Resumo
BAZAN, R. Aspectos clínicos e evolutivos da forma racemosa da
neurocisticercose. 121f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, Universidade São Paulo, Ribeirão Preto, 2010.
Este estudo avaliou, de maneira retrospectiva, 36 pacientes portadores da
forma racemosa da neurocisticercose. Foram analisadas as apresentações
clínico-evolutivas incluindo líquido cefalorraquidiano (LCR), neuroimagem e
tratamento. Dezesseis pacientes eram mulheres e 20 homens; 77,8% moravam
na zona urbana, a maioria com ensino fundamental. Associações de formas
clínicas estiveram presentes em 94,4% dos pacientes, hipertensão
intracraniana, 75%, meningite, 72,2%, epilepsia, 61,1%, cefaléia, 50% e outras
síndromes clínicas (cerebelares, vasculites, depressão e mielorradicuolopatia),
11,1%. Das síndromes clínicas, houve predomínio de cefaléia no grupo
feminino. Apresentaram na admissão, exame neurológico normal 38,9%,
alterações na fundoscopia 33,3% e anormalidades em sistema motor e/ou tono
22,2%. Evolutivamente, o exame neurológico foi normal em 55,6% e anormal
em 44,4% (19,4%, alterações cerebelares, 11,1%, fundoscópicas). Houve
13,9% de casos com a forma psiquiátrica da doença. Na análise do LCR, um
paciente apresentou exame normal, em 26 pacientes evidenciou-se um padrão
de meningite com predomínio linfocítico e em nove, o exame não foi realizado.
Houve presença de eosinofilorraquia em 30% e o teste ELISA teve
sensibilidade de 80%. Na neuroimagem observaram-se lesões em cisternas do
tronco encefálico em 86,1%, cisternas da base 52,8%, fissuras Silvianas
41,7%, coróideas 25%, inter-hemisférica 14%, sulcos frontais 2,8% e lesões em
topografia extramedular em 11,1%; 66,7% dos pacientes tiveram associações
de topografias. Em 75% dos pacientes houve associação com lesões
intraparenquimatosas, com predomínio de lesões calcificadas e em 41,7%,
combinação com lesões ventriculares, principalmente no quarto ventrículo. Em
25% dos pacientes houve tratamento exclusivamente clínico, exclusivamente
cirúrgico em 30,6%, clínico-cirúrgico em 36,1% e nenhum tratamento em 8,3%.
Receberam corticosteróide 77,8% dos pacientes. Fizeram uso do albendazol
como cisticida 95,4% e dos que foram submetidos ao tratamento cirúrgico, em
23 pacientes houve interposição de derivação ventrículo peritoneal (95,8%).
Como principais complicações observaram-se: ventriculite (8,3%), aracnoidite
(30,6%), infecção do cateter de derivação (16,7%), córtico-dependência
(11,1%) e meningite bacteriana após procedimento cirúrgico (8,3%). Evoluíram
favoravelmente 33,3% dos pacientes, desses, 66,7% eram mulheres e 33,3%
homens. Tiveram desfecho considerado desfavorável 66,7%; 11,11%
evoluíram para óbito (todos homens) e 55,6% apresentaram melhora parcial ou
sequela; desses, 60% eram homens. A causa dos óbitos foi atribuída à
hipertensão intracraniana.
Palavras-chave: neurocisticercose, forma racemosa, neuroimagem, líquido
cefalorraquídeo, teste ELISA para cisticercose, hipertensão intracraniana,
meningite, derivação ventricular.