52) IMP:P=1 $ Housing Al
4 4 -3.667 -71 65 -67 IMP:P=1 $ Detector 4
42 6 -2.0 (-72 71 64 -67):(-71 64 -65) IMP:P=1 $ Reflector MgO
44 7 -2.7 (63 -68 -73 72):(67 -68 -72):(63 -64 -72) IMP:P=1 $ Housing Al
9 5 -1.4 -93 94 -90 91 IMP:P=1 $ Parede do tubo (PVC)
50 3 -0.7923 (91 -90 -94) IMP:P=1 $ Mistura
100 0 200 IMP:P=0 $ Fora do universo
200 1 -1.205E-3 #1#12#14#2#22#24#3#32#34#4#42#44#9#50(-200)
IMP:P=1 $ Região ao redor do sistema
C CARTÃO DE SUPERFÍCIES
Idêntico ao modelo do regime anular
C CARTAO DE DADOS
*TR1 -9.192388 9.192388 0 45 45 90 135 45 90 90 90 0 $ Rotação e Translação
*TR2 -9.192388 -9.192388 0 135 45 90 225 135 90 90 90 0 $ Rotação e Translação
MODE P
SDEF POS= 0 -13 0 ERG=D2 PAR=2 dir=D1 vec= 0 1 0
SI1 H 0.997028034 1 $ COS(
α
=4.418421321 GRAUS) (2.009/26)
SP1 0 1
SI2 L .05945 .662
SP2 .5 .5
C DEFINIÇÃO DOS MATERIAIS
Idêntico ao modelo do regime anular
M1, M4,M5, e M6
M7 C MEIO MISTURA
M3 006000 -0.256910 $ C
001000 -0.096826 $ H
008000 -0.472645 $ O
011000 -0.007868 $ Na
017000 -0.012133 $ Cl
007000 -0.151054 $ N
018000 -0.002565 $ Ar
C DAPs NOS DETECTORES
Idêntico ao modelo do regime anular
Frações de Volume
156
ANEXO 2: CÁLCULO DAS FRAÇÕES DE VOLUME
A2.1 REGIME ANULAR
Na Figura A1(a) é apresentado o modelo matemático utilizado para cálculo das
frações de volume do regime anular em um cilindro na posição vertical a fim de obter os
padrões de treinamento da RNA.
óleo
s
água
aço
Legenda:
B
C
D
A
R
PLANO 50
PLANO 54
ORIGEM
(0,0)
a
s
água
óleo
a)
b)
h
c
β
Figura A1 – Modelo matemático utilizado para cálculo das frações de volume dos regimes
anular e estratificado.
Os volumes de cada meio são obtidos pelas Equações A1 e A2:
lAV
TTT
×=
α
Equação A1
lAV
mmm
×=
α
Equação A2
A fração de volume do meio 1 pode ser obtida pela equação A3:
2
3
2
11
1
11
1
r
r
A
A
lA
lA
V
V
TTT
π
π
αα
==
×
×
==
2
3
2
1
1
r
r
=
α
Equação A3
2
311
.rr
α
=
Equação A4
Frações de Volume
157
Da mesma forma, para o meio 2:
2
3
2
1
2
22
2
22
2
)(
r
rr
A
A
lA
lA
V
V
TTT
π
π
αα
==
×
×
==
2
3
2
1
2
2
2
)(
r
rr
=
α
Equação A5
2
1
2
322
. rrr +=
α
Equação A6
Como conseqüência, tem-se para o meio 3 por complemento:
213
1
ααα
=
Equação A7
Onde:
V: volume do cilindro (tubo);
A: área da circunferência (seção transversal do tubo);
α: Fração de volume;
r: raio da circunferência;
l: comprimento da tubulação;
m: meio 1, 2 ou 3.
A2.2
R
EGIME
E
STRATIFICADO
Na Figura A1(b) é apresentado o modelo matemático utilizado para cálculo das
frações de volume do regime estratificado em um cilindro na posição horizontal
(deitado).
No triângulo BDC, como a= R-h, tem-se as Equações A8 e A9:
)(4
22
aRc =
Equação A8
)2(2 hRhc =
Equação A9
Frações de Volume
158
Como não se deseja medir o ângulo para cada área do segmento calculado,
utilizou-se a Equação A10:
=
R
hR
arcCos2
β
Equação A10
A área do segmento circular pode ser calculada com Equação A11: (β= CBA
^
)
(
)
°
==
2360
2
hRcR
SSSS
STSCS
απ
Equação A11
Substituindo-se as Equações A9 e A10 na Equação A11 que calcula a área do
segmento circular (S
s
) tem-se a Equação A12.
( )
( )
(
)
×
×
°
=
2
)
222
360
2
hR
hRh
R
hR
arcCos
R
S
s
π
Equação A12
Realizando as simplificações matemáticas, obtém-se a Equação A13.
( )
(
)
(
)
2
2
2
)
222
360
R
hR
hRh
R
hR
arcCos
R
S
S
S
π
π
α
×
×
°
==
Equação A13
Desta forma, a fração de volume é fornecida pela razão da área do segmento (S
s
)
pela área (S) do tubo pela dado pela Equação A14:
( )
(
)
(
)
×
==
20
)
2
180 R
hR
hRh
R
hRarcCos
S
S
S
π
α
Equação A14
Frações de Volume
159
Onde:
S: área da circunferência (seção transversal do tubo);
S
S
: área do segmento circular;
S
SC
: área do setor circular;
S
T
: área do triângulo ABC;
π: pi (3,1416);
β: ângulo;
c: corda;
h: altura do segmento;
R: raio do cilindro.
i) Determinação das posições dos planos 50 e 54 a serem utilizados nos arquivos de
entrada do código MCNP-X para cada fração de volume
Na Tabela A1 é apresentado o posicionamento dos planos 50 e 54 considerados
nos modelos matemáticos desenvolvido no código MCNP-X a fim de obter os diversos
padrões para treinamento da RNA.
Tabela A1 – Determinação das distâncias dos planos 50 e 54.
INFORMAÇÕES PARA O ARQUIVO DE ENTRADA DO MCNP-X
Raio (R) = 12,1825 cm
ÁREA
(%)
h (cm)
POSIÇÃO DO
PLANO 50
(R-h) cm
ÁREA
(%)
h (cm)
POSIÇÃO DO
PLANO 54
(R-h) cm
5 2,371 9,8115 55 13,1403
-0,9578
10 3,8125 8,370 60 14,1042
-1,9217
15 5,054 7,1285 65 15,0805
-2,898
20 6,1905 5,992 70 16,0772
-3,8947
25 7,261 4,9215 75 17,104 -4,9215
30 8,2878 3,8947 80 18,1745
-5,992
35 9,2845 2,898 85 19,311 -7,1285
40 10,2608
1,9217 90 20,5525
-8,37
45 11,2247
0,9578 95 21,9942
-9,8117
50 12,1825
0 100 24,3650
-12,1825
Frações de Volume
160
A2.3
R
EGIME
H
OMOGÊNEO
Considerando a Tabela 1 mencionada na secção 2.4.2, o cálculo para a fração de
volume, para o seguinte exemplo: 20% de ar + 50% de água salgada + 30% de óleo, é
realizado calculando-se o percentual de fração mássica de cada elemento que constitui
cada fração do meio. De forma simplificada e utilizando a Equação A15.
fmP
m
×=
α
Equação A15
Onde:
P: Percentual de fração mássica;
α: fração de volume;
f
m
: fração mássica;
m: meio em questão.
Para 20% de ar:
Tabela A2 – Cálculo para fração mássica para o “ar”.
ar – 20%
N O Ar C
(0,2x0,755268)
(0,2x0,231781)
(0,2x0,012827)
(0,2x0,000124)
0,151054 0,046356 0,002565 0,000025
Para 50% de água salgada:
Tabela A3 – Cálculo para fração mássica para a “água salgada”.
água salgada – 50%
H
2
O Na Cl
(0,5x0,107423)
(0,5x0,852577)
(0,5x0,015736)
(0,5x0,024266)
0,053712 0,426289 0,007868 0,012133
Para 30% de óleo:
Tabela A4 – Cálculo para fração mássica para o “óleo”.
óleo – 30%
C
5
H
10
(0,3x0,856285)
(0,3x0,143715)
0,256886 0,043115
Frações de Volume
161
Para calcular o percentual mássico, somam-se todas as frações de mesmo
elemento químico dos materiais presentes na mistura e conforme mencionado no Anexo
1: Arquivo de entrada do regime homogêneo, é:
M3 006000 -0.256910 $ C
001000 -0.096826 $ H
008000 -0.472645 $ O
011000 -0.007868 $ Na
017000 -0.012133 $ Cl
007000 -0.151054 $ N
018000 -0.002565 $ Ar
i) Cálculo da densidade média da mistura
Os valores das densidades dos materiais utilizados são apresentados na Tabela
A5.
Tabela A5 – Densidade dos materiais utilizados.
DENSIDADE
ρ
g
= 0,0012050 g.cm
-3
gás
ρ
a
= 1,0466 g.cm
-3
água
ρ
o
= 0,896 g.cm
-3
óleo
E a densidade média (
_
ρ
) é obtida pela Equação A16. Para o exemplo fornecido
a densidade média é igual a 0,7923 g.cm
-3
.
ooaagg
ραραραρ
×+×+×=
_
Equação A16
Onde:
α
: fração de volume;
ρ
: densidade;
g, a, o: índices que representam gás, água e óleo respectivamente.
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