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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
MARDOQUEU MARTINS DA COSTA
Desenvolvimento de um sistema por
imagem de fluorescência óptica para uso
médico-odontológico
São Carlos
2010
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MARDOQUEU MARTINS DA COSTA
Desenvolvimento de um sistema por imagem de fluorescência óptica para uso
médico-odontológico
São Carlos
2010
Dissertação apresentada a Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade
de São Paulo, para obtenção do Título de
Mestre em Engenharia Elétrica
Área de Concentração: Processamento de
Sinais e Instrumentação
Orientadora: Profa. Dra. Liliane Ventura
Folha de aprovação
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho principalmente aos meus pais e meus irmãos que
sempre me apoiaram durante o desenvolvimento deste trabalho. Sem vocês não
conseguiria chegar até aqui. Muito Obrigado a vocês.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Luis Gabriel da Costa e Ana Maria Martins da Costa, pelo apoio
incondicional, desde a graduação até o presente momento, em meu mestrado. Sei que sem
vocês não estaria aqui, e não seria a pessoa que sou hoje. Obrigado meus pais, por herdar
de vocês a paciência, e a persistência que um trabalho destes exige. Obrigado meus pais
por tudo o que fizeram por mim e o que ainda irão fazer. Obrigado pelo amor que me
deram. Amo muito vocês.
Aos meus irmãos Micael e Miguel também pelo apoio que me deram. Obrigado por vocês
serem meus irmãos e estarem presentes em minha vida. Amo muito vocês.
A minha namorada, Adriana também pelo apoio e paciência durante toda a graduação e no
mestrado. Amo muito você minha querida.
Ao professor Vanderlei Bagnato, pelo apoio e confiança em meu trabalho. Por perceber meu
amadurecimento e perseverança durantes esses 5 anos de trabalho em conjunto.
A Cristina Kurachi por me orientar e pelos “puxões de orelha”, que às vezes preciso, desde
quando iniciei meus trabalhos no laboratório de biofotônica
A minha orientadora Liliane, pela gentileza que me fez, ao aceitar ser minha orientadora e
pela paciência que teve durante esta fase de minha vida.
A equipe da Dra. Ana Gabriela Salvio pelo apoio na realização dos experimentos no hospital
Amaral Carvalho. Obrigado Dra. Gabriela, Beatriz, Valentina.
Aos grandes companheiros do laboratório de biofotônica que me ajudaram diretamente e
indiretamente em meu trabalho. Tenho que agradecer muito a vocês, Natalia (“Vou ti
contar”), Carla (“Mobileti acelerada”), Everton (botinho), Dirceu (Boizão), Emery (Merezinho -
Grande companheiro), Rosane (Rô), Juliana (Ju), Gustavo (Gaúcho), Gustavo (Grilinho),
Sebastião (Tatu), Jeison (Magrelo), Lilian (Lili), Alessandra (Alê), Maristela (Mari), Fernando
(Florez), Paula (Paulinha), Ruy, Daniel Malta, Raquel, Jussaira e Dennis.
Ao pessoal do LIEPO que sempre me deram grande ajuda quando se tratava de eletrônica.
Obrigado João, Denis, Leandro, Zé e Daniel.
Ao pessoal do LAT que sempre forneceram matérias de eletrônica e me auxiliaram.
Obrigado Orlando, Ezequiel, Igor, Alezandre, Leila, Valter e Henrique.
Ao pessoal da oficina mecânica, que me ajudaram no desenvolvimento de peças. Obrigado
Evaldo, Leandro e Gilberto.
Ao pessoal da secretaria do grupo de óptica por estarem sempre dispostos a ajudar.
Obrigado Isabel, Bene e Juliano.
Ao pessoal da secretaria da pós-graduação da EESC por estarem sempre dispostos a
ajudar. Obrigado Jussara e Marisa.
Ao CNPq pelo suporte financeiro na forma de bolsa, sem esta não seria possível
desenvolver meu trabalho.
A FAPESP pelo suporte financeiro de projetos financiados no grupo de óptica, onde realizei
grande parte deste trabalho.
A MM Optics pelo suporte no desenvolvimento da parte mecânica deste projeto.
FELICIDADE REALISTA
A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote
louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a gente
esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a
piscina olímpica e uma temporada num SPA cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... Não basta termos alguém com quem
podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar
pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente
apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes
inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo
selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que da ver
tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais
realista. Ter um parceiro constante pode ou o ser sinal de felicidade. Você pode
ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem
nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-
próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo.
Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir
seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, e com este pouco que vai
tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de
humor, um pouco de e um pouco de criatividade. Ser feliz de uma forma realista e
fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas,
trabalhar sem almejar o estrelado, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio:
hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar dentro o que nos
mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um
jogo onde quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas
ingênuas desta tal competitividade. Se a meta esta alta demais, reduza-a. Se você
não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que
for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade e um sentimento
simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua
simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e
provoca inquietado no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo,
mas não felicidade.
Mário Quintana
RESUMO
COSTA, M.M. (2010) Desenvolvimento de um sistema por imagem de
fluorescência óptica para uso médico-odontológico. 96f. Dissertação (Mestrado)
- Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos,
2010.
A cnica de fluorescência óptica tem sido aplicada em diversas áreas médicas,
como no acompanhamento da degradação de drogas e na detecção de câncer, por
apresentar alta sensibilidade, simplicidade e rapidez na obtenção de dados. A
avaliação não-invasiva e não-destrutiva é um grande atrativo que esta técnica
oferece para o diagnóstico clínico. Assim, o objetivo deste projeto consistiu no
desenvolvimento de um sistema de fluorescência óptica por imagem de campo
amplo e avaliação do sistema no monitoramento da fotodegradação da
Protoporfirina XI, utilizada na Terapia Fotodinâmica (TFD), e na visualização da
presença de microrganismos presentes na microbiota bucal. O sistema desenvolvido
é constituído de um sistema óptico, mecânico, eletrônico e de detecção. O sistema
óptico é composto por LEDs de alta intensidade, com emissão centrada em 405nm e
450nm e 3 filtros ópticos: 1. passa-banda: utilizado na excitação; 2. dicróico; e 3.
passa-alta: utilizados para excitação e emissão da fluorescência. O sistema
mecânico foi desenvolvido em alumínio, possuindo as funções de dissipação de
calor do sistema de iluminação e estrutural. O sistema eletrônico possui a função de
controle e fornecimento de energia ao sistema de iluminação. O sistema de
detecção é composto por uma câmera CCD e fotográfica, acoplada ao sistema de
fluorescência desenvolvido. Um dos principais fatores para obtenção de bons sinais
de fluorescência é a potência óptica obtida no sistema de iluminação, que neste
caso foi de 200 mW. Outro fator é o comprimento de onda da iluminação; neste
sistema foi obtida uma banda de iluminação muito eficaz entre 390 nm e 460 nm. O
sistema de filtros proporcionou um sinal de fluorescência bastante satisfatório, bem
como um bom contraste na visualização das imagens de fluorescência. Com este
sistema foi possível acompanhar a fotodegradação da Protoporfirina IX, em função
do tempo de iluminação durante a TFD. Proporcionou-se, assim, uma nova
ferramenta para o avanço na avaliação da dosimetria da TFD, podendo otimizar e
personalizar a TFD para cada paciente, que o sistema desenvolvido permite a
visualização da presença do agente fotossensível na terapia. Outra contribuição
relevante do trabalho alcançada foi a visualização da presença de microrganismos
da microbiota bucal, já que estes são os grandes responsáveis pelas doenças
bucais como é o caso da cárie dental. Desta forma, conclui-se que foi possível
desenvolver um sistema para auxílio da dosimetria na TFD e na visualização de
microrganismos presentes na microbiota bucal. O sistema desenvolvido se mostrou
compacto, agregando iluminação e visualização, tornando-o num protótipo com
interface para uso clínico. O protótipo foi testado em pacientes para a visualização
da microbiota bucal, tratamento de pré-câncer de pele e de vulva.
Palavras-chave: Imagem de fluorescência, Fotodegradação, Protoporfirina IX,
Câncer de pele, Biofilme bucal
ABSTRACT
COSTA, M.M. (2010) Development of an Optical Fluorescence Imaging system
for medical use. 96f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2010.
Optical fluorescence has been applied to several medical areas, as to monitor drug
degradation and cancer detection, due to its high sensitivity, simplicity and fast
response. Non-invasive and non-destructive assessment of tissues using this
technique is very attractive for clinical diagnosis. Hence, the aim of was the
development of an optical fluorescence wide-field imaging system, and the
evaluation of its performance on monitoring protoporphyrin IX (PpIX) during
Photodynamic Therapy (PDT), and one visualization of microrganisms present in oral
microbiota. The developed device is composed by optical, mechanical, electronic,
and detection systems. Optical system is composed by high-intensity light-emitting
diodes (LED), with emission centered at 405 nm and 450 nm, and 3 optical filters: a
bandpass filter for excitation; and set of dichroic and long wave pass filter, for
fluorescence excitation and emission. The mechanical system was built in aluminum
for structural and ilumination systems heat dissipation. The electronic system
provides the control of the illumination system. The detection system is composed by
a CCD and a conventional didgital camera, coupled to the developed device. One of
the main factors for good fluorescence signals is the achieved optical power in our
case, it was of 200 mW. Another factor is excitation wavelength; for this system, a
very efficient illumination band was achieved between 390-460 nm. The optical filters
allowed a very satisfying fluorescence signal, with good contrast for fluorescence
images visualization. The developed system enabled the monitoring of PpIX
photobleaching as a function of illumination time during PDT. Therefore, a new tool to
improve PDT dosimetry is offered by the use this system, allowing a more
customized dosimetry each patient, since the device allows visualization of the
photosensitive agent during the therapy. Visualization of oral microrganisms was also
achieved, which was another relevant contribution of the developed instrumentation
because they are the main cause of oral diseases such as caries. Thus the
development of a system to both improve PDT dosimetry and oral microrganisms
visualization was achieved as a compact device, joining illumination and
visualization. These characteristics shows a good interface for clinical use. The
prototype was tested in patients for oral microbiota visualization, and skin/vulva pre-
cancer lesions treatment.
Keywords: Fluorescence imaging, Photobleaching, Protoporphyrin IX, Skin cancer,
Oral biofilm
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Sistema de imagens multiespectrais de fluorescência e
refletância ............................................................................... 26
Figura 2 - Sistema VELscope ................................................................. 27
Figura 3 - Sistema QLF .......................................................................... 28
Figura 4 - Diagrama simplificado de Jablonski mecanismo básico de
fluorescência ..........................................................................
29
Figura 5 - Esquema hipotético de níveis de energia mostrando os
processos de absorção e de fluorescência e os
correspondentes espectros .................................................... 30
Figura 6 - Espectros de absorção (A) e de emissão (B) de algumas
biomoléculas .......................................................................... 32
Figura 7 - Espectro da lâmpada de vapor de mercúrio .......................... 34
Figura 8 - Espectro da lâmpada de xenônio ........................................... 35
Figura 9 - Espectros das lâmpadas de mercúrio e de metal-halóide ..... 36
Figura 10 -
Espectros de emissão de LEDs comerciais ........................... 37
Figura 11 -
Esquema do arranjo típico de filtros utilizados para detecção
de fluorescência .....................................................................
38
Figura 12 -
Espectro de transmissão dos filtros ópticos utilizados em
fluorescência ..........................................................................
38
Figura 13 -
Espectro do LED ultravioleta EDEV-3LA1 ............................ 43
Figura 14 -
Dimensões do LED EDEV-3LA1 ........................................... 43
Figura 15 -
Espectro do LED azul LD W5AP-3V8A-35 ............................ 45
Figura 16 -
Dimensões do LED azul LD W5AP-3V8A-35 ......................... 45
Figura 17 -
Disposição dos filtros ópticos do sistema .............................. 47
Figura 18 -
Filtro passa-banda largura de banda de 65nm centrada em
420nm ....................................................................................
47
Figura 19 -
Espectro de transmissão do filtro passa-banda (420nm) ....... 48
Figura 20 -
Filtro dicróico reflete a iluminação de 390nm 460nm e
transmite a banda de emissão de fluorescência da amostra . 49
Figura 21 -
Espectro de transmissão do filtro dicróico ............................. 49
Figura 22 -
Filtro anti-reflexo ..................................................................... 50
Figura 23 -
Espectro de transmissão do filtro anti-reflexo ........................ 51
Figura 24 -
Filtro passa-alto ..................................................................... 51
Figura 25 -
Espectro de transmissão do filtro passa-alto ........................ 52
Figura 26 -
Espectro de transmissão dos filtros utilizados ....................... 53
Figura 27 -
Esquema de lente retirado do catálogo da Polimer Optics .... 53
Figura 28 -
Esquema e desenhos do refletor ........................................... 54
Figura 29 -
Lente e refletor utilizados no sistema de iluminação .............. 54
Figura 30 -
Arranjo de lentes e refletor ..................................................... 55
Figura 31 -
Montagem da óptica em bancada .......................................... 56
Figura 32 -
Projeto mecânico do sistema ................................................. 57
Figura 33 -
Projeto do sistema final (mecânica e ótica) ............................ 58
Figura 34 -
Sistema de dissipação de calor .............................................. 59
Figura 35 -
Eletrônica desenvolvida para o sistema de fluorescência ..... 60
Figura 36 -
Caixa de controle do sistema de iluminação .......................... 61
Figura 37 -
Câmera CCD para aquisição de imagens .............................. 62
Figura 38 -
Câmera fotográfica SONY H50 .............................................. 62
Figura 39 -
Acoplamento da câmera com o sistema ................................ 63
Figura 40 -
Sistema principal .................................................................... 64
Figura 41 -
Sistema de fluorescência com aquisição de imagens ............ 65
Figura 42 -
LEDs utilizados para compor o espectro da lâmpada ............ 66
Figura 43 -
Espectro de transmissão do filtro utilizado no sistema de
iluminação .............................................................................. 66
Figura 44 -
Espectro obtido com a composição de dois LEDs. A LEDs
com intensidades diferentes; B LEDs com mesma
intensidade ............................................................................. 67
Figura 45 -
Região de interesse para sistemas de fluorescência ............ 67
Figura 46 -
Sistema de iluminação: (a) Vista frontal (b) Vista lateral; (c e
d) Vista superior; Diversas vistas da iluminação .................... 68
Figura 47 -
Medidor de potência óptica ................................................... 69
Figura 48 -
Imagem de fluorescência do Photogem (vermelho) e
Riboflavina (verde)................................................................. 70
Figura 49 -
Imagem de fluorescência de bactérias .................................. 71
Figura 50 -
Aparelho de tratamento de Queratose Actínica Kerato PDT
................................................................................................ 73
Figura 51 -
Imagens de fotodegradação da PpIX em função do tempo
Sem processamento .............................................................. 76
Figura 52 -
Imagens de fotodegradação da PpIX em função do tempo
Com processamento .............................................................. 77
Figura 53 -
Gráfico de fotodegradação da PpIX em função do tempo de
irradiação ................................................................................ 78
Figura 54 -
Imagens de fluorescência – Antes do inicio do tratamento .... 79
Figura 55 -
Imagens de fluorescência No inicio do tratamento 0
minutos ................................................................................... 79
Figura 56 -
Imagens de fluorescência No final do tratamento 40
minutos ................................................................................... 80
Figura 57 -
Gráfico comparativo – Com e sem linha de base .................. 81
Figura 58 -
Sistema de tratamento do HPV .............................................. 84
Figura 59 -
Fotodegradação da PpIX – sem processamento ................... 86
Figura 60 -
Fotodegradação da PpIX – Imagens processadas ................ 87
Figura 61 -
Gráfico de fotodegradação da PpIX em função do tempo de
irradiação ............................................................................... 88
Figura 62 -
Dentes com colonização de bactérias ................................... 90
Figura 63 -
Língua com colonização de bactérias .................................... 90
Figura 64 -
Imagem de diferenciação de materiais através de
fluorescência – A- imagem com iluminação branca e B
imagem de fluorescência ....................................................... 91
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Principais características do LED EDEV-3LA1 ....................................... 44
Tabela 2 – Principais características do LED azul LD W5AP-3V8A-35 .................... 46
Tabela 3 – Valores de potência óptica do sistema de iluminação ............................ 69
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 23
1.1 A FLUORESCÊNCIA DE TECIDOS BIOLÓGICOS ............................................ 28
1.2 IMAGENS DE FLUORESCÊNCIA ...................................................................... 31
1.2.1 Iluminação utilizada em fluorescência ......................................................... 33
1.2.1.1 Lâmpadas ...................................................................................................... 34
1.2.1.2 LEDs .............................................................................................................. 36
1.2.2 Filtros utilizados em imagens de fluorescência .......................................... 37
1.3 APLICAÇÕES DE IMAGENS DE FLUORESCÊNCIA ......................................... 40
2 OBJETIVO ............................................................................................................. 42
3 MATERIAL E MÉTODO ......................................................................................... 42
3.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA ................................................................................ 42
3.1.1 Óptica .............................................................................................................. 42
3.1.1.1 Sistema de Iluminação por LEDs .................................................................. 42
3.1.1.2 Filtros ............................................................................................................. 46
3.1.1.3 Lentes ............................................................................................................ 53
3.1.1.4 Montagem da óptica em bancada ................................................................. 56
3.1.2 Mecânica ......................................................................................................... 57
3.1.2.1 Parte estrutural .............................................................................................. 57
3.1.2.2 Dissipação ..................................................................................................... 58
3.1.3 Eletrônica ........................................................................................................ 59
3.1.3 Aquisição das imagens .................................................................................. 61
3.2 SISTEMA COMO UM TODO ............................................................................... 63
3.2.1 Sistema principal ............................................................................................ 63
3.2.2 Sistema principal com aquisição de imagens ............................................. 64
3.3 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA .................................................................... 65
3.3.1 Iluminação ...................................................................................................... 65
3.3.2 Potência óptica .............................................................................................. 68
3.3.3 Teste do sistema de imagem ........................................................................ 70
4 RESULTADOS ...................................................................................................... 72
4.1 FOTODEGRADAÇÃO DA PROTOPORFIRINA IX-QUERATOSE ACTÍNICA .... 72
4.1.1 Material e método .......................................................................................... 72
4.1.2 Resultados e discussão ................................................................................ 75
4.1.3 Conclusão ...................................................................................................... 82
4.2 FOTODEGRADAÇÃO DA PROTOPORFIRINA IX – HPV .................................. 82
4.2.1 Material e método .......................................................................................... 82
4.2.2 Resultados e discussão ................................................................................ 85
4.2.3 Conclusão ...................................................................................................... 89
4.3 VISUALIZAÇÃO DE COLONIAS MICROBIANAS ORAIS .................................. 89
5 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO .............................................................................. 91
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 93
23
1 INTRODUÇÃO
O câncer é geralmente definido como um crescimento irregular e
desordenado das células que têm o seu material genético modificado e que podem
sofrer mutações desencadeadas por processos externos como substâncias
químicas, tabagismo e radiação (1).
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) o câncer é um dos
principais fatores que levam a população mundial a óbito e que provocou a morte de
7,4 milhões de mortes em 2004 e que estes números continuarão crescendo
chegando a 12 milhões de pessoas em 2012. Dentre os tipos de câncer de maior
freqüência entre homens e mulheres são possíveis de destacar o de pulmão (1,3
milhões de mortes / ano), estômago (803 000 óbitos), colo e reto (639 000 óbitos),
fígado (610 000 óbitos) e mama (519 000 óbitos). Entre os homens os tipos de
câncer de maior freqüência são os de pulmão, estômago, fígado, cólon e reto,
esôfago e próstata e entre as mulheres são o de mama, pulmão, estômago, cólon e
reto e cervical (2,3).
Para o Brasil, segundo estimativas levantadas pelo INCA (Instituto Nacional
de Câncer) em 2010, o câncer terá uma incidência de quase meio milhão de
pessoas onde entre os homens, o de maior freqüência seo de próstata, seguido
pelo pulmão, estômago e cólon e reto. Entre as mulheres, o de maior freqüência
será o de mama, seguido pelo colo do útero, cólon e reto, estômago e pulmão (4).
O Brasil é um país populoso e com grande dimensão, localizado próximo da
linha do equador onde a incidência solar é bastante alta. Como resultado a
população apresenta um alto índice de câncer de pele, o principal tipo na população
brasileira e que acometerá cerca de 113.850 novos casos no ano de 2010, segundo
24
o INCA. Se levarmos em consideração a população mundial este numero
ultrapassou a casa de mais de 2 milhões de casos em 2008 segundo a OMS.
Diante deste grande número de casos de câncer, algumas medidas devem
ser tomadas para redução destes números como ações preventivas e educacionais,
divulgação dos males causados pelo consumo de tabaco, álcool e pela exposição
excessiva ao sol. É necessário também investimentos na área de pesquisa do
câncer para uma detecção mais precoce e o tratamento mais efetivo.
Para o câncer o padrão ouro para o diagnóstico dessas lesões é o resultado
histopatológico. Uma amostra tecidual da lesão é removida (biópsia) e o material é
processado para fixação e coloração para análise em microscopia de luz. As
características celulares e teciduais são avaliadas e o diagnóstico é dado
comparando-se as diferenças com o padrão normal. O procedimento atual de
diagnóstico depende da experiência e habilidade do avaliador no reconhecimento
das alterações decorrentes do processo de carcinogênese, tanto do clínico ou
cirurgião na detecção das lesões, como do patologista ao avaliar as lâminas
histológicas.
As técnicas ópticas para a detecção de neoplasias vêm sendo apresentadas
como técnicas auxiliares para o diagnóstico extremamente atrativas, por
apresentarem o potencial de discriminação tecidual através de uma análise segura,
não-invasiva e com resposta rápida, além de apresentar uma menor influência do
avaliador no resultado final do diagnóstico. A composição bioquímica e a estrutura
influenciam as interações da luz com o tecido biológico, assim um tecido sadio e
uma lesão neoplásica apresentarão características ópticas distintas. Alterações
celulares e teciduais decorrentes do desenvolvimento maligno modificam os
25
fenômenos ópticos e o monitoramento da fluorescência, reflectância, absorbância,
pode constituir uma importante ferramenta de detecção.
Recentemente, técnicas que utilizam fluorescência têm sido propostas como
promissores todos de avaliação de diversos tecidos, com base nas propriedades
ópticas e na sensibilidade dessas técnicas em captar a fluorescência emitida por
fluoróforos endógenos presentes nos tecidos. A avaliação não-invasiva e não-
destrutiva é um grande atrativo que a fluorescência oferece para o diagnóstico
clinico.
A espectroscopia de fluorescência é um exemplo de cnica óptica, que tem
diversas aplicações como, por exemplo, no auxílio de diagnóstico de lesões
neoplásicas em tecidos (5,6), na detecção de tecido dental cariado (7), dentre várias
outras aplicações. Em todas essas aplicações a técnica vem mostrando
sensibilidade suficiente para diferenciar as variações teciduais.
A fluorescência por imagem de campo amplo é outra técnica que apresenta o
potencial de aumentar o poder de discriminação de tecidos, podendo constituir uma
importante ferramenta de detecção de lesões como câncer bucal (8,9). Ao contrário
da espectroscopia que fornece uma análise pontual, as técnicas por imagem de
campo amplo podem contribuir para a detecção de lesões ocultas e para o
delineamento das margens de lesões (10).
Diversos grupos de pesquisa estão investindo na busca de novas técnicas e
no desenvolvimento de equipamentos para o diagnóstico mais fácil e precoce do
câncer, dentre essas técnicas a fluorescência tem um grande potencial de aplicação
para detecção óptica como auxiliar no diagnóstico do câncer [2-14].
Nesta busca por novos equipamentos que utilizam fenômenos ópticos para o
diagnóstico de câncer podemos destacar alguns trabalhos como de D. Roblyer e
26
colaboradores que desenvolveram um sistema de imagens multiespectrais, baseado
em fluorescência e refletância para a detecção e delineamento de neoplasias orais
(11-13). Neste sistema apresentado na Figura 1 é possível obter imagens de
autofluorescência com vários tipos de excitações e que mostrou bastante efetividade
na detecção de lesões neoplásicas.
Figura 1 - Sistema de imagens multiespectrais de fluorescência e refletância (14)
Outro sistema, que possui uma vertente comercial e que foi desenvolvido
pelo British Columbia Cancer Agency e apresentado por P.M. Lane e colaboradores
que também é baseado em fluorescência para a detecção de câncer na cavidade
oral (15-18). O sistema é chamado de VELScope (Visually Enhanced Lesion scope)
que é um dispositivo para exame visual da mucosa oral. O sistema possui uma fonte
de iluminação baseado em uma lâmpada de metal halóide que emite uma banda de
iluminação entre o ultravioleta e azul que excita o tecido da mucosa oral e então o
clínico é capaz de visualizar as diferentes fluorescências, através de filtros, e que
ajuda a diferenciar o tecido normal e anormal. Até o momento este é o único
dispositivo aprovado pelo FDA (U.S. Food and Drug Administration), que é um órgão
regulador e certificador similar a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O sistema VELscope auxilia no diagnóstico de lesões da mucosa bucal que podem
27
não ser aparentes ou visíveis com iluminação branca convencional e que auxilia os
cirurgiões a determinar a margem adequada para a excisão cirúrgica do tumor. As
imagens das lesões utilizando o sistema VELscope geralmente aparecem como uma
área irregular e escura que contrasta com a área saudável cujo o padrão normal de
fluorescência é na região do verde.
Na Figura 2 é mostrado o sistema VELscope e as imagens que são possíveis
de se visualizar com este sistema.
Figura 2 - Sistema VELscope (19)
Outro sistema baseado em fluorescência, agora utilizando para outra
aplicação foi desenvolvido por G. K. Stookey e colaboradores e a empresa Inspektor
Research Systems, o sistema é chamado de QLF (Quantitative Light-Induced
Fluorescence). Este sistema também possui uma fonte de iluminação baseado em
uma lâmpada que emite uma banda de iluminação entre o ultravioleta e azul que
excita, neste caso, o dente, onde o objetivo deste sistema é através de fluorescência
detectar a desmineralização do dente, podendo assim detectar cáries recentes
através de uma diminuição do sinal de fluorescência. Com este sistema também é
possível visualizar biofilme microbiano baseado em sua fluorescência (20-25).
Na Figura 3 é mostrado o sistema QLF e as imagens que são possível de se
visualizar com este sistema.
28
.
Figura 3 - Sistema QLF (26)
Neste trabalho iremos explorar técnicas ópticas com o uso da fluorescência
para diagnóstico e com o objetivo de se desenvolver um sistema que possa coletar
este sinal de fluorescência, assim será necessário compreender o que é o fenômeno
físico de fluorescência e os componentes necessários para a coleta deste fenômeno,
onde os principais itens para este desenvolvimento serão descritos, em maior
detalhe, abaixo.
1.1 A FLUORESCÊNCIA DE TECIDOS BIOLÓGICOS
Todas as técnicas ópticas empregadas para discriminação de tecidos
biológicos o baseadas na avaliação de pelo menos um fenômeno da interação luz
com tecido, um desses casos é a fluorescência. Para se falar de fluorescência é
necessário entender o que acontece quando incidimos luz, neste caso luz visível,
sobre tecidos biológicos.
29
A luz visível, ou seja, a radiação eletromagnética, que corresponde à região
espectral entre 400 e 700nm, possui uma determinada energia. Uma unidade desta
radiação eletromagnética é denominada fóton. Quando a energia do fóton é
suficientemente grande para excitar os elétrons das moléculas dos tecidos
biológicos, para um estado de energia maior que o estado fundamental (absorção de
fótons), o elétron excitado pode perder energia, por emissão espontânea, emitindo
fótons de menor energia até voltar ao estado fundamental (Figura 4). Um exemplo
comum é o caso em que o átomo é excitado por luz ultravioleta e emite fótons de luz
visível. Este processo é chamado de fluorescência (27,28).
Figura 4 - Diagrama simplificado de Jablonski - mecanismo básico de fluorescência (28)
De modo simplificado, a luz com um determinado comprimento de onda
(excitação) é absorvida pelo tecido, e re-emitida em um segundo maior comprimento
de onda (emissão) de menor energia (Figura 5). No processo de fluorescência, a
energia absorvida é sempre maior do que a emitida, uma vez que existem outras
formas não-radiativas de perda de energia, tais como vibração e calor.
30
Figura 5 - Esquema hipotético de níveis de energia mostrando os processos de absorção e de
fluorescência e os correspondentes espectros (28)
A principal característica da fluorescência emitida é que ela depende da
característica eletrônica da molécula que a emitiu, uma vez que depende das
bandas de energia. Assim, a fluorescência pode ser reconhecida como uma
assinatura própria da molécula, podendo ser empregada como uma ferramenta de
identificação de moléculas. Uma vez que cada composto tem uma fluorescência
bem característica (que depende da luz utilizada para promover a excitação), é
possível diferenciá-lo dentre outros compostos.
No caso de tecidos biológicos, a fluorescência, ou seja, a luz re-emitida e
detectada na superfície do tecido é resultante da contribuição de diversos fluoróforos
(grupos químicos que podem converter a luz absorvida em fluorescência), além dos
espalhadores (estruturas que alteram a direção do fóton incidente, mas conservam
sua energia) e absorvedores locais (grupos químicos que absorvem luz e não
produzem fluorescência). O que se observa é uma banda de emissão bastante
31
larga. A fluorescência coletada contém a contribuição de todos os fluoróforos
excitados pelo comprimento de onda escolhido, mas apenas parte dos fótons que
puderam ser coletados na superfície do tecido, e que não foram absorvidos por
outros cromóforos.
1.2 IMAGENS DE FLUORESCÊNCIA
Para o estudo da fluorescência de tecidos biológicos, primeiramente é preciso
conhecer as regiões de absorção destas amostras, que neste trabalho estão
localizadas na região do ultravioleta e azul, ou seja, entre 390nm a 460nm, assim
proporcionando um sinal de fluorescência acima de 480nm.
Na Figura 6 é possível observar o espectro de absorção de algumas
biomoléculas encontradas na região de interesse de 390nm a 460nm. Algumas
dessas biomoléculas são Flavinas, Lipo-Pigmentos e Porfirinas (6).
32
Figura 6 - Espectros de absorção (A) e de emissão (B) de algumas biomoléculas (6)
Diante dos espectros de absorção é escolhida qual será a fonte de iluminação
responsável pela excitação dessas biomoléculas. Para se obter a máximo sinal de
fluorescência dessas amostras, as fontes de iluminação devem ser escolhidas de
maneira que o pico máximo de absorção da amostra seja excitado pelo respectivo
comprimento de onda de máxima absorção.
33
Para a obtenção de imagens de fluorescência existem diversos equipamentos
que podem coletar a fluorescência de amostras microscópicas, que é o caso dos
microscópios de fluorescência e confocal, que são utilizados principalmente na
visualização da fluorescência de células com auxílio de marcadores fluorescentes.
As imagens macroscópicas são obtidas com sistemas de fluorescência de campo
amplo, que são utilizados para visualização de lesão de câncer de pele, câncer
bucal (9,10,29-31), etc.
Sistemas para visualização de fluorescência, seja macroscópico ou
microscópico, são basicamente constituídos por dois sistemas, o sistema de
excitação do material, ou seja, um sistema de iluminação; e um sistema de detecção
associado a filtros, que irá revelar o sinal de fluorescência da amostra. A seguir
serão descritos os principais sistemas de iluminação e de filtros para a visualização
de fluorescência.
1.2.1 Iluminação utilizada em fluorescência
Os sistemas de fluorescência utilizam diversas fontes de iluminação para
excitação das amostras. Estes sistemas geralmente utilizam LASER, Lâmpadas e
LEDs como fonte de excitação. Como nesse estudo estamos interessados em
imagem de campo amplo, optamos pelo uso dos emissores LED para a obtenção de
uma área uniforme de iluminação, adequada para as aplicações propostas. Além
disso, a possibilidade de composição de cores com os diversos LEDs disponíveis no
mercado e o custo comparado aos lasers, tornam os emissores LEDs bastante
atrativos para a montagem do nosso sistema.
34
Para obtermos a banda de iluminação escolhida é necessária a utilização de
lâmpadas ou LEDs, assim serão descritos abaixo as principais lâmpadas e LEDs
utilizados como fonte de iluminação de sistemas de fluorescência.
1.2.1.1 Lâmpadas
1 - Lâmpadas a Vapor de Mercúrio As lâmpadas de vapor de mercúrio são
bastante utilizadas em microscopia de fluorescência e ainda são consideradas umas
das melhores iluminações para esta aplicação, especialmente quando o pico de
absorção dos fluoróforos coincide com as linhas de emissão de maior intensidade
emitidas pela lâmpada de mercúrio.
Na Figura 7 é possível observar o espectro de emissão das lâmpadas a vapor
de mercúrio, bem como os seus picos característicos (32).
Figura 7 - Espectro da lâmpada de vapor de mercúrio(32)
35
2 - Lâmpada de Xenônio – A lâmpada de xenônio possui um largo e continuo
espectro de emissão na região do visível de 400 a 700nm (Figura 8). Esta possui
restritas aplicações, que requerem simultâneas excitações de múltiplos fluoróforos
aplicadas à microscopia de fluorescência (32).
Figura 8 - Espectro da lâmpada de xenônio(32)
3 - Lâmpada de metal-halóide Lâmpadas de metal-halóide estão surgindo
rapidamente como substituição das lâmpadas de mercúrio e xenônio nas aplicações
que envolvem microscopia de fluorescência. Estas exibem um alto desempenho,
quando comparadas às lâmpadas de mercúrio e xenônio.
Na Figura 9 é feita uma comparação entre o espectro de emissão da lâmpada
a vapor de mercúrio, linha cinza, e o espectro de emissão da lâmpada de metal-
halóide, linha verde. Nesta figura é possível observar que ambos os espectros
possuem linhas de emissão bem definidas. Porém, o espectro de emissão da
lâmpada de metal-halóide possui maior intensidade, sendo uma das vantagens
desta comparada à lâmpada a vapor de mercúrio. Outra vantagem é o tempo de
vida útil dessas lâmpadas: o da vapor de mercúrio é de aproximadamente 200 horas
e o da lâmpada de metal-halóide é de 2000 horas.
36
Figura 9 - Espectros das lâmpadas de mercúrio e de metal-halóide (33)
1.2.1.2 LEDs
Diodo Emissor de Luz
A mais promissora tecnologia para iluminação de sistemas de fluorescência
de imagens de campo amplo é o Light-Emitting Diode (LED), ou seja, Diodo Emissor
de Luz. Este versátil dispositivo semicondutor possibilita todas as características de
iluminação de lâmpadas utilizadas em sistemas de fluorescência, com a vantagem
de serem mais eficientes relativamente ao consumo de energia, tamanho muito
reduzido - quando comparado com lâmpadas - e possuem uma vida útil muito longa,
superior a 100.000 horas de uso (34).
37
Figura 10 - Espectros de emissão de LEDs comerciais (35).
1.2.2 Filtros utilizados em imagens de fluorescência
Os instrumentos de imagens de fluorescência devem apresentar filtros ópticos
(18,32). Um típico sistema possui 3 filtros básicos: 1. passa-banda: utilizado na
excitação; 2. dicróico; e 3. passa-alta: utilizado na emissão da fluorescência.
Na Figura 11 é demonstrado o esquema básico do arranjo de filtros utilizado
para detecção de fluorescência.
38
Figura 11 - Esquema do arranjo típico de filtros utilizados para detecção de fluorescência
A escolha dos filtros que irá compor a montagem básica do sistema de
detecção de fluorescência é baseada no espectro de absorção da amostra e no seu
espectro de emissão.
Na Figura 12 é demonstrada, de uma maneira simplificada, como são
sugeridos os espectros de transmissão dos filtros utilizados, levando em
consideração os espectros de absorção e emissão da amostra a ser analisada (36).
Figura 12 - Espectro de transmissão dos filtros ópticos utilizados em fluorescência
39
O filtro sugerido utilizado na excitação é definido pelo pico máximo de
absorção da amostra, como mostrado na Figura 12. Geralmente é utilizado um filtro
passa-banda na excitação, a fim de transmitir apenas os comprimentos de onda de
maior absorção dos fluoróforos da amostra, e refletir ou absorver os demais
comprimentos de onda, que estão fora do pico máximo de absorção, assim
minimizando a excitação de outras fontes de fluorescência que não são de interesse.
O filtro utilizado na emissão ou detecção da fluorescência segue os mesmos
critérios de seleção do filtro de excitação (Figura 12). Tipicamente é utilizado um
filtro passa-alto ou passa-banda, que transmite somente os comprimentos de onda
de emissão, emitidos pelos fluoróforos e bloqueia toda a luz indesejável desta
banda, especialmente a banda de excitação. Um dos fatores da utilização destes
filtros é o espalhamento da luz nos comprimentos de onda empregados na excitação
que é mais intenso do que a fluorescência, assim deve ser removido antes da
detecção.
Os filtros dicróicos, ou beamsplitters, são posicionados a 45º em relação à
iluminação e são escolhidos para refletir os comprimentos de onda da excitação e
transmitir os comprimentos de onda de emissão da amostra. Para que se tenha uma
máxima eficiência com relação à quantidade de luz que chegará a amostra e a
máxima eficiência de fluorescência que será detectada, o espectro de transmissão
do filtro dicróico deverá estar entre o espectro de transmissão do filtro de emissão e
excitação.
40
1.3 APLICAÇÕES DE IMAGENS DE FLUORESCÊNCIA
Sistemas capazes de fazer a detecção de fluorescência são utilizados para as
mais diversas aplicações. Neste trabalho serão exploradas duas aplicações, a fim de
se validar a eficácia clínica do sistema de imagem de fluorescência desenvolvido. A
primeira aplicação é a detecção de fotossensibilizadores na terapia fotodinâmica e a
segunda é a visualização de biofilme microbiano na boca.
A primeira aplicação é relacionada à terapia fotodinâmica (TFD) que emprega
a combinação de luz visível com um agente fotossensível, gerando espécies
citotóxicas as células (37). Esta técnica tem sido utilizada em diversos tipos de
tratamentos como na infecção genital por Papilomavírus humano (HPV), infecções
locais bacterianas e câncer de pele (38,39). No entanto é necessário melhorar a
instrumentação e o protocolo clínico para aprimorar o desenvolvimento desta
técnica.
Um dos agentes utilizados na TFD é o ácido 5-aminolevulínico (5 - ALA), que
é precursor na biossíntese da Protoporfirina XI que é o agente fotossensível (40). A
eficácia da TFD é dependente da concentração e da profundidade da Protoporfirina
XI no tecido. Assim surge a necessidade da verificação da presença e do
acompanhamento da formação da Protoporfirina XI no tecido, assim como de sua
fotodegradação durante a TFD, que é uma importante informação para a dosimetria.
A segunda aplicação é relacionada à visualização de biofilme em superfície
dental, está diretamente relacionado a problemas de saúde como cárie e doença
periodontal.
Pesquisas na área odontológica têm constatado que os biofilmes orais são
comunidades microbianas com uma grande diversidade de bactérias (41).
41
Recentemente, estudos vêm demonstrando uma relação entre a saúde bucal
precária e doenças sistêmicas devido a alguns componentes da microbiota bucal
(41,42). Estes componentes podem ser tanto patógenos periodontais, quanto
bactérias oportunistas, que também colonizam o biofilme. O biofilme pode ser
evidenciado quando da utilização de parâmetros adequados de iluminação e
visualização, facilitando a identificação e o monitoramento do controle microbiano
pelo profissional clínico.
Diante destes dois problemas foi proposto, neste trabalho, o desenvolvimento
de um sistema portátil, que facilite tanto a visualização da fluorescência da
protoporfirina IX durante o tratamento por TFD, quanto à visualização da
fluorescência da microbiota bucal. No entanto, é importante ressaltar que, o
equipamento desenvolvido pode ser empregado em outras aplicações como na
detecção de ncer de pele e ncer de boca onde estas aplicações serão
exploradas em trabalhos futuros.
O acompanhamento da formação e da degradação da Protoporfirina XI
promoverá a otimização do tempo de início e fim da iluminação necessário na TFD
promovendo um tratamento mais eficaz. A melhor visualização da microbiota bucal
poderá reduzir o número de problemas de saúde relacionados com os
microrganismos presentes na microbiota bucal.
42
2 OBJETIVO
O principal objetivo deste projeto é o desenvolvimento de um sistema de
fluorescência óptica por imagem de campo amplo.
Os objetivos secundários envolvem a avaliação do sistema no monitoramento
da degradação da Protoporfirina XI utilizada na TFD e a visualização da presença de
microrganismos presentes na microbiota bucal.
3 MATERIAL E MÉTODO
3.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA
O projeto consistiu de quatro partes principais, descritas em detalhes a seguir:
Óptica, Mecânica, Eletrônica e Aquisição de imagens.
3.1.1 Óptica
3.1.1.1 Sistema de Iluminação por LEDs
Para o desenvolvimento do sistema de iluminação, e que este atendesse a
banda de absorção de interesse, que é de 390nm a 460nm, foram utilizados dois
tipos de LEDs de alta intensidade. A escolha dos LEDs para serem utilizados como
fonte de iluminação foi feita pelas vantagens que os LEDs possuem, em relação às
lâmpadas: alta intensidade óptica, dispositivos muito compactos e vida útil longa.
43
O primeiro LED utilizado é fabricado pela EDISON, empresa Taiwandesa com
distribuidores no Brasil. Na Figura 13 é mostrado o espectro do LED ultravioleta
modelo EDEV-3LA1, este espectro foi obtido utilizando um espectrômetro USB 2000
(Ocean Optics, USA).
350 400 450 500 550 600 650 700 750
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
Intensidade (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
Figura 13 - Espectro do LED ultravioleta EDEV-3LA1
Na Figura 14 é possível observar as dimensões do LED ultravioleta utilizado.
Figura 14 - Dimensões do LED EDEV-3LA1 (43)
44
As principais características do LED ultravioleta estão demonstradas na
Tabela 1 (44).
Para o desenvolvimento deste sistema as principais características levadas
em consideração na escolha deste LED foram o comprimento de onda centrado em
405nm e potência radiométrica de 350 mW.
Tabela 1 - Principais características do LED EDEV-3LA1
Parâmetros Valores Unidades
Corrente 700 mA
Tensão 4,3 V
Temperatura de operação -30 ~ +110 °C
Temperatura de junção 125 °C
Potência Radiométrica 350 mW
Comprimento de onda (pico) 405 nm
Ângulo de emissão 140 graus
O segundo LED utilizado é fabricado pela OSRAM, empresa America com
distribuidores no Brasil. Na Figura 42 é mostrado o espectro do LED azul modelo LD
W5AP-3V8A-35, este espectro foi obtido utilizando um espectrômetro USB 2000
(Ocean Optics, USA).
45
350 400 450 500 550 600 650 700 750
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
Intensidade (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
Figura 15 - Espectro do LED azul LD W5AP-3V8A-35
Na Figura 43 é possível observar as dimensões do LED azul utilizado.
Figura 16 - Dimensões do LED azul LD W5AP-3V8A-35 (45)
As principais características do LED azul estão demonstradas na Tabela 2
(45). Para o desenvolvimento deste sistema as principais características levadas em
46
consideração na escolha deste LED foram o comprimento de onda centrado em
450nm e potência radiométrica de 1250 mW.
Tabela 2 - Principais características do LED azul LD W5AP-3V8A-35
Parâmetros Valores Unidades
Corrente 1,4 A
Tensão 3,5 V
Temperatura de operação -40 ~ +150 °C
Temperatura de junção 160 °C
Potência Radiométrica 1250 mW
Comprimento de onda (pico) 450 nm
Ângulo de emissão 140 graus
3.1.1.2 Filtros
Para o desenvolvimento deste sistema foi necessária a utilização de quatro
filtros ópticos, relacionados a seguir, com o objetivo de se obter a melhor
visualização das imagens de fluorescência de interesse. O arranjo dos filtros está
ilustrado na Figura 17.
47
Figura 17 - Disposição dos filtros ópticos do sistema
1 - Filtro Passa-banda (Single-band Bandpass Filter)
O primeiro filtro utilizado foi o filtro passa-banda (Figura 18), que possui as
dimensões de 25mm de diâmetro e 3mm de espessura. Este filtro foi personalizado
e produzido pela empresa Proteon (Empresa nacional) para atender a esta
determinada aplicação.
Figura 18 - Filtro passa-banda - largura de banda de 65nm centrada em 420nm.
48
Este filtro possui uma largura de banda de 65nm centrada em 420nm onde é
transmitindo apenas a banda de interesse da iluminação de 390nm a 460nm. Na
Figura 19 é mostrado o espectro de transmissão do filtro passa-banda. Este
espectro e dos demais filtros foram obtidos através de um espectrofotômetro modelo
CARY 50 UV-VIS (Varian, USA).
350 400 450 500 550 600 650 700 750
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Transmissão (%)
Comprimento de onda (nm)
Figura 19 - Espectro de transmissão do filtro passa-banda (420nm).
A utilização do filtro passa-banda se fez necessário devido ao fato do LED
450 possuir uma banda relativamente larga, acima de 460nm. Assim, se este filtro
não fosse utilizado o sinal de fluorescência da amostra seria mascarado pela
iluminação do LED 450, o que prejudicaria na qualidade das imagens obtidas.
2 - Filtro Dicróico (45° Dichroic Beamsplitters)
O segundo filtro utilizado foi o filtro dicróico (Figura 20) que possui as
dimensões de 25mm de altura, 35mm de largura e 1mm de espessura. Este filtro foi
49
personalizado e produzido pela empresa Semrock (USA), para atender a esta
determinada aplicação.
Figura 20 - Filtro dicróico – reflete a iluminação de 390nm - 460nm e transmite a banda de
emissão de fluorescência da amostra
O espectro de transmissão do filtro dicróico é mostrado na Figura 21. Este
filtro é utilizado para refletir a iluminação de 390nm a 460nm e transmitir a banda de
emissão de fluorescência da amostra.
350 400 450 500 550 600 650 700 750
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Transmissão (%)
Comprimento de onda (nm)
Figura 21 - Espectro de transmissão do filtro dicróico
O filtro dicróico foi projetado de maneira a transmitir as bandas de 480-560nm
e 625nm – 800nm e refletir as bandas de 350nm – 460nm e 560nm-625nm.
50
O principal objetivo de o filtro dicróico possuir estas determinadas
características de transmissão se deve ao fato da fluorescência de interesse estar
localizada nas bandas de 480-560nm, ou seja, fluorescência no verde; e na banda
de 625nm 800nm, fluorescência no vermelho. Em relação à reflexão do filtro, o
interesse na banda de 350nm-460nm é a reflexão da luz, que irá excitar a amostra; e
a reflexão da banda de 560nm-625nm se faz necessária, pois esta banda representa
a banda de fluorescência localizada no amarelo, que não é de interesse. Evitando
essa banda é possível ter um maior contraste nas amostras, e obter melhores
imagens de fluorescência.
3 - Filtro Anti-reflexo
O terceiro filtro utilizado foi o filtro anti-reflexo (Figura 22), que possui
dimensões de 25mm de diâmetro e 1mm de espessura. Este filtro produzido pela
empresa Proteon, para atender a esta determinada aplicação.
Figura 22 - Filtro anti-reflexo
Na Figura 23 é possível observar o espectro de transmissão do filtro anti-
reflexo, que possui a característica de transmitir 95% da fluorescência que será
coletada pelo sistema.
51
Este filtro foi utilizado pra proteger os demais filtros da entrada de partículas
no sistema de filtros, pois este estará o mais próximo da amostra analisada.
400 450 500 550 600 650 700 750
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Transmissão (%)
Comprimento de onda (nm)
Figura 23 - Espectro de transmissão do filtro anti-reflexo
4 - Filtro Passa-alto (Long Wave Pass Filters)
O quarto filtro utilizado foi o passa-alto (Figura 24), que possui dimensões de
25 mm de diâmetro e espessura de 2 mm. Este filtro, modelo GG 475 foi produzido
pela empresa Proteon para atender a esta determinada aplicação.
Figura 24 - Filtro passa-alto
52
Na Figura 25 é possível observar o espectro de transmissão do filtro passa-
alto, que possui a característica de absorver a banda de 350nm-475nm e transmitir a
banda de 475nm-800nm, ou seja tem a função de absorver os comprimento de onda
do sistema de iluminação e transmitir apenas a banda de emissão de fluorescência
da amostra.
350 400 450 500 550 600 650 700 750
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Transmissão (%)
Comprimento de onda (nm)
Figura 25 - Espectro de transmissão do filtro passa-alto
Com estes quatro tipos de filtros foi possível obter imagens de fluorescência
com boa eficiência, obtendo-se imagens com boa qualidade e de bom contraste.
Na Figura 26 é possível observar o espectro de transmissão dos filtros passa-
banda, passa-alto e dicróico, cujo conjunto demonstra as características de
transmissão e reflexão, proporcionando um bom sinal de fluorescência.
53
350 400 450 500 550 600 650 700 750
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Trasmissão (%)
Comprimento de onda (nm)
Filtro Passa-banda
Filtro Passa-alto
Filtro Dicróico
Figura 26 - Espectro de transmissão dos filtros utilizados
3.1.1.3 Lentes
O sistema de iluminação é composto por “uma lente” e um refletor. A “lente”
utilizada (Polimer Optics, England) é um conjunto de 7 lentes agrupadas. Na Figura
27 é mostrado um esquema de como estão dispostas estas lentes formando uma
lente única, que possuí a função de focalização dos LEDs azuis.
Figura 27 - Esquema de lente retirado do catálogo da Polimer Optics
54
O refletor utilizado foi gentilmente doado pela empresa brasileira DirectLight
Indústria e Comércio de Produtos Eletroluminescentes Ltda, com sede em São
Carlos. Na Figura 28 é mostrado o desenho esquemático e suas dimensões, e este
possui a função de focalização do LED ultravioleta.
Figura 28 - Esquema e desenhos do refletor
Na Figura 29 são mostrados a lente e o refletor utilizados no sistema de
iluminação.
Figura 29 - Lente e refletor utilizados no sistema de iluminação
55
Para que fosse possível obter uma intensidade de iluminação alta foi
necessário fazer uma combinação de lentes e refletor. Na Figura 30 é mostrada esta
combinação, que consiste na retirada da lente central do conjunto de lentes da
Polimer Optics. No centro das lentes inseriu-se um refletor, pois as lentes da Polimer
Optics são de acrílico e este material absorve uma grande parte da intensidade do
LED ultravioleta.
Uma alternativa para este problema seria a confecção das lentes com outros
materiais que não absorvam na região do ultravioleta, como o quartzo.
Figura 30 - Arranjo de lentes e refletor
Para o sistema de iluminação foi necessária a utilização de seis LEDs azuis,
ao redor de um LED ultravioleta. Esta quantidade de LEDs proporciona um calor
excessivo, pois o LED ultravioleta possui potência elétrica de 3W e o azul, 5 W,
totalizando no sistema 33 W de potência elétrica, em seu máximo de potência
óptica.
56
3.1.1.4 Montagem da óptica em bancada
O desenvolvimento do sistema de imagens de fluorescência passou por uma
etapa fundamental, que foram os testes em bancada ou testes em mesa óptica.
Na Figura 31 é possível visualizar uma das montagens feitas na mesa óptica,
bem como os componentes ópticos utilizados, tais como filtros e lentes.
Na mesa óptica foram realizados diversos testes: potência óptica do sistema
de iluminação; escolha dos filtros a serem utilizados; arranjo espacial dos filtros; e
testes de otimização e dimensionamento, a fim de se compactar o sistema.
Projetou-se, então, a parte estrutural do sistema (parte mecânica do projeto).
Figura 31 - Montagem da óptica em bancada
57
3.1.2 Mecânica
3.1.2.1 Parte estrutural
O projeto mecânico do sistema desenvolvido foi inteiramente projetado no
software SolidWorks (Dassault Systemes S.A., França), que oferece um sistema de
simulação e projeção 3D, facilitando o desenvolvimento e visualização da execução
do projeto.
Depois da simulação, o projeto mecânico foi executado na oficina mecânica
do Instituto de Física da USP de São Carlos.
O desenho 3D do projeto mecânico é apresentado na Figura 32.
Figura 32 - Projeto mecânico do sistema.
Na Figura 33 apresenta o sistema de imagens de fluorescência, partes
mecânicas e óticas.
58
Figura 33 - Projeto do sistema final (mecânica e ótica)
3.1.2.2 Dissipação
O sistema de iluminação possui uma potência elétrica alta, gerando um calor
excessivo e que precisa ser dissipado. Houve a necessidade, então, de se construir
um dissipador de calor, mostrado na Figura 34.
O sistema de dissipação é composto pelo dissipador, feito em alumínio, e um
cooler, que auxilia na troca calor gerado pelo sistema de LEDs.
59
Figura 34 - Sistema de dissipação de calor
3.1.3 Eletrônica
O objetivo do sistema de eletrônica é o controle e ajuste da intensidade
individual de cada conjunto de LEDs, ou seja, fornecer tensão e corrente ao conjunto
de 6 LEDs azuis e um LED ultravioleta separadamente. Isso possibilitará ao usuário
ajustar a intensidade luminosa de cada conjunto de LEDs, a cada determinada
aplicação.
No sistema de iluminação os 6 LEDs azuis foram ligados em série,
necessitando para sua alimentação tensão de 21V e 1,4A de corrente. O LED
ultravioleta requer 4,3V e 0,7A.
Para fornecer estes níveis de tensão e corrente foram utilizadas duas fontes
comerciais (MGS Eletrônica LTDA, Brasil), uma das fontes de 18V e outra de 5V,
ambas com corrente de 3A.
Dissipador
Lente
60
As duas fontes foram ligadas em série, proporcionando 23V e 3A, suficientes
para o sistema de iluminação. Assim, foi possível desenvolver a fonte que faz a
regulagem da corrente, que será fornecida a cada conjunto de LEDs, possibilitando
o controle da intensidade luminosa.
Na Figura 35 é mostrada a eletrônica desenvolvida para o sistema de
fluorescência, onde são destacadas as fontes de alimentação de tensão e corrente.
Figura 35 - Eletrônica desenvolvida para o sistema de fluorescência
Um invólucro final para o protótipo foi confeccionado, para interface com o
usuário – o clínico.
Na Figura 36 é mostrada a caixa onde se encontra a eletrônica do sistema. É
possível observar o controle de intensidade do conjunto de LEDs azuis e LED
ultravioleta.
Fonte 18 V, 3A
Fonte 5 V, 3A
Fonte de Corrente
61
Figura 36 - Caixa de controle do sistema de iluminação
3.1.3 Aquisição das imagens
O sistema de visualização de fluorescência foi idealizado e desenvolvido,
preliminarmente, para operar sem a necessidade de câmera, pois a visualização é
feita através do próprio olho humano. Com a necessidade de registro das imagens
digitalizadas para posterior análise e processamento, foi necessária a utilização de
uma câmera CCD e uma câmera fotográfica acoplada ao sistema desenvolvido.
A mera utilizada é uma câmera USB CCD modelo DBK 31AU03.AS (The
Imaging Source, Alemanha), como mostrado na Figura 37. Esta câmera possui
algumas características como, resolução de 1024x768 pixel, controle do tempo de
exposição de 1ms até 30s e de ganho.
62
Figura 37 - Câmera CCD para aquisição de imagens
A câmera fotográfica utilizada foi uma câmera semi-profissinal Sony Cyber-
shot modelo DSC-H50 (Sony Corporation, Japão) como mostrado na Figura 37. Esta
câmera possui algumas características como, resolução de 3456 x 2592 pixel (9,1
Megapixels) e objetiva Carl Zeiss 31-465mm com zoom óptico de 15x.
Figura 38 - Câmera fotográfica SONY H50
Na Figura 39 é mostrado um desenho esquemático do acoplamento da
câmera CCD com o sistema desenvolvido.
63
Figura 39 - Acoplamento da câmera com o sistema
3.2 SISTEMA COMO UM TODO
3.2.1 Sistema principal
Na Figura 40 é possível visualizar o sistema principal montado com todos os
componentes descritos acima. O sistema principal possui a característica de ser
compacto facilitando seu manuseio.
64
Figura 40 - Sistema principal
3.2.2 Sistema principal com aquisição de imagens
Na Figura 41 é apresentado o sistema de fluorescência em conjunto com a
aquisição de imagens.
65
Figura 41 - Sistema de fluorescência com aquisição de imagens
3.3 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA
3.3.1 Iluminação
Com a utilização destes dois tipos de LEDs (Figura 42) - com comprimento de
onda centrado em 405nm (LED ultravioleta) e 450nm (LED azul) - e o filtro passa-
banda - cujo o espectro de transmissão é mostrado na Figura 43 -, pode-se obter o
espectro da iluminação de interesse do sistema que foi desenvolvido, como
mostrado na Figura 44.
66
350 400 450 500 550 600 650 700 750
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
Intensidade (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
Figura 42 - LEDs utilizados para compor o espectro da lâmpada
350 400 450 500 550 600 650 700 750
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Transmissão (%)
Comprimento de onda (nm)
Figura 43 - Espectro de transmissão do filtro utilizado no sistema de iluminação
67
Figura 44 - Espectro obtido com a composição de dois LEDs. A – LEDs com intensidades
diferentes; B – LEDs com mesma intensidade
Uma das grandes vantagens da utilização de LEDs para se compor espectros
de interesse é a possibilidade de se alterar a intensidade de cada LED de maneira
independente, assim tem-se um resultado com o mesmo espectro de uma lâmpada
como mostrado na Figura 45 (quadrado em vermelho) podendo ainda alterá-lo de
maneira que melhor atenda uma determinada aplicação.
Figura 45 - Região de interesse para sistemas de fluorescência
68
Na Figura 46 são mostrados o sistema de iluminação bem como as
características de iluminação obtidas com a combinação dos LEDs, filtro, lentes e
refletor.
Figura 46 - Sistema de iluminação: (a) Vista frontal (b) Vista lateral; (c e d) Vista superior;
Diversas vistas da iluminação
Na Figura 46 é possível observar uma característica fundamental que um
sistema de iluminação utilizado em fluorescência deve possuir que é a uniformidade.
Esta característica contribui significativamente na qualidade das imagens de
fluorescência.
3.3.2 Potência óptica
Uma das caracterizações necessárias, a este sistema, é a potência
radiométrica ou potência óptica (em mW), fornecida pelos LEDs.
69
Para esta caracterização foi utilizado o medidor de potência modelo
FieldMaster (Coherent, USA) e o sensor térmico modelo LM-10 HTD (Coherent,
USA).
O sensor possui as seguintes características, 16mm de diâmetro, 1mW de
resolução até 10W de potência xima de operação e pode-se medir a faixa de
comprimentos de onda de 250 a 10600nm.
Figura 47 - Medidor de potência óptica
Na Tabela 3 é possível observar os valores obtidos do sistema. Estes valores
são extremamente satisfatórios, pois proporcionam boas imagens de fluorescência.
Tabela 3 - Valores de potência óptica do sistema de iluminação
Conjunto Valores Unidades
LED ultravioleta 50 mW
LED azul 200 mW
Total 250 mW
70
3.3.3 Teste do sistema de imagem
Com o objetivo deste projeto é visualização da PpIX, uma porfirina endógena,
e visualização de colônias microbianas, foram realizadas duas caracterizações de
imagens para validar, através de testes in vitro se o sistema seria capaz de atender
os objetivos propostos.
O primeiro teste é mostrado na Figura 48, onde se observa a imagem de
fluorescência obtida com o sistema. Esta imagem possui dois compostos
misturados, o primeiro é uma porfirina utilizada em TFD - o Photogem -, que pode
ser visualizado pela sua fluorescência na região do vermelho, muito similar a
fluorescência da PpIX. O segundo composto é a vitamina B2 ou Riboflavina,
utilizada nos procedimentos de crosslinking em córneas humanas para a estagnação
do ceratocone. A fluorescência da riboflavina é visualizada ao centro, cuja
fluorescência está situada na região do verde, a qual é bem similar a fluorescência
da pele.
Figura 48 - Imagem de fluorescência do Photogem (vermelho) e Riboflavina (verde)
71
O segundo teste pode ser visualizado na Figura 49. Esta imagem foi obtida a
partir do crescimento de culturas bacterianas em placa de ágar. Na figura é possível
observar algumas bactérias provenientes da região bucal e que foram cultivadas.
Elas possuem fluorescência na região do verde e outras bactérias possuem
fluorescência na região do vermelho.
Na Figura 49 observa-se uma bactéria que possui fluorescência na região do
vermelho, indicando que estas bactérias produzem Protoporfirina IX.
.
Figura 49 - Imagem de fluorescência de bactérias
Com este dois experimentos in vitro foi possível validar o sistema
desenvolvido que as imagens obtidas se mostraram de excelente qualidade e que
possibilitavam diferenciar e evidenciar a fluorescência tanto da PpIX quanto de
bactérias produtoras de PpIX.
72
4 RESULTADOS
As várias aplicações do sistema desenvolvido neste trabalho serão
detalhadamente apresentadas nesta seção.
4.1 FOTODEGRADAÇÃO DA PROTOPORFIRINA IX-QUERATOSE ACTÍNICA
O experimento de fotodegradação da PpIX é uma parceria entre o Instituto de
Física de São Carlos IFSC/USP e a equipe da Dra. Ana Gabriela Sálvio, médica
do Hospital Amaral Carvalho em Jaú SP, hospital referência no tratamento de
câncer.
Este experimento faz parte do projeto de mestrado de Valentina Soffner Jorge
Bonilha, aluna do Programa de Pós Graduação em Pesquisa e Desenvolvimento, do
Curso de Biotecnologia Médica Hemocentro de Botucatu, da Universidade
Estadual Paulista UNESP, cujo projeto é intitulado de “Tratamento de Queratose
Actínica Disseminada Através da Terapia Fotodinâmica”
4.1.1 Material e método
Para o acompanhamento da fotodegradação da PpIX foram incluídos 9
pacientes com Queratose Actínica intensa, localizadas em braços, antebraços e
mãos, atendidos no Departamento de Pele do Hospital Amaral Carvalho. Os
pacientes/acompanhantes foram orientados nas formas verbal e escrita, onde
assinaram um termo de consentimento Livre e Esclarecido.
73
As medicações utilizadas, aplicadas pela Dra. Ana Gabriela, foram o Ácido 5-
aminolevulínico (5-ALA) (FSUESCC “NIOPIIK” B SADAVAYAd. 1K4, Moscou,
Rússia) na concentração de 15% em emulsão de água QSP, Nipagen 0,5,
Propileroglicerol 5%, Nipasol 0,05%, Polowax N,S 18%, manipulado pela farmácia
autorizada pela Instituição.
O aparelho (protótipo) que foi utilizado para a irradiação foi desenvolvido pelo
Grupo de Óptica, Laboratório de Biofotônica e Laboratório de Apoio Técnico (LAT)
do Instituto de Física de São Carlos. Ele é denominado Kerato PDT e está
apresentado na figura 50. Este sistema é constituído por LEDs, com comprimento de
onda centrado em 630 nm, que estão dispostos em placas de alumínio que cobrem
toda região do braço, antebraço e mãos. O sistema possui controle de regulagem
de intensidade dos LEDs máxima de 60mW/cm
2
, que foi a utilizada neste
experimento.
Figura 50 - Aparelho de tratamento de Queratose Actínica – Kerato PDT
Para o acompanhamento da fotodegradação da PpIX em função do tempo de
irradiação, foi utilizado o sistema desenvolvido de imagens de fluorescência e uma
74
câmera fotográfica -SONY H50- acoplada ao sistema, para registro das imagens.
Todas as imagens foram obtidas com uma lente macro, de 74mm, e utilizou-se o
aumento óptico da câmera de 6x. Como consequência deste aumento, o campo de
visão foi de apenas 2,0 cm.
O procedimento de TFD em pacientes com Queratose Actínica iniciava-se
com a documentação do paciente e demarcação das lesões com uma caneta
hidrográfica. Após a demarcação, eram feitas fotografias das lesões utilizando luz
branca, sem o auxílio do sistema. Subseqüentemente, eram feitas fotografias de
fluorescência com o sistema desenvolvido.
Para realizar o procedimento, foi realizada curetagem em ambos os membros
superiores. Em seguida, foi feita uma limpeza com água destilada e foram
administrados 3,0 gramas em cada membro superior, por via pica de ALA. Em
seguida, os membros foram cobertos por filme plástico de PVC, envolvidos por papel
alumínio, e finalmente cobertos com atadura de crepe.
Após o tempo de permanência de 2 horas com ALA, foi feita a limpeza dos
membros, retirando todo medicamento tópico da pele, e o paciente encaminhado
para o aparelho Kerato PDT para inicialização da iluminação da TFD.
O tempo de irradiação utilizado foi de 40minutos, resultando em uma fluência
de 144J/cm
2
.
O paciente recebeu uma medicação oral para analgesia, conforme prescrição
feita pela médica responsável, 10 minutos antes do início do TFD. Ao término do
procedimento, o paciente e/ou acompanhante receberam orientações verbais e por
escrito sobre o uso de fotoprotetor, emolientes e medicações analgésicas.
Antes de se iniciar a irradiação, eram feitas imagens com iluminação branca e
com o sistema de fluorescência, aqui considerada como tempo 0 minutos.
75
A fim de se acompanhar a fotodegradação da PpIX em função do tempo de
irradiação, foram feitas imagens com o sistema de fluorescência, em tempos de 0
minutos, ou seja, antes da irradiação e após o início da irradiação em tempos de 2, 4
6, 8, 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40 minutos. Todas as imagens de fluorescência foram
obtidas em uma sala escura, para que a iluminação ambiente não interferisse nas
imagens de fluorescência capturadas. A cada aquisição de imagem, a irradiação do
sistema Kerato PDT foi interrompida.
Para a quantificação da fotodegradação da PpIX foram selecionadas 30
lesões, onde cada lesão possui um conjunto de 12 imagens de fluorescência que
correspondem aos tempos de 0, 2, 4, 6, 8, 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40 minutos de
irradiação.
As imagens de fluorescência selecionadas passaram por um algoritmo de
quantificação da PpIX escrito em Matlab
®
7.5 (The MathWorks, USA). O algoritmo
consiste basicamente na quantificação de intensidade da matriz de cores R da
imagem RGB.
4.1.2 Resultados e discussão
A sequência de imagens da fotodegradação da PpIX em função do tempo de
irradiação é mostrada na Figura 51, onde a sequência de imagens é representada
de A a L como os tempos de coleta das imagens de 0, 2, 4, 6, 8, 10, 15, 20, 25, 30,
35 e 40 minutos durante a irradiação, consecutivamente.
A sequência de imagens da Figura 51 representa as imagens de
fluorescência sem processamento, onde a região do verde é devido, principalmente,
à autofluorescência da pele. A fluorescência na região do vermelho é devido à PpIX.
76
Na Figura 51 é observado que a fluorescência na região do vermelho, ou seja,
fluorescência da PpIX vai diminuindo em função do tempo de irradiação,
evidenciando os processos de fotodegradação da PpIX.
Figura 51 - Imagens de fotodegradação da PpIX em função do tempo – Sem processamento
-
0 min.
-
2
min.
-
4
min.
-
6
min.
-
8
min.
-
10
min.
-
15
min.
-
20
min.
-
25
min.
-
30
min.
-
35
min.
-
40
min.
77
Na Figura 52 é mostrada a sequência de imagens utilizando o algoritmo de
processamento escrito em Matlab, evidenciando a fluorescência da PpIX.
Figura 52 - Imagens de fotodegradação da PpIX em função do tempo – Com processamento
Por processamento das imagens, foi quantificado a intensidade de
fluorescência da PpIX. Para cada conjunto de 12 imagens, foi calculada a
intensidade de uma região selecionada. Em seguidas, foram normalizadas pelo
máximo de intensidade de fluorescência, que corresponde ao tempo 0.
-
0
min.
-
2
min.
-
4
min.
-
6
min.
-
8
min.
-
10
min.
-
15
min.
-
20
min.
-
25
min.
-
30
min.
-
35
min.
-
40
min.
78
Na Figura 53 é apresentado o gráfico de fotodegradação da PpIX em função
do tempo de irradiação das 30 lesões selecionadas. Observa-se um decaimento
exponencial em função do tempo de irradiação.
No protocolo empregado, para as lesões de Queratose Actínica, o tempo de
15 minutos de irradiação indica estar associado com a degradação de quase a
totalidade da PpIX formada no tecido.
0 5 10 15 20 25 30 35 40
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Intensidade Normalizada (u.a.)
Tempo (min.)
Fotodegradação PpIX
Ajuste teórico
Figura 53 - Gráfico de fotodegradação da PpIX em função do tempo de irradiação
No gráfico da Figura 53, observa-se que a fotodegradação se estabiliza com
intensidade ao redor de 0,5, o que pode levar a uma interpretação equivocada de
que não ocorreu toda a fotodegradação da PpIX. Este equívoco pode ser resolvido
utilizando a autofluorescência da pele como linha de base.
Na sequência de imagens, antes da aplicação da pomada com ALA, da
Figura 54, tem-se em A uma imagem com iluminação branca, onde uma lesão de
79
Queratose Actínica se localiza ao centro; em B, tem-se a imagem de
autofluorescência da lesão; e, em C, tem-se uma imagem apenas com a
componente do vermelho da imagem B. Na imagem C é evidenciado que a
autofluorescência da pele também apresenta uma pequena porção de fluorescência
na região do vermelho.
Figura 54 - Imagens de fluorescência – Antes do inicio do tratamento
Na sequência de imagens, após 2 horas da aplicação da pomada com ALA,
da Figura 55, tem-se em A uma imagem com iluminação branca; em B, a imagem de
fluorescência da lesão marcada em vermelho pela fluorescência da PpIX; e, em C,
uma imagem apenas com a componente do vermelho da imagem B. Na imagem C
fica evidente que há uma grande fluorescência da PpIX na região do vermelho.
Figura 55 - Imagens de fluorescência – No inicio do tratamento – 0 minutos
80
Na sequência de imagens, após 40 minutos de irradiação, da Figura 55,
temos em A uma imagem com iluminação branca; em B, a imagem de fluorescência
da lesão marcada por uma pequena fluorescência na região do vermelho pela
fluorescência da PpIX; e, em C , uma imagem apenas com a componente do
vermelho da imagem B. Na imagem B e C fica evidente que ocorreu a
fotodegradação da PpIX em função da irradiação e que ainda existe uma pequena
fluorescência na região do vermelho.
Figura 56 - Imagens de fluorescência – No final do tratamento – 40 minutos
Tendo como base que a quantificação da PpIX é dada pela fluorescência na
região do vermelho e evidenciando que existe uma pequena fluorescência na região
do vermelho das imagens antes da aplicação da pomada a base de ALA, (Figura 54,
imagens B e C, onde esta fluorescência não é de interesse nesta quantificação) é,
então, necessário subtrair esta fluorescência das imagens de fotodegradação da
PpIx em função do tempo de irradiação, para que não seja entendido erroneamente
que toda a PpIX foi degradada.
No gráfico da Figura 57 tem-se o monitoramento da fotodegradação da PpIX,
que corresponde aos pontos quadrados de A. Observa-se que não existe mais uma
diminuição de intensidade a partir de 10 minutos, onde a intensidade se estabiliza ao
redor de 0,4. Fazendo a quantificação da fluorescência na região do vermelho da
81
imagem antes da aplicação da pomada a base de ALA e, subtraindo das imagens de
todos os tempos de irradiação, tem-se, então, um novo gráfico de fotodegradação
dado na Figura 57, como círculos.
Evidencia-se desta forma que provavelmente ocorreu a degradação de toda a
PpIX superficial produzida pelo tecido.
0 5 10 15 20 25 30 35 40
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Intensidade Normalizada (u.a.)
Tempo (min.)
A - Fotodegradação PpIX
B - Fotodegradação PpIX
Ajuste teórico - A
Ajuste teórico - B
Figura 57 - Gráfico comparativo – Com e sem linha de base
O estudo da fotodegradação da PpIX em função do tempo de irradiação é de
extrema importância para a dosimetria na TFD, pois como são apresentados nos
gráficos de fotodegradação, a partir de 10 minutos de irradiação provavelmente toda
a PpIX foi degradada. Sendo assim, não seria mais necessário mais 30 minutos de
irradiação que o procedimento de TFD é efetivo no momento em que os 3
elementos básicos da terapia estão presentes, ou seja, o agente fotosensibilizador,
que neste caso é a presença de PpIX,; a fonte de irradiação; e o oxigênio molecular.
82
No momento que um destes itens deixa de existir, a terapia não tem mais efeito.
Diante destes dados, é possível planejar uma terapia com maior efetividade,
que os dados apontam que não seria necessário o tempo de irradiação de 40
minutos, empregando a irradiância do equipamento, e sim a terapia poderia ter sido
realizada com apenas 10 minutos de irradiação, trazendo grandes vantagens para o
paciente.
4.1.3 Conclusão
Com este experimento foi possível evidenciar que a partir de 10 minutos de
irradiação toda a PpIX foi degradada, empregando o protocolo, mostrando que o
sistema de imagens de fluorescência desenvolvido pode ser utilizado como uma
ferramenta de extrema importância para o estudo da dosimetria do tratamento da
Queratose Actínica por TFD.
4.2 FOTODEGRADAÇÃO DA PROTOPORFIRINA IX – HPV
Este trabalho faz parte do projeto financiado pelo CNPq Processo 551201-
2007, que pretende desenvolver e implementar a TFD no tratamento ambulatorial de
lesões em vulva, vagina e ânus causadas por Papilomavírus humano (HPV). Trata-
se de estudo do tipo caso-controle, que se iniciou em junho de 2008.
4.2.1 Material e método
83
O projeto foi analisado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(HC-FMRP/USP), em sua 265ª Reunião Ordinária, realizada em 28 de abril de 2008
e enquadrado na categoria APROVADO, de acordo com o Processo HCRP no
2079/2008. Também foi aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão do
Centro Universitário de Araraquara, em reunião realizada dia 11 de setembro de
2008, Ofício 33/2008-CIEPesquisa/UNIARA.
A seleção das pacientes está sendo consecutiva e não aleatória. Estão sendo
selecionadas pacientes encaminhadas ao Ambulatório do Setor de Moléstias Infecto-
Contagiosas em Ginecologia e Obstetrícia (SEMIGO) devido ao diagnóstico de
infecção pelo HPV (clínica e/ou subclínica) portadoras ou não da infecção pelo HIV e
também do Posto de Saúde do Jardim Paulstano associado à Faculdade de
Medicina da UNIARA, em Araraquara.
O objetivo do projeto é o desenvolvimento e a implantação da TFD no
tratamento ambulatorial do condiloma acuminado. Foi selecionado um grupo de 10
pacientes que apresentavam lesões clínicas HPV induzidas (condilomas),
confirmadas previamente por biópsia e exame anátomo-patológico das lesões.
Todas as pacientes são assistidas pelo Ambulatório do Setor de Moléstias Infecto-
Contagiosas em Ginecologia e Obstetrícia e pelo Ambulatório de Genitoscopia da
UBS Jardim Paulistano da cidade de Araraquara-SP e submetidas ao protocolo de
seguimento onde são realizadas sorologias para as DST (ELISA HBsAg, ELISA Anti
HCV, VDRL e ELISA Anti HIV), coleta da colpocitologia tríplice, colposcopia e
vulvoscopia.
Para a aplicação da TFD, foi desenvolvido um sistema de iluminação
utilizando LEDs emitindo em 630nm, acoplados à dispositivos anatômicos
84
especialmente projetados para cada caso (patente INPI registro no
000022076297595). Esses dispositivos foram desenvolvidos no Laboratório de
Apoio Tecnológico (LAT, IFSC/USP) onde passaram por testes de conformidades
dos equipamentos eletromédicos. Este dispositivo desenvolvido para tratamento do
HPV pode ser visualizado na Figura 58.
Figura 58 - Sistema de tratamento do HPV
As pacientes foram submetidas previamente à aplicação de pomada à base
de ácido 5-aminolevulínico (5-ALA) sobre as lesões, permanecendo de 4 a 6 horas
sob o efeito desta medicação e, após este período foram submetidas às unidades de
iluminação, utilizando-se os LED, por aproximadamente 20 minutos. A intensidade
utilizada foi de aproximadamente 150 mW/cm
2
.
Para o acompanhamento da fotodegradação da PpIX em função do tempo de
irradiação, foi utilizado o sistema desenvolvido de imagens de fluorescência e uma
câmera fotográfica SONY H50, acoplada ao sistema para registro das imagens.
Todas as imagens foram tiradas com uma lente macro 74 milímetros e utilizou-se o
aumento óptico da câmera de 6x, como anteriormente.
A fim de se acompanhar a fotodegradação da PpIX em função do tempo de
irradiação foram feitas imagens com o sistema de fluorescência em tempos de 0
85
minutos, ou seja, antes da irradiação e após o início da irradiação em tempos de 2, 4
6, 8 minutos. Todas as imagens de fluorescência foram obtidas em uma sala escura,
para que a iluminação ambiente não mascarasse as imagens de fluorescência
capturadas. A cada aquisição de imagem a irradiação do sistema de tratamento do
HPV era interrompida.
Para a quantificação da fotodegradação da PpIX foi selecionada 1 lesão, onde
esta possui um conjunto de 5 imagens de fluorescência, que correspondem aos
tempos de 0, 2, 4, 6 e 8 minutos de irradiação.
As imagens de fluorescência selecionadas passaram por um algoritmo de
quantificação da PpIX, escrito em Matlab
®
7.5 (The MathWorks, USA). O algoritmo
consiste basicamente na quantificação de intensidade da matriz de cores R da
imagem RGB.
4.2.2 Resultados e discussão
A sequência de imagens da fotodegradação da Protoporfirina IX (PpIX), em
função do tempo de irradiação é mostrada na Figura 59, onde a sequência de
imagens é representada de A a F: A representa uma imagem utilizando iluminação
branca, e de B a F os tempos de coleta das imagens de 0, 2, 4, 6, 8 minutos durante
a irradiação, respectivamente.
A sequência de imagens da Figura 59, de B a F, representa as imagens de
fluorescência sem processamento, onde a fluorescência na região do verde é
relativa à autofluorescência da pele e a fluorescência na região do vermelho é
relativa à PpIX.
86
Na Figura 59 é observado que a fluorescência na região do vermelho, ou seja,
fluorescência da PpIX vai diminuindo em função do tempo de irradiação,
evidenciando os processos de fotodegradação da PpIX.
Figura 59 - Fotodegradação da PpIX – sem processamento
-
0
min.
-
2
min.
-
4
min.
-
6
min.
-
8
min.
87
Na Figura 60 é mostrada a sequência de imagens utilizando o algoritmo de
processamento escrito em Matlab, onde é mostrada somente a fluorescência da
PpIX.
Figura 60 - Fotodegradação da PpIX – Imagens processadas
-
0
min.
-
2
min.
-
4
min.
-
6
min.
-
8
min.
88
Com a utilização do processamento das imagens foi quantificado a
intensidade de fluorescência da PpIX. Para o conjunto de 5 imagens, onde foi
calculada a intensidade de toda a imagem, após o cálculo da intensidade, estas
foram normalizadas pelo máximo de intensidade de fluorescência, que corresponde
ao tempo 0.
Na Figura 61 é mostrado o gráfico de fotodegradação da PpIX em função do
tempo de irradiação da lesão selecionada, onde a fotodegradação decai
exponencialmente com o tempo de irradiação, que está ao redor de 8 minutos de
irradiação, evidenciando que após 8 minutos de irradiação toda a PpIX foi
degradada.
0 1 2 3 4 5 6 7 8
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Fotodegradação da PpIX
Ajuste teórico
Intensidade (u.a.)
Tempo (min)
Figura 61 - Gráfico de fotodegradação da PpIX em função do tempo
89
4.2.3 Conclusão
Os dados obtidos com o experimento de fotodegradação da PpIX no
tratamento do HPV por TFD são similares aos dados obtidos no trabalho de
fotodegradação da PpIX para tratamento da Queratose Actínica por TFD,
evidenciando que o sistema de imagens de fluorescência desenvolvido também
pode ser utilizado nos trabalhos da dosimetria da TFD para o tratamento do HPV.
4.3 VISUALIZAÇÃO DE COLONIAS MICROBIANAS ORAIS
Este experimento faz parte do projeto de mestrado de Vitor Hugo Panhoca ,
aluno do Programa de s Graduação em Pesquisa e Desenvolvimento, do Curso
de Biotecnologia, da Universidade Federal de São Carlos UFSCar, cujo projeto é
intitulado de “Efeitos da Terapia Fotodinâmica no controle bacteriano na superfície
dentária comparando uso de pastilha e spray contendo fotossensibilizador”.
O sistema desenvolvido visa o auxílio do profissional da odontologia na
identificação do biofilme oral, aqui foram explorados apenas alguns dados obtidos
que o projeto ainda está em andamento, assim serão apresentados alguns
resultados e futuras aplicações deste sistema.
A Figura 62 mostra a colonização por bactérias nos dentes, através da
imagem de fluorescência na região do vermelho, indicado pelas setas. Esta imagem
foi realizada após 36 horas da última escovação do voluntário. Esta colonização se
deve a não higienização, promovendo o processo de proliferação de bactérias.
90
Figura 62 - Dentes com colonização de bactérias
Na Figura 63 observa-se pela imagem de fluorescência na região do
vermelho, a colonização por bactérias na região da ngua, devido à não
higienização. Esta imagem foi obtida após 36 horas da última escovação.
Figura 63 - Língua com colonização de bactérias
Outra aplicação que poderá ser explorada com o sistema é a identificação e
visualização de outros materiais presentes na região bucal, tais materiais podem ser
resinas oriundas de restaurações, prótese dentaria e outros matérias.
91
Essa diferenciação é possível através da fluorescência de cada composto, um
exemplo desta diferenciação é apresentado na Figura 64, onde na Figura 64 - A
temos uma imagem utilizando iluminação branca e na Figura 64 B temos uma
imagem de fluorescência. Na imagem de fluorescência é possível identificar uma
fluorescência bem acentuada na região do verde dada pelos dentes naturais que
estão na borda da imagem e a ausência de fluorescência nos 3 dentes ao centro,
que são próteses.
Figura 64 - Imagem de diferenciação de materiais através de fluorescência – A- imagem com
iluminação branca e B – imagem de fluorescência
5 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
O desenvolvimento do sistema de imagem de fluorescência mostrou-se ser
um protótipo auxiliar para tratamentos realizados por terapia fotodinâmica.
Foi ainda possível desenvolver um sistema compacto, agregando iluminação
e visualização, tornando-o num protótipo com interface para uso clínico.
Um dos principais fatores para obtenção de bons sinais de fluorescência é a
potência óptica do sistema de iluminação, que neste caso foi de 250mW. Outro fator
é o comprimento de onda da iluminação obtido, com uma banda de iluminação
92
eficaz de 390nm a 460nm e que possui boa uniformidade para excitação das
amostras. O sistema de filtros ofereceu um excelente sinal de fluorescência, bem
como um bom contraste.
Com este sistema foi possível acompanhar a fotodegradação da PpIX em
função do tempo de iluminação durante a TFD tanto para a TFD aplicada para
Queratose Actínica, quanto para TFD aplicado no tratamento do HPV. Assim,
proporcionando uma nova ferramenta extremamente importante para o avanço da
dosimetria da TFD, podendo otimizar e personalizar a TFD para cada paciente,
que o sistema desenvolvido permite a visualização da presença do agente
fotossensível na Terapia.
Outro ponto de extrema importância também alcançado foi a visualização da
presença de microrganismos da microbiota oral, que estes são os grandes
responsáveis pelas doenças bucais como é o caso da cárie dental.
Desta forma, conclui-se que um novo protótipo, para o auxílio efetivo da
visualização do biofilme bucal e indispensável para dosimetria em técnicas de
terapia fotodinâmica foi desenvolvido neste trabalho.
93
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