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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS PATOLÓGICAS
Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental
AVALIAÇÃO DA FUNGEMIA, RESPOSTA IMUNE
CELULAR/HUMORAL E CITOCINAS NA INFECÇÃO
EXPERIMENTAL DE CAMUNDONGOS COM ISOLADO
CLÍNICO Candida parapsilosis (Cp 1)
Mestranda: Paula Cesar Leonello
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Eiko Nakagawa Itano
Londrina
2010
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PAULA CESAR LEONELLO
AVALIAÇÃO DA FUNGEMIA, RESPOSTA IMUNE
CELULAR/HUMORAL E CITOCINAS NA INFECÇÃO
EXPERIMENTAL DE CAMUNDONGOS COM ISOLADO
CLÍNICO Candida parapsilosis (Cp 1)
Dissertação apresentada ao Programa
de Curso de Pós-Graduação em
Patologia Experimental, da Universidade
Estadual de Londrina, como requisito à
obtenção do título de Mestre.
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________________
Profª. Drª. Elisa Yoko Hirooka
Universidade Estadual de Londrina
__________________________________________
Prof. Dr. Mario Augusto Ono
Universidade Estadual de Londrina
__________________________________________
Prof
a
. Dr
a
. Eiko Nakagawa Itano
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, 18 de Fevereiro de 2010
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Catalogação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da
Universidade Estadual de Londrina.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
L583a Leonello, Paula Cesar.
Avaliação da fungemia, resposta imune celular/humoral e citocinas na
infecção experimental de camundongos com isolado clínico Candida
parapsilosis (Cp 1) / Paula Cesar Leonello. – Londrina, 2010.
45 f. : il.
Orientador: Eiko Nakagawa Itano.
Dissertação (Mestrado em Patologia Experimental) Universidade
Estadual de Londrina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-
Graduação em Patologia Experimental, 2010.
Inclui bibliografia.
1. Citocinas – Teses. 2. Resposta imune – Teses. 3. Candida
parapsilosis – Teses. 4. Fungos patogênicos – Teses. 5. Teste
imunoenzimático – Teses. I. Itano, Eiko Nakagawa. II. Universidade
Estadual de Londrina. Centro de Ciências Biológicas. Programa de
Pós-Graduação em Patologia Experimental. III. tulo.
CDU 616.993
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Imunologia
Aplicada do Departamento de Ciências Patológicas da
Universidade Estadual de Londrina sob a orientação da
Profª. Drª. Eiko Nakagawa Itano e contou com o apoio da
Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), Fundação Araucária, FINEP, SETI/PR e
PROPPG/UEL.
Aos meus pais, Roberto e Sonia, pela vida, amor, dedicação e incentivo;
À meu esposo Ricardo, pelo amor, compreensão e apoio.
DEDICO.
AGRADECIMENTOS
A Deus, meu guia e protetor, que sempre me protege e me ilumina em todos os passos da
minha vida, por Ele ser tão bom comigo;
À minha família, meu tudo na vida, pelo amor eterno e incondicional. Pelo carinho e pela
preocupação; pelo colo e pelas broncas; pela educação e pela disciplina; pelos princípios
morais, pelas alegrias, pela compreensão; por sempre estar ao meu lado, por sempre me
apoiar, sempre me guardar, me ensinar, não importa o esforço e o sacrifício;
À minha orientadora, Professora Doutora Eiko Nakagawa Itano, pela oportunidade e pela
confiança depositada em mim, pelos ensinamentos, incentivos e pela amizade;
Aos professores doutores Mário Augusto Ono e Elisa Yoko Hirooka, por aceitarem
prontamente participar da banca de defesa e pelas contribuições para este trabalho e pela
dedicação, e ainda a Profª. Drª. Ivete Conchon Costa pela contribuição na banca de
qualificação.
Aos técnicos e amigos Mári Sumigawa Kaminami e Nilson de Jesus Carlos, pela amizade,
disposição, por tudo o que me ensinaram e por todo o apoio sempre que precisei;
A todos do Laboratório de Imunologia Aplicada: Audrey de Souza Marquez, Carina Harumi
Takahama, Carla Cristine Crude dos Santos, Carlos Eduardo de Oliveira Lima, Cauê
Zortéa Fernandes Costa, Fabiana Felipin Rigobello, Franciele Ayumi Semêncio Chiyoda,
Francisco José de Abreu Oliveira, Juliana Elisa Lima , Lilian Cristina Raia De Dio, Maria
Cláudia Noronha Dutra de Menezes, Nadia Hizuru Kamiji, Tânia Maris Pedrini Soares da
Costa, Thiago Yuiti Castillho Massuda, Wander Rogerio Pavanelli e Wilson Candido
Junior. Àqueles que não somente me ajudaram no trabalho de alguma forma, mas que
também se tornaram amigos. Especialmente às colegas e amigas: Fernanda Akemi
Nakanishi, Kátia Key Oshiro e Rosália Hernandes Fernandes-Vivan, que têm minha
sincera amizade.
À minha querida amiga Luciene Airy Nagashima, que me acompanhou inteiramente neste
trabalho, sempre com disposição para me ajudar, seja em qual hora fosse, e que sempre
me incentivou e me apoiou.
À Coordenação do Programa de Pós-graduação em Patologia Experimental, pelo suporte
e ajuda. Em especial a Profª. Drª. Maria Angélica Ehara Watanabe, pelo carinho, apoio e
atenção.
As professoras doutoras Ângela Maria Ferreira Falleiros e Sheila Michele Levy do
departamento de histologia, pelos ensinamentos e ajuda com o histopatológico.
A todos os professores e funcionários do Centro de Ciências Biológicas que, de alguma
forma, ajudaram na minha formação e por todo o apoio, em especial aos funcionários
Jesus Antônio Vargas (Zui) e Pedro S. R. Dionizio Filho;
À Universidade Estadual de Londrina (UEL), pela oportunidade de realizar o curso e pela
infra-estrutura;
À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela
concessão de bolsa e por tratar a pesquisa de forma séria e profissional;
ENFIM, A TODOS QUE DIRETA OU INDIRETAMENTE
CONTRIBUÍRAM PARA A REALIZAÇÃO DESTE
TRABALHO.
LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E SIGLAS
Ags .............................................. Antígenos
AIDS ............................................ Acquired Immunodeficiency Syndrome
CFA.............................................. Cell-free Antigens
CFU.............................................. Colony-forming Unit
DAB ............................................. Diaminobenzidina
D.O. ............................................. Densidade Óptica
ELISA........................................... Enzyme Linked Immunosorbent Assay
EUA ............................................. Estados Unidos da América
°C.................................................. Graus Celsius
HE................................................. Hematoxilina-Eosina
IFN-γ................................................... Interferon gama
IgG................................................ Imunoglobulina G
IL-4................................................ Interleucina 4
IL-6................................................ Interleucina 6
IL-10.............................................. Interleucina 10
IL-12.............................................. Interleucina 12
IL-17.............................................. Interleucina 17
i.v. …............................................. Intravenosa
µg.................................................. Micrograma
μL.................................................. Microlitro
nm................................................. Nanômetro
OPD............................................. Orto-Feniletilenodiamino Diidrocloreto
PBS............................................... Tampão Fosfato Salina
PCR.............................................. Reação da Cadeia da Polimerase
PMSF........................................... Phenylmethanesulfonyl Fluoride
RNA ............................................. Ácido Ribonucléico
SNC ............................................. Sistema Nervoso Central
Th1................................................ Linfócito T auxiliar ou helper 1
Th2................................................ Linfócito T auxiliar ou helper 2
TGF-β............................................ Transforming Growth Factor beta
TNF-α............................................ Fator de Necrose Tumoral alfa
UEL.............................................. Universidade Estadual de Londrina
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Análise quantitativa da fungemia pela contagem de unidade formadora de
colônia (CFU) do baço e fígado....................................................................................... 26
Figura 2 – Análise quantitativa da fungemia pela contagem de unidade formadora de
colônia (CFU) do cérebro dos animais com 7, 14, 28 e 56 dias de infecção e animais
controle. ..................................................................................................................... . 27
Figura 3 – Resultado de teste de hipersensibilidade tardia (DTH) no decorrer de
infecção de camundongos swiss com C. parapsilosis.................................................... 28
Figura 4 – Análise dos níveis de IgG anti-CFA de C. parapsilosis presentes no plasma
dos camundongos........................................................................................................... 29
Tabela 1 - Alterações histopatológicas em baço e fígado de camundongos Swiss
infectados com Candida parapsilosis...............................................................................30
Figura 5 - Análise histopatológica do baço dos animais infectados com 7, 14, 28 e 56
dias de infecção............................................................................................................... 31
Figura 6 - Análise histopatológica do fígado dos animais infectados com 7, 14, 28 e 56
dias de infecção............................................................................................................... 32
Figura 7 Análise quantitativa das citocinas (IL-4, IL-10, TNF-α e INF-γ) presentes no
plasma dos camundongos infectados e grupo controle.................................................. 34
Figura 8 – Alteração comportamental de camundongo Swiss infectados com C.
parapsilosis por via endovenosa................................................................................ …. 36
Tabela 2 - Alterações histopatológicas em cérebro de camundongos Swiss infectados
com Candida parapsilosis................................................................................................36
Figura 9Análise histopatológica do cérebro dos animais infectados com 7, 14, 28, 56
dias de infecção e animal controle.................................................................................. 37
Figura 10 - Nível de IgG anti-mielina humana em plasmas de camundongos infectados
com C. parapsilosis......................................................................................................... 39
Figura 11 - Dosagem de níveis de IL-17 em amostra de cérebro dos animais infectados
com C. parapsilosis e controle sem infecção.................................................................. 40
11
Sumário
1.1. RESUMO .......................................................................................................................... 12
1.2. ABSTRACT ...................................................................................................................... 14
1.3. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15
1.4. OBJETIVOS...................................................................................................................... 19
1.4.1. Objetivo geral ........................................................................................................19
1.4.2. Objetivos específicos.............................................................................................19
1.5. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 20
1.5.1. Microrganismo.......................................................................................................20
1.5.2. Animais..................................................................................................................20
1.5.3. Obtenção de Cell Free Antigen (CFA) ..................................................................20
1.5.4. Infecção experimental em camundongos Swiss....................................................21
1.5.5. Unidade formadora de colônia (CFU)...................................................................21
1.5.6. Reação de hipersensibilidade cutânea tardia (DTH) .............................................21
1.5.7. Análise histopatológica dos órgãos........................................................................22
1.5.8. ELISA para determinação de nível de IgG total anti-CFA de C. parapsilosis.......23
1.5.9. ELISA para determinação de nível de IgG anti-mielina no plasma ......................23
1.5.10. Determinação do nível de citocinas em amostras de plasma de camundongos...24
1.5.11. Determinação do nível de IL-17 em amostras de macerado de cérebro de
camundongos...................................................................................................................24
1.5.12. Análise estatística ................................................................................................24
1.6. RESULTADOS.................................................................................................................. 25
1.6.1. Identificação de isolado clínico .............................................................................25
1.6.2. Unidade formadora de colônia (CFU)...................................................................25
1.6.3. Reação de hipersensibilidade cutânea tardia (DTH) ............................................27
1.6.4. ELISA para determinação de nível de IgG total anti-CFA de C. parapsilosis.......28
1.6.5. Análise histopatológica do baço e fígado ..............................................................29
1.6.6. Determinação do nível de citocinas em amostras de plasma de camundongos.....33
1.6.7. Análise histopatológica do cérebro........................................................................35
1.6.8. ELISA para determinação de nível de IgG anti-mielina no plasma ......................39
1.6.9. Determinação do nível de IL-17 em amostras de cérebro no decorrer da infecção39
1.7. DISCUSSÃO .................................................................................................................... 41
1.8. CONCLUSÕES................................................................................................................. 45
1.9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 46
12
AVALIAÇÃO DA FUNGEMIA, RESPOSTA IMUNE CELULAR/HUMORAL E CITOCINAS
NA INFECÇÃO EXPERIMENTAL DE CAMUNDONGOS COM ISOLADO CLÍNICO
Candida parapsilosis (Cp 1)
1.1. RESUMO
Em pacientes imunocomprometidos é comum a infecção concomitante por diversos
patógenos. O presente trabalho identificou um isolado fúngico como Candida parapsilosis
proveniente de paciente com histoplasmose. Considerando que estudos sobre a virulência
e a patogenicidade experimental desta espécie são poucos, o objetivo do trabalho foi
caracterizar o fungo, inicialmente confirmando como C. parapsilosis por biologia molecular
(PCR) e avaliar a fungemia pela contagem de unidade formadora de colônia (CFU) no
baço, fígado e cérebro, as respostas imune celular e humoral específicas, nível de
citocinas plasmáticas (INF-γ, TNF-α, IL-4 e IL-10) e no macerado do cérebro (IL-17) no
decorrer de infecção experimental em camundongos Swiss. Adicionalmente foi realizada a
análise de nível plasmático de anticorpos anti-mielina, considerando os dados
preliminares de alterações comportamentais em camundongos infectados pelo referido
isolado. A identificação do fungo foi realizada por PCR utilizando primer ITS-5 e ITS-4,
seguida de outro PCR com os primers: ITS-5, ITS-4, ITS-2 e ITS-3. Esse fungo,
confirmado como C. parapsilosis, foi inoculado em camundongos por via endovenosa
(1x10
8
leveduras/animal) e divididos em grupos de 7, 14, 28 e 56 dias de infecção. Como
controle, inoculou-se PBS estéril. A resposta imune celular foi avaliada por teste
intradérmico (DTH) e a resposta imune humoral por ELISA, utilizando como antígeno
preparado livres de células (CFAg) de C. parapsilosis. Os resultados obtidos
demonstraram aumento significativo de CFU apenas no grupo de camundongos com 7
dias de infecção em relação aos demais grupos (p<0.05) e aumento de resposta de DTH
no grupo de 56 dias em relação ao controle (p<0.05) e nível elevado de IgG total anti-
CFAg nos grupos de 28 e 56 dias em relação aos demais (p<0.05). Foi observado
aumento no nível de citocina INF-γ no plasma em grupo de 28 e 56 dias pós-infecção em
relação aos demais grupos (p<0.05) e níveis similares de demais citocinas entre os
grupos (p>0.05). Após 28 e 56 dias de infecção, foi confirmada a alteração
comportamental. Todavia a contagem do CFU no cérebro foi significativamente maior
somente no grupo de 7 dias, sendo negativo após 14 dias de infecção, mas com presença
de lesões teciduais no cérebro dos grupos de camundongos com 28 e 56 dias pós-
13
infecção. Não foram observadas alterações no nível plasmático de IgG anti-mielina.
Concluímos pelos resultados que o referido isolado por si só apresenta baixa virulência e
que a resposta imune induzida possivelmente controle a infecção. Todavia as respostas
imunes específicas devem participar nas lesões do cérebro, alterando o comportamento
dos camundongos infectados, o que requer estudos adicionais.
Palavras-chave: Candida parapsilosis, resposta imune, citocinas.
14
ANALYSIS OF FUNGEMIA, CELLULAR/HUMORAL IMMUNE RESPONSE AND
CYTOKINES IN EXPERIMENTAL INFECTION OF MICE WITH Candida parapsilosis
CLINICAL ISOLATE
1.2. ABSTRACT
In immunocompromised patients, the concomitant infection of various microorganisms is
common. This work introduces a fungal isolate identified as Candida parapsilosis in a
patient with histoplasmosis. Whereas studies on the virulence and pathogenicity trial of
this kind are few, the goal of the study was to characterize the fungus, initially confirmed as
C. parapsilosis by molecular biology (PCR) and then evaluating the fungemia by colony
forming unit (CFU) in spleen and liver, the cellular and humoral specifics immune
responses, level of plasmatic cytokines (INF-γ, TNF-α, IL-4 and IL-10) in the course of
experimental infection in mice. In addition the brain CFU and histopathology lesions
analysis, as well as local IL-17 and plasma levels of IgG anti-myelin, were included
considering the preliminary data of behavioral changes in infected mice by the actual
isolate. The identification of the fungus was performed by PCR using primer ITS-5 and
ITS-4, followed by another PCR with primers: ITS-5, ITS-4, ITS-2 and ITS-3. This fungus,
confirmed as C. parapsilosis, was inoculated into mice intravenously (1x10
8
yeast/animal)
and divided into groups of 7, 14, 28 and 56 days of infection. As control, it was inoculated
sterile PBS. The cellular immune response was assessed by intradermal test (DTH) and
humoral immune response by ELISA, using as antigen cell-free antigens (CFAg) of C.
parapsilosis. The results showed a significant increase of CFU only in the group of mice
with 7 days of infection compared to other groups (p <0.05) and increased DTH response
in the 56 days group compared to control (p <0.05) and high level of anti-CFAg IgG in 28
and 56 days groups compared to the others (p <0.05). After 28 and 56 days of infection, it
was confirmed a behavioral change. However, brain CFU was significantly higher only in
the 7 days group, and being negative after 28 days of infection, but with presence of brains
tissue lesions in mice groups with 28 and 56 days post-infection. There were no alterations
in plasmatic anti-myelin IgG level. From the results, we conclude that this isolated itself
has low virulence and that the immune induced response may control the infection.
However the specific immune responses may be involved in the brain lesions, altering the
behavior of the infected mice, which requires further study.
Key-words: Candida parapsilosis, imune response, citokynes.
15
1.3. INTRODUÇÃO
Devido ao aumento do número de pacientes susceptíveis em função de
imunodepressão, nas últimas décadas tem ocorrido um aumento das infecções sistêmicas
hospitalares; destacando-se as infecções fúngicas (PFALLER, 1996; FRIDKIN & JARVIS,
1996; KAO et al., 1999).
Dentre essas infecções fúngicas, a mais frequente é a candidíase, causada pelo
fungo Candida ssp., patógeno oportunista frequentemente isolado das superfícies
mucosas de indivíduos normais, mas que pode levar ao desenvolvimento de lesões
superficiais até infecções disseminadas (ALVARES, 2007).
Em 1963, eram conhecidas como causadoras de doenças em humanos, C.
albicans, C. parapsilosis, C. tropicalis, C. stellatoidea (C. albicans var stellatoidea) e C.
guilliermondii. Atualmente, são conhecidas cerca de dezessete espécies de Candida
causadoras de micoses superficiais ou invasivas em seres humanos (DIGNANI et al.,
2003).
C. albicans ainda é a espécie mais isolada, entretanto é cada vez mais frequente o
isolamento de espécies Candida não-albicans, que estão sendo consideradas patógenos
emergentes de grande importância (LUNEL, 1999; KAO et al.,1999; KRCMERY &
BARNES, 2002). Dentre as espécies consideradas emergentes destaca-se C. parapsilosis
(LEVY et al., 1998; LEVIN et al., 1998).
C. parapsilosis apresenta-se como um importante patógeno hospitalar, sendo
responsável por 7% a 15% das candidemias na maioria das publicações nos EUA e
Europa (PFALLER, 1996; VOSS et al., 1996).
Estudos experimentais sobre a virulência e a patogenicidade desta espécie são
poucos (BISTONI et al., 1984; CASSONE et al., 1995). Pouco se sabe a respeito de C.
parapsilosis, apesar de ser uma espécie comumente isolada das mãos dos trabalhadores
saudáveis dos hospitais e estar relacionada com a disseminação exógena de candidíase
em recém nascidos internados em UTI neo natal (BONASSOLI, 2004).
C. parapsilosis foi isolada pela primeira vez por Ashford a partir de fezes de um
paciente com diarreia em Porto Rico, em 1928.
Quando cultivadas em ágar Sabouraud dextrose, apresenta colônias brancas,
cremosas, brilhantes, lisas e/ou enrugadas. Quando comparada a C. albicans e C.
16
tropicalis, que podem existir em múltiplas formas morfogenéticas, C. parapsilosis não
forma hifas verdadeiras e existe em qualquer fase de levedura ou pseudohifas. (TROFA et
al., 2008).
Algumas características gerais são que C. parapsilosis prolifera-se em soluções
contendo glicose, tem grande capacidade de produzir biofilme e frequentemente coloniza
a pele (COLOMBO & GUIMARÃES, 2003).
Há uma associação bem documentada entre infecção por C. parapsilosis e a
presença de um dispositivo intravascular (WEEMS et al., 1992; GIRMENIA et al., 1996;
LEVY et al., 1998).
Experimentalmente, a virulência de C. parapsilosis é menor que C. albicans e
outras especies de C. não-albicans, devido à sua menor aderência a células epiteliais
(ABI SAID et al., 1998). Por outro lado, C. parapsilosis tem capacidade de aderir de forma
mais eficiente em material estranho (WEEMS et al., 1992). Infecções por C. parapsilosis é
comumente associada à nutrição parenteral, catéteres intravenosos, dispositivos ou
próteses implantadas (COLEMAN et al., 1998).
Estas características explicam a associação com cateteres e também a mortalidade
significativamente menor quando comparado com outras espécies de C. não-albicans
(GIRMENIA et al., 1996; LEVY et al., 1998; KRCMERY, 1998; VISCOLI et al., 1999;
KRCMERY, 1999).
Biofilmes são facilmente formados por C. parapsilosis quando as células crescem
em meio contendo alta concentrações de glicose e lipídios, que está associado com
aumento da prevalência de infecções da corrente sanguínea em pacientes que recebem
nutrição parenteral (NOSEK et al., 2009).
Em contraste com C. albicans, a formação do bio-filme de C. parapsilosis é mais
fino, menos estruturado, não apresenta hifas verdadeiras, e consistem exclusivamente de
agregado de blastosporos (KUHN et al. 2002).
Em relação a sua susceptibilidade a antifungicos, C. parapsilosis é relativamente
sensível à maioria dos antifúngicos sistêmicos, incluindo cetoconazol, itraconazol,
fluconazol, anfotericina B e 5-FC (REX et al., 1995).
Em comparação com outras espécies de Candida, C. parapsilosis tem uma ampla
distribuição na natureza. Ao contrário da C. albicans e C. tropicalis, C. parapsilosis não é
um patógeno humano obrigatório, tendo sido isolada a partir de fontes não-humanos,
como animais domésticos, insetos, solo e ambientes marinhos (FELL & MEYER, 1967;
WEEMS, 1992).
17
Em pacientes imunocomprometidos é comum a infecção concomitante por diversos
patógenos (NETO et al., 1995), existem casos de infecção concomitante com Histoplasma
capsulatum (DIÓGENES et al., 1990; PEREIRA et al., 2002). No presente trabalho foi
isolado um fungo de paciente com histoplasmose, micose sistêmica causada pelo fungo
dimórfico Histoplasma capsulatum var. capsulatum, sendo esse isolado identificado por
biologia molecular como C. parapsilosis.
Embora o fungo C. parapsilosis seja considerado tipicamente um comensal da pele
humana sendo a sua patogenicidade limitada ao tegumento intacto, e ser frequentemente
considerado menos virulento do que C. albicans (TROFA et al., 2008) existem casos de
infecções de rins, pulmão, coração, articulações, ossos e sistema nervoso central (LACAZ
et al., 2002), sendo que as formas clínicas mais severas têm sido associadas com
pacientes imunocomprometidos, neutropênicos e transplantados (COLOMBO &
GUIMARÃES, 2003).
A candidíase sistêmica em camundongos se assemelha à doença humana.
Envolvimento no cérebro e renal é comum em infecções disseminada por Candida em
humanos (PARKER, 1976; ODDS, 1988), e também em camundongos, estes órgãos são
um foco primário de infecção (LOURIA, 1985; PAPADIMITRIOU & ASHMAN, 1986).
O envolvimento de sistema nervoso central ocorre frequentemente em prematuros
que desenvolvem candidemia. Entretanto, segundo dados obtidos em necropsia,
pacientes que desenvolveram sepse por Candida que evoluem a óbito, apresentam
lesões fúngicas no sistema nervoso central (SNC) em até 20% dos casos (DIGNANI et al.,
2003; FILLER et al, 2003).
A imunidade protetora a Candida envolve respostas imunes inata e adaptativa. A
presença de uma imunidade inata ativa, tais como a capacidade das células fagocíticas
para inibir crescimento de fungos, é necessária para a indução de células CD4
+
Th1
(MENCACCI et al., 1998).
No entanto, um sistema imunológico inato ativado nem sempre é suficiente, por si,
para eliminar a infecção. Assim, uma integração adequada entre o sistema imune inato e
o adaptativo é necessário para o controle eficiente das infecções por Candida (ROMANI,
2000).
As citocinas tem demonstrado uma papel importante na modulação da resposta
imune a infecção por Candida (ASHMAN & PAPADIMITRIOU, 1995; ROMANI, 2000).
Estudos em camundongos mostraram que o desenvolvimento da respostas Th1
exige ações de diversas citocinas, como o IFN-γ (ROMANI et al., 1992; CENCI et al.,
18
1998), TGF-β (SPACCAPELO et al., 1995), IL-6 (ROMANI et al., 1992), TNF-α
(MENCACCI et al., 1998), e IL-12 (ROMANI et al., 1994), a ausência de citocinas Th2,
como IL-4 e IL-10, que inibem o desenvolvimento de respostas Th1 (TONNETTI et al.,
1995).
Assim, considerando a possibilidade do fungo causar uma infecção sistêmica e
considerando a existência de poucos estudos sobre a sua virulência e especialmente
nenhum conhecimento sobre o isolado, no presente trabalho foi proposto induzir infecção
sistêmica por isolado de C. parapsilosis em camundongos e, avaliar a fungemia de
órgãos, a resposta imune celular e humoral e, nível de citocinas no decorrer da infecção
de camundongos.
1.4. OBJETIVOS
1.4.1. Objetivo geral
No presente trabalho foi proposto induzir infecção sistêmica por isolado fúngico C.
parapsilosis em camundongos, avaliar a fungemia em órgãos, a resposta imune celular e
humoral e nível de citocinas no decorrer da infecção de camundongos.
1.4.2. Objetivos específicos
1.4.1.1. Identificar isolado clínico de Candida de paciente com histoplasmose;
1.4.1.2. Obter Cell free antigen (CFA) do fungo C. parapsilosis;
1.4.1.3. Detectar níveis de IgG total anti-CFA no plasma de camundongos infectados
experimentalmente com C. parapsilosis;
1.4.1.5. Analisar fungemia, resposta imune humoral e celular especificas na infecção
experimental murina;
1.4.1.6. Detectar anticorpos anti-mielina no plasma na infecção experimental murina;
1.4.1.7. Detectar nível de citocinas dos camundongos na infecção experimental murina;
1.4.1.8. Analisar o histopatológico dos órgãos (baço, figado e cérebro).
1.5. MATERIAL E MÉTODOS
1.5.1. Microrganismo
Foi utilizado isolado Cp1, fungo C. parapsilosis de paciente com histoplasmose, atendido
no Hospital Universitário de Londrina - HU/UEL e identificado inicialmente por cultivo em
meio seletivo, Chromagar Candida (CA221, Paris, França), seguida de confirmação por
reação da cadeia da polimerase (PCR), utilizando como primeiro primer ITS-5 e ITS-4 e
segundo primer ITS-5,ITS-4, ITS-2 e ITS-3, em dois PCRs consecutivos e análise por
sequenciamento (Applied Biosystens) na Universidade de Chiba, Chiba, Japão.
1.5.2. Animais
Neste estudo foram utilizados camundongos Swiss, alojados no Biotério do Departamento
de Ciências Patológicas da UEL, com fornecimento de água e ração peletizada ad libitum.
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da
Universidade Estadual de Londrina sob n
o
100/09.
1.5.3. Obtenção de Cell Free Antigen (CFA)
Após o cultivo de 24 horas do fungo Cp1, a massa fúngica foi removida e suspendida em
solução salina tamponada com fosfato (PBS), adicionado timerosal e fluoreto de
fenilmetilsulfonil (PMSF), homogeneizada em aparelho vórtex (5 ciclos de 2 minutos) e
deixado em repouso no gelo por uma hora e trinta minutos. Após o repouso o tubo com a
suspenssão foi levado ao aparelho vórtex (1 ciclo de 2 minutos) e depois centrifugado em
centrifuga refrigerada 4ºC, a 1005 x g (Eppendorf Centrifuge 5804R, Hamburg, Germany)
por 15 minutos. Após a centrifugação o sobrenadante foi centrifugado novamente a 4ºC e
12870 x g por 30 minutos. Amostra de sobrenadante foi coletada e a concentração
protéica do CFA obtido foi dosada pelo método Folin (Lowry et al., 1951). A seguir, o CFA
foi aliquotado e armazenado em freezer –80
o
C até a utilização.
1.5.4. Infecção experimental em camundongos Swiss
Os camundongos foram divididos em cinco grupos de 10 animais: G1 – infectado e
eutanasiado no 7º dia, G2 – infectado e eutanasiados no 14º dia G3 – infectado e
eutanasiado no 28º dia, G4 – infectado e eutanasiados no 56º dia e G5- Controle sem
infecção e eutanasiados em 7, 14, 28 e 56 dias (2 animais cada). Os animais infectados
(G1-G4) foram inoculados (i.v.) com 1x10
8
leveduras de C. parapsilosis, enquanto o grupo
G5 com solução salina tamponada (PBS) estéril.
1.5.5. Unidade formadora de colônia (CFU)
Parte do baço, fígado e do cérebro de cada camundongo foram retirados assepticamente
e macerados em PBS estéril e ajustado a 0,2 g órgão/mL. O homogenato foi diluído 1:10,
sendo 30 uL de cada diluição submetido à determinação do CFU em placas de petri em
Agar Saboraud. As placas foram incubadas em estufa de 35
o
C por 4 dias para
determinação do número de unidades formadoras de colônia (CFU) de C. parapsilosis.
1.5.6. Reação de hipersensibilidade cutânea tardia (DTH)
Para determinar o DTH, de 18 a 24 h antes da eutanásia, os camundongos receberam
uma inoculação subcutânea com 50 µl na concentração de 7,5 µg de CFA de C.
parapsilosis no coxim da pata traseira esquerda. Como controle, foi inoculado PBS estéril
nas patas traseira direita. A extensão do infiltrado inflamatório foi avaliado através de
medida do raio da pata utilizando especímetro (Mitotoyo, draper 0-25 mm Micrometer,
Tokyo, Japan) e a porcentagem relativa de aumento da pata foi calculada pela fórmula A=
π.d
2
/4 (onde A= área de um círculo plano; π= 3,14; d= medida obtida no especímetro) e
avaliada comparando-se com o controle.
1.5.7. Análise histopatológica dos órgãos
Após eutanásia, parte do baço, fígado e do cérebro foi removido e fixado em solução de
formalina tamponada (0,05M NaH
2
PO
4,
0,05M Na
2
HPO
4
, água destilada e 10% de formol
37%, pH 7.0) por no mínimo 24 h e submetidos à desidratação em álcool 70% por 30 min,
álcool 90% por 30 min, álcool absoluto por 30 min e 3 passagens de 15 min por xilol. A
seguir, foram submetidos a 3 inclusões de 30 min em parafina. Secções de 5 mm foram
fixadas em lâminas de microscopia e sucessivamente hidratadas em xilol, álcool e xilol,
álcool absoluto, álcool 90 e álcool 70% (5 min em cada solução). A coloração foi feita com
hematoxilina (15 s) e eosina (30 s) e lavagem em água corrente por 10 min. Os cortes
corados foram então desidratados em álcool e xilol e as lamínulas fixadas com bálsamo.
Essa coloração foi realizada para análise morfológica do tecido. Algumas secções de 5
mm, fixadas em lâminas de microscopia, foram coradas também pela técnica de Grocott
(methenamina) para detecção de fungos ou parte de fungos. Após hidratação em água, as
lâminas foram oxidadas em ácido crômico 5%, por 1 h, e lavadas em água corrente por 10
min. Depois de tratadas em bissulfito de sódio 1%, durante 1 min, as lâminas foram
novamente lavadas e incubadas em solução de nitrato de prata (5% nitrato de prata, 3%
hexamine), à 60 ºC. Após nova lavagem, as lâminas foram tratadas com 0,1% de cloreto
de ouro, por 5 min. Os resíduos não oxidados foram removidos com 2% de tiosulfato de
sódio, por 2 min, e a coloração de fundo realizada com Light Green stain. Foi utilizado
também a técnica de coloração Picrosírius, para evidenciar o colágeno e avaliação do
grau de fibrose tecidual, onde secções de 5 mm foram desparafinadas e os cortes foram
hidratados e deixados em uma solução de ácido fosfomolíbdico por 1 min, apos incubado
por 90 min com solução de picrosírius (Direct red Sigma®), após corado com ácido
clorídrico por 2 min, depois desidratadas e clarificadas e montadas. As lâminas foram
avaliadas em microscopia óptica, a 4x10, 10x10 e 100x10 de aumento.
1.5.8. ELISA para determinação de nível de IgG total anti-CFA de C. parapsilosis
As placas de ELISA foram sensibilizadas com 100 μl/orifício, contendo 25 µg/mL de CFA
de C. parapsilosis diluído em tampão carbonato-bicarbonato, e incubada por 1 hora a
37ºC e overnight a 4ºC, seguido de bloqueio e lavagens. Para detecção de IgG total, foi
adicionado 100 ul/orifício das amostras de plasma dos camundongos diluídas 1:10 e
conjugado peroxidase anti-IgG de camundongo 1:4000 (A8924, Sigma, St. Louis, MO,
USA). A revelação foi feita com OPD e H
2
O
2
(100 μL/orifício) e a reação, bloqueada com
50 μL de H
2
SO
4
4 N. A leitura foi feita em aparelho Multiskan EX (Uniscience –
Labsystems, Helsinki, Finland) em 492 ηm.
1.5.9. ELISA para determinação de nível de IgG anti-mielina no plasma
As placas de ELISA foram sensibilizadas com mielina humana, 50μg diluído em tampão
carbonato-bicarbonato, incubada por 1 hora a 37ºC e overnight a 4ºC, seguido de
bloqueio e lavagens. Para detecção de IgG anti-mielina, foi adicionado 100 ul/orifício das
amostras de plasma puro dos camundongos, seguida de 1hora e 30min de incubação a
37ºC, seguido de lavagens e adição do conjugado peroxidase anti-IgG de camundongo
1:4000 (A8924, Sigma, St. Louis, MO, USA), incubado bor 1 hora a 37ºC. A revelação foi
feita com OPD e H
2
O
2
(100 μL/orifício) e a reação, bloqueada com 50 μL de H
2
SO
4
4 N. A
leitura foi feita em aparelho Multiskan EX (Uniscience – Labsystems, Helsinki, Finland) em
492 ηm.
1.5.10. Determinação do nível de citocinas em amostras de plasma de camundongos
Para análise de IFN-γ, IL-4, IL-10, e TNF-α foram utilizados “kits” de ELISA comercial
(Biosource INVITROGEN) e o nível de citocinas foi calculado baseando-se na curva
padrão de concentração conhecida de citocinas, de acordo com instruções do fabricante.
1.5.11. Determinação do nível de IL-17 em amostras de macerado de cérebro de
camundongos
O cérebro foi retirado assepticamente e macerado em PBS estéril e congelado a -80ºC.
Antes de análise da citocina, a amostra foi descongelada e centrifugada a 4ºC e 12000
rpm por 5 min. Para análise de IL-17 foi utilizado kit de ELISA comercial (Biosource
INVITROGEN) e o nível de citocinas foi calculado baseando-se na curva padrão de
concentração conhecida de citocinas, de acordo com instruções do fabricante.
1.5.12. Análise estatística
Foi realizada análise de variância (ANOVA) teste de Tukey-Kramer. Os valores foram
descritos pela média ± desvio padrão, e os resultados, considerados significativos quando
p< 0,05.
1.6. RESULTADOS
1.6.1. Identificação de isolado clínico
O fungo isolado foi inicialmente identificado como C. parapsilosis por meio de cultivo em
meio seletivo e confirmado por PCR. Após realização da técnica de PCR e
sequenciamento resultando na sequência de identificação:
TGGAAGTAAAAAAGTCGTAACAAGGTTTCCGTAGGTGAACCTGCGGAAGGATCATTAC
AGAATGAAAAGTGCTTAACTGCATTTTTTCTTACACATGTGTTTTTCTTTTTTTGAAAACT
TTGCTTTGGTAGGCCTTCTATATGGGGCCTGCCAGAGATTAAACTCAACCAAATTTTATT
TAATGTCAACCGATTATTTAATAGTCAAAACTTTCAACAACGGATCTCTTGGTTCTCGCA
TCGATGAAGAACGCAGCGAAATGCGATAAGTAATATGAATTGCAGATATTCGTGAATCAT
CGAATCTTTGAACGCACATTGCGCCCTTTGGTATTCCAAAGGGCATGCCTGTTTGAGC
GTCATTTCTCCCTCAAACCCTCGGGTTTGGTGTTGAGCGATACGCTGGGTTTGCTTGA
AAGAAAGGCGGAGTATAAACTAATGGATAGGTTTTTTCCACTCATTGGTACAAACTCCA
AAACTTCTTCCAAATTCGACCTCAAATCAGGTAGGACTACCCGCTGAACTTAAGCATAT
CAATAACGGAGGAA, que apresenta 99% de homologia com o microrganismo como C.
parapsilosis, retirado do banco de dados NCBI blast.
1.6.2. Unidade formadora de colônia (CFU)
Os números de CFUs recuperados do baço foram: 7 dias de infecção = 8,000 ± 11,57; 14
dias de infecção = 3,000 ± 4,830; 28 dias de infecção não detectado (ND); 56 dias de
infecção ND e controle ND (Figura 1a). Os números de CFU recuperados do fígado foram:
7 dias de infecção = 11,000 ± 15,04; 14 dias de infecção = 3,000 ± 6,749; 28 dias de
infecção ND; e 56 dias de infecção ND e controle ND. Baço 7 dias de infecção x 14, 28,
56 dias e controle negativo = p<0.05. Fígado 7 dias de infecção x 14, 28, 56 dias e
controle negativo = p<0.05 (Figura 1b).
Os números de CFUs recuperadas de cérebro demonstraram uma redução significativa
(p<0,05) no número de colônias dos camundongos com 14 (3,000 ± 6,749), 28 (3,000 ±
4,830) e 56 dias de infecção (ND) comparadas com camundongos com 7 dias de
infecção (116,0 ± 83,69) (Figura 2).
CFU baço
con
t
r
ole
7 dia
s
14
d
i
as
28
d
i
as
56
dias
0
5
10
15
grupos
nº de colônias
CFU figado
contro
le
7 dias
14
d
ia
s
2
8 dias
56 dias
0
5
10
15
20
grupos
de colônias
Figura 1. Análise quantitativa da fungemia pela contagem de unidade formadora de
colônia (CFU) em baço e fígado. Camundongos swiss infectados com C. parapsilosis
durante 7, 14, 28 e 56 dias de infecção (n=40) e grupo controle (n=10). a) Baço: diferença
estatística significativa entre 7 dias de infecção x controle, 14, 28 e 56 dias de infecção
(p<0.05). b) Fígado: diferença estatística significativa entre 7 dias de infecção x controle,
14, 28 e 56 dias de infecção (p<0.05).
a
b)
CFU
CFU
*
*
CFU cerebro
controle
7 dias
14 dias
2
8 dias
56
dias
0
50
100
150
grupos
CFU
Figura 2. Análise quantitativa da fungemia pela contagem de unidade formadora de
colônia (CFU) do cérebro dos animais com 7, 14, 28 e 56 dias de infecção (n=40) e
animais controle (n=10). No CFU do cérebro nossos resultados apresentaram diferença
significativa entre 7 dias de infeção comparado com os demais.
1.6.3. Reação de hipersensibilidade cutânea tardia (DTH)
O teste de hipersensibilidade cutânea tardia utilizado para avaliar a reposta imune celular
demonstrou aumento da resposta em diâmetro no decorrer da infecção, sendo
significativo após 28 e 56 dias (p<0.05). Os resultados (figura 3) apresentaram diferença
significativa (p<0,05) entre camundongos controle (0,132 ± 0,086) e 56 dias de infecção
(0,343 ± 0,210), 7 dias de infecção (0,096 ± 0,056) comparado com 56 dias de infecção e
14 dias de infecção (0,159 ± 0,099) comparado com 56 dias de infecção (n=10).
*
DTH
c
o
ntrole
7 dias
1
4
d
ia
s
28 dias
56 dias
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
grupos
mm
Figura 3 – Resultado de teste de hipersensibilidade tardia (DTH) no decorrer de
infecção de camundongos swiss com C. parapsilosis. Pós 7, 14, 28 e 56 dias de
infecção e grupo controle. Diferença significativa entre controle, 7 dias e 14 dias de
infecção em relação a 56 dias de infecção (p<0.05).
1.6.4. ELISA para determinação de nível de IgG total anti-CFA de C. parapsilosis
Os resultados (figura 4) do ELISA para detecção de níveis de IgG anti-CFA de C.
parapsilosis, foram maiores em 28 e 56 dias de infecção (56dias de infecção: 0,480 ±
0,180; 28 dias de infecção: 0,296 ± 0,168), comparados com controle, 7 e 14 dias de
infecção (controle: 0,103 ± 0,028; 7 dias de infecção: 0,117 ± 0,043; 14 dias de infecção:
0,123 ± 0,035). Diferença significativa do controle entre 28 e 56 dias de infecção.
Diferença de 7 dias de infecção entre 28 e 56 dias de infecção. Diferença de 14 dias de
infecção entre 28 e 56 dias de infecção. Diferença entre 28 dias de infecção e 56 dias de
infecção (p < 0,05) (n=10).
*
*
*
ELISA classico
c
o
n
tr
ole
7
d
ias
1
4 dias
2
8 dias
56 dias
0.0
0.2
0.4
0.6
grupos
D.O. 492nm
Figura 4 – Resultado de análise dos níveis de IgG anti-CFA de C. parapsilosis
presentes no plasma dos camundongos. Grupo de camundongos swiss infectados
durante 7, 14, 28 e 56 dias com C. parapsilosis (n=40) e grupo controle (n=10). Controle,
7, 14 e 28 dias de infecção x 56 dias de infecção (p<0.05). Controle, 7 e 14 dias de
infecção x 28 dias de infecção (p<0.05).
1.6.5. Análise histopatológica do baço e fígado
Nos camundongo de 7 e 14 dias observou-se a presença de células fúngicas, com inicio
de lesão tecidual. No baço dos camundongos com 28 dias de infecção foi observado um
aumento de lesão tecidual. Nos camundongos com 56 dias de infecção a lesão tecidual
foi mais evidente, apresentando resquícios de células fúngicas mortas (tabela 1). Nos
controles sem infecção foi observado ausência de fungo e de lesão. Resultados
histopatológico baço (figura 5) e fígado (figura 6).
*
**
**
**
Tabela 1. Alterações histopatológicas em baço e fígado de camundongos Swiss
infectados com Candida parapsilosis.
Alterações grupos
Baço Fígado
7 dias
Presença de leveduras, início de
alterações;
Sem alterações teciduais, presença de
leveduras;
14 dias
Desorganização tecidual, presença de
hifas;
Presença de hifas, tecido desorganizado;
28 dias
Aumento do numero de células do baço; Aumento no numero de hepatócitos;
56 dias
Resquícios de células fúngicas. Hepatócitos com aspecto de esponja.
HE – 100x Grocott – 100x Picrosírius - 100x
7d
14d
28d
56d
Figura 5 - Análise histopatológica do baço dos animais infectados com 7, 14, 28 e 56
dias de infecção.
HE 100x Grocott 100x
Picrosírius – 100x
7d
14d
28 d
56d
Figura 6 - Análise histopatológica do fígado dos animais infectados com 7, 14 e 56
dias de infecção.
1.6.6. Determinação do nível de citocinas em amostras de plasma de camundongos
Os resultados demonstraram um aumento de níveis de INF-γ com 28 e 56 dias de
infecção (28 dias de infecção: 7,062 ± 0,989; 56 dias de infecção: 7,214 ± 0,753), o
mesmo ocorrendo com os níveis de TNF-α com 28 dias de infecção (653,9 ± 765,0). Os
resultados mostraram que os níveis de IL-4 tiveram um aumento com 14 dias de infecção
(796,3 ± 134,9) e uma diminuição desses níveis com 28 e 56 dias de infecção (28 dias de
infecção: 633,7 ± 42,86; 56 dias de infecção: 591,5 ± 72,38). Os níveis de IL-10 seguiram
os padrões de IL-4, apresentando um leve aumento dos níveis de IL-10 com 14 dias de
infecção (2174 ± 286,6) e uma diminuição significativa desses níveis com 28 e 56 dias de
infecção (28 dias de infecção: 1697 ± 89,73; 56 dias de infecção: 1729 ± 128,6). O perfil
de citocinas no plasma dos animais demostraram um leve aumento significativo de
citocinas do tipo Th2 com 14 dias de infecção (p<0.05). Com 28 e 56 dias de infecção
teve uma diminuição dos níveis de citocinas Th2 e um aumento significativo de citocinas
Th1 comparado com os demais grupos (p<0.05). Resultados foram expressos em pg/ml
(Figura 7).
Figura 7 – Análise quantitativa das citocinas (IL-4, IL-10, TNF-alfa e INF-gama)
presentes no plasma dos camundongos infectados (n=40) e grupo controle (n= 10).
a) IL-4: diferença significativa (p<0.05) entre 14 dias de infecção e 28 dias de infecção; e
entre 14 dias de infecção e 56 dias de infecção. b) IL-10: diferença significativa (p<0.05)
entre 14 dias de infecção e 28 dias de infecção; e entre 14 dias de infecção e 56 dias de
infecção. c) INF-γ: diferença significativa entre controle e 28 dias de infecção; controle e
56 dias de infecção; 7 dias de infecção entre 28 e 56 dias de infecção; 14 dias de infecção
entre 28 e 56 dias de infecção. d) TNF-α: diferença significativa entre 7 dias de infecção e
28 dias de infecção.
IL 4
c
o
n
t
r
ole
7 dias
14 d
ia
s
28 dias
56
d
ias
0
200
400
600
800
1000
grupos
pg/mL
IL 10
controle
7 dia
s
14 dias
28 d
i
as
56 di
as
0
500
1000
1500
2000
2500
grupos
pg/mL
interferon gama
c
o
n
t
r
ole
7
di
a
s
14 dias
2
8
d
ias
5
6
d
ia
s
0
2
4
6
8
grupos
D.O. 492nm
TNF alfa
co
n
tro
le
7 dias
1
4 dias
28 dias
5
6 dias
0
2000
4000
6000
8000
grupos
pg/mL
*
*
*
1.6.7. Análise histopatológica do cérebro
Considerando que os animais com 28 e 56 dias de infecção apresentaram alteração
comportamental, sugerindo algum distúrbio neurológico (Figuras 8b e 8c), foi realizada
análise histopatológica do cérebro observando-se nos camundongo de 7 e 14 dias a
presença de células fúngicas com formação de hifas septadas, com inicio de lesão
tecidual em 7 dias e maior alteração de vasos e tecido em 14 dias. Nos camundongos
com 28 dias de infecção também foi observado alterações. Nos camundongos com 56
dias de infecção as alterações começam a diminuir, é encontrado resquícios de células
fúngicas mortas (tabela 2). O resultado de CFU apresentou negatividade aos 28 dias pós-
infecção, porém, na análise histopatológica foi possível observar a presença de alguns
fungos. Considerando que aos 56 dias não foi observada a presença de fungos íntegros,
possivelmente os mesmos não estavam mais viáveis aos 28 dias. Nos controles sem
infecção foi observado ausência de fungo e de lesão. Resultados histopatológico (figura
9).
Figura 8 – Alteração comportamental de camundongo Swiss infectados com C.
parapsilosis por via endovenosa. a) controle negativo, sem infecção por C. parapsilosis.
b) Camundongo Swiss com 28 dias de infecção com C. parapsilosis apresentando
alteração comportamental, c) com 56 dias de infecção com Candida parapsilosis.
Apresentando alteração comportamental e controle sem alteração comportamental.
Tabela 2. Alterações histopatológicas em cérebro de camundongos Swiss
infectados com Candida parapsilosis.
grupos Alterações
7 dias
Início de desorganização tecidual; presença de leveduras e hifas do fungo.
14 dias
Desorganização tecidual acentuada;
presença de hifas; alteração de vasos (vasculite); aumento do conjuntivo q reveste
(meninges).
28 dias
Presença de hifas e início de resquícios de células fúngicas mortas; necrose ;
56 dias
Presença de hifas e resquícios de células fúngicas mortas; tecido em processo de
cicatrização.
HE – 100x Grocott – 100x Picrosírius - 100x
a) b)
c)
C-
7d
14d
28d
d
)
f
)
a
)
b
)
k)
l
)
m
)
n
)
o
)
e
)
j)
c
)
g)
h
)
i
)
56d
Figura 9 – Análise histopatológica do cérebro dos animais infectados com 7, 14, 28,
56 dias de infecção e animal controle.
1.6.8. ELISA para determinação de nível de IgG anti-mielina no plasma
Os resultados obtidos não demonstraram diferenças significativas entre todos os grupos
analisados (p>0.05), animais controle (2,358 ± 0,7482) e infectados com 7 (2,216 ±
0,5593), 14 (3,086 ± 1,330), 28 (2,126 ± 0,4915) e 56 dias de infecção (2,664 ± 0,3384)
(Figura 10).
mielina
contro
l
e
7
d
ias
14 dias
2
8
dia
s
56
d
ias
0
1
2
3
4
grupos
D.O. 492nm
Figura 10 – Nível de IgG anti-mielina humana em plasmas de camundongos
infectados com C. parapsilosis. Resultado de ELISA em DO a 492nm em grupo de
animais controle, 7, 14, 28 e 56 dias de infecção. Resultados não apresentam diferença
significativa (p>0.05).
1.6.9. Determinação do nível de IL-17 em amostras de cérebro no decorrer da infecção
Os resultados obtidos demonstraram diferença significativa apenas entre grupo controle
(186,3 ± 63,77) e grupo 56 dias de infecção (75,51 ± 56,50). Os demais grupos não
demonstraram diferenças significativas (p>0.05), animais infectados com 7 (110,0 ±
85,59), 14 (99,68 ± 56,18) e 28 dias de infecção (189,0 ± 95,48) (Figura 11).
IL-17
c
ontr
ole
7 d
ias
14
di
as
28
d
ias
56 dias
0
50
100
150
200
250
grupos
pg/mL
Figura 11 – Dosagem de níveis de IL-17 em amostra de cérebro dos animais
infectados com C. parapsilosis (n=40) e controle sem infecção (n=10). Resultados
apresentam diferenças significativas apenas no grupo controle comparado com grupo
com 56 dias de infecção(p> 0.05).
*
*
1.7. DISCUSSÃO
No presente trabalho foi observada fungemia significativa em baço e fígado de
camundongos infectados com C. parapsilosis por via endovenosa somente no período de
7 dias pós-infecção e não nos períodos posteriores, sugerindo a eliminação do fungo por
sistema imune. Possivelmente a eliminação do fungo no período posterior seja devido a
indução de resposta imune especifica, não excluindo a possibilidade também da atuação
da imunidade inata na fase inicial. Esse resultado é esperado se considerarmos que se
trata de espécie de microrganismo de baixa virulência, segundo Trofa (2008).
Considerando que o microrganismo apresenta vida intracelular, a principal resposta
protetora deve ser a imunidade celular envolvendo a sub população de linfócitos Th1. Os
nossos resultados de avaliação de resposta imune celular por teste de DTH
demonstraram resposta significativa a partir de 14 dias de infecção aumentando no
decorrer dos dias, apresentando a maior resposta celular no grupo de 56 dias de infecção
e coincidente com o período de negativação de CFU dos órgãos portanto concordante
com a importância da resposta celular.
Embora o resultado de CFU tenha sido negativo aos 28 dias pós-infecção, na análise
histopatológica foi possível observar a presença de alguns fungos, principalmente na
forma de hifas-septadas. Considerando que aos 56 dias não foi observada a presença de
fungos íntegros, possivelmente os mesmos não estavam mais viáveis aos 28 dias.
Avaliação de resposta imune celular demonstrou níveis plasmáticos elevados de INF-γ
nos animais com 28 e 56 dias de infecção, sugerindo a indução de resposta imune celular
de padrão Th1, resposta mais relevante na proteção.
Trabalhos recentes demonstram também a importância de anticorpos nas infecções
fungicas como por Criptococcus neoformas e C. albicans (NETO et al., 2000; SILVA et al.,
2008). Assim foi realizada a avaliação de nível de IgG anti-CFA de C. parapsilosis e os
resultados demonstraram aumento significativo nos grupos de 28 e 56 dias de infecção
em relação aos demais grupos (p<0.05). Portanto embora a imunidade celular seja o
principal mecanismo de defesa, os anticorpos produzidos também devem apresentar
atividade complementar no controle da fungemia.
De forma interessante, no período tardio mesmo com a negatividade de CFU no baço e
fígado foi observada alteração comportamental nessa fase. Portanto foi adicionada a
analise de carga fúngica e histopatológica em amostras de cérebro. Concordando com os
dados de CFU de baço e fígado, foi observada também carga fúngica elevada no cérebro
somente no período de 7 dias. O que sugere que o referido isolado apresenta tropismo
cerebral todavia com a geração de respostas imunes especificas deve ocorrer controle de
infecção no cérebro. Também concordando com as alterações comportamentais, foi
observado aumento de lesões cerebrais no período tardio, sugerindo que componentes
de fungos mortos e ou as respostas imunes especificas geradas participarem nesse efeito
patológico tardio no cérebro.
A acessibilidade do sistema imunitário ao SNC é diferente devido à três grandes maneiras
(FURTADO et al.; 2009). A presença de uma barreira hemato-encefálica; a ausência de
vasos linfáticos, e a ausência de parênquima as células (CROSS et al., 1990;
RANSOHOFF et al., 2003; ALOISI et al., 2000).
No entanto, diversas patologias no SNC são acionados por perturbações neste equilíbrio
com o acúmulo de células T e desenvolvimento de inflamação (FURTADO et al.; 2009).
Como resultado da inflamação, a mielina e micróglia são fagocitados por macrófagos
ativados (KWIDZINSKI & BECHMANN, 2007), o que poderia também ocorrer danos
devido a atuação de anticorpos autoimunes a mielina. O presente trabalho analisou nível
plasmático de IgG anti-mielina e os resultados obtidos demonstraram nível similar de IgG
anti-mielina nos grupos de animais infectados, independentemente de período, com o
controle não infectado, sugerindo que a destruição tecidual do cérebro não se deve a
indução de auto anticorpos anti-mielina.
A citocina IL-17 pode mediar a proteção contra patógenos extracelulares no recrutamento
de neutrófilos, mas também pode causar imunopatologia em vários modelos de
autoimunidade (WEAVER et al., 2007; GAFFEN, 2008). Várias evidência indicam que o
TH-17 está envolvido no aparecimento e manutenção de encefalomielite autoimune
experimental (EAE) (STEINMAN, 2007). EAE é uma doença do SNC mediada por células
TCD4
+
, que é usado como um modelo da esclerose múltipla, uma doença inflamatória,
desmielinizante do SNC humano (REBOLDI et al., 2009). Considerando que a IL-17
apresenta papel regulador da resposta imune celular e considerando a possibilidade de
participação de forma indireta modulando resposta imune local contribuindo na lesão
cerebral, o presente trabalho determinou nível de IL-17 no tecido cerebral. No entanto não
foi observada alteração significativa.
A citocina pró-inflamatórias IFN-γ induz a expressão de indoleamine 2,3-dioxigenase
(IDO) em diversos tipos celulares, incluindo macrófagos, células dendríticas (DC), e
fibroblastos (CARLIN et al., 1989), sendo que essa expressão representa um importante
mecanismo de resistência antimicrobiana aos parasitas (KWIDZINSKI & BECHMANN,
2007; PFEFFERKORN, 1984; SANNI et al., 1998; SILVA et al., 2002) e de bactérias
(NETTELNBREKER, 1998; BEATTY et al., 1994; MACKENZIE et al., 1998). A expressão
de IDO pode ocorrer no cérebro e micróglia de murinos e humanos sob o tratamento com
IFN-γ (ALBERATI-GIANI et al., 1996; HEYES et al.; 1996). A indução de IDO no SNC é
delicada porque vários metabólitos da via kynurenine apresentam ter efeitos neurotóxicos
bem estabelecidos (SCHWARCZ et al,; 1983).
IDO representa a primeira taxa de enzima limitante da via kynurenine em tecidos extra-
hepáticos (KWIDZINSKI & BECHMANN, 2007) e a indução dessa via pode estar
envolvido em down modulation de uma infecção fúngica do trato gastrintestinal com a C.
albicans (BOZZA, 2005).
Os metabolitos dessa via kynurenine no cérebro, apresenta dois produtos de degradação
do triptofano (Trp), ácido quinolínico (Quin) e ácido 3-hidroxiantranílico (3-HAA), que
apresentam propriedades neurotóxicas. (STONE & PERKINS, 1981).
Em concentrações micromolares, o efeito citotóxico de Quin pode ser observada em
culturas de células do córtex neuronal (CHIARUGI et al., 2001). O mesmo efeito é
encontrado in vivo, onde injeção intracerebral de Quin induz lesões citotóxicas
(SCHWARCZ et al., 1983).
O segundo metabolito neurotóxico do Trp é 3-HAA, que é instável sob condições
fisiológicas. Após auto-oxidação espontânea, 3-HAA produz radicais reativos, que por sua
vez, induzir estresse oxidativo e apoptose em neurônios (EASTMAN & GUILARTE, 1990;
OKUDA et al., 1996; CHIARUGI et al., 2001).
Por isso, KWIDZINSKI & BECHMANN (2007) sugerem que o trauma induzido pela
ativação IDO induz dano neuronal secundário através acúmulo de metabólitos
neurotóxicos.
Assim, durante a infecção, a indução de IDO pode exercem efeitos divergentes: por um
lado, limita o crescimento do agente infeccioso, mas também potencializa a resposta
imune (KWIDZINSKI & BECHMANN, 2007).
Embora o nível elevado de INF tenha sido observado no plasma, uma hipótese seria que
esse aumento poderia induzir a expressão de IDO e ativando a via Kynurenine, poderia
causar uma neuroinflamação mediada por metabolitos neurotóxicos da degradação do
triptofano (Trp), explicando o distúrbio neurológico apresentado pelos animais, o que
requer estudos adicionais.
Concluímos pelos resultados obtidos que o isolado fúngico C. parapsilosis apresenta
afinidade pelos tecidos analisados (baço, fígado e cérebro), com potencial de causar
alterações comportamentais em camundongos e o mesmo agente é capaz de induzir a
resposta imune celular, possivelmente Th1, além de resposta humoral no decorrer da
infecção. Essa resposta imune poderia estar participando tanto na proteção, quanto
causando uma resposta exacerbada e levando a uma lesão a nível de SNC, o que requer
estudos adicionais.
1.8. CONCLUSÕES
1.8.1. Isolado identificado como C. parapsilosis apresenta tropismo por tecido hepático,
esplênico e cerebral de camundongos.
1.8.2. A permanência do fungo apenas no período inicial de 7 e 14 dias pós infecção
sugere que o isolado C. parapsilosis apresenta baixa virulência em camundongos swiss.
1.8.3. O isolado clínico C. parapsilosis apresenta a capacidade de induzir resposta imune
celular, possivelmente com desvio para Th1 em camundongos swiss infectados.
1.8.4. No decorrer de infecção de camundongos swiss por isolado C. parapsilosis ocorre
aumento na resposta imune celular e humoral, ocorrendo no mesmo período diminuição e
negativaçao de fungemia, o que poderia sugerir a importância da imunidade na
resistência murina à infecção.
1.8.5. O isolado C. parapsilosis apresenta a capacidade de induzir alteração
comportamental no período tardio de infecção, levando a lesões no tecido cerebral.
1.8.6. Se esse distúrbio neurológico pode ser causado pelo aumento dos níveis da
citocina inflatória INF-γ, causando a ativação da via kynurenine e neuroinflamação
mediada por metabolitos neurotóxicos da degradação do triptofano, requer estudos
adicionais.
1.9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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