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Desde o início, quando foi implantado, eu já estava aqui levantando a
bandeira. E assim que o projeto foi implantado, a gente ficou até com um
receio, e também ansioso. Um projeto novo, uma experiência que a gente
sabia que ia ser muito cobrado, ia ser muito avaliado, e uma das coisas que
primeiro me causou mesmo foi a questão de como utilizar essa mídia, essa
internet, essas informações na sala de aula, porque de imediato os alunos
quando eles veem o computador, eles analisam o computador como uma
ferramenta para comunicação não para sala de aula. Então primeiro como
era que eu ia fazer pra desenvolver isso com meus alunos pegar uma coisa
que eles utilizavam pra brincar ou pra se comunicar, manter contato com as
pessoas e transformar numa ferramenta de ensino. (Entrevista, 9/6/2009)
A presença do computador no colégio, em relação à postura descrita, evidencia a
tensão natural que a maioria dos professores tem ao ser exposto à situação de inovação.
Eles têm consciência de que serão expostos a necessidades de práticas significativas, que
excitem a curiosidade, a imaginação e a criatividade dos alunos. Moran (2007, p. 45) expõe
que
A docência é um campo no qual, ao menos teoricamente, temos avançado
bastante. Aos poucos, vamos deslocando o foco para o aprender e para o
aluno. Temos hoje bastantes projetos e experiências sobre aprendizagem
inovadora, ativa e participativa. Com as tecnologias, podemos flexibilizar o
currículo e multiplicar os espaços, os tempos de aprendizagem e as formas
de fazê-lo.
Os professores não demonstram rejeição ao uso pedagógico do computador, a
preocupação deles é com a relação à prática da informática em suas rotinas de sala de aula
tendo em vista que o projeto UCA permite essa imersão à tecnologia. A professora Marlúcia
expressou isso de maneira clara quando afirmou que,
No primeiro momento, quando o computador chegou, acho que a grande
reviravolta foi porque, hoje o computador ele é usado pedagogicamente. No
início, quando os computadores chegaram, os alunos ele vêem o
computador apenas como uma ferramenta de música, de brincar, de bate
papo, né. E a partir do momento que eles começaram a fazer os trabalhos
em sala e eles viram que esse instrumento poderia ser utilizado para a
aprendizagem, então eu acho que a grande reviravolta da parte pedagógica
foi o aluno conseguir enxergar esse computador como uma fonte que
poderia ter informações que ele queria, porque antes as informações que
eles procuravam no computador, eram informações pessoais, de
relacionamento, de coisas que eles queriam saber, mas assim
pedagogicamente como instrumento de aprendizagem, eles não tinham
essa visão, que o projeto UCA vem trazer assim. Além de diversão, além de
você ter acesso a uma série de coisas, que pra eles são interessantes
como, por exemplo, bate-papos, os relacionamentos. Agora os meninos
também têm essa visão do computador como uma fonte inesgotável de
informações, é digamos, assim, entre aspas, formações escolares,
formações que eles precisam para sala de aula. (Entrevista, 17/5/2009)