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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
RESÍDUOS SÓLIDOS DRENADOS EM SUB-BACIA
HIDROGRÁFICA URBANA EM SANTA MARIA - RS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Alessandro Salles da Silva
Santa Maria, RS, Brasil
2010
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ii
RESÍDUOS SÓLIDOS DRENADOS EM SUB-BACIA
HIDROGRÁFICA URBANA EM SANTA MARIA - RS
por
Alessandro Salles da Silva
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil, Área de Concentração em Recursos
Hídricos e Saneamento Ambiental, da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Geraldo Lopes da Silveira
Santa Maria, RS, Brasil
2010
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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado.
RESÍDUOS SÓLIDOS DRENADOS EM SUB-BACIA HIDROGRÁFICA
URBANA EM SANTA MARIA - RS
elaborada por
Alessandro Salles da Silva
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Civil
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________
Geraldo Lopes da Silveira, Dr.
(Presidente/Orientador)
__________________________________
Galileo Adeli Buriol, Dr. (UNIFRA)
__________________________________
Delmira Beatriz Wolff, Dra. (UFSM)
Santa Maria, 04 de fevereiro de 2010
iv
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria
RESÍDUOS SÓLIDOS DRENADOS EM SUB-BACIA HIDROGRÁIFCA
URBANA EM SANTA MARIA - RS
AUTOR: ALESSANDRO SALLES DA SILVA
ORIENTADOR: GERALDO LOPES DA SILVEIRA
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 04 de fevereiro de 2010.
A deposição inadequada de resíduos sólidos em regiões urbanizadas gera problemas em riachos,
como a poluição dos mananciais e a obstrução de canais, que podem causar inundações, as quais,
além de impactos econômicos, podem causar severos danos à saúde da população. Assim, é
importante o desenvolvimento de ferramentas que permitam avaliar a efetividade e o impacto de
ações de forma a gerar subsídios ao processo de tomada de decisão pelos gestores municipais.
Propõe-se, neste estudo, desenvolver uma metodologia para reter os resíduos sólidos carreados até
o arroio Esperança, além de quantificar e qualificar estes resíduos conforme a resolução do CONAMA
n.º 275 e relacioná-los com os dados de precipitação pluviométrica. A importância destes
procedimentos decorre do elevado risco de danos ambientais que os resíduos sólidos podem causar
nas redes de drenagem. Para tanto, foi instrumentada uma pequena bacia (0,57km
2
) no centro
urbano de Santa Maria, RS, com uma estação fluviométrica com calha Parshall, onde projetou-se
uma estrutura para a detenção do resíduo lido carreado pelo riacho, baseada em cestos coletores.
Seguindo as normas de padrão de cores da resolução 275 do CONAMA, foram identificados os
principais materiais dispostos de forma inadequada pela população e que atingiram o arroio.
Comprovou-se, em termos operacionais, a eficiência da estratégia de retenção de resíduos por
eventos pluviosos isolados, pois permite a mobilização das pessoas em função de previsões
meteorológicas de tempo. Os resultados referentes à estrutura de monitoramento foram satisfatórios,
pois os resíduos foram retidos em cada evento de precipitação de forma efetiva. O monitoramento
dos resíduos sólidos urbanos - RSD resultou em 73% de matéria orgânica e 27% de materiais
inorgânicos, sendo destacada a significativa presença de plástico devido à grande utilização deste
material pela população, representando 14% do volume retido e os principais constituintes foram
sacolas de supermercado e embalagens de doces e salgados. A classificação “outros” também foi
expressiva, representando 6% do total quantificado e, em sua maioria, foram representados por
fraldas descartáveis e calçados. A curva de previsão de RSD é um parâmetro para a tomada de
decisão dos gestores municipais em relação aos resíduos sólidos gerados no âmbito da bacia escola
urbana, pois relaciona os RSD carreados no arroio Esperança em função da precipitação
pluviométrica. O total de RSD carreado, no período de um ano, no arroio Esperança correspondeu a
aproximadamente 10.000Kg com uma precipitação total para o período de 1.572mm. Os resultados
observados evidenciam a grande quantidade de material inorgânico afetando a qualidade da água da
bacia e aflora os questionamentos acerca da sensibilização ambiental da população da cidade, o que
denota a importância de ações que visem a educação ambiental. A identificação de forte interferência
humana na bacia revela os riscos ambientais a que o arroio Esperança está submetido e gera
informações de apoio no processo de gestão municipal de resíduos sólidos.
Palavras-chave: recursos hídricos, poluição hídrica, educação ambiental.
v
ABSTRACT
Master’s Dissertation
Graduate Program in Civil Engineering
Federal University of Santa Maria
SOLID DRAINAGE WASTE IN A HIDROGRAFIC URBAN SUB
WATERSHED AT SANTA MARIA - RS
AUTHOR: ALESSANDRO SALLES DA SILVA
ADVISOR: GERALDO LOPES DA SILVEIRA
Place and date of defense: Santa Maria, February 4
th
, 2010.
The inappropriate solid waste destination in urban regions create problems in streams flows such as
pollution of water sources and obstruction of channels, which can cause flooding, which in addition to
economic impacts, can cause severe damage to population human health . With this it is important to
have tools that allow the effectiveness evaluation and the action impact in a way to generate benefits
to the process of decision making by municipal managers. It is proposed in this work develop a
methodology to contain the solid waste carried to Esperança’s watershed, quantity and qualify these
solid drainage waste SDW according to CONAMA’s resolution 275 in relation to total rainfall in each
event. The importance of these procedures follows the high risk of environmental damage that solid
waste can cause in drainage networks. So, a sub watershed (0,57 Km
2
) was evaluated in the urban
center of Santa Maria city, RS, using a fluviometric station with Parshall flume, where was project a
structure to intercept the solid waste carried by the stream flow, it was based in collectors baskets. In
accordance whith colors pattern of CONAMAS’s resolution 275, it was recognized the main material in
inappropriate places for people and is observed throw water resource degradation in the sub
watershed. It was verify, in operational term, the efficiency of the solid waste retention strategy in
isolated events, allowing people mobilization according to weather forecast. The results concerning
the structure of monitoring were satisfactory, as the waste was retained in each precipitation event
effectively. Monitoring of solid waste - resulted in 73% of organic matter and 27% of inorganic
materials, and highlighted the significant presence of plastic was because of extensive use of this
material by the population, represented 14% of the retained and the main constituents were bags
groceries and bags of candy and pastries. The classification "others" was also significant, representing
6% from the total quantified and, mostly, was represented by diapers and shoes. The prediction curve
of SDW is a parameter for decision to municipal managers in relation to solid waste generated within
the urban basin-school, because it relates the SDW in Esperança’s watershed in the stream as a
function of rainfall. The total SDW loaded in one year corresponded to approximately 10.000kg with a
total rainfall for the period of 1.572mm. The analysis of outcomes demonstrates a large amount of
inorganic material in water quality degradation thus, questions arise about city’s population
environmental awareness, show up importance of environmental education actions. The identification
of strong human interference reveals the environmental risks that sub watershed Esperança is
submitted and results in information to support the process of municipal management of solid waste.
Key-words: water resources, water pollution, environmental education.
vi
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Percentual do volume de RSU coletado, por tipo de destino final,
segundo os estratos populacionais dos municípios do Brasil em 2000.......................5
FIGURA 2 - Ciclo da contaminação da água.............................................................10
FIGURA 3 - Modelo tradicional de gestão de resíduos sólidos. ................................26
FIGURA 4 - Estratégias de gerenciamento integrado. ..............................................29
FIGURA 5 - Croqui com vista superior da grade estrutura tipo “harpa” para
separação de resíduos sólidos, e corte vertical AB da seção de controle com a
localização da calha, passarela, pilares de sustentação e os dutos. ........................38
FIGURA 6 - Grade “Harpa”, a montante da calha Parshall. ......................................38
FIGURA 7 - Imagem esquemática da disposição das redes coletoras. ....................40
FIGURA 8 - Fotografias das redes coletoras de resíduos sólidos, sendo (A) primeira
rede e (B) segunda rede. ..........................................................................................40
FIGURA 9 - Esquema de estrutura de captação de RSD. ........................................41
FIGURA 10 - Armadilha metálica com estrutura içada..............................................42
FIGURA 11 - Melhores arranjos de estudo de estruturas autolimpantes. .................43
FIGURA 12 - Estrutura SEPT....................................................................................44
FIGURA 13 - Localização da Bacia Escola Urbana. .................................................46
FIGURA 14 - Foto aérea da sub-bacia hidrogfica do arroio Esperança. ................47
FIGURA 15 - Croqui de localização da calha Parshall, estrutura de coleta dos RSD e
fluxo do arroio............................................................................................................50
FIGURA 16 - Corte transversal da seção do arroio com a posição da calha Parshall.
..................................................................................................................................50
FIGURA 17 - Esquema da armadilha utilizada para captação de resíduos sólidos. .51
FIGURA 18 - Armadilha utilizada para captação de RSD em vista frontal................52
vii
FIGURA 19 - Armadilha utilizada para captação de RSD em vista superior. ............52
FIGURA 20 - Estrutura de contenção dos resíduos sólidos veiculados no arroio
esperança em diferentes ângulos. ............................................................................53
FIGURA 21 - Piso para disposição e escoamento do excesso de umidade dos RSD.
..................................................................................................................................55
FIGURA 22 - Forma de pesagem dos RSD. .............................................................57
FIGURA 23 - Separação de alguns RSD em sacos plásticos, conforme o padrão de
cores utilizado no trabalho: (a) plástico (vermelho); (b) isopor (verde B); (c) matéria
orgânica (marrom B) e (c) papel e papelão (azul). ....................................................58
FIGURA 24 - Grade “harpa”, a montante da calha Parshall......................................63
FIGURA 25 - Fotos retiradas do mesmo local em períodos diferentes: antes da
limpeza (a), durante a limpeza manual (b), após a limpeza com retroescavadeira (c)
e o serviço manual para finalização do trabalho da máquina retroescavadeira (d)...65
FIGURA 26 - Cesto removível à jusante (a), à montante (b) ao curso d’água, cestos
sendo removidos (c) e (d)..........................................................................................66
FIGURA 27 - Percentual de resíduos coletados conforme classificação ..................69
FIGURA 28 - Ecopontos: projeto piloto da Prefeitura Municipal para recebimento de
materiais recicláveis. .................................................................................................71
FIGURA 29 - Relação precipitação e classificação vermelho (plástico)....................74
FIGURA 30 - Relação precipitação e classificação outros. .......................................75
FIGURA 31 - Relação precipitação e classificação marrom (matéria orgânica)........76
FIGURA 32 - Relação precipitação e classificação amarelo (metais). ......................76
FIGURA 33 - Relação precipitação e classificação verde A (vidro)...........................77
FIGURA 34 - Relação precipitação e classificação verde B (tecidos e isopor). ........78
FIGURA 35 - Relação precipitação e classificação azul (papel e papelão)...............78
FIGURA 36 - Relação precipitação e classificação preto B (pneus e borrachas)......79
FIGURA 37 - Relação precipitação e classificação laranja (resíduos perigosos)......80
FIGURA 38 - Relação precipitação e classificação branca (animais mortos). ..........80
FIGURA 39 - Relação precipitação e classificação preto A (madeira processada)...81
FIGURA 40 - Curva de resíduos sólidos carreados em função da precipitação........83
FIGURA 41 - Bueiro a jusante da estação de monitoramento, em situação antes e
depois de um ano da limpeza....................................................................................85
FIGURA 42 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD. ......87
FIGURA 43 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD. ......87
viii
FIGURA 44 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD. ......88
FIGURA 45 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD
quantificados para a 1ª, 2ª e 3ª coletas.....................................................................88
FIGURA 46 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD. ......89
FIGURA 47 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD. ......90
FIGURA 48 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD. ......90
FIGURA 49 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD. ......91
FIGURA 50 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD. ......91
FIGURA 51 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD. ......92
FIGURA 52 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD. ......93
FIGURA 53 - Local onde deve haver o rebaixamento da tela. ..................................97
ix
LISTA DE TABELAS
TABELA 1- Resíduos sólidos de classe inorgânica e os padrões de cores para cada
uma das características particulares.........................................................................56
TABELA 2 - Classificação dos resíduos sólidos orgânicos com padrões de cores
para cada uma das características particulares. .......................................................56
TABELA 3 – Modelo de tabela para dados dos eventos monitorados ......................60
TABELA 4 - Estimativa a ser calculada de RSD acumulado mensalmente e
anualmente segundo a precipitação obtida no 8º DISME .........................................62
TABELA 5 - Quantificação dos resíduos coletados em campo .................................68
TABELA 6 - Total de RSD e precipitação por evento pluvioso..................................82
TABELA 7 - Estimativa da quantidade de resíduos sólidos gerado no período de um
ano, correspondente aos meses de Agosto de 2006 a Julho de 2007......................84
TABELA 8 - Dados relativos à intensidade, precipitação e RSD por evento.............86
x
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Fatores que influenciam a drenagem urbana por natureza, segundo
fator e abordagem. ......................................................................................................7
QUADRO 2 - Classificação dos resíduos sólidos conforme NBR 10.004/2004. .......16
QUADRO 3 - Classificação dos resíduos sólidos segundo a sua origem. ................18
QUADRO 4 - Classificação dos resíduos sólidos em função do seu
reaproveitamento. .....................................................................................................20
QUADRO 5 - Resíduos quantificados na caracterização do resíduo da drenagem. .21
QUADRO 6 - Tempo de sobrevivência (em dias) de microrganismos patogênicos nos
resíduos sólidos. .......................................................................................................23
QUADRO 7 - Enfermidades relacionadas com os resíduos sólidos, transmitidas por
macro vetores e reservatórios...................................................................................24
QUADRO 8 - Prioridades de alguns países em relação a gestão de resíduos sólidos.
..................................................................................................................................27
QUADRO 9 - Principais características do Município de Santa Maria-RS. ...............48
xi
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE 1 - Planilhas de monitoramento realizado a campo .............................112
xii
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1 - Sub-bacias e micro-bacias do arroio Cadena – Santa Maria – RS.......124
ANEXO 2 - Dados meteorológicos de intensidade horária de precipitação
pluviométrica da estação automática do 8º DISME de Santa Maria-RS, fornecido
pelo INMET .............................................................................................................125
xiii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA..........................................................................1
2 OBJETIVOS.............................................................................................................3
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................4
3.1 Drenagem urbana................................................................................................6
3.1.1 Carga de lavagem ..............................................................................................8
3.1.2 Poluição na drenagem urbana ...........................................................................8
3.2 Resíduos sólidos...............................................................................................13
3.2.1 Classificação do resíduo sólido urbano............................................................15
3.2.2 Danos originados pela disposição incorreta dos RSU......................................22
3.3 Gestão de resíduos sólidos..............................................................................24
3.4 O direito ambiental no contexto dos resíduos sólidos..................................30
3.5 Monitoramento em pequenas bacias hidrográficas.......................................35
3.6 Mecanismos de contenção dos resíduos sólidos..........................................36
3.6.1 Grade harpa .....................................................................................................37
3.6.2 Redes em tela de aço.......................................................................................39
3.6.3 Armadilha metálica com estrutura basculante..................................................41
3.6.4 Estruturas autolimpantes..................................................................................42
3.6.5 SEPT (Side-Entry Pit Trap) ..............................................................................44
3.7 Curva de previsão de RSD................................................................................45
4 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................46
4.1 Área de estudo ..................................................................................................46
4.2 Estrutura de monitoramento dos RSD ............................................................49
4.3 Relativo ao monitoramento de RSD.................................................................53
xiv
4.4 Curva de Previsão de Resíduos Sólidos na Drenagem .................................59
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................63
5.2 Estrutura de monitoramento ............................................................................63
5.2 Monitoramento dos RSD (em 10 eventos).......................................................66
5.2.1 Relações entre precipitações e RSD................................................................74
5.3 Modelagem de previsão de RSD ......................................................................82
5.3.1 Curva de previsão de RSD...............................................................................82
5.3.2 Aplicação da curva de previsão de RSD em estimativa anual .........................83
5.4 Contribuição da intensidade de precipitação na produção de RSD.............86
6 CONCLUSÕES......................................................................................................94
7 RECOMENDAÇÕES..............................................................................................97
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGFICAS......................................................................99
9 APÊNDICES ........................................................................................................111
10 ANEXOS ............................................................................................................123
1
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Nas últimas décadas o aumento populacional, o êxodo rural e o avanço
tecnológico vêm acarretando um desordenado crescimento nas cidades, tornando-
as grandes centros urbanos. Nesta situação se insere Santa Maria - RS, uma cidade
com uma população estimada, segundo a Fundação de Economia e Estatística -
FEE (2008), em 266.209 habitantes, a maioria em busca da qualificação acadêmica
ou de uma oportunidade de trabalho. Esta última tem originado a ocupação de forma
irregular e desordenada, de diferentes áreas localizadas no perímetro urbano. As
atividades humanas, sejam elas de qualquer natureza, geram sempre resíduos
diversos. Assim, o constante crescimento das populações urbanas, a forte
industrialização, a melhoria no poder aquisitivo dos povos de uma forma geral, vêm
causando a acelerada geração de grandes volumes de resíduos sólidos,
principalmente nas cercanias das grandes cidades (Bidone e Povinelli, 1999). A
geração desses resíduos e seu posterior abandono no meio ambiente podem
originar sérios problemas ambientais, favorecendo a incorporação de agentes na
cadeia trófica, interagindo em processos físico-químicos naturais, dando lugar à
dispersão e, portanto, ao aumento do problema (DOMENÉCH, 1993). Por outro lado,
deve-se levar em conta que, um aumento na geração de resíduos é conseqüência
de um consumo paralelo de matérias-prima, as quais se encontram na natureza em
quantidades limitadas.
A importância da qualificação e quantificação dos resíduos sólidos nas redes
de drenagem está relacionada ao elevado risco que eles contemplam ao causar
danos ambientais devido a apresentar elevadas concentrações de poluentes. Assim,
trabalhos desta natureza são desenvolvidos para gerar informações de apoio à
proposição de medidas de controle adequadas para evitar estes danos em uma
etapa posterior do processo de gestão.
O monitoramento de recursos hídricos em zonas urbanas constitui uma
técnica importante para buscar soluções para um melhor gerenciamento de bacias
hidrográficas urbanas. Faz-se necessário um bom conhecimento dos componentes
do ciclo hidrológico urbano e do processo precipitação pluviométrica – vazão para se
realizar um bom planejamento urbano. Neste sentido, é proposta uma forma de
monitoramento e quantificação para os resíduos sólidos da drenagem em uma bacia
2
com características urbanas, localizada na região central da cidade de Santa Maria –
RS. Por meio de uma estrutura implantada no leito do riacho em estudo, realizou-se
a retenção e avaliação dos resíduos carreados pelo fluxo de água no arroio
Esperança, próximo a sua foz, no arroio Cadena.
Deste modo, o trabalho é dividido em três pontos centrais: estrutura de
monitoramento dos resíduos lidos drenados - RSD, monitoramento dos RSD em
10 eventos e elaboração da curva de produção de RSD apresentada neste trabalho
de forma inédita neste campo de atuação, juntamente com a aplicação da curva em
estimativa anual de resíduos sólidos drenados no arroio Esperança.
3
2 OBJETIVOS
Os objetivos no trabalho foram desenvolver uma metodologia para a retenção
de resíduos sólidos depositados e arrastados no arroio Esperança, quantificar e
qualificar esses resíduos, de acordo com os padrões de cores segundo a resolução
CONAMA n.º 275 de 25 de abril 2001 e relacioná-los com os dados de precipitação
pluviométrica.
4
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O aumento dos resíduos sólidos é resultado da intensificação da urbanização
e consumo da população. A globalização alterou a forma e os níveis de consumo.
Os efeitos são percebidos no aumento de danos causados ao meio ambiente e,
conforme Tucci (2002), as periferias são mais afetadas pelo crescimento das
cidades do que as regiões centrais.
Os impactos observados como resultado da urbanização na rede de
drenagem, segundo Tucci e Collischonn (1998) são, principalmente: elevação das
vazões máximas devido ao aumento da capacidade de escoamento por meio de
condutos e canais e impermeabilização das superfícies; aumento da produção de
sedimentos devido a falta de proteção das superfícies e a produção de resíduos
sólidos; deterioração da qualidade da água, em decorrência da lavagem das ruas,
transporte de material sólido e as ligações clandestinas de esgoto cloacal e pluvial.
A gestão de recursos hídricos e saneamento ambiental devem considerar as
deficiências das políticas setoriais que tem aumentado os problemas de poluição,
contaminação dos solos e água, comprometendo os lençóis subterrâneos e a
proliferação de vetores (POMPEO, 2000). Este autor ainda afirma que a expansão
urbana deve ser planejada. O aumento da população, sua condição social e
econômica influenciam na forma como se deve analisar as questões ambientais e
seus impactos.
Segundo Tucci (2002), cidades com população estimada acima de 1 milhão
de habitantes crescem em média 0,9% ao ano, enquanto cidades de médio porte
com sua população entre 100 e 500 mil habitantes cresce a taxa de 4,8%. Sendo
que o crescimento das cidades de médio porte se caracteriza pela expansão
irregular de periferias, sem respeitar o plano diretor das cidades, normas de
loteamento e ocupação irregular de áreas públicas, principalmente por populações
de baixa renda, dificultando assim ações de controle ambiental urbano. As principais
causas da expansão irregular são refletidas na renda econômica da população,
principalmente relativa ao desemprego provocado por crises econômicas, na falta de
planejamento e investimento público e em medidas restritivas incompatíveis com a
realidade brasileira.
5
O relatório intitulado Dados do Brasil para a Avaliação Regional 2002 dos
Serviços de Manejo de Resíduos Sólidos Municipais nos Países da América Latina e
Caribe, realizado pelo Ministério das Cidades (2002), aponta que 99% dos
municípios têm coleta convencional, mas apenas 8,2% têm programa de coleta
seletiva e os melhores resultados de manejo, tratamento e destinação final dos
resíduos são observados pelos grandes municípios e regiões metropolitanas. O
restante dos municípios apresenta falhas estruturais administrativas.
No Brasil, houve um aumento na quantidade de resíduo sólido urbano
coletado parte devido ao aumento do índice de coleta e em parte decorrente da
mudança do padrão de consumo. “A massa de lixo coletada se ampliou de 100 mil
toneladas em 1989 para 149 mil toneladas em 2000 um crescimento de 49%,
enquanto entre 1991 e 2000 a população cresceu 16,43%, passando de
146.825.475 para 169.799.170 habitantes” (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2002).
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada pelo IBGE (2002)
aponta que dos 5.507 municípios brasileiros, 1.680 possuem lixões como destinação
final dos resíduos. Na figura 1 tem-se o percentual do volume de resíduos sólidos
coletados, por tipo de destino final, de acordo com os estratos populacionais dos
municípios.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2002)
Figura 1 - Percentual do volume de RSU coletado, por tipo de destino final,
segundo os estratos populacionais dos municípios do Brasil em
2000.
6
3.1 Drenagem urbana
A finalidade dos sistemas urbanos de drenagem é de proteger e manter a
saúde e a segurança das comunidades e proporcionar proteção ao meio ambiente.
(BUTLER; PARKINSON, 1997 apud MARQUES, 2006).
O sistema tradicional de drenagem urbana é composto, de acordo com DEC
(2003) por dois sistemas distintos que devem ser planejados e projetados sob
critérios diferenciados, sendo eles: o sistema inicial de drenagem e o sistema de
macro-drenagem.
De acordo com o relatório de Diretrizes sicas para Projetos de Drenagem
Urbana no Município de São Paulo da Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica
(1999), a drenagem urbana é constituída por um sistema inicial de drenagem, micro-
drenagem ou coletor de águas pluviais, sendo composta pelos pavimentos das ruas,
guias e sarjetas, bocas de lobo, rede de galerias de águas pluviais e canais de
pequenas dimensões. o sistema de macrodrenagem é constituído, normalmente,
por canais abertos ou fechados de maiores dimensões.
Silva et al. (2005) diagnosticaram fatores que afetam o sistema de drenagem
conforme demonstrado no quadro 1.
7
NATUREZA FATORES ABORDAGEM
Climatológico Regime de
precipitação intensa
-representatividade da equação intensidade x
duração x freqüência
Arranjo do traçado
urbano
- interação com a topografia
- respeito ao sistema natural de drenagem
Usos do solo - nível de impermeabilização dos terrenos
- erodibilidade dos terrenos
-ocupaçào marginal dos corpos receptores
Padrões de conforto
das vias
- de pedestres
- de grande fluxo de veículos e de pedestres
- de grande fluxo de veículos e baixo fluxo de
pedestres
- de médio movimento
- de acesso local
Ambiental
Interação com demais
equipamentos da
drenagem urbana
- lançamento de efluentes domésticos na rede
- lançamento de outros efluentes na rede
- deposição de resíduos sólidos urbanos nas
galerias e canais
- dispersão de sedimentos nas vias
Estruturas de micro
drenagem
- dimensão dos dispositivos hidráulicos
- padrão construtivo
- adequação do conjunto de dispositivos
- manutenção e conservação dos dispositivos
Tecnológico
Estruturas de macro
drenagem
- dimensão dos dispositivos hidráulicos
- padrão construtivo
- adequação do conjunto de dispositivos
- manutenção e conservação dos dispositivos
Aspectos gerenciais - interatividade dos componentes
- aporte financeiro no orçamento
- recursos humanos
- planejamento das ações e estudos existentes
Institucional
Aspectos legais - existência de normas e outros instrumentos
- aplicação dos dispositivos
Fonte: Silva et al. modificado(2005)
Quadro 1 - Fatores que influenciam a drenagem urbana por natureza, segundo
fator e abordagem.
Durante os dias secos, segundo Maksimovic (2001), é comum as águas
residuárias escoarem para a rede de drenagem. Durante os dias chuvosos, também
há a mistura com os resíduos sólidos dispostos na superfície.
8
3.1.1 Carga de lavagem
A ocorrência do fenômeno carga de lavagem tem sido definida como sendo a
remoção inicial do material acumulado sobre a superfície, no período entre as
precipitações pluviométricas, pelo escoamento superficial transportando-o para a
rede de drenagem. Esta remoção de material produz um pico na concentração dos
poluentes no início do escoamento superficial. A definição de carga de lavagem é
discutida de diferentes formas na literatura. O acontecimento é identificado no
período inicial do escoamento superficial, no qual as concentrações de poluentes
são maiores que no decorrer do evento (GUPTA; SAUL, 1996; BERTRAND-
KRAJEWSKI et al., 1998; DELETIC, 1998).
3.1.2 Poluição na drenagem urbana
O desenvolvimento urbano brasileiro reflete na infra-estrutura dos recursos
hídricos e um dos seus principais impactos é percebido na drenagem urbana pelo
aumento da magnitude e freqüência das inundações e prejuízos ambientais.
Segundo Novotny (1999), a migração da população rural para as áreas
urbanas é uma das causas do grande processo de urbanização, pois parte desta
população de baixa renda residem em locais sem condições adequadas de
saneamento básico. Os processos de alteração do uso e ocupação do solo de forma
irregular resultam em poluição que é uma conseqüência da carência do sistema
político e econômico em identificar os custos dos danos ambientais causados pelas
descargas de poluentes.
O processo de urbanização tem causado danos irreversíveis ao meio
ambiente, sendo que as atividades humanas afetam a qualidade da água. Estas
atividades vão das mais simples as mais sofisticadas, incluindo as que atendem
necessidades básicas como produção de alimentos, vestimentas e moradia, até as
mais elaboradas, como: produção industrial, transportes, infra-estrutura urbana,
jazidas de minério abandonadas, entre outras.
9
À medida que as cidades se urbanizam, ocorrem impactos como aumento das
vazões máximas e sua freqüência, aumento da produção de sedimentos e
deterioração da qualidade da água superficial e subterrânea (TUCCI, 2002).
Durante o ciclo hidrológico, a água altera sua qualidade e esta mudança é
efetuada em condições naturais, como resultados de inter-relações dos recursos
hídricos e o ambiente, segundo Lima (1998). O autor ainda elucida que a poluição
dos cursos d’água e a eutrofização dos reservatórios embasam questões
fundamentais sobre o gerenciamento de uma bacia e a necessidade de
monitoramento e simulação de substâncias. Além disto, a atividade humana também
introduz poluentes e degrada a qualidade da água. Branco (1991) afirma que, a
qualidade final da água no rio ou lago é reflexo das atividades que são
desenvolvidas em toda a bacia, cada um dos usos do seu espaço físico produzindo
um resultado específico e característico.
Von Sperling (1996) explica a poluição das águas como o acréscimo de
substâncias ou formas de energia que, de uma maneira ou de outra, modificam a
natureza do corpo d’água de um modo que danifica seu uso. O autor ainda classifica
duas formas em que a fonte poluente pode atingir um curso d’água:
poluição pontual: os poluentes atingem o corpo d’água de modo
concentrado no espaço (entradas em locais específicos), como a descarga de
esgoto em um rio;
poluição difusa: os poluentes são introduzidos no corpo d’água ao longo de
seu percurso, como o escoamento de forma distribuída da poluição em dias
chuvosos.
Porto (1995) comenta que, além do escoamento superficial, a poluição difusa
possui origens diversas, envolvendo também as ligações clandestinas de esgotos,
os efluentes de fossas sépticas, a abrasão e desgaste das ruas pelos veículos, os
resíduos lidos urbanos (RSU) acumulados nas ruas e calçadas, os resíduos
orgânicos de pássaros e animais domésticos, as atividades de construção, os
resíduos de combustível, óleos e graxas deixados por veículos, poluentes do ar,
entre outros, e todos contribuem com o aumento das cargas poluidoras
transportadas pelas redes de drenagem urbana.
A identificação das fontes geradoras da poluição difusa auxilia a avaliação
correta do seu potencial poluidor, dos impactos gerados e também para a
determinação de medidas de controle adequadas. Segundo USEPA (1977 apud
10
PORTO, 1995) as principais fontes geradoras de cargas difusas são: deposição
atmosférica, desgaste da pavimentação, veículos, restos de vegetação, RSU e
poeira, restos e dejetos de animais, derramamentos e erosão. A poluição difusa é
uma formalidade que não será superada sem intervenção governamental e
assistência financeira internacional (NOVOTNY, 1999).
Os resíduos obstruem a drenagem e contaminam os sistemas hídricos, que
grande parte da carga vem agregada aos sedimentos. Na figura 2 é demonstrado o
processo da contaminação da água.
Fonte: Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação – INETI (2001)
Figura 2 - Ciclo da contaminação da água.
A impermeabilização, ocupação do solo e construção de redes pluviais
também facilita a ocorrência de inundações.
A necessidade de quantificação da carga poluidora transportada pelo
escoamento superficial está na averiguação dos impactos da urbanização, nas
análises de gerenciamento e nos projetos para o controle da qualidade da água em
11
canais e corpos d’água receptores, uma vez que a carga poluente e o volume
escoado aumentam, consideravelmente, quando uma bacia hidrográfica é
urbanizada.
vários modelos de qualidade da água que tentam simular o acúmulo de
poluentes durante o período de tempo seco e o transporte dos mesmos durante os
eventos de precipitação em bacias hidrográficas urbanas. Estes modelos podem ser
usados em estudos de processos de construção e transporte de poluentes e na
estimativa de cargas poluidoras geradas nos eventos de precipitação, de acordo
com Chiew et al. (1997 apud CHIEW et al., 1999). Choe et al. (2002) afirma que a
concentração e a carga para cada poluente estão relacionadas com o tipo de uso do
solo da bacia hidrográfica e com as condições de precipitação.
A carga e a concentração estão relacionadas uma com a outra, pois quando
se utiliza somente a concentração para definir as condições ambientais de um rio,
pode-se incorrer numa tendenciosidade, pois bastaria medir as concentrações nos
dias chuvosos, quando a vazão e a capacidade de diluição o maiores, resultando
em menor concentração de poluentes e melhor qualidade desse manancial (REETZ,
2002).
Sánchez (1998) define impacto ambiental como a alteração da qualidade
ambiental que resulta da modificação de processos naturais e sociais provocada por
ação humana. A realização do balanço de cargas poluidoras possibilita atribuir a
uma determinada área a geração dessas cargas e, desta forma, contribuir para a
gestão do ambiente por meio da definição de responsabilidades de emissão de
poluentes pelos atores envolvidos e priorizar investimentos.
As redes de drenagem urbana são as principais responsáveis pela veiculação
de cargas poluidoras, constituindo-se em um importante fator de degradação de rios,
lagos e estuários. Isto torna difícil o estabelecimento de diferenças na produção de
cargas poluentes, pois as concentrações variam em termos de magnitude entre
bacias hidrográficas, com diferentes eventos de precipitação, ao longo de um
mesmo evento e ainda quanto ao tipo de área urbana, como por exemplo,
residencial, industrial ou comercial. A degradação do meio ambiente pode ser
controlada por meio de medidas estruturais e não estruturais, sendo assim, as
medidas não-estruturais são relativas a programas de prevenção e controle da
emissão de poluentes, como por exemplo, educação da população e cuidados
gerais com a limpeza da cidade. as medidas estruturais são construídas para
12
redução de volume e/ou remover poluentes do escoamento, incluindo construção de
bacias para detenção, colocação de pavimento poroso, uso de áreas abertas de
vegetação para infiltração, obras para retenção de sedimentos (PORTO, 1995).
As medidas não estruturais também incluem o planejamento do lançamento
de resíduos perigosos, a deposição adequada do resíduo urbano e o controle de
locais potencialmente poluidores (BAPTISTA et al., 2005).
Neves e Tucci (2003) afirmam que o principal objetivo do estudo das medidas
estruturais é o de atingir uma configuração auto limpante. Estas medidas além de
deterem as cargas poluentes, ainda são importantes por fornecerem dados para
serem trabalhados nos processos de conscientização ambiental.
Jacobi (2002) destaca que a preocupação com o desenvolvimento sustentável
insere não apenas a questão da capacidade de suporte do sistema de drenagem,
mas também os alcances e limites das ações destinadas a reduzir os impactos
derivados do cotidiano urbano e as respostas pautadas por rupturas no modus
operandi da formulação de políticas públicas predominantes.
Nesse contexto, Marques (2006) afirma que o planejamento dos serviços
relacionados à água deve ser integrado ao próprio planejamento e desenvolvimento
urbano, abrangendo desde o desenho da malha urbana, zoneamento de atividades,
rede viária de transportes e os demais serviços de saneamento, tais como coleta e
disposição final de resíduos lidos, abastecimento de água, coleta e tratamento de
efluentes domésticos e pluviais. Desta forma, a integração institucional deve propor
a elucidação de uma concepção sistêmica sustentável.
13
3.2 Resíduos sólidos
Conforme a NBR 10.004, da Associação Brasileira de Normas cnicas
(ABNT, 2004), os resíduos sólidos são encontrados nos estados sólidos e semi-
sólido e são classificados como classe I perigosos e classe II não perigosos. Os
resíduos resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Também são incluídos
neste significado os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, gerados
em equipamentos e instalações de controle de poluição, da mesma forma que
determinados líquidos cujas peculiaridades tornem irrealizável seu lançamento na
rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou determinam para isso soluções
técnicas e economicamente inviáveis, diante à melhor tecnologia disponível.
A definição elaborada pela Agenda 21 define resíduo sólido como todos os
efluentes domésticos e resíduos o perigosos incluindo os resíduos comerciais,
institucionais, entulhos de construção e os resíduos sólidos das ruas. Alguns países
também acrescentam resíduos humanos como sedimentos de tanques sépticos e
instalações de tratamento de esgoto, cinzas de incineradores e excremento diante
de características perigosas, devem ser abordados como resíduos perigosos.
Na produção de material sólido na drenagem urbana são verificados alguns
estágios. O estágio inicial acontece quando uma transformação da cobertura da
bacia por meio da remoção da sua proteção natural, ficando o solo vulnerável,
ocorre o aumento da erosão em dias de precipitação pluviométrica e ocasiona a
produção de sedimentos. O estágio intermediário é verificado quando parte da
população está estabelecida, ainda há movimentação de terra em decorrência de
novas construções e percebe-se aumento de resíduos da população que se somam
ao processo de produção de sedimentos. Por fim, no estágio final quase todas as
superfícies urbanas estão estabilizadas e apenas resulta na produção de resíduo
sólido urbano com menor parcela de sedimentos em algumas áreas de construção
ou sem cobertura consolidada. Nesta última ocorrência, os sólidos totais que
atingem a drenagem se devem à freqüência e abrangência da coleta de resíduos
sólidos urbanos, freqüência da limpeza das ruas, maneira com que o RSU é
disposto pela população e freqüência da pluviosidade (TUCCI, 2004).
14
Neves e Tucci (2003) abordam a questão dos resíduos sólidos despejados de
forma inadequada na superfície, atingindo as redes de drenagem urbana, onde
esses se apresentam aglomerados nas vizinhanças de shopping centers,
estacionamentos, saídas de fast foods, estações rodoviárias e ferroviárias, estradas,
escolas, parques públicos e jardins, contêineres, locais de aterros e depósitos de
reciclagem. Eles compõem-se principalmente de materiais manufaturados como
garrafas, latas, envelopes de papel e plástico, jornais, sacolas de compras,
embalagens de cigarro, mas também as partes de carros, restos de construção e
colchões velhos (ARMITAGE; ROOSEBOOM, 2000).
Os resíduos sólidos freqüentemente são emaranhados na vegetação e estão
suscetíveis a serem enterrados por sedimentos ao longo das margens dos arroios,
rios ou lagos, ou espalhados ao longo das praias e diante de um destino incorreto
afetam substancialmente o meio ambiente (HALL, 1996 apud ARMITAGE;
ROOSEBOOM, 2000).
Segundo Armitage e Roseboom (2000) entre as conseqüências ambientais
resultantes da produção de resíduos podem-se citar: (i) Aspectos desagradáveis; (ii)
Alto potencial de riscos a saúde humana associado com a putrefação do conteúdo
no interior de garrafas e latas, ou organismos patogênicos em seringas descartadas;
(iii) Riscos à fauna aquática; (iv) Organismos patogênicos ou xicos como metais
pesados, envenenando a cadeia alimentar de vida aquática e possivelmente
atingindo os humanos; (v) Significantes custos para as autoridades locais para as
conduções nas operações de autolimpeza. Como conseqüências ambientais
resultantes deste aumento de sedimentos e materiais sólidos, Tucci (2002) aponta o
assoreamento das seções canalizadas da rede, reduzindo a capacidade de
escoamento de condutos, rios e lagos urbanos, e ainda o transporte de poluente
agregado a esse material, contaminando as águas pluviais.
O crescimento populacional produz uma acelerada e crescente urbanização
que está aliada ao aumento da produção de resíduos sólidos e ao aumento da
impermeabilização das superfícies, originando danos ao meio ambiente urbano
quando não gerenciados adequadamente. Este aumento na produção de resíduo
sólido poderia ser atenuado se não houvesse tanta deficiência nos serviços de
saneamento municipal e falta de conscientização da população (NEVES; TUCCI,
2003).
15
3.2.1 Classificação do resíduo sólido urbano
As características diferenciadas dos resíduos sólidos urbanos fazem surgir a
necessidade de várias classificações. As mais comuns são em relação aos riscos
potenciais de contaminação do meio ambiente, de acordo com a fonte geradora e à
capacidade de reaproveitamento.
O acúmulo e retenção do material transportado nos sistemas de drenagem
resultam em prejuízos em relação à obstrução de redes e aumento das cargas
poluentes, sendo assim, o uso de quantificação auxilia na pesquisa por soluções
adequadas de controle. Todavia, no Brasil não existem informações sobre a
quantidade de resíduo sólido que é lançado no sistema de drenagem urbana.
Conforme a Associação Brasileira de Normas cnicas (ABNT, 2004), na
NBR 10.004, classifica os resíduos sólidos de acordo com:
a) resíduos classe I - Perigosos;
b) resíduos classe II – Não perigosos;
– resíduos classe II A – Não inertes.
– resíduos classe II B – Inertes.
O quadro 2 descreve cada classe e suas subdivisões conforme a norma
definida pela ABNT.
16
Fonte: ABNT - NBR 10004 (2004)
Quadro 2 - Classificação dos resíduos sólidos conforme NBR 10.004/2004.
Observação: Os resíduos de serviços de saúde deverão ser classificados conforme ABNT NBR
12808.
Os resíduos gerados nas estações de tratamento de esgotos domésticos e os resíduos sólidos
domiciliares, excetuando-se os originados na assistência à saúde da pessoa ou animal, não serão
classificados segundo os critérios de patogenicidade.
CLASSE
GRAU DE
CONTAMINAÇÃO
DESCRIÇÃO
I
Perigoso
- Inflamabilidade:
a) ser líquida e ter ponto de fulgor inferior a 60°C, excetuando-se as soluções aquosas com menos de 24% de
álcool em volume;
b) não ser líquida e ser capaz de, sob condições de temperatura e pressão de 25°C e 0,1 MPa (1 atm),
produzir fogo por fricção, absorção de umidade ou por alterações químicas espontâneas e, quando inflamada,
queimar vigorosa e persistentemente, dificultando a extinção do fogo;
c) ser um oxidante definido como substância que pode liberar oxigênio e, como resultado, estimular a
combustão e aumentar a intensidade do fogo em outro material;
d) ser um gás comprimido inflamável(Portarianº 204/1997 do Ministério dos Transportes).
- Corrosividade:
a) ser aquosa e apresentar pH inferior ou igual a 2, ou, superior ou igual a 12,5, ou sua mistura com água, na
proporção de 1:1 em peso, produzir uma solução que apresente pH inferior a 2 ou superior ou igual a 12,5;
b) ser líquida ou, quando misturada em peso equivalente de água, produzir um líquido e corroer o aço
(COPANT 1020) a uma razão maior que 6,35 mm ao ano, a uma temperatura de 55°C, de acordo com USEPA
SW 846 ou equivalente.
- Reatividade:
a) ser normalmente instável e reagir de forma violenta e imediata, sem detonar;
b) reagir violentamente com a água;
c) formar misturas potencialmente explosivas com a água;
d) gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quantidades suficientes para provocar danos à saúde pública ou
ao meio ambiente, quando misturados com a água;
e) possuir em sua constituição os íons CN ou S2- em concentrações que ultrapassem os limites de 250 mg de
HCN liberável por qulilograma de resíduo ou 500mg de H2S liberável por quilograma de resíduo,
f) ser capaz de produzir reação explosiva ou detonante sob a ação de forte estímulo, ação catalítica ou
temperatura em ambientes confinados;
g) ser capaz de produzir, prontamente, reação ou decomposição detonante ou explosiva a 25°C e 0,1 MPa (1
atm);
h) ser explosivo, definido como uma substância fabricada para produzir um resultado prático, por meio de
explosão ou efeito pirotécnico, esteja ou não esta substância contida em dispositivo preparado para este fim.
- Toxicidade:
a) quando o resíduo for caracterizado como tóxico com base no ensaio de lixiviação;
b) possuir uma ou mais substâncias constantes referenciadas pela ABNT e apresentar toxicidade. Para
avaliação dessa toxicidade, devem ser considerados os seguintes fatores: natureza da toxicidade apresentada
pelo resíduo; concentração do constituinte no resíduo; potencial que o constituinte, ou qualquer produto tóxico
de sua degradação, tem para migrar do resíduo para o ambiente, sob condições impróprias de manuseio;
persistência do constituinte ou qualquer produto tóxico de sua degradação; potencial que o constituinte, ou
qualquer produto tóxico de sua degradação, tem para degradar-se em
constituintes não perigosos, considerando a velocidade em que ocorre a degradação; extensão em que o
constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua degradação, é capaz de bioacumulação nos ecossistemas;
efeito nocivo pela presença de agente teratogênico, mutagênico, carcinogênico ou ecotóxico, associados a
substâncias isoladamente ou decorrente do sinergismo entre as substâncias constituintes do resíduo;
c) ser constituída por restos de embalagens contaminadas com substâncias citadas pela ABNT;
d) resultar de derramamentos ou de produtos fora de especificação ou do prazo de validade que contenham
quaisquer substâncias classificadas pela ABNT;
e) ser comprovadamente letal ao homem;
f) possuir substância em concentração comprovadamente letal ao homem ou estudos do resíduo que
demonstrem uma DL50 oral para ratos menor que 50 mg/kg ou CL50 inalação para ratos menor que 2 mg/L ou
uma DL50 dérmica para coelhos menor que 200 mg/kg.
- Patogenicidade:
- contiver ou se houver suspeita de conter, microorganismos patogênicos, proteínas virais, ácido
desoxiribonucléico (ADN) ou ácido ribonucléico (ARN) recombinantes, organismos geneticamente
modificados, plasmídios, cloroplastos, mitocôndrias ou toxinas capazes de produzir doenças em homens,
animais ou vegetais.
II
II A–Não inertes
Não-perigoso
II B – Inertes
- Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II
B
- Inertes, nos termos desta Norma. Os resíduos classe II A Não inertes podem ter propriedades, tais como:
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e
submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente,
conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações
superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
17
A classificação de acordo com a fonte geradora define características dos
resíduos sólidos gerados em áreas domiciliares, comerciais, industriais de atividades
públicas, de vias públicas, serviços de saúde, de construções e demolições,
unidades de tratamento e na agricultura.
Dayal et al. (1993) citam que as características dos resíduos sólidos ainda
diferem entre países, cidades e ruas, além disso, suas propriedades podem variar
com estações, disponibilidade de alimentos, férias e turismo.
Uma classificação mais detalhada em relação a origem dos resíduos sólidos é
apresentada por Tchobanoglous et al. (1993) conforme mostrado no quadro 3.
18
Fonte: Adaptado de Tchobanoglous et al. (1993)
Quadro 3 - Classificação dos resíduos sólidos segundo a sua origem.
Segundo Mota (1997) e D’almeida (2000), os resíduos sólidos podem ser
classificados conforme sua origem, sendo: domiciliar (originado no cotidiano das
residências como sobras, embalagens, etc. Caracteriza-se por uma grande parcela
de matéria orgânica e alguns resíduos podem ser classificados como xicos),
comercial (procedência em unidades comerciais e de serviços, apresentam grande
Fonte Unidades típicas,
atividades ou localização
de geração
Tipos de Resíduos
Sólidos
Domicililar
Família simples e várias famílias
em residências independentes e
apartamentos
Resíduos de alimentos, papel,
papelão, plásticos, tecidos,
couros, resíduos de jardinagem
e poda, madeira, vidros, latas,
cinzas, resíduos de varrição,
resíduos especiais (itens
volumosos, artigos eletrônicos,
baterias, pneus e óleos),
resíduos sólidos perigosos.
Comércio
Lojas, restaurantes, mercados,
escritórios, hotéis, motéis, lojas
de impressão, serviços
mecânicos, etc.
Papel, papelão, plásticos,
madeira, resíduos de alimentos,
vidro, metal, resíduos especiais,
resíduos perigosos, etc.
Instituições
Escolar, hospitalar, prisões,
centros governamentais.
Papel, papelão, plásticos,
madeira, resíduos de alimentos,
vidro, metal, resíduos especiais,
resíduos perigosos, etc.
Construção e demolição
Áreas de novas construções,
recuperação/renovação de
estradas, entulhos de
pavimentação.
Madeira, aço, concreto, poeira,
etc.
Serviços Municipais (exceto
unidades de tratamento)
Varrição, limpeza de bocas de
lobo, parques e praias, outras
áreas de recreação.
Resíduos especiais, refugos,
resíduos de varrição, podas de
árvores e de parques em geral,
praias e áreas de recreação.
Unidades de tratamento;
incineradores municipais
Processos de tratamento de
água, efluentes e resíduos
industriais.
Resíduos de unidades de
tratamento, principalmente
compostos por lodos residuais.
Município Todos os citados anteriormente. Todos os citados anteriormente.
Indústria
Construção, fabricação,
indústrias pesadas e leves,
refinarias, unidades geradoras
de energia, demolição, etc.
Resíduos de processo
industrial, sucata, etc. Resíduos
não industriais, incluindo
alimentos, refugos, cinzas,
resíduos de demolição e
construção, resíduos especiais,
resíduos perigosos.
Agricultura
Colheitas, pomares, videiras,
leiteiras, fazendas, etc.
Resíduos de alimentos
estragados, resíduos de
agricultura, refugos, resíduos
perigosos.
19
quantidade de papel, plástico e embalagens diversas), público ou especiais (com
origem nos serviços de limpeza urbana sendo incluídos os resíduos da varrição de
vias públicas, restos vegetais diversos, corpos de animais, etc.), serviços de saúde e
hospitalar (considera os resíduos que podem conter germes patogênicos a exemplo
de seringas, gazes, etc. localizados em hospitais, laboratórios e demais, todavia, os
resíduos assépticos como papéis, o restante de preparações de alimentos, etc. que
não apresentem contato direto com pacientes ou resíduos sépticos citados
anteriormente serão considerados resíduos domiciliares), portos, aeroportos,
terminais rodoviários e ferroviários (os resíduos sépticos que potencialmente podem
apresentar germes patogênicos provenientes de outras localidades como materiais
de higiene e restos de alimentos e veicular doenças), industrial (provenientes de
atividades da indústria identificados por borrachas, vidros, madeiras e demais, sendo
em grande parte considerados tóxicos), agrícolas (originados de atividades agrícolas
e pecuárias e representados por embalagens de fertilizantes, defensivos agrícolas,
rações, etc.) e entulho (considerado resíduo da construção civil, sendo composto por
materiais de demolição, solos de escavações, etc. e usualmente apresenta um
material apto a reaproveitamento).
Povinelli e Bidone (1999) categorizam o resíduo lido de acordo com seu
grau de degradação:
- facilmente degradáveis: são os resíduos orgânicos putrescíveis, sendo
matéria orgânica facilmente biodegradável por meio de bactérias e fungos. Exemplo:
matéria orgânica domiciliar;
- moderadamente degradáveis: resíduos em que a decomposição por meio
biológico ocorre no período de duas a quatro semanas. Exemplos: papelão e demais
materiais celulósicos;
- dificilmente degradáveis: resíduos que denotam degradação biológica nula
ou desprezível, como verificado em retalhos, borracha e madeira;
- não degradáveis: resíduos mais resistentes à biodegradação, em que se
incluem metais, vidros, terra, entre outros.
Outra classificação define os resíduos sólidos de acordo com o potencial para
reciclagem de seus componentes. Lafay (1997) sugere a coleta segregativa, na qual
os resíduos sólidos são identificados em dois tipos: orgânicos (resíduo úmido) e o
inorgânico (resíduo seco).
20
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPT e o Compromisso Empresarial
para a Reciclagem CEMPRE (2000) divulgaram a constituição dos resíduos
sólidos em frações categorizadas em putrescível, reciclável e combustível, como
mostrado no quadro 4.
Componentes Putrescível Reciclável Combustível
Borracha X X
Couro X X
Madeira X X X
Matéria Orgânica Putrescível X
Metais Ferrosos X
Metais Não-Ferrosos X
Papel X X
Papelão X X X
Plástico Duro X X
Plástico Filme X X
Trapos X X
Vidro X
Fonte: IPT/CEMPRE (2000)
Quadro 4 - Classificação dos resíduos sólidos em função do seu
reaproveitamento.
Armitage e Rooseboom (2000) analisaram os tipos de materiais encontrados
no sistema de drenagem e produziram um sistema de classificação simplificado: (1)
Plásticos: sacolas, embalagens, recipientes, garrafas, cordas, fitas cassetes,
seringas, etc. (2) Papéis: embalagens, jornais, folhetos, embalagens de comida e
bebida, passagens de ônibus, papelão, etc. (3) Metais: chapa metálica, latas,
garrafas, placas de veículo. (4) Vidro: garrafas, pedaços quebrados. (5) Vegetação:
ramos e folhas de árvores, frutas e vegetais podres. (6) Animais: cães e gatos
mortos, diversos esqueletos. (7) Materiais de construção: janelas, tábuas, escoras,
tijolos quebrados, massa de concreto. (8) Outros: roupas velhas, sapatos, panos,
esponjas, bolas, lápis, canetas, balões, tocos de cigarros, pneus.
Fatores que influenciam na taxa de produção de RSU foram citados por
Allison et al. (1998). São eles: (a) Tipo de ocupação do solo: comercial, industrial,
21
residencial e parques; (b) Características dos eventos de precipitação; (c)
População; (d) Práticas de gerenciamento: limpeza de ruas, forma de
armazenamento, regularidade de limpeza, programas de reciclagem; (e) Programas
de conscientização e educação; (f) Período de tempo sem precipitações
pluviométricas; (g) Tamanho e geometria das entradas e condutos da rede de
drenagem; (h) Características físicas da bacia hidrográfica: tamanho, declividade,
características da superfície e vegetação; (i) Variações sazonais; (j) Intensidade e
direção do vento.
A caracterização dos resíduos sólidos flutuantes vindos pela drenagem na
cidade de Porto Alegre – RS foi realizada por Neves (2006), que chegou aos
resultados apresentados no quadro 5.
Resíduos Descrição e ocorrência
Plásticos 1 em geral foi o item de maior presença. Composto de sacolas inteiras ou em pedaços
de supermecados, de outras embalagens, embalagens de salgadinhos, etc.
PET garrafas de refrigerante e água mineral, etc.
Plásticos 2
composto de plásticos que não entram no tipo Plásticos 1, nem no tipo PET: garrafas
de água mineral, garrafas de aguardente, potes de margarina, garrafas de shampoo,
copos de refrigerantes e demais plásticos rígidos, etc. Sempre em grande quantidade.
MADT em geral mais tocos, pedaços de galhos que vêem mais provavelmente do parque e
não como resíduos da bacia.
Vidro mais comum garrafas de cerveja do tipo long neck.
Papéis
quase não veio, apesar da presença expressiva nos sacos de varrição das ruas.
Provavelmente se desfazem no caminho ou ficam facilmente presos nas redes.
Quando chegam no poço da CB, já vêem em pequenos pedaços, passando pela grade
Embalagens
cartonadas
longa vida
caixas de leite, de suco, etc.
Isopor verificado bastante nas maiores precipitações pluviométricas. A maior parte
provavelmente vem do parque.
Trapos
restos de roupas, tênis, sapatos, etc. Podem vir da bacia, pois foram achados trapos
em sacos de varrição das ruas, mas também podem vir do parque. Quando há
material esportivo, como chuteiras, certamente vêem do parque, pois há um campo de
futebol perto do canal.
Espuma pequenos pedaços.
Cerâmica ocorrência pequena, por meio de materiais de construção civil.
Borracha pequenos pedaços ou sandálias de borracha.
ALA
aço, Latas, Alumínio: Latas de óleo de soja, latas de doces, etc., latinhas de
refrigerante ou cerveja como maior ocorrência, o o aparecia mais em embalagens
de inseticidas, mas muito pouco em todo o período de coleta.
Couro bolas de futebol e outros materiais (sapatos estão no item Trapos).
Outros
Fonte: Neves (2006)
Quadro 5 - Resíduos quantificados na caracterização do resíduo da drenagem.
22
3.2.2 Danos originados pela disposição incorreta dos RSU
Os resíduos gerados e não coletados são, na maioria das vezes, depositados
em terrenos baldios, quintais e córregos. Estes locais onde são acumulados os
resíduos o definidos como pontos de risco, considerando a proliferação do habitat
ideal para macro e micro vetores. A população fica exposta aos riscos e as crianças
e os idosos são, particularmente, mais vulneráveis (NUNESMAIA, 2002).
No aspecto ambiental, uma das principais conseqüências sobre a saúde
humana é, conforme a autora, a contaminação do lençol freático (águas de
subsuperfície). Pereira (1999) ainda destaca que os impactos causados pela falta ou
ineficiência do manejo dos resíduos lidos urbanos abrangem aspectos sanitários,
ambientais, econômicos e sociais.
O autor discorre sobre os aspectos sanitários incidem com maior veemência
as populações e geram doenças de saúde pública. O resíduo sólido urbano prolifera
vetores biológicos que são transmissores de bactérias e fungos que, aliado à
desnutrição da população são responsáveis por doenças como a cólera, dengue e
leptospirose. Os impactos ambientais são causados pela poluição dos solos e
corpos hídricos decorrido por líquidos lixiviados como o chorume, resinas e tintas.
Os danos econômicos em virtude da ausência de tratamento adequado de resíduo
sólido urbano são perceptíveis quando se verificam os valores gastos em saúde
pública, a desvalorização das propriedades próximas aos lixões, queda da
produtividade do homem devido a doenças e reincidências e os custos para
desativação de lixões e áreas clandestinas. os impactos sociais causados pela
grande produção de resíduos tem direcionado o governo e sociedade para práticas
de diminuição da degradação do meio ambiente e aumento do bem-estar da
sociedade.
A proliferação de insetos e roedores, transmissores de doenças, é um
resultado de resíduos acumulados (MOTA, 1997). A massa dos resíduos sólidos
possui agentes patogênicos e microorganismos que são prejudiciais à saúde
humana (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999).
O tempo de sobrevivência (em dias) de microorganismos patogênicos
presentes nos resíduos sólidos é apresentado no quadro 6:
23
Fonte: Ministério da Saúde (1999)
Quadro 6 - Tempo de sobrevivência (em dias) de microrganismos patogênicos
nos resíduos sólidos.
Forattini (2000 apud CERQUEIRA, 2000) ao justificar o reaparecimento de
doenças endêmicas, que se encontravam praticamente erradicadas, como a
dengue e febre amarela, aponta o saneamento ambiental como responsável tendo
dois indicadores básicos, sendo eles: os mosquitos, que revelam o destino
inadequado dos esgotos e a drenagem pluvial; e a proliferação de moscas, que
indicam a destinação imprópria dos resíduos sólidos. Também esclarece que a
população não é educada (pelo poder blico) para tratar os resíduos que produz,
poluindo as cidades e degradando os espaços naturais. A partir disto, forma uma
cadeia de problemas relacionados com o saneamento ambiental: ruas e rregos
cheios de resíduos, bueiros entupidos. Outros animais podem constituir-se
reservatórios de doenças, após utilizar os resíduos sólidos domésticos como fonte
de alimentos. No quadro 7 são destacadas as doenças relacionadas aos resíduos.
24
Vetores/Reservatórios Forma de transmissão Enfermidade
Rato e pulga Mordida, urina, fezes e picadas Leptospirose, peste bubônica
Mosca Asas, patas, corpo, fezes e
saliva
Amebíase, disenteria,
giardíase, ascaridíase, febre
tifóide, cólera
Mosquito Picada Malária, febre amarela, dengue,
leishmaniose
Barata Asas, patas, corpo e fezes Febre tifóide, cólera, giardíase
Gado e porco Ingestão de carnes
contaminadas
Teníase e cisticercose
Cão e gato Urina e fezes Toxoplasmose
Fonte: Adaptado de Manual de Saneamento (1999)
Quadro 7 - Enfermidades relacionadas com os resíduos sólidos, transmitidas
por macro vetores e reservatórios.
3.3 Gestão de resíduos sólidos
A definição de resíduos sólidos urbanos conforme defendido por Schall (1992
apud MILANEZ, 2001) é embasada no abandono do “paradigma da disposição de
resíduos” onde os RSU são considerados uma massa uniforme, que deve ser
coletada, compactada e enterrada ou queimada, além da visão de que são formados
a partir de diferentes materiais devem ser manuseados conforme processos
distintos.
O Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos do
Instituto Brasileiro de Administração Municipal IBAM (2001) retrata que mais de
70% dos municípios brasileiros possuem menos de 20 mil habitantes e que a
concentração urbana no país excede 80%. Isto aumenta a apreensão com a
problemática ambiental do meio urbano e o gerenciamento dos resíduos sólidos
cuja atribuição está atrelada ao poder municipal.
A natureza vem apresentando baixa reação de recuperação devido ao alto
grau de poluição gerada e assim, o desafio é assegurar que a sociedade possa
continuar desfrutando de qualidade de vida sem alterar o ecossistema. O
gerenciamento de recursos visa assegurar e garantir a qualidade dos recursos
25
naturais e, deste gerenciamento, deve surgir soluções de compromissos que se
proponham a harmonizar e solucionar os problemas ambientais vigentes.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPT/CEMPRE (2000) conceitua o
gerenciamento integrado de resíduos como o conjunto de ações normativas,
financeiras, operacionais e de planejamento que um governo municipal desenvolve,
com base em critérios sanitários, ambientais e econômicos para coletar, tratar e
dispor o RSU de seu município.
Conforme defendido por Marais e Arbitrage (2004), deve haver uma
integração ampla entre resíduos sólidos, água e saneamento e drenagem e
inundações e uma integração específica entre planejamento (urbano e do uso do
solo), controle na fonte (educação e conscientização, redução de RSU, limpeza e
coleta) e controle estrutural (tratamento de água e retenção de resíduos).
O Ministério do Meio Ambiente define em sua Política Nacional o conceito de
gerenciamento integrado de resíduos sólidos como sendo as atividades referentes à
tomada de decisões estratégicas quando do desenvolvimento, implementação e
operação das ações definidas no plano de gestão unificada de resíduos sólidos, da
fiscalização e do comando dos serviços de manejo dos resíduos sólidos.
Lopes (2003) define a gestão de resíduos sólidos como todas as normas e
leis relacionadas a estes e, o gerenciamento integrado dos resíduos sólidos é
rotulado como todas as operações que envolvem os resíduos, como coleta
transporte, tratamento, disposição final, e demais.
Na figura 3 é apresentado o modelo tradicional da gestão dos resíduos
sólidos, que avalia o meio ambiente como fonte inesgotável de recursos.
26
Fonte: Lopes (2003)
Figura 3 - Modelo tradicional de gestão de resíduos sólidos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Administração Municipal IBAM e o
Ministério do Meio Ambiente (2005), a gestão integrada de resíduos sólidos é a
forma de conceber, implementar e administrar sistemas de limpeza urbana,
considerando uma grande participação dos setores da sociedade e visando o
desenvolvimento sustentável.
Analisar o modelo de gestão dos resíduos sólidos no país requer
conhecimento acerca de como outros países enfrentem o problema e de como
buscaram sua resolução.
O modelo de gestão dos resíduos sólidos do Brasil é comparado com o
modelo adotado nos países da Comunidade Européia, Japão e Estados Unidos.
Nesta análise, Lima (1998a) ressalta que o gerenciamento entre os países é
semelhante, apesar de cada nação possuir realidades adversas.
O autor estudou alguns aspectos como a hierarquia política, os arranjos
institucionais, os instrumentos legais adotados, os mecanismos financeiros para
manter as políticas públicas e as diretrizes/metas para a gestão dos resíduos.
A análise sobre os arranjos institucionais, ou seja, o papel de cada esfera
governamental na elaboração de leis, regulação e fiscalização apontou para grande
semelhança entre Alemanha, França, Holanda, Dinamarca, Japão e Brasil, pois, o
governo federal é o responsável pelas políticas, normas e diretrizes gerais. os
estados têm a função de fiscalizar, além de uma limitada função normativa,
27
enquanto os municípios devem gerir, coletar e dispor os resíduos de maneira
adequada.
Em relação aos mecanismos financeiros, os países são unânimes na defesa
do gerenciamento auto-sustentável dos resíduos. Lima (1998a) cita o exemplo da
Holanda, onde há taxas específicas de acordo com o tratamento.
A hierarquização das prioridades da gestão de resíduos sólidos em alguns
países é apresentada por Nunesmaia (2002), conforme quadro 8.
País/
Estados
5º
Brasil
Não geração
de resíduos
Minimização
da geração
Reutilização de
materiais
Reciclagem Tratamento
Aterro
sanitário
França Prevenção
Valorização
por reuso
Reciclagem ou
valorização
energetica
Aterro sanitário
de resíduos não
valorizados
Áustria
Prevenção
quantitativa
e qualitativa
Valorização
(quando
justificado do
ponto de
vista
ambiental e
econômico)
Se a valorização
não é justificada,
eliminação por via
biológica, térmica
ou químico—física
Somente os
resíduos que
não podem ser
mais reciclados
são
encaminhados
para o aterro
sanitário
Alemanha
Prevenção
quantitativa
e qualitativa
Reciclagem
de materiais
Valorização térmica
Eliminação
(tratarrento final)
Dinamarca
Prevenção Reciclagem
Incineração com
recuperação de
energia
Aterro sanitário
Quebec
(Canadá)
Redução na
fonte
Reutilização Reciclagem Valorização
Aterro
Sanitário
Bahia
(Estado)
Não geração
de resíduos
Minimização
da geração
Reutilização de
materiais
Reciclagem Tratamento
Disposição
final
Bélgica
(Bruxelas)
Prioridade
para a
prevenção,
ou a redução
da poluíção
dos resíduos
ou de sua
nocividade
Valorização
dos resíduos
por
reciclagem
Reaproveitamento
Reutilização ou
qualquer ação
visando a
obtenção de
matéria—prima
secundária, ou a
utilização de
resíduos como
fonte de energia
Fonte: Nunesmaia (2002 apud NUNESMAIA, 2001)
Quadro 8 - Prioridades de alguns países em relação a gestão de resíduos
sólidos.
28
A análise do quadro denota o consenso entre os países sobre as prioridades
ao menos em âmbito legal, a base do discurso das políticas publica de resíduos é
similar entre os países do Norte e Sul (representado pelo Brasil).
A gestão seguida pelos países é semelhante, todavia, os aspectos culturais e
sociais que se seguem sofrem alterações e geram resultados diferentes entre os
países.
Nunesmaia (2002) defende um modelo de Gestão de Resíduos Sólidos
Urbanos Socialmente Integrada, que tem por base o desenvolvimento de cinco
aspectos simultaneamente: o desenvolvimento de linhas de tratamento de resíduos
por meio de tecnologias limpas, priorizando a redução e a valorização; a economia
(viabilidade); a comunicação e a educação ambiental por meio do envolvimento dos
diversos atores sociais; o social com o uso da inclusão social, emprego; o ambiental
(os aspectos sanitários, os riscos à saúde humana). O elemento fundamental do
modelo apresentado é a associação da redução de resíduos em sua fonte geradora
com políticas sociais municipais.
O desenvolvimento de gestão de resíduos sustentável é defendido por
Nunesmaia (2001). A autora cita que, tendo por partida as grandes fontes geradoras
de resíduos como a fração orgânica proveniente das feiras livres, dos
supermercados e da poda; frações secas oriundas do comércio e de órgãos públicos
e o entulho, torna-se possível a implantação de planos de gestão de resíduos em
serviços de saúde, o que permite uma redução de pelo menos 60% desse material
valorizando a fração orgânica dos restaurantes e as embalagens de uso
administrativo. A cada fonte de resíduo (potencialmente significativa) estão
associados os caminhos sustentáveis para a gestão socialmente integrada.
Lima (1998a) explica que gestão de resíduos sólidos urbanos envolve
atividades referentes à tomada de decisões estratégicas com relação aos aspectos
institucionais, administrativos, operacionais, financeiros e ambientais, enfim, à
organização do setor para esse fim, envolvendo políticas, instrumentos e meios.
Para o autor, o termo gerenciamento de resíduos sólidos refere-se aos aspectos
tecnológicos e operacionais da questão, e envolvendo fatores administrativos,
gerenciais econômicos, ambientais e de desempenho, como a produtividade e
qualidade, e relaciona-se a prevenção, redução, segregação, reutilização,
acondicionamento, coleta, transporte, tratamento, recuperação de energia e
destinação final de resíduos sólidos.
29
Estratégias de gerenciamento integrado de resíduos em bacias hidrográficas
urbanas também são defendidas por Marais e Armitage (2004), conforme mostrado
na figura 4. Os autores abordam o controle por planejamento, no qual busca-se a
restrição do uso do solo em áreas de canais naturais, banhados, etc. por atividades
produtoras de resíduos e a minimização do risco de alcançar os cursos de água. O
controle na fonte objetiva reduzir as cargas que entram no sistema de drenagem
(por meio de campanhas educacionais em que a população seja informada e
motivada a manter ou melhorar o sistema de coleta e limpeza e que os órgãos
responsáveis utilizem, se necessário, a legislação para fiscalizar e punir infratores).
Por fim, o controle estrutural visa a interceptação e remoção do resíduo após a
entrada no sistema de drenagem.
Fonte: Adaptado: Marais e Armitage (2004)
Figura 4 - Estratégias de gerenciamento integrado.
O sistema de gerenciamento integrado de resíduos sólidos adotado em Porto
Alegre, RS, Brasil é sinalizado por Reichert (1999) como um método de
administração pública fundamentado na participação popular. Este mecanismo
30
envolve a redução na origem, o tratamento e o destino final adequado e engloba
uma perspectiva multidisciplinar e inter-setorial.
O autor ainda afirma que o manejo adequado dos resíduos sólidos é um dos
principais desafios dos centros urbanos. Respostas isoladas e estanques que não
incluam os resíduos desde sua geração até seu destino final, incluindo seu
tratamento, não obterão êxito na resolução do problema como um todo.
Oliveira (2002) esclarece que as metas em relação aos resíduos sólidos são
de reduzir ao mínimo sua geração, aumentar a reutilização e reciclagem do que foi
gerado, promover o depósito e tratamento ambientalmente saudável dos rejeitos e
universalizar o atendimento.
Desta forma, o modelo de gestão de resíduos sólidos urbanos em vigência no
Brasil – baseado na coleta e afastamento dos resíduos gerados e, em alguns casos,
sua disposição correta, compõe soluções isoladas e estanques e que vem se
mostrando impróprias. Moraes (2003) defende modelos integrados e sustentáveis,
que envolvam a geração, maximização do reaproveitamento e reciclagem e o
processo de tratamento e destino final dos resíduos.
A gestão de resíduos sólidos deve ser analisada em seu conjunto. É preciso
valorizar a necessidade de mudanças no comportamento e hábitos do cidadão, da
sociedade moderna, relativos à redução do consumo e produção e a consolidação
dessas mudanças é um grande desafio para a política de comunicação/educação
ambiental junto à sociedade (NUNESMAIA, 2002 apud SALEK, 2006).
3.4 O direito ambiental no contexto dos resíduos sólidos
A área do conhecimento jurídico que aborda as interações entre o homem e a
natureza é identificada como Direito Ambiental que é descrito abaixo:
O Direito Ambiental é o conjunto de princípios e regras impostos,
coercitivamente, pelo Poder Público competente, e disciplinadores de todas
as atividades relacionadas com o uso racional dos recursos naturais e a
promoção e proteção dos bens culturais, tendo por objetivo a defesa e a
preservação do patrimônio ambiental (natural e cultural) e por finalidade a
incolumidade da vida em geral, tanto a presente como a futura (DUARTE,
2003).
31
A Lei 6.938 no artigo da Constituição Federal (Brasil, 1981) estabelece que
a Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no País,
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana. No artigo são definidas
algumas classificações como o meio ambiente: conjunto de condições, leis,
influências e interações de ordem física e biológica, que permite, abriga e rege a
vida em todas as suas formas; degradação da qualidade ambiental: modificação
adversa das características do meio ambiente; e poluição: degradação da qualidade
ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente causem dano á
saúde, segurança e bem-estar da população, formulem condições adversas às
atividades sociais e econômicas, afetem desfavoravelmente a biota, afetem as
condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente ou lancem matérias ou energia
em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
A lei da Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIIL, 1981) criou o Sistema
Nacional do Meio Ambiente que encarrega União, Estados e Municípios a emitir
regulamentos sobre os aspectos ambientais e aplicar legislação sobre a matéria.
Este processo de formação da legislação ambiental viabilizou condutas
intrínsecas a uma nova ética social, na qual o ser humano deixa de ser o centro do
universo e o meio ambiente deixa de ser um mero patrimônio a serviço dos
interesses da humanidade (ROCCO, 2002).
A legislação ambiental brasileira pode ser considerada uma legislação
moderna na medida em que congrega os principais princípios previstos em acordos
internacionais multilaterais e declarações sobre meio ambiente. Além disso, a
Constituição Federal oferece mecanismos considerados importantes para conciliar o
uso da propriedade privada e o desenvolvimento de atividades econômicas com a
preservação do meio ambiente, estabelecendo que o uso da propriedade seja feito
conforme sua função social e tratando a defesa do meio ambiente como um dos
princípios direcionadores da atividade econômica. No entanto, embora considerada
moderna e abrangente, a legislação ambiental brasileira não é, por si só, suficiente
para a melhoria da qualidade ambiental no País, o que revela a desarmonia entre a
lei e a real aplicação do direito (SALEK, 2006).
A Resolução 275 de 25 de abril de 2001 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente CONAMA (Brasil, 2001), dispõe o incentivo à reciclagem de resíduos e
32
redução do impacto ambiental por meio da codificação de cores quanto ao tipo de
material, conforme segue:
Azul - Papel/papelão
Vermelho - Plástico
Verde - Vidro
A
A
m
m
a
a
r
r
e
e
l
l
o
o - Metal
Preto - Madeira
Laranja - Resíduos perigosos
Branco - Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde
Roxo - Resíduos radioativos
Marrom - Resíduos orgânicos
Cinza - Resíduo geral não reciclável contaminado, ou contaminado não passível de
separação
A Lei Federal 2.312 de 1954 (BRASIL, 1954) dispõe, no artigo 12, sobre
normas gerais sobre a defesa e a proteção à saúde e diz, “a coleta, o transporte e o
destino final do lixo deverão processar-se em condições que não tragam
inconvenientes à saúde e ao bem estar público, nos termos da regulamentação a ser
baixada”. Esta regulamentação foi baixada somente sete anos depois, em 1961, por
meio do decreto 49.974-A, sob a denominação de Código Nacional de Saúde, e em
seguida foi complementada pela Portaria do Ministério do Interior 53, de 01 de
março de 1979, que dispõe sobre os problemas oriundos da disposição de resíduos
sólidos.
A legislação também aborda os efeitos dos resíduos sólidos sobre a saúde
humana por meio do saneamento básico. A lei 11.445 de 5 de janeiro de 2007 prevê
em seu artigo 2º, Inciso III (Brasil, 2007), que o abastecimento de água, o
esgotamento sanitário, a limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos devem ser
realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente.
Esta Portaria estabeleceu algumas normas gerais para serem seguidas em
todo o país, sendo que os projetos para tratamento e disposição de resíduos sólidos
ficaram sujeitos à aprovação e fiscalização dos órgãos estaduais de controle da
poluição, e que na sua inexistência, o órgão federal deveria agir diretamente, de
acordo com Machado (2003).
Se for considerado que a preocupação com a problemática dos RSU deu- se
inicialmente sob o enfoque da saúde urbana, com a edição da Lei 2.312 de
33
03/09/1954 (Normas Gerais sobre a Defesa e Proteção da Saúde), que previa no art.
12 que a coleta, o transporte e o destino final dos resíduos sólidos urbanos deveriam
se dar em condições que o importassem inconvenientes à saúde e ao bem-estar
público, constata-se que se passou de mais de uma década para mais de meio
século de infrações à legislação (BOCK et aI., 2001).
Assim, o autor destaca que o problema surge no momento em que não são
seguidas as normas legais. O item X da Portaria 053/79 proíbe o lançamento e
depósito de resíduos sólidos a céu aberto, no entanto, a propagação dos lixões
persiste na maioria das cidades brasileiras.
Considerando que o artigo 225 da Constituição Federal de 1988 estabelece
que: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as futuras gerações” e que
segundo Bock et al. (2001), identificam-se vários problemas quanto aos RSU - sua
produção e descarte na maneira como ocorrem na maioria dos municípios
brasileiros, vêm infringindo o artigo da Constituição Federal.
A responsabilidade criminal por dano ambiental é instituída na Lei nº 9.605/98
(Brasil, 1998) e responsabiliza entidades e agentes políticos que causarem prejuízo
ambiental, sendo que o dano ambiental consiste em poluição de qualquer natureza
em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde pública, ou que
provoquem a mortalidade de animais ou a destruição significativa da flora.
A percepção de Machado (1999) é de que os resíduos sólidos têm sido
negligenciados tanto pelo público como pelos legisladores e administradores, devido
possivelmente à carência de divulgação de seus efeitos poluidores, que como
poluente, tem sido menos importunos que os resíduos líquidos e gasosos, porque
colocados na terra não se dispersam amplamente como os poluentes do ar e da
água.
Milaré (2000) defende que o Brasil carece de uma Política Nacional de
Resíduos Sólidos que defina normas relativas à prevenção da geração,
minimização, reutilização, manejo, acondicionamento, coleta, reciclagem, transporte,
tratamento, reaproveitamento e disposição final dos resíduos sólidos.
O Projeto de Lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos encontra-
se em trâmite no Congresso Nacional Brasileiro, surgindo em um momento de
extrema necessidade. Ele rege como suas diretrizes:
34
I - proteção da saúde pública e da qualidade do meio ambiente;
II - não-geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento de resíduos lidos,
em como destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos;
III - desenvolvimento de processos que busquem a alteração dos padrões de
produção e consumo sustentável de produtos e serviços
IV - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias ambientalmente
saudáveis como forma de minimizar impactos ambientais;
V - incentivo ao uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis
e reciclados;
VI - gestão integrada de resíduos sólidos;
VII - articulação entre as diferentes esferas do Poder Público, visando a cooperação
técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos;
VIII - capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;
IX - regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação de
serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, com adoção de
mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos
serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e
financeira;
X - preferência, nas aquisições governamentais, de produtos recicláveis e
reciclados;
XI - transparência e participação social;
XII - adoção de práticas e mecanismos que respeitem as diversidades locais e
regionais;
XIII - integração dos catadores de materiais recicláveis nas ações que envolvam o
fluxo de resíduos sólidos;
XIV – educação ambiental.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, na condão de um relatório
preliminar, se direciona para a redução progressiva da utilização de determinados
tipos de artefatos que se tornam resíduos, pois estabelece metas para a substituição
de frascos descartáveis por outros retornáveis, como também a obrigatoriedade da
participação dos fabricantes de materiais descartáveis no sistema de resíduos, no
sentido da sua valorização e reciclagem (KAPAZ, 2001).
Portanto, o atual panorama brasileiro sobre resíduos sólidos estabelece uma
pressão constante exercida no meio ambiente e que demanda uma solução
35
emergente. O projeto de lei para a PNRS visa solucionar os problemas recorrentes
causados pela ausência de normatização no país.
No Estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (2002 apud SANTOS, 2002),
salienta que das 497 cidades do estado 46% tratam seus resíduos com o
licenciamento operacional que a Fundação Estadual de proteção Ambiental
(FEPAM) concede, nessa fase todos os pré-requisitos de segurança dispostos na
legislação ambiental são atendidos. Todavia, o restante dos 54% dos municípios não
apresentam a mesma realidade. Destes, 25% estão em procedimento para
adequação a lei, contudo outros 44% nos manifestaram iniciativa para seguir a
legislação.
3.5 Monitoramento em pequenas bacias hidrográficas
A importância dos recursos hídricos vem gerando demandas crescentes para
a elaboração de projetos em pequenas bacias. Segundo Goldenfum (2001) a
definição de dimensões ximas de uma pequena bacia apresenta subjetividade. A
variabilidade natural das características físicas das bacias em relação a solos,
vegetação e topografia resulta na indefinição de um valor único aplicável a todas
as situações.
O autor ainda esclarece que as pequenas bacias apresentam um grau de
homogeneidade maior que as demais, todavia qualquer variabilidade possui
importância relativa maior do que médias e grandes bacias, pois, pequenas
variações são “filtradas” pelo seu comportamento médio.
Um dos principais motivos para preponderâncias de estudos hidrológicos no
nível de pequenas bacias é devido aos problemas ambientais e excesso ou falta de
água em regiões urbanas. De acordo com Silveira e Tucci (1998, p.97), “a
disponibilidade hídrica de pequenas bacias (área < 100 km
2
) é estimada com dados
de bacias maiores (área > 300 km
2
)”.
Outra justificativa é em decorrência da necessidade de complementar a rede
de informações hidrológicas no país e para o estudo do funcionamento dos
processos físicos, químicos e biológicos no ciclo hidrológico. Goldenfum (2001)
destaca que há uma grande carência destes dados em pequenas bacias.
36
A avaliação dos impactos causados na bacia deve ser quantificada para
permitir um desenvolvimento sustentado na região Silveira (1997).
O autor abordou em seu trabalho o uso de calhas como alternativa para
amenizar as dificuldades de alto custo de equipamentos. As calhas possibilitam o
monitoramento do fluviograma que possibilita o conhecimento de vazões medianas e
mínimas.
As calhas possuem as seguintes características: (i) possibilitam o
monitoramento com registros em intervalos de tempo diários; (ii) possuem robustez
da estrutura de concreto; (iii) denotam facilidade de medições de vazões com
seções conhecidas do canal; (iv) apresentam baixo custo da informação, baseado
no baixo custo de implantação do sistema e na facilidade de obtenção dos dados
(SILVEIRA; TUCCI, 1998).
As calhas Parshall são condutos abertos construídos de tal forma que suas
laterais promovam um adequado estrangulamento da seção. Estes medidores são
indicados nominalmente pela largura da seção crítica ou garganta. Podem ser
construídos em diversos tamanhos para medir vazões que variam entre 0,80 l / s até
93 m³ / s.
As calhas Parshall de fundo plano diferem das Parshall original, somente por
ter fundo plano. O escoamento neste tipo de calha pode ser livre ou submerso,
sendo o equacionamento diferente para cada caso. As principais vantagens deste
tipo de medidor são: (a) Facilidade de construção e baixo custo; (b) podem funcionar
como um dispositivo em que uma medida de carga é necessária (em caso de
escoamento livre); (c) pode ser utilizado sob condições de submersão elevada; (d)
opera com relativamente pequena perda de carga; (e) é praticamente insensível à
velocidade de aproximação; (f) a velocidade de escoamento é usualmente suficiente
para evitar depósitos de sedimentos no fundo da calha.
3.6 Mecanismos de contenção dos resíduos sólidos
Existem diversas metodologias para a coleta de resíduos sólidos, entre as
quais, a grade harpa, redes em tela de aço instaladas transversalmente ao eixo do
37
curso d’água, armadilhas metálicas com estrutura basculante, estruturas
autolimpante e SEPT (Side-Entry Pit Trap).
3.6.1 Grade harpa
Esta metodologia de retenção de resíduos sólidos, constituí-se de uma
estrutura construída e desenvolvida para o projeto intitulado Bacia Escola Urbana
(SILVEIRA et al., 2005) expressa pela figura 5 em vista superior e corte vertical AB e
na figura 6 em ferro de perfil cilíndrico, fixado em trilho de ferro fundido, situada a
montante da calha medidora de vazão do arroio Esperança, Santa Maria RS.
Considerando que o tempo de concentração na bacia escola urbana é de curta
duração, em poucos minutos tem-se uma grande enxurrada, ocasionando um
grande arraste de resíduo lido na drenagem (RSD). Se a grade fosse instalada
verticalmente, os resíduos impediriam o fluxo de água originando problemas de
rompimento da estrutura. Desta forma, foi projetada a construção da grade “harpa”
com um ângulo de aproximadamente 45º em relação ao nível do fluxo de água. Este
procedimento permite que os materiais flutuantes sejam depositados nas partes
mais elevadas, facilitando que o fluxo de água ocorra normalmente na parte inferior.
O sistema possibilita também quantificar os diferentes tipos de resíduos sólidos
presentes na bacia (SILVEIRA et al., 2007).
38
Figura 5 - Croqui com vista superior da grade estrutura tipo “harpa” para
separação de resíduos sólidos, e corte vertical AB da seção de
controle com a localização da calha, passarela, pilares de
sustentação e os dutos.
Figura 6 - Grade “Harpa”, a montante da calha Parshall.
A estrutura metálica de segurança, composta por dois trilhos mais a grade
tipo harpa com massa aproximada de 900 kg foi prevista para ser construída sobre a
calha Parshall na secção de medição de vazão e de monitoramento dos parâmetros
físicos e químicos.
39
3.6.2 Redes em tela de aço
O uso de redes para retenção do material lançado no sistema de drenagem
foi empregado por Brites (2005) e foram feitas de telas de aço com malha de 70 mm,
instaladas transversalmente ao eixo do rio, o que viabilizava a retenção e análise
dos resíduos lidos transportados, também foram fixadas na vegetação dos locais
de amostra, por meio de tiras de aço galvanizado de 5 mm de espessura.
Se houvesse entupimento da rede por pequenas partículas ou grande
quantidade de material, a forte vazão existente faria a água desviar seu curso
normal e resultaria em prejuízos à região. Em decorrência da possibilidade de
desmoronamentos, este mecanismo foi escolhido, pois a estrutura fixada
possibilitava seu rompimento diante de um esforço maior do que o previsto.
A equipe de campo realizava a remoção do resíduo acumulado das redes
para que o excesso da água escoasse, evitando aumento no peso das amostras em
razão da umidade do material e após esta etapa, o material era quantificado em
função de sua composição.
Brites (2005) identificou que as instalações de redes foram fixadas por
vegetação na margem do curso d’água quando havia esta possibilidade e em
estacas de madeira quando não havia esta disponibilidade, também denota-se o
mesmo princípio da utilização de dispositivos instalados nas saídas dos condutos de
drenagem, usados por Arnold e Ryan (1999 apud NEVES; TUCCI, 2003). As redes
instaladas na bacia hidrográfica são identificadas nas figuras 7 e 8.
40
Fonte: Brites (2005)
Figura 7 - Imagem esquemática da disposição das redes coletoras.
Fonte: Brites (2005)
Figura 8 - Fotografias das redes coletoras de resíduos sólidos, sendo (A)
primeira rede e (B) segunda rede.
ESTACA
VEGETAÇÃO
41
3.6.3 Armadilha metálica com estrutura basculante
O dispositivo consiste em placas orientadoras (Figura 9), sendo que estas
devem direcionar os resíduos transportados pelo arroio para uma gaiola de captação
que é basculada com o auxílio de uma talha mecânica e esvaziada. Deste modo, o
resíduo coletado é disposto em área pavimentada, localizado ao lado da gaiola,
onde são feitas sua classificação e pesagem
.
Fonte: Silveira et al. (2005)
Figura 9 - Esquema de estrutura de captação de RSD.
Silveira et al. (2005) observou que a armadilha (Figura 10) é preenchida por
resíduos rapidamente, e assim, durante os eventos de precipitação pluviométrica
poderia causar obstrução parcial do canal do arroio e provocar inundações. Desta
forma, optou-se por colocá-la no arroio somente durante os eventos, acompanhar
seu preenchimento e içá-la logo que preenchido o volume interno da cesta.
42
Fonte: Silveira et al. (2005)
Figura 10 - Armadilha metálica com estrutura içada.
A estrutura, conforme Silveira et al. (2005) apresentou resultados satisfatórios
em relação à captação e retenção dos resíduos do arroio, salientando-se que é
recomendável sua utilização apenas durante os eventos pluviosos. Além disto,
mostra-se robusta e estável o suficiente para impedir atos de vandalismo e
depredação.
3.6.4 Estruturas autolimpantes
Os estudos de estruturas autolimpantes se tornaram mais corriqueiras a partir
do trabalho de Beecham e Sablatnig (1994), autores que modelaram 23 estruturas
on-line e off-line em canais com declividades baixas e altas. Dentre estes, os seis
melhores arranjos podem ser visualizados na figura 11, sendo que o arranjo 23 fora
considerado o mais efetivo. A numeração foi adotada pelos autores e algumas
conclusões do trabalho são estas:
Trashracks com barras horizontais tiveram maior potencial de autolimpeza do
que com barras verticais;
A instalação de um compartimento faria a limpeza e a remoção do resíduo
mais facilmente e possivelmente com menor custo;
A inclusão de uma queda vertical dentro do arranjo reduziria
significativamente a probabilidade de refluxo;
43
O armazenamento off-line do resíduo disponibilizaria uma área de
armazenamento muito maior, criaria menos perturbações no escoamento, e
facilitaria um acesso melhor de limpeza e manutenção.
Fonte: Beecham e Sablatnig (1994 apud NEVES, 2006)
Figura 11 - Melhores arranjos de estudo de estruturas autolimpantes.
As estruturas autolimpantes são formuladas para utilizar a pressão da água
para empurrar o resíduo, limpando o segregador (tela ou grade), e desviando-o para
um local de acumulação, onde a freqüência de limpeza possa ser menor, agindo
com mínima perda de carga (NEVES, 2006).
44
Armitage et al. (1998) define como vantagens a estrutura poder suportar
vazões de a 80 m3/s ou mais com facilidade, a manutenção que é fator
desprezível, a facilidade de limpeza, o baixo risco de fermentação tóxica, sendo
relativamente segura para o público e trabalhadores. Já como desvantagens, é
destacada a necessidade de alta carga, sendo que em geral requer que uma grande
área do terreno seja cercada para evitar o contato do público com o resíduo
capturado.
3.6.5 SEPT (Side-Entry Pit Trap)
Segundo Allison et al. (1998), o monitoramento e gerenciamento integrado de
RSU na drenagem urbana pode ser viabilizado por uma estrutura chamada de SEPT
(Side-Entry Pit Trap) que pode ser visualizado na figura 12. Esta estrutura possui
cestas acopladas à entradas de bocas-de-lobo, sendo que a água pluvial escoa por
uma cesta e o material maior que o tamanho da malha (5-20 mm) é retido. O
material fica retido na cesta até a equipe de manutenção remover o material
manualmente ou usando um aspirador de grande diâmetro, a cada 4 ou 6 semanas.
Fonte: Adaptado de Armitage et al. (1998 apud NEVES, 2006)
Figura 12 - Estrutura SEPT.
45
Segundo os autores Melbourne Water Waterways e Drainage Group (1995
apud ARMITAGE et al., 1998), algumas vantagens podem ser destacadas como a
rápida e fácil limpeza, a coleta facilmente integrada no programa de manutenção das
captações de água pluvial, o impedimento de transferência de resíduos no meio-fio
para os condutos, a fácil remoção da cesta para manutenção, além de ser útil na
identificação das principais fontes como parte de um programa de gerenciamento da
bacia. como desvantagens, de acordo com os autores, podem ser elencadas a
obtenção de um aspirador especial de alto custo, as tampas das captações serem
pesadas, a grande quantidade de unidades que o requeridas nas áreas
requeridas.
3.7 Curva de previsão de RSD
A curva de previsão de resíduos sólidos drenados - RSD não foi encontrada
em pesquisas bibliográficas para a construção de um referencial teórico (sendo
apenas apresentada pelo próprio autor, em Salles et al. (2009) em artigos anteriores
à este trabalho), possivelmente pelo motivo de ainda não ter sido utilizada em outros
trabalhos pela falta de uma correlação significativa dos dados, que de forma inédita,
este trabalho abordou.
Assim, o presente trabalho apresenta de forma detalhada e inédita a obtenção
desta curva de previsão de RSD.
46
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Área de estudo
O trabalho foi desenvolvido em uma pequena bacia hidrográfica com
característica urbana situada no Município de Santa Maria, na região central do
Estado do Rio Grande do Sul, denominada Bacia Escola Urbana, abrangendo o
centro da cidade e a vila Valdemar Rodrigues (Figura 13), tendo como curso de
água principal o arroio Esperança, com foz junto ao arroio Cadena que drena a
região central do perímetro urbano de Santa Maria. O mapa com a área de
drenagem da bacia do Cadena e suas respectivas micro-bacias e sub-bacias
encontra-se sub-divididas no anexo I.
Figura 13 - Localização da Bacia Escola Urbana.
47
O município de Santa Maria, de acordo com o IBGE (2007), possui uma
população de 263.403 habitantes. Considerando que cada indivíduo produz
aproximadamente 650 gramas de resíduos por dia, estima-se que 160 toneladas
sejam produzidas diariamente, o que totaliza 4800 toneladas por mês.
Isaia, Isaia e Roth (1999) calculam que a taxa de cobertura efetiva da coleta
municipal de resíduo sólido em Santa Maria é de cerca de 80%. Desta forma, das
160t de resíduos sólidos produzido por dia, aproximadamente 30t não são coletados,
e ficam dispostos em locais inapropriados. Os autores ainda afirmam que o curso
principal e os tributários do arroio Cadena foram “institucionalizados” pela
comunidade como segundo lugar de destino final de seus resíduos.
A área total de drenagem da bacia do arroio Cadena é de 64,08 Km
2
, sendo
que o curso de água principal possui uma extensão de 15 km. A sub-bacia do arroio
Esperança (Bacia Escola) possui uma área total de 0,75 Km
2
e a área estudada é de
0,57 Km
2
(Figura 14) sendo que a localização a calha Parshall e a estrutura de
monitoramento dos resíduos sólidos veiculados durante as precipitações
pluviométricas (exutório) têm as seguintes coordenadas geográficas: 29º 2551,94
e 30º 00’ 18,67” de latitude sul e 54º 19’ 32,41” e 530’ 43,59” de longitude oeste.
Esta bacia possui áreas com vegetação e áreas com ocupação urbana concentrada
apresentando graves problemas ambientais. Na figura 14 é apresentada em
destaque a foto aérea da sub-bacia do arroio Esperança (0,57km
2
).
Figura 14 - Foto aérea da sub-bacia hidrográfica do arroio Esperança.
Exutório
Centro
48
Esta bacia foi selecionada para construção de uma bacia escola por possuir
características especiais: não é uma bacia de periferia e está contida totalmente no
tecido urbano da cidade. Além disso, a região possui sistemas de coleta de resíduos
sólidos, de abastecimento de água e de esgotos sanitários em sua grande parte.
Referente a estes sistemas pode-se falar que não se trata de uma região
abandonada com infra-estrutura urbana precária, como ocorre na maioria das vezes
nas regiões de periferia de grandes centros urbanos.
Todavia, no aspecto visual, a região está degradada, o que é verificado pela
grande quantidade de RSU disperso em alguns locais, pela aparente degradação
dos escoamentos que a drenam, por meio de seus arroios, riachos e valas o
naturais. Este cenário é oposto à infra-estrutura urbana que a região dispõe, com
sistemas de resíduos, água e esgoto. Este contexto impulsionou a implantação da
pesquisa, com intuito de conhecer melhor seus processos físicos, bióticos e
antrópicos, na procura por subsídios ao gestor municipal em busca da melhoria da
qualidade de vida da comunidade localizada na região.
As características de uso e ocupação do solo de cada bacia, na cidade de
Santa Maria-RS, é um fator contribuinte para ser relacionado com as variações na
qualidade de escoamento superficial, devido às interferências antrópicas
proporcionadas pela urbanização. As principais características socioeconômicas do
Município são apresentadas no quadro 9: a densidade populacional, taxas de
urbanização, expectativa de vida e dados relativos à economia do município.
Taxas
Município
População
Total
(2008)
Área
(2008)
Km²
Densidade
(2008)
hab/km²
urbanização
(2008)
%
analfabetismo
(2000)
%
Expectativa
de Vida
(2000)
anos
PIBpm
(2006)
(R$)
PIB per
capita
(2006)
(R$)
IDESE
1
(2006)
Santa
Maria
266.209 1.779,6
149,6 96,5 4,96 74,01 2.649.725
9.811 0,795
Fonte: Fundação de Economia e Estatística - FEE (2009)
Quadro 9 - Principais características do Município de Santa Maria-RS.
1
Índice de Desenvolvimento Socioeconômico - IDESE
49
Pelos dados apresentados, pode-se constatar uma densidade populacional
de, aproximadamente, 149,6 pessoas por km
2
com uma taxa de urbanização de 96,5
%.
A ocupação irregular de grande parte dos lotes situados às margens do riacho
associado ao desconhecimento da comunidade que ocupa esta área sobre
preservação ambiental, tem ocasionado um grande volume de resíduos sólidos no
leito e margens do arroio. Segundo Tucci (1997), este é um dos problemas que
comprometem a qualidade da água, aumentando as vazões máximas (até 7 vezes).
A deposição desses resíduos na calha medidora alterará a seão de controle,
acarretando erros na determinação da vazão.
4.2 Estrutura de monitoramento dos RSD
Para reter os resíduos sólidos depositados ao longo do arroio, foi concebida,
projetada e instalada a campo uma armadilha, que foi fixada junto à calha Parshall,
construída no local, onde foram estudadas as características físicas, químicas e
biológicas da sub-bacia hidrográfica do arroio Esperança (SILVEIRA et al., 2007):
Projeto Bacia Escola Urbana UFSM/GERHI, e o curso de Engenharia
Ambiental/UNIFRA.
A calha Parshall de fundo plano do projeto Bacia Escola Urbana que foi
utilizada como suporte para a implantação da estrutura de contenção dos resíduos
sólidos carreados pela enxurrada, apresenta um perfil transversal, e foi construída
em concreto e revestida com cimento Porthand alisado em trecho retilíneo do riacho
e próximo ao seu exutório no arroio Cadena. Na figura 15 pode-se observar o Mapa
Plani-altimétrico da área da micro-bacia onde está à locação da calha Parshall e os
cestos coletores de resíduos sólidos, juntamente com o percurso do riacho afluente
até a canalização a qual se segue até chegar ao arroio Cadena.
50
Figura 15 - Croquis de localização da calha Parshall, estrutura de coleta dos
RSD e fluxo do arroio.
Na figura 16 é mostrado um corte transversal da seção do arroio com a
posição da calha Parshall.
Figura 16 - Corte transversal da seção do arroio com a posição da calha
Parshall.
Localização da calha Parshall e
estrutura de coleta dos RSD
Início da canalização
Fluxo do Arroio
Cm
Cm
Piso para disposição e escoamento
do excesso de umidade dos RSD
51
A armadilha assentada sobre a calha Parshall, possui uma parte fixa nas
laterais e uma parte móvel ao centro do arroio onde foram instalados cestos
removíveis.
A estrutura foi projetada em forma retangular com dimensões do cesto maior
de 2,0 x 1,1 x 0,9m, cesto menor 0,6 x 0,7 x 1,4m e com laterais triangulares fixas,
que acompanham o perfil dos taludes. Esta estrutura móvel possui um dispositivo de
transbordo de 0,30m acima dos 1,7m de altura (da base do cesto menor até o final
do cesto maior), para possíveis situações de represamento evitando-se, assim, que
a água de precipitações pluviométricas intensas causassem a obstrução parcial do
canal com risco de inundações à montante do arroio. Na figura 17, apresenta-se um
desenho esquemático da armadilha projetada em perfil isométrico com os nomes
dos componentes utilizados para a execução do projeto.
Figura 17 - Esquema da armadilha utilizada para captação de resíduos sólidos.
Na figura 18 tem-se o esquema da estrutura de coleta de RSD em vista
frontal, com as respectivas medidas dos componentes que foram utilizados para a
implantação do projeto.
52
Figura 18 - Armadilha utilizada para captação de RSD em vista frontal.
Na figura 19 é disposto o projeto de execução da estrutura de captação de
RSD em vista superior, com as respectivas medidas da estrutura de coleta, bem
como a localização e medidas do piso pavimentado, que foi construído no local com
a finalidade de escoar o excesso de umidade dos RSD, após sua retirada dos cestos
coletores.
Figura 19 - Armadilha utilizada para captação de RSD em vista superior.
53
Na figura 20 o mostradas fotos da estrutura de captação de resíduos
sólidos na drenagem instalada no local, onde também se pode perceber a
urbanização e vegetação existente às margens do arroio Esperança.
Figura 20 - Estrutura de contenção dos resíduos sólidos veiculados no arroio
esperança em diferentes ângulos.
Com enfoque voltado para este sistema, é que se objetivou a caracterização e
quantificação dos resíduos sólidos gerados, no âmbito da bacia escola urbana que
possa interferir no monitoramento dos parâmetros hídricos da estação fluviométrica.
4.3 Relativo ao monitoramento de RSD
Foi observado que o local onde inicia a canalização do riacho até o arroio
Cadena havia grande quantidade de resíduos que obstruíam a passagem do fluxo
54
normal da água, causando represamento nesta canalização e interferindo nas
medições dos eventos, pois, seu fluxo normal estava afetado. Em razão disto, nos
dias 27 de março a 01 de abril de 2008 foi realizada a primeira coleta com objetivo
de testar a estrutura durante o evento pluvioso. Esta coleta piloto foi descartada
devido aos interferis acima citados.
O trabalho de monitoramento de eventos pluviosos isolados iniciava-se com o
acompanhamento da previsão de precipitação pluviométrica. Em caso positivo de
precipitação, duas pessoas da equipe se deslocavam ao local para fixar os cestos à
estrutura. Durante o evento de precipitação, a equipe permanecia atenta diante de
qualquer eventualidade como uma precipitação mais intensa que ocasionaria grande
acúmulo de RSD nos cestos e obstruiria a passagem d’água e haveria o efeito
barragem que poderia inundar as residências próximas à estrutura. O material que
ficava retido na bacia escola urbana em especial o plástico devido á sua grande
utilização e disposição inadequada no local, era afastado para viabilizar o fluxo
normal da água entre os espaços da tela da estrutura coletora. Também é
importante ressaltar que as casas alocadas nas margens do arroio Esperança são
irregulares devido ao fato de estarem em área de preservação permanente.
Ao final de cada evento pluvioso foi necessário um número mínimo de duas
pessoas para transportar os cestos com os RSD, no entanto, o ideal seria uma
equipe de quatro pessoas, onde cada um se apoiaria em uma das quatro vértices
dos cestos, o que facilitaria seu translado. Em seguida havia a retirada dos resíduos
que ficavam retidos na parte fixa da estrutura e em sua proximidade, com o auxílio
de inchadas, pás e carrinho de mão, para seu acondicionamento no piso
pavimentado, construído em concreto alisado, com dimensões de 6,0 X 3,3 metros
(Figura 21) localizado ao lado da armadilha coletora para escoamento do excesso
de umidade
55
Figura 21 - Piso para disposição e escoamento do excesso de umidade dos
RSD.
O tempo de escoamento da umidade era de dois dias e após este
procedimento, era feita a separação gravimétrica dos resíduos e sua classificação
em resíduos orgânicos e inorgânicos, e sua identificação de acordo com o padrão de
cores segundo a resolução do CONAMA n.º 275 de 25 de Abril 2001 (BRASIL,
2001). Uma equipe com aproximadamente seis bolsistas eram encaminhadas ao
local para realizarem a quantificação e qualificação dos resíduos que era concluída
em cerca de quatro horas. No início das coletas em 2008, quando não se dispunha
desta equipe em função de dificuldades financeiras, eram necessários dois dias para
esta etapa do processo que contava com apenas duas pessoas.
Os valores de cada campanha de qualificação e quantificação dos resíduos
sólidos foram registrados de acordo com as suas características particulares
(Tabelas 1 e 2), as quais foram adaptados da resolução sobre o padrão de cores do
CONAMA, em razão da dificuldade encontrada em outras classificações. A norma
não especifica cor para elementos “outros” e cor A ou B, sendo assim, o nome e as
cores A e B, foram adotados para uma eventualidade do aparecimento de resíduos
que não estão presentes entre os resíduos citados e para suprir a falta de cores.
56
Tabela 1- Resíduos sólidos de classe inorgânica e os padrões de cores para
cada uma das características particulares.
Tabela 2 - Classificação dos resíduos sólidos orgânicos com padrões de cores
para cada uma das características particulares.
Após a quantificação e qualificação, os resíduos foram acondicionados em
sacos plásticos e, em seguida foi efetuada a pesagem de todo o resíduo capturado
na armadilha, utlilizando uma balança de precisão (Figura 22) com capacidade de
100 kg.
Classe Inorgânica Padrões de cores
Plásticos (sacolas, garrafas, recipientes, sacolas de leite e outros).
Vermelho
Metais (chapas, latas, e outros).
Amarelo
Vidros (garrafas, copos e lâmpadas).
Verde A
Tecidos e isopor.
Verde B
Papéis (papelão, papel branco e outros).
Azul
Pneus e borrachas.
Preto B
Resíduos perigosos.
Laranja
Resíduos ambulatoriais, de serviços de saúde e animais mortos.
Branco
Outros Outros
Classe Orgânica Padrões de cores
Restos de alimentos.
Marrom A
Restos de vegetação (folhas, galhos, cascas, raízes e outros).
Marrom B
Madeira processada.
Preto A
57
Figura 22 - Forma de pesagem dos RSD.
Para a quantificação dos RSD, a partir da quantidade precipitada, foram
utilizados os dados de precipitações pluviométricas coletados por um pluviômetro do
tipo Ville de Paris, instalado junto a calha Parshall onde foram realizadas as coletas
dos resíduos.
Para a estimativa da quantidade de resíduos sólidos gerados no período de
Agosto de 2006 a Julho de 2007 (1 ano) e informações sobre a intensidade das
precipitações pluviométricas foram utilizados os dados da Estação Meteorológica de
Santa Maria pertencente ao 8º Distrito de Meteorologia (8º DISME) do Instituto
Nacional de Meteorologia (INMET), localizada no Campus da Universidade Federal
de Santa Maria- UFSM (latitude:29°42’ S, longitude: 53°42° W e altitude: 95m).
A quantificação e qualificação dos Resíduos Sólidos na Drenagem (RSD) é
mostrada na figura 23 por meio da separação destes em sacos plásticos.
58
Figura 23 - Separação de alguns RSD em sacos plásticos, conforme o padrão
de cores utilizado no trabalho: (a) plástico (vermelho); (b) isopor
(verde B); (c) matéria orgânica (marrom B) e (c) papel e papelão
(azul).
No inicio das coletas, em 2008, os moradores apresentavam queixas de que
os cestos represavam o curso d’água e invadiam os terrenos da população
ribeirinha, podendo inundar suas residências. Contudo, entre 2008 e 2009 (pois, a
primeira etapa das coletas iniciou em abril e findou-se em maio de 2008 e a segunda
etapa se estendeu de maio a julho de 2009) em que os resíduos tinham livre fluxo,
foi constatado que obstruíram as bocas de lobo à jusante à estrutura ocasionando a
mesma inundação do local, além do mau odor dos resíduos sólidos acumulados e
impacto visual degradante do local. Ou seja, com o retorno das coletas em 2009, os
moradores perceberam a relevância do trabalho que não permitia que estes
resíduos atingissem os bueiros.
O material classificado como inorgânico era transportado até o container mais
próximo (cerca de 1 km do local do arroio) da coleta urbana do município para que
fosse destinado ao aterro da cidade que Santa Maria o apresenta uma coleta
seletiva freqüente de materiais. Já o material orgânico era disposto no leito do arroio
59
fora do local de alagamento para não retornar ao riacho e ser decomposto de forma
natural.
4.4 Curva de Previsão de Resíduos Sólidos na Drenagem
A curva de previsão de Resíduos Sólidos na Drenagem RSD proposta por
esta pesquisa visa avaliar a possibilidade ou a inviabilidade de uma correlação entre
o total precipitado e o acúmulo de resíduos sólidos carreados pelas águas de
lavagem - RSD.
A produção de RSD deve possuir uma causa preponderante ou um conjunto
de causas. O resíduo sólido carreado pela drenagem pode ser conseqüência de
uma infra-estrutura precária de coleta de resíduos sólidos, que pode decorrer
simplesmente da inexistência do serviço ou de uma operação deficiente do sistema
de coleta. Outra causa pode estar associada a uma falta de processo de educação
ambiental eficiente para as comunidades em cada região.
Muitas vezes pode-se ter um círculo vicioso onde a falta de infra-estrutura
dificulta o processo de conscientização ambiental. Por outro lado a falta deste, pode
levar a comunidade a não pressionar os gestores municipais por uma melhoria de
infra-estrutura.
Neste contexto é que o presente estudo, num primeiro passo, se propõe a
relacionar a quantidade de resíduos sólidos carreados com a precipitação
pluviométrica - objetivando obter uma curva de produção de RSD - como
instrumento de apoio à gestão por parte dos gestores municipais.
Uma vez avaliada a possibilidade efetiva desta relação, ela poderá constituir-
se num valioso instrumento para analisar a efetividade de ações de gestão de uma
prefeitura. Por exemplo, melhorias de trajetória do caminhão de coleta, um
programa de educação ambiental, campanhas publicitárias, etc, poderão ter sua
efetividade avaliada por meio da curva de previsão de RSD calculada por eventos
pluviosos isolados. Se antes das ações, por exemplo, uma precipitação
pluviométrica intensa de 50mm carreasse 500 Kg de resíduos na drenagem, após a
implantação da ação de gestão, que diminuição de produção RSD na drenagem
poderia ocorrer? Este impacto de redução de produção poderia ser significativo se a
60
mesma precipitação produzisse a metade de RSD. No caso hipotético, os mesmos
50 mm de precipitação produziriam 250 kg.
Esta curva foi proposta de uma forma bastante simplificada. Analogamente
como se faz para sedimentos, a proposta foi avaliar a produção de RSD por eventos
pluviosos isolados como fez Canali (1981) para sedimentos. Esta estratégia de se
avaliar a produção por meio de eventos pluviosos isolados é aqui adaptada e
proposta para ser usada para os RSD. Enquanto que a produção de sedimentos
esta associada a processos inadequados de uso e manejo do solo, conforme
avaliado por Canali (1981) e Silveira (1982), a produção de RSD poderá estar
associada a processos inadequados de gestão de resíduos lidos, restando saber
qual o preponderante.
A curva foi construída, inicialmente, para relacionar - por eventos pluviosos
isolados, o total precipitado como o volume de RSD carreado pelo escoamento
superficial em uma bacia urbana.
A curva foi ajustada em planilha Excel após a organização dos dados dos
eventos monitorados que associam o total de resíduos (kg) com a precipitação (mm)
conforme mostrado na tabela 3.
Tabela 3 – Modelo de tabela para dados dos eventos monitorados
Data dos eventos Total de resíduos (kg)
Variável dependente (Y)
Precipitação (mm)
Variável independente (X)
1 ... ...
2 ... ...
... ... ...
n ... ...
A análise do comportamento de um ambiente hídrico por meio de modelagem,
tanto em condições atuais quanto potenciais, é uma ferramenta fundamental no
planejamento de uma bacia que também atua como instrumento de auxílio nos
estudos de impactos ambientais (LIMA, 1998b).
A avaliação do modelo da equação de regressão de produção de RSD
considera o coeficiente de correlação r conforme a Equação 2:
61
nΣx.y - (Σx) . (Σy)
r
=
_____________________________________
(2)
[nΣx
2
– (Σx)
2
] . [nΣy
2
– (Σy)
2
]
Em que: “r” coeficiente de correlação; “x” e “y” valores aleatórios sendo
aplicada no presente trabalho como precipitação e total de resíduos; “n” número de
elementos.
O Coeficiente de Determinação r
2
(Equação 3) deve ser interpretado como a
proporção de variação total da variável dependente que é explicada pela variação da
variável independente X e é definido pela seguinte relação:
Σ (Y –Y’)
2
Variação Explicada
Σ (Y – Y)
2
=
_______________________
= r
2
=
Σ (Y’–Y)
2
Variação Total
Em que: “Y” é uma variável aleatória; “Y’” valores estimados de Y, sendo a
parcela de y que é explicada por x.
Com isto, se obteve a reta de regressão linear y=f(x) que foi obtida em
planilha excel por meio da reta de regressão linear gerada a partir dos eventos
monitorados com a retenção dos RSD.
Com o uso da equação gerada, foi feita uma simulação da quantidade de
RSD que supostamente atingiram a canalização do arroio Esperança em cada um
dos meses e durante o período de um ano, de agosto de 2006 a julho de 2007,
conforme tabela 4, sendo os dados de precipitação a variável independente X e a
incógnita Y o possível RSD carreado. Os dados serão comparados com a pesquisa
de Silveira et al. (2007) para o mesmo período.
(3)
62
Tabela 4 - Estimativa a ser calculada de RSD acumulado mensalmente e
anualmente segundo a precipitação obtida no 8º DISME
Precipitação (mm) RSD (Kg)
Mês e Ano
X Y
agosto-06 75,6 ...
setembro-06 154,2 ...
outubro-06 208,9 ...
novembro-06 134,6 ...
dezembro-06 84,2 ...
janeiro-07 163,9 ...
fevereiro-07 145,2 ...
março-07 173,6 ...
abril-07 122,0 ...
maio-07 102,8 ...
junho-07 131,6 ...
julho-07 75,6 ...
Total 1572,2 ...
O objetivo da simulação da quantidade de resíduos acumulada durante o
período é para sensibilizar a população e informar os gestores municipais acerca do
problema recorrente do grande acúmulo de resíduos urbanos na bacia hidrográfica,
demonstrando o impacto causado pela ação antrópica no meio ambiente.
Os resíduos retidos na canalização do arroio interferem no fluxo natural do
mesmo, além de causar um aspecto visual degradante, maus odores e a
proliferação de vetores causadores de doenças infecto contagiosas que a deposição
incorreta do RSD causa à população ribeirinha.
Os dados meteorológicos foram obtidos nos arquivos da Estação
Meteorológica de Santa Maria, pertencente ao Distrito de Meteorologia (8º
DISME) do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), localizada no Campus da
Universidade Federal de Santa Maria- UFSM.
63
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.2 Estrutura de monitoramento
Inicialmente, o projeto Bacia Escola Urbana, de acordo com Silveira (2007),
previu a retenção para os diferentes tipos de resíduos sólidos presentes na bacia em
estrutura projetada e executada em uma grade tipo “harpa” a montante da calha
Parshall (Figura 24). Esta retenção de RSD possuía duas finalidades: impedir que os
resíduos sólidos interferissem no monitoramento das vazões na calha, e avaliar a
produção de resíduos veiculada junto ao escoamento da bacia, ou aos processos de
drenagem urbana.
Figura 24 - Grade “harpa”, a montante da calha Parshall.
Após três meses de monitoramento, foi observado que esta estrutura inicial
não correspondeu às finalidades propostas. Isto ocorreu em razão da dinâmica dos
escoamentos e ao grande volume de resíduos retidos pela grade em seu período de
operação. Durante uma precipitação intensa, os escoamentos - devido às
características da bacia - apresentam o pico de cheia em poucos minutos e
64
ocasionam um grande arraste de RSD. Além disso, durante o início de operação da
estrutura ocorreram dificuldades de ordem operacional para limpeza da grade após
cada precipitação pluviométrica, sendo estes obstáculos verificados na problemática
de retirar os resíduos dispostos sobre a estrutura e da organização da equipe para
estar disponível a cada precipitação. Em razão destas dificuldades, houve acúmulo
de resíduos de várias precipitações acarretando em obstrução da estrutura que não
suportou o peso dos resíduos aliado à forte pressão da água drenada na microbacia.
Antes das coletas iniciarem com nova estrutura de cestos removíveis, foi
necessário realizar limpeza no local, pois nos bueiros à jusante (onde inicia a
canalização do riacho a o arroio Cadena) havia grande quantidade de resíduos
que obstruía a passagem do fluxo normal da água e causava represamento nesta
canalização e que interferiria nas medições dos eventos, pois, não estava em seu
fluxo normal.
Foi realizado contato com a prefeitura municipal para efetuar esta limpeza e
manutenção do local, todavia, nenhuma equipe foi enviada, o que motivou o Centro
Universitário Franciscano Unifra, parceira do presente estudo, a contratar
diretamente uma empresa de prestação de serviços. Em um primeiro momento, a
limpeza foi realizada de forma manual por dois funcionários da empresa contratada,
todavia como o trabalho estava sendo demorado em função da grande quantidade
de material disposto inadequadamente na canalização, foi necessária a contratação
de uma retro escavadeira para agilizar este processo, que é apresentado na figura
25.
65
Figura 25 - Fotos retiradas do mesmo local em períodos diferentes: antes da
limpeza (a), durante a limpeza manual (b), após a limpeza com
retroescavadeira (c) e o serviço manual para finalização do trabalho
da máquina retroescavadeira (d).
A nova estrutura implantada com cestos coletores removíveis (Figura 26)
(oposto à proposta inicial de estrutura estática), foi planejada de forma a viabilizar
flexibilidade para a equipe que, com acompanhamento das previsões de tempo
organizava-se para monitorar eventos isolados de precipitação pluviométrica.
66
Figura 26 - Cesto removível à jusante (a), à montante (b) ao curso d’água,
cestos sendo removidos (c) e (d).
Esta estrutura demonstrou efetividade aos objetivos delineados, pois, reteve
de forma satisfatória os resíduos em cada evento de precipitação.
5.2 Monitoramento dos RSD (em 10 eventos)
Foram realizadas 10 coletas e os resultados de retenção obtidos pela
armadilha são apresentados na tabela 5.
Observa-se que, em períodos de precipitações intensas, a acumulação de
resíduos foi mais elevada, variando em termos de quantidade, com valores máximos
de 503kg para precipitações de 53mm e valores mínimos de 26kg para precipitações
de 7mm. Em termos qualitativos, porém, a variação não foi tão significativa, sendo
observado em todos os eventos uma maior porcentagem de resíduos da classe
orgânica marrom B (restos de vegetação) cujo percentual variou de 56,4% a 76,3%,
67
seguido de resíduos preto A (madeira processada), que variou de 0 a 13,2%. Com
relação aos resíduos da classe inorgânica, o maior percentual observado foi de
resíduos padrão vermelho (plásticos), variando de 8,7 a 17,3%, seguido de resíduos
verde B (tecidos e isopor), que variou de 0 a 7,7%. A porcentagem de resíduos
(outros) variou de 3,4 a 14,3%.
68
Tabela 5 - Quantificação dos resíduos coletados em campo
Evento 10º
Data
10/04/08 12/04/08 13/04/08
26/04 a
02/05/08
12 e
13/05/09 18/05/09 30/05/09 08/06/09
22 e
23/06/09 21/07/09
Precipitação (mm)
7 16,2 21 71,5 33 8,3 47 4,7 53 29
Total p/ evento (Kg)
26 120 155 386 296 167 281 61 503 227
CLASSE INORGÂNICA
Kg % Kg % Kg % Kg % Kg % Kg % Kg % Kg % Kg % Kg %
Vermelho
4,0 15,4
11,0
9,2 13,5 8,7 45,0 11,7
48,6 16,4
22,0
13,2
48,5 17,3
6,0 9,9 82,0 16,3
25,0 11,0
Amarelo
0,0
0,0 0,5 0,4 1,0 0,6 6,0 1,6 1,5 0,5 0,5 0,3 1,0 0,4 0,2 0,3 1,0 0,2 1,0 0,4
Verde A
0,0
0,0 0,5 0,4 1,0 0,6 3,5 0,9 0,1 0,0 0,7 0,4 5,0 1,8 0,5 0,8 1,0 0,2 7,0 3,1
Verde B
2,0 7,7 7,5 6,3 0,5 0,3 3,0 0,8 0,1 0,0 3,0 1,8 0,0 0,0 0,0 0,0 10,0 2,0 6,0 2,6
Azul
0,0 0,0 0,5 0,4 0,0 0,0 5,0 1,3 3,6 1,2 5,0 3,0 2,0 0,7 0,0 0,0 2,0 0,4 0,0 0,0
Preto B
0,0 0,0 0,0 0,0 6,0 3,9 0,0 0,0 0,2 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 34,5 6,9 0,0 0,0
Laranja
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,5 0,1 0,0 0,0
Branca
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0 0,5 0,0 0,0 12,0
7,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 0,4
Outros
2,0 7,7 8,0 6,7 7,5 4,9 55,0 14,3
16,0 5,4 7,5 4,5 9,5 3,4 6,0 9,9 19,0 3,8 10,0 4,4
CLASSE ORGÂNICA Kg % Kg % Kg % Kg % Kg % Kg % Kg % Kg % Kg % Kg %
Marrom A
0,0
0,0 0,0
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Marrom B
15,0
57,7
82,0
68,3
106,5
68,9
224,0
58,1
226,1
76,3
94,0
56,4
202,7
72,2
45,9
75,7
338,5
67,3
170,0
74,9
Preto A
3,0 11,5
10,0
8,3 18,5 12,0
42,0 10,9
0,0 0,0 22,0
13,2
12,0 4,3 2,0 3,3 14,5 2,9 7,0 3,1
TOTAL 26 100
120
100
155 100
386 100
296 100
167
100
281 100
61 100
503 100
227 100
69
Na figura 27, é mostrado a classificação dos resíduos acumulados na bacia
escola urbana, coletados no período de estudo.
0%
67%
6%
14%
6%
1%
1%
1%
2%
1%
1%
Marrom A (restos de alimentos)
Marrom B (matéria orgânica)
Preto A (madeira processada)
Vermelho (pstico)
Amarelo (metais)
Verde A (vidro)
Verde B (tecidos e isopor)
Azul (papel e papeo)
Preto B (pneus e borrachas)
Laranja (reduos perigosos)
Branca (animais mortos)
Outros
Figura 27 - Percentual de resíduos coletados conforme classificação
De acordo com os resultados da figura 27, a matéria orgânica foi o material
mais abundante com 67% (marrom B) da massa total. Esse valor é justificado pela
vegetação de grande porte existente em algumas partes das margens do corpo
d’água, sendo composto de folhas, caules, raízes e galhos de árvores. A madeira
processada (preto A) representou 6% do material coletado, fato esse que se deu
devido à intensa ocupação da região do entorno do arroio. Brites (2005) encontrou
resultados semelhantes em sua pesquisa de coleta de resíduos lidos na bacia
hidrográfica Cancela, na cidade de Santa Maria RS, sendo que o material mais
abundante verificado foi a matéria orgânica, com 80% devido à cobertura vegetal
existente das margens do corpo d’água, enquanto que o total no arroio Esperança
foi de 73% desta classificação.
O material plástico representou 14% do volume retido, sendo que os
principais constituintes foram sacolas de supermercado, devido a sua elevada
70
utilização pela população e embalagens de doces e salgados (balas, picolés e
salgadinhos). Como a micro bacia abrange o centro da cidade de Santa Maria-RS,
pode ocorrer o lançamento deste tipo de resíduo na rede de drenagem pluvial, os
quais podem ser arrastados até o arroio estudado. A quantidade verificada deste
material é esclarecida por Schiavo (2001, p.10) que defende que o ato de jogar ou
“deixar cair” coisas na via pública não é por compulsão, mas advém da cultura
paternalista, de que o indivíduo não é responsável por si próprio e transfere o dever
a terceiros. Neste caso, o dever de deixar a cidade limpa e zelar pela natureza
passa a ser da prefeitura, da sociedade, e não do indivíduo, ou seja, é uma tentativa
de diminuir a responsabilidade.
Salienta-se que, devido ao tipo de cobertura vegetal nas margens do corpo
d’água, parte do material, principalmente sacolas plásticas, permaneciam retidos ao
longo de seu percurso, não alcançando os cestos coletores de resíduos.
A massa de metais (Amarelo) e vidros (Verde A) encontrada foi de 1%,
respectivamente. Os metais compostos por latas e chapas não apareceram em
grande quantidades, devido ao seu elevado valor agregado para a reciclagem. Os
resíduos constituídos por metais que foram coletados para pesagem são resíduos
provavelmente gerados por oficinas mecânicas e materiais com componentes
metálicos descartados pela população ribeirinha que era desmembrado na hora da
classificação.
O material que apresentou quantidade significativa na micro bacia,
considerando seu baixo peso e grande volume, foi o isopor seguido dos poucos
tecidos encontrados, juntamente com alguns pedaços de colchões (Verde B), com
1% da massa total, devido a densidade populacional da região relacionado ao
consumo de eletrodomésticos e ao descarte de roupas usadas que são jogadas no
arroio.
Os papéis (Azul) o tiveram uma representação muito significativa (1%),
sendo constituído principalmente por caixas de leite longa vida, os papéis em folha e
de embalagens comuns foram pouco observados, provavelmente por se dissolverem
em contato com a água e se misturarem com a matéria orgânica.
A classe Outros apresentou 6% da massa total quantificada, sendo os
materiais na sua maioria constituídos de fraldas descartáveis, calçados, guarda-
chuvas, e materiais não identificados.
71
Em relação aos materiais potencialmente recicláveis gerados nos domicílios e
constituídos por materiais como plástico, papel, papelão, metal, vidro, trapos,
borracha e madeira, obteve-se o percentual de 27%, sendo que, conforme Philippi
Jr. (1999), a média brasileira é de 31,3%.
O fato do município de Santa Maria não dispor de uma política de reciclagem
de materiais clara, eficiente e abrangente também contribui para um contexto de
desleixo. A reciclagem de materiais apenas ocorre se o morador se desloca até a
Prefeitura Municipal e solicita diante de cadastro que o município realize a coleta
seletiva em seu domicilio. Muitos moradores não possuem ciência deste
procedimento e acreditam não haver coleta seletiva na cidade. Outros não se
dispõem a estes processos burocráticos e não realizam a separação. Caso o
governo municipal direcionasse esforços para este fim, certamente haveria muitos
cidadãos dispostos a contribuir com a preservação por meio da separação de
resíduos inorgânicos. O município está com um projeto intitulado ecopontos (Figura
28), onde foram implantadas lixeiras seletivas em pontos estratégicos da cidade
para perceber a aceitação e viabilidade desta proposta.
Figura 28 - Ecopontos: projeto piloto da Prefeitura Municipal para recebimento
de materiais recicláveis.
Além deste fator implicante, a política de coleta seletiva no município por meio
de containeres distribuídos nos bairros da cidade também se demonstra ineficiente.
Em um primeiro momento devido ao fato de que, no local estudado, Vila Valdemar
72
Rodrigues entorno do arroio Esperançao container mais próximo está localizado
a 1 km de distância do local onde fora montada a estrutura e é uma zona
intensamente urbana. Isto também contribui para que os moradores, por
conveniência, não se desloquem com seus resíduos ao local correto e dêem como
destino a eles o arroio. Ademais, os containeres não possuem separação entre o
material orgânico e reciclável. Sendo assim, a pequena parcela de pessoas que
realizam a separação precisam depositar o resíduo sólido no container que é
lançado para o caminhão coletor onde é todo misturado e encaminhado ao aterro
sanitário. Isto apresenta a grande ineficiência do serviço na cidade, pois mesmo
diante da separação de RSU, o próprio sistema municipal não apresenta alternativas
para reaproveitamento e finaliza por misturar os resíduos durante o trajeto até o
destino final. Conforme destaca de forma contundente Ferrara (1996, p. 75), o
anonimato e a irresponsabilidade do setor público “agasalham e estimulam a ação
igualmente desobrigada”.
Como constatado, na microbacia analisada, a própria população ribeirinha
deposita inadequadamente seus resíduos sólidos no arroio Esperança, conforme
percebido pela grande quantidade e pela qualidade dos materiais encontrados.
Some-se a isto o fato de que durante as precipitações o arroio é destino de materiais
dispostos em toda região central do município. Apesar desta constatação, é
relevante destacar que, durante o processo de monitoramento, a população próxima
manifestou-se com intuito de modificar este comportamento diante dos problemas de
inundações que sofre com freqüência diante das precipitações e assim, vem
solicitando à população à montante do riacho para que não efetue a disposição de
RSU na microbacia. Esta percepção do problema gerado pelos próprios indivíduos
ao meio ambiente mostra o momento de reflexão de alguns dos moradores do local
e indica que ações de educação ambiental devem ser priorizadas a fim de estimular
estes cidadãos a disseminar a importância da preservação, pois, a colaboração de
todos os moradores é fundamental para evitar novos danos ambientais.
Braghirolli et al (1998) afirma que a informação cognitiva, saber os conteúdos,
não é o único fator que pode conduzir as pessoas a uma mudança de
comportamento. É importante destacar outros fatores que realmente promovam uma
mudança, destacando-se o afetivo. É preciso analisar quais condições são
necessárias para garantir que a informação seja transformada em conduta. Para
73
tanto, parece necessário avaliar os aspectos afetivos, inserindo-os em meios de
divulgação da informação.
A concepção de um RSU útil e que tem um valor surgiu com a idéia da
reciclagem, sendo que o entusiasmo demonstrado com a técnica de reciclagem está
diretamente relacionado com a questão econômica e, deste modo, a relevância
percebida pelos sujeitos é devido ao valor de troca do material reciclável por dinheiro
e isto provoca um maior incentivo e, neste contexto advêm a importância de divulgar
e reverter o dinheiro conseguido com a venda dos materiais da coleta seletiva dos
resíduos lidos em melhorias para a comunidade e seus cidadãos, podendo se
constituir em uma forma estratégica de conquista para que os cidadãos repensem
suas atitudes (BASTOS, 1995).
74
5.2.1 Relações entre precipitações e RSD
Na figura 29 tem-se a relação de plástico quantificado por evento e a altura de
precipitação pluviométrica.
0
20
40
60
80
100
120
140
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
Eventos
Precipitação (mm) .
0
20
40
60
80
100
120
140
Eventos
Massa do RSD (Kg) .
Precipitação (mm) Massa do RSD (Kg)
Figura 29 - Relação precipitação e classificação vermelho (plástico).
Obteve-se uma relação coerente entre a quantidade de plástico em função do
aumento de precipitação na maioria dos eventos. Em virtude de o plástico ser
considerado um material comum, sendo muito utilizado pela população e que tem
diversas finalidades, ele é leve e facilmente drenado. No e eventos houve uma
relação não direta. No evento a precipitação detectada foi de 71,5 mm e coletado
45kg de plástico, no 9 º evento a precipitação foi de 53 mm e a quantidade de
plástico de 82 kg. Uma possível justificativa é de que grande quantidade fica retida
nas margens do riacho ou em outros obstáculos e não atingiram os cestos coletores.
No padrão de cores vermelho que inclui os plásticos, percebeu-se que a maioria era
constituída de embalagens de produtos alimentícios como salgadinhos, balas,
chicletes e que chegaram por meio da drenagem urbana, especialmente a drenagem
do centro da cidade que denota grande fluxo de pessoas que jogam este material
nas ruas e o processo atinge o sistema de drenagem que, por meio de precipitação
são veiculados até o arroio. Sacolas plásticas também foram verificadas em grande
quantidade, provavelmente em razão do grande consumo destas em supermercados
da região e que são usadas como saco de lixo. Segundo Neves (2004), que
quantificou resíduos de varrição de alguns bairros de Porto Alegre e subdividiu sua
75
classificação em plástico 1 (sacolas, embalagens de salgadinhos, etc), plástico 2
(garrafas de água mineral que não sejam em PET, garrafas de aguardente que não
sejam PET, potes de margarina, copos de refrigerantes, etc), e PET (garrafas de
refrigerante, água mineral, etc) verificou que os resíduos que ficaram retidos no poço
(destino provisório da água da drenagem da cidade que contém tela para conter os
RSU antes de atingirem o mesmo) são em grande maioria plásticos, sendo que os
plásticos prevaleceram com 83% do total de resíduos do poço, sendo 47,8% de
plásticos 1, 20,3% de plásticos 2 e 14,9% de PET. na varrição da cidade, os
plásticos correspondem a 40% em média, sendo 27,7% de plástico tipo 1, 9% de
plástico tipo 2 e 3,3% refere-se à PET.
Na figura 30 pode-se constatar a relação entre precipitação e os resíduos
Outros (classificados assim por possuírem vários tipos de materiais em sua
composição), que são, em sua grande maioria, fraldas descartáveis usadas,
calçados, guarda-chuvas, aparelhos eletrônicos como rádio, monitor de computador
e teclado e outros componentes eletrônicos não identificados, sacos térmicos e
brinquedos, estando alguns em bom estado de conservação, sendo que,
possivelmente atingiam os cestos coletores devido às crianças brincarem no leito do
riacho ou esquecerem no próprio terreno de suas residências que, com as
precipitações, eram carregados. Provavelmente estes resíduos sólidos,
principalmente em relação às fraldas, devem ser jogados usualmente pelos mesmos
moradores.
0
20
40
60
80
100
120
140
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
Eventos
Pecipitação (mm) .
0
20
40
60
80
100
120
140
Eventos
Massa do RSD (Kg) .
Precipitação (mm) Massa do RSD (Kg)
Figura 30 - Relação precipitação e classificação outros.
76
Na figura 31 verifica-se a relação direta entre a quantidade de precipitação
pluviométrica e a matéria orgânica.
0
20
40
60
80
100
120
140
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
Eventos
Precipitação (mm) .
0
100
200
300
400
500
600
Eventos
Massa do RSD (Kg) .
Precipitação (mm) Massa do RSD (Kg)
Figura 31 - Relação precipitação e classificação marrom (matéria orgânica).
A vegetação de longo porte ao longo do curso do arroio possibilita este
resultado. Isto também pode ser justificado em virtude da presença de podas de
árvores nos meses de maio a agosto, o que incrementa a contribuição dos resíduos
orgânicos no total quantificado. No outono, também é verificado um aumento na
matéria orgânica devido à época da queda das folhas e presença de frutas devido
ao período de amadurecimento das frutas cítricas (laranjas). Além disto, os
moradores vêm fazendo cortes indiscriminados de árvores no leito do riacho.
Na figura 32 é abordada a relação entre a quantidade de metais e a
quantidade de precipitação por evento.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
Eventos
Precipitação (mm) .o
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Eventos
Massa do RSD (Kg) .
Precipitação (mm) Massa do RSD (Kg)
Figura 32 - Relação precipitação e classificação amarelo (metais).
77
Os metais são mais pesados (o que dificulta seu carreamento junto à
enxurrada) e possuem valor comercial e assim, não se pode concluir que
apresentam ligação direta com a precipitação, exceto o 4º evento, que registrou uma
precipitação de 71,5 mm e 6kg de metais. Pode-se inferir que esta relação é devida
à força de arraste da enxurrada que, com a intensa precipitação, resultou em uma
quantidade maior de metais coletados. Como observado na precipitação do dia 13
de abril de 2008 (3º evento), o nível foi de 21 mm de precipitação e apenas 1kg do
material, enquanto que, no dia 22 a 23 de junho de 2009 (9º evento) a precipitação
foi relativamente maior (53mm) e a quantidade deste material foi também de 1kg.
Em razão de seu alto valor agregado, pode-se inferir que os metais apresentam-se
em menor quantidade em virtude de que os catadores da região coletam o mesmo
para comercialização. Um problema detectado fora que, após a retirada deste
material dos cestos coletores, o mesmo permanecia no piso para escoar a umidade,
mas eram levados pela população. Como solução, os metais passaram a ser
escondidos abaixo de camada de resíduos para que não fossem levados.
Demonstra-se na figura 33 a relação entre precipitação e vidros. Também não
apresenta relação direta com a precipitação, conforme verificado na data 21 de julho
de 2009 (10º evento) onde ocorreu a maior quantidade de massa enquanto que a
maior precipitação foi observada em 26 de abril a 02 de maio de 2008 (4º evento).
Isto ocorre possivelmente, em função de seu peso que impede que a drenagem o
empurre, além de que o material pode ser quebrado durante seu percurso devido ao
contato com pedras no leito do riacho. Os tipos de vidros mais encontrados foram os
de conservas e café.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
Eventos
Precipitatação (mm) .
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Eventos
Massaa do RSD (Kg) .a
Precipitação (mm) Massa do RSD (Kg)
Figura 33 - Relação precipitação e classificação verde A (vidro).
78
Na figura 34 observa-se a relação entre tecidos e isopor e a precipitação. Foi
encontrada grande quantidade de isopor, provavelmente em razão deste material
ser usado para proteger equipamentos novos comprados pela população que o
descarta diretamente no arroio Esperança. Todavia, apesar de sua grande
quantidade, seu peso é insignificante. Nos dias 22 e 23 de junho de 2009 (9º evento)
ocorreu a maior quantificação de massa deste RSD classificação Verde B em virtude
de ter se classificado um colchão encontrado no riacho. Também foram encontradas
peças de roupas.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 1
Eventos
Precipitação (mm) .
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Eventos
Massa do RSD (Kg) .
Precipitação (mm) Massa do RSD (Kg)
Figura 34 - Relação precipitação e classificação verde B (tecidos e isopor).
Na figura 35 tem-se a relação entre precipitação e papel, o qual o foi
significante devido ao mesmo ser destituído em contato com água, sendo que o
material que fora quantificado foi o papelão devido à sua maior resistência apesar
de ser encontrado em pedaços, e caixas de leite longa vida também em função de
sua maior resistência.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
Eventos
Precipitação (mm) .
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Eventos
Massa do RSD (Kg) .
Precipitação (mm) Massa do RSD (Kg)
Figura 35 - Relação precipitação e classificação azul (papel e papelão).
79
Mostra-se na figura 36 a quantidade de massa de pneus e borrachas,
relacionado às precipitações pluviométricas, que foi constatado em alguns eventos
em função do provável descarte de empresas da área que trabalham à montante da
armadilha, como borracharias e também moradores ribeirinhos que colocam pneus
novos em seus carros, descartando assim os velhos no arroio. Porém, este material
era demandado por moradores próximos e assim, provavelmente, em algumas
precipitações mais intensas não foi verificado o registro do material por ter sido
retirado pela população ainda durante o curso do resíduo dentro do riacho. Deste
modo, se requeria cuidado especial com seu acondicionamento para que os
morados não o carregassem após sua retirada dos cestos coletores. Para evitar
prejuízo à pesquisa, logo após a retirada da estrutura eram quantificados e em caso
de terem sido levados, havia ocorrida a contagem do número de pneus
encontrados e assim, na medição eram adicionados. Em função de ser levados pela
população e do peso do resíduo que necessitava de precipitações mais intensas
para ser arrastado, fora encontrado em apenas duas precipitações.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
Eventos
Precipitação (mm) .
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Eventos
Massa do RSD (Kg) .
Precipitação (mm) Massa do RSD (Kg)
Figura 36 - Relação precipitação e classificação preto B (pneus e borrachas).
80
Na figura 37 é apresentada as relações entre precipitação e resíduos
perigosos. Na figura 38 são abordados os resíduos ambulatoriais, serviços de saúde
e animais mortos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
Eventos
Precipitação (mm) .
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
Eventos
Massa do RSD (Kg) .
Precipitação (mm) Massa do RSD (Kg)
Figura 37 - Relação precipitação e classificação laranja (resíduos perigosos).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
Eventos
Precipitação (mm) .
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Eventos
Massa do RSD (Kg) .
Precipitação (mm) Massa do RSD (Kg)
Figura 38 - Relação precipitação e classificação branca (animais mortos).
Os materiais quantificados são resíduos jogados pela população ribeirinha,
sendo que fora encontrado um saco com remédios nos dias 22 e 23 de junho de
2009 (8º evento), contendo várias cartelas com comprimidos intactos e, na
classificação branca foi recolhido um saco com animais mortos no dia 18 de maio de
2009 (6º evento) e nos demais eventos também houve ocorrência de animais
mortos, mas em menor quantidade.
81
A figura 39 demonstra a relação entre precipitação e madeira processada.
Esta classe de resíduo, apesar de ser considerado material orgânico, foi jogada no
rio pela população, ao contrário da classe anterior que ocorreu por meio de processo
natural. Por ser um material não usual, sendo utilizado de forma eventual, não
uma relação direta entre a precipitação pluviométrica e a massa deste resíduo.
0
20
40
60
80
100
120
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º
Eventos
Precipitação (mm) .
0
20
40
60
80
100
120
Eventos
Massa do RSU (Kg) .
Precipitação (mm) Massa do RSD (Kg)
Figura 39 - Relação precipitação e classificação preto A (madeira processada).
Pode-se concluir que os resíduos sólidos urbanos mais leves são facilmente
carregados pela precipitação até o arroio. uma relação entre quantificação e
precipitação na maioria dos materiais analisados. Enquanto que, materiais pesados
como pneus, foram constatados em precipitações maiores.
82
5.3 Modelagem de previsão de RSD
5.3.1 Curva de previsão de RSD
Na tabela 6 têm-se os dados de precipitação e RSD totais quantificados em
cada um dos eventos pluviosos registrados. Este dados foram posteriormente
utilizados para geração de equação econométrica com o uso de planilha Excel.
Tabela 6 - Total de RSD e precipitação por evento pluvioso
Data dos eventos Precipitação (mm)
Variável independente (X)
Total de resíduos (kg)
Variável dependente (Y)
10/04/08
7 26
12/04/08
16 120
13/04/08
21 155
26/04 a 02/05/08
72 386
12 e 13/05/09
33 296
18/05/09
8 167
30/05/09
47 281
08/06/09
5 61
22 e 23/06/09
53 503
21/07/09
29 227
A figura 40 apresenta a curva da produção total de resíduos sólidos gerados
em função da precipitação ocorrida, onde, a partir desta curva, resulta a função y =
5,8978x + 50,659 que corresponde a relação entre a precipitação e o arraste de
resíduos sólidos no arroio Esperança. A interpretação da equação foi realizada da
seguinte maneira: se X (precipitação) aumentar em 1 mm, Y(RSD) aumentará em
5,8978 kg e com o uso do coeficiente de correlação r
2
obtêm-se a proporção de
variação total da variável dependente Y que é explicada pela variação da variável
independente X, ou seja, os valores de Resíduos Sólidos Drenados RSD são
explicados em 78,64% pela variação da precipitação.
83
y = 5,8978x + 50,659
R
2
= 0,7864
0
100
200
300
400
500
600
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Precipitão (mm)
Total de RSD (kg) .
Eventos quantificados
Figura 40 - Curva de resíduos sólidos carreados em função da precipitação.
Brites e Gastaldini (2005) asseguram que o transporte de resíduos sólidos
denota tendência crescente com o aumento do volume do escoamento superficial,
no entanto, o transporte de resíduos deve considerar também a intensidade xima
de precipitação, volume escoado e disponibilidade de resíduos sobre a superfície da
bacia.
As águas das precipitações transportam para a rede de drenagem urbana os
sólidos totais dispostos sob a forma de resíduos sólidos ou sedimentos. A estimativa
destes lidos depende das fontes de carga, da capacidade de transporte para o
sistema de drenagem e da capacidade de armazenamento do sistema (NEVES,
2006).
5.3.2 Aplicação da curva de previsão de RSD em estimativa anual
Na tabela 7 é mostrada uma simulação da quantidade de RSD mensal
durante um ano que podeser carreada pelas precipitações e que pode obstruir os
bueiros e interferir no fluxo normal do riacho, além de causar um aspecto visual
desagradável, procriação de vetores de doenças e do odor provocado com o
84
acúmulo de resíduos. Neste quadro tem-se o total mensal de resíduos sólidos do
período de Agosto de 2006 a Julho de 2007 estimado a partir da equação resultante
da curva de produção gerada com os resultados das coletas realizadas no arroio
Esperança, onde o total carreado, no período de um ano, correspondeu a 9.880Kg
com uma precipitação total para o período de 1.572mm. O período estimado de
resíduos sólidos acumulados fora escolhido, levando em consideração simulação
realizada no mesmo local e período, porém metodologia de estimativa diferente,
para posterior comparação dos resultados encontrados nas duas pesquisas.
Tabela 7 - Estimativa da quantidade de resíduos sólidos gerado no período de
um ano, correspondente aos meses de Agosto de 2006 a Julho de
2007.
Precipitação (mm) RSD (Kg)
Mês e Ano
X Y
agosto-06 75,6 496,53
setembro-06 154,2 960,10
outubro-06 208,9 1.282,71
novembro-06 134,6 844,50
dezembro-06 84,2 547,25
janeiro-07 163,9 1017,31
fevereiro-07 145,2 907,02
março-07 173,6 1.074,52
abril-07 122 770,19
maio-07 102,8 656,95
junho-07 131,6 826,81
julho-07 75,6 496,53
Total 1.572,2 9.880,43
Na figura 41, são apresentadas imagens à jusante 100m do ponto de coleta e
quantificação dos resíduos da presente pesquisa, onde pode ser observado que o
riacho é canalizado, ficando esse resíduo depositado na entrada dos bueiros. A
primeira imagem foi obtida após a limpeza para construção da estrutura de medição
de vazão do tipo calha Parshall presente no local, pois os resíduos obstruíam a
passagem da água, interferindo no fluxo do arroio, vindo a causar represamento e
inundações no local. A segunda imagem mostra que, um ano após a limpeza e
desobstrução dos bueiros, a situação se repete.
85
Figura 41 - Bueiro a jusante da estação de monitoramento, em situação antes e
depois de um ano da limpeza.
Com base nas informações de Silveira et al. (2007) em relação ao total de
volume de resíduos acumulados nos bueiros durante o período de agosto de 2006 a
julho de 2007, elaborou uma estimativa da carga de resíduos carreados pelo arroio
no bueiro a jusante da estação de monitoramento da Bacia Escola Urbana, usando
como variáveis as dimensões de frente dos bueiros: 5,10 x 2,20 x 4,00 (m) = 44,88
m3 que, conforme o Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos,
considera que 1m3 de resíduos sólidos equivale a 250 kg/m3. Com isto, por meio da
multiplicação dos dados (44,88m3 x 250Kg/m3), se obtêm a quantidade total de
11.220Kg de resíduos lidos drenados que foram carreados até a frente dos
bueiros no período de um ano.
Com isto, pode-se comparar os dados deste trabalho e de Silveira et al.
(2007) e validar a curva de previsão de RSD (y = 5,8978x + 50,659) pois, foi
encontrado um total de aproximadamente 10.000kg de resíduos sólidos drenados
para o período, sendo um valor aproximado ao encontrado pelo outro autor, no total
aproximado de 11.000kg. Esta diferença de cerca de 1.000kg pode ser atribuída ao
motivo de que, antes da limpeza do local em 31 de junho de 2006, o arroio estava
represado devido ao acumulo nos bueiros, impedindo o fluxo natural do riacho, que
represava o arroio à montante do depósito irregular do lixo. Com este represamento,
os resíduos acumulados ao longo do leito do riacho não eram carreados com as
precipitações. Após a limpeza, a primeira precipitação possivelmente carreou os
resíduos até os bueiros e resultou em um acréscimo de RSD. Deste modo, a
86
metodologia deste trabalho se difere porque considera a quantidade de resíduos em
função da precipitação, ao contrário de Silveira et al. (2007), que considerou apenas
o volume de RSD depositado em frente aos bueiros, não considerando os resíduos
depositados ao longo do leito de drenagem do riacho.
Conforme Tucci (2007), o material sólido reduz a capacidade de escoamento,
obstrui as detenções urbanas e cria problemas ambientais, a falta de limpeza no
sistema de drenagem e projetos inadequados causam problemas de escoamento.
5.4 Contribuição da intensidade de precipitação na produção de RSD
Por meio do monitoramento realizado em microbacia urbana de Santa Maria
levantou-se dados da intensidade e freqüência de precipitações entre 2008 a 2009
(Tabela 8) e elaborou-se uma comparação com os resíduos sólidos carreados até o
local.
Tabela 8 - Dados relativos à intensidade, precipitação e RSD por evento.
Eventos
Precipitação
(mm) Intensidades máximas (mm/h)
Picos de
chuva
Duração do evento
(Hrs)
RSD
(kg)
7 2 1 10 26
16 10,8 1 4 120
21 13,4 1 14 154,5
71,5 14,2 / 7,4 / 7,4 / 8,4 4 120 (5 dias) 385,5
33 11,2 / 9,2 2 43 296,2
8,3 6,6 1 3 166,7
47 5,8 / 4,5 / 2,4 / 3,8 / 4,4 / 7,4 / 2,8 7 19 280,7
4,7 3 1 4 60,6
53 7 / 8,4 / 10 3 30 503
10º 29 12,2 1 5 227
87
A primeira coleta foi realizada no dia 10 de abril de 2008, após uma
precipitação de 7mm, que arrastou pouco RSD, apenas os que permaneciam no
leito do curso normal do riacho devido ao pequeno aumento da vazão e em razão da
intensidade de apenas 2mm durante 25 minutos de precipitação. O evento ocorreu
em 10 horas arrastando um total de 26Kg de RSD (Figura 42).
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (Hrs)
Precipitação (mm) .
0
5
10
15
20
25
RSD (Kg) .
Intensidade RSD
Figura 42 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD.
A segunda coleta ocorreu dia 12 de abril de 2008 após uma precipitação total
de 16mm em 4 horas, sendo que destes, 10,8mm ocorreu em 1 hora, apresentando
um maior arraste de RSD, 120 Kg devido ao pico de precipitação ocorrido (Figura
43).
0
2
4
6
8
10
12
1 2 3 4 5
Tempo (Hrs)
Precipitação (mm) .
0
20
40
60
80
100
120
RSD (Kg) .
Intensidade RSD
Figura 43 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD.
88
Na terceira coleta, no dia 13 de abril de 2008, apresentou precipitação total de
21mm em 14 horas, sendo que cerca de 64% desta precipitação ocorreu em 3
horas, atingindo uma intensidade de 13,4mm/h, arrastando 154,5 Kg de RSD, dentre
estes 6 Kg de pneus (preto B), que necessitam de uma velocidade e vazão maiores
para serem veiculados (Figura 44).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tempo (Hrs)
Precipitação (mm) .
0
20
40
60
80
100
120
140
160
RSD (Kg) .
Intensidade RSD
Figura 44 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD.
A primeira, segunda e terceira amostragens anteriormente descritas foram
coletados e quantificadas separadamente, porém elas representam um único evento
de precipitação (Figura 45).
0
2
4
6
8
10
12
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 61 66 71 76 81 86 91
Tempo (Hrs)
Precipitação (mm) .
0
50
100
150
200
250
300
RSD (Kg) .
Intensidade RSD
Figura 45 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD
quantificados para a 1ª, 2ª e 3ª coletas.
89
Pode-se observar que, na primeira coleta obteve-se pouca precipitação e
pouco arraste de RSD. na segunda coleta houve uma precipitação que
apresentou uma intensidade máxima de 10,8mm/h e um arraste considerável de
RSD. Na terceira coleta verificou-se três picos de precipitação pluviométrica, sendo a
maior intensidade 9,6mm/h ocorrendo um grande arraste de RSD.
Ao analisar as três coletas em conjunto tem-se um total de 300 Kg de RSD
para uma precipitação de 44mm. Portanto, as coletas são mecanismos de
comparação de eficiência dos resultados encontrados para a quantificação por
eventos pluviosos isolados, como é discutido na seqüência (4ª, 5ª, 6ª, 7ª, 8ª, 9ª e 10ª
campanhas), onde se tem um arraste no início do evento de materiais mais leves,
aumentando a massa desses materiais conforme aumenta a duração do evento e
intensidade da precipitação.
No evento (Figura 46), ocorrido nos dias 26 de abril a 2 de maio de 2008,
houve precipitação total de 71,5mm em 5 dias. O início do evento apresentou um
pico de precipitação com intensidade de 14,2 mm/h e outros 3 picos em seqüência
dois dias depois com 7,4 mm/h, 7,4mm/h e 8,4 mm/h, respectivamente perfazendo
um total de 4 picos de precipitação para 385,5Kg de RSD quantificados.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
1 9 17 25 33 41 49 57 65 73 81 89 97 105 113 121 129 137 145 153 161 169
Tempo (Hrs)
Precipitação (mm) .
0
50
100
150
200
250
300
350
400
RSD (Kg) .
Intensidade RSD
Figura 46 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD.
90
O quinto evento (Figura 47), ocorrido nos dias 12 e 13 de maio de 2009,
registrou precipitação total de 33mm, apresentando no início precipitações fracas e
no final do evento 2 picos de precipitação com intensidade de 11,2 e 9,2 mm/h,
sendo arrastado um total de 296,2Kg de RSD.
0
2
4
6
8
10
12
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43
Tempo (Hrs)
Precipitação (mm) .
0
50
100
150
200
250
300
RSD (Kg) .
Intensidade RSD
Figura 47 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD.
No evento (Figura 48), ocorrido no dia 18 de maio de 2009, a precipitação
total foi de 8,3mm, sendo que destes 6,6mm precipitou em 2 horas, arrastando um
total de 166,7Kg de RSD. Esta quantificação está relacionada ao evento anterior, em
que a precipitação de maior intensidade ocorreu no final do evento, fazendo com
que alguns RSD não alcançassem a armadilha coletora, ficando nas margens e no
próprio leito à montante ao riacho. Então, a precipitação deste evento concluiu o
possível carregamento dos RSD depositados pelas águas do evento
pluviométrico.
0
1
2
3
4
5
1 2 3
Tempo (Hrs)
Precipitação (mm) .
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
RSD (Kg) .
Intensidade RSD
Figura 48 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD.
91
No sétimo evento (Figura 49), ocorrido no dia 30 de maio de 2009, tem-se
uma precipitação total de 47mm, com duração de 19 horas, sendo que foram mais
relevantes 7 horas consecutivas de precipitação entre 2,4 e 7,4mm, onde este último
precipitou em uma hora, ocasionando um pico de precipitação com intensidade de
7,4mm/h, justificando assim os 280,7Kg de RSD quantificados.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Tempo (Hrs)
Precipitação (mm) .
0
50
100
150
200
250
300
RSD (Kg) .
Intensidade RSD
Figura 49 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD.
No 8º evento (Figura 50), realizado no dia 9 de junho de 2009, ocorreu
precipitação total de 4,7mm e seguiu a gica do evento, com quantificação total
de 60,6Kg de RSD.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1 2 3 4
Tempo (Hrs)
Precipitação (mm) .
0
10
20
30
40
50
60
70
RSD (Kg) .
Intensidade RSD
Figura 50 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD.
92
No 9º evento (Figura 51), ocorrido nos dias 22 e 23 de junho de 2009, ocorreu
um total de precipitação de 53mm, distribuídos durante 2 dias, apresentando 3 picos
de precipitação com intensidade de 7,0 , 8,4 e 10 mm/h, sendo que as duas últimas
intensidades foram registradas em seqüência.
0
2
4
6
8
10
12
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Tempo (Hrs)
Precipitação (mm) .
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
RSD (Kg) .
Intensidade RSD
Figura 51 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD.
Dos 53mm precipitados no evento 25,4mm, ou seja, metade da precipitação
ocorreu em 3 horas, ocasionando um arraste de 503Kg de RSU. Esta quantidade de
resíduo ficou um pouco afastado da linha de tendência do gráfico, porém pode ser
justificado pela intensidade da precipitação em que registrou um dos picos (7mm/h)
no primeiro dia de precipitação e outros 2 picos (8,4 e 10mm/h) em duas horas no
dia seguinte, fazendo o arraste de materiais pesados como os 34,5Kg de pneus
(preto B) e uma maior quantidade de materiais leves, como os 82Kg de plástico
(vermelho). Também deve ser considerada a época antecedente ao inverno, em que
a vegetação caducifólia perde as folhas, aumentando a quantia de matéria orgânica
na classe orgânica (marrom B), em um total de 338,5Kg de RSD quantificados.
93
O 10º e último evento analisado (Figura 52), que foi obtido no dia 22 de julho
de 2009, foi realizado para confirmação das interferências naturais no evento
anterior (9º evento). Em uma precipitação total de 29mm ocorrida em 5 horas,
registrou um pico de precipitação com intensidade de 12,2mm/h e um total de 227Kg
de RSD quantificados.
0
2
4
6
8
10
12
14
1 2 3 4 5 6
Tempo (Hrs)
Precipitação (mm) .
0
50
100
150
200
250
RSD (Kg) .
Intensidade RSD
Figura 52 - Intensidade precipitada por evento pluviométrico e total de RSD.
Pelos resultados analisados, pode-se inferir que a quantidade de resíduos
que foram drenados no arroio Esperança tem relação direta com a intensidade das
precipitações e o tempo de duração de cada evento pluviométrico.
94
6 CONCLUSÕES
Em relação à estrutura de monitoramento:
Em relação à estrutura de coleta dos RSD, esta se mostrou satisfatória às
necessidades do projeto, porém, foi constatado ser necessário quatro operadores
para a remoção das gaiolas até a área de secagem dos resíduos sólidos.
Também foi verificado que durante intensa precipitação grande quantidade de
resíduos sólidos foram prensados nos cestos coletores e nas telas laterais, o que
impedia o fluxo d’água e causava inundação dos terrenos próximos à estrutura
montada. Isto requereu atenção constante da equipe durante intensas precipitações
e confirmou a hipótese testada de que a intensidade de precipitações possui relação
direta com a concentração total de RSD.
Em relação ao monitoramento:
A importância da qualificação e quantificação dos resíduos sólidos nas redes
de drenagem está relacionada ao elevado risco que eles contemplam ao causar
danos ambientais devido a apresentar elevadas concentrações de poluentes. Assim,
trabalhos desta natureza são desenvolvidos para gerar informações de apoio à
proposição de medidas de controle adequadas para evitar estes danos em uma
etapa posterior do processo de gestão.
Em relação ao monitoramento, concluiu-se que a presença de plástico no
arroio Esperança é um grande obstáculo para os gestores municipais devido ao
grande consumo deste pela população, pois, devido à sua impermeabilidade, este
obstrui as estruturas de drenagem, além de apresentar um aspecto degradante ao
local e do material demorar um longo período para decomposição natural.
O material isopor foi verificado em grande quantidade em alguns eventos,
apesar da pouca massa quantificada por ser um material leve.
A matéria orgânica em grande quantidade é devido às intempéries naturais da
microbacia, a qual possui vegetação de grande porte ao longo de seu percurso, ao
95
corte indiscriminado da vegetação ao longo do arroio pela população ribeirinha e
também se deve às estações do ano. A madeira processada obteve o percentual de
6% e isto é devido ao descarte do material pela população urbana do local.
metais e vidros obtiveram um baixo percentual, assim como os papéis. A classe
“outros” apresentou um percentual de 6% diante de curiosidades como calçados,
fraldas descartáveis e guarda-chuvas. Ademais, considerável quantidade de animais
mortos foi detectada.
É importante salientar a parcela total de materiais potencialmente recicláveis,
27%, que foram descartados no leito do riacho. Isto denota significativa ausência de
consciência ambiental. Apesar da disseminação de informações acerca da
reciclagem de materiais, ainda uma grande falta de comprometimento e hábitos
pela população.
Em relação à curva de previsão de RSD:
A modelagem abordada no trabalho tem como objetivo propor aos gestores
municipais um parâmetro para tomada de decisão verificando se suas ações são
eficientes diante do destino de RSU que a população vem efetuando.
Em relação à aplicação da curva de previsão de RSD em estimativa anual:
A simulação demonstrou que, caso não haja nenhuma ação para impedir o
acúmulo de resíduos no arroio por evento pluvioso, cada ano será carreado um total
de aproximadamente 10.000kg de resíduos na bacia urbana analisada.
Em relação a aspectos gerais:
Por fim, a infra-estrutura precária na coleta de resíduos sólidos urbanos,
assim como no seu acondicionamento e destino final associados à falta de um
efetivo programa de educação ambiental refletem nos resultados auferidos a grande
quantidade de RSD disposto em microbacia urbana do município.
96
Estes resultados obtidos servem como apoio para tomada de decisão de
gestores municipais que devem reestruturar sua política ambiental de forma
integrada e priorizar a educação e mudança de valores e comportamento da
população. Deste modo, deve-se dar continuidade ao trabalho desenvolvido
aproveitando o engajamento da população que percebeu a importância deste e
iniciar atividades pela própria Prefeitura Municipal de Santa Maria que deve
introduzir em sua gestão a relevância da conservação ambiental e, disseminar esta
importância para seus cidadãos promovendo a educação ambiental.
97
7 RECOMENDAÇÕES
Recomenda-se que:
O transbordo (Figura 53) deve ter um rebaixamento de aproximadamente 15
cm, o que possibilitará evitar o represamento da água à montante pela
obstrução provocada pelos resíduos coletados.
Figura 53 - Local onde deve haver o rebaixamento da tela.
Deve haver uma legislação adequada para prever a devolução do material
isopor presente de forma significativa na microbacia em decorrência do
consumo de equipamentos novos que usualmente são embalados e envoltos
por este material. As empresas que vendem os materiais embalados e
protegidos por isopor deveriam receber este resíduo no ato da entrega do
produto ao consumidor, removendo-o da embalagem e retornando-o para o
produtor primário que deve ser incumbido de oferecer um destino adequado
ou sua reutilização em outros produtos.
Os gestores municipais devem prosseguir este trabalho, pois, a população
das margens do arroio Esperança observou que, por meio do trabalho
Transbordo
98
realizado, ocorriam menos danos à região, sendo que, quando não havia a
estrutura de monitoramento, constantemente durante as precipitações
ocorriam inundações no local devido ao entupimento da canalização
localizada jusante à estrutura de monitoramento. Já com a retenção dos
resíduos para quantificação e qualificação que foi elaborada pelo trabalho,
estes problemas foram minimizados e apesar de no início o RSD ser
represado na grade e inundar seus terrenos, os efeitos eram menores que em
curso normal da água. Também é importante ressaltar que isto fora corrigido
durante o projeto e não ocorreram novas inundações motivadas pela
estrutura. Assim, a população se conscientizou da importância deste projeto e
informou que solicitava constantemente à população à montante do riacho
para não dispor seus resíduos sólidos de forma inadequada na microbacia
pois, a mesma verificou que sacolas de lixo inteiras eram jogadas na bacia. É
importante manter a constância do trabalho para evitar problemas mais
graves e mudanças de políticas e prioridades devem ocorrer primeiramente
na gestão municipal que deve promover significativas melhorias pois, Santa
Maria não dispõe de uma coleta, transporte e disposição de resíduos
eficiente, o que resulta no acúmulo de RSD observado. E em seguida, deve-
se trabalhar a educação ambiental junto à população.
Explorar mais detalhadamente em projetos futuros as relações entre os dados
de Contribuição da intensidade de precipitação na produção de RSD, através
de monitoramentos e ajuste da curva de previsão de RSD para que considere
a intensidade de chuva de cada evento pluviométrico.
99
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Universidade Federal de Minas Gerais, 1996. 243 f.
111
9 APÊNDICES
112
APÊNDICE 1 - Planilhas de monitoramento realizado a campo
113
Classe Inorgânica
Classe Orgânica
Vermelho Amarelo
Verde A
Verde B
Azul Preto B
Laranja
Branca
Outros
Marrom
A
Marrom
B
Preto A
Peso (Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
DATA
4,00 2,00 2,00 15,00 3,00
DA
PRECIPITAÇÃO
10/4/2008
Total ( Kg)
4,00 0,00 0,00 2,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,00 0,00 15,00 3,00
Percentagem (%)
15,38 0,00 0,00 7,69 0,00 0,00 0,00 0,00 7,69 0,00 57,69 11,54
Total por vento
(Kg)
26,00
Precipitação (mm)
7
Retirada
11/04 à
Tarde
Separação
16/04 à
Tarde
114
Classe Inorgânica
Classe Orgânica
Vermelho Amarelo
Verde A
Verde B
Azul Preto B
Laranja
Branca
Outros
Marrom
A
Marrom
B
Preto A
Peso (Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
DATA
11,00 0,50 0,50 7,50 0,50 8,00 29,50 10,00
DA
PRECIPITAÇÃO
15,00
12/4/2008
22,50
15,00
Total ( Kg)
11,00 0,50 0,50 7,50 0,50 0,00 0,00 0,00 8,00 0,00 82,00 10,00
Percentagem (%)
9,17 0,42 0,42 6,25 0,42 0,00 0,00 0,00 6,67 0,00 68,33 8,33
Total por vento
(Kg)
120,00
Obs.
Precipitação (mm)
16
Retirada
12/04 à
Tarde
Separação
16/04 à
Tarde
115
Classe Inorgânica
Classe Orgânica
Vermelho Amarelo
Verde A
Verde B
Azul Preto B
Laranja
Branca
Outros
Marrom
A
Marrom
B
Preto A
Peso (Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
DATA
13,50 1,00 1,00 0,50 6,00 7,50 26,00 18,50
DA
PRECIPITAÇÃO
22,00
13/4/2008
40,50
18,00
Total ( Kg)
13,50 1,00 1,00 0,50 0,00 6,00 0,00 0,00 7,50 0,00 106,50 18,50
Percentagem (%)
8,74 0,65 0,65 0,32 0,00 3,88 0,00 0,00 4,85 0,00 68,93 11,97
Total por vento
(Kg)
154,50
Obs.
Precipitação (mm)
21
Retirada
14/04 à
Tarde
Separação
16/04 à
Tarde
116
Classe Inorgânica
Classe Orgânica
Vermelho Amarelo
Verde A
Verde B
Azul Preto B
Laranja
Branca Outros Marrom A Marrom B
Preto A
Peso (Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg) Peso (Kg) Peso (Kg)
Peso
(Kg)
DATA
19,00 6,00 3,50 3,00 5,00 2,00 20,50 34,50 42,00
DA
PRECIPITAÇÃO
18,50 21,50 23,50
26/4 a 02/5/2008
2,50 13,00 22,00
5,00 14,00
22,00
25,50
27,00
15,50
40,00
Total ( Kg)
45,00 6,00 3,50 3,00 5,00 0,00 0,00 2,00 55,00 0,00 224,00 42,00
Percentagem (%)
11,67 1,56 0,91 0,78 1,30 0,00 0,00 0,52 14,27 0,00 58,11 10,89
Total por vento
(Kg) 385,50
Obs: capturado um monitor e um teclado de computador e um aparelho televisor totalizando 20Kg
que foram
Precipitação (mm)
72
classificados em OUTROS, além de guarda-chuvas, calçados e enorme quantidade de fraldas
descartáveis.
Retirada
05/05 à Tarde
Separação
8 e 9/05 M/T
117
Classe Inorgânica
Classe Orgânica
Vermelho Amarelo
Verde A
Verde B
Azul Preto B
Laranja
Branca
Outros
Marrom
A
Marrom
B
Preto A
Peso (Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
DATA
15,00 1,50 0,10 0,10 2,10 0,20 7,50 42,50
DA
PRECIPITAÇÃO
4,40 1,50 8,50 38,50
12 e 13/5/2009
29,20 34,90
29,90
26,90
29,50
23,90
Total ( Kg)
48,60 1,50 0,10 0,10 3,60 0,20 16,00 226,10
Percentagem (%)
16,40 0,50 0,03 0,03 1,20 0,07 5,40 76,40
Total por vento
(Kg)
296,20
OBS: Do total de 16 Kg na classificação outros 8,5 Kg eram fraldas descartáveis.
Precipitação (mm)
33
Retirada
14/05 à
Tarde
Separação
18/05
Manhã
118
Classe Inorgânica
Classe Orgânica
Vermelho Amarelo
Verde A
Verde B
Azul Preto B
Laranja
Branca
Outros
Marrom
A
Marrom
B
Preto A
Peso (Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
DATA
5,0 0,5 0,7 3,0 5,0 12,0 5,5 15,0 15,0
DA
PRECIPITAÇÃO
3,0 2,0 7,0 7,0
18 e 19/5/2009
5,0 21,0
8,0 15,5
1,0 18,0
17,5
Total ( Kg)
22,0 0,5 0,7 3,0 5,0 12,0 7,5 94,0 22,0
Percentagem (%)
13,2 0,3 0,4 1,8 3,0 7,2 4,5 56,4 13,2
Total por vento
(Kg)
166,7
OBS: Do total de 7,5 Kg na classificação outros, 2 Kg eram de fraldas descartáveis.
Precipitação (mm)
8
Retirada
19/05 à
Tarde
Separação
20/05 à
Tarde
119
Classe Inorgânica
Classe Orgânica
Vermelho Amarelo
Verde A
Verde B
Azul Preto B
Laranja
Branca
Outros
Marrom
A
Marrom
B
Preto A
Peso (Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
DATA
4,0 1,0 5,0 2,0 9,0 28,5 12,0
DA
PRECIPITAÇÃO
7,5 0,5 34,5
29 e 30/5/2009
5,5 26,5
13,5 27,5
5,5 23,0
8,5 30,5
4,0 32,5
Total ( Kg)
48,5 1,0 5,0 2,0 9,5 203,0 12,0
Percentagem (%)
17,2 0,4 2,0 0,8 3,4 72,0 4,4
Total por vento
(Kg)
281,0
Precipitação (mm)
47
Retirada
01/06
Manhã
Separação
03/05
Manhã
120
Classe Inorgânica
Classe Orgânica
Vermelho Amarelo
Verde A
Verde B
Azul Preto B
Laranja
Branca
Outros
Marrom
A
Marrom
B
Preto A
Peso (Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
DATA
6,00 0,20 0,50 6,00 14,50 2,00
DA
PRECIPITAÇÃO
15,20
8/6/2009
6,20
10,00
Total ( Kg)
6,00 0,20 0,50 6,00 45,90 2,00
Percentagem (%)
10,00 0,30 0,80 10,00 76,00 3,30
Total por vento
(Kg)
60,60
Precipitação (mm)
4,6
Retirada
09/06 à
Tarde
Separação
10/06 à
Tarde
121
Classe Inorgânica
Classe Orgânica
Vermelho Amarelo
Verde A
Verde B
Azul Preto B
Laranja
Branca
Outros
Marrom
A
Marrom
B
Preto A
Peso (Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
DATA
18,5 0,5 1,0 6,0 1,0 30,0 0,5 9,0 21,0 14,5
DA
PRECIPITAÇÃO
15,0 0,5 2,0 1,0 4,5 10,0 16,0
22 e 23/6/2009
16,0 2,0 28,5
20,5 17,0
12,0 170,0
66,0
20,0
Total ( Kg)
82,0 1,0 1,0 10,0 2,0 34,5 0,5 19,0 338,5 14,5
Percentagem (%)
16,3 0,2 0,2 2,0 0,4 6,9 0,1 3,8 67,3 2,9
Total por vento
(Kg)
503,0
Precipitação (mm)
53
Retirada
25/06 à
tarde
Separação
29/06
manhã
122
Classe Inorgânica
Classe Orgânica
Vermelho Amarelo
Verde A
Verde B
Azul Preto B
Laranja
Branca
Outros
Marrom
A
Marrom
B
Preto A
Peso (Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
Peso
(Kg)
DATA
25,0 1,0 7,0 5,0 1,0 10,0 21,0 7,0
DA
PRECIPITAÇÃO
1,0 27,5
21/7/2009
26,0
23,5
24,0
26,0
30,0
Total ( Kg)
25,0 1,0 7,0 6,0 1,0 10,0 170,0 7,0
Percentagem (%)
11,0 0,4 3,0 2,6 0,4 4,4 75,0 3,0
Total por vento
(Kg)
227,0
Precipitação (mm)
24
Retirada
24/07 à
tarde
Separação
27/07 à
tarde
123
10 ANEXOS
124
ANEXO 1 - Sub-bacias e micro-bacias do arroio Cadena – Santa Maria – RS
125
ANEXO 2 - Dados meteorológicos de intensidade horária de precipitação
pluviométrica da estação automática do 8º DISME de Santa Maria-
RS, fornecido pelo INMET
126
Dia 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 00:00
1 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 2,6 0,2 0 0 0 0 0 0
2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,8 0
3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
4 0 0 0 0 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5 0 0 0 0 0 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
7 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
8 0 0 0 0 0 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
10 0 0 0 0,6 0,2 0,4 2 0,2 1,4 0,8 0,8 1,4 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
11 0 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,8
12 10,8 1,2 0,4 0,6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
13 0 0 0 0 0 0 0 1,2 0 1 6,8 9,6 5,8 2,6 3,4 2,4 0,6 0,4 0,2 0,2 0,2 0 0 0
14 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
15 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
16 0 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
17 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
19 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
20 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
21 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,4 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
22 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
23 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
24 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
25 0 0 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
26 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 14,2 2,8 0,6 0 0 0 0 0 0,6 0,4 0 0 0
27 0 0 0 0 0 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
28 0 0 0 0,8 0 0 0 0 0 0 1,4 0 7,4 7,4 1,4 8,8 1,6 1,6 0 0 0 0 0 0
29 0 0 0 0 0 0 3,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
ESTAÇÃO AUTOMÁTICA DE SANTA MARIA/RS - ABRIL/2008
PRECIPITAÇÃO TOTAL HORÁRIA (mm)
127
Dia 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 00:00
1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
2 0 0 0 0 0 0 0,6 0 0,4 0,4 1 2 3,4 3,8 1,8 1,8 2,2 0,6 1,2 0,6 0,6 2,8 1,2 0,6
3 0,2 0,2 0,2 0 0,2 0,2 0,6 0,6 0,4 0 0,2 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
4 0 0 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2,4 0 0 0 0 0 0 0
6 0 0 0 0 0,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
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ESTAÇÃO AUTOMÁTICA DE SANTA MARIA/RS - MAIO/2008
PRECIPITAÇÃO TOTAL HORÁRIA (mm)
128
Dia 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 00:00
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ESTAÇÃO AUTOMÁTICA DE SANTA MARIA/RS - MAIO/2009
PRECIPITAÇÃO TOTAL HORÁRIO (mm)
129
Dia 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 00:00
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PRECIPITAÇÃO TOTAL HORÁRIA (mm)
ESTAÇÃO AUTOMÁTICA DE SANTA MARIA/RS - JUNHO/2009
130
Dia 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 00:00
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PRECIPITAÇÃO TOTAL HORÁRIA (mm)
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