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A corrente cognitivista, que tem em Piaget seu principal representante, advoga
a idéia de que a educação deve ser a elaboração permanente do conhecimento, ao
qual se juntam, numa condição de complementariedade, por um lado, os alunos e os
professores e, por outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já
construído. Piaget, com sua teoria (a Epistemologia Genética), explica a gênese e o
processo de construção de conhecimentos desde as suas formas mais elementares
até aquelas que caracterizam o pensamento científico (PIAGET, 1971). Para Freire,
(citado por GADOTTI, 2003), o Construtivismo denota não só como todos podem
aprender, como em Piaget, mas que todos já trazem uma bagagem de
conhecimentos e que o sujeito, ele próprio, é responsável pela elaboração do
conhecimento e pela ressignificação do que aprende. Para Piaget, na interação do
sujeito com o objeto, o ponto de partida é a ação do sujeito. O aluno só aprenderá
algum
origem em questões
susci
a coisa, isto é, construirá algum conhecimento novo, se ele agir e
problematizar a sua ação.
A proposta pedagógica construtivista, segundo Piaget (1971), leva em conta
as elaborações cognitivas do educando, isto é, parte dos conceitos espontâneos do
aluno. Para ele, compreender é construir estruturas de assimilação. O aluno age
(assimilação) sobre o material que o professor presume que tenha algo de
cognitivamente interessante, significativo para o aluno; o aluno responde para si
mesmo às perturbações (acomodação) provocadas pela assimilação do material, e o
aluno se apropria, no segundo momento, não mais do material, mas dos
mecanismos íntimos de suas ações sobre esse material. Tal processo far-se-á por
abstração reflexionante e refletida
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(PIAGET, 1977), com
tadas pelos próprios alunos e pelo professor, e dos desdobramentos que daí
ocorram. Esses dois processos (assimilação e acomodação) possibilitam a tomada
de consciência, que
(...) significa apropriar-se dos mecanismos da própria ação, ou seja, o
avanço do sujeito na direção do objeto, a possibilidade de o sujeito avançar
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A unidade de idéias abstração reflexionante, segundo Piaget (citado por BECKER, 2001, p.38), ocorre quando
o sujeito após ter agido sobre o meio, os objetos, as relações sociais, ele agora se debruça sobre essa ações,
retirando qualidades, não mais do meio, desses objetos, mas da própria coordenação das ações. Trata-se,
portanto, de uma ação que ele chamou de segunda potência. Esta se sobrepõe a uma abstração empírica que,
para Piaget, é agir sobre as coisas e retirar daí algo ou, ainda, agir sobre as próprias ações e retirar dessas
ações, nas suas características materiais, observáveis, alguma coisa. A abstração refletida é a forma de
abstração que implica a tomada de consciência
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