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DESENVOLVIMENTO DE UM EQUIPAMENTO TRIAXIAL
DE GRANDE PORTE PARA AVALIAÇÃO DE AGREGADOS
UTILIZADOS COMO CAMADA DE PAVIMENTOS
RODRIGO MALYSZ
Porto Alegre
junho de 2009
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RODRIGO MALYSZ
DESENVOLVIMENTO DE UM EQUIPAMENTO TRIAXIAL
DE GRANDE PORTE PARA AVALIAÇÃO DE AGREGADOS
UTILIZADOS COMO CAMADA DE PAVIMENTOS
Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
como parte dos requisitos para a obtenção do título de
DOUTOR EM ENGENHARIA
Porto Alegre
junho de 2009
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4
Dedico esta tese à minha esposa,
meus pais e meu irmão
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador Prof. Adriano Virgílio Damiani Bica, pela dedicação
incondicional à concepção do equipamento desenvolvido. Trabalhou intensamente em todas as
fases da pesquisa e sem tanta dedicação esta realização não teria sido possível. Obrigado Prof.
Bica, por todo o esforço dedicado à minha formação.
Agradeço ao meu orientador Prof. Washington Peres Núñez por tanto contribuir com os
meus conhecimentos em pavimentação, orientando-me desde a iniciação científica. Estes foram
somente os primeiros 10 anos de convivência e trabalho conjunto. Obrigado Prof. Washington,
pela amizade e por todo o esforço a mim dedicado.
Os meus colegas na pós-graduação e grandes amigos: Alexandre Knop, Carolina
Feuerharmel, Cristiane Schmitz, Danielle Clerman, Diana Azambuja, Eli da Costa, Klaus Theisen,
Leandro Scheffer, Luciana Rohde, Marcelo Rigo, Raimundo Ferreira, Rodrigo Caberlon, Rodrigo
Lovato, Rodrigo Silveira e Uziel Quinino.
Aos que trabalharam como bolsistas de iniciação científica durante a tese, muitos dos
quais são engenheiros e colegas na pós-graduação. São eles: Ângelo Prediger, Autran
Freimuller, Cleber Floriano, Daniel Martell, Diego Treichel, Estevão Barbieri, João Bonzanini,
Mário Flores, Rodrigo Carreira e Thiago Facchim. Obrigado pela ajuda.
Ao Jair por estar sempre pronto a auxiliar na execução dos ensaios, passando
conhecimentos fundamentais ao andamento da pesquisa.
Ao Gabriel da DELMAQ pela atenção e pelas sugestões na usinagem das peças.
A todos os professores do PPGEC por me ensinarem os fundamentos da geotecnia.
Agradeço os Profs. Jorge A. Ceratti, Luiz A. Bressani e Juan Ortiz por todas as discussões
e orientações na montagem do equipamento, execução e interpretação dos ensaios.
À CNPq, CAPES e FINEP pelo auxílio financeiro.
Agradeço a toda a minha família e os meus amigos de Erechim que torceram pelo sucesso
do trabalho.
Agradeço aos meus queridos pais João Carlos e Eni pelo carinho, preocupação e
dedicação e ao meu irmão Marcelo, agora também no caminho da ciência, pelo companheirismo e
amizade.
O agradecimento à minha esposa Juliana é especial e impossível de ser colocado em
palavras. Enquanto desenvolvíamos as nossas teses, também construímos uma família, com muito
amor, carinho e reciprocidade. Obrigado por todo o auxilio durante o doutorado, pelos conselhos e
discussões técnicas, sem a tua ajuda não teria sido possível. Acima de tudo, obrigado por fazer
parte de minha vida, você é uma pessoa muito especial.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
6
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................8
LISTA DE TABELAS ...............................................................................................................14
RESUMO ...................................................................................................................................16
ABSTRACT ...............................................................................................................................17
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................18
2 AVALIAÇÃO DE AGREGADOS PARA PAVIMENTAÇÃO.............................................22
2.1 Especificações, Normas, Procedimentos e Métodos de Projeto.........................22
2.1.1 Especificações..............................................................................................22
2.1.2 Normas e procedimentos .............................................................................27
2.1.3 Métodos de projeto e avaliação de pavimentos...........................................33
2.2 Comportamento Mecânico de Agregados para Aplicação em Pavimentação....37
2.2.1. Módulo de resiliência .................................................................................37
2.2.2 Ensaios triaxiais de resistência ao cisalhamento .........................................56
2.2.3 Deformações permanentes...........................................................................68
2.3 Equipamentos Triaxiais ......................................................................................98
2.4 Análise Mecanística..........................................................................................102
3 CONCEPÇÃO DO EQUIPAMENTO TRIAXIAL DE GRANDE PORTE E DESCRIÇÃO
DOS DEMAIS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS.................................................................106
3.1 Concepção do Equipamento Triaxial de Grande Porte.....................................106
3.1.1 Pórtico de Reação ......................................................................................108
3.1.2 Câmara Triaxial .........................................................................................123
3.1.3 Sistemas de Aplicação de Cargas ..............................................................131
3.1.4 Outros detalhes ..........................................................................................136
3.1.5 Montagem do equipamento .......................................................................139
3.1.6 Instrumentação e sistema de aquisição de dados.......................................151
3.1.7 Considerações finais sobre o equipamento triaxial de grande porte..........162
3.2 Descrição dos equipamentos triaxiais para solos..............................................163
3.2.1 Ensaio triaxial de módulo de resiliência....................................................163
3.2.2 Ensaio triaxial de carregamento repetido para deformações permanentes 168
3.2.3 Ensaio triaxial de carregamento monotônico ............................................170
4 PROGRAMA EXPERIMENTAL.........................................................................................173
4.1 Caracterização do Material Estudado...............................................................173
4.2 Segurança, Moldagem e Operação do Equipamento........................................176
4.3 Aplicação dos Carregamentos e Análise de Erros............................................182
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
7
4.3.1 Carregamentos cíclicos..............................................................................182
4.3.2 Carregamentos monotônicos .....................................................................185
4.3.3 Análise de erros .........................................................................................186
4.4 Ensaios Triaxiais de Módulo de Resiliência.....................................................191
4.5 Ensaios Triaxiais de Carregamento Monotônico..............................................192
4.6 Ensaios Triaxiais de Deformações Permanentes..............................................197
4.7 Análises Paramétricas.......................................................................................201
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS......................................................204
5.1 Ensaios de módulo de resiliência......................................................................204
5.1.1 Ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm...............................................204
5.1.2 Ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm...............................................210
5.1.3 Considerações finais sobre os ensaios de módulo de resiliência...............218
5.2 Ensaios de resistência ao cisalhamento ............................................................220
5.2.1 Ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm...............................................220
5.2.2 Ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm...............................................229
5.2.3 Considerações finais sobre os ensaios de carregamento monotônico .......238
5.3 Ensaios de deformações permanentes ..............................................................240
5.3.1 Resultados de ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm........................240
5.3.2 Resultados de Ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm .......................255
5.3.3 Considerações finais sobre os ensaios de deformações permanentes........266
5.4 Análises paramétricas.......................................................................................267
5.4.1 Seleção das estruturas a serem avaliadas e características do tráfego.......268
5.4.2 Análise mecanística com o programa Everstress 5.0 ................................270
5.4.3 Avaliação da resistência ao cisalhamento segundo o método Sul Africano
........................................................................................................................................279
5.4.4 Considerações finais..................................................................................284
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES..........................................................................................286
6.1 Conclusões........................................................................................................286
6.2 Sugestões ..........................................................................................................291
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................293
ANEXO A ................................................................................................................................302
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Trajetórias de tensões segundo a norma AFNOR NF P 98-235-1/95 .................................32
Figura 2.2 – Equipamento triaxial do LCPC (LCPC, 2004)...................................................................33
Figura 2.3 Resposta típica do corpo de prova em um ensaio triaxial de carregamento repetido.........38
Figura 2.4 - Módulos de resiliência para uma brita de granito-gnaisse (adaptado de Motta, 1991).......44
Figura 2.5 - Módulos de resiliência para britas (adaptado de Marmitt, 2002)........................................47
Figura 2.6 - Módulos de resiliência para agregados de escória de aciaria elétrica
(adaptado de Rohde, 2002).......................................................................................................................48
Figura 2.7 - Módulos de resiliência para britas com diversos teores de finos
(adaptado de Casagrande, 2003) ..............................................................................................................49
Figura 2.8 – Módulos de resiliência para agregados reciclados de telhas (adaptado de Dias, 2004)......50
Figura 2.9 – Módulos de resiliência para britas (adaptado de Malysz, 2004).........................................51
Figura 2.10 Evolução dos módulos de resiliência do agregado reciclado com o tempo de cura e
adição de cal ou cimento Portland (adaptado de Motta, 2005)................................................................52
Figura 2.11 Módulos de resiliência para os rejeitos do garimpo de ametista
(adaptado de Retore, 2005) ......................................................................................................................54
Figura 2.12 – Módulos de resiliência de agregados brasileiros e estatística descritiva ..........................55
Figura 2.13 – Definição dos parâmetros de resistência ao cisalhamento de Mohr-Coulomb.................58
Figura 2.14 – Diagrama p-q (Lambe e Whitman, 1969).........................................................................59
Figura 2.15 – Curvas de tensão desvio versus deformação axial obtidas por Malysz (2004).................66
Figura 2.16 – Envoltórias de resistência ao cisalhamento obtidas por Malysz (2004) ...........................67
Figura 2.17 – Envoltórias de resistência ao cisalhamento de agregados e estatística descritiva.............68
Figura 2.18 – Afundamentos de trilha de roda segundo os modos 0, 1, 2 e 3.........................................70
Figura 2.19 – Resultado típico de um ensaio triaxial de deformações permanentes...............................71
Figura 2.20 – Comportamentos típicos da teoria do Shakedown............................................................75
Figura 2.21 Enquadramento no modelo Shakedown de alguns ensaios realizados com laterita
(Guimarães, 2001)....................................................................................................................................78
Figura 2.22 – Shakedown no Espaço das Tensões Principais (Guimarães, 2001)..................................78
Figura 2.23 – Definição dos parâmetros dos modelos (2.15) e (2.16) (Lekarp et al., 1996) ..................80
Figura 2.24 – Modelos de deformações permanentes adaptados de Lekarp et al. (1996) ......................81
Figura 2.25 – Envoltórias de deformações permanentes [adaptado de Theyse (1997)]..........................83
Figura 2.26 – Modelos de deformações permanentes adaptados de Niekerk et al. (2000).....................87
Figura 2.27 – Modelos de deformações permanentes adaptados de Espinosa (1987) ............................92
Figura 2.28 – Modelos de deformações permanentes adaptados de Motta (1991).................................93
Figura 2.29 – Modelos de deformações permanentes adaptados de Fernandes (2004) ..........................94
Figura 2.30 Resultados dos ensaios triaxiais de deformações permanentes (adaptado de Malysz,
2004) ........................................................................................................................................................95
Figura 2.31 Representação esquemática dos possíveis comportamentos de camadas granulares sob
cargas repetidas........................................................................................................................................97
Figura 2.32 – Modelos de deformações permanentes obtidos por Leite (2007).....................................98
Figura 2.33 – Tensões de cisalhamento, envoltórias de ruptura e de resistência ao cisalhamento
mobilizada para a brita GG1 (GC = 100%)............................................................................................104
Figura 3.1 – Esquema tridimensional do pórtico de reação..................................................................109
Figura 3.2 – Diagramas de esforços para as vigas de sustentação........................................................111
Figura 3.3 – Vigas de Sustentação........................................................................................................112
Figura 3.4 – Diagramas de esforços para as vigas inferiores sob carregamento concentrado ..............113
Figura 3.5 – Diagramas de esforços para as vigas inferiores sob carregamento distribuído.................114
Figura 3.6 – Vigas inferiores.................................................................................................................115
Figura 3.7 – Diagramas de esforços para viga superior........................................................................117
Figura 3.8 – Viga superior ....................................................................................................................118
Figura 3.9 (a) Esquema de carregamento das extensões das hastes, (b) diagrama de esforço normal,
(c) diagrama de esforço cortante, (d) diagrama de momento fletor.......................................................119
Figura 3.10 – Extensões das Hastes......................................................................................................119
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
9
Figura 3.11 – (a) Esquema de carregamento, (b) diagrama de esforço normal, (c) diagrama de esforço
cortante, (d) diagrama de momento fletor..............................................................................................120
Figura 3.12 – Fusos...............................................................................................................................121
Figura 3.13 - Outras peças: (a) placa superior, (b) placas laterais e (c) porcas (continuação) .............122
Figura 3.14 – Tubo de acrílico reforçado por anéis de fibra de vidro em resina de poliéster...............128
Figura 3.15 – Base e topo da câmara triaxial (a – base, b – topo).........................................................128
Figura 3.16 – (a) Pedestal do corpo de prova e (b) cabeçote................................................................129
Figura 3.17 – Hastes da câmara triaxial................................................................................................130
Figura 3.18 – Porcas, contra-porcas, arruelas e bucha para rolamentos lineares..................................130
Figura 3.19 Motor elétrico, macaco mecânico, polias sincronizadoras, eixo intermediário e
mancais Y...............................................................................................................................................132
Figura 3.20 – Sistema de aquisição e controle de dados, encoder e inversor de freqüência.................132
Figura 3.21 – Cilindro pneumático: (a) foto das peças e (b) esquema de montagem ...........................133
Figura 3.22 – Compressor de ar Kaeser SX 7 e reservatório................................................................134
Figura 3.23 Sistema de ar comprimido: (a) painel pneumático (b) conexão final com o cilindro
pneumático.............................................................................................................................................135
Figura 3.24 – Suporte do Motor............................................................................................................136
Figura 3.25 – Prolongador de eixo e eixo intermediário com mancais “Y” .........................................137
Figura 3.26 – Polias Sicronizadoras......................................................................................................137
Figura 3.27 – Esquema de funcionamento do sistema de aplicação de cargas monotônicas................137
Figura 3.28 – Pedestal da câmara triaxial .............................................................................................138
Figura 3.29 – Pedestal da Câmara Triaxial...........................................................................................138
Figura 3.30 – Talha Koch - SC 03965 ..................................................................................................139
Figura 3.31 – Vigas de sustentação sobre cilindros espaçadores e vibra-stops....................................140
Figura 3.32 – Montagem das vigas inferiores.......................................................................................140
Figura 3.33 – Montagem das placas laterais.........................................................................................141
Figura 3.34 – Montagem da placa superior...........................................................................................142
Figura 3.35 – Montagem da base do motor...........................................................................................142
Figura 3.36 – Montagem das extensões das hastes...............................................................................142
Figura 3.37 – Montagem da viga superior e dos fusos..........................................................................143
Figura 3.38 – Fixação das hastes roscadas com porcas.........................................................................144
Figura 3.39 – Montagem do motor e do macaco...................................................................................145
Figura 3.40 – Montagem do prato da prensa.........................................................................................145
Figura 3.41 – Montagem da base da câmara e pedestal do corpo de prova..........................................146
Figura 3.42 – Montagem do acrílico reforçado, das hastes e das contra-porcas...................................146
Figura 3.43 – Montagem do Topo da Câmara e aperto com as Porcas.................................................147
Figura 3.44 – Visão geral do topo da câmara com bucha para rolamentos lineares e porcas...............147
Figura 3.45 – Montagem do sistema de polias e correias sincronizadoras ...........................................148
Figura 3.46 – Placa de conexão do cilindro pneumático aparafusada à viga superior..........................149
Figura 3.47 – Montagem da bucha para rolamentos lineares na base do cilindro pneumático.............149
Figura 3.48 – Montagem do pistão de cargas e do cilindro guia no cilindro pneumático.....................150
Figura 3.49 – Montagem do cilindro pneumático.................................................................................150
Figura 3.50 Visão geral do equipamento montado: (a) para carregamentos cíclicos e (b) para
carregamentos monotônicos...................................................................................................................151
Figura 3.51 HBM Spider 8 e seus conectores.....................................................................................152
Figura 3.52 – Instrumentação: LVDTs, células de carga, transmissor de pressão e HBM Spider 8.....153
Figura 3.53 – Transdutor de deslocamento do tipo LVDT Solartron AC-25........................................154
Figura 3.54 – Esquema de conexões elétricas para os LVDTs Solartron AC-25..................................154
Figura 3.55 – Procedimento de calibração dos LVDTs ........................................................................155
Figura 3.56 – Célula de carga Gunt Hamburg LT 50/30.......................................................................155
Figura 3.57 – Esquema de conexões elétricas para a célula de carga Gunt Hamburg LT 50/30...........156
Figura 3.58 – Célula de carga Gunt Hamburg LT 5/3...........................................................................156
Figura 3.59 – Calibração das células de carga na prensa Shimadzu......................................................157
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
10
Figura 3.60 – Transmissor de pressão ASHCROFT k1.........................................................................158
Figura 3.61 – Esquema de conexões elétricas para o transmissor de pressão ASHCROFT k1.............158
Figura 3.62 – Calibração dos transmissores de pressão........................................................................158
Figura 3.63 – Tela de operação dos ensaios monotônicos no programa Catman 4.5 ...........................161
Figura 3.64 – Tela de operação dos ensaios cíclicos no programa Catman 4.5....................................161
Figura 3.65 – Equipamento triaxial de carregamento repetido para solos............................................164
Figura 3.66 – Sistema de aquisição de dados........................................................................................165
Figura 3.67 – SEEPAV 8200 e conector serial.....................................................................................166
Figura 3.68 – Transdutor de deslocamento LVDT Solartron DG-2,5..................................................166
Figura 3.69 – Esquema de conexões elétricas para os LVDTs Solartron DG-2,5 ................................167
Figura 3.70 – Célula de carga Gefran TU K1 M...................................................................................167
Figura 3.71 Esquema de conexões elétricas com o sistema SEEPAV 8200 para célula de carga
Gefran TU K1 M ....................................................................................................................................167
Figura 3.72 – Calibração de célula de carga com pórtico e pesos.........................................................168
Figura 3.73 – Transdutor de deslocamento RDT Gefran LTM 50 S......................................................169
Figura 3.74 – Esquema de conexões elétricas para o RDT Gefran LTM 50 S.....................................169
Figura 3.75 Esquema de conexões elétricas do sistema HBM Spider 8 para a célula de carga
Gefran TU K1 M ....................................................................................................................................170
Figura 3.76 Equipamento utilizado para os ensaios triaxiais de carregamento monotônico e detalhe
de instrumentação...................................................................................................................................171
Figura 3.77 – Célula de carga Reaccion BCZC-5000 ...........................................................................172
Figura 3.78 Esquema de conexões elétricas do sistema HBM Spider 8 para a célula de carga
Reaccion BCZC-5000.............................................................................................................................172
Figura 4.1 – Análise granulométrica da brita........................................................................................174
Figura 4.2 – Curva de compactação......................................................................................................175
Figura 4.3 – Índice de Suporte Califórnia.............................................................................................176
Figura 4.4 – Equipamentos de proteção individual e coletiva ..............................................................177
Figura 4.5 – Martelo rompedor HILTI TE 706 utilizado para a compactação......................................178
Figura 4.6 – Aspectos da moldagem do corpo de prova de 25 x 50 cm................................................180
Figura 4.7 – Fixação da instrumentação interna ...................................................................................181
Figura 4.8 – Pulso de carga com sinal elétrico de 0,1 s ........................................................................182
Figura 4.9 – Duração do pulso de carga contra duração do pulso elétrico............................................183
Figura 4.10 – Pulso de carga obtido com sinal elétrico de 0,027 segundos..........................................184
Figura 4.11 – Pulso de carga obtido com utilização do regulador de fluxo..........................................184
Figura 4.12 Velocidade de deslocamento no equipamento triaxial de grande porte em função da
freqüência no inversor............................................................................................................................186
Figura 4.13 – Obtenção de leituras do LVDT com deslocamentos conhecidos para análise de erros..187
Figura 4.14 Obtenção de leituras da célula de carga com carregamento estático conhecido para
análise de erros.......................................................................................................................................188
Figura 4.15 – Obtenção de seqüências de pulsos de cargas em diversos níveis para análise de erros..189
Figura 4.16 – Leituras da pressão de confinamento em diversos níveis para análise de erros .............190
Figura 4.17 – Determinação dos coeficientes para correção da área dos corpos de prova ...................193
Figura 4.18 – Determinação dos módulos de Young tangente e secante (Malysz, 2004).....................195
Figura 4.19 Resultado típico de ensaios triaxiais de deformações permanentes em multiestágios,
Malysz (2004) ........................................................................................................................................199
Figura 4.20 – Obtenção dos parâmetros ε
pi
e TDP................................................................................199
Figura 4.21 – Laços histeréticos resultantes de carregamentos cíclicos em ensaios tiaxiais................200
Figura 4.22 – Esquema de camadas, tensões e deformações em um pavimento...................................202
Figura 5.1 Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
segundo o modelo k-σ
3
..........................................................................................................................205
Figura 5.2 Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
segundo o modelo k - θ normalizado pela pressão atmosférica.............................................................206
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
11
Figura 5.3 Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
segundo o modelo composto..................................................................................................................208
Figura 5.4 Comparação entre os módulos de resiliência observados nos ensaios e os calculados pelo
modelo composto em relação à reta de igualdade para corpos de prova de 10 x 20 cm........................210
Figura 5.5 Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
segundo o modelo k-σ
3
..........................................................................................................................211
Figura 5.6 Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
segundo o modelo k - θ normalizado pela pressão atmosférica.............................................................213
Figura 5.7 Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
segundo o modelo composto com instrumentação interna.....................................................................214
Figura 5.8 Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
segundo o modelo composto com instrumentação externa....................................................................215
Figura 5.9 Comparação entre os módulos de resiliência observados nos ensaios e os calculados pelo
modelo composto em relação à reta de igualdade para corpos de prova de 25 x 50 cm........................218
Figura 5.10 Módulos de resiliência obtidos nesta tese em comparação com resultados de ensaios de
outras pesquisas brasileiras ....................................................................................................................219
Figura 5.11 Curvas tensão deformação em corpos de prova de 10 x 20 cm em multiestágios e
estágio único...........................................................................................................................................221
Figura 5.12 Modos de ruptura de corpos de prova observados nos ensaios: (a) embarrilamento e (b)
superfície de cisalhamento.....................................................................................................................222
Figura 5.13 – Envoltória de resistência ao cisalhamento para o ensaio triaxial de carregamento
monotônico em multiestágios e corpo de prova de 10 x 20 cm.............................................................222
Figura 5.14 Envoltória de resistência ao cisalhamento para os ensaios triaxiais convencionais em
corpos de prova de 10 x 20 cm...............................................................................................................223
Figura 5.15 Trajetórias de tensões e envoltória de resistência ao cisalhamento no diagrama “p x q”
para o ensaio triaxial de carregamento monotônico em multiestágios e corpos de prova de 10 x 20 cm224
Figura 5.16 Trajetórias de tensões e envoltória de resistência ao cisalhamento no diagrama “p x q”
para os ensaios triaxiais convencionais em corpos de prova de 10 x 20 cm..........................................224
Figura 5.17 Envoltória de resistência ao cisalhamento mobilizadas para os ensaios triaxiais
convencionais em corpos de prova de 10 x 20 cm.................................................................................225
Figura 5.18 Envoltória de resistência ao cisalhamento mobilizadas para os ensaios triaxiais
convencionais em corpos de prova de 10 x 20 cm, nas condições de escoamento, ruptura e pós-pico.226
Figura 5.19 Módulos de Young tangente e secante obtidos nos ensaios triaxiais convencionais em
corpos de prova de 10 x 20 cm...............................................................................................................227
Figura 5.20 – Relação entre os módulos de Young e de resiliência para corpos de prova de 10 x 20 cm228
Figura 5.21 Curvas tensão deformação em corpos de prova de 25 x 50 cm em multiestágios e
estágio único...........................................................................................................................................230
Figura 5.22 Ruptura por cisalhamento observado nos ensaios monotônicos em corpos de prova de
25 x 50 cm: (a) com membrana e vácuo e (b) sem a membrana............................................................231
Figura 5.23 – Envoltória de resistência ao cisalhamento para o ensaio triaxial de carregamento
monotônico em multiestágios e corpo de prova de 25 x 50 cm.............................................................231
Figura 5.24 – Envoltória de resistência ao cisalhamento para o ensaio triaxial convencional em corpos
de prova de 25 x 50 cm..........................................................................................................................232
Figura 5.25 Trajetórias de tensões e envoltória de resistência ao cisalhamento no diagrama “p x q”
para o ensaio triaxial de carregamento monotônico em multiestágios e corpos de prova de 25 x 50 cm233
Figura 5.26 Trajetórias de tensões e envoltória de resistência ao cisalhamento no diagrama “p x q”
para o ensaio triaxial convencional em corpos de prova de 25 x 50 cm................................................233
Figura 5.27 Envoltórias de resistência ao cisalhamento mobilizadas para os ensaios triaxiais
convencionais em corpos de prova de 25 x 50 cm.................................................................................234
Figura 5.28 Envoltória de resistência ao cisalhamento mobilizadas para os ensaios triaxiais
convencionais em corpos de prova de 25 x 50 cm, nas condições de escoamento, ruptura e pós-pico.234
Figura 5.29 Módulos de Young tangente e secante obtidos nos ensaios triaxiais convencionais em
corpos de prova de 25 x 50 cm...............................................................................................................235
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
12
Figura 5.30 Ajustes para a obtenção do módulo de elasticidade inicial em corpos de prova de
25 x 50 cm..............................................................................................................................................236
Figura 5.31 – Módulo de elasticidade inicial em corpos de prova de 25 x 50......................................237
Figura 5.32 – Relação entre os módulos de Young e de resiliência em corpos de prova de 25 x 50....238
Figura 5.33 Apresentação das envoltórias de ruptura obtidas nesta tese em comparação com os
resultados observados na bibliografia consultada..................................................................................239
Figura 5.34 Evolução de deformações permanentes em estágio único para corpos de prova de
10 x 20 cm..............................................................................................................................................241
Figura 5.35 Evolução das deformações permanentes em ensaios multiestágios para corpos de prova
de 10 x 20 cm.........................................................................................................................................243
Figura 5.36 Evolução de deformações permanentes em ensaio multiestágios com desconfinamento
para corpos de prova de 10 x 20 cm.......................................................................................................245
Figura 5.37 Modelagem de parâmetros de deformações permanentes dos modelos (2.26), (2.27),
(2.28) e (2.29) em função da pressão de confinamento e da tensão desvio para corpos de prova de 10 x
20 cm......................................................................................................................................................247
Figura 5.38 Comparação entre os parâmetros dos modelos (2.26), (2.27), (2.28) e (2.29) obtidos a
partir do ajuste pelo modelo (4.7) e diretamente dos ensaios em relação à reta de igualdade para corpos
de prova de 10 x 20 cm..........................................................................................................................248
Figure 5.39 – Comparação entre as deformações permanentes obtidas do modelo de Guimarães (2009)
e medidas diretamente nos ensaios em relação à reta de igualdade para corpos de prova de 10 x 20 cm250
Figura 5.40 – Análise segundo a teoria do Shakedown em corpos de prova de 10 x 20 cm ................251
Figura 5.41 Trajetórias de tensões, limites Shakedown e envoltórias de escoamento, ruptura e pós-
pico para ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm ............................................................................252
Figura 5.42 - Laços de histerese do ensaio DP ME 35x31 kPa em Shakedown A...............................253
Figura 5.43 - Laços de histerese do ensaio DP ME 105x309 kPa em Shakedown C ...........................254
Figura 5.44 - Laços de histerese do ensaio DP ME 53x206 kPa em Shakedown B .............................254
Figura 5.45 Evolução de deformações permanentes em estágio único para corpos de prova de
25 x 50 cm..............................................................................................................................................256
Figura 5.46 Evolução das deformações permanentes em ensaios multiestágios para corpos de prova
de 25 x 50 cm.........................................................................................................................................257
Figura 5.47 Evolução de deformações permanentes em multiestágios de desconfinamento para
corpos de prova de 25 x 50 cm...............................................................................................................258
Figura 5.48 Modelagem de parâmetros de deformações permanentes dos modelos (2.26), (2.27),
(2.28) e (2.29) em função da pressão de confinamento e da tensão desvio para corpos de prova de
25 x 50 cm..............................................................................................................................................261
Figura 5.49 Comparação entre os parâmetros dos modelos (2.26), (2.27), (2.28) e (2.29) obtidos a
partir do ajuste pelo modelo (4.7) e diretamente dos ensaios em relação à reta de igualdade para corpos
de prova de 25 x 50 cm..........................................................................................................................262
Figura 5.50 Comparação entre as deformações permanentes obtidas do modelo de
Guimarães (2009) e medidas diretamente nos ensaios em relação à reta de igualdade para corpos de
prova de 25 x 50 cm...............................................................................................................................263
Figura 5.51 – Análise segundo a teoria do Shakedown em corpos de prova de 25 x 50 cm ................264
Figura 5.52 - Trajetórias de tensões, limites Shakedown e envoltórias de escoamento, ruptura e pós-
pico para ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm ............................................................................265
Figura 5.53 - Laços de histerese do ensaio DP ME 35x36 kPa em Shakedown A...............................266
Figura 5.54 - Laços de histerese do ensaio DP ME 70x204 kPa em Shakedown B .............................266
Figura 5.55 Estados de tensões atuantes na camada granular das estruturas avaliadas segundo os
resultados de ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm......................................................................271
Figura 5.56 Comparação da estimativa de ATR
g
pelo plano médio e por subcamadas, segundo os
resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm ....................................................................273
Figura 5.57 Relação entre as deformações permanentes e a profundidade, segundo os resultados dos
ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm............................................................................................275
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
13
Figura 5.58 Estados de tensões atuantes na camada granular das estruturas avaliadas segundo os
resultados de ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm......................................................................276
Figura 5.59 Comparação da estimativa de ATR
g
pelo plano médio e por subcamadas, segundo os
resultados dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm ....................................................................278
Figura 5.60 Coeficientes de segurança ao cisalhamento em função da profundidade para a estrutura
delgada e carga de eixo de 120 kN, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de
10 x 20 cm..............................................................................................................................................280
Figura 5.61 Coeficientes de segurança ao cisalhamento em função da profundidade para a estrutura
espessa e carga de eixo de 120 kN, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de
10 x 20 cm..............................................................................................................................................281
Figura 5.62 Estados de tensões atuantes nas camadas granulares das estruturas delgada e espessa
com carga de eixo de 120 kN, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm.281
Figura 5.63 Coeficientes de segurança ao cisalhamento em função da profundidade para a estrutura
delgada e carga de eixo de 120 kN, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de
25 x 50 cm..............................................................................................................................................283
Figura 5.64 Coeficientes de segurança ao cisalhamento em função da profundidade para a estrutura
espessa e carga de eixo de 120 kN, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de
25 x 50 cm..............................................................................................................................................283
Figura 5.65 Estados de tensões atuantes nas camadas granulares das estruturas delgada e espessa
com carga de eixo de 120 kN, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm.284
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
14
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Faixas granulométricas da especificação DAER – ES – P 04/91.......................................23
Tabela 2.2 – Características requeridas para sub-bases pela especificação DAER – ES – P 04/91........23
Tabela 2.3 – Características requeridas para bases pela DAER – ES – P 08/91.....................................24
Tabela 2.4 – Faixas granulométricas da especificação DAER – ES – P 08/91.......................................24
Tabela 2.5 – Faixas granulométricas da especificação DNER – ES 303/97...........................................25
Tabela 2.6 – Faixas granulométricas da especificação ASTM D 1241/00..............................................26
Tabela 2.7 – Seqüência de tensões segundo a norma AASHTO TP 46/96.............................................30
Tabela 2.8 – Trajetórias de tensões segundo a norma AFNOR NF P 98-231-1......................................32
Tabela 2.9 - Parâmetros obtidos por Benevides (2000) para o modelo granular (MPa).........................46
Tabela 2.10 - Parâmetros para o modelo da equação (2.7) segundo a análise estatística da Figura 2.1255
Tabela 2.11 - Parâmetros para o modelo da equação (2.7) segundo a análise estatística de cada ensaio56
Tabela 2.12 – Parâmetros de resistência ao cisalhamento obtidos por Lekarp et al. (1996)...................60
Tabela 2.13 – Parâmetros de resistência ao cisalhamento de agregados ( Garg e Thompson, 1997) .....61
Tabela 2.14 – Parâmetros de resistência ao cisalhamento dos agregados estudados por Theyse (2000)62
Tabela 2.15 – Parâmetros de resistência ao cisalhamento de agregados ( Saeed et al., 2001)................64
Tabela 2.16 – Parâmetros de resistência ao cisalhamento em materiais granulares................................65
Tabela 2.17–Estatística descritiva para parâmetros de resistência ao cisalhamento e envoltórias de
ruptura......................................................................................................................................................68
Tabela 2.18 – Parâmetros do modelo da equação (2.14) obtidos por Lekarp et al. (1996).....................80
Tabela 2.19 – Parâmetros dos modelos (2.22) a (2.24), conforme Theyse (1997)..................................83
Tabela 2.20 – Parâmetros de deformações permanentes obtidos por Garg e Thompson (1997) ............84
Tabela 2.21 – Parâmetros do modelo (2.40) obtidos por Niekerk et al. (2000)......................................86
Tabela 2.22 – Parâmetros dos modelos das equações 2.27 e 2.41 obtidos por Espinosa (1987) ............91
Tabela 3.1 – Propriedades dos materiais utilizados na construção do pórtico de reação......................107
Tabela 3.2 – Propriedades do material compósito à base de fibra de vidro..........................................108
Tabela 3.3 – Propriedades mecânicas de diversas configurações avaliadas para as vigas de sustentação112
Tabela 3.4 – Propriedades mecânicas de diversas configurações avaliadas para as vigas inferiores....116
Tabela 3.5 – Propriedades mecânicas de diversas configurações avaliadas para a viga superior.........118
Tabela 3.6 – Nomenclatura e propriedades das peças do pórtico de reação..........................................122
Tabela 3.7 – Propriedades mecânicas das peças do pórtico de reação..................................................123
Tabela 3.8 – Características do compressor de ar Kaeser SX 7............................................................134
Tabela 3.9 – Configuração dos sensores (Sensor Settings)...................................................................160
Tabela 3.10 – Especificações do equipamento triaxial de grande porte................................................162
Tabela 3.11 – Especificações dos componentes do sistema pneumático e instrumentação..................163
Tabela 5.1 Dados da compactação dos corpos de prova de 10 x 20 cm utilizados nos ensaios
triaxiais de módulo de resiliência...........................................................................................................204
Tabela 5.2 Parâmetros do modelo k-σ
3
para os ensaios de módulo de resiliência realizados em
corpos de prova de 10 x 20 cm...............................................................................................................206
Tabela 5.3 Parâmetros do modelo MR-θ normalizado pela pressão atmosférica para os ensaios de
módulo de resiliência realizados em corpos de prova de 10 x 20 cm....................................................207
Tabela 5.4 Parâmetros do modelo composto para os ensaios de módulo de resiliência realizados em
corpos de prova de 10 x 20 cm...............................................................................................................207
Tabela 5.5 – Parâmetros dos modelos utilizados por Espinosa (1987) e modelo generalizado do
NCHRP (2004) obtidos para os ensaios de módulo de resiliência realizados em corpos de prova de
10 x 20 cm..............................................................................................................................................209
Tabela 5.6 Dados da compactação dos corpos de prova de 25 x 50 cm utilizados nos ensaios
triaxiais de módulo de resiliência...........................................................................................................211
Tabela 5.7 Parâmetros do modelo k-σ
3
para os ensaios de módulo de resiliência realizados em
corpos de prova de 25 x 50 cm...............................................................................................................212
Tabela 5.8 Parâmetros do modelo MR-θ normalizado pela pressão atmosférica para os ensaios de
módulo de resiliência realizados em corpos de prova de 25 x 50 cm....................................................213
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
15
Tabela 5.9 Parâmetros do modelo composto para os ensaios de módulo de resiliência realizados em
corpos de prova de 25 x 50 cm...............................................................................................................216
Tabela 5.10 Parâmetros do modelo generalizado do NCHRP (2004) obtidos para os ensaios de
módulo de resiliência realizados em corpos de prova de 25 x 50 cm....................................................216
Tabela 5.11 Parâmetros dos modelos utilizados por Espinosa (1987) obtidos para os ensaios de
módulo de resiliência realizados em corpos de prova de 25 x 50 cm....................................................217
Tabela 5.12 Dados da compactação dos corpos de prova de 10 x 20 cm utilizados nos ensaios
triaxiais de carregamento monotônico ...................................................................................................220
Tabela 5.13Parâmetros de resistência ao cisalhamento segundo as interpretações nos espaços σ x τ
e p x q para corpos de prova de 10 x 20 cm...........................................................................................225
Tabela 5.14 Parâmetros de regressão estatística para os ajustes de Módulo de Young em função da
pressão de confinamento para corpos de prova de 10 x 20 cm..............................................................227
Tabela 5.15Parâmetros de regressão estatística para os ajustes de Módulo de Resiliência em função
do Módulo de Young em corpos de prova de 10 x 20 cm......................................................................229
Tabela 5.16 Dados da compactação dos corpos de prova de 25 x 50 cm utilizados nos ensaios
triaxiais de carregamento monotônico ...................................................................................................229
Tabela 5.17Parâmetros de resistência ao cisalhamento segundo as interpretações nos espaços σ x τ
e p x q para corpos de prova de 25 x 50 cm...........................................................................................234
Tabela 5.18 Parâmetros de regressão estatística para os ajustes de Módulo de Young em função da
pressão de confinamento para corpos de prova de 25 x 50 cm..............................................................235
Tabela 5.19Parâmetros de regressão estatística para os ajustes de Módulo de Resiliência em função
do Módulo de Young em corpos de prova de 25 x 50 cm......................................................................238
Tabela 5.20 – Dados da compactação dos corpos de prova de 10x20 cm utilizados nos ensaios
triaxiais de deformações permanentes....................................................................................................241
Tabela 5.21 – Parâmetros dos modelos (2.26), (2.27), (2.28) e (2.29) obtidos com resultados de
ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm............................................................................................246
Tabela 5.22 – Parâmetros de ajuste segundo o modelo (4.7) em corpos de prova de 10 x 20 cm........249
Tabela 5.23 Dados da compactação dos corpos de prova de 25 x 50 cm utilizados nos ensaios
triaxiais de deformações permanentes....................................................................................................255
Tabela 5.24 – Parâmetros dos modelos (2.26), (2.27), (2.28) e (2.29) obtidos com resultados de
ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm............................................................................................260
Tabela 5.25 – Parâmetros de ajuste segundo a equação (4.8) em corpos de prova de 25 x 50 cm .......263
Tabela 5.26 – Configurações estruturais avaliadas nas análises mecanísticas......................................269
Tabela 5.27 Parâmetros de ajuste para os estados de tensões em função da profundidade, para os
resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm ....................................................................272
Tabela 5.28 Parâmetros de ajuste para a pressão de confinamento em função da profundidade, para
os resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm, segundo a equação (5.5).......................272
Tabela 5.29 Estimativa de ATR
g
para o estado de tensões atuante no plano médio da camada
granular, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm..................................273
Tabela 5.30 Estimativa de ATR
g
com divisão em 5 subcamadas, segundo os resultados dos ensaios
em corpos de prova de 10 x 20 cm.........................................................................................................274
Tabela 5.31 Parâmetros de ajuste para os estados de tensões em função da profundidade, para os
resultados dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm ....................................................................276
Tabela 5.32 Parâmetros de ajuste para a pressão de confinamento em função da profundidade, para
os resultados dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm, segundo a equação (5.5).......................277
Tabela 5.33 Estimativa de ATR
g
para o estado de tensões atuante no plano médio da camada
granular, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm..................................277
Tabela 5.34 Estimativa de ATR
g
com divisão em 5 subcamadas, segundo os resultados dos ensaios
em corpos de prova de 25 x 50 cm.........................................................................................................278
Tabela 5.35 Parâmetros para o cálculo do coeficiente de segurança ao cisalhamento do método Sul
Africano, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm .................................280
Tabela 5.36 Parâmetros para o cálculo do coeficiente de segurança ao cisalhamento do método Sul
Africano, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm .................................282
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
16
RESUMO
MALYSZ, R. Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos. 2009. Tese de doutorado (Doutorado em
Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.
Camadas granulares desempenham um importante papel no comportamento global de
pavimentos, especialmente daqueles com revestimentos delgados ou sem revestimento. Para
conhecer as características de resistência e deformabilidade de materiais componentes dessas
camadas são realizados ensaios triaxiais. No caso de ensaios em materiais granulares, o corpo
de prova deve ter diâmetro de pelo menos cinco vezes o tamanho máximo de partícula e altura
igual a duas vezes o seu diâmetro. Como as especificações do DNIT permitem o emprego de
agregados de até 5 cm em camadas de brita graduada ou solo-agregado, os corpos-de-prova
devem ter diâmetro de 25 cm e altura de 50 cm. Equipamentos capazes de ensaiar corpos-de-
prova com estas dimensões são raros no mundo e inexistiam no Brasil até 2008. Com o intuito
de superar esta carência e avançar no conhecimento do comportamento mecânico de
agregados graúdos, a pesquisa relatada nesta tese teve como objetivos desenvolver um
equipamento triaxial de grande porte capaz de aplicar carregamentos estáticos, monotônicos e
cíclicos em corpos-de-prova de grandes dimensões (25 cm x 50 cm); bem como realizar e
interpretar os primeiros ensaios. A concepção e a montagem do equipamento são descritas
considerando as partes principais. Também é detalhada a instrumentação utilizada composta
por: duas células de carga, três transdutores de deslocamento e dois transmissores de pressão.
Para os primeiros ensaios foi escolhida uma brita graduada de basalto, anteriormente utilizada
em pistas experimentais solicitadas por simulador de tráfego. Ensaios em corpos-de-prova de
10 cm de diâmetro e 20 cm de altura foram realizados para comparação com resultados de
ensaios em corpos-de-prova maiores, realizados no novo equipamento. Os ensaios de módulo
de resiliência foram conduzidos segundo o método de ensaio do DNIT, com algumas
modificações para adequá-lo ao padrão internacional. Os ensaios triaxiais monotônicos e os
cíclicos de deformações permanentes foram conduzidos tanto em multiestágios, quanto em
estágio único de tensões. Os resultados obtidos foram interpretados segundo diversas teorias e
modelos, obtendo-se parâmetros de resistência e de deformabilidade. Uma análise mecanística
utilizando os parâmetros obtidos nos ensaios permitiu analisar o comportamento do material
estudado como camada de pavimento. Conclui-se que o equipamento triaxial de grande porte
atende as necessidades para as quais foi projetado, permitindo obter parâmetros para
caracterização do comportamento de agregados graúdos e prever desempenho de pavimentos,
quanto a deformações permanentes e ruptura por cisalhamento de camadas granulares.
Palavras-chave: ensaios triaxiais, módulo de resiliência, deformações permanentes, resistência ao cisalhamento.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
17
ABSTRACT
MALYSZ, R. Development of triaxial equipment for testing large specimens of unbound
aggregates for paving purposes. 2009. PhD Thesis (Civil Engineering) – Federal University of
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brazil.
Unbound aggregates layers play an important role in the performance of thinly surfaced or
unsurfaced pavements. In order to assess the strength-strain characteristics of soils and
aggregates used in those layers, triaxial tests must be carried out on cylindrical specimens
with diameter not smaller than 5 times the particle maximum size and height twice the
diameter. Since Brazil National Roads Department allows using 2” aggregates in granular
bases, specimens for triaxial tests should be at least 25 cm in diameter and 50 cm in height.
All over the world there are only a few equipments for testing such specimens; and up to 2008
none of them in Brazil. Aiming at overcoming this deficiency and enhance the knowledge on
the mechanical behavior of coarse aggregates, the objectives of research reported in this thesis
were to develop a triaxial equipment capable of applying static, monotonic and repeated
loadings on large specimens (25 cm x 50 cm) and perform and analyze the first tests. The
design and assemblage of the equipment are describe, detailing its main components and the
instrumentation, that included two load cells, three displacement transducers and two pressure
transmitters. The first tests were carried out on specimens made of dense crushed aggregates,
formerly used in APT test sections. Tests were also carried out on specimens with 10.0 cm
diameter and 20.0 cm height, in order to compare their results to those of tests carried out in
larger specimens tested in the new triaxial equipment. Resilient modulus tests were carried
out according to the Brazilian standard, but some modifications were introduced to follow
international patterns. Triaxial monotonic and repeated loading permanent deformation tests
were carried out both in multiple stages and unique stage of stresses. The results were
interpreted were calculated taking into account several theories and models, strength and
strain parameters being obtained. A mechanistic analysis using parameters obtained in tests
allowed analyzing the behavior of the studied aggregates making part of pavement layers. It is
concluded the new triaxial equipment for large specimens fulfills the requirements that
motivated its design and construction, making possible to obtain parameters for characterizing
the behavior of coarse aggregates and estimating pavements performance regarding
permanent deformation and shear failure of granular layers.
Key-words: triaxial tests, resilient modulus, permanent deformation, shear strength.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
18
1 INTRODUÇÃO
Camadas granulares têm um importante papel no comportamento global de estruturas
de pavimentos, especialmente quando possuem revestimentos delgados ou não possuem
revestimento. Alguns países, como a República Sul Africana, utilizam freqüentemente,
pavimentos com revestimentos delgados, mesmo em rodovias de tráfego elevado. Para que a
estrutura apresente um bom desempenho, as camadas de base e sub-base devem ter o seu
comportamento muito bem caracterizado, especificando-se procedimentos bem definidos para
a sua execução. Portanto, a obtenção de parâmetros constitutivos de britas e outros agregados
assume elevada importância no projeto destes pavimentos.
Os estudos sobre o comportamento mecânico de agregados como material constituinte
de camadas estruturais de pavimentos vêm ganhando importância nos últimos anos. Diversos
trabalhos foram desenvolvidos em universidades brasileiras, como: Marmitt (2002),
Casagrande (2003), Fernandes (2004), Malysz (2004), Leite (2007), Guimarães (2009), nos
quais o comportamento resiliente dos materiais é obtido e, não raras vezes, o comportamento
quanto a deformações permanentes, como em: Guimarães (2001), Malysz (2004), Retore
(2005), Leite (2007), Peraça (2007), Guimarães (2009). Porém a resistência ao cisalhamento
de agregados praticamente não é estudada. O principal alvo das pesquisas recentes tem sido:
materiais reciclados da construção civil, agregados artificiais e rejeitos de processos
industriais e mineração, como: Dias (2004), Fernandes (2004), Motta (2005), Leite (2007).
Os estudos acerca das deformações permanentes em camadas granulares de
pavimentos mostram que, de forma geral, elas não são significativas em pavimentos com
revestimentos espessos. Porém, são de fundamental importância em pavimentos delgados,
revestidos por tratamento superficial ou sem revestimento. Neste tipo de pavimento a camada
granular comanda o desempenho da estrutura e, portanto, o seu comportamento deve ser
muito bem compreendido e levado em consideração no dimensionamento. O comportamento
quanto a deformações permanentes é de fundamental importância em casos de:
Pavimentos com revestimentos delgados
Materiais fora das especificações tradicionais
Carregamentos excepcionais
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
19
Os estudos de comportamento de agregados para pavimentação na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), anteriores a esta tese, eram realizados em um
equipamento com capacidade para corpos-de-prova de 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura.
De forma geral, este tamanho de corpo de prova é satisfatório, porém seguidamente, é
necessária a avaliação de agregados mais graúdos, para os quais o tamanho do corpo de prova
utilizado não é o mais adequado.
As especificações do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem para
agregados para bases e sub-bases de pavimentos (ainda em vigor) sugerem faixas
granulométricas que podem chegar a agregados de até 2” de diâmetro (5,08 cm). Para a
execução de ensaios triaxiais em materiais granulares, é necessário que o corpo de prova
tenha diâmetro de pelo menos cinco vezes o tamanho máximo de partícula e altura de duas
vezes o seu diâmetro. Equipamentos com capacidade para ensaiar agregados com estas
dimensões são raros no mundo e não se tem notícias de algum em funcionamento no Brasil.
Sendo assim, o objetivo geral desta tese foi desenvolver um equipamento triaxial de grande
porte com capacidade para aplicar carregamentos estáticos, monotônicos e cíclicos em corpos
de prova cilíndricos com 25 cm de diâmetro e 50 cm de altura, além de conduzir e interpretar
os primeiros ensaios. Para atingir o objetivo geral foram propostos os seguintes objetivos
específicos:
Realizar uma revisão bibliográfica sobre o comportamento mecânico de
agregados em pavimentação;
Conceber e projetar o novo equipamento triaxial;
Executar ensaios triaxiais de módulo de resiliência, de deformações
permanentes e de carregamento monotônico, bem como interpretá-los
verificando a validade do novo equipamento;
Efetuar uma análise paramétrica verificando o desempenho do material
estudado como camada estrutural de pavimentos.
O equipamento proposto foi originalmente desenvolvido com intenção de uso em
pavimentação, porém os parâmetros obtidos podem sem utilizados em diversas áreas do
conhecimento como: lastro de ferrovias, barragens, trincheiras de agregados para
estabilização de taludes e tantas mais quanto as aplicações de agregados permitirem.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
20
Este trabalho compreende 6 capítulos, Referências Bibliográficas e um Anexo,
segundo o que segue.
O Capítulo 1, que é esta Introdução, apresenta o assunto estudado e sua relevância, e
explicita os objetivos que nortearam o desenvolvimento da pesquisa.
Uma revisão bibliográfica sobre o comportamento mecânico de agregados é
apresentada no Capítulo 2. A revisão inicia abordando normas, especificações e métodos de
projeto relacionados com agregados para pavimentação. Em seguida, são apresentados
trabalhos diversos abordando ensaios triaxiais de módulo de resiliência, de deformações
permanentes e de carregamento monotônico. A experiência internacional em ensaios triaxiais
de módulo de resiliência em agregados é vasta e são abordados na revisão apenas os trabalhos
mais importantes ou de maior relevância para esta pesquisa. Por outro lado, procurou-se o
maior número de informações possível sobre ensaios triaxiais de módulo de resiliência em
agregados brasileiros. Para os ensaios de deformações permanentes, são apresentados
aspectos relativos à execução e interpretação de ensaios e, também, da teoria do Shakedown.
A experiência nacional com ensaios de resistência ao cisalhamento em materiais de
pavimentação é limitada, portanto a maior parte dos trabalhos revisados é internacional.
Também, são apresentados diversos trabalhos sobre a construção de equipamentos triaxiais
com características diversas. Por fim, são apresentados alguns trabalhos sobre análise
mecanística de pavimentos.
No Capítulo 3 – Concepção do Equipamento Triaxial de Grande Porte e Descrição dos
Demais Equipamentos detalha-se a concepção, construção e montagem do novo
equipamento triaxial. Inicialmente são apresentados os materiais avaliados para a construção
do novo equipamento, bem como as suas principais características. São apresentados os
principais aspectos relativos à concepção do Pórtico de Reação, da Câmara Triaxial, dos
Sistemas de Aplicação de Cargas, além de outros detalhes estruturais e funcionais da prensa,
instrumentação e aquisição de dados. Também é apresentada uma descrição pormenorizada da
montagem do equipamento, com apresentação de fotografias de cada etapa do processo,
permitindo identificar melhor cada peça e entender melhor o funcionamento do equipamento.
Também são descritos os equipamentos triaxiais para corpos de prova de 10 cm de diâmetro e
20 cm de altura, utilizados como referência inicial para os resultados obtidos no novo
equipamento.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
21
A caracterização do material a ser estudado e a metodologia de análise são
apresentados no Capítulo 4, intitulado Programa Experimental. O material a ser estudado é
apresentado e avaliado segundo as especificações para bases granulares do DAER/RS.
Também são propostos métodos para a interpretação dos ensaios triaxiais convencionais e de
carregamento repetido, tanto os de módulo de resiliência quanto os de deformações
permanentes. Finalmente, são propostas análises paramétricas para a avaliação do material
enquanto camada estrutural de pavimento.
O Capítulo 5 Apresentação e Análise dos Resultados - tem título auto-explicativo.
Os resultados são apresentados, considerando ensaios em que se mediram os deslocamentos
com instrumentação interna e externa, para corpos de prova de 10 x 20 cm e de 25 x 50 cm.
Os ensaios de módulo de resiliência foram ajustados segundo diversos modelos e os
resultados obtidos foram comparados entre si e com outros abordados na revisão
bibliográfica. A resistência ao cisalhamento foi analisada segundo as envoltórias de
resistência de Mohr-Coulomb e segundo o diagrama “p x q” de Lambe e Withman. A partir
dos ensaios triaxiais de carregamento monotônico, também foram obtidos os módulos de
elasticidade, relacionando-os com a pressão de confinamento e com os módulos de resiliência
obtidos dos ensaios de carregamento repetido. Os ensaios de carregamento monotônico e os
de deformações permanentes em carregamento repetido foram executados e apresentados
segundo o procedimento de multiestágios e de estágio único. As deformações permanentes
também foram ajustadas segundo diversos modelos e analisadas segundo a teoria do
Shakedown. Por fim, foi feita uma análise mecanística avaliando o comportamento do
material ensaiado como camada de pavimento.
Finalmente são apresentadas as conclusões e sugestões para trabalhos futuros no
Capítulo 6, intitulado Conclusões e Sugestões.
A seguir são apresentadas as referências utilizadas no trabalho. Também, ao seu final,
são anexadas as pranchas que apresentam o detalhamento das peças que compõem o
equipamento construído.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
22
2 AVALIAÇÃO DE AGREGADOS PARA PAVIMENTAÇÃO
Este capítulo destina-se a apresentar uma revisão bibliográfica sobre a utilização de
agregados em bases e sub-bases de pavimentos. Inicialmente são revisadas: normas,
especificações e métodos de projeto relacionados com o assunto. Em seguida são abordados
aspectos referentes à execução de ensaios triaxiais convencionais e de carregamento repetido
em agregados. Para dar embasamento à construção do novo equipamento triaxial, são
revisados trabalhos descrevendo a construção de equipamentos para ensaios triaxiais
convencionais e de carregamento repetido no Brasil e no exterior. Também, são revisados
alguns trabalhos sobre análise mecanística, a fim de dar subsídio às análises de tensão-
deformação em camadas granulares de pavimentos que serão executadas nesta tese.
2.1 Especificações, Normas, Procedimentos e Métodos de Projeto
Este item, inicialmente, revisa especificações para agregados utilizados como camadas
de pavimentos e os requisitos associados. Em seguida, apresenta as normas necessárias para a
caracterização de agregados, conforme solicitado pelas especificações. Por fim são
apresentados sucintamente os métodos de projeto de pavimentos flexíveis mais destacados ou
de maior interesse para esta tese. Ao fim deste item, pretende-se ter abordado os tópicos legais
(normas) e científicos (mecanísticos) relacionados aos principais métodos de
dimensionamento, normas e especificações para camadas granulares de pavimentos flexíveis.
2.1.1 Especificações
Tradicionalmente os órgãos rodoviários responsáveis pela fiscalização da construção
de estradas exigem que a qualidade dos agregados obedeça a especificações que envolvem
ensaios de caracterização, compactação, índice de suporte Califórnia (ISC), abrasão Los
Angeles e sanidade. No Brasil, nas rodovias da malha federal, o órgão competente é o DNIT
(Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) que veio a substituir o antigo
DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), cujas especificações continuam em
vigor. Em vel estadual, o DAER/RS (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem do
Rio Grande do Sul) regulamenta as obras rodoviárias. Para o caso de sub-bases e bases
granulares, dispõe-se das seguintes especificações:
DAER – ES – P 04/91 – Sub-Base Granular
DAER – ES – P 08/91 – Base Granular
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
23
DNER ES 301/97 Pavimentação Sub-Base Estabilizada
Granulometricamente
DNER – ES 303/97 - Pavimentação – Base Estabilizada Granulometricamente
Segundo a especificação DAER ES P 04/91, as sub-bases são designadas como de
classe 1, 2, 3 e 4, porém a especificação não faz referência ao nível de tráfego para o qual as
classes devem ser utilizadas. Os materiais para classes 1, 2 e 3 devem enquadrar-se nas
condições indicadas na Tabelas 2.1 e 2.2, além de não apresentar perda superior a 12% no
ensaio de sanidade, expansão máxima de 1% e achar-se isentos de matéria vegetal e outras
substâncias deletérias. A fração retida na peneira número 10 deverá ser constituída de
partículas duras ou duráveis, isentas de fragmentos moles, alongados ou achatados. Para o
caso específico de sub-bases de classe 4, cuja granulometria não é especificada, o índice de
suporte Califórnia (ISC), determinado na energia do Proctor modificado, deve ser superior a
20% e ter um equivalente de areia (EA) superior a 20%.
Tabela 2.1 Faixas granulométricas da especificação DAER – ES – P 04/91
Peneiras Classe 1
(%)
Classe 2
(%)
Classe 3
(%)
2” 100 - -
1” 75 – 95 - -
3/8” - 100 -
Nº 4 30 – 60 50 – 100 100
N° 30 12 – 24 20 – 40 25 – 55
N° 200 0 - 15 0 - 20 0 - 25
Tabela 2.2 – Características requeridas para sub-bases pela especificação DAER – ES – P 04/91
Ensaio Classe 1 Classe 2 Classe 3
ISC (%) 30 20 20
EA (%) 25 25 20
A especificação DNER ES – 301/97 é bastante sucinta no que se refere aos materiais
utilizados em sub-bases granulares. Exige ISC superior a 20% e expansão inferior a 1%. A
fração retida na peneira número 10 deve ser constituída de partículas duras, isentas de
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
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24
fragmentos moles, material orgânico ou outras substâncias prejudiciais. A referida
especificação não faz menção à granulometria.
As bases granulares são designadas como de classe A, B e C pela especificação DAER
ES P 08/91. Para as três classes, os agregados deverão apresentar perda por abrasão no
ensaio Los Angeles inferior a 40% e 10% de perda no ensaio de sanidade; devem estar isentos
de material vegetal e outras substâncias nocivas. Para bases de classe A, o agregado deve
possuir no mínimo 90% de partículas em peso, tendo pelo menos duas faces britadas. As
porcentagens mínimas para duas faces britadas são 70% para classe B e 25% para classe C.
Os valores mínimos para ISC e equivalente de areia são apresentados na Tabela 2.3 e as faixas
granulométricas são apresentadas na Tabela 2.4.
Tabela 2.3 – Características requeridas para bases pela DAER – ES – P 08/91
Ensaios
Valor Mínimo (%)
Classe A Classe B Classe C
ISC (%) 100 90 80
EA (%) 50 40 30
Tabela 2.4 – Faixas granulométricas da especificação DAER – ES – P 08/91
Classe A Classe B Classe C
Tamanho Máximo Tamanho Máximo
Tamanho
da
Peneira
1 ½” ¾” 1 ½” ¾”
2” 100 - 100 - - -
1 ½” 90-100 - 90-100 - - -
1” - 100 - 100 100 100
¾” 50-65 90-100 50-65 90-100 50-85 60-100
No 4 30-45 35-55 30-45 35-55 35-65 50-85
No 30 10-25 10-30 10-25 10-30 17-34 28-50
No 200 2-9 2-9 2-9 2-9 5-15 5-20
As faixas granulométricas para bases granulares, apresentadas na Tabela 2.5, são
especificadas pela DNER – ES 303/97 de acordo com o volume de tráfego previsto no
dimensionamento, representado pelo número equivalente de operações do eixo padrão (N). A
referida especificação exige que a fração passante na peneira número 40 deve apresentar
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
25
limite de liquidez inferior ou igual a 25% e índice de plasticidade inferior ou igual a 6%; se
esses limites forem ultrapassados, o equivalente de areia deverá ser maior que 30%. Também,
a porcentagem de material que passa na peneira número 200 não deve ultrapassar 2/3 da
porcentagem passante na peneira número 40. O ISC deve ser maior que 60% com expansão
máxima de 0,5% na energia intermediária. Para rodovias em que o tráfego previsto para o
período de projeto ultrapassar o valor de N = 5 x 10
6
, o ISC da camada de base deve ser
superior a 80%, na energia modificada. Da mesma forma que nas outras especificações
citadas, o material retido na peneira número 10 deve ser constituído de partículas duras e
resistentes, isentas de fragmentos moles, alongados ou achatados, além de estarem isentas de
matéria vegetal ou outras substâncias prejudiciais. A perda por abrasão no ensaio Los Angeles
deve ser inferior a 55%.
Tabela 2.5 – Faixas granulométricas da especificação DNER – ES 303/97
Tipos Para N > 5 x 10
6
Para N < 5 x 10
6
Peneiras A B C D E F
% em peso passando
Tolerâncias
da faixa de
projeto
2” 100 100 - - - - ± 7
1” - 75 – 90 100 100 100 100 ± 7
3/8” 30 – 65 40 – 75 50 – 85 60 – 100 - - ± 7
N° 4 25 – 55 30 – 60 35 – 65 50 – 85 55 – 100 10
*
– 100
± 5
N°10 15 – 40 20 – 45 25 – 50 40 – 70 40 – 100 55 – 100 ± 5
N°40 8 – 20 15 – 30 15 – 30 25 – 45 20 – 50 30 – 70 ± 2
N° 200 2 - 8 5 - 15 5 - 15 10 - 25 6 – 20 8 – 25 ± 2
A American Society for Testing and Materials, por meio da norma ASTM D 1241/00,
apresenta especificações para materiais de sub-base, base e revestimentos. A especificação
divide os materiais em dois tipos. O Tipo I consiste em misturas de rochas, cascalho ou
escória com materiais passantes na peneira n° 200, segundo as faixas granulométricas A, B, C
ou D, apresentadas na Tabela 2.6. O material Tipo II consiste em materiais finos passantes na
peneira 200 com ou sem rocha, cascalho ou escória, conforme as faixas granulométricas E
*
Este é o valor impresso na norma, porém não está coerente com o restante da faixa. Comparando com a norma
americana (ASTM D 1241/00) é esperado que este valor seja em torno de 70%.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
26
ou F da Tabela 2.6. Os agregados graúdos retidos na peneira n° 10 (2 mm) devem ser
constituídos por partículas resistentes e duráveis que não quebrem em eventuais ciclos de gelo
e degelo ou umedecimento e secagem. A perda por abrasão no ensaio de Los Angeles não
deve ser superior a 50%. O material passante na peneira 10 (2 mm) não deve ser maior do
que 2/3 da fração passante na peneira 40 (425 µm). A fração passante na peneira de 40
(425 µm) deve apresentar um limite de liquidez inferior a 25% e índice de plasticidade
inferior a 6%. Os materiais devem ser livres de matéria orgânica e grumos de argila. Para sub-
bases e bases de pavimentos são admitidos materiais do Tipo I segundo as faixas
granulométricas A, B, C ou D e do Tipo II segundo as faixas granulométricas E ou F. Para
revestimentos, apenas materiais do Tipo I segundo as faixas granulométricas C ou D e do
Tipo II segundo as faixas granulométricas E ou F. As faixas granulométricas não são
associadas ao tráfego e não são propostos valores para ISC, energia de compactação ou
equivalente de areia.
Tabela 2.6 – Faixas granulométricas da especificação ASTM D 1241/00
Tipos Tipo I Tipo II
A B C D E F
Peneiras
% em peso passando
2” 100 100 - - - -
1” - 75 – 95 100 100 100 100
3/8” 30 – 65 40 – 75 50 – 85 60 – 100 - -
N° 4 25 – 55 30 – 60 35 – 65 50 – 85 55 – 100 70 – 100
N°10 15 – 40 20 – 45 25 – 50 40 – 70 40 – 100 55 – 100
N°40 8 – 20 15 – 30 15 – 30 25 – 45 20 – 50 30 – 70
N° 200 2 - 8 5 - 15 5 - 15 8 - 15 6 – 15 8 - 15
É oportuno observar que, embora bastante detalhadas, as especificações não
asseguram um bom comportamento das camadas granulares de pavimentos, uma vez que o
que assegura tal comportamento é a durabilidade a solicitações mecânicas e a esforços
gerados por variações climáticas. O bom desempenho das camadas granulares, quanto à
resistência ao cisalhamento e deformabilidade, não deve ser atribuído exclusivamente a
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
27
valores elevados de ISC nem à inclusão em determinada faixa granulométrica. Daí a
necessidade de avançar-se no conhecimento do comportamento mecânico de agregados.
2.1.2 Normas e procedimentos
No que se relaciona aos agregados, o inicio dos trabalhos se no reconhecimento das
pedreiras que darão origem ao material a ser utilizado. O DNER PRO 257/99 estabelece um
procedimento padrão para estudo de pedreiras virgens, em exploração ou já exploradas,
abrangendo a sua localização, levantamento topográfico, mapeamento geológico, sondagens e
coletas de amostras de rochas para ensaios de laboratório em quantidade mínima de 130 kg.
Também é apresentado um padrão de classificação de rochas segundo o seu grau de alteração.
O DNER PRO 120/97 fixa o procedimento para a coleta de amostras de agregados.
Segundo a referida norma, para que haja representatividade nos resultados dos ensaios
realizados, as amostras devem ser formadas pela reunião de várias amostras parciais, tomadas
em vários pontos do lote submetido à amostragem, em número suficiente para representar, em
média, o comportamento do material. As amostras de agregados graúdo e miúdo devem ter no
mínimo 130 e 40 kg respectivamente. A amostragem pode ser realizada em silos, pilhas de
estocagem, material espalhado na pista ou em veículos de transporte. As amostras devem ser
embaladas, identificadas e reduzidas por operações de quarteamento até o tamanho desejado
para os ensaios de laboratório, conforme o DNER PRO 199/96. São descritos três
procedimentos: com separador mecânico, por quarteamento e amostragem de pequenos
estoques (somente para agregado miúdo). Todos eles consistem basicamente em dividir a
amostra inicial em partes iguais, em seguida dividir as partes em outras e assim
sucessivamente até que se obtenha uma amostra representativa na quantidade de material
desejada para as avaliações de laboratório.
A especificação DNER- ES 303/97 requer o entendimento de uma série de métodos de
ensaios, muitos deles expeditos ou de campo. Aqui se faz uma breve referência aos métodos
de ensaio de laboratório que são julgados imprescindíveis à caracterização de agregados. Os
ensaios que devem ser observados são: abrasão Los Angeles segundo o DNER-ME 035/94,
índice de suporte Califórnia segundo o DNER-ME 049/94, equivalente de areia segundo o
DNER-ME 054/94, análise granulométrica por peneiramento segundo a DNER-ME 080/94,
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
28
limite de plasticidade segundo o DNER-ME 082/94 e limite de liquidez segundo a DNER-ME
122/94.
Para esta tese as normas mais importantes são aquelas que se referem a ensaios
triaxiais. Neste caso serão revisados os principais aspectos abordados pela norma brasileira
DNER 131/94, pela norma americana AASHTO TP 46/96 e pela norma francesa AFNOR NF
P 98-235-1/95, todas referentes a triaxiais cíclicos. A primeira norma é o padrão adotado
oficialmente no Brasil, o que justifica a importância de bem conhecê-la. A norma americana é
uma das mais respeitadas e utilizadas, portanto deve-se levar em consideração as suas
indicações, ainda que diferentes do padrão nacional. O padrão de ensaios francês é o mais
completo entre os analisados, pois orienta a execução e interpretação de ensaios com pressão
confinante cíclica e, além dos ensaios de módulo de resiliência, aborda ensaios de
deformações permanentes. Não foi encontrado um padrão detalhado para os triaxiais de
cisalhamento rápido, porém, pode-se utilizar como referência a norma AASHTO TP 46/96 e a
bibliografia científica internacional.
A determinação do módulo de resiliência a partir do ensaio triaxial de carregamento
repetido é regulamentada no Brasil pelo método de ensaio DNER-ME 131/94. Neste ensaio
são aplicadas pressões de confinamento entre 21 e 140 kPa e tensões desvio cíclicas entre 21 e
420 kPa. As tensões cíclicas devem ser aplicadas a uma freqüência de 20 ciclos por minuto
(0,33 Hz) e com duração de 0,1 segundo. O método divide os materiais em dois tipos: solos
arenosos ou pedregulhosos e solos argilosos ou siltosos. Para os solos arenosos ou
pedregulhosos é aplicada uma seqüência de condicionamento de 200 ciclos 70 x 70 kPa (σ
3
x
σ
d
), 200 ciclos 70 x 210 kPa e por fim 200 ciclos 105 x 315 kPa. No ensaio propriamente dito,
são aplicadas 6 pressões de confinamento: 21, 35, 53, 70, 105 e 140 kPa. Para cada uma delas
são aplicados 200 ciclos de tensão desvio nas relações σ
d
/σ
3
de 1, 2 e 3, totalizando 600 ciclos
para cada pressão de confinamento. No ensaio para solos argilosos ou siltosos é aplicada uma
única pressão de confinamento (21 kPa). A sequência de carregamento inicia com o
condicionamento com 200 ciclos de tensão desvio de 70 kPa, seguido por mais 200 ciclos das
tensões desvio de: 21, 35, 53, 70, 105, 140 e 210 kPa, totalizando 1600 ciclos. O corpo de
prova deve ter diâmetro de no nimo quatro vezes o diâmetro máximo das partículas e
relação altura/diâmetro igual a aproximadamente 2. Para a interpretação dos resultados são
propostos dois modelos de regressão. Para os solos arenosos e pedregulhosos é sugerido um
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
29
modelo potencial em função da pressão de confinamento e, para solos argilosos e siltosos, um
modelo bi-linear em função da tensão desvio. Os modelos de regressão são discutidos em
maiores detalhes no item 2.2.1.
O procedimento proposto pela norma AASHTO TP 46/96 prevê a existência de
materiais denominados: Tipo 1 e Tipo 2. Os materiais do Tipo 1 são os solos e agregados não
tratados quimicamente com menos de 70% passando na peneira n° 10 (2 mm), menos de 20%
passando na peneira 200 (75 mm) e índice de plasticidade inferior a 10. Para os materiais
com estas características são utilizados corpos de prova de 150 mm de diâmetro. Os materiais
do Tipo 2 são os solos e agregados não tratados quimicamente e que não se enquadram nas
especificações do Tipo 1. Pare estes materiais é recomendada a utilização de corpos de prova
de 71 mm de diâmetro. Para ensaios em materiais do Tipo 1 não são admitidas partículas
retidas na peneira 37,5 mm e, para materiais do Tipo 2, na peneira 12,5 mm. O módulo de
resiliência é determinado em ensaios triaxiais de carregamento repetido, com pulsos de carga
semi-senoidais com duração de 0,1 segundo e período de 1 segundo. O equipamento é
composto por uma câmara triaxial, 2 transdutores de deslocamentos do tipo LVDT
posicionados externamente à câmara, uma célula de carga posicionada entre o atuador
(dispositivo utilizado para a aplicação do carregamento cíclico) e o pistão da câmara, além de
um transdutor de pressão para medir a pressão de ar comprimido utilizada para o
confinamento da amostra. Dois procedimentos de ensaio são propostos: um para materiais de
subleito e outro para materiais de sub-base e base, de acordo com os estados de tensões
tipicamente atuantes nestas camadas, conforme a Tabela 2.7. Os ensaios iniciam com uma
fase de condicionamento de 500 ciclos segundo a seqüência n° 0. Caso após decorridos os 500
ciclos continuem a ocorrer deformações permanentes, aplicam-se mais 500 ciclos. Observa-se
a indicação de uma tensão axial máxima (σ
máx
) que é a tensão desvio (σ
d
) somada a uma
tensão de contato utilizada para manter a união entre o cabeçote e o corpo de prova. As
seqüências 14 e 15 não são aplicadas para solos de subleito do Tipo 1. As tensões são
especificadas em valores decimais em kPa pois correspondem a valores inteiros em psi. Esta
norma orienta de forma muito simplificada a execução de ensaios triaxiais de cisalhamento
rápido. É recomendada a execução de ensaios a velocidades de deformação axial constantes
de 1%/min até ultrapassar o pico de resistência ao cisalhamento do material, ou ultrapassar
5% de deformação axial ou atingir o limite da célula de carga. Para materiais de subleito é
recomendada a pressão de confinamento de 27,6 kPa e, para sub-base/base, de 34,5 kPa.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
30
Porém, com apenas uma pressão de confinamento não é possível obter a envoltória de
resistência ao cisalhamento.
Tabela 2.7 – Seqüência de tensões segundo a norma AASHTO TP 46/96
Estado de tensões (kPa)
Subleito Sub-base/Base
Seqüência
σ
3
σ
máx
σ
d
σ
3
σ
máx
σ
d
0 41,4 27,6 24,8 103,4 103,4 93,1
1 41,4 13,8 12,4 20,7 20,7 18,6
2 41,4 27,6 24,8 20,7 41,4 37,3
3 41,4 41,4 37,3 20,7 62,1 55,9
4 41,4 55,2 49,7 34,5 34,5 31,0
5 41,4 68,9 62,0 34,5 68,9 62,0
6 27,6 13,8 12,4 34,5 103,4 93,1
7 27,6 27,6 24,8 68,9 68,9 62,0
8 27,6 41,4 37,3 68,9 137,9 124,1
9 27,6 55,2 49,7 68,9 206,8 186,1
10 27,6 68,9 62,0 103,4 68,9 62,0
11 13,8 13,8 12,4 103,4 103,4 93,1
12 13,8 27,6 24,8 103,4 206,8 186,1
13 13,8 41,4 37,3 137,9 103,4 93,1
14 13,8 55,2 49,7 137,9 137,9 124,1
15 13,8 68,9 62,0 137,9 275,8 248,2
A norma francesa AFNOR NF P 98-235-1/95 propõe ensaios com características
semelhantes aos anteriores, porém mais detalhados em alguns aspectos. As tensões desvio são
aplicadas em magnitudes que vão de zero a 600 kPa, aplicadas ciclicamente a uma freqüência
constante que pode ser definida entre 0,3 e 5 Hz. As pressões de confinamento devem variar
igualmente de forma cíclica, em fase com as tensões desvio. O valor mínimo de pressão de
confinamento (pressão na base do pulso de carga) pode variar entre zero e 15 kPa. O valor
máximo (topo do pulso de carga) é de 250 kPa. A norma sugere a utilização de corpos de
prova de 160 mm ± 10 mm de diâmetro e altura igual a duas vezes este valor 2%). A
instrumentação deve ser composta de uma célula de carga para as tensões desvio, um
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
31
transdutor de pressão para as pressões de confinamento, um transdutor de deslocamentos para
os deslocamentos axiais e outro para os deslocamentos radiais. Toda a instrumentação deve
ser instalada internamente à câmara triaxial. São utilizadas sempre duas membranas, a
primeira em neoprene de 0,6 mm em contato com o corpo de prova e a segunda em látex, de
espessura 0,4 mm, instalada sobre a anterior. Durante a compactação são adaptados implantes
metálicos ao molde que ficarão incorporados ao corpo de prova e servirão para sustentar os
transdutores de deslocamentos.
Na execução dos ensaios segundo a norma AFNOR NF P 98-235-1/95 as trajetórias de
tensões sugeridas são apresentadas na Tabela 2.8 e Figura 2.1. Para o caso de ensaio de
módulo de resiliência é utilizado um único corpo de prova para todo o ensaio com uma
seqüência de 20.000 ciclos segundo a trajetória de tensões E4. Caso ocorram deformações
permanentes superiores a 400x10
-4
deve ser confeccionado um novo corpo de prova e
executar o condicionamento com pressão confinante mínima de 10 kPa. Para ensaios de
deformações permanentes, em cada corpo de prova ensaiado deve ser escolhida uma das
trajetórias de tensões sugeridas, aplicando-se 80.000 ciclos para cada estado de tensões.
Observa-se que a primeira seqüência de carregamentos (seqüência A) é composta
exclusivamente por pressões confinantes, ou seja, a tensão vertical é igual à tensão horizontal.
Também, deve-se atentar para o fato de que os eixos “q” e “p” são definidos pelas variáveis
de Cambridge, segundo as equações (2.1) e (2.2)
3
2
31
σσ
+
=p
(2.1)
31
σσ
=q
(2.2)
Onde:
p é a média das tensões principais;
q é a tensão desvio;
σ
1
é a tensão principal maior
σ
3
é a tensão principal menor
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
32
Tabela 2.8 – Trajetórias de tensões segundo a norma AFNOR NF P 98-231-1
Estado de tensões (kPa)
1 2 3 4
Trajetória
σ
3máx
q
máx
σ
3máx
q
máx
σ
3máx
q
máx
σ
3máx
q
máx
A 50 0 100 0 175 0 250 0
B 50 30 100 60 175 105 250 150
C 50 75 100 150 175 262,5 250 375
D 50 150 100 300 150 450 200 600
E 30 180 60 360 83,3 500 100 600
F 10 150 15 225
100
100
200
300
400
500
600
200 300 400
q (kPa)
p (kPa)
0
0
A
B
C
D
E
F
e
n
v
o
l
t
ó
r
i
a
d
e
r
u
p
t
u
r
a
(
e
x
e
m
p
l
o
)
Figura 2.1 - Trajetórias de tensões segundo a norma AFNOR NF P 98-235-1/95
Os equipamentos atualmente em funcionamento no Brasil não são capazes de aplicar
pressões de confinamento cíclicas. O Laboratoire Central dês Ponts et Chaussées (LCPC,
2004) possui um equipamento para ensaios triaxiais de carregamento repetido com as
características requeridas, tendo capacidade para aplicar pressões de confinamento variando
entre 0 e 300 kPa e carregamento vertical de até 20 kN. A freqüência de aplicação do
carregamento é de 0,5 Hz. São medidas deformações axiais e horizontais no plano médio do
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
33
corpo de prova, que permitem a determinação da variação do módulo de resiliência com o
estado de tensões aplicado ou a evolução das deformações permanentes em função do número
de ciclos e do estado de tensões. A Figura 2.2 apresenta uma visão geral do equipamento.
Figura 2.2 – Equipamento triaxial do LCPC (LCPC, 2004)
2.1.3 Métodos de projeto e avaliação de pavimentos
Neste item são revisados os métodos de projeto de maior interesse para esta tese.
Sendo assim, são descritos os métodos do DNER e da resiliência (COPPE/UFRJ), pois são os
métodos brasileiros com os quais foi acumulada grande experiência. Também é descrito o
método da AASHTO por seu destaque internacional. Por fim, são abordados os métodos Sul
Africano e do Texas por utilizarem conceitos de resistência ao cisalhamento, balizando os
resultados obtidos nesta tese. A interpretação dos resultados dos ensaios triaxiais pode ser
complementada pelos conceitos abordados pelos métodos descritos.
O método do DNER (1981) é baseado em três parâmetros principais: (i) a capacidade
de suporte dos materiais, (ii) o tráfego e (iii) as espessuras das camadas. A capacidade de
suporte dos materiais, incluindo o subleito, é dada pelo índice de suporte Califórnia (ISC)
conforme o DNER ME 049/94. São especificados valores mínimos para a espessura de cada
camada. O tráfego é representado pelo mero “N” calculado a partir do volume diário médio
(VDM) de veículos de carga solicitando a rodovia, levando em consideração o período de
projeto, fatores de eixo (função do número de eixos) dos veículos, fatores de carga (função do
peso do veículo) e fatores climáticos (função da pluviometria local). A espessura total do
pavimento é definida a partir de um ábaco com o número “N” nas abscissas e a espessura do
pavimento nas ordenadas. São propostas diversas curvas de dimensionamento de acordo com
o ISC do subleito. A espessura de revestimento é função apenas de N e as demais camadas
são dimensionadas de acordo com o seu coeficiente de equivalência estrutural. O método não
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
34
leva em consideração a magnitude das tensões e deformações no pavimento, sendo puramente
empírico. Apesar desta limitação o método ainda é bastante utilizado no meio rodoviário,
trazendo como benefício a vasta experiência acumulada com a sua utilização, isto sem contar
o seu valor histórico para a pavimentação brasileira.
O método da resiliência desenvolvido na COPPE-UFRJ tem suas bases em Motta
(1991) e é amplamente descrito em Medina e Motta (2005). O método propõe um
dimensionamento levando em consideração: (i) fatores ambientais, (ii) o limite quanto à
ruptura plástica, (iii) o tráfego, (iv) a deformabilidade elástica, (v) a deformabilidade plástica
e (vi) critérios de confiabilidade. Quanto aos fatores ambientais são apresentados valores
típicos de temperatura do ar, temperatura do pavimento, e pluviometria para as diversas
regiões do Brasil, bem como um encaminhamento de como utilizar estes dados na obtenção
dos parâmetros de dimensionamento. A condição limite de suporte quanto à ruptura plástica é
abordada no sentido de limitar as tensões atuantes nas camadas abaixo de um valor
admissível. São apresentados dois modelos para a obtenção deste limite: um modelo em
função do tráfego e do módulo de elasticidade dinâmica (medido sob vibração artificial) e
outro, em função dos parâmetros de resistência ao cisalhamento do material (intercepto
coesivo e ângulo de atrito interno), aliados a fatores geométricos. O tráfego é considerado de
forma semelhante ao método do DNER, ainda que haja a perspectiva da consideração
explicita de diferentes cargas de eixo, considerando as suas variações horária, diária e sazonal.
A deformabilidade elástica é considerada a partir de resultados obtidos em ensaios
laboratoriais e análises mecanísticas utilizando programas específicos. São apresentados
gráficos com resultados obtidos para diversos materiais, podendo ser utilizados como
anteprojeto, interpolando-se os resultados obtidos para outros materiais. São propostos como
os principais parâmetros de projeto: a deflexão, a tensão de tração na face inferior do
revestimento e a tensão vertical no subleito. Os ensaios de fadiga, realizados à tração na
compressão diametral, são considerados utilizando-se normalmente um fator laboratório-
campo de 10
4
. As deformações permanentes também são consideradas a partir dos resultados
de ensaios dinâmicos. Por fim é proposto um critério de confiabilidade a partir das médias e
desvio padrão de N, parâmetros de resiliência e parâmetros de deformação permanente.
Um dos mais importantes e utilizados métodos de projeto de pavimentos é o da
AASHTO (American Association of State Highway and Transportation Officials 2002).
Neste método são arbitradas estruturas de pavimentos e analisadas iterativamente até que
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
35
atendam aos critérios de desempenho estabelecidos pelo projetista. Os parâmetros de
desempenho sugeridos incluem: deformações permanentes, trincamento por fadiga,
trincamento térmico e irregularidade. Além destes parâmetros, o método destaca a
importância das análises de custo no ciclo de vida. Para o início da análise são definidos: uma
estrutura tipo, parâmetros dos materiais, tráfego e clima. São propostos e detalhadamente
descritos modelos de previsão de desempenho para os parâmetros tomados como referência.
Porém é necessário que os modelos sejam calibrados para as condições locais. As explicações
descritas foram baseadas no texto do próprio método AASHTO (2002) e nas observações
apontadas por Medina e Motta (2005) e Balbo (2007), ainda Senço (1997) faz observações
sobre uma versão anterior. A partir do método foi desenvolvido um programa computacional
denominado M-E PDG 2002 (Mechanistic-Empirical Pavements design Guide) em um
esforço conjunto da AASHTO Joint Task Force e NCHRP (National Cooperative Highway
Research Program), além de uma equipe de pesquisadores de renome internacional.
O método Sul Africano de dimensionamento de pavimentos, descrito por Theyse et
al.. (1996), baseia-se em três fatores principais: caracterização dos materiais, análise
mecanística e previsão de desempenho. São estabelecidas características definindo 39
materiais picos utilizados em pavimentação, entre eles: agregados, misturas solo-agregado,
materiais cimentados, misturas asfálticas, concreto de cimento Portland e macadames. Para
fins de análise os materiais são divididos em agregados, materiais cimentados e materiais
asfálticos. São sugeridos valores de módulo de resiliência para as misturas asfálticas em
função da temperatura e do estado de degradação, para os materiais cimentados em função do
estado de degradação e para os materiais granulares nas condições seca e úmida. A vida útil
do pavimento é verificada analisando-se a vida útil de cada camada individualmente e
posteriormente como um sistema de camadas. O desempenho das camadas asfálticas e
cimentadas é analisado em função da vida de fadiga. As camadas granulares apresentam
densificação e cisalhamento gradual causado pelo carregamento repetido, portanto são
avaliados de acordo com a sua resistência ao cisalhamento. As equações (2.3) e (2.4) são
utilizadas para o cálculo do fator de segurança da camada granular a partir dos parâmetros de
resistência ao cisalhamento medidos ou estimados pelo método respectivamente. Os solos de
sub-leito são avaliados de acordo com as deformações verticais no topo da camada. A
previsão da vida de serviço do pavimento, como um todo, é realizada a partir das análises das
vidas de serviço e previsão de desempenho das camadas individualmente. Inicialmente são
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
36
utilizados os modelos de previsão de desempenho de cada camada conforme estabelecido pelo
método. Porém a degradação de uma única camada altera o equilíbrio do sistema,
modificando o estado de tensões atuante nas outras camadas e até mesmo o seu
comportamento (que pode passar de cimentado para granular). Então a análise global da vida
útil do pavimento é desmembrada em 2 ou 3 fases, de acordo com a degradação sofrida pelas
camadas individualmente, verificando-se os seus efeitos nas demais camadas e no pavimento
como um todo.
)(
)
2
45tan(2]1)
2
45(tan[
31
2
3
σσ
φ
φ
σ
+++
=
ckk
F
(2.3)
)(
31
3
σσ
φσ
+
=
termterm
c
F
(2.4)
Onde:
F é o fator de segurança
σ
1
é a tensão principal maior
σ
3
é a tensão principal menor
k é constante (0,65 para a condição saturada e para condições moderadas de
teor de umidade, e 0,9 para condições normais de teor de umidade)
c é a coesão ou intercepto coesivo
c
term
são valores sugeridos para a coesão ou intercepto coesivo
φ é o ângulo de atrito interno
φ
term
são valores sugeridos para o ângulo de atrito interno
O Departamento de Transporte do estado do Texas nos Estados Unidos da América
(TxDOT) propõe um guia para dimensionamento de pavimentos levando em consideração
envoltórias de resistência ao cisalhamento. São aceitos pelo procedimento os seguintes
métodos de dimensionamento de pavimentos flexíveis: segundo o programa FPS-19W, pelo
método triaxial modificado do Texas (TxDOT, 2006) ou pelo método da AASHTO (2002),
sendo preferível utilizar o primeiro. O programa FPS-19W é um procedimento de projeto
mecanístico-empírico que utiliza um modelo de desempenho baseado na degradação do índice
de serventia. É utilizada uma constante de temperatura para as áreas mais suscetíveis ao
trincamento térmico e esta é a única constante ambiental utilizada, ainda que sejam feitas
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
37
considerações acerca de solos expansíveis. A confiabilidade é abordada atribuindo um
coeficiente ao nível de tráfego acumulado segundo o nível de confiabilidade desejado. O
método triaxial modificado é utilizado como um procedimento de checagem pós-projeto. O
procedimento é especialmente útil para rodovias com baixo volume de tráfego acumulado e
subleito ruim. Nestas situações, cargas de eixo muito pesadas podem levar o pavimento à
ruptura mesmo com um baixo número de passagens, visto os elevados estados de tensões
atuantes. A vida de fadiga do pavimento projetado e os afundamentos de trilha de roda podem
ser avaliados segundo diversos modelos de desempenho incorporados.
2.2 Comportamento Mecânico de Agregados para Aplicação em Pavimentação
Este item destina-se à apresentação dos aspectos mais relevantes em relação ao
comportamento mecânico de britas como camada estrutural de pavimentos. São discutidas a
obtenção e a utilização do módulo de resiliência, de parâmetros de resistência ao cisalhamento
e parâmetros de deformações permanentes na previsão de desempenho de pavimentos.
2.2.1. Módulo de resiliência
Este item visa apresentar alguns aspectos relativos ao módulo de resiliência, desde a
sua conceituação até resultados típicos. Assim são descritos aspectos gerais sobre módulo de
resiliência no sentido de defini-lo e apresentar os modelos de ajuste mais utilizados. Também
são descritas, brevemente, a experiência internacional e a abordagem um pouco mais
aprofundada da experiência brasileira na execução e interpretação de ensaios triaxiais de
módulo de resiliência em agregados. Por fim é apresentado um apanhado das principais
conclusões referentes ao comportamento resiliente de agregados.
2.2.1.1 Aspectos gerais
O módulo de resiliência é um dos parâmetros mais importantes na caracterização do
comportamento mecânico de agregados, quando utilizados como camada estrutural de
pavimentos. Este parâmetro é obtido em laboratório a partir de ensaios triaxiais de
carregamento repetido. Diversos são os trabalhos citados na literatura nacional e internacional
sobre a sua determinação e utilização para materiais granulares de pavimentação. No caso
desta pesquisa, são considerados principalmente trabalhos que combinam a utilização de
ensaios de deformações permanentes com a determinação do módulo de resiliência e da
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
38
resistência ao cisalhamento, pois são parâmetros fundamentais para a metodologia de
avaliação proposta nesta tese.
Nos ensaios triaxiais de carregamento repetido são aplicadas cargas cíclicas com o
objetivo de determinar o comportamento dos materiais em função do estado de tensões. A
resposta de solos e agregados, quando solicitados por carregamentos cíclicos, é composta por
uma parcela elástica e uma plástica. A Figura 2.3 apresenta a resposta típica destes materiais
quando solicitados por cargas cíclicas. Observa-se que a resposta é dividida em uma parcela
elástica ou resiliente (h
r
) e uma parcela plástica ou permanente (h
p
). A deformação
resiliente é calculada a partir da equação (2.5) e o módulo de resiliência com a equação (2.6).
O comportamento quanto a deformações permanentes é detalhado no item 2.2.2.
0
H
h
r
r
=
ε
(2.5)
r
d
Mr
ε
σ
=
(2.6)
Onde:
Mr é o módulo de resiliência
σ
d
é a tensão desvio
ε
r
é a deformação resiliente específica
h é a variação da altura do corpo de prova em cada ciclo de carga
Ho é a altura inicial do corpo de prova
3
4
5.4 5.8 6.2 6.6 7
Tempo (s)
Deslocamento (mm)
h
r
h
p
n
H
o
h
σ
Figura 2.3 Resposta típica do corpo de prova em um ensaio triaxial de carregamento repetido
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
39
Para representar este comportamento são utilizados modelos que relacionam o módulo
de resiliência com as tensões atuantes. Os modelos mais conhecidos são o Mr-
σ
3
(módulo em
função da tensão confinante) e Mr-
θ (
módulo em função do somatório das tensões principais),
porém o modelo composto, com Mr expresso em função de
σ
d
e
σ
3
, vem sendo bastante
difundido. Outros modelos menos utilizados são apresentados nos itens seguintes.
Para materiais granulares, normalmente, os resultados dos ensaios triaxiais de
carregamento repetido são apresentados em gráficos com os valores de módulo de resiliência
calculados, no eixo das ordenadas em escala logarítmica, e nas abscissas, também em escala
logarítmica, as pressões confinantes. O modelo de regressão estatística conhecido como k -
σ
3
é representado pelo modelo da equação (2.7):
2
31
k
kMr
σ
=
(2.7)
Onde:
Mr é o módulo de resiliência
σ
3
é a tensão confinante
k
1
e k
2
são parâmetros do modelo
Outro ajuste muito utilizado é o Mr–
θ
, que relaciona o módulo de resiliência com a
soma das tensões principais. Casagrande (2003) afirma que o modelo k-
θ
apresenta resultados
tão bons quanto os obtidos com o modelo k-
σ
3
. Este modelo é utilizado pelo programa de
análise mecanística “Evercalc” (Everseries, 2005) normalizando-se o somatório das tensões
principais pela pressão atmosférica. O modelo é apresentado pela equação (2.8).
2
1
k
atm
P
kMr
=
θ
(2.8)
Onde:
Mr é o módulo de resiliência
θ = σ
1
+ σ
2
+ σ
3
= σ
1
+ 2 . σ
3
= σ
d
+ 3 . σ
3
σ
1
é a tensão principal maior
σ
2
é a tensão principal intermediária
σ
3
é a tensão principal menor
P
atm
é a pressão atmosférica (101,4 kPa)
k
1
e k
2
são parâmetros do modelo
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
40
A experiência adquirida com ensaios de módulo de resiliência em materiais granulares
mostra que, mesmo que as correlações obtidas com o modelo k-
σ
3
apresentem um bom
coeficiente de determinação R
2
, o módulo de resiliência freqüentemente apresenta uma forte
relação também com a tensão desvio. Sendo assim, é freqüentemente utilizado um modelo de
ajuste em função da tensão desvio e da pressão confinante, comumente denominado modelo
composto. O modelo descrito é apresentado pela equação (2.9).
32
31
kk
d
kMr
σσ
=
(2.9)
Onde:
Mr é o módulo de resiliência
σ
3
é a pressão confinante
σ
d
é a tensão desvio
k
1
, k
2,
e k
3
são parâmetros do modelo
2.2.1.2 A experiência internacional
A experiência internacional no assunto é vasta e ensaios de módulo de resiliência em
agregados têm sido realizados em diversos países do mundo. Porém este item limita-se a
revisar alguns trabalhos de destaque, especialmente em casos que o estudo englobe também as
deformações permanentes e os parâmetros de resistência ao cisalhamento. São apresentadas
algumas características dos ensaios realizados a fim de possibilitar comparações com a
metodologia brasileira.
Hicks (1970) investigou as propriedades de materiais para bases granulares que
contribuem para a resposta resiliente da estrutura de pavimentos. Para o seu estudo
laboratorial foi formulado um programa experimental com o objetivo de determinar a
influência de fatores como peso específico aparente seco, granulometria (porcentagem
passante na peneira 200) e grau de saturação, no comportamento resiliente de dois agregados.
Foram medidos deslocamentos axiais e radiais. Para os dois materiais estudados a rigidez
aumentou consideravelmente com o aumento da pressão confinante e aumentou levemente
com o aumento da tensão axial. O coeficiente de Poisson aumentou com o alívio da pressão
confinante e com o aumento do número de aplicações cíclicas de carga. O módulo de
resiliência de materiais granulares mostrou-se dependente das variáveis estudadas. De forma
geral, para um dado estado de tensões, o módulo de resiliência aumenta com o aumento do
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
41
peso específico aparente seco, com a diminuição da porcentagem passante na peneira 200 e
com a diminuição do grau de saturação, sendo que a magnitude do aumento depende do tipo
de agregado.
Uma discussão sobre os procedimentos de ensaio para determinação do módulo de
resiliência, incluindo sugestões para seu aperfeiçoamento, consta no trabalho de Nazarian
et
al.
(1996), que será resumido adiante. Com base em discussões acerca da bibliografia
especializada, foram propostas por esses autores algumas modificações na metodologia de
ensaio da norma americana AASHTO T294-92. A utilização de capeamento com grout” na
base e no topo dos corpos de prova mostrou-se mais eficiente para a homogeneização das
superfícies de contato do corpo de prova com o cabeçote e pedestal da câmara triaxial, quando
comparada com a tradicional seqüência de condicionamento prevista pela norma. A seqüência
de aplicação de cargas também foi alterada, principalmente para evitar a utilização de tensões
desvio elevadas simultaneamente com tensões confinantes baixas. As deformações dos corpos
de prova foram medidas internamente com sensores de deslocamento sem contato. As
deformações axiais foram medidas no terço médio do corpo de prova, a fim de minimizar os
efeitos das tensões de cisalhamento que surgem junto ao capeamento. As deformações laterais
foram medidas na metade da altura dos corpos de prova também com sensores de
deslocamento sem contato e, sendo assim, o coeficiente de Poisson pode ser determinado.
Para o estudo realizado foram compactados corpos de prova cilíndricos de diâmetro 150 mm e
altura 300 mm utilizando-se um soquete de ensaio de compactação Proctor com 2,5 kg e
altura de queda de 125 mm. A energia de compactação foi alcançada utilizando-se 6 camadas
de espessura 50 mm e aplicando-se 25 golpes de soquete por camada. Foram utilizados na
execução dos ensaios pulsos de carga com duração de 0,1 seg na freqüência de 1 Hz medidos
por uma célula de carga com capacidade para 25 kN. Foi colocado em discussão o número de
ciclos necessários para a determinação do módulo de resiliência. Assim, foram realizados
ensaios com 5 ciclos e com 25 ciclos de carga em cada estado de tensões. Os resultados
mostraram menos de 3% de diferença entre os procedimentos. Ensaios realizados em
materiais comumente utilizados como base de pavimentos no Texas apresentaram módulos de
resiliência variando principalmente com a tensão confinante, mas sem influência importante
da tensão desvio. Os coeficientes de Poisson foram aproximadamente constantes para os
diversos estados de tensões, apresentando valores entre 0,30 e 0,35, concordando com o
disposto em Medina e Motta (2005), que sugere 0,35 como valor típico.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
42
Os ensaios realizados por Garg e Thompson (1997) foram realizados com pulsos de
carga de 0,1 s de duração e um período de descanso de 0,9 s. Após a fase de condicionamento
(1000 ciclos a
σ
3
= 103 kPa e
σ
d
= 310 kPa), foram aplicados 100 ciclos de carga para
relações entre a tensão desvio e a tensão confinante (
σ
d
/
σ
3
) de 2 e 3, medindo-se o módulo de
resiliência a cada ciclo de carga. As tensões confinantes utilizadas foram 34, 69, 103 e 238
kPa. Os resultados obtidos foram ajustados segundo o modelo K–
θ
e o modelo composto,
além de outros menos utilizados no Brasil.
Niekerk
et al.
(2000) avaliaram o comportamento elástico de agregados a diferentes
graus de compactação. Foram utilizadas cargas cíclicas com freqüência de 5 Hz e medidas,
com auxílio de um transdutor do tipo LVDT, as deformações resilientes no terço médio do
corpo de prova, em cada estado de tensões após 50 ciclos de carga. A dependência de Mr em
relação ao estado de tensões foi considerada pelos modelos Mr-
θ
, além de outros menos
utilizados no Brasil. Tensões confinantes de 12, 24, 36, 48, 60 e 72 kPa e relações
σ
d
/
σ
3
= 2,
3, 4, 5, 6, 7 e 8 compõem os estados de tensões avaliados. O efeito do grau de compactação
no comportamento elástico dos materiais foi quantificado. Quando o grau de compactação
aumentou de 97,3% para 105,2% os módulos de resiliência aumentaram de 130 para 260 kPa
(
θ
= 100 kPa) e de 285 para 570 kPa (
θ
= 800 kPa).
Utilizando um equipamento triaxial de grande porte, Lekarp e Isacsson (2001)
executaram ensaios de deformações resilientes em uma brita calcária, em concreto reciclado e
em uma mistura areia-pedregulho. Foram utilizados corpos de prova de 50 x 100 cm
compactados em 10 camadas com auxílio de um martelo vibratório. Os ensaios iniciaram com
uma fase de condicionamento de 5000 ciclos e tensões confinantes variando de 10 a 100 kPa e
tensões desvio de 5 a 600 kPa. As deformações resilientes foram medidas a cada 100 ciclos de
carga, aplicados a uma freqüência de 1 Hz, com pressões confinantes entre 10 e 220 kPa e
tensões desvio entre 0 (somente
σ
3
cíclica) e 605 kPa. Os ensaios foram executados com
pressões confinantes pulsantes (
σ
3
cíclico) e pressões confinantes constantes obtendo um
comportamento muito semelhante, porém, com módulos de resiliência ligeiramente inferiores
no caso de
σ
3
constante.
O trabalho de Jeon
et al.
(2008) descreve a utilização de concreto asfáltico reciclado
em campo como camada de base granular. Foram realizados diversos ensaios triaxiais para a
caracterização das possibilidades de utilização do material. Os corpos de prova foram
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
43
moldados em cinco camadas com diâmetro de 152,4 mm e altura de 300 mm utilizando um
martelo vibratório. Nos ensaios de módulo de resiliência foi utilizado o modelo de ajuste
generalizado do NCHRP (2004), apresentado pela equação 2.10. Este modelo é utilizado pelo
programa M-E PDG 2002, comentado no item 2.1.3. Os autores apresentam os parâmetros
de regressão do modelo e os dulos de resiliência para o estado de tensões (
σ
3
x
σ
d
) de 35 x
103 kPa, que variaram respectivamente entre 135 e 1135 kPa. Segundo Gudishala (2004) este
estado de tensões corresponde a módulos de resiliência típicos para bases granulares.
32
11
k
atm
oct
k
atm
atm
PP
PkMr
+
=
τ
θ
(2.10)
Onde:
Mr é o módulo de resiliência
P
atm
é a pressão atmosférica
θ é o somatório das tensões principais (σ
d
+ 3 . σ
3)
τ
oct
é a tensão octaédrica
( ) ( ) ( )
2
32
2
31
2
21
3
1
σσσσσστ
++=
oct
k
1
, k
2,
e k
3
são parâmetros do modelo
2.2.1.3 A experiência brasileira
O Brasil acumula alguma experiência sobre o comportamento resiliente de
agregados. Nada comparavel com a experiência em solos e materiais asfálticos, mas ainda
assim, vários trabalhos foram desenvolvidos e o assunto vem ganhando importância no
cenário nacional. Este item descreve uma série de trabalhos, informando os seus objetivos e
conclusões, porém dando prioridade ao comportamento resiliente de agregados.
Espinosa (1987) realizou no Brasil ensaios triaxiais de carregamento repetido em
britas utilizando corpos de prova de 10 x 20 cm. O autor verificou a grande influência da
história de tensões, da pressão de confinamento e do grau de saturação no módulo de
resiliência. Também, foi observado que o modelo k-θ não representa bem o comportamento
resiliente das britas estudadas e que a melhor solução é utilizar modelos de regressão a
múltiplas variáveis como os apresentados pelas equações (2.11) e (2.12).
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
44
c
a
k
kMr
εθ
=
2
1
(2.11)
'
'
1
2
'
c
d
k
kMr
σθ
=
(2.12)
Onde:
Mr é o módulo de resiliência
θ é o somatório das tensões principais
ε
a
é a deformação axial resiliente
σ
d
é a tensão desvio
k
1
, k
2
, c, k
1
’, k
2
e c’são parâmetros de regressão estatística
O trabalho de Motta (1991) apresentou uma consolidação dos estudos de mecânica dos
pavimentos realizados na COPPE/UFRJ até a ocasião. Foi proposto um método de
dimensionamento de pavimentos flexíveis considerando: fatores climáticos, capacidade de
suporte, fadiga e conceitos de confiabilidade. Foram realizados ensaios de módulo de
resiliência em diversos materiais, sendo de especial interesse para esta tese os resultados
obtidos para britas. Os ensaios realizados em uma brita de granito-gnaisse foram realizados
em corpos de prova de 10 cm de diâmetro por 20 cm (10 x 20 cm) de altura e 15 cm de
diâmetro por 30cm de altura (15 x 30 cm). Os resultados obtidos são apresentados na Figura
2.4. Foram observadas curvas de módulo de resiliência versus pressão de confinamento muito
próximas, porém o corpo de prova maior apresentou maior dependência da pressão de
confinamento.
100
1000
0.01 0.1 1
Pressão de confinamento (MPa)
Módulo de resiliência (MPa)
CP1 - 10x20
CP2 - 10x20
CP3 - 15x30
Figura 2.4 - Módulos de resiliência para uma brita de granito-gnaisse (adaptado de Motta, 1991)
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
45
A pesquisa desenvolvida por Macêdo (1996) utilizou os dados e materiais obtidos para
o projeto de reforço da rodovia BR 418 em Minas Gerais, para a construção de seções
experimentais e na rodovia SP 70 no estado de São Paulo. Uma série de ensaios de campo e
de laboratório foi realizada, sendo que os ensaios de módulo de resiliência em materiais
granulares foram especialmente importantes para este estudo. Os 25 ensaios realizados para o
material de base da BR 418 apresentaram parâmetros médios para o modelo granular
(equação 2.7) em MPa de: k
1
= 1281 e k
2
= 0,591. Os 8 resultados para a SP 70 e para o
trecho experimental apresentaram parâmetros médios: k
1
= 879 e k
2
= 0,331. O trabalho
também faz algumas sugestões de mudança no método DNER ME 131/94 para a obtenção do
módulo de resiliência em solos. O método proposto inclui alterações em aspectos relacionados
à montagem do ensaio, características do equipamento e procedimentos de ensaio. É sugerida
a utilização de procedimentos de ensaio semelhantes aos da norma AASHTO TP 46/94
classificando os materiais segundo a camada a que se destinam e não como coesivos e
granulares. Desta forma os materiais de subleito seriam submetidos a estados de tensões mais
baixos em relação aos materiais de base e sub-base. Também são sugeridos tamanhos para os
corpos de prova de acordo com a granulometria do material utilizado, além de outros
detalhamentos.
Uma comparação entre dois métodos de dimensionamento de pavimentos asfálticos, o
método empírico do DNER e o método da resiliência da COPPE/UFRJ, foi realizada por
Benevides (2000). Para isso foram realizados ensaios de módulo de resiliência em materiais
de revestimento, base, sub-base e subleito das rodovias BR 116, CE 040 e CE 060 em trechos
localizados no estado do Ceará. O material utilizado como base dos pavimentos foi uma
mistura de solo/brita nas proporções de 60/40% ou 40/60%. A Tabela 2.9 apresenta os
parâmetros de regressão obtidos para o modelo granular (equação 2.7) e também a
porcentagem da mistura para cada trecho. A comparação entre os métodos mostrou resultados
semelhantes, onde as espessuras propostas pelo método do DNER atenderam os critérios do
método da resiliência. Porém, o trabalho chama atenção para a versatilidade do método da
resiliência da COPPE/UFRJ que permite melhor explorar as potencialidades de cada material,
ao contrário do método do DNER que não faz distinção entre materiais de sub-base com ISC
20% ou 40%, por exemplo.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
46
Tabela 2.9 - Parâmetros obtidos por Benevides (2000) para o modelo granular (MPa)
Trecho
Mistura
Solo/Brita
K1 K2
CE 040 40/60% 1430 0,6250
CE 060 60/40% 969 0,3021
BR 116 60/40% 1112 0,4429
Ferreira (2002-a) confeccionou e analisou um banco de dados de ensaios triaxiais de
carregamento repetido para módulo de resiliência. Os ensaios são relativos ao período de
1978 a 2000, totalizando 583 amostras. A análise foi realizada no sentido de avaliar o erro dos
modelos mais utilizados em relação aos resultados dos ensaios. A base de dados engloba
materiais de diversas localidades do Brasil e alguns de Iquitos no Peru. Foram analisados
resultados desde solos coesivos a britas de diversas granulometrias, solos lateríticos e diversos
tipos de misturas de solos não tratados quimicamente. Também, foram realizadas diversas
correlações entre os parâmetros dos modelos para o módulo de resiliência com outros
parâmetros geotécnicos. O autor conclui que o modelo composto apresenta vantagens
significativas em relação aos modelos ditos convencionais k-σ
3
, k-σ
d
e k-θ e sugere que tais
modelos não sejam mais utilizados. Quanto às correlações dos parâmetros dos modelos de
módulo de resiliência com outros parâmetros geotécnicos, os resultados obtidos
demonstraram a impossibilidade da utilização de tais correlações para a estimativa do módulo
de resiliência.
As propriedades resilientes de três britas utilizadas em pavimentação foram avaliadas
por Marmitt (2002). Foram estudadas: uma brita de granito (GR) proveniente de Biguaçu/SC,
uma brita de basalto proveniente de Frederico Westphalen/RS (B1) e outra brita de basalto
proveniente de Estância Velha/RS (B2). Foram obtidos os módulos de resiliência em 74
ensaios para os materiais compactados no teor de umidade ótima e 2% abaixo do teor de
umidade ótima, sendo que para a brita de granito também foi avaliada a situação 2% acima da
umidade ótima. Entre os materiais avaliados a brita de granito apresentou os maiores módulos
de resiliência, tanto abaixo como acima do teor de umidade ótima, em relação às britas de
basaltos cujos resultados se assemelharam. Nas avaliações realizadas a 2% abaixo do teor de
umidade ótima, os valores de módulo de resiliência tenderam a diminuir e a aproximar-se
entre si, sendo que, para as britas de basalto, a influência foi pequena. Observou-se que, para
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
47
as britas de basalto, os módulos de resiliência foram maiores para a compactação na condição
de 2% abaixo do teor de umidade ótima. A Figura 2.5 ilustra os comportamentos descritos.
100
1000
0.01 0.1 1
Pressão confinante (MPa)
Módulo de Resiliência
Gr ot
Gr ot - 2%
Gr ot + 2%
B1 ot
B1 ot - 2%
B2 ot
B2 ot - 2%
Figura 2.5 - Módulos de resiliência para britas (adaptado de Marmitt, 2002)
O emprego de agregados de escória de aciaria elétrica em camadas de pavimentos foi
estudado por Rohde (2002). Foram utilizados dois materiais resultantes do processo de
fabricação de aço em uma siderúrgica localizada na região metropolitana de Porto Alegre. Um
dos materiais foi obtido de um forno elétrico (F) e o outro foi uma mistura (M) deste primeiro
com o obtido em um forno-panela. Foi verificado ser necessário corrigir a granulometria dos
materiais britados para enquadrá-los na faixa “C” do DNER, melhorando a trabalhabilidade e
o desempenho. Observou-se a necessidade da permanência do material em pilhas de
estocagem por um período de pelo menos 4 meses, para diminuir o potencial expansivo e
aumentar os módulos de resiliência. Também foram realizados estudos sobre a incorporação
de cinza pesada e cal de carbureto à escória corrigida granulometricamente. A Figura 2.6
apresenta os resultados de módulo de resiliência obtidos para os dois materiais com diferentes
tempos de estocagem. A curva de módulo de resiliência, para os teores de aditivos
considerados “ótimos”, também é apresentada. Foi observado que, de forma geral: (i) os
módulos de resiliência da mistura (M) são superiores aos obtidos para a escória oriunda de
forno elétrico (F) nos respectivos tempos de estocagem, (ii) para maiores tempos de
estocagem os módulos de resiliência aumentam e (iii) os aditivos aumentaram de forma
substancial os módulos observados, bem como a sua dependência da pressão de
confinamento.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
48
100
1000
0.01 0.1 1
Pressão de confinamento (MPa)
Módulo de resiliência (MPa)
F 2 meses
F 4 meses
F 7 meses
M 2 meses
M 4 meses
M 6 meses
MCPCC 28 dias
Figura 2.6 - Módulos de resiliência para agregados de escória de aciaria elétrica
(adaptado de Rohde, 2002)
A influência do teor de finos (material passante na peneira n° 4) no módulo de
resiliência e na condutividade hidráulica de britas foi estudada por Casagrande (2003). Os
materiais utilizados foram britas de basalto provenientes de uma pedreira localizada no km 30
da BR 290/RS. Dos materiais originais foram compostas 6 granulometrias desde as mais
uniformes até as mais densas, passando pela bem graduada. Também foi avaliado o efeito do
escalpo (corte da granulometria graúda na fração superior a 19 mm) nas amostras ensaiadas.
As amostras sem escalpo foram denominadas integrais (AI) e as com escalpo parciais (AP). A
Figura 2.7 apresenta os resultados obtidos. Foi observado que os módulos de resiliência
obtidos para as amostras parciais foram ligeiramente inferiores aos das amostras integrais. Os
valores mais baixos foram registrados para a granulometria densa (GD) e os mais elevados
para as duas granulometrias mais uniformes (GU2 e GU1). Os demais resultados
apresentaram-se muito próximos entre si na região intermediária do gráfico, especialmente
para as amostras integrais. Quanto à condutividade hidráulica, foi verificado que a diminuição
do teor de finos implica em notáveis aumentos na condutividade hidráulica. O autor
recomenda as granulometrias GU2 e GU1 para utilização em bases de pavimentos, embora
não tenham sido realizadas avaliações quanto às deformações permanentes.
O trabalho de Ramos (2003) contribuiu para o avanço na elaboração de um catálogo
de pavimentos para o município do Rio de Janeiro. Os esforços foram no sentido de
estabelecer o comportamento resiliente dos materiais disponíveis para obras em diversas
regiões da cidade e verificar o seu comportamento mecânico como camada estrutural de
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
49
pavimentos. Foram executados ensaios triaxiais de módulo de resiliência para diversos solos,
pós de pedra e britas. Foram estabelecidos passos para a elaboração do catálogo levando em
consideração o módulo de resiliência do subleito, o tráfego e resultados de análises
mecanísticas.
100
1000
0.01 0.1 1
Pressão de confinamento (MPa)
Módulo de resiliência (MPa)
GU2 - AI
GU1 - AI
GU - AI
GG1 - AI
GD - AI
GB - AI
GU2 - AP
GU1 - AP
GU - AP
GG1 - AP
GD - AP
GB - AP
Figura 2.7 - Módulos de resiliência para britas com diversos teores de finos
(adaptado de Casagrande, 2003)
Uma abordagem para análise de ferrovias segundo os preceitos da mecânica dos
pavimentos foi efetuada por Spada (2003). Foram abordados os estados de tensões nos trilhos,
dormentes, lastro e subleito de diversos trechos ferroviários. Neste caso são de especial
interesse as análises dos agregados utilizados como lastro das ferrovias. Estes materiais foram
submetidos a ensaios triaxiais de módulo de resiliência em corpos de prova de 10 cm de
diâmetro por 20 cm de altura e de 15 cm de diâmetro por 30 cm de altura. Foram obtidos
resultados diversos em materiais cujos coeficientes de uniformidade variaram entre 13 e 1105,
portanto com características bem distintas. O autor observou que o tamanho máximo de
partícula não é um fator significativo no comportamento resiliente desse tipo de agregado,
quando o material possui finos preenchendo os vazios. As simulações envolvendo os módulos
de resiliência obtidos em laboratório em conjunto com os métodos numéricos utilizados
conduziram a valores comparáveis de módulo de via e deflexões medidas com viga
Benkelman.
O comportamento resiliente de agregados reciclados a partir de resíduos da fabricação
de telhas foi estudado por Dias (2004), bem como a sua aplicabilidade em camadas de
pavimentos de baixo custo. Foram estudadas três granulometrias para o material obtido em
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
50
indústrias do município de Monte Carmelo/MG. Após a coleta do material, foram realizadas
duas etapas de britagem. A primeira etapa deu origem a um dos materiais estudados (ART
1
),
composto basicamente por partículas passantes na peneira de 12,5 mm até o pó. A segunda
etapa deu origem a outros dois materiais estudados. O primeiro deles (ART
2i
) foi um
agregado passante na peneira de 12 mm até o (semelhante ao anterior) e o segundo
(ART
2c
) foi este mesmo material preparado em laboratório de modo a restringir as partículas
entre as peneiras 12,5 e 0,6 mm. Nenhum dos materiais obtidos apresentou módulos de
resiliência elevados, porém, quando foram misturados com 30 a 40% de solos locais, os
valores de dulo de resiliência melhoraram sensivelmente. A Figura 2.8 apresenta os
resultados obtidos pelo autor para a tensão desvio de 200 kPa, porém observou-se que, para as
demais tensões desvio utilizadas, os resultados foram muito semelhantes. É possível observar
que a adição de solo ao agregado reciclado melhorou sensivelmente os seus módulos de
resiliência, especialmente para o agregado ATR
1
, resultante da primeira etapa da britagem.
Também foi observado que o efeito da utilização de solo argiloso foi ligeiramente mais
pronunciado em relação ao solo arenoso.
10
100
1000
0.01 0.1 1
Pressão de confinamento (MPa)
Módulo de resiliência (MPa)
ART1
ART2i
ART2c
ART1 + solo arenoso
ART1 + solo argiloso
ART2c + solo arenoso
ART2c + solo argiloso
Figura 2.8 – Módulos de resiliência para agregados reciclados de telhas (adaptado de Dias, 2004)
O comportamento mecânico de britas para pavimentação foi estudado por Malysz
(2004). Os modelos de módulo de resiliência obtidos para uma brita graduada simples
denominada GG1 (com tamanho máximo de partícula de 1”), com graus de compactação de
90 e 100% e uma brita uniforme miúda denominada GUm (com diâmetro máximo de
partícula de ½”) são apresentados na Figura 2.9. A granulometria GG1 é a mesma utilizada
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
51
por Casagrande (2003), porém neste caso os parâmetros de compactação foram obtidos sem o
corte da fração mais graúda (escalpo). Foi observado o forte efeito da compactação no
comportamento da brita GG1, principalmente para os estados de tensões mais elevados. A
brita GUm apresentou módulos de resiliência bem inferiores, com valores da ordem de 50
MPa para a pressão de confinamento de 0,021 MPa. Também foi avaliada a variação dos
módulos de resiliência com o número de ciclos de carga. De forma geral, para níveis de
tensão desvio mais baixos, os módulos de resiliência apresentaram um acréscimo de cerca de
100 kPa com os ciclos de carga, seguido de estabilização dos valores. Para níveis mais
elevados de tensão desvio, os módulos de resiliência apresentaram um decréscimo nos valores
seguido de um enrijecimento, em geral retomando o seu valor inicial.
10
100
1000
0.01 0.1 1
Pressão de confinamento (MPa)
Módulo de resiliência (MPa)
GG1 (GC = 100%)
GG1 (GC = 90%)
GUm
Figura 2.9 – Módulos de resiliência para britas (adaptado de Malysz, 2004)
Também na linha de reciclagem, Motta (2005) avaliou a utilização de agregados
reciclados de resíduos sólidos da construção civil. O material avaliado foi proveniente da
usina recicladora da prefeitura municipal da cidade de São Paulo. A análise da sua
composição mostrou a presença de concreto, argamassa, brita, telha, tijolo, piso, azulejo, telha
de amianto e material fino, em diferentes proporções. A Figura 2.10 apresenta a evolução
média dos módulos de resiliência com o tempo de cura, bem como o efeito médio da adição
de cal ou cimento
Portland
nos módulos de resiliência do agregado reciclado com 180 dias de
cura. Os resultados dos ensaios de módulo de resiliência apresentaram resultados da ordem de
100 a 300 MPa que aumentaram para 200 a 700 MPa quando submetidos à cura por 180 dias.
Quando foi adicionado cal ou cimento
Portland
os valores de módulo de resiliência
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
52
alcançaram valores entre 700 a 2000 MPa e 900 a 3000 MPa respectivamente, quando
submetidos à cura por 180 dias.
No trabalho de Fernandes e Motta (2005) foi avaliado o comportamento resiliente de
agregados reciclados de resíduos de construção e demolição. Foram avaliados materiais
compactados, nas energias intermediária ou modificada, enquadrando-se na Faixa D do
DNER. Os modelos obtidos para o comportamento resiliente dos agregados oriundos das
cidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte são apresentados pelas equações (2.13) e (2.14)
respectivamente. O trabalho é detalhadamente descrito em Fernandes (2004) apresentando
modelos para outras 9 composições de agregados.
100
1000
10000
0.01 0.1 1
Pressão de confinamento (MPa)
Módulo de resiliência (MPa)
in natura 0 dias
in natura 28 dias
in natura 90 dias
in natura 180 dias
cal 180 dias
cimento 180 dias
Figura 2.10
– Evolução dos módulos de resiliência do agregado reciclado com o tempo de cura e
adição de cal ou cimento
Portland
(adaptado de Motta, 2005)
24,047,0
3
528
=
d
Mr
σσ
(2.13)
29,047,0
3
550
=
d
Mr
σσ
(2.14)
Onde:
Mr é o módulo de resiliência
σ
3
é a pressão de confinamento
σ
d
é a tensão desvio
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
53
O estudo de Motta (2005) sobre a utilização de agregados reciclados de resíduos
sólidos da construção civil teve prosseguimento com o trabalho de Leite (2007). A
continuidade compreendeu ensaios de campo e laboratório, bem como a execução e
monitoramento de um trecho experimental. O material utilizado foi proveniente da usina
recicladora de Santo André e possui na sua composição praticamente os mesmos materiais
verificados por Motta (2005) no material da usina de São Paulo, porém com porcentagens
diferentes de cada um. Foram obtidos dois modelos de módulo de resiliência: um para a
energia intermediária e outro para a energia modificada, conforme as equações (2.15) e (2.16)
respectivamente. Os módulos variaram de 160 a 440 MPa e 200 a 500 MPa para as energias
intermediária e modificada respectivamente. Os resultados mostraram que o material
reciclado, quando bem compactado, comporta-se como uma brita graduada simples.
4716,0
3
953
σ
=Mr
(2.15)
4367,0
3
1032
σ
=Mr
(2.16)
Onde:
Mr é o módulo de resiliência
σ
3
é a pressão de confinamento
O comportamento mecânico de rejeitos do garimpo de ametista foi estudado por
Retore (2005). Foram avaliados dois materiais denominados “cascalho” e “laje”, ambos
basaltos alterados. Ainda que a produção anual seja pequena, a quantidade de material
disponível é grande, pois nunca foi aproveitado antes. Como parte da avaliação dos materiais
foram realizados ensaios triaxiais de módulo de resiliência para as energias de compactação
intermediária e modificada. Os resultados mostraram pouca influência da energia de
compactação para a laje, que chegou a apresentar módulos de resiliência mais baixos para a
energia modificada nos estados de tensões mais baixos. No cascalho, o efeito da energia de
compactação foi mais pronunciado, principalmente nos estados de tensões mais baixos. A
Figura 2.11 ilustra os comportamentos descritos. Foi sugerida a utilização do material
designado laje como sub-base de pavimentos e o cascalho como base ou sub-base, porém
recomendando uma boa drenagem e impermeabilização.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
54
100
1000
0.01 0.1 1
Pressão de confinamento (MPa)
Módulo de resiliência (MPa)
Laje intermediária
Laje modificada
Cascalho intermediária
Cascalho modificada
Figura 2.11
– Módulos de resiliência para os rejeitos do garimpo de ametista
(adaptado de Retore, 2005)
2.2.1.4 Considerações finais
Este item revisou resultados de ensaios de módulo de resiliência de agregados
provenientes de diversas regiões do Brasil. A experiência nacional no assunto vem
aumentando, especialmente quando se trata de agregados reciclados e aproveitamento de
resíduos. Foram discutidos resultados experimentais, análises e conclusões de diversas
dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre o assunto. Analisando todos os trabalhos
em conjunto é possível ter uma visão geral sobre o comportamento resiliente dos agregados
brasileiros.
Assim, a Figura 2.12 apresenta os resultados de ensaios de módulo de resiliência em
agregados de todos estes trabalhos. Neste caso foi utilizado o modelo MR-σ
3
sugerido pelo
método DNER ME 131/94. Os resultados originalmente apresentados segundo outros
modelos, foram transformados para uniformizar a apresentação na Figura 2.12. A análise
estatística apresenta: (i) a curva média, (ii) a curva média mais o desvio padrão, (iii) a curva
média menos o desvio padrão, (iv) a curva mínima e (v) a curva máxima. A análise estatística
foi realizada para os módulos de resiliência referentes a cada pressão de confinamento
sugerida pelo DNER ME 131/94 e posteriormente foram obtidas as curvas por regressão
estatística. Os coeficientes de regressão são apresentados na Tabela 2.10.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
55
10
100
1000
10000
0.010 0.100 1.000
Pressão de confinamento (MPa)
Módulo de Resiliência (MPa)
Máximo
Mínimo
Média - Desvio Padrão
Média + Desvio Padrão
Média
Figura 2.12 –
Módulos de resiliência de agregados brasileiros e estatística descritiva
Tabela 2.10 -
Parâmetros para o modelo da equação (2.7) segundo a análise estatística da Figura 2.12
Pressão de confinamento (MPa)
0,021 0,035 0,053 0,07 0,104 0,140
Curva K1 K2
Módulos de resiliência (MPa)
Média 1133
0,4626
191 239 289 329 399 460
Desvio padrão - - 94 105 118 131 158 185
Média + desv. pad. 1469
0,4299
286 344 407 460 558 645
Média – desv. pad 828 0,547 97 134 170 198 241 274
Máxima 3264
0,337 888 1055 1213 1332 1527 1683
Mínima 267 0,4356
49 62 75 84 101 111
Observando-se os resultados da Tabela 2.10 pode-se ter a errada impressão de que as
declividades das curvas não variam muito. Porém, deve-se atentar para o fato de que estes
modelos foram obtidos a partir dos módulos de resiliência de cada ensaio, em cada pressão de
confinamento, sem levar em consideração a declividade de cada curva. Esta análise permite
criar uma região em que é mais provável que os módulos de britas e agregados se situem
(neste caso, entre as curvas da média mais o desvio padrão e da média menos o desvio
padrão).
Para permitir a verificação da variação dos parâmetros k1 e k2 diretamente, outra
análise é proposta, calculando os parâmetros da estatística descritiva diretamente dos valores
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
56
de k1 e k2 de cada ensaio. A Tabela 2.11 apresenta a estatística descritiva assim calculada.
Esta análise pode demonstrar toda a variabilidade que estes parâmetros podem expressar,
porém não permite determinar uma região na qual a presença das curvas seja mais freqüente.
Neste caso, os resultados devem ser analisados para k1 ou k2 individualmente, não sendo
possível analisar o par. Observa-se, nos resultados apresentados, que o parâmetro k1 variou
entre 147 e 4842 e que o parâmetro k2 pode assumir valores desde muito próximos a zero até
maiores que 1, embora seja mais provável encontrar valores entre 505 e 2100 e entre 0,2850 e
0,6661 para k1 e k2, respectivamente. Observa-se que os parâmetros médios calculados pelos
dois métodos de análise são muito semelhantes, porém os demais devem ser escolhidos em
função dos objetivos da simulação.
Tabela 2.11 -
Parâmetros para o modelo da equação (2.7) segundo a análise estatística de cada ensaio
Curva K1 K2
Média 1302 0,4755
Desvio padrão 797 0,1906
Média + desv. pad.
2099 0,6661
Média – desv. pad 505 0,285
Máxima 4842 1,03
Mínima 147 0,02
2.2.2 Ensaios triaxiais de resistência ao cisalhamento
Este item visa apresentar alguns aspectos relativos à resistência ao cisalhamento, desde
a sua conceituação até resultados típicos. Assim são descritos aspectos gerais sobre os
parâmetros de resistência no sentido de defini-los e apresentar os métodos de análise mais
utilizados. Também é descrita a experiência internacional e brasileira na execução e
interpretação de ensaios triaxiais convencionais. Por fim são descritos os principais aspectos
observados com relação à resistência ao cisalhamento de agregados.
2.2.2.1 Aspectos gerais
Os ensaios triaxiais convencionais não são de uso comum em pavimentação. Porém a
sua utilização vem aumentando na medida em que mais modelos de comportamento mecânico
são propostos. Este tipo de ensaio permite a utilização de uma série de conceitos da mecânica
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
57
dos solos clássica em pavimentação. Alguns métodos de projeto, como o do Estado do Texas
e o da República Sul Africana, utilizam os parâmetros de resistência ao cisalhamento no
dimensionamento de pavimentos. Além disso, muitas vezes, a resistência ao cisalhamento é
utilizada na definição dos estados de tensões de ensaios triaxiais de deformações permanentes
e na sua interpretação.
Os ensaios triaxiais estáticos têm o objetivo de determinar a resistência ao
cisalhamento dos materiais. Define-se por resistência ao cisalhamento a tensão de
cisalhamento atuante no plano de ruptura, no instante da ruptura e entende-se por ensaio
triaxial convencional aquele onde o corpo de prova é submetido a uma trajetória de tensões
iniciando por uma compressão isotrópica, até atingir a pressão de confinamento desejada,
seguida pela aplicação de uma tensão desvio até a ruptura por cisalhamento.
O comportamento quanto à ruptura é representado pelos parâmetros de resistência ao
cisalhamento de Mohr-Coulomb: intercepto coesivo efetivo (c`) e ângulo de atrito interno
efetivo (φ`), segundo a equação (2.17). A tensão vertical de ruptura (σ
1f
) é determinada a
partir de c` e φ` e também da tensão confinante efetiva (σ`
3
), segundo a equação (2.18). O
diagrama de Mohr-Coulomb (Figura 2.13), com os círculos de Mohr representados, é
comumente utilizado para a interpretação destes ensaios.
'tan'
φ
σ
τ
+
=
c
(2.17)
3
1,
(1 sen `). ` 2. `.cos `
(1 sen `)
f
c
φ σ φ
σ
φ
+ +
=
(2.18)
Onde:
τ é a tensão de cisalhamento
c` é o intercepto coesivo efetivo
φ’ é o ângulo de atrito interno efetivo
σ é a tensão normal para a qual a envoltória de resistência ao cisalhamento
tangencia o círculo de Mohr
σ
1,f
é a tensão vertical de ruptura
σ
3
é a pressão de confinamento
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
58
Figura 2.13
– Definição dos parâmetros de resistência ao cisalhamento de Mohr-Coulomb
Lambe e Whitman (1969) afirmam que podem ser utilizados, de forma alternativa,
diagramas p-q para apresentar os resultados dos ensaios triaxiais. Os pontos q e p, utilizados
para o cálculo dos parâmetros de resistência ao cisalhamento, correspondem ao pico das
curvas de tensão desvio versus deformação axial e são definidos pelas equações (2.19) e
(2.20) respectivamente. A curva ajustada através desses pontos é chamada linha k
f
. A
envoltória de Mohr-Coulomb ou a linha k
f
podem ser usadas indistintamente. Porém, quando
são feitos vários ensaios em série, é mais usual utilizar-se a linha k
f
, pois, é mais cil ajustar
uma curva aos pontos do diagrama p-q correspondentes à ruptura do que tangenciar diversos
círculos de Mohr de ruptura justapostos.
Dos diagramas p-q são obtidos os parâmetros “a” e “α e não os parâmetros de
resistência ao cisalhamento tradicionais da envoltória de Mohr-Coulomb. A linha k
f
é
apresentada na forma genérica pela equação (2.21). As relações entre os parâmetros da curva
k
f
e os parâmetros de resistência ao cisalhamento da envoltória de Mohr-Coulomb são
apresentadas pelas equações (2.22) e (2.23). A Figura 2.14 ilustra genericamente um diagrama
p-q e os seus parâmetros de resistência ao cisalhamento.
2
q
31
σσ
=
(2.19)
2
p
31
σ+σ
=
(2.20)
(
)
α+= tgpaq
(2.21)
sen( `) ( )
tg
φ α
=
(2.22)
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
59
`
cos( )
a
c
φ
=
(2.23)
Onde:
q é a metade da tensão desvio
p é a média das tensões principais
σ
1
é a tensão vertical
σ
3
é a pressão de confinamento
a e α são os parâmetros de resistência do diagrama q x p
c e φ são o intercepto coesivo e o ângulo de atrito interno
0
500
0 600
q
α
a
q = a + p . tg (
α
)
Linha kf
Figura 2.14
– Diagrama p-q (Lambe e Whitman, 1969)
2.2.2.2 A experiência internacional
O comportamento de materiais granulares, quanto a deformações permanentes, no
ensaio triaxial de carregamento repetido pode ser representado a partir da razão entre a tensão
vertical cíclica aplicada (σ
1
) e a tensão vertical de ruptura obtida no ensaio triaxial
convencional (σ
1,f
). Autores como Lekarp
et al.
(1996), Garg e Thompson (1997), Niekerk
et
al.
(2000) e Theyse (2000) utilizaram resultados de ensaios triaxiais estáticos para definir os
níveis de tensão desvio aplicados em ensaios de deformações permanentes sob cargas
repetidas. No Brasil, Malysz (2004) não obteve bons resultados utilizando esta relação.
p
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
60
Lekarp
et al.
(1996) estudaram o comportamento quanto a deformações permanentes
de diversos agregados comumente utilizados como sub-bases de pavimentos no Reino Unido,
tais como: granodiorito, calcário, resíduos de ardósia, uma mistura de areia e pedregulho e
uma areia. Nesse estudo, os parâmetros de resistência ao cisalhamento dos agregados foram
determinados a partir de ensaios triaxiais convencionais em corpos de prova de 15 x 30 cm.
Os resultados obtidos variaram entre 49 e 145 kPa e entre 58 e 67
o
, para o intercepto coesivo e
para o ângulo de atrito interno, respectivamente, conforme a Tabela 2.12. Os agregados
britados mostraram envoltórias de resistência ao cisalhamento similares e interceptos coesivos
relativamente altos. A areia mostrou resistência ao cisalhamento bem mais baixa, assim como
o intercepto coesivo também foi baixo. A mistura areia-pedregulho apresentou propriedades
intermediárias.
Tabela 2.12
– Parâmetros de resistência ao cisalhamento obtidos por Lekarp
et al.
(1996)
Natureza do agregado c` (kPa)
φ
φφ
φ
` (
o
)
Granodiorito 76 55
Calcário 79 59
Resíduo de ardósia 82 49
Areia-pedregulho 25 39
Areia 5 29
Seis composições granulométricas foram utilizadas como base e sub-base dos
pavimentos estudados no projeto de pesquisa rodoviária do estado americano de Minnesota
(
Mn/Road Project
). Garg e Thompson (1997) determinaram os parâmetros de resistência ao
cisalhamento desses agregados a partir de ensaios que denominaram ensaios triaxiais de
cisalhamento rápido. Essa denominação foi dada devido à alta velocidade de deformações
axiais utilizada (12,5% /s). Os ensaios foram realizados em corpos de prova de 15 x 30 cm a
tensões confinantes de 34, 69, 103, 138 e 207 kPa, obtendo-se coesões de 48 a 124 kPa e
ângulos de atrito interno de 31 a 51°. Os resultados obtidos para cada classe de agregado
estudado são mostrados na Tabela 2.13. Foi observado que, quando a umidade do corpo de
prova diminui, ocorre um incremento na tensão axial de ruptura e no ângulo de atrito interno.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
61
Tabela 2.13
– Parâmetros de resistência ao cisalhamento de agregados ( Garg e Thompson, 1997)
Material c` (kPa)
φ
φφ
φ
` (
o
)
CL – 1C sp 48 35
CL – 1F sp 97 31
CL – 3 sp 48 44
CL – 3 sp 48 44
CL – 4 sp 48 45
CL – 4 sp 117 31
CL – 5 sp 55 39
CL – 5 sp 76 43
CL – 6 sp 124 47
CL – 6 sp 97 51
Na República Sul-africana, conforme relata Theyse (2000), foram construídas pistas
experimentais com camadas estruturais constituídas por: pedra britada, um tipo de cinza
denominada clinker ash e um macadame hidráulico com filer. Tais pavimentos foram
solicitados por um simulador de tráfego móvel denominado Heavy Vehicle Simulator (HVS)
a fim de confirmar os resultados laboratoriais. A partir de corpos de prova moldados nas
dimensões de 15 x 30 cm e submetidos a tensões confinantes de 20, 80 e 140 kPa,
determinaram-se os parâmetros de resistência ao cisalhamento referentes aos materiais, em
diversas umidades e graus de compactação. Ressalta-se, porém, que os corpos de provas
moldados em macadame hidráulico não respeitaram a relação entre o diâmetro do corpo de
prova e o tamanho máximo de agregado igual no mínimo a 4 (muitos autores sugerem no
mínimo 5). Os valores para o intercepto coesivo variaram entre 25 e 165 kPa e os ângulos de
atrito interno entre 46 e 61°, conforme a Tabela 2.14. Os parâmetros de resistência ao
cisalhamento da cinza foram superiores aos do macadame e aos da brita. A resistência do
macadame, que se esperava que fosse mais alta, foi semelhante à da brita.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
62
Tabela 2.14
– Parâmetros de resistência ao cisalhamento dos agregados estudados por Theyse (2000)
Material GC (%) c` (kPa)
φ
φφ
φ
` (
o
)
Teor de umidade (%) Teor de umidade (%)
3 5 7 3 5 7
81 95 68 28 53 49 49
83 120 36 26 51 51 50
Brita
85 103 51 43 55 51 48
Teor de umidade (%) Teor de umidade (%)
5 10 15 5 10 15
69 101 140 146 56 53 50
72 165 105 121 56 59 54
Clinker
ash
75 89 132 108 61 61 59
Grau de Saturação (%) Grau de Saturação (%)
30 60 30 60
80 55 78 50 46
Macadame
hidráulico
88 98 64 59 52
O agregado mais utilizado em bases granulares na Holanda é o resíduo de demolição
da construção civil. A mistura é constituída de concreto e alvenaria britados de forma a serem
enquadrados nas especificações granulométricas holandesas. Niekerk
et al.
(2000) realizaram
ensaios triaxiais convencionais nesses agregados utilizando corpos de prova de 30 x 60 cm
compactados nos teores de umidades de 6, 8, 10 e 12%, o que resultou em graus de
compactação de 97, 100, 103 e 105%, respectivamente para cada teor de umidade. Foi
avaliada a curva média da faixa granulométrica especificada pelas normas holandesas. Os
ensaios foram realizados segundo a modalidade de deformações controladas a uma velocidade
de deformação axial de 0,167%/s. Os valores de σ
1,f
foram obtidos em multiestágios de carga,
ou seja, após o corpo de prova mobilizar o máximo de resistência ao cisalhamento (para a
pressão de confinamento utilizada), um incremento de pressão confinante era imposto ao
sistema, aumentando a resistência ao cisalhamento do corpo de prova e dando-se
prosseguimento ao ensaio. A seqüência de pressões confinantes utilizada foi 12, 36 e 72 kPa,
obtendo-se coesões efetivas de 55, 98, 89 e 142 kPa e ângulos de atrito interno de 37, 40, 43 e
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
63
44
o
, para a curva média da faixa especificada nos graus de compactação e nos teores de
umidade citados.
Outras granulometrias foram avaliadas para o material reciclado no grau de
compactação de 100% por Niekerk
et al.
(2002). Para os limites superior e inferior da faixa
granulométrica holandesa, as coesões obtidas foram de 49 e 31 kPa e os ângulos de atrito
interno foram de 42 e 43
o
. Para a curva média os valores foram c` = 48 kPa e φ` = 45
o
, o que
sugere uma forte variabilidade da mistura de agregados estudada, já que para o mesmo
material e grau de compactação de 100%, foram encontrados valores de c` = 98 kPa e φ` = 40
o
no estudo relatado em 2000. Também foi avaliada uma granulometria denominada uniforme,
porém atendendo às especificações granulométricas, para a qual se obteve c` = 20 kPa e
φ` = 43
o
. A resistência ao cisalhamento também foi avaliada em corpos de prova previamente
submetidos a ensaios de deformações permanentes. A aplicação de 10
6
ciclos de carga
originou um acréscimo significativo no intercepto coesivo e um decréscimo no ângulo de
atrito interno. Os autores concluem que a granulometria certamente influencia o
comportamento mecânico desses agregados, porém tem um papel secundário quando
comparado à influência do grau de compactação.
Para Saeed
et al.
(2001), a resistência ao cisalhamento é identificada como a
propriedade com maior importância para o desempenho de camadas estruturais de
pavimentos. O ensaio triaxial parece ser o mais indicado para a obtenção de tal
comportamento e as tensões de confinamento sugeridas pelos autores são 34, 69 e 103 kPa.
Nessa pesquisa foram estudados agregados como: arenito, granito, uma mistura de areia e
pedregulho (depósito glacial), calcário, gabro, dolomita, basalto e pedregulho. Os ensaios
foram realizados nas condições: “seca” e “úmida”. A condição seca é caracterizada pela
realização dos ensaios com o corpo de prova na umidade ótima e a condição úmida por um
período de saturação seguido de drenagem. Foram encontrados interceptos coesivos de 0 a
1248 kPa
*
e ângulos de atrito interno de 41 a 58° para a condição seca. Para a condição
úmida, os interceptos coesivos variaram entre 0 e 90 kPa e os ângulos de atrito interno de 29 e
59°. Os resultados são mostrados detalhadamente na Tabela 2.15. Os autores observam que os
ensaios não se destinam a obter parâmetros de projeto e sim avaliar o potencial de
*
Este valor é apresentado na referência consultada, mas parece pouco provável que seja verdadeiro, pois
materiais não cimentados normalmente não apresentam interceptos coesivos tão elevados.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
64
desempenho dos agregados estudados. Destacam, ainda, os seguintes aspectos positivos do
ensaio triaxial: (i) é universalmente aceito na obtenção da resistência ao cisalhamento de
solos, (ii) é possível aplicar-se diferentes estados de tensões e é possível variar a umidade dos
corpos de prova.
Tabela 2.15
– Parâmetros de resistência ao cisalhamento de agregados ( Saeed
et al.
, 2001)
Amostra Condição Seca Condição Úmida
c` (kPa)
φ` (
o
)
c` (kPa)
φ` (
o
)
II – 6 10 50 88 40
II – 7 47 49 54 39
II – 8 77 49 57 54
II – 9 84 41 34 50
II – 10 0 55 13 48
II – 11 0 58 89 50
II – 12 69 54 49 55
II – 13 10 46 10 46
II – 14 44 52 77 50
II – 15 1251 56 83 52
II – 16 88 50 0 59
II – 17 27 48 67 29
O estudo apresentado por Theyse (2004) propõe um modelo empírico de resistência ao
cisalhamento para agregados utilizados em pavimentação. O autor utiliza os parâmetros de
resistência ao cisalhamento de Mohr-Coulomb para caracterizar o comportamento do
material. São apresentados modelos em função da densidade relativa, do grau de saturação e
da pressão de confinamento. Os ensaios triaxiais convencionais foram realizados com
velocidade de 2 mm/min nas pressões de confinamento de 20, 80, 140 e 200 kPa. O modelo
proposto é apresentado pela equação (2.24) podendo ser transformado na equação (2.25).
Segundo os autores os modelos obtiveram sucesso na determinação da resistência ao
cisalhamento de materiais granulares para pavimentação.
=
bS
c
aRD
m
e
e
S
3
1
σ
σ
(2.24)
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
65
3
1
lnln
σ
σ
+=
cSbRDa
S
m
(2.25)
Onde:
σ
1
m
é a tensão principal maior de ruptura
σ
3
c
é a tensão principal menor (pressão de confinamento)
S é o grau de Saturação
RD é a densidade relativa
e = 2,7183 (base do logaritmo natural)
a
e
b
são parâmetros do modelo
Além dos ensaios de módulo de resiliência comentados no item 2.2.1.2, Jeon
et
al.
(2008) também realizaram ensaios de carregamento monotônico. Os corpos de prova
foram cisalhados com drenagem aberta e velocidade de 0,5 mm/min (10%/min), nas pressões
de confinamento de 35, 70 e 105 kPa. O trabalho apresenta apenas os ângulos de atrito
interno, que variaram entre 39 e 56º. Como materiais granulares o possuem coesão
verdadeira, os interceptos coesivos obtidos nos ensaios foram omitidos. Os autores atribuíram
os valores encontrados à sucção mátrica. Esta é uma importante característica observada em
solos parcialmente saturados, mas não parece ser importante no caso de partículas graúdas.
Na Tabela 2.16 apresenta-se uma síntese dos valores de parâmetros de resistência ao
cisalhamento dos agregados relatados nesta seção.
Tabela 2.16
– Parâmetros de resistência ao cisalhamento em materiais granulares
Autor c` (kPa)
φ
φφ
φ
` (°)
Lekarp
et al.
(1996) 5 - 82 29 - 59
Garg e Thompsom (1997) 48 – 124 31 - 51
Theyse (2000) 26 – 121 48 – 55
Niekerk
et al.
(2000) 4 – 142 37 – 44
Niekerk
et al.
(2002) 20 - 49 40 - 45
Saeed
et al.
(2001) 0 - 1251 29 - 59
Jeon
et al.
(2008) - 39 - 56
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(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
66
2.2.2.3 A experiência brasileira
A presente revisão bibliográfica verificou apenas o trabalho de Malysz (2004)
estudando a resistência ao cisalhamento de britas para camadas de pavimentos no Brasil.
Foram realizados ensaios triaxiais de carregamento monotônico adensados isotropicamente e
drenados (CID) com velocidade de deformação axial de 0,063%/s e pressões de confinamento
de 12,5, 25, 50 e 100 kPa. Os materiais ensaiados foram os mesmos apresentados no
item 2.2.1.3, ou seja, as britas GUm e GG1, além da GU2 estudada por Casagrande (2003). A
partir das curvas de tensão desvio versus deformação axial apresentadas na Figura 2.15 foram
obtidos os módulos de Young tangente e secante, além das tensões desvio de ruptura, a partir
das quais foram obtidas as envoltórias de resistência ao cisalhamento apresentadas na Figura
2.16. Os interceptos coesivos variaram entre 0 e 49 kPa e os ângulos de atrito interno entre 52
e 60º. Também, foram realizadas correlações entre diversos parâmetros obtidos. Ajustes
lineares foram bem sucedidos correlacionando-se os módulos de Young tangente e secante
(E
tg
e E
sec
) com a tensão confinante para as britas uniformes. Para a brita graduada com grau
de compactação (GC) de 90%. Para GC = 100%, um ajuste logarítmico foi mais adequado.
Ajustes lineares também se mostraram adequados para correlacionar os módulos de resiliência
com os módulos de Young tangentes e secantes quando analisados nas mesmas tensões de
confinamento. O comportamento frágil da brita graduada com GC = 100% aproximou os
valores dos módulos de Young tangente e secante, tornando as retas E
tg
x M
r
e E
sec
x M
r
muito
próximas.
GUm
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 0,05 0,1 0,15
Deformação Axial Específica
Tensão Axial
Desviadora (kPa)
12,5 kPa
25 kPa
50 kPa
100 kPa
GU2
0
200
400
600
800
1000
1200
0 0,05 0,1 0,15
Deformação Axial Específica
Tensão Axial
Desviadora (kPa)
12,5 kPa
25 kPa
50 kPa
100 kPa
GG1 (GC = 90%)
0
200
400
600
800
1000
0 0,05 0,1 0,15
Deformação Axial Específica
Tensão Axial
Desviadora (kPa)
12,5 kPa
25 kPa
50 kPa
100 kPa
GG1 (GC = 100%)
0
500
1000
1500
2000
0 0,05 0,1 0,15
Deformação Axial Específica
Tensão Axial
Desviadora (kPa)
12,5 kPa
25 kPa
50 kPa
100 kPa
Figura 2.15 –
Curvas de tensão desvio versus deformação axial obtidas por Malysz (2004)
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
67
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 50 100 150 200 250
Tensão normal (kPa)
Tensão de cisalhamento (kPa)
GG1 (GC=100%)
GG1 (GC=90%)
GU2
GUm
Figura 2.16 –
Envoltórias de resistência ao cisalhamento obtidas por Malysz (2004)
2.2.2.4 Considerações finais
Este item apresentou resultados de resistência ao cisalhamento de agregados. A
experiência internacional é considerável, porém no Brasil o assunto praticamente ainda não
foi estudado. Analisando todos os trabalhos em conjunto é possível ter uma visão geral sobre
o comportamento de agregados.
Assim, a Tabela 2.17 apresenta uma análise estatística dos resultados de ensaios
triaxiais de carregamento monotônico obtidos nos estudos abordados por esta revisão. Para a
apresentação dos resultados da análise foram calculados: (i) a média, (ii) a média mais o
desvio padrão, (iii) a média menos o desvio padrão, (iv) o valor mínimo e (v) o valor máximo.
Os cálculos foram realizados para o intercepto coesivo (c) e para o ângulo de atrito interno
(φ), a partir dos quais foram recalculadas as envoltórias de resistência ao cisalhamento
segundo estes parâmetros. Para a obtenção das envoltórias da análise estatística foi utilizado o
intervalo de tensões de confinamento observado nos vários trabalhos analisados. A menor
pressão de confinamento foi 12,5 kPa, utilizada por Malysz (2004), e a maior foi 207 kPa,
utilizada por Theyse (2000); as demais foram interpoladas neste intervalo. A partir dos
parâmetros de resistência ao cisalhamento e das pressões de confinamento foram calculados
os pontos de tangência aos círculos de Mohr. Os resultados podem ser visualizados na
Figura 2.17. Observa-se que a curva denominada “Máximo” situa-se ligeiramente acima da
envoltória de maior resistência ao cisalhamento. Isso ocorre porque a envoltória de resistência
ao cisalhamento foi obtida combinando-se o maior valor de intercepto coesivo com o maior
valor de ângulo de atrito interno e não necessariamente a maior envoltória apresenta estas
características.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
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68
Tabela 2.17–
Estatística descritiva para parâmetros de resistência ao cisalhamento e envoltórias de
ruptura
Pressão de confinamento (kPa)
12,5 50 103 140 207
Curva c
φ
φφ
φ
Resistência ao cisalhamento (kPa)
Média 65 49 139 216 325 401 538
Desvio padrão 40,67 7,67 - - - - -
Média + desv. pad.
105 57 229 335 486 591 781
Média – desv. pad 24 42 58 114 193 248 347
Máxima 165 61 352 478 658 783 1009
Mínima 0 29 10 41 85 115 170
0
200
400
600
800
1000
0 100 200 300 400 500
Tensão Normal (kPa)
Tensão de Cisalhamento (kPa)
Máximo
Média - Desv Pad
Média
Mínimo
Média + Desv Pad
Figura 2.17
– Envoltórias de resistência ao cisalhamento de agregados e estatística descritiva
2.2.3 Deformações permanentes
Este item visa apresentar alguns aspectos relativos às deformações permanentes, desde
a sua conceituação até resultados típicos. Assim são descritos aspectos gerais sobre as
deformações permanentes no sentido de defini-las e apresentar os modelos de ajuste mais
utilizados. São apresentadas a teoria do “Shakedowne as observações de alguns autores
sobre a sua utilização. Também é descrita a experiência internacional e brasileira na execução
e interpretação de ensaios triaxiais de deformações permanentes. Por fim é apresentado um
apanhado das principais conclusões referentes ao comportamento de agregados quanto a
deformações permanentes.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
69
2.2.3.1 Aspectos gerais
O estudo de deformações permanentes é um tema de pesquisa mais recente e menos
estudado em relação ao módulo de resiliência. Porém os parâmetros de deformações
permanentes podem comandar o comportamento mecânico de pavimentos com revestimentos
delgados. Sendo assim, são abordados os principais aspectos referentes à obtenção e
utilização destes parâmetros. Os modelos aqui apresentados são os mais simples e mais
utilizados ou de maior importância para esta tese.
A resposta de solos e agregados em estruturas de pavimentos às solicitações do tráfego
é composta de uma parcela elástica ou resiliente e uma plástica, conforme definido no
item 2.2.1.1. A parcela plástica é muito menor que a elástica em cada aplicação da carga,
considerando os estados de tensões comumente atuantes nas camadas dos pavimentos. Porém,
como estes deslocamentos não são recuperáveis, quando o carregamento é repetido por um
número elevado de vezes, podem atingir níveis expressivos. A deformação permanente pode
então ser definida como o somatório desses pequenos deslocamentos irreversíveis. Este
comportamento é obtido por meio de ensaios triaxiais de carregamentos repetido e a resposta
típica do corpo de prova é a mesma apresentada na Figura 2.3. Observa-se que a resposta,
em forma de pulsos de deformação axial, atinge um valor máximo e após decresce, porém não
retorna à sua posição inicial, acumulando uma pequena parcela de deformação permanente.
O efeito que as deformações permanentes causam nos pavimentos é denominado
Afundamento de Trilha de Roda (ATR). Os ATRs podem ocorrer segundo quatro mecanismos
principais descritos por Dawson e Kolisoja (2004), designados como modos 0, 1, 2 e 3,
considerando os casos de pavimentos com revestimento delgado ou sem revestimento. No
modo 0 o ATR ocorre por uma pós-compactação do agregado devida às cargas dos veículos.
Neste caso, no solo de subleito, as deformações permanentes são desprezíveis. Rupturas por
este modo podem ser evitadas pela utilização de procedimentos de compactação eficientes.
Porém, quando são utilizados agregados de baixa resistência, pode ocorrer cisalhamento
próximo à aplicação das cargas de roda. Este tipo de afundamento é definido como de modo 1
e normalmente acontece quando o agregado experimenta elevados graus de saturação.
Quando o agregado é de boa qualidade, bem compactado e drenado, ATRs ainda podem
ocorrer. Neste caso os afundamentos ocorrem segundo o modo 2, no qual a camada de
agregado apenas acompanha as deformações sofridas pelo subleito sem alterar a sua
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
70
espessura. O modo 3 ocorre quando as partículas do agregado são danificadas por atrito ou
abrasão, apresentando aspecto semelhante ao modo 0. Na prática, as rodovias normalmente
apresentam composições destes mecanismos como forma de deformação. A Figura 2.18
apresenta os quatro modos de afundamento esquematicamente.
No caso do ensaio triaxial de deformações permanentes, a deformação resiliente pode
ser excluída da análise e leva-se em consideração apenas a evolução do somatório dos
deslocamentos plásticos em função do número de ciclos. O resultado típico pode ser dividido
em três partes principais: pós-compactação, taxa de deformações permanentes constante e
colapso incremental, sendo que esta última é observada quando os materiais são
submetidos a estados de tensões muito elevados. Neste caso, está sendo utilizada a
nomenclatura observada em Werkmeister (2003), adiantando alguns conceitos da teoria do
Shakedown. A Figura 2.19 apresenta um resultado típico do ensaio triaxial de deformações
permanentes, quando ocorrem os três mecanismos.
Modo 0 Modo 1
Modo 2 Modo 3
Figura 2.18 –
Afundamentos de trilha de roda segundo os modos 0, 1, 2 e 3
Agregado
Agregado
Agregado
Agregado
Solo
Solo
Solo
Solo
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
71
0
0
Número de ciclos
ε
p
(%)
1 32
1 - Pós-compactação
2 - Taxa de
ε
p
constante
3 - Colapso incremental
Figura 2.19 –
Resultado típico de um ensaio triaxial de deformações permanentes
A forma mais simples de ajuste para os ensaios triaxiais de deformações permanentes
é o ajuste linear. Este tipo de ajuste foi utilizado por Malysz (2004), conforme o modelo
apresentado na equação (2.26). Deve-se observar que a sua utilização é eficiente para a
porção linear, após cessarem as deformações por pós-compactação. Mesmo que o modelo não
se ajuste a toda a curva de deformações permanentes, a previsão do parâmetro é bastante
eficiente. Deve ser observado que cada curva de deformações permanentes é ajustada
linearmente, porém a variação dos parâmetros ε
pi
e TDP com os estados de tensões é
sabidamente não-linear.
NTDP
i
pp
+=
εε
(2.26)
Onde:
ε
p
é a deformação permanente
ε
pi
é a deformação permanente inicial (por pós-compactação)
TDP é a taxa de deformações permanentes (constante)
N é número de aplicações cíclicas de carga
O modelo mais utilizado na bibliografia consultada é o de Monismith
et al.
(1975).
Trata-se de um modelo potencial em função do número de ciclos, conforme a equação (2.27).
O modelo tem como principal vantagem a sua simplicidade. Os ajustes efetuados com este
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
72
modelo normalmente apresentam R² elevado, porém quando as deformações iniciais são
muito elevadas, ou os ensaios são executados para um mero de ciclos elevado, o modelo
perde em representatividade.
(
)
B
p
NA
=
ε
(2.27)
Onde:
ε
p
é a deformação permanente
N é número de aplicações cíclicas de carga
A e B são parâmetros de regressão estatística
O modelo de Uzan (1985) também é muito utilizado. Este é também um modelo
potencial, mas diferencia-se do modelo de Monismith
et al.
(1975) pela utilização da
deformação resiliente. A deformação resiliente é considerada constante durante o ensaio
triaxial de deformações permanentes e o seu valor é utilizado como denominador da
deformação permanente conforme a equação (2.28). Guimarães (2001) obteve ajustes
razoáveis utilizando este modelo, porém com coeficientes de determinação sempre
inferiores aos obtidos com o modelo de Monismith
et al.
(1975).
( )
α
µ
ε
ε
=
N
N
r
p
)(
(2.28)
Onde:
ε
p
é a deformação permanente
ε
r
é a deformação resiliente
N é número de aplicações cíclicas de carga
µ e α são parâmetros de regressão estatística
O modelo proposto por Barksdale (1972) utiliza uma relação logarítmica entre a
deformação permanente e o número de ciclos de carga. Leite (2007) obteve bons ajustes
utilizando este modelo, porém inferiores aos obtidos com o modelo de Monismith
et al.
(1975). A equação (2.29) apresenta o modelo em questão.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
73
)log(Nba
p
+=
ε
(2.29)
Onde:
ε
p
é a deformação permanente
N é número de aplicações cíclicas de carga
a e b são parâmetros de regressão estatística
O modelo proposto por Guimarães et al. (2004) utiliza o modelo de Monismith et al.
(1975) em conjunto com um ajuste linear. A parte inicial da curva de deformações
permanentes, correspondente à fase de pós-compactação, é ajustada pelo modelo de
Monismith et al. (1975). Na parte seguinte, correspondente à fase de taxa de deformação
permanente constante, é utilizado o modelo linear. Esta utilização conjunta permite ajustar os
resultados com maior eficiência, principalmente quando se trata de ensaios com deformações
permanentes elevadas ou realizados para número de ciclos elevado. As equações destes
modelos e suas condições de aplicação são representadas pelas equações (2.30) e (2.31). A
condição de aplicação dos modelos é definida pelo número de ciclos para o qual ocorre o
acomodamento (Shakedown). A partir deste momento cessa a fase de pós-compactação e
inicia a fase de taxa de deformações permanentes constante, conforme apresentado na Figura
2.18.
(
)
B
p
NA=
ε
SD
NN
(2.30)
DNC
p
+=
ε
SD
NN >
(2.31)
Onde:
ε
p
é a deformação permanente
N é número de aplicações cíclicas de carga
A, B, C e D são parâmetros de regressão estatística
N
SD
é o número de ciclos para o qual ocorre o acomodamento das ε
p
Por fim, o trabalho de Guimarães (2009) propõe a utilização de um modelo de
regressão múltipla em função do estado de tensões e do número de ciclos. O modelo proposto,
apresentado pela equação 2.32, mostrou-se muito eficiente nas análises realizadas pelo autor.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
74
As regressões, a partir de vários ensaios triaxiais de deformações permanentes em solos finos
e materiais pedregulhosos, apresentaram elevados coeficientes de correlação e foi verificada a
condição de normalidade dos desvios.
4
32
00
3
1
ψ
ψψ
ρ
σ
ρ
σ
ψε
N
d
p
= (2.32)
Onde:
ε
p
é a deformação permanente
σ
3
é pressão de confinamento
σ
d
é a tensão desvio
N é número de aplicações cíclicas de carga
ρ
0
é a pressão atmosférica
ψ
1
, ψ
2
, ψ
3
e ψ
4
são parâmetros de regressão estatística
2.2.3.2 A teoria “Shakedown”
Diversos autores vêm utilizando a teoria “Shakedownpara análise de ensaios triaxiais
de deformações permanentes. Nos trabalhos revisados nesta tese, a referência mais citada é o
estudo de Werkmeister et al. (2001). Portanto, os conceitos aqui abordados seguem as
orientações e conceitos descritos por estes autores.
Um pavimento pode ser projetado de forma que as deformações permanentes, em
camadas estruturais, sejam de pequena magnitude. É importante que se conheçam (i) o nível
de carga correspondente ao final do comportamento puramente resiliente, e (ii) o início das
deformações permanentes. Com o conceito de “Shakedown” é possível definir este limite.
As deformações permanentes resultantes de um carregamento com baixa relação σ
d
/σ
3
eventualmente encontram um estado de equilíbrio (após o período de pós-compactação). Para
relações σ
d
/σ
3
elevadas, as deformações permanentes aumentam rapidamente e podem levar o
pavimento à ruptura. Isto define a existência de um nível crítico de tensões entre as condições
estável e instável no pavimento, definindo os limites “Shakedown”.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
75
Um pavimento mostrará acúmulo progressivo de deformações permanentes sob
carregamento repetido se a magnitude do carregamento exceder o limite Shakedown”.
Quando o carregamento cíclico está abaixo do limite Shakedownelástico (depois da pós-
compactação), as deformações permanentes estabilizam e o pavimento alcançará
acomodamento (Shakedown). Isto significa uma adaptação ao carregamento, e o pavimento se
comportará elasticamente sob as cargas cíclicas adicionais. A existência de um nível crítico
para a razão de tensões entre os estados estável e instável é explicada por esta teoria.
Existem quatro tipos de comportamento de uma estrutura elasto-plástica sob ciclos de
carga repetidos:
Comportamento 0 – puramente elástico
Comportamento 1 – “Shakedown” elástico
Comportamento 2 – “Shakedown” plástico
Comportamento 3 – colapso incremental
Os comportamentos citados são mostrados na Figura 2.20, onde é observado que, para
o Shakedown 0”, não ocorrem deformações permanentes e o comportamento é puramente
elástico.
0
45
0 120
Número de Aplicações Cíclicas de Carga
ε
ε
ε
ε
p
Shakedown 0
Shakedown 1
Shakedown 2
Shakedown 3
Figura 2.20 –
Comportamentos típicos da teoria do
Shakedown
Para o Shakedown elástico, a resposta dos materiais é plástica para um mero finito
de aplicações de carga. Completado o período de pós-compactação, o comportamento se torna
puramente elástico e as deformações permanentes cessam. Nesta situação, não ocorrem
Colapso Incremental
Puramente elástico
Shakedown plástico
Shakedown
elástico
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
76
quebras de partículas (ou são de menor importância) e ocorrem distorções apenas nos
primeiros ciclos de carga (durante a pós-compactação). Este comportamento estabelece uma
região denominada “A”.
Com o aumento da razão de tensões os materiais respondem de acordo com o
Shakedown plástico. Durante os primeiros ciclos de carga, o alto vel de deformações
diminui até um nível constante mais baixo, para o qual ocorrem distorções insignificantes.
Este comportamento estabelece uma região denominada “B”.
Para altos níveis de carregamento, a resposta dos materiais é sempre plástica e cada
aplicação de carga resulta em um progressivo aumento nas deformações permanentes ε
p
. Se o
carregamento se aproxima da carga de ruptura, o decréscimo da taxa de deformações é muito
lento. O início do processo de ruptura pode ser caracterizado por incrementos na razão de
deformações permanentes. O comportamento do tipo colapso incremental resulta em ruptura
do pavimento (ou corpo de prova) pela formação de afundamentos de trilhas de roda (ou
excesso de deformações permanentes) e, ainda, poderão ocorrer quebra e abrasão de
partículas. Este comportamento estabelece uma região denominada “C”.
Desta forma são definidas três regiões para as quais os materiais apresentam
comportamentos distintos. Entre estas regiões existem dois limites definidos pelos estados de
tensões que implicam em um ou outro comportamento. A definição experimental destes
limites pode requerer um mero elevado de ensaios, a fim de refinar a definição das
fronteiras entre as regiões “A”, “B” e “C”.
Nos ensaios realizados por Werkmeister et al. (2001) aplicaram-se aos corpos de
prova relações σ
d
/σ
3
de 1,0 até 8,0. Os resultados obtidos dos ensaios mostraram
comportamentos situados nos limites 1, 2 e 3. O limite 0 (comportamento puramente elástico)
provavelmente não existe para materiais de pavimentação, o que é evidenciado pela
ocorrência da pós-compactação imposta pelo tráfego. Os limites Shakedown podem ser
ajustados pela equação (2.33). O modelo proposto está em função da tensão confinante,
portanto diversos ensaios devem ser realizados para cada confinamento variando-se a tensão
desvio. Observando-se os resultados deve-se verificar o tipo de comportamento e interpolar a
tensão para a qual ocorre a mudança, definindo-se os limites Shakedown e ajustando-os ao
modelo.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
77
(
)
BA
SD
×=
3
ln
σσ
(2.33)
Onde:
σ
SD
[kPa] – limite “Shakedown
σ
3
= [kPa] – tensão confinante
A, B [-] – parâmetros do modelo
O estudo de Guimarães (2001) apresenta análises detalhadas segundo a teoria do
Shakedown. Foram executados ensaios triaxiais de carregamento repetido em uma laterita
proveniente de Brasília. Os resultados foram apresentados segundo o modelo utilizado por
Werkmeister et al. (2001), conforme a Figura 2.21. O autor verificou que os ensaios 1, 4, 9 e
10 atingiram o Shakedown, enquanto que os ensaios 2, 3, 6, 7 e 8 continuaram em
escoamento plástico até o final do ensaio. Observando os estados de tensões utilizados no
espaço de tensões principais e unindo-se os pontos referentes aos ensaios que entraram em
Shakedown, conforme a Figura 2.22, ficou definido o limite abaixo do qual ocorre o
acomodamento das deformações permanentes.
O estudo de Leite (2007) fez algumas interpretações dos resultados de ensaios de
deformações permanentes segundo o enquadramento no modelo Shakedown. Foram
verificados comportamentos do tipo A, B e C, porém não foram definidos os limites
Shakedown. Os estudos de Dias (2004) e Malysz (2004) utilizaram as definições de
comportamento, porém não utilizaram o enquadramento no modelo e nem definiram os
limites.
Um novo conceito foi introduzido no trabalho de Donovan e Tutumluer (2008)
denominado “efeito anti-shakedown”. Ensaios em verdadeira grandeza foram conduzidos
pelo equipamento de testes de pavimentos aeroportuários da FAA (Federal Aviation
Administration). O equipamento simulou o pouso de aeronaves Boeing 777 com o objetivo de
verificar os efeitos de novos carregamentos nas estruturas de pavimentos aeroportuários. Foi
observado que os afundamentos de trilha de roda causados por mecanismos de pouso
pesadamente carregados são cancelados por deformações ascendentes resultantes da passagem
do mesmo carregamento defasado por um deslocamento lateral. Esta interação indica um
movimento ou rearranjo de partículas nas camadas granulares do pavimento, reduzindo a sua
resistência e fazendo com que futuramente as mesmas cargas causem maiores deformações.
Este comportamento foi denominado “efeito anti-shakedown”.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
78
Figura 2.21
– Enquadramento no modelo
Shakedown
de alguns ensaios realizados com laterita
(Guimarães, 2001)
Figura 2.22
– Shakedown no Espaço das Tensões Principais (Guimarães, 2001)
2.2.3.3 A experiência internacional
A comunidade científica internacional acumula experiência significativa em
deformações permanentes de solos e agregados, principalmente na Europa. São encontrados
estudos apresentando ensaios variando diversos parâmetros, como: tipo de material, teor de
umidade, grau de compactação, estados de tensões, etc. Também são encontrados modelos de
ajuste dos mais diversos tipos, que de forma geral ajustam muito bem os resultados dos
ensaios. Esta experiência permite conhecer de que forma cada parâmetro influencia na
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
79
resistência a deformações permanentes, porém a sua magnitude é conhecida por meio da
execução de ensaios.
Conforme Lekarp et al. (1996), é comumente observado que o desenvolvimento de
deformações permanentes iniciais, por pós-compactação, varia muito de um corpo de prova
para outro. De acordo com o modelo de Paute, a deformação permanente axial total em
agregados é representada pela equação (2.34). O parâmetro “Apode ser estimado a partir da
envoltória de ruptura estática representada pela equação (2.35) e pela Figura 2.23, utilizando-
se a equação (2.36) Os parâmetros de regressão para o modelo de Paute e os estados de
tensões utilizados em cada material são mostrados na Tabela 2.18.
+ε=ε
B
*
p,1p,1
100
N
1A)100()N(
(2.34)
(
)
spmppmq
*
f
+=+=
(2.35)
+
+
=
*
max
max
*
max
max
pp
q
ba
)pp(
q
A
(2.36)
Onde:
ε
1,p
(N) é a deformação permanente axial total
ε
1,p
(100) é a deformação permanente axial acumulada durante os primeiros 100
ciclos
N é o número de ciclos de carga
A e B são parâmetros dos modelos
q
f
é a tensão desvio no momento da ruptura estática
m é a declividade da envoltória de ruptura estática
p é a média das tensões normais
p
*
é um parâmetro de tensões definido como a intersecção da envoltória com o
eixo p
s é a coesão aparente
a e b são arbitrados até obter-se um ajuste satisfatório
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
80
0
1000
0 1000
1
m
q
max
p
max
p
q
s
p
*
Envoltória de
ruptura
Trajetória de tensões
aplicada repetidamente
Figura 2.23 –
Definição dos parâmetros dos modelos (2.15) e (2.16) (Lekarp
et al.
, 1996)
Tabela 2.18
– Parâmetros do modelo da equação (2.14) obtidos por Lekarp et al. (1996)
Material
Idt
q
max
(kPa) p
max
(kPa)
ε
εε
ε
1,p
(100)
(10
-4
)
A (10
-4
) B R
2
Gr1 292,7 112,1 9,37 83,02 0,019
0,988
Gr2 595,4 245,5 21,96 25,99 0,089
0,991
Gr3 293,1 169,2 9,02 8,16 0,165
0,987
Granodiorito
Gr4 585,6 310,2 17,64 6,25 0,416
0,993
Cc1 296,1 117,5 7,10 14,42 0,049
0,973
Cc2 593,0 245,9 20,57 3418,58 0,003
0,836
Cc3 298,1 170,8 4,72 4,162 0,104
0,992
Calcáreo
Cc4 594,4 312,6 16,96 286,83 0,011
0,989
RA1 295,4 117,6 25,89 255,4 0,016
0,964
RA2 589,4 292,5 211,66 1225,90 0,037
0,992
RA3 591,5 388,1 71,60 8277,52 0,003
0,879
Resíduo de
ardósia
RA4 295,4 170,0 94.78 277,19 0,054
0,985
Ar-Ag1 198,0 199,3 3,73 38,33 0,019
0,805
Ar-Ag2 498,1 429,0 29,26 240,15 0,053
0,959
Areia e
agregado
Ar-Ag3 395,7 346,5 14,45 239,30 0,016
0,855
Ar1 78,8 96,2 39,52 45,47 0,205
0,999
Ar2 91,0 98,9 30,73 634,01 0,016
0,995
Areia
Ar3 103,4 101,1 121,01 178,10 0,197
0,998
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
81
Os resultados podem ser visualizados na Figura 2.24. As curvas foram obtidas
substituindo os valores dos parâmetros apresentados na Tabela 2.18 no modelo da
equação (2.34). Os pontos sobre as curvas representam a deformação permanente calculada
para um determinado número de cíclos (não são pontos experimentais). Os materiais e estados
de tensões podem ser identificados pela legenda segundo os valores correspondentes na
Tabela 2.18. As deformações permanentes apresentaram comportamento típico de agregados,
sendo diretamente proporcionais à tensão desvio e inversamente proporcionais à pressão de
confinamento. Quanto ao desempenho dos agregados estudados, o granodiorito, o calcário e a
mistura areia-agregado apresentaram deformabilidade baixa, o resíduo de ardósia
deformabilidade elevada e a areia um comportamento intermediário, quando comparados
entre si.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
0 20000 40000 60000 80000 100000
Número de ciclos
Deformação Permanente (%)
Gr1
Gr2
Gr3
Gr4
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
0 20000 40000 60000 80000 100000
Número de ciclos
Deformação Permanente (%)
Cc1
Cc2
Cc3
Cc4
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
0 20000 40000 60000 80000 100000
Número de ciclos
Deformação Permanente (%)
RA1
RA2
RA3
RA4
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
0 20000 40000 60000 80000 100000
Número de ciclos
Deformação Permanente (%)
Ar-Ag1
Ar-Ag2
Ar-Ag3
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
0 20000 40000 60000 80000 100000
Número de ciclos
Deformação Permanente (%)
Ar1
Ar2
Ar3
Figura 2.24 –
Modelos de deformações permanentes adaptados de Lekarp
et al.
(1996)
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
82
A pesquisa de Lekarp (1999) proporcionou conclusões muito importantes com relação
à influência de diversos parâmetros na resistência a deformações permanentes:
A magnitude das deformações permanentes em materiais granulares é muito
influenciada pela presença de água. Para graus de saturação elevados, a resistência
a deformações permanentes decresce rapidamente, provavelmente pelo excesso de
poro-pressão gerado. Portanto uma drenagem adequada nas camadas granulares é
necessária.
O aumento da massa específica aparente seca melhora significativamente a
resistência a deformações permanentes.
Quando o teor de finos (material passando na peneira n
o
4) aumenta, a resistência a
deformações permanentes diminui.
O efeito da distribuição granulométrica das partículas não ficou bem estabelecido.
Quanto à origem do agregado, foi sugerido que os materiais britados estão sujeitos
a deformações permanentes menores que os pedregulhos naturais de formas mais
arredondadas (não angulares).
Entre os fatores que influenciam o comportamento plástico de materiais granulares,
Lekarp et al. (2000) citam: o nível de tensões aplicado, a reorientação das tensões principais,
o número de ciclos de carga, o teor de umidade ou o grau de saturação, a história de tensões, a
massa específica aparente seca, a granulometria, o teor de finos e o tipo de agregado como
alguns destes fatores. As deformações permanentes são diretamente proporcionais à tensão
desvio e inversamente proporcionais à pressão confinante.
Theyse (1997) apresenta modelos para a previsão do acúmulo de deformações
permanentes obtidos a partir de pavimentos solicitados pelo HVS na África do Sul. Três
modelos foram propostos: o primeiro em função do número de ciclos de carga, o segundo em
função da tensão vertical no topo do subleito e um terceiro modelo em função destas duas
variáveis. O comportamento dos pavimentos quanto a estas variáveis é representado pelas
equações (2.37), (2.38) e (2.39). Os ensaios realizados com o HVS, em vários tipos de
materiais, com 78 configurações estruturais (onde variam o tipo de material e a espessura das
camadas), resultaram nos parâmetros de modelos mostrados na Tabela 2.19. Os valores para
“A”e “B” foram obtidos para 5 materiais diferentes e N = 1.000, 3.000, 10.000, 30.000,
100.000, 300.000, 1.000.000, 3.000.000, 10.000.000, 30.000.000 e 100.000.000. Os
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
83
resultados são mostrados na Figura 2.25, como envoltórias máxima e mínima dos valores de
deformação permanente obtidos por Theyse (1997).
Tabela 2.19
– Parâmetros dos modelos (2.22) a (2.24), conforme Theyse (1997)
m a b A B
Max 8,1 x 10
-6
3,12 2,07 x 10
-3
79 2,55 x 10
-2
Min 1 x 10
-9
0,007 1 x 10
-6
4 x 10
-3
9,8 x 10
-3
Media 1,9 x 10
-6
0,57 1,75 x 10
-4
10,33 1,75 x 10
-2
Desv. Padrão 2,06 x 10
-6
0,77 4,04 x 10
-4
22,45 6,5 x 10
-3
1,0E-06
1,0E-05
1,0E-04
1,0E-03
1,0E-02
1,0E-01
1,0E+00
1,0E+01
1,0E+02 1,0E+03 1,0E+04 1,0E+05 1,0E+06
Número de Ciclos de Carga
Deformações Permanentes (mm)
EnvInf
EnvSup
Figura 2.25
– Envoltórias de deformações permanentes
[adaptado de Theyse (1997)]
(
)
(
)
bN
eanmPD
×+×= 1
(2.37)
(
)
1×=
v
B
eAPD
σ
(2.38)
(
)
11018
813.06
×××=
v
B
eNPD
σ
(2.39)
Onde:
PD é a deformação permanente acumulada
N é o número de ciclos de carga
σ
v
é a tensão vertical no topo do subleito
m, a, b, A, B são parâmetros dos modelos
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
84
Garg e Thompson (1997) mediram deformações permanentes durante a fase de
condicionamento em ensaios de módulo de resiliência. As leituras foram tomadas durante
1000 ciclos com tensão confinante de 103 kPa e tensão desvio de 310 kPa (σ
d
/σ
3
= 3). Alguns
materiais não suportaram este estado de tensões e foram, então, submetidos a uma tensão
desvio mais baixa (207 kPa, σ
d
/σ
3
= 2). Foram avaliadas pedras britadas empregadas nos
pavimentos experimentais do projeto Mn Road, com diferentes granulometrias e índices de
plasticidade. As deformações permanentes, as deformações resilientes e as tensões desvio
aplicadas foram registradas a 1, 10, 50, 100, 500 e 1000 ciclos de carga. Os resultados foram
ajustados pelo modelo de Monismith et al. (1975), apresentado pela equação 2.27, e os
parâmetros A e B são apresentados na Tabela 2.20. Nota-se que o material CL–1F foi
condicionado no estado de tensões intermediário (σ
d
/σ
3
= 2). O material CL-1C mostrou-se
fortemente suscetível à formação de trilhas de roda, como evidencia o alto valor “b”, tendo
sido condicionado em um estado de tensões inferior (σ
d
/σ
3
= 1,5). Os autores concluíram que
os ensaios triaxiais de cisalhamento rápido e triaxiais de carregamento repetido podem ser
usados para prever o comportamento de materiais granulares quanto a deformações
permanentes.
Tabela 2.20
– Parâmetros de deformações permanentes obtidos por Garg e Thompson (1997)
Material A (%)
B
σ
σσ
σ
d
/ σ
σ σ
σ
3
R
2
CL-1C sp 0,3526
0,450 103/69 0,99
CL-1F sp 0,8164
0,310 207/103 0,99
CL-3 sp 0,5163
0,110 310/103 0,99
CL-3 sp 0,4429
0,080 310/103 0,98
CL-4 sp 0,6257
0,240 310/103 0,99
CL-4 sp 1,0010
0,430 207/103 0,99
CL-5 sp 0,3341
0,440 207/103 0,99
CL-5 sp 0,2918
0,350 207/103 0,99
CL-6 sp 0,1511
0,134 310/103 0,98
CL-6 sp 0,1720
0,140 310/103 0,96
CL-6 sp 0,1070
0,155 310/103 0,99
CL-6 sp 0,2760
0,135 310/103 0,99
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
85
Os ensaios triaxiais de deformações permanentes são particularmente importantes
quando realizados em materiais que não contemplam as exigências das especificações
tradicionais dos órgãos rodoviários. Visando regulamentar estas avaliações, alguns órgãos
como o Transitda Nova Zelândia desenvolveram especificações baseadas no desempenho
dos materiais, conforme descrito por Arnold (2000). Com as especificações de desempenho,
os empreiteiros da Nova Zelândia puderam empregar materiais alternativos na construção de
rodovias, verificando em laboratório o desempenho dos materiais utilizados em campo.
Os ensaios realizados por Arnold (2000) avaliaram graus de compactação de 90 e
95 %, sob condições drenadas e não drenadas, na umidade ótima e na condição de saturação.
Foram aplicados até 10
6
ciclos de carga com uma tensão confinante σ
3
= 188 kPa e uma
tensão desvio σ
d
= 560 kPa, medindo-se as deformações permanentes acumuladas e também
as poro-pressões geradas. Nas condições não drenada e de umidade ótima, estes ensaios se
mostraram úteis para diferenciar os materiais quanto ao seu desempenho. Entretanto, os
corpos de prova com grau de compactação (GC) de 90% revelaram um desempenho
satisfatório, contradizendo a experiência de campo, de onde se sabe que uma compactação tão
deficiente geralmente leva a problemas. Já os ensaios realizados na condição drenada saturada
mostraram todos os materiais com GC = 90% apresentando desempenho inaceitável, portanto
concordando com a experiência de campo. Porém, sob condições drenadas e saturadas, o
ensaio não consegue diferenciar entre materiais com GC = 95%. Concluiu-se, então, que
ensaios não-drenados e na umidade ótima são mais sensíveis à granulometria e ensaios
saturados drenados são mais sensíveis à compactação.
Niekerk et al. (2000) realizaram ensaios triaxiais de deformações permanentes em um
único nível de tensões confinantes σ
3
= 12 kPa e para três incrementos de σ
1
/σ
1,f
com
freqüência para os ciclos de carga de 5 Hz. Os critérios de ruptura definidos pelos autores
foram: 10 % de deformações acumuladas medidas no terço médio do corpo de prova ou a
aplicação de 10
6
ciclos de carga. As dimensões utilizadas pelos autores para os corpos de
prova foram 30 x 60 cm e as deformações acumuladas foram medidas para números definidos
de ciclos de carga (100, 200, ..., 1.000, 2.000, ..., 10.000, 20.000, ..., 100.000, 200.000, ...,
1.000.000). Os corpos de prova submetidos ao carregamento triaxial foram compactados nos
graus de compactação de 97, 100 e 103%, medindo-se deformações permanentes axiais e
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
86
radiais. Os resultados laboratoriais foram ajustados segundo o modelo da equação (2.40),
cujos parâmetros são apresentados na Tabela 2.21.
+
=
1
1000
1000
N
D
B
p
eC
N
A
ε
(2.40)
Onde:
2
,1
1
1
a
f
aA
=
σ
σ
2
,1
1
1
b
f
bB
=
σ
σ
2
,1
1
1
c
f
cC
=
σ
σ
2
,1
1
1
d
f
dD
=
σ
σ
N é número de aplicações cíclicas de carga
1
σ
é a tensão vertical aplicada
f
,1
σ
é a tensão vertical de ruptura
21212121
,,,,,,, ddccbbaa
são os parâmetros dos modelos
Tabela 2.21
– Parâmetros do modelo (2.40) obtidos por Niekerk
et al.
(2000)
GC
ε
εε
ε
p
a
1
a
2
b
1
b
2
c
1
c
2
d
1
d
2
r
2
97% Axial -28,1 4,9 5,5 6,6 0 1 0 1 0,96
Radial
43,1 6,0 13,1 8,6 0 1 0 1 0,95
100%
Axial -0,4 1,3 0,6 1,2 1 2,9 1 6,5 0,94
Radial
0,2 0,8 1,0 1,3 1 2,4 1 6,8 0,96
103%
Axial -0,6 1,9 2,8 1,7 1 7,0 1 5,0 0,65
Radial
1,8 2,6 2,6 1,7 1 7,0 1 5,0 0,79
Os resultados dos ensaios triaxiais de carregamento repetido para deformações
permanentes axiais com tensão vertical de 90, 135 e 180 kPa (que correspondem a diferentes
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
87
razões de tensão
σ
1
/
σ
1,f
de acordo com o grau de compactação e os respectivos parâmetros de
resistência ao cisalhamento) são apresentados pela Figura 2.26. O modelo de ajuste
(equação 2.40) pode ser dividido em duas partes representando a porção “linear” (em escala
logarítmica) e a porção não linear, respectivamente antes e depois do sinal “+”. As curvas
obtidas para o grau de compactação de 97% apresentaram-se “lineares” para as três razões de
tensões estudadas com elevados coeficientes de determinação R
2
. Para o grau de compactação
100% as curvas mostraram-se “lineares” para as razões de tensões de 0,21; 0,22 e 0,24 e
“exponenciais” para 0,39 e 0,45 com coeficiente de determinação R
2
de 0,94. Os modelos de
ajuste também são apresentados para o grau de compactação de 103%, porém os seus
resultados não são representativos do comportamento do material, apresentando coeficiente de
determinação r
2
de 0,65; bem inferior às demais, como se observa na Tabela 2.21.
GC = 97%
0.01
0.1
1
10
1000 10000 100000 1000000
Número de ciclos
Deformação permanente
(%)
Razão de tensões = 0,63
Razão de tensões = 0,58
Razão de tensões = 0,47
GC = 100%
0.01
0.1
1
10
1000 10000 100000 1000000
Número de ciclos
Deformação permanente
(%)
Razão de tensões = 0,45
Razão de tensões = 0,39
Razão de tensões = 0,24
Razão de tensões = 0,22
Razão de tensões = 0,21
GC = 103%
0.01
0.1
1
10
1000 10000 100000 1000000
Número de ciclos
Deformação permanente
(%)
Razão de tensões = 0,52
Razão de tensões = 0,45
Razão de tensões = 0,30
Figura 2.26
– Modelos de deformações permanentes adaptados de Niekerk
et al.
(2000)
Theyse (2000) realizou ensaios triaxiais para deformações permanentes com
características de carregamento diferentes das normalmente utilizadas. Foram utilizados 0,2 s
para a duração do carregamento e 0,2 s para o tempo de repouso, enquanto o período de carga
normalmente utilizado é de 0,1 s e o período de repouso depende da freqüência do
carregamento. Em cada corpo de prova foram aplicados 50.000 ciclos de carga. A avaliação
do comportamento dos materiais estudados seguiu um modelo tridimensional de deformações
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
88
permanentes em função do número de aplicações cíclicas de carga e do estado de tensões.
Essas variáveis mostraram maior influência no comportamento mecânico em relação a outras,
consideradas secundárias, como grau de compactação e grau de saturação. Para os níveis de
deformação definidos foi possível determinar-se modelos bidimensionais, mais convenientes
para projetos usuais de pavimentos. A partir dos resultados obtidos concluiu-se que os
parâmetros de resistência ao cisalhamento (estáticos) não são os únicos indicadores de
resistência a deformações permanentes sob carregamento repetido. Alguns materiais com alta
resistência ao cisalhamento (“
clinker ash
”) não apresentaram bom comportamento quanto às
deformações permanentes sob carregamento cíclico.
A representação dos resultados dos ensaios triaxiais de deformações permanentes
também pode ser feita utilizando-se a relação
σ
1
/
σ
3
, como feito por Werkmeister
et al.
(2001).
Nota-se que os parâmetros de resistência ao cisalhamento dos materiais não aparecem na
relação, dispensando, portanto, a execução de ensaios triaxiais convencionais. Os autores
utilizaram tensões confinantes de 70, 140, 210, e 280 kPa, relações
σ
1
/
σ
3
= 1,0 até 8,0. Os
autores concluíram que os 100 primeiros ciclos devem ser excluídos da análise, pois podem
corresponder a um acomodamento do cabeçote à superfície do corpo de prova.
Gidel
et al.
(2002) executaram ensaios triaxiais de deformações permanentes em 5
composições de agregados oriundos de uma rocha calcárea branda. Foram utilizados corpos
de prova com 160 mm de diâmetro e 320 mm de altura. O estudo foi desenvolvido em duas
etapas. A primeira etapa visou determinar o estado inicial dos materiais. Quatro características
foram selecionadas para caracterizar os corpos de prova, a saber: o tipo de material, teor de
finos, grau de compactação e teor de umidade. Para definir o estado inicial do corpo de prova
foram avaliados: peso específico aparente seco inicial, índice de vazios inicial, a deformação
permanente inicial (após 80 ciclos com p
max
= 300 kPa e q
max
= 600 kPa), o módulo de
resiliência inicial (após 80 ciclos com p
max
= 300 kPa e q
max
= 600 kPa) e o coeficiente de
anisotropia inicial (após 50 ciclos isotrópicos com p
max
= 100 kPa). Na segunda etapa do
estudo, investigou-se a evolução das deformações permanentes para os estados de tensões
aplicados. Os fatores de entrada para os modelos foram: material, módulo de resiliência
inicial, grau de compactação e a razão de tensões (q/p). Foram obtidos modelos de
deformações permanentes após 20.000 ciclos em função dos parâmetros descritos
normalizados (variando entre -1 e +1). Os autores salientam a utilização do módulo de
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
89
resiliência inicial ao modelo como a principal inovação na interpretação dos ensaios triaxiais
de deformações permanentes.
O trabalho de Arnold
et.al.
(2004) descreve os resultados obtidos em ensaios triaxiais
de deformações permanentes em dois agregados oriundos da Irlanda do Norte e quatro
agregados oriundos da África do Sul. O comportamento dos materiais foi classificado como
do tipo A, B ou C, segundo a teoria do Shakedown. Posteriormente foram obtidos limites
entre os comportamentos do tipo A, B e C no espaço q x p’. Também, foram analisadas, em
um programa de elementos finitos, diversas estruturas de pavimentos variando as espessuras
do revestimento e da camada granular. Cruzando os resultados obtidos, foi determinado que
camadas granulares sobrepostas por espessura de revestimento em torno de 200 mm
apresentam comportamento do tipo A, ou seja, estabilização das deformações permanentes.
Mas é importante frisar que isto depende da qualidade do material granular. Para pavimentos
com espessura de revestimento inferior a 25 mm e com revestimentos de espessura superior a
600 mm, a maior concentração de deformações permanentes ocorre na profundidade de 150
mm e não ocorrem deformações permanentes no subleito.
Uma proposta de avaliação do comportamento de camadas granulares de pavimentos
quanto às deformações permanentes é apresentada por El Abd
et al.
(2004). Inicialmente o
material avaliado foi submetido a ensaios triaxiais de deformações permanentes em diversos
níveis pressão de confinamento e tensão desvio. Em seguida, os resultados foram analisados
utilizando-se um modelo de previsão de deformações permanentes em função da tensão
cíclica máxima aplicada e do número de ciclos. Finalmente, um programa de elementos
finitos (CESAR-LCPC) foi utilizado para a determinação da distribuição de tensões em um
pavimento. As tensões calculadas em diferentes pontos do pavimento correspondem a
deformações permanentes obtidas segundo os modelos utilizados. Por fim, as deformações
foram integradas segundo a direção vertical com o objetivo de obter o deslocamento da
camada da estrutura. Para tanto, foram utilizados dois modelos: um modelo empírico e um
modelo elasto-plástico. Segundo a metodologia proposta, o modelo elasto-plástico leva a
deslocamentos inferiores aos do modelo empírico e indica maior estabilização das
deformações permanentes após 100.000 ciclos. Porém, os níveis de deformações permanentes
obtidos por ambos os modelos (entre 2 e 3,4 mm), mostraram-se adequados ao tipo de
pavimento analisado.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
90
A execução de ensaios triaxiais de deformações permanentes cobrindo todos os
possíveis estados de tensões de possível ocorrência em camadas granulares de pavimentos
pode ser muito demorada e demandar muitos ensaios. Sendo assim, Arnold e Dawson (2006)
propuseram a execução de ensaios de deformações permanentes em multiestágios com
aplicação de 50.000 ciclos de carga e mantendo a tensão principal média “p” constante. Os
estados de tensões mais severos são definidos de acordo com a envoltória de resistência ao
cisalhamento obtida em ensaios triaxiais de carregamento monotônico. Para cada material
foram executados três ensaios com tensão principal média de 75, 150 e 250 kPa. A partir dos
resultados obtidos foi calculado o quanto de deformação permanente ocorre entre 25.000 e
50.000 ciclos. Posteriormente estes valores foram extrapolados para 1.000.000 de ciclos e
apresentados em %/1M (porcentagem por milhão). Os resultados foram dispostos no eixo das
ordenadas de um gráfico com a tensão desvio (q) no eixo das abscissas. Foi observado que os
valores obtidos dentro de um mesmo “p” são bem ajustados por um modelo exponencial. A
partir do modelo obtido foram estimados afundamentos de trilha de roda e comparados com
os obtidos em ensaios em verdadeira grandeza. Os resultados foram satisfatórios para 11 das
17 estruturas estudadas. A estimativa dos afundamentos não foi bem sucedida quando o
revestimento era espesso (90 e 100 mm). Em Arnold
et al.
(2008) são apresentados, também,
resultados obtidos para misturas agregado-cimento com ensaios drenados e saturados não-
drenados
Além dos ensaios triaxiais de módulo de resiliência e de resistência ao cisalhamento,
Jeon
et al.
(2008) também realizaram ensaios triaxiais de deformações permanentes. Estes
ensaios foram realizados no estado de tensões com p = 200 kPa e q = 340 kPa, onde p é a
média das tensões principais e q é a tensão desvio. Os resultados mostraram que o material
reciclado estudado apresentou um comportamento muito próximo aos agregados comumente
utilizados na Califórnia.
2.2.3.4 A experiência brasileira
O Brasil também acumula alguma experiência em deformações permanentes de
agregados. A primeira pesquisa de que se têm notícias é a de Espinosa em 1987. Porém até
2001 não se teve mais notícia de pesquisas envolvendo deformações permanentes em
agregados, à exceção do trabalho de Motta (1991). De 2001 em diante houve uma retomada
de interesse neste tipo de análise e alguns aspectos das pesquisas desenvolvidas são
apresentados neste item.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
91
Espinosa (1987) realizou ensaios triaxiais de deformações permanentes em britas em
corpos de prova de 10 x 20 cm. Foram estudadas duas amostras de brita graduada, uma mais
graúda (Brita 1) com partículas de até 3/4” e outra mais miúda (Brita 2) com partículas de até
3/8”. Os resultados foram ajustados, segundo o modelo de Monismith
et al.
(1975),
apresentado pela equação (2.27) e, também, pelo modelo apresentado pela equação (2.41). Os
parâmetros de regressão e os estados de tensões dos ensaios são apresentados na Tabela 2.22.
As curvas de deformação permanente contra número de ciclos podem ser observadas na
Figura 2.27. Ambos os modelos ajustaram bem o comportamento dos materiais, com
coeficientes de correlação (R) superiores a 0,94. Porém o ensaio realizado na Brita 1, com
pressão de confinamento de 0,105 MPa e tensão desvio de 0,315 MPa, mostrou uma pequena
divergência entre os modelos. Neste caso o modelo da equação 2.41 apresentou melhor
correlação. O autor observou que a deformação permanente é fortemente dependente do
estado de tensões aplicado. A comparação de resultados de ensaios triaxiais de deformações
permanentes, obtidos os dois materiais, é possível para os ensaios realizados com o mesmo
estado de tensões. Neste caso (B 1b e B 2b) observou-se que a Brita 1 (mais graúda)
apresentou maiores deformações em relação à Brita 2 (mais miúda).
Tabela 2.22 –
Parâmetros dos modelos das equações 2.27 e 2.41 obtidos por Espinosa (1987)
Estados de tensões (MPa) Modelo de Monismith - equação (2.27)
Ensaio
σ
d
σ
3
A (10
-3
) B - r
B 1a M1 0,07 0,07 1,812 0,0383 - 0,983
B 1b M1 0,21 0,07 2,617 0,0333 - 0,951
Brita 1
B 1c M1 0,315 0,0105 4,66 0,0773 - 0,944
B 2b M1 0,21 0,07 1,963 0,0317 - 0,982
Brita 2
B 2d M1 0,084 0,021 3,08 0,0319 - 0,976
Estados de tensões (MPa) Modelo da equação (2.41)
Ensaio
σ
d
σ
3
A’ (10
-5
) B’
ε
p
(100)
r
B 1a M2 0,07 0,07 1,33 0,344 22x10
-4
0,998
B 1b M2 0,21 0,07 8,10 0,605 32x10
-4
0,993
Brita 1
B 1c M2 0,315 0,0105 2,555 0,017 69x10
-4
0,945
B 2b M2 0,21 0,07 6,89 0,378 23x10
-4
0,99
Brita 2
B 2d M2 0,084 0,021 1,83 0,343 36x10
-4
0,995
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
92
Brita 1
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
0 20000 40000 60000 80000 100000
Número de ciclos
Deformação Permanente
(%)
B 1a M1 B 1a M2
B 1b M1 B 1b M2
B 1c M1
B 1c M2
Brita 2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
0 20000 40000 60000 80000 100000
Número de ciclos
Deformação Permanente
(%)
B 2b M1 B 2b M2
B 2d M1 B 2d M2
Comparação entre B1 e B2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000
Número de ciclos
Deformação Permanente
(%)
B 1b M1 B 2b M1
B 1b M2 B 2b M2
Figura 2.27 –
Modelos de deformações permanentes adaptados de Espinosa (1987)
B
pp
a
NA
)100(
)100(
+=
εε
(2.41)
Onde:
ε
a
p
é a deformação axial permanente
ε
(100)
p
é a deformação axial permanente para 100 aplicações de carga
Ν
é o número de aplicações cíclicas de carga
A e B são os parâmetros do modelo
Foram executados por Motta (1991) ensaios de deformações permanentes em um solo
laterítico pedregulhoso. Ainda que possuísse partículas de diâmetro elevado (< 1”) este solo
apresentou comportamento tipicamente coesivo nos ensaios de módulo de resiliência. Os
resultados de deformações permanentes foram ajustados pelo modelo de Monismith
et al.
(1975), conforme a equação (2.27), obtendo coeficientes de determinação superiores a
0,92. Os resultados são apresentados na Figura 2.28, segundo os estados de tensões (
σ
d
x
σ
3
)
utilizados nos ensaios. A autora optou por excluir da análise os 100 primeiros ciclos de carga
e apresentar os resultados em escala logarítmica nas abscissas e nas ordenadas.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
93
0.1
1
10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de ciclos
Deformação permanente (%)
105 x 315 kPa
70 x 210 kPa
70 x 70 kPa
Figura 2.28 –
Modelos de deformações permanentes adaptados de Motta (1991)
No Brasil, o trabalho desenvolvido por Guimarães (2001) avaliou a evolução das
deformações permanentes e, paralelamente, a variação do módulo de resiliência com o
número de ciclos de carga. Foram estudados dois materiais: uma argila amarela oriunda de um
talude de corte da rodovia BR 040/RJ, km 11 (utilizada como camada final de terraplenagem
da pista experimental circular do IPR/DNER) e um agregado laterítico proveniente da cidade
de Brasília. O autor verificou a possível ocorrência de
Shakedown
(acomodamento das
deformações permanentes) para veis de tensões confinantes entre 70 e 200 kPa e tensões
desvio cíclicas também entre 70 e 200 kPa, aplicados a uma freqüência de 2 Hz. Para os
ensaios, foram utilizados corpos de prova de 10 x 20 cm. Os resultados dos ensaios de
deformações permanentes foram dispostos em um diagrama de tensões principais onde foi
possível determinar uma envoltória abaixo da qual o material alcança o
Shakedown
.
Posteriormente, Guimarães
et al.
(2004) propuseram um ajuste dos resultados experimentais
segundo um modelo combinado: parte potencial e parte linear, apresentado pelas equações
(2.30) e (2.31). Posteriormente, análise semelhante foi realizada em um terceiro material
proveniente do estado do Acre, conforme descrito por Guimarães e Motta (2008).
Dias (2004) realizou uma breve avaliação sobre deformações permanentes nos
agregados reciclados de telhas descritos no item anterior. Foram realizados 3 ensaios no
agregado reciclado sem adições e 2 adicionando-se solo local ao agregado. Foram utilizados
três estados de tensões (
σ
3
x
σ
d
): 100 x 200, 100 x 300 e 150 x 500 kPa. Os materiais
apresentaram acomodamento para o nível de tensões mais baixo, porém foi observada uma
tendência ao colapso para os estados de tensões mais elevados. A sensível melhora no módulo
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
94
de resiliência, provocada pela adição de solo local ao agregado, apresentou-se mais
discretamente no caso das deformações permanentes.
Ensaios triaxiais de carregamento repetido para deformações permanentes em
agregados reciclados da construção e demolição foram realizados por Fernandes (2004). Os
agregados estudados foram oriundos da cidade do Rio de Janeiro. Diversas composições
foram estudadas caracterizando-se o seu módulo de resiliência. Para os ensaios de
deformações permanentes foram escolhidas as amostras de melhor e pior desempenho nos
ensaios de módulo de resiliência. Os resultados obtidos não superaram a deformação axial de
1% para o estado de tensões
σ
3
= 105 kPa e
σ
d
= 315 kPa, ainda que o modelo de ajuste para o
ensaio DMSIRJ01 apresente valores ligeiramente acima. Tal estado de tensões foi escolhido
por ser o de maior magnitude na fase de condicionamento do ensaio de módulo de resiliência,
produzindo as maiores deformações permanentes e por ser compatível com estados de tensões
típicos de camadas de base. Foram realizados 3 ensaios para cada material permitindo um
avaliação da repetibilidade do ensaio. Os resultados obtidos foram ajustados pelo modelo de
Monismith
et al.
(1975), conforme a equação (2.27), e são apresentados pela Figura 2.29.
Deve-se observar que a curva DMIMRJ01 (linha mais fina) foi extrapolada a partir de N =
1000. A repetibilidade do ensaio foi suficiente para diferenciar os dois materiais quanto à
resistência a deformações permanentes. O material de menor módulo de resiliência (DMSIRJ)
apresentou maiores deformações permanentes.
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000
Número de cíclos
Deformação Permanente (%)
DMSIRJ01 DMSIRJ02 DMSIRJ03
DMIMRJ01 DMIMRJ02 DMIMRJ04
Figura 2.29 –
Modelos de deformações permanentes adaptados de Fernandes (2004)
Ensaios triaxiais de deformações permanentes em multiestágios de carga foram
realizados por Malysz (2004). Os materiais ensaiados foram os mesmos apresentados no
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
95
item 2.2.2, ou seja, as britas GUm e GG1, além da brita GU2 estudada por Casagrande
(2003). Alguns resultados divergentes dos módulos de resiliência foram obtidos. A brita GU2
(uniforme com diâmetro máximo de partícula de 1”) que apresentou excelentes módulos de
resiliência não teve o mesmo desempenho quanto às deformações permanentes, tendo
alcançado o colapso (ruptura) para o estado de tensões em que a relação
σ
1
/
σ
1,f
foi igual a 0,8
(80% da tensão desvio de ruptura em carregamento monotônico com pressão de confinamento
21 kPa). Comportamento inverso foi observado para a brita GUm (uniforme com diâmetro
máximo de ½”). O material apresentou módulos de resiliência extremamente baixos,
igualando-se ao limite inferior da Figura 2.12, porém as deformações permanentes não foram
tão elevadas quanto as deformações permanentes da brita GU2 e o colapso não foi alcançado
para os estados de tensões utilizados. Os ensaios realizados na brita GG1 (bem graduada com
tamanho máximo de partícula de 1”), com grau de compactação (GC) de 100%, apresentaram
deformações permanentes relativamente baixas, visto que os estados de tensões aplicados
foram os mais severos do programa experimental. Quando o grau de compactação foi de 90%
os resultados se assemelharam com os da brita GU2, porém não alcançando o colapso. Os
resultados obtidos são apresentados na Figura 2.30.
GUm
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
0 100000 200000 300000 400000 500000
Número de Ciclos
ε
p
(%)
42 kPa (20%)
85 kPa (40%)
127 kPa (60%)
170 kPa (80%)
212 kPa (100%)
GU2
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
0 100000 200000 300000 400000 500000
Número de Ciclos
ε
p
(%)
48 kPa (20%)
96 kPa (40%)
144 kPa (60%)
191 kPa (80%)
GG1 (GC = 90%)
0
2
4
6
8
10
12
14
0 200000 400000 600000 800000
Número de ciclos
ε
p
(%)
43 kPa (20%)
87 kPa (40%)
130 kPa (60%)
174 kPa (80%)
217 kPa (100%)
GG1 (GC = 100%)
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
0 100000 200000 300000 400000 500000
Número de ciclos
ε
p
(%)
66 kPa (10%)
132 kPa (20%)
197 kPa (30%)
263 kPa (40%)
329 kPa (50%)
Figura 2.30 –
Resultados dos ensaios triaxiais de deformações permanentes (adaptado de Malysz,
2004)
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
96
Todos os ensaios apresentados na Figura 2.30 foram realizados com pressão de
confinamento de 21 kPa. As legendas mostram a tensão desvio utilizada e, entre parênteses, a
relação
σ
1
/
σ
1,f
. Observa-se que a escala das ordenadas para a brita GU2 (GC = 90%) é bem
maior que as demais e, ainda que não tenha atingido o colapso como a brita GU2, as
deformações permanentes foram muito elevadas a partir de
σ
d
= 174 kPa (80%). Também foi
observado que as deformações permanentes obtidas para a brita GUm foram inferiores às da
GG1 (GC = 100%), porém as tensões desvio aplicadas foram maiores no caso da brita GG1
(GC = 100%). A partir destes resultados foi concluído que a relação
σ
1
/
σ
1,f
dificulta as
comparações entre os materiais e que a interpretação dos resultados deve ser realizada em
função do seu estado de tensões absoluto.
Ainda no trabalho de Malysz (2004), foi proposto um método de análise conjunta de
resistência ao cisalhamento e de deformabilidade, que permitisse uma avaliação do
comportamento quanto às deformações permanentes de camadas granulares de pavimentos a
partir de ensaios triaxiais convencionais e de carregamento repetido. O procedimento inicia
com a extrapolação dos resultados dos ensaios triaxiais de deformações permanentes para
números de ciclos mais próximos à vida de serviço que se espera para o pavimento. Os
resultados são apresentados em gráficos
ε
p
x
σ
d
com o número de ciclos. Definindo-se um
critério de ruptura, a tensão desvio, para a qual o critério é atingido, é obtida a partir dos
resultados de ensaios triaxiais de deformações permanentes. Esta tensão é utilizada para obter
a deformação vertical (nos resultados dos ensaios triaxiais convencionais) que corresponde a
esta tensão desvio na tensão confinante avaliada. Portanto, esta é a tensão que relaciona
deformações nos ensaios estáticos e dinâmicos. A partir desta deformação é possível
determinar tensões desvio para outras pressões de confinamento na curvas de tensão desvio
versus deformação axial e, por conseqüência, as envoltórias de resistência ao cisalhamento
mobilizada para os números de ciclos avaliados. O comportamento esperado para a camada
granular segue o estabelecido esquematicamente na Figura 2.31. Se as tensões atuantes na
camada granular do pavimento situarem-se acima da envoltória de ruptura, a camada rompe
por cisalhamento. No caso de se situarem entre a envoltória de ruptura e a envoltória de
resistência ao cisalhamento mobilizada, ocorre ruptura por acúmulo excessivo de deformações
permanentes. A estrutura encontra-se em situação estável quando as tensões atuantes situam-
se abaixo da envoltória de resistência ao cisalhamento mobilizada para o número de ciclos
previsto.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
97
0
45
0 120
σ
σσ
σ
τ
τ
τ
τ
Ruptura por Deformações
Permanentes
Ruptura por
Cisalhamento
Pavimento não
Rompe
Envoltória de ruptura
Envoltória de
Resistência Mobilizada
Figura 2.31 –
Representação esquemática dos possíveis comportamentos de camadas granulares sob
cargas repetidas
Uma série de avaliações, relacionadas a deformações permanentes em agregados
reciclados de resíduos sólidos da construção civil, foram realizadas por Leite (2007). Foram
realizados ensaios de deformações permanentes nestes agregados visando observar o efeito da
energia de compactação, o efeito do estado de tensões e comparar os resultados destes ensaios
com os resultados de outros similares, realizados com um agregado britado convencional de
mesma granulometria. Com relação à energia de compactação foi observada uma ligeira
diferença de comportamento entre corpos de prova compactados na energia intermediária e na
energia modificada. O material compactado na energia modificada apresentou maior
tendência ao acomodamento. A verificação do efeito do estado de tensões foi feita a partir das
relações
σ
d
/
σ
3
= 2; 4; 6 e 6,7. Foi observado que, quanto maior esta relação, maiores são as
deformações permanentes correspondentes. Observa-se neste caso que o nível absoluto de
tensões não foi considerado na análise destes resultados e idênticas relações
σ
d
/
σ
3
em
diferentes magnitudes de tensões podem levar a conclusões bem diferentes. Na comparação
com o agregado britado convencional foram observadas deformações permanentes muito
inferiores para o agregado reciclado. Este comportamento foi atribuído à maior intercepto
coesivo no agregado reciclado, o que diminui a susceptibilidade a deformações permanentes
em tensões de confinamento menores. Os modelos potenciais de ajuste obtidos podem ser
observados na Figura 2.32, onde os materiais são identificados como agregado reciclado (AR)
ou brita graduada (BG), segundo a energia de compactação intermediária (I) ou modificada
(M) e a relação
σ
d
/
σ
3
(2; 4; 6 ou 6,7) em que foi realizado o ensaio.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
98
0
1
2
3
4
5
6
7
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000
Número de cíclos
Deformação Permanente (%)
AR I 6
AR M 2
AR M 4
AR M 6
AR M 6.7
BG M 2
Figura 2.32 –
Modelos de deformações permanentes obtidos por Leite (2007)
2.2.3.5 Considerações finais
As deformações permanentes não permitem a definição de envoltórias como feito para
os módulos de resiliência (item 2.2.1.4) ou para a resistência ao cisalhamento (item 2.2.2.4).
Os resultados assumem magnitudes que vão de quase nula até o colapso completo do corpo de
prova. Foi verificada a utilização de diversos modelos de ajuste, sendo que o mais utilizado
foi o de Monismith
et al.
(1975). A proposta de Guimarães
et al.
(2004) para utilização
conjunta deste modelo com o modelo linear ampliou a faixa de utilização, permitindo ajustar
melhor os resultados de ensaios realizados com elevadas deformações e elevados números de
ciclos. A teoria do
Shakedown
tem se mostrado uma importante ferramenta na análise das
deformações permanentes. A experiência internacional na questão das deformações
permanentes é bem sólida e continua sendo muito pesquisada. No Brasil, o interesse na
pesquisa e avaliação das deformações permanentes vem aumentando, acumulando
expressiva experiência.
2.3 Equipamentos Triaxiais
A concepção do equipamento triaxial de grande porte desenvolvido nesta tese foi
baseada em informações encontradas na literatura. Várias características de equipamentos de
diversas localidades foram citadas nos itens anteriores. Esta seção apresenta trabalhos que
descrevem em detalhes alguns equipamentos triaxiais construídos no Brasil e no exterior com
características semelhantes às do desenvolvido nesta pesquisa.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
99
Um equipamento triaxial com controle automático de trajetória de tensões foi
desenvolvido no Laboratório de Mecânica dos Solos (LMS) da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), sendo descrito detalhadamente por Martins (1994) e posteriormente
por Martins
et al.
(1996). O equipamento foi construído com o objetivo de estudar o
comportamento de solos tropicais cimentados. A instrumentação foi composta por sensores de
Efeito Hall para a medição local de deformações axiais e radiais e por uma célula de carga
interior à câmara triaxial para medição da tensão desvio. A pressão confinante e a tensão
desvio foram controladas por servo-mecanismos e a contra-pressão, necessária para a
saturação do corpo de prova, foi gerada por um sistema de pressão constante baseado em
potes de mercúrio. A redução da rotação do motor elétrico utilizado até o atuador hidráulico
foi realizada por um sistema de polias com redução de 1:4 e uma caixa de engrenagens de
redução 1:50, resultando em redução total de 1:200, o que permitiu incrementos de pressão
inferiores a 1 kPa. Foram realizados ensaios com deformação radial nula em solo residual de
arenito Botucatu, verificando-se por fim a aplicabilidade do equipamento para o estudo do
comportamento mecânico de solos tropicais cimentados.
Foi construído por Ferreira (1998) um equipamento triaxial automatizado com o
objetivo de estudar o comportamento mecânico de solos estruturados. Para tanto foi
necessária a adoção de algumas características especiais como: (i) medição local de
deformações e (ii) controle automático das trajetórias de tensões. Assim, o equipamento
construído contou com sensores de medição local de efeito Hall e um sistema de válvulas
proporcionais para o controle das tensões aplicadas. O material escolhido para o estudo foi um
solo residual de arenito Botucatu oriundo de uma jazida localizada na rodovia RS 239. Foram
determinadas envoltórias de resistência ao cisalhamento para valores de pico e para
deformações axiais maiores que 10%, bem como, o efeito da cimentação na superfície de
plastificação e no módulo de Young. Dando seqüência à sua pesquisa, Ferreira (2002-b)
utilizou o equipamento supracitado em conjunto com análises de microscopia e
difratogrametria de raios-X no estudo do comportamento mecânico do mesmo solo residual.
Lekarp e Isacson (2000) relataram o desenvolvimento de um equipamento triaxial com
capacidade para aplicação de tensão desvio e tensão confinante, ambas cíclicas, em corpos de
prova de diâmetro 500 mm e altura 1000 mm. Tais dimensões permitem ensaiar agregados
com tamanho máximo de partícula de até 100 mm. A instrumentação do equipamento é
composta por: 3 transdutores de deslocamentos do tipo LVDT para a medição de deformações
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
100
verticais, 1 transdutor de deslocamentos do tipo LVDT acoplado a um sistema de fixação para
a medição de deformações radiais, uma célula de carga para a medição de cargas verticais e
um transdutor de pressão para medição de pressão de confinamento. A carga vertical é
aplicada por um atuador hidráulico com capacidade para 250 kN (correspondendo a uma
tensão desvio de 1270 kPa para um corpo de prova de 500 mm de diâmetro) e freqüência de
até 10 Hz. A pressão confinante é aplicada através de óleo de silicone com auxílio de um
atuador hidráulico servo-controlado com capacidade para 50 kN. Operando em conjunto com
um cilindro de pressão com 320 mm de diâmetro, o sistema é capaz de aplicar pressões
confinantes cíclicas de 620 kPa com uma freqüência de 2 a 3 Hz. Foram realizados ensaios
em 4 tipos de agregados: brita de granito, brita de calcário, mistura areia-cascalho naturais e
concreto reciclado (britado). Obtiveram-se valores de módulo de resiliência, de coeficiente de
Poisson e de resistência a deformações permanentes para os diversos materiais.
Um equipamento triaxial foi desenvolvido por Skoglund
et al.
(2000), com capacidade
para acomodar corpos de prova de diâmetro 300 mm e altura 600 mm. O equipamento é capaz
de aplicar tensões desvio e pressões confinantes cíclicas. O agregado utilizado na pesquisa foi
uma brita de basalto, normalmente utilizada como lastro de ferrovias, com mais de 10% de
material com dimensões entre 63 e 73 mm. No equipamento desenvolvido, as tensões desvio e
as pressões confinantes são aplicadas por atuadores hidráulicos que transmitem as cargas para
as hastes da câmara triaxial, as quais, portanto, devem ser dimensionadas para estes esforços.
A pressão confinante cíclica é aplicada com auxílio de um cilindro pneumático de membrana,
utilizando água destilada como fluido. Os corpos de prova são compactados por um
compactador vibratório de placa. Os ensaios são instrumentados com 8 transdutores de
deslocamento do tipo LVDT, sendo 4 para medir deformações verticais e 4 para medir
deformações radiais, além de uma célula de carga para medir a tensão desvio. Os LVDTs são
sustentados por braceletes metálicos que, por sua vez, são fixados diretamente no agregado
graúdo (perfurando-se a membrana) com resina epoxi. A aquisição de dados é realizada por
sistemas de aquisição de dados de marca HBM, modelo
Spider 8
, o mesmo utilizado nesta
pesquisa, conforme será reportado no Capítulo 3.
Equipamento semelhante foi desenvolvido na República Sul Africana e apresentado no
trabalho de Glatz e Jenkins (2007). O equipamento comporta corpos de prova de 300 mm de
diâmetro e 600 mm de altura. Uma serie de materiais granulares foram selecionados para
fazer parte do programa experimental, que na data da publicação não havia sido finalizado. Os
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
101
autores utilizaram uma mesa vibratória para a compactação dos corpos de prova, porém não
conseguiram atingir os 105% do peso específico aparente seco máximo obtido no ensaio de
Proctor com a energia normal, conforme requerido pelo programa experimental proposto. As
tensões desvio são aplicadas por um atuador hidráulico com capacidade para até 500 kN e
freqüência de até 5 Hz. As pressões de confinamento atingiram até 500 kPa quando foi
utilizada água como fluido de confinamento e 350 kPa quando foi utilizado ar. Optou-se por
utilizar água pela baixa compressibilidade e pida resposta quando da aplicação de
confinamento cíclico. Foi utilizada uma válvula de alívio de segurança para pressão de 600
kPa, caso fossem aplicadas pressões de confinamento acima da capacidade da câmara triaxial.
A instrumentação foi composta por LVDTs submersíveis nas direções vertical e radial, uma
célula de carga e transdutores de pressão.
Bernardes (2008) desenvolveu um equipamento
hollow cylinder torsional
. O
equipamento tem os mesmos princípios básicos dos equipamentos triaxiais, porém permite a
avaliação da rotação das tensões principais a partir da aplicação de torque ao corpo de prova.
O equipamento utiliza um corpo de prova cilíndrico vazado com 10 cm de diâmetro externo, 6
cm de diâmetro interno e 20 cm de altura. São aplicadas pressões de ar comprimido
internamente e externamente ao corpo de prova. Assim, os carregamentos aplicados são:
tensão vertical, tensão interna, tensão externa e torque. Neste caso a interpretação mais
adequada deixa de ser a partir dos eixos cartesianos e passa a ser segundo coordenadas
polares, onde são definidas as tensões: vertical, radial, circunferencial e tangencial (de
cisalhamento). Esta configuração permite a execução de ensaios diferenciando a tensão
principal intermediária da tensão principal menor (
σ
2
>
σ
3
). A instrumentação é composta por
três transmissores de pressão, três células de carga e dois transdutores de deslocamento. Os
transmissores de pressão medem: (i) a pressões interna e externa ao corpo de prova (iguais),
(ii) a pressão que aciona o cilindro pneumático para aplicação das tensões verticais e (iii) a
pressão que aciona os cilindros pneumáticos para aplicação do torque. Uma célula de carga é
utilizada para a medição das tensões verticais e outras duas para a medição do torque (uma
para cada direção). Os transdutores de deslocamento são utilizados para a obtenção das
deformações vertical e de giro. A aquisição de dados é realizada por um sistema da marca
HBM modelo
Spider 8
e gerenciado pelo programa
Catman 4.5
. O sistema é mesmo sistema
utilizado nesta tese, conforme será descrito no Capítulo 3. Foram realizados ensaios em um
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
102
solo residual de arenito Botucatu, verificando-se a forte influência da rotação das tensões
principais nas deformações permanentes.
2.4 Análise Mecanística
A análise dos resultados de ensaios realizados nos materiais de pavimentação, por si
só, não fornece informações suficientes para avaliar o desempenho de um pavimento. Os
materiais apresentam comportamentos diversos dependendo do estado de tensões a que estão
submetidos. Então, para uma avaliação mais completa, os estados de tensões atuantes nas
camadas de pavimentos são determinados por um procedimento conhecido como análise
mecanística. Estão disponíveis no mercado diversos programas para este fim e, neste item, são
apresentados alguns trabalhos com aplicações de alguns deles.
Para uma análise mais completa do comportamento de pavimentos, Franco (2000)
reuniu diversos modelos de previsão em um sistema computacional que permite ao usuário
analisar o desempenho de pavimentos mecanisticamente. Para o caso de camadas granulares,
o modelo para previsão de deformações permanentes escolhido foi o de Tseng e Lytton. O
sistema também incorporou modelos de comportamento relativos a revestimentos, solos
estabilizados e solos de subleito. Foram realizadas análises da influência de diversos
parâmetros relativos aos materiais, carregamento, clima e tráfego nos resultados obtidos.
O dimensionamento de pavimentos flexíveis pode ser feito a partir dos resultados de
ensaios triaxiais convencionais e de deformações permanentes sob cargas repetidas conforme
proposto por Arnold
et al.
(2003). Os autores ensaiaram corpos de prova em carregamento
monotônico e determinaram as envoltórias de ruptura de dois agregados provenientes da
Irlanda do Norte, sendo um agregado intemperizado e de qualidade inferior e outro de boa
qualidade, tomado como referência. Os ensaios triaxiais de carregamento repetido foram
executados a valores de p = 1/3 [
σ
1
+ (2
σ
3
)] de 75, 150 e 250 kPa e valores de q = (
σ
1
σ
3
)
variando para cada valor de p, de forma que, quando a tensão vertical era aumentada, a
pressão confinante diminuía para que o valor de p permanecesse constante. O método de
dimensionamento proposto baseia-se no fato de que, se o estado de tensões atuante estiver
abaixo da envoltória de ruptura, ocorrerão apenas deformações de baixa magnitude. Por outro
lado, se as tensões forem muito severas, ocorrerão deformações mais acentuadas ou ruptura
por cisalhamento. As tensões atuantes foram obtidas com a utilização do programa CIRCLY
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
103
de análise elástica-linear. No procedimento proposto foi utilizada uma tensão residual de
compactação de 30 kPa na direção horizontal; caso contrário a análise levaria a espessuras
irreais.
Um estudo comparativo entre sistemas de cálculo de tensões e deformações foi
realizado por Darous (2003), com o objetivo de avaliar os resultados de alguns programas de
verificação mecanística de estruturas de pavimentos desenvolvidas no Brasil e no exterior.
Foram estudados os programas de análise elástica-linear: ELSYM5, KENLAYER e JULEA e
de análise elástica- não linear: KENLAYER e FEPAVE2. O autor observou que, na grande
maioria das estruturas convencionais, compostas de revestimento, base granular e subleito de
solo tropical, os módulos de resiliência da base são muito menores do que os do subleito,
quando se utiliza análise elástica-não linear. Os resultados obtidos com o programa ELSYM5
demonstraram maior proximidade com os resultados de análises elásticas-não lineares do
programa FEPAVE2 do que com os resultados do programa KENLAYER. O sistema
ELSYM5 demonstrou maior consistência em termos de comportamento tensão-deformação
do que o sistema KENLAYER.
No trabalho de Malysz (2004) foram calculadas as tensões atuantes no plano médio de
camadas granulares de pavimentos flexíveis de seções típicas, utilizando-se o programa
ELSYM5. Foram analisadas estruturas denominadas: Estrutura Delgada (ED), Estrutura
Média (EM) e Estrutura Espessa (EE), compostas por revestimento asfáltico, base granular e
subleito argiloso. Os resultados obtidos para os materiais estudados foram apresentados
comparativamente às envoltórias de resistência mobilizadas, conforme apresentado no item
2.2.3.4. O comportamento obtido para uma brita graduada bem compactada é apresentado
pela Figura 2.33. Observa-se que os estados de tensões obtidos para as estruturas espessa e
média não ultrapassam as envoltórias e os resultados para a estrutura delgada ultrapassam
apenas a envoltória de resistência ao cisalhamento mobilizada para 5 x 10
6
ciclos de carga. A
mesma brita com deficiência na compactação e outra de mesmo tamanho máximo de
partícula, porém uniformemente graduada, apresentaram ruptura por cisalhamento em todas
as análises realizadas. Uma quarta brita uniforme mais miúda apresentou-se estável em
estruturas espessas e médias, porém apresentou ruptura por cisalhamento para a estrutura
delgada.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
104
0
50
100
150
200
250
0 50 100 150
Tensão Normal (kPa)
Tensão de cisalhamento (kPa)
ED
EM
EE
Env. ruptura
2.000.000
5.000.000
Figura 2.33
– Tensões de cisalhamento, envoltórias de ruptura e de resistência ao cisalhamento
mobilizada para a brita GG1 (GC = 100%)
Uma análise de sensibilidade da resposta de camadas granulares de pavimentos a partir
do guia de projeto da AASHTO (2002) foi realizada por Masad e Little (2004). Trata-se de
uma análise um pouco mais apurada, considerando o efeito de diversos parâmetros no
desempenho dos pavimentos. Neste estudo foram comparadas deflexões de pavimentos
medidas em campo com as previstas com modelos que consideram a anisotropia dos
materiais. Os melhores resultados foram obtidos com o módulo de resiliência horizontal sendo
cerca de 30% do vertical. Também foram realizadas análises quanto a deformações
permanentes e vida de fadiga. As análises considerando materiais anisotrópicos levaram a
deformações permanentes maiores para base e revestimento em relação àquelas considerando
materiais isotrópicos. Por outro lado, a vida de fadiga calculada para os pavimentos analisados
foi maior utilizando-se propriedades anisotrópicas não-lineares. Por fim, a análise de
sensibilidade mostrou que a rigidez e a espessura da base granular têm influência significativa
na irregularidade e no trincamento longitudinal. A influência das propriedades da base
granular no trincamento por fadiga é cerca da metade daquela exercida sobre o trincamento
longitudinal e apresenta pouca influência nas deformações permanentes.
O trabalho de Peraça (2007) apresentou análises mecanísticas com a utilização do
programa
Everstress 5.0
desenvolvido pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado
de Washington (EUA). O programa realiza análises elásticas e não-lineares em estruturas
formadas por até cinco camadas e solicitadas por até 10 rodas. O autor avaliou quatro
estruturas com o objetivo de avaliar o desempenho de solos saprolíticos de rochas vulcânicas
da região central do Rio Grande do Sul. Foram avaliadas as possibilidades de utilização dos
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
105
referidos materiais como sub-base, base ou revestimento primário. No caso da análise como
material de base foram considerados revestimentos do tipo tratamento superficial e pré-
misturado a quente. Na avaliação como material de sub-base, a base foi considerada de brita
graduada e o revestimento em concreto asfáltico. Com os estados de tensões calculados,
foram feitas análises de fadiga para os revestimentos asfálticos, de resistência ao cisalhamento
para os materiais granulares e deformações permanentes excessivas no subleito, segundo
modelos propostos pelo método de dimensionamento de pavimentos flexíveis da República
Sul Africana. Os resultados demonstraram a elevada influência do grau de compactação e do
teor de umidade no desempenho das estruturas avaliadas.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
106
3 CONCEPÇÃO DO EQUIPAMENTO TRIAXIAL DE GRANDE PORTE E
DESCRIÇÃO DOS DEMAIS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
Este capítulo destina-se à descrição e detalhamento da concepção do equipamento
triaxial de grande porte desenvolvido nesta tese. O equipamento construído tem capacidade
para a realização de ensaios estáticos de resistência ao cisalhamento, bem como ensaios de
módulo de resiliência e deformações permanentes sob carregamento repetido em agregados.
São abordados aspectos relativos ao pórtico de reação para aplicação das cargas, à câmara
triaxial, aos sistemas de aplicação de cargas, à instrumentação e ao sistema de aquisição de
dados.
Até então, os ensaios triaxiais em agregados eram realizados, no Laboratório de
Pavimentação (LAPAV) e no Laboratório de Geotecnologia (LAGEO) da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em equipamentos com capacidade para corpos de
prova cilíndricos de 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura (10 x 20 cm). Como os corpos de
prova com estas dimensões não são adequados à avaliação de agregados graúdos, estes
equipamentos serão aqui denominados de triaxiais para solos. Os ensaios desta tese foram
realizados nos dois equipamentos com o objetivo de comparar os resultados obtidos
verificando assim a influência do tamanho do corpo de prova. Sendo assim, cabe também uma
descrição simplificada destes equipamentos no final deste capítulo.
3.1 Concepção do Equipamento Triaxial de Grande Porte
A utilização de ensaios triaxiais para a avaliação do comportamento mecânico de
agregados requer um cuidado especial no que se refere às dimensões do corpo de prova.
Agregados graúdos podem influenciar os resultados dos ensaios, necessitando de corpos de
prova de grandes dimensões para que os resultados sejam confiáveis.
Lekarp e Isacsson (2001), afirmam que, para que os ensaios triaxiais sejam representativos, o
diâmetro do corpo de prova deve ser pelo menos cinco vezes maior que o máximo tamanho de
partícula. Já Theyse (2000) afirma que, se a razão entre o diâmetro do corpo de prova e o
máximo tamanho de agregado for menor do que 4, a resistência ao cisalhamento do material
será superestimada. De forma geral é aceito que a relação entre o diâmetro do corpo de prova
e o máximo tamanho de partícula deve estar entre 4 e 5. Como não há consenso sobre qual é a
razão limite, utiliza-se 5 como referência. A relação entre a altura e o diâmetro do corpo de
prova igual a 2 é consensualmente aceita. Este foi o fato que motivou a construção do
equipamento triaxial de grande porte, desenvolvido nesta tese.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
107
O equipamento triaxial de grande porte construído comporta corpos de prova
cilíndricos de 25 cm de diâmetro por 50 cm de altura (25 x 50 cm). Uma câmara triaxial
construída em acrílico, alumínio e aço inox permite a aplicação do estado de tensões triaxial.
Um pórtico de reação construído em alumínio e aço suporta os dispositivos de aplicação de
carga. As cargas estáticas são aplicadas por um sistema composto de motor elétrico e macaco
mecânico funcionando sincronizados por um sistema de polias e correias que propiciam a
redução de rotação necessária à aplicação do torque requerido na velocidade desejada. Um
cilindro pneumático associado a uma válvula solenóide é responsável pela aplicação dos
carregamentos dinâmicos. Um sistema de controle e aquisição de dados comanda as
operações de aplicação de cargas, segundo as necessidades de cada ensaio, e realiza as leituras
da instrumentação.
Para a execução do equipamento, foi avaliada a possibilidade de utilização dos
seguintes materiais: Aço AISI 1020, Aço AISI 1045 , Aço AISI 304 (aço inoxidável), Liga de
alumínio AA 5052, Liga de alumínio AA 5086, acrílico e fibra de vidro, cujas propriedades
são apresentadas na Tabela 3.1. As propriedades das ligas de alumínio foram obtidas de
ABAL (2001), enquanto as propriedades dos aços de ASM (1991). Observa-se que as ligas de
alumínios avaliadas são de alta resistência e popularmente conhecidos como “alumínio
naval”. As propriedades do acrílico e da fibra de vidro foram obtidas de Ashby e Jones (1996)
e Ashby e Jones (1998), bem como da matriz epóxi e da matriz poliéster, que a fibra de
vidro é utilizada como material compósito. Observa-se na Tabela 3.1 os elevados valores de
resistência da fibra, porém o material compósito fibra-matriz possui propriedades inferiores às
da fibra pura, conforme apresentado na Tabela 3.2.
Tabela 3.1
– Propriedades dos materiais utilizados na construção do pórtico de reação
Material Tensão de
Escoamento
(MPa)
Tensão de
Ruptura
(MPa)
Módulo de
Young
(GPa)
Peso Específico
(kgf/m
3
)
Aço AISI 1020 205 380 200 7.900
Aço AISI 1045 310 565 200 7.900
Aço AISI 304 415 620 7.900
Alumínio AA 5052 160 215 70 2.700
Alumínio AA 5086 195 275 70 2.700
Acrílico 10,6 – 48 69 1.6 – 3.4
Fibra de Vidro - 1400 - 2500 76 2.56
Matriz Epóxi 30 - 100 30 –
120
2,1 – 5,5 1,2 – 1,4
Matriz Poliester - 45 - 85 1,3 – 4,4 1,1 – 1,4
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
108
Tabela 3.2
– Propriedades do material compósito à base de fibra de vidro
Matriz Tensão de
Escoamento
(MPa)
Tensão de
Ruptura
(MPa)
Módulo de
Young
(GPa)
Peso Específico
(kgf/m
3
)
Epóxi - - 35 - 45 -
Poliéster 1240 100 - 300 7 - 48 2,0
São apresentadas no Anexo A as pranchas com os desenhos detalhados das peças do
equipamento construído. As referidas pranchas foram divididas da seguinte forma: 1 – Pórtico
de Reação, 2 Câmara Triaxial, 3 Cilindro Pneumático, 4 Detalhes e Verificações, 5
Molde e 6 – Proteção das Polias.
3.1.1 Pórtico de Reação
O equipamento é sustentado por uma estrutura metálica, que tem a função de fornecer
a reação necessária à aplicação das cargas, além de sustentar os diversos dispositivos
elétricos, mecânicos e pneumáticos. A estrutura é formada pelas seguintes peças:
Vigas de sustentação
Placas Laterais
Vigas inferiores
Placa superior
Extensões das Hastes
Porcas de rosca M90
Porcas de rosca 2 ½”
Fusos de rosca 2 ½”
Viga superior
A Figura 3.1 mostra um esquema tridimensional do pórtico de reação, atribuindo um
número de identificação a cada peça. A estrutura fica apoiada nas vigas de sustentação (1),
dimensionadas para uma carga estimada (com coeficiente de segurança) de 20 kN. Esta
estimativa engloba, basicamente, o peso próprio da prensa, o peso do corpo de prova e alguma
carga acidental que porventura ocorra. A reação ao carregamento (200 kN) será suportada
pelas vigas inferiores (3), viga superior (9), extensões das hastes (7) e fusos (8), sendo que as
vigas inferiores e a viga superior trabalham à flexão e as extensões das hastes e os fusos
trabalham à tração. As placas laterais (2) e a placa superior (4) têm o objetivo de auxiliar na
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
109
montagem do pórtico e servir como base para a fixação do motor elétrico, do macaco
mecânico e das extensões das hastes, sendo que a sua contribuição estrutural é desprezada. As
contra-porcas de rosca M90 (5) e as contra-porcas de rosca 2 ½(6) foram dimensionadas de
forma a suportar metade da carga de projeto (100 kN) em cada lado da estrutura.
Figura 3.1 –
Esquema tridimensional do pórtico de reação
A carga de projeto foi estimada a partir de parâmetros de resistência ao cisalhamento
de materiais granulares, obtidos na literatura especializada. Materiais granulares (britas)
costumam desenvolver elevados parâmetros de resistência ao cisalhamento. Lekarp
et al.
(1996) obtiveram, para um agregado britado de calcário, um intercepto coesivo de 79 kPa e
ângulo de atrito interno de 59°. Estes parâmetros são considerados elevados, mesmo em se
tratando de britas. A norma DNER ME 131/94 sugere para materiais granulares a pressão de
confinamento máxima de 140 kPa para o ensaio triaxial de módulo de resiliência, então, para
fins de dimensionamento da estrutura do pórtico de reação foi considerada uma pressão de
confinamento um pouco maior, 200 kPa. Tal majoração foi adotada com o objetivo de abordar
situações especiais, abrangendo tensões excepcionais para pavimentos flexíveis. Um material
com os parâmetros de resistência ao cisalhamento supracitados desenvolve tensão desvio de
ruptura teórica de 3.164 kPa. Para um corpo de prova de 25 cm de diâmetro e 50 cm de altura,
esta tensão corresponde a uma carga de 155 kN. Utilizando-se um coeficiente de segurança de
1,2 para majorar cargas, chega-se ao valor de 186 kN. Como os dispositivos de aplicação de
(9)
(8)
(7)
(6)
(5)
(4)
(3)
(2)
(1)
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
110
cargas comercialmente disponíveis normalmente apresentam capacidades de 150 ou 200 kN,
esta última foi adotada como carga de projeto.
3.1.1.1 Vigas de sustentação
As vigas de sustentação são o suporte de todo o equipamento, e sofrem apenas as
solicitações devidas ao seu peso próprio. Foram especificadas duas vigas de sustentação para
que o equipamento fique assente sobre 4 patas para máquinas do tipo
vibrastop
.
Como a construção do equipamento se deu em etapas, os esforços solicitantes das
vigas de sustentação foram calculados com base em estimativas de peso, incluindo: estrutura,
câmara triaxial, cilindro pneumático, macaco mecânico, motor elétrico e corpo de prova.
Sendo assim, a estimativa de cargas atuantes nas vigas de sustentação resultou em 12 kN.
Como este valor é apenas uma estimativa, foi utilizado um coeficiente de segurança para as
cargas um pouco maior que o tradicional 1,4. Ao final da estimativa considerou-se adequado
utilizar 20 kN como carga de projeto.
As vigas de sustentação foram especificadas com 1 m de vão e dois pontos de carga,
oriundos das vigas inferiores, com 5 kN cada um. A configuração do carregamento, os
esforços solicitantes e os diagramas obtidos são apresentados na Figura 3.2.
Observadas as solicitações obtidas, foram definidas as seções transversais das vigas.
Utilizando-se uma seção retangular de 63,5 x 100 mm, foram calculadas as tensões máximas
de tração e de compressão, conforme apresentado nas equações (3.1) e (3.2). Nota-se que as
tensões de tração e de compressão calculadas são iguais visto que a linha neutra passa pelo
centróide da seção.
I
YM
×
=
σ
(3.1)
Onde:
σ
é a tensão atuante
M é o momento fletor
Y é a distância em relação ao centróide
I é o momento de inércia representado pela equação (3.2)
12
3
hb
I
×
=
(3.2)
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
111
Onde:
I é o momento de inércia para uma seção retangular
b é a base da seção
h é a altura da seção
Esquema de carregamento
Diagrama de esforço normal
Diagrama de esforço cortante
Diagrama de momento fletor
Figura 3.2
– Diagramas de esforços para as vigas de sustentação
Assim, se utilizado como material a liga de alumínio AA 5052, pode ser considerada
uma tensão de escoamento de 160 MPa, obtendo-se um coeficiente de segurança CS = 8.
Utilizando-se módulo de elasticidade E = 70 GPa e a seção transversal proposta, o
deslocamento máximo obtido para as vigas de sustentação é de 0,05 mm, calculado no centro
do vão. Neste caso, cada viga pesaria aproximadamente 21,3 kgf. A geometria final das 2
peças previstas é apresentada detalhadamente na Prancha 1.01, incluindo os furos e roscas
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
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112
necessários à fixação das peças adjacentes. As vigas de sustentação são apresentadas pela
Figura 3.3.
Figura 3.3
– Vigas de Sustentação
No caso da utilização de liga de alumínio AA 5086, para atingir-se o coeficiente de
segurança de 8, é necessária uma seção de 63,5 x 90 mm, remetendo a uma peça de 19 kg.
Outra opção é utilizar aço 1020 na construção das vigas de sustentação. Neste caso, para
atingir-se o mesmo coeficiente de segurança, seria necessária uma seção de 63,5 x 88 mm,
situação na qual cada viga pesaria aproximadamente 55 kgf. A Tabela 3.3 apresenta a seção
necessária, o peso de cada viga e o deslocamento previsto para o caso de CS = 8.
Tabela 3.3
– Propriedades mecânicas de diversas configurações avaliadas para as vigas de sustentação
Seção
Material
Largura
(mm)
Altura
(mm)
Peso
(kgf)
Deslocamento
(mm)
CS
Liga de alumínio AA 5052
63,5 100 21 0,5 8
Liga de alumínio AA 5086
63,5 90 19 0,7 8
Aço AISI 1020 63,5 88 55 0,3 8
3.1.1.2 Vigas inferiores
As vigas inferiores foram especificadas de forma a absorverem os esforços oriundos
dos ensaios, bem como acomodar o macaco mecânico, o motor elétrico, a câmara triaxial e
ainda proporcionar um espaço para manuseio no decorrer dos ensaios. Para tanto, foi
necessário um vão livre de 1m de comprimento. Foram especificadas duas vigas inferiores, de
forma que o espaço entre elas pudesse abrigar o fuso do macaco mecânico.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
113
Conforme comentado, o equipamento deve ter capacidade de suportar aplicação de
uma carga máxima de 200 kN. Portanto, cada viga deve suportar um carregamento de 100 kN.
Os diagramas de esforços obtidos para as vigas inferiores são apresentados pela
Figura 3.4. Como não existem carregamentos laterais significativos, as vigas inferiores não
são submetidas a esforços normais. Considerando-se que as vigas inferiores são solicitadas
por uma carga concentrada central, o diagrama é dividido em duas partes onde o esforço
cortante assume o mesmo valor em módulo, porém com sinais contrários. O diagrama de
momento fletor apresenta um valor máximo de 25 kNm no centro do vão e diminuindo até
atingir um valor nulo nos apoios.
Esquema de carregamento das vigas inferiores
Diagrama de esforço normal
Diagrama de esforço cortante
Diagrama de momento fletor
Figura 3.4
– Diagramas de esforços para as vigas inferiores sob carregamento concentrado
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114
Observando-se que a carga oriunda da execução dos ensaios é transmitida às vigas
inferiores pela base do macaco mecânico (28 cm) apoiada na placa superior (1240 mm), a
consideração de carregamento concentrado parece pouco apropriada para esta avaliação.
Sendo assim, a Figura 3.5 apresenta os diagramas de esforços obtidos considerando-se que a
carga é transmitida em um comprimento de 300 mm.
Novamente não existem carregamentos laterais significativos e, portanto, as vigas
inferiores não são submetidas a esforços normais. Nesta configuração de carregamento, o
diagrama de esforço cortante assume o valor constante de 50 kN com sinais positivo e
negativo nos trechos que não estão sob carga. No trecho correspondente ao carregamento
distribuído, o esforço cortante varia linearmente de 50kN até -50kN. O carregamento
distribuído gera um diagrama de momentos fletores iniciando com valor zero nos apoios e
variando linearmente até atingir 17,5 kNm no ponto onde começa o carregamento distribuído.
No trecho carregado os momentos fletores variam parabolicamente atingindo o valor máximo
de 21,2 kNm no centro do vão.
Esquema de carregamento das vigas inferiores
Diagrama de esforço normal
Diagrama de esforço cortante
Diagrama de momento fletor
Figura 3.5
– Diagramas de esforços para as vigas inferiores sob carregamento distribuído
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
115
Observadas as solicitações obtidas, foram definidas as seções transversais das vigas.
Utilizando-se a liga de alumínio AA 5052 para a confecção das vigas inferiores e uma seção
transversal de 63,5 x 200 mm, foram calculadas as tensões máximas de tração e de
compressão, conforme apresentado nas equações 3.1 e 3.2. Nota-se que as tensões de tração e
de compressão calculadas são iguais visto que a linha neutra passa pelo centróide da seção.
Assim, considerando-se uma tensão de escoamento de 160 MPa (liga de alumínio AA
5052), obtém-se um coeficiente de segurança CS = 3,2. Utilizando-se o módulo de
elasticidade E = 70 GPa e a seção transversal proposta, o deslocamento máximo obtido para
as vigas inferiores é de 0,7 mm, calculado no centro do vão. Nesta geometria o peso de cada
peça é 42,5 kgf. A geometria final das 2 peças previstas é apresentada detalhadamente na
Prancha 1.02, incluindo os furos e roscas necessários à fixação das peças adjacentes.
No caso da utilização de liga de alumínio AA 5086, para atingir-se o coeficiente de
segurança de 3,2, é necessária uma seção de 63,5 x 181 mm, remetendo a uma peça de 38,5
kg. Outra opção é utilizar aço AISI 1020 na construção das vigas de sustentação. Neste caso,
para atingir-se o mesmo coeficiente de segurança, seria necessária uma seção de 63,5 x 177
mm, situação na qual cada viga pesaria aproximadamente 110 kgf. As vigas inferiores são
apresentadas na Figura 3.6. A Tabela 3.4 apresenta a seção necessária, o peso de cada viga e o
deslocamento previsto para o caso de CS = 3,2.
Figura 3.6 –
Vigas inferiores
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116
Tabela 3.4
– Propriedades mecânicas de diversas configurações avaliadas para as vigas inferiores
Seção
Material
Largura(
mm)
Altura
(mm)
Peso
(kgf)
Deslocamento
(mm)
CS
Liga de alumínio AA 5052 63,5 200 42,5 0,7 3,2
Liga de alumínio AA 5086 63,5 181 38,5 0,9 3,2
Aço AISI 1020 63,5 177 110 0,3 3,2
3.1.1.3 Viga superior
Da mesma forma que para as vigas inferiores, para a viga superior, foi necessário 1m
de vão livre para proporcionar o alinhamento com as vigas inferiores e proporcionar espaço
para o manuseio do cilindro pneumático e da instrumentação. Porém, neste caso, foi
especificada uma única viga superior, já que na porção superior do equipamento não é
necessário acomodar o fuso do macaco mecânico.
Como o equipamento foi dimensionado para a aplicação de uma carga máxima de
200 kN e existe uma única viga superior para suportar a carga (diferentemente do caso das
vigas inferiores), esta carga foi utilizada no dimensionamento.
Observando-se que a carga oriunda da execução dos ensaios é transmitida à viga
superior por uma placa de alumínio de pequena espessura e uma bucha de aço inox, a
consideração de carregamento concentrado parece adequada para esta avaliação. Sendo assim,
a Figura 3.7 apresenta os diagramas de esforços obtidos considerando-se que a carga é
transmitida pontualmente.
Novamente não existem carregamentos laterais significativos e, portanto, a viga
superior não é submetida a esforços normais. Nesta configuração de carregamento, o
diagrama de esforço cortante assume o valor constante de 100 kN com sinais positivo e
negativo nos trechos que não estão sob carga. No trecho correspondente ao carregamento
concentrado, o esforço cortante apresenta uma descontinuidade entre 100kN até -100kN. O
carregamento concentrado gera um diagrama de momentos fletores iniciando com valor zero
nos apoios e variando linearmente até atingir 50 kNm no ponto central da peça.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
117
Observadas as solicitações obtidas, foi definida a seção transversal da viga superior.
Utilizando-se a liga de alumínio AA 5052 para a confecção da viga superior e uma seção
transversal de 125 x 200 mm, foram calculadas as tensões máximas de tração e de
compressão, conforme apresentado nas equações 3.1 e 3.2. Nota-se que as tensões de tração e
de compressão calculadas são iguais visto que a linha neutra passa pelo centróide da seção.
Assim, considerando-se uma tensão de escoamento de 160 MPa (liga de alumínio AA
5052), obtém-se um coeficiente de segurança CS = 2,7. Utilizando-se o módulo de
elasticidade E = 70 GPa e a seção transversal proposta, o deslocamento máximo obtido para a
viga superior é de 0,7 mm, calculado no centro do vão. Nesta geometria o peso de cada peça é
83,7 kgf. A geometria final da peça é apresentada detalhadamente na Prancha 1.09, incluindo
os furos e roscas necessários à fixação das peças adjacentes.
Esquema de carregamento
Diagrama de esforço normal
Diagrama de esforço cortante
Diagrama de momento fletor
Figura 3.7 –
Diagramas de esforços para viga superior
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118
No caso da utilização de liga de alumínio AA 5086, para atingir-se o coeficiente de
segurança de 2,7, é necessária uma seção de 125 x 180 mm, remetendo a uma peça de
75,3 kg. Outra opção é utilizar aço AISI 1020 na construção da viga superior. Neste caso, para
atingir-se o mesmo coeficiente de segurança, seria necessária uma seção de 125 x 176 mm.
Neste caso a viga pesaria aproximadamente 215 kgf.
A Viga Superior é apresentada pela Figura 3.8 e a Tabela 3.5 apresenta a seção
necessária, o peso de cada viga e o deslocamento previsto para o caso de CS = 2,7.
Figura 3.8
– Viga superior
Tabela 3.5
– Propriedades mecânicas de diversas configurações avaliadas para a viga superior
Seção
Material
Largura
(mm)
Altura
(mm)
Peso (kgf)
Deslocamento
(mm)
CS
Liga de alumínio AA 5052 125 200 83,7 0,7 2,7
Liga de alumínio AA 5086 125 180 75,3 0,9 2,7
Aço AISI 1020 125 176 215 0,35 2,7
3.1.1.4 Extensões das hastes
As extensões das hastes destinam-se a receber os fusos para suporte e regulagem da
viga superior. Tendo em vista a facilidade de obtenção no mercado de peças em aço AISI
1020 denominadas tubos de construção mecânica, as extensões das hastes foram concebidas a
partir deste material. Como o equipamento está sendo dimensionado para a aplicação de uma
carga máxima de 200 kN, a carga de projeto é dividida entre as duas barras resultando em um
carregamento de 100 kN em cada uma.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
119
Os diagramas de esforços são apresentados na Figura 3.9. O diagrama de esforço
normal resulta em uma força axial de 100 kN em cada barra. Como não existem
carregamentos laterais significativos, as barras não são submetidas a esforços cortantes e nem
a momentos fletores. Observadas as solicitações obtidas, foram definidas as seções
transversais das barras. Utilizando-se uma seção em forma de anel, foi calculada a tensão de
tração máxima.
Assim, a deformação linear máxima obtida para as extensões das hastes é de 0,08 mm.
A tensão normal atuante na seção é de 23 MPa, que dividida pela tensão de escoamento do
aço resulta em um coeficiente de segurança CS = 10,9. A geometria das extensões das hastes
é mostrada esquematicamente na Figura 3.10 e detalhadamente na Prancha 1.06.
(a) (b) (c) (d)
Figura 3.9 –
(a) Esquema de carregamento das extensões das hastes, (b) diagrama de esforço normal,
(c) diagrama de esforço cortante, (d) diagrama de momento fletor
Figura 3.10
– Extensões das Hastes
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120
3.1.1.5 Fusos
Os fusos são parafusados nas extensões das hastes para suporte e regulagem da viga
superior. Foram encontradas no mercado barras roscadas de 2 ½” confeccionadas em aço
AISI 1045. Como o equipamento está sendo dimensionado para a aplicação de uma carga
máxima de 200 kN, a carga de projeto é dividida entre as duas barras resultando em um
carregamento de 100 kN em cada uma.
Os diagramas de esforços são apresentados na Figura 3.11. O diagrama de esforço
normal resulta em uma força axial de 100 kN em cada barra. Como não existem
carregamentos laterais significativos, as barras não são submetidas a esforços cortantes e nem
a momentos fletores. Observadas as solicitações obtidas, foram definidos os coeficientes de
segurança das barras. Utilizando-se uma seção circular, foi calculada a tensão de tração
máxima.
Assim, o deslocamento linear máximo obtido para os fusos é de 0,3 mm. A tensão
normal atuante na seção é de 31,6 MPa, que comparada com a tensão de escoamento do aço
AISI 1045 resulta em um coeficiente de segurança CS = 9,8.
(a) (b) (c) (d)
Figura 3.11 –
(a) Esquema de carregamento, (b) diagrama de esforço normal, (c) diagrama de esforço
cortante, (d) diagrama de momento fletor
Os fusos são apresentados na Figura 3.12 e detalhadamente na Prancha 1.07.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
121
Figura 3.12
– Fusos
3.1.1.6 – Peças sem função estrutural ou com CS muito elevado
Algumas peças foram construídas com a função de unir as diversas partes do pórtico
de reação, dando unicidade ao equipamento. Estas peças possuem coeficientes de segurança
muito superiores ao necessário e são funcionalmente muito importantes, pois além da união
das diversas partes do equipamento, permitem a fixação de equipamentos necessários ao
funcionamento da prensa, como: motor elétrico, macaco mecânico, sensores fim de curso, etc.
Tais peças são apresentadas na Figura 3.13 e detalhadamente nas Pranchas 1.03, 1.04, 1.08-a
e 1.08-b. As referidas peças são: (a) placa superior, (b) placas laterais e (c) porcas.
(a)
Figura 3.13
- Outras peças: (a) placa superior, (b) placas laterais e (c) porcas
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
122
(b) (c)
Figura 3.13
- Outras peças: (a) placa superior, (b) placas laterais e (c) porcas
(continuação)
3.1.1.7 – Considerações finais sobre o pórtico de reação
A partir da identificação numérica, a Tabela 3.6 apresenta a nomenclatura de cada
peça, bem como: comprimento (C), largura (L), altura (A), diâmetro (D) e a prancha em
anexo que apresenta o seu detalhamento. As Pranchas 1.05 e 1.10 apresentam esquemas da
montagem do pórtico com visões tridimensionais e identificação das peças.
Tabela 3.6
– Nomenclatura e propriedades das peças do pórtico de reação
Identificação Denominação C (m) L (m) A (m) D (m) Prancha
(1) Vigas de sustentação 1,242 0,0635
0,100 - P 1.01
(2) Placas laterais 0,240 0,251 0,0635
- P 1.04
(3) Vigas inferiores 1,240 0,0635
0,200 - P 1.02
(4) Placa superior 1,240 0,251 0,0635
- P 1.03
(5) Contra-porcas M90 - - 0,0105
0,130 P 1.08-b
(6) Contra-porcas 1 ½ “ - - 0,080 0,1035
P 1.08-a
(7) Extensões das hastes - - 1,170 0,100 P 1.06
(8) Fusos - - 1,800 0,0635
P 1.07
(9) Viga superior 1,246 0,125 0,200 - P 1.09
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
123
A Associação Brasileira do Alumínio ABAL (2001) reporta que os coeficientes de
segurança para carregamentos estáticos devem ser superiores a 2,0 e para carregamentos
dinâmicos a 2,2. Como o carregamento estático máximo (200 kN) é dez vezes maior que o
dinâmico máximo (20 kN), este primeiro foi tomado como referência, remetendo a um
coeficiente de segurança requerido de 2,0. As propriedades mecânicas das peças são
apresentadas na Tabela 3.7. Também é apresentado o material do qual cada peça é constituída.
A maior parte é de liga de alumínio AA 5052, por resultarem em peças mais leves e, portanto,
mais fáceis de manusear. Como reportado, se algumas peças fossem confeccionadas em
aço, pesariam mais de 200 kg. Porém outras, normalmente as tubulares, foram assim
confeccionadas, que são facilmente encontradas no mercado e a usinagem em alumínio
seria muito trabalhosa e cara, gerando um desperdício de material desnecessário.
Tabela 3.7
– Propriedades mecânicas das peças do pórtico de reação
Identificação Denominação Material Peso
(kgf)
Deslocamento
(mm)
CS
(1) Vigas de sustentação Liga de alumínio
AA 5052
21 0,5 8
(2) Placas laterais Liga de alumínio
AA 5052
10
baixa elevado
(3) Vigas inferiores Liga de alumínio
AA 5052
43 0,7 3,2
(4) Placa superior Liga de alumínio
AA 5052
53
baixa elevado
(5) Contra-porcas M90 Aço AISI 1020 6
baixa elevado
(6) Contra-porcas 2 ½ “ Aço AISI 1020 3
baixa elevado
(7) Extensões das hastes Aço AISI 1020 54 0,08 10,9
(8) Fusos Aço AISI 1045 45 0,3 9,8
(9) Viga superior Liga de alumínio
AA 5052
76 0,7 2,7
3.1.2 Câmara Triaxial
A câmara triaxial foi construída de forma que houvesse espaço para corpos de prova
de 25 x 50 cm e para a instrumentação interna (sensores para medição local de deformações
verticais e horizontais). Para tanto foi necessário construir um tubo de acrílico calandrado de
500 mm de diâmetro interno, 16 mm de espessura e 800 mm de altura. O tubo foi reforçado
com anéis de fibra de vidro e resina de poliéster de forma que suportasse a máxima pressão
produzida pelo compressor de ar utilizado (1 MPa).
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
124
Para o dimensionamento do tubo de acrílico foram utilizados os parâmetros de
resistência dos materiais (acrílico, fibra de vidro e resinas) fornecidos pelos respectivos
fabricantes. Os parâmetros são apresentados abaixo:
Resistência última à tração –
σ
f
= 69 MPa
Tensão admissível à tração –
σ
adm
= 10,6 MPa
Módulo de elasticidade – E = 2,8 GPa
Como pode ser observado, a resistência última à tração fornecida pelo fabricante foi
um pouco superior à encontrada na literatura, conforme apresentado na Tabela 3.1. Como o
tubo foi obtido a partir de uma chapa de acrílico calandrada, deve ser utilizada uma redução
de 25% na tensão admissível à tração para considerar-se o enfraquecimento do material na
junta longitudinal soldada. Sendo assim, a tensão de tração admissível de projeto foi
considerada:
Tensão admissível à tração de projeto -
σ
adm, d
= 8 MPa.
A tensão de tração atuante no tubo de acrílico pode ser obtida a partir da equação
(3.3), utilizando-se como referência o raio médio, calculado pela equação (3.4). Desta forma
considera-se que a tensão de tração atuante no acrílico é a média das tensões de tração
atuantes nos raios interno e externo do tubo.
t
Rp
médioi
t
=
σ
(3.3)
4
DeDi
R
médio
+
=
(3.4)
Onde:
σ
t
é a tensão de tração atuante
p
i
é a pressão no interior do tubo
R
médio
é a média entre os raios interno e externo do tubo
t é a espessura da parede do tubo
D
i
é o diâmetro interno
D
e
é o diâmetro externo
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
125
Neste caso a pressão no interior do tubo foi considerada igual a 1 MPa, que é a
máxima pressão que o compressor de ar utilizado é capaz de aplicar. Considerando-se o
diâmetro interno do tubo de 500 mm e uma espessura de 15 mm, o diâmetro externo assume o
valor de 530 mm. Assim, o raio médio calculado é 257,5 mm e a tensão de tração atuante no
centro da seção transversal da parede do tubo é 17,2 MPa. Ou seja, maior que a tensão de
tração admissível de projeto (
σ
adm, d
= 8 MPa). Portanto o tubo calandrado na espessura
proposta necessita de reforço.
Para promover a resistência necessária nas paredes do tubo foram propostos reforços
de fibra de vidro em matriz de poliéster (que não reage quimicamente com o acrílico).
Inicialmente verificou-se o desempenho dos anéis de reforço de fibra de vidro, sem a
contribuição do acrílico. Foi proposta a utilização de 5 anéis de fibra de vidro em matriz de
poliéster com 15 mm de espessura, 80 mm de altura e espaçamento de 90 mm entre anéis.
Para o dimensionamento dos reforços foram utilizados os parâmetros de resistência à
tração do composto fibra-resina fornecidos pelo fabricante. Os parâmetros são apresentados
abaixo:
Resistência última à tração –
σ
f
= 100 MPa (30% manta + 70% resina)
Tensão admissível à tração –
σ
adm
= 50 MPa
Módulo de elasticidade – E = 8 GPa
Como pode ser observado, a resistência última à tração e o módulo de elasticidade,
ambos fornecidos pelo fabricante, foram coincidentes com o limite inferior dos valores
encontrados na literatura, conforme apresentado na Tabela 3.2. Um fator de magnificação das
tensões é proposto de acordo com a geometria dos reforços, segundo a equação (3.5) e após é
incorporado à equação (3.3) dando origem à equação (3.6).
Hr
HrHa
M
+
=
(3.5)
t
Rp
M
médioi
t
=
σ
(3.6)
Onde:
M é o fator de magnificação
Ha é o espaçamento entre os anéis de reforço
Hr é a altura dos anéis de reforço
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
126
Segundo a geometria proposta, o fator de magnificação assume o valor de 2,125.
Utilizando-se esse fator, a tensão de tração calculada no centro da seção transversal dos anéis
de reforço é de 38,6 MPa, portanto menor que a admissível (50 MPa). Nestas circunstâncias,
somente os reforços de fibra de vidro em matriz de poliéster já seriam suficientes para resistir
às tensões de tração nas paredes do tubo. Porém ainda existe uma componente de resistência
devido ao acrílico. Assim, uma verificação do desempenho conjunto do tubo de acrílico e dos
reforços é apresentada a seguir.
A verificação do desempenho conjunto do tubo e reforços é feita por um sistema de
equações onde a primeira equação é obtida considerando-se que os deslocamentos radiais
observados no acrílico e no reforço devem ser iguais. Tais deslocamentos são calculados pelas
equações (3.7) e (3.8).
t
E
Rp
R
médioia
a
=
(3.7)
M
t
E
Rp
R
médioir
r
=
(3.8)
Onde:
R
a
é o deslocamento radial no acrílico
R
r
é o deslocamento radial no reforço
p
ia
é a pressão interna no acrílico
p
ir
é pressão interna no reforço
R
médio
é o raio médio
E
a
é o módulo de elasticidade do acrílico
E
r
é o módulo de elasticidade do reforço
t é a espessura
M é o fator de magnificação
Igualando as equações (3.7) e (3.8) e sabendo-se que a soma de pia e pir deve ser igual
à máxima pressão do compressor utilizado, é formado o sistema de duas equações a duas
incógnitas, formado pelas equações (3.9) e (3.10), utilizando-se MPa como unidade.
iria
pp
=
833,0
(3.9)
iria
pp
=
1
(3.10)
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
127
A resolução do sistema de equações leva aos valores de p
ia
= 0,454 MPa e
p
ir
= 5,46 MPa. A partir destes valores é possível calcular-se as tensões de tração atuantes no
acrílico e no reforço, utilizando novamente as equações 3.3 e 3.6 e as pressões internas
obtidas para o acrílico e para o reforço.
Efetuado o procedimento proposto, verifica-se que a tensão de tração atuante no
acrílico é de 7,8 MPa, ou seja, menor do que a tensão admissível proposta para o acrílico
calandrado (8 MPa) e que a tensão de tração atuante no reforço é de 21,1 MPa que, por sua
vez, também é menor que a respectiva tensão admissível (50 MPa). Sendo assim, fica
verificada a segurança quanto ao desempenho conjunto do acrílico e reforço em suportar a
pressão imposta pelo compressor de ar.
O deslocamento radial do conjunto pode ser calculado tanto pela equação 3.7 quanto
pela equação 3.8, uma vez que ambos são iguais. O valor obtido foi
R = 0,72 mm. A este
deslocamento radial corresponde um deslocamento axial do tubo que pode ser calculada pela
equação 3.11. O valor obtido foi - 1,1 mm, ou seja, um encurtamento do tubo.
t
E
HR
pH
i
=
ν
(3.11)
Onde:
H é o deslocamento axial
p
i
é a pressão interna
R é o raio
H é altura do cilindro
ν
é o coeficiente de Poisson (0,5)
E é o módulo de elasticidade
t é a espessura
A Figura 3.14 apresenta um desenho esquemático do tubo de acrílico reforçado com
anéis de fibra de vidro em resina de poliéster, conforme descrito nos parágrafos acima. Os
detalhes de espaçamento e espessuras são melhor visualizados na Prancha 2.07.
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128
Figura 3.14
– Tubo de acrílico reforçado por anéis de fibra de vidro em resina de poliéster
A base e o topo da câmara triaxial foram construídos em liga de alumínio AA 5052,
com ranhuras para o encaixe do acrílico, vedadas por anéis
o-ring
. No topo da câmara foi
adaptado um conjunto de rolamentos lineares para diminuir o atrito com o pistão de cargas. A
Figura 3.15 mostra um desenho esquemático da base e do topo da câmara triaxial; o
detalhamento é apresentado nas Pranchas 2.1, 2.1-a, e 2.2. Também foram previstos canais
para drenagem de topo e de base do corpo de prova, bem como a aplicação da pressão de
confinamento.
a b
Figura 3.15
– Base e topo da câmara triaxial (a – base, b – topo)
Na base da câmara, foi adaptado um cilindro de alumínio, denominado “pedestal do
corpo de prova”, com o objetivo de assentar o corpo de prova permitindo a colocação da
membrana e dos anéis
o
-
ring
, não permitindo a entrada de ar no seu interior. Outro cilindro de
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
129
alumínio foi executado, com canais de drenagem, de forma a servir de cabeçote de aplicação
de cargas ao corpo de prova. A drenagem do topo do corpo de prova (feita pelo cabeçote) é
conduzida à base da mara triaxial por uma mangueira para ser conduzida ao exterior da
câmara. A Figura 3.16 apresenta um desenho esquemático do pedestal do corpo de prova. O
detalhamento é apresentado na Prancha 2.04. Nota-se que o pedestal é mais espesso e é
possível visualizar-se as ranhuras de drenagem e no cabeçote uma espera para uma bucha de
aço inox para que não haja contato entre o pistão e o alumínio, bem como para distribuir
melhor as tensões axiais no corpo de prova. A moldagem é realizada diretamente na câmara
triaxial, sobre um disco metálico perfurado, que desempenha o papel de “pedra porosa”. Os
detalhes do molde são apresentados nas Pranchas 5.01 a 5.03 do Anexo A e os procedimentos
para sua utilização são apresentados no Capítulo 4 Programa Experimental. Também foram
confeccionadas membranas de látex com 25 cm de diâmetro e 80 cm de altura para envolver o
corpo de prova e permitir a aplicação das pressões de confinamento.
(a) (b)
Figura 3.16
– (a) Pedestal do corpo de prova e (b) cabeçote
A união entre o cilindro de acrílico, a base e o topo da câmara triaxial é feita por meio
de hastes de aço inoxidável, porcas, contra-porcas e arruelas. As hastes foram dimensionadas
de forma a suportar os esforços produzidos pela pressão de ar comprimido no topo e base da
câmara triaxial. Como o diâmetro interno do cilindro de acrílico é 50 cm, a área de base e
topo é 0,004 m
2
, ou seja, é aplicada uma carga total de 4 kN. Como são utilizadas 4 barras,
cada uma resiste à carga de 1 kN. A Figura 3.17 apresenta um desenho esquemático das
hastes, que são apresentadas detalhadamente na Prancha 2.03. Trata-se de quatro hastes de
aço inox com diâmetro de 31,75 mm e rosca M25 por 200 de comprimento nas duas
extremidades.
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130
Figura 3.17
– Hastes da câmara triaxial
As porcas e contra-porcas têm o objetivo de facilitar a montagem da mara e,
principalmente, promover o aperto necessário para a vedação pelos anéis de vedação
O-ring
entre o acrílico, a base e o topo da câmara. A Figura 3.18 apresenta um desenho esquemático
das referidas peças, sendo que são apresentadas detalhadamente nas Pranchas 2.05 e 2.06. As
porcas são mais simples e destinam-se somente a dar o aperto no conjunto. As contra-porcas
destinam-se a garantir que o aperto dado pelas porcas seja recebido somente pelos anéis de
vedação, não transferindo cargas verticais significativas para o tubo de acrílico. Também, é
apresentada em detalhes, uma bucha para rolamentos lineares, pela Prancha 2.08.
(a) (b)
(c)
Figura 3.18 –
Porcas, contra-porcas, arruelas e bucha para rolamentos lineares
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
131
3.1.3 Sistemas de Aplicação de Cargas
São utilizados dois sistemas de aplicação de cargas, um para cargas monotônicas e
outro para cargas cíclicas. Ambos os sistemas são capazes de aplicar carregamentos estáticos,
porém este recurso não foi utilizado nesta tese.
3.1.3.1 Carregamento Monotônico
Os carregamentos monotônicos são aplicados por um sistema composto por um motor
elétrico, um macaco mecânico, polias e correias sincronizadoras. O motor elétrico, da marca
Eberle, modelo IFB100LA8-E1861, é trifásico de 220 V, trabalha por indução, com 8 pólos,
potência de 1 CV e velocidade nominal de rotação de 900 rpm. A este motor foi acoplado um
segundo, de menor potência, que tem o objetivo de promover a ventilação do sistema, nos
momentos em que a prensa estará atuando no modo torque (situação em que o rotor
permanece estacionário, aplicando o torque requerido) ou com velocidades muito baixas.
Para a aplicação dos 200 kN especificados no item 3.1 é utilizado um macaco
mecânico com fuso de esferas recirculantes (
screw ball actuator
) da marca Duff-Norton,
modelo 9820, com 200 mm de curso. O sistema de fuso com esferas recirculantes confere ao
equipamento capacidade para execução de ensaios de grande precisão, como os ensaios de
carregamento estático, devido ao baixo atrito gerado em seus componentes internos. Este
macaco conta com redução interna de 48:1, portanto, 48 rotações do seu eixo correspondem a
um deslocamento vertical de 25,4 mm.
A fim de promover uma redução ainda maior na velocidade de deformações imposta
pelo macaco mecânico, foi previsto um sistema de polias e correias sincronizadoras do tipo
8M com largura de 30 mm. Foram utilizadas polias de 64 e de 26 dentes e um eixo
intermediário (fixado por meio de mancais de rolamentos “Y” em uma das vigas inferiores,
entre o motor e o macaco). A primeira polia de 64 dentes é fixada no eixo do motor,
transmitindo a rotação, por meio de uma das correias dentadas sincronizadoras, a uma polia
de 26 dentes situada no eixo intermediário. Esta por sua vez, transmite a sua velocidade
angular a uma segunda polia de 64 dentes conectada ao mesmo eixo. Por fim, a rotação desta
é transmitida, por meio da segunda correia sincronizadora, à outra polia de 26 dentes, que está
conectada ao eixo do macaco. Este sistema possibilita uma redução de velocidade de rotação
de 6,5 vezes entre o motor e o macaco.
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132
O motor elétrico, o macaco mecânico, as polias sincronizadoras, o eixo intermediário e
os mancais Y podem ser visualizados, sobre a estrutura inferior, em dois ângulos diferentes,
na Figura 3.19, durante a fase de construção da prensa. Uma proteção de acrílico foi
confeccionada conforme as Pranchas 6.01 e 6.02 para impedir o acesso ao sistema durante a
execução dos ensaios, fornecendo segurança ao operador.
Figura 3.19
– Motor elétrico, macaco mecânico, polias sincronizadoras, eixo intermediário e
mancais Y
O controle do motor elétrico é realizado por um inversor de freqüência que,
eventualmente, pode ser conectado ao sistema de aquisição de dados (equipado com
dispositivo de
trigger
e descrito no item referente à instrumentação). O sistema pode ser
retro-alimentado por um medidor de velocidade de rotação do tipo
encoder
”, a fim de que as
velocidades de deformação sejam medidas e reajustadas conforme as necessidades. Nesta tese
o encoder e a conexão com o sistema de aquisição de dados não foram utilizados, porém
podem ser de grande utilidade quando da aplicação de trajetórias de tensões complexas. A
Figura 3.20 apresenta o sistema de aquisição de dados, o
encoder
e o inversor de freqüência.
Figura 3.20
– Sistema de aquisição e controle de dados,
encoder
e inversor de freqüência
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
133
O inversor de freqüência utilizado é da marca LG-Eberdrive, modelo iS5, o qual pode
ser conectado ao computador por uma interface do tipo ModBus. O inversor tem a finalidade
de controlar a velocidade e o sentido da rotação do motor elétrico. O sistema permite uma
configuração em malha fechada, atuando de acordo com os registros do
encoder
(marca
Veeder-Root, modelo BA-500), resultando em um controle refinado da velocidade de
deslocamento vertical da prensa. Este controle também pode ser realizado a partir da
instrumentação do corpo de prova. Outra característica importante deste inversor é a
possibilidade de configuração no modo torque. Neste caso, o motor elétrico permanece
acionado, com velocidade de rotação igual a zero, aplicando ao sistema um torque de valor
controlado. A retro-alimentação do sistema, a partir das leituras da célula de carga situada no
interior da câmara triaxial, resulta em elevada precisão na aplicação de cargas estáticas
(ensaio de
creep
”). Nesta tese a velocidade de deformações foi definida por uma calibração
segundo o procedimento descrito no item 4.4.
3.1.3.2 Carregamento Cíclico e Pressão de Confinamento
As cargas clicas são aplicadas por um sistema de ar comprimido e um cilindro
pneumático de diafragma (do tipo
bellofram
”) no qual o fluxo de ar é controlado por uma
válvula solenóide de três vias. As pressões confinantes são aplicadas com a utilização de um
regulador de alta vazão. O diâmetro do êmbolo do cilindro é de 185 mm, correspondendo à
área em que o ar comprimido atuará. A Figura 3.21 apresenta uma foto das peças do cilindro
pneumático e um esquema de montagem. A concepção detalhada do cilindro pneumático é
apresentada nas Pranchas 3.01 a 3.08 do Anexo A, bem como a sua montagem no item 3.1.5.
(a) (b)
Figura 3.21
– Cilindro pneumático: (a) foto das peças e (b) esquema de montagem
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134
O ar comprimido é gerado por um compressor de parafuso (“
screw compressor
”) de
marca Kaeser, modelo SX-7, cujas características operacionais são apresentadas na
Tabela 3.8. Devido ao elevado fluxo de ar comprimido necessário à aplicação do
carregamento clico, foi adaptado um reservatório de ar ao sistema, com capacidade de 360
litros, de forma a otimizar o desempenho do compressor. O reservatório da marca Chiaperini
tem capacidade para 1200 kPa de pressão. O compressor Kaeser SX-7 e o reservatório são
apresentados nas Figuras 3.22 (a) e 3.22 (b) respectivamente.
(a) (b)
Figura 3.22
– Compressor de ar Kaeser SX 7 e reservatório
Tabela 3.8
– Características do compressor de ar Kaeser SX 7
Propriedade Valor
Máxima pressão de trabalho 760 kPa
Mínima pressão de trabalho 550 kPa
Ajuste da válvula de segurança 960 kPa
Máxima vazão de ar na máxima pressão de trabalho 30 cfm
Temperatura aproximada de operação 75 – 93 °C
Nível de ruído 68 dB(A)
Temperatura ambiente mínima 4 °C
Temperatura ambiente máxima 40 °C
Segundo as características descritas a área útil do cilindro pneumático é de
0,02688 m². Sendo a máxima pressão de trabalho do compressor igual a 760 kPa e excluindo-
se as perdas do sistema, o cilindro pneumático é capaz de aplicar uma carga de
aproximadamente 20 kN. Para um corpo de prova de 250 mm de diâmetro esta carga
corresponde a aproximadamente 420 kPa. Esta é a tensão desvio mais elevada considerada
pela norma DNER ME 131/94 e, portanto, considerada suficiente para a proposta do
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
135
equipamento. A rigor, o compressor é capaz de produzir pressões mais elevadas, porém para
ensaios de longa duração, o compressor pode ser excessivamente solicitado, reduzindo a sua
vida de serviço. O item 4.3 faz algumas considerações a respeito.
A Figura 3.23 (a) apresenta o painel pneumático que possibilita a aplicação da pressão
de confinamento e das cargas cíclicas no ensaio triaxial com auxílio de uma série de
componentes da marca Norgren. Verifica-se que a entrada de ar se por uma mangueira de
borracha com 1”de diâmetro e capacidade para 2070 kPa. Em seguida o ar passa por dois
filtros, modelos F 74G-4AN-QP3 e F 74C-4AN-QP0. O primeiro filtro é responsável por
remover água e partículas sólidas de até 40 micra e o segundo por remover óleo e partículas
sólidas de até 0,01 micra. Verifica-se a presença de uma série de válvulas de esfera para
promover o direcionamento do ar comprimido pelo sistema conforme o interesse do operador.
As referidas válvulas servem também como segurança e, uma vez fechadas cessam aplicação
das cargas pelo equipamento. São verificados também dois manômetros que servem apenas
para uma verificação preliminar das pressões aplicadas, que a leitura final é obtida com
maior precisão pela instrumentação. Um regulador de pressão de alta vazão modelo MO4
R74G-4AK-RMN é responsável por fornecer o ar comprimido na pressão requerida à
aplicação do carregamento cíclico. A pressão de confinamento desejada é obtida utilizando-se
um regulador de precisão modelo 11-018-110. A Figura 3.23 (b) apresenta a conexão final
com o cilindro pneumático. Observa-se a presença de um pequeno reservatório de ar, um
transmissor de pressão, uma válvula solenóide (H061866) e uma válvula controladora de
vazão (modelo T1000-A4800). A regulagem e acionamento destes componentes são descritos
no item 4.3 e a instrumentação no item 3.1.6.
(a) (b)
Figura 3.23
– Sistema de ar comprimido: (a) painel pneumático (b) conexão final com o cilindro
pneumático
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136
3.1.4 Outros detalhes
Este item descreve os detalhes de funcionamento e montagem da prensa triaxial.
Assim, algumas peças que não se enquadram em nenhum dos outros itens, mas são
fundamentais para o funcionamento do equipamento, são apresentadas.
Foi proposto um suporte para o motor elétrico, o qual foi denominado de “base do
motor”. Esta peça foi proposta com a finalidade de permitir pequenos ajustes na posição do
motor. Tal dispositivo torna possível um pequeno tensionamento nas correias sincronizadoras
evitando eventuais folgas na transmissão do torque do motor para o macaco mecânico. A
geometria da peça é apresentada esquematicamente na Figura 3.24 e detalhadamente na
Prancha 4.01.
Figura 3.24
– Suporte do Motor
Para a fixação das polias sincronizadoras ao conjunto, foram necessárias algumas
adaptações, a fim de alinhar as correias com as respectivas polias. As peças propostas foram
denominadas prolongador de eixo e eixo intermediário, sendo apresentadas esquematicamente
na Figura 3.25 e detalhadamente nas Pranchas 4.02 e 4.03 respectivamente.
Foram utilizadas duas especificações de polias, uma com 172 mm e outra com 75 mm
de diâmetro. As polias sincronizadoras são apresentadas pela Figura 3.26. O funcionamento
do sistema é ilustrado na Figura 3.27. Verifica-se na referida prancha a necessidade de
utilização do eixo intermediário e do prolongador de eixo com o objetivo de eliminar os
desalinhamentos existentes entre as polias.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
137
(a) (b)
Figura 3.25
– Prolongador de eixo e eixo intermediário com mancais “Y”
Figura 3.26
– Polias Sicronizadoras
Figura 3.27
– Esquema de funcionamento do sistema de aplicação de cargas monotônicas
Também, foi executado um pedestal para a câmara triaxial, de forma que o fuso do
macaco não seja conectado diretamente à base da câmara. A conexão direta não é
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138
recomendada, pois a base da câmara triaxial foi executada em liga de alumínio e, sendo este
um material muito macio, o fuso de aço certamente desgastaria a rosca executada no
alumínio. Assim, foi executado, em aço AISI 1020, um pedestal de 250 mm de diâmetro com
o objetivo de evitar que tal desgaste ocorra e de promover uma distribuição das tensões
geradas no decorrer dos ensaios. A geometria do pedestal da câmara é apresentada
esquematicamente pela Figura 3.28 e detalhadamente na Prancha 4.04.
Figura 3.28
– Pedestal da câmara triaxial
Ao pedestal são fixados dois engastes para eixos guia, detalhados na Prancha 4.06 do
Anexo A. Nos engastes são fixados eixos que vão ao encontro das guias com rolamentos
lineares, fixadas à estrutura inferior. Os eixos são detalhados também na Pranchas 4.06 e as
guias na Prancha 4.05. Este dispositivo garante que a câmara triaxial não gire com a elevação
do fuso do macaco. As referidas peças são apresentadas pela Figura 3.29. Outros detalhes,
como: suportes para os LVDTs e para os sensores fim de curso, adaptadores para as células de
carga e o pistão de carga com seus adaptadores são apresentados nas Pranchas 4.07 a 4.15.
Figura 3.29
– Pedestal da Câmara Triaxial
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
139
3.1.5 Montagem do equipamento
Este item é destinado à descrição da montagem do equipamento. A primeira
necessidade detectada foi a de utilização de um equipamento auxiliar para a movimentação
das peças mais pesadas. Como a peça mais pesada é a viga superior com aproximadamente 80
kg, foi selecionada uma talha com capacidade para 5 kN, a de menor capacidade encontrada
no mercado. A Figura 3.30 apresenta a talha de marca Koch, modelo SC 03965, com
capacidade de suspensão de 5 kN e altura de elevação de 3 m.
Figura 3.30
– Talha Koch - SC 03965
Com a talha devidamente instalada, obteve-se um prumo para o sistema, definindo,
assim, o ponto central do equipamento. Assim, as vigas de sustentação foram posicionadas de
forma que o centro do equipamento coincidisse com o prumo da talha, conforme a Figura
3.31. Na referida figura, observa-se que as vigas de sustentação estão apoiadas em
dispositivos conhecidos com “patas para máquinas” ou “
vibra-stops
”. Entre os
vibra-stops
” e
as vigas de sustentação foram colocados espaçadores, de forma a aumentar um pouco a altura
da base do equipamento. Isto possibilita que o fuso do macaco e as extensões das hastes não
encostem no piso do laboratório. As referidas peças foram unidas por parafusos de aço
cromados. Na parte central das vigas de sustentação, observam-se os parafusos em aço com
oxidação preta que receberão as vigas inferiores.
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140
Figura 3.31
– Vigas de sustentação sobre cilindros espaçadores e
vibra-stops
A Figura 3.32 apresenta as vigas inferiores parcialmente parafusadas às vigas de
sustentação. O aperto final somente é dado após ser garantido o alinhamento entre as peças do
conjunto: vigas inferiores, placas laterais e placa superior. Nota-se na superfície das vigas a
presença de furos com rosca que promoverão a união com a placa superior. Furos semelhantes
ocorrem na parte inferior das vigas, a fim de receberem as placas laterais. Na lateral da viga
que é mostrada na frente na figura, verificam-se furos para a instalação dos mancais e do eixo
intermediário.
Figura 3.32
– Montagem das vigas inferiores
A fixação das placas laterais ao conjunto é apresentada pela Figura 3.33, em uma visão
geral, e outra em detalhe. Na visão geral, observa-se a presença dos furos para a passagem das
extensões das hastes. A visão em detalhe apresenta somente uma das placas laterais e ainda é
possível uma visualização dos furos com rosca e dos pinos guia para o alinhamento da placa
superior.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
141
Figura 3.33
– Montagem das placas laterais
A Figura 3.34 apresenta a placa superior já posicionada e alinhada. Nota-se que alguns
dos parafusos de aço com oxidação preta estão posicionados nos respectivos furos.
Garantido o alinhamento do conjunto formado por vigas inferiores, placas laterais e placa
superior, foi dado o aperto final nos parafusos que fazem a união entre as vigas de sustentação
e as vigas inferiores. O conjunto montado até este momento foi denominado de “estrutura
inferior”. É observada a presença de três furos maiores na placa superior. Os furos laterais
destinam-se a receber as extensões das hastes e o furo central destina-se a receber o fuso do
macaco.
Após a montagem da estrutura inferior, o conjunto recebe a placa do motor, conforme
a Figura 3.35. Esta montagem torna possível a fixação do motor e permite os ajustes de
posição necessários nas ranhuras executadas. No detalhe, verificam-se quatro pequenos furos
no canto inferior direito da figura. Tais furos destinam-se à fixação do
encoder
para a
medição das velocidades de deslocamento do macaco mecânico. Também, do lado esquerdo
da peça, notam-se os encaixes para os parafusos reguladores da posição do motor.
A Figura 3.36 apresenta as extensões das hastes simplesmente posicionadas nas
respectivas posições. Na parte inferior das referidas peças observam-se as roscas para as
porcas de rosca M90.
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142
Figura 3.34
– Montagem da placa superior
Figura 3.35
– Montagem da base do motor
Figura 3.36
– Montagem das extensões das hastes
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
143
A Figura 3.37 apresenta a montagem da viga superior e fusos. Inicialmente um
conjunto de 2 porcas de rosca 2 ½” foi colocado em cima de cada uma das extensões das
hastes. Após, a viga superior foi apoiada na porcas e suspensa pela talha, configurando a
situação apresentada pela fotografia da esquerda. Observa-se um perfil metálico com olhal
parafusado no corpo da viga para que o gancho da talha fosse conectado à viga. Em seguida,
os fusos foram parafusados ao conjunto passando pelas duas porcas e alojando-se 10 cm para
dentro das extensões das hastes. Configurada esta situação, o sistema tornou-se mais estável
permitindo a elevação da viga superior pela talha e em seguida o seu travamento pelas porcas
e contra-porcas, como pode ser visto na fotografia da direita.
Figura 3.37
– Montagem da viga superior e dos fusos
A Figura 3.38 apresenta, em detalhe, as porcas e contra-porcas utilizadas. A fotografia
superior da esquerda apresenta a união entre as extensões das hastes e os fusos por uma
contra-porca de rosca 2 ½”. Em seguida, à esquerda, verifica-se a viga superior posicionada
de acordo com o ajuste proporcionado pelo aperto das porcas e contra-porcas de rosca 2 ½”.
Na fotografia mais inferior verifica-se a porca de rosca M90 unindo as extensões das hastes à
estrutura inferior, estando em contato com as placas laterais.
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144
Figura 3.38
– Fixação das hastes roscadas com porcas
A Figura 3.39 apresenta inicialmente o sistema regulador da posição do motor. Este
sistema foi concebido a fim de promover um tensionamento mínimo à correia sincronizadora
posicionada entre o motor e o eixo intermediário. Este procedimento evita folgas,
deslisamentos e, em um caso mais grave, que a correia se solte. Em seguida são apresentados
o macaco e o motor, posicionados nos respectivos locais, primeiro em detalhe e após uma
visão mais geral.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
145
Figura 3.39
– Montagem do motor e do macaco
Em seguida, o prato da prensa é parafusado ao topo do fuso do macaco, conforme
disposto na Figura 3.40. O prato da prensa destina-se a receber e sustentar a base da câmara
de forma que as tensões sejam aplicadas ao corpo de prova de maneira uniforme e sem danos
à câmara triaxial. A Figura 3.41 apresenta o pedestal do corpo de prova parafusado à base da
câmara que, por sua vez, é parafusada ao prato da prensa. O conjunto é apresentado sob dois
ângulos diferentes.
Figura 3.40
– Montagem do prato da prensa
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146
Figura 3.41
– Montagem da base da câmara e pedestal do corpo de prova
O posicionamento do tubo de acrílico reforçado, das hastes da câmara e das contra-
porcas na base da câmara é apresentado pela Figura 3.42. Deve-se lembrar que esta etapa de
montagem será repetida quando da execução de cada ensaio, sendo montada e desmontada
por diversas vezes durante a sua utilização.
Figura 3.42
– Montagem do acrílico reforçado, das hastes e das contra-porcas
A Figura 3.43 apresenta o posicionamento do topo da câmara no conjunto. Em
seguida, o posicionamento das hastes é efetuado com auxílio das contra-porcas e o aperto
final é dado pelas porcas, conforme apresentado no detalhe.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
147
Figura 3.43
– Montagem do Topo da Câmara e aperto com as Porcas
Uma visão geral do topo da câmara é apresentada pela Figura 3.44. Observa-se a
presença da bucha para rolamentos lineares e das porcas com arruelas. Também é possível
observar a presença dos três furos passantes para a saída dos cabos da instrumentação e dos
três furos com rosca para a fixação de equipamentos diversos.
Figura 3.44
– Visão geral do topo da câmara com bucha para rolamentos lineares e porcas
A Figura 3.45 apresenta uma seqüência de conexões das polias e correias
sincronizadoras. Inicialmente é apresentada a fixação dos mancais e do eixo intermediário à
viga inferior. É importante destacar que os mancais são fixados por parafusos e porcas através
de ranhuras na viga inferior. Essas ranhuras permitem posicionar os mancais de forma que a
correia utilizada entre o eixo intermediário e o macaco receba certo tensionamento, evitando
folgas, deslisamentos e, em um caso mais grave, que a correia se solte, complementando o
sistema descrito para a Figura 3.39. Em seguida, é colocada a polia de 172 mm no eixo
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148
intermediário, com a fixação da polia de 75 mm logo na seqüência. Posteriormente, é
conectada a polia de 75 mm no motor. Na seqüência é conectado o prolongador de eixo ao
macaco e a polia de 172 mm ao prolongador. Então é mostrada uma visão geral do sistema de
polias sincronizadoras. Por fim, são colocadas as correias, que recebem o devido
tensionamento pelo posicionamento dos mancais e do motor. Uma visão geral do sistema de
polias e correias sincronizadoras é apresentada. Neste instante, o sistema de aplicação de
carregamentos monotônicos e estáticos está instalado na prensa.
Figura 3.45
– Montagem do sistema de polias e correias sincronizadoras
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
149
Finalizada a montagem do sistema de aplicação de carregamento monotônico, inicia-
se a montagem do cilindro pneumático para aplicação de carregamentos cíclicos. A Figura
3.21 (a) apresentou uma visão geral do cilindro pneumático desmontado, com cada peça
apresentada individualmente.
A Figura 3.46 apresenta um detalhe da placa de conexão do cilindro pneumático
parafusada à viga superior. Nota-se, nos cantos, a presença dos furos passantes para
recebimento do cilindro pneumático. Também, no centro da placa, nota-se a presença de um
furo com rosca para conexões diversas, que eventualmente seja necessária no futuro.
Figura 3.46
– Placa de conexão do cilindro pneumático aparafusada à viga superior
A Figura 3.47 apresenta a conexão da bucha para rolamentos lineares aparafusada na
base do cilindro pneumático. Nota-se que a bucha do cilindro pneumático funciona de forma
inversa à bucha da câmara triaxial. Ou seja, é conectada à base e não ao topo.
Figura 3.47
– Montagem da bucha para rolamentos lineares na base do cilindro pneumático
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150
A adaptação do pistão de cargas é mostrada pela Figura 3.48. Observa-se que o pistão
de cargas é dotado de uma ponteira recartilhada com contra-porca e ponta esférica para
promover um contato firme, porém sem gerar tensões laterais indesejáveis. Também, é notada
a presença de uma contra-porca no topo do pistão. Esta contra-porca deve promover um
aperto na conexão entre o pistão e o cilindro guia, apresentado na fotografia da direita.
Figura 3.48
– Montagem do pistão de cargas e do cilindro guia no cilindro pneumático
Em seguida, são posicionados o cilindro e o diafragma do tipo
bellofram
conforme
apresentado na Figura 3.49. Em seguida são adaptados as hastes do cilindro pneumático e o
topo do cilindro pneumático, sendo que o sistema todo é fixado com parafusos. O cilindro
pneumático montado é apresentado na fotografia da direita.
Figura 3.49
– Montagem do cilindro pneumático
A montagem completa do equipamento triaxial a partir de seus componentes básicos
foi realizada pela equipe do laboratório no decorrer de um único dia útil, confirmando a
relativa portabilidade, a qual foi um dos critérios de projeto adotados. Uma visão geral do
equipamento na configuração de carregamentos cíclicos é apresentada pela Figura 3.50 (a) e
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
151
na configuração de carregamentos monotônicos pela figura 3.50 (b). Em cada uma delas se
observa em detalhe a montagem dos seus componentes específicos.
(a) (b)
Figura 3.50
– Visão geral do equipamento montado: (a) para carregamentos cíclicos e (b) para
carregamentos monotônicos
3.1.6 Instrumentação e sistema de aquisição de dados
Este item é destinado a descrever a implementação da instrumentação e controle do
equipamento. O objetivo desta descrição é facilitar a utilização do equipamento por usuários
que a princípio desconheçam o sistema. Assim, os diversos aspectos relacionados à
operacionalização de cada instrumento serão descritos passo a passo. Neste caso, foram
utilizados transdutores de deslocamento, células de carga e transmissores de pressão. Além
disso, serão descritos os procedimentos utilizados para a aplicação dos carregamentos:
estáticos, monotônicos e cíclicos.
3.1.6.1 HBM Spider 8
O sistema de aquisição de dados é da marca Hottinger Baldwin Messtechnik (HBM),
modelo
Spider 8
, gerenciado pelo
software
HBM
Catman 4.5
. O
HBM Spider 8
comunica-se
com o microcomputador por meio de portas paralelas (IEEE-1284) ou seriais (RS-232). A
conexão entre o
HBM Spider 8
e os transdutores é realizada por conectores de 15 pinos ou de
5 pinos. Os conectores de 5 pinos foram utilizados apenas para os transmissores de pressão.
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152
Para os demais sensores (células de carga e transdutores de deslocamento) foram utilizados
conectores de 15 pinos. A Figura 3.51 apresenta: (i) o
HBM Spider8
, (ii) o painel traseiro do
Spider 8
e (iii) os conectores de 15 pinos e (iv) os conectores de 5 pinos. No painel traseiro
são observadas ainda as conexões: serial e paralelas, para comunicação com o
microcomputador, impressora, entre diferentes
HBM Spider 8
e uma conexão de entradas e
saídas digitais (
Digital I/O
).
(i)
(ii)
(iii) (iv)
Figura 3.51
HBM Spider 8
e seus conectores
O
HBM Spider 8
possui 8 canais de comunicação, podendo se conectar com um
microcomputador através de porta paralela ou serial (RS 232). Os canais de 0 a 3 possuem
amplificadores digitais que operam na freqüência de 4,8 kHz para transdutores à base de
strain gages
ou transdutores indutivos (do tipo LVDTs). Cada canal trabalha com um
conversor analógico/digital (A/D) individual que possibilita atingir taxas de aquisição de 1
leitura/s a 9600 leituras/s. Os conversores A/D são sincronizados de forma a permitir leituras
simultâneas em todos os canais. Os dois primeiros canais podem também ser usados como
contadores de ciclos. Os mesmos canais permitem a aquisição e processamento de sinais de
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
153
transdutores de corrente contínua até 10 V (sem amplificação). Os módulos SR 01 (canais 4 a
7) permitem expansões para: temperatura, voltagem até 10 V, correntes até 200 mA e
resistências até 4000
. Um soquete separado (digital I/O) oferece 8 entradas digitais e oito
linhas que podem ser usadas com entradas ou saídas digitais (para controle de processos). As
entradas digitais podem ser medidas simultaneamente com os outros canais ou requerida
utilizando-se um comando separado. Esta porta também pode ser utilizada como um
trigger
(gatilho), ou seja, um controlador dos sistemas de aplicação de cargas. Caso haja necessidade,
vários sistemas
HBM Spider 8
podem ser utilizados simultaneamente, conectados entre si,
podendo chegar a 64 canais.
3.1.6.2 Instrumentação
Os ensaios são instrumentados com dois transdutores de deslocamento do tipo
Linear
Variable Differential Transformer
(LVDT)” para a medição de deslocamentos verticais, com
curso de
±
25 mm, uma célula de carga com capacidade para 300 kN para medição da carga
vertical em carregamentos monotônicos, uma célula de carga de 30 kN para a medição da
carga vertical cíclica e dois transdutores de pressão, sendo um para medição da pressão de
confinamento e outro para a pressão aplicada no cilindro pneumático. Os instrumentos são
mostrados na Figura 3.52.
Figura 3.52
– Instrumentação: LVDTs, células de carga, transmissor de pressão e
HBM Spider 8
3.1.6.2.1 Transdutores de deslocamento do tipo LVDT Solartron AC-25
Os transdutores de deslocamento do tipo LVDT, de marca
Solartron
, modelo
AC-25
,
foram utilizados para a realização dos ensaios no equipamento triaxial de grande porte. Este
sensor possui curso de ± 25 mm. A Figura 3.53 apresenta o referido transdutor com a haste
recolhida e, após, totalmente estendida.
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154
Figura 3.53
– Transdutor de deslocamento do tipo LVDT
Solartron AC-25
A conexão deste transdutor com o sistema de aquisição de dados
HBM Spider 8
requer
uma atenção especial, pois o procedimento apresentado no manual de instruções encontra-se
incompleto. O esquema completo das conexões elétricas para os LVDTs
Solartron AC-25
é
apresentado pela Figura 3.54. Observa-se a necessidade da utilização de duas resistências
elétricas de 1 k
cada ligadas nos pinos 2 e 4. Segundo o manual do
HBM Spider 8
, o fio
amarelo deveria ficar desconectado, porém, é observado na Figura 3.54 que este fio deve ser
conectado no pino 8. Também, é observado que os fios azul e vermelho devem ser conectados
em dois pinos: 5-12 e 6-13 respectivamente.
Alimentação - corrente alternada
Sinal
Sinal
Alimentação - corrente alernada
Aterramento opcional (body ground)
Verde
Branco
Azul
Preto
Amarelo
Vermelho
Visão da parte frontal
Visão da parte traseira
9
1
10
2
11
3
12
4
13
5
14
6
15
7 8
Conector do Spider
12
9
3
10
4
11
5
12
6
13
7
14
8
15
5
12
13
6
15
4
2
8
1 k
1 k
Figura 3.54 –
Esquema de conexões elétricas para os LVDTs
Solartron AC-25
A calibração dos transdutores de deslocamento foi realizada com o auxílio de um
pórtico especificamente desenvolvido para esta finalidade e frequentemente utilizado nos
laboratórios de pavimentação e mecânica dos solos. Um parafuso micrométrico é conectado
ao rtico a fim de produzir deslocamentos conhecidos com precisão adequada, permitindo
correlacionar estes deslocamentos com as leituras realizadas nos transdutores. O programa
Catman 4.5
possui um sistema de calibração interno chamado tabela de linearização. Tal
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
155
sistema relaciona as leituras realizadas em mV/V com a posição do transdutor em unidade de
comprimento. O procedimento de calibração em execução é apresentado pela Figura 3.55, na
qual observa-se o pórtico, o parafuso micrométrico e o LVDT. Também é apresentado o
gráfico resultante da tabela de linearização obtida no processo de calibração dos LVDTs “0, 1
e 2”. Durante os ensaios são utilizados 2 LVDTs internamente à câmara triaxial e um terceiro
medindo os deslocamentos externamente.
y = -0.04957x + 27.71065
R
2
= 0.99998
y = -0.04977x + 28.25159
R
2
= 0.99998
y = -0.05037x + 28.97443
R
2
= 0.99993
y = -0.05035x + 28.99075
R
2
= 0.99993
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600
Leitura (mV/V)
Deslocamento (mm)
LVDT1
LVDT2
LVDT3 CH 0
LVDT3 CH 1
Figura 3.55 –
Procedimento de calibração dos LVDTs
3.1.6.2.2 Células de carga Gunt Hamburg LT 50/30 e LT 5/3
A célula de carga
Gunt Hamburg LT 50/30
foi utilizada para a realização dos ensaios
triaxiais de carregamento monotônico no equipamento triaxial de grande porte. A aquisição de
dados foi realizada com o sistema
HBM Spider 8
e conector de 15 pinos. A sua carga nominal
é de 300 kN. A célula de carga é apresentada pela Figura 3.56, com vista superior e vista
lateral.
Figura 3.56 –
Célula de carga
Gunt Hamburg LT 50/30
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156
O esquema das conexões elétricas para a célula de carga
Gunt Hamburg LT 50/30
é
apresentado na Figura 3.57. Deve-se observar que o fio vermelho é conectado
simultaneamente aos pinos 5 e 12. Por sua vez, o fio preto deve ser conectado
simultaneamente aos pinos 6 e 13.
Vermelho
Vermelho
Preto
Preto
Verde
Branco
Sinal
Sinal
Alimentação - corrente alternada
Circuito sensor
Alimentação - corrente alternada
Circuito sensor
12
13
6
5
15
8
15
8
14
7
13
6
12
5
11
4
10
3
9
2 1
Conector do Spider
87
15
6
14
5
13
4
12
3
11
2
10
1
9
Visão da parte traseira
Visão da parte frontal
Figura 3.57 –
Esquema de conexões elétricas para a célula de carga
Gunt Hamburg LT 50/30
A célula de carga
Gunt Hamburg LT 5/3
foi utilizada para a realização dos ensaios
triaxiais de carregamento repetido (módulo de resiliência e deformações permanentes) no
equipamento triaxial de grande porte. A aquisição de dados foi realizada com o sistema
HBM
Spider 8
e conector de 15 pinos. A sua carga nominal é de 30 kN. A célula de carga é
apresentada pela Figura 3.58, com vista superior e vista lateral. O esquema das conexões
elétricas para a célula de carga
Gunt Hamburg LT 5/3
é igual ao da célula
Gunt Hamburg LT
50/30
, já apresentado na Figura 3.56.
Figura 3.58 –
Célula de carga
Gunt Hamburg LT 5/3
Normalmente a calibração das células de carga utilizadas no LAPAV e LAGEO é
realizada com auxílio de um pórtico e um pêndulo com pesos conhecidos (ver Figura 3.81 do
item 3.2.1.3). Como neste caso as células de cargas utilizadas possuem carga nominal
significativamente maior que as utilizadas até então, o procedimento usual não se mostrou
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
157
eficiente. A utilização de dez pesos de 100 N (total de 100 kgf) equivale a menos de 4% da
carga nominal da célula de carga
LT 5/3
. Sendo assim foi solicitado à coordenação do
Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (LEME/UFRGS) auxílio para a calibração dos
referidos instrumentos utilizando a prensa hidráulica
Shimadzu
com capacidade para 2000 kN.
Para uma calibração mais eficiente o fundo de escala da prensa foi regulada em 200 kN para a
calibração da célula
LT 50/30
e 40 kN para a célula
LT 5/3
. A Figura 3.59 apresenta a
calibração das células de carga em andamento na prensa do LEME/UFRGS.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
Leituras (mV/V)
Carga (kN)
LT 5/3
LT 50/30
Figura 3.59
– Calibração das células de carga na prensa
Shimadzu
3.1.6.2.3 Transmissores de pressão ASHCROFT k1
Os transmissores de pressão de marca
ASHCROFT
, modelo
k1
, foram
utilizados para medir a pressão de ar comprimido aplicada na câmara triaxial (pressão de
confinamento) e no cilindro pneumático (proporcional à tensão desvio). A aquisição de dados
foi realizada com o sistema
HBM Spider 8
e conector de 5 pinos nos ensaios de deformações
permanentes. A sua pressão nominal é de 1 MPa (10 kgf/cm
2
) e nesta tese foi alimentado com
24 V de corrente contínua. O transmissor de pressão e a fonte de corrente contínua de marca
NOVUS
, modelo
FTL 2 x 24 V / 50 mA
, são apresentados pela Figura 3.60.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
158
Figura 3.60 –
Transmissor de pressão
ASHCROFT k1
O esquema das conexões elétricas para o transmissor de pressão
ASHCROFT k1
é
apresentado na Figura 3.61. O fio branco deve ser conectado diretamente no pólo negativo da
fonte de corrente contínua e o fio vermelho no pino 4 do conector do
HBM Spider 8
. Deve ser
utilizado um terceiro fio para realizar a conexão entre o pino 3 do conector e o pólo positivo
da fonte, neste caso está representado pela cor verde.
Visão da parte frontal
Visão da parte traseira
5
Conector do Spider
_
+
1
4
2
23
43
1
5
Fonte DC
1
2
4
3
5
Transmissor de pressão
Branco
Verde
Vermelho
Figura 3.61 –
Esquema de conexões elétricas para o transmissor de pressão
ASHCROFT k1
A calibração dos transmissores de pressão foi realizada utilizando-se um calibrador de
precisão da marca
Budemberg
. Foram calibrados dois transmissores de pressão denominados
TP1 e TP2. A Figura 3.62 apresenta o procedimento de calibração em execução, bem como os
resultados obtidos. Observa-se que as curvas obtidas para ambos os sensores foram
praticamente coincidentes.
y = 62.39x - 254.09
R
2
= 1.00
y = 62.49x - 254.07
R
2
= 1.00
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15
Leitura (mA)
Pressão (kPa)
TP1
TP2
Figura 3.62
– Calibração dos transmissores de pressão
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
159
3.1.6.3 Descrição do programa Catman 4.5
Após a conexão dos instrumentos ao sistema
HBM Spider 8
, deve-se estabelecer a
comunicação com o computador. Isto foi feito utilizando o programa
HBM
Catman 4.5
. O
programa
HBM
Catman 4.5
permite quatro níveis de operação. Utilizando apenas os níveis 1
e 2 é possível realizar as aquisições de dados necessárias à realização dos ensaios. No nível de
operação 1 o usuário utiliza telas de visualização pré-existentes nos
menus
do programa. Se
for necessário um nível de detalhamento um pouco maior deve-se utilizar o nível de operação
2 no qual o usuário cria as suas próprias telas de visualização. Os níveis 3 e 4 requerem
conhecimentos da linguagem de programação utilizada pelo programa
Catman 4.5
e são
muito úteis para o controle avançado de processos. Os primeiros testes com a instrumentação
foram realizados com o nível 1 de operação, porém para a execução da maioria dos ensaios
foi utilizado o nível 2. Para os ensaios de carregamento monotônico foi desenvolvida uma
rotina em nível 3, a fim de avançar no conhecimento sobre o funcionamento do programa.
Após efetuadas as ligações dos instrumentos, devem ser configurados os seguintes
menus
do
sistema:
Definições de entrada e saída (Níveis 1 e 2)– “
I/O definitions
Módulos pré-existentes (Nível 1) - “
CatModules
Telas de visualização (Nível 2) – “
On-line documents
Medições (Nível 2) – “
Measurement Wizard
As primeiras configurações a serem realizadas são as definições de entrada e saída
(
I/O definitions)
. Para isso cada canal deve ser configurado de acordo com o sensor utilizado.
A maior parte das configurações é feita automaticamente pelo programa, restando nomear,
ajustar e calibrar os sensores. Nesta tese, os sensores foram calibrados utilizando a opção
tabela de linearização. As configurações para os sensores utilizados são apresentadas na
Tabela 3.9. A tabela foi concebida em inglês propositalmente para que os termos apresentados
sejam os mesmos que os utilizados pelo programa. Observa-se que a excitação para os
transmissores de pressão não é solicitada nas configurações, que é feita por fonte externa.
Também, para célula de carga
Gefran
, não são solicitados valores mínimos e máximos de
sensitivity
e
nominal value
e sim
gauge factor
e
bridge factor
.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
160
Tabela 3.9
– Configuração dos sensores (
Sensor Settings
)
Sensitivity Nominal Value
Sensor Type
Excitation
(V)
mín máx mín máx
LVDTs AC-25 Full bridge 3 0 mV/V 500 mV/V 0% 100%
RDT Gefran DC Voltage 10 0 V 10 V 0% 100%
CC Gunt Hamburg Full bridge 3 0 mV/V 20 mV/V 0% 100%
CC Gefran SG Full bridge 5 Gauge factor = 2 Bridge factor = 4
TP ASHCROFT DC current - 4 mA 16 mA 0% 100%
Utilizando os módulos pré-existentes
(catModules)
é possível executar ensaios de
forma fácil e rápida, porém o programa apresenta pouca flexibilidade. A principal
desvantagem da utilização dos
catModules
é com relação à visualização dos resultados
durante a execução dos ensaios. Para suprir esta necessidade, deve-se utilizar o nível 2 de
operação que permite ao usuário confeccionar as suas próprias telas de visualização,
utilizando o
menu Online documents
. Com esta ferramenta o usuário pode dispor de gráficos,
indicadores digitais e analógicos, botões, controles, etc. da forma que melhor lhe convier.
A tela confeccionada para os ensaios monotônicos mostra três gráficos: uma para a
célula de carga contra o tempo, outro para os LVDTs contra o tempo e o último para a curva
tensão deformação. São mostrados três gráficos de barras, um para cada LVDT, apresentando
a posição atual do sensor, bem como um mostrador digital para cada um. O mesmo conjunto
gráfico de barra e mostrador digital é apresentado também para a célula de carga. A pressão
de confinamento é apresentada por um mostrador do tipo relógio e também por um digital
com código de cores alterando conforme o valor da pressão medida. A tela desenvolvida para
os ensaios monotônicos é apresentada pela Figura 3.63.
Para os ensaios cíclicos são utilizados dois gráficos, um para os pulsos de carga contra
o tempo e outro para os pulsos de deslocamento contra o tempo. O posicionamento dos
LVDTs e as leituras da célula de carga também são apresentados por um conjunto de gráficos
de barras e mostrador digital, da mesma forma que para os ensaios monotônicos. As pressões
de ar comprimido na câmara triaxial e no cilindro pneumático são apresentadas por
mostradores do tipo relógio e também digital. O número de ciclos do ensaio é apresentado por
um mostrador digital. As telas de ambos os ensaios contam com botões de inicio e fim do
ensaio. A tela desenvolvida para os ensaios cíclicos é apresentada pela Figura 3.64.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
161
Figura 3.63
– Tela de operação dos ensaios monotônicos no programa
Catman 4.5
Figura 3.64
– Tela de operação dos ensaios cíclicos no programa
Catman 4.5
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
162
A opção de aquisição denominada
Data Logger
é mais indicada para medições mais
curtas e que requerem aquisição contínua de dados em freqüências mais elevadas. A opção
Periodic Measurements
é mais indicada para medições longas e intermitentes. No caso da
utilização do
Data Logger
, a freqüência mínima de aquisição é 1 Hz. No caso de um ensaio de
24 horas de duração seriam 86.400 pontos, o que pode dificultar a interpretação. Em casos
como este se sugere utilizar o módulo
Periodic Measurements
, medindo, por exemplo, 1
ponto a cada 20 min ou medir 5 segundos em uma freqüência de 50 Hz a cada 1000 segundos
(como foi o caso dos ensaios cíclicos de deformações permanentes realizados nesta tese).
Os resultados dos ensaios são fornecidos pelo sistema de aquisição em formado de
arquivo de dados, com as grandezas medidas pelos sensores são apresentadas em colunas.
Estes arquivos podem ser editados em programas do tipo planilha eletrônica a fim de fornecer
os resultados requeridos de cada ensaio. Assim, foram desenvolvidas planilhas modelo para
cada tipo de ensaio, a fim de conduzir as interpretações sempre segundo o mesmo padrão.
3.1.7 Considerações finais sobre o equipamento triaxial de grande porte
Os itens anteriores descreveram a concepção do equipamento triaxial de grande porte
em detalhes no que se refere aos seguintes itens: pórtico de reação, câmara triaxial, sistemas
de aplicação de cargas, instrumentação e sistema de aquisição de dados. Uma vez com o
equipamento em funcionamento resta explorar as suas potencialidades e identificar as suas
limitações. Isto se dará no decorrer da sua utilização e possivelmente modificações e
melhorias serão sugeridas. Em sua configuração atual o equipamento possui as especificações
apresentadas na Tabela 3.10, descrevendo os limites e capacidades dos componentes da
prensa e na Tabela 3.11 descrevendo os componentes do sistema pneumático e da
instrumentação.
Tabela 3.10
– Especificações do equipamento triaxial de grande porte
Equipamento Capacidade nominal
Pórtico de reação 200 kN
Câmara triaxial 1 MPa
Motor 1 CV
Macaco mecânico de esferas recirculantes 200 kN – 200 mm
Cilindro pneumático 20 kN
Inversor de freqüência 0 – 60 Hz
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
163
Tabela 3.11
– Especificações dos componentes do sistema pneumático e instrumentação
Equipamento Capacidade nominal
Compressor de ar Kaeser SX-7 760 kPa – 30 cfm
Filtro Norgren F 74G-4AN-QP3 1,03 MPa - 40 micra
Filtro 2 Norgren F 74C-4AN-QP0 1,03 MPa – 0,01 micra
Regulador de pressão MO4 R74G-4AK-RMN 1 MPa
Regulador de pressão Norgren 11-018-110 1 MPa
Válvula solenóide Norgren H061866 1 MPa
Válvula reguladora de vazão T1000 – A4800 1 MPa
LVDTs Solartron AC 25 50 mm
LVDTs Solartron DG 2,5 5 mm
RDT Gefram LTM 50 S 50 mm
Célula de carga Gunt Hamburg LT 50/30 300 kN
Célula de carga Gunt Hamburg LT 5/3 30 kN
Transmissor de Pressão Aschcroft k1 1 MPa
3.2 Descrição dos equipamentos triaxiais para solos
A principal motivação para a construção de um equipamento triaxial de grande porte
foi a limitação dos equipamentos, até então em uso na UFRGS, para realizar ensaios em
agregados. Algumas vezes a relação mínima entre o diâmetro do corpo de prova e o máximo
tamanho de agregado não era respeitada ou era utilizado o procedimento de “escalpo”,
retirando a fração mais graúda do material. Ainda assim foram propostos ensaios nestes
equipamentos, a fim de comparar os resultados com os do equipamento de grande porte
desenvolvido nesta tese. Os equipamentos triaxiais para solos utilizam corpos de prova
cilíndricos com 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura (10 x 20 cm). Aqui, são descritos os
equipamentos e a instrumentação utilizados para cada tipo de ensaio realizado: módulo de
resiliência, deformações permanentes e resistência ao cisalhamento.
3.2.1 Ensaio triaxial de módulo de resiliência
O equipamento triaxial utilizado para execução de ensaios triaxiais de módulo de
resiliência é apresentado pela Figura 3.65, com os sistemas de aplicação de cargas, de
medição de cargas, de medição interna de deslocamentos e de medição externa de
deslocamentos apresentados em detalhe. Observa-se que este equipamento é composto por:
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
164
pórtico de reação, câmara triaxial e cilindro pneumático, semelhante ao equipamento triaxial
de grande porte, porém sem a capacidade de aplicar carregamentos monotônicos.
Figura 3.65 –
Equipamento triaxial de carregamento repetido para solos
A Figura 3.66 apresenta uma visão geral dos diversos componentes do ensaio além de
alguns detalhes de suas partes mais importantes. Observam-se dois sistemas de aquisição de
dados (um em uso e outro de reserva), as saídas de ar comprimido e uma tela do programa em
execução. O sistema de aquisição de dados utilizado é o
SEEPAV 8200
fabricado pela
empresa Doering e Brito Ltda. Nas saídas de ar comprimido são observados 3 manômetros
que registram a pressão de linha oriunda do compressor, a pressão confinante regulada e a
pressão que atua no cilindro pneumático para a aplicação da tensão desvio. Na tela do ensaio
em execução são observados os sinais dos LVDTs no gráfico mais inferior, o sinal da célula
de carga no gráfico ao centro/direita, além de outras informações adicionais.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
165
Figura 3.66 –
Sistema de aquisição de dados
3.2.1.1 SEEPAV 8200
O SEEPAV 8200 é um sistema que foi desenvolvido especialmente para utilização em
ensaios especiais de pavimentação, como: módulo de resiliência triaxial, módulo de
resiliência diametral e
creep
dinâmico. O sistema comunica-se tanto com o computador
quanto com a instrumentação por meio de conexões seriais (RS 232). A Figura 3.67
apresenta: (i) o SEEPAV 8200, (ii) o painel traseiro do SEEPAV 8200 e (iii) o conector serial.
No painel traseiro são observadas ainda as conexões: seriais e de alimentação, além do
fusível, a seleção de voltagem e o nível de ganho para operação dos LVDTs (mínimo para
ensaio triaxial e máximo para diametral).
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
166
(i)
(ii)
(iii)
Figura 3.67
– SEEPAV 8200 e conector serial
3.2.1.2 – LVDTs Solartron DG-2,5
O equipamento utiliza transdutores de deslocamento do tipo LVDT da empresa
Solartron
modelo
DG-2,5
. Este sensor, apresentado pela Figura 3.68, possui curso de ± 2,5
mm O esquema das conexões elétricas para os LVDTs Solartron DG-2,5 com o SEEPAV
8200 é apresentado na Figura 3.69. Os fios são conectados diretamente aos pinos do conector
serial segundo o esquema de cores apresentado. A calibração foi realizada com o mesmo
pórtico utilizado para os demais transdutores de deslocamento, conforme apresentado na
Figura 3.55.
Figura 3.68 –
Transdutor de deslocamento LVDT
Solartron DG-2,5
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
167
5
Visão da parte traseira
Conector RS 232 (serial)
Visão da parte frontal
5431 2
6
7
8 9
67
8
9
45 3 2 1
4
1
7
9
Blindagem
Terra simples
Alimentação - positiva
Alimentação - negativa
Sinal
Branco
Vermelho
Azul
Verde
Malha
LVDT DG/2,5
Figura 3.69 –
Esquema de conexões elétricas para os LVDTs Solartron DG-2,5
3.2.1.3 – Célula de carga Gefran TU K1 M
A tensão desvio é calculada a partir de medições realizadas com uma célula de carga
Gefran TU K1 M, com capacidade nominal de 10 kN. O instrumento é apresentado pela
Figura 3.70, com vista superior e vista lateral. Neste caso, em que é utilizado o sistema
SEEPAV 8200, as conexões devem ser efetuadas conforme a Figura 3.71.
Figura 3.70 –
Célula de carga
Gefran TU K1 M
4
Alimentação - negativo
Sinal - negativo
Alimentação - positivo
Sinal - positivo
Branco
Vermelho
Verde
Amarelo
1235 4
9
8
7 6
98
7
6
21 3 4 5
Visão da parte frontal
Conector RS 232 (serial)
Visão da parte traseira
Malha
1
9
2
3
Blindagem
Figura 3.71 –
Esquema de conexões elétricas com o sistema SEEPAV 8200 para célula de carga
Gefran TU K1 M
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
168
A calibração da célula de carga
Gefran TU K1 M
foi realizada utilizando-se um
pórtico de calibração conforme apresentado na Figura 3.72. Os pesos utilizados na calibração
somam em torno de 1 kN, que representa 10% da carga nominal do instrumento.
Figura 3.72 –
Calibração de célula de carga com pórtico e pesos
3.2.2 Ensaio triaxial de carregamento repetido para deformações permanentes
Os ensaios triaxiais de carregamento repetido para deformações permanentes em
corpos de prova de 10 x 20 cm foram realizados no mesmo equipamento utilizado para os
ensaios de módulo de resiliência, conforme apresentado no item anterior. Nos trabalhos
anteriormente realizados os deslocamentos eram medidos com um sensor tipo RDT
(
rectilinear displacement transducer
) conectado a um multímetro, as pressões de ar
comprimido eram medidas por manômetros e as cargas verticais não eram medidas (eram
obtidas a partir de uma calibração da carga em função da pressão de ar comprimido no
cilindro pneumático). Nesta tese foi implementado um sistema de aquisição de dados
semelhante ao proposto para o equipamento triaxial de grande porte, utilizando o sistema
HBM Spider 8
e o programa
Catman 4.5
. A instrumentação proposta foi composta por um
transdutor de deslocamento RDT
Gefran LTM 50 S
, uma célula de carga
Gefran TU K1 M
e
um transmissor de pressão
ASHCROFT k1
.
3.2.2.1 – RDT Gefran LTM 50 S
O transdutor de deslocamentos
RDT LTM 50 S
foi utilizado para os ensaios triaxiais
cíclicos de deformações permanentes no equipamento para corpos de prova de 10 x 20 cm. A
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
169
aquisição de dados foi realizada com o sistema
HBM Spider 8
e conector de 15 pinos. O
referido transdutor possui curso de 50 mm e, nesta tese, foi alimentado com 10 VCC. O
sensor é apresentado pela Figura 3.73, com sua haste totalmente recolhida e totalmente
estendida. A calibração foi realizada com o mesmo pórtico utilizado para os demais
transdutores de deslocamento, conforme já apresentado na Figura 3.55.
Figura 3.73 –
Transdutor de deslocamento
RDT Gefran LTM 50 S
O transdutor de deslocamento
RDT Gefran LTM 50 S
deve ser conectado ao sistema
de aquisição de dados utilizando os pinos localizados no lado oposto ao da haste deslizante.
Na Figura 3.73 observa-se a utilização de um conector do tipo cachimbo para orientar a saída
do cabo do transdutor para o sistema de aquisição de dados. Sendo assim, fica a critério do
usuário definir as cores dos fios utilizados. Porém, é praxe utilizar vermelho para o pólo
positivo e preto para o pólo negativo. O esquema das conexões elétricas para o
RDT Gefran
LTM 50 S
é apresentado na Figura 3.74. Observa-se a fonte de corrente contínua alimentando
o sensor através dos pinos 1 e 3, além da conexão ao sistema de aquisição de dados utilizando
um conector de 15 pinos (utilizando apenas os pinos 7, 4 e 14).
7
14
Visão da parte frontal
Visão da parte traseira
9
1
10
2
11
3
12
4
13
5
14
6
15
7 8
Conector do Spider
12
9
3
10
4
11
5
12
6
13
7
14
8
15
Fonte DC
Conector do RDT
+
_
1
2
3
4
Polo negativo
Tensão de operação "zero" (terra)
Polo positivo
Figura 3.74 –
Esquema de conexões elétricas para o RDT Gefran LTM 50 S
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
170
3.2.2.2 Célula de carga
Gefran TU K1 M
A tensão desvio dos ensaios triaxiais de deformações permanentes em corpos de prova
de 10 x 20 cm foi calculada a partir das leituras de uma célula de carga
Gefran TU K1 M
, a
mesma utilizada nos ensaios de módulo de resiliência. As suas características e calibração
foram descritas no item 3.2.1.3. A conexão com o
HBM Spider 8
é apresentada pela
Figura 3.75.
Visão da parte frontal
Visão da parte traseira
9
1
10
2
11
3
12
4
13
5
14
6
15
7 8
Conector do Spider
12
9
3
10
4
11
5
12
6
13
7
14
8
15
8
15
5
6
13
12
Circuito sensor
Alimentação - corrente alternada
Circuito sensor
Alimentação - corrente alternada
Sinal
Sinal
Amarelo
Vermelho
Verde
Verde
Branco
Branco
Figura 3.75 –
Esquema de conexões elétricas do sistema
HBM Spider 8
para a célula de carga
Gefran TU K1 M
3.2.2.3 Transmissor de pressão ASHCROFT k1
A pressão de confinamento foi medida por um transmissor de pressão
ASHCROFT k1
,
o mesmo utilizado no equipamento triaxial de grande porte, com as mesmas conexões e
calibrado segundo o mesmo procedimento. Os detalhes deste sensor foram apresentados no
item 3.1.6.2.3.
3.2.3 Ensaio triaxial de carregamento monotônico
Os ensaios triaxiais de carregamento monotônico foram realizados na mesma câmara
triaxial que os ensaios cíclicos (Figura 3.65). Porém foi utilizada uma prensa da marca
Wykeham Farrance Int.
com capacidade para 50 kN e velocidade de deslocamento máxima de
6 mm/min. A prensa é utilizada, principalmente, na realização de ensaios triaxiais em corpos
de prova de 5 x 10 cm de solos, porém com pequenas adaptações foi possível realizar ensaios
em corpos de prova de 10 x 20 cm. O equipamento é mostrado na Figura 3.76. Para estes
ensaios foi implementado um sistema de aquisição de dados semelhante ao proposto para os
ensaios de deformações permanentes, utilizando o
HBM Spider 8
e o programa
Catman 4.5
. A
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
171
instrumentação proposta foi composta por um transdutor de deslocamento
RDT Gefran LTM
50 S
, uma célula de carga
Reaccion BCZC-5000
e um transmissor de pressão
ASHCROFT k1
.
Figura 3.76 –
Equipamento utilizado para os ensaios triaxiais de carregamento monotônico e detalhe
de instrumentação
3.2.3.1 – RDT Gefran LTM 50 S
As deformações foram calculadas a partir das leituras de um transdutor de
deslocamento tipo RDT da marca
Gefran
modelo
LTM 50 S
, o mesmo utilizado nos ensaios
de deformações permanentes, com as mesmas conexões e calibrado segundo o mesmo
procedimento. Os detalhes deste sensor foram apresentados no item 3.2.2.1.
3.2.3.2 Célula de carga Reaccion BCZC-5000
A tensão desvio dos ensaios de carregamento monotônico foi calculada a partir das
leituras de uma célula de carga da marca
Reaccion
modelo
BCZC-5000
, com capacidade
nominal de 50 kN. O instrumento é apresentado pela Figura 3.77, com vista superior e lateral.
Neste caso, em que é utilizado o sistema
HBM Spider 8
, as conexões são efetuadas conforme
a Figura 3.78. A calibração foi realizada segundo o mesmo procedimento realizado para a
calibração da célula de carga
Gefran TU k1 M
, conforme já apresentado na Figura 3.72.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
172
Figura 3.77 –
Célula de carga
Reaccion BCZC-5000
Visão da parte frontal
Visão da parte traseira
9
1
10
2
11
3
12
4
13
5
14
6
15
7 8
Conector do Spider
12
9
3
10
4
11
5
12
6
13
7
14
8
15
8
15
5
6
13
12
Circuito sensor
Alimentação - corrente alternada
Circuito sensor
Alimentação - corrente alternada
Sinal
Sinal
Amarelo
Vermelho
Verde
Verde
Branco
Branco
Figura 3.78 –
Esquema de conexões elétricas do sistema HBM
Spider 8
para a célula de carga
Reaccion BCZC-5000
3.2.3.3 Transmissor de pressão ASHCROFT k1
A pressão de confinamento foi medida por um transmissor de pressão
ASHCROFT k1
,
o mesmo utilizado no equipamento triaxial de grande porte, com as mesmas conexões e
calibrado segundo o mesmo procedimento. Os detalhes deste sensor foram apresentados no
item 3.1.6.2.3.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
173
4 PROGRAMA EXPERIMENTAL
Neste capítulo apresenta-se o material a ser estudado e detalha-se a metodologia
empregada para execução e análise dos ensaios. Inicialmente o material é classificado
segundo as especificações tradicionais e em seguida é proposta uma análise mais aprofundada
do comportamento do material como parte integrante da estrutura de pavimentos. A avaliação
é realizada a partir dos resultados de ensaios triaxiais de módulo de resiliência, de resistência
ao cisalhamento e de deformações permanentes.
4.1 Caracterização do Material Estudado
O material utilizado para o desenvolvimento desta tese é uma brita bem graduada,
utilizada como base em pistas experimentais solicitadas pelo Simulador de Tráfego UFRGS-
DAER/RS conforme Núñez
et al.
(2000) e Núñez
et al.
(2002). Trata-se de uma brita
graduada de basalto oriunda de britagem de rocha sã. O agregado foi extraído de pistas
trafegadas e após foi seco e peneirado nas frações das faixas granulométricas do DAER/RS.
Como os pavimentos estudados por Núñez
et al.
(2000) e Núñez
et al.
(2002) o
típicos de rodovias estaduais do Rio Grande do Sul, foi utilizada a Especificação de serviço
DAER-ES-P 08/91 para a classificação do material. O material possui mais de 90% das
partículas em peso com pelo menos duas faces britadas e é isento de matéria vegetal ou outras
substâncias nocivas.
A análise granulométrica, segundo o método de ensaio DNER ME 080/94, é
apresentada pela Figura 4.1 e Tabela 4.1, bem como a faixa A do DAER. Todos os ensaios
executados nesta tese foram realizados segundo a granulometria apresentada, sem a
substituição de material retido na peneira de ¾” por uma fração mais fina (sem escalpo).
Nota-se que a curva granulométrica obtida afasta-se ligeiramente da Faixa A do DAER nos
tamanhos de partícula mais graúdos. Observa-se que a diferença entre as porcentagens
passantes nas peneiras 4 e 30 devem variar entre 15 e 25. Como neste caso a diferença
é 20% a especificação é atendida.
Conforme descrito por Caputo (1977), o coeficiente de uniformidade, definido pela
equação (4.1), na realidade, indica a falta de uniformidade, pois seu valor diminui ao ser mais
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
174
uniforme o material. Por este motivo Sousa Pinto (2002) denomina este parâmetro de
coeficiente de não uniformidade (CNU).
Tabela 4.1
– Análise granulométrica da brita
% passante Abertura da
Peneira
Brita Utilizada Faixa A DAER
(min)
Faixa A DAER
(máx)
2” 100 100 100
1 ½” - 90 100
1” 90 - -
¾” 75 50 65
N° 4 39 30 45
N° 30 14 10 25
N° 200 7 2 9
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,01 0,1 1 10 100
Abertura da peneira (mm)
% passante
Brita Utilizada
Faixa A DAER
Figura
4.1
– Análise granulométrica da brita
60
ef
d
Cu CNU
d
= =
(4.1)
Onde:
Cu é o coeficiente de uniformidade (Caputo, 1977)
CNU é o coeficiente de não uniformidade (Sousa Pinto, 2002)
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
175
d
ef
é o diâmetro efetivo, correspondente a 10% de material passante
d
60
é o diâmetro correspondente a 60 % de material passante
O coeficiente de uniformidade classifica os materiais em:
Cu < 5 – muito uniforme
5 < Cu < 15 – de uniformidade média
Cu > 15 – desuniforme
O valor do CNU para o material estudado é 56, portanto muito maior do que 15. O
material é então classificado como desuniforme.
O ensaio de compactação na energia do Proctor Modificado, relatado por Núñez
(1997), conduziu a um peso específico aparente seco máximo de 23,0 kN/m
3
e umidade ótima
de 7,5%. Novos ensaios, segundo o método de ensaio DNER ME 129/94, realizados neste
trabalho, cerca de 10 anos depois, conduziram aos resultados apresentados na Figura 4.2.
Observa-se que o peso específico aparente seco máximo obtido foi de 24,9 kN/m
3
e a
umidade ótima foi de 4,3%.
20
21
22
23
24
25
26
27
28
0 2 4 6 8
Teor de umidade (%)
Peso específico aparente seco
(kN/m³)
Figura 4.2
– Curva de compactação
Ensaios de Índice de Suporte Califórnia (ISC), realizados neste trabalho segundo o
método de ensaio DNER ME 049/94, conduziram aos resultados apresentados na Figura 4.3.
Nota–se que o máximo valor obtido foi em torno de 170% para o teor de umidade de
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
176
aproximadamente 4,8%. O material atinge, portanto, o valor mínimo requerido (100%) para
ser classificada como de classe A.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0 2 4 6 8
Teor de umidade (%)
Índice de Suporte Califórnia (%)
Figura 4.3
– Índice de Suporte Califórnia
A referida brita apresenta os requisitos mínimos para ser classificada como de classe
A, segundo especificação de serviço DAER-ES-P 08/91, com exceção da granulometria. O
material apresenta uma quantidade de agregados de ¾um pouco acima da especificada. A
especificação não sugere valores para partículas de 1”, porém interpolando-se valores
linearmente entre ¾” e 1 ½”, verifica-se que para este tamanho de partícula a especificação
também não é atendida.
4.2 Segurança, Moldagem e Operação do Equipamento
A operação do equipamento triaxial de grande porte requer alguns cuidados especiais.
Neste equipamento todos os procedimentos envolvem peças mais pesadas, cargas maiores,
etc. Sendo assim é necessário um cuidado maior com a segurança e a utilização de
equipamentos de proteção individual (EPIs) e coletiva, como os apresentados pela Figura 4.4.
Para a compactação do corpo de prova é recomendado a utilização de protetores auriculares,
luvas de couro e óculos protetores, sendo desejável também a utilização de capacete e guarda-
pó. Durante a execução dos ensaios, é recomendada a utilização de capacete e óculos
protetores, sendo desejável a utilização dos demais equipamentos, principalmente para os
ensaios com cargas elevadas. Nos ensaios de carregamento monotônico, a proteção de acrílico
deve ser posicionada sobre as polias de forma a não permitir nenhum tipo de acesso externo
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
177
ao sistema. Ainda, os sensores de fim de curso magnéticos devem ser posicionados de forma a
não permitir deslocamentos da câmara além do intervalo necessário à realização do ensaio. Os
cuidados com a segurança não podem ser, sob hipótese alguma, negligenciados, sendo que
para carregamentos que ainda não foram utilizados a atenção deve ser redobrada.
Figura 4.4
– Equipamentos de proteção individual e coletiva
A compactação de corpos de prova de grande porte requer um procedimento especial.
Quando se trabalha com agregados, a camada estrutural do pavimento normalmente é a base e
a energia de compactação é a do Proctor modificado. Para a compactação de um corpo de
prova de 10 cm de diâmetro por 20 cm de altura (10 x 20 cm) são necessários 134 golpes com
o soquete grande padronizado pelo DNER-ME 049/94 distribuídos por cinco camadas.
Calculando a energia segundo a equação (4.2) e alterando os parâmetros para um corpo de
prova de 25 cm de diâmetro e 50 cm de altura, conclui-se que são necessários 2090 golpes de
soquete para a compactação do corpo de prova em 10 camadas na energia modificada. O
número de golpes calculado inviabiliza o uso do procedimento com o soquete de Proctor,
tornando necessária a utilização de outro método de compactação. A influência da
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
178
compacatação no comportamento mecânico de agregados foi abordada em Malysz
et al.
(2004-a).
V
nhNP
E
=
(4.2)
Onde:
E é a energia
P é o peso do soquete
N é o número de golpes
h é a altura de queda
n é o número de camadas
V é o volume do corpo de prova
Para atingir os parâmetros de compactação obtidos na energia do Proctor modificado
foi utilizado um martelo rompedor da marca HILTI modelo TE 706. O equipamento é
conectado a uma ponteira adaptada a uma sapata com base circular de diâmetro 10 cm,
conforme a Figura 4.5. O martelo rompedor HILTI TE 706 possui 1200 W de potência, pesa
7,2 kgf, e possui freqüência regulável de 2290, 2590 ou 2760 impactos por minuto. Este
equipamento, mesmo sendo leve, é mais potente que o utilizado por Arnold (2004), tendo se
mostrado adequado à compactação do corpo de prova de grande porte segundo os parâmetros
desejados e podendo ser utilizado para futuros ensaios.
Figura 4.5
– Martelo rompedor HILTI TE 706 utilizado para a compactação
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
179
O material extraído das pistas experimentais foi seco ao ar e peneirado nas frações da
faixa granulométrica especificada pelo DAER. Após, a granulometria foi recomposta em
pequenos sacos com 1/10 da quantidade necessária para a compactação de um corpo de prova.
O material foi umedecido imediatamente antes da compactação. A Figura 4.6 (a) apresenta o
molde para corpos de prova 10 x 20 cm sobrepostos aos para corpos de prova 25 x 50 cm,
para dar uma idéia de escala. Porém, a relação entre a altura e o diâmetro do molde para
corpos de prova de grande porte é superior a dois, para poder envolver o pedestal do corpo de
prova, conforme a Figura 4.6 (b), e ainda sobrar os 50 cm de altura necessários à moldagem.
Na referida figura, observa-se também parte da membrana interna sob o cilindro
complementar e as braçadeiras que mantém unidas as três partes do molde. Em seguida o
conteúdo de um saco era umedecido, vertido para dentro do molde e golpeado pelo martelo
rompedor durante aproximadamente 2 minutos. A compactação era realizada em
aproximadamente 60% do tempo, os 40% restantes eram utilizados no reposicionamento da
sapata. Imediatamente antes da compactação das camadas 3 e 7 eram posicionadas as esperas
dos suportes para os LVDTs internos, parafusados no molde a 1/3 e 2/3 da altura do corpo de
prova. Sendo assim, os LVDTs internos medem os deslocamentos no terço médio do corpo de
prova, assim como feito por Niekerk
et al.
(2000), Skoglund
et al.
(2000) e
Glatz e Jenkins (2007). Na Universidade de Nottingham os LVDTs são posicionados nos 50%
centrais do corpo de prova, ou seja, são fixados a ¼ e ¾ da sua altura, conforme descrito por
Werkmeister (2003) e Arnold (2004). Na Figura 4.6 (c) é observado o procedimento de
compactação em andamento com a utilização dos EPIs e na Figura 4.6 (d) um corpo de prova
parcialmente compactado, imediatamente antes da escarificação da camada e compactação da
camada seguinte.
A desmoldagem segue alguns procedimentos especiais para a instalação da
instrumentação interna. Inicialmente o cilindro complementar e as braçadeiras são removidos
e em seguida a membrana de moldagem. O corpo de prova fica com o aspecto apresentado na
Figura 4.7 (a), com a mão do operador dando idéia de escala. Em seguida era colocado o
cabeçote conforme a Figura 4.7 (b) onde se observam as esperas para os suportes dos LVDTs
internos. O próximo passo é a colocação da membrana, com diâmetro ligeiramente superior
ao do corpo de prova, dispensando o uso de um colocador de membranas. Uma vez
posicionada, são colocados os anéis de vedação do tipo o`ring e aplicado vácuo de 10 kPa a
fim de aderir a membrana às paredes do corpo de prova, ressaltando as esperas para os
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
180
suportes dos LVDTs. Durante a primeira moldagem foram feitos dois pequenos furos na
membrana para passar o parafuso do suporte. Nas moldagens seguintes a membrana foi
posicionada de forma que os pequenos furos ficassem na mesma posição que as esperas. Os
furos são vedados apertando a membrana entre as esperas e o suporte por meio de um
parafuso. O aspecto dos LVDTs internos instalados é apresentado pela Figura 4.7 (c) e em
detalhe pela Figura 4.7 (d). Observa-se que no detalhe a haste dos LVDTs fica presa ao
suporte. Este sistema é utilizado para os ensaios de Módulo de resiliência, nos quais o pulso
de deformação é muito importante para a interpretação. No caso dos ensaios de deformações
permanentes e resistência ao cisalhamento, o suporte inferior não tem ranhuras e as hastes
ficam somente encostadas. Assim, em caso de ruptura do corpo de prova, as hastes se
deslocam para fora do suporte evitando danos ao sensor.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.6
– Aspectos da moldagem do corpo de prova de 25 x 50 cm
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
181
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.7
– Fixação da instrumentação interna
A retirada do corpo de prova da câmara após o ensaio, à primeira vista, pode parecer
um procedimento simples. Porém, para um corpo de prova com mais de 60 kgf alguns
pequenos cuidados tornam-se necessários. Como a maioria dos procedimentos descritos até
agora, este oferecerá algum risco se efetuado por uma única pessoa. Recomenda-se que sejam
executados por no mínimo duas pessoas, sendo desejável três. Recomenda-se o
posicionamento de uma mesa com uma bandeja na altura da base da câmara triaxial. Isto
facilita a remoção do corpo de prova, que é deslocado apenas por uma pequena distância.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
182
Uma vez na bandeja, o corpo de prova pode ser desmanchado e colocado em estufa para a
determinação do teor de umidade. Nesta tese, as cápsulas utilizadas comportavam
aproximadamente 12 kgf de material retirado do topo, do centro e da base do corpo de prova.
Os corpos de prova oriundos de ensaios cíclicos ganham rigidez e podem ser removidos
inteiros, os submetidos a ensaios monotônicos são desestruturados devido à formação da
superfície de cisalhamento e normalmente desmoronam deixando esta superfície à vista.
4.3 Aplicação dos Carregamentos e Análise de Erros
O equipamento desenvolvido permite uma série de ajustes em relação ao carregamento
aplicado e os registros da instrumentação. Este item descreve os ajustes realizados para os
ensaios desta tese e uma análise de erros a fim de verificar a precisão dos resultados obtidos.
4.3.1 Carregamentos cíclicos
Para atingir o pulso de carga desejado a válvula solenóide conectada ao cilindro
pneumático foi inicialmente alimentada com um sinal elétrico de 48 V
AC
durante 0,1 s. O
pulso de carga obtido foi o apresentado na Figura 4.8. Observa-se que o tempo de resposta
medido pela célula de carga foi aproximadamente o dobro do desejado. Porém, foi verificado
que a ascensão e o decréscimo do pulso de carga foram muito rápidos, formando um patamar
horizontal no topo do pulso. O primeiro passo foi diminuir o tempo de alimentação do
solenóide para encurtar o pulso de carga e em seguida descobrir qual deveria ser a duração do
sinal elétrico que alimenta o solenóide.
0
5
10
15
20
25
30
10 10.1 10.2 10.3 10.4 10.5 10.6 10.7 10.8 10.9 11
Tempo (s)
Carga (kPa)
Figura 4.8
– Pulso de carga com sinal elétrico de 0,1 s
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
183
Com o objetivo de obter o tempo de alimentação do solenóide que resultaria no pulso
de carga desejado, foram feitas medidas com os seguintes tempos de duração: 0,01; 0,015;
0,020; 0,025; 0,030; 0,035; 0,040; 0,045; 0,050 e 0,1 segundo. Este procedimento permitiu
traçar uma curva da duração do pulso de carga contra a duração do pulso elétrico e definir
qual o sinal que gera o carregamento desejado. O resultado é apresentado na Figura 4.9 e com
análise adequada (zoom de 400%), foi verificado que o sinal elétrico que aciona o solenóide
deve ter 0,027 segundo, podendo ser arredondado para 0,25 sem prejuízo para os resultados.
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0,16
0,18
0,2
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12
Duração do pulso elétrico (seg)
Duração do piulso de carga (seg)
Figura 4.9
– Duração do pulso de carga contra duração do pulso elétrico
Após esta definição foi feita a aquisição de dados para o sinal definido. O pulso de
carga obtido com sinal elétrico de 0,027 segundos é apresentado na Figura 4.10. Verifica-se
que foi obtido um pulso de carga de 0,1 segundo de duração e período de 1 segundo,
atendendo às especificações internacionais. Porém, o patamar no topo do pulso persistiu
tornando necessário o uso de um regulador de vazão para dar-lhe o formato desejado.
A simples instalação do regulador de fluxo entre a válvula solenóide e o cilindro
pneumático foi suficiente para dar forma ao pulso de carga, ou seja, a válvula deve operar
completamente aberta. A duração do pulso de carga foi definida com duas retas tangenciando
as suas laterais, conforme apresentado pela Figura 4.11. Definidas as necessidades para o
carregamento cíclico, foi construído um temporizador baseado em um oscilador NE 555 da
Philips. O pulso de carga resultante foi o utilizado para os ensaios de módulo de resiliência e
também para os ensaios de deformações permanentes.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
184
0
5
10
15
20
25
30
10 10.1 10.2 10.3 10.4 10.5 10.6 10.7 10.8 10.9 11
Tempo (s)
Carga (kPa)
Figura 4.10
– Pulso de carga obtido com sinal elétrico de 0,027 segundos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
60 60.1 60.2 60.3 60.4 60.5 60.6 60.7 60.8 60.9 61
Tempo (s)
Carga (kPa)
Figura 4.11
– Pulso de carga obtido com utilização do regulador de fluxo
O carregamento máximo que o equipamento aplicou foi de 435 kPa, porém como o
fluxo de ar é muito intenso, não é possível manter este nível de carga. Sendo assim, é possível
medir o módulo de resilência em todos os estados de tensões propostos pelo DNER ME
131/94, inclusive para a tensão desvio de 420 kPa. Porém, não é possível realizar um ensaio
de deformações permanentes para tensões tão elevadas. Na configuração atual o equipamento
consegue manter um carregamento ligeiramente superior a 360 kPa sem quedas significativas.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
185
4.3.2 Carregamentos monotônicos
Uma importante questão a ser discutida é a velocidade de deformações a ser utilizada
nos ensaios de resistência ao cisalhamento. Muitos dos trabalhos encontrados na literatura
sugerem velocidades de deformação elevadas, porém não consenso sobre qual é a mais
representativa das condições do pavimento em campo. Niekerk
et al.
(2000) realizaram seus
ensaios triaxiais convencionais a uma taxa de deformação de 0,167 %/s. Garg e Thompson
(1997) sugeriram o ensaio de cisalhamento rápido, onde a tensão desvio foi aplicada a uma
velocidade de deformação de 12,5%/s (5% de deformação em 400 ms). Os ensaios realizados
por Malysz (2004) foram executados segundo a velocidade máxima permitida pela prensa
utilizada na oportunidade, a saber: 0,063%/s.
A prensa desenvolvida nesta tese opera com velocidade variável, controlada pelo
inversor de freqüência. A velocidade de deformações utilizada por Garg e Thompson (1997) é
extremamente elevada sendo muito diferente das normalmente utilizadas em ensaios triaxiais.
Portanto a velocidade de deformação a ser utilizada neste trabalho foi definida com base nas
propostas de Niekerk
et al.
(2000) e Malysz (2004). A prensa Wykeham Farrance utilizada
para a execução dos ensaios triaxiais convencionais em corpos de prova cilíndricos de 10 cm
de diâmetro e 20 cm de altura (10 x 20 cm) opera com velocidade máxima de
5,99999 mm/min. Para fins práticos a velocidade de execução dos ensaios pode ser
considerada 6 mm/min. Para os corpos de prova de 10 x 20 cm, esta velocidade corresponde a
3 %/min ou 0,05 %/s. Para manter os mesmos 0,05 %/s em um corpo de prova com 500 mm
de altura foi necessária uma velocidade de 15 mm/min.
Para obter esta velocidade de deformações no equipamento triaxial de grande porte foi
efetuado um procedimento variando a freqüência no inversor e verificando a velocidade de
deslocamento da prensa. O resultado obtido é mostrado pela Figura 4.12, assim como a
equação de ajuste correspondente. Também é mostrada a freqüência de 11,7 Hz que deve ser
utilizada para a velocidade de 15 mm/min. Foram realizadas verificações até a freqüência de
40 Hz, que corresponde à velocidade de 51,6 mm/min. O inversor de freqüência utilizado
permite freqüências de até 60 Hz, que se mantida a linearidade verificada, corresponderia a 77
mm/min ou 0,257 %/s em um corpo de prova de 500 mm de altura. Sendo assim, o
equipamento construído permite a utilização de velocidades superiores à utilizada por
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
186
Niekerk
et al.
(2000), mas ainda fica longe dos ensaios triaxiais de cisalhamento rápido
apresentados por Garg e Thompson (1997).
y = 1.2895x - 0.043
R
2
= 0.9999
0
10
20
30
40
50
60
0 10 20 30 40 50
Frequência (Hz)
Velocidade de deslocamento
(mm/min)
11.7
15
Figura 4.12
– Velocidade de deslocamento no equipamento triaxial de grande porte em função da
freqüência no inversor
Nesta tese o a maior carga suportada pelo equipamento foi registrada no ensaio triaxial
convencional com 100 kPa de pressão confinante. Foram cerca de 110 kN resistidos pelo
corpo de prova. O equipamento foi dimensionado para suportar até 200 kN com segurança,
porém, sempre que forem aplicados carregamentos superiores aos suportados pelo
equipamento, devem ser tomados cuidados especiais com a segurança, conforme descrito no
item 4.2.
4.3.3 Análise de erros
Definidos os carregamentos a serem aplicados aos corpos de prova, deve ser verificada
a precisão com que os parâmetros dos materiais serão obtidos. Isto pode ser feito por meio de
um procedimento denominado análise de erros. Estes erros são denominados aleatórios ou
sistemáticos. Os erros aleatórios são aqueles que podem ser quantificados pela execução de
repetidas medições e os erros sistemáticos estão associados com imperfeições ou vícios no
equipamento ou na operação. Ainda, quando mais de uma grandeza é medida para a obtenção
de um parâmetro (como o módulo de resiliência), aplica-se uma análise denominada
propagação de erros. Deve ser observado que o erro não está necessariamente relacionado
com falhas e sim com as imprecisões inerentes aos processos analisados.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
187
4.3.3.1 Erros aleatórios
Os erros aleatórios são aqueles que podem ser calculados a partir de múltiplas leituras
da instrumentação. Neste caso os instrumentos avaliados foram: as células de carga, os
transdutores de deslocamento e os transmissores de pressão. Para verificar a precisão das
leituras dos instrumentos foram aplicadas ações conhecidas e verificadas as repostas obtidas.
No caso dos LVDTs o sistema de aquisição de dados, conforme configuração
apresentada no item 3.1.6.2.1, fornece valores com 3 casas decimais. Então foram aplicados
deslocamentos conhecidos e verificadas as respostas do sensor. O resultado obtido é
apresentado pela Figura 4.13. Cada degrau pequeno da figura representa o deslocamento de
1 mm e cada deslocamento grande representa o deslocamento de 5 mm. Em cada degrau o
sensor foi deixado em repouso para verificar a estabilidade das leituras. Foi verificado que as
leituras dos sensores foram absolutamente estáveis em todas as posições até a terceira casa
decimal. Segundo o procedimento descrito por Loktik e Blaer (2005) o erro associado às
leituras é de no máximo 0,0005 mm. O menor deslocamento medido nos ensaios cíclicos
ocorreu para tensão desvio de 18 kPa. Foi cerca de 0,02 mm para um LVDT interno com
tensão desvio de 18 MPa. Para este deslocamento o erro relativo é o maior possível,
assumindo o valor de 2,5% (1±0,025). Para os deslocamentos provocados por tensões desvio
elevadas o erro diminui tanto quanto maior for o deslocamento observado.
-15
-10
-5
0
5
10
15
0 100 200 300 400 500
Tempo (s)
Deslocamento (mm)
Figura 4.13
– Obtenção de leituras do LVDT com deslocamentos conhecidos para análise de erros
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
188
Para as células de carga o sistema fornece resultados também com três casas decimais.
Uma verificação semelhante foi feita para analisar a resposta dos sensores. Carregamentos
estáticos conhecidos foram impostos verificando a estabilidade da resposta em cada nível de
carga. O resultado obtido é apresentado pela Figura 4.14. Foi verificado que as leituras dos
sensores foram absolutamente estáveis em todas as cargas até a segunda casa decimal. Algum
ruído foi observado na terceira casa decimal, o que aumenta ligeiramente o erro do
instrumento. Segundo o procedimento descrito por Loktik e Blaer (2005) o erro associado às
leituras é de no máximo 1,3% (1 ± 0,013).
0
2
4
6
8
10
12
14
0 50 100 150 200
Tempo (s)
Tensão desvio (kPa)
Figura 4.14
– Obtenção de leituras da célula de carga com carregamento estático conhecido para
análise de erros
Com o procedimento efetuado, foi verificado que a instrumentação pode medir os
parâmetros de ensaio com elevada precisão. Porém a aplicação dos esforços pode apresentar
variações, influenciando nos resultados obtidos. Assim foram selecionadas quatro seqüências
de 30 pulsos de carga com diferentes magnitudes, conforme apresentado pela Figura 4.15. Foi
observado que para as cargas mais baixas a variação é muito pequena e para o caso de tensão
desvio média de 18,0 kPa a precisão obtida foi de 18,0 ± 0,08 kPa (1 ± 0,0043). As maiores
variações ocorreram para o caso com tensão desvio média de 103,9 kPa, cuja precisão foi de
106,3 ± 3,1 kPa (1 ± 0,029). Os outros dois casos com tensões desvio médias de 214,7 e
300,4 kPa obtiveram resultados intermediários com precisões de 214,7 ± 5,0 kPa (1 ± 0,023) e
300,4 ± 7,8 kPa (1 ± 0,026). Porém, se forem considerados os valores alvo de 21, 105, 210 e
280 kPa para as tensões desvio e adicionado e diminuído o módulo da diferença entre a leitura
média e o valor alvo ao erro de cada avaliação, verifica-se a imprecisão na aplicação das
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
189
cargas cíclicas. Com este procedimento as precisões serão 21,0 ± 3,2 kPa (1±0,15),
105,0 ± 4,3 kPa (1±0,041), 210,0 ± 6,8 kPa (1±0,032) e 280,0 ± 15,1 kPa (1±0,054). A maior
imprecisão ocorreu para a aplicação da tensão desvio de 21 kPa. O erro elevado de 15% pode
ser atribuído à inexperiência na operação, visto que este foi o primeiro ensaio triaxial de
deformações permanentes conduzido com o novo equipamento. Sendo assim, este erro tão
elevado será desconsiderado da análise. Por fim, de acordo com as análises realizadas, as
tensões desvio podem ser registradas com erro máximo de ± 2,9% em relação à média e
aplicadas com ± 5,4% em relação ao valor alvo.
0
5
10
15
20
25
120 125 130 135 140 145 150
Tempo (s)
Tensão desvio (kPa)
0
20
40
60
80
100
120
120 125 130 135 140 145 150
Tempo (s)
Tensão desvio (kPa)
σ
d
= 18,0 kPa
σ
d
= 106,3 kPa
0
50
100
150
200
250
120 125 130 135 140 145 150
Tempo (s)
Tensão desvio (kPa)
0
50
100
150
200
250
300
350
120 125 130 135 140 145 150
Tempo (s)
Tensão desvio (kPa)
σ
d
= 214,7 kPa
σ
d
= 300,4 kPa
Figura 4.15
– Obtenção de seqüências de pulsos de cargas em diversos níveis para análise de erros
A aplicação das pressões de confinamento mostrou-se mais precisa em relação às
cargas cíclicas. A Figura 4.16 apresenta alguns intervalos do registro destas pressões com
valores médios de 20,9; 34,8; 53,4 e 70,1 kPa. Os desvios padrão obtidos para estas leituras
foram respectivamente 0,11; 0,23; 0,34 e 0,21 kPa. Sendo assim os erros aleatórios atribuídos
à aplicação das pressões de confinamento foram 20,9 ± 0,1 kPa (1±0,0052), 34,8 ± 0,2 kPa
(1±0,0067), 53,4 ± 0,3 kPa (1±0,0064) e 70,1 ± 0,2 kPa (1±0,0030). Por outro lado, se forem
considerados os valores alvo de 21, 35, 53 e 70 kPa para as pressões de confinamento e
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
190
adicionado e diminuído o módulo da diferença entre a leitura média e o valor alvo ao erro de
cada avaliação, verifica-se a imprecisão na aplicação das pressões de confinamento. Com este
procedimento as precisões serão 21,0 ± 0,2 kPa (1±0,0095), 35,0 ± 0,4 kPa (1±0,011),
53,0 ± 0,7 kPa (1±0,013) e 70,0 ± 0,3 kPa (1±0,0043). Sendo assim, conclui-se que as
pressões de confinamento podem ser aplicadas com precisão mínima de ± 1,3% em relação ao
valor alvo, porém os registros da instrumentação são mais precisos, com erros de no máximo
± 0,7% em relação à média dos registros.
0
5
10
15
20
25
0 50 100 150 200
Tempo (s)
Pressão de confinamento (kPa)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 100 200 300 400
Tempo (s)
Pressão de confinamento (kPa)
σ
3
= 21 kPa
σ
3
= 35 kPa
0
10
20
30
40
50
60
0 50 100 150 200 250 300 350
Tempo (s)
Pressão de confinamento (kPa)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 100 200 300 400
Tempo (s)
Pressão de confinamento (kPa)
σ
d
= 53 kPa
σ
d
= 70 kPa
Figura 4.16
– Leituras da pressão de confinamento em diversos níveis para análise de erros
4.3.3.2 Erros sistemáticos
Os erros sistemáticos são os decorrentes de imperfeições ou vícios no equipamento ou
na operação. Muitas vezes este tipo de erro é inerente ao processo e não pode ser eliminado.
Porém nos casos em que isso é possível devem ser investigados e minimizados ou eliminados.
No caso do equipamento triaxial de grande porte a instrumentação consegue medir as
respostas dos materiais com eficiência, porém outros fatores podem influenciar a qualidade
dos resultados. Os erros sistemáticos mais facilmente observados são relacionados com a
moldagem do corpo de prova. Especialmente em agregados é difícil colocar o corpo de prova
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
191
em um teor de umidade próximo do ótimo. Além disso, em ensaios longos, como os triaxiais
de deformações permanentes, o corpo de prova pode perder umidade no decorrer do ensaio. O
grau de compactação também pode ter influência na qualidade dos ensaios e pode, portanto,
ser considerado como erro sistemático. A própria história de tensões também pode ser assim
considerada, uma vez que os ensaios triaxiais de deformações permanentes em multiestágios,
sabidamente apresentam resultados diferentes dos em estagio único. Este tipo de erro é muito
difícil de ser quantificado e eliminado, porém esforços no sentido da qualidade da moldagem
podem minimizar alguns efeitos.
4.3.3.3 Propagação de erros
A propagação de erros torna-se um procedimento muito simples visto que os
parâmetros de interesse são também simples. No caso das deformações permanentes o erro é o
mesmo obtido para a precisão dos transdutores de deslocamento, ou seja, 2,5%. No caso de
medidas das cargas de ruptura em ensaios triaxiais de carregamento monotônico o erro é
1,3%, o mesmo obtido para a célula de carga. A propagação de erros se aplica efetivamente
no caso da obtenção dos módulos de resiliência e de Young. Neste caso como se trata de um
quociente, Loktik e Blaer (2005) demonstram que os erros nas leituras de cargas e de
deslocamentos se combinam pela soma dos erros relativos. Neste caso o erro relativo máximo
dos transdutores de deslocamento é 2,5% e das células de carga é de no máximo 1,3%.
Portanto o erro propagado na obtenção do módulo de resiliência é de no máximo 3,8%
(1 ± 0,038). Deve se observar que mesmo que hajam erros em relação à aplicação dos
carregamentos, o módulo é calculado para aquela carga que foi efetivamente aplicada,
eliminando as imprecisões devidas à operação do equipamento nesta análise.
4.4 Ensaios Triaxiais de Módulo de Resiliência
A determinação do módulo de resiliência é padronizada no Brasil, pelo método de
ensaio DNER ME 131/94, porém também foram consultadas as normas TP46-94 da
American Association of State Highway and Transportation Officials
(AASHTO) e AFNOR
NF P 98-231-1, além da bibliografia técnica internacional.
O método de ensaio do DNER especifica que, após a preparação do corpo de prova na
câmara triaxial, seja feito um condicionamento inicial o qual, segundo
Medina e Motta (2005), é importante para eliminar as grandes deformações plásticas, que
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
192
ocorrem no início da aplicação das cargas. Nesta tese o procedimento foi executado conforme
as especificações do DNER – ME 131/94.
Para cada estado de tensões foram aplicados um total de 200 ciclos de carga, tanto
para a fase de condicionamento quanto para a fase de ensaio (onde são medidas as
deformações resilientes). Após cada estágio de aplicação de carga registrou-se a deformação
resiliente referente àquele estado de tensões, o que é feito tomando-se a média dos cinco
últimos pulsos de deslocamento.
O método de ensaio do DNER especifica que sejam aplicados 20 ciclos de carga a
cada minuto, o que resulta em uma freqüência de 0,33 Hz. Porém o equipamento
desenvolvido aplica 1 ciclo por segundo ou 1 Hz, para se adequar aos procedimentos
internacionais. A duração de aplicação da carga deve ser de 0,1 s.
O equipamento desenvolvido conta com dois transdutores de deslocamento vertical do
tipo LVDT (
Linear Variable Differential Transducer
), posicionados internamente à câmara
triaxial e um terceiro externamente. Os deslocamentos registrados, aliados às leituras da
célula de carga, permitem o cálculo do módulo de resiliência. As deformações obtidas a partir
dos registros do LVDT externo foram calculadas em relação à altura total do corpo de prova e
as obtidas a partir dos LVDTs internos foram calculadas e relação ao seu terço médio.
Os resultados dos ensaios foram ajustados pelos modelos k-
σ
3
, k-
θ
, composto,
NCHRP (2004), além dos modelos utilizados por Espinosa (1987), segundo as equações (2.7),
(2.8), (2.9), (2.10), (2.11) e (2.12) respectivamente. As regressões a múltiplas variáveis foram
realizadas pelo programa
Statistica 5.1
. Por fim, os resultados obtidos nos ensaios são
comparados com outros observados na literatura técnica nacional.
4.5 Ensaios Triaxiais de Carregamento Monotônico
Os ensaios triaxiais de carregamento monotônico foram realizados segundo a
modalidade de deformações controladas, adensados isotropicamente e drenados (CID), ou
seja, a drenagem é permitida tanto na fase de adensamento quanto na fase de cisalhamento.
Assim sendo, os parâmetros de resistência obtidos nos ensaios são ângulo de atrito interno
efetivo (
φ
’) e intercepto de coesão efetivo (c’), uma vez que a drenagem é permitida e,
teoricamente, não ocorrem excessos de poro-pressão.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
193
As curvas tensão-deformação foram obtidas das leituras da instrumentação e após
foram efetuadas correções devidas à alteração de área do corpo de prova e devida às restrições
impostas pela membrana, ambas durante a fase de cisalhamento. As correções de área foram
feitas segundo a diferença dos diâmetros antes e depois do ensaio. As correções devidas às
restrições provocadas pela deformação da membrana foram feitas segundo as recomendações
da ASTM D 2850 (2003)
As correções de área do corpo de prova foram feitas a partir da relação entre a
variação do diâmetro com a deformação axial, conforme esquematizado na Figura 4.17. O
diâmetro de cada corpo de prova foi medido no inicio e no final de cada ensaio, permitindo a
determinação das áreas correspondentes. O coeficiente de correção para deformação axial
igual a zero é l, ou seja, não há correção. Ao final do ensaio a correção é igual à relação entre
as áreas final e inicial do corpo de prova. A expressão utilizada para a obtenção do coeficiente
de correção de área é mostrada genericamente pela equação (4.3). Neste procedimento a
relação entre o diâmetro do corpo de prova e a deformação axial foi considerada linear, porém
não foram feitas medidas de diâmetro intermediárias a fim de confirmar esta premissa. O
procedimento proposto por Bishop e Henkel (1957) é mais utilizado e tem boa aceitação no
meio técnico, porém exige medidas de deformações volumétricas, que não são registradas
pelo equipamento construído em sua configuração atual.
1
0 0,14
Deformação Axial Específica
Coeficiente para Correção de Área
θ
Figura 4.17
– Determinação dos coeficientes para correção da área dos corpos de prova
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
194
(
)
1tgC
axcorr
+εθ=
(4.3)
Onde:
C
corr
é o coeficiente de correção de área
ε
ax
é a deformação axial específica
θ
é o ângulo formado pela reta de ajuste com o eixo das abscissas
Os procedimentos de correção de membrana são sugeridos pela ASTM D 2850 (2003)
de acordo com a equação (4.4). O valor é calculado em função da deformação axial, dada a
geometria do corpo de prova e da membrana, além do módulo de Young do material com o
qual a membrana foi confeccionada. O módulo de Young pode ser obtido a partir de um
ensaio de tração da membrana, porém o valor típico para o látex é conhecido e, segundo a
norma citada, vale 1.400 kN/m
2
. No caso de agregados esta correção é desprezível para a
resistência de pico, porém para a obtenção de parâmetros de pós-pico pode exercer alguma
influência, especialmente para as pressões de confinamento mais baixas.
D
tE
mm
1
31
4
)(
ε
σσ
=
(4.4)
Onde:
(
σ
1
-
σ
3
) é a correção a ser subtraída da tensão desvio medida
E
m
é o módulo de Young do material com o qual a membrana foi
confeccionada
t
m
é a espessura da membrana
ε
1
é a deformação axial
D é o diâmetro do corpo de prova
Os ensaios triaxiais de carregamento monotônico foram conduzidos segundo as
pressões confinantes de 12,5, 25, 50 e 100 kPa. Os estados de tensões típicos de camadas de
pavimentos são aqueles sugeridos pelas normas de ensaios de módulo de resiliência e podem
ser tomados como referência para os ensaios de carregamento monotônico. A menor tensão
confinante sugerida para materiais de subleito pela AASTHO TP46-96 é 13,8 kPa, estando
portanto inserida no intervalo de tensões proposto. Porém a maior, para camadas de base ou
sub-base, é 137,9 kPa, estando portanto acima do intervalo. As pressões confinantes sugeridas
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
195
pelo método de ensaio DNER ME 131/94 encontram-se entre 21 e 140 kPa. Neste caso,
novamente, o intervalo proposto para os ensaios respeita o limite inferior, mas em caso de
pressões horizontais acima de 100 kPa, os resultados dos ensaios precisam ser extrapolados.
Foram executados ensaios triaxiais convencionais para cada pressão de confinamento e
também ensaios em multiestágios de carga.
A partir das curvas de tensão-deformação é possível determinar-se o módulo de
Young. O módulo tangente foi definido como sendo a declividade da curva tensão
deformação até dois terços do pico de resistência e o módulo secante como a declividade da
reta que passa por zero e pelo pico de resistência. Um exemplo de utilização das definições
propostas é apresentado na Figura 4.18. Para os ensaios realizados nesta tese foram calculados
os módulos tangente e secante, para as pressões confinantes de 12,5; 25; 50 e 100 kPa. Os
cálculos foram realizados a partir da instrumentação externa, uma vez que os LVDTs internos
medem apenas o início da curva tensão deformação e, para deslocamentos relativamente
pequenos, estão desalinhados e em seguida fora dos suportes. Observa-se que estes
desalinhamentos são permitidos para evitar danos aos sensores conforme descrito no item 4.2.
Obtidos os resultados foi feita uma comparação entre os módulos de Young e os módulos de
resiliência correlacionando os valores observados em cada pressão de confinamento.
E
tg
= 68432 kPa
E
sec
= 28846 kPa
0
200
400
600
800
1000
1200
0 0,05 0,1 0,15
Deformação Axial Específica
Tensão Axial Desviadora (kPa)
Tensão
Tensão Corrigida
E tg
E sec
Linear (E tg)
Linear (E sec)
Figura 4.18
– Determinação dos módulos de Young tangente e secante (Malysz, 2004)
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
196
Os deslocamentos iniciais medidos pelo LVDTs internos foram utilizados para o
cálculo do módulo inicial (E
0
), baseado no procedimento utilizado por Dias (2007). A curva
tensão deformação foi ajustada segundo a equação (4.5) e o módulo tangente inicial foi
calculado segundo a equação (4.6). Os valores obtidos foram ajustados segundo um modelo
exponencial a fim de obter uma comparação preliminar com os resultados obtidos por
Dias (2007).
ε
σσ
ε
+=
ba
31
(4.5)
a
E
1
0
=
(4.6)
Onde:
ε
é a deformação axial
σ
1
é a tensão principal maior
σ
3
é a tensão principal menor
a e b são parâmetros de regressão estatística
E
0
é o módulo inicial
Além do comportamento de deformabilidade elástica do material, é caracterizado o
comportamento quanto à resistência ao cisalhamento. A partir das tensões de ruptura em cada
pressão de confinamento são definidas as envoltórias de ruptura em diagramas q x p’ de
Lambe e Whitman (1969) e
τ
x
σ
de Mohr-Coulomb. Também, são representadas as
trajetórias de tensões que, para ensaios triaxiais adensados isotropicamente e drenados (CID),
assumem uma inclinação de 45°. Além da envoltória de ruptura, são definidas envoltórias de
resistência mobilizada a partir da tensão de escoamento, para o pós-pico e a partir das tensões
correspondentes a diferentes deformações axiais, dependendo da deformação de ruptura do
material. A tensão de escoamento foi definida como o ponto para o qual a reta que define o
módulo tangente e a curva tensão deformação se separam. A tensão de pós-pico foi definida
como aquela para a qual a curva tensão deformação tende a estabilizar após a queda de
resistência provocada pela ruptura.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
197
4.6 Ensaios Triaxiais de Deformações Permanentes
As características e procedimentos para o ensaio triaxial de deformações permanentes
foram determinados, consultando-se os trabalhos citados no Capítulo 2 e a norma francesa
AFNOR NF P 98-231-1, devido à inexistência de normas brasileiras sobre o assunto. Os
ensaios de deformações permanentes não serão realizados exatamente como preconiza a
norma francesa porque o sistema de aplicação de cargas utilizado não tem capacidade para a
aplicação de pressões confinantes cíclicas. Os estados de tensões escolhidos para os ensaios
também são mais abrangentes que os sugeridos pela norma francesa.
Nos ensaios de deformações permanentes é aplicada a pressão de confinamento e em
seguida ciclos de tensão desvio. No decorrer do ensaio é monitorada a resposta do corpo de
prova ao estado de tensões escolhido, desconsiderando-se o primeiro ciclo de carga, com o
objetivo de eliminar os efeitos de acomodamento do pistão, do cabeçote, etc. O ensaio pode
ser realizado em estágio único ou em multiestágios de carregamento. No procedimento em
estágio único apenas um estado de tensões é aplicado ao corpo de prova. Após ter aplicado o
número de ciclos desejado o corpo de prova é retirado da câmara e colocado em estufa para a
verificação do teor de umidade. Nesta tese, os ensaios em multiestágios foram conduzidos
com pressão de confinamento constante. Uma vez escolhida a pressão de confinamento,
foram aplicadas tensões desvio segundo as relações
σ
d
/
σ
3
de 1, 2, 3, 4 e 5, sendo que cada
relação corresponde a um estágio.
Para os ensaios em estágio único, foram escolhidas as pressões de confinamento de 21,
35, 53 e 70 kPa. As tensões desvio foram de 105, 140, 160 e 140, respectivamente para cada
uma das pressões de confinamento. Estes estados de tensões correspondem a relações
σ
d
/
σ
3
de 5, 4, 3 e 2 respectivamente. Sendo assim, os estados de tensões escolhidos permitem
verificar a influência da pressão de confinamento, da tensão desvio e da relação
σ
d
/
σ
3
.
No caso dos ensaios em multiestágios foram escolhidas as mesmas pressões de
confinamento que para os ensaios em estágio único. Adicionalmente, foram realizados ensaios
com pressões de confinamento de 105 e 150 kPa, porém apenas para corpos de prova de
10 cm de diâmetro. Utilizando-se as relações
σ
d
/
σ
3
supracitadas são abordados os estados de
tensões mais comumente encontrados em camadas estruturais de pavimentos. Este parece ser
o método mais representativo das condições reais de carregamento de uma rodovia. Para os
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
198
estados de tensões mais baixos, os resultados obtidos segundo as modalidades de
multiestágios e estágio único são muito parecidos, conforme Malysz (2004). Porém, quando
são ensaiados em estágio único e estados de tensões elevados, as deformações registradas são
também mais elevadas em relação aos ensaios em multiestágios, já que estes não sofreram um
enrijecimento prévio por pós compactação, promovido pelos estados de tensões mais brandos
que o antecedem.
A AFNOR NF P 98-231-1 determina que 80.000 ciclos de carga são suficientes para a
determinação do comportamento quanto a deformações permanentes de solos e agregados.
Porém, se for de interesse do estudo, um critério de ruptura pode ser definido de acordo com a
estrutura que está sendo avaliada, levando em consideração a espessura do revestimento e a
própria espessura da camada granular. Ainda assim é de interesse conhecer o comportamento
do material sob diversos estados de tensões, independentemente da camada em que esteja
inserido ou do afundamento de trilha de roda (ATR) admissível. Então, para cada estágio de
carga, o final do ensaio ocorre quando é atingida a ruptura física do corpo de prova (colapso
incremental) ou 80.000 ciclos de carga, ainda que autores como Arnold
et al.
(2004) afirmem
que 50.000 ciclos são suficientes para caracterizar o comportamento do material.
As leituras da instrumentação foram realizadas tomando-se por referência os
intervalos estabelecidos por Niekerk
et al.
(2000), a saber: 100, 200, ..., 1.000, 2.000, ...,
10.000, 20.000, ..., 10.0000, 200.000, ..., 1.000.000. Observa-se que a metodologia empregada
nesta tese não ultrapassa os 80.000 ciclos de carga.
Os resultados dos ensaios triaxiais de carregamento repetido, executados segundo a
modalidade multiestágios de carga, apresentam como resultado, curvas sucessivas
assemelhando-se a uma escada, onde cada degrau corresponde a um estágio ou estado de
tensões (Figura 4.19). Cada degrau deve ser isolado e a partir destes são calculados os
parâmetros de deformações permanentes. A Figura 4.20 exemplifica o cálculo dos parâmetros
ε
pi
e TDP do modelo da equação (2.26). Para os demais modelos é necessário trazer a curva
para a origem, com o número de ciclos começando em zero. Os resultados obtidos foram
ajustados segundo os modelos de Barksdale (1972), Monismith
et al.
(1975), Uzan (1985),
Malysz (2004) e Guimarães (2009), segundo as equações (2.29), (2.27), (2.28), (2.26) e (2.32)
respectivamente. As regressões a múltiplas variáveis foram realizadas pelo programa
Statistica 5.1
.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
199
Os parâmetros dos modelos representados pelas equações (2.26), (2.27), (2.28), (2.29)
e (2.32) foram ajustados segundo os estados de tensões, pelo modelo da equação (4.7). O
modelo permite a interpolação de valores para estes parâmetros tanto para tensões desvio
quanto pressões confinantes intermediárias às da realização dos ensaios, semelhante ao feito
por Werkmeister
et al.
(2000) para estimar diretamente a deformação permanente.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
0 100000 200000 300000 400000 500000
Número de aplicações cíclicas de carga
ε
p
(%)
Figura 4.19 –
Resultado típico de ensaios triaxiais de deformações permanentes em multiestágios,
Malysz (2004)
0.9
1
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
170000 190000 210000 230000 250000 270000
Número de ciclos
Deformação permanente (%)
ε
pi
TDP
Figura 4.20 –
Obtenção dos parâmetros
ε
pi
e TDP
32
31
k
d
k
kParâmetro
σσ
=
(4.7)
Onde:
Parâmetro
é a variável que representa os diversos parâmetros dos modelos das
equações (2.26), (2.27), (2.28), (2.29) e (2.32) (
A
,
B
,
ε
pi
,
TDP
,
µ
,
α
,
a
e
b
)
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
200
σ
3
é a pressão de confinamento
σ
d
é a tensão desvio aplicada ciclicamente
k
1
, k
2
e k
3
são parâmetros dos modelos
Também foi feita uma análise segundo a teoria do Shakedown, apresentada no
item 2.2.3.2. Os resultados dos ensaios são dispostos em gráficos com a razão entre a
deformação permanente e o número de ciclos no eixo das ordenadas e com a deformação
permanente no eixo das abscissas, conforme disposto em Werkmeister
et al.
(2001). Os
referidos gráficos apontam se o comportamento, para cada estado de tensões ensaiado, é do
tipo A (Shakedown Elástico), B (Shakedown Plástico) ou C (Colapso Incremental), conforme
a Figura 2.20. O comportamento do tipo A é reconhecido pelo formato convexo descendente
da curva obtida no gráfico. Quando as deformações permanentes tendem ao colapso
(Shakedown C) a referida curva torna-se horizontal e eventualmente ascendente. O
comportamento do tipo B apresenta-se intermediário aos outros dois. Definido o tipo de
comportamento para cada estado de tensões, foram estabelecidos limites de transição entre os
mesmos. Estes limites podem ser apresentados de várias formas, como no espaço “p x q”
conforme Arnold (2004).
Também foi verificado o comportamento dos laços de histerese resultantes dos ciclos
de carga nos ensaios triaxiais. A Figura 4.21 apresenta um laço de histerese típico com as
informações que podem ser obtidas em destaque. Foi escolhido um ensaio com
comportamento Shakedown tipo A, outro tipo B e um tipo C para estas verificações.
0
5
10
15
20
25
30
0 0.02 0.04 0.06 0.08
Deslocamento (mm)
Tensão desvio (kPa)
Deslocamento
resiliente
Deslocamento
irrecuperável
L
p
L
r
σ
d
Tensão desvio
Figura 4.21 –
Laços histeréticos resultantes de carregamentos cíclicos em ensaios tiaxiais
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
201
4.7 Análises Paramétricas
A metodologia até aqui descrita envolve apenas a interpretação dos ensaios e o
comportamento do material avaliado de forma generalizada. Neste item é avaliado o
comportamento do material enquanto camada estrutural de pavimento. Para isso foi utilizado
o programa de análise mecanística
Everstress 5.0
, citado anteriormente no item 2.4. O
programa permite análises de tensões e deformações não-lineares com a utilização do modelo
apresentado pela equação (2.8).
Deforma geral os estados de tensões são calculados para o plano médio da camada
analisada e considera-se que representa o seu comportamento. Portanto, os estados de tensões
segundo este procedimento foram determinados para três estruturas com diferentes espessuras
de revestimento e base. Para refinar um pouco a análise, as camadas granulares destas
estruturas foram divididas em subcamadas. Os estados de tensões foram determinados para o
plano médio de cada uma destas camadas. Ainda, foi definido o comportamento dos estados
de tensões em função da profundidade de acordo com os modelos apresentados pelas
equações (4.8) e (4.9). Em uma análise preliminar, observou-se que as tensões desvio são
melhores ajustadas pelo modelo exponencial e as tensões de confinamento pelo modelo
potencial.
b
pa
=
3
σ
(4.8)
pd
d
ec
=
σ
(4.9)
Onde:
σ
3
é a pressão de confinamento (kPa)
σ
d
é a tensão desvio (kPa)
p é a profundidade (m)
e = 2.7183 (base do logaritmo natural)
a, b, c
e
d
são os parâmetros dos modelos
O cálculo da deformação permanente acumulada para um determinado estado de
tensões foi realizado associando a deformação com o estado de tensões atuante em cada
subdivisão. A cada subcamada, corresponde uma deformação permanente, cujo
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
202
afundamento de trilha de roda (ATR) associado é função da espessura da subdivisão.
Portanto, o ATR resultante é o somatório das contribuições de cada subcamada, conforme a
equação (4.10). Um esquema das camadas do pavimento com tensões atuantes e deformações
associadas, é apresentado pela Figura 4.22.
n=1
n=2
n=3
n=4
n=5
n'=1
n'=2
n'=3
n'=4
n'=5
Revestimento
Base
(dividida em n sub-camadas)
(dividida em n' sub-camadas)
Sub-base
Subleito
σ
3
σ
1
σ
z z
ε
p
ε
p
= a.e
b.z
Figura 4.22 –
Esquema de camadas, tensões e deformações em um pavimento
=
n
png
hATR
1
ε
(4.10)
Onde:
ATR
g
é o afundamento de trilha de roda devido à camada granular
N é o número de subcamadas que a base ou sub-base foi dividida
ε
pn
é a deformação permanente obtida para cada camada
h é a espessura das subdivisões
Se for realizada uma regressão estatística para as deformações obtidas em cada
subdivisão, o comportamento das deformações pode ser apresentado em função da
profundidade. Como o comportamento de agregados é sabidamente não linear, a princípio
sugere-se uma regressão exponencial, conforme a equação (4.11). Nestas circunstâncias, a
camada de base ou sub-base pode ser dividida em infinitas camadas de espessura
infinitesimal. Neste caso o ATR é representado pela equação (4.12). Para a execução deste
procedimento foram necessárias extrapolações tanto para o estado de tensões quanto para o
número de ciclos.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
203
bz
p
ea=
ε
(4.11)
=
f
i
z
z
bz
g
dzeaATR
(4.12)
Onde:
ATR
g
é o afundamento de trilha de roda devido à camada granular
z é a profundidade a partir da face superior do revestimento
e = 2.7183 (base do logaritmo natural)
ε
p
é a deformação permanente
a
e
b
são os parâmetros do modelo
Por fim, a resistência ao cisalhamento do material foi avaliada para os estados de
tensões atuantes nas camadas simuladas na análise mecanísticas. Para isso foram calculados
os coeficientes de segurança ao cisalhamento, segundo a equação (2.3), para os estados de
tensões no plano médio da camada avaliada e também com divisão em subcamadas. Para uma
comparação de resultados, os estados de tensões atuantes nas estruturas avaliadas foram
dispostos em gráficos do espaço de tensões “
τ
x
σ
”.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
204
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Este capítulo destina-se à apresentação e análise dos resultados obtidos no programa
experimental proposto. São analisados ensaios de módulo de resiliência, deformações
permanentes e de carregamento monotônico realizados em corpos de prova de 10 cm de
diâmetro por 20 cm de altura (10 x 20 cm) e em corpos de prova de 25 cm de diâmetro por
50 cm de altura (25 x 50 cm).
5.1 Ensaios de módulo de resiliência
Este item descreve os resultados obtidos em ensaios de módulo de resiliência
ajustando os valores obtidos segundo os modelos apresentados no Capítulo 2. Diversas
comparações são realizadas de forma a avaliar os resultados dos ensaios, a metodologia
utilizada para medir os deslocamentos e a eficiência dos modelos utilizados. Observa-se que
as unidades de tensões utilizadas nas análises de módulo de resiliência foram sempre MPa.
5.1.1 Ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
Os ensaios de módulo de resiliência em corpos de prova de 10 x 20 cm foram
realizados segundo o apresentado no item 4.4. Para esta campanha de ensaios foram moldados
4 corpos de prova, sendo que 3 foram submetidos diretamente aos carregamentos do ensaio de
módulo de resiliência utilizando-se instrumentação interna à câmara triaxial. Estes ensaios
foram denominados MR1, MR2 e MR3. O outro ensaio foi realizado em um corpo de prova
oriundo do ensaio de deformações permanentes em multiestágios com pressão de
confinamento de 53 kPa. O ensaio foi denominado MR
ext
por ter sido realizado com
instrumentação externa à câmara triaxial. As características dos ensaios e os parâmetros de
compactação são apresentados pela Tabela 5.1.
Tabela 5.1
– Dados da compactação dos corpos de prova de 10 x 20 cm utilizados nos ensaios
triaxiais de módulo de resiliência
Ensaio triaxial
Teor de umidade
(%)
Peso específico
aparente seco (kN/m
3
)
Grau de
compactação (%)
MR1 4,44 25,36 101,9
MR2 4,92 23,76 95,4
MR3 4,51 24,95 100,2
MR
ext
3,94 24,50 98,4
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
205
O primeiro modelo utilizado para ajustar os resultados dos ensaios de módulo de
resiliência em corpos de prova de 10 x 20 cm foi o k-
σ
3
. Este modelo é o indicado pelo
método de ensaio DNER 131/96 para materiais granulares e permite a comparação dos
resultados obtidos com outros observados na literatura brasileira, conforme descrito no
item 2.2.1.4 e mostrado pela Figura 2.12. Os ajustes obtidos são apresentados na Figura 5.1 e
os parâmetros do modelo na Tabela 5.2. Observa-se que os resultados obtidos com
instrumentação interna mostraram pouca influência da tensão desvio nos resultados, ou seja,
os resultados obtidos em cada pressão de confinamento e tensões desvio diferentes são muito
próximos entre si. Por outro lado a influência da pressão de confinamento é muito
significativa, apresentando coeficientes k
2
da ordem de 0,9. O ensaio realizado com
instrumentação externa à câmara triaxial apresentou menor influência da pressão de
confinamento, com coeficiente k
2
de 0,6. A tensão desvio, neste caso, apresentou maior
influência no módulo de resiliência, separando os valores relativos a cada tensão desvio
dentro da mesma pressão de confinamento. Na Tabela 5.2 mostra-se que os coeficientes de
determinação R
2
são expressivamente maiores para os ajustes dos ensaios com instrumentação
interna. Ainda, o ensaio MR
ext
apresentou módulos de resiliência ligeiramente superiores aos
ensaios MR1, MR2 e MR3 para pressões de confinamento mais baixas e inferiores para
pressões de confinamento mais elevadas. A pressão de confinamento que delimita estes
comportamentos é da ordem de 35 kPa.
10
100
1000
0.01 0.1 1
Pressão de confinamento (MPa)
Módulo de resiliência (MPa)
MR1
MR2
MR3
MRext
Figura 5.1
– Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
segundo o modelo k-
σ
3
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
206
Tabela 5.2
– Parâmetros do modelo k-
σ
3
para os ensaios de módulo de resiliência realizados em
corpos de prova de 10 x 20 cm
Ensaio k
1
k
2
R
2
MR1 2292 0,9272 0,9725
MR2 1904 0,8648 0,9622
MR3 2143 0,9156 0,9637
MR
ext
811,8 0,6201 0,7908
Os ajustes segundo o modelo k-
θ
normalizado pela pressão atmosférica (equação 2.8)
apresentaram coeficientes de determinação ligeiramente superiores aos do modelo k-
σ
3
para
os ensaios com instrumentação interna e expressivamente superior para o ensaio com
instrumentação externa à câmara triaxial. Ainda assim nota-se que os pontos são ligeiramente
mais dispersos em torno da curva de ajuste para o ensaio com instrumentação externa. A
Figura 5.2 apresenta os ajustes obtidos e a Tabela 5.3 os parâmetros de regressão estatística.
Estes parâmetros aqui denominados k
1
e k
2
são os utilizados pelo programa de análise
mecanística
Everstress 5.0
, apresentadas no item 5.4.2. Estes parâmetros são denominados
pelo programa de “
multiplier
” e “
power
” respectivamente.
10
100
1000
0.1 1 10
θ/P
atm
(MPa)
Módulo de resiliência (MPa)
MR1
MR2
MR3
MRext
Figura 5.2
– Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
segundo o modelo k -
θ
normalizado pela pressão atmosférica
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
207
Tabela 5.3
– Parâmetros do modelo MR-
θ
normalizado pela pressão atmosférica para os ensaios de
módulo de resiliência realizados em corpos de prova de 10 x 20 cm
Ensaio k
1
k
2
R
2
MR1 64,13 0,9033 0,9849
MR2 67,77 0,8423 0,9739
MR3 62,65 0,8930 0,9782
MR
ext
70,92 0,6515 0,9430
O modelo composto (equação 2.9) vem se mostrando como o mais eficiente e
representativo ajuste estatístico do módulo de resiliência. Os coeficientes de determinação R
2
obtidos com este modelo nos ensaios de módulo de resiliência em corpos de prova de 10 x 20
cm foram sempre superiores aos demais modelos, estando sempre acima de 0,99. Os ajustes
obtidos são apresentados na Figura 5.3 e os parâmetros de regressão estatística na Tabela 5.4.
O modelo ajusta o módulo de resiliência em função do estado de tensões
σ
3
x
σ
d
de forma
explicita. Os demais modelos ou não consideram uma destas tensões ou a consideram
implicitamente em outro parâmetro, como
θ
(somatório das tensões principais) ou
τ
oct
(tensão
de cisalhamento octaédrica, utilizada no modelo generalizado do NCHRP, modelo 2.10). Esta
abordagem explícita confere maior acurácia às previsões feitas com aplicação do modelo, sem
perder a simplicidade.
Tabela 5.4
– Parâmetros do modelo composto para os ensaios de módulo de resiliência realizados em
corpos de prova de 10 x 20 cm
Ensaio k
1
k
2
k
3
R
2
MR1 2303 0,7593 0,2228 0,9983
MR2 2180 0,7392 0,2351 0,9963
MR3 2377 0,7570 0,2624 0,9973
MR
ext
692 0,1862 0,4822 0,9924
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
208
Ensaio MR1 Ensaio MR2
Ensaio MR3 Ensaio MR
ext
Figura 5.3
– Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
segundo o modelo composto
Além dos modelos apresentados, foram observados na literatura consultada, outros
que se mostraram estatisticamente significativos. O modelo generalizado no NCHRP (2004) e
outros dois utilizados por Espinosa (1987) são apresentados na Tabela 5.5. Ainda que
significatrivos, os modelos de Espinosa (1987) não são muito difundidos, talvez pela
complexidade da sua utilização em análises mecanísticas. Os do NCHRP (2004) são
utilizados no programa M-E PDG que utiliza a metodologia da AASHTO (2002).
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
209
Tabela 5.5
– Parâmetros dos modelos utilizados por Espinosa (1987) e modelo generalizado do
NCHRP (2004) obtidos para os ensaios de módulo de resiliência realizados em corpos de prova de
10 x 20 cm
32
11
k
atm
oct
k
atm
atm
PP
PkMr
+
=
τ
θ
equação (2.10)
Ensaio k1 k2 K3 R
2
MR1 590,3 1,243 -0,6278 0,9892
MR2 584,3 1,106 -0,3534 0,9841
MR3 540,9 1,146 -0,3365 0,9880
MR
ext
625,5 0,1652 1,232 0,9837
c
a
k
kMr
εθ
=
2
1
equação (2.11)
Ensaio k1 k2 C R
2
MR1 140,9 0,9850 -0,1862 0,9970
MR2 146,2 0,9795 -0,1774 0,9944
MR3 165,9 1,017 -0,1635 0,9958
MR
ext
10836 0,5081 0,5202 0,9845
'
'2
1
'
c
d
k
kMr
σθ
=
equação (2.12)
Ensaio k1’ k2’ C’ R
2
MR1 441,5 1,195 -0,2157 0,9956
MR2 436,3 1,165 -0,1932 0,9920
MR3 457,0 1,195 -0,1775 0,9942
MR
ext
459,7 0,3011 0,3682 0,9932
Os coeficientes de determinação fornecem uma boa estimativa da eficiência dos
modelos utilizados, porém em se tratando de regressões múltiplas fica mais difícil de
visualizar as dispersões. Uma forma de observar estes desvios é em um gráfico dos valores
observados nos ensaios versus os valores estimados pelo modelo utilizado. A inserção da reta
de igualdade facilita ainda mais a visualização. Este procedimento foi aplicado aos modelos
em múltiplas variáveis e os resultados são apresentados pela Figura 5.4, na qual se observa a
boa acuracia dos modelos.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
210
0
100
200
300
400
500
0 100 200 300 400 500
Valores do Modelo (MPa)
Valores do ensaio (MPa)
MR1 igualdade
MR2 MR ext
MR3
0
100
200
300
400
500
0 100 200 300 400 500
Valores do Modelo (MPa)
Valores do ensaio (MPa)
MR1 igualdade
MR2 MR ext
MR3
Modelo composto Modelo NCHRP
0
100
200
300
400
500
0 100 200 300 400 500
Valores do ensaio (MPa)
Valores do modelo (MPa)
MR1 igualdade
MR2 MR ext
MR3
0
100
200
300
400
500
0 100 200 300 400 500
Valores do Modelo (MPa)
Valores do ensaio (MPa)
MR1 igualdade
MR2 MRext
MR3
Modelo (2.11) Modelo (2.12)
Figura 5.4
– Comparação entre os módulos de resiliência observados nos ensaios e os calculados pelo
modelo composto em relação à reta de igualdade para corpos de prova de 10 x 20 cm
5.1.2 Ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
Os ensaios de módulo de resiliência em corpos de prova de 25 x 50 cm foram
realizados segundo o apresentado no item 4.4. Para esta campanha de ensaios, apenas um
corpo de prova foi moldado especialmente para a execução de ensaio de módulo de
resiliência. Este ensaio foi denominado MR1 e não contou com instrumentação interna. O
ensaio denominado MR2 foi executado em um corpo de prova oriundo do ensaio DP ME 53
kPa e os ensaios MR3, MR4 e MR5 foram executados no corpo de prova oriundo do ensaio
DP ME 70 kPa, todos com instrumentação interna e externa. As características dos ensaios e
os parâmetros de compactação são apresentados pela Tabela 5.6.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
211
Tabela 5.6
– Dados da compactação dos corpos de prova de 25 x 50 cm utilizados nos ensaios
triaxiais de módulo de resiliência
Ensaio triaxial Teor de umidade (%)
Peso específico
aparente seco (kN/m
3
)
Grau de
compactação (%)
MR1 4,0 24,98 100,3
MR2 3,6 24,72 99,3
MR3 3,1 24,97 100,1
MR4 3,1 24,97 100,1
MR5 3,1 24,97 100,1
A interpretação dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm seguiu a mesma
seqüência que para os 10 x 20 cm. Então o primeiro ajuste a ser apresentado é o segundo o
modelo k-
σ
3
. Os resultados obtidos são apresentados na Figura 5.5 e os parâmetros do modelo
na Tabela 5.7.
10
100
1000
10000
0.01 0.1 1
Pressão de confinamento (MPa)
Módulo de Resiliência (MPa)
MR1 ext MR2 int
MR2 ext MR3 int
MR3 ext MR4 int
MR4 ext MR5 int
MR5 ext
Figura 5.5
– Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
segundo o modelo k-
σ
3
O MR1 foi o primeiro ensaio realizado no equipamento triaxial de grande porte e o
se tem informações como: o diâmetro e altura final do corpo de prova; mesmo o teor de
umidade foi determinado muitos dias após as sua moldagem. O resultado foi
significativamente diferente dos demais, o que pode ser atribuído à inexperiência na operação
dos equipamentos de compactação e do próprio equipamento triaxial. Na oportunidade não
haviam sido confeccionados os suportes para os LVDTs internos, por este motivo não é
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
212
apresentado entre os MR
int
. Observa-se que os módulos de resiliência são expressivamente
maiores quando calculados a partir de deslocamentos elásticos medidos com LVDTs internos.
A influência da pressão de confinamento se mostra ligeiramente superior quando é utilizado
LVDT externo. O agrupamento dos pontos para uma mesma pressão de confinamento
mostrou que a tensão desvio tem pouca influência no valor dos módulos de resiliência. Os
coeficientes de determinação R
2
foram sempre acima de 0,9, exceto para o ensaio MR1
ext
.
Tabela 5.7
– Parâmetros do modelo k-
σ
3
para os ensaios de módulo de resiliência realizados em
corpos de prova de 25 x 50 cm
Ensaio k
1
k
2
R
2
MR1 ext 686,1 0,3586 0,8916
MR2 ext 3731 0,9780 0,9110
MR3 ext 2058 0,7841 0,9261
MR4 ext 2624 0,8500 0,9499
MR5 ext 2304 0,8040 0,9437
MR1 int - - -
MR2 int 3967 0,7080 0,9283
MR3 int 5134 0,8339 0,9409
MR4 int 5731 0,8847 0,9622
MR5 int 5070 0,8393 0,9660
Os ajustes segundo o modelo k-
θ
normalizado pela pressão atmosférica (modelo 2.8)
apresentaram coeficientes de determinação ligeiramente superiores aos do modelo k-
σ
3
para
os ensaios com instrumentação externa e ligeiramente inferiores para o ensaio com
instrumentação interna à câmara triaxial. Nota-se que os pontos são um pouco mais dispersos
em torno da curva de ajuste para o ensaio com instrumentação interna. A Figura 5.6 apresenta
os ajustes obtidos e a Tabela 5.8 os parâmetros de regressão estatística. Estes são os
parâmetros utilizados para a análise mecanística com o programa
Evestress 5.0
(“
multiplier
” e
power
”), apresentadas no item 5.4.2.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
213
10
100
1000
10000
0.1 1 10
θ
/P
atm
(MPa)
Módulo de Resiliência (MPa)
MR1 ext MR2 ext
MR3 ext MR4 ext
MR5 ext MR4 int
MR2 int MR5 int
MR3 int
Figura 5.6
– Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
segundo o modelo k -
θ
normalizado pela pressão atmosférica
Tabela 5.8
– Parâmetros do modelo MR-
θ
normalizado pela pressão atmosférica para os ensaios de
módulo de resiliência realizados em corpos de prova de 25 x 50 cm
Ensaio k
1
k
2
R
2
MR1 ext 169,2 0,3756 0,9407
MR2 ext 83,80 0,9754 0,9670
MR3 ext 98,44 0,7822 0,9857
MR4 ext 101,8 0,8127 0,9846
MR5 ext 102,9 0,7958 0,9795
MR1 int - - -
MR2 int 263,3 0,6721 0,8927
MR3 int 215,4 0,7624 0,7948
MR4 int 205,2 0,7960 0,8742
MR5 int 207,2 0,7847 0,8945
As análises segundo o modelo composto são apresentadas pelas Figuras 5.7 e 5.8
respectivamente para os resultados com LVDTs internos e externos. De forma geral os
coeficientes de determinação R
2
foram superiores aos dos modelos k-
σ
3
e k-
θ
. As faixas de
módulo de resiliência o apresentadas segundo a mesma legenda de cores utilizada para os
ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm. O ensaio MR1 ext é o único que não ultrapassa o
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
214
valor de 400 kPa (verdes na legenda de cores). As tonalidades mais escuras demonstram a
maior magnitude dos módulos de resiliência obtidos a partir dos LVDTs internos. Este
modelo pode ter uma aplicação muito objetiva na análise mecanística de pavimentos uma vez
que considera explicitamente o estado de tensões ao qual o material está submetido. Os
parâmetros dos modelos são apresentados na Tabela 5.9.
Ensaio MR2 int Ensaio MR3 int
Ensaio MR4 int Ensaio MR5 int
Figura 5.7
– Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
segundo o modelo composto com instrumentação interna
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
215
Ensaio MR1ext Ensaio MR2 ext
Ensaio MR3 ext Ensaio MR4 ext
Ensaio MR5 ext
Figura 5.8
– Módulos de resiliência obtidos a partir de ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
segundo o modelo composto com instrumentação externa
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
216
Tabela 5.9
– Parâmetros do modelo composto para os ensaios de módulo de resiliência realizados em
corpos de prova de 25 x 50 cm
Ensaio k
1
k
2
k
3
R
2
MR1 ext 620,4 0,1105 0,2319
0,9170
MR2 ext 3193 0,3516 0,6442
0,9610
MR3 ext 1936 0,3527 0,4892
0,9934
MR4 ext 2798 0,2330 0,6937
0,9926
MR5 ext 2560 0,2470 0,6541
0,9910
MR1 int - - -
-
MR2 int 4685 0,07336 0,7139
0,9724
MR3 int 6312 0,2149 1,079
0,9754
MR4 int 7704 -0,1661 1,130
0,9803
MR5 int 6282 -0,1497 1,039
0,9797
Os parâmetros de regressão para o modelo generalizado do NCHRP (2004) são
apresentados pela Tabela 5.10. Foram observados coeficientes de determinação R
2
acima de
0,9 para todos os ensaios. Foram observados coeficientes k3 negativos para a maioria dos
ensaios, a única exceção foi o “MR3 ext”. Estes parâmetros são utilizados nas análises com o
programa M-E PDG que se baseia na metodologia da AASHTO (2002).
Tabela 5.10
– Parâmetros do modelo generalizado do NCHRP (2004) obtidos para os ensaios de
módulo de resiliência realizados em corpos de prova de 25 x 50 cm
Ensaio k1 k2 k3 R
2
MR1 ext 1,761 0,4103 -0,2022
0,9287
MR2 ext 0,8111 1,039 -0,1012
0,9561
MR3 ext 0,8997 0,7405 +0,2345
0,9946
MR4 ext 0,8789 1,025 -0,2619
0,9892
MR5 ext 0,8907 0,9731 -0,1870
0,9884
MR1 int - - -
-
MR2 int 2,316 1,024 -0,6068
0,9618
MR3 int 2,035 1,463 -1,545
0,9351
MR4 int 1,795 1,549 -1,565
0,9665
MR5 int 1,920 1,442 -1,441
0,9710
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
217
Os parâmetros dos modelos utilizados por Espinosa (1987), cujas características
foram comentadas nos ensaios de 10 x 20 cm, são apresentados na Tabela 5.11. Assim como
no modelo composto o coeficiente k3 apresentou valores positivos somente para o ensaio
MR3 ext.
Tabela 5.11
– Parâmetros dos modelos utilizados por Espinosa (1987) obtidos para os ensaios de
módulo de resiliência realizados em corpos de prova de 25 x 50 cm
c
a
k
kMr
εθ
=
2
1
equação (2.11)
Ensaio k1 k2 c R
2
MR1 ext 247,6 0,3879 -0,06363 0,9268
MR2 ext 185,5 1,032 -0,1956 0,9659
MR3 ext 929,2 0,8400 +0,05273 0,9914
MR4 ext 229,0 0,9422 -0,1537 0,9940
MR5 ext 266,2 0,9187 -0,1296 0,9924
MR1 int - - - -
MR2 int 140,3 0,8461 -0,789 0,9835
MR3 int 33,17 0,9284 -0,4544 0,9944
MR4 int 35,86 0,9828 0,4494 0,9948
MR5 int 41,06 0,9379 0,4279 0,9948
'
'2
1
'
c
d
k
kMr
σθ
=
equação (2.12)
Ensaio k1’ k2’ c’ R
2
MR1 ext 377.8 0.3657 -0.0030 0.9199
MR2 ext 789.0 0.9974 -0.01104 0.9555
MR3 ext 673.6 0.7672 +0.07587 0.9924
MR4 ext 626.1 1.085 -0.1581 0.9918
MR5 ext 625.9 1.023 -0.104 0.9902
MR1 int - - - -
MR2 int 996.6 1.118 -0.3333 0.9708
MR3 int 626.1 1.676 -0.8090 0.9811
MR4 int 684.4 1.763 -0.7910 0.9833
MR5 int 678.6 1.617 -0.7228 0.9839
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
218
A acurácia dos modelos com múltiplas variáveis pode ser visualizada em uma análise
dos valores previstos pelo modelo versus os valores observados nos ensaios. A Figura 5.9
apresenta análises deste tipo para cada um dos ensaios realizados. Nos gráficos apresentados,
também é observada a linha de igualdade, em torno da qual se distribuem os módulos de
resiliência previstos pelos modelos. Os pontos ficam sempre muito próximos à reta de
igualdade demonstrando os bons ajustes obtidos.
0
200
400
600
800
1000
1200
0 200 400 600 800 1000 1200
Valores do ensaio (MPa)
Valores do modelo (MPa)
MR1 ext Igualdade
MR2 ext MR2 int
MR3 ext MR3 int
MR4 ext MR4 int
MR5 ext
MR5 int
0
200
400
600
800
1000
1200
0 200 400 600 800 1000 1200
Valores do ensaio (MPa)
Valores do modelo (MPa)
MR1 ext Igualdade
MR2 ext MR2 int
MR3 ext MR3 int
MR4 ext MR4 int
MR5 ext
MR5 int
Modelo composto Modelo NCHRP
0
200
400
600
800
1000
1200
0 200 400 600 800 1000 1200
Valores do ensaio (MPa)
Valores do modelo (MPa)
MR1 ext Igualdade
MR2 ext MR2 int
MR3 ext MR3 int
MR4 ext MR4 int
MR5 ext MR5 int
0
200
400
600
800
1000
1200
0 200 400 600 800 1000 1200
Valores do ensaio (MPa)
Valores do modelo (MPa)
MR1 ext Igualdade
MR2 ext MR2 int
MR3 ext MR3 int
MR4 ext MR4 int
MR5 ext
MR5 int
Modelo (2.8) Modelo (2.9)
Figura 5.9
– Comparação entre os módulos de resiliência observados nos ensaios e os calculados pelo
modelo composto em relação à reta de igualdade para corpos de prova de 25 x 50 cm
5.1.3 Considerações finais sobre os ensaios de módulo de resiliência
Neste item foram apresentados e analisados os resultados dos ensaios triaxiais de
módulo de resiliência em corpos de prova de 10 x 20 cm e de 25 x 50 cm com leituras de
deslocamentos internas e externas à câmara triaxial. Foram utilizados diversos modelos de
ajuste citados no item 2.3 e observados a eficiência de cada um em descrever o
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
219
comportamento elástico do material. A Figura 5.10 apresenta os resultados médios dos
ensaios realizados ajustados segundo o modelo k-
σ
3
, cuja utilização é sugerida pelo DNER
ME 131/94 e ao fundo os resultados obtidos em outras pesquisas brasileiras conforme descrito
no Capítulo 2.
10
100
1000
10000
0.010 0.100 1.000
Pressão de confinamento (MPa)
Módulo de Resiliência (MPa)
Outros ensaios
10 x 20 cm (ext)
10 x 20 cm (int)
25 x 50 cm (ext)
25 x 50 cm (int)
Figura 5.10
– Módulos de resiliência obtidos nesta tese em comparação com resultados de ensaios de
outras pesquisas brasileiras
A primeira particularidade notada é que os módulos de resiliência obtidos no ensaio
triaxial no equipamento de grande porte foram superiores aos obtidos no equipamento para
solos (10 cm x 20 cm). Resultados semelhantes foram obtidos por Wambura (2003). Também,
de forma geral, os módulos calculados por instrumentação interna, são superiores aos
calculados com a instrumentação externa. Observando-se os resultados obtidos em relação ao
espectro de resultados de outras pesquisas, nota-se que foram obtidos resultados que variam
significativamente com a forma de instrumentação e o tamanho do corpo de prova. Então a
decisão de qual resultado utilizar implica comportamentos muito distintos do material. É de
consenso na literatura técnica que a instrumentação com LVDTs posicionados dentro da
câmara triaxial e solidários ao corpo de prova é a maneira mais adequada de se medir
deslocamentos. Então, os ensaios com instrumentação externa são apresentados apenas para
fins de comparação. Vários são os fatores que apontam na direção da utilização de corpos de
prova de grande porte para a avaliação do comportamento mecânico de agregados. A
principal é a relação entre o diâmetro do corpo de prova e o tamanho máximo de partícula de
no mínimo 5 sendo respeitada. Mas também, um corpo de prova grande permite adaptarem-se
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
220
os LVDTs, de forma a medir os deslocamentos com um espaçamento igual à espessura da
camada avaliada. Sendo assim, considera-se que os resultados obtidos para o corpo de prova
de grande porte com instrumentação interna são os mais representativos do comportamento do
material.
5.2 Ensaios de resistência ao cisalhamento
Este item descreve os resultados obtidos em ensaios de resistência ao cisalhamento. As
envoltórias de resistência foram obtidas a partir dos círculos de Mohr no espaço
σ
x
τ
e a
partir da tensão desvio e da média das tensões principais no espaço “p x q” de Lambe e
Whitman (1969). Também são apresentados os módulos de Young obtidos e a sua relação
com a pressão de confinamento.
5.2.1 Ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
Os ensaios de resistência ao cisalhamento em corpos de prova de 10 x 20 cm foram
realizados segundo o apresentado no item 4.5. Para esta campanha de ensaios foram moldados
4 corpos de prova, sendo que 3 foram submetidos a carregamentos monotônicos no ensaio
triaxial convencional e 1 foi submetido a multiestágios de carregamento monotônico a
diferentes pressões de confinamento. As características dos ensaios e os parâmetros de
compactação são apresentados pela Tabela 5.12.
Tabela 5.12
– Dados da compactação dos corpos de prova de 10 x 20 cm utilizados nos ensaios
triaxiais de carregamento monotônico
Ensaio triaxial
Pressão de
confinamento
(kPa)
Teor de
umidade (%)
Peso específico
aparente seco
(kN/m
3
)
Grau de
compactação
(%)
Multiestágios 12, 25, 50 e 100 4,4 24,06 96,6
Convencional 25 3,5 24,31 97,6
Convencional 50 3,9 24,07 96,7
Convencional 100 4,1 24,13 96,9
A Figura 5.11 apresenta as curvas tensão versus deformação obtidas para as pressões
de confinamento de 12, 25, 50 e 100 kPa em estágio único e em multiestágios. O ensaio com
pressão de confinamento de 12,5 kPa foi considerado nas análises em multiestágios e também
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
221
nas análises em estágio único. As curvas apresentaram comportamento típico de materiais
granulares eficientemente compactados, verificando-se um pico de resistência seguido de
queda significativa. As máximas tensões atingidas no ensaio em multiestágios foram sempre
menores que as dos em estágio único.
0
500
1000
1500
2000
2500
0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14
Deformação axial (ε
ax
)
Tensão desvio -
σ
d
(kPa)
Multiestágios
25 kPa
50 kPa
100 kPa
Figura
5.11
– Curvas tensão deformação em corpos de prova de 10 x 20 cm em multiestágios e
estágio único
Foi observado que os corpos de prova nos ensaios realizados com pressão confinante
de 25, e 50 kPa, bem como o corpo de prova do ensaio em multiestágios, romperam por
embarrilamento, conforme a Figura 5.12 (a). Já no ensaio com pressão de confinamento de
100 kPa o corpo de prova rompeu apresentando uma superfície de cisalhamento bem definida,
conforme apresentado na Figura 5.12 (b).
As envoltórias de ruptura obtidas a partir dos círculos de Mohr no espaço
σ
x
τ
são
apresentadas nas Figuras 5.13 e 5.14 para ensaio em multiestágios e em estágio único
respectivamente. Para o ensaio em multiestágios o intercepto coesivo obtido foi de 151 kPa e
o ângulo de atrito interno foi de 38,8°. No caso dos ensaios triaxiais convencionais em estágio
único o intercepto coesivo foi de 71 kPa e o ângulo de atrito interno foi de 60°. Os parâmetros
de resistência ao cisalhamento obtidos nos dois tipo de ensaios foram consideravelmente
diferentes, sendo que o intercepto coesivo foi maior para o ensaio em multiestágios e o ângulo
de atrito interno foi maior para os ensaios triaxiais convencionais.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
222
(a) (b)
Figura 5.12 –
Modos de ruptura de corpos de prova observados nos ensaios: (a) embarrilamento e (b)
superfície de cisalhamento
σ (kPa)
τ (kPa)
250 500 750 1000 1250 1500 1750 20000
0
250
500
750
1000
c = 151
φ =38,8°
2250
1250
Figura
5.13
– Envoltória de resistência ao cisalhamento para o ensaio triaxial de carregamento
monotônico em multiestágios e corpo de prova de 10 x 20 cm
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
223
σ (kPa)
τ (kPa)
250 500 750 1000 1250 1500 1750 20000
0
250
500
750
1000
c = 71
φ = 60,0°
2250
1250
Figura
5.14
– Envoltória de resistência ao cisalhamento para os ensaios triaxiais convencionais em
corpos de prova de 10 x 20 cm
As envoltórias de ruptura obtidas a partir das trajetórias de tensões no espaço p x q são
apresentadas nas Figuras 5.15 e 5.16 para o ensaio em multiestágios e em estágio único
respectivamente. Para o ensaio em multiestágios o parâmetro a” obtido foi de 178 kPa e o
parâmetro
α
foi de 24,1°. No caso dos ensaios triaxiais convencionais em estágio único o
intercepto coesivo foi de 30 kPa e o ângulo de atrito interno foi de 41,1°. Os parâmetros de
resistência ao cisalhamento obtidos nos dois tipo de ensaios seguiram o mesmo padrão da
interpretação no espaço
τ
x
σ
, sendo que o intercepto coesivo foi maior para o ensaio em
multiestágios e o ângulo de atrito interno foi maior para os ensaios em estágio único.
Os parâmetros de resistência ao cisalhamento obtidos nos ensaios segundo as
interpretações nos espaços
σ
x
τ
e p x q são apresentados na Tabela 5.13. Os parâmetros “a” e
α
" transformados em “c” e “
φ
", segundo as equações 2.22 e 2.23, também são apresentados.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
224
0
200
400
600
800
1000
1200
0 200 400 600 800 1000 1200
p (kPa)
q (kPa)
Figura
5.15
– Trajetórias de tensões e envoltória de resistência ao cisalhamento no diagrama “p x q”
para o ensaio triaxial de carregamento monotônico em multiestágios e corpos de prova de 10 x 20 cm
0
200
400
600
800
1000
1200
0 200 400 600 800 1000 1200
p (kPa)
q (kPa)
12,5 kPa
25 kPa
50 kPa
100 kPa
Figura
5.16
– Trajetórias de tensões e envoltória de resistência ao cisalhamento no diagrama “p x q”
para os ensaios triaxiais convencionais em corpos de prova de 10 x 20 cm
Nos ensaios em multiestágios a resistência ao cisalhamento foi significativamente
inferior à dos triaxiais convencionais. Aparentemente, no primeiro estágio de cisalhamento
o corpo de prova sofre uma desestruturação e inicia o estágio seguinte “enfraquecido”. Esta
desestruturação continua a ocorrer ao longo do ensaio tornando a resistência em cada pressão
de confinamento menor em relação à obtida pelo ensaio triaxial convencional.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
225
Tabela 5.13
– Parâmetros de resistência ao cisalhamento segundo as interpretações nos espaços
σ
x
τ
e p x q para corpos de prova de 10 x 20 cm
Espaço parâmetro multiestágios estágio único
c 151 kPa 71 kPa
σ
x
τ
φ
38,8° 60,0°
a 178 kPa 30 kPa
α
24,1º 41,1°
c 199 kPa 61,8 kPa
p x q
φ
26,6° 60,7°
A Figura 5.17 apresenta as envoltórias de resistência ao cisalhamento mobilizadas para
as deformações de: 0,1; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8; 1,0% e também para a condição de ruptura. Estas
envoltórias tornam-se especialmente interessantes quando se consegue relacioná-las com os
ensaios triaxiais de deformações permanentes em uma análise conjunta de resistência e
deformabilidade, conforme a metodologia proposta por Malysz
et al.
(2004-b). Neste tipo de
análise cada envoltória é vinculada ao número de ciclos que determinado estado de tensões
atinge o critério de ruptura. Já foi observado que este não é um procedimento simples e,
especialmente quando se tem um grande número de ensaios, esta relação é difícil de ser
obtida.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 50 100 150 200 250
Tensão normal (kPa)
Tensão de cisalhamento (kPa)
0,1% 0,2%
0,4% 0,6%
0,8% 1,0%
Ruptura
Figura
5.17
– Envoltória de resistência ao cisalhamento mobilizadas para os ensaios triaxiais
convencionais em corpos de prova de 10 x 20 cm
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
226
Também foram obtidas as envoltórias de escoamento e de pós-pico para os ensaios
triaxiais convencionais. Como em pavimentos os carregamentos são cíclicos, na maioria das
vezes a ruptura da camada ocorre mesmo para estados de tensões muito abaixo da envoltória
de ruptura. Por este motivo pode ser interessante observar como se comportam os materiais
em relação a estas condições. As envoltórias de resistência ao cisalhamento para as condições
de escoamento, ruptura e pós-pico são apresentadas pela Figura 5.18.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 50 100 150 200 250
Tensão normal (kPa)
Tensão de cisalhamento (kPa)
Escoamento
Ruptura
Pós-pico
Figura
5.18
– Envoltória de resistência ao cisalhamento mobilizadas para os ensaios triaxiais
convencionais em corpos de prova de 10 x 20 cm, nas condições de escoamento, ruptura e pós-pico
Os módulos de Young tangente e secante são apresentados pela Figura 5.19 em função
da pressão de confinamento. Os módulos de elasticidade tangente e secante são mais
próximos entre si para as pressões de confinamento mais baixas. A partir do confinamento de
50 kPa os valores começam a se distanciar e os módulos secantes tendem a aumentar menos
que os tangentes quando a pressão de confinamento se eleva. Os pontos experimentais
parecem se ajustar bem com um modelo logarítmico. Malysz (2004) utilizou modelos lineares
para este ajuste e obteve coeficientes de determinação (R
2
) superiores a 0,93 para britas
uniformes ou brita graduada com deficiência de compactação. A mesma eficiência não foi
verificada para o caso de brita graduada bem compactada, para o qual o ajuste logarítmico foi
mais eficiente, concordando com os resultados obtidos nesta tese. Os parâmetros do modelo
são apresentados na Tabela 5.14.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
227
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
180000
0 20 40 60 80 100 120
Pressão de confinamento (kPa)
Módulo de Young (kPa)
Módulo tangente
Módulo secante
Figura
5.19
– Módulos de Young tangente e secante obtidos nos ensaios triaxiais convencionais em
corpos de prova de 10 x 20 cm
bLnaE
×=
)(
3
σ
(4.1)
Onde:
E é o Módulo de Young
σ
3
é a pressão de confinamento
a e b são parâmetros de regressão estatística
Tabela 5.14
– Parâmetros de regressão estatística para os ajustes de Módulo de Young em função da
pressão de confinamento para corpos de prova de 10 x 20 cm
Parâmetro Módulo tangente (E
tg
) Módulo secante (E
sec
)
a 40577 23113
b 31831 3307
R
2
0,9995 0,9335
As análises em função do módulo inicial E
0
, segundo o mesmo procedimento
apresentado por Dias
et.al.
(2007), não foram bem sucedidas. Os resultados mostram-se
incoerentes, inclusive com interceptos (parâmetro a da equação (4.5)) negativos.
Possivelmente os ajustes mal sucedidos estejam relacionados com a utilização de transdutores
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
228
de deslocamento posicionado externamente à câmara triaxial. A instrumentação externa
sabidamente não representa bem as deformações iniciais, fundamentais neste tipo de análise.
Uma relação interessante de ser observada é entre o módulo de resiliência e os
módulos de Young, sejam eles tangentes, secantes ou iniciais. A Figura 5.20 apresenta as
relações obtidas para os módulos estimados para as pressões de confinamento de 21, 35, 53,
70 e 100 kPa. Os módulos foram calculados a partir de seus respectivos modelos e as pressões
de confinamento foram escolhidas de forma que houvesse apenas interpolações (sem
extrapolações). Procedimento semelhante foi realizado por Malysz (2004) obtendo ajustes
lineares. As relações observadas nesta tese mostraram-se ligeiramente curvas sendo melhor
ajustadas pelo modelo potencial da equação (5.1) cujos parâmetros de regressão são
apresentados na Tabela 5.15. Os coeficientes de determinação R
2
são sempre acima de 0,99,
porém isto está mais relacionado com o fato de a relação ter sido obtida com módulos
calculados a partir dos respectivos modelos do que com a eficiência do ajuste.
0
50
100
150
200
250
300
0 50 100 150 200 250
Módulo de elasticidade (MPa)
Módulo de resiliência (MPa)
Etg x MRint
Esec x MRint
Etg x MRext
Esec x MRext
Figura
5.20
– Relação entre os módulos de Young e de resiliência para corpos de prova de 10 x 20 cm
b
EaMR
=
(5.1)
Onde:
MR é o módulo de resiliência
E é o Módulo de Young (tangente, secante ou inicial)
a e b são parâmetros de regressão estatística
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
229
Tabela 5.15
– Parâmetros de regressão estatística para os ajustes de Módulo de Resiliência em função
do Módulo de Young em corpos de prova de 10 x 20 cm
Comparação a b
MR
int
x E
tg
3,357 x 10
-8
4,105
MR
int
x E
sec
1,685 x 10
-5
3,519
MR
ext
x E
tg
4,787 x 10
-5
2,821
MR
ext
x E
sec
2,214 x 10
-3
2,418
5.2.2 Ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
Os ensaios de resistência ao cisalhamento em corpos de prova de 25 x 50 cm foram
realizados segundo o mesmo procedimento adotado para os corpos de prova de 10 x 20 cm.
As características dos ensaios e os parâmetros de compactação são apresentados pela Tabela
5.16.
Tabela 5.16
– Dados da compactação dos corpos de prova de 25 x 50 cm utilizados nos ensaios
triaxiais de carregamento monotônico
Ensaio triaxial
Pressão de
confinamento
(kPa)
Teor de
umidade (%)
Peso específico
aparente seco
(kN/m
3
)
Grau de
compactação
(%)
Multiestágios 12, 25, 50 e 100 4,42 24,22 97,3
Convencional 25 4,12 24,42 98,1
Convencional 50 4,25 24,12 96,9
Convencional 100 3,81 23,64 96,9
As curvas tensão x deformação obtidas são apresentadas na Figura 5.21. Observou-se
que a curva do ensaio com pressão de confinamento de 50 kPa apresentou um padrão
ligeiramente diferente das demais. Este padrão diferenciado se refletirá nos cálculos dos
módulos de Young como foi verificado posteriormente. No entanto, as tensões de ruptura
seguiram o padrão esperado, sendo que as rupturas para o carregamento em multiestágios
ocorreram sempre com cargas mais baixas.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
230
0
500
1000
1500
2000
2500
0.000 0.020 0.040 0.060 0.080 0.100 0.120
Deformação axial (
ε
ax
)
Tensão desvio -
σ
d
(kPa)
Multi estágios
25 kPa
50 kPa
100 kPa
Figura
5.21
– Curvas tensão deformação em corpos de prova de 25 x 50 cm em multiestágios e
estágio único
As rupturas dos corpos de prova de 25 x 50 cm ocorreram com formação de plano de
cisalhamento em todos os ensaios realizados. No caso dos ensaios em corpos de prova de
10 x 20 cm, o plano de cisalhamento foi observado apenas para o ensaio com pressão de
confinamento de 100 kPa. A Figura 5.22 (a) apresenta um dos corpos de prova rompidos,
ainda com a membrana instalada e com vácuo de 10 kPa, permitindo a visualização da
superfície de ruptura. O deslocamento das duas partes do corpo de prova ao longo da
superfície de ruptura provoca um giro nos suportes dos LVDTs internos, como é possível
observar na Figura 5.22 (a). Sendo assim, os seus valores podem ser considerados para
deslocamentos muito pequenos, sempre inferiores à deformação de ruptura. A curva completa
foi obtida a partir do LVDT externo. Ao se retirar o vácuo aplicado e posteriormente a
membrana, a parte de cima do corpo de prova deslizou pela superfície de ruptura, restando a
parte inferior conforme apresentado pela Figura 5.22 (b). Este comportamento foi observado
nos quatro ensaios realizados.
As envoltórias de ruptura obtidas a partir dos círculos de Mohr no espaço
σ
x
τ
são
apresentadas nas Figuras 5.23 e 5.24 para ensaio em multiestágios e triaxiais convencionais
respectivamente. Para o ensaio em multiestágios o intercepto coesivo obtido foi de 179 kPa e
o ângulo de atrito interno foi de 45,8°. No caso dos ensaios triaxiais convencionais o
intercepto coesivo foi de 142 kPa e o ângulo de atrito interno foi de 58,4°. Os parâmetros de
resistência ao cisalhamento obtidos nos dois tipo de ensaios foram consideravelmente
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
231
diferentes, sendo que o intercepto coesivo foi maior para o ensaio em multiestágios e o ângulo
de atrito interno foi maior para os ensaios triaxiais convencionais.
(a) (b)
Figura 5.22 –
Ruptura por cisalhamento observado nos ensaios monotônicos em corpos de prova de
25 x 50 cm: (a) com membrana e vácuo e (b) sem a membrana
σ (kPa)
τ (kPa)
250 500 750 1000 1250 1500 1750 20000
0
250
500
750
1000
φ = 45,8°
1250
2250
c = 179
Figura 5.23 –
Envoltória de resistência ao cisalhamento para o ensaio triaxial de carregamento
monotônico em multiestágios e corpo de prova de 25 x 50 cm
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
232
σ (kPa)
τ (kPa)
250 500 750 1000 1250 1500 1750 20000
0
250
500
750
1000
c = 142
1250
2250
φ = 58,4°
Figura 5.24 –
Envoltória de resistência ao cisalhamento para o ensaio triaxial convencional em corpos
de prova de 25 x 50 cm
As envoltórias de ruptura obtidas a partir das trajetórias de tensões no espaço p x q são
apresentadas nas Figuras 5.25 e 5.26 para ensaio em multiestágios e para os triaxiais
convencionais respectivamente. Para o ensaio em multiestágios o parâmetro “a” obtido foi de
150 kPa e o parâmetro
α
foi de 31,2°. No caso dos ensaios triaxiais convencionais o
parâmetro “a” foi de 34 kPa e o parâmetro
α
foi de 41,6°. Os parâmetros de resistência ao
cisalhamento obtidos nos dois tipos de ensaios seguiram o mesmo padrão da interpretação no
espaço
τ
x
σ
, sendo que o intercepto coesivo foi maior para o ensaio em multiestágios e o
ângulo de atrito interno foi maior para os ensaios triaxiais convencionais.
Os parâmetros de resistência ao cisalhamento obtidos nos ensaios segundo as
interpretações nos espaços
σ
x
τ
e p x q são apresentados na Tabela 5.17. Os parâmetros “a” e
α
" transformados em “c” e “
φ
", segundo as equações 2.5 e 2.6, também são apresentados.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
233
0
200
400
600
800
1000
1200
0 200 400 600 800 1000 1200
p (kPa)
q (kPa)
Figura
5.25
– Trajetórias de tensões e envoltória de resistência ao cisalhamento no diagrama “p x q”
para o ensaio triaxial de carregamento monotônico em multiestágios e corpos de prova de 25 x 50 cm
0
200
400
600
800
1000
1200
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
p (kPa)
q (kPa)
12,5 kPa
25 kPa
50 kPa
100 kPa
Figura
5.26
– Trajetórias de tensões e envoltória de resistência ao cisalhamento no diagrama “p x q”
para o ensaio triaxial convencional em corpos de prova de 25 x 50 cm
As envoltórias de resistência ao cisalhamento mobilizadas também foram obtidas para
os ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm. Porém como neste caso as deformações de
ruptura foram maiores, a análise foi estendida para as deformações de: 0,1; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8;
1,0; 1,5; 2,0% e também para a condição de ruptura. Na Figura 5.27 são apresentados os
resultados obtidos. Também foram obtidas as envoltórias de escoamento e de pós-pico para os
ensaios triaxiais convencionais para os ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm, conforme
mostrado na Figura 5.28.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
234
Tabela 5.17
– Parâmetros de resistência ao cisalhamento segundo as interpretações nos espaços
σ
x
τ
e p x q para corpos de prova de 25 x 50 cm
Espaço parâmetro multiestágios estágio único
c 179 kPa 142 kPa
σ
x
τ
φ
45,8° 58,4°
a 150 kPa 34 kPa
α
31,2º 41,6°
c 189 kPa 74 kPa
p x q
φ
37,2° 62,7°
0
100
200
300
400
500
600
0 50 100 150 200 250
Tensão normal (kPa)
Tensão de cisalhamento (kPa)
0,1% 0,2%
0,4% 0,6%
0,8% 1,0%
1,5% 2,0%
Ruptura
Figura
5.27
– Envoltórias de resistência ao cisalhamento mobilizadas para os ensaios triaxiais
convencionais em corpos de prova de 25 x 50 cm
0
100
200
300
400
500
600
0 50 100 150 200 250 300
Tensão normal (kPa)
Tensão de cisalhamento (kPa)
Escoamento
Ruptura
Pós-pico
Figura
5.28
– Envoltória de resistência ao cisalhamento mobilizadas para os ensaios triaxiais
convencionais em corpos de prova de 25 x 50 cm, nas condições de escoamento, ruptura e pós-pico
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
235
Os módulos de Young tangente e secante são apresentados pela Figura 5.29 em função
da pressão de confinamento. Os módulos de elasticidade tangente e secante são mais
próximos entre si para as pressões de confinamento mais baixas também para corpos de prova
de 25 x 50 cm. Os pontos experimentais se ajustam bem com um modelo logarítmico, da
mesma forma que os ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm e dos ensaios em brita
graduada com grau de compactação de 100 % de Malysz (2004). Os parâmetros dos modelos
são apresentados pela Tabela 5. 18.
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
180000
0 20 40 60 80 100 120
Pressão de confinamento (kPa)
Módulo de elasticidade (kPa)
Etg
Esec
Figura
5.29
– Módulos de Young tangente e secante obtidos nos ensaios triaxiais convencionais em
corpos de prova de 25 x 50 cm
Tabela 5.18
– Parâmetros de regressão estatística para os ajustes de Módulo de Young em função da
pressão de confinamento para corpos de prova de 25 x 50 cm
Parâmetro
Módulo tangente
(E
tg
em kPa)
Módulo secante
(E
sec
em kPa)
a 28186 14674
b 13675 5433
R
2
0,7098 06575
Para a obtenção dos módulos de elasticidade iniciais E
0
, segundo o procedimento
utilizado por Dias
et al.
(2007), os cálculos foram executados para os deslocamentos medidos
com instrumentação externa e interna. O procedimento, executado para os deslocamentos
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
236
obtidos com LVDTs posicionados fora da câmara triaxial, apresentou resultados semelhantes
aos obtidos para os corpos de prova de 10 x 20 cm. Os resultados não puderam ser bem
ajustados e também apresentaram interceptos (parâmetro
a
da equação (4.5)) negativos.
Para as deformações obtidas com a instrumentação interna o procedimento resultou nas
curvas apresentadas pela Figura 5.30. Observa-se que os modelos lineares ajustam bem os
pontos experimentais. Porém a curva obtida para a pressão de confinamento de 50 kPa
apresentou intercepto e declividade incoerente com os demais. Daí conclui-se que alguma
contradição ocorreu na obtenção dos deslocamentos deste ensaio, que nas curvas tensão
versus deformação da Figura 5.21 foi observada incoerência semelhante.
0
0.000001
0.000002
0.000003
0.000004
0.000005
0.000006
0.000007
0.000008
0 0.005 0.01 0.015 0.02
Deformação axial
ε
ε
ε
ε
/
σ
σ
σ
σ
d
(kPa
-1
)
12,5 kPa
25 kPa
50 kPa
100 kPa
Figura
5.30
– Ajustes para a obtenção do módulo de elasticidade inicial em corpos de prova de
25 x 50 cm
A partir dos ajustes apresentados pela Figura 5.30 foram calculados os módulos de
elasticidade iniciais E
0
para as pressões de confinamento dos ensaios. Dias
et al.
(2007)
sugerem um modelo de ajuste potencial para os resultados. Porém, excluindo-se o resultado
obtido para a pressão de confinamento de 50 kPa, os resultados obtidos nesta tese
apresentaram comportamento linear, conforme a Figura 5.31. Os materiais avaliados por
Dias
et al.
(2007) apresentaram E
0
diminuindo com o aumento da pressão de confinamento,
assim como os obtidos nesta tese. O valor obtido para a pressão de confinamento de 50 kPa,
representado pelo círculo vazado na Figura 5.31, mostrou-se claramente fora da tendência dos
demais e, por este motivo, foi excluído da análise.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
237
0
250000
500000
750000
1000000
1250000
1500000
0 20 40 60 80 100 120
Pressão de confinamento (kPa)
Modulo inicial E
0
(kPa)
Figura
5.31
– Módulo de elasticidade inicial em corpos de prova de 25 x 50
Para os ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm, além da relação entre os módulos
de resiliência e os de Young tangente e secante, também foi obtida a relação para o módulo de
elasticidade inicial. Todas as relações foram obtidas para LVDTs internos e externos. Os
módulos de Young tangente e secante mostraram o mesmo tipo de relação com os módulos de
resiliência que nos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm. Portanto o ajuste foi feito
segundo o mesmo modelo potencial (5.1) já apresentado. Já os módulos de elasticidade
iniciais apresentaram uma relação linear conforme o modelo (5.2). Os parâmetros de ambos
os modelos são apresentados na Tabela 5.19. Novamente os coeficientes de determinação R
2
são elevados, porém, como comentado, isto se deve ao cálculo dos módulos a partir dos
seus respectivos modelos. Os resultados são apresentados pela Figura 5.32.
EdcMR
+
=
(5.2)
Onde:
MR é o módulo de resiliência
E é o Módulo de Young (tangente, secante ou inicial)
c e d são parâmetros de regressão estatística
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
238
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 200 400 600 800 1000
Módulo de elasticidade (MPa)
Módulo de resiliência (MPa)
Etg x MRint
Esec x MRint
Eo x MRint
Etg x MRext
Esec x MRext
Eo x MRext
Figura
5.32
– Relação entre os módulos de Young e de resiliência em corpos de prova de 25 x 50
Tabela 5.19
– Parâmetros de regressão estatística para os ajustes de Módulo de Resiliência em função
do Módulo de Young em corpos de prova de 25 x 50 cm
Equação (5.1) a b
MR
int
x E
tg
2,606 x 10
-5
3,453
MR
int
x E
sec
4,028 x 10
-4
3,358
MR
ext
x E
tg
5,306 x 10
-6
3,627
MR
ext
x E
sec
9,420 x 10
-5
3,528
Equação (5.2) c d
MR
int
x E
0
1939 -1,965
MR
ext
x E
0
954,2 -0,9774
5.2.3 Considerações finais sobre os ensaios de carregamento monotônico
Neste item foram apresentados e analisados os resultados dos ensaios triaxiais de
carregamento monotônico em corpos de prova de 10 x 20 cm e de 25 x 50 cm. Estes ensaios
contaram com leituras de deslocamentos iniciais medidas internamente à câmara triaxial e
leituras externas para os deslocamentos maiores. A resistência ao cisalhamento foi analisada
segundo os espaços de tensões
σ
x
τ
" de Mohr-Coulomb e “p x q” de Lambe e Whitman
(1969). Os parâmetros de resistência ao cisalhamento de Mohr-Coulomb são mais usuais,
porém a sua determinação sofre alguma influência do operador no ajuste da envoltória aos
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
239
círculos de Mohr. Então sugere-se que as envoltórias sejam determinadas no espaço p x q e
após os seus parâmetros transformados segundo as equações (2.22) e (2.23). A Figura 5.33
apresenta os resultados dos ensaios triaxiais convencionais e ao fundo os resultados obtidos
em outras pesquisas, realizadas em diversos países, conforme descrito no Capítulo 2.
0
200
400
600
800
0 100 200 300 400 500
Tensão Normal (kPa)
Tensão de Cisalhamento (kPa)
Outros ensaios
10 x 20 cm
25 x 50 cm
Figura
5.33
– Apresentação das envoltórias de ruptura obtidas nesta tese em comparação com os
resultados observados na bibliografia consultada
Os parâmetros de resistência ao cisalhamento obtidos em corpos de prova de 10 x 20
cm e 25 x 50 cm foram muito parecidos, sendo ligeiramente superiores para os corpos de
prova de maiores dimensões. Observou-se também que os resultados obtidos nesta tese
apresentam-se na porção superior dos resultados observados na bibliografia internacional. Isto
não surpreende, que muitas vezes, as avaliações de resistência ao cisalhamento são
realizadas para materiais que não atendem as especificações tradicionais e possuem
características e desempenho inferiores às britas bem graduadas. Ainda, foram obtidas
envoltórias de resistência ao cisalhamento para as condições de deformações inferiores à de
ruptura, além da condição de escoamento e de pós-pico.
Também foram realizadas análises dos módulos de elasticidade tangente, secante e
inicial e as suas relações com a pressão de confinamento. A obtenção do módulo de
elasticidade inicial E
0
foi possível para os ensaios realizados com instrumentação interna,
ou seja, os ensaios de grande porte. Os resultados apresentaram uma relação linear com a
pressão de confinamento. os dulos de Young tangente e secante apresentaram uma
relação logarítmica. Por fim os módulos de elasticidade foram correlacionados com os
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
240
módulos de resiliência, obtendo relações lineares para o módulo inicial e potenciais para os
módulos tangente e secante.
5.3 Ensaios de deformações permanentes
Este item descreve os resultados obtidos em ensaios de deformações permanentes
ajustando os valores obtidos segundo os modelos apresentados no Capítulo 2. Diversas
comparações são realizadas de forma a avaliar os resultados dos ensaios, a metodologia
utilizada para medir os deslocamentos e o desempenho dos modelos utilizados.
5.3.1 Resultados de ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
Os ensaios de deformações permanentes em corpos de prova de 10 x 20 cm foram
realizados segundo o procedimento apresentado no item 4.6. Para esta campanha de ensaios
foram moldados 12 corpos de prova, sendo que 7 foram submetidos a multiestágios de
carregamento e 5 a um único estágio.
Os ensaios em estágio único foram denominados “DP EU
σ
3
x
σ
d
kPa” e os ensaios em
multiestágios “DP ME
σ
3
x
σ
d
kPa”. As características dos ensaios e os parâmetros de
compactação são apresentados pela Tabela 5.20. Observa-se que o ensaio “DP ME
desc
319
kPa” foi realizado em estágios de pressão confinante decrescente e não como os demais, com
estágios de tensão desvio crescentes.
Os resultados dos ensaios triaxiais de deformações permanentes em estágio único em
corpo de prova de 10 x 20 cm são apresentados pela Figura 5.34. Os pares de tensões
escolhidos permitem a verificação de diversos parâmetros nos resultados obtidos. As pressões
de confinamento utilizadas foram 21, 35, 53 e 70 kPa, valores que também foram utilizados
nos ensaios de módulo de resiliência. A tensão desvio de cada ensaio foi escolhida de forma
fossem obtidas relações
σ
d
/
σ
3
de aproximadamente 2, 3, 4 e 5. Em um dos ensaios a pressão
de confinamento assumiu um valor inesperado (38 kPa), ainda assim o seu resultado é
apresentado com os demais, com tensão desvio de 96 kPa (
σ
d
/
σ
3
= 2,5).
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
241
Tabela 5.20
– Dados da compactação dos corpos de prova de 10x20 cm utilizados nos ensaios
triaxiais de deformações permanentes
Ensaio triaxial
Teor de
umidade (%)
Peso específico aparente seco
(kN/m
3
)
Grau de
compactação (%)
DP EU 21x97 kPa 3,8 23,74 95,4
DP EU 34x132 kPa 4,0 24,07 96,7
DP EU 38x96 kPa 3,9 23,94 96,1
DP EU 53x149 kPa 3,9 23,88 95,9
DP EU 70x134 kPa 3,7 24,18 97,1
DP ME 21 kPa 4,1 24,20 97,2
DP ME 35 kPa 3,8 23,65 95,0
DP ME 53 kPa 3,9 23,91 96,0
DP ME 70 kPa 4,4 23,94 96,2
DP ME 105 kPa 4,6 23,55 94,6
DP ME 150 kPa 4,7 23,45 94,2
DP ME
desc
319 kPa 3,9 23,43 94,1
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
0 20000 40000 60000 80000 100000
Número de ciclos
Deformação permanente (%)
21x97 kPa 35x132 kPa 38x96 kPa
53x149 kPa 70x134 kPa
Figura
5.34
– Evolução de deformações permanentes em estágio único para corpos de prova de
10 x 20 cm
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
242
Como base nos resultados apresentados na Figura 5.34, pode-se afirmar que:
a) As maiores deformações permanentes foram registradas no ensaio com a maior
tensão desvio (149 kPa), ainda que a pressão de confinamento fosse relativamente
elevada (53 kPa).
b) Por outro lado as menores deformações permanentes foram registradas no ensaio
com a menor tensão desvio (96 kPa), sendo que a pressão de confinamento
utilizada foi de 38 kPa.
c) Outro ensaio com tensão desvio semelhante ao analisado na letra b), neste caso 97
kPa, apresentou deformações permanentes mais elevadas, o que pode ser
justificado pela pressão de confinamento de apenas 21 kPa, a menor desta
seqüência de ensaios.
d) Resultados intermediários foram obtidos para as tensões desvio de 132 e 134 kPa,
para os quais a pressão de confinamento de 70 kPa parece ter inibido o
aparecimento das deformações permanentes, sendo estas expressivamente
inferiores ao caso com confinamento de 34 kPa.
e) Segundo os resultados obtidos, o estado de tensões absoluto (pressão de
confinamento e tensão desvio) se mostrou mais influente do que a relação
σ
d
/
σ
3
.
Em outras palavras, o aumento da tensão desvio tende a acentuar o aparecimento
de deformações permanentes, o aumento de pressão de confinamento tende a inibi-
las. A interação entre tensão desvio e pressão de confinamento apresenta pouca
influência nos resultados, já que são obtidas deformações permanentes bem
diferentes para relações semelhantes. Os ensaios DP EU 38 x 96 kPa (
σ
d
/
σ
3
= 2,5)
e 53 x 149 kPa (
σ
d
/
σ
3
=2,8) apresentaram deformações permanentes da ordem de
0,6% e 1,3%, respectivamente a menor e a maior observadas na Figura 5.34.
Os ensaios de deformações permanentes em multiestágios utilizando corpos de prova
de 10 x 20 cm foram realizados com pressões de confinamento de 21, 35, 53 e 70 kPa, as
mesmas dos ensaios em estágio único e também utilizadas nos ensaios de dulo de
resiliência. Cada ensaio foi realizado em cinco estágios, com tensões desvio de
aproximadamente 1, 2, 3, 4 e 5 vezes a pressão de confinamento. Adicionalmente, foram
realizados ensaios para as pressões de confinamento de 105 e 150 kPa (só para os corpos de
prova de 10 x 20) segundo as mesmas relações
σ
d
/
σ
3
anteriormente mencionadas. Os
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
243
resultados obtidos são apresentados na Figura 5.35 com as curvas típicas em formato de
escada.
O primeiro estágio de carregamento fornece resultados que, a rigor, são ensaios em
estágio único e podem ser comparados com os demais da Figura 5.34. As curvas foram
obtidas para pares de tensões em que a tensão desvio tem o valor mais próximo possível da
pressão de confinamento. Os resultados não ultrapassam os 0,5% de deformações
permanentes no primeiro estágio das pressões de confinamento de 21, 35, 53 e 70 kPa,
apresentando portanto deformações permanentes inferiores àquelas da Figura 5.34.
0
2
4
6
8
10
0 80000 160000 240000 320000 400000
Número de ciclos
Deformação permanente (%)
21 kPa
35 kPa
53 kPa
70 kPa
105 kPa
150 kPa
Figura
5.35
– Evolução das deformações permanentes em ensaios multiestágios para corpos de prova
de 10 x 20 cm
De acordo com os resultados apresentados na Figura 5.35, pode-se afirmar que:
a) No ensaio realizado com pressão de confinamento de 21 kPa, portanto com as
menores tensões desvio, mediram-se as menores deformações permanentes em
todos os estágios de carregamento.
b) Os resultados obtidos para os estados de tensões de 105 x 98 kPa e 150 x 146 kPa
(primeiro estágio) foram muito semelhantes. Para os outros estágios os resultados
se mostraram dentro do esperado.
c) Nos ensaios com pressões de confinamento de 35, 53 e 70 kPa alguns resultados
inesperados ocorreram nos dois primeiros estágios. No primeiro estágio os
resultados foram mais razoáveis, porém as curvas obtidas para os confinamentos
de 35 e 53 kPa foram muito próximas. O mesmo ocorreu no segundo estágio,
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
244
sendo que as deformações permanentes foram visivelmente menores para o
confinamento de 53 kPa. Estes resultados não eram os esperados, porém as
diferenças nos estados de tensões são pequenas e o efeito que provocam no
material também, diminuindo a acurácia dos resultados. Os estágios seguintes
apresentaram resultados dentro do esperado, com maiores deformações
permanentes para as maiores tensões desvio, quando analisadas dentro do mesmo
estágio (relação
σ
d
/
σ
3
).
d) Foi observado que o estágio 5 do ensaio com pressão de confinamento de 70 kPa
levou o corpo de prova à ruptura com formação de superfície de cisalhamento,
conforme mostrado pela na Figura 5.12 - a).
Por fim, foi realizado o ensaio de desconfinamento em multiestágios que apresentou o
resultado da Figura 5.36. Neste caso o estágio 1 (
σ
3
= 140 kPa e
σ
d
= 319 kPa) também pode
ser considerado como ensaio em corpo de prova virgem e o seu resultado comparado com os
apresentados na Figura 5.34. Como o par de tensões utilizado foi bastante severo, as
deformações permanentes obtidas foram elevadas. O valor obtido foi próximo a 5%, portanto
superior aos observados na referida figura, confirmando a observação de que tensões desvio
elevadas correspondem a deformações permanentes elevadas, com menor influência da
pressão de confinamento.
Nos dois estágios seguintes de desconfinamento (
σ
3
= 105 kPa e
σ
3
= 70 kPa) não
houve acréscimo expressivo de deformações permanentes e as curvas não apresentaram o
formato típico de “degrau da escada”. Como não houve aumento na tensão desvio, também
não houve aumento significativo nas deformações permanentes por s-compactação. Mas
também, o decréscimo no confinamento não foi suficiente para provocar o cisalhamento da
amostra.
No quarto estágio de desconfinamento (
σ
3
= 53 kPa e
σ
d
= 323 kPa), a amostra atingiu
a ruptura, porém não houve formação de superfície de cisalhamento tendo a ruptura ocorrido
por embarrilamento, conforme a Figura 5.12 – (b). Aparentemente, a pressão de confinamento
está diretamente ligada ao tipo de ruptura do material, que ocorre por embarrilamento para
confinamentos mais baixos e com formação de superfície de cisalhamento nos mais elevados.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
245
0
5
10
15
20
25
0 80000 160000 240000 320000
Número de ciclos
Deformação permanente (%)
140x319 kPa
105x312 kPa
70x320 kPa
53x323 kPa
Figura
5.36
– Evolução de deformações permanentes em ensaio multiestágios com desconfinamento
para corpos de prova de 10 x 20 cm
Os resultados dos ensaios foram interpretados segundo o procedimento descrito no
item 4.6, conforme ilustrado na Figura 4.20. Foram executados ajustes segundo propostos por
Barksdale (1972), Monismith
et al.
(1975), Uzan (1985), Malysz (2004) e Guimarães (2009),
segundo os modelos representados pelas equações (2.29), (2.27), (2.28), (2.26) e (2.32)
respectivamente.
A identificação de cada ensaio, os estados de tensão, os parâmetros dos modelos e os
coeficientes de determinação são apresentados na Tabela 5.21. Os estados de tensões que
apresentaram curvas do tipo colapso incremental aparecem identificados como “ruptura”. A
partir dos dados dispostos na tabela, foi possível obter um novo modelo de estimativa de cada
parâmetro em função da pressão de confinamento e da tensão desvio, conforme o modelo da
equação (4.7). A partir destes ajustes é possível estimar parâmetros de deformações
permanentes dos diversos modelos citados, para estados de tensões intermediários aos dos
ensaios realizados. Os resultados destes ajustes são apresentados na Figura 5.37 e os
parâmetros do modelo (4.7) na Tabela 5.22.
Os coeficientes de determinação dão uma boa idéia da acurácia dos modelos, porém a
dispersão dos pontos pode ser visualizada nos gráficos da Figura 5.38 para cada parâmetro.
De forma geral os ajustes foram bons, com exceção do correspondente ao parâmetro “a” do
modelo de Barksdale (1972). Aparentemente o modelo da equação (4.7) não consegue
representar parâmetros com valores positivos e negativos no mesmo ajuste. A partir dos
coeficientes de determinação da Tabela 5.22 e dos gráficos da Figura 5.38 verifica-se que o
melhor ajuste ocorreu para os parâmetros do modelo linear.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009 (rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
246
Tabela 5.21 – Parâmetros dos modelos (2.26), (2.27), (2.28) e (2.29) obtidos com resultados de ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
(
)
B
p
NA=
ε
NTDP
i
pp
+=
εε
(
)
α
µεε
= NN
rp
/)(
)log(Nba
p
+=
ε
DP
σ
σσ
σ
3
σ
σσ
σ
d
A B R
2
ε
εε
ε
pi
TDP (10
-6
)
R
2
µ
µµ
µ
α
αα
α
R
2
A b R
2
EU 1 21 97 0,2894 0,1310 0,9270 1,043 1,654 0,6915 2,027 0,1342 0,9298 -0,01730 0,1093 0,9807
EU 2 34 132 0,2016 0,1745 0,9124 1,138 1,949 0,8007 1,329 0,1836 0,9177 -0,3063 0,1478 0,9844
EU 3 38 96 0,8346 0,1776 0,9696 0,4324 2,189 0,8765 0,7935 0,1792 0,9652 -0,1458 0,06417 0,9805
EU 4 53 149 0,3487 0,1273 0,8877 1,188 1,845 0,8671 2,750 0,1274 0,8882 0,04842 0,1186 0,9601
EU 5 70 134 0,1174 0,1635 0,9725 0,5765 1,548 0,8690 1,131 0,1665 0,9740 -0,1336 0,07403 0,9982
ME 1-1 21 15 0,004925 0,2131 0,8611 0,03583 0,07926 - 0,08134 0,3217 0,9596 -0,01634 0,005784 0,8483
ME 1-2 21 36 0,02024 0,2340 0,9540 0,1909 0,7656 0,8567 0,3242 0,2342 0,9542 -0,1067 0,03154 0,9969
ME 1-3 21 60 0,2518 0,07235 0,8813 0,5004 0,6825 0,5318 2,667 0,07240 0,8803 0,1922 0,03272 0,8891
ME 1-4 21 84 0,4116 0,04524 0,7978 0,6144 1,477 0,9265 3,317 0,04528 0,7973 0,3701 0,02794 0,7908
ME 1-5 21 102 0,6178 0,02493 0,7531 0,7387 1,422 0,9859 4,283 0,02322 0,7380 0,6069 0,01789 0,7284
ME 2-1 35 31 0,05043 0,1537 0,9230 0,2173 0,5455 0,8949 1,168 0,1539 0,9231 -0,02781 0,02605 0,9790
ME 2-2 35 69 0,1638 0,09732 0,9947 0,4073 1,074 0,8815 1,980 0,09744 0,9946 0,07779 0,03567 0,9935
ME 2-3 35 102 0,3451 0,05417 0,8499 0,5486 1,815 0,9426 3,037 0,05423 0,8498 0,2914 0,03051 0,8270
ME 2-4 35 140 0,4570 0,06542 0,8886 0,7944 3,187 0,9735 3,108 0,06549 0,8884 0,3490 0,05361 0,8606
ME 2-5 35 169 0,8146 0,03865 0,8235 1,126 2,829 0,9479 4,755 0,03870 0,8234 0,7549 0,04479 0,8074
ME 3-1 53 54 0,08790 0,1063 0,9240 0,2459 0,3767 0,5765 1,584 0,1064 0,9246 0,03795 0,02154 0,9717
ME 3-2 53 104 0,1713 0,08640 0,9790 0,3768 1,267 0,9252 1,812 0,08650 0,9789 0,09867 0,03101 0,9557
ME 3-3 53 153 0,2840 0,08599 0,9514 0,6143 2,350 0,9317 2,194 0,08607 0,9510 0,1612 0,05148 0,9266
ME 3-4 53 206 0,4324 0,09865 0,9401 1,016 5,385 0,9903 2,622 0,09875 0,9397 0,1622 0,1009 0,9073
ME 3-5 53 256 0,8413 0,09406 0,9725 2,048 5,108 0,9357 4,276 0,09415 0,9719 0,4220 0,1742 0,9691
ME 4-1 70 66 0,06547 0,1458 0,9558 0,2532 0,9971 0,7797 1,145 0,1460 0,9562 -0,02967 0,03107 0,9878
ME 4-2 70 137 0,1766 0,1121 0,9843 0,4791 2,356 0,9659 1,706 0,1122 0,9841 0,03046 0,05158 0,9557
ME 4-3 70 207 0,3606 0,1067 0,9699 0,9247 4,583 0,9565 2,491 0,1068 0,9696 0,09511 0,09629 0,9423
ME 4-4 70 276 0,5577 0,1374 0,9538 1,914 12,13 0,9794 3,047 0,1375 0,9534 -0,2843 0,2526 0,9160
ME 4-5 70 341 ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura
ME 5-1 105 98 0,03164 0,3345 0,9737 0,9168 2,830 0,6377 0,4871 0,3348 0,9735 -0,8281 0,1739 0,9629
ME 5-2 105 207 0,5774 0,1309 0,9961 1,954 7,827 0,8116 4,848 0,1310 0,9960 -0,1162 0,2268 0,9813
ME 5-3 105 309 ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura
ME 6-1 150 146 0,007217 0,4735 0,9470 0,8531 3,153 0,7201 0,09529 0,4739 0,9466 -1,0360 0,1888 0,9479
ME 6-2 150 296 0,4208 0,2172 0,9977 2,975 27,99 0,9537 3,133 0,2175 0,9977 -2,052 0,5832 0,9479
ME 6-3 150 438 ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura
ME
desc
1-1 140 319 0,7073 0,1763 0,9015 3,921 7,811 0,8648 4,793 0,1765 0,9020 -0,8978 0,4972 0,9801
ME
desc
1-2 105 312 3,932 0,02058 0,7925 4,613 7,348 0,9926 23,67 0,02060 0,7925 3,856 0,09787 0,7813
ME
desc
1-3 70 320 3,858 0,04578 0,7417 5,423 23,11 0,9909 18,70 0,04583 0,7418 3,415 0,2719 0,7187
ME
desc
1-4 53 323 ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura ruptura
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
247
Figura 5.37
– Modelagem de parâmetros de deformações permanentes dos modelos (2.26), (2.27),
(2.28) e (2.29) em função da pressão de confinamento e da tensão desvio para corpos de prova de 10 x
20 cm
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
248
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Valores do ensaio (%)
Valores do modelo (%)
A
igualdade
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Valores do ensaio (%)
Valores do modelo (%)
B
igualdade
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0
Valores do ensaio (%)
Valores do modelo (%)
epi
igualdade
0.0E+00
5.0E-06
1.0E-05
1.5E-05
2.0E-05
2.5E-05
3.0E-05
0.0E+00 1.0E-05 2.0E-05 3.0E-05
Valores do ensaio (%)
Valores do modelo (%)
TDP
igualdade
0
1
2
3
4
5
6
0 2 4 6
Valores do ensaio (%)
Valores do modelo (%)
µ
igualdade
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Valores do ensaio (%)
Valores do modelo (%)
α
igualdade
-2.5
-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
-3 -2 -1 0 1
Valores do ensaio (%)
Valores do modelo (%)
a
igualdade
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0 0.2 0.4 0.6 0.8
Valores do ensaio (%)
Valores do modelo (%)
b
igualdade
Figura 5.38
– Comparação entre os parâmetros dos modelos (2.26), (2.27), (2.28) e (2.29) obtidos a
partir do ajuste pelo modelo (4.7) e diretamente dos ensaios em relação à reta de igualdade para corpos
de prova de 10 x 20 cm
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
249
Tabela 5.22 –
Parâmetros de ajuste segundo o modelo (4.7) em corpos de prova de 10 x 20 cm
Parâmetro K
1
K
2
K
3
R
2
A 0,01357 -1,155 1,565 0,8575
B 0,01670 1,365 -0,7407 0,7140
ε
pi
4,349x10
-4
0,3535 1,317 0,8783
TDP 1,889x10
-13
0,9295 2,486 0,9665
µ
0,5244 -0,7315 0,9070 0,6698
α
0,03628 1,307 -0,8469 0,6628
A -8,635x10
-12
4.332 0.7849 0.7157
B 7.652x10
-7
1.088 1.423 0.9502
Por fim, foi feito um ajuste segundo o modelo proposto por Guimarães (2009)
relacionando a deformação permanente diretamente com a pressão de confinamento, a tensão
desvio e o número de ciclos. Para o cálculo dos parâmetros da equação (2.32) foram utilizados
587 pontos representando cada leitura da instrumentação durante os ensaios de deformações
permanentes em corpos de prova de 10 x 20 cm. O ajuste apresentou coeficiente de
determinação R
2
= 0,8614. O modelo de Guimarães, calibrado para a brita graduada estudada
nesta tese, é apresentado em (5.3) e a dispersão dos resultados pode ver visualizada na Figura
5.39.
1539,0
462,12134,0
3
5
10826,5
N
dp
=
σσε
(5.3)
Onde:
ε
p
é a deformação permanente (%)
σ
3
é a pressão de confinamento (kPa)
σ
d
é a tensão desvio (kPa)
N é o número de ciclos
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
250
0
1
2
3
4
5
6
0 1 2 3 4 5 6
Valores do ensaio (%)
Valores do modelo (%)
Figure 5.39
– Comparação entre as deformações permanentes obtidas do modelo de Guimarães (2009)
e medidas diretamente nos ensaios em relação à reta de igualdade para corpos de prova de 10 x 20 cm
Também foi realizada uma análise segundo a teoria do
Shakedown
modificando a
forma de apresentação das deformações permanentes. Os resultados foram dispostos em
gráficos com a razão entre a deformação permanente e o número de ciclos no eixo das
ordenadas e com a deformação permanente no eixo das abscissas, conforme disposto em
Werkmeister
et al.
(2001). O procedimento de reconhecimento do tipo de comportamento foi
apresentado no item 4.6. As curvas obtidas segundo os eixos modificados da metodologia são
apresentadas pela Figura 5.40
Os comportamentos do tipo colapso incremental, ou
Shakedown
C, são facilmente
identificados pela tendência das curvas tornarem-se horizontais ou até mesmo ascendentes.
Este tipo de comportamento foi observado para os ensaios DP ME 70x341 kPa, DP ME
105x309 kPa, DP ME 150x438 kPa e DP ME
desc
53x323 kPa. Observou-se que quanto maior
a pressão de confinamento, menor é a relação
σ
d
/
σ
3
necessária para levar o material a este tipo
de comportamento.
As curvas com formato convexo descendente identificam os ensaios com
comportamento do tipo
Shakedown
A, também chamado de
Shakedown
elástico (Werkmeister
et al.
, 2001). Neste caso as deformações permanentes ocorrem por um número finito de ciclos
e após são observadas apenas deformações resilientes. Alguns ensaios são claramente
identificados como apresentando este comportamento, como: DP ME 21x15, 35x31, 53x54,
105x98 e 150x146 kPa, além do ensaio DP ME
desc
140x319 kPa.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
251
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 2 4 6 8 10
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
15 kPa 36 kPa 60 kPa 84 kPa 102 kPa
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 5 10 15
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
31 kPa 69 kPa 102 kPa 140 kPa 169 kPa
σ
3
= 21 kPa
σ
3
= 35 kPa
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 10 20 30
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
54 kPa 104 kPa 153 kPa 206 kPa 256 kPa
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 50 100 150 200 250
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
66 kPa 137 kPa 207 kPa 276 kPa 341 kPa
σ
3
= 53 kPa
σ
3
= 70 kPa
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 20 40 60 80 100
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
98 kPa 207 kPa 309 kPa
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 50 100 150
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
146 kPa 296 kPa 438 kPa
σ
3
= 105 kPa
σ
3
= 150 kPa
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 50 100 150
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
140 kPa 105 kPa 70 kPa 53 kPa
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 5 10 15
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
21x97 kPa 34x132 kPa 38x96 kPa
53x149 kPa 70x134 kPa
Descompressão lateral Estágio único
Figura 5.40
– Análise segundo a teoria do Shakedown em corpos de prova de 10 x 20 cm
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
252
Os resultados de outros ensaios precisam de uma análise mais atenta e em alguns casos
modificar a escala do gráfico para poder definir o comportamento, pois não é possível
observar a sua curvatura. Para ensaios como os: DP ME 21x36 e 70x66 kPa este
procedimento foi necessário para comprovar o comportamento do tipo A. Os demais ensaios
apresentaram comportamento do tipo B, descendente côncava.
De forma diferenciada, o ensaio DP ME 35x69 kPa apresentou um comportamento
linear, intermediário entre os tipos A e B. Sendo assim este estado de tensões foi considerado
como o limite entre comportamento dos dois tipos. Os demais limites foram estabelecidos
interpolando-se a tensão desvio entre duas curvas subseqüentes e com comportamentos
distintos.
A partir destas observações foi possível definir os limites entre comportamentos
distintos no espaço de tensões “p x q”, de forma semelhante ao realizado por Arnold (2004).
A Figura 5.41 apresenta as trajetórias de tensões dos ensaios em mutiestágios, os limites
Shakedown
entre os comportamento A e B (Lim A-B) e entre os comportamento B e C (Lim
B-C), além das envoltórias de escoamento, ruptura e s-pico apresentadas no item 5.2.
Observa-se que as envoltórias não são apresentadas por inteiro para que as trajetórias de
tensões e os limites
Shakedown
apareçam com maior nitidez. Ainda, as envoltórias aparecem
com extensões tracejadas finas para dar uma idéia de posição para os estados de tensões mais
baixos.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 100 200 300 400 500 600
p (kPa)
q (kPa)
Lim A-B Lim B-C
Ruptura Escoam
Pós-pico Desc
21 kPa 35 kPa
53 kPa 70 kPa
105 kPa 150 kPa
Figura 5.41
– Trajetórias de tensões, limites
Shakedown
e envoltórias de escoamento, ruptura e pós-
pico para ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
253
Outro procedimento utilizado para a identificação dos tipos de comportamentos
Shakedown
é a visualização dos laços de histerese das curvas tensão versus deformação em
ensaios cíclicos (Werkmeister
et al.
, 2002). Foram escolhidos três ensaios, cada um com um
tipo de comportamento, para verificar a evolução dos laços com o numero de ciclos.
A primeira seqüência de laços de histerese é referente ao ensaio DP ME 35x31 kPa e
pode ser vista na Figura 5.42, quantificando a tensão desvio e os deslocamentos dela
decorrentes. Observa-se que os laços se deslocam mais para os primeiros ciclos de carga e nos
últimos 70.000 ciclos pouca deformação permanente é observada. As evoluções neste sentido
são típicas de comportamento do tipo
Shakedown
A. A inclinação do laço para a direita
uma idéia da deformação resiliente nos ciclos de carga apresentados.
A evolução dos laços de histerese do ensaio DP ME 105x309 kPa é apresentada na
Figura 5.43. Observa-se que as deformações permanentes acumuladas entre o laço
correspondente a 10.000 ciclos e o correspondente a 80.000 ciclos são bem maiores que as
observadas no ensaio DP ME 35 x 31, sendo a maior diferença entre laços sucessivos
observada na figura. Esta elevada deformação permanente acumulada é típica de
comportamento do tipo Shakedown C ou colapso incremental. Observa-se que pouca
deformação permanente é acumulada nos primeiros ciclos de carga. Este comportamento é
típico de ensaios em multiestágios.
0
10
20
30
40
50
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
Deslocamento (mm)
Tensão desvio (kPa)
N=80.000
N=10.000
N=1
N=10
N=100
N=1.000
Figura 5.42
- Laços de histerese do ensaio DP ME 35x31 kPa em Shakedown A
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
254
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 2 4 6 8 10 12 14
Deslocamento (mm)
Tensão Desvio (kPa)
N=80.000
Os N=10 e 1 aparecem acumulados mais próximos à
origem sem resolução para visualização adequada.
N=100
N=1.000
N=10.000
Figura 5.43
- Laços de histerese do ensaio DP ME 105x309 kPa em Shakedown C
A Figura 5.44 apresenta a evolução dos laços de histerese do ensaio DP ME 53x104
kPa. É observado um comportamento intermediário aos anteriormente apresentados,
configurando o
Shakedown
tipo B. Observa-se que a diferença entre o deslocamento dos laços
correspondentes a 10.000 e 80.000 ciclos são da ordem de 0,1 mm, 1 mm e 10 mm
respectivamente para as Figuras 5.42, 5.44 e 5.43. Também são observadas poucas
deformações permanentes no início do ensaio, típico de multiestágios.
0
50
100
150
200
250
300
0 0.5 1 1.5 2
Deslocamento (mm)
Tensão desvio (kPa)
N=80.000
N=100
N=1.000
N=10.000
Os N=10 e 1 aparecem acumulados mais próximos à
origem sem resolução para visualização adequada.
Figura 5.44
- Laços de histerese do ensaio DP ME 53x206 kPa em Shakedown B
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
255
5.3.2 Resultados de Ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
Os ensaios de deformações permanentes em corpos de prova de 25 x 50 cm foram
realizados de forma semelhante aos 10 x 20 cm, conforme apresentado no item 4.6. A
diferença de procedimento fica por conta dos transdutores de deslocamentos instalados
internamente à câmara triaxial. Para esta campanha de ensaios foram moldados 9 corpos de
prova, sendo que 5 foram submetidos a multiestágios de carregamento e 4 a um único estágio.
Os ensaios foram denominados da mesma forma que os realizados em corpos de prova de
10 x 20 cm como: “DP CPV
σ
3
x
σ
d
kPa” e “DP ME
σ
3
x
σ
d
kPa”. As características dos ensaios
e os parâmetros de compactação são apresentados pela Tabela 5.23.
Tabela 5.23
– Dados da compactação dos corpos de prova de 25 x 50 cm utilizados nos ensaios
triaxiais de deformações permanentes
Ensaio triaxial
Teor de
umidade (%)
Peso específico
aparente seco (kN/m
3
)
Grau de
compactação (%)
DP CPV 21 x 94 kPa 3,9 23,66 95,0
DP CPV 34 x 122 kPa 4,2 24,44 98,2
DP CPV 70 x 125 kPa 4,3 2,429 97,6
DP CPV 53 x 153 kPa 4,0 24,11 96,8
DP ME 21 kPa 3,9 23,51 94,4
DP ME 35 kPa 4,2 23,96 96,2
DP ME 53 kPa 3,6 24,72 99,3
DP ME 70 kPa 3,1 24,84 99,8
DP ME
desc
330 kPa 3,7 23,30 93,6
Os resultados dos ensaios triaxiais de deformações permanentes de estágio único em
corpos de prova de 25 x 50 cm são apresentados pela Figura 5.45. Os pares de tensões
escolhidos foram os mesmos dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm para permitir a
comparação dos resultados.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
256
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0 20000 40000 60000 80000 100000
Número de cíclos
Deformação permanente (%)
21x94 kPa
34x122 kPa
70x125 kPa
53x153 kPa
Figura
5.45
– Evolução de deformações permanentes em estágio único para corpos de prova de
25 x 50 cm
Observa-se que:
a) As maiores deformações permanentes foram registradas no ensaio com a menor
tensão desvio (94 kPa), porém, como a pressão de confinamento também foi a
menor, ficam justificadas as deformações permanentes mais elevadas em relação
aos demais ensaios.
b) Por outro lado as menores deformações permanentes foram registradas pelo ensaio
com a maior tensão desvio (153 kPa), sendo que a pressão de confinamento
utilizada foi de 53 kPa. Em uma análise preliminar, este comportamento poderia
ser atribuído à pressão de confinamento mais elevada. Porém o ensaio realizado
com pressão de confinamento de 70 kPa (maior) e tensão desvio de 125 kPa
(menor) apresentou deformações permanentes ligeiramente superiores.
c) O ensaio realizado com tensão desvio de 122 kPa pode ser comparado com o
anteriormente descrito, pela semelhança entre as tensões desvio. Neste caso, a
pressão de confinamento foi inferior (35 kPa) o que elevou as deformações
permanentes registradas. Para estes ensaios, a relação
σ
d
/
σ
3
mostrou maior
influência nos resultados em relação ao obtido em corpos de prova de 10 x 20 cm.
d) As maiores deformações permanentes foram obtidas para a maior relação
σ
d
/
σ
3
com o valor de 4,5 seguido pelo ensaio com valor de 3,6. Por fim os ensaios com
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
257
relação
σ
d
/
σ
3
de 1,8 e 2,9 apresentaram as menores deformações permanentes,
ainda que as menores tenham ocorrido para a relação de 2,9.
Os ensaios de deformações permanentes em multiestágios utilizando corpos de prova
de 25 x 50 cm foram realizados com as mesmas pressões de confinamento dos ensaios em
corpos de prova de 10 x 20 cm e com os mesmos cinco estágios. Os resultados obtidos são
apresentados pela Figura 5.46 com as curvas típicas em formato de escada.
O primeiro estágio de carregamento considerado como ensaio em corpo de prova
virgem pode ser comparado com os resultados apresentados pela Figura 5.45. Os resultados
não ultrapassam os 0,5% de deformações permanentes em nenhum caso, apresentando
portanto deformações permanentes inferiores àquelas da Figura 5.45.
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0 80000 160000 240000 320000 400000
Número de aplicações cíclicas de carga
Deformação permanente (%)
21 kPa
35 kPa
53 kPa
70 kPa
Figura
5.46
– Evolução das deformações permanentes em ensaios multiestágios para corpos de prova
de 25 x 50 cm
Por fim foi realizado o ensaio de desconfinamento em multiestágios que apresentou o
resultado da Figura 5.47. Para este ensaio era necessário a aplicação de uma tensão desvio
muito elevada (
σ
d
= 330 kPa) por um período prolongado. Por desconhecer-se a reação do
equipamento a este tipo de carregamento, optou-se por fazer um ensaio mais curto, com
duração de 10.000 ciclos por estágio.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
258
0.00
0.20
0.40
0.60
0.80
1.00
1.20
1.40
1.60
1.80
2.00
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Número de aplicações cíclicas de carga
Deformação permanente (%)
140x298 kPa 35x310 kPa
105x302 kPa 21x305 kPa
70x309 kPa 0x305 kPa
53x312 kPa
Figura
5.47
– Evolução de deformações permanentes em multiestágios de desconfinamento para
corpos de prova de 25 x 50 cm
Neste caso o estágio 1 (
σ
3
= 140 kPa) também pode ser considerado como ensaio em
estágio único e o seu resultado comparado com a Figura 5.45. Como o par de tensões
utilizado foi bastante severo, as deformações permanentes obtidas foram elevadas. O valor
obtido foi próximo a 0,5%, portanto superior aos observados na referida figura, confirmando a
observação de que tensões desvio elevadas correspondem a deformações permanentes
elevadas com menor influência da pressão de confinamento.
Nos estágios de desconfinamento seguintes (
σ
3
= 105, 70, 53 e 35 kPa) não houve
acréscimo expressivo de deformações permanentes e as curvas não apresentaram o formato
típico de “degrau da escada”. Como não houve aumento na tensão desvio, também não houve
aumento significativo nas deformações permanentes por pós-compactação. Mas também, o
decréscimo no confinamento não foi suficiente para provocar o cisalhamento da amostra.
Apenas no sexto estágio de desconfinamento (
σ
3
= 21 kPa), a amostra mostrou uma
tendência de aumento significativo das deformações permanentes. Uma tendência clara de
ruptura só apareceu quando o confinamento foi completamente retirado. Este ensaio não
permite conclusões muito significativas e nem a comparação com os ensaios em corpos de
prova de 10 x 20 cm, uma vez que o número de ciclos por estágio foi menor. Porém, estima-se
que em caso de aplicação de números de ciclos equivalentes aos aplicados nos corpos de
prova de 10 x 20 cm (80.000 ciclos) a ruptura em corpos de prova de grande porte ocorreria
para uma pressão de confinamento mais baixa.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
259
Os resultados dos ensaios foram interpretados segundo o mesmo procedimento dos
ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm. Foram executados ajustes segundo os modelos de
Barksdale (1972), Monismith
et al.
(1975), Uzan (1985), Malysz (2004) e Guimarães (2009),
segundo as equações (2.29), (2.27), (2.28), (2.26) e (2.32) respectivamente. A identificação de
cada ensaio, os estados de tensão, os parâmetros dos modelos e os coeficientes de
determinação são apresentados na Tabela 5.24. O mesmo ajuste para os parâmetros de
deformações permanentes em função da pressão de confinamento e da tensão desvio, segundo
a equação (4.7), foi realizado. Os resultados são apresentados graficamente na Figura 5.48 e
os parâmetros da equação (4.7) na Tabela 5.25. A dispersão dos pontos pode ser visualizada
nos gráficos da Figura 5.49 para cada parâmetro. Os ajustes apresentaram coeficientes de
determinação ligeiramente inferiores aos obtidos para os ensaios em corpos de prova de 10 x
20 cm. A partir dos coeficientes de determinação da Tabela 5.25 e dos gráficos da Figura 5.49
verifica-se que o melhor ajuste ocorreu para os parâmetros do modelo linear, ainda que as
TDPs apresentem dispersão significativa.
Por fim, foi feito o ajuste segundo o modelo proposto por Guimarães (2009)
relacionando a deformação permanente diretamente com a pressão de confinamento, a tensão
desvio e o número de ciclos. Para o cálculo dos parâmetros da equação (2.32) foram utilizados
493 pontos representando cada leitura da instrumentação durante os ensaios de deformações
permanentes em corpos de prova de 25 x 50 cm. O ajuste apresentou coeficiente de
determinação R
2
= 0,9690, expressivamente maior que o obtidos para os ensaios em corpos de
prova de 10 x 20 cm. O modelo obtido, já com os parâmetros de regressão, é apresentado pela
equação (5.4) e a dispersão dos resultados pode ver visualizada na Figura 5.50. O modelo
mostra forte influência do estado de tensões nas deformações permanentes, tanto para a
pressão de confinamento quanto para tensão desvio.
04502,0
082,19946,0
3
04262,0
N
dp
=
σσε
(5.4)
Onde:
ε
p
é a deformação permanente (%)
σ
3
é a pressão de confinamento (kPa)
σ
d
é a tensão desvio (kPa)
N é o número de ciclos
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009 (rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
260
Tabela 5.24 – Parâmetros dos modelos (2.26), (2.27), (2.28) e (2.29) obtidos com resultados de ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
(
)
B
p
NA=
ε
NTDP
i
pp
+=
εε
(
)
α
µεε
= NN
rp
/)(
)log(Nba
p
+=
ε
DP
σ
σσ
σ
3
σ
σσ
σ
d
A B R
2
ε
εε
ε
pi
TDP (10
-6
)
R
2
µ
µµ
µ
α
αα
α
R
2
a b R
2
CPV 1 21 94 0,1769 0,1152 0,9684 0,5179 1,164 0,9210 2,194 0,1152 0,9684 0,05829 0,04936 0,9879
CPV 2 34 122 0,1943 0,09610 0,8484 0,4858 0,7509 0,8646 2,707 0,09607 0,8484 0,1172 0,03877 0,9397
CPV 3 53 160 0,1252 0,1219 0,9413 0,4072 0,5525 0,9330 1,984 0,1136 0,9412 0,03903 0,03544 0,9868
CPV 4 70 125 0,1267 0,1267 0,8264 0,3634 0,9974 0,7212 2,684 0,1219 0,8263 0,03611 0,03834 0,9403
ME 1-1 21 18 0,0115 0,1568 0,7994 0,05143 0,07917 0,9536 0,4549 0,1569 0,7994
-0,004112
0,005841 0,9046
ME 1-2 21 35 0,0452 0,1323 0,9195 0,1628 0,2420 0,8960 1,083 0,1371 0,9214
-0,001104
0,01702 0,9696
ME 1-3 21 58 0,1005 0,1139 0,9658 0,2989 0,6213 0,8974 1,840 0,1109 0,9658 0,03197 0,02887 0,9796
ME 1-4 21 76 0,3067 0,01745 0,6992 0,3494 0,5357 0,9121 4,511 0,01714 0,6992 0,3090 0,006318 0,6931
ME 1-5 21 99 0,3164 0,03181 0,8444 0,4159 0,7667 0,9388 3,862 0,03132 0,8444 0,3084 0,01340 0,8325
ME 2-1 35 36 0,0416 0,07407 0,8891 0,08545 0,07097 0,8403 1,388 0,07407 0,8891 0,03266 0,005431 0,9390
ME 2-2 35 68 0,0612 0,1218 0,9600 0,1970 0,4044 0,8867 1,307 0,1217 0,9599 0,007816 0,01986 0,9820
ME 2-3 35 101 0,1772 0,04824 0,9598 0,2748 0,5159 0,9460 2,871 0,04824 0,9597 0,1584 0,01293 0,9485
ME 2-4 35 135 0,2610 0,03101 0,9114 0,3443 0,4972 0,9160 3,449 0,03101 0,9114 0,2501 0,01062 0,9001
ME 2-5 35 166 0,3284 0,03190 0,9326 0,4398 0,5544 0,9013 3,754 0,03190 0,9326 0,3141 0,01381 0,9237
ME 3-1 53 49 0,0573 0,07277 0,9673 0,1137 0,1840 0,9500 1,993 0,07277 0,9672 0,04393 0,007459 0,9884
ME 3-2 53 99 0,0941 0,07265 0,9966 0,1847 0,3753 0,9641 2,000 0,07265 0,9966 0,07062 0,01242 0,9974
ME 3-3 53 150 0,1589 0,05396 0,9612 0,2577 0,5864 0,9357 2,523 0,05396 0,9612 0,1369 0,01362 0,9469
ME 3-4 53 204 0,3192 0,02441 0,9754 0,3997 0,3423 0,8992 4,086 0,02441 0,9753 0,3117 0,009590 0,9692
ME 3-5 53 262 0,4068 0,03022 0,9155 0,5302 0,8746 0,9305 4,371 0,03019 0,9162 0,3912 0,01595 0,9046
ME 4-1 70 67 0,0293 0,1252 0,9498 0,09468 0,2625 0,9709 0,9741 0,1252 0,9498 0,002708 0,009954 0,9914
ME 4-2 70 132 0,7319 0,1536 0,9964 0,3113 1,149 0,9409 1,713 0,08933 0,9963 0,04863 0,01544 0,9985
ME 4-3 70 204 0,2664 0,07899 0,9743 0,5457 1,639 0,9690 2,536 0,05866 0,9742 0,1394 0,01610 0,9623
ME 4-4 70 286 0,2551 0,05898 0,9666 0,4391 0,932 0,9449 3,062 0,05898 0,9665 0,2119 0,02495 0,9487
ME
desc
1-1 140 298 0,1585 0,1357 0,9128 - - - 2,843 0,1357 0,9128 0,03588 0,05460 0,9680
ME
desc
1-2 105 302 0,5302 0,02566 0,9651 - - - 7,880 0,02566 0,9650 0,5197 0,01644 0,9608
ME
desc
1-3 70 309 0,6095 0,02468 0,9431 - - - 6,931 0,02468 0,9430 0,5981 0,01808 0,9373
ME
desc
1-4 53 312 0,7241 0,01582 0,9312 - - - 6,882 0,01582 0,9312 0,7188 0,01289 0,9276
ME
desc
1-5 35 310 0,9827 0,02611 0,9515 - - - 5,513 0,02611 0,9515 0,7317 0,02367 0,9480
ME
desc
1-6 21 305 1,32 0,03238 0,9985 - - - 5,342 0,03238 0,9984 0,9531 0,04010 0,9974
ME
desc
1-7 0 305 1,82 0,1319 0,9631 - - - - - - 0,3422 0,2063 0,9450
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
261
Figura 5.48
– Modelagem de parâmetros de deformações permanentes dos modelos (2.26), (2.27),
(2.28) e (2.29) em função da pressão de confinamento e da tensão desvio para corpos de prova de
25 x 50 cm
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
262
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Valores do ensaio
Valores do modelo
A
igualdade
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
0.14
0.16
0.18
0 0.05 0.1 0.15 0.2
Valores do ensaio
Valores do modelo
B
igualdade
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0 0.2 0.4 0.6
Valores do ensaio
Valores do modelo
epi
igualdade
0.0E+00
5.0E-07
1.0E-06
1.5E-06
0.0E+00 2.5E-07 5.0E-07 7.5E-07 1.0E-06 1.3E-06
Valores do ensaio
Valores do modelo
TDP
igualdade
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0 0.05 0.1 0.15 0.2
Valores do ensaio
Valores do modelo
α
igualdade
0
1
2
3
4
5
0 1 2 3 4 5
Valores do ensaio
Valores do modelo
µ
igualdade
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0.4
0.45
-0.1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Valores do ensaio
Valores do modelo
a
igualdade
0
0.005
0.01
0.015
0.02
0.025
0.03
0.035
0 0.01 0.02 0.03 0.04
Valores do ensaio
Valores do modelo
b
igualdade
Figura 5.49
– Comparação entre os parâmetros dos modelos (2.26), (2.27), (2.28) e (2.29) obtidos a
partir do ajuste pelo modelo (4.7) e diretamente dos ensaios em relação à reta de igualdade para corpos
de prova de 25 x 50 cm
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
263
Tabela 5.25 –
Parâmetros de ajuste segundo a equação (4.8) em corpos de prova de 25 x 50 cm
Parâmetro k
1
k
2
k
3
R
2
A 0,01631 -0,2996 0,7843 0,3684
B 0,1934 0,4616 -0,5931 0,4548
ε
pi
0,04225 -0,5927 0,8782 0,8564
TDP 1,265x10
-8
0,3011 0,5662 0,4762
µ
1,066 -0,8889 0,8821 0,8132
α
0,3512 0,3300 0,6354 0,5822
a 0,01518 -1,907 1,939 0,8815
b 0,007561 -0,1784 0,2721 0,1370
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
Valores do ensaio (%)
Valores do modelo (%)
Figura 5.50
– Comparação entre as deformações permanentes obtidas do modelo de
Guimarães (2009) e medidas diretamente nos ensaios em relação à reta de igualdade para corpos de
prova de 25 x 50 cm
Para os ensaios em corpos de prova de grande porte também foi realizada a análise
segundo a teoria do
Shakedown
. As curvas obtidas segundo os eixos modificados da
metodologia são apresentadas pela Figura 5.51. Os comportamentos do tipo colapso
incremental, ou
Shakedown
C, foi observado para o ensaio em multiestágios de
desconfinamento no estágio em que o confinamento foi completamente retirado.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
264
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 1 2 3 4 5 6
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
18 kPa 35 kPa 58 kPa 76 kPa 99 kPa
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 1 2 3 4 5 6
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
36 kPa 68 kPa 101 kPa 135 kPa 166 kPa
σ
3
= 21 kPa
σ
3
= 35 kPa
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 2 4 6 8
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
49 kPa 99 kPa 150 kPa 204 kPa 262 kPa
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 1 2 3 4 5 6
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
67 kPa 132 kPa 204 kPa 286 kPa
σ
3
= 53 kPa
σ
3
= 70 kPa
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 5 10 15 20
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
140 kPa 105 kPa 70 kPa 53 kPa
35 kPa 21 kPa 0
1.0E-06
1.0E-05
1.0E-04
1.0E-03
1.0E-02
1.0E-01
1.0E+00
0 2 4 6 8
Deformação permanente (10
-3
)
Razão
ε
p
/N (10
-3
/ciclo)
21x94 kPa 34x122 kPa 70x125 kPa 53x153 kPa
Descompressão lateral Estágio único
Figura 5.51
– Análise segundo a teoria do Shakedown em corpos de prova de 25 x 50 cm
Alguns ensaios são claramente identificados como apresentando comportamento
Shakedown
A, como: DP ME 21x18, 21x35 e 35x36 kPa, além do ensaio
DP ME
desc
140x298 kPa. Outros precisam de uma análise mais atenta e em alguns casos
modificar a escala do gráfico para poder definir o comportamento. Para ensaios como os: DP
ME 53x49 e 70x67 kPa este procedimento foi necessário para comprovar o comportamento
do tipo A. Os demais ensaios apresentaram comportamento do tipo B, descendente côncava.
Porém, os ensaios DP ME 21x58, 35x68, 53x99 e 70x132 kPa apresentaram um
comportamento linear, intermediário entre os tipos A e B. Sendo assim estes estados de
tensões foram considerados como o limite entre o comportamento dos dois tipos em cada
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
265
presão de confinamento. A partir destas definições foram definidos os limites entre
comportamentos distintos no espaço de tensões “p x q”. A Figura 5.52 apresenta as trajetórias
de tensões dos ensaios em mutiestágios, os limites
Shakedown
e as envoltórias de escoamento,
ruptura e pós-pico apresentadas no item 5.2. Observa-se que as envoltórias não são
apresentadas por inteiro para que as trajetórias de tensões e os limites
Shakedown
apareçam
com maior nitidez. Ainda, as envoltórias aparecem com extensões tracejadas finas para dar
uma idéia de posição para os estados de tensões mais baixos.
0
100
200
300
400
500
0 100 200 300 400 500
p (kPa)
q (kPa)
Lim A-B Ruptura
Escoam Pós-pico
21 kPa 35 kPa
53 kPa 70 kPa
Desc
Figura 5.52
- Trajetórias de tensões, limites
Shakedown
e envoltórias de escoamento, ruptura e pós-
pico para ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
Foram escolhidos dois ensaios para a visualização dos laços de histerese, cada um com
um tipo de comportamento, para verificar a evolução dos laços com o numero de ciclos. A
primeira seqüência de laços de histerese é referente ao ensaio DP ME 35x36 kPa e pode ser
vista na Figura 5.53. Observa-se que os laços se deslocam mais para os primeiros ciclos de
carga e nos últimos 70.000 ciclos pouca deformação permanente é observada. As evoluções
neste sentido são típicas de comportamento do tipo
Shakedown
A.
A evolução dos laços de histerese do ensaio DP ME 70x204 kPa é apresentada na
Figura 5.54. Observa-se que as deformações permanentes acumuladas entre o laço
correspondente a 10.000 ciclos e o correspondente a 80.000 ciclos são um pouco maiores que
as observadas no ensaio DP ME 35 x 36. Este nível de deformação permanente acumulada é
típica de comportamento do tipo B ou Shakedown plastico. Observa-se que pouca deformação
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
266
permanente é acumulada nos primeiros ciclos de carga. Este comportamento é típico de
ensaios em multiestágios.
0
10
20
30
40
50
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
Deslocamento (mm)
Tensão desvio (kPa)
N=80.000
N=1
N=10
N=100
N=1.000
N=10.000
Figura 5.53
- Laços de histerese do ensaio DP ME 35x36 kPa em Shakedown A
0
50
100
150
200
250
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Deslocamento (mm)
Tensão desvio (kPa)
N=80.000
N=
1
N=10
N=100
N=1.000
N=10.000
Figura 5.54
- Laços de histerese do ensaio DP ME 70x204 kPa em Shakedown B
5.3.3 Considerações finais sobre os ensaios de deformações permanentes
Neste item foram apresentados e analisados os resultados dos ensaios triaxiais de
deformações permanentes em corpos de prova de 10 x 20 cm e de 25 x 50 cm. Estes ensaios
contaram com leituras de deslocamentos a partir de LVDTs posicionados dentro da câmara
triaxial e fora. A instrumentação interna apresentou resultados contraditórios e de difícil
interpretação, portanto as leituras do LVDT externo foram utilizadas na obtenção das curvas
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
267
de deformações permanentes. Foram observadas as evoluções de deformações permanentes
simplesmente em função do número de ciclos, executando ajustes segundo os modelos de
Barksdale (1972), Monismith
et al.
(1975), Uzan (1985), Malysz (2004) e Guimarães (2009),
modelos (2.29), (2.27), (2.28), (2.26) e (2.32) respectivamente. Ainda foi feito um segundo
ajuste relacionando os parâmetros de deformações permanentes em função do estado de
tensões. As análises segundo a teoria do
Shakedown
, conforme o procedimento descrito por
Werkmeister (2003), permitiram determinar os limites entre os comportamentos do tipo “A e
B” e entre “B e C”. Os limites foram apresentados no espaço de tensões p x q, de forma
semelhante ao realizado por Arnold (2004), em conjunto com as trajetórias de tensões dos
ensaios e as envoltórias de escoamento, de resistência ao cisalhamento e pós-pico. Também
foi observada a evolução dos laços de histerese para comportamentos
Shakedown
do tipo A, B
e C.
As curvas de deformações permanentes obtidas para cada pressão de confinamento
apresentaram-se bem distintas, nos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm. O valor
absoluto da tensão desvio apresentou grande influência na magnitude das deformações. Já
para os ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm as curvas mostraram-se mais agrupadas
mostrando maior influência da interação entre a tensão desvio e a pressão de confinamento.
Como os ensaios foram realizados em apenas um material, fica difícil definir se isto é uma
tendência para os ensaios de grande porte ou apenas para este material.
5.4 Análises paramétricas
Os itens anteriores apresentaram resultados dos ensaios realizados no equipamento
triaxial para solos, até então utilizados na UFRGS também para agregados, e no equipamento
triaxial de grande porte desenvolvido nesta tese. A análise dos ensaios permitiu determinar o
comportamento dos materiais segundo diversos parâmetros.
Para avaliar o comportamento do material como camada de pavimento é necessário
realizar análises mecanísticas, variando diversos parâmetros e verificando a sua influência no
desempenho do material ou da estrutura como um todo. Assim, foram feitas análises com o
programa
Everstress 5.0
, determinando os estados de tensões atuantes no material segundo
configurações estruturais variadas. A partir destes resultados foi feita uma estimativa da
contribuição da camada granular para o afundamento de trilha de roda (ATR
g
) e algumas
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
268
considerações sobre os procedimentos de cálculo utilizados. Por fim, foi feita uma análise da
resistência ao cisalhamento das camadas segundo os resultados dos ensaios triaxiais
convencionais e o método de dimensionamento de pavimentos flexíveis da República Sul
Africana.
5.4.1 Seleção das estruturas a serem avaliadas e características do tráfego
Os ensaios realizados permitem caracterizar o comportamento mecânico dos materiais
estudados, porém o desempenho de camadas granulares dependerá de outras variáveis como:
tráfego, espessura das camadas, tipo de revestimento, etc. Sendo assim, neste item, apresenta-
se uma análise abordando estruturas com diferentes configurações.
Foram analisadas as espessuras contempladas pelo Método de Dimensionamento de
Pavimentos Flexíveis do DNER (1981). Excluídos os casos extremos de pavimentos muito
delgados ou muito espessos, foram escolhidas três estruturas com espessuras de camadas
distintas que contemplassem estados de tensões bem abrangentes. Também foi excluída da
análise a possível camada de sub-base ou reforço do subleito para evitar o aumento de
variáveis na análise. Abaixo da base foi considerado diretamente um subleito de solo fino de
boa qualidade. Assim, foram incluídas nas análises três estruturas, classificadas segundo as
espessuras de revestimento e base, assim denominadas:
Estruturas Delgadas (ED)
Estruturas Médias (EM)
Estruturas Espessas (EE)
Foram supostos revestimentos dos tipos: tratamento superficial (TS) para a estrutura
delgada, e concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) para as estruturas médias e
espessas (5 e 10 cm de revestimento). Foram considerados os módulos de resiliência (MR) de
500 MPa e 5.000 MPa para o tratamento superficial e CBUQ respectivamente. Os módulos de
resiliência para brita graduada foram calculados a partir dos modelos obtidos nesta tese. Para
o solo de subleito foi arbitrado o módulo de resiliência de 150 MPa, que pode ser considerado
um valor típico para os solos lateríticos comumente encontrados no Rio Grande do Sul.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
269
Segundo Medina e Motta (2005) os valores de 0,25; 0,35 e 0,45 para o Coeficiente de
Poisson (
ν
) são os usuais para misturas asfálticas, materiais granulares e solos argilosos
respectivamente. As características das estruturas são mostradas na Tabela 5.26.
Tabela 5.26 –
Configurações estruturais avaliadas nas análises mecanísticas
Estrutura ED EM EE
Tipo TS CBUQ CBUQ
Espessura (cm)
2,5 5,0 10,0
MR (MPa) 500 5000 5000
Revestimento
ν
0.25 0.25 0.25
Tipo Brita graduada
Espessura (cm)
20 40 60
MR (MPa) Modelos obtidos na tese
Camada granular
ν
0,35 0,35 0,35
Tipo Solo
Espessura (cm)
MR (MPa) 150 150 150
Subleito
ν
0,45 0,45 0,45
Para a simulação mecanísticas são necessários alguns parâmetros que caracterizam o
tráfego ao que as estruturas são submetidas. Desta forma foram escolhidos valores para carga
por eixo e pressão de inflação dos pneus representativos de três situações como segue.
O Art. 2
o
da Resolução 210/2006 do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN)
limita peso bruto transmitido por eixo simples de roda dupla em 100 kN (tolerância de 7,5%).
O eixo padrão rodoviário (utilizado para avaliações estruturais com Viga Benkelman
conforme DNER ME 024/94) é definido como um eixo simples de rodas duplas com 82 kN
de carga. Assim, para fins desta análise, foram utilizadas as cargas referentes ao eixo padrão
(82 kN), à carga legal (100 kN) e a um excesso de carga (120 kN), abrangendo carregamentos
que comumente solicitam rodovias em operação.
Seguindo o Método de Ensaio DNER-ME 24/94 para levantamentos deflectométricos,
nas avaliações com a carga padrão, considerou-se uma pressão de inflação dos pneus de 0,56
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
270
MPa (80 psi) para a carga do eixo padrão rodoviário. Para as cargas de 100 e 120 kN foram
utilizadas as pressões de 0,62 e 0,69 MPa respectivamente.
5.4.2 Análise mecanística com o programa
Everstress 5.0
Foram realizadas análises com o programa
Everstress 5.0
considerando os materiais,
estruturas e características do tráfego descritas no item anterior. Os módulos de resliência para
a camada de base foram obtidos a partir dos modelos apresentados nos itens 5.1.1 e 5.1.2
respectivamente. A partir dos estados de tensões obtidos foram calculadas as deformações
permanentes segundo os modelos apresentados no item 5.3. Por fim foi feita uma estimativa
da parcela de contribuição da camada granular para o afundamento de trilha de roda ATR
g
.
5.4.2.1.Análises mecanísticas para os resultados dos ensaios em corpos
de prova de 10 x 20 cm
Foram obtidos, por meio de análises mecanísticas com o programa
Everstress 5.0
, os
estados de tensões atuantes nas camadas granulares das estruturas descritas no item anterior, a
partir dos resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm. Foram calculadas a
tensão desvio e a pressão de confinamento no topo e na base da camada, no plano médio da
camada e em outras profundidades intermediárias e, de forma a caracterizar os estados de
tensões atuantes na camada e os seus efeitos na degradação do pavimento.
Os resultados foram dispostos em gráficos de tensão em função da profundidade (a
partir do topo do revestimento) e ajustados segundo os modelos (4.8) e (4.9), respectivamente
para a tensão desvio e para a pressão de confinamento. Os resultados são apresentados na
Figura 5.55 e os parâmetros dos modelos na Tabela 5.27. Observa-se que o modelo proposto
para a pressão de confinamento não se ajustou bem aos resultados obtidos para a estrutura
delgada, então foi utilizado o modelo logarítmico (5.5), cujos parâmetros são apresentados
pela Tabela 5.28.
fpe +=
)ln(
3
σ
(5.5)
Onde:
σ
3
é a pressão de confinamento (kPa)
p é a profundidade (m)
e
e
f
são os parâmetros do modelo
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
271
Observa-se que as tensões desvio medidas nas proximidades do tratamento superficial
da estrutura delgada ED são um pouco menores do que se espera pela tendência das demais
profundidades. Neste caso, o comportamento é explicado pela sobreposição de efeitos a partir
da profundidade de aproximadamente 5 cm. A partir dos modelos obtidos é possível estimar o
estado de tensões em profundidades intermediárias àquelas inicialmente calculadas pelo
programa. Com os estados de tensões nas profundidades desejadas é possível estimar as
deformações permanentes segundo os resultados obtidos nos ensaios do item 5.3.
O procedimento mais utilizado para estimativa das deformações permanentes em
camadas de pavimentos emprega o estado de tensões no plano médio da camada avaliada.
Então é por este procedimento que começam as análises. A partir dos estados de tensões
calculados foram estimados os parâmetros de deformações permanentes
ε
pi
e TDP segundo o
modelo (4.8), utilizando os parâmetros da Tabela 5.22. Estas informações são suficientes para
a estimativa da deformação permanente para o número de ciclos desejado, utilizando a
equação (2.26). As deformações permanentes calculadas (divididas por 100 para ficar
adimensional), quando multiplicadas pela espessura da camada, fornecem como resultado a
contribuição da camada granular para o afundamento de trilha de roda (ART
g
) do pavimento.
0
100
200
300
400
500
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
Profundidade (m)
Tensão (kPa)
s3 82 kN sd 82 kN
s3 100 kN sd 100 kN
s3 120 kN sd 120 kN
0
50
100
150
200
250
300
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Profundidade (m)
Tensão (kPa)
s3 82 kN sd 82 kN
s3 100 kN sd 100 kN
s3 120 kN sd 120 kN
ED EM
0
20
40
60
80
100
0 0.2 0.4 0.6 0.8
Profundidade (m)
Tensão (kPa)
s3 82 kN sd 82 kN
s3 100 kN sd 100 kN
s3 120 kN sd 120 kN
EE
Figura 5.55
– Estados de tensões atuantes na camada granular das estruturas avaliadas segundo os
resultados de ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
272
Tabela 5.27 –
Parâmetros de ajuste para os estados de tensões em função da profundidade, para os
resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
b
pa =
3
σ
pd
d
ec
=
σ
Estrutura Carga
a b R
2
c d R
2
82 kN - - - 375,4 -4,325 0,9559
100 kN - - - 434,6 -4,146 0,9415
ED
120 kN - - - 491,5 -3,966 0,9189
82 kN 5,632 -0,8312 0,9321 184,5 -3,097 0,9963
100 kN 5,288 -0,9453 0,9655 229,0 -3,071 0,9981
EM
120 kN 4,531 -1,091 0,9836 277,1 -3,027 0,9987
82 kN 3,902 -0,7239 0,9304 64,24 -1,648 0,9986
100 kN 4,404 -0,7768 0,9349 83,56 -1,710 0,9988
ΕΕ
120 kN 4,840 -0,8337 0,9392 106,4 -1,769 0,9990
Tabela 5.28 –
Parâmetros de ajuste para a pressão de confinamento em função da profundidade, para
os resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm, segundo a equação (5.5)
fpe +=
)ln(
3
σ
Estrutura Carga
e f R
2
82 kN -85,82 -141,8 0,9728
100 kN -105,3 -177,2 0,9742
ED
120 kN -125,6 -213,8 0,9737
As deformações permanentes e os ATR
g
calculados são apresentados pela Tabela 5.29
para as estruturas e carregamentos da análise. Observa-se que valores de deformações
permanentes muito elevados (acima de 20%) perdem um pouco de seu significado físico e
devem ser interpretados simplesmente como ruptura. O valor obtido para estrutura delgada
com 10
7
passagens da carga de 120 kN nem foi representado, pois resultou acima de 100%.
Nenhuma surpresa, que é uma estrutura delgada submetida a um elevado número de ciclos
com carga também elevada. Os resultados do ATR
g
são apresentados com precisão de décimo
de milímetro apenas para dar uma idéia maior da sensibilidade do procedimento.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
273
Tabela 5.29 –
Estimativa de ATR
g
para o estado de tensões atuante no plano médio da camada
granular, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
ε
εε
ε
p
(%)
ATR
g
(mm)
Estrutura
Carga
(kN)
1x10
6
5x10
6
1x10
7
1x10
6
5x10
6
1x10
7
82 5,394 19,48 37,08 10,8 39,0 74,2
100 8,498 32,69 62,92 17,0 65,4 125,8
ED
120 12,87 51,92 - 25,7 103,8 -
82 0,5913 1,281 2,143 2,4 5,1 8,6
100 0,9083 2,218 3,856 3,6 8,9 15,4
EM
120 1,335 3,595 6,421 5,3 14,4 25,7
82 0,1115 0,1528 0,2044 0,7 0,9 1,2
100 0,1707 0,2601 0,3717 1,0 1,6 2,2
EE
120 0,2553 0,4358 0,6614 1,5 2,6 4,0
Realizado o procedimento descrito acima, surge a dúvida se o estado de tensões
atuante no plano médio da camada avaliada é representativo para a avaliação global da
camada. Então a camada em análise foi dividida em cinco subcamadas e todo o processo
descrito acima foi realizado para cada subcamada. Ao final, as contribuições de cada
subcamada foram somadas, conforme a equação (4.10), para formar a ATR
g
obtida por um
processo mais preciso. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 5.30, sendo que os
ATR
g
s referentes às deformações acima de 100% são também suprimidos. A diferença entre
os resultados segundo os dois métodos pode ser visualizada na Figura 5.56.
ED 82
ED 100
ED 120
EM 82
EM 100
EM 120
EE 82
EE 100
EE 120
1000000
5000000
10000000
1000000
5000000
10000000
0
20
40
60
80
100
120
140
ATRg
Estrutura e carga
Número de
ciclos
1000000
5000000
10000000
1000000
5000000
10000000
Subcamadas
Plano médio
Figura 5.56 –
Comparação da estimativa de ATR
g
pelo plano médio e por subcamadas, segundo os
resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
274
Tabela 5.30 –
Estimativa de ATR
g
com divisão em 5 subcamadas, segundo os resultados dos ensaios
em corpos de prova de 10 x 20 cm
ATR
g
(mm) subcamadas
Estrutura
Carga
(kN)
1x10
6
5x10
6
1x10
7
82 20,3 84,5 -
100 33,3 - -
ED
120 51,8 - -
82 3,7 10,1 18,2
100 6,2 19,4 35,8
EM
120 10,2 34,9 65,9
82 0,6 0,9 1,2
100 0,9 1,6 2,4
EE
120 1,4 2,9 4,7
Foi observado que o ATR
g
é subestimado quando calculado pelas tensões atuantes no
plano médio da camada, para as estruturas delgada e média. Para a estrutura espessa, o gráfico
não aparece em escala adequada, porém verificando os valores nas Tabelas 5.29 e 5.30,
observa-se que são muito parecidos.
Conforme descrito no item 4.7, o próximo passo seria a determinação do ATR
g
a partir
da integração da função que define as deformações permanentes em função da profundidade.
Além do ajuste proposto pelo modelo (4.11), foram testados outros três modelos simples.
Nenhum ajustou bem os resultados, que ficaram semelhantes ao apresentado na Figura 5.57,
obtida para a estrutura média e 5 x 10
6
ciclos. O ATR
g
é a área abaixo das curvas observadas
para cada situação. Os resultados do procedimento foram semelhantes aos da divisão em
subcamadas. Porém, como os modelos não definiram bem a relação da deformação
permanente com a profundidade, a eficiência do procedimento se torna questionável e optou-
se por não apresentar os ATR
g
s assim calculados. Ainda assim, este parece ser um
procedimento muito eficiente e de implementação relativamente fácil, então a sua utilização é
incentivada, desde que utilizando algum modelo que represente bem a relação entre as
deformações permanentes e a profundidade.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
275
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
0.80
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Profundidade (m)
Deformação permanente
(-)
EM 82 kN
EM 100 kN
EM 120 kN
Figura 5.57 –
Relação entre as deformações permanentes e a profundidade, segundo os resultados dos
ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
5.4.2.2.Análises mecanísticas para os resultados dos ensaios em corpos
de prova de 25 x 50 cm
Este item apresenta os estados de tensões atuantes nas camadas granulares das
estruturas descritas no item anterior, a partir dos resultados dos ensaios em corpos de prova de
25 x 50 cm. Os resultados são apresentados na Figura 5.58 e os parâmetros de regressão dos
modelos na Tabela 5.31. O modelo proposto para a pressão de confinamento não ajustou bem
os resultados, então foi utilizado o modelo logarítmico (5.5). Os parâmetros obtidos para o
modelo são apresentados pela Tabela 5.32. Observa-se que as tensões desvio, nas
proximidades do tratamento superficial da estrutura delgada ED, também foram um pouco
mais baixas do que se espera pela tendência das demais profundidades.
A partir dos estados de tensões calculados para o plano médio da camada granular
foram estimados os parâmetros de deformações permanentes
ε
pi
e TDP segundo o modelo
(4.8), utilizando os parâmetros da Tabela 5.25. As deformações permanentes foram estimadas
para os números de ciclos desejados, utilizando a equação (2.26). As deformações
permanentes e os ATR
g
calculados são apresentados pela Tabela 5.33 para as estruturas e
carregamentos da análise.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
276
0
100
200
300
400
500
600
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
Profundidade (m)
Tensão (kPa)
s3 82 kN
sd 82 kN
s3 100 kN
sd 100 kN
s3 120 kN
sd 120 kN
0
50
100
150
200
250
300
350
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Profundidade (m)
Tensão (kPa)
s3 82 kN
sd 82 kN
s3 100 kN
sd 100 kN
s3 120 kN
sd 120 kN
ED EM
0
50
100
150
200
0 0.2 0.4 0.6 0.8
Profundidade (m)
Tensão (kPa)
s3 82 kN
sd 82 kN
s3 100 kN
sd 100 kN
s3 120 kN
sd 120 kN
EE
Figura 5.58
– Estados de tensões atuantes na camada granular das estruturas avaliadas segundo os
resultados de ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
Tabela 5.31 –
Parâmetros de ajuste para os estados de tensões em função da profundidade, para os
resultados dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
b
pa =
3
σ
pd
d
ec
=
σ
Estrutura Carga
a b R
2
c d R
2
82 kN - - - 441,7 -5,723 0,8834
100 kN - - - 491,2 -5,433 0,8460
ED
120 kN - - - 534,3 -5,106 0,8003
82 kN - - - 278,1 -4,009 0,9984
100 kN - - - 340,9 -4,077 0,9990
EM
120 kN - - - 407,3 -4,124 0,9987
82 kN - - - 123,9 -2,400 0,9938
100 kN - - - 157,5 -2,481 0,9959
ΕΕ
120 kN - - - 196,1 -2,558 0,9975
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
277
Tabela 5.32 –
Parâmetros de ajuste para a pressão de confinamento em função da profundidade, para
os resultados dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm, segundo a equação (5.5)
f)pln(e +=
3
σ
Estrutura Carga
e f R
2
82 kN -109,6 -199,3 0,9186
100 kN -132,1 -240,1 0,9198
ED
120 kN -156,4 -284,1 0,9212
82 kN -43,55 -47,74 0,9284
100 kN -54,51 -60,51 0,9225
EM
120 kN -66,74 -74,54 0,9189
82 kN -16,34 -10,02 0,9345
100 kN -20,64 -13,05 0,9241
ΕΕ
120 kN -25,58 -16,57 0,9147
Tabela 5.33 –
Estimativa de ATR
g
para o estado de tensões atuante no plano médio da camada
granular, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
ε
εε
ε
p
(%)
ATR
g
(mm)
Estrutur
a
Carga
(kN)
1x10
6
5x10
6
1x10
7
1x10
6
5x10
6
1x10
7
82 1,378 4,292 7,934 2,8 8,6 15,9
100 1,494 4,839 9,019 3,0 9,7 18,0
ED
120 1,608 5,390 10,12 3,2 10,8 20,2
82 0,919 1,396 4,272 3,7 5,6 17,1
100 1,016 1,604 4,945 4,1 6,4 19,8
EM
120 1,110 1,823 5,664 4,4 7,3 22,7
82 0,667 1,396 2,306 4,0 8,4 13,8
100 0,742 1,604 2,682 4,5 9,6 16,1
EE
120 0,817 1,823 3,081 4,9 10,9 18,5
Os resultados obtidos segundo o procedimento de divisão em subcamadas são
apresentados na Tabela 5.34. A diferença entre os resultados segundo os dois métodos pode
ser visualizada na Figura 5.59. As análises, a partir dos resultados dos ensaios em corpos de
prova de 25 x 50 cm, também mostraram que o ATR
g
é subestimado quando calculado pelas
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
278
tensões atuantes no plano médio da camada, para as estruturas delgada e média. Para a
estrutura espessa, os afundamentos calculados foram muito parecidos. Observa-se que os
resultados obtidos são sempre inferiores aos obtidos dos ensaios em corpos de prova de
10 x 20 cm. As mesmas dificuldades que foram encontradas para as integrações em relação à
profundidade com resultados de corpos de prova de 10 x 20 cm foram também encontradas
aqui. Portanto, valem as mesmas observações feitas no item anterior e não serão apresentados
os resultados.
Tabela 5.34 –
Estimativa de ATR
g
com divisão em 5 subcamadas, segundo os resultados dos ensaios
em corpos de prova de 25 x 50 cm
ATR
g
(mm) subcamadas
Estrutura
Carga
(kN)
1x10
6
5x0
6
1x10
7
82 13,1 18,8 25,9
100 14,9 21,4 2,5
ED
120 16,8 24,0 33,1
82 9,2 8,2 23,4
100 8,7 9,9 27,1
EM
120 17,0 12,9 36,1
82 5,1 8,2 12,0
100 6,3 9,9 14,4
EE
120 8,7 12,9 18,1
ED 82
ED 100
ED 120
EM 82
EM 100
EM 120
EE 82
EE 100
EE 120
1000000
10000000
5000000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
ATRg
Estrutura e carga
Número de
ciclos
1000000
5000000
10000000
1000000
5000000
10000000
Subcamadas
Plano médio
Figura 5.59 –
Comparação da estimativa de ATR
g
pelo plano médio e por subcamadas, segundo os
resultados dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
279
5.4.3 Avaliação da resistência ao cisalhamento segundo o método Sul Africano
No método de dimensionamento de pavimentos da República Sul Africana descrito
por Theyse
et al.
(1996) cada camada é avaliada individualmente antes da avaliação global do
pavimento como estrutura. No caso de camadas granulares é verificada a sua resistência ao
cisalhamento por meio do fator de segurança apresentado pela equação (2.3). Utilizando os
parâmetros de resistência ao cisalhamento obtidos nos ensaios triaxiais convencionais e os
estados de tensões calculados pelo programa Everstress 5.0 no item 5.4.2, algumas análises
são propostas.
5.4.3.1.Análises mecanísticas para os resultados dos ensaios em corpos
de prova de 10 x 20 cm
A primeira análise é com relação ao estado de tensões atuante no plano médio da
camada granular. Os coeficientes de segurança obtidos são apresentados na Tabela 5.35.
Observa-se que o método atesta a segurança ao cisalhamento em todas as situações
analisadas. As situações mais próximas à ruptura são aquelas referentes à estrutura delgada,
especialmente quando o coeficiente k é igual a 0,65, considerando uma situação de umidade
elevada. A situação mais crítica é a da estrutura delgada com carga de 120 kN, para a qual o
coeficiente de segurança assume o valor de 1,15. As estruturas média e espessa trabalham
sempre em condição de segurança contra a ruptura ao cisalhamento da base granular.
Segundo apontado por Dawson e Kolisoja (2004), o cisalhamento de camadas
granulares ocorre em seu terço superior. Sendo assim, a análise segundo o plano médio da
camada não seria adequada à situação. Então foram considerados os estados de tensões
calculados segundo o procedimento de divisão em subcamadas e obtidos os coeficientes de
segurança. Conforme o esperado, as estruturas mais robustas e com menor carregamento
apresentaram maior segurança contra a ruptura por cisalhamento. Sendo assim, são
apresentados apenas os casos extremos, que oferecem alguma informação adicional para a
análise.
A situação de maior interesse continua sendo a estrutura delgada e os seus coeficientes
de segurança em função da profundidade são apresentados na Figura 5.60. Foi observado que,
neste caso a pior situação não é no terço superior da camada e sim no centro, onde passa a
ocorrer sobreposição de efeitos das duas rodas. O menor valor obtido foi de 1,11. No topo e
na base da camada a situação é mais favorável.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
280
Tabela 5.35 –
Parâmetros para o cálculo do coeficiente de segurança ao cisalhamento do método Sul
Africano, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
Estrutura
Carga
(kN)
σ
3
(kPa)
σ
1
(kPa)
k c (kPa)
φ
(
o
)
F
82 29,19 254,6 1,56
100 32,57 301,6 1,32
ED
120 35,91 350,6 1,15
82 15,44 101,4 3,84
100 17,78 124,4 3,13
EM
120 20,02 149,6 2,60
82 6,530 40,22 9,41
100 7,700 50,41 7,46
EE
120 8,870 61,94
0,65
6,04
82 29,19 254,59 2,20
100 32,57 301,57 1,88
ED
120 35,91 350,61 1,63
82 15,44 101,4 5,39
100 17,78 124,4 4,40
EM
120 20,02 149,6 3,66
82 6,530 40,22 13,10
100 7,700 50,41 10,40
EE
120 8,870 61,94
0,9
61,8 60,7
8,42
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
F (coeficiente de segurança ao cisalhamento)
Profundidade (m)
Rev/Base
Base/Subl
F
F = 1
Figura 5.60 –
Coeficientes de segurança ao cisalhamento em função da profundidade para a estrutura
delgada e carga de eixo de 120 kN, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de
10 x 20 cm
Para a comparação de resultados em pavimentos com diferentes características, os
coeficientes de segurança obtidos para a estrutura espessa são apresentados pela Figura 5.61.
Nesta situação os menores coeficientes de segurança estão no topo da camada, porém sempre
acima de 4. A presença de um revestimento espesso atenua as tensões de forma a eliminar o
risco de ruptura por cisalhamento da camada analisada.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
281
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0 5 10 15
F (coeficiente de segurança ao cisalhamento)
Profundidade (m)
Rev/Base
Base/Subl
F
F = 1
Figura 5.61 –
Coeficientes de segurança ao cisalhamento em função da profundidade para a estrutura
espessa e carga de eixo de 120 kN, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de
10 x 20 cm
Por fim, os estados de tensões atuantes nas camadas granulares das estruturas delgada
e espessa carregadas por eixo de 120 kN são apresentados no espaço de tensões
τ
x
σ
”,
conforme a Figura 5.62, na qual também são apresentadas as envoltórias de ruptura e
resistência ao cisalhamento mobilizadas, anteriormente apresentadas na Figura 5.17. Observa-
se que, para os estados de tensões mais baixos da estrutura delgada, nos quais pouco
confinamento é mobilizado, as tensões atuantes se aproximam da envoltória de ruptura. Para a
estrutura espessa, as tensões estão sempre longe da envoltória de ruptura.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 50 100 150 200 250 300 350
Tensão normal (kPa)
Tensão de cisalhamento (kPa)
0,1%
0,2%
0,4%
0,6%
0,8%
1,0%
Ruptura
ED 120 kN
EE 120 kN
Figura 5.62 –
Estados de tensões atuantes nas camadas granulares das estruturas delgada e espessa
com carga de eixo de 120 kN, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
282
5.4.3.2.Análises mecanísticas para os resultados dos ensaios em corpos
de prova de 25 x 50 cm
Na análise relativa ao estado de tensões atuante no plano médio da camada granular
foram obtidos os coeficientes de segurança apresentados na Tabela 5.36. Os resultados foram
semelhantes aos obtidos nas análises relativas aos resultados dos ensaios em corpos de prova
de 10 x 20 cm. A situação mais crítica é a da estrutura delgada com carga de 120 kN, para a
qual o coeficiente de segurança assume o valor de 1,18. As estruturas média e espessa
trabalham sempre em condição de segurança contra a ruptura ao cisalhamento.
Tabela 5.36 –
Parâmetros para o cálculo do coeficiente de segurança ao cisalhamento do método Sul
Africano, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
Estrutura
Carga
(kN)
σ
3
(kPa)
σ
1
(kPa)
k c (kPa)
φ
(
o
)
F
82 3,41 250,2 1,63
100 2,4 293,2 1,38
ED
120 1,29 337,6 1,18
82 6,5 106,1 4,08
100 6,57 128,3 3,34
EM
120 6,45 152,6 2,78
82 2,700 48,73 8,70
100 2,720 59,78 7,02
EE
120 2,580 72,06
0,65
5,76
82 3,41 250,2 2,26
100 2,4 293,2 1,91
ED
120 1,29 337,6 1,64
82 6,5 106,1 5,68
100 6,57 128,3 4,65
EM
120 6,45 152,6 3,87
82 2,700 48,73 12,07
100 2,720 59,78 9,74
EE
120 2,580 72,06
0,9
74 62,7
7,99
Considerando os estados de tensões calculados segundo o procedimento de divisão em
subcamadas os coeficientes de segurança em função da profundidade são apresentados na
Figura 5.63. Foi novamente observado que a pior situação não é no terço superior da camada
e sim no centro, onde passa a ocorrer sobreposição de efeitos das duas rodas. O menor valor
obtido foi de 1.18, coincidindo com o plano central da camada. No topo e na base da camada
a situação é mais favorável.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
283
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
F (coeficiente de segurança ao cisalhamento)
Profundidade (m)
Rev/Base
Base/Subl
F
1
Figura 5.63 –
Coeficientes de segurança ao cisalhamento em função da profundidade para a estrutura
delgada e carga de eixo de 120 kN, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de
25 x 50 cm
Para a comparação de resultados em pavimentos com diferentes características, os
coeficientes de segurança obtidos para a estrutura espessa são apresentados pela Figura 5.64.
Nesta situação os menores coeficientes de segurança estão no topo da camada. Nesta análise
os coeficientes de segurança não foram tão altos, iniciando em 2,4.
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0 5 10 15
F (coeficiente de segurança ao cisalhamento)
Profundidade (m)
Rev/Base
Base/Subl
F
1
Figura 5.64 –
Coeficientes de segurança ao cisalhamento em função da profundidade para a estrutura
espessa e carga de eixo de 120 kN, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de
25 x 50 cm
Por fim, os estados de tensões atuantes nas camadas granulares das estruturas delgada
e espessa carregadas por eixo de 120 kN são apresentados no espaço de tensões
τ
x
σ
”,
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
284
conforme a Figura 5.65, na qual também são apresentadas as envoltórias de ruptura e
resistência ao cisalhamento mobilizadas, anteriormente apresentadas pela Figura 5.27.
Observa-se que, para os estados de tensões atuantes no centro da camada granular da estrutura
delgada, onde o coeficiente de segurança ao cisalhamento do método Sul Africano foi mais
baixo, as tensões atuantes se aproximam da envoltória de ruptura, ultrapassando ligeiramente
no centro, caracterizando a ruptura por cisalhamento. Para a estrutura espessa, as tensões
estão sempre longe da envoltória de ruptura.
0
100
200
300
400
500
600
0 100 200 300 400
Tensão normal (kPa)
Tensão de cisalhamento (kPa)
0,1%
0,2%
0,4%
0,6%
0,8%
1,0%
1,5%
2,0%
Ruptura
ED 120 kN
EE 120 kN
Figura 5.65 –
Estados de tensões atuantes nas camadas granulares das estruturas delgada e espessa
com carga de eixo de 120 kN, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm
5.4.4 Considerações finais
Este item apresentou uma análise do comportamento mecânico do material utilizados
nos ensaios como camada de base de pavimentos em diferentes configurações estruturais.
Uma análise mecanística definiu os estados de tensões atuantes no plano médio da camada
granular e a sua variação desde o topo até a base. Estes resultados permitiram estimativas da
deformação permanente e da contribuição da camada granular para o afundamento de trilha de
roda, segundo os resultados dos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm e de 25 x 50 cm.
As estimativas foram realizadas para as tensões atuantes no plano médio da camada e
dividindo-a em 5 subcamadas. O procedimento com divisão em subcamadas mostrou-se mais
eficiente, sendo que o método de cálculos com as tensões atuantes no plano médio da camada
mostrou uma tendência a subestimar as deformações permanentes nas estruturas delgadas e
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
285
médias. O procedimento com integração de uma função das deformações permanentes em
relação à profundidade parece eficiente e de implementação relativamente fácil. Porém os
modelos utilizados na definição desta função não forneceram bons ajustes e os resultados não
foram apresentados. Ainda assim, a sua utilização é incentivada, desde que utilizando algum
modelo que represente bem a relação entre as deformações permanentes e a profundidade.
A análise da resistência ao cisalhamento segundo o método de dimensionamento de
pavimentos flexíveis da República Sul Africana mostrou coeficientes de segurança ao
cisalhamento maiores que 1, ou seja, rupturas por cisalhamento podem ocorrer para
números de ciclos muito elevados. Para a estrutura delgada a região crítica foi o plano médio
da camada. Para as estruturas média e espessa a região crítica foi no topo da camada, porém
sempre com coeficientes de segurança elevados. A disposição dos estados de tensões atuantes
no espaço
τ
x
σ
” mostrou resultados semelhantes aos do método sul africano, sendo que para
os resultados obtidos em corpos de prova de 25 x 50 cm foram observados estados de tensões
ligeiramente acima da envoltória de ruptura.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
286
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Neste capítulo são apresentadas as conclusões desta tese e sugestões para futuros
trabalhos. São discutidas as conclusões sobre o equipamento desenvolvido, a metodologia de
compactação, a metodologia de execução dos ensaios e os resultados obtidos para os ensaios
de módulo de resiliência, de deformações permanentes e de carregamento monotônico. Por
fim, a experiência adquirida com a execução dos primeiros ensaios permitiu uma série de
sugestões no sentido da utilização do equipamento e da melhoria das suas características.
6.1 Conclusões
O objetivo geral da tese foi desenvolver um equipamento triaxial de grande porte com
capacidade para aplicar carregamentos estáticos, monotônicos e cíclicos em corpos de prova
cilíndricos com 25 cm de diâmetro e 50 cm de altura, além de conduzir e interpretar os
primeiros ensaios. Entende-se que este objetivo foi cumprido, que o equipamento encontra-
se em funcionamento à disposição para outras pesquisas e os ensaios realizados foram
apresentados e analisados. As análises realizadas forneceram uma série de conclusões acerca
dos temas abordados e são detalhadas a seguir.
Quanto ao desenvolvimento do equipamento triaxial de grande porte:
A concepção, construção, calibração do equipamento até sua entrada em
funcionamento, passando pela aquisição de material e usinagem das peças, estendeu-se por
cerca de cinco anos. A concepção começou com a definição das peças maiores e mais
pesadas, como as do pórtico de reação e a câmara triaxial e, em seguida, o detalhamento dos
encaixes para as peças menores e peças móveis, como o macaco, o motor e o cilindro
pneumático. A definição da instrumentação e sistemas de aquisição de dados utilizados
sucedeu a montagem física do equipamento. O equipamento em sua configuração atual atende
as necessidades para as quais foi projetando e os resultados obtidos nos ensaios habilitam a
sua utilização para análise de materiais com tamanho máximo de partícula de 5 cm. O
acúmulo de experiência na sua operação deve fornecer novas ideias para melhorias no
equipamento.
Quanto ao procedimento de moldagem:
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
287
O procedimento de moldagem utilizando o martelo rompedor HILTI TE 706 como
compactador mostrou-se muito eficiente. A utilização deste tipo de equipamento facilitou
muito a compactação, que seria extremamente desgastante e praticamente inviável utilizando
um soquete de Proctor. Os graus de compactação obtidos foram um pouco variados,
apontando para a necessidade de um controle maior das espessuras de cada camada
compactada.
Quanto aos métodos de ensaio:
Os métodos de ensaio utilizados mostraram-se adequados à obtenção dos parâmetros
que caracterizam o comportamento mecânico de agregados graúdos para camadas de
pavimentos. O método de ensaios de módulo de resiliência brasileiro encontra-se
desatualizado, estando em desacordo com procedimentos consagrados internacionalmente. A
duração do pulso de carga foi definida em 0,1 s para adequar os ensaios ao padrão
internacional. O mesmo pulso de cargas foi utilizado para os ensaios de deformações
permanentes. O método de ensaios de deformações permanentes em multiestágios de tensão
desvio apresentou resultados considerados representativos e vem sendo cada vez mais
utilizado no Brasil e exterior. para os ensaios de carregamento monotônico, a metodologia
de multiestágios de pressão de confinamento apresentou resultados discutíveis, que parecem
não ser representativos das características dos materiais.
Quanto aos ensaios de módulo de resiliência:
Foram apresentados e analisados os resultados dos ensaios triaxiais de módulo de
resiliência em corpos de prova de 10 x 20 cm e de 25 x 50 cm com leituras de deslocamentos
internas e externas à câmara triaxial. Foram utilizados diversos modelos de ajuste e observada
a potencialidade de cada um em descrever o comportamento elástico do material. Todos os
modelos utilizados se mostraram eficientes apresentando coeficientes de determinação R
2
elevados. Porém o modelo composto (2.9) merece destaque que estima os módulos de
resiliência a partir da pressão de confinamento e da tensão desvio explicitamente.
Os módulos de resiliência obtidos no ensaio triaxial de grande porte foram superiores
aos obtidos no equipamento para solos. Também, de forma geral, os módulos calculados com
instrumentação interna, são superiores aos calculados com a instrumentação externa.
Observando-se os resultados obtidos em relação ao espectro de resultados de outras pesquisas,
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
288
notou-se que foram obtidos resultados que variam significativamente com o método
empregado. É de consenso na literatura técnica que a instrumentação com LVDTs
posicionados dentro da câmara triaxial e solidários ao corpo de prova é a metodologia mais
adequada para a medição das deformações. Vários são os fatores que apontam na direção da
utilização de corpos de prova de grande porte para a avaliação de agregados. A principal, é a
relação entre o diâmetro do corpo de prova e o tamanho máximo de partícula de no mínimo 5
sendo respeitada. Mas também, um corpo de prova grande permite a adaptação dos LVDTs,
medindo os deslocamentos com um espaçamento mais próximo ao da camada avaliada. Sendo
assim, considera-se que os resultados obtidos para o corpo de prova de grande porte com
instrumentação interna são os mais representativos do comportamento do material.
Quanto aos ensaios monotônicos:
Os ensaios triaxiais de carregamento monotônico foram realizados em corpos de prova
de 10 x 20 cm e de 25 x 50 cm. Os ensaios triaxiais de grande porte contaram com leituras de
deslocamentos iniciais medidas internamente à câmara triaxial e leituras externas para os
deslocamentos maiores. Para os ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm foi utilizada
apenas instrumentação externa. A resistência ao cisalhamento foi analisada segundo os
espaços de tensões “
σ
x
τ
" de Mohr-Coulomb e “p x q” de Lambe e Whitman (1969).
Os parâmetros de resistência ao cisalhamento obtidos em corpos de prova de 10 x 20
cm e 25 x 50 cm foram muito semelhantes, sendo ligeiramente superiores para os corpos de
prova de grande porte. Os interceptos coesivos obtidos foram 62 kPa e 74 kPa para os ensaios
de 10 x 20 cm e 25 x 50 cm respectivamente e os ângulos de atrito interno, por sua vez, foram
61º e 63º. Observou-se também que os resultados obtidos nesta tese comparam-se aos mais
elevados observados na bibliografia internacional. Ainda, foram obtidas envoltórias de
resistência ao cisalhamento para as condições de deformações inferiores à de ruptura, além da
condição de escoamento e de pós-pico.
Os resultados obtidos segundo o procedimento de multiestágios não se mostraram
representativos da resistência ao cisalhamento do material. O cisalhamento do corpo de prova,
mesmo que interrompido antes do pós-pico, tem forte influência na resistência mobilizada
pelos estágios seguintes. O método subestima fortemente os parâmetros de resistência ao
cisalhamento do material.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
289
Também foram realizadas análises dos módulos de elasticidade tangente, secante e
inicial e as suas relações com a pressão de confinamento. A obtenção do módulo de
elasticidade inicial E
0
foi possível para os ensaios realizados com instrumentação interna,
ou seja, os ensaios de grande porte. Os resultados apresentaram uma relação linear
inversamente proporcional à pressão de confinamento. os módulos de Young tangente e
secante apresentaram uma relação logarítmica, com os valores aumentando com a pressão de
confinamento. Por fim os módulos de elasticidade foram correlacionados com os módulos de
resiliência, obtendo modelos lineares para o módulo inicial e potenciais para os módulos
tangente e secante.
Quanto aos ensaios de deformações permanentes:
Os ensaios triaxiais de deformações permanentes em corpos de prova de 10 x 20 cm
foram realizados com instrumentação externa à câmara triaxial e o de 25 x 50 cm contaram
com leituras de deslocamentos a partir de LVDTs posicionados dentro e fora. A
instrumentação interna apresentou resultados contraditórios e de difícil interpretação, portanto
as leituras do LVDT externo foram utilizadas na obtenção das curvas de deformações
permanentes. Os ensaios realizados em corpos de prova de grande porte apresentaram
deformações permanentes inferiores àquelas obtidas para corpos de prova de 10 x 20 cm, com
magnitudes mais próximas às observadas por Werkmeister (2003) e Arnold (2004).
As evoluções das deformações permanentes em função do número de ciclos foram
ajustadas segundo diversos modelos desenvolvidos no Brasil e no exterior. Ainda obtiveram-
se modelos para os parâmetros de deformações permanentes em função do estado de tensões.
Todos os modelos utilizados representaram bem o comportamento quanto a deformações
permanentes do material estudados. Os parâmetros de deformações permanentes foram
ajustados segundo os estados de tensões, permitindo a interpolação para estados de tensões
intermediários aos utilizados na realização dos ensaios. Entende-se que o modelo linear é
mais adequado a extrapolações para números de ciclos mais próximos à vida de serviço de
pavimentos. Também foram realizados ajustes com o modelo de Guimarães (2009) obtendo
diretamente a deformação permanente em função do estado de tensões e do número de ciclos.
O modelo é muito prático e apresentou excelentes resultados, porém a extrapolação dos
resultados não foi avaliada.
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
290
As análises segundo a teoria do
Shakedown
, conforme o procedimento descrito por
Werkmeister (2003), permitiram determinar os limites entre os comportamentos do tipo “A e
B” e entre “B e C”. Os limites foram apresentados no espaço de tensões p x q, em conjunto
com as trajetórias de tensões dos ensaios e as envoltórias de escoamento, de resistência ao
cisalhamento e pós-pico. Também foi observada a evolução dos laços de histerese para
comportamentos
Shakedown
do tipo A, B e C. As mudanças de comportamento ocorrem para
diferentes relações
σ
d
/
σ
3
em baixos e em elevados estados de tensões. Para a pressão de
confinamento de 21 kPa as mudanças de comportamento do tipo A para tipo B ocorreram para
relações
σ
d
/
σ
3
da ordem de 2,5 a 3. Para pressões de confinamento maiores, como as de 105 e
150 kPa utilizadas somente nos ensaios 10 x 20 cm, a relação de 2,5 é suficiente para levar o
material ao comportamento do tipo C. Com isso conclui-se que o valor absoluto da tensão
desvio é o parâmetro de maior influência nas deformações permanentes.
As curvas de deformações permanentes obtidas para cada pressão de confinamento
apresentaram-se bem distintas, nos ensaios em corpos de prova de 10 x 20 cm. O valor
absoluto da tensão desvio apresentou grande influência na magnitude das deformações. Já
para os ensaios em corpos de prova de 25 x 50 cm as curvas mostraram-se mais agrupadas
mostrando maior influência da interação entre a tensão desvio e a pressão de confinamento.
Como os ensaios foram realizados em apenas um material, não foi possível definir se isto é
uma tendência para os ensaios de grande porte ou apenas para este material.
Quanto aos resultados das análises paramétricas:
Através de uma análise paramétrica discutiu-se o comportamento mecânico do
material utilizado nos ensaios, como camada de base de pavimentos em diferentes
configurações estruturais. Uma análise mecanística definiu os estados de tensões atuantes no
plano médio da camada granular e a sua variação desde o topo até a base. Estes resultados
permitiram estimativas da deformação permanente e da contribuição da camada granular para
o afundamento de trilha de roda. As estimativas foram realizadas para as tensões atuantes no
plano médio da camada e dividindo-a em 5 subcamadas. O procedimento com divisão em
subcamadas mostrou-se mais eficiente, sendo que o método de cálculos com as tensões
atuantes no plano médio da camada mostrou uma tendência a subestimar as deformações
permanentes nas estruturas delgadas e médias. O procedimento com integração de uma função
das deformações permanentes em relação à profundidade parece adequado e de
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
291
implementação relativamente fácil. Porém os modelos utilizados na definição desta função
não forneceram bons ajustes e os resultados não foram apresentados. Ainda assim, a sua
utilização é incentivada, desde que utilizando algum modelo que represente bem a relação
entre as deformações permanentes e a profundidade.
A análise da resistência ao cisalhamento segundo o Método de Dimensionamento de
Pavimentos Flexíveis da República Sul Africana mostrou coeficientes de segurança ao
cisalhamento sempre acima de 1, ou seja, rupturas por cisalhamento podem ocorrer para
números de ciclos muito elevados. Para a estrutura delgada a região crítica foi o plano médio
da camada. Para as estruturas média e espessa a região crítica foi no topo da camada, porém
sempre com coeficientes de segurança elevados. A disposição dos estados de tensões atuantes
no espaço “
τ
x
σ
” mostrou resultados semelhantes aos dos resultantes da aplicação do Método
Sul Africano, sendo que para os resultados obtidos em corpos de prova de 25 x 50 cm foram
observados estados de tensões ligeiramente acima da envoltória de ruptura.
6.2 Sugestões
Ao colocar um novo equipamento desenvolvido em funcionamento sempre existirão
ajustes e melhorias a serem feitas. A experiência acumulada com a operação do equipamento
na execução dos primeiros ensaios fornece novas ideias para que os procedimentos sejam
mais eficientes. Assim, são feitas algumas sugestões no sentido de melhorias para o
equipamento e novas análises:
A principal sugestão é que o potencial do equipamento seja amplamente
explorado, executando ensaios em materiais com diferentes características e
com aplicações em diferentes áreas do conhecimento, como: lastro de
ferrovias, pavimentos aeroportuários, trincheiras de agregados para
estabilização de taludes, etc. Também, podem ser executados ensaios em solos
finos utilizando corpos de prova de diferentes tamanhos, visando comparar os
resultados e definir as principais questões operacionais, excluindo-se a
influência do tamanho de agregado.
Os ensaios cíclicos com tensões desvio elevadas levantaram dúvidas sobra a
capacidade do corpo do macaco suportar as cargas por períodos prolongados.
Ainda, a câmara triaxial apoiada diretamente sobre o macaco balança tanto
Rodrigo Malysz PPGEC/ UFRGS 2009
(rmalysz@ppgec.ufrgs.br)
292
mais quanto maiores as cargas do ensaio. Isto pode até mesmo influenciar nos
resultados dos ensaios. Então, sugere-se a confecção de uma peça de conexão
da câmara triaxial diretamente na estrutura inferior, fornecendo um apoio mais
rígido para a execução dos ensaios cíclicos.
A saída dos cabos da instrumentação interna pelo topo da câmara triaxial
dificulta a movimentação das peças e aumenta o risco de acidentes durante a
montagem do ensaio. Os cabos da instrumentação devem sair pela base da
câmara, facilitando o processo de montagem do ensaio.
O posicionamento dos transdutores de deslocamento no terço médio do corpo
de prova parece muito restritivo. O posicionamento adotado no equipamento
existente na Universidade de Nottingham nos 50% centrais do corpo de prova
parece mais adequado.
Sugere-se também a instrumentação para a medição do deslocamento
horizontal do corpo de prova, permitindo a estimativa das deformações
volumétricas e a obtenção do coeficiente de Poisson.
O posicionamento das células de carga fora da câmara triaxial pode induzir
algum erro nas medições. O principal erro possível é relacionado com o atrito
entre o pistão de cargas e a câmara triaxial. Ainda que se utilizem rolamentos
lineares para minimizar este efeito, algum atrito ainda deve persistir. Então se
sugere que as células de carga sejam fixadas diretamente no topo do cabeçote
do corpo de prova.
As análises integrando a função de deformações permanentes em relação à
profundidade podem ser tomadas como padrão no cálculo dos afundamentos de
trilha de roda. Uma função adequada deve ser definida para representar as
deformações permanentes ao longo da camada analisada. Um ajuste polinomial
de grau elevado pode ser uma boa solução.
Estudar a possibilidade de utilizar um sistema hidráulico em substituição ao
pneumático.
Desenvolvimento de um equipamento triaxial de grande porte para avaliação de
agregados utilizados como camada de pavimentos
293
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