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LUIZ CARLOS VIEIRA JÚNIOR
Desempenho, comportamento ingestivo de ovinos e características do capim
marandu submetido a diferentes taxas de lotação
Cuiabá – MT
2009
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LUIZ CARLOS VIEIRA JÚNIOR
Desempenho, comportamento ingestivo de ovinos e características do capim
marandu submetido a diferentes taxas de lotação
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Ciência Animal da Universidade
Federal de Mato Grosso para obtenção do Título de
Mestre em Ciência Animal
Área de Concentração: Nutrição de Ruminantes
Orientador: Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral
Co-Orientador: Prof. Dr. Joanis Tilemahos
Zervoudakis
Cuiabá – MT
2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
FICHA CATALOGRÁFICA
CIP - Catalogação na publicação
Bibliotecária Valéria Oliveira dos Anjos CRB1/1713
Fonte: CDU (2007)
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
V658d Vieira Junior, Luiz Carlos.
Desempenho, comportamento ingestivo de ovinos e características do capim
Marandu submetido a diferentes taxas de lotação. / Luiz Carlos Vieira Junior. -
Cuiabá, 2009.
82 f. ; il.
Dissertação (Mestre em Ciência Animal) Programa de Pós-Graduação em
Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso.
Orientador: Prof Dr. Luciano da Silva Cabral
Co-orientador: Prof. Dr. Joanis Tilemahos Zervoudakis
1. Zootecnia. 2. Ovinos. 3. Planta Forrageira. 4. Pastejo. 5. Capim
Marandu.I. Universidade Federal de Mato Grosso.
CDU 633.2.033
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
Aluno: Luiz Carlos Vieira Júnior
Título: Desempenho, comportamento ingestivo de ovinos e características do capim Marandu
submetido a diferentes taxas de lotação
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Ciência Animal da Universidade
Federal de Mato Grosso para obtenção do Título de
Mestre em Ciência Animal
Aprovada em: 27 de março de 2009
Banca Examinadora:
------------------------------------------------- --------------------------------------------
Prof. Dr. Joanis Tilemahos Zervoudakis Prof. Dr. Mirton José Frota Morenz
FAMEV / UFMT (Co-Orientador) DNAP-
IZ / UFRRJ (Membro)
----------------------------------------------- ----------------------------------------------
Prof. Dt. Joadil Gonçalves de Abreu Prof. Dr. Alexandre Lima de Souza
FAMEV / UFMT (Membro) ICEN / UFMT (Membro)
---------------------------------------------
Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral
FAMEV / UFMT (Orientador)
“As palavras dos sábios ouvidas em silêncio, valem mais do que os
gritos de quem governa entre tolos”.
Eclesiastes 9:17
Dedico este trabalho a minha família
e a
Cíntia de Sousa Carvalho
Agradecimentos
Sou imensamente grato a Deus, pela graça do dom da vida, pelas orações atendidas,
pela paciência que tem tido comigo, pelo sustento nos momentos de fragilidade, pela calma
aos meus anseios, pelo carinho dado a minha família. Ainda, pela proteção especial nesses
dois últimos anos, em cada quilômetro que andei, pelas chuvas que enfrentei, pelas
ultrapassagens que realizei, sempre à noite, em cima de duas rodas na “Bandida”, Deus nunca
permitiu que nenhum mal, por menor que fosse, viesse sobre mim. Viverei e não terei como
lhe agradecer ó Senhor!!! Me faça enxergar o que meus olhos não conseguem
perceber...Obrigado!
Agradeço ao meu pai, Luiz Carlos, por todo seu empenho e sua batalha exemplar à me
proporcionar meios, para a conclusão de mais uma etapa da minha vida.
Não agradeço como derramo lágrimas de gratidão eterna e amor infinito, por quem
me deu a luz neste mundo, por quem dispensa todo o cuidado impossível, pelas preocupações
desejando minha segurança, pelos gestos de amor, compreensão, incentivo. Por quem sem eu
nem saber está em sua maneira humilde e mais linda orando por mim... Tenho certeza que não
estaria onde estou se as forças dos seus sentimentos não estivessem em minha companhia.
Obrigado minha querida mãe!!! A dívida que lhe devo é eterna!!!!
Agradeço aos meus irmãos, Márcio e Henrique, por todas nossas conversas, aventuras
na roça. Mais ainda, por todo o apoio durante o Mestrado. De forma especial agradeço á você
Henrique! Sinto alegrias em tê-los em meu coração!!!
Rogo a Deus que no futuro eu possa ter uma família ao menos parecida com a que
tenho. Que eu possa conduzir meus filhos com tal amor e humildade a qual fui criado. Amo
vocês minha família!!!
Agradeço a uma pessoa muito ímpar em minha vida, pelo carinho, paixão e amor,
mais que provados nestes dois últimos anos. Além disso, pela paciência custosa tentando
entender minha falta de tempo. Por me fortificar diante de todas as situações nestes 4 anos de
namoro, por compartilhar os mesmos sonhos e desejos. A você Cíntia, tenho a dizer Te
Amo...
Sou grato aos amigos Nelcino, Welton, Carla Heloísa, Gilson Mendes (Amaral) pela
amizade verdadeira desde o tempo da graduação. Também agradeço a companhia dos amigos
de Mestrado, Bruno, Walter, André, João Marcos, Inácio, Cassiano, Fernando, Rafaela,
Maurício, Leonardo.
Ao grande colega Douglão 105, secretário da Pós Graduação em Ciência Animal, pelo
grande apoio desde o início do mestrado, pela agradável companhia, pela seu bom ânimo.
Ao Prof. Joanis Tilemahos Zervoudakis pela parabenizada coordenação do Programa
de Pós Graduação em Ciência Animal, pela dedicação sem medir esforços, almejando o
renome do PGCA junto à sociedade Brasileira.
A Prof. Luciana Keiko Hatamotyo Zervoudakis pelo empenho junto ao PGCA e
principalmente pela simpatia e postura sempre sensata diante dos percalços do dia-a-dia.
Ao Prof. Luciano da Silva Cabral pela orientação, ensinamentos, pelo exemplo de
ética e profissionalismo.
Ao motorista Alan, pela ajuda em bom ânimo prestada durante condução do
experimento.
Agradeço de forma verdadeira ao pequeno Leandro (Bicudo). Embora menino, foi
quem mais me ajudou na condução do experimento. Não poderia deixar de agradecer ao Sr.
Manoel (Manézim) pela companhia alegre na Fazenda Experimental. Ao funcinário do Setor
de Ovinos, Ézio, meu também, muito obrigado.
Enfim, agradeço a todos que estiveram presentes e que contribuíram para a conclusão
do Mestrado.
A todos, meus sinceros agradecimentos!
RESUMO
VIEIRA JÚNIOR, L.C. Desempenho, comportamento ingestivo de ovinos e
características do capim Marandu submetido a diferentes taxas de lotação
. 2009. p. 82.
Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária,
Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2009.
O experimento foi conduzido no setor de Ovinos da Fazenda Experimental da
Universidade Federal de Mato Grosso, no período de fevereiro a maio de 2008
compreendendo o período das águas e transição águas-secas. A área experimental totalizava
4500 m
2
, qual foi dividida em 45 piquetes de 100 m
2
. Foram utilizadas 27 cordeiras Santa
Inês puras de origem com aproximadamente 4 meses de idade e peso vivo inicial médio de 22
kg. Os animais foram agrupados tendo com base o peso vivo médio inicial e distribuídos
aleatoriamente em 3 tratamentos , em delineamento inteiramente casualizado. Os tratamentos
consistiam em três taxas de lotação, sendo 2, 3 e 4 cordeiras/piquete, que corresponderam
respectivamente em 40, 60 e 80 cordeiras/ha. No primeiro Capítulo, as repetições foram
representadas pelos piquetes, sendo então 15 repetições por tratamento, com o objetivo de
avaliar as características produtivas e estruturais do capim Marandu submetido a diferentes
taxas de lotação com ovinos. O incremento das taxas de lotação promoveu redução nas
massas de forragem, de folha verde e altura no pré pastejo. No pós pastejo houve efeito linear
decrescente em função das maiores taxas de lotação, para a as massa de: forragem, de lâmina
foliar, de colmo e de material senescente. A altura e a relação folha: colmo foram menores na
taxa de lotação de 80 cordeiras/ha, que também resultou em maior taxa de acúmulo de
forragem e melhor teor de proteína bruta na lâmina foliar no pós pastejo. No segundo
Capítulo, cada repetição (lote de animais) ocupava um módulo de cinco piquetes, manejado
em sistema de lotação intermitente, com período de 7 dias de ocupação e 28 de descanso.
Assim, objetivou-se avaliar o comportamento ingestivo e desempenho de ovinos mantidos sob
pastejo em capim Marandu submetido a diferentes taxas de lotação. Constatou-se tempo
crescente de pastejo e decrescente de ruminação e ócio mediante o incremento nas taxas de
lotação. Verificou-se aumento de 14% no tempo de pastejo e redução de 41% no tempo de
ócio para as cordeiras na taxa de lotação de 80 cordeiras/há em comparação as cordeiras na
menor taxa de lotação. O aumento do número de animais/ha promoveu comportamento linear
para o ganho médio diário, sendo maior para os animais na menor taxa de lotação, de 90
g/dia. Em relação ao ganho por área, as melhores respostas foram obtidas com a taxa de
lotação com 60 animais/ha, tendo valores médios de 3,8 kg/ha/dia. Sendo assim, recomenda-
se a utilização da taxa de lotação de 60 cordeiras/ha visando à otimização da dinâmica de
produção da forrageira e o maior ganho animal por área.
Palavras-chave: produção de forragem, características estruturais, cordeiras, ganho médio
diário, ganho por área.
ABSTRACT
The experiment was conducted in the area of the Sheep Experimental Farm of the
Federal University of Mato Grosso, in the period February to May of 2008 including the
period of water and water-dry transition. The experimental area totaled 4,500 m
2
, which was
divided into 45 paddocks of 100 m
2
. We used 27 lambs Santa Inês pure of origin for home
about 4 months of age and average initial weight of 22 kg. The animals were grouped on the
basis of the initial live weight and randomly assigned to 3 treatments in a randomized design.
The treatments consisted of three stocking rates, 2, 3 and 4 lambs/paddock, which accounted
respectively for 40, 60 and 80 lambs / ha. In the first chapter, the repetitions were represented
by pickets, and then 15 repetitions per treatment, to evaluate the structural and productive
characteristics of grass Marandu subjected to different rates of stocking with sheep. The
increase in stocking rates promoted the reduction of forage mass of green leaf and height in
pre grazing. Post grazing was no effect in decreasing linear function of higher stocking rates,
to the mass of: forage in leaf, the stem and senescent material. The height and the leaf: stem
ratio were lower in the stocking rate of 80 lambs/ha, which also resulted in higher rate of
accumulation of better forage and crude protein content in the leaf after grazing. In the second
chapter, each repetition (lot of animals) had a module of five paddocks, managed by
intermittent grazing system, with period of 7 days of occupation and 28 rest. The objective
was to evaluate the ingestive behavior and performance of sheep grazing on Marandu
submitted to different stocking rates. It was time for grazing and growing of decreasing
rumination and leisure through the increase in stocking rates. There was an increase of 14% in
the time of grazing and reduction of 41% in time of leisure for the lambs in the stocking rate
of 80 lambs/ha compared to lambs in the lower stocking rate. The number of animals / ha
promoted linear behavior for the average daily gain, and greater for the animals in the lower
stocking rate of 90 g/day. For the gain per area, best results were obtained with a stocking rate
of 60 animals/ha, with average values of 3.8 kg/ha/day. Recommended the use of stocking
rate of 60 lambs/ ha to the optimization of the dynamics of production of animal fodder and
the largest gain per area.
Keywords: forage production, structural characteristics, lambs, average daily gain, gain per
area.
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 1:
Figura 1 - Estimativa da massa de forragem pré pastejo em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas............................. 48
Figura 2 - Estimativa da massa de lâmina foliar no pré pastejo em função da taxa de lotação
do capim Marandu no período das águas e transição águas-secas........................ 49
Figura 3 - Estimativa da taxa de acúmulo de forragem em função da taxa de lotação do capim
Marandu no período das águas e transição águas-secas ....................................... 49
Figura 4 - Estimativa da oferta de forragem em função da taxa de lotação do capim Marandu
no período das águas e transição águas-seca ....................................................... 51
Figura 5 - Estimativa da oferta de folhas verdes em função da taxa de lotação do capim
Marandu no período das águas e transição águas-secas ....................................... 51
Figura 6 - Estimativa da altura do dossel pré pastejo em função da taxa de lotação do capim
Marandu no período das águas e transição águas-secas ....................................... 52
Figura 7 - Estimativa da massa de forragem em função da altura do capim Marandu
submetido a diferentes taxas de lotação............................................................... 53
Figura 8 - Estimativa da massa de forragem pós pastejo em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas............................. 54
Figura 9 - Estimativa da massa de lâmina foliar pós pastejo em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas............................. 55
Figura 10 - Estimativa da massa de material senescente pós pastejo em função da taxa de
lotação do capim Marandu no período das águas e transição águas-secas............ 56
Figura 11 - Estimativa da massa de colmos pós pastejo em função da taxa de lotação do capim
Marandu no período das águas e transição águas-secas ....................................... 56
Figura 12 - Estimativa da oferta de forragem no pós pastejo em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas............................. 57
Figura 13 - Estimativa da oferta de lâmina foliar no pós pastejo em função da TL da pastagem
de capim Marandu no período das águas e transição águas-secas ........................ 57
Figura 14 - Estimativa da relação folha:colmo+bainha no pós pastejo em função da taxa de
lotação do capim Marandu no período das águas e transição águas-secas............ 58
Figura 15 - Estimativa da altura do dossel no pós pastejo em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas............................. 58
Capítulo 2:
Figura 1 - Comportamento de cordeiras em função da taxa de lotação da pastagem de capim
Marandu no período das águas e transição águas-secas ....................................... 72
Figura 2 - Estimativa do ganho médio diário de cordeiras em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas............................. 75
Figura 3 - Estimativa do ganho médio diário em função oferta de forragem do capim Marandu
submetido a diferentes taxas de lotação no período das águas e transição águas-
secas................................................................................................................... 76
LISTA DE TABELAS
Capítulo 1:
Tabela 1 - Valores médios de temperatura máxima e mínima, umidade relativa do ar e
precipitação pluviométrica coletados no período de fevereiro a maio de 2008..... 45
Tabela 2 - Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente
neutro (FDN) e fibra indigestível em detergente neutro (FDNi) da fração lâmina
foliar no pré e pós pastejo em função das taxas de lotação do capim Marandu no
período das águas e transição águas-secas........................................................... 59
Capítulo 2:
Tabela 1 - Valores médios de temperatura máxima e mínima, umidade relativa do ar e
preicipitação pluviométrica coletados no período de fevereiro a maio de 2008.... 69
SUMÁRIO
1. Introdução........................................................................................................................ 14
2 - Revisão de Literatura...................................................................................................... 16
2.1 – Panorama da Ovinocultura ....................................................................................... 16
2.1.1 - Comercialização da carne ovina.......................................................................... 18
2.2 - Processo de acúmulo de forragem............................................................................. 19
2.3 - Massa de forragem e desempenho animal ................................................................. 23
2.4 - Consumo de forragem por ruminantes em pastejo..................................................... 25
2.5 - Princípios do comportamento animal sob condições de pastejo................................. 28
2.6 - Estrutura do dossel forrageiro e consumo.................................................................. 31
Literatura Citada .................................................................................................................. 35
CAPÍTULO 1..................................................................................................................... 42
RESUMO……………………………………………………………………………………..43
Introdução............................................................................................................................ 44
Material e Métodos .............................................................................................................. 45
Resultado e Discussão.......................................................................................................... 48
Conclusões........................................................................................................................... 61
Literatura Citada .................................................................................................................. 61
CAPÍTULO 2..................................................................................................................... 65
RESUMO…………............................................................................................................. 65
Introdução …………………………………………………………………………………….67
Material e Métodos .............................................................................................................. 68
Resultado e Discussão.......................................................................................................... 72
Conclusões........................................................................................................................... 78
Literatura Citada .................................................................................................................. 79
Conclusões Gerais................................................................................................................ 79
14
1. Introdução
Nos países com extensas áreas destinadas a produção animal baseada em pastagens,
tem ocorrido aumento na pressão pela criação e condução de sistemas bio-economicamente
sustentáveis, gerando benefícios ambientais e sociais. Adicionalmente, preocupação com o
bem estar animal, segurança alimentar requer da cadeia rural o estabelecimento de métodos
que assegurem procedência e qualidade dos produtos. Desta forma, é notória a necessidade de
modelos de exploração conscientes de uma eficiência precisa.
Nesse contexto, o entendimento das relações existentes entre plantas e animais em
sistemas de pastagens torna-se quesito essencial para o estabelecimento de estratégias do
pastejo, respeitando os limites e necessidades tanto do componente vegetal como animal
(SBRISSIA e DA SILVA, 2001).
Dentre os três eventos que integram o sistema de produção animal em pasto
(crescimento, utilização e conversão), a utilização da forragem produzida apresenta maior
eficiência, por ser o resultado entre a quantidade de energia contida na forragem consumida e
aquela contida na forragem produzida. Neste contexto, práticas de manejo que resultem em
melhoria na utilização da forragem produzida, seguramente permitiriam melhorias
significativas no desempenho animal (HODGSON, 1990).
Estimativas indicam que 50% dos pastos estabelecidos nas principais regiões pastoris
do Brasil estão degradados ou em processo de degradação, o que resulta em baixa capacidade
suporte das pastagens e menor competitividade da pecuária em relação a agricultura. Segundo
Rosa e Torres Júnior (2004), somente entre os anos de 2001 e 2003, as áreas de pastagem
tiveram redução de 2,74%, o que representa 4,908 milhões de hectares, que passaram a ser
ocupada pela agricultura, principalmente a soja.
A
Brachiaria brizantha cv. Marandu é uma gramínea de expressiva participação no
cenário nacional, sobremaneira no Estado de Mato Grosso. Entretanto, o conhecimento sobre
seu comportamento sob condições de pastejo ainda é limitado, especialmente quando utilizada
para a exploração de ovinos.
Na América do Sul, o Brasil desponta com o maior rebanho ovino (FAO, 2007). Para
isto, além das características geográficas e climáticas, a ovinocultura tem sido uma atividade
de renda, principalmente da pequena e média propriedade rural, e de alguns grandes plantéis.
Peculiaridades da espécie ovina, como mansidão, pequeno porte, instalações de baixo custo,
menor ciclo reprodutivo e produtivo e maior preço dos cortes cárneos têm contribuído no
15
desenvolvimento da atividade. Apesar de ainda não estar definitivamente estabelecido, o
mercado de carne ovina vem apresentando crescimento significativo, o que se reflete nos
preços relativamente altos observados nas redes de supermercados.
Quanto ao estado de Mato Grosso, este representa o segundo maior rebanho da região
Centro-Oeste (IBGE, 2006).
Portanto, objetivou-se melhor compreender e dar suporte a estratégias de manejo,
assim como, as respostas morfofisiológicas do capim Marandu submetido ao pastejo por
ovinos, e o desempenho destes em diferentes taxas de lotação.
16
2 - Revisão de Literatura
2.1 – Panorama da Ovinocultura
A ovinocultura é uma atividade econômica explorada em todos os continentes,
sendo presente em regiões com condições de relevo, clima, fertilidade do solo e composição
botânica as mais diversas, e muitas vezes impróprias à exploração de outros tipos de animais
de grande porte bem como para a agricultura.
O rebanho mundial de ovino em franca expansão, é da ordem de 1,22 bilhão de
cabeças, sendo que o continente asiático e africano abrigam 64% desse total (FAO, 2007).
Atualmente a Ásia é o principal pólo produtor de ovinos, favorecida pela grande extensão
territorial e condições climáticas favoráveis nas regiões próximas à linha do Equador. Os três
maiores rebanhos da Ásia estão localizados na China, Índia e Irã, que juntos somam 357,5
milhões de cabeças, sendo que o primeiro país detém cerca de 50% (171 milhões) deste total.
Logo é dada a China, o título de possuir o maior número destes animais (FAO, 2007). .
no continente africano se destaca especialmente a África do Sul. Contudo totaliza
com os países da Etiópia e Algéria, um rebanho aproximado de 69 milhões de ovinos (FAO,
2007).
Na Oceania, onde a ovinocultura está profundamente enraizada, existem limitações
de área territorial para expansão dos rebanhos (ALENCAR e ROSA, 2006). Entretanto a
Austrália e Nova Zelândia apresentam rebanho próximo de 140 milhões de cabeças, dos quais
71% pertencem aos neozelandeses. Ambos os países possuem tradição na criação ovina, que
está aliada a uma eficiência em sua produção. Segundo dados da FAO (2006) existem nestes
países uma superpopulação de ovinos quando comparados à humana, principalmente na Nova
Zelândia, onde para cada habitante contabiliza-se 9,58 cabeças de ovinos. Desta maneira, são
responsáveis por um grande volume de exportação tanto de carne quanto de lã.
Dentre os países da Europa, àqueles de rebanho mais numerosos são França, Grécia,
e Espanha merecendo destaque com 22,5 milhões de ovinos (FAO, 2007).
No Brasil, dos 197 mil hectares de pastagens somados aos 263, 600 mil ha
destinados à agricultura ainda existe um saldo de cerca de 391 milhões de ha com grande
parte passível de cultivo FAO (2008). Assim, além de grande área, com grande parte cultivada
com gramíneas tropicais com o sistema fotossintético C
4
(com maior produção de biomassa),
fatores relativos á região tropical, relevo e clima favoráveis, permitem ao Brasil despontar
17
com o maior rebanho ovino, superior a 15 milhões de cabeças. Também, merecem evidência
na América do Sul países que possuem plantel superior a 9 milhões de animais, como é caso
da Bolívia, Chile, Argentina e Uruguai.
O rebanho brasileiro de ovinos apresenta distribuição e crescimento distinto nas
diferentes regiões geográficas do Brasil. Na região Norte é totalizado um rebanho de
aproximadamente 950 mil cabeças, sendo que os dois principais estados com maior
participação são Pará e Rondônia, que juntos reúnem cerca de 307 mil ovinos (IBGE, 2006).
A rusticidade dos animais e a adaptabilidade em climas áridos permitiram a
disseminação de raças deslanadas no Nordeste. Entretanto, a produção ovina na referida
região ainda caracteriza-se pelo reduzido emprego de tecnologia, em sua maioria restrita a
pequenos e médios produtores, ou mesmo de subsistência. Contudo, a referida região
concentra mais de 61% do total do rebanho ovino nacional e, dentre os estados nordestinos,
Bahia, Pernambuco, Ceará e Piauí congregam 7,843 milhões de animais ou 83% do rebanho
nordestino (IBGE, 2006).
No Sul do país existia forte presença de ovinos lanados, mais adaptados a baixas
temperaturas predominantes na região. No entanto, após a crise no início da década de 80
(retração na demanda mundial e aumento na concorrência com fibras sintéticas), a produção
de foi prejudicada, resultando em diminuição drástica do rebanho, sendo que atualmente a
ovinocultura é destinada à produção de e carne. De toda forma, segundo dados divulgados
pelo IBGE (2006), nesta região aproximadamente 5 milhões de cabeças, no qual 3,764
milhões pertencem ao rebanho do estado do Rio Grande do Sul.
Na região Sudeste, o número de ovinos é da ordem de 664 mil, estando
concentrados em sua maior quantia nos estados de São Paulo e Minas Gerais, que possuem
juntos 587.342 ovinos (IBGE, 2006). Nesta região, objetiva-se de maneira especial a
produção de carne, sendo utilizados sistemas mais intensivos de criação e de raças que
apresentem elevado ganho de peso e rendimento de carcaça satisfatório. Tais fatores são
preponderantes em mercados de grandes metrópoles como a cidade de São Paulo, um dos
maiores e mais exigentes pólos consumidores de carne ovina do país.
Deve-se destacar ainda o crescimento acentuado da ovinocultura no Centro-Oeste,
pois do ano de 1990 o plantel em torno de 380 mil animais, passou para 987 mil no ano de
2006, acréscimo de 61%, possivelmente favorecido pelo clima, disponibilidade de co-
produtos a baixo custo, extensas áreas de pastagens, aumento na procura pela carne de
cordeiros, dentre outros fatores (IBGE, 2006).
18
No estado de Mato Grosso não está bem esclarecido o número real de ovinos.
Porém, de acordo com o INDEA-MT (2009) o rebanho é da ordem de 900 mil cabeças. Neste
estado, a ovinocultura em virtude de suas peculiaridades e de uma atividade que propicia
lucratividade atraente, tem sido objeto de discussão entre produtores rurais. Adicionalmente, a
presença de instituições de ensino e pesquisa contribui na elaboração e condução de vários
estudos relevantes, que têm possibilitado a difusão de tecnologias, envolvendo a exploração
de ovinos e colaborando para o aumento do rebanho ovino nos municípios do estado.
Os maiores rebanhos de ovinos no estado estão notadamente localizados nos
municípios de Santo Antônio de Leverger, Cáceres, Cuiabá e Nova Mutum, embora a
distribuição esteja em toda abrangência do estado (IBGE, 2005).
2.1.1 - Comercialização da carne ovina
Enquanto a quantidade de carne ovina produzida no Brasil é considerada pouco
expressiva quando comparada à bovina, suína e de aves observa-se que na conjuntura
internacional um amplo e consolidado comércio de carnes ovina e caprina com grande
destaque para a primeira (MEDEIROS et al., 2005). Contudo, quando se discute a respeito do
mercado da carne ovina é importante salientar que a mesma é apreciada por todos os nichos
de mercado. Por exemplo, não sofre restrições ligadas a crenças ou religiosidades, ao
contrário da carne bovina e suína, como ocorre na Índia e povos judeus, respectivamente.
A produção mundial de carne ovina e caprina em 2003 foi de 7,9 milhões de
toneladas, onde se destaca a China com 1,94 milhões e a Austrália com 581 mil, porém no
Brasil foram produzidas no mesmo período apenas 76 mil toneladas (FAO, 2004).
De acordo com dados da FAO (2004), citado por Medeiros et al (2005), as
importações totais de ovinos e caprinos em 2003 atingiram aproximadamente 19 milhões de
animais no mercado mundial, representando um valor total de US$ 1,12 bilhões. Dentre os
principais países importadores de carne ovina, está França, Reino Unido, Estados Unidos,
além de países do oriente médio como Arábia Saudita, Kuwait e Jordânia (FAO, 2004;
FAOSTAT, 2006).
Como citado anteriormente, a comercialização da carne ovina vem apresentando
uma maior expressão nos últimos anos. Porém, é valido destacar a reduzida e inconstante
oferta de animais prontos para o abate no mercado (PÉREZ, 2000). Em outro aspecto, o
mercado da carne apresenta problemas concernentes a sua verdadeira origem, pois a
19
existência de poucos frigoríficos de ovinos que procedem o abate legal sob inspeção sanitária,
leva circunstancialmente ao demasiado comércio ilegal. Segundo dados do IBGE (2006) a
região Nordeste abriga mais de 58% do rebanho ovino brasileiro, entretanto, Leite (2003)
relata existência de apenas 20 abatedouros/frigoríficos instalados, dos quais a grande maioria
trabalha em ociosidade.
A produção de carne ovina de origem brasileira está restrita ao comércio regional,
entretanto, a falta de fiscalização permite que maior parte dos abates seja realizada de forma
clandestina, sem a aplicação de técnicas higiênico-sanitárias. Além disso, a falta de rigor nas
fiscalizações em fronteiras brasileiras oferece oportunidade para que a carne do país seja
industrializada em países vizinhos, retornando como produto importado (ALENCAR e
ROSA, 2006).
O consumo brasileiro está estagnado em 700 g/hab/ano, o que é considerado
pequeno em relação ao de países desenvolvidos economicamente, como no caso da Austrália,
de 19 kg/hab/ano. Ainda mais, quando é levado em consideração que o consumo conjunto de
outras carnes (bovina, suína, aves) somam 70 kg/hab/ano.
No Brasil embora haja crescimento no número de ovinos e da pequena demanda por
esse tipo de carne, o rebanho nacional não esta capacitado para o pleno abastecimento do
mercado interno, abrindo espaço para a importação, ocupando no ano de 2004 o posto de 26º
importador mundial deste tipo de carne (FAO, 2006). Desta forma, elevada porcentagem da
carne consumida pelos brasileiros é importada de países como Uruguai, Chile, Argentina,
Austrália, geralmente oriunda de animais de descarte.
A falta de hábito dos brasileiros em consumir carne ovina produzida no país, pode
ser conseqüência da falta de confiança na qualidade e padronização da produção nacional, e
também em função do preço que muitas vezes é menor para carne importada.
2.2 - Processo de acúmulo de forragem
Parsons et al. (1988)
1
citados por Sarmento (2007) mencionaram que a pesquisa
em manejo do pastejo tem sido realizada com o objetivo de encontrar o ponto ótimo entre a
necessidade da planta forrageira, no sentido de conservar sua área foliar, conciliando com a
1
PARSONS, A.J.; JOHNSON, I.R.; HARVEY, A. Use of a model optimize the interaction between frequency
and severity of intermittent defoliation and to provide a fundamental comparison of the continuous and
intermittent defoliation of grass. Grass
and Forage Science, v. 43, p. 49-59, 1988
20
necessidade de remoção desse tecido através de corte ou pastejo para a manutenção da
produção animal.
Para Hodgson et al. (1981)
2
citados por Pedreira et al. (2007) o acúmulo de massa
na pastagem origina-se do resultado do balanço entre crescimento, senescência, e, em
condições de pastejo, o material consumido pelos animais. Porém, para Da Silva e Pedreira
(1997), é resultante de interações complexas advindas da combinação dos atributos genéticos
da espécie forrageira e os efeitos do ambiente sobre seus processos fisiológicos e
características morfofisiológicas.
Monteith (1965)
3
citado por Braga (2004) relatou que o crescimento de plantas
superiores é limitado pela quantidade de luz absorvida pelos tecidos fotossintetizantes e que,
quando o suprimento de água e minerais é garantido, o crescimento máximo ocorre quando
toda luz incidente é interceptada pelo dossel. De acordo com Lemaire e Chapman (1996), a
eficiência de absorção da luz é condicionada em parte pelos componentes estruturais do
dossel, principalmente pelo índice de área foliar.
Em geral, aumentos no índice de área foliar determinam acréscimos na interceptação
de luz e consequentemente nas taxas fotossintéticas. Embora, a eficiência fotossintética do
tecido foliar pode ser afetada pela densidade de população de perfilhos e pela distribuição de
folhas de diferentes idades no dossel, a produção de assimilados não é uma simples função da
área foliar (PEDREIRA 2006).
Grant et al. (1999) ponderaram que o padrão de desfolhação também exerce efeito
sobre o crescimento da planta ou da capacidade de rebrota, características estas responsáveis
pela produtividade e pela perenidade da cobertura vegetal, dois pontos de suma importância
em sistemas de produção de ruminantes em pasto.
Segundo Ward e Blaser
4
(1961) citados por Braga (2004) a rebrota de gramíneas
após a desfolhação é influenciada, além da área foliar e de reservas orgânicas, pelo número de
pontos de crescimento capazes de promover a rebrota. Assim, somado ao aparato
fotossintético, o perfilhamento é componente chave no acúmulo de forragem e na estabilidade
da pastagem (MESQUITA, 2008).
2
HODGSON, J.; JAMIESON, W.S. Variations in herbage mass and digestibility and grazing behavior and
herbage intake of adult cattle and weaned calves.
Grass Forage Science, v.36, p.39-48, 1981.
3
MONTEITH, J.L. Light distribution and photosynthesis in field crops. Annals of Botany, v.29, n. 113, p.17-
37, 1965.
4
WARD, C.Y.; BLASER, R.E. Carbohydrate food reserves and leaf area in regrowth of orchardgrass. Crop
Science
, v 1, p. 366-370, 1961.
21
A forrageira é formada por uma população de plantas, em que cada uma é
composta, no caso de gramíneas, por perfilhos (MATTHEW, 1999). O acúmulo de massa da
forrageira é ditado pelo somatório de massa de cada unidade de perfilho, onde cada um possui
sua própria dinâmica de produção de folhas com período limitado de vida.
O perfilho é a unidade básica de produção de uma gramínea, e caracteriza-se
essencialmente por um ponto de crescimento envolvido pela bainha das folhas que crescem a
partir dele, e tendo a capacidade para desenvolver novas gerações de perfilhos a partir de
brotos na base das folhas individuais (HODGSON, 1990). A morfologia do perfilho de uma
gramínea é determinada pelo tamanho, número e arranjo espacial dos fitômeros. De acordo
com Nelson (2000), um fitômero é constituído por lamina foliar, lígula, bainha, entrenó, e
gema auxiliar, embora para alguns autores as raízes também façam parte de um fitômero
(NASCIMENTO JÚNIOR e ADESE, 2004).
A formação e o desenvolvimento de sucessivos fitômeros estão relacionados com o
processo de morfogênese, pois a quantidade de massa acumulada em cada perfilho é
dependente da taxa de aparecimento foliar, da taxa de expansão destas folhas, do seu tamanho
final e da duração de vidas das mesmas (NABINGER e PONTES, 2001).
Segundo Nascimento Júnior e Adese (2004), o potencial de perfilhamento do
genótipo de uma forrageira é correlacionado principalmente à sua capacidade de emissão de
folhas, pois cada folha formada corresponde à geração de uma gema axilar, o que explica o
papel central do aparecimento foliar na morfogênese e no acúmulo de biomassa por área.
A produção de novas folhas em um perfilho individual envolve um período de ativa
expansão, maturidade, senescência e morte, caso não ocorra sua remoção pelo ato do pastejo
e/ou corte. O número de folhas por perfilho é relativamente constante para cada espécie,
sendo o seu tempo de vida limitado, sendo condicionado por características genéticas e
influenciado por fatores de ambiente, adubação e manejo (CARNEVALLI e DA SILVA,
1999). Adicionalmente Corsi et al. (1994) indicaram que o número médio de folhas por
perfilho, no equilíbrio entre o aparecimento e senescência, é de 5 a 7 folhas em
Brachiaria
brizantha
cv. Marandu, e que o intervalo de aparecimento entre folhas variou de 5,3 a 6,7
dias/folha.
Como os perfilhos apresentam própria dinâmica de produção de folhas com período
limitado de vida, a produção do dossel forrageiro depende da contínua produção de novos
perfilhos para reposição da porção morta ou consumida (HODGSON, 1990).
Sobretudo, o equilíbrio entre o surgimento e a mortalidade de perfilhos é fortemente
dependente do regime de desfolhação de sua consequência sobre a arquitetura do dossel.
22
Práticas de manejo que induzem substancial alteração na arquitetura do dossel mediante o
processo de colheita pelo animal, normalmente se relacionam a uma pequena quantidade de
tecidos remanescentes, influindo diretamente na interceptação luminosa, culminando em
variações significativas no acúmulo de forragem (BROUGHAM, 1956
5
citado por
SARMENTO, 2007).
Em algumas gramíneas temperadas, a taxa de acúmulo de forragem foi máxima foi
se atingiu cerca de 95% de interceptação luminosa pelo dossel. Entretanto, Gomide et al.
(2002) verificaram aumento no acúmulo de forragem em pastagens de
Panicum maximum
Jacq. cv. Mombaça, mesmo após a máxima interceptação de luz pelo dossel. O fato foi
justificado pelo efeito do crescimento com orientação vertical das folhas e pelo aumento na
proporção de hastes.
Contudo, variações na arquitetura do dossel por conta de diferentes padrões de
desfolha não resultam necessariamente em modificações no acúmulo de forragem,
especialmente, devido aos eventos compensatórios que existem na planta, mais
especificamente entre as taxas de produção e senescência de tecidos (ADESE, 2004).
Além dos atributos da arquitetura foliar peculiares de cada espécie, o mecanismo
denominado plasticidade fenotípica desempenha papel primordial na adaptação das plantas
perante o ambiente, caracterizado por mudanças estacionais e reversíveis na estrutura do
dossel (MATTHEW et al., 2001). Inclui-se como exemplos, alterações na inclinação, tamanho
de folhas e no perfilhamento. Estes processos de forma geral estão relacionados ao estresse
hídrico, à adubação nitrogenada, mas principalmente referem-se ao manejo de pastejo,
especificamente em resposta a freqüência e intensidade de desfolhas (NELSON, 2000).
King et al. (1979)
6
citados por Braga (2004) observaram que uma maior
intensidade de pastejo tornou as folhas mais prostradas e aumentou a densidade populacional
de perfilhos. Manejo de pastagem que empregam lotação contínua leva a uma pequena
competição por luz entre as plantas devido à remoção contínua da área foliar, o que incita
aumento na densidade populacional de perfilhos. Em contrapartida, sob lotação rotacionada
existe maior competição por luz durante o período de rebrota, o que promove redução no
número de perfilhos. Vale lembrar que devido um mecanismo de compensação
5
BROUGHAM, R. W. Effect of intensity of defoliation on regrowth of pasture. Australian Journal of
Agricultural Research
, v. 7, n. 2, p. 337-387, 1956
6
KING, J.; LAMB, W.I.C.; McGREGOR, M.T. Regrowth of ryegrass subject to different cutting regimes and
stocking densities.
Grass and Forage Science, v.34, p.107-118, 1979.
23
tamanho/densidade, quanto maior a densidade de perfilhos menor será o tamanho das folhas a
serem emitidas (NELSON e ZARROUGH, 1981
7
citados por PEDREIRA, 2001)
2.3 - Massa de forragem e desempenho animal
A abundância da forragem presente na pastagem influi em melhor resposta animal,
tendo em vista, que o consumo é profundamente determinado pela oferta de forragem, sendo
que esta varia inversamente com a taxa de lotação. Contudo, quanto maior a produção de
matéria seca do pasto maior poderá ser sua capacidade de suporte, que se refere ao número
e/ou carga animal que a forragem poderá atender, assegurando alto ganho por animal e
elevado rendimento por área além da manutenção da sua perenidade.
A relação entre o número de unidades animais ou unidades de consumo de forragem e
a quantidade de matéria seca (MS) de forragem por unidade de área, em um ponto qualquer
no tempo, denomina-se pressão de pastejo (PEDREIRA, 2000). Quando esta é baixa, o animal
é favorecido pela maior disponibilidade de MS tendo oportunidade de exercer o pastejo
seletivo e obter uma dieta de qualidade superior. Como conseqüência tem-se uma resposta
animal máxima, de frente às condições da pastagem oferecida.
Por outro lado, Torres et al. (1982) constataram que pressões de pastejo crescentes
reduzem o desempenho individual animal em virtude principalmente da capacidade limitada
de seleção do material ingerido, contudo incorrem em sucessivos aumentos na produção por
hectare. Entretanto, esse aumento ocorre até um nível máximo a partir do qual a produção por
área é minimizada, momento em que a disponibilidade passa a ser tão limitante, na qual a
demanda animal por forragem é superior àquela produzida pela pastagem. Assim, ocorre
restrição no consumo, de maneira que a ingestão de nutrientes seja apenas para o atendimento
das necessidades de mantença do animal.
O desempenho individual dos animais apresenta relação direta com o aspecto
qualitativo da pastagem, enquanto o número de animais por unidade de área expressa o
aspecto quantitativo. Neste sentido, a faixa de amplitude adequada de utilização das
pastagens, que permite uma produção forrageira máxima aliada à otimização da resposta
7
NELSON, C.J.; ZARROUGH, K.M. Tiller density and tiller weight as yield determinants of vegetative swards.
In: PLANT PHYSIOLOGY AND HERBAGE PRODUCTION, BIANNUAL SYMPOSIUM, Nottingham, 1981.
Proceedings. Nottingham:British Grassland Society. P.25-29.
24
animal, sem, no entanto prejudicar o equilíbrio entre as espécies que integram a pastagem é
definida como intensidade ótima de pastejo (DA SILVA, 2006).
Trabalhos realizados avaliando a resposta animal em relação à variação na quantidade
de forragem disponível aos animais demonstraram que valores de oferta, massa de forragem
e/ou altura do dossel que maximizam o ganho individual são diferentes daqueles que
expressam o máximo ganho por área. Normalmente esta quantidade de forragem é expressa
de algumas maneiras, sendo as mais utilizadas: oferta de forragem (kg MS/100 kg de peso
vivo (PV), massa de forragem (kg/ha MS) e altura do dossel (cm)) (HERINGER e
CARVALHO, 2002).
Neste contexto, Braga (2004) realizou estudo com ofertas de forragem nos níveis de 5,
10, 15 e 20% do PV de novilhos em pastejo intermitente em
Brachiaria brizantha cv.
Marandu, e observou nos tratamentos com maior oferta de forragem (OF), aumento na altura
e na massa de forragem ao longo dos ciclos de pastejo. Contudo, existiram conseqüências
negativas sobre a capacidade fotossintética e sobre o acúmulo de forragem pelo dossel.
Ademais, por ocasião do mesmo experimento Herling et al. (2003) relataram maior ganho de
por área utilizando a oferta de 10%. Ainda, a utilização de OF de 15 e 20% provocou aumento
na variabilidade espacial da vegetação com o decorrer dos pastejos.
Adicionalmente, Moojen e Maraschin (2002) constataram que o ganho de peso de
novilhos em regime de pastejo sob pastagem nativa foi máximo em OF de 13,4% do PV. No
entanto, o maior ganho por área foi relatado na OF de 11% do PV.
Flores et al. (2008) avaliaram três alturas de pastejo (15, 25 e 30 cm) em capim
Marandu manejada sob lotação continua com carga variável, utilizando novilhos mestiços
com peso vivo inicial (PVI) médio de 250 kg e observaram ganho médio diário (GMD)
crescente com o aumento da altura do dossel e que a produtividade da forragem foi maior
entre as alturas de 25 a 40 cm.
Em pesquisas com ovinos, Carnevalli et al. (2001) avaliaram a relação da altura do
dossel de Tifton 85 (
Cynodon spp.) numa amplitude de 5 a 20 cm, e verificaram maiores
ganhos individuais dos ovinos e produção por área nas maiores alturas, além de maiores
disponibilidades de forragem.
Roman (2006) trabalhando com diferentes massas de forragem em pastagem de
azevém anual, afirmou que a OF, a altura do dossel e o GMD aumentaram linearmente com o
incremento da massa de forragem. Em contrapartida, houve efeito quadrático para produção
de forragem.
25
2.4 - Consumo de forragem por ruminantes em pastejo
Para que os animais possam desempenhar suas atividades fisiológicas de modo a
atender às suas necessidades para mantença e produção, é imprescindível adequada ingestão
de nutrientes (GOMIDE, 1995). Segundo Mertens (1994), o consumo corresponde entre 60 a
90% da variação do desempenho animal, sendo apenas 10 a 40% ligados a fatores
relacionados com a digestibilidade da dieta. Assim, Van Soest (1994) salienta que o consumo
é fundamental à nutrição, determinando a quantidade de nutrientes ingeridos e respectiva
resposta animal.
Gomide e Queiroz (1994) mencionaram que dietas ou alimentos podem ser
qualificados quanto aos seus valores, nutritivo e alimentício. Mott e Moore (1970)
8
citados
por Reis et al. (2006) sugeriram que o termo valor nutritivo considera os seguintes fatores:
concentração e digestibilidade dos nutrientes e natureza dos produtos digeridos, que sob
condição de pastejo são inerentes à forragem consumida (REIS et al., 2006). Portanto, não
devendo incluir qualquer referência ao consumo voluntário, exceto em ocasiões onde a
forragem é fornecida em quantidade restrita, onde o valor nutritivo assume especial
importância. Por outro lado, o termo valor alimentício apresenta melhor coerência para a
avaliação biológica dos alimentos destinados à produção animal, pois engloba além dos
aspectos relacionados ao valor nutritivo, os fatores relativos ao potencial de consumo do
alimento (MOORE, 1980
9
citado por REIS et al. 2006), que de maneira especial assume
relevância em sistemas de produção com base na utilização de forragem.
Do ponto de vista de funcionamento do sistema de produção de ruminantes em
pastagens, podem ser reconhecidas três etapas do processo, responsáveis pela captação de
energia do meio e sua transformação em produto animal: crescimento, utilização e conversão
(HODGSON, 1990).
Da Silva e Nascimento Júnior (2006) ressaltaram que essas eficiências precisam ser
compreendidas e consideradas para o entendimento adequado do comportamento e
funcionamento dos sistemas de produção animal em pastagens.
8
MOTT, G.O; MOORE, J.E. Forage evaluation techniques in perspective. In: Proc. Of the Nat. Conf. on Forage
Qualit Evaluation and Utilization, Lincoln, Nebraska, 1970.
9
MOORE, J.E. Forage crops. In: HOVELAND, C.S. (Ed) Crop quality storage and utilization. Madson:
American Society and Crop Science, 1980. P.61-91.
26
Assim, por crescimento entende-se a captação da energia luminosa proveniente do
sol e sua fixação em tecidos vegetais, sendo sua eficiência a relação entre a energia contida na
forragem produzida e aquela captada a partir do sol. A utilização é a etapa referente à colheita
da forragem produzida pelo animal, assim sua eficiência, relaciona-se ao resultado entre a
quantidade de energia contida na forragem consumida e aquela contida na forragem
produzida. a conversão, etapa final do processo produtivo, corresponde à transformação da
energia contida na forragem consumida em tecidos e produtos de origem animal, cuja
eficiência é calculada pela relação entre a energia contida no produto animal e aquela na
forragem consumida. As etapas de crescimento, utilização e conversão possuem eficiências
distintas, variando de 2-8%, 40-80% e 7-15% respectivamente (HODGSON, 1990).
Portanto, práticas de manejo baseadas na manipulação da etapa de crescimento
(controle da intensidade e qualidade da luz incidente, temperatura, precipitação, nutrientes)
resultam em baixa eficiência de crescimento, de 2 a 8%. A eficiência de conversão em
produto animal também é baixa, sendo de 7 a 15%, devido à dependência de atributos
relativos com o mérito genético e processos fisiológicos do animal (velocidade de ganho,
potencial de produção de leite e/ou requisito de mantença). Por outro lado, a eficiência de
utilização é bem superior, 40 a 80%, pois, provavelmente grande parcela dos processos
inerentes à colheita de forragem seja passível de manipulação e controle, tais como o controle
na frequência e intensidade de desfolha, o período de descanso e ocupação dos piquetes, taxa
de lotação, suplementação, dentre outros (HODGSON, 1990; DA SILVA e SBRISSIA, 2000;
SBRISSIA e DA SILVA, 2001).
Logo, fica clara a potencialidade de interferência no processo de utilização da
forragem. Desta maneira, quando se almeja melhores desempenhos produtivos baseados em
sistema de pastagens, é indispensável à adequação de manejos que integram a otimização do
consumo de forragem pelo animal.
De acordo com Poppi et al. (1987)
10
citados por Berchielli et al. (2006) os principais
fatores que influenciam o consumo de forragem por animais em pastejo, podem ser agrupados
em duas categorias: a) fatores nutricionais, que incluem as variáveis que afetam a digestão da
forragem e referem-se, principalmente, à maturidade e concentração de nutrientes da forragem
ingerida; e b) fatores não-nutricionais, que dizem respeito às variáveis que afetam a taxa
10
POPPI, D.P.; HUGHES, T.P.; L’HUILLIER, P.J. Intake of pasture by grazing ruminants. In: NICOL, A.M.
(Ed.).
Livestock feeding on pasture. Halminton: New Zealand Society of Animal Production, 1987. p. 55-64.
(Occasional Publication nº 10)
27
de ingestão de forragem, tais como a estrutura física do pasto, sua disponibilidade e densidade
e o comportamento ingestivo do animal.
Os fatores não-nutricionais, segundo Hodgson (1990) podem também ser
denominados de fatores comportamentais, e determinam a influência da disponibilidade de
forragem no comportamento ingestivo, mediante variáveis que afetam a taxa de ingestão de
forragem. Assim, características estruturais do dossel forrageiro (altura, densidade),
disponibilidade de forragem, comportamento social dos animais, relevo, clima, proximidade
de fontes de água, dentre outros, assumem relevância no processo de colheita da forrragem.
A regulação do consumo de ruminantes, incluindo animais a pasto e em
confinamento, segundo Mertens (1994), dá-se por dois mecanismos básicos: físico e
fisiológico. Fisicamente, o consumo voluntário pode ser inibido pela distensão do
compartimento retículo-rúmen , quando a dieta é composta basicamente de forragem de lenta
taxa de digestão e, que consequentemente, afeta a sua passagem pelo rúmen, o que implica na
limitação ou redução no consumo (ALLEN, 1996). Mertens (1994) aliou tal limitação ao teor
de fibra em detergente neutro (FDN) da dieta, e sugeriu o valor de 1,25% do PV de FDN
como um possível fator limitante ao consumo. Entretanto, quando os animais são alimentados
com dietas palatáveis, baixas em capacidade de enchimento e prontamente digestíveis, o
consumo passa a ser regulado a partir da demanda energética do animal (MERTENS, 1994).
Dificilmente forrageiras tropicais apresentam digestibilidade superior a 60%, valor
esse inferior ao de 66-68%, proposto por Conrad et al. (1964)
11
citado por Monteiro et al.
(2007) que possivelmente ocasionam máximo consumo de matéria seca. Assim, pode-se
entender que via de regra ruminantes mantidos em regime de pastejo em forrageiras tropicais
terão seu consumo limitado pelo “enchimento” físico. Todavia, forragens de alta
digestibilidade podem ser potencialmente ingeridas em quantidades menores que as preditas
pela teoria do controle físico. Nesses casos, o consumo é, então, mais provavelmente
controlado por entraves metabólicos, relacionados à habilidade do animal em utilizar
nutrientes absorvidos (ILLIUS e JESSOP, 1996). Aliado a isto, Forbes (1993) descreveu que
ruminantes em geral são capazes de controlar seu consumo energético de maneira semelhante
aos não ruminantes, desde que a densidade de nutrientes da dieta seja suficientemente alta
para que as restrições físicas não interfiram.
11
CONRAD, H.R., PRATT, A.D., HIBBS, J.W. 1964. Regulation of feed intake in dairy cows. I - Change in
importance of physical and physiological factors with increasing digestibility.
J. Dairy Sci., 47(1):54-62.
28
2.5 - Princípios do comportamento animal sob condições de pastejo
Para ruminantes, alguns fatores além da abundância de forragem, são determinantes
na escolha do local de pastejo, como os atributos relativos aos custos energéticos gastos na
busca pelo alimento e a distância em relação às fontes de água (GOULART, 2006). Por outro
lado, locais de topografia irregular, a presença de parasitas e plantas com compostos anti-
nutricionais ou aleloquímicos podem causar rejeição aos animais (LAUNCHBAUGH, 1996).
Além disso, as habilidades comportamentais dos ruminantes sob pastejo são em parte inatas,
mas grande parte delas é adquirida em processos de aprendizado durante a vida (HOWERY,
1998 citado por CARVALHO et al., 2005b). Ademais, tais habilidades podem ser
influenciadas pelo convívio social (MIRZA e PROVENZA, 1990). O fato é que, para realizar
o processo de colheita de forragem, os ruminantes acabam por gerar desuniformidades no
ambiente de pastejo.
Santos et al. (2002) relataram que ovinos em pastejo mantêm um comportamento
social típico de explorar preferencialmente locais em que, a altura da forrageira não exceda às
suas próprias, de modo a permitir perfeita visualização dos animais do grupo. Contudo,
mesmo com a anatomia bucal da espécie capaz de permitir pastejo rente ao solo, os ovinos
apresentam maiores níveis de ingestão em forragem de porte mais elevado.
Outra característica peculiar da espécie ovina é o habito de pastejarem em grupos,
geralmente ocorrendo redução do período de pastejo para grupos pequenos (PENNING et al.,
1993). Logo, este comportamento grupal é determinante da freqüência e direção do
deslocamento dos animais durante o pastejo, contrariamente àquele apresentado pelos
bovinos, para os quais a quantidade e qualidade da forragem disponível exercem papel
preponderante na escolha do sítio de pastejo (CARVALHO et al. 1999b).
Para ruminantes, o processo de pastejo adquire um caráter ainda mais complexo,
uma vez que esses animais são dotados de uma capacidade inata de aprendizado, a qual se
baseia no desenvolvimento de uma memória de referência (BAILEY et al., 1996), com
duração de cerca de 20 dias. Além disso, possuem a capacidade de associar sensações de bem
e de mal-estar a um determinado tipo de forragem consumida em um período de até oito horas
(PROVENZA, 1995; LAUNCHBAUGH, 1996), alterando sua preferência e, portanto, sua
capacidade de escolha e seleção de novos sítios e estações de pastejo.
Locais na pastagem que permitem ao animal manter uma taxa elevada de ingestão
de nutrientes são memorizados para que sejam utilizados frequentemente (BAILEY et al.,
1996; LAUNCHBAUGH e HOWERY, 2005), o que faz com que o pastejo seja realizado
29
consistentemente em locais onde a qualidade da forragem em oferta seja superior à qualidade
média da forragem disponível em área total (CARVALHO et al., 1999a).
Dessa maneira, Da Silva (2006) sugere a necessidade de se conhecer não apenas os
requisitos nutricionais, mas também os padrões de comportamento animal para que práticas
de manejo eficientes e eficazes possam ser implementadas deixando clara, a importância do
ambiente social no processo de pastejo.
Bovinos e ovinos normalmente dividem o seu dia em períodos alternados de
pastejo, ruminação e descanso (ócio). A maior parte da atividade de pastejo ocorre durante o
dia, embora sejam comuns períodos curtos de pastejo noturno, notadamente em dias muito
quentes, como meio de tentar compensar a redução do pastejo diurno (MEDEIROS et al.,
2007). Normalmente existe um período de ruminação após cada período de pastejo, mas a
maior parte da ruminação ocorre durante a noite. Este padrão característico pode ser alterado
por atividades de rotina como ordenha, mudança de piquetes em situações de lotação
rotacionada e, excepcionalmente, por condições extremas de clima (HODGSON, 1990).
O consumo de forragem por ruminantes é maximizado quando a oferta de matéria
seca (MS) é de três a quatro vezes superior à quantidade consumida (GIBB e TREACHER,
1976
12
citado por MONTEIRO et al., 2007) ou 8 a 10 % do peso vivo do animal, partindo do
pressuposto que um animal com consumo de MS em torno de 2,5% do PV de MS.
Os ovinos apresentam preferência por forrageira de menor porte em contraposição
àquela priorizada por bovinos. Contudo, quando maiores alturas da planta forrageira estão
associadas ao desenvolvimento reprodutivo ou à maturação, caracterizada por elevados teores
de FDN e lignina, os animais sob pastejo são capazes de diferenciá-la de outras mais tenra
(GRIFFITH et al., 2003a; 2003b) .
A vegetação numa pastagem é espacialmente heterogênea, principalmente quando
se utiliza manejo com lotação contínua (HIRATA, 2002), por vezes, apresenta substancial
amplitude de condições no que diz respeito à massa de forragem, estrutura e altura do dossel.
De uma maneira geral, quanto maior a massa de forragem no sítio de pastejo, maior será a
massa do bocado realizado pelo animal, possibilitando com isso, maior consumo de forragem,
uma vez que a massa do bocado é um dos principais determinantes do nível de ingestão de
animais em pastejo (DA SILVA e CARVALHO, 2005).
De acordo com Laca e Dement (1991) geralmente os animais pastejam em locais onde
a massa de forragem é superior à média, o que permite maior nível de seleção e com isto,
12
GIBB, M.J. AND TREACHER, T.T. The effect of herbage allowance on herbage intake and performance of lambs grazing perennial
ryegrass and red clover swards.
Journal of Agricultural Science, 1976. 86 (2), 355-365.
30
ingestão de forragem de melhor qualidade. Por outro lado, Cid e Brizuela (1998)
13
citados por
Braga (2004), relataram que em condições de baixa taxa de lotação, os animais repetiram o
mesmo local intensamente pastejado, no sentido de aproveitar uma forragem de melhor
qualidade. Assim, locais pastejados e não pastejado se desenvolvem, configurando uma
heterogeneidade espacial na pastagem que pode estar seguramente relacionado com perdas de
forragem (CARVALHO et al. 2004).
Neste contexto, a preferência dos animais por determinadas áreas da pastagem não
afeta apenas a qualidade de sua dieta, mas também exerce significante efeito na estabilidade
da comunidade vegetal (ROOK, 2000). Todavia, locais com níveis variados de utilização
mudam de acordo com a estação do ano, método e pressão de pastejo.
Uma vez escolhido o sítio de pastejo pelo animal, a quantidade e a duração das
refeições assumem importância ao longo do tempo. A atividade de pastejo envolve turnos.
Segundo Carvalho (2005), o número de refeições parece ser um indicador de qualidade do
ambiente pastoril, uma vez que em situações de elevada OF, os animais realizam um número
grande de refeições de curta duração, caracterizadas por altas taxas de ingestão. Entretanto, o
tempo total de pastejo tende a ser reduzido.
Em situações de massa de forragem restritivas ao pastejo seletivo, o número de
refeições é menor e o tempo por refeição é aumentado. Deste modo, maior tempo é
despendido com pastejo, em virtude de uma taxa de ingestão limitada pela estrutura do pasto e
um ambiente de pastejo estressante para a colheita da forragem. O número total de refeições,
combinado às suas respectivas durações, determinam o tempo diário de pastejo, uma variável
que indica as condições do pasto (HODGSON, 1990).
Em sistemas de produção de ruminantes em pastagens tropicais, trata-se o tempo de
pastejo, como uma variável inversamente relacionada ao consumo, pois quanto maior a massa
de forragem e, portanto, maior o consumo por parte do animal, menor será o tempo
despendido com o pastejo.
Na medida em que o consumo diário de forragem corresponde ao somatório de cada
ação de captura de forragem pelo bocado, a maximização do consumo e, consequentemente,
do desempenho animal, é obtida através da maximização de cada bocado desferido
(CARVALHO e MORAES, 2005). Nesse contexto, a massa do bocado é a principal variável
determinante do consumo diário de forragem, a qual é fortemente influenciada pela
13
CID, M.S.; BRIZUELA, M.A. Heterogeneity in tall fescue pastures created and sustained by cattle grazing.
Journal of Range Management, v.51, p.644-649, 1998.
31
profundidade do bocado (CARVALHO, 1997), uma vez que a área do bocado é menos
sensível às variações em massa de forragem e, ou, altura do dossel. Contudo, Mitchell et al.
(1991) destacaram que variações na altura do dossel geram uma amplitude maior de variação
em massa do bocado, indicando a importância da altura do dossel como uma referência de
manejo e controle do processo de pastejo.
Demment e Laca (1993) evidenciaram que uma mesma massa de forragem, quando
apresentada aos animais na forma de dossel alto e de baixa densidade volumétrica (g/m
3
),
resultava em massas de bocado superiores àquelas constatadas em pastos de mesma massa,
porém mais baixos e com maior densidade de forragem. O que indica que do ponto de vista
do animal seria melhor ofertar pastos relativamente mais altos do que pastos baixos e de
maior densidade de forragem uma vez que, possivelmente a altura é responsável por
potencializar a profundidade do bocado (DA SILVA, 2006). Nesta ocasião, cabe a afirmativa
de que a profundidade do bocado possui correlação positiva com a altura do dossel e negativa
com a densidade da forragem (GORDON e LASCANO, 1993). Em geral, quanto maior a
altura do dossel maior a profundidade do bocado por ruminantes (CARVALHO et al., 1999b).
2.6 - Estrutura do dossel forrageiro e consumo
As características estruturais do dossel forrageiro são condicionadoras e
determinantes de respostas de plantas e de animais, de modo que a estrutura da pastagem seja
o elo desses componentes. Dessa forma, torna-se relevante o conhecimento da dinâmica de
produção das gramíneas forrageiras, por meio de avaliações das características estruturais, por
possibilitarem o estudo do crescimento vegetal (LEMAIRE e CHAPMAN, 1996).
Paulino et al. (2002) mencionaram que além das características bromatológicas da
forragem, a produção de ruminantes sob pastejo depende das características fenológicas e
estruturais da vegetação.
A estrutura do pasto é definida por Laca e Lemaire (2000) como sendo a
distribuição e o arranjo das partes da planta, ou a quantidade e organização de seus
componentes dentro de sua comunidade vegetal sobre o solo. Assim, a estrutura do pasto
determinada por sua morfologia e arquitetura, pela distribuição espacial das folhas, pelas
relações folha:colmo e material morto:vivo, pela densidade de folhas verdes, pela densidade
populacional de perfilhos e pela altura interferem na produção de forragem e no consumo de
massa seca pelos animais.
32
Estas variáveis são importantes para a planta por significarem a estratégia com que
elas buscam os recursos tróficos necessários ao seu pleno desenvolvimento. Fagundes et al.
(2006) citaram que o potencial de produção de uma planta forrageira é determinado
geneticamente, porém, para que este potencial seja alcançado, se faz necessário o
entendimento das condições adequadas do meio e o manejo sobre a planta forrageira (DA
SILVA e PEDREIRA, 1997), uma vez que mudanças morfológicas na pastagem ocorrem ao
longo do tempo (EUCLIDES e EUCLIDES FILHO, 1997).
Do ponto de vista animal, características estruturais da pastagem originam a
composição morfológica do pasto e sua acessibilidade aos animais. De acordo com Prache e
Peyraud (1997), as características associadas à planta que afetam a facilidade de coleta da
forragem pelo animal são: altura do pasto, a massa de forragem presente por unidade de
volume, a disposição espacial dos tecidos vegetais preferidos, a presença de barreiras à
desfolhação, tais como bainhas e colmos, e o seu teor de matéria seca. Estas características do
dossel irão determinar o grau de seletividade exercido pelos animais em pastejo e a eficiência
com que a forragem é colhida, determinando a quantidade total de nutrientes ingeridos pelo
animal.
Ademais, Da Silva e Carvalho (2005) argumentam a necessidade de se estabelecer
metas de manejo para cada forrageira, orientadas pela avaliação da estrutura do dossel e com
objetivo de potencializar o crescimento da forragem e sua ingestão pelo animal em pastejo.
Num outro ponto, Gomide (1998) afirmou que as características estruturais do relvado
dependem não da espécie botânica, mas também do manejo adotado, principalmente da
pressão de pastejo. Portanto, o manejo de pastagens condiciona a formação de estruturas de
pasto que otimizem a velocidade de colheita de forragem pelo animal em pastejo
(CARVALHO et al., 2001; DA SILVA e CARVALHO, 2005), no sentido de evitar o
processo de senescência, ao mesmo tempo que permita a planta se recuperar após a desfolha.
O consumo de forragem pelo animal em pastejo é extremamente dependente das
variações na condição e na estrutura do dossel forrageiro. Quanto maior a heterogeneidade da
pastagem, maior tende a ser a seletividade animal.
Em pastagens tropicais, o consumo máximo ocorre quando os animais estão em
pastagens com elevada densidade de folhas verdes acessíveis. Minson (1990) observou que
quando o animal é acostumado a consumir folhas, ele continua procurando por elas, mesmo
quando a proporção delas na pastagem é baixa. Brâncio (2000) observou que mesmo em
condições onde a percentagem de material senescente é muito elevada e a de lâminas foliares
é baixa, o ruminante é capaz de selecionar o material ingerido, e garantir que mais de 80% de
33
sua dieta seja composta de folhas. Este comportamento leva ao consumo pouco expressivo,
por rejeição da pastagem com alta proporção de caules.
Um dos grandes entraves no manejo de pastagens do gênero
Panicum relaciona-se
ao aumento na participação dos colmos na estrutura do dossel, porém, este agravante pode ser
estendido a outras gramíneas tropicais. Assim, Sbrissia e Da Silva (2001) propuseram uma
adaptação no esquema de Chapman e Lemaire (1993) para as plantas forrageiras tropicais,
indicando a necessidade da inclusão do alongamento do colmo dentre as características
morfogênicas e da relação lâmina/colmo nas características estruturais.
Sbrissia e Da Silva (2001 relataram que em gramíneas com hábito de crescimento
ereto, o alongamento do colmo promove incremento do rendimento forrageiro, porém,
interfere significativamente na estrutura do pasto, comprometendo a eficiência do pastejo em
virtude da redução na relação folha:colmo, a qual guarda tem relação direta com o
desempenho de animais em pastejo (EUCLIDES et al., 2000). Estudos realizados por
Balsalobre (1996) e Santos et al. (1999) revelaram que a fração colmo da planta contribui para
a produção de matéria seca disponível, no período de florescimento de 70% e 66% para
espécies do gênero
Panicum e Pennisetum, respectivamente.
Espera-se que, com o alongamento do colmo, ocorra queda no valor nutritivo da
forragem ofertada aos animais, visto que de acordo com avanço da maturidade da forrageira o
valor nutritivo de colmos tende a apresentar declínio mais acentuado quando comparado com
folhas. Além disso, a presença de tecidos de baixa ou nenhuma degradabilidade, tais como
esclerênquima e bainha parenquimática dos feixes, corresponde a 20% na fração colmo,
enquanto nas lâminas foliares está em torno de 8% (WILSON, 1993). A partir do momento
em que o rebaixamento do relvado atinge camadas onde maior proporção de bainhas e
colmos, ocorre decréscimo da intensidade de desfolhação em função de uma limitação física.
Deste modo, surge a importância de avaliações na taxa de alongamento do colmo, do ponto de
vista estratégico do manejo da pastagem, mediante as variações na intensidade de desfolha
(PETERNELLI, 2003).
Como citado anteriormente, maior altura do dossel forrageiro, para os animais,
significa maior quantidade de biomassa de forragem disponível. Sarmento (2003) estudou a
influência de quatro alturas de pastejo (10, 20, 30 e 40 cm) em pastos de capim Marandu no
comportamento ingestivo de bovinos e encontrou estreita associação entre a altura do pasto e
a massa do bocado, a taxa de bocado e a ingestão de matéria seca, onde o consumo teve
amplitude de 1,3 a 2,0 % PV para as alturas de 10 e 40 cm, respectivamente.
34
Os artigos a seguir foram elaborados segundo as normas da Revista Brasileira de
Zootecnia, editada pela Sociedade Brasileira de Zootecnia.
35
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42
CAPÍTULO 1
Características produtivas e estruturais do capim-marandu submetido a diferentes taxas
de lotação com ovinos
RESUMO
Avaliou-se as características produtivas e estruturais do capim Marandu
submetido a diferentes taxas de lotação com ovinos. O experimento foi conduzido no setor de
Ovinocultura da Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso, no período
de fevereiro a maio de 2008, compreendendo o período das águas e transição águas-secas. A
área experimental totalizava 4500 m
2
, a qual foi dividida em 45 piquetes de 100 m
2
. Foram
utilizadas 27 cordeiras Santa Inês puras de origem, com aproximadamente 4 meses de idade, e
peso vivo inicial médio de 22 kg. O experimento foi estruturado segundo um delineamento
inteiramente casualizado. Os tratamentos consistiam em três taxas de lotação, sendo 2, 3 e 4
cordeiras/piquete, que corresponderam respectivamente em 40, 60 e 80 cordeiras/ha. Cada
tratamento era representado por 15 repetições o que totalizava 45 parcelas, cada uma
representando um piquete. Os piquetes foram manejados em sistema de lotação intermitente,
com período de 7 dias de ocupação e 28 de descanso. O incremento das taxas de lotação
promoveu redução nas massas de forragem, de lâmina foliar e altura no pré pastejo. Houve
efeito linear decrescente nas massas de: forragem, de lâmina foliar, de colmo e de material
senescente no pós pastejo. A altura e a relação folha:colmo foram menores na taxa de lotação
de 80 cordeiras/ha, que também resultou em maior taxa de acúmulo de forragem e melhor teor
de proteína bruta na lâmina foliar no pós pastejo. Por apresentar valores intermediários,
sugere-se a utilização da taxa de lotação de 60 cordeiras/ha, visando à otimização da dinâmica
de produção, perenidade da planta forrageira e assegurando bom valor alimentício e
consequente desempenho animal.
Palavras-chave: massa de forragem, taxa de acúmulo de forragem, altura do dossel, relação
folha:colmo, composição bromatológica
43
Production and structural characteristics of pasture marandu submitted to different
rates of stocking with sheep
ABSTRACT
- The objective was to evaluate the structural and productive
characteristics of forage Marandu submitted to different rates of stocking with sheep. The
experiment was conducted in the sector Ovinocultura of the Experimental Farm of the Federal
University of Mato Grosso, in the period February to May of 2008, including the period of
water and water-dry transition. The experimental area totaled 4,500 m
2
, which was divided
into 45 paddocks of 100 m
2
. We used 27 Santa Inês lambs pure of origin, approximately 4
months of age, and initial body weight average of 22 kg. The treatments consisted of three
stocking rates, 2, 3 and 4 lambs/paddock, which accounted respectively for 40, 60 and 80
lambs/ha. Each treatment was represented by 15 replications which totaled 45 plots, each
representing a paddock of 100 m
2
. The paddocks were managed by intermittent grazing
system, with period of 7 days of occupation and 28 rest. The increase in stocking rates
promoted a reduction in mass of forage in the bodies of green leaf and height in pre grazing.
There was a linear decreasing effect on the bodies of: forage in the leaf blade of stems and
senescent material in the post grazing. The height and the leaf: stem ratio were lower in the
stocking rate of 80 lambs / ha, which also resulted in higher rate of accumulation of better
forage and crude protein of green leaves in the post grazing. By presenting intermediate
values, it is suggested the use of stocking rate of 60 lambs / ha, to the optimization of the
dynamics of production, sustainability of forage plant and ensuring good value food and
consequent animal performance.
Keywords: forage mass, rate of accumulation of forage, height sward, relative leaf: stem,
chemical composition
44
Introdução
Estima-se somente na região dos Cerrados, 60 milhões de ha com pastagens
cultivadas, de modo, que mais de 80% desta área seja cultivada por gramíneas do gênero
Brachiaria (Macedo, 1995). Entretanto, o manejo destas gramíneas não condiz com o ótimo
do seu potencial, em virtude principalmente de manejos inadequados, promovendo uma
produção deficitária, tanto da forragem e consequentemente do animal. Devido a isto, surge
nos pecuaristas a falta de confiança na atividade pecuária. Segundo Rosa e Torres Júnior
(2004), entre os anos de 2001 e 2003 as áreas de pastagem tiveram redução de 2,74%, o que
representa 4,9 milhões de hectares, que passaram a ser ocupada pelos sojicultores.
Nesse contexto, o entendimento das relações existentes entre plantas e animais em
sistemas de pastagens torna-se quesito essencial para o estabelecimento de estratégias do
pastejo, que respeite limites e necessidades tanto do componente vegetal como do animal, no
sentido de buscar uma atividade bio-economicamente sustentável.
Todavia, a resposta da planta forrageira ao pastejo sofre grande influência da taxa de
lotação empregada. A freqüência e intensidade da desfolha praticada modificam
expressivamente a produção forrageira (Molan, 2004). Além disto, a plasticidade fenotípica
das plantas se encarrega de uma nova e necessária adaptação às condições impostas pelo ato
do pastejo, configurando uma nova estrutura do dossel, que acarretará conseqüências no
processo de desfolha pelo ruminante.
Além da relação folha:colmo, Hodgson (1990) afirmou que dentre as características
estruturais do dossel, a altura devido a sua estreita relação com o acúmulo de forragem
oferece grande impacto no comportamento ingestivo dos animais, além de ditar a habilidade
com que as plantas buscam a luz dentro do dossel.
Pesquisas recentes com diversas gramíneas tropicais (Carnevalli et al., 2000; 2001ab;
Andrade, 2003; Sarmento, 2003; Sbrissia, 2004; Difante, 2005; Carnevalli et al., 2006;
45
Zeferino, 2006; Barbosa et al., 2007) avaliaram a estrutura do pasto e sua relação com o
desempenho animal. Entretanto, os animais utilizados em tais estudos foram bovinos. os
ovinos, apresentam hábitos peculiares quanto ao processo de pastejo, principalmente pela sua
maior seletividade quando comparado com bovinos.
Embora, o capim Marandu tenha expressiva participação no cenário nacional,
sobremaneira no Estado de Mato Grosso e estar entre uma das forrageiras mais avaliadas, o
conhecimento disponível sobre seu comportamento sob condições de pastejo ainda é limitado,
especialmente para a exploração de ovinos.
Desta forma, objetivou-se avaliar o acúmulo de forragem, a estrutura da vegetação e
altura do dossel do capim Marandu submetido a diferentes taxas de lotação com ovinos no
período das águas e transição águas-seca.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no setor de Ovinocultura da Fazenda Experimental da
Universidade Federal de Mato Grosso, localizada em Santo Antônio do Leverger, distante 30
Km de Cuiabá, entre os meses de fevereiro a maio de 2008.
Os dados de precipitação pluviométrica, umidade relativa e das temperaturas máximas
e mínimas coletados durante o experimento podem ser vistos na Tabela 1.
Tabela 1 - Valores médios de temperatura máxima e mínima, umidade relativa do ar e
precipitação pluviométrica coletados no período de fevereiro a maio de 2008
Mês
Temperatura média (
0
C)
Máxima Mínima
Umidade Relativa do ar
(%)
Precipitação
(mm)
Fevereiro
32,7 22,8 81,5 51,8
Março
32,5 22,9 82,7 54,9
Abril
31,6 21,3 82,9 53,2
Maio
29,5 18,9 83,2 17,1
Fonte: Estação Agrometeorológica Padre Ricardo Remetter – Fazenda Experimental UFMT
46
A área destinada ao experimento totalizava 4500 m
2
, formada pelo capim Marandu,
implantada em fevereiro de 2007. Esta área foi dividida em 45 piquetes de 100 m
2
, utilizando
cerca eletrificada com quatro fios.
Foram utilizadas 27 cordeiras Santa Inês P.O, com aproximadamente 4 meses de idade
e peso vivo inicial (PVI) médio de 22 kg. Inicialmente, as cordeiras foram agrupadas em 9
lotes com mesmo PVI e distribuídas nos tratamentos que consistiam em três taxas de lotação
(TL), sendo 2, 3 e 4 cordeiras/piquete, que corresponderam respectivamente em 40, 60 e 80
cordeiras/ha. Cada tratamento era representado por 15 repetições o que totalizava 45 parcelas,
cada uma representando um piquete de 100 m
2
.
Cada lote de animais ocupava apenas um piquete de um módulo de 5, manejados em
sistema de lotação intermitente, com período de 7 dias de ocupação e 28 dias de descanso.
Após a saída dos animais, os piquetes recebiam adubação de manutenção utilizando para isto
125 kg do o adubo 10:10:10.
Os piquetes eram providos de bebedouro, abrigo e cocho. O fornecimento de
suplemento mineral foi
ad libitum, o qual continha os seguintes níveis de garantia por kg do
produto: Ca: 155 g, P: 65 g, S: 12 g, Mg: 6 g, Na: 115 g, Co: 175 mg, Cu: 100 mg, Fe: 1.000
mg, F: 650 mg, I: 175 mg, Mn: 1400 mg, Ni: 42 mg, Se: 27 mg, Zn: 6000 mg.
Para obtenção das alturas médias, todos os piquetes tiveram suas alturas mensuradas
em 10 pontos de sua área, no pré e pós pastejo. Utilizou-se a altura média encontrada como o
base na escolha do local a realizar a amostragem de pasto dos piquetes tanto no pré como no
pós pastejo. Para tanto, foi utilizado como unidade amostral um quadrado de ferro com
dimensão de 0,25 m
2
e realizado o corte na altura de 5 cm. Após a coleta, as amostras foram
pesadas e homogeneizadas e, em seguinte retirou-se duas sub amostras: uma para avaliação da
disponibilidade total de matéria seca (MS) (kg/ha) e outra para o fracionamento da forragem
em: lâmina foliar, colmo+bainha e material senescente. Multiplicou-se a disponibilidade de
47
massa de MS total pela porcentagem das frações lâmina foliar, colmo+bainha e de material
senescente para obter as suas respectivas disponibilidades (kg de MS/ha). Calculou-se a
relação folha:colmo, dividindo a quantidade (kg de MS) de lâminas verdes pela quantidade de
colmos. Para o cálculo das ofertas de forragem (OF) e da oferta de lâmina foliar (OLF) foram
utilizadas, respectivamente as estimativa da disponibilidade média de forragem e da
disponibilidade média de MS de lâmina foliar. Para a avaliação da taxa de acúmulo, dividiu-
se o resultado, obtido da diferença entre a massa total de MS do pré pastejo e a massa total de
MS do pós pastejo, pelo período de 28 dias.
As determinações da MS, proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN),
matéria mineral (MM) da fração folha verde da forragem e das fezes foram procedidas de
acordo com as descrições de Silva e Queiroz (2002). A concentração de FDNi foi determinada
por intermédio da digestibilidade in situ, obtida após incubação por 144 horas, segundo o
método descrito por Cochran et al. (1986).
O experimento foi estruturado segundo um delineamento inteiramente casualizado,
tendo o seguinte modelo estatístico: Yij=
μ + Ti + εij
em que:
Yij = valor observado na parcela que recebeu a TL i na repetição j;
μ = media geral;
Ti = efeito da TL i, i = 1, 2 e 3;
εij = erro aleatório associado a cada observação Yij.
Os dados coletados foram submetidos à análise de variância e regressão ao nível de
5% de significância, utilizando o software SAEG (UFV, 1995).
48
Resultado e Discussão
Não foram encontradas diferenças (P>0,05) para massa de colmo e de material
senescente em função do incremento das TL, sendo os valores médios de 6786 e 2122 kg/ha
de MS respectivamente.
Quando se tratou da massa de forragem pré pastejo (Figura 1), fora verificado efeito
linear decrescente, sendo que para cada cordeira adicionada na taxa de lotação houve redução
de 80,48 kg de MS/ha. Comportamento similar foi verificado para as massas de lâmina foliar
(Figura 2), onde aquela destinada aos animais na maior TL foi 52% inferior em relação á da
menor TL, com 1964 kg/ha de MS.
Ŷ = 15448 - 80,48 x
= 0,62
9000
9500
10000
10500
11000
11500
12000
12500
40 60 80
Massa de Forragem pré pastejo
(kg/ha de MS)
Taxa de Lotação (cordeiras/ha)
Figura 1 - Estimativa da massa de forragem pré pastejo em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas
49
Ŷ = 2993 - 25,72 x
= 0,86
900
1000
1100
1200
1300
1400
1500
1600
1700
1800
1900
2000
40 60 80
Massa de folha verde pré pastejo
(kg/ha de MS)
Taxa de Lotação (cordeiras/ha)
Figura 2 - Estimativa da massa de lâmina foliar no pré pastejo em função da taxa de lotação
do capim Marandu no período das águas e transição águas-secas
No que diz respeito às taxas de acúmulo de forragem média (Figura 3), verificou
aumento linear crescente com a elevação da TL. Sob 40, 60 e 80 animais/ha, tendo
respectivamente os valores de 47,87, 94,64 e 141,4 kg de MS/ha/dia.
y = - 45,643 + 2,338x
= 0,66
40
55
70
85
100
115
130
145
40 60 80
Taxa de amulo
(kg de MS/ha/dia)
Taxa de Lotão (cordeiras/ha)
Figura 3 - Estimativa da taxa de acúmulo de massa forrageira em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas
50
As maiores TL foram representadas por elevadas massas de forragem, que por sua
vez, esteve atrelada com elevadas alturas do pasto. Hodgson (1990) relatou neste contexto, a
existência de altas taxas respiratórias. Ainda, no presente experimento boa percentagem da
massa de forragem total residual era constituída de material senescente e de colmos, com
baixa eficiência fotossintética, primordial na formação de novos tecidos. Como destacado por
Hodgson (1990), os processos de crescimento e senescência são antagônicos.
A natureza dos valores das taxas de acúmulo de forragem pouco citadas, estão em
desacordo com aquelas reportadas por Schwartz et al. (2003), que registraram elevação nas
taxas médias de acúmulo de matéria seca diária em função de crescentes alturas, sendo os
valores de, 132, 122, 120, 112 e 100 kg/ha de MS/dia, respectivamente para as alturas de 50,
40, 38, 32 e 27 cm em pastagem de milheto com ovinos. De modo semelhante, Flores et al.
(2008), verificaram queda na taxa de acúmulo à medida que se aumentou a intensidade de
pastejo por bovinos nos pastos de capins Xaraés e Marandu. Vale ressaltar que as alturas de
manejo utilizadas nestes experimentos foram inferiores ás empregadas no presente estudo.
Em outro trabalho, Gomide et al. (1997), obtiveram valores de taxa de acúmulo de
154 kg MS/ha/dia, ao avaliarem a
Brachiaria decumbens com disponibilidade de forragem de
4.400 kg/ha. Adicionalmente, para a mesma variável em questão, Pinto et al. (2001) para o
mês de fevereiro e Carnevalli et al. (2001b) no verão, apresentaram valores de 69,5 a 161,3 e
85 a 100 kg de MS/ha/dia, respectivamente para o capim Tifton 85 pastejada por ovinos.
As ofertas de forragem (Figura 4) e oferta de folhas verdes (Figura 5) no pré pastejo,
apresentaram relação decrescente com a elevação do número de cordeiras/ha. A menor TL
proporcionou oferta de forragem de 12% do PV, sendo 33 e 75% superior ás TL de 60 e 80
cordeiras/ha. Os valores estimados para oferta de folha verde foram de 2,30; 1,54 e 0,78% do
PV respectivamente para as TL de 40, 60 e 80 cordeiras/ha.
51
Ŷ = 20,1 - 0,2021 x
= 0,88
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
40 60 80
Oferta de foragem p pastejo
(kg de MS/100kg PV)
Taxa de Lotão (cordeiras/ha)
Figura 4 - Estimativa da oferta de forragem em função da taxa de lotação do capim Marandu
no período das águas e transição águas-secas
Ŷ = 3,84 - 0,0383 x
R² = 0,92
0,5
1
1,5
2
2,5
40 60 80
Oferta de folha verde pré pastejo
(kg de MS/100kg PV)
Taxa de Lotação (cordeiras/ha)
Figura 5 - Estimativa da oferta de folhas verdes em função da taxa de lotação do capim
Marandu no período das águas e transição águas-secas
Quanto a relação folha:colmo, ocorreu constância mediante o incremento do número
de animais/ha, tendo o valor médio de 0,4. Tal valor se assemelha ao elucidado por Bortolo et
al. (2001), para o resíduo de matéria seca de 3000 kg/ha de MS, de Tifton 85 pastejado por
ovinos.
52
Detectou-se resposta linear decrescente para a altura do dossel (Figura 6) no pré
pastejo, que teve redução de 0,24 cm para cada cordeira adicionada na TL. Os valores
estimados foram de 65,75; 60,85 e 55,82 respectivamente para as TL de 40, 60 e 80
cordeiras/ha.
Ŷ = 75,58 - 0,2458 x
= 0,98
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
40 60 80
Altura p pastejo (cm)
Taxa de Lotão (cordeiras/ha)
Figura 6 - Estimativa da altura do dossel pré pastejo em função da taxa de lotação do capim
Marandu no período das águas e transição águas-secas
Vale salientar, relação obtida entre a massa de forragem média (pré e pós pastejo) e
altura média do dossel (Figura 7). Schwartz et al. (2003) pesquisaram diferentes alturas de
pastejo em milheto e discorreram que o aumento do resíduo de MS esteve associado com a
altura do pasto, assim como Aguinaga et al., (2008) e Roman et al. (2007) em gramíneas
temperadas.
53
y = -942,94 +156,66X
R
2
= 0,4446
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
20 30 40 50 60 70 80
ALTURA (cm)
MASSA DE FORRAGEM (kg/ha de MS)
Figura 7 - Estimativa da massa de forragem em função da altura do capim Marandu
submetido a diferentes taxas de lotação
Para tanto, foi possível a visualização de elevada heterogeneidade nos piquetes
mantidos com menor taxa de lotação. Nas maiores alturas existiram áreas excluídas pelos
animais em pastejo, provavelmente em virtude do processo de maturação da forragem, de
elevada porcentagem de colmos e de material morto. Assim, os animais tenderam ao pastejo
em locais já pastejados anteriormente que lhes permitiam facilidade no processo de apreensão.
Estas observações também foram identificadas por Schwartz et al. (2003) avaliando diferentes
alturas de pastejo em milheto (50, 40, 38, 32 e 27 cm); Carvalho et al. (2001) em capim
Tanzânia sob pastejo de ovinos, e por Rezende et al. (2008) avaliando capim Marandu
pastejado por novilhos.
No tocante as variáveis no pós pastejo, as massas de: forragem, lâmina foliar, colmo
e material senescente apresentaram efeito linear decrescente em função das TL crescentes.
A massa de forragem no pós pastejo (Figura 8) teve redução de 102,77 kg/ de MS/ha
para cada cordeira acrescida na TL. Logo, houve superioridade em 2056,4 kg/ha de MS para
a menor TL em comparação com TL intermediária. Sendo que a quantidade de massa da
54
menor TL foi 40% inferior em relação à TL de 40 cordeiras/ha. Fato semelhante, foi citado
por Barbosa et al. (2006) e Gontijo Neto et al. (2006) que averiguaram resposta linear
positiva dos resíduos de MS em função de maiores OF em pastagem de capim Tanzânia.
Ŷ = 14437 - 102,77 x
R² =0,95
6000
6500
7000
7500
8000
8500
9000
9500
10000
10500
40 60 80
Massa de forragem pós pastejo
(kg de MS/ha)
Taxa de Lotação (cordeiras/ha)
Figura 8 - Estimativa da massa de forragem pós pastejo em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas
Através de amostragem via simulação de pastejo, Andrade (2003) verificou tendência
de queda na percentagem de folhas presentes na dieta do animal com a redução da proporção
da mesma, na massa de forragem total disponível. A autora citou valores de até 87% de folhas
em comparação a apenas 4,5% de hastes, que compunham a massa de forragem selecionada
pelo animal naquelas devidas circunstâncias, Assim, a necessidade de se estimar a
disponibilidade de folha verde/ha (Figura 5) nos resíduos em uma pastagem pode explicar
melhor a resposta animal.
No presente estudo, a massa de resíduo de lâmina foliar/ha (Figura 9) teve redução de
25,02 kg de MS em função do aumento de cada cordeira. Desta forma, na TL de 80
animais/ha, a quantidade de lâmina foliar/ha apresentou-se 69% inferior em relação à TL de
55
40 cordeiras/ha. Tais valores são coerentes, sobretudo quando o pastejo seletivo dos animais e
a intensidade de desfolha são considerados.
y = 2448 - 25,02 x
R² = 0,73
400
550
700
850
1000
1150
1300
1450
40 60 80
Massa de folha verde pós pastejo
(kg de MS/ha)
Taxa de Lotão (cordeiras/ha)
Figura 9 - Estimativa da massa de lâmina foliar pós pastejo em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas
As massas de material senescente (Figura 10) pós pastejo apresentaram
comportamento linear decrescente ao incremento nas TL. O aumento na TL promoveu
decréscimo na quantidade de material senescente para cada cordeira adicionada à pastagem de
8,78 kg/ha de MS. A maior intensidade de desfolha na maior TL, provavelmente tenha
causado mudanças na arquitetura do dossel e promovido uma maior entrada de luz no interior
do mesmo, o que pode ter estimulado a formação de tecidos jovens em detrimento da
senescência de tecidos remanescentes.
56
Ŷ= 2503 - 8,78x
R² = 0,85
1800
1900
2000
2100
2200
40 60 80
Massa de Material Senescente pós pastejo
(kg/ha de MS))
Taxa de Lotão (cordeira/ha)
Figura 10 - Estimativa da massa de material senescente pós pastejo em função da taxa de
lotação do capim Marandu no período das águas e transição águas-secas
Comportamento linear decrescente também foi observado para as massas de
colmo+bainha (Figura 11), em função do acréscimo no número de cordeiras/ha. Cada animal
adicionado à pastagem causou redução de 68,97 kg/ha de MS de colmos+bainha.
Ŷ = 9485 - 68,97 x
R² = 0,90
3750
4250
4750
5250
5750
6250
6750
40 60 80
Massa de colmo+bainha pós pastejo
(kg de MS/ha)
Taxa de Lotação (cordeiras/ha)
Figura 11 - Estimativa da massa de colmos no pós pastejo em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas
57
No que se refere à OF no pós pastejo (Figura 12), observou-se efeito linear
decrescente mediante o aumento no número de cordeiras/ha. Os valores estimados são de
9,89; 6,31 e 2,73% do PV. Comportamento semelhante foi verificado para a OLF pós pastejo
(Figura 13), onde a TL de 80 animais/ha apresentou redução de 88% em relação a menor TL,
a qual apresentou OLF de 1,38% do PV.
Ŷ = 17,07 - 0,1793 x
=0,90
2,5
4
5,5
7
8,5
10
40 60 80
Oferta de forragem pós pastejo
(kg de MS/100kg PV)
Taxa de Lotão (cordeiras/ha)
Figura 12 - Estimativa da oferta de forragem no pós pastejo em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas
Ŷ = 2,6 - 0,0305 x
R² = 0,97
0,15
0,3
0,45
0,6
0,75
0,9
1,05
1,2
1,35
1,5
40 60 80
Oferta de folha verde s pastejo
(kg de MS/100kg de PV)
Taxa de Lotação (cordeiras/ha)
Figura 13 - Estimativa da oferta de lâmina foliar no pós pastejo em função da TL da pastagem
de capim Marandu no período das águas e transição águas-secas
58
Verificou-se comportamento linear decrescente proporcional ao incremento na taxa de
lotação para a relação folha:colmo (Figura 14), com valores estimados de 0,22; 0,17 e 0,11.
Efeito semelhante foi constatado para a altura do dossel pós pastejo (Figura 15), que reduziu
0,32 cm para cada unidade animal adicionada na TL, tendo os valores estimados em 56,32;
49,50 e 43,34 cm, respectivamente para as TL de 40, 60 e 80 cordeiras/ha.
Ŷ = 0,326 - 0,0026 x
R² = 0,46
0,1
0,12
0,14
0,16
0,18
0,2
0,22
0,24
40 60 80
Relação folha:colmo
Taxa de Lotação (cordeiras/ha)
Figura 14 - Estimativa da relação folha:colmo+bainha no pós pastejo em função da taxa de
lotação do capim Marandu no período das águas e transição águas-secas
Ŷ = 69,29 - 0,3243 x
= 0,92
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
40 60 80
Altura pós pastejo (cm)
Taxa de Lotação (cordeiras/ha)
Figura 15 - Estimativa da altura do dossel no pós pastejo em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas
59
No que tange a composição bromatológica da fração folha verde (Tabela 2), não houve
efeito (P>0,05) em função das TL para os teores de PB no pré pastejo e de FDNi tanto no pré
pastejo como no pós pastejo.
Tabela 2 - Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente
neutro (FDN) e fibra indigestível em detergente neutro (FDNi) da fração lâmina
foliar no pré e pós pastejo em função das taxas de lotação do capim Marandu no
período das águas e transição águas-secas
Taxa de lotação (cordeiras/ha)
40 60 80 ER P CV
Variável Pré pastejo
MS 32,58 30,26 27,93 Y=37,23-0,1162x 0,031 6,97
PB 8,42 7,66 8,05 Ns
FDN 75,81 73,61 71,41 Y=80,21-0,1099x 0,026 3,45
FDNi 22,33 18,60 20,84 Ns
Variável Pós pastejo
MS 38 32 26 Y=50,05-0,3021x 0,000 3,28
PB 5,81 7,13 8,45 Y=3,18+0,06593x 0,030 19,90
FDN 77,11 78,77 80,42 Y= 73,80+0,0828x 0,025 2,07
FDNi 23,06 24,21 24,30 Ns
Houve efeito linear descrente para o teor de MS no pré pastejo, sendo os valores
estimados de 32,58; 30,26 e 27,93% de MS respectivamente para as TL de 40, 60 e 80
cordeiras/ha. A não remoção pelos animais de grande porção de lâmina foliar permitiu as
mesmas o avanço no processo de maturação, o que consequentemente resultou em maiores
teores de MS nas menores TL avaliadas.
Por outro lado, existiu resposta linear decrescente para a variável FDN no pré pastejo
conforme as TL. Os valores estimados são de 75,81; 73,61 e 71,41% de FDN para as TL de
40, 60 e 80 cordeiras/ha, respectivamente. A menor intensidade de pastejo, de maneira
indireta, possivelmente não interferiu na continuidade do processo de maturação da forrageira
60
e até mesmo na lignificação da parede celular de folhas, o que pode ter resultado na elevação
nos teores de FDN para as menores taxas de lotação.
Houve efeito linear decrescente para o teor de MS no pós pastejo com o acréscimo no
número de cordeiras/ha, sendo os valores estimados de 38, 32 e 26% na MS.
Porém, comportamento linear crescente foi observado para as variáveis FDN e PB no
pós pastejo, sendo os valores estimados de 77,11; 78,77 e 80,42% de FDN e 5,81; 7,13 e
8,45% de PB, respectivamente para as TL de 40, 60 e 80 cordeiras/ha. É provável que na
maior TL, a planta forrageira teve de recompor sua área foliar de forma mais acelerada,
correspondendo em folhas novas com melhor valor de PB. Contudo, deve-se considerar o fato
de que na maior TL, devido à menor disponibilidade de massa, os animais foram de certo
modo “forçados” a consumir quase a totalidade das folhas, deixando apenas a porção basilar
das mesmas, que possivelmente continha elevada concentração de tecidos de sustentação, o
que teoricamente pode explicar os valores encontrados para a FDN.
Os teores de FDN detectados, foram superiores aos citados por Zervoudakis et al.
(2002) de 70,4 a 72,5% de FDN no período das águas, e Miranda (2008) no período seco,
ambos trabalhando com o capim Marandu e àquele de 68,1% de FDN referido por Euclides et
al. (1993) para folhas do mesmo cultivar.
Adicionalmente, Andrade (2003) estudou as características da forragem de capim
Marandu em alturas crescentes de manejo (10, 20, 30 e 40 cm), e ponderou maior teor de PB
no pasto mantido a 10 cm em relação às demais alturas. Comportamento condizente ao
apontado para os capins Tifton 85 e Coastcross pastejados por ovinos (Carnevalli et al. 2001a;
2001b).
61
Conclusões
A taxa de lotação de 40 cordeiras/ha possibilitou tanto no pré como no pós pastejo,
maior disponibilidade de massa de forragem (kg de MS/ha), de massa de folha verde (kg de
MS/ha), maior altura do dossel forrageiro e maior relação folha:colmo no pós pastejo. Por
outro lado, quando a forrageira foi manejada com 80 animais/ha, resultou em maior taxa de
acúmulo de MS (kg/ha), e menor heterogeneidade do pasto. Por apresentar valores
intermediários, sugere-se a utilização da taxa de lotação de 60 cordeiras/ha, visando à
otimização da dinâmica de produção e perenidade da planta forrageira.
62
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65
CAPÍTULO 2
Comportamento ingestivo e desempenho de ovinos sob pastejo em capim-marandu
submetido a diferentes taxas de lotação
RESUMO -
Objetivou-se avaliar o comportamento ingestivo e desempenho de
cordeiras mantidas sob pastejo em capim Marandu submetido a diferentes taxas de lotação no
período das águas e transição águas-secas. A área destinada ao experimento totalizava 4500
m
2
a qual foi área foi dividida em 45 piquetes de 100 m
2
, utilizando cerca eletrificada com
quatro fios. O experimento foi estruturado segundo um delineamento inteiramente
casualizado. Foram utilizadas 27 cordeiras Santa Inês puras de origem com aproximadamente
4 meses de idade e peso vivo inicial médio de 22 kg. Inicialmente, as cordeiras foram
agrupadas em 9 lotes com mesmo peso vivo inicial e distribuídas em tratamentos que
consistiam em três taxas de lotação, sendo 2, 3 e 4 cordeiras/piquete, que corresponderam
respectivamente em 40, 60 e 80 cordeiras/ha. Cada lote de animais ocupava um módulo de
cinco piquetes, manejado em sistema de lotação intermitente, com período de 7 dias de
ocupação e 28 de descanso. Constatou-se tempo crescente de pastejo e decrescente de
ruminação e ócio mediante o incremento nas taxas de lotação. Verificou-se aumento de 14%
no tempo de pastejo e redução de 41% no tempo de ócio das cordeiras submetidas à maior
taxa de lotação quando comparadas as cordeiras na menor taxa de lotação. O aumento do
número de animais/ha promoveu comportamento linear para o ganho médio diário, sendo
maior para os animais na menor taxa de lotação, de 90 g/dia. Em relação ao ganho por área, as
melhores respostas foram obtidas com a taxa de lotação com 60 animais/ha, tendo valores
médios de 3,8 kg/ha/dia.
Palavras-chave: Cordeiras, tempo de pastejo, tempo de ócio, tempo de ruminação, ganho
médio diário, ganho por área
66
Ingestive behavior and performance of sheep grazing on marandu submitted to different
stocking rates
ABSTRACT
- The objective was to evaluate the behavior ingestive and performance of
lambs grazing on Marandu submitted to different stocking rates in the transition of water and
water-dry. The area for the experiment totaled 4.500 m
2
which was area was divided into 45
paddocks of 100 m
2
, using some electrified with four wires. The experiment was structured in
a completely randomized design. We used 27 lambs Santa Inês pure of origin for home about
4 months of age and average initial weight of 22 kg. Initially, the lambs were divided into 9
lots with the same initial weight and allotted to treatments that consisted of three stocking
rates, 2, 3 and 4 lambs / paddock, which accounted respectively for 40, 60 and 80 lambs/ha.
Each batch of animals had a module of five paddocks, managed by intermittent grazing
system, with period of 7 days of occupation and 28 rest. It was time for grazing and growing
of decreasing rumination and leisure through the increase in stocking rates. There was an
increase of 14% in the time of grazing and reduction of 41% of leisure time in the lambs
subjected to increased stocking rate when compared to lambs in the lower stocking rate. The
number of animals / ha promoted linear behavior for the average daily gain, and greater for
the animals in the lower stocking rate of 90 g/day. For the gain per area, best results were
obtained with a stocking rate of 60 lambs/ha, with average values of 3.8 kg/ha/day.
Keywords: lambs, time of grazing, time of leisure, time for rumination, average daily gain,
gain per area
67
Introdução
Em sistemas de exploração de ruminantes em pastagens amplos são os fatores que
se relacionam e/ou condicionam o processo de pastejo, acarretando implicações em perdas de
energia destinadas a procura pelo alimento, na dieta selecionada, no tempo de pastejo e,
sobretudo no consumo de alimentos.
Van Soest (1994) salienta que o consumo é fundamental à nutrição, determinando o
teor de nutrientes ingeridos e respectiva resposta animal. Mertens (1994) afirmou que o
consumo corresponde entre 60 a 90% do desempenho animal. De acordo com Poppi et al.
(1987), os principais fatores reguladores do consumo de forragem por animais em pastejo
podem ser agrupados em duas categorias, fatores nutricionais e não nutricionais. Os fatores
não-nutricionais, segundo Hodgson (1990) podem também ser denominados de fatores
comportamentais, e determinam a influência das características da forrageira no
comportamento ingestivo.
Além de questões relativas à topografia, clima, proximidade de fontes de água,
variações na taxa de lotação normalmente incorrem em pressões de pastejo diferenciadas.
Numa condição de alta pressão de pastejo, é ocasionado queda na disponibilidade da
forragem, mudanças na estrutura do dossel forrageiro, altura e especialmente na relação
folha:colmo que assumem extrema relevância no comportamento dos animais em seu
ambiente de pastejo (Da Silva, 2006).
Portanto, manejos que possibilitem modificações na estrutura do dossel forrageiro,
promovem no animal mudanças em seus hábitos de ingestão de forragem, ruminação e ócio.
Todavia, desordens nestes eventos transcendem em ganhos ou perdas no desempenho dos
animais.
O comportamento dos animais em pastejo, dentre uma série de outras respostas, é
seguramente uma porção importante do conhecimento para o entendimento das relações
68
planta-animal no ecossistema pastagem. Dessa maneira, Da Silva (2006) sugere a necessidade
de se conhecer não apenas os requisitos nutricionais, mas também os padrões de
comportamento animal para que práticas de manejo eficientes e eficazes possam ser
implementadas.
Alguns trabalhos avaliando o comportamento (Sarmento, 2003) e desempenho
(MOLAN, 2004) de bovinos em capim Marandu e de ovinos sob pastejo em gramíneas
temperadas (Roman et al., 2007; Medeiros et al., 2007; Bremm et al., 2008) foram
realizados. Porém, estudos relativos ao potencial de produção e comportamento de ovinos
mantidos exclusivamente em pastagem de capim Marandu (
Brachiaria brizantha cv.
Marandu) ainda são de certa forma, inexistentes ou não foram divulgados.
Embora exista grande participação de terras cultivadas com gramíneas do gênero
Brachiaria, há certa restrição quanto a sua utilização para ovinos em algumas regiões do país.
Muitos produtores, técnico e pesquisadores consideram esta gramínea como tendo baixo valor
nutritivo e responsável pelos casos de fotossensibilização nos animais. Entretanto,
considerando a importância do gênero
Brachiaria no estado de Mato Grosso, notadamente da
cultivar Marandu, torna-se necessária avaliações sobre o potencial de produção de ovinos
manejados nesta forrageira.
Objetivou-se a partir do presente estudo, avaliar o desempenho e comportamento de
ovinos sob pastejo em capim Marandu submetido a diferentes taxas de lotação.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado no setor de Ovinocultura da Fazenda Experimental da
Universidade Federal de Mato Grosso, localizada em Santo Antônio do Leverger, distante 30
Km de Cuiabá, entre os meses de fevereiro a maio de 2008.
69
O Município de Santo Antônio do Leverger encontra-se na altitude de 141 m, latitude
15º51'56" sul e longitude 56º04'36" oeste. O clima da região é do tipo Cwa de Köepen,
tropical. Os dados de precipitação pluviométrica, umidade relativa e das temperaturas
máximas e mínimas coletados durante o experimento podem ser vistos na Tabela 1.
Tabela 1 - Valores médios de temperatura máxima e mínima, umidade relativa do ar e
preicipitação pluviométrica coletados no período de fevereiro a maio de 2008
Mês
Temperatura média (
0
C)
Máxima Mínima
Umidade Relativa do ar
(%)
Precipitação
(mm)
Fevereiro 32,7 22,8 81,5 51,8
Março 32,5 22,9 82,7 54,9
Abril 31,6 21,3 82,9 53,2
Maio 29,5 18,9 83,2 17,1
Fonte: Estação Agrometeorológica Padre Ricardo Remetter – Fazenda Experimental UFMT
A área destinada ao experimento totalizava 4500 m
2
, formada pelo capim Marandu,
implantado em fevereiro de 2007. Esta área foi dividida em 45 piquetes de 100 m
2
, utilizando
cerca eletrificada com quatro fios.
Foram utilizadas 27 cordeiras Santa Inês puras de origem, com aproximadamente 4
meses de idade e peso vivo inicial médio de 22 kg. Inicialmente, as cordeiras foram agrupadas
em 9 lotes de pesos homogêneos e distribuídas em tratamentos que consistiam em três taxas
de lotação (TL), sendo 2, 3 e 4 cordeiras/piquete, que corresponderam respectivamente em 40,
60 e 80 cordeiras/ha.
Cada repetição (lote de animais) ocupava um módulo de cinco piquetes, cada um com
área de 100 m
2
, manejado em sistema de lotação intermitente, com período de 7 dias de
ocupação e 28 de descanso. Após a saída dos animais, os piquetes recebiam adubação de
manutenção equivalente a 25 kg/ha de Nitrogênio (N), utilizando para isto, o adubo 10:10:10.
70
Os piquetes eram providos de bebedouro, abrigo e cocho. O fornecimendo de
suplemento mineral foi
ad libitum, o qual continha os seguintes níveis de garantia por kg do
produto: Ca: 155 g, P: 65 g, S: 12 g, Mg: 6 g, Na: 115 g, Co: 175 mg, Cu: 100 mg, Fe: 1.000
mg, F: 650 mg, I: 175 mg, Mn: 1400 mg, Ni: 42 mg, Se: 27 mg, Zn: 6000 mg.
Antes do início do experimento, aproximadamente 15 dias, realizou-se o controle de
endoparasitas nos animais. A pesagem dos animais ocorreu no início e final de cada período
experimental, sem jejum prévio. Aproveitando este manejo, realizou-se coleta de fezes dos
animais para posterior contagem de ovos por grama de fezes (OPG) pela técnica de Gordon e
Whitlock modificada (Ueno & Gonçalves, 1988). Assim, as cordeiras foram vermifugadas
quando a contagem de ovos por grama, atingia valor acima de 700.
Para obtenção das alturas médias, todos os piquetes tiveram suas alturas mensuradas
em 10 pontos de sua área, no pré e pós pastejo. Utilizou-se a altura média encontrada como
base na escolha do local a realizar a amostragem de pasto dos piquetes. Para tanto, foi
utilizado como unidade amostral um quadrado de ferro com dimensão de 0,25 m
2
e realizado
o corte na altura de 5 cm. Após a coleta, as amostras foram pesadas e homogeneizadas e, em
seguinte retirou-se duas sub amostras: uma para avaliação da disponibilidade total de matéria
seca (MS) (kg/ha) e outra para o fracionamento da forragem em: lâmina foliar, colmo
(colmo+bainha) e material senescente.
Multiplicou-se a disponibilidade de massa de MS total pela porcentagem das frações
lâmina foliar, colmo e de material senescente para obter as suas respectivas disponibilidades
(kg de MS/ha). Calculou-se a relação folha:colmo, dividindo a quantidade (kg de MS) de
lâminas verdes pela quantidade de colmos. Para o cálculo das ofertas de forragem (OF) e da
oferta de lâmina foliar (OLF) foram utilizadas, respectivamente as estimativa da
disponibilidade média de forragem e da disponibilidade média de MS de lâmina foliar. Para a
71
avaliação da taxa de acúmulo, dividiu-se o resultado, obtido da diferença entre a massa total
de MS do pré pastejo e a massa total de MS do pós pastejo, pelo período de 28 dias.
As determinações da MS, proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN),
matéria mineral (MM) da fração folha verde da forragem e das fezes foram procedidas de
acordo com as descrições de Silva e Queiroz (2002). A concentração de FDNi foi determinada
por intermédio da digestibilidade in situ, obtida após incubação por 144 horas, segundo o
método descrito por Cochran et al. (1986).
No penúltimo dia de cada período experimental, avaliou-se o comportamento
ingestivo dos animais das 8 às 17 horas. Para tal fim, a cada 15 minutos foram realizadas
observações da atitude comportamental das cordeiras, ou seja, se estavam em pastejo,
ruminação, ócio, bebendo água ou consumindo água mineral. Nesta ocasião, considerou-se
que cada atitude notada manteve-se por 15 minutos.
O ganho de peso vivo (PV) foi calculado pela diferença de peso dos animais nas datas
de pesagem e o ganho médio diário (GMD), pela divisão do ganho de PV pelo número de dias
do período. Obteve-se o ganho por área (G/ha/dia) multiplicando o número de animais
concernentes a cada taxa de lotação empregada, pelos seus respectivos GMDs.
O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado tendo o seguinte
modelo estatístico:
Yij= μ + Ti + εij, em que: Yij = valor observado na parcela que recebeu a
TL i na repetição j;
μ = media geral; Ti = efeito da TL i, i = 1, 2 e 3; εij = erro aleatório
associado a cada observação Yij.
Os dados coletados foram submetidos à análise de variância e regressão ao nível de
5% de significância, utilizando o software SAEG (UFV, 1995).
72
Resultado e Discussão
Os valore médios de OF (pré e pós pastejo) para as TL de 40, 60 e 80 cordeiras/ha
foram respectivamente de 11,7; 14 e 3,33% do PV. Para a massa (kg de MS/ha) de lâmina
foliar e altura do pasto, os valores médios foram de 1906; 1485; 1091 e 61; 55 e 50
respectivamente para as TL de 40, 60 e 80 cordeiras/ha. Também foram detectados menores
valores para a relação folha:colmo com o incremento nas TL, sendo para 40, 60 e 80
cordeiras/ha os valores respectivos de 0,31; 0,29 e 0,26.
O comportamento ingestivo das cordeiras em função das TL está ilustrado na Figura 1.
O tempo destinado ao pastejo foi crescente de acordo com as maiores TL, enquanto o
contrário foi observado para os tempos de ruminação e ócio. Como as atividades de
comportamento são excludentes, os animais das taxas de lotação com 60 e 80 animais/ha
apresentaram tempo de ruminação e ócio inferiores, aos verificados para os animais na menor
taxa de lotação. Assim, os animais na maior TL apresentaram redução de 41% no tempo de
ócio em comparação aos animais na menor TL.
0
10
20
30
40
50
60
PAST RUM OCIO AGUA SAL
ATIVIDADES DIÁRIAS
PORCENTAGEM DO TOTAL
LOTA 40
LOTA 60
LOTA 80
Figura 1 - Comportamento de cordeiras em função da taxa de lotação da pastagem de capim
Marandu no período das águas e transição águas-secas
73
Castro (2002) verificou que em menores alturas do dossel forrageiro, os cordeiros
tendem a caminhar mais em busca do alimento e intensificam os processos de busca e
apreensão de forragem, eventos que foram considerados como atividade de pastejo.
Em situações de massa de forragem restritivas ao pastejo, o número de refeições é
menor e o tempo por refeição aumenta. Deste modo, maior tempo é despendido com pastejo,
conta de uma taxa de ingestão limitada pelas características estruturais do pasto, que podem
presumir num ambiente de pastejo estressante para a colheita da forragem.
Conforme Carvalho et al. (2001), condições em que a quantidade de forragem
apreendida em cada bocado é prejudicada, a compensação pode ser feita aumentando o tempo
de pastejo ou alterando a taxa de bocados. Gontijo Neto et al. (2006) ao trabalharem com
novilhos em capim Tanzânia, reportaram que o tempo diário de pastejo teve comportamento
quadrático com a variação na OF, com maiores valores observados para menores OF. Por
outro lado, os menores tempos de pastejo foram verificados com 4.258,1 kg/ha de MS de
resíduo pós pastejo. Da mesma maneira, Ribeiro Filho et al. (1997) constataram maior tempo
de pastejo de bovinos com menores OF de capim-elefante anão cv. Mott.
Segundo Penning et al
. (1991), a altura da pastagem, dentre os demais parâmetros
estruturais que a compõem, é o que mais influencia o animal a decidir por um bocado, e
consequentemente por influenciar na resposta em desempenho do animais. Tal afirmativa é
condizente com os resultados encontrados por Sarmento (2003), pesquisando o
comportamento de bovinos em diferentes alturas (10, 20, 30 e 40 cm) de pastejo em capim
Marandu. O autor verificou tempo de pastejo superior para a menor altura (10 cm) frente às
demais alturas. Quanto ao tempo gasto com a atividade de ruminação, a altura de 30 cm e de
10 cm proporcionaram maior e menor tempo, respectivamente, porém não houve efeito para
tempo despendido com ócio. Adicionalmente, houve redução no tamanho e aumento na taxa
74
de bocado com as menores alturas. Fato semelhante foi relatado por Roman et al. (2007)
trabalhando com Azevém pastejada por ovinos.
Para a proporção média de lâmina foliar não houve efeito (P>0,05) para as TL.
Contudo, quando a mesma variável foi avaliada no pós pastejo, apresentou em efeito linear
decrescente nas TL de 40, 60 e 80 cordeiras/ha, tendo valores respectivos de 13,93, 9,77 e
7,15%. Minson (1990) observou que quando o animal é acostumado a consumir folhas, seu
instinto continua a procurar pelas mesmas, mesmo em pequenas proporções. Adicionalmente
as porcentagens do componente colmo+bainha na mediante as taxas de lotação empregadas,
se mantiveram acima dos 60%, o que pode ter limitado a capacidade seletiva dos animais,
consequentemente induzindo em maior tempo de procura pelo estrato a ser pastejado.
Comportamento semelhante, foi observado por Medeiros et al. (2007), que
constataram limitação na seletividade e consumo de ovelhas, submetidas a uma pastagem de
Azevém no estádio de florescimento com estrutura do pasto de elevada participação de colmo
e material senescente, de 38 e 40% respectivamente. Os mesmos autores ainda observaram no
estádio vegetativo os maiores tempos pastejo entre os horários de 7 às 7h50 e de 16h as 18h, e
os menores tempos nos horários de 8h as 9h50.
Bremm et al. (2008) pesquisaram a respeito do comportamento ingestivo de ovelhas e
cordeiras em pastagem de azevém anual sob níveis crescentes de suplementação (0; 0,5; 1 e
1,5% do PV). Verificaram decréscimo no tempo diurno de pastejo, tanto das ovelhas em
lactação e de cordeiras desmamadas, mediante o aumento no nível de suplemento, sendo que
quando não suplementadas, as mesmas incidiram em tempo de pastejo 15% superior em
relação àquelas recebendo nível de 1,5% do PV. Da mesma maneira, Ribeiro (2008) notou
menores tempos despendidos com a atividade de pastejo e maiores tempos em ócio para
ovinos suplementados na proporção de 1% do PV com 20 e 25% de PB em pastagem de
75
capim Aruana, o que foi corroborado por Miranda (2008) para ovinos em capim Marandu,
ambos os trabalhos conduzidos no período seco.
Os valores médios referentes ao GMD de cordeiras mantidas em capim Marandu
submetido a diferentes taxas de lotação no período das águas e transição águas-secas estão
ilustrados na Figura 1 e a estimativa do GMD em função da OF na figura 2. Observou-se a
existência de efeito linear decrescente para o GMD. As cordeiras na menor taxa de lotação
avaliada tiveram GMD de 90 g, enquanto que na taxa de lotação com 60 e 80 cordeiras/ha,
obteve-se GMD respectivo de 67,64 e 45,62.
Ŷ = 133,7 - 1,101 x
=0,93
40
50
60
70
80
90
100
40 60 80
GMD(g)
Taxa de Lotação (cordeiras/ha)
Figura 2 - Estimativa do ganho médio diário de cordeiras em função da taxa de lotação do
capim Marandu no período das águas e transição águas-secas
76
Ŷ = 26,53 + 5,7455 OF
R
2
= 0,82
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12
Oferta de Forragem (% PV/dia)
GMD (g)
Figura 3 - Estimativa do ganho médio diário em função oferta de forragem do capim Marandu
submetido a diferentes taxas de lotação no período das águas e transição águas-
secas
Tanto os valores de massas de forragem total, como de lâmina foliar estão acima do
sugerido por Gibb e Treacher (1976), que relataram OF quatro vezes superior ao nível de
ingestão potencial segundo o qual possibilita aos cordeiros a maximização do desempenho.
Tal fato é condizente com a prerrogativa de Minson (1990) a qual descreveu que a
disponibilidade de matéria seca total dever estar acima de 2000 kg de MS/ha, como sendo o
mínimo necessário para que não ocorra limitação no consumo de MS pelos animais.
Trabalhando com bovinos, Euclides et al. (1992) recomendaram valores de 4662 kg
de MS de modo a não limitar o pastejo seletivo dos animais. Euclides (2001) relatou que
quando se almeja melhores desempenhos por parte dos animais, faz-se necessário
potencializar o consumo dos mesmos, especialmente, ofertando pastos de elevada densidade
de folhas e proporção de material morto e colmos que não propiciem estresse no momento do
pastejo pelos animais. O autor argumenta que mesmo em maiores disponibilidades de MS,
grande parte pode ser representada por componentes de pouco valor alimentício.
Seguramente as quedas nas quantidades de massa de forragem total e de massa de
lâmina de folhas verdes provocadas pelo incremento na TL acarretaram aos animais ganhos
77
médios diários decrescentes. Vale ressaltar, que os menores ganhos diários também estão
relacionados aos maiores tempos despendido com pastejo.
O maior ganho por área ocorreu na TL com 60 cordeiras/ha, de 3,8 kg/ha/dia. Para a
menor e maior TL o ganho respectivo por área foi de 3,58 e 3,45 kg/ha/dia. Mesmo tendo
maior número de cordeiras/ha, a maior taxa de lotação não resultou em maior G/ha/dia,
provavelmente, decorrente do menor GMD (45,62 g/dia) para os animais do grupo
Barbosa et al. (2006) avaliaram o desempenho de novilhos em pastagem de capim
Tanzânia sob ofertas de forragem crescentes, de 3 a 15% do PV, e constataram que as ofertas
de, 7 a 11% garantiram a relação de ganhos médio diário satisfatórios e melhor vínculo com o
ganho/ha, respectivamente, 0,5 kg/dia e 126 kg/ha. Nesta condição, a pastagem apresentava-
se com 1.528 kg/ha de MS de lâmina de folha verde 56 cm de altura. Posteriormente, Roman
et al. (2007) observaram efeito linear crescente para os valores de GMD com o incremento
das massas de forragem de pastagem de Azevém, entretanto, a amplitude de massa de
forragem estudada não surtiu efeito significativo sobre o ganho por área.
Carnevalli et al. (2001a; 2001b), relataram GMD de 35-70 g/dia e 35-90 g/dia,
respectivamente para as pastagens de Tifton 85 e Coastcross, os quais situaram dentro da
faixa reportada por Bianchini et al. (1998) em pastagem de Coastcross, de 50 g/dia. Em
ambiente semi-árido, Araújo Filho et al. (1999) citam a obtenção de ganhos de peso de
cordeiros da ordem de 49,4 g/dia e 35,4 kg de PV/ha/ano com capim Búfel na estação seca.
Outros estudos destacaram o ganho de ovinos recebendo suplementação. Miranda
(2008) verificou o não atendimento dos requisitos de mantença de ovinos não suplementados
mantidos em pastagem de Marandu na estação seca, os quais tiveram perda diária de peso em
58,33 g. Entanto, a suplementação na proporção de 1% do PV com 20 e 25% de PB
determinou GMD respectivo de 19,27 e 34,73 g/dia. De modo similar, Ribeiro (2008)
argumentou efeito quadrático para o ganho médio diários dos animais mantidos em pastagem
78
de capim Aruana no período seco, em decorrência dos teores de PB do suplemento, sendo que
para o grupo não suplementado, o ganho médio diário foi de 25g.
Para cordeiros suplementados em níveis crescentes com o avançar da estação seca,
Menezes (2006) encontrou GMD de ovinos em capim Aruana, Tanzânia e Andropogon
respectivamente de 93,6, 92 e 35,6 g/dia.
Conclusões
Sugere-se a utilização da taxa de lotação de 40 cordeiras/ha quando o objetivo é a
terminação dos animais para abate. Por outro lado, quando a finalidade é almejar maior ganho
animal por área, recomenda-se a taxa de lotação de 60 cordeiras/ha. A taxa de lotação de 80
cordeiras/ha promoveu maior tempo de pastejo e menor tempo de ócio.
79
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82
Conclusões Gerais
A taxa de lotação de 40 cordeiras/ha possibilitou tanto no pré como no pós pastejo,
maior disponibilidade de massa de forragem, de lâmina foliar, maior altura do dossel
forrageiro, maior relação folha:colmo no pós pastejo e promoveu o maior ganho médio diário
nas cordeiras.
Por outro lado, quando a forrageira foi manejada com 80 animais/ha, resultou em
maior taxa de acúmulo de MS, menor heterogeneidade do pasto, menor ganho de peso e maior
tempo de pastejo das cordeiras.
Por apresentar valores intermediários, sugere-se a utilização da taxa de lotação de 60
cordeiras/ha, visando à otimização da dinâmica de produção, perenidade da planta forrageira
e melhor desempenho em ganho por área das cordeiras.
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