Apesar deste fato, este mesmo manual preconiza que, “para o processamento
de qualquer artigo que possa ser removido do equipo ou das linhas de água, não é
aceitável nem a desinfecção de superfícies nem a imersão em germicidas químicos,
nem o uso de gás etileno” (CDC, 2003). Contudo, mais à frente, o manual
recomenda:
Alguns componentes [...] são permanentemente ligados às linhas d’água do
equipo e, embora não entrem na cavidade oral (sic), podem se tornar
contaminados com fluidos orais durante o atendimento. Tais componentes,
como [...] e as seringas tríplices [...] devem ser cobertos com barreiras
impermeáveis que são trocadas após cada uso e, se o item tornar-se
visivelmente contaminado durante o uso (sic), deve-se proceder à limpeza e
desinfecção com desinfetante [...] de nível intermediário (CDC, 2003, p.30).
O manual de condutas “Controle de infecção e a prática odontológica em
tempo de aids” (BRASIL, 2000) ainda considera aceitável a substituição deste
processo pela desinfecção, se necessário, enquanto o manual divulgado pela Anvisa
(BRASIL, 2006) não faz menção específica sobre o reprocessamento dos motores,
embora recomende esterilização por autoclave para os artigos utilizados na cavidade
bucal, ressaltando que o uso de desinfetantes não assegura a eliminação de todos
os patógenos, especialmente os esporos bacterianos. Contudo, é preciso
reconhecer que o contexto atual do serviço público ainda é absolutamente
desfavorável à adesão a este protocolo. Ressalte-se que, neste estudo, 4 das 29
unidades, ou 13,8% delas, sequer apresentavam um único conjunto de motores em
funcionamento.
Diante deste contexto, deve-se priorizar a recomendação para a utilização de
barreiras descartáveis e a realização criteriosa de limpeza e desinfecção destas
pontas, buscando reduzir a presença de microorganismos e o risco de contaminação
cruzada (BRASIL, 2000). E ainda, devido à possibilidade de penetração de material
viral nas canetas, recomenda-se realizar o acionamento, por 20 a 30 segundos, das
canetas e seringas, após cada atendimento, para expulsão mecânica de possíveis
contaminantes (CDC, 2003). Neste estudo, ainda que se considerem apenas as
recomendações sobre uso de barreiras, limpeza e desinfecção, dispensando-se a
esterilização das pontas, a adesão apresentou-se deficiente. Barreiras descartáveis
são utilizadas apenas em 11 dos 29 consultórios, geralmente limitadas à alça do
refletor ou bandeja do equipo. Em apenas quatro unidades barreiras são utilizadas
nos motores e, ainda, de forma esporádica.